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Numero do processo: 19515.002561/2006-75
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Nov 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
ASSUNTO - PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
MATÉRIAS NÃO EXAMINADAS NA FASE DE RECURSO VOLUNTÁRIO. DEVOLUÇÃO À TURMA A QUO.
Uma vez restabelecida a autuação fiscal relativa à glosa do excesso de compensação na base de cálculo do IRPJ no ano-calendário de 2001, faz-se necessário o retorno dos autos à Turma a quo para análise dos pontos específicos suscitados no recurso voluntário que deixaram de ser apreciados no acórdão recorrido.
Numero da decisão: 9101-002.453
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento com retorno dos autos à turma a quo, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora), Luís Flávio Neto, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo.
(Assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício.
(Assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora.
(Assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Redator designado.
EDITADO EM: 10/11/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal De Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Nathália Correia Pompeu), Luis Flavio Neto e Cristiane Silva Costa.
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. ASSUNTO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL MATÉRIAS NÃO EXAMINADAS NA FASE DE RECURSO VOLUNTÁRIO. DEVOLUÇÃO À TURMA A QUO. Uma vez restabelecida a autuação fiscal relativa à glosa do excesso de compensação na base de cálculo do IRPJ no anocalendário de 2001, fazse necessário o retorno dos autos à Turma a quo para análise dos pontos específicos suscitados no recurso voluntário que deixaram de ser apreciados no acórdão recorrido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento com retorno dos autos à turma a quo, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora), Luís Flávio Neto, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 25 61 /2 00 6- 75 Fl. 240DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício. (Assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora. (Assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Redator designado. EDITADO EM: 10/11/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal De Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Nathália Correia Pompeu), Luis Flavio Neto e Cristiane Silva Costa. Relatório Tratase de processo originado pela lavratura de Auto de Infração de IRPJ e CSLL pela "compensação indevida de prejuízo(s) fiscal(is) apurado(s) em sua sucedida KLABIN EXPORT S/A, CNPJ n. 58.246.406/000139, tendo em vista a inobservância do limite de compensação de 30% do lucro liquido, ajustado pelas adições e exclusões previstas e autorizadas pela legislação do Imposto de Renda", como descreve o auto de infração (fls. 36/38), com a imposição de multa equivalente a 75% do imposto então apurado. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) manteve integralmente o Auto de Infração (fls. 135/145): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2001 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. LIMITE DE 30%. Para fins de determinação do saldo de imposto de renda a pagar, a compensação de prejuízos fiscais existentes em nome da pessoa jurídica está limitada a trinta por cento da base de cálculo, inclusive nos casos de baixa por incorporação. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 241 3 LANÇAMENTO. SALDO CREDOR DE IMPOSTO DE RENDA. No cálculo do lançamento, a autoridade lançadora não pode considerar as deduções do imposto de renda devido se ainda não analisados os atributos de liquidez e certeza do saldo de imposto delas resultante, bem como a sua disponibilidade. SUCESSÃO POR INCORPORAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE. A pessoa jurídica incorporadora é responsável pelos tributos devidos pela incorporada até A data da incorporação, inclusive por eventual multa de oficio e demais encargos legais. Lançamento Procedente O sujeito passivo apresentou recurso voluntário alegando: (i) a legitimidade da compensação integral de prejuízos fiscais; (ii) a sucedida "já apontara a existência de pré pagamentos feitos ao longo do ano em montante suficiente para fazer frente a todo o saldo de imposto devido no encerramento de suas atividades", (iii) impossibilidade da exigência de multa por força do artigo 132, do CTN (fls. 162/172) A 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara deste Conselho deu provimento ao recurso voluntário em acórdão cuja ementa se colaciona a seguir: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001 PESSOA JURÍDICA EXTINTA POR INCORPORAÇÃO. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS ACIMA DO LIMITE DE 30%. A pessoa jurídica incorporada pode compensar no balanço de encerramento de atividades o prejuízo fiscal acumulado sem observância da “trava” de 30%, em razão da vedação legal à transferência de prejuízos para a sucessora. Os autos foram encaminhados à Procuradoria da Fazenda Nacional em 24 de abril de 2012, conforme despacho de encaminhamento às fls. 185. A Fazenda Nacional apresentou recurso especial em 29/05/2012, no qual alega divergência na interpretação a respeito da limitação de 30% na compensação de prejuízo fiscal, indicando como paradigmas os acórdãos nº (i) 10515999, no qual consta que "A partir do anocalendário de 1995, a compensação de bases de cálculo negativas da CSLL fica limitada a 30% do lucro no período. Cabível a exigência de ofício de contribuição incidente sobre diferença compensada a maior na declaração de incorporação, uma vez inexistente qualquer exceção ao limite imposto, ainda que na hipótese de encerramento da empresa." e (ii) 10193438, no qual consta decisão da seguinte forma: "A regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para compensação de prejuízos não contém exceção para as empresas que sejam objeto de incorporação" O recurso especial foi admitido, conforme razões a seguir reproduzidas (fls. 225/227) Fl. 242DF CARF MF 4 Em uma análise prelibatória, entendo que o cotejo dos trechos das ementas dos paradigmas com o acórdão recorrido, permitem constatar a divergência alegada. Enquanto no acórdão recorrido entendeuse que a pessoa jurídica incorporada pode compensar no balanço de encerramento de atividades o prejuízo fiscal acumulado sem observância da “trava” de 30%, em razão da vedação legal à transferência de prejuízos para a sucessora; nos paradigmas, os relatores se posicionaram no sentido dessa impossibilidade, uma vez que a regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para compensação de prejuízos não contém exceção para as empresas que sejam objeto de incorporação. (...) Em razão de terem sido preenchidos os requisitos do art. 67 do RICARF, DOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL POR DIVERGÊNCIA. O sujeito passivo apresentou contrarrazões ao recurso, requerendo não seja conhecido, porque não está assinado e não há data de protocolo e, sucessivamente, requer seja negado provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Caso provido o recurso, a Recorrida pleitea a remessa dos autos à Turma a quo para julgamento das demais matérias tratadas em recurso voluntário. (230/236). Voto Vencido Conselheira Cristiane Silva Costa Conheço do recurso especial da contribuinte, eis que tempestivo e devidamente demonstrada a divergência na interpretação da lei tributária. O recurso especial foi autenticado digitalmente pelo Procurador da Fazenda Nacional em 29 de maio de 2012, data em que se considera protocolizado. Ressalto que prescreve o artigo 64B, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 64B. No processo eletrônico, os atos, documentos e termos que o instruem poderão ser natos digitais ou produzidos por meio de digitalização, observado o disposto na Medida Provisória nº 2.2002, de 24 de agosto de 2001". Por sua vez, o artigo 6º, da Medida Provisória 2.2002, dispõe que: Art. 6o Às AC, entidades credenciadas a emitir certificados digitais vinculando pares de chaves criptográficas ao respectivo titular, compete emitir, expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados, bem como colocar à disposição dos usuários listas de certificados revogados e outras informações pertinentes e manter registro de suas operações. Parágrafo único. O par de chaves criptográficas será gerado sempre pelo próprio titular e sua chave privada de assinatura será de seu exclusivo controle, uso e conhecimento. Fl. 243DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 242 5 Portanto, rejeito a alegação da Recorrida de não conhecimento por falta de assinatura e protocolo, eis que a assinatura digital supre estes requisitos. E, por tais razões, confirmo o conhecimento do recurso. A possibilidade de compensação de prejuízos fiscais é regulada pelo artigo 6º, §3º, alínea c, do DecretoLei nº 1.598/1977: Art 6º Lucro real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. § 3º Na determinação do lucro real poderão ser excluídos do lucro líquido do exercício: a) os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do exercício; b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados no lucro real; c) os prejuízos de exercícios anteriores, observado o disposto no artigo 64. A Lei nº 8.981/1995 estabeleceu a limitação máxima de 30%, tratando também da possibilidade de utilização dos prejuízos acumulados nos anoscalendário subsequentes: Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüentes. A Lei nº 9.065/1995 também delimitou a compensação do prejuízo fiscal, tratando do limite máximo de 30% do lucro líquido ajustado: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Fl. 244DF CARF MF 6 A limitação de 30% na compensação de prejuízos é reproduzida no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999), verbis: Art. 250.Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 3º): (...) III o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único). Art. 510. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995 poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, observado o limite máximo, para compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15). § 1ºO disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para compensação (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15, parágrafo único). § 2ºOs saldos de prejuízos fiscais existentes em 31 de dezembro de 1994 são passíveis de compensação na forma deste artigo, independente do prazo previsto na legislação vigente à época de sua apuração. § 3ºO limite previsto no caput não se aplica à hipótese de que trata o inciso I do art. 470. Em que pese a vedação à autorização de compensação usual acima dos 30%, a autorização para compensação integral dos prejuízos, na hipótese de incorporação, tem relação com a sucessão de direitos e obrigações da incorporada pela incorporadora, como tratam os artigos 227, da Lei nº 6.404/1964 e 1.116, do Código Civil. Afinal, a restrição ao direito da incorporadora de aproveitamento de todo o prejuízo detido pela incorporada implica na limitação indevida da plena sucessão de direitos e obrigações como assegurada legalmente. É oportuno ressaltar que os artigos 15 e 16, da Lei nº 9.065/1995 estabelecem limitação de 30% para o aproveitamento ao ano, sem, no entanto, impedir a compensação da totalidade dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL ao longo do tempo. A interpretação do acórdão recorrido, estendendo a limitação de 30% ao caso de empresas extintas por incorporação, implica na negativa do direito ao restante do crédito, em violação aos próprios artigos 15 e 16 da citada Lei. Ademais, lembrese que antes da Lei nº 9.065/1995 existia limitação temporal para a compensação de prejuízos fiscais, constante do artigo 12, da Lei nº 8.541/1992, para aproveitamento apenas nos 4 (quatro) anoscalendários subsequentes ao da apuração deste prejuízo. (Art. 12. Os prejuízos fiscais apurados a partir de 1º de janeiro de 1993 poderão ser Fl. 245DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 243 7 compensados, corrigidos monetariamente, com o lucro real apurado em até quatro anos calendários, subsequentes ao ano da apuração). Esta limitação temporal (quatro anoscalendários subsequentes) foi extinta com a edição da Lei nº 9.065/1995, que prestigiou a possibilidade de aproveitamento integral do prejuízo em qualquer exercício posterior, mas limitou este aproveitamento ao percentual de 30% ao ano. A lógica da norma, portanto, é assegurar o aproveitamento da integralidade do prejuízo, razão pela qual há que ser garantido o aproveitamento integral na hipótese de incorporação da pessoa jurídica. A garantia da integral compensação de prejuízos à incorporadora respeita, ainda, o conceito de lucro firmado no artigo 43, do Código Tributário Nacional, impossibilitando que patrimônio da incorporada seja objeto de tributação pelo Imposto sobre a Renda. Diante de tais razões, a compensação de prejuízos fiscais, no caso de incorporação, não está limitada ao percentual de 30%. É importante lembrar que o Supremo Tribunal Federal analisou a limitação de 30% na compensação de prejuízos fiscais, concluindo pela sua constitucionalidade, em acórdãos cujas ementas são a seguir reproduzidas: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITAÇÕES. ARTIGOS 42 E 58 DA LEI N. 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E "B", E 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido 2. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 344994, Tribunal Pleno, DJe 27/08/2009) DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO: LIMITAÇÕES À DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. ARTIGO 58 DA LEI 8.981/1995: CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 5º, INC. II E XXXVI, 37, 148, 150, INC. III, ALÍNEA "B", 153, INC. III, E 195, INC. I E § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTE: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 344.944. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 344.944, Relator o Ministro Eros Grau, no qual se declarou a constitucionalidade do artigo 42 da Lei 8.981/1995, "o direito ao abatimento dos Fl. 246DF CARF MF 8 prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido". 2. Do mesmo modo, é constitucional o artigo 58 da Lei 8.981/1995, que limita as deduções de prejuízos fiscais na formação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. 3. Recurso extraordinário não provido. (RE 545.308, Tribunal Pleno, DJe 25/03/2010) Ademais, há decisão do Supremo Tribunal Federal reconhecendo a repercussão geral da matéria: IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA JURÍDICA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO PREJUÍZO COMPENSAÇÃO LIMITE ANUAL. Possui repercussão geral controvérsia sobre a constitucionalidade da limitação em 30%, para cada anobase, do direito de o contribuinte compensar os prejuízos fiscais do Imposto de Renda sobre a Pessoa Jurídica e a base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido artigos 42 e 58 da Lei nº 8.981/95 e 15 e 16 da Lei nº 9.065/95. (RE 591.340, DJe 06/11/2008) Não obstante o reconhecimento de repercussão geral, inexiste decisão definitiva que tenha reconhecido a constitucionalidade da limitação de 30%, para compensação de prejuízos fiscais, submetida ao rito do artigo 543B, do Código de Processo Civil. Acrescentese que as decisões anteriormente proferidas pelo Supremo Tribunal Federal não são vinculantes para os julgadores deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e, além disso, estas decisões não trataram da incorporação de pessoa jurídica, situação peculiar que há de ser enfrentada de forma distinta daquelas apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal, conforme transcrição supra. Por tais razões, voto por negar provimento ao recurso especial, para reafirmar a legitimidade da compensação de prejuízos fiscais em percentual superior aos 30% (trinta por cento), confirmando a decisão recorrida. Caso vencida, voto por acolher o pedido da Recorrida para baixa dos autos à Turma Ordinária para julgamento das demais razões de recurso voluntário, notadamente os argumentos acima reproduzidos: (i) a sucedida "já apontara a existência de prépagamentos feitos ao longo do ano em montante suficiente para fazer frente a todo o saldo de imposto devido no encerramento de suas atividades", (ii) impossibilidade da exigência de multa por força do artigo 132, do CTN (fls. 162/172) Cristiane Silva Costa – Relatora Fl. 247DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 244 9 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Redator Designado. Com a devida vênia, divirjo do entendimento exposto pela insigne Conselheira Relatora em relação à possibilidade de afastamento da trava de 30% na compensação de resultados negativos anteriores por pessoa jurídica no ano da sua extinção por incorporação. De fato, o principal tema dos debates travados ao longo do presente processo diz respeito à autuação de IRPJ relativamente ao anocalendário de 2001, por inobservância da chamada trava de 30% na compensação de prejuízo fiscal. O auto de infração foi lavrado em face do sujeito passivo KLABIN S/A devido ao fato de ele ter incorporado, em 28/12/2001, a pessoa jurídica KLABIN EXPORT S/A. De acordo com o Termo de Verificação e Constatação Fiscal, elaborado pela Fiscalização, a documentação fornecida pela contribuinte, concernente ao anocalendário de 2001, demonstra que a KLABIN EXPORT S/A não observou o limite de 30% do resultado do período de apuração ajustado para fins de compensação de prejuízos fiscais dos períodos anteriores. Segundo a Fiscalização, a KLABIN EXPORT S/A, ao apurar o IRPJ devido em relação ao anocalendário de 2001, realizou a compensação acima do limite legal (30%), pois, apesar de o lucro real desse período ter sido de R$7.394.552,30, ela compensou o montante correspondente a R$6.023.399,79, havendo, dessa forma, o excesso de compensação no valor de R$3.805.034,10. Como bem descrito no Relatório deste acórdão, o lançamento foi integralmente mantido pela decisão de primeira instância administrativa. A decisão de segunda instância (ora recorrida), por sua vez, deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte, para fins de cancelar o lançamento, encampando o entendimento de que "a pessoa jurídica incorporada pode compensar no balanço de encerramento de atividades o prejuízo fiscal acumulado sem observância da 'trava' de 30%". O recurso especial da PGFN objetiva restabelecer os lançamentos exonerados. De acordo com o acórdão recorrido, a empresa incorporada poderia compensar integralmente o prejuízo fiscal acumulado em períodos anteriores, com os lucros apurados até a data de sua extinção, sem a observância da "trava" de 30%, prevista no art. 15 da Lei nº 9.065/1995. Traz o mencionado dispositivo legal: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e Fl. 248DF CARF MF 10 exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. (grifouse) O acórdão recorrido defende que a aplicação da "trava" de 30% somente se justificaria mediante a presunção de continuidade da pessoa jurídica. Como o art. 514 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 impede o aproveitamento de prejuízos fiscais da incorporada pela incorporadora, a aplicação da limitação de 30% no ano da incorporação da empresa provocaria o "abandono forçado de um ativo seu, representado por benefício assegurado em lei". A matéria em pauta ainda é objeto de controvérsias no CARF, mas eu me filio à interpretação que já há algum tempo vem prevalecendo na Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), no sentido de que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por incorporação, ou por qualquer outro evento. Como razões de decidir, adoto inicialmente o brilhante voto do Conselheiro Marcelo Cuba Netto no Acórdão nº 1201000.888, de 09/10/2013, que faz um perspicaz estudo do tema: "Feitas essas considerações iniciais, passemos a examinar os fundamentos da tese proposta pela interessada. Afirma a recorrente que o significado de uma norma jurídica não é aquele que advém diretamente da literalidade do texto normativo, devendo, ao contrário, ser extraído mediante o emprego dos métodos de interpretação aceitos tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, em especial o histórico, o sistemático e o teleológico. Nesse sentido, explica que a nova sistemática de compensação de prejuízos fiscais introduzida pela Lei nº 9.065/95 há que ser compreendida mediante comparação com o sistema vigente até então. Diz que, na sistemática anterior (Lei nº 8.541/92), era possível a compensação integral de prejuízos, porém com limitação temporal de quatro períodosbase. Alega que a nova sistemática extinguiu o limite temporal, mas manteve o direito à compensação integral, observado o limite de 30% em cada períodobase futuro. Conclui, assim, que no período em que ocorrer incorporação, fusão ou cisão, ainda que parcial, da pessoa jurídica, não sendo mais possível a compensação dos prejuízos em períodosbase futuros, a única solução jurídica possível, consentânea com o preceito contido na Lei nº 9.065/95 de que o sujeito passivo não perde o direito à compensação, é que o limite de 30% não se aplica. Pois bem, relativamente a essa argumentação é preciso, inicialmente, concordar com a recorrente quando afirma que o Fl. 249DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 245 11 significado da norma jurídica deve ser compreendido mediante o emprego dos métodos de hermenêutica jurídica. No entanto, a interpretação histórica empreendida pela recorrente parte de uma premissa equivocada, qual seja, a de que tanto na sistemática de compensação vigente antes do advento da Lei nº 9.065/95, quanto na atual, o sujeito passivo tem direito à compensação integral de prejuízos fiscais. Vejamos. Na sistemática anterior o sujeito passivo tinha o direito à compensação de prejuízos, desde que observado o limite temporal de quatro anos. Exemplifiquemos com duas situações distintas: a) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 200,00, R$ 300,00, R$ 400,00 e R$ 400,00; b) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 100,00, R$ 200,00, R$ 200,00 e R$ 300,00; Na hipótese descrita na situação “a” o sujeito passivo poderá compensar integralmente o prejuízo. Já na hipótese descrita na situação “b” o sujeito passivo não poderá, e, ainda que se diga que isso se deva à imposição do limite temporal, o fato iniludível é que restará uma parcela que não mais será passível de compensação. Em outras palavras, na situação “b” não haverá compensação integral do prejuízo apurado no ano “X”. Portanto, resta claro que a previsão, por lei, de um limite temporal é incompatível com a premissa afirmada pela recorrente de existência de um direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. O que existia na sistemática anterior era algo distinto, qual seja, um direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais, a depender do caso concreto, como ilustrado nas situações “a” e “b” retro. E dizer que a compensação poderá ser realizada até integralmente é algo distinto de dizer que poderá ser realizada integralmente. É que ao estabelecer que a compensação poderá ser realizada até integralmente a lei, desde logo, admite que poderá haver hipóteses em que a compensação não se dará integralmente, conforme visto na situação “b”. Seguindo a trilha da interpretação histórica proposta pela interessada, é de se dizer que a nova sistemática introduzida pela Lei nº 9.065/95, na linha da sistemática anterior, manteve o direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Afastado o limite temporal de quatro anos, e introduzido o limite máximo de redução do lucro líquido Fl. 250DF CARF MF 12 ajustado em 30%, o direito à compensação (até integral) passou a poder ser exercido ao longo da existência da pessoa jurídica. A própria exposição de motivos à Medida Provisória nº 998/95, posteriormente convertida na Lei nº 9.065/95, e apontada pela interessada para sustentar a sua tese, expressamente prevê que o sujeito passivo poderá compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Confira sua redação: "Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Mediada Provisória n. 812/94 (Lei n. 8981/95). Ocorre hoje vacatio legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo." (Grifamos) Assim, a compensação poderá se dar até integralmente, seja em um mesmo ano, seja em diversos anos ao longo da existência da pessoa jurídica, desde que observado, em cada um desses anos, o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%. Se no ano da extinção da pessoa jurídica, ou da sua cisão parcial, o valor dos prejuízos acumulados for superior a 30% do lucro líquido ajustado, ainda assim o limite deverá ser observado. É que tal como na situação “b” referente à sistemática antiga, também na sistemática atual poderá haver casos, como o retratado nos presentes autos, em que o sujeito passivo não poderá compensar integralmente seus prejuízos acumulados, haja vista a imposição do limite de 30%. E não há nada de ilegal nisso, pois a lei não garante o direito à compensação integral. Na sequência de sua peça recursal a interessada enfatiza o emprego da interpretação sistemática. Argumenta que, ao contrário do que disse a fiscalização, o caso dos autos não é de lacuna no ordenamento jurídico (inexistência de norma), e sim de uma norma jurídica existente, porém implícita. Diz, primeiramente, que o exame conjunto do aludido art. 15 da Lei nº 9.065/95 com o abaixo transcrito art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 conduziria à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo seria a inaplicabilidade do limite de 30% quando da extinção da pessoa jurídica ou de sua cisão parcial. Art. 33. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida. Parágrafo único. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido. Também aqui não me parece estar correta a interpretação proposta pela defesa. Vejamos. Fl. 251DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 246 13 O art. 15 da Lei nº 9.065/95 veda a compensação de prejuízos em montante que reduza em mais do que 30% o lucro líquido ajustado do período. Não há menção, nesta norma, aos eventos de extinção da pessoa jurídica ou sua cisão parcial. Por sua vez, o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 veda que a sucessora compense prejuízos da sucedida, e, em caso de cisão parcial, limita a compensação, pela própria pessoa jurídica, ao valor de seu prejuízo proporcional à parcela do patrimônio não objeto da cisão. A incidência isolada de cada uma dessas duas normas à hipótese de extinção de pessoa jurídica que possua prejuízos fiscais acumulados em montante superior a 30% do lucro líquido ajustado conduzirá às seguintes conclusões: a) art. 15 da Lei nº 9.065/95 impossibilidade de compensação, pela pessoa jurídica extinta, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado por força do limite de 30%; b) art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 impossibilidade de compensação, pela sucessora, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado pela sucedida. Já a interpretação conjunta dessas duas normas sobre a mesma situação hipotética acima descrita conduziria, de acordo com a recorrente, à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo afastaria a aplicação do limite de 30% à pessoa jurídica extinta. Ocorre que o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado na hipótese aventada. Dito de outro modo, se as premissas (o art. 15 da Lei nº 9.065/95 e o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) do silogismo lógicodedutivo proposto pela recorrente não conduzem necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado no caso de extinção da pessoa jurídica, então a recorrente deve reconhecer que não logrou êxito em demonstrar a existência da aludida norma implícita. (...) Prossegue a recorrente em sua defesa afirmando, com fundamento nas lições de Karl Larenz, que a já citada norma implícita também pode ser deduzida a partir do silêncio eloquente da lei. No Capítulo V.2 de sua famosa obra (Metodologia da Ciência do Direito, 3a. ed., pg. 524 e ss.), o prestigiado filósofo do direito citado pela recorrente discorre sobre o conceito e espécies de lacunas. Nesse sentido, explica que nem todo silêncio da lei deve ser tido como uma lacuna, conforme trecho a seguir transcrito: Fl. 252DF CARF MF 14 "Poderia pensarse que existe uma lacuna só quando e sempre que a lei (...) não contenha regra alguma para uma determinada configuração no caso, quando, portanto, “se mantém em silêncio”. Mas existe também um “silêncio eloquente” da lei." Assim é que, pelas lições de Larenz, nem todo silêncio da lei deve ser compreendido como uma lacuna a ser preenchida pelo aplicador do direito. Casos há em que, embora o legislador haja silenciado sobre determinado assunto, não significa que haja ali uma lacuna, daí porque não pode o aplicador pretender regulá la por meio de analogia, princípios gerais do direito ou qualquer outro método de integração do direito. É o que o autor chama de silêncio eloquente. Pois bem, a idéia de lacuna corresponde à antítese da idéia de existência de norma, seja explicita seja implícita. Em outras palavras, se há norma regulando o caso, ainda que implícita, então não haverá ali uma lacuna. Inversamente, se há lacuna, não há norma regulando o caso, ainda que implícita. A questão do silêncio eloquente da lei, segundo leciona Larenz, está afeto ao campo das lacunas, e não ao campo da existência de normas, sejam estas explícitas ou implícitas. Portanto, ao procurar conectar o problema das normas implícitas à questão do silêncio eloquente da lei a recorrente mistura alhos e bugalhos. Na sequência, a interessada faz uso do princípio da eventualidade alegando que, se for entendido haver lacuna, e não norma implícita, deve ela ser preenchida segundo o espírito da lei. Argumenta que, como o espírito do art. 15 da Lei nº 9.065/95 não foi vedar a compensação integral, qualquer integração só poderá ser produzida no sentido de assegurar a compensação sem a observância do limite de 30%, nas situações em que em virtude de outra norma (art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) a limitação nessas situações frustraria qualquer possibilidade de compensação futura do excedente. Novamente a recorrente traz à balha a questão da compensação integral do prejuízo. Sua argumentação, agora, é que há uma lacuna na Lei nº 9.065/95, a qual deixou de excepcionar o limite de 30% previsto no art. 15 às hipóteses de extinção ou cisão parcial da pessoa jurídica. No entanto, conforme Larenz, nem todo silêncio da lei pode ser tido como uma lacuna. Nesse sentido, o simples fato de a Lei nº 9.065/95 não excepcionar a incidência de seu art. 15 a casos como o dos presentes autos, não nos autoriza concluir que exista uma lacuna naquela lei. Mas, então, quando é que poderseá dizer que existe uma lacuna na lei? A resposta pode ser encontrada também em Larenz (sobre o assunto vide, também, Aleksander Peczenik, in On Law and Reason, pg. 24 e ss.). Haverá uma lacuna na lei quando, com base nos valores albergados pelo sistema jurídico, for possível afirmar que a norma deveria existir. E se o legislador não produziu uma norma que, em razão dos valores presentes no ordenamento jurídico, deveria existir, então o Fl. 253DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 247 15 próprio direito autoriza ao aplicador promover a integração da lacuna, por meio de analogia, princípios gerais do direito, equidade, etc. Já vimos anteriormente que não existe norma jurídica, sequer implícita, estabelecendo o direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. Investiguemos agora se essa propalada compensação integral, apesar de não ser um direito formalmente estabelecido, constituise em um valor resguardado pelo ordenamento jurídico. Se a resposta for positiva, então, conforme afirmado pela recorrente, há que se reconhecer a existência de uma lacuna na Lei nº 9.065/95 ao não excepcionar a incidência de seu art. 15 aos casos de extinção ou cisão parcial. A defesa não aponta qual a norma ou conjunto de normas do ordenamento que albergaria esse suposto valor. Certamente não está ele contido no art. 33 do Decretolei nº 2.341/87, pois, como dito outrora, o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado nas hipóteses de extinção ou cisão parcial. Talvez a única norma do ordenamento jurídico em que seria possível vislumbrar a existência do afirmado valor (compensação integral de prejuízos) é a contida no art. 153, III, da Constituição da República, o qual estabelece competir à União instituir imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Ocorre que o próprio STF, ao examinar por diversas vezes a questão, já afirmou e reafirmou que a limitação de 30% à compensação de prejuízos não ofende o conceito constitucional de renda, daí porque é de se concluir não ser possível dele se inferir a existência do alegado valor concernente à compensação integral de prejuízos." (destaques no original) Entendo completamente aplicáveis à discussão desenvolvida nos presentes autos as considerações expostas no voto reproduzido. A tese abraçada pelo acórdão recorrido, no sentido de que a melhor interpretação, retirada do ordenamento atinente ao IRPJ, seria pelo afastamento da trava de 30% no ano de encerramento das atividades da pessoa jurídica, é devidamente refutada. Demonstrase que a interpretação conjunta do art. 15 da Lei nº 9.065/1995 e do art. 33 do DecretoLei nº 2.341/1987 (reproduzido no art. 514 do RIR/1999) não conduz necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado. O voto ainda aborda a questão do pretenso direito adquirido das pessoas jurídicas à compensação integral dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas de CSLL acumulados ao longo dos exercícios anteriores. A este respeito, concluise que inexiste tal direito adquirido no sistema atualmente adotado para as compensações (limitação quantitativa em cada exercício, sem limite temporal), assim como não existia na regra anterior Fl. 254DF CARF MF 16 (limitação temporal de quatro anos para a compensação, sem limite quantitativo para cada exercício). O Acórdão CSRF nº 910100.401, de 02/10/2009, também discute se existe ou não direito adquirido dos contribuintes à compensação de resultados negativos anteriores. Tal decisão representou uma mudança de posicionamento da CSRF a respeito do tema, motivada, entre outras razões, por decisões do próprio Poder Judiciário: "Voto Conselheira IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO (...) Os Tribunais Superiores já definiram que na compensação de prejuízos não se trata de direito adquirido, mas sim de uma expectativa de direito, como demonstram decisões do Superior Tribunal de Justiça, como exemplo o Recurso Especial nº. 307.389 RS, que ao enfrentar semelhante questão pronunciase da forma seguinte: (...) Também o STF se pronunciou acerca do tema, em 25/03/2009, no RE 344.9940 do Paraná, cujo Relator inicial, o Ministro Marco Aurélio restou vencido. Redige o voto vencedor o Ministro Eros Grau, acórdão assim ementado: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS LIMITAÇÕES ARTIGOS 42 E 58 DA LEI Nº 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E 'B", E 5°, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de beneficio fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Neste recurso pretendia o autor que a trava não incidisse sobre os saldos de prejuízos ocorridos até dezembro de 1994, sob argumento de que se estava diante de um direito adquirido à compensação de todo prejuízo e a nova lei não poderia restringir tal direito. Aliás, quanto à interpretação teleológica pretendida no paradigma trazido à colação, no que toca aos prejuízos fiscais, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em sua composição Plenária, que a compensação de prejuízos fiscais tem natureza de beneficio fiscal e pode, como instrumento de política tributária, Fl. 255DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 248 17 ser revisto pelo legislador sem implicar, sequer, no direito adquirido. Destaque é de ser dado ao voto da Ministra Ellen Gracie, que bem traduz a lógica do que aqui defendemos e neutraliza os argumentos da Recorrente nos seguintes termos: (...) 5. (...) Entendo, com vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8981/95 mera expectativa de direito donde o nãocabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não têm "crédito" oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito liquido e certo à "socialização" dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. E apenas por benesse da política fiscal atenta a valores mais amplos como o da estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. É a lei vigorante para o exercício fiscal que definirá se o beneficio será calculado sobre 10, 20 ou 30%, ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Mas, até que encerrado o exercício fiscal, ao longo do qual se forma e se conforma o fato gerador do Imposto de Renda, o contribuinte tem mera expectativa de direito quanto à manutenção dos patamares fixados pela legislação que regia os exercícios anteriores. Não se cuida, como parece claro, de qualquer alteração de base de cálculo do tributo, para que se invoque a exigibilidade de lei complementar. Menos ainda, de empréstimo compulsório. Não há, por isso, quebra dos princípios da irretroatividade (CR, art. 150, III, a e b ) ou do direito adquirido (CF, art 5°, XXXVI). (...) Fl. 256DF CARF MF 18 8. Por tais razões, peço licença para seguir a linha da divergência inaugurada pelo Ministro Eros Grau. Em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie de incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado, eis que as normas que cuidam de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional. (...) Dessa forma, em homenagem ao comando legal do art. 111 do CTN, que impõe restrição de interpretação das normas que concedem benefícios fiscais, como é o caso, descabe o elastério interpretativo pretendido pela Recorrente." (destaques no original) Em que pese o RE nº 344.9940 efetivamente não tratar de hipótese idêntica à discutida nos presentes autos (ou no processo em que foi prolatado o Acórdão CSRF nº 9101 00.401), a mencionada decisão judicial joga luz sobre aspectos extremamente úteis à discussão acerca da aplicabilidade da trava de 30% na compensação realizada por empresas prestes a serem incorporadas. De início, estabelecese que a possibilidade de compensação de resultados negativos passados é um benefício fiscal, concedido pelo Estado, mediante lei perfeitamente constitucional, como instrumento de política tributária e econômica. Assim sendo, leis que limitem a possibilidade de compensação (até totalmente) são igualmente constitucionais. Por fim, entendeu a Suprema Corte que a compensação de eventuais prejuízos fiscais já acumulados revestese da condição de mera expectativa de direito, inexistindo direito adquirido à sua utilização tributária posterior. Trazendose tais conclusões para a discussão travada nos presentes autos, podese construir o entendimento de que, ao contrário do que defendem o acórdão combatido e a contribuinte recorrida, não existe um direito sagrado à compensação integral dos prejuízos fiscais já registrados. Somente tomandose por intocável tal premissa é que se pode defender que a única solução possível para a situação em que uma pessoa jurídica terá suas atividades encerradas, por conta de sua incorporação, é pela dispensa da limitação da compensação a 30% do resultado positivo apurado. Após a prolação do Acórdão nº 910100.401, a CSRF proferiu uma série de outras decisões em que prevaleceu a tese de que a trava de 30% na compensação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, prevista nos arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/1995 e arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995, é obrigatória mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica. Uma destas decisões é o Acórdão CSRF nº 9101001.337, de 26/04/2012, que faz uma pertinente observação acerca da evolução da legislação que trata da compensação de prejuízos fiscais, ao mesmo tempo em que aborda os aspectos materiais e temporais da incidência do IRPJ. Com isso, visouse a afastar o argumento de que a negativa da compensação integral de prejuízos fiscais representaria tributação de outra grandeza que não a renda: Fl. 257DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 249 19 "Voto Vencedor Conselheiro Alberto Pinto S. Jr.. Com a devida vênia do ilustre Relator, ouso discordar do seu tão elaborado voto, por enxergar, nele, um caráter muito mais propositivo do que analítico do Direito posto. Sustenta o ilustre relator que: “o direito à compensação existe sempre, até porque, se negado, estarseá a tributar um não acréscimo patrimonial, uma não renda, mas sim o patrimônio do contribuinte que já suportou tal tributação”. Ora, se isso fosse realmente verdade, a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 154/47 teria ofendido o conceito de renda e chegaríamos à absurda conclusão de que, até essa data, tributouse, no Brasil, outra base que não a renda. Da mesma forma, mesmo após a autorização da compensação de prejuízos fiscais (Lei 154/47), também não se estaria tributando a renda, pois sempre foi imposto um limite temporal para que se compensasse o prejuízo fiscal, de tal sorte que, em não havendo lucros suficientes em tal período, caducava o direito a compensar o saldo de prejuízo fiscal remanescente. Pelo entendimento esposado pelo ilustre Relator, a perda definitiva do saldo de prejuízos fiscais, nesses casos, também contaminaria os lucros reais posteriores, já que não mais estariam a refletir “renda”. Não é razoável imaginar que toda a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 9.065/95 (ou do art. 42 da Lei 8.981/95) tenha ofendido o conceito de renda, nem também é possível sustentar que a Lei 9065/95 tenha instituído um novo conceito de renda. Notese que o art. 43 do CTN trata do aspecto material do imposto de renda, seja de pessoa jurídica ou física, e não há que se dizer que a legislação do IRPF ofende o conceito de renda ali previsto, pelo fato, por exemplo, de não permitir que a pessoa física que tenha mais despesas médicas do que rendimento em um ano leve o seu descréscimo patrimonial para ser compensado no ano seguinte. Na verdade, o CTN não tratou do aspecto temporal do IRPJ, deixando para o legislador ordinário fazêlo. Ora, se o legislador ordinário define como período de apuração um ano ou três meses, é nesse período que deve ser verificado o acréscimo patrimonial e não ao longo da vida da empresa como quer o Relator. Sobre isso, vale trazer à colação trecho colhido do voto do Min. Garcia Vieira no Recurso Especial nº 188.855 GO, in verbis: “Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período Fl. 258DF CARF MF 20 corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributa se. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer "crédito" contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa em anos anteriores..” Data maxima venia, confundese o Relator quando cita o art. 189 da Lei 6.404/76, para sustentar que “o lucro societário somente é verificado após a compensação dos prejuízos dos exercícios anteriores”. Primeiramente, por força do disposto nos arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77, o lucro real parte do lucro líquido do exercício, ou seja, antes de qualquer destinação, inclusive daquela prevista no art. 189 em tela (absorver prejuízos acumulados). Em segundo, os arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77 já demonstram, à saciedade, que o acréscimo patrimonial que se busca tributar é de determinado período lucro líquido do exercício. Sustenta também o Relator que “a compensação de prejuízos fiscais não deve ser entendida como um beneficio fiscal” e traz jurisprudência do STJ nesse sentido. Todavia, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é em sentido contrário, ou seja, que “somente por benesse da política fiscal que se estabelecem mecanismos como o ora analisado, por meio dos quais se autoriza o abatimento de prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados”, conforme dicção da Min. Ellen Gracie ao julgar o RE 344994. Evidencia ainda o caráter de mera liberalidade do legislador ordinário, quando se verifica que, para o IRPF, decidiuse que apenas os resultados da atividade rural podem ser compensados com prejuízos de períodos anteriores. Ou seja, o benefício de poder compensar prejuízos fiscais foi concedido apenas a uma parte do universo de contribuinte de IRPF. Duas verdades óbvias se deduz de tal entendimento: primeiro, renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei; segundo, a compensação de prejuízo poderia ser totalmente desautorizada pelo legislador ordinário, pois não haveria ofensa ao conceito de renda (art. 43 do CTN). (...) Vale ainda ressaltar que, quando o legislador ordinário quis, ele expressamente afastou a trava de 30%. Refirome ao art. 95 da Lei 8.981/95. Assim, nem mesmo o Poder Judiciário poderia chegar tão longe a ponto de criar, por jurisprudência, uma nova exceção à regra da trava de 30%, sob pena de se estar legislando positivamente." (destaques no original) O voto vencedor redigido pelo I. Conselheiro Alberto Pinto S. Jr. faz um interessante apanhado das normas concernentes ao imposto de renda, tanto de pessoas jurídicas Fl. 259DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 250 21 quanto de físicas, que não permitem(iam) o aproveitamento tributário de resultados negativos anteriores e nem por isso desnaturaram o conceito constitucional de renda. Para corroborar sua tese, traz trecho de julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que declara expressamente que tais resultados negativos anteriores não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda. Seu aproveitamento tributário seria, isso sim, benesse tributária instituída pelo Estado para "minorar a má atuação da empresa em anos anteriores". Após diferenciar o tratamento dado ao tema pelas Ciências Contábeis daquele que interessa à seara tributária ("renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei"), o I. Redator faz observação relevante para o deslinde da controvérsia aqui examinada: existem exceções, legalmente previstas, à submissão da compensação ao limite de 30% do resultado positivo do período de apuração. E, entre elas, não está a pretendida pela contribuinte. Em outras palavras: quando o legislador quis estabelecer exceções à regra geral, o fez expressamente. A controvérsia também é abordada no voto vencedor do Acórdão CSRF nº 9101001.760, de 16/10/2013, que trata com profundidade de vários aspectos relevantes para a discussão proposta: "Voto Vencedor Mérito Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado (...) Sopesando os argumentos da Fazenda e do Contribuinte, a I. Relatora inicialmente traça um histórico da legislação que rege a matéria da compensação de prejuízos. Peço vênia para reproduzir entre aspas trechos do voto da I. Relatora, porque desta forma se torna mais clara a contraposição de argumentos. A I. Relatora parte da constatação de que "nunca subsistiram limitações temporais e quantitativas concomitantemente" e conclui que isto se deve à razão de ser a compensação de prejuízos um direito do contribuinte, "inerente aos princípios que regem a apuração do IRPJ/CSLL e à lógica contábil que determina os efeitos intertemporais dos atos das pessoas jurídicas, a qual atribui os critérios de apuração do lucro líquido, ponto de partida para a apuração do IRPJ e da CSLL". Primeiramente, embora nunca tenham subsistido limitações temporais e quantitativas concomitantemente, até 1945, no Direito brasileiro, não existia possibilidade de compensação de prejuízos, ou seja, a limitação era total, assim os prejuízos de um período de apuração não eram transportados para o período seguinte, que eram considerados estanques. Ora, isto era muito pior para o contribuinte, pois não havia limites porque simplesmente não era possível compensar o prejuízo, e a norma não foi considerada inconstitucional. No que diz respeito ao segundo argumento, embora a lógica contábil seja usada para o cálculo da base tributável do IRPJ e da CSLL, a base de cálculo do imposto está sob o império da lei que pode, inclusive, ser diferente, ou mesmo contrária à lógica contábil, que é lastreada em princípios geralmente aceitos, resoluções e pronunciamentos de instituições de Direito Privado, etc... Ocorre que em matéria de direito público, sempre prevalece a lei. Assim, em que pesem Fl. 260DF CARF MF 22 argumentos que possam ser procedentes dentro da lógica contábil na qual todo prejuízo deve ser confrontado com os resultados dos períodos seguintes (e imediatamente), esta não é a lógica legal. Na verdade, a lógica da lei tem a ver com dois aspectos essenciais ao caso, a periodização e o fato gerador do imposto de renda. A periodização é importante pois há que se confrontar situações em tempos diferentes para que se identifique se a empresa tem ou não prejuízo, se a empresa tem ou não lucro. Esta lógica contábil existe para se informar ao dono do "equity" acionista ou sócio, como está evoluindo seu patrimônio, o que só tem lógica se forem confrontados períodos distintos. E daí se faz a escolha temporal, que pode ser cinquenta anos, dez anos, um ano, seis meses, três meses, um mês, etc, aquilo que a lógica contábil entender conveniente em termos de mercado, pois como foi dito informar ao dono do capital a situação do seu patrimônio é a função da contabilidade. No caso brasileiro, este prazo está na própria lei comercial (art. 175 da Lei. 6.404/1977, prevê o exercício social de um ano, e em seu Par. Único permite períodos distintos). Daí que em função da continuidade, ou princípio da continuidade, os prejuízos têm que ser levados em conta, pois o acionista ou sócio não olha o seu investimento por períodos equivalentes ao exercício social, mas por todo o período do investimento que planejou, embora tenha que “tomar o pulso” de tempos em tempos (e.g., balanços mensais, semestrais ou anuais, com os prejuízos passando para o período seguinte). Assim, um acionista que tem em perspectiva ações de uma empresa por um determinado período, olha o quanto o investimento vale no início e no final do período; assim, vinculado a uma lógica contábil, todos os ganhos e todas as perdas do período devem ser computados continuamente, é o princípio da continuidade operando, o que lhe dá o resultado final ao longo do período. Vejase que a função da contabilidade, ou pelo menos uma das funções principais, é informar ao dono do capital a situação do seu investimento. Na verdade, está se assumindo o princípio da continuidade e seus efeitos nos lucros, mais no seu sentido econômico, porque no seu sentido contábil mais exato o princípio da continuidade não trata disto, mas sim na forma com que os ativos são avaliados, a depender da continuidade da empresa. Diz a resolução CFC 750/1993 (com redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10), quando trata dos princípios da contabilidade: “Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.” Ou seja, este princípio diz respeito à precificação dos componentes do patrimônio, nada indicando que decorre dele a imposição principiológica do aproveitamento de prejuízos de um período em relação a outro. Mas, ad argumentandum tantum e seguindo a lógica econômica da compensação de prejuízos como decorrência da continuação da empresa, que se presume indefinidamente, os prejuízos e lucros se compensariam contínua e indefinidamente. Fl. 261DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 251 23 Mas esta não é a lógica da legislação tributária. Para efeitos tributários, a periodização tem como função firmar o aspecto temporal para efeito de se verificar se entre o momento inicial e momento final houve variação patrimonial positiva (atualmente a lei prevê este lapso em três meses, e opcionalmente de um ano, para o lucro real). Vejase que o fato de a legislação tributária permitir que se transponha o prejuízo de um período para o período seguinte é uma decisão de política tributária. Digase de passagem, uma política correta, mas que obedece aos princípios legais e não aos princípios contábeis. Assim, o aproveitamento de prejuízos é uma decisão de política tributária (em linha com a política econômica), mas não entendo que seja um benefício fiscal, pois não se enquadra neste conceito, mesmo porque é geral. Neste aspecto específico concordo com a posição da I. Relatora. Benefício fiscal ocorre quando a lei tributária concede o aproveitamento integral (sem a trava dos 30%) para algumas atividades, isto porque difere da regra geral da sujeição à limitação dos 30 %. Ou seja, o aproveitamento de prejuízos não pode ser considerado um benefício fiscal, mas tão somente nas situações que se dirijam a atividades específicas em que se permite um tratamento mais benéfico, com o aproveitamento integral (enquanto os outros contribuintes têm a “trava”). Posto de outra forma, decorre de decisão em sede política tributária e econômica que a legislação tributária permita a dedução de prejuízos, mas isto por uma lógica econômica de formação de capital, e não simplesmente por uma lógica contábil. A lógica econômica é que a dedução de prejuízo na verdade implica em um alongamento do período de apuração, permitindo que a empresa se recupere de períodos sem lucro (como é típico do início das atividades, em face de perspectivas futuras). Em suma, a dedutibilidade do prejuízo, embora impacte a base de cálculo do imposto de renda, é matéria legal, não se contrapondo a princípios constitucionais que informam a matéria tributária, como entende a I. Relatora. A lei pode tanto impedir totalmente o aproveitamento do prejuízo, como, de fato, fazia por volta de 68 anos atrás para pessoas jurídicas em geral e assim o faz até hoje, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido ou pelo Simples. Por outro lado, a lei pode permitir o aproveitamento integral, como faz para algumas atividades, como pode impor limites temporais (como fazia até pouco tempo) ou quantitativos (como o faz atualmente), sem que possa ser considerada violadora de qualquer princípio ou regra constitucional. (...) (...) Outro argumento expedido pela I. Relatora, muito semelhante ao primeiro, diz respeito à obediência da norma tributária aos princípios e normas contábeis, no que se refere à apuração da base do IRPJ e da CSLL. Ocorre que, neste caso, o tratamento dado pela legislação tributária diverge da norma comercial, mas é consentâneo com a própria Lei n. 6.404/1977, a lei comercial e Fl. 262DF CARF MF 24 contábil, que prevê em seu art. 177, §7º (redação atual dada pela Lei nº 11.941/ 2009) que tratamento tributário diferente pode ser dado pela legislação tributária, conforme seu art. 177, in verbis: (...) Ou seja, a própria lei que dispõe sobre o tratamento tributário da apuração contábil ressalva que a aplicação das normas tributárias com critérios diferentes deve ser observada. Assim, não há contradição entre norma tributária e norma contábil, mesmo porque o tratamento dado à apuração do lucro real direciona justamente à apuração do lucro com base na legislação comercial sucedido pelos ajustes previstos da norma tributária (adições e exclusões), conforme preconiza o art. 6º do Decretolei nº 1.598/1977, e também o art. 17 da Lei nº 11.941/2009 (Lei que tratou das novas normas contábeis) e tributação, introduzindo o denominado regime tributário de transição RTT). Ou seja, a vedação de aproveitamento de prejuízos persiste mesmo no caso de encerramento da empresa, à míngua de previsão legal tributária. Não se pode impor normas e princípios contábeis para alterar a legislação tributária, criando uma situação excepcional onde a norma tributária não prevê exceção. (...) Outra linha argumentativa da I. Relatora se fia na história legislativa do dispositivo que implementou a trava dos 30% (MP n. 998/1995). Todos os argumentos normogenéticos são pertinentes e admissíveis, e é justamente o que se debate aqui, mas a lei não criou exceções. O que a exposição de motivos (EM) noticia é justamente que o aproveitamento não é limitado no tempo, mas não cogita e nem especifica o que ocorreria caso a empresa encerrasse as atividades, assim como não o faz a lei. Tratase de interpretação da exposição de motivos, pois ela, a EM, literalmente não diz que não há trava no enceramento das atividades. Por outro lado, a história legislativa de determinado dispositivo não permite um embargo interpretativo com efeitos legislativos infringentes, mas tão somente teleológicos. (...) Nesta linha de argumentos, durante os debates da sessão foi também foi suscitada a tese de que o prejuízo teria a mesma natureza de patrimônio, isto seria um "ativo". Disto decorreria que haveria tributação sobre o patrimônio (prejuízo), se não fosse permitida sua dedutibilidade. Ocorre que prejuízo (perda), no meu entender não é ativo. A legislação tributária, norma de sopreposição, consentânea com a economia e as bases econômicas da atividade empresarial, concede o aproveitamento dos prejuízos dentro da lógica da continuidade empresarial, mas daí a entender que prejuízo acumulado pode representar patrimônio, é o mesmo que dizer que tanto faz lucro ou prejuízo, o que contrasta com a própria lógica econômica. A empresa distribui lucro ou ativa lucro, não distribui prejuízo, nem ativa prejuízo. Ninguém persegue o prejuízo, a atividade empresarial persegue o lucro. Norma que permite transmutar perda em lucro Fl. 263DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 252 25 com base na rationale de que a perda tem valor patrimonial é uma contradição em si mesma. Contudo, é verdade que dada a perspectiva (expectativa) de que o prejuízo fiscal em um dado exercício diminua o tributo devido em um exercicio posterior, no futuro, há a possibilidade se ativar esta expectativa de direito, a título de ativo fiscal diferido (conforme, e.g., Resolução CFC n. 1189/09). Tratase de perspectiva de impacto patrimonial positivo, como é qualquer redução de custo, ainda que tributário. Assim, o prejuízo fiscal, que difere do prejuízo contábil (podendo haver caso de lucro contábil com prejuízo fiscal, o que não é infrequente) pode ser considerado uma espécie de expectativa de direito com perspectivas de consequências patrimoniais positivas. Contudo, é um argumento puramente contábil e se aplica, na perspectiva puramente contábil. Ou seja, isto tudo é uma questão contábil e que, neste aspecto, nada tem a ver com a limitação legal de aproveitamento de prejuízo fiscal, que só comporta exceções legais. O fato dos prejuízos fiscais acumulados constarem da parte B do Lalur e de reduzirem tributo a pagar no futuro, não lhes dá o condão de patrimônio. (...) Quanto ao argumento relacionado à jurisprudência judicial, o único ponto relevante é que entendo que a decisão do STF de que a trava é constitucional impacta o presente processo ainda que indiretamente. Uma coisa o STF reconhece de pronto, qual seja: o tema é matéria de lei e esta lei não é inconstitucional. Embora o STF não tenha discutido a questão da trava na extinção da empresa especificamente, a decisão é um indicativo claro de que a vedação total no encerramento da empresa é também matéria de lei infensa à questionamento constitucional. De outro lado, se não for assim entendido estaríamos a discutir a inconstitucionalidade de lei, o que regimentalmente não podemos fazer, ou então, haveria uma omissão legal, o que não há. O que corrobora a conclusão de que para se aceitar o afastamento da trava na hipótese em debate teria que haver previsão expressa da lei tributária, o que também não há. (...) Assim, o entendimento que adoto é também consentâneo com a direção que está seguindo a jurisprudência contemporânea do CARF, embora reconheça que haja divergências, as quais respeito, embora divirja. Desta forma, entendo não deve ser admitida exceção não prevista em lei tributária, quando a lei tributária fixa limites para o aproveitamento de prejuízos, devendo ser negada o aproveitamento integral dos prejuízos no enceramento das atividades da empresa, que está limitado a 30%, na forma da legislação tributária." O I. Redator expõe brilhantemente, com notável grau de detalhamento, as razões que prevaleceram naquele julgamento a respeito de vários aspectos relevantes para o Fl. 264DF CARF MF 26 debate acerca do afastamento da trava de 30% no caso de empresa incorporada: inexistência de direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais já registrados; independência da lei tributária em relação às normas contábeis; constitucionalidade das restrições legais à possibilidade de compensação pelos contribuintes. Além disso, aborda também outra discussão suscitada nos presentes autos. O acórdão recorrido afirmou que a aplicação da trava de 30% à compensação promovida por pessoa jurídica prestes a ser incorporada "resultaria no abandono forçado de um ativo seu, representado por benefício assegurado em lei". Com muita propriedade, o voto transcrito há pouco admite que tal tese pode ser dotada de algum sentido se analisada sob o ponto de vista puramente contábil. Mas não se pode admitir a tentativa de se atribuir ao prejuízo fiscal acumulado a natureza de patrimônio. Tal configuração afrontaria à própria lógica econômica das empresas, uma vez que, de certa forma, estarseia pretendendo transmutar a perda em lucro. Considero que os argumentos defendidos pela contribuinte e que fundamentaram o acórdão questionado foram satisfatoriamente refutados pelas decisões administrativas acima referidas, cujas razões de decidir transcritas adoto como minhas. Acrescento ainda, a título de ilustração, que esta CSRF, em seus julgamentos mais recentes, tem se mantido fiel ao entendimento aqui adotado, pela impossibilidade de dispensa do limite legal, para a compensação, de 30% do lucro real (ou da base de cálculo positiva de CSLL), mesmo no exercício de encerramento das atividades da pessoa jurídica. Neste sentido os Acórdãos nº 9101002.153, nº 9101002.191, nº 9101002.192, nº 9101 002.207, nº 9101002.208, nº 9101002.209, nº 9101002.210, nº 9101002.211 e nº 9101 002.225. A meu ver, o principal aspecto da polêmica em pauta reside no equivocado entendimento de que necessariamente deve haver uma completa comunicação entre os períodos de apuração do IRPJ e da CSLL. É precisamente esse entendimento que dá azo à idéia de que todo o prejuízo ao longo da história da empresa deve ser confrontado com todo o lucro auferido ao longo do tempo. Entretanto, a tributação do IRPJ e da CSLL não se dá dessa forma. Com efeito, o que se tributa é a renda/lucro (acréscimo patrimonial) auferida em um determinado período de apuração, e não a renda/lucro resultante de toda a existência da empresa. No julgamento do já referido RE nº 344994, o STF, apesar de não ter examinado a questão do limite de 30% para compensação de prejuízo fiscal em caso de extinção de empresa, deixou bem claro que a lei aplicável em relação à compensação de prejuízo fiscal é a lei vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Tal pronunciamento veio no sentido preciso de afirmar a independência entre os exercícios, o que também ficou bem evidenciado pelas situações apontadas nas decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais transcritas neste voto (em especial, a evolução histórica do instituto e o paralelo com a tributação da renda das pessoas físicas). Nesse mesmo passo, vale ainda observar que não há doutrinadores defendendo a possibilidade de compensação de prejuízos futuros com lucros anteriores, dando Fl. 265DF CARF MF Processo nº 19515.002561/200675 Acórdão n.º 9101002.453 CSRFT1 Fl. 253 27 margem a repetição de indébitos. Caso isso fosse possível, pagamentos realizados no passado poderiam vir a ser considerados indevidos em razão de prejuízos futuros. Contudo, tal hipótese é prontamente repelida pelo senso comum da prática tributária, e a ilustração permite visualizar claramente que os exercícios devem mesmo ser independentes. De todo o exposto, podese concluir que a continuidade da empresa não implica em um direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL, independentemente do aspecto temporal para a incidência do imposto/contribuição; que o referido limite de 30% não desnatura a materialidade do imposto/contribuição (renda/lucro em determinado período de apuração); e que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por cisão/incorporação, ou por qualquer outro evento. Nesse passo, correta a autuação fiscal referente à glosa do excesso de compensação na base de cálculo do IRPJ no anocalendário de 2001, objeto dos presentes autos. Assim, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional para restabelecer o crédito tributário lançado. Como foi destacado pela contribuinte recorrida em suas contrarrazões, o acórdão recorrido, ao dar provimento ao recurso voluntário em relação à sua arguição principal, deixou de apreciar outras alegações constantes da peça recursal. Assim, diante da presente determinação de restabelecimento da autuação referente à glosa do excesso de compensação, fazse necessária a devolução dos autos à Turma a quo para que se pronuncie acerca de duas outras alegações formuladas pela contribuinte em sede de recurso voluntário: i) a impossibilidade de cobrança de IRPJ relativo ao anocalendário de 2001, mesmo que apurado com observância da trava de 30% na compensação, em razão da existência de "prépagamentos" realizados ao longo daquele ano, em valor suficiente; e ii) o descabimento da cobrança de multa de ofício da empresa, na qualidade de responsável tributário, por força do disposto no art. 132 do Código Tributário Nacional. Desse modo, voto no sentido de: conhecer do recurso especial interposto pela PGFN; darlhe provimento para restabelecer o lançamento tributário relativo ao IRPJ do anocalendário de 2001; determinar a remessa dos autos à Turma a quo para apreciação dos dois temas que deixaram de ser julgados por ocasião do proferimento do acórdão recorrido. (Assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 266DF CARF MF 28 Fl. 267DF CARF MF
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Numero do processo: 10865.001022/2006-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE DO ACÓRDÃO EMBARGADO. AUSÊNCIA TOTAL DE MOTIVAÇÃO.
A ausência total de motivação da decisão recorrida implica em vício de ilegalidade e consequente nulidade.
DECADÊNCIA.
No caso da inexistência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública da União constituir crédito tributário referente ao IRPF extingue-se em cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, conforme o disposto no art. 150, §4o., do CTN.
LIVRO-CAIXA. DESPESAS DE CUSTEIO.
As despesas que se autoriza excluir das receitas para apuração do rendimento tributável, além de necessárias à percepção da receita, devem estar devidamente escrituradas em Livro Caixa e comprovadas por meio de documentação hábil e idônea.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO.
Restando comprovado nos autos o acréscimo patrimonial a descoberto cuja origem não seja comprovada por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte, ou sujeitos à tributação exclusiva, é autorizado o lançamento do Imposto de Renda correspondente.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
Invocando uma presunção legal de omissão de rendimentos, a autoridade lançadora exime-se de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo o ônus da prova ao contribuinte. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida.
Numero da decisão: 2201-003.269
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, reconhecer a nulidade da decisão embargada. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari e Márcio de Lacerda Martins, que haviam proclamado seus votos na sessão de junho de 2016, e José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado) que divergiram da nulidade apontada. Por unanimidade de votos, acolher, com efeitos infringentes, os embargos de declaração, para substituindo o Acórdão 2101-001.009, de 16/03/2011, proferir nova decisão que passa a ter a seguinte redação: em acolher a preliminar de decadência em relação ao ano-calendário de 2000 e no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir do demonstrativo de variação patrimonial os valores constantes da tabela Demonstrativo Mensal de Renda Consumida (às fls. 67 e 68) e desqualificar a multa de ofício.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 11/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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NULIDADE DO ACÓRDÃO EMBARGADO. AUSÊNCIA TOTAL DE MOTIVAÇÃO. A ausência total de motivação da decisão recorrida implica em vício de ilegalidade e consequente nulidade. DECADÊNCIA. No caso da inexistência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública da União constituir crédito tributário referente ao IRPF extinguese em cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, conforme o disposto no art. 150, §4o., do CTN. LIVROCAIXA. DESPESAS DE CUSTEIO. As despesas que se autoriza excluir das receitas para apuração do rendimento tributável, além de necessárias à percepção da receita, devem estar devidamente escrituradas em Livro Caixa e comprovadas por meio de documentação hábil e idônea. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Restando comprovado nos autos o acréscimo patrimonial a descoberto cuja origem não seja comprovada por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte, ou sujeitos à tributação exclusiva, é autorizado o lançamento do Imposto de Renda correspondente. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Invocando uma presunção legal de omissão de rendimentos, a autoridade lançadora eximese de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo o ônus da prova ao contribuinte. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 10 22 /2 00 6- 74 Fl. 1875DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, reconhecer a nulidade da decisão embargada. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari e Márcio de Lacerda Martins, que haviam proclamado seus votos na sessão de junho de 2016, e José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado) que divergiram da nulidade apontada. Por unanimidade de votos, acolher, com efeitos infringentes, os embargos de declaração, para substituindo o Acórdão 2101001.009, de 16/03/2011, proferir nova decisão que passa a ter a seguinte redação: em acolher a preliminar de decadência em relação ao anocalendário de 2000 e no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir do demonstrativo de variação patrimonial os valores constantes da tabela Demonstrativo Mensal de Renda Consumida (às fls. 67 e 68) e desqualificar a multa de ofício. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 11/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Tratamse de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional em face de decisão prolatada pela 1ª Turma da 1ª Câmara da 2ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), que não trouxe os fundamentos adotados pelo voto condutor e encampados pela maioria do colegiado, fls. 1842 a 1848. Em despacho do dia 17 de setembro de 2015, os embargos de declaração foram admitidos, “a fim de que seja sanada a omissão do acórdão, através da prolação de novo Acórdão, onde se explicite os fundamentos da decisão quanto a seu provimento integral, parcial ou sua negativa de provimento, admitindose, se for o caso, efeitos infringentes aos embargos sob análise”. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos. “A presente autuação encontrase muito bem descrita na forma de excerto do Relatório produzido pela autoridade julgadora de 1ª. instância, de efls. 1662/1663, o qual se adota aqui como relatório da autuação, verbis: “(...) Fl. 1876DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10865.001022/200674 Acórdão n.º 2201003.269 S2C2T1 Fl. 1.862 3 Em ação levada a efeito no contribuinte acima qualificado, apurouse o crédito tributário na importância correspondente a R$ 1.254.289,83 (um milhão, duzentos e cinqüenta e quatro mil, duzentos e oitenta e nove reais e oitenta e três centavos), sendo R$ 422.569,22 a título de Imposto de Renda Pessoa Física, R$ 577.341,53 referentes à Multa de Oficio proporcional e R$ 254.379,08 referentes aos juros de mora, consubstanciado no Auto de Infração de fls. 05 a 21, com fundamento legal especificado em fls. 08, 10, 11 e 12. 2. A infração apurada, que resultou na constituição do crédito tributário referido, encontrase relatada nos Termos de fls. 22 a 29, planilha em fls. 30 a 46, e nos dá conta dos seguintes aspectos: 2.1. No Termo de Constatação Fiscal (01/12/2005), fl. 22, consta a conclusão da diligência efetuada junto ao LABORATÓRIO , MEDICINA DIAGNÓSTICO CASTRO SOARES LTDA., em ArarasSP, no sentido de que todo o labor profissional do contribuinte está vinculado à pessoa jurídica, naquele estabelecimento, não sendo outra, também, a situação que deflui da leitura do seu contrato social e dos registros na Prefeitura Municipal. Resultando improcedentes, por decorrência, as despesas de livro caixa lançadas como deduções dos rendimentos declarados na pessoa física, oriundas de trabalho sem vínculo empregatício, que deveriam ter sido contabilizadas na pessoa jurídica. De resto, os documentos das pessoas física e jurídica, até agora examinados, revelam que o contribuinte optou por distribuir entre elas, a seu critério e sem apoio em fundamento legal ou material, a movimentação financeira da sociedade laborai em que, formalmente, 99% são seus e 1% de seu filho, Pedro Castro Soares, CPF 269.529.15826; 2.2. No Termo de Constatação Fiscal (28/03/2006), relativamente à análise da contabilidade da empresa MEDICINA D1AGNÓSTICA CASTRO SOARES LTDA, fls. 23 e 24, consta que, a empresa é optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido, tendo apresentado a sua escrituração contábil em livro "Diários" de nos. 10 a 13, relativos aos períodos de 2000 a 2003. Todavia, nenhum dos mencionados contém autenticação oficial de cartório. O Cartório do Registro de Títulos e Documentos da comarca de ArarasSP, localizou a autenticação do Diário n° 10, feita sob número de ordem 1560, em 28/11/2000. Assim, concluiu que o exemplar submetido ao exame do fisco caracterizase espúrio, ilegítimo e inidôneo, pois do que está autenticado não se trata; 2.3. quanto aos registros contábeis, cuja análise foi necessária dada a distribuição de lucros e seus efetivos pagamentos ao sócio, JOSÉ FERNANDO CASTRO SOARES, padecem, igualmente, de ilegitimidade, haja vista que: 2.3.1. não possuem vínculo com documentos que os corroborem, sendo prova disso a não comprovação dos efetivos pagamentos dos lucros distribuídos; também proveu a retificação da DIPJ, Fl. 1877DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 4 extemporaneamente, para suprir a falta de recursos financeiros na declaração da pessoa física do proprietário; 2.3.2. diz a fiscalização que, trata se de contabilidade dirigida e manipulada, sem compromisso com a verdade dos fatos. Vejam se os saldos de Caixa, nos balanços patrimonial. Intimada a apresentar o razão analítico da correspondente conta, não atendeu; 2.3.3 faz tabula rasa dos princípios geralmente aceitos na contabilidade, entre eles o principal, o da entidade, com a prática da confusão entre a pessoa física do proprietário e a jurídica da empresa, no trato dos recursos financeiros; 2.4. Quanto ao termo de Verificação e Irregularidade (28/03/2006), fl. 25 a 29, consta que: 2.4.1. foram glosadas todas as despesas declaradas como deduções de livro caixa da atividade médica, tendo em vista que tais valores deveriam ter sido apropriados na contabilidade da pessoa jurídica MEDICINA DIAGNÓSTICO CASTRO SOARES LTDA.; 2.4.2. foram desconsiderados os valores declarados a título de lucros distribuídos, recebidos da pessoa jurídica acima, em Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, tendo em vista a desclassificação de sua escrituração contábil; 2.4.3. são rendas consumidas pelo contribuinte, em aquisições e manutenção de bens, gastos gerais de manutenção própria e familiar, todos os valores a lançamentos de débitos em contas de instituições financeiras, que não configuram simples transferências para outras do mesmo titular, empréstimos ou aplicações financeiras, conforme demonstrativo de fls. 67/68; 2.4.4. os fatos que deram causa aos termos de constatações de fls. 22/24, constituem, em tese, crimes contra a ordem tributária previstos no artigo 1°, inciso II, da Lei n° 8.137/1990; 2.4.5. nas fls. 25 e 26 encontramse descritas as ocorrências tributadas em cada anocalendário: 2000, 2001, 2002 e 2003. (...) Cientificado do auto, o recorrente apresentou impugnação de e fls. 1063 a 1089, tendo a autoridade julgadora, na forma de voto de efls. 1660 a 1699, julgado parcialmente procedente o lançamento. Mais especificamente, verificouse, no referido voto, a necessidade das seguintes retificações: a) Inclusão das sobras originadas de cooperativa do qual o autuado faz parte, conforme valores constantes de efls. 1367/1368, 1363/1365, 1359/1361 e 1355/1357, como origens nos demonstrativos de apuração de variação patrimonial a descoberto, referentes, respectivamente, aos respectivos meses dos anoscalendário de 2000, 2001, 2002 e 2003; b) Inclusão como origem, no demonstrativo de apuração de variação patrimonial a descoberto referente ao mês de julho de Fl. 1878DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10865.001022/200674 Acórdão n.º 2201003.269 S2C2T1 Fl. 1.863 5 2002, do valor de R$ 200.906,83, oriundo de resgate de aplicações financeiras; c) Alteração da alocação como dispêndio do valor de R$ 19.750,00, referente à aquisição de veículo, do mês de janeiro de 2000 para o mês de maio de 2000. Os novos demonstrativos de apuração de APD, já contemplando as retificações, podem ser encontrados às efls. 1690 a 1692. Cientificado da decisão em 16/08/07 (efl. 1.703), insurgese o autuado contra a decisão de 1ª. instância através do Recurso Voluntário de efls. 1.707 a 1.744, onde: a) Preliminarmente, pugna pela decadência do lançamento referente ao anocalendário de 2000, cientificado em 25/04/06, insurgindose contra o posicionamento da autoridade da 1ª. instância, no sentido de se estar, quanto às diferenças apuradas e constituídas através do presente auto, diante de lançamento de ofício, restando aplicável, assim, conforme recorrido, à contagem do prazo decadencial, o teor do art. 173, inciso I da Lei nº. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Propugna que tanto para os valores declarados pelo contribuinte como para as diferenças objeto de constituição pela autoridade lançadora, a modalidade de lançamento é a de lançamento por homologação, devendo, assim, a contagem do prazo decadencial se dar na forma do art. 150, §4º. do CTN, para todo o lançamento em análise. Entende como incabível a multa qualificada, aplicada, aqui, exclusivamente no âmbito da infração de glosa de despesas do livro caixa, restando descartada, em seu entendimento, qualquer caracterização de dolo, fraude ou simulação que pudesse remeter ao referido art. 173, I. Colaciona extensa jurisprudência oriunda deste CARF que daria embasamento à preliminar alegada; b) Quanto á glosa de despesas do livrocaixa, retoma a argumentação já apresentada em sede impugnatória, de necessidade de deslocamento dos rendimentos percebidos pelo contribuinte para a pessoa jurídica, justificando, novamente, que a dupla escrituração (parte na pessoa física e parte na pessoa jurídica) decorre do regime estabelecido pela principal contratante do autuado, a Unimed. Insurgese contra a afirmativa de item 30 da decisão guerreada, de que o autuado “desenvolve suas atividades profissionais em empresas (pessoas jurídicas) determinadas que oferecem todas as instalações físicas, materiais e de pessoal ao profissional contratado”. Levanta que tal inferência carece de prova nos autos, juntando declaração da Unimed no sentido de que o serviço seria executado ás expensas do contratado. Ainda a propósito, ressalta o vínculo existente entre os rendimentos que suportariam, na alegação do autuado, a Fl. 1879DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 6 realização de tais despesas (lucros distribuídos pela pessoa jurídica sob seu controle) e as despesas realizadas, que, assim, teriam consumido os recursos decorrentes da distribuição de tais lucros, sem repercussão negativa quanto à base de cálculo (apuração) do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física. Sobre a matéria, alega também que com base na Declaração prestada pela contratante Unimed e anexada ao pleito recursal, de que os serviços eram prestados (ora pela pessoa jurídica ora pela pessoa física do autuado) “no estabelecimento do contratado”, fica demonstrado que as despesas existem, sendo que as mesmas deveriam ter sido objeto de rateio entre as pessoas física e jurídica, sendo que “o crivo fiscal”, no entendimento do recorrente, deveria ter se centrado na desnecessidade das referidas despesas glosadas do livrocaixa da PF, uma vez adotado determinado critério de rateio, e não em sua apropriação fraudulenta, caracterizado, assim, no entender do recorrente, erro de direito. Finalmente, insurgese contra a caracterização de fraude, por entender que os elementos probatórios levariam à caracterização, no máximo, de declaração inexata, não podendo se presumir a fraude, que deveria ser cabalmente comprovada; c) Quanto à infração de depósitos bancários, alega a nulidade do lançamento por ter se utilizado da tributação da omissão em bases anuais (ao final de cada anocalendário), quando o correto, em seu entendimento, seria a de tributação mensal com base na tabela progressiva, a partir do disposto no art. 42, §4º. da Lei nº. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Retoma, uma vez mais, a argumentação já trazida em sede de impugnação, de que a autoridade lançadora, ao rejeitar a comprovação de origem de alguns depósitos, teria desprezado elementos probatórios coletadas junto a terceiros, através de intimações. Entende que a coincidência de datas e valores e horas requerida no âmbito da decisão recorrida tratase de rigor formal que não existe na atividade rural, onde, assim tal rigor formal deve ser mitigado. Colaciona Acórdão deste CARF que sustentaria tal tese, bem como produz lista de depósitos os quais, a seu ver, teriam restado comprovados, anexando “Demonstrativo de Movimentação de Gado” como documentação comprobatória adicional; d) No que diz respeito ao Acréscimo Patrimonial a descoberto: Insiste, uma vez mais, na necessidade de consideração dos lucros distribuídos pela pessoa jurídica Laboratório Medicina Diagnóstico Castro Soares Ltda. como origens de recursos, entendendo que a prova, quanto à tal distribuição, foi feita através de depósitos bancários. Entende que o fato de tais depósitos terem sido entendidos como receitas da pessoa jurídica leva à conclusão de que os depósitos da pessoa jurídica mencionada em favor do autuado se tratariam de lucros distribuídos, ressaltando a necessidade de que sejam refeitos os demonstrativos mensais de apuração de APD. Reitera pedido no sentido de que, mesmo afastada a tributação por presunção de omissão de rendimentos dos depósitos Fl. 1880DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10865.001022/200674 Acórdão n.º 2201003.269 S2C2T1 Fl. 1.864 7 bancários não comprovados, estes sejam mantidos como origens de recursos na infração de APD. Entende que a realocação do dispêndio relativa à aquisição do veículo Renault de janeiro/2000 para maio/2000 representa novo lançamento e, assim, caso não seja declarada a decadência para o referido anocalendário, deveria se excluir tal aplicação do respectivo demonstrativo de APD para o mês de maio de 2000. Por fim, entende que uma vez glosadas despesas do livrocaixa (item 02 do auto de infração), não caberia sua utilização como dispêndios nos fluxos mensais de APD, sob pena de duplicidade de tributação. Encerra o item apresentando demonstrativos de fluxos mensais contemplando o conjunto de alegações acima mencionadas neste item “d”, assim julgados corretos pelo recorrente. Pugna, destarte, pela improcedência das exigências fiscais mantidas na decisão da autoridade julgadora de 1ª. Instância”. Nesse contexto, os embargos apresentados pela Fazenda Nacional tiveram como objetivo sanar a omissão apontada e fazer constar do acórdão as razões de convencimento da turma julgadora ou, se não for possível tal procedimento, efetuar novo julgamento em consonância com os princípios resguardados no ordenamento jurídico pátrio. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois presentes os requisitos de admissibilidade. 1. Da existência de nulidade do Acórdão n.º 2101001.009 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Conforme relatado, a decisão embargada não trouxe os fundamentos adotados pelo voto condutor e encampados pela maioria do colegiado, de modo que apenas consignou o resultado constante da ata de julgamento, como se observa às fls. 1.842/1.848. Notase, portanto, a ausência de motivação da decisão recorrida, estando, assim, eivada do vício de ilegalidade e consequente nulidade. A Lei n.º 9.784/99, reguladora do processo administrativo na esfera federal, destina o Capítulo XII para tratar especificamente da motivação, conforme abaixo transcrito: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; Fl. 1881DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 8 II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V decidam recursos administrativos; VI decorram de reexame de ofício; VII deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. Dessa forma, o acórdão em análise, diante do vício apontado, incorre em violação ao disposto no diploma legal mencionado. Ensina Diogenes Gasparine que a motivação é necessária para todo e qualquer ato administrativo, pois a falta de motivação ou indicação de motivos falsos ou incoerentes torna o ato nulo devido a Lei n.º 9.784/99, em seu art. 50, prevê a necessidade de motivação dos atos administrativos sem fazer distinção entre atos vinculados e os discricionários, embora mencione nos vários incisos desse dispositivo quando a motivação é exigida. (Gasparini, Diogenes. Direito Administrativo – 10. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2005. p. 23). Nesse contexto, sendo evidente a nulidade do acórdão, ACOLHO os embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional e atribuoos efeitos infringentes. 2. Das preliminares Com relação as preliminares arguídas em conjunto com o mérito, saliento que, por se confundirem com as alegações atinentes aos mérito, decorrerão da análise dos tópicos seguintes, de forma que resta afastado o tratamento da matéria como preliminar. 3. Da decadência No que se refere à decadência, alega o contribuinte que, com relação às três matérias autuadas (glosa das despesas lançadas no livro caixa, acréscimo patrimonial a descoberto e a omissão de rendimentos por depósitos bancários), está configurada a decadência Fl. 1882DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10865.001022/200674 Acórdão n.º 2201003.269 S2C2T1 Fl. 1.865 9 em relação ao anocalendário de 2000, uma vez que o lançamento de ofício foi expedido em 25/04/2006, quando ultrapassado o prazo de cinco anos. O acórdão de primeira instância asseverou que a decadência do lançamento de ofício deve ser determinada exclusivamente à luz do que dispõe o inciso I do artigo 173 do CTN, não havendo que se falar em decadência no presente caso. Decidiu o STJ, em sede de recurso repetitivo (Recurso Especial nº 973.733/SC), que nos casos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação: a) existindo pagamento do tributo por parte do contribuinte até a data do vencimento, o prazo para que o Fisco efetue lançamento de ofício, por entender insuficiente o recolhimento efetuado, é de cinco anos contados da data do fato gerador (CTN, artigo 150, § 4). b) inexistindo pagamento até a data do vencimento, aplicase a regra geral (CTN, artigo 173, I), ou seja, o prazo é de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele me que o lançamento poderia ter sido efetuado. Na espécie, o crédito constituído referese ao imposto de renda, tributo sujeito a lançamento por homologação, e houve recolhimentos durante o anoscalendário de 2000, fl. 82; 2001, fl. 88; 2002, fl. 94; e 2003, fl. 98. Aplicável, portanto, conforme a orientação acima indicada, a regra do § 4º do art. 150 do CTN, cujo termo a quo é a data da ocorrência do fato gerador (31/12/2000). Logo, tendo em vista a data de ciência do contribuinte em 25/04/2006, ocorreu a decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário relativamente ao ano calendário de 2000, porquanto ultrapassado o termo final para o lançamento. 4. Das despesas de custeio Alega o recorrente a glosa indevida das despesas apropriadas no Livro caixa, diante da acusação sem prova de que a pessoa física presta os serviços no estabelecimento da contratante, o que tornaria indedutíveis as despesas lançadas no livro. Acerca da matéria, em razão da análise detalhada da situação, adoto as conclusões exaradas no acórdão de primeira instância, nos termos seguintes: 45. Os rendimentos tributáveis do contribuinte, devidamente declarados, foram recebidos diretamente das fontes pagadoras, pessoas jurídicas, como resultado de trabalho profissional, pessoal, desenvolvido em estabelecimentos próprios das pessoas jurídicas, e que a principal fonte do contribuinte é a UNIMED 46. Os estabelecimentos das pessoas jurídicas, conforme exemplos que se pode extrair do presente processo, são Hospital UNIMED Araras, Hospital UNIMED 24 Horas, Leme e laboratório Medicina Diagnóstico Castro Soares Ltda. 47. Verificouse que, o profissional em questão, quando não está em serviço nas unidades médicas ou na administrativa da UNIMED, desenvolve suas atividades profissionais nas Fl. 1883DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 10 instalações do laboratório Medicina Diagnóstico Castro Soares Ltda., localizado na rua Brasília, n° 123, Centro, cidade de Araras. 48. A pessoa jurídica LABORATÓRIO CASTRO SOARES S/C LTDA, atualmente denominada MEDICINA DIAGNOSTICA CASTRO SOARES LTDA, CNPJ 60.715.943/000122, da qual o contribuinte é sócio, tem endereço determinado e oferece todas as instalações físicas, materiais e de pessoal ao profissional José Fernando Castro Soares, sendo que este não tem consultório próprio particular, logo, não tem "despesas de custeio" e não tem "remuneração a pagar a terceiros", pois, não tem empregados; destaquese, ainda, que o contribuinte não comprovou, com documentação hábil e idônea, a realização efetiva das deduções pleiteadas pela pessoa física (nem mesmo as da pessoa jurídica). 49. Temse, ainda, que a pessoa jurídica Medicina Diagnóstico Castro Soares Ltda., CNPJ 60.715.943/000122, mantém contrato com a UNIMED de Araras para prestação de serviços de exames, bem como a pessoa física José Fernando Castro Soares presta serviços médicos aos usuários da UNIMED de Araras, recebendo rendimentos por tais prestações de serviços. Compete, então, destacar, que as receitas próprias da pessoa jurídica não se confundem com os rendimentos da pessoa física, nesse mesmo sentido, as despesas próprias da referida pessoa jurídica jamais poderão servir como dedução na tributação da pessoa .física. Cabe esclarecer que as despesas que se autorizam a exclusão das receitas para apuração do rendimento tributável, além de necessárias à percepção da receita, devem estar devidamente comprovadas por meio de documentação hábil e idônea. Assim, apesar das alegações do recorrente, não houve efetiva comprovação das despesas realizadas pela pessoa física. 5. Do acréscimo patrimonial a descoberto Com relação ao acréscimo patrimonial a descoberto, exceto sobre as alegações referentes ao período atingido pela decadência, foi aduzido pelo recorrente que no item 3 dos DISPÊNDIOS E APLICAÇÕES foram computados todos os pagamentos efetuados pelo contribuinte, consoante o demonstrativo de fls. 67/68. Nesse demonstrativo consta:"demonstrativo mensal da renda consumida, com base nos lançamentos de débitos em suas contas bancárias de fls. 159/477", de modo que todos os pagamentos apurados a partir dos débitos lançados nas contas bancárias foram considerados como "aplicações de recursos". Entre os mencionados pagamentos estão incluídos os valores das despesas lançadas no livro caixa e glosadas pelos discutidos lançamentos. Dessa forma, há duplicidade na tributação desses valores: uma vez, pela glosa das despesas; e outra vez, pelo cômputo dos valores correspondentes a essas despesas entre os pagamentos efetuados na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto. Pleiteia, desse modo, o recorrente a exclusão da apuração do acréscimo dos valores das despesas glosadas (item 002 do auto de infração). Fl. 1884DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10865.001022/200674 Acórdão n.º 2201003.269 S2C2T1 Fl. 1.866 11 Compulsandose os autos, de fato, verificase o equívoco da autuação quanto à glosa das despesas e o cômputo dos valores correspondentes a essas despesas entre os pagamentos efetuados na apuração do acréscimo patrimonial. Assim, devem ser excluídos do demonstrativo de variação patrimonial os valores constantes da tabela Demonstrativo Mensal de Renda Consumida (às fls. 67 e 68), com base nos lançamentos de débitos nas contas bancárias do recorrente. No tocante aos principais aspectos relativos a não comprovação do recebimento de Lucros e Dividendos, adoto as conclusões da decisão de piso, nos termos seguintes: 77. Temse que, o contribuinte adota prática de utilizar as mesmas contas bancárias para movimentação financeira da pessoa física e da pessoa jurídica, da qual é sócio, entretanto, este procedimento irregular, reiterado, não o prejudicou quando da comprovação da origem dos depósitos bancários, pois, as receitas próprias da pessoa jurídica foram expurgadas dos créditos totais, contudo, este expurgo não se confunde com o reconhecimento, por parte da fiscalização, da efetiva Distribuição de Lucros e Dividendos, pois, esta não ficou comprovada nos autos uma vez que a contabilidade da empresa encontravase irregular e o contribuinte não conseguiu comprovar, através de outros meios, durante todo o procedimento fiscal, tampouco com a impugnação, o efetivo recebimento dessa distribuição de lucros e dividendos. 78. Assim, verificouse que, quando do procedimento de fiscalização, o contribuinte apresentou as relações de fls. 123 a 158 nas quais constam vários valores discriminados, a fim de comprovar a origem dos depósitos/créditos em suas contas bancárias. Juntamente com as relações foram apresentadas notas fiscais de serviços e extratos bancários. Da análise de tais documentos a fiscalização reconheceu como comprovada a origem daqueles valores relacionados em fls. 123 a 158, pois, muitos dos depósitos em contas da pessoa física tratavam de pagamentos feitos à pessoa jurídica "LABORATÓRIO CASTRO SOARES S/C LTDA", por serviços prestados pela pessoa jurídica. Nesse contexto, não podendo o Recorrente comprovar todas as suas alegações, deve prevalecer o lançamento tributário em face do acréscimo patrimonial sem a comprovação da origem. 6. Dos depósitos bancários A respeito da comprovação dos depósitos bancários, o recorrente não apresentou justificativas aptas a infirmar as conclusões dispostas pela Delegacia da Receita, fls. 1682 a 1686, que, em síntese, assim consignou sobre a questão: Fl. 1885DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA 12 67. Em fls. 990 a 994, o impugnante relaciona vários depósitos, justificando a origem de cada um. A seguir, serão analisados um a um dos valores levantados; na análise, reproduzirseá a exposição do impugnante para, em seguida, concluir a respeito. (...). 68. Concluise, então, que todos os depósitos elencados pelo impugnante, 1: cuja análise foi cuidadosamente efetuada, conforme exposição acima, não têm correspondência com os depósitos bancários que integram a base de cálculo do Auto de Infração. Desse modo, devido a ausência de comprovação, nego provimento ao recurso em relação à omissão de receitas com base nos depósitos bancários. 7. Da desqualificação da multa aplicada No que se refere à aplicação da multa qualificada, sustenta o recorrente que, ainda que se conclua que as despesas apropriadas no Livro Caixa são parcialmente desnecessárias, por ausência de justo rateio da folha de salário dos funcionários vinculada à atividade desenvolvida, na exata proporção da utilização desses funcionários pela pessoa jurídica e pela pessoa física, no máximo, estaria configurada a apresentação de declaração inexata, que não é suficiente para lastrear a cominação da multa qualificada. Observase que a inserção de deduções de livro caixa, indevidamente, na DIRPF dos anoscalendário de 2000, 2001, 2002 e 2003, foi considerada como inquestionável ação dolosa, de modo a reduzir o montante do imposto devido. Cabe destacar que a constatação da fraude, sendo decorrente de ação ou omissão dolosa, exige que se prove, sem sombra de dúvidas, a presença de elemento subjetivo na conduta do contribuinte; de forma a demonstrar que este quis os resultados que o art. 72 da Lei 4.502/64 estabelece como caracterizadores da fraude. Assim, entendo que a inserção de deduções de livro caixa indevidamente na DIRPF não caracteriza a conduta dolosa. Portanto, deve ser afastada a multa qualificada de 150%; reduzindoa para o patamar de 75%. Assim, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para: a) desqualificar a multa de ofício e, por consequência, acolher a preliminar de decadência do direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário em relação ao anocalendário de 2000; b) excluir do demonstrativo de variação patrimonial os valores constantes da tabela Demonstrativo Mensal de Renda Consumida (às fls. 67 e 68), com base nos lançamentos de débitos nas contas bancárias do recorrente; c) rejeitar as demais preliminares suscitadas, e d) negar provimento ao recurso em relação à omissão de receitas com base nos depósitos bancários. Assinado digitalmente. Fl. 1886DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10865.001022/200674 Acórdão n.º 2201003.269 S2C2T1 Fl. 1.867 13 Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 1887DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 11/ 08/2016 por ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 10580.720260/2009-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL
Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente.
Numero da decisão: 9202-004.130
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 18/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente.
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DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 02 60 /2 00 9- 11 Fl. 435DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 18/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720843/200942. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.124): Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Ministério Público da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar nº 20/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada procedente em parte, para excluir da base de cálculo do imposto valores recebidos a título de URV sobre férias indenizadas e 13º salário. Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, onde, por unanimidade de votos, foi dado provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Fl. 436DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720260/200911 Acórdão n.º 9202004.130 CSRFT2 Fl. 416 3 Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Os rendimentos previstos na Lei Complementar 20/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; b) É nítida a natureza remuneratória das diferenças de URV, na medida em que representam ressarcimento pelo erro de cálculo da remuneração; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que fosse reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que fosse rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 437DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.124, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720843/200942, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e visa rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. A matéria não é nova neste Colegiado. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. As verbas ora analisadas constituem diferenças salariais verificadas na conversão da remuneração do servidor público, quando da implantação do Plano Real, portanto tais valores referemse a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos. Nesse passo, o objetivo da ação judicial e/ou da lei do estado da Bahia foi simplesmente pagar à Contribuinte aquilo que antes deixou de ser pago, que nada mais é que salário, portanto de natureza tributável. Assim, o recebimento da verba ora tratada configura acréscimo patrimonial e, consequentemente, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, consoante dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: Fl. 438DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720260/200911 Acórdão n.º 9202004.130 CSRFT2 Fl. 417 5 I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. O dispositivo legal acima não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação do Imposto de Renda, abarcando qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada ao ganho. Seguindo esta linha, a Lei nº 7.713, de 1988, assim dispõe: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (...) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...)” (grifei) Quanto à alegação de violação ao princípio da isonomia, a Contribuinte traz à baila o fato de que o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, atribuiu natureza indenizatória ao Abono Variável concedido aos membros da Magistratura da União pela Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN nº 529, de 2003, manifestou entendimento no sentido de que a verba em tela não estaria sujeita à tributação. Fl. 439DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Entretanto, a Resolução nº 245, do STF, bem como o Parecer da PGFN, se referem especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União pela Lei nº 10.474, de 2002; e o que se discute no presente processo é se tal entendimento deve ser aplicado à verba recebida pelos membros da Ministério Público do Estado da Bahia. Primeiramente, verificase que a posição do Supremo Tribunal Federal – STF sobre a natureza do Abono Variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, assim, não se trata de uma decisão judicial, cujos efeitos são bem distintos dos de uma resolução administrativa. Destarte, obviamente que a Resolução do STF nunca vinculou a Administração Tributária da União. Com o advento do Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, portanto com força vinculante em relação aos Órgãos da Administração Tributária, concluiuse que o Abono Variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teria natureza indenizatória. Entretanto, dito parecer é claro quanto aos limites desse entendimento, conforme será demonstrado na seqüência. O parecer destaca que o Superior Tribunal de Justiça – STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do Imposto de Renda. Após, faz a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direito, ele tem natureza indenizatória. Ainda segundo o parecer da PGFN, seria este o entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de 2002, relativamente ao abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Assim, claro está que o Parecer da PGFN somente reconheceu a natureza indenizatória do Abono Variável, previsto nas Leis nºs 9.655, de 1998, e 10.474, de 2002, acolhendo entendimento do STF, no sentido de que tal verba destinarseia a reparar direito. Destarte, a Resolução nº 245, do STF, não possui efeitos de decisão judicial, e o Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, apenas reconhece a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF quanto à natureza reparatória, especificamente para esse abono. Portanto, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a Resolução nº 245, do STF, excluiu do abono a verba referente à diferença de URV, o que evidencia que esta não tem natureza indenizatória, mas sim de recomposição salarial. Confirase a manifestação Superior Tribunal de Justiça, por meio de voto da Ministra Eliana Calmon, reconhecendo a falta e identidade entre o abono salarial tratado na Resolução e as diferenças de URV: Fl. 440DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720260/200911 Acórdão n.º 9202004.130 CSRFT2 Fl. 418 7 “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E também o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão no Recurso Extraordinário n.º 471.115: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Assim, não há como estenderse o alcance dos atos legais acima referidos para verbas distintas, concedidas para outro grupo de servidores, por meio de ato específico, diverso daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Com efeito, a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II, do art. 111, do CTN. Ademais, o mesmo código veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação supostamente semelhante, o que implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º, do art. 150, da Constituição Federal, e o art. 176, do CTN. Destarte, a verba em exame deve ser efetivamente tributada. Quanto à alegada inexigibilidade de Imposto de Renda incidente sobre a verba recebida pela contribuinte a título de juros de mora, a decisão do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C, do CPC, é no sentido de que estaria restrita aos casos de pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713, de 1988. Confirase: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543 C DO CPC. Fl. 441DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidouse o entendimento no sentido de que 'não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla.' Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que 'os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei'. 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, verificase que são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Assim, não sendo as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, o imposto de renda deve incidir também sobre os juros de mora. Ressaltese que as verbas ora analisadas já foram objeto de julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, oportunidade em que se deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por meio do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, assim ementado: Fl. 442DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.720260/200911 Acórdão n.º 9202004.130 CSRFT2 Fl. 419 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." Assentada a natureza tributável dos rendimentos objeto da autuação, resta esclarecer que o tributo devido deve ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Saliente se que a questão já foi decidida pelo STF, no RE 614.406/RS, com trânsito em julgado em 11/12/2014, e repercussão geral previamente reconhecida, em 20/10/2010, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil. Destarte, os Conselheiros do CARF devem reproduzir o entendimento do citado julgado, prolatado pelo STF em 23/10/2014, conforme determina o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Nesse passo, a decisão vinculante é no sentido de aplicarse o regime de competência, vedada a aplicação do regime de caixa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento parcial, para que o cálculo do Imposto de Renda seja efetuado com base no regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 443DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Fl. 444DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11080.002262/2008-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO.
A isenção decorrente de moléstia grave somente pode ser reconhecida aos aposentados e pensionistas comprovadamente portadores das moléstias enumeradas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações. A comprovação se faz mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
Numero da decisão: 2202-003.499
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO. A isenção decorrente de moléstia grave somente pode ser reconhecida aos aposentados e pensionistas comprovadamente portadores das moléstias enumeradas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações. A comprovação se faz mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 22 62 /2 00 8- 48 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.002262/200848 Acórdão n.º 2202003.499 S2C2T2 Fl. 104 2 Trata o presente processo de pedido de restituição do imposto de renda retido na fonte relativo ao exercício de 2002 (anocalendário 2001), sob a alegação da Contribuinte de que era portadora de moléstia grave (Doença de Parkinson CIDG20). A unidade de origem deferiu parcialmente o pedido alegando que a Contribuinte não comprovou a natureza dos rendimentos recebidos acumuladamente, para que pudesse se verificar se tais valores se enquadrariam como rendimentos isentos. Assim, foi reconhecido apenas a isenção sobre os valores mensais recebidos como pensão. A contribuinte manifestou sua inconformidade às fls. 24/25, argumentando, em suma: é portadora de patologia incapacitante (Doença de Parkinson – CIDG20) e de idade avançada; o montante de R$ 70.317,31 com imposto retido na fonte de R$ 19.999,09 referese a rendimentos oriundos de ação judicial (reajuste de proventos e pensões) devidas ao instituidor da pensão Ruy Marques Teixeira, cujo pagamento se deu através dos contracheques da pensionista, no caso, a contribuinte (cópias de janeiro a dezembro de 2001); a natureza dos rendimentos é eminentemente salarial (proventos) estando, portanto, isentos de tributação nos termos do artigo 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713/88. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002 PROVENTOS DE APOSENTADORIA PENSÃO POR MOLÉSTIA GRAVE ISENÇÃO. Para ser beneficiado com o Instituto da Isenção, os rendimentos devem atender a dois prérequisitos legais: ter a natureza de proventos de aposentadoria e o contribuinte ser portador de moléstia grave, discriminada em lei, reconhecido por Laudo Médico Pericial de Órgão Médico Oficial. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada dessa decisão em 29/03/2012, por via postal (A.R. de fl. 53), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 23/04/2012 (fls. 55 a 63), onde combate a decisão de primeira instância e repisa os argumentos da impugnação. Anexa, ainda, alguns documentos, tais como uma Declaração do Núcleo Estadual do RS, da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, onde consta que a natureza dos rendimentos acumulados é o passivo dos 28,86% gerado por diferenças no pagamento a servidores civis e militares no período de junho de 1998 a janeiro de 2003. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.002262/200848 Acórdão n.º 2202003.499 S2C2T2 Fl. 105 3 Posteriormente, em 25/07/2014, a Recorrente junta novos documentos, dentre os quais cópias das peças judiciais do pedido de alvará judicial, onde se destaca a declaração de fl. 75, do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde/RS, informando que o seu marido Ruy Marques Teixeira foi servidor daquele ministério e, na qualidade de aposentado, fazia jus a 62.095,10 UFIRs, relativo ao passivo dos 28,86% de que trata a MP nº 1.704/1998. Intimada a se manifestar sobre os documentos acostados, a Procuradoria da Fazenda Nacional não se pronunciou (fl. 86). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria, pensão, reserva remunerada ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: [...] XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) A Súmula CARF Nº 63 assim dispõe sobre as condições para gozo da isenção do imposto de renda: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.002262/200848 Acórdão n.º 2202003.499 S2C2T2 Fl. 106 4 No presente caso, a Contribuinte juntou Laudo de Exame MédicoPericial da Junta Médica do Grupo de Perícia Médica do Ministério da Saúde (fl. 12) corroborado pelos documentos de fls. 14/15 que comprovam que ela percebe rendimentos a título de pensão, os quais são isentos por ser portadora de moléstia grave, a partir de junho de 1998, conforme já reconhecido pela DRJ. A controvérsia reside então na natureza dos rendimentos recebidos acumuladamente, pois a DRJ entendeu que a Contribuinte não apresentou na impugnação e nem por ocasião da intimação, os documentos extraídos do processo judicial impetrado por Ruy Marques Teixeira necessários para a comprovação de que todos os rendimentos percebidos acumuladamente desde o pedido inicial até o mês de junho de 2001, se referem a proventos de aposentadoria ou pensão. Após o Recurso Voluntário, a Contribuinte apresentou cópias das peças judiciais referentes a seu pedido de alvará judicial para recebimento dos valores devidos pelo Ministério da Saúde (fls. 69 a 84). Dentre os documentos apresentados consta uma declaração do Núcleo Estadual do Ministério da Saúde/RS, informando que o seu marido Ruy Marques Teixeira foi servidor daquele ministério e, na qualidade de aposentado, fazia jus a 62.095,10 UFIRs, relativo ao passivo dos 28,86% de que trata a MP nº 1.704/1998 (fl. 75). Reconheço que o Decreto 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal, bem como se prestam a corroborar alegações suscitadas desde o início do processo. Nesse sentido os seguintes acórdãos da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: 9202002.587, 920201.633, 920202.162 e 920201.914. Nesse caso, entendo que os documentos devem ser recepcionados e analisados, uma vez que comprovam os argumentos expostos pela Contribuinte desde a impugnação e servem para rebater a decisão de primeira instância. Assim, pela leitura dos documentos apresentados, entendo que restam comprovados os dois requisitos para a isenção por moléstia grave dos rendimentos recebidos acumuladamente. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 106DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 11080.002262/200848 Acórdão n.º 2202003.499 S2C2T2 Fl. 107 5 Fl. 107DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 19515.000584/2010-21
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
Sobre o crédito tributário não pago no vencimento incidem juros de mora à taxa SELIC. Compõem o crédito tributário o tributo e a multa de ofício proporcional.
Numero da decisão: 9101-002.448
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. E, no mérito, (1) quanto à trava de 30%, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento e (2) quanto os juros sobre a multa, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa e Luís Flávio Neto, que lhe deram provimento.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Demetrius Nichele Macei, Luis Flavio Neto, Cristiane Silva Costa.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Limite legal. Incidência de juros de mora sobre multa de ofício. Recorrente ABRIL COMUNICAÇÕES S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. Sobre o crédito tributário não pago no vencimento incidem juros de mora à taxa SELIC. Compõem o crédito tributário o tributo e a multa de ofício proporcional. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 05 84 /2 01 0- 21 Fl. 2237DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.238 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte. E, no mérito, (1) quanto à trava de 30%, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento e (2) quanto os juros sobre a multa, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa e Luís Flávio Neto, que lhe deram provimento. (documento assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente em exercício. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Demetrius Nichele Macei, Luis Flavio Neto, Cristiane Silva Costa. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte ABRIL COMUNICAÇÕES S/A em 20/09/2015, com fundamento nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015 (RICARF/2015), em que se alega a existência de divergência jurisprudencial acerca de matérias relacionadas à lide. A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1301001.499, por meio do qual os membros da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF decidiram, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. A decisão recorrida determinou a manutenção dos créditos tributários constituídos pela Fiscalização. A autuação se fundamentou no entendimento de que a empresa REDE AJATO S/A, incorporada pela contribuinte ABRIL COMUNICAÇÕES S/A em 31/12/2007, não respeitou o limite legal de 30% ao compensar a totalidade de seu lucro real, apurado nos balanços especiais de incorporação levantados em dezembro de 2007, com prejuízos fiscais acumulados. O mesmo foi observado em relação à CSLL, que teve sua base de cálculo positiva, apurada em setembro de 2007, compensada integralmente com saldos negativos de exercícios anteriores. Entendeu a Fiscalização que o procedimento adotado pela empresa sucedida estava em desacordo com os arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/1995 e arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995. Assim foram lavrados autos de infração relativos ao IRPJ e à CSLL apurados em 2007, mediante a glosa dos valores compensados que excederam o limite legal de 30% de redução das bases de cálculo dos tributos. Fl. 2238DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.239 3 A autuação fora mantida em sede de julgamento administrativo de primeira instância e, posteriormente, também pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara, em julgamento que culminou na prolação do acórdão contra o qual ora se insurge a recorrente. O acórdão recorrido foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. A existência de duplicidade de lançamentos, caracterizada pela identidade dos respectivos fatos jurídicos tributários (incidência da mesma norma jurídica geral e abstrata sobre o mesmo evento), implica no cancelamento daquele que por último foi realizado. NULIDADE DO LANÇAMENTO. MPF. INOCORRÊNCIA. A nulidade do lançamento somente se dá nos casos previstos no PAF, quando houver prejuízo à defesa ou ocorrer intervenção de servidor ou autoridade sem competência legal para praticar ato ou proferir decisão. Não configurada qualquer dessas hipóteses, em especial a preterição do direito de defesa, rechaçamse as alegações do sujeito passivo. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão ou mesmo sua ausência, não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a lavratura do auto de infração. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS ACUMULADOS E BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS DA CSLL ACUMULADAS. DECLARAÇÃO FINAL. DIREITO AO APROVEITAMENTO. LIMITE DOS 30%. O prejuízo fiscal apurado poderá ser compensado com o lucro real, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. A mesma limitação se aplica à compensação de bases negativas da CSLL. BASE DE CÁLCULO. DEDUÇÃO DO IRPJ. IMPOSSIBILIDADE. Incabível a dedução do IRPJ pago na base de cálculo da CSLL, por não ter natureza de despesa e ausência de previsão legal. Em relação à CSLL há expressa vedação legal para que seja deduzida da base de cálculo do IRPJ (Lei 9.316/1996). MULTA DE OFICIO E JUROS DE MORA A TAXA SELIC. APLICAÇÃO. Para a aplicação da multa de ofício no percentual de 75% basta a constatação, em procedimento de ofício, de infração à legislação tributária, da qual resulte falta de recolhimento de tributo ou contribuição. Fl. 2239DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.240 4 Correta a aplicação dos juros de mora a taxa Selic sobre o principal e sobre a multa de ofício. Regularmente intimada do teor do acórdão em 13/01/2015, a contribuinte opôs embargos de declaração à decisão, de forma tempestiva. Arguiu a existência de omissões, contradição e obscuridade que demandariam a retificação do julgado. Em despacho de 05/06/2015, a Presidente da 3ª Câmara rejeitou os embargos manejados pela contribuinte, por entender inexistente qualquer contradição, omissão ou obscuridade a ser sanada no Acórdão nº 1301001.499. A contribuinte foi cientificada em 20/08/2015 a respeito da rejeição de seus embargos e interpôs, em 02/09/2015, recurso especial tempestivo insurgindose contra o acórdão que apreciou seu recurso voluntário, sob a alegação de que ele teria dado à lei tributária interpretação diversa da que tem sido adotada em outros processos julgados no âmbito do CARF. O recurso especial apresentado pela contribuinte contesta a interpretação dada pelo acórdão recorrido em relação a um total de três matérias: 1) aplicabilidade da trava legal de 30% à compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas de CSLL no exercício de encerramento das atividades de empresa, em razão de sua incorporação; 2) exclusão da multa de ofício em razão da existência de reiteradas decisões administrativas admitindo determinada conduta; 3) incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Em atendimento aos requisitos de admissibilidade do recurso especial, previstos nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do RICARF/2015, a recorrente apontou acórdãos administrativos que teriam dado aos temas combatidos interpretação diversa daquela esposada pelo acórdão recorrido. Por razões de clareza, serão separadamente analisadas as alegações perfiladas pelo recorrente a respeito de cada uma das matérias combatidas. 1) Aplicabilidade da trava legal de 30% à compensação de resultados negativos passados no ano de incorporação da pessoa jurídica A recorrente afirma que o acórdão recorrido, ao defender que a trava na compensação de prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL (objeto dos arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/1995 e dos arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995) se aplica mesmo no anocalendário de extinção da pessoa jurídica por incorporação, teria entrado em conflito com o entendimento exposto nos Acórdãos nº CSRF/0104.258 (proferido pela 1ª Turma da CSRF) e nº 1201 00.165 (prolatado pela 1ª Turma da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF), apontados como paradigmas. As decisões confrontadas tratam, segundo a recorrente, de idêntica situação de fato. Os dois acórdãos paradigmas decidiram pela não aplicação da limitação quantitativa (trave de 30%) na compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL quando a empresa vier a ser extinta, por exemplo, em razão de incorporação. Tal conclusão se deveu, entre outros fatores, ao fato de existir norma elisiva específica que veda a transferência de prejuízos fiscais e bases negativas da incorporada à incorporadora. Fl. 2240DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.241 5 Já o acórdão recorrido, fundamentandose na inexistência de previsão legal de tal exceção à regra geral de aplicação da trava, concluiu pelo seu cabimento inclusive no momento da extinção da pessoa jurídica. Estaria, dessa forma, caracterizado dissenso jurisprudencial apto a provocar a apreciação da matéria em sede de julgamento de recurso especial. 2) Exclusão da multa de ofício em razão da existência de reiteradas decisões administrativas admitindo a conduta adotada Ao longo do presente processo, a contribuinte defendeu que não poderia ter lançada contra si multa de ofício motivada pelo descumprimento da legislação tributária, uma vez que a conduta adotada por sua incorporada em 2007 contava, à época, com a aprovação da Administração, manifestada em reiteradas decisões administrativas no sentido de que a trava de 30% poderia ser afastada na compensação se a pessoa jurídica estivesse prestes a ser extinta. O acórdão guerreado não acolheu a tese da contribuinte, afirmando que decisões da Administração Pública não constituem norma complementar de direito tributário (a não ser aquelas às quais a lei atribua eficácia normativa, conforme previsão do inciso II do art. 100 do CTN). Assim, não restaria outra alternativa à Administração senão aplicar a multa prevista em lei. A recorrente alega que o posicionamento adotado pelo acórdão recorrido estaria em desacordo com o disposto nos Acórdãos nº 10246.458 (proferido pela 2ª Câmara do extinto 1º Conselho de Contribuintes) e nº 30131.928 (exarado pela 1ª Câmara do extinto 3º Conselho de Contribuintes). Os acórdãos paradigmas, em situações idênticas à analisada pelo acórdão recorrido (no que diz respeito à matéria), teriam decidido pela exclusão da penalidade e dos juros com base no art. 100, inciso III, do CTN, em razão de terem os contribuintes agido de acordo com "práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas". Afirma ainda a recorrente que, diferentemente do que entendeu o acórdão recorrido, as decisões paradigmas adotariam a tese de que as decisões da Administração Pública seriam, sim, normas complementares de direito tributário, o que provocaria a aplicação do inciso III do art. 100 do CTN. 3) Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício Como última matéria combatida em seu recurso, a contribuinte questiona a posição do acórdão recorrido acerca da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício constituída por ocasião da lavratura dos autos de infração. A decisão recorrida entende que a multa de ofício é parte integrante da obrigação tributária, conforme estabelecido pelo art. 113 do CTN. Sendo assim, conclui que sobre ela incidem juros de mora quando não extinta na data de seu vencimento, de acordo com a previsão contida no art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Entendimento diverso teriam os Acórdãos nº 9202002.600 (exarado pelos membros da 2ª Turma da CSRF) e nº 1202001.233 (preferido pela 2ª Turma da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF). Tais decisões caracterizariam divergência jurisprudencial Fl. 2241DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.242 6 frente ao acórdão recorrido, por defenderem a inaplicabilidade de juros de mora sobre a multa de ofício. Além de defender a existência de divergências jurisprudenciais entre os acórdãos recorrido e paradigmas em relação às matérias indicadas, a recorrente apresenta ainda uma série de alegações que deveriam, sob seu ponto de vista, provocar a reforma de decisão recorrida. Em suma, argumenta que: O direito dos contribuintes de aproveitarem os resultados negativos acumulados, para redução do IRPJ e da CSLL a pagar, deriva da necessidade de adequar a realidade dos resultados auferidos pelas empresas ao longo dos anos à tributação de sua renda, lucro ou resultado, a fim de evitar que tributese seu patrimônio. A incidência só pode ocorrer quando o contribuinte efetivamente tiver aumento patrimonial; Assim, a tributação de determinado resultado sem considerar os prejuízos fiscais e as bases de cálculo negativas da CSLL apurados anteriormente ofenderia os conceitos de renda e de lucro da pessoa jurídica; São aplicáveis à apuração fiscal, ao menos em sua origem, os princípios contábeis. Um destes princípios, o da continuidade da pessoa jurídica, é diretamente aplicável à apuração do lucro líquido, que, por sua vez, é ponto de partida para as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Seu reflexo em tal apuração é o direito dos contribuintes à recuperação total dos resultados negativos anteriores, sem qualquer prazo decadencial para fazêlo; Não se pode ignorar a interligação entre os exercícios financeiros. Os atos de um período impactam os resultados produzidos posteriormente. Os prejuízos decorrentes de despesas realizadas em um período ensejam a produção de lucros nos períodos subsequentes; O acórdão recorrido limitouse a afirmar que a legislação nada prevê em relação à hipótese de extinção da pessoa jurídica, deixando de considerar que a própria sistemática de apuração dos tributos sobre a renda/lucro pressupõe a continuidade da empresa e, consequentemente, a consideração de efeitos interperíodos. A decisão recorrida se equivoca ao abandonar a interpretação sistemática; ao desconsiderar a adoção dos elementos contábeis e societários pelo Direito Tributário; e por atribuir à compensação de prejuízos a natureza de "benefício fiscal"; A análise da evolução legislativa relativa à matéria demonstra que a reforma ocorrida em 1995, que estabeleceu limitação quantitativa para a compensação de resultados negativos anteriores, adotou como premissa essencial a continuidade da entidade ao tornar imprescritível o direito a tal compensação; O argumento utilizado pelo acórdão recorrido, no sentido de que o legislador teria estabelecido expressamente todas as exceções que desejava à aplicação da trava de 30%, mostrase improcedente. As exceções expressamente positivadas eram necessárias porque tratavam de hipóteses que sempre partiram do pressuposto de que as atividades da empresa perdurariam, diferentemente do constatado no presente processo; A alteração legislativa ocorrida em 1995, que provocou o aparecimento da trava, não prejudicou os contribuintes, que mantiveram um direito creditório em seu ativo representado pelo prejuízo fiscal passível de compensação no futuro e de forma imprescritível; Fl. 2242DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.243 7 A exposição de motivos da Medida Provisória nº 998/1995 (posteriormente convertida na Lei nº 9.065/1995), confirma que o legislador, ao alterar a sistemática de aproveitamento dos prejuízos fiscais e das bases negativas acumuladas, teve os objetivos de: i) garantir ao Fisco uma arrecadação mínima (vantajoso para o Estado); e ii) manter o direito dos contribuintes ao aproveitamento integral dos valores negativos (vantajoso para os contribuintes); A limitação da trava foi estabelecida tendo como fundamento de validade a manutenção do direito de utilização integral dos prejuízos e bases de cálculo acumuladas. Tratarseia de uma espécie de "repactuação", com vantagens para ambas as partes. De se observar, portanto, que a limitação imposta pressupõe a continuidade da entidade, não se lhe aplicando em caso de extinção; No momento da extinção da pessoa jurídica, justamente porque não haverá exercícios subsequentes para absorção de prejuízos fiscais e bases negativas e tampouco será permitida sua transferência à sucessora (art. 33 do DecretoLei nº 2.341/1987), é que deve se assegurar o direito à utilização integral dos resultados negativos, sem a trava de 30%; A não aplicação da trava na extinção da pessoa jurídica advém de uma norma implícita ou derivada do Sistema Tributário, que dispensa menção específica (não se trata de lacuna normativa ou axiológica); É despropositada a afirmação, contida no acórdão recorrido, de que o lançamento poderia ser mantido também pelo fato de as empresas, incorporada e incorporadora, fazerem parte do mesmo grupo econômico. Primeiro, porque não consta nos autos qualquer acusação de planejamento tributário. Segundo, porque a operação de incorporação, presente nos paradigmas indicados, pressupõe que as empresas envolvidas pertençam ao mesmo grupo; A posição adotada pela recorrente se fundamentou também na vasta e pacífica jurisprudência que permitia, à época, o aproveitamento integral dos prejuízos fiscais e bases negativas acumuladas no momento da extinção da pessoa jurídica; De acordo com o art. 100, inciso III e parágrafo único, do CTN, as práticas reiteradas das autoridades administrativas servem de diretrizes para a interpretação das regras fiscais, configurandose como normas complementares das leis, tratados, convenções internacionais e decretos; O aproveitamento integral dos prejuízos e bases negativas era, em 2007, conduta chancelada reiteradas vezes pela instância administrativa que detinha a última palavra em relação aos procedimentos adotados pelo Fisco: o Conselho dos Contribuintes (atual CARF); Ao contrário do que entendeu o acórdão recorrido, tais decisões reiteradas se enquadram no conceito de práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, conforme prevê o inciso III do art. 100 do CTN. Este dispositivo legal veio resguardar a boafé do contribuinte e, em especial, a confiança na resposta da Administração Pública. Não pode a Administração imputar ao contribuinte penalidade por ter balizado sua conduta no entendimento pacífico, à época, do Tribunal Administrativo. As Fl. 2243DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.244 8 "práticas reiteradamente observadas" decorrem inclusive do costume, que também é fonte do Direito Tributário, configurando norma complementar, por força do art. 100 do CTN; Também o art. 76, inciso II, alínea "a", da Lei nº 4.502/1964 estabelece que resta afastada a aplicação de penalidade se o contribuinte agir conforme a jurisprudência administrativa consolidada à época dos fatos; O §1º do art. 161 do CTN dispõe que o crédito tributário não integralmente pago no vencimento será acrescido de juros de mora. O termo "crédito tributário", neste contexto, deve ser entendido apenas como o tributo, já que o dispositivo segrega o crédito tributário da multa imposta ao mencionar "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis"; Os juros moratórios cuja aplicação foi autorizada pelo lançamento limitam se àqueles aplicados sobre o tributo, de acordo com os arts. 6º §2º, e 28 da Lei nº 9.430/1996; Como os juros foram aplicados à taxa SELIC, depreendese que foi utilizado o art. 61 da Lei nº 9.4360/1996, que prescreve que a referida taxa se aplica somente sobre os tributos não pagos no vencimento (o que não inclui a multa); A contribuinte encerra seu recurso especial com o pedido de que este seja conhecido e provido a fim de que seja reformado o acórdão recorrido, determinandose o cancelamento da autuação e o arquivamento do processo administrativo. A irresignação da recorrente foi submetida a juízo de admissibilidade, a fim de se verificar o atendimento dos requisitos regimentalmente exigidos dos recursos especiais. As conclusões foram expostas em despacho de 13/10/2015. Consideraramse devidamente comprovados, após o cotejo entre o acórdão recorrido e as decisões elencadas como paradigmas, os dissensos proclamados pela recorrente acerca de duas matérias contestadas: aplicabilidade da trava de 30% à compensação de resultados negativos no encerramento da pessoa jurídica e incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Já no que diz respeito à outra matéria questionada pela recorrente, qual seja a exclusão da multa de ofício em razão da existência de reiteradas decisões administrativas admitindo a conduta condenada pela Fiscalização, o aludido despacho dispôs que não restou comprovada a divergência jurisprudencial entre acórdãos recorrido e paradigmas, necessária ao prosseguimento do recurso especial, em razão de inexistir similitude fática entre as situações apreciadas nos respectivos julgamentos. Diante da caracterização da existência de divergência jurisprudencial e do cumprimento dos demais requisitos regimentais aplicáveis à espécie recursal em relação a duas das três matérias questionadas pela recorrente, a Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento deu seguimento parcial ao recurso especial apresentado pela contribuinte. A negativa de seguimento em relação à matéria "exclusão da multa de ofício em razão da existência de reiteradas decisões administrativas admitindo a conduta condenada pela Fiscalização" foi posteriormente corroborada pelo Presidente do CARF, em atendimento ao procedimento previsto na redação então vigente do art. 71 do Anexo II do RICARF/2015. Fl. 2244DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.245 9 Após a ciência da contribuinte acerca do seguimento parcial de seu recurso especial, os autos foram eletronicamente remetidos à PGFN em 10/12/2015, para fins de ciência da interposição do recurso e da sua admissão parcial, nos termos do art. 70 do Anexo II do RICARF/2015. Em resposta, foram apresentadas, em 18/12/2015, contrarrazões às alegações da recorrente. Assim podem ser resumidos os argumentos perfilados pela Fazenda Nacional: A legislação que regula a possibilidade de compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas de CSLL estabelece duas regras: 1) a sucessora não pode aproveitar os prejuízos fiscais acumulados pela sucedida; 2) deve ser respeitado o limite de 30% do lucro líquido ajustado, introduzido pela Lei nº 9.065/1995, em todas as compensações, sem previsão de exceção para os casos de incorporação. Ultrapassado tal limite, a compensação é indevida e o montante indevidamente compensado deve ser glosado; O STF, por ocasião dos julgamentos dos RE nº 344.944 e nº 545.308, já se pronunciou no sentido de que a autorização estatal para a compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL é um verdadeiro benefício fiscal concedido aos contribuintes. Sendo assim, esta compensação deve ser realizada nos estritos limites impostos pela lei que a prevê. A Suprema Corte também esclareceu que não se trata de direito adquirido dos contribuintes; Sendo a compensação de prejuízos autêntico instrumento de política fiscal, ou seja, benefício fiscal, como fixado pelo STF, submetese ao princípio da legalidade estrita, não comportando interpretação extensiva ou por analogia, nos moldes previstos no art. 111 do CTN. A conclusão de que o silêncio do legislador significaria autorização para se estender a compensação a situações não abrangidas pela lei viola os princípios basilares da hermenêutica jurídicotributária; No julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.107.518, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) declarou que eventuais limitações à compensação de prejuízos fiscais não violam o art. 43 do CTN, uma vez que se trata um instrumento de intervenção do Estado na economia para minimizar o impacto da carga tributária de empresas que durante certo período apresentaram resultados negativos; Da análise dos dispositivos da Lei nº 9.065/1995 e da Lei nº 8.981/1995, verificase que não há exceção quanto à limitação da compensação de prejuízos fiscais e, assim sendo, por absoluta falta de previsão legal, não é permitida a compensação de prejuízos fiscais acima do limite máximo de 30% do lucro real, mesmo se tratando do anocalendário de extinção da pessoa jurídica; A tese jurídica que tenta estabelecer exceção à regra de compensação de 30%, sem a existência de previsão legal, está, na prática, decretando sua inconstitucionalidade; A compensação de prejuízos não pode ser considerada um direito subjetivo da empresa, mas sim um benefício fiscal que tem como objetivo permitir que ela não arque sozinha com todo o ocasional déficit que venha a ter. Assim, a observância da trava de 30% Fl. 2245DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.246 10 para a compensação não limita direitos dos contribuintes, mas apenas regula a forma como a compensação permitida pela lei será exercida; A expressão "débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal", utilizada no art. 61 da Lei nº 9.430/1996 para identificar as verbas sobre as quais incidem os juros de mora (§3º do mesmo artigo) engloba a multa de ofício. Tal conclusão advém da presença do termo "decorrentes de". Se o legislador quisesse que a incidência de juros de mora ficasse restrita aos tributos e contribuições propriamente ditos, teria suprimido tal locução; Afastar a incidência de juros moratórios sobre as multas de ofício significaria esvaziar as finalidades (punitiva e educativa) pretendidas pelos dispositivos legais que estabeleceram tais multas. Entre o momento do lançamento e o do efetivo pagamento, após o moroso percurso dos contenciosos administrativo e judicial, a corrosão inflacionária do valor da multa prejudicaria sobremaneira seu impacto punitivo ou educativo, caso não houvesse a correção de seu valor por meio da aplicação dos juros de mora; Os juros de mora devem incidir sobre o crédito tributário como um todo. Tal crédito tem a mesma natureza da obrigação principal, que é, por sua vez, composta tanto pelo tributo quanto pela penalidade pecuniária que o acompanha (mula de ofício). Após o lançamento, tributo e multa de ofício se convolam em crédito tributário e é sobre esta quantia que incidem os juros de mora; A análise conjunta dos arts. 113, 139 e 161 do CTN, também corrobora o entendimento de que a multa de ofício, por integrar o crédito tributário, recebe o acréscimo moratório de juros. No mesmo sentido depõe a Súmula CARF nº 4. Por conta de tudo que expôs, a PGFN pede, ao final, que o recurso especial da contribuinte tenha seu provimento negado, mantendose o acórdão recorrido em sua integralidade. Os autos seguiram então para a CSRF para o julgamento do recurso especial. É o relatório. Fl. 2246DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.247 11 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conforme concluiu o despacho que examinou a admissibilidade do recurso especial interposto pela ABRIL COMUNICAÇÕES S/A, de um total de três matérias contestadas, em relação a duas foi reconhecido o cumprimento dos requisitos de admissibilidade da espécie recursal, fixados pelo art. 67 do Anexo II do RICARF/2015. As matérias que provocaram o seguimento do recurso foram: "aplicabilidade da trava de 30% à compensação de resultados negativos no encerramento da pessoa jurídica" e "incidência de juros de mora sobre a multa de ofício". Não tendo sido apresentadas, pela PGFN, por ocasião da exposição de suas contrarrazões, alegações preliminares de não conhecimento da peça recursal apresentada pela contribuinte, e em se tratando de tema que conhecidamente já se sabe que é possível haver divergência (tendo inclusive este colegiado julgado uma diversidade muito grande deles), adoto as razões expostas no aludido despacho, para CONHECER do recurso especial em relação às duas matérias admitidas, passando à análise de seu mérito. Por tratarse do ponto central de controvérsia debatida nos presentes autos, será analisada primeiro a questão da aplicabilidade da trava de 30% nas compensações promovidas por pessoa jurídica incorporada. Caso a conclusão alcançada seja pela manutenção das glosas efetuadas pela Fiscalização, passarei à análise da segunda matéria, acerca do cabimento da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. 1) Aplicabilidade da trava de 30% na compensação de resultados negativos anteriores por pessoa jurídica incorporada A principal controvérsia existente no presente processo diz respeito à autuação de IRPJ e CSLL relativamente ao anocalendário de 2007, por inobservância da chamada trava de 30% na compensação de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa de CSLL. O auto de infração foi lavrado em face do sujeito passivo ABRIL COMUNICAÇÕES S/A devido ao fato de ele ter incorporado, em 31/12/2007, a pessoa jurídica REDE AJATO S/A . De acordo com a peça fiscal, a documentação fornecida pela contribuinte, concernente ao anocalendário de 2007, demonstra que a REDE AJATO S/A não observou o limite de 30% do resultado do período de apuração ajustado para fins de compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas dos períodos anteriores. Ainda segundo a peça fiscal: com relação ao IRPJ referente ao anocalendário de 2007, a REDE AJATO S/A realizou a compensação acima do limite legal (30%), pois, apesar de o lucro apurado por essa empresa ter sido de R$32.556.257,03, ela compensou o montante correspondente a Fl. 2247DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.248 12 R$32.258.038,20, havendo, dessa forma, o excesso de compensação no valor de R$22.491.161,09; com relação à CSLL referente ao anocalendário de 2007, a REDE AJATO S/A realizou a compensação acima do limite legal (30%), pois, apesar de a base de cálculo desse período ter sido de R$32.556.257,03, ela compensou o montante correspondente a R$32.349.374,03, havendo, dessa forma, o excesso de compensação no valor de R$22.582.496,92. O lançamento foi integralmente mantido pela decisão de primeira instância administrativa. A decisão de segunda instância administrativa (ora recorrida), também validou o lançamento mantido na primeira instância, negando provimento ao recurso voluntário da contribuinte. O recurso especial da contribuinte objetiva cancelar os autos de infração de IRPJ e CSLL. De acordo com o acórdão recorrido, a empresa incorporada tem que observar a "trava" de 30%, prevista nos arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995, ao efetuar a compensação do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa de CSLL, acumulados em períodos anteriores, com os resultados positivos apurados até a data de sua extinção. Trazem os mencionados dispositivos legais: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. (grifouse) Fl. 2248DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.249 13 A matéria em pauta ainda é objeto de controvérsias no CARF, mas eu me filio à interpretação que já há algum tempo vem prevalecendo na Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), no sentido de que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por incorporação, ou por qualquer outro evento. Como razões de decidir, adoto inicialmente o brilhante voto do Conselheiro Marcelo Cuba Netto no Acórdão nº 1201000.888, de 09/10/2013, mencionado na decisão recorrida, que fez um perspicaz estudo do tema: "Feitas essas considerações iniciais, passemos a examinar os fundamentos da tese proposta pela interessada. Afirma a recorrente que o significado de uma norma jurídica não é aquele que advém diretamente da literalidade do texto normativo, devendo, ao contrário, ser extraído mediante o emprego dos métodos de interpretação aceitos tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, em especial o histórico, o sistemático e o teleológico. Nesse sentido, explica que a nova sistemática de compensação de prejuízos fiscais introduzida pela Lei nº 9.065/95 há que ser compreendida mediante comparação com o sistema vigente até então. Diz que, na sistemática anterior (Lei nº 8.541/92), era possível a compensação integral de prejuízos, porém com limitação temporal de quatro períodosbase. Alega que a nova sistemática extinguiu o limite temporal, mas manteve o direito à compensação integral, observado o limite de 30% em cada períodobase futuro. Conclui, assim, que no período em que ocorrer incorporação, fusão ou cisão, ainda que parcial, da pessoa jurídica, não sendo mais possível a compensação dos prejuízos em períodosbase futuros, a única solução jurídica possível, consentânea com o preceito contido na Lei nº 9.065/95 de que o sujeito passivo não perde o direito à compensação, é que o limite de 30% não se aplica. Pois bem, relativamente a essa argumentação é preciso, inicialmente, concordar com a recorrente quando afirma que o significado da norma jurídica deve ser compreendido mediante o emprego dos métodos de hermenêutica jurídica. No entanto, a interpretação histórica empreendida pela recorrente parte de uma premissa equivocada, qual seja, a de que tanto na sistemática de compensação vigente antes do advento da Lei nº 9.065/95, quanto na atual, o sujeito passivo tem direito à compensação integral de prejuízos fiscais. Vejamos. Na sistemática anterior o sujeito passivo tinha o direito à compensação de prejuízos, desde que observado o limite temporal de quatro anos. Exemplifiquemos com duas situações distintas: a) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 200,00, R$ 300,00, R$ 400,00 e R$ 400,00; Fl. 2249DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.250 14 b) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 100,00, R$ 200,00, R$ 200,00 e R$ 300,00; Na hipótese descrita na situação “a” o sujeito passivo poderá compensar integralmente o prejuízo. Já na hipótese descrita na situação “b” o sujeito passivo não poderá, e, ainda que se diga que isso se deva à imposição do limite temporal, o fato iniludível é que restará uma parcela que não mais será passível de compensação. Em outras palavras, na situação “b” não haverá compensação integral do prejuízo apurado no ano “X”. Portanto, resta claro que a previsão, por lei, de um limite temporal é incompatível com a premissa afirmada pela recorrente de existência de um direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. O que existia na sistemática anterior era algo distinto, qual seja, um direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais, a depender do caso concreto, como ilustrado nas situações “a” e “b” retro. E dizer que a compensação poderá ser realizada até integralmente é algo distinto de dizer que poderá ser realizada integralmente. É que ao estabelecer que a compensação poderá ser realizada até integralmente a lei, desde logo, admite que poderá haver hipóteses em que a compensação não se dará integralmente, conforme visto na situação “b”. Seguindo a trilha da interpretação histórica proposta pela interessada, é de se dizer que a nova sistemática introduzida pela Lei nº 9.065/95, na linha da sistemática anterior, manteve o direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Afastado o limite temporal de quatro anos, e introduzido o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%, o direito à compensação (até integral) passou a poder ser exercido ao longo da existência da pessoa jurídica. A própria exposição de motivos à Medida Provisória nº 998/95, posteriormente convertida na Lei nº 9.065/95, e apontada pela interessada para sustentar a sua tese, expressamente prevê que o sujeito passivo poderá compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Confira sua redação: "Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Mediada Provisória n. 812/94 (Lei n. 8981/95). Ocorre hoje vacatio legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo." (Grifamos) Assim, a compensação poderá se dar até integralmente, seja em um mesmo ano, seja em diversos anos ao longo da existência da pessoa jurídica, desde que observado, em cada um desses anos, o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%. Se no ano da extinção da pessoa jurídica, ou da sua cisão parcial, o valor dos prejuízos acumulados for superior a 30% do lucro líquido ajustado, Fl. 2250DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.251 15 ainda assim o limite deverá ser observado. É que tal como na situação “b” referente à sistemática antiga, também na sistemática atual poderá haver casos, como o retratado nos presentes autos, em que o sujeito passivo não poderá compensar integralmente seus prejuízos acumulados, haja vista a imposição do limite de 30%. E não há nada de ilegal nisso, pois a lei não garante o direito à compensação integral. Na sequência de sua peça recursal a interessada enfatiza o emprego da interpretação sistemática. Argumenta que, ao contrário do que disse a fiscalização, o caso dos autos não é de lacuna no ordenamento jurídico (inexistência de norma), e sim de uma norma jurídica existente, porém implícita. Diz, primeiramente, que o exame conjunto do aludido art. 15 da Lei nº 9.065/95 com o abaixo transcrito art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 conduziria à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo seria a inaplicabilidade do limite de 30% quando da extinção da pessoa jurídica ou de sua cisão parcial. Art. 33. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida. Parágrafo único. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido. Também aqui não me parece estar correta a interpretação proposta pela defesa. Vejamos. O art. 15 da Lei nº 9.065/95 veda a compensação de prejuízos em montante que reduza em mais do que 30% o lucro líquido ajustado do período. Não há menção, nesta norma, aos eventos de extinção da pessoa jurídica ou sua cisão parcial. Por sua vez, o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 veda que a sucessora compense prejuízos da sucedida, e, em caso de cisão parcial, limita a compensação, pela própria pessoa jurídica, ao valor de seu prejuízo proporcional à parcela do patrimônio não objeto da cisão. A incidência isolada de cada uma dessas duas normas à hipótese de extinção de pessoa jurídica que possua prejuízos fiscais acumulados em montante superior a 30% do lucro líquido ajustado conduzirá às seguintes conclusões: a) art. 15 da Lei nº 9.065/95 impossibilidade de compensação, pela pessoa jurídica extinta, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado por força do limite de 30%; b) art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 impossibilidade de compensação, pela sucessora, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado pela sucedida. Já a interpretação conjunta dessas duas normas sobre a mesma situação hipotética acima descrita conduziria, de acordo com a recorrente, à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo afastaria a aplicação do limite de 30% à pessoa jurídica extinta. Fl. 2251DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.252 16 Ocorre que o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado na hipótese aventada. Dito de outro modo, se as premissas (o art. 15 da Lei nº 9.065/95 e o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) do silogismo lógicodedutivo proposto pela recorrente não conduzem necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado no caso de extinção da pessoa jurídica, então a recorrente deve reconhecer que não logrou êxito em demonstrar a existência da aludida norma implícita. (...) Prossegue a recorrente em sua defesa afirmando, com fundamento nas lições de Karl Larenz, que a já citada norma implícita também pode ser deduzida a partir do silêncio eloquente da lei. No Capítulo V.2 de sua famosa obra (Metodologia da Ciência do Direito, 3a. ed., pg. 524 e ss.), o prestigiado filósofo do direito citado pela recorrente discorre sobre o conceito e espécies de lacunas. Nesse sentido, explica que nem todo silêncio da lei deve ser tido como uma lacuna, conforme trecho a seguir transcrito: "Poderia pensarse que existe uma lacuna só quando e sempre que a lei (...) não contenha regra alguma para uma determinada configuração no caso, quando, portanto, “se mantém em silêncio”. Mas existe também um “silêncio eloquente” da lei." Assim é que, pelas lições de Larenz, nem todo silêncio da lei deve ser compreendido como uma lacuna a ser preenchida pelo aplicador do direito. Casos há em que, embora o legislador haja silenciado sobre determinado assunto, não significa que haja ali uma lacuna, daí porque não pode o aplicador pretender regulála por meio de analogia, princípios gerais do direito ou qualquer outro método de integração do direito. É o que o autor chama de silêncio eloquente. Pois bem, a idéia de lacuna corresponde à antítese da idéia de existência de norma, seja explicita seja implícita. Em outras palavras, se há norma regulando o caso, ainda que implícita, então não haverá ali uma lacuna. Inversamente, se há lacuna, não há norma regulando o caso, ainda que implícita. A questão do silêncio eloquente da lei, segundo leciona Larenz, está afeto ao campo das lacunas, e não ao campo da existência de normas, sejam estas explícitas ou implícitas. Portanto, ao procurar conectar o problema das normas implícitas à questão do silêncio eloquente da lei a recorrente mistura alhos e bugalhos. Na sequência, a interessada faz uso do princípio da eventualidade alegando que, se for entendido haver lacuna, e não norma implícita, deve ela ser preenchida segundo o espírito da lei. Argumenta que, como o espírito do art. 15 da Lei nº 9.065/95 não foi vedar a compensação integral, qualquer integração só poderá ser produzida no sentido de assegurar a compensação sem a observância do limite de 30%, nas situações em que em virtude de outra norma (art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) a limitação nessas situações frustraria qualquer possibilidade de compensação futura do excedente. Fl. 2252DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.253 17 Novamente a recorrente traz à balha a questão da compensação integral do prejuízo. Sua argumentação, agora, é que há uma lacuna na Lei nº 9.065/95, a qual deixou de excepcionar o limite de 30% previsto no art. 15 às hipóteses de extinção ou cisão parcial da pessoa jurídica. No entanto, conforme Larenz, nem todo silêncio da lei pode ser tido como uma lacuna. Nesse sentido, o simples fato de a Lei nº 9.065/95 não excepcionar a incidência de seu art. 15 a casos como o dos presentes autos, não nos autoriza concluir que exista uma lacuna naquela lei. Mas, então, quando é que poderseá dizer que existe uma lacuna na lei? A resposta pode ser encontrada também em Larenz (sobre o assunto vide, também, Aleksander Peczenik, in On Law and Reason, pg. 24 e ss.). Haverá uma lacuna na lei quando, com base nos valores albergados pelo sistema jurídico, for possível afirmar que a norma deveria existir. E se o legislador não produziu uma norma que, em razão dos valores presentes no ordenamento jurídico, deveria existir, então o próprio direito autoriza ao aplicador promover a integração da lacuna, por meio de analogia, princípios gerais do direito, equidade, etc. Já vimos anteriormente que não existe norma jurídica, sequer implícita, estabelecendo o direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. Investiguemos agora se essa propalada compensação integral, apesar de não ser um direito formalmente estabelecido, constituise em um valor resguardado pelo ordenamento jurídico. Se a resposta for positiva, então, conforme afirmado pela recorrente, há que se reconhecer a existência de uma lacuna na Lei nº 9.065/95 ao não excepcionar a incidência de seu art. 15 aos casos de extinção ou cisão parcial. A defesa não aponta qual a norma ou conjunto de normas do ordenamento que albergaria esse suposto valor. Certamente não está ele contido no art. 33 do Decretolei nº 2.341/87, pois, como dito outrora, o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado nas hipóteses de extinção ou cisão parcial. Talvez a única norma do ordenamento jurídico em que seria possível vislumbrar a existência do afirmado valor (compensação integral de prejuízos) é a contida no art. 153, III, da Constituição da República, o qual estabelece competir à União instituir imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Ocorre que o próprio STF, ao examinar por diversas vezes a questão, já afirmou e reafirmou que a limitação de 30% à compensação de prejuízos não ofende o conceito constitucional de renda, daí porque é de se concluir não ser possível dele se inferir a existência do alegado valor concernente à compensação integral de prejuízos." Entendo completamente aplicáveis à discussão desenvolvida nos presentes autos as considerações expostas no voto reproduzido. A tese defendida pela recorrente, no sentido de que existiria, no ordenamento atinente ao IRPJ e à CSLL, norma implícita que determina a possibilidade de afastamento da Fl. 2253DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.254 18 trava de 30% no ano de encerramento das atividades da pessoa jurídica, é devidamente refutada. Demonstrase que a interpretação conjunta dos arts. 15 da Lei nº 9.065/1995 e do art. 33 do DecretoLei nº 2.341/1987 (reproduzido no art. 514 do RIR/1999) não conduz necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado. Assim, improcede a defesa da existência da aventada norma implícita. O voto ainda aborda a questão do pretenso direito adquirido das pessoas jurídicas à compensação integral dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas de CSLL acumulados ao longo dos exercícios anteriores. A este respeito, concluise que inexiste tal direito adquirido no sistema atualmente adotado para as compensações (limitação quantitativa em cada exercício, sem limite temporal), assim como não existia na regra anterior (limitação temporal de quatro anos para a compensação, sem limite quantitativo para cada exercício). O Acórdão CSRF nº 910100.401, de 02/10/2009, mencionado tanto na decisão recorrida quanto nas contrarrazões apresentadas pela PGFN, também discute se existe ou não direito adquirido dos contribuintes à compensação de resultados negativos anteriores. Tal decisão representou uma mudança de posicionamento da CSRF a respeito do tema, motivada, entre outras razões, por decisões do próprio Poder Judiciário: "Voto Conselheira IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO (...) Os Tribunais Superiores já definiram que na compensação de prejuízos não se trata de direito adquirido, mas sim de uma expectativa de direito, como demonstram decisões do Superior Tribunal de Justiça, como exemplo o Recurso Especial nº. 307.389 RS, que ao enfrentar semelhante questão pronunciase da forma seguinte: (...) Também o STF se pronunciou acerca do tema, em 25/03/2009, no RE 344.9940 do Paraná, cujo Relator inicial, o Ministro Marco Aurélio restou vencido. Redige o voto vencedor o Ministro Eros Grau, acórdão assim ementado: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS LIMITAÇÕES ARTIGOS 42 E 58 DA LEI Nº 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E 'B", E 5°, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de beneficio fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Fl. 2254DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.255 19 Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Neste recurso pretendia o autor que a trava não incidisse sobre os saldos de prejuízos ocorridos até dezembro de 1994, sob argumento de que se estava diante de um direito adquirido à compensação de todo prejuízo e a nova lei não poderia restringir tal direito. Aliás, quanto à interpretação teleológica pretendida no paradigma trazido à colação, no que toca aos prejuízos fiscais, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em sua composição Plenária, que a compensação de prejuízos fiscais tem natureza de beneficio fiscal e pode, como instrumento de política tributária, ser revisto pelo legislador sem implicar, sequer, no direito adquirido. Destaque é de ser dado ao voto da Ministra Ellen Gracie, que bem traduz a lógica do que aqui defendemos e neutraliza os argumentos da Recorrente nos seguintes termos: (...) 5. (...) Entendo, com vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8981/95 mera expectativa de direito donde o não cabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não têm "crédito" oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito liquido e certo à "socialização" dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. E apenas por benesse da política fiscal atenta a valores mais amplos como o da estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. É a lei vigorante para o exercício fiscal que definirá se o beneficio será calculado sobre 10, 20 ou 30%, ou mesmo sobre a totalidade do lucro líquido. Mas, até que encerrado o exercício fiscal, ao longo do qual se forma e se conforma o fato gerador do Imposto de Renda, o contribuinte tem mera expectativa de direito quanto à manutenção dos patamares fixados pela legislação que regia os exercícios anteriores. Não se cuida, como parece claro, de qualquer alteração de base de cálculo do tributo, para que se invoque a exigibilidade de lei complementar. Menos ainda, de empréstimo compulsório. Fl. 2255DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.256 20 Não há, por isso, quebra dos princípios da irretroatividade (CR, art. 150, III, a e b ) ou do direito adquirido (CF, art 5°, XXXVI). (...) 8. Por tais razões, peço licença para seguir a linha da divergência inaugurada pelo Ministro Eros Grau. Em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie de incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado, eis que as normas que cuidam de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional. (...) Dessa forma, em homenagem ao comando legal do art. 111 do CTN, que impõe restrição de interpretação das normas que concedem benefícios fiscais, como é o caso, descabe o elastério interpretativo pretendido pela Recorrente." Em que pese o RE nº 344.9940 efetivamente não tratar de hipótese idêntica à discutida nos presentes autos (ou no processo em que foi prolatado o Acórdão CSRF nº 9101 00.401), a mencionada decisão judicial joga luz sobre aspectos extremamente úteis à discussão acerca da aplicabilidade da trava de 30% na compensação realizada por empresas prestes a serem incorporadas. De início, estabelecese que a possibilidade de compensação de resultados negativos passados é um benefício fiscal, concedido pelo Estado, mediante lei perfeitamente constitucional, como instrumento de política tributária e econômica. Assim sendo, leis que limitem a possibilidade de compensação (até totalmente) são igualmente constitucionais. Por fim, entendeu a Suprema Corte que a compensação de eventuais prejuízos fiscais já acumulados revestese da condição de mera expectativa de direito, inexistindo direito adquirido à sua utilização tributária posterior. Trazendose tais conclusões para a discussão travada nos presentes autos, podese construir o entendimento de que não é inquestionável, como defende a recorrente, a premissa de que existe um direito sagrado à compensação integral dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL já registrados. Somente tomandose por intocável tal premissa é que se pode defender que a única solução possível para a situação em que uma pessoa jurídica terá suas atividades encerradas, por conta de sua incorporação, é pela dispensa da limitação da compensação a 30% do resultado positivo apurado. Após a prolação do Acórdão nº 910100.401, a CSRF proferiu uma série de outras decisões em que prevaleceu a tese de que a trava de 30% na compensação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, prevista nos arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/1995 e arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995, é obrigatória mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica. Uma destas decisões é o Acórdão CSRF nº 9101001.337, de 26/04/2012, que faz uma pertinente observação acerca da evolução da legislação que trata da compensação Fl. 2256DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.257 21 de prejuízos fiscais, ao mesmo tempo em que aborda os aspectos materiais e temporais para a incidência do IRPJ (aplicáveis também, obviamente, à CSLL). Com isso, visouse ao afastamento do argumento de que a negativa da compensação integral de prejuízos fiscais representaria tributação de outra grandeza que não a renda: "Voto Vencedor Conselheiro Alberto Pinto S. Jr.. Com a devida vênia do ilustre Relator, ouso discordar do seu tão elaborado voto, por enxergar, nele, um caráter muito mais propositivo do que analítico do Direito posto. Sustenta o ilustre relator que: “o direito à compensação existe sempre, até porque, se negado, estarseá a tributar um não acréscimo patrimonial, uma não renda, mas sim o patrimônio do contribuinte que já suportou tal tributação”. Ora, se isso fosse realmente verdade, a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 154/47 teria ofendido o conceito de renda e chegaríamos à absurda conclusão de que, até essa data, tributouse, no Brasil, outra base que não a renda. Da mesma forma, mesmo após a autorização da compensação de prejuízos fiscais (Lei 154/47), também não se estaria tributando a renda, pois sempre foi imposto um limite temporal para que se compensasse o prejuízo fiscal, de tal sorte que, em não havendo lucros suficientes em tal período, caducava o direito a compensar o saldo de prejuízo fiscal remanescente. Pelo entendimento esposado pelo ilustre Relator, a perda definitiva do saldo de prejuízos fiscais, nesses casos, também contaminaria os lucros reais posteriores, já que não mais estariam a refletir “renda”. Não é razoável imaginar que toda a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 9.065/95 (ou do art. 42 da Lei 8.981/95) tenha ofendido o conceito de renda, nem também é possível sustentar que a Lei 9065/95 tenha instituído um novo conceito de renda. Notese que o art. 43 do CTN trata do aspecto material do imposto de renda, seja de pessoa jurídica ou física, e não há que se dizer que a legislação do IRPF ofende o conceito de renda ali previsto, pelo fato, por exemplo, de não permitir que a pessoa física que tenha mais despesas médicas do que rendimento em um ano leve o seu descréscimo patrimonial para ser compensado no ano seguinte. Na verdade, o CTN não tratou do aspecto temporal do IRPJ, deixando para o legislador ordinário fazêlo. Ora, se o legislador ordinário define como período de apuração um ano ou três meses, é nesse período que deve ser verificado o acréscimo patrimonial e não ao longo da vida da empresa como quer o Relator. Sobre isso, vale trazer à colação trecho colhido do voto do Min. Garcia Vieira no Recurso Especial nº 188.855GO, in verbis: “Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributase. Se não, nada se opera no plano da obrigação Fl. 2257DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.258 22 tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer "crédito" contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa em anos anteriores..” Data máxima venia, confundese o Relator quando cita o art. 189 da Lei 6.404/76, para sustentar que “o lucro societário somente é verificado após a compensação dos prejuízos dos exercícios anteriores”. Primeiramente, por força do disposto nos arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77, o lucro real parte do lucro líquido do exercício, ou seja, antes de qualquer destinação, inclusive daquela prevista no art. 189 em tela (absorver prejuízos acumulados). Em segundo, os arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77 já demonstram, à saciedade, que o acréscimo patrimonial que se busca tributar é de determinado período lucro líquido do exercício. Sustenta também o Relator que “a compensação de prejuízos fiscais não deve ser entendida como um beneficio fiscal” e traz jurisprudência do STJ nesse sentido. Todavia, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é em sentido contrário, ou seja, que “somente por benesse da política fiscal que se estabelecem mecanismos como o ora analisado, por meio dos quais se autoriza o abatimento de prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados”, conforme dicção da Min. Ellen Gracie ao julgar o RE 344994. Evidencia ainda o caráter de mera liberalidade do legislador ordinário, quando se verifica que, para o IRPF, decidiuse que apenas os resultados da atividade rural podem ser compensados com prejuízos de períodos anteriores. Ou seja, o benefício de poder compensar prejuízos fiscais foi concedido apenas a uma parte do universo de contribuinte de IRPF. Duas verdades óbvias se deduz de tal entendimento: primeiro, renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei; segundo, a compensação de prejuízo poderia ser totalmente desautorizada pelo legislador ordinário, pois não haveria ofensa ao conceito de renda (art. 43 do CTN). (...) Vale ainda ressaltar que, quando o legislador ordinário quis, ele expressamente afastou a trava de 30%. Refirome ao art. 95 da Lei 8.981/95. Assim, nem mesmo o Poder Judiciário poderia chegar tão longe a ponto de criar, por jurisprudência, uma nova exceção à regra da trava de 30%, sob pena de se estar legislando positivamente." O voto vencedor redigido pelo Conselheiro Alberto Pinto S. Jr. faz um interessante apanhado das normas concernentes ao imposto de renda, tanto de pessoas jurídicas quanto de físicas, que não permitem(iam) o aproveitamento tributário de resultados negativos anteriores e nem por isso desnaturaram o conceito constitucional de renda. Para corroborar sua tese, traz trecho de julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que declara expressamente que tais resultados negativos anteriores não são elementos inerentes da base de cálculo do Fl. 2258DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.259 23 imposto de renda. Seu aproveitamento tributário seria, isso sim, benesse tributária instituída pelo Estado para "minorar a má atuação da empresa em anos anteriores". Após diferenciar o tratamento dado ao tema pelas Ciências Contábeis daquele que interessa à seara tributária ("renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei"), o I. Redator faz observação relevante para o deslinde da controvérsia aqui examinada: existem exceções, legalmente previstas, à submissão da compensação ao limite de 30% do resultado positivo do período de apuração. E, entre elas, não está a pretendida pela contribuinte. Em outras palavras: quando o legislador quis estabelecer exceções à regra geral, o fez expressamente. A controvérsia também é abordada no voto vencedor do Acórdão CSRF nº 9101001.760, de 16/10/2013, que trata com profundidade de vários aspectos relevantes para a discussão proposta: "Voto Vencedor Mérito Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado (...) Sopesando os argumentos da Fazenda e do Contribuinte, a I. Relatora inicialmente traça um histórico da legislação que rege a matéria da compensação de prejuízos. Peço vênia para reproduzir entre aspas trechos do voto da I. Relatora, porque desta forma se torna mais clara a contraposição de argumentos. A I. Relatora parte da constatação de que "nunca subsistiram limitações temporais e quantitativas concomitantemente" e conclui que isto se deve à razão de ser a compensação de prejuízos um direito do contribuinte, "inerente aos princípios que regem a apuração do IRPJ/CSLL e à lógica contábil que determina os efeitos intertemporais dos atos das pessoas jurídicas, a qual atribui os critérios de apuração do lucro líquido, ponto de partida para a apuração do IRPJ e da CSLL". Primeiramente, embora nunca tenham subsistido limitações temporais e quantitativas concomitantemente, até 1945, no Direito brasileiro, não existia possibilidade de compensação de prejuízos, ou seja, a limitação era total, assim os prejuízos de um período de apuração não eram transportados para o período seguinte, que eram considerados estanques. Ora, isto era muito pior para o contribuinte, pois não havia limites porque simplesmente não era possível compensar o prejuízo, e a norma não foi considerada inconstitucional. No que diz respeito ao segundo argumento, embora a lógica contábil seja usada para o cálculo da base tributável do IRPJ e da CSLL, a base de cálculo do imposto está sob o império da lei que pode, inclusive, ser diferente, ou mesmo contrária à lógica contábil, que é lastreada em princípios geralmente aceitos, resoluções e pronunciamentos de instituições de Direito Privado, etc... Ocorre que em matéria de direito público, sempre prevalece a lei. Assim, em que pesem argumentos que possam ser procedentes dentro da lógica contábil na qual todo prejuízo deve ser confrontado com os resultados dos períodos seguintes (e imediatamente), esta não é a lógica legal. Na verdade, a lógica da lei tem a ver com dois aspectos essenciais ao caso, a periodização e o fato gerador do imposto de renda. A periodização é importante pois há que se confrontar situações em tempos diferentes para que se identifique se a empresa tem ou não prejuízo, se a Fl. 2259DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.260 24 empresa tem ou não lucro. Esta lógica contábil existe para se informar ao dono do "equity" acionista ou sócio, como está evoluindo seu patrimônio, o que só tem lógica se forem confrontados períodos distintos. E daí se faz a escolha temporal, que pode ser cinquenta anos, dez anos, um ano, seis meses, três meses, um mês, etc, aquilo que a lógica contábil entender conveniente em termos de mercado, pois como foi dito informar ao dono do capital a situação do seu patrimônio é a função da contabilidade. No caso brasileiro, este prazo está na própria lei comercial (art. 175 da Lei. 6.404/1977, prevê o exercício social de um ano, e em seu Par. Único permite períodos distintos). Daí que em função da continuidade, ou princípio da continuidade, os prejuízos têm que ser levados em conta, pois o acionista ou sócio não olha o seu investimento por períodos equivalentes ao exercício social, mas por todo o período do investimento que planejou, embora tenha que “tomar o pulso” de tempos em tempos (e.g., balanços mensais, semestrais ou anuais, com os prejuízos passando para o período seguinte). Assim, um acionista que tem em perspectiva ações de uma empresa por um determinado período, olha o quanto o investimento vale no início e no final do período; assim, vinculado a uma lógica contábil, todos os ganhos e todas as perdas do período devem ser computados continuamente, é o princípio da continuidade operando, o que lhe dá o resultado final ao longo do período. Vejase que a função da contabilidade, ou pelo menos uma das funções principais, é informar ao dono do capital a situação do seu investimento. Na verdade, está se assumindo o princípio da continuidade e seus efeitos nos lucros, mais no seu sentido econômico, porque no seu sentido contábil mais exato o princípio da continuidade não trata disto, mas sim na forma com que os ativos são avaliados, a depender da continuidade da empresa. Diz a resolução CFC 750/1993 (com redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10), quando trata dos princípios da contabilidade: “Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.” Ou seja, este princípio diz respeito à precificação dos componentes do patrimônio, nada indicando que decorre dele a imposição principiológica do aproveitamento de prejuízos de um período em relação a outro. Mas, ad argumentandum tantum e seguindo a lógica econômica da compensação de prejuízos como decorrência da continuação da empresa, que se presume indefinidamente, os prejuízos e lucros se compensariam contínua e indefinidamente. Mas esta não é a lógica da legislação tributária. Para efeitos tributários, a periodização tem como função firmar o aspecto temporal para efeito de se verificar se entre o momento inicial e momento final houve variação patrimonial positiva (atualmente a lei prevê este lapso em três meses, e opcionalmente de um ano, para o lucro real). Vejase que o fato de a legislação tributária permitir que se transponha o prejuízo de um período para o período seguinte é uma decisão de política tributária. Digase de passagem, uma política correta, mas que obedece aos princípios legais e não aos princípios contábeis. Assim, o aproveitamento de prejuízos é uma decisão de política tributária (em linha com a política econômica), mas não entendo que seja um benefício fiscal, pois não se enquadra neste conceito, mesmo porque é geral. Neste aspecto específico concordo com a posição da I. Relatora. Benefício fiscal ocorre quando a lei tributária concede o aproveitamento integral (sem a trava dos 30%) para algumas atividades, isto porque difere da regra geral da sujeição à limitação dos 30 %. Ou seja, o Fl. 2260DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.261 25 aproveitamento de prejuízos não pode ser considerado um benefício fiscal, mas tão somente nas situações que se dirijam a atividades específicas em que se permite um tratamento mais benéfico, com o aproveitamento integral (enquanto os outros contribuintes têm a “trava”). Posto de outra forma, decorre de decisão em sede política tributária e econômica que a legislação tributária permita a dedução de prejuízos, mas isto por uma lógica econômica de formação de capital, e não simplesmente por uma lógica contábil. A lógica econômica é que a dedução de prejuízo na verdade implica em um alongamento do período de apuração, permitindo que a empresa se recupere de períodos sem lucro (como é típico do início das atividades, em face de perspectivas futuras). Em suma, a dedutibilidade do prejuízo, embora impacte a base de cálculo do imposto de renda, é matéria legal, não se contrapondo a princípios constitucionais que informam a matéria tributária, como entende a I. Relatora. A lei pode tanto impedir totalmente o aproveitamento do prejuízo, como, de fato, fazia por volta de 68 anos atrás para pessoas jurídicas em geral e assim o faz até hoje, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido ou pelo Simples. Por outro lado, a lei pode permitir o aproveitamento integral, como faz para algumas atividades, como pode impor limites temporais (como fazia até pouco tempo) ou quantitativos (como o faz atualmente), sem que possa ser considerada violadora de qualquer princípio ou regra constitucional. (...) (...) Outro argumento expedido pela I. Relatora, muito semelhante ao primeiro, diz respeito à obediência da norma tributária aos princípios e normas contábeis, no que se refere à apuração da base do IRPJ e da CSLL. Ocorre que, neste caso, o tratamento dado pela legislação tributária diverge da norma comercial, mas é consentâneo com a própria Lei n. 6.404/1977, a lei comercial e contábil, que prevê em seu art. 177, §7º (redação atual dada pela Lei nº 11.941/ 2009) que tratamento tributário diferente pode ser dado pela legislação tributária, conforme seu art.177, in verbis: (...) Ou seja, a própria lei que dispõe sobre o tratamento tributário da apuração contábil ressalva que a aplicação das normas tributárias com critérios diferentes deve ser observada. Assim, não há contradição entre norma tributária e norma contábil, mesmo porque o tratamento dado à apuração do lucro real direciona justamente à apuração do lucro com base na legislação comercial sucedido pelos ajustes previstos da norma tributária (adições e exclusões), conforme preconiza o art. 6º do Decretolei nº 1.598/1977, e também o art. 17 da Lei nº 11.941/2009 (Lei que tratou das novas normas contábeis) e tributação, introduzindo o denominado regime tributário de transição RTT). Ou seja, a vedação de aproveitamento de prejuízos persiste mesmo no caso de encerramento da empresa, à míngua de previsão legal tributária. Não se pode impor normas e princípios contábeis para alterar a legislação tributária, criando uma situação excepcional onde a norma tributária não prevê exceção. (...) Fl. 2261DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.262 26 Outra linha argumentativa da I. Relatora se fia na história legislativa do dispositivo que implementou a trava dos 30% (MP n. 998/1995). Todos os argumentos normogenéticos são pertinentes e admissíveis, e é justamente o que se debate aqui, mas a lei não criou exceções. O que a exposição de motivos (EM) noticia é justamente que o aproveitamento não é limitado no tempo, mas não cogita e nem especifica o que ocorreria caso a empresa encerrasse as atividades, assim como não o faz a lei. Tratase de interpretação da exposição de motivos, pois ela, a EM, literalmente não diz que não há trava no enceramento das atividades. Por outro lado, a história legislativa de determinado dispositivo não permite um embargo interpretativo com efeitos legislativos infringentes, mas tão somente teleológicos. (...) Nesta linha de argumentos, durante os debates da sessão foi também foi suscitada a tese de que o prejuízo teria a mesma natureza de patrimônio, isto seria um "ativo". Disto decorreria que haveria tributação sobre o patrimônio (prejuízo), se não fosse permitida sua dedutibilidade. Ocorre que prejuízo (perda), no meu entender não é ativo. A legislação tributária, norma de sopreposição, consentânea com a economia e as bases econômicas da atividade empresarial, concede o aproveitamento dos prejuízos dentro da lógica da continuidade empresarial, mas daí a entender que prejuízo acumulado pode representar patrimônio, é o mesmo que dizer que tanto faz lucro ou prejuízo, o que contrasta com a própria lógica econômica. A empresa distribui lucro ou ativa lucro, não distribui prejuízo, nem ativa prejuízo. Ninguém persegue o prejuízo, a atividade empresarial persegue o lucro. Norma que permite transmutar perda em lucro com base na rationale de que a perda tem valor patrimonial é uma contradição em si mesma. Contudo, é verdade que dada a perspectiva (expectativa) de que o prejuízo fiscal em um dado exercício diminua o tributo devido em um exercicio posterior, no futuro, há a possibilidade se ativar esta expectativa de direito, a título de ativo fiscal diferido (conforme, e.g., Resolução CFC n. 1189/09). Tratase de perspectiva de impacto patrimonial positivo, como é qualquer redução de custo, ainda que tributário. Assim, o prejuízo fiscal, que difere do prejuízo contábil (podendo haver caso de lucro contábil com prejuízo fiscal, o que não é infrequente) pode ser considerado uma espécie de expectativa de direito com perspectivas de consequências patrimoniais positivas. Contudo, é um argumento puramente contábil e se aplica, na perspectiva puramente contábil. Ou seja, isto tudo é uma questão contábil e que, neste aspecto, nada tem a ver com a limitação legal de aproveitamento de prejuízo fiscal, que só comporta exceções legais. O fato dos prejuízos fiscais acumulados constarem da parte B do Lalur e de reduzirem tributo a pagar no futuro, não lhes dá o condão de patrimônio. (...) Quanto ao argumento relacionado à jurisprudência judicial, o único ponto relevante é que entendo que a decisão do STF de que a trava é constitucional impacta o presente processo ainda que indiretamente. Uma coisa o STF reconhece de pronto, qual seja: o tema é matéria de lei e esta lei não é inconstitucional. Embora o STF não tenha discutido a questão da trava na extinção da empresa especificamente, a decisão é um indicativo claro de que a vedação total no encerramento da empresa é também matéria de lei infensa à questionamento constitucional. De outro lado, se Fl. 2262DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.263 27 não for assim entendido estaríamos a discutir a inconstitucionalidade de lei, o que regimentalmente não podemos fazer, ou então, haveria uma omissão legal, o que não há. O que corrobora a conclusão de que para se aceitar o afastamento da trava na hipótese em debate teria que haver previsão expressa da lei tributária, o que também não há. (...) Assim, o entendimento que adoto é também consentâneo com a direção que está seguindo a jurisprudência contemporânea do CARF, embora reconheça que haja divergências, as quais respeito, embora divirja. Desta forma, entendo não deve ser admitida exceção não prevista em lei tributária, quando a lei tributária fixa limites para o aproveitamento de prejuízos, devendo ser negada o aproveitamento integral dos prejuízos no enceramento das atividades da empresa, que está limitado a 30%, na forma da legislação tributária." O I. Redator expõe brilhantemente, com notável grau de detalhamento, as razões que prevaleceram naquele julgamento a respeito de vários aspectos relevantes para o debate acerca do afastamento da trava de 30% no caso de empresa incorporada: inexistência de direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais já registrados; independência da lei tributária em relação às normas contábeis; constitucionalidade das restrições legais à possibilidade de compensação pelos contribuintes. Além disso, aborda também a tese segundo a qual os prejuízos fiscais e o saldo negativo das bases de cálculo da CSLL seriam uma espécie de ativo das pessoas jurídicas, compondo seu patrimônio. Com muita propriedade, o voto transcrito há pouco admite que tal tese pode ser dotada de algum sentido se analisada sob o ponto de vista puramente contábil. Mas não se pode admitir a tentativa de se atribuir ao prejuízo fiscal acumulado a natureza de patrimônio. Tal configuração afrontaria à própria lógica econômica das empresas, uma vez que, de certa forma, estarseia pretendendo transmutar a perda em lucro. Considero que os argumentos erigidos pela recorrente foram satisfatoriamente refutados pelas decisões administrativas acima referidas, cujas razões de decidir transcritas adoto como minhas. Acrescento ainda, a título de ilustração, que esta CSRF, em seus julgamentos mais recentes, tem se mantido fiel ao entendimento aqui adotado, pela impossibilidade de dispensa do limite legal, para a compensação, de 30% do lucro real (ou da base de cálculo positiva de CSLL), mesmo no encerramento das atividades da pessoa jurídica. Neste sentido os Acórdãos nº 9101002.153, nº 9101002.191, nº 9101002.192, nº 9101002.207, nº 9101 002.208, nº 9101002.209, nº 9101002.210, nº 9101002.211 e nº 9101002.225. A meu ver, o principal aspecto da polêmica em pauta reside no equivocado entendimento de que necessariamente deve haver uma completa comunicação entre os períodos de apuração do IRPJ e da CSLL. Fl. 2263DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.264 28 É precisamente esse entendimento que dá azo à idéia de que todo o prejuízo ao longo da história da empresa deve ser confrontado com todo o lucro auferido ao longo do tempo. Entretanto, a tributação do IRPJ e da CSLL não se dá dessa forma. Com efeito, o que se tributa é a renda/lucro (acréscimo patrimonial) auferida em um determinado período de apuração, e não a renda/lucro resultante de toda a existência da empresa. No julgamento do já referido RE nº 344994, o STF, apesar de não ter examinado a questão do limite de 30% para compensação de prejuízo fiscal em caso de extinção de empresa, deixou bem claro que a lei aplicável em relação à compensação de prejuízo fiscal é a lei vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Tal pronunciamento veio no sentido preciso de afirmar a independência entre os exercícios, o que também ficou bem evidenciado pelas situações apontadas nas decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais transcritas neste voto (em especial, a evolução histórica do instituto e o paralelo com a tributação da renda das pessoas físicas). Nesse mesmo passo, vale ainda observar que não há doutrinadores defendendo a possibilidade de compensação de prejuízos futuros com lucros anteriores, dando margem a repetição de indébitos. Caso isso fosse possível, pagamentos realizados no passado poderiam vir a ser considerados indevidos em razão de prejuízos futuros. Contudo, tal hipótese é prontamente repelida pelo senso comum da prática tributária, e a ilustração permite visualizar claramente que os exercícios devem mesmo ser independentes. De todo o exposto, podese concluir que a continuidade da empresa não implica em um direito adquirido à compensação de prejuízo fiscal e de base negativa de CSLL, independentemente do aspecto temporal para a incidência do imposto/contribuição; que o referido limite de 30% não desnatura a materialidade do imposto/contribuição (renda/lucro em determinado período de apuração); e que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por cisão/incorporação, ou por qualquer outro evento. Nesse passo, corretas as autuações fiscais referentes à glosa do excesso de compensação nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL no anocalendário de 2007, objeto dos presentes autos. Assim, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte no que se refere ao pedido de cancelamento dos referidos lançamentos. 2) Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício A recorrente pede, na hipótese de seu recurso especial não obter provimento no que diz respeito às primeiras matérias questionadas, que se afaste a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, por absoluta falta de previsão legal que ampare tal cobrança. Se equivoca a recorrente ao alegar que tal cobrança estaria desamparada pela legislação tributária. Fl. 2264DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.265 29 A cobrança de juros de mora sobre os créditos não pagos até a data de vencimento é prevista no art. 161 do CTN, nos seguintes termos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. A expressão "crédito", constante do caput do artigo reproduzido, obviamente se refere ao crédito tributário, pela própria natureza do diploma legal que habita. Para se definir o alcance de tal expressão, recorrese a outro dispositivo do CTN: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Já a definição de obrigação principal, mencionada no art. 139 do CTN, é trazida pelo §1º do art. 113 do mesmo Código. Tal obrigação tem por objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. In verbis: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. O critério utilizado pelo CTN para enquadrar determinada obrigação tributária como principal é, portanto, seu conteúdo pecuniário. Uma vez que a multa de ofício tem a característica de penalidade pecuniária, resta incontroverso que ela integra a obrigação principal, ao lado dos tributos. Interpretando em conjunto os dispositivos reproduzidos, concluise que incidem juros de mora sobre os créditos tributários não integralmente pagos no vencimento (art. 161) e que tais créditos decorrem da obrigação principal (art. 139), englobando o tributo e a multa de ofício (art. 113, §1º). Assim, a conclusão construída é a de que o CTN prevê a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício proporcional. Os defensores da ilegalidade da cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício argumentam que a interpretação literal do caput do art. 161 do CTN impossibilitaria tal incidência em razão da presença da expressão "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis". Se a penalidade referente à multa de ofício já estiver contemplada na expressão Fl. 2265DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.266 30 "crédito não integralmente pago no vencimento", a que outras penalidades cabíveis estaria se referindo o legislador? indagam. Ocorre que, frequentemente, a interpretação de uma norma tributária demanda a consideração da realidade jurídica e fática a que se aplica. Mais do que isso, a norma deve ser interpretada sistematicamente, levandose em conta todo o sistema tributário pátrio. A este respeito, examinese a interessante colocação da Ilustre Conselheira Viviane Vidal Wagner, designada para redigir o voto vencedor do Acórdão CSRF nº 9101 00.539, de 11/03/2010: "Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito." Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. E a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema." Sendo assim, a melhor interpretação a ser dada ao art. 161 do CTN é, sem dúvida, aquela que guarda harmonia com os demais dispositivos daquele Código que tratam do tema sob análise, qual sejam, os arts. 113 e 139. Além do CTN, a Lei nº 9.430/1997, em seu art. 61, caput e §3º, também dispõe sobre o cabimento de juros de mora sobre multa de ofício: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (...) §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do Fl. 2266DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.267 31 pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Depreendese do artigo reproduzido que incidem juros de mora sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, não pagos nos prazos previstos pela legislação específica. A multa de ofício se amolda perfeitamente a tal definição, já que sua cobrança decorre, entre outras hipóteses, da falta de pagamento de imposto ou contribuição, nos termos do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/1997. Sendo assim, a exemplo do que ocorre com o art. 161 do CTN, também o art. 61 da Lei nº 9.430/1997 fundamenta a possibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Corrobora ainda tal entendimento o art. 43 da Lei nº 9.430/1997 que, em seu parágrafo único, prevê expressamente a incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. Assim, vêse que a legislação não enxerga incompatibilidade entre os juros de mora e uma multa pecuniária de caráter punitivo: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou a respeito da legalidade da cobrança de juros de mora nos moldes praticados no presente processo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: ‘É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.’ (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (STJ, 1ª T., AgRg no REsp 1335688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, dez/2012) Por fim, tanto o §3º do art. 61 quanto o parágrafo único do art. 43, ambos da Lei nº 9.430/1997, fazem alusão à taxa aplicável a título de juros de mora: taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais. Fl. 2267DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O Processo nº 19515.000584/201021 Acórdão n.º 9101002.448 CSRFT1 Fl. 2.268 32 Quanto a este ponto, a matéria já foi inclusive pacificada por meio da edição da Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte em relação às alegações de descabimento de incidência de juros de mora sobre multa de ofício. Desse modo, voto no sentido de: CONHECER do recurso especial interposto pela contribuinte; NEGAR provimento ao recurso especial quanto ao pedido de afastamento da trava de 30% na compensação de resultados negativos passados no momento da extinção da pessoa jurídica, mantendose o lançamentos tributários relativos ao IRPJ e à CSLL do ano calendário de 2007; NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial quanto ao pedido de afastamento da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 2268DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADA O
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Numero do processo: 16349.000277/2009-88
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
INSUMOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
As aquisições de produtos tributados alíquota zero de PIS/Cofins não dão direito a créditos no regime de apuração não cumulativo.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. DIREITO AO CRÉDITO. É de se considerar as embalagens para transporte como insumos para fins de constituição de crédito de PIS/Pasep pela sistemática não cumulativa.
CONCEITO DE INSUMO. PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS. CREDITAMENTO.
Os gastos incorridos na aquisição de materiais para manutenção de máquinas são necessários e imprescindíveis à atividade produtiva da contribuinte, inserindo no conceito de insumo previsto no inciso II do artigo 3o da Lei n o 10.833/2003.
Recurso Especial da Procuradoria provido em parte.
Numero da decisão: 9303-004.343
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, nos termos do voto do relator, vencidas os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Luiz Augusto do Couto Chagas, Júlio César Alves Ramos, Valcir Gassen, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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INSUMOS. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PERDIGÃO AGROINDUSTRIAL S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 INSUMOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As aquisições de produtos tributados alíquota zero de PIS/Cofins não dão direito a créditos no regime de apuração não cumulativo. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. DIREITO AO CRÉDITO. É de se considerar as embalagens para transporte como insumos para fins de constituição de crédito de PIS/Pasep pela sistemática não cumulativa. CONCEITO DE INSUMO. PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS. CREDITAMENTO. Os gastos incorridos na aquisição de materiais para manutenção de máquinas são necessários e imprescindíveis à atividade produtiva da contribuinte, inserindo no conceito de insumo previsto no inciso II do artigo 3o da Lei n o 10.833/2003. Recurso Especial da Procuradoria provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, nos termos do voto do relator, vencidas os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 34 9. 00 02 77 /2 00 9- 88 Fl. 3826DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Luiz Augusto do Couto Chagas, Júlio César Alves Ramos, Valcir Gassen, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto tempestivamente pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3402002.361, de 25/03/2014, proferido pela 4ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 NULIDADE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE PERÍCIA. REALIZAÇÃO DE DILIGENCIA. ALTERNATIVA DO JULGADOR. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Poderá a autoridade julgadora denegar pedido de diligência ou perícia quando entendelas desnecessárias ao julgamento do mérito, sem que isto ocasione cerceamento de direito de defesa. NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA E CERCEAMENTO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Estando o processo suficientemente instruído com os documentos e informações necessárias para a formação da convicção dos julgadores e que permita a defesa das partes, temse por ausente o vício de nulidade por falta de produção de provas adicionais destinadas a contrapor os registros efetuados pelo sujeito passivo em sua contabilidade. NULIDADE. CARÊNCIA DE DOCUMENTOS E PROVAS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não padece de nulidade a decisão recorrida e nem o despacho decisório em manifestação de inconformidade, que seja lavrado Fl. 3827DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.827 3 por autoridade competente, contendo a descrição dos fatos, enquadramentos legais e motivação pertinente, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece a matéria fática e legal e exerceu, dentro de uma lógica razoável e eloquência, o seu direito de defesa. PIS E COFINS. BENS AQUIRIDOS PARA REVENDA E CONSUMIDOS NO ESTABELECIMENTO. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. Procede a glosa de créditos de PIS e de COFINS sobre a aquisição de bens adquiridos para revenda e não empregados como insumo no processo produtivo, quando revelarse terem sido consumidos pelo estabelecimento empresarial. CRÉDITO SOBRE DISPÊNDIOS PREVISTOS NO ART. 3º, II, DA LEI 10.833/2003. CONCEITO DE INSUMOS. RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA E DEPENDÊNCIA COM O PROCESSO DE PRODUÇÃO E FABRICAÇÃO DE BENS OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. No regime de apuração não cumulativa das contribuições ao PIS e à COFINS, o desconto de créditos das aquisições de bens e direitos utilizados como insumo na produção ou fabricação de bens destinados a venda (art. 3°, II, das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03), está condicionado a relação de pertinência e dependência do insumo ao processo produtivo ou de fabricação do bem ou prestação de serviços pelo contribuinte, analisada em cada caso em concreto, não sendo aplicável o conceito restrito das IN’s 247/02 e 404/04, que equiparou o insumo aos produtos intermediários no âmbito do IPI e nem o conceito mais elástico de despesa necessária previsto para o IRPJ. PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. FRETES DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO MESMO CONTRIBUINTE. AUSÊNCIA DE CRÉDITO. O valor das despesas com serviços de transporte (fretes e carretos) dos produtos acabados entre estabelecimentos do mesmo contribuinte não gera direito a crédito, por não se enquadrar no conceito de insumo previsto no inciso II, do art. 3º, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 e, também, não estar relacionada, expressa e taxativamente (numerus clausus), nos incisos III a X da Lei nº 10.833/2003, pois tratase de custo ou despesa realizada após a conclusão do processo de fabricação. PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO SOBRE SERVIÇOS DE ARMAZENAGEM. SERVIÇOS PORTUÁRIOS. ABRANGÊNCIA E LIMITES. Concedem o crédito das contribuições ao PIS e à COFINS os serviços de armazenagem, sendo a esta inerentes os serviços portuários que compreendem a pesagem, o monitoramento, a ovação ou a desova, inspeção, movimentação e realocação, deslocamentos e a taxa de selagem de conteiners. Por outro lado Fl. 3828DF CARF MF 4 não estão abrangidos no conceito de armazenagem e nem de frente das operações de venda, os serviços de capatazia, taxa de liberação de BL, despachantes aduaneiros nas exportações, os quais revestemse da natureza de despesas administrativas ou de vendas. PIS E COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. LEIS NºS 10.637/02, 10.833/03 E 11.033/04. AQUISIÇÕES DE INSUMOS SUJEITOS A ALÍQUTA ZERO COM SAÍDA SUBSEQUENTE PARCIALMENTE TRIBUTADA. DIREITO AO CRÉDITO PROPORCIONAL. O inciso II, no §2º, dos arts. 3º, das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, veda o desconto de crédito sobre a aquisição de bens não sujeitos ao pagamento das contribuições ao PIS e à COFINS quando a operação subsequente sujeitarse à suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência das contribuições, de modo que quando a operação subsequente for parcialmente tributada, deve ser permitido o direito ao desconto de créditos proporcionalmente às receitas de vendas sujeitas a incidência tributária, os quais podem ser mantidos nos termos do art. 17, da Lei nº 11.033/04. Glosa parcialmente mantida. CRÉDITO PRESUMIDO DE PIS E COFINS. ALÍQUOTA DE PRESUNÇÃO DO CRÉDITO. PRODUTO EM FABRICAÇÃO. O montante de crédito presumido é determinado pela aplicação da alíquota relativa ao produto a ser produzido e das mercadorias a serem vendidas e não pelos insumos adquiridos, sendo que no caso de frigorífico que industrializa produtos para a alimentação humana, a alíquota aplicável é de 60% (sessenta por cento). PIS E COFINS. AGROINDÚSTRIA. COMPRAS COM SUSPENSÃO. CRÉDITO INTEGRAL. DESCABIMENTO. DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO. A condição de que fossem editados “termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF”, prevista no §2°, do art. 9°, da Lei n° 10.925/2004, não impede a incidência da norma de suspensão de PIS e de COFINS, estando atendidas todas as condições legais. Havendo a suspensão, procede a glosa do crédito integral tomado pelo adquirente, mas preservase o direito ao cômputo do crédito presumido, nos termos do art. 8°, da Lei n° 10.925/2004. PIS E COFINS. AQUISIÇÃO DE PARTES E PEÇAS. INSUMOS. DESPESAS OPERACIONAIS. ATIVO IMOBILIZADO. PREÇO E TEMPO DE VIDA ÚTIL. PARÂMETROS PARA O DIREITO DE CRÉDITO. Nos termos do art. 30, da Lei n° 9.249/95 (art. 15, do Decreto Lei 1.598/77 e art. 301, do Decreto n° 3.000/99 RIR/99), o valor da aquisição de partes e peças de máquinas do setor produtivo da indústria, poderá ser deduzido diretamente como despesa operacional se não superior a R$326,01, ou o prazo de vida útil que não ultrapasse a um ano, concedendo o respectivo direito ao crédito na qualidade de insumo. Quando não atendidos pelo menos um desses parâmetros, o bem ou direito deverá ser Fl. 3829DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.828 5 registrado no ativo permanente, passando a ser depreciado à taxa legal aplicável ao bem ao qual a parte ou peça está vinculado, gerando crédito através dos encargos de depreciação, nos termos do art. 3°, §1°, III, da Lei n° 10.833/2003, devendo ser recomposto o cálculo dos créditos objeto de ressarcimento. Recurso Provido em Parte. Crédito Parcialmente Reconhecido. No Recurso Especial que apresentou, a Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN pleiteia a reforma do decisum, suscitando, após tecer comentários sobre o conceito de insumos, divergências de interpretação quanto à admissão de produtos empregados na movimentação de cargas e embalagens de transporte, às ferramentas e materiais utilizados na manutenção de máquinas e equipamentos e aos créditos em relação à aquisição de produtos sujeitos à alíquota zero ou submetidos à suspensão obrigatória das exações. Para comprovar a divergência, reproduz ementas dos Acórdãos nº 20312.448, 310100.795, 380200.341, 203 12.452, 3403002.469 e 3201001.425, integralmente reproduzidas no corpo da peça recursal. O exame de admissibilidade do recurso apresentado pela PFN encontrase às fls. 3582/3588. A contribuinte apresentou o recurso especial de fls. 3602/3633, ao qual, todavia, negouse seguimento (fls. 3804/3818). As contrarrazões ao recurso interposto pela PFN encontrase às fls. 3696/3749. É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial aviado pela PFN deve ser conhecido e provido em parte. É o que se passa a demonstrar. No exame de sua admissibilidade, entendeu o il. Presidente da 3ª Seção de Julgamento do CARF que as divergências suscitadas estariam plenamente comprovadas, exceto quanto ao creditamento dos bens destinados ao ativo imobilizado, matéria que, portanto, não foi devolvida a este Colegiado. Como são quatro os desacordos admitidos, passamos a analisar, em relação a cada qual, os requisitos de admissibilidade do recurso, para, ao depois, se conhecido, adentrarmos no mérito. 1) Primeira divergência: GLOSA DAS DESPESAS COM PRODUTOS DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E EMBALAGENS UTILIZADAS PARA O TRANSPORTE (FIOS DE POLIÉSTER E DE ALGODÃO, MATERIAL DE EMBALAGEM E ETIQUETAS, BOLSA TÉRMICA, CAIXA DE PROTEÇÃO, PALLET DE MADEIRA, DENTRE OUTROS) Fl. 3830DF CARF MF 6 No acórdão recorrido, entendeu a Câmara baixa que tais glosas deveriam ser revertidas. Eis as suas razões: Além do item pontualmente elencado, do relatório da decisão recorrida, ainda extraise que dentre os insumos que compuseram a glosa fiscal, estão contidos itens como os fios de poliéster e de algodão, que seriam utilizados na costura e embalagem dos bens produzidos e destinados a venda; fita sanitária, luvas, faca, suporte de faca, encosto de faca, além do “cabo de bisturi” em si, e congêneres, que seriam materiais peculiares a sua atividade de frigorífico e produtora de alimentos; e outros materiais classificados dentre “peças de reposição e serviços gerais” da produção, “material de segurança”, “material para conservação e limpeza” e “material de embalagem e etiquetas”, assim como também arrola itens como bolsa térmica, caixa de proteção e afins, dando destaque aos pallets, que são utilizados especialmente na armazenagem e movimentação de matérias primas e produtos em elaboração ou acabados, para garantir padrões de segurança e de higiene e limpeza, dentro de normas técnicas da ANVISA. Tais itens, a toda evidência, compõem o processo produtivo da Recorrente, estando diretamente empregados na produção ou fabricação de bens, sendo notória sua utilidade para cortar, costurar, embalar, sanitizar, movimentar com segurança e higiene, organizar para manter o asseio e o ritmo da produção, assim como, para organização da própria movimentação da produção, de modo que, no meu entendimento, enquadramse no conceito de insumo empregado pelo legislador ao prever o direito de crédito previsto no inciso II, do art. 3°, em questão, na acepção do processo de “fabricação”, que é mais amplo que a expressão “produção”, que acaba restringindo e reportandose aos conceitos de industrialização inerentes ao IPI, aqui inaplicáveis. Especificamente em relação aos pallets, por certo que cumprem a finalidade de movimentação indispensável para que a produção se desenvolva com organização e dentro de normas de segurança e limpeza, de modo que faz parte do processo de fabricação, assim como os serviços necessários que são empregados em sua manutenção e conservação, pois que por certo tais pallets acabam se desgastando pelo uso intensivo no processo empresarial, onerando o custo de produção. Esses pallets que são utilizados para a movimentação de produtos acabados, nos armazéns mantidos pela Recorrente, por certo que enquadramse no conceito de “armazenagem”, e, devem conceder o direito ao crédito por este permissivo legal, redundando na permissão do direito ao crédito, de modo que as glosas correspondentes não merecem prosperar. (g.n.) No acórdão paradigma de nº 310100.795, de 02/06/2011, outra Turma da mesma 3ª Seção de Julgamento chegou a uma conclusão diversa: “as embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas apenas depois de concluído o processo produtivo e que se destinam tão somente ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), não podem gerar Fl. 3831DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.829 7 direito a creditamento relativo às suas aquisições” (g.n.). Embora não expressamente se refiram às despesas com a movimentação das cargas, é obvio que, pela mesma tese, também não poderiam ser consideradas insumos para fins de creditamento. O dissídio jurisprudencial é manifesto. E, consoante entendimento majoritário desta CSRF, deve ser resolvido em favor da tese adotada no acórdão recorrido. Como se sabe, em casos idênticos, vemse decidindo pela possibilidade de creditamento (restei vencido no caso dos pallets), ao argumento de que se incluíram, sim, no conceito de insumos para os fins da legislação do PIS/Cofins. Confirase: PIS/COFINS NÃO CUMULATIVOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. As leis instituidoras da sistemática não cumulativa das contribuições PIS e COFINS, ao exigirem apenas que os insumos sejam utilizados na produção ou fabricação de bens, não condicionam a tomada de créditos ao "consumo" no processo produtivo, entendido este como o desgaste em razão de contato físico com os bens em elaboração. Comprovado que o bem foi empregado no processo produtivo e não se inclui entre os bens do ativo permanente, válido o crédito sobre o valor de sua aquisição. (Acórdão nº 9303003.478, de 25/02/2016). NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. DIREITO AO CRÉDITO. É de se considerar as embalagens para transporte como insumos para fins de constituição de crédito de PIS/Pasep pela sistemática não cumulativa. (Acórdão nº 9303004.175, de 05/07/2016). TAMBORES UTILIZADOS COMO EMBALAGEM PARA TRANSPORTE. GÁS EMPREGADO EM EMPILHADEIRAS. É legítima a apropriação do crédito da contribuição ao PIS/PASEP não cumulativo em relação às aquisições de tambores empregados como embalagem de transporte e sobre o gás empregado em empilhadeiras, tendo em vista a relação de pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo. (Acórdão nº 9303004.192, de 06/07/2016). É que o entendimento que vem sendo consolidado é o de que o conceito de insumo é mais abrangente que o conferido pela legislação do IPI, a abarcar todos os fatores necessários para o processo de produção ou de prestação de serviços e para a obtenção da receita tributável, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado. Assim sendo, quanto a esta primeira divergência, não obstante conhecido, devese negar provimento ao recurso especial. 2) Segunda divergência: FERRAMENTAS E MATERIAIS EMPREGADOS NA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS (LUVAS, FACA, SUPORTE DE FACA, ENCOSTO DE FACA, ALÉM DO “CABO DE BISTURI” EM SI, E Fl. 3832DF CARF MF 8 CONGÊNERES, LUBRIFICANTES, CORREIA, GÁS REFRIGERANTE, MANGUEIRA, LIXA, GRAXA, ANEL, BOBINA, BOTÃO, CHAVE, DISCO, DISJUNTOR, EIXO, FITA ISOLANTE, FUSÍVEL, LÂMPADA, REATOR, RESISTÊNCIA, RETENTOR, ROLAMENTO, SENSOR, TOMADA, VÁLVULA, DENTRE OUTROS) Aqui o acórdão recorrido deu provimento ao recurso voluntário sob o mesmo argumento, ou seja, o de que tais produtos também se incluiriam no conceito de insumos: Neste item, conforme se extrai do Relatório da decisão recorrida, o contribuinte contesta a glosa realizada pela Administração ao argumento de que a mesma “englobou”, de forma genérica e sem critério, diversos bens que não dariam direito ao crédito tendo em conta o CFOP da nota fiscal, mas que deveriam estar segregados para se justificar de modo adequado a glosa; cita como exemplo: etiqueta para fatiados e outros, adesivo perdigão, folha plástica incolor, adesivo, graxa, navalha, disco de corte, adesivo, gás glp, papel toalha, pão, soro de leite, vinagre, aroma de baunilha, farinha de tribo, peneira, extrato de tomate, tempero para carne, reagente, serviço de industrialização de ração, saco plástico, lamina, mola, bolsa térmica, mola, pino, rolamento, faca, sensor de temperatura, martelo, entre outros.” Ainda mais adiante no relatório ainda cita como exemplo de glosa sob esse fundamento de CFOP que não representaria “insumo”, os seguintes itens: “faca, lâmina, mola, sensor de temperatura, martelo, rolamento, adesivo, gás GLP, disco de corte, peneira, pão, vinagre, mola, bolsa faca, tempero para carne, graxa, navalha, termostato, pino, que alega que se caracterizam como insumos, uma vez que são equipamentos, ferramentas e materiais utilizados na atividade produtiva ou em máquinas com esta destinação.” Ainda, nesta rubrica, o Relatório da decisão recorrida ainda narra a inconformidade da Recorrente que “defende que são legítimos os créditos em relação aos lubrificantes, correia, gás refrigerante, mangueira, lixa, graxa, anel, bobina, botão, chave, disco, disjuntor, eixo, fita isolante, fusível, lâmpada, reator, resistência, retentor, rolamento, sensor, tomada, válvula. Contesta, ainda, a glosa de etiqueta para fatiados, sacolas big bag, adesivo perdigão, folha plástica incolor, saco plástico, bolsa térmica, entre outros. Alega que alguns itens chegam a incorporar o produto final, como etiquetas para fatiados, adesivo perdigão, folha plástica incolor para envolver produtos.” (fls.3375 – ne.) Ao ser julgado o recurso do contribuinte neste particular, a DRJ/FNS houve por bem em manter as glosas ao fundamento, em síntese, de que “as descrições dos produtos adquiridos, ao contrário do que entende a contribuinte, não se mostram suficientes para infirmar a natureza dos produtos, atribuída pelo CFOP consignado na nota fiscal correspondente, ou, tampouco, para demonstrar, para além de quaisquer dúvidas, que se refiram a produtos utilizados como insumo.” Fl. 3833DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.830 9 Tenho, todavia, que aqui merece reforma a decisão prolatada, pois que todos os itens descritos acima, concedem, à toda evidência, o direito de crédito na condição de insumo, não sendo eventual imputação equivocada no CFOP que irá desnaturar a verdadeira natureza ou emprego do bem ou serviço em questão, não podendo sobreporse a forma à essência. (g.n.) A divergência também aqui é evidente, e deve ser solucionada, pelo mesmo motivo, em favor da tese já encartada no acórdão recorrido. Além das ementas de decisões já reproduzidas, as quais adotaram a tese da necessariedade/imprescindibilidade do insumo para a produção do produto final ou para a prestação do serviço, citese, ainda, a seguinte ementa de acórdão prolatado por esta mesma CSRF: CONCEITO DE INSUMO. PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS. CREDITAMENTO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS E NÃO DA LEGISLAÇÃO DO IPI OU DO IRPJ. A legislação do PIS e da COFINS não cumulativos estabelece critérios próprios para a conceituação de insumos para fins de creditamento. É um critério que se afasta da simples vinculação ao conceito do IPI, presente na IN SRF nº 247/2002, e que também não se aproxima do conceito de despesa necessária prevista na legislação do IRPJ. CONCEITO DE INSUMO. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA, SISTEMÁTICA E TELEOLÓGICA. LEIS N 10.637/2002 E 10.833/2003. CRITÉRIO RELACIONAL. Insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. EMPRESA DE FABRICAÇÃO DE MÓVEIS. CRÉDITOS RECONHECIDOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. INSUMOS. Tratandose de uma empresa fabricante de móveis, foram reconhecidos créditos com relação à aquisição de materiais para manutenção de máquinas. Os gastos incorridos na aquisição de materiais para manutenção de máquinas são necessários e imprescindíveis à atividade produtiva da contribuinte, inserindo no conceito de insumo previsto no inciso II do artigo 3o da Lei n o 10.833/2003. (Acórdão nº 9303003.079, de 13/08/2014). Também aqui devese conhecer do recurso especial, mas lhe negar provimento. Fl. 3834DF CARF MF 10 3) Terceira divergência: CRÉDITOS SOBRE AQUISIÇÕES DE BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO DE PIS/PASEP E COFINS (E A POSSIBILIDADE DE SUA MANUTENÇÃO COMO CRÉDITO PRESUMIDO) E SOBRE AQUISIÇÃO DE INSUMOS JUNTO A PESSOAS JURÍDICAS E QUE DEVERIAM TER OCORRIDO COM SUSPENSÃO OBRIGATÓRIA DE PIS/PASEP E COFINS, A TEOR DOS ARTIGOS 8º, 9º E 15 DA LEI Nº 10.925/2004. Antes de confrontar os entendimentos esposados no acórdão recorrido e no paradigma, cabe esclarecer o seguinte: a) parte dos créditos glosados pela fiscalização referem se a produtos adquiridos para revenda tributados com alíquota zero de PIS/Cofins (informados na Ficha 16A – Linha 01 do Dacon); e b) parte referese à aquisição de insumos a pessoas jurídicas que deveria ter ocorrido com suspensão obrigatória de PIS/Cofins, nos termos dos arts. 8º, 9º e 15 da Lei nº 10.925, de 2004 (na Informação Fiscal de fls. 3196 e ss., a fiscalização sustenta que, caso o vendedor tenha apurado e recolhido o PIS e a Cofins sobre tais vendas, incorreu em pagamento indevido. E pagamento indevido não dá direito ao crédito para o comprador, mas à repetição de indébito para o vendedor). Não obstante tenha concordado que as aquisições com suspensão não podem gerar direito a créditos, concedeuse, alternativamente, o crédito presumido de PIS/Cofins. Nessas matérias, entendeu a Câmara baixa que a contribuinte faria jus ao crédito: Enfrentando cada um dos argumentos, tenho que assiste razão à DRJ/FNS quando não acata a irresignação do contribuinte quanto a supostos erros nas classificações fiscais adotadas pela autoridade fiscal, pois que a Recorrente não contrapôs o trabalho de alocação dos produtos aos fundamentos legais que reduziram a 0% as alíquotas dos produtos, limitandose em afirmar estar incorreta a classificação. Do mesmo modo, no tocante ao simples argumento de que tais bens são “insumos” e como tal devem conceder o direito ao crédito, entendo que não é suficiente para concedêlo, pois que no caso em concreto, não é a noção de insumo que o concederá, mas sim, o fato de se permitir o desconto do crédito e a sua manutenção sobre aquisições gravadas com alíquota zero que determinará o direito aplicável. (...) Por outro lado, se o insumo foi adquirido sem o pagamento da contribuição mas, utilizado como insumo ou revendido sob o pálio de uma operação subsequente cuja natureza for uma saída tributada, em homenagem à não cumulatividade (leiase: para que esse industrial/comerciante não “recolha” tributo pelas duas etapas da cadeia), devese permitir o crédito da aquisição. Assim, tenho que seja perfeitamente possível (e adequado) conciliar as normas emanadas do inciso II, do §2º, do art. 3º, das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03 (introduzido pela Lei nº 10.865/04) com aquela do art. 17, da Lei nº 11.033/04. E a interpretação que extraio destes dispositivos – e que entendo consectânea com a regra da não cumulatividade, é no sentido de que, se houve ônus da tributação na operação anterior haverá o Fl. 3835DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.831 11 crédito, ainda que a operação subsequente seja desonerada (conforme permissão de manutenção de crédito contida no art. 17, da Lei nº 11.033/04). Por outro lado, se não houve oneração tributária na aquisição de bens que serão igualmente vendidos sem oneração tributária, não se dará o crédito, que somente será concedido, a bem da não cumulatividade, se a saída subsequente for efetivamente gravada com o ônus tributário (é a interpretação que emana do inciso II, do §2º, do art. 3º, das Leis citadas). Em complemento da “cadeia” de produção, havendo saída onerada, ainda que a entrada seja desonerada, deve ser permitido o desconto do crédito das aquisições, pois que a vedação a tomada do crédito foi qualificada para a hipótese em que a operação subsequente também seja desonerada. O crédito daí originado (inciso II, do §2º, do art. 3º), poderá então ser mantido, segundo o art. 17, da Lei 11.033/04. No acórdão paradigma de nº º 3403002.469, de 24/09/2013, prolatado por outra Turma de Julgamento, o entendimento foi o oposto: é vedado o creditamento em relação a bens não sujeitos ao pagamento das contribuições, o que inclui a tributação à alíquota zero (embora tenha sido objeto de recursos especiais interpostos pela PFN e pela contribuinte, a decisão, quanto à matéria em referência, continua hígida). Comprovada a divergência, entendemos que não há outra solução a ser conferida ao caso, senão a de aplicar, pura e simplesmente, o que as próprias Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, já estabelecem no inciso II do §2º do art. 3º: não dá direito ao crédito de PIS/Cofins a aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. Aqui, portanto, o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido e provido. O último tema proposto neste item diz com as aquisições de insumos a pessoas jurídicas que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória do PIS/Cofins. No acórdão recorrido, teve o seguinte tratamento: Com esse entendimento, tenho que estando atendidas as condições para que as operações fossem suspensas da incidência de PIS e de COFINS, efetivamente assim elas ocorreram para os efeitos tributários, ainda que “financeiramente” as partes não tenham, eventualmente, previsto os seus impactos nos seus orçamentos comerciais. Acaso tivesse os fornecedores sido autuados por terem aplicado a suspensão e a Administração as estivesse exigindo o tributo, meu entendimento afastaria a exigência tributária, por óbvio. Neste sentido, tenho que agiu acertadamente a Administração ao proceder à glosa dos créditos tomados pela Recorrente à alíquota de 3,65% e 7,60%, para o PIS e à COFINS, respectivamente, pois que não se contesta nos autos que as operações preenchiam cumulativamente os requisitos dos incisos I, II e III, do art. 9°, em questão. Fl. 3836DF CARF MF 12 Porém, tenho que a glosa não poderia ser integral, pois que o crédito presumido era um direito da Recorrente, decorrente justamente do mecanismo que estava sendo regulado pela própria Lei n° 10.925/2004. Basta cotejar os preceitos legais em questão (arts. 8° e 9º, citados). Portanto, deveria ter sido glosado apenas o excedente em relação ao crédito presumido que a Recorrente fazia jus em tais aquisições, pois as mesmas estão amparadas pelo §1°, do art. 8°, da mesma Lei n° 10.925/2004, in verbis: (...) Esse direito, aliás, ficou expresso no próprio voto da DRJ, objeto do Recurso, quando estampou o seguinte: A recorrente, alternativamente, solicitou que fosse reconhecido a procedência parcial do crédito, mediante aplicação do percentual do crédito presumido. No entanto, não há como ora acolher esse pleito, dado o firmado no item 4 deste voto. Por sua vez, o item 4, a que se reporta o excerto da DRJ, afirma que a instância de piso apenas analisou o direito ao crédito que estivesse informado na “linha correta” da DACON. Em tal tópico do acórdão recorrido, extraise esse entendimento no sentido de que tal decisão adotou como premissa que “no presente feito, somente será analisada a procedência dos créditos cujas bases de cálculo tenham sido corretamente informadas em Dacon”. Ou seja, aqui a DRJ entendeu que haveria o direito, mas não o concedeu porque não estava informado na linha incorreta da DACON. Todavia, considerando meu entendimento de que não é a DACON que cria o crédito (como já mencionado quando aqui neste voto analisei o crédito referente à Energia Elétrica), mas sim o crédito nasce na “relação jurídica de direito ao crédito”, por sua vez decorrente da operação comercial de aquisição realizada e do respectivo enquadramento legal pertinente, tenho que a recomposição do cálculo do crédito, que decorrerá do cumprimento deste julgado, comporta perfeitamente o cálculo do crédito presumido das aquisições feitas nas operações que se deram com “suspensão”, nos termos do art. 9°. E isto porque tenho que este fato retrata um direito da Recorrente de que tais operações lhe concedessem o crédito presumido, nos termos dos art. 8°, §1°, e 9°, ambos da Lei n° 10/925/2004. Com efeito, merece parcial provimento o recurso voluntário nesse particular, para reconstituir parcialmente a glosa, até o limite do crédito presumido, nos termos do art. 8°, da Lei n° 10.925/2004, inclusive no tocante ao percentual da alíquota conforme definido nesse julgado, e também produzindo efeitos nos períodos contíguos a este, se for o caso. A Turma entendeu que, de fato, não cabia o crédito em face da suspensão, mas cabia a concessão do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, motivo por que propôs apenas a glosa parcial, não integral, do crédito aproveitado pela Fl. 3837DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.832 13 contribuinte, até o limite do presumido a que, entendeu, esta teria direito. Este, na verdade, é que, de fato, constitui o tema divergente. Já no acórdão paradigma, assim consignou o relator no item 5.8 do seu voto (“Aquisições de produtos à alíquota zero das contribuições”): No que se refere à alegação de que na aquisição de produtos agropecuários, o crédito deveria ser mantido, ao menos, no sentido de outorgar aquele presumido previsto nas operações do art. 8o da Lei no 10.925/2004, a DRJ destacou que é condição para o aproveitamento dos créditos a informação correta em DACON, o que não ocorreu no presente caso. A DRJ volta, depois, a tratar do tema quando analisa o crédito presumido (e aqui se fará o mesmo). Assim, nesse tópico, mantémse a glosa, na mesma linha da decisão de piso. (g.n.) A glosa de que fala ao final é, obviamente, do crédito referente às aquisições de insumos tributados à alíquota zero. O relator do acórdão recorrido apenas reproduziu o entendimento da DRJ, mas, ao tratar do crédito presumido, embora tenha dito que faria, nada falou a respeito das informações no Dacon: 5.15. Crédito presumido de atividade agroindustrial Em relação ao crédito presumido de atividade agroindustrial, informa o fisco que houve aplicação incorreta da alíquota de 60% (o correto seria 35%) a diversas aquisições de produtos classificados em códigos da NCM não contemplados no comando legal (art. 8o da Lei no 10.925/2004), inclusão de aquisições que não se enquadram no conceito de insumo (como animais reprodutores, animais para lactação, animais para recria, lenha, retentores e laudos técnicos), e inclusão de insumos sujeitos a alíquota zero (pintos de 1 dia). A recorrente alega que o cômputo da alíquota deve ser feito em relação ao produto fabricado e não em relação ao insumo adquirido, e que os bens são de fato utilizados no processo produtivo (animais reprodutores e de lactação, para preparar outros animais para abate; lenha para fornos destinados a produzir copa, salame, etc; retentores como partes e peças de máquinas usadas na produção; e laudos técnicos para manutenção da qualidade e higiene na linha de produção). O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. Fl. 3838DF CARF MF 14 No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei: (...) Vêse, pelas glosas, que o fisco aplicou as alíquotas conforme os insumos adquiridos. Contudo, a recorrente alega que o cômputo da alíquota deve ser feito em relação ao produto fabricado e não em relação ao insumo adquirido. Assim, devese iniciar a análise da questão pela alíquota aplicável. A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi recentemente empreendida nesta turma, que unanimemente chegou à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Fl. 3839DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.833 15 Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até anti isonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. Entraram na lista de produtos favorecidos com esta última medida adubos e fertilizantes, defensivos agropecuários, sementes e mudas destinadas ao plantio, corretivo de solo de origem mineral, inoculantes agrícolas etc. (artigo 1o). Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicalo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. Fl. 3840DF CARF MF 16 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” Assim, entendese aqui também cabível a concessão do crédito presumido mediante a aplicação das alíquotas de 60% ou 35% em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo. Esclareçase que, em ambos os acórdãos (recorrido e paradigma), não houve o reconhecimento do crédito quando a venda do insumo ao comprador se dá com suspensão do PIS/Cofins. O que houve foi que, no acórdão recorrido, a despeito do erro de preenchimento do Dacon, conferiuse o crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, enquanto que, no acórdão paradigma, quando se tratou do mesmo crédito, nada se falou a respeito. Concluindo: no que respeita aos erros de preenchimento do Dacon como fato a obstar ou não a concessão do crédito presumido, não há como conhecer do recurso, uma vez que não constituiu tema abordado no acórdão paradigma quando tratou da matéria. Ante o exposto, conheço em parte do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, para darlhe parcial provimento, apenas para afastar o direito ao crédito de PIS/Cofins sobre as aquisições de bens ou serviços tributados à alíquota zero. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 3841DF CARF MF Processo nº 16349.000277/200988 Acórdão n.º 9303004.343 CSRFT3 Fl. 3.834 17 Fl. 3842DF CARF MF
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Numero do processo: 15578.000290/2008-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/2004 a 30/06/2004
Compensação. Ausência de comprovação da liquidez e certeza do crédito tributário. Fraude. Uso de interposta pessoa.
No pedidos de compensação, cumpre ao contribuinte comprovar a certeza e liquidez do crédito pleiteado. No caso dos autos, o contribuinte não se desincumbiu desse ônus. Ao contrário, restou comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim de afastar o pagamento da contribuição devida, razão pela qual é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando-se os negócios fraudulentos.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2004 a 30/06/2004
Prova emprestada - admissão. Doutrina dos "frutos da árvore envenenada" - inaplicabilidade.
Não há que se falar em aplicação da doutrina dos "frutos da árvore envenenada" no caso concreto analisado, visto que a colheita dos depoimentos pessoais não se deu ilegalmente, não maculando as provas dali decorrente, e que constam dos autos outros elementos de prova aptos a embasar a glosa realizada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.072
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Marcelo Costa Marques d´Oliveira.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente).
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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Ausência de comprovação da liquidez e certeza do crédito tributário. Fraude. Uso de interposta pessoa. No pedidos de compensação, cumpre ao contribuinte comprovar a certeza e liquidez do crédito pleiteado. No caso dos autos, o contribuinte não se desincumbiu desse ônus. Ao contrário, restou comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim de afastar o pagamento da contribuição devida, razão pela qual é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderandose os negócios fraudulentos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2004 a 30/06/2004 Prova emprestada admissão. Doutrina dos "frutos da árvore envenenada" inaplicabilidade. Não há que se falar em aplicação da doutrina dos "frutos da árvore envenenada" no caso concreto analisado, visto que a colheita dos depoimentos pessoais não se deu ilegalmente, não maculando as provas dali decorrente, e que constam dos autos outros elementos de prova aptos a embasar a glosa realizada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro Marcelo Costa Marques d´Oliveira. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 02 90 /2 00 8- 90 Fl. 4363DF CARF MF 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente). Fl. 4364DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 11 3 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório constante da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJRJI), às fls. 4.233 e seguintes dos autos: Tratase de reconhecimento de direito creditório de PIS/Cofins decorrentes do regime de nãocumulatividade no período de 02 a 06 de 2004 para fins de compensação. A Delegacia de origem esclareceu que este processo “é fruto de desmembramento do PAF 13767.000030/200357”, e, ainda, que “os créditos referidos se encontram informados em formulários (papel) apensados a estes autos às folhas 90, 91, 94, 96, 97, 99 a 195, 107 a 109, 107, 108, 114, 115, 128, 129, 130, 132, 133, 136, 137, 143, 141, 778. 780, 782” (fl. 1046). A autoridade fiscal decidiu (fls. 1056/1057) homologar parcialmente as compensações efetuadas, por entender que a contribuinte não possuía o direito creditório no montante declarado, argumentando por meio do Parecer SEORT/DRF/VIT/ES nº 1931/09 (fls. 1045/1057), em resumo, que: 1. o trabalho consistiu no confronto entre as rubricas e valores utilizados no cálculo das contribuições com os dados constantes dos livros contábeis e fiscais, balancetes, arquivos magnéticos e mapas demonstrativos; 2. efetuou a conferência entre os valores escriturados nos livros fiscais e no DACON, averiguou a regularidade dos fornecedores, e se deparou com um número considerável de empresas inativas e sem recolhimento de tributos; 3. a ausência de provas que unam a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boafé em seu favor, todavia, isto não lhe pode garantir tais créditos, porque também foi vítima do procedimento ilegal; 4. não se questiona a existência de operações de venda, haja vista que as exportações indicadas foram confrontadas com o Siscomexexportação, o que faz presumir o recebimento da mercadoria adquirida. 5. se questiona a inclusão das compras em debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS e Cofins nãocumulativos; 6. sendo Fisco e contribuinte vítimas, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, fazendo o Estado arcar com prejuízo dobrado; 7. não é de se duvidar que qualquer pessoa jurídica esteja sujeita a negociar com empresas irregulares, inclusive pagando e recebendo as mercadorias contratadas, mas se imagina ou, ao menos, é esperado que tais operações representem uma pequena parcela dos negócios firmados, no caso dos autos representam quase a totalidade; 8. como restou demonstrado, na hipótese relatada não houve incidência econômica tributária na maior parte das aquisições realizadas; Fl. 4365DF CARF MF 4 9. a ocorrência da incidência jurídica é duvidosa, uma vez que as pessoas jurídicas que poderiam realizar o aspecto material da hipótese de incidência (faturamento), aparentam ser meros instrumentos para realização de práticas legais; 10. do ponto de vista econômico, não houve qualquer oneração da cadeia produtiva em relação a tais operações; 11. não havendo tal oneração perde o sentido o dualismo cumulatividade x nãocumulatividade que justificou o escopo da alteração da legislação, 12. não ocorrendo a indesejada cumulatividade que ensejou a mudança da sistemática da apuração das contribuições em apreço não há que se falar em saldo credor passível de ressarcimento. A Delegacia declarou tacitamente homologadas algumas das Dcomp, também homologou compensações com o crédito parcialmente reconhecido, mas não homologou o restante das Dcomp por insuficiência de crédito, tudo conforme explicitado às fls. 1.054 e seguintes. Cientificada da decisão (fl. 1073), em 28/09/09, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 1119 e seguintes), em 26/10/09, onde alegou, em resumo, que: 1. com base em lampejo de dedução do correto e incorreto, ao seu livre arbítrio, o Parecerista elabora uma relação das empresas supostamente inidôneas que teriam fornecido mercadorias, que ao longo dos meses de fevereiro a julho, emitiram notas de vendas às manifestantes no valor de R$ 16.243.423,02, nominando inclusive essas empresas e o total em cada mês, das mercadorias fornecidas; 2. sem sequer mencionar nos seus supostos entendimentos revestidos de legalidade, sobretudo de que o ato de fiscalizar o tributo federal é de competência exclusiva da União, e não da cadeia produtiva em suas várias etapas, que inclusive autoriza a qualquer empresa exercer suas atividades, podendo suspendêla quando entender necessário; 3. faz um resumo de suas conclusões ponderando que "como não poderia deixar de ser, aos casos marginais aplicase as soluções igualmente excepcionais", não citando entretanto quem é o marginal e qual base legal para a solução excepcional; 4. não corresponde aos fatos existentes, mas sim a suposições de que os fornecedores da manifestante, deixaram de recolher tributos ou que entregaram DIPJ como inativas, quando deveria dirigir sua fiscalização a essas empresas; 5. a responsabilidade solidária em matéria tributária somente se aplica em relação ao sujeito passivo, não podendo ser presumida ou resultar de acordo das partes, nem comporta benefício de ordem; 6. se solicitada, a Manifestante apresentaria todos os documentos que possui tais como CNPJ, registro no Sintegra, notas fiscais de compras e respectivos pagamentos, relativos aos fornecedores “imprestáveis”; 7. a responsabilidade solidária em matéria tributária não pode ser presumida, então, deve ser provada; e se não foi provada, a compensação deve ser restaurada conforme proposta; Fl. 4366DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 12 5 8. embora não fosse necessário, anexa todos os comprovantes das operações, contendo a nota fiscal de entrada, o comprovante de pagamento, o comprovante da Fazenda Federal e Estadual, comprovando que a empresa estava devidamente habilitada para exercer as suas atividades, documentos estes relacionados pelo Ilustre em seu parecer às folhas 858 e 859 do processo. A inconformada requer, em preliminar, ilegitimidade do sujeito passivo e nulidade do procedimento fiscal, no mérito, insubsistência da cobrança e deferimento do pedido de ressarcimento e homologação das compensações efetuadas. O processo fora baixado em diligência (fl. 2463) para a Unidade a quo examinar “se há alguma repercussão no crédito aqui pleiteado dos mesmos fatos apurados” nas operações “Tempo de Colheita” e “Broca”. A Delegacia de origem na “Informação Fiscal”, à fl. 4.012 e seguintes, afirma: “A resposta a tal indagação é positiva”. E, em resumo, justifica que: 1. a Nicchio Café lançou mão de um ardil, que consistiu na interposição fraudulenta de pseudoatacadistas – empresas de fachada para dissimular vendas de café de pessoa física (produtor/maquinista) para empresas exportadoras e torrefadoras, gerando dessa forma, ilicitamente, créditos integrais de PIS/COFINS (9,25% sobre o valor da nota) na sistemática da não cumulatividade que de outra forma, segundo a legislação vigente, não seriam cabíveis; 2. O TERMO DE ENCERRAMENTO DE AÇÃO FISCAL n° 0769/2011, com 378 páginas, referente ao processo n° 10783.722945/201131, que analisou os créditos de PIS/COFINS na compra de café da NICCHIO CAFÉ, no período de JULHO DE 2004 a DEZEMBRO 2010, mostrou detalhadamente a existência desse esquema, bem como de que a NICCHIO CAFÉ não só tinha consciência de que o café adquirido de pessoas físicas (produtores/maquinistas) era guiado em nome de empresa de fachada (pseudo atacadista) como tinha participação no ilícito praticado; 3. a Empresa tinha pleno conhecimento que as notas fiscais dessas empresas laranjas eram ideologicamente falsas. Após relato minucioso, os Auditores responsáveis pela diligência concluíram pela manutenção das glosas efetuadas no Parecer da Seort/DRF/Vitória. Intimada do resultado da diligência, a contribuinte ratificou os termos de sua Manifestação de Inconformidade, adicionando (fls. 4124 e 4174), em resumo, que: 1. conforme se verifica nas reportagens anexadas à presente peça de informação (Does. 03 a 04), o Tribunal Federal da 2ª Região, analisando o Habeas Corpus n° 2012.02.01.0143115, decidiu pelo trancamento e consequente extinção da Ação Penal sobre os fatos em questão; 2. destacase que o Ministério Público sequer recorreu, tendo a r. decisão transitado em julgado; 3. a Informante agiu de acordo com a lei, não subsistindo qualquer fundamento para a glosa dos créditos; Fl. 4367DF CARF MF 6 4. a sociedade empresária ora Informante realizou aquisições de café em grão cru de pessoas jurídicas domiciliadas no País para posterior revenda e, com isso, auferiu licitamente os créditos de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos; 5. as aquisições de bens se deram por intermédio de fornecedoras (pessoas jurídicas) ativas no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas), bem como no SINTEGRA Serviço Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços; 6. os documentos fiscais que atestam a circulação das mercadorias (notas fiscais) em momento algum foram declaradas inidôneas pelo fisco estadual; 7. o pagamento das mercadorias adquiridas era efetuado por meio de transferência bancária nas contas correntes que as empresas atacadistas de café mantinham nas mais tradicionais instituições financeiras brasileiras; 8. soa desarrazoado transferir ao particular o ônus de verificar e avaliar no mercado as situações fáticas que implicam na conclusão de que determinadas atacadistas de café estão enquadradas na categoria jurídica de "inaptas" por serem consideradas inexistentes de fato; 9. no ordenamento jurídico pátrio, somente a Secretaria da Receita Federal tem competência para erigir qualquer pessoa jurídica à categoria de "inapta" por se enquadrar na moldura fática do art. 41 da IN n. 748/2007; 10. pensar o contrário atentaria contra o princípio da legalidade e do devido processo legal, pois ninguém pode ter o CNPJ considerado inapto senão após regular procedimento administrativo instaurado pela autoridade competente e com base em método procedimental previamente normatizado; 11. se, de acordo com os autos do procedimento, os produtores rurais/maquinistas e corretores foram os articuladores do esquema ilícito, como conferir eficácia probatória às declarações dos protagonistas do malfadado esquema? 1. não foi levada em conta pelo Fisco que produtores / maquinistas / corretores imputaram responsabilidade a outrem para se esquivarem das conseqüências funestas, hipótese plausível diante da realidade dos autos; 2. não há comprovação de participação da recorrente na criação das chamadas “empresas de fachada”; 3. também não há comprovação de participação ou ingerência sobre as Corretoras; 4. não tinha qualquer obrigação de verificar a cadeia anterior às Corretoras, mas mesmo assim fazia verificação superficial da regularidade fiscal das empresas; 5. a informação sobre o produtor rural nas “notinhas” (corretoraprodutor) era inserida pelas Corretoras, sem participação da recorrente; 6. nos computadores da Nicchio, na perícia realizada, por ocasião da operação Broca, nada comprometedor fora encontrado; 7. houve a lícita elisão fiscal, mas não a rechaçada evasão fiscal; 8. verificase que a Fazenda tenta imputar à Inconformada responsabilidade com base em documentos subscritos por terceiros; Fl. 4368DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 13 7 9. a Inconformada não pode ser responsabilizada por atos de terceiros, sob pena de violação do princípio constitucional da intranscedência; 10. a responsabilidade solidária não pode ser presumida, deve ser provada, como não foi provada, a compensação/ressarcimento deve ser deferida. Ao analisar o caso, a DRJRJI entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, conforme decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/2004 a 30/06/2004 Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderandose os negócios fraudulentos. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O contribuinte foi intimado quanto à referida decisão em 08/08/2013 e, insatisfeito com o seu teor, interpôs em 04/092013, Recurso Voluntário, por meio do qual alegou, resumidamente: (i) preliminarmente do trancamento da ação penal decisão proferida nos autos do HC 2012.02.01.0143115 extinção da punibilidade; (ii) preliminarmente da nulidade dos elementos de convicção colhidos aplicabilidade da doutrina dos frutos da árvore envenenada; (iii) preliminarmente nulidade por cerceamento de defesa depoimentos colhidos ao arrepio do art. 5º, inciso LV, da CRFB/88 necessidade de diligência para sanar o vício; (iv) no mérito da correta apuração dos créditos fiscais do PIS/COFINS não cumulativos pela fiscalizada inconsistência dos autos de infração lavrados; (v) no mérito recorrente pessoa jurídica de direito privado ausência de poder de polícia princípio da reserva legal; Fl. 4369DF CARF MF 8 (vi) ausência da alegada interposição fraudulenta inexistência de provas em relação à recorrente operação absolutamente regular; (vii) afastamento da responsabilidade solidária. Ao final, requereu: preliminarmente, a invalidação de toda prova colhida no Procedimento Fiscal utilizado como fundamento para a glosa realizada, haja vista o vício originário capaz de atrair a aplicabilidade da "Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada" (salvo se houver diligência para ouvir novamente as testemunhas sob a luz do contraditório), bem como dos atos praticados, em virtude do cerceamento de defesa na colheita da prova oral; caso o pedido acima não seja acolhido, o reconhecimento da idoneidade dos créditos apurados das contribuições ao PIS nãocumulativos, tornandose insubsistente a cobrança do crédito tributário decorrente da glosa de tais créditos, por ser medida consentânea com o Estado de Direito. Ato contínuo, em 22/03/2016, o contribuinte apresentou petição por meio da qual requereu a juntada aos autos de Parecer elaborado pelo jurista Joaquim Barbosa, o qual tratou sobre a prova emprestada no processo administrativo tributário (vide fls. 4332/4360). Os autos, então, foram distribuídos para esta Turma Julgadora, para fins de análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. Foi anexado ao presente processo o Proc. nº 15578.000844/200930, que versa sobre crédito de COFINS relativos aos meses de junho e julho de 2004. Concluídos os procedimentos de compensação pela DRF, remanesceu saldo devedor relativo aos seguintes processos, os quais encontramse apensados à presente demanda: (1) 10783.004855/9853 (apensado) AI IRPJ fato gerador 31/07/1995, 31/08/1995, 30/09/1995, 31/10/1995 e 30/11/1995; (2) 10783.004856/9816 (apensado) AI CSLL fato gerador: 31/07/1995, 31/08/1995 e 30/09/1996; (3) 10783.721.282/200912 (apensado) compensação crédito de PIS/COFINS; É o relatório. Fl. 4370DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 14 9 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Do relato acima, extraise que o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, por meio do qual alegou, resumidamente: (i) preliminarmente do trancamento da ação penal decisão proferida nos autos do HC 2012.02.01.0143115 extinção da punibilidade; (ii) preliminarmente da nulidade dos elementos de convicção colhidos aplicabilidade da doutrina dos frutos da árvore envenenada; (iii) preliminarmente nulidade por cerceamento de defesa depoimentos colhidos ao arrepio do art. 5º, inciso LV, da CRFB/88 necessidade de diligência para sanar o vício; (iv) no mérito da correta apuração dos créditos fiscais do PIS/COFINS não cumulativos pela fiscalizada inconsistência dos autos de infração lavrados; (v) no mérito recorrente pessoa jurídica de direito privado ausência de poder de polícia princípio da reserva legal; (vi) ausência da alegada interposição fraudulenta inexistência de provas em relação à recorrente operação absolutamente regular; (vii) afastamento da responsabilidade solidária. Os pontos acima serão devidamente analisados a seguir. 1. Preliminar do trancamento da ação penal Quanto ao ponto (i), alega o contribuinte, preliminarmente, que em decisão proferida nos autos do HC 2012.02.01.0143115, foi determinado o trancamento da ação penal, com a consequente extinção da punibilidade. Neste ponto, entendo que o fato de a ação penal ter sido trancada, com a consequente extinção da punibilidade na esfera criminal, não leva necessariamente ao reconhecimento do direito creditório objeto da presente demanda. Isso porque, é cediço que o trancamento na esfera penal pode ter se dado por diversas razões, e que as exigências para fins de condenação naquela esfera são distintas das exigências inerentes ao processo administrativo tributário. Logo, entendo que não deverá ser acolhida a preliminar arguida pelo contribuinte. Fl. 4371DF CARF MF 10 Nesse sentido, inclusive, trazse à colação passagem de decisão proferida por este Conselho conforme Acórdão nº 3201002.226: TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. EXAME ADSTRITO ÀS CONDIÇÕES DA AÇÃO E ÀS CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO SOBRE A INEXISTÊNCIA MATERIAL DO FATO. COISA JULGADA QUANTO AOS FATOS NARRADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INOCORRÊNCIA. A sentença penal não faz coisa julgada quanto à materialidade dos fatos se estes não são objeto de apreciação e, portanto, não fundamentam o trancamento da ação penal, restrito à análise das condições da ação e de sua procedibilidade. Realidade em que a extinção da ação penal inaugurada pelo Ministério Público Federal não foi motivada por eventual pronunciamento jurígeno excludente do envolvimento da recorrente com os fatos narrados na denúncia, mas em vista da impossibilidade de tipificação das condutas em crime contra a ordem tributária (Lei nº 8.137/90) antes do lançamento definitivo do tributo (Súmula Vinculante do STF nº 24). 2. Preliminar da nulidade dos elementos de convicção colhidos (aplicabilidade da doutrina dos frutos da árvore envenenada) da nulidade por cerceamento de defesa (depoimentos colhidos ao arrepio do art. 5º, inciso LV, da CRFB/88 necessidade de diligência para sanar o vício) Em razão da sua correlação, os pontos (ii) e (iii) serão analisados em conjunto. Segue o contribuinte alegando que deveria ser invalidada toda a prova colhida no Procedimento Fiscal utilizado como fundamento para a glosa realizada, haja vista o vício originário capaz de atrair a aplicabilidade da "Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada" (salvo se houver diligência para ouvir novamente as testemunhas sob a luz do contraditório), bem como dos atos praticados, em virtude do cerceamento de defesa na colheita da prova oral, da qual não teria participado. Neste ponto, entendo que, no caso concreto aqui analisado, tampouco merece guarida os argumentos levantados pelo contribuinte. Isso porque, penso que a doutrina dos frutos da árvore envenenada não se aplica da forma pretendida pela Recorrente, consoante será esclarecido a seguir. É inconteste que o contribuinte não participou neste caso concreto da colheita da prova oral. Cumprenos analisar, então, se a ausência de participação do mesmo naquela oportunidade tornam os depoimentos colhidos e as demais provas posteriormente obtidas imprestáveis para fins de embasar a glosa de créditos objeto da presente demanda. Defende o contribuinte que a colheita de depoimentos pessoais sem a sua presença tornaria nula tal prova, bem como as demais provas daí decorrentes, face à aplicação da doutrina dos frutos da árvore envenenada. A meu ver, contudo, para que tal doutrina seja aplicada, é essencial que a prova inicialmente colhida seja ilegal. Ou seja, as provas subsequentes deixarão de ter validade na medida em que a prova inicial tenha sido obtida ilegalmente. É o caso, por exemplo, de provas obtidas em razão de interceptação telefônica realizada ilegalmente, sem ordem judicial. Uma vez reconhecida a ilegalidade da interceptação telefônica, deverão ser desconsiderados também as demais provas colhidas. Fl. 4372DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 15 11 No caso dos presentes autos, contudo, não se está diante de uma prova ilegal. Os depoimentos pessoais foram colhidos em procedimento regular de investigação realizado pela Polícia Federal na "operação broca" e "tempo de colheita". A ausência de participação da Recorrente naquela oportunidade da colheita de tais depoimentos não os torna ilegais. O que se poderia cogitar, então, era se tais depoimentos, apesar de legais, poderiam ser utilizados como prova emprestada nos presentes autos, para fins de fundamentar a glosa aqui analisado. Se a glosa tivesse se embasado única e exclusivamente em depoimentos pessoais dos quais a Recorrente não tivesse participado, ou seja, em que não tenha exercido o contraditório, entendo que a glosa não poderia subsistir. Acontece que, no caso dos presentes autos, a prova adotada pela fiscalização para fins de glosa do crédito lançado nas DCOMPs não decorreu unicamente dos depoimentos pessoais combatidos pela Recorrente, mas também de provas documentais obtidas. E, ainda que tais provas tenham sido obtidas em decorrência dos depoimentos pessoais colhidos, entendo que, como estes não foram ilegais, não acarretam a desconsideração das demais provas constantes dos autos. Até porque, percebese neste caso concreto que o contribuinte não logrou desconstituir as inúmeras provas constantes dos autos em seu desfavor. Mencionese, inclusive, que a autoridade fiscal sequer embasou a glosa em tal operação, tendo argumentado em seu parecer, em resumo, que: 1. o trabalho consistiu no confronto entre as rubricas e valores utilizados no cálculo das contribuições com os dados constantes dos livros contábeis e fiscais, balancetes, arquivos magnéticos e mapas demonstrativos; 2. efetuou a conferência entre os valores escriturados nos livros fiscais e no DACON, averiguou a regularidade dos fornecedores, e se deparou com um número considerável de empresas inativas e sem recolhimento de tributos; 3. a ausência de provas que unam a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boafé em seu favor, todavia, isto não lhe pode garantir tais créditos, porque também foi vítima do procedimento ilegal; 4. não se questiona a existência de operações de venda, haja vista que as exportações indicadas foram confrontadas com o Siscomexexportação, o que faz presumir o recebimento da mercadoria adquirida. 5. se questiona a inclusão das compras em debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS e Cofins nãocumulativos; 6. sendo Fisco e contribuinte vítimas, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, fazendo o Estado arcar com prejuízo dobrado; 7. não é de se duvidar que qualquer pessoa jurídica esteja sujeita a negociar com empresas irregulares, inclusive pagando e recebendo as mercadorias contratadas, mas se imagina ou, ao menos, é esperado que tais operações representem uma pequena parcela dos negócios firmados, no caso dos autos representam quase a totalidade; 8. como restou demonstrado, na hipótese relatada não houve incidência econômica tributária na maior parte das aquisições realizadas; Fl. 4373DF CARF MF 12 9. a ocorrência da incidência jurídica é duvidosa, uma vez que as pessoas jurídicas que poderiam realizar o aspecto material da hipótese de incidência (faturamento), aparentam ser meros instrumentos para realização de práticas legais; 10. do ponto de vista econômico, não houve qualquer oneração da cadeia produtiva em relação a tais operações; 11. não havendo tal oneração perde o sentido o dualismo cumulatividade x nãocumulatividade que justificou o escopo da alteração da legislação; 12. não ocorrendo a indesejada cumulatividade que ensejou a mudança da sistemática da apuração das contribuições em apreço não há que se falar em saldo credor passível de ressarcimento. Ou seja, a glosa fora realizada face à constatação de que a maior parte das operações realizadas pela empresa se deram com empresas inativas e sem recolhimento de tributos. Logo, tendo em vista tratarse de direito creditório, caberia à empresa comprovar que as operações realizadas foram, de fato, regulares. Acontece que a empresa não conseguiu comprovar tal fato, limitandose a alegar que cabia à Receita Federal fiscalizar as empresas com quem comercializava, declarandoas como inaptas, e não ao mesmo. Entendo que este argumento do contribuinte poderia até prosperar, caso as operações realizadas com empresas inativas ou que não possuíam substância representasse um percentual mínimo de suas operações. Não foi, contudo, o que constatou a fiscalização. Ato contínuo, o processo fora baixado em diligência (fl. 2463) para a Unidade a quo examinasse se havia alguma repercussão no crédito aqui pleiteado dos mesmos fatos apurados nas operações "Tempo de Colheita" e "Broca". A Delegacia de origem, então, informou que: 1. a Nicchio Café lançou mão de um ardil, que consistiu na interposição fraudulenta de pseudoatacadistas – empresas de fachada para dissimular vendas de café de pessoa física (produtor/maquinista) para empresas exportadoras e torrefadoras, gerando dessa forma, ilicitamente, créditos integrais de PIS/COFINS (9,25% sobre o valor da nota) na sistemática da não cumulatividade que de outra forma, segundo a legislação vigente, não seriam cabíveis; 2. O TERMO DE ENCERRAMENTO DE AÇÃO FISCAL n° 0769/2011, com 378 páginas, referente ao processo n° 10783.722945/201131, que analisou os créditos de PIS/COFINS na compra de café da NICCHIO CAFÉ, no período de JULHO DE 2004 a DEZEMBRO 2010, mostrou detalhadamente a existência desse esquema, bem como de que a NICCHIO CAFÉ não só tinha consciência de que o café adquirido de pessoas físicas (produtores/maquinistas) era guiado em nome de empresa de fachada (pseudo atacadista) como tinha participação no ilícito praticado; 3. a Empresa tinha pleno conhecimento que as notas fiscais dessas empresas laranjas eram ideologicamente falsas. Foram juntados aos autos, então, vários elementos de prova obtidos nas referidas operações, que demonstram o conhecimento da Recorrente quanto ao esquema realizado. Fl. 4374DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 16 13 É importante que se aponte que os elementos juntados aos autos não foram apenas os depoimentos pessoais colhidos, como também várias provas documentais, as quais não devem ser desconsiderados nesta oportunidade para fins de glosa dos créditos em análise. É o que se extrai da passagem da decisão da DRJ abaixo transcrita: Entre as provas documentais as próprias notas fiscais da triangulação comercial (produtor rural/pessoa física à atacadista (ex. Colúmbia) à exportadora (ex. Nicchio Café) indicam a simulação. Vejase, a título de exemplo, a “nota 6630” (fl. 3769), apreendida na Nicchio, onde ao lado do nome do produtor rural aparece R. Araújo / Mingo, comparar com a Nota fiscal nº 00875 (fl. 3774). Outro exemplo, a confirmação de pedido à fl. 3895, onde aparece a “venda” da WR da SILVA para a Nicchio, mas ali se registra o nome do produtor rural, que efetivamente realiza a venda. De documentos recebidos da Polícia Federal, a planilha de saídas da Colúmbia (v. reprodução à fl. 4042) para a Nicchio Café deixa claro a distinção entre o vendedor ficto (a própria Colúmbia) e o vendedor real, pessoa física/produtor rural. A origem da mercadoria é o produtor rural, no caso tratase de J Rigoti, e o destino é a Nicchio Café. J Rigoti é produtor rural, que declarou negociar com Nicchio Café, através de corretora. Do Ministério Público do Espírito Santo – Grupo GETPOT – a fiscalização recebeu e analisou um relatório financeiro correspondendo a uma espécie de livro caixa(“caixa 2”), documento apreendido na Operação Acádia deflagrada “com o objetivo de coibir sonegação fiscal de ICMS” (fl. 3485 e ss), que detalha ganhos de Fernando Mattede e Flávio Tardin, sócios das ‘pseudoempresas’ Do Grão e L&L, já citadas neste voto. O documento reproduzido mostra que a receita é claramente proveniente de venda de notas, observese nos nomes de pessoas responsáveis pelo crédito, que aparece o de Alair com o valor ao lado de R$3.320,00. O total de ganho no fechamento geral relativo à Empresa Do Grão corresponde à diferença desses créditos (provenientes de pessoas físicas) contra as despesas (nada a ver com compra de café). O batimento da ‘contabilidade’ com a planilha da Empresa Do Grão, exibindo o controle do seu crédito contra Alair, demonstra a exatidão do valor de R$3.320,00. Mais ainda, demonstra a razão do débito: para cada saca de café ‘vendida’ para a Nicchio Café, por exemplo, Alair tornase devedor de Hum real, o que aparece como crédito da Do Grão. Alair, na verdade, é o primeiro nome de Alair Bergameschi, Produtor/Maquinista. Outro fato revelado pelo “Colúmbia Saídas” constante de arquivo da Colúmbia apreendido pela Polícia Federal diz respeito a manobra para eliminar “estoque a descoberto”. Neste caso, a Colúmbia emite simplesmente a nota fiscal, não havendo qualquer movimentação de mercadorias. Em seu depoimento à Polícia Federal, já citado, Thiago Gava confirmou a existência da manobra. O papel fictício das “atacadistas” na negociação direta entre produtor rural e a Nicchio Café evidenciase em muitos documentos nos autos. Diante do acima exposto, tendo em vista existirem outros elementos de prova além dos depoimentos pessoais combatidos pelo contribuinte, deverão ser afastadas as preliminares de nulidade alegadas pelo mesmo. 3. Mérito da correta apuração dos créditos fiscais do PIS/COFINS não cumulativos pela fiscalizada inconsistência dos autos de infração lavrados Fl. 4375DF CARF MF 14 No mérito, o contribuinte alega que a apuração dos créditos fiscais do PIS e da COFINS teriam sido realizados pela fiscalizada corretamente, razão pela qual haveria inconsistência nos autos de infração lavrados. Em princípio, é importante que se esclareça, consoante relatado acima, que se está diante de glosa de créditos realizados em pedidos de compensação. Não se está diante de autos de infração. De outro norte, caso fossem desconsiderado o esquema desbaratado pela Polícia Federal, de fato, a conclusão poderia ser de que os créditos apurados pela Recorrente estariam corretos. Contudo, diante da identificação do esquema fraudulento do qual restou demonstrado nos autos que a Recorrente tinha pleno conhecimento, não há como se acolher o pleito do contribuinte aqui formulado. Destaquese, inclusive, que este Conselho já teve a oportunidade de se manifestar sobre este mesmo tema e em relação ao mesmo contribuinte, tendo concluído pelo não provimento do Recurso Voluntário no que tange ao mérito, conforme decisões a seguir colacionadas: Acórdão nº 3402002.869 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2012 Ementa: AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS. SIMULAÇÃO DE OPERAÇÃO COM PESSOA JURÍDICA. GLOSA DO CRÉDITO BÁSICO. APROVEITAMENTO NO PERCENTUAL REDUZIDO DO CRÉDITO PRESUMIDO. Comprovada pela fiscalização a existência de simulação, praticada mediante a interposição de pessoas jurídicas que aparentavam comprar e revender café, mas apenas emitiam documentos fiscais destinados a gerar créditos artificiais de PIS e Cofins ao adquirente do produto, exigese deste a diferença nos valores devidos das contribuições sociais não cumulativas, apurada mediante a glosa do crédito básico, próprio de aquisições de pessoas jurídicas, e aproveitamento no percentual reduzido do crédito presumido, aplicável às aquisições de pessoas físicas. *** Acórdão nº 3301002.773 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. Não há que se falar em nulidade da decisão de primeira instância quando ela foi proferida por autoridade competente, sem preterição do direito de defesa e elaborada com observância do disposto no art. 31 do Decreto 70.235/72. Fl. 4376DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 17 15 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DO JUDICIÁRIO. SÚMULA CARF Nº 2. Nos termos da Súmula CARF nº 2, de 2009, este Conselho Administrativo não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária, pelo que não se conhece de argumentos como o de suposto caráter confiscatório da multa de ofício. PIS E COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. AQUISIÇÃO DE INSUMOS DE PESSOA FÍSICA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE PESSOA JURÍDICA. SIMULAÇÃO. GLOSA DE CRÉDITO. Constatado que o negócio jurídico efetivo foi celebrado com fornecedor pessoa física, devese glosar o crédito de PIS e COFINS apropriado na operação, em conformidade com o art. 3º, §3º, I da Lei nº 10.833/03. INTERPOSIÇÃO DE TERCEIRO. SIMULAÇÃO. FRAUDE E CONLUIO. MULTA QUALIFICADA. A interposição simulada de terceiro alheio ao negócio jurídico, com o escopo de reduzir o montante do tributo configura fraude e conluio (Lei nº 4.502/64, arts. 72 e 73), justificando aplicação de multa qualificada (Lei nº 9.430/96, art. 44, §1º). MULTA ISOLADA. ART. 74, § 15 E 16 DA LEI 9430/96. RETROATIVIDADE BENÍGNA. APLICAÇÃO. Deve se afastar a exigência das multas isoladas aplicadas com base nos § 15 e 16 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 em face da aplicação da retroatividade benígna prevista no art. 106, II, "a" do CTN, tendo em vista sua revogação pelo art. 27, inc. II, da Lei nº 13.137/2015. Recurso Voluntário Provido em Parte Importante ressaltar, inclusive, que, no caso específico ora analisado cabia à Recorrente comprovar o direito ao crédito, o que não logrou fazer. Consoante constou da decisão recorrida: O simples fato de que “comprou, pagou e recebeu a mercadoria”, o que seria suficiente para garantir o crédito de PIS/Cofins, na forma do parágrafo único do art. 82, da Lei nº 9.430/96, não é eficaz, porquanto a Fiscalização investiga resposta à outra questão: “de quem ?”. E as provas dos autos direcionam para a resposta de que “comprou, pagou e recebeu a mercadoria” de produtor rural (pessoa física), não de pessoa jurídica, no que pese as notas fiscais tenham sido construídas para mascarar a realidade, fazendo nelas constar “empresas” sem qualquer vínculo com o mercado de café, mas criadas para participar de um estratagema de ataque à Fazenda Nacional. Concluise, portanto, que está correto o procedimento adotado pela fiscalização que entendeu por glosar os créditos fiscais de PIS/COFINS objeto do Recurso Voluntário aqui analisado. 4. Mérito recorrente pessoa jurídica de direito privado ausência de poder de polícia princípio da reserva legal Fl. 4377DF CARF MF 16 Também no mérito, o contribuinte argumenta que caberia à Receita Federal realizar a fiscalização das empresas irregulares, declarandoas formalmente inaptas, não cabendo à mesma realizar tal fiscalização, visto que despida do poder de polícia. Consoante já mencionado anteriormente, este argumento apresentado pelo contribuinte poderia até prevalecer, caso se estivesse diante de uma hipótese na qual a glosa se referisse a apenas um percentual mínimo das operações realizadas. Não foi, contudo, o que se observou a fiscalização neste caso concreto. Ademais, verificase que a Recorrente limitouse a alegar que cabia ao Fisco fiscalizar as empresas com as quais atuava, contudo, não trouxe aos autos nenhum elemento de prova que demonstrasse a regularidade das empresas com as quais atuava. Repisese que se trata de pedido de compensação, em relação ao qual cabia ao contribuinte comprovar o seu direito creditório. 5. Ausência da alegada interposição fraudulenta inexistência de provas em relação à recorrente operação absolutamente regular O contribuinte alega ainda que inexistiria provas em relação à mesma no que concerne à interposição fraudulenta. Consoante analisado nos tópicos anteriores, constam dos autos vários elementos de prova que comprovam a participação da Recorrente quanto à interposição fraudulenta. Não há que se falar, pois, em inexistência de provas, a qual apenas poderia ser cogitada na hipótese de restarem desconsideradas todas as provas constantes dos presentes autos, o que não foi o caso, consoante analisado no tópico relativo às nulidades. 6. Afastamento da responsabilidade solidária Por fim, alega o Recorrente que não deveria responder solidariamente pelas falhas relativas exclusivamente a terceiros (empresas irregulares/inaptas). Tampouco merece guarida os argumentos do contribuinte neste ponto, visto que a responsabilidade solidária decorre de expressa previsão constante do art. 124 do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; E, ao contrário do que defendeu a Recorrente, o interesse comum apto a ensejar a aplicação do dispositivo acima transcrito restou devidamente comprovado na hipótese dos autos. 7. Análise dos processos anexados/apensados Há de se mencionar, ainda, as consequências que advirão do julgamento desta lide aos processos anexados/apensados à presente demanda. Conforme acima relatado, foi anexado ao presente processo o Proc. nº 15578.000844/200930, que versa sobre crédito de COFINS relativos aos meses de junho e julho de 2004. Nesse contexto, as conclusões aqui dispostas deverão ser estendidas ao referido processo anexado, glosandose por consequência o crédito tributário ali indicado. Fl. 4378DF CARF MF Processo nº 15578.000290/200890 Acórdão n.º 3301003.072 S3C3T1 Fl. 18 17 De outro norte, encontramse apensos ao processo principal ora analisado (Proc. nº 15578.000290/200890) os seguintes processos, em que remanesceram débitos a serem exigidos: (1) 10783.004855/9853 AI IRPJ fato gerador 31/07/1995, 31/08/1995, 30/09/1995, 31/10/1995 e 30/11/1995; (2) 10783.004856/9816 AI CSLL fato gerador: 31/07/1995, 31/08/1995 e 30/09/1996; (3) 10783.721.282/200912 compensação crédito de PIS/COFINS; No caso dos dois primeiros processos (Processos 10783.004855/9853 e 10783.004856/9816), embora esta Seção não tenha competência para julgálos, visto que tratam de débitos de IRPJ e CSLL, respectivamente, o apensamento realizado não traz nenhum prejuízo ao julgamento da presente demanda. Isso porque, os referidos processos já foram definitivamente julgados pela Seção competente, tendo sido apensados não para fins de julgamento, mas para fins de acompanhamento dos reflexos decorrente do julgamento do processo principal, uma vez que são os débitos dos referidos processos apensos que se pretende ver cancelados por meio da compensação objeto do presente processo. Quanto ao processo nº 10783.721.282/200912, este foi formalizado tendo em vista o Parecer SEORT nº 1931/2009 exarado no Processo nº 15578.000290/200890, para fins de cadastramento dos débitos declarados nas DCOMPs apresentadas neste processo. Logo, os débitos dispostos nestes três processos apensos deverão ser cobrados de acordo com o teor da decisão aqui proferida. Da conclusão Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. É como voto. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 4379DF CARF MF
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Numero do processo: 19985.720490/2013-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. JUROS MORATÓRIOS. RESCISÃO DO CONTRATO DO TRABALHO. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). RECURSO ESPECIAL (RESP) Nº 1.227.133/RS. RECURSO REPETITIVO. NÃO INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A decisão definitiva de mérito no REsp nº 1.227.133/RS, proferida pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Escapam à tributação do imposto sobre a renda os juros moratórios decorrentes do recebimento em atraso de verbas trabalhistas, independentemente da natureza destas, pagas no contexto da rescisão do contrato do trabalho, em reclamatória trabalhista ou não.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2401-004.501
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos conhecer o recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe provimento.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA). JUROS MORATÓRIOS Recorrente MÁRIO OLM Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. JUROS MORATÓRIOS. RESCISÃO DO CONTRATO DO TRABALHO. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). RECURSO ESPECIAL (RESP) Nº 1.227.133/RS. RECURSO REPETITIVO. NÃO INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A decisão definitiva de mérito no REsp nº 1.227.133/RS, proferida pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Escapam à tributação do imposto sobre a renda os juros moratórios decorrentes do recebimento em atraso de verbas trabalhistas, independentemente da natureza destas, pagas no contexto da rescisão do contrato do trabalho, em reclamatória trabalhista ou não. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 98 5. 72 04 90 /2 01 3- 89 Fl. 148DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 149 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos conhecer o recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento. (ASSINADO DIGITALMENTE) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 150 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (DRJ/REC), cujo dispositivo tratou de considerar parcialmente procedente a impugnação, mantendo em parte a redução do imposto a restituir declarado pelo contribuinte. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 1144.748 (fls. 107/111): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. Verificado que parte dos rendimentos tributáveis auferidos pelo contribuinte não foram integralmente oferecidos à tributação na Declaração de Imposto de Renda, mantémse o lançamento da parte não tributada. VERBAS TRABALHISTAS. PARCELAS ISENTAS OU NÃO TRIBUTÁVEIS Dos rendimentos recebidos em decorrência de processo judicial trabalhista, devem ser excluídas da tributação as parcelas isentas e não tributáveis relativas ao aviso prévio indenizado, férias indenizadas, à multa prevista no art. 477 da CLT e ao FGTS. Impugnação Procedente em Parte 2. Em face do contribuinte foi emitida a Notificação de Lançamento nº 2009/893313267211978, relativa ao anocalendário 2008, decorrente de procedimento de revisão de Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF), em que foi apurada omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica pelo dependente do contribuinte, Maria do Rosário Souza Olm, decorrente da Ação Trabalhista nº 04431200759409002 (fls. 94/97). 2.1 A Notificação de Lançamento alterou o resultado de sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), exigindo o Fisco imposto suplementar, acrescido de juros de mora e multa de ofício. 3. Cientificado da notificação por via postal em 11/10/2013, às fls. 99, o contribuinte impugnou a exigência fiscal (fls. 2 e 13/21). 4. Intimado em 20/2/2014, por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 116/117, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 5/3/2014 (fls. 119/134). Fl. 150DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 151 4 4.1 Expõe, em síntese, os seguintes argumentos de fato e de direito: (i) o acórdão de primeira instância reconheceu parcialmente a irresignação do contribuinte, remanescendo, como omissão de rendimentos, a importância de R$ 23.678,22; (ii) porém, dada a sua natureza indenizatória, é isento de tributação o rendimento recebido a título de juros de mora, no montante total de R$ 52.794,10, conforme jurisprudência pacífica dos Tribunais; (iii) o contribuinte informou em sua DAA 2009/2008, no campo de rendimentos isentos e não tributáveis, o recebimento do valor de R$ 46.492,40, relativo a parcela de juros de mora recebida na ação trabalhista da sua dependente, já considerando a dedução proporcional das despesas de honorários advocatícios e contador; e (iv) a nota fiscal nº 13839 emitida por Olímpio de Paula Assessoria Contábil Ltda, CNPJ 03.451.052/000172, no valor de R$ 2.536,76, está em nome da sua dependente, Maria do Rosário Souza Olm, atendendo dessa forma os requisitos para dedução da base de cálculo do imposto sobre a renda. É o relatório. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 152 5 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Mérito 6. Da análise dos autos, verifico que os rendimentos recebidos têm origem em demanda perante a Justiça do Trabalho, cadastrada sob o nº 04431/2007, com tramitação perante a 2ª Vara do Trabalho de Araucária, Estado do Paraná, recebendo posteriormente o nº 04431200759409002, quando do apelo ao Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (fls. 22/55). 6.1 A demanda trabalhista foi interposta após a rescisão do contrato de trabalho, ocorrida no mês de abril/2004, contendo pleito sobre verbas remuneratórias e indenizatórias, relativas ao período não prescrito de agosto/1999 a abril/2004. 6.2 O Juízo liberou ao reclamante, dependente do contribuinte para fins do imposto sobre a renda, os valores incontroversos do processo trabalhista, incluindo o pagamento de juros de mora, que totalizavam, em 31/5/2007, o montante de R$ 40.893,63. Quando do saque do numerário, em maio/2008, o valor desse rendimento compensatório foi corrigido monetariamente (fls. 51/55). 7. Por sua vez, quanto ao contencioso administrativo, a decisão de primeira instância excluiu da omissão de rendimentos tributáveis apurada pela fiscalização, no montante de R$ 49.029,46, a importância equivalente a R$ 25.351,24, correspondente a décimo terceiro salário e férias indenizadas. 7.1 Vale dizer que o saldo remanescente dos rendimentos não oferecidos a tributação, que está em discussão na fase recursal, alcança o montante de R$ 23.678,22, inferior ao valor da parcela de juros de mora paga ao reclamante. 8. Ressalto que a fiscalização considerou integralmente os juros de mora como rendimentos sujeitos à tributação do imposto sobre a renda, tendo em conta que utilizou como critério para encontrar o montante do rendimento bruto tributável na ação trabalhista o valor líquido recebido pelo reclamante acrescido da quantia do imposto de renda retido pela fonte pagadora (Guias de Retirada nº 947694/2008 e 947882/2008, respectivamente). Fl. 152DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 153 6 8.1 Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, a autoridade lançadora deduziu as importâncias efetivamente pagas com advogados, no valor de R$ 17.600,00, não reconhecendo a despesa com a remuneração do contador, contratado pelo reclamante com vistas à prestação de serviço no curso do processo judicial, destinado à realização de cálculos na liquidação. 9. Pois bem. No que tange à tributação pelo imposto sobre a renda dos juros moratórios recebidos na reclamatória trabalhista, encontra fundamento nos §§ 1º e 3º do art. 3º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, e no parágrafo único do art. 16 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964, abaixo reproduzidos: Lei nº 7.713, de 1988 Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Lei nº 4.506, de 1964 Art. 16. Serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5º do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo. (grifouse) 10. Todavia, a interpretação do Colegiado não deve ignorar as decisões proferidas, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ou Superior Tribunal de Justiça (STJ), na sistemática de repercussão geral ou dos recursos repetitivos. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 154 7 11. Em assentada realizada no dia 28/9/2011, no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.227.133/RS, na sistemática do recurso repetitivo, redator para o acórdão Ministro César Asfor Rocha, a 1ª Seção do STJ reconheceu que sobre os juros moratórios não há incidência do imposto sobre a renda. Eis a ementa desse julgado: RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. – Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido. 11.1 Na sequência, foram acolhidos os Embargos de Declaração (EDcl) no Recurso Especial nº 1.227.133/RS, cuja relatoria coube ao Ministro César Asfor Rocha, para retificar a ementa do julgado, nesses termos: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL NA EMENTA DO ACÓRDÃO EMBARGADO. – Havendo erro material na ementa do acórdão embargado, devese acolher os declaratórios nessa parte, para que aquela melhor reflita o entendimento prevalente, bem como o objeto específico do recurso especial, passando a ter a seguinte redação : "RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA OU ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. – Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido." Embargos de declaração acolhidos parcialmente. 11.2 Transitou em julgado, em 23/3/2012, o REsp nº 1.227.133/RS, recurso representativo da controvérsia. 12. Ao debruçarse sobre o votocondutor do EDcl no REsp nº 1.227.133/RS, de lavra do Ministro César Asfor Rocha, verificase que a retificação da ementa do recurso especial em sede de embargos de declaração deveuse a sua incompletude, pois havia deixado a redação de delimitar a abrangência do julgado ao contexto específico da despedida ou rescisão do contrato do trabalho. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 155 8 12.1 É que formouse por maioria, no REsp nº 1.227.133/RS, o entendimento para afastar a incidência dos juros de mora na hipótese da isenção contida no inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713, de 1988, a seguir reproduzida: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) V a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido por lei, bem como o montante recebido pelos empregados e diretores, ou respectivos beneficiários, referente aos depósitos, juros e correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; (grifouse) (...) 12.2 A respeito do alcance da expressão "despedida ou rescisão de contrato de trabalho", a questão foi assim enfrentada no EDcl no REsp nº 1.227.133/RS pelo Ministro César Asfor Rocha: A expressão "contexto de rescisão de contrato de trabalho" dispensa explicação, tendo em vista que o art. 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/1988, invocada pelo mencionados colegas, isenta do imposto de renda "a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho". Interpretando o referido dispositivo, reconheceram a isenção no caso concreto, relativa verbas trabalhistas postuladas em reclamação trabalhista após o término do contrato de trabalho. (grifouse) 13. Segundo o entendimento prevalente do STJ, os juros de mora decorrentes do recebimento em atraso de verbas trabalhistas, independentemente da natureza destas, pagas no contexto da rescisão do contrato de trabalho, em reclamatória trabalhista ou não, são isentos do imposto sobre a renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei nº 7.713, de 1988. 14. A aplicação do REsp nº 1.227.133/RS deve ser realizada pelo que efetivamente decidido, e não só por sua ementa. Por isso, a regra geral é a incidência do imposto sobre a renda nos juros de mora, admitidas, contudo, exceções que escapam à tributação, que devem ser avaliadas no caso concreto. 15. O REsp nº 1.089.720/RS, julgado em 10/10/2012, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, levando em consideração o decidido no REsp nº 1.227.133/RS. aclarou e sintetizou a posição da 1ª Seção do STJ quanto às regras de isenção dos juros moratórios. 15.1 Reproduzo, abaixo, as partes mais relevantes da ementa do acórdão no REsp nº 1.089.720/RS: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE Fl. 155DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 156 9 MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133 – RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR. (...) 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6º, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp. n.º 1.227.133 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 3.1. Nem todas as reclamatórias trabalhistas discutem verbas de despedida ou rescisão de contrato de trabalho, ali podem ser discutidas outras verbas ou haver o contexto de continuidade do vínculo empregatício. A discussão exclusiva de verbas dissociadas do fim do vínculo empregatício exclui a incidência do art. 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/88. 3.2. O fator determinante para ocorrer a isenção do art. 6º, inciso V, da Lei n. 7.713/88 é haver a perda do emprego e a fixação das verbas respectivas, em juízo ou fora dele. Ocorrendo isso, a isenção abarca tanto os juros incidentes sobre as verbas indenizatórias e remuneratórias quanto os juros incidentes sobre as verbas não isentas. 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do “accessorium sequitur suum principale ”. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 157 10 (...) (destaques do original) 16. Voltandose os olhos ao caso concreto, no qual as verbas foram postuladas em reclamação trabalhista após o término do contrato de trabalho, quando o trabalhador havia perdido o emprego, cabe acatar e aplicar o entendimento do STJ, consubstanciado no REsp nº 1.227.133/RS, uma vez que proferido em decisão definitiva de mérito, na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil. 17. Isso porque o § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho RICARF , aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152, de 3 de maio de 2016, assim estabelece: Art. 62. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 18. Não desconheço que a questão da incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios recebidos por pessoa física decorrentes de pagamentos em atraso está submetida ao STF, por meio do RE nº 855.091/RS, com repercussão geral reconhecida pelo plenário virtual da Corte. 18.1 Ao reputar constitucional a matéria controvertida, o julgamento pela Suprema Corte poderá acarretar a superação do entendimento firmado pelo STJ no REsp nº 1.227.133/RS. 18.2 Porém, a Nota PGFN/CRJ nº 1.582/2012 manifestase pela vinculação da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), para fins do cumprimento ao disposto nos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, à decisão desfavorável à Fazenda Nacional proferida no REsp nº 1.227.133/RS. 1 18.3 Aqueles contribuintes em idêntica situação jurídica, sob pena de inaceitável discriminação, devem ser tratados uniformemente pelo Poder Público. 19. Com base no entendimento do REsp nº 1.227.133/RS c/c REsp nº 1.089.720/RS, cabe afastar, portanto, a tributação do imposto sobre a renda relativamente aos juros moratórios pagos por força da ação trabalhista. 20. De mais a mais, diferentemente do ponto de vista da decisão de piso, à Nota Fiscal de Serviço emitida pela empresa Olimpio de Paula Assessoria Contábil Ltda, no valor de R$ 2.536,76, relativa a serviços contábeis no curso da ação judicial, pode ser deduzida dos rendimentos da ação trabalhista, uma vez que emitida em nome da beneficiaria da ação trabalhista (fls. 10). 1 Disponível em www.receita.fazenda.gov.br Fl. 157DF CARF MF Processo nº 19985.720490/201389 Acórdão n.º 2401004.501 S2C4T1 Fl. 158 11 21. Logo, sintome confortável em concluir pela improcedência da revisão da DAA 2009/2008, devendo ser restabelecido o valor do imposto a restituir declarado pelo contribuinte. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário e, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO para tornar improcedente a revisão da Declaração de Ajuste Anual, consubstanciada na Notificação Fiscal nº 2009/893313267211978, relativamente ao ano calendário 2008. É como voto. (ASSINADO DIGITALMENTE) Cleberson Alex Friess Fl. 158DF CARF MF
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Numero do processo: 10945.720640/2012-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2007 a 01/12/2008
CONTRIBUIÇÕES SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO.
Com fulcro no artigo 30, inciso I, alíneas a e b, da Lei nº 8.212/91, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando-as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência.
PREVIDENCIÁRIO. NORMAS PROCEDIMENTAIS. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO CRÉDITOS LÍQUIDOS E CERTOS. NECESSIDADE. DECISÃO JUDICIAL. TRANSITO EM JULGADO.
A compensação levada a efeito pelo contribuinte extingue o crédito tributário, nos termos dos artigos 156, inciso II, e 170-A do CTN, conquanto que observados os limites impostos na sentença judicial que garantiu o crédito e o direito a compensar, impondo, ainda, a ocorrência de seu trânsito em julgado.
Os valores compensados a maior ou indevidamente ensejam a manutenção da exigência fiscal relativa à diferença entre esse valor e aquele garantido na sentença judicial.
Somente as compensações procedidas pelo contribuinte com estrita observância da legislação de regência, bem como pagamentos e/ou recolhimentos de contribuições efetivamente comprovados, deverão ser considerados pelo fisco quando da lavratura de Auto de Infração.
NORMAS REGIMENTAIS. CONCOMITÂNCIA DISCUSSÃO JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO PARTE ALEGAÇÕES RECURSAIS.
De conformidade o artigo 78, § 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, a propositura de ação judicial com o mesmo objeto do recurso voluntário representa desistência da discussão de aludida matéria na esfera administrativa, ensejando o não conhecimento da peça recursal.
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.443
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos CONHECER do recurso voluntário, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. Processo julgado no dia 13/7/16 às 14h.
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente.
Rayd Santana Ferreira - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Márcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Carlos Alexandre Tortato, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 01/12/2008 CONTRIBUIÇÕES SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO. Com fulcro no artigo 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.212/91, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência. PREVIDENCIÁRIO. NORMAS PROCEDIMENTAIS. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO CRÉDITOS LÍQUIDOS E CERTOS. NECESSIDADE. DECISÃO JUDICIAL. TRANSITO EM JULGADO. A compensação levada a efeito pelo contribuinte extingue o crédito tributário, nos termos dos artigos 156, inciso II, e 170A do CTN, conquanto que observados os limites impostos na sentença judicial que garantiu o crédito e o direito a compensar, impondo, ainda, a ocorrência de seu trânsito em julgado. Os valores compensados a maior ou indevidamente ensejam a manutenção da exigência fiscal relativa à diferença entre esse valor e aquele garantido na sentença judicial. Somente as compensações procedidas pelo contribuinte com estrita observância da legislação de regência, bem como pagamentos e/ou recolhimentos de contribuições efetivamente comprovados, deverão ser considerados pelo fisco quando da lavratura de Auto de Infração. NORMAS REGIMENTAIS. CONCOMITÂNCIA DISCUSSÃO JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. NÃO CONHECIMENTO PARTE ALEGAÇÕES RECURSAIS. De conformidade o artigo 78, § 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF nº AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 72 06 40 /2 01 2- 75 Fl. 1203DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI 2 256/2009, a propositura de ação judicial com o mesmo objeto do recurso voluntário representa desistência da discussão de aludida matéria na esfera administrativa, ensejando o não conhecimento da peça recursal. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos CONHECER do recurso voluntário, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. Processo julgado no dia 13/7/16 às 14h. Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente. Rayd Santana Ferreira Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Márcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Carlos Alexandre Tortato, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Rayd Santana Ferreira. Fl. 1204DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 10945.720640/201275 Acórdão n.º 2401004.443 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório COMERCIAL DESTRO LTDA., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 7a Turma da DRJ em Curitiba/PR, Acórdão nº 0645.262/2014, às fls. 1.123/1.130, que julgou procedente os lançamentos fiscais, lavrados em 26/06/2012 (folha de rosto), referentes às contribuições sociais devidas pela autuada ao INSS, apuradas a partir da glosa de compensações procedidas pela empresa em GFIP’s, bem como multa isolada de 150%, em relação ao período de 06/2007 a 12/2008, conforme Relatório Fiscal, às fls. 169/179, e demais documentos que instruem o processo, consubstanciados nos seguintes Autos de Infração: 1) DEBCAD n° 37.302.1178 Exigência de valores devidos em razão da glosa de compensações de contribuições previdenciárias efetuadas indevidamente pela empresa no período objeto do lançamento; 2) DEBCAD n° 37.302.1186 – Exigência de multa isolada, correspondente à 150% do valor compensado, nos termos do artigo 89, § 10º, da Lei nº 8.212/91, em face da realização das referidas compensações mediante a inserção de créditos inexistentes em GFIP, configurando declaração falsa. De acordo com o Relatório Fiscal, a contribuinte efetuou compensações em GFIP’s, em desconformidade com as decisões/sentenças judiciais exaradas nos autos do processo n° 2006.70.05.0034400/PR, pendentes de trânsito em julgado, razão da glosa procedida pela fiscalização com arrimo no artigo 170A do CTN; Em aludidos processos, pleiteou a contribuinte o reconhecimento do indébito pertinente às contribuições pagas incidentes sobre a remuneração equivalente aos primeiros 15 (quinze) dias que antecede o período de afastamento pelo INSS dos empregados doentes (auxíliodoença); bem como sobre o auxílioacidente, saláriomaternidade, férias e 1/3 das férias. Inconformada com a Decisão recorrida, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às efls.1.143/1.195, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Preliminarmente, pretende seja decretada a nulidade do feito, por entender que a autoridade lançadora, ao constituir o presente crédito previdenciário, não logrou motivar/comprovar os fatos alegados de forma clara e precisa na legislação de regência, contrariando o princípio da verdade material, bem como o disposto no artigo 142 do CTN, em total preterição do direito de defesa e do contraditório da autuada. Insurgese contra a exigência consubstanciada na peça vestibular do feito, por entender que a contribuinte detém créditos de contribuições previdenciárias passíveis de compensação, sobretudo em face da impetração do mandado de segurança nº 2006.70.05.0034400/PR, onde pleiteou a restituição dos indébitos pertinentes as rubricas ora glosadas, tendo o Juízo competente concedido parcialmente a ordem pleiteada, ensejando a apresentação de recurso de apelação ao TRF da 4ª Região. Fl. 1205DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI 4 Aduz que, atualmente, a discussão judicial encontrase sob o crivo do Superior Tribunal de Justiça, diante da interposição de Recursos Especiais por parte da contribuinte, bem como da União. Reconhece que seu pleito Judicial encontrase pendente de decisão final, transitada em julgado, mas defende que este fato, por si só, não tem o condão de afastar o direito de a contribuinte efetuar as compensações pretendidas, mormente diante da jurisprudência mansa e pacífica do STJ a respeito das matérias, trazida à colação. Reitera a discussão a propósito da não incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos nos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do funcionário doente; importâncias concedidas a título de saláriomaternidade e de férias gozadas, além do adicional de férias de 1/3, em razão da natureza não remuneratória de aludidas verbas, sendo, portanto, indevida a cobrança dos tributos em comento sobre as importâncias objeto do mandado de segurança em epígrafe. Suscita a legalidade da compensação prevista no artigo 66 da Lei n° 8.383/1991, facultando ao contribuinte a possibilidade de utilizar os créditos com a União Federal, cujos tributos pagos a maior ou indevidamente, o direito de compensar aludidos valores com débitos vincendos, independentemente de autorização da Administração Pública, na forma que procedeu corretamente a autuada. Aduz que os artigos 170 e 170A do Código Tributário Nacional contemplam outra modalidade de compensação, realizada diretamente pelos agentes fiscais a pedido do contribuinte, e que extingue o crédito tributário (já constituído, portanto), nos termos do artigo 156, II, do CTN, enquanto a compensação prevista no artigo 66 da Lei n° 8.383/1991 é passível de ser realizada pelo contribuinte no âmbito do lançamento por homologação, sujeita a posterior fiscalização. Opõese à multa isolada aplicada, por considerála confiscatória e abusiva, sendo, por conseguinte, ilegal e/ou inconstitucional, devendo ser excluída do crédito em questão, mormente quando não comprovada a conduta dolosa da contribuinte em suprimir tributos. Alternativamente, se mantida a multa aplicada, requer seja limitada ao percentual de 20%, na esteira da jurisprudência administrativa e judicial a propósito da matéria, transcrita na peça recursal. Argúi a impossibilidade de cobrança concomitante de multa e juros de mora, sob pena de incorrer em bis in idem, especialmente por possuírem a mesma natureza jurídica de sanções ressarcitórias. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar os Autos de Infração, tornandoos sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 1206DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 10945.720640/201275 Acórdão n.º 2401004.443 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator. Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço dos recursos e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR NULIDADE DO LANÇAMENTO Preliminarmente, pugna a contribuinte pela decretação da nulidade do feito, sob o argumento de que a autoridade lançadora não logrou motivar/fundamentar o ato administrativo do lançamento, de forma a explicitar clara e precisamente os motivos e dispositivos legais que embasaram as autuações, contrariando a legislação de regência, notadamente o artigo 142 do CTN e, bem assim, os princípios da ampla defesa e do contraditório. Em que pesem as substanciosas razões ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento não apresenta qualquer vício de motivação e/ou de fundamentação capaz de ensejar a sua nulidade, seja de natureza vício material ou formal, ao contrário do que sustenta a recorrente. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com os presentes lançamentos. A simples leitura dos anexos da autuação, especialmente o “Fundamentos Legais do Débito – FLD”, às fls. 13/14, Relatório Fiscal, às fls. 168/177, e demais informações fiscais, não deixa margem de dúvida recomendando a manutenção do lançamento. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover o lançamento demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportou, ou melhor, os fatos geradores das contribuições previdenciárias ora exigidas, não se cogitando na nulidade do procedimento. Melhor elucidando, os cálculos dos valores objetos do lançamento foram extraídos das informações constantes dos sistemas previdenciários e fazendários, bem como das GFIP’s fornecidas pela própria recorrente, rechaçando qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento adotado pelo fiscal autuante, como procura demonstrar à autuada, uma vez que agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência. Não bastasse isso, é de bom alvitre esclarecer que os fatos geradores das contribuições previdenciárias ora exigidas foram verificados nas informações constantes das GFIP´s, que são admitidas como confissão de dívida, conforme preceitua o artigo 225, inciso IV, e §§ 1º, 3º e 4º, do Decreto nº 3.048/99, como segue: Fl. 1207DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI 6 “ Art. 225. A empresa é também obrigada a: [...] IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; [...] § 1º As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários, bem como constituir seão em termo de confissão de dívida, na hipótese do não recolhimento. [...] § 3º A Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social é exigida relativamente a fatos geradores ocorridos a partir de janeiro de 1999. § 4º O preenchimento, as informações prestadas e a entrega da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social são de inteira responsabilidade da empresa. ” Dessa forma, não há se falar em irregularidade e/ou ilegalidade no procedimento adotado pela autoridade lançadora ao promover o lançamento, uma vez que agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência. Ademais, a exemplo da defesa inaugural, a contribuinte não trouxe qualquer elemento de prova capaz de comprovar que o lançamento encontrase maculado por vício em sua formalidade e/ou materialidade, escorando seu pleito em simples arrazoado desprovido de demonstração do sustentado. MÉRITO No mérito, pretende a contribuinte a reforma do Acórdão recorrido, o qual manteve a exigência fiscal em sua plenitude, aduzindo deter créditos de contribuições previdenciárias passíveis de compensação, sobretudo em face da impetração do mandado de segurança nº 2006.70.05.0034400/PR, onde pleiteou a restituição dos indébitos pertinentes as rubricas ora glosadas, tendo o Juízo competente concedido parcialmente a ordem pleiteada, ensejando a apresentação de recurso de apelação ao TRF da 4ª Região. Alega que, atualmente, a discussão judicial encontrase sob o crivo do Superior Tribunal de Justiça, diante da interposição de Recursos Especiais por parte da contribuinte, bem como da União. Fl. 1208DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 10945.720640/201275 Acórdão n.º 2401004.443 S2C4T1 Fl. 5 7 Reconhece que seu pleito Judicial encontrase pendente de decisão final, transitada em julgado, mas defende que este fato, por si só, não tem o condão de afastar o direito de a contribuinte efetuar as compensações pretendidas, mormente diante da jurisprudência mansa e pacífica do STJ a respeito das matérias, trazida à colação. Reitera a discussão a propósito da não incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos nos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do funcionário doente; importâncias concedidas a título de saláriomaternidade e de férias gozadas, além do adicional de férias de 1/3, em razão da natureza não remuneratória de aludidas verbas, sendo, portanto, indevida a cobrança dos tributos em comento sobre os valores objeto dos processos em epígrafe. Suscita a legalidade da compensação prevista no artigo 66 da Lei n° 8.383/1991, facultando ao contribuinte a possibilidade de utilizar os créditos com a União Federal, cujos tributos pagos a maior ou indevidamente, o direito de compensar aludidos valores com débitos vincendos, independentemente de autorização da Administração Pública, na forma que procedeu corretamente a autuada. Mais uma vez, não obstante os fundamentos jurídicos adotados pela contribuinte em sua peça recursal, seu insurgimento não é capaz de macular a exigência fiscal consagrada no lançamento, como passaremos a demonstrar. Destarte, consoante restou devidamente explicitado no Acórdão recorrido o presente lançamento não contempla as rubricas discutidas pela contribuinte judicialmente (15 (quinze) primeiros dias de afastamento do funcionário doente; importâncias concedidas a título de saláriomaternidade e de férias gozadas, além do adicional de férias de 1/3), mas, sim, a glosa de compensação indevida realizada pela empresa, utilizandose aqueles pretensos créditos, com base em decisão judicial pendente de trânsito em julgado. Assim, não há se falar em suspensão da exigibilidade do feito em face das decisões exaradas nos autos dos processos judiciais, onde a contribuinte discute a incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do funcionário doente; importâncias concedidas a título de saláriomaternidade e de férias gozadas, além do adicional de férias de 1/3. Dessa forma, não se pode cogitar em lançamento para evitar a decadência, sem a exigência de juros e multa de mora, uma vez que a matéria objeto da presente demanda se fixa exclusivamente em glosa de compensação indevida. Repitase, ao contrário do sustentado pela contribuinte, a discussão a propósito da pretensa não incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos nos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do funcionário doente; importâncias concedidas a título de saláriomaternidade e de férias gozadas, além do adicional de férias de 1/3, é exatamente a matéria objeto dos processos judiciais, onde se pleiteia, a partir do reconhecimento da natureza indenizatória de aludidas verbas, a compensação dos tributos pagos àqueles títulos. Na esteira desse entendimento, tornase defeso a este Colegiado se manifestar a propósito das razões de fato e de direito suscitadas pela contribuinte opondose a natureza remuneratória x indenizatória das verbas em comento, uma vez que tais questões encontramse sob a tutela do Poder Judiciário em processo judicial próprio/específico. Fl. 1209DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI 8 Alias, o Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscal – CARF, aprovado pela Portaria MF nº 353/2015, em seu artigo 78, § 2º, prescreve que a propositura de ação judicial contemplando a mesma matéria submetida a análise deste Colendo Tribunal, representa desistência do recurso administrativo, determinante, portanto, ao não conhecimento da peça recursal, senão vejamos: “Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. [...] § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso.” (grifamos) Neste sentido, impõese manter o Acórdão recorrido, igualmente, quanto ao não conhecimento da discussão a propósito da pretensa natureza não remuneratória dos valores pagos pela contribuinte aos seus segurados, acima alinhavados. Em outra via, melhor sorte não acolhe a recorrente em relação à pretensa legalidade da compensação prevista no artigo 66 da Lei n° 8.383/1991, facultando ao contribuinte a possibilidade de utilizar os créditos com a União Federal, cujos tributos pagos a maior ou indevidamente, o direito de compensar aludidos valores com débitos vincendos, independentemente de autorização da Administração Pública, na forma que teria procedido corretamente a autuada. Arremata, aduzindo que os artigos 170 e 170A do Código Tributário Nacional contemplam outra modalidade de compensação, realizada diretamente pelos agentes fiscais a pedido do contribuinte, e que extingue o crédito tributário (já constituído, portanto), nos termos do artigo 156, II, do CTN, enquanto a compensação prevista no artigo 66 da Lei n° 8.383/1991 é passível de ser realizada pelo contribuinte no âmbito do lançamento por homologação, sujeita a posterior fiscalização. De conformidade com o artigo 156, inciso II, do Códex Tributário, de fato, a compensação levada a efeito pelo contribuinte, conquanto que observados os requisitos legais, é modalidade de extinção do crédito tributário, senão vejamos: “Art. 156. Extinguem o crédito tributário: [...] II – a compensação; [...]” Com mais especificidade, os artigos 170 e 170A, do mesmo Diploma Legal, ao tratarem da matéria, atribuem à lei o poder de disciplinar referido procedimento, nos seguintes termos: “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Fl. 1210DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 10945.720640/201275 Acórdão n.º 2401004.443 S2C4T1 Fl. 6 9 Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)” Em atendimento aos preceitos contidos nos dispositivos legais encimados, o artigo 89 da Lei nº 8.212/91, contemplou a compensação no âmbito do INSS, determinando que somente poderão ser compensados os débitos previdenciários com créditos relativos às contribuições para a Seguridade Social arrecadadas pelo INSS (as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, as dos empregadores domésticos e as dos trabalhadores) recolhidas de forma indevida ou a maior, in verbis: “Art. 89. Somente poderá ser restituída ou compensada contribuição para a Seguridade Social arrecadada pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS na hipótese de pagamento ou recolhimento indevido. § 1º Admitirseá apenas a restituição ou a compensação de contribuição a cargo da empresa, recolhida ao INSS, que, por sua natureza, não tenha sido transferida ao custo de bem ou serviço oferecido à sociedade. § 2º Somente poderá ser restituído ou compensado, nas contribuições arrecadadas pelo INSS, o valor decorrente das parcelas referidas nas alíneas "a", "b" e "c", do parágrafo único do art. 11 desta lei. [...]” Após a unificação das Secretarias das Receitas Previdenciária e Federal, em Receita Federal do Brasil (“Super Receita”), as contribuições previdenciárias passaram a ser administradas pela RFB que, em curto lapso temporal, compatibilizou os procedimentos fiscalizatórios e, por conseguinte, de constituição de créditos tributários e pedidos de restituição e/ou compensação, conforme alterações na legislação introduzidas pela Lei nº 11.941/2009, uma das quais em relação ao dispositivo legal retro que passou assim estabelecer: “Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 4o O valor a ser restituído ou compensado será acrescido de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, a partir do mês subsequente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% (um por Fl. 1211DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI 10 cento) relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 8o Verificada a existência de débito em nome do sujeito passivo, o valor da restituição será utilizado para extinguilo, total ou parcialmente, mediante compensação. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005). § 9o Os valores compensados indevidamente serão exigidos com os acréscimos moratórios de que trata o art. 35 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 11. Aplicase aos processos de restituição das contribuições de que trata este artigo e de reembolso de saláriofamília e salário maternidade o rito previsto no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).” Observese, que os dispositivos legais acima transcritos são bem claros, não deixando margem de dúvidas a respeito do tema. Com efeito, dentre outros requisitos a serem estabelecidos pela Receita Federal, é premissa básica que a compensação somente poderá ser levada a efeito quando devidamente comprovado o pagamento e/ou recolhimento indevido e, quando escorada em decisão judicial, conquanto que transitada em julgado. Em outras palavras, exigese, portanto, que o direito creditório que a contribuinte teria utilizado para efetuar as compensações com débitos previdenciários seja líquido e certo, passível de aproveitamento. Não se pode partir de um pretenso crédito para se promover compensações, ainda que, em relação ao direito propriamente dito, o requerimento da contribuinte esteja devidamente amparado pela legislação ou mesmo por decisão judicial, sobretudo quando esta sequer transitou em julgado. Na hipótese dos autos, não se vislumbra essa condição para as compensações efetuadas pela contribuinte. Isto porque, consoante restou circunstanciadamente demonstrado pela fiscalização, a contribuinte discute nos autos do processo n° 2006.70.05.0034400/PR, o reconhecimento do indébito pertinente às contribuições pagas incidentes sobre a remuneração equivalente aos primeiros 15 (quinze) dias que antecede o período de afastamento pelo INSS, dos empregados doentes; bem como sobre o aviso prévio indenizado, saláriomaternidade, adicional de férias e de 1/3 das férias, não tendo havido o transito em julgado da decisão judicial a respeito do tema, o que inviabiliza as compensações procedidas pela empresa, especialmente em observância ao disposto no artigo 170A do Código Tributário Nacional, acima transcrito. Mais a mais, diante da ausência de certeza e liquidez do pretenso crédito da contribuinte, ao admitir a compensação na forma pretendida pela empresa, estaríamos não só Fl. 1212DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 10945.720640/201275 Acórdão n.º 2401004.443 S2C4T1 Fl. 7 11 malferindo o disposto no artigo 89 da Lei nº 8.212/91, mas também interpretando àquela norma de forma extensiva, o que vai de encontro com a legislação de regência, como acima demonstrado. Nesse sentido, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, de maneira a homologar a compensação pleiteada, tendo a autoridade recorrida agido da melhor forma, com estrita observância à legislação previdenciária. DA MULTA APLICADA No que concerne às demais alegações da contribuinte, mormente em relação à aplicação da multa isolada e/ou seu percentual, ressaltase que o inconformismo da recorrente se fixa exclusivamente na pretensão ilegalidade e/ou inconstitucionalidade de aludidas penalidades, arrimadas na pretensa inobservância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, argumentos que não tem o condão de rechaçar a pretensão fiscal. Observase, que em nenhum momento a contribuinte procura demonstrar a insubsistência da aplicação da penalidade isolada de 150%, procurando demonstrar que sua conduta não fora dolosa e/ou baseada em declaração falta, ou seja, atacando os fatos propriamente ditos. Ao contrário, fundamenta sua pretensão em simples argumentações genéricas, escoradas em supostas ilegalidades, confisco, etc, não oponíveis na esfera administrativa. Relativamente às questões de inconstitucionalidades arguidas pela contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como a multa e juros ora exigida encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Notese, que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. A própria Portaria MF nº 353/2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é por demais enfática neste sentido, impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: Fl. 1213DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI 12 a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)” Observese, que somente nas hipóteses contempladas nos parágrafos e incisos do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E, segundo o artigo 72, e parágrafos, do Regimento Interno do CARF, as Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação obrigatória por este Conselho. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; Fl. 1214DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 10945.720640/201275 Acórdão n.º 2401004.443 S2C4T1 Fl. 8 13 [...]” Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram o presente lançamento. No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Quanto às demais argumentações da contribuinte, não se cogita em analisá las, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Assim, escorreita a decisão recorrida devendo nesse sentido ser mantido o lançamento na forma ali decidida, uma vez que a contribuinte não logrou infirmar os elementos colhidos pela Fiscalização que serviram de base para constituição do crédito previdenciário, atraindo para si o ônus probandi dos fatos alegados. Não o fazendo razoavelmente, não há como se acolher a sua pretensão. Por todo o exposto, estando a Autuação Fiscal sub examine em consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo a exigência fiscal em sua plenitude, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. Rayd Santana Ferreira. Fl. 1215DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/07/2016 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 26/07/201 6 por RAYD SANTANA FERREIRA, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI
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Numero do processo: 10183.006491/2005-78
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
APP - ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. AMPLIAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DITR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL - ADA. EXIGÊNCIA LEGAL.
A ampliação da APP - Área de Preservação Permanente declarada demanda a retificação da correspondente Declaração do ITR, sendo que a diferença a maior deve estar respaldada em ADA - Ato Declaratório Ambiental.
Numero da decisão: 9202-005.120
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento. Julgamento iniciado em 25/11/2016 e concluído em 14/12/2016.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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AMPLIAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DITR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA. EXIGÊNCIA LEGAL. A ampliação da APP Área de Preservação Permanente declarada demanda a retificação da correspondente Declaração do ITR, sendo que a diferença a maior deve estar respaldada em ADA Ato Declaratório Ambiental. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe deu provimento. Julgamento iniciado em 25/11/2016 e concluído em 14/12/2016. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 64 91 /2 00 5- 78 Fl. 329DF CARF MF 2 Relatório Tratase de exigência de ITR – Imposto Territorial Rural do exercício de 1acrescido de multa de ofício e juros de mora, relativa à Fazenda Olhos D'Água, NIRF nº 15946789. Em sessão plenária de 12/03/2012, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão nº 210201.862 (fls. 215 a 224), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. ADA. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA PARA EXCLUSÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA DAQUELAS TRIBUTADAS PELO ITR. HIGIDEZ. Nos termos do art. 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, é obrigatória a apresentação do ADA referente à área que se pretende excluir da tributação do ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis CRI é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10183.006491/200578 Acórdão n.º 9202005.120 CSRFT2 Fl. 330 3 infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir da benesse tributária. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. VTN. ARBITRAMENTO COM BASE NO SIPT. MÉDIAS DAS DITR. PEQUENA VARIAÇÃO ENTRE O VALOR ARBITRADO E O VALOR DECLARADO. MANUTENÇÃO DO VALOR DECLARADO. A autoridade autuante não estava autorizada a utilizar o SIPT na espécie, quando há tão pouca discrepância entre os valores declarado e arbitrado, especificamente porque o valor do SIPT, no caso do Estado do Mato Grosso, é oriundo da média das DITR, sem qualquer informação das Secretarias Municipais de agricultura ou Estadual de agricultura, a indicar a fraqueza do parâmetro avaliatório. Recurso provido em parte. ” A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR o pedido de nulidade da decisão recorrida e, no mérito, por maioria de votos, em DAR parcial provimento ao recurso para reconhecer uma área de preservação permanente de 3.950,0 hectares e o valor da terra nua VTN de R$ 1.570.000,00. Vencidos os Conselheiros Atilio Pitarelli e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti que davam parcial provimento em maior extensão para também reconhecer uma área de reserva legal de 5.489,9182 hectares.” Cientificada do acórdão em 15/06/2012 (fls. 216), a Fazenda Nacional não interpôs Recurso Especial. Cientificado do acórdão em 02/08/2012 (AR Aviso de Recebimento de fls. 226), o Contribuinte interpôs, em 17/08/2012 (carimbo às fls. 227), o Recurso Especial de fls. 227 a 252, suscitando as seguintes matérias: APP Área de Preservação Permanente apurada em laudo técnico, superior à informada na DITR Declaração de ITR e em ADA Ato Declaratório Ambiental; ARL Área de Reserva Legal não averbada no cartório de registro de imóveis. Ao Recurso Especial foi dado seguimento parcial, admitindose somente a primeira matéria, conforme o Despacho de Admissibilidade de 20/07/2015 (fls. 286 a 292), o que foi conformado pelo Despacho de Reexame de 28/07/2015 (fls. 293/294). No apelo, o Contribuinte alega, em síntese, relativamente à matéria que obteve seguimento: Fl. 331DF CARF MF 4 o acórdão recorrido reconheceu a área de 3.950,0 hectares como de preservação permanente, tal qual informado no DITR e declarado na ADA, rechaçando a pretensão recursal de considerála com sendo de 5.157,3144 hectares, consoante os Laudos Técnicos acostado aos autos; não se despreza acerto ao método de se respeitar os parâmetros da DITR e do ADA como basilares da decisão objurgada, contudo, não menos verdade que se trata de uma interpretação restritiva, ao passo que no direito moderno se privilegia incessante busca da verdade real, que deve ser alcançada, exatamente, durante a instrução do processo; a causa de pedir dos subsequentes recursos foi pelo acolhimento da área de preservação permanente, que no curso do processo comprovouse maior que aquela inicialmente informada; é de importante registro que pela regra do artigo 10 da Lei 9.393, de 1996, a apuração tributária do ITR é de responsabilidade do Contribuinte e independente de homologação pelo fisco; é o Contribuinte que está a postular a revisão da área inicialmente informada de 3.950 hectares para 5.157,31 hectares, que haverá de prevalecer, ressalvada hipótese de revisão fraudulenta, situação na qual se exigirá o imposto sobre a área objeto da fraude, acrescida de multa, juros e, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei; o que é certo, contudo, é que no curso do processo constatouse por meios técnicos que a Reserva Permanente existe no imóvel e que tem a superfície de 5.157,31 ha, e isso é uma verdade material incontestável, extraída do conjunto probatório informado nos autos; curial, portanto, depois de observados os paradigmas, que ao presente recurso seja dado integral provimento, adequandose a área real de preservação permanente com superfície de 5.157,31 ha, seja privilegiando o principio da verdade material que abarcou os paradigmas, seja para eliminar a contradição que ficou evidente entre a decisão proferida nestes autos, com as decisões anteriores modelares da interposição do presente recurso e que envolvem o mesmo objeto, partes, causa de pedir e pedido; a imposição tributária é de obediência ao principio da legalidade estrita, a ponto do último precedente admitir a exclusão da reserva permanente da incidência tributária até sem a necessidade do Ato Declaratório Ambiental perante o IBAMA; tratase de aplicação pura da Lei 9.393, de 1996, que no § 7º dispensa de qualquer comprovação a declaração do contribuinte quanto às áreas de preservação permanente. Ao final, o Contribuinte pede o conhecimento e provimento do Recurso Especial. O processo foi encaminhado à PGFN em 28/09/2015 (Despacho de Encaminhamento de fls. 316), que em 07/10/2015 ofereceu as Contrarrazões de fls. 317 a 320 (Despacho de Encaminhamento de fls. 321). Em sede de Contrarrazões, a Fazenda Nacional traz os seguintes argumentos, em síntese: Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10183.006491/200578 Acórdão n.º 9202005.120 CSRFT2 Fl. 331 5 a apresentação do Laudo de Avaliação pelo sujeito passivo se deu no curso do procedimento fiscal, tendo em vista que juntado aos autos após 05/10/2005, data da intimação do início da ação fiscal; portanto, salvo comprovação expressa no sentido de que houve um erro de fato na declaração apresentada, a análise deve se circunscrever ao debate acerca da comprovação do declarado; ocorre que este não é o momento, sequer o meio, oportuno para alterar a extensão da área de preservação permanente, pois o Auto de Infração trata tãosomente dos valores declarados e não comprovados. conforme disposto em precedente, “Não parece razoável acatar o valor do Laudo Técnico (R$ 3.540.554,93, equivalente a R$ 86,07 por hectare), pois inferior ao declarado (R$ 5.873.292,00, equivalente a R$ 142,89 por hectare), sendo certo que este último foi informado espontaneamente pelo contribuinte, sem as contingências do procedimento fiscal, inclusive em declaração apresentada dentro do exercício 2005, próximo do fato gerador, devendo, assim, ser privilegiado” (Acórdão nº 2102002.379); de fato, pode o contribuinte apresentar laudo elaborado por engenheiro agrônomo com respeito às regras mínimas da ABNT e acompanhado da respectiva anotação de responsabilidade técnica com o intuito de apontar a área de preservação permanente do imóvel, porém, este apenas deve ser considerado para comprovar que a área declarada é de fato a área real do imóvel rural, não podendo ultrapassar o limite a que se presta o processo administrativo fiscal em que inserido; portanto, não tem cabimento a pretensão do contribuinte de, nos autos do presente processo administrativo fiscal, aumentar a área de preservação permanente declarada, na medida em que esta não constitui o objeto da demanda em análise e não comprovada a existência de erro de fato; destaquese que tal determinação poderá, eventualmente, ensejar a restituição de imposto pago a maior, contudo há instrumentos aptos a tal fim que não podem, nem devem, ser desconsiderados pelo CARF. Ao final, a Fazenda Nacional pede o não provimento do recurso, mantendose incólume a decisão recorrida. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e, relativamente à matéria que obteve seguimento APP Área de Preservação Permanente apurada em laudo técnico, superior à informada na DITR Declaração de ITR e em ADA Ato Declaratório Ambiental atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. A Fazenda Nacional ofereceu Contrarrazões tempestivas. Fl. 333DF CARF MF 6 O Contribuinte registrou, na DITR do exercício de 2001, a título de APP Área de Preservação Permanente, a área de 3.950 hectares, desconsiderada pela Fiscalização, o que foi mantido na decisão de Primeira Instância. O acórdão recorrido, por sua vez, restabeleceu a APP Área de Preservação Permanente de 3.950 hectares, tendo em vista que esta foi a área declarada, bem como registrada no ADA Ato Declaratório Ambiental protocolado em 1997 (fls. 83). Já o Contribuinte pede que seja considerada a área de 5.157,3144 hectares, conforme constaria em Laudo Técnico. De plano, esclareçase que se trata de ação fiscal visando a comprovação das áreas declaradas pelo Contribuinte, e nesse passo o acórdão recorrido restabeleceu a APP Área de Preservação Permanente declarada e constante do ADA Ato Declaratório Ambiental. Entretanto, a ampliação de áreas isentas demandaria a apresentação de DITR retificadora, o que possui rito próprio, que não se confunde com o processo administrativo fiscal de exigência de crédito tributário. Ademais, examinandose a legislação de regência, verificase que, com o advento da Lei n° 10.165, de 2000, foi alterada a redação do §1°, do art. 170, da Lei n° 6.938, de 1981, que tornou obrigatória a utilização do ADA, para efeito de redução do valor a pagar do ITR. Assim, a partir do exercício de 2001, tal exigência passou a ter previsão legal, portanto é legítima, conforme a seguir: “Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000. § 1ºA. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA (incluído pela Lei nº 10.165, de 2000). § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória”. Assim, a decisão recorrida revelase irrepreensível, conforme a seguir se reproduz: "Em relação à área de preservação permanente, originalmente declarada com área de 3.950,0 hectares e integralmente glosada, vêse nos Laudos Técnicos uma área a tal título de 5.157,3144 hectares (fls. 25, 85 e 146), sendo que o ADA juntado aos autos, do ano de 1997, denuncia apenas a área declarada de 3.950,0 hectares (fl. 83). Parece claro que os Laudos Técnicos juntados aos autos, nas folhas acima descritas, denunciam a existência da área de preservação permanente, devendose, neste ponto, tomar um rumo diferente daquele da autoridade autuante e da decisão recorrida. Entretanto, esta Turma de Julgamento, alicerçada na dicção do art. 17O, § 1º, da Lei nº 6.938/81, com redação dada pela Lei nº 10.165/2000, entende que somente a área de preservação permanente declarada ao órgão ambiental na via Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10183.006491/200578 Acórdão n.º 9202005.120 CSRFT2 Fl. 332 7 do ADA pode ser excluída das áreas tributáveis do ITR, entendimento que já foi chancelado pela egrégia Segunda Turma da CSRF, como se viu no Acórdão nº 920201.499, de 12 de abril de 2011, este Conselheiro designado para redigir o voto vencedor, que restou assim ementado:" Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 335DF CARF MF
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