Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13819.721026/2013-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE CONCESSÃO TARDIA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. FONTE PAGADORA INSS. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62 § 2º.
No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial ou administrativa, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos como direito. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC. Art. 62 § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.354
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente convocada), que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201604
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE CONCESSÃO TARDIA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. FONTE PAGADORA INSS. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62 § 2º. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial ou administrativa, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos como direito. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC. Art. 62 § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13819.721026/2013-45
anomes_publicacao_s : 201605
conteudo_id_s : 5591135
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 20 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2202-003.354
nome_arquivo_s : Decisao_13819721026201345.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
nome_arquivo_pdf_s : 13819721026201345_5591135.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente convocada), que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 14 00:00:00 UTC 2016
id : 6382458
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:48:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048416520503296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2287; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 41 1 40 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13819.721026/201345 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.354 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de abril de 2016 Matéria IRPF Recorrente MOISES MARTNS GOMES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE CONCESSÃO TARDIA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. FONTE PAGADORA INSS. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62 § 2º. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial ou administrativa, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitandose, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos como direito. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 B e 543 C do CPC. Art. 62 § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente convocada), que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 10 26 /2 01 3- 45 Fl. 41DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 42 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Autoridade Julgadora de 1ª instância (fl. 21), complementandoo ao final: O processo referese à Notificação de Lançamento de fls. 06 e seguintes (folhas do processo digitalizado), com o lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar, relativo ao ano calendário de 2008, no valor originário de R$ 11.812,80, mais a correspondente multa de ofício de 75% e juros de mora. Conforme relatado pela fiscalização na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (às fls. 07), o imposto suplementar lançado por meio da Notificação de Lançamento em tela tem por base alterações nos valores informados na Declaração de Ajuste Anual do ano calendário em questão, decorrentes de omissão de rendimentos do trabalho com e/ou sem vínculo empregatício, pagos por pessoa jurídica. DA IMPUGNAÇÃO O contribuinte apresentou impugnação em 22/04/2013, anexa às fls. 02 e seguintes, cujo protocolo foi considerado tempestivo, conforme consta em despacho emitido pela unidade de origem, às fls. 18. O notificado requer a anulação do lançamento tributário em tela, alegando que o lançamento é indevido posto que os rendimentos apontados pela fiscalização como omitidos, correspondem a diferenças de cálculo de aposentadoria, apurados mês a mês e referentes aos anos calendário de 2003 a 2007. Ao analisar a impugnação, fixou a DRJ em São Paulo I/SP, em resumo, que: a) Verificase nos documentos de fls. 11 e 12 e na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF emitida pela fonte pagadora (às fls. 20), que parte dos rendimentos oriundos de benefício previdenciário, referemse a valores apurados no período de Fl. 42DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 43 3 07/1994 a 03/2003 e que foram recebidos acumuladamente no ano calendário de 2008. Verificase por meio dos documentos de fls. 11, 12 e 20, que o pagamento dos valores a título de revisão de benefício pago pela Previdência Social ocorreu durante o ano calendário 2008. b) Em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente antes de 01/01/2010, aplicase a regra do artigo 12 da Lei no 7.713/1988, vigente à época em que ocorreu o fato gerador, que determina que "No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização". Assim, decidiu a instância recorrida pela improcedência da impugnação. Cientificado dessa decisão em 08 de outubro de 2013 (AR na folha 30), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 07 de novembro de 2013 (protocolo na folha 32), onde repisa que recebeu, em 2008, montante que se referia a aposentadorias mensais não pagas em períodos anteriores, pelo INSS. Diz que "está sendo penalizado a recolher imposto, decorrente da somatória de valores que lhe eram devidos mensalmente e cujo pagamento em atraso pela previdência já lhe custou caro para manter a si e seus compromissos financeiros." Acrescenta ainda que o próprio "governo" já reconheceu a injustiça dessa forma de tributação ao implementar o artigo 12A na Lei nº 7.713, de 1988. PEDE o acolhimento de seu recurso cancelandose o débito fiscal reclamado. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Verifico a partir da análise destes autos, especialmente da "Carta de Concessão/Memória de Cálculo" que consta das folha 12, e que já constava do processo desde a impugnação, e do detalhamento da DIRF (fl. 20) que o INSS pagou ao contribuinte, em 03/2008, R$ 68.810,66, montante que se refere à revisão do benefício previdenciário no período de 08/1994 a 03/2003. Afora o mês de março, conforme o detalhamento mensal, observo que a aposentadoria do contribuinte, em 2008, era de R$ 1.435,77 (janeiro e fevereiro) e R$ 1.507,55 (demais meses). Depreendese, então, pela Notificação de Lançamento e conforme tratado pelo Acórdão recorrido, que a tributação deuse na forma do artigo 12 da Lei nº 7.713/1988, Fl. 43DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 44 4 que determina que, nesses casos, o imposto incide sobre o total dos rendimentos, no mês do recebimento do valor, diminuído das despesas com a ação judicial necessárias ao recebimento. Ocorre, entretanto, que a constitucionalidade da regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, sobre a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente no mês do recebimento do crédito, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil (CPC), em decisão assim ementada: “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Em 23/10/2014, a Suprema Corte assim decidiu, em relação à matéria: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em negar provimento ao recurso extraordinário, por maioria, vencida a relatora, Ministra Ellen Gracie, em sessão presidida pelo Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Fl. 44DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 45 5 Voto. Ministra Ellen Gracie Relatora: O Acórdão recorrido considerou inconstitucional o art. 12 da Lei 7.713/88, que determinou a incidência do imposto por ocasião do recebimento dos valores, sobre a sua totalidade. Entendeu violados os princípios da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, nos termos do que restou sintetizado na ementa do acórdão relativo à argüição de inconstitucionalidade julgada pela Corte Especial daquele Tribunal Regional Federal da 4ª Região: (...) Voto Ministro Marco Aurélio Redator do Acórdão: Não passa pela minha cabeça que o sistema possa apenar o contribuinte duas vezes. Explico melhor: o contribuinte não recebe as parcelas na época devida. É compelido a ingressar em Juízo para ver declarado o direito a essas parcelas e, recebendo as posteriormente, há a junção para efeito de incidência do Imposto de Renda, surgindo, de início, a problemática da alíquota, norteada pelo valor recebido. (...) Qual é a consequência de se entender de modo diverso do que assentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região? Haverá, como ressaltado pela doutrina, principalmente a partir de 2003, transgressão ao princípio da isonomia. Aqueles que receberam os valores nas épocas próprias ficaram sujeitos a certa alíquota. O contribuinte que viu resistida a satisfação do direito e teve que ingressar em Juízo será apenado, alfim, mediante a incidência de alíquota maior. Mais do que isso, tem se o envolvimento da capacidade contributiva... (...) Ou seja, o fato de o direito haver sido resistido e de se ter que acionar garantia inerente à cidadania, que é a do ingresso em Juízo, implicaria a majoração da alíquota. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também já havia se manifestado sobre a matéria, como lembraramse os Ministros do STF, inclusive atribuindo aos recursos a sistemática dos “repetitivos”, sobre a interpretação a ser dada ao dispositivo da Lei nº 7.713/1988, em comento. Vejamos: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido Fl. 45DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 46 6 adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. (grifei) 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008.(grifei) (REsp 1.118.429 / SP RECURSO ESPECIAL 2009/00557226. Ministro HERMAN BENJAMIN (1132). DJe 14/05/2010) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. (...). ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ QUANTO AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DE PARCELAS PAGAS ACUMULADAMENTE EM CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. TEMAS JÁ JULGADOS PELA SISTEMÁTICA INSTITUÍDA PELO ART. 543C DO CPC. 1.... 2. Em relação ao ponto do recurso especial em que a Procuradoria da Fazenda Nacional alega contrariedade ao art. 12 da Lei n. 7.713/88 e impugna o capítulo do acórdão do Tribunal de origem sob a rubrica "Da incidência mês a mês do imposto de renda", consta da decisão ora agravada que o mencionado recurso não procede porque a decisão proferida pelo Tribunal de origem está em consonância com a orientação firmada pela Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do recurso repetitivo REsp 1.118.429/SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), cuja ementa assim enuncia: "O imposto de renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente." 3. Ao dispor sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, o art. 12 da Lei 7.713/88 disciplina o momento da incidência do imposto de renda, porém nada diz a respeito das alíquotas aplicáveis a tais rendimentos. Assim, no julgamento do recurso especial, não ocorreu violação do art. 97 da Constituição da República, tampouco contrariedade à Súmula Vinculante n. 10/STF. Como já proclamou a Quinta Turma, ao julgar os EDcl no REsp 622.724/SC (Rel. Min. Felix Fischer, REVJMG, vol. 174, p. 385), "não há que se falar em violação ao princípio constitucional da reserva de plenário (art. 97 da Lex Fundamentalis) se, nem ao menos implicitamente, foi declarada a inconstitucionalidade de qualquer lei".(sublinhei) 4. Agravo regimental não provido. Fl. 46DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 47 7 (AgRg no AgRg no REsp 1332443 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES 2012/0138520 DJe 08/02/2013) Outrossim, diz ALEXANDRE DE MORAES que “assim como podemos afirmar que o STF é o guardião da Constituição, também podemos fazêlo no sentido de ser o STJ o guardião do ordenamento jurídico federal” . Continuando, o autor diz que em relação ao recurso especial, ensinanos o Ministro do STJ Sálvio de Figueiredo Teixeira, tratarse: “de modalidade de recurso extraordinário latu sensu, destinado, por previsão constitucional, a preservar a unidade e autoridade do direito federal, sob inspiração de que nele o interesse público, refletido na correta interpretação da lei, deve prevalecer sobre os interesses das partes...”(MORAES. Alexandre, Direito Constitucional, 15ª ed., São Paulo : Atlas, 2004, p. 496 e 498)(sublinhei) Para REGINA HELENA COSTA, “a aplicação reiterada das normas jurídicas por órgãos do Poder Judiciário constrói pensamento hábil a orientar a conduta dos jurisdicionados, bem como influenciar a atuação dos legisladores e administradores na busca de aperfeiçoamentos e modificações que o ordenamento jurídico requer.”(sublinhei) Assim, conclui a Ministra do STJ e livredocente em Direito Tributário, que: “Nos dias atuais, inegável o papel da jurisprudência como fonte do direito. Conquanto não ostente a mesma importância que apresenta nos países que adotam o sistema da common law, a jurisprudência tem ganho cada vez mais visibilidade, especialmente no campo tributário, à vista do elevado grau de litigiosidade existente nessa seara.” (COSTA. Regina Helena, Curso de Direito Tributário, 2ª ed. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 47)(destaquei) O que os Tribunais Superiores ratificam, na minha modesta leitura, seguindo aliás a melhor doutrina, é que existem, dentre outros, dois aspectos distintos do fato gerador: Aspecto quantitativo do Fato Gerador: neste aspecto, destacam se a base de cálculo e a alíquota. Na operação de lançamento tributário, após a verificação da ocorrência do fato gerador, da identificação do sujeito passivo e da determinação da matéria tributável, há que se calcular o montante do tributo devido aplicandose a alíquota sobre a base de cálculo. Esta é, pois, uma ordem de grandeza própria do aspecto quantitativo do fato gerador. Aspecto temporal do Fato Gerador: é de fundamental importância esse aspecto para definição da lei aplicável, segundo o princípio tempus regit actum. Esse aspecto diz respeito ao momento da consumação ou da ocorrência do fato gerador, ....(HARADA. Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário, 23ª ed, Atlas : São Paulo, 2014, p. 544/545) Observo assim a aplicação do artigo 62 § 2º do Regimento Interno do CARF: Fl. 47DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 48 8 Artigo 62, § 2º. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Considerando que a jurisprudência do STJ já havia se posicionado pela forma como deveria ser interpretado o art. 12 da Lei nº 7.713/1988 e, mais recentemente, o STF entendeu pela sua inconstitucionalidade do dispositivo, verifico então que existe erro de cunho material na apuração do montante devido, por aplicação incorreta da fórmula para apuração do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) e observo a determinação contida no Art. 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, como fundamento para decidir. Vinhamse verificando, na jurisprudência deste CARF, decisões no seguinte sentido, no tocante a esta matéria: Acórdão 2201002.387 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de abril de 2014 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos recebidos acumuladamente a tabela progressiva vigente à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte, nos termos do voto do relator. Transcrevo e destaco daquele Voto: Releva tratarse de rendimento recebido acumuladamente para incidir na regra do art. 62A, do Regimento Interno deste Conselho, pouco importando a espécie ou a natureza do rendimento recebido, se trabalhista, previdenciário ou outro, importa ser rendimento acumulado tributado. Pois bem, a autuação levou em consideração o rendimento total recebido, de forma acumulada, sem separar o período de cada competência. Por essa razão é necessário provimento parcial ao recurso para o recalculo da autuação. Pois bem, como se observa aqui, neste Voto, concordo em parte com o entendimento lá proferido pela Colenda Turma Ordinária, contudo, peço vênia para divergir em relação à parte que entende ser cabível devolver à Receita Federal os autos, para que se faça novo cálculo do tributo devido, aplicando as tabelas progressivas vigentes à época de cada competência (mês) dos rendimentos recebidos. Isso porque o artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constituise na atividade atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituemse em aspectos da hipótese de incidência tributária. Fl. 48DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 49 9 Socorrendome mais uma vez na doutrina de REGINA HELENA COSTA: Os aspectos pessoal e quantitativo compõem o chamado "consequente" da hipótese de incidência tributária, isto é, descrita a materialidade e indicadas as coordenadas espacial e temporal do fato no antecedente da norma, exsurge uma relação jurídica mediante a qual um sujeito possui o direito de exigir o tributo e outro sujeito o dever de pagálo (aspecto subjetivo), apontandose o valor da prestação correspondente (aspecto quantitativo).(Op. Cit. p. 205) Ora, se houve equívoco reconhecido na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) o lançamento encontrase viciado e, para sanar o problema, necessário ser feito um novo lançamento. Não é possível, data maxima venia, "corrigir" ou "emendar" um lançamento onde se reconhece que houve erro na apuração do tributo, por aplicação equivocada de alíquotas indevidas sobre bases de cálculo acumuladas. Não entendo que se trate de mero erro de forma, de inobservância de aspectos formais, mas que esteve ferida a própria substância do lançamento, na aferição do montante devido. Porque, observando o processo tributário, forma é aquilo que existe para garantir às partes o exercício de seus direitos, como, por exemplo, a ampla defesa e o livre acesso ao judiciário. Cito: "... porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) E, em ordem prática, suponhase que efetuada nova apuração e encaminhada a cobrança o sujeito passivo dela discorde. Como se darão a impugnação e recurso, nos termos das normas reguladoras do processo administrativo fiscal? Recomeça a fase litigiosa do procedimento? De forma análoga, se o Fisco identifica incorretamente o sujeito passivo, cobrando de Tício quando o contribuinte ou responsável é Mélvio, não se pode simplesmente alterar a ficha de identificação do Auto de Infração e exigir o tributo, agora corretamente, encaminhando a notificação de cobrança, após o julgamento de recurso daquele, a esse. É necessário um novo lançamento, porque se feriram aspectos substanciais da hipótese de incidência tributária. Nesses casos, o novo lançamento só seria possível enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública e observadas todas as normas pertinentes, na legislação tributária. CONCLUSÃO. Pelo exposto, VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, consubstanciada na Notificação de Lançamento. Assinado digitalmente Fl. 49DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 50 10 Marcio Henrique Sales Parada Fl. 50DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 12448.725497/2011-63
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA.
A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406/RS, com repercussão geral reconhecida
Numero da decisão: 2201-003.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah (Presidente) que aplicavam aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ser adimplidos.
Assinado digitalmente.
EDUARDO TADEU FARAH - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 20/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201605
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406/RS, com repercussão geral reconhecida
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 25 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 12448.725497/2011-63
anomes_publicacao_s : 201605
conteudo_id_s : 5592410
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 26 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2201-003.166
nome_arquivo_s : Decisao_12448725497201163.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
nome_arquivo_pdf_s : 12448725497201163_5592410.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah (Presidente) que aplicavam aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ser adimplidos. Assinado digitalmente. EDUARDO TADEU FARAH - Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora. EDITADO EM: 20/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA.
dt_sessao_tdt : Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
id : 6389729
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:49:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048416907427840
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2024; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 83 1 82 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.725497/201163 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.166 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de maio de 2016 Matéria IRPF Recorrente MARIA CANDIDA PEREIRA CARVALHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. APURAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. A incidência do imposto de renda pela regra do regime de caixa, como prevista na redação do artigo 12 da Lei 7.713/1988, gera um tratamento desigual entre os contribuintes. A incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente deve considerar as alíquotas vigentes na data em que a verba deveria ter sido paga, observada a renda auferida mês a mês. Não é razoável, nem proporcional, a incidência da alíquota máxima sobre o valor global pago fora do prazo. Inteligência daquilo que foi decidido pelo STF no Recurso Extraordinário nº 614406/RS, com repercussão geral reconhecida Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Eduardo Tadeu Farah (Presidente) que aplicavam aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ser adimplidos. Assinado digitalmente. EDUARDO TADEU FARAH Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 20/05/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 54 97 /2 01 1- 63 Fl. 83DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: EDUARDO TADEU FARAH (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Presente aos julgamentos a Procuradora da Fazenda Nacional SARA RIBEIRO BRAGA FERREIRA. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Em 04/01/2011, foi lavrada notificação de lançamento referente ao exercício 2009, anocalendário 2008, decorrente da omissão de rendimentos sujeitos à tabela progressiva, no valor de R$ 139.480,50 recebidos pela fonte pagadora Caixa Econômica Federal. Inconformada com a notificação apresentada, a contribuinte protocolizou impugnação, fl. 48 a 52, alegando, em síntese, que no caso de pagamento de prestações previdenciárias atrasadas, o imposto de renda a ser retido na fonte ou a ser pago pelo beneficiário não deve ser superior ao que ele pagaria ou se fosse isento, caso tivesse recebido seu benefício mês a mês, na data de vencimento de cada parcela. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte julgou improcedente a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, com as seguintes considerações: a) feitos esses registros, verificase que não houve por parte da malha fiscal nenhuma irregularidade quando da ciência da notificação de lançamento, pois devidamente processada e envidada para o endereço válido constante nos sistemas informatizados da Receita Federal; b) como se observa pelo teor da peça de defesa, não há qualquer contestação às infrações imputadas pela malha fiscal. O esforço da defesa concentrase apenas no entendimento de que os rendimentos recebidos acumuladamente devem sofrer incidência mensal e não de uma só vez como procedeu a malha fiscal; c) as disposições legais contidas no artigo 12A e dispositivos da Instrução Normativa nº 1.127/2010 não podem ser aplicadas à situação sob exame, pois a contribuinte recebeu rendimentos acumulados no anocalendário 2008 quando era aplicado o disposto no artigo 12 da Lei 7.713/1988. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, a impossibilidade de incidência de imposto de renda de forma cumulativa em virtude de recebimento integral de valores corrigidos à título de prestações previdenciárias, bem como a não incidência do imposto de renda sobre juros durante o processo administrativo. É o relatório. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 12448.725497/201163 Acórdão n.º 2201003.166 S2C2T1 Fl. 84 3 Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois presentes os requisitos de admissibilidade. Cingese a controvérsia sobre a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente referentes a prestações previdenciárias. Conforme se extrai dos autos, inclusive da decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte, a base de cálculo do imposto de renda devido foi calculada com fundamento na regra estabelecida no art. 12 da Lei n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988 (regime de caixa). Da inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal (art. 12 da Lei 7.713/88) Em 23 de outubro de 2014, diante da análise do RE 614406/RS, com repercussão geral, o STF concluiu o julgamento relativo à forma de incidência do imposto de renda sobre rendimentos recebidos acumuladamente no sentido de que a alíquota do imposto deve ser aplicada ao rendimento recebido mês a mês, e não aquela que incidiria sobre valor total pago de uma única vez. O Informativo 794 do Supremo Tribunal Federal assim dispôs sobre o tema: IRPF e valores recebidos acumuladamente 4 É inconstitucional o art. 12 da Lei 7.713/1988 (“No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização”). Com base nessa orientação, em conclusão de julgamento e por maioria, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a constitucionalidade da referida norma — v. Informativo 628. O Tribunal afirmou que o sistema não poderia apenar o contribuinte duas vezes. Esse fenômeno ocorreria, já que o contribuinte, ao não receber as parcelas na época própria, deveria ingressar em juízo e, ao fazêlo, seria posteriormente tributado com uma alíquota superior de imposto de renda em virtude da junção do que percebido. Isso porque a exação em foco teria como fato gerador a disponibilidade econômica e jurídica da renda. A novel Lei 12.350/2010, embora não fizesse alusão expressa ao regime de competência, teria implicado a adoção desse regime mediante inserção de cálculos que direcionariam à consideração do que apontara como “épocas próprias”, tendo em conta o surgimento, em si, da disponibilidade econômica. Desse modo, transgredira os princípios da isonomia e da capacidade contributiva, de forma a Fl. 85DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH 4 configurar confisco e majoração de alíquota do imposto de renda. Vencida a Ministra Ellen Gracie, que dava provimento ao recurso por reputar constitucional o dispositivo questionado. Considerava que o preceito em foco não violaria o princípio da capacidade contributiva. Enfatizava que o regime de caixa seria o que melhor aferiria a possibilidade de contribuir, uma vez que exigiria o pagamento do imposto à luz dos rendimentos efetivamente percebidos, independentemente do momento em que surgido o direito a eles. RE 614406/RS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 23.10.2014. (RE614406) Cumpre destacar que o voto vencedor redigido pelo Ministro Marco Aurélio consignou o seguinte entendimento: Qual é a consequência de se entender de modo diverso do que assentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região? Haverá, como ressaltado pela doutrina, principalmente a partir de 2003, transgressão ao princípio da isonomia. Aqueles que receberam os valores nas épocas próprias ficaram sujeitos a certa alíquota. O contribuinte que viu resistida a satisfação do direito e teve que ingressar em Juízo será apenado, alfim, mediante a incidência de alíquota maior. Mais do que isso, tem se o envolvimento da capacidade contributiva, porque não é dado aferila, tendo em conta o que apontei como disponibilidade financeira, que diz respeito à posse, mas o estado jurídico notado à época em que o contribuinte teve jus à parcela sujeita ao Imposto de Renda. O desprezo a esses dois princípios conduziria a verdadeiro confisco e, diria, à majoração da alíquota do Imposto de Renda. (...) Por isso, no caso, desprovejo o recurso, assentando a inconstitucionalidade do artigo 12 – não do 12A, que resultou da medida provisória, da conversão em lei –, no que conferida interpretação alusiva à junção do que alcançado pelo contribuinte, considerados os vários exercícios. Verificase, portanto, que o voto condutor do acórdão negou provimento ao recurso da União e afastou a aplicabilidade da regra prevista no art. 12 da Lei nº 7.713/1998, declarandoa inconstitucional, em controle difuso, com julgamento submetido ao rito da repercussão geral (CPC, art. 543B). O entendimento da Suprema Corte, em sede de repercussão geral, é de observância obrigatória pelos membros deste Conselho, conforme disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF, assim descrito: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 12448.725497/201163 Acórdão n.º 2201003.166 S2C2T1 Fl. 85 5 Assim, impõese a aplicação do entendimento externado pelo STF em julgamento realizado na sistemática da repercussão geral ao caso concreto, reconhecendo que houve um vício material no lançamento (apuração indevida da base de cálculo do tributo com repercussão na alíquota aplicável), haja vista que os valores recebidos pela Recorrente se referem a benefícios previdenciários. Nesse contexto, entendo que deve ser cancelada a infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Pelo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 87DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 20/ 05/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 37169.004869/2005-33
Data da sessão: Mon Apr 26 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/07/1994 a 31/10/2004
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO. GFIP. TERMO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. REMUNERAÇÃO DIRETORES. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS.
A GEIE é termo de confissão de divida em relação aos valores declarados e não recolhidos.
A não impugnação expressa dos fatos geradores objeto do lançamento importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos da NFLD.
A remuneração de diretores, contribuintes individuais, é fato gerador de contribuições previdenciárias, que atinge simultaneamente dois contribuintes: a empresa e o segurado.
INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE.
É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a arguição a respeito da constitucionalidade ou ilegalidade e, em obediência ao Princípio da Legalidade, não cabe ao julgador no âmbito desta Corte Administrativa afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais ou afrontariam legislação hierarquicamente superior.
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. LEI 9.784/1999.
APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA.
A Lei n.° 9.784/1999 não revogou nem alterou nenhuma lei especifica disciplinadora de processos administrativos no âmbito tributário. Serão aplicadas as normas especificas do Código Tributário Nacional (Lei n.° 5.172/1966), do Decreto n.° 70.235/1972 e outras normas do gênero.
JUROS/SELIC. CORREÇÃO MONETÁRIA. MULTA. APLICAÇÃO DA
LEGISLAÇÃO VIGENTE.
O sujeito passivo inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos.
PERÍCIA. NÃO APLICAÇÃO.
A autoridade julgadora deve indeferir o pedido de perícia quando considera-la prescindível e meramente protelatória.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE.
Numero da decisão: 2402-000.769
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda
Seção de Julgamento, I) Por unanimidade de votos: a) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos
apurados nas competências até 11/1999, anteriores a 12/1999, nos levantamentos DAL e EMP, pela regra expressa no § 4°, Art. 150 do CTN, nos termos do voto do Relator; b) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências de 06/1999 a 11/1999, no levantamento SEG, nos termos do voto do Relator. Os conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria acompanharam a votação pelas suas conclusões. c) Quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. II) Por maioria de votos: a) nas
preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências ate 11/1998, anteriores a 1211998, nos levantamentos LAB, PRO e SEG, pela regra expressa no I, Art. 173, do CTN, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria, .
que votaram pela aplicação da regra expressa no § 4°, Art. 150 do CTN. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria, que votaram pela aplicação da rega expressa no § 4º, Art. 150 do CTN.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:17:28 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201004
ementa_s : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/1994 a 31/10/2004 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO. GFIP. TERMO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. REMUNERAÇÃO DIRETORES. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. A GEIE é termo de confissão de divida em relação aos valores declarados e não recolhidos. A não impugnação expressa dos fatos geradores objeto do lançamento importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos da NFLD. A remuneração de diretores, contribuintes individuais, é fato gerador de contribuições previdenciárias, que atinge simultaneamente dois contribuintes: a empresa e o segurado. INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE. É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a arguição a respeito da constitucionalidade ou ilegalidade e, em obediência ao Princípio da Legalidade, não cabe ao julgador no âmbito desta Corte Administrativa afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais ou afrontariam legislação hierarquicamente superior. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. LEI 9.784/1999. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. A Lei n.° 9.784/1999 não revogou nem alterou nenhuma lei especifica disciplinadora de processos administrativos no âmbito tributário. Serão aplicadas as normas especificas do Código Tributário Nacional (Lei n.° 5.172/1966), do Decreto n.° 70.235/1972 e outras normas do gênero. JUROS/SELIC. CORREÇÃO MONETÁRIA. MULTA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. O sujeito passivo inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos. PERÍCIA. NÃO APLICAÇÃO. A autoridade julgadora deve indeferir o pedido de perícia quando considera-la prescindível e meramente protelatória. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE.
numero_processo_s : 37169.004869/2005-33
conteudo_id_s : 5584764
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 30 00:00:00 UTC 2021
numero_decisao_s : 2402-000.769
nome_arquivo_s : Decisao_37169004869200533.pdf
nome_relator_s : RONALDO DE LIMA MACEDO
nome_arquivo_pdf_s : 37169004869200533_5584764.pdf
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por unanimidade de votos: a) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências até 11/1999, anteriores a 12/1999, nos levantamentos DAL e EMP, pela regra expressa no § 4°, Art. 150 do CTN, nos termos do voto do Relator; b) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências de 06/1999 a 11/1999, no levantamento SEG, nos termos do voto do Relator. Os conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria acompanharam a votação pelas suas conclusões. c) Quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. II) Por maioria de votos: a) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências ate 11/1998, anteriores a 1211998, nos levantamentos LAB, PRO e SEG, pela regra expressa no I, Art. 173, do CTN, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria, . que votaram pela aplicação da regra expressa no § 4°, Art. 150 do CTN. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria, que votaram pela aplicação da rega expressa no § 4º, Art. 150 do CTN.
dt_sessao_tdt : Mon Apr 26 00:00:00 UTC 2010
id : 6358004
ano_sessao_s : 2010
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:47:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417063665664
conteudo_txt : Metadados => date: 2010-06-16T12:04:57Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-06-16T12:04:56Z; Last-Modified: 2010-06-16T12:04:57Z; dcterms:modified: 2010-06-16T12:04:57Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2010-06-16T12:04:57Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-06-16T12:04:57Z; meta:save-date: 2010-06-16T12:04:57Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-06-16T12:04:57Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-06-16T12:04:56Z; created: 2010-06-16T12:04:56Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; Creation-Date: 2010-06-16T12:04:56Z; pdf:charsPerPage: 1814; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-06-16T12:04:56Z | Conteúdo => S2-04T2 Fl. 538 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS esp-Ay • SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n0 37169.004869/2005-33 Recurso n° 149.127 Voluntário Acórdão n° 2402-00.769 — C Câmara / r Turma Ordinária Sessão de 26 de abril de 2010 Matéria CONTRIBUIÇÃO PATRONAL - PRO LABORE - TERCEIROS Recorrente MÓVEIS PRETTY S.A - INDÚSTRIA E COMÉRCIO Recorrida SECRETARIA DA RECEITA PREVIDENCIÁRIA - SRP ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRTAS Período de apuração: 01/07/1994 a 31/10/2004 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO. GFIP. TERMO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. REMUNERAÇÃO DIRETORES. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. A GEIE é termo de confissão de divida em relação aos valores declarados e não recolhidos. A não impugnação expressa dos fatos geradores objeto do lançamento importa em renúncia e conseqüente concordância com os termos da NFLD. A remuneração de diretores, contribuintes individuais, é fato gerador de contribuições previdenciárias, que atinge simultaneamente dois contribuintes: a empresa e o segurado. INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE. É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a arguição a respeito da constitucionalidade ou ilegalidade e, em obediência ao Princípio da Legalidade, não cabe ao julgador no âmbito desta Corte Administrativa afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais ou afrontariam legislação hierarquicamente superior. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. LEI 9.784/1999. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. A Lei n.° 9.784/1999 não revogou nem alterou nenhuma lei especifica diseiplinadora de processos administrativos no âmbito tributário. Serão aplicadas as normas especificas do Código Tributário Nacional (Lei n.° 5.172/1966), do Decreto n.° 70.235/1972 e outras normas do gênero JUROS/SELIC. CORREÇÃO MONETÁRIA. MULTA. APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. O sujeito passivo inadimplente tem que arcar com o ônus de sua mora, ou seja, os juros e a multa legalmente previstos. PERÍCIA. NÃO APLICAÇÃO. A autoridade julgadora deve indeferir o pedido de perícia quando considera- la prescindível e meramente protelatoria. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE, Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4" Câmara / 2' Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, I) Por unanimidade de votos: a) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências até 11/1999, anteriores a 12/1999, nos levantamentos DAL e EMP, pela regra expressa no § 4°, Art. 150 do CTN, nos termos do voto do Relator; b) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências de 06/1999 a 11/1999, no levantamento SEG, nos tei mos do voto do Relator. Os conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria acompanharam a votação pelas suas conclusões. c) Quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. II) Por maioria de votos: a) nas preliminares, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências ate 11/1998, anteriores a 1211998, nos levantamentos LAB, PRO e SEG, pela regra expressa no I, Art. 173, do CTN, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria, . que votaram pela aplicação da regra expressa no § 4°, Art. 150 do CTN. Vencidos os Conselheiros Rogerio de Lellis Pinto e Maria da Glória Faria, que votaram pela aplicação da rega expressa no § 40, Art. 150 do CTN. _-- . ----- „, <(-- .-;.- _.„------- „,...-- ---,- .../-,-- - / MARC " O e LIVEIRA - Presidente , i, ,. RONALD DE L A MACEDO — Relator, Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros: Marcelo Oliveira, Ana Maria Bandeira, Rogério de Lellis Pinto, Ronaldo de Lima Macedo e Maria da Glória Faria (Suplente). Ausente o Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado. 2 Processo n° 37! 69.004869/2005-33 S2-C4T2 Acórdão n." 2402-00.769 Fl. 539 Relatório • Trata-se de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) lançada pelo Fisco contra empresa Móveis Pretty S.A. — Indústria e Comércio, referentes às contribuições devidas à Seguridade Social, nas rubricas dos segurados, da empresa, do SAT/RAT (financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho) e de outras entidades/Terceiros (FNDE, INCRA, SENAI, SEBRAE), incidentes sobre os valores pagos, creditados ou devidos aos segurados empregados, bem como pro-labore distribuídos a contribuintes individuais (diretores da empresa), no período de 07/1994 a 10/2004. O Relatório Fiscal da notificação (fls. 130 a 132) infonna que o fato gerador foi apurado com base nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), folhas de pagamento, recibos de pagamentos, Guias de Recolhimento da Previdência Social (GPS/GRPS) e PAIS. A autuada apresentou impugnação (fls. 134 a 251), alegando, em síntese, que: (i) os créditos lançados cujos fatos geradores ocorreram antes de 17/12/1999 foram extintos pela decadência, nos tennos do art. 150, § 4°, do CTN; (ii) a remuneração paga aos administradores não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária, porque sua natureza é desvinculada do salário; (iii) a contribuição para o SAT está sendo depositada em Juízo, nos autos do MS 98.00.06905-4; (iv) a contribuição referente à competência 13/1997 foi depositada em Juizo, nos autos do MS 97.00.26740-7; (v) a ilegalidade da taxa de juros aplicada. A taxa SELIC é ilegal. Taxa de juros deve ser aplicada com base no CTN, por meio de perícia técnica; (vi) correção monetária destoante da orientação jurisprudencial; (vii) a ilegalidade das multas e o seu caráter confiseatório; (viii) produção de provas documental, testemunhal, perícia contábil, expedição de certidões, documentos e todos que se fizerem necessários no decorrer da instrução. Houve desmembramento desta NELD, solicitado por meio do Despacho de fl. 258, já que o lançamento fiscal inicial continha contribuições discutidas em Juizo e contribuições não discutidas em Juízo, e a ação judicial estava em tramitação — Mandado de Segurança rr 98.00.06905-4, Justiça Federal do Paraná, em tramitação no Tribunal Regional Federal da 4" Região (fls. 255 a 258) —, contendo como objeto a contribuição relativa ao SATfRAT. Com isso, ocorreu a transferência dos valores apurados, relativos à contribuição concernente ao SAT/RAT, para outra NFLD n° 35.763.815-8, confoime Termo de Transferência de fl. 259 e Discriminativo Analítico do Débito Desmembrado de fls. 260 a 321. Também foi emitido o novo relatório de Fundamentos Legais do Débito (fls. 322 a 337). A DRP em Blumenau-SC — por meio da Decisão-Notificação (DN) n° 41_{ 20.421.4/0289/2005 — considerou o lançamento fiscal parcialmente procedente (fls. 448 a 455). Assim, houve retificação nos valores lançados inicialmente, tendo em vista apuração de valores da glosa incorreta (houve erro na escolha da rubrica utilizada, pois trata-se de dedução e não glosa de dedução, conforme informação da autoridade fiscal — fls. 389 — e planilha de fls. 394 e 395), depósito judicial de contribuição incidente sobre pró-labore foi convertido em renda para o INSS, recolhimento parcial e depósito judicial de contribuição incidente sobre 13° de 1997 foi convertido em renda para o INSS. 3 .• Tempestivamente, a notificada apresentou recurso (fls. 461 a 480), manifestando seu inconfonnismo pela obrigatoriedade do recolhimento das contribuições e no mais efetua repetição das alegações de defesa. A DRF cru Blumenau-SC informa que o recurso interposto é tempestivo e apresenta eontrarrazões informando que a recorrente não apresentou qualquer argumento ou fato novo que justifique a retificação do crédito, assim conclui pela manutenção do crédito nos termos exarados pela DN n° 20.421.4/0289/2005 (11. 537). }0---É o relatório. n j \\ , , 4 Processo 0b 37169004869/2005_33 S2-C4T2 Acárclao n." 2402-00.169 Fl, 540 Voto Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo - Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso voluntário ora analisado foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 537. Superados os pressupostos de admissibilidade, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS QUESTÕES PRELIMINARES: Inicialmente destacamos que o procedimento administrativo de lançamento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo omissão na aplicação das normas da Lei n.° 9.784/1999 — diploma que estabelece a disciplina geral do processo administrativo no âmbito da administração pública federal —, já que os seus os preceitos só deverão ser aplicados em caráter subsidiário. Neste sentido, asseveramos que a aplicação da Lei n.° 9.784/1999 aos processos administrativos tributários federais tem caráter supletivo ou subsidiário, uma vez que essa Lei não revogou nem alterou nenhuma lei específica disciplinadora de processos administrativos determinados. Isso está em consonância ao estabelecido expressamente no art. 69 da Lei n.° 9.784/1999, pois este artigo dispõe que os processos administrativos que sejam regulados em leis especificas permanecem regidos por essas leis, sendo apenas subsidiariamente aplicáveis a eles os preceitos estabelecidos na Lei n.° 9.784/1999. Assim, significa dizer que as normas da Lei n°9.784/1999 aplicam-se apenas aos casos em que não haja lei específica regulando o respectivo processo administrativo ou, quando haja, é aplicável para complementar as regras especiais. Com isso, para apreciação e análise do caso em tela, serão aplicadas as normas estabelecidos de forma especifica para o processo tributário federal, previstas pelo Código Tributário Nacional (Lei n.° 5.172/1966), pelo Decreto n.° 70.235/1972 (diploma que tem status de lei ordinária e disciplina o processo administrativo fiscal), e outras normas do gênero. Ainda em sede de preliminar, devemos verificar o desmembramento da NFLD originária e as deduções (glosas incorretas) realizadas após ciência do lançamento fiscal ( ao sujeito passivo. Em observância aos princípios da unicidade de jurisdição, da segurança jurídica, da legalidade objetiva e da separação dos Poderes (funções) da União, se o lançamento inclui contribuições discutidas em sede Judicial e contribuições não discutidas na Justiça, e como a ação judicial está em tramitação, como é o caso, o processo administrativo tributário deve ser desmembrado. Assim, houve o desmembramento do processo original ora analisado, que contém somente as contribuições não discutidas em Juizo, passando, então, os valores das contribuições referentes ao SAT/RAT para outra NFLD n° 35.763.815-8, contendo 5 as diferenças de contribuições que possuem a mesma materialidade discutida no Mandado de Segurança n° 98.00.06905-4, Justiça Federal do Paraná, em tramitação no Tribunal Regional Federal da 4a Região (fls. 255 a 258). Com isso, não houve qualquer prejuízo para a recorrente, pois os documentos desmembrados permaneceram com todos os seus elementos essenciais do lançamento fiscal originário. Esse desmembramento está eni consonância principalmente ao principio da unicidade de jurisdição prevalente no Brasil em que as decisões judiciais são soberanas, independentemente a época da propositura da ação judicial para caracterizar a renúncia implícita do contribuinte ao direito de discutir administrativamente a mesma matéria e objeto, bastando, para tanto, a sua simples propositura. Ainda cm observância aos princípios da legalidade e da verdade material, e como houve erro na escolha da imbrica utilizada pela autoridade lançadora, pois trata-se de dedução e não de glosa de dedução, os valores inicialmente apurados foram reduzidos. Assim, foram excluídas a rubrica de glosa e as deduções devidas, nos termos da planilha de fls. 394 e 395. Isso também não acarreta qualquer prejuízo para a recorrente, já que os valores lançados inicialmente foram até reduzidos. Portanto, o desmembramento da NFLD originária e as deduções (glosas incorretas) realizadas após ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo estão em consonância aos princípios anteriormente mencionados e também atendem o princípio da instrumentalidade das formas, já que por meio deste princípio somente se declara a nulidade quando dela resulta prejuízo para o sujeito passivo (arts. 59, § 3 0, e 60, ambos do Decreto n.° 70.235/1972). Em outro ponto, ainda nas preliminares, no que pertine a verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. Cumpre esclarecer que o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) veda aos Membros de Turmas de julgamento afastar aplicação de lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade e o próprio Conselho uniformizou a jurisprudência administrativa sobre a matéria por meio do enunciado da Súmula n° 2, publicadas no DOU de 22/12/2009, ANEXO III - CONSOLIDAÇÃO DAS SÚMULAS DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS - CARF, pág. 71, transcrito a seguir: Súmula CARF n° 2: O GARE não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Súmulas 2 do I° e 2° Conselhos do antigo Conselho de Contribuintes. Finalmente em, sede de preliminar, devemos verificar a ocorrência, ou não, da decadência tributária. O Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do enunciado da Sumula Vinculante de n° 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a - inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n°8.212 de 1991, nestas palavras: Súmula Vinculante 8"São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5' do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário". Processo n° 37169.004869/2005-33 S2-C4T2 Acórdão ri.° 2402-00.769 Fl. 541 Conforme previsto no art. 103-A da Constituição Federal, a Súmula de n ° 8 vincula toda a Administração Pública direta e indireta, devendo esta Corte Administrativa aplicá-la. Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecido em lei. Uma vez não sendo mais possível a aplicação do art. 45 da Lei ri ° 8.212, há que serem observadas as regras estabelecidas pelo Lei n° 5.172/1966 — Código Tributário Nacional (CTN). A decadência está arrolada como forma de extinção do crédito tributário no inciso V do art. 156 do CTN e decorre da conjugação de dois fatores essenciais: o decurso de certo lapso de tempo e a inércia do titular de um direito. Isso está em consonância ao principio da segurança jurídica. Esses fatores resultarão, para o sujeito ativo que permaneceu inerte, na extinção de seu direito material. Assim, o instituto da decadência visa extinguir o direito de lançar o crédito tributário sobre o sujeito passivo. Em Direito Tributário, a decadência está disciplinada no art. 173 e no art. 150, § 4°, do CIN (este último diz respeito ao lançamento por homologação). A decadência, no Direito Tributário, é modalidade de extinção do crédito tributário. Aplica-se a regra do § 40 art. 150 do CTN ao lançamento por homologação, quando houve recolhimento parcial. Já a regra do inciso I art. 173 do CTN aplica-se ao lançamento de oficio, ou ao lançamento por homologação, sem qualquer recolhimento efetuado. i) Esse posicionamento possui amparo em decisões do Poder Judiciário. "Ementa: .... II. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, 1, do CTN. ...." (STJ. REsp 395059/RS Rel.: Min. Eliana Calmon. 2a Turma. Decisão: 19/09/02. DJ de 21/10/02, p. 347.) XP/Iti '•' "Ementa: .... Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, a fixação do termo a quo do prazo decadencial para a constituição do crédito deve considerar, em conjunto, os arts. 150, § 4°, e 173, I, do Código Tributário Nacional. Na hipótese em exame, que cuida de lançamento por homologação (contribuição previdenciária) com pagamento 7 antecipado, o prazo decadencial será de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. .... .... Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, 1, do CTN. EREsp 278727/DF. Rel.: Mia Franciulli Netto. 1° Seção. Decisão: 27708/03. DJ de 28/10/03, p. 184.) Verifica-se que o lançamento fiscal em tela refere-se a período compreendido entre 07/1994 a 10/2004 e foi efetuado em 17/12/2004, data da intimação do sujeito passivo. Se a regra quanto ao prazo decadencial for a determinada no art. 173, I, do CTN, as competências até 11/1998, anteriores a 12/1998, estão extintas, assim como a competência 13/1998, pois todas são exigíveis no ano 1998. Esclarecemos que a competência 12/1998 não deve ser excluída do cálculo do lançamento fiscal ora analisado, porquanto a sua exigibilidade e a sua hipótese imponível (situação fática da hipótese de incidência da contribuição) somente ocorrerão a partir de 01/1999, com a remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, durante o mês, aos segurados obrigatórios do RGPS, quando poderia ter sido efetuado o lançamento fiscal. Se a regra quanto ao prazo decadencial for a determinada no Art. 150, § 40 , do CTN, as competências até 11/1999, anteriores a 12/1999, estão extintas. Entre as competências 06/1999 a 12/1999, verificamos no anexo construido pelo Fisco, fls. 004 a 022, que ocorreram recolhimentos parciais em alguns levantamentos, que serão extintos pela regra constante do art. 150, § 4°, do CTN. Diante desse quadro analisado, necessitamos verificar em que levantamentos que ainda persistem, entre essas competências, ocorreram recolhimentos, ou não, a fim de utilizar uma regra ou outra: Levantamento "DAL — Diferença de Ac. Legais": competências autuadas de 1011994 a 09/2004. Este levantamento decorre de pagamentos realizados no período em atraso, assim aplica-se a regra do art. 150, § 4°, do CTN, estando extintas pela decadência as contribuições apuradas anteriormente a competência 11/1999, fls. 004 a 008; Levantamento "EMP — Contr Empregados": competências autuadas de 07/1994 a 13/1998. Neste levantamento há recolhimentos parciais em todas as competências apuradas, conforme demonstra o anexo de fls. 009 a 020. Com isso, aplica-se a regra do art. N± 150, § 4°, do CTN, estando extintas pela decadência as contribuições apuradas anteriormente a competência 11/1999. Logo, todas as competências do levantamento "EMP — Contr Empregados" foram extintas pelo instituto da decadência; Levantamento "LAB - Contr. Contr. Individuais": competências autuadas de 02/1999 a 10/2004. Neste levantamento não há qualquer recolhimento parcial, conforme demonstra o anexo de fls. 020 a 030. Com isso, aplica-se a regra do art. 173, I, do CTN, estando extintas pela decadência as contribuições apuradas anteriormente as competências até 11/1998 (anteriores a 12/1998), assim como a competência 13/1998. Diante disso, para este levantamento, as competências não foram atingidas pela decadência tributária; Mit Levantamento "PRO — Contr. Contr. Individuais": competências autuadas de 05/1996 a 12/1998. Neste levantamento não há qualquer recolhimento parcial, conforme &monstra o anexo de fls. 030 a 035. Com isso, aplica-se a regra do art. 173, I, do CTN, Processo n° 37 I 69.004869/2005-33 S2-C4T2 Acórdão n.° 2402-00.769 Fl. 542 estando extintas pela decadência as contribuições apuradas anteriormente as competências até 11/1998 (anteriores a 12/1998, pois esta só exigível a partir de 01/1999), assim como a competência 13/1998. Diante disso, para este levantamento, somente a competência 12/1998 não foi atingida pela decadência tributária; Levantamento "SEG - Contr. Empregados": competências autuadas de 01/1999 a 09/2004. Neste levantamento há recolhimentos parciais a partir da competência 06/1999, inclusive, conforme demonstra o anexo de fls. 036 a 049. Com isso, para as competências 01/1999 a 05/1999, aplica-se a regra do art. 173, I, do CTN, em que estariam extintas pela decadência as contribuições apuradas anteriormente as competências até 11/1998, anteriores a 12/1998 (como não há contribuições apuradas anteriormente a 11/1998, permanecem os valores apurados nas competências 01/1999 a 05/1999). E, para as competências a partir de 06/1999, inclusive, aplica-se a regra do art. 150, § 4°, do CTN, estando extintas pela decadência as contribuições apuradas anteriormente a competência 11/1999, inclusive; Levantamento "SGP — Salários não declarados": como os fatos geradores ocorreram entre as competências 08/2001 a 13/2003 e a ciência ao sujeito passivo ocorreu em 17/12/2004, data da intimação, é irrelevante a apreciação de qual dispositivo legal deve ser aplicado, haja vista que não haverá aplicação da decadência por qualquer das teorias existentes: seja com fundamento no art. 173 e seus incisos, seja com fundamento no art. 150, § 4°, ambos do CTN. Diante disso, para este levantamento, as competências não foram atingidas pela decadência tributária. Por todo o exposto, acato, parcialmente, a preliminar ora examinada, para excluir do lançamento todas as contribuições apuradas no levantamento "EMP — Contr Empregados", pois foram atingidas pela decadência tributária. Ainda, em sede de preliminar, acato pela exclusão das contribuições apuradas anteriormente a 11/1999, na hipótese de aplicação do art. 150, § 4°, e pela exclusão das contribuições apuradas anteriormente a 11/1998, na hipótese de aplicação do art. 173, I, do CTN, conforme o voto, e passo ao exame de mérito. DO MÉRITO No recurso voluntário em questão, o contribuinte resumiu-se a atacar: (i) extinção parcial do crédito pelo pagamento para as competências 04/2003, 08/2003, 10/2003, 11/2003, 12/2003, 01/2004, 02/2004, 06/2004, 07/2004, 09/2004 e 10/2004, totalizando R$ 2.649,83 (dois mil seiscentos e quarenta e nove reais e oitenta e três centavos); (ii) a inconstitucionalidadefilegalidade da taxa de juros aplicada; (i) a ilegalidade das multas e o seu caráter confiscatorio; (iv) o cerceamento de defesa pelo indeferimento do pedido de perícia e . do depoimento testemunhal. Depreende-se então que o recorrente não refutou todos os valores pagos,' creditados ou devidos aos segurados empregados e aos contribuintes individuais enquanto fatos geradores da contribuição previdenciária. Dessa forma, em relação aos fatos geradores objeto da presente notificação, como não houve recurso expresso aos pontos da Decisão-Notificação (DN) presume-se a concordância da recorrente com a DN exarada sobre número 20.4214/0289/2005, exceto as competências que, em observância aos princípios da legalidade e da verdade material, foram atingidas pelo instituto da decadência tributária. 9 Com relação à extinção parcial do crédito pelo pagamento efetuado pela recorrente para algumas competências, totalizando R$ 2.649,83 (dois mil seiscentos e quarenta c nove reais e oitenta e três centavos), razão não concedo ao recorrente, pois esses valores já foram devidamente apropriados e alocados ao lançamento fiscal inicial no levantamento "LAB — Contr. Contr. Individuais", conforme constatação na Informação Fiscal (fl. 0390) e no Discriminativo Analítico de Débito Retificado - DADR (fls. 420 a 423). Com isso, não há que se falar em extinção parcial de crédito tributário, pois o valor de R$ 2.649,83 foi aproveitado como pagamento para as competências 04/2003, 08/2003, 10/2003, 11/2003, 12/2003, 01/2004, 02/2004, 06/2004, 0712004, 09/2004 e 10/2004. No que tange a arguição de inconstitucionalidacle, ou ilegalidade, de legislação previdenciária que dispõe sobre a aplicação da taxa de juros aplicada (taxa SELIC), frise-se que incabível seria sua análise na esfera administrativa. Não pode a autoridade administrativa recusar-se a cumprir norma cuja constitucionalidade vem sendo questionada, razão pela qual são aplicáveis as normas reguladas na Lei n° 8.212/1991. Toda lei presume-se constitucional e, até que seja declarada sua inconstitucionalidade pelo órgão competente do Poder Judiciário para tal declaração ou exame da matéria, deve o agente público, como executor da lei, respeitá-la. Nesse sentido, entendo pertinente transcrever trecho do Parecer/CJ n° 771, aprovado pelo Ministro da Previdência Social em 28/1/1997, que enfoca a questão: Cumpre ressaltar que o guardião da Constituição Federal é o Supremo Tribunal Federal, cabendo a ele declarar a inconstitucionalidade de lei ordinária. Ora, essa assertiva não quer dizer que a administração não tem o dever de propor ou aplicar leis compatíveis com a Constituição. Se o destinatário de uma lei sentir que ela é inconstitucional o Pretório Excelso é o órgão competente para tal declaração. Já o administrador ou servidor público não pode se eximir de aplicar uma lei, porque o seu destinatário entende ser inconstitucional, quando não há manifestação definitiva do STF a respeito. A alegação de inconstitucionalidaile formal de lei não pode ser objeto de conhecimento por parte do administrador público. Enquanto não Jim declarada inconstitucional pelo STF, ou examinado seu mérito no controle difuso (efeito entre as partes) ou revogada por outra lei federal, a referida lei estará em vigor e cabe à Administração Pública acatar suas disposições. Em aplicação ao art. 144 do CTN — estabelece que o lançamento reporta-se à t, data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e rege-se pela lei então vigente, ainda que modificada ou revogada —, e com relação à cobrança de juros (taxa referencial do Sistema \ Especial de Liquidação e Custódia - SELIC), esta estava prevista em lei específica da previdência social, art. 34 da Lei n° 8.212/1991, abaixo transcrito, desse modo foi correta a aplicação do índice pela autarquia previdenciária: Art.34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo LVSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia-SEL1C, a que se refere o art. 13 da Lei n" 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevcivel. (Artigo restabelecido, com nova redação lo Processo n°37 169.00486912005-33 S2-C4T2 Acórdão n.° 2402-00.769 Fl. 543 dada e parágrafo único acrescentado pela Lei n' 9.528, de 10/12/97) Parágrafo único. O percentual dos juros moratórias relativos aos meses de vencimentos ou pagamentos das contribuições corresponderá a um por cento. Nesse sentido já se posicionou o STJ no Recurso Especial n ° 475904, publicado no DJ em 12/05/2003, cujo relator foi o Min. José Delgado: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CDA. VALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. SUMULA 07/5 Ti COBRANÇA DE JUROS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. A averiguação do cumprimento dos requisitos essenciais de validade da CDA importa o revolvimento de matéria probatória, situação inadmissível em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 07/STJ. No caso de execução de dívida fiscal, os juros possuem a função de compensar o Estado pelo tributo não recebido tempestivamente. Os juros incidentes pela Taxa SELIC estão previstos em lei. São aplicáveis legalmente, portanto. Não há confronto com o art. 161, § 1°, do CTN. A aplicação de tal Taxa já está consagrada por esta Corte, e é devida a partir da sua instituição, isto é, 1701/1996 (REsp 439256/MG). Recurso especial parcialmente conhecido, e na parte conhecida, desprovido. A propósito, convém mencionar que o Segundo Conselho de Contribuintes aprovou o enunciado da Súmula n° 3, em 18 de setembro de 2007, nos seguintes termos: SÚMULA N° 3 É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — Selic para títulos federais. Não tendo o contribuinte recolhido à contribuição previdenciária em época própria, tem por obrigação arcar com o ônus de seu inadimplemento. Caso não se fizesse tal exigência, poder-se-ia questionar a violação ao principio da isonomia, por haver tratamento similar entre o contribuinte que cumprira em dia com suas obrigações fiscais, com aqueles que não recolheram no prazo fixado pela legislação. Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade de cobrança de juros, estando os valores descritos na NFLD, em consonância com o prescrito na legislação previdenciária, eis que o art. 34 da Lei n° 8.212/1991 dispunha que as contribuições sociais não recolhidas à época própria ficavam sujeitas aos juros SELIC e multa de mora, todos de caráter irrelevavel. Ainda, conforme estabelece os arts. 34 e 35, ambos da Lei n° 8.212/1991, a multa • moratória é bem aplicável pelo não recolhimento em época própria das contribuições previdenciárias. Além disso, o art. 136 do CTN descreve que a responsabilidade pela infração independe da intenção do agente ou do responsável, e da natureza e extensão dos efeitos do ato. O art. 35 da Lei n° 8.212/1991 dispõe, nestas palavras: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos; (Redação dada pelo art. 1°, da Lei n' 9.876/99) 1 - para pagamento, após o vencimento de obrigação Mio incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pelo art. 1°, da Lei n°9876/99). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pelo art. 1°, da Lei n' 9.876/99). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pelo art. 1°, da Lei n° 9.876/99). li - para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art.l da Lei n°9.876/99). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pelo art. 1°, da Lei n°9.876/99). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS; (Redação dada pelo art. 1', da Lei n°9876/99). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei n° 9.876/99). 171 - para pagamento do crédito inscrito em Divida Ativa; a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. I", da Lei n°9.876/99). A b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pelo art. 1 11, da Lei n e 9.876/99). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. 1`, da Lei n°9876/99,). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento; (Redação dada pelo art. l da Lei n' 9.876/99). § 1' Nas hipóteses de parcelamento ou de reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o Caput e seus incisos. (Parágrafo acrescentado pela MP n` 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei n° 9.528/97) 12 Processo n° 37169.004869/2005-33 S2-C4T2 Acórdão n4 2402-00.769 Fl. 544 § 2 0 Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. (Parágrafo acrescentado pela 11/1P n" 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei n" 9.528/97) § 3° O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § I` deste artigo. (Parágrafo acrescentado pela kIP n°1.571/97, reeditaria até a conversão na Lei n°9528/97,) § 4 Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Parágrafo acrescentado pela Lei n°9.876/99) - A recorrente alega também que a cobrança da multa estaria sendo aplicada exclusivamente com fundamentos nas prescrições do Decreto n° 3.048/1999. Tal premissa não prospera, pois consta de forma clara no anexo "Fundamentos Legais do Débito" o dispositivo contido no art. 35, da Lei n° 8212/1991 (fis. 116 a 123), que trata da incidência da multa de mora sobre as contribuições em atraso, do qual o art. 239 do Decreto n° 3.048/1999 é apenas corolário. Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade de cobrança da multa, estando os valores descritos na NFLD, bem como os seus fundamentos legais (fls. 116 a 123), em consonância com o prescrito na legislação previdenciária. Quanto ao argumento de que a multa aplicada tem caráter confiscatorio, indo de encontro ao principio constitucional implícito da razoabilidade ou da proporcionalidade, e, em função disso, deve ser relevada, razão não confiro ao recorrente, já que a multa foi aplicada em conformidade à legislação tributária-previdenciária retromencionada. Ademais, conforme registramos anteriormente, a verificação de inconstitucionalidade de ato normativo é inerente ao Poder Judiciário, não podendo ser apreciada pelo órgão do Poder Executivo. Logo, essa verificação de que a multa aplicada vai de encontro ao principio 'N., constitucional da razoabilidade, ora pretendida pela recorrente, exacerba a competência ‘ originária dessa Corte administrativa que é a de órgão revisor dos atos praticados pela 1 Administração, buo como invade competência atribuida especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal. Esclarecemos que a vedação constitucional quanto ao caráter confiscatório se dá em relação ao tributo e não à multa pecuniária ora discutida pela recorrente, sendo esta última a apreciada no caso concreto. Nesse sentido preceitua o art. 150, IV da Constituição Federal de 1988: 13 Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: - utilizar tributo com efeito de confisco; Portanto, não possui natureza de confisco a exigência da multa moratória, conforme prevê o art. 35 da Lei n° 8.212/1991, já que se trata de uma multa pecuniária. Não recolhendo na época própria o sujeito passivo tem que arcar com o ônus de seu inadimplemento. A recorrente insiste na realização da perícia contábil e na produção de prova testemunhal, conforme lhe facultaria o art. 38 da Lei n° 9.784/1999, já que isso estaria cerceando o seu direito de defesa. Essa tese também não prospera, eis que os preceitos estabelecidos pela Lei n° 9784/1999 são normas gerais e não devem ser aplicadas no caso em tela, pois há normas especificas estabelecidas nos arts. 16, 18, 20 e 28, todos do Decreto n.° 70.235/1972 (diploma que disciplina o processo administrativo fiscal no âmbito federal), para a matéria suscitada pela recorrente. Ademais, verifica-se que — para a apreciação e a prolatação da decisão de procedência, ou não, do lançamento fiscal ora analisado — não existem dúvidas a serem sanadas, já que, na :MD com seus anexos, consta de forma clara os elementos necessários para a configuração do ato administrativo fiscal. Logo, não há que se falar em cerceamento de defesa, pois está estabelecido de forma transparente nos autos (fls. 01 a 32) — para o procedimento de lançamento fiscal analisado — todos os seus requisitos legais, conforme preconiza o art. 142 do CTN e art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, tais como: local e data da lavratura; caracterização da ocorrência da situação fática da obrigação tributária (fato gerador); determinação da matéria tributável; montante da contribuição previdenciária devida; identificação do sujeito passivo; determinação da exigência tributária e intimação para cumpri- la ou impugná-la no prazo de 30 dias; disposição legal infringida e aplicação das penalidades cabíveis; dentre outros. A produção de prova testemunhal não é necessária para a resolução da controvérsia instalada neste processo, pois todas as questões trazidas pela recorrente são matérias de direito, ou comprováveis por provas documentais, não havendo assim qualquer situação fática que possa ser solucionada mediante testemunhas. Trata-se de solicitações não necessárias para a deslinde do caso analisado no momento. Nesse sentido, o art. 18, da Lei do Processo Administrativo Fiscal (Decreto n° 70.235/1972), estabelece: $:\f?\ 4rt.I8 - A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de oficio ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. Assim, indeferem-se o pedido de perícia contábil e de produção de prova ))\f" testemunhal, por considerá-los prescindíveis e meramente protelatórios. Diante do exposto, o lançamento fiscal seguiu os ditames previstos na legislação de regência, devendo ser mantido nos termos da Decisão-Notificação, exceto no 14 Processo n° 37169.004869/2005-33 S2-C4T2 Acórdão n.° 2402-00.769 Fl. 545 tocante à aplicação do instituto da decadência tributária, haja vista que os argumentos apontados pelo recorrente são incapazes de refutar a presente notificação. CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso e DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, nos seguintes termos do voto: (i) para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências até 11/1999, anteriores a 12/1999, nos levantamentos DAL e EMP, pela regra expressa no § 4° do art. 150 do CTN; (n) para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências de 06/1999 a 11/1999, no levantamento SEU, pela regra expressa no § 4° do art. 150 do CTN; (ui) para excluir do cálculo do lançamento, devido à decadência, os fatos apurados nas competências até 11/1998, anteriores a 12/1998, nos levantamentos LAB, PRO e SEU, pela regra expressa no inciso I do art. 173 do CTN. Sala das Sessões, em 26 de abril de 2010 RONALDO DE LIMA MACEDO - Relator IS „,N§ MINISTÉRIO DA FAZENDA 1'5:40, CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS kztt* QUARTA CÂMARA - SEGUNDA SEÇÃO -Processo n°: 37169.00486912005-33 Recurso n”: 149A27 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no parágrafo 3° do artigo 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial n° 256, de 22 de junho de 2009, intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Quarta Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão if 2402-00.769. Brasil', 25 maio de 2010 7. RUAS S s AIO FREIRE Presidente da Quarta Câmara - Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ 3 Com Embargos de Declaração Data da ciência: / / Procurador (a) da Fazenda Nacional
score : 1.0
Numero do processo: 10903.720004/2012-30
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
PREMISSA. INSTITUTO JURÍDICO-TRIBUTÁRIO.
O conceito do ágio é disciplinado pelo art. 20 do Decreto-Lei nº 1.598, de 27/12/1977 e os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, e trata-se de instituto jurídico-tributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica.
APROVEITAMENTO DO ÁGIO. INVESTIDORA E INVESTIDA. EVENTOS. SEPARAÇÃO. UNIÃO.
São dois os eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformam-se em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão).
DESPESAS. AMORTIZAÇÃO. ÁGIO.
A amortização, a qual se submete o ágio para o seu aproveitamento, constitui-se em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontra-se submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99, submetendo-se aos testes de necessidade, usualidade e normalidade.
DESPESAS. FATOS ESPONTÂNEOS.
Não há norma de despesa que recepcione um situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Não há como estender os atributos de normalidade, ou usualidade, para despesas derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica.
CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO.
A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontram-se atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica.
AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. INVESTIDOR E INVESTIDA. MESMA UNIVERSALIDADE.
Os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (1) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (2) pessoa jurídica investida. Deve-se consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolida-se cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia (ágio). Enfim, toma-se o momento em que o Contribuinte aproveita-se da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, para se aperfeiçoar o lançamento fiscal com base no regime de tributação aplicável ao caso e estabelecer o termo inicial para contagem do prazo decadencial.
QUALIFICAÇÃO DA MULTA. PLUS NA CONDUTA. DOLO.
Operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia, implicam na presença dos elementos volitivo e cognitivo, caracterizando o dolo, o plus na conduta que ultrapassa o tipo objetivo da norma tributária e é apenado com a qualificação da multa de ofício.
CSLL. DECORRÊNCIA.
Aplica-se à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável.
Numero da decisão: 9101-002.301
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, conhecer por unanimidade de votos o Recurso Especial do Contribuinte e Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mérito do tema ágio, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, por unanimidade de votos. Os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez, votaram pelas conclusões. No mérito do tema multa isolada, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Luís Flávio Neto, Adriana Gomes Rego, Daniele Souto Rodrigues Amadio, André Mendes de Moura, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Rafael Vidal de Araújo, Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201604
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 PREMISSA. INSTITUTO JURÍDICO-TRIBUTÁRIO. O conceito do ágio é disciplinado pelo art. 20 do Decreto-Lei nº 1.598, de 27/12/1977 e os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, e trata-se de instituto jurídico-tributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. INVESTIDORA E INVESTIDA. EVENTOS. SEPARAÇÃO. UNIÃO. São dois os eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformam-se em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). DESPESAS. AMORTIZAÇÃO. ÁGIO. A amortização, a qual se submete o ágio para o seu aproveitamento, constitui-se em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontra-se submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99, submetendo-se aos testes de necessidade, usualidade e normalidade. DESPESAS. FATOS ESPONTÂNEOS. Não há norma de despesa que recepcione um situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Não há como estender os atributos de normalidade, ou usualidade, para despesas derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica. CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO. A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontram-se atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. INVESTIDOR E INVESTIDA. MESMA UNIVERSALIDADE. Os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (1) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (2) pessoa jurídica investida. Deve-se consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolida-se cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia (ágio). Enfim, toma-se o momento em que o Contribuinte aproveita-se da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, para se aperfeiçoar o lançamento fiscal com base no regime de tributação aplicável ao caso e estabelecer o termo inicial para contagem do prazo decadencial. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. PLUS NA CONDUTA. DOLO. Operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia, implicam na presença dos elementos volitivo e cognitivo, caracterizando o dolo, o plus na conduta que ultrapassa o tipo objetivo da norma tributária e é apenado com a qualificação da multa de ofício. CSLL. DECORRÊNCIA. Aplica-se à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon May 09 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10903.720004/2012-30
anomes_publicacao_s : 201605
conteudo_id_s : 5587937
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9101-002.301
nome_arquivo_s : Decisao_10903720004201230.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ANDRE MENDES DE MOURA
nome_arquivo_pdf_s : 10903720004201230_5587937.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, conhecer por unanimidade de votos o Recurso Especial do Contribuinte e Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mérito do tema ágio, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, por unanimidade de votos. Os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez, votaram pelas conclusões. No mérito do tema multa isolada, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Luís Flávio Neto, Adriana Gomes Rego, Daniele Souto Rodrigues Amadio, André Mendes de Moura, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Rafael Vidal de Araújo, Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Apr 06 00:00:00 UTC 2016
id : 6372480
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:48:13 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417201029120
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 31; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2340; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 1.714 1 1.713 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10903.720004/201230 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9101002.301 – 1ª Turma Sessão de 6 de abril de 2016 Matéria IRPJ E CSLL ÁGIO Recorrentes CENTER AUTOMÓVEIS FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 PREMISSA. INSTITUTO JURÍDICOTRIBUTÁRIO. O conceito do ágio é disciplinado pelo art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 27/12/1977 e os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, e tratase de instituto jurídicotributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. INVESTIDORA E INVESTIDA. EVENTOS. SEPARAÇÃO. UNIÃO. São dois os eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformamse em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). DESPESAS. AMORTIZAÇÃO. ÁGIO. A amortização, a qual se submete o ágio para o seu aproveitamento, constituise em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontrase submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99, submetendose aos testes de necessidade, usualidade e normalidade. DESPESAS. FATOS ESPONTÂNEOS. Não há norma de despesa que recepcione um situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Não há como estender os atributos de normalidade, ou usualidade, para despesas derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica. CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 3. 72 00 04 /2 01 2- 30 Fl. 1714DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.715 2 A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontram se atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. INVESTIDOR E INVESTIDA. MESMA UNIVERSALIDADE. Os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (1) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (2) pessoa jurídica investida. Devese consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolidase cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia (ágio). Enfim, tomase o momento em que o Contribuinte aproveitase da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, para se aperfeiçoar o lançamento fiscal com base no regime de tributação aplicável ao caso e estabelecer o termo inicial para contagem do prazo decadencial. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. PLUS NA CONDUTA. DOLO. Operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia, implicam na presença dos elementos volitivo e cognitivo, caracterizando o dolo, o plus na conduta que ultrapassa o tipo objetivo da norma tributária e é apenado com a qualificação da multa de ofício. CSLL. DECORRÊNCIA. Aplicase à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, conhecer por unanimidade de votos o Recurso Especial do Contribuinte e Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mérito do tema ágio, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, por unanimidade de votos. Os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez, votaram pelas conclusões. No mérito do tema multa isolada, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum Fl. 1715DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.716 3 (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Luís Flávio Neto, Adriana Gomes Rego, Daniele Souto Rodrigues Amadio, André Mendes de Moura, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Rafael Vidal de Araújo, Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado), Maria Teresa Martínez López (Vice Presidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN (efls. 1400/1410) e Recurso Especial interposto pelo Contribuinte (efls. 1451/1562) em face da decisão proferida no Acórdão nº 1201000.968 (efls. 1375 e segs), pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 11/03/2014, no qual foi dado provimento ao recurso voluntário do Contribuinte desqualificar a multa de ofício, reduzindoa de 150% para 75%. Resumo das matérias devolvidas Foram tipificadas três infrações pela Fiscalização: 1) glosa de amortização do ágio; 2) multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais; 3) qualificação de multa de ofício. Na primeira instância (DRJ), a impugnação protestando sobre as três matérias foi julgada improcedente, ou seja, foram mantidas as três infrações. Fl. 1716DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.717 4 A segunda instância (Turma Ordinária do CARF), ao apreciar recurso voluntário do Contribuinte, decidiu afastar a infração (3), desqualificandose a multa de ofício, passando o percentual de 150% para 75%. Tanto o Contribuinte quanto a PGFN apresentaram recursos especiais sobre as matérias no qual não tiveram satisfeitas as suas pretensões. Ambos os recursos foram admitidos por despachos de exame de admissibilidade. Portanto, foram devolvidas as três matérias para julgamento. A seguir, maiores detalhes sobre a autuação fiscal e a fase contenciosa. Da Autuação Fiscal O Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (efls. 839/855) discorre que a Contribuinte e outras quatro empresas do mesmo grupo econômico empreenderam uma sequência de reorganizações societárias cujo desdobramento foi um ágio amortizado no montante de R$17.904.000,00. Entendeu a Fiscalização as operações careceram de substância econômica e foram realizadas entre partes dependentes, tendo sido caracterizada a amortização de ágio em si mesmo, despesa indedutível que não atendeu os requisitos do art. 299 do RIR/99 e arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997. Foram lavrados autos de infração de IRPJ e CSLL, para glosar as despesas de amortização do ágio. Em razão da nova apuração, foi constatada insuficiência de estimativas mensais, tendo sido lançadas as multas isoladas. Foi qualificada a multa de ofício para 150%, com fulcro no art. 72 da Lei nº 4.502, de 1964. Da Fase Contenciosa A Contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente pela 1ª Turma da DRJ/Curitiba, nos termos do Acórdão nº 0639.325 (efls. 1190 e segs.), conforme ementa a seguir. ÁGIO CONSTITUÍDO SOBRE AS QUOTAS DA PRÓPRIA EMPRESA, DECORRENTE DE TRANSAÇÃO DOS SÓCIOS COM ELES MESMOS. Não é concebível, econômica e contabilmente, o reconhecimento de acréscimo de riqueza (ágio) em decorrência de uma transação dos sócios com eles próprios. Ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável, do ponto de vista econômico, tais transações não se revestem de substância econômica e da indispensável independência entre as partes para merecer registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade. Deve ser glosada eventual despesa lançada em função de ágio constituído nessas condições, dada a sua não oposição contra o Fisco, mormente se foi escriturada na própria sociedade sobre a qual o ágio foi constituído (ágio de si mesmo). UNIVOCIDADE DO CONCEITO DE ÁGIO NAS LEGISLAÇÕES CONTÁBIL (LEI N° 6.404, DE 1976) E TRIBUTÁRIA (DL 1.598, DE 1977). A contabilidade e a legislação tributária, em uníssono, conceituam o ágio como a diferença ou resto de uma singela Fl. 1717DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.718 5 operação aritmética cujos termos restantes são o Custo de Aquisição do Investimento como minuendo e Valor patrimonial do investimento como subtraendo. Não existe, portanto, discrepância de conceito de ágio entre a legislação contábil e a legislação fiscal. UNIVOCIDADE DO CONCEITO DE "CUSTO DE AQUISIÇÃO DO INVESTIMENTO" NAS LEGISLAÇÕES CONTÁBIL (LEI N° 6.404, DE 1976) E TRIBUTÁRIA (DL 1.598, DE 1977). Conforme explicitado na Exposição de Motivos do DL n° 1.598, de 1977, este promoveu na legislação do IRPJ apenas as alterações consideradas necessárias para adaptála à Lei n° 6.404, de 1976, que introduziu diversas inovações em matéria de escrituração comercial, critérios de avaliação do patrimônio, etc. Assim, até seria possível, desde que constasse menção expressa, que, para os fins por ele perseguidos, tivesse atribuído ao vocábulo "custo" ou à locução "custo de aquisição" acepção diversa daquela adotada na norma contábil. Contudo, à míngua de qualquer ressalva no Decretolei, impõese o convencimento de que o vocábulo "custo" ou a locução "custo de aquisição" possuem na legislação tributária (DL 1.598, de 1977) o mesmo significado adotado na legislação contábil (Lei n° 6.404, de 1976). IMPOSSIBILIDADE TÉCNICA DE EXISTÊNCIA DE ÁGIO INTERNO Por força da Resolução CFC n° 790/93, de observância obrigatória, os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, considerandose como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes. Por essa razão, se a pessoa jurídica "A" detém ações/quotas da pessoa jurídica "B" a um determinado custo histórico, não pode a pessoa jurídica "C", ao receber essas quotas/ações da pessoa jurídica "A" a título de integralização de seu próprio capital, registrar esse ativo por um novo valor muitas vezes superior ao valor do custo histórico, uma vez que o mesmo não pode ser considerado valor original de transação com o mundo exterior, resultante de consenso com agentes externos. ÁGIO EM DESACORDO COM AS NORMAS CONTÁBEIS. IMPOSSIBILIDADE DE SUA ESCRITURAÇÃO E TRANSFERÊNCIA PARA OUTRA PESSOA JURÍDICA. O único ágio suscetível de ser escriturado em uma pessoa jurídica e vertido para outra, na hipótese de cisão, é aquele apurado em absoluta conformidade com as normas contábeis vigentes neste País. Ainda que a pessoa jurídica entenda existir espécie distinta de ágio, cujo nascimento, conceituação, forma de cálculo e pressupostos estariam disciplinados pela legislação fiscal, o mesmo não seria suscetível de ser transferido da pessoa jurídica cindida para a pessoa jurídica cindenda, uma vez que todos os valores vertidos devem figurar em Balanço Patrimonial elaborado de acordo com as práticas contábeis adotadas no Fl. 1718DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.719 6 Brasil, as quais não contemplam ou autorizam a escrituração/transferência de ágios da espécie. ÁGIO INTERNO. DESNECESSIDADE DA DESPESA. O ágio criado internamente, mediante a simples entrega de ações/quotas de determinada pessoa jurídica "B" para outra pessoa jurídica "C" por valor superior àquele que custara à pessoa "A" que entrega as ações/quotas, não constitui encargo necessário ou útil às atividades do Contribuinte e à manutenção da respectiva fonte produtora de receitas, razão pela qual não preenche os requisitos básicos para sua dedutibilidade das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. MULTA DE OFÍCIO EXIGIDA ISOLADAMENTE O julgador administrativo carece de competência para afastar multa de ofício regularmente prevista em dispositivo legal vigente. ÁGIO INTERNO. MULTA QUALIFICADA. O conjunto de operações utilizadas na constituição e transferência de ágio devidos, evitando assim que a Autoridade Fiscal promova o lançamento respectivo, constitui ação dolosa determinante da imposição da multa de ofício qualificada. DA ALEGADA EXIGÊNCIA DE JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Considerando que os juros lançados no auto de infração impugnado se encontram devidamente calculados no Demonstrativo de Multa e Juros de Mora que compõe os autos, onde não se encontra formalizada a pretensão de exigir juros sobre a multa de ofício lançada, resta prejudicada a alegação assentada em tal premissa. As DRJ carecem de competência para se pronunciar sobre exigência não formulada nos autos. ALEGAÇÕES VOLTADAS CONTRA A CONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS LEGAIS. A DRJ não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DECORRÊNCIA. Aplicase ao lançamento decorrente, alusivo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, no que couber, o que restar decidido com respeito ao lançamento matriz, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ. Foi interposto recurso voluntário pelo Contribuinte, apreciado pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Primeira Seção do CARF, na sessão de 11/03/2014. Decidiu o Acórdão nº 1201000.968 (efls. 1375 e segs) dar provimento parcial ao recurso, para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa de 150% para 75%, conforme ementa a seguir. Fl. 1719DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.720 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. Tal como ocorre na determinação do lucro líquido apurado para fins societários, é indedutível das bases de cálculo do imposto de renda e da contribuição social a amortização do ágio gerado a partir de reorganização de empresas sob controle comum. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007, 2008, 2009 MULTA ISOLADA. FALTA DE PAGAMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS DO IRPJ E DA CSLL. CABIMENTO. A partir do advento da Medida Provisória n° 351/2007, convertida na Lei n° 11.488/2007, que alterou a redação do art. 44 da Lei n° 9.430/96, não há mais dúvida interpretativa acerca da inexistência de impedimento legal para a incidência da multa isolada cominada pela falta de pagamentos das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, concomitantemente com a multa de ofício cominada pela falta de pagamento do imposto e da contribuição devidos ao final do anocalendário. MULTA QUALIFICADA. DOLO. DÚVIDA RAZOÁVEL. Devese afastar a qualificação da multa de ofício quando houver dúvida razoável acerca do dolo do sujeito passivo quanto aos atos que vieram a retardar o conhecimento, por parte do Fisco, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. A PGFN interpôs recurso especial (efls. 1400 e segs.) pugnando pelo restabelecimento da qualificação da multa de ofício, por entender que o ágio teria sido registrado de forma simulada e com evidente intuito de fraude. O Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 1413/1421 deu seguimento ao recurso. Foram apresentadas contrarrazões pelo Contribuinte de efls. 1436/1448, protestando quanto a qualificação da multa, aduzindo que o evidente intuito de fraude ocorreria em casos típicos de adulteração de comprovantes ou notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, dentre outros, e que no caso concreto as provas carreadas aos autos não demonstrariam a existência de ato doloso. O Contribuinte interpôs recurso especial (efls. 1451 e segs.) no qual requer pelo reconhecimento de legalidade da operação que deu origem ao ágio e pelo afastamento da multa isolada sobre insuficiência de estimativa mensal em razão da concomitância com a multa de ofício. O Despacho de Exame de Admissibilidade de efls. 1686/1691 deu seguimento ao recurso. Foram apresentadas contrarrazões pela PGFN de efls. 1694/1712, no qual requer pela manutenção da glosa da despesa de amortização do ágio e da qualificação da multa. É o relatório. Fl. 1720DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.721 8 Voto Conselheiro André Mendes de Moura Em relação á admissibilidade, adoto as razões dos Despachos de Admissibilidade de efls. 1413/1421 e de efls. 1686/1691, com fulcro no art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, para conhecer dos Recursos Especiais da PGFN e do Contribuinte. Antes de apreciar o mérito, entendo necessário tecer considerações sobre o dispositivo do acórdão recorrido, que apresenta a seguinte redação: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PARCIAL provimento ao recurso, para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa de 150% para 75%, sendo mantidas: i) por unanimidade de votos, a glosa da dedução da despesa com ágio, votando pelas conclusões os Conselheiros Roberto Caparroz de Almeida, Rafael Correia Fuso, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Júnior e, ii) pelo voto de qualidade, a multa isolada, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Rafael Correia Fuso, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carie de Lima Júnior. Participaram do presente julgado os Conselheiros: Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz (Presidente), Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Carlos de Lima Junior (Vice Presidente), Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado. (grifei) Como se pode observar, em relação à matéria da glosa da amortização do ágio, votaram pelas conclusões os Conselheiros Roberto Caparroz de Almeida, Rafael Correia Fuso, Luis Fabiano Alves Penteado e João Carlos de Lima Júnior. Ocorre que o colegiado na época era composto por seis conselheiros, ou seja, restou consolidado quórum no qual a maioria dos conselheiros votaram pelas conclusões do voto do relator Marcelo Cuba Neto. Relato o fato porque a mesma situação foi apreciada recentemente pelo presente colegiado, no processo nº 10903.720003/201295, Acórdão nº 9101002.179, julgado na sessão de 20/01/2016, que foi assim ementado: PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. Com base no inciso IX do art. 93 da Constituição Republicana de 1988 e nos arts. 131, 165 e 458, II, do CPC, é nulo, por ausência de fundamentação, o Acórdão no qual a maioria dos conselheiros acolher apenas a conclusão do voto do relator e não estiverem escritos os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros, seja em declaração de voto seja na reprodução, pelo relator, no seu voto e na ementa do acórdão desses fundamentos majoritários. Fl. 1721DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.722 9 (...) Decisão dos membros do colegiado: recurso conhecido por unanimidade de votos e no mérito, por maioria de votos, ANULAR a decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à Turma a quo para novo julgamento, dando ciência ao Contribuinte, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Conselheira Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada) e Carlos Alberto Freitas Barreto. (...) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Como se pode observar, na ocasião entendeu o Colegiado, por maioria, que teria restado caracterizado vício insanável, por ausência de fundamentação, vez que o motivos da maioria dos Conselheiros não teriam sido apresentados no voto. Contudo, diante de uma nova oportunidade para estudar e refletir sobre o assunto, registro a minha mudança de posição. Isso porque entendo que se deve mensurar a dimensão da irregularidade para uma adequada verificação da sua repercussão no ato. De fato, a motivação da decisão tem uma irregularidade. Quatro conselheiros votaram pelas conclusões, e não acompanharam na íntegra os fundamentos apresentados pelo relator, que foi acompanhado por mais um conselheiro. E foi descumprido dispositivo do RICARF vigente à época dos fatos (Portaria MF nº 256, de 2009) que no Anexo II, art. 63, § 9º, determinava expressamente que caberia ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros. A questão que se coloca é a seguinte: natureza de vício incidente sobre a motivação tem ou não o condão de provocar uma nulidade insanável? Não se pode olvidar que a nulidade tem, como maior tutela, preservar o direito à defesa da parte. Um ato é declarado nulo porque é eivado de uma irregularidade de tal dimensão que se torna imprestável, incompreensível e inacessível, a ponto de prejudicar irremediavelmente qualquer providência posterior. No que se refere à decisão administrativa, e mais precisamente no acórdão recorrido, há que se observar se a irregularidade em análise, de que os conselheiros que votaram pelas conclusões não tiveram seus fundamentos reduzidos a termo, implica em uma completa descaracterização do ato administrativo, a ponto de inviabilizar a defesa das partes. No caso em análise, percebese que o acórdão proferido pelo relator, apesar de não ter incluído os fundamentos que levaram os quatro conselheiros a votarem pelas Fl. 1722DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.723 10 conclusões, encontrase adequado, com relatório descrevendo os fatos do processo com precisão, e o voto discorrendo com clareza sobre as razões de decidir. E mais: é importante dizer que os quatro conselheiros votaram com o relator. Ou seja, concordaram com a decisão. De qualquer forma, não há melhor "teste" para a dimensão da irregularidade em relação à motivação do que nos afastarmos, por uns instantes, do mundo da abstração, e observar como as idéias se comportam no mundo real. Vale verificar qual o comportamento dos principais interessados: as partes, a Contribuinte e a PGFN, vez que a decisão implicou em sucumbência para ambas. Devidamente cientificada da decisão, a PGFN não se pronunciou a respeito de qualquer prejuízo. Devidamente cientificada, tampouco a Contribuinte pronunciouse sobre qualquer prejuízo. Poderiam ter sido interpostos embargos de declaração, ou ter suscitado a situação nos recursos especiais. Nada foi dito. Os quatro conselheiros também são partes legítimas para interposição de embargos de declaração. Nada foi feito. Ora, percebese claramente, pelo teste proposto, que a irregularidade na motivação teve uma irrelevante repercussão. Os fatos narrados nos autos estão compreendidos, a subsunção do suporte fático à norma tributária encontrase devidamente assimilada, e o exercício da ampla defesa e do contraditório, vencida uma pedra no meio do caminho, seguiu sem maiores atropelos. A dimensão de irregularidade não implicou em qualquer prejuízo às partes. Vale recorrer á abalizada doutrina de LEANDRO PAULSEN 1: Requisitos de forma. Nulidade dependente de prejuízo à defesa. Não há requisitos de forma que impliquem nulidade de modo automático e objetivo. A nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente ao Contribuinte já por força do art. 5º, LV, da Constituição Federal. Isso porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do Contribuinte; não são um fim, em sim mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Alegada eventual irregularidade, cabe, à autoridade administrativa ou judicial, verificar, pois, se tal implicou efetivo prejuízo à defesa do Contribuinte. Daí falar se do princípio de informalidade do processo administrativo, embora não se trate de um princípio, na medida em que não se trata de um ideal a ser promovido, de um valor a ser otimizado. (grifos originais) 1 PAUSEN, Leandro. Direito Processual Tributário: processo administrativo fiscal e execução fiscal à luz da doutrina e da jurisprudência, 6ª ed. rev atual. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, 2010, p. 126. Fl. 1723DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.724 11 Devese ter especial atenção ao valor objeto da tutela. Se a irregularidade na motivação no caso concreto não prejudicou a própria motivação, vez que a narrativa dos fatos e as razões de decidir mostraramse suficientes para a compreensão das partes e o exercício da ampla defesa e do contraditório, não há nenhuma razão para entender que a decisão encontrase eivada de uma nulidade insanável. Assim, feitas as considerações, avanço para a análise do mérito, no qual são três matérias a serem apreciadas: (1) glosa de amortização do ágio; (2) multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais e (3) qualificação de multa de ofício. O Recurso Especial da Contribuinte pugna pelo afastamento das infrações tributárias discutidas nos itens (1) e (2), e o Recurso de PGFN protesta pelo restabelecimento do item (3). Ocorre que as matérias guardam uma correlação de dependência. No caso, a matéria (1) é a principal, e caso seja afastada a autuação fiscal sobre o tema, as demais matérias (2 e 3) perdem o objeto. Inicialmente, cumpre apreciar a matéria principal, relativa á glosa de amortização do ágio. Para tanto, há que se discorrer sobre o ágio. Conceito e Contexto Histórico Podese entender o ágio como um sobrepreço pago sobre o valor de um ativo (mercadoria, investimento, dentre outros). Tratandose de investimento decorrente de uma participação societária em uma empresa, em brevíssima síntese, o ágio é formado quando uma primeira pessoa jurídica adquire de uma segunda pessoa jurídica um investimento em valor superior ao seu valor patrimonial. O investimento em questão são ações de uma terceira pessoa jurídica, que são avaliadas pelo método contábil da equivalência patrimonial. Ou seja, a empresa A detém ações da empresa B, avaliadas patrimonialmente em 60 unidades. A empresa C adquire, junto à empresa A, as ações da empresa B, por 100 unidades. Interessante é que emergem dois critérios para a apuração do ágio. Adotandose os padrões da ciência contábil, apesar das ações estarem avaliadas patrimonialmente em 60 unidades, deveriam ainda ser objeto de majoração, ao ser considerar, primeiro, se o valor de mercado dos ativos tangíveis seria superior ao contabilizado. Assim, supondose que, apesar do patrimônio ter sido avaliado em 60 unidades, o valor de mercado seria de 70 unidades, considerase para fins de apuração 70 unidades. Segundo, caso se constate a presença de ativos intangíveis sem reconhecimento contábil no valor de 12 unidades, temse, ao final, que o ágio, denominado goodwill, seria a diferença entre o valor pago (100 unidades) e o valor de mercado mais intangíveis (60 + 10 + 12 = 82 unidades). Ou seja, o ágio passível de aproveitamento pela empresa C, decorrente da aquisição da empresa B, mediante atendimento de condições legais, seria no valor de 18 unidades. Fl. 1724DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.725 12 Ocorre que o legislador, ao editar o DecretoLei nº 1.598, de 27/12/1977, resolveu adotar um conceito jurídico para o ágio próprio para fins tributários. Isso porque positivou no art. 20 do mencionado decretolei que o denominado ágio poderia ter três fundamentos econômicos, baseados: (1) no sobrepreço dos ativos; e/ou (2) na expectativa de rentabilidade futura do investimento adquirido e/ou (3) no fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. E, posteriormente, o art. 7º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, autorizou a amortização do ágio nos casos (1) e (2), mediante atendimento de determinadas condições. Na medida em que a lei não determinou nenhum critério para a utilização dos fundamentos econômicos, consolidouse a prática de se adotar, em praticamente todas as operações de transformação societária, o reconhecimento do ágio amparado exclusivamente no caso (2): expectativa de rentabilidade futura do investimento adquirido. O ágio passou a ser simplesmente a diferença entre o custo de aquisição e o valor patrimonial do investimento. Assim, voltando ao exemplo, a empresa A, investidora, ao adquirir ações da empresa B, investida, avaliadas patrimonialmente em 60 unidades, pelo valor de 100 unidades, poderia justificar o sobrepreço de 40 unidades integralmente com base no fundamento econômico de expectativa de rentabilidade futura do investimento adquirido. Na realidade, a legislação tributária ampliou o conceito do goodwill. E como darseia o aproveitamento do ágio? Em duas situações. Na primeira, quando a empresa C realizasse o investimento, por exemplo, ao alienar a empresa B para uma outra pessoa jurídica. Assim, se vendesse a empresa B para a empresa D por 150 unidades, apuraria um ganho de 50 unidades. Isso porque, ao patrimônio líquido da empresa alienada, de 60 unidades, seria adicionado o ágio de 40 unidades. Assim, a base de cálculo para apuração do ganho de capital seria a diferença entre 150 e 100 unidades, perfazendo 50 unidades. Na segunda, no caso de a empresa A (investidora) e a empresa C (investida) promoverem uma transformação societária (incorporação, fusão ou cisão), de modo em que passem a integrar uma mesma universalidade. Por exemplo, a empresa A incorpora a empresa C, ou, a empresa C incorpora a empresa A. Nesse caso, o valor de ágio de 40 unidades poderia passar a ser amortizado, para fins fiscais, no prazo de sessenta meses, resultando em uma redução na base de cálculo do IRPJ e CSLL a pagar. Naturalmente, no Brasil, em relação ao ágio, a contabilidade empresarial pautouse pelas diretrizes da contabilidade fiscal, até a edição da Lei nº 11.638, de 2007. O novo diploma norteouse pela busca de uma adequação aos padrões internacionais para a contabilidade, adotando, principalmente, como diretrizes a busca da primazia da essência sobre a forma e a orientação por princípios sobrepondose a um conjunto de regras detalhadas baseadas em aspectos de ordem escritural 2. Nesse contexto, houve um realinhamento das normas contábeis no Brasil, e por consequência do conceito do goodwill. Em síntese, ágio contábil passa (melhor dizendo, volta) a ser a diferença entre o valor da aquisição e o valor 2 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Manual de contabilidade das sociedades por ações: (aplicável às demais sociedades), 1ª ed. São Paulo : Editora Atlas, 2008, p. 31. Fl. 1725DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.726 13 patrimonial justo dos ativos (patrimônio líquido ajustado pelo valor justo dos ativos e passivos). E recentemente, por meio da Lei nº 12.973, de 13/05/2014, o legislador promoveu uma aproximação do conceito jurídicotributário do ágio com o conceito contábil da Lei nº 11.638, de 2007, além de novas regras para o seu aproveitamento, que não são objeto de análise do presente voto. De qualquer forma, resta evidente que o conceito do ágio tratado para o caso concreto, anterior às Leis nº 11.638, de 2007 e 12.973, de 13/05/2014, alinhase a um conceito jurídico determinado pela legislação tributária em vigor à época dos fatos sob análise. Tratase, portanto, de instituto jurídicotributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica. Aproveitamento do Ágio. Hipóteses Apesar de já ter sido apreciado singelamente no tópico anterior, o destino que pode ser dado ao ágio contabilizado pela empresa investidora merece uma análise mais detalhada. Há que se observar, inicialmente, como o art. 219 da Lei nº 6.404, de 1.976 trata das hipóteses de extinção da pessoa jurídica: Art. 219. Extinguese a companhia: I pelo encerramento da liquidação; II pela incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades. E, ao se tratar de ágio, vale destacar, mais uma vez, os dois sujeitos, as duas partes envolvidas na sua criação: a pessoa jurídica investidora e a pessoa jurídica investida, sendo a investidora é aquela que adquiriu a investida, com sobrepreço. Não por acaso, são dois eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformamse em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). Podese dizer que os eventos (1) e (2) guardam correlação, respectivamente, com os incisos I e II da lei que dispõe sobre as Sociedades por Ações. Aproveitamento do Ágio. Separação de Investidora e Investida No primeiro evento, tratase de situação no qual a investidora aliena o investimento para uma terceira empresa. Nesse caso, o ágio passa a integrar o valor patrimonial do investimento para fins de apuração do ganho de capital e, assim, reduz a base Fl. 1726DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.727 14 de cálculo do IRPJ e da CSLL. A situação é tratada pelo DecretoLei nº 1.598, de 27/12/1977, arts. 391 e 426 do RIR/99: Art. 391. As contrapartidas da amortização do ágio ou deságio de que trata o art. 385 não serão computadas na determinação do lucro real, ressalvado o disposto no art. 426 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 25, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso III). Parágrafo único. Concomitantemente com a amortização, na escrituração comercial, do ágio ou deságio a que se refere este artigo, será mantido controle, no LALUR, para efeito de determinação do ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento (art. 426). (...) Art. 426. O valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido (art. 384), será a soma algébrica dos seguintes valores (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 33, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso V): I valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do Contribuinte; II ágio ou deságio na aquisição do investimento, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial do Contribuinte, excluídos os computados nos exercícios financeiros de 1979 e 1980, na determinação do lucro real; III provisão para perdas que tiver sido computada, como dedução, na determinação do lucro real, observado o disposto no parágrafo único do artigo anterior. (...) (grifei) Assim, o aproveitamento do ágio ocorre no momento em que o investimento que lhe deu causa foi objeto de alienação ou liquidação. Aproveitamento do Ágio. Encontro entre Investidora e Investida Já o segundo evento aplicase quando a investidora e a investida transformaremse em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). O ágio pode se tornar uma despesa de amortização, desde que preenchidos os requisitos da legislação e no contexto de uma transformação societária envolvendo a investidora e a investida. Contudo, sobre o assunto, há evolução legislativa que merece ser apresentada. Primeiro, o tratamento conferido à participação societária extinta em fusão, incorporação ou cisão, atendia o disposto no art. 34 do DecretoLei nº 1.598, de 1977: Fl. 1727DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.728 15 Art 34 Na fusão, incorporação ou cisão de sociedades com extinção de ações ou quotas de capital de uma possuída por outra, a diferença entre o valor contábil das ações ou quotas extintas e o valor de acervo líquido que as substituir será computado na determinação do lucro real de acordo com as seguintes normas: (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I somente será dedutível como perda de capital a diferença entre o valor contábil e o valor de acervo líquido avaliado a preços de mercado, e o Contribuinte poderá, para efeito de determinar o lucro real, optar pelo tratamento da diferença como ativo diferido, amortizável no prazo máximo de 10 anos; (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II será computado como ganho de capital o valor pelo qual tiver sido recebido o acervo líquido que exceder o valor contábil das ações ou quotas extintas, mas o Contribuinte poderá, observado o disposto nos §§ 1º e 2º, diferir a tributação sobre a parte do ganho de capital em bens do ativo permanente, até que esse seja realizado. (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º O Contribuinte somente poderá diferir a tributação da parte do ganho de capital correspondente a bens do ativo permanente se: (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) a) discriminar os bens do acervo líquido recebido a que corresponder o ganho de capital diferido, de modo a permitir a determinação do valor realizado em cada períodobase; e (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) b) mantiver, no livro de que trata o item I do artigo 8º, conta de controle do ganho de capital ainda não tributado, cujo saldo ficará sujeito a correção monetária anual, por ocasião do balanço, aos mesmos coeficientes aplicados na correção do ativo permanente. (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 2º O Contribuinte deve computar no lucro real de cada períodobase a parte do ganho de capital realizada mediante alienação ou liquidação, ou através de quotas de depreciação, amortização ou exaustão deduzidas como custo ou despesa operacional. (Revogado pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) O que se pode observar é que o único requisito a ser cumprido, como perda de capital, é que o acervo líquido vertido em razão da incorporação, fusão ou cisão estivesse avaliado a preços de mercado. Contudo, para que se consumasse a perda de capital prevista no inciso I, o valor contábil deveria ser maior do que o acervo líquido avaliado a preços de Fl. 1728DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.729 16 mercado, e tal situação se mostraria viável, especialmente, quando, imediatamente após à aquisição do investimento com ágio, ocorresse a operação de incorporação, fusão ou cisão 3. Ocorre que tal previsão se consumou em operações um tanto quanto questionáveis por vários Contribuintes, mediante aquisição de empresas deficitárias pagandose ágio, para, em logo em seguida, promover a incorporação da investidora pela investida. As operações ocorriam quase simultaneamente. E, nesse contexto, o aproveitamento do ágio, nas situações de transformação societária, sofreu alteração legislativa. Vale transcrever a Exposição de Motivos da MP nº 1.602, de 1997 4, que, posteriormente, foi convertida na Lei nº 9.532, de 1997. 11. O art. 8º estabelece o tratamento tributário do ágio ou deságio decorrente da aquisição, por uma pessoa jurídica, de participação societária no capital de outra, avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Atualmente, pela inexistência de regulamentação legal relativa a esse assunto, diversas empresas, utilizando dos já referidos "planejamentos tributários", vem utilizando o expediente de adquirir empresas deficitárias, pagando ágio pela participação, com a finalidade única de gerar ganhos de natureza tributária, mediante o expediente, nada ortodoxo, de incorporação da empresa lucrativa pela deficitária. Com as normas previstas no Projeto, esses procedimentos não deixarão de acontecer, mas, com certeza, ficarão restritos às hipóteses de casos reais, tendo em vista o desaparecimento de toda vantagem de natureza fiscal que possa incentivar a sua adoção exclusivamente por esse motivo. Não vacilou a doutrina abalizada de LUÍS EDUARDO SCHOUERI5 ao discorrer, com precisão sobre o assunto: Anteriormente à edição da Lei nº 9.532/1997, não havia na legislação tributária nacional regulamentação relativa ao tratamento que deveria ser conferido ao ágio em hipóteses de incorporação envolvendo a pessoa jurídica que o pagou e a pessoa jurídica que motivou a despesa com ágio. O que ocorria, na prática, era a consideração de que a incorporação era, per se, evento suficiente para a realização do ágio, independentemente de sua fundamentação econômica. (...) Sendo assim, a partir de 1998, ano em que entrou em vigor a Lei nº 9.532/1997, adveio um cenário diferente em matéria de 3 Ver Acórdão nº 1101000.841, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara do CARF, da relatora Edeli Pereira Bessa., p. 15. 4 Exposição de Motivos publicada no Diário do Congresso Nacional nº 26, de 02/12/1997, pg. 18021 e segs, http://legis.senado.leg.br/diarios/BuscaDiario?datSessao=01/12/1997&tipDiario=2. Acesso em 15/02/2016. 5 SCHOUERI, Luís Eduardo. Ágio em reorganizações societárias (aspectos tributários). São Paulo : Dialética, 2012, p. 66 e segs. Fl. 1729DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.730 17 dedução fiscal do ágio. Desde então, restringiramse as hipóteses em que o ágio seria passível de ser deduzido no caso de incorporação entre pessoas jurídicas, com a imposição de limites máximos de dedução em determinadas situações. Ou seja, nem sempre o ágio contabilizado pela pessoa jurídica poderia ser deduzido de seu lucro real quando da ocorrência do evento de incorporação. Pelo contrário. Com a regulamentação ora em vigor, poucas são as hipóteses em que o ágio registrado poderá ser deduzido, a depender da fundamentação econômica que lhe seja conferida. Merece transcrição o Relatório da Comissão Mista 6 que trabalhou na edição da MP 1.609, de 1997: O artigo 8º altera as regras para determinação do ganho ou perda de capital na liquidação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor do patrimônio líquido, quando agregado de ágio ou deságio. De acordo com as novas regras, os ágios existentes não mais serão computados como custo (amortizados pelo total), no ato de liquidação do investimento, como eram de acordo com as normas ora modificadas. O ágio ou deságio referente à diferença entre o valor de mercado dos bens absorvidos e o respectivo valor contábil, na empresa incorporada (inclusive a fusionada ou cindida), será registrado na própria conta de registro dos respectivos bens, a empresa incorporador (inclusive a resultante da fusão ou a que absorva o patrimônio da cindida), produzindo as repercussões próprias na depreciação normal. O ágio ou deságio decorrente de expectativa de resultado futuro poderá ser amortizado durante os cinco anoscalendário subsequentes à incorporação, à razão de 1/60 (um sessenta avos) para cada mês do período de apuração. (...) Percebese que, em razão de um completo desvirtuamento do instituto, o legislador foi chamado a intervir, para normatizar, nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, sobre situações específicas tratando de eventos de transformação societária envolvendo investidor e investida. Inclusive, no decorrer dos debates tratando do assunto, chegouse a cogitar que o aproveitamento do ágio não seria uma despesa, mas um benefício fiscal. Em breves palavras, caso fosse benefício fiscal, o próprio legislador deveria ter tratado do assunto, como o fez na Exposição de Motivos de outros dispositivos da MP nº 1.607, de 1997 (convertida na Lei nº 9.532, de 1997). Na realidade, a Exposição de Motivos deixa claro que a motivação para o dispositivo foi um maior controle sobre os planejamentos tributários abusivos, que descaracterizavam o ágio por meio de analogias completamente desprovidas de sustentação jurídica. E deixou claro que se trata de uma despesa de amortização. 6 Relatório da Comissão Mista publicada no Diário do Congresso Nacional nº 27, de 03/12/1997, pg. 18024, http://legis.senado.leg.br/diarios/BuscaDiario?datSessao=01/12/1997&tipDiario=2. Acesso em 15/02/2016. Fl. 1730DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.731 18 E qual foram as novidades trazidas pelos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997? Primeiro, há que se contextualizar a disciplina do método de equivalência patrimonial (MEP). Isso porque o ágio aplicase apenas em investimentos sociedades coligadas e controladas avaliado pelo MEP, conforme previsto no art. 384 do RIR/99. O método tem como principal característica permitir uma atualização dos valores dos investimentos em coligadas ou controladas com base na variação do patrimônio líquido das investidas. As variações no patrimônio líquido da pessoa jurídica investida passam a ser refletidas na investidora pelo MEP. Contudo, os aumentos no valor do patrimônio líquido da sociedade investida não são computados na determinação do lucro real da investidora. Vale transcrever os dispositivos dos arts. 387, 388 e 389 do RIR/99 que discorrem sobre o procedimento de contabilização a ser adotado pela investidora. Art. 387. Em cada balanço, o Contribuinte deverá avaliar o investimento pelo valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada, de acordo com o disposto no art. 248 da Lei nº 6.404, de 1976, e as seguintes normas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 21, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso III): (...) Art. 388. O valor do investimento na data do balanço (art. 387, I), deverá ser ajustado ao valor de patrimônio líquido determinado de acordo com o disposto no artigo anterior, mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 22). (...) Art. 389. A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 23, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso IV). (...) Resta nítida a separação dos patrimônios entre investidora e investida, inclusive as repercussões sobre os resultados de cada um. A investida, pessoa jurídica independente, em razão de sua atividade econômica, apura rendimentos que, naturalmente, são por ela tributados. Por sua vez, na medida em que a investida aumenta seu patrimônio líquido em razão de resultados positivos, por meio do MEP há uma repercussão na contabilidade da investidora, para refletir o acréscimo patrimonial realizado. A conta de ativos em investimentos é debitada na investidora, e, por sua vez, a contrapartida, apesar de creditada como receita, é excluída na apuração do Lucro Real. Com certeza, não faria sentido tributar os lucros na investida, e em seguida tributar o aumento do patrimônio líquido na investidora, que ocorreu precisamente por conta dos lucros auferidos pela investida. E esclarece o art. 385 do RIR/99 que se a pessoa jurídica adquirir um investimento avaliado pelo MEP por valor superior ou inferior ao contabilizado no patrimônio Fl. 1731DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.732 19 líquido, deverá desdobrar o custo da aquisição em (1) valor do patrimônio líquido na época da aquisição e (2) ágio ou deságio. Para a devida transparência na mais valia (ou menor valia) do investimento, o registro contábil deve ocorrer em contas diferentes: Art. 385. O Contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 1º). § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 2º): I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o Contribuinte arquivará como comprovante da escrituração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 3º). (grifei) Como se pode observar, a formação do ágio não ocorre espontaneamente. Pelo contrário, deve ser motivado, e indicado o seu fundamento econômico, que deve se amparar em pelo menos um dos três critérios estabelecidos no § 2º do art. 385 do RIR/99, (1) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade, (2) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros (3) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. E, conforme já dito, por ser a motivação adotada pela quase totalidade das empresas, todos os holofotes dirigemse ao fundamento econômico com base em expectativa de rentabilidade futura da empresa adquirida. Tratase precisamente de lucros esperados a serem auferidos pela controlada ou coligada, em um futuro determinado. Por isso o adquirente (futuro controlador) se propõe a desembolsar pelo investimento um valor superior ao daquele contabilizado no patrimônio líquido da vendedora. Por sua vez, tal expectativa deve ser lastreada em demonstração Fl. 1732DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.733 20 devidamente arquivada como comprovante de escrituração, conforme previsto no § 3º do art. 385 do RIR/99. E, finalmente, passamos a apreciar os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, consolidados no art. 386 do RIR/99. Como já dito, em eventos de transformação societária, quando investidora absorve o patrimônio da investida (ou vice versa), adquirido com ágio ou deságio, em razão de cisão, fusão ou incorporação, resolveu o legislador disciplinar a situação: Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso I do § 2º do artigo anterior, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do § 2º do artigo anterior, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no mínimo, para cada mês do período de apuração.(...) (grifei) Fica evidente que os arts. 385 e 386 do RIR/99 guardam conexão indissociável, constituindose em norma tributária permissiva do aproveitamento do ágio nos casos de incorporação, fusão ou cisão envolvendo o investimento objeto da mais valia. Amortização. Despesa. Definido que o aproveitamento do ágio pode darse por meio de despesa de amortização, mostrase pertinente apreciar do que trata tal dispêndio. No RIR/99 (DecretoLei nº 3.000, de 26/03/1999), o conceito de amortização encontrase no Subtítulo II (Lucro Real), Capítulo V (Lucro Operacional), Seção III (Custos, Despesas Operacionais e Encargos). O artigo 299 do diploma em análise trata, no art. 299, na Subseção I, das Disposições Gerais sobre as despesas: Fl. 1733DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.734 21 Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Para serem dedutíveis, devem as despesas serem necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, e serem usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Por sua vez, logo após as Subseções II (Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado) e III (Depreciação Acelerada Incentivada), encontra previsão legal a amortização, no art. 324, na Subseção IV do RIR/99 7. Percebese que a amortização constituise em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontrase submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99. Despesa Diante de Fatos Construídos Artificialmente No mundo real os fatos nascem e morrem, decorrentes de eventos naturais ou da vontade humana. O direito elege, para si, fatos com relevância para regular o convívio social. No que concerne ao direito tributário, são escolhidos fatos decorrentes da atividade econômica, financeira, operacional, que nascem espontaneamente, precisamente em razão de atividades normais, que são eleitos porque guardam repercussão com a renda ou o patrimônio. São condutas relevantes de pessoas físicas ou jurídicas, de ordem econômica ou social, ocorridas no mundo dos fatos, que são colhidas pelo legislador que lhes confere uma qualificação jurídica. 7 Art. 324. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, § 1º). § 1º Em qualquer hipótese, o montante acumulado das quotas de amortização não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem ou direito, ou o valor das despesas (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 2º). § 2º Somente serão admitidas as amortizações de custos ou despesas que observem as condições estabelecidas neste Decreto (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 5º). § 3º Se a existência ou o exercício do direito, ou a utilização do bem, terminar antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo no período de apuração em que se extinguir o direito ou terminar a utilização do bem (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 4º). § 4º Somente será permitida a amortização de bens e direitos intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso III). Fl. 1734DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.735 22 Por exemplo, o fato de auferir lucro, mediante operações espontâneas, das atividades operacionais da pessoa jurídica, amoldase à hipótese de incidência prevista pela norma, razão pela qual nasce a obrigação do Contribuinte recolher os tributos. Da mesma maneira, a pessoa jurídica, no contexto de suas atividades operacionais, incorre em dispêndios para a realização de suas tarefas. Contratase um prestador de serviços, comprase uma mercadoria, operações necessárias à consecução das atividades da empresa, que surgem naturalmente. Ocorre que, em relação aos casos tratados relativos á amortização do ágio, proliferaramse situações no qual se busca, especificamente, o enquadramento da norma permissiva de despesa. Tratamse de operações especificamente construídas, mediante inclusive utilização de empresas de papel, de curtíssima duração, sem funcionários ou quadro funcional incompatível, com capital social mínimo, além de outras características completamente atípicas no contexto empresarial, que recebem aportes de milhões e em questão de dias ou meses são objeto de operações de transformação societária. Tais eventos podem receber qualificação jurídica e surtir efeitos nos ramos empresarial, cível, contábil, dentre outros. Situação completamente diferente ocorre no ramo tributário. Não há norma de despesa que recepcione um situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Impossível estender atributos de normalidade, ou usualidade, para despesas, independente sua espécie, derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica. Admitindose uma construção artificial, consumarseia um tratamento desigual, desarrazoado e desproporcional, que afronta o princípio da capacidade contributiva e da isonomia, vez que seria conferida a uma determinada categoria de despesa uma premissa completamente diferente, uma liberalidade não aplicável à grande maioria dos Contribuintes. Hipótese de Incidência Prevista Para a Amortização Realizada análise do ágio sob perspectiva do gênero despesa, cabe prosseguir com a apreciação da legislação específica que trata de sua amortização. Vale recapitular os dois eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida (investida) com ágio; (2) a investidora e a investida transformamse em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). E repetir que estamos, agora, tratando da segunda situação. Cenário que se encontra disposto nos arts. 7º e 8º da Lei n° 9.532, de 1997, e nos arts. 385 e 386 do RIR/99, do qual transcrevo apenas os fragmentos de maior interesse para o debate: Art. 385. O Contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, Fl. 1735DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.736 23 por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 1º). § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 2º): I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o Contribuinte arquivará como comprovante da escrituração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 3º). Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): (...) III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (...) (grifei) Percebese claramente, no caso, que o suporte fático delineado pela norma predica, de fato, que investidora e investida tenham que integrar uma mesma universalidade: A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio. A conclusão é ratificada analisandose a norma em debate sob a perspectiva da hipótese de incidência tributária delineada pela melhor doutrina de GERALDO ATALIBA 8. 8 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária, 6ª ed. São Paulo : Malheiros Editores, 2010, p. 51 e segs. Fl. 1736DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.737 24 Esclarece o doutrinador que a hipótese de incidência se apresenta sob variados aspectos, cuja reunião lhe dá entidade. Ao se apreciar o aspecto pessoal, merecem relevo as palavras da doutrina, ao determinar que se trata da qualidade que determina os sujeitos da obrigação tributária. E a norma em análise se dirige à pessoa jurídica investidora originária, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura e desembolsou os recursos para a aquisição, e à pessoa jurídica investida. Ocorre que, em se tratando do ágio, as reorganizações societárias empreendidas apresentaram novas pessoas ao processo. Como exemplo, podemos citar situação no qual a pessoa jurídica A adquire com ágio participação societária da pessoa jurídica B. Em seguida, utilizase de uma outra pessoa jurídica, C, e integraliza o capital social dessa pessoa jurídica C com a participação societária que adquiriu da pessoa jurídica B. Resta consolidada situação no qual a pessoa jurídica A controla a pessoa jurídica C, e a pessoa jurídica C controla a pessoa jurídica B. Em seguida, sucedese evento de transformação societária, no qual a pessoa jurídica B absorve patrimônio da pessoa jurídica C, ou vice versa. Ocorre que os sujeitos eleitos pela norma são precisamente a pessoa jurídica A (investidora) e a pessoa jurídica B (investida) cuja participação societária foi adquirida com ágio. Para fins fiscais, não há nenhuma previsão para que o ágio contabilizado na pessoa jurídica A (investidora), em razão de reorganizações societárias empreendidas por grupo empresarial, possa ser considerado "transferido" para a pessoa jurídica C, e a pessoa jurídica C, ao absorver ou ser absorvida pela pessoa jurídica B, possa aproveitar o ágio cuja origem deuse pela aquisição da pessoa jurídica A da pessoa jurídica B. Da mesma maneira, encontramse situações no qual a pessoa jurídica A realiza aportes financeiros na pessoa jurídica C e, de plano, a pessoa jurídica C adquire participação societária da pessoa jurídica B com ágio. Em seguida, a pessoa jurídica C absorve patrimônio da pessoa jurídica B, ou vice versa, a passa a fazer a amortização do ágio. Mais uma vez, não é o que prevê o aspecto pessoal da hipótese de incidência da norma em questão. A pessoa jurídica que adquiriu o investimento, que acreditou na mais valia e que desembolsou os recursos para a aquisição foi, de fato, a pessoa jurídica A (investidora). No outro pólo da relação, a pessoa jurídica adquirida com ágio foi a pessoa jurídica B. Ou seja, o aspecto pessoal da hipótese de incidência, no caso, autoriza o aproveitamento do ágio a partir do momento em que a pessoa jurídica A (investidora) e a pessoa jurídica B (investida) passem a integrar a mesma universalidade. São as situações mais elementares. Contudo, há reorganizações envolvendo inúmeras empresas (pessoa jurídica D, E, F, G, H e assim por diante). Vale registrar que goza a pessoa jurídica de liberdade negocial, podendo dispor de suas operações buscando otimizar seu funcionamento, com desdobramentos econômicos, sociais e tributários. Fl. 1737DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.738 25 Contudo, não necessariamente todos os fatos são recepcionados pela norma tributária. A partir do momento em que, em razão das reorganizações societárias, passam a ser utilizadas novas pessoas jurídicas (C, D, E, F, G, e assim sucessivamente), pessoas jurídicas distintas da investidora originária (pessoa jurídica A) e da investida (pessoa jurídica B), e o evento de absorção não envolve mais a pessoa jurídica A e a pessoa jurídica B, mas sim pessoa jurídica distinta (como, por exemplo, pessoa jurídica F e pessoa jurídica B), a subsunção ao art. 386 do RIR/99 tornase impossível, vez que o fato imponível (suporte fático, situado no plano concreto) deixa de ser amoldar à hipótese de incidência da norma (plano abstrato), por incompatibilidade do aspecto pessoal. Em relação ao aspecto material, há que se consumar a confusão de patrimônio entre investidora e investida, a que faz alusão o caput do art. 386 do RIR (A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio...). Com a confusão patrimonial, aperfeiçoase o encontro de contas entre investidor e investida, e a amortização do ágio passa a ser autorizada, com repercussão direta na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Na realidade, o requisito expresso de que investidor e investida passam a compor o mesmo patrimônio, mediante evento de transformação societária, no qual a investidora absorve a investida, ou vice versa, encontra fundamento no fato de que, com a confusão de patrimônios, o lucro auferido pela investida passa a integrar a mesma universalidade da investidora. SCHOUERI9, com muita clareza, discorre que, antes da absorção, investidor e investida são entidades autônomas. O lucro auferido pela investida (que foi a motivação para que a investidora adquirisse a investida com o sobrepreço), é tributado pela própria investida. E, por meio do MEP, eventual acréscimo no patrimônio líquido da investida seria refletido na investidora, sem, contudo, haver tributação na investidora. A lógica do sistema mostrase clara, na medida em que não caberia uma dupla tributação dos lucros auferidos pela investida. Por sua vez, a partir do momento em que se consuma a confusão patrimonial, os lucros auferidos pela então investida passam a integrar a mesma universalidade da investidora. Reside, precisamente nesse ponto, o permissivo para que o ágio, pago pela investidora exatamente em razão dos lucros a serem auferidos pela investida, possa ser aproveitado, vez que passam a se comunicar, diretamente, a despesa de amortização do ágio e as receitas auferidas pela investida. Ou seja, compartilhando o mesmo patrimônio investidora e investida, consolidase cenário no qual a mesma pessoa jurídica que adquiriu o investimento com mais valia (ágio) baseado na expectativa de rentabilidade futura, passa a ser tributada pelos lucros percebidos nesse investimento. Verificase, mais uma vez, que a norma em debate, ao predicar, expressamente, que para se consumar o aproveitamento da despesa de amortização do ágio, os sujeitos da relação jurídica seriam a pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, ou seja, investidor e investida, não o fez por acaso. Tratase precisamente 9 SCHOUERI, 2012, p. 62. Fl. 1738DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.739 26 do encontro de contas da investidora originária, que incorreu na despesa e adquiriu o investimento, e a investida, potencial geradora dos lucros que motivou o esforço incorrido. Prosseguindo a análise da hipótese de incidência da norma em questão, no que concerne ao aspecto temporal, cabe verificar o momento em que o Contribuinte aproveita se da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, evento que provoca impacto direto na apuração da base de cálculo tributável. Considerandose o regime de tributação adotado pelo sujeito passivo, aperfeiçoase o lançamento fiscal e o termo inicial para contagem do prazo decadencial. Consolidação Naturalmente, a cognição para verificar se a amortização do ágio passa, primeiro, por verificar se os fatos se amoldam à hipótese de incidência, e, segundo, verificar se requisitos de ordem formal estabelecidos pela norma encontramse atendidos e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado. A primeira verificação parece óbvia, mas, diante de todo o exposto até o momento, observase que a discussão mais relevante inserese precisamente no momento situado antes da subsunção do fato à norma. Falase insistentemente se haveria impedimento para se admitir a construção de fatos que possam se amoldar à hipótese de incidência de norma de despesa. O ponto é que, independente da genialidade da construção empreendida, da reorganização societária arquitetada e consumada, a investidora originária prevista pela norma não perderá a condição de investidora originária. Quem viabilizou a aquisição? De onde vieram os recursos? Quem efetuou os estudos de viabilidade econômica da investida? Quem decidiu adquirir um investimento com sobrepreço? A investidora originária. Ainda que a pessoa jurídica A, investidora originária, para viabilizar a aquisição da pessoa jurídica B, investida, tenha (1) "transferido" o ágio para a pessoa jurídica C, ou (2) efetuou aportes financeiros (dinheiro, mútuo) para a pessoa jurídica C, a pessoa jurídica A não perderá a condição de investidora originária. Podese dizer que, de acordo com as regras contábeis, o ágio legitimamente passou a integrar o patrimônio da pessoa jurídica C, depois da pessoa jurídica D que por sua vez foi incorporada pela pessoa jurídica B (investida). Ocorre que a absorção envolvendo a pessoa jurídica D e a pessoa jurídica B não tem qualificação jurídica para fins tributários. Tratase de operação que não se enquadra na hipótese de incidência da norma, que elege, quanto ao aspecto pessoal, a pessoa jurídica A (investidora originária) e a pessoa jurídica B (investida), e quanto ao aspecto material, o encontro de contas entre a despesa incorrida pela pessoa jurídica A (investidora originária que efetivamente incorreu no esforço para adquirir o investimento com sobrepreço) e as receitas auferidas pela pessoa jurídica B (investida). Mostrase insustentável, portanto, ignorar todo um contexto histórico e sistêmico, para que se autorize "pinçar" os artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, promover uma interpretação isolada e se construir uma tese no qual se permita que fatos construídos artificialmente possam alterar a hipótese de incidência de norma tributária. Fl. 1739DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.740 27 Caso superada a primeira verificação, cabe prosseguir com a segunda verificação, relativa a aspectos de ordem formal, qual seja, se a demonstração que o Contribuinte arquivar como comprovante de escrituração prevista no art. 20, § 3º do Decreto Lei nº 1.598, de 27/12/1977 (1) existe e (2) se mostra apta a justificar o fundamento econômico do ágio. Há que se verificar também (3) se ocorreu, efetivamente, o pagamento pelo investimento. Enfim, referese a terceira verificação a constatar se toda a operação ocorreu dentro de padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes, distante de situações que possam indicar ocorrência de negociações eivadas de ilicitude, que poderiam guardar repercussão, inclusive, na esfera penal, como nos crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 1990. Sobre o Caso Concreto Feitas as considerações, passo a analisar o caso concreto. Peço vênia para relatar os fatos conforme transcritos no voto do acórdão recorrido 1º) conforme laudo de avaliação elaborado pela Deloitte, a empresa CENTER AUTOMÓVEIS, ora recorrente, foi avaliada economicamente em 31/08/2004 pelo montante de R$ 21.404.000,00, ante a um valor registrado contabilmente de R$ 3.500.000,00; 2º) em 30/09/2004 as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, então únicas sócias tanto da autuada CENTER AUTOMÓVEIS quanto de MARUMBI (empresa "casca"), resolveram aumentar o capital desta última e integralizálo mediante a transferência de suas participações em CENTER AUTOMÓVEIS, avaliadas economicamente. Com essa operação MARUMBI" tornouse a única sócia de CENTER AUTOMÓVEIS, tendo registrado um ágio de R$ 17.900.000,00 na aquisição de suas cotas; 3º) em 27/12/2004 MARUMBI decidiu promover cisão total, com incorporação de seu patrimônio pela ora recorrente CENTER AUTOMÓVEIS, então sua controlada, a qual passou a deduzir o ágio pela rentabilidade futura de si própria. Com a extinção de MARUMBI, suas únicas sócias, as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, novamente assumem o controle direto de CENTER AUTOMÓVEIS, tal como em 30/09/2004, mas agora com a participação societária reavaliada economicamente. Notase que as pessoas jurídicas investidoras BORDIN, PINE e GRALHA AZUL integralizaram o capital da MARUMBI mediante a transferência das ações da CENTER AUTOMÓVEIS (pessoa jurídica investida). Em seguida, a MARUMBI promove cisão total e tem seu patrimônio incorporado pela CENTER AUTOMÓVEIS. Diante de todo o escrito no presente voto, notase a construção artificial empreendida pelo sujeito passivo para se enquadrar na hipótese de incidência permissiva do aproveitamento do ágio A construção artificial empreendida, mediante utilização de empresa sem nenhuma substância (MARUMBI), que foi capitalizada para adquirir investimento com ágio, não lhe confere a condição de pessoa jurídica investidora. E, tendo a confusão patrimonial se Fl. 1740DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.741 28 consumado entre a CENTER AUTOMÓVEIS e a MARUMBI, não restou aperfeiçoada a hipótese de incidência prevista na norma, que exige, com clareza, a absorção do patrimônio compreendida entre pessoa jurídica investidora e pessoa jurídica investida, ou vice versa, o que não ocorreu no caso em análise. E relação à matéria (2) multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais, entendo que devem ser mantidas. A nova redação dada ao art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicável aos fatos geradores ocorridos a partir de 22/01/2007 (precisamente o caso em debate), afastou qualquer dúvida sobre a possibilidade de aplicação concomitante das multas de ofício e das multas isoladas por insuficiência de estimativa mensal: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) (...) b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei n" 11.488, de 2007) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) (...) Tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 de suportes fáticos distintos e autônomos. O primeiro sobre o resultado apurado anualmente, cujo fato gerador aperfeiçoase ao final do anocalendário, obrigação tributária principal, e o segundo por descumprimento de obrigação acessória, decorrente de insuficiência de estimativa mensal, apurada conforme balancetes elaborados mês a mês. Não há que se falar em concomitância, razão pela qual devem ser mantidas as multas isoladas sobre a insuficiência de estimativas mensais. Enfim, no que concerne à qualificação de multa de ofício, entendo que deve ser restabelecida. Transcrevo os fundamentos do voto da DRJ sobre o assunto: Fl. 1741DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.742 29 É inegável que, caso não houvesse criado artificialmente esse ágio desprovido de qualquer fundamento econômico, a impugnante teria recolhido tributos em montantes muito superiores ao que recolheu. Logo, quando contratou consultoria especializada e praticou todos esses atos de reorganização absolutamente desnecessários e sem qualquer propósito efetivo para, ao final, permanecer tudo do jeito que estava anteriormente, sendo o ágio a única alteração, é evidente que seu objetivo sempre foi aliviar ilicitamente a carga tributária. E se o propósito exclusivo foi obter esse ganho ilícito, o dolo é evidente, ainda que sem utilização dos artifícios grosseiros apontados pela impugnante às fls. 1.078: adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc. Vale também recorrer aos argumentos apresentados pela PGFN no recurso especial: Como já destacado no item anterior, em que pese o grupo empresarial capitaneado por GRALHA/PINE/BORDIN Ltda. ter tentado dar uma aparência de legalidade aos negócios que originaram o ágio posteriormente amortizado, tais operações, na realidade, não eram aquilo que aparentavam. Embora a Contribuinte tenha declarado que o ágio por ele amortizado decorria de uma verdadeira reorganização societária e aquisição de investimento (pela MARUMBI) com base na rentabilidade futura da empresa adquirida (CENTER), o trabalho da Fiscalização evidenciou que tudo isso não passou de atos formais que não traduziam a realidade. O fato de a recorrente, ao final de uma breve, injustificável e injustificada série de atos societários, ter voltado exatamente ao mesmo status quo ante torna incontestável o intuito doloso da CENTER, juntamente com as demais empresas que pertencem/pertenciam ao seu grupo econômico, na criação de uma contabilidade artificial, que na realidade nunca existiu. De fato, a ausência de propósito negocial e de substrato econômico, da mesma forma que impede a existência material do ágio registrado na CENTER, atesta o evidente intuito de fraude do Contribuinte. Com a demonstração de que não houve nenhuma “aquisição” de investimento pela MARUMBI a justificar a existência do ágio, deixase claro que o único intuito dessa empresa quando da aquisição do investimento traduzido nas quotas da CENTER foi criar um modo de redução dos impostos a serem pagos após a versão do patrimônio decorrente da cisão da MARUMBI, em benefício indireto dos controladores comuns a ambas. Quando da criação do ágio decorrente da aquisição das quotas da CENTER, evidenciamse duas vontades do grupo empresarial capitaneado por GRALHA/PINE/BORDIN ltda: Fl. 1742DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.743 30 a) uma vontade declarada – aquisição pelo valor de mercado das quotas da CENTER pela MARUMBI, seguida da versão do patrimônio da MARUMBI pela CENTER; e b) uma vontade real – criação de um investimento artificial a fim de gerar um ágio que seria utilizado pela CENTER para reduzir a tributação a ser paga após a extinção da MARUMBI. (...) Sendo assim, pelos argumentos aqui expostos, demonstrase cabalmente que o ágio amortizado pelo recorrente foi registrado de forma simulada e com evidente intuito fraudulento. Por meio de uma aparente seqüência de operações societárias, na verdade, o que o recorrente procurou foi a redução indevida da sua carga tributária. A qualificação da multa de ofício, assim, é inevitável. Enfim, pertinente acrescentar aspecto apresentado pelo termo de verificação fiscal: O que se evidenciou de verdade, foi a inexistência do fator econômico da configuração do ágio na aquisição do investimento, ou seja, a ausência da efetiva transferência de numerários/recursos entre as partes, ocorreu em uma operação "não caixa", sem o sacrifício de ativos ou contra uma assunção de dívida, estes se originaram, pura e simplesmente, a partir de laudo de avaliação. (grifei) Conforme descrito, o plus na conduta é evidente, ultrapassando o tipo objetivo da norma tributária. Não se trata de mero descumprimento da norma. Verificase a presença dos elementos cognitivo e volitivo, consumandose o dolo, cuja definição é apresentada com clareza por CEZAR ROBERTO BITENCOURT10: O dolo, elemento essencial da ação final, compõe o tipo subjetivo. Pela sua definição, constatase que o dolo é constituído por dois elementos: um cognitivo, que é o conhecimento do fato constitutivo da ação típica; e um volitivo, que é a vontade de realizála. O primeiro elemento, o conhecimento, é pressuposto do segundo, a vontade, que não pode existir sem aquele. Sobre o elemento cognitivo, BITENCOURT 11 discorre com didática: Para a configuração do dolo exigese a consciência daquilo que esse pretende praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é, deve estar presente no momento da ação, quando ela está sendo realizada Sobre o elemento volitivo, são claros os ensinamentos 12: 10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : parte geral, volume 1, 11ª ed. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 267. 11 BITENCOURT, 2007, p. 269. 12 BITENCOURT, 2007, p. 269. Fl. 1743DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.301 CSRFT1 Fl. 1.744 31 A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou omissão (conduta), o resultado e o nexo causal. A vontade pressupõe a previsão, isto é, a representação, na medida em que é impossível querer algo conscientemente senão aquilo que se previu ou representou na nossa mente, pelo menos, parcialmente. O caso em debate trata de operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia. Presentes, sem sombra de dúvidas, os elementos volitivo e cognitivo. Cabe, portanto, ser restabelecida a qualificação da multa de ofício. Enfim, aplicase à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer dos recursos especiais da PGFN e do Contribuinte. No mérito, dar provimento ao recurso da PGFN (para restabelecer a qualificação da multa de ofício) e negar provimento ao recurso da Contribuinte (para manter a autuação fiscal de glosa de despesa de amortização do ágio e as multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais). (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Fl. 1744DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/04/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 29/04/201 6 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 02/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10140.001144/2003-93
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o prequestionamento da matéria objeto de recurso.
Numero da decisão: 9202-003.904
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(Assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201604
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o prequestionamento da matéria objeto de recurso.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri May 20 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10140.001144/2003-93
anomes_publicacao_s : 201605
conteudo_id_s : 5591756
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 20 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.904
nome_arquivo_s : Decisao_10140001144200393.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10140001144200393_5591756.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
id : 6383805
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:48:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417230389248
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1750; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1.139 1 1.138 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10140.001144/200393 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202003.904 – 2ª Turma Sessão de 13 de abril de 2016 Matéria IRPF Recorrente Elaine Terezinha da Silva Neves Congro Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1999 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o prequestionamento da matéria objeto de recurso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 00 11 44 /2 00 3- 93 Fl. 1139DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.140 2 Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2102000.962, prolatado pela 2a Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 01 de dezembro de 2010 (efls. 805 a 817), objeto de posterior decisão integrativa em sede de embargos, a saber Acórdão nº 2102002.011 (efls. 993 a 1000). Ali, por unanimidade de votos, foram rejeitadas as preliminares e, no mérito, negouse provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementas e decisões a seguir: Acórdão 2102000.962 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1999 CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS. IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO INCIDENTAL DA INCONSTITUCIONALIDADE NO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. No caso específico do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tem aplicação o art. 62 de seu Regimento Interno, que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto, norma regimental que tem sede no art. 26A do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, em linha com o enunciado sumular CARF Nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. GARANTIA CONSTITUCIONAL AO SIGILO BANCÁRIO. INEXISTÊNCIA. PROTEÇÃO A COMUNICAÇÃO DE DADOS E NÃO AOS DADOS EM SI MESMOS. DECISÃO DEFINITIVA DO PRETÓRIO EXCELSO FAVORÁVEL À TRANSFERÊNCIA DO SIGILO BANCÁRIO PARA O FISCO. VIOLAÇÃO DA INTIMIDADE. INEXISTÊNCIA. MANUTENÇÃO DO SIGILO PELO FISCO. O Supremo Tribunal Federal, em definitivo, declarou a constitucionalidade da Lei complementar nº 105/2001. Ainda, no tocante ao princípio do art. 5º, X, da Constituição Federal, deve se lembrar que a Administração Fiscal fica obrigada a manter o sigilo bancário do contribuinte, nos limites do processo administrativo fiscal, não havendo falar em vulneração da intimidade, já que não há divulgação para terceiros das informações bancárias do fiscalizado. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. REGIME DA LEI Nº 9.430/96. POSSIBILIDADE. A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda Fl. 1140DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.141 3 representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. Agora, o contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva. JUROS DE MORA. ATUALIZAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. No âmbito dos Conselhos de Contribuintes e agora do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pacífica a utilização da taxa Selic, quer como juros de mora a incidir sobre crédito tributário em atraso, quer para atualizar os indébitos do contribuinte em face da Fazenda Federal. Entendimento em linha com o enunciado da Súmula 1º CC nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Ainda, com espeque no art. 72, caput e § 4º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (DOU de 23 de junho de 2009), devese ressaltar que os enunciados sumulares dos Conselhos de Contribuintes e do CARF são de aplicação obrigatória nos julgamentos de 2º grau. Recurso negado. Decisão: por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso Acórdão 2102002.011(Decisão integrativa) IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MATÉRIA CONTROVERTIDA. INVIABILIDADE DE SUSCITÁLA DE OFÍCIO. NÃO CABIMENTO DOS EMBARGOS. Cabem embargos de declaração quando o acórdão embargado contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Nessa linha, se o embargante inovou suas razões nos aclaratórios, trazendo ponto sequer assentado na jurisprudência administrativa e não deduzido no recurso voluntário, inviável pugnar pela existência de omissão no acórdão embargado, ao argumento de que este não aplicou, de ofício, interpretação que favoreceria o contribuinte. Fl. 1141DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.142 4 IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. REGIME DA LEI Nº 9.430/96. POSSIBILIDADE. A partir da vigência do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o fisco não mais ficou obrigado a comprovar o consumo da renda representado pelos depósitos bancários de origem não comprovada, a transparecer sinais exteriores de riqueza (acréscimo patrimonial ou dispêndio), incompatíveis com os rendimentos declarados, como ocorria sob égide do revogado parágrafo 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/90. Agora, o contribuinte tem que comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de se presumir que estes são rendimentos omitidos, sujeitos à aplicação da tabela progressiva. Embargos conhecidos em parte e rejeitados. Decisão: por unanimidade de votos, conhecer em parte dos embargos de declaração, para rerratificar a decisão do acórdão nº 210200.962, para sanar a omissão apontada, sem efeitos infringentes, nos termos do voto do relator. Foram enviados os autos à contribuinte para fins de ciência, ocorrida em 27/03/14 (efl. 1004). Insurgindose contra aquela decisão, a contribuinte apresenta, em 10/04/2014 (efl. 1006), Recurso Especial, com fulcro nos arts. 67 e 68 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 1006 a 1016). Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido, em 29/10/2009, no Acórdão 210100.330, de lavra da 1a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de ementa e decisão a seguir transcritas. Acórdão 2.10100.330 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1999 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS: DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM DESCONHECIDA Os valores originais foram reduzidos pela DRJ de origem Os montantes remanescentes enquadramse no artigo 42, parágrafo 3º inciso II da 1ei 9.430 de 1996 e devem ser excluídos de tributação RECURSO PROVIDO. Decisão: por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora Argumenta a contribuinte em sua demanda que: a) O Acórdão divergente trata de auto de infração lavrado junto ao cônjuge da recorrente, pelos mesmos motivos utilizados na presente autuação e com base na mesma Fl. 1142DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.143 5 movimentação financeira. Naqueles autos, segue a recorrente, aplicouse o disposto no inciso II do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pelo art. 4o. da Lei no. 9.481, de 13 de agosto de 1997, decidindose, ail. que cada valor de depósito bancário, para ser considerado como receita omitida, precisaria ser superior a R$ 12.000,00 e seu somatório, dentro do anocalendário, deveria ultrapassar R$ 80.000,00. Tal previsão foi considerada de ofício no âmbito daquele processo que tem como interessado seu marido, devendo também ser assim considerada no âmbito do presente processo. Ali, no âmbito daquele feito, o total de créditos bancários apurados foi de R$ 72.126,42, inferior ao limite de R$ 80.000,00, daí o afastamento integral do lançamento no Acórdão paradigma divergente; b) Entende, assim, que os limites de R$ 12.000,00 ou de R$ 80.000,00 devem ser observados considerandose cada contribuinte, entendimento que foi adotado no Acórdão paradigma. Ressalta que, uma vez prevalecendo o entendimento do Acórdão recorrido, uma conta bancária com múltiplos titulares causaria prejuízo aos mesmos, uma vez que, por exemplo, no caso de dez cotitulares, "qualquer crédito em nome deles seria verificado pelo Fisco com limite dez vezes inferior em relação à situação em que a titularidade fosse de uma só pessoa". Ainda, sustenta que tal aplicação levaria à conclusão, a seu ver, desconcertante, de que são dois diferentes contribuintes e dois lançamentos tributários, ocorreram dois fatos geradores e duas bases de cálculo c) Alega ainda, que tal posicionamento do recorrido violaria a Súmula CARF no. 61 e que: "Os dois depósitos que individualmente sobejariam R$ 12.000,00, ou seja, o de R$ 12.650,00, de 16 de novembro de 1998, na conta n° 3.014 da Agência n° 0208 do Banco do Brasil, e o de R$ 15.000,00, de 9 de julho de 1998, na conta n° 40.389X da Agência n° 0208 do Banco do Brasil, devem ser considerados pela metade, tendo em vista que há dois titulares, de modo que são inferiores ao limite de R$ 12.000,00 por contribuinte (...) Vêse nas já citadas fls. 202 destes autos que, com exceção do mês de maio de 1998, em que a soma dos créditos bancários foi de R$ 14.373,52, em todos os demais meses a soma mensal das infrações foi inferior a R$ 12.000,00, de modo que não houve crédito em conta corrente superior a esse valor limite. Especificamente em relação ao mês de maio de 1998, todos os depósitos considerados pela Delegacia de Julgamento como não comprovados são de valor inferior a R$ 12.000,00, como se pode ver às fls. 199. Assim, pelo disposto no artigo 42, § 3o, II, da Lei 9.430/96 e no artigo 4o da Lei 9.481/97, a soma dos créditos não pode ser considerada como receita omitida. Com base nos princípios constitucionais da legalidade e da eficiência, os valores poderiam, de oficio, ter sido excluídos da exigência tributária. (...)" Fl. 1143DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.144 6 d) Defende que, apesar de não haver debate no processo acerca da questão, até o momento de interposição de embargos, a questão poderia ter sido conhecida de ofício na fase administrativa, visto que passível de conhecimento de ofício na fase de execução fiscal, conforme Súmula STJ no. 393, dada a inexistência de dilação probatória necessária. Se insurge contra a não aplicação da norma de ofício em sede de embargos de declaração. Assim, requer que seja aplicado ao seu caso a mesma decisão dada no processo de seu cônjuge no feito no. 10140.000401/200370. O recurso foi admitido pelo despacho de efls. 1125 a 1129. Encaminhados os autos à PGFN para fins de ciência em 20/03/2015 (efl. 1130), a Fazenda Nacional apresentou, em 25 de março de 2015 (efl. 1137), contrarrazões ao Recurso Especial, onde (efls. 1131 a 1136), citando o entendimento exarado no âmbito do Acórdão 10248.884, defende que: a) a limitação imposta se refere à conta considerada no conjunto, tendo em vista que a norma tem cunho objetivo, pois se dirige à conta bancária objeto da ação fiscal; b) Por outro lado, a norma constante § 6º do art. 42 da Lei nº 9430/1996, ao dispor da titularidade da conta conjunta, para fins de imputação dos rendimentos nelas omitidos, assume caráter subjetivo; c) Sendo assim, os limites previstos no Art. 42, §3º, II da Lei nº 9.430/96, devem ser aferidos objetivamente, com base na totalidade dos valores depositados na conta, independentemente de sua natureza, se individual ou conjunta, que assume relevância somente para o efeito de imputação da infração aos seus titulares por omissão de rendimentos; d) Ressalta que qualquer entendimento contrário significaria permitir a movimentação de elevados valores em uma conta conjunta, sem a necessidade de comprovação da origem dos recursos depositados. Requer, assim, que seja negado provimento ao Recurso Especial. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigma consistente e indicação de divergência, verifico que o Recurso Especial de iniciativa da contribuinte atende tais requisitos de admissibilidade. Entretanto, no que tange ao requisito de préquestionamento, verifico ser necessária análise adicional do tema, ainda que não abordado no exame de admissibilidade de efls. 1125 a 1129. Entendo que, no caso em questão, inexistiu qualquer préquestionamento, por parte da contribuinte, da matéria de desconsideração de depósitos na forma prevista pelo art. Fl. 1144DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.145 7 42, §3o. da Lei no. 9.430, de 1996, conforme se depreende do excerto seguinte da decisão integrativa do recorrido (Acórdão em Embargos de Declaração no. 2102002.011, vide efls. 999/1000). De se notar que, ao rejeitar a necessidade conhecimento de ofício e, também, o conhecimento dos embargos quanto à matéria agora trazida aos autos em sede de divergência, a decisão estabelece: " (...) Agora se passa ao item II do relatório, no qual pretensamente a decisão embargada teria se omitido, pela não aplicação de ofício da regra exonerativa dos depósitos bancários de valor pequeno, como previsto no art. 42, § 3º, II, da Lei nº 9.430/96. Antes de tudo, vêse que não houve qualquer omissão, pois sequer houve pedido de aplicação da regra do art. 42, § 3º, II, da Lei nº 9.430/96 no recurso voluntário, sendo assim inviável falar em omissão, quando não houve o préquestionamento (grifei). Devese anotar, ainda, que havia dúvidas quanto ao momento de aplicação da regra legal acima, qual seja, no momento da primeira intimação feita pela autoridade lançadora ou no curso no procedimento fiscal. Por fim, na via administrativa, assentou se que os limites poderiam ser aplicados em qualquer fase do contencioso, inclusive no âmbito dos recursos, voluntário ou especial. Entretanto, a mera possibilidade de entendimento diverso em relação a tal momento afastaria, por si só, a obrigatoriedade da aplicação de ofício da regra legal em debate, pois o colegiado somente deve aplicar de ofício as matérias de ordem pública, como nulidades ou a decadência, não se podendo dizer que a interpretação de determinado dispositivo legal, que já teve interpretação cambiante, como dito, possa ser obrigatoriamente aplicada de ofício, a partir de uma interpretação que venha a se fixar na via administrativa. Indo mais além, diferentemente do asseverado pela embargante, não se pode dizer que a soma dos depósitos bancários de origem não comprovada das contas auditadas e cotitularizadas não excedem R$ 80.000,00. Inicialmente, há dois depósitos que individualmente sobejam R$ 12.000,00 (R$ 12.650,00, de 16/11/1998, na conta 3014, do Banco do Brasil, Agência 0208; R$ 15.000,00, de 09/07/1998, na conta 40389X, do Banco do Brasil, Agencia 0208), sendo que a soma de todos os depósitos bancários de origem não comprovada, das contas bancárias auditadas e com cotitularidade, imputados à contribuinte e a seu cônjuge, excedem R$ 80.000,00, sendo o montante de R$ 72.126,42 imputado à contribuinte embargante e R$ 72.657,39 a seu cônjuge. (...) Assim, não conheço dessa parte dos embargos, pois a decisão embargada não incorreu em qualquer omissão, obscuridade ou Fl. 1145DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.146 8 contradição, hipóteses necessárias ao conhecimento dos aclaratórios. Ademais, observese, o fato de outra Turma de julgamento ter aplicado a regra acima de ofício não vincula este Colegiado, sendo apenas uma decisão divergente no âmbito administrativo, a qual deve ser eventualmente solucionada no seio do recurso especial de divergência, e não na via dos embargos de declaração, estes que não servem para uniformizar a jurisprudência, mas apenas para sanar obscuridades, omissões ou contradições, como já dito. Faço notar ser tal préquestionamento requisito de admissibilidade a ser atendido de forma expressa, consoante estabelecido pelo anexo II ao Regimento Interno deste CARF, em seu art. 67, §5o, verbis, daí resultando a impossibilidade de conhecimento de Recurso Especial de iniciativa do contribuinte no caso da inexistência de préquestionamento: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 5º O recurso especial interposto pelo contribuinte somente terá seguimento quanto à matéria prequestionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação, nas peças processuais. Ainda, faço notar meu entendimento pessoal, no sentido de que a Súmula CARF no. 61 limitase a regrar a aplicação do dispositivo em análise em sede administrativa até o momento do Recurso Voluntário (notese não haver, nos Acórdãos que informam a referida Súmula nenhum exarado por esta CSRF), não implicando, todavia, a obediência a tal Súmula em afastamento do dispositivo citado do Regimento Interno deste Conselho que estabelece a necessidade de préquestionamento da matéria para fins de conhecimento do Recurso Especial de iniciativa da contribuinte, o qual, em meu entendimento, deve prevalecer, in casu, para fins de exame de admissibilidade. Assim, no caso, como não aventada a matéria até a instância recursal ordinária e, uma vez também não conhecidos os embargos da contribuinte quanto ao tema (vide efls. 993 a 1000), entendo se tratar o art. 42, §3o., II, c, de matéria nãoprequestionada, e, assim, com fulcro no art. 67, §5o., do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho, voto por não conhecer do Recurso Especial da Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Fl. 1146DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10140.001144/200393 Acórdão n.º 9202003.904 CSRFT2 Fl. 1.147 9 Fl. 1147DF CARF MF Impresso em 20/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 05/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 12466.003408/2010-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 10/01/2006 a 20/04/2006
MPF - MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO.
O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento.
RECURSOS DE TERCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27.
A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA.CABIMENTO.
A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida.
DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA.
Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem.
CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. LEI Nº 11.488/2007, ARTIGO 33. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE.
A multa de 10% por cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de comércio exterior não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação.
Numero da decisão: 3302-003.062
Decisão: Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Pelo voto de qualidade, foi decidido dar parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas para exonerar crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas até 25/11/2005. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado, que também exoneravam o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação para as quais não houve adiantamento de recursos. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar.
Acordam os membros do Colegiado,.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
(assinado digitalmente)
Maria do Socorro Ferreira Aguiar
Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 10/01/2006 a 20/04/2006 MPF - MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. RECURSOS DE TERCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA.CABIMENTO. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA. Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem. CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. LEI Nº 11.488/2007, ARTIGO 33. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. A multa de 10% por cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de comércio exterior não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 12466.003408/2010-25
anomes_publicacao_s : 201604
conteudo_id_s : 5578718
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3302-003.062
nome_arquivo_s : Decisao_12466003408201025.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 12466003408201025_5578718.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Pelo voto de qualidade, foi decidido dar parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas para exonerar crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas até 25/11/2005. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado, que também exoneravam o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação para as quais não houve adiantamento de recursos. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. Acordam os membros do Colegiado,. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6333557
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:46:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417585856512
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 36; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2293; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12466.003408/201025 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.062 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de fevereiro de 2016 Matéria Multa Aduaneira Recorrente GEMAX TRADING COMPANY S/A E DISTRIVIX COMERCIO E EQUIPAMENTOS ELETRONICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 10/01/2005 a 25/11/2005 DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei nº 37/1966. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 10/01/2006 a 20/04/2006 MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. RECURSOS DE TERCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA.CABIMENTO. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 34 08 /2 01 0- 25 Fl. 2273DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 3 2 DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA. Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem. CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. LEI Nº 11.488/2007, ARTIGO 33. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. A multa de 10% por cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de comércio exterior não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Pelo voto de qualidade, foi decidido dar parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas para exonerar crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas até 25/11/2005. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado, que também exoneravam o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação para as quais não houve adiantamento de recursos. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. Acordam os membros do Colegiado,. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fl. 2274DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 4 3 Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para aplicação da multa substitutiva de pena de perdimento, pela prática de ocultação do real adquirente mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta na importação, definida como dano ao erário, lavrado em face de GEMAX TRADING COMPANY S/A como importador e de DISTRIVIX COMERCIO E EQUIPAMENTOS ELETRONICOS LTDA, como real adquirente. A GEMAX registrou declarações de importação DI na modalidade direta (por sua própria conta e ordem) no período de 10/01/2005 a 20/04/2006. Inicialmente, foi aberto procedimento especial de controle aduaneiro e de revisão de habilitação no comércio exterior, tendo a GEMAX não apresentado documentos que demonstrassem a origem e aplicação dos recursos financeiros, razão pela qual foi instaurado o procedimento previsto na IN SRF 228/2002, de acordo com o §3º do artigo 21 da IN SRF nº 650/2006. Em procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas, previsto na IN SRF 228/2002, apurouse a prática de ocultação do real adquirente DISTRIVIX , mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, em razão do seguinte: 1. A GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica para fazer frente ao volume de importações por ela transacionado devido a: a. movimentação em torno de R$ 30.000.000,00 de 2005 a 2007, para capital social da ordem de R$ 50.000,00 (aumentados para R$ 400.000,00 no quarto trimestre de 2006, decorrentes de lucros acumulados); b. aumento de capital social por reavaliação de bens, adquiridos por R$ 45 mil e reavaliados para R$ 2.774.000, em datas próximas, não havendo qualquer aumento de disponibilidade financeira; b. lucro líquido auferido no período foi em torno de R$ 980.000,00, muito inferior ao volume transacionado; c. Inexistência de quaisquer empréstimos e financiamentos tomadas de terceiros, conforme confirmados pela recorrente; 2. As operações somente puderam ser viabilizadas mediante adiantamentos de caixa recebidos pelos reais adquirentes para liquidação de contratos de câmbio e pagamentos dos tributos pagos no registro da DI, configurando a aplicação do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002; 3. Por várias vezes, a emissão das notas fiscais de venda era realizada no mesmo dia da emissão das notas fiscais de entrada, revelando giro imediato do estoque, indicando a encomenda da mercadoria; Fl. 2275DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 5 4 4. A GEMAX é uma empresa de pequeno porte que atua, basicamente, como prestadora de serviços de comércio exterior, incluindo logística e financeiros, conforme informação colhida no próprio site da empresa, que jamais importa com ânimo próprio, mas por conta e ordem ou por encomenda; 5. As vantagens financeiras oferecidas pela GEMAX em seu site se coadunam com os objetivos pretendidos com a prática da ocultação do real adquirente: ausência de agregação de margem de lucro, implicando redução de carga tributária, redução de 33,3% no ICMS, com menor alavancagem dos tributos subsequentes (PIS, Cofins, ICMS), menor alavancagem do IPI, com recolhimento feito pela GEMAX sobre o custo da mercadoria e não sobre o preço de venda ao consumidor final. 6. Todas as vendas eram realizadas pelo custo das mercadorias pagas ao exportador, acrescido dos tributos pagos na importação e nacionalização e incidentes na venda ao mercado interno; 7. Todo o lucro obtido pela GEMAX decorre do FUNDAP que consiste em diferimento no pagamento do ICMS incidente na importação, financiamento de longo prazo de cerca de 70% do ICMS recolhido, com juros fixos a 1% a.a., com carência de 5 anos e mais 20 anos para amortização e realização de leilões de recompra de dívida, com existência de liquidação de contratos, por 10 a 15% do saldo devedor, em média; 8. A ocultação da DISTRIVIX propiciaria: sua não equiparação a industrial; diminuir receitas de vendas sujeitas a PIS/Pasep, Cofins, IRPJ, CSLL e ICMS; usufruir indiretamente dos benefícios do FUNDAP (incentivo fiscal no âmbito do ICMS no Espírito Santo); não se submeter aos procedimentos de habilitação no comércio exterior (IN SRF 650/2006); fugir ao controle quanto à avaliação de risco (parametrização), em função do perfil histórico e cadastral. Ao final foi elaborada representação fiscal para fins penais. Em impugnação, a GEMAX pediu: "a) DEVOLVA o prazo para a impugnação do presente auto de infração, a ser contado a partir do dia em que a requerente receber de volta todos os seus livros e documentos fiscais, ora em poder da Administração, consoante demonstrado nos itens 16/33 e doc04; b) Sucessivamente ao pedido (a) acima, RECONHEÇA A DECADÊNCIA das Dl's objeto do auto de infração, vez que este foi lavradojnais de 5 (cinco) anos após a ocorrência do fato gerador, no termos do Acórdão n° 1739091, de 13/01/2010, desta e. DRJ (transcrito no item 81, acima); d ) Sucessivamente ao pedido (b) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, por impedimento do AFRF, nos termos da Portaria RFB n° 11.371/2007, artigos 2° c/c 12 c/c 14 e 15, parágrafo único (transcritos nos itens 34/36, acima), nos termos do Acórdão n° 302 37.093, do 3o Conselho de Contribuintes (transcrito no item 47, acima) Fl. 2276DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 6 5 c2) Alternativamente ao pedido ( d ) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, em decorrência da impossibilidade de se estender conclusões de outros processos administrativos à todas as importações do contribuinte; c3) Alternativamente ao pedido (c2) acima, ANULE o lançamento do crédito referente às Dl's em relação às quais o auto de infração não descreve nenhuma irregularidade, considerando o disposto no artigo 10, inciso III e no artigo 59, ambos do Decreto n° 70.235/72, bem como o fato de o Fisco não ter afastado a declaração e comprovação do importador de que obteve financiamento para gerir suas atividades no período em que foram realizadas as importações objeto dos autos, nos termos do Acórdão n° 0721519, de 15/10/2010, da e. 2a Turma desta e. DRJ (transcrita no item 59, acima) e JULGUE improcedente o auto de infração relativo à Dl n° 05/03841310. d) Sucessivamente ao pedido (c) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que: d1) restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14) e que o capital social das S.A. não guarda relação direta com a origem dos recursos utilizados no comércio exterior; d2) Também porque o presente restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); d3) Também porque a Receita não comprovou que houve adiantamentos por parte do destinatário em relação a maior parte das Dl's e, em relação à Dl n° 05/11386707, restou comprovado que a Impugnante tinha origem para a operação, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); d4) Também porque inexistente o dolo específico de fraudar, nos termos detalhados no item 229, supra e nos termos da solução de consulta n° 05/01/2010 (transcrita no item 231, acima), assim como dos Acórdãos no S 30239.026 e 10248607 do CARF (transcritos no item 278.1, acima) d5) Também porque as operações foram feitas na modalidade por encomenda, consoante comprovado pelos Relatórios de Margem de Lucro, acostados como doe. 14, e as operações são anteriores à IN SRF n° 634/06, aplicandose, em conseqüência, o disposto no artigo 417, 418 e 483 do Código Civil c/c artigo 313 do RIPI; o princípio da irretroatividade da norma penal tributária (Acórdãos DRJ no S 0719.952, de 21/05/2010 e 08 14514, de 28/11/2008), bem como o entendimento das Soluções de Consulta n° 45, de 05/02/1999 (item 244, acima) e 05/07/ 01/2010 (item 268, acima), e da exposição de motivos da MP n° Fl. 2277DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 7 6 267, convertida na Lei n° 11.281/06 (transcrita no item 245, acima); e) Sucessivamente ao pedido (d) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que a pena aplicável seria multa diversa (art. 33 da lei n° 11.488/2007), nos termos da Orientação COANA/COFIA/DIFIA (transcrita no item 292, acima) e consoante Acórdãos DRJ no S 17 25849, de 17/06/2008, e 1726798, de 13/08/2008 (item 295, acima); e, f) Sucessivamente ao pedido (e) supra, que baixe o feito em diligência solicitando esclarecimentos e/documentos à Impugnante para posterior análise desta impugnação, nos termos do artigo 16, § 4o do Decreto n° 70.235/72, considerando se em especial o cerceamento do direito de defesa e a impossibilidade de juntar os livros contábeis como prova documental, por estarem de posse do fiscal autuante (doe. 04). Pugnou, ainda, pela ulterior juntada de documentos, e solicitou que o resultado do julgamento dessa impugnação seja pessoalmente comunicado à Dra. liana Benjó, inscrita na OAB/RJ sob o n° 103.345, com escritório à Av. Rio Branco, n° 245, grupo 1401, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Por seu turno, a DISTRIVIX impugnou o lançamento alegando o abaixo, conforme trecho do relatório do acórdão recorrido: "1. Alega que os documentos apresentados (notas fiscais de compra e conhecimentos de transporte) demonstram que GEMAX adquiriu e importou as mercadorias por sua conta e risco. 2. Alega que os recursos transferidos para GEMAX foram para a quitação de negócios anteriores. 3. Alega que não possui poder de polícia para fiscalizar a capacidade financeira da empresa GEMAX da qual fez a compra dos produtos. 4. Tece comentários sobre o valor probante dos indícios. Alega que a fraude não pode ser presumida e deve ser provada. 5. Cita jurisprudência sobre interposição fraudulenta de terceiros. 6. Tece comentários sobre a aplicação do art. 33 da Lei nº 11.488/07 e da infração aplicada de fato no processo do art. 23, V, do DecretoLei nº 1.455/76. Fala em aplicação retroativa de normas. 7. Requer, por fim, que seja excluída do pólo passivo da autuação ou que seja decretada a nulidade do mesmo. Peticiona pelas produção de mais provas, inclusive pericial. Em 16/01/2012, foi lavrado Termo de Ocorrência, no qual restou consignado a tentativa de devolução integral dos documentos e livros contábeis e fiscais à Sra. Maria Emília de Almeida e Souza, sócia e responsável pela GEMAX, que recebeu pessoalmente o Sr. Fl. 2278DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 8 7 Renato Felz de Oliveira, motorista da Alfândega do Porto de Vitória/ES, mas se recusou a receber a documentação após contato telefônico com terceiro, ficando voluntariamente com uma via do Termo de Devolução. A Vigésima Quarta Turma da DRJ/SP1 em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1652.629, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 2005, 2006 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. A interposição fraudulenta na importação caracteriza crime contra a ordem tributária, sujeitando a importadora interposta a representação fiscal para fins penais além da penalidade previstas no art. 23, V, § 1° do Decretolei n°1.455/76. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada em 21/12/2013, a GEMAX interpôs recurso voluntário, tempestivamente, alegando: 1. Em preliminares, nulidade do auto de infração por negativa de acesso aos autos e obtenção de cópia, nulidade por irregularidade na emissão de MPF, decadência do lançamento relativo às DI´s registradas há mais de cinco anos da ciência da autuação, necessidade de reforma por ausência de descrição específica das irregularidades, impossibilidade de utilizar conclusões de outros processos administrativos; 2. No mérito, a existência de receitas financeiras FUNDAP, imóvel avaliado em R$ 2.374.000 e capital social de R$ 400.000, suficientes a afastar a presunção relativa de incapacidade financeira, que não houve adiantamentos, pois os depósitos ocorreram depois de nacionalizadas as mercadorias, o caráter confiscatório da multa aplicada, a aplicação da multa de dez por cento por cessão de nome de que trata o artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 Por sua vez, a DISTRIVIX, cientificada mediante edital, não apresentou recurso voluntário, conforme termo de perempção, efls. 2264. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Inicialmente, confirmase a não interposição de recurso voluntário pela DISTRIVIX, conforme termo de perempção lavrado após o transcurso do prazo recursal. Destacase que a recorrente foi intimada por AR, o qual foi devolvido por destinatário Fl. 2279DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 9 8 desconhecido, acarretando a afixação de edital, com ciência ocorrida em 28/12/2013, findando o prazo recursal de trinta dias, sem que qualquer recurso tenha sido interposto. Passando ao recurso interposto pela GEMAX, verifico que o mesmo atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente pugna pela decadência das infrações relativas às DI´s registradas há mais de cinco anos entre o registro da DI e a ciência do Auto de Infração. A decadência para constituição de crédito relativo a multa por infrações aduaneiras é dada pelos artigos 138 e 139 do Decretolei nº 37/1966: Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. O Decreto nº 4.543/2002 – RA/2002 reproduziu a mesma disposição do artigo 139 em seu artigo 669, sem qualquer ressalva: Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei no 37, de 1966, art. 139) A multa aplicada decorre da conversão da pena de perdimento por não ter sido a mercadoria localizada ou ter sido consumida, nos termos do §1º1 do artigo 618 do RA/2002, por ocultação do sujeito passivo a ser considerada ocorrida no registro da Declaração de Importação, documento onde são prestadas as informações pertinentes à identificação do adquirente das mercadorias importadas. Portanto, tendo a ciência do Auto de Infração ocorrida em 23/12/2010 (relativo à DISTRIVIX) e 30/12/2010 (relativo à GEMAX), os lançamentos referentes às infrações referentes às DI´s registradas até 25/11/2005 (data da última DI registrada em 2005) devem ser exonerados por decadência. Quanto ao pedido de anulação por vício formal na emissão do MPF, a GEMAX alega que foi emitido MPF com indicação de mesmo auditor fiscal responsável que teria sido indicado em MPF já extinto, infringindo o parágrafo único do artigo 15 da Portaria RFB nº 11.371/2007. 1 Art. 618. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decretolei no 37, de 1966, art. 105, e Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23 e § 1o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) [...] § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, § 3o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) Fl. 2280DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 10 9 Ocorre que o primeiro MPF emitido 07.2.76.002007011890 teve validade até 23/03/2008, ao passo que o MPF 07.2.76.002008001481 foi emitido em 14/03/2008, portanto, antes da extinção do MPF anterior, não configurando a situação alegada pela recorrente. Ademais, salientase que o MPF é um instrumento administrativo, cujo descumprimento poderia acarretar efeitos administrativofuncionais, mas não é requisito essencial do lançamento, nem altera a competência do auditor fiscal para a lavratura do Auto de Infração, cuja atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do parágrafo único do artigo 142 do CTN. Destacase ainda que a Lei nº 10.593/2002, em seu artigo 6º, dispõe sobre a competência do auditor fiscal, estabelecendo que o Poder Executivo poderia regulamentar as atribuições, o que foi efetivado pelo Decreto nº 6.641/2008, que em seu artigo 2º2 dispôs sobre a competência para constituir o crédito tributário e praticar os atos relacionados ao controle aduaneiro etc. Já a Portaria RFB nº 11.371/2007, instituidora do MPF, disciplinou apenas a forma como seriam emitidos os procedimentos fiscais, não se imiscuindo na competência legal conferida ao auditor fiscal, nem configurando requisito essencial do lançamento, nos termos do artigo 10 do Decreto nº 70.935/1972. Neste sentido, citase Acórdão nº 9101001.798, proferido em 19/11/2013, pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, cuja ementa, parcialmente, transcrevese: NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração. Em outra vertente, a recorrente alega cerceamento de defesa por ausência de descrição específica das irregularidades supostamente praticadas. Neste ponto, a GEMAX se opõe ao lançamento pela falta de descrição específica da irregularidade cometida em cada DI, infringindo o inciso III do artigo 10 do Decreto nº 70.235/72. Entretanto, da análise dos autos, inferese que não foi o efetivamente ocorrido. O relatório fiscal descreveu todos os procedimentos efetuados desde a instauração de procedimento especial com base na IN SRF 206/2002, passando pela revisão de habilitação de que trata a IN SRF 650/2002, culminando na abertura de nova ação com base na IN SRF 228/2002. 2 Art. 2o São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições [...] c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; Fl. 2281DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 11 10 Em seguida, apontou os elementos que caracterizavam a falta de capacidade econômica e financeira, apresentando quadro com a evolução do capital social e do Patrimônio Líquido em comparação com o volume de importações, sobre a reavaliação de ativos para aumento do capital social, sobre a inexistência de empréstimos e financiamentos, exceto o FUNDAP. Passou então a descrever como seriam os adiantamentos feitos para cada DI, tendo em vista a falta de capacidade financeira para quitar as obrigações relativas às importações. Neste ponto, a fiscalização juntou quatro modelos de planilhas entregues pela recorrente em resposta às intimações, contendo as seguintes informações: Modelo 1: "Traz informações acerca das correspondentes Dls que estão relacionadas às "vendas" das mercadorias importadas da GEMAX para o real adquirente, tais como o n° da Dl e o n° das correspondentes Adições, a descrição das mercadorias, suas quantidades e seu posicionamento na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), nome do exportador e valores de tributos vinculados à importação"; Modelo 2: " Traz as informações acerca das liquidações cambiais das obrigações junto a exportadores, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° do contrato de câmbio, a data e o valor de liquidação do câmbio, o beneficiário do crédito das divisas no exterior e a /identificação do meio pelo qual a liquidação foi efetuada; Modelo 3: " Traz as informações acerca das "vendas" das mercadorias importadas no mercado interno, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° e a data das correspondentes Notas Fiscais de "venda" de emissão da GEMAX, a descrição e quantidades das mercadorias, a identificação do destinatário (o adquirente), os valores de tributos e as condições de pagamento em foram celebradas as "vendas"; Modelo 4: "Traz as informações acerca dos valores recebidos em função das "vendas", tais como a identificação do autor dos pagamentos, o meio pelo qual este efetuou os pagamentos, junto com a correspondente identificação bancária, assim como as datas e respectivos valores recebidos." A fiscalização juntou ainda aos autos as notas fiscais de venda de emissão da GEMAX, o Livro Registro de Saídas das mercadorias importadas, o Livro Diário e os extratos bancários da GEMAX. A partir destes elementos, a fiscalização detalhou as operações realizadas concernentes a uma DI, não o fazendo para as demais DI´s. É este o ponto rebatido pela recorrente, que entende ser causa de nulidade a falta da demonstração específica para cada DI. Entretanto, a falta de demonstração pode ensejar mais esforço para a recorrente, mas não inviabiliza sua defesa, no sentido de rebater as informações produzidas nas planilhas Modelos 1 a 4, especialmente quanto às datas de liquidação de câmbio e as datas de recebimentos dos valores da DISTRIVIX , mesmo porque todas as informações foram obtidas da própria recorrente. O relatório fiscal mencionou a forma de se constatar o adiantamento: "Ou seja, este tipo de arranjo consistia numa "venda" previamente entabulada, pela qual a GEMAX era remunerada previamente a cada desembolso que necessitava efetuar. Essa constatação fica nítida ao se comparar as datas que a GEMAX liquidava os compromissos financeiros das importações Fl. 2282DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 12 11 (fechamento de câmbio para remessa de divisas ao exportador) com aquelas relacionadas aos recursos creditados a seu favor ("recebimentos das supostas vendas") pelos reais adquirentes." Ressaltase que a recorrente defendeu em toda sua impugnação a necessidade de devolução de prazo para exercer seu direito de defesa, em razão de os livros contábeis e fiscais não terem sido devolvidos, indicando não rebater a acusação de utilizarse de adiantamentos para quitar as obrigações relativas às importações devido à falta desta documentação, como alegado no excerto da impugnação: "28. É de se destacar, outrossim, que a indevida retenção de todos os livros e documentos fiscais da autuada impede que ela apresente todos os elementos probatórios necessários para comprovar, de maneira pormenorizada, a sua capacidade econômica e financeira para atuar no comércio exterior, assim como o lucro decorrente de suas operações. 29. Portanto, a não devolução dos livros e dos documentos utilizados pela autoridade nos procedimentos de fiscalização, impossibilita que a Impugnante se utilize de todo o material probatório que ela faz juz para refutar as alegações descabidas do Fisco." Estranhamente, em 16/01/2012, numa tentativa de devolução dos referidos documentos, a sócia da GEMAX decidiu recusar o recebimento de tal documentação, quando enfim poderia rebater a acusação de falta de capacidade financeira e econômica, uma vez que teria o lapso temporal de 23 meses para produzir tal defesa, já que o recurso voluntário fora protocolado em dezembro de 2013. Rejeito, portanto, a preliminar arguida. Ainda em preliminares, a recorrente defende a nulidade do Auto de Infração, em razão de ter a fiscalização utilizado de conclusões obtidas em outros procedimentos fiscais, sem fazer qualquer juízo crítico neste processo. Aparentemente, a recorrente está alegando que a ausência de capacidade financeira e econômica foi verificada em outro procedimento fiscal. Entretanto, o relatório fiscal expôs um histórico dos procedimentos realizados, a fundamentação jurídica quanto às modalidades de importação, o dano ao erário e a interposição fraudulenta, descreveu os efeitos que poderiam ser auferidos com a prática da interposição fraudulenta, analisou a capacidade financeira e econômica, com quadros de evolução patrimonial, no Tópico A) A CAPACIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA DA GEMAX É INCOMPATÍVEL COM O VOLUME DOS NEGÓCIOS, concluindo que o baixo capital social aportado, a inexistência de financiamentos e empréstimos e a baixa margem de lucro seriam insuficientes para fazer frente ao volume de importações. Em seguida, a partir desta conclusão, partiu para demonstrar que as operações somente foram possíveis de serem realizadas mediante a antecipação de recursos por parte dos clientes da GEMAX, especialmente a liquidação dos contratos de câmbio. Analisou, ainda, as informações prestadas em sua página na internet quanto ao modelo negocial desenvolvido pela GEMAX, e, terminou por expor o encadeamento de Fl. 2283DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 13 12 elementos de prova para se concluir pela inter posição fraudulenta. Ao final, discorreu sobre os enquadramentos legais relativos à interposição fraudulenta, à solidariedade e responsabilidade tributárias, o valor aduaneiro da mercadoria e a representação fiscal para fins penais. Enfim, depreendese que as conclusões foram produzidas no próprio procedimento e expostas no próprio relatório fiscal, possibilitando à recorrente o exercício do contraditório e da ampla defesa, não havendo que se falar em empréstimo de conclusões, nem em cerceamento de defesa, razões pelas quais, rejeito preliminar arguida. Ainda, em preliminares, a GEMAX alega reforma da decisão recorrida e nulidade do auto de infração, por negativa de acesso aos autos e obtenção de cópias. Entretanto, não localizei no acórdão atacada tal passagem, nem nos autos a situação descrita. Aparentemente, a matéria referese a outro processo, razão pela qual não a conheço. Ultrapassadas as preliminares, passase à análise do mérito relativo à interposição fraudulenta. A recorrente defende, em síntese, que possuía recursos próprios para a realização das operações de importação, pois auferiu receitas financeiras provenientes do FUNDAP de 5,8% da receita líquida, possuía terreno avaliado em R$ 2.734.000 e capital social de R$ 400.000,00, que seriam suficientes a demonstrar a saúde financeira da GEMAX, o que afastaria a presunção relativa de incapacidade financeira. Primeiramente, destacase que a legislação prevê três modalidades de importação: importação direta, importação por "conta e ordem" e importação por encomenda. Na importação direta, o destinatário da mercadoria é o próprio importador que a utilizará para consumo próprio ou para revenda, possuindo a característica de não haver um destinatário prédeterminado e atualmente normatizada pela IN SRF nº 680/2006. O excerto abaixo extraído do artigo publicado na obra “Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF” 3 esclarece: “I.1. Importação por conta própria A importação por conta própria é a tradicional modalidade de importação. É aquela modalidade de importação em que o importador adquire a mercadoria do exportador no exterior, fecha o câmbio em nome próprio, com recursos próprios, paga os tributos e a utiliza ou a venda no mercado interno para diversos compradores” Quanto às outras duas modalidades, o site da Receita Federal esclarece seus contornos4: Importação por conta e ordem: 3 Tributação Aduaneira: à luz da jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/Ana Clarissa M. dos Santos Araújo...[et al.]; coordenação Marcelo Magalhães Peixoto,Ângela Sartori, Luiz Roberto Domingo. 1º ed. São Paulo; MP Editora, 2013. Artigo: "Dano ao Erário pela Ocultação Mediante Fraude a Interposição Fraudulenta de Terceiros nas Operações de Comércio Exetrior", página 53. 4 http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despachodeimportacao/topicos1/importacao porcontaeordemeimportacaoporencomenda1/importacaoporcontaeordem/oqueeaimportacaopor contaeordem Fl. 2284DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 14 13 A importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa a importadora , a qual promove, em seu nome, o Despacho Aduaneiro de Importação de mercadorias adquiridas por outra empresa a adquirente em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/2002 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/2002). Assim, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o importador de fato é a adquirente, a mandante da importação, aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional; embora, nesse caso, o faça por via de interposta pessoa a importadora por conta e ordem , que é uma mera mandatária da adquirente. Dessa forma, mesmo que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, antecipados ou não, não se caracteriza uma operação por sua conta própria, mas, sim, entre o exportador estrangeiro e a empresa adquirente, pois dela se originam os recursos financeiros. Importação por encomenda: A importação por encomenda é aquela em que uma empresa adquire mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro de importação, a fim de revendêlas, posteriormente, a uma empresa encomendante previamente determinada, em razão de contrato entre a importadora e a encomendante, cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as operações pactuadas (art. 2º, § 1º, II, da IN SRF nº 634/2006). Assim, como na importação por encomenda o importador adquire a mercadoria junto ao exportador no exterior, providencia sua nacionalização e a revende ao encomendante, tal operação tem, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria. Em última análise, em que pese à obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante predeterminado, é aquele e não este que pactua a compra internacional e deve dispor de capacidade econômica para o pagamento da importação, pela via cambial. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. Outro efeito importante desse tipo de operação é que, conforme determina o artigo 14 da Lei nº 11.281/2006, aplicamse ao importador e ao encomendante as regras de preço de transferência de que tratam os artigos 18 a 24 da Lei nº Fl. 2285DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 15 14 9.430/1996. Em outras palavras, se o exportador estrangeiro, nos termos dos artigos 23 e 24 dessa lei, estiver domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida e/ou for vinculado com o importador ou o encomendante, as regras de “preço de transferência” para a apuração do imposto sobre a renda deverão ser observadas. Salientase, ainda, que a importação por conta e ordem foi regulamentada pela Receita Federal do Brasil mediante a edição da IN SRF 225/2002, conforme autorizado pelo art. 80 da MP nº 2.15835/20015 e impõe ao real adquirente conseqüências relevantes como a prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com seu capital social ou o patrimônio líquido; a sujeição ao procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002 (verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas); a responsabilidade solidária quanto ao imposto de importação; a responsabilidade conjunta ou isolada, quanto às infrações aduaneiras; a sujeição ao pagamento dos tributos relativos ao IPI de sua saída por contribuinte por equiparação; a sujeição aos pagamentos de PIS/Pasep e Cofins sob as normas de incidência sobre a receita bruta do importador. A acusação fiscal é de que a GEMAX teria simulado importação direta quando na realidade teria importado por conta e ordem da DISTRIVIX por presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, em razão de adiantamentos de recursos fornecidos pela DISTRIVIX para a liquidação dos contratos de câmbio, uma vez que a GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica próprias para suportar os custos das importações: O artigo 27 da Lei nº 10.637/2002 dispõe que: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Por sua vez, os artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001 dispõem: Art. 77. O parágrafo único do art. 32 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. ................................................... ................................................... Parágrafo único. É responsável solidário: I o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; II o representante, no País, do transportador estrangeiro; III o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no 5 Artigo 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Fl. 2286DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 16 15 caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 78. O art. 95 do DecretoLei nº 37, de 1966, passa a vigorar acrescido do inciso V, com a seguinte redação: " V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 79. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; e I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora ou exportadora por conta e ordem de terceiro; e (Redação dada pela Lei nº 12.995, de 18 de junho de 2014) II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Art. 81. Aplicamse à pessoa jurídica adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, as normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador. Por outro lado, a partir da Lei nº 11.281/2006, foi disciplinada a figura da importação por encomenda, com regulamentação dada pela IN SRF nº 634/2006, nos seguintes termos: Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o Fl. 2287DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 17 16 deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. § 3o Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 2007) Art. 12. Os arts. 32 e 95 do DecretoLei no 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. .............................................................................. .............................................................................. Parágrafo único. .............................................................................. .............................................................................. c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora." (NR) "Art. 95. .............................................................................. .............................................................................. VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 13. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por encomenda ou por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 14. Aplicamse ao importador e ao encomendante as regras de preço de transferência de que trata a Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nas importações de que trata o art. 11 desta Lei. IN SRF nº 634/2006: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL , no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 230 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 30, de 25 de fevereiro de 2005 , e tendo em vista o disposto no art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999 , e nos incisos I e II do § 1º do art. 11 e nos arts. 12 a 14 da Lei nº 11.281, de 20 de fevereiro de 2006, resolve: Fl. 2288DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 18 17 Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente. Art. 2º O registro da Declaração de Importação (DI) fica condicionado à prévia vinculação do importador por encomenda ao encomendante, no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). § 1º Para fins da vinculação a que se refere o caput, o encomendante deverá apresentar à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) de fiscalização aduaneira com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz, requerimento indicando: I nome empresarial e número de inscrição do importador no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); e II prazo ou operações para os quais o importador foi contratado. § 2º As modificações das informações referidas no § 1º deverão ser comunicadas pela mesma forma nele prevista. § 3º Para fins do disposto no caput, o encomendante deverá estar habilitado nos termos da IN SRF nº 455, de 5 de outubro de 2004 . Art. 3º O importador por encomenda, ao registrar DI, deverá informar, em campo próprio, o número de inscrição do encomendante no CNPJ. Parágrafo único. Enquanto não estiver disponível o campo próprio da DI a que se refere o caput, o importador por encomenda deverá utilizar o campo destinado à identificação do adquirente por conta e ordem da ficha "Importador" e indicar no campo "Informações Complementares" que se trata de importação por encomenda. Art. 4º O importador por encomenda e o encomendante são obrigados a manter em boa guarda e ordem, e a apresentar à fiscalização aduaneira, quando exigidos, os documentos e registros relativos às transações em que intervierem, pelo prazo decadencial. Art. 5º O importador por encomenda e o encomendante ficarão sujeitos à exigência de garantia para autorização da entrega ou desembaraço aduaneiro de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou patrimônio líquido do importador ou do encomendante. Parágrafo único. Os intervenientes referidos no caput estarão sujeitos a procedimento especial de fiscalização, nos termos da Fl. 2289DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 19 18 Instrução Normativa SRF nº 228, de 21 de outubro de 2002 , diante de indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira citada. Art. 6º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. A caracterização como encomendante predeterminado traz conseqüências relevantes como o cumprimento das obrigações acessórias previstas na IN SRF 634/2006; a sujeição ao procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002 (verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas); a prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com seu capital social ou o patrimônio líquido; a responsabilidade solidária quanto ao imposto de importação; a responsabilidade conjunta ou isolada, quanto às infrações aduaneiras; a sujeição ao pagamento dos tributos relativos ao IPI de sua saída por contribuinte por equiparação; a aplicação das regras de preços de transferência de que trata a Lei nº 9.430/96. A inobservância das condições e requisitos por parte da pessoa jurídica importadora previstos na IN SRF 634/2006 acarreta a presunção de que a operação tenha sido realizada por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001, nos termos do §2º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006. Outro aspecto que deve ser frisado é que o disposto no §3º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006 “considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior” juntamente com a disposição do parágrafo único do artigo 1º da IN SRF nº 643/2006 "Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente" implicam a conclusão de que a figura da importação por encomenda não admite a antecipação dos recursos pelo encomendante, ainda que parcialmente. Em complemento, a antecipação dos recursos torna presumida a operação por conta e ordem, conforme disposto no artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Defluise que a operação por encomenda, na qual o importador realiza toda a transação comercial e revende a mercadoria a um adquirente predeterminado, e este não antecipa qualquer recurso, é sujeita a um controle aduaneiro específico e acarreta todos os efeitos já acima mencionados. Destacase que a antecipação de recursos por parte do encomendante retira a figura da importação por encomenda (parágrafo único do artigo 1º da IN SRF 634/2006 e §3º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006) e a desloca para a figura da importação por conta e ordem, por ficção jurídica, representada pelas presunções de que trata o §2º do artigo 11 da Lei 11.281/2006 e o artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Estabelecido este entendimento, retornamse às alegações. Relativamente à sua capacidade financeira, a GEMAX alega que a fiscalização desconsiderou que o financiamento do BANDES, decorrente das operações com o FUNDAP, teria gerado uma receita financeira em torno de R$ 3.740.000,00, o que, aliado à existência de imóvel e do montante do capital social, no valor de R$ 400.000,00, comprovaria a origem dos recursos. Fl. 2290DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 20 19 Constatase que o valor de R$ 400.000 decorreu de integralização de lucros acumulados, passando de R$ 50.000 para os referidos quatrocentos mil. Já o valor de R$ 2,374 milhões relativo a imóvel decorreu de reavaliação de custo de aquisição de R$ 45 mil. Estes montantes não refletem capacidade financeira a suportar o volume de importações. Na realidade, a fiscalização considerou como recursos financeiros, o lucro líquido acumulado de 2005 a 2007 no valor de 980.000,00 em sua análise da capacidade econômicofinanceira da GEMAX, o que incluiu as receitas financeiras auferidas. No quadro 05 do relatório fiscal, constam receitas financeiras consideradas da ordem de R$ 3.921.000 para 2005 e 2006, e R$ 5.160.000, incluindo 2007. A questão esquecida pela recorrente é de que existem despesas operacionais, financeiras e não operacionais contabilizadas, que, por certo, absorveram parte das receitas financeiras auferidas. O fato é que no período de 2005 a 2007, houve aporte financeiro mediante integralização de capital da ordem de R$ 50.000,00 e lucro líquido da ordem de R$ 853.923,00 (soma do lucro do exercício do quadro 05), consideradas todas as receitas e despesas contabilizadas, para um volume de importações da ordem de R$ 30.000.000,00. Os valores referemse a receitas auferidas e despesas incorridas por regime de competência, o que, não necessariamente, corresponde ao fluxo financeiro. Entretanto, para fazer frente aos pagamentos das liquidações de câmbio com recursos próprios seria necessária uma engenharia financeira na qual os recebimentos das vendas fossem utilizados em liquidações de outras aquisições a serem posteriormente revendidas, e isto deveria acontecer em volume de R$ 29.000.000,00 dos R$ 30.000.000, operados no período de 2005 a 2007. Tal engenharia não foi provada pela recorrente que se limitou a alegar que o FUNDAP comprovava a origem dos recursos. Ressaltase que a fiscalização intimou a GEMAX a apresentar o Demonstrativo Sumário das Origens e Aplicações de Recursos referentes aos anos de 2005, 2006 e 2007, de acordo com o modelo do Anexo IC do Ato Declaratório Executivo Coana nº 3/2006, o qual contém um fluxo de caixa sumário. A recorrente apresentou o quadro com informações inconsistentes com a movimentação financeira de caixa e bancos registrada nos livros contábeis, tendo sido consignado em Termo de Constatação e Reintimação, datado de 11/06/2008. Tal demonstrativo foi reintimado em termo datado de 12/08/2008, não tendo sido apresentado pela recorrente, conforme constatado no relatório fiscal. Embora reconheçase que o financiamento proveniente do FUNDAP possa servir como comprovação da origem de recursos para a realização da algumas importações, a recorrente não demonstrou quais importações teriam sido realizadas com tais recursos. Assim, considero que está devidamente provada a incapacidade financeira e econômica da GEMAX para suportar os custos da importação do volume de R$ 30 milhões entre 2005 e 2007. Porém, a acusação fiscal não foi de interposição fraudulenta presumida por incapacidade financeira, mas de interposição fraudulenta com identificação do real adquirente por terem sido os recursos adiantados, nos termos do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Quanto a estes adiantamentos, a recorrente alega que não ocorreram, pois os depósitos foram efetuados após a nacionalização das mercadorias. Por outro lado, a fiscalização acusou que os adiantamentos eram destinados a suportar as liquidações de câmbio e os pagamentos dos tributos devidos na importação. Nestes aspectos, a tabela seguinte Fl. 2291DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 21 20 demonstra os valores de liquidação e datas com os valores recebidos decorrentes das vendas aos clientes: DI Dt. registro Dt liq. câmbio Valor Dt. rec. vendas antec. Valor Nota Fiscal Valor Dt. emissão 06/0032873 10/1/06 1/2/06 35.886 17/1/06 11.000 731 11.898 13/1/06 19/1/06 30.000 732 69.218 13/1/06 20/1/06 3.400 31/1/06 36.040 06/0032942 10/1/06 1/2/06 50.732 31/1/06 50.372 730 80.401 13/1/06 20/1/06 a 15/3/06 demais pagamentos 06/0187726 15/2/06 * * 15/3/06 6.150 883 11.742 16/3/06 06/0187741 15/2/06 * * 15/3/06 5.254 884 11.587 16/3/06 06/0336878 23/3/06 23/5/06 23.004 30/3/06 a 29/5/06 905, 906, 907 11.462, 16.363, 8.531 30/3/06 06/0427585 13/4/06 11/7/06 9.312 20/4/06 a 11/7/06 955 15.801 19/4/06 06/0455785 20/4/06 30/5/06 42.868 26/4/06 a 29/5/06 966 59.289 27/4/06 * sem informação na planilha juntada aos autos. Verificase que, à exceção das DI´s 06/0187726 e 06/0187741, para todas as demais, os valores pagos pela recorrente foram posteriores ao registro da DI e a própria data de emissão das notas fiscais, bem como a liquidação do câmbio ocorreu em data posterior ao registro da DI e da emissão das notas fiscais de vendas, o que afasta a ocorrência de adiantamento de recurso para o custeio das importações. Mesmo em relação às DI´s 06/0187726 e 06/0187741, ainda que os pagamentos tenham ocorrido um dia antes da emissão das notas fiscais, não houve comprovação de que tais pagamentos foram utilizados para liquidar os contratos de câmbio, em razão da ausência das informações sobre as datas e valores referentes à liquidação. Fl. 2292DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 22 21 Embora a liquidação do câmbio tenha sido efetuada com tais recursos, os referidos consistem em recebimento do preço de venda das mercadorias e não antecipações, o que afasta a presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, de modo a caracterizar a DISTRIVIX como real adquirente das mercadorias, nos termos da importação por conta e ordem. Diante do exposto, voto para dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Voto Vencedor MÉRITO Interposição fraudulenta caracterizada É digno de realce que a divergência a seguir delineada prendese à fundamentação meritória quanto à caracterização pela fiscalização de interposição fraudulenta, por entender o i. Relator que pela cronologia dos fatos não estariam demonstrados para as DI elencadas no quadro demonstrativo de seu voto, os adiantamentos de recursos para as operações de importação respectivas, conforme excertos do voto: Verificase que, à exceção das DI´s 06/0187726 e 06/0187741, para todas as demais, os valores pagos pela recorrente foram posteriores ao registro da DI e a própria data de emissão das notas fiscais, bem como a liquidação do câmbio ocorreu em data posterior ao registro da DI e da emissão das notas fiscais de vendas, o que afasta a ocorrência de adiantamento de recurso para o custeio das importações. Mesmo em relação às DI´s 06/0187726 e 06/0187741, ainda que os pagamentos tenham ocorrido um dia antes da emissão das notas fiscais, não houve comprovação de que tais pagamentos foram utilizados para liquidar os contratos de câmbio, em razão da ausência das informações sobre as datas e valores referentes à liquidação. Embora a liquidação do câmbio tenha sido efetuada com tais recursos, os referidos consistem em recebimento do preço de venda das mercadorias e não antecipações, o que afasta a presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, de modo a caracterizar a DISTRIVIX como real adquirente das mercadorias, nos termos da importação por conta e ordem. Discorrendo o voto do i. Relator de forma minudente sobre as modalidades de importação e as consequências fiscais na adoção de cada modelo, bem como estando demonstrado no referido voto que a questão dos autos não se enquadra como importação por encomenda, abordarseá a matéria em debate a partir da fundamentação da fiscalização quanto à situação fática demonstrada: Fl. 2293DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 23 22 No relatório do Auto de Infração, fls.1.070/1.140, consignou a fiscalização: Durante o avançar do referido procedimento fiscal, foram constatados elementos que apontavam para a falta de capacidade econômicofinanceira da GEMAX para promover as operações de comércio exterior por sua própria conta e risco, o que, portanto, reforçava a suspeição inicial da prática de interposição fraudulenta. Logo, como medida preliminar, foi dado início à revisão da sua habilitação para operar em comércio exterior, fundamentada no art. 21, V, da Instrução Normativa SRF n° 650, de 12 de maio de 2006. Ao final da revisão da habilitação, verificouse, dentre outras coisas, que o volume de operações de importação da GEMAX se mostrava incompatível com a sua capacidade econômico financeira evidenciada, agravado principalmente em razão de a empresa não ter demonstrado, quando dela exigido, a origem, a transferência e a disponibilidade dos recursos por ela utilizados naquelas operações, fato que originou a abertura de nova ação fiscal, desta vez para aplicação de procedimentos especiais de fiscalização sobre a empresa, e não mais sobre esta ou aquela importação, de acordo com as determinações da Instrução Normativa SRF n° 228, de 21 de outubro de 2002, abrangendo os anos de 2005,2006 e 2007.(grifei). Ao final da aplicação de procedimentos especiais de fiscalização, restou caracterizada a prática de OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE, MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, infração punível com a PENA DE PERDIMENTO DAS MERCADORIAS, conforme fundamentação legal vista aqui na parte introdutória, referente às operações de importação amparadas pelas Declarações de Importação DIs relacionadas abaixo: Conforme será amplamente demonstrado ao longo do presente Auto de Infração, as importações representadas pelas DIs acima foram registradas como que promovidas por conta e ordem da GEMAX, na modalidade denominada "importação direta", e as mercadorias como que revendidas no mercado interno, como nacionalizadas, à DISTRIVIX, parte que pretendia se manter recôndita. Delineada a fundamentação da fiscalização para o caso em tela, verificarseá a seguir o suporte legal para a espécie. · DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, que assim dispunha à época das importações em causa: Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] Fl. 2294DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 24 23 V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002).(gn). · Lei nº 10.637, de 2002, art. 27: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Como muito bem ressaltado no voto do i. Relator quanto às modalidades de importação, inferese que diante das exigências e modus operandi estabelecidos na legislação quanto à importação indireta, precisamente quanto às disposições do artigo 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, que são elementos essenciais para caracterizar a interposição fraudulenta: i) A identificação de um adquirente oculto; ii) A presença do importador interposto, importador ostensivo, que realiza os trâmites do despacho de importação com se estivesse importando por conta própria; No presente caso demonstrou a fiscalização através das peças instrutórias carreadas aos autos notadamente os documentos de fls. 1.149/1.786 a identificação dos elementos caracterizadores indicados nas alíneas "a" e "b" bem como constatou a falta de capacidade econômica e financeira do importador ostensivo aliada à comprovação do aporte financeiro pelo adquirente oculto ao importador. Notese que o núcleo infracional conforme caracterizou a fiscalização foi a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação cujos elementos que robustecem a conclusão em referência estão assim demonstrados no citado relatório da autuação: Fl. 2295DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 25 24 a) Importações registradas pela 6GEMAX como importadora e adquirente das mercadorias: A GEMAX registrou as Declarações de Importação DI, elencadas no Quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, entre estas, as DI´s nºs 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, em seu nome, tendo declarado tratarse de importações efetuadas por sua "própria conta e ordem", assim entendido aquelas em que a empresa negociou e pactuou a compra internacional, adquiriu as mercadorias no exterior com "recursos próprios" e promoveu o seu despacho aduaneiro de importação; b) Incompatibilidade entre o volume transacionado no comércio exterior e sua capacidade econômico financeira em decorrência das seguintes constatações: após intimação e sucessivas prorrogações de prazo a empresa NÃO cumpriu totalmente as exigências, mais especificamente no que se refere a apresentar os demonstrativos de origem e aplicação de seus recursos b.1) a GEMAX não possuía capacidade econômica e financeira, conforme quadro 04, fl.1.105 para movimentar, por sua própria conta e risco, o volume de cerca de R$ 30 MILHÕES (trinta milhões de reais) em importações, nos anos de 2005, 2006 e 2007, considerando o capital social da ordem de R$ 50.000,00 (aumentados para R$ 400.000,00 no quarto trimestre de 2006, decorrentes de lucros acumulados); Destaca ainda fiscalização: Em meio a esses R$ 30 MILHÕES, pelo menos R$ 1,3 MILHÃO representa o volume de importações da DISTRIVIX, a adquirente, para a qual a GEMAX simulou ter importado mercadorias com recursos próprios. Mais uma vez, isso só foi possível porque a GEMAX utilizava integralmente os recursos fornecidos pela DISTRIVIX, em forma de ADIANTAMENTOS, para efetuar os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, recolher os tributos incidentes sobre as importações de mercadorias e arcar com os demais custos para nacionalização das mercadorias adquiridas. Dessa forma, acobertou as operações que eram realizadas por conta e ordem da DISTRIVIX, a real interessada na aquisição das mercadorias importadas, quem, na verdade, assumiu todos os custos e riscos da operação e, com base nesse artifício, acabava se esquivando de obrigações tributárias principais e acessórias. b.2) aumento de capital social por reavaliação de bens, adquiridos por R$ 45 mil e reavaliados para R$ 2,774 milhões, em datas próximas, não havendo qualquer aumento de disponibilidade financeira; 6 As mercadorias tiveram como importador a GEMAX, empresa com estabelecimento matriz no Espírito Santo, que opera no sistema FUNDAP pelo qual o Governo do Estado do Espírito Santo concede benefícios fiscais (diferimento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS) e financeiros (empréstimo subsidiado) àquelas empresas que ali se estabelecem e processam seus despachos aduaneiros (as chamadas "fundapeanas" Fl. 2296DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 26 25 b.3) os resultados oriundos do giro dos negócios da empresa, o lucro líquido auferido e registrado contabilmente pela GEMAX, ao longo dos anos de nos anos de 2005, 2006 e 2007, em torno de R$ 980 mil (novecentos e oitenta mil reais), afigurase ínfimo e desproporcional entre sua capacidade econômica e financeira evidenciada e o montante das operações que efetuou em importações no mesmo período, sendo insuficiente para explicar a origem dos recursos aplicados em suas importações; b.4) Inexistência de quaisquer empréstimos e financiamentos tomadas de terceiros, conforme ratificado pela Recorrente, fl.1.148, item 11 da resposta à intimação, exceto as operações do FUNDAP em valores insuficientes, e em datas discrepantes aos das operações de importação; b.5) ausência da margem de lucro no preço de "venda" dos produtos ao cliente em decorrência do 7FUNDAP, uma vez que a empresa GEMAX repassava as mercadorias para a DISTRIVIX por um preço que equivale unicamente ao custo total de cada operação de importação. Vale ressaltar que sobre a ausência de margem de lucro, destaca a decisão de piso: Nele a impugnante praticamente reconhece que não é a real adquirente dos produtos importados visto que repassa os produtos adquiridos sem qualquer margem de lucro (situação inusitada para uma empresa que teoricamente realiza importações diretas para revenda ao mercado nacional). Além disso, a impugnante apresenta a quebra da cadeia do IPI (“menor alavancagem do IPI”) como uma “vantagem” a ser oferecida a seus clientes. Ora, essa “vantagem” não passa de uma prática fraudulenta na medida que reduz os tributos devidos na operação pela simulação de uma importação direta que de fato não ocorre. A análise da planilha de fl. 1124 reflete claramente essa situação com a constante apuração de prejuízo operacional pela impugnante GEMAX. Pontuados os elementos acima destacados, inferese da análise do Relatório Fiscal e das peças instrutórias carreadas aos autos pela fiscalização, documentos de fls. 1.149/1.786, referenciadas no corpo do relatório, que a autoridade lançadora de forma minudente, contextualizou os fatos envolvidos na presente autuação à luz da legislação de regência e demonstrou através de um conjunto probatório convergente e verossímil a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, em todas as DIs 7 Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias benefício concedido às empresas de comércio exterior que estabelecem seu domicílio fiscal no Estado do Espírito Santo (ainda que a "matriz" no ES tenha 02 empregados e a "filial", no Rio de Janeiro, por exemplo, mais de 100) e que são autorizadas pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo BANDES a operar no sistema, dentro de certos limites operacionais. Essas empresas, denominadas "fundapeanas", obtêm, para os despachos de importação que promovem dentro do estado, diferimento (postergação do prazo) no pagamento do ICMS incidente nas importações e financiamento de longo prazo concedido pelo BANDES, no valor de cerca de 70% (setenta por cento) do ICMS recolhido, com juros fixos de 1% a.a. (um por cento ao ano), carência de 5 (cinco) anos e mais 20 (vinte) anos de prazo para sua amortização, com opção de recompra da dívida, em leilões realizados periodicamente por aquele banco, nos quais os contratos são liquidados por cerca de até 10% a 15% do saldo devedor. Fl. 2297DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 27 26 elencadas no Quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1072/1074, inclusive em relação às DI´s 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, objeto da presente fundamentação meritória. Da Natureza da Operação Da identificação das situações acima destacadas nas alíneas "a" e "b", colhidas do Relatório Fiscal, no qual estão referenciados os documentos de fls. 1.149/1.786, constatase que a movimentação do expressivo volume de cerca de R$ 30 Milhões (trinta milhões de reais) em importações, nos anos de 2005, 2006 e 2007, incluídas as operações de importação objeto do Auto de Infração que ora se examina, associada à comprovada inexistência de capacidade financeira e econômica da GEMAX para fazer face ao volume de importações por ela transacionado como acima ressaltado, inclusive pela constatada ausência de empréstimos e financiamentos, somente foi possível pelo aporte de recursos efetuados pelos reais interessados na aquisição das mercadorias importadas pela GEMAX, as empresas reais adquirentes, dentre as quais a DISTRIVIX, denominados de adiantamentos pela própria empresa GEMAX em sua contabilidade, modus operandi revelador do negócio efetivamente pactuado entre a importadora GEMAX e a empresa DISTRIVIX. Com efeito, da análise do fluxo do aporte de recursos efetuada pela fiscalização através dos documentos de fls. 1.176/1.317, com relação a cada declaração de importação, cuja relação comercial entre a importadora GEMAX e a real adquirente DISTRIVIX foi exemplificada pela fiscalização através da DI n° 05/05384315, constante do Quadro 01 do Relatório Fiscal, podese constatar que os pagamentos, via de regra ocorriam antes do fechamento do câmbio e que os valores recebidos se aproximavam dos custos da importação considerando o fechamento do câmbio e os tributos pagos. Notese que a demonstração pela contabilidade da empresa GEMAX da utilização de recursos de terceiro nas operações de comércio exterior referentes às DI discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, notadamente as DIs registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, objeto da presente análise meritória, demonstra não apenas a insuficiência da capacidade econômica e financeira da empresa GEMAX, mas sobretudo a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas, a empresa DISTRIVIX, uma vez que a empresa GEMAX em todas as DIs já referidas constou como importadora e adquirente ostensiva das mercadorias importadas. Destaca a fiscalização: "..., a formatação adotada para as operações em análise, apresentadas como "importação direta" da GEMAX, não corresponde à natureza de seus negócios e tampouco à verdadeira intenção negocial, pois, dos elementos probatórios coligidos no curso do procedimento especial de fiscalização, apurouse que a adquirente das mercadorias é a DISTRIVIX."(grifo do original). Destaca ainda a fiscalização sobre o aporte de recursos promovido pela empresa DISTRIVIX: Desta forma, certamente não tinha problemas em honrar compromissos financeiros (contratos de câmbio liquidados Fl. 2298DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 28 27 antecipadamente, impostos pagos no ato do registro da DI etc), configurando uma simples questão de "fluxo de caixa" para ela, pois os valores eram prontamente adiantados (ou, em alguns casos, prontamente retornados) pelos reais adquirentes. Esse mecanismo é tão evidente que a própria escrituração contábil da GEMAX não deixa dúvidas quanto à existência do esquema de ADIANTAMENTOS, pois assim denomina os recursos recebidos da DISTRIVIX, conforme registros efetuados em seus livros Diário e Razão Contábil, chegando as correspondentes movimentações das mercadorias estrangeiras em seus estoques a serem escrituradas em conta contábil denominada "Mercadoria p/ Cta. e Ordem". No caso em apreço das DIs em exame, a título exemplificativo verificase a escrituração no Razão Analítico, fl.1485, dos adiantamentos recebidos em relação à DI 06/0336878, demonstrando assim a procedência das constatações da fiscalização haja vista que fica evidente o recebimento de recursos da empresa DISTRIVIX antes do fechamento do câmbio. Cabe destacar sobre a matéria, excertos da decisão de piso: A análise permite concluir que os pagamentos ocorriam em geral imediatamente antes ou em data próxima do fechamento do câmbio e do registro da DI e do respectivo pagamento dos tributos. Observando o fluxo descrito nas fls. 1224 a 1227 e fls. 1113 a 1114, verificamos ainda que os recebimentos se aproximam dos custos da importação considerando o fechamento do câmbio e os tributos pagos (considerando também o ICMS). Não há margem de lucro. Esse comportamento se repete de forma sistemática nas demais importações analisadas nas fls. 1176 a 1261. [...] Também inaceitável a alegação de que os pagamentos antecipados pela DISTRIVIX COMERCIO E EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA eram sinal ou arras. Analisando essas antecipações (fls. 1176 a 1261) verificase que não raro elas coincidem exatamente com as datas e valores específicos para fechamento de câmbio e pagamento dos tributos no registro da DI. Essa não é a natureza do sinal ou arras que serve como garantia para o vendedor em relação ao cumprimento da obrigação de compra por parte do cliente. Assim, em geral, o vendedor estabelece um porcentual determinado para indenizarse no caso de desfazimento do negócio. Não é esse o caso que se emoldura neste processo no qual o valor do “sinal” equivale muitas vezes ao próprio custo de importação do bem. Assim, pelas provas acima cotejadas constatase que os recursos provieram da empresa DISTRIVIX, em antecipação ao câmbio como acerto de contas do negócio pactuado e não como pagamento resultado de uma compra e venda mercantil. Fl. 2299DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 29 28 Observese que de acordo com os contornos legais que regem a espécie dos autos, ainda que a GEMAX possuísse capacidade financeira e econômica compatível com o volume de importações no período, seria necessário que ela fosse a real adquirente das mercadorias, uma vez que registrou informações nas DIs respectivas como se fosse importação por conta própria, ou seja como se de fato promovesse a importação das mercadorias com seus próprios recursos, hipótese que não se configurou diante das provas colhidas pela fiscalização. Notese ainda que na dicção do artigo 27 da Lei nº 10.637, de 2002 a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro torna presumida a operação por conta e ordem, aplicandose ao caso o disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Nesse sentido, prevê a Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002: Art. 13. A prestação de informação ou a apresentação de documentos que não traduzam a realidade das operações comerciais ou dos verdadeiros vínculos das pessoas com a empresa caracteriza simulação e falsidade ideológica ou material dos documentos de instrução das declarações aduaneiras, sujeitando os responsáveis às sanções penais cabíveis, nos termos do Código Penal (Decreto lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) ou da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, além da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, nos termos do art. 105 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966.(grifei). Do cotejo dos dispositivos normativos já referenciados na presente fundamentação, notadamente o art. 23, inciso V, §§ 1o e 3o, do DecretoLei n° 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002 c/c o art. 27 da Lei nº 10.637, de 2002 e artigo 13 da IN SRF nº 228 de 21/10/2002, com a análise fática das operações de importação de que trata o presente voto, verificase que efetivamente o importador, empresa GEMAX, prestou informações na Declaração de Importação, documento base do despacho aduaneiro (art. 491 do Regulamento Aduaneiro/2002), que não correspondem à realidade dos fatos, visto que pela análise probatória ficou sobejamente demonstrado que o importador de fato, ou adquirente da mercadoria, aquele que efetivamente promoveu a operação de importação estava oculto na operação de importação respectiva, ficando assim caracterizada a interposição fraudulenta nas respectivas operações, visto que a GEMAX, além de importadora, uma vez que promoveu o despacho de importação, serviu de INTERPOSTA PESSOA ao verdadeiro responsável pela operação, a empresa DISTRIVIX, já que era a adquirente ostensiva nas DIs registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073. Os fatos assim demonstrados à luz da legislação de regência, configuram a ocorrência de fraude ou simulação uma vez que a operação de importação foi formal e ostensivamente declarada ao Fisco como sendo por conta própria, mas efetivamente foi realizada mediante interposição de uma pessoa jurídica, que promoveu a importação por conta e ordem de terceiro, com ocultação do verdadeiro adquirente. Em síntese, como bem destacou a fiscalização [Assim, no âmbito da terceirização das atividades de importação, a GEMAX está, de fato, agindo por conta e ordem da DISTRIVIX, sua cliente, a adquirente que contratou seus serviços.] Fl. 2300DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 30 29 Trazendose à colação as lições de 8De Plácido e Silva, entendese por simulação, uma declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. As partes criam um negócio com finalidade de encobrir outro negócio jurídico que produzirá efeitos proibidos na lei. Delineado o suporte fático dos autos, estando escorreitamente distinguido pelo i. Relator e pelo Relatório Fiscal as diferentes modalidades de importação e a legislação de regência, resumirseá a seguir os principais efeitos fiscais de uma operação por conta e ordem efetuada de forma regular: a) para que uma operação de importação por conta e ordem de terceiros seja realizada de forma regular, é necessário inicialmente que tanto a empresa ADQUIRENTE quanto a empresa IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM sejam HABILITADAS PARA OPERAR EM COMÉRCIO EXTERIOR junto à RFB; b) o fato de a IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM, na qualidade de mandatária da ADQUIRENTE, registrar a DI em seu nome, efetuar os pagamentos ao fornecedor estrangeiro e recolher os tributos incidentes sobre a importação de mercadorias (II, IPI, PIS/PASEP, COFINS e Cide), com os recursos fornecidos pela ADQUIRENTE, quer seja em forma de adiantamento, quer seja por acerto de contas, não caracteriza que a operação ocorreu por sua conta própria, mas, sim, por conta e ordem da ADQUIRENTE, a mandante da operação de importação, que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, e de quem se originam os recursos financeiros; c) a ADQUIRENTE tornase responsável solidária pelo recolhimento dos tributos, por previsão expressa de lei; d) a IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM deve registrar em sua escrituração contábil tanto as entradas das mercadorias importadas como os recursos financeiros recebidos da ADQUIRENTE (para fazer face às despesas com a importação ou, até mesmo, pagamentos efetuados aos fornecedores estrangeiros), observandose que esses lançamentos contábeis não devem e não podem ser computados como seus bens, direitos ou receitas, porque, diferentemente, são bens e direitos do ADQUIRENTE dessas mercadorias; e) a receita bruta da IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM corresponde ao valor dos serviços por ela prestados e, portanto, ela não pode descontar eventuais créditos gerados elo recolhimento das Contribuições para o PIS/PASEP, da COFINS e do IPI, por ocasião da importação realizada, uma vez que não caracteriza operação de compra e venda a emissão de nota fiscal de saída das mercadorias importadas do estabelecimento da IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM para o da ADQUIRENTE; f) a ADQUIRENTE fica equiparada a estabelecimento industrial e, portanto, passa a ser contribuinte do IPI incidente sobre a venda interna das mercadorias importadas, podendo aproveitar o crédito de IPI originário da operação de importação; 8 De Plácido e Silva, em Vocabulário Jurídico, 11ª ed. Rio de Janeiro, Forense, 1991, pág.235 [..] Simulação no sentido jurídico, sem fugir ao sentido normal, é o ato jurídico aparentado enganosamente ou com fingimento, para esconder a real intenção ou para subversão da verdade. Na simulação, pois, visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuízo de terceiros. Fl. 2301DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 31 30 g) Quanto às Contribuições para o PIS/PASEP e à COFINS, a ADQUIRENTE deve aplicar, à sua receita bruta, as mesmas normas de incidência dessas contribuições aplicáveis à receita decorrente da venda de mercadorias de sua importação própria, podendo também aproveitar os créditos dessas contribuições, originários da operação da importação, para utilizar na determinação dessas mesmas contribuições incidentes sobre o seu faturamento mensal. Consequências do Modus Operandi Restando demonstrado que a empresa GEMAX, apesar de importadora configurouse como INTERPOSTA PESSOA ao verdadeiro responsável pela operação, a empresa DISTRIVIX, já que era a importadora e adquirente ostensiva em todas as DI discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, elencamse a seguir as constatações da fiscalização decorrentes desse modus operandi: a) Como era de se esperar de casos como este, consulta ao Sistema RADAR (ambiente para registro e rastreamento da atuação dos intervenientes aduaneiros) revelou que a real adquirente DISTRIVIX, até 25/11/2010 (data da lavratura do auto de infração e posterior à totalidade das importações em questão), NÃO POSSUÍA HABILITAÇÃO nos sistemas da RFB para atuar em comércio exterior; b) a relação negocial entre a GEMAX e a DISTRIVIX não tem a natureza de COMPRA E VENDA MERCANTIL, mas de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO, tratandose de uma TERCEIRIZAÇÃO, por parte da DISTRIVIX, de suas atividades de importação de mercadorias produzidas no exterior, por meio da qual eram transferidos a GEMAX a execução e gerenciamento de todos os aspectos operacionais, logísticos, burocráticos, financeiros e tributários de suas compras de mercadorias no exterior, para que pudesse se concentrar apenas no seu negócio principal; c) a GEMAX como prestadora de serviços de comércio exterior, oferecia em seu site as seguintes vantagens a seus clientes (reais adquirentes das mercadoria): Custo Operacional Reduzido Toda a estrutura especializada e desenvolvida pela Gemax, que será utilizada por V.Sas., não agregará custos aos produtos estando incidido sobre as importações somente as despesas geradas pela mesma, sem qualquer margem de lucro. Ausência da Margem de Lucro A Gemax faturará as mercadorias pelo seu valor de custo, sem agregar qualquer margem de lucro. Esta medida, propicia a redução da carga tributária a um menor preço de venda e competitividade do produto no mercado. ICMS Interestadual O recolhimento do ICMS será na saída das mercadorias, ou seja, sobre o valor total da Nota Fiscal. Sabendose que a alíquota de ICMS destacada será a interestadual, sendo 33,33% menor que a alíquota interna do estado de São Paulo. Teremos assim a menor alavancagem dos impostos subsequentes, como a redução do recolhimento dos impostos incidentes no faturamento (PIS, COFINS, ICMS). Fl. 2302DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 32 31 Menor Alavancagem do IPI Através do regulamento do IPI, fica definido que o estabelecimento importador será equiparado a indústria, sendo responsável único pelo recolhimento do valor total do IPI. Desta forma, o recolhimento do valor total do IPI será feito pela Gemax, incidindo apenas sobre o valor de custo da mercadoria e não sobre o preço de venda ao consumidor final, reduzindo assim o IPI total a ser recolhido. d) Pesquisa nos sistemas de arrecadação da RFB corrobora o êxito do modus operandi praticado pelas autuadas, haja vista a empresa DISTRIVIX, verdadeira adquirente das mercadorias importadas, NÃO VIR RECOLHENDO qualquer valor relativo ao IPI. Cabe pontuar excertos da decisão de piso sobre a natureza das operações demonstradas nos presentes autos: Dessa forma, tendo sido oportunizada à empresa a possibilidade de comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos utilizados em suas operações de comércio exterior, não logrou apresentar documentação que suportasse esse volume de importações. [...] A alegação de que os recursos financeiros transferidos pela DISTRIVIX à GEMAX eram relativos a negociações anteriores também não encontra respaldo nos controles contábeis da empresa GEMAX. Nas planilhas de fls. 1176 a 1261 estão expostas as relações de cada depósito com a respectiva operação de importação (apropriações). Essa vinculação encontrase explicitada nos controles contábeis da empresa GEMAX. Além disso a impugnante apresenta seu argumento sem qualquer indicação de quais negócios anteriores estariam relacionados com os pagamentos. Logo, inaceitável essa linha de argumentação. Também se afasta a argumentação de que desconhecia a capacidade financeira da empresa GEMAX. O simples fato de DISTRIVIX ter que fornecer os recursos para cada importação registrada em nome de GEMAX já demonstra que esta tinha absoluta ciência da falta de capacidade financeira daquela. Também sem sentido a alegação de que a fraude ainda deva ser provada no caso concreto. Primeiramente porque a fraude foi de fato provada no caso concreto. Grassam provas no auto de infração para essa tipificação. Além disso, a falta de capacidade financeira própria da empresa GEMAX gera a presunção legal da prática da interposição fraudulenta na importação do art. 23, V, § 2º do Decretolei nº 1.455/76, citado neste voto.(grifei). Da caracterização da responsabilidade A solidariedade está assentada na seguinte base legal: Fl. 2303DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 33 32 Código Tributário Nacional CTN: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Observese que com a ordem jurídica inaugurada pela Constituição de 1988, por força do artigo 237 verificase que a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior sob a competência do Ministério da Fazenda têm sido objeto de regramento específico, sobressaindose no ordenamento jurídico pátrio um arcabouço normativo destinado a disciplinar as operações de comércio exterior que pela natureza eminentemente regulatória, situase além do disciplinamento no âmbito do Direito Tributário para alcançar sobretudo o controle das operações de comércio exterior em seu aspecto multidisciplinar merecendo destaque a legislação aduaneira que trata das infrações aduaneiras e das penalidades a elas aplicáveis, no âmbito do controle aduaneiro. Com efeito, a lei aduaneira definiu as relações entre os coobrigados no caso de infrações conforme a seguir indicado: DecretoLei nº 37, de 1966: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...] a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001).(grifei). Verificase que o instituto da solidariedade não está afeto apenas à co responsabilidade quanto ao pagamento do tributo mas também com relação ao vínculo obrigacional entre os coobrigados responsáveis pela prestação pecuniária decorrente do cometimento de infrações, conforme definido em lei como acima exposto. Da multa por cessão de nome Fl. 2304DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 34 33 A recorrente protesta pela aplicação da multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007 e não a multa de 100% do valor aduaneiro resultante da conversão da pena de perdimento. Quanto às alegações da empresa GEMAX, resta esclarecer que a Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, introduziu a previsão de infração de prática de cessão de nome a terceiro, com penalidade pecuniária incidente diretamente sobre o agente da ação, ou seja, sobre aquele que fornece seu nome para acobertar operação de comércio exterior que, na realidade, tenha sido promovida por outra pessoa, física ou jurídica. Sobre essa matéria há precedentes nesse E. Conselho, conforme Acórdão nº 3102002.195, cujos fundamentos adoto como razão de decidir com fulcro no § 1º do art. 50 da Lei no 9.784/19999: Já quanto à possibilidade de aplicação do instituto da retroação benigna por força da multa instituída posteriormente pela Lei nº 11.488/2007, apresento, a seguir, as considerações que considero apropriadas. A multa de dez por cento do valor da operação, aplicável à pessoa jurídica que cede o nome não revogou a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias aplicada nos casos de infração por interposição fraudulenta. A Orientação Coana/Cofia/Difia s/n, datada de 11 de julho de 2007, que trata da aplicação de multa na cessão de nome a terceiro, em operações de comércio exterior, chega à seguinte conclusão. Em resumo, concluise que se aplicam as seguintes disposições legais, às hipóteses abaixo enumeradas: Interposição fraudulenta presumida pela não comprovação da origem dos recursos: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Proposição de inaptidão da inscrição do CNPJ da pessoa jurídica (art. 81, § 1º, da Lei nº 9.430/96, e art. 41, caput e parágrafo único, da IN RFB nº 748/2007); Interposição fraudulenta comprovada, seja pela identificação da origem do recurso de terceiro, seja pela constatação da ocultação por outros meios de prova: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Multa de 10% do valor da operação acobertada, aplicada sobre o importador, conforme dispõe o art. 33 da Lei nº 11.488/2007. 9 § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 2305DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 35 34 De fato, não tenho qualquer dúvida de que jamais a intenção do legislador foi no sentido cominar penalidade mais branda nos casos de interposição fraudulenta de pessoas. Basta observar que em nenhum momento se disse que a multa decorrente da conversão da pena de perdimento, especificamente nos casos de interposição fraudulenta, deixaria de ser equivalente ao valor aduaneiro e passaria a ser de dez por cento do valor da operação. Seria de se perguntar por que razão o legislador teria destacado uma das ocorrências tipificadas como dano ao Erário, que sujeitam a mercadoria à pena de perdimento, para, em circunstâncias nas quais a mercadoria não pudesse ser apreendida, o perdimento fosse convertido não em valor compensatório, mas em inexpressivos dez por cento deste. Creio que, fosse essa a ideia, a primeira medida deveria ter sido no sentido de determinar a exclusão da infração do rol de situações compreendidas no conceito de dano ao Erário, já que a este deve ser necessariamente associado penalidade gravíssima de perdimento das mercadorias, ou, alternativamente, de multa no valor desta. Além do mais, as disposições legais a respeito são claras ao indicar, como consequência da aplicação da multa de dez por cento, a exclusão da hipótese de declaração de inaptidão, a teor do parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 11.488/07. Dito dispositivo esclarece que, à hipótese prevista no caput (aplicação da multa de dez por cento pela cessão do nome) não se aplica o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (declaração de inaptidão). Também não creio que se esteja negligenciando o princípio que protege o apenado da aplicação de mais de uma penalidade à mesma conduta. Primeiro, devemos lembrar que é grande a quantidade de situações para as quais há previsão legal de aplicação de mais do que uma penalidade em vista de uma mesma ocorrência, bastando que as infrações decorrentes sejam de natureza distinta. Vejase o caso do erro de classificação. Ele sujeita o infrator à multa de um por cento do valor da operação, multa de setenta e cinco por cento da diferença de tributos e, muitas vezes, multa de trinta por cento do valor das mercadorias. E nem se fale dos casos de subfaturamento na importação. Segundo, é preciso compreender que, desde o começo, todas as disposições legais foram sendo concebidas à luz da interpretação jurídica dada às ocorrências identificadas no mundo real, a partir do que forjaramse instrumentos capazes de alcançar todas as pessoas envolvidas. Um dos pontos de partida deste empreendimento foi a interpretação de lavra da Procuradoria da Fazenda Nacional – Parecer PGFN CAT 1.316/01, por meio da qual ficou assentado que o contribuinte do imposto é sempre a pessoa cujo nome consta no conhecimento de carga, independentemente de quem estiver efetivamente interessado na aquisição das mercadorias Fl. 2306DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 36 35 ou fizer as negociações prévias. Como consequência, as autuações obrigatoriamente passaram a indicar como contribuinte do Imposto a pessoa informada nas declarações de importação como sendo o importador das mercadorias, restando incluir o adquirente no mercado interno como solidário na operação. Por isso, ao aplicar a multa compensatória nos casos de mercadorias sujeitas à pena de perdimento, forçosamente identificase como contribuinte a pessoa que registrou a declaração de importação, embora pretendase apenar o verdadeiro proprietário destas mercadorias, que figura como responsável solidário. Finalmente, cumpre destacar que o assunto está hoje claramente regulamentado no Regulamento Aduaneiro em vigor – Decreto 6.759/09. Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei no 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas. Assim, não se trata de abrandamento de uma penalidade para determinada infração, mas a introdução da aplicação de uma penalidade pecuniária diretamente sobre o agente da ação, não cabendo no caso, a retroatividade benigna aventada pela empresa GEMAX. Conclusão Assim, diante dos fatos acima analisados, restou demonstrado que a GEMAX submeteu a despacho aduaneiro as Declarações de Importação nºs 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, declarandose como adquirente das mercadorias, quando o efetivo adquirente, responsável pelo aporte de recursos financeiros foi a DISTRIVIX. Essas empresas, promoveram importações mediante INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, dissimulando o negócio jurídico verdadeiramente ocorrido, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, sendo substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadorias visto que estas foram consumidas, conforme ratifica a fiscalização. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário da GEMAX, com relação às DI´s nºs 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, restando assim mantida a exigência quanto à empresa GEMAX e responsável solidário empresa DISTRIVIX, visto que restou demonstrado nos autos a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, infração punível com a Fl. 2307DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 37 36 pena de perdimento das mercadorias, sendo substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias uma vez que foram consumidas. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Fl. 2308DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
score : 1.0
Numero do processo: 10715.000184/2010-95
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA.
Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito.
Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201604
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10715.000184/2010-95
anomes_publicacao_s : 201605
conteudo_id_s : 5591909
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 24 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-003.742
nome_arquivo_s : Decisao_10715000184201095.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 10715000184201095_5591909.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
id : 6386211
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:48:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417641431040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2414; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 247 1 246 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10715.000184/201095 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303003.742 – 3ª Turma Sessão de 26 de abril de 2016 Matéria Denuncia espontânea multa por atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado UNITED AIR LINES INC ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/03/2006 a 31/03/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 01 84 /2 01 0- 95 Fl. 247DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 248 2 advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente HENRIQUE PINHEIRO TORRES Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801005.351, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa acima citada. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida e o sujeito passivo apresentou Contrarrazões. É o relatório, em síntese. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 249 3 Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.553, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.000019/201033 , paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.553): "O recurso é tempestivo e, como será demonstrado linhas abaixo, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser conhecido. De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma nº 3802001.128, de 28/06/2012, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, são as mesmas, a saber: a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Mais uma vez, ressaltese que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Frisese que, tanto no paradigma quanto no recorrido, enfrentouse a aplicação da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras relativas ao descumprimento do Fl. 249DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 250 4 prazo estabelecido para prestar as informações, a que alude o dispositivo legal acima transcrito, sendo que, no paradigma, afastouse a possibilidade de aplicação da denúncia espontânea a esse tipo de infração. Para tanto, o Colegiado buscou arrimo no Código Tributário Nacional, desprezando, completamente, em seus fundamentos, a novel legislação. Já no acórdão recorrido, tanto o CTN quanto a nova redação do § 2º do art. 102 do Decreto Lei 37/1966 foram utilizados para arrazoar a decisão que aplicou a denúncia espontânea à infração aqui sob exame. Todavia, o fato de o paradigma não ter consignado, em seus fundamentos, a alteração do § 2º do DL 37/66, ocorrida em 2010, não impede a configuração do dissenso, pois não são os fundamentos adotados pelo colegiado que configuram a divergência. No caso, diante de uma mesma penalidade e de julgamentos com resultados opostos (do recorrido e do paradigma), ambos realizados na vigência dos mesmos dispositivos legais, entendo presentes os requisitos necessários à comprovação da divergência jurisprudencial. Atendidos, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 251 5 O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 251DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 252 6 e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 252DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 253 7 infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá Fl. 253DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 254 8 mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.000184/201095 Acórdão n.º 9303003.742 CSRFT3 Fl. 255 9 [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 255DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000526/2006-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 23 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004
PERDA NA ALIENAÇÃO DE ESTOQUES.
Se a alienação se dá entre pessoas ligadas, a dedução da perda está condicionada a que o valor de alienação não seja notoriamente inferior ao de mercado. Se o contribuinte forneceu à administração tributária elementos para aferir que as mercadorias não tinham valor, por estarem com prazo de validade vencido, e se a fiscalização admite que o estoque transferido é composto, em boa parte, de medicamentos que já se encontravam com o prazo de validade vencido por ocasião da alienação, descabe glosar integralmente a perda sem apontar quais as mercadorias não teriam perdido o valor.
APURAÇÃO ANUAL. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE PAGAMENTO DAS ESTIMATIVAS. PREJUÍZO FISCAL AO FINAL DO PERÍODO. MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA.
Aos contribuintes que, tendo optado pela apuração anual do tributo, deixam de recolher as antecipações devidas com base em balanços/balancetes por ele próprio levantados, impõe-se a aplicação de multas exigidas isoladamente sobre as parcelas não pagas, ainda que ao final do período anual o contribuinte tenha vindo a apurar prejuízo fiscal.
Numero da decisão: 1301-000.501
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a glosa de Exclusão Indevida (com aumento do prejuízo fiscal) relativa ao fato gerador de
31/12/2003 para R$ 895.929,31 (R$ 5.651.750,61R$
4.755.821.30), e adequar a essa decisão a glosa de prejuízos fiscais compensados indevidamente quanto ao fato gerador de 31/12/2004. Por voto de qualidade, manter a multa isolada sobre diferença de tributo devido a título de estimativa, que deve incidir sobre a exigência remanescente após a redução da glosa. Vencidos nesse ponto os Conselheiros Valmir Sandri (Relator), Ricardo Luiz Leal de Melo e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Designado o Conselheiro Waldir Veiga Rocha para redigir o voto
vencedor.
Nome do relator: Valmir Sandri
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201102
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004 PERDA NA ALIENAÇÃO DE ESTOQUES. Se a alienação se dá entre pessoas ligadas, a dedução da perda está condicionada a que o valor de alienação não seja notoriamente inferior ao de mercado. Se o contribuinte forneceu à administração tributária elementos para aferir que as mercadorias não tinham valor, por estarem com prazo de validade vencido, e se a fiscalização admite que o estoque transferido é composto, em boa parte, de medicamentos que já se encontravam com o prazo de validade vencido por ocasião da alienação, descabe glosar integralmente a perda sem apontar quais as mercadorias não teriam perdido o valor. APURAÇÃO ANUAL. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE PAGAMENTO DAS ESTIMATIVAS. PREJUÍZO FISCAL AO FINAL DO PERÍODO. MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA. Aos contribuintes que, tendo optado pela apuração anual do tributo, deixam de recolher as antecipações devidas com base em balanços/balancetes por ele próprio levantados, impõe-se a aplicação de multas exigidas isoladamente sobre as parcelas não pagas, ainda que ao final do período anual o contribuinte tenha vindo a apurar prejuízo fiscal.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
numero_processo_s : 19515.000526/2006-11
conteudo_id_s : 5588572
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1301-000.501
nome_arquivo_s : Decisao_19515000526200611.pdf
nome_relator_s : Valmir Sandri
nome_arquivo_pdf_s : 19515000526200611_5588572.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a glosa de Exclusão Indevida (com aumento do prejuízo fiscal) relativa ao fato gerador de 31/12/2003 para R$ 895.929,31 (R$ 5.651.750,61R$ 4.755.821.30), e adequar a essa decisão a glosa de prejuízos fiscais compensados indevidamente quanto ao fato gerador de 31/12/2004. Por voto de qualidade, manter a multa isolada sobre diferença de tributo devido a título de estimativa, que deve incidir sobre a exigência remanescente após a redução da glosa. Vencidos nesse ponto os Conselheiros Valmir Sandri (Relator), Ricardo Luiz Leal de Melo e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Designado o Conselheiro Waldir Veiga Rocha para redigir o voto vencedor.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 23 00:00:00 UTC 2011
id : 6374355
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:48:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417807106048
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2458; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 1.070 1 1.069 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.000526/200611 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 130100.501 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de fevereiro de 2011 Matéria IRPJ Recorrentes PRODUTOS ROCHE QUÍMICOS E FARMACÊUTICOS S.A. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004 PERDA NA ALIENAÇÃO DE ESTOQUES. Se a alienação se dá entre pessoas ligadas, a dedução da perda está condicionada a que o valor de alienação não seja notoriamente inferior ao de mercado. Se o contribuinte forneceu à administração tributária elementos para aferir que as mercadorias não tinham valor, por estarem com prazo de validade vencido, e se a fiscalização admite que o estoque transferido é composto, em boa parte, de medicamentos que já se encontravam com o prazo de validade vencido por ocasião da alienação, descabe glosar integralmente a perda sem apontar quais as mercadorias não teriam perdido o valor. APURAÇÃO ANUAL. FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE PAGAMENTO DAS ESTIMATIVAS. PREJUÍZO FISCAL AO FINAL DO PERÍODO. MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA. Aos contribuintes que, tendo optado pela apuração anual do tributo, deixam de recolher as antecipações devidas com base em balanços/balancetes por ele próprio levantados, impõese a aplicação de multas exigidas isoladamente sobre as parcelas não pagas, ainda que ao final do período anual o contribuinte tenha vindo a apurar prejuízo fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a glosa de Exclusão Indevida (com aumento do prejuízo fiscal) relativa ao fato gerador de 31/12/2003 para R$ 895.929,31 (R$ 5.651.750,61 R$ 4.755.821.30), e adequar a essa decisão a glosa de prejuízos fiscais compensados indevidamente quanto ao fato gerador de 31/12/2004. Por voto de qualidade, manter a multa isolada sobre diferença de tributo devido a título de Fl. 1DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.071 2 estimativa, que deve incidir sobre a exigência remanescente após a redução da glosa. Vencidos nesse ponto os Conselheiros Valmir Sandri (Relator), Ricardo Luiz Leal de Melo e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Designado o Conselheiro Waldir Veiga Rocha para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Valmir Sandri Relator (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Redator Designado Participaram do julgamento os Conselheiros: Leonardo de Andrade Couto, Waldir Veiga Rocha, Valmir Sandri, Paulo Jakson da Silva Lucas, Ricardo Luiz Leal de Melo e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Relatório O litígio posto a julgamento estabeleceuse em torno de auto de infração lavrado contra o contribuinte Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos Ltda., relativo ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) dos anoscalendário de 2003 e 2004. A investigação fiscal foi direcionada à verificação da regularidade dos procedimentos contábeis e fiscais relacionados à constituição e baixa da Provisão para Obsoletismo, em razão de requerimento da empresa para autorização de sua destruição. A sociedade empresária constituía regularmente Provisão para Obsoletismo de estoques, a débito de despesas (indedutível), cujo valor era adicionado no LALUR. Ao final de cada período, o valor do saldo da provisão era revertida (excluído no LALUR) e constituída nova provisão do período corrente (adicionada no LALUR). Quando os produtos eram destruídos, com autorização da Receita Federal, davase a exclusão relativa à perda. O saldo dessa provisão em 31/12/2002, no valor de R$ 5.946.193,38, foi, conforme sistemática usual, excluído na apuração do lucro real de 31/12/2002. Em 10/01/2003 e 15/01/2003, a Produtos Roche, em integralização de capital, transferiu para a Roche Diagnóstica R$ 5.651.750,61 da Provisão para Obsoletismo (juntamente com os estoques a ela referentes). Constatou a fiscalização que, embora a provisão tivesse sido transferida à coligada, a Produtos Roche continuou a excluíla do lucro líquido, conforme registra a Parte A do LALUR. Esse procedimento, segundo a fiscalização, ocasionou as seguintes irregularidades, objeto de autos de infração: Fl. 2DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.072 3 Exclusão indevida na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, anocalendário de 2003, do valor de R$ 5.651.750,61, correspondente a PROVISÃO P/OBSOLETISMO transferida à ROCHE DIAGNÓSTICA, nos dias 10 e 15/01/2003. Prejuízo Fiscal e Base de Cálculo Negativa de CSLL a maior em 2003, da ordem de R$ 5.651.750,61, dando lugar a lavratura de Termo de Redução de Prejuízo Fiscal e Termo de Redução de Base Negativa de CSLL; Redução indevida dessa mesma diferença do Lucro Real e na base de cálculo da CSLL de 2004, reduzindo, assim, o Resultado Tributável pelo IRPJ e pela CSLL; Diferenças nos recolhimentos das estimativas de IRPJ e CSLL de abril de 2003 e janeiro de 2004, em conseqüência da apuração de resultados mensais a menor nos balancetes de suspensão levantados em 2003 e 2004, para fins de recolhimento das estimativas de IRPJ e CSSL, motivo de imposição de multa isolada. O presente processo diz respeito apenas ao IRPJ, compreendendo: 1 Glosa de prejuízos compensados indevidamente: Fato gerador: 31/12/2004 Valor tributável: R$ 5.651.750,61 2 Exclusão Indevida (com aumento do prejuízo fiscal): Fato gerador: 31/12/2003 Valor tributável: R$ 5.651.750,61 3 Multas isoladas p/falta de recolhimento sobre bases estimadas: Data: 31/05/2003 Valor da multa: R$ 1.059.703,25 Data: 29/02/2004 Valor da Multa: R$ 1.742.253,29 O contribuinte impugnou tempestivamente o auto de infração. Por sua vez, a Turma de Julgamento considerou procedente em parte o lançamento, decidindo: I manter inalterado o ajuste no saldo de prejuízo fiscal do anocalendário de 2003 efetuado pelo fisco (fl. 814) e, conseqüentemente, considerar correta a alteração feita na linha 44 da ficha 09A (fl. 815) da DIPJ/2005, que limitou a compensação até o montante do saldo reconhecido. II manter os valores lançados referentes ao IRPJ do anocalendário de 2004 e à respectiva multa de oficio de 75%; III exonerar parcialmente as multas isoladas (reduziu a base de cálculo e o percentual, para 50%). Do valor exonerado, foi interposto recurso de ofício. O acórdão da 6ª Turma da DRJ em São Paulo encontrase assim ementado: Fl. 3DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.073 4 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004 JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. Em regra, no processo administrativo fiscal, as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação do lançamento, salvo nas hipóteses expressamente previstas em lei. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. Não há que se falar em diligência e/ou de perícia, por se tratar de matéria de prova a ser feita mediante a juntada de documentação, cuja guarda e conservação compete à própria interessada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004 INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL PRODUTOS SEM VALOR DE MERCADO. A norma tributária que prevê a possibilidade de deduzir a provisão para obsolescência quando não há valor residual apurável dos correspondentes produtos é a contida no artigo 291, II, c, do RIR/1999. Porém, se os produtos foram utilizados para integralizar o capital de controlada, não há como a investidora beneficiarse de uma eventual perda de validade desses produtos. PERDA NA ALIENAÇÃO DO INVESTIMENTO. O feito fiscal fundamentado na constatação de dedução indevida da Provisão de Obsoletismo não pode ser invalidado sob a alegação de que houve, posteriormente, operação de natureza diversa que teria resultado em perda de capital em igual montante daquele objeto da autuação. PROVISÃO POR OBSOLESCÊNCIA. POSTERGAÇÃO DO TRIBUTO. Não cabe cogitar sobre postergação de imposto quando não restou comprovada que em período posterior foi implementada a condição legal para deduzir a provisão por obsolescência constituída. MULTA ISOLADA. IMPOSTO POR ESTIMATIVA APURADO COM BASE NA RECEITA BRUTA E ACRÉSCIMOS. Se a legislação tributária faculta a apuração do imposto por estimativa com base na receita bruta e acréscimos, não se justifica a pretensão do fisco em determinar o tributo com base em balancete de suspensão para formalização da exigência. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.074 5 MULTA ISOLADA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO OBJETO DE DCOMP. Comprovada a existência de Declaração de Compensação – DCOMP relativa a crédito tributário apontado pela fiscalização, formalizada dentro do prazo previsto para pagamento do tributo, afastase a multa isolada correspondente. MULTA ISOLADA. PAGAMENTO POR ESTIMATIVA EFETIVADO APÓS A LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. Deferida a solicitação de cancelamento da DCOMP relativa a parte do débito que fora objeto da autuação e demonstrado que a DCTF retificadora e o pagamento do imposto por estimativa somente ocorreram após o encerramento da ação fiscal, fica caracterizada a infração, impondose a manutenção do lançamento. MULTA ISOLADA. CUMULAÇÃO COM MULTA DE OFÍCIO. COMPATIBILIDADE. É compatível com a multa isolada a exigência da multa de ofício relativa ao tributo apurado ao final do anocalendário, por caracterizarem penalidades distintas. MULTA ISOLADA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em face do princípio da retroatividade benigna, deve ser reduzida a penalidade que, posteriormente à sua imposição e antes da decisão administrativa, foi atenuada pela legislação tributária. Ciente da decisão em 09 de dezembro de 2009, a interessada ingressou com recurso em 06 de janeiro seguinte, do qual reproduzo o que importa para compreender seus fundamentos. (...) a fiscalização partiu da premissa de que a Recorrente havia deduzido da sua apuração do lucro real a Provisão para Obsoletismo por ocasião da transferência dos bens de seu estoque à DIAGNÓSTICA e que, uma vez desacompanhada de laudo de vistoria, do Fisco, a dedução seria indevida. (...) (...) a despeito de a Recorrente ter, no ano de 2002, apresentado requerimentos de certificação de destruição por obsoletismo, a dedutibilidade dos valores então registrados em conta "Provisão para Obsoletismo” ocorreu em função da perda de valor dos bens, que foram transferidos a título de integralização de capital por montante inferior a seus correspondentes custos de aquisição. (...) a dedução da provisão para obsoletismo não teve, nem poderia ter, como fundamento a destruição dos bens, mas, sim, a perda de capital experimentada quando da integralização de capital na DIAGNÓSTICA. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.075 6 Com efeito, quando a Recorrente integralizou capital na DIAGNOSTICA o valor contábil daqueles bens (conforme constatado pela própria fiscalização) era de R$ 27.03I.499,19. Todavia, tendo em vista que dentre eles havia mercadorias com prazo de validade vencido e, portanto, sem nenhum valor a ser integralizado, o valor efetivo do acervo líquido transferido foi de R$ 19.893.292,64, segundo se atestam os documentos contábeis da Recorrente juntados à Impugnação, verificandose uma perda de capital na operação, e justamente essa perda de capital que motivou a baixa da "Provisão para Obsoletismo" e, conseqüentemente, sua dedução na determinação do lucro real da Recorrente. Tal conduta encontrase devidamente amparada pela legislação de regência da matéria, como se depreende da redação do art. 418 do RIR/99, que assim dispõe: Art. 418. Serão classificados como ganhos ou perdas de capital, e computados na determinação do lucro real, os resultados na alienação, na desapropriação, na baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou exaustão, liquidação de bens do ativo permanente. § 1° Ressalvadas as disposições especiais, a determinação do ganho ou perda de capital terá por base o valor contábil do bem, assim entendido o que estiver registrado na escrituração do contribuinte e diminuído, se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada. (...) (,..) sendo indiscutível que a operação de integralização é entendida como alienação para fins de apuração de ganho ou perda de capital, não se sustenta a alegação da D. autoridade julgadora no sentido de que o artigo 418 do RIR/99 não se aplica ao caso. Assim, considerando que a operação de integralização do capital da DIAGNÓSTICA traduzse em verdadeira alienação e que referida integralização ocorreu mediante transferência de bens do estoque da Recorrente àquela por valor inferior a seus custos de aquisição, é evidente a perda de capital apurada e o direito à dedutibilidade da diferença entre o valor contábil e o valor integralizado. A perda de capital, por sinal, é admitida pela própria autoridade fiscal no procedimento de fiscalização que, ao indeferir o pedido de destruição de bens proposto pela DIAGNÓSTICA, afirma categoricamente que "tais mercadorias não possuíam nenhum valor ao serem integralizados. (...) Se tal não bastasse, consoante constatou a fiscalização, a DIAGNÓSTICA jamais levou a resultado o valor da provisão Fl. 6DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.076 7 para obsolescência que havia contabilizado por ocasião do aumento de capital. (...) Diferentemente do que restou consignado no Termo de Verificação, a provisão para obsolescência registrada pela DIAGNÓSTICA no momento da integralização teve como contrapartida a conta de estoque, segundo se atesta da documentação contábil juntada à Impugnação. Sendo assim, a reversão desta provisão só poderia se dar contra a conta de estoque após a destruição dessas mercadorias em fevereiro de 2006. (...) Como se isso não bastasse, da análise dos documentos acostados aos autos percebese que em 1° de julho de 2003, portanto, no mesmo anocalendário da integralização, a Recorrente alienou o investimento que possuía na DIAGNÓSTICA pelo valor de R$ 19.893.295,34, não tendo apurado qualquer resultado na transação, conforme conta da publicação no Diário Oficial Empresarial de 26/03/2004, página 49, anexado à Impugnação. Ora, tal fato apenas evidencia que a Recorrente, como não poderia deixar de ser, contabilizou a integralização do capital da DIAGNÓSTICA pelo valor líquido da operação (R$ 19.893.295,34), comprovando que a perda de capital realmente foi suportada por ela. Todavia, caso se entenda que a perda experimentada quando da integralização de capital era indedutível, a Recorrente deveria ter registrado o investimento acrescido do valor da provisão para obsolescência, hipótese em que a perda de capital seria deslocada do momento da integralização para o da alienação. Tal argumento tem por fundamento o supracitado art. 418 do RIR/99 que determina que sejam computadas na determinação do lucro real as perdas decorrentes da alienação de investimento. (...) A d. autoridade julgadora, todavia, sustenta que o lançamento não poderia ser cancelado em razão de posterior alienação do investimento pelo exato montante que este encontravase registrado na contabilidade da Recorrente (R$ 19.893.292,62), o qual, tivesse sido o valor da Provisão (R$ 5.651.750,61) considerado na escrituração, seria superior ao montante recebido, denotando evidente perda de capital na operação. Ocorre que, diversamente do que faz crer a d. autoridade julgadora, não há como distanciar essas duas operações, a integralização de capital e a posterior venda do investimento. Isso porque, a Recorrente, transferindo a título de integralização de capital produtos de seu estoque por seus correspondentes Fl. 7DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.077 8 custo de aquisição líquidos da provisão para obsolescência (i) ou registrava de imediato a perda de capital na integralização — como o fez; (ii) ou registrava o valor do investimento decorrente da integralização de capital considerando o valor provisionado (R$ 19.893.292,64 + R$ 5.651.750,61), de forma que, quando da alienação desse investimento, seria imprescindível que o valor provisionado fosse considerado na apuração de ganho ou perda de capital dessa operação — alienação do investimento. (...) cumpre atentar para descabimento da alegação da d. autoridade julgadora , no sentido de que a Recorrente não teria se munido de documentos comprobatórios, não se preocupando em trazer aos autos documentos contábeis e hábeis a fazer prova da alienação do investimento e da perda de capital, que seria verificada, caso a Recorrente tivesse registrado o valor da "Provisão para Obsoletismo" como parte, do custo de aquisição de investimento. Primeiro porque os documentos juntados à Impugnação, mais precisamente as demonstrações financeiras que comprovam a alienação do investimento por R$ 19.893.295,34, são mais que suficientes a corroborar o quanto alegado. Se tal não bastasse, é preciso memorar ser o processo administrativo regido pelo princípio da verdade material, o que faz com que a autoridade deva buscar a realidade dos fatos conforme ocorrida, podendo determinar a realização de diligências, quando necessárias à complementação da prova ou ao esclarecimento de dúvida relativa aos fatos trazidos ao processo, (...) (...) (...) independentemente das razões acima expostas, que por si só fulminam em definitivo a pretensão fiscal, ainda que se pudesse vislumbrar entendimento contrário, a exigência não poderia prevalecer, pois o efeito seria de mera postergação. É que, conforme se pode verificar do Termo de Verificação e de Destruição de Bens lavrado em 14/02/2006, devidamente juntado à Impugnação, os bens a que se referia a provisão para obsolescência foram devidamente destruídos mediante incineração mecânica realizada no estabelecimento Representações e Serviços Ltda., em Taboão da Serra — SP. Portanto, ainda que se entenda que a baixa da “Provisão para Obsoletismo" registrada pela Recorrente só poderia ter sido efetuada quando da destruição dos bens acompanhada de certificado de autoridade fiscal — o que se permite apenas, por apego à argumentação — estaríamos diante de mera Postergação de tributos, já que, quando da destruição efetiva dos bens, em fevereiro de 2006, a DIAGNÓSTICA só poderia promover a baixa de sua provisão sem a dedução da perda desses produtos. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.078 9 Todavia, o lançamento original não levou em consideração a superveniente destruição dos bens em questão, razão pela qual não observou as normas que delimitam a constituição do crédito, principalmente se cotejado com a interpretação dada pelo próprio Fisco a essas normas, mediante a edição do Parecer Normativo CST n° 02/96. O Parecer Normativo citado põe fim às discussões acerca do modo de lançar em casos de postergação. Assim, pelo seu caráter interpretativo, aplicase a todos os casos de incidência da norma interpretada. (...) (...) mesmo sendo indiscutível a ocorrência da postergação, tem se que a ilustre auditorafiscal autuante deixou de obedecer às normas para a constituição do crédito tributário, conforme a esclarecedora interpretação do Parecer Normativo n° 02/96, viciando de maneira insanável o Auto de Infração lavrado. (...) Da lnaplicabilidade da Multa Isolada Conforme exposto alhures, a glosa efetuada pela fiscalização em 2003 não gerou qualquer efeito tributário, haja vista que a Recorrente alienou o investimento no mesmo anocalendário da integralização. Sendo assim, não haveria razão da aplicação da multa isolada no anocalendário de 2003, visto que não houve falta de pagamento de tributo. (...) No que diz respeito ao anocalendário de 2004, o fundamento para inaplicabilidade de multa isolada está na impossibilidade de coexistirem multas tributárias (75%, no caso) e multa de controle administrativo, para a mesma infração. (...) (...) se fosse procedente a alegação da fiscalização de falta de pagamento dos tributos incidentes naqueles meses, seria devida apenas a multa de ofício de 75% sobre os tributos. Entendimento diverso levaria à absurda conclusão de que o mesmo delito estaria sendo duplamente punido. (...) requerse seja julgado procedente o presente Recurso Voluntário, a fim de que o Auto de Infração seja julgado totalmente improcedente (...) (...) É o relatório. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.079 10 Voto Vencido Conselheiro Valmir Sandri, Relator Ambos os recursos preenchem os requisitos legais. Deles conheço. DO RECURSO DE OFÍCIO. Conforme se depreende dos autos, a parcela de crédito exonerada, objeto de recurso de ofício, corresponde à redução das multas isoladas impostas. Tal redução originouse de redução da multa relativa à estimativa de janeiro de 2004 e redução do percentual de todas as multas isoladas lançadas, de 75% para 50%, em razão da superveniência de legislação mais benéfica. Irreparável a decisão, no que se refere à redução das multas, vejamos: Quanto ao percentual, que originalmente era de 75%, a Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488, de 15/06/2007, alterou a redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, passando a ser de 50% sobre o pagamento a menor do tributo apurado com base nas estimativas mensais. Dispondo, a alínea “c” do inciso III do art. 106 do CTN, que, em se tratando de ato não definitivamente julgado, a lei se aplica a ato ou fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, impõese a redução da multa aplicada, de 75%, para 50%. Para aplicar a multa isolada referente à estimativa de janeiro de 2004, a autoridade lançadora não só alterou para maior o valor a pagar do mês de janeiro de 2004 declarado pelo contribuinte, como também considerou que o valor declarado não fora integralmente pago. O fisco alterara o valor a pagar do mês de janeiro de 2004, no montante de R$ 2.048.481,49 declarado pelo contribuinte em sua DIPJ, para R$ 2.590.909,09, considerando o balancete mensal apresentado ajustandoo, sob o argumento de que o valor do saldo acumulado de prejuízos fiscais utilizado para compensar o tributo apurado no mês de janeiro/2004 devia ser menor do que o calculado pela empresa. Todavia, como corretamente assentou o voto condutor do acórdão recorrido, o fisco não tem a prerrogativa de alterar a opção do contribuinte quanto à forma de tributação demonstrada na declaração de rendimentos. E uma vez que a determinação da base de cálculo do imposto de renda da empresa foi efetuada com base em percentual sobre a Receita Bruta e Acréscimos, conforme previsto na lei, não há que se falar em compensação de prejuízo fiscal, sendo insubsistente a alteração promovida pela autoridade fiscal. Do imposto total de R$ 2.048.481,49, declarado em DCTF pelo contribuinte, parte foi paga via DARF, no valor de R$ 268.038,04, e aceito pela fiscalização, e parte compensada (R$ 1.780.443,45), com a apresentação dos PER/DCOMP de fls. 976/986 e 987/992. Fl. 10DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.080 11 O PER/DCOMP de fls. 976/986, relativo à compensação no montante de R$ 1.739.626,93, foi transmitido dentro do prazo previsto no artigo 6° da Lei 9.430/1996, constituindo confissão de dívida, e extinguindo o débito sob condição resolutória, descabendo sobre ele exigir multa por falta de pagamento (em relação à diferença, de R$40.816,52, foi mantido o lançamento, porém com redução da multa). Isto posto, nego provimento ao recurso de ofício. DO RECURSO VOLUNTÁRIO A solução do litígio demanda verificação da regularidade dos procedimentos contábeis e fiscais relacionados com a PROVISÃO PARA OBSOLETISMO, tendo em vista que as infrações repousam na acusação de irregularidade da exclusão do lucro líquido do saldo em 31/12/2002, da provisão para obsoletismo efetuada pelo contribuinte na apuração do lucro real do anocalendário de 2003, tendo em vista que parte já fora transferida para a Diagnóstica em janeiro de 2003, em integralização de capital. As exclusões admitidas pela legislação para fins de apuração do lucro real são de dois tipos: ou são de natureza exclusivamente fiscal e, portanto, não são registrados na escrituração comercial (ordinariamente, parcelas correspondentes a incentivos fiscais, como, por exemplo, depreciação acelerada/incentivada) ou correspondem a resultados, rendimentos receitas ou quaisquer valores incluídos no lucro líquido e que, de acordo com a legislação do imposto de renda, não são computados no lucro real. No presente caso, como não está envolvido nenhum incentivo fiscal, a parcela excluída deverá, necessariamente, estar computada no lucro líquido. A constituição da provisão, contabilmente, envolve uma conta de resultado (débito de despesa) e uma conta retificadora de ativo (crédito de provisão). Uma vez que a provisão para obsoletismo é indedutível para fins de apuração do lucro real, o valor da despesa constitui adição ao lucro líquido na apuração do lucro real. A dedução só será possível na materialização da perda, quando ocorrer à destruição dos bens obsoletos, atestada pelo fisco, nos termos do art. 291, II, “c” do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99, Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999). Quando a provisão é revertida, há também o envolvimento de duas contas contábeis, com crédito em conta de resultado e débito da conta de provisão. Nesse caso, o valor revertido deverá ser excluído na apuração do lucro real, para neutralização do efeito fiscal, ocorrido mediante adição quando da constituição da provisão. Os fatos constatados pela fiscalização foram os seguintes:1 1 Os registros no LALUR são os seguintes: mês Adição Prov. Obs. corrente Exclusão Reversão do ano anterior 31/12/2002 15,838,859.71 5,946,293.38 01/2003 9.892.709,9 15.838.859,71 2 5.690 .801 ,5 15.838.859,71 3 6.233.624,78 15.838.859,71 4 6.673.695,46 15.838.859,71 Fl. 11DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.081 12 a) No anocalendário de 2002, por ocasião da constituição da provisão, seu valor integral foi lançado em Despesas Operacionais, deduzido do Resultado do Exercício e adicionado ao Lucro Liquido de 31/12/2002; b) A provisão constituída permaneceu compondo o saldo da conta redutora do ativo, Provisão para Obsoletismo, até sua transferência para a Roche Diagnóstica, em 10/01/2003; c) Em 31/12/2002 foi feita a exclusão do Lucro Líquido do total da Provisão para Obsoletismo do ano anterior, da ordem de R$ 5.946.293,38; d) No anocalendário seguinte (2003), embora tivesse transferido em 10/01/2003, para a Roche Diagnóstica a Provisão para Obsoletismo da ordem de R$ 5.651.750,61, a Produtos Roche continuou a excluíla do lucro líquido na apuração do lucro real, como parcela integrante do total do ano anterior, de R$ 15.838.859,71. O procedimento indicado na letra “c”, supra, poderia significar que ocorreu reversão da provisão (o que justificaria a exclusão). Todavia, para que houvesse a transferência da provisão para a Diagnóstica em 10/01/2003 (letra “b” supra), ou não ocorreu à reversão em 31/12/2002 (o que torna irregular a exclusão), ou foi constituída nova provisão naquele valor (o que demandaria adição que não foi apontada). Por seu turno, se o montante de R$ 5.946.293,38 não afetou o lucro líquido (tratase de parcela da provisão constituída em 2002, que não afetou o lucro daquele ano, pois teve contrapartida de despesa na constituição e de receita na reversão, e ambas as contas de resultado foram neutralizadas por adição e exclusão no LALUR), nada justifica sua exclusão em 2003. Em síntese, (i) se a parcela de R$ 5.946.293,38 da provisão foi transferida em 10/01/2003 para a Diagnóstica, ela não foi revertida em 31/12/2002; (ii) se não foi revertida em 31/12/2002, e os produtos não foram destruídos com certificação da autoridade fiscal, a exclusão LALUR em 31/12/2002 foi irregular; (iii) se ela foi revertida em 31/12/2002, e regularmente excluída, na transferência dos produtos, em 10/01/2003, não poderia haver transferência da provisão; (iv) se os produtos e a provisão que lhes dizia respeito foram transferidos em 10 de janeiro de 2003 para a Diagnóstica, nenhum ajuste a eles relacionado pode ser feito na apuração de resultados da Produtos Roche a partir daquela data. É óbvio que o procedimento contábil/fiscal adotado pela Recorrente não encontra respaldo na boa técnica e, inclusive, carece de lógica. Resta saber se o efeito fiscal por ele provocado é diverso daquele que seria correto. 5 7.158.470,60 15.838.859,71 6 7.778.142,4 15.838.859,71 7 7.770.492,3 15.838.859,71 8 7.801.566,5 15.838.859,71 9 8.106.477,49 15.838.859,71 10 8.273.071,28 15.838.859,71 11 8.412.803,68 15.838.859,71 12 6.676.617,88 15.838.859,71 Fl. 12DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.082 13 Alega a Recorrente que a exclusão teve por fundamento a perda de capital experimentada quando da integralização de capital da Diagnóstica, mediante a conferência dos bens, e invoca o art. 418 do RIR/99. Ocorre que a perda de capital, tratada no mencionado art. 418, diz respeito a resultados não operacionais, decorrentes de alienação, desapropriação, baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou exaustão, ou na liquidação de bens do ativo permanente não se aplicando a bens do circulante (estoques). É indiscutível, como afirma a Recorrente, que ocorreu verdadeira alienação de estoques. E nesse caso, tendo a alienação se dado por valor inferior ao custo, teria ocorrido uma perda (resultado operacional) que seria dedutível se a transação tivesse se dado entre pessoas não ligadas. Porém, em se tratando de pessoas ligadas (Produtos Roche é controladora de Roche Diagnóstica), a dedução só é possível se a alienação se der por valor não notoriamente inferior ao de mercado (ou, no caso específico, se comprovado que os bens haviam perdido o valor por estarem com prazo de validade vencido, o que demanda atestado do fisco). Imaginemos, em números arredondados, que a Produtos Roche subscreveu capital da Diagnóstica no montante de R$ 19.000.000,00. Imaginemos, ainda, que ela possuía em sua contabilidade estoque contabilizado ao custo de R$25.000.000,00, e provisão para obsoletismo desse estoque no valor de R$ 6.000.000,00 (que já fora adicionada ao lucro líquido por ocasião da constituição). Ao integralizar o capital mediante conferência dos estoques, os procedimentos contábeis/fiscais da Produtos Roche seriam os seguintes: 1 Reversão da provisão de R$ 6.000.000,00 (débito de provisão e crédito de receita) 2 Exclusão da receita de R$ 6.000.000,00 no LALUR (neutralizando a anterior adição, quando da constituição da provisão) 3 Débito de Ativo Permanente Investimento em Diagnóstica e crédito de Estoques de R$19.000.000,00 4 Débito de conta de resultado (perda na alienação do estoque) e crédito de Estoques de R$ 6.000.000,00. A Diagnóstica contabilizaria débito de Estoque e crédito de Capital de R$ 19.000.000,00, sem nenhum efeito em conta de resultado. Não fosse a circunstância de se tratar de pessoas ligadas (Produtos Roche é controladora de Diagnóstica), o efeito fiscal desse procedimento para a Produtos Roche seria de redução do lucro real de 2003 (no caso concreto, aumento do prejuízo fiscal) de R$ 6.000.000,00 (conforme exemplo hipotético), relativo à perda na alienação do estoque. Isso porque não há norma fiscal determinando a adição ao lucro líquido, na apuração do lucro real, da perda efetiva na alienação de estoques a pessoa não ligada. E esse foi exatamente o efeito trazido pelo esdrúxulo procedimento efetivamente adotado (transferência da provisão para a Diagnóstica em janeiro de 2003 e continuação da exclusão pela Produtos Roche no ano de 2003), eis que, como atesta a fiscalização, a transferência da provisão para a Diagnóstica não Fl. 13DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.083 14 afetou o resultado daquela empresa, e na Produtos Roche ocorreu à exclusão do valor da provisão em 2003, aumentando o prejuízo fiscal no montante do valor excluído. Portanto, não fosse a circunstância de a Produtos Roche ser controladora da Diagnóstica, o procedimento adotado não teria repercutido no resultado tributável. Ocorre que, em se tratando de alienação a pessoa ligada, como dito acima, a perda só é dedutível se comprovado que o valor de alienação não é notoriamente inferior ao de mercado (RIR/99, art. 464, I). Com a desistência do requerimento de destruição dos produtos, determinada pela fiscalização, a Produtos Roche ficou impossibilitada de provar que os bens tinham perdido a validade e, assim, a transferência não teria se dado por valor notoriamente inferior ao de mercado (notese que, conforme jurisprudência do Conselho de Contribuintes, em caso de inexistência de mercado ativo para os bens, a aferição do valor de mercado se faz com base em negociações anteriores e recentes do mesmo bem, ou em negociações contemporâneas de bens semelhantes –(Ac. 10172.516 e Ac. 10172.603). A alegação da interessada, de que, ao indeferir o requerimento da Diagnóstica para que a fiscalização atestasse a destruição dos produtos, o fisco atestou que os bens não possuíam valor algum ao serem integralizados ao patrimônio da Diagnóstica, foi refutada pelo julgador a quo, com base nos seguintes argumentos: a) A diligência fiscal, levada a efeito em função do requerimento da Diagnóstica, teve como base produtos num total de R$ 4.775.821,30, diferentemente da quantia objeto da autuação, de R$ 5.651.750,61; b) O termo de diligência consigna que parte dos medicamentos, e não a totalidade estava com prazo de validade vencido antes de ser efetuada a integralização de capital; c) Não há nos autos qualquer documento que permita identificar precisamente o montante dos medicamentos considerados inutilizáveis no momento em que houve a transferência para a Diagnóstica. Ocorre que as empresas envolvidas forneceram todos os elementos para que a fiscalização aferisse a inexistência de valor dos bens transferidos. Em 20/02/2002 e em 02/09/2002 a Produtos Roche requereu a presença do fisco para atestar a destruição de mercadorias impróprias ao consumo, em razão de sua OBSOLESCÊNCIA, nos valores respectivos de R$ 3.038.457,43 e R$ 746.590,01, discriminandoas e identificando o livro e fls. em que estavam registradas (Fls. 187/230). Para analisar os requerimentos foi efetuada diligência fiscal cujo Termo de Encerramento é datado de julho de 2003. No curso da diligência, a empresa informou que, ao integralizar capital da Roche Diagnóstica em janeiro de 2003, a Produtos Roche transferiulhe bens, dentre os quais se encontravam as mercadorias cuja destinação era a incineração pleiteada (foi apresentada à fiscalização a relação das mercadorias que integraram o valor capitalizado, na qual aparecem, destacadas, aquelas que deveriam ser destruídas). Diante disso, a fiscalização, considerando que houve transferência de propriedade das mercadorias cuja destruição foi solicitada, não mais pertencendo à requerente, cientificou a Produtos Roche que os processos objeto dos requerimentos de destruição seriam Fl. 14DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.084 15 arquivados, devendo ser formalizado novo pedido em nome da Diagnóstica. Porém, esses processos foram desarquivados pela autoridade fiscal, que teve, então, conhecimento dos bens indicados como de validade vencida. Em 07/07/2003 a Diagnóstica, segundo determinado pela fiscalização, requereu a presença do fisco para atestar a destruição de mercadorias impróprias ao consumo, em razão de sua OBSOLESCÊNCIA, no valor de R$ 4.775.821,30, anexando a relação dos produtos (fl. 414). No Termo de Encerramento de Diligência datado de 24/12/2004 (fl. 416) a autoridade fiscal atestou: A mercadoria é composta em boa parte de medicamentos que já se encontravam com o prazo de validade vencido, antes de ser efetuada a capitalização, conforme relação constante neste processo. A empresa Produtos Roche Químicos Farmacêuticos SA já efetuou provisão para perdas em seu balanço. Assim sendo, considerando que tais mercadorias não possuíam nenhum valor ao serem integralizadas, indefiro o pleito do contribuinte. Para glosar a perda cabe ao fisco demonstrar que o valor de alienação é notoriamente inferior ao de mercado. Se os bens não tinham valor, por estarem com prazo de validade vencido, é óbvio que a o valor de alienação (zero) não foi inferior ao de mercado. Ora, se a autoridade lançadora teve em mãos os processos de requerimento de destruição das mercadorias, que as identificavam, bem como a relação das mercadorias transferidas, temse que a pessoa jurídica possibilitou a aferição da perda de valor das mercadorias relacionadas no requerimento de destruição formulado pela Diagnóstica em julho de 2003, no valor de R$ 4.775.821,30. “Como há o reconhecimento expresso de que as mercadorias estavam “ em boa parte” com prazo de validade vencido, e que “ não possuíam nenhum valor ao serem integralizadas”, descabe glosar a perda a elas correspondente. Não tendo, a autoridade autuante, quantificado as mercadorias que não estavam com prazo de validade vencido (portanto, sem valor) quando da integralização, não pode prosperar o glosa. A destruição de mercadorias requerida pela Diagnóstica em 2005 e atestada pelo fisco em fevereiro de 2006, não se presta para justificar a perda de valor do restante (R$ 5.651.750,61 R$ 4.755.821.30), ou atribuir efeitos de postergação sobre essa diferença, eis que não há nada nos autos que comprove tratarse de mercadorias que se encontravam entre as transferidas e cujo prazo de utilização estava vencido em janeiro de 2003, quando se deu a integralização. Aliás, a decisão a quo assentou expressamente que, ao examinar individualmente os produtos arrolados nas planilhas de fls. 927/931 e 933/958, que Fl. 15DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.085 16 corresponderiam aos destinados a essa incineração, não se constata correlação com aqueles provisionados e objeto da integralização de capital (fls. 240/272). Alega a Recorrente que em 1° de julho de 2003, portanto, no mesmo ano calendário da integralização, alienou o investimento que possuía na Diagnóstica pelo valor de R$ 19.893.295,34, não tendo apurado qualquer resultado na transação. Com base nisso pondera que, caso se entenda que a perda experimentada quando da integralização de capital era indedutível, a Recorrente deveria ter registrado o investimento acrescido do valor da provisão para obsolescência, hipótese em que a perda de capital seria deslocada do momento da integralização para o da alienação. Esse argumento não merece consideração porque, primeiro, esta decisão está considerando indedutível apenas a perda não comprovada, segundo, porque os fatos não foram esses. A integralização de capital foi no montante de R$ 19.893.295,34, e a alienação por esse mesmo valor não representa perda. Em relação à multa isolada por falta ou insuficiência do pagamento das estimativas mensais, não há uniformidade de entendimentos no CARF. Expressiva corrente defende que cabe sempre a multa, uma vez que a lei a prevê mesmo na hipótese de apuração de prejuízo. Uma segunda corrente considera incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e da multa de oficio pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. Para os que participam dessa corrente, a infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano, e pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. Em alentado estudo sobre a matéria, no voto condutor do Acórdão CSRF/0105.785, o ilustre Relator Marcos Vinícius Neder assim sintetiza suas conclusões: I. as penalidades, além da obediência genérica ao princípio da legalidade, devem também atender a exigência de objetividade, identificando com clareza e precisão, os elementos definidores da conduta delituosa. 2. a adoção de bases de cálculo e percentuais idênticos em duas normas sancionadoras faz pressupor a identidade do critério material dessas normas; 3. tributo, na acepção que lhe é dada no direito positivo (art. 3° do Código Tributário Nacional) pressupõe a existência de obrigação jurídica tributária que não se confunde com valor calculado de forma estimada e provisória sobre ingressos; 4. a base de cálculo predita no artigo 44 da Lei n°9.430/96 referese à multa pela falta de pagamento de tributo; 5. o tributo devido ao final do exercício e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir com valor pago de estimativa ao final do exercício; Fl. 16DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.086 17 6. não será devida estimativa caso inexista tributo devido no encerramento do exercício; 7. os balanços ou balanceies mensais são os meios de prova exigidos pelo Direito, para que o contribuinte demonstre a inexistência de tributo devido e a dispensa do recolhimento da estimativa. 8. após o final do exercício, o balanço de encerramento e o tributo apurado devem ser considerados para fins de cálculo da multa isolada; 9. antes do final do exercício, o fisco pode considerar para fins de aplicação de multa isolada o valor estimado calculado a partir da receita da empresa, desde que a inexistência de tributo não esteja comprovada por balanços ou balancetes mensais. 10. não se pode aplicar a multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas e exigir a multa de oficio pela falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício Pessoalmente, tenho reiteradamente me manifestado no sentido de que a aplicação da multa sobre a falta de recolhimento das estimativas só se justifica quando exigida dentro do próprio período de apuração das antecipações que deixaram de ser recolhida, vez que, encerrado o período de apuração do tributo, a exigência de recolhimentos por estimativa deixa de ter sua eficácia, uma vez que prevalece a exigência apurada com base no balanço patrimonial encerrado ao final do anocalendário. Por conseguinte, desaparece o bem jurídico tutelado pela norma sancionadora, no caso, as antecipações que deveriam ter sido recolhidas por estimativas, não havendo, portanto, base para sua exigência. Na verdade, o dispositivo legal que prevê a multa tem como objetivo obrigar o sujeito passivo da obrigação tributária ao recolhimento mensal de antecipações de um provável imposto de renda ou contribuição social que poderá ser devido ao final do ano calendário. Sendo inerente ao dever de antecipar a existência da obrigação cujo cumprimento se antecipa, a penalidade só poderá ser exigida durante o anocalendário, de vez que, com encerramento do anocalendário e a apuração do tributo e da contribuição social efetivamente devida ao final do anocalendário, desaparece a base imponível daquela penalidade (antecipações), restando ausente a necessária ofensa a um bem juridicamente tutelado que a justifique. A partir daí nasce uma nova base imponível, esta já com base no tributo efetivamente apurado ao final do anocalendário, surgindo assim à hipótese da aplicação tão somente da multa de ofício sobre essa base, caso o tributo não seja pago no seu vencimento e apurado exofficio, mas jamais com a aplicação concomitante da penalidade sobre o valor não antecipado. Até porque a dupla penalidade afronta o disposto no artigo 97, V, c./c o artigo 113 do CTN, que estabelece apenas duas hipóteses de obrigação de dar, sendo a primeira ligada diretamente à prestação de pagar tributo e seus acessórios, e a segunda relativamente por descumprimento de obrigação acessória. Logo, entendo que não pode subsistir a multa de ofício por falta de recolhimento das estimativas mensais lançada após o encerramento do anocalendário. Fl. 17DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.087 18 Pelas razões explanadas, NEGO provimento ao recurso de ofício e DOU provimento PARCIAL ao recurso voluntário para cancelar as multas isoladas, reduzir a glosa de Exclusão Indevida (com aumento do prejuízo fiscal), relativa ao fato gerador de 31/12/2003 para R$ 895.929,31 (R$ 5.651.750,61 R$ 4.755.821.30), e adequar a essa decisão a glosa de prejuízos fiscais compensados indevidamente quanto ao fato gerador de 31/12/2004. (assinado digitalmente) Valmir Sandri Voto Vencedor Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Redator Designado Em que pese o bem elaborado e fundamentado voto do ilustre Relator, durante as discussões ocorridas por ocasião do julgamento do presente litígio surgiu divergência que levou a conclusão diversa, no recurso voluntário, exclusivamente no que toca às multas exigidas isoladamente. Embora a matéria seja polêmica, comportando interpretações divergentes, entendo que a obrigação de recolher as estimativas não se confunde com a apuração do tributo ao final do período de apuração. É o que extraio dos dispositivos legais aplicáveis, abaixo transcritos: Lei nº 8.981/1995: Art. 35. A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso. § 1º Os balanços ou balancetes de que trata este artigo: a) deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário; b) somente produzirão efeitos para determinação da parcela do Imposto de Renda e da contribuição social sobre o lucro devidos no decorrer do anocalendário. § 2º O Poder Executivo poderá baixar instruções para a aplicação do disposto no parágrafo anterior. § 2º Estão dispensadas do pagamento de que tratam os arts. 28 e 29 as pessoas jurídicas que, através de balanço ou balancetes mensais, demonstrem a existência de prejuízos fiscais apurados a partir do mês de janeiro do anocalendário. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) Fl. 18DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.088 19 § 3º O pagamento mensal, relativo ao mês de janeiro do ano calendário, poderá ser efetuado com base em balanço ou balancete mensal, desde que neste fique demonstrado que o imposto devido no período é inferior ao calculado com base no disposto nos arts. 28 e 29. (Incluído pela Lei nº 9.065, de 1995) § 4º O Poder Executivo poderá baixar instruções para a aplicação do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.065, de 1995) Lei nº 9.430/1996: Art.1º A partir do anocalendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. [...] Art.2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. §1o O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. §2oA parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais)ficará sujeita à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. §3o A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§1º e 2º do artigo anterior. §4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; Fl. 19DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.089 20 III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo. [...] Art.28.Aplicamse à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente e as correspondentes aos arts. 1º a 3º, 5º a 14, 17 a 24, 26, 55 e 71, desta Lei. A regra é a da apuração trimestral do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Se o contribuinte opta pela apuração anual, deve se submeter às regras estabelecidas para essa forma alternativa de apuração, particularmente à obrigatoriedade dos recolhimentos por estimativa. Para que possa suspender ou reduzir esses recolhimentos, a lei impõe a elaboração de balanços ou balancetes de suspensão ou redução do imposto. Aos contribuintes que, tendo optado pela apuração anual e pela suspensão/redução do imposto com base em balancetes, deixam de efetuar o recolhimento ou o fazem a menor, a sanção é aquela estabelecida pelo inciso IV do § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996, em sua redação à época dos fatos: Art.44.Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: Ide setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; IIcento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; [...] IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; [...] Fl. 20DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.090 21 Esse artigo teve sua redação alterada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/2007, e o percentual aplicável passou a ser de 50%, conforme o inciso II, alínea “b”. Eis a redação atual do art. 44 da Lei nº 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) No caso em tela, a fiscalização apurou a necessidade de efetuar ajustes nas apurações mensais das estimativas, feitas pelo sujeito passivo com base nos balanços/balancetes de exclusão/redução. Com esses ajustes, evidenciouse a insuficiência de recolhimento, devendo o contribuinte, assim, sujeitarse à penalidade que lhe é exigida mediante este processo. Irrelevante se, ao final do período anual, o contribuinte veio a apurar prejuízo fiscal. Para fins da multa isolada, deve ser considerado o montante apurado em cada balanço/balancete de suspensão/redução. A penalidade aplicada isoladamente, insisto, é pela falta da antecipação da estimativa mensal por imposição legal, e não se confunde com outra penalidade, a ser aplicada pela insuficiência do recolhimento do tributo ao final do período de apuração anual, o que, no caso concreto, não ocorreu. O Colegiado decidiu, então, pela manutenção da multa isolada no percentual de 50% sobre diferença de tributo devido a título de estimativa, que deve incidir sobre a exigência remanescente após a redução da glosa. Quanto às demais matérias em litígio, a Turma acompanhou o voto do ilustre Relator. Em conclusão, a decisão do colegiado foi pelo provimento parcial do recurso voluntário para (i) reduzir a glosa de Exclusão Indevida (com aumento do prejuízo fiscal) relativa ao fato gerador de 31/12/2003 para R$ 895.929,31 (R$ 5.651.750,61 – R$ Fl. 21DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 19515.000526/200611 Acórdão n.º 130100.501 S1C3T1 Fl. 1.091 22 4.755.821.30); (ii) adequar a essa decisão a glosa de prejuízos fiscais compensados indevidamente quanto ao fato gerador de 31/12/2004; e (iii) manter a multa isolada sobre diferença de tributo devido a título de estimativa, que deve incidir sobre a exigência remanescente após a redução da glosa. Quanto ao recurso de ofício, negar provimento. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 22DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 05/05/2011 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 05/05/2011 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 17/05/2011 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 10920.001348/2008-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jun 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 12/04/2005 a 28/12/2007
DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA.
Considera-se dano ao Erário punível com a pena de perdimento a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento. A Pena de perdimento é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas.
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. DECURSO DO PRAZO DE VALIDADE. INOCORRÊNCIA. CIÊNCIA AOS DEMAIS RESPONSÁVEIS.
Descabe a argüição de decurso do prazo de Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPF-F) se no prazo de validade ele foi regularmente prorrogado. Desnecessária emissão ou ciência do mandado de procedimento fiscal aos demais sujeitos passivos incluídos na autuação em face de constatação de responsabilidade solidária.
PROCEDIMENTO ESPECIAL. IN RFB Nº 228/2002. PRAZO PARA CONCLUSÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
A consequência jurídica da inobservância do prazo previsto no art. 9º da IN RFB Nº 228/2002 é a liberação das mercadorias eventualmente retidas e não a nulidade do lançamento de ofício.
INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO AGENTE.
Os sócios são pessoalmente responsáveis pelo crédito tributário resultante de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos.
RELATÓRIO VALORES NÃO DOCUMENTADOS. AUSÊNCIA DE PROVA.
Inexistindo elementos objetivos e confiáveis que autorizem concluir que todas as mercadorias descritas nas 8.167 declarações de importação apontadas no relatório VALORES NÃO DOCUMENTADOS foram de fato importadas pelo contribuinte da autuação, o lançamento não deve prosperar, por falta de suporte probatório. É ônus da autoridade autuante instruir o lançamento com todos os elementos de prova de fatos constituintes do direito da Fazenda.
Recursos voluntários e de ofício negados.
Numero da decisão: 3402-003.110
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntários. Sustentou pela responsável solidária EBRP - EMPRESA BRASILEIRA DE RECICLAGEM DE PNEUS, o Dr. Marcelo de Lima Castro Diniz, OAB/PR 19.886.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 12/04/2005 a 28/12/2007 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. Considera-se dano ao Erário punível com a pena de perdimento a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento. A Pena de perdimento é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. DECURSO DO PRAZO DE VALIDADE. INOCORRÊNCIA. CIÊNCIA AOS DEMAIS RESPONSÁVEIS. Descabe a argüição de decurso do prazo de Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPF-F) se no prazo de validade ele foi regularmente prorrogado. Desnecessária emissão ou ciência do mandado de procedimento fiscal aos demais sujeitos passivos incluídos na autuação em face de constatação de responsabilidade solidária. PROCEDIMENTO ESPECIAL. IN RFB Nº 228/2002. PRAZO PARA CONCLUSÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A consequência jurídica da inobservância do prazo previsto no art. 9º da IN RFB Nº 228/2002 é a liberação das mercadorias eventualmente retidas e não a nulidade do lançamento de ofício. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO AGENTE. Os sócios são pessoalmente responsáveis pelo crédito tributário resultante de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos. RELATÓRIO VALORES NÃO DOCUMENTADOS. AUSÊNCIA DE PROVA. Inexistindo elementos objetivos e confiáveis que autorizem concluir que todas as mercadorias descritas nas 8.167 declarações de importação apontadas no relatório VALORES NÃO DOCUMENTADOS foram de fato importadas pelo contribuinte da autuação, o lançamento não deve prosperar, por falta de suporte probatório. É ônus da autoridade autuante instruir o lançamento com todos os elementos de prova de fatos constituintes do direito da Fazenda. Recursos voluntários e de ofício negados.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 28 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10920.001348/2008-51
anomes_publicacao_s : 201606
conteudo_id_s : 5604869
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 29 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3402-003.110
nome_arquivo_s : Decisao_10920001348200851.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ANTONIO CARLOS ATULIM
nome_arquivo_pdf_s : 10920001348200851_5604869.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntários. Sustentou pela responsável solidária EBRP - EMPRESA BRASILEIRA DE RECICLAGEM DE PNEUS, o Dr. Marcelo de Lima Castro Diniz, OAB/PR 19.886. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 22 00:00:00 UTC 2016
id : 6422290
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:50:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417860583424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2214; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.001348/200851 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3402003.110 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de junho de 2016 Matéria Imposto sobre a Importação Recorrentes LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA E OUTROS FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 12/04/2005 a 28/12/2007 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. Considerase dano ao Erário punível com a pena de perdimento a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento. A Pena de perdimento é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. DECURSO DO PRAZO DE VALIDADE. INOCORRÊNCIA. CIÊNCIA AOS DEMAIS RESPONSÁVEIS. Descabe a argüição de decurso do prazo de Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF) se no prazo de validade ele foi regularmente prorrogado. Desnecessária emissão ou ciência do mandado de procedimento fiscal aos demais sujeitos passivos incluídos na autuação em face de constatação de responsabilidade solidária. PROCEDIMENTO ESPECIAL. IN RFB Nº 228/2002. PRAZO PARA CONCLUSÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A consequência jurídica da inobservância do prazo previsto no art. 9º da IN RFB Nº 228/2002 é a liberação das mercadorias eventualmente retidas e não a nulidade do lançamento de ofício. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO AGENTE. Os sócios são pessoalmente responsáveis pelo crédito tributário resultante de atos praticados com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatutos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 13 48 /2 00 8- 51 Fl. 5299DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 RELATÓRIO “VALORES NÃO DOCUMENTADOS”. AUSÊNCIA DE PROVA. Inexistindo elementos objetivos e confiáveis que autorizem concluir que todas as mercadorias descritas nas 8.167 declarações de importação apontadas no relatório “VALORES NÃO DOCUMENTADOS” foram de fato importadas pelo contribuinte da autuação, o lançamento não deve prosperar, por falta de suporte probatório. É ônus da autoridade autuante instruir o lançamento com todos os elementos de prova de fatos constituintes do direito da Fazenda. Recursos voluntários e de ofício negados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntários. Sustentou pela responsável solidária EBRP EMPRESA BRASILEIRA DE RECICLAGEM DE PNEUS, o Dr. Marcelo de Lima Castro Diniz, OAB/PR 19.886. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de auto de infração com ciência pessoal do contribuinte em 02/07/2008, lavrado para infligir a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, em razão da impossibilidade de sua apreensão para aplicação do perdimento, relativamente aos fatos geradores ocorridos no período compreendido entre 12/04/2005 e 28/12/2007. Por bem resumir os fatos jurígenos da autuação, adoto o seguinte excerto do relatório do acórdão de primeira instância (fls. 5161/5163): "(...) Depreendese dos autos que a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinville — SC deu inicio ao presente procedimento fiscal após ter sido deflagrada a "Operação Ouro Verde", integrada por servidores da Policia Federal e Receita Federal do Brasil. Tal operação decorreu de investigação efetuada em uma casa de câmbio denominada CASA ROMA, que não possuía autorização do Banco Central do Brasil para operar no mercado de câmbio. Com as devidas autorizações da autoridade judiciária identificouse que a CASA ROMA se socorria da ROGER TUR, que por sua vez prestava serviços Fl. 5300DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10920.001348/200851 Acórdão n.º 3402003.110 S3C4T2 Fl. 3 3 para a empresa LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA.. Esta última utilizava as atividades clandestinas da ROGER TUR para promover remessas ilegais para o exterior, compra de moeda estrangeira e movimentação de recursos não contabilizados. A grande quantidade de material apreendido (documentos diversos) e as provas obtidas conduziram a autoridade fiscal a concluir que a LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA. (nome fantasia EUROBRAZ) era a principal articuladora de um gigantesco esquema fraudulento, montado para sonegar tributos via subfaturamento, praticar interposição fraudulenta de terceiros, remeter ilegalmente divisas ao exterior e burlar a legislação que impede a importação de pneus usados. As folhas 15 a 153 dos autos constam diversas decisões da autoridade judiciária e despachos da autoridade policial contendo trechos de conversas e cópias de documentos obtidos no decorrer das investigações. (...) Em 28/08/2007 foi expedido o mandado de procedimento fiscal (MPF) n° 09202002007006213, tendo sido cientificado o interessado por via postal em 13/09/2007 (fls. 156 e 159). Juntamente com o MPF o contribuinte foi intimado (fls. 157 e 158) a prestar informações acerca de suas operações, por ele denominadas “serviços de consultoria”, apresentando o documento de folhas 160 a 164, que em síntese informa que toda a documentação havia sido apreendida pela Polícia Federal, que o serviço de consultoria consistia no contato com o armadores, transportadores e informação ao cliente da data da chegada no Brasil, que não tinha acesso à Declaração de Importação do cliente, informava apenas a identificação do contêiner. Na descrição dos fatos da autuação, a autoridade fiscal informa que, as escutas autorizadas judicialmente revelaram um esquema bem estruturado de interposição fraudulenta na importação de pneus usados e carcaças de pneus, tendo como principal interveniente a LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA. Informou também que ainda que tais importações sejam proibidas pela legislação, algumas empresas que tem por objetivo social a remoldagem de pneus, obtiveram autorizações judiciais para importar carcaças de pneus e pneus usados, com o fim específico de serem utilizados como matéria prima para remoldagem. Conforme relatado na autuação, a LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA. “agenciava” a venda de pneus usados, importados oficialmente pelas empresas que detinham as liminares (“liminaristas”), era a principal articuladora de toda a fraude. A ela cabia: a escolha dos pneus no exterior, embarque de contêineres, liberação dos mesmos nos portos de origem e destino, revenda aos reais adquirentes (em sua maioria transportadoras), contratar os agentes de carga e despachantes aduaneiros, determinar como, quanto e em que contas correntes deveriam ser efetivados os depósitos dos montantes. A autoridade fiscal apresenta mensagens e cópias de documentos (fax) que exemplificam como eram desenvolvidas as operações (fls. 4.537 a 4.542). Relata ainda a autoridade fiscal que as “liminaristas” pretendiam aparentar ser, além de importadoras, as reais adquirentes das mercadorias, servindo, desta forma, de interpostas pessoas aos verdadeiros responsáveis pela operação, acarretando em ocultação do real adquirente, artifício empregado para afastar obrigações tributárias principais e acessórias, procedimento que é amplamente Fl. 5301DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 combatido pela legislação tributária. Portanto, caracterizada a interposição fraudulenta, ocultação do sujeito passivo e simulação. Outro aspecto, delineado pela autoridade fiscal, está relacionado ao subfaturamento das importações perpetrado pelo grupo com a finalidade de minimizar o pagamento de tributos incidentes na importação, exemplifica à folha 4.550 e 4.551, trazendo cópia de fax interceptado onde consta orientação para depósito de valor na conta da SK SERVIÇOS DE COBRANÇA LTDA., que é o doleiro responsável pela remessa ilegal de divisas ao exterior dos montantes subfaturados. Os valores contidos no documento estão acima do declarado na respectiva declaração de importação. Registra a autoridade fiscal, folhas 4.554 e 4.555, que a LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA., possui uma filial não declarada na Alemanha, a EUROBRAZ IMPORT & EXPORT GMBH I. GR., empresa que é utilizada para emissão de notas fiscais no exterior promovendo o subfaturamento e o refaturamento. Aos autos, folhas 167 a 3.640, foram anexados 426 conjuntos de documentos que comprovam como o subfaturamento nas operações de importações era realizado, relativos aos anos de 2005 e 2006. A partir destes documentos foi elaborado o relatório, que a autoridade fiscal intitulou de “VALORES DOCUMENTADOS” (fls. 3.641 a 3.658), onde foi reconstituída a base de cálculo real praticada nas importações, recompondo o valor aduaneiro, firmado no entendimento expresso na Opinião Consultiva 10.1 da OMA. (Instrução Normativa SRF n° 318/03), artigos 82, 84 e 85 do Decreto n° 4.543/02. Reconstituindo o valor aduaneiro real praticado, com base na planilha “VALORES DOCUMENTADOS” , a autoridade calculou o valor médio por quilo de produto importado ( 1,27883 R$/KG). Comparando tal valor médio com o valor médio declarado pelas empresas “liminaristas” em outras 8.167 declarações de importação (0,40520 R$/KG) a autoridade fiscal informa à folha 4.560 que apesar de não se lograr obter documentos em que se registravam o subfaturamento, o mesmo foi praticado, pois os valores declarados nas respectivas declarações de importação foram muito aquém da média apurada para as declarações em que se obteve a prova documental. Ressalta que o modus operandi, sempre foi idêntico nas importações praticadas pelas “liminaristas” e LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA. e que o livro caixa do período de janeiro de 2003 a julho de 2004 (fls. 3.659 a 3.680) traz a conta “serviços de consultoria”, que entende ter ficado provado tratarse de venda de pneus usados a consumidores finais. Informa que foram apreendidas grande quantidade de notas fiscais dos aludidos “serviços de consultoria” (fls. 3.693 a 4.363). Para estas declarações de importação a autoridade fiscal aplicou o contido no inciso I do artigo 84 do Decreto n° 4.543/02, arbitrando novo valor aduaneiro com base no preço médio apurado, isto é, multiplicando o peso líquido das respectivas adições de cada Declaração de Importação pelo preço médio de 1,27833 R$/KG, dando origem ao relatório “VALORES NÃO DOCUMENTADOS” (fls. 4.364 a 4.528). Ainda na descrição dos fatos a autoridade fiscal, item V, relata que a LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA. utilizava a ROGER TUR para realizar remessas ao exterior para pagamento de fornecedores, referentes a importações subfaturadas, apresenta à folhas 4.561 a 4.568 cópia de diversos fax interceptados e conversa telefônica interceptada pela autoridade policial. Fl. 5302DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10920.001348/200851 Acórdão n.º 3402003.110 S3C4T2 Fl. 4 5 No campo da sujeição passiva a autoridade fiscal incluiu, além da LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA., as empresas “liminaristas” como responsáveis solidários (fl. 4.572) pois lucravam com a fraude, visto que usavam suas liminares para importações de pneus usados que eram repassados para revenda a consumidores finais, praticando uma espécie de “aluguel das suas liminares”. Também os sócios da LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA. foram incluídos na qualidade de responsáveis pela infração (fl. 4.573). (...)" Em sede de impugnação, os sócios NARCÉLIO AGUIAR E ALVENI LOPES AGUIAR negaram as imputações efetuadas à empresa LOPES E AGUIAR; alegaram que o mandado de procedimento fiscal não incluía as pessoas físicas dos sócios; que a fiscalização quer desconsiderar a personalidade jurídica para responsabilizar os sócios, o que viola o art. 50 do Código Civil; houve vício formal, pois foi ultrapassado o prazo de 90 dias estabelecido na IN 228/2002 para a execução do procedimento; ilegitimidade passiva da LOPES E AGUIAR; a LOPES E AGUIAR encerrou suas atividades em 2006 e não pode ser responsabilizada pelas importações que as "liminaristas" continuaram a fazer; a LOPES E AGUIAR parou de operar desde o início da operação policial, tendo demitido todos os funcionários, não tendo prestado nenhum serviço de consultoria, notadamente a partir de 2007; a própria fiscalização reconheceu a inexistência de documentos comprovando o alegado subfaturamento no demonstrativo de "VALORES NÃO DOCUMENTADOS", sendo que a LOPES E AGUIAR não tem qualquer relação com tais operações de importação; ao calcular o valor da multa o fisco utilizou o valor médio de base de cálculo por quilograma de produto importado (R$ 1,27883), mas o correto seria utilizar apenas a diferença em relação ao valor já declarado na importação; conforme art. 54 do DL nº 37/66 ocorreu a decadência para a revisão aduaneira; que as alegações da fiscalização são inverídicas, pois não existiu qualquer simulação, ocultação ou fraude cometida pela empresa, que somente prestava serviços de consultoria; as vendas das mercadorias importadas eram feitas pelas importadoras (as "liminaristas"); a LOPES E AGUIAR não era detentora de comando e controle das operações de importação; os documentos de fls. 165/3551 não provam o subfaturamento das mercadorias, mas sim o pagamento de comissão, bem como valores devidos aos transportadores nacionais e internacionais e ao despachante aduaneiro. Em sede de impugnação, a pessoa jurídica LOPES E AGUIAR apresentou uma reprise das impugnações oferecidas pelos sócios. Em sede de impugnação, a responsável solidária AUTO TEC RECAUCHUTAGEM IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, alegou, em síntese que: a) que nunca negociou com a LOPES E AGUIAR; b) não participou e não anuiu com quaisquer atividades da LOPES E AGUIAR; c) que os documentos de fls. 3211/3247 mostram claramente a menção à empresa TAL REMOLDAGEM; d) que não praticou interposição fraudulenta, subfaturamento e nem simulação, pois não há um único conhecimento de embarque em seu nome; e) nunca importou pneus para venda direta, mas sim carcaças de pneus destinadas à reforma; f) não pode ser considerada solidária, pois no caso de crimes a responsabilidade é pessoal do agente; g) a multa tem caráter confiscatório. Em sede de impugnação a empresa TAL REMOLDAGEM DE PNEUS LTDA, alegou, em síntese, o seguinte: a) decadência; b) que não mantém relação negocial com a LOPES E AGUIAR e nem com as demais empresas; c) não houve simulação nem ocultação e não era "laranja" (liminarista); d) no processo não existe nenhuma declaração de importação Fl. 5303DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 registrada em seu nome, sendo parte ilegítima para figurar no pólo passivo da autuação; e) no caso de crimes a responsabilidade é pessoal do agente; f) caráter confiscatório da multa; g) que as provas juntadas ao processo foram produzidas de forma unilateral pelo fisco, sem sua participação, o que as torna inválidas. Em sede de impugnação a empresa EBRP EMPRESA BRASILEIRA DE COMÉRCIO E IMPORTAÇÃO DE PNEUS alegou, em síntese, o seguinte: a) decadência; b) nulidade em face da inexistência de MPF em seu nome; c) nulidade em face da ausência de notificações sobre o procedimento fiscal, tendo sido supreendida com o auto de infração; d) falta de provas de que ela participou dos atos ilícitos imputados ao devedor principal; e) que por força de mandado de segurança estava vinculada ao preço de US 3,00 POR PNEU, sendo descabido se afirmar que seus preços estavam abaixo da média encontrada; f) que nunca foi "laranja" de terceiros em qualquer operação; g) que sua responsabilidade deve ser limitada às operações de importação que realizou. Por meio do Acórdão nº 35.368, de 13 de agosto de 2014 a 1ª Turma da DRJ Florianópolis, julgou a impugnação parcialmente procedente, excluindo do lançamento a parcela do crédito tributário correspondente à tabela de "VALORES NÃO DOCUMENTADOS". Foram excluídos do pólo passivo as empresas EBRP EMPRESA BRASILEIRA DE RECICLAGEM DE PNEUS LTDA; RIBOR IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA e TAL REMOLDAGEM DE PNEUS LTDA. O julgado recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 12/04/2005 a 28/12/2007 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. Considerase dano ao Erário punível com a pena de perdimento a ocultação do real sujeito passivo na operação de importação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento. A Pena de perdimento é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 12/04/2005 a 28/12/2007 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. DECURSO DO PRAZO DE VALIDADE. INOCORRÊNCIA. CIÊNCIA AOS DEMAIS RESPONSÁVEIS. Descabe a argüição de decurso do prazo de Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF) se no prazo de validade foi ele regularmente prorrogado. Desnecessária emissão ou ciência do mandado de procedimento fiscal aos demais sujeitos passivos incluídos na autuação em face de constatação de responsabilidade solidária. Fl. 5304DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10920.001348/200851 Acórdão n.º 3402003.110 S3C4T2 Fl. 5 7 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 12/04/2005 a 28/12/2007 INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. De outra sorte, ausente o interesse comum deve a pessoa indicada como responsável solidária ser afastada do pólo passivo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 12/04/2005 a 28/12/2007 RELATÓRIO “VALORES NÃO DOCUMENTADOS”. AUSÊNCIA DE PROVA. Inexistindo elementos objetivos e confiáveis que autorizem concluir que todas as mercadorias descritas nas 8.167 declarações de importação apontadas no relatório “VALORES NÃO DOCUMENTADOS” foram de fato importadas pelo contribuinte da autuação, o lançamento não deve prosperar, por falta de suporte probatório. É ônus da autoridade autuante instruir o lançamento com todos os elementos de prova de fatos constituintes do direito da Fazenda. Impugnação Procedente em Parte Regularmente notificados do acórdão de primeira instância em 09/09/2014, apenas o contribuinte LOPES E AGUIAR e seus sócios NARCÉLIO AGUIAR E ALVENI LOPES AGUIAR apresentaram recursos voluntários nos quais reprisaram as alegações oferecidas nas respectivas impugnações, exceto a decadência para a revisão aduaneira. A Procuradoria da Fazenda Nacional ofereceu contrarrazões, pugnando pelo desprovimento dos recursos voluntários. É o relatório. Voto Os recursos voluntários e de ofício preenchem os requisitos formais para suas admissibilidades e, portanto, merecem ser conhecidos pelo colegiado. DDOO RREECCUURRSSOO DDEE OOFFÍÍCCIIOO.. São duas as matérias postas para reexame deste colegiado: Fl. 5305DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 a) a exclusão do pólo passivo das empresas EBRP — EMPRESA BRASILEIRA DE RECICLAGEM DE PNEUS LTDA., RIBOR IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO COMÉRCIO E REPRES LTDA. e TAL REMOLDAGEM DE PNEUS LTDA; e b) exclusão do crédito tributário relativo aos "VALORES NÃO DOCUMENTADOS". No que tange à declaração de exclusão dessas três empresas solidárias, cumpreme esclarecer aos senhores conselheiros que as referidas empresas não haviam sido notificadas do auto de infração albergado neste processo. Por tal razão, por meio do Acórdão nº 3201000.526, de 02/07/2010 (fls. 4992 e ss.), o processo foi anulado a partir da decisão de primeira instância, a fim de que fossem notificadas aquelas três empresas responsáveis solidárias. O processo retornou à unidade de origem e a fiscalização esclareceu que aquelas empresas não haviam sido notificadas deste auto de infração porque elas estavam respondendo em processos específicos, em relação às declarações de importação em que figuraram como importadoras (fls. 5006). Sendo assim, se é inequívoco nos autos que aqueles três responsáveis solidários estão respondendo em processos administrativos distintos (fl. 5006), foi impecável a decisão da DRJ Florianópolis na parte em que excluiu as referidas empresas, a fim de que não respondam pela mesma dívida em duplicidade. Da mesma forma, não merece nenhum reparo a exclusão do crédito tributário relativo à planilha de "VALORES NÃO DOCUMENTADOS", pois o próprio nome da planilha já revela que a fiscalização, em que pese o árduo trabalho efetuado, não conseguiu obter documentos de que vinculassem os "serviços de consultoria" da LOPES E AGUIAR às importações especificadas na referida planilha. Tendo em vista que cabe ao fisco o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária, a exigência não tinha como prosperar em relação aos valores consignados na referida planilha, pois o próprio fisco reconheceu que em relação a eles não conseguiu reunir elementos seguros de prova. Com esses fundamentos, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. DDOOSS RREECCUURRSSOOSS VVOOLLUUNNTTÁÁRRIIOOSS No que concerne aos recursos voluntários, as questões a serem decididas são idênticas às enfrentadas e decididas pela Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro no Acórdão 3101001.818, por meio do qual foi negado provimento ao recurso voluntário então apresentado. Verificase que existem alegações comuns aos dois recursos apresentados, tanto quanto às preliminares, quanto às questões de mérito. Sendo assim, a análise será feita em conjunto, respeitandose as suas especificidades quando for o caso. PPRREELLIIMMIINNAARREESS Conforme relatado, pesa sobre os recorrentes a responsabilidade pelo crédito tributário decorrente da conversão da pena de perdimento por dano ao Erário em multa. Essa conversão foi feita em virtude de que as mercadorias em questão não terem sido localizadas ou terem sido consumidas. Portanto, a autuação está de acordo com o Fl. 5306DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10920.001348/200851 Acórdão n.º 3402003.110 S3C4T2 Fl. 6 9 preceituado no § 3° do artigo 23 do DecretoLei n° 1.455/76, com redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/02, regulamentado pelo art. 618, § 1º do RA/2002, com a redação do Decreto nº 4.765/2003. Às folhas 4.573/4.574 a autoridade fiscal indica que as mercadorias objeto da autuação estavam sujeitas a aplicação da pena de perdimento, por subfaturamento, bem como, por ocultação do sujeito passivo, do real comprador e responsável pela operação, mediante simulação. Informa ainda, no enquadramento legal, os incisos VI e XI do artigo 105 do DecretoLei n° 37/66. Os sujeitos passivos LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA, NARCÉLIO AGUIAR e ALVENI LOPES AGUIAR alegaram nulidade do auto de infração em razão de que o mandado de procedimento fiscal (i) não ter contemplado as pessoas físicas dos sócios e (ii) que o prazo legal para execução do MPF foi ultrapassado pela fiscalização. À folha 156 consta cópia do MPF Fiscalização n° 09.2.02.002007 00621 3, emitido em face do contribuinte LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA, datado de 28/08/2007, com prazo de execução até 26/12/2007, nos termos da Portaria RFB n° 4.066/2007. A ciência do MPF ocorreu em 13/09/2007, por via postal (AR fl.159). Consulta realizada na página da Secretaria da Receita Federal do Brasil, utilizando o código de acesso informado no citado MPF, trouxe as seguintes informações a respeito da validade de prorrogação: VALIDADE DE PRORROGAÇÃO DOS MPFs: MPF prorrogado até: 24 de Fevereiro de 2008 MPF prorrogado até: 24 de Abril de 2008 MPF prorrogado até: 23 de Junho de 2008 MPF prorrogado até: 22 de Agosto de 2008 O artigo 12 da Portaria RFB nº 4.066, de 02/05/2007, fixa o prazo máximo para execução de um MPFF (Fiscalização) em cento e vinte dias e, estabelece ainda que caso seja imprescindível, poderão ser feitas tantas prorrogações quantas forem necessárias, em prazos contínuos de 60 dias, por intermédio de registro eletrônico pela respectiva autoridade outorgante, cuja informação fica disponível na Internet, conforme disposto no art. 13 da mesma norma. De se observar ainda que a Portaria RFB n° 11.371, de 12/12/2007, que revogou a Portaria RFB nº 4.066, de 02/05/2007, manteve em seus artigos 11 e 12 os mesmos prazos da Portaria revogada e no parágrafo único do seu artigo 4° estabeleceu: Art. 4º O MPF será emitido exclusivamente em forma eletrônica e assinado pela autoridade outorgante, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta Portaria. Parágrafo único. A ciência pelo sujeito passivo do MPF, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Fl. 5307DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 com redação dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532, de 10 de novembro de 1997, darseá por intermédio da Internet, no endereço eletrônico www.receita.fazenda.gov.br, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. Em seu artigo 20, a Portaria RFB n° 11.371, de 12/12/2007 estabelece o procedimento para os casos de MPF que não forem concluídos até 31/12/2007, como no presente caso: Art. 20. Os procedimentos fiscais iniciados antes da vigência desta Portaria que não forem concluídos até 31 de dezembro de 2007, com ciência do sujeito passivo, terão o seguinte tratamento: I – em relação à matéria fazendária, poderão ter continuidade com base no MPF em vigor, desde que não seja necessário proceder a alteração diversa da prorrogação de prazo; Como se vê, todas as prorrogações foram feitas dentro dos prazos e na forma prevista pela legislação vigente, não havendo qualquer descontinuidade no tempo, ficando demonstrado que a ação fiscal, inclusive no que se refere à lavratura do Auto de Infração objeto do presente processo, sempre esteve amparada em MPF válido. A descrição dos fatos do auto de infração foi encerrada em 19/05/2008 (fl. 4.575) e sua ciência ocorreu em 02/07/2008, portanto dentro do período de validade do MPF. A defesa alegou também que houve nulidade do auto de infração, em face da inobservância do prazo de 90 dias estabelecido no art. 9º da IN 228/2002. A inobservância do prazo de 90 dias para a conclusão do procedimento especial de controle aduaneiro não acarreta a nulidade do lançamento tributário, pois não existe dispositivo legal atribuindo essa consequência jurídica ao ato administrativo de lançamento. E isso é assim porque o art. 9 da IN 228/2002 regulamentou o art. 68, parágrafo único, da MP nº 2.15835/2001, que estabeleceu que a Receita Federal deveria dispor por meio de ato administrativo sobre o prazo máximo de retenção de mercadorias durante a execução do procedimento especial de fiscalização. Portanto, a consequência jurídica decorrente do descumprimento por parte do fisco do prazo estabelecido no art. 9º da IN 228/2002, é a liberação imediata das mercadorias eventualmente retidas e não a nulidade do auto de infração. Tendo em vista que no caso concreto não houve retenção de mercadorias, mas apenas e tãosomente a aplicação da multa por impossibilidade de aplicação da pena de perdimento, o prazo do art. 9º da IN 228/2002 não tem e não teve nenhuma aplicabilidade ao caso concreto. Da mesma forma, do fato de o MPF não ter incluído as pessoas físicas dos sócios, não decorre logicamente a consequência jurídica nulidade do auto de infração. A uma porque não existe dispositivo legal estipulando a nulidade do procedimento ou do ato administrativo em decorrência desse fato. E a duas porque o objeto de fiscalização não foi a pessoa física dos sócios, mas sim a pessoa jurídica LOPES E AGUIAR. No decorrer dos trabalhos de fiscalização da pessoa jurídica foram constatados fatos que permitiram atribuir responsabilidade pelo crédito tributário aos sócios, nos termos do art. 137, III, "c", do CTN. O mandado de procedimento fiscal em nome das pessoas físicas dos sócios só seria exigível se os Fl. 5308DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10920.001348/200851 Acórdão n.º 3402003.110 S3C4T2 Fl. 7 11 alvos iniciais da ação fiscal fossem os sócios, o que não se verificou no caso concreto, onde a fiscalização foi instaurada na pessoa jurídica. No que concerne à preliminar de nulidade por ilegitimidade passiva da empresa LOPES E AGUIAR figurar como devedora principal, tal alegação se confunde com o mérito e com ele será analisada. MMÉÉRRIITTOO O arcabouço probatório dos autos (cópia de documentos de folhas 202 a 3.640, interceptações de conversas, fax e documentos de folhas 19 a 154) não deixam qualquer margem de dúvidas a respeito da participação da empresa LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA como contribuinte. A empresa promovia a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional, escolhia os pneus no exterior, embarcava os contêineres, controlava a liberação dos mesmos nos portos de origem e destino, contratava agentes de carga e despachantes aduaneiros, determinava como, quanto e em quais contas correntes deveriam ser efetivados os depósitos dos montantes, operacionalizava a entrega das mercadorias ao consumidor final no País. Tais atividades vão muito além das atividades de mera “consultoria” que foram contabilizadas formalmente pela empresa. O artigo 103 do Regulamento Aduaneiro de 2002 estabelece que: Art. 103. É contribuinte do imposto (Decretolei nº 37, de 1966, Art. 31, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 1º): I o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro A despeito do registro das declarações de importação terem sido efetivados por outras empresas (ditas “liminaristas”), as provas coligidas pela polícia e pela fiscalização mostram claramente que a empresa LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA atuava efetivamente como importadora, promovendo a entrada da mercadoria estrangeira no território nacional. O uso de empresa detentora de liminar para “legalizar” as importações apenas denota a preocupação da empresa LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA em ocultar a sua participação no processo de importação de mercadorias, ocultação que só foi possível descobrir após a intervenção da autoridade policial que, por meios autorizados pelo Poder Judiciário, obteve provas cabais, as quais demonstram muito mais do que os "serviços de consultoria" contabilizados pela empresa. Exemplo de sua atuação é a seguinte mensagem de FAX interceptada pela polícia (fl. 109): Fl. 5309DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 A referida mensagem indica que a empresa LOPES E AGUIAR solicita ao cliente "Nilso" que efetue depósito de R$ 20.790,00 para pagamento das mercadorias importadas referentes ao contanier NYKU 5892362. A declaração de importação relativa a esse container foi registrada em nome de EBRPEMPRESA BRASILEIRA DE RECICLAGENS DE PNEUS LTDA, declarando que se tratava em uma importação própria no valor de U$ 1.242,34, conforme imagem da DI 06/15286563, cuja imagem colacionamos a seguir (fls. 110/111): Fl. 5310DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10920.001348/200851 Acórdão n.º 3402003.110 S3C4T2 Fl. 8 13 Fl. 5311DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 14 Portanto, nesse exemplo ficam comprovadas a interposição fraudulenta da empresa EBRP, com o objetivo de ocultar a empresa LOPES E AGUIAR, real importadora e adquirente, bem como o subfaturamento, uma vez que nessa operação foi declarado o valor aduaneiro de R$ 2.665,96, enquanto que a empresa LOPES E AGUIAR solicitou que fosse efetuado um depósito em montante muito superior ao valor declarado. Portanto, está correta a lavratura do auto de infração com eleição da empresa LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA, como contribuinte e devedora principal. Não prosperam as alegações no sentido de que a LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA não seria a beneficiária do produto arrecadado com a importação e conseqüente venda dos pneus e carcaças, e que por tal motivo não pode ser considerada a responsável tributária direta e principal das referidas importações. Isso porque os documentos acostados aos autos (cópia de documentos de folhas 202 a 3.640, interceptações de conversas, fax e documentos de folhas 19 a 154), contrariamente ao alegado pela defesa, não deixam dúvidas de que a LOPES E AGUIAR Fl. 5312DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10920.001348/200851 Acórdão n.º 3402003.110 S3C4T2 Fl. 9 15 coordenava as operações, ainda que as registrasse contabilmente como prestação de serviços (comissão). Esses documentos comprovam de forma inequívoca o subfaturamento nas declarações de importação daquelas mercadorias. Se a empresa prestava mero serviço de “consultoria”, como alega, deveria ter sido diligente e orientado seus clientes a declararem as importações pelo efetivo valor de transação, emitir os documentos fiscais que espelhassem realmente as operações, e jamais coordenar pagamentos a margem do sistema financeiro oficial para remessa de divisas ao exterior. Atuava de fato como importador e vendedor das mercadorias, ainda que não fizesse o registro contábil e fiscal apropriado, condizente com a natureza das operações praticadas efetivamente. Diante do quadro apresentado, é evidente que não houve desconsideração da personalidade jurídica da LOPES E AGUIAR. O que ocorreu foi que o fisco considerou que houve simulação e como o art. 167 do Código Civil estabelece que os atos simulados são nulos de pleno direito, foram tributadas as operações reais, que apresentam como real importadora a pessoa jurídica LOPES E AGUIAR. Os fatos apurados pela fiscalização autorizam que o fisco desconsidere os registros contábeis da empresa, pois elidem a presunção de legitimidade e de veracidade estabelecida para a escrituração por meio do art. 9º , §§ 1º e 2º do DecretoLei nº 1.598/77. A personalidade jurídica da empresa LOPES E AGUIAR PRODUTOS PNEUMÁTICOS LTDA foi considerada pelo fisco, tanto que ela figura como contribuinte principal no auto de infração ao lado das pessoas físicas dos seus sócios, que respondem pessoalmente pelas infrações, com base no art. 137, III, "c" do CTN. Conforme se pode constatar no contrato social à fl. 4.674, os sócios atuavam na empresa na qualidade de administradores, detendo o poder de gerência da mesma, fato que restou amplamente comprovado nos autos. Por outro lado, não procede a alegação de que houve equívoco no cálculo da multa equivalente a 100% do valor aduaneiro. A alegação da defesa foi no sentido de que o fisco utilizou o valor médio de base de cálculo por quilograma de produto importado (R$ 1,27883), quando o correto seria lançar apenas a diferença em relação ao valor declarado na importação. A alegação é completamente absurda. Isso porque no caso concreto a multa está fundamentada no § 3° do artigo 23 do DecretoLei n° 1.455/76, com redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/02, que claramente determina que a pena de perdimento seja convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. Sendo assim, não há a menor possibilidade de descontar da referida multa os tributos pagos por ocasião dos despachos aduaneiros, pois a lei não prevê tal possibilidade. Com esses fundamentos, seguindo a mesma trilha do Acórdão 3101001.818, voto no sentido de negar provimento aos recursos de ofício e voluntários, para manter o Acórdão recorrido por seus próprios e jurídicos fundamentos. Antonio Carlos Atulim Fl. 5313DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 16 Fl. 5314DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 28/06/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 11080.008147/2004-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jul 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 10/12/2003 a 30/06/2004
IPI. CRÉDITO-PRÊMIO. CORREÇÃO MONETÁRIA.
Na correção monetária, em casos de compensação de crédito-prêmio de IPI, reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, deve-se utilizar como índice de correção monetária: o IPC, no período de março/90 a janeiro/91; o INPC, de fevereiro/91 a dezembro/1991; a UFIR, de janeiro/1992 a 31/12/95; e, a partir de 01/01/96, a taxa SELIC.
Numero da decisão: 3402-003.124
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para dar provimento integral, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 10/12/2003 a 30/06/2004 IPI. CRÉDITO-PRÊMIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Na correção monetária, em casos de compensação de crédito-prêmio de IPI, reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, deve-se utilizar como índice de correção monetária: o IPC, no período de março/90 a janeiro/91; o INPC, de fevereiro/91 a dezembro/1991; a UFIR, de janeiro/1992 a 31/12/95; e, a partir de 01/01/96, a taxa SELIC.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 11 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11080.008147/2004-53
anomes_publicacao_s : 201607
conteudo_id_s : 5609200
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3402-003.124
nome_arquivo_s : Decisao_11080008147200453.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
nome_arquivo_pdf_s : 11080008147200453_5609200.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para dar provimento integral, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
dt_sessao_tdt : Thu Jun 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6437570
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:50:25 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048417867923456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1927; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 10 1 9 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.008147/200453 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402003.124 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de junho de 2016 Matéria IPI Recorrente DANA ALBARUS S.A INDÚSTRIA E COMÉRCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/12/2003 a 30/06/2004 IPI. CRÉDITOPRÊMIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Na correção monetária, em casos de compensação de créditoprêmio de IPI, reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, devese utilizar como índice de correção monetária: o IPC, no período de março/90 a janeiro/91; o INPC, de fevereiro/91 a dezembro/1991; a UFIR, de janeiro/1992 a 31/12/95; e, a partir de 01/01/96, a taxa SELIC. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para dar provimento integral, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 81 47 /2 00 4- 53 Fl. 648DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 6/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em 23/11/2004, referente ao período de 10/12/2003 a 30/06/2004, no valor total de R$ 6.622.357,19, fls.07/08, por insuficiência de recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Conforme Termo de Verificação Fiscal, fls. 295/299, o contribuinte creditou se no Livro Registro de Apuração do IPI dos valores de R$ 6.753.251,62 e R$ 326.528,55, nos períodos de apuração relativos ao segundo decêndio do mês de setembro de 2003 e segundo decêndio do mês de abril de 2004. Este crédito foi originário de sentença judicial transitada em julgado exarada nos autos da ação ordinária n° 95.00106752 que reconheceu ao contribuinte o direito ao benefício fiscal denominado créditoprêmio do IPI, relativo às exportações efetivadas pelo estabelecimento no período de 02/01/90 a 30/09/90. Conforme o relatório fiscal: a decisão judicial que transitou em julgado, quanto ao aspecto da correção monetária, determinou para o cálculo da correção monetária a aplicação dos seguintes índices: "variação da BTN; após a extinção desse título ; do IP C e; em segui" do INPC do IBGE, até a criação da UFIR, obedecendo a partir de então a variação desse indexador, feitas as conversões necessárias", e que o contribuinte atualizou seus créditos, incluindo os índices relativos ao IPC de março (84,32%), abril (44,80%), maio (7,87%) de 1990 e fevereiro (21,86%) de 1991, conforme Súmula 37 do STF e pela taxa SELIC, índices estes não contemplados na referida na decisão. Após elaboração de planilha de cálculo com utilização dos índices de atualização expressos na decisão judicial, a fiscalização reconstituiu a escrita fiscal do contribuinte, e, após a glosa das diferenças encontradas, emergiram saldos devedores que foram objeto do presente lançamento. Em sua impugnação, o contribuinte alegou o seguinte: aplicação de índices de correção monetária supervenientes a sentença é consequência da linha de raciocínio aplicada pelo próprio magistrado, qual seja, a de que correção monetária "não é acessório, acréscimo, lucro, beneficio. Tratase simplesmente de manter a natureza do direito em sua integralidade, de manter o poder liberatório do dinheiro. A não incidência de correção monetária constitui locupletamento ilícito do devedor e prejuízo ao credor. Além de ser imoral". Na seqüência transcreve precedentes judiciais do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Regional Federal da 4a Região, que diz serem idênticos ao presente caso. Cita parecer da Advocacia Geral da União n° AGU/MF 01/96 que determina a incidência de correção monetária na repetição de indébito e decisões administrativas que determinam a correção monetária no que se refere ao ressarcimento de crédito do IPI. Defende a utilização da taxa Selic, uma vez que União Fl. 649DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 6/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11080.008147/200453 Acórdão n.º 3402003.124 S3C4T2 Fl. 11 3 corrige seus créditos com base nessa taxa. Impugna a aplicação da multa de 75%, em razão da compensação ter sido realizada ao abrigo de decisão judicial, entendendo aplicável, se fosse o caso somente a multa de mora. Ao final, requer seja julgado improcedente o lançamento, e, alternativamente, seja aplicada apenas da multa de natureza moratória, limitada ao percentual de 20%. A Impugnação foi julgada improcedente, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/12/2003 a 30/06/2004 AÇÃO JUDICIAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. ÍNDICES NÃO ÁUTORIZADOS. GLOSA. A utilização de créditos corrigidos monetariamente em desacordo com os exatos termos contidos na parte dispositiva da decisão judicial transitada em julgado que reconheceu direito ao créditoprêmio do IP1, justifica 6 ran—çament6de ofício decorrente das diferenças dos valores escriturados. MULTA DE OFICIO. A exigência da multa de ofício encontra respaldo na legislação regente, não podendo a autoridade administrativa afastar a sua pretensão. Lançamento Procedente O contribuinte apresentou Recurso Voluntário repisando os argumentos de sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. O cerne da lide diz respeito à amplitude objetiva do provimento judicial albergado pela coisa julgada, a respeito dos índices adotados para a correção monetária do créditoprêmio do IPI que faz jus o Recorrente. O Recorrente recorreu ao Poder Judiciário a fim de garantir o direito à registro de créditos do IPI gerados por decorrência dos benefícios fiscais concedidos pelo DecretoLei 491/69, no período de 02/01/1990 a 30/09/90, em face das exportações realizada ao exterior, para efeito de abatimento com débitos na forma da legislação do IPI. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 6/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 A ação foi ajuizada em 1995 e julgada em fevereiro de 1996, com pronunciamento expresso a respeito dos índices de correção que deveriam ser utilizados na atualização dos créditos reconhecidos. Tal determinação foi mantida pelo Tribunal Regional da 4º Região, que não acatou, neste aspecto, o recurso da Fazendo Nacional, mantendo a decisão de 1º instância. Vejamos os termos utilizados na ação judicial: "...declaro o direito da autora de apropriarse contabilmente dos créditosprêmio do IPI que seriam aproveitáveis entre 6/6/90 30/9/90, com correção monetária como acima determinado". "Os índices de atualização a incidirem serão os da variação do BTN; após ao extinção desse título, do IPC e, em seguida, do INPC do IBGE, até a criação da UFIR, obedecendo a partir de então a variação desse indexador, feitas as conversões necessárias" Em primeiro lugar, devese frisar que na esteira do novo Código de Processo Civil, consolidando a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça, precreve, em seu art.322, que o pedido deve ser certo, compreendendose no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios nesse sentido, os Tribunais Superiores já afirmavam uníssonos que a incidência de juros e correção monetária decorrem de lei, e não do pedido expresso da inicial, reconhecendo aí sua desnecessidade. No caso em tela, verificase que o juiz optou pelo didatismo na exposição dos índices que seriam utilizados, sobretudo em razão da sucessão de vários deles durante o período em questão, sem pretender esgotar a questão, tanto que fez a menção expressa de que deveriam ser feitas todas as conversões necessárias para adequar a atualização ao índice imposto pela lei. A esse respeito, a jurisprudência do STJ é unânime: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPI. CRÉDITOPRÊMIO. TAXA SELIC. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. 1. A correção monetária não incide sobre o crédito escritural, técnica de contabilização para a equação entre débitos e créditos, por ausência de previsão legal. 2. No caso dos autos, o aresto recorrido decidiu pela correção monetário dos créditos escriturais, restando superada a discussão sobre sua aplicabilidade. 3. Os índices a serem utilizados para correção monetária, em casos de compensação ou restituição, são o IPC, no período de março/90 a janeiro/91, o INPC, de fevereiro/91 a dezembro/91, a UFIR, de janeiro/92 a 31.12.95, e, a partir de 1º.01.96, a taxa SELIC. 4. A SELIC é composta de taxa de juros e correção monetária, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice de atualização. 5. Recurso especial provido. Fl. 651DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 6/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11080.008147/200453 Acórdão n.º 3402003.124 S3C4T2 Fl. 12 5 (REsp 611.485/DF, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/06/2004, DJ 16/08/2004, p. 237) “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ADMINISTRADORES, AUTÔNOMOS E AVULSOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA: AUSÊNCIA DE OMISSÃO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E PRESCRIÇÃO: TESES NÃO PREQUESTIONADAS TRANSFERÊNCIA DO ENCARGO FINANCEIRO LIMITAÇÃO DO ART. 89, § 1º DA LEI 8.212/91 POSIÇÃO REVISTA PELA PRIMEIRA SEÇÃO CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA TAXA SELIC ACÓRDÃO QUE SE HARMONIZA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ– PRECEDENTES. (...) 5. A taxa SELIC é composta de taxa de juros e taxa de correção monetária, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice de correção. 6. É devida a taxa SELIC na repetição de indébito, seja como restituição ou compensação tributária, desde o recolhimento indevido, independentemente de se tratar de contribuição sujeita à posterior homologação do pagamento antecipado (EREsps 131.203/RS, 230.427, 242.029 e 244.443). 7. Na correção monetária, em casos de compensação ou restituição, devese utilizar: o IPC, no período de março/90 a janeiro/91; o INPC, de fevereiro/91 a dezembro/1991; a UFIR, de janeiro/1992 a 31/12/95; e, a partir de 01/01/96, a taxa SELIC. 8. Na repetição de indébito ou na compensação, com o advento da Lei 9.250/95, a partir de 01/01/96, os juros de mora passaram ser devidos pela taxa SELIC a partir do recolhimento indevido, não mais tendo aplicação o art. 161 c/c art. 167, parágrafo único do CTN. Recurso especial improvido” (REsp 447.690/PR, Rel. Min.Eliana Calmon, DJU de 04.08.03). Provavelmente a referência tenha se dado apenas até a UFIR pelo fato do ajuizamento da ação ter se dado em 1995, anteriormente à vigência da lei que instituiu a SELIC, promulgada apenas no apagar das luzes daquele ano. Isso não elide a intenção do julgador em indicar os índices, qual seja, o de manter a natureza do direito em sua integralidade, impedindo sua depreciação e mantendo o poder liberatório do crédito que fazia jus. No exato sentido que o STJ pugnou, se manifestou a Receita Federal através da IN SRF nº22 de 1996: Art. 1° Os valores passíveis de restituição ou compensação, relativos a tributos e contribuições federais, serão acrescidos de juros equivalentes a taxa do Sistema Especial de Liquidação e de Fl. 652DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 6/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Custodia para títulos federais SELIC e de 1%, conforme disposto neste ato. Finalmente, dirimindo definitivamente a questão no âmbito administrativo a Egrégia Câmara Superior de Recursos Fiscais assim decidiu no Acórdão CSRF/02 0.708: "IPI — RESSARCIMENTO — A atualização monetária dos ressarcimentos de créditos de IPI (Lei n° 8.191/91) constitui simples resgate da expressão real do incentivo, não constituindo "plus" a exigir previsão legal (Parecer AGU n° 01/96). O art. 66 da Lei n° 8.383/91 pode ser aplicado na ausência de disposição legal sobre a matéria, face aos princípios da igualdade, finalidade e da repulsa ao enriquecimento sem causa (art. 108 CTN)." (grifo nosso) ,. (Ac Un da 2° T. do E. CSRF. Rel. Marcos Vinicius Neder de Lima. Julgado em 18.05.98) Por fim, afigurase de máfé a interpretação realizada pelo Fiscal da decisão judicial, apegandose ao que lhe convinha e olvidando absolutamente do que lá estava para bem refletir o teor da decisão para o futuro. Em ressaltar os índices aplicáveis, o juiz teve a cautela de frisar que deveriam ser feitas "as conversões necessárias", é dizer, incluiu uma cláusula rebus sic stantibus para a correção monetária, condicionada ao surgimento de novos índices, incluindo aí a SELIC, que entrara em vigor para afastar a incidência da UFIR sobre os créditos tributários. Em razão do exposto, voto por dar provimento integral ao Recurso Voluntário do contribuinte, para anular o lançamento, reconhecendo o crédito em sua totalidade. Prejudicada a apreciação do pedido quanto à multa de ofício. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 653DF CARF MF Impresso em 11/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 29/0 6/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, Assinado digitalmente em 30/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0