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Numero do processo: 11080.722524/2010-17
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/05/1999
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INEXISTÊNCIA.
A Administração Pública não responde solidariamente por créditos previdenciários devidos pela empresa contratada para prestação de serviços de construção civil, reforma ou acréscimo, exceto nos casos de cessão de mão-de-obra.
Numero da decisão: 9202-006.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
EDITADO EM: 09/04/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CONSTRUÇÃO CIVIL. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INEXISTÊNCIA. A Administração Pública não responde solidariamente por créditos previdenciários devidos pela empresa contratada para prestação de serviços de construção civil, reforma ou acréscimo, exceto nos casos de cessão de mãodeobra. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. EDITADO EM: 09/04/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 25 24 /2 01 0- 17 Fl. 333DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Contribuinte contra o Acórdão de Recurso Voluntário, no qual restou consignada a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 30/05/1999 LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. NFLD. ATO ADMINISTRATIVO. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE E LEGALIDADE. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. Tendo em vista o consagrado atributo da presunção de veracidade que caracteriza os atos administrativos, gênero do qual o lançamento tributário é espécie, operase a inversão do encargo probatório, repousando sobre o Notificado o ônus de desconstituir o lançamento ora em consumação. Havendo um documento público com presunção de veracidade não impugnado eficazmente pela parte contrária, o desfecho há de ser em favor dessa presunção. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL. O proprietário, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL. ARBITRAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE. Nas hipóteses em que o cálculo do tributo tiver por base, ou tomar em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, poderá arbitrar o valor da base de cálculo ou os aludidos preços, sempre que forem omissos ou não merecerem fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado. Em caso de recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o fisco federal pode inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. A utilização de percentual definido em ato normativo, incidente sobre o valor dos serviços contidos em notas fiscais, para fins de apuração indireta da base de cálculo das contribuições Fl. 334DF CARF MF Processo nº 11080.722524/201017 Acórdão n.º 9202006.580 CSRFT2 Fl. 3 3 previdenciárias, constitui procedimento que observa os princípios da legalidade e da proporcionalidade. CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. ELISÃO DA SOLIDARIEDADE. IMPOSSIBILIDADE. A CND apenas certifica que, no momento de sua emissão, não havia crédito tributário formalmente constituído em desfavor da empresa signatária da certidão, circunstância que não afasta o direito da Fazenda Pública de constituir e cobrar qualquer débito eventualmente apurado após a sua emissão, conforme ressalvado na própria CND. A apresentação de CND emitida em nome de empresa prestadora de serviços não é suficiente para elidir a responsabilidade solidária na construção civil. A elisão somente é possível com a comprovação do recolhimento da contribuição devida, pela apresentação dos documentos exigidos pela legislação de regência. Recurso Voluntário Negado Conforme consta do auto de infração, os objetos dos lançamentos são as contribuições sociais destinadas à Seguridade Social correspondentes a: II remuneração paga aos segurados empregados das empresas executoras de obras de construção civil, incluída em notas fiscais, faturas e recibos, pelas quais o Banco do Brasil, na condição de contratante dos serviços, responde solidariamente, haja vista que não houve elisão da responsabilidade solidária nos termos da legislação aplicável, a seguir fundamentada, cujo lançamento está codificado como “SC1 – SOLIDA. CONST. CIVIL ANTES 1999”; III remuneração paga aos segurados empregados das empresas prestadoras serviços com cessão de mãodeobra, incluída em notas fiscais, faturas e recibos, pelas quais o Banco do Brasil, na condição de contratante dos serviços, responde solidariamente, haja vista que não houve elisão da responsabilidade solidária nos termos da legislação aplicável, a seguir fundamentada, cujo lançamento está codificado como “SM1 – SOLIDARIEDADE CMO ANTES 1999”. Especificamente quanto aos fatos geradores da Solidariedade na Construção Civil e por Cessão de MãodeObra: a) fazem parte do crédito previdenciário as contribuições devidas pela notificada, destinadas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa (FPAS) e dos segurados empregados, ao financiamento da complementação das prestações por acidente do trabalho (Seguro de Acidente de TrabalhoSAT) e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa; Fl. 335DF CARF MF 4 b) as contribuições previdenciárias destinadas a Terceiros não foram incluídas na presente notificação, tendo em vista o entendimento do Parecer CJ/MPAS n.º 1.710/99. Irresignada, a ora Recorrente impugnou a autuação alegando, em síntese: a necessidade de chamamento ao processo da empresa executora, responsável pelo recolhimento tributário, a fim de que se apurasse a real existência dos débitos autuados, em observância aos princípios da garantia de defesa e da verdade material; a impossibilidade de enquadrar o Impugnante como responsável solidário, já que a responsabilidade pelo recolhimento do tributo foi assumida pela empresa contratada, esta na forma de licitação pública; a autuação indevida, por não lhe ter sido garantido o benefício de ordem, cobrando em primeiro lugar, da contribuinte propriamente dita, já que a redação do art. 30, inciso IV da Lei n. 8.212/91, até dezembro de 1997 não vedava sua aplicação; e a irregularidade na apuração do lançamento do crédito tributário. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento entendeu pela improcedência da impugnação apresentada, mantendo o crédito tributário exigido, o que gerou a interposição de Recurso Voluntário, ao qual foi negado provimento. Posteriormente, foi interposto Recurso Especial pela Contribuinte, no qual, acerca da divergência, a Recorrente sustenta que o Acórdão de Recurso Voluntário adotou entendimento divergente da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF (acórdão n.º 2401003.200), merecendo, por isso, reanálise do tema: responsabilidade solidária de sociedade de economia mista na contratação de obra de construção civil. Foi realizado exame de admissibilidade, restando disposta a seguinte conclusão: Do exposto, verificase que foram atendidos os pressupostos de admissibilidade do recurso especial previstos nos arts. 67 e 68 do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343 de 09/06/2015, razão pela qual é de se DAR SEGUIMENTO ao pedido do recorrente para que seja reapreciada a seguinte matéria: responsabilidade solidária de sociedade de economia mista na contratação de obra de construção civil art. 30,VI da lei 8212/91. Cabe destacar que o acórdão paradigma trata de situação fática idêntica a dos autos, referindose ao mesmo tributo e à mesma parte (Banco do Brasil). No que se referem às razões de reforma do Acórdão vergastado, a Recorrente aduz, em síntese, que: a) considerando que o lançamento objurgado não se refere a contratos formados por cessão de mãodeobra, mas sim, exclusivamente, para realização de obras de construção civil contratadas mediante empreitada, cujo conceito não se equipara a celebração de contratos mediante cessão de mãodeobra, há que se reconhecer a inexistência de responsabilidade solidária; b) com base no Parecer AGU n.º AC55/2006 e respaldado no entendimento deste Conselho (Súmula CARF n.º 66), resta indene de dúvida que a Administração Pública não responde solidariamente por créditos previdenciários de empresas contratadas para prestação de serviços de construção civil, Fl. 336DF CARF MF Processo nº 11080.722524/201017 Acórdão n.º 9202006.580 CSRFT2 Fl. 4 5 como é exatamente o caso das contratações realizadas pelo Recorrente, sociedade de economia mista; c) deve ser promovido o cancelamento do crédito legal constituído, com o reconhecimento da nulidade da autuação. Foram apresentadas contrarrazões pela Procuradoria da Fazenda Nacional, nas quais expressamente restou consignada a concordância com a demonstração da divergência jurisprudencial apontada pela Recorrente, nos seguintes termos: O cotejo levado a cabo pela Recorrente permite constatar que efetivamente foi demonstrada a alegada divergência jurisprudencial: enquanto no caso do acórdão recorrido entendeuse que sociedade de economia mista responde solidariamente por contratação de obra de construção civil em razão do art. 30,VI da lei 8212/91, o paradigma decidiu em sentido contrário. Quanto às razões do improvimento do Recurso Especial interposto pelo contribuinte, a Procuradoria dispôs, em síntese: a) o alegado pelo contribuinte de que o próprio STJ confirma a não aplicabilidade da Responsabilidade Solidária em relação à sociedade de economia mista não procede para o caso em tela, eis que o citado acórdão do Superior Tribunal de Justiça trata da Responsabilidade Solidária prevista quando da contratação de serviços mediante cessão de mãodeobra (REsp 417.794RS, Relator Min. Luiz Fux. – 1ª Turma); b) não é possível aceitar os argumentos expostos no tópico anterior, uma vez que o lançamento de que trata este processo não é de responsabilidade solidária decorrente da execução de contrato de cessão de mão de obra, de acordo com o artigo 31 da Lei 8.212/1991, mas de responsabilidade solidária decorrente de serviços de construção civil, de acordo com o artigo 30, VI, da Lei 8.212/1991. Fazse necessário destacar que o Recurso Especial sob análise tratase de Paradigma, de modo que o resultado consignado no presente julgamento será aplicado aos demais processos com fundamento em idêntica questão de direito que foram distribuídos no mesmo lote, consoante o disposto no art. 47, § 1º e §2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), abaixo transcrito: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observandose a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para definilo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. Fl. 337DF CARF MF 6 § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. Portanto, aplicase ao presente a sistemática de recursos repetitivos prevista no Regimento Interno da Casa. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e presentes os requisitos de admissibilidade. De conformidade com o narrado, a divergência objeto da controvérsia é a responsabilidade solidária da sociedade de economia mista na contratação de obra de construção civil. Sobre a aptidão da mencionada divergência suscitada pela Recorrente para fins de conhecimento do Recurso, houve concordância da Procuradoria da Fazenda Nacional. Apesar da referida concordância, a Procuradoria da Fazenda, durante a sustentação oral proferida, quando do início do julgamento do recurso sob análise, suscitou o seu não conhecimento. Não assiste razão à Fazenda Nacional, tendo em vista que restou configurada a divergência argüida, pois o acórdão paradigma (n.º 2401003.200) trata de situação fática idêntica, mesmo tributo e mesma parte, inclusive (Banco do Brasil), em que foi aplicado entendimento jurídico diverso do posicionamento adotado pelo acórdão recorrido (sobre o art. 30, inciso VI, da Lei 8.212/91). Desse modo, assentou o colegiado pelo conhecimento do Recurso Especial interposto pela Contribuinte. No que se refere ao mérito do recurso, assevera a Recorrente que, com base no Parecer AGU n.º AC55/2006 e respaldado no entendimento deste Conselho (Súmula CARF n.º 66), resta indene de dúvida que a Administração Pública não responde solidariamente por créditos previdenciários de empresas contratadas para prestação de serviços de construção civil, como é exatamente o caso das contratações realizadas pelo Recorrente, sociedade de economia mista. Por outro lado, a PFN alega a impossibilidade de aceitação dos argumentos da Contribuinte, uma vez que o REsp 417.794RS citado no Recurso sob análise trata da responsabilidade solidária prevista quando da contratação de serviços mediante cessão de mão deobra, de acordo com o art. 31 a Lei 8.212/91, não sendo o caso dos autos, que dispõe, na realidade, sobre a responsabilidade solidária decorrente de serviços de construção civil, de acordo com o art. 30, VI, da Lei 8.212/91. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 11080.722524/201017 Acórdão n.º 9202006.580 CSRFT2 Fl. 5 7 Assim, assevera a Procuradoria que: modificar o julgado importaria em violação ao referido dispositivo legal, o que não pode ser feito na via administrativa (Súmula n. 2 do CARF). Estabelecidos os contornos da controvérsia, impende discorrer sobre a natureza jurídica do Banco do Brasil S.A, que é uma entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertencem em sua maioria à União, enquadrandose, nos termos do DecretoLei 200/1967, como sociedade de economia mista. Pleiteia a Recorrente a aplicação, ao presente caso, do Enunciado de Súmula CARF 66 abaixo transcrito: Súmula CARF nº 66: Os Órgãos da Administração Pública não respondem solidariamente por créditos previdenciários das empresas contratadas para prestação de serviços de construção civil, reforma e acréscimo, desde que a empresa construtora tenha assumido a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente. Tendo em vista que, ao editar os enunciado de súmula, os tribunais devem aterse às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação, nos termos do art. 926, § 2º, do CPC, para melhor avaliar a subsunção do presente caso ao disposto na Súmula CARF n.º 66, foi realizado o distinguishing entre o caso concreto analisado e os paradigmas que orientaram a formação da Súmula mencionada. Um dos paradigmas relevantes é o Acórdão n.º 20600.611, da Fundação Clóvis Salgado e Outros, que nega provimento a Recurso de Ofício em razão da inexistência de responsabilidade solidária na construção civil, conforme a ementa baixo transcrita: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/1997 a 31/07/1998 Ementa: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA — CONSTRUÇÃO CIVIL — ÓRGÃO PÚBLICO — FUNDAMENTO LEGAL ART. 30, INCISO VI LEI 8.212/1991 —INEXISTÊNCIA. Diante do que prevê o artigo 71, § 2° da Lei n° 8.666/93, com a redação dada pela Lei n° 9.032/95, somente nas situações previstas no art. 31 da Lei n° 8.212/1991, a Administração passou a responder solidariamente com o contratado pelas contribuições previdenciárias por ele devidas. Recurso de Oficio Negado Convém salientar que a contribuinte no referido processo é uma Fundação Estadual pertencente à administração indireta, da mesma forma que a Recorrente (Sociedade de Economia Mista). Nesse contexto, pareceme que a Súmula 66 trata da Administração pública direta e indireta, mas, impropriamente, se utiliza da expressão "órgão público". Sobre a abrangência do conceito de órgão público, José dos Santos Carvalho Filho, esclarece: Fl. 339DF CARF MF 8 Enquanto a Administração Direta é composta de órgãos internos do Estado, a Administração indireta se compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de entidades. De acordo com o art. 4º, II, do Decretolei n.º 200/1967, a Administração Indireta compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas, como faz questão de consignar a lei, de personalidade jurídica própria: a) as autarquias; b) as empresas públicas; c) as sociedades de economia mista; e d) as fundações públicas. Considerando o paradigma utilizado para a formação da Súmula 66, a interpretação mais adequada é a de que o Enunciado trata da Administração pública como um todo, não apenas de órgão público; compartimento na estrutura estatal a que são cometidas funções determinadas, sendo integrado por agentes que, quando as executam, manifestam a própria vontade do Estado; alcançando as entidades da administração pública indireta. Portanto, considero perfeitamente aplicável o referido Enunciado, desde que a empresa construtora tenha assumido a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente. O requisito citado não foi objeto de discussão nos autos, pois a controvérsia se instaurou de forma mais ampla, existência ou não de responsabilidade da SEM na Construção Civil. Pelo fato de o Banco do Brasil tratarse de sociedade de economia mista, fazendo parte da Administração Pública Federal, ele está submetido ao regramento especial disposto Lei nº 8666/93: Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (...). Parágrafo único. Subordinamse ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O citado diploma dispõe, em seu art. 71, que as responsabilidades pelos encargos decorrentes da execução dos contratos firmados com a Administração Pública deverão ser atribuídas apenas ao contratado, exceto nos casos em que a execução do contrato seja realizada mediante a cessão de mãodeobra, assim vejamos: Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 11080.722524/201017 Acórdão n.º 9202006.580 CSRFT2 Fl. 6 9 § 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 2°A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 19911. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995). Assim, em razão de os contratos realizados com a Recorrente serem regidos pela Lei de Licitações, entendo cumprido o requisito previsto na Súmula em questão, em razão da natureza do contrato administrativo realizado a partir do procedimento licitatório, bem como diante da objeto social do Banco (operações bancárias ativas, passivas e acessórias, a prestação de serviços bancários, de intermediação e suprimento financeiro sob suas múltiplas formas e o exercício de quaisquer atividades facultadas às instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional). Conforme já identificado nos Fundamentos Legais do Débito, fls. 8 e 9, a responsabilidade solidária atribuída à Recorrente foi fundamentada no art. 30, inciso VI, da Lei 8.212/91, que assim dispõe: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: VI o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem;(...). Cumpre elucidar que a previsão trazida na Lei 8.666/93 tratase de norma especial que rege a responsabilidade dos entes da Administração Pública sobre encargos administrativos, devendo prevalecer sobre o art. 30, inciso VI, da Lei 8.212/91, que prescreve norma geral sobre responsabilidade solidária pelos débitos previdenciários decorrentes das obras de construção civil, independente de quem seja o contratante, o que se consubstancia na aplicação do princípio da especialidade, lex specialis derrogat generali. Vale destacar a aplicabilidade do Parecer AC nº 055/2006 da Advocacia Geral da União (AGU), aprovado pelo Presidente da República, também consolidando o entendimento de que a Administração Pública não poderá responder por créditos previdenciários devidos pela empresa contratada para prestação de serviços de construção civil, reforma ou acréscimo, nos termos do art. 30, VI da Lei 8.212/91, conforme ementa abaixo transcrita: Fl. 341DF CARF MF 10 PREVIDENCIÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONTRATOS. OBRAS PÚBLICAS. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E RETENÇÃO. DEFINIÇÃO. I Desde a Lei nº 5.890/73, até a edição do DecretoLei nº 2.300/86, a Administração Pública respondia pelas contribuições previdenciárias solidariamente com o construtor contratado para a execução de obras de construção, reforma ou acréscimo de imóvel, qualquer que fosse a forma da contratação. II Da edição do DecretoLei nº 2.300/86, até a vigência da Lei nº 9.032/95, a Administração Pública não respondia, nem solidariamente, pelos encargos previdenciários devidos pelo contratado, em qualquer hipótese. Precedentes do STJ. III A partir da Lei nº 9.032/95, até 31.01.1999 (Lei nº 9.711/98, art. 29), a Administração Pública passou a responder pelas contribuições previdenciárias solidariamente com o cedente de mãodeobra contratado para a execução de serviços de construção civil executados mediante cessão de mãodeobra, nos termos do artigo 31 da Lei nº 8.212/91 (Lei nº 8.666/93, art. 71, § 2º), não sendo responsável, porém, nos casos dos contratos referidos no artigo 30, VI da Lei nº 8.212/91 (contratação de construção, reforma ou acréscimo). IV Atualmente, a Administração Pública não responde, nem solidariamente, pelas obrigações para com a Seguridade Social devidas pelo construtor ou subempreiteira contratados para a realização de obras de construção, reforma ou acréscimo, qualquer que seja a forma de contratação, desde que não envolvam a cessão de mãodeobra, ou seja, desde que a empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente (Lei nº 8.212/91, art. 30, VI e Decreto nº 3.048/99, art. 220, § 1º c/c Lei nº 8.666/93, art. 71). V Desde 1º.02.1999 (Lei nº 9.711/98, art. 29), a Administração Pública contratante de serviços de construção civil executados mediante cessão de mãodeobra deve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa contratada, cedente da mãodeobra (Lei nº 8.212/91, art. 31). Em virtude de a Advocacia Geral da União ter reconhecido, por meio de Parecer aprovado pelo Presidente da República, que a responsabilidade da Administração sobre as contribuições previdenciárias decorrentes dos contratos administrativos é restrita apenas aos casos de cessão de mãodeobra, tal entendimento deve ser seguido pelos órgãos da Administração, conforme determina o art. 40, §1º da Lei Complementar nº 73/93 abaixo transcrito: Art. 40. Os pareceres do Advogado Geral da União são por este submetidos à aprovação do Presidente da República. Fl. 342DF CARF MF Processo nº 11080.722524/201017 Acórdão n.º 9202006.580 CSRFT2 Fl. 7 11 § 1º O parecer aprovado e publicado juntamente com o despacho presidencial vincula a Administração Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento. Considerando que a matéria recorrida não se refere à execução de contratos mediante cessão de mãodeobra, concluise que, no presente caso, não há que se falar em responsabilidade solidária da Contribuinte pelos débitos previdenciários decorrentes de obras de construção civil, fundamentada no art. 30, inciso VI da Lei 8.212/12. Ademais, acerca dos argumentos da Procuradoria, tornase imperioso elucidar que a Recorrida centraliza suas contrarrazões na impossibilidade de aceitação dos argumentos da Contribuinte, uma vez que o REsp 417.794RS não seria aplicável ao caso, contudo a Recorrente não faz menção ao julgado citado, de modo que rejeito as sintéticas argumentações da Fazenda. Diante do exposto, voto por conhecer do recurso especial interposto pela Contribuinte e, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 343DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.009505/2002-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 01 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF
Ano-calendário: 1998
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DÉBITOS APURADOS EM AUDITORIA INTERNA DA DCTF. COMPROVADA A QUITAÇÃO MEDIANTE COMPENSAÇÃO COM CRÉDITO DISPONÍVEL. CANCELAMENTO DA AUTUAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Uma vez comprovada nos autos a quitação, mediante compensação com crédito disponível, das diferenças a maior dos débitos da CPMF apurados em auditoria interna da DCTF e lançados de ofício, o cancelamento da cobrança é a medida adequada.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-005.205
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Anocalendário: 1998 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DÉBITOS APURADOS EM AUDITORIA INTERNA DA DCTF. COMPROVADA A QUITAÇÃO MEDIANTE COMPENSAÇÃO COM CRÉDITO DISPONÍVEL. CANCELAMENTO DA AUTUAÇÃO. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada nos autos a quitação, mediante compensação com crédito disponível, das diferenças a maior dos débitos da CPMF apurados em auditoria interna da DCTF e lançados de ofício, o cancelamento da cobrança é a medida adequada. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 95 05 /2 00 2- 71 Fl. 581DF CARF MF 2 Júnior, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório que integra a Resolução nº 330200.009 (fls. 207/209), que segue integralmente transcrito: Tratase de recurso voluntário (fls. 207 a 211) apresentado em 27 de março de 2008 contra o Acórdão n° 0323.335, de 23 de novembro de 2007, da DRJ Brasilia / DF (fls. 184 a 192), do qual tomou ciência a Interessada em 26 de fevereiro de 2008 e que, relativamente a auto de infração (DCTF) de CPMF dos períodos de apuração de janeiro a junho, agosto a novembro de 1998, considerou procedente em parte o lançamento, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Anocalendário: 1998 DCTF. AUDITORIA INTERNA. INEXISTÊNCIA DOS CRÉDITOS COMPENSADOS. FALTA DE PAGAMENTO DA EXAÇÃO FISCAL. APLICAÇÃO DE AUTO DE INFRAÇÃO. IMPUGNAÇÃO. COMPROVAÇÃO, EM PARTE, DOS CRÉDITOS UTILIZADOS. Afastase, em parte, a imposição tributária remanescente da revisão de oficio, para acolher os créditos objeto da compensação que restaram comprovados nos autos. Lançamento Procedente em Parte Oauto de infração foi lavrado em 10 de junho de 2002 e, segundo o termo de fls. 33 a 41, os pagamentos informados nas vinculações efetuadas em DCTF pagamentos e a compensação sem Darf e com processo teriam sido parcialmente utilizados ou não teriam sido localizados. O lançamento foi analisado pelo despacho decisório de fls. 182 e 183, que reviu o lançamento de acordo com a apuração de fl. 159, restando apenas um saldo parcial. A DRJ, ao apreciar a impugnação, reduziu ainda mais o valor lançado, mantendo apenas diferenças relativas aos períodos das primeira, segunda e quarta semanas de janeiro, primeira semana de março e terceira de outubro de 1998. No recurso, a Interessada alegou o seguinte: 1° período de janeiro de 1998: os indébitos não teriam sido reconhecidos por não ter sido efetuada a retificação da DCTF relativa aos períodos dos créditos; 2° e 4° períodos de janeiro de 1998: o crédito não teria sido "composto na DCTF"; Fl. 582DF CARF MF Processo nº 10166.009505/200271 Acórdão n.º 3302005.205 S3C3T2 Fl. 582 3 1º período de março de 1998: foi informado incorretamente o período do crédito; 3° período de outubro de 1998: haveria sobra a ser compensada, contrariamente ao que foi afirmado no acórdão de primeira instância. Por meio da referida Resolução, o julgamento foi convertido em diligência perante a unidade de origem da Receita Federal do Brasil, para que fosse verificado “primeiramente, as alegações da Interessada, procedendo, a seguir, à intimação para prestação de esclarecimentos e comprovação das alegações. Posteriormente, deverá a DRF lavrar relatório conclusivo a respeito de cada uma das questões, do qual dará ciência à Interessada para manifestarse no prazo de trinta dias da ciência, com encaminhamento subseqüente dos autos para julgamento.” Em atenção ao demandado na citada Resolução, por meio do Despacho Decisório de fls. 241/242, autoridade fiscal da unidade de origem da RFB decidiu cancelar de oficio o lançamento do débito do PA 0103/98 e manter o débito do PA 0110/98. Os demais débitos questionados pelo recorrente foram remetidos para análise da Difis/DRF/BSB. Cientificada desse despacho, por meio da petição de fls. 277/278, a recorrente alegou que, apesar não restar dúvidas quanto a inexigibilidade do débito do PA 0310/98, por considerar irrisório débito principal remanescente, no valor R$ 32,63, concordou em quitar o referido valor. Em cumprimento ao determinado do citado Despacho Decisório, na informação fiscal de fl. 351 a autoridade fiscal assim se manifestou, in verbis: 3. Alega o contribuinte em epígrafe a fl. 208 que o valor do crédito, após reanálise, subiu R$ 266,77 em relação ao primeiro período e R$ 309,47 para o segundo do PA 11/98, conforme demonstrado a fls. 233 e 257. Sendo o remanescente utilizado nos demais débitos, de PA 21/98 e 41/98 (R$ 23,51 e R$ 84,71 respectivamente), a fl. 209. 4. Ressaltase, da própria alegação feita, que ‘identificou os créditos somente após a entrega da DCTF”. Cientificada dessa última informação, a autuada não se manifestou a respeito. Em seguida, os autos retornaram a este Conselho, para prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso foi apresentado tempestivamente, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Fl. 583DF CARF MF 4 A lide remanescente restringiuse aos débitos remanescentes da CPMF dos seguintes períodos de apuração: PERÍODO DE APURAÇÃO (PA) DÉBITOS REMANESCENTES 0101/98 R$ 558,73 0201/98 R$ 23,51 0401/98 R$ 84,71 0103/98 R$ 225,65 0310/98 R$ 32,63 O débito do PA 0101/98 foi cancelado de oficio pela autoridade de fiscal (fls. 241/242). E a recorrente concordou em quitar o débito do PA 0110/98 (fls. 277/278). Em relação aos demais débitos remanescentes, assim se manifestou a autoridade fiscal encarregada do cumprimento da diligência, in verbris: 3. Alega o contribuinte em epígrafe a fl. 208 que o valor do crédito, após reanálise, subiu R$ 266,77 em relação ao primeiro período e R$ 309,47 para o segundo do PA 11/98, conforme demonstrado a fls. 233 e 257. Sendo o remanescente utilizado nos demais débitos, de PA 21/98 e 41/98 (R$ 23,51 e R$ 84,71 respectivamente), a fl. 209. 4. Ressaltase, da própria alegação feita, que “identificou os créditos somente após a entrega da DCTF”. Assim, resta demonstrado que, após essa última manifestação, apenas remanesceu o débito do 0103/98, no valor de R$ 225,65, em relação ao qual assim se manifestou o nobre Relator do voto condutor do julgado recorrido, in verbis: 4) Quanto ao PA: 0103/98: Consta do Relatório Fiscal da DRF/Brasília, produzido por ocasião da revisão de oficio do lançamento fiscal, que demonstra a existência de débito remanescente da CPMF do anocalendário 1998 (fls. 176/181), e o qual é parte integrante do Despacho Decisório (fls. 182/183) verbis: (...) •PA: 0103/98 Valor declarado: R$ 9.322,96 Débito: R$ 225,65 O pagamento de R$ 2.602,19, datado de 13/08/97, indicado em DCTF 89) para compensar parte da obrigação tributária de R$ 9.322,96, já estava alocado a outro débito (fl. 131), sendo insuficiente para efetivar a compensação pretendida, permanecendo o saldo devedor de R$ 225,65. (...) A interessada, todavia, alegou que o débito em tela R$ 225,65, com vencimento em 11/03/1998, foi compensado com sobra de recolhimento a maior efetuado em 13/08/1997, no valor de R$ Fl. 584DF CARF MF Processo nº 10166.009505/200271 Acórdão n.º 3302005.205 S3C3T2 Fl. 583 5 2.602,19; que esse recolhimento em DARF gerou crédito de R$ 193,81 + atualização pela Selic R$ 31,89 = R$ 225,65. Entretanto, consultando os autos (fls. 89 e 131) observase que o valor recolhido de R$ 2.602,19 já havia sido integralmente utilizado para pagamento de débitos em 13/08/1997, inexistindo saldo ou sobra disponível para compensação em 1998, por isso o valor compensado de R$ 225,65 não foi aceito (fls 131 e 134). Sendo assim, persiste o débito em aberto do principal da CPMF R$ 225,65, quanto ao período de apuração analisado. (grifos do original) No recurso em apreço, o recorrente reconheceu que não havia saldo de crédito disponível para compensação em 13/8/1997, mas sim em 6/8/1997. E acrescentou, no trecho que segue transcrito: Ocorre que a Recorrente equivocouse em sua impugnação, informando o período errado. Conforme podemos verificar na DCTF da 5ª semana de julho, o DARF recolhido no valor de R$ 1.638,55 em 06/08/1997, gerou um crédito de R$ 193,81, que atualizados pela SELIC do período totalizam os R$ 225,65 compensados pela Recorrente. (doc. 5) Dessa forma, este débito deve ser afastado, visto que gerado por um erro de informação da recorrente. Na informação fiscal de fl. 351, nada foi dito pela autoridade fiscal diligente a respeito dessa alegação da recorrente. Entretanto, a análise dos documentos de fls. 113/143, revela que, em relação ao PA da 5ª semana de julho de 1997, a recorrente apurou e informou na DCTF um débito de R$ 1.444,74 e recolheu o valor de R$ 1.638,55, o que resultou no pagamento a maior da importância de R$ 193,31, conforme asseverado pela recorrente. Assim, resta demonstrado que o recorrente havia quitado integralmente os débitos remanescentes lançados e mantidos na decisão recorrido. Logo, a cobrança de todos os débitos remanescentes deve ser cancelada. Por todo o exposto, votase pelo provimento do recurso, para cancelar todos os débitos remanescentes lançados e mantido pela decisão recorrida. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 585DF CARF MF 6 Fl. 586DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.003620/2005-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUTO DE INFRAÇÃO BASEADO EM PRESUNÇÕES. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima a Contribuinte apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento.
IMPOSTO DE RENDA. GANHO DE CAPITAL. DIFERENÇA POSITIVA ENTRE O VALOR DE ALIENAÇÃO E O CUSTO DE AQUISIÇÃO. INCIDÊNCIA.
Nos termos do § 2º do art. 3º da Lei nº 7.713/1988, a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição está sujeita ao imposto de renda sobre ganho de capital.
MULTA DE OFÍCIO DE 75%. APLICABILIDADE.
A multa de ofício é prevista em disposição legal específica e tem como suporte fático a revisão de lançamento, pela autoridade administrativa competente, que implique imposto ou diferença de imposto a pagar. Nos casos de lançamento de ofício, onde resultou comprovada a insuficiência do recolhimento de imposto, é exigível a multa de ofício por expressa determinação legal.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.
Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias.
Numero da decisão: 2401-005.298
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUTO DE INFRAÇÃO BASEADO EM PRESUNÇÕES. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima a Contribuinte apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento. IMPOSTO DE RENDA. GANHO DE CAPITAL. DIFERENÇA POSITIVA ENTRE O VALOR DE ALIENAÇÃO E O CUSTO DE AQUISIÇÃO. INCIDÊNCIA. Nos termos do § 2º do art. 3º da Lei nº 7.713/1988, a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição está sujeita ao imposto de renda sobre ganho de capital. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. APLICABILIDADE. A multa de ofício é prevista em disposição legal específica e tem como suporte fático a revisão de lançamento, pela autoridade administrativa competente, que implique imposto ou diferença de imposto a pagar. Nos casos de lançamento de ofício, onde resultou comprovada a insuficiência do recolhimento de imposto, é exigível a multa de ofício por expressa determinação legal. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias.
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AUTO DE INFRAÇÃO BASEADO EM PRESUNÇÕES. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima a Contribuinte apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento. IMPOSTO DE RENDA. GANHO DE CAPITAL. DIFERENÇA POSITIVA ENTRE O VALOR DE ALIENAÇÃO E O CUSTO DE AQUISIÇÃO. INCIDÊNCIA. Nos termos do § 2º do art. 3º da Lei nº 7.713/1988, a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição está sujeita ao imposto de renda sobre ganho de capital. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. APLICABILIDADE. A multa de ofício é prevista em disposição legal específica e tem como suporte fático a revisão de lançamento, pela autoridade administrativa competente, que implique imposto ou diferença de imposto a pagar. Nos casos de lançamento de ofício, onde resultou comprovada a insuficiência do recolhimento de imposto, é exigível a multa de ofício por expressa determinação legal. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 00 36 20 /2 00 5- 43 Fl. 335DF CARF MF 2 INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10909.003620/200543 Acórdão n.º 2401005.298 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratam os presentes de Auto de Infração de fls. 80/86, acompanhado do Termo de Verificação Fiscal de fls. 87/97, relativo ao imposto sobre a renda de pessoa física do anocalendário 2002, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 78.964,29, composto da seguinte forma: R$ 34.178,40 relativo ao Imposto; R$ 18.555,45 de Juros de mora (calculados até 31/10/2005); R$ 25.633,80 de Multa Proporcional e R$ 596,64 de Multa Isolada. Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 81), que o lançamento é decorrente de 01) ganhos de capital obtidos na alienação quotas não negociadas em bolsa cujo fato gerador ocorreu em 30/09/2002 e 02) falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 87/97), após a análise da documentação apresentada, verificouse que houve uma venda de participação societária pela qual o contribuinte recebeu em pagamento de suas quotas (5,06% no valor de R$ 12.144,00) da empresa Costa Sul Pescados Ltda., dois terrenos no valor total de R$ 240.000,00, resultando um ganho de capital de R$ 227.856,00. Devidamente cientificado, o Interessado apresentou, tempestivamente, impugnação (fls.101/122), alegando, resumidamente, o que segue: (i) a situação descrita não está tratando de ganhos de capital na alienação de bens e direito omissão de ganho de capital na alienação de quotas não negociadas em bolsa. Tratase de duas operações distintas: 1) De cessão de cotas de capital, na qual inexiste ganho; e 2) Compra de um terreno, a prazo, parcelado em 72 vezes. Assim, não há como confundir as duas operações, porquanto são negócios jurídicos distintos; (ii) Sustenta que o pagamento dos terrenos adquiridos da Costa Sul se deu de forma parcelada, conforme consta do Contrato Particular de Compra e Venda; (iii) Insurgese contra a menção do atuante de que “a mesma empresa, agora só de seus irmãos, resolve pagar para o ex sócio aluguel pelo uso de terrenos dos quais foi proprietária, apesar deles não terem sido pagos na totalidade”. Argumenta que os alugueis foram pagos conforme faz prova os recibos anexados, devidamente escriturados na contabilidade da empresa pagadora. (iv) Afirma que a escritura pública de compra e venda, onde a empresa alienante dá total quitação do terreno por ele adquirido, foi emitida pelo cartório com erro, sendo a verdade o que consta do instrumento particular de compra e venda; (v) Argumenta que o contrato de compra e venda subscrito pelas partes e assinado por testemunhas tem validade erga omnes de acordo com o código civil, vedada a presunção de ilicitude. Fl. 337DF CARF MF 4 (vi) Informa que o erro do cartório só foi percebido com o início da fiscalização, tendo sido emitida uma nova Escritura Pública de Retificação e Ratificação, da qual costa o pagamento parcelado. (vii) Acrescenta que devido ao auditor fiscal não ter desconsiderado a declaração de ajuste anual da qual consta a dívida declarada no valor de R$ 210.000,00, referente a dois terrenos na localidade de Machados em Navegantes, reputase verdadeira tal informação prestada. Informa que devido a erro involuntário o valor foi incorretamente informado no quadro Dívidas e Ônus Reais, devendo ter sido informado o valor de R$ 240.000,00. (viii) Argumenta, ainda, que a autuação deve ser anulada em razão de estar fundamentada em suposições, impossibilitando, pois, o amplo exercício do direito de defesa. (ix) Por fim, contesta a aplicação da multa de ofício alegando a sua inconstitucionalidade por ferir os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e do não confisco. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC) lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0715.140 da 4ª Turma da DRJ/FNS, às fls. 177/184, julgando improcedente a impugnação apresentada em face do lançamento, mantendo o crédito tributário exigido em sua integralidade. Recordese: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO. Há incidência de Imposto de Renda sobre ganhos de capital na alienação de bens e direito de qualquer natureza, sendo este considerado a diferença positiva entre o valor de alienação e o respectivo custo de aquisição dos bens ou direitos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL AnoCalendário: 2002 VERDADE MATERIAL O Princípio da Verdade Material é princípio obrigatório no processo administrativo que exprime que a Administração deve agir e tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelo sujeito passivo. AFIRMAÇÕES RELATIVAS A FATOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. O conhecimento de afirmações relativas a fatos, apresentadas pelo contribuinte para contraditar elementos regulares de prova trazidos aos autos pela autoridade fiscal, demanda sua consubstanciação por via de outros elementos probatórios, pois sem substrato mostramse como meras alegações processualmente inaceitáveis. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10909.003620/200543 Acórdão n.º 2401005.298 S2C4T1 Fl. 4 5 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO AnoCalendário: 2002 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Lançamento Procedente” O contribuinte foi cientificado da decisão de 1ª instância em 23/03/2009, conforme Aviso de recebimento (AR) de fl. 190. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário (fls. 191/208), reprisando os mesmos argumentos lançados em sua peça de Impugnação. Ao final requer o provimento do Recurso Voluntário para julgar improcedente a ação fiscal. É o relatório. Fl. 339DF CARF MF 6 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa – Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 25/03/2009 conforme Aviso de Recebimento (AR) à fl. 190, e o Recurso Voluntário foi interposto, TEMPESTIVAMENTE, no dia 24/04/2009, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. PRELIMINAR O Recorrente insiste que o lançamento é nulo, em razão de estar fundamentado em suposições, impossibilitando, pois, o amplo exercício do direito de defesa. Sem razão o Recorrente. Compulsando os autos, verificase que, ao analisar a documentação apresentada pelo contribuinte, a Fiscalização identificou elementos fáticos que guardam relação com as normas tributárias. No caso, sobrou comprovado que o Recorrente alienou as suas cotas do capital social da empresa Costa Sul Pescados Ltda., obtendo com esta operação ganho de capital. Diante disso, verificado a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, a autoridade administrativa tem o dever legal e funcional de efetuar o lançamento. Na dicção do parágrafo único do art. 142 do Código, a atividade administrativa de lançamento não é apenas vinculada, mas também obrigatória, sob pena de responsabilidade. Confirase: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Além disso, o auditorfiscal enquadrase como servidor público. Por efeito, seus atos têm presunções de veracidade e legitimidade, pela fé pública que lhe é conferida. Ainda, por consequência, os autos de infração e os relatórios de fiscalização, confeccionados alcançam as mesmas presunções. No caso em tela, pela leitura da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 83/84) e pelo Termo de Verificação Fiscal (fls. 87/97), notase claramente que o Auto de Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10909.003620/200543 Acórdão n.º 2401005.298 S2C4T1 Fl. 5 7 Infração se encontra dentro das formalidades legais, tendo sido lavrado de acordo com a legislação vigente. Isso suficiente não fora, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa por falta de motivação quando a autoridade lançadora descreve minuciosamente o procedimento fiscal, a fundamentação legal e lógica do lançamento, e ainda por cima o Recorrente apresenta defesa apta e específica demonstrando ter compreensão das razões do lançamento, razão pela qual afasto a alegada nulidade. 3. DO MÉRITO 3.1. Do ganho de capital. Conforme relatado, a Fiscalização apurou que o Recorrente retirouse da empresa Costa Sul Pescados Ltda., recebendo desta, em razão da sua participação societária (5,06% do capital social, no valor de R$ 12.144,00), dois terrenos no valor total de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais), que resultou um ganho de capital no valor de R$ 227.856,00 (duzentos e vinte sete mil oitocentos e cinquenta e seis reais). A instância administrativa a quo manteve a higidez do lançamento. O Recorrente se insurge no sentido de que a situação descrita pela autoridade fiscal não consiste em ganho de capital. Sustenta que, no caso, tratase de duas operações distintas e independentes, quais sejam, 1) Cessão de cotas de capital e 2) compra de um terreno, a prazo, parcelado em 72 vezes. O cerne da questão é saber se a operação realizada pelo Recorrente configura ou não ganho de capital na alienação de bens e direitos. Sobre o tema imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de capital, assim dispõe a Lei nº 7.713/1998: Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. Fl. 341DF CARF MF 8 § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. No caso de transferência de bens e direitos a título de integralização de capital, efetuados por pessoa física, assim dispõe a Lei nº 9.249/95: Art. 23. As pessoas físicas poderão transferir a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital, bens e direitos pelo valor constante da respectiva declaração de bens ou pelo valor de mercado. § 1º Se a entrega for feita pelo valor constante da declaração de bens, as pessoas físicas deverão lançar nesta declaração as ações ou quotas subscritas pelo mesmo valor dos bens ou direitos transferidos, não se aplicando o disposto no art. 60 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e no art. 20, II, do DecretoLei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. § 2º Se a transferência não se fizer pelo valor constante da declaração de bens, a diferença a maior será tributável como ganho de capital. Portanto, inconteste que a alienação de bens por pessoa física mediante integralização de imóveis ao capital social de pessoa jurídica, por valores superiores ao custo de aquisição devidamente registrado nas respectivas declarações de bens e direitos, configura fato gerador do imposto sobre a renda da pessoa física. O exame dos autos revela que na Declaração de Ajuste Anual de 2003 (fl. 14), referente ao AnoCalendário de 2002, o Recorrente informou que “5,06% DAS QUOTAS DO CAPITAL SOCIAL DA EMPRESA COSTA SUL PESCADOS LTDA VENDIDAS EM 2002”. Confirase: Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10909.003620/200543 Acórdão n.º 2401005.298 S2C4T1 Fl. 6 9 Verificase que as referidas quotas, em 31 de dezembro de 2001 valiam 12.144,00 (doze mil cento e quarenta e quatro reais). Intimado a comprovar a compra do terreno utilizado na subscrição do capital social da empresa Transpesca Transportes Ltda., o Recorrente apresentou cópia autenticada da escritura pública de compra e venda do terreno em questão, onde em 02/09/2002, a Costa Sul Pescados Ltda., empresa da qual era sócio com os citados 5,06% até 25/07/2002, tendo se retirado da sociedade, e, de suas cotas, feito doação aos demais sócios, vende, por R$ 240.000,00, dois terrenos dando total quitação dos mesmos (fls. 57/58). Em 20/06/2005, o Recorrente manifestouse perante a autoridade fiscal nos seguintes termos (fls. 23/24): [...] Informo ainda que em Junho de 2002, após várias divergências entre mim e meus irmãos que eram os sócios majoritários da empresa Costa Sul Pescados Ltda, decidi deixar a mesma para não agravar mais ainda os laços de família que nos unem e que estavam prejudicando a condução dos negócios da mesma. Todavia, como não conseguimos mensurar de forma absoluta o valor total de minha participação na empresa e conseqüentemente também não ficar desamparado no futuro, concordamos em constituir uma nova empresa para mim e minha esposa que passou a sobreviver da locação que fizemos do imóvel vendido pela Costa Sul Pescados para mim, e onde a empresa já havia iniciado benfeitorias a fim de transferila da cidade de Penha para Navegantes, e que adquirimos de forma parcelada como parte do acordo para que eu deixasse os negócios da família. Conseqüentemente temos hoje uma empresa que explora a locação do imóvel que compramos parceladamente da Costa Sul Pescados e que a mesma ocupa e deduz das locações o valor das parcelas que ainda devo para a mesma. [...] Na sequência, verificase que o capital social da nova empresa constituída pelo Recorrente e sua esposa é de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) – fl. 38, integralizados pelos dois terrenos que teriam sido vendidos pela Costa Sul Pescados Ltda. O Recorrente alega que a aquisição dos dois terrenos citados se deu de forma parcelada de acordo com o Contrato Particular de Compromisso de Compra e Venda (fls. 60/63). Todavia, soa no mínimo estranho que a empresa Costa Sul Pescados Ltda., tenha dado total quitação da compra dos ditos terrenos antes dos respectivos pagamentos, bem Fl. 343DF CARF MF 10 como o tal “Contrato Particular de Compromisso de Compra e Venda” (fls. 60/63), não tenha sido levado a registro em cartório. Pelo que se colhe dos autos, verificase que as cotas que pertenciam ao Recorrente não foram cedidas sem qualquer ônus como alega, e sim que houve um acordo para que uma nova empresa fosse constituída em seu nome e da sua esposa (Transpesca), cujo capital integralizado fora constituído por meio dos dois terrenos que pertenciam à Costa Sul Pescados Ltda, e que foram adquiridos pelo Recorrente como parte do acordo de sua saída daquela empresa. Sendo assim, reputo como correto o entendimento adotado pela instância julgadora a quo no acórdão recorrido no sentido de que “resta perfeitamente demonstrado nos autos que o impugnante de fato recebeu os terrenos em comento da empresa Costa Sul por conta de sua saída da empresa, ou seja, a real operação ocorrida entre o impugnante e a empresa Costa Sul consistiu da venda de suas ações que valiam R$ 12.144,00 pelo valor de R$ 240.000,00, valor este pago por meio dos mencionados terrenos. A realização e formalização de tal operação por meio de duas outras operações distintas não desnatura sua real natureza, ou seja, a doação das cotas sociais do impugnante aos sócios remanescentes da empresa Costa Sul e a posterior aquisição por este de terrenos da mesma empresa não sobrepõe a realidade fática claramente estabelecida, esta que configura fato gerador de imposto de renda.” Desta forma, não há quaisquer fundamentos para se reformar a decisão de primeiro grau. Por tudo o quanto exposto acima, voto no sentido de negar provimento ao recurso, mantendose incólume a decisão recorrida. 3.2. Da multa de ofício O Recorrente sustenta que a multa de ofício de 75% aplicada estaria ferindo o princípio do nãoconfisco, motivo pelo qual deveria ser anulada, e, além disso, o valor aplicado é exorbitante. Entretanto, o inconformismo não merece prosperar. Uma vez instaurado o procedimento de ofício e constatada infração à legislação tributária, o crédito tributário apurado pela autoridade fiscal somente pode ser satisfeito com os encargos do lançamento de ofício (multa de 75%). “Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) [...] § 1º O percentual de multa que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10909.003620/200543 Acórdão n.º 2401005.298 S2C4T1 Fl. 7 11 de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” Neste sentido, o artigo 142 do CTN prevê que a autoridade lançadora tem o dever de lavrar a referida multa de ofício, sob pena de responsabilidade funcional, visto que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória. Assim, no momento em que o auditor realiza de ofício o lançamento do imposto de renda, deve ser aplicada a multa do artigo 44 da Lei nº 9.430/96 sobre o imposto suplementar calculado, por estrita determinação legal. Quanto às alegações de inconstitucionalidade levantadas pelo Recorrente, sobre a aplicação da multa com suposto efeito de confisco, de acordo com o disposto na Súmula nº 02 deste órgão julgador, esta matéria é estranha à sua competência. Sem delongas, a teor do disposto no artigo 26ª do Decreto 70.235 de 06/03/1972, recepcionado pela ordem constitucional vigente com força de lei, aos órgãos de julgamento administrativo é vedado afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, excetuando apenas os casos relacionados no próprio Decreto, os quais não têm relação com o objeto da presente lide. Confirase: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II – que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.” No mesmo sentido é o artigo 62 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF: Fl. 345DF CARF MF 12 “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973.” Desse modo, não é lícito a este Colegiado a análise da constitucionalidade de normativos legais, mediante afastamento de sua aplicação, mesmo que existam doutrinas e/ou julgados que respaldem a tese esposada na peça recursal, ainda mais quando se constata que tais decisões não se enquadram nos termos prescritos no inciso I do parágrafo 6º anteriormente reproduzido. Além disso, de conformidade com a Súmula CARF nº 2, de aplicação obrigatória no âmbito deste Conselho, é vedado a esta Corte Administrativa pronunciarse sobre constitucionalidade de lei: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Desta feita, temse como não sendo possível aos órgãos de julgamento administrativos afastarem as conclusões contidas no despacho decisório sob o fundamento de que as normas legais que lhe dão suporte ferem princípios consagrados na Carta da República, pois, admitir ao julgador administrativo tal análise equivaleria invadir competência exclusiva do Poder Judiciário. Portanto, não há razões para modificar o julgamento de primeira instância. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10909.003620/200543 Acórdão n.º 2401005.298 S2C4T1 Fl. 8 13 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário da recorrente, para, no mérito, NEGARLHE provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 347DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18050.000844/2008-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/1999 a 30/03/1999
CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. RETENÇÃO DE 11%.
A empresa tomadora de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra é obrigada a reter e recolher, em nome da contratada, 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, a teor do art. 31 da Lei 8.212/91, na redação da Lei nº 9.711/99.
Numero da decisão: 2401-005.320
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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RETENÇÃO DE 11%. A empresa tomadora de serviços executados mediante cessão de mãodeobra é obrigada a reter e recolher, em nome da contratada, 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, a teor do art. 31 da Lei 8.212/91, na redação da Lei nº 9.711/99. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 08 44 /2 00 8- 96 Fl. 300DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira. Fl. 301DF CARF MF Processo nº 18050.000844/200896 Acórdão n.º 2401005.320 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA COELBA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 7a Turma da DRJ em Salvador/BA, Acórdão nº 1519.011/2009, às efls. 258/263, que julgou procedente o lançamento fiscal, referentes à retenção de 11% sobre o valor bruto dos serviços realizados mediante cessão de mãodeobra contida em notas fiscais de serviços prestado a recorrente, em relação a competência 03/1999, conforme Relatório Fiscal, às efls. 66/69 e demais documentos que instruem o processo. Os valores apurados decorrem da aplicação do percentual de 11% (onze por cento), à título de retenção, sobre o valor bruto dos serviços realizados e constantes das notas fiscais/faturas ou recibos, visto a não apresentação das GPS quitadas por parte da notificada, obrigada ao recolhimento na condição de tomadora dos serviços, observandose os procedimentos estabelecidos no art. 219, do Decreto n.° 3.048/99. O crédito lançado está fundamentado no art. 31 e §§ da Lei 8.212, de 1991, (redação dada pela Lei 9.711, de 1998), c/c o art. 219 e §§ do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048, de 1999, tendo sido observadas as normas e os procedimentos estabelecidos nas Ordens de Serviços n°s 203/1999 e 209/1999 e no Anexo III, 45.322, da Instrução Normativa/INSS/DC n° 69, de 10.05.2002, vigentes à época do lançamento.A Seção de Análise de Defesas e Recursos, à época integrante da Secretaria da Receita Previdenciária, requereu (fl. 70) ao Serviço de Fiscalização manifestação acerca do equívoco cometido pelos auditores fiscais na identificação do sujeito passivo. Em 28 de março de 2005 foi solicitada diligência fiscal para saneamento do processo, objetivando a emissão de Relatório Fiscal Substitutivo. Constatouse também um equívoco na emissão do Relatório Fiscal que constou na identificação do contribuinte a expressão “e outro”. Solicitouse ajuntada das notas fiscais e contratos. Cumprida a diligência, os Auditores Notificantes juntam documentos (contrato de prestação de serviços n° 0901025/981 e notas fiscais), Relatório Fiscal Substitutivo, despacho e comprovante postal de ciência da Prestadora. Em 01 de fevereiro de 2006 foi solicitada a cientificação do Relatório Fiscal Substitutivo pela empresa tomadora de serviço. Em 23/04/2007 foi emitido o Oficio n° 441 SEFIP para encaminhamento e cientificação do Relatório Fiscal Substitutivo pela prestadora de serviços, reabrindo, na oportunidade, prazo para defesa. A Alta Tensão Projetos e Construções e Materiais Elétricos LTDA tomou conhecimento do débito, por via postal, em 23/07/2007, conforme comprovante à fl. 203. Em 30/04/2007, o Serviço de Fiscalização emitiu o Oficio n° 551 SEFIP, solicitando desconsiderar o comunicado mediante Oficio n° 441 SEFIP, em virtude da empresa prestadora de serviço não configurar como solidária no presente débito. Fl. 302DF CARF MF 4 A COELBA teve ciência do Relatório Fiscal Substitutivo em 23 de julho de 2007 (fl. 202), sendo, na ocasião, concedida a reabertura do prazo de defesa. Inconformada com a Decisão recorrida a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às efls. 274/282, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, alega a existência do litisconsórcio necessário por solidariedade, isso porque, somente diante da incapacidade de comprovação do recolhimento pela prestadora, e, conseqüentemente, da confirmação da existência de débito, é que poderia se cogitar em imputação de responsabilidade solidária à COELBA, a qual se funda exclusivamente, ressalte se, no inadimplemento aferido. Contudo, o que se vê, no caso em tela, é que a autuação deveuse ao simples fato de não dispor, a recorrente, no momento da fiscalização, das cópias de guia de recolhimento, o que, por absurdo, entendeu o Autuante, seria definitivo para comprovar que não teria havido o recolhimento. No entanto, tal documentação fora apresentada, devendo ser cancelado o lançamento por violação à ampla defesa. Argumenta também que a fiscalização restringiuse a autuar a tomadora dos referidos serviços, lançando sobre ela o ônus de arcar com a referida obrigação, antes mesmo de que fosse averiguado o seu cumprimento por quem a lei prevê como principal obrigada, qual seja a empresa prestadora dos serviços. Desta forma, reitera a recorrente o seu requerimento para que sejam examinados os documentos já, e mais uma vez, colacionados, que demonstram o efetivo recolhimento das contribuições, porque a configuração da coresponsabilidade somente se dará na inadimplência do principal obrigado, deixando de ocorrer em virtude da inexistência de débito do mesmo, hipótese essa que se enquadra na presente situação. Sendo assim, uma vez que a solidariedade do dono da obra (tomador) se dá em virtude da inadimplência da prestadora de serviço, não havendo débito, não há que se falar em inadimplência como sequer, por conseqüência, em responsabilidade nela fundada. Diante da inequívoca comprovação do recolhimento, que se deu nos autos com a juntada das folhas de pagamento, GFlP, GRPS ou GPS, não subsiste o débito imputado, e, portanto, não há que se falar em responsabilidade já que esta está diretamente vinculada a eventual inadimplência da prestadora, o que, definitivamente, não corresponde ao caso em concreto. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para decretar a anulação do lançamento, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 18050.000844/200896 Acórdão n.º 2401005.320 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário. RETENÇÃO DE 11% PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS CESSÃO DE MÃO DE OBRA Da análise da notificação, especificamente no que atina aos aspectos formais, verificase o cumprimento dos requisitos essenciais previstos no art. 243, do Decreto n.° 3.048/99. Ressaltase que a presente lavratura fiscal referese ao descumprimento de obrigação principal, mais precisamente as contribuições previdenciárias, atinentes à retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto dos serviços realizados mediante cessão de mão de obra, constantes de nota fiscal, fatura ou recibo, previstos no art. 31, da Lei n.° 8.212/91, para a competência 02/1999. Em se tratando de contratação de serviços mediante cessão de mão de obra é clara a legislação vigente à época, acerca da responsabilidade do contratante em reter 11% do valor da nota fiscal, recolhendo o fruto da retenção no CNPJ da empresa contratada. O instituto da retenção de 11% está previsto no art. 31 da Lei n° 8.212/1991, com redação conferida pela Lei n ° 9.711/1998, nestas palavras: Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mãodeobra, observado o disposto no § 5º do art. 33. (Redação dada pela MP nº 1.66315, de 22/10/98 e convertida no art. 23 da Lei nº 9.711, de 20/11/98). Vigência a partir de 01/02/99, conforme o art. 29 da Lei nº 9.711/98 Cumpre registrar que o presente lançamento não se refere à responsabilidade solidária e sim ao dever de retenção de 11% que o sujeito passivo deveria ter efetuado em razão da contratação de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, conforme legislação encimada. Pelas informações trazidas no relatório fiscal, bem como pelo que restou demonstrado na informação fiscal, não foram efetuados os devidos destaques na notas, nem tão pouco cumpriu a recorrente a obrigação de reter e recolher as contribuições previdenciárias correspondentes. Fl. 304DF CARF MF 6 Desse modo, a recorrente deveria ter retido o valor de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal/fatura, observados os limites de deduções e recolher a importância até o dia dois do mês subseqüente à emissão da respectiva nota fiscal/fatura. De acordo com o previsto no art. 33, § 5º da Lei n° 8.212/1991, o desconto sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa, sendo a responsabilidade direta de quem tinha o dever de realizálo. Art. 33 (...). §5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. Ressalto ainda que a documentação apresentada pela COELBA na peça de defesa (fls. 4466, 7589 e 214242) não são hábeis a desconstituir o presente lançamento porque não comprovam a obrigação da tomadora de reter o percentual de 11% sobre os valores contidos nas notas fiscais de prestação de serviços. Como já dito, o tomador que deixou de fazer a retenção de importância que antecipa em nome do prestador é obrigado ao recolhimento do valor correspondente, já que a obrigação é presumida nos termos do § 5° do art. 33 da Lei n.° 8.212/91. No caso da retenção de 11% não há que se falar em solidariedade, tampouco em benefício de ordem, pois o comando legal impôs a responsabilidade à tomadora de serviços, assim como o fez em relação ao desconto dos segurados empregados. Essa é uma presunção legal absoluta que milita em favor da fiscalização previdenciária. Os serviços passíveis de retenção estão previstos no parágrafo 4° do art. 31 da Lei 8.212/91, combinado com o art. 219 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, in verbís: Lei n° 8.2I2/91 Art.31(...) § 4° Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: (Redação dada pela Lei n” 9. 711, de 20.11.98) I limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei n” 9.711, de 20.11.98) II vigilância e segurança; (Incluído pela Lei n° 9. 711, de 20.11.98) III empreitada de mãodeobra; (Incluído pela Lei n" 9.711, de 20.11.98) IV contratação de trabalho temporário na forma da Lei n° 6.019, de 3 de janeiro de 1974. (Incluído pela Lei n" 9.711, de 20.11.98) Decreto n.° 3 048/99 Art.219 (..). Fl. 305DF CARF MF Processo nº 18050.000844/200896 Acórdão n.º 2401005.320 S2C4T1 Fl. 5 7 §2° Enquadramse na situação prevista no caput os seguintes serviços realizados mediante cessão de mãodeobra: I limpeza, conservação e zeladoria; II vigilância e segurança; III construção civil; IV serviços rurais; V digitação e preparação de dados para processamento; VI acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos; VII cobrança; VIII coleta e reciclagem de lixo e resíduos; IX copa e hotelaria; X corte e ligação de serviços públicos; XI distribuição; XII treinamento e ensino; XIII entrega de contas e documentos; XIV ligação e leitura de medidores; XV manutenção de instalações, de máquinas e de equipamentos; XVI montagem; XIX operaçao de transporte de cargas e passageiros; XIX operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos de concessão ou subconcessão; (Redação dada pelo Decreto n” 4. 729, de 2003) XX portaria, recepção e ascensorista; XXI recepção, triagem e movimentação de materiais; XXII promoçao de vendas e eventos; XXIII secretaria e expediente; XXIVsaúde; e XXV telefonia, inclusive telemarketing.(grtfos nossos) Portanto, como outra atitude não poderia ser adotada por parte dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, pois, a atividade tributária, relação jurídica e não simples relação de poder, nos moldes do Estado Democrático de Direito, é vinculada ao princípio da legalidade. Fl. 306DF CARF MF 8 Por todo o exposto, estando a Notificação de Lançamento sub examine em consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, para no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 307DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.908042/2009-06
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005
DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO.
A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE.
Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material.
Numero da decisão: 3001-000.262
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com retorno dos autos à Unidade de Origem para análise da DCTF retificadora e demais documentos probatórios juntados em fase recursal, vencido o conselheiro Renato Viera de Avila que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1702; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 2 1 1 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.908042/200906 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.262 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 13 de março de 2018 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO PIS/PASEP Recorrente BAR E WISKERIA BRASÍLIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2005 a 30/06/2005 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindose em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com retorno dos autos à Unidade de Origem para análise da DCTF retificadora e demais documentos probatórios juntados em fase recursal, vencido o conselheiro Renato Viera de Avila que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 80 42 /2 00 9- 06 Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10166.908042/200906 Acórdão n.º 3001000.262 S3C0T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 4ª Turma da DRJ/BSB, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos Fatos O Contribuinte buscou via PER/DCOMP a compensação de débito de PIS/PASEP (cód.8109) do período de apuração 03/2006 com crédito do mesmo tributo, por recolhimento a maior que o devido, via DARF, do período de apuração 05/2005, arrecadado na data de 15/06/2005. Do Despacho Decisório A DRF de Brasília em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório (efls.3), pela não homologação da compensação pretendida, em face de inexistência de crédito disponível, pois o valor do DARF discriminado na PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débito declarado para a competência 05/2005. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.2), justificando o ocorrido da seguinte forma: 1. que parte de sua receita, no período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2006, estaria sujeita a alíquota zero de incidência do PIS e da COFINS, correspondente a produtos tributados no sistema monofásico, em face de grande volume de suas vendas serem Chopp, cervejas e refrigerantes; 2. por ter ocorrido a tributação normal de seu faturamento no período acima mencionado, efetuou o recolhimento de PIS e COFINS em valores maior que o devido; 3. constatado o erro na apuração dos impostos fez a retificação da DIPJ e passou a realizar as compensações a partir de março/2006 através de PER/DCOMP; 4. ao tomar conhecimento do Despacho Decisório procurou o Plantão Fiscal da Receita Federal e foi orientado a apresentar DCTF retificadora, para demonstrar o correspondente crédito passível de compensação; 5. ao final pede deferimento da compensação praticada; Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 4ª Turma da DRJ/BSB, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujos fundamentos encontramse sintetizados na ementa assim elabora: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10166.908042/200906 Acórdão n.º 3001000.262 S3C0T1 Fl. 4 3 Anocalendário: 2005 APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAISDCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls. 28) contra a decisão de primeiro grau, com o intuito de ver seu pedido atendido, repisa os fatos e apela para busca da verdade material no processo administrativo; menciona outros julgados do CARF condescendentes a juntada de novos documentos probatórios com o recurso voluntário; que em face de ter havido o pagamento a maior que o devido, como bem demonstra as planilhas anexadas, tem o direito de realizar compensações do tributo e espera a compensação do crédito informado em PER/DCOMP. Do julgamento do Recurso Voluntário A 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, no acórdão de nº 3803003.494, sessão de 25/09/2012, negou provimento por unanimidade de votos, ratificando a decisão de piso. Do Recurso Especial Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10166.908042/200906 Acórdão n.º 3001000.262 S3C0T1 Fl. 5 4 Cientificado da decisão de Segundo Grau a interessada tempestivamente ingressou com Recurso Especial. Primeiramente expôs os pressupostos de admissibilidade e com base no formalismo moderado (Lei nº 9.784/99), também, no princípio da razoabilidade que se aplicado com cautela, equilíbrio, moderação e harmonia, bem pode conduzir aos efeitos desejados. Esclarece ainda, “que a juntada de novos documentos no Recurso Voluntário tem respaldo sim no processo administrativo fiscal, no princípio da legalidade e o da verdade material que orienta e autoriza a Administração Pública a aceitar e buscar as provas que venham a demonstrar, a posteriori, a existência de vícios que tornem ilegal o ato administrativo. Os processos administrativos de que resultem sanções ao contribuinte poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício”. Adota como paradigma decisões da 2ª Seção de Julgamento do CARF que demonstram divergência de entendimento, com relação a possibilidade de juntada de novos documentos com o recurso voluntário, onde se destaca o seguinte trecho: “Não sendo suficientes os documentos juntados com a impugnação, mas vindo o contribuinte a trazêlos na fase recursal, é de se acatar a prova apresentada, em homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo e da busca da verdade material que orienta o processo administrativo tributário”. Em suas razões finais pede para declarar nulo o Acórdão da 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, por ofensa aos princípios da busca da verdade material e do formalismo moderado. Do exame de Admissibilidade do Recurso Especial Presentes os pressupostos de admissibilidade o Recurso Especial foi admitido, pois “a matéria foi prequestionada no acórdão recorrido, os paradigmas apresentados foram proferidos por colegiados distintos do da decisão recorrida e não sofreram reforma, restou demonstrada a divergência alegada e não foi constatado que as teses paradigmas tenham sido superadas pela CSRF”. Com base no fundamento do RICARF o exame de admissibilidade foi submetido ao Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, que aprovou e encaminhou à Câmara Superior de Recursos Fiscais (3ª Turma) para prosseguimento. Da ciência do Despacho pela PFN Cientificada a PFN, a mesma apresentou contra razões ao recurso especial, requerendo que seja negado provimento, uma vez que o contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório a seu encargo, é imperiosa a manutenção do acórdão recorrido. Da decisão do Recurso Especial Levado a julgamento o presente Recurso Especial pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, na data de 16/05/2017, Acórdão nº 9303005.083, por unanimidade de votos, dele tomou conhecimento e no mérito deulhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para análise do mérito do recurso voluntário, afastando a preclusão das provas. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10166.908042/200906 Acórdão n.º 3001000.262 S3C0T1 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Com base nas decisões acima apresentadas, incorridas no presente processo, ficou superada a preclusão de provas no processo administrativo tributário na forma como conduzido pela recorrente em seu recurso voluntário. Da mesma forma é de se reconhecer como válida a DCTF retificadora para fins de análise e posterior homologação dos créditos pretendidos. Portanto, em cumprimento ao dispositivo de sentença prolatada pela CSRF, procedese a análise de mérito do recurso voluntário, que restou prejudicada na decisão contida no acórdão proferido pela 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF. Em primeiro plano surgiu a apresentação de DCTF retificadora que tratou de acertar os corretos valores devidos de PIS e COFINS para o período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2006. Por ter sido apresentada, a DCTF retificadora, em data posterior a emissão do Despacho Decisório, a DRJ/BSB – 4ª Turma sustentou que essa simples entrega, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior; que incumbe ao sujeito passivo fazer a demonstração das provas que alega possuir, para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Esse fato relacionado a apresentação de DCTF retificadora em data posterior a emissão de Despacho Decisório, já tem entendimento assentado na jurisprudência deste Conselho. Citase, por exemplo, o julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante manteve decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário. De onde se extrai: “que a DCTF retificadora, nas hipóteses admitidas por lei, tem os mesmos efeitos da original, podendo ser admitida para comprovação da certeza e liquidez do crédito, ainda que transmitida após a prolação do despacho decisório”. Por outro lado “O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior”. A administração tributária nos dá orientação sobre o tema, através do Parecer Cosit nº 02/2015,de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10166.908042/200906 Acórdão n.º 3001000.262 S3C0T1 Fl. 7 6 força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. (...) Como antes dito, a liquidez e certeza do crédito tributário não se encerra com a simples DCTF retificadora, há outros indicativos a serem seguidos, sendo, por exemplo, os livros contábeis e fiscais, DIPJ, que de acordo com as razões recursais foram parâmetros utilizados para atestar o erro de declaração cometido. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: "Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. A premissa menor que compõe a ementa do acórdão do Recurso Especial, tratado nesse processo, resume com precisão a questão que envolve a apresentação de prova no processo administrativo tributário, “verbis”: Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário, após o julgamento de primeira instância administrativa, podem excepcionalmente ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material. Situação que se apresenta comum quando o indeferimento da compensação é efetuado por meio de Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10166.908042/200906 Acórdão n.º 3001000.262 S3C0T1 Fl. 8 7 despacho decisório eletrônico no qual não são apresentadas ao contribuinte orientações completas quanto aos documentos necessários à comprovação do direito de crédito. Merece ser reproduzido aqui, por oportuno, parte em destaque dos fundamentos do acórdão do Recurso Especial que determinou a análise de mérito nos presentes autos: A análise da compensação operada pelo contribuinte da qual resulta o despacho decisório, bem poderia conformarse ao mesmo modelo do procedimento de determinação e exigência de crédito tributário, caso fosse precedido de Termo de Verificação Fiscal, em procedimento manual, em que ficassem evidenciados os erros em que incorrera o contribuinte e a forma e providências necessárias que deveria suprir para elidir a apuração fiscal. É evidente que o despacho decisório eletrônico não cumpre esse desiderato, sendo sintética a formatação da decisão e o teor da sua intimação para a apresentação de defesa, não fornece ao contribuinte todos os elementos de que deve o interessado valerse, e exigíveis pela Administração, para subsidiála. Somente na decisão de primeira instância é que o julgador levanta a exigência das provas, por vezes apenas de forma genérica, diferentemente do que se deu no acórdão ora recorrido, que especificou ser este respaldo a escrita contábil/fiscal. Desse modo, o art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72 deve ser interpretado com parcimônia para este modelo de rito processual administrativo, sobretudo quando o conteúdo da sua letra “c” permite o enquadramento desta situação, quando sobreleva o risco de cerceamento da ampla defesa do contribuinte, quando irrelevase o princípio da verdade material, que informa o PAF, e o da moralidade, que rege os atos da Administração, a impedir a exigência de tributo já quitado ou não repetir o indébito. O fato material que resultou em revisão de base de cálculo do PIS/COFINS, diz respeito a não exclusão do total de suas vendas mensais realizadas no período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2006, dos valores correspondentes às saídas de produtos enquadrados no regime MONOFÁSICO de tributação, instituído pela Lei 10.147/2000. Tal regime consiste em mecanismo semelhante à substituição tributária, pois atribui a um determinado contribuinte a responsabilidade pelo tributo devido em toda cadeia produtiva ou de distribuição subsequente. O art. 2º da Lei 10.147/2000 define que: “São reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art. 1o, pelas pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador”. Com respaldo nessa previsão legal a recorrente sustentou em sua manifestação de inconformidade, que realizou grande volume de vendas de Chopp, cervejas e refrigerantes, sujeitos ao regime monofásico e que efetivamente foram tributados pelo regime normal de incidência do PIS/COFINS. A revisão de cálculo dessas contribuições é que Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10166.908042/200906 Acórdão n.º 3001000.262 S3C0T1 Fl. 9 8 redundou em saldo credor pelo pagamento a maior que o devido e objeto dos pedidos de compensação via PER/DCOMP. As DCTFs retificadoras nada mais representam, conforme os argumentos de defesa, do que o repasse ao fisco dos corretos valores devidos de PIS e COFINS do período antes mencionado. Caso a unidade julgadora de primeiro grau tivesse remetido os autos a unidade de origem para que promovesse a análise das DCTFs retificadoras, talvez o deslinde do litígio tivesse outro rumo. As razões recursais reforçam essa tese com a juntada de provas que evidenciam as operações com produtos enquadrados no regime monofásico, planilhas e livros fiscais, plenamente vinculados ao objeto da recorrente. Não reconhecer a análise de mérito de todas as operações realizadas pelo sujeito passivo para o período que deu causa ao levantamento do crédito pleiteado, é incorrer em cerceamento do amplo direito de defesa, desrespeito ao princípio da verdade material e o da moralidade que rege os atos da Administração Pública, em não impedir exigência de tributo já quitado ou não repetir o indébito. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com as provas disponibilizadas pela recorrente ou requerendo outras que entender pertinente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 114DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.903442/2008-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
Ementa:
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
A comprovação da existência e da liquidez do crédito são requisitos essenciais à acolhida de pedidos de compensação.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3401-004.055
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO. A comprovação da existência e da liquidez do crédito são requisitos essenciais à acolhida de pedidos de compensação. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Versa o presente sobre PER/DCOMP invocando créditos referentes a pagamento indevido ou maior de CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. Não tendo sido localizado tal pagamento nos sistemas da RFB, a empresa foi intimada a se manifestar, e, diante de seu silêncio, o crédito foi indeferido e a compensação não homologada, por Despacho Decisório Eletrônico, tendo a empresa apresentado Manifestação AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 34 42 /2 00 8- 62 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10120.903442/200862 Acórdão n.º 3401004.055 S3C4T1 Fl. 3 2 de Inconformidade, na qual alegou, em síntese, que: (a) é inconstitucional a majoração de alíquota promovida pelos Decretos no 2.445/1988 e no 2.449/1998, já reconhecida pelo Poder Judiciário e declarada por ato do Senado (Resolução no 49, de 9/10/1995), e a aplicação retroativa (sistemática da semestralidade) do art. 18 da Lei no 9.715/1998 (conforme ADIn no 1.4170, publicada em 23/03/2011 e também reconhecida por ato do Senado – Resolução no 10, de 08/06/2005); e (b) o prazo para pedir a restituição é fixado a partir da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa / judicial / Resolução do Senado. A decisão de primeira instância foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos. (a) a empresa não alegou nem comprovou o suposto pagamento a maior ou indevido que teria efetuado, a despeito de ter sido intimada para tanto; (b) em pesquisa aos sistemas da RFB, verificouse a existência de DARF de recolhimento com a data de arrecadação diversa da indicada no pedido, parecendo a empresa buscar com a data incorreta em seu pedido frustrar eventual extinção de prazo para pedir restituição, que ocorre após cinco anos do pagamento indevido, com vem decidindo o STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.110.578/SP) e o CARF. Ciente da decisão de piso, a empresa interpôs Recurso Voluntário, basicamente repisando o argumento de que não poderia o artigo 18 da norma legal (hoje Lei no 9.715/1998) ter retroagido, como decidiu o STF na ADIn no 1.417 (e Resolução no 10/2005), e reconheceu a própria Receita Federal, na IN SRF no 6/2000; e acrescentando que a Lei no 9.715/1998 revogou a Lei Complementar no 7/70, e que a cobrança também estaria com prazo decaído. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.025, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.901000/200962, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.025): "O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Diante da imputação fiscal e das defesas apresentadas, há pouco a discutir no presente processo. Isso porque em nenhuma das peças de defesa a empresa informa, objetivamente, aquilo que foi intimada a esclarecer desde antes do início do contencioso: qual foi exatamente o recolhimento indevido e qual o motivo para que especificamente essa quantia seja considerada de fato indevida. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10120.903442/200862 Acórdão n.º 3401004.055 S3C4T1 Fl. 4 3 Enquanto a defesa se alonga em discussões de direito que, em geral, já estão pacificadas administrativa e judicialmente, não dedica uma linha sequer a informar como os valores que entende indevidos o são pela ocorrência, no caso concreto, de tais situações jurídicas genericamente descritas. Como bem destacou a instância de piso, a empresa jamais comprovou o suposto pagamento a maior ou indevido, mesmo tendo sido intimada a tanto, na fase précontenciosa. Persiste, assim, a ausência de liquidez e certeza sobre o débito, ainda antes de se iniciar a discussão jurídica, que deixa de ser relevante, por não se saber, de forma peremptória, se é relacionada ao caso concreto aqui narrado. Não se desincumbe, assim, a postulante ao crédito, de seu ônus probatório, acreditando que as alegações de direito genéricas socorrem sua demanda, sem realizar qualquer esforço para vincular tais discussões jurídicas ao caso em análise, dotando de certeza e de liquidez o crédito. Em relação a alegação de decadência para cobrança, cabe destacar que não se está aqui a analisar lançamento, mas pedido de restituição, cumulado com compensação. E, como destacou a DRJ, a existência de Resolução do Senado reconhecendo eventual inconstitucionalidade é despicienda para fins de contagem do prazo prescricional (REsp no 1.110.578SP, julgado na sistemática dos recursos repetitivos). Poderseia agregar aos argumentos de defesa, de ofício, o tratamento reconhecido aos pedidos administrativos pelo STF (RE no 566.621/RS) e pelo CARF (Súmula CARF no 91). No entanto, como destacado de início, a discussão sobre haver ou não expirado o prazo para pedir restituição se afigura secundária, diante da ausência de liquidez e certeza do crédito. E a comprovação da existência e da liquidez do crédito são requisitos essenciais à acolhida de pedidos de compensação. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 77DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.721450/2013-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 29/08/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Na existência de obscuridade, omissão ou contradição no acórdão proferido os embargos devem ser acolhidos.
GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. NORMA COLETIVA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. Nos termos do art. 7º, XXVI, da Constituição da República, deve ser prestigiado o pactuado em norma coletiva, invocando-se o princípio da autonomia da vontade coletiva, desde que não haja o desrespeito a norma de ordem pública ou má-fé. Logo, a gratificação contingente, prevista em norma coletiva e paga em parcela única, é devida apenas aos empregados em atividade e têm natureza jurídica indenizatória, sendo descabida a extensão das referidas parcelas aos inativos e a sua integração aos proventos de complementação de aposentadoria. Incide a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 64 da SBDI-1 do TST.
ERRO MATERIAL. CORREÇÃO.
Verificada a ocorrência de erro material, o acórdão deve ser retificado para suprimir as inexatidões constantes da decisão embargada.
Numero da decisão: 2401-005.284
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos declaratórios, na parte admitida pelo despacho da Presidente da Turma, e, no mérito, por maioria, acolhê-los para sanar as omissões no Acórdão nº 2401-004.562, com efeitos infringentes, afastando a incidência da tributação sobre a verba "gratificação contingente", nos termos do voto da Relatora. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que acolhia os embargos sem efeito modificativo.
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Jose Alfredo Duarte Filho e Rayd Santana Ferreira. Ausentes os Conselheiros Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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PETROBRAS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 29/08/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Na existência de obscuridade, omissão ou contradição no acórdão proferido os embargos devem ser acolhidos. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. NORMA COLETIVA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. Nos termos do art. 7º, XXVI, da Constituição da República, deve ser prestigiado o pactuado em norma coletiva, invocandose o princípio da autonomia da vontade coletiva, desde que não haja o desrespeito a norma de ordem pública ou máfé. Logo, a gratificação contingente, prevista em norma coletiva e paga em parcela única, é devida apenas aos empregados em atividade e têm natureza jurídica indenizatória, sendo descabida a extensão das referidas parcelas aos inativos e a sua integração aos proventos de complementação de aposentadoria. Incide a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 64 da SBDI1 do TST. ERRO MATERIAL. CORREÇÃO. Verificada a ocorrência de erro material, o acórdão deve ser retificado para suprimir as inexatidões constantes da decisão embargada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 14 50 /2 01 3- 71 Fl. 14076DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos declaratórios, na parte admitida pelo despacho da Presidente da Turma, e, no mérito, por maioria, acolhêlos para sanar as omissões no Acórdão nº 2401004.562, com efeitos infringentes, afastando a incidência da tributação sobre a verba "gratificação contingente", nos termos do voto da Relatora. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que acolhia os embargos sem efeito modificativo. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Jose Alfredo Duarte Filho e Rayd Santana Ferreira. Ausentes os Conselheiros Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Fernanda Melo Leal. Fl. 14077DF CARF MF Processo nº 16682.721450/201371 Acórdão n.º 2401005.284 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratamse de Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte, às fls. 13.980/13.995, em face do Acórdão nº 2401004.562, contextualizado às fls. 13.933/13.966, de minha relatoria. Alega a embargante a existência de omissões e contradição no aresto hostilizado, conforme razões a seguir: “II.1) GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. GRATIFICAÇÃO GERENCIAL O acórdão embargado dispôs que tais gratificações (‘contingente’ e ‘gerencial’) teriam nítida natureza salarial, pois tem contornos de abono concedido ao empregado que visa agraciálo pela prestação dos serviços, e constitui verba remuneratória que deve integrar o salário de contribuição, amoldandose ao conteúdo do artigo 28, I da Lei n° 8.212/91 e não se ajusta às hipóteses contidas no seu § 9°, alínea ‘e’, item 7, como alegou a Recorrente. Contudo, não obstante os argumentos aduzidos pela il. Relatora para a manutenção do lançamento •da contribuição previdenciária sobre tais verbas, o acórdão embargado padece de relevante vicio de omissão ao deixar de apreciar a alegação trazida pela embargante em sua impugnação e recurso voluntário no sentido de que o Tribunal Superior do Trabalho (TST), que detém competência exclusiva para determinar a natureza das verbas pagas aos trabalhadores, já decidiu reiteradamente que os abonos pagos pela Petrobras com previsão expressa em seus acordos coletivos não têm natureza salarial, o que afasta por completo qualquer possibilidade de incidência da contribuição previdenciária sobre tais verbas. Tal entendimento do TST, que trata exatamente dos abonos pagos em questão pela embargante, é de tal forma pacífico que se encontra, inclusive. formalizado por meio das Orientações Jurisprudenciais n° 346/2007 e 64/2008, cujas ementas estão transcritas em fl. 19 do recurso voluntário e estabelecem expressamente a sua natureza indenizatória. Dessa forma, há inegável omissão ao deixar o v. acórdão de apreciar alegação relevante trazida expressamente aos autos pela embargante e considerando o impacto direto desta no resultado do julgamento, haja vista que a caracterização da natureza não remuneratória das gratificações pelo TST, cuja competência é exclusiva para apreciação da matéria, formalizada por meio das citadas OJs, ensejaria Fl. 14078DF CARF MF 4 necessariamente a aplicação do art. 28, § 9°, ‘e’, item 7 da Lei n° 8.212/91. II.2) ALÍQUOTA DE GILRAT. ILEGALIDADE DE NORMA. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA N° 2, DO CARF Segundo o r. Acórdão, faleceria competência ao CARF para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária atinente ao GILRAT, nos exatos termos da Súmula n° 2, do CARF. Porém, data vênia, mais uma vez o decisum padece de omissão ao deixar de se manifestar acerca da ilegalidade e não inconstitucionalidade da norma, seja porque, conforme aduzido nos autos pela embargante (i) o próprio ST J já se manifestou por ocasião da edição da Sumula 351 , segundo a qual ‘A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro’; (ii) o FAP é um multiplicador que lesa claramente o princípio da legalidade, sendo objeto de diversas discussões tanto na esfera judicial quanto na esfera administrativa; (ii) seja porque a própria administração pública, por meio da Resolução 1.316/2010, admite claramente que o cálculo do FAP para o ano de 2010 estaria equivocado; e (iii) seja porque a fiscalização não poderia aplicar SAT à alíquota de 3% para todo e qualquer estabelecimento da Embargante. Nestes termos, é manifestamente omissa a decisão quando deixou de se manifestar expressamente sobre a Resolução MPS/CNPS nº 1.316, de 31 de maio de 2010 DOU de 14/06/2010, que determinou alterações na fórmula do FAP e cuja observância atrairia a conclusão de que a aplicação do FAP é inválida para o ano de 2010, tal como admitido pela própria fiscalização por meio da Resolução 1.316/2010, bem como que, ainda que o FAP fosse Válido, ainda assim o cálculo da d. fisca1ização estaria equivocado, uma vez que a aplicação de alíquota única do SAT por empresa é patentemente ilegal, devendo ser garantido à Embargante, o direito a recolher as contribuições destinadas ao SAT/RAT, mediante utilização de alíquotas distintas a serem fixadas com base no grau de risco aplicável à atividade preponderante de cada estabelecimento, individualizado por CNPJ, devendo as autuações serem retificadas conforme tabela apresentada no corpo do Recurso Voluntário. II.3) VALORES PAGOS PELA AMS Neste item, padece de omissão o v. acórdão quando deixa de observar a incidência do inciso I, do Art. 1°, da Lei n° 9.656/98, in verbis: [...] Denotase, por essa disposição trazida aos autos pela embargante em sua defesa nos autos, que existem diferenças entre o que vem a ser credenciamento, contratação e referência. No credenciamento, modo Fl. 14079DF CARF MF Processo nº 16682.721450/201371 Acórdão n.º 2401005.284 S2C4T1 Fl. 4 5 pelo qual a Impugnante optou, por entender como o melhor para gerenciar o sistema, acontece uma ‘habilitação’ do prestador de saúde, pessoa física ou jurídica, que, assim, dada as suas qualificações, obtém uma ‘credencial’, tornandoo dessa forma apto a atender aos beneficiários da AMS. Além disso, o Programa de Assistência Médica Suplementar AMS é custeado de duas principais formas pelos beneficiários, segundo a Cláusula 4º do Regulamento da AMS: contribuições mensais a um valor préestabelecido (Grande Risco e Benefício Farmácia) e a co participação (contribuição variável para o Pequeno Risco, variáveis de acordo com a faixa salarial do beneficiário titular). Possui ainda duas modalidades de atendimento: Escolha Dirigida e Livre Escolha, definidas na Cláusula 53ª do Regulamento da AMS. Vejamse abaixo suas definições: [...] Assim, fica patente a ausência de qualquer relação de prestação de serviços dos profissionais da saúde à Impugnante, já que é o beneficiário que detém diretamente o poder de escolha em relação ao profissional de saúde que o atenderá, podendo até mesmo optar por um que nem seja credenciado ao plano, além de ser o responsável pelo custeio do atendimento, ainda que por meio repasse da Impugnante (por conta e ordem dos beneficiários). Cumpre registrar, ainda, a omissão do v. acórdão acerca da forma como a Impugnante lança os registros contábeis dos pagamentos efetuados aos profissionais de saúde, hospitais, clinicas etc., o que corrobora a afirmação de que eles são feitos a conta e ordem dos beneficiários da AMS. Evidente que tais pagamentos precisam ser classificados, dentro das normas contábeis correntes, e, assim, são devidamente lançados na rubrica ‘despesas de pessoal / encargos sociais e trabalhistas AMS – Empregados’, o que não deixa dúvida quanto a nãoincidência da contribuição Previdenciária, por força expressa de lei, como se denota no disposto na Consolidação das Leis do Trabalho CLT: [...] Repisese, no caso concreto, os pagamentos dos profissionais que prestam serviços aos pacientes segurados são efetuados ou diretamente pelo paciente (com reembolso pela operadora) ou por conta e ordem dos beneficiários do plano, o que impede a fiscalização de ampliar tal definição, pois, nos termos do art. 110 do CTN, como acima expendido, as definições do direito privado, bem como seu alcance e conteúdo não podem ser alteradas para fins de incidência tributária. Fl. 14080DF CARF MF 6 Ademais, destacamos que, não é pelo fato de existir a possibilidade de glosa dos pagamentos, consoante item 14.1.3 do Manual de Operações da AMS, que isso determinaria ou caracterizaria qualquer vinculação dos credenciados com a ora Embargante. Se o acórdão não tivesse sido omisso na referida análise, forçoso concluir que tais profissionais não são empregados, nem prestadores de serviços da Embargante, mas apenas e tãosomente credenciados, para trabalhar de forma nãoexclusiva para os clientes daquele plano que optarem pelo atendimento daqueles profissionais, razão pela qual não há que se falar em incidência de contribuições previdenciárias. Por fim, o acórdão cita a existência do PARECER n° AGU/SRG 01/2008, que teria opinado pela incidência da contribuição previdenciária sobre a remuneração paga aos prestadores de serviço médicos por atendimentos feitos a beneficiários do PASBC (Programa de Assistência à Saúde dos servidores do Banco Central do Brasil). Ocorre que o referido parecer trata de mera opinião de órgão administrativo não vinculativa. Além disso, consta do PARECER PGFN/CAT/N° 1948/2014, que expressamente cita o Parecer n° AGU/SRG/ 01/2008, o reconhecimento de que a jurisprudência do STJ caminha no sentido da não incidência destas contribuições, mas que como a tese ainda é combatida pela PGFN isto justificaria a manutenção em sentido contrário à referida jurisprudência. Vejase: [...] II.4) PRÊMIO INVENTOR Segundo decidido no r. acórdão, a Lei n° 9.279/963 prescreveria a desvinculação ao salário, quando cumpridas as condições lá exigidas, o que remeteria à esfera trabalhista, não havendo menção ao salário de contribuição previdenciário. Identificase a contradição na medida em que afirmase que a verba não detém natureza salarial, por expressa determinação legal, mas ao mesmo tempo entendese pela incidência previdenciária, o que se mostra inconciliável. Ora, na medida em que determinada verba não integra o salário, ou seja, não possui natureza remuneratória por expressa determinação da legislação, é inafastável a conclusão pela não incidência da contribuição previdenciária, posto ausente premissa essencial que é o caráter remuneratório e salarial da verba discutida. Assim, não se mostra razoável exigirse que a norma expressamente preveja esta nãoincidência, posto ser esta decorrência lógica e natural do caráter nãosalarial da verba. Outrossim, no relatório de julgamento, aduz que o artigo 28, §9°, ‘e’, item 7 da Lei n° 8.212/91, não se aplicaria ao caso em questão visto que a ‘própria recorrente reconhece a não eventualidade das verbas. Da mesma forma, não se trata de abono algum’. Entretanto, é omisso o Fl. 14081DF CARF MF Processo nº 16682.721450/201371 Acórdão n.º 2401005.284 S2C4T1 Fl. 5 7 r. acórdão quando deixa de observar que o caso sob análise traz duas modalidades de premiação sendo, uma mensal e outra eventual. No que tange ao pagamento mensal, é omisso referido acórdão quando: (a) deixa de analisar que a Lei n° 9.279/96. (traz expressamente, no parágrafo único do artigo 89, que a participação não se incorpora a qualquer titulo, ao salário do empregado. Vejamos: [...] (ii) deixa de analisar que, o decreto n° 2.553/98, regulamentador do artigo 89 da Lei 9.279/96, reafirma em seu artigo 4°, o disposto no parágrafo único do artigo 89 da referida Lei. Assim, caso tal análise tivesse sido realizada pelo v. acórdão embargado, a conclusão que se chegaria possivelmente é a de que o pagamento do prêmio em análise não pode ser tido como parcela componente da base de cálculo da contribuição previdenciária e do FGTS, tendo em vista o caráter nãosalarial/remuneratório da verba. II.5) DESNECESSIDADE DE CORRELAÇÃO ENTRE VERBAS INCIDENTES DE CONTRIBUIÇÃO DE INCORPORAÇÃO À APOSENTADORIA. Segundo o r. Acórdão, nesse tocante, não existiria qualquer dispositivo legal que determinasse a exclusão da base da contribuição previdenciária de parcelas que não sejam incorporáveis ao beneficio da aposentadoria. Todavia, é omisso o r. acórdão quando deixa de enfrentar que a base de cálculo da contribuição previdenciária é composta, em regra, por valores remuneratórios. Há que se destacar que a análise dessa premissa é fundamental para o deslinde da questão. Isso porque todo pagamento de natureza indenizatória, que não tem natureza remuneratória, como exemplo, em virtude de rompimento de contrato de emprego sem justa causa deve ser excluído da base de cálculo. Segundo Zambítte: [...] Por essa singela razão, por consectário lógico, se o acórdão não tivesse sido omisso, concluiria que as parcelas que não sejam incorporáveis ao beneficio da aposentadoria devem ser excluídas da base da contribuição previdenciária. Fl. 14082DF CARF MF 8 II. 6) DO ‘BÔNUS DE DESEMPENHO’, ‘PRÊMIO APOENA’ E '’RECURSO PARA PREMIAÇÃO POR DESEMPENHO PARA EMPREGADOS TOPADOS’ Segundo o acórdão embargado, para tais rubricas seria irrelevante se ‘há ou não previsão de extensão a todos os empregados, dado que a lei não trata da abrangência das citadas rubricas, como critério de incidência de contribuição. Aliado a isso a (artigos. 22, I, c/c art. 28, ambos, da Lei nº 8.212/91), ausência de norma que isenta em lei ou ACT a inaplicabilidade do Ato Declaratório PGFN n° 16, de 20. 12.2011.’ Nesse aspecto, é omisso o acórdão quando deixa de observar que os prêmios aqui tratados foram concedidos apenas para o empregado ou grupo de empregados que mais se destacaram durante um certo período de acordo com os critérios de cada prêmio, em pagamento único por empregado e não ajustado (sem qualquer expectativa de recebimento). Ao tratar os ‘prêmios’ de forma única, a fiscalização, impede a visualização / a individualização dos pagamentos realizados, impedindo à ora Embargante que demonstre que lhes carece habitualidade. Nesse contexto, se o r. acórdão não tivesse sido omisso, concluirseia que tais prêmios não podem ser incorporados à base de cálculo das contribuições previdenciárias, visto que nitidamente não são pagos com habitualidade.” Submetido à análise de admissibilidade, os aclaratórios foram parcialmente admitidos por meio de despacho da Presidente da Turma, Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini, o admitindo em relação a “apenas para saneamento de omissão: a) concernente a apreciação da procedência da exação sobre as verbas GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE e GRATIFICAÇÃO GERENCIAL, a luz da jurisprudência do TST colacionada e b) relativa ao enfrentamento da alegação de ilegalidade do FAP”, com devolução do processo para relatoria e inclusão em pauta de julgamento (fls. 14.065/14.073). É o relatório. Fl. 14083DF CARF MF Processo nº 16682.721450/201371 Acórdão n.º 2401005.284 S2C4T1 Fl. 6 9 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE Preenchidos os requisitos de admissibilidade dos Embargos de Declaração, passo ao exame do mérito (artigo 65, § 1º, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015), na parte admitida por meio de despacho da Presidente da Turma, Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini, às fls. 14.065/14.073. 2. DO MÉRITO 2.1 Das verbas de gratificação contingente e gratificação gerencial A Embargante aponta que a decisão atacada padece de omissão quando deixa de apreciar a alegação apresentada no recurso voluntário no sentido de que o Tribunal Superior do Trabalho TST tem decidido reiteradamente que os abonos pagos pela Petrobras com previsão expressa em seus acordos coletivos não tem natureza salarial, o que afastaria qualquer possibilidade de incidência de contribuições sociais sobre tais pagamentos. Assevera que a jurisprudência das cortes trabalhistas relativa ao assunto serve para reforçar e evidenciar que a conduta da Recorrente/Embargante não poderia ensejar a autuação em questão, eis que o abono único e as gratificações contingentes, pagos nos termos do ACT, representam verbas de caráter não remuneratório. Pois bem, em seu Recurso Voluntário, a Embargante discorre acerca da gratificação contingente (fls. 13.633/) ao argumento de que a referida verba não possui natureza salarial, de acordo com o pacífico entendimento tanto do Tribunal Superior do Trabalho TST, quanto do Superior Tribunal de Justiça – STJ. Sobre o tema, consoante destacado pela Embargante, o Tribunal Superior do Trabalho – TST, em reiterados julgados, tem se manifestado nos seguintes termos: “RECURSOS DE REVISTA INTERPOSTOS PELAS RECLAMADAS. IDENTIDADE DE MATÉRIAS. ANÁLISE CONJUNTA. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE E PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS PREVISTAS EM NORMA COLETIVA A EMPREGADOS DA ATIVA. NATUREZA JURÍDICA NÃO SALARIAL. NÃO INTEGRAÇÃO NA COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. Segundo a diretriz fixada na Orientação Jurisprudencial Transitória nº 64 da SBDI1 do TST, as parcelas gratificação contingente e participação nos resultados, concedidas por Fl. 14084DF CARF MF 10 força de acordo coletivo a empregados da Petrobras em atividade, pagas de uma única vez, não integram a complementação de aposentadoria. Dessa orientação divergiu o acórdão recorrido. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido.” (TST, RR 12320009.2008.5.04.0202 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 27/09/2017, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/09/2017) “RECURSO DE REVISTA DA PRIMEIRARECLAMADA PETROBRAS COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA COMPETÊNCIA JUSTIÇA DO TRABALHO DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO. No dia 20/2/2013, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos Recursos Extraordinários nºs RE 586.453 e RE 583.050, proferido com repercussão geral, concluiu que cabe à Justiça Comum julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada, ainda que oriunda do contrato de trabalho. Contudo, os efeitos da decisão, por questões de segurança jurídica, foram modulados para estabelecer que permanecerão na Justiça do Trabalho todos os processos com sentença de mérito proferida até aquela data. Logo, como na situação a decisão de primeiro grau com resolução de mérito foi prolatada antes do julgamento da matéria pela Corte Suprema, fica preservada a competência da Justiça do Trabalho para a resolução do litígio. Recurso de revista da primeirareclamada não conhecido. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA PETROBRAS PETROS PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE NORMA COLETIVA NATUREZA INDENIZATÓRIA EXTENSÃO AOS APOSENTADOS IMPOSSIBILIDADE. O art. 7º, XI, da Constituição Federal estabelece a natureza jurídica indenizatória da participação nos lucros. Além disso, nos termos do art. 7º, XXVI, da Constituição da República, deve ser prestigiado o pactuado em norma coletiva, invocandose o princípio da autonomia da vontade coletiva, desde que não haja o desrespeito a norma de ordem pública ou máfé. Logo, a participação nos lucros e a gratificação contingente, previstas em norma coletiva e pagas em parcela única, são devidas apenas aos empregados em atividade e têm natureza jurídica indenizatória, sendo descabida a extensão das referidas parcelas aos inativos e a sua integração aos proventos de complementação de aposentadoria. Incide a Orientação Jurisprudencial Transitória nº 64 da SBDI1 do TST. Recurso de revista da primeirareclamada conhecido e provido. RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDARECLAMADA PETROS PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. Ante o conhecimento e provimento do recurso de revista da primeirareclamada, com a improcedência dos pedidos iniciais dos autores, fica prejudicado o exame do apelo de revista da segundareclamada, em razão da total perda superveniente do seu objeto. Recurso de revista da segundareclamada prejudicado.” (TST, RR 14630082.2002.5.01.0041 , Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento: 26/10/2016, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/10/2016) Fl. 14085DF CARF MF Processo nº 16682.721450/201371 Acórdão n.º 2401005.284 S2C4T1 Fl. 7 11 “I EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA FUNDAÇÃO PETROBRAS DE SEGURIDADE SOCIAL PETROS. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. OMISSÃO. Reconhecida a omissão em relação ao tema gratificação contingente, dáse provimento aos embargos de declaração para sanar omissão e analisar o recurso de revista quanto ao tema em questão. Embargos de declaração conhecidos e providos, com efeito modificativo. II RECURSO DE REVISTA. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. A decisão regional em que se deferiu a inclusão da parcela denominada "Gratificação Contingente" no cálculo da complementação de aposentadoria, está em contrariedade aos termos da OJ 64 da SBDI1 Transitória, segundo a qual "As parcelas gratificação contingente e participação nos resultados, concedidas por força de acordo coletivo a empregados da Petrobras em atividade, pagas de uma única vez, não integram a complementação de aposentadoria". Recurso de revista conhecido por contrariedade à OJ Transitória nº 64 da SBDI1 e provido, no particular.” (TST, EDARR 21140086.2008.5.04.0203 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 22/11/2016, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/11/2016) O e. Tribunal Superior do Trabalho buscou uniformizar a jurisprudência, resultando na edição da OJTransitória64SBDI1, nos seguintes termos: “64. Petrobras. Parcelas gratificação contingente e participação nos resultados deferidas por norma coletiva a empregados da ativa. Natureza jurídica não salarial. Não integração na complementação de aposentadoria. (DeJT 03/12/2008). As parcelas gratificação contingente e participação nos resultados, concedidas por força de acordo coletivo a empregados da Petrobras em atividade, pagas de uma única vez, não integram a complementação de aposentadoria.” No julgamento do Recurso de Revista nº 738054/2001.0, a 5ª Turma do TST, por intermédio do voto da lavra do eminente ministro Emmanoel Pereira, reconheceu a natureza indenizatória das parcelas denominadas "participação nos resultados" e "gratificação de contingente". Cumpre transcrever trecho do voto condutor daquele julgado. Confirase: “2. MÉRITO PETROBRÁS. PARCELA PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS DEFERIDAS POR NORMA COLETIVA A EMPREGADOS DA ATIVA. NATUREZA JURÍDICA NÃO SALARIAL. NÃOINTEGRAÇÃO NA COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. Limitase a controvérsia em definir a natureza jurídica imanentes às parcelas creditadas aos empregados da ativa, ligados à PETROBRAS, a título de "participação nos resultados" e "gratificação de contingente". Fl. 14086DF CARF MF 12 No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, a questão não mais comporta questionamento. Em termos gerais, a Corte entende que a parcela instituída por negociação coletiva com destinação específica aos empregados em atividade a serem pagas uma única vez e não incorporadas ao salário não são passíveis de reflexos na complementação de aposentadoria. É o que deflui da Orientação Jurisprudencial nº 346 da SBDI1, abaixo reproduzida: ABONO PREVISTO EM NORMA COLETIVA. NATUREZA INDENIZATÓRIA. CONCESSÃO APENAS AOS EMPREGADOS EM ATIVIDADE. EXTENSÃO AOS INATIVOS. IMPOSSIBILIDADE. DJ 25.04.07 A decisão que estende aos inativos a concessão de abono de natureza jurídica indenizatória, previsto em norma coletiva apenas para os empregados em atividade, a ser pago de uma única vez, e confere natureza salarial à parcela, afronta o art. 7º, XXVI, da CF/88. No caso em foco, relativo à PETRO e PETROBRAS, o TST também pacificou entendimento. As parcelas creditadas aos empregados da ativa, em parcela única, sem reflexo em outras verbas, a título de "participação nos resultados" e "gratificação de contingente" revestemse de natureza indenizatória e, por isto, não comportam extensão aos inativos. Nesse sentido, menciono os seguintes precedentes específicos à PETROBRAS e PETROS: "GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE E PARTICIPAÇÃO DE RESULTADO ACORDO COLETIVO REPERCUSSÃO NA COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA PETROBRAS. Não se há falar em ofensa ao art. 457, § 1º, da CLT, pela peculiaridade registrada na decisão Regional, de que as verbas deferidas não se incorporam ao salário, já que os abonos concedidos o foram a título de participação nos resultados, conforme firmado em acordo coletivo, e pagos em parcela única. Recurso de Embargos não conhecido" (ERR 44387/20029001100, Rel. Min. Carlos Alberto Reis de Paula, DJ 22/06/07); "EMBARGOS. PETROBRAS PARTICIPAÇÃO EM RESULTADOS. GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE. INCORPORAÇÃO À COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA INDEVIDA. 1. Não se identificam elementos hábeis à declaração da natureza salarial das verbas gratificação contingente e participação de resultados. A inexistência de habitualidade afasta, de imediato, a incorporação das parcelas ao contrato de trabalho, não havendo falar em violação ao artigo 457, § 1º, da CLT. 2. O art. 7º, XI, da Constituição da República não foi prequestionado, nos termos da Súmula nº 297 do TST. Embargos não conhecidos" (ERR 44381/20029001100, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DJ 25/05/07); "GRATIFICAÇÃO CONTINGENTE E PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. NATUREZA DA PARCELA. ACORDO COLETIVO. Devese Fl. 14087DF CARF MF Processo nº 16682.721450/201371 Acórdão n.º 2401005.284 S2C4T1 Fl. 8 13 prestigiar o pactuado entre empregados e empregadores por meio de convenções e acordos coletivos de trabalho, sob pena de violação ao disposto no art. 7º, inc. XXVI, da Constituição da República. A flexibilização no Direito do Trabalho, fundada na autonomia coletiva privada, permite a obtenção de benefícios para os empregados com concessões mútuas. Portanto, se as partes decidiram vedar a incorporação das verbas em apreço na remuneração, não se pode dar interpretação elastecida ao instrumento normativo. Recurso de Embargos de que não se conhece" (ERR785.415/2001.5 Rel. Min. João Batista Brito Pereira, DJ 02/02/07). Ante o exposto, dou provimento ao recurso de revista, para, reconhecendo a natureza indenizatória das parcelas denominadas "participação nos resultados" e "gratificação de contingente", julgar improcedente todos os pedidos deduzidos na petição inicial. Invertido o ônus da sucumbência. Custas pelos reclamantes, no importe de R$ 27,00, calculadas sobre o valor atribuído à causa, de cujo pagamento ficam dispensados na forma da lei.” (grifei) No mesmo sentido, quando participei do julgamento do Processo nº 16682.721489/201398, cuja Recorrente é a PETROBRAS TRANSPORTE S.A TRANSPETRO, acompanhei o voto vencido no Acórdão 2401004.761, da lavra da Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto, ao qual me filio e peço vênia para transcrever e adotar como razões de decidir: “É certo que os acordos e convenções coletivas de trabalho não detêm o poder de alterar a definição legal do fato gerador de contribuição para a Seguridade Social (art. 114 e 123 do CTN). De outro lado, em face da gratificação de contingente encontrarse estabelecida em Acordos Coletivos de Trabalho, cabe ao Fisco, investigar e verificar a ocorrência do fato jurídico tributável. Nesse contexto, os pagamentos realizados sem habitualidade, ainda que por mera liberalidade do empregador, não sofrem a incidência de contribuição previdenciária por não comporem o salário de contribuição, o que se fundamenta pelo disposto no art. 28, § 9º, ‘e’, item 7, da Lei 8.212/91: A gratificação de contingente foi pactuada em Acordos Coletivos de Trabalho (fls. 2430/2551), com destinação específica a empregados da ativa, pagas uma única vez, sem qualquer compensação e sem incorporação ao salário, como se destaca na Cláusula 96ª do AC de 2007, repisada nos ACT/2009 e ACT/2011, senão vejamos o AC/2007 que tem o mesmo teor dos demais: AC/2007: A companhia pagará de uma só vez a todos os empregados admitidos até 31 de agosto de 2007 e que estejam em efetivo exercício em 31 de agosto de 2007, uma Gratificação Contingente, sem Fl. 14088DF CARF MF 14 compensação e não incorporado aos respectivos salários, no valor correspondente a 80% (oitenta por cento) da sua remuneração normal, excluídas as parcelas de caráter eventual ou médias. O Recorrente alega, ainda, que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, editou o Ato Declaratório nº 16, de 20 de dezembro de 2011 (DOU de 22.12.2011), em que reconhece expressamente que sobre o abono único previsto em convenção coletiva de trabalho, e desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não incide contribuição previdenciária, in verbis: A PROCURADORAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114 /2011, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 09/12/2011 , DECLARA que ‘nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária’. JURISPRUDÊNCIA: REsp nº 434.471/MG (DJ 14/2/2005), REsp nº 1.125.381/SP (DJe 29/4/2010), REsp nº 840.328/MG (DJ 25/9/2009) e REsp nº 819.552/BA (DJe 18/5/2009). Verifico, no presente caso, que se encontram presentes os requisitos estabelecidos no art. 28, §9º, ‘e’, item 7, da Lei 8.212/91, para a não incidência da contribuição previdenciária, a vista que as importâncias recebidas são expressamente desvinculados do salário, conforme determinam os Acordos Coletivos (não incorporados os respectivos salários) e pagos sem habitualidade, configurando nítido caráter indenizatório. Portanto, afasto do lançamento da referida rubrica.” Assim, em face dos substanciosos fundamentos acima transcritos, impõese afastar a incidência as parcelas creditadas aos empregados da ativa, em parcela única, sem reflexo em outras verbas, a título de "gratificação de contingente", porquanto referidas verbas revestemse de natureza indenizatória. Por outro lado, o mesmo raciocínio não deverá ser adotado em relação à “Gratificação Gerencial”, considerando que a referida verba sequer está prevista em Acordo Coletivo de Trabalho, e, portanto, deve constituir a base de cálculo da contribuição. 2.2 Do Fator Acidentário de Prevenção FAP A contribuinte aponta que o Acórdão embargado se omitiu ao deixar de se manifestar acerca da ilegalidade e não inconstitucionalidade da norma, seja porque, conforme aduzido nos autos pela embargante (i) o próprio ST J já se manifestou por ocasião da edição da Sumula 351 , segundo a qual ‘A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente Fl. 14089DF CARF MF Processo nº 16682.721450/201371 Acórdão n.º 2401005.284 S2C4T1 Fl. 9 15 de Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro’; (ii) o FAP é um multiplicador que lesa claramente o princípio da legalidade, sendo objeto de diversas discussões tanto na esfera judicial quanto na esfera administrativa; (ii) seja porque a própria administração pública, por meio da Resolução 1.316/2010, admite claramente que o cálculo do FAP para o ano de 2010 estaria equivocado; e (iii) seja porque a fiscalização não poderia aplicar SAT à alíquota de 3% para todo e qualquer estabelecimento da Embargante. Nestes termos, sustenta que restou omissa a decisão quando deixou de se manifestar expressamente sobre a Resolução MPS/CNPS nº 1.316, de 31 de maio de 2010 DOU de 14/06/2010, que determinou alterações na fórmula do FAP e cuja observância atrairia a conclusão de que a aplicação do FAP é inválida para o ano de 2010, tal como admitido pela própria fiscalização por meio da Resolução 1.316/2010, bem como que, ainda que o FAP fosse válido, ainda assim o cálculo da d. fisca1ização estaria equivocado, uma vez que a aplicação de alíquota única do SAT por empresa é patentemente ilegal, devendo ser garantido à Embargante, o direito a recolher as contribuições destinadas ao SAT/RAT, mediante utilização de alíquotas distintas a serem fixadas com base no grau de risco aplicável à atividade preponderante de cada estabelecimento, individualizado por CNPJ, devendo as autuações serem retificadas conforme tabela apresentada no corpo do Recurso Voluntário. Com relação à retomada da alíquota de 3% para o CNAE preponderante da autuada, o de nº 19217/0 (fabricação de produtos do refino de petróleo), pela edição do Decreto nº 6.957/09, conforme destacado no Acórdão Embargado, não cabe a esta esfera de julgamento administrativo a análise da legalidade ou motivação do ato, mas, tão somente, a obediência à legislação válida e vigente ao tempo do fato gerador, consoante previsão do artigo 142, do CTN. Em 2010, fato é que o CNAE preponderante estava, por força do citado Decreto, vinculado ao GILRAT de 3%, sendo esta, portanto, a alíquota a ser aplicada no caso concreto, em obediência à legislação de regência, artigo 22, II, da Lei nº 8.212/91, artigo 10 da Lei nº 10.666/03 e art. 202A do Decreto nº 3.048/99. Nesse ponto, importa ratificar que, consoante informação acostada à fl. 7.872, por meio do processo nº 35301.006710/200980, a empresa questionou administrativamente o valor de FAP a ela aplicado para o citado ano, fazendo uso do artigo 202B, do Decreto nº 3.048/99. Como resultado, houve a confirmação do FAP utilizado de 1,348, o mesmo que fiscalização, corretamente, apontou. Dessa forma, quanto ao pedido de aplicação de alíquota por estabelecimento, consultandose os sistemas eletrônicos da RFB, percebese que, para todo o ano de 2010 e para todos os estabelecimentos autuados, houve a declaração, em GFIP, do mesmo CNAE preponderante 19217/0, o que significa que a fiscalização já realizou o lançamento considerando a informação prestada de atividade preponderante por estabelecimento, conforme preceitua o Ato Declaratório citado. Assim, permanece inalterado o lançamento nesse sentido, não havendo qualquer mácula carecedora de reparo. Fl. 14090DF CARF MF 16 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO dos Embargos Declaratórios e, no mérito, DOU PROVIMENTO PARCIAL aos aclaratórios, para sanar o vício de omissão, nos termos do relatório e voto. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 14091DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.908395/2011-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 01 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
(assinatura digital)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório. O presente processo administrativo fiscal trata de Recurso Voluntário de fls. 95, apresentado em face da decisão proferida pela DRJ/SP de fls. 50, que julgou a Manifestação de Inconformidade de fls. 7 improcedente e não reconheceu o direito creditório do contribuinte, nos moldes do Despacho Decisório de fls. 5. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 50 .9 08 39 5/ 20 11 -0 2 Fl. 246DF CARF MF Processo nº 10850.908395/201102 Resolução nº 3201001.125 S3C2T1 Fl. 247 2 Por bem retratar os fatos constatados nos autos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: O presente processo administrativo foi materializado na forma eletrônica, razão pela qual todas as referências a folhas dos autos pautarseão na numeração estabelecida no processo eletrônico. Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta pela contribuinte por meio de seus representantes legais, conforme instrumento de mandato a fls. 038/039, em face do Despacho Decisório eletrônico resultante da apreciação do documento Pedido de Restituição nº 04191.14766.221205.1.2.049153 (fls. 002/004), protocolado em 22/12/2005, e dos demais documentos associados, por meio dos quais a contribuinte pretende ter restituído crédito no valor total de R$ 98,44. Conforme informado pela contribuinte no pedido de restituição, o valor a ser restituído é correspondente ao DARF anexado aos autos (fl. 004) com as seguintes características: A análise da liquidez e certeza do crédito pleiteado foi efetuada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto, que, em 02/12/2011, emitiu Despacho Decisório eletrônico (fl. 005), no qual a autoridade competente indeferiu o Pedido de Restituição, com base no seguinte fundamento: o pagamento foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição.. Cientificada do Despacho Decisório, em 23/12/2011 (fl. 006), a contribuinte ingressou, em 20/01/2012, com a manifestação de inconformidade de fls. 007/015 e documentos anexos, na qual se manifesta, em síntese, conforme o disposto a seguir. 1. Solicita a reunião dos processos administrativos nº 10850.908391/201116, nº 10850.908392/201161, nº 10850.908393/201113, nº 10850.908394/201150, nº 10850.908395/201102, nº 10850.908396/201149,nº 10850.908397/201193, nº 10850.908398/201138, nº 10850.908399/201182, nº 10850.908400/201179 e nº 10850.908401/201113, sob o argumento de que têm o mesmo objeto, qual seja a restituição de crédito decorrente de recolhimento indevido de contribuição social fundado na inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei n° 9.718/1998. Invoca para tanto os princípios da economia processual e os dele decorrentes. Cita doutrina que respalda a reunião de processos com mesmo fundamento fático e define a conexão entre ações e aponta que os processos teriam as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo objeto. Traz decisão administrativa. Fl. 247DF CARF MF Processo nº 10850.908395/201102 Resolução nº 3201001.125 S3C2T1 Fl. 248 3 2. Alega ter havido falta de aprofundamento na investigação dos fatos, pois não foi intimada a prestar quaisquer esclarecimentos a respeito da higidez de seu crédito, contrariando o disposto no art. 65, da Instrução Normativa RFB nº 900, de 30/12/2008, e o art. 142, do Código Tributário Nacional, o que teria permitido à requerente demonstrar seu direito ao crédito. 3. Quanto ao mérito, sustenta que o art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/1998, ampliou significativamente a base de cálculo da contribuição de forma inconstitucional, ao prescrever que nela fosse considerada a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, e não simplesmente seu faturamento, ofendendo frontalmente o art. 195, inciso I, da Constituição Federal, que se restringia somente ao faturamento, e o art. 110, do Código Tributário Nacional, que proíbe a alteração, pela lei tributária, da definição, do conteúdo e do alcance dos institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal para definir ou limitar competências tributárias. Nesse sentido, referese à jurisprudência do STF, citando julgados, e argumenta, ainda, que a matéria já foi considerada pelo STF de repercussão geral e será objeto de sumula vinculante, conforme voto que transcreve. Reforça apontando que a Lei nº 11.941, de 27/05/2009, teria revogado o art. 3º, §1º, da Lei n° 9.718/1998, o que demonstraria que o legislador teria reconhecido a inconstitucionalidade já pacificada na jurisprudência. Quanto à posição da 2ª instância administrativa, traz exemplos de decisões dessa instância, ressaltando em especial o entendimento daquele órgão de que a posição do STF nos recursos extraordinários proferida em sessão plenária deve ser aplicada pelas autoridades fazendárias em suas decisões. Reforça sua posição invocando o art. 26A, §6º, inciso I, do Decreto n° 70.235/1972, e os artigos 61A e 62, §1º, inciso I, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, disposição que já constava no regimento do órgão equivalente anterior. Em conseqüência, a base de cálculo da contribuição somente deveria incluir valores correspondentes ao faturamento. Portanto, no caso específico do presente processo, seria indevido o valor de R$ 98,44, que corresponde à parcela da contribuição calculada sobre receitas que não integram o faturamento, conforme comprovado por documentos hábeis a comprovar a existência e higidez do crédito pleiteado, o qual deve ser restituído. Conclui requerendo o acolhimento e provimento da presente manifestação de inconformidade, com o reconhecimento do direito da requerente à restituição da contribuição calculada sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, informa que a matéria objeto da manifestação de inconformidade não foi submetida à apreciação judicial e protesta prova o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícia, a realização de diligências e a juntada de documentos. É o relatório." Fl. 248DF CARF MF Processo nº 10850.908395/201102 Resolução nº 3201001.125 S3C2T1 Fl. 249 4 A 10ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto proferiu seu Acórdão com a seguinte Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2001 PAF. REUNIÃO DE PROCESSOS. NECESSIDADE DE PREVISÃO NORMATIVA. A reunião de processos administrativos no âmbito da RFB deve seguir os critérios previstos nas normas específicas, que prevêem a consolidação de matérias em um único processo e o apensamento de processos, conforme a hipótese, inexistindo previsão de julgamento conjunto. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. PROFUNDIDADE DA APRECIAÇÃO LIMITADA AO TEOR DO PEDIDO. Cabe à autoridade competente a apreciação da restituição e da compensação no limite do teor do pedido apresentado, não podendo ser caracterizado como falta de aprofundamento da análise a não apreciação de fundamento não registrado no corpo do pedido e trazido somente na contestação. CONSTITUCIONALIDADE. VINCULAÇÃO DO JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. PREVISÃO EXPRESSA EM ATO NORMATIVO. CONDIÇÃO NECESSÁRIA E SUFICIENTE. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre constitucionalidade e o afastamento de normas sob fundamento dessa natureza depende da correspondente declaração de inconstitucionalidade ser reconhecida por ato de vinculação obrigatória expressamente previsto no ordenamento jurídico. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE SALDO A RESTITUIR. Verificado que o crédito pleiteado tem seu valor totalmente vinculado à quitação de débitos declarados em DCTF, resta impossibilitada, por falta de saldo, a restituição. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 10850.908395/201102 Resolução nº 3201001.125 S3C2T1 Fl. 250 5 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido.". Os autos foram distribuídos e pautados nos moldes do regimento interno deste Conselho. Relatório proferido. Voto. Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase esta Resolução. Para evitar supressão de instância, é preciso reconhecer que os autos não estão em condições de julgamento. Conforme se depreende dos autos, o despacho decisório verificou a escrita do contribuinte e concluiu pela não existência do crédito, a DRJ/SP, por sua vez, entendeu que o contribuinte não descreveu em seu pedido de restituição e compensação a origem do crédito, ou seja, em nenhum momento tratou da inconstitucionalidade do §1.º, Art. 3.º, da Lei 9718/98 e manteve o não reconhecimento do crédito. Segundo o contribuinte, em suas peças de defesa, este recolheu de forma indevida o Cofins, nos moldes que foram declarados inconstitucionais pelo STF. Isto seria suficiente para que a fiscalização reconhecesse o crédito. Contudo, não há nos autos qualquer análise da fiscalização com relação ao recolhimento do Cofins sob a base de cálculo declarada inconstitucional, razão pela qual a lide encontrase incompleta. O princípio da verdade material e a regra constitucional da legalidade impedem que este Conselho defira ou indefira recurso administrativo fiscal sem o amparo da materialidade, de modo que, se a alegação do contribuinte for materialmente verdadeira, este Conselho não pode permitir o não reconhecimento do crédito originado de tributo recolhido sob moldes inconstitucionais. É importante considerar neste voto a inconstitucionalidade do §1, do Art. 3.º, da Lei 9.718/98, conforme julgamentos dos Recursos Extraordinários STF 346.084 (DJ 01/09/2006 Rel p/ acórdão Min. Marco Aurélio), 357.950, 358.273 e 390.840 (todos DJ 15.08.06 Rel. Min. Marco Aurélio), que tratam da inconstitucionalidade da alargada base de Fl. 250DF CARF MF Processo nº 10850.908395/201102 Resolução nº 3201001.125 S3C2T1 Fl. 251 6 cálculo da COFINS, com parâmetro na receita bruta (receitas operacionais e não operacionais) e não no faturamento. Transcrevese trecho conclusivo do voto vencedor do Ministro Marco Aurélio no RE STF 346.084, que trata da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo asism como do conceito de faturamento, conforme segue: "Como, então, dizerse, a esta altura, que houve simples explicitação do que já previsto na Carta? É admitirse a vinda à balha de emenda constitucional sem conteúdo normativo. É admitirse que o legislador ordinário possa, até mesmo, modificar enfoque pacificado mediante jurisprudência do Supremo Tribunal Federal , no que haja atuado, à luz das balizas constitucionais, como guardião da Lei Fundamental. Descabe, também, partir para o que seria a repristinação, a constitucionalização de diploma que, ao nascer, mostrouse em conflito com a Constituição Federal. Admitase a inconstitucionalidade progressiva. No entanto, a constitucionalidade posterior contraria a ordem natural das coisas. A hierarquia das fontes legais, a rigidez da Carta, a revelála documento supremo, conduz à necessidade de as leis hierarquicamente inferiores observaremna, sob pena de transmudála, com nefasta inversão de valores. Ou bem a lei surge no cenário jurídico em harmonia com a Constituição Federal, ou com ela conflita, e aí afigurase írrita, não sendo possível o aproveitamento, considerado texto constitucional posterior e que, portanto, à época não existia. Está consagra do que o vício da constitucionalidade há de ser assinalado em face dos parâmetros maiores, dos parâmetros da Lei Fundamental existentes no momento em que aperfeiçoado o ato normativo. A constitucionalidade de certo diploma legal deve se fazer presente de acordo com a ordem jurídica em vigor, da jurisprudência, não cabendo reverter a ordem natural das coisas. Daí a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Nessa parte, provejo o recurso extraordinário e com isso acolho o segundo pedido formulado na inicial, ou seja, para assentar como receita bruta ou faturamento o que decorra quer da venda de mercadorias, quer da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. Deixo de acolher o pleito de compensação de valores, porque não compôs o pedido inicial." Considerando que foi declarada a inconstitucionalidade da base de cálculo do §1, do Art. 3.º, da Lei 9.718/98, que alargou a base de cálculo da COFINS, o conceito de receita bruta não tem mais valia. Foi superado e, conforme Art. 62 do Regimento interno deste Conselho, o reconhecimento (e não decretação) de sua inconstitucionalidade é obrigatório neste Conselho. Diante do exposto, votase para que o julgamento seja convertido em diligência para que: os autos sejam remetidos à unidade de origem para nova análise e apresentação de relatório que considere a escrita do contribuinte, o modo de recolhimento e a base de cálculo em confronto com a inconstitucionalidade mencionada. após, o contribuinte deve ser informado do conteúdo do relatório e intimado para apresentação de nova manifestação; Fl. 251DF CARF MF Processo nº 10850.908395/201102 Resolução nº 3201001.125 S3C2T1 Fl. 252 7 A procuradoria deve ser cientificada do resultado da diligência. Após, retornem os autos a este Conselho para julgamento. Resolução proferida. (assinado digitalmente) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 252DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10983.902239/2008-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2002
DILIGÊNCIA. PEDIDO INDEFERIDO.
Indefere-se pedido de perícia ou diligência quando sua realização revele-se impraticável e prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora.
DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E TRANSCORRIDOS MAIS DE 5 ANOS DO FATO GERADOR.
A DCTF retificadora transmitida após a ciência do Despacho Decisório, objetivando reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente alocado, e já transcorridos 5 (cinco) anos para pleito da restituição, não pode gerar efeitos jurídicos para a compensação pleiteada.
Numero da decisão: 1402-002.938
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a solicitação de diligência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado em substituição ao conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves), Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). Ausente justificadamente Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2002 DILIGÊNCIA. PEDIDO INDEFERIDO. Indefere-se pedido de perícia ou diligência quando sua realização revele-se impraticável e prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E TRANSCORRIDOS MAIS DE 5 ANOS DO FATO GERADOR. A DCTF retificadora transmitida após a ciência do Despacho Decisório, objetivando reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente alocado, e já transcorridos 5 (cinco) anos para pleito da restituição, não pode gerar efeitos jurídicos para a compensação pleiteada.
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PEDIDO INDEFERIDO. Indeferese pedido de perícia ou diligência quando sua realização revelese impraticável e prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADORA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO E TRANSCORRIDOS MAIS DE 5 ANOS DO FATO GERADOR. A DCTF retificadora transmitida após a ciência do Despacho Decisório, objetivando reduzir o valor do débito ao qual o pagamento estava integralmente alocado, e já transcorridos 5 (cinco) anos para pleito da restituição, não pode gerar efeitos jurídicos para a compensação pleiteada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a solicitação de diligência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado em substituição ao conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves), Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). Ausente justificadamente Leonardo Luis Pagano Gonçalves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 22 39 /2 00 8- 19 Fl. 29DF CARF MF Processo nº 10983.902239/200819 Acórdão n.º 1402002.938 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, em primeira instância administrativa, que julgou IMPROCEDENTE, a manifestação de inconformidade do contribuinte em epígrafe. Do Despacho Decisório: Trata o presente processo da Declaração de Compensação, na qual a recorrente alega possuir crédito contra a Fazenda Pública, decorrente de pagamento a maior ou indevido da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, buscando extinguir por compensação de débito próprio. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Florianópolis/SC – DRF Florianópolis proferiu o Despacho Decisório, o qual não homologou a compensação declarada, sob o fundamento de que o pagamento arrolado como crédito já teria sido integralmente utilizado. Conseqüentemente, foi promovida a cobrança do débito arrolado na compensação, com os acréscimos legais decorrentes da mora (multa de mora e juros). Da Manifestação de Inconformidade: Inconformada com a autuação, a recorrente interpôs a manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que foi entregue retificadora da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica referente ao exercício 2003, anocalendário de 2002, e também DCTF retificadora, sendo informados os débitos correspondentes ao exercício. Complementa dizendo que não merece prosperar o entendimento exarado pela autoridade fiscal, posto tratarse de compensação devida e que houve pagamento a maior/indevido. Da decisão da DRJ: A DRJ, em seu julgamento, entendeu que não há elementos suficientes para concluir que o pagamento arrolado como crédito é maior que o devido, devendo, por isso, ser mantido o que foi decidido através do Despacho Decisório e ser considerada não homologada a compensação. Fundamentou a sua decisão que a recorrente admite que apresentou a DCTF retificadora, somente após a ciência do Despacho Decisório. Portanto, a conclusão a que chegou o Despacho Decisório advém das informações contidas nos sistemas de controle da RFB, que foram prestadas pela própria interessada através da DCTF original. Destarte, é certo, porém, que a retificação da DCTF promovida através da mera apresentação de declaração retificadora, sem a comprovação documental do erro anteriormente cometido, não tem o condão de, de pronto, alterar o débito anteriormente informado e, conseqüentemente, fazer surgir crédito para ser utilizado em compensação. Neste sentido, deve ser levado em conta que a interessada apresentou retificação da DCTF somente após a ciência do Despacho Decisório que não homologou a compensação e, ainda, sem a devida comprovação de que o valor do débito anteriormente confessado não é devido, o que seria obrigatório na hipótese ora analisada, dada a perda de espontaneidade. Do Recurso Voluntário: Irresignada com o a decisão, apresentou recurso voluntário em que expõe os seguintes elementos e argumentos: Fl. 30DF CARF MF Processo nº 10983.902239/200819 Acórdão n.º 1402002.938 S1C4T2 Fl. 4 3 O art. 1º da IN nº 166/99 reconhece a possibilidade de restituição e/ou compensação de tributos a partir da DIPJ retificadora, sem condicionar a necessidade de DCTF retificadora; Os valores constantes nas declarações retificadoras são revestidos de veracidade, sendo ônus da fiscalização solicitar documentos, nos termos do art. 9º, caput, do Decreto nº 70.235/72; A apresentação da DCTF retificadora apresentada após o início do MPF não constituiria motivo por si só para indeferimento do pedido de restituição; Aplicarseia a verdade material, pois um erro material no envio da DCTF retificadora não poderia prevalecer sobre o direito do crédito, este decorrente de pagamento indevidamente efetuado, e informado na DIPJ. Cita alguns acórdãos e ementas pertinentes para corroborar seu raciocínio; Se houvesse dúvida, poderia ser convertido o julgamento em diligência, para análise do direito creditório e da compensação; Dispõe posteriormente sobre a formalidade moderada e da verdade material que regem o processo administrativo fiscal para justificar a apresentação da DIPJ e demais documentos que demonstram o direito ao crédito; Disto pede que seja julgado procedente o presente recurso, e alternativamente, seja determinada a conversão em diligência para apuração da compensação pleiteada. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.926, de 22.02.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10983.901701/200941. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.926): O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, podese dele conhecer. Do pedido de diligência Quanto ao pedido de diligência efetuado pela recorrente, para apuração da compensação pleiteada, entendo que todos os elementos necessários à formação da convicção deste julgador se encontram presentes nos autos. Destarte, aplicase o art. 18 do Decreto nº 70.235/1972: “A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de Fl. 31DF CARF MF Processo nº 10983.902239/200819 Acórdão n.º 1402002.938 S1C4T2 Fl. 5 4 diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis”. Embora o comando legal inserido no art. 18 do Decreto nº 70.235/1972 esteja direcionado ao julgador administrativo de primeira instância, entendo também aplicável a esta instância recursal diante de eventual necessidade de esclarecimento de fatos necessários ao julgamento da lide, o que não ocorre no presente caso. Destarte, INDEFIRO o pedido de diligência. Da questão material Conforme relatado, o Despacho Decisório cerne da peça recursal declarou a inexistência do direito creditório pleiteado pela recorrente, em razão do pagamento indicado encontrarse totalmente utilizado, vinculado a débito de mesmo valor. Irresignada, a recorrente alega que no ano de 2004 retificou a DIPJ do período, informando os verdadeiros débitos correspondentes ao exercício. Em análise aos elementos constantes nos autos, no período pertinente ao tributo em discussão no presente processo, foi apresentada a DCTF original, no prazo legal para tanto. Igualmente, foi apresentada, no seu prazo devido, a DIPJ original, referente ao anocalendário do tributo e respectivo período de apuração do tributo em questão neste processo. Percebese que o pagamento efetuado pelo contribuinte mostra se compatível com o que fora declarado na DCTF e na DIPJ originais. Destarte, em algum tempo depois, considerando o débito que consta na DIPJ última entregue, e sem ter retificado a DCTF original, a recorrente apresentou a DCOMP pleiteando a compensação ora em exame, que não foi homologada pela autoridade fiscal. Somente no ano de 2009, após tomar ciência do Despacho Decisório, a recorrente retificou a DCTF original, informando nesta o valor então apurado na DIPJ última entregue. Aqui, há que se atentar que é por meio da DCTF, e não pela DIPJ, que o débito do sujeito passivo considerase juridicamente constituído. A DIPJ tem caráter meramente informativo, distinto da DCTF, que tem caráter declaratórioconstitutivo, significando uma confissão de débitos apurados pela pessoa jurídica. Destarte, na data da apresentação da DCOMP não homologada pela autoridade fiscal, a DCTF original ainda não tinha sido retificada, o que significa que o crédito utilizado pela recorrente em sua compensação, juridicamente, não existia. No caso que se examina, não há dúvidas que a recorrente retificou sua DCTF somente após a ciência da decisão administrativa que não homologou a compensação pretendida. Neste caso, não haveria que se falar, juridicamente, no alegado pagamento a maior, o que retiraria do crédito pretendido a Fl. 32DF CARF MF Processo nº 10983.902239/200819 Acórdão n.º 1402002.938 S1C4T2 Fl. 6 5 liquidez e certeza que a lei impõe para que este possa ser objeto de repetição, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Há ainda que se destacar que a retificação da DCTF ocorreu já com o decurso do prazo de cinco anos contado da data de ocorrência do fato gerador do débito ali declarado, nos termos do art. 168, caput, do CTN, de forma que a referida retificação não poderia produzir quaisquer efeitos tributários. Com este entendimento, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, rejeito a solicitação de diligência e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 33DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.923153/2012-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do Fato Gerador: 20/08/2007
CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE.
No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento.
AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa.
COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA
Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.853
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Dèrouléde - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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DCOMP TRANSMITIDA APÓS VENCIMENTO DO DÉBITO. Recorrente ESPN DO BRASIL EVENTOS ESPORTIVOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do Fato Gerador: 20/08/2007 CIÊNCIA A ADVOGADO REPRESENTANTE DO CONTRIBUINTE. No processo administrativo fiscal não pode o advogado receber intimação, notificação e outras mensagens que por expressa disposição legal cabe ao contribuinte seu cumprimento ou conhecimento. AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO FORMAL OU MATERIAL. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade por cerceamento do direito de defesa, a valoração em Per/Dcom, despacho decisório ou acórdão recorrido que atendem os requisitos formais, apresentam clara descrição dos fatos, correta capitulação legal e razões de decidir, especialmente, se ao sujeito passivo foi oportunizado adequadamente o contraditório e o direito de defesa. COMPENSAÇÃO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. MORA Na forma da legislação de regência, no procedimento de compensação tanto os créditos quanto os débitos sofrem a correspondente incidência de acréscimos legais por ocasião do encontro de contas (valoração), resultando sempre em desequilíbrio quando presente a mora. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Walker Araujo, Lenisa R. Prado e José Renato P. de Deus votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Dèrouléde Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 31 53 /2 01 2- 64 Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10880.923153/201264 Acórdão n.º 3302004.853 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Charles Pereira Nunes, José Renato Pereira de Deus e Lenisa Rodrigues Prado. Ausente, justificadamente, a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza. Relatório A recorrente acima qualificada apresentou Declaração de Compensação pleiteando a compensação de débitos referentes a impostos e contribuições administrados pela RFB com créditos decorrentes de pagamento supostamente indevido ou a maior. Por meio de Despacho Decisório emitido pela DERATSP, a compensação declarada não foi homologada na sua totalidade, tendo em vista que o valor do pagamento tido como origem do crédito pretendido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP. Na Manifestação de Inconformidade apresentada, a contribuinte salienta que sempre cumpriu com suas obrigações tributárias, recolhendoas nos seus devidos prazos ou por força maior, com os devidos encargos legais, por isso discorda do débito cobrado no Despacho Decisório. Diz ser detentora de crédito decorrente de pagamento supostamente indevido ou a maior, que foi utilizado para compensar débito no mesmo valor, cuja data de vencimento é a mesma do recolhimento. Lembra que não se apropriou de juros pela taxa Selic sobre os valores declarados em Per/Dcomp e não imputou multa e juros sobre os débitos compensados porque são do mesmo período de apuração. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06045.317. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que, na compensação declarada pelo sujeito passivo, os débitos sofrem a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da Declaração de Compensação, na forma da legislação de regência. Cientificada daquela decisão a Recorrente apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese que: · existe nulidade do despacho decisório e do acórdão recorrido por ausência de motivação, dada a generalidade da fundamentação sem aferir o real motivo do indeferimento ou o equívoco cometido pela recorrente, com consequente cerceamento do direito de defesa; · o despacho que não homologa o pedido de compensação deve conter, tal qual o auto de infração, a descrição do fato, disposição legal infringida e multa aplicável; · não houve prejuízo para o Erário, pois apenas houve erro na rubrica no DARF, e não atraso no recolhimento; · a cobrança de multa de mora sem atraso no recolhimento constitui enriquecimento sem causa Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10880.923153/201264 Acórdão n.º 3302004.853 S3C3T2 Fl. 4 3 · não há que se falar em juros de mora uma vez que, no caso, o período de apuração é o mesmo para o crédito e o débito. · subsidiariamente solicita diligência para reexame dos documentos; · reitera a necessidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário em análise , finalmente · solicita que a advogada da causa seja intimada e informada de todas as publicações sob pena de arguição de nulidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.825, de 25 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.923119/201290, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.825): "O Recurso deve ser conhecido por ter sido apresentado tempestivamente e atender os demais pressupostos e requisitos de admissibilidade. Do pedido do subscritor do recurso (advogada) para recebimento de futuras publicações/intimações no endereço por ela indicado. No Processo Administrativo Fiscal PAF o artigo 10 do Decreto nº 7.574 estabelece as formas de intimação sempre direcionadas ao próprio contribuinte. Por sua vez o artigo 26 e seguintes da Lei nº 9.784, de 1999 Processo Administrativo Federal também não prevê que o advogado possa ser comunicado dos atos de interesse do administrado que em última instância é quem sofrerá seus efeitos. Atentese, ainda, que a intimação em sede de PAF é de competência da RFB não havendo pronunciamento normativo do CARF amparando a pretensão, assim sendo, indefiro o pedido. Do alegado cerceamento ao direito de defesa Sem razão a Recorrente. O Despacho Decisório de fl, 17, assim como a Decisão recorrida estão perfeitamente fundamentados, com enquadramento legal, descrição dos fatos e cálculo da valoração (detalhamento da compensação, valores devedores e Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10880.923153/201264 Acórdão n.º 3302004.853 S3C3T2 Fl. 5 4 emissão de DARF, fl. 11), portanto não há que se falar em nulidade de atos ou cerceamento ao direito de defesa. Mérito Cuida o presente processo de erro cometido pela Recorrente no preenchimento de código em DARF pago, cujo valor a Recorrente deseja aproveitar para pagamento do débito correspondente ao código/tributo correto sem, entretanto, sofrer os acréscimos legais da multa de mora. A recorrente não alega qualquer tipo de erro nos débitos nem há notícia de que os mesmos não tenham sido informados nas correspondentes declarações entregues antes do PerDcomp, assim sendo, os fatos mostramse incontroversos e dispensam diligência. Não se vislumbra incorreção no procedimento da RFB na análise do PerDcomp que culminou com cobrança de débitos indevidamente compensados em virtude do contribuinte não ter considerado a multa de mora no pagamento/compensação dos débitos. Pois bem, um tributo só é considerado efetivamente pago, total ou parcialmente, quando o sistema de dados da Fazenda Nacional compara o código informado no DARF com o correspondente código do débito informado em declaração específica e faz a vinculação entre ambos. Caso contrário o valor recolhido equivocadamente permanece "em aberto" como crédito e não como pagamento, podendo por isso ser restituído acrescido dos juros compensatórios. Por outro lado o débito formalmente declarado, que não corresponde ao código informado equivocadamente no DARF, continua sem quitação e a sofrer os acréscimos de juros e multa de mora. Optando ou não a contribuinte pela compensação, sempre haverá cobrança de mora se o débito não foi formalmente liquidado na data do vencimento, independente de quando tenha sido realizado o pagamento indevido. A sistemática de análise de PerDcomp não altera essas duas situações distintas e independentes (pagamento indevido e pagamento em atraso), pois ela apenas faz o encontro de contas na data da entrega do PerdComp, momento da valoração do crédito para restituição e automática conversão em pagamento do débito em aberto, total ou parcialmente, mediante compensação. Repitase que este encontro de contas sempre será desfavorável ao contribuinte tendo em vista que o código do débito1, 1 Lei 9.430, de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10880.923153/201264 Acórdão n.º 3302004.853 S3C3T2 Fl. 6 5 correspondente ao código correto que deveria constar no DARF, não foi encontrado pelo sistema e assim o débito em aberto sofre acréscimos da multa de mora diária mais juros de mora mensais até a data a entrega do Perdcomp, enquanto que (ii) o crédito2 a ser restituído e compensando sofre somente os juros compensatórios mensais, calculados também até a data da entrega do PerDcomp. Em resumo, se no momento da valoração, ou seja na data da transmissão da PerDcomp, o débito que se buscou compensar já estava sujeito a acréscimos moratórios, e o crédito com seus acréscimos não foram suficientes para quitálos, então a compensação é homologada parcialmente e o saldo residual do débito considerado indevidamente compensado, exigindose, em consequência, seu pagamento com os acréscimos legais3. A mesma sistemática se repete em sucessivos PerDcomp quando existe saldo residual de crédito na compensação homologada a ser aproveitado em outro(s) PerdComp. A situação parece injusta mormente porque o pagamento indevido ou a maior decorre em regra de um erro do contribuinte que não pretendia ficar em mora, porém não é o caso de se aplicar o art. 108 do CTN, pois verificase que não foi a RFB que deu causa ao erro. Ademais, mesmo sem levar em consideração os transtornos e custos que os erros causam à administração, há de se observar ainda que o julgador administrativo está vinculado à lei, ainda na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. 2 Art. 72. O crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou reembolso, será restituído, reembolsado ou compensado com o acréscimo de juros Selic para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: II houver a entrega da Declaração de Compensação ...; § 1º No cálculo dos juros de que trata o caput, observarseá, como termo inicial da incidência: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 973, de 27 de novembro de 2009) III na hipótese de pagamento indevido ou a maior: c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; 3 Lei nº 9.430 /1996 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito... § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) IN 900/2009 Art. 38. O tributo objeto de compensação não homologada será exigido com os respectivos acréscimos legais. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10880.923153/201264 Acórdão n.º 3302004.853 S3C3T2 Fl. 7 6 que esta reflita apenas aspectos sobre cumprimento dos prazos e forma de apuração dos valores, e assim não pode deixar de reconhecer a aplicação destas formalidades legais utilizadas para cálculo da restituição de pagamentos indevidos e para cobrança de débitos vencidos, independente deste tipo de erro cometido pela contribuinte que o deixou em mora. Não se vislumbra ilegalidade no procedimento da Receita Federal e tampouco enriquecimento ilícito da União, pois decorrente da lei. Conclusão Diante de tudo que foi exposto, rejeito a preliminar arguida, e no mérito nego provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o(s) débito(s) que se procuravam compensar já se encontravam vencidos na data em que foi transmitida a DCOMP inicial. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 145DF CARF MF
score : 1.0