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Numero do processo: 11516.721847/2011-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
ÁGIO INTERNO. GLOSA DE EXCLUSÃO DE REVERSÃO DE PROVISÃO. Válido o lançamento que, ante a constatação de neutralidade contábil da amortização do ágio contestado, resulta em glosa da exclusão decorrente da reversão da provisão para realização de ágio sob a justificativa de que ela reflete a redução indevida do lucro tributável em razão da amortização de ágio sem sustância econômica.
ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço.
DESPESAS FINANCEIRAS. São indedutíveis as despesas decorrentes da contratação de empréstimos repassados, sem ônus, a outras pessoas jurídicas do mesmo grupo empresarial.
MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. O não-recolhimento de estimativas sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada, ainda que encerrado o ano-calendário. CUMULAÇÃO COM MULTA DE OFÍCIO. COMPATIBILIDADE. É compatível com a multa isolada a exigência da multa de ofício relativa ao tributo apurado ao final do ano-calendário, por caracterizarem penalidades distintas, desde que a exigência não se refira a infrações ocorridas na vigência da redação original do art. 44, §1o, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Responde pelo crédito tributário lançado a pessoa jurídica cuja criação integrou a reoganização societária promovida pelo grupo empresarial, e tem seu patrimônio foi formado a partir da execução dos objetivos daquelas operações, circunstâncias que revelam confusão patrimonial contemporânea à ocorrência do fato gerador, hábil a caracterizar o interesse comum que resulta na solidariedade pelo crédito tributário devido.
MULTA QUALIFICADA. DOLO. NÃO CONFIGURAÇÃO. Não consta no relatório fiscal a submissão de qualquer possível conduta dolosa supostamente praticada pelo Recorrente àquelas abstratamente previstas nos supratranscritos arts. 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502/64, o que afasta a aplicação da multa qualificada. Para além disso, in casu, o sujeito passivo registrou todas as operações e apresentou todos os documentos solicitados pela fiscalização, o que demonstra inequívoca boa-fé.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PESSOAS JURÍDICAS. GRUPO ECONÔMICO. A caracterização da solidariedade por interesse comum na situação que constitui o fato gerador exige a demonstração de que os sujeitos passivos praticaram conjuntamente o fato jurídico tributário ou desfrutaram de seus resultados, em razão de confusão patrimonial, eventos que a autoridade fiscal não demonstrou, de modo a não permitir a aplicação do art. 124, inc. I, do CTN.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PESSOAS FÍSICAS. A autoridade fiscal jamais apontou qualquer ato em afronta à lei ou aos estatutos das companhias em causa que tenha sido praticado pelas pessoas físicas em análise, o que não autoriza a responsabilidade solidária prevista no art. 135, inc. III, do CTN.
Numero da decisão: 1101-001.239
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em: 1) relativamente à amortização de ágio, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 2) relativamente à multa qualificada, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, votando pelas conclusões o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão e divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Paulo Mateus Ciccone; 3) relativamente à glosa de despesas financeiras, por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelo Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 4) relativamente às multas isoladas, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 5) relativamente aos juros de mora sobre a multa de ofício, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 6) relativamente à responsabilidade tributária de Florença Caminhões S/A, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 7) relativamente à responsabilidade tributária de Padovas Participações S/A e MVSO Participações S/A, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO aos recursos voluntários, divergindo o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, que negava provimento aos recursos; 8) relativamente à responsabilidade tributária de Sérgio Pizzani, Maria Fernanda Pisani Geara, Maria Cristina Pizzani e Marcelo Pizani, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO aos recursos voluntários, votando pelas conclusões o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão e divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Paulo Mateus Ciccone, que davam provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Na sessão de julgamento do Outubro/2014, fez sustentação oral o patrono da Recorrente, Dr. Roberto Quiroga Mosquera (OAB/SP n. 83.755).
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente
(documento assinado digitalmente)
BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR - Relator
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR
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GLOSA DE EXCLUSÃO DE REVERSÃO DE PROVISÃO. Válido o lançamento que, ante a constatação de neutralidade contábil da amortização do ágio contestado, resulta em glosa da exclusão decorrente da reversão da provisão para realização de ágio sob a justificativa de que ela reflete a redução indevida do lucro tributável em razão da amortização de ágio sem sustância econômica. ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço. DESPESAS FINANCEIRAS. São indedutíveis as despesas decorrentes da contratação de empréstimos repassados, sem ônus, a outras pessoas jurídicas do mesmo grupo empresarial. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. O nãorecolhimento de estimativas sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada, ainda que encerrado o anocalendário. CUMULAÇÃO COM MULTA DE OFÍCIO. COMPATIBILIDADE. É compatível com a multa isolada a exigência da multa de ofício relativa ao tributo apurado ao final do anocalendário, por caracterizarem penalidades distintas, desde que a exigência não se refira a infrações ocorridas na vigência da redação original do art. 44, §1o, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Responde pelo crédito tributário lançado a pessoa jurídica cuja criação integrou a reoganização societária promovida pelo grupo empresarial, e tem seu patrimônio foi formado a partir AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 18 47 /2 01 1- 07 Fl. 4123DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 3 2 da execução dos objetivos daquelas operações, circunstâncias que revelam confusão patrimonial contemporânea à ocorrência do fato gerador, hábil a caracterizar o interesse comum que resulta na solidariedade pelo crédito tributário devido. MULTA QUALIFICADA. DOLO. NÃO CONFIGURAÇÃO. Não consta no relatório fiscal a submissão de qualquer possível conduta dolosa supostamente praticada pelo Recorrente àquelas abstratamente previstas nos supratranscritos arts. 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502/64, o que afasta a aplicação da multa qualificada. Para além disso, in casu, o sujeito passivo registrou todas as operações e apresentou todos os documentos solicitados pela fiscalização, o que demonstra inequívoca boafé. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PESSOAS JURÍDICAS. GRUPO ECONÔMICO. A caracterização da solidariedade por interesse comum na situação que constitui o fato gerador exige a demonstração de que os sujeitos passivos praticaram conjuntamente o fato jurídico tributário ou desfrutaram de seus resultados, em razão de confusão patrimonial, eventos que a autoridade fiscal não demonstrou, de modo a não permitir a aplicação do art. 124, inc. I, do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PESSOAS FÍSICAS. A autoridade fiscal jamais apontou qualquer ato em afronta à lei ou aos estatutos das companhias em causa que tenha sido praticado pelas pessoas físicas em análise, o que não autoriza a responsabilidade solidária prevista no art. 135, inc. III, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em: 1) relativamente à amortização de ágio, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 2) relativamente à multa qualificada, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, votando pelas conclusões o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão e divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Paulo Mateus Ciccone; 3) relativamente à glosa de despesas financeiras, por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelo Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 4) relativamente às multas isoladas, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 5) relativamente aos juros de mora sobre a multa de ofício, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 6) relativamente à responsabilidade tributária de Florença Caminhões S/A, por voto de qualidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, vencido o Relator Conselheiro Benedicto Celso Benício Júnior, acompanhado pelos Conselheiros Paulo Reynaldo Fl. 4124DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 4 3 Becari e Antônio Lisboa Cardoso, sendo designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa; 7) relativamente à responsabilidade tributária de Padovas Participações S/A e MVSO Participações S/A, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO aos recursos voluntários, divergindo o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, que negava provimento aos recursos; 8) relativamente à responsabilidade tributária de Sérgio Pizzani, Maria Fernanda Pisani Geara, Maria Cristina Pizzani e Marcelo Pizani, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO aos recursos voluntários, votando pelas conclusões o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão e divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Paulo Mateus Ciccone, que davam provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Na sessão de julgamento do Outubro/2014, fez sustentação oral o patrono da Recorrente, Dr. Roberto Quiroga Mosquera (OAB/SP n. 83.755). (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente (documento assinado digitalmente) BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR Relator (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso. Relatório Tratase de Autos de Infração através dos quais se exige do ora Recorrente IRPJ e CSLL atinentes ao triênio 20082010. Fl. 4125DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 5 4 As exigências, de acordo com o demonstrativo consolidado de fls. 1216, perfazem os seguintes montantes: IRPJ CSLL Imposto – R$ 3.204.756,63 Contribuição – R$ 1.204.847,31 Juros – R$ 526.910,14 Juros – R$ 201.357,45 Multa – R$ 3.980.081,51 Multa – R$ 1.500.191,15 Multa exigida isoladamente – R$ 2.125.509,98 Total – R$ 9.837.258,26 Total – R$ 2.906.395,91 CRÉDITO TRIBUTÁRIO – R$ 12.743.654,17 Os seguintes excertos do Relatório Fiscal (fls. 12811392) resumem as infrações vislumbradas pela autoridade fiscal, verbis: Resumidamente, no que tange aos tributos incidentes sobre o resultado, as infrações encontradas nesta fiscalização são concernentes a: a) exclusões indevidas das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL referentes a ilícitos aproveitamentos tributários da amortização de ágio interno gerado em incorporação reversa; e b) despesas indedutíveis relativas a assunção pelo sujeito passivo de encargos financeiros necessários a atividade de terceiros. (fl. 1286; grifei) A autoridade fiscal também constatou infrações atinentes à Contribuição ao PIS e à COFINS, sendo que os créditos tributários correlatos foram encerrados nos autos do Processo n. 11516.721848/201143, arquivado em 9.1.2014. No que tange à primeira das infrações controvertidas neste processo, a autoridade autuante relata que o sujeito passivo teria reduzido a base de cálculo dos tributos em questão ao excluir do lucro líquido do período valores atinentes à amortização de ágio formado artificialmente no seio de operações societárias cujo desiderato específico seria o preenchimento das condições escriturais para a amortização dessa mais valia em curto intervalo. O quadro a seguir, extraído do Relatório Fiscal, contempla as “operações estruturas em seqüência” havidas no processo de reestruturação societária da Recorrente, verbis: 1a operação O primeiro momento, anterior a 31/08/2007, é marcado pela existência exclusiva da Florença Veículos S/A. A partir de 31/08/2007 começam a ser criadas as empresas com vistas a atingir o fim de geração do ágio e irregular redução da tributação Fl. 4126DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 6 5 2a operação O segundo momento, em 31/08/2007, é marcado pela criação da primeira empresa interligada a fazer parte da reestruturação, a Florença Caminhões S/A. Esta empresa foi criada com o capital social simbólico de R$ 10.000,00. A partir de sua criação viria a receber vários aportes de capital provenientes da Florença Veículos S/A. Estes aportes ocorreram, a partir de então, via transferência de capital por meio da controladora comum, ou por “adiantamentos para futuro aumento de capital” 3a operação No terceiro momento, em 18/10/2007, foram criadas duas novas empresas de Participações, ambas com o capital social integralizado de R$ 900,00: a Padovas Participações S/A e a MVSO Participações S/A. Estas empresas são os pivôs da “reestruturação societária” procedida pelos seus sócios, sendo que as operações contábeis que deram ensejo ás infrações tributárias ocorreram a partir delas. 4a operação Este quarto momento, em 17/01/2008, é marcado pela incorporação das ações da Florença Veículos S/A por parte da PADOVAS Participações S/A para sua conversão em subsidiária integral. A incorporação foi efetuada com base numa suposta avaliação econômica que considerou a rentabilidade futura da Florença Veículos S/A, tendo sido esta avaliada em R$ 92.109.192,99. O valor patrimonial contábil da Florença Veículos S/A naquele momento era de R$ 11.552.959,12. Na Padovas Participações S/A a incorporação resultou no aumento de seu capital social de R$ 900 para R$ 23.084.260,00, assim como, na formação de Reserva de Capital de R$ 69.019.246,40. 5a operação Em 29/02/2008 ocorre a integralização de capital na MVSO Participações S/A de R$ 92.109.193 A base dessa integralização foi a entrega pela Padovas Participações S/A à MVSO Participações S/A das ações reavaliadas da Florença Veículos S/A. Neste momento o capital social foi aumentado de R$ 900 para R$ 92.110.093. Interessante notar a introdução das novas empresas e o arranjo da organização societária 6a operação No sexto momento, em 1º/05/2008, há a cisão parcial da Florença Veículos S/A, sendo que neste instante é transferido para a sua controladora integral (a MVSO Participações S/A) o valor de R$ 6.100.000,00. O capital social da Florença Veículos passa de R$ 8.273.251,51 para R$ 2.173.251,51. O patrimônio cindido e incorporado é constituído por fundos para “Futuro Aumento de Capital”. Esses recursos serão utilizados no momento seguinte para o aumento de capital social da Florença Caminhões. 7a operação Em 02/06/2008 ocorre o aumento do capital social da Florença Caminhões S/A pela subscrição e integralização de R$ 6.100.000,00 pela MVSO Participações S/A. De forma que o capital social da Florença Caminhões S/A , em 02/06/2008, passa de R$ 10.000,00 para R$ 6.110.000,00. Neste passe a MVSO tornase controladora da Florença Caminhões S/A. 8a operação Em 1º/07/2008 ocorre a cisão parcial da MVSO com versão parcial de patrimônio para a Florença Veículos e para a Florença Caminhões. Este é um momento crucial na formação do arranjo societário pretendido pelo sujeito passivo. Isto porque neste momento, na incorporação da parcela cindida da MVSO pela Florença Veículos, foi encontrada oportunidade para a formação de ágio na incorporação reversa. Com isso, a Florença Veículos gerou um ativo intangível que passou, num momento seguinte, a utilizar para beneficiarse indevidamente das exclusões das suas amortizações das bases de cálculo dos tributos incidentes sobre o resultado. Um segundo aspecto a ser destacado é que neste momento podese perceber bem Fl. 4127DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 7 6 claramente que ao final da reestruturação societária envolvendo a Florença Veículos parte de seu patrimônio não está mais dentro da mesma empresa. Foi retirado e transferido para a Florença Caminhões S/A. Aliás, esse esvaziamento do patrimônio da Florença Veículos é um processo em continuidade: começou em 1º/05/2008 com a transferência de R$ 6.100.000,00 para a Florença Caminhões S/A e continuou com a distribuição de dividendos em 2009 (de R$ 9.000.000,00). Diferentemente dos ativos, todos passivos foram mantidos no patrimônio da Florença Veículos S/A, inclusive a dívida tributária parcelada no REFIS/PAES ou PAEX. E, por fim, constatar o caráter instrumental e precário da empresa MVSO Participações S/A, que inicialmente, até que o objetivo de formação do ágio fosse alcançado, ocupou um local central dentro da organização e que ao final passou a uma posição marginal, tendo seu patrimônio líquido esvaziado. (fl. 13091310; sem grifos no original) Após essas operações, a ora Recorrente – que tinha absorvido parcela do patrimônio cindido de sua controladora (MVSO Participações S/A) formada (i) por ações de sua emissão e (ii) ágio referente à aquisição desse investimento (investimento nela, na Recorrente) – passou a amortizar essa maisvalia, de modo que a minoração desse ativo teve como contrapartida as despesas correspondentes, reconhecidas entre 07/2008 e 12/2010. Para além disso, é preciso dizer que a citada parcela cindida absorvida pelo sujeito passivo também era composta por Provisão que a MVSO constituiu antes da absorção de parcela do seu patrimônio por parte da Recorrente, provisão essa constituída nos termos da Instrução Normativa da CVM de n. 319/99 e cujo montante equivalia ao valor do ágio. Assim sendo, em sua apuração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL, a Recorrente tanto reconhecia a despesa atinente à amortização do ágio mencionado – com a consequente redução do lucro líquido dos períodos em destaque – quanto reconhecia receitas referentes à reversão da mencionada Provisão; nada obstante, a Recorrente excluía essas receitas do lucro líquido em seus ajustes para a formação da base de cálculo dos tributos aqui controvertidos. Nesse contexto, é importante transcrever o seguinte excerto do Relatório Fiscal, em que a autoridade autuante especificamente identifica aquilo que, a seu sentir, corresponde à infração em testilha, verbis: Pelo exame dos Lalur/Lacs, bem como, pelo cotejo entre as informações contidas nestes livros e as inseridas nas DIPJ e DCTF, foram constatadas reduções de pagamento do adiantamento referente às estimativas de IRPJ/CSLL em quase todos os períodos de apuração compreendidos entre julho 2008 e dezembro2010. Da mesma forma, ocorreram reduções de pagamento de IRPJ/CSLL referentes aos ajustes anuais correspondentes aos anoscalendário 2008 a 2010. Estas reduções de pagamento foram motivadas por exclusões procedidas pelo sujeito passivo das bases de cálculo desses tributos. Se, conforme antecipamos, para efeitos tributários tal procedimento é irregular, do ponto de vista da contabilidade societária o controle desses fatos contábeis seguiu, ao menos, a literalidade das determinações para as Fl. 4128DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 8 7 companhias abertas do art. 6º da IN CVM nº 319/99, com as alterações da IN CVM nº 349/01. Então, na incorporação da sua controladora, a Florença Veículos S/A registrou as operações (exemplificando com o plano de contas que prevaleceu no anocalendário 2010) no subgrupo ativo “125 – DIFERIDO”, respectivamente, em três contas “125.1.01.01 – AGIO INCORPORAÇAOMVSO PART.”, “125.1.01.02 – AMORT.ACUMULADA ÁGIO S/INCORP.” E “125.1.01.05 – ()PROVISAO IN CVM 319/349”, conforme Figura 4. “125.1.01.02 – AMORT. ACUMULADA AGIO S/INCORP.” e, ao mesmo tempo, o registro na conta de ativo diferido “125.1.01.05 – ()PROVISAO IN CVM 319/349” a crédito da conta de receita “321.4.03.01 – REV.PROV.S/AGIO INCORPORAÇAO”, conforme ilustração das Figuras 5 e 6. De sorte que, pelos lançamentos de amortização do ágio que têm efeito 0 (zero) sobre o resultado do exercício, não haveria ajustes a serem realizados no lucro do exercício para apuração do Lucro Real. (...) De acordo com o demonstrado até o momento não haveria razões para o fato de excluir, das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, valores correspondentes às amortizações do ágio, tendo em vista que os lançamentos contábeis procedidos pelo sujeito passivo já causavam um efeito 0 (zero) no resultado do exercício. Apesar disso, como já dissemos, foram realizadas exclusões que acumularam, no interstício 20082010, o valor de R$ 19.625.915,40, ou seja, R$ 7.795.100,85 em 2008, R$ 4.814.286,95 em 2009 e R$ 7.016.527,60 em 2010, conforme pode ser visualizado na Figura 7 que é composta por recortes das Partes A dos Lalur/Lacs 20082010 (fls. 67, 145 e 251) da Florença Veículos S/A. Se de um lado comprovamos que as exclusões efetivamente ocorreram, de outro, colecionamos uma série de elementos de prova documental de que o ágio que é amortizado por essas exclusões não tem substância econômica. O que se quer dizer com a expressão “inexistência de substância ou substrato econômico” é que não houve uma contrapartida econômica na criação fictícia do ágio que passou a ser amortizado, ou seja, este ágio foi gerado apenas documentalmente em relações entre pessoas e empresas do mesmo grupo e não em relações de comutatividade, de independência e de não preponderância das partes envolvidas. Dito de outro modo, ao ágio escriturado que passou a ser amortizado pela Florença Veículos S/A não antecedeu investimento de recursos ou incorrimento em despesas, portanto, sua base é gerada de uma ficção documental, ficção esta produzida pelos seus sócios com suporte em pessoas jurídicas criadas exclusivamente para este fim. Fl. 4129DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 9 8 Havíamos resumido anteriormente em três momentos os fatos concernentes à geração do ágio que embasou as irregularidades tributárias sob comento. Na verdade, de modo mais analítico, pudemos observar oito momentos, caracterizados pelos fatos descritos no Quadro 1. Foi realizada em oito “operações estruturadas em seqüência” (contadas desde o momento anterior a 31/08/2007 até o momento posterior à 1º/07/2008 – Nota de rodapé nº 3) a reestruturação societária da Florença Veículos S/A que pretensamente lhe possibilitaria gerar ágio artifícial necessário para reduzir a tributação de forma menos arriscada. Não é exagero uma vez mais enfatizar que em nenhuma das etapas que geraram o ágio houve investimento de recursos ou incorrimento em despesas que pudessem ser entendidas como razões da sua formação. Todas as transferências de participações societárias ocorreram de forma escritural e, em nenhum momento, nessas transferências foi adicionado “capital novo”. (fls. 13061309; sem grifos no original) Destarte, a r. autoridade fiscal entendeu ilegítimas as exclusões levadas a efeito pelo sujeito passivo – exclusões essas que, consoante afirma, seriam correspondentes às amortizações do ágio –, mormente por aduzir que a formação do ágio em apreço não teve qualquer contrapartida econômica, é dizer, inexistiu pagamento de ágio a parte não relacionada. É importante salientar que, no curso da fiscalização, o sujeito passivo informou à autoridade autuante que as exclusões controvertidas corresponderiam, em verdade, às receitas oriundas da reversão da Provisão que foi constituída com esteio na mencionada Instrução Normativa da CVM n. 319/99. A Recorrente esclareceu que, quando da constituição dessa Provisão – que, repitase, foi constituída no exato valor do ágio em testilha –, as despesas correlatas (débitos em resultado) teriam sido adicionadas para a formação do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL; nessa senda, seria natural a exclusão das receitas surgidas com a reversão da provisão – para que essa reversão fosse neutra do ponto de vista fiscal –, já que a constituição dessa provisão não teria gerado impactos nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Contudo, a r. autoridade autuante expressamente afirmou, às fls. 1303, que a informação do sujeito passivo sobre a adição das despesas correspondentes à constituição da provisão ao lucro líquido seria falsa. Foram, então, constituídas as exigências de IRPJ e CSLL sobre as discutidas exclusões – base de R$ 19.625.915,40, composta por R$ 7.795.100,85 em 2008, R$ 4.814.286,95 em 2009 e R$ 7.016.527,60 em 2010 –, sendo relevante frisar que esses tributos foram gravados com multa de ofício qualificada, no percentual de 150%. A justificativa para tal qualificação repousa aos fólios n. 13431346, sendo que o seguinte excerto, também constante do Relatório Fiscal, bem resume o porquê dessa majoração, litteris: A adoção do percentual qualificado no caso das exclusões baseadas nas amortizações de ágio ficto se justifica pela Fl. 4130DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 10 9 constatação de que as infrações foram cometidas com base em artifícios fraudulentos que envolviam o uso abusivo de personalidade jurídica com o fim exclusivo de operar reduções e supressões de tributos. (fls. 13431344) No que importa à segunda infração, a r. autoridade fiscal entendeu indedutíveis parte das despesas financeiras apropriadas pelo sujeito passivo entre janeiro/2008 e dezembro/2010. Basicamente, a glosa dessas despesas decorreu da conclusão da autoridade fiscal no sentido de que seriam desnecessárias às atividades sociais; isso porque, ao passo que tomava bastantes empréstimos onerosos de instituições financeiras, a Recorrente emprestava gratuitamente vultosas quantias a pessoas físicas e jurídicas ligadas. Com efeito, eis o que consta do Relatório Fiscal, verbis: Então, considerando os procedimentos fiscais realizados, bem como o exame de toda a documentação, da argumentação e da legislação que trata da matéria, obtivemos como principais constatações e resultados o seguinte: 1. Constatamos a ocorrência de empréstimos concedidos a pessoas ligadas ao sujeito passivo com base em exame da escrituração contábil apresentada pelo sujeito passivo. Estes empréstimos ocorreram ao longo de todo o período fiscalizado (jan/2008 a dez/2010) e envolviam valores significativos avaliados, em média, a aproximadamente 36% da necessidade de financiamento da empresa no período. 2. Constatamos, com base na escrituração contábil e nas respostas do sujeito passivo, que estes empréstimos a pessoas ligadas eram efetuados sem formalIzação em instrumento contratual próprio e que eram oferecidos gratuitamente; 3. Constatamos, com base no exame da escrituração contábil e dos contratos de empréstimos e financiamentos trazidos pelo sujeito passivo, que a empresa utilizava recursos de instituições financeiras para recompor o hiato causado pelos empréstimos gratuitos, bem como, para prover o capital necessário às suas compras e ao seu capital de giro; 4. Constatamos, mediante apuração efetuada nas contas de encargos financeiros, a ocorrência dos valores pagos por estes financiamentos obtidos junto a instituições financeiras; 5. Constatamos, como decorrência do que foi dito no item 2 acima, que não houve repasse nos empréstimos concedidos a pessoas ligadas dos encargos assumidos conforme apuração mencionada no item 4. Concluímos que, dos encargos financeiros assumidos pela empresa ao longo do período fiscalizado, parte não é dedutível para efeitos da apuração das bases de cálculo do IRPJ e da Fl. 4131DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 11 10 CSLL pois, efetivamente, referese a empréstimos parcialmente repassados a pessoas ligadas em que a empresa fiscalizada, pela parcela repassada, toma o papel de mero veículo. Como, de fato, os empréstimos vieram a beneficiar as pessoas ligadas, estes empréstimos, bem como, seus encargos e despesas decorrentes, devem ser considerados, na devida proporção, necessários a estas pessoas e não à empresa fiscalizada. Destarte, sendo apenas parcialmente necessários os encargos e despesas financeiros devem, em proporção, ser considerados indedutíveis (art. 299 do Decreto nº 3.000/99) e adicionados à base de cálculo do IRPJ (art. 249 do Decreto nº 3.000/99). (fls. 13321333; sem grifos no original) Destarte, foram constituídos os créditos tributários de IRPJ e CSLL sobre os valores glosados. Salientese que, para verificar qual a parcela das despesas financeiras seria tida como indedutível, a r. autoridade fiscal identificou, em cada um dos 36 meses aqui discutidos, o quociente entre os empréstimos gratuitos com pessoas ligadas (numerador) e os empréstimos onerosos tomados de terceiros (denominador), e então aplicou o decimal encontrado sobre os encargos financeiros apropriados em cada mês, consoante tabela que repousa à fl. 1335. Sobre os tributos decorrentes dessas glosas, aplicouse multa de ofício simples, no percentual de 75%. Outrossim, é preciso dizer que foram lavrados termos de responsabilidade solidária pelos créditos tributários encerrados neste processo em face de quatro pessoas físicas – que eram sócios da Recorrente antes do início da reorganização societária e que, ao tempo do lançamento, eram os sócios da Padovas Participações S/A, controladora da autuada – e também em face das 3 pessoas jurídicas envolvidas no processo de reestruturação societária acima delineado – quais sejam, a Padovas Participações S/A, a MVSO Participações S/A e a Florença Caminhões S/A. A base legal para a responsabilização solidária dessas pessoas físicas e jurídicas foi o inciso I do art. 124 do CTN e também, quando aplicável, o inciso III do art. 135 do mesmo diploma legal. A justificativa para tais responsabilizações repousa aos fólios 1348 1359. Regularmente intimados do lançamento, os sujeitos passivos apresentaram tempestivas Impugnações. A postulação da Florença Veículos S/A (fls. 18911972), tecida em longas 82 laudas, é realmente bem resumida pelo seguinte trecho da Colenda instância recorrida, litteris: PRELIMINARMENTE Inicialmente, a defesa faz uma análise sobre as relações entre a Ciência Contábil e o Direito Contábil (societário e fiscal/tributário), uma vez que considera que este foi um dos equívocos cometidos no relato dos fatos pelo Sr. Agente Fiscal. Nesse sentido, aborda os seguintes tópicos: • Ciência Contábil como Instrumento para Medição da Riqueza • Direito Contábil Societário Fl. 4132DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 12 11 • Direito Contábil Fiscal/Tributário • Utilização do Direito Contábil Societário e do Direito Contábil Fiscal/Tributário para a Apuração do IRPJ e da CSLL Afirma que há muitos pontos de intersecção entre a Ciência Contábil, o Direito Contábil Societário e o Direito Contábil Fiscal, especialmente no que tange às regras de apuração da base de cálculo do IRPJ (contabilidade fiscal), mas que nem todas as regras são coincidentes. Indica como exemplos de situações em que há evidente e incontestável diferença entre os conceitos de Direito Contábil Societário e o Direito Contábil Fiscal: (i) doações e subvenção para investimentos; (ii) arrendamento mercantil leasing; (iii) dividendos e juros sobre capital próprio. Em seguida, afirma que Agente Fiscal incorreu em grave equívoco quanto ao entendimento da CVM (OFÍCIO CIRCULAR/ CVM/SNC/SEP n° 01/2007) acerca da inadmissibilidade da geração de "ágio interno", uma vez que o referido entendimento referese apenas à visão da "Ciência Contábil", ou seja, é um "ponto de vista econômicocontábil”. Alega que o agente fiscal acabou "esquecendo" de transcrever trechos de manifestações da própria CVM (OFÍCIOCIRCULAR/CVM/SNC/SEP n° 01/2007) que reconhecem a legalidade dessa operação para fins societário. Considera que as premissas utilizadas pelo fiscalização para a fundamentação dos autos de infração não se sustentam, uma vez que teria havido uma "mistura" dos conceitos de Ciência Contábil (que não é objeto do Cientista do Direito mas sim do Cientista da Contabilidade), com os conceitos de Direito Contábil (este sim objeto do "mundo jurídico"). Dessa forma, passou a demonstrar que do ponto de vista do direito contábil societário, o ágio interno também não afronta qualquer norma, sendo perfeitamente válido. Nos dois tópicos seguintes, a impugnante analisa a Natureza Jurídica do Ágio para o "Direito Contábil Societário" e para o Direito Contábil Fiscal e as Várias Formas de Aquisição, mantendo o entendimento que a interpretação do Sr. Agente Fiscal seria bastante frágil, pois a aquisição poderia se dar por diversas formas, sem que fosse necessária a existência de pagamento em dinheiro (v.g. dação em pagamento, doação, conferência de bens para integralização de capital e, como no presente caso, incorporação de ações). Apesar de não ser necessário o "pagamento em dinheiro" para configurar a aquisição de um bem/direito, entende que haverá sempre um custo a ser suportado pelas partes (que poderá dar origem ao ágio previsto no inciso II do artigo 385 do RIR/99). Não se pode confundir, como teria feito o Agente Fiscal, "pagamento em dinheiro" com "custo". No caso em questão, o custo das ações está devidamente suportado por ter havido uma efetiva aquisição em ambas as acepções do Direito Contábil Societário como do Direito Contábil Fiscal/Tributário, bem como por laudo elaborado por renomada Fl. 4133DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 13 12 empresa de auditoria, pelo que correta está a apuração do ágio independentemente da existência de pagamento em dinheiro. A defesa também tece algumas considerações acerca da existência de "partes relacionadas" na presente operação de incorporação de ações que, segundo o Agente Fiscal, tornaria ilegal a operação realizada pela Impugnante. Afirma que, tanto para fins do Direito Contábil Societário quanto para o Direito Contábil Fiscal/Tributário, não haveria qualquer óbice à realização da operação de incorporação de ações entre pessoas que possuam algum tipo de vinculação. Conclui afirmando que o procedimento adotado pela Impugnante está em total conformidade não somente com as normas de Direito Contábil Societário como, também, com as normas de Direito Contábil Fiscal/Tributário, com base nos seguintes fundamentos: (i) a legislação fiscal (DL 1.598/77 e artigo 385 do RIR/99) fez menção a "custo de aquisição" e não a "pagamento em dinheiro"; (ii) a aquisição de bens/direitos pode se dar por diversas formas em que o pagamento não ocorre em dinheiro, tais como permuta, dação em pagamento, doação, conferência de bens para integralização de capital e, como no presente caso, incorporação de ações; (iii) toda a aquisição terá um "custo" que não decorre necessariamente de um "pagamento em dinheiro", e que poderá dar origem ao ágio como componente deste custo; (iv) o fundamento econômico, previsto na legislação fiscal, para a geração do ágio, não é cumulativo e uma das hipóteses é a expectativa de rentabilidade futura; (v) não há regra fiscal que confira tratamento especial às incorporações de ações realizadas entre partes vinculadas, como ocorre com as regras de Distribuição Disfarçada de Lucros e de Preços de Transferência; (vi) mesmo que houvesse alguma regra específica, para as operações realizadas entre partes vinculadas, verificase que no presente caso foram observados os parâmetros de mercado. Em seguida, a defesa argúi isonomia com o tratamento fiscal do deságio. Por fim, conclui o tópico das preliminares, afirmando que não pode prosperar a tese da fiscalização de que a empresa MVSO seria uma "típica empresa casca" , uma vez que a referida empresa foi regularmente constituída e serviu ao seu propósito econômico (permitir a reestruturação societária do Grupo com a centralização das participações societárias na empresa holding PADOVAS). Em suma, não se trata de uma empresa veículo. DO MÉRITO Da Impossibilidade de Tributação da Receita de Reversão da PROVISÃO IN CVM 319/349 Provisão que foi Adicionada Quando de sua Constituição Item Fl. 4134DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 14 13 2.3 do TVF. Como matéria de mérito, a defesa analisa, inicialmente, a exclusão do lucro líquido, para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, dos valores correspondentes às receitas de reversão da "PROVISÃO IN CVM 319/349" realizada pela empresa. Alega que, diferentemente do que afirma o Sr. Agente Fiscal, a despesa correspondente à referida provisão foi adicionada ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 335 do RIR/99, uma vez que não se trata de provisão com dedutibilidade expressamente autorizada. Com efeito, uma vez tendo sido ADICIONADO o valor da despesa com a constituição da provisão, o valor das receitas incorridas contabilmente com a reversão da referida provisão devem ser EXCLUÍDAS do lucro real e da base de cálculo da CSLL, sob pena de tributação em duplicidade. Da Inexistência de Fraude nas Operações em Questão Argumenta que não pode prevalecer a multa agravada no percentual de 150%, prevista no artigo 44, § 1º, da Lei n° 9.430/96, como entendeu, equivocadamente, a Fiscalização, porquanto as operações praticadas atenderam a todos os requisitos legalmente exigidos, sejam contábeis, societários ou fiscais, eis que: (i) são consideradas lícitas (societariamente) pela própria CVM, conforme decisão proferida no caso da empresa Wtorre e foram realizadas com evidente propósito negocial; (ii) foram devidamente registradas contabilmente e amplamente divulgadas em suas demonstrações financeiras, bem como levadas ao conhecimento de todos os órgãos competentes, como a JUCEPAR e a Receita Federal do Brasil. Entende que, não se pode admitir, sob qualquer pretexto, que houve, no presente caso, a figura da fraude, eis que a Impugnante não omitiu dados, informações ou procedimentos visando a impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, condição sine qua non para a ocorrência desse tipo penal. Assim, como todas as operações societárias foram devidamente registradas pela JUCEPAR e levadas ao conhecimento de todos os órgãos competentes, como a Receita Federal do Brasil (por meio da declaração em DIPJ), não teria havido a fraude necessária à imposição da multa agravada no presente caso. No máximo se trataria de uma questão de "erro de interpretação" acerca da licitude das operações societárias, o que afastaria, por conseqüência, o dolo e a máfé, que são os requisitos necessários à configuração da fraude. Despesas Financeiras com Empréstimos Supostas Despesas Indedutíveis Quanto à glosa das despesas financeiras, a impugnante faz inicialmente uma análise do art. 299 do RIR/99. Afirma que: As beneficiadas pelos empréstimos não são as pessoas ligadas à Impugnante, mas sim a própria Impugnante, enquanto líder do Fl. 4135DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 15 14 "Grupo Florença", o que afasta o entendimento exarado pela Fiscalização. A autuada, por ter uma marca consolidada no mercado de revenda de veículos, possui maior poder de barganha nas negociações com as instituições financeiras no que tange à obtenção de empréstimos para a manutenção do crescimento do seu Grupo empresarial ("Grupo Florença"), bem como na obtenção de capital de giro para o fomento de suas atividades. A aquisição de empréstimos com taxas de juros em melhores condições são apenas confiadas à Impugnante, ante a sua reconhecida capacidade de liquidez no pagamento dos empréstimos assumidos em prol da manutenção e desenvolvimento de suas atividades negociais e gerenciais. Esse fator (redução da taxa de juros) é suficiente para caracterizar a necessidade da despesa para o desenvolvimento e gerenciamento do "Grupo Florença", já que todo empreendimento comercial é dependente de capital de terceiro, seja em maior ou menor proporção. Parte dos valores emprestados às pessoas jurídicas ligadas ao "Grupo Florença" foram efetuadas para a quitação de dívidas dessas sociedades, uma vez que a assunção da dívida foi permutada pela participação societária destas empresas, sendo admitido, também, por esta razão a dedução nos termos do artigo 299 do RIR/99, por ser uma despesa necessária. Parte dos valores glosados como "empréstimos à pessoas ligadas", na verdade se referem à "Adiantamento Futuro de Aumento de Capital" AFAC, oriundos do processo de reestruturação ocorrido nos anos de 2007 a 2008, que culminou na criação da Florença Caminhões S/A, com o objetivo de suportar a nova atividade operacional pretendida pelos acionistas da Impugnante. Tanto que os valores emprestados aos acionistas da Impugnante arroladas no TVF (fl. 889), quais sejam i) Marcelo Pizzani, ii) Sérgio Pizzani, e iü) Maria Cristina Pizzani, tiveram como finalidade justamente a formação de capital da Florença Caminhões S/A. Nesse sentido, devem ser excluídos os montantes relacionados aos adiantamentos para futuro aumento de capital que no caso em apreço representa a quantia de R$ 9.249.593,07, indevidamente lançado como "mútuo Florença" no livro razão da Impugnante. Ademais, ainda que tal valor não tenha sido escriturado de forma correta, por um lapso na contabilidade da Impugnante (a AFAC foi indevidamente registrada como "mútuo"), mesmo nesta circunstância, a simples ocorrência de erro formal não macula a existência da despesa operacional em comento. Devese, ainda, considerar que a partir do advento da Lei n° 9.249/95, com as alterações posteriormente introduzidas pela Lei n° 9.430/96, os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a seus titulares, sócios ou acionistas a título de JCP, em razão da aplicação de capital na sociedade investida, passaram a ser considerados como despesas dedutíveis para efeitos da Fl. 4136DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 16 15 determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, conforme prescrevem os artigos 347 do RIR/99 e 29 da IN n° 11, de 21 de fevereiro de 1996. Assim, considerandose que a Impugnante possuía reserva de lucros acumulados no período fiscalizado, e traçandose um paralelo com a legislação acima mencionada, fica claro que eventuais empréstimos feitos aos acionistas devem ser considerados como despesas operacionais da Impugnante. Da Inaplicabilidade da Multa Isolada em Razão do Encerramento do Anobase quando da Lavratura dos Autos de Infração Considera a defesa que a multa isolada, prevista atualmente no inciso II, alínea "b" do artigo 44 da Lei n° 9.430/96, diferentemente do que entendeu a Autoridade Fiscal, somente pode ser exigida caso o Fisco verifique a falta de recolhimento dos tributos, ou recolhimento insuficiente, com base em estimativas mensais, antes do término do anobase. Portanto, como os autos de infração, objeto do presente processo, foram lavrados após o encerramento dos anosbase de 2008, 2009 e 2010, eventuais insuficiências mensais de recolhimento do IRPJ e da CSLL não mais poderiam ser punidas pela exigência da multa isolada, conforme já decidiu reiteradas vezes o antigo Conselho de Contribuintes Da Duplicidade de Cobrança Impossibilidade de Cumulação da Multa Isolada com a Multa de Ofício Considera a impugnante que não pode ser admitida a cobrança cumulativa da multa isolada com a multa de ofício, sobre os mesmos valores supostamente devidos a título de IRPJ e da CSLL, como ocorreu no processo. A impossibilidade da cumulação de multas em debate já é assunto com posicionamento definido pelo E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Da Ilegalidade da Cobrança de Juros Sobre a Multa De acordo com a autuada (i) multa não é tributo; e (ii) só há previsão legal para que os juros calculados à taxa Selic incidam sobre tributo (e não sobre multa). Assim, a cobrança de juros sobre a multa, que se verifica no cálculo da RFB para atualização dos créditos tributários objeto do presente processo, desrespeita o princípio constitucional da legalidade, expressamente previsto nos artigos 5º, II, e 37 da Constituição Federal, o que não pode ser admitido por essa E. Turma Julgadora. Consoante dito acima, os responsáveis solidários também apresentaram tempestivas impugnações. Nessas postulações, sinteticamente, trataram do descabimento da responsabilização com esteio no inciso I do art. 124 do CTN – dispositivo esse que fundou a solidariedade de todas as pessoas físicas e jurídicas envolvidas – e também da ausência de indicação de qualquer ato praticado com excesso de poderes ou infração à lei ou ao estatuto das companhias envolvidas que desencadeasse a responsabilidade com fulcro no inciso III do art. 135 do mesmo diploma legal. Fl. 4137DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 17 16 A Egrégia 3a Turma da DRJ/FOR negou provimento às impugnações, sendo que o respectivo acórdão restou assim ementado, verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 REVERSÃO DA PROVISÃO. INSTRUÇÕES CVM 319/99 E 349/01. Não se justifica a exclusão do lucro líquido para fins de apuração do lucro real, decorrente da reversão da provisão de que tratam as Instruções CVM nºs 319/99 e 349/01, quando concomitantemente o contribuinte registra contabilmente uma despesa, no mesmo valor, relacionada à amortização do mesmo ágio que embasou a provisão. REGISTRO EFETUADO EM DESACORDO COM A LEGISLAÇÃO COMERCIAL E OS PRINCÍPIOS CONTÁBEIS. APURAÇÃO DO LUCRO REAL. A adoção de procedimento em desacordo com a legislação comercial e dos princípios contábeis geralmente aceitos não poderá ser aceita para fins de apuração do lucro real, salvo se a legislação tributária dispuser expressamente nesse sentido. DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. CONDIÇÕES DE DEDUTIBILIDADE. Ágio dedutível é aquele produto de efetivo desembolso oneroso, e motivado pela rentabilidade futura da pessoa jurídica adquirida ou de suas controladas. INDEDUTIBILIDADE DO ÁGIO INTERNO. AUSÊNCIA DE SUBSTÂNCIA ECONÔMICA, DO EFETIVO PAGAMENTO E DA INDISPENSÁVEL INDEPENDÊNCIA ENTRE AS PARTES ENVOLVIDAS. Na operação de incorporação entre empresas do mesmo grupo econômico, o ágio interno é indedutível para fins fiscais, porquanto constituído, sem qualquer substância econômica, efetivo pagamento pela aquisição das participações societárias e independência entre as partes envolvidas. EMPRÉSTIMO SEM ÔNUS A SÓCIO. CUSTO DO RECURSO EMPRESTADO. DESPESA NÃO NECESSÁRIA. INDEDUTIBILIDADE. O empréstimo feito pela empresa a seu sócio, sem ônus, ao mesmo tempo em que tomou recursos de terceiros, com juros, mediante celebração de contrato de mútuo gera, para o contribuinte, um custo do recurso emprestado sem ônus, custo este manifestado nos juros incorridos com os referidos contratos de mútuo em valor equivalente aos juros ativos que seriam devidos utilizandose a taxa média dos empréstimos tomados pela empresa sobre o valor emprestado ao sócio. O empréstimo feito ao sócio por revelar um caráter de liberalidade impõe a glosa de seu custo indevidamente deduzido sob a forma de juros passivos. Fl. 4138DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 18 17 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE PARCELAS MENSAIS DE ESTIMATIVAS. INEXISTÊNCIA DE BIS IN IDEM COM A MULTA DE OFÍCIO. Após o encerramento do período de apuração, é devida multa isolada pelo não recolhimento de parcelas mensais de estimativas no curso do referido período. A aplicação conjunta de multa de ofício no mesmo lançamento tributário, referente a tributo e contribuição devidos ao final do período, não tem o condão de excluir a multa isolada sobre as parcelas mensais de estimativas não recolhidas, haja vista trataremse de infrações distintas, possuidoras de tipificação legal específicas a cada uma delas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009, 2010 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Aplicável a multa qualificada de 150% quando caracterizado que a interessada agiu de maneira dolosa para criar condições artificiais que possibilitassem a amortização indevida de ágio gerado internamente, mediante utilização de empresa veículo, em transações que não se revestem e substância econômica e da indispensável independência entre as partes. SELIC SOBRE MULTA DE OFÍCIO Não se conhece de pedido em que não existe fato concreto em litígio, apenas potencial, no sentido de aplicação da taxa SELIC sobre Multa de Ofício. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE MATERIALIZA O FATO GERADOR. Respondem solidariamente pelos débitos tributários as pessoas que comungam o interesse na situação que constitua o fato gerador do tributo lançado. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PESSOAS JURÍDICAS. Resta configurada a atribuição de responsabilidade solidária, quando comprovado que duas ou mais empresas pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro realizaram em conjunto a situação configuradora do fato gerador, sendo irrelevante a mera participação no resultado dos eventuais lucros auferidos pela outra empresa coligada ou do mesmo grupo econômico. RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. EXCESSO DE PODERES, INFRAÇÃO DE LEI OU CONTRATO SOCIAL. ÁGIO INTERNO. Os diretores, gerentes e representantes de pessoa jurídica de direito privado devem ser responsabilizados nos termos do art. 135, III, do CTN, quando participam intencionalmente de operações que objetivam exclusivamente a criação de um ágio artificial, que posteriormente será amortizado em decorrência de transformações societárias. A conduta configura excesso de poderes, infração de Lei e ao contrato social, porquanto a grave ilicitude não deve ser tolerada em qualquer dos Fl. 4139DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 19 18 universos normativos que prescrevem os limites de atuação dos administradores. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009, 2010 JURISPRUDÊNCIAS ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. DOUTRINA. NÃO VINCULAÇÃO. As referências a entendimentos proferidos em outros julgados administrativos ou judiciais ou em manifestações da doutrina especializada não vinculam os julgamentos administrativos emanados em primeiro grau pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2008, 2009, 2010 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Aplicase às exigências ditas reflexas o que foi decidido quanto à exigência matriz, devido à íntima relação de causa e efeito entre elas. Os sujeitos passivos foram devidamente intimados desse r. decisum, tendo em seguida apresentado Recursos Voluntários em que, basicamente, repetiram os argumentos tecidos em suas Impugnações. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR: Os Recursos Voluntários são tempestivos – intimações da decisão recorrida havidas em 7 e 8 de agosto de 2013 (fls. 32933300) e manejo dos inconformismos em 4 de setembro de 2013 (fls. 3302, 3511, 3598, 3686, 3775, 3862, 3949 e 4036) –, de modo que, preenchidos os demais requisitos recursais, deles tomo conhecimento. Conforme narrado acima, discutese nesses autos a higidez das exigências de IRPJ e CSLL constituídas de ofício pela r. autoridade autuante, que vislumbrou o cometimento de duas infrações diversas por parte do sujeito passivo na apuração que fizera desses tributos nos anoscalendários 2008, 2009 e 2010. Com vistas ao didatismo da presente exposição, cada uma dessas infrações será tratada em separado nas linhas a seguir. Do ágio amortizado pela Florença Veículos Consoante relatado, a contribuinte passou a amortizar o ágio em destaque após reestruturação societária que envolveu bastantes fases. Fl. 4140DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 20 19 Num primeiro momento, a Florença Veículos tinha como únicos sócios as pessoas físicas solidariamente responsabilizadas – os Srs. Marcelo Pizzani (30,42%), Sergio Pizzani (30,42%), Maria Cristina Pizzani (30,42%) e Maria Fernanda Pizzani (8,74%). No dia 31.8.2007, os sócios majoritários da Florença Veículos S/A – os Srs. Marcelo Pizzani, Sergio Pizzani e Maria Cristina Pizzani – constituíram a Florença Caminhões S/A, sendo que as ações dessa companhia foram divididas igualmente entre os três. Em 18.10.2007, foram criadas duas novas sociedades. Acerca desse ponto, eis o que o contribuinte assevera em seu Recurso Voluntário, verbis: 18/10/2007 – Criação de duas novas sociedades, com objetivos próprios e distintos: (a) Padovas Participações S/A (PADOVAS) – sociedade que passaria a exercer a atividade de holding do Grupo que se formava, possibilitando assim a simplificação e agilidade dos atos de gestão da empresa operacional; e (b) MVSO Participações S/A (MVSO) – sociedade que permitiria a reestruturação societária do Grupo, para que atingisse sua configuração atual. (fl. 3312) Frisese que tanto a PADOVAS quanto a MVSO tinham como sócios os três sócios da Florença Caminhões S/A – os Srs. Marcelo Pizzani, Sergio Pizzani e Maria Cristina Pizzani –, todos eles com participações idênticas (33,33%). Em 17.1.2008, as ações da Florença Veículos S/A foram incorporadas pela PADOVAS, de modo que a primeira passou a ser subsidiária integral da segunda. Importante frisar que a incorporação dessas ações deuse pelo seu valor de mercado – R$ 92.109.192,99, na esteira de laudo que levou em conta a expectativa de rentabilidade futura da empresa –, e não pelo seu valor contábil, que perfazia o montante de R$ 11.552.959,12. Já no dia 29.2.2008, a PADOVAS integraliza o capital da MVSO com o investimento detido na Florença Veículos. Em 1.5.2008, tem lugar uma cisão parcial da Florença Veículos S/A, sendo que a parcela cindida do patrimônio é absorvida pela MVSO, que capitaliza exatamente o valor absorvido na Florença Caminhões S/A em 2.6.2008. Por fim, em 30.6.2008, a MVSO constitui a malsinada Provisão da IN CVM n. 319/99 no valor de R$ 77.951.008,52 e, no dia seguinte, é parcialmente cindida (a MVSO), com versão de parte do seu patrimônio para a Florença Caminhões S/A, sendo que a fração remanescente foi absorvida pela então controlada Florença Veículos S/A. A partir desse momento, a Florença Veículos S/A passou a amortizar o ágio aqui controvertido. Consoante visto acima, a r. autoridade fiscal entendeu que o ágio formado nesse processo de reestruturação societária não seria passível de aproveitamento fiscal, mormente pelo fato de que não teria havido uma contrapartida econômica – leiase, um pagamento a parte não relacionada – que o justificasse. Fl. 4141DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 21 20 Sem ingressar no mérito da legitimidade das operações de que dimanaram o ágio em destaque, percebese ictu oculi que a autuação é manifestamente improcedente, devendo ser integralmente cancelada. Com efeito, ainda que procedentes as acusações desferidas pela autoridade fiscal, temse que a conclusão do trabalho fiscal jamais decorreria das premissas adotadas. Deveras, tendo em vista que todo o trabalho fiscal foi no sentido da ilegitimidade do ágio aqui controvertido, é inquestionável que a r. autoridade fiscal deveria ter entendido como indedutíveis as despesas – lançamentos a débito em resultado – reconhecidas em contrapartida a minoração do ativo consistente no ágio. Em outros termos, o lançamento fiscal decorrente das conclusões da autoridade fiscal deveria ter incidido sobre os valores atinentes às despesas lançadas em contrapartida à amortização do ágio. Nada obstante, não foi essa a trilha seguida pela r. autoridade fiscal. Realmente, o que restou gravado pela autoridade autuante ao final da fiscalização foi a Exclusão das receitas reconhecidas em contrapartida à Reversão da Provisão constituída em virtude do disposto na IN CVM n. 319/99. Ora, tais Exclusões deveriam ter lugar imprescindivelmente, e isso ainda que o ágio aqui controvertido não fosse aproveitável para fins fiscais. De fato, são apropriadas as seguintes considerações do sujeito passivo, constantes do Recurso Voluntário, litteris: Conforme mencionado anteriormente, a MVSO constituiu a PROVISÃO IN CVM 319/349 no anobase de 2008, correspondente ao valor de R$ 77.951.008,52 – com a contrapartida do lançamento de uma despesa contábil no mesmo valor. Esta provisão foi constituída como forma de evitar os efeitos negativos do ágio no patrimônio líquido da MVSO (proteção do fluxo de dividendos dos minoritários), decorrentes da sua amortização após a incorporação. De fato, a proteção do direito ao fluxo de dividendos dos minoritários encontrase prevista e regulamentada no artigo 6o da Instrução CVM no 319/99 (com redação dada pela Instrução CVM no 349/01), bem como no artigo 16 da mesma norma: “DO TRATAMENTO CONTÁBIL DO ÁGIO E DO DESÁGIO Art. 6o O montante do ágio ou do deságio, conforme o caso, resultante da aquisição do controle da companhia aberta que vier a incorporar sua controladora será contabilizado, na incorporadora, da seguinte forma: (...) Fl. 4142DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 22 21 §1o O registro do ágio referido no inciso I deste artigo terá como contrapartida reserva especial de ágio na incorporação, constante do patrimônio líquido, devendo a companhia observar, relativamente aos registros referidos nos incisos II e III, o seguinte tratamento: a) constituir provisão, na incorporada, no mínimo, no montante da diferença entre o valor do ágio e do benefício fiscal decorrente da sua amortização, que será apresentada como redução da conta em que o ágio foi registrado; b) registrar o valor líquido (ágio menos provisão) em contrapartida da conta de reserva referida neste parágrafo; c) reverter a provisão referida na letra “a” acima para o resultado do período, proporcionalmente à amortização do ágio; e d) apresentar, para fins de divulgação das demonstrações contábeis, o valor líquido referido na letra “a” no ativo circulante e/ou realizável a longo prazo, conforme a expectativa da sua realização. Parágrafo com redação dada pela Instrução CVM no 349, de 06 de março de 2001. §2o A reserva referida no parágrafo anterior somente poderá ser incorporada ao capital social, na medida da amortização do ágio que lhe deu origem, em proveito de todos os acionistas, excetuado o disposto no art. 7o desta Instrução. §3o Após a incorporação, o ágio ou o deságio continuará sendo amortizado observandose, no que couber, as disposição das Instruções CVM no 247, de 27 de março de 1996, e no 285, de 31 de julho de 1998. (...) DO FLUXO DE DIVIDENDOS Art. 16. Os dividendos atribuídos às ações detidas pelos acionistas não controladores não poderão ser diminuídos pelo montante do ágio amortizado em cada exercício.” Diferentemente do que afirmou o Sr. Agente Fiscal, a despesa correspondente à referida provisão foi adicionada ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 335 do RIR/99, uma vez que não se trata de provisão com dedutibilidade expressamente autorizada. Confirase abaixo a cópia da Parte A do LALUR da MVSO (vide doc. 03 da peça impugnatória): Fl. 4143DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 23 22 (...) Devese rejeitar, portanto, a ilação da Autoridade Fiscal no sentido de que não houve qualquer adição relativa ao ágio. Com efeito, conforme demonstrado, a MVSO, empresa posteriormente incorporada pela ora Recorrente, constituiu a provisão no valor de R$ 77.951.008,52, mas adicionoua para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Destaquese, ainda, que a própria Turma Julgadora reconhece o erro da Autoridade Fiscal ao afirmar no acórdão ora recorrido que efetivamente houve a adição de despesa com a PROVISÃO IN 319/349, verbis: “Os lançamentos relacionados à conta do diferido (ágio) têm efeito zero sobre o resultado do exercício, pois a despesa gerada pela amortização do ágio é anulada pela receita apurada contabilmente em decorrência da reversão da provisão. A exclusão efetuada pelo contribuinte, para fins de apuração do lucro real, lastreada no fato de ter sido procedida a reversão da provisão não se justifica, dado que na mesma data foi registrada uma despesa relacionada à amortização do ágio. Com efeito, o cerne do presente litígio se concentra na análise da possibilidade ou não de o contribuinte reconhecer para fins de apuração do lucro real a amortização do ágio, conforme previsto no art. 7o da Lei no 9.532/97, sendo dispensável a discussão a respeito da reversão das provisões consideradas indedutíveis, cujo efeito na apuração do lucro real foi anulado pelo reconhecimento contábil no mesmao (sic) valor, relacionada à amortização do ágio.” (fls. 18 da decisão recorrida) Assim, a Autoridade Fiscal incorreu em gravíssimo erro ao tributar as receitas decorrentes da reversão da PROVISÃO IN CVM 319/349. (fls. 33203324; sem grifos no original) Com efeito, a acusação fiscal é no sentido da impropriedade das exclusões realizadas, e se percebe claramente que esses ajustes no lucro contábil para fins da apuração das bases de cálculo dos tributos em testilha foram, sim, corretos. Ainda que se admita que a amortização do ágio levada a efeito pela Florença Veículos S/A é desprovida de respaldo legal, temse que as receitas reconhecidas quando da reversão da provisão constituída em obediência ao citado comando da CVM deveriam ser excluídas do lucro líquido como ajustes para a identificação do lucro real e da base da CSLL. Fl. 4144DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 24 23 Em uma situação como a vertente – em que investida incorpora patrimônio de investidora formado por participação societária adquirida com ágio fundado em expectativa de rentabilidade futura – o lucro contábil da sucessora será minorado pela contrapartida à amortização do ágio, o que impactaria negativamente o fluxo de dividendos. Com vistas a minimizar esses efeitos no fluxo de dividendos – e em especial atenção a acionistas minoritários, que não tem poder para determinar os rumos das deliberações sociais –, a CVM estabeleceu que as companhias investidoras/incorporadas constituíssem a provisão em apreço antes da incorporação, em valor nunca inferior ao montante da diferença entre o valor do ágio e do benefício fiscal decorrente da sua amortização. Nesse contexto, atingiuse finalidade acima adiantada com a estatuição de que a reversão da provisão aconteceria pari passu com a amortização do ágio. As exclusões objeto do rechaço da autoridade fiscal revestemse justamente dessa natureza, é inegável que os valores excluídos correspondem à neutralização, para fins da composição do lucro real e da base de cálculo da CSLL, das receitas advindas da reversão da provisão em causa. Ora, como todo o trabalho fiscal foi desenvolvido no sentido de se condenar a amortização do ágio que alegadamente formouse de modo espúrio, deveria a autoridade fiscal, consequentemente, atingir o lançamento contábil próprio – qual seja, a despesa reconhecida em contrapartida à amortização do ágio –, e não o ajuste empreendido pelo sujeito passivo. E nem se alegue que a autuação poderia ser mantida pelo fato de que as despesas reconhecidas quando da amortização equivalem numericamente às exclusões das receitas de reversão da provisão da IN CVM 319/99. De fato, tratase de lançamentos contábeis absolutamente diversos, e a equivalência aqui vislumbrada apenas tem lugar pelo fato de que a provisão foi constituída no exato valor do ágio, e não necessariamente as coisas se passam dessa maneira, o que claramente se constata pela leitura da supratranscrita alínea “a” do §1o do art. 6o do diploma normativo da CVM. Destarte, percebese que a acusação fiscal em causa, para lançar mão desse conceito tão conhecido do processo civil, é manifestamente inepta, eis que é inepta a peça vestibular quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão (inciso II do parágrafo único do art. 295 do CPC). Para além disso, é preciso trazer à balha o crasso equívoco cometido pela r. autoridade fiscal, que em seu Relatório expressamente acusa o sujeito passivo de ter prestado informação falsa quanto à adição ao lucro contábil dos valores atinentes à despesa reconhecida por ocasião da constituição da discutida provisão da IN CVM n. 319/99. Com efeito, o sujeito passivo traz aos autos, às fls. 2067 e 2068, a Parte A do Lalur da MVSO, em que se vê claramente que, em 30.6.2008 – um dia antes da cisão –, é feita a adição de R$ 77.951.008,52. Ou seja, a constituição da provisão foi fiscalmente neutra, e é óbvio que a sua reversão também deveria ser indiferente para fins fiscais, o que revela que as exclusões atingidas pela autoridade fiscal são manifestamente apropriadas, de modo que a apuração dos tributos em causa pelo sujeito passivo é, nesse ponto, irrepreensível. Fl. 4145DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 25 24 Importante consignar que esse Colendo CARF já se debruçou sobre lançamento fiscal acometido do mesmo vício, julgamento esse que cujo acórdão restou assim ementado, verbis: (...) TRIBUTAÇÃO DA REVERSÃO DA PROVISÃO INSTRUÇÕES CVM 319 E 349. Nos termos da Instrução CVM nº 319, de 1999, com as alterações da Instrução CVM nº 349, de 2001, nas incorporações reversas o ágio com fundamento em perspectiva de rentabilidade futura deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis da incorporadora pelo montante do benefício fiscal esperado (parcela com substância econômica); esse reconhecimento se opera mediante constituição da Provisão Instruções CVM 319 e 349, no valor do ágio não recuperável (diferença entre o valor do ágio apurado e o benefício fiscal decorrente da sua amortização), que deve ser apresentada como redutora da conta na qual o ágio foi escriturado. ERRO NO ENQUADRAMENTO LEGAL E DESCRIÇÃO DOS FATOS. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Constatado erro no enquadramento legal e descrição de fatos, devese cancelar a exigência. Se a infração apontada pelo Fisco diz respeito a exclusões indevidas do Lucro Real, mas a irregularidade cometida foi a contabilização de despesas indedutíveis, o crédito tributário deve ser cancelado. Recurso Voluntário Provido. (Acórdão n. 1402001.461; 2a Turma da 4a Câmara da 1a Seção; Cons. Rel. Carlos Pelá; j. 8.10.2013) As seguintes passagens, extraídas desse r. decisum, evidenciam a similitude entre os feitos em testilha e com muita propriedade dirimem a controvérsia submetida à apreciação daquela Colenda Turma, litteris: Contabilmente, a Recorrente reduziu seu Lucro Líquido mediante apropriação de despesa de amortização de ágio, conforme Ficha 05, linha 31 “Outras Despesas Operacionais”. Já o aumento do Lucro Líquido ocorreu mediante reconhecimento de receita de Reversão dos Saldos das Provisões Operacionais, conforme Ficha 06, linha 28 “Reversão dos Saldos...” (conta de receita nº 3.02.05.01.01 – Reversão Provisão Instruções CVM 319 e 349, às fls. 569, 68 9, 259). Em relação ao Lucro Real, o mesmo foi reduzido mediante exclusão da reversão referida, conforme Ficha 09, linha 29 “() Reversão dos Saldos das Provisões Não Dedutíveis”. Fl. 4146DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 26 25 O Lucro Líquido não se alterou, pois a sua redução pela despesa foi compensada pela receita de reversão de despesa, mas o Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL, no entender da fiscalização, teriam sido indevidamente reduzidos. Em razão disso, e considerando que o ágio apurado pela Recorrente seria fictício, a fiscalização glosou as referidas exclusões, e apurou novamente o Lucro Real e a Base de Cálculo da CSLL da Reco rrente nos AC2007 a 2009, cálculos estes localizados no ANEXO I do Termo de Verificação e Encerramento de Procedimento Fiscal (os cálculos foram elaborados com base nas DIPJ e apresenta comparação entre os Valores Apurados pelo Sujeito Passivo versus Valores Apurados pela Fiscalização) às fls. 3179/3209. Do exposto, o que se verifica é que, ao invés de glosar a amortização do ágio, a fiscalização glosou a exclusão da reversão dos saldos das provisões operacionais, o que não pode ser aceito em face da legislação vigente. O equívoco da interpretação fiscal está em tentar correlacionar a reversão da provisão operacional sobre realização de ágio (“receita”) e a despesa de amortização de ágio contabilizadas, haja vista que tais lançamentos não possuem qualquer relação e muito menos o efeito de anulação recíproca, ainda que matemática. A contabilização dessa provisão decorre da observância ao disposto no art. 6º, § 1º, da Instrução da Comissão de Valores Mobiliár ios (CVM) nº. 319/99, com a redação que lhe foi dada pela Instrução CVM nº. 349/01. Essa norma pauta a contabilização, na incorporadora excontrolada, do ágio apurado pela incorporada ex controlada, do ágio apurado pela incorporada ex controladora quando da aquisição do investimento na excontrolada. Em resumo, o dispositivo citado objetiva circunscrever os efeitos contábeis do ágio aos seus as pectos fiscais diante da incorporação de uma sociedade contro ladora por sua controlada. Vejamos: (...) A CVM buscou expurgar das demonstrações financeiras valores que não tivessem significação econômica. Por isso, determinou a constituição, na incorporada, de provisão (redução concomitante do ativo e do patrimônio líquido) em montante equivalente à diferença entre o valor do ágio e o do benefício fiscal decorrente da sua amortização (§1o, “a”). O valor líquido remanescente dessa operação (ágio – Fl. 4147DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 27 26 provisão) deveria ser registrado em conta do patrimônio líquido da incorporadora denominada “Reserva Especial de Ágio” (§ 1º, “b”), enquanto o ativo da incorporadora deveria registrar esse mesmo valor líquido no circulante ou no realizável a longo prazo de acordo com a expectativa de realização do ágio (§ 1º, “d”). Leiamse as orientações do Manual de Contabilidade: “O próximo passo do processo de incorporação reversa é promover a incorporação da sociedade veículo (Cia. “Y”) pela Cia. “B”, sua controlada direta, a qual utilizará a despesa fiscal de amortização do ágio [...] Ocorre que esse ágio, se fosse amortizado contabilmente também (o que acontecia até 2008), produziria uma redução do lucro de “B” [...] Por isso determinou a CVM em sua Instrução no 319/99, com as alterações promovidas pela Instrução CVM no 349/01, que precisavam ser feitos ajustes nas rubricas de ativo (ágio por rentabilidade futura incorporado) e de reserva especial de ágio na Cia. “B” no sentido de que se contabilizasse, a crédito do referido ágio uma conta retificadora, a débito da conta de patrimônio líquido criada com a incorporação, normalmente uma reserva para futuro aumento de capital; o valor desse lançamento devia corresponder ao total do ágio diminuído do benefício fiscal decorrente de sua amortização, fazendo com que assim o ativo correspondesse apenas ao valor desse benefício. Essa conta retificadora só era transferida para o resultado à medida da baixa do ágio a que se referia. E a reserva só podia ser incorporada ao capital à medida do efetivo aproveitamento fiscal da amortização do ágio (IUDÍCIBUS, Sérgio de... [et. al.]. Manual de Contabilidade Societária. – São Paulo: Atlas, 2010, p. 446)” Diante disso, verificase que a Recorrente procedeu corretamente constituindo provisão no valor de R$ 52.658.258,00, fazendo com que as amortizações mensais do ágio (cuja contrapartida constitui despesa) passassem a ter o mesmo valor da reversão da provisão constituída (cuja contrapartida é uma receita). Destaquese, por oportuno, que a despesa correspondente à referida provisão foi adicionada ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, em Fl. 4148DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 28 27 2004, nos termos do artigo 335 do RIR/99, já que não se trata de provisão com dedutibilidade expressamente autorizada. Ocorre que, na constituição da provisão, não houve reflexo no resultado contábil apurado, uma vez que sua contrapartida se deu diretamente em conta do patrimônio líquido, sem transitar pelo resultado. Justamente por isso, considerando que a contabilização da provisão não gerou efeitos fiscais no momento de sua constituição, sua reversão também não poderia. Essa reversão é realizada com lançamentos a crédito de conta de resultado, os quais resultam, por via de consequência, em um aumento do lucro real e da base de cálculo de CSLL. Logo, o procedimento de exclusão, via Lalur, dos valores contabilizados como receita, era o único caminho que a Recorrente poderia ter seguido a fim de manter a neutralidade da constituição da provisão e de sua reversão. Noutras palavras, a exclusão do LALUR apenas neutraliza a reversão da provisão para realização de ágio. Dessa forma, é incorreta a conclusão final da autoridade fisca l no sentido deque a exclusão realizada no Lalur caracteriza a infração, pois o que de fato diminuiu a de cálculo do IRPJ e CSLL foram as despesas com amortização de ágio. Se a intenção do Sr. agente fiscal era glosar o aproveitamento fiscal do ágio, deveria ter glosado diretamente sua amortização e não questionado as receitas decorrentes da reversão da provisão. Forçoso concluir, pois, que a Sr. agente fiscal incorreu em vício material, já que embasou incorretamente a autuação. (fls. 3740 do Acórdão; sem grifos no original) Comungo do entendimento acima externado, é notório que as autuações estão eivadas de inafastável vício material, eis que a autoridade fiscal não identificou os lançamentos contábeis que, em se admitindo a ilegitimidade da amortização fiscal do ágio sub examen, deveriam ser alcançados. Por fim – e apenas como um adendo, já que as razões acima delineadas são mais do que suficientes para demonstrar o descabimento das exigências –, é preciso dizer que a autoridade autuante também se equivocou quanto ao momento da formação do ágio. Ao contrário do que se lê no Relatório Fiscal – que finca a formação do ágio na supracitada 8a operação, de 1o de julho de 2008, data da cisão da MVSO –, a maisvalia aqui controvertida surgiu no momento em que teve lugar a incorporações das ações da Florença Veículos S/A pela Padovas Participações S/A, em 17 de janeiro de 2008. Realmente, nesse dia 17 de janeiro de 2008, as ações da Florença Veículos – cujo valor contábil era de R$ 11.552.959,12 – foram incorporadas pela Padovas Participações Fl. 4149DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 29 28 S/A pela cifra de R$ 92.109.192,99, correspondente ao valor de mercado dessas ações. Foi nesse momento em que a Padovas Participações S/A deu aos acionistas da Florença Veículos R$ 92.109.192,99 de ações de sua emissão em troca do investimento detido na Florença, que contabilmente valia R$ 11.552.959,12. Por todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do sujeito passivo nesta parte, de modo que devem ser cancelados os correlatos créditos tributários. Prejudicada a discussão quanto à legitimidade da qualificação da multa de ofício, que apenas recaiu sobre os tributos discutidos neste tópico. Da qualificação da multa de ofício (art. 44, I c/c §1º da Lei 9.430/96) Para a hipótese de meus pares não comungarem de semelhante pensamento quanto ao cancelamento da exigência fiscal sobre as exclusões supostamente indevidas das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL referente à amortização de ágio interno, permitome proceder à análise da qualificação da multa de ofício aplicada. Como relatado, a justificativa para tal qualificação repousa aos fólios n. 13431346, sendo que o seguinte excerto, também constante do Relatório Fiscal, bem resume o porquê dessa majoração, litteris: “A adoção do percentual qualificado no caso das exclusões baseadas nas amortizações de ágio ficto se justifica pela constatação de que as infrações foram cometidas com base em artifícios fraudulentos que envolviam o uso abusivo de personalidade jurídica com o fim exclusivo de operar reduções e supressões de tributos. Consoante descrito anteriormente, ficou constatado que havia desde o início da reestruturação societária, como intenção primeira da administração da Florença Veículos S/A, a artificial construção de uma condição que pudesse gerar a redução dos tributos. Esta intenção é revelada primeiramente, pela realização de um conjunto de “operações estruturadas em seqüência” no qual não se pode observar outros fins senão os de, ao seu final, gerar o ativo fictício sob comento, assim como, blindar o patrimônio formado a partir dos recursos extraídos da “empresaalvo” e transferidos para a Florença Caminhões S/A. É revelada, em segundo lugar, pela forma forcejada como o sujeito passivo busca amparar a realidade fática diversa que o envolve na base legal informada, ou seja, na inadmissível falta de compreensão de conceitos básicos das legislações societária e tributária sobre o assunto. E, ainda, é revelada explicitamente na parte B do Protocolo e Justificação de Cisão Parcial Seguida de Versão do Patrimônio Cindido à Sociedade Já Existente Anexo III da Ata da AGE da Florença Veículos realizada em 1º/07/2008 (fls. 372), quando menciona no seu item “d” que: […] Fl. 4150DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 30 29 d) Possibilidade de maximização de resultados com minimização de carga tributária, mediante aproveitamento de benefícios nos termos dos artigos 7º e 8º da Lei 9.532/97. (grifos destes AFRFB) […] De forma que, conforme temos visto, apenas o objetivo “d”, ou seja, apenas o objetivo geral da maximização dos resultados e minimização da carga tributária foi realmente perseguido pelo Grupo. Podemos observar a consistência deste objetivo tanto nesta operação específica quanto ao longo de todo o conjunto de “operações estruturadas em seqüência” (fls. 13431344, destaquei) Em contrapartida, o Recorrente defende a inaplicabilidade da qualificadora (150%) na multa de ofício “porquanto não houve, no caso, fraude nas operações que acarretam (i) a constituição da PROVISÃO IN CVM 319/349, (ii) a adição da despesa com sua constituição, bem como (iii) a exclusão das receitas decorrentes da sua posterior reversão contábil” (fl. 3.373). Pois bem. É cediço, neste colegiado, o entendimento de que a dobra da sanção de 75% (setenta e cinco por cento) só se justifica nas hipóteses em que resta caracterizado dolo específico, atinente à prática dos delitos previstos pelos artigos 71 a 73 da Lei n. 4.502/64, conforme prevê expressamente o art. 44, §1º da Lei n. 9.430/96, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Assim, cumpriria à r. autoridade autuante demonstrar cabalmente que o Recorrente – agindo com o dolo específico – buscou impedir ou retardar o conhecimento por parte da Fazenda da ocorrência do fato gerador ou condições capazes, como in casu quanto à amortização do ágio, de reduzir as obrigações tributárias decorrentes da apuração do Lucro Real. Eis a dicção daqueles dispositivos, verbis: Art. 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.” Fl. 4151DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 31 30 “Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.” “Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. (destaquei) Acontece, entretanto, que esta não é a hipótese dos presentes autos. Primo ictu oculi, ressalto que não costa no relatório fiscal a submissão de qualquer possível conduta dolosa supostamente praticada pelo Recorrente àquelas abstratamente previstas nos supratranscritos arts. 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502/64, o que entendo ser suficiente para afastar a aplicação da multa qualificada, já que não fundamentada na legislação especial aplicável, mas apenas genericamente no art. 44, I c/c §1º da Lei n. 9.430/96. Em situações como o presente, este E. Conselho possui entendimento pacífico no sentido de que a falta de indicação precisa quanto ao enquadramento da qualificadora nas hipóteses dos arts. 71 a 73 da Lei n. 4.502/96 é causa redução da multa de ofício para seu percentual ordinário (75%), confirase ilustrativamente: “[…] MULTA QUALIFICADA. IMPROCEDÊNCIA. Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada, comprovando que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º. 4.502, de 1964” (Acórdão n. 1302001.257, Rel. Cons. GUILHERME POLLASTRI GOMES DA SILVA, PDJ 21/02/2014) “[…] MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. JUSTIFICATIVA PARA SUA APLICAÇÃO. Somente é justificável a exigência da multa qualificada prevista no artigo art. 44, II, da Lei n 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº. 4.502, de 1964. O evidente intuito de fraude deverá ser minuciosamente justificado e comprovado nos autos.” (Acórdão n. 2102002.936, Rel. Conselheiro Marcelo Silva, DJ 25/09/2014) Ademais, ainda que superada a ausência de indicação de tais dispositivos a qualquer momento do Relatório Fiscal, o trecho supratranscrito da acusação não demonstra que o Recorrente tenha, ao menos tentado, impedir ou retardar o conhecimento por parte da Fiscalização quanto à operação realizada ou o fato gerador da obrigação tributária, o que, se ocorrido, poderia até justificar a manutenção da multa qualificada, ante a submissão do comportamento doloso à situação do art. 71 da Lei n. 4.502/64. Porém, igualmente tal possibilidade não foi ocorreu. Com efeito, no próprio Relatório Fiscal consta que todas as informações nas quais se fundamentaram os lançamentos foram obtidas diretamente na contabilidade do Recorrente e por meio da conjugação destas com as informações prestadas nas respectivas Fl. 4152DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 32 31 DIPJs e DCTFs do período analisado, conforme se extraí do excerto abaixo, elaborado pela Fiscalização, verbis: “Pelo exame dos Lalur/Lacs, bem como, pelo cotejo entre as informações contidas nestes livros e as inseridas nas DIPJ e DCTF, foram constatadas reduções de pagamento do adiantamento referente às estimativas de IRPJ/CSLL em quase todos os períodos de apuração compreendidos entre julho2008 e dezembro2010. Da mesma forma, ocorreram reduções de pagamento de IRPJ/CSLL referentes aos ajustes anuais correspondentes aos anoscalendário 2008 a 2010. Estas reduções de pagamento foram motivadas por exclusões procedidas pelo sujeito passivo das bases de cálculo desses tributos. Se, conforme antecipamos, para efeitos tributários tal procedimento é irregular, do ponto de vista da contabilidade societária o controle desses fatos contábeis seguiu, ao menos, a literalidade das determinações para as companhias abertas do art. 6º da IN CVM nº 319/99, com as alterações da IN CVM nº 349/01.” (fl. 1306, destaquei) Vejase que o trecho acima transcrito corrobora as alegações do Contribuinte no recurso voluntário, quando afirma que todas as operações foram registradas em sua escritura contábil, na JUCEPAR e na Receita Federal do Brasil, o que deve ser interpretado como inequívoca presunção de boafé que não foi ilidida pela Autoridade Autuante ou mesmo pela DRJ/FOR para fins de enquadramento em uma das hipóteses da Lei n. 4.502/64. Confirase o trecho abaixo do Voluntário e que é corroborado pela jurisprudência pacífica da Câmara Superior deste E. Conselho, segundo a qual a conduta dolosa deve ser comprovada pela fiscalização com base na verificação da falsidade ou insubsistência das informações na documentação contábil ou, quando menos, da explícita conduta temerária do contribuinte, litteris: [trecho do voluntário] “Ou seja, não houve a apresentação de elemento inexato ou omissão de operação de qualquer natureza. Bem ao contrário, conforme demonstrado, todos os elementos apresentados foram verdadeiros e utilizados pela própria fiscalização em seus valores exatos para a lavratura dos autos de infração (tanto o valor do ágio gerado, quanto o valor da provisão constituída). Também não houve qualquer operação omitida pela Recorrente, uma vez que todas as operações foram (i) registradas na JUCEPAR, (ii) publicadas em jornais de grande circulação e (iii) declaradas à RFB por meio de DIPJ.” (fl. 3378, grifos originais) [jurisprudência deste Conselho] “Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2003, 2004 MULTA QUALIFICADA. MANUTENÇÃO. A fraude se caracteriza por uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe, sempre, a intenção de causar dano à fazenda pública, num propósito de liberado de se subtrair no todo ou em parte a uma obrigação tributária. Assim, ainda que o conceito de fraude seja amplo, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de Fl. 4153DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 33 32 causar dano à fazenda pública, onde, utilizandose de subterfúgios, escamoteia na ocorrência do fato gerador ou retardam o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. Ou seja, o dolo é elemento específico da sonegação, da fraude e do conluio, que a diferenciada declaração inexata ou da falta ou pagamento a menor do tributo ou da omissão de rendimentos na declaração de ajuste anual, seja ela pelos mais variados motivos que se possa alegar. Dessa forma, o intuito doloso deve estar plenamente demonstrado (nota fiscal fria, calçada, declaração do beneficiário do pagamento de que não prestou os serviços etc), sob pena de não restarem evidenciados os ardis característicos da fraude, elementos indispensáveis para ensejar o lançamento da multa qualificada. O intuito do contribuinte de fraudar não pode ser presumido: Compete ao fisco exibir os fundamentos concretos que revelem a presença da conduta dolosa. Se, por um lado, cabe ao contribuinte comprovar as despesas deduzidas dos rendimentos tributáveis declarados, sob pena de serem glosados, como ocorreu no lançamento em comento, de outra banda, compete à fiscalização apresentar os elementos de prova que demonstrem a intenção do contribuinte de fraudar o fisco. A multa qualificada não é aplicada somente quando existem nos autos documentos com fraudes materiais, como contratos e recibos falsos, notas frias etc. Decorre também da análise da conduta ou dos procedimentos adotados pelo contribuinte que emergem do processo. Nos documentos glosados há demonstração que houve evidente intuito de fraude pela da contribuinte em se apurar uma base de cálculo do imposto abaixo do limite, justificandose, portanto, a aplicação da multa de ofício qualificada. Recurso especial provido” (Acórdão n. 9202003.128, Rel. Conselheiro MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, DJ 02/06/2014, destaquei) “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2002, 2003, 2004 MULTA QUALIFICADA. CONDUTA REITERADA. A escrituração e a declaração sistemática de receita menor que a real, provada nos autos, demonstra a intenção, de impedir ou retardar, parcialmente o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal por parte da autoridade fazendária e enquadrase perfeitamente na norma hipotética contida do artigo 71 da Lei 4.502/64, justificando a aplicação da multa qualificada”. (ACÓRDÃO CSRF/0105.810 em 14 de abril de 2008). Recurso Especial Provido.” (Acórdão n. 9101 001.956, Rel. Conselheiro JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, julgado em 18/07/2014) Além disso, a despeito de ser repetitivo reproduzir, aqui, todas as conclusões fazendárias que motivaram a qualificação da multa de ofício, para fins de ilustração creio ser indispensável repisar que a Fiscalização em momento algum no procedimento investigatório concluiu pela imprestabilidade/falsidade dos documentos contábeis do Recorrente ou que seu comportamento e procedimento adotados excederam o dolo próprio da alegada exclusão de montantes da base de IRPJ e da CSLL, limitandose a defender que esse dolo decorreria do “reiteramento da conduta ao longo do tempo e da significância dos valores”, conforme se observa abaixo: Fl. 4154DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 34 33 “Ainda, quanto à intenção dolosa, fazemos questão de inserir um trecho do voto proferido, em 02/06/2008, pelo ilustre Relator AuditorFiscal da Receita Federal Dr. Gilson Wessler Michels, em julgamento administrativo da DRJ/FNS sobre auto de infração veiculado no processo nº 10925.002000/200751. (…) Em verdade, a caracterização da intenção fraudulenta pode ser efetuada por várias vias distintas, mas não há dúvidas de que uma das maiores consistentes e seguras é aquela vinculada à caracterização do reiteramento da conduta ao longo do tempo e da significância dos valores subtraídos à tributação. Sim, pois enquanto o reiteramento afasta o erro voluntário, a conduta nãointencional, a significação dos valores subtraídos à tributação fornece o objetivo, o motivo para o ato intencionalmente infracional […] A materialidade é evidenciada nas planilhas de apuração que compõem os ANEXOS I a IV do presente Relatório, que informam as diferenças ente os valores efetivamente declarados e pagos pelo sujeito passivo e os tributos devidos pelo Fisco. Por fim, também ressaltar que é elementar, em situações como as sob relato, que a infração à legislação tributária seja acompanhada de transgressão das normas societárias. Foi demonstrado anteriormente que nos procedimentos contábeis do sujeito passivo, para levar a efeito o objetivo pretendido de reduzir as bases de cálculo dos tributos, infringiu as dispositivos da legislação societária materializados nas IN CVM nº 247/96 e 319/99.” (fl. 1346, destaquei) No entanto, as conclusões pela qualificação da multa com base somente na verificação de (i) a prática de conduta de sonegação continuada; (ii) a significância dos valores subtraídos da tributação, apurados nos referidos Anexos I a IV do Relatório Fiscal; e (iii) a violação à legislação societária são manifestamente infundadas, conforme pacífico posicionamento da C. Câmara Superior de Recursos Fiscais: “IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. GLOSAS DESPESAS MÉDICAS, PENSÃO, DEPENDENTES E INSTRUÇÃO. MULTA QUALIFICADA. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO COMPROVADOS. SIMPLES CONDUTA REITERADA. IMPOSSIBILIDADE AGRAVAMENTO. De conformidade com a legislação tributária, especialmente artigo 44, inciso I, § 1º, da Lei nº 9.430/96, c/c Sumula nº 14 do CARF, a qualificação da multa de ofício, ao percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento), condicionase à comprovação, por parte da fiscalização, do evidente intuito de fraude do contribuinte. Assim não o tendo feito, não prospera a aplicação da multa qualificada, sobretudo quando a autoridade lançadora utiliza como lastro à sua empreitada a simples reiteração da conduta, fundamento que, isoladamente, não se presta à aludida imputação, consoante jurisprudência deste Colegiado. Recurso especial negado.” (Acórdão n. 9202002.341, Rel. Cons. RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, DJ 23/10/2012. No mesmo sentido: acórdãos ns. 9202.002.341; 9202.002.361; 9202.002.653; 9202.003.096 e 9202.003.195) Fl. 4155DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 35 34 “AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE CONDUTA DOLOSA DO CONTRIBUINTE. DESQUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. ÔNUS DO FISCO. CONDUTA REITERADA. DOLO NÃO COMPROVADO. Ainda que o contribuinte não tenha se desincumbido do ônus de provar as despesas consignadas em recibos, contra os quais há fortes indícios de inidoneidade, é do Fisco o dever de provar o dolo na conduta do contribuinte, do contrário a multa de ofício, embora cabível, não pode ser aplicada na modalidade qualificada. No caso dos autos, o Fisco não comprovou o dolo, notadamente porque tem prevalecido na jurisprudência do CARF que a prática da infração em exercícios seguidos não é suficiente para comprovar o evidente intuito de fraude que justifica a qualificação da multa.” (Acórdão n. 2802 003.116, Relator Cons. Renato Furtado, Julgado em 10/09/2014. No mesmo sentido: Acórdão n. 1402001.755; Acórdão n. 2802 003.047). Diante dessas considerações, reiterando que a Fiscalização não apontou ou comprovou detalhadamente o intuito inequívoco de fraude pelo Recorrente ou a qual dispositivo da Lei n. 4.502/96 se encaixaria a conduta tida por dolosa, fundamentandose tão somente no “reiteramento da conduta ao longo do tempo e da significância dos valores” (fl. 1346), o que a Câmara Superior deste Conselho entende insuficiente, dou provimento ao recurso para afastar a qualificação da multa de ofício. Despesas financeiras consideradas indedutíveis Consoante narrado, a glosa aqui discutida decorreu da conclusão da autoridade fiscal no sentido de que parte das despesas financeiras suportadas pela Recorrente entre janeiro/2008 e dezembro/2010 seriam desnecessárias às atividades sociais; isso porque, ao passo que tomava bastantes empréstimos onerosos de instituições financeiras, a Recorrente emprestava gratuitamente vultosas quantias a pessoas físicas e jurídicas ligadas. As autuações são improcedentes. Com efeito, é preciso consignar que se trata de uma despesa cuja existência é absolutamente inegável, é indiscutível que os financiamentos tomados pela Recorrente geraram as correlatas receitas financeiras às instituições financeiras mutuantes, obviamente suportadas pelo sujeito passivo. Salientese também que a autoridade fiscal jamais teceu acusação no sentido de que tais despesas teriam sido reconhecidas em duplicidade – é dizer, pela Florença Veículos e também pelas pessoas ligadas que tomavam os empréstimos gratuitos da Florença Veículos –, sendo que o sujeito passivo expressamente afirma que tal aproveitamento dúplice não teve lugar às fls. 1955. Ora, é claramente açodada a conclusão fiscal no sentido de que, por manter mútuos ativos gratuitos com pessoas ligadas, seriam parcialmente desnecessários os mútuos onerosos contraídos pela Recorrente. Fl. 4156DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 36 35 De fato, é muito plausível a alegação do sujeito passivo no sentido de que dispunha de mais facilidade para a obtenção de crédito a boas taxas do que as pessoas ligadas aqui consideradas, eis que era a empresa líder do grupo econômico em apreço, detentora de marca que aparentemente era conhecida na região. É importante asseverar que a própria autoridade fiscal reconhece essa posição de liderança da autuada, e não penso que a legislação do imposto de renda imponha às pessoas comportamentos irracionais em termos econômicos. É certo que o dispêndio efetivamente teve lugar. Nesse quadro, levando em conta os mútuos gratuitos que concedia às pessoas ligadas, (i) ou a despesa indiscutível seria integralmente suportada pela Recorrente, (ii) ou seria rateada entre todos os beneficiários dos recursos emprestados. Uma vez que é inconteste que o rateio não teve lugar, é certo que as exigências sobre glosas de verdadeiras despesas não podem prevalecer, eis que a minoração nas bases de cálculo havida com essas despesas era expediente inarredável para que se pudesse captar precisamente o acréscimo patrimonial que deve ser gravado pelo IRPJ e pela CSLL. Em acréscimo a tais razões – suficientes, por si sós, para fulminar as glosas em testilha –, é mister trazer à balha o seguinte excerto, extraído do Recurso Voluntário da Recorrente, litteris: Logo, é fato incontroverso que a Recorrente possui papel fundamental dentro do “Grupo Florença”, bem como que, diante de seu potencial financeiro, os empréstimos a ela concedidos são remunerados por uma menor taxa de juros. Por isso, não há como negar que os valores emprestados as pessoas ligadas à Recorrente atendem aos critérios da necessidade, usualidade e normalidade, consignados no artigo 299 do RIR/99, razão pela qual não merece prevalecer a assertiva da E. DRJ de que “tal operação revela um nítido caráter de liberalidade”. Nem mesmo o caráter de gratuidade retira a natureza de despesa operacional dos encargos financeiros ora debatidos, haja vista que a Recorrente, e não as pessoas a ela ligadas, é a responsável pela liquidação dos juros perante as instituições. (...) Com efeito, verificase que a Recorrente nunca teve por objetivo gerar despesas para prejudicar o Fisco e, assim, reduzir as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Na verdade, as despesas de juros decorrentes dos contratos de empréstimos celebrados pela Recorrente, sejam ou não repassados às pessoas ligadas, constituem despesas operacionais, nos termos do artigo 299 do RIR/99. Portanto, tendo a Recorrente contratado junto a instituições financeiras empréstimos para manter o gerenciamento do Fl. 4157DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 37 36 “Grupo Florença”, é certo que as despesas de juros oriundas de tais contratos são necessárias e operacionais, devendo ser deduzidas na apuração do lucro real. Ressaltese que o posicionamento ora aventado já foi reproduzido, em diversas ocasiões, pelo antigo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, como se pode notas a partir da leitura das decisões abaixo colacionadas: “IRPJ. DESPESA FINANCEIRA. DEDUÇÃO DO LUCRO REAL. O Decreto no 3.000/99, em seu art. 299, determina que são dedutíveis na apuração do lucro real as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. A despesa financeira é, em regra, uma despesa operacional, saldo quando utilizado o recurso para fins estranhos à atividade fim. Se inexistente qualquer elemento de prova que descaracterize a normalidade e usualidade da contratação do empréstimo, a respectiva despesa com juros é dedutível na apuração do lucro real.” (Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF – 1a Turma da 1a Câmara Decisão) (g.n.) “IRPJ – GLOSA DE DESPESAS FINANCEIRAS – NECESSIDADE COMPROVADA – O simples fato de o contribuinte ser credor de empresa ligada, e de este crédito não lhe render juros, não retira de juros regularmente pagos a instituição financeira, por conta de contrato de mútuo, a condição de despesa necessária, mormente quando provado que o crédito concedido à empresa ligada, formalizado através de instrumento particular de confissão de dívida, foi uma decorrência de acordo judicial celebrado com credor de ambas. ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS – DEDUTIBILIDADE – São dedutíveis na apuração do lucro real do exercício em que foram incorridos, independentemente de pagamento, os acréscimos moratórios sobre tributos reconhecidos como devidos (art. 344, caput e § 5o). Recurso provido. Por maioria de votos, DAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Luís Alberto Bacelar Vidal que negava provimento e, o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães que dava provimento parcial ao recurso somente para afastar a glosa das despesas financeiras. JOSÉ CLÓVIS ALVES – PRESIDENTE.” Fl. 4158DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 38 37 (1o Conselho de Contribuintes – 5a Câmara – ACÓRDÃO 105 16.363 em 28.03.2007) (g.n.) (fls. 33943396) Outrossim, é preciso dizer que, na remota hipótese de as despesas em análise serem tidas como indedutíveis, deveriam os lançamentos de ofício serem parcialmente cancelados, tendo em vista que parte dos empréstimos gratuitos consubstanciavam, em verdade, adiantamentos para futuro aumento de capital. Tendo essa finalidade e natureza, emerge cristalina a conclusão no sentido de que a parcela da glosa que se liga a tais adiantamentos não pode prevalecer, é inafastável a necessidade das despesas – e esse é o pressuposto da glosa em causa. Frisese que o sujeito passivo faz prova da alegação de que parte dos empréstimos consistiam em adiantamentos para futuro aumento de capital, que repousa às fls. 20872088. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, de modo que devem ser canceladas as exigências de IRPJ e CSLL aqui consideradas. Da multa isolada. Aplicação após o encerramento do anobase das estimativas e concomitantemente com a multa de ofício Na remota hipótese de meus pares entenderem pela manutenção da exigência quanto à glosa das despesas financeiras suportadas pela Recorrente entre janeiro/2008 e dezembro/2010, passo à verificação do cabimento da aplicação da multa isolada pela “Falta de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ/CSLL” (fl. 1338) após o encerramento dos respectivos anosbases e a possibilidade de sua cumulação com a multa de ofício aplicada no presente caso. A fiscalização aplicou a multa isolada sobre as estimativas mensais de IRPJ e CSLL que, em razão da recomposição da base de cálculo, não foram recolhidas, e concomitantemente aplicou multa de ofício sobre os valores que não foram recolhidos no ajuste anual, verbis: “De acordo com o que tem sido relatado sobre as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, pela constatação da improcedência da dedutibilidade de parte dos encargos financeiros, bem como, pela improcedência total das exclusões baseadas em amortizações de ágio gerado internamente, as apurações desses tributos pelo sujeito passivo foram limitadas a uma parcela inferior ao que deveria ter sido de fato. Essas reduções consubstanciamse em infrações à legislação tributária que dizem respeito a estimativas mensais não recolhidas e a valores referentes a ajustes anuais não recolhidos que infringem os dispositivos relacionados abaixo.” (fl. 1342, destaquei). Tal entendimento foi mantido pela DRJ ao fundamento de que a aplicação conjuntada da multa de ofício “não tem o condão de excluir a multa isolada sobre as parcelas mensais de estimativas não recolhidas, haja vista trataremse de infrações distintas, possuidoras de tipificação legal específicas a cada uma delas” (fl. 3172). Fl. 4159DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 39 38 No recurso voluntário (fls. 3403/3405), o Recorrente aduz que não pode ser admitida a cobrança cumulativa da multa isolada com a multa de ofício, sobre os mesmos valores supostamente devidos a título de IRPJ e da CSLL, como ocorreu no processo, pelos seguintes fundamentos: “Com efeito, tratase de dupla incidência sobre a mesma materialidade, uma vez que os valores adicionados pela Fiscalização nas bases mensais, para cálculo da multa isolada pela suposta falta de recolhimento das estimativas de IRPJ e de CSLL, foram os mesmos incluídos no cálculo do ajuste anual para a cobrança da multa de ofício sobre os valores supostamente não recolhidos desses tributos.” (fl.3406, grifos no original) A questão é bastante conhecida e divergente neste E. Conselho em relação aos tributos e respectivas estimativas que deixaram de ser apuradas e recolhidas após a edição da MP n. 351 de 2007, convertida na Lei 11.488/2007 que alterou o artigo 44 da Lei n. 9.430/96, para incluir as alíneas “a” e “b” e revogar os incisos do seu parágrafo §1º. Eis a dicção vigente do dispositivo: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. A multa isolada, portanto, tem lugar quando o sujeito passivo, tendo optado pela sistemática do lucro real anual, deixa de efetuar o pagamento mensal do IRPJ e CSLL a título de estimativa, nos termos previstos pelo art. 2º da Lei n. 9.430/96. Sobre o tópico, creio inexistirem maiores dificuldades. Como é de conhecimento de todos os que operam na esfera fiscal, os recolhimentos mensais estimados configuram mero adiantamento de numerário aos cofres públicos, com vistas à consecução do desiderato governamental de manutenção da homogeneidade da arrecadação, dentro do mesmo anocalendário. Os fatos geradores do IRPJ e da CSLL, anualmente apurados, são, nesse cenário, reputados complexivos, eis se aperfeiçoarem fictamente em um único átimo, identificado ao último dia do exercício fiscal. No momento em que se esgota o período de Fl. 4160DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 40 39 apuração anual, temse, pois, o efetivo deslinde das bases de cálculo pertinentes, com o desvelo do montante de exação a ser recolhido. Em tal ocasião, deixam os recolhimentos antecipados de ter qualquer função, salvo no que se refere ao cotejamento de eventuais cifras a serem pagas (saldo positivo) ou a serem restituídas ou compensadas (saldo negativo). Noutras palavras, tão logo findo o exercício, há apenas de se aventar a cobrança do tributo complexivamente computado, tornandose despiciendo eventual inadimplemento dos pagamentos mensais estimados. Assim, terminado o período de apuração, denotouse existir valores a serem recolhidos pela interessada, a título de IRPJ e de CSLL – cifras estas ora lançadas. Não haveria, portanto, como se exigir, noutro anocalendário, o pagamento de estimativas pertinentes a período pretérito, já perfeito e finalizado (in casu os anoscalendários 2008, 2009 e 2010, tendo o lançamento ocorrido apenas em 10/11/2011, conforme fl. 1.392). Ora, se não pode ser cobrado qualquer valor estimado, é evidente que não se faz possível, da mesma maneira, imputar sanções pecuniárias derivadas do não pagamento tempestivo. Seria ilógico punir o sujeito passivo, por força da falta de antecipação de tributo, depois de já se ter certeza da exação complexiva a ser quitada – tributo este que já está sendo cobrado e que apenas foi. A multa isolada ora lançada é, portanto, incabível por justamente incidir sobre a diferença entre o valor total recolhido e aquele que, acrescido das despesas financeiras glosadas pela Fiscalização na presente autuação, deveria ter sido utilizado no recolhimento das estimativas mensais, diferença essa que também é a base para a multa de ofício aplicada. O entendimento ora exposto vigora, a pleno vapor, no seio deste colegiado, consoante se pode depreender das elucidativas ementas adiante transcritas: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 GLOSA DE DESPESA COM REMUNERAÇÃO DE DEBÊNTURES. DEDUTIBILIDADE. ACUSAÇÃO FISCAL INSUFICIENTE. IMPROCEDÊNCIA DA GLOSA. […] MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. VERIFICAÇÃO APÓS O ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, preceitua que a multa de ofício deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, materialidade que não se confunde com o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido efetivamente devido pelo contribuinte surge com o lucro apurado em 31 de dezembro de cada anocalendário. É improcedente a aplicação de penalidade pelo não recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. […].” (Acórdão n. 1402001.669, Rel. Cons. PAULO ROBERTO CORTEZ, DJ 10/06/2014) “Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES Fl. 4161DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 41 40 EMPRESAS DO MESMO GRUPO – […]. MULTA ISOLADA FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS Descabe exigir multa por falta ou insuficiência das estimativas mensais após o encerramento do ano calendário. LANÇAMENTOS DECORRENTES CSLL, PIS e COFINS O decidido quanto as infração à legislação do IRPJ aplicamse aos litígios relativos aos demais tributos em cujas bases de cálculo influenciaram.” (Acórdão n. 1301001.299, Rel. Cons. VALMIR SANDRI, DJ 27/03/2014) “[…] MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. VERIFICAÇÃO APÓS O ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, preceitua que a multa de ofício deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, materialidade que não se confunde com o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido efetivamente devido pelo contribuinte surge com o lucro apurado em 31 de dezembro de cada anocalendário. É improcedente a aplicação de penalidade pelo não recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. Ademais, não comporta a cobrança de multa isolada em lançamento de ofício, por falta de recolhimento de tributo por estimativa, sob pena de dupla incidência de multa de ofício sobre uma mesma infração. […]” (Acórdão n. 1402001.574, Rel. Cons. PAULO ROBERTO CORTEZ, DJ 20/03/2014) “IRPJ. CSLL. ESTIMATIVAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA COM MULTA PROPORCIONAL. Incabível a aplicação simultânea da multa isolada pelo não pagamento de estimativas apuradas no curso do anocalendário e da multa proporcional concernente à falta de pagamento do tributo devido apurado no balanço final do mesmo anocalendário. Isso porque o não pagamento das estimativas é apenas uma etapa preparatória da execução da infração. Como as estimativas caracterizam meras antecipações dos tributos devidos, a concomitância significaria dupla imposição de penalidade sobre a mesma infração, qual seja, o descumprimento de uma obrigação principal de pagar tributo.” (Acórdão n. 1102001.016, Rel. Cons. JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, DJ 18/03/2014) “Assunto: […] MULTA ISOLADA CONCOMITANTE COM MULTA DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. Tendo em vista que as estimativas são antecipações de tributo que será devido ao final do ano calendário, cujas obrigações são absorvidas a partir do encerramento do ano calendário pelo ajuste anual, não pode haver a cumulação da multa de ofício com a multa isolada, sob pena de dupla penalização sob o mesmo ato infracional.” (Acórdão n. 1401000.905, Rel. Cons. FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, DJ 07/01/2014) Fl. 4162DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 42 41 “IRPJ. CSLL. RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, findo o período de apuração, de um lado, e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado complexivamente, de outro lado. A infração relativa ao não recolhimento das estimativas mensais caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir a exação, no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é, sem dúvida, a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, ao passo que o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa da Fazenda, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação.” (Acórdão n. 180300.459, Rel. Cons. SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, DJ 29/10/2012) Acrescentase que esses supostos recolhimentos a menor das estimativas foram, de qualquer sorte, apurados apenas no lançamento ora impugnado e decorrem exclusivamente das glosas das despesas financeiras e exclusões da amortização do ágio que culminaram na recomposição da base de cálculo do IRPJ e da CSLL dos anos calendários de 2008 a 2010. Diante dessas considerações, DOU PROVIMENTO ao recurso quanto ao ponto, para afastar a incidência de multa isolada sobre as estimativas não recolhidas, seja porque não é possível sua aplicação após o encerramento do anocalendário a que se referem as estimativas, seja porque houve a cumulação com a multa de ofício, em evidente bis in idem. Da incidência de juros de mora (Selic) sobre a multa de ofício O Recorrente defende, ainda, a inexistência de previsão legal para que os juros, calculado à taxa SELIC, incidam sobre as multas isolada e de ofício por se tratar de instituto (penalidade) que não se confunde com tributos, cuja atualização com os juros de mora consta expressamente no art. 13 da Lei n. 9.065/95 e 84, I da Lei n. 8.981/95. Em setembro do ano passado, porém, fui vencido na 1ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Seção em relação à matéria (Processo n° 10980.722071/201276, Acórdão n° 1101000.942, Sessão de 13/09/2013). Na oportunidade, o voto vencedor da I. Conselheira Relatora Edeli Pereira Bessa adotou como fundamentos as razões do Acórdão n° 910100.539 da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no qual se entendeu que a autorização legislativa para aplicação dos juros sobre a multa mencionada seria revelada pela leitura sistemática do artigo 61 da Lei 9.430. Confirase: “Uma interpretação literal e restritiva do caput do artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do Sistema Tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p. 70), ‘interpretar uma norma é Fl. 4163DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 43 42 interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito’. (....) O art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas o relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente.” (Transcrição parcial do voto vencedor da Conselheira Viviane Vidal Wagner no Acórdão n° 910100.539,Câmara Superior de Recursos Fiscais, sessão de 11/03/2010). Não vejo, contudo, como aceitar tal entendimento. Inicialmente, reitero meu entendimento de que os juros moratórios possuem a natureza de indenizar o credor pelo atraso no adimplemento da obrigação pelo devedor, eis que aquele foi privado da utilização dos valores que permaneceram, indevidamente, em poder do credor. Em tributário, implica afirmar que a Fazenda Pública tem o direito subjetivo a receber o crédito tributário, enquanto que o sujeito passivo tem o dever objetivo de efetuar o pagamento da obrigação tributária no prazo previsto, sob pena de incidência dos juros moratórios, conforme dispõe o artigo 161 do CTN, litteris: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. (g.n.) No âmbito federal, o artigo 61 da Lei 9.430/96 estabeleceu a incidência de multa de mora e juros de moratórios quando for identificado o atraso no adimplemento dos tributos, verbis: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do Fl. 4164DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 44 43 primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Já as multas de ofício e isoladas, disciplinadas no art. 44 da Lei 9.430/96, segundo o qual: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: Temos, portanto, que no caso de imposição das multas de ofício e isolada (art. 44 da Lei n. 9.430/96) o legislador não previu a possibilidade de incidência de juros moratórios sobre essa penalidade pecuniária, diferentemente do que ocorreu na hipótese de aplicação de multa de mora, na qual o supratranscrito parágrafo terceiro expressamente trouxe essa autorização. Ora, se o legislador optou por não inserir a incidência dos juros de mora sobre o crédito da multa de ofício, é evidente a ausência de autorização legal para que o d. Auditor Fiscal tem incluído essa cifra no lançamento ora impugnado. Tal entendimento é corroborado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. Conselho, ao dar provimento ao recurso de divergência interposto pelo contribuinte justamente para afastar a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício aplicada, conforme se pode conferir na ementa do Acórdão n. CSRF/0203133, proferido em 06/05/2008, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL — CORNS Período de apuração: 01/03/1999 a 31/12/2003 COFINS. DECADÊNCIA. Nos casos de lançamento por homologação em que há a antecipação do pagamento, aplicase o artigo 150 §4° do CTN, contandose o prazo de 5 anos da ocorrência do fato gerador. NORMAS PROCESSUAIS. Em respeito ao principio da economia processual, se determinada questão é afeta diretamente ao processo administrativo fiscal em curso, deve ser conhecida e enfrentada de pronto. Desnecessário se aguardar outro momento futuro para fazêlo. ATUALIZAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE. FATOS GERADORES A PARTIR DE 1°/01/97. Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de oficio aplicada. Recurso Especial do Contribuinte Provido.” (Acórdão n. 02.03133, Relatora designada Conselheira Maria Teresa Martínez Lopez, julgado em 05/05/2008) No voto vencedor da Il. Conselheira Maria Teresa observouse, ainda, o equívoco de muitos julgados ao identificarem, corretamente, a ausência de previsão legal, mas equivocadamente buscarem no artigo 161 do CTN (norma subsidiária), o fundamento normativo para a aplicação dos juros moratórios sobre a multa de ofício, verbis: Fl. 4165DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 45 44 “Oportuno mencionar a existência de alguns julgados no sentido de que se a lei não prevê a incidência de juros à taxa Selic para a multa de ofício, deve ser aplicado o parágrafo 1º do artigo 161 do Código Tributário Nacional que assim dispôs: […] Com a devida vênia, não compartilho desse entendimento. O artigo 61 da lei nº 9.430/96 prevê a incidência de juros sobre ‘os débitos a que se referem o artigo’, ou seja, ao valor principal do tributo, de acordo com o caput do artigo. Não há, portanto, guarida na legislação para que a administração exija juros sobre a multa de ofício quando da cobrança do crédito tributário” (trechos do voto vencedor, g.n.). Com efeito, o parágrafo terceiro do referido artigo 61, supratranscrito, esclarece que a SELIC incide “sobre os débitos a que se refere este artigo”, isto é, sobre os tributos somente, in verbis: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o§3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” Assim, a interpretação literal dos artigos 161 do CTN com o artigo 61 da Lei n. 9.430 implica na afirmação de que os juros moratórios apenas podem incidir quando o CRÉDITO não for pago integralmente no vencimento, aquele entendido como montante originário tão somente de tributos (impostos, taxas e contribuições), não incluindo, portanto, as multas de ofício. Forte na convicção de que o artigo indicado não necessita de interpretação extensiva ou sistemática, ante a clareza do propósito legislativo, examinei a votação da referida Lei n. 9.430 na Câmara dos Deputados, que aborda o mencionado artigo 61 (cuja numeração inicial era 63), aprovado pelo plenário na sessão de 20/11/1996 (sem destaques ou emendas em relação ao dispositivo tratado): “16. O art. 62 sujeita as entidades submetidas aos regimes de liquidação extrajudicial e de falência às normas de incidência dos impostos e das contribuições de competência da União aplicáveis às pessoas jurídicas em geral. 17. O art. 63 altera o critério de incidência da multa de mora incidente sobre tributos e contribuições federais, não pago nos prazos estabelecidos, cujos fatos geradores ocorram a partir de 1 de janeiro de 1997. Os juros de mora, incidentes sobre os débitos Fl. 4166DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 46 45 cujos fatos geradores venham a ocorrer a partir de 1 de janeiro de 1997, continuarão incidindo segundo os mesmos critérios estabelecidos no art. 84 da Lei nº 8.981/95, combinado com o art. 13 da Lei nº 9.065/95 18. O art. 64 altera o critério de incidência dos juros de mora sobre o saldo do imposto a pagar das pessoas físicas (art. 14, III, da Lei 9.250/95), vem como sobre o saldo a restituir (art. 16 da Lei n° 9.250/95). O parágrafo único do artigo define com mais propriedade o critério de incidência dos juros sobre o ITR (de que trata o art. 14 da Lei n° 8.847, com as alterações do art. 6° da Lei n° 8.825, do art. 90 da Lei n° 8.981/95, e do art. 1° da Lei n° 9.065/95)” (Transcrição parcial do relatório apresentado na sessão plenária de 20/11/1996, para a votação do Projeto de Lei n° 2.448/96, que deu origem à Lei 9.430. Publicado no Diário Oficial da Câmara dos Deputados de 21/11/1996, página 30.365 – g.n.) Ora, o trecho fulmina qualquer possível alegação de que seriam devidos juros moratórios sobre créditos advindos de aplicação de multas (penalidades pecuniárias) porque, em primeiro lugar, esclarece que os juros incidem “sobre os débitos cujos fatos geradores venham a ocorrer”, o que indica que os débitos a que se refere o dispositivo são tributos. Em segundo lugar, porque, conforme salientado pelo Recorrente, o referido relatório esclarece que a intenção do dispositivo era rigorosamente a de reproduzir os critérios do art. 84 da Lei 8.981/95, o qual afirma de forma ainda mais clara a incidência de juros de mora sobre tributos apenas: “Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) I – juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna;” Em terceiro lugar, o relatório elaborado na Câmara dos Deputados demonstra que não há, no artigo 61 da Lei 9.430/96, um sentido oculto que transcenda sua interpretação literal, ou uma vontade implícita da lei de fazer incidir juros sobre multa pecuniária. Há, em verdade, uma ingerência criativa sobre o patrimônio do contribuinte, a qual é certamente nociva ao Estado Democrático de Direito. Sucessivamente, devese relembrar que apenas parte do crédito tributário exigido no auto ora impugnado tem como fato gerador a imposição de multa (arts. 113, §1º c/c 139 do CTN) e, sendo certo que a presente impugnação suspende a sua exigibilidade (art. 151, III, CTN), é inegável que não transcorreu o prazo para adimplemento da multa de oficio aplicada. Não vencida a obrigação, são descabidos quaisquer encargos moratórios. Concluindo, registro, que não desconheço os precedentes do Superior Tribunal de Justiça, segundo os quais os artigos 113 e o art. 161 do CTN não vedam a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, tais como o REsp 1.129.990/PR (Rel. Min. Fl. 4167DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 47 46 Castro Meira, Segunda Turma, DJ de 14/9/2009) e REsp 834.681/MG (Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ de 2/6/2010). Contudo, tais precedentes devem ser lidos em sua integralidade e observando a situação fática que lhes deu origem, haja vista que, naqueles casos, entendeuse cabível a aplicação de juros moratórios sobre multas de ofício tão somente porque, com o término do processo administrativo fiscal, o crédito exequível tornouse composto pela junção do crédito tributário e das penalidades pecuniárias. Como não houve quitação do crédito antes do vencimento, entendeuse possível a aplicação dos juros. É o que se extraí do voto do Exmo. Ministro Castro Meira, no leading case REsp 1.129.990, publicado em 14/09/2009, verbis: “De maneira simplificada, os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o inadimplemento do tributo, advém a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim, há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública” (g.n.) Por todo o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para afastar a aplicação da SELIC sobre as multas aplicadas, nos termos das razões acima declinadas. Da responsabilidade solidária Na improvável hipótese de as autuações prevalecerem integral ou parcialmente, procedo ao exame da responsabilização solidária de cada uma das 4 pessoas físicas e 3 pessoas jurídicas envolvidas. Para o cumprimento desse mister, é interessante trazer a lume o seguinte trecho do Relatório Fiscal, verbis: O exame de toda a documentação arrolada ao longo deste Relatório (em especial as atas de Assembléia Geral das quatro empresas) trouxe como conclusão, para efeito das cominações tributárias, a evidenciação da autoria e do grau de responsabilidade dos sócios da Florença Veículos S/A na realização dos ilícitos tributários praticados. Compulsando estes documentos podemos constatar a interação e comprometimento de todos os sócios e todas as quatro pessoas jurídicas do grupo envolvidas nas operações de reestruturação societária para o sucesso na perseguição da desejada redução ilícita do IRPJ e da CSLL devidos. Como demonstrado nos diagramas que ilustraram os oito momentos das “operações estruturadas em seqüência” (seção 2.4.1 do presente Relatório), nem todas os sócios Fl. 4168DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 48 47 participaram formalmente (diretamente) de todos os processos decisórios ocorridos nos sucessivos eventos societários, assim como, nem todas as pessoas jurídicas tiveram papel em todos esses eventos. Contudo, todas as pessoas físicas e jurídicas tomaram parte e ideologicamente (as pessoas físicas) consentiram com a realização do conjunto de “operações estruturadas em seqüência” que tinha (como pormenorizadamente discutido nas seções anteriores) por fim exclusivo a redução ou supressão do pagamento de tributos. (fl. 1348; sem grifos no original) As linhas acima transcritas revelam em resumo as premissas adotadas pela autoridade fiscal para a atribuição de solidariedade às pessoas físicas e jurídicas envolvidas, que não há de prosperar, consoante será demonstrado nas linhas a seguir. Responsabilidade das pessoas jurídicas – PADOVAS Participações S/A, MVSO Participações S/A e Florença Caminhões S/A A responsabilidade das três pessoas jurídicas em questão pode ser examinada em tópico único pelo fato de que o fundamento legal da atribuição de solidariedade de que lançou a autoridade fiscal é único, qual seja, o inciso I do art. 124 do CTN. As autuações são manifestamente improcedentes nesse ponto. Com efeito, a autoridade fiscal entende que as pessoas jurídicas em destaque devem ser responsabilizadas, basicamente, pelo fato de servirem de veículo para o final recebimento de elevados dividendos – R$ 15.515.560,44 entre 2009 e 2010 –, que teriam sido majorados em virtude das alegadamente indevidas reduções de IRPJ e CSLL aqui discutidas. A autoridade fiscal assevera ainda o seguinte, litteris: Além disso, essas pessoas [referindose às pessoas físicas e jurídicas responsabilizadas] aproveitaramse das condições financeiras superavitárias geradas na Florença Veículos para, nas suas condições de sócio: a) se beneficiaram de elevados valores cedidos gratuitamente pela Florença Veículos, a título de empréstimos ou adiantamentos, às próprias pessoas físicas dos sócios e a outras empresas do grupo; b) cindirem, em junho/2008, parte do “patrimônio líquido” (ou seja, apenas o ativo foi transferido) vertendo R$ 6.100.000,00 para a Florença Caminhões. (fl. 1349) Ora, os elementos colhidos pela autoridade fiscal de maneira alguma autorizam a responsabilização das pessoas jurídicas em apreço. Realmente, inexiste interesse comum entre sócio e investida pelo simples fato de a última pagar dividendos ao primeiro, pelo menos não no sentido encartado no citado inciso I do art. 124 do CTN, o que deve causar espécie é justamente o contrário. Fl. 4169DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 49 48 Igualmente, o fato de uma pessoa jurídica ou física ter recebido empréstimos gratuitos da Florença Veículos S/A apenas revela a notória dissociação entre os mutuários e a mutuante, não se cuida de signo a indicar a identidade entre as pessoas envolvidas. Com efeito, percebese que o grupo econômico em apreço efetivamente tinha o desiderato de segregar das atividades da Florença Veículos S/A o negócio da venda de caminhões, que, por suas peculiaridades, deveria se desenvolver no seio de sociedade específica. Essa parece ter sido a decisão empresarial, e isso motivou a constituição da Padovas Participações S/A – que passou a ter o papel de holding do grupo – e da Florença Caminhões S/A, que desenvolveria o negócio de mesmo nome. É preciso dizer que o fato de um determinado grupo econômico desenvolver diferentes – e mesmo que diferentes, mas conexas, complementares – em duas ou mais pessoas jurídicas diversas não encontra qualquer vedação no ordenamento jurídico pátrio. Igualmente, não há qualquer preceito legal que obrigue os integrantes de um grupo econômico qualquer a concentrar todos os recursos e atividades desenvolvidas em uma única pessoa jurídica. Não há que se falar que, quando negócios diversos de um mesmo grupo econômico – novamente, ainda que os negócios sejam complementares – são desenvolvidos através de uma pessoa jurídica, as pessoas jurídicas respondem solidariamente pelas obrigações fiscais umas das outras, pensar o contrário fere de morte o princípio da entidade. Não há evidências de que as entidades em questão se confundem, muito pelo contrário. De fato, a própria autoridade fiscal afirma que as atividades da Florença Veículos e Florença Caminhões são complementares, é dizer, não são a mesma coisa. O fato de a Florença Caminhões S/A ter recebido R$ 6.100.000,00 revela justamente a intenção de concentrar o negócio de caminhões nessa empresa – com a consequente separação de parte do capital aplicado, anteriormente empregado para o negócio de caminhões no seio da Florença Veículos S/A. Frisese que a autoridade fiscal cria subtópico intitulado – “Florença Caminhões – Confusão patrimonial MVSO x Florença Veículos” (fl. 1353), mas nada fala especificamente sobre a MVSO Participações S/A, apenas versa sobre os empréstimos gratuitos que a Florença Veículos S/A concedeu à Florença Caminhões S/A. A aplicação do inciso I do art. 124 do CTN exige que o operador proceda cum granum salis. São bastantes os precedentes e é farta a doutrina que externam que a responsabilidade solidária apenas pode se dar com esteio nesse dispositivo em casos extremos, basicamente quando as pessoas solidárias ocupam o mesmo polo nos negócios e situações jurídicos que desencadeiam obrigações tributárias, tais como o fato de um mesmo imóvel ter mais de um proprietário, no que tange à obrigação de pagar IPTU. Entendo que apenas se pode cogitar da aplicação desse dispositivo legal para além das citadas hipóteses tão relembradas pelos escólios doutrinários quando a autoridade fiscal demonstra de forma categórica a identidade entre as pessoas jurídicas controvertidas, que apenas formalmente constituem duas sociedades distintas, situação que não raro tem lugar em casos de interposição de pessoa. Não é isso o que se verifica quando uma pessoa jurídica desenvolve um negócio, outra empresa conduz uma atividade complementar e uma terceira é a Fl. 4170DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 50 49 holding do grupo – que obviamente será o canal entre os lucros obtidos pelas empresas operacionais e os sócios. Não há que se falar, pois, na responsabilização solidária das pessoas jurídicas em apreço. Da responsabilidade solidária das pessoas físicas Em relação às pessoas físicas, verificase que a autoridade fiscal funda a atribuição de responsabilidade tanto no citado inciso I do art. 124 do CTN quanto no inciso III do art. 135 do mesmo diploma legal. Foram responsabilizados (i) o Sr. Marcelo Pizani, (ii) o Sr. Sérgio Pizzani, (iii) a Sra. Maria Cristina Pizzani e (iv) Maria Fernanda Pisani Geara. De acordo com a autoridade fiscal, o Sr. Marcelo Pizani tinha posição central na gestão do Grupo Florença (fl. 1354), além de formalmente ser o DiretorSuperintendente da Florença Veículos S/A ao longo do período em que ocorreram as pretensas infrações aqui controvertidas. Nem o Sr. Sérgio Pizzani e nem a Sra. Maria Cristina Pizani foram gerentes da Florença Veículos S/A no período analisado, sendo que foram DiretoresGerais das empresas MVSO Participações S/A e Padovas Participações S/A. Quanto à Sra. Maria Fernanda Pisani Geara, temse que ela jamais assumiu qualquer cargo de direção nas empresas aqui discutidas, e é importante salientar a sua notória condição de sócia minoritária no grupo econômico em consideração. Não devem prevalecer as responsabilizações aqui examinadas. Com efeito, a autoridade fiscal jamais apontou qualquer ato em afronta à lei ou aos estatutos das companhias em causa que tenha sido praticado pelas pessoas físicas em análise, e isso nem mesmo quanto ao Sr. Marcelo Pizani, que detinha a posição central nos negócios do grupo. Deveras, apenas se diz que o Sr. Marcelo Pizani “participou e assinou todos os atos referentes aos eventos societários em questão, consoante pode ser atestado pela leitura das atas de Assembléias Gerais relativas às quatro empresas” (fl. 1354), o que não é suficiente para que este sócio tenha de responder pelos créditos tributários devidos pela Florença Veículos S/A. O sócio, mesmo que se cuide do sóciogerente, não se confunde com a pessoa jurídica de cujo capital participa, e o inciso III do art. 135 do CTN expressa e restritivamente só atribui a responsabilidade solidária àquele em relação aos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Fl. 4171DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 51 50 Não há que se falar em qualquer constatação dos atos a que alude o preceito legal discutido pelo simples fato de o sóciogerente ter participado de assembleias gerais das companhias em que detém investimentos. Na condição de um dos principais acionistas das empresas em análise, é muito natural que o Sr. Marcelo Pizani tenha participado de suas assembléias, e entender que essa circunstância engendra a solidariedade tratada no inciso III do art. 135 consagraria, ao fim e ao cabo, a responsabilidade dos sóciosgerentes por todos os lançamentos de ofício constituídos contra a respectiva sociedade, que participam de assembleias gerais, assinam balanços efetuados por contadores e etc.. É óbvio que tal interpretação, portanto, conduz ao absurdo, e nesse quadro há de ser rechaçada, na esteira das mais comezinhas regras de hermenêutica. De mais a mais, é despiciendo aduzir que as infrações à lei a que alude o dispositivo legal sub examen não se confundem com o descumprimento do dever legal de pagar tributo, apesar de que não há dúvidas que tais descumprimentos consubstanciam, também, infrações à legislação de regência do tributo em causa. Importante frisar também que toda a articulação da autoridade fiscal com vistas a atribuir a responsabilidade solidária às pessoas físicas em causa gravita em torno da participação, direta ou indireta, mais incisiva ou mais tênue, dessas pessoas na reestruturação societária que culminou com a formação e o aproveitamento do ágio discutido nesses autos. Ou seja, não há razão de ser a responsabilização quanto aos créditos tributários derivados da glosa de despesas financeiras. As considerações tecidas quanto à irresponsabilidade do Sr. Marcelo Pizani são perfeitamente aplicáveis para o deslinde da questão atinente à pretensa responsabilidade dos Srs. Sérgio Pizzani e Maria Cristina Pizani, que sequer eram diretores da Florença Veículos S/A. Por fim, quanto à Sra. Maria Fernanda Pisani Geara, devese dizer que a sua indicação como responsável solidária pelos créditos tributários em destaque é verdadeiramente tenebrosa. Essa Sra. nunca teve qualquer cargo de direção nas empresas envolvidas, sua participação nos negócios em análise é de menos de 1/3 da posição de cada uma das outras 3 pessoas físicas envolvidas. Contudo, a autoridade fiscal houve por bem incluíla como sujeito passivo das exações encerradas nesses autos, sendo que o seu mal restou assim descrito pela autoridade fiscal, verbis: A Sra. Maria F. P. Geara, que dentre as pessoas físicas envolvidas é a que tem papel mais discreto no processo decisório do Grupo Florença, participou do ato formal básico para a criação do ágio na AGE de 17/01/2008, assim como, tem aprovado as contas dos administradores e recebido dividendos distribuídos pela Florença Veículos S/A desde então. (fl. 1356; sem grifos no original) É no mínimo temerário sustentar que sócios minoritários e não gerentes devam ser responsabilizados, com fulcro no inciso III do art. 135 do CTN, por créditos Fl. 4172DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 52 51 tributários devidos pela empresa de que são sócios simplesmente por (i) participarem de assembleias sociais, (ii) aprovarem contas de administradores e (iii) receberem dividendos. Por todo o exposto, em sendo mantidas as exigências em face da Florença Veículos S/A, DOU PROVIMENTO aos Recursos Voluntários dos demais sujeitos passivos, de modo que não devem responder pelos créditos tributários mantidos. É como voto. (documento assinado digitalmente) BENEDICTO CELSO BENÍCIO JÚNIOR Relator Voto Vencedor Conselheira EDELI PEREIRA BESSA O recurso voluntário interposto pela autuada inicialmente se dirige contra a infração de “exclusões indevidas das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL” referentes à reversão da “Provisão IN CVM 319/349” constituída em razão do ágio gerado entre partes ligadas (“ágio interno”), tratada no item 2.3 do Termo de Verificação Fiscal. Afirma a impossibilidade de tributação da receita de reversão da Provisão IN CVM 319/349, não só porque todos os atos societários praticados foram legítimos e estavam em conformidade com a legislação societária e tributária vigente à época, mas também porque houve erro na fundamentação do lançamento, dada a legitimidade da exclusão do lucro líquido para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, dos valores correspondentes às receitas de reversão da Provisão IN CVM 319/349 realizada pela recorrente. Destaca excertos da acusação fiscal no sentido de que a referida provisão, quando constituída, não foram adicionada ao lucro real e à base de cálculo da CSLL, de que as amortizações de ágio não produziram efeito no lucro contábil porque acompanhadas dos lançamentos de reversão da provisão em referência, e de que as exclusões correspondentes à reversão da provisão não deveriam ter sido objeto de exclusão tendo em vista que os lançamentos contábeis procedidos pelo sujeito passivo já causavam um efeito 0 (zero) no resultado do exercício. Reportase às razões que motivam a constituição desta Provisão (proteção do direito ao fluxo de dividendos dos minoritários), assevera que a despesa correspondente à referida provisão foi adicionada ao lucro líquido para apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL pela incorporada MVSO, transcreve excerto da decisão recorrida que reconheceria referida adição, conclui que houve gravíssimo erro ao tributar as receitas decorrentes da reversão da Provisão IN CVM 319/349 e complementa que a autoridade julgadora de 1a instância buscou “salvar” os autos de infração”, quando o correto seria cancelálos, em razão de sua descabida fundamentação. A infração está assim descrita nos Autos de Infração sob análise: Fl. 4173DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 53 52 0002 EXCLUSÕES/COMPENSAÇÕES NÃO AUTORIZADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL EXCLUSÕES INDEVIDAS AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO GERADO INTERNAMENTE Valor excluído indevidamente do Lucro Líquido do período, na determinação do Lucro Real, conforme Relatório da Atividade Fiscal e seus Anexos. Fato Gerador Valor Apurado (R$) Multa (%) 31/12/2008 7.795.100,85 150,00 31/12/2009 4.814.286,95 150,00 31/12/2010 7.016.527,60 150,00 Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 02/05/2008 e 31/12/2010: art. 3º da Lei nº 9.249/95. Arts. 247 §1º, 250, 324, 385, 386 e 841 do Decreto nº 3.000/99 Alínea "a", do § 2º, do art. 14 da IN CVM nº 247/96, com as alterações das IN CVM nº 269/97 e nº 285/98; e, conseqüentemente, § 3º, do art. 6º da IN CVM nº 319/99. E, do Relatório da Atividade Fiscal às fls. 1281/1392 colhese os seguintes apontamentos: 2. DAS INFRAÇÕES RELATIVAS AO IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS (IRPJ) E À CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSLL) 2.1. DO RESUMO [...] Exclusões indevidas As indevidas exclusões foram realizadas pelo sujeito passivo com vistas a apropriar, exclusivamente para fins tributários, despesas decorrentes de amortizações de ágio gerado internamente (por aquisições de empresas pertencentes aos mesmos sócios da empresa fiscalizada) em incorporação reversa. [...] Com base principalmente nos instrumentos probatórios acima aludidos, concluímos ser impossível reconhecer a plausibilidade das exclusões procedidas pelo sujeito passivo, considerando que a sua conduta infringiu flagrantemente diversos dispositivos legais, dentre os quais a regra geral de dedutibilidade de amortizações gravada no art. 324 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99)5 que estabelece, em se tratando de amortizações, que somente poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração. (grifos destes AFRFB) [...] Fl. 4174DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 54 53 2.3.2. DA FUNDAMENTAÇÃO DA AUTUAÇÃO (EXCLUSÕES INDEVIDAS) Ao começo da ação fiscal havia os indícios de que as exclusões das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL eram improcedentes. De forma quase que imediata, pelo exame dos Lalur/Lacs referentes aos períodos de apuração julho2008 a dezembro2010 (fls. 42 a 306), foram confirmadas as ocorrências de tais exclusões. Restava ainda, todavia, a dúvida sobre a dedutibilidade ou não das amortizações para efeito do cálculo dos tributos incidentes sobre o resultado. A elucidação dessa dúvida sobreveio com o exame efetuado sobre a documentação trazida em resposta ao Ofício/SRRF09/Difis nº 002/2011, de 30 de maio de 2011, enviado à Jucepar (fls. 767 a 1.163). A análise da situação fática descrita nesses documentos torna clara a nãosubsunção da formação e amortização do ágio na Florença Veículos S/A à hipótese legal de dedutibilidade das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Nesta seção vamos, primeiramente, destacar os dois elementos principais da caracterização fática da situação, ou seja, a ocorrência e a avaliação das exclusões, assim como, a inexistência de substrato econômico no ágio gerado. Em segundo lugar, apresentaremos a discussão sobre a argumentação do sujeito passivo e a fundamentação do auto propriamente dita. [...] Estas reduções de pagamento foram motivadas por exclusões procedidas pelo sujeito passivo das bases de cálculo desses tributos. Se, conforme antecipamos, para efeitos tributários tal procedimento é irregular, do ponto de vista da contabilidade societária o controle desses fatos contábeis seguiu, ao menos, a literalidade das determinações para as companhias abertas do art. 6º da IN CVM nº 319/99, com as alterações da IN CVM nº 349/0113 [...] Já os lançamentos concernentes às amortizações são procedidos de forma que o efeito sobre o resultado do exercício é 0 (zero), ou seja, há o registro na conta de despesa “521.9.05.05 – AMORTIZ.AGIO S/INCORPORAÇAO” a crédito da conta de ativo diferido “125.1.01.02 – AMORT.ACUMULADA AGIO S/INCORP.” e, ao mesmo tempo, o registro na conta de ativo diferido “125.1.01.05 – ( )PROVISAO IN CVM 319/349” a crédito da conta de receita “321.4.03.01 – REV.PROV.S/AGIO INCORPORAÇAO”, conforme ilustração das Figuras 5 e 6. De sorte que, pelos lançamentos de amortização do ágio que têm efeito 0 (zero) sobre o resultado do exercício, não haveria ajustes a serem realizados no lucro do exercício para apuração do Lucro Real. [...] Ocorrência das exclusões De acordo com o demonstrado até o momento não haveria razões para o fato de excluir, das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, valores correspondentes às amortizações do ágio, tendo em vista que os lançamentos contábeis procedidos pelo sujeito passivo já causavam um efeito 0 (zero) no resultado do exercício. Apesar disso, como já dissemos, foram realizadas exclusões que acumularam, no interstício 20082010, o valor de R$ Fl. 4175DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 55 54 19.625.915,40, ou seja, R$ 7.795.100,85 em 2008, R$ 4.814.286,95 em 2009 e R$ 7.016.527,60 em 2010, conforme pode ser visualizado na Figura 7 que é composta por recortes das Partes A dos Lalur/Lacs 20082010 (fls. 67, 145 e 251) da Florença Veículos S/A. [...] Exclusões: inexistência de substância econômica Se de um lado comprovamos que as exclusões efetivamente ocorreram, de outro, colecionamos uma série de elementos de prova documental de que o ágio que é amortizado por essas exclusões não tem substância econômica. O que se quer dizer com a expressão “inexistência de substância ou substrato econômico” é que não houve uma contrapartida econômica na criação fictícia do ágio que passou a ser amortizado, ou seja, este ágio foi gerado apenas documentalmente em relações entre pessoas e empresas do mesmo grupo e não em relações de comutatividade, de independência e de não preponderância das partes envolvidas. Dito de outro modo, ao ágio escriturado que passou a ser amortizado pela Florença Veículos S/A não antecedeu investimento de recursos ou incorrimento em despesas, portanto, sua base é gerada de uma ficção documental, ficção esta produzida pelos seus sócios com suporte em pessoas jurídicas criadas exclusivamente para este fim. [...] Inexistência de requisito fundamental para a validade da base legal De fato, a base legal referida poderia amparar a amortização de ágio em incorporação reversa. Contudo, esta base legal não ampara a situação da empresa fiscalizada, pois os fatos levados a registro, que envolvem a reestruturação societária ocorrida na Florença Veículos, não se subsumem na hipótese formada pela combinação dos referidos dispositivos. Pelo contrário, esta base legal, com alguns complementos, fundamenta a infração cometida pelo sujeito passivo. A descrição dos fatos que temos feito até o presente momento demonstra que inexistiu um elemento fundamental para que o sujeito passivo pudesse coerentemente clamar pela proteção da base legal trazida: a substância econômica. A falta de substância econômica não só inviabiliza o aproveitamento tributário da amortização do ágio como, principalmente, inviabiliza o reconhecimento do próprio ágio para efeito da legislação societária. Dentre os dispositivos apresentados pelo sujeito passivo destacam se como nucleares os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/97 que, de forma sintética, considerando a situação específica do presente caso, determinam que a pessoa jurídica participante de incorporação, fusão ou cisão e que, em virtude disso, absorva patrimônio de outra, havendo entre essas empresas participação societária adquirida com ágio cujo fundamento seja a expectativa de rentabilidade futura, poderá amortizálo nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. Fl. 4176DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 56 55 Então, segundo os dispositivos em tela, são requisitos para a possibilidade de dedutibilidade dos valores acima referidos das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, entre outros: a) que seja ágio; e b) que haja uma aquisição. [...] 2.3.2.3. DAS PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES E CONCLUSÃO ACERCA DO EXAME SOBRE AS EXCLUSÕES Considerando os procedimentos fiscais realizados, bem como o exame de toda a documentação, da argumentação e da base legal trazidos pelo sujeito passivo, obtivemos como principais constatações e resultados o seguinte: 1. Constatamos as ocorrências de exclusões indevidas das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL nos períodos de apuração entre julho/2008 e dezembro/2010, ou seja, neste período a empresa passou a excluir das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL valores que anteriormente não havia adicionado. Estas constatações foram efetuadas com base no exame dos Lalur/Lacs (fls. 09 a 306), das DIPJ (fls. 1.164 a 1.214), das DCTF, bem como, dos arquivos digitais de Registros Contábeis fornecidos pelo sujeito passivo. [...] 4. Constatamos, com base na leitura dos atos comerciais registrados na Jucepar no período em questão, que em nenhuma das etapas do conjunto de “operações estruturadas em seqüência”, além das transferência escriturais de participação societária, ocorreu investimento de capital ou recursos, ou mesmo incorrimento em despesas que justificassem num momento posterior amortização de ágio. [...] 6. Constatamos que embora o sujeito passivo tenha produzido, para amparar os seus procedimentos contábiltributários, atos formais compatíveis com a base legal informada, a dissonância entre realidade fática e a base legal faz com que os tais atos formais não gerem os efeitos pretendidos pelo sujeito passivo. Além disso, para a compreensão dos dispositivos na forma como pretendida pelo sujeito passivo, conceitos da legislação tributária, tais como ágio e aquisição, foram desvirtuados. Em outras palavras, constatamos divergência entre a forma e o conteúdo dos atos realizados, divergência esta que não poderia ser criada sem muito esforço por parte de quem a imaginou. [...] Conclusão Concluímos que as exclusões efetuadas nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL pelo sujeito passivo, ao longo do período compreendido entre julho/2008 e dezembro/2010, são improcedentes e que, além de não se enquadrarem nos dispositivos debatidos até então, infringem flagrantemente o inciso I do art. 250 do Decreto nº 3.000/99. Tais infrações provocaram reflexos gerando, ainda, novas infrações relacionadas a reduções nos recolhimentos das estimativas mensais. De sorte que, tendo sido estas infrações detectadas no curso de procedimento fiscal, é devido o conseqüente Fl. 4177DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 57 56 lançamento de ofício, conforme previsão do art. 841 do mesmo Decreto. Concluímos, ainda, que as exclusões e as conseqüentes reduções de pagamento dos tributos em questão foram realizadas de forma intencional, por meio de artifícios que, como demonstrado, envolvem, entre outras coisas, abuso de personalidade jurídica. Vislumbrase, nesta construção argumentativa, que a autoridade lançadora não promoveu a glosa das exclusões porque a reversão da provisão para realização de ágio seria tributável. Depois de ampla abordagem dos procedimentos contábeis desenvolvidos pela fiscalizada, a autoridade lançadora concluiu que eles não geraram repercussão no lucro contábil, e que os efeitos fiscais somente lhe foram favoráveis em razão da exclusão em referência. Em conseqüência, promoveu a glosa da exclusão porque ela refletia a redução indevida do lucro tributável em razão da amortização de ágio sem substância econômica, e não porque ela decorreria de uma reversão de provisão tributável. E, neste sentido, de forma coerente, reportouse a dispositivos legais que tratam, apenas, da dedutibilidade de amortizações na apuração do lucro tributável: Lei nº 9.249, de 1995: Art. 3º A alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas é de quinze por cento. §1º A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais)pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeitase à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento.(Redação dada pela Lei 9.430, de 1996) §2º O disposto no parágrafo anterior aplicase, inclusive, nos casos de incorporação, fusão ou cisão e de extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação.(Redação dada pela Lei 9.430, de 1996) § 3º O disposto neste artigo aplicase, inclusive, à pessoa jurídica que explore atividade rural de que trata a Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990. § 4º O valor do adicional será recolhido integralmente, não sendo permitidas quaisquer deduções. Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99: Art. 247. Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º). § 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais (Lei nº 891, de 1995, art. 37, § 1º). [...] Art. 250. Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 3º): Fl. 4178DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 58 57 I os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração; II os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam computados no lucro real; III o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único). [...] Art. 324. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período de apuração, a importância correspondente à recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, e DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, § 1º). § 1º Em qualquer hipótese, o montante acumulado das quotas de amortização não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem ou direito, ou o valor das despesas (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 2º). § 2º Somente serão admitidas as amortizações de custos ou despesas que observem as condições estabelecidas neste Decreto (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 5º). § 3º Se a existência ou o exercício do direito, ou a utilização do bem, terminar antes da amortização integral de seu custo, o saldo não amortizado constituirá encargo no período de apuração em que se extinguir o direito ou terminar a utilização do bem (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58, § 4º). § 4º Somente será permitida a amortização de bens e direitos intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso III). [...] Art. 385. O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 1º). § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 2º): Fl. 4179DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 59 58 I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 20, § 3º). Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso I do § 2º do artigo anterior, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso IIl do § 2º do artigo anterior, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 1º). § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 2º): I o ágio em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; II o deságio em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 3º): I será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; Fl. 4180DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 60 59 II poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese do inciso II do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos ou contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 4º). § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 5º). § 6º O disposto neste artigo aplicase, inclusive, quando (Lei nº 9.532, de 1997, art. 8º): I o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor do patrimônio líquido; II a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. § 7º Sem prejuízo do disposto nos incisos III e IV, a pessoa jurídica sucessora poderá classificar, no patrimônio líquido, alternativamente ao disposto no § 2º deste artigo, a conta que registrar o ágio ou deságio nele mencionado (Lei nº 9.718, de 1998, art. 11). [...] Art. 841. O lançamento será efetuado de ofício quando o sujeito passivo (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 77, Lei nº 2.862, de 1956, art. 28, Lei nº 5.172, de 1966, art. 149, Lei nº 8.541, de 1992, art. 40, Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, Lei nº 9.317, de 1996, art. 18, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 42): I não apresentar declaração de rendimentos; II deixar de atender ao pedido de esclarecimentos que lhe for dirigido, recusarse a prestálos ou não os prestar satisfatoriamente; III fizer declaração inexata, considerandose como tal a que contiver ou omitir, inclusive em relação a incentivos fiscais, qualquer elemento que implique redução do imposto a pagar ou restituição indevida; IV não efetuar ou efetuar com inexatidão o pagamento ou recolhimento do imposto devido, inclusive na fonte; V estiver sujeito, por ação ou omissão, a aplicação de penalidade pecuniária; VI omitir receitas ou rendimentos. Parágrafo único. Aplicarseá o lançamento de ofício, além dos casos enumerados neste artigo, àqueles em que o sujeito passivo, beneficiado com isenções ou reduções do imposto, deixar de cumprir os requisitos a que se subordinar o favor fiscal. Fl. 4181DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 61 60 Instrução CVM nº 247, de 1996, com as alterações das Instruções CVM nº 269, de 1997 e 285, de 1998: Art. 14. O ágio ou deságio computado na ocasião da aquisição ou subscrição do investimento deverá ser contabilizado com indicação do fundamento econômico que o determinou. Parágrafo 1º O ágio ou deságio decorrente da diferença entre o valor de mercado de parte ou de todos os bens do ativo da coligada e controlada e o respectivo valor contábil, deverá ser amortizado na proporção em que o ativo for sendo realizado na coligada e controlada, por depreciação, amortização, exaustão ou baixa em decorrência de alienação ou perecimento desses bens ou do investimento. § 2º O ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor pago na aquisição do investimento e o valor de mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada, referido no parágrafo anterior, deverá ser amortizado da seguinte forma: (Redação dada pela Instrução CVM nº 285, de 31 de julho de 1998) a) o ágio ou o deságio decorrente de expectativa de resultado futuro – no prazo, extensão e proporção dos resultados projetados, ou pela baixa por alienação ou perecimento do investimento, devendo os resultados projetados serem objeto de verificação anual, a fim de que sejam revisados os critérios utilizados para amortização ou registrada a baixa integral do ágio; e b) o ágio decorrente da aquisição do direito de exploração, concessão ou permissão delegadas pelo Poder Público – no prazo estimado ou contratado de utilização, de vigência ou de perda de substância econômica, ou pela baixa por alienação ou perecimento do investimento. § 3º O prazo máximo para amortização do ágio previsto na letra “a” do parágrafo anterior não poderá exceder a dez anos. (Redação dada pela Instrução CVM nº 285, de 31 de julho de 1998) Parágrafo 4º Quando houver deságio não justificado pelos fundamentos econômicos previstos nos parágrafos 1º e 2º, a sua amortização somente poderá ser contabilizada em caso de baixa por alienação ou perecimento do investimento. Parágrafo 5º O ágio não justificado pelos fundamentos econômicos, previstos nos parágrafos 1º e 2º, deve ser reconhecido imediatamente como perda, no resultado do exercício, esclarecendo se em nota explicativa as razões da sua existência. Instrução CVM nº 319, de 1999: Art. 6º O montante do ágio ou do deságio, conforme o caso, resultante da aquisição do controle da companhia aberta que vier a incorporar sua controladora será contabilizado, na incorporadora, da seguinte forma: I nas contas representativas dos bens que lhes deram origem – quando o fundamento econômico tiver sido a diferença entre o valor de mercado dos bens e o seu valor contábil (Instrução CVM nº 247/96, art. 14, § 1º); II em conta específica do ativo imobilizado (ágio) – quando o fundamento econômico tiver sido a aquisição do direito de Fl. 4182DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 62 61 exploração, concessão ou permissão delegadas pelo Poder Público (Instrução CVM nº 247/96, art. 14, § 2º, alínea b); e III em conta específica do ativo diferido (ágio) ou em conta específica de resultado de exercício futuro (deságio) – quando o fundamento econômico tiver sido a expectativa de resultado futuro (Instrução CVM nº 247/96, art. 14, § 2º, alínea a). §1º O registro do ágio referido no inciso I deste artigo terá como contrapartida reserva especial de ágio na incorporação, constante do patrimônio líquido, devendo a companhia observar, relativamente aos registros referidos nos incisos II e III, o seguinte tratamento (Parágrafo com redação dada pela Instrução CVM nº 349, de 06 de março de 2001): a) constituir provisão, na incorporada, no mínimo, no montante da diferença entre o valor do ágio e do benefício fiscal decorrente da sua amortização, que será apresentada como redução da conta em que o ágio foi registrado; b) registrar o valor líquido (ágio menos provisão) em contrapartida da conta de reserva referida neste parágrafo; c) reverter a provisão referida na letra “a” acima para o resultado do período, proporcionalmente à amortização do ágio; e d) apresentar, para fins de divulgação das demonstrações contábeis, o valor líquido referido na letra “a” no ativo circulante e/ou realizável a longo prazo, conforme a expectativa da sua realização. §2º A reserva referida no parágrafo anterior somente poderá ser incorporada ao capital social, na medida da amortização do ágio que lhe deu origem, em proveito de todos os acionistas, excetuado o disposto no art. 7º desta Instrução. §3º Após a incorporação, o ágio ou o deságio continuará sendo amortizado observandose, no que couber, as disposições das Instruções CVM nº 247, de 27 de março de 1996, e nº 285, de 31 de julho de 1998. Assim, caso confirmada a adição da provisão no momento de sua constituição pela incorporada MVSO, tem razão a recorrente quando afirma a impossibilidade de tributação da receita de reversão da Provisão IN CVM 319/349. Ocorre que sequer a confirmação daquela adição se faz necessária, porque este aspecto somente foi tangenciado pela Fiscalização, e não foi determinante na constatação da infração efetivamente autuada, qual seja, a redução indevida do lucro tributável em razão dos efeitos do ágio gerado entre partes ligadas (“ágio interno”). O trabalho fiscal não pode ser desmerecido por avançar nas repercussões contábeis e fiscais não só das despesas de amortização do ágio, como também da provisão decorrente da constituição do mesmo ativo. Tivesse a Fiscalização apenas glosado as despesas de amortização do ágio, sem discorrer sobre os efeitos da realização da provisão, dúvidas poderiam surgir no curso do contencioso administrativo acerca da real redução do lucro tributável. Neste sentido, a análise fiscal deixa claro que embora a redução do lucro contábil pela amortização do ágio tenha sido anulada pela a receita de realização da provisão, a posterior exclusão desta receita restabeleceu os efeitos da redução do lucro decorrente da amortização do ágio. Assim, ainda que em primeira análise seja possível vislumbrar as exclusões como permitidas por lei, elas representam a fase final de um procedimento que, Fl. 4183DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 63 62 como se demonstrará à frente, não é admitido no âmbito contábil e, por conseqüência, no âmbito tributário. Acrescentese, ainda, que nos termos atualizados da Instrução CVM nº 319/99 (art. 6o, §1o, alínea “a”), a provisão em referência deve representar, no mínimo, o montante da diferença entre o valor do ágio e do benefício fiscal decorrente da sua amortização, que será apresentada como redução da conta em que o ágio foi registrado. Significa dizer que nem sempre as despesas de amortização de ágio serão anuladas integralmente pela receita de reversão de provisão, e a identificação dos efeitos fiscais do procedimento questionado demandará a investigação acerca da constituição e da realização da provisão correlata. Este Colegiado, aliás, já se manifestou em face de outro procedimento fiscal, no qual a determinação da base tributável também foi afetada pelas exclusões decorrentes de reversão da mencionada provisão, consoante exposto por esta Relatora no voto condutor do Acórdão nº 1101000.968: A recorrente também questiona a glosa de exclusão decorrente de reversão de provisão, defendendo seu direito de promover tal exclusão, na medida em que a provisão, no momento de sua constituição, era indedutível. Todavia, observase que para determinar o valor tributável, a autoridade lançadora inicialmente identificou as despesas registradas na conta nº 431110 (Despesas Amortização Ágio) que, pelo seu valor líquido, efetivamente reduziram o lucro contábil e o lucro tributável, glosando os seguintes valores: i) anocalendário de 2.004 R$ 2.521.367,82, ii) anoscalendário de 2.005 a 2.007 R$ 5.042.735,64 por ano, totalizando de 2.004 a 2007 o valor geral de R$ 17.649.574,74 (fl. 34). Contudo, mais à frente, no Termo de Verificação Fiscal, a autoridade lançadora observou que os valores líquidos deduzidos na conta nº 431110 já estavam reduzidos pela contrapartida da realização da provisão para ajuste do valor do ágio, de modo a proporcionar um Lucro Líquido Contábil maior. Em conseqüência, para complementar o efeito fiscal da amortização integral do ágio criado por meio das operações antes questionadas, a contribuinte promoveu exclusões a título de reversão nos valores de R$ 4.894.419,96 em 2004 e R$ 9.788.839,80 em 2005, 2006 e 2007. A soma destes valores, portanto, corresponde à reversão do efeito fiscal da amortização do ágio aqui questionado, razão pela qual correta se mostra a glosa da exclusões correspondentes a reversões de provisão. Quanto à adição promovida no momento da constituição desta provisão, cabe observar que ela era pertinente, na medida em que a constituição da provisão gera uma despesa redutora do lucro tributável. Se, mais à frente, ao baixar esta provisão, a contribuinte tivesse feito uso de uma conta de receita própria, sua exclusão seria pertinente. Mas, na medida em que a contribuinte realizou esta provisão em contrapartida à conta de despesa de amortização do ágio, sua exclusão passou a representar a complementação da amortização do ágio. Assim, as mesmas razões que justificam a glosa da amortização contábil do ágio, determinam a glosa da exclusão de seu complemento. Fl. 4184DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 64 63 Para maior clareza, demonstrase abaixo o procedimento adotado pela contribuinte e as conseqüências atribuídas pela Fiscalização, bem como o procedimento que, em regra, é implementado pelos contribuintes e o procedimento fiscal daí decorrente. Adotase como exemplo apenas os procedimentos verificados no anocalendário 2005, pois este período não é contaminado pela próxima infração a seguir abordada, e guarda os mesmos contornos do que verificado nos anoscalendário 2006 e 2007. Assim agiu a contribuinte, conforme espelhado nos extratos do Razão juntados às fls. 247/309: ● Lançamento de amortização do ágio: D – Despesa Amortização Ágio – Conta nº 43110 C – Ágio s/ Investimento Amortização – Conta nº 105115 Valor: R$ 1.235.964,63 ao mês (total de R$ 14.831.575,56) ● Lançamento de realização da provisão redutora do investimento: D – Provisão p/ Ajuste do Valor do Ágio Conta nº 105111 C – Despesa Amortização Ágio – Conta nº 431110 Valor: R$ 815.736,36 ao mês (total de R$ 9.788.839,92) Considerando que a conta 431110 também recebeu, durante o ano calendário, outros registros mensais a débito de R$ 67.365,59 (total de R$ 808.387,08), seu saldo final é representado pela diferença entre os lançamentos a débito (R$ 14.831.575,56 e R$ 808.388,28) e os lançamentos a crédito (R$ 9.788.839,92). Ou seja, pelo valor de R$ 5.851.122,72. Ao promover a glosa, a autoridade fiscal teve em conta que apenas o valor de R$ 5.851.122,72 foi deduzido como despesa na demonstração de resultado do período. Assim, dele descontando as outras amortizações contabilizadas na mesma conta (R$ 808.388,28), classificou a diferença de R$ 5.042.735,64 como adições não computadas no lucro real, item 1.2 do Auto de Infração (fl. 11), na medida em que somente é possível dizer que a contribuinte não adicionou ao lucro real despesa indedutível até o montante em que esta despesa afetou o resultado do exercício. Prosseguindo, a autoridade fiscal constatou que, como a baixa da provisão para ajuste do valor do ágio foi efetuado a crédito da conta 43110 “Despesa Amortização Ágio” o saldo desta conta foi diminuído e para reverter tal situação, o contribuinte utilizase da exclusão do Lucro Líquido, no LALUR, para fins de apuração do lucro real. No período em referência, foi excluído do lucro real o montante de R$ 9.788.839,80, e esta parcela constou do item 2 do Auto de Infração como exclusão não autorizada pela legislação. A anormalidade do procedimento da contribuinte foi, como já dito, contabilizar a crédito de conta de despesa a realização de provisão, quando o correto seria computála em conta de receita. Se assim procedesse, realizaria os seguintes lançamentos: ● Lançamento de amortização do ágio: D – Despesa Amortização Ágio – Conta nº 43110 C – Ágio s/ Investimento Amortização – Conta nº 105115 Valor: R$ 1.235.964,63 ao mês (total de R$ 14.831.575,56) ● Lançamento de realização da provisão redutora do investimento: Fl. 4185DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 65 64 D – Provisão p/ Ajuste do Valor do Ágio Conta nº 105111 C – Realização de Provisão – Conta nº 4XXXX Valor: R$ 815.736,36 ao mês (total de R$ 9.788.839,92) Em tais condições, a glosa tratada no item 1.2 do Auto de Infração recairia sobre o montante de despesa contabilizado na conta 431110 e transportado para o resultado do exercício, qual seja, R$ 14.831.575,56, e não R$ 5.042.735,64, como aqui se fez. E, neste contexto, teria a razão a contribuinte em afirmar legítima a exclusão de R$ 9.788.839,92 que, assim, se prestaria a anular receita indevidamente computada no resultado do exercício. Vejase que a circunstância aqui presente é totalmente distinta daquela apontada pela recorrente em sua sustentação oral, na qual a autoridade fiscal, ao pretender glosar as amortizações de ágio, ao invés de valerse de valor computado como despesa, indica como indevida a exclusão, de mesmo valor, computada para fins de reversão de provisão semelhante à aqui tratada. Nestes autos, a autoridade lançadora deixou claro que somente promoveu a glosa da exclusão de realização de provisão porque esta se prestava a complementar o efeito redutor do lucro real, não alcançado com a despesa originalmente contabilizada, vez que esta foi minorada pelo lançamento a crédito, na mesma conta contábil, da reversão de provisão. Frisese, também, que a autoridade fiscal poderia, neste caso, ter promovido apenas a glosa da despesa lançada a débito da conta 431110, como defende a recorrente também em sustentação oral. Para tanto, bastaria demonstrar que embora o saldo final da conta contábil transportado para resultado foi minorado por lançamentos a crédito posteriormente excluídos na apuração do lucro real. Todavia, o fato de existir outra forma de se motivar a exigência de forma alguma desmerece aquela adotada nestes autos, decorrente, basicamente, da forma anormal de contabilização de reversão de provisão adotada pela contribuinte. Reiterando: se a contribuinte, ao realizar esta provisão, fizesse uso de uma conta de receita própria, sua exclusão seria pertinente. Contudo, ao realizar esta provisão em contrapartida à conta de despesa de amortização do ágio, reduzindo seu saldo, sua exclusão passou a representar a complementação da amortização do ágio, na medida em que inexistia receita a ser anulada na composição do resultado do exercício. Descritos claramente os fatos e sua conseqüência tributária, nenhuma irregularidade pode ser imputada à conduta da autoridade lançadora. Assim, também deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente às exclusões decorrente da provisão para ajuste do valor do ágio, glosadas nos períodos fiscalizados. Vêse, do exposto, que o fato de a glosa recair sobre a exclusão da receita de reversão de provisão não é motivo suficiente para determinar o cancelamento da exigência. Importa, sim, a análise integral da abordagem fiscal e de seu fundamento legal, para daí extrair a exata compreensão do que motivou o lançamento. Neste sentido, também, a decisão recorrida, que em nada aperfeiçoou a exigência, ao contrário do que alega a recorrente: Fl. 4186DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 66 65 Os lançamentos relacionados à conta do diferido (Ágio) têm efeito zero sobre o resultado do exercício, pois a despesa gerada pela amortização do ágio é anulada pela receita apurada contabilmente em decorrência da reversão da provisão. A exclusão efetuada pelo contribuinte, para fins de apuração do lucro real, lastreada no fato de ter sido procedida a reversão da provisão não se justifica, dado que na mesma data foi registrada uma despesa relacionada à amortização do ágio. Com efeito, o cerne do presente litígio se concentra na análise da possibilidade ou não de o contribuinte reconhecer para fins de apuração do lucro real a amortização do ágio, conforme previsto no art. 7º da Lei nº 9.532/97, sendo dispensável a discussão a respeito da reversão das provisões consideradas indedutíveis, cujo efeito na apuração do lucro real foi anulado pelo reconhecimento contábil de uma despesa no mesmo valor, relacionada à amortização do ágio. Também merece ser citada a decisão de 1a instância que antecedeu o Acórdão nº 1402001.357, invocado pela recorrente: 77. É também descabida a alegação de que, tendo sido adicionado o valor da despesa com a constituição da provisão, o valor das receitas incorridas contabilmente com a reversão da provisão constituída com base nas Instruções CVM nºs 319 e 349 deve ser excluído do lucro real, sob pena de tributação em duplicidade. [...] 81. Ainda que se considere que a Dacar Química, na condição incorporadora, sucedeu a incorporada (FBM Participações) em todos os seus direitos e obrigações, conforme disposto no artigo 227 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e artigo 1.116 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), inclusive os valores controlados na parte “B” do LALUR (com exceção de prejuízos fiscais e diferimento do lucro inflacionário) para adição ou exclusão em períodos subsequentes, cabe destacar que FBM Participações também não ofereceu valor algum à tributação, pois o valor por esta adicionado na parte “A” do LALUR em 31/12/2004 apenas anulou a despesa indedutível contabilizada como Provisão Instrução CVM 349. 82. A Instrução CVM nº 319, de 03 de dezembro de 1999, com as alterações trazidas pela Instrução CVM nº 349, de 6 de março de 2001, que regulou as operações de incorporação, fusão e cisão envolvendo companhias abertas – disposições não obrigatórias para as companhias fechadas e demais pessoas jurídicas –, determinou em seu artigo 6º os ajustes contábeis a serem efetuados em decorrência do ágio ou do deságio resultante da aquisição do controle da companhia aberta que vier a incorporar sua controladora: [...] 85. Portanto, nos termos da Instrução CVM nº 319, de 1999, com as alterações da Instrução CVM nº 349, de 2001, nas incorporações reversas o ágio com fundamento em perspectiva de rentabilidade futura deve ser reconhecido nas demonstrações contábeis da incorporadora pelo montante do benefício fiscal esperado, cujo Fl. 4187DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 67 66 valor pode ser dimensionado com base na diminuição futura do imposto de renda e da CSLL em decorrência da possibilidade de amortização desse ágio. 86. Esse reconhecimento se opera mediante constituição de provisão, na investidora, no montante da diferença entre o valor do ágio apurado e o benefício fiscal decorrente da sua amortização, provisão esta apresentada como redutora da conta em que o ágio foi registrado, enquanto o montante do benefício fiscal esperado – que corresponde à única parcela do ágio que tem substância econômica – deve ser escriturado em conta de reserva especial de ágio na incorporação a que se refere a letra “b” do § 1º da Instrução CVM nº 319, de 1999, com as alterações da Instrução CVM nº 349, de 2001, constante do patrimônio líquido. [...] 89. A Provisão Instruções CVM 319 e 349 apenas evidenciou o real valor de R$ 8.491.115,47 das participações societárias da Dacar Química, nele computado eventual ágio recuperável, conforme pode ser confirmado pelo acervo patrimonial vertido para a interessada na incorporação reversa ocorrida em 01/03/2005, conforme Ata de Assembleia Geral Extraordinária da Dacar Química do Brasil S/A (fls. 121125 e 729731) [...] 90. A despesa de R$ 71.590.938,00 contabilizada pela FBM Participações S/A em 31/12/2004 na constituição da Provisão Instruções CVM 319 e 349 é indedutível não só por não se tratar de provisão com dedutibilidade expressamente prevista, conforme disposto no artigo 335 do RIR de 1999, mas também por se referir à despesa indedutível com o ágio não recuperável constituído em 30/11/2004, por falta de efetiva substância econômica, razão pela qual foi correta a adição de seu valor na parte “A” do LALUR. 91. Essa indedutibilidade não se restringe apenas ao período de apuração encerrado em 31/12/2004, mas atinge todo e qualquer período de apuração posterior, motivo pelo qual a Provisão Instruções CVM 319 e 349 não deveria constar da parte “B” do LALUR da FBM Participações e não poderia jamais ter sido transferida para o LALUR da interessada na operação de incorporação reversa. 92. Observese que uma provisão é utilizada para registrar uma provável despesa futura que poderá ocorrer ou não, mas somente são dedutíveis as provisões com dedutibilidade expressamente prevista. A despesa com constituição de provisão não expressamente autorizada deve ser adicionada ao LALUR para ser excluída por ocasião da reversão da provisão no período em que a despesa provisionada for efetivamente paga e/ou incorrida, porquanto tal despesa seria nesse momento dedutível, desde que atendido o requisito da necessidade para realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa, além de ser usual e normal no tipo de transação, operação ou atividades desenvolvidas pela empresa. 93. Portanto, como a reversão da Provisão Instruções CVM 319 e 349 diz respeito a uma despesa indedutível que jamais poderia Fl. 4188DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 68 67 reduzir o resultado tributável da contribuinte, despesa esta decorrente da amortização indevida de ágio interno, conforme já detalhadamente analisado no presente voto, é totalmente descabida a alegação de que o lançamento fiscal da exclusão no LALUR da reversão dessa provisão acarretaria tributação em duplicidade. 94. Salientese que a Provisão Instruções CVM 319 e 349 representa justamente a negação do fundamento que embasou o planejamento tributário executado pela interessada, porquanto diz respeito à parcela sem substância econômica do ágio e cujo valor jamais será recuperado, e não haveria de ser precisamente a reversão dessa provisão o respaldo para a redução indevida do resultado tributável da contribuinte. 95. Dessa forma, voto por manter integralmente a exigência correspondente. (negrejouse) Impróprio, assim, limitar a análise da exclusão em questão ao fato de ela ter sido antecedida por uma adição, no momento da constituição da provisão. A provisão decorre, necessariamente, da falta de substância econômica do ágio posteriormente amortizado, e a exclusão da receita de sua realização quebra a neutralidade verificada no âmbito contábil em razão das operações questionadas pela Fiscalização. Logo, está correto o procedimento fiscal quando classifica de indevida a redução do lucro tributável verificada após a exclusão da receita de reversão de provisão, sob o fundamento de que a amortização do ágio que a motiva seria indedutível. Por tais razões, deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário da autuada, na parte em que afirma a insubsistência do lançamento em decorrência de tributação em duplicidade revelada pela glosa de exclusão da receita de reversão de provisão. Prosseguindo, a autuada alega que o ágio amortizado é respaldado pelo Direito, seja pela legislação societária, seja pela legislação tributária. Diz que o Sr. Agente Fiscal valeuse de entendimentos contábeis para não aceitar o procedimento fiscal adotado pela Recorrente, confundindose, portanto, as duas ciências. Destaca excertos da decisão recorrida que também se reportam à inadmissibilidade do ágio em questão no âmbito contábil, e passa a discorrer sobre: 1) Ciência Contábil como instrumento para medição da riqueza; 2) Direito Contábil Societário; 3) Direito Contábil Fiscal/Tributário; e 4) Utilização do Direito Contábil Societário e do Direito Contábil Fiscal/Tributário para a Apuração do IRPJ e da CSLL, observando que o distanciamento entre a Ciência Contábil e o Direito Contábil Societário restou evidenciado com o advento da Lei nº 11.638/2007, demonstrando que o entendimento da Ciência Contábil nem sempre é válido para fins de aplicação da legislação societária e tributária. Reportase também às especificidades da apuração tributária desde a edição do Decretolei nº 1.598/77, defendendo a prevalência da contabilidade fiscal em face da contabilidade societária, em caso de conflito entre elas. Por tais razões, diz que as autoridades fiscal e julgadora cometeram grave equívoco ao analisar a admissibilidade do “ágio interno” exclusivamente sob a ótica da “Ciência Contábil”, observando que o próprio OfícioCircular CVM/SNC/SEP nº 01/2007 não questiona a validade do ágio interno, do ponto de vista da legislação societária. E confronta argumentos da decisão recorrida com a conclusão do Professor Eliseu Martins, Titular da FEA/USP, acerca da validade do “ágio interno” no que tange à legislação tributária, extraída do parecer elaborado em conjunto com Jorge Vieira da Costa Júnior, especialmente porque ali Fl. 4189DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 69 68 consignado que o respaldo em legislação tributária para o fenômeno – ágio gerado internamente – dá sentido econômico à operação. Cita, ainda, outra manifestação do Professor Eliseu Martins, destacando que nada na lei fiscal ou contábil jamais vedou a dedutibilidade do ágio interno até 2010. E conclui pela legalidade do ágio no caso concreto ora analisado, pleiteando o cancelamento das exigências em razão das deficientes premissas adotadas pela autoridade lançadora. Inicialmente é pertinente destacar que as operações societárias analisadas pela Fiscalização têm início em 31/08/2007, quando não mais em vigor o dispositivo legal que, nos termos do mencionado artigo de Eliseu Martins, em conjunto com Jorge Vieira da Costa Júnior, se prestaria como respaldo em legislação tributária para o fenômeno, qual seja, o art. 36 da Lei nº 10.637/2002, revogado pela Lei nº 11.196/2005. No mais, observase que antes das operações realizadas entre 31/08/2007 e 01/07/2008, os sócios Marcelo Pizani, Sérgio Pizzani, Maria Cristina Pizzani e Maria Fernanda Pisani detinham as ações da autuada, cujo capital social representava R$ 8.273.251,51, e ao seu final esta participação é mantida de forma indireta, com a intervenção da holding Padovas Participações S/A, e segmentada entre a autuada (com capital social de R$ 2.173.251,51) e Florença Caminhões S/A, constituída em 31/08/2007 para suportar a nova atividade operacional pretendida pelos acionistas da Recorrente (com capital social de R$ 6.110.000,00). Neste intervalo, o investimento na autuada, equivalente ao capital social de R$ 8.273.251,51 e ao patrimônio líquido de R$ 17.484.018,51, é transferido para a titularidade de Padovas Participações S/A avaliado a R$ 92.109.192,99, e por esta integralizado em MVSO Participações S/A, para no patrimônio desta permanecer por apenas 4 (quatro) meses, até ser promovida a cisão que, em 01/07/2008, resultou na versão do ágio de MVSO Participações S/A para a autuada, e restabeleceu a participação societária de Padovas Participações S/A na autuada. A autuada argumenta que o ágio se formou na incorporação das ações da Recorrente pela PADOVAS, pelo seu valor de mercado avaliado com base na expectativa de rentabilidade futura, suportado por laudo de avaliação, objetivando a melhoria nos índices do Grupo, o que permitiu, quando oportuno e conveniente, obter melhores taxas de empréstimos e financiamentos no mercado financeiro, bem como melhoria dos limites de crédito junto à montadora, além de ter resultado em fortalecimento patrimonial para eventual abertura do capital social ou associação com outros grupos empresariais nacionais ou estrangeiros. Assim fez, porém, antecipando por ação única e exclusiva de seus sócios, a rentabilidade futura que talvez se verificasse se a empresa continuasse operando pelo período estipulado pelos avaliadores (10 anos, de 2007 a 2016, conforme fl. 333). De outro lado, o art. 7o da Lei nº 9.532/97 é expresso quanto à possibilidade de redução do lucro tributável por amortização de ágio, apenas, quando uma pessoa jurídica absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, como abaixo transcrito: Lei 9.532, de 10 de dezembro de 1997 Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado Fl. 4190DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 70 69 segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no máximo, para cada mês do período de apuração; (Redação dada pela Lei 9.718, de 27/11/98) IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão. § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar: a) o ágio, em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; b) o deságio, em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II do caput: a) será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; b) poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese da alínea "b" do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos e contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente. § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito. Art. 8º O disposto no artigo anterior aplicase, inclusive, quando: Fl. 4191DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 71 70 a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b) a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária.” Decretolei nº 1.598, de 30 de dezembro de 1977 Art. 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. § 4º As normas deste Decretolei sobre investimentos em coligada ou controlada avaliados pelo valor de patrimônio líquido aplicamse às sociedades que, de acordo com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, tenham o dever legal de adotar esse critério de avaliação, inclusive as sociedades de que a coligada ou controlada participe, direta ou indiretamente, com investimento relevante, cuja avaliação segundo o mesmo critério seja necessária para determinar o valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada. [...] Art. 23. ............................................................ [...] § 5º Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização de ágio ou deságio na aquisição, nem os ganhos ou perdas de capital derivados de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País. (negrejouse) Os dispositivos transcritos somente se referem ao ágio formado na aquisição de investimentos e, ainda, o art. 7o da Lei nº 9.532/97 frisa que deve ser ele apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, o qual, por sua vez, Fl. 4192DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 72 71 trata do ágio formado entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição. E somente há aquisição quando há intervenção de terceiro e efetiva transmissão de propriedade do direito. Neste sentido, inclusive, é a interpretação veiculada no OfícioCircular CVM/SNC/SEP nº 01/2007: "20.1.7 "Ágio" gerado em operações internas A CVM tem observado que determinadas operações de reestruturação societária de grupos econômicos (incorporação de empresas ou incorporação de ações) resultam na geração artificial de "ágio". Uma das formas que essas operações vêm sendo realizadas, inicia se com a avaliação econômica dos investimentos em controladas ou coligadas e, ato contínuo, utilizarse do resultado constante do laudo oriundo desse processo como referência para subscrever o capital numa nova empresa. Essas operações podem, ainda, serem seguidas de uma incorporação. Outra forma observada de realizar tal operação é a incorporação de ações a valor de mercado de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico. Em nosso entendimento ainda que essas operações atendam integralmente os requisitos societários do ponto de vista econômico contábil é preciso esclarecer que o ágio surge única e exclusivamente, quando o preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial supera o valor patrimonial desse investimento. E mais preço ou custo de aquisição somente surge quando há o dispêndio para se obter algo de terceiros. Assim não há do ponto de vista econômico geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Qualquer argumento que não se fundamente nessas assertivas econômicas configura sofisma formal e, portanto, inadmissível. Não é concebível, econômica e contabilmente o reconhecimento de acréscimo de riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios. Ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável (não se questiona aqui esse aspecto), do ponto de vista econômico, o registro de ágio, em transações como essas, somente seria concebível se realizada entre partes independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros interesses que não a essência da transação, condições essas denominadas na literatura internacional como "arm's length". Portanto é nosso entendimento que essas transações não se revestem de substância econômica e da indispensável independência entre as partes para que seja passível de registro. mensuração e evidenciação pela contabilidade." (Os grifos constam do original). Este ato limitase a reforçar o que consta da lei desde sua edição: é necessário que haja preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, superior ao valor patrimonial desse investimento. E Fl. 4193DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 73 72 somente há preço e, por conseqüência, aquisição, quando a operação se realiza entre partes independentes. E, não bastasse esta evidência para sua caracterização como ato interpretativo, aplicável a qualquer tempo, cabe também destacar o que expresso em sua introdução: A CVM vem, ao longo dos anos da sua atuação, buscando aperfeiçoar e manter atualizado o seu arcabouço normativo contábil, sempre com a participação de segmentos interessados do mercado ou da profissão contábil. Cumpre destacar a importante colaboração recebida da Comissão Consultiva de Normas Contábeis da CVM, que conta com representantes da ABRASCA, APIMEC, CFC, IBRACOM, FIPECAFI/USP e colaboradores especialmente nomeados pela CVM, além dos professores Ariovaldo dos Santos (USP), José Augusto Marques (UFRJ) e Natan Szuster (UFRJ) e, agora, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC, recentemente instalado. Isto porque o Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações, elaborado pela referida FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) afirma o mesmo entendimento no âmbito doutrinário, expondo com clareza o conceito contábil de ágio nos termos a seguir transcritos: 11.7.1 — Introdução e Conceito Os investimentos, como já vimos, são registrados pelo valor da equivalência patrimonial e, nos casos em que os investimentos foram feitos por meio de subscrições em empresas coligadas ou controladas, formadas pela própria investidora, não surge normalmente qualquer ágio ou deságio. Vejase, todavia, caso especial no item 11.7.6. Todavia, no caso de uma companhia adquirir ações de uma empresa já existente, pode surgir esse problema. O conceito de ágio ou deságio, aqui, não é o da diferença entre o valor pago pelas ações e seu valor nominal, mas a diferença entre o valor pago e o valor patrimonial das ações, e ocorre quando adotado o método da equivalência patrimonial. Dessa forma, há ágio quando o preço de custo das ações for maior que seu valor patrimonial, e deságio, quando for menor, como exemplificado a seguir. 11.7.2 Segregação Contábil do Ágio ou Deságio Ao comprar ações de uma empresa que serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial, devese, já na ocasião da compra, segregar na Contabilidade o preço total de custo em duas subcontas distintas, ou seja, o valor da equivalência patrimonial numa subconta e, o valor do ágio (ou deságio) em outra subconta(..) 11.7.3 Determinação do Valor do Ágio ou Deságio a) GERAL Para permitir a determinação do valor do ágio ou deságio, é necessário que, na database da aquisição das ações, se determine o Fl. 4194DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 74 73 valor da equivalência patrimonial do investimento, para o que é necessária a elaboração de um Balanço da empresa da qual se compraram as ações, preferencialmente na mesma database da compra das ações ou até dois meses antes dessa data. Todavia, se a aquisição for feita com base num Balanço de negociação, poderá ser utilizado esse Balanço, mesmo que com defasagem superior aos dois meses mencionados. Ver exemplos a seguir. b) DATABASE Na prática, esse tipo de negociação é usualmente um processo prolongado, levando, às vezes, a meses de debates até a conclusão das negociações. A database da contabilização da compra é a da efetiva transmissão dos direitos de tais ações aos novos acionistas a partir dela, passam a usufruir dos lucros gerados e das demais vantagens patrimoniais.(..) 11.7.4 Natureza e Origem do Ágio ou Deságio (...) c) ÁGIO POR VALOR DE RENTABILIDADE FUTURA Esse ágio (ou deságio) ocorre quando se paga pelas ações um valor maior (menor) que o patrimonial, em função de expectativa de rentabilidade futura da coligada ou controlada adquirida. Esse tipo de ágio ocorre com maior frequência por envolver inúmeras situações e abranger diversas possibilidades. No exemplo anterior da Empresa B, os $ 100.000.000 pagos a mais na compra das ações representam esse tipo de ágio e devem ser registrados nessa subconta especifica. Sumariando, no exemplo anterior, a contabilização da compra das ações pela Empresa A, por $ 504.883.200, seria (...). 11.7.5 Amortização do Ágio ou Deságio a) CONTABILIZAÇÃO I Amortização do ágio (deságio) por valor de rentabilidade futura O ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deve ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou por tais futuros lucros, ou seja, contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados que justifiquem o ágio.O fundamento aqui é o de que, na verdade, as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que a investidora pagou por eles antecipadamente devendo, portanto, baixar o ágio contra essas receitas. Suponha que uma empresa tenha pago pelas ações adquiridas um valor adicional ao do patrimônio liquido de $ 200.000, correspondente a sua participação nos lucros dos 10 anos seguintes da empresa adquirida. Nesse caso, tal ágio deverá ser amortizado na base de 10% ao ano. (Todavia, se os lucros previstos pelos quais se pagou o ágio não forem projetados em uma base uniforme de ano para ano, a amortização deverá acompanhar essa evolução proporcionalmente).(...) Nesse sentido, a CVM determina que o ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor pago na aquisição do investimento e o Fl. 4195DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 75 74 valor de mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada deverá ser amortizada da seguinte forma (...). 11.7.6 Ágio na Subscrição (...) b) por outro lado, vimos nos itens anteriores ao 11.7 que surge o ágio ou deságio somente quando uma empresa adquire ações ou quotas de uma empresa já existente, pela diferença entre o valor papo a terceiros e o valor patrimonial de tais ações ou quotas adquiridas dos antigos acionistas ou quotistas. Poderíamos concluir, então, que não caberia registrar um ágio ou deságio na subscrição de ações. Entendemos, todavia, que quando da subscrição de novas ações, em que há diferença entre o valor de custo do investimento e o valor patrimonial contábil, o ágio deve ser registrado pela investidora. Essa situação pode ocorrer quando os acionistas atuais (Empresa A) de uma empresa B resolvem admitir novo acionista (Empresa X) não, pela venda de ações já existentes, mas pela emissão de novas ações a serem subscritas, pelo novo acionista. Ou quando um acionista subscreva aumento de capital no lugar de outro. O preço de emissão das novas ações, digamos $ 100 cada, representa. a negociação pela qual o acionista subscritor está pagando o valor, patrimonial contábil da Empresa B, digamos $ 60, acrescido de uma maisvalia de $ 40, correspondente, por exemplo, ao fato de o valor de mercado dos ativos da Empresa B ser superior a seu valor contabilizado. Tal diferença representa, na verdade, uma reavaliação de ativos, mas não registrada pela Empresa B, por não ser obrigatória. Notemos que, nesse caso, não faz sentido lógico que o novo acionista ou mesmo o antigo, ao fazer a integralização do capital, registre seu investimento pelo valor patrimonial das suas ações e reconheça a diferença como perda não operacional. Na verdade, nesse caso, o valor pago a mais tem substância econômica bem fundamentada e deveria ser registrado como um ágio, baseado no maior valor de mercado dos ativos da Empresa B." (negrejouse) E não se diz, aqui, que a alienação de uma participação societária somente se dá mediante pagamento, em sentido estrito. Exigese, apenas, uma alteração substancial no patrimônio do alienante, a qual somente se verifica se ele passar a dispor de algo que antes não possuía, condição ausente neste caso, em que a participação societária detida pela controladora da autuada, contemporaneamente constituída mediante conferência da totalidade de ações que os sócios originais nela detinham, circula e retorna ao seu patrimônio no curto espaço de tempo em que a “reestruturação societária” é promovida. Neste sentido, também, a abordagem do Presidente e Julgador Ricardo Antônio Carvalho Barbosa, consignada na decisão de 1a instância, acerca do ágio interno, constituído em operações entre partes dependentes: Os estudiosos da ciência contábil definem o “Ágio Interno” como o decorrente de transações entre empresas sob controle comum, ou gerado internamente pela própria entidade. No presente caso, estaremos tratando da primeira situação. Fl. 4196DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 76 75 O reconhecimento de um ágio gerado dentro de um mesmo grupo econômico não encontra respaldo na ciência contábil, pois não é possível reconhecer uma maisvalia de um investimento quando originado de transação dos sócios com eles mesmos, haja vista a ausência de substância econômica na operação e de não resultar de um processo imparcial de valoração, num ambiente de livre mercado e de independência entre as duas companhias. São inúmeras as manifestações nesse sentido, conforme se verá a seguir. Tratase, pois, de um ágio apenas escritural, que não resulta de qualquer ganho concreto, e sim de mera atribuição de novo valor na transferência de titularidade de ações, não possuindo consistência ontológica para ser reconhecido como verdadeiro ágio. O falso ágio (no caso, ágio interno) se verifica quando as ações continuam, de fato, as mesmas, sobre o mesmo patrimônio e pertencentes, de fato, aos mesmos proprietários – ainda que indiretamente. A riqueza que cada acionista possuía antes é exatamente igual à riqueza que continuou a possuir após as movimentações. Assim, em articulações societárias artificiais e meramente formais, não há ágio pago e nem recebido. [...] Da lição dos renomados mestres fica claro que, para efeitos contábeis e societários, o surgimento de ágio, assim como lucro, pressupõe transação onerosa. Sem título oneroso não há maisvalia. Está na sua gênese a existência de um sacrifício, que alguém se predispõe a fazer, acima de determinado limite nominal, patrimonial, etc. O doutrinador Marco Aurélio Greco (“Planejamento Tributário”, Editora Dialética), ao enumerar algumas modalidades de planejamentos tributários com escassas chances de oposição contra o Fisco, também se posiciona contrariamente à figura do ágio sobre si mesmo: “Capítulo XVI – Operações Preocupantes XVI.1. Razão desta Denominação A experiência no campo do Direito Tributário mostra que, muitas vezes, surgem casos em que são desenhadas determinadas operações que exigem uma particular atenção do intérprete antes de emitir um pronunciamento quanto à sua oponibilidade ou não contra o Fisco. Como reiteradamente exposto, uma conclusão só pode ser emitida à vista de cada caso concreto e diante das múltiplas circunstâncias que o cerca, não apenas no plano da formulação abstrata da operação, mas também, à vista da história que cerca aquele determinado contribuinte (seu perfil e relevância, o empreendimento concreto, condutas anteriores que tenha realizado etc.). Não obstante as conclusões dependam do caso concreto, existem algumas situações que, por si só, recomendam especial atenção, pois geram preocupação aos que diante delas se encontram. Por isso, será feita uma singela enumeração destas situações, sem que isto esgote o conjunto de hipóteses que podem gerar preocupação aos que atuam nessa área. (...) XVI.10. Ágio de si Mesmo Fl. 4197DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 77 76 Por vezes, quando uma pessoa adquire determinada participação societária o faz com ágio, pois o valor da aquisição é superior ao respectivo valor de patrimônio líquido. Ocorre que, num momento posterior à aquisição, por vezes sucede de ser feita uma incorporação às avessas que gera uma situação curiosa em relação ao ágio na aquisição da participação societária. Com efeito, o ágio tem por objeto uma participação societária de titularidade da controladora, que representa fração do capital da pessoa jurídica controlada à qual ele se reporta. Na medida em que a controlada incorpora a controladora, desaparece o sujeito jurídico titular da participação societária. Assim, caso preservado, o montante do ágio passaria a estar dentro da incorporadora (antiga controlada), possuindo como origem um elemento que agora integra a própria incorporadora. Seria um ‘ágio de si mesmo’, o que sugere uma preocupação quando se analisa caso concreto que apresente este feitio.” (Grifouse). Esse impedimento decorre da Ciência Contábil e foi consagrado pelo Conselho Federal de Contabilidade que o enunciou, expressamente, como consequência do Princípio do Registro pelo Valor Original, consoante art. 7º da Resolução CFC nº 750/1993, em sua redação original (destaques acrescidos): “SEÇÃO IV O PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL Art. 7º Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerandose como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindose, tãosomente, sua decomposição em elementos e/ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste; IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada; V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos.” O Conselho Federal de Contabilidade editou, ainda, a Resolução CFC nº 1.110/2007 para aprovar a NBC T 19.10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, aplicável aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2008, cujo item 120 determina expressamente: “O reconhecimento de ágio decorrente de rentabilidade futura gerado internamente (goodwill interno) é vedado pelas normas nacionais e Fl. 4198DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 78 77 internacionais. Assim, qualquer ágio dessa natureza anteriormente registrado precisa ser baixado.” (Grifouse) Mais recentemente, em 25/11/2010, o Conselho Federal de Contabilidade aprovou a NBC TG 04 – Ativo Intangível, que tem por base o Pronunciamento Técnico CPC 04 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, no qual foi definido o tratamento contábil de ativos intangíveis e determinado que o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo: “Ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente 48. O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo. 49. Em alguns casos incorrese em gastos para gerar benefícios econômicos futuros, mas que não resultam na criação de ativo intangível que se enquadre nos critérios de reconhecimento estabelecidos no presente Pronunciamento. Esses gastos costumam ser descritos como contribuições para o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente, o qual não é reconhecido como ativo porque não é um recurso identificável (ou seja, não é separável nem advém de direitos contratuais ou outros direitos legais) controlado pela entidade que pode ser mensurado com confiabilidade ao custo. 50. As diferenças entre valor de mercado da entidade e o valor contábil de seu patrimônio líquido, a qualquer momento, podem incluir uma série de fatores que afetam o valor da entidade. No entanto, essas diferenças não representam o custo dos ativos intangíveis controlados pela entidade.” (Grifouse) Se os atos expedidos pelo CFC vinculam os contabilistas, uma vez que sua inobservância pode caracterizar infração no exercício da profissão, a mesma sorte acompanha as pessoas jurídicas, cujas demonstrações financeiras são elaboradas por tais profissionais. Embora desnecessário, na medida em que as operações aqui em debate se verificaram depois da revogação do art. 36 da Lei nº 10.637/2002, consignese que no artigo mencionado pela defesa, publicado por Jorge Vieira da Costa Júnior e Eliseu Martins (“A incorporação reversa com ágio gerado internamente: consequências da elisão fiscal sobre a contabilidade, in “http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos42004”) vislumbrase que a lei fiscal admite que o ágio surja em outras circunstâncias, em razão do que dispunha o art. 36 da Lei nº 10.637/2002. Referido trabalho acadêmico, no que importa à área de especialização de seus autores, conclui que definitivamente, à luz da teoria da contabilidade é inadmissível o surgimento de ágio em uma operação realizada dentro de um mesmo grupo econômico. Não é permitido contabilmente o reconhecimento de ágio gerado internamente, tampouco o lucro resultante. E, para assim arrematarem, argumentam que: Em síntese, o ágio (ou, por vezes, o deságio) surge do confronto entre o valor justo (fair value) de uma dada entidade (valor de saída), precificado por intermédio de uma transação envolvendo terceiros independentes, e o valor contábil (valor de entrada) do patrimônio líquido dessa mesma entidade (considerando, é claro, a participação acionária adquirida). Fl. 4199DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 79 78 Logo, em termos de Teoria da Contabilidade, a rigor, em uma transação admitese tão só a figura do ágio, que vem a ser um resultado econômico obtido em um processo de compra e venda de ativos líquidos (net assest), quando estiverem envolvidas partes independentes não relacionadas. Enfim, quando o ágio for resultado de um processo de barganha negocial não viciado, que concorra para a formação de um preço justo dos ativos líquidos em apreço. [...] Não faz sentido algum reconhecer, numa boa e sadia contabilidade, o resultado derivado de transações entre entidades sob o mesmo controle, ou seja, sob a mesma vontade. Isso é, na realidade, geração artificial de resultado. Contudo, adentrando à seara tributária, referidos autores limitamse a concluir que o respaldo em legislação tributária para o fenômeno – ágio gerado internamente – dá sentido econômico à operação. Há de fato riqueza sendo gerada pelo grupo societário nesses arranjos só que, no caso, está sendo transferido do Estado para o grupo via renúncia fiscal. Analisando exclusivamente um dos efeitos da operação interna, concernente ao diferimento da tributação do ganho de capital reconhecido pela parte que aliena a participação societária, tratado no art. 36 da Lei nº 10.637/2002, os autores expõem que: Elucidando o caput do artigo 36, temse que caso uma dada companhia “A” possua participação societária em outra companhia “B”, e resolva constituir uma terceira companhia “C”, integralizando ações subscritas de “C” com a participação societária em “B” avaliada economicamente, o lucro apurado por “A” na integralização das ações subscritas de “C” não será tributado de imediato, para fins de IRPJ e CSLL. Mais à frente, ao mencionar que o ágio carreado de “C” para “B” será dedutível tanto na apuração do lucro real quanto na base de cálculo da CSLL a ser apurado em “B”, os autores não explicitam qual dispositivo legal autorizaria a classificação daquela parcela como ágio. Diz a Lei nº 10.637/2002, nesta parte já revogada, desde a edição da Lei nº 11.196/2005: Art. 36. Não será computada, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da pessoa jurídica, a parcela correspondente à diferença entre o valor de integralização de capital, resultante da incorporação ao patrimônio de outra pessoa jurídica que efetuar a subscrição e integralização, e o valor dessa participação societária registrado na escrituração contábil desta mesma pessoa jurídica. § 1o O valor da diferença apurada será controlado na parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e somente deverá ser computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: I na alienação, liquidação ou baixa, a qualquer título, da participação subscrita, proporcionalmente ao montante realizado; Fl. 4200DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 80 79 II proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa jurídica para a qual a participação societária tenha sido transferida realizar o valor dessa participação, por alienação, liquidação, conferência de capital em outra pessoa jurídica, ou baixa a qualquer título. § 2o Não será considerada realização a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação, observadas as condições do § 1o. Ocorre que a lei apenas diferia a tributação do ganho de capital verificado no momento em que o direito da pessoa jurídica convertese em outro de maior valor, por ação única e exclusiva do titular deste direito, e sem que tal direito deixe, efetivamente, seu patrimônio. Na prática, a lei apenas equivale a situação fiscal do sujeito passivo que assim age àquela na qual permanece o sujeito passivo que não promove qualquer transferência de seu investimento para outra pessoa jurídica sob seu controle. E, somente por esta razão, já seria possível afastar o outro efeito aventado para esta operação, qual seja, a formação do ágio. Isto porque inexiste ganho real por parte da pessoa jurídica que transfere seus investimentos para outra pessoa jurídica, mas continua a deter sua titularidade de forma indireta. O diferimento da tributação, assim, não representa qualquer benefício, mas apenas a anulação de uma incidência que se materializaria por ato exclusivo do titular do direito. De outro lado, em momento algum o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 admite que na nova investida este direito reavaliado tenha a sua maisvalia reconhecida contabilmente como ágio, nem cogita que esta maisvalia seja amortizável. Os autores também não se reportam a qualquer ato normativo, solução de consulta ou julgamento administrativo que assim tenha concluído. Interpretação naquele sentido somente é possível olvidandose dos elementos conceituais de uma aquisição, quais sejam, partes independentes e preço. Vejase que estes elementos integram um conceito uniforme tanto na esfera contábil (na redação da Lei nº 6.404/76, ao menos até sua alteração pela Lei nº 11.638/2007) como na esfera tributária (art. 20 do Decretolei nº 1.598/77), determinante do que representa o custo de aquisição de um investimento. De outro lado, o ágio nada mais é do que a diferença entre o custo de aquisição e a equivalência patrimonial da participação societária, e no presente caso o primeiro restou majorado por conta do valor que lhe foi atribuído pelo seu titular ao subscrever capital na sociedade intermediária que passou temporariamente a deter o controle direto da investida. Assim, somente olvidando que custo de aquisição é o valor efetivamente despendido em transações com o mundo exterior (art. 7o da Resolução CFC nº 750/93), é possível construir o ágio amortizado pela recorrente. Impróprio, portanto, asseverar que somente a partir de 2010 foram estabelecidas restrições aos efeitos tributários das operações aqui praticadas, até porque, do disposto no art. 36 da Lei nº 10.637/2002 inferese que o legislador instituiu ali um mecanismo para evitar a tributação do ganho escriturado em razão da transferência de participação societária por valor superior ao patrimonial, na medida em que, verificandose esta transferência em sede de integralização de capital de outra sociedade, aquela participação pertenceria ao mesmo titular que inicialmente a detinha, mas agora de forma indireta. Diferiu, assim, sua tributação para momento futuro, no qual esta participação indireta deixasse de existir e o ganho se tornasse real. Fl. 4201DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 81 80 E, se esta transferência se dá sem a participação de terceiros, ou seja, de forma que a titularidade da participação societária, ao final, permaneça com as mesmas pessoas que inicialmente as detinham, há, tão só, reavaliação do investimento, e não ágio por expectativa de rentabilidade futura. Neste sentido, inclusive, são as lições de Hiromi Higuchi et alli, em sua obra Imposto de Renda das Empresas – Interpretação e prática (Editora IR Publicações, 29a edição, p. 360) ao tratar da reavaliação de participações societárias: O art. 438 do RIR/99 dispõe que será computado na determinação do lucro real o aumento de valor resultante de reavaliação de participação societária que o contribuinte avaliar pelo valor de patrimônio líquido, ainda que a contra partida do aumento do valor do investimento constitua reserva de reavaliação. Se a pessoa jurídica reavaliar investimento avaliado pela equivalência patrimonial não poderá diferir a tributação da contrapartida. O diferimento da tributação só é possível na reavaliação de participação societária avaliado pelo custo de aquisição. Neste caso, após a reavaliação se o investimento passar a ser avaliado pela equivalência patrimonial, o diferimento cessará. A Receita Federal teve a infelicidade de incluir o art. 39 da MP nº 66, de 29082002, convertido no art. 36 da Lei nº 10.637, de 3012 2002, dispondo: [...] A aplicação daquele artigo dá ensejo a planejamento tributário para aumentar o patrimônio líquido nas duas empresas, para cálculo de juros sobre o capital próprio. A empresa A que tem investimento na empresa B transfere o investimento como integralização de capital na empresa C, por valor bem superior ao contábil. A empresa A escritura a contrapartida da mais valia no resultado mas faz exclusão na determinação do lucro real e base de cálculo da CSLL, aumentando o patrimônio líquido com diferimento da tributação. A empresa C também aumentou o seu patrimônio líquido sem tributação. A única forma de a Receita Federal corrigir a infelicidade é, por ato normativo, dizer que o art. 36 da Lei nº 10.637/2002 é aplicável somente para os investimentos avaliados pelo custo de aquisição. Isso porque, para os investimentos avaliados pela equivalência patrimonial existe a vedação do art. 438 do RIR/99, que por ser lei específica não foi revogado. Mas, também relevante neste caso, é atentar para o fato de que a holding não apenas integraliza capital em uma recém criada empresa do mesmo grupo societário, nela aportando ações de empresa controlada por valor maior que o patrimonial, fazendo surgir o que se denominou ágio, o qual passou a ser amortizado 4 (quatro) meses depois, ao ser vertido patrimônio da pessoa jurídica intermediária para a controlada. Mais que isso, o resultado final desta operação é que, em razão da mencionada incorporação, a holding restabelece o controle direto sobre a autuada, de modo que tudo volta a ser como era antes, embora com uma “novidade”: o surgimento, no patrimônio da investida, de um item classificado como ágio, no valor de R$ 77.951.009,52 que se presta a reduzir seu lucro tributável nos cinco anos subsequentes, tendo como fundamento, justamente, a expectativa da controladora de que este lucro fosse auferido. Fl. 4202DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 82 81 A operação, nestes termos, busca atribuir à participação societária um valor futuro, que não reúne qualquer materialidade como justificativa para o incremento patrimonial. Distinguese, assim, essencialmente do que se verifica nos verdadeiros casos de aquisição, quando um terceiro paga pela expectativa de rentabilidade futura e antecipa no patrimônio da investidora esta realidade. É possível concluir, assim, que a integralização de capital com participação societária por valor maior que o patrimonial somente é possível quando existam razões passadas que justifiquem esta diferença. Neste sentido, inclusive, é o texto de autoria de Edison Carlos Fernandes (Imposto sobre a renda, planejamento tributário, o revogado artigo 36 da Lei nº 10.637/02 e a extinta correção monetária de balanço. In: Revista Dialética de Direito Tributário nº 129 (jun/2006), p. 27): À luz do exposto, entendemos que o artigo 36 da Lei nº 10.637, de 2002, revogado pela Lei nº 11.196, de 2005, veio corrigir a legislação tributária no sentido de adequar as oportunidades de atualização dos bens, direitos e do patrimônio líquido, incluindo, nesse rol, os investimentos permanentes relevantes. Dessa forma, resgatavase, após o artigo 4o da Lei nº 9.249, de 1995, "uma certa correção monetária de balanço", porque estaria garantindo o diferimento da tributação incidente sobre o ganho gerado pela avaliação de investimento relevante, sujeito ao método de equivalência patrimonial (assim como já ocorre no caso dos bens do ativo imobilizado e do investimento não relevante, avaliado pelo método do custo de aquisição). Sendo assim, estaria plenamente justificada a conduta de contribuintes pessoas jurídicas que criaram, previamente, as condições necessárias para aproveitamento dos benefícios concedidos pelo referido artigo revogado. Não se configura, dessa forma, o abuso de direito, porque o procedimento do artigo 36 da Lei nº 10.637, de 2002, foi o único meio previsto pelo legislador, seja por qual motivo for, para a reavaliação de investimento relevante, com a tributação sobre o ganho gerado diferida." Por meio desta reavaliação a pessoa jurídica atribui valor atualizado a itens de seu patrimônio que não mais se sujeitam a correção monetária de balanço, e o resultado positivo daí decorrente não tem tributação imediata, sendo diferido para o momento em que esta riqueza se materializar com a efetiva alienação daquele direito a terceiros. De outro lado, esta operação não gera o tão almejado “ágio fundamentado em rentabilidade futura”, realidade que somente pode ser antecipada no patrimônio de uma pessoa jurídica quando um terceiro, parte independente, reconhece sua viabilidade e por ela remunera o titular do investimento. Irrelevantes, assim, as justificativas apresentadas pela autuada acerca da necessidade de avaliação dos bens conferidos em integralização de capital de Padovas Participações S/A, ou da caracterização da incorporação de ações como forma de aquisição da participação societária, dado que os sócios originais da autuada poderiam ter assim procedido, mas sem classificar a maisvalia como ágio, nem constituir ou valerse de MVSO Participações S/A, para viabilizar a cisão que, em seu entender, autorizaria a amortização daquela maisvalia. Os alegados objetivos de iniciar uma nova atividade operacional (venda de caminhões) e reavaliar seus ativos a valor de mercado poderiam ser legitimamente almejados e realizados sem a amortização do ágio aqui questionada, desde que não associados à avaliação destes Fl. 4203DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 83 82 ativos com base na expectativa de rentabilidade futura, dado que esta antecipação é incompatível com o conceito de reavaliação, como antes demonstrado. De toda sorte, convém destacar as constatações fiscais acerca de MVSO Participações S/A: O resultado do exame das informações contábeis15 da MVSO Participações S/A confirma a hipótese de a empresa ser uma típica “empresa de casca”, ou seja, não foram encontradas outras participações senão aquelas relacionadas ao próprio Grupo Florença, assim como, foi constatada desprezível movimentação contábil anterior e posterior à operação de transmissão do ágio, se comparada aos valores envolvidos na operação. Então, como demonstram os recortes constantes da Figura 12, em todo o período entre 01/10/2007 e 31/12/2010 ocorreu tão somente um único lançamento de receita operacional no valor de R$ 253.346,00. De outro lado, como despesas operacionais, entre 01/10/2007 e 1º/07/2008 (data do evento de cisão), ocorreram lançamentos que totalizam R$ 410,42. Ainda que não se vislumbre na legislação contábil ou societária vedação expressa à realização de incorporação de ações entre partes relacionadas, e a apreciação dos balanços das pessoas jurídicas seja individualizada no âmbito tributário, conceitualmente o ágio, e por conseqüência o deságio, nos termos antes expressos, somente surge entre partes independentes. Se este não é o caso, o tratamento conferido à diferença apurada é equivalente ao da reavaliação, e deve observar seus critérios e forma de realização. Desnecessária, portanto, a aplicação do parágrafo único do art. 116 do CTN, pois o procedimento fiscal prestouse, apenas, a negar efeitos à amortização da maisvalia que não se enquadra no conceito de ágio, e assim compatibilizar a apuração do lucro tributável ao que determina a lie. Por fim, em oposição à jurisprudência administrativa favorável à redução do lucro tributável em razão de ágio interno, cumpre consignar que este Colegiado vem mantendo exigências semelhantes à presente, como pode ser verificado nos Acórdãos nº 1101001.100, 1101001.097, 1101000.968 e 1101000.912. A autuada também aduz, subsidiariamente, que inexistiria previsão legal para a adição, à base de cálculo da CSLL, da despesa com a amortização de ágio considerada indedutível pela Fiscalização. Reportase ao art. 2o e §1o da Lei nº 7.689/88, diz que a Lei nº 6.404/76 sempre autorizou a amortização de ágio na contabilidade societária, que o Decretolei nº 1.598/77 afastou esta dedutibilidade para fins de apuração do lucro real, e que a Lei nº 7.689/88 assim não dispôs. A Lei nº 9.532/97 apenas veiculou benefício fiscal no âmbito do IRPJ, e restrições somente surgiram com a Lei nº 11.638/2007. Pede, assim, o cancelamento da exigência por ofensa ao princípio da legalidade. Esta Conselheira já se manifestou acerca da repercussão, na base de cálculo da CSLL, de amortização do ágio decorrente das disposições do art. 7o da Lei nº 9.532/97, ou seja, após a extinção do investimento. Neste sentido são os seguintes excertos do voto vencido que integra o Acórdão nº 1101000.841: E, quanto a este aspecto, a Lei nº 7.689/88, ao instituir a CSLL, não cogitou especificamente da adição, à sua base de cálculo, de Fl. 4204DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 84 83 amortizações de ágio que tivessem reduzido o lucro contábil, ou da exclusão de acréscimos decorrentes da amortização de deságio: Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1º Para efeito do disposto neste artigo: a) será considerado o resultado do períodobase encerrado em 31 de dezembro de cada ano; b) no caso de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de atividades, a base de cálculo é o resultado apurado no respectivo balanço; c ) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) § 2º No caso de pessoa jurídica desobrigada de escrituração contábil, a base de cálculo da contribuição corresponderá a dez por cento da receita bruta auferida no período de 1º janeiro a 31 de dezembro de cada ano, ressalvado o disposto na alínea b do parágrafo anterior. Já no âmbito da apuração do lucro real, o Decretolei nº 1.598/77 assim disciplinou os efeitos das amortizações de ágio e deságio: Art. 23. [...] Parágrafo único Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição, nem os ganhos ou perdas de capital derivados de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País.(Incluído pelo Decretolei nº 1.648, de 1978). [...] Art 33 O valor contábil, para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido (art. 20), será a soma algébrica dos seguintes valores: Fl. 4205DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 85 84 I valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte; II ágio ou deságio na aquisição do investimento, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial do contribuinte, excluídos os computados, nos exercícios financeiros de 1979 e 1980, na determinação do lucro real. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.730, 1979) IV provisão para perdas (art. 32) que tiver sido computada na determinação do lucro real. § 1º Os valores de que tratam os itens II a IV serão corrigidos monetariamente. § 2º Não será computado na determinação do lucro real o acréscimo ou a diminuição do valor de patrimônio líquido de investimento, decorrente de ganho ou perda de capital por variação na porcentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada.(Redação dada pelo Decretolei nº 1.648, de 1978). Dessa forma, as amortizações de ágio e deságio deveriam ser adicionadas ou excluídas na apuração do lucro real, e controladas na parte B do Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR, para posteriormente compor a apuração do ganho de capital na alienação ou liquidação do investimento. Mas, segundo a Lei nº 6.404/76: Art. 219. Extinguese a companhia: I pelo encerramento da liquidação; II pela incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades. Nestes termos, talvez por vislumbrar distinção entre a hipótese do inciso II do art. 219 da Lei nº 6.404/76 e de encerramento prevista no inciso I do mesmo dispositivo, esta hábil a ensejar a aplicação do disposto no art. 33 do Decretolei nº 1.598/77, o legislador assim fixou na seqüência deste dispositivo: Participação Extinta em Fusão, Incorporação ou Cisão Art 34 Na fusão, incorporação ou cisão de sociedades com extinção de ações ou quotas de capital de uma possuída por outra, a diferença entre o valor contábil das ações ou quotas extintas e o valor de acervo líquido que as substituir será computado na determinação do lucro real de acordo com as seguintes normas: I somente será dedutível como perda de capital a diferença entre o valor contábil e o valor de acervo líquido avaliado a preços de mercado, e o contribuinte poderá, para efeito de determinar o lucro real, optar pelo tratamento da diferença como ativo diferido, amortizável no prazo máximo de 10 anos; II será computado como ganho de capital o valor pelo qual tiver sido recebido o acervo líquido que exceder o valor contábil das ações ou quotas extintas, mas o contribuinte poderá, observado o disposto nos §§ 1º e 2º, diferir a tributação sobre a parte do ganho de capital em bens do ativo permanente, até que esse seja realizado. § 1º O contribuinte somente poderá diferir a tributação da parte do ganho de capital correspondente a bens do ativo permanente se: Fl. 4206DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 86 85 a) discriminar os bens do acervo líquido recebido a que corresponder o ganho de capital diferido, de modo a permitir a determinação do valor realizado em cada períodobase; e b) mantiver, no livro de que trata o item I do artigo 8º, conta de controle do ganho de capital ainda não tributado, cujo saldo ficará sujeito a correção monetária anual, por ocasião do balanço, aos mesmos coeficientes aplicados na correção do ativo permanente. § 2º O contribuinte deve computar no lucro real de cada períodobase a parte do ganho de capital realizada mediante alienação ou liquidação, ou através de quotas de depreciação, amortização ou exaustão deduzidas como custo ou despesa operacional. Nos casos em que a incorporação, fusão ou cisão ocorre em momento próximo à aquisição do investimento com ágio, o valor contábil do investimento é sempre superior ao acervo líquido contábil que substitui as quotas/ações extintas em razão da incorporação, fusão ou cisão, ensejando perda de capital. Para que esta perda fosse dedutível, em interpretação literal do texto, necessário seria que o acervo líquido vertido em razão da incorporação, fusão ou cisão fosse avaliado a preços de mercado. De outro lado, caso atendido este requisito, qualquer ágio apurado na aquisição de investimentos, quando esta fosse seguida de incorporação da investida, ensejaria perda dedutível. A exposição de motivos da Lei nº 9.532/97 expressa preocupação com circunstâncias semelhantes a esta, como a seguir transcrito: O art. 8o estabelece o tratamento tributário do ágio ou deságio decorrente da aquisição, por uma pessoa jurídica, de participação societária no capital de outra, avaliada pelo método da equivalência patrimonial. Atualmente, pela inexistência de regulamentação legal relativa a esse assunto, diversas empresas utilizando dos já referidos “planejamentos tributários”, vêm utilizando o expediente de adquirir empresas deficitárias, pagando ágio pela participação, com a finalidade única de gerar ganhos de natureza tributária mediante o expediente, nada ortodoxo, de incorporação da empresa lucrativa pela deficitária. Com as normas previstas no Projeto, esses procedimentos não deixarão de acontecer, mas, com certeza, ficarão restritos às hipóteses de casos reais, tendo em visto o desaparecimento de toda vantagem de natureza fiscal que possa incentivar a sua adoção exclusivamente por esse motivo. Neste contexto, as disposições da Lei nº 9.532/97 podem ser interpretados como um instrumento para evitar a dedução do ágio apurado sem fundamento econômico, o qual deveria ser mantido em conta do ativo permanente, não sujeita a amortização: Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (Vide Medida Provisória nº 135, de 30.10.2003) I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; Fl. 4207DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 87 86 II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do §2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anoscalendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão. § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar: a) o ágio, em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; b) o deságio, em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II do caput: a) será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; b) poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese da alínea "b" do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos e contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente. § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito. (negrejouse) No mesmo sentido manifestase Luís Eduardo Schoueri, na obra Ágio em Reorganizações Societárias (Aspectos Tributários), Dialética: São Paulo, 2012. Depois de reportarse à doutrina que se posiciona em sentido contrário, diz o referido autor (p. 67): Tal posicionamento não deixa de ser curioso. Afinal, se anteriormente o ágio era deduzido integralmente, a imposição de restrições não poderia ser considerada um incentivo. A exposição de motivos da Medida Provisória no 1.602/1997 deixou hialino esse instituto de restrição da consideração do ágio como despesa dedutível, mediante a instituição de óbices à amortização de qualquer tipo de ágio nas operações de incorporação. Com isso, o legislador visou limitar a Fl. 4208DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 88 87 dedução do ágio às hipóteses em que forem acarretados efeitos econômicotributários que o justificassem. Realizada a incorporação, na escrituração comercial, o acervo líquido recebido pelo valor contábil anula o investimento correspondente, avaliado pela equivalência patrimonial, e remanesce no patrimônio da sociedade resultante apenas o ágio/deságio, classificado em Ativo Diferido, quando fundamentado em rentabilidade futura, para amortização no período pelo qual ela foi projetada. Com a edição da Lei nº 9.532/97 a amortização do ágio com este fundamento passa a ser dedutível no mesmo momento em que registrada contabilmente, desde que observado o prazo mínimo de 5 (cinco) anos para amortização. Quanto ao ágio fundamentado em ativos ou em outras razões econômicas, a doutrina contábil orienta em sentido semelhante ao da lei, pois no primeiro caso vincula seus efeitos no resultado à realização do ativo, e no segundo caso determina sua baixa imediata, por não ser possível associar seu pagamento a algum critério que permita dimensionar sua amortização. Assim, embora à primeira vista a Lei nº 9.532/97 aparente surtir efeitos apenas nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, na medida em que esta aproximouse, no caso de ágio pago por expectativa de rentabilidade futura, da apuração do lucro contábil como antes mencionado, é possível interpretar que a lei, ao valerse daqueles termos, e não meramente firmar a dedutibilidade da amortização na apuração do lucro real, repercutiria, também, na apuração da base de cálculo da CSLL, inclusive como expresso na Instrução Normativa SRF nº 390/2004: Subseção III Do Investimento em Sociedades Coligadas ou Controladas Avaliado pelo Valor de Patrimônio Líquido Da incorporação, fusão ou cisão Art. 75. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do Decretolei nº 1.598, de 1977, deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento econômico seja: I valor de mercado de bens ou direitos do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos períodos de apuração futuros, em contrapartida a conta do ativo diferido, se ágio, ou do passivo, como receita diferida, se deságio; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas, em contrapartida a conta do ativo diferido, se ágio, ou do passivo, como receita diferida, se deságio. § 1º Alternativamente, a pessoa jurídica poderá registrar o ágio ou deságio a que se referem os incisos II e III do caput em conta do patrimônio líquido. Fl. 4209DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 89 88 § 2º A opção a que se refere o § 1º aplicase, também, à pessoa jurídica que tiver absorvido patrimônio de empresa cindida, na qual tinha participação societária adquirida com ágio ou deságio, com o fundamento de que trata o inciso I do caput, quando não tiver adquirido o bem a que corresponder o referido ágio ou deságio. § 3º O valor registrado com base no fundamento de que trata: I o inciso I do caput integrará o custo do respectivo bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e para determinação das quotas de depreciação, amortização ou exaustão; II o inciso II do caput: a) poderá ser amortizado nos balanços correspondentes à apuração do resultado ajustado levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no máximo, para cada mês do período a que corresponder o balanço, no caso de ágio; b) deverá ser amortizado nos balanços correspondentes à apuração do resultado ajustado levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período a que corresponder o balanço, no caso de deságio; III o inciso III do caput não será amortizado, devendo, no entanto, ser: a) computado na determinação do custo de aquisição na apuração de ganho ou perda de capital, no caso de alienação do direito que lhe deu causa ou de sua transferência para sócio ou acionista na hipótese de devolução de capital; b) deduzido como perda, se ágio, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa; c) computado como receita, se deságio, no encerramento das atividades da empresa. § 4º As quotas de depreciação, amortização ou exaustão de que trata o inciso I do § 3º serão determinadas em função do prazo restante de vida útil do bem ou de utilização do direito, ou do saldo da possança, na data em que o bem ou direito tiver sido incorporado ao patrimônio da empresa sucessora. § 5º A amortização a que se refere a alínea "a" do inciso II do § 3º, observado o máximo de 1/60 (um sessenta avos) por mês, poderá ser efetuada em período maior do que sessenta meses, inclusive pelo prazo de duração da empresa, se determinado, ou da permissão ou concessão, no caso de empresa permissionária ou concessionária de serviço público. § 6º Na hipótese da alínea "b" do inciso III do § 3º, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa jurídica usuária ao pagamento da CSLL que deixou de ser recolhida, acrescida de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados de conformidade com a legislação vigente. § 7º O valor que servir de base de cálculo da CSLL a que se refere o § 6º poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito. § 8º O disposto neste artigo aplicase, também, quando: I o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; II a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. Fl. 4210DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 90 89 § 9º O controle e as baixas, por qualquer motivo, dos valores de ágio ou deságio, na hipótese deste artigo, serão efetuados exclusivamente na escrituração contábil da pessoa jurídica. (negrejouse) Assim, quer em razão do disposto na Instrução Normativa SRF nº 390/2004, quer por interpretação dos termos da Lei nº 9.532/97, e mesmo em conseqüência da apuração contábil, a base de cálculo da CSLL necessariamente restaria afetada pela amortização do ágio aqui em comento, caso reconhecida sua existência no patrimônio da autuada após a reorganização societária debatida nestes autos, bem como sua fundamentação em rentabilidade futura. Eventualmente poderiam existir descompassos entre a sistemática de amortização contábil e aquela fixada pela Lei nº 9.532/97, mas o fato é que a autoridade fiscal não fez qualquer ressalva acerca de irregularidades na apuração da base de cálculo da CSLL em decorrência da amortização do ágio. Não se vislumbra, dessa forma, qualquer especificidade que possa ensejar um resultado diferenciado para a exigência de CSLL decorrente da glosa de amortização do ágio que passou a integrar o patrimônio da autuada após a reorganização societária em comento. Em outro momento, manifestandose especificamente acerca dos efeitos, na base de cálculo da CSLL, da amortização de ágio transferido à investida, mas mantido, em duplicidade, também na investidora, esta Conselheira complementou a abordagem acima reproduzida com os seguintes argumentos, que integram o voto condutor dos Acórdãos nº 1101000.961 e 1101000.962: Subsidiariamente a recorrente também questiona outros aspectos decorrentes da admissibilidade da acusação fiscal. Inicialmente diz que inexiste previsão legal para adição, à base de cálculo da CSLL, da despesa com amortização de ágio considerada indedutível. Todavia, como o trabalho fiscal resultou na conclusão de que o ágio permanece indiretamente como um ativo da sociedade espanhola, por meio de sua participação na sua controlada brasileira, sua amortização resta inadmissível no próprio lucro contábil, referência primeira para apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Logo, é desnecessária norma específica que determine a adição destes valores à base de cálculo daquela contribuição, como adiante se demonstrará. A Lei nº 7.689/88, ao instituir a CSLL, não cogitou especificamente da adição, à sua base de cálculo, de amortizações de ágio que tivessem reduzido o lucro contábil, ou da exclusão de acréscimos decorrentes da amortização de deságio: [...] Já no âmbito da apuração do lucro real, o Decretolei nº 1.598/77 disciplinou os efeitos das amortizações de ágio e deságio, mas em razão do disposto em seu art. 34, a Lei nº 9.532/97 impôs limites à amortização do ágio naqueles casos, alinhando os efeitos fiscais aos contábeis, como aqui já demonstrado. E, também como já visto, ao cuidar da qualidade das demonstrações financeiras das companhias abertas, a Fl. 4211DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 91 90 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já havia identificado a distorção promovida por operações como as aqui verificadas, ao final das quais o investimento e, conseqüentemente, o ágio permanecem inalterados na controladora original. Por sua vez, a solução encontrada para corrigir esta divergência foi, justamente, a constituição de uma provisão para manutenção da integridade do patrimônio líquido, a qual se presta a neutralizar os efeitos do ativo contabilizado em razão da transferência do ágio, exceto em relação ao benefício fiscal decorrente da sua amortização, consoante expresso no texto consolidado da Instrução Normativa CVM nº 319/99, alterada pela Instrução Normativa CVM nº 349/2001: Art. 6º O montante do ágio ou do deságio, conforme o caso, resultante da aquisição do controle da companhia aberta que vier a incorporar sua controladora será contabilizado, na incorporadora, da seguinte forma: I. nas contas representativas dos bens que lhes deram origem – quando o fundamento econômico tiver sido a diferença entre o valor de mercado dos bens e o seu valor contábil (Instrução CVM nº 247/96, art. 14, § 1º); II. em conta específica do ativo imobilizado (ágio) – quando o fundamento econômico tiver sido a aquisição do direito de exploração, concessão ou permissão delegadas pelo Poder Público (Instrução CVM nº 247/96, art. 14, § 2º, alínea b); e III. em conta específica do ativo diferido (ágio) ou em conta específica de resultado de exercício futuro (deságio) – quando o fundamento econômico tiver sido a expectativa de resultado futuro (Instrução CVM nº 247/96, art. 14, § 2º, alínea a). § 1º O registro do ágio referido no inciso I deste artigo terá como contrapartida reserva especial de ágio na incorporação, constante do patrimônio líquido, devendo a companhia observar, relativamente aos registros referidos nos incisos II e III, o seguinte tratamento: a. constituir provisão, na incorporada, no mínimo, no montante da diferença entre o valor do ágio e do benefício fiscal decorrente da sua amortização, que será apresentada como redução da conta em que o ágio foi registrado; b. registrar o valor líquido (ágio menos provisão) em contrapartida da conta de reserva referida neste parágrafo; c. reverter a provisão referida na letra "a" acima para o resultado do período, proporcionalmente à amortização do ágio; e d. apresentar, para fins de divulgação das demonstrações contábeis, o valor líquido referido na letra "a" no ativo circulante e/ou realizável a longo prazo, conforme a expectativa da sua realização. § 2º A reserva referida no parágrafo anterior somente poderá ser incorporada ao capital social, na medida da amortização do ágio que lhe deu origem, em proveito de todos os acionistas, excetuado o disposto no art. 7º desta Instrução. § 3º Após a incorporação, o ágio ou o deságio continuará sendo amortizado observandose, no que couber, as disposições das Instruções CVM nº 247, de 27 de março de 1996, e nº 285, de 31 de julho de 1998. (negrejouse) Fl. 4212DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 92 91 Não se trata, aqui, de determinar incidência tributária a partir de ato normativo da CVM, cuja competência, sabese, não afeta este campo interpretativo. Tratase, apenas, de argumento de reforço à conclusão, já antes expressa, de que a transferência do ágio promovida mediante empresa veículo acaba por duplicar seu valor no patrimônio da investida e da investidora, e exige procedimentos contábeis para neutralização deste efeito indesejado. A escolha feita pela CVM confirma que o registro sem substância econômica corresponde ao ágio que surge no patrimônio da empresa veículo e, depois, no patrimônio da incorporadora (investida), entendimento que se alinha à conclusão antes expressa acerca da repercussão desta operação no âmbito da apuração do IRPJ, a qual concentra na investidora os efeitos da amortização do ágio por ela originalmente pago. Diante deste contexto, a neutralização dos efeitos contábeis da amortização do ágio na investida, mediante realização da provisão para manutenção da integridade do patrimônio líquido, justifica a incidência da CSLL sobre os valores amortizados. Em outras palavras, o lucro líquido, base de cálculo daquela contribuição, deve ser aquele apurado contabilmente, tendo em conta não só a dedução da amortização, como também a neutralização de seus efeitos pela realização de provisão criada em razão da ausência de substância econômica do ágio transferido. Vejase que a CVM admite o reconhecimento, no resultado, do benefício fiscal que decorreria da amortização do ágio transferido, mediante constituição de uma provisão inferior ao montante do ágio transferido. Mas, como dito, aquela instituição não tem competência para fixar critérios interpretativos de incidência tributária, de modo que evidenciada a indedutibilidade da amortização do ágio transferido, resta sem substância econômica a totalidade deste valor, o que justifica a exigência da CSLL sobre as mesmas bases de cálculo adotadas para o IRPJ. Cumpre acrescentar, porém, que a figura do ágio surge, em regra, no momento da aquisição do investimento, quando seu custo de aquisição é confrontado com a correspondente parcela do patrimônio líquido da investida e mostrase superior a ela. Assim, sua formação decorre, necessariamente, da adoção do método de equivalência patrimonial para avaliação de investimentos. E, neste ponto, notase que a legislação, ao disciplinar a forma como seriam registrados os investimentos permanentes em coligadas ou controladas, não tratou especificamente daquela figura. Originalmente, o Decretolei nº 2.627/40 adotava apenas o custo de aquisição como regra para valoração de investimentos: Art. 129. No fim de cada ano ou exercício social, procederseá a balanço geral, para a verificação dos lucros ou prejuízos. Parágrafo único. Feito o inventário do ativo e passivo, a estimação do ativo obedecerá às seguintes regras: a) os bens, destinados à exploração do objeto social, avaliarseão pelo custo de aquisição. Na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso ou pela ação ao tempo ou de outros fatores, atenderseá à desvalorização respectiva, devendo ser criados Fl. 4213DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 93 92 fundos de amortização para assegurarlhes a substituição ou a conservação do valor; b) os valores mobiliários, matéria prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da sociedade, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente no mercado ou Bolsa. Prevalecerá o critério da estimação pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço do custo. Quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição ou fabricação, se avaliados os bens pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço do custo não será levada em conta para a distribuição de dividendos, nem para as percentagens referentes aos fundos de reserva; [...] (negrejouse) A Lei nº 6.404/76 alterou significativamente este contexto, ao instituir a avaliação de investimentos com base no patrimônio líquido da investida. O tema foi assim abordado em sua Exposição de Motivos: Na avaliação, no balanço patrimonial, de investimento considerado relevante, o princípio geral do custo de aquisição, atualizado monetariamente, não é critério adequado, porque não reflete as mutações ocorridas no patrimônio da sociedade coligada ou controlada. Daí as normas do artigo 249 que impõem, nos casos que especifica, a avaliação com base no patrimônio líquido. Quando esses investimentos correspondem a parcela apreciável dos recursos próprios da companhia, nem mesmo o critério de avaliação com base no patrimônio líquido é suficiente para informar acionistas e credores sobre a sua situação financeira: somente a elaboração de demonstrações financeiras consolidadas, segundo as normas constantes do artigo 251, poderá proporcionar esse conhecimento. [...] Os critérios de avaliação do ativo (art. 184) são os da lei atual, com as seguintes inovações: a) [...]; b) o custo de aquisição dos investimentos em outras sociedades deverá ser deduzido das perdas prováveis na realização do seu valor e não será modificado pelo recebimento de ações ou quotas bonificadas; mas os investimentos relevantes em coligadas e controladas deverão ser avaliados pelo valor de patrimônio líquido (nº II); (negrejouse) A Lei nº 6.404/76, por sua vez, restou assim redigida, em seu texto original: Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: [...] III os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada Fl. 4214DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 94 93 como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; [...] § 2º A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada periodicamente nas contas de: [...] b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; [...] Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em sociedades coligadas sobre cuja administração tenha influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e em sociedades controladas, serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguintes normas: I o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas; II o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada; III a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício: a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. § 1º Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste artigo, serão computados como parte do custo de aquisição os saldos de créditos da companhia contra as coligadas e controladas. § 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I. (negrejouse) [...] Art. 250. Das demonstrações financeiras consolidadas serão excluídas: Fl. 4215DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 95 94 I as participações de uma sociedade em outra; II os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; III as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ativo permanente que corresponderem a resultados, ainda não realizados, de negócios entre as sociedades. [...] § 2º A parcela do custo de aquisição do investimento em controlada, que não for absorvida na consolidação, deverá ser mantida no ativo permanente, com dedução da provisão adequada para perdas já comprovadas, e será objeto de nota explicativa. § 3º O valor da participação que exceder do custo de aquisição constituirá parcela destacada dos resultados de exercícios futuros até que fique comprovada a existência de ganho efetivo. [...] Nestes termos, os investimentos avaliados pelo custo de aquisição, em determinadas circunstâncias, poderiam ser ajustados por provisão de perdas prováveis em sua realização, mas o regramento da avaliação de investimentos por equivalência patrimonial não cogitava de destaque semelhante, ao qual poderia equivaler o ágio pago na aquisição do investimento. Por sua vez, a amortização prevista em razão da diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado ficou restrita a direitos de propriedade industrial ou comercial ou outros bens e direitos com duração ou utilização contratual limitadas, distintos, portanto, dos investimentos permanentes em outras sociedades. Significa dizer que o investimento avaliado por equivalência patrimonial deveria ser registrado pelo custo de aquisição e, no momento do balanço patrimonial da investidora, seria confrontado com o equivalente patrimônio líquido da investida, sendo a diferença registrada como resultado do exercício, mas somente se decorrente de resultados da investida e ganhos ou perdas efetivos, ou em razão de determinações da Comissão de Valores Mobiliários. Evidência de que o ágio permanecia integrando o custo de aquisição do investimento em tais circunstâncias são as determinações do art. 250, §§2o e 3o da Lei nº 6.404/76, que revelam o tratamento a ser dado às diferenças positivas e negativas entre o custo do investimento avaliado por equivalência patrimonial e o correspondente patrimônio da investida em caso de consolidação de balanços. Na mesma linha é a abordagem contida em edição antiga do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. 3ª edição. Editora Atlas. São Paulo, 1991: pág. 248): Ao comprar ações de uma empresa que serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial, devese, já na ocasião da compra, segregar na contabilidade o preço total de custo em duas subcontas distintas, ou seja, o valor da equivalência patrimonial numa subconta e o valor do ágio (ou deságio) em outra subconta. A lei das S.A., na verdade, não abordou esse tratamento contábil especificamente; todavia, ele está de acordo com adequada técnica contábil e expresso ainda na legislação fiscal, através do art. 259 do RIR (Decreto nº 85.450, de 041280) e na Instrução CVM nº 01, itens XX e XXV. Fl. 4216DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 96 95 A subconta relativa ao ágio ou deságio deve figurar no próprio grupo de investimentos, sendo que a instrução CVM nº 01 estabelece que, para fins do Balanço Patrimonial, os saldos de ambas as contas devem estar agrupados no Ativo Permanente. Somente com a edição do Decretolei nº 1.598/77 surge a primeira determinação legal para que as pessoas jurídicas submetidas à tributação pelo lucro real, sociedades anônimas ou não, promovam o desdobramento do custo de aquisição do investimento avaliado por equivalência patrimonial, destacando o ágio ou deságio correspondente e apresentando seu fundamento econômico. Neste sentido são as disposições de seu art. 20: Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. § 4º As normas deste Decretolei sobre investimentos em coligada ou controlada avaliados pelo valor de patrimônio líquido aplicamse às sociedades que, de acordo com a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, tenham o dever legal de adotar esse critério de avaliação, inclusive as sociedades de que a coligada ou controlada participe, direta ou indiretamente, com investimento relevante, cuja avaliação segundo o mesmo critério seja necessária para determinar o valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada. A amortização contábil do ágio, por sua vez, é implicitamente admitida no art. 25 do Decretolei nº 1.598/77, mas sua dedução no lucro real é postergada para o momento da alienação do investimento, nos termos do seu art. 33: Art 25 O ágio ou deságio na aquisição da participação, cujo fundamento tenha sido a diferença entre o valor de mercado e o valor contábil dos bens do ativo da coligada ou controlada (art. 20, Fl. 4217DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 97 96 § 2º, letra a ), deverá ser amortizado no exercício social em que os bens que o justificaram forem baixados por alienação ou perecimento, ou nos exercícios sociais em que seu valor for realizado por depreciação, amortização ou exaustão. § 1º A contrapartida da amortização do ágio ou deságio nos termos deste artigo somente será computada na determinação do lucro real pela diferença entre o montante da amortização e o da participação do contribuinte: a) no resultado realizado pela coligada ou controlada na alienação ou baixa dos bens do ativo cujo valor tenha constituído o fundamento econômico do ágio ou deságio; ou b) no valor realizado pela coligada ou controlada na depreciação, amortização ou exaustão desses bens. § 2º As contrapartidas da amortização de ágio ou deságio com os fundamentos das letras b e c de § 2º de artigo 20 não serão computadas na determinação do lucro real, ressalvado o disposto no artigo 33. [...] Art 33 O valor contábil, para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido (art. 20), será a soma algébrica dos seguintes valores: I valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte; II saldo não amortizado de ágios ou deságios na aquisição da participação com fundamento na letra a do § 2º do artigo 20; III ágio ou deságio na aquisição do investimento com fundamento nas letras b e c do § 2º do artigo 20, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial do contribuinte; IV provisão para perdas (art. 32) que tiver sido computada na determinação do lucro real. § 1º Os valores de que tratam os itens II a IV serão corrigidos monetariamente. § 2º Serão computados na determinação do lucro real: a) como ganho de capital, o acréscimo do valor de patrimônio líquido decorrente de aumento na porcentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada, resultante de modificação do capital social desta com diluição da participação dos demais sócios; b) como perda de capital, a diminuição do valor de patrimônio líquido decorrente de redução na porcentagem da participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada, em virtude de modificação no capital social desta com diluição da participação do contribuinte. Será, assim, a Instrução CVM nº 01, editada posteriormente, em 27/04/1978, que primeiro determinará o registro desta amortização: Desdobramento do custo de aquisição de investimento Fl. 4218DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 98 97 XX Para efeito de contabilização, o custo de aquisição de investimento em coligada ou em controlada deverá ser desdobrado e os valores resultantes desse desdobramento contabilizados em sub contas separadas: a) equivalência patrimonial baseada em balanço patrimonial ou em balancete de verificação levantado até, no máximo, sessenta dias antes da data da aquisição pela investidora ou pela controladora, consoante o disposto no Inciso XI b) ágio ou deságio na aquisição, representado pela diferença para mais ou para menos, respectivamente, entre o custo de aquisição do investimento e a equivalência patrimonial. XXI o ágio ou deságio computado na ocasião da aquisição do investimento deverá ser contabilizado com indicação do fundamento econômico que o determinou: a) diferença para mais ou para menos entre o valor de mercado de bens do ativo e o valor contábil desses mesmos bens na coligada ou na controlada; b) diferença para mais ou para menos na expectativa de rentabilidade baseada em projeção do resultado de exercícios, futuros; c) fundo de comércio, intangíveis ou outras razões econômicas. XXII O ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor de mercado de bens do ativo e o valor contábil na coligada ou na controlada desses mesmos bens deverá ser amortizado na proporção em que for sendo realizado na coligada ou na controlada por depreciação, por amortização ou por exaustão dos bens, ou por baixa em decorrência de alienação ou de perecimento desses mesmos bens. XXIII O ágio ou o deságio decorrente da expectativa de rentabilidade deverá ser amortizado no prazo e na extensão das projeções que o determinaram ou quando houver baixa em decorrência de alienação ou de perecimento do investimento antes de haver terminado o prazo estabelecido para amortização. XXIV O ágio decorrente de fundo de comércio, de intangíveis ou de outras razões econômicas, deverá ser amortizado no prazo estimado de utilização, de vigência ou de perda de substância ou quando houver baixa em decorrência de alienação ou de perecimento do investimento antes de haver terminado o prazo estabelecido para amortização. XXV Na elaboração do balanço patrimonial da investidora ou da controladora, o saldo não amortizado do ágio ou do deságio deverá ser apresentado no ativo permanente, adicionado ou deduzido, respectivamente, da equivalência patrimonial do investimento a que se referir. A provisão para perdas deverá também ser apresentada no ativo permanente por dedução da equivalência patrimonial do investimento a que se referir. Resta evidente, portanto, que a amortização contábil do ágio pago na aquisição de investimentos era apenas uma possibilidade no momento da edição do Decretolei nº 1.598/77, e não estava cogitada na Lei nº 6.404/76. A determinação de que ela fosse Fl. 4219DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 99 98 apropriada contabilmente surge, apenas, com a manifestação da Comissão de Valores Mobiliários. Assim, é válido concluir que a Lei nº 7.689/88 não cogitava dos efeitos desta amortização quando fixou o resultado do exercício como base de cálculo da CSLL, e determinou os ajustes pertinentes, estes evidentemente expressos em razão do que estabelecido pela Lei nº 6.404/76: Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social. Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1º Para efeito do disposto neste artigo: a) será considerado o resultado do períodobase encerrado em 31 de dezembro de cada ano; b) no caso de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de atividades, a base de cálculo é o resultado apurado no respectivo balanço; c ) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei nº 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei nº 8.034, de 1990) De outra forma, o ato normativo da CVM estaria determinando incidência tributária, ou afastandoa. Assim, não era necessário que a Lei nº 7.689/88 determinasse a adição da amortização de ágio à base de cálculo da CSLL, porque esta dedução não estaria computada no lucro contábil apurado na forma da Lei nº 6.404/76. No mais, no presente caso restou demonstrado que a amortização promovida não decorre de maisvalia que possa ser classificada como ágio, bem como que na apuração do lucro contábil esta dedução não é admitida por ausência de substância econômica. Na medida em que o sujeito passivo neutralizou contabilmente esta amortização com a receita de reversão de provisão, mas Fl. 4220DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 100 99 posteriormente excluiu esta receita da base tributável pela CSLL, correta também se mostra a glosa da amortização no âmbito da apuração daquela contribuinte. Diante de todo exposto, concluise que nada há na legislação contábil, societária ou tributária que ampare a pretensão da recorrida, motivo pelo qual deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário da autuada relativamente às exigências principais de IRPJ e CSLL decorrentes da redução indevida do lucro tributável em razão do ágio interno. A autuada também recorre da glosa de despesas financeiras, afirmando que elas atendem ao art. 299 do RIR/99. Expõe os conceitos de necessidade, usualidade e normalidade, cita doutrina e manifestação da CSRF e conclui que as despesas serão operacionais (dedutíveis) quando forem justificáveis do ponto de vista gerencial, acrescentando que os montantes despendidos são essenciais ao desenvolvimento de suas práticas empresariais e para a gerência dos seus negócios dentro do “Grupo Florença”. Discorda do entendimento exposto na decisão recorrida, no sentido de que os empréstimos em referência não estariam vinculados ao seu objeto social, destacando sua marca consolidada no mercado de revenda de veículos, a qual lhe atribui maior poder de barganha nas negociações com as instituições financeiras, seja no que tange à obtenção dos empréstimos para a manutenção do crescimento do seu Grupo Empresarial (“Grupo Florença”), seja no que diz respeito à obtenção de capital de giro para o fomento de suas atividades. Ressalta que apenas 36% dos empréstimos teriam sido repassados a pessoas ligadas e que a própria Fiscalização reconheceu seu caráter de liderança no grupo, o que confirma a possibilidade de pagar menos juros nos empréstimos obtidos. Ademais, a gratuidade dos empréstimos concedidos não prejudica a dedução dos encargos porque a recorrente permanece responsável pela liquidação dos juros. Afirmase beneficiária dos empréstimos, diz que sua liquidez imputalhe a aquisição dos empréstimos em melhores condições, e entende que a redução da taxa de juros é suficiente para caracterizar a necessidade da despesa para o desenvolvimento e gerenciamento do “Grupo Florença”, já que todo empreendimento comercial é dependente de capital de terceiro, seja em maior ou menor proporção. Ademais, a redução dos juros acaba por aumentar a carga tributária, vez que se as empresas do grupo captassem seus empréstimos individualmente maiores seriam os valores deduzidos. Cita jurisprudência em favor de seu entendimento. Prossegue discorrendo sobre a gestão adequada dos recursos financeiros e questionando a interferência em sua política gerencial, na forma de doutrina e jurisprudência. Observase que toda a defesa da recorrente está orientada pelos benefícios auferidos pelo grupo empresarial em razão da concentração dos empréstimos em seu nome. Ignora, assim, princípio básico da contabilidade, nos termos da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade CFC nº 750/93: Art. 4º. O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por Fl. 4221DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 101 100 conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônio autônomo não resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômicocontábil Ao longo de sua argumentação, a recorrente também faz referência à obra de Ricardo Mariz de Oliveira (Fundamentos do Imposto de Renda. São Paulo: Quartier Latin, 2008, p. 696) atribuindo outro conteúdo ao que ali consignado, por suprimir a nota de rodapé vinculada ao texto, bem como dissociálo da abordagem subseqüente, em tudo compatível com a glosa aqui promovida. Vejase: O pagamento de juros só é necessário para a empresa pela carência de recursos próprios ou porque interessa à empresa, por razões de crédito ou de política financeira, contrair empréstimos 42. Mas, em qualquer dessas hipóteses, a despesa é sempre necessária porque decorre da atividade da empresa. Ao contrário, sabese objetivamente que juros pagos para obtenção de um empréstimo, cujos recursos tenham sido repassados aos sócios ou a outra pessoa jurídica, não têm qualquer relação com as atividades da empresa e com a sua fonte produtora, e só por isso são indedutíveis 43. A recorrente argumenta que as despesas seriam dedutíveis por interessar à empresa, por razões de crédito ou de política financeira, contrair empréstimos, deixando de mencionar que a nota de rodapé nº 42 referese ao Acórdão nº 10313.131, no qual a 3a Câmara do 1o Conselho de Contribuintes preceituou: "O fato isolado de a Autuada haver realizado aplicações no mercado financeiro durante o ano denota, apenas, boa administração dos recursos ociosos de caixa mesmo que tais aplicações derivem das quantias tomadas por empréstimo de sua coligada, por ser até possível a obtenção de taxas mais favoráveis que as que se obrigou a pagar, aspecto não examinado pela auditoria fiscal". Já o segundo parágrafo acima transcrito, omitido pela recorrente, faz referência ao Acórdão nº 10191.286, de 20.8.1997, que é reflexo de muitos outros no mesmo sentido: "CUSTOS. DESPESAS OPERACIONAIS E ENCARGOS. DESPESAS FINANCEIRAS. DEDUTIBILIDADE. São necessárias e portanto dedutíveis como despesas operacionais, os encargos financeiros suportados pela pessoa jurídica em razão de empréstimos obtidos junto a instituições financeiras, se não restar comprovado que os recursos deixaram de ser aplicados no interesse da sociedade, ou seja, que teriam sido repassados a terceiros". E, no presente caso, a autoridade lançadora logrou demonstrar que o valor emprestado a pessoas ligadas nunca foi inferior a 25,13%, tendo chegado até a marca de 74,13%, sendo que a empresa, em média, emprestou gratuitamente à pessoas ligadas a proporção nada insignificante de 36,47% do valor financeiro tomado de terceiros. Observando que os juros são despesa necessária a quem se utiliza efetivamente dos empréstimos e não a quem serviu de veículo para viabilizar o mesmo, a autoridade fiscal asseverou que os beneficiários finais deveriam ter repassado à autuada a receita correspondente ao valor proporcional dos juros que elas apropriassem como despesas financeiras. Em suma, portanto, não se questiona a decisão gerencial do grupo empresarial de centralizar a contratação de Fl. 4222DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 102 101 empréstimos. Apenas que os repasses devem ser acompanhados de rateio das despesas, de modo que a dedução se verifique no beneficiário, e produza os efeitos fiscais segundo a sua apuração e forma de tributação, aspectos desconsiderados pela recorrente ao discorrer sobre o aumento da carga tributária gerado pela forma adotada para contratação dos empréstimos. Assim, não há reparos à decisão recorrida, que assim expressou: A infração em análise decorreu da constatação de que a empresa concedia gratuitamente empréstimos a pessoas ligadas e, ao mesmo tempo, tomava emprestados recursos mediante remuneração a juros de mercado. A fiscalização entendeu que as despesas de juros na proporção dos empréstimos repassados seriam desnecessárias às atividades da empresa. O deslinde da questão envolve a análise do art. 299 do RIR/99: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47 ). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506 , de 1964, art. 47 , § 1º ). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506 , de 1964, art. 47 , § 2º ). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. De acordo com o Parecer Normativo CST nº 32/81, o gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração de atividades, principais ou acessórias, que estejam vinculadas com as fontes produtoras de rendimentos. São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Art. 299, § 1º, do RIR/99 – Lei n° 4.506/64, art. 47, § 1°). Ainda de acordo com o referido Parecer, a despesa normal é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária. Na peça impugnatória a defesa reconhece a existência das operações indicadas pela fiscalização, mas considera que as beneficiárias dos empréstimos concedidos pela autuada não são as pessoas ligadas à Impugnante, mas sim a própria Impugnante, enquanto líder do "Grupo Florença", o que afastaria o entendimento exarado pela Fiscalização. Embora as normas contábeis estabeleçam a possibilidade da existência de demonstrações consolidadas, resultantes da agregação das demonstrações contábeis de duas ou mais entidades, das quais uma tem o controle direto ou indireto sobre a(s) outra(s), essa forma de apuração do resultado não é reconhecida pela legislação do IRPJ e da CSLL. As demonstrações contábeis consolidadas abrangem entidades independentes com patrimônios autônomos, não surgindo, pela consolidação, nova entidade, mas tão somente uma unidade de Fl. 4223DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 103 102 natureza econômicocontábil, segundo o que estabelece o parágrafo único do artigo 4º da Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, tendo por objetivo apresentar a posição patrimonial e financeira, os resultados das operações e as origens e aplicações de recursos do conjunto, sem restringirse a limitações legais e à personalidade jurídica das entidades envolvidas. Entendese por unidade de natureza econômicocontábil o patrimônio, sem personalidade jurídica própria, resultante da agregação de patrimônios autônomos pertencentes a duas ou mais entidades. Assim, a elaboração de demonstrações consolidadas não exime as pessoas jurídicas integrantes do grupo de apurar o seu resultado individualmente. Por sua vez, a legislação do imposto de renda determina que são contribuintes do IRPJ e terão seus lucros apurados de acordo com o Regulamento do Imposto de Renda as pessoas jurídicas e as empresas individuais (DecretoLei n º 5.844, de 1943, art. 27). A legislação do imposto de renda não faz referência a tributação em conjunto de grupos econômicos, até porque, como já dito, a utilização de demonstrações contábeis consolidadas não faz surgir, pela consolidação, uma nova entidade. Portanto, a análise da necessidade de um dispêndio para fins de dedução do imposto de renda e da CSLL deve ser feita individualmente, por pessoa jurídica, e não de forma consolidada, envolvendo os benefícios a outras empresas do grupo, como sugere a defesa. Dentro desse enfoque, se o contribuinte toma recursos sobres os quais há incidência de juros e, ao mesmo tempo, concede empréstimo sem ônus a empresas ligadas, resta evidente que tal procedimento representa um custo desnecessário para manutenção da sua fonte produtora, equivalente ao valor dos juros incorridos na proporção dos valores repassados a terceiros. Tal operação revela um nítido caráter de liberalidade, não sendo aceita, por motivos óbvios, pela legislação fiscal. A autuada prossegue em sua defesa aduzindo que parte dos valores emprestados às pessoas jurídicas ligadas ao “Grupo Florença” foram efetuadas para a quitação de dívidas dessas sociedades, uma vez que a assunção da dívida foi permutada pela participação societária destas empresas, sendo admitido, também por esta razão, a dedução de tais despesas, nos termos do artigo 299 do RIR/99, por necessária à atividade empresarial. Assevera que a autoridade lançadora reconheceu que aportes de capital recebidos por Florença Caminhões seria provenientes da autuada, mediante transferência de capital por meio da controladora comum, ou por adiantamentos para futuro aumento de capital. Pede, assim, que sejam excluídos os montantes relacionados aos adiantamentos para futuro aumento de capital, os quais representam a quantia de R$ 9.249.593,07, indevidamente lançado como “mútuo Florença” no livro razão da Recorrente, consoante demonstrado no seguinte documento juntado à impugnação, correspondente ao extrato do Razão Contábil da conta nº 12180101, no anocalendário 2010: Fl. 4224DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 104 103 Inferese destes elementos que os adiantamentos para futuro aumento de capital que deveriam ser excluídos da apuração fiscal seriam aqueles representados pelos dois últimos lançamentos, realizados em 31/12/2010, sob o histórico “VALOR REF. BX SALDO ADTO P/ AUM. CAPITAL FCAMINHOES”, nos valores de R$ 3.957.549,51 e R$ 5.292.043,56. Antes disso, a conta em referência tem seu saldo aumentado ou diminuído em razão de lançamentos de transferência de ou para outras contas, bem como de novos empréstimos. Fl. 4225DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 105 104 No demonstrativo elaborado pela autoridade fiscal e juntado às fls. 1473/1514 verificase que nos saldos da conta nº 12180101 (Florença Caminhões S/A) foram considerados no montante de empréstimos a pessoas ligadas e confortados com os empréstimos passivos para determinar a proporção mensal dos juros que deveriam ser glosados na apuração do lucro tributável da autuada. Por sua vez, os lançamentos verificados em 31/12/2010, acima demonstrados, certamente estão contemplados nos créditos totais desta data, no valor de R$ 12.987.474,33, que contribuíram para a redução do saldo de empréstimos a pessoas ligadas de R$ 11.806.579,84 para R$ 4.708.559,77. A recorrente aduz que a autoridade lançadora teria reconhecido os aportes de capital recebidos por Florença Caminhões S/A, mas as constatações fiscais podem ser refletidas na seguinte frase à fl. 1352 do Relatório Fiscal: A evolução patrimonial da Florença Caminhões pode ser observada na Tabela 10, abaixo. Vemos que o Patrimônio Líquido informado em 31/12/2010, R$ 20.149.328,28, pode ser justificado em grande medida pelas transferências diretas de capital da Florença Veículos R$ 6.100.000,00 e R$ 9.000.000,00 (total R$ 15.100.000,00). Por sua vez, o aumento de capital de R$ 6.100.000,00 se verificou em 01/05/2008, concomitantemente com a redução do capital social da autuada, e o aporte de R$ 9.000.000,00 teria sido promovido pelos sócios de Florença Caminhões S/A, mas valendo se de dividendos distribuídos pela autuada em 2009. Assim, nenhuma referência existe à conversão de direitos em face de pessoas ligadas resultantes de mútuo em adiantamentos para futuro aumento de capital de Florença Caminhões S/A. E, caso a recorrente esteja se reportando aos efeitos dos dividendos distribuídos em 2009, valem as observações consignadas na decisão recorrida: O mesmo entendimento se aplica aos valores emprestados aos acionistas Marcelo Pizzani, Sérgio Pizzani, e Maria Cristina Pizzani, que teriam tido por finalidade a formação de capital da Florença Caminhões S/A. Nesse aspecto, mesmo que se considere a alegação da defesa de que teria havido um erro na escrituração da autuada, com indevido lançamento de "mútuo Florença", quando seriam adiantamentos para futuro aumento de capital, deve ser mantida a regra de indedutibilidade por não estar demonstrada a necessidade do dispêndio para manutenção da fonte produtora. No mais, à míngua de maiores esclarecimentos por parte da recorrente, acerca de outros erros que poderiam ter sido cometidos em sua escrituração, as evidências aqui reunidas são no sentido de que a autuada promoveu empréstimos em favor de Florença Caminhões S/A até o final de 2010, e no último dia deste ano calendário converteu o direito que detinha em face daquela empresa ligada, a título de mútuo, em outro direito, correspondente a adiantamento para aumento de capital. Por sua vez, como a redução promovida ao final de 2010 foi considerada na apuração fiscal, nada nela demanda retificação. Acrescentese, ainda, que ante a imprecisão de argumentos semelhantes deduzidos em impugnação, a autoridade julgadora de 1a instância validamente refutou a alegação que pôde apreender, não se verificando qualquer vício na decisão recorrida em razão de ela ter deixado de fazer referência expressa a um dos acórdãos citados na defesa. E isto também porque não é possível compreender, a partir da ementa a seguir transcrita, qual a conexão do Acórdão 10196.152 com o caso presente: DESPESAS COM JUROS E VARIAÇÃO MONETÁRIA DECORRENTES DE AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO Fl. 4226DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 106 105 SOCIETÁRIA — As despesas com Juros e Variação Monetária decorrentes da assunção da dívida permutada pela participação societária no caso de empresas cujo objeto é a participação em outras empresas, são dedutíveis por serem necessárias à aquisição do investimento. Por sua vez, adentrando ao voto condutor do julgado, constatase que a prova ali constituída foi justamente no sentido de demonstrar a alteração da natureza jurídica do direito constituído entre a autuada e a devedora: Ainda que a decisão recorrida entenda que somente a partir de 01/01/1998 é que não se poderiam cobrar juros, pois a transferência para a conta "Adiantamento para Futuro Aumento de Capital" ocorreu em 31/12/1997, devese ressaltar que a recorrente aditou o contrato original em 03.02.1997 (doc. 19), o qual transformou o mútuo em contrato destinado a futuro aumento de capital. Aqui deve ser considerada a intenção e vontade das partes que rege os contratos civis. Assim, ausente qualquer demonstração de erro na escrituração do sujeito passivo, e sendo esta prova de natureza documental, a ser juntada em impugnação na forma do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, subsistem os cálculos da glosa consoante formalizados. A recorrente também alega que a possibilidade de dedução de juros sobre o capital próprio determinaria que eventuais empréstimos feitos aos acionistas fossem considerados como despesas operacionais da Recorrente, mas olvidase que a redução do lucro tributável por aquela despesa demanda sua constituição formal, com deliberação social e observância formal dos limites estabelecidos em lei, para além da mera existência de reserva de lucros, como alegado. Por fim, aduz que a discussão deveria estar centrada na concessão de empréstimos a pessoas ligadas sem a cobrança de juros, o que caracterizaria erro no enquadramento da suposta infração cometida pela Recorrente. Inferese que, no entender da recorrente, a autoridade lançadora deveria ter integrado a vontade das pessoas jurídicas e físicas envolvidas na operação, e determinado os efeitos de um acordo no qual a autuada seria beneficiada com receita resultante de recuperação daquelas despesas, para assim agregálas ao lucro tributável. Contudo, deixar de promover este acordo é escolha das partes, pois nada impede que o sujeito passivo pratique liberalidades. A legislação somente veda que os encargos daí decorrentes reduzam seu lucro tributável. Estas as razões, portanto, para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário da autuada relativamente à glosa de encargos financeiros desnecessários. A autuada discorda, ainda, das exigências de multas isoladas, porque aplicadas depois do encerramento do anobase, e cumuladas com a multa de ofício proporcional. Ocorre que a legislação fixa como regra a apuração trimestral do lucro real ou da base de cálculo da CSLL, e faculta aos contribuintes a apuração destes resultados apenas ao final do anocalendário caso recolham as antecipações mensais devidas, com base na receita bruta e acréscimos, ou justifiquem sua redução/dispensa mediante balancetes de suspensão/redução. Fl. 4227DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 107 106 Se assim não procedem, desde a redação original da Lei nº 9.430/96 estava assim disposto: Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; [...] §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: [...] IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; [...] Concluise, daí, que o legislador estabeleceu a possibilidade de a penalidade ser aplicada mesmo depois de encerrado o anocalendário correspondente, e ainda que evidenciada a desnecessidade das antecipações, nesta ocasião, por inexistência de IRPJ ou CSLL devidos na apuração anual. Para exonerarse da referida obrigação, cumpria à contribuinte levantar balancetes mensais de suspensão, e evidenciar a inexistência de base de cálculo para recolhimento das estimativas durante todo o anocalendário. Ausente tal demonstração, resta patente a inobservância da obrigação imposta àqueles que optam pela apuração anual do lucro. Logo, para não se sujeitar à multa de ofício isolada, deveria a contribuinte ter apurado e recolhido os valores estimados com os acréscimos moratórios calculados desde a data de vencimento pertinente a cada mês, e não meramente determinar o valor que, ao final, ainda remanesceu devido nos cálculos do ajuste anual. Ou seja, para desfazer espontaneamente a infração de falta de recolhimento das estimativas, deveria a contribuinte quitálas, ainda que verificando que os tributos devidos ao final do anocalendário seriam inferiores à soma das estimativas devidas. Apenas que a quitação destas estimativas, porque posteriores ao encerramento do anocalendário, resultaria em um saldo negativo de IRPJ ou CSLL, passível de compensação com débitos de períodos subseqüentes, à semelhança do que viria a ocorrer se a contribuinte houvesse recolhido as antecipações no prazo legal. Já se a contribuinte assim não age, o procedimento a ser adotado pela Fiscalização difere desta regularização espontânea. Isto porque seria incongruente exigir os valores que deixaram de ser recolhidos mensalmente e, ao mesmo tempo, considerálos quitados para recomposição do ajuste anual e lançamento de eventual parcela excedente às estimativas mensais. Assim, optou o legislador pela dispensa de lançamento do valor principal não antecipado, e reconhecimento dos efeitos de sua ausência no ajuste anual, com conseqüente exigência apenas do valor apurado em definitivo neste momento, sem levar em conta as Fl. 4228DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 108 107 estimativas, porque não recolhidas. E, para que a falta de antecipação de estimativas não ficasse impune, fixouse, no art. 44, §1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/96, a penalidade isolada sobre esta ocorrência, distinta da falta de recolhimento do ajuste anual, como já explicitado. Observese, ainda, que a norma antes citada recebeu a seguinte redação pela Medida Provisória n.º 351/2007, posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007: Art. 14. O art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformandose as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. I (revogado); II (revogado); III (revogado); IV (revogado); V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. ................................................. ” Nestes termos, em ambos os dispositivos estão presentes idênticos elementos para aplicação da penalidade: permanece ela isolada, aplicável aos casos de falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL por pessoa jurídica (art. 2o da Lei nº Fl. 4229DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 109 108 9.430/96), mesmo se apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL ao final do anocalendário. A única distinção é o percentual aplicado, agora de 50% e não mais de 75%. Impróprio, assim, falar em aplicação concomitante de penalidades em razão de uma mesma infração: o ilícito que enseja a aplicação da multa isolada é o não cumprimento da obrigação correspondente ao recolhimento das estimativas mensais – obrigação acessória imposta aos optantes pela apuração anual das bases tributáveis – e ilícito punido pela multa proporcional é o não cumprimento da obrigação referente ao recolhimento do tributo devido ao final do período. Ressaltese que as infrações aqui veiculadas são posteriores à edição da Medida Provisória nº 351/2007, não se verificando as condições nas quais este Colegiado, por maioria de votos, tem exonerado as exigências de multa isolada, em razão do posicionamento ressalvado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão nos seguintes termos consignados em declaração de voto no Acórdão nº 1101001.136: [...] São, portanto, fatos distintos que geram multas diferentes, sendo penalidades que não comportam a aplicação do princípio da consunção, que em matéria de Direito Tributário deve ser aplicado cum grum salis, especialmente em virtude do que dispõe o art. 136 do Código tributário Nacional. Como bem colocado na ementa do Ac. 1802001.876: 2. Não há entre as estimativas e o tributo devido no final do ano uma relação de meio e fim, ou de parte e todo (porque a estimativa é devida mesmo que não haja tributo devido). A multa normal de 75% no ajuste pune o não recolhimento de obrigação vencida em março do ano subseqüente ao de apuração, enquanto que a multa isolada de 50% pune o atraso no ingresso dos recursos, atraso esse verificado desde o mês de fevereiro do próprio ano de apuração (estimativa de janeiro), e seguintes, até o mês de março do ano subseqüente. Aliás, interpretarse de outra forma, teria o efeito de transformar não só em opção pela apuração anual do IRPJ/CSLL, mas também tornar opcional o pagamento das estimativas mensais, já que não seriam devidas multas se não adimplidas, bastando que no encerramento do exercício se faça a apuração de prejuízo e bases negativas, ou se adimpla o tributo devido, se for o caso. Ocorre que, embora a apuração anual seja uma opção, o recolhimento das estimativas mensais é obrigatório, e, portanto, se descumprido deve ter uma sanção aplicável, ou então não seria obrigação legal, mas tão somente moral. Do exposto, meu voto seria por negar provimento ao recurso voluntário do Contribuinte, para manter a multa isolada pelo não recolhimento das estimativas mensais. Porém, a 1a Turma da CSRF, órgão competente para uniformizar a jurisprudência administrativa no âmbito do CARF, tem reiteradamente afastado a aplicação do que se tem denominado "multa concomitante", tendo se consolidado essa jurisprudência, sendo a minha posição vencida reiterada e exaustivamente. Vejase, por exemplo, Acordãos. ns. 9101001.693, (de 16/07/2013, que cita outras decisões), 9101001.820, 9101 001.788 . Posição que vem sendo cada vez mais hialina na jurisprudência desta Colenda 1a Turma, além do que as turmas ordinárias da 1a Seção têm adotado de maneira preponderante o mesmo entendimento (e.g., Acs. ns. 1402001.505, 1103000.934,, Fl. 4230DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 110 109 1202001.011, 1103000.945, 1102000.867) sendo que as poucas decisões em sentido contrário, mais recentes, são tomadas por voto de qualidade. Pareceme, que estamos em um ponto em que teremos que aderir à conclusão, mas não aos fundamentos, de que não cabe a multa in casu, por questões de economia processual e também pela aplicação do princípio da colegialidade em seu sentido amplo, com a perspectiva de suas consequências, tratandose, portanto, também de uma decisão calcada no consequencialismo. Não que me curve aos argumentos em sentido contrário aos meus, mas à imposição do colegiado em sua forma de garantir suas conclusões. Destaquese que esta posição só prevalece para fatos geradores ocorridos antes da vigência da Medida Provisória n.º 351/2007 (posteriormente convertida na Lei nº 11.488/2007), que impôs nova redação ao tratar da matéria, eu cuja jurisprudência administrativa ainda não se consolidou, mas que parece tender para a mantença da multa isolada. Neste sentido, voto por dar provimento ao recurso voluntário do Contribuinte no que diz respeito ao afastamento da multa isolada pelo não pagamento das estimativas mensais de CSLL, o faço, porém, com as todas ressalvas e observações acima transcritas. Assim, deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário da autuada relativamente às multas isoladas aqui exigidas. Por fim, a autuada afirma ilegal a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, observa que a autoridade julgadora de 1a instância se esquivou de omitir juízo de valor sobre a questão em análise, e discorre sobre os dispositivos legais que entende aplicáveis, concluindo não haver previsão legal que autorize o expediente de atualização da exigência ora atacado. Inicialmente observese que a decisão de 1a instância não apresenta qualquer irregularidade, porque a aplicação dos juros em referência é motivada por evento posterior ao lançamento, e sob esta ótica os questionamentos da recorrente sequer deveriam ser apreciados no contencioso administrativo fiscal. Contudo, como prevalece neste Conselho o entendimento em favor da discussão desta matéria no julgamento administrativo dos autos de infração, adota se aqui, as razões de decidir da I. Conselheira Viviane Vidal Wagner expressas em voto vencedor em julgamento proferido em 11/03/2010 na Câmara Superior de Recursos Fiscais, formalizado no Acórdão nº 910100.539: Com a devida vênia, ouso discordar do ilustre relator no tocante à questão da incidência de juros de mora sobre a multa de oficio. De fato, como bem destacado pelo relator, o crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto o tributo quanto a penalidade pecuniária. Em razão dessa constatação, ao meu ver, outra deve ser a conclusão sobre a incidência dos juros de mora sobre a multa de oficio. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de oficio. Fl. 4231DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 111 110 Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito." Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo:Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional)." Convertese em crédito tributário a obrigação principal referente à multa de oficio a partir do lançamento, consoante previsão do art. 113, §1o, do CTN: "Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória § 1o A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. A obrigação tributária principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de oficio proporcional. A multa de oficio é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago" (§1o). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tomandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. Fl. 4232DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 112 111 A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de oficio, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, ao compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de oficio. Art. 950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação especifica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61). § 1o A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo 13 previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 1o). § 2o O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 2o). § 3o A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de oficio. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou este E. colegiado quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA — MULTA DE OFÍCIO — OBRIGAÇÃO PR1NICIPAL — A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do Fl. 4233DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 113 112 tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Nesse sentido, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei nº 9.065, de 1995. A jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, corno se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL 2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaraçã o do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07).(g.n) No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, nos seguintes termos: Súmula CARFn° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso do contribuinte e DAR PROVIMENTO ao recurso da Fl. 4234DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 114 113 Fazenda Nacional para considerar aplicável a incidência de juros de mora sobre a multa de oficio, devidos à taxa Selic. Ademais, recentemente, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça manifestouse neste sentido, como exposto na ementa do acórdão proferido em sede de AgRg no REsp 1.335.688PR (Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.” (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min.Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. Colhese do respectivo voto condutor: [...] Quanto ao mérito, registrou o acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região à fl. 163: ‘... os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o inadimplemento do tributo, é possível a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento.’” Assim, também deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário da autuada relativamente à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício. Por fim, com referência à imputação de responsabilidade tributária, Florença Caminhões S/A recorreu da decisão de 1a instância, ratificando os argumentos deduzidos pela autuada contra as infrações antes abordadas, e discordando da imputação de responsabilidade solidária fundamentada no art. 124, I do CTN por ausência de interesse comum, mormente por ser imprescindível que as partes consideradas encontremse lado a lado na relação jurídico tributária, sendo insuficiente mero interesse fático eventual de uma determinada parte, ou o interesse simplesmente convergente. Opõese também às referências contidas na decisão recorrida acerca de manifestação do Superior Tribunal de Justiça em favor da responsabilização solidária de pessoas jurídicas integrantes do mesmo grupo econômico, e cogita de interesse comum apenas se provado que a recorrente se aproveitou das amortizações de ágio e da dedutibilidade das despesas de juros. Disse a autoridade fiscal: Quanto à pessoa jurídica Florença Caminhões S/A, entendemos ser responsável solidária em razão do que dispõe o inciso I, do art. 124, do CTN. Ou seja, conforme descrito no subcapítulo 2.8., havia complementaridade na atividade das empresas, confusão patrimonial, vinculação gerencial, coincidência de sócios e administradores, enfim, todos os elementos que caracterizaram a Fl. 4235DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 115 114 Florença Caminhões S/A como a principal beneficiária das infrações cometidas na Florença Veículos S/A. E, do tópico referenciado, extraise: Então, conforme pode ser visualizado na Figura 15, que é formada por recortes do razão com contrapartidas fornecido pelo Sistema Contagil referentes à conta contábil “211.8 –DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS”, respectivamente em 31/12/2009 e 31/12/2010, os sócios da Florença Veículos S/A, direta ou indiretamente (por intermédio de suas pessoas jurídicas interligadas), com suporte na escrituração contábiltributária que reduzia ilegalmente a carga tributária da empresa, se instrumentalizaram para retirar da Florença Veículos a título de dividendos a distribuir, somente no biênio 20092010, um total de R$ 15.515.560,44 (R$ 9.000.000,00 em 2009, mais R$ 6.515.560,44, em 2010). Além disso, essas pessoas aproveitaramse das condições financeiras superavitárias geradas na Florença Veículos para, nas suas condições de sócio: a) se beneficiaram de elevados valores cedidos gratuitamente pela Florença Veículos, a título de empréstimos ou adiantamentos, às próprias pessoas físicas dos sócios e a outras empresas do grupo; b) cindirem, em junho/2008, parte do “patrimônio líquido” (ou seja, apenas o ativo foi transferido) vertendo R$ 6.100.000,00 para a Florença Caminhões. [...] O disposto no inciso I, do art. 124 da Lei nº 5.172/66 aplicase também às pessoas jurídicas envolvidas nas operações que resultaram na criação artificial de ágio e na sua ilícita amortização como dedução do IRPJ e da CSLL. Conforme tem sido discutido até o presente, as pessoas jurídicas acima arroladas foram envolvidas nos fatos que deram origem ao ágio artificial na Florença Veículos S/A. Cada uma delas representou um papel na arquitetura do conjunto de “operações estruturadas em seqüência”. [...] Enquanto que a Florença Caminhões S/A permaneceu com os papéis de beneficiarse da assunção de parte de suas despesas pela Florença Veículos S/A, assim como, receber parte do ativo da “Florença Veículos S/A”, parcela esta isenta do correspondente passivo21. Foi, portanto, colocada na condição de permitir a blindagem de parcela do capital extraído da Florença Veículos S/A. A autoridade lançadora também discorre sobre a complementariedade da atividade da Florença Veículos, reconhecida em Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras de 2009, que expressamente informa a atuação em conjunto do grupo de empresas relacionadas, com objetivos e interesses comuns. E, além da destinação de recursos da autuada para a recorrente, já antes descrita, afirma a confusão patrimonial entre elas também em razão da transferência de recursos efetuada pela assunção dos encargos financeiros pela Florença Caminhões. A recorrente, como já demonstrado neste voto, foi constituída no curso das operações societárias questionadas pela Fiscalização, e seu capital social foi formado, basicamente, com a transferência de patrimônio da fiscalizada, bem como ampliado, durante os períodos fiscalizados, com os dividendos distribuídos pela fiscalizada a seus sócios, em paralelo, portanto, à redução dos lucros tributáveis da autuada em R$ 7.795.100,85 em 2008, Fl. 4236DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 116 115 R$ 4.814.286,95 em 2009 e R$ 7.016.527,60 em 2010. Recordese, ainda, que a Fiscalização bem demonstrou que a reestruturação promovida pelo grupo empresarial tinha por objetivo a maximização de resultados com minimização da carga tributária, mediante aproveitamento de benefícios nos termos dos artigos 7o e 8o da Lei nº 9.532/97. Neste contexto, não se pode admitir que a recorrente tenha sido apenas indiretamente beneficiada pelas operações aqui questionadas. Sua criação integrou a reoganização societária promovida pelo grupo empresarial, e o seu patrimônio foi formado a partir da execução dos objetivos daquelas operações, e assim materializa as vantagens ilicitamente auferidas, revelando a confusão patrimonial contemporânea à ocorrência do fato gerador, situando a recorrente ao lado da autuada, e revelando o interesse comum cogitado no art. 124, I do CTN. Correta, portanto, a abordagem acerca destas circunstâncias, assim expressas na decisão recorrida: A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem mantido entendimento, no que concerne a exegese do art. 124, I, do Código Tributário Nacional, de que ocorre o interesse comum entre empresas quando reste demonstrada a existência de um liame inequívoco entre as atividades desempenhadas pelos integrantes do grupo econômico, em situações que as empresas têm apenas aparência de unidades autônomas, quando, na verdade, a atuação é complementar; ou, no caso em que ficar caracterizada confusão patrimonial, vinculação gerencial, coincidência de sócios e administradores, enfim, em casos em que há abuso da forma entre as empresas integrantes do agrupamento. Nesse sentido, citese a decisão da 1ª Turma no REsp 834044 RS 2006/00654491, Ministra DENISE ARRUDA, DJe 15/12/2008, verbis (destaque acrescido): PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. LEGITIMIDADE PASSIVA. EMPRESAS PERTENCENTES AO MESMO CONGLOMERADO FINANCEIRO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO DO ART. 124, I, DO CTN. NÃOOCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO. 1. "Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas" (HARADA, Kiyoshi. "Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador"). 2. Para se caracterizar responsabilidade solidária em matéria tributária entre duas empresas pertencentes ao mesmo conglomerado financeiro, é imprescindível que ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, sendo irrelevante a mera participação no resultado dos eventuais lucros auferidos pela outra empresa coligada ou do mesmo grupo econômico. 3. Recurso especial desprovido A inclusão de outras empresas como devedores solidários não depende, pois, do fato de se beneficiarem diretamente do resultado fiscal obtido, bastando que realizem em conjunto a situação configuradora do fato gerador (aqui representado pela seqüência de fatos que possibilitaram amortização no ágio, desde a aquisição de Fl. 4237DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 117 116 participação societária; a integralização dessa participação numa empresa veículo e a realização de incorporação reversa). Conforme Relatório de Atividade Fiscal, fls. 1.281/1.392, já analisado no presente voto, as pessoas jurídicas arroladas foram envolvidas nos fatos que deram origem ao ágio artificial na Florença Veículos S/A. Cada uma delas representou um papel na arquitetura do conjunto de "operações estruturadas em seqüência": [...] c) a Florença Caminhões S/A permaneceu com os papéis de beneficiarse da assunção de parte de suas despesas pela Florença Veículos S/A, assim como recebeu parte do ativo da "Florença Veículos S/A", parcela esta isenta do correspondente passivo. Foi, portanto, colocada na condição de permitir a blindagem de parcela do capital extraído da Florença Veículos S/A. Correta, portanto, a inclusão das referidas empresas como responsáveis solidários pelo crédito tributário decorrente da criação artificial do ágio e da sua ilícita amortização como dedução do IRPJ e da CSLL. Esclareçase que o fato de o Superior Tribunal de Justiça ter declarado a inexistência de solidariedade no caso em referência não impede a adoção das premissas ali expostas como referenciais para concluir pela procedência da responsabilidade tributária. Por tais razões, e também por aquelas antes expressas acerca do mérito da exigência, deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário de Florença Caminhões S/A. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Redatora Designada Declaração de Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Com referência à multa qualificada aplicada sobre tais exigências, restou demonstrado que as operações societárias promovidas pela autuada e demais pessoas jurídicas e físicas envolvidas não geram o almejado “ágio fundamentado em rentabilidade futura”, dada a inexistência de um terceiro que reconheça sua viabilidade e por ele remunere o titular do investimento, antecipando em seu patrimônio aquela realidade. A atualização patrimonial da investida somente seria admissível por razões passadas, e não futuras, o que deixa patente a simulação praticada pelo sujeito passivo com o objetivo de reduzir suas bases tributáveis. Nenhum óbice legal existiria, à época, em o grupo societário buscar meios para atribuir ao patrimônio da empresa operacional seu valor real, presente. Inadmissível é falsear a realidade, antecipando resultados com base em meras projeções estatísticas, sem a chancela de um terceiro/parte independente, e ainda, no âmbito tributário, denominar esta maisvalia de ágio apenas para construir o cenário que, na presença de verdadeiro ágio, permitiria a amortização com efeitos na apuração do lucro tributável. Demais disso, como bem consignado pela autoridade fiscal: Fl. 4238DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 118 117 Consoante descrito anteriormente, ficou constatado que havia desde o início da reestruturação societária, como intenção primeira da administração da Florença Veículos S/A, a artificial construção de uma condição que pudesse gerar a redução dos tributos. Esta intenção é revelada primeiramente, pela realização de um conjunto de “operações estruturadas em seqüência” no qual não se pode observar outros fins senão os de, ao seu final, gerar o ativo fictício sob comento, assim como, blindar o patrimônio formado a partir dos recursos extraídos da “empresaalvo” e transferidos para a Florença Caminhões S/A. É revelada, em segundo lugar, pela forma forcejada como o sujeito passivo busca amparar a realidade fática diversa que o envolve na base legal informada, ou seja, na inadmissível falta de compreensão de conceitos básicos das legislações societária e tributária sobre o assunto. E, ainda, é revelada explicitamente na parte B do Protocolo e Justificação de Cisão Parcial Seguida de Versão do Patrimônio Cindido à Sociedade Já Existente Anexo III da Ata da AGE da Florença Veículos realizada em 1º/07/2008 (fls. 372), quando menciona no seu item “d” que: A reestruturação proposta visa ainda os seguintes e principais objetivos: a) Estabelecer um modelo de gestão, visando a concentração do poder decisório numa empresa holding, possibilitando assim uma simplificação e agilidade dos atos de gestão da empresa operacional; b) Proporcionar maior valor e liquidez das ações aos acionistas das sociedades, possibilitando que a movimentação de participações societárias, por sucessão, retirada ou admissão de novos acionistas, associações, ou qualquer outra forma, fique restrito à empresa holding, sem envolver diretamente e sem afetar a situação societária do grupo empresarial; c) Acarretar uma significativa melhoria nos índices da incorporadora, o que permitirá a sociedade, quando lhe seja oportuno e conveniente, obter empréstimos e financiamentos, no mercado financeiro e limites de crédito junto a montadora, bem como analisar as propostas de abertura do capital social ou de associações com grupos empresariais nacionais ou estrangeiros; e d) Possibilidade de maximização de resultados com minimização de carga tributária, mediante aproveitamento de benefícios nos termos dos artigos 7º e 8º da Lei 9.532/97. (grifos destes AFRFB) Embora a justificação do sujeito passivo para a “Cisão Parcial Seguida de Versão do Patrimônio Cindido à Sociedade Já Existente” mencione outros três objetivos, não foi possível encontrar uma relação direta entre as operações realizadas (consideradas em conjunto) e estes três outros supostos objetivos buscados, assim como, não foram encontrados no exame de toda a documentação entregue a esta fiscalização sequer indícios de que estes objetivos tenham sido efetivamente perseguidos. A autoridade fiscal também destaca a relevância dos valores envolvidos, e a redução da carga tributária da contribuinte autuada nos três anoscalendário fiscalizados: Ainda, quanto à intenção dolosa, fazemos questão de inserir um trecho do voto proferido, em 02/06/2008, pelo ilustre Relator AuditorFiscal da Receita Federal Dr. Gilson Wessler Michels, em Fl. 4239DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 119 118 julgamento administrativo da DRJ/FNS sobre auto de infração veiculado no processo nº 10925.002000/200751. (...) Em verdade, a caracterização da intenção fraudulenta pode ser efetuada por várias vias distintas, mas não há dúvidas de que uma das mais consistentes e seguras é aquela vinculada à caracterização do reiteramento da conduta ao longo do tempo e da significância dos valores subtraídos à tributação. Sim, pois enquanto o reiteramento afasta o erro involuntário, a conduta nãointencional, a significação dos valores subtraídos à tributação fornece o objetivo, o motivo para o ato intencionalmente infracional. Reiteramento e significância, portanto, se complementam na conformação de um quadro no qual as possibilidades de uma conduta infracional não ter sido intencional se reduzem a zero. É assim porque uma conduta reiteradamente infracional à qual não se vislumbra proveito significativo para quem dela se beneficia, desvigora a conclusão da intenção; tanto quanto a falta de reiteramento associada a um ganho significativo, mas isolado no âmbito de um conjunto expressivo de operações, igualmente reduz o grau de certeza que se pode ter quanto à intencionalidade da conduta elisiva. A materialidade é evidenciada nas planilhas de apuração que compõem os ANEXOS I a IV do presente Relatório, que informam as diferenças ente os valores efetivamente declarados e pagos pelo sujeito passivo e os tributos devidos apurados pelo Fisco. Inicialmente cumpre observar que a autoridade lançadora, de fato, não fez referência aos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Todavia, a lei autoriza a duplicação da penalidade nos casos previstos naqueles dispositivos, e neste sentido a abordagem fiscal está estruturada de forma suficiente a evidenciar a hipótese do art. 72 da Lei nº 4.502/64, já desde seu parágrafo inicial: A adoção do percentual qualificado no caso das exclusões baseadas nas amortizações de ágio ficto se justifica pela constatação de que as infrações foram cometidas com base em artifícios fraudulentos que envolviam o uso abusivo de personalidade jurídica com o fim exclusivo de operar reduções e supressões de tributos. (negrejouse) Os fatos jurídicos e seus efeitos contábeis e tributários foram abordados à exaustão pelos fiscais autuantes, seguindose sua associação à classificação da conduta dos agentes, permitindo aos sujeitos passivos se defenderem e às autoridades julgadoras avaliarem a presença das circunstâncias que, previstas em lei, autorizam a qualificação da penalidade. Logo, não há qualquer prejuízo à validade da exigência. A autuada reitera o propósito negocial das operações societárias, enfatiza ter demonstrado que o ágio interno não afronta o Direito Contábil Fiscal/Tributário, bem como a desnecessidade de pagamento na incorporação de ações. Discorda da decisão recorrida por entender necessária a apresentação de provas diretas de que as operações foram feitas com evidente intuito doloso de retardar ou impedir o surgimento da obrigação tributária. E afirma equivocada a conclusão fiscal de que os demais objetivos pretendidos com a operação não foram atingidos. Não há reparos, porém, às conclusões fiscais. Ainda que a criação da holding Padovas Participações S/A possa ter se prestado à centralização da gestão do grupo, em razão da criação de Florença Caminhões S/A, a criação e posterior cisão de MVSO Fl. 4240DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 120 119 Participações S/A permanece injustificada, e permite a conclusão de estes passos nas operações societárias somente buscaram vantagens tributárias indevidas, das quais, eventualmente, podem decorrer a maior liquidez das ações e melhoria dos índices financeiros, mas que, obviamente, não se prestam a demonstrar a boafé dos interessados na prática dos atos questionados pela Fiscalização. Em seu entender, quem age com fraude realiza operações proibidas, deixa de escriturálas e declarálas, procura sob todas as formas ocultar as operações, adultera documentos, dentre outras condutas. Já no presente caso todos os elementos apresentados foram verdadeiros e utilizados pela própria fiscalização em seus valores exatos para a lavratura dos autos de infração. Destaca o reconhecimento destas operações pela CVM, o registro contábil dos fatos e a divulgação das demonstrações financeiras, o registro regular dos atos societários, e invoca jurisprudência acerca da inocorrência de fraude em tais circunstâncias. Subsidiariamente defende que eventual erro na interpretação de lei não caracterizaria dolo, reportandose a julgado administrativo neste sentido. A fraude, porém, não se verifica apenas no registro de operações societárias e fatos jurídicos em descompasso com os documentos que lhe dão suporte. A intenção dolosa de deixar de recolher os tributos exigidos é inferida a partir das decisões dos dirigentes da pessoa jurídica de cuidadosamente preparar as operações aqui analisadas, associando a objetivos, em princípio, lícitos (criação da holding Padovas Participações S/A e da empresa operacional Florença Caminhões S/A), a intermediação desnecessária de MVSO Participações S/A, e assim criando a aparência de um contexto no qual a lei autoriza a redução do lucro tributável em razão de amortização de ágio. A acusação fiscal, neste sentido, reúne um conjunto de evidências em favor da inexistência de qualquer outra motivação para tais atos que não a redução das bases tributáveis pela criação de uma mais valia sem substância econômica. A recorrente, porém, pretende que se imponha ao Fisco o dever da prova direta das conduta dolosa do sujeito passivo, desmerecendo a validade da prova presuntiva defendida com sólidos argumentos por Maria Rita Ferragut (in Evasão Fiscal: o parágrafo único do artigo 116 do CTN e os limites de sua aplicação, Revista Dialética de Direito Tributário nº 67, Dialética, São Paulo, 2001, p. 119/120): Por outro lado, insistimos que a preservação dos interesses públicos em causa não só requer, mas impõe, a utilização da presunção no caso de dissimulação, já que a arrecadação pública não pode ser prejudicada com a alegação de que a segurança jurídica, a legalidade, a tipicidade, dentre outros princípios, estariam sendo desrespeitados. Dentre as possíveis acepções do termo, definimos presunção como sendo norma jurídica lato sensu, de natureza probatória (prova indiciária), que a partir da comprovação do fato diretamente provado (fato indiciário), implica juridicamente o fato indiretamente provado (fato indiciado), descritor de evento de ocorrência fenomênica provável, e passível de refutação probatória. É a comprovação indireta que distingue a presunção dos demais meios de prova (exceção feita ao arbitramento, que também é meio de prova indireta), e não o conhecimento ou não do evento. Com isso, não se trata de considerar que a prova direta veicula um fato conhecido, ao passo que a presunção um fato meramente presumido. Só a manifestação do evento é atingida pelo direito e, portanto, o real não tem como ser alcançado de forma objetiva: independentemente da prova ser direta ou indireta, o fato Fl. 4241DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 121 120 que se quer provar será ao máximo jurídica certo e fenomenicamente provável. É a realidade impondo limites ao conhecimento. Com base nessas premissas, entendemos que as presunções nada “presumem” juridicamente, mas prescrevem o reconhecimento jurídico de um fato provado de forma indireta. Faticamente, tanto elas quanto as provas diretas (perícias, documentos, depoimentos pessoais etc.) apenas “presumem”. Mais à frente, abordando diretamente a questão da prova da fraude, a mesma autora acrescenta: As presunções assumem vital importância quando se trata de produzir provas indiretas acerca de atos praticados mediante dolo, fraude, simulação, dissimulação e máfe em geral, tendo em vista que, nessas circunstâncias, o sujeito pratica o ilícito de forma a dificultar em demasia a produção de provas diretas. Os indícios, por essa razão, convertemse em elementos fundamentais para a identificação de fatos propositadamente ocultados para se evitar a incidência normativa. Neste sentido, também, a decisão recorrida: No caso dos autos, apesar de os atos societários estarem devidamente registrados na Junta Comercial e na escrituração comercial e fiscal da interessada, cabe destacar que o contribuinte estava perfeitamente consciente da falta de propósito negocial do ágio gerado artificialmente em operações realizadas intragrupo, conforme já analisado nos tópicos anteriores do presente voto. Evidenciase que as alterações contratuais celebradas produziram mutação nas relações jurídicas apenas no campo do direito, pois os atos foram praticados somente entre os próprios acionistas sob a aparência de outro, alterando, dessa forma, o seu conteúdo, com o objetivo de esconder a realidade do que pretendiam com essa reorganização societária. Configurase sem sombra de dúvida o intuito de fraude para possibilitar à interessada a amortização de ágio gerado artificialmente sobre o seu próprio patrimônio líquido, pois não é possível reconhecer uma maisvalia de um investimento quando originado de transação dos sócios com eles mesmos, haja vista a ausência de substância econômica na operação, de efetivo pagamento na aquisição das participações societárias e de não resultar de um processo imparcial de valoração, num ambiente de livre mercado e de independência entre a interessada e as outras empresas do grupo. A liberdade de autoorganização não endossa a prática de atos sem motivação negocial como no caso em análise, pois o ágio amortizável de que trata o art. 7º, III, da Lei nº 9.532, de 1997, é aquele em que houver um efetivo dispêndio ou ônus assumido pelo adquirente para aquisição de participação societária cujo valor tenha fundamento em rentabilidade futura, mas no caso não se efetuou pagamento ou se assumiu qualquer ônus cujo valor devesse ser recuperado mediante amortização do ágio. A respeito do assunto, destaco mais uma vez o entendimento de Marco Aurélio Greco (Planejamento Tributário, 2008, Dialética, p. 190 a 200): Fl. 4242DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 122 121 ... a pergunta que se põe é: admitida a existência do direito de o contribuinte organizar a sua vida, este direito pode ser utilizado sem quaisquer restrições? Ou seja, tal direito é ilimitado? Todo e qualquer “planejamento” é admissível? Minha resposta é negativa. Ou seja, cumpre analisar o tema do planejamento tributário não apenas sob a ótica das formas jurídicas admissíveis, mas também sob o ângulo da sua utilização concreta, do seu funcionamento e dos resultados que geram à luz dos valores básicos de igualdade, solidariedade social e justiça. Com o advento do Código Civil de 2002 a questão ficou solucionada, pois seu artigo 187 é expresso ao prever que o abuso de direito configura ato ilícito: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercêlo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boafé ou pelos bons costumes. No Brasil, entendo que esta possibilidade de recusa de tutela ao ato abusivo (mesmo antes do Código Civil de 2002) encontra base no ordenamento positivo, por decorrer dos princípios consagrados na Constituição de 1988 e da natureza da figura. Porém, a atitude do Fisco no sentido de desqualificar e requalificar os negócios privados somente poderá ocorrer se puder demonstrar de forma inequívoca que o ato foi abusivo porque sua única ou principal finalidade foi conduzir a um menor pagamento de imposto. Essa conclusão resulta da conjugação dos vários princípios acima expostos e de uma mudança de postura na concepção do fenômeno tributário que não deve mais ser visto como simples agressão ao patrimônio individual, mas como instrumento ligado ao princípio da solidariedade social. Dessa forma, tendo em vista que, segundo o que se depreende dos autos, o contribuinte estava perfeitamente consciente de que o ágio interno constituído não tem qualquer substância econômica e foi gerado artificialmente em operações realizadas intragrupo, verifica se que foram criadas condições para impedir dolosamente a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, situação enquadrada na hipótese prevista no art. 72 da Lei nº 4.502, de 1964, razão pela qual voto por manter a qualificação da multa de ofício. Diante de todo o exposto, deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário da autuada relativamente à qualificação da penalidade. Com referência à responsabilidade tributária, Padovas Participações S/A e MVSO Participações S/A também recorreram da decisão de 1a instância, deduzindo argumentos semelhantes aos esposados por Florença Caminhões S/A. Disse a autoridade fiscal: O disposto no inciso I, do art. 124 da Lei nº 5.172/66 aplicase também às pessoas jurídicas envolvidas nas operações que resultaram na criação artificial de ágio e na sua ilícita amortização como dedução do IRPJ e da CSLL. Conforme tem sido discutido até o presente, as pessoas jurídicas acima arroladas foram envolvidas Fl. 4243DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 123 122 nos fatos que deram origem ao ágio artificial na Florença Veículos S/A. Cada uma delas representou um papel na arquitetura do conjunto de “operações estruturadas em seqüência”. A Padovas Participações S/A foi a empresa base para a formação do ágio. A MVSO representou a “empresa casca” utilizada como “empresa de passagem” e depois relegada a um papel insignificante na organização. [...] Nestes termos, a imputação de responsabilidade resulta, apenas, do envolvimento das recorrentes nas operações societárias das quais resultou a criação do ágio artificial amortizado pela autuada. Nenhuma evidência de confusão patrimonial é trazida pela Fiscalização, confirmando o caráter apenas formal das referidas pessoas jurídicas. Eventualmente, por se tratar de sociedades holding, constituídas para converter em indireto o controle direto antes exercido pelos sócios pessoas físicas, Padovas Participações S/A pode também ter intermediado os benefícios financeiros das infrações praticadas pela autuada, mas isto apenas como extensão patrimonial das pessoas físicas também responsabilizadas pelo crédito tributário. É certo, ainda, que como antes se demonstrou, a constituição de MVSO Participações S/A foi essencial para a construção do contexto artificial do qual resultou a redução indevida do lucro tributável, mas sua atuação como mero veículo do ativo classificado como ágio é incompatível com o interesse comum na situação que constitui o fato gerador que autoriza a imputação de responsabilidade solidária na forma do art. 124, I do CTN. Em suma, porque não evidenciada a confusão patrimonial entre Padovas Participações S/A e MVSO Participações S/A e as demais empresas que efetivamente partilharam o resultado das operações questionadas, e demonstrada a natureza apenas formal das recorrentes, não há como situálas ao lado da pessoa jurídica autuada na prática dos fatos geradores que ensejaram a presente exigência, motivo pelo qual deve ser DADO PROVIMENTO ao recurso voluntário, sem prejuízo de seu eventual comprometimento patrimonial em razão da responsabilidade tributária atribuída às pessoas físicas que nelas aportaram, ao menos, seu investimento nas demais pessoas jurídicas autuadas. Por fim, Sérgio Pizzani, Maria Fernanda Pisani Geara, Maria Cristina Pizzani e Marcelo Pizani recorrem da decisão de 1a instância, ratificando os argumentos deduzidos pela autuada contra as infrações antes abordadas, e discordando da imputação de responsabilidade antes de encerrada a esfera administrativa, vez que a competência para tanto seria exclusiva da Procuradoria da Fazenda Nacional, e também tendo em conta o entendimento judicial predominante que admite a posterior inclusão de responsável tributário na fase da cobrança executiva. Acrescentam que somente na constituição definitiva do crédito tributário poderá, eventualmente, ser reconhecido o dolo nas operações analisadas. A possibilidade de imputação de responsabilidade tributária pela autoridade lançadora e sua discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal já foram extensamente debatidos deste Conselho e resultaram na Súmula CARF nº 71 (Todos os arrolados como responsáveis tributários na autuação são parte legítima para impugnar e recorrer acerca da exigência do crédito tributário e do respectivo vínculo de responsabilidade). E isto porque embora a Lei nº 6.830/80 permita a indicação dos responsáveis na Certidão de Dívida Ativa, não estipula que esta competência é exclusiva dos Procuradores da Fazenda Nacional. Da mesma forma, a jurisprudência favorável à indicação de responsáveis por ocasião da execução fiscal não invalida a imputação feita por ocasião do Fl. 4244DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 124 123 lançamento, até porque em tais circunstâncias o direito de defesa do sujeito passivo resta ampliado. Com referência aos fundamentos da acusação, os recorrentes observam que a própria autoridade lançadora reconhece que Sérgio Pizzani não era, formalmente, administrador da autuada; que Maria Fernanda Pisa Geara tinha o papel mais discreto no processo decisório do Grupo Florença; e que Maria Cristina Pizzani não era formalmente administradora e não tinha uma participação tão ostensiva na autuada. Ademais, este Conselho já teria reconhecido a validade de operações semelhantes às aqui mencionadas, a evidenciar que a imputação em debate é precipitada e destituída de legalidade. Discordam da responsabilidade solidária fundamentada no art. 124, I do CTN, e decorrente da suposta premissa de que o benefício alcançado pelo aumento de seus rendimentos em função das supostas infrações tributárias que teriam sido cometidas, por ausência de interesse comum, mormente por ser imprescindível que as partes consideradas encontremse lado a lado na relação jurídicotributária, sendo insuficiente mero interesse fático eventual de uma determinada parte, ou o interesse simplesmente convergente. Afirmam, também, a inocorrência de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, porque não comprovados quais teriam sido os atos assim praticados, mediante citação dos dispositivos de lei ou do estatuto social que teriam sido desrespeitados. A infração de lei, da mesma forma, não se verificou, porque os atos societários foram regularmente praticados, consoante exposto na defesa da autuada. Ademais, a falta de recolhimento de tributos não é admitida como infração de lei no contexto do art. 135 do CTN, inclusive como já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no rito dos recursos repetitivos. Disse a autoridade fiscal: Antes de passar à descrição da participação de cada sócio, merece ser salientado que se não fosse o caso de todas as pessoas físicas e jurídicas arroladas terem participado ativamente das operações que culminaram com as reduções e supressões de tributos sob debate, ainda assim restaria o interesse comum entre as pessoas físicas que (direta ou indiretamente) são sócios acionistas de todas as empresas do grupo e que, efetivamente, beneficiaramse com o aumento de seus rendimentos em função das infrações tributárias cometidas. Então, conforme pode ser visualizado na Figura 15, que é formada por recortes do razão com contrapartidas fornecido pelo Sistema Contagil referentes à conta contábil “211.8 –DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS”, respectivamente em 31/12/2009 e 31/12/2010, os sócios da Florença Veículos S/A, direta ou indiretamente (por intermédio de suas pessoas jurídicas interligadas), com suporte na escrituração contábiltributária que reduzia ilegalmente a carga tributária da empresa, se instrumentalizaram para retirar da Florença Veículos a título de dividendos a distribuir, somente no biênio 20092010, um total de R$ 15.515.560,44 (R$ 9.000.000,00 em 2009, mais R$ 6.515.560,44, em 2010). Além disso, essas pessoas aproveitaramse das condições financeiras superavitárias geradas na Florença Veículos para, nas suas condições de sócio: a) se beneficiaram de elevados valores cedidos gratuitamente pela Florença Veículos, a título de empréstimos ou adiantamentos, às Fl. 4245DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 125 124 próprias pessoas físicas dos sócios e a outras empresas do grupo; b) cindirem, em junho/2008, parte do “patrimônio líquido” (ou seja, apenas o ativo foi transferido) vertendo R$ 6.100.000,00 para a Florença Caminhões. [...] Responsabilidade pessoal dos sóciosadministradores por infração à lei Art. 135, III, do CTN. Quanto às pessoas físicas, examinando os fatos sob outra perspectiva constatamos, conforme mencionado anteriormente, que a atuação de todos o sóciosacionistas da Florença Veículos S/A, inclusive dos sócios formalmente intitulados nãoadministradores, foi muito além do simples “interesse comum”, neste passo, é dizer, todos eles tiveram posicionamento ativo no conjunto de operações que culminaram nas infrações tributárias, sendo que não podem de forma alguma serem considerados como meros expectadores ou qualificados como pertencentes à figura convencional de acionistas nãoadministradores. Marcelo Pizani Nesse sentido, tornase desnecessário muito esforço para demonstrar a participação do Sr. Marcelo Pizani, considerando primeiramente o seu posicionamento central na gestão do Grupo Florença, assim como, também, a sua posição na ocupação formal do cargo de DiretorSuperintendente da Florença Veículos S/A ao longo de todo o período em que ocorreram as infrações. De forma que o Sr. Marcelo Pizani participou e assinou todos os atos referentes aos eventos societários em questão, consoante pode ser atestado pela leitura das atas de Assembléias Gerais relativas às quatro empresas (fls. 768 a 1.163). [...] Sérgio Pizzani Igualmente ocorre quanto ao Sr. Sérgio Pizzani. Apesar de não constar formalmente como administrador (Diretor) da Florença Veículos S/A nos anoscalendário 20072010, ocupou papel de destaque nos processos decisórios dos atos preparatórios da condição de aproveitamento indevido (ilegal) da amortização do ágio artificial, assim como, na gestão do Grupo no período de ocorrência das infrações. [...] O Sr. Sérgio Pizzani foi, durante o período em questão, Diretor Geral da MVSO Participações S/A (“empresacasca”), assim como, da Padovas Participações S/A (empresa em que foi materializada originalmente a suposta avaliação econômica) e, nessa condição assinou a ata da AGE de 1º/07/200825, conforme pode ser observado na Figura 19. Era, geralmente, presidente das Assembléias Gerais de Acionistas das empresas envolvidas e, sendo acionista, participou, na condição de presidente de AGE, de dois eventos preparatórios de importância especial para a realização das infrações em tela: as assembléias de 17/01/200826 e de 1º/07/2008. Maria Cristina Pizzani Fl. 4246DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 126 125 A Srª. Maria C. Pizzani, embora formalmente não tenha uma participação tão ostensiva, envolveuse ideologicamente nos fatos da mesma forma que o Sr. Sérgio Pizzani, ou seja, não eram formalmente administradores da Florença Veículos S/A mas participaram de todos as operações preparatórias e tinham destacada importância nos processos decisórios do Grupo Florença. Assim como os Srs. Marcelo Pizani e Sérgio Pizzani, a Srª Maria C. Pizzani era DiretoraGeral das empresas MVSO Participações S/A e Padovas Participações S/A. [...] Maria Fernanda Pisani Geara A Srª. Maria F. P. Geara, que dentre as pessoas físicas envolvidas é a que tem papel mais discreto no processo decisório do Grupo Florença, participou do ato formal básico para a criação do ágio na AGE de 17/01/2008, assim como, tem aprovado as contas dos administradores e recebido os dividendos distribuídos pela Florença Veículos S/A desde então. [...] Conclusão geral sobre a coresponsabilidade das pessoas físicas De sorte que, consideradas as informações trazidas em todas as atas das Assembléias Gerais das quatro empresas envolvidas nas infrações cometidas pela Florença Veículos S/A, concluímos que elas são capazes de revelar satisfatoriamente detalhes de um processo decisório que ocorreu ao longo de várias “operações estruturadas em seqüência”, processo decisório este que envolveu todos os acionistas das empresas em questão para a consecução final do objetivo de supostamente criar as condições para, de forma dissimulada, proceder ilegais reduções ou supressões de tributos. Entendemos que, juntamente com o fato comprovado de todos ilicitamente terem se beneficiado dos atos praticados, a participação dessas pessoas físicas em todas (ou nas principais) operações necessárias para a criação da condição ilícita pretendida, deve ser entendida como manifestação explícita de autorização dos atos de gestão praticados pela administração normal da empresa. Em outras palavras, a administração da Florença Veículos S/A não teria conseguido alcançar a condição de geração e amortização do ágio artificial sem a colaboração das aprovações dos sóciosacionistas nos sucessivos eventos societários que visavam exclusivamente a transmissão do ágio artificial gerado intragrupo à Florença Veículos S/A. No caso, como em geral em arranjos societários com vista a planejamentos tributários abusivos, o conhecimento sobre quem é o detentor do poder de administrar (decidir) deve ser buscado não em cada ato formal onde normalmente seria encontrado, mas na compreensão holística do conjunto de todos os atos que resultaram no desfecho final do planejado. Compreendendo dessa forma, alcançamos com facilidade a conclusão de que as pessoas que realmente administraram (direcionaram, dirigiram ou guiaram a atuação; tornaram efetiva, real e concreta a ação de por meio de ardil reduzir a tributação) a Florença Veículos S/A foram todas essas cujos nomes foram acima arrolados Fl. 4247DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 127 126 Inicialmente no que tange à acusação com fundamento no art. 124, I do CTN, têm razão os recorrentes. Referido dispositivo permite classificar como responsável solidário pelo crédito tributário aquele que tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador. E esta condição pode ser imputada aos sócios de fato, que não figuram no quadro social da pessoa jurídica, e assim não desfrutam da proteção que a lei confere ao patrimônio pessoal daqueles que regularmente compõem uma sociedade. Referido dispositivo legal pode ser utilizado como forma de incluir um terceiro no pólo passivo da obrigação tributária, mas desde que presente prova de sua atuação ao lado da pessoa jurídica, e fora de seu quadro social, com interesse comum na situação que constitua o fato gerador. Neste sentido, inclusive, é o entendimento expresso por Marcos Vinícius Neder, no artigo Solidariedade de Direito e de Fato – Reflexões acerca de seu Conceito (in FERRAGUT, Maria Rita e NEDER, Marcos Vinícius (coords.). Responsabilidade Tributária, Dialética, São Paulo: 2007, p. 46). Depois de abordar a hipótese de interposição de pessoas na prática de fatos jurídicos tributários, e ressaltar que a simulação dos atos constitutivos impõe o afastamento do sujeito passivo aparente para alcançar os reais titulares da renda, o autor observa: Outra situação completamente distinta é quando o ilícito é promovido por pessoa jurídica ativa e operacional, que, comprovadamente, tenha ocultado ou registrado indevidamente negócios jurídicos realizados em parcela com terceiros (sócios ocultos) para benefício comum. Nessa hipótese, não há falar em fictícia interposição de pessoas, mas em sociedade comum de fato, pois não é possível distinguir a sociedade de fato de seus integrantes (pessoas físicas e jurídicas). Diante dessas condições, é perfeitamente possível evidenciar solidariedade entre as pessoas que compõem a sociedade de fato, eis que, além do patrimônio comum amealhado em razão do ilícito, há interesse comum nos negócios jurídicos realizados em benefício dos envolvidos. Todavia, a autoridade lançadora também fundamentou a responsabilidade tributária no art. 135, III do CTN e identificou a atuação de cada agente nas operações societárias que resultaram na redução do lucro tributável em razão da amortização da mais valia indevidamente classificada como ágio. De outro lado, ao contrário do alegado nas defesa, não foi realizada reestruturação societária, nos termos do artigo 36 da Lei nº 10.637/02, na medida em que este dispositivo legal não mais estava em vigor, e também porque, mesmo sob aquela ótica, não se formaria ágio passível de amortização, como extensamente demonstrado na apreciação do recurso voluntário interposto pela autuada. Demais disso, a artificialidade do resultado destas operações deixou patente a fraude praticada com vistas à redução dos tributos incidentes sobre o lucro, aspecto suficiente para constituir a infração de lei indicada no caput do art. 135 do CTN para permitir a responsabilização pessoal daqueles que, atuando na administração da pessoa jurídica por meio de suas deliberações sociais, buscam a ilícita redução da carga tributária. Logo, não se trata de mera falta de recolhimento de tributo, mas sim de infração praticada com fraude, hábil a permitir que a Fazenda Pública busque sua satisfação no patrimônio pessoal das pessoas físicas que assim determinam os atos da pessoa jurídica autuada. Contudo, esta responsabilidade deve ser limitada aos créditos tributários resultantes dos atos praticados com infração de lei, quais sejam, o IRPJ e CSLL devidos em Fl. 4248DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 11516.721847/201107 Acórdão n.º 1101001.239 S1C1T1 Fl. 128 127 razão da redução do lucro tributável por amortização da maisvalia classificada como ágio. Ainda que os recorrentes tenham sido também beneficiados com o repasse gratuito de empréstimos contraídos pela autuada, a glosa das despesas de juros correspondentes se fez por questão de necessidade, e não está acompanhada da acusação de fraude que permitiria a caracterização da infração de lei. Ante o exposto, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO PARCIAL aos recursos voluntários interpostos por Sérgio Pizzani, Maria Fernanda Pisani Geara, Maria Cristina Pizzani e Marcelo Pizani, para limitar a responsabilidade que lhes foi imputada aos créditos tributários acima referidos, com fundamento no art. 135, III do CTN. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Conselheira Fl. 4249DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por BENEDICTO CELSO BENICIO JUNIOR, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por MARCOS AURELI O PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA
score : 1.0
Numero do processo: 13005.000262/2006-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/09/1992 a 28/02/1996
Ementa:
CRÉDITOS DE PIS DEFERIDO EM AÇÃO JUDICIAL. PER/DCOMP
CUSTAS JUDICIAIS E HONORÁRIOS ADVOCATICIOS.
A lei somente autoriza compensação de créditos judiciais de natureza
jurídico-tributária, conforme art. 74 da Lei n° 9.430/96 e IN SRF n° 460/04.
Numero da decisão: 3301-002.624
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto da relatora.
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente.
FÁBIA REGINA FREITAS - Relator.
EDITADO EM: 16/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina Freitas (Relatora)
Nome do relator: FABIA REGINA FREITAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/09/1992 a 28/02/1996 Ementa: CRÉDITOS DE PIS DEFERIDO EM AÇÃO JUDICIAL. PER/DCOMP CUSTAS JUDICIAIS E HONORÁRIOS ADVOCATICIOS. A lei somente autoriza compensação de créditos judiciais de natureza jurídico-tributária, conforme art. 74 da Lei n° 9.430/96 e IN SRF n° 460/04.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto da relatora. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente. FÁBIA REGINA FREITAS - Relator. EDITADO EM: 16/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina Freitas (Relatora)
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PER/DCOMP CUSTAS JUDICIAIS E HONORÁRIOS ADVOCATICIOS. A lei somente autoriza compensação de créditos judiciais de natureza jurídicotributária, conforme art. 74 da Lei n° 9.430/96 e IN SRF n° 460/04. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto da relatora. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Presidente. FÁBIA REGINA FREITAS Relator. EDITADO EM: 16/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Fábia Regina Freitas (Relatora) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 02 62 /2 00 6- 70 Fl. 253DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Relatório Tratase, na origem, de pedido de habilitação de crédito decorrente de decisão judicial, formulado pela ora recorrente, o qual foi deferido pela autoridade fiscal. Ciente do deferimento da mencionada habilitação, a ora recorrente enviou a competente PER/DCOMP em 08/05/2006 e 02/06/2006, mediante a qual pretendia a compensação do crédito de PIS oriundo de decisão judicial em cuja composição encontravam se inseridos valores atinentes a custas processuais recolhidas pela recorrente na mencionada ação e honorários advocatícios. Analisando a PER/DCOMP encaminhada, a D. DRF de Santa Cruz do Sul/RS entendeu por bem reconhecer em parte o crédito pleiteado pela contribuinte. Nesse momento, concluiu a delegacia que quanto ao crédito de PIS com incidência da SELIC o direito é certo, razão pela qual homologou as compensações pretendidas. No entanto, no tocante ao crédito decorrente de honorários advocatícios e custas processuais, indeferiu o pleito ao fundamento de que tais valores não representam tributos ou contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil, donde tais montantes não poderiam ser utilizados como crédito tributário para fins de pedido de restituição/compensação junto à RFB. Ciente do indeferimento parcial de seu pedido, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, cujos fundamentos encontramse assim resumidos: BREVE RESUMO DOS FATOS • no presente processo a instituição busca a compensação de valores indevidamente recolhidos a título de PIS, cujo crédito foi reconhecido pela Justiça Federal nos atos do processo de repetição de indébito n° 2002.71.11.0046834, que tramitou na vara Federal de Santa Cruz do Sul; • refere à decisão administrativa. Do DIREITO À COMPENSAÇÃO • o indeferimento da utilização de valores relativos a custas judiciais e honorários advocatícios em restituição e/ou compensação tributária, na medida em que contraria o disposto no art. 74 da Lei n° 9.430/96 e nos artigos 1°, 50 e 51 da IN SRF 600/2005, conforme decisão administrativa, em face dos fundamentos legais elencados, não se coaduna com o melhor direito; • a decisão não merece prosperar, eis que o inciso V do § 2° do art. 51 da IN SRF n° 600, de 2005, se refere à desistência da execução do titulo judicial ou a comprovação da renúncia à sua execução, bem assim a assunção de todas as custas e os honorários advocatícios, referentes ao processo de execução; • da análise dos documentos que instruem o processo denotase que a instituição não procedeu à cobrança de seu crédito mediante processo de execução. Ao contrário, utilizouse do procedimento administrativo para reaver o crédito constante da sentença transita em julgado; • o crédito da instituição é composto de honorários advocatícios, ressarcimento das custas judiciais e da repetição do tributo indevidamente recolhido aos cofres da União. O Acórdão do TRF/45 R é expresso ao condenar a União a pagar honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação e &terminar que a compensação somente poderá ser efetivada após o trânsito em julgado da ação:, Fl. 254DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 13005.000262/200670 Acórdão n.º 3301002.624 S3C3T1 Fl. 3 3 • a instituição não procedeu ai processo executivo. Tão somente encaminhou pedido administrativo de compensação de crédito judicialmente reconhecido, não se podendo afirmar que os ônus processuais não se inserem nesse crédito, pois, ao apresentar resistência ao pedido da instituição, a União assume oà ônus daí decorrentes. E isso é regra processual, não podendo a parte alterar a sentença transita em julgado; • não se cogita de desistência de honorários e custas judiciais em processo de execução, já que a instituição foi desistente da própria ação executiva, optando pela compensação, administrativa, o que é mais benéfic% à Administração, pois evita mais dispêndios processuais, tais como custas e honorários de advogado; • a legislação é clara ao determinar que a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios, nos exatos termos do art. 20 do CPC. Não é demais frisar que as verbas em questão constituem o título executivo em favor da instituição, que, sopesando as benesses legais e sociais, optou pela compensação administrativa, o que vem a atender o interesse público, pois mais benéfico a este; • não há como resignarse com a decisão administrativa, eis que ela tem como fundamento a desistência do processo em fase de execução, o que não é o caso. O titulo judicial não foi executado, já que a concretização do comando judicial foi atendida pelo procedimento administrativo, mais vantajoso, menos dispendioso. Isso não significa ter havido qualquer renúncia a direito, muito menos ao ressarcimento das custas e o pagamento de honorários, ambos integrantes da condenação, só cindiveis por conveniência da parte, o que não é o caso; • é incontroverso que a instituição tem direito ao pedido indeferido administrativamente, se devendo reformar a decisão recorrida com o fito de deferir a restituição postulada, devidamente atualizada, com os índices oficiais admitidos pelo órgão fiscal. Do PEDIDO • requer seja deferido o pleito da instituição, remetendose o processo à DRJ em Santa Maria, reformandose a decisão recorrida, no sentido de reconhecer à instituição o direito à restituição postulada nos autos, devidamente atualizada, incluídas as custas judiciais e os honorários advocatícios, até final pagamento. A DRF de origem despachou na fl. 166. A Delegacia de Julgamento de Santa Maria entendeu por bem desprover a mencionada Manifestação em aresto de fls. 178/183, cuja ementa adiante se transcreve, litteris: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA PIS/PASEP Período de apuração: 01/09/1992 al28/02/1996 CRÉDITOS DEFERIDOS JUDICIALMENTE. COMPENSAÇÃO ADMINISTRATIVA. A lei somente autoriza compensação de créditos judiciais de natureza jurídicotributária, ou seja, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pertencentes ao próprio sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 255DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 Direito Creditório Não Reconhecido Em face do mencionado aresto, a ora recorrente interpôs Recurso Voluntário às fls. 212/220, reiterando os mesmos fundamentos já expostos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheira FÁBIA REGINA FREITAS O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235, de 06 de março de 1972, assim dele tomo conhecimento. A pretensão da ora recorrente não merece acolhida. É que as normas atinentes às compensações no âmbito tributário são claras em reconhecer o direito à compensação desde que os créditos informados sejam decorrentes de tributo ou contribuição administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Ademais, o valor atinente aos honorários advocatícios, a despeito de constituírem valores inseridos na condenação judicial, pertencem ao advogado da causa e não ao Autor da causa. Nesse contexto, analisando o voto exarado pela D. Delegacia a quo, concluí pela absoluta correção de suas razões, razão pela qual adoto seus termos como razão de decidir, verbis: é evidente pretensão de compensação de receita não tributária, não administrada pela RFB, que a instituição, considerandoa indevida, pretendeu incluir em compensações com débitos tributários apontados em PER/DCOMPs transmitidos em 08/05/2006 e 02/06/2006. No que tange à compensação tributária, o art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, assim dispõe: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei n° 10.637, de 2002) 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 2002) () Fl. 256DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 13005.000262/200670 Acórdão n.º 3301002.624 S3C3T1 Fl. 4 5 À época da transmissão dos PER/DCOMPs, a restituição e a compensação tributária no âmbito da RFB (antes Secretaria da Receita FederalSRF) era disciplinada pela IN SRF n° 460, de 2004, depois revogada pela 1N SRF n° 600; de 2005 (essa posteriormente revogada pela IN RFB n° 900, de 2008). O estudo da legislação apontada permite inferir ser possível promover se a compensação de quantias recolhidas ao Tesouro Nacional, a titulo de tributo ou contribuição administrada pela RFB, com débitos de natureza tributária também administrados pelo Órgão. A IN SRF n° 460; de 2004, ao tratar da compensação efetuada pelo sujeito passivo, assim prescrevia: Art. 26. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela SRF. §1° A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à SRF da Declaração de Compensação gerada a partir do Programa PER/DCOA1P ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à SRF do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo VI, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. As Instruções Normativas n's 600, de 2005, e 900, de 2008, tratam o tema da mesma forma (respectivamente, arts. 26 e 34). "Depreendese, assim, que havendo crédito relativo à receita tributária administrada pela RFB, passível de restituição ou ressarcimento, esse poderá ser compensado com débitos tributários próprios, vencidos ou vincendos. No entanto, este não é o caso constatado nos autos, eis que os valores relativos a custas judiciais e honorários advocatícios não representam receita tributária. Aliás, devese observar que as custas processuais são taxas adiantadas pela parte para remunerar os serviços públicos, sendo compreendida pelas despesas, que abrangem todos os demais gastos efetuados pela parte para a realização dos atos processuais, tais como honorários periciais, diárias de testemunha e indenização de viagem. A esse respeito, transcrevese lição de Yone Dolácio de Oliveira, citada por Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery: Custas e emolumentos judiciais e extrajudiciais são taxas reniuneratórias de serviços públicos que ensejam o exercício de missão essencialmente estatal: " conferir fépública a atos e documentos, certificar a legitimidade de situações, possibilitar o exercício de direitos subjetivos privados e públicos, possibilitar a garantia da prestação jurisdicional do estado (..). Tais serviços são específicos (..), são divisíveis (..). São compulsórios (.). Estão sujeitas aos princípios tributários de anterioridade da lei e da ilegalidade. (A natureza jurídica das custas judiciais, p. 168/169, in Código de Processo Civil e Legislação Processual Civil Extravagante em Vigor, 6 ed. São Paulo: RT, p. 313) Também de ver que o STF, no julgamento do RE n° 470407DF (Relator o Min. Marco Aurélio), assentou que os advogados têm direito Fl. 257DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 não só aos honorários convencionados' como também aos fixados por arbitramento e na definição da sucumbência artigo 22 — sendo explícito o artigo 23 ao estabelece que os honorários incluídos na condenação, pôr arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido a seu favor. Repito mais uma vez que os honorários advocatícios consubstanciam, para os profissionais liberais do direito, prestação alimentícia. Portanto, nenhuma das verbas pretendidas em compensação tem natureza tributária específica. Ademais, consoante o § 3°, inciso VIII, da IN SRF n° 460, de 2004, não podiam ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, de declaração de compensação, os créditos que não fossem passíveis de restituição ou de ressarcimento. Tal disposição foi mantida pelas Instruções Normativa nos 600, de 2005, e 900, de 2008 (respectivamente, arts. 26, § 3°, inciso VIII, e 34, inciso I, alínea e, e inciso XI). Assim, se tratando as custas judiciais e os honorários advocatícios de receitas não tributárias, não administradas pela RFB, não podem elas ser utilizadas em compensação com débitos de natureza tributária no âmbito deste Órgão, conforme pretendido, devendo ser mantida a decisão administrativa de origem. Ante o exposto voto no sentido da improcedência total da manifestação de inconformidade apresentada. CONCLUSÃO: Diante de todo o exposto, voto no sentido de desprover o Recurso Voluntário. Brasília, 26 de março de 2015. FÁBIA REGINA FREITAS Relatora Fl. 258DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 13936.000372/2008-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2302-000.371
Decisão: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 17/07/2008
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto divergente vencedor. Vencido o Conselheiro Relator. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
André Luís Mársico Lombardi - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 17/07/2008 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto divergente vencedor. Vencido o Conselheiro Relator. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor. Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva - Relator. André Luís Mársico Lombardi - Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 41; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1610; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T2 Fl. 308 1 307 S2C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13936.000372/200892 Recurso nº 00.037.1Voluntário Resolução nº 2302000.371 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 04 de dezembro de 2014 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente VALDIR LUIZ ROSSONI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 17/07/2008 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto divergente vencedor. Vencido o Conselheiro Relator. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. André Luís Mársico Lombardi Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Leo Meirelles do Amaral e Arlindo da Costa e Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 36 .0 00 37 2/ 20 08 -9 2 Fl. 107DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 309 2 1. RELATÓRIO Período de apuração: 01/03/2003 a 31/12/2006 Data da lavratura da NFLD: 17/07/2008. Data da Ciência da NFLD: 21/07/2008. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ em Curitiba/PR que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário lançado por intermédio do Auto de Infração de Obrigação Acessória nº 37.047.5526, Código de Fundamentação Legal nº 68, lavrado em decorrência do descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei de Custeio da Seguridade Social, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 11/14. CFL 68 Apresentar a empresa GFIP/GRFP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural) – Art. 284, II na redação do Dec. 4.729, de 09/06/2003. Em razão de a empresa não ter industrializado produção rural própria no período de 2003 a 2006, corroborado pela agravante de não ter realizado todo o processo produtivo no período 2003 e 2004, utilizandose de terceiros para realizar a transformação da matériaprima, a Fiscalização considerou que a Autuada não preenchia os requisitos necessários para enquadrarse como agroindústria, circunstância que desaguou no reenquadramento da empresa fiscalizada no código FPAS 507 (Indústria). Do exame das GFIP apresentadas pelo Contribuinte, a Fiscalização constatou que a empresa deixou de informar nesse documento declaratório os fatos geradores que compõem os levantamentos FPG FOLHA DE PAGAMENTO, incidentes sobre as remunerações pagas, creditadas ou devidas a segurados obrigatórios do RGPS, e PRU PRODUÇÃO RURAL PESSOA FÍSICA, devidas por substituição tributária, conforme Art. 30, III, da Lei nº 8.212/91. A multa aplicada corresponde a 100% do valor da contribuição devida e não declarada, limitada, por competência, em função do número de segurados somados em relação aos estabelecimentos da empresa onde houve a omissão do fato gerador na competência considerada, observandose os limites mensais, conforme previsão no art 32, inciso IV, parágrafo 5° da Lei nº 8.212/91, acrescentado pela Lei nº 9.528/97, c/c art. 284, inciso II, do RPS – Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99 e art 373, conforme Relatório Fiscal de Aplicação da multa a fls. 12/14. Fl. 108DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 310 3 Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 24/41. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0622.770 5ª Turma da DRJ/CTA, a fls. 61/73, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 02/07/2009, conforme Aviso de Recebimento a fl. 75. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário a fls. 82/99, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos termos que se vos seguem: · Nulidade do lançamento em razão de ocorrência de bis in idem, pois foram lavradas 03 sanções administrativas distintas, a saber, NFLD nº 37.047.5518, 37.047.5526 e 37.047.5500, o que é defeso por lei e que todos os três autos de infração são derivados da mesma possível ação do Recorrente, havidas no mesmo período, dentro dos mesmos limites fáticos, o que é um absurdo jurídico; · Nulidade do Auto de Infração, por falta de motivação, apenas se limitando a dar o enquadramento da conduta; · Nulidade do Auto de Infração, por violação aos pressupostos de autoria e materialidade; · Nulidade do Auto de Infração, por ofensa ao princípio da legalidade, por falta de lei que tipifique as condutas que se considera infração administrativa e que indique qual das sanções previstas na Lei n° 1.212191 será passível de emprego ao caso concreto; · Que a empresa Recorrente é, de fato, uma agroindústria; · Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito; Ao fim, requer a declaração de insubsistência do Auto de Infração. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 311 4 2. VOTO VENCIDO Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 2.1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 2.1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 03/07/2009. Havendo sido o recurso voluntário protocolizado no dia 20 de julho do mesmo ano, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2.2. DAS QUESTÕES PRELIMINARES 2.2.1. DO ALEGADO BIS IN IDEM Alega o Recorrente a nulidade do lançamento em razão de ocorrência de bis in idem. Pondera o Recorrente que foram lavradas 3 (três) sanções administrativas distintas, a saber, NFLD nº 37.047.5518, 37.047.5526 e 37.047.5500. Argumenta que da mesma ocorrência fática foram lançados três autos distintos, o que é defeso por lei e que todos os três autos de infração são derivados da mesma possível ação do Recorrente, havidas no mesmo período, dentro dos mesmos limites fáticos, o que é um absurdo jurídico. Absurdo jurídico ???? A Constituição Federal de 1988 outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários, nas cores desenhadas em seu art. 146, III, ‘b’, in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; Fl. 110DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 312 5 b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Imerso nessa ordem constitucional, ao tratar das obrigações tributárias, já no âmbito infraconstitucional, o art. 113 do Código Tributário Nacional – CTN, topograficamente inserido no Título que versa sobre as Obrigações Tributárias, estabeleceu o discrimen entre obrigações tributárias principal e acessórias, assim conformando seus traços definidores: Código Tributário Nacional Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. §1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. §2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. (grifos nossos) §3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) De acordo com o assentamento legal, a obrigação tributária principal consiste no pagamento de tributo e surge com a ocorrência do fato gerador, assim entendida a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Já no tocante às obrigações acessórias, consoante os termos do Diploma Tributário, estas consubstanciamse em deveres de natureza instrumental, consistentes em um fazer, não fazer ou permitir, fixados na legislação tributária, na abrangência do art. 96 do CTN, Fl. 111DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 313 6 em proveito do interesse da administração fiscal no que tange à arrecadação e à fiscalização de tributos. Nessa perspectiva, não carece de elevada mestria a interpretação do texto inscrito no §2º do supratranscrito dispositivo legal a qual aponta para a total independência e autonomia entre as obrigações ditas principais e aquelas denominadas como acessórias. Estas, no dizer cristalino da Lei, decorrem diretamente da legislação tributária, não das obrigações principais, e tem por objeto prestações positivas ou negativas fixadas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Nesse contexto, cabenos registrar, que são cabíveis de serem estatuídas obrigações acessórias as quais não se encontram vinculadas a nenhuma obrigação principal. Exemplo emblemático do que findou de ser dito é o caso das obrigações acessórias previstas no art. 68 da Lei nº 8.212/91, que impõe ao Titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais a obrigação acessória de comunicar ao INSS, até o dia 10 de cada mês, o registro dos óbitos ocorridos no mês imediatamente anterior, devendo da relação constar a filiação, a data e o local de nascimento da pessoa falecida, sob pena de sujeição à penalidade prevista no art. 92 do mesmo Diploma Legal. Corrobora o entendimento acima esposado as disposições insculpidas no §3º do art. 113 do citado codex, o qual reza que, o simples fato da inobservância da obrigação acessória é condição bastante, suficiente e determinante para a conversão de sua natureza de obrigação acessória em principal, relativamente à penalidade pecuniária, de onde se conclui que a aplicação de Auto de Infração tem natureza objetiva. Tal compreensão caminha em perfeita sintonia com as disposições expressas no art. 136 do reverenciado código tributário, o qual declara que a responsabilidade por infrações à legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, revelando assim, através de uma outra lente, o caráter objetivo e independente da imputação em realce. Código Tributário Nacional CTN Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Dessarte, nos termos da lei, ainda que não tenha ocorrido a obrigação principal ou esta, mesmo tendo ocorrido, já tenha sido adimplida, tais fatos não são suficientes para afastar a observância e/ou os efeitos das obrigações acessórias correlatas impostas pela legislação tributária. Registrese, ainda, que o art. 94 da Lei nº 8.212/91 aviou autorização expressa ao Instituto Nacional do Seguro Social para arrecadar e fiscalizar, mediante remuneração de 3,5% do montante arrecadado, contribuição por lei devida a terceiros, desde que provenha de empresa, segurado, aposentado ou pensionista a ele vinculado, aplicandose a essa contribuição, no que couber, o disposto na Lei de Custeio da Seguridade Social. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 94. O Instituto Nacional do Seguro SocialINSS poderá arrecadar e fiscalizar, mediante remuneração de 3,5% do montante Fl. 112DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 314 7 arrecadado, contribuição por lei devida a terceiros, desde que provenha de empresa, segurado, aposentado ou pensionista a ele vinculado, aplicandose a essa contribuição, no que couber, o disposto nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.528/97). §1o O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, às contribuições que tenham a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados, ficando sujeitas aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial. (Renumerado pela Lei nº 11.080/2004) §2o A remuneração de que trata o caput deste artigo será de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) do montante arrecadado pela aplicação do adicional de contribuição instituído pelo § 3o do art. 8o da Lei no 8.029, de 12 de abril de 1990. (Incluído pela Lei nº 11.080/2004). Nessa esteira, em 19 de março de 2007 houvese por publicada a Lei nº 11.457/2007, que procedeu à fusão da Secretaria da Receita Federal SRF com a Secretaria da Receita Previdenciária SRP, criando a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, cujo art. 3º ratificou a competência que antes era do Instituto Nacional do Seguro Social para a Secretaria da Receita Federal do Brasil, sem solução de continuidade. Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007 Art. 2o Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição. (...) Art. 3o As atribuições de que trata o art. 2o desta Lei se estendem às contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, na forma da legislação em vigor, aplicandose em relação a essas contribuições, no que couber, as disposições desta Lei. §1o A retribuição pelos serviços referidos no caput deste artigo será de 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) do montante arrecadado, salvo percentual diverso estabelecido em lei específica. §2o O disposto no caput deste artigo abrangerá exclusivamente contribuições cuja base de cálculo seja a mesma das que incidem sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados do Regime Geral de Previdência Social ou instituídas sobre outras bases a título de substituição. §3o As contribuições de que trata o caput deste artigo sujeitamse aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios daquelas referidas no art. 2o desta Lei, inclusive no que diz respeito à cobrança judicial. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 315 8 §4o A remuneração de que trata o §1o deste artigo será creditada ao Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização FUNDAF, instituído pelo DecretoLei no 1.437, de 17 de dezembro de 1975. §5o Durante a vigência da isenção pelo atendimento cumulativo aos requisitos constantes dos incisos I a V do caput do art. 55 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, deferida pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, pela Secretaria da Receita Previdenciária ou pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, não são devidas pela entidade beneficente de assistência social as contribuições sociais previstas em lei a outras entidades ou fundos. §6o Equiparamse a contribuições de terceiros, para fins desta Lei, as destinadas ao Fundo Aeroviário FA, à Diretoria de Portos e Costas do Comando da Marinha DPC e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INCRA e a do salárioeducação. Art. 25. Passam a ser regidos pelo Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972: I a partir da data fixada no §1o do art. 16 desta Lei, os procedimentos fiscais e os processos administrativofiscais de determinação e exigência de créditos tributários referentes às contribuições de que tratam os arts. 2o e 3o desta Lei; (...) A determinação de lavratura de autos de infração ou notificações de lançamento distintos para cada tributo ou penalidade, para a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada, houvese por assentada, expressamente, no art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificação de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) §1o Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. (Redação dada pela Lei nº 11.196/2005) §2º Os procedimentos de que tratam este artigo e o art. 7º, serão válidos, mesmo que formalizados por servidor competente de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) §3º A formalização da exigência, nos termos do parágrafo anterior, previne a jurisdição e prorroga a competência da autoridade que dela primeiro conhecer. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) Fl. 114DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 316 9 No caso em apreciação, na mesma ação fiscal houveramse por lavradas duas Notificações Fiscais de Lançamento de Débito – NFLD, bem como um Auto de Infração de Obrigação Acessória, a saber: · NFLD nº 37.047.5500 – Contribuições sociais a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. · NFLD nº 37.047.5518 – Contribuições sociais destinadas a Outras Entidades e Fundos, a saber, SENAI, SESI, SEBRAE e SENAR; · Auto de Infração nº 37.047.5526, CFL 68 – Pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91. Avulta das circunstâncias fáticas acima desfraldadas inexistir qualquer irregularidade nos lançamentos formalizados pela Fiscalização: A uma, porque as contribuições sociais lançadas na NFLD nº 37.047.5500 são totalmente distintas daquelas formalizadas mediante a NFLD nº 37.047.5518. Nesta, as contribuições sociais são destinadas ao SENAI, SESI, SEBRAE e SENAR, cada uma delas previstas em legislação própria, sendo fiscalizadas e arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil em razão da competência estatuída no art. 3º da Lei nº 11.457/2007. Naquela, as Contribuições sociais são destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao SAT/RAT, conforme previstas na Lei nº 8.212/91. A duas, porque o crédito tributário lançado por meio do Auto de Infração nº 37.047.5526, CFL 68, decorreu do descumprimento objetivo de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91, sendo totalmente independente e autônomo em relação às duas NFLD acima mencionadas. Dessarte, o fato de a empresa ter sido autuada, numa mesma ação fiscal, pelo descumprimento de obrigação tributária principal não impede que ela seja igualmente autuada, nos termos da lei, pelo descumprimento de uma ou mais obrigações tributárias principal ou acessórias, sem que tal multiplicidade de autuações represente bis in idem. Inexiste, portanto, qualquer bis in idem nas autuações constantes do vertente processo: a) Os fatos geradores são diversos. Duas se referem a descumprimento de obrigação principal, a outra, descumprimento de obrigação acessória. b) As naturezas jurídicas das autuações e os respectivos objetos são distintos. Duas têm por objeto contribuições sociais instituídas mediante legislação própria. A outra, penalidade pecuniária. Fl. 115DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 317 10 c) A destinação das contribuições sociais lançadas mediante as duas NFLD são totalmente distintas, e decorrem de obrigações tributárias instituídas, cada uma, mediante legislação adrede. d) Uma obrigação é totalmente autônoma, distinta e independente da outra; e) As referidas obrigações são regidas por normas jurídicas totalmente apartadas; f) Inexiste qualquer interdependência entre as obrigações autuadas; g) Etc., etc., etc. ... Por tais razões, dentre outras, não acatamos a alegação de bis in idem tão veementemente esposada pelo sujeito passivo. Absurdo jurídico ???? Fala sério ! 2.2.2. DAS ALEGAÇÕES DE NULIDADE O Recorrente alega nulidade do Auto de Infração, por suposta falta de motivação, apenas se limitando a dar o enquadramento da conduta. Alega, igualmente, nulidade do Auto de Infração, por violação aos pressupostos de autoria e materialidade. Por fim, alega nulidade do Auto de Infração, por ofensa ao princípio da legalidade, por falta de lei que tipifique as condutas que se considera infração administrativa e que indique qual das sanções previstas na Lei n° 8.212/91 será passível de emprego ao caso concreto. Nulidade. No capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, a Carta Constitucional outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre as obrigações tributárias, dentre outras. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Fl. 116DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 318 11 Nessa vertente, no exercício da competência que lhe foi outorgada pelo Constituinte Originário, o CTN honrou prescrever, com propriedade, a distinção entre as duas modalidades de obrigações tributárias, ad litteris et verbis: Código Tributário Nacional CTN Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. §1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. §2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. (grifos nossos) §3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (grifos nossos) Não carece de elevada mestria a interpretação do texto inscrito no §2º do supratranscrito dispositivo legal a qual aponta para a total independência entre as obrigações ditas principais e aquelas denominadas como acessórias. Estas, no dizer cristalino da Lei, decorrem diretamente da legislação tributária, não das obrigações principais, e tem por objeto prestações positivas ou negativas fixadas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. No que pertine às contribuições previdenciárias, a disciplina da matéria em relevo, no plano infraconstitucional, foi confiada à Lei nº 8.212/91, a qual fez inserir na Ordem Jurídica Nacional uma diversidade de obrigações acessórias, criadas no interesse da arrecadação ou da fiscalização, sem transpor os umbrais limitativos erguidos pelo CTN. Envolto no ordenamento realçado nas linhas precedentes, os artigos 32 e 33 da citada lei de custeio da Seguridade Social estabeleceram uma série de obrigações instrumentais a serem observadas pela empresa, dentre elas, a obrigação instrumental positiva de informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, todos os dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS, além do dever jurídico de exibir ao Fisco todos os livros e documentos relacionados com as contribuições previdenciárias, bem como o de prestar todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis do seu interesse, na forma por ele estabelecida, e os esclarecimentos necessários à fiscalização. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o Fl. 117DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 319 12 montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; III prestar ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e ao Departamento da Receita FederalDRF todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001). §1º É prerrogativa do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e do Departamento da Receita FederalDRF o exame da contabilidade da empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. §2º A empresa, o servidor de órgãos públicos da administração direta e indireta, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei. (grifos nossos) Cabe ressalvar, de modo a nocautear qualquer dúvida, que a missão de estruturar e dar efetividade à obrigação acessória em relevo foi confiada à lei nº 8.212/91, cujo art. 32, IV, estatuiu de maneira isenta de rodeios que a empresa é obrigada a informar mensalmente ao INSS, por intermédio de GFIP, todos os dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse da citada autarquia previdenciária. Almejando brindar a máxima efetividade à obrigação acessória ora ilustrada, o §5º do art. 32 do Pergaminho Legal em foco, na redação dada pela Lei nº 9.528/97, aviou norma sancionatória, prevendo a punição do obrigado, em caso de entrega de GFIP contendo incorreções ou omissões relacionadas a fatos geradores de contribuições previdenciárias, mediante a inflição de pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor Fl. 118DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 320 13 devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do mesmo dispositivo legal. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97) 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97) §6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas aos valores previstos no §4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97) §7º A multa de que trata o §4º sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). §8º O valor mínimo a que se refere o § 4º será o vigente na data da lavratura do auto de infração. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). §9º A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV, mesmo quando não ocorrerem fatos geradores de contribuição previdenciária, sob pena da multa prevista no §4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). §10. O descumprimento do disposto no inciso IV é condição impeditiva para expedição da prova de inexistência de débito para Fl. 119DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 321 14 com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). §11. Os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa durante dez anos, à disposição da fiscalização. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.528/97). Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713/2001). Tal obrigação acessória evidenciase como contínua, não se extinguindo com a mera apresentação do documento em tela nos meses anteriores. Em assim sendo, a entrega da GFIP em um determinado mês não exime nem dispensa o obrigado a efetuar a mesma entrega na competência seguinte, ainda que as informações a serem declaradas sejam exatamente as mesmas informadas na declaração do mês anterior. Assentada que a obrigação de prestar informações mediante GFIP se renova mensalmente, dessumese de forma hialina que cada apresentação de GFIP com omissões/incorreções representa uma infração independente, a qual sofrerá a punição prevista na lei de forma isolada das demais. Assim, ainda que a sanção a todas as infrações representativas de cada uma das competências apuradas pela fiscalização seja lançada mediante um único Auto de Infração, o valor da multa a ser estipulada para cada infração (competência) tem que ser calculada mediante a aplicação, na íntegra, da memória de cálculo estabelecida no §5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91 e, ao fim, devidamente somadas. Conforme demonstrado, a tipificação da conduta infracional encontrase assentada no art. 32, IV, e §§4 e 5º, da Lei nº 8.212/91, enquanto que a sanção administrativa encontrase prevista nos próprios §§ 4º e 5º do mesmo art. 32 da Lei de Custeio da Seguridade Social. Será que o Recorrente considera que a Lei nº 8.212/91 não é uma Lei para fins de atendimento ao princípio da legalidade ???? Merece ser destacado que no Direito Previdenciário impera o Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma, o qual propugna que, havendo divergência entre o que ocorre na prática e o que está expresso em assentamentos públicos, documentos ou acordos, prevalece a realidade dos fatos. Assim, havendo discordância entre o autoenquadramento realizado pelo Sujeito Passivo e o enquadramento correto resultante das condições de contorno do caso concreto, prevalecerá o enquadramento legal. Por isso, verificado erro no auto enquadramento, a Fl. 120DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 322 15 Fiscalização da Secretaria da Receita Federal adotará as medidas necessárias à sua correção e procederá à notificação dos valores devidos. No caso presente, pelas razões vertidas no Relatório Fiscal da NFLD nº 37.047.5500, conexa ao vertente Auto de Infração, objeto do Processo Administrativo Fiscal nº 13936.000370/200801, a Fiscalização demonstrou que a Recorrente não reunia os requisitos essenciais para se auto enquadrar como “agroindústria”, motivo pelo qual se procedeu ao reenquadramento da Fiscalizada para a condição de “Indústria” – FPAS 507, e procedeu ao lançamento das contribuições previdenciárias devidas. Nessa vertente, restando configurados os Fatos Jurígenos Tributários apurados pela Fiscalização mediante os levantamentos “PPG – FOLHA DE PAGAMENTO” e “PRU – PRODUÇÃO RURAL PESSOA FÍSICA” fatos geradores de contribuições previdenciárias, estes deveriam ter sido, necessariamente, declarados em sua integralidade nas GFIP correspondentes, mas não foram. Conforme consignado no Relatório Fiscal do vertente Auto de Infração, “No levantamento, após verificação de documentos e lançamentos contábeis, confrontando com as folhas de pagamento, constatamos que a empresa deixou de informar os fatos geradores correspondente a todas contribuições previdenciárias em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do tempo de Serviço e Informação à Previdência Social GFIP, infringindo, desta forma , ao disposto no art. 32, inciso IV, parágrafo 5% da Lei 8.212/91 , com a redação dada pela Lei 9.528/97, c/c o art. 225, inciso IV, § 4° do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999. Fica, portanto caracterizada a infração ao dispositivo legal citado. Anexamos ao presente, planilha demonstrativa de todos os fatos geradores de contribuição previdenciária que a empresa deixou de informar na GFIP, sendo, contribuição a cargo da empresa, referente aos pagamentos efetuados a segurados empregados, constantes dos registros contábeis e folhas de pagamento, os quais prestaram serviços no período verificado”. Como visto, a motivação da lavratura do presente Auto de Infração encontrase perfeitamente descrita no item 1 do Relatório Fiscal da Infração, a fl. 11. A autoria e materialidade encontramse igualmente descritas no mesmo item 1 do Relatório Fiscal da Infração, a fl. 11. A empresa em referência Valdir Luiz Rossoni, CNPJ 79.129.151/000102 – (autoria) deixou de declarar em suas GFIP fatos geradores de contribuições previdenciárias, infringindo, desta forma, ao disposto no art. 32, inciso IV, parágrafo 5% da Lei 8.212/91 , com a redação dada pela Lei 9.528/97 c/c art. 225, inciso IV, §4° do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999 (materialidade). Por tais razões, rejeitamos as preliminares de nulidade arguidas pelo Recorrente. Vencidas as preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 2.3 DO MÉRITO Fl. 121DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 323 16 Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes às matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. O presente lançamento é constituído por dois levantamentos distintos: · LEVANTAMENTO FPG FOLHA DE PAGAMENTO · LEVANTAMENTO PRU PRODUÇÃO RURAL PESSOA FÍSICA 2.3.1. DA AGROINDÚSTRIA O levantamento FPG referese a contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas, creditadas ou devidas a segurados obrigatórios do RGPS, devidas pela empresa, em razão da descaracterização, pela Fiscalização, do enquadramento desta da condição da Agroindústria, e reclassificação na condição de indústria, conforme relatado pela Autoridade Lançadora no item 5. do seu Relatório Fiscal, a fl. 53. 5 LEVANTAMENTO FOLHA DE PAGAMENTO FPG 5.1 Tratase de contribuições apuradas em face de a empresa se auto enquadrar incorretamente como agroindústria, incidentes sobre as remunerações creditadas aos segurados empregados. Todavia, para as competências 03/2003 a 13/2006, a empresa não as declarou em GFIP no prazo previsto em Lei, existindo assim, o débito das referidas contribuições até a presente data, (todos os valores das bases de cálculo das contribuições da empresa estão lançados nas respectivas folhas de pagamento e nos registros contábeis). Esse fato está devidamente demonstrado no relatório DAD — Demonstrativo Analítico do Débito com o respectivo código, FPAS e Alíquotas Aplicadas; O Recorrente alega ser, de fato, uma agroindústria. Vejamos. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 324 17 Na dicção do art. 22A da Lei nº 8.212/91, considerase agroindústria, para os fins específicos da tributação de contribuições previdenciárias, o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 22A. A contribuição devida pela agroindústria, definida, para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 desta Lei, é de: (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). I dois vírgula cinco por cento destinados à Seguridade Social; (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). II zero vírgula um por cento para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade. (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). §1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). §2o O disposto neste artigo não se aplica às operações relativas à prestação de serviços a terceiros, cujas contribuições previdenciárias continuam sendo devidas na forma do art. 22 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). §3o Na hipótese do § 2o, a receita bruta correspondente aos serviços prestados a terceiros será excluída da base de cálculo da contribuição de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). §4o O disposto neste artigo não se aplica às sociedades cooperativas e às agroindústrias de piscicultura, carcinicultura, suinocultura e avicultura. (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). §5o O disposto no inciso I do art. 3o da Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, não se aplica ao empregador de que trata este artigo, que contribuirá com o adicional de zero vírgula vinte e cinco por cento da receita bruta proveniente da comercialização da produção, destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). (Incluído pela Lei nº 10.256/2001). §6o Não se aplica o regime substitutivo de que trata este artigo à pessoa jurídica que, relativamente à atividade rural, se dedique apenas ao florestamento e reflorestamento como fonte de matéria prima para industrialização própria mediante a utilização de processo industrial que modifique a natureza química da madeira ou a transforme em pasta celulósica. (Incluído pela Lei nº 10.684/2003). §7o Aplicase o disposto no § 6o ainda que a pessoa jurídica comercialize resíduos vegetais ou sobras ou partes da produção, desde que a receita bruta decorrente dessa comercialização represente menos de um por cento de sua receita bruta proveniente da comercialização da produção. (Incluído pela Lei nº 10.684/2003). Fl. 123DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 325 18 Deflui dos termos estampados no citado artigo 22A as notas características conformadoras da agroindústria para fins de enquadramento perante as obrigações estabelecidas na Lei nº 8.212/91. a) Ser produtor rural pessoa jurídica; b) Ter produção rural própria; c) Industrializar essa produção rural própria, a qual pode ser complementada por produtos rurais adquiridos de terceiros. Conferindo contornos mais definidos ao conceito legal, o inciso XXIII do art. 247 da IN INSS/DC nº 100/2003 estatui ser considerado como agroindustrial o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica for a industrialização de produção própria ou a industrialização de produção própria e da adquirida de terceiros, que desenvolve as duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos; Instrução Normativa INSS/DC nº 100, de 18 de dezembro de 2003 Art. 247. Considerase: I produtor rural, a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que desenvolve, em área urbana ou rural, a atividade agropecuária, pesqueira ou silvicultural, bem como a extração de produtos primários, vegetais ou animais, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos; (...) XXIII agroindustrial o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica é a industrialização de produção própria ou a industrialização de produção própria e da adquirida de terceiros, que desenvolve as duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos; Na mesma esteira, a alínea ‘b’ do inciso I do art. 240 da IN SRP nº 3/2005 define como agroindústria o produtor rural pessoa jurídica que desenvolve as atividades de produção rural e de industrialização, tanto da produção rural própria ou da adquirida de terceiros. Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005 Art. 240. Considerase: I produtor rural, a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que desenvolve, em área urbana ou rural, a atividade agropecuária, pesqueira ou silvicultural, bem como a extração de produtos primários, vegetais ou animais, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, sendo: (...) b) produtor rural pessoa jurídica: Fl. 124DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 326 19 1. o empregador rural que, constituído sob a forma de firma individual ou de empresário individual, assim considerado pelo art. 931 da Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil), ou sociedade mercantil, tem como fim apenas a atividade de produção rural, observado o disposto no inciso III do § 2º do art. 250 desta IN; 2. a agroindústria que desenvolve as atividades de produção rural e de industrialização, tanto da produção rural própria ou da adquirida de terceiros, observado o disposto no inciso IV do § 2º do art. 250 desta IN; Aditese que para ser considerado agroindústria é condição sine qua non que a empresa seja produtora rural pessoa jurídica, isto é, sendo proprietária ou não, desenvolva em área urbana ou rural, a atividade agropecuária, pesqueira ou silvicultural, bem como a extração de produtos primários, vegetais ou animais, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos. Avulta dos preceptivos legais acima desfraldados que a mens lege concentrase no incentivo ao produtor rural pessoa jurídica de industrializar a sua própria produção, mesmo que complementada pela produção adquirida de terceiros, agregandolhe valor de natureza industrial, tornandoo mais competitivo no mercado. O tratamento fiscal diferenciado previsto no art. 22A da Lei nº 8.212/91 tem por destinatário, portanto, o produtor rural pessoa jurídica que, efetivamente, industrialize sua produção rural. Dessarte, para ser considerado como agroindústria é necessário que a empresa, cumulativamente, seja produtora rural pessoa jurídica, tenha produção rural própria e industrialize tal produção, e que desenvolva as duas atividades, rural e industrial, em um mesmo empreendimento econômico, com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. A falta de qualquer um desses requisitos descaracteriza a condição de agroindústria para os fins previstos no art. 22A da Lei nº 8.212/91. No caso ora em estudo, a Fiscalização apurou fatos e circunstâncias que, em seu entendimento, são suficientes para descaracterizar a Autuada como agroindústria. De acordo com o Relatório Fiscal, para comprovar o autoenquadramento como agroindústria, a empresa apresentou escrituras de aquisições de áreas de terras, sob a denominação de FAZENDA, para exploração de atividades agrícolas (florestamento e reflorestamento). A primeira fazenda foi adquirida em 11/11/1999 e todas as demais aquisições deramse em datas posteriores. No que se refere às fazendas em que foram identificadas transferências de matériaprima, no período envolvido na ação fiscal, a Fiscalização arrolou as seguintes: · Fazenda Rondon III, Matrícula 12.415, adquirida em 11/11/1999. · Fazenda Boa Vista, Matrícula 6.148 aquisição em 11/12/2001, Fl. 125DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 327 20 · Fazenda São Lourenço, Matrícula 6.791, aquisição em 20/05/2003. No contrato de compra da Fazenda Rondon III, está expresso que a área contém reflorestamento de Pinus Thaeda, com idade média de 23 anos. Considerando que a empresa passou a adquirir áreas de terras a partir de 11 de novembro de 1999, com a finalidade de explorar o plantio, replantio e reflorestamento; Considerando que o plantio, replantio e reflorestamento nas terras adquiridas é de árvores da espécie Pinus Elliotii, que em média, necessita de 15 anos para ser viável sua exploração, concluiu a Fiscalização que a madeira utilizada a partir de 2003 referese a madeiras já existentes quando da aquisição das fazendas. Portanto ao adquirir as áreas de terras também adquiriu mata viva. Dessa forma as transferências de matériaprima (madeira) realizadas pela empresa no período compreendido na ação fiscal, se referem a madeiras já existentes quando da aquisição das áreas de terras, não se tratando, portanto, de produção própria, mas, sim, de produção realizada por terceiros – os antigos proprietários das terras. Com efeito, a aquisição de terras com a matéria prima já nela plantada e pronta para o corte não torna o adquirente Produtor Rural Pessoa Jurídica, mas mero proprietário da madeira contida na propriedade. Anotese que para que a pessoa jurídica seja considerada agroindústria, não basta a industrialização de produtos rurais de sua propriedade. A lei exige que a pessoa jurídica seja Produtora Rural, ou seja, que sendo proprietária ou não, desenvolva em área urbana ou rural, a atividade agropecuária, pesqueira ou silvicultural, bem como a extração de produtos primários, vegetais ou animais, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos. Merece ser destacado que a atividade de plantio, extração e reflorestamento de árvores da espécie Pinus Elliotii não se trata de extração de produtos primários, mas atividade agrária stricto sensu, eis que resulta da atuação humana sobre a natureza, em participação funcional, condicionante do processo produtivo. A atividade agrária caracterizase por ser um processo agrobiológico de produção, realizado na terra pela mão do homem. A atividade agrária é representada, portanto, pelo trabalho da terra para a produção primária de vegetais e animais, indispensáveis ou úteis à vida humana. Dessarte, o fato de uma empresa adquirir áreas de terras com reflorestamentos prontos para o corte não lhe conferem a natureza de produtor rural pessoa jurídica. Tal ilação não discrepa das conclusões assentadas na Solução de Consulta nº 94 SRRF/ l0ª RF/Disit, adiante reproduzida em pequenos excertos para a melhor compreensão de seus fundamentos: Solução de Consulta nº 94 SRRF/ l0ª RF/Disit 7.1. Como já salientado na resposta ao item "(ii)" da consulta anteriormente formulada, acima transcrita, "a industrialização da produção rural própria é condição essencial para que uma empresa possa ser qualificada como agroindústria" e recolher as contribuições previdenciárias tendo como base o valor bruto da Fl. 126DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 328 21 receita de comercialização da produção rural, em substituição à contribuição previdenciária incidente sobre a folha de pagamento das segurados empregados e trabalhadores avulsos. 72. Na interpretação de Wladimir Novaes Martinez (Curso de Direito Previdenciário. São Paulo, LTr, 2003, p. 416), a agroindústria se caracteriza como "um empreendimento econômico complexo, em que a matéria prima rural própria é transformada pela divisão manufatureira. Nela, o mencionado insumo provém da área rural e ela se utiliza de métodos industriais para aperfeiçoar o bem, mesclandose os objetivos sociais". O fato de o art. 22A da Lei n° 8.212, de 1991, autorizar a aquisição de matériaprima de terceiros na atividade agroindustrial, não significa que permita a dispensa do departamento da produção rural própria da agroindústria (inciso II do §1º do art. 240 da IN MPS/SRP nº 3, de 2005) com o objetivo de enquadramento ou manutenção dessa condição, para fins da substituição tributária nele contemplada. A produção rural própria da agroindústria é fundamental para a caracterização dessa condição na forma como definida pela legislação previdenciária, 7.3. Portanto, para que se caracterize a agroindústria, o empreendimento econômico deve iniciarse com a utilização de matériaprima própria em seu processo agroindustrial, e, em complementação, se for do seu interesse, adquirir matériaprima de terceiros. Entendese como matériaprima própria, no caso da consulente, a madeira que extrair de florestas de pinus que ela própria tenha cultivado. Não importa a titularidade das terras, se de sua propriedade ou arrendadas, mas sim que, a matéria prima utilizada seja por ela mesma comprovadamente produzida. 7.4. Dessa forma, a aquisição de terras com florestas ele pinus pronta para a extração de matériaprima a ser utilizada na atividade industrial não caracteriza a atividade rural, tampouco essa matéria prima é considerada produção própria para fins ele enquadramento da atividade de agroindústria, nos termos do art. 22A da Lei n°8.212, de 1991. 8. Assim, a extração (corte) de árvores de pinus de florestas adquiridas conjuntamente com as terras em que foram cultivadas, com vistas à sua utilização corno matéria prima em processo industrial, não caracteriza atividade rural. Por essa mesma razão, a madeira obtida de extração dessas árvores de pinus não pode ser considerada como produção rural própria da consulente. E consecutivamente, pelos mesmos fundamentos, a utilização da madeira de árvores de pinus extraída de terras adquiridas já florestadas não autoriza o enquadramento da adquirente na condição de agroindústria para fins de substituição da contribuição previdenciária prevista nos incisos I e II do art. 22A da Lei n° 8.212, de 1991. CONCLUSÃO Diante do exposto, concluise que: a) a extração (corte) de árvores de pinus de florestas para industrialização, quando adquiridas conjuntamente com as terras Fl. 127DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 329 22 em que foram cultivadas, não caracteriza atividade rural. Da mesma forma, as toras de madeira obtidas da extração de árvores de pinus adquiridas prontas para o corte não são consideradas produção rural própria; b) a utilização de madeira de árvores de pinus extraída de terras adquiridas já florestadas não autoriza o enquadramento da adquirente dessas terras na condição de agroindústria, para fins de substituição da contribuição previdenciária prevista nos incisos I e II do art. 22A da Lei n° 8.212, de 1991”. A literatura especializada demonstra que com 07 anos de idade a pinus elliotii já pode sofrer desbaste destinado à produção de pasta de celulose. Aos 10 anos, para a produção de resinas, e a partir dos 15, 17 anos, para a produção de madeira. De acordo com a literatura, tal crescimento tem a ver não somente com a densidade da madeira, resistência mecânica, etc., mas, também, com o diâmetro da arvore, que é de vital importância para a produção de laminados. Ora ... Sendo a atividade do Recorrente a produção de laminados de madeira, é de se presumir que sua matéria prima tenha maturidade de, pelo menos, 15 anos. Dessarte, considerando que as aquisições de fazendas tiveram início em nov/1999, dessai que eventual produção rural somente adentraria as instalações industriais da Autuada a contar do ano 2014. Nessa perspectiva, concluise que no horizonte temporal de 2003 a 2006 a matéria prima utilizada pelo Recorrente não adveio de sua produção rural própria . Contrariando, todavia, todos os estudos científicos, o Recorrente afirma que “as florestas exóticas, desde terna idade, aproximadamente entre 4 e 5 anos, já são industrializadas, havendo um manejo seletivo para abastecimento do objetivo social da agroindústria”. Notese que a industrialização pode ser para a produção de pasta de celulose, produção de resinas, produção de madeira, dentre outras. A literatura especializada relata para cada caso, respectivamente, 7, 10, 15 anos (fonte: A CULTURA DO PINUS: uma perspectiva e uma preocupação João Suassuna Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco). A que realiza o Recorrente referese à industrialização da madeira, ou seja, a partir de arvores com, pelo menos, 15 anos de idade. Contudo, o Recorrente não fez prova da proeza de obter o Pinus que permita o corte para madeira com arvores de 4 ou 5 anos de idade, não ultrapassando as insólitas fronteiras da argumentação retórica. Corrobora a compreensão de que não se houve por utilizada produção rural de seu manejamento, o fato de a contabilidade da empresa não registrar mutações no valor registrado como reflorestamento, no período de 2003 a 2006, conforme consignado no item 4.3.5. do Relatório Fiscal. “4.3.5 Nos balanços patrimoniais apresentados 2003 a 2006 não constam registros de exaustão florestal, confirmando que a empresa não utilizou produção própria (madeira de reserva própria) inclusive o valor registrado como reflorestamento é o mesmo para os exercícios de 2003, 2004, 2005 e 2006, R$ 1.084.140,00 Fl. 128DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 330 23 demonstrando claramente que não foram utilizadas madeiras de reserva própria”. Não procede a alegação de que “O balanço patrimonial da empresa Recorrente não é obrigado a traduzir toda a exploração florestal havida, mesmo porque a floresta não utilizada traz um incremento natural, nas mesmas proporções”. A uma, porque o Princípio da Oportunidade, que se refere, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determina que este seja feito de imediato e com a extensão correta. A integridade diz respeito à necessidade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade, sem qualquer falta ou excesso. Já a tempestividade obriga a que as variações sejam registradas no momento em que ocorrerem, pois sem o registro no momento da ocorrência, ficarão incompletos os registros sobre o patrimônio até aquele momento, e, em decorrência, insuficientes quaisquer demonstrações ou relatos e falseadas as conclusões e diagnósticos. A duas, porque a empresa não faz qualquer prova do alegado incremento natural da floresta não utilizada, que seria proporcional à exploração florestal havida. Allegatio et non probatio, quasi non allegatio. No que se refere aos desbastes, estes são utilizados em função da idade das arvores, visando à cadeia produtiva a que se destina, conforma acima já delineado: 67 anos, indústria da celulose; 1012 anos, extração de resinas, acima de 15 anos, extração de madeira, etc. Publicação da Fundação Joaquim Nabuco intitulada “A CULTURA DO PINUS: uma perspectiva e uma preocupação” (http://www.fundaj.gov.br/index.php? option=com_content&id=760&Itemid=376), em excerto adiante reproduzido, dá bem a ideia da questão em tela: “Exploração Os Pinus, quando cortados, não rebrotam; o maciço é explorado, para madeira e lenha, uma vez só. Devese realizar desbastes (cortes periódicos), de maneira a dar às árvores não abatidas condições de desenvolvimento; nos desbastes obtémse matériaprima para celulose, postes, estacas etc. e no final do ciclo, as árvores restantes constituirseão no material mais valioso, que se destinará às serrarias. O Pinus permite um primeiro desbaste já aos 6 ou 7 anos, quando as árvores estão com mais ou menos 5 m de altura e uns 12 cm de diâmetro; aos 10 ou 15 anos pode ser usado na extração de resinas (As árvores usadas para extração de resinas podem ser usadas para outra finalidade também); muitas vezes o Pinus já permite o corte para madeira aos 15 anos. O Pinus pode dar, no primeiro corte, aos 67 anos, 250 m³/ha (média anual de 3040 m³/ha). Há uma série de recomendações na condução da exploração do Pinus a seguir, para efeito de orientação, um esquema que pode ser Fl. 129DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 331 24 usado. Supondo que tivéssemos plantado no espaçamento 3 x 2 m, teríamos 1666 plantas por ha, realizaríamos 5 cortes, da seguinte maneira: · 1° corte, aos 6 ou 7 anos; seriam cortadas 40% (660670) das árvores; (produção de pasta de celulose) · 2° corte, 3 anos depois do primeiro, seriam retiradas 30% (290310) das árvores restantes; (produção de resinas) · 3° corte, 3 anos depois do 2°, seriam cortadas 35% (240 250) das árvores; (postes) · 4° corte, 3 anos depois do 3°, quando seriam retiradas 35% (150160) das árvores; (produção de madeira para industrialização) Restariam de 250 a 300 árvores, que seriam retiradas num corte final, depois de 20 anos; estariam bem espaçadas, com possibilidades de engrossar e produzir, inclusive, madeira de lei para serraria”. O Recorrente, todavia, não realiza produção de pasta de celulose, tampouco produção de resinas a justificar desbastes antes dos 15 anos de idade dos pinus. Conforme destacado no item 4.4. do Relatório Fiscal, a fl. 53, “o motivo fundamental na decisão da auditoria é o fato de não comprovar que possuía produção rural (madeira) de reserva própria em idade para ser industrializada. Dessa forma a auditoria fiscal enquadrou a empresa no código FPAS 507 (Indústria)”. Além disso, constatou a Fiscalização que a industrialização da matéria prima (transformação da madeira em laminados), no período de 2003 e 2004, foi totalmente realizada por terceiros. O Recorrente alega que “Tal atividade é altamente lícita e prevista no diploma legal previdenciário”, mas se engana ao asseverar que “A utilização de serviços e matéria prima de terceiros não desvirtua a caracterização da agroindústria”. A utilização, tão somente, de madeira não oriunda de produção própria desqualifica a Autuada como Produtora Rural Pessoa Jurídica. De outro canto, a terceirização integral das etapas de industrialização, descaracteriza, por completo, a condição de agroindústria, pelo simples fato de a industrialização propriamente dita ser elemento constitutivo da condição de agroindústria. Nesse contexto, não se caracterizando a Recorrente, no período de apuração em tela, como Produtora Rural Pessoa Jurídica, não pode esta ser considerada como agroindústria, Fl. 130DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 332 25 mas tão somente, como indústria, motivo pelo qual se sujeita às obrigações tributárias previstas no art. 22 da Lei nº 8.212/91, conforme assim também concluiu a Fiscalização. “Considerando que a empresa não industrializou produção rural própria no período (2003 a 2006) pelos motivos já mencionados e caracterizado contabilmente nos balanços patrimoniais e com a agravante que não realizou todo o processo produtivo no período 2003 e 2004, utilizandose de terceiros (Laminadora 3R Ltda) para realizar a transformação da matériaprima (Laminação), constata se que a empresa não preenche os requisitos necessários para enquadrarse como agroindústria, observandose que o motivo fundamental na decisão da auditoria é o fato de não comprovar que possuía produção rural (madeira) de reserva própria em idade para ser industrializada. Dessa forma a auditoria fiscal enquadrou a empresa no código FPAS 507 (Indústria)”. 2.3.2. DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS POR SUBSTITUIÇÃO TREIBUTÁRIA Conforme destacado no item 6 do Relatório Fiscal, a fl. 53 do PAF nº 13936.000370/200801, além das contribuições previdenciárias devidas pela empresa incidentes sobre a remuneração paga, creditada ou devida a segurados obrigatórios do RGPS a seu serviço, integra também o presente lançamento as contribuições sociais incidentes sobre a aquisição de produtos rurais de Produtor rural pessoa física, devidas por substituição tributária, nos termos do inciso III do art. 30 da Lei nº 8.212/91, as quais se houveram por formalizadas mediante o levantamento PRU PRODUÇÃO RURAL PESSOA FÍSICA. “6. LEVANTAMENTO PRODUÇÃO RURAL PESSOA FISICA — PRU 6.1 Tratase de contribuições apuradas sobre a comercialização da produção rural, em face de a empresa adquirir produção rural de produtor rural pessoa física, ficando subrogado nas obrigações do produtor na condição de responsável pelos recolhimentos das contribuições. Todavia, para as competências 03/2003 a 12/2006, a empresa não informou os fatos geradores de contribuição previdenciária através de GFIP no prazo previsto em Lei, existindo assim, o débito das referidas contribuições até a presente data, (todos os valores das bases de cálculo das contribuições estão lançados nos registros contábeis e Livros de Registro de Entradas de mercadorias)”. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 9.528/97). Fl. 131DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 333 26 II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei nº 9.528/97). (...) Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação dada pela Lei n° 8.620/93) (...) III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) Não havendo a empresa autuada se insurgido expressa e especificamente sobre tal levantamento, ou sobre tais fatos geradores, subentendese ter anuído com o lançamento, motivo pelo qual tal levantamento será tido como não impugnado, nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532/1997) Nessa vertente, restando configurados os Fatos Jurígenos Tributários apurados pela Fiscalização mediante os levantamentos “PPG – FOLHA DE PAGAMENTO” e “PRU – PRODUÇÃO RURAL PESSOA FÍSICA” fatos geradores de contribuições previdenciárias, estes deveriam ter sido, necessariamente, declarados em sua integralidade nas GFIP correspondentes, mas não foram. A conduta omissiva assim perpetrada pelo sujeito passivo representou ofensa ao dispositivo legal encartado no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91, c.c. art. 225, IV do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99. Almejando brindar a máxima efetividade à obrigação acessória ora ilustrada, o §5º do art. 32 do Pergaminho Legal em foco, na redação dada pela Lei nº 9.528/97, aviou norma sancionatória, prevendo a punição do obrigado, em caso de entrega de GFIP contendo incorreções ou omissões relacionadas a fatos geradores de contribuições previdenciárias, mediante a inflição de pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do mesmo dispositivo legal. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) Fl. 132DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 334 27 IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97). 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). (...) §11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449/2008) No mesmo sentido, assim dispõem os artigos 225, IV, e 284, II, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Regulamento da Previdência Social. Art. 225. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; Art. 284. A infração ao disposto no inciso IV do caput do art. 225 sujeitará o responsável às seguintes penalidades administrativas: Fl. 133DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 335 28 (...) II cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no inciso I, pela apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores, seja em relação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção ou substituição, quando se tratar de infração cometida por pessoa jurídica de direito privado beneficente de assistência social em gozo de isenção das contribuições previdenciárias ou por empresa cujas contribuições incidentes sobre os respectivos fatos geradores tenham sido substituídas por outras; e (Redação dada pelo Decreto nº 4.729/2003) Art. 373. Os valores expressos em moeda corrente referidos neste Regulamento, exceto aqueles referidos no art. 288, são reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. É de sabença universal que inexiste neste Globo economia forte o suficiente capaz de manter sua Moeda Corrente a salvo da corrosão imposta pela inflação. Ante a iminência de tal fenômeno econômico, pautou por bem o Legislador Ordinário prover o texto legal com um mecanismo arquitetado adrede, visando a minimizar os efeitos devastadores de tal ocorrência. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.187 13, de 2001). §1º O disposto neste artigo não se aplica às penalidades previstas no art. 32A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Revelase auspicioso salientar que o CTN não inclui em sua reserva legal a atualização do valor monetário das bases de cálculo das contribuições previdenciárias, as quais não se qualificam, por expressa disposição legal, como majoração de tributos. Nessa perspectiva, autoriza o Codex Tributário que a atualização monetária possa ser levada a efeito por qualquer outro instrumento normativo aquilatado no conceito de legislação tributária estatuído no art. 100 do Pergaminho Tributário em realce. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; Fl. 134DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 336 29 III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equiparase à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em tornálo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Na hipótese ora tratada, os índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social são estabelecidos, anualmente, pelo Ministério da Previdência Social, mediante Portaria expedida pelo Sr. Ministro de Estado, no exercício das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição Federal. Constituição Federal de 1988 Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: (...) II expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; No caso em apreço, o valor mínimo acima referido acima foi atualizado pela Portaria Interministerial MPS/MF nº 77, de 11 de março de 2008 dou de 12/03/2008. Fl. 135DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 337 30 Procedente, portanto, o lançamento tributário levado ora a cabo pela Autoridade Fiscal Fazendária. 2.3.3. DA PRODUÇÃO ULTERIOR DE PROVAS O Recorrente protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito. A legislação tributária que rege o Processo Administrativo Fiscal aponta que o forum apropriado para a contradita aos termos do lançamento concentrase na fase processual da impugnação, cujo oferecimento instaura a fase litigiosa do procedimento. No âmbito do Ministério da Fazenda, a disciplina da matéria em relevo foi confiada ao Decreto nº 70.235/72, cujo art. 16 assinala, categoricamente, que o instrumento de bloqueio deve consignar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância, as razões e as provas que possuir. Mas não pára por aí: Impõe ao impugnante o ônus de instruir a peça de defesa com todas as provas documentais, sob pena de preclusão do direito de fazêlo em momento futuro, ressalvadas, excepcionalmente, as hipóteses taxativamente arroladas em seu parágrafo primeiro. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196/2005) §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) §2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá las. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) Fl. 136DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 338 31 §3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532/97) (grifos nossos) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532/97) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532/97) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532/97) §5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532/97) (grifos nossos) §6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532/97) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532/97) (grifos nossos) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) Avulta, nesse panorama jurídico, que o Recorrente não tem que protestar pela produção de provas documentais no processo administrativo fiscal. Tem sim, por disposição legal, que produzir as provas de seu direito, de forma concentrada, já em sede de impugnação, colacionadas juntamente na peça de defesa, sob pena de preclusão. Nos termos expressos da lei, a juntada de novos documentos no Processo Administrativo Fiscal depende de requerimento da parte interessada à autoridade julgadora do lançamento ou do recurso, mediante petição escrita na qual reste demonstrado, com fundamentos idôneos e comprovados, a impossibilidade de sua apresentação no momento próprio e oportuno, por motivo de força maior, ou que os documentos se refiram a fato ou a direito superveniente, ou ainda, que se destinem a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, pesando em desfavor do Recorrente o ônus da devida comprovação. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 339 32 Diante de tal panorama, após o oferecimento da impugnação, a juntada de novos documentos há que ser requerida ao Órgão que irá apreciar e julgar o recurso eventualmente interposto, in casu, ao CARF, se se tratar de Recurso Voluntário, ou à CSRF, nas hipóteses de Recurso Especial, repousando aos ombros do Peticionante o encargo processual de demonstrar, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo quarto do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Nesse contexto, na hipótese de o Autuado não lograr comprovar efetivamente a ocorrência de qualquer das hipóteses autorizadoras previstas no aludido §4º do art. 16 do citado Decreto nº 70.235/72, a autorização de juntada de novas provas ou a apreciação de documentos juntados em fase posterior à impugnação representaria, por parte deste Colegiado, negativa de vigência à Legislação tributária, providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário. 2.3.4. DA RETROATIVIDADE BENIGNA Malgrado não haja sido suscitada pelo Recorrente, a condição intrínseca de matéria de ordem pública nos autoriza a examinar, ex officio, a questão relativa à penalidade pecuniária aplicada à infração em exame, em honra ao preceito encartado no art. 106, II, ‘c’, do CTN. Urge ser destacado que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144 do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico Fl. 138DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 340 33 tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ocorre, no entanto, que as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 139DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 341 34 I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91. A Medida Provisória nº 449/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstanciase infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. A Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu art. 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. §1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de Fl. 140DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 342 35 penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Óbvio está que os dispositivos selecionados encartados na IN RFN nº 1.027/2010 extravasaram o campo reservado pela CF/88 à atuação dos órgãos administrativos, que não podem ultrapassar o âmbito da norma legal que rege a matéria ora em relevo, tampouco inovar o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessórias, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré. A análise da lei mais benéfica não pode superar tais condições de contorno, pois, como já afirmado alhures, tratase de obrigação acessória que é absolutamente independente de qualquer obrigação principal. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 343 36 De outro eito, mas trigo de outra safra, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir, sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106, II, ‘c’ do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo de obrigação acessória. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 344 37 Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e vice versa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. É mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não Fl. 143DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 345 38 atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu, a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em flagrante violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 346 39 Assim, tratandose o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se e somente se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. 2.4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo a penalidade a ser aplicada ao sujeito passivo ser recalculada, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 145DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 347 40 3. VOTO VENCEDOR Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado. Analisando os autos, verifico que alguns pontos precisam ser melhor esclarecidos, a fim de se concluir pela procedência ou não do lançamento. Consta do Relatório Fiscal que o recorrente “não realizava todos os processos de industrialização no período de 2003 e 2004, utilizandose de outra empresa para execução da transformação da madeira em lâminas (laminação).” Havia empresa que “prestava serviços à empresa Valdir Luiz Rossoni executando parte do processo de industrialização (transformação da madeira em lâminas).” Nesse ponto, cumpre indagar a respeito de seu correto enquadramento como agroindústria e para tanto, deve restar claro se havia ou não industrialização. Da análise do Relatório Fiscal e das peças de defesa e de recurso, não é possível concluir se efetivamente todo o processo industrial foi terceirizado ou se somente a laminação foi terceirizada. Aqui noto que o processo de industrialização, por conseqüência do conceito de produto industrializado (Lei no5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único, e Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º) é conceito amplo, que não se resume à laminação da madeira. Ademais, não restou claro se a recorrente utilizou a madeira produzida em sua propriedade. Segundo o relatório fiscal, pelo que consta da contabilidade (ausência de registro de exaustão florestal), não teria sido utilizada madeira produzida na propriedade, em que pese o próprio Livro de Entrada indicar o contrário (registro de entrada de madeira das fazendas). Neste ponto, afirma a autoridade fiscal que teria sido utilizada, mas aduz que foi muito pouco, sem precisar o quanto. Portanto, as informações ainda restam conflituosas e imprecisas. Também não restou claro se a recorrente produzia madeira antes de adquirir as propriedades mencionadas. Assim, entendo que o julgamento deva ser convertido em diligência para que se esclareça: 1) Há provas de que o recorrente cultivava madeira antes de adquirir as propriedades mencionadas? 2) Da análise da contabilidade e dos documentos apresentados, há comprovação de despesas com o cultivo (adubação, poda, corte, extração,etc.) além de gastos com transporte? Aliás, da análise da contabilidade, constam despesas com o que, exatamente? 3) Tendo em vista a contradição encontrada quanto a utilização de madeira própria (contabilidade indica que não, mas Livro de Entrada indicar o contrário), esclarecer o que representa esta pequena quantidade mencionada no Relatório Fiscal em relação à totalidade da madeira utilizada. 4) Deve ser esclarecido quais partes do processo foram terceirizadas e quais não foram. Constam gastos com industrialização? Fl. 146DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA Processo nº 13936.000372/200892 Resolução nº 2302000.371 S2C3T2 Fl. 348 41 3.1. RESOLUÇÃO Pelos motivos expendidos, voto pela CONVERSÃO do julgamento em diligência fiscal, nos exatos termos detalhados nos parágrafos precedentes. É como voto. Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Redator Designado. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 25/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 29/ 01/2015 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por LIEGE LACROIX THOMA SI, Assinado digitalmente em 06/02/2015 por ARLINDO DA COSTA E SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10580.003710/2005-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1990 a 31/12/1996
Ementa:
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - PRESCRIÇÃO
Descabe a compensação o crédito, quando já escoado o prazo prescricional para que se pleiteie o reconhecimento de crédito oriundo de pagamento indevido.
RESTITUIÇÃO. PRAZO. AÇÃO JUDICIAL.COISA JULGADA.
Incabível qualquer pretensão de alteração do que foi decidido em sentença judicial transitada em julgado.
Numero da decisão: 3302-001.571
Decisão: Acordam os Membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator.
(Assinado Digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA
Presidente
(Assinado Digitalmente)
GILENO GURJÃO BARRETO
Relator
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Fabíola Cassiano Keramidas, José Antonio Francisco, José Evande Carvalho Araújo e Alexandre Gomes.
Nome do relator: GILENO GURJAO BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/1990 a 31/12/1996 Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - PRESCRIÇÃO Descabe a compensação o crédito, quando já escoado o prazo prescricional para que se pleiteie o reconhecimento de crédito oriundo de pagamento indevido. RESTITUIÇÃO. PRAZO. AÇÃO JUDICIAL.COISA JULGADA. Incabível qualquer pretensão de alteração do que foi decidido em sentença judicial transitada em julgado.
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RESTITUIÇÃO. PRAZO. AÇÃO JUDICIAL.COISA JULGADA. Incabível qualquer pretensão de alteração do que foi decidido em sentença judicial transitada em julgado. Acordam os Membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado Digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (Assinado Digitalmente) GILENO GURJÃO BARRETO Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 37 10 /2 00 5- 84 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2014 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/07/201 4 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 25/07/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10580.003710/200584 Acórdão n.º 3302001.571 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Fabíola Cassiano Keramidas, José Antonio Francisco, José Evande Carvalho Araújo e Alexandre Gomes. Relatório Adotase o relatório da decisão recorrida, por bem refletir a contenda. Tratase de Manifestação de Inconformidade (fls. 22/26) da interessada contra o Despacho Decisório n° 425, de 30 de abril de 2007 (fls. 15/17), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador (DRF/SDR), que não homologou a compensação solicitada às fls. 02/09. A compensação em exame neste processo está vinculada ao crédito discutido no âmbito do processo administrativo fiscal n° 10580.008436/200114. Esse crédito, relativo à contribuição para o Programa de Integração Social, se fundamentou no Mandado de Segurança n° 2000.33.00.0337034. No despacho decisório a autoridade fiscal informou que o direito da contribuinte ao crédito pleiteado já se extinguira, e que, portanto, descabia a homologação da compensação solicitada relacionada a esse crédito. Cientificada do despacho decisório em 09/07/2007 (fl. 21), a contribuinte apresentou sua Manifestação de Inconformidade, onde apresenta o entendimento mais recente do Superior Tribunal de Justiça e defende a tese de que o prazo para exercer o direito ao pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação seria de dez anos (tese dos cinco mais cinco), e que, portanto, não haveria em que se falar na decadência de seu direito à repetição. Os membros da 4ª Turma de Julgamento da DRJSDR, por unanimidade de votos, indeferiram a solicitação, julgando improcedente a Manifestação de inconformidade, não homologando as compensações apresentadas. Irresignada a Recorrente interpôs Recurso Voluntário de fls. 41 de 29.09.2008, tendo sido cientificada em 04.09.2008 É o relatório Voto Conselheiro GILENO GURJÃO BARRETO, Relator O presente recurso preenche os requisitos de admissibilidade, por isso dele conheço. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2014 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/07/201 4 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 25/07/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10580.003710/200584 Acórdão n.º 3302001.571 S3C3T2 Fl. 4 3 O Recorrente pleiteou que fossem homologadas dos pedidos de compensações protocolados em 2003, ou seja a mais de 5 (cinco) anos, tendo em vista ter sido obrigada a recolher a Contribuição ao PIS, sob a égide dos malsinados DecretosLeis nº 2.445/88 e 2.449/88. Nos termos do artigo 170 do CTN: “A lei, pode nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública”. Posteriormente, sobreveio o artigo 74, da Lei nº 9.430/96 que autorizou a compensação para quitação de quaisquer tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal. Em conformidade com os artigos supracitados, foi editada a Instrução Normativa nº 21/97, posteriormente revogada pela Instrução Normativa nº 210/2002, que passou a disciplinar acerca da compensação administrativa, nos seguintes termos: “Art. 21. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da SRF. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante o encaminhamento à SRF da "Declaração de Compensação". § 2o A compensação declarada à SRF extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento.” Outrossim, o presente processo trata exclusivamente da compensação de supostos indébitos decorrentes dos Decretos supra, calcados em pedido de restituição constante do processo nº 10580.008436/200114, protocolado após outubro de 2000, tendo por amparo medida liminar em vigor à época. Denegada a segurança do retromencionado processo, tendo sido aquele julgado improcedente o pedido formulado, a presente lide deve seguir a mesma sorte. Isso posto, voto no sentido de negar provimento à pretensão recursal. É como voto. (Assinado Digitalmente) GILENO GURJÃO BARRETO Fl. 64DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2014 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/07/201 4 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 25/07/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10580.003710/200584 Acórdão n.º 3302001.571 S3C3T2 Fl. 5 4 Fl. 65DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/07/2014 por LEVI ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/07/201 4 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 25/07/2014 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 10830.004372/2007-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004, 2005, 2006
COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS TRAZIDA NA FASE DA AUTUAÇÃO.
Inviável a manutenção da presunção de rendimentos com fulcro no art. 42 da Lei nº 9.430/96 quando o contribuinte comprova a origem dos depósitos.
LIMITES DO ARTIGO 42, § 3°, INCISO II, DA LEI N° 9.430/96.
Verificado o conteúdo normativo insculpido no artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997, devem ser excluídos os depósitos, no caso de pessoa física, de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2102-002.514
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PARCIAL provimento ao Recurso, para o fim de excluir os valores considerados de origem comprovada, bem como aplicar o artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430/96, reduzindo a base de cálculo do lançamento nos montantes de R$ 85.931,50 e R$ 468.693,82, nos anos calendário de 2003 e 2004, respectivamente.
Assinado Digitalmente
José Raimundo Tosta dos Santos Presidente à Época da Formalização
Assinado Digitalmente
Carlos André Rodrigues Pereira Lima Redator Ad Hoc
EDITADO EM: 22/01/2015
Participaram da sessão de julgamento Conselheiros GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, RUBENS MAURÍCIO CARVALHO, NÚBIA MATOS MOURA, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, ACÁCIA SAYURI WAKASUGI.
Nome do relator: ACACIA SAYURI WAKASUGI
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Inviável a manutenção da presunção de rendimentos com fulcro no art. 42 da Lei nº 9.430/96 quando o contribuinte comprova a origem dos depósitos. LIMITES DO ARTIGO 42, § 3°, INCISO II, DA LEI N° 9.430/96. Verificado o conteúdo normativo insculpido no artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997, devem ser excluídos os depósitos, no caso de pessoa física, de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PARCIAL provimento ao Recurso, para o fim de excluir os valores considerados de origem comprovada, bem como aplicar o artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430/96, reduzindo a base de cálculo do lançamento nos montantes de R$ 85.931,50 e R$ 468.693,82, nos anos calendário de 2003 e 2004, respectivamente. Assinado Digitalmente José Raimundo Tosta dos Santos – Presidente à Época da Formalização Assinado Digitalmente Carlos André Rodrigues Pereira Lima – Redator Ad Hoc AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 43 72 /2 00 7- 71 Fl. 419DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 2 EDITADO EM: 22/01/2015 Participaram da sessão de julgamento Conselheiros GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, RUBENS MAURÍCIO CARVALHO, NÚBIA MATOS MOURA, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, ACÁCIA SAYURI WAKASUGI. Relatório Contra o contribuinte JOSÉ EDUARDO FERREIRA JUNIOR, CPF nº 063.302.698 07, foi lavrado o Auto de Infração de Imposto de Pessoa Física IRPF de fls. 2123 , do qual fazem parte os demonstrativos de apuração de fls. 2426, o demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 2728 e os demais documentos e demonstrativos constantes dos autos, que lhe exige o recolhimento de crédito tributário nos seguintes termos: IMPOSTO R$ 460.094,14 JUROS DE MORA (calculados até 31/05/2007) R$ 106.112,09 MULTA PROPORCIONAL (Passível de Redução) R$ 345.070,59 VALOR DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADO R$ 911.276,82 Tendo sido apuradas a infração: 001 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA e MULTA APLICADA DE 75%. Decorreu tal lançamento da apuração de omissão de rendimentos percebidos por valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas em instituições financeiras, em relação às quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme detalhado no termo de verificação fiscal de fls. 0517, A ação fiscal teve início em 23/06/2005, quando foram solicitados documentos e esclarecimentos através do Termo de Início de Ação Fiscal, fls. 2930, onde o contribuinte foi cientificado por meio do Mandado de Procedimento Fiscal nº 08.1.04.00 2005 002304, fls. 0102, no qual resta delimitado o período da ação fiscal, qual seja, janeiro/2003 a dezembro/2004 Insta sinalar alguns pontos do Termo de Verificação Fiscal, que hora transcrevese: “Em 09/03/2006 (fls. 92119), visando confirmar ou não a assertiva do fiscalizado de que a origem dos recursos que possibilitaram a realização dos depósitos em suas contas bancárias seria, supostamente, da movimentação financeira de sua empresa E. F. Consultoria Empresarial Ltda EPP, foram enviados Termos de Solicitação de Esclarecimentos às empresas nas quais o fiscalizado alegou terem efetuados os depósitos. Analisandose as respostas das empresas (fls. 120 a 204) que efetivamente responderam, constatouse que os depósitos efetuados pela empresa Vale Verde Empreendimentos Agrícolas Ltda e a Empresa Anicus S/A Álcool, na Fl. 420DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 3 conta 2070734, Banco Unibanco, nos dias 02, 13 e 23 de julho de 2004, foram originários de prestação de serviços efetuados por sua empresa E. F. Consultoria Empresarial Ltda EPP, sendo, portanto, comprovados. E mister esclarecer que a empresa Santa Cruz Ind. Com . Agrícola e Pecuária não respondeu à intimação e as empresas GPT Participações Comerciais Ltda e Promodal Logística e Transportes Ltda mudaram de endereço, e não foram localizadas.” (...) “Em 05/09/2006 (fls. 243256), o fiscalizado apresentou petição nesta delegacia, apresentado um demonstrativo de pagamento de salários assinados pelo mesmo, juntamente com razão analítico que supostamente comprovariam os depósitos em suas contascorrentes, mas não apresentou nenhum documento hábil e idôneo que comprovariam a efetividade da transferência de numerário da pessoa jurídica para a pessoa física, ou a comprovação individualizada da origem dos depósitos.” Cientificada do lançamento, em 26/06/2007, conforme declaração do contribuinte de cientificação constante no termo de encerramento, fls. 278, o contribuinte apresentou, em 26/07/2007, a impugnação de fls. 280287, aduzindo em síntese, o que segue: Argui preliminarmente a nulidade do auto de infração, diante da imprecisão e obscuridade nas informações prestadas pelo auditor fiscal. Menciona que os valores creditados em 02/2004 e 04/2004, foram depositados pela empresa E. F. CONSULTORIA E ASSESSORIA EMPRESARIAL LTDA – EPP, da qual o contribuinte participa do quadro social. Sendo esta também a justificativa para os depostos realizados em abril e junho de 2005. Alega que está sendo duplamente autuado, pois os valores constantes no Mandado de Procedimento Fiscal foram depositados à titulo de lucro distribuído, oriundo da pessoa jurídica acima mencionada, da qual o contribuinte faz parte. Aduz que a multa de 75% ultrapassa os critérios punitivos e pedagógicos, violentando a integridade do direito do contribuinte. Quanto a utilização da taxa SELIC , alega que a mesma um instrumento arrecadatório que fere diretamente o princípio da estrita legalidade tributária, visto que os tributos poderão ser majorados por mera manipulação de índices, não devendo assim ser aplicada na cobrança de tributos em atraso ou multas, ainda que punitivas. Ao cabo, aduz que restou demonstrado a insubsistência e improcedência do auto de infração, requerendo o cancelamento do débito fiscal reclamado. A 8ª Turma da DRJ/SPO II, São Paulo/SP, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 1730.589, de 18 de março de 2009 (fls. 290296), decidiu, por unanimidade, considerar procedente o lançamento, que foi assim ementado: Fl. 421DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 4 “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003, 2004, 2005 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A Lei n° 9.430/1.996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. PENALIZAÇÃO. PESSOA FÍSICA X PESSOA JURÍDICA. A pessoa física distinguese da jurídica e pelo Princípio Contábil da Entidade, a contabilidade deve refletir plena distinção e separação entre pessoa física e pessoa jurídica visto que o patrimônio da empresa jamais se confunde com o de seus sócios, não havendo que se falar em dupla penalização. Artigo 4° e parágrafo único da Resolução CFC n.° 750, de 29 de dezembro de 1993. ÔNUS DA PROVA. A presunção legalmente estatuída, inverte o ônus da prova, assim à luz da legislação pertinente, cabe ao contribuinte o ônus da prova de fato modificativo em seu favor. Art. 333 e 334, do CPC. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. As multas não possuem natureza confiscatória, constituindose antes em instrumento de desestímulo ao sistemático inadimplemento das obrigações tributárias, atingindo, por via de consequência, apenas os contribuintes infratores, em nada afetando o sujeito passivo cumpridor de suas obrigações fiscais. JUROS. TAXA SELIC. Os juros calculados pela taxa SELIC são aplicáveis aos créditos tributários não pagos no prazo de vencimento consoante previsão do § 1° do artigo 161 do CTN, artigo 13 da Lei n.° 9.065/95 e artigo 61 da Lei n.° 9.430/96. Lançamento Procedente” O contribuinte tomou ciência da decisão a quo, em 11/05/2009, conforme aviso de recebimento constante as fls. 299, da qual interpôs recurso voluntário em 20/05/2009 (fls. 300315), repisando os termos da impugnação, requerendo, em síntese: Em preliminar, arguiu a nulidade do Mandado de Procedimento Fiscal que originou o auto de infração, excluindose aas penalidades aplicadas. Ainda, diante do fato de que já foram utilizados como base para omissão de receitas da pessoa jurídica que o contribuinte administra e que, restou comprovado que sua conta era utilizada para movimentação financeira da empresa, implicaria isto em cobrança indevida pelo fisco e estarseia evitando que o contribuinte e a pessoa jurídica administrada pelo mesmo sejam tributados pelo mesmo fato gerador, implicando em restituição em dobro, conforme normas do Código Civil. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 5 No mérito, também argumentou no sentido de que face à autuação da empresa pelo mesmo fato gerador não merece persistir a autuação como pessoa física. Requereu o afastamento da multa isolada no percentual de 75%, bem como a inaplicabilidade da taxa SELIC. Juntou documentação já constante no processo, tais como, cópia do acórdão recorrido, auto de infração e termo de verificação fiscal. É o Relatório. Voto Conselheira Acácia Sayuri Wakasugi O recurso é tempestivo, na conformidade do prazo estabelecido pelo artigo 33 do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972, foi interposto por parte legítima e está devidamente fundamentado. Sendo assim, conheçoo e passo ao exame. Da Preliminar suscitada pela Recorrente – Da falta de empenho do fisco na apuração dos fatos Cabe sinalar que a preliminar suscita pelo Recorrente confundese com o mérito na medida em que o contribuinte alega que o Fisco não olvidou todos os esforços cabíveis para sanear os fatos alegando: “a omissão da Receita na apuração da veracidade legalmente conferida à documentação apresentada acarreta a nulidade do feito, como também o faz a falta de sua apreciação pela Delegacia de Julgamento” (fls. 308). Neste passo, analisarseá a existência ou não de nulidade no presente processo administrativo em face de pela “falta de apuração dos fatos” e consequente cerceamento de defesa, em análise conjunta com o mérito. Do Mérito: DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA No que singe ao mérito, observo inicialmente, que a própria fiscalização afirma que os depósitos realizados nas contascorrentes da pessoa física seriam atinentes à negócios jurídicos realizados pela pessoa jurídica de que o recorrente é sócio, a saber: “Analisandose as respostas das empresas (fls. 120 a 204) que efetivamente responderam, constatouse que os depósitos efetuados pela empresa Vale Verde Empreendimentos Agrícolas Ltda e a Empresa Anicus S/A Álcool, na conta 2070734, Banco Unibanco, nos dias 02, 13 e 23 de julho de 2004, foram originários de prestação de serviços efetuados por sua empresa E. F. Consultoria Empresarial Ltda EPP, sendo, portanto, comprovados. E mister esclarecer que a empresa Santa Cruz Ind. Com . Agrícola e Pecuária não respondeu à intimação e as empresas Fl. 423DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 6 GPT Participações Comerciais Ltda e Promodal Logística e Transportes Ltda mudaram de endereço, e não foram localizadas.” E dessa forma especialmente pelo excerto grifado, procedeuse ao lançamento, mesmo tendo sido apurado que houveram negócios realizados entre a pessoa jurídica em que o recorrente é sócio e terceiros. O que vemos aqui nesse ponto que a fiscalização não descaracterizou de forma pontual a farta documentação juntada como base da prova do contribuinte, sequer a anexou aos autos e considerando que não houve a demonstração da relação biunívoca entre cada crédito em conta e a origem que se deseja comprovar, procedeu o lançamento. Entendo que no contexto dos lançamentos dos depósitos bancários, uma vez que o autuado era sócio da empresa, é factível a alegação do contribuinte e a autoridade fiscal com seu poder investigatório deveria ter se aprofundado nas provas juntadas aos autos para descaracterizar a alegação de forma específica demonstrando a incapacidade da documentação apensada para socorrer o fiscalizado, contudo, isso não foi feito e tampouco os documentos constam dos autos para a nossa análise. Outrossim, o próprio contribuinte aduz em sede de impugnação de auto de lançamento e repisa em sede de recurso voluntário que fora apresentado documentação hábil a comprovar que os depósitos referiamse a empresa (cópia de contratos de prestação de serviços, livro razão e analítico, comprovante de pagamento de salários, etc...), mas mesmo assim fora desconsiderado pela fiscalização. Essa linha de entendimento é conhecida nessa Turma e foi tratada no Acórdão 10617.164, de 6 de novembro de 2008, tendo como relator do voto o conselheiro e Presidente Giovanni Christian Nunes Campos, cujo julgado se amoldando ao caso em debate, utilizoo como fundamento para minha decisão, de forma livre com meus grifos: “(...) Inicialmente, devese evidenciar que a autuação tomou por base o art. 42 da Lei nº 9.430/96, que trata da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Assim, caso o contribuinte, regularmente intimado a comprovar a origem dos depósitos, com documentação hábil e idônea, não o faça, aperfeiçoase a presunção legal de que os depósitos bancários serão considerados omitidos. Como é de sabença geral, tratase de vetusta presunção legal, de longa data combatida pelos contribuintes, que obtiveram sucesso sob a égide anterior e posterior a Lei nº 8.021/90, quando se assentou, no âmbito judicial e administrativo, que depósito bancário, por si só, não poderia ser considerado como presunção de omissão de rendimentos. O sucesso dos contribuintes no âmbito da Lei nº 8.021/90, ressaltese, esteve associado a exigências próprias dessa Lei, que, na espécie, exigiu a comprovação dos sinais exteriores de riqueza, caracterizado pelo consumo ou incremento patrimonial, tudo em prol do contribuinte. Entretanto, esse cenário normativo mudou sensivelmente a partir da Lei nº 9.430/96, que passou a considerar os depósitos de origem não comprovada, desde que o contribuinte tenha sido regularmente intimado, como rendimentos omitidos. Nessa linha, os questionamentos sobre a Fl. 424DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 7 essência dessa tributação perderam substância, e as discussões administrativas e judiciais penderam de forma uníssona em direção à pretensão do fisco, chancelando a tributação na forma do art. 42 da Lei nº 9.430/96, como descrita precedentemente. Entretanto, não se deve imaginar que tal tributação pode ser manejada pela autoridade fiscal sem um mínimo de cuidado ou compreensão dos fatos imponíveis sobre sua apreciação. Ora, no momento em que o contribuinte informa a origem do depósito bancário, quer especificando, individualizadamente, cada depósito, como expressamente exigido pela Lei nº 9.430/96, quer englobadamente, aqui justificando a impossibilidade de individualizar cada depósito, deve a autoridade fiscal perscrutar a procedência da afirmação do contribuinte. Caso o contribuinte indique a origem dos depósitos, mesmo que de maneira geral, não pode a autoridade fiscal, simplesmente, quedarse inerte, sequer circularizando as informações trazidas pelo fiscalizado, confirmando, ou não, suas assertivas. (...) Por tudo, percebese que o procedimento da fiscalização, que tinha obrigação de circularizar as informações do contribuinte, já que, desde o cumprimento da primeira intimação, este informara a origens dos depósitos bancários (nome, endereço, CNPJ e Inscrição Estadual dos depositantes – fls. 38), prejudicou sobremaneira o contribuinte, já que hoje é quase impossível se investigar a origem dos depósitos bancários, como pugnado pelo recorrente, que, de maneira quase pueril, apela para que esta Câmara intime “com FORÇA e veemência” (fls. 527) os curtumes citados. Considerando que a fiscalização não cumpriu o papel que dela se esperava, que deveria ter investigado a origem dos eventuais fatos geradores a serem imputados ao contribuinte, aliado à robustez das origens trazidas pelo recorrente, desde o primeiro momento da ação fiscal, aqui ressaltando que quase metade dos depósitos tem origem em um dos curtumes, forçoso reconhecer que a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96 não se aperfeiçoou, sendo incabível imputar o ônus da presunção ao contribuinte. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso”. Neste caso, o contribuinte vem insistindo desde a fiscalização que há confusão patrimonial entre a pessoa jurídica E. F. Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda e a pessoa física do sócio ora recorrente. Para isso juntou a escrituração fiscal e extratos bancários, alegando ainda que está sendo duplamente autuado, pois os valores constantes no auto de infração foram depositados a titulo de distribuição de lucro. Outrossim, verificando cada uma das contas correntes objeto da autuação, em face das receitas não terem sido comprovadas: a. Banco do Brasil (Ag. 29130 e c/c 17.6575); b. Unibanco (Ag. 484 e c/c 2070734); c. Itaú (ag. 0940 e c/c 521214), temos que há depósitos que mesmo com nítida identificação foram incluídos do cômputo de receitas não comprovadas: Fl. 425DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS 8 Neste azo, analisando o próprio levantamento da fiscalização, devemse excluir os depósitos acima identificados, totalizando o montante de R$ 452.720,00. Assim, tendo em vista o suso fundamentado correta está insurgência do Recorrente, quando alega em sede de preliminar o cerceamento de defesa, aliado ao fato de que no caso em tela é incabível imputar a presunção contida no art. 42 da Lei 9.430/96. E finalmente, cabe sinalar que, no presente caso, verificase o conteúdo normativo insculpido no artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997. Pelo exposto, VOTO POR DAR PARCIAL provimento ao Recurso, para o fim de excluir os valores considerados de origem comprovada, bem como aplicar o artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430/96, reduzindo a base de cálculo do lançamento nos montantes de R$ 85.931,50 e R$ 468.693,82, nos anos calendário de 2003 e 2004, respectivamente. Sala das Sessões, em 13 de março de 2013. Assinado digitalmente Carlos André Rodrigues Pereira Lima – Redator Ad Hoc Fl. 426DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalment e em 22/01/2015 por CARLOS ANDRE RODRIGUES PEREIRA LIMA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por JOS E RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10680.011668/2006-28
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003
Ementa: RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. DISSENSO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO.
Não se conhece de recurso especial que desatende aos pressupostos de admissibilidade estabelecidos na legislação de regência.
Recurso Especial do Procurador não conhecido.
Numero da decisão: 9101-002.088
Decisão: Acordam os membros do colegiado em não conhecer do recurso por maioria de votos. Vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Relator) e Valmar Fonseca de Menezes. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. DISSENSO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO. Não se conhece de recurso especial que desatende aos pressupostos de admissibilidade estabelecidos na legislação de regência. Recurso Especial do Procurador não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em não conhecer do recurso por maioria de votos. Vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Relator) e Valmar Fonseca de Menezes. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho EDITADO EM: 18/02/2015 (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO- Presidente (assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO - Redator Designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, KAREM JUREIDINI DIAS, LEONARDO Fl. 332DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 2 DE ANDRADE COUTO (Conselheiro Convocado), ANTÔNIO CARLOS GUIDONI FILHO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto, com adendos e pequenas modificações para maior clareza, o Relatório do acórdão recorrido: Constam do processo três autos de infração. O primeiro deles, a folhas 10 a 16, trata de imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) e não exige o recolhimento de nenhum crédito tributário, apenas determina a redução do prejuízo fiscal da autuada. O segundo, a folhas 17 a 23, trata de contribuição social do lucro liquido (CSLL) e também não exige o recolhimento de nenhum crédito tributário, apenas determina a redução da base de cálculo negativa da CSLL Já o terceiro, a folhas 24 a 91, exige o recolhimento de crédito tributário no montante de R$ 23.391.551,35, assim discriminado: (...) A - DESCRIÇÃO DAS INFRAÇÕES IMPUTADAS I - Auto de infração de IRPJ A autuante, reportando-se ao termo de verificação a folhas 93 a 197, atribui à autuada duas infrações, de cuja descrição adiante se faz uma síntese, segundo o que consta no lançamento. Não é exigido crédito tributário, apenas determinado que seja reduzido o prejuízo fiscal dos anos-calendário de 2000, 2001, 2002 e 2003 nos seguintes valores respectivamente: R$ 3.834,417,10, RS 4.660.388,68, R$ 2.654.852,71 e R$ 69.247.142,44. 1. CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS — GLOSA DE DESPESAS — Conforme discriminado no termo de verificação fiscal, a autuante efetuou a glosa de valores deduzidos como despesas e que estavam escriturados como pagamento a diversos prestadores de serviços por ter apurado que: ou a documentação apresentada era inidônea, ou não houve comprovação da efetiva prestação do serviço, ou não houve comprovação do pagamento, ou o dispêndio não se classifica coMo despesa útil, usual e necessária para a empresa. Em relação a cada pagamentos, a autuante aponta duas ou mais dessas irregularidades enumeradas como motivadoras da glosa. Períodos de apuração: anos-calendário: 2000, 2001, 2002 e 2003. Enquadramento legal: artigos 299 e 300 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 -Regulamento do Imposto de Renda 1999 (RIR 1999). 2. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS — INOBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS — Dedução Fl. 333DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 2 3 indevida de perda no recebimento de créditos. Período de apuração: ano-calendário de 2003. Enquadramento legal: artigo 9°, § 6°, da Lei n° 9.430, de 27.12.1996; artigo 249, inciso I, artigo 251, parágrafo único, artigo 340, todos do RIR 1999. Conforme o termo de verificação fiscal, a glosa de despesas a que se refere o item 1 do auto de infração não é única, mas em verdade desdobra-se em várias. Adiante faz-se a discriminação delas, cada qual acompanhada dum resumo da motivação fornecida pela autuante para incluí-las no lançamento. 1. Glosa de valores atribuídos à Solotop Ltda. Trata-se de glosa de despesas no montante de RS 1.671458,92, contabilizados como valores pagos no ano-calendário de 2000 em contrapartida de serviços prestados. A autuante afirma que a documentação comprobatória da despesa é inidônea. Da sua motivação, extraem-se as seguintes informações: para efeito de comprovar o pagamento dos valores escriturados, foram apresentadas cópias de cheques fornecidas pelos bancos; todavia esses cheques não provam de forma inequívoca o pagamento dos serviços, porque são nominais ao próprio emitente, isto é, à autuada, que os endossou no verso, o que os converte em títulos ao portador; pesquisada a situação fiscal da Solotop, verificou-se que apresentou declaração de inativa em relação aos anos- calendário de 2000 a 2004; em diligência no seu endereço cadastral, comprovou-se que a empresa não funciona no local, que é um prédio residencial; a moradora do apartamento vizinho informou que mora lá há cerca de 20 anos e que desconhece a empresa Solotop; no entanto, informou que o Sr. Ronaldo, sócio da empresa, já foi dono do apartamento ao lado muitos anos atrás; a Prefeitura de Contagem informou que não emitiu autorização para a emissão das notas fiscais de serviço apresentadas como comprovantes da despesa; além disso, essas notas fiscais apresentam outras irregularidades: não têm data limite para a sua utilização e nelas não foi destacado o IRRF; a Gráfica Columbia Ind. Com. Ltda, constante no rodapé das notas fiscais, informou que não as confeccionou e que está errado o número da sua inscrição nelas impresso; em ação fiscal desenvolvida simultaneamente em outra empresa do grupo Itaminas, ao qual pertence a autuada, colheu-se o depoimento do Sr. Ronaldo (sócio-gerente da Solotop) no qual ele declara que: rasgou toda a documentação da Solotop, nada tendo para apresentar à Receita Federal; no período de 1999 a 2003 vendeu, Fl. 334DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 4 pessoalmente, notas fiscais falsas para três ou quatro empresas do grupo Itaminas; ele próprio preenchia as notas fiscais; jamais efetuou locação de máquinas para qualquer empresa do grupo, tendo executado apenas sondagens geológicas de valor ínfimo; era forçado a emitir as notas fiscais falsas, do contrário não seria contratado para executar serviços de sondagens; nunca recebeu cheque de nenhuma empresa do grupo; o pagamento era feito em dinheiro em valor bem abaixo das notas fiscais, as quais entregava em envelope lacrado na rua Paraíba; indagada a respeito de ter registrado receitas de vendas de minério de feno pelo mesmo preço de custo, com lucro zero, a autuada respondeu que intermedeia as compras pela Itaminas Comércio de Minérios da fornecedora MBR, em virtude de exigências desta, e que para movimentar as pilhas do minério adquirido, diz ter necessitado alugar as máquinas da Solotop; assim, ainda que fossem idôneos os documentos apresentados, a despesa seria desnecessária para atender à autuada e deveria ser excluída de seus resultados; questionada duas vezes para explicar o motivo de ter registrado despesas tão elevadas sob a rubrica de aluguel de máquinas e equipamentos somente no ano de 2000, embora tenha continuado a atuar como intermediário entre a MBR e a Itaminas, a autuada não conseguiu esclarecer esse ponto. 2. Despesas com consultorias Trata-se da glosa de valores contabilizados como despesas com consultorias pagas a diversas pessoas jurídicas durante os anos- calendário de 2000 a 2003. A autuante afirma que não foi comprovada a efetiva prestação de serviço e, para a motivação da glosa, apresenta algumas considerações genéricas e outras especificas a cada firma de consultoria. Eis um resumo das genéricas: a autuada, apesar de anualmente vir apresentando prejuízo e quase não ter receita, contabilizou elevados valores de prestação de serviços de consultoria com as mais diversas empresas; indagada a respeito da necessidade de tantas despesas, informou fazer as contratações de despesas pelo grupo como um todo; a autuada foi intimada a comprovar a efetiva prestação dos serviços, mediante a apresentação de ordens de serviço com a especificação do trabalho a ser executado, relatórios dos serviços prestados ou em andamento, estudos realizados, cronogramas dos serviços contratados, especificações técnicas do pedido de serviços, notas fiscais faturas emitidas, as cópias dos cheques utilizados nos pagamentos; todavia, tal documentação não foi apresentada, embora estivesse Fl. 335DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 3 5 descrita nos contratos cujas cópias foram fornecidas à fiscalização; alguns dos contratos estão vencidos, sem os respectivos aditivos anexos; todos que foram apresentados são meras cópias reprográficas, sem registro, e semelhantes entre si, alguns chegando a ser iguais; grande parte das contratadas tem como sócios pessoas físicas que são também sócias da autuada ou a ela ligada; muitas vezes os endereços das empresas de consultoria são os mesmos das empresas que compõem o grupo Itaminas; as letras de preenchimento das notas fiscais são as mesmas em várias prestadoras de serviço, ainda que as empresas se encontrem em municípios diferentes; intimada a comprovar a efetiva prestação de serviços, a autuada respondeu que sua relação comercial e profissional com as prestadoras de serviços se apóia em notas fiscais de prestação de serviços; não basta, porém, a apresentação de contratos e a emissão de notas fiscais para se considerar prestado o serviço; a autuada incorreu em irregularidade ao assumir sozinha as despesas administrativas pertencentes ao grupo Itaminas, sem proceder ao rateio de acordo com o gasto de cada empresa, mediante critérios objetivos e previamente estabelecidos; os gastos realizados pelas pessoas jurídicas só podem afetar o resultado na parte em que necessários à manutenção de sua fonte produtora; a autuada não apresentou todas as notas fiscais escrituradas no razão; das apresentadas, a grande maioria está com o canhoto de comprovação do serviço prestado não destacado. Especificamente em relação a cada prestador de serviço, do termo de verificação fiscal extraem-se as observações resumidas adiante. 2.1. Bemep Consultoria S/C Ltda. Quer no presente, quer no passado, a Bemep vem funcionando nos mesmos endereços que a autuada. A Bemep foi recentemente fiscalizada pela Receita Federal e nessa ação fiscal, cujos resultados aproveitam-se neste processo, apurou-se que no endereço cadastral da firma até 30.12.2004 funciona a empresa a Camps Serviços Contábeis Soc. Simples Fl. 336DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 6 Ltda, responsável pela contabilidade da Bemep e das empresas do grupo Itaminas; o contador informou que a Bemep de fato não funciona lá, que ela não possui empregados e que os serviços são prestados pelo sócio Bernardo de Melo Paz no estabelecimento dos clientes, ou na residência dele. Ao término de ação fiscal que averiguou o cumprimento das obrigações fiscais de Bernardo de Melo Paz, o auditor fiscal relatou em termo de verificação fiscal que a Santa Mariana efetuou diversos pagamentos diretamente àquele senhor, durante os anos-calendário de 2000 a 2003, o que é comprovado pelas cópias dos documentos de crédito (DOC) juntados aos autos. Os recursos financeiros foram depositados em contas correntes de que o titular é a pessoa física Bernardo de Melo Paz. No mesmo termo de verificação fiscal, o autuante refere-se a cartas enviadas pela Bemep às fontes pagadoras (isto é, a Santa Mariana), nas quais se solicita que os pagamentos fossem realizados pessoalmente ao Sr. Paz. Na ocasião o auditor fiscal observou que na condição de administrador e gestor das empresas Santa Mariana, Itaminas e Minas do Itacolomy, é função precípua do Sr. Paz administrar e gerir estas empresas, não sendo necessário ele próprio constituir outra empresa para prestar, pessoalmente, esses mesmos serviços. Conclui-se que o real objetivo da criação da Bemep é burlar a legislação tributária. O expediente permite diminuir os tributos na pessoa jurídica, pois os serviços prestados pelas consultorias representam despesas do contratante do serviço. Intimada a fornecer provas da efetiva prestação dos serviços, a autuada apresentou o razão da conta fornecedores, cópia do contrato de prestação de serviços de consultoria técnica, cópias e originais das notas fiscais, cópias de alguns DOC, cópias de controle de cheques emitidos e relatórios do pagamento a fornecedores, emitidos pelo Banco Bradesco, nos quais não consta o nome da Bemep, mas sim o do Sr. Paz; não foi atendida a intimação para apresentar a cópia dos cheques emitidos para pagamentos à Bemep, que deveria ter sido fornecida pelas instituições financeiras. De dezembro de 2000 a maio de 2001 e de setembro a dezembro de 2002, a Bemep emitiu notas fiscais cujo prazo de validade já havia expirado. A Prefeitura de Ibirité comunicou que não autorizou a prorrogação do prazo de uso dessas notas, apesar de nelas ter sido aposto carimbo que informava que tal prorrogação havia sido autorizada. A Santa Mariana é o único cliente da Bemep; logo, esta foi criada unicamente para prestar serviços àquela. A Bemep não tem empregados e nem instalações próprias. 2.2. RMD Consultoria Ltda. A empresa RMD foi constituída em 03.12.1993 e seu endereço cadastral é o mesmo da Santa Mariana; o seu proprietário é Rodrigo Octávio Maia Damásio, ligado ao grupo Itaminas de várias formas, inclusive atuando como procurador de algumas de suas empresas e diretor de uma delas; a empresa não tem empregados nem instalações próprias. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 4 7 Intimada a fornecer as provas da efetiva prestação de serviços, a autuada apresentou o razão da conta fornecedores, cópia do contrato de prestação de serviços de consultoria técnica, cópias e originais das notas fiscais, vias originais de alguns DOC e cópias de controle de cheque emitidos pela contabilidade. Não foram apresentadas cópias dos próprios cheques emitidos para o pagamento dos serviços, que seriam fornecidas pelas instituições financeiras. A RMD aparentemente foi constituída somente para emitir notas fiscais para a Santa Mariana. Os totais das suas notas fiscais emitidas para a Santa Mariana são iguais à receita bruta das demonstrações financeiras e das declarações de rendimento até o ano-calendário de 2002. Em 2003 e 2004 emitiu notas fiscais para a CFM Cia. de Fomento Mineral e Participação, Punirias Comércio de Minérios S.A., Itasider e BMP Part. e Empreendimentos S/C. Os pagamentos foram efetuados diretamente ao sócio Rodrigo Octávio Maia Damásio, por meio de DOC. Esses documentos referem-se aos serviços supostamente prestados por RMD, conforme o preenchimento do campo finalidade de alguns DOC e também conforme o razão da conta fornecedores. Por meio de diligência efetuada na RMD, verificou-se que não existe a conta bancos na sua escrituração, mas apenas a conta caixa. Teoricamente, os pagamentos à RMD teriam sido feitos em dinheiro, o que não é usual. Existem dois pagamentos da ordem de RS 100.000,00 para a liquidação das notas fiscais n° 511 e 516. 2.3 TAL Consultoria S/C Ltda. A sede da SAL situa-se na Fazendo Engenho Seco, município de Sarzedo, como tantas do grupo Dominas, e ela tem como responsável Sólio Amoldo Laender, atual presidente da Santa Mariana. Seu endereço cadastral já foi R. José Maria Taitson, 125, município de Ibirité, que também já foi o endereço de outras empresas do grupo e é o atual endereço do escritório de contabilidade dessas empresas. A SAL não possui empregados nem instalações próprias. O contrato apresentado pela autuada é igual ao da BEMEP e da RMD Consultoria. Intimada a fornecer as provas da efetiva prestação de serviços, a autuada apresentou o razão da conta fornecedores, cópia do contrato de prestação de serviços de consultoria técnica, cópias e originais das notas fiscais, vias originais de alguns DOC e cópias de controle de cheque emitidos pela contabilidade. Não foram apresentadas cópias dos próprios cheques emitidos para o pagamento dos serviços, que seriam fornecidas pelas instituições financeiras. Fl. 338DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 8 O Sr. Laender, sócio-diretor da SAL e também da Santa Mariana, contratou a si mesmo para prestar serviços de gestão empresarial que são próprios da sua função de administrador. A Santa Mariana não apresentou a comprovação da prestação e pagamento dos serviços, mas forneceu apenas o razão da conta fornecedores, as cópias das notas fiscais e as cópias dos pagamentos cm DOC remetidos ao Citybank, no valor total das notas fiscais (somente até outubro de 2000). As notas fiscais fl. 31 e 32 são irregulares, pois foram emitidas fora de seu prazo de validade. Em 2003 foram usadas várias notas fiscais fora do seu prazo de validade, mediante a simples aposição de carimbo indicador de prorrogação, mas esse carimbo se acha rasurado. 2.4. NAM Consultoria S/C Ltda. A NAM não foi encontrada no seu endereço cadastral. Com base em declarações da funcionária da empresa que ocupa a sala, do porteiro e da síndica do prédio, verifica-se que ninguém conhece nem conheceu a NAM. O seu sócio tomou ciência do termo de diligência e intimação fiscal na própria Receita Federal, mas não apresentou a documentação solicitada. O endereço para contato por ele fornecido é o mesmo do setor jurídico do grupo Itaminas (R. Alagoas, 1000, sala 701, te1.3261-8122). Como a finalidade da diligência era verificar a existência e a condição de funcionamento e da prestação de serviços escriturados, o que se alcançou com as informações apuradas, a documentação foi considerada prescindível. Os documentos que foram fornecidos pela Santa Mariana são iguais aos que forneceu quanto às fumas de consultoria referidas anteriormente. Coincide com a declaração de rendimentos da NAM o valor total das notas fiscais emitidas para a Santa Mariana, indício de que aquela foi criada somente para emitir notas fiscais para esta. A Santa Mariana não comprovou a prestação nem o pagamento dos serviços. 2.5. Planinst Consultoria e Planejamento Institucional S/C Ltda A Planinst não foi encontrada no seu endereço cadastral. Em verdade, o local é uma casa velha que abriga uma pequena família há cerca de cinqüenta anos. A informação foi prestada pela vizinha. Realizado contato telefônico com o sócio, este informou que: não possui a documentação contábil da época; na época era apenas um jornalista desempregado; foi ajudado pela empresa contratante; fazia uma espécie de assessoria de comunicação, que consistia em elaborar um jornalzinho e panfletos educativos; o endereço cadastral da Planinst pertencia à avó de sua esposa. Fl. 339DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 5 9 Quanto às cópias dos cheques apresentadas, valem as mesmas observações já feitas em relação às firmas de consultoria referidas anteriormente. Coincide com a declaração de rendimentos da Planinst o valor total das notas fiscais • emitidas para a Santa Mariana, indício de que aquela foi criada somente para emitir notas fiscais para esta. 2.6. CAAC Consultoria Ltda. A CAAC não foi encontrada no seu endereço cadastral. No local funciona outra empresa, de nome Sanches Cipar Comercial Ltda. O porteiro informou trabalhar no prédio há oito anos, sem conhecer a CAAC. Após contato telefônico com o sócio, a documentação requerida foi apresentada. O diário do período de 2001 a 2003 foi registrado na Junta Comercial somente em 04.10.2006; suas páginas são novas, demonstrando que os livros foram confeccionados agora; no razão, que também aparenta ter sido recém-confeccionado para atender à diligência fiscal, os recebimentos da Santa Mariana são escriturados na conta caixa, de modo que foram feitos em dinheiro, segundo a escrituração. A CAAC informou não ter empregados e que os serviços foram prestados pelo sócio Carlos Alberto Andrade de Castro. De acordo com o livro razão, todas as notas fiscais foram emitidas em seqüência numérica continua para a Santa Mariana. Coincide com a declaração de rendimentos da CAAC o valor total das notas fiscais emitidas para a Santa Mariana, indício de que aquela foi criada somente para emitir notas fiscais para esta. As notas fiscais n° 28 a 32 foram emitidas fora do seu prazo de validade. A autuada não apresentou o contrato de prestação de serviços, nem tampouco comprovou a prestação e o pagamento dos serviços. 2.7. Consulte Proj. e Planej. Ltda, J. Marfori Engenharia e Projetos Ltda. Não houve, por parte da autuada, comprovação da prestação nem do pagamento dos serviços. 2.8. JLR Consultoria Não houve, por parte da autuada, comprovação da prestação nem do pagamento dos serviços. Com base nas faturas emitidas, nota-se que a Santa Mariana é praticamente o único cliente da JLR. 3. Serviços de advocacia Fl. 340DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 10 Conforme esclarecimento prestado pela autuada, o escritório Oliveira Neves Associados foi contratado para prestar serviços ao grupo com respeito à administração do passivo tributário. Contudo não foi comprovado o serviço prestado. Forneceram-se apenas cópias das petições feitas à Justiça para a juntada de procurações e, posteriormente, comunicações em que o escritório substabelece a José de Assis Silva o mandato recebido. Os documentos apresentados dizem respeito a ações propostas contra diversas empresas do grupo, a saber: Itasider, Itarninas Comércio de Minério S.A., Minas do Itacolomy, Siderúrgica S. Sebastião de Itatiaiuçu, MOS Minas Gerais Siderurgia Ltda. A autuada não apresentou nada de concreto que justificasse o pagamento de mais de quatro milhões ao escritório, nem mesmo o relatório mensal completo sobre o andamento das ações a seu cargo, que é exigido pela cláusula 8º do contrato de prestação de serviço assinada entre eles. Ainda que se conseguisse comprovar a real prestação do serviço, teria de ser enfrentada a questão do rateio das despesas entre as empresas do grupo. Conforme estipulava o contrato, o valor cobrado pela prestação do serviço seria R$ 217.000,00 por mês. Todavia, em vez de registrar esse valor a cada mês em junho de 2001 a autuada registrou todo o montante que seria referente aos doze meses do ano. II - Auto de infração de CSLL As mesmas irregularidades já descritas na parte deste relatório que trata do lançamento de IRPJ. Enquadramento legal: artigo 20 e seus parágrafos da Lei n° 7.689, de 1988; artigo 19 da Lei n° 9.249, de 1995; artigo 10 da Lei n° 9.316, de 1996; artigo 28 da Lei n° 9.430, de 1996; artigo 6° da Medida Provisória n° 1.858, de 1999, e suas reedições; artigo 37 da Lei n° 10.637, de 2002. III - Auto de infração de IRRF A autuante atribui à autuada uma só infração, a qual descreve como pagamentos a beneficiários não identificados ou feitos sem que se comprovasse a sua causa. De acordo com o termo de verificação a folhas 93 a 197, esses pagamentos correspondem às mesmas despesas glosadas às quais se refere o item 1 do auto de infração de IRPJ. Períodos de apuração: anos-calendário de 2000, 2001, 2002 e 2003. Enquadramento legal: artigo 61, §§ 1° art. 3 , da Lei nº 8.981, de 1995. Note-se ainda que a autuante, por entender que a autuada procedeu com evidente intuito de fraude, aplicou-lhe a multa qualificada no percentual de 150% em relação a parte das infrações apuradas e formalizou, por meio do processo administrativo n° 10680.011678/2006-63, representação fiscal para fins penais. Além disso, a autuante entendeu que cabia agravar a multa de oficio, por falta de atendimento no prazo estipulado às intimações que fez, de sorte que o percentual da multa de oficio aplicada acabou por chegar a 225%. Fl. 341DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 6 11 B - IMPUGNAÇÃO DO LANÇAMENTO Tendo sido notificada dos lançamentos em 23 de outubro de 2006, em 22 de novembro de 2006 a autuada apresentou a impugnação juntada a folhas 488 a 511. Resumem o seu conteúdo os enunciados seguintes. Decadência do direito de constituir parte do crédito tributário — 1999 a 2001 (...) Despesas supostamente não comprovadas Conforme se infere do item 21 do TVF, parece ter chamado a atenção da autuante os contratos de prestação de serviços com diversas empresas tais como BEMEP, TAL, NAM, PLANINST e RMD, por serem, aparentemente, semelhantes entre si. Isso não modifica a relação jurídica estabelecida entre as partes. Primeiramente, os profissionais que prestam serviço à autuada, bem como as demais empresas do grupo, encontram-se estabelecidos em um mesmo local. Portanto, é natural que as correspondências tenham o mesmo destino. Não há nada em lei alguma que impeça tal prerrogativa, ao contrário, quando a lei se ocupou de tal assunto procurou, em vez de recriminar, conferir respeito à regularidade, admitindo-se que pessoas físicas prestadoras de serviços de natureza intelectual pudessem, uma vez organizadas, desfrutar do tratamento dispensado às pessoas jurídicas (artigo 129 da Lei n° 11.196, de 2005). Tampouco invalida ou coloca em dúvida o documento a circunstância de algumas empresas se encontrarem em municípios diferentes, como é o caso de BEMEP, JAL, NAM e PLANINST, mas suas notas fiscais parecerem preenchidas com a mesma letra (segundo a autuante) Esquece-se o fisco de que muitas daquelas empresas mantêm parte de sua escrituração sob a responsabilidade de um mesmo escritório de contabilidade, o que não poderia ensejar desconfiança e fomentar o espírito desdenhoso contra a imagem da autuada. A autuante recorreu à jurisprudência do Conselho de Contribuintes, no afã de escorar sua pretensão e para macular de vícios os procedimentos da autuada, conforme item 27, alegando que mesmo que houvesse a comprovação dos serviços constantes nas notas fiscais escrituradas, subsistiria a irregularidade consistente em assumir só as despesas administrativas pertencentes ao grupo. Ademais, diz-se que não se procedeu ao rateio de acordo com o gasto de cada empresa, mediante critérios objetivos e previamente estabelecidos. Essa ilação é no mínimo estranha. Primeiro a autuante aponta que a documentação não comprova a efetiva prestação de serviços. Depois, numa mesma cartada, acrescenta que, mesmo havendo comprovação, carece de apoio legal a assunção de dividas sem o rateio posterior. Todavia, não só inexiste a obrigação legal de promover o rateio, como não há nenhum ato Fl. 342DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 12 legalmente válido que imponha observância a critério algum previamente estabelecido. As despesas operacionais constituem gastos incorridos pela empresa para o exercício de suas atividades, independentemente da freqüência com que são realizadas. De um modo mais amplo, pode-se deduzir que as despesas representam recursos aplicados pela empresa em troca de obtenção de receitas e, portanto, devem a estas estar relacionadas. Todas as despesas necessárias à atividade são dedutíveis, o que limita sobremaneira a ação do legislador ordinário em negar a dedutibilidade dos dispêndios vinculados ao exercício de determinada atividade. Há despesas que podem corresponder à redução do ativo, sem simultânea redução do passivo e sem estar vinculadas ao esforço de geração de receitas; por isso são denominadas perdas. O artigo 187 da Lei n° 6.404, de 1976, estabelece que, para se chegar ao lucro operacional, há de se deduzir do lucro bruto as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais. Logo, as despesas administrativas que registram gastos, pagos ou incorridos para a direção ou gestão da empresa e que beneficiam todas as fases do negócio ou objeto social, integram as despesas operacionais. Constam dessa categoria itens tais como honorários da administração, custos administrativos, despesas legais e judiciais, material de escritório, despesas de viagens, serviços profissionais (consultorias, advogados etc). As despesas realizadas pela pessoa jurídica, segundo sua origem, natureza e tipo, podem ser dedutíveis ou indedutíveis na determinação do lucro real. As despesas dedutíveis poderão ser levadas em conta no momento em que forem incorridas ou pagas, conforme regime de competência, e observados os seguintes aspectos: (1) deverão ser necessárias à realização das transações ou operações exigidas pela atividade da pessoa jurídica; (2) deverão ser usuais ou normais no tipo das operações da empresa e (3) comprovadas por meio de documentação idônea. O PN n° 32, de 1981, definiu o conceito de despesa necessária esclarecendo tratar-se de gasto essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração de atividades, principais ou acessórias e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira e ordinária. O requisito de usualidade deve ser interpretado na acepção de habitual na espécie do negócio. Nesse sentido, são considerados hábeis á comprovação dos custos e despesas operacionais, as notas fiscais, faturas, duplicatas e recibos que indiquem as partes, as operações realizadas e seus respectivos valores, de modo a se poder aferir a necessidade e a normalidade das despesas. Os documentos apresentados à fiscalização não podem ser confundidos e ter tratamento similar ao aplicável às notas fiscais simplificadas ou cupons de caixa, que, por não conterem elementos indispensáveis à comprovação dos custos e despesas, não são Fl. 343DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 7 13 admitidos corno documentos hábeis para comprovar as despesas incorridas. Os documentos apresentados pela autuada devem ser considerados idôneos para o fim a que se prestam. Sua idoneidade decorre do fato de terem sido emitidos por pessoas jurídicas regularmente constituídas, ativas e com cadastro atualizado perante os órgãos competentes, entre os quais, a Secretaria da Receita Federal. Ademais, foram observados todos os requisitos em relação à pessoa contratante, a saber, a descrição dos serviços objeto da operação, a data e o valor do negócio, fazendo-se constar, ainda, a identificação do tomador de serviços e o correspondente CNPJ. As prestadoras de serviço desfrutam de situação fiscal e cadastral regulares perante o CNPJ, o que significa que os relatórios, correspondências, petições e procurações carreados abonam a referida situação. A autuante teve a oportunidade de pessoalmente conhecer, ao longo da fiscalização, alguns dos sócios e acionistas dessas empresas, na Rua Paraíba n° 1.122, 23° andar, endereço da autuada. Alguns dos profissionais, no entanto, desempenham suas funções e atividades em seus respectivos escritórios, comparecendo em reuniões no endereço da autuada. A prova da prestação dos serviços é irrefutável, por isso é indiscutível a dedução da despesa correspondente, e também porque o dispêndio advém da contrapartida daquilo que foi recebido pelos beneficiários devidamente identificados. Os prestadores de serviços que executam atividades intelectuais em caráter personalíssimo ou não, quando organizados em forma de sociedade, merecerão o mesmo tratamento das pessoas jurídicas em geral, nos termos do artigo 129 da Lei n° 11.196, de 2005. Por isso, não se pode colocar em dúvida a realização de serviços prestados e, muito menos, a despesa incorrida. Do contrário, o fisco pretenderia algo que extrapola sua competência, uma vez que implicaria desconstituir negócios válidos e reais, celebrados à luz da autonomia da vontade, da conveniência e interesse das partes. A autoridade fazendária age ao arrepio da lei ao descartar a comprovação da despesa por meio de nota fiscal emitida pelas pessoas jurídicas em questão, alegando tratar-se de pessoas jurídicas direta ou indiretamente ligadas à impugnante. Parece ignorar o surgimento de novas formas de atividade, como é o caso do trabalho por conta própria — intermitente, casual ou como parte de um projeto. Ademais, a própria Lei nº 11.196, de 2005, em seu artigo 129, cuidou de disciplinar a regularidade dessas novas formas de contratação. Já se foi o tempo em que as empresas promoviam suas atividades de maneira verticalizada. Na era das terceirizações e parcerias, Fl. 344DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 14 os agentes econômicos concentram-se naquilo que não pode ser sub-contratado e procuram otimizar resultados em face da acirrada competição ditada pelo mundo neo-globalizado. No entendimento da autuante, a autuada não poderia assumir as despesas de outras empresas componentes do grupo por ela integrado. Assim, não se poderia deixar de promover o rateio das despesas assumidas. Se a impugnante optasse por ratear as despesas, emitindo nota de débito para ressarcimento do valor, sem considerá-lo na base de cálculo do PIS e da Cofins, incorreria no risco de ter glosado suas despesas de rateio por parte do fisco federal, além do ISS pelo fisco municipal, constituindo esse fato quase que um verdadeiro confisco, visto o fato de não promover acréscimo patrimonial. A autuante, no período autuado, desempenhava, também, a função de holding, tendo como principal meta e diretriz a reunião de esforços direcionados á preservação empresarial A manutenção e continuidade dos negócios do grupo dependia do sucesso passível de ser alcançado em negociações com credores privados e públicos, no conjunto das empresas. Naquela ocasião o grupo não contava com a qualidade da estrutura operacional atual, enfrentando execuções judiciais que, em sua grande maioria, a apontavam como coobrigada. Assim, o acompanhamento e a solução de inúmeros processos das empresas investidas, bancários, tributários, comerciais ou trabalhistas, de forma direta ou indireta, ficariam a cargo da holding, cabendo-lhe, pois, as medidas tendentes a minimizar os riscos de continuidade das empresas do grupo, ou seja, em trabalho preventivo na tomada de decisões, ou mesmo na busca de soluções no caso concreto, com o questionamento individual ou coletivo das cobranças e da recuperação de créditos. As demais empresas do grupo, controladas pela autuada durante o período fiscalizado, encontravam-se em situação delicada, sem crédito no mercado financeiro, com obrigações comerciais e fiscais em fase de execução, o que exigia uma administração rígida dos recursos financeiros, técnicos e humanos. Dessa forma, procurou-se gerir os recursos líquidos e oriundos das atividades operacionais sob o controle da autuada, na condição de holding, para garantir a manutenção dos negócios,como um todo. Pretendeu-se privilegiar os pagamentos dos compromissos inadiáveis, sem perder de vista os investimentos voltados à geração de receitas, para melhor enfrentamento do desafio vivido. Os recursos operacionais necessários à atividade empresarial de cada urna das empresas produtivas integrantes do grupo, sempre foram geridos por essas mesmas empresas, única forma de se lhes garantir a manutenção dos seus negócios e compromissos. O recurso líquido excedente transferia-se à holding, para priorização dos demais compromissos ou investimentos voltados à manutenção do negócio como um todo. A relativa melhora do atual perfil de risco do grupo deve-se à dedicação de seus quase 3.000 trabalhadores e também à contribuição dos profissionais que a fiscalização ora Fl. 345DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 8 15 desqualifica e pretende desconsiderar, em afronta e ao arrepio da lei. Inexiste lei que importa a obrigação ou obste uma empresa de assumir dividas de outras pertencentes ao mesmo grupo. Tampouco não há nada em lugar algum que diga como se deverá proceder para se realizar o respectivo rateio, no caso de tal assunção ocorrer. A fiscalização pretende ser mais realista que o rei, na medida em que pretende desconsiderar todo o negócio jurídico estabelecido pela autuada, tomando por base algumas parcas impressões subjetivas, notoriamente infundadas, que nada dizem por si e que, a partir de uma roupagem tendenciosa, passam a representar fantasia distinta da realidade. Em abono do argumento, cita-se passagem atribuída a Mizabel Abreu Machado Derzi. Para nulificar um ajuste ou negócio jurídico é preciso ter evidências claras e provas contundentes, e não meras impressões pessoais e subjetivismos. Segundo o entendimento da jurisprudência, os indícios devem ser graves, precisos e concordantes entre si. Ilustra o argumento passagem atribuída a Aroldo Gomes de Matos, Uma vez reconhecida a regularidade da atuação da autuada, enquanto holding, e sendo certo que os gastos com as prestações de serviços decorreram de otimização gerencial, mister se faz excluir da glosa os valores efetivamente tomados como despesas. Para retratar o entendimento do Conselho de Contribuintes a esse respeito, transcreve-se a ementa de acórdãos atribuídos ao órgão. Há de se reconhecer inadvertidas e desprovidas de conteúdo prático e legal as ilações do TVF, para o fim de se admitir a dedução das despesas. Ágio decorrente de investimentos em sociedade do grupo O registro de ágio em investimento decorreu de ingresso em sociedade, mediante capitalização de recursos de conta-corrente de mútuo, devidamente sustentado em ato societário. Há ágio quando é adotado o método da equivalência patrimonial, por imposição legal, e o preço de custo das ações for maior que seu valor patrimonial, e deságio quando for menor. Se no momento da aquisição o valor do patrimônio liquido da investida já for negativo, a equivalência deve ser feita e ficar negativa, com o ágio assumindo a diferença entre ela e o valor do custo de aquisição e opilas e Práticas Contábeis no Brasil, FIPECAF - Arthur Andersen, ed. Atlas, 2ª edição, pág. 228). Esse tratamento está de acordo com a técnica contábil e também expresso na legislação fiscal, seja no art. 385 do RIR 1999, seja na Instrução CVM n° 247, de 1996, artigo 13. O fundamento do ágio, segundo a lei fiscal pode ser enquadrado e fundamentado como decorrente de ‘fundo de comércio, Fl. 346DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 16 intangíveis e outras razões econômicas’ ou, de conformidade com a legislação societária descrita na Instrução n° 247, de 1996, relativa à ‘diferença entre o valor contábil e o valor de mercado de ativos da investida’. O tratamento fiscal está previsto no artigo 426 do RIR 1999. A baixa do ágio, por sua vez, decorreu da realização do investimento, mediante venda, e não de amortização do ágio com a manutenção do investimento. Esse procedimento não deve ser confundido com amortização do ágio, conforme descrito no artigo 391 do RIR 1999. Assim, tratando-se da única forma possível de registrar as operações, não se pode desconsiderar tal escrituração, de modo a glosar os prejuízos. A questão suscitada pela autuada decorre da aquisição de investimento, em que a nova controladora, por exigência legal, apura, na primeira equivalência, o referido ágio. Ainda no mesmo ano, sem que tal providência implicasse amortização de valor algum, a autuada vendeu o investimento, para outra empresa, tomando por referência o valor patrimonial do investimento e efetuou a baixa do ágio, a título de despesa não-operacional dedutível. Agravamento da multa de oficio Não existe fato gerador do imposto de renda, ato fraudulento nem tampouco recusa ou desatendimento de intimações no curso da fiscalização, conforme pretende fazer crer a autuante, motivo pelo qual não tem sustentação legal a penalidade de oficio exigida, no percentual de 225%. A presunção de fraude é totalmente insubsistente, porque inexiste um só elemento nos autos que possa corroborar tal entendimento. A suposição do fisco não induz a certeza de que o tributo tenha sido indevidamente suprimido ou que não tenha sido devidamente recolhido, a partir das despesas apresentadas. Se foram apresentadas todas as notas fiscais, petições e outros elementos, pergunta-se como há de se falar em fraude ou simulação, eu como se pode sustentar que a impugnante tenha deixado de apresentar documentos à Receita Federal. Ao contrário do que presumiu a autuante, a julgar pelo teor dos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, não houve intuito de fraude nem nenhum motivo ensejador de agravamento da punição. Pergunta-se se a autuada, espontaneamente, realizaria uma fraude que a prejudicaria, podendo aumentar a base de cálculo do IR. A resposta é logicamente não. As fraudes são cometidas com o intuito de se perceber algum ganho, mas nunca para obter prejuízo. As alegações do fisco consistem em mera suposição ou especulação que não e oriunda de provas concretas, mas de suposições. Tudo que se pretendeu aferir na fase de fiscalização já se encontra nos autos. Se a autuante não se convenceu da verossimilhança dos documentos e peças informadas, não pode Fl. 347DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 9 17 entender que a partir daí já se encontram reunidas as condições para aplicação da multa agravada, no percentual de 225%. Não há presunção legal de que os contribuintes tenham o intuito doloso ou de fraude, quando, por um motivo ou outro, não tenham recolhido aquele montante de tributo que o fisco possa entender devido. As circunstâncias agravantes ou que qualificam a infração cometida devem ser comprovadas pelo fisco, que deverá demonstrar, explicitamente, o intuito doloso da contribuinte, e não apenas presumir a fraude para descaracterizar a decadência, conforme se pretende imputar no presente caso. Não há motivo justo para a aplicação da pena agravada, nem mesmo ainda que se pretenda considerar a suposta recusa ou o desatendimento pela autuada nos prazos assinados pela fiscalização. Conforme se verifica pela documentação anexa, várias foram as respostas e as providências levadas a cabo pela autuada. A sua colaboração foi o mais ampla e eficiente possível. Foram apresentadas não só as notas fiscais, como também toda a comprovação de que os serviços de terceiros foram efetivamente prestados. Se a fiscalização não sc convenceu disso, não pode a autuada, além de sofrer danosas e injustas exigências (alíquota de 35% do IRRF, reajuste da base de cálculo, multa de oficio, que em regra deveria ser de 75%), vir a sofrer multa ilegitimamente arbitrada em 225%. Para ilustrar o argumento, cita-se ementa atribuída ao Conselho de Contribuintes. Invoca-se outro julgado atribuído ao Conselho de Contribuintes em que, no mérito, por unanimidade, se decidiu reduzir a multa de oficio para 75%, uma vez que não se verificaram as circunstâncias suficientes para justificar a punição excedente. Cita-se ainda a ementa de duas outras decisões cujo órgão prolator não é identificado. Ainda que se venha a reduzir para 75%, a penalidade estaria assumindo feição confiscatória. Em abono do argumento, cita-se ementa de decisão atribuída ao TRF da 3ª Região. Portanto, deverá a multa de oficio, abusivamente fixada em 225%, ser cancelada ou, no mínimo, reduzida para o patamar previsto no inciso I do artigo 44 da Lei n° 9.430, de 1996, ou ainda inferior a esse percentual, por se mostrar flagrantemente excessivo. Inconstitucionalidade e ilegalidade da taxa Selic (...) Pedido Pede-se que seja recebida a impugnação, para declarar indevidas as exigências, anulando-as ou, alternativamente, reduzindo os excessos cometidos, fazendo-se operar tais Fl. 348DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 18 providencias naquilo que se refere ao imposto de renda e à contribuição social, bem como à multa de ofício. O acórdão DRJ foi ementado como abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003 GLOSA DE PREJUÍZO NÃO-OPERACIONAL - BAIXA DE ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO SUJEITO À AVALIAÇÃO PELA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Não é dedutível na determinação do lucro real e é passível de glosa fiscal a perda de capital resultante da baixa de ágio em virtude da alienação de investimento sujeito à avaliação pela equivalência patrimonial quando o contribuinte não comprovar o fundamento econômico desse ágio pago na aquisição do investimento alienado. GLOSA DE DESPESAS COM SERVIÇO - EXECUÇÃO E PAGAMENTO NÃO COMPROVADOS Sujeita-se a glosa fiscal a despesa com prestação de serviço cuja execução e pagamento não são comprovados. Assunto, Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2003 MULTA QUALIFICADA DE 150% Demonstrado mediante diligências e averiguações fiscais, amplamente corroboradas por sólida documentação, que a infração foi cometida com evidente intuito de fraude, cabe a aplicação da multa de ofício qualificada no percentual de 150%. AGRAVAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO Não sendo atendida intimação do fisco dentro do prazo fixado, caberá o agravamento da multa de oficio, elevando-se o seu percentual a 225%, no caso em que a infração for qualificada pelo evidente intuito de fraude. DECADÊNCIA - EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE Sendo demonstrado que a infração foi cometida com evidente intuito de fraude, a rega do CTN que se aplica é a do artigo 173, e não a do artigo 150, § 4°, para efeito de contagem do prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário. O recorrente tomou ciência do acórdão DRJ em 23/02/2007 e apresentou recurso em 26/03/2007. No recurso repete os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. A 1ª Turma da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso de ofício e deu parcial provimento ao recurso voluntário Fl. 349DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 10 19 para reduzir a multa de ofício de 225% para 150%. Decisão consubstanciada no Acórdão nº 1301-00.053, cuja ementa transcrevo: Recurso de oficio. Decadência. Deve ser mantida a decisão DRJ que reconheceu a decadência do lançamento do IRRF realizado após o prazo previsto no art.173 do CTN Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003 GLOSA DE PREJUÍZO NÃO-OPERACIONAL - BAIXA DE ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO SUJEITO À AVALIAÇÃO PELA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Não é dedutível na determinação do lucro real e é passível de glosa fiscal a perda de capital resultante da baixa de ágio em virtude da alienação de investimento sujeito à avaliação pela equivalência patrimonial quando o contribuinte não comprovar o fundamento econômico desse ágio pago na aquisição do investimento alienado. GLOSA DE DESPESAS COM SERVIÇO - EXECUÇÃO E PAGAMENTO NÃO COMPROVADOS Sujeita-se a glosa fiscal a despesa com prestação de serviço cuja execução e pagamento não são comprovados. AGRAVAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO. AFASTAMENTO. O atendimento de intimação do fisco fora do prazo fixado, não permite o agravamento da multa de ofício. DECADÊNCIA — Artigos 71 a 73 da Lei 4.502/64. Sendo demonstrado que a infração foi com intuito doloso, aplicando-se o art 72 da Lei 4.502/64, a regra do CTN que se aplica é a do artigo 173, e não a do artigo 150. § 4º, para efeito de contagem do prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário Irresignada a Fazenda Nacional interpôs recurso especial (fls. 646/654), pugnando pela manutenção da multa agravada, nos termos do § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Insurge-se contra a decisão que considerou que o fato de o contribuinte não ter observado o prazo fixado nas intimações efetuadas pelo Fisco, mas tendo-as atendido extemporaneamente, não seria suficiente para autorizar o agravamento da multa. O recurso foi admitido pelo presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção, conforme consta de despacho às fls. 658 do processo em papel ou fls. 176 do volume 3 dos autos digitalizados. O sujeito passivo apresentou contrarrazões ao recurso da Procuradoria (fls. 762/767) e recurso especial de divergência (fls. 777/799). Este, teve seguimento negado pelo presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção por meio de despacho às fls. 658/666, o qual foi mantido pelo presidente da CSRF em sede de reexame. É o Relatório. Fl. 350DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 20 Voto Vencido Conselheiro MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO O recurso é tempestivo e preenche os requisitos para seu conhecimento. A matéria posta à apreciação por esta Câmara Superior, refere-se à possibilidade do afastamento do agravamento da multa na hipótese em que o contribuinte tenha desobedecido os prazos de apresentação de documentos solicitados via intimação, porém os tenha apresentado a destempo. Trata-se de matéria que do ponto de vista objetivo dos fatos do processo e da lei aplicável, parece-me restar incontroversa. O contribuinte apresentou a destempo a documentações requisitadas pela Administração Tributária. Diz a Lei n. 9.430/1996, em seu art. 44, § 2º, na redação vigente à época do lançamento: § 2º As multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997): a) prestar esclarecimentos; (Incluída pela Lei nº 9.532, de 1997) b) apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, com as alterações introduzidas pelo art. 62 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991; (Incluída pela Lei nº 9.532, de 1997) c) apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38. (Grifou-se). Veja-se que a lei é literal no que diz respeito ao agravamento da multa, mesmo que cumprida a intimação, mas fora do prazo marcado. A lei não contém termos inúteis, e o hermeneuta deve se guiar pelas técnicas consagradas de interpretação. Entendo que que para afastar a aplicação da lei, em sua literalidade, há que se fundamentar. Por exemplo, a existência de motivo de força maior, a ocorrência de circunstâncias fora do controle do contribuinte, ou impedimentos práticos evidentes para a entrega tempestiva dos documentos solicitados. O que não parece ocorrer no caso. Veja-se que a decisão recorrida é de franciscana simplicidade ao afastar o agravamento, pois simplesmente sustenta que: “Entendo que, atendidas as intimações não cabe a aplicação da multa agravada, razão pela qual voto por dar provimento ao recurso voluntário e afastar a multa agravada.” Data vênia, entendo que, como já disse, há situações em que se pode afastar a incidência do agravamento motivada pelo atraso no cumprimento da intimação, mas há que ser justificada, sob pena de se negar, pura e simplesmente, a vigência da Lei. Por outro lado, veja-se o que diz o TVF (fls. 07 ) e que não restou devidamente contestado: Ressalto que a empresa de um modo geral não cumpriu os prazos legais dados nas intimações fiscais, conforme prevê o artigo 71 da MP n° 2.158/01-35. t fato que algumas intimações não citaram o prazo correto de cinco dias Ateis, sendo que nesses casos a fiscalização considerará sempre a contagem correta para fins de agravamento da multa a ser aplicada A infração. Isto, contudo, não ocorreu nas intimações que afetam a infração ora descrita nesse tópico, que teve prazos razoáveis para o seu cumprimento. Embora o Termo de Intimação Fiscal n° 04, lavrado em 02/06/2005, tenha dado 20 dias para a apresentação das cópias dos cheques fornecidas pelas instituições financeiras, nova intimação precisou ser feita em 07/07/2005, através do Termo de Fl. 351DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art70 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art70 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8218.htm#art11 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8218.htm#art11 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8383.htm#art62 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8383.htm#art62 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9532.htm#art70 Processo nº 10680.011668/2006-28 Acórdão n.º 9101-002.088 CSRF-T1 Fl. 11 21 Reintimação Fiscal no 02, dando mais 20 dias para o atendimento do solicitado. Ainda assim a empresa nos contatou em 03/08/2005 pedindo a restituição dos extratos bancários para subsidiá-los no pedido a ser feito às instituições financeiras. Os extratos foram devolvidos em 04/08/2005 e finalmente atenderam ao Termo de Intimação Fiscal n° 04 em 09/09/2005. Destacamos que ao longo do trabalho fiscal algumas dilações de prazo foram solicitadas, tendo sido todas concedidas, não sendo estas aplicáveis a esta infração, que simplesmente não teve seus prazos atendidos. Como tais fatos não restaram satisfatoriamente contestados pelo contribuinte, nem afastados por motivos de direito, entendo estarem presentes os requisitos previstos na Lei para o agravamento da multa, o que se coaduna com o pedido do recurso especial. Destaco que não incide, in casu, o disposto do art. 112 do CTN, pois não dúvida em relação aos fatos ou em relação à norma aplicável. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator Voto Vencedor Pede-se vênia para se divergir do ilustre Conselheiro Relator no tocante à admissibilidade do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Premissa fundamental para análise do recurso especial de divergência é a similitude fática entre acórdãos paradigma e recorrido, de modo a, verificada a discrepância entre eles, firmar-se a jurisprudência desta Corte a respeito da específica questão de direito posta a desate. Sobre o conceito de divergência para fins recursais, veja-se iterativa jurisprudência do E. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, verbis: Processo civil. Agravo nos embargos de divergência no recurso especial. Cotejo entre acórdãos paradigma e embargado. Inexistência de similitude fática e jurídica entre os arestos confrontados. Ausência de argumentos capazes de ilidir os fundamentos da decisão agravada. - Em tema de divergência jurisprudencial, mostra-se imprescindível para a caracterização do dissídio que os julgados confrontados tenham decidido as mesmas teses jurídicas com bases fáticas semelhantes. Agravo não provido. (AgRg nos EREsp 972590, Relatora Nancy Andrighi, DJe 16/02/2009 – grifos nossos) No mesmo sentido: 'PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE SIMILITUDE ENTRE OS CASOS EM CONFRONTO. NÃO CONHECIMENTO. 1. Os embargos de divergência têm por escopo a uniformização da jurisprudência desta Corte, eliminando as dissidências internas quanto à interpretação do direito em tese, e, para tanto, pressupõem a identidade fática e solução divergente entre os acórdãos confrontados, o que não é o caso dos autos (...)' (AgRg nos EREsp 510.299/TO, Rel. Min. Teori Zavascki, DJ 03.12.2007 – grifos nossos) No mesmo sentido: Fl. 352DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO 22 PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL – LEILÃO – AVALIAÇÃO DO BEM – IMPUGNAÇÃO – DECISÃO NÃO AGRAVADA - PRECLUSÃO – INTIMAÇÃO DO EXEQÜENTE E DE POSSÍVEIS CREDORES PRECEDENTES OU PREFERENCIAIS - DESNECESSIDADE - PREÇO VIL - ARREMATAÇÃO POR MAIS DA METADE DO VALOR DA AVALIAÇÃO - NÃO-OCORRÊNCIA - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL - SEMELHANÇA FÁTICA - INEXISTÊNCIA. 1. Não se conheceu da alegação de inobservância do procedimento de impugnação à avaliação do bem penhorado porque precluso o direito de atacar a decisão que a indeferiu liminarmente. Este fundamento restou inatacado no recurso especial. 2. Ausente qualquer prejuízo ao exeqüente ou aos demais possíveis credores da parte executada na inexistência de intimação prévia à arrematação, reputa-se válida a arrematação. 3. Arrematação de bem penhorado por mais da metade do valor da avaliação não é considerado preço vil para a jurisprudência desta Corte. 4. Inviável o conhecimento do recurso especial pelo dissídio jurisprudencial se o acórdão paradigma não possui semelhança fática com o acórdão recorrido. 5. Recurso especial conhecido em parte e, nesta parte, não provido. (REsp 1052691 / SC, Rel.: Min. Eliana Calmon, DJE – 26/11/2008 – grifos nossos). Do exame do acórdão recorrido depreende-se que o contexto fático verificado na lavratura do lançamento é distinto daquele constante dos arestos paradigmas. Nestes (paradigmas), a imposição da multa de ofício em percentual agravado decorreu da própria ausência de atendimento, pelos respectivos contribuintes, das intimações realizadas pelo Fisco no curso do procedimento fiscal. No caso, o acórdão recorrido atesta ter havido cumprimento de todas as intimações pela Contribuinte, embora sempre a destempo. Não bastasse, do voto do ilustre Conselheiro Relator, nota-se que o mero atraso, objetivamente considerado, também não seria causa suficiente para a imposição da multa de ofício em percentual majorado. Segundo o próprio ilustre Relator, para a exigência da multa agravada, é necessário que (a) o atraso no cumprimento das intimações não tenha sido justificado pelo contribuinte e (b) o prazo concedido e não atendido pelo contribuinte tenha sido proporcional à quantidade de informações solicitada pelo Fisco. Citadas circunstâncias, intuitivamente, demandam o reexame do contexto fático do processo, o que não se admite nessa instância especial. A par da falta de divergência jurisprudencial e da necessidade de reexame do contexto probatório para seu adequado julgamento, o recurso especial da Fazenda Nacional não atende à forma regimental, a teor do art. 67, § 6 o do RI/CARF vigente, ante a falta de demonstração analítica da divergência, na peça recursal, “com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido”. Por tais fundamentos, orienta-se voto no sentido de não conhecer do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO – Redator Designado Fl. 353DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 03 /03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 12466.004782/2008-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 20/08/2008, 09/09/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO
Não merece ser conhecido Recurso Voluntário interposto após decorrido o prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72.
RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Numero da decisão: 3101-001.167
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, não se conheceu do recurso voluntário, por intempestivo.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente.
RODRIGO MINEIRO FERNANDES - Redator designado ad hoc.
EDITADO EM: 11/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Valdete Aparecida Marinheiro, Mônica Monteiro Garcia de los Rios, Vanessa Albuquerque Valente, Elias Fernandes Eufrásio e Tarásio Campelo Borges (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o Conselheiro HENRIQUE PINHEIRO TORRES (Presidente).
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
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RECURSO INTEMPESTIVO Não merece ser conhecido Recurso Voluntário interposto após decorrido o prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, não se conheceu do recurso voluntário, por intempestivo. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente. RODRIGO MINEIRO FERNANDES Redator designado ad hoc. EDITADO EM: 11/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Valdete Aparecida Marinheiro, Mônica Monteiro Garcia de los Rios, Vanessa Albuquerque Valente, Elias Fernandes Eufrásio e Tarásio Campelo Borges (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o Conselheiro HENRIQUE PINHEIRO TORRES (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 47 82 /2 00 8- 23 Fl. 173DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 12466.004782/200823 Acórdão n.º 3101001.167 S3C1T1 Fl. 107 2 Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de auto de infração por não prestação de informação sobre carga transportada (fls. 0118). Seguem as alegações da fiscalização. A embarcação MSC Greece 76AR atracou no Porto de Vitória no dia 16/08/2008 às 13:32, tendo como procedência o Porto de SuapePE. A agência de navegação autuada, representante do transportador estrangeiro, informara a escala e o manifesto no dia 08/08/2008, sendo que o manifesto foi vinculado à escala no dia 09/08/2008. Tais informações foram prestadas no prazo. Por se tratar de baldeação de carga estrangeira, deveriase fazer a associação do conhecimento a novo manifesto. Todavia, a associação dos conhecimentos eletrônicos ao manifesto foi intempestiva. Os conhecimentos listados à folha 17 foram associados ao manifesto 1208B01482497 fora do prazo. Tal prazo se encerrava na última desatracação do navio no porto de origem (14/08/2008 às 06:21). Intimada a empresa autuada (fl. 01), ingressou a mesma com a impugnação de fls. 8097. Seguem as alegações da empresa. Alega ilegitimidade passiva pelo fato de a pessoa jurídica do agente marítimo não se confundir com a do transportar marítimo estrangeiro. Os artigos 2 e 6 da IN n° 800/2007 definem o transportar marítimo como a pessoa jurídica que presta serviços de transporte, emite o conhecimento de carga e presta à RFB informações sobre o veículo e as cargas transportadas. Não há menção ao agente marítimo. As informações necessárias e exigidas pela IN foram prestadas, sendo que a empresa apenas prestou as informações em data diversa daquela entendida pela fiscalização. Os prazos de antecedência definidos no artigo 22 da IN somente serão obrigatórios a partir de 1° de abril de 2009. Alega que o artigo 50 da IN não exige a informação objeto do presente processo. O bloqueio automático constante dos extratos dos conhecimentos somente implicarão em multa quando o motivo que o gerou caracterizar infração prevista na legislação aduaneira. Alega que o lançamento deveria ser de somente R$ 5.000,00, e não 120.000,00, uma vez que o dispositivo legal não menciona o valor de R$ 5.000,00 por infração. Informação prestada fora do prazo não equivale à informação não prestada. Argüi a aplicação do artigo 646, III, `1)', Regulamento Aduaneiro vigente à época. Em observância ao princípio da razoabilidade, solicita a aplicação da penalidade de advertência prevista no artigo 76 da Lei n° 10.833/2003. Alega denúncia espontânea. Solicita a improcedência da autuação. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 12466.004782/200823 Acórdão n.º 3101001.167 S3C1T1 Fl. 108 3 À folha 135, encaminhouse o processo para julgamento e informouse a tempestividade da impugnação. A DRJ competente manteve o indeferimento do pleito e o contribuinte recorreu a este Conselho. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes – redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fls. 172, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101001.167, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pelo relatora original e pelos demais integrantes do colegiado. A interessada foi cientificada do resultado do julgamento, por via postal, em 11/09/2009 (AR fls. 152), e apresentou seu Recurso Voluntário em 14/10/2009 (fls.155 a 165). Considerando o disposto no Decreto nº 70.235/72, o prazo para apresentação do Recurso Voluntário iniciouse no dia seguinte à data da ciência, ou seja, no dia 14/09/2009 (segundafeira), e venceu no dia 13/10/2009 (terçafeira). Tendo em vista que o Recurso Voluntário foi apresentado em 14/10/2009, o mesmo é intempestivo. Diante do exposto, não conheço do Recurso Voluntário, por intempestivo. E essas são as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Rodrigo Mineiro Fernandes – Redator ad hoc Fl. 175DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S
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Numero do processo: 10880.929208/2008-63
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1802-000.573
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Corrêa- Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado).
Nome do relator: LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do Voto do Relator. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José de Oliveira Ferraz Correa (Presidente), Ester Marques Lins de Sousa, Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Nelso Kichel, , Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano (Suplente Convocado). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 29 20 8/ 20 08 -6 3 Fl. 493DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10880.929208/200863 Resolução nº 1802000.573 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de insurgência da contribuinte MENG ENGENHARIA COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA, contra indeferimento de pedido de compensação promovido por Despacho Decisório eletrônico, emitido pela Delegacia de Administração Tributária em São Paulo — DERAT (fls. 01), que não homologou as compensações ali solicitadas, por entender inexistir crédito derivado de alegado pagamento indevido de IRPJ Lucro Presumido, código 2089, recolhido em 23/02/2001. O referido despacho informa que as compensações não foram homologadas por não ter havido apuração de pagamento indevido. Eis que o pagamento citado foi utilizado para quitar débitos declarados em DCTF. Devidamente cientificada, a Contribuinte apresentou, manifestação de inconformidade às fls., apresentando suas razoes, assim sintetizadas: a) Alega ter havido nova apuração de Imposto de Renda, referente ao 4° trimestre de 2000, onde teria ficado constatado o "montante de pagamento indevido/a maior", posto ter usado o coeficiente de 32% sobre a receita bruta para apurar o montante a pagar de IRPJ, modalidade lucro presumido, ao invés de 8%. b) Alega que várias Regiões Fiscais começaram a decidir que o percentual aplicável sobre a receita bruta, em caso de apuração por lucro presumido de Imposto de Renda, seria de 8% se houvesse prestação de serviços de construção civil com o emprego de materiais em qualquer quantidade; c) Alega que apresentou consulta para a Superintendência da Receita Federal em São Paulo, onde teria comprovado que exerce atividade de construção civil com emprego de materiais; por conta da solução de consulta, em anexo, confirmou que, se houver emprego de matérias na prestação de serviços de construção, a alíquota para apuração do imposto de renda pelo lucro presumido é de 8% sobre a receita bruta; d) Alega que até o momento não foi alterado o entendimento da Receita Federal no sentido da aplicação da alíquota de 8%; e) Alega que o despacho decisório que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP não teria base legal porque o crédito apurado na DIPJ retificadora foi tacitamente homologado pela Receita Federal por decurso do prazo decadencial; f) Alega ter retificado as DIPJ dos exercícios 1999, 2000, 2001 e 2002. g) Alega também que a DCTF referente ao 4° trimestre de 2000, onde foi informado o débito na base antiga foi retificada, conforme cópia anexa à manifestação; h) Por fim, requer a revisão do despacho decisório que não homologou a declaração de compensação. Acordaram os membros da 5a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, JULGAR IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, uma vez que não houve a comprovação em documentos da correção de alteração de DCTF. Fl. 494DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10880.929208/200863 Resolução nº 1802000.573 S1TE02 Fl. 4 3 Entenderam os Srs. julgadores que o despacho decisório não careceu de qualquer fundamento legal, pois foi analisado e processado utilizando as informações fornecidas pela contribuinte em suas declarações fiscais, DCTF e DIPJ e declarações de outras pessoas jurídicas que retiveram IRRF , cuja beneficiária é a Contribuinte. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Contra a decisão da DRJ foi oferecido recurso. A Contribuinte alega em seu Recurso Voluntário que no exercício de suas atividades, boa parte das receitas auferidas pela mesma advém da prestação de serviços de construção civil Administração Pública, contratados mediante processo licitatório, e que por força desses contratos administrativos, a Contribuinte é obrigada a fornecer materiais juntamente com a prestação desses serviços. Além desses contratos públicos (administrativos), a Contribuinte também é contratada por particulares para a prestação dessa mesma espécie de serviços. No anocalendário 2000, a Contribuinte apurou IRPJ trimestral pelo Lucro Presumido. Para tanto, em relação à tributação dos serviços de construção civil, a Contribuinte utilizou a presunção de 32% da respectiva receita para apurar o IRPJ devido em cada trimestre, o que foi declarado em sua DIPJ apresentada em 29/06/2001. Alega também que tomou conhecimento de diversas soluções de consulta proferidas pela RFB no sentido de que, quando houver fornecimento (emprego) de materiais na prestação dos referidos serviços, o contribuinte tem o direito de utilizar a presunção de apenas 8% da respectiva receita para apurar o IRPJ devido. Assim, em 18/06/2003 a Contribuinte retificou sua DIPJ 2000/2001, alterando o percentual de presunção do lucro presumido de 32% para 8% sobre as receitas que auferiu em 2000 na prestação de serviços de construção civil com fornecimento (emprego) de materiais e com isso teria no 4º trimestre do anocalendário 2000, apurado crédito decorrente de IRPJ pago a maior apurado no valor total de R$ 150.410,25. Apresentou, com o recurso, documentos indicando ter a Contribuinte realizado obras com o emprego de material. Esse o relatório. VOTO Conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira, Relator Da Tempestividade A ciência do Acórdão deuse em 12/01/2011 e o Recurso Voluntário foi apresentado em 11/02/2011. O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Do Mérito Da análise dos presentes autos depreendese que a Recorrente solicitou, em 2003, consulta às Autoridades Fiscais Federais competentes, indagando qual seria o coeficiente correto a ser utilizado sobre a receita bruta para apuração do montante do lucro presumido se sua atividade fosse a de construção civil com fornecimento de materiais. Fl. 495DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10880.929208/200863 Resolução nº 1802000.573 S1TE02 Fl. 5 4 Justificou ser essa sua atividade preponderante, apresentando dez contratos que tinha com diversos clientes. Obteve resposta segundo a qual o coeficiente a aplicar era o de 8% para a hipótese descrita e 32% caso a atividade fosse a de construção civil somente com fornecimento de mão de obra. Como o PER DCOMP objeto deste processo é de 2004, tudo leva a crer que, munida da resposta à consulta, a Recorrente alterou algumas de suas DIPJ, passando a usar os 8% ao invés dos 32%. A alteração que importa para o presente feito é a do quarto trimestre da DIPJ de 2000. A Recorrente alterou, também, por retificação, algumas DCTF. Ficou decidido pela DRJ que a simples alteração das DIPJ não é suficiente para comprovar pagamento indevido, já que, na ocasião, fora acompanhada por DCTF que teve o efeito de confissão de débitos tributários. Esta, a DCTF, também fora retificada, mas após a prolação do despacho decisório. Embora o Fisco Federal não possa mais exigir eventuais diferenças ou débitos, relativos a esses anoscalendário, por haver decorrido o prazo legal para tanto, a Autoridade Fiscal pode e deve verificar a origem, o valor e certeza do crédito pleiteado pelo Contribuinte e, verificada a não comprovação do alegado, ainda que não possa fazer qualquer correção, nem enviar o processo para a Delegacia de Fiscalização para lançamento de valores devidos, o Fisco Federal tem o poder e o direito de negar a homologação das compensações efetuadas quando constatada a falta de liquidez e certeza do crédito, impedindo assim a contribuinte de lesar o Erário Público. Entretanto, não considero que a divergência entre as informações contidas na DCTF e na DIPJ deva ser solucionada graduando a importância dessas declarações. Se é válido afirmar que a DCTF é uma confissão de dívida, não menos válido é dizer que a DIPJ traz informações e detalhes sobre a apuração dos tributos. Sobre essa matéria, ou seja, sobre divergências de informações em DCTF e DIPJ, ainda é importante lembrar que, de acordo com a IN SRF 45/1998, os saldos a pagar relativos ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, seriam objeto de verificação fiscal, em procedimento de auditoria interna, abrangendo as informações prestadas nas DCTF e Declaração de Rendimentos. Ocorre que não consta dos autos qualquer análise acerca das informações prestadas na DIPJ relativa ao ano calendário de 2000, com o objetivo de se verificar o real valor a pagar a título de IRPJ no período citado, retratado na declaração entregue em 2001 (e, segundo afirmado pelo contribuinte, retificada). Para verificar se houve ou não o alegado pagamento a maior, é preciso averiguar qual é, efetivamente, o valor do débito de IRPJ referente ao ano calendário de 2000 e qual o valor efetivamente pago pela contribuinte. Assim entendendo, e buscando sempre a verdade material, voto por converter o julgamento em diligência a fim de que seja intimada a contribuinte Recorrente a demonstrar de que as receitas desses contratos compuseram a receita bruta do período em questão, ou seja, o Fl. 496DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10880.929208/200863 Resolução nº 1802000.573 S1TE02 Fl. 6 5 quarto trimestre de 2000, por todos os meios de prova de que dispuser, a justificar o coeficiente utilizado para a tributação pelo lucro presumido. Conclusão Face todo o exposto, voto por converter o julgamento em diligência, para que seja, conforme acima mencionado, intimado o contribuinte a a demonstrar, por todos os meios de prova de que dispuser, que as receitas apropriadas não correspondem à prestação de serviços. Após tal providência, deverá a autoridade fiscal reexaminar a questão, considerando todos as provas, inclusive as já juntadas ao recurso. É o meu VOTO. Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira Relator (assinado digitalmente) Fl. 497DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmen te em 31/03/2015 por LUIS ROBERTO BUELONI SANTOS FERREIRA, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por J OSE DE OLIVEIRA FERRAZ CORREA
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Numero do processo: 12452.000484/2009-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2005
PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO APRESENTADA NA IMPUGNAÇÃO. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.
Não pode a Recorrente alegar, em sede recursal, matéria não impugnada, caso contrário terseia a análise inicial de defesa na fase recursal, o que causaria supressão de instância, pois os argumentos levantados seriam analisados apenas e diretamente em segunda instância.
MULTA DE CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES.
A existência de penalidade específica para o descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para utilizar regime aduaneiro especial afasta a aplicação da penalidade genérica por descumprimento de outros requisitos de controle de importação, constantes ou não de licença de importação ou documento de efeito equivalente. Impossibilidade de alterar o auto de infração no curso do processo administrativo.
Numero da decisão: 3201-001.132
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, (i) em negar provimento quanto à preliminar de nulidade por alteração de fundamento do auto de infração, (ii) em negar provimento quanto à aplicação de juros de mora e da taxa Selic, (iii) em não conhecer o recurso quanto aos juros sobre a multa de ofício e (iv) dar provimento para afastar a multa administrativa por descumprimento do regime especial de drawback, prevista no art. 169, inc. III, alínea d, do Decreto-Lei nº. 37/66, neste item os demais conselheiros acompanharam o relator pelas conclusões. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso quanto à comprovação do cumprimento do regime de draw back suspensão, mantido o lançamento, vencidos os Conselheiros Daniel Mariz Gudiño, Luciano Lopes de Almeida Moraes e Wilson Sampaio Sahade Filho e designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Sergio Celani. Procedeu à sustentação oral a advogada da parte, Dra. Cristiane Romano Farhat Ferraz - OAB-SP 123771.
JOEL MIYAZAKI Presidente em exercício.
DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator.
PAULO SERGIO CELANI Redator Designado.
EDITADO EM: 25/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vice-presidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Wilson Sampaio Sahade Filho, Paulo Sergio Celani e Daniel Mariz Gudiño. Ausente justificadamente o Conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira.
Nome do relator: DANIEL MARIZ GUDINO
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COMPROVAÇÃO. VINCULAÇÃO DO REGISTRO DE EXPORTAÇÃO AO ATO CONCESSÓRIO. Exigemse Imposto de Importação, IPIimportação, Cofinsimportação, PIS/Pasepimportação e acréscimos legais sobre importações de mercadorias despachadas para consumo no regime de drawback suspensão se não ficar comprovado, seja por meio da correta e oportuna vinculação dos Registros de Exportação aos respectivos atos concessórios, seja por meio de auditoria fiscal de produção, que estas mercadorias tenham integrado produtos exportados ou sido utilizados na fabricação destes. MULTA DE CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES. A existência de penalidade específica para o descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para utilizar regime aduaneiro especial afasta a aplicação da penalidade genérica por descumprimento de outros requisitos de controle de importação, constantes ou não de licença de importação ou documento de efeito equivalente. Impossibilidade de alterar o auto de infração no curso do processo administrativo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2005 JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Aplicação direta da Súmula CARF nº 4. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 45 2. 00 04 84 /2 00 9- 02 Fl. 1577DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 2 Exercício: 2005 PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO APRESENTADA NA IMPUGNAÇÃO. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Não pode a Recorrente alegar, em sede recursal, matéria não impugnada, caso contrário terseia a análise inicial de defesa na fase recursal, o que causaria supressão de instância, pois os argumentos levantados seriam analisados apenas e diretamente em segunda instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, (i) em negar provimento quanto à preliminar de nulidade por alteração de fundamento do auto de infração, (ii) em negar provimento quanto à aplicação de juros de mora e da taxa Selic, (iii) em não conhecer o recurso quanto aos juros sobre a multa de ofício e (iv) dar provimento para afastar a multa administrativa por descumprimento do regime especial de drawback, prevista no art. 169, inc. III, alínea “d”, do DecretoLei nº. 37/66, neste item os demais conselheiros acompanharam o relator pelas conclusões. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso quanto à comprovação do cumprimento do regime de draw back suspensão, mantido o lançamento, vencidos os Conselheiros Daniel Mariz Gudiño, Luciano Lopes de Almeida Moraes e Wilson Sampaio Sahade Filho e designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Sergio Celani. Procedeu à sustentação oral a advogada da parte, Dra. Cristiane Romano Farhat Ferraz OABSP 123771. JOEL MIYAZAKI – Presidente em exercício. DANIEL MARIZ GUDIÑO Relator. PAULO SERGIO CELANI – Redator Designado. EDITADO EM: 25/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Luciano Lopes de Almeida Moraes (vicepresidente), Mércia Helena Trajano D'Amorim, Wilson Sampaio Sahade Filho, Paulo Sergio Celani e Daniel Mariz Gudiño. Ausente justificadamente o Conselheiro Marcelo Ribeiro Nogueira. Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até a data da prolação do acórdão recorrido, transcrevo abaixo o relatório do órgão julgador de 1ª instância, incluindo, em seguida, as razões do recurso voluntário apresentado pela Recorrente: O interessado foi autuado em face de infrações ao regime aduaneiro especial de drawback suspensão, conforme autos de infração e termo fiscal de fls. 7177. Foram lançados tributos, juros e multas. Fl. 1578DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.577 3 Intimado em 23/09/2009, o interessado apresentou impugnação em 22/1/2010 (fls. 691715). Alega: 1. Foi considerado inadimplente em relação aos compromissos de exportar porque: (i) efetuou vinculação dos registros de exportação (RE) aos atos concessórios depois que as exportações foram efetivadas, (ii) não houve vinculação ou (iii) a vinculação foi efetuada com código incorreto. 2. A autoridade fiscal reconhece que as exportações ocorreram. O lançamento ocorreu porque o impugnante teria descumprido obrigações formais. 3. O objetivo primordial do regime de drawback é estimular as exportações. 4. Para que haja quebra efetiva de um compromisso de drawback é necessário macular a finalidade precípua do regime (deixar de exportar). Cita artigo 159 da Portaria Secex nº 14/2004. 5. Todos os RE foram averbados dentro do prazo previsto pelos atos concessórios. Cita artigo 136, II, da Portaria Secex nº 14/2004. A fiscalização realizou movimentação de estoque e verificou a vinculação. 6. O único problema encontrado pelo AuditorFiscal foi que as alterações feitas nos RE não foram autorizadas pela fiscalização aduaneira. 7. De acordo com jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), erros formais são insuficientes para se concluir pelo descumprimento de drawback. Cita decisões (fls. 697700). A verdade material dos fatos comprova a efetiva exportação. 8. A Portaria Secex nº 15/2004, que à época consolidava a legislação de exportação, previa em seu artigo 11A a possibilidade de alterar o RE, exceto durante o curso dos procedimentos para despacho aduaneiro. 9. Não havia vedação para o exportador alterar o RE. Não possível apenas durante o despacho aduaneiro. 10. Apenas após a entrada em vigor da Portaria Secex nº 18/2007 (artigo 167) é que passou a ser vedado efetuar alterações no RE com o objetivo de vinculálo a ato concessório de drawback. 11. Todos os RE juntados pelo impugnante e vinculados aos respectivos atos concessórios após a data do embarque foram averbados pelo Decex. 12. O artigo 21 da Instrução Normativa SRF nª 28/1994 não se aplica pois: (i) disciplina tãosomente o despacho aduaneiro, que é competência da Receita Federal, não tendo relação com a legislação de drawback; (ii) sua única interpretação possível é Fl. 1579DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 4 no sentido de que não é possível alteração no curso do despacho; (iii) a vedação é quanto a alterações na “declaração para despacho”, que é diferente do “registro de exportação”. 13. O fato de haver ou não prévia vinculação do RE ao ato concessório em nada altera a possibilidade de haver verificação física e documental das mercadorias objeto de despacho aduaneiro. Junta documentos que comprovam que houve verificação física de diversos produtos exportados (doc. 09). 14. A própria fiscalização “fez a movimentação de estoque e concluiu que havia compatibilidade física de datas e quantitativa do que foi importado e exportado” (fl.705). 15. Não se pode alegar que o objetivo da verificação física seria constatar a existência de vinculação física entre as mercadorias exportadas e os insumos importados. Há diversos meios para que a vinculação física seja constatada. 16. O procedimento fiscalizatório em tela foi perfeitamente adequado para verificar a existência de vinculação física. O AuditorFiscal não encontrou qualquer irregularidade que tenha sido objeto de lançamento nos autos de infração. 17. Estáse diante de produtos de produtos (sic) fungíveis, que podem a qualquer momento ser substituídos por semelhantes, sem a perda de suas características peculiares. 18. A vinculação de alguns RE aos atos concessórios após a efetivação da exportação não causou prejuízo ao Erário Público e não serve de pretexto para as autoridades rechaçarem o benefício. 19. O Carf temse (sic) pronunciado pela improcedência de autuações nos casos em que não ocorreu prejuízo ao Fisco (citações em fls. 706 e 707). 20. A vinculação posterior do RE ao ato concessionário, no máximo, poderia implicar a aplicação de multa de caráter formal. 21. Tendo sido os atos concessórios cumpridos, não há que se falar em questionamento posterior para exigência de tributos, em respeito ao artigo 146 do Código Tributário Nacional (CTN). 22. O impugnante realizou exportações em montantes superiores às quantidades de insumos importados nos atos concessórios, o que é reconhecido pela própria autoridade fiscal. Anexa tabela (doc. 04), que demonstra exportação em quantidades excedentes, e documentação comprobatória (doc. 05 a 07). 23. O AuditorFiscal aplicou multa administrativa (artigo 169, III, “d”, do DecretoLei nº 37/1966). 24. A norma que regulamenta esta penalidade, em que se baseou a fiscalização, seria o artigo 633 do Decreto nº 4.543/2002, que foi revogado pelo Decreto nº 6.759/2009. 25. No artigo 706 do Decreto nº 6.759/2009, que regulamenta, atualmente, o artigo 169, III, do DecretoLei nº 37/1966, deixou Fl. 1580DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.578 5 de existir penalidade à infração supostamente cometida pelo impugnante. Deve ser afastada a multa em face do artigo 106, II, “c”, do CTN. Cita julgado do Carf (fl. 711). 26. Nem se alegue que o fundamento legal constante do auto de infração seria o artigo 169, III, “d” do decretolei 37 e não o artigo 633 do Regulamento Aduaneiro de 2002. 27. Se existe uma regulamentação para o dispositivo legal utilizado pelo AuditorFiscal, não pode ser simplesmente desconsiderada. 28. Há outros motivos para cancelar a multa: (i) o impugnante não descumpriu requisito que impeça o controle aduaneiro; (ii) o artigo 169 do DecretoLei nº 37/1966 é norma genérica, que não pode ser aplicada ao caso concreto; (iii) a aplicação da penalidade não está pautada no descumprimento de lei. 29. Não houve infração administrativa que impeça o controle de importações. Tal multa só poderia ser aplicada a ações que embaraçassem o controle pelas autoridades administrativas. 30. O impugnante efetuou vinculação prévia e correta do RE ao ato concessório. Todas as informações necessárias à baixa do regime foram tempestivamente prestadas, ainda que não em módulo específico. 31. O artigo 169, III, “d” do decretolei 37 é norma em branco, cuja aplicação é repudiada em face dos princípios da legalidade e da tipicidade cerrada. 32. A multa não foi aplicada por descumprimento de lei, mas descumprimento do art. 139 da Portaria Secex 14/2004. Cita que “ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” e artigo 97, V do CTN. 33. Contesta a aplicação da taxa Selic para cálculo dos juros de mora. 34. Protesta pela produção de provas, inclusive a juntada de documentos e a realização de perícia. Recebida a impugnação pela repartição “a quo”, os autos foram encaminhados a esta Delegacia de Julgamento (DRJ) e distribuídos ao relator. Na decisão de primeira instância, proferida na Sessão de Julgamento de 07/07/2011, a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II (SP) julgou improcedente a impugnação da Recorrente, conforme Acórdão n° 1752.153 (fls.1.151/1.173): Assunto: Regimes Aduaneiros Exercício: 2005 DRAWBACK SUSPENSÃO. Fl. 1581DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 6 O emprego dos insumos importados nos produtos exportados é conhecido como “princípio da vinculação física” e está previsto tanto no Regulamento Aduaneiro de 1985 (artigo 314, I) quanto no de 2002 (artigo 335, I). É inócuo que o interessado tenha realizado exportações no montante previsto em ato concessório (ou mesmo superior), se não comprovado que nos produtos exportados tenham sido utilizados os insumos admitidos no regime de drawback. A legislação que rege a aplicação do regime exige que as exportações sejam comprovadas e vinculadas aos respectivos atos concessórios de drawback. Devem ser exportadas as mercadorias previstas no ato, na quantidade e no prazo pactuados. MULTA ADMINISTRATIVA. DL 37/1966, art. 169, III, “d”. A questão formal da comprovação das exportações é exigência enquadrável como pertinente ao “controle administrativo das importações”. As normas aduaneiras destinamse a regular questões fiscais (tributárias) e administrativas relativas à circulação de mercadorias, pessoas e veículos no território nacional. No âmbito do drawback suspensão, as regras em apreço cuidam de obrigações que visam a acompanhar a execução do regime e a situação das mercadorias sob controle aduaneiro. Portanto, são regras administrativas de controle das importações vinculadas ao drawback, cuja violação dá ensejo à multa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. A Recorrente foi cientificada do teor do acórdão por intimação postal, em 03/08/2011, tendo protocolado seu recurso voluntário em 01/09/2011, que, em grande parte, repete a linha argumentativa empregada na impugnação. Como novidade, o recurso voluntário ataca a decisão recorrida, em caráter preliminar, por ter alterado o fundamento do lançamento ao invocar o princípio da vinculação física dos insumos às mercadorias exportadas ao amparo do regime de drawback. Já no mérito, a Recorrente ataca a aplicação de juros Selic sobre a multa de ofício. Na forma regimental, o processo digitalizado foi distribuído e, posteriormente, encaminhado a este Conselheiro Relator em 22/11/2011. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Daniel Mariz Gudiño Fl. 1582DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.579 7 Embora conste do processo um Termo de Perempção (fls.), sem data, assinatura ou carimbo de autoridade fiscal, há também, no despacho de encaminhamento do processo para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a informação de que o mesmo foi cancelado, bem assim a carta de cobrança que lhe seguiu. Portanto, é de se reconhecer que o recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235 de 1972. Portanto, analisarseão a preliminar e os argumentos de mérito suscitados no recurso em questão. PRELIMINAR: MUDANÇA DO FUNDAMENTO DA AUTUAÇÃO Segundo a Recorrente, o auto de infração fora lavrado por haver constatado, a fiscalização, que não foram cumpridas as condições regulamentares para a comprovação das exportações compromissadas nos Atos Concessórios de Drawback nº 20050180177, 20050222953, 20050248219, 20050259385 e 20050282107. No corpo do auto de infração, tais descumprimentos estariam assim identificados: ü os RE nº 05/0995694001, 05/1187022001, 06/0136766001, 06/0117921001, 06/0464248001, 06/0706109001 e 06/1370015 001 foram alterados, para a vinculação aos atos concessórios, após a averbação do embarque, sem anuência do fisco; ü o RE nº 06/0136766001 estava vinculado a ato concessório diverso do que se pretendia baixar; e ü o RE nº 06/1370015001 não continha o enquadramento de operação em regime de drawback. Em função disso, a Recorrente reporta que a fiscalização concluiu que todas as importações vinculadas aos AC nº 20050180177, 20050222953, 20050248219 e 20050259385 deveriam ser objeto de exigência dos tributos devidos na importação. Quanto ao AC nº 20050282107, como houve comprovação parcial do cumprimento das exigências formais, a fiscalização entendeu que deveria exigir apenas os tributos referentes à parcela não comprovada. Por outro lado, a decisão recorrida alega que a autuação não teve por fundamento apenas os descumprimentos formais alegados pela Recorrente, transcrevendo trechos do relatório de auditoria fiscal em que há menção expressa acerca da impossibilidade de se constatar a agregação dos insumos nos produtos exportados. Sobre essa abordagem, a Recorrente consignou o seguinte na sua peça recursal: 26. Ainda, não há que se falar em falta de comprovação de que os insumos importados sob o regime de drawback foram fisicamente empregados exatamente nos produtos exportados. Isso porque, além de não ser esse o critério adotado pela legislação de regência, o Auto de Infração não foi lavrado com base nesse fundamento, mas sim em decorrência do suposto descumprimento de formalidade referente à vinculação dos Registros de Exportação aos respectivos atos concessórios. Fl. 1583DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 8 27. Ora, o acórdão recorrido utilizouse do fundamento da vinculação física (para) manter os Autos de Infração, no entanto, além de os Autos de Infração não estarem baseados nesse argumento, ele tampouco pode ser acatado em sua materialidade, uma vez que não possui qualquer respaldo normativo e a mera pretensão de aplicar o princípio da vinculação física ou da identidade não é razoável e tampouco proporcional. De fato, o auto de infração não justifica a infração praticada pela Recorrente no princípio da vinculação física. Por outro lado, também não se pode negar que o relatório de auditoria fiscal integra o lançamento, tanto que há a seguinte menção no corpo do auto de infração: “Fazem parte do presente Auto de Infração todos os termos, demonstrativos, anexos e documentos nele mencionados”. Com efeito, ainda que a técnica empregada pela autoridade fiscal responsável pela autuação possa ter ensejado dúvidas, não assiste razão à Recorrente, devendo ser rejeitada a preliminar em questão. MÉRITO PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA X PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE O primeiro tema de mérito posto em debate é assaz controverso, havendo posições doutrinárias diametralmente antagônicas. Na própria Câmara Superior de Recursos Fiscais há precedentes que revelam esse antagonismo. Confirase: DRAWBACK SUSPENSÃO COMUM. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. IMPOSIÇÃO LEGAL. O regime aduaneiro especial de drawback suspensão comum exige, em regra, sejam controlados, em separado, os estoques de insumos nacionais e importados, de forma a possibilitar a perfeita demonstração de que os insumos importados foram efetivamente empregados nas mercadorias exportadas. (Acórdão nº 930301.248, Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres, Sessão de 06/12/2010) ....................................................................................................... DRAWBACK. PRINCIPIO DA FUNGIBILIDADE. Só se admite a obrigatoriedade da vinculação física quando os produtos importados sob o regime de drawback suspensão sejam identificáveis, individualmente. Produtos equivalentes, em especial quando podem ser utilizados no mesmo processo produtivo, servem para comprovar a utilização dos importados. Não hÁ obrigatoriedade de segregação de estoques prevista na legislação de regência exportadas. (Acórdão nº 930300.211, Rel. Cons. Judith do Amaral Marcondes Armando, Sessão de 15/09/2009) Embora ambas as posições sejam igualmente fundamentadas, é de se reconhecer que o princípio da fungibilidade deve prevalecer sempre que os produtos importados sejam insubstituíveis. Mesmo no aresto que aplica o princípio da vinculação física, Fl. 1584DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.580 9 percebese que a ementa deixa espaço para a aplicação do princípio da fungibilidade no drawback quando emprega o termo “em regra”. Nesse sentido, o auto de infração não se sustentaria sob o único fundamento de que a Recorrente não logrou comprovar a incorporação dos insumos importados nos produtos exportados ao amparo dos atos concessórios. COMPROVAÇÃO DO ADIMPLEMENTO DO DRAWBACK A Recorrente alega que o objetivo primordial do drawback é fomentar as exportações, razão pela qual problemas formais na implementação do regime não deveriam restringir os benefícios, desde que o compromisso de exportação fosse cumprido. A questão não é tão simples. Por ser um regime de renúncia fiscal, a interpretação dos dispositivos de regência do drawback devem ser interpretados restritivamente a teor do art. 111, I, do Código Tributário Nacional. O quadro abaixo demonstra as irregularidades apontadas pela fiscalização no relatório de auditoria fiscal (fls. 74): Como se percebe, o RE nº 06/0136766001 não estava vinculado ao AC nº 20050222953, e o RE nº 06/1370015001 não estava enquadrado no código de drawback (81.101). Logo, a princípio, os produtos exportados ao amparo desses registros de exportação não poderiam ser considerados para efeito de cumprimento do compromisso de exportação previsto nos atos concessórios mencionados. Contudo, este colegiado recentemente se manifestou no sentido de que a falta de vinculação do registro de exportação ao ato concessório, por si só, não é suficiente para afastar o benefício fiscal do drawback, sendo dado provimento ao recurso voluntário por unanimidade. Confirase: DRAWBACK SUSPENSÃO. COMPROVAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. Fl. 1585DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 10 Comprovado o cumprimento integral do regime em diligência pela administração tributária, resta adimplido o compromisso de drawback assumido, a despeito do erro cometido pelo contribuinte. (Acórdão nº 3201000.990, Rel. Cons. Luciano Lopes de Almeida Moraes, Sessão de 23/05/2012) Além disso, há precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais que serviram de base para o precedente administrativo citado anteriormente, a saber: DRAWBACK. COMPROVAÇÃO DO COMPROMISSO DE EXPORTAR. A essencialidade para fruição do Regime Aduaneiro Especial de Drawback está no cumprimento do compromisso de exportação, e, uma vez cumprido tal compromisso, faz jus o contribuinte ao direito de não pagar os tributos incidentes na importação dos insumos com benefício fiscal. (Acórdão nº 40304975, Sessão de 21/08/2006) Diante de tais precedentes, que merecem acolhida, deve ser prestigiada a essencialidade do regime de drawback. Assim, constatada a exportação nos prazos e volumes compromissados pela Recorrente, as irregularidades apontadas pela fiscalização e mantidas pela instância a quo devem ser relevadas. Quanto aos registros de exportação que estavam vinculados a atos concessórios e foram alterados após a efetiva exportação das mercadorias amparadas pelo regime, a discussão gira em torno da necessidade de anuência prévia da Receita Federal para que as alterações pudessem ser consideradas eficazes. O relatório de auditoria fiscal é muito claro quanto à posição da fiscalização. Confirase o trecho do referido relatório que versa sobre essa questão (fls. 74): As alterações feitas nos RE citados não foram autorizadas pela fiscalização aduaneira, o que importa em irregularidade visto que não observou a legislação em vigor por ocasião do despacho de exportação O entendimento acima transcrito estaria lastreado no art. 21 da Instrução Normativa SRF nº 28 de 1994, que assim dispõe: Art. 21. O registro da entrega dos documentos de instrução do despacho no SISCOMEX, marca o inicio do procedimento fiscal e impede quaisquer alterações, pelo exportador, na declaração para despacho por ele formulada sem a prévia anuência da fiscalização aduaneira. Entretanto, a Recorrente alega que essa norma complementar versa sobre despacho aduaneiro de mercadorias destinadas à exportação, e não sobre o registro de exportação. O registro em questão estaria disciplinado na Portaria SECEX nº 14 de 2004, não havendo previsão para submeter as suas alterações ao crivo da Receita Federal, antes ou depois do embarque das mercadorias para exportação. Por outro lado, a instância a quo entendeu que a aplicação da Instrução Normativa SRF nº 28 de 1994 estaria justificada no seu art. 4º, in verbis: Fl. 1586DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.581 11 Art. 4º Uma declaração para despacho aduaneiro de exportação poderá conter um ou mais registros de exportação, desde que estes se refiram, cumulativamente: I ao mesmo exportador; II a mercadorias negociadas na mesma moeda e na mesma condição de venda; e III as mesmas unidades da SRF de despacho e de embarque, conforme definido no art. 7º. Em outras palavras, segundo a instância a quo, o fato de uma declaração de exportação fazer menção a registros de exportação resulta na necessidade de submeter previamente ao crivo da Receita Federal as alterações promovidas nesses registros. A Recorrente alega que o dispositivo em questão não teria o condão de exigir a anuência prévia da Receita Federal para alterar o registro de exportação, apenas pelo fato de a declaração de despacho para exportação fazer referência a tal registro. Ambas as posições devem ser temperadas. Com efeito, se a alteração implica na mudança do enquadramento, de modo a fazer constar a vinculação do registro de exportação a ato concessório de drawback, é razoável que a Receita Federal seja informada previamente sobre a alteração em tela, pois, do contrário, não poderia fiscalizar o cumprimento dos termos e condições do ato concessório, notadamente o prazo para a exportação, para fins de suspensão dos tributos aduaneiros na importação dos insumos. Por outro lado, mesmo no caso de mudança do enquadramento para vincular o registro de exportação a ato concessório de drawback, se tal alteração é realizada depois de exportadas as mercadorias, e sendo essa alteração averbada pelo DECEX, não pode a Receita Federal condicionar a validade dessa alteração a sua anuência prévia, pois a exportação das mercadorias, como fato consumado, não exige o acompanhamento do prazo para a exportação. Desse modo, a argumentação da instância a quo no sentido de que o art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 28 de 1994 respaldaria o seu entendimento seria válida se as alterações do registro de exportação somente pudessem ser realizadas antes da declaração de despacho para exportação. Ocorre que a Portaria SECEX nº 14 de 2004 não previa a vedação à alteração de registro de exportação depois do embarque das mercadorias. Tal prática passou a ser vedada apenas em 2007, com a edição da Portaria SECEX nº 18. Diante do exposto, deve ser reconhecida a procedência dos argumentos da Recorrente. MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES No tocante à aplicação da multa administrativa por causar embaraço aos controles administrativos de importação, a Recorrente alega inicialmente que a sua conduta foi atípica na medida em que não acarretou prejuízo à fiscalização aduaneira. Além disso, a Recorrente sustenta que, mesmo se a multa fosse aplicável pelo fato de a sua conduta ser tratada como infração administrativa à época dos fatos, já não seria exigível por força da retroatividade benigna prevista no art. 106 do Código Tributário Nacional. Isso porque a penalidade prevista no auto de infração está fundamentada no art. 633 Fl. 1587DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 12 do Decreto nº 4.543 de 2002, que foi revogado pelo art. 706 do Decreto nº 6.759 de 2009 e que, por sua vez, deixou de tratar como infração o descumprimento de “outros requisitos de controle de importação, constantes ou não de licença de importação ou documento de efeito equivalente”. O dispositivo legal que trata da retroatividade benigna em matéria tributária assim dispõe: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Por outro lado, a instância a quo entendeu que, apesar de não haver menção expressa ao descumprimento de outros requisitos no Regulamento Aduaneiro de 2009, tal como havia no Regulamento Aduaneiro de 2002, o art. 169, III, “d”, do DecretoLei nº 37 de 1966 não foi revogado, sendo plenamente aplicável. Nesse sentido, como o auto de infração também fundamenta a penalidade em tela no dispositivo legal, e não apenas no dispositivo regulamentar, não caberia a aplicação da retroatividade benigna suscitada pela Recorrente. Analisando a questão com cautela, percebese que o motivo de o art. 706 do Decreto nº 6.759 de 2009 não ter reproduzido a previsão genérica de multa por descumprimento de outros requisitos de controle da importação, prevista no art. 633 do Decreto nº 4.543 de 2002, devese ao fato de que o assunto foi tratado mais pormenorizadamente nos arts. 59 a 81 da Lei nº 10.833 de 2003. Nesse contexto, confirase, em especial, o que dispõe o art. 77 do referido diploma legal: Art. 77. Os arts. 1º, 17, 36, 37, 50, 104, 107 e 169 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com as seguintes alterações: (...) "Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) VII de R$ 1.000,00 (mil reais): (...) e) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitarse ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitarse ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados; Fl. 1588DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.582 13 (...) A partir da leitura do dispositivo supracitado, é de se concluir que a capitulação legal da penalidade imposta à Recorrente no lançamento ora discutido é equivocada, pois o próprio DecretoLei nº 37 de 1966, com redação dada pela Lei nº 10.833 de 2003, prevê uma pena específica no caso de descumprimento de requisito para utilizar regime especial aduaneiro. Com base nesse entendimento, não se pode dar razão à instância a quo, pois a penalidade correta a ser aplicada à Recorrente, nos casos em que descumpriu requisito para se beneficiar do regime de drawback, está prevista no art. 107, VII, “e”, do DecretoLei nº 37 de 1966, e não em seu art. 169, III, “d”. E nem se diga que, em sede recursal, é possível ajustar o auto de infração para conformálo à legislação correta. É o que se depreende das ementas transcritas abaixo: NORMAS PROCESSUAIS. A Instância Julgadora não pode alterar a fundamentação da autuação, por escapar da sua esfera de competência. (Acórdão nº 330101.246, Rel. Cons. Fábio Luiz Nogueira, Sessão de 24/01/2012) ......................................................................................................... AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO PROCESSO JUDICIAL NÃO COMPROVADO. (...) Não compete ao julgador alterar o fundamento do auto de infração para fim de regularizálo e manter a exigência, tal competência é privativa da autoridade administrativa fiscalizadora. (Acórdão nº 3302001.273, Rel. Cons. Fabiola Cassiano Keramidas, Sessão de 06/10/2011) Desse modo, sendo certo que a autoridade julgadora não pode alterar a fundamentação da autuação, é necessário afastar integralmente a multa do controle administrativo das importações. Por força do art. 63, § 9º, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 259 de 2009, é necessário consignar que os ilustres membros do colegiado divergem das razões de decidir ora apresentadas. Segundo o colegiado, a multa deveria ser afastada por outro motivo – o art. 633 do Decreto nº 4.543 de 2002 referese à infrações administrativas ao controle das “importações”, sendo certo que a infração supostamente cometida pela Recorrente se deu em procedimento de “exportação”. JUROS MORATÓRIOS E TAXA SELIC A Recorrente alega que, mesmo na remota hipótese de o auto de infração ser mantido, os juros calculados sobre o valor das diferenças de principal apuradas jamais poderiam ter como referência a taxa Selic. Isso porque crédito tributário é matéria reservada à lei complementar, sendo certo que a Lei nº 9.249 de 1995, por ser lei ordinária, não poderia ter tratado dos juros. Portanto, a norma a ser aplicada é o art. 161, § 1º, do Código Tributário Nacional, que prevê a aplicação de juros de 1% ao mês de atraso do pagamento. Fl. 1589DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 14 A matéria já está sumulada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Confirase: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Dessa forma e considerando que a aplicação de súmulas do CARF é obrigatória por parte dos seus membros, nos termos do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256 de 2009 e alterações posteriores, é de se reconhecer a improcedência dos argumentos da Recorrente nesse particular. APLICAÇÃO DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO Diferentemente do que alegou a Recorrente em seu recurso, a instância a quo não inovou o auto de infração quanto à cobrança de juros sobre a multa de ofício. A questão sequer foi abordada na decisão recorrida. Desse modo, aplicase a essa alegação o disposto no art. 17 do Decreto nº 70.235 de 1972, e alterações posteriores, a saber: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Hipóteses análogas já foram apreciadas reiteradas vezes por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em todas as Seções de Julgamento, conforme se depreende das ementas abaixo transcritas: PAF. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. MATÉRIA DEFINITIVA Determinase a definitividade do crédito, pela falta de alegações no recurso acerca das razões que o constituíram. (Acórdão nº 2102002.254, Rel. Cons. Rubens Maurício Carvalho, Sessão de 15/08/2012) ......................................................................................................... NORMAS PROCESSUAIS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Preclui o direito do contribuinte de apresentar, em fase recursal, matéria não contestada na impugnação, em vista do disposto no art. 16, I, c/c o art. 17, ambos do Decreto nº 70.235/72, respeitandose o princípio processual da dupla jurisdição. (Acórdão nº 1801001.053, Rel. Cons. Ana de Barros Fernandes, Sessão de 14/06/2012) ......................................................................................................... PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO APRESENTADA NA IMPUGNAÇÃO. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. GLOSA DE VALORES RELATIVOS A ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. Não pode a Recorrente alegar, em sede recursal, matéria não impugnada, caso contrário terseia a análise inicial de defesa na fase recursal, o que causaria supressão de instância, pois os argumentos levantados seriam analisados apenas e diretamente em segunda instância. Fl. 1590DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.583 15 (Acórdão nº 3202000.471, Rel. Cons. Gilberto de Castro Moreira Júnior, Sessão de 21/03/2012) Frente à legislação e à jurisprudência sobre o tema, não deve ser conhecido o recurso voluntário no tocante a esse aspecto. Diante de todo o exposto, o voto é no sentido de (i) conhecer parcialmente o recurso voluntário, negando conhecimento na parte que trata da cobrança de juros sobre multa de ofício; (ii) afastar a preliminar de mudança de fundamento do auto de infração; e (iii) no mérito, darlhe provimento integral para afastar a exigência do II, do IPI, do PISImportação e da COFINSImportação e seus acréscimos, bem como da multa administrativa aplicada. Daniel Mariz Gudiño Relator Voto Vencedor Conselheiro Paulo Sergio Celani – Redator Designado A Turma decidiu, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário quanto ao mérito das exigências formalizadas no auto de infração, por entender que os argumentos da recorrente e do Conselheiro Relator não foram suficientes para afastar as razões de fato e direito que ampararam a decisão recorrida. O que se discute é o cumprimento do regime de drawback, sobre o qual passo a discorrer. A entrada de mercadorias estrangeiras no País sofre a incidência, entre outros, dos seguintes tributos: Imposto de Importação (II) Imposto sobre Produtos Industrializados pelo desembaraço de importação (IPIimportação); Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social na importação (Cofinsimportação); Contribuição para o PIS/Pasep na importação (PIS/Pasepimportação). Regra geral, o momento do fato gerador do II, da Cofinsimportação e do PIS/Pasepimportação é a data do registro da declaração de importação de bens submetidos a despacho para consumo (art. 23, do DecretoLei nº 37, de 18/11/1966; art. 4º da Lei nº 10.865, de 30/4/2004); do IPIimportação, a data do desembaraço aduaneiro (art. 2º, inc. I, da Lei nº 4.502, de 30/11/1964). Quando concedido o regime de drawback, na modalidade suspensão, ocorre a suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação, desde que a mercadoria importada seja exportada após beneficiamento ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada, e desde que os termos e condições regulamentares sejam atendidos. Vejamse os arts. 75 e 78 do DecretoLei nº 37, de 1966, que se aplicam a importações vinculadas à exportação, e que serviram para fundamentar toda a legislação sobre admissão temporária e drawback: “Art.75 Poderá ser concedida, na forma e condições do regulamento, suspensão dos tributos que incidem sobre a Fl. 1591DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 16 importação de bens que devam permanecer no país durante prazo fixado. § 1º A aplicação do regime de admissão temporária ficará sujeita ao cumprimento das seguintes condições básicas: I garantia de tributos e gravames devidos, mediante depósito ou termo de responsabilidade; II utilização dos bens dentro do prazo da concessão e exclusivamente nos fins previstos; III identificação dos bens. “Art.78 Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: I restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada; II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; III isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. (...)” Logo, a exigência de vinculação física está estabelecida em lei, pois o DecretoLei nº 37, de 1966, tem status de lei. Não merecem ser acolhidos argumentos baseados num alegado princípio de fungibilidade, com base no qual não haveria necessidade de se comprovar a efetiva exportação da mercadoria importada sob o regime de drawback. Para a fruição do regime de drawback a mercadoria deve vincularse a uma exportação, seja ela o bem a ser beneficiado, seja ela utilizada como matériaprima, produto semielaborado, parte ou peça de produto a ser exportado, ou, ainda, utilizada na embalagem ou acondicionamento de produto que seja exportador, tudo isto, desde que atendidos os termos e condições regulamentares. Os regulamentos aduaneiros anteriores e o atual evidenciam a necessidade da vinculação física. O Decreto nº 4.543, de 26/12/2002 (Regulamento Aduaneiro de 2002 RA/2002), dispõe: Art. 335. O regime de drawback é considerado incentivo à exportação, e pode ser aplicado nas seguintes modalidades (Decretolei nº 37, de 1966, art. 78, e Lei nº 8.402, de 1992, art. 1º, inciso I): Fl. 1592DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.584 17 I suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; II isenção dos tributos exigíveis na importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado; e III restituição, total ou parcial, dos tributos pagos na importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada. Art. 336. O regime de drawback poderá ser concedido a: I mercadoria importada para beneficiamento no País e posterior exportação; II matériaprima, produto semielaborado ou acabado, utilizados na fabricação de mercadoria exportada, ou a exportar; III peça, parte, aparelho e máquina complementar de aparelho, de máquina, de veículo ou de equipamento exportado ou a exportar; (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) IV mercadoria destinada a embalagem, acondicionamento ou apresentação de produto exportado ou a exportar, desde que propicie comprovadamente uma agregação de valor ao produto final; ou V animais destinados ao abate e posterior exportação. § 1º O regime poderá ainda ser concedido: I para matériaprima e outros produtos que, embora não integrando o produto exportado, sejam utilizados na sua fabricação em condições que justifiquem a concessão; ou II para matériaprima e outros produtos utilizados no cultivo de produtos agrícolas ou na criação de animais a serem exportados, definidos pela Câmara de Comércio Exterior. § 2º Na hipótese do inciso II do § 1º, o regime será concedido: I nos limites quantitativos e qualitativos constantes de laudo técnico emitido nos termos fixados pela Secretaria da Receita Federal, por órgão ou entidade especializada da Administração Pública federal; e II a empresa que possua controle contábil de produção em conformidade com as normas editadas pela Secretaria da Receita Federal. § 3º O regime de drawback , na modalidade de suspensão, poderá ser concedido à importação de matériasprimas, Fl. 1593DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 18 produtos intermediários e componentes destinados à fabricação, no País, de máquinas e equipamentos a serem fornecidos no mercado interno, em decorrência de licitação internacional, contra pagamento em moeda conversível proveniente de financiamento concedido por instituição financeira internacional, da qual o Brasil participe, ou por entidade governamental estrangeira ou, ainda, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com recursos captados no exterior (Lei nº 8.032, de 1990, art. 5º, com a redação dada pela Lei nº 10.184, de 12 de fevereiro de 2001, art. 5º)” As mesmas disposições estão contidas nos artigos 383 e 384 do Decreto nº 6.759, de 5/2/2009, atual Regulamento Aduaneiro (RA/2009) 1. À luz das normas citadas, no caso concreto, não basta comprovar a exportação de telefones celulares. Devese comprovar que os telefones celulares exportados vinculamse às mercadorias importadas sob o regime de drawback. Para tanto, as declarações de importação, a descrição e identificação das mercadorias, as declarações e os registros de exportação, os vínculos entre os documentos e declarações referentes à importação e à exportação são essenciais para a comprovação de que os produtos exportados se vinculam aos importados com suspensão dos tributos. E, se o nãorecolhimento dos tributos incidentes na importação, no caso do drawback, está condicionado ao cumprimento dos termos e condições regulamentares próprios deste regime, então o nãocumprimento de termos e condições estabelecidos nas diversas normas que tratam do assunto implica que os tributos sejam devidos desde a ocorrência de seus fatos geradores. 1 “Art.383. O regime de drawback é considerado incentivo à exportação, e pode ser aplicado nas seguintes modalidades (DecretoLei n o 37, de 1966, art. 78, caput ; e Lei n o 8.402, de 1992, art. 1 o , inciso I): I suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; (....) Art.384. O regime de drawback poderá ser concedido a: I mercadoria importada para beneficiamento no País e posterior exportação; II matériaprima, produto semielaborado ou acabado, utilizados na fabricação de mercadoria exportada, ou a exportar; III peça, parte, aparelho e máquina complementar de aparelho, de máquina, de veículo ou de equipamento exportado ou a exportar; IV mercadoria destinada a embalagem, acondicionamento ou apresentação de produto exportado ou a exportar, desde que propicie comprovadamente uma agregação de valor ao produto final; ou V animais destinados ao abate e posterior exportação. §1º O regime poderá ainda ser concedido: I para matériaprima e outros produtos que, embora não integrando o produto exportado, sejam utilizados na sua fabricação em condições que justifiquem a concessão; ou II para matériaprima e outros produtos utilizados no cultivo de produtos agrícolas ou na criação ou captura de animais a serem exportados, definidos pela Câmara de Comércio Exterior. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 15 de junho de 2010 ) §2º Na hipótese do inciso II do §1º, o regime será concedido: I nos limites quantitativos e qualitativos constantes de laudo pericial emitido nos termos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, por órgão ou entidade especializada da administração pública federal; e II a empresa que possua controle contábil de produção em conformidade com as normas editadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...)” Fl. 1594DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.585 19 É que além do Regulamento Aduaneiro, as Instruções Normativas da RFB, as Portarias da Secex e as Resoluções da Camex também se destinam a regulamentar as operações de comércio exterior. De fato, ao lei e o regulamento dizem pouco sobre a concretização do regime de drawback. Este só se efetiva com amparo nas normativas expedidas pelos órgãos singulares e colegiados que atuam no controle do comércio exterior. Vejamse mais algumas disposições do RA/2002: Art. 338. A concessão do regime, na modalidade de suspensão, é de competência da Secretaria de Comércio Exterior, devendo ser efetivada, em cada caso, por meio do Siscomex. § 1º A concessão do regime será feita com base nos registros e nas informações prestadas, no Siscomex, pelo interessado, conforme estabelecido pela Secretaria de Comércio Exterior. § 2º O registro informatizado da concessão do regime equivale, para todos os efeitos legais, ao ato concessório de drawback . 3º Para o desembaraço aduaneiro da mercadoria a ser admitida no regime, será exigido termo de responsabilidade na forma disciplinada em ato normativo da Secretaria da Receita Federal. § 4º Quando constar do ato concessório do regime a exigência de prestação de garantia, esta só alcançará o valor dos tributos suspensos e será reduzida à medida que forem comprovadas as exportações. (...) Art. 340. O prazo de vigência do regime será de um ano, admitida uma única prorrogação, por igual período, salvo nos casos de importação de mercadorias destinadas à produção de bens de capital de longo ciclo de fabricação, quando o prazo máximo será de cinco anos (Decretolei nº 1.722, de 3 de dezembro de 1979, art. 4º e parágrafo único). Parágrafo único. Os prazos de que trata o caput terão como termo final o fixado para o cumprimento do compromisso de exportação assumido na concessão do regime. Art. 341. As mercadorias admitidas no regime, na modalidade de suspensão, deverão ser integralmente utilizadas no processo produtivo ou na embalagem, acondicionamento ou apresentação das mercadorias a serem exportadas. Parágrafo único. O excedente de mercadorias produzidas ao amparo do regime, em relação ao compromisso de exportação estabelecido no respectivo ato concessório, poderá ser consumido no mercado interno somente após o pagamento dos impostos suspensos dos correspondentes insumos ou produtos importados, com os acréscimos legais devidos. E, especialmente, vejase como dispõe a Portaria Secex nº 14, de 2004 Fl. 1595DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 20 “Art. 77. O prazo de validade do Ato Concessório de Drawback será compatibilizado com o ciclo produtivo do bem a exportar. § 1º O pagamento dos tributos incidentes na importação poderá ser suspenso por prazo de até 1 (um) ano, prorrogável por igual período. § 2º No caso de importação de mercadoria destinada à produção de bem de capital de longo ciclo de fabricação, a suspensão poderá ser concedida por prazo compatível com o de fabricação e exportação do bem, até o limite de 5 (cinco) anos. § 3º Os prazos de suspensão de que trata este artigo terão como termo final a data limite estabelecida no Ato Concessório de Drawback para a efetivação das exportações vinculadas ao Regime. Art. 78. Qualquer alteração das condições concedidas pelo Ato Concessório de Drawback deverá ser solicitada, dentro do prazo de sua validade, por meio do módulo específico Drawback do SISCOMEX. Parágrafo único. Os pedidos de alteração somente serão passíveis de análise quando formulados até o último dia de validade do Ato Concessório de Drawback ou no primeiro dia útil subsequente, caso o vencimento tenha ocorrido em dia não útil.” “Art. 134. Na comprovação ou habilitação ao Regime de Drawback, os documentos eletrônicos registrados no SISCOMEX utilizarão somente um Ato Concessório de Drawback.” “Art. 136. Os documentos que comprovam as operações de importação e exportação vinculadas ao Regime de Drawback são os seguintes: I Declaração de Importação (DI); II Registro de Exportação (RE) averbado; (...)” “Art. 139. Na modalidade suspensão, as empresas deverão comprovar as importações e exportações vinculadas ao Regime, por intermédio do módulo específico Drawback do Siscomex, no prazo de até 60 (sessenta) dias contados a partir da data limite para exportação.” “Art. 141. As DI e os RE indicados no módulo específico Drawback do SISCOMEX deverão estar necessariamente vinculados ao Ato Concessório em processo de comprovação. Art. 142. Não serão aceitos para comprovação do Regime, RE que possuam um único CNPJ vinculado a mais de um Ato Concessório de Drawback.” “Art. 159. A liquidação do compromisso de exportação no Regime de Drawback, modalidade suspensão, ocorrerá mediante: Fl. 1596DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.586 21 I exportação efetiva do produto previsto no Ato Concessório de Drawback, na quantidade, valor e prazo nele fixados; II adoção de uma das providências abaixo, no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir da datalimite para exportação: a) devolução ao exterior da mercadoria não utilizada; b) destruição da mercadoria imprestável ou da sobra, sob controle aduaneiro; c) destinação da mercadoria remanescente para consumo interno, com a comprovação do recolhimento dos tributos previstos na legislação. Nos casos de mercadoria sujeita a controle especial na importação, a destinação para consumo interno dependerá de autorização expressa do órgão responsável. 1. nos respectivos comprovantes de recolhimento deverão constar informações referentes ao número do ato concessório, da Declaração de Importação, da quantidade e do valor envolvidos na nacionalização. 2. poderá a beneficiária apresentar declaração contendo as informações acima requeridas, quando não for possível o seu detalhamento no respectivo comprovante de recolhimento, por força de legislação vigente. III liquidação ou impugnação de débito eventualmente lançado contra a beneficiária. “Art. 161. Será declarado o inadimplemento do Regime de Drawback, modalidade suspensão, no caso de não cumprimento do disposto no art. 159. Art. 162. O inadimplemento do Regime será considerado: I Total: quando não houver nenhuma exportação que comprove a utilização da mercadoria importada; II parcial: se existir exportação efetiva que comprove a utilização de parte da mercadoria importada. Parágrafo único. O inadimplemento poderá ocorrer em virtude do descumprimento de outras condições previstas no ato de concessão, como a não observância do prazo de 60 (sessenta) dias previsto no art. 139.” ANEXO “G” EXPORTAÇÃO VINCULADA AO REGIME DE DRAWBACK 1. As exportações vinculadas ao Regime de Drawback estão sujeitas às normas gerais em vigor para o produto, inclusive no tocante ao tratamento administrativo aplicável. Fl. 1597DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO 22 2. Um mesmo RE não poderá ser utilizado para comprovação de Atos Concessórios de Drawback distintos de uma mesma beneficiária. 3. É obrigatória a vinculação do RE ao Ato Concessório de Drawback, modalidade suspensão. 4. Somente será aceito para comprovação do Regime, modalidade suspensão, RE contendo, no campo 2a, o código de enquadramento constante da Tabela de Enquadramento da Operação do SISCOMEXExportação, bem como as informações exigidas no campo 24 (dados do fabricante). (…)” Logo, a contribuinte não atendeu às disposições contidas na Portaria Secex nº 14, de 2004, que permitiriam às autoridades administrativas concluir pelo cumprimento dos termos e condições estabelecidos na concessão do regime de drawback, em especial, não ficou comprovado que as mercadorias importadas ao amparo deste regime foram exportadas ou utilizadas na fabricação de produto exportado. As razões disto foram que: i) Não foi feita a correta vinculação de Registros de Expostação; ii) Foi vinculado RE a ato concessório diferente do que deveria; iii) Não foi informado em RE o correto enquadramento da operação em regime de drawback. Conforme afirmado pelo AuditorFiscal da RFB em seu relatório, e aceito pelos julgadores do acórdão recorrido, a falta de informação de que a exportação é vinculada a regime de drawback e informações incorretas sobre as operações prejudicam a fiscalização, impedindoa de realizar conferência aduaneira específica para exportações de produtos obtidos com mercadorias importadas com amparo neste regime especial. A vinculação do Registro de ExportaçãoRE ao ato concessório e a informação do RE no módulo específico do Siscomex, no prazo de 60 (sessenta) dias da data limite para exportação, são exigências da legislação de drawback que permitem à fiscalização aduaneira verificar, documental e fisicamente, se os produtos exportados declarados no RE são os previstos no ato concessório. A IN SRF nº 21, de 1994, ao dispor que a declaração para despacho aduaneiro de exportação contém um ou mais registros de exportação, que cada registro de exportação somente pode ser utilizado em uma única declaração para despacho aduaneiro e que o registro da entrega dos documentos de instrução do despacho, no Siscomex, marca o início do procedimento fiscal e impede qualquer alteração, pelo exportador, na declaração para despacho por ele formulada, sem a prévia anuência da fiscalização aduaneira, evidencia que alterações de RE, após a entrega dos documentos no Siscomex, somente podem ser efetuadas com a anuência da fiscalização aduaneira, ainda que depois do fim do despacho aduaneiro. A nãovinculação do RE ao ato concessório no momento previsto na legislação implica o inadimplemento do regime de drawback. Por outro lado, conforme afirmado pela autoridade fiscal e pelos julgadores de primeira instância, o exame do processo produtivo da contribuinte não permitiu concluir que houve a vinculação entre as mercadorias importadas sob o regime de drawback e as exportações, logo, com base neste procedimento fiscal, não se comprovou o adimplemento do regime. Fl. 1598DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 12452.000484/200902 Acórdão n.º 3201001.132 S3C2T1 Fl. 1.587 23 Vejase trecho extraído do voto condutor do acórdão recorrido que, por sua vez, retirouo do relatório de auditoria fiscal. Os grifos constam do acórdão recorrido: “Os sistemas de controle utilizados pela LG permitem a identificar por código de componente os materiais empregados na produção e o controle da produção é realizado por lotes de produção específicos permitindo verificar por lote se os produtos são destinados ao mercado interno ou exportados. Estes controles, entretanto não são suficientes para comprovar que as mercadorias importadas com suspensão dos tributos incidentes sobre a importação referentes a determinado AC são as mesmas empregadas nos produtos exportados constantes dos RE apresentados para comprovação do regime. Conforme informações colhidas em diligência no estabelecimento, o controle do regime utilizado pela LG (Anexo Io) seria baseado na disponibilidade do insumo importado com benefício existente no momento da fabricação da exportação compromissada, não havendo a preocupação de segregar os itens beneficiados. Assim sendo, insumos beneficiados com suspensão podem ter sido incorporados a produtos destinados ao mercado interno e viceversa. Os exames do controle do processo, sem considerar outros aspectos da aplicação do regime de drawback suspensão, indicam que a LG deixou de recolher parte dos tributos referentes às importações que não foram incorporados aos produtos exportados em cada ato concessório conforme ilustrado nas planilhas ‘TRIBUTOS NA IMPORTAÇÃO’ (Anexos IIg, IIIg, Vg e VIg).” Conclusão. Pelas razões expostas, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (ASSINADO DIGITALMENTE) Paulo Sergio Celani Fl. 1599DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalment e em 25/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO
score : 1.0
Numero do processo: 10880.903630/2009-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1302-000.359
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferido pelo relator.
(assinado digitalmente)
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARCIO RODRIGO FRIZZO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (Presidente), Eduardo de Andrade, Helio Eduardo de Paiva Araujo, Marcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha e Guilherme Pollastri Gomes da Silva
Nome do relator: MARCIO RODRIGO FRIZZO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferido pelo relator. (assinado digitalmente) ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR - Presidente. (assinado digitalmente) MARCIO RODRIGO FRIZZO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (Presidente), Eduardo de Andrade, Helio Eduardo de Paiva Araujo, Marcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha e Guilherme Pollastri Gomes da Silva
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1356; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 385 1 384 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.903630/200970 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1302000.359 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 04 de fevereiro de 2015 Assunto PEDIDO DE RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO Recorrente DOW AGROSCIENCES INDUSTRIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferido pelo relator. (assinado digitalmente) ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente. (assinado digitalmente) MARCIO RODRIGO FRIZZO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior (Presidente), Eduardo de Andrade, Helio Eduardo de Paiva Araujo, Marcio Rodrigo Frizzo, Waldir Veiga Rocha e Guilherme Pollastri Gomes da Silva RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 03 63 0/ 20 09 -7 0 Fl. 385DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10880.903630/200970 Resolução nº 1302000.359 S1C3T2 Fl. 386 2 Relatório: Tratase o presente processo de insurgência da parte recorrente em face do despacho decisório (fls. 09) que não homologou o PER/DCOMP vinculado ao saldo negativo de IRPJ apurado no anocalendário de 1999. O crédito no montante de R$ 6.637.312,42, indicado na PER/DCOMP identificada sob nº 25054.72541.291204.1.3.026015, foi analisado de forma eletrônica pelo sistema de processamento da Receita Federal do Brasil RFB que emitiu o despacho decisório em comento, assinado pelo titular da unidade de jurisdição da requerente, com o seguinte teor: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, não foi possível confirmar a apuração do crédito, pois o valor informado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) não corresponde ao valor do saldo negativo informado no PER/DCOMP. CNPJ do detentor do crédito: 61.416.129/000170 Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 6.637.312,42 Valor do saldo negativo informado na DIPJ: R$ 6.931.280,80 Diante do exposto, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada no PER/DCOMP acima identificado: Cientificado em data de 30/01/2009 do despacho acima, o ora recorrente apresentou em data de 27/02/2009 sua manifestação de inconformidade (fls. 11/13), na qual, relaciona e anexa, cópia dos informes de rendimentos, que deram origem ao IRRF utilizado para compor o saldo negativo do IRPJ apurado na DIPJ/2000 no montante de R$ 6.834.118,68. Conclui que tem o direito liquido e certo de efetuar a compensação solicitada. Nesse passo, sobreveio em data de 09/08/2011 a decisão da 5ª Turma da DRJ/RJ1 (fls. 80/84), a qual julgou a impugnação parcialmente procedente, nos seguintes termos de sua ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1999 Ementa: PER/DCOMP. SALDO NEGATIVO DO IRPJ. A restituição/compensação do imposto retido como antecipação IRRF, que supera o imposto devido apurado na DIPJ, fica condicionado à comprovação de que o rendimento que lhe deu causa foi oferecido à tributação. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Fl. 386DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10880.903630/200970 Resolução nº 1302000.359 S1C3T2 Fl. 387 3 Direito Creditório Reconhecido em Parte A recorrendo foi intimada do r. acórdão acima em data de 10/10/2011 (fls. 291), protocolando seu Recurso Voluntário em 09/11/11 (fls. 86/104), trazendo, em síntese, as seguintes alegações: i) Que segundo se verifica dos documentos apresentados, as receitas de operações com renda variável foram declaradas na linha de variação monetária ativa na DIPJ 2000, relativa ao anocalendário de 1999, sendo devidamente tributadas; ii) Que houve um equivoco da ora recorrente, quanto à linha onde tal rendimento foi declarado (incorretamente nas linhas 20 e 24, ambas da ficha 07A, quando deveria ter sido declarado na linha 21 da mesma FICHA; iii) Que o saldo negativo de Imposto de renda foi devidamente compensado na forma que determina a legislação em regência, havendo tão somente um erro de preenchimento da DIPJ conforme se comprovou pela documentação apresentada; iv) Que o processo administrativo fiscal deve ser regido pelo princípio da verdade material, devendo o julgador sempre buscar a verdade, ainda que, para isso, tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados; v) Que o erro no preenchimento de uma declaração não possui o efeito de deflagrar o nascimento da obrigação tributária, cuja ocorrência depende da efetiva subsunção do fato jurídico tributário à hipótese de incidência descrita na lei. É o relatório. Fl. 387DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10880.903630/200970 Resolução nº 1302000.359 S1C3T2 Fl. 388 4 Voto: Conselheiro Marcio Rodrigo Frizzo. O recurso voluntário apresentado é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. A discussão dos autos gira em torno da declaração e tributação ou não das receitas advindas das operações de swap realizadas pela recorrente. No acórdão recorrido entendeuse que os rendimentos correspondentes as operações de swap (cod. 5273) deveriam ter sido informados na linha 21 da ficha 07A, nos termos do MAJUR (Manual de Orientação da Pessoa Jurídica). Logo, por não constar o valor correspondente as operações de swap na linha 21 da ficha 07A, não haveria receita correspondente ao Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF e, consequentemente, não haveria valores a serem compensados. A recorrente, por sua vez, argumenta que equivocadamente, ao invés de declarar a receita correspondente às operações de swap (cod. 5273) na linha de renda variável (linha 21 da ficha 07A), declarou os referidos rendimentos na linha de variações cambiais e outras receitas, ou seja, declarou nas linhas 20 e 24 da ficha 07A. Assim, houve a devida tributação de tais receitas, mesmo que declaradas em linha distinta daquela apresentada no manual de preenchimento da DIPJ (MAJUR – Manual de Orientação da Pessoa Jurídica), ou seja, alega a recorrente que o fato de ter se equivocado e declarado as operações em questão nas linhas 20 e 24, ambas da ficha 07A, não desvirtua a verdade material, qual seja, a tributação destes rendimentos. Sendo assim, por se tratar de um suposto erro no preenchimento da DIPJ, é de suma importância que se busque a verdade material dos fatos, fim principal do processo administrativo fiscal, consoante entendimento assente deste e. Conselho: PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O princípio da verdade material se sujeita naturalmente ao devido processo legal, e traduzse no conjunto fáticoprobatório a ser buscado no processo administrativo, de maneira a evidenciar com maior precisão possível a realidade de uma dada situação constante no processo, de modo que a decisão final seja a mais justa. (CARF. Acórdão n.º 3403003.320. Rel. Luiz Rogerio Sawaya Batista. Sessão de 14/10/2014) (grifo não original) Desta forma, em observância ao princípio da verdade material, entendo pertinente converter o julgamento em diligência a fim de que a DRF de origem tome as seguintes providências: a) Verifique se houve efetivamente nas linhas 20 e 24 da ficha 07A a devida declaração e tributação das receitas advindas das operações de swap (cod. 5273); b) Após, que o agente fiscal emita parecer conclusivo apurando se houve saldo negativo no período, bem como o montante do possível crédito a favor do Fl. 388DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10880.903630/200970 Resolução nº 1302000.359 S1C3T2 Fl. 389 5 contribuinte e do débito a ser compensado, considerando as conclusões quanto a declaração e tributação das receitas advindas das operações de swap (cod. 5273). Na sequência, deve a recorrente ser cientificada do resultado da diligência para que, sendo de seu interesse, manifestese da forma que entender adequada, no prazo de 30 (trinta) dias. Após, com ou sem manifestação, seja o feito devolvido a este Conselho, que deverá julgálo incontinenti. Ante ao exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto. (assinado digitalmente) Márcio Rodrigo Frizzo Relator Fl. 389DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2015 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 25/02/201 5 por MARCIO RODRIGO FRIZZO, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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