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Numero do processo: 10580.720849/2009-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA DE IRPF. APLICAÇÃO DE JUROS DE MORA
Reconhecida a necessidade de tributação sobre os valores recebidos a título de URV, faz-se necessária a aplicação de juros de mora e correção monetária, tendo em vista o atraso no pagamento do imposto.
Numero da decisão: 2401-005.412
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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INCIDÊNCIA DE IRPF. APLICAÇÃO DE JUROS DE MORA Reconhecida a necessidade de tributação sobre os valores recebidos a título de URV, fazse necessária a aplicação de juros de mora e correção monetária, tendo em vista o atraso no pagamento do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 08 49 /2 00 9- 10 Fl. 335DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Rayd Santana Ferreira. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10580.720849/200910 Acórdão n.º 2401005.412 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF correspondente aos anos calendário de 2004, 2005 e 2006, para exigência de crédito tributário, no valor de R$ 122.792,20, incluída a multa de mora no percentual de 10% (dez por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Na apuração do imposto devido não foram consideradas as diferenças salariais que tinham como origem o décimo terceiro salário ou Abono Pecuniário. O contribuinte foi cientificado do lançamento fiscal e apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: a) o lançamento fiscal é improcedente, pois teve como objeto valores recebidos pelo impugnante a título de diferenças de URV, que não estão sujeitos à incidência do imposto de renda, em razão do seu caráter indenizatório, não se enquadrando nos conceitos de renda ou proventos de qualquer natureza, previstos no art. 43 do CTN; b) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV recebidas pelos magistrados federais, e que por esse motivo estariam isentas da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Este tratamento seria extensível aos valores a mesmo título recebidos pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia; c) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga, sendo a União parte ilegítima para exigência de tal tributo. Além disso, se a fonte pagadora não fez a retenção que estaria obrigada, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta em sua declaração de rendimentos, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; Fl. 337DF CARF MF 4 d) caso os rendimentos apontados como omitidos de fato fossem tributáveis, deveriam ter sido submetidos ao ajuste anual, e não tributados isoladamente como no lançamento fiscal; e) parcelas dos valores recebidos a título de diferenças de URV se referiam à correção incidente sobre 13º salários e a férias indenizadas (abono férias), que respectivamente estão sujeitas à tributação exclusiva e isenta, portanto, não deveriam compor a base de cálculo do imposto lançado; f) ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção monetária incidentes sobre elas, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boafé, seguindo orientações da fonte pagadora, que por sua vez estava fundamentada na Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV. Ao analisar a impugnação, o acórdão de primeira instância decidiu julgála improcedente, mentendo o crédito tributário, decisão que possui a seguinte ementa: DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com a r. Decisão, o Recorrente interpôs recurso voluntário. Em seu apelo ao CARF o recorrente reitera as mesmas questões suscitadas. Após a análise da questão principal do recurso voluntário, foi dado provimento para excluir o lançamento de ofício. Contudo, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo a reforma do julgado, argumentando que os valores recebidos pelo contribuinte não estavam isentos de IRPF. Assim, a Câmara Superior de Recursos Fiscais deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional para restabelecer o lançamento de ofcício, determinando, assim, o retorno dos autos à turma para análise das demais questões apresentadas no recurso voluntário. É o relatório. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10580.720849/200910 Acórdão n.º 2401005.412 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE A Recorrente foi cientificada do acórdão em 18/07/2011, conforme Aviso de Recebimento acostado à fls. 135, e interpôs o Recurso Voluntário, tempestivamente, em 03/08/2011, razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. DO MÉRITO A questão principal já foi analisada quando do julgamento do recurso especial da Fazenda Público, restando decidido pela necessidade de tributação dos valores recebidos pelo Recorrente – diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV – e restabelecimento do lançamento de ofício. Assim, passo a analisar apenas das demais questões trazidas no recurso voluntário, conforme determinação da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Tendo em vista o entendimento acerca da obrigação em se tributar os valores recebidos pelo Recorrente, cumpre esclarecer que o artigo 55, XIV, do Decreto 3.000/99 dispõe que os juros moratórios ou compensatórios, bem como quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, inclusive aquelas decorrentes de sentença, estão sujeitos à tributação, in verbis: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): [...] XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Desta forma, não há como se acolher a tese recursal no tocante à desnecessidade de tributação em relação aos juros e correção monetária, pois tal entendimento violaria o disposto na legislção tributária. Fl. 339DF CARF MF 6 Com relação à responsabilidade da fonte pagadora, cumpre esclarecer que esta está limitada à data fixada para a entrega da Declaração de Ajuste Anual de Pessoa Física. Assim, o não recolhimento do tributo por parte do próprio contribuinte o sujeita ao pagamento do imposto com o acréscimo de multa de ofício e juros de mora, conforme inteligência do Parecer Normativo COSIT nº 1, de 24 de setembro de 2002: IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. RESPONSABILIDADE. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual, e, no caso de pessoa jurídica, na data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual. IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. Constatada a falta de retenção do imposto, que tiver a natureza de antecipação, antes da data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, e, antes da data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora. Verificada a falta de retenção após as datas referidas acima serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora isolados, calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, ou, até a data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica; exigindose do contribuinte o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, caso este não tenha submetido os rendimentos à tributação. Desta forma, percebese que os argumentos lançados no recurso voluntário não merecem acolhimento, ficando prejudicada, ainda, a análise o pleito de não aplicação da multa de ofício no percentual de 75%, tendo em vista que não foi aplicada a referida multa, mas sim a multa de mora de 10%, nos termos do artigo 964, I, do Decreto 3.000/99. Nesse sentido, cabe à autoridade fiscalizadora a aplicação do disposto na legislação, o que ocorreu no presente caso, não havendo que se falar, portanto, em violação do princípio da capacidade contributiva. Prosseguindo, quanto à arguição de tributação das diferenças de URV de forma isolada, sem a consideração dos rendimentos e deduções declarados anteriormente, cumpre esclarecer que as bases de cálculo do Recorrente já o sujeitavam à tributação em alíquota máxima, não merecendo, portanto, o acolhimento de suas alegações. Nesse sentido, o imposto analisado com base na aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos é o mesmo do apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10580.720849/200910 Acórdão n.º 2401005.412 S2C4T1 Fl. 5 7 Cumpre destacar, contudo, que os valores de URV recebidos a título de correção de férias e 13º salário não foram incluídos no lançamento fiscal, uma vez que estão sujeitas à tributação exclusiva. Portanto, não merecem acolhimento os argumentos trazidos no recurso voluntário. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário e, no mérito, NEGO PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 341DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10242.000215/2007-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/1997 a 31/01/2005
PRELIMINAR DE NULIDADE DE CITAÇÃO. INTIMAÇÃO POSTAL. VALIDADE. QUALIFICAÇÃO DO RECEBEDOR. ENUNCIADO DE SÚMULA CARF N. 09.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
No caso concreto, o recebedor foi o próprio procurador, constituído pelo Recorrente mediante instrumento procuratório público registrado em cartório, com amplos e ilimitados poderes.
PRELIMINAR DE NULIDADE DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO. CIÊNCIA. IRREGULARIDADE. INEXISTÊNCIA.
O Mandado de Procedimento Fiscal é uma autorização ao Auditor-Fiscal para fiscalizar a empresa e verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias previstas na Lei n. 8.212/91.
Expedido de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, bem assim com a devida ciência do seu teor ao fiscalizado, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, principalmente quando a ação fiscal transcorre dentro dos estritos limites legais.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS À SEGURIDADE SOCIAL. ART. 22, I E II, DA Lei n. 8.212/91. OBRIGATORIEDADE.
A empresa está obrigada a recolher as contribuições sociais previstas no art. 22, I e II, da Lei n. 8.212/91.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS - TERCEIROS (SALÁRIO EDUCAÇÃO. INCRA. SENAI. SESI. SEBRAE). LEI INSTITUIDORA. EXGIBILIDADE.
As contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos - Terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAI/SESI e SEBRAE) são exigíveis de acordo com suas leis instituidoras.
NFLD. AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA.
Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte deve-se comparar o somatório das multas previstas na legislação vigente à época da lavratura do AI (art. 35 e 32 da Lei nº 8.212/91) e a multa do art. 35-A da Lei n. 8.212/91, introduzida pela Lei n. 11.941/2009. Como resultado, aplica-se para cada competência a multa mais benéfica (sistemática anterior ou atual), em face do que dispõe o art. 106, II, alínea "c", do CTN.
O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com o art. 476-A da Instrução Normativa RFB n. 971/2009 c/c a Portaria PGFN/RFB n. 14/2009.
GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. ART. 30, IX, DA LEI N. 8.212/91. ART. 124 DO CTN.
Caracterizado a formação de grupo econômico, com provas substanciais nos autos do processo administrativo fiscal, decorre a solidariedade quanto à obrigação tributária de natureza previdenciária, forte no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91 c/c art. 124 do CTN.
AFERIÇÃO INDIRETA. ARBITRAMENTO. APLICABILIDADE. ART. 33, § 3°., DA LEI N. 8.212/1991. ART. 148 DO CTN.
Aplicável a apuração do crédito previdenciário por aferição indireta/arbitramento na hipótese de deficiência ou ausência de quaisquer documentos ou informações solicitados pela Fiscalização, que lançará o débito que imputar devido, invertendo-se o ônus da prova ao contribuinte, forte no art. 33, § 3°., da Lei n. 8.212/1991 (com a redação vigente à época dos fatos) c/c art. 148 do CTN.
O art. 148 do CTN deve ser invocado para a determinação da base de cálculo do tributo quando certa a ocorrência do fato imponível, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não mereçam fé, ficando a Fazenda Pública, nesse caso, autorizada a proceder ao arbitramento mediante processo administrativo-fiscal regular, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
Numero da decisão: 2402-006.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja efetuado o cálculo da multa mais benéfica ao contribuinte com base na Portaria PGFN/RFB nº 14/2009.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini, Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gregório Rechmann Júnior e Mauricio Nogueira Righetti.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/1997 a 31/01/2005 PRELIMINAR DE NULIDADE DE CITAÇÃO. INTIMAÇÃO POSTAL. VALIDADE. QUALIFICAÇÃO DO RECEBEDOR. ENUNCIADO DE SÚMULA CARF N. 09. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. No caso concreto, o recebedor foi o próprio procurador, constituído pelo Recorrente mediante instrumento procuratório público registrado em cartório, com amplos e ilimitados poderes. PRELIMINAR DE NULIDADE DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO. CIÊNCIA. IRREGULARIDADE. INEXISTÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é uma autorização ao Auditor-Fiscal para fiscalizar a empresa e verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias previstas na Lei n. 8.212/91. Expedido de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, bem assim com a devida ciência do seu teor ao fiscalizado, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, principalmente quando a ação fiscal transcorre dentro dos estritos limites legais. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS À SEGURIDADE SOCIAL. ART. 22, I E II, DA Lei n. 8.212/91. OBRIGATORIEDADE. A empresa está obrigada a recolher as contribuições sociais previstas no art. 22, I e II, da Lei n. 8.212/91. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS - TERCEIROS (SALÁRIO EDUCAÇÃO. INCRA. SENAI. SESI. SEBRAE). LEI INSTITUIDORA. EXGIBILIDADE. As contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos - Terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAI/SESI e SEBRAE) são exigíveis de acordo com suas leis instituidoras. NFLD. AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA. Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte deve-se comparar o somatório das multas previstas na legislação vigente à época da lavratura do AI (art. 35 e 32 da Lei nº 8.212/91) e a multa do art. 35-A da Lei n. 8.212/91, introduzida pela Lei n. 11.941/2009. Como resultado, aplica-se para cada competência a multa mais benéfica (sistemática anterior ou atual), em face do que dispõe o art. 106, II, alínea "c", do CTN. O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com o art. 476-A da Instrução Normativa RFB n. 971/2009 c/c a Portaria PGFN/RFB n. 14/2009. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. ART. 30, IX, DA LEI N. 8.212/91. ART. 124 DO CTN. Caracterizado a formação de grupo econômico, com provas substanciais nos autos do processo administrativo fiscal, decorre a solidariedade quanto à obrigação tributária de natureza previdenciária, forte no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91 c/c art. 124 do CTN. AFERIÇÃO INDIRETA. ARBITRAMENTO. APLICABILIDADE. ART. 33, § 3°., DA LEI N. 8.212/1991. ART. 148 DO CTN. Aplicável a apuração do crédito previdenciário por aferição indireta/arbitramento na hipótese de deficiência ou ausência de quaisquer documentos ou informações solicitados pela Fiscalização, que lançará o débito que imputar devido, invertendo-se o ônus da prova ao contribuinte, forte no art. 33, § 3°., da Lei n. 8.212/1991 (com a redação vigente à época dos fatos) c/c art. 148 do CTN. O art. 148 do CTN deve ser invocado para a determinação da base de cálculo do tributo quando certa a ocorrência do fato imponível, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não mereçam fé, ficando a Fazenda Pública, nesse caso, autorizada a proceder ao arbitramento mediante processo administrativo-fiscal regular, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
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INTIMAÇÃO POSTAL. VALIDADE. QUALIFICAÇÃO DO RECEBEDOR. ENUNCIADO DE SÚMULA CARF N. 09. É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. No caso concreto, o recebedor foi o próprio procurador, constituído pelo Recorrente mediante instrumento procuratório público registrado em cartório, com amplos e ilimitados poderes. PRELIMINAR DE NULIDADE DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO. CIÊNCIA. IRREGULARIDADE. INEXISTÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é uma autorização ao AuditorFiscal para fiscalizar a empresa e verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias previstas na Lei n. 8.212/91. Expedido de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, bem assim com a devida ciência do seu teor ao fiscalizado, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, principalmente quando a ação fiscal transcorre dentro dos estritos limites legais. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS À SEGURIDADE SOCIAL. ART. 22, I E II, DA Lei n. 8.212/91. OBRIGATORIEDADE. A empresa está obrigada a recolher as contribuições sociais previstas no art. 22, I e II, da Lei n. 8.212/91. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 2. 00 02 15 /2 00 7- 16 Fl. 1431DF CARF MF 2 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS TERCEIROS (SALÁRIO EDUCAÇÃO. INCRA. SENAI. SESI. SEBRAE). LEI INSTITUIDORA. EXGIBILIDADE. As contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos Terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAI/SESI e SEBRAE) são exigíveis de acordo com suas leis instituidoras. NFLD. AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA. Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte devese comparar o somatório das multas previstas na legislação vigente à época da lavratura do AI (art. 35 e 32 da Lei nº 8.212/91) e a multa do art. 35A da Lei n. 8.212/91, introduzida pela Lei n. 11.941/2009. Como resultado, aplicase para cada competência a multa mais benéfica (sistemática anterior ou atual), em face do que dispõe o art. 106, II, alínea "c", do CTN. O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com o art. 476A da Instrução Normativa RFB n. 971/2009 c/c a Portaria PGFN/RFB n. 14/2009. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. ART. 30, IX, DA LEI N. 8.212/91. ART. 124 DO CTN. Caracterizado a formação de grupo econômico, com provas substanciais nos autos do processo administrativo fiscal, decorre a solidariedade quanto à obrigação tributária de natureza previdenciária, forte no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91 c/c art. 124 do CTN. AFERIÇÃO INDIRETA. ARBITRAMENTO. APLICABILIDADE. ART. 33, § 3°., DA LEI N. 8.212/1991. ART. 148 DO CTN. Aplicável a apuração do crédito previdenciário por aferição indireta/arbitramento na hipótese de deficiência ou ausência de quaisquer documentos ou informações solicitados pela Fiscalização, que lançará o débito que imputar devido, invertendose o ônus da prova ao contribuinte, forte no art. 33, § 3°., da Lei n. 8.212/1991 (com a redação vigente à época dos fatos) c/c art. 148 do CTN. O art. 148 do CTN deve ser invocado para a determinação da base de cálculo do tributo quando certa a ocorrência do fato imponível, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não mereçam fé, ficando a Fazenda Pública, nesse caso, autorizada a proceder ao arbitramento mediante processo administrativofiscal regular, assegurados o contraditório e a ampla defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1432DF CARF MF Processo nº 10242.000215/200716 Acórdão n.º 2402006.104 S2C4T2 Fl. 102 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja efetuado o cálculo da multa mais benéfica ao contribuinte com base na Portaria PGFN/RFB nº 14/2009. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini, Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gregório Rechmann Júnior e Mauricio Nogueira Righetti. Fl. 1433DF CARF MF 4 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de efls. 1304/1317 em face da Decisão Notificação (DN) n. 26.401.4/0055/2006 Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1275/1284), que julgou procedente o lançamento consignado na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n. 35.601.3677 consolidado no valor total de R$ 692.729,69 na data de 22/12/2005 Período de Lançamento: 12/1997 a 01/2005 (efls. 03/102) com fulcro nas contribuições destinadas à Seguridade Social: i) contribuição social da empresa (cota patronal); ii) contribuição dos segurados empregados; iii) contribuição dos segurados contribuintes individuais; e iv) contribuição social para o financiamento dos benefícios concedidos em decorrência dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT/GIILRAT), bem como nas contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos Terceiros (SalárioEducação, Incra, Senai, Sesi e Sebrae), todas incidentes sobre a remuneração mensal de segurados empregados e remuneração dos segurados que exerceram a função de gerentes, apuradas no período de 12/1997 a 01/2005, por aferição indireta, com base nas informações declaradas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). O Relatório Fiscal (efls. 125/146), bem assim o Relatório de Grupo Econômico RGE (efls. 172/199), caracterizam os procedimentos fiscais realizados; as evidências constatadas no curso da fiscalização e a solidariedade das empresas FRIGORÍFICO BONSUCESSO LTDA., FRIGORÍFICO PORTO LTDA., FRIGORÍFICO VALE DO RIO ACRE LTDA., FRIGORÍFICO SANTA ELVIRA LTDA. e FRIGORÍFICO NOVO ESTADO S/A que constituem grupo econômico de fato pelas obrigações tributárias de natureza previdenciária em apreço. A Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n. 35.601.3677 guarda conexão com os Autos de Infração (AI) DEBCAD n. 35.601.3456 (processo administrativo fiscal n. 11555.001419/201017) e n. 35.601.3746 (processo administrativo fiscal n. 11555.001409/201073) nos quais encontramse as razões do levantamento do débito, conforme informado no Relatório Fiscal (efls. 125/146). A Recorrente foi regularmente cientificada da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102) em 29/12/2005 (e fl. 1.268), e, irresignada, apresentou, em 10/01/2006, a impugnação de efls. 1244/1257, aduzindo, em síntese: i) Preliminar de nulidade de citação; ii) Inexistência de grupo econômico; iii) Inexistência de solidariedade; iv) Irregularidades no decorrer da ação fiscal; v) Inexistência de débito previdenciário; vi) Improcedência do lançamento, por não trazer com clareza a demonstração e precisa de suas origens; Fl. 1434DF CARF MF Processo nº 10242.000215/200716 Acórdão n.º 2402006.104 S2C4T2 Fl. 103 5 vii) Inobservância das regras que disciplinam o Mandado de Procedimento Fiscal. Ao fim, requer que seja julgada a insubsistência da NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102). Os solidários também foram cientificados do lançamento em lide. O crédito tributário de natureza previdenciária abrigado na NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102) foi mantido no julgamento de primeiro grau, consoante a DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0055/2006 (efls. 1275/1284), que sumarizou seu entendimento conforme emenda abaixo reproduzida: A Recorrente foi cientificada do teor da DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0055/2006 (efls. 1275/1284) em 30/05/2006, conforme editais publicados em 16/05/2006; 23/05/2006 e 30/05/2006 (efls. 1299/1301) e, inconformada, apresentou Recurso Voluntário ao Conselho de Recursos Fiscais da Previdência Social em 16/06/2006 (efls. 1304/1317), esgrimindo os mesmos argumentos da impugnação de efls. 1244/1257. Os solidários também foram notificados do teor da DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0055/2006 (efls. 1275/1284). Todavia, o Recurso Voluntário de efls. 1304/1317, a despeito de sua tempestividade, foi considerado deserto (insuficiência/ausência de depósito recursal) e, por consequência, negado o seu seguimento, com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, nos termos exatos da decisão exarada pela Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1327/1328). Entretanto, com o advento da Súmula Vinculante STF n. 21 29/10/2009 DJe n. 223 27/11/2009 restou caracterizada a inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. Nesse contexto, a Procuradoria da Fazenda Nacional em Rondônia procedeu à revisão da legalidade dos atos praticados pela autoridade administrativa (Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO), concluindo pelo cancelamento da inscrição em Dívida Ativa da União (DAU) e devolução deste processo ao âmbito administrativo para o julgamento do Recurso Voluntário de efls. 1304/1317, conforme despacho de acompanhamento especial de efls. 1421/1422. Fl. 1435DF CARF MF 6 Por oportuno, é relevante destacar que a Delegacia da Receita Federal do Brasil em JiParaná (RO) procedeu, por provocação da Procuradoria da Fazenda Nacional/RO (efls. 1374/1376 e 1386), à aplicação do comando estabelecido na Súmula Vinculante STF n. 8, de 12 de junho de 2008 DJe de 14/11/2008, no sentido de excluir do lançamento consignado na NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102) as competências atingidas pela decadência, nos termos do PARECER SARAC/DRF/JFR n. 054/2013 (efls. 1392/1414). É o relatório. Fl. 1436DF CARF MF Processo nº 10242.000215/200716 Acórdão n.º 2402006.104 S2C4T2 Fl. 104 7 Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. Consoante relatado, o Recurso Voluntário de efls. 1304/1317, a despeito de sua tempestividade, foi considerado deserto (insuficiência/ausência de depósito recursal) e, por consequência, negado o seu seguimento, com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, nos termos exatos da decisão exarada pela Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1327/1328). Entretanto, com o advento da Súmula Vinculante STF n. 21 29/10/2009 DJe n. 223 27/11/2009 restou caracterizada a inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. Destarte, a Procuradoria da Fazenda Nacional em Rondônia procedeu ao controle de legalidade da decisão que negou seguimento ao recurso administrativo com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, exarada pela autoridade administrativa (Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO) efls. 1327/1328, concluindo pelo cancelamento da inscrição em Dívida Ativa da União (DAU) e devolução deste processo ao âmbito administrativo para o julgamento do Recurso Voluntário de efls. 1304/1317, conforme despacho de acompanhamento especial de efls. 1421/1422. Uma vez declarada a nulidade do ato que indeferiu o seguimento do recurso, deve ser proferida nova decisão administrativa sobre o juízo de admissibilidade recursal, e, não havendo outra causa autônoma impeditiva do seguimento do recurso, este deve ser processado normalmente. Isto posto, o Recurso Voluntário (efls. 1304/1317) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72, e alterações posteriores, portanto dele CONHEÇO. Da Preliminar de Nulidade de Citação De plano, cabe ressaltar que a ciência por via postal é modalidade de intimação prevista no art. 23, II, do Decreto n. 70.235/1972 que dispõe sobre o processo administrativo fiscal , bem assim na IN SRP/MPS n. 03/2005 e Portaria MPS n. 520/2004 vigentes à época dos fatos. Outrossim, inexiste ordem de preferência entre a intimação pessoal e a intimação postal para efeito do processo administrativo fiscal estabelecido no Decreto n. 70.235/1972. A teor do art. 23, § 1°., do Decreto n. 70.235/1972, apenas para a intimação ficta, por via editalícia, é que se exige ordem de preferência, uma vez que deve resultar improfícuo a intimação pessoal ou postal (sem ordem de preferência entre estas). Da análise dos autos, constatase que a ciência da NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102) e de diversos outros documentos afetos ao lançamento em lide foi direcionada à bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS RG 303.598 SSP/RO CPF 621.104.38215, nomeada e constituída pelo Recorrente mediante o instrumento Fl. 1437DF CARF MF 8 procuratório público registrado no Tabelionato Figueiredo Ofício Único de Notas Vilhena/RO na data de 14/02/2005 Traslado: Primeiro Livro: 228 Folhas: 031 com validade até 31/12/2005 (efl. 114). No instrumento de procuração pública de efl. 114, a Recorrente outorga amplos e ilimitados poderes à bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS, a seguir transcritos: Não à toa, a bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS assinou, recebeu e forneceu diversos documentos vinculados à fiscalização que resultou no lançamento da NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102) em desfavor do Recorrente, tais como: Mandados de Procedimento Fiscal Fiscalização e Complementar (efls. 103/104), Termos de Intimação para Apresentação de Documentos (efls. 105/113), Relatório de Grupo Econômico, Termo de Cientificação de Constituição de Crédito em Grupo Econômico, Agendamento de Devolução Parcial de Documentos Apreendidos e TEAF. E foi exatamente a bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS RG 303.598 SSP/RO CPF 621.104.38215 a signatária do Aviso de Recebimento (AR) e efl. 1268 da correspondência cujo conteúdo compreende, entre outros documentos, a NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102), ora questionada. Destarte, não é razoável e afronta o princípio da boafé objetiva que, em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente pretenda infirmar os poderes outorgados à procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS, que o representou em todo o curso da ação fiscal que culminou com o lançamento do crédito tributário consubstanciado na NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102), buscando desqualificar o domicílio fiscal por ela eleito (diverso daquele onde se situa a sede do Recorrente) para comunicarse com a Fiscalização da RFB, bem assim negando que a retrocitada procuradora represente os seus interesses, não obstante a validade do mandato ter como limite a data de 31/12/2005 e o aperfeiçoamento do lançamento em litígio ter ocorrido em 29/12/2005, data da assinatura da procuradora no AR de efl. 1268. Com relação à validade da intimação por via postal, inclusive no que tange à qualificação do recebedor, objeto de questionamento pelo Recorrente, é relevante resgatar o Enunciado de Súmula CARF n. 09, verbis: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. É oportuno salientar que, ainda que falta ou irregularidade houvesse na intimação (ciência da NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 efls. 03/102), o comparecimento da Recorrente aos autos, consubstanciado na apresentação da impugnação de efls. 1244/1257, é bastante para sanear eventual vício existente na intimação. Por fim, convém destacar que a Recorrente encontrase com situação cadastral no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) baixada desde 09/02/2015, por Fl. 1438DF CARF MF Processo nº 10242.000215/200716 Acórdão n.º 2402006.104 S2C4T2 Fl. 105 9 motivo de omissão contumaz, conforme consulta realizada no sítio da RFB (receita.fazenda.gov.br/pessoajurídica/cnpj/cnpjreva/Cnpjreva_Comprovante_asp). Isto posto, rejeito a preliminar. Da Preliminar de Nulidade de Mandado de Procedimento Fiscal No que tange ao questionamento em face do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e de supostas irregularidades verificadas no decorrer da ação fiscal, não há reparo a fazer na decisão recorrida, vez que o MPF Fiscalização n. 09233178 expedido em 13/04/2005 com validade até 11/08/2005 para verificação do cumprimento das obrigações principais decorrentes de Folha de Pagamento e Contribuição Rural (efl. 103) e o MPF Complementar 01 n. 09233178 expedido em 16/06/2005 com validade até 14/10/2005 para verificação de todos os fatos geradores (efl. 104), encontram abrigo no art. 196 do CTN; no art. 1°. da Lei n. 11.098/2005; na Instrução Normativa INSS/DC n. 100/2003; e no Decreto n. 3.969/2001, todos vigentes à época dos fatos, frisandose ainda que a execução da ação fiscal decorreuse dentro dos estritos limites legais. Isto posto, rejeito a preliminar. Do Mérito Em relação à insurgência contra a caracterização de grupo econômico e a consequente solidariedade entre as empresas do grupo, não assiste razão ao Recorrente. Com efeito, resta sobejamente comprovado nos autos os fundamentos que evidenciam a composição de grupo econômico compreendendo as seguintes pessoas jurídicas: i) Frigorífico Bonsucesso Ltda.; ii) Frigorífico Porto Ltda.; iii) Frigorífico Vale do Rio Acre Ltda..; iv) Frigorífico Santa Elvira Ltda.; e o Frigorífico Novo Estado S/A. A DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0055/2006 (efls. 1275/1284) nos tópicos 22 a 26 elucida e esclarece, de forma minuciosa, com amparo no Relatório de Grupo Econômico (efls. 172/199), as questões de fato e de direito suficientes à caracterização de grupo econômico e à solidariedade entre as respectivas empresas, quanto ao crédito tributário de natureza previdenciária consubstanciado na NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102), a seguir resumidas: Fl. 1439DF CARF MF 10 O art. 124 do CTN (Lei n. 5.172/1966), informa norma geral aplicável a todos os tributos existentes no sistema tributário nacional, nos seguintes termos: "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. (grifei)" Não obstante a expressão "interesse comum" consignada no art. 124, I, do CTN, encartar um conceito indeterminado, é mister procederse a uma interpretação sistemática das normas tributárias, de modo a alcançarse a ratio essendi do referido dispositivo legal. Assim, verificase que o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal implica que as pessoas jurídicas solidariamente obrigadas estejam no mesmo polo da relação jurídica que deu azo à hipótese de incidência tributária, exatamente porque não encontraria respaldo na lógica jurídicatributária a integração no polo passivo da relação jurídica de uma empresa que não tenha qualquer participação na ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Nessa perspectiva, é forçoso concluir que o interesse qualificado pela lei não há de ser o mero interesse social, moral ou econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas sim o interesse jurídico, atrelado à atuação comum ou conjunta no pressuposto fático do tributo. Fl. 1440DF CARF MF Processo nº 10242.000215/200716 Acórdão n.º 2402006.104 S2C4T2 Fl. 106 11 Assim, caracteriza responsabilidade solidária em matéria tributária a realização conjunta de situações que, per se, configuram a hipótese de incidência tributária, irrelevante que se trate ou não de grupo econômico formalmente constituído. É cediço que os grupos econômicos de fato caracterizamse por serem criados com o fim exclusivo de redução do risco empresarial e maximização de lucros, caracterizando se um abuso de direito, inclusive para fins de afastar a incidência de tributos, no caso concreto, na espécie contribuições sociais. Constatase, a partir das situações relatadas nos autos e sintetizadas pela DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0055/2006 (efls. 1275/1284), acima reproduzidas, uma unidade de interesse jurídico das várias pessoas jurídicas (frigoríficos) envolvidas, consolidandose evidente interesse comum nos atos negociais de propriedade e de circulação de riquezas. Noutro giro, há previsão legal de solidariedade quanto às contribuições à Seguridade Social, independentemente da natureza (formal ou de fato) do grupo econômico, bastando tãosomente a sua caracterização, nos termos exatos do art. 30, IX, da Lei n. 8.212/1991, verbis: "Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: [...] IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; [...] (grifei)" Considerandose o disposto no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91, acima reproduzido, não há dúvidas que, no caso específico das contribuições previdenciárias, incide não apenas a regra do inciso I do art. 124 do CTN, mas também do inciso II do retrocitado dispositivo legal. Nos termos exatos do Relatório Fiscal (efls. 125/146), o levantamento do débito consignado na NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102) se deu pelas seguintes razões: Fl. 1441DF CARF MF 12 Outrossim, constatase que as contribuições devidas foram lançadas por arbitramento e apuradas por aferição indireta mediante a utilização de critérios e procedimentos discriminados no Relatório Fiscal (efls. 125/146) de cujo teor o Recorrente teve amplo conhecimento. A apuração do crédito previdenciário por aferição indireta/arbitramento na hipótese de deficiência ou ausência de quaisquer documentos ou informações solicitados pela Fiscalização, que lançará o débito que imputar devido, inverte o ônus da prova ao contribuinte, forte no art. 33, § 3°., da Lei n. 8.212/1991 (com a redação vigente à época dos fatos). É nesse mesmo sentido que segue o art. 148 da Lei n. 5.172/1966 (CTN), verbis: Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito do Recurso em Mandado de Segurança (RMS) n. 26.964 GO (2008/01149334), assim decidiu: [...] 2. O art. 148 do CTN deve ser invocado para a determinação da base de cálculo do tributo quando certa a ocorrência do fato imponível, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não mereçam fé, ficando a Fazenda Pública, nesse caso, autorizada a proceder ao arbitramento mediante processo administrativofiscal regular, assegurados o contraditório e a ampla defesa. [...] É relevante destacar que na peça recursal de efls. 1304/1317 o Recorrente não enfrenta de forma específica as infrações consignadas na NFLD DEBCAD n. 35.601.367 7 (efls. 03/102), limitandose a alegações genéricas, desprovidas de qualquer lastro probatório que informe os fundamentos do lançamento em apreço. Com efeito, limitase a Recorrente a afirmar que é "de todo inoportuno os lançamentos praticados, pois que não trazem a demonstração clara e precisa de suas origens, exorbitantes em sua mensuração, além do que não traduzem efetivamente quaisquer débitos da RECORRENTE para com a Seguridade Social não podendo ser mantidos pela Autarquia Previdenciária" (sic) (efl. 1314). Fl. 1442DF CARF MF Processo nº 10242.000215/200716 Acórdão n.º 2402006.104 S2C4T2 Fl. 107 13 Nenhum elemento de prova, nem argumentos de fato e/ou de direito, traz o Recorrente com força bastante para ilidir o lançamento abrigado na NFLD DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102). Nessa perspectiva, o lançamento consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3677 (efls. 03/102) encontrase alinhado aos ditames da Lei n. 8.212/91, com a redação da época dos fatos, particularmente em seus arts. 22, I e II, e 30, IX, bem assim com as leis instituidoras das contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos Terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAI/SESI e SEBRAE). Entretanto, tratase, no caso concreto, de auto de infração por descumprimento de obrigação principal, revestido, portanto, de natureza de penalidade (passível de multa de ofício), o que atrai o art. 106, II, alínea "c", do CTN, considerandose a retroatividade da lei mais benéfica, vez que é a regra. Considerandose que o lançamento em tela foi constituído em momento anterior às alterações à Lei n. 8.212/91, promovidas pela Medida Provisória n. 449/2008, convertida na Lei n. 11.941/2009, é mister procederse a cotejo entre as penalidades cabíveis em conformidade com a legislação vigente antes e depois do retrocitado diploma legal, aplicando a multa mais favorável ao sujeito passivo, por ocasião do pagamento ou do parcelamento, quando for o caso. Melhor detalhando, a Medida Provisória n. 449/2008, convertida na Lei n. 11.941/2009, acrescentou os artigos 32A e 35A, modificando a sistemática do cálculo das multas decorrentes do descumprimento de obrigações principais e acessórias, anteriormente prevista nos artigos 32 e 35 da Lei n. 8.212/91. Assim, a partir da publicação da MP n. 449/2008, para os fatos geradores de contribuições previdenciárias anteriores a esta data, deverá ser avaliado o caso concreto e a norma atual deverá retroagir, se mais benéfica, pois em matéria de penalidades deve ser observada a regra do art. 106, II, alínea "c", do CTN: "Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática." A penalidade mais benéfica, no caso concreto, é passível de aplicação ex officio, uma vez presente a possibilidade para o mister, consoante disposto na Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14, de 04 de dezembro de 2009, com amparo no art. 106, II, alínea "c", do CTN. Fl. 1443DF CARF MF 14 Para tanto, a análise da multa mais benéfica procederseá pelo cotejo (efetuado em relação aos processos conexos, geralmente com gênese na mesma ação fiscal) entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal (art. 35 da Lei n. 8.212/91, em sua redação anterior à conferida pela Lei n. 11.941/2009) e de obrigações acessórias (art. 32, §§ 4°. e 5°., da Lei n. 8.212/91, em sua redação anterior à conferida pela Lei n. 11.941/2009), em contrapartida à multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei n. 8.212/91, acrescido pela Lei n. 11.941/2009. Considerandose que os percentuais da multa do art. 35 da Lei n. 8.212/91, assim como do art. 44 da Lei n. 9.430/96, variam em função do prazo do pagamento do crédito tributário/previdenciário, a comparação entre tais modalidades somente poderá ser ratificada por ocasião do pagamento, devendo o valor da multa ser revisto, se for o caso, consoante o art. 2°. da Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14/2009. Caso as multas previstas no art. 32, §§ 4°. e 5°., da Lei n. 8.212, de 1991 (redação anterior à conferida pela Lei n. 11.941/2009), tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei n. 8.212/1991 (redação dada pela Lei n. 11.941/2009). O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei n. 8.212, de 1991 (redação anterior à dada pela Lei n. 11.941/2009), sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor da multa de ofício previsto no art. 35A daquele diploma legal (acrescido pela Lei n. 11.941/2009), e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Na hipótese de lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na GFIP, a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei n. 8.212/91 (redação dada pela Lei n. 11.941/2009). Por sua vez, a RFB, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações de natureza previdenciária (principais ou acessórias), vem adotando posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por considerar ser a sistemática mais benéfica ao contribuinte, com lastro na proibição do bis in idem, conforme disposto no art. 476A da Instrução Normativa RFB n. 971, de 13 de novembro de 2009. "Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Fl. 1444DF CARF MF Processo nº 10242.000215/200716 Acórdão n.º 2402006.104 S2C4T2 Fl. 108 15 II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 2º Para definição do multiplicador a que se refere a alínea "a" do inciso I, e de apuração do limite previsto nas alíneas "b" e "c" do inciso I do caput, serão considerados, por competência, todos os segurados a serviço da empresa, ou seja, todos os empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais verificados em procedimento fiscal, declarados ou não em GFIP. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010)" Isto posto, entendo que deve prevalecer o encaminhamento consolidado na Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14/2009, no sentido de, se for o caso, procederse ao recálculo da multa mais benéfica à Recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 1304/1317), REJEITAR AS PRELIMINARES, e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, a ser realizada no momento do pagamento ou parcelamento, consoante disciplinado na Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14/2009. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 1445DF CARF MF
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Numero do processo: 10825.722771/2015-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011, 2012
RECURSO VOLUNTÁRIO. COOBRIGADO. INTEMPESTIVIDADE
O recurso apresentado após o decurso do prazo de 30 dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância é intempestivo e não deve ser conhecido.
NULIDADE. DECISÃO IMPARCIAL. DEVIDO PROCESSO LEGAL. PROCEDIMENTO FISCAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
Inexiste nulidade na decisão devidamente fundamentada e que enfrenta as razões de defesa suscitadas pelo sujeito passivo, em obediência ao devido processo legal.
O procedimento fiscal realizado com base nos documentos de que dispõe a fiscalização, face à negativa injustificada de atendimento às intimações da fiscalização, não caracteriza cerceamento ao direito de defesa.
PROVAS LÍCITAS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO PRÉVIO À AUTUAÇÃO FISCAL. PEDIDO DE SOBRESTAMENTO.
São lícitas as provas obtidas com autorização judicial, para apuração de crimes diversos, sendo desnecessária a autuação fiscal para início das investigações criminais.
Não há previsão legal para sobrestamento do processo administrativo até a decisão judicial definitiva quanto à licitude das provas obtidas em investigação criminal.
ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO. CABIMENTO.
Cabível o arbitramento do lucro com base na receita bruta conhecida quando o contribuinte deixa de atender à intimação para apresentação de livros e documentos de sua escrituração contábil e fiscal.
MULTA QUALIFICADA. PRÁTICA REITERADA. UTILIZAÇÃO INTERPOSTAS PESSOAS. CONDUTA DOLOSA. PROCEDÊNCIA.
Procedente a aplicação da multa qualificada de 150%, face à conduta reiterada de não confessar os tributos devidos em DCTF, ou informá-los em valores bastante inferiores ao efetivamente devidos.
A constituição de pessoas jurídicas mediante a utilização de interpostas pessoas, com o intuito de ocultar os reais sócios, demonstra a conduta dolosa e a intenção de modificar as características do sujeito passivo, de modo a evitar o pagamento do imposto, o que também autoriza a aplicação da multa qualificada.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO DE FATO.
Demonstrada a existência de um grupo econômico de fato, integrado por diversas pessoas jurídicas formalmente independentes, porém com estrutura e objetivos comuns, administração única e confusão patrimonial, procedente a atribuição de responsabilidade solidária prevista no art. 124, I do CTN.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. REAIS ADMINISTRADORES. INTERESSE COMUM.
O interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores dos tributos lançados, bem assim, a prática de infrações à lei ou contrato social, enseja a atribuição a atribuição de responsabilidade pessoal aos reais administradores da pessoa jurídica, nos termos dos arts. 124, I e 135, III, do CTN.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PROCURADORES. MANDATÁRIOS. INTERESSE COMUM. INEXISTÊNCIA.
A falta de comprovação do interesse comum previsto no art. 124, I do CTN e a inexistência da prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei ou contrato social, nos termos do art. 135, II, afasta aplicação da sujeição passiva solidária a procurador e mandatários.
RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. EXCLUSÃO POLO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. JOÃO SHOITI KAKU. CABIMENTO
A falta de comprovação de qualquer infração funcional praticada pelo Sr. João Shoiti Kaku, por violação da lei ou do estatuto social, afasta a aplicação da sujeição passiva solidária da obrigação tributária.
LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL, COFINS E PIS.
Aplica-se a mesma solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiados nos mesmos elementos de convicção.
Numero da decisão: 1301-002.744
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado: I) Por unanimidade de votos: (i) conhecer o recurso voluntário do contribuinte, rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, negar-lhe provimento; (ii) em relação aos recursos apresentados pelas coobrigadas, não conhecer o recurso voluntário apresentado por Multióleos Óleos e Farelos Ltda por sua intempestividade, e conhecer os demais recursos, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, dar-lhes parcial provimento para excluir do polo passivo da obrigação tributária os coobrigados Luiz Tomaz Clete Filho, José Agostinho Miranda Simões, Luiz Alberto Panaro, Nabil Akl Abdul Massih e Paulo Roberto dos Santos Mina. II) Por voto de qualidade, excluir do polo passivo o senhor João Shoiti Kaku, vencidos os Conselheiros Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Nelso Kichel e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild votaram por dar provimento parcial em maior extensão para excluir do polo passivo também os coobrigados Dario Aprigio da Silva, Andrea Ferreira Abdul Massih, Maria de Fátima Butara Abdul Massih, Nemr Abdul Massih, Simon Nemer Ferreira Abdul Massih, sendo vencidos pela maioria. Designado redator do voto vencedor o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Nelso Kichel e Roberto Silva Junior.
Nome do relator: MILENE DE ARAUJO MACEDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011, 2012 RECURSO VOLUNTÁRIO. COOBRIGADO. INTEMPESTIVIDADE O recurso apresentado após o decurso do prazo de 30 dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância é intempestivo e não deve ser conhecido. NULIDADE. DECISÃO IMPARCIAL. DEVIDO PROCESSO LEGAL. PROCEDIMENTO FISCAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Inexiste nulidade na decisão devidamente fundamentada e que enfrenta as razões de defesa suscitadas pelo sujeito passivo, em obediência ao devido processo legal. O procedimento fiscal realizado com base nos documentos de que dispõe a fiscalização, face à negativa injustificada de atendimento às intimações da fiscalização, não caracteriza cerceamento ao direito de defesa. PROVAS LÍCITAS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO PRÉVIO À AUTUAÇÃO FISCAL. PEDIDO DE SOBRESTAMENTO. São lícitas as provas obtidas com autorização judicial, para apuração de crimes diversos, sendo desnecessária a autuação fiscal para início das investigações criminais. Não há previsão legal para sobrestamento do processo administrativo até a decisão judicial definitiva quanto à licitude das provas obtidas em investigação criminal. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO. CABIMENTO. Cabível o arbitramento do lucro com base na receita bruta conhecida quando o contribuinte deixa de atender à intimação para apresentação de livros e documentos de sua escrituração contábil e fiscal. MULTA QUALIFICADA. PRÁTICA REITERADA. UTILIZAÇÃO INTERPOSTAS PESSOAS. CONDUTA DOLOSA. PROCEDÊNCIA. Procedente a aplicação da multa qualificada de 150%, face à conduta reiterada de não confessar os tributos devidos em DCTF, ou informá-los em valores bastante inferiores ao efetivamente devidos. A constituição de pessoas jurídicas mediante a utilização de interpostas pessoas, com o intuito de ocultar os reais sócios, demonstra a conduta dolosa e a intenção de modificar as características do sujeito passivo, de modo a evitar o pagamento do imposto, o que também autoriza a aplicação da multa qualificada. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. Demonstrada a existência de um grupo econômico de fato, integrado por diversas pessoas jurídicas formalmente independentes, porém com estrutura e objetivos comuns, administração única e confusão patrimonial, procedente a atribuição de responsabilidade solidária prevista no art. 124, I do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. REAIS ADMINISTRADORES. INTERESSE COMUM. O interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores dos tributos lançados, bem assim, a prática de infrações à lei ou contrato social, enseja a atribuição a atribuição de responsabilidade pessoal aos reais administradores da pessoa jurídica, nos termos dos arts. 124, I e 135, III, do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PROCURADORES. MANDATÁRIOS. INTERESSE COMUM. INEXISTÊNCIA. A falta de comprovação do interesse comum previsto no art. 124, I do CTN e a inexistência da prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei ou contrato social, nos termos do art. 135, II, afasta aplicação da sujeição passiva solidária a procurador e mandatários. RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. EXCLUSÃO POLO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. JOÃO SHOITI KAKU. CABIMENTO A falta de comprovação de qualquer infração funcional praticada pelo Sr. João Shoiti Kaku, por violação da lei ou do estatuto social, afasta a aplicação da sujeição passiva solidária da obrigação tributária. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL, COFINS E PIS. Aplica-se a mesma solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiados nos mesmos elementos de convicção.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado: I) Por unanimidade de votos: (i) conhecer o recurso voluntário do contribuinte, rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, negar-lhe provimento; (ii) em relação aos recursos apresentados pelas coobrigadas, não conhecer o recurso voluntário apresentado por Multióleos Óleos e Farelos Ltda por sua intempestividade, e conhecer os demais recursos, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, dar-lhes parcial provimento para excluir do polo passivo da obrigação tributária os coobrigados Luiz Tomaz Clete Filho, José Agostinho Miranda Simões, Luiz Alberto Panaro, Nabil Akl Abdul Massih e Paulo Roberto dos Santos Mina. II) Por voto de qualidade, excluir do polo passivo o senhor João Shoiti Kaku, vencidos os Conselheiros Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Nelso Kichel e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild votaram por dar provimento parcial em maior extensão para excluir do polo passivo também os coobrigados Dario Aprigio da Silva, Andrea Ferreira Abdul Massih, Maria de Fátima Butara Abdul Massih, Nemr Abdul Massih, Simon Nemer Ferreira Abdul Massih, sendo vencidos pela maioria. Designado redator do voto vencedor o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo - Relatora (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Nelso Kichel e Roberto Silva Junior.
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COOBRIGADO. INTEMPESTIVIDADE O recurso apresentado após o decurso do prazo de 30 dias seguintes à ciência da decisão de primeira instância é intempestivo e não deve ser conhecido. NULIDADE. DECISÃO IMPARCIAL. DEVIDO PROCESSO LEGAL. PROCEDIMENTO FISCAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Inexiste nulidade na decisão devidamente fundamentada e que enfrenta as razões de defesa suscitadas pelo sujeito passivo, em obediência ao devido processo legal. O procedimento fiscal realizado com base nos documentos de que dispõe a fiscalização, face à negativa injustificada de atendimento às intimações da fiscalização, não caracteriza cerceamento ao direito de defesa. PROVAS LÍCITAS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO PRÉVIO À AUTUAÇÃO FISCAL. PEDIDO DE SOBRESTAMENTO. São lícitas as provas obtidas com autorização judicial, para apuração de crimes diversos, sendo desnecessária a autuação fiscal para início das investigações criminais. Não há previsão legal para sobrestamento do processo administrativo até a decisão judicial definitiva quanto à licitude das provas obtidas em investigação criminal. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO. CABIMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 5. 72 27 71 /2 01 5- 04 Fl. 10600DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.601 2 Cabível o arbitramento do lucro com base na receita bruta conhecida quando o contribuinte deixa de atender à intimação para apresentação de livros e documentos de sua escrituração contábil e fiscal. MULTA QUALIFICADA. PRÁTICA REITERADA. UTILIZAÇÃO INTERPOSTAS PESSOAS. CONDUTA DOLOSA. PROCEDÊNCIA. Procedente a aplicação da multa qualificada de 150%, face à conduta reiterada de não confessar os tributos devidos em DCTF, ou informálos em valores bastante inferiores ao efetivamente devidos. A constituição de pessoas jurídicas mediante a utilização de interpostas pessoas, com o intuito de ocultar os reais sócios, demonstra a conduta dolosa e a intenção de modificar as características do sujeito passivo, de modo a evitar o pagamento do imposto, o que também autoriza a aplicação da multa qualificada. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. Demonstrada a existência de um grupo econômico de fato, integrado por diversas pessoas jurídicas formalmente independentes, porém com estrutura e objetivos comuns, administração única e confusão patrimonial, procedente a atribuição de responsabilidade solidária prevista no art. 124, I do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. REAIS ADMINISTRADORES. INTERESSE COMUM. O interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores dos tributos lançados, bem assim, a prática de infrações à lei ou contrato social, enseja a atribuição a atribuição de responsabilidade pessoal aos reais administradores da pessoa jurídica, nos termos dos arts. 124, I e 135, III, do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PROCURADORES. MANDATÁRIOS. INTERESSE COMUM. INEXISTÊNCIA. A falta de comprovação do interesse comum previsto no art. 124, I do CTN e a inexistência da prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei ou contrato social, nos termos do art. 135, II, afasta aplicação da sujeição passiva solidária a procurador e mandatários. RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. EXCLUSÃO POLO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. JOÃO SHOITI KAKU. CABIMENTO A falta de comprovação de qualquer infração funcional praticada pelo Sr. João Shoiti Kaku, por violação da lei ou do estatuto social, afasta a aplicação da sujeição passiva solidária da obrigação tributária. LANÇAMENTOS REFLEXOS. CSLL, COFINS E PIS. Aplicase a mesma solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiados nos mesmos elementos de convicção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 10601DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.602 3 ACORDAM os membros do Colegiado: I) Por unanimidade de votos: (i) conhecer o recurso voluntário do contribuinte, rejeitar as preliminares de nulidade, e, no mérito, negarlhe provimento; (ii) em relação aos recursos apresentados pelas coobrigadas, não conhecer o recurso voluntário apresentado por Multióleos Óleos e Farelos Ltda por sua intempestividade, e conhecer os demais recursos, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, darlhes parcial provimento para excluir do polo passivo da obrigação tributária os coobrigados Luiz Tomaz Clete Filho, José Agostinho Miranda Simões, Luiz Alberto Panaro, Nabil Akl Abdul Massih e Paulo Roberto dos Santos Mina. II) Por voto de qualidade, excluir do polo passivo o senhor João Shoiti Kaku, vencidos os Conselheiros Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Nelso Kichel e Amélia Wakako Morishita Yamamoto.Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild votaram por dar provimento parcial em maior extensão para excluir do polo passivo também os coobrigados Dario Aprigio da Silva, Andrea Ferreira Abdul Massih, Maria de Fátima Butara Abdul Massih, Nemr Abdul Massih, Simon Nemer Ferreira Abdul Massih, sendo vencidos pela maioria. Designado redator do voto vencedor o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Nelso Kichel e Roberto Silva Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 1540.730, proferido pela 2ª Turma da DRJ/SDR que, por unanimidade de votos, julgou improcedente as Impugnações apresentadas pela recorrente e demais responsáveis solidários, e manteve os autos de infração de IRPJ, CSLL, COFINS e PIS, em que foi efetuado o arbitramento do lucro com base na receita bruta de revenda de mercadorias e aplicada multa de ofício qualificada de 150%. Fl. 10602DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.603 4 Por bem relatar o ocorrido, valhome do relatório elaborado pelo órgão julgador a quo, complementandoo ao final: Tratase de autos de infração de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), fls. 2/33, de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), fls. 34/65, de Contribuição para o PIS/PASEP, fls. 66/85, e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), fls 86/105, referentes aos anoscalendário de 2011 e 2012. Lançados os tributos discriminados no quadro a seguir, bem como multa qualificada de 150%. Trimestre IRPJ CSLL PIS/PASEP COFINS AC 2011 (fls. 16/19, 48/51, 81 e 103/104) 1º 1.564.141,23 706.563,56 2º 1.780.774,52 795.048,53 3º 2.013.826,22 908.921,80 4º 2.264.677,94 1.021.805,07 AC 2012 (fls. 20/23, 52/55, 81 e 103/104) 1º 2.779.932,50 1.253.669,62 2º 2.522.602,38 1.137.871,07 3º 2.938.559,72 1.325.051,87 4º 2.687.615,57 1.212.127,01 Totais 18.532.130,08 8.361.058,53 5.029.826,50 23.214.605,23 Dos Fatos No Termo de Verificação Fiscal (fls. 106/123) consta que pesquisa nos sistemas da Receita Federal do Brasil, relativa aos anoscalendário 2011 e 2012, evidenciou, respectivamente, receita bruta de venda da ordem de 317 e de 456 milhões de reais. Constatado ainda que não foram entregues à RFB, a DIPJ AC 2012; as DACON de abril a dezembro de 2011 e de 2012, bem como de janeiro e fevereiro de 2012. Também não foram entregues diversas DCTF nestes anos calendário. Daí, emitido termo de Início de Ação Fiscal, em março de 2014, que retornou com a informação “mudouse”. Visita ao domicílio fiscal evidenciou que o imóvel estava desocupado e que a mudança tinha ocorrido em meados de 2012. Tais fatos motivaram a ciência do início do procedimento fiscal por meio de edital, ocorrida, formalmente, em 12/06/2014. Também formalizado o processo administrativo nº 10880.722065/201417, em 18/06/2014, para a Declaração de Inaptidão, origem do Ato Declaratório executivo nº 161, de 18/07/2014, declarando a contribuinte inapta. Também notificados o procurador das offshores Dalhari Financial e Dordives SA, sócias da pessoa jurídica, Luiz Tomaz Clete Filho, bem como o administrador da DOV, Dário Aprígio da Silva. Iniciouse a fiscalização com o Termo de Inicio de Ação Fiscal e, em novembro de 2014, foi recebida por via postal, correspondência de Dário Aprígio da Silva, administrador da DOV, para informar que a inscrição estadual da DOV foi cassada pela SefazSP, contra a qual ajuizou ação para discutir a inaptidão. Requerido ainda o reexame da inaptidão do CNPJ, para poder atender às solicitações da fiscalização, com a transmissão de arquivos digitais, assim como a atualização do domicílio da empresa para Rua Brigadeiro Tobias, nº 577, 10º andar, sala 1008, ressaltando que a DOV está sem atividade empresarial. Os documentos da empresa que foram anexados à sua manifestação são cópia da última alteração contratual registrada na JUCESP, cópia da alteração contratual que ia ser registrada, Fl. 10603DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.604 5 cópia do comprovante de inscrição, situação cadastral na base CNPJ e cópia de contrato de locação para fins comerciais. Estes documentos permitem constatar que o contrato de locação referese a imóvel localizado na rua Brigadeiro Tobias, nº 577, 10º andar, sala 1008, contudo, não há qualquer elemento que comprove que a sede da pessoa jurídica DOV tenha lá se instalado, estando ressalvado que a cópia da 16ª alteração contratual, de 04/03/2013, sem qualquer assinatura, a ser registrada na JUCESP, referese a mudança de endereço da matriz, da rua Capitão Mor Passos, nº 503, Pari, São Paulo, SP, CEP 03024010, para a rua Fernandes Silva, nº 44, Brás, São Paulo, SP, CEP 03005040. Também estipulado mudança do endereço da filial SP, da rua Fernandes Silva, nº 44, Brás, São Paulo, SP, CEP 03005040, para a Rua Brigadeiro Tobias, nº 577, 10º andar, sala 1008, Luz, São Paulo, SP, CEP 01032 903, CNPJ 05.262.304/000574, NIRE 35.902.958.860”. O procurador da Dalhari Financial, Luiz Tomaz Clete Filho, também intimado e cientificado, em 24/11/2014, a manifestarse a respeito dos documentos requeridos em outubro de 2014 através do TIAF, não se manifestou. Posteriormente, tanto Luiz Tomaz Clete Filho, como o administrador da DOV, Dário Aprígio da Silva, intimados a comparecerem pessoalmente à unidade administrativa da RFB na Estação da Luz, do Metrô, em 02/12/2014, não se apresentaram. Em 03/12/2004, a fiscalização compareceu ao endereço Rua Brigadeiro Tobias, nº 577, 10º andar, sala 1008, Luz, São Paulo, e verificou que lá se localizava o escritório de contabilidade Talcec, responsável pela contabilidade da DOV e de outras pessoas jurídicas do grupo empresarial, a exemplo de Sina e Faróleo. Nesta mesma data, 03/12/2014, dirigiramse ao endereço Rua Fernandes Silva, nº 44, local que consta como novo endereço da matriz da DOV, conforme cópia da alteração contratual que ia ser registrada na JUCESP, juntada em correspondência pelo Sr. Dário, constatando que o imóvel encontrase fechado, com placa de “alugase”, que funcionário do estabelecimento vizinho informou que “tem mais de um ano” que o local encontrase fechado. Foram afixados na DERAT–SP os Editais de Intimação DRF/Bauru/SAFIS Nº 14/2015 (fls. 425/426), em 02/06/2015, Nº 19/2015 (fls. 427/428), em 04/08/2015, e Nº 23/2015 (fls. 429/430), em 29/09/2015, cientificando a DOV Óleos Vegetais Ltda., da continuidade das Ações Fiscais. Do Arbitramento do Lucro O art. 530, inciso III, do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), Decreto 3.000, de 26/03/1999, disciplina o arbitramento do lucro. Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): (...) III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; Fl. 10604DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.605 6 A causa do arbitramento é, primordialmente, a omissão na entrega de livros contábeis e de livros fiscais. No caso concreto, corroborando com esta causa principal, encontramse as próprias declarações da empresa fiscalizada, com informações prestadas de qualidade duvidosa, uma vez que são incongruentes com as notas fiscais eletrônicas de vendas emitidas, conforme explicitado a seguir, no item “Da Qualificação da Multa”. O arbitramento não é uma penalidade, mas sim a única consequência possível a uma situação consumada, que é a não apresentação, para exame, dos necessários livros contábeis e fiscais. É simplesmente um critério adotado para o cálculo do lucro. Quando conhecida a receita, no presente caso obtida pela soma das notas fiscais eletrônicas de vendas emitidas (fls. 123/372), aplicamse percentuais determinados de acordo com a atividade exercida, inclusive, para respeitar os princípios da capacidade contributiva e de isonomia do sujeito passivo da obrigação tributária. Da Qualificação da Multa As informações contidas em Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) e Notas Fiscais Eletrônicas (NFe), referentes ao período fiscalizado da contribuinte, permitiram concluir que, nos anoscalendário 2011 e 2012, a contribuinte obteve expressivas receitas bruta de vendas e omitiu, reiteradamente, diversas declarações (DCTF, DIPJ e DACON) ou as apresentou com valores zerados, e mesmo quando declarou receitas próximas às obtidas (NFE), os valores confessados em DCTF eram inferiores, ou mesmos nulos, evidenciando a intenção de sonegar. Estas informações estão tabeladas, observandose que “omissa” significa que a contribuinte, mesmo obrigada a entregar declaração, deixou de fazêlo e os campos sem qualquer informação significa que inexiste declaração enviada para o período. Imposto de renda PJ (IRPJ) Período de Apuração Confessado em DCTF Declarado em DIPJ 1o trim 2011 83.733,72 2o trim 2011 0,00 3o trim 2011 0,00 4o trim 2011 0,00 1o trim 2012 2o trim 2012 3o trim 2012 4o trim 2012 Omissa no ano Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Período de Apuração Confessado em DCTF Declarado em DIPJ 1o trim 2011 53.840,23 2o trim 2011 0,00 3o trim 2011 0,00 4o trim 2011 0,00 Fl. 10605DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.606 7 1o trim 2012 2o trim 2012 3o trim 2012 4o trim 2012 Omissa no ano Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) Programa de Integração Social (PIS) Receita Bruta declarada em DIPJ X Calculada pelas Notas Fiscais Eletrônicas Fl. 10606DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.607 8 O art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, define a conduta dolosa “sonegação” e os artigos 1º e 2º, da Lei nº 8.137, de 1990, tipifica penalmente determinadas condutas. À luz destes dispositivos legais, na caracterização da sonegação, é suficiente a omissão de informações na declaração ou omissão da própria declaração a que está sujeito o contribuinte. O dolo, elemento subjetivo do tipo qualificado tributário ou do tipo penal, está presente quando a consciência e a vontade do agente para a prática da conduta (positiva ou omissiva) são evidenciadas pela reiteração de atos que tenham por escopo, inegavelmente, impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador e de suas circunstâncias materiais, necessárias à sua mensuração. O artifício de declarar sistematicamente e reiteradamente, à Fazenda Nacional valores menores do que aqueles que de fato seriam os verdadeiros, além de retardar o conhecimento do elemento quantitativo do fato imponível por parte da autoridade administrativa, ainda faz supor que aquele contribuinte está cumprindo com suas obrigações. A reiteração da prática de informar dados falsos à Fazenda Pública constituise em sonegação. A caracterização de sonegação assim como do elemento volitivo na conduta do contribuinte ao declarar, reiteradamente, valores inverídicos ao Fisco, aquém do efetivamente devido, torna cabível a qualificação da multa, conforme dispõe o art. 44, §1º, da Lei nº 9.430, de 1996. E mais, a qualificação da multa é motivada não apenas pela ocorrência da sonegação, como também pela ocorrência, em tese, da fraude e conluio. Da Sujeição Passiva Elementos coletados no curso da Operação Yellow executada pelo Estado de São Paulo (Secretaria da Fazenda e Ministério Público) combinados com os elementos obtidos no curso da fiscalização da DOV e de outras nove empresas (Faróleo, Multióleo, Dofar, Cromais, WAS, Orted, Petry, DMR e Dovos) comprovam que a DOV Óleos Vegetais Ltda pertence ao grupo econômico ora identificado como “Grupo FN”. O Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas do Grupo FN (fls. 431/511) demonstra que a contribuinte foi constituída por interpostas pessoas, alterando as características do sujeito passivo e, consequentemente, a intenção dos reais beneficiários de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária das condições pessoais da contribuinte. Constatouse também que o Grupo FN se subdivide em dois segmentos aqui denominados Segmento Soja e Segmento Ovos, estando a fiscalizada inserida no Segmento Soja. Este grupo é composto por diversas pessoas jurídicas, cada uma com atribuição precípua. Grupo FN – Segmento Soja Fl. 10607DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.608 9 Holding informal: FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP (CNPJ 04.350.935/0001 59), com a função de exercer, através de procuração ou via uso de interpostas pessoas, a administração das pessoas jurídicas comerciais. PJs patrimoniais: FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda. (CNPJ 03.752.053/000157) e Modena Agropecuária, Incorporações e Empreendimentos Imobiliários Ltda. (CNPJ 10.637.365/000185), detentoras do patrimônio do Grupo, parte locado às PJs industriais. PJs industriais e exportadoras: Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. (CNPJ 06.348.804/000243); Sina Indústria de Alimentos Ltda. (CNPJ 10.156.658/0001 40) e Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda. (CNPJ 09.374.458/000185); prestandose as primeiras para industrializar, por conta e ordem das comerciais, oleaginosas (principalmente soja em grãos). PJs comerciais: Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. (CNPJ 05.055.406/000140); Dov Óleos Vegetais Ltda (CNPJ 05.262.304/000140); Multióleos Óleos e Farelo Ltda (CNPJ 06.247.827/000180); Dofar Distribuidora de Rações e Farelos Ltda – ME (CNPJ 06.247.822/000158); Cromais Distribuidora de Produtos Industrializados Ltda (CNPJ 11.326.673000152); W.A.S. Comércio de Alimentos Ltda (CNPJ 12.369.189/000173); Orted Óleos e Cereais Ltda (CNPJ 14.041.985/000108) e Petry Comércio, Importação & Exportação Ltda (CNPJ 14.465.186/000169); responsáveis pela comercialização, no mercado interno, dos produtos oriundos das industriais e responsáveis pela maior fatia de tributos gerados pelo Grupo. Este Grupo atuou, nos anoscalendário 2011 e 2012, como uma única grande empresa por segmentos e cometeu diversas infrações tributárias, resultando em elevados valores lançados de tributos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) e sua estrutura e modo de agir faz com que haja obrigações tributárias solidárias pelos tributos lançados, nos termos do art. 124, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Em paralelo, também foi detectado que a atuação do Grupo era dirigida por pessoas que ostentavam três qualidades de vínculos: a) Reais administradores (verdadeiros donos do negócio) Pessoas físicas que, utilizandose de interpostas pessoas (“testasdeferro”, "offshore", e/ou procuradores) administravam todo o conjunto empresarial de forma oculta. Eles organizavam toda a atividade do Grupo, decidiam, empreendiam, idealizavam, coordenavam e se beneficiavam das atividades desenvolvidas, enfim, todos praticavam atos de gestão. Estes administradores, no entanto, na maioria dos casos, não pertenciam aos quadros societários das pessoas jurídicas acima identificadas e, também, para não declarar e não pagar a totalização dos tributos devidos pelas pessoas jurídicas do Grupo (o que, em tese, se configura sonegação fiscal), bem como se afastarem da solidariedade/responsabilidade tributária em relação a tais tributos, se valeram de alguns expedientes, a exemplo de: Utilização de interpostas pessoas (físicas – “testasdeferro” ou jurídicas – “offshores”) nos quadros sociais de suas pessoas jurídicas, que responderiam pelas obrigações destas, no lugar deles; Esvaziamento patrimonial das pessoas jurídicas do Grupo (auditadas), pois o patrimônio ficava centralizado (“blindado”) junto às PJs patrimoniais FAS e Modena – para não serem alcançados por obrigações das demais; Fl. 10608DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.609 10 Dissolução irregular de sete das onze pessoas jurídicas auditadas, as quais deixaram de funcionar em seu domicílio fiscal, sem qualquer comunicação, conforme disciplina a Súmula 435 do STJ. “Presumese dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sóciogerente.” b) Sócios formais São as pessoas cujos nomes compunham os quadros societários das pessoas jurídicas do Grupo. b.1) ora, pessoas físicas, sem estofo patrimonial, conhecidas por testasde ferro; pessoas sem conhecimento e capacidade econômica para empreender, que cediam seus nomes mantendo ocultos os reais administradores, aparecendo no contrato social como sócios ou sócios administradores. b.2) ora, pessoas jurídicas constituídas fora do Brasil "offshore" (SAFIs), desprovidas de finalidades societárias de fato, adquiridas pelos reais administradores, também com o intuito de se ocultarem, bem como ocultarem possíveis bens, vez que é “notória a dificuldade de acessar o patrimônio enviado para o exterior, com a utilização dessas empresas “estrangeiras”, situadas em “paraísos fiscais”(decisão judicial em Agravo de Instrumento 0015886 63.2013.4.03.0000/SP – TRF 3º região). c) Procuradores Pessoas físicas que recebiam procurações para agirem, ostensivamente, em nome de algumas pessoas jurídicas do Grupo, mantendo ocultos os reais administradores. Nestas condições, verificouse que os reais administradores, associados aos sócios formais e aos procuradores, além de terem nítido interesse comum nas situações que constituem os fatos geradores dos tributos lançados, ainda cometeram diversas infrações a leis, restando evidente a existência de obrigações tributárias solidárias e responsabilizações pessoais nos termos dos artigos 124, I, e 135, II e III, do CTN. Entre as diversas infrações a dispositivos legais cometidas, que estão explicitadas no Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas do Grupo FN (fls. 431/511), destacamse: 1 Os reais administradores se associaram aos sócios formais (os quais cediam seus nomes para compor o quadro societário das pessoas jurídicas – sócios “testasdeferro”) e aos procuradores (que cediam seus nomes para assumirem os compromissos das pessoas jurídicas), para cometer, em conluio, as diversas infrações legais. Assim agindo, os reais administradores, em tese, também infringiram o art. 288 do Código Penal (DecretoLei nº 2.848, de 1940). Associação Criminosa Art. 288. Associaremse 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. (...) Fl. 10609DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.610 11 2 – Os reais administradores, em acordo com os sócios formais e procuradores, ao integrarem ao quadro societário de suas pessoas jurídicas sócios “testasdeferro” e/ou “offshore”, modificaram, uma característica essencial dos fatos geradores: a sujeição passiva. Agindo assim, infringiram o artigo 299 do Código Penal (DecretoLei nº 2.848, de 1940), cometendo, em tese, falsidade ideológica. Falsidade ideológica Art. 299 Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante (...) 3 – Os reais administradores não pagaram e não declararam/confessaram a totalidade devida pela contribuinte dos tributos fiscalizados, nos anoscalendário 2011 e 2012, suprimindo ou reduzindoos na DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (declaração que constitui confissão de dívida Decretolei 2.124/1984, artigo 5°, parágrafo 1°). DOV 2011 e 2012 Tributo Devido (1) Confessado IRPJ 18.532.130,08 CSLL 8.361.058,53 PIS 5.032.118,55 2.292,05 COFINS 23.225.135,57 10.530,34 Totais 55.150.442,73 12.822,39 (1) Valor devido, conforme apurado pela fiscalização. Desta forma, não houve apenas o mero inadimplemento (falta de pagamento de tributo devido já confessado ao Fisco), mas, sim, reiterada omissão dolosa, objetivando o não pagamento dos tributos devidos. Em tese, os reais administradores infringiram os artigos 71, 72 e 73 do Código Penal (sonegação, fraude e conluio) e os art. 1º e 2º da Lei 8.137, de 1990 (crimes contra a ordem tributária). Enfim, detectouse, quanto à contribuinte, os responsáveis/responsáveis solidários pelos créditos tributários lançados indicados no quadro a seguir. Responsável/Solidário Qualidade CPF/CNPJ Período CTN Dalhari Financial S,A sócio 06.240.532/0001 82 2011/2012 124 I Dordives S,A sócio 07.558.479/0001 25 2011/2012 124 I FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda. pj grupo 03.752.053/0001 57 2011/2012 124 I FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP pj grupo 04.350.935/0001 59 2011/2012 124 I Faroleo Comércio Prod Alimentícios Ltda. pj grupo 05.055.406/0001 40 2011/2012 124 I Dofar Distribuidora de Rações e Farelos Ltda. pj grupo 06.247.822/0001 58 2011/2012 124 I Multioleos Óleos e Farelo Ltda. pj grupo 06.247.827/0001 80 2011/2012 124 I Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. pj grupo 06.348.804/0002 43 2011/2012 124 I Fl. 10610DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.611 12 Sina Com. e Exp. Produtos Alimentícios Ltda. pj grupo 09.374.458/0001 85 2011/2012 124 I Sina Indústria de Alimentos Ltda. pj grupo 10.156.658/0001 40 2011/2012 124 I Modena Agropecuária ... pj grupo 10.637.365/0001 85 2011/2012 124 I Cromais Distribuidora Produtos Ind. Ltda. pj grupo 11.326.673/0001 52 2011/2012 124 I W.A.S. Comércio de Alimentos Ltda. pj grupo 12.369.189/0001 73 2011/2012 124 I Orted Óleos e Cereais Ltda. pj grupo 14.041.985/0001 08 2011/2012 124 I Petry Com., Importação & Exportação Ltda. pj grupo 14.465.186/0001 69 2011/2012 124 I Luiz Tomaz Clete Filho procurador/Dalhari 084.068.08802 2011/2012 124 I Dario Aprígio da Silva proc/adm Dordives 126.945.11899 2011/2012 124 I e 135 II Andréa Ferreira Abdul Massih real administrador 227.644.34804 2011/2012 124 I e 135 III João Shoiti Kaku real administrador 634.844.98820 2011/2012 124 I e 135 III Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih real administrador 032.308.45838 2011/2012 124 I e 135 III Nemr Abdul Massih real administrador 824.535.19891 2011/2012 124 I e 135 III Simon Nemer Ferreira Abdul Massih real administrador 292.680.16885 2011/2012 124 I e 135 III José Agostinho Miranda Simões mandatário 038.123.38807 2011/2012 124 I e 135 II Luiz Alberto Panaro mandatário 303.492.82897 2011/2012 124 I e 135 II Nabil Akl Abdul Massih mandatário 214.334.27800 2011/2012 124 I e 135 II Paulo Roberto dos Santos Mina mandatário 146.988.88824 2011/2012 124 I e 135 II Foram lavrados Termo de Sujeição Passiva Solidária para cada um deles (pessoas jurídicas do grupo, sócios, reais administradores, procuradores e mandatários). Responsável/Solidário Qualidade Termo Sujeição (fls.) Dalhari Financial S.A. sócio 7975/7977 Dordives S,A sócio 8003/8005 Luiz Tomaz Clete Filho procurador/Dalhari 8245/8247 Dario Aprigio da Silva proc/adm Dordives 7979/7981 Andréa Ferreira Abdul Massih real administrador 7898/7913 João Shoiti Kaku real administrador 8194/8204 Ma de Fátima B F Abdul Massih real administrador 8015/8042 Nemr Abdul Massih real administrador 8331/8352 Simon Nemer Ferreira Abdul Massih real administrador 8552/8563 José Agostinho Miranda Simões mandatário 8291/8294 Luiz Alberto Panaro mandatário 8532/8535 Nabil Akl Abdul Massih mandatário 8315/9318 Paulo Roberto dos Santos Mina mandatário 8275/8278 FAS Empreend Incorporações Ltda pj grupo 8011/8013 FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP pj grupo 8191/8192 Faróleo Comércio Prod Alimentícios Ltda pj grupo 8007/8009 Multióleos Óleos e Farelo Ltda. pj grupo 8311/8313 Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. pj grupo 8616/8618 Sina Com Exp Prod Alimentícios Ltda pj grupo 9620/8622 Sina Indústria de Alimentos Ltda. pj grupo 8624/8626 Modena Agropecuária pj grupo 8307/8309 Fl. 10611DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.612 13 Dofar Distribuidora Rações Farelos Ltda pj grupo 7999/8001 Cromais Distribuidora Prod Ind Ltda. pj grupo 7971/7973 Orted Óleos e Cereais Ltda. pj grupo 8528/8530 Petry Comércio Imp & Exp Ltda. pj grupo 8548/8550 Observese que os elementos probatórios que evidenciam a atuação das pessoas físicas e offshores foram anexados aos respectivos Termos de Sujeição Passiva Solidária/Responsabilidade Tributária. Da Base De Cálculo. A receita bruta para apuração dos tributos devidos foi apurada mensalmente, a partir das notas fiscais eletrônicas emitidas pela contribuinte. As que correspondem à receita bruta de vendas estão relacionadas no Anexo I (fls. 124/373). A partir do cálculo da receita bruta, para apuração do IRPJ e da CSLL, aplicaramse os percentuais legais para apuração do lucro, base de cálculo destes dois tributos. Da Intimação dos Atos Após a publicação do Ato Declaratório Executivo nº 161, de 18/07/2014, declarando a inaptidão da fiscalizada, a comunicação de todos os atos processuais relativos a ela foram realizados por edital, nos termos do art. 23, § 1º, do Decreto nº 70.235, de 1972: “... quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital ...”. Contestações A contribuinte DOV apresenta impugnação (fls. 9168/9192) e, inicialmente, alega cerceamento do seu direito de defesa porque fatos foram omitidos e se fosse feito um levantamento de eventuais receitas omitidas/devidas o auto de infração seria infinitamente menor, e que “... a fiscalização detinha documentos/dados suficientes para a realização de um trabalho correto”. Aduz que a atuação da Administração Pública deve ser pautada pelos princípios da ampla defesa, também garantia constitucional, e da legalidade, entre outros. Deste último, decorre o princípio da motivação. A fiscalização ignorou a situação da empresa, posto que só poderia transmitir os arquivos digitais se estivesse com o CNPJ apto. Tal atitude prejudicou e limitou a seu direito de defesa. Reproduz jurisprudências no sentido de que cabe à Fazenda Pública caracterizar e provar a infração. No caso em concreto, uma das fontes de prova é o Relatório da Operação Yellow (SefazSP), obtida por meios ilícitos, afirma. Aduz que o lançamento definitivo do tributo é condição objetiva de punibilidade dos crimes contra a ordem tributária, definidos na Lei nº 8.137, de 1990, assim como houve constrangimento ilegal e agressão à segurança jurídica. Sem tributo em concreto a ser pago, a prática da sonegação não adquire relevo. Aduz que as “provas” utilizadas para o lançamento foram obtidas de forma ilícita e todos os pedidos de prorrogação das gravações telefônicas foram fundamentados na existência, em abstrato, do crime de sonegação fiscal. Reproduz a Súmula Vinculante nº 24 do STF. “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.” Afirma que a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), arbitrariamente, limitouse a utilizar uma investigação criminal, cujo conteúdo e procedimento estão Fl. 10612DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.613 14 sendo discutidos judicialmente, para autuar a contribuinte quando deveria realizar um trabalho fiscal minucioso para detectar eventual infração tributária. Os documentos, gravações, mensagens etc. que fundamentam a responsabilidade solidária não podem prosperar. No mínimo, ela é prematura, pois é preciso que os elementos que integram a Operação Yellow sejam judicialmente declarados como provas. Afirma que as acusações imputadas não se sustentam em provas aptas. Reafirma que a fiscalização não quis fazer o trabalho e preferiu de forma simplória arbitrar o lucro, com base na alegação infundada de existência de diferença nas informações prestadas à RFB, em relação às notas fiscais emitidas. Se há informação inconsistente, caberia à fiscalização apurar eventuais diferenças, auditando a contabilidade apresentada. Ademais, segundo a legislação tributária, a falta de entrega no prazo de obrigações acessórias enseja a multa pelo atraso, sendo incabível a aplicação de penalidades. As exigências fiscais são improcedentes, pois no procedimento adotado pela fiscalização, a tributação, no máximo, deveria recair sobre a renda, expurgando das receitas do biênio (R$ 774.172.085,72), os respectivos custos (R$ 29.487.699,24), ressaltando que a demonstração é meramente ilustrativa. Alega ser inaplicável o agravamento da multa de ofício para 150%, porque não restou comprovado o intuito de sonegação e de fraude, posto que colocou à disposição da RFB todos os seus documentos fiscais para consulta ou entrega na repartição, mas a fiscalização optou a trabalhar por arbitragem, prejudicando o direito líquido e certo do contribuinte. Reafirma que os valores lançados são irreais, infinitamente superiores ao que deveria ser considerado, no caso de existir infração. Reafirma a existência do cerceamento de defesa, da nulidade e da ausência de provas e requer o seu acolhimento, assim como que seja diminuída a multa ao seu patamar comum e que seja afastado o arbitramento do lucro para o cálculo do tributo porque conduz a um resultado desproporcional. Também apresentam impugnações pessoas jurídicas e pessoas físicas enquadradas na sujeição passiva (responsabilidade solidária) a seguir indicadas. Responsável/Solidário Qualidade CPF/CNPJ Impugnação (fls) Andréa Ferreira Abdul Massih real administrador 227.644.34804 9015/9035 Ma de Fátima B F Abdul Massih real administrador 032.308.45838 9200/9230 Responsável/Solidário Qualidade CPF/CNPJ Impugnação (fls) Simon Nemer Ferreira Abdul Massih real administrador 292.680.16885 9297/9327 (1) João Shoiti Kaku real administrador 634.844.98820 9468/9516 Nemr Abdul Massih real administrador 824.535.19891 9531/9561 Paulo Roberto dos Santos Mina mandatário 146.988.88824 8946/8955 José Agostinho Miranda Simões mandatário 038.123.38807 8966/8976 Nabil Akl Abdul Massih mandatário 214.334.27800 9235/9245 Luiz Alberto Panaro mandatário 303.492.82897 9441/9451 Luiz Tomaz Clete Filho procurador/Dalhari 084.068.08802 8989/8998 Dário Aprigio da Silva proc/adm Dordives 126.945.11899 9406/9435 Faróleo Com Prod Alimentícios Ltda pj grupo 05.055.406/000195 9050/9080 FAS Empreend Incorporações Ltda pj grupo 03.752.053/000157 9088/9119 Sina Com Exp Prod Alimentícios Ltda pj grupo 09.374.458/000185 9130/9160 Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. pj grupo 06.348.804/000243 9259/9289 Fl. 10613DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.614 15 Multioleos Óleos e Farelo Ltda. pj grupo 06.247.827/000180 9330/9360 Sina Indústria de Alimentos Ltda. pj grupo 10.156.658/000140 9367/9397 FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP pj grupo 04.350.935/000159 9563/9593 Modena Agropecuária pj grupo 10.637.365/000185 9659/9673 Dalhari Financial S,A sócio 06.240.532/000182 Dordives S,A sócio 07.558.479/000125 Dofar Distribuidora Rações Farelos Ltda pj grupo 06.247.822/000158 Cromais Distribuidora Prod Ind Ltda. pj grupo 11.326.673/000152 W.A.S. Comércio de Alimentos Ltda. pj grupo 12.369.189/000173 Orted Óleos e Cereais Ltda. pj grupo 14.041.985/000108 Petry Comércio Imp & Exp Ltda. pj grupo 14.465.186/000169 Não apresentaram impugnação (1) Impugnação repetida às fls. 9613/9643. Basicamente, os impugnantes questionam a inclusão da responsabilidade sobre a multa e a anulação do termo de sujeição passiva por responsabilidade solidária, conforme detalhado a seguir: Procuradores das pessoas jurídicas sócias da DOV Luiz Tomaz Clete Filho, qualificado como procurador da Dalhari, sócia da DOV, em sua impugnação (fls. 8989/8998), acrescenta que lhe foi atribuída a responsabilidade apenas por ser citado na ficha da Jucesp como representante da empresa Dalhari Financial S/A, porque a DOV apresentou na Jucesp o mandato outorgado a ele pela Dalhari, em 2003, com poderes específicos para realizar o cadastramento dela na Receita Federal, conforme imagem de procuração (fl 8991). Ressalta que nenhum poder de gestão lhe foi outorgado. Imputarlhe a responsabilidade apenas com base em instrumento de mandato afronta os princípios da Administração Pública. Aduz que, nos anos 2011 e 2012, não tinha mais qualquer relacionamento com a Dalhari. Os mandatos de subestabelecimento a ele outorgados são específicos, limitados e em conjunto, sempre lhe vinculando ao controle e comando do outorgante, e sem previsão de gestão ou poder para administrar, para dispor de patrimônio, declarar tributos nem administrálos. Os poderes outorgados são específicos para o monitoramento financeiro. Inexiste fundamento fático na afirmativa de que agia para ocultar os reais administradores porque nunca geriu a empresa, agindo apenas no limite do mandato outorgado por ela, fazendo operações nas suas contas bancárias. Daí, indevida a solidariedade tributária ele imputada, porque improcedente e sem fundamento. Dário Aprígio da Silva (fls. 9406/9435), procurador e administrador da sócia Dordives, contesta a sua notificação como responsável solidário acerca da lavratura de autos de infração contra pessoas jurídicas, alegando, inicialmente, que as “provas” foram obtidas de apenas duas fontes: relatório da Operação Yellow da SefazSP e processo judicial tramitando na 7ª Vara Federal da Comarca de São Paulo, e o processo administrativo fiscal apresenta diversos documentos retirados do relatório Yellow, cujas provas foram obtidas por meio ilícito, sem observância da lei, porque, conforme entende o STJ, em sintonia com a Súmula Vinculante nº 24 do STF, “não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137, de 1990, antes do lançamento definitivo do tributo.” Alega ser inaceitável a autorização de qualquer procedimento cautelar invasivo, a exemplo de interceptação telefônica, antes do lançamento definitivo do crédito tributário. Incabível a investigação criminal para fundamentar a ação fiscal. Também alega que a ação penal e o procedimento prévio investigatório pressupõem que haja decisão final sobre o crédito tributário, o que não há. A busca e apreensão Fl. 10614DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.615 16 feita pela SefazSP, bem como a quebra de sigilo de ligações telefônicas são ilegais se deferidas antes de configurada a condição objetiva de punibilidade de delito. Enfim, estas ações não foram lícitas. Observa que o próprio Relatório da Operação Yellow não é prova e, no mínimo, apenas, após ele ser declarado como prova no procedimento judicial instaurado pela parte, a responsabilização solidária poderia ser imputada aos impugnantes. Não há provas aptas que fundamentem o direito pleiteado pela RFB. Alega ainda que nos termos dos art. 124, I, e 137, ambos do CTN, a responsabilidade pela multa de ofício não pode ser repassada aos impugnantes, porque não é obrigação principal nem eles se enquadram como responsáveis pessoais (art. 137). O art. 124, I, deve ser analisado conjuntamente com o art. 135, III, portanto, é necessário que a pessoa física tenha participado de atos de gerência e de administração em relação à DOV, ou, de outro modo, tenha dado causa à atividade geradora do fato imponível, porque o interesse comum (art. 124, I) não se resume ao econômico, sendo necessário haver o interesse jurídico. Sequer houve a comprovação da alegada prática, assim como são insuficientes presunções, apontamentos infundados ou participação em empresas que se relacionam para configurar o enquadramento na sujeição passiva conforme artigos 124, I, e 135, III. Finaliza, requerendo a preliminar de nulidade do procedimento fiscal, a exclusão de sua responsabilidade sobre a multa e a anulação do Termo de Sujeição Passiva Solidária, por medida de justiça. Reais administradores da DOV Apresentam impugnações basicamente com o mesmo teor da contestação de Dário Aprígio da Silva, inclusive quanto aos pedidos – acolhimento da preliminar de nulidade do procedimento fiscal; exclusão de sua responsabilidade sobre a multa e anulação do Termo de Sujeição Passiva –, Andréa Ferreira Abdul Massih, (fls. 9015/9045); Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih (fls. 9200/9230), também qualificada como sócia fundadora da FAS Empreendimentos; Simon Nemer Ferreira Abdul Massih (fls. 9297/9327, repetida às fls. 9613/9643), e Nemr Abdul Massih (fls. 9531/9561). João Shoiti Kaku, também qualificado pela fiscalização como real administrador da DOV, representado por procurador (fls. 9517/9518), em sua impugnação (fls. 9468/9516), também alega que nem lhe foi solicitado qualquer esclarecimento a respeito da existência de vínculo com a Dov, nem deve prosperar o rótulo a ele atribuído de “verdadeiro dono do negócio”. Atua como consultor financeiro sem qualquer relação com os fatos apurados pela fiscalização. É dever da administração pública buscar a verdade material e atender aos princípios que a norteiam. Alega que inexistem nos autos provas da infração tributária, a exigirem sua nulidade, a exemplo da ausência das notas fiscais eletrônicas emitidas pela Dov, porque impede o exercício pleno de seu direito de defesa e do contraditório, também cerceado na fase investigatória. O lançamento agride ainda o princípio da motivação, descritor do motivo do ato. Indevida a sujeição passiva porque não é sócio nem administrador da empresa autuada, sendo inaplicável ao caso concreto o art. 135, III, do CTN, que alega só poder ser imputado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Nulo o Termo de Solidariedade passiva porque lavrado por autoridade incompetente, o AFRFB. Fl. 10615DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.616 17 Não entende porque o seu conhecimento da estrutura societária de um grupo empresarial o torna responsável pessoal e solidário pelo pagamento do tributo devido por empresa que supostamente integra tal grupo. Aduz ainda que inexiste qualquer relação com o crédito tributário lançado porque não é empregado, dono do negócio nem tampouco diretor financeiro, apesar da fiscalização inferir isto porque mantinha “contato com diretores de bancos, para tratar de assuntos do Grupo”. Afirma inexistir qualquer elemento probatório que comprove ser ele gerente ou diretor financeiro da empresa autuada ou mesmo empregado e a relação de confiança com a família Abdul Massih, não é condição para a sua responsabilização solidária e pessoal pelas obrigações tributárias da empresa autuada. Insurgese contra as multas aplicadas porque exorbitantes, posto que não podem ser confiscatórias, e há julgado de STF que reputa como abusiva multa de 25% e, mesmo que estabelecidas na legislação, devem ser excluídas ou reduzidas. Solicita a nulidade do auto de infração, por causa de irregularidades do procedimento fiscal, a exemplo de ausência de ciência de instauração do procedimento fiscal e de documentos comprobatórios, e anulação do Termo de Sujeição Passiva e da responsabilização tributária, e o sobrestamento do feito até a conclusão definitiva da ação penal. Finaliza requerendo a suspensão do andamento do processo até decisão definitiva na ação penal na 1ª Vara Criminal da Comarca de Bauru. Mandatários Paulo Roberto dos Santos Mina, em sua impugnação (fls. 8946/8955), aduz ser funcionário da empresa Faróleo, como comprova com cópias de sua CTPS, e como tal estava alocado à empresa FN Assessoria Empresarial para a execução de trabalhos de interesse de sua empregadora. Não participa de nenhuma das sociedades envolvidas e, mesmo assim, a fiscalização, sem qualquer pedido de esclarecimento e alterando a verdade dos fatos, concluiu que ele agia ostensivamente frente a terceiros, mantendo ocultos os reais dirigentes de diversas empresas. Não há qualquer descrição de sua conduta que resulte em sua alegada responsabilidade solidária e, ao contrário, há provas de que ele era assalariado e recebia ordens. Refere que o assessoramento financeiro que fazia não influenciou a autuação (omissão de receita). Os mandatos de subestabelecimento a ele outorgados são específicos, limitados e em conjunto, sempre lhe vinculando ao controle e comando do outorgante, e sem previsão de gestão ou poder para administrar, para dispor de patrimônio, declarar tributos nem administrálos. Os poderes outorgados são específicos para o monitoramento financeiro. Afirma que a RFB baseouse em ideia com origem em trabalho equivocado do fisco paulista, ressaltando que não há qualquer responsabilização sua nos autos da Operação Yellow, nem nos Autos de Infração lavrados pela Fazenda Estadual. A responsabilidade tributária é vinculada à lei e deve ser comprovada pelo ente tributante. Inaplicável tanto o art 124 (solidariedade) como o art. 135, II (responsabilidade), ambos artigos do CTN. Nenhum ato seu deu causa à supressão de tributos, e mesmo inexistindo qualquer interesse seu na obrigação tributária nem qualquer ato contrário à lei, o art. 137 do CTN, em seu inciso I, ressalva a prática no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito, ou seja, excetua mandatários agindo em cumprimento de ordens emitidas pelo empregador e outorgante, como no caso em concreto. Inexiste fundamento fático na afirmativa de que agia para ocultar os reais administradores, porque nunca geriu a empresa, agindo apenas no limite do mandato Fl. 10616DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.617 18 outorgado por ela, fazendo operações nas suas contas bancárias. Daí, indevida a solidariedade tributária, a impor a procedência de sua impugnação. Nabil Akl Abdul Massih (fls. 9235/9245) alega ter sido funcionário da empresa FN Assessoria Empresarial Ltda. de 2011 a 2013, como comprova com cópias de sua CTPS e Comunicação de Dispensa do Ministério do Trabalho, e aduz que não foi intimado a prestar esclarecimentos sobre sua suposta participação no grupo FN. Observa que tanto a fiscalização como a autuação foram feitas em períodos posteriores ao seu desligamento da empresa, razão pela qual entende estar claro ser impossível figurar no pólo passivo da obrigação tributária. Nunca foi sócio nem administrador das empresas do suposto grupo FN. Continua sua impugnação na mesma linha da de Paulo Roberto dos Santos Mina. José Agostinho Miranda Simões (fls. 8966/8976) aduz também ser funcionário da empresa FN Assessoria Empresarial Ltda. de 2001 a dezembro de 2014, como comprova com cópias de sua CTPS, e que não foi intimado a prestar esclarecimentos sobre sua suposta participação no grupo FN. Observa que agia cumprindo ordens de seu chefe, proprietário da FN, Nemr Abdul Massih. Continua sua impugnação na mesma linha da de Paulo Roberto dos Santos Mina. Luiz Alberto Panaro, (fls. 9441/9451) argumenta que foi funcionário da empresa FN Assessoria Empresarial Ltda. de 2005 a dezembro de 2015, como comprova com cópias de sua CTPS e Comunicação de Dispensa do Ministério do Trabalho. Continua sua impugnação na mesma linha da de Paulo Roberto dos Santos Mina. Pessoas Jurídicas do Grupo FN Nas suas impugnações, as empresas Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 9050/9080); FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda. (fls. 9088/9119); Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 9130/9160); Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. (fls. 9259/9289); Multióleos Óleos e Farelo Ltda. (fls. 9330/9360); Sina Indústria de Alimentos Ltda. (fls. 9367/9397) e FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP (fls. 9563/9593), assim como as pessoas físicas, como anteriormente relatado, apresentam impugnações bastante similares à de Dario Aprígio da Silva, procurador e administrador da sócia Dordives (fls. 9406/9435), relatada em parágrafos anteriores (fls. 9714/9715). Todas alegam se opor às infrações constantes dos autos de infração e ao termo de sujeição passiva, contestam a legalidade das provas utilizadas, porque parciais, e em desobediência ao critério temporal, posto que incabível a realização de investigação criminal para fundamentar uma ação fiscal. As provas utilizadas pela RFB foram obtidas por meio ilícito e fazem referência à Súmula nº 24 do STF, reproduzida anteriormente. Sem crédito constituído, não há crime. As defesas apresentadas por estas empresas, em regra, são similares, e quanto ao item Do Termo de Sujeição Passiva Solidária argumentam que a única justificativa para a responsabilização solidária decorre do fato de cada empresa, supostamente, pertencer ao denominado Grupo FN porque inexiste qualquer elemento apto a imputarlhe esta responsabilidade. Não há qualquer causa para a alegada solidariedade tributária em decorrência de suposto esquema fraudulento alegado pela fiscalização, ou seja, não há clara indicação do motivo para as impugnantes sejam sujeitos passivos. Inexiste no processo administrativo qualquer prova de que as empresas tenham qualquer ligação, vínculo administrativo ou gerencial com a DOV. Afirmam que a conduta fiscal beira o excesso de exação e que a multa aplicada tem efeito confiscatório. Fl. 10617DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.618 19 Finalizam, pedindo o sobrestamento do julgamento até o Poder Judiciário pronunciarse sobre a legalidade das provas, oriundas da Operação Yellow (ação penal); a nulidade da responsabilização tributária das impugnantes, ou ao menos do relatório da operação Yellow; reconhecimento da ilegitimidade das impugnantes para figurarem como responsáveis solidários; declaração de nulidade da imposição de solidariedade e exclusão da multa em razão de seu caráter confiscatório. A FAS Empreendimentos, adicionalmente, aduz que seu capital social provém exclusivamente da sócia fundadora, Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih e de empréstimos pagos pela própria FAS, portanto, este patrimônio não se comunica com as infrações tratadas neste processo contra a DOV. Ademais, não obteve qualquer vantagem com o eventual ilícito tributário, fatos que não dão suporte à sua inclusão como responsável solidária. Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda. (fls. 9659/9673) também apresenta impugnação para oporse às infrações constantes nos Atos de Infração e ao Termo de Sujeição Passiva tributária lavrado contra ela. Referese às “transcrições duvidosas de interceptações telefônicas”, muitas incompletas, utilizadas como principal fundamento. Alega que órgãos administrativos, alheios ao processo penal, não têm competência para analisar a ilegalidade destas provas. Apenas a conclusão do processo penal ora em andamento na Comarca de BauruSP, com a conclusão sobre a legalidade ou não das provas. Tais fatos impõem o sobrestamento da ação fiscal. Observa também que a inexistência dos áudios destas interceptações é vício insanável que impõe a nulidade e o afastamento da solidariedade dos peticionários por absoluta ausência de provas. Nulo, portanto, o lançamento fiscal ou, no mínimo os elementos de convicção correspondentes ao relatório da operação Yellow. Aduz que as ações do peticionário Marcel Rodrigues Ferraz, sócio da Modena, conforme a operação Yellow, e que sequer foi indiciado criminalmente, não permite atribuirlhe a denominação de testa de ferro nem a responsabilização tributária pretendida. Observa que inexiste qualquer relação jurídica ou efetiva entre a Modena e os fastos geradores apontados pela fiscalização. Há inaceitável menção genérica e sem suporte fático de suposta prática de blindagem patrimonial a impor a solidariedade. A suposta blindagem nada tem a ver com a atribuição da condição de prestadora de serviços da Modena e menos com os fatos geradores dos tributos. Sequer há causa de solidariedade nem há ato especificamente realizado para o seu enquadramento nos dois dispositivos legais referidos. Afirma que a multa aplicada é confiscatória e afronta o princípio da capacidade contributiva. Requer o sobrestamento do processo administrativo fiscal até o julgamento da ação penal; a nulidade da responsabilização tributária da impugnante, por não haver provas materiais (transcrições); reconhecimento da ilegitimidade da impugnante para figurar como responsável solidário; declaração de nulidade da imposição de solidariedade e exclusão da multa em razão de seu caráter confiscatório. Ressaltase que as empresas Dalhari Financial S.A., Dordives S.A., Dofar Distribuidora de Rações e Farelos Ltda. ME, Cromais Distribuidora de Produtos Industrializados Ltda., W.A.S. Comércio de Alimentos Ltda., Orted Óleos e Cereais Ltda. e Petry Comércio Imp & Exp Ltda. não apresentaram impugnação. Ao apreciar as impugnações na sessão realizada em 03/08/2016, a 2ª Turma da DRJ/SDR as julgou improcedentes, conforme acórdão nº 1540.730, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011, 2012 Fl. 10618DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.619 20 ARBITRAMENTO DO LUCRO. ESCRITA NÃO APRESENTADA. A falta de apresentação da escrituração na forma das leis comerciais e fiscais ou então do Livro Caixa, no caso de empresa habilitada ao lucro presumido, autoriza o arbitramento do lucro da pessoa jurídica, com base, no caso concreto, nas receitas declaradas pelo próprio contribuinte ao Fisco Estadual. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. COFINS. PIS/PASEP. Aplicase às contribuições sociais Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, COFINS, PIS/PASEP, no que couber, o que foi decidido para a obrigação matriz, imposto de renda, dada a íntima relação de causa e efeito que as une. PAF. PROVA EMPRESTADA. VALIDADE. Há previsão de mútua assistência entre as entidades da Federação em matéria de fiscalização de tributos, autorizando a permuta de informações e, uma vez observada a forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio, não se pode negar valor probante à prova emprestada, coligida mediante a garantia do contraditório. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. Cabível a aplicação da multa qualificada de 150% (cento e cinqüenta por cento) quando caracterizado o evidente intuito de fraude pela ocorrência de ação dolosa tendente a impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência das circunstâncias materiais do fato gerador da obrigação tributária principal de modo a evitar o seu pagamento. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM. São solidariamente obrigadas pelo crédito tributário as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, segundo prevê o art. 124, I, do CTN. MULTA QUALIFICADA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. A cominação da penalidade qualificada baseada em conduta dolosa que denote sonegação, fraude ou conluio com repercussões, em tese, na esfera criminal, enseja a responsabilização dos mandatários, prepostos e empregados diretores, gerentes ou representantes da pessoa jurídica à época da ocorrência dos fatos geradores. Cientificada do Acórdão DRJ/SDR nº 1540.730, em 06/09/2016, conforme Edital nº 109/2016 (fls. 9.936), a recorrente apresentou, em 23/09/2016, recurso voluntário (fls. 10.429 a 10.456) alegando, em síntese, as questões abaixo relacionadas, as quais serão detalhadas por ocasião do voto: Preliminarmente, alega a nulidade da decisão recorrida em razão da parcialidade com que foi proferida e a nulidade do procedimento fiscal por cerceamento do direito de defesa; Requer a nulidade do procedimento pela utilização de provas obtidas ilicitamente; Fl. 10619DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.620 21 Pugna pela redução da multa qualificada de 150% para 75%, em virtude da inexistência de conduta dolosa; A improcedência da ação fiscal em razão do arbitramento de lucro ter acarretado um lançamento completamente desproporcional. Consta do processo a apresentação de recurso voluntário pelas responsáveis solidárias, assim classificadas pela fiscalização conforme sua vinculação com a DOV Óleos Vegetais Ltda : pessoas jurídicas integrantes do grupo, procuradores das pessoas jurídicas sócias da recorrente, reais administradores e mandatários. Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN As pessoas jurídicas FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda. (fls. 10.122 a 10.154); FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP (fls. 10.157 a 10.188); Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 10.088 a 10.119); Multióleos Óleos e Farelos Ltda. (fls. 10.223 a 10.254); Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. (fls. 10.395 a 10.426); Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 10.361 a 10.392); Sina Indústria de Alimentos Ltda. (fls. 10.327 a 10.358) apresentaram recursos voluntários bem similares, em que alegam: A nulidade da decisão recorrida em razão da parcialidade com que foi proferida; A nulidade do procedimento pela utilização de provas obtidas ilicitamente; A impossibilidade de repasse aos responsáveis solidários da multa decorrente de infração tributária, nos termos do art. 124, I e art. 137 do CTN; Inexistência do exercício de qualquer ato de gerência ou de administração à frente da pessoa jurídica DOV ÓLEOS VEGETAIS LTDA, aptos à atribuição da sujeição passiva tributária. Em seu recurso voluntário, a Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda (fls. 10.542 a 10.557), requer: O sobrestamento dos presentes autos até o julgamento da ação penal nº 001913358.2013.8.26.0071 em trâmite perante a 1ª Vara Criminal de Bauru/SP, que discute a legalidade das degravações das interceptações telefônicas; A declaração de nulidade da responsabilização solidária ou , do elemento de convicção correspondente ao relatório fiscal da Operação Yellow, por não estar acompanhado das transcrições integrais das interceptações telefônicas; A ilegitimidade da recorrente para figurar como responsável solidária; A declaração de nulidade da imposição de solidariedade; A exclusão da multa de ofício em razão de seu caráter confiscatório. Procuradores das Pessoas Jurídicas Sócias da Recorrente Fl. 10620DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.621 22 Dario Aprígio da Silva, procurador no Brasil da offshore Dordives CNPJ: 07.558.479/000125, sócia majoritária da DOV Óleos Vegetais Ltda, apresentou recurso voluntário (fls. 10.055 a 10.085) em que adota a mesma linha de defesa utilizada pelas pessoas jurídicas integrantes do Grupo FN: FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda.; FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP; Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.; Multióleos Óleos e Farelos Ltda.; Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda.; Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda.; Sina Indústria de Alimentos Ltda. Luiz Tomaz Clete Filho, procurador no Brasil da offshore Dalhari CNPJ: 06.240.532/000182, sócia majoritária da pessoa jurídica DOV Óleos Vegetais Ltda, apresentou recurso voluntário (fls. 9.957 a 9.969), alegando em síntese: A acusação fiscal lhe atribuiu a responsabilidade solidária pelos créditos tributários apurados nos anos de 2011 e 2012, por ter sido citado na ficha cadastral da Jucesp de 2007, como representante da empresa Dalhari Financial S/A; A procuração outorgada pela Dalhari Financial S/A, em novembro/2003, tinha como objetivo específico representála perante a Receita Federal do Brasil, para realização de cadastro junto ao CNPJ, fato que ocorreu em maio/2004; Afirma que a procuração que lhe foi conferida não atribui ao recorrente nenhum poder de gerência, administração ou mando perante a empresa autuada DOV, não existindo interesse comum, a caracterizar a imputação descrita no art. 124, I, do CTN; Aduz que não tem mais relações profissionais com a empresa Dalhari há muitos anos, não tendo participado dos atos atinentes à atuação da DOV nos anos de 2011 e 2012; Reitera que jamais exerceu qualquer cargo, função ou mandato junto à empresa autuada, sendo seu mandato específico para representação da sociedade perante a Receita Federal do Brasil; Ao final, transcreve doutrina e jurisprudência aplicáveis ao caso e requer o afastamento de sua responsabilidade em virtude da falta de comprovação do interesse comum apontado pela fiscalização. Reais Administradores Apresentaram recursos voluntários bastante similares aos das pessoas jurídicas integrantes do Grupo FN, as pessoas físicas Andréa Ferreira Abdul Massih (fls. 10.021 a 10.052); Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih (fls. 10.191 a 10.222), Nemr Abdul Massih (fls. 10.259 a 10.290) e Simon Nemer Ferreira Abdul Massih (fls. 10.293 a 10.324). João Shoiti Kaku apresenta recurso voluntário (fls. 10.460 a 10.525) em que insurgese, em apertada síntese, contra a decisão recorrida sob os seguintes argumentos: Preliminarmente requer a nulidade do acórdão recorrido uma vez que não houve o enfrentamento das alegações suscitadas em sua impugnação; Fl. 10621DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.622 23 A autuação seria nula pois o recorrente não teria sido cientificado da instauração do procedimento fiscal, o que impossibilitou a prestação de esclarecimentos e questionamentos do trabalho fiscal durante a fase investigatória. Aponta a falta de documentos essenciais para sustentar o quantum cobrado nos autos de infração, o que demonstra a falta de liquidez e certeza do crédito tributário, bem assim, a violação do direito ao contraditório e à ampla defesa; Requer a nulidade da atribuição da sujeição passiva solidária, sob o argumento de ter sido o Termo de Sujeição Passiva Solidária lavrado por autoridade incompetente, uma vez que tal ato compete exclusivamente à Procuradoria da Fazenda Nacional, bem como, a não comprovação da ocorrência de conduta dolosa ou culposa e que essa conduta tenha sido praticada pelo recorrente com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos; Considerando a necessidade dos solidários possuírem algum poder de gerência ou participação na ocorrência do próprio fato jurídico tributário, requer o afastamento da sujeição passiva solidária pois não existe nos autos prova, à luz do art. 124, I do CTN, que possibilite a atribuição da responsabilidade pelos créditos constituídos em face das empresas do grupo; Requer o sobrestamento do feito até a conclusão definitiva da ação penal nº 001913358.2013.8.26.0071, uma vez que referida ação busca auferir se o recorrente possui relação com os acontecimentos narrados nesse processo administrativo; Afirma que as multas de ofício excessivas aplicadas pelo Fisco, ainda que estabelecidas pela legislação, devem ser excluídas ou reduzidas nos casos em que assumem caráter confiscatório. Mandatários No recurso voluntário apresentado, José Agostinho Miranda Simões (fls. 10.006 a 10.019), argúi, em apertada síntese: Que foi funcionário da empresa FN Assessoria Empresarial Ltda, de 02/07/2001 a 14/12/2014, e que foi responsabilizado tributariamente por ter recebido procuração limitada em função do seu emprego, porém, não contribuiu para nenhum ato ilicito nem administrou qualquer empresa. Acrescenta que os poderes que lhe foram outorgados se referiam, exclusivamente, ao assessoramento financeiro, para prestação de serviços contratados entre a FN Assessoria Empresarial Ltda e a DOV Óleos Vegetais Ltda; Alega não ter sido intimado para esclarecer sua participação no suposto grupo econômico denominado pelo Fisco de Grupo FN; Aduz que apesar do extenso relatório de solidariedade elaborado pelo Fisco, não foi descrita a conduta da recorrente que autorizaria a sua responsabilização, ao contrário, restou demonstrado que recebia ordens de seus empregadores, recebendo salário em função do seu emprego; Afirma inexistir qualquer documento tratando de assuntos fiscais, mas de pessoal, pois cuidava da gestão interna da FN não tratando com clientes ou empresas atendidas pela empresa. Alega que os atos praticados no assessoramento financeiro da empresa em nada Fl. 10622DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.623 24 influenciaram na autuação da DOV Óleos Vegetais Ltda, decorrente da omissão de receitas por arbitramento do lucro; Defende ser inegável sua ilegitimidade passiva tendo em vista que não praticou nenhum ato contrário à lei ou estatuto social, além de não possuir qualquer interesse na situação que constitui a obrigação tributária; Sustenta que os mandatos outorgados são específicos, limitados e em conjunto, sempre vinculando o recorrente outorgado ao comando de sua empregadora, que na verdade era a mandatária em função do contrato de assessoria financeira; Afirma que o Fisco sequer comprovou o exercício dos poderes outorgados e, baseandose meramente na outorga presumiu que o outorgado teria praticado o ato. Aduz que jamais administrou a empresa DOV, não declarou nenhum tributo nem assim designou a quem o deveria fazer, Conclui que, na condição de funcionário da FN,Assessoria Empresarial Ltda, e sob a orientação de seus empregadores, praticou atos dos mandados subrogados, que são desvinculados com os atos motivadores dos lançamentos de ofício ora discutidos; Apesar de não possuir nenhum interesse na obrigação tributária, considerando o disposto no art. 137, I do CTN, a prática no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito, excetua os mandatários da responsabilidade por infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções; Quanto à afirmação do Fisco de que agia para ocultar os reais administradores junto às instituições bancárias, o recorrente se limitava a fazer operações para a outorgante dentro da ordem estabelecida pelo contrato de assessoramento financeiro, e que as instituições financeiras tinham todos os registros e documentos que identificavam as pessoas responsáveis pelas contratações. Em seu recurso voluntário, Luiz Alberto Panaro (fls. 9.992 a 10.003) utiliza se, basicamente, da mesma linha de defesa de José Agostinho Miranda Simões, e acrescenta: Que a decisão recorrida se limitou a descrever de forma sucinta as razões de sua impugnação, sem se manifestar sobre suas razões de impugnação e decidiu no bolo, genericamente, sem motivação ou fundamento conhecido, em que pese as peculiaridades específicas de seu caso; Que foi funcionário da empresa FN Assessoria Empresarial Ltda, de 02/07/2001 a 14/12/2014, e que foi responsabilizado tributariamente por ter recebido procuração limitada em função do seu emprego, porém, não contribuiu para nenhum ato ilicito nem administrou qualquer empresa. Aduz que os poderes que lhe foram outorgados se referiam, exclusivamente, ao assessoramento financeiro, para prestação de serviços contratados entre a FN Assessoria Empresarial Ltda e a DOV Óleos Vegetais Ltda O recurso voluntário de Paulo Roberto dos Santos Mina (fls. 10.528 a 10.538) também segue a mesma linha de defesa do recurso apresentado por José Agostinho de Miranda, além dos fatos a seguir apontados: Fl. 10623DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.624 25 Que é funcionário da empresa Faroleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, desde 01/10/2006, e que foi alocado na pessoa jurídica FN Assessoria Empresarial Ltda para a consecução dos trabalhos de interesse da Faroleo e, esporadicamente, de outras empresas. Afirma que foi responsabilizado tributariamente por ter recebido procuração limitada em função do seu emprego, porém, não contribuiu para nenhum ato ilicito nem administrou qualquer empresa. Acrescenta que os foi poderes que lhes foram outorgados se referiam, exclusivamente, ao assessoramento financeiro, para prestação de serviços contratados pela FN Assessoria Empresarial Ltda; Nabil Akl Abdul Massih apresentou recurso voluntário (fls. 9.973 a 9.989) similar ao apresentado por José Agostinho de Miranda, e acrescentou: Que foi funcionário da empresa FN Assessoria Empresarial Ltda., no período de 01/06/2001 a 08/08/2013, e que foi responsabilizado tributariamente por ter recebido procuração específica para assessoramento financeiro, em conjunto e com prazo limitado; Que a decisão recorrida traz fundamentos genéricos de responsabilização, sem observar os argumentos postos na impugnação, o que a faz nula de pleno direito, por não estar devidamente motivada; Alega que o arbitramento foi motivado, especialmente, pela falta de apresentação dos documentos fiscais por não localização da empresa, sendo portanto, inegável a ilegitimidade passiva da recorrente pois não praticou nenhum ato contrário à lei ou estatuto social, além de não possuir qualquer interesse na situação que constitui a obrigação tributária. A fiscalização e a autuação ocorreram em datas posteriores à sua saída da empresa, e sua função estava adstrita ao seu trabalho como empregado. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora O recurso voluntário apresentado pela recorrente, em 23/09/2016 (fls. 10.429 a 10.456) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Os responsáveis solidários foram cientificados do Acórdão DRJ/SDR nº 15 40.730 e apresentaram recursos voluntários, nas datas a seguir relacionadas: Responsável/Solidário Qualidade Data Ciência Acórdão Data RV FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda. pj grupo 25/ago 9911 23/set 10155/10156 FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP pj grupo 25/ago 9913 23/set 10189/10190 Faroleo Comércio Prod Alimentícios Ltda. pj grupo 25/ago 9915 23/set 10120/10121 Multioleos Óleos e Farelo Ltda. pj grupo 23/ago 9907 23/set 10257/10258 Fl. 10624DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.625 26 Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. pj grupo 25/ago 9912 23/set 10427/10428 Sina Com. e Exp. Produtos Alimentícios Ltda. pj grupo 05/set 9935 23/set 10393/10394 Sina Indústria de Alimentos Ltda. pj grupo 24/ago 9910 23/set 10359/10360 Modena Agropec Incorp e Empreend Imob pj grupo 12/set 9939 10/out 10540/10541 Luiz Tomaz Clete Filho procurador/Dal hari 25/ago 9914 23/set 9957/9970 Dario Aprígio da Silva proc/adm Dordives 01/set 9924 23/set 10086/10087 Andréa Ferreira Abdul Massih real administrador 26/ago 9917 23/set 10053/10054 Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih real administrador 26/ago 9918 23/set 10255/10256 Nemr Abdul Massih real administrador 05/set 9934 23/set 10291/10292 Simon Nemer Ferreira Abdul Massih real administrador 26/ago 9919 23/set 10325/10326 João Shoiti Kaku real administrador 26/ago 9920 27/set 10460/10525 José Agostinho Miranda Simões mandatário 25/ago 9922 23/set 10006/10019 Luiz Alberto Panaro mandatário 29/ago 9925 22/set 9992/10003 Nabil Akl Abdul Massih mandatário 26/ago 9923 23/set 9973/9989 Paulo Roberto dos Santos Mina mandatário 26/ago 9921 23/set 10528/10538 Os recursos voluntários apresentados pelos coobrigados a seguir relacionados são tempestivos, portanto, deles conheço: Dov Óleos Vegetais Ltda (fls. 10.429 a 10.456); FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda. (fls. 10.122 a 10.154); FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP (fls. 10.157 a 10.188); Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 10.088 a 10.119); Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. (fls. 10.395 a 10.426); Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 10.361 a 10.392); Sina Indústria de Alimentos Ltda. (fls. 10.327 a 10.358); Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda (fls. 10.542 a 10.557); Luiz Tomaz Clete Filho (fls. 9.957 a 9.969); Dario Aprígio da Silva (fls. 10.055 a 10.085); . Andréa Ferreira Abdul Massih (fls. 10.021 a 10.052); Fl. 10625DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.626 27 Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih (fls. 10.191 a 10.222), Nemr Abdul Massih (fls. 10.259 a 10.290); Simon Nemer Ferreira Abdul Massih (fls. 10.293 a 10.324); João Shoiti Kaku (fls. 10.460 a 10.525); José Agostinho Miranda Simões (fls. 10.006 a 10.019); Luiz Alberto Panaro (fls. 9.992 a 10.003); Paulo Roberto dos Santos Mina (fls. 10.528 a 10.538) Nabil Akl Abdul Massih (fls. 9.973 a 9.989). A responsável solidária Multióleos Óleos e Farelos Ltda foi regularmente cientificada, em 23/08/2016, do acórdão proferido pela DRJ/SDR, através de seu procurador Carlos Eduardo Tadeu Craveiro, conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem às fls. 9.907. Consta também do processo que, em 24/08/2016, o contribuinte acessou o teor do acórdão de impugnação disponibilizado em sua caixa postal desde 19/08/2016. Considerandose que o coobrigado foi regularmente cientificado em 23/08/2016, bem assim, que o recurso voluntário somente foi apresentado em 23/09/2016, ou seja, após prazo de 30 dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72, o recurso da Multióleos Óleos e Farelos Ltda é intempestivo e, portanto, não será conhecido. PRELIMINARES Alega a recorrente, preliminarmente, que a decisão recorrida é plenamente nula, por ter servido a aperfeiçoar os lançamentos já realizados, fazendo as vezes de acusar e não de julgar de forma imparcial a lide. Afirma que em razão da parcialidade com que foi proferida, a decisão proferida deve ser anulada por desrespeito ao devido processo legal. Não assiste razão à recorrente. Da leitura da decisão proferida pela DRJ/SDR não identifico os vícios apontados. O relatório elaborado é totalmente imparcial, sendo nele transcritas as acusações fiscais, bem assim, os motivos de fato e direito constantes da impugnação para afastamento das exigências fiscais. A decisão, ainda que contrária aos interesses da recorrente, está devidamente fundamentada, e enfrenta as razões de defesa suscitadas pela então impugnante, conforme determina o art. 31, do Decreto nº 70.235/72: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Prossegue a recorrente afirmando que o procedimento fiscal foi realizado de forma a prejudicar e limitar o direito de defesa da recorrente, pois o Fisco não teria se utilizado dos dados e documentos de que dispunha, dentre eles a contabilidade da recorrente, e não teria Fl. 10626DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.627 28 aceitado as justificativas de impossibilidade de atendimento à fiscalização, em razão da inaptidão do CNPJ. Diversamente do alegado pela recorrente, no Termo de Verificação Fiscal, fls. 108, não consta que a fiscalização tenha tido acesso à sua contabilidade. Ao contrário, da relação de documentos entregues pelo Sr. Dário Aprígio da Silva, procurador da sócia Dordives e administrador da DOV, não consta a entrega de quaisquer dos documentos contábeis solicitados: "A documentação que o Sr. Dário enviou, juntamente coma petição acima transcrita, consiste em cópia da última alteração contratual registrada na JUCESP, cópia da alteração contratual que ia ser registrada, cópia do comprovante de inscrição e situação cadastral na base CNPJ e cópia do contrato de locação para fins comerciais." Aliás, a omissão na entrega dos livros contábeis e fiscais, teria sido justamente a causa do arbitramento, conforme consta do auto de infração às fls. 14: "Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte foi notificado a apresentar os livros e documentos da sua escrituração, conforme Termo de Início de Fiscalização e termo(s) de intimação em anexo, deixou de apresentá los." Relativamente às alegações de que a fiscalização não teria aceitado a justificativa de que estaria impedido de transmitir seus dados de forma eletrônica, em virtude da inaptidão do CNPJ, de igual sorte não assiste razão à recorrente. No Termo de Intimação Fiscal de 21/11/2014, enviado ao Sr. Dário Aprígio da Silva, procurador da sócia no Brasil e administrador da fiscalizada, consta que a inaptidão no CNPJ não seria impedimento para apresentação da escrituração contábil digital (ECD), pois os arquivos poderiam ser entregues diretamente à fiscalização: "Informamos que o alegado não é impedimento para a não apresentação da Escrituração Contábil Digital (ECD), pois a mesma pode ser entregue em mídia não regravável (CDR ou DVDR), diretamente à fiscalização, adotandose o seguinte procedimento: Validar e assinar a escrituração contábil digital no aplicativo SPED Contábil; Gravar e assinar este arquivo em mídia não regravável (CDR ou DVDR) com a identificação externa do seu contéudo. Autenticar as escriturações utilizandose o programa SVA Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais. Imprimir o recibo de entrega, gerado pelo SVA. O programa SVA e instruções de uso podem ser obtidos no site da Receita Federal, atalho http://www.receita.fazenda.gov.br/previdencia/Arquivos Digitais/default.htm." Apesar de regularmente cientificada do Termo de Intimação Fiscal, a recorrente não apresentou os arquivos solicitados nem qualquer resposta à intimação. Verifica se, portanto, que a despeito da declaração de inaptidão ter sido motivada pelo próprio Fl. 10627DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.628 29 contribuinte, a quem compete a atualização cadastral, o Fisco ofereceu método alternativo para entrega da contabilidade, entretanto, sequer foi apresentada resposta à intimação enviada, sendo, portanto, improcedentes as alegações de cerceamento do direito de defesa. Ademais, importante ressaltar que as hipóteses de nulidade previstas no art. 59, do Decreto nº 70.235/72, restringemse aos atos e termo lavrado por pessoa incompetente e às decisões proferidas por autoridade incompetente ou preterição do direito de defesa, não presentes neste processo: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Em sede de memoriais, o coobrigado João Shoiti Kaku, aponta a existência de recente decisão proferida em 05/02/2018, na apelação nº 000611040.2016.8.26.0071, reconhecendo a ilegalidade na busca e apreensão no escritório do advogado Gilmar Baldassare e, consequentemente, decretando a nulidade das provas dela decorrentes. De início ressalto que a mencionada decisão é bem recente e, por não ter transitado em julgado, não se tornou definitiva. Ademais, o coobrigado não identificou quais seriam as provas utilizadas pela fiscalização que teriam sido apreendidas no escritório do advogado e, portanto, teriam sido consideradas ilícitas. Assim, a questão relativa à legalidade das provas obtidas no mandado de busca e apreensão realizado no escritório do advogado Gilmar Baldassare, ainda pendente de decisão definitiva, deve ser decidida pelos órgãos judiciais de julgamento, em obediência ao princípio constitucional da jurisdição una. Até o trânsito em julgado da referida decisão judicial, bem assim, que seja feita a identificação das provas obtidas ilicitamente, não há que se falar em nulidade do processo administrativo fiscal. Diante do exposto, inexistentes os vícios apontados pelas recorrentes, afasto as preliminares de nulidade apontadas passo à análise do mérito. DO MÉRITO Defende a recorrente que as provas nas quais se baseiam as autuações fiscais têm duas origens: o relatório da Operação Yellow, realizada pela Delegacia Regional Tributária 7 da Sefaz/SP e o processo nº 003890650.2002.4.03.6182, em trâmite perante a 7ª Vara Federal da Comarca de São Paulo. Alega, entretanto, que as provas que dão suporte ao relatório da Operação Yellow foram obtidas por meio ilícito, pois não obedeceram ao critério temporal. Tal assertiva decorre do fato de que à época das investigações criminais sequer havia fiscalização em andamento, o que contraria a jurisprudência do STJ e a Súmula Vinculante nº 24 do STF, a qual estabelece que não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos Ia IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. De início, vale ressaltar que as provas obtidas no curso da Operação Yellow foram repassadas à Receita Federal do Brasil, mediante Convênio de Cooperação Técnica Fl. 10628DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.629 30 celebrado com a Secretaria de Fazenda do Estado de SP em 22/05/2013. (fls. 849 a 853), bem assim, em virtude da autorização judicial deferida nos autos do processo nº 0019133 58.2015.8.26.0071, em 19/07/2013, pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Bauru/SP (fls. 844 a 846), para acesso e utilização dos documentos obtidos pela Receita Federal do Brasil, os quais seriam compartilhados pela Sefaz/SP. Relativamente às alegações de que as provas teriam sido obtidas ilicitamente, pois à época das investigações sequer havia fiscalização em andamento, no despacho proferido em 20/06/2016, o Juízo da 1ª Vara Criminal de Bauru/SP, assim se manifestou: "O procedimento investigatório não foi iniciado por mero ofício da Delegacia da Receita Tributária, mas sim por um grande trabalho de inteligência da Assistência de Inteligência Fiscal, com o relatório pormenorizado e documentos (50/332).O que se noticiou nesse trabalho é a existência de sonegação fiscal decorrente de outros crimes, como formação de quadrilha, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. Em razão desses outros delitos não havia necessidade de autuação fiscal nas empresas para iniciar as investigações criminais, com a interceptação das conversas telefônicas, pois a inteligência noticiava uma estrutura forte e organizada para cometer a sonegação, o que seria difícil de detectar em autuação fiscal. Assim, conforme já decidido judicialmente, em virtude da existência dos crimes de formação de quadrilha, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro, inaplicável ao caso concreto a Súmula Vinculante nº 24 do STF e desnecessária a autuação fiscal nas empresas para início das investigações criminais, sendo lícitas as provas obtidas com autorização judicial, em procedimento investigatório prévio à autuação fiscal. Afirma a recorrente que a Secretaria da Receita Federal do Brasil não fez um levantamento fiscal, limitandose a fazer uso de um trabalho realizado pelo Estado de São Paulo, cujo conteúdo e procedimento estão sendo discutidos judicialmente. Também não assiste razão à recorrente. De fato, as autuações fiscais decorrem do conhecimento da denominada "Operação Yellow" realizada pela Sefaz/SP e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, entretanto, após o recebimento dos elementos compartilhados pela Fazenda Estadual, o Fisco Federal efetuou consultas aos seus sistemas internos e declarações entregues pela recorrente, concluindo pela ocorrência dos fatos geradores lançados nos autos de infração ora em litígio. A omissão de receita bruta obtida com a revenda de mercadorias, auferida nos anoscalendário de 2011 e 2012, foi apurada mediante o confronto entre as informações disponíveis no ambiente Sped (receitas brutas de vendas) e os valores informados nas Declarações de Informações Fiscais DIPJ, nos Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais DACON e nas Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF. Em que pese o trabalho da "Operação Yellow" estar sendo discutido judicialmente, isso não interfere não apuração fiscal realizada pela Receita Federal do Brasil, pois as esferas criminal e fiscal são independentes. Apesar da recorrente mencionar a existência de perícia nos autos do processo criminal apontando diversas irregularidades que tornariam as provas nulas naquele processo, tal fato não tem o condão de anular o presente processo administrativo fiscal, pois as infrações aqui apuradas têm como origem a omissão de receitas apurada mediante o confronto entre informações obtidas no ambiente Sped e os sistemas internos da Receita Federal do Brasil. Sustenta a recorrente que a responsabilização solidária imputada é prematura, pois deveria aguardar que os elementos que compõem o relatório da Operação Yellow fossem Fl. 10629DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.630 31 judicialmente declarados como prova. De início, ressalto que não se trata de responsabilização solidária, pois a recorrente Dov Óleos Vegetais Ltda é a própria contribuinte dos tributos objeto de lançamento de ofício. Todavia, independentemente da classificação dos sujeitos passivos, sejam eles contribuintes ou responsáveis, inexiste previsão legal na legislação que trata do processo administrativo fiscal para sobrestamento do processo administrativo até análise da licitude das provas obtidas em investigação criminal para apuração de crimes diversos, dentre eles os crimes contra a ordem tributária. Em seu recurso voluntário a contribuinte transcreveu despacho proferido Juízo da 1ª Vara Criminal de Bauru/SP, em que foi indeferido o pedido de investigação para esclarecimento de relatório apócrifos, por não interessar ao processo criminal, sob o argumento de que relatório não é prova. Conforme anteriormente decidido no presente voto, as esferas criminais e fiscal são independentes. Além disso, diversamente do relatório citado na decisão judicial, o Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo, que sustenta a atribuição de responsabilidade tributária às coobrigadas não é apócrifo e foi elaborado e assinado pelos auditoresfiscais responsáveis pelo procedimento fiscal, tendo sido a ele anexados 54 arquivos com documentação comprobatória dos fatos nele relatados. Ao questionar a improcedência dos autos de infração lavrados em decorrência do arbitramento do lucro, a recorrente reitera que a fiscalização não quis realizar os trabalhos de auditoria na contabilidade apresentada e preferiu arbitrar o lucro, com a alegação infundada de que haviam diferenças nas informações prestadas em relação às notas fiscais emitidas. Ora, impossível realizar trabalho de auditoria sobre contabilidade que a recorrente não apresentou à fiscalização, apesar de regularmente intimada a fazêlo. Não restou outra alternativa à fiscalização senão o arbitramento, para lançamento das diferenças identificadas entre as informações prestadas à Receita Federal do Brasil e as notas fiscais obtidas no ambiente Sped. Diversamente do alegado pela recorrente, a não entrega no prazo legal das obrigações acessórias enseja apenas a aplicação da multa quando a obrigação tributária principal houver sido adimplida. No caso concreto, além do descumprimento da obrigação acessória, houve também o descumprimento da obrigação principal, pois não foi efetuado o recolhimento dos tributos devidos, sendo portanto procedente o lançamento de ofício para constituição do crédito tributário, nos termos do art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Com o objetivo de demonstrar que havia outra consequência possível que não o arbitramento, a recorrente anexou planilha com apuração de base de cálculo em que são excluídas das receitas os valores das compras das mercadorias revendidas. Todavia, inexiste base legal para arbitramento do lucro tendo por base a diferença entre as receitas de vendas e os valores das compras como demonstra a recorrente na planilha anexa ao recurso voluntário. O art. 532 do Decreto nº 3.000/99 determina que, quando conhecida a receita bruta, o lucro deve ser arbitrado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos acrescidos de vinte por cento, exatamente como procedeu a fiscalização: Fl. 10630DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.631 32 Art.532. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, § 11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I). Caso desejasse utilizarse da apuração do lucro efetivamente auferido, mediante o confronto entre as receitas auferidas e a totalidade das despesas incorridas, deveria a recorrente possuir escrituração contábil e fiscal hábeis a demonstrar o lucro real, o que não ocorreu no presente caso. Por fim, a recorrente insurgese contra a aplicação da multa qualificada de 150%, ao afirmar que deve ser minuciosamente justificado e comprovado nos autos a prática de atos dolosos ou com evidente intuito de fraude, assim definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502;64. Alega que deixou à disposição da fiscalização todos seus documentos fiscais, porém, talvez em razão da grande quantidade de documentos decidiu a fiscalização por trabalhar por arbitragem, de forma que o auto de infração não espelha a realidade, pois os valores lançados são infinitamente superiores ao que deveria ser considerado. Diversamente do alegado pela recorrente, o arbitramento foi realizado não pela grande quantidade de documentos disponibilizados à fiscalização mas justamente ao contrário, a motivação do arbitramento do lucro foi a falta de apresentação da escrituração contábil e fiscal. Ademais, alegações genéricas de equívoco nos lançamentos, justificadas pelo simples fato dos valores lançados serem superiores ao efetivamente devido, desprovidas de quaisquer documentos comprobatórios, não merecem ser acolhidas. Consta do Termo de Verificação Fiscal, que a aplicação da multa qualificada de 150% decorre da caracterização do elemento volitivo na conduta da ora recorrente, em reiteradamente declarar valores inverídicos ao Fisco muito aquém do efetivamente devido. conforme a seguir demonstrado: Tributos IRPJ e CSLL Período de Apuração Confessado em DCTF IRPJ Declarado em DIPJ IRPJ Confessado em DCTF CSLL Declarado em DIPJ CSLL 1º trim 2011 83.733,72 58.840,23 2º trim 2011 0,00 0,00 3º trim 2011 0,00 0,00 4º trim 2011 0,00 0,00 1º trim 2012 Omissa Omissa 2º trim 2012 Omissa Omissa 3º trim 2012 Omissa Omissa Fl. 10631DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.632 33 4º trim 2012 Omissa Omissa Obs.: Valores em branco significam que inexiste declaração enviada para o período, com valores confessados de IRPJ e CSLL em DCTF. Tributos COFINS e PIS Período de Apuração Confessado em DCTF COFINS Declarado em DACON COFINS Confessado em DCTF PIS Declarado em DACON PIS Jan/2011 5.452,45 1.621.204,74 1.183,75 351.972,08 Fev/2011 5.104,89 1.462.799,51 1.108,30 317.581,47 Mar/ 2011 1.894.876,69 411.387,70 Mar/ 2012 0,00 0,00 Abr/ 2012 Omissa Omissa Mai/ 2012 Omissa Omissa Jun/ 2012 Omissa Omissa Jul/ 2012 Omissa Omissa Ago/2012 Omissa Omissa Set/2012 Omissa Omissa Out/2012 Omissa Omissa Nov/2012 Omissa Omissa Dez/2012 Omissa Omissa Omissa Obs.: Valores em branco significam que inexiste declaração enviada para o período. AnoCalendário Receita Bruta DIPJ Recita Bruta NFe Diferença DIPJ x RB NFe 2011 317.809.162,68 317.809.162,68 0,00 2012 Omissa 456.362.923,03 456.362.923,03 Verificase portanto, que agiu corretamente a fiscalização ao aplicar a multa qualificada de 150%, face à conduta reiterada da recorrente em não confessar os tributos devidos em DCTF, relativas aos anoscalendário de 2011 e 2012, ou informálos em valores bastante inferiores ao efetivamente devidos. Tal fato evidencia a conduta dolosa da recorrente tendente a impedir ou retardar o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da Fl. 10632DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.633 34 ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, prevista no art. 71 da Lei nº 4.502/64, Ademais, consta do Termo de Verificação Fiscal, que no Relatório de Solidariedade/Responsabilidade Tributária Grupo FN (fls. 431 a 512 ) anexado aos autos, restou demonstrado que a DOV Óleos Vegetais Ltda foi constituída por interpostas pessoas, com falsidade ideológica no contrato social. Ainda de acordo com a fiscalização, a constituição por interposta pessoa, modifica as características essenciais do fato gerador (sujeito passivo), enquadrandose na situação de fraude prevista no art. 72, da Lei nº 4.502/64. De fato, na ficha cadastral da JUCESP, integrante do Anexo VII ao Relatório de Solidariedade, aparecem como integrantes do quadro societário da DOV Óleos Vegetais Ltda, as pessoas jurídicas Dalhari Financial S/A e a Dordives S/A, ambas pessoas jurídicas domiciliadas na Rua Juncal, nº 1.327, CJ 2201, em Montevidéu Uruguai. Dessa forma, a constituição de pessoas jurídicas mediante a utilização de interpostas pessoas jurídicas domiciliadas em paraísos fiscais, com o intuito de ocultarem os reais sócios, demonstra a intenção de modificar as características do sujeito passivo, de modo a evitar o pagamento do imposto, face a dificuldade de identificar e acessar o patrimônio das empresas estrangeiras situadas em paraísos fiscais. Essa situação amoldase à fraude prevista no art. 72 da Lei nº 4.502/64 e também autoriza a aplicação da multa qualificada de 150%. Assim, correta a aplicação da multa qualificada de 150% prevista no art. 44, § 1º da Lei nº 9.430/96, pois presentes os casos descritos nos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502/64. Diante do todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário do contribuinte. DOS REFLEXOS DE CSLL, COFINS e PIS Aplicase a solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão dos lançamentos estarem apoiados nos mesmos elementos de convicção. DA SUJEIÇÃO PASSIVA Além do recurso voluntário apresentado pela DOV Óleos Vegetais Ltda, foram apresentados recursos voluntários pelas pessoas jurídicas integrantes do grupo, assim denominadas pela fiscalização: procuradores das pessoas jurídicas sócias da fiscalizada, reais administradores e mandatários, a seguir analisados: Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN As pessoas jurídicas FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda. (fls. 10.122 a 10.154); FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP (fls. 10.157 a 10.188); Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 10.088 a 10.119); Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. (fls. 10.395 a 10.426); Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda. (fls. 10.361 a 10.392); Sina Indústria de Alimentos Ltda. (fls. 10.327 a 10.358) apresentaram recursos voluntários bem similares, em que alegaram as questões a seguir analisadas além das já enfrentadas quando da análise do recurso da DOV Óleos Vegetais Ltda. Alegam as pessoas jurídicas integrantes do grupo que a multa decorrente de infração tributária, não pode ser repassada aos responsáveis solidários, seja pela Fl. 10633DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.634 35 responsabilidade pessoal de quem a ela deu causa (art. 137, CTN), como também por não ser obrigação principal (art. 124, I). Não assiste razão às coobrigadas, visto que tal assertiva decorre de equivocada interpretação dos citados dispositivos legais. O art. 137 do CTN, trata das hipóteses em que a responsabilidade pelas infrações tributárias, originalmente do sujeito passivo, é deslocada para a pessoa do agente, entretanto, não foi este o dispositivo legal utilizado pela fiscalização no presente caso. Os responsáveis tributários foram responsabilizados pelo crédito tributário, solidariamente com o contribuinte, com fundamento nos arts. 124, I e art. 135, II e III. Importante ressaltar que, apesar do art. 135 enunciar a responsabilidade pessoal dos agentes nele relacionados, não há a exclusão da responsabilidade do contribuinte, no caso a DOV Óleos Vegetais Ltda. Nos termos do art. 128 do CTN, o responsável solidário responde pela totalidade do crédito tributário: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. O crédito tributário é a obrigação tributária quantificada pelo Fisco e constituída pelo lançamento, nos termos do art. 142 do CTN, estando nele incluídos o tributo, os juros de mora e as multas de oficio aplicadas: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Dessa forma, ao contrário do pleiteado pelas recorrentes, correta a responsabilização das coobrigadas tanto pelos tributos quanto pelos juros de mora e pelas multas aplicadas no lançamento de ofício. Assim tem sido a jurisprudência deste Colegiado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 27/02/1999 a 12/05/2000 MULTA QUALIFICADA. AGRAVAMENTO. EXIGÊNCIA DE CONDUTA DO SUJEITO PASSIVO. O responsável solidário responde pela totalidade do crédito tributário lançado, incluídos, portanto, o tributo, as multas e os juros de mora, nos termos do art. 128 do CTN. É impossível a redução da multa de ofício aplicada apenas para o responsável solidário. (Acórdão 9303004.643, de 15/02/2017) Fl. 10634DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.635 36 Alegam as recorrentes que a inexistência do exercício de qualquer ato de gerência ou de administração à frente da pessoa jurídica DOV ÓLEOS VEGETAIS LTDA, seria impedimento à atribuição das sujeições passivas tributárias. Entendem que a fiscalização deveria ter demonstrado o nexo causal entre o ato das coobrigadas e o resultado percebido pela pessoa jurídica fiscalizada, entretanto, nenhum documento juntado aos autos demonstra, de forma explícita ou implícita que a recorrente tenha, de qualquer forma praticado atos, determinantes ou de interesse, em relação ao fato gerador do suposto ilícito tributário. No Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN (fls. 431 a 512) restou claramente demonstrada a existência de um grupo econômico de fato, atuando em dois grandes ramos, grãos e ovos, sendo que a fiscalizada e as coobrigadas integram o segmento de grãos: Grupo FN GERAL Holding informal: (FN) FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP (CNPJ 04.350.935/000159) elementos juntados Anexo 01 (FAS) FASEmpreendimentos e Incorporações Ltda. (CNPJ 03.752.053/000157) elementos juntados Anexo 02; PJs patrimonias: (MODENA) Modena Agropecuária, Incorporações e Empreendimentos Imobiliários Ltda. (CNPJ 10.637.365/000185) elementos juntados Anexo 03; Grupo FN SEGMENTO GRÃOS (SINA INDÚSTRIA) Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. (CNPJ 06.348.804/000243) elementos juntados Anexo 04; (SINA ALIMENTOS) Sina Indústria de Alimentos Ltda. (CNPJ 10.156.658/000140) elementos juntados Anexo 05; PJs industriais e exportadora (SINA EXPORTAÇÃO) Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda. (CNPJ 09.374.458/000185) elementos juntados Anexo 05A; (FAROLEO) Faroleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda. (CNPJ 05.055.406/000195) elementos juntados Anexo 06; (DOV) Dov Óleos Vegetais Ltda (CNPJ 05.262.304/000140) elementos juntados Anexo 07; (MULTIOLEO) Multioleos Óleos e Farelo Ltda (CNPJ 06.247.827/000180) elementos juntados Anexo 08; (DOFAR) Dofar Distribuidora de Rações e Farelos Ltda ME (CNPJ 06.247.822/000158) elementos juntados Anexo 09; (CROMAIS) Cromais Distribuidora de Produtos Industrializados Ltda (CNPJ 11.326.6730001 52) elementos juntados Anexo 10; (W.A.S.) W.A.S. Comércio de Alimentos Ltda (CNPJ 12.369.189/000173) elementos juntados Anexo 11; (ORTED) Orted Óleos e Cereais Ltda (CNPJ 14.041.985/000108) elementos juntados Anexo 12; PJs comerciais: (PETRY) Petry Comércio, Importação & Exportação Ltda (CNPJ 14.465.186/000169) elementos juntados Anexo 13; Grupo FN SEGMENTO OVOS PJ industrial (FAMA) Fama Ovos Ltda. (CNPJ 05.004.337/000190) elementos juntados Anexo 14; (DOVOS) Dovos Distribuidora de Ovos Ltda. (CNPJ 13.723.665/000175) elementos juntados Anexo 15; PJs comerciais (DMR) DMR Representação Comercial Ltda. (CNPJ 04.740.534/000105) elementos juntados Anexo 16; A estrutura do grupo era composta de diversas pessoas jurídicas, com funções próprias: Holding informal, responsável pela administração geral do grupo; Pessoas jurídicas patrimoniais, responsáveis pela gerência do patrimônio do grupo; Fl. 10635DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.636 37 Pessoas jurídicas industriais, responsáveis pela industrialização dos produtos comercializados pelo grupo; Pessoas jurídicas comerciais, responsáveis pela comercialização dos produtos industrializados pelo grupo. Da leitura do relatório elaborado pela fiscalização e documentos comprobatórios a ele anexados, verificase que no período auditado, o GRUPO FN atuava como um única grande empresa, sob comando único, com objetivos e estruturas comuns e confusão patrimonial, valendose de uma estrutura jurídica composta por diversas pessoas jurídicas, formalmente independentes. O comando único era realizado pela família Adbul Massih e pessoas próximas, reais administradores, os quais eram os verdadeiros gestores, com poderes de decisão, gerência e direção. Por meio da pessoa jurídica FN Assessoria Empresarial Ltda, holding informal cujos sócios formais eram Nemr Adbul Massih e Fernando Antônio Martins de Oliveira, os reais administradores centralizavam a direção, controle e administração do grupo. A formalização dessa centralização era realizada através de contratos de assessoria empresarial firmados entre a FN Assessoria Empresarial Ltda (contratada) e as demais empresas do grupo (contratantes). Adicionalmente, eram outorgadas procurações à FN Assessoria Empresarial Ltda, com amplos poderes de gestão, inclusive para movimentação financeira junto às instituições bancárias, conforme verificase no excerto extraído da procuração conferida pela fiscalizada (fls. 1.078), abaixo transcrito: Procuração Outorgante: DOV INDÚSTRIA DE ÓLEOS VEGETAIS LTDA(...) representada por sua sócia DALHARI FINANCIAL S.A. (...) como empresa domiciliada no exterior, neste ato representada pelo seu Presidente YAMANDÚ CASTRILLÓN D'ANGELO (...) Outorgada: FN (... ) Poderes: Representar a outorgante perante terceiros em geral, inclusive bancos e instituições financeiras, com poderes para (i) assinar quaisquer contratos, inclusive contratos de empréstimo, financiamento, "Compror", "Vendor", abertura de crédito, cartas de fiança, contratos de câmbio de qualquer tipo ou modalidade, repasses e quaisquer outros; (ii) emitir Cédulas de Crédito Bancário, representativas de operações de crédito de qualquer modalidade; (iii) assinar quaisquer aditamentos, planilhas, anexos, pedidos de prorrogação e outros documentos que se refiram ou façam parte dos instrumentos de que trata os itens (i) e (ii) anteriores; (iv) constituir quaisquer garantias, reais e/ou fidejussórias, inerentes aos contratos e/ou títulos de crédito em questão, podendo, inclusive, assinar instrumentos particulares de cessão fiduciária em garantia e/ou de alienação fiduciária em garantia, e, através dos quais, ceder fiduciariamente a titularidade sobre quaisquer bens móveis, inclusive títulos de crédito e direitos creditórios; (v) emitir, sacar, endossar, descontar, aceitar, ceder, alienar, entregar para cobrança bancária quaisquer títulos de crédito, inclusive, mas não se limitando a cheques, duplicatas, notas promissórias, letras de câmbio, warrants, conhecimentos de depósitos, conhecimentos de embarque e quaisquer outros; (vi) abrir e movimentar contas correntes de titularidade da outorgante, inclusive por meio eletrônico; emitir, sacar e endossar cheques; autorizar débitos por qualquer meio, inclusive de pagamentos e transferências; assinar correspondências, recibos e Fl. 10636DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.637 38 quitações e praticar, enfim, todos os atos úteis e/ou necessários para o bom e fiel desempenho deste mandato, o qual é válido por 1 (hum) ano a contar da presente data, não sendo vedado o seu substabelecimento. (GRIFEI) A confusão patrimonial do grupo fica evidenciada mediante a utilização das empresas patrimoniais FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda e Modena Agropecuária, Incorporações e Empreendimentos Imobiliários Ltda para blindagem patrimonial. A FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda foi, formalmente constituída no anocalendário de 2.000, e no período fiscalizado teve como sócios, Simon Nemr Ferreira Abdul Massih, Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih e Andréa Ferreira Abdul Massih. A Modena Agropecuária, Incorporações e Empreendimentos Imobiliários Ltda foi constituída em 2.008 e tem como sócios Marcel Rodrigues Ferraz e Milovaig S.A, offshore com sede no Uruguai. Por meio das referidas empresas, os reais administradores isolavam os débitos das demais pessoas jurídicas dos bens imóveis e instalações industriais do grupo. O patrimônio imobilizado em nome da FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda era utilizado pelo grupo, ora diretamente, pelo uso dos próprios prédios e maquinários pelas empresas industriais, ora, indiretamente, servindo como fiadora de empréstimos tomados junto a instituições bancárias por outras empresas do grupo e ora, ainda, efetuando empréstimos para as empresas do grupo. Assim, o patrimônio da FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda se prestava a fomentar a obtenção de receitas pelas demais empresas industriais e comerciais do grupo. Aliás, a existência de grupo econômico envolvendo a quase totalidade das empresas coobrigadas foi reconhecida, judicialmente, em diversas execuções fiscais ajuizadas na Justiça Federal, conforme inferese da decisão objeto do agravo de instrumento nº 0015886 63.2013.4.03.0000/SP, interposto pela coobrigada SINA Indústria de Alimentos Ltda e julgado em 24/07/2013, em que também são rés as coobrigadas FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda.; Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.; Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda. e Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda.: "Não há dúvidas de que a executada foi encerrada irregularmente e que não possui patrimônio idôneo para a garantia da dívida. O débito neste processo atinge a cerca de vinte milhões de reais (fl. 189), porém, o total das dívidas com a União ultrapassa um bilhão de reais (!), considerandose o grupo de empresas interligado à executada (fl. 188). Os documentos de fls. 223 e ss., indicam a prática de condutas encetadas pelos administradores do grupo para fraudar credores, pois retratam casos de esvaziamento patrimonial da executada e sócios, concentração de dívidas e confusão de ativos, centralização da administração em membros do clã dos Abdul Massih, além da utilização de "off shore" com o objetivo de blindar o patrimônio familiar. ... No caso, o "modus operandi" adotado pelo grupo econômico (doravante identificado como Grupo "Abdul Massih"), mostrase bem explicitado e fundamentado nas percucientes alegações e documentos acostados pela exequente. Assim, revelamse ciclos de evolução do Grupo "Abdul Massih" em fases distintas, distinguindose, nas sociedades operacionais, o afastamento gradativo da família Abdul Massih, do quadro societário, ao tempo em que são substituídos por interpostas pessoas pessoas de confiança da família, ou sem estofo patrimonial, isto é de "laranjas" (casos de utilização de funcionários como sócios administradores). Fl. 10637DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.638 39 Denotase, ainda, no último ciclo evolutivo societário o ingresso de sociedades offshore como sócias majoritárias das pessoas jurídicas, o que condiz com o alegado aperfeiçoamento do esquema de fraudes, dada a notória dificuldade de acessar o patrimônio enviado para o exterior, com a utilização dessas empresas "estrangeiras", situadas em "paraísos fiscais". Dessa forma, ainda que diretamente as coobrigadas não tenham exercido atos de gerência ou de administração à frente da DOV Óleos Vegetais Ltda, restou demonstrado a existência de um grupo econômico de fato, integrado por diversas empresas formalmente independentes, porém com estrutura e objetivos comuns, administração única e confusão patrimonial. Assim, flagrante a comunhão de interesses, hábeis a ensejar a atribuição de responsabilidade solidária prevista no art. 124, I do CTN, pelas diversas infrações fiscais cometidas e que motivaram a lavratura dos autos de infração de IRPJ, CSLL, COFINS e PIS: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Como bem apontado pelas coobrigadas, o interesse comum não se resume ao interesse econômico devendo existir, para caracterização da solidariedade passiva, interesse jurídico na realização da situação que deu origem ao fato gerador do tributo, ou seja, as coobrigadas e a fiscalizada devem realizar conjuntamente o fato gerador. No caso, as atividades desempenhadas formalmente por cada uma das empresas do grupo, na verdade se complementavam, conforme demonstrado no Relatório de Solidariedade, especificamente no item 4.3 Modo de Agir. Consta desse item que os objetivos comuns seriam atingidos mediante a combinação de recursos e esforços das empresas do grupo, com a utilização de estruturas comuns, para controle centralizado e sincronizado entre o financeiro, faturamento e contabilidade de todas as pessoas jurídicas do grupo, inclusive com detalhamento do modo em que deveriam agir conjuntamente na realização dos fatos geradores lançados nos autos de infração em litígio. Veja o trecho do Relatório de Soliedariedade onde foi transcrito parte do Anexo 25 ao Relatório de Solidariedade, documento este que apesar de não estar assinado e datado, retrata bem a forma de atuação conjunta das empresas e foi apreendido pela "Operação Yellow": "1 Empresas Comerciais " "Para evitarmos transferências de valores sem documentação legal e sem o uso do mútuo feneratício nas empresas comerciais (que não é legalmente aceito), apresentamos: Como a ocorrência das transferências são diárias, há também que se ter um controle diário de todas as operações envolvidas para fazer o fechamento mensal " "Todas as transferências a débito e a crédito entre as empresas comerciais, ocorridas no dia, devem ser informadas no dia seguinte logo no primeiro horário para que se emita as NFs ... de venda e compra entre as empresas Com isso teremos amarrado o movimento financeiro com respaldo legal. Ter uma única pessoa que centraliza todas as operações entre o financeiro, faturamento e a contabilidade. Omega Criar local de depósito para a movimentação dos produtos, que igualmente ao financeiro irá zerar os saldos de uma empresa e outra assim como o saldo do local estocado mesmo que esse local venha a começar o mês com saldo negativo. Observar o tipo de produto a ser destacado nas NFs de compra e venda entre as empresas. Fl. 10638DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.639 40 As Sinas também deveram (sic) emitir NFs de remessa entre os depósitos criados para dar mais coerência as transações. Um dia antes de encerrar o mês, a pessoa responsável deverá verificar o saldo financeiro do estoque e das NFs emitidas, assim toda a operação começa e encerra dentro do mês, não deixando saldos para serem detectados no balancete. Frete Deverá ser colocado o frete FOB nas NFs ou Próprio, visto que a movimentação será apenas interna entre os Depósitos da Sina, caso ocorra movimentação entre as Sinas com localidades diferentes deverá acompanhar a mesma linha de raciocícino ". (sublinhamos) [...] 2 SINAS Devido às Sinas só fazerem a industrialização dos produtos, não há como ter compra e venda, então precisaremos adotar o contrato de mútuo feneráticio ou outro tipo de contrato, mesmo não sendo legalmente aceito pela legislação, mas discutível na justiça, pelo menos a contabilidade terá um documento para apresentar em uma possível fiscalização. 3 Irmãzinhas Quais as empresas que realmente são focadas nesse ramo de irmãzinhas mas que poderiam talvez passar para Comercial, pois ainda emitem NFs (ORTED/PETRY ...), assim utilizamos a mesma linha de trabalho. (...) Se criarmos novas irmãzinhas e todas passassem a emitir NFs uma para as outras, e sempre com um valor agregado para que ela saldar suas dividas?? Primeiro deveremos saber de quanto será o desembolso de cada irmãzinha, com as diversas despesas que temos dentro do grupo. Vamos supor que: 1 Temos um produto e ele será comercializado entre as empresas apenas para se obter lucro na venda e compra, na primeira venda esse produto deverá ter a metade do preço de venda que está no Omega, para que isso não encareça as transações futuras. 2 MULTIOLEOS vende R$ 100 mil para ORTED 3 ORTED vende esse mesmo produto por R$ 150 para ZUZA 4 ZUZA vende esse mesmo produto por R$ 200 mil para DOV 5 DOV vende esse mesmo produto por R$ 200 mil para a MULTIOLEOS Nessa transação a ORTED e a ZUZA ficaram com R$ 50 mil cada uma, a DOV ficou zerada e realmente que deveria ter dado o valor foi a MULTIOLEOS que simplesmente vai levar essa diferença para o Custo com a defasagem da venda e compra do produto" (sublinhamos) Fl. 10639DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.640 41 Assim, são improcedentes a as alegações das coobrigadas, de que a fiscalização não demonstrou o nexo causal entre o ato das coobrigadas e o resultado percebido pela pessoa jurídica fiscalizada. Especificamente no recurso da coobrigada FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda, a recorrente afirma que apesar do esforço da fiscalização em demonstrar que a FAS escondeu, blindou o patrimônio do grupo, fomentando toda operação nada foi provado. Aduz que o capital da FAS é proveniente da sócia fundadora Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih e empréstimos junto a instituições financeiras, pagos pela própria empresa, através de doações de seu pai por antecipação da legítima. Ao contrário do afirmado pela recorrente, nos Anexos 38 a 41 do Relatório de Solidariedade, foram juntados documentos comprobatórios da utilização do patrimônio da FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda, pelas demais empresas do grupo FN, com o escopo de fomentar a geração de receitas. Relativamente à origem de seu capital social, não foram apresentados quaisquer documentos comprobatórios das alegações, motivo pelo qual não merecem ser acolhidas. Em seu recurso voluntário, a Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda requer o sobrestamento dos presentes autos até o julgamento da ação penal nº 001913358.2013.8.26.0071 em trâmite perante a 1ª Vara Criminal de Bauru/SP, que discute a legalidade das degravações das interceptações telefônicas. A questão foi enfrentada quando da análise do recurso da DOV Óleos Vegetais, em que a recorrente solicitou o sobrestamento do julgamento até a decisão final acerca da legalidade das provas obtidas, tendo sido decidido que " inexiste previsão legal na legislação que trata do processo administrativo fiscal para sobrestamento do processo administrativo até análise da licitude das provas obtidas em investigação criminal para apuração de crimes diversos, dentre eles os crimes contra a ordem tributária." Com relação à declaração de nulidade dos lançamento fiscal, ou do elemento de convicção correspondente ao relatório fiscal da Operação Yellow, por não estar acompanhado das transcrições integrais das interceptações telefônicas, vale ressaltar que as hipóteses de nulidade previstas no processo administrativo fiscal são as relacionadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Dessa forma, o fato de somente terem sido transcritos no Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN os trechos das interceptações telefônicas colhidas relacionados às infrações apuradas e às sujeições passivas solidárias atribuídas, não ensejam da nulidade dos lançamentos fiscais. A Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda defende que não possui qualquer envolvimento com os fatos geradores dos tributos lançados, assim como, com o quanto apurado no âmbito da Operação Yellow, tanto que seu sócio Marcel Rodrigues Ferraz sequer foi denunciado no processo criminal nº 001913358.2013.8.26.0071, em que são apurados os crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Refuta as acusações da fiscalização de que Marcel Rodrigues Ferraz seria um testa de ferro e que a compra dos imóveis pela recorrente da FAS Empreendimentos e Incorporação Ltda, por meio Fl. 10640DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.641 42 da Milovaig S/A, empresa sediada no Uruguai, por si só, não enseja a atribuição de responsabilidade solidária. Diversamente do alegado pela recorrente, consta do Relatório de Solidariedade que a Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda integra o grupo das empresas patrimoniais, responsáveis pela blindagem patrimonial do grupo, contra as obrigações das demais empresas do grupo FN. Por meio de operações e compra e venda firmadas com a FAS Empreendimentos e Incorporação Ltda (anexo 44 ao Relatório de Solidariedade), diversos imóveis ainda não indisponibilizados pela justiça foram transferidos para a Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda e, algum tempo depois, vendidos para outras pessoas jurídicas com o intuito de distanciálos dos débitos do grupo. No Anexo 43 ao Relatório de Solidariedade, constam documentos relativos à troca de mensagens eletrônicas entre colaboradores do grupo, demonstrando que a Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda é empresa do grupo, sob responsabilidade de Sr. João Shoiti Kaku, um dos reais administradores do Grupo FN. Dessa forma, improcedem as alegações da recorrente de que não haveria nexo de causalidade entre a conduta da recorrente e os fatos geradores dos tributos devidos. As mesmas considerações feitas acerca do interesse comum das demais empresas do Grupo FN, decorrentes do comando único, com objetivos e estruturas comuns e confusão patrimonial aplicamse à coobrigada Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda, para manutenção da responsabilidade atribuída pela fiscalização com fundamento no art. 124, I, do CTN. Este entendimento, inclusive, é o mesmo de recente decisão judicial proferida em março/2015, nos autos do agravo de instrumento nº 000959088.2014.4.03.0000/SP, interposto pela Zuner Corretora de Alimentos Ltda, em que a Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda figura como ré e foi incluída no polo passivo de execução fiscal por integrar o grupo econômico: "VOTO Depreendese dos documentos trazidos à colação que o juiz monocrático determinou, em 08/11/2013, (fls. 26/29) a reunião dos processos de execução n°s 004750077.2007.403.6182 e 004591582.2010.4036182 ao feito originário a fim de garantir a rápida solução dos litígios (artigo 28 da Lei n° 6.830/80), em razão do reconhecimento da existência do grupo econômico e solidariedade pelo pagamento de créditos no que tange às pessoas físicas e jurídicas, "in verbis": Conforme a farta documentação juntada aos autos pela União, verificase que há diversas pessoas jurídicas administradas ao longo do tempo por um ou mais membros da família Abdul Massih. Entre 1996 a 2001, percebese que os membros dessa família deixaram de deter participações societárias diretas nas sociedades em questão, passando atuar por meio de interpostas pessoas. Ademais, também ao longo de tempo, em especial após 2001, foram criadas novas pessoas jurídicas para exercer atividades operacionais do grupo, como se verifica pelo seu faturamento e movimentação financeira, bem como foram admitidas sociedades offshore como cotistas majoritárias das pessoas jurídicas que integram o grupo econômico em tela. [...] Fl. 10641DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.642 43 Posteriormente, as atividades operacionais do grupo foram transferidas a outras pessoas jurídicas. E o patrimônio amealhado pelos controladores com os negócios encetados por meio das empresas que se tornaram inativas foi distribuído entre outras pessoas jurídicas, com intuito uma vez mais de furtarse ao pagamento dos credores, por meio da chamada blindagem patrimonial. (...) Assim sendo, o pedido de inclusão das pessoas listadas à fl. 212 no polo passivo da presente execução fiscal, como responsáveis solidárias pelo pagamento dos créditos exequendos, é procedente.." Com relação ao pedido de exclusão da multa de ofício em razão de seu caráter confiscatório, não compete aos julgadores do CARF apreciar a alegação de eventual ofensa ao princípio da capacidade contributiva, isto porque, nos termos da Súmula CARF nº 2 o órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. O pedido de produção de prova testemunhal e pericial para comprovação da ausência de nexo de causalidade entre a recorrente e o fato gerador é considerado não formulado pois deixou de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/72: Art. 16 A impugnação mencionará: ... IV as diligências ou perícias... Diante de todo o exposto, e considerando que restou demonstrado a existência de um grupo econômico de fato, integrado por diversas empresas formalmente independentes, porém com estrutura e objetivos comuns, administração única e confusão patrimonial, voto por manter a atribuição de responsabilidade solidária prevista no art. 124, I do CTN, para as coobrigadas FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda., FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP; Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda., Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda., Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda., Sina Indústria de Alimentos Ltda. e Modena Agropecuária Incorporação e Empreendimentos Imobiliários Ltda. Procuradores das Pessoas Jurídicas Sócias da Recorrente O recurso voluntário apresentado pelo coobrigado Dario Aprígio da Silva, procurador da offshore Dordives S;A CNPJ: 07.558.479/000125, sócia da empresa fiscalizada DOV Óleos Vegetais Ltda, adota a mesma linha de defesa da fiscalizada e das coobrigadas FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda., FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP, Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda., Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda., Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda., Sina Indústria de Alimentos Ltda., sendo, portanto, aqui aplicáveis as mesmas razões de decidir nas questões já enfrentadas quando da análise dos recursos voluntários das pessoas jurídicas. Especificamente quanto ao Termo de Sujeição Passiva Solidária, alega o recorrente que o art. 124, I do CTN não pode ser interpretado isoladamente, devendo ser analisado juntamente com seu art. 135, III. Aduz que a pessoa física responsabilizada solidariamente, deve ter praticado atos de gerência e administração em relação à empresa fiscalizada, ou de qualquer modo, tenha refletido na atividade geradora do fato imponível. No Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 7.979 a 7.981), o coobrigado Dario Aprígio da Silva foi responsabilizado solidariamente pelos créditos tributários da pessoa Fl. 10642DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.643 44 jurídica DOV Óleos Vegetais Ltda, na condição de procurador no Brasil da offshore Dordives, sócia majoritária da autuada. De acordo com referido Termo, pessoas físicas, na posição de gerente delegadoadministrador da pessoa jurídica e representantes/procuradores das offshores no Brasil recebiam procurações para agirem, ostensivamente, em nome de algumas pessoas jurídicas do grupo, mantendo ocultos os reais administradores. Por fim, consta do Termo que os reais administradores, em associação com os sócios formais e procuradores, cometeram, em tese, diversas infrações a leis, dentre elas: Lei nº 5.172/66 (artigos 3° e 150); Lei nº 4.502/1964 (artigos 71 e 72); Lei nº 8.137/90 (artigos 1° e 2°); Decretolei nº 2.848/1940 (artigos 288 e 299); Lei nº 12.683/2012 c.c. 9.613/1998 e Lei nº 10.406/2002 (artigo 1102 e ss.). No Contrato Social registrado na JUCESP, anexado às fls. 7.983 a 7.987, o coobrigado Dario Aprígio da Silva figura não apenas como procurador da sócia Dordives mas também como administrador, da DOV Óleos Vegetais Ltda. No Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN, consta que o coobrigado seria também representante das offshores Magistis, sócia da Multióleos Óleos e Farelo Ltda e da Parakalo, sócia da DMR Representação Comercial Ltda, ambas empresas do Grupo FN. Ainda nesse relatório, foi transcrito trecho de mensagem datada de 23/08/2102, enviada pelo Banco Itaú a colaborador do grupo (Anexo 05A, fls. 642 a 646), relativa a empréstimos efetuados a pessoas jurídicas do grupo, onde consta que apenas Dario Aprigio possuía poderes vigentes para assinatura de contrato em nome da Multióleos Óleos e Farelo Ltda. Assim, a prática dos atos de gerência e administração na DOV Óleos Vegetais Ltda, pessoa jurídica que integra um grupo econômico de fato, com diversas empresas formalmente independentes, porém com estrutura e objetivos comuns, administração única e confusão patrimonial, demonstra a comunhão de interesses, hábeis a ensejar a atribuição de responsabilidade solidária prevista no art. 124, I do CTN, do procurador Dario Aprigio Silva pelas diversas infrações fiscais cometidas pelo grupo e que motivaram a lavratura dos autos de infração de IRPJ, CSLL, COFINS e PIS: Luiz Tomaz Clete Filho, procurador no Brasil da offshore Dalhari CNPJ: 06.240.532/000182, sócia majoritária da pessoa jurídica DOV Óleos Vegetais Ltda, apresentou recurso voluntário (fls. 9.957 a 9.969), alegando que a acusação fiscal lhe atribuiu a responsabilidade solidária pelos créditos tributários apurados nos anos de 2011 e 2012, por ter sido citado na ficha cadastral da Jucesp de 2007, como representante da empresa Dalhari Financial S/A. Entretanto, afirma que a procuração outorgada pela Dalhari Financial S/A, em novembro/2003, tinha como objetivo específico representála perante a Receita Federal do Brasil, para realização de cadastro junto ao CNPJ, fato que ocorreu em maio/2004. Aduz que referida procuração não atribui ao recorrente nenhum poder de gerência, administração ou mando perante a empresa autuada DOV, não existindo interesse comum, a caracterizar a imputação descrita no art. 124, I, do CTN. Ao final, alega que não tem mais relações profissionais com a empresa Dalhari há muitos anos, não tendo participado dos atos atinentes à atuação da DOV nos anos de 2011 e 2012 e que jamais exerceu qualquer cargo, função ou mandato junto à empresa autuada, sendo seu mandato específico para representação da sociedade perante a Receita Federal do Brasil. O Termo de Sujeição Passiva Solidária do coobrigado Luiz Tomaz Clete Filho (fls. 8.245 a 8.274) é bastante similar ao de Dario Aprígio Silva, tendo em vista que ambos foram responsabilizados solidariamente pelos créditos da DOV Óleos Vegetais Ltda, pois eram procuradores no Brasil das offshores sócias da fiscalizada, entretanto, na ficha Fl. 10643DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.644 45 cadastral da Jucesp, anexada ao Termo de Sujeição Passiva, o coobrigado figura apenas como procurador da offshore Dalhari Financial S/A, sem poderes para administrála. No recurso voluntário alega o recorrente que a procuração que lhe foi outorgada, obtida junto à Jucesp era específica para que o coobrigado fizesse o cadastro da empresa junto à Receita Federal do Brasil, e que a mesma foi emitida nos moldes estabelecidos no art. 15, § 5º, III, da Instrução Normativa nº 200/2002. De fato, assiste razão à recorrente, na procuração anexada ao recurso voluntário, verificase tratar de procuração específica para inscrição da pessoa jurídica no cadastro CNPJ, outorgada em 06/11/2003, no formato exigido pela Instrução Normativa SRF nº 200/02, que assim dispõe em seu art.15, § 5º, II, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 251/02, vigente à época da outorga de poderes: Art. 15. O pedido de inscrição será formalizado: ... § 5º Ressalvada a hipótese do § 8º, relativamente à pessoa jurídica domiciliada no exterior, o pedido de inscrição no CNPJ será complementado mediante encaminhamento à unidade da SRF com jurisdição sobre o domicílio fiscal da pessoa física responsável, às custas do remetente e por meio do Sedex, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, acompanhado dos seguintes documentos: (NR) ... II procuração que atribua plenos poderes ao procurador para, em nome da pessoa jurídica domiciliada no exterior, tratar e resolver definitivamente quaisquer questões perante a SRF, capacitandoo a ser demandado e a receber citação, bem assim revestindoo da condição de administrador dos bens citados no § 4º do art. 12. Vale ressaltar ainda, que no Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN, a única menção feita ao coobrigado é que o mesmo seria procurador da sócia offshore da fiscalizada, não tendo sido identificado a prática de quaisquer outros atos de gerência e administração em nenhuma das empresas do grupo aptos à atribuição da sujeição passiva solidária. Ao contrário, de acordo com a procuração juntada ao Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 8.273), é possível identificar que o real acionista e possuidor da totalidade do capital social da Dalhari Financial S/A, Nemr Semaan Adbul Massih, era o também o real administrador da fiscalizada, por meio da holding infomal FN Assessoria Empresarial Ltda. Diante do exposto, voto por afastar a responsabilidade solidária tributária atribuída a Luiz Tomaz Clete Filho, face à falta de comprovação do interesse comum previsto no art. 124, I do CTN. Reais Administradores As pessoas físicas Andréa Ferreira Abdul Massih (fls. 10.021 a 10.052); Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih (fls. 10.191 a 10.222), Nemr Abdul Massih (fls. 10.259 a 10.290) e Simon Nemer Ferreira Abdul Massih (fls. 10.293 a 10.324) apresentaram recursos voluntários adotando a mesma linha de defesa da fiscalizada e das coobrigadas FAS Fl. 10644DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.645 46 Empreendimentos e Incorporações Ltda., FN Assessoria Empresarial Ltda. EPP, Faróleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda., Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda., Sina Comércio e Exportação de Produtos Alimentícios Ltda., Sina Indústria de Alimentos Ltda., sendo, portanto, aqui aplicáveis as mesmas razões de decidir nas questões já enfrentadas quando da análise dos recursos voluntários das pessoas jurídicas. Relativamente aos Termos de Sujeição Passiva Solidária, os coobrigados defendem que para ser responsabilizados solidariamente seria necessária a comprovação da prática de atos de gerência e administração em relação à empresa fiscalizada, ou que de qualquer modo, tenham refletido na atividade geradora do fato imponível. Alegam que a fiscalização teria deixado de demonstrar, efetivamente quais foram as decisões ou atos perante a DOV que terminaram por contribuir para o cometimento de ilícito fiscal, sendo necessária a demonstração do nexo ente o ato da pessoa física com o resultado percebido pela fiscalizada. Diversamente do alegado pelos coobrigados, nos Termos de Sujeição emitidos com fundamento nos arts. 124, I c/c art. 135, III, do CTN, bem assim, no Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN e seus anexos, é possível identificar diversos elementos comprobatórios de que seriam eles os reais administradores, verdadeiros donos do negócio que, utilizandose de interpostas pessoas, administravam as empresas do grupo de forma oculta. Todas as atividades do grupo eram por eles decididas, empreendidas, idealizadas, coordenadas, ou sejam, praticavam verdadeiros atos de gestão e deles se beneficiavam, todavia, na maioria dos casos não pertenciam aos quadros societários das pessoas jurídicas do grupo. As atividades de gestão/administração eram exercidas diretamente pelos coobrigados ou por meio das pessoas jurídicas FN Assessoria Empresarial, holding informal que gerenciava as demais empresas do grupo, administrando a geração das receitas lançadas de ofício nos autos de infração em litígio, e FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda, pessoa jurídica utilizada para blindagem patrimonial e utilizada como braço econômicofinanceiro do grupo, fundamental para obtenção de receitas pelas demais empresas do grupo. A seguir, um resumo da vinculação dos coobrigados e a transcrição de alguns dos trechos dos Termos de Sujeição Passiva Solidária, os quais foram devidamente acompanhados de documentação comprobatória, hábeis a evidenciar a prática de atos de gestão/administração pelos reais administradores: Andréa Ferreira Abdul Massih Real administradora do grupo, filha de Nemr Abdul Massih, exercia a gestão/administração diretamente, ou por meio das pessoas jurídicas FN Assessoria Empresarial Ltda, da qual apresentavase em mensagens eletrônicas como membro da diretoria, e FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda, da qual participava do quadro societário e integrava a GFIP da FAS como contribuinte individual diretor não empregado sem FGTS. "a) entre os dias 15 e 19 de julho de 2010, foram trocadas algumas mensagens entre administradores e colaboradores do Grupo FN, referentes a problemas elétricos nos prédios ocupados por pessoas jurídicas do Grupo, que estariam colocando em risco o patrimônio e os funcionários. Foram citadas a DOV, a FAMA, a DMR e uma pessoa jurídica estabelecida na Rua Rafael de Barras. Em meio às mensagens observase ordem direta da senhora Andréa, revelando nítido ato de gestão frente ao Grupo (Doc. 01. Destacamos): ... Fl. 10645DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.646 47 b) mensagem datada de 18/03/2011, relata reunião presidida pela real administradora, senhora Andréa, visando passar orientações gerais para contratação de funcionários da área de finanças do Grupo, com a presença dos "Líderes das Áreas Financeiras" de demais pessoas jurídicas do Grupo, especialmente: Faroleo, Multioleos, Sina Comércio, Dov, DMR, Fama... revelando poder de comando da senhora Andréa, sobre pessoas que representavam a FN perante terceiros (Paulo, Panara e Nabil) Doc. 02 (Destacamos): ... c) mensagem datada de 20/12/2012, produzida pela real administradora, senhora Andréa, com cópia para o senhor Simon (seu irmão também identificado como real administrador do Grupo FN), que visava implementar rotinas de trabalho entre o comercial e o financeiro das fábricas do Grupo, também revela poder de comando destes reais administradores, sobre pessoas que representavam a FN perante terceiros (Paulo, Panaro e Nabil) Doc. 03 (Destacamos): ... d) mensagem datada de 15/02/2012, revela que a senhora Andréa assinava, ou seja, tinha o poder de autorizar, pessoalmente, as despesas das várias pessoas jurídicas do Grupo FN Doe. 04 (Destacamos): ... e) mensagem datada de 29/03/2011, revela que a senhora Andréa, através da FN, exercia, de fato, relevante controle das demais pessoas jurídicas do Grupo (Doe. 05 Destacamos): Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih Real administradora do grupo, exesposa de Nemr Abdul Massih, exercia a gestão/administração diretamente, ou por meio das pessoas jurídicas FN Assessoria Empresarial Ltda, da qual apresentavase em mensagens eletrônicas como colaboradora, e FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda, da qual participou do quadro societário até setembro/2012, identificandose em mensagens eletrônicas como membro da diretoria e integrava a GFIP da FAS como contribuinte individual diretor não empregado sem FGTS. "a) entre os dias 15 e 19 de julho de 2010, foram trocadas algumas mensagens entre administradores e colaboradores do Grupo FN, referentes a problemas elétricos nos prédios ocupados por pessoas jurídicas do Grupo, que estariam colocando em risco o patrimônio e os funcionários. Foram citadas a DOV, a FAMA, a DMR e a pessoa jurídica estabelecida na Rua Rafael de Barras (nesta rua foi detectado o endereço da pessoa jurídica MODENA) (Doc. 05 Destacamos): ... Em meio às citadas mensagens, a senhora Maria de Fátima afirma que o patrimônio e os funcionários que estariam correndo risco eram dela. Tal afirmação foi produzida em mensagem transmitida às 22:55 horas de um domingo, o que denota total comprometimento na administração do Grupo (Doc. 05 Destacamos): ... Fl. 10646DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.647 48 b) em mensagens produzidas em 05/08/2010, a senhora Maria de Fátima exige o telefone particular dos colaboradores do Grupo FN, o que traduz forte comando frente ao Grupo (Doc. 06 Destacamos): ... c)A mensagem datada de 23/09/2010 (às 19:26 horas) demonstra que a senhora Maria de Fátima, na administração do Grupo, conhecia plenamente as rotinas dos diversos setores (Doc. 07 Destacamos): ... d) Na mensagem datada de 18/04/2011 a senhora Maria de Fátima da ampla publicidade do período que estará de férias, a inúmeros colabores do Grupo FN. Tal comunicação demonstra sua importância na condução da administração do Grupo, revelando que sua ausência é do interesse de todos (Doc. 08 Destacamos): ... e) mensagem datada de 13/01/2012 (às 19:35 hs): a senhora Maria de Fátima chama a atenção do "procurador", senhor Miranda, ameaçando demitir empregado subordinado deste, revelando seu pleno poder de comando sobre pessoa que representava a FN perante terceiros (Miranda), bem como demonstra que cabia a ela o poder de decidir sobre demissões (Doc. 09 Destacamos):" Nemr Abdul Massih Real administrador do grupo, que exercia a gestão/administração diretamente, ou por meio das pessoas jurídicas FN Assessoria Empresarial Ltda, da qual participava do quadro societário, e FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda, formalmente constituída em nome de sua esposa e filhos. Em diversos trechos das interceptações telefônicas transcritas no Relatório de Solidariedade, o coobrigado é tratado como "dono" das pessoas jurídicas componentes do grupo: "Agora do lado da FN, como se fosse uma assessoria, nós temos uma empreendimentos imobiliários, que é dona de todos os imóveis, que é a FAS Empreendimentos e Incorporação Lt, que compra todos os imóveis, e que não tem nenhuma embaixo dela. Que o dono da FAS é NEMR, que também é dono das SINAS e da FAMA em 100%.". (...) ... "(...) Abaixo (da FN), você tem todas as prestadoras de serviços que cada uma funciona em cada fábrica...Nós temos a SINA MATRIZ,... SINA Alimentos. Ela era a SINA de Bauru, que era prestadora. Essa SINA Alimentos está com a matriz em Bauru, presta serviços para a fábrica de Bauru. Depois você tem Sina filial Orlândia, Sina filial Santo Anastácio e Sina filial Pirapozinho. Antes tinha uma Sina para Santo Anastácio, uma Sina para Orlândia e uma Sina Pirapozinho. Nós transformamos tudo numa única Sina Alimentos Matriz em BAURU, depois todas as filiais, uma em Orlândia, uma em Santo Anastácio e uma em Pirapozinho, essas são as prestadoras de serviço dos quais o Sr. NEMR é o acionista principal. Diz que abaixo tem todas(...)". Ademais, no Termo de Sujeição Passiva Solidária relativo a Nemr Abdul Massih é possivel identificar diversas trocas de mensagens em que os colaboradores da FN Assessoria Empresarial Ltda agendaram reuniões entre ele e as instituições financeiras, bem assim, diversos documentos comprobatórios da empréstimos bancários tomados por empresas Fl. 10647DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.648 49 do grupo FN, dentre elas a fiscalizada, em que Nemr Abdul Massih presta garantias pessoais para liberação do crédito. Simon Nemer Ferreira Abdul Massih Real administrador do grupo, filho de Nemr Abdul Massih, exercia a gestão/administração diretamente, ou por meio das pessoas jurídicas FAS Empreendimentos e Incorporações Ltda, Sina Indústria de Alimentos Ltda e Sina Indústria de Óleos Vegetais Ltda, das quais participava formalmente e integrava as GFIP dessas empresas. "12 Simon Nemr Ferreira Abdul Massih atuava diretamente frente aos negócios do Grupo, como sócio da FAS, ou se apresentando, pessoalmente, como interveniente garantidor ou avalista de empréstimos tomados pelo Grupo, os quais fomentavam a geração da renda, da receita e do lucro (fatos geradores dos tributos lançados) de todas as pessoas jurídicas componentes do mesmo. Para demonstrar o afirmado foram juntados os seguintes documentos: a) cópia do registro 14, na matrícula do imóvel número 24.080 (R.14/24.080) e da averbação 17, na matrícula do imóvel número 48.906 (Av.17/48.906), ambos registrados no Primeiro Ofício de Registro de Imóveis e anexos de Bauru (Doc. 03 e Doc. 04): ... b) cópia de Cédula de Crédito Bancário Empréstimo Capital de Giro, tomado pela FAS, em que a senhor Simon aparece como avalista, garantindo PESSOALMENTE crédito de 6 milhões de Reais, para financiar as atividades do Grupo FN (Doc. 05 Destacamos). Tal crédito foi tomado em 2010, para pagamento em 2014, portanto foi utilizado na geração da renda, da receita e do lucro das pessoas jurídicas do Grupo, durante os períodos auditados (2010, 2011 e2012). ... c) Mensagem, datada de dezembro de 2011, revela o senhor Simon recebendo informações gerencias de várias operações comerciais do Grupo, para conhecimento e aprovação (Doc. 09 Destacamos):" Por fim, consta do Termo que os reais administradores, em associação com os sócios formais e procuradores, cometeram diversas infrações a leis, dentre elas: Lei nº 5.172/66 (artigos 3° e 150); Lei nº 4.502/1964 (artigos 71 e 72); Lei nº 8.137/90 (artigos 1° e 2°); Decretolei nº 2.848/1940 (artigos 288 e 299); Lei nº 12.683/2012 c.c. 9.613/1998 e Lei nº 10.406/2002 (artigo 1102 e ss.). Aliás, sete empresas do grupo FN , dentre elas a fiscalizada foram dissolvidas irregularmente, conforme faz prova o Ato Declaratório executivo nº 161, de 18/07/2014, que declarou a contribuinte inapta. Ao assim proceder, os reais administradores cometeram infração aos art. 1.102 e seguintes do Código Civil, que disciplinam a dissolução das sociedades. Diante do exposto, restou comprovado que os reais administradores Andréa Ferreira Abdul Massih, Maria de Fátima Butara Ferreira Abdul Massih, Nemr Abdul Massih e Simon Nemer Ferreira Abdul Massih tinham interesse comum nas situações que constituíram Fl. 10648DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.649 50 os fatos geradores dos tributos lançados, bem assim, cometeram infrações à lei ou contrato social, motivo pelo qual não merece reparos o acórdão recorrido que julgou procedente a atribuição de responsabilidade pessoal, nos termos dos arts. 124, I e 135, III, do CTN. No recurso apresentado por João Shoiti Kaku (fls. 10.460 a 10.525), o coobrigado requer, preliminarmente, a nulidade do acórdão recorrido uma vez que não houve o enfrentamento das alegações suscitadas em sua impugnação. Afirma que sequer foram objeto de consideração quando do julgamento em primeira instância, as seguintes questões: (i) nulidade em razão da ausência de elementos essenciais para embasar o montante cobrado, impossibilitandoo de exercer seu direito de defesa; (ii) qual critério utilizado para atribuição da responsabilidade pessoal pelo crédito tributário; (iii) inexistência de atos praticados pelo impugnante com excesso de poderes ou infração a lei, contrato social ou estatuto; (iv) qual critério utilizado para atribuição da responsabilidade solidária pelo crédito tributário; (v) inexistência de vínculo entre recorrente x grupo apta a ensejar a responsabilidade pessoal; (vi) inexistência de vínculo entre recorrente x fato gerador da obrigação tributária apta a ensejar a responsabilidade solidária; (vii) pedido alternativo para suspensão do andamento do processo administrativo até decisão definitiva da ação penal nº 001913358.2013.8.26.0071. Ao contrário do afirmado, diversas questões apontadas foram enfrentadas na decisão recorrida e assim decididas, ainda que contrariamente ao pretendido pelo recorrente: (i) nulidade em razão da ausência de elementos essenciais para embasar o montante cobrado, impossibilitandoo de exercer seu direito de defesa; "Aqui, cabe registrar que o lançamento tomou como base as receitas brutas de vendas declaradas ao Fisco Estadual embasadas nas notas fiscais relacionadas no Anexo I (fls. 124/473) do Termo de Verificação Fiscal. .. Destaquese que, nos autos de infração, há a descrição da infração imputada e da fundamentação legal que baseou a autuação, bem como de todos os valores e cálculos considerados para determinar a matéria tributada e o cálculo do imposto a pagar. A contribuinte, portanto, teve conhecimento pleno da motivação da ação fiscal, sem dar margem a dúvidas quanto às matérias tidas como infringidas, inexistindo, assim, qualquer embaraço ao exercício do seu direito de defesa.. (fls. 9721) (ii) qual critério utilizado para atribuição da responsabilidade pessoal pelo crédito tributário; (iii) inexistência de atos praticados pelo impugnante com excesso de poderes ou infração a lei, contrato social ou estatuto; (iv) qual critério utilizado para atribuição da responsabilidade solidária pelo crédito tributário; (v) inexistência de vínculo entre recorrente x grupo apta a ensejar a responsabilidade pessoal; (vi) inexistência de vínculo entre recorrente x fato gerador da obrigação tributária apta a ensejar a responsabilidade solidária; Quanto à alegação adicional de João Shoiti Kaku, acerca de ser consultor financeiro sem qualquer relação com os fatos apurados pela fiscalização, apesar da relação de confiança com a família Abdul Massih, observase que há, no Relatório de Solidariedade Tributária e seus Anexos, elementos suficientes, a exemplo de degravação de conversa e diversas comunicações (Doc 2 fls 8207/8208; Doc 6 fls. 8221/8222), para comprovar a sua vinculação com todas as pessoas jurídicas auditadas, entre as quais a DOV, bem como a sua efetiva participação como efetivo administrador (Doc 01 fls. 8205/8206) apesar da inexistência de vínculo formal dele com as pessoas jurídicas do Grupo FN. (fls.9729) Fl. 10649DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.650 51 (vii) pedido alternativo para suspensão do andamento do processo administrativo até decisão definitiva da ação penal nº 001913358.2013.8.26.0071; "Quanto ao requerido sobrestamento do julgamento até o Poder Judiciário pronunciarse sobre a legalidade das provas, oriundas da Operação Yellow (ação penal), cabe observar que não há qualquer norma legal que respalde esta solicitação na esfera administrativa." (fls. 9.727) Ademais, conforme decisão recente do STJ, o julgador não é obrigado a se manifestar sobre todos os argumentos das partes: "O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. " STJ 1ª Seção. EDcl no MS 21.315DF, Rel. Min Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585). Alega o coobrigado que a autuação é nula pois não foi cientificado da instauração do procedimento fiscal, o que impossibilitou a prestação de esclarecimentos e questionamentos do trabalho fiscal durante a fase investigatória. Acrescentou que, por não ter sido anexado aos autos documentos essenciais para sustentar o quantum cobrado, os autos de infração não são líquidos e certos, bem assim, impedem o exercício do contraditório e da ampla defesa. Também não assiste razão ao coobrigado. Foi anexado ao Termo de Verificação Fiscal, às fls. 124 a 373, planilha com a relação da totalidade das notas fiscais utilizadas na apuração da receita bruta, inclusive com as chaves das notas fiscais eletrônicas, o permite a consulta aos documentos no site www.nfe.fazenda.gov.br. As Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais DACON, relativos aos períodos fiscalizados, bem assim, o extrato da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF foram também anexados ao processo, de forma a comprovar as infrações apuradas pela fiscalização. Com relação à falta de intimação do coobrigado sobre a instauração de procedimento fiscal, bem como prestação de esclarecimentos durante a fase investigatória, nos termos do art. 14 do Decreto nº 70.235/72, a fase litigiosa somente tem início com a apresentação da impugnação, sendo portanto, improcedentes as alegações de violação ao contraditório e ampla defesa: Requer o coobrigado que seja reconhecida a nulidade da atribuição da sujeição passiva solidária, sob o argumento de ter sido o Termo de Sujeição Passiva Solidária lavrado por autoridade incompetente, uma vez que tal ato compete exclusivamente à Procuradoria da Fazenda Nacional. De igual sorte não assiste razão à recorrente, o art. 59, do Decreto nº 70.235/72, define as hipóteses de nulidades dos atos administrativos: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 10650DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.651 52 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Entretanto, diversamente do alegado pelo coobrigado, os AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil são as autoridades competentes para, nos termos do disposto no art. 142 do CTN, identificarem nos autos de infração os sujeitos passivos, sejam eles contribuinte ou responsáveis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Alias, este também é o entendimento do CARF, evidenciado no enunciado da Súmula CARF nº 71, visto que a legitimidade para apresentação de recursos decorre, necessariamente, da inclusão dos mesmos no sujeição passiva do crédito tributário. "Todos os arrolados como responsáveis tributários na autuação são parte legítima para impugnar e recorrer acerca da exigência do crédito tributário e do respectivo vínculo de responsabilidade." Alega o coobrigado que não foi comprovada a ocorrência de sua conduta dolosa ou culposa, bem assim, a prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Aduz que me virtude da necessidade dos solidários possuírem algum poder de gerência ou participação na ocorrência do próprio fato jurídico tributário, requer o afastamento da sujeição passiva solidária pois não existe nos autos prova, à luz do art. 124, I do CTN, que possibilite a atribuição da responsabilidade pelos créditos constituídos em face das empresas do grupo. Ao contrário do alegado pelo recorrente, o Termo de Sujeição Passiva Solidária e os documentos a ele anexados, comprovam que o coobrigado João Shoiti Kaku era real administrador do grupo e, apesar da inexistência de vínculo formal com as empresas do grupo, aparece como diretor financeiro na planilha de colaboradores do grupo FN e com uma equipe de funcionários a ele vinculados. Em seguida, transcrevo alguns trechos do Termo de Sujeição Passiva Solidária, que comprovam o interesse comum, bem assim, a prática de infrações as leis mencionadas no referido termo, hábeis a ensejar a atribuição de solidariedade, nos termos dos arts. 124 I, c/c 135, III do CTN: "11 João Shoití Kaku pela posição que tinha dentro do Grupo FN, conhecia com profundidade a forma de organização do Grupo, o que fica explicitado na degravação de interceptação telefônica. (Doe. 02 Destacamos), na qual o senhor Kaku, falando pelo Grupo, conversa com uma representante do Banco Fibra ... Em meio à conversa, o real administrador, senhor Kaku, informa que a holding (FN) está no topo e, ao lado dela, a PJ patrimonial (FAS), que é a dona de todos os imóveis ... "que compra todos os imóveis e que não tem nenhuma embaixo dela", e ainda esclareceu que, como todo o imobilizado está em nome da FAS, que "é a parte real", não será encontrado a depreciação (custo) junto a outras pessoas jurídicas: Fl. 10651DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.652 53 ... Abaixo da FN, salienta o real administrador, senhor Kaku, estão as PJs industriais, que, embora sendo as principais geradoras de riqueza do Grupo, são tratadas como prestadoras de serviços: ... Embaixo das PJs industriais, continua o real administrador, senhor Kaku, estão as PJs comerciais, citando algumas delas: ... 12 João Shoití Kaku, na posição de Diretor Financeiro (de fato) do Grupo, tinha intenso contato com diretores de bancos, para tratar de assuntos do Grupo FN, conforme se comprova em mensagens eletrônicas em que são agendadas reuniões, através de colaboradores da pessoa jurídica FN. Mensagem do Banco HSBC, agendando um cafédamanhã com o senhor Nemr e senhor Kaku ("KAKO"), junto à diretoria do banco; verificase que o agendamento foi feito pela pessoa jurídica FN, através de um colaborador (Doe. 03. Destacamos): ... Mensagem do Banco HSBC, agendando um cafédamanhã com o senhor Nemr e senhor Kaku ("KAKO"), junto à diretoria do banco; verificase que o agendamento foi feito pela pessoa jurídica FN, através de um colaborador (Doe. 03. Destacamos): ... Mensagem do Banco Paulista, enviada à pessoa jurídica FN, revela a necessidade de envolver o senhor Kaku (Caco) no caso que estava sendo tratado, demonstrando sua influência junto a pessoas jurídicas do Grupo FN (citado na mensagem como Grupo Nemr Doe. 04. Destacamos): ... Mensagem do Banco Votorantim solicitando à colaborador da FN a confirmação de reunião marcada com o senhor Kaku (Doe. 05 Destacamos): ... Colaborador da FN confirma reunião do senhor Kaku com representante do Banco Fibra na pessoa jurídica FN, atentando para o fato de identificar o local como sendo nosso escritório (Doe. 07 Destacamos): ... 13 João Shoiti Kaku, na prática de atos de gestão do Grupo FN, conforme demonstram os elementos probatórios, "supervisionava" a elaboração das demonstrações contábeis das pessoas jurídicas do Grupo, inclusive, pessoalmente, fazendo alterações nas mesmas, sobrepondo, ao que parece, o trabalho dos próprios contadores. O afirmado fica evidenciado na Degravação 05, de 15/03/2012, de interceptação telefônica, na qual o senhor Kaku conversa com o senhor WALTER, colaborador do Grupo FN, solicitando, aparentemente, que o mesmo calibre bem a contabilidade, ou seja, manda a contabilidade ser "maquiada"... senão a coisa vai ficar muito ruim..." (Doe. 09 Destacamos): ... Tal conduta, de alterar demonstrações contábeis, também fica evidenciada na mensagem, intitulada Balanço Faroleo (Alterado), que o colaborador da FN, Walter, direciona a uma das empresas de contabilidade que trabalha para o Grupo (Taltec) informando que seguia o balanço alterado pelo senhor Kaku, em 17/02/2011 (Doe. 10 Destacamos): Requer o coobrigado o sobrestamento do feito até a conclusão definitiva da ação penal nº 001913358.2013.8.26.0071, uma vez que referida ação busca auferir se o Fl. 10652DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.653 54 recorrente possui relação com os acontecimentos narrados nesse processo administrativo. Sobre a matéria, entendo que não merece reparos ao acórdão recorrido que, ao enfrentar a questão também levantada pela fiscalizada, decidiu que inexiste previsão na legislação que rege o processo administrativo tributário para sobrestamento do julgamento. Ao final, afirma que as multas de ofício excessivas aplicadas pelo Fisco, ainda que estabelecidas pela legislação, devem ser excluídas ou reduzidas nos casos em que assumem caráter confiscatório. Conforme já decidido anteriormente, não compete aos julgadores do CARF apreciar a alegação de eventual ofensa da lei aos princípios limitadores do poder de tributar, isto porque, nos termos da Súmula CARF nº 2 o órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante de todo o exposto, entendo que não merece reparos o acórdão recorrido que julgou procedente a atribuição de responsabilidade pessoal, nos termos dos arts. 124, I e 135 III do CTN , e voto por manter o coobrigado João Shioti Kaku no polo passivo da obrigação tributária. Mandatários Nos recursos voluntários apresentados, José Agostinho Miranda Simões (fls. 10.006 a 10.019), Luiz Alberto Panaro (fls. 9.992 a 10.003) e Nabil Akl Abdul Massih (fls. argumentam que foram funcionários da empresa FN Assessoria Empresarial Ltda, nos períodos de 02/07/2001 a 14/12/2014, 02/08/2005 a 08/11/2015 e 01/06/2001 a 08/08/2013, respectivamente. O coobrigado Paulo Roberto dos Santos Mina (fls. 10.528 a 10.538) argumenta que era funcionário da empresa Faroleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, porém prestava serviços na FN Assessoria Empresarial Ltda, face ao contrato de prestação de serviços com referida empresa. Todos alegam que foram responsabilizados tributariamente por terem recebido procuração limitada em função do seu emprego, porém, não contribuíram para nenhum ato ilícito nem administraram qualquer empresa. Acrescentam que os poderes que lhe foram outorgados se referiam, exclusivamente, ao assessoramento financeiro, para prestação de serviços contratados entre a FN Assessoria Empresarial Ltda e a DOV Óleos Vegetais Ltda, ou Faroleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda, no caso do coobrigado Paulo Roberto dos Santos Mina. Nos Termos de Sujeição Passiva Solidária constam que os coobrigados, nas condições de procuradores da fiscalizada, e de outras empresas do grupo, receberam procurações para agirem, especialmente junto a instituições financeiras, em nome das empresas do grupo, mantendo ocultos os reais administradores. Da análise da documentação a eles anexada é possível verificar que foram substabelecidos parcialmente aos coobrigados, os poderes originalmente concedidos à empresa patrimonial do grupo, a FN Assessoria Empresarial Ltda. Na procuração original, a FN Assessoria Empresarial Ltda possuía amplos poderes para representar a fiscalizada e demais empresas do grupo perante terceiros em geral, inclusive quaisquer bancos e instituições financeiras. Nos instrumentos outorgados aos mandatários José Agostinho Miranda Simões, Luiz Alberto Panaro, Nabil Akl Abdul Massih e Paulo Roberto dos Santos Mina, referidos poderes foram limitados para que eles representassem as empresas do grupo perante determinadas instituições financeiras, sempre em conjunto de dois entre si ou em conjunto com um dos sócios da substabelecedora. Os cartões de assinaturas obtidos junto às instituições financeiras, em nome dos coobrigados, decorrem, exclusivamente, das mencionadas procurações, específicas e limitadas a eles concedidas na condição de empregados da FN Fl. 10653DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.654 55 Assessoria Empresarial Ltda (José Agostinho, Luiz Alberto e Nabil Akl) e Faroleo Comércio de Produtos Alimentícios Ltda (Paulo Roberto), para prestação de serviços de assessoria financeira às demais empresas do grupo. Dessa forma, contrariamente ao afirmado pela fiscalização nos Termos de Sujeição Passiva Solidária, os mandatários não possuíam amplos poderes para representar a fiscalizada, mas apenas poderes específicos e limitados, vinculados à condição de empregados das empresas do grupo. Aliás, relativamente à relação de emprego dos mandatários com as empresas do grupo, a própria fiscalização reconhece que de acordo com as GFIPs Guias de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social das empresas do grupo, os mesmos ocupavam os cargos de "gerentes administrativos, financeiros ou de risco" e "escriturários em geral agentes". Acerca do objetivo de ocultarem os reais administradores do grupo mediante a utilização de procurações junto às instituições financeiras, sustentam os mandatários em seus recursos, que as instituições financeiras tinham todos os registros e documentos que identificavam as pessoas responsáveis pelas contratações, assim, não estaria o coobrigado agindo de forma a ocultar os reais administradores junto às instituições bancárias. A utilização de procurações para movimentação financeira junto às instituições revela, com frequência, a intenção dos reais administradores em ocultar seus nomes, todavia, no caso concreto em que os mandatários não possuíam qualquer poder de gerência sobre as empresas do grupo, tal conduta não pode ser a eles atribuída. Defendem os coobrigados que apesar do extenso relatório de solidariedade elaborado pelo Fisco, não foram descritas as condutas dos recorrentes que autorizariam suas responsabilizações, ao contrário, restou demonstrado que recebiam ordens de seus empregadores, recebendo salário em função do seu emprego. Acrescentou o coobrigado José Agostinho Miranda Simões que inexiste qualquer documento tratando de assuntos fiscais, mas de pessoal, pois cuidava da gestão interna da FN não tratando com clientes ou empresas atendidas pela empresa. Alegam que os atos praticados no assessoramento financeiro da empresa em nada influenciaram na autuação da DOV Óleos Vegetais Ltda, decorrente da omissão de receitas por arbitramento do lucro. De fato, no Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN, a acusação feita aos mandatários se limita à prática da atos junto às instituições financeiras com o objetivo de ocultar os reais administradores do Grupo FN, fato este que restou demonstrado insubsistente. As demais menções aos nomes dos mandatários no referido relatório são referentes às trocas de mensagens entre eles e os reais administradores ou demais colaboradores do grupo, todavia, tais mensagens não revelam que os mandatários tinham interesse comum nas situações que constituíram os fatos geradores ou agiram com excesso de poderes ou infração à lei ou contrato social, pois não possuíam qualquer poder de gerência e administração em nenhuma das empresas do grupo. Ao contrário, de acordo com os excertos do Relatório de Solidariedade Tributária das Pessoas Jurídicas Integrantes do Grupo FN abaixo transcritos, é possível verificar que os mandatários agiam conforme orientações dos reais administradores: Dentre os reais administradores, o senhor Nemr e a senhora Fátima eram tratados, por José Agostinho Miranda Simões (Miranda), procurador da FN, como "chefe" e "patroa", respectivamente, o que revela o poder de comando destes sobre pessoa que representava a FN perante terceiros, além do que, na mesma mensagem é nítido o poder decisório dos dois no tocante a alteração contratual de outra pessoa jurídica do Grupo, a FAS ANEXO 32: Fl. 10654DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.655 56 [...] Neste sentido, as mensagens abaixo transcritas também revelam o poder de comando dos reais administradores sobre os representantes da FN. a) Mensagem datada de 18/03/2011, relata reunião presidida pela real administradora, senhora Andréa, visando passar orientações gerais para contratação de funcionários da área de finanças do Grupo, com a presença dos "Líderes das Áreas Financeiras' das demais pessoas jurídicas do Grupo, especialmente: Faroleo, Multioleos, Sina Comércio, Dov, DMR, Fama... , revelando poder de comando da real administradora, senhora Andréa, sobre pessoas que representavam a FN perante terceiros (Paulo, Panaro e Nabil) ANEXO 33: [...] b) Mensagem datada de 13/01/2012 (às 19:35 hs), na qual a real administradora, Sra. Fátima, chama a atenção do Sr. Miranda (procurador), ameaçando demitir empregado subordinado deste, revelando assim pleno poder de comando da citada real administradora, sobre pessoa que representava a FN perante terceiros (Sr. Miranda) ANEXO 34: [...] c) Mensagem datada de 20/12/2012, produzida pela real administradora, Sra. Andréa, com cópia para real administrador, Sr. Simon, visando implementar rotinas de trabalho entre o comercial e o financeiro das fábricas do Grupo. Nesta mensagem, novamente, se revela poder de comando destes reais administradores, sobre pessoas que representavam a FN perante terceiros (Paulo, Panaro e Nabil) ANEXO 35: [...] d) Mensagem datada de 01/02/2013, em que o real administrador, senhor Mansour, ordena ao "procurador", Sr. Panaro, o depósito da quantia de R$ 10.000,00 para ele, no que foi atendido de pronto revelando poder de comando do citado real administrador, sobre pessoa que representava a FN perante terceiros (Panaro). Salientase que este atendimento foi suportado por outras duas pessoas jurídicas do Grupo Dov e Multioleos. Observação: Dova é o antigo nome da Dofar ANEXO 36: Diante do exposto, voto por afastar a responsabilidade solidária tributária atribuída aos coobrigados José Agostinho Miranda Simões, Luiz Alberto Panaro , Paulo Roberto dos Santos Mina e Nabil Akl Abdul Massih, face à falta de comprovação do interesse comum previsto no art. 124, I do CTN, e à inexistência da prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei ou contrato social, nos termos do art. 135, II. CONCLUSÃO Diante de todo o exposto, voto por conhecer o recurso voluntário da contribuinte, rejeitar as preliminares de nulidade e no mérito negarlhe provimento. Com relação aos recursos apresentados pelas demais coobrigadas, voto por não conhecer o recurso voluntário apresentado por Multióleos Óleos e Farelos Ltda, por intempestividade, e conhecer os demais recursos, rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, darlhes parcial provimento apenas para excluir do polo passivo do lançamento os coobrigados Luiz Tomaz Clete Filho, José Agostinho Miranda Simões, Luiz Alberto Panaro, Nabil Akl Abdul Massih e Paulo Roberto dos Santos Mina.. (assinado digitalmente) Fl. 10655DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.656 57 Milene de Araújo Macedo Voto Vencedor Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Redator Designado. Em que pese o entendimento da ilustre Relatora, que manteve a responsabilidade tributária pessoal do Sr. João Shoiti Kaku, durante as discussões em sessão, surgiu divergência que levou a conclusão diversa acerca da imputação da responsabilidade desse senhor. Assim, passo a expor os fundamentos da divergência e as conclusões às quais chegou o colegiado, relativamente à situação em análise. O caso em tela referese à atribuição da solidariedade tributária, com base no art. 124, I, e 135 do CTN, consubstanciado no fato de que Sr. João Shoiti Kaku fazia parte do grupo dos reais administradores da empresa, e, nesse condição, exercia a gestão e/ou administração das empresas do grupo, dentre elas a empresa autuada. A responsabilidade solidária do artigo 124, inciso I do CTN, utilizado pela autoridade fiscal para atribuir a responsabilidade solidária a este Senhor, não se aplica ao caso em análise. Vejamos: De acordo com o Código Civil, artigo 264, há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado à dívida toda. A solidariedade tributária referida no artigo 124, inciso I do CTN é atribuída às pessoas, seja física ou jurídica, que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. Ou seja, há interesse comum quando, por exemplo, determinada empresa regularmente constituída se una a uma outra pessoa, física ou jurídica, com escopo de executar determinado projeto. A receita advinda dos serviços prestados será objeto de tributação e, ambos, responderão solidariedade pelo adimplemento da obrigação. Assim, nos casos de responsabilidade solidária, decorrente do artigo 124, I do CTN, temos mais de um contribuinte para o mesmo fato gerador, e ambos participam da conduta que gera a obrigação tributária. O interesse comum do citado artigo legal não está relacionado a atos ilícitos, como também não é o interesse econômico. Com efeito, a doutrina deixa claro que o conceito de "interesse comum", referido no art. 124, I, do CTN, possui uma dimensão jurídica própria, e não um significado meramente econômico. Nesse sentido, é a lição de LUIS EDUARDO SCHOUERI: Mesmo que duas partes em um contrato fruam vantagens por conta do não recolhimento de um tributo, isso não será, por si, suficiente para que se aponte um interesse comum. Eles podem ter interesse comum em lesar o Fisco. Pode o comprador, até mesmo, ser conivente com o fato de o vendedor não ter recolhido Fl. 10656DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.657 58 o imposto que devia. Pode, ainda, ter tido um ganho financeiro por isso, já que a inadimplência do vendedor poder ter sido refletida no preço. Ainda assim, comprador e vendedor não tem interesse comum no fato jurídico tributário. 1 PAULO DE BARROS CARVALHO: Aquilo que vemos repetirse com freqüência, em casos dessa natureza, é que o interesse comum dos participantes no acontecimento factual não representa um dado satisfatório para a definição do vínculo de solidariedade. Em nenhuma dessas circunstâncias cogitou o legislador desse elo que aproxima os participantes do fato, o que ratifica a precariedade do método preconizado pelo inc. I do art. 124 do Código. Vale, sim, para situações em que não haja bilateralidade no seio do fato tributado, como, por exemplo, na incidência do IPTU, em que duas ou mais pessoas são proprietárias do mesmo imóvel. Tratandose, porém de ocorrências em que o fato se consubstancie pela presença de pessoas, em posições contrapostas, com objetivos antagônicos, a solidariedade vai instalarse entre os sujeitos que estiverem no mesmo pólo da relação, se e somente se for esse o lado escolhido pela lei para receber o impacto jurídico da exação. É o que se dá no imposto de transmissão de imóveis, quando dois ou mais são os compradores; no ICMS, sempre que dois ou mais forem os comerciantes vendedores; no ISS, toda vez que dois ou mais sujeitos prestarem um único serviço ao mesmo tomador. 2 RICARDO MARIZ DE OLIVEIRA O art. 124 diz que "são solidariamente obrigadas" as pessoas enquadradas num dos seus dois incisos, isto é, as que "tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal" (inciso I) e as que sejam "expressamente designadas por lei" (inciso II). Desta disposição normativa já se pode destacar que a solidariedade prevista no inciso I não é entre responsáveis, porque a solidariedade, especialmente nesse inciso, é ente pessoas que tenha o dever de cumprir a obrigação tributária como contribuintes, e assim o sejam desde o momento da ocorrência do respectivo fato gerador, para cuja ocorrência agiram pessoalmente e em relação à qual detém a respectiva capacidade tributária. Realmente, quando essa norma verdadeiramente prescreve em caráter geral a solidariedade tributária passiva das "pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal", está aludindo a interesse que deve ser diretamente relacionado ao fato gerador (à situação que o constitua) e que torna essas pessoas contribuintes por igual quanto à respectiva e única obrigação tributária. 1 Schoueri, Luis Eduardo. Direito Tributário. 2ª ed. Saraiva: 2012, p. 503 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, p. 311 Fl. 10657DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.658 59 Como dito anteriormente, nas situações objetivadas pelo inciso I do art. 124, a solidariedade nasce originária e naturalmente, a ponto de dispensar sua determinação por lei do poder tributante competente. Para ela, basta o CTN, ao contrário da solidariedade admitida pelo inciso II do mesmo artigo, que depende de norma específica. 3 JOSE JAYME DE MACEDO OLIVEIRA: Em sede tributária, o CTN enumera duas situações denunciativas da configuração da solidariedade de fato, no inciso I, e de direito, no inciso II. Quanto à primeira, embora o dispositivo não defina o que vem a ser "interesse comum", exsurge que envolve ela as pessoas que tenham participação comum no fato gerador, ou seja, que o hajam praticado conjuntamente. SE a hipótese de incidência de IPTU é a propriedade imobiliária urbana e se José e Maria são ambos donos de um único imóvel, há solidariedade entre ambos, sito é o Município pode exigir o pagamento do total do tributo de qualquer dos dois. Pagando um, o problema do ressarcimento pelo outro é questão nãotributária. 4 SACHA CALMON NAVARRO COELHO: O inciso I (do artigo 124 do CTN) noticia a solidariedade natural. É o caso dos dois irmãos que são coproprietários pro indiviso de um trato de terra. Todos são, naturalmente, co devedores solidários do imposto territorial rural (ITR). 5 RENATO LOPES BECHO: Que é ter interesse comum no fato gerador? Parecenos ser quando há mais de uma pessoa ocupando o mesmo pólo de uma relação jurídica (agora não de natureza tributária). Especifiquemos melhor. Há situações econômicas em que mais de uma pessoa ocupa uma mesma posição em relação a outras. É o ocorre na coopropriedade. Quando houver mais de um proprietário (contribuinte), haverá solidariedade entre eles". E ainda: " entre comprador e vendedor poderá haver solidariedade, mas essa não é decorrência de interesse comum entre eles., posto que os interesses são distintos, ainda que convergentes. Se existir solidariedade entre comprador e vendedor ela será decorrência da lei, tendo por fundamento a expressa disposição legal. Nos termos do art. 124 do CTN, essa eventual solidariedade estará baseada no artigo 124, II, e terá que ser composta com outra disposição normativa. 6 ANDRÉA M. DARZÉ: 3 Op. cit. 4 Oliveira, José Jayme Macedo de. Código Tributário Nacional Comentários. doutrina e Jurisprudência, p. 337 5 Curso de Direito Tributário Brasileiro. Ed. Forense. 7ª edição. p. 708 6 Becho, Renato Lopes. A Responsabilidade Tributária dos Sócios tem Fundamento Legal? RDDT 182/107. nov/2010. Fl. 10658DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.659 60 O mero interesse social, moral o econômico no pressuposto factico do tributo não autoriza a aplicação do artigo 124, I, do CTN. Deve haver interesse jurídico comum, que surge a partir da existência de direito e deveres idênticos, entre pessoas situadas no mesmo pólo da relação jurídica de direito privado tomada pelo legislador como suporte factual da incidência do tributo, ou mais de uma pessoa realizando o verbo eleito como critério material do tributo, quando esta representar situação jurídica. 7 No caso em concreto, o fato gerador tributário considerado foi "auferir receitas", do que decorreu a tributação pelo IRPJ e seus reflexos, apuradas a partir das notas fiscais eletrônicas emitidas pela empresa autuada. Não há como afirmar, e nem restou demonstrado isso nos autos, de que o Sr. João Shoiti Kaku participou de alguma forma no fato gerador do imposto. A pessoa jurídica auferiu receitas, não este senhor, portanto, não há que se falar na aplicação do artigo consignado. Por outro lado, vêse que a fiscalização emitiu o Termo de Sujeição Passiva contra Sr. João Shoiti Kaku também fundamentado no artigo 135, do CTN. Este artigo, de fato, estabelece hipótese de responsabilidade pessoal e não solidária aplicável em situações nas quais o nascimento da obrigação tributária resulta de atos praticados pelas pessoas lá relacionadas à margem de suas atividades funcionais, muitas vezes em proveito próprio. Porém, para atribuir a responsabilidade pessoal do Sr. João Shoiti Kaku, necessariamente os agentes fiscais deveriam comprovar a infração funcional praticada, por violação da lei ou do estatuto social. Assim , deveria a fiscalização comprovar que o referido coobrigado teria agido com excesso de poderes, ou extrapolando as suas atribuições próprias, no caso, de gestão. Confirase os termos do referido artigo 135, CTN: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. É ônus da Administração Fazendária a individualização da conduta fraudulenta praticada pelo coobrigado apontado no Termo de Sujeição Passiva, além da prova que deve ser feita, em relação a cada pessoa apontada. Com efeito, considerando que a responsabilidade do artigo 135 do CTN representa uma penalidade pela prática de ato ilícito, é evidente que somente o próprio autor da infração pode sofrer as suas conseqüências, não podendo essa responsabilidade ser generalizada e atribuída indistintamente, sem que tenha sido demonstrado no que consistiu a suposta infração cometida por cada um dos coobrigados apontados. 7 Darzé, Andréa M. Responsabilidade Tributária solidariedade e Subsidiariedade. Ed. Noeses. 2010, p. 231 Fl. 10659DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.660 61 A jurisprudência do CARF também deixa clara a necessidade de individualização de condutas praticadas por cada coobrigado para que lhe seja atribuída a responsabilidade prevista no artigo 135, do CTN, bem como a demonstração (prova) da prática do ato ilícito de maneira dolosa, senão vejamos: RESPONSABILIDADE DE TERCEIRO. NECESSIDADE DE INDICAR A CONDUTA ILÍCITA PRATICADA PELO AGENTE E O REFLEXO DESTA NO NÃO PAGAMENTO DO TRIBUTO. O sócio, o gerente ou administrador pode vir a ser terceiro responsável não pelo fato de guardar tal condição, mas sim por ato ilícito que venha a praticar. Neste sentido, para se atribuir responsabilidade aos diretores, é necessário apontar a conduta praticada por estes. No caso dos autos, atribuiuse a responsabilidade com base no artigo 135, III, do CTN, que trata de "atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos". No entanto, a autoridade autuante não descreveu um único fato supostamente praticados pelos agentes indicados que refletisse conduta destes caracterizando infração à lei ou aos estatutos da empresa. Em síntese, imputou se responsabilidade pelo simples fato de que o nome das referidas pessoas constava da ata de eleição do Conselho de Administração, situação que revela absolutamente incabível. Recurso de ofício negado. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10510.722642/201172, Acórdão 1402001.197, Data da Sessão: 13.9.2013). No caso, penso evidenciar dos autos que o Sr. João Shoiti Kaku, não agiu de forma fraudulenta ou dolosa, praticando atos com excesso de poderes ou violação à lei, contrato social ou estatuto, até porque as provas existentes nos autos não evidenciam que este senhor tinha poder de ingerência sobre o Grupo, demonstrando apenas que prestava serviços de consultoria financeira, sem qualquer domínio das atividades e decisões formadas pelos efetivos controladores do grupo. A fiscalização apontou como elemento probatório de ilicitude a conversa telefônica que o Senhor João Shoiti Kaku realizou com a funcionária do Banco Fibra, apontando que essa conversa demonstraria que ele possuía domínio sobre a estrutura do Grupo, por apresentar sua estrutura. Não penso assim. Sendo este senhor, como de fato demonstram os autos, consultor financeiro da autuada, e responsável pela obtenção de limite de créditos em instituições financeiras, é razoável, para o exercício de sua atividade funcional, que ele conheça e informe a estrutura societária das empresas que buscam crédito, pois certamente tais informações são necessárias para o processo de análise do crédito bancário solicitado. Digno de registro que, conforme mencionado no próprio relatório da Operação Yellow, a estrutura societária do grupo era de conhecimento de outras instituições financeiras, o que demonstra que o Sr. João Shoiti Kaku, em sua conversa com a funcionária do Banco Fibra, não estava a relatar questões minuciosas reveladoras de domínio sobre o Grupo. Fl. 10660DF CARF MF Processo nº 10825.722771/201504 Acórdão n.º 1301002.744 S1C3T1 Fl. 10.661 62 Assim, penso que a degravação apontada no Termo de Sujeição Passiva Solidária não justifica a permanência do Sr. João Shoiti Kaku no polo passivo da autuação fiscal. Outro ponto destacado como elemento probatório da sua classificação como dono do negócio foi a sua suposta posição de diretor financeiro do Grupo. Para comprovar este fato, a fiscalização valeuse, entre outros elementos, de mensagens eletrônicas de marcações de reuniões com a participação do Sr. João Shoiti Kaku. Ora, a mera participação em reuniões com integrantes do Grupo, para tratar, em tese, de assuntos relacionados à obtenção de limite de crédito em instituições financeiras, não revela a prática de algum ato doloso e ilícito, contrário à lei ou ao estatuto social. Participação em reunião também não revela que o Sr. João Shoiti Kaku exercia a função de gerente ou diretor financeiro do Grupo, pois, para tal constatação, deveria a investigação colher mais provas nesse sentido, o que não foi feito. Inexiste nos autos, por exemplo, registro de Ata de Assembléia nomeando o referido senhor para tal cargo, ou mesmo Ata deliberativa de assuntos diversos com a participação desse senhor na qualidade de gerente ou diretor da empresa autuada, ou ainda procuração para agir em nome da sociedade, etc. Assim, evidenciase que não há provas nos autos que demonstrem a condição de diretor ou gerente financeiro do Sr. João Shoiti Kaku junto ao Grupo, bem com não há qualquer indício de sua participação no comando das operações do Grupo, razão pela qual deve ser afastada sua responsabilização solidária e pessoal pelos créditos tributários constituídos contra a empresa autuada. Conclusão Por esses fundamentos, voto por excluir do polo passivo da obrigação tributária o Sr. João Shoiti Kaku. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 10661DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.720214/2007-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL.
As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de um novo acórdão. Art. 66 do Regimento Interno do CARF.
Numero da decisão: 2401-005.425
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos. No mérito, por maioria, em acolhê-los, sem efeitos modificativos, para sanar a inexatidão material e alterar o dispositivo do acórdão embargado. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess e Miriam Denise Xavier que negavam provimento aos embargos.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess.
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de um novo acórdão. Art. 66 do Regimento Interno do CARF.
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INEXATIDÃO MATERIAL. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de um novo acórdão. Art. 66 do Regimento Interno do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 02 14 /2 00 7- 46 Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10530.720214/200746 Acórdão n.º 2401005.425 S2C4T1 Fl. 378 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos. No mérito, por maioria, em acolhêlos, sem efeitos modificativos, para sanar a inexatidão material e alterar o dispositivo do acórdão embargado. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess e Miriam Denise Xavier que negavam provimento aos embargos. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess. Fl. 378DF CARF MF Processo nº 10530.720214/200746 Acórdão n.º 2401005.425 S2C4T1 Fl. 379 3 Relatório Cuidase de embargos em face do Acórdão nº 2101002.395, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (fls. 205/223), cuja ementa e dispositivo estão assim redigidos: NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não é nulo o lançamento que preenche os requisitos do artigo 11 do Decreto n.º 70.235, de 1972, cujos fatos enquadrados como infração estão claramente descritos e adequadamente caracterizados, permitindo ao contribuinte o exercício da ampla defesa. SUJEIÇÃO PASSIVA. COMPROVAÇÃO DA PROPRIEDADE. São contribuintes do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Comprova a propriedade do bem imóvel a Certidão de Matrícula no Cartório de Registro de Imóveis competente. Na hipótese, não ficou comprovado que matrícula do imóvel rural tenha sido cancelada, na forma da lei. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. A diligência ou perícia não se presta à produção de prova documental que deveria ter sido juntada pelo sujeito passivo para contrapor aquelas feitas pela fiscalização. ÁREA DE RESERVA LEGAL. COMPROVAÇÃO. Admitese, para o cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, a exclusão da Área de Reserva Legal, desde que, em data anterior à da ocorrência do fato gerador do tributo, tenha sido averbada à margem da matrícula do imóvel rural no Cartório de Registro de Imóveis competente. Na hipótese, não se comprovou a averbação da área de reserva legal ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para a exclusão da Área de Preservação Permanente declarada da área total do imóvel rural, necessário apresentar Ato Declaratório Ambiental ADA protocolado junto ao órgão de controle do meio ambiente. Na hipótese, a interessada não logrou comprovar a Área de Preservação Permanente por meio de documento hábil. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS SIPT. UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DECLARADO. O VTN médio declarado por Município, constante do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, sem considerar levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura da Unidade Federada ou do Município, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, por contrariar o disposto no artigo 14, § 1.º, da Lei n.º 9.393, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10530.720214/200746 Acórdão n.º 2401005.425 S2C4T1 Fl. 380 4 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso. O juízo de admissibilidade dos embargos foi feito pelo Presidente da 2ª Seção de Julgamento do CARF, nos termos do despacho de fls. 371/376: [...] a) INEXATIDÃO MATERIAL No v. acórdão, ora embargado, a Conselheira Relatora esclareceu, em seu voto, que a decisão proferida pelo Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia(TJBA) determinou a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural(ITR) correspondente à Fazenda Taboleirinho, objeto do presente processo, registrando que tal decisão deverá ser cumprida pela Receita Federal do Brasil. Confirase: "Salientamos, por fim, que a decisão proferida pelo Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, no processo administrativo n° 000920757.2013.8.05.0000, determinou a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR correspondente aos imóveis cujas matrículas foram bloqueadas, decisão esta que deve ser cumprida pela repartição de origem, nos termos em que foi exarada." (Grifouse; fl. 222) Na ocasião do julgamento do recurso voluntário da ora EMBARGANTE, após ter sido debatida pelos integrantes dessa Ia Turma, a determinação referida acima foi acolhida por todos os Conselheiros. No entanto, tal determinação deixou de constar do respectivo acórdão. Confirase: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso.". b) ERRO DE FATO 01 10.Em seu voto. a Conselheira Relatora afirma que, embora entenda que há indícios veementes da ocorrência de fraude, em razão da constatação da inexistência da matrícula 5817, a qual Fl. 380DF CARF MF Processo nº 10530.720214/200746 Acórdão n.º 2401005.425 S2C4T1 Fl. 381 5 originou as matrículas 1879 e 1927, a EMBARGANTE ainda teria legitimidade passiva em relação à cobrança dos débitos de ITR lançados por meio da Notificação de Lançamento originária deste Processo Administrativo, pois ainda não haveria uma decisão definitiva da questão. [...] c) ERRO DE FATO 02 16.A respeito da comprovação da inexistência da matrícula 5817, a qual originou as matrículas 1879 e 1927 do imóvel em questão, consta o seguinte do v. acórdão embargado: "Às fls. 204, foi anexada Certidão do Cartório de Registro de Imóveis e Hipotecas do Primeiro Ofício da Comarca de Barreiras (BA), na qual certifica não constar, dos arquivos do Cartório, a ficha da matrícula Rl5817 em 4 de maio de 1983 Protocolo 13.632 de 29 de abril de 1983, em nome de Ahyrton Carvalho Franca. Por ser relevante para este processo, o documento será também considerado na presente análise. [...] O Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, no seu artigo 65, prevê a possibilidade dos embargos declaratórios. Transcrevemos. Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Do b) ERRO DE FATO 01 e c) ERRO DE FATO 02 O art. 65 do RICARF permite os embargos de declaração quando revelados no acórdão proferido os vícios ali descritos, não se prestando a analisar inconformidade no decisum, a qual deve ser debatida em via própria. Os argumentos carreados informam que o embargante busca juízo de retratação da decisão, com exame de elementos de prova, através de meio que não tem o condão de alcançar esse fim. Assim, temos que não assiste razão ao embargante quanto aos vícios apontados, pois não restou demonstrado que o r. acórdão deixou de se pronunciar sobre alguma questão suscitada pelas partes, tampouco se apontou obscuridade ou contradição entre os fundamentos e a conclusão do julgado. Vejamos jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10530.720214/200746 Acórdão n.º 2401005.425 S2C4T1 Fl. 382 6 ESPECIAL. ART. 535, I E II, DO CPC/1973. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. AUSÊNCIA. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. DESCABIMENTO. 1. Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 535, I e II, do CPC/1973, destinamse a suprir omissão, afastar obscuridade ou eliminar contradição existente no julgado, o que não ocorre na hipótese em apreço. 2. Não são cabíveis os presentes embargos, haja vista que a real intenção da parte embargante não é sanar alguma omissão, contradição ou obscuridade no acórdão impugnado, e, sim, rediscutir o quanto decidido, buscando efeitos infringentes em situação na qual não são cabíveis. 3. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte. Nesse sentido: STJ, REsp 739.711/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJU de 14/12/2006. 4. Registrese, ainda, que não se pode confundir decisão contrária ao interesse da parte com ausência de fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional. Em tal sentido: STJ, REsp 801.101/MG, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe de 23/4/2008. (...)(EDcl nos EDcl nos EREsp 784394 / RS , DJe 17/08/2016) (Grifouse.) Do que posto, temos que as matérias: b) ERRO DE FATO 01 e c) ERRO DE FATO 02, não são passíveis de análise via embargos de declaração, uma vez que não restou demonstrada nenhuma das hipóteses do art. 65 retro. Quanto ao tópico a) INEXATIDÃO MATERIAL, devem ser admitidos os aclaratórios para sanear a omissão da decisão proferida quanto a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Conclusão Diante do exposto, devese acolher parcialmente os Embargos de Declaração, submetendo os autos novamente à apreciação do Colegiado, com vistas a sanar o vício apontado pelo Embargante, referente à matéria: a) INEXATIDÃO MATERIAL. É o relatório. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 10530.720214/200746 Acórdão n.º 2401005.425 S2C4T1 Fl. 383 7 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Tratamse de embargos de declaração (erros de fato 01 e 02) e embargos inominados (inexatidão material), que, nos termos do despacho de admissibilidade, foram apenas acolhidos os aclaratórios para sanar erro material constante na parte do dispositivo do Acórdão nº 2101002.395. Em relação aos Erros de Fato (01 e 02), apontados pelo recorrente, constatou se que não são passíveis de análise via embargos de declaração, uma vez que não restou demonstrada nenhuma hipótese do art. 65 do Regimento Interno do CARF. No tocante a INEXATIDÃO MATERIAL, embargo inominado (art. 66 do RICARF), verificouse a necessidade de sanear a omissão da decisão do Acórdão nº 2101 002.395 (fls. 205/223), quanto a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Compulsando os autos, verificase que sobre a matrícula do imóvel nº 1879 (NIRF nº 5.696.1642), objeto da notificação de lançamento, existe uma questão administrativa judicial a ser decidida no âmbito do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça da Bahia. Neste sentido, é o teor do Acórdão no Recurso Administrativo nº 000920757.2013.8.05.0000, fls. 185/198. Portanto, devese alterar a parte do dispositivo, para que também seja incluído a informação referente à suspensão do pagamento do ITR, considerando que essa informação já consta dos fundamentos do acórdão referenciado. Onde se lê: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10530.720214/200746 Acórdão n.º 2401005.425 S2C4T1 Fl. 384 8 Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso. Leiase Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para, restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso, devendo a unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de jurisdição adotar as providencias cabíveis, nos termos da decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (Acórdão Processo Administrativo nº 000920757.2013.8.05.0000), que suspendeu o pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR. Conclusão Em vista do exposto, voto no sentido de conhecer dos embargos e, no mérito, acolhêlos parcialmente a fim de sanar a INEXATIDÃO MATERIAL no Acórdão nº 2101 002.395, para incluir na parte do dispositivo conforme acima. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 384DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.004273/2003-66
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/1994 a 30/09/1994
PIS. TERMO A QUO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO DECADÊNCIA/PRESCRIÇÃO. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. TRIBUNAIS SUPERIORES. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF (ART. 62, § 2º, Anexo II, DO RICARF). IRRETROATIVIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. PEDIDO FORMULADO ANTES DE 09/06/2005. SÚMULA CARF 91.
Em conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do art. 4° da LC 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratando-se de pedido de restituição de tributos, in casu, formulado anteriormente à vigência de aludida Lei Complementar, o prazo a ser observado é de 10 anos (tese dos 5 + 5), contando-se a partir do fato gerador, pois o pedido foi formulado anteriormente a 9.6.05.
Numero da decisão: 9303-006.746
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de Origem.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1959; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10768.004273/200366 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303006.746 – 3ª Turma Sessão de 16 de maio de 2018 Matéria PIS. RESTITUIÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. Recorrente QUÍMICA INDUSTRIAL FIDES S A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/1994 a 30/09/1994 PIS. TERMO A QUO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO DECADÊNCIA/PRESCRIÇÃO. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. TRIBUNAIS SUPERIORES. NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF (ART. 62, § 2º, Anexo II, DO RICARF). IRRETROATIVIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. PEDIDO FORMULADO ANTES DE 09/06/2005. SÚMULA CARF 91. Em conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do art. 4° da LC 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratandose de pedido de restituição de tributos, in casu, formulado anteriormente à vigência de aludida Lei Complementar, o prazo a ser observado é de 10 anos (tese dos 5 + 5), contandose a partir do fato gerador, pois o pedido foi formulado anteriormente a 9.6.05. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de Origem. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 42 73 /2 00 3- 66 Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10768.004273/200366 Acórdão n.º 9303006.746 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra Acórdão nº 330200.416, que negou provimento ao recurso voluntário. O colegiado a quo julgou prescrito o direito do contribuinte à restituição pleiteada, considerando o prazo quinquenal contado a partir da data do pagamento indevido. No caso, o pedido de restituição foi apresentado pelo contribuinte em 15/05/2003, amparado em pagamentos relativos a fatos geradores ocorridos entre 31/03/1994 e 30/09/1994. Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão argumentando, em síntese, que no presente caso o processo teve início antes da vigência da LC 118/05 – e que, por conseguinte, aplicável o prazo prescricional de 5 anos, contados do fato gerador, acrescido de mais 5 anos, conforme precedentes do STJ. Mediante despacho de admissibilidade do Presidente da Câmara competente do CARF foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo. Contrarrazões ao recurso não foram apresentadas pela Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.745, de 16/05/2018, proferido no julgamento do processo 10166014258/200143, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.745): "Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo, em respeito ao art. 67, do RICARF/2015 – Portaria MF343/2015 com alterações posteriores. No que tange à discussão acerca do termo inicial a ser considerado para a contagem do prazo prescricional/decadencial, importante trazer que, com a alteração promovida pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010, que introduziu o art. 62A ao Regimento Interno do CARF, determinando que as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10768.004273/200366 Acórdão n.º 9303006.746 CSRFT3 Fl. 4 3 recursos no âmbito do CARF (dispositivo atual – art. 62, § 2º, Anexo I, do RICARF/15 – Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015)), essa questão não mais comportaria debates. Vêse que tal matéria havia sido objeto de decisão do STJ em sede de recursos repetitivos, na apreciação do REsp nº 1110578/SP, de relatoria do Ministro Luiz Fux (data do julgamento 12/05/2010). O que peço licença para transcrever a ementa (Grifos meus): “Ementa: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO DE OFÍCIO 1. O prazo de prescrição quinquenal para pleitear a repetição tributária, nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, é contado da data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, a teor do disposto no artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. (Precedentes: REsp 947.233/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 10/08/2009 AgRg no REsp 759.776/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 20/04/2009; REsp 857.464/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 02/03/2009; AgRg no REsp 1072339/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/02/2009, DJe 17/02/2009; AgRg no REsp. 404.073/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJU 31.05.07; AgRg no REsp. 732.726/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Primeira Turma, DJU 21.11.05) 2. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo em controle concentrado, pelo STF, ou a Resolução do Senado (declaração de inconstitucionalidade em controle difuso) é despicienda para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício. (Precedentes: EREsp 435835/SC, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2004, DJ 04/06/2007; AgRg no Ag 803.662/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ 19/12/2007) 3. In casu, os autores, ora recorrentes, ajuizaram ação em 04/04/2000, pleiteando a repetição de tributo indevidamente recolhido referente aos exercícios de 1990 a 1994, ressoando inequívoca a ocorrência da prescrição, porquanto transcorrido o lapso temporal quinquenal entre a data do efetivo pagamento do tributo e a da propositura da ação. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008". (Resp nº 1110578/SP, Rel. Min. Luiz Fux, data do julgamento 12052010, DJe de 21/05/2010; RT vol. 900 p. 204) (Negritos acrescentados)” Não obstante ao termo inicial, vêse que há outra questão sob lide, qual seja, o prazo para se pleitear a repetição de indébito da LC 118 – que, por sua vez, também tratou da definição do termo a quo para a aplicação do prazo decadencial – na discussão acerca do prazo de 5 anos ou 10 anos. Nesse ponto, a matéria também foi decidida pelo STJ, inclusive definindo de forma clara o termo inicial a ser considerado, sob procedimento de recursos repetitivos, no julgamento do Recurso Especial n°1.002.932 SP, ao apreciar o texto trazido pela Lei Complementar n° 118/05. Após apreciação da matéria, o STJ firmou o entendimento de que, relativamente aos pagamentos indevidos efetuados anteriormente à Lei Complementar n° 118/05, o prazo prescricional para a restituição do indébito permaneceria regido pela tese dos “cinco mais Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10768.004273/200366 Acórdão n.º 9303006.746 CSRFT3 Fl. 5 4 cinco”, isto é, pelo prazo de dez anos, limitado, porém, a cinco anos contados a partir da vigência daquela lei. O Supremo Tribunal Federal, por conseguinte, enfrentando o tema, decidiu, no âmbito do Recurso Extraordinário 566.621RS (04/08/2011), ser aplicável o novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Eis o decidido: “RE 566621 / RS RIO GRANDE DO SUL RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 04/08/2011 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe195 DIVULG 10102011 PUBLIC 11102011 EMENT VOL0260502 PP00273 DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Ou seja, para os pedidos de repetição de indébito apresentados anteriormente a 9 de junho de 2005, poderseia considerar o prazo prescricional/decadencial de 10 anos contado do fato gerador. Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10768.004273/200366 Acórdão n.º 9303006.746 CSRFT3 Fl. 6 5 Para melhor compreensão, transcrevo a ementa do referido acórdão: “PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566.621 Rio GRANDE DO Sul. RELATORA : MIN. ELLEN GRACIE DIREITO TRIBUTÁRIO LEI INTERPRETATIVA APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 DESCABIMENTO VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. O que resta reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Eis a Súmula 91: “Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.” Em vista de todo o exposto, temse que, no caso vertente, o pedido de restituição foi protocolado em 8.11.01 (Despacho decisório – fl. 262) envolvendo créditos de pagamento indevido de PIS nos meses de novembro de 1995 a março de 1996. Considerando que o pedido foi anterior a 9.6.05, aplicase o prazo prescricional de 10 anos – o que resta afastada a prescrição no caso vertente. Em vista de todo o exposto, dou provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, com retorno à DRF unidade de origem para apreciação do mérito do pedido." No presente processo o pedido de restituição foi protocolado em 15/05/2003, amparado em créditos oriundos de recolhimentos a maior relativo a fatos geradores ocorridos entre 31/03/1994 e 30/09/1994. Portanto, da mesma forma que no caso do paradigma, sendo o pedido anterior a 09/06/2005, aplicável o prazo prescricional de 10 anos contados a partir do fato gerador, do que se conclui não ter ocorrido a prescrição no caso vertente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento, para afastar a prescrição determinando o retorno dos autos à unidade de origem para apreciação do mérito do pedido. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 320DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.721683/2011-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/04/2009
COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS COM EMPRESAS COMERCIAIS EXPORTADORAS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA.
Incide contribuição previdenciária sobre o valor da comercialização de produto rural com empresas comerciais exportadoras, ainda que com o fim específico de exportação.
A imunidade constitucional prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da CF/1988 somente se aplica ao caso em que o produtor efetua venda direta a adquirente domiciliado no exterior.
Numero da decisão: 9202-006.590
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Cecília Lustosa da Cruz (relatora), Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2006 a 30/04/2009 COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS RURAIS COM EMPRESAS COMERCIAIS EXPORTADORAS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. Incide contribuição previdenciária sobre o valor da comercialização de produto rural com empresas comerciais exportadoras, ainda que com o fim específico de exportação. A imunidade constitucional prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da CF/1988 somente se aplica ao caso em que o produtor efetua venda direta a adquirente domiciliado no exterior.
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CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. Incide contribuição previdenciária sobre o valor da comercialização de produto rural com empresas comerciais exportadoras, ainda que com o fim específico de exportação. A imunidade constitucional prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da CF/1988 somente se aplica ao caso em que o produtor efetua venda direta a adquirente domiciliado no exterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 16 83 /2 01 1- 81 Fl. 351DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Cecília Lustosa da Cruz (relatora), Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado). (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto Procuradoria da Fazenda Nacional contra o Acórdão n.º 2301003.063 proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 04 de junho de 2014, no qual restou consignada a seguinte ementa: “CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECEITA DECORRENTE DE EXPORTAÇÃO. PRODUTOR RURAL. VENDA COMERCIAL EXPORTADORA. IMUNIDADE. A receita auferida com a venda de mercadorias à comercial exportadora é receita decorrente de exportação e, portanto, imune à incidência das contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico, nos termos do inciso I, §2º do art. 149 da Constituição Federal. SENAR. RECEITA DECORRENTE DE EXPORTAÇÃO. PRODUTOR RURAL. VENDA COMERCIAL EXPORTADORA. CONTRIBUIÇÃO DEVIDA. A imunidade prevista no §2º do art. 149 da Constituição Federal apenas abrange as contribuições sociais e destinadas à intervenção no domínio econômico, não se estendendo ao SENAR, que se trata de contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas. Recurso Voluntário Provido em Parte.” Fl. 352DF CARF MF Processo nº 11020.721683/201181 Acórdão n.º 9202006.590 CSRFT2 Fl. 3 3 Conforme consta do Relatório Fiscal, fls. 21 a 37, o crédito tributário fora constituído porque a fiscalização constatou que a empresa não recolheu as contribuições previdenciárias devidas, bem como às destinadas ao SENAR, sobre as receitas provenientes da comercialização dos produtos com adquirentes do mercado interno. Foram lavrados dois autos de infração: a) AI DEBCAD n.º 37.245.1209 (contribuições a cargo da empresa e relativas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho); e b) AI DEBCAD n.º 37.302.4134 (contribuições destinadas ao SENAR provenientes da comercialização da produção rural para destinatários no mercado interno). Irresignada, o ora Recorrente impugnou a autuação requerendo, em síntese: a imunidade das receitas advindas da exportação, considerando que as contribuições de interesse de categoria profissional e econômica, como no caso o SENAR, são espécies do Gênero denominado contribuição social, estando ao alcance da imunidade prevista no § 2º do art. 149 da Constituição Federal; bem como a imunidade sobre os valores decorrentes da venda interna, pois tratase de exportação via comercial exportadora, fazendo jus, assim, à imunidade. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento entendeu pela procedência parcial da impugnação com a alteração do crédito tributário, em razão da comprovação de devoluções de venda, cujos valores foram abatidos do valor originalmente autuado. Contudo, em decorrência da análise do Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, foi reformada a decisão e dado provimento parcial ao recurso, diante das seguintes considerações: a) as receitas decorrentes das vendas realizadas às comerciais exportadoras não devem ser incluídas na base de cálculo das contribuições previdenciárias. Seguindo este entendimento, tampouco há que se falar na incidência das contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT); b) tendo a natureza de contribuições de interesse das categorias profissionais, a contribuição ao SENAR não está incluída na regra de imunidade prevista no inciso I §2 º art. 149 da Constituição. Posteriormente, foi interposto Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional, fls. 288 a 303, com o fito de rediscutir a aplicação da imunidade tributária prevista no art. 149 da Constituição Federal sobre à receita bruta decorrente da exportação, quando as exportações são realizadas por empresa comercial exportadora, no qual, acerca da divergência, a Recorrente Sustenta que o Acórdão vergastado adotou entendimento distinto do posicionamento adotado nos Acórdãos nº 230201.599 e 20600.638. Foi realizado exame de admissibilidade, fls. 306 a 308, sendo dado seguimento ao citado Recurso para a rediscussão da questão suscitada. No que se refere ao mérito, a Recorrente aduz, em síntese, que: a) as receitas obtidas pelo produtor rural ao comercializar sua produção com empresas comerciais exportadoras têm natureza Fl. 353DF CARF MF 4 de receita proveniente do comércio interno, não havendo que se falar, ainda, em exportação e, portanto devem incidir as contribuições sociais; b) o privilégio fiscal é circunscrito pela norma imunizante e é direcionado apenas às receitas derivadas, originadas de atos diretamente vinculados à operação de exportação, não se aplicando às operações antecedentes ou intermediárias destinadas a exportação, tais como as receitas obtidas de venda a empresa comercial exportadora (trading company) as quais são provenientes de negócios jurídicos no comércio interno, não se tratando de exportação; c) não se deve fazer interpretação extensiva ao referido dispositivo constitucional, recomendando a hermenêutica uma interpretação restritiva das normas que estabelecem exceções, notadamente, as normas imunizantes, na órbita objetiva, que excepcionam a regra geral de tributação, ao contrário da exegese imprimida à ordem subjetiva; d) o acórdão recorrido merece reforma devendo ser restabelecida a decisão de primeira instância que manteve o lançamento em sua inteireza. Por meio de contrarrazões, fls. 313 a 317, a Contribuinte não se insurgiu relativamente ao conhecimento do recurso, sustentando, em síntese, quanto ao mérito: a) da leitura do art. 149 da CF, bem como do art. 3º do Decreto Lei 1.248/72, é de se concluir que o produtorvendedor está isento do pagamento das contribuições sociais incidentes sobre a renda referente a todo e qualquer tipo de exportação; b) a intenção do legislador constituinte, ao introduzir a norma imunizante, foi de desonerar os produtos brasileiros destinados ao exterior, com o objetivo de tornálos competitivos no mercado internacional; c) a imunidade não deve ser interpretada de forma restritiva, mas sim de modo a tingir a finalidade do legislador constitucional ao criála; d) o Poder Executivo extrapolou sua função meramente reguladora, ao limitar a abrangência da referida norma imunizante para as operações de exportação direta, no § 1º do art. 245 da IN n.º 03/2005; e) a IN MPS SRP n.º 03/2005 colocouse em franco descompasso com os dispositivos da CF, merecendo, portanto, em face da sua inconstitucionalidade, ser refutado como norma geral de conduta; f) frente ao claro equívoco incorrido pela fiscalização, temos como impositiva a anulação do lançamento guerreado, haja vista a expressa determinação de imunidade por norma constitucional. Posteriormente, foi apresentado, juntamente com suas contrarrazões, Recurso Especial da Contribuinte, às fls. 318 a 323, contudo, não houve cumprimento do requisito de Fl. 354DF CARF MF Processo nº 11020.721683/201181 Acórdão n.º 9202006.590 CSRFT2 Fl. 4 5 apresentação de divergência, motivo pelo qual foi negado seguimento ao recurso, conforme Despacho de Admissibilidade de fls. 341 a 343. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Ana Cecília Lustosa da Cruz – Relatora Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e presentes os requisitos de admissibilidade. Conforme narrado, a controvérsia suscitada reside em definir se a receita decorrente da transação comercial de venda de mercadorias para empresa comercial exportadora pode ser considerada como receita decorrente de exportação e, por conseqüência lógica, se tal receita é imune à incidência das contribuições sociais previdenciárias. Sustenta a Recorrente que as receitas obtidas pelo produtor rural ao comercializar sua produção com empresas comerciais exportadoras têm natureza de receita proveniente do comércio interno, não havendo que se falar, ainda, em exportação e, portanto devem incidir as contribuições sociais. Ademais, aduz a Fazenda que não se deve fazer interpretação extensiva dispositivo constitucional em questão (art. 149), recomendando a hermenêutica uma interpretação restritiva das normas que estabelecem exceções, notadamente, as normas imunizantes, na órbita objetiva, que excepcionam a regra geral de tributação, ao contrário da exegese imprimida à ordem subjetiva. Com outro viés, alega a Recorrida que a intenção do legislador constituinte, ao introduzir a norma imunizante, foi de desonerar os produtos brasileiros destinados ao exterior, com o objetivo de tornálos competitivos no mercado internacional. Assim, para a Contribuinte a imunidade não deve ser interpretada de forma restritiva, mas sim de modo a tingir a finalidade do legislador constitucional ao criála. E, além disso, assevera que o Poder Executivo extrapolou sua função meramente reguladora, ao limitar a abrangência da referida norma imunizante para as operações de exportação direta, no § 1º do art. 245 da IN n.º 03/2005. 1. Da imunidade da receita decorrente de exportação indireta trading companies As trading companies atuam como intermediadoras na representação e comercialização de produtos no comércio internacional, possibilitando não só uma considerável agilidade na condução dos procedimentos, como também uma maior inserção da produção econômica nacional no comércio exterior. Com o escopo de desenvolver e estimular as exportações de produtos nacionais, foi editado o Decretolei 1.248/72, recepcionado pela atual Constituição, Fl. 355DF CARF MF 6 concedendo uma série de incentivos fiscais às operações realizadas pelas trading companies, quando tiverem por objeto específico atividades ligadas ao envio de produtos pátrios ao exterior, conforme se depreende da leitura dos artigos 1º e 2º do referido Decreto abaixo transcritos: Art.1º As operações decorrentes de compra de mercadorias no mercado interno, quando realizadas por empresa comercial exportadora, para o fim específico de exportação, terão o tratamento tributário previsto neste DecretoLei. Parágrafo único. Consideramse destinadas ao fim específico de exportação as mercadorias que forem diretamente remetidas do estabelecimento do produtorvendedor para: a) embarque de exportação por conta e ordem da empresa comercial exportadora; b) depósito em entreposto, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, sob regime aduaneiro extraordinário de exportação, nas condições estabelecidas em regulamento. Art. 3º São assegurados ao produtorvendedor, nas operações de que trata o artigo 1º deste Decretolei, os benefícios fiscais concedidos por lei para incentivo à exportação, à exceção do previsto no artigo 1º do Decretolei nº 491, de 05 de março de 1969, ao qual fará jus apenas a empresa comercial exportadora. (Redação dada pelo DecretoLei nº 1.894, de 1981) (Vide DecretoLei nº 2.134, de 1984) (Vide DecretoLei nº 2.397, de 1987) (Vide DecretoLei nº 2.413, de 1988) Assim, mencionado Decreto dispõe, expressamente que são equiparadas, para fins tributários, as operações de exportação indiretas às exportações diretas, desde que a empresa adquirente (trading compenies) tenha atividade de exportação como finalidade própria, atendidos os requisitos legais. Cabe esclarecer que o DecretoLei em comento é hierarquicamente superior às Instruções Normativas editadas pela Receita Federal do Brasil, inclusive a Instrução normativa SRP n.º 03/2005 que estabelece, em seu art. 245, § 1º, restrições à imunidade conferida pela Constituição Federal, sem amparo legal. Tendo em vista que o lançamento, de acordo com o relato da fiscalização, teve como fundamento a premissa de que somente sobre as receitas decorrentes de exportação direta da produção não incidem contribuições para a Seguridade Social, não houve análise do cumprimento ao requisitos constantes do Decreto, portanto, fiscalização não se desincumbiu do ônus de demonstrar a ausência do seu cumprimento (comprovação de que as vendas não se destinaram ao mercado externo). Além disso, consoante se extrai do art. 149, § 2º, inciso I, não há distinção entre o tipo de exportação passível de ser abrangida pela imunidade nele prevista, isto é, não diferencia a exportação direta daquela realizada por intermédio de trading compenies, não cabendo à Administração Pública determinar que apenas as operações de exportações realizadas diretamente com o adquirente domiciliado no exterior é que são aptas ao gozo do referido favor constitucional, pois onde o legislador não distingue, não cabe ao intérprete distinguir, o que é decorrência da aplicação do princípio da legalidade. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 11020.721683/201181 Acórdão n.º 9202006.590 CSRFT2 Fl. 5 7 O art. 150, inciso I, da Constituição Federal, de forma clara, veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a exigência ou aumento de tributo sem lei que o estabeleça. Ora, a criação de uma distinção acerca do alcance da expressão "exportação", para fins de afastar a subsunção à regra de imunidade constitucional, seja por meio de Instrução Normativa ou por mera interpretação, tem como consequência a exigência de um tributo sem o manto da lei, em clara afronta à Constituição, e em desrespeito à limitação constitucional do poder de tributar. Assim, se a tributação só pode decorrer do que é expressamente previsto em lei e havendo clara previsão constitucional no sentido de determinar a imunidade de contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico sobre as receitas decorrentes de exportação, não cabe à administração pública estabelecer, por meio de simples Instrução Normativa, o tipo de exportação apto a usufruir do referido favor constitucional. É inviável, desse modo, que uma emanação normativa de inferior hierarquia à lei e à Constituição, sob o pretexto de regulamentar e dar efetividade ao preceito, termine por inovar e modificar seu sentido e finalidade. Entender que a imunidade em discussão aplicarseia tão somente às receitas de exportação, sem nelas incluir as receitas advindas da receita proveniente de uma exportação indireta seria um contra senso, pois acabaria por ser tributada receita decorrente de uma exportação, quando o espírito da norma é exatamente o de conceder vantagens a quem as realiza. Cumpre acrescentar que o art. 9º da Lei 10.833/2003, sobre a atividade típica das tradings companies assim dispõe: Art. 9o A empresa comercial exportadora que houver adquirido mercadorias de outra pessoa jurídica, com o fim específico de exportação para o exterior, que, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da data da emissão da nota fiscal pela vendedora, não comprovar o seu embarque para o exterior, ficará sujeita ao pagamento de todos os impostos e contribuições que deixaram de ser pagos pela empresa vendedora, acrescidos de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados na forma da legislação que rege a cobrança do tributo não pago Tal regramento deixa clara a responsabilidade das intermediadoras, bem como aponta que muitos impostos e contribuições deixam de ser pagos pela vendedora, tendo em vista o fim de exportação ao qual se presta a intermediação da trading, o que corrobora os fundamentos expostos. Ademais, a Lei Kandir (n.º 87/1996), Lei Complementar de caráter nacional, que estabelece regras gerais sobre a instituição do ICMS pelos Estados e pelo Distrito Federal, corrobora a interpretação acerca da intermediação da exportação, nos termos abaixo transcritos: Art. 3º O imposto não incide sobre: II operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semielaborados, ou serviços; Fl. 357DF CARF MF 8 Parágrafo único. Equiparase às operações de que trata o inciso II a saída de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a: I empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mesma empresa;(...). Embora o mencionado dispositivo não trate especificamente do tributo sob análise, demonstra a acepção legislativa dada ao tema atinente à exportação indireta. Desse modo, com a análise finalística do art. 149, § 2º, inciso I, da CF, observase que o seu objetivo é fomentar a indústria nacional, desonerando a operação de exportação de produtos, em quaisquer de suas modalidades, tornando o produto nacional competitivo no mercado externo. Portanto, independentemente de a exportação ser realizada diretamente ou por interposta pessoa (trading companies), considerase, para efeitos da imunidade, operação de exportação e, dessa forma, a receita dela decorrente não poderá ser incluída na base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a receita bruta. Assim sendo, não merece reparo a decisão recorrida. Diante do exposto, voto por conhecer do recurso interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Voto Vencedor Mário Pereira de Pinho Filho – Redator designado. Não obstante os fundamentos aduzidos no voto da i. Relatora, peço licença para consignar entendimento diverso, o qual julgo mais adequado para a solução da presente lide. Nos termos do inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001, as receitas decorrentes de exportação estão imunes da incidência de contribuições sociais. Vejamos: Art. 149. [...] § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:(Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) [...] No caso em debate temse que o contribuinte realizou operação de comercialização de produção rural com empresa comercial exportadora (trading companie) Fl. 358DF CARF MF Processo nº 11020.721683/201181 Acórdão n.º 9202006.590 CSRFT2 Fl. 6 9 com o fim específico de exportação. Assim, a definição da natureza de referida operação mostrase imprescindível para a resolução do litígio instaurado. A esse respeito o § 2º do art. 245 da Instrução Normativa MPS/SRP nº 3/2005 estabelece que a “receita decorrente de comercialização com empresa constituída e em funcionamento no País é considerada receita proveniente do comércio interno e não de exportação, independentemente da destinação que esta dará ao produto”. No mesmo sentido é o § 2º do art. 170 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 (Ato que sucedeu a IN MPS/SRP nº 3/2005). Confirase: Instrução Normativa MPS/SRP nº 3/2005 Art. 245. Não incidem as contribuições sociais de que trata este Capítulo sobre as receitas decorrentes de exportação de produtos, cuja comercialização ocorra a partir de 12 de dezembro de 2001, por força do disposto no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucional nº 33, de 11 de dezembro de 2001. § 1º Aplicase o disposto neste artigo exclusivamente quando a produção é comercializada diretamente com adquirente domiciliado no exterior. § 2º A receita decorrente de comercialização com empresa constituída e em funcionamento no País é considerada receita proveniente do comércio interno e não de exportação, independentemente da destinação que esta dará ao produto.” Instrução Normativa RFB nº 971/2009 Art. 170. § 2º A receita decorrente de comercialização com empresa constituída e em funcionamento no País é considerada receita proveniente do comércio interno e não de exportação, independentemente da destinação que esta dará ao produto. Em que pesem os argumentos no sentido de que os atos emanados do Poder Executivo representariam afronta à regra imunizante insculpida no § 2º do art. 149 da Carta da República, no meu entender, os normativos em evidência buscaram tãosomente esclarecer o alcance do favor constitucional. De fato, venda de produtos rurais no mercado interno a trading companies não se confunde com exportação, ainda que a finalidade dessa operação seja a posterior remessa de tais produtos ao mercado externo. Notese que o preceito constitucional é expresso no sentido de que a não incidência de contribuições sociais somente alcança as receitas provenientes de exportação. Significa dizer que, em se tratando de operações realizadas no mercado interno, como é o caso, não há que se falar em imunidade. Repisese que as receitas advindas de operações realizadas com empresas comerciais exportadoras não se confundem com receitas decorrentes de exportação. Interpretar a regra imunizante de forma diversa equivaleria estender o benefício fiscal a hipótese não prevista no texto constitucional, ampliando indevidamente o seu Fl. 359DF CARF MF 10 alcance. Nesse sentido, não há como discordar do entendimento veiculado no Recurso Especial da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional segundo o qual: Como imunidade prevista de forma clara na Constituição Federal, não é possível dar‑ lhe interpretação ampla ou analógica. A imunidade configura uma exceção ao princípio da universalidade e da generalidade da tributação. Sendo, pois, norma de exceção, deve ser interpretada de forma estrita, conforme disposição expressa do Código Tributário Nacional – CTN, art. 111. Assim, não sendo a contribuinte beneficiária do favor fiscal em pauta (imunidade prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição), para que pudesse ver as receitas decorrentes de suas operações com trading companies para o fim específico de exportação desoneradas de contribuições sociais seria necessária a previsão de benefício dessa natureza em lei específica, ou seja, em lei isentiva. Nesse ponto, impende esclarecer que o DecretoLei nº 1.248/1972, embora trate de incentivos fiscais de natureza isentiva, nada menciona em relação a contribuições sociais, estando voltado exclusivamente a impostos. Tal conclusão pode ser facilmente extraída da leitura de seu art. 5°, o qual dispõe que “os impostos que forem devidos bem como os benefícios fiscais, de qualquer natureza, auferidos pelo produtorvendedor, acrescidos de juros de mora e correção monetária, passarão a ser de responsabilidade da empresa comercial exportadora nos casos de:”. O mesmo se pode dizer da Lei Complementar nº 87/1996, que trata especificamente de ICMS. Ademais, nas situações em que o legislador optou por isentar operações realizadas com empresas comerciais exportadoras da incidência de quaisquer espécies tributárias o fez de forma expressa. Exemplo disso é a isenção da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, prevista no inciso III do art. 6º da Lei nº 10.833/2003 e no inciso VIII do art. 14 da Medida Provisória No 2.15835/2001: Lei nº 10.833/2003 Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de:(Produção de efeito) I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas;(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. (Grifouse) Medida Provisória No 2.15835/2001 Art.14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: […] VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei no1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; Fl. 360DF CARF MF Processo nº 11020.721683/201181 Acórdão n.º 9202006.590 CSRFT2 Fl. 7 11 As disposições normativas acima destacadas corroboram o entendimento aqui retratado de que as operações realizadas no mercado interno com trading companies não estão abrangidas pela imunidade prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição e, inexistindo previsão legal apta a isentar de contribuições previdenciárias tais operações, essas estão sujeitas à incidência de referidas contribuições o que impõe acolher as razões recursais, reformandose a decisão recorrida. CONCLUSÃO Ante o exposto voto no sentido de conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e darlhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 361DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.720639/2007-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
GLOSA DA DIFERENÇA IPC/BTNF. COMPROVAÇÃO DO SALDO DE PREJUÍZO FISCAL. RECONHECIMENTO DE SALDO SUFICIENTE À COMPENSAÇÃO.
O reconhecimento em procedimento de diligência fiscal da existência de saldo de prejuízos fiscais suficientes à compensação no período autuado impõe o cancelamento da glosa da diferença de correção monetária entre os índices IPC e BTNF.
MULTA ISOLADA. PRAZO DECADENCIAL. COMPENSAÇÃO TRIBUTOS DE MESMA ESPÉCIE. PERDCOMP.
Mesmo após o término do ano-calendário, verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, cabe o lançamento da multa exigida isoladamente sobre os valores devidos e não recolhidos, dentro do prazo decadencial estabelecido pelo art. 173, I, do CTN.
A compensação de tributos, ainda que da mesma espécie, a partir de 01/10/02 deve ser feita mediante a apresentação da Declaração de Compensação, em virtude da alteração legislativa promovida pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02.
Numero da decisão: 1301-002.832
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a infração relativa à glosa das exclusões da diferença de correção monetária entre o IPC e a BTNF, vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro que votaram por dar provimento integral ao recurso. O Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza manifestou interesse em apresentar declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Nelso Kichel e Roberto Silva Junior.
Nome do relator: MILENE DE ARAUJO MACEDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 GLOSA DA DIFERENÇA IPC/BTNF. COMPROVAÇÃO DO SALDO DE PREJUÍZO FISCAL. RECONHECIMENTO DE SALDO SUFICIENTE À COMPENSAÇÃO. O reconhecimento em procedimento de diligência fiscal da existência de saldo de prejuízos fiscais suficientes à compensação no período autuado impõe o cancelamento da glosa da diferença de correção monetária entre os índices IPC e BTNF. MULTA ISOLADA. PRAZO DECADENCIAL. COMPENSAÇÃO TRIBUTOS DE MESMA ESPÉCIE. PERDCOMP. Mesmo após o término do ano-calendário, verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, cabe o lançamento da multa exigida isoladamente sobre os valores devidos e não recolhidos, dentro do prazo decadencial estabelecido pelo art. 173, I, do CTN. A compensação de tributos, ainda que da mesma espécie, a partir de 01/10/02 deve ser feita mediante a apresentação da Declaração de Compensação, em virtude da alteração legislativa promovida pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02.
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COMPROVAÇÃO DO SALDO DE PREJUÍZO FISCAL. RECONHECIMENTO DE SALDO SUFICIENTE À COMPENSAÇÃO. O reconhecimento em procedimento de diligência fiscal da existência de saldo de prejuízos fiscais suficientes à compensação no período autuado impõe o cancelamento da glosa da diferença de correção monetária entre os índices IPC e BTNF. MULTA ISOLADA. PRAZO DECADENCIAL. COMPENSAÇÃO TRIBUTOS DE MESMA ESPÉCIE. PERDCOMP. Mesmo após o término do anocalendário, verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, cabe o lançamento da multa exigida isoladamente sobre os valores devidos e não recolhidos, dentro do prazo decadencial estabelecido pelo art. 173, I, do CTN. A compensação de tributos, ainda que da mesma espécie, a partir de 01/10/02 deve ser feita mediante a apresentação da Declaração de Compensação, em virtude da alteração legislativa promovida pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a infração relativa à glosa das exclusões da diferença de correção monetária entre o IPC e a BTNF, vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro que votaram por dar provimento integral ao recurso. O Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza manifestou interesse em apresentar declaração de voto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 06 39 /2 00 7- 14 Fl. 716DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 717 2 (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Nelso Kichel e Roberto Silva Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão proferida pela 1ª turma da DRJ/BEL, no Acórdão nº 0112.883, de 29/01/2008, que, por unanimidade de votos, julgou procedente a notificação de lançamento em que foi exigido IRPJ no valor de R$ 44.275,09, acrescido de juros de mora, multa de ofício de 75% e multas isoladas de R$ 92.880,38. Por bem relatar o ocorrido, valhome do relatório elaborado pela Resolução nº 1802000.514, da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento do CARF, que converteu o julgamento em diligência, complementandoo ao final: "DA NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO Trata o processo de lançamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ e de multa isolada, no montante de R$ 204.201,24. Fundamentouse a imputação na inexistência de saldo referente a depreciação IPC/BTNF (adicionada em 1991 e 1992) e de prejuízos a compensar, além da falta de recolhimento do IRPJ sobre a base de cálculo estimada (fls. 167 a 170). DA IMPUGNAÇÃO A interessada apresentou impugnação tempestiva em 18/01/2008, alegando, em síntese: que, para evitar decisões conflitantes, deverseia sobrestar o presente feito, relativamente à exigência do IRPJ no anocalendário de 2002 até que seja proferida decisão definitiva nos autos do Processo Administrativo Fiscal n° 10283.006756/200429, porque a decisão proferida nos autos daquele processo refletirá diretamente no presente caso, vale dizer, a aceitação dos argumentos da ora impugnante no primeiro caso deverá necessariamente acarretar o cancelamento desta parcela da presente autuação; que, caso não se entenda pela necessidade de sobrestar o presente feito, deverseia atentar que o acórdão proferido nos autos do Processo Administrativo Fiscal n° 10283.006756/200429 indevidamente desconsiderou o prejuízo fiscal apurado no anobase de 1989, relativo às exportações incentivadas no valor de Cr$ 15.228.503,00 (1.397.225,4397 UFIRs). Nessa medida, caso os cálculos da diferença Fl. 717DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 718 3 do IPC/BTNF fossem elaborados sobre o montante total dos prejuízos fiscais incorridos pela impugnante em 1989, é certo que, ao contrário do quanto decidido nos autos daquele primeiro Processo Administrativo Fiscal, haveria saldo suficiente de prejuízos fiscais após 1997; que, sendo aplicável o disposto no artigo 44, parágrafo 1 0, inciso IV, da Lei 9.430/96 na redação anterior à edição da Lei n° 11.488/2007, resta evidente a impossibilidade de aplicação da multa isolada pelo suposto não recolhimento das estimativas mensais de 2002 após o encerramento do anocalendário, já que a atual redação do referido dispositivo legal somente seria aplicável no presente caso no que tange ao percentual da multa punitiva, por ser menos gravoso, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea "c", do CTN, mas nunca à aplicação da multa isolada em relação às estimativas supostamente não recolhidas, tendo em vista o encerramento do anocalendário, conforme pacífica jurisprudência do E. Primeiro Conselho de Contribuintes; que deveria ser reconhecida a extinção da multa isolada, relativa aos meses de outubro e novembro de 2002, pois transcorrido mais de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador do tributo cujo inadimplemento ensejou a aplicação da multa isolada (vale dizer, seu fato gerador da multa isolada) e a ciência do auto de infração, que somente ocorreu em 20/12/2007; que o procedimento adotado pela impugnante para a compensação das estimativas no anocalendário 2002 foi aquele previsto no artigo 66 da Lei n° 8383/91, o qual não foi revogado pela Lei n° 10637/2002, motivo pelo qual não há que se falar na necessidade de apresentação de Declarações de Compensação. DO ACÓRDÃO DA DRJ Em 29/1/2008, a 1a Turma da DRJ/BEL proferiu Acórdão n° 0112.883, votando pela procedência dos lançamentos impugnados, nos seguintes termos: em relação ao pedido do sobrestamento do feito até que seja proferida decisão definitiva nos autos do Processo Administrativo Fiscal n° 10283.006756/200429, decidiu a DRJ que não se fazia necessário, uma vez que a Turma da DRJ/BEL já se pronunciara sobre o caso, concluindo pela existência de um saldo disponível de R$ 612.497,06, já integralmente utilizado no anocalendário 2001. a autoridade fiscal indicou também, que o interessado recorreu da decisão acima, não tendo sido todavia julgado o recurso pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. em relação à decadência do lançamento, na parte atinente à exigência de multa de ofício isolada (meses de outubro e novembro de 2002), a autoridade fiscal rejeitou o pleito. em relação à alegação de inaplicabilidade da multa isolada, em razão do encerramento do anocalendário quando da lavratura do auto de infração, decidiu a DRJ por sua improcedência, haja vista o atendimento à Lei n° 9.430/96 e à Instrução Normativa n° 93/97. em relação ao pleito de validade do procedimento adotado para a compensação das estimativas do anocalendário de 2002, entendeu a autoridade fiscal que a legislação vigente à época permitia dois tipos de compensação: (a) a compensação entre tributos da mesma espécie (Lei 8.383/91 e art. 14 da IN SRF Fl. 718DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 719 4 21/97) onde a compensação era feita pelo próprio contribuinte em sua escrituração contábil mas apenas em relação a período subseqüente, e independia de comunicação à SRF e (b) a compensação entre tributos de espécies diferentes (art. 12 da IN SRF 21/97) que dependiam de pedido à SRF. Entendeu, ainda, que a partir de 01 outubro de 2002, a IN SRF 21/97 deixou de regular o artigo 66 da Lei n° 8383/91, tendo esta função a IN SRF 210/2002, que determinou o necessário encaminhamento à SRF da "Declaração de Compensação". Deste modo, já não era mais possível a partir de 01 de outubro de 2002, conforme art. 45 da IN SRF 210/2002, a compensação feita pelo próprio contribuinte em sua escrituração contábil sem requerimento, como antes permitia a IN SRF 21/97. DO RECURSO VOLUNTÁRIO Inconformada, a interessada apresentou Recurso Voluntário em 15/4/2009, no qual alegou resumidamente o quanto segue: que o fisco apurou duas infrações: (a) suposta insuficiência de recolhimento de IRPJ, decorrente da glosa da diferença de correção monetária entre os índices IPC e BTNF e (b) suposto não recolhimento de estimativas mensais do IRPJ nos meses de outubro, novembro e dezembro do anocalendário de 2002; que o auto todo improcede por ter sido desconsiderada pela autoridade fiscal, a apuração de saldo negativo de IRPJ no anocalendário de 2002, que não apenas afasta a exigência da quota de ajustes de IRPJ (primeira infração), como também afasta a possibilidade de exigência da multa isolada pela suposta falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ (segunda infração). que em sua DIPJ de 2002, por um equívoco, utilizou a título de antecipações pagas (estimativas mensais de IRPJ), o valor de R$ 187.749,64. Entretanto, a própria autoridade fiscal reconheceu durante o processo de fiscalização, o valor de R$ 292.509,68, a título de estimativas mensais da interessada (valores de janeiro a setembro, validados pela autoridade). que em respeito ao Princípio da Verdade Material, o erro material cometido pela Recorrente deveria ter sido ultrapassado pela D. Autoridade Fiscal e pela C. Turma Julgadora, para que, ao invés de serem exigidos montantes manifestamente indevidos, fossem realizados os ajustes necessários, apurandose saldo negativo de IRPJ no anocalendário de 2002. alega a interessada que com essa revisão de valores, terseia apurado saldo negativo de IRPJ em 2002, o que cancelaria, de plano, a autuação em discussão. ultrapassada essa questão preliminar, passa a interessada a contestar os pontos em discussão, mormente a questão do sobrestamento do presente processo. Informa que o Auto de Infração foi lavrado com o objetivo de prevenir a decadência do crédito tributário nele consignado, tendo em vista que a manutenção da exigência dependerá de decisão final proferida nos autos do Processo Administrativo n° 10283.006756/200429, no qual se discute matéria idêntica. Nesse contexto, embora tenha reconhecido que há Recurso Voluntário naquele processo pendente de apreciação, entendeu a C.1a Turma manter a exigência, recusando a análise dos argumentos apresentados pela Recorrente. Fl. 719DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 720 5 Alega a interessada que a Turma Julgadora não poderia, sob o argumento de que a matéria já teria sido analisada, furtarse, sem qualquer fundamento legal, à análise das razões da Recorrente, para manter a autuação. No mínimo, deveria a C. Turma Julgadora ter, assim como requerido pela Recorrente na peça de Impugnação, determinado o sobrestamento desta parcela da autuação até que fosse proferida decisão definitiva nos autos do mencionado E mesmo que não se entendesse pelo sobrestamento do feito, não poderia a C. Turma Julgadora manter o lançamento sem qualquer análise das razões de mérito apontadas pela Recorrente, mas sim deveria ter proferido decisão fundamentada, apontando as razões de fato e os dispositivos legais que seriam aptos a embasar a manutenção do lançamento. Esse o Relatório." Na sessão de julgamento realizada em 06/06/2014, a 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, reconheceu a tempestividade do recurso e, no mérito, converteu o julgamento em diligência para "a autoridade fiscal recalcular toda a posição fiscal do contribuinte, de modo a confirmar ou não a existência de eventuais débitos ou créditos de tributos, fazendo os lançamentos ou tomando as providências necessárias para a sua regularização." Antes porém, em virtude da decisão proferida no processo 10283.006756/200429, pela 2ª TO/1ª Câmara/1ª Seção, em 29/01/2010, que deu provimento integral ao recurso do contribuinte, com a seguinte ementa: "Comprovado a existência do prejuízo fiscal decorrente das exportações incentivadas realizadas no anobase 1989 é lícito adicionálo ao valor total do prejuízo fiscal do período.", o relator votou por dar provimento ao recurso nos seguintes termos: "Fazendo minhas as razões do D. Conselheiro, e tendo em vista o demais disposto acima, voto por dar provimento ao recurso do contribuinte, uma vez que, reconhecido como correto o cálculo do prejuízo fiscal apresentado pelo recorrente na declaração do anobase 1989, entregue em 1990 e retificada em 1991, tudo conforme acórdão retromencionado, devese estender ao processo ora analisado, todos os efeitos decorrentes do mencionado reconhecimento. Cabe, portanto, à autoridade fiscal recalcular toda a posição fiscal do contribuinte, de modo a confirmar ou não a existência de eventuais débitos ou créditos de tributos, fazendo os lançamentos ou tomando as providências necessárias para a sua regularização. Deste modo, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para atendimento do quanto solicitado acima. Chamo atenção, ainda, à questão trazida pela interessada no Recurso Voluntário, de que erro material na DIPJ 2002 cometido por ela própria, quando do lançamento de valores a título de antecipações pagas, em valor menor ao que fora reconhecido pela própria autoridade fiscal o qual, se corrigido, redundaria em anulação do presente auto de infração. Com base nos fundamentos e no meu voto acima, entendo superada essa questão, por desnecessária sua análise. Em cumprimento à resolução a unidade de origem elaborou o Termo de Diligência, onde demonstrou o cálculo do saldo de prejuízos fiscais disponível para Fl. 720DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 721 6 compensação no anocalendário de 2002. Regularmente cientificado do termo o sujeito passivo não apresentou manifestação. É o relatório. Voto Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora O recurso voluntário apresentado contesta a decisão recorrida que considerou procedente as seguintes infrações apuradas pela fiscalização: (i) glosa da exclusão da diferença de correção monetária entre o IPC e a BTNF sobre as contas retificadoras de ativo permanente adicionadas na apuração do lucro real dos anos de 1991 e 1992; (ii) multas isoladas decorrentes da falta de recolhimento das estimativas de IRPJ. A infração relativa à glosa da exclusão da diferença de correção monetária entre o IPC e a BTNF foi assim descrita na autuação fiscal: "No decorrer da revisão, verificamos que, na DIPJ/2003, o contribuinte efetuou a compensação de R$ 177.100,39 declarado como prejuízos fiscais de periodos anteriores, reduzindo o lucro real do período de R$ 17.281.989,82 para R$ 17.104.889,43. Porém, de acordo com dados existentes nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, não havia saldo de prejuízos fiscais passíveis de compensação. Intimado por via postal a prestar esclarecimentos quanto às divergências encontradas, o contribuinte afirmou tratarse de um mero erro de preenchimento e que "o valor de R$ 177.100,39, em realidade, não diz respeito ao saldo de prejuízo fiscal apurado em anos anteriores, mas sim à despesa de depreciação e baixa do custo referente à diferença da correção monetária entre os índices IPC e BTNF sobre o custo de aquisição do imobilizado adicionada em 1991 e 1992". Apresentou cópias de folhas da parte B do LALUR que comprovariam a existência do valor a excluir. Posteriormente, em resposta ao nosso termo de intimação n° 2, apresentou cópia de folha da parte A do LALUR referente à apuração do Lucro Real do ano calendário 2002, com a exclusão do referido valor. Por meio de consultas aos sistema da RFB, verificamos que esse assunto já havia sido analisado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém DRJ/BEL no julgamento do processo 10283.006756/200429 que tratava da compensação indevida de prejuízos no anocalendário 2001. Embora tenha constatado a existência de erros na correção dos valores, a DRJ, em sua decisão, reconheceu o direito à dedução, na apuração do lucro real, do valor da diferença IPC/BTNF afeto a contas retificadoras do ativo permanente adicionados àquele lucro nos anosbase de 1991 e 1992. Ocorre que, na mesma decisão, a DRJ deduziu do saldo disponível, o valor de R$ 179.219,08 referente à diferença IPC/BTNF do prejuízo existente no anobase de 1989, e que havia sido deduzido indevidamente no anocalendário de 1997. Conforme demonstrativo apresentado no acórdão, o saldo restante ao final de 1997 seria de R$ 612.497,06. Fl. 721DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 722 7 Dessa forma, com a exclusão efetuada na apuração do Lucro Real do ano calendário 2001, conforme cópia de folha da parte B do LALUR, não restaria saldo a ser excluído no anocalendário 2002. Na verdade, se considerarmos o saldo apurado pela DRJ, a exclusão realizada no ano 2001 (R$ 614.558,45) já teria sido maior do que o saldo existente. Não obstante o contribuinte ter apresentado Recurso Voluntário quanto à decisão de 1ª instância e o processo ainda aguardar decisão do Conselho de Contribuintes, assiste à Fazenda o direito de constituir o presente crédito tributário a fim de prevenir a decadência. Dessa forma, evitase que, quando tomada a decisão final, caso seja favorável ao fisco, este já não possa efetuar o lançamento em virtude do decurso do prazo do art. 173 do CTN. Diante do exposto, glosamos o valor da exclusão da diferença IPC/BTNF referente a contas retificadoras do ativo permanente adicionada na apuração do Lucro Real dos anosbase de 1991 e 1992 e declarado, por erro de preenchimento, na linha referente à compensação de prejuízos (linha 41 da Ficha 09A Demonstração do Lucro Real)." Irresignada, a contribuinte apresentou impugnação que foi julgada improcedente pela DRJ/BEL, por entender a turma julgadora que o fato em questão já havia sido julgado no processo administrativo nº 10283.006756/200429. Ao apreciar o recurso voluntário interposto contra a decisão de primeira instância, a 2ª Turma Especial, proferiu a seguinte decisão: É fato que não há como decidir este processo sem a decisão do anterior processo 10283.006756/200429, uma vez que a decisão a ser tomada ali é premissa deste caso, pois será decidida a própria existência de saldo de prejuízo acumulado em 2001, e sua consequente sobra, para ser ou não validamente utilizada em 2002. Analisando o sistema de processos do CARF, confirmei que o processo 10283.006756/200429 foi de fato julgado e objeto de Acórdão 110200.143 da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara em sessão de 29/01/2010, o qual deu provimento integral ao recurso do contribuinte, com a seguinte ementa: "Comprovado (sic) a existência do prejuízo fiscal decorrente das exportações incentivadas realizadas no anobase 1989 é lícito adicionálo ao valor total do prejuízo fiscal do período". Para melhor entendimento da questão, reproduzo abaixo o teor do voto proferido pelo Conselheiro João Carlos de Lima Junior, que incorporo ao presente Voto: "Conforme demonstrado na DIPJ apresentada pela recorrente o prejuízo fiscal relacionado à atividade incentivada para o ano de 1989 foi de Cr$12.873.727,00 (...) sendo efetivamente registrado no quadro 4 "Demonstração do Lucro da Exploração", Item 13 "Parcela Correspondente à Exploração Incentivada e/ou a Ela Equiparada" (Fl.83). Contudo, no anocalendário de 1991 a recorrente retificou a declaração entregue em 1990 (anobase 1989) para, dentre outras providências, alterar o cálculo do Lucro da Exploração e o rateio do novo prejuízo apurado entre atividades isentas e aquele decorrente de exportações incentivadas, o que alterou o saldo de Cr$12.873.627,00 (...) para Cr$15.228.503,00 (...). Fl. 722DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 723 8 A declaração retificadora foi entregue em formulário relativo ao exercício financeiro de 1991 (diverso da versão original apresentada em 1990) versão que sofreu alterações em seus formulários e na forma de preenchimento, não prevendo mais linhas específicas para as exportações incentivadas. Não havendo linha específica o valor de Cr$15.228.503,00 (...) foi informado no Quadro 4 "Demonstrações do Lucro da Exploração" no item 15 "Parcela correspondente às demais atividades" conforme se verifica à fl. 87. O prejuízo fiscal de exportação incentivada foi registrado em conformidade com o Ato Declaratório Normativo n° 16, publicado em novembro de 1990, pelo o Coordenador do Sistema de Tributação (ADN/CST16/90) o qual autoriza a compensação dos prejuízos fiscais das exportações incentivadas, apurados até o períodobase encerrado em 1989 contra o Lucro Real e não mais apenas contra os lucros da mesma atividade. (...) Não resta dúvida que o valor relativo ao prejuízo fiscal decorrente das exportações incentivadas compõem o valor total do prejuízo fiscal do período de 1989, valor que foi ignorado no cálculo apresentado na decisão recorrida, e deverá ser considerado para cálculo do prejuízo fiscal, sendo certo que, uma vez incluído constitui saldo negativo suficiente para as compensações realizadas no ano de 1997 e subsequentes. Cumpre esclarecer que não é objeto de discussão deste recurso a existência ou não do prejuízo fiscal, pois uma vez declarado o saldo negativo no período competente cabe à autoridade fiscalizadora analisalo dentro do período decadencial, o que não fez. Assim, os saldos declarados em 1991 (declaração retificadora) somente poderiam ser questionados até o anocalendário de 1.996. Face o exposto, considerando correto o cálculo do prejuízo fiscal apresentado pela recorrente, dou provimento ao recurso voluntário apresentado, reformando a decisão recorrida a fim de cancelar o valor exigido no auto de infração." Fazendo minhas as razões do D. Conselheiro, e tendo em vista o demais disposto acima, voto por dar provimento ao recurso do contribuinte, uma vez que, reconhecido como correto o cálculo do prejuízo fiscal apresentado pelo recorrente na declaração do anobase 1989, entregue em 1990 e retificada em 1991, tudo conforme acórdão retromencionado, devese estender ao processo ora analisado, todos os efeitos decorrentes do mencionado reconhecimento. Cabe, portanto, à autoridade fiscal recalcular toda a posição fiscal do contribuinte, de modo a confirmar ou não a existência de eventuais débitos ou créditos de tributos, fazendo os lançamentos ou tomando as providências necessárias para a sua regularização. Deste modo, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para atendimento do quanto solicitado acima. Chamo atenção, ainda, à questão trazida pela interessada no Recurso Voluntário, de que erro material na DIPJ 2002 cometido por ela própria, quando do lançamento de valores a título de antecipações pagas, em valor menor ao que fora reconhecido pela própria autoridade fiscal o qual, se corrigido, redundaria em Fl. 723DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 724 9 anulação do presente auto de infração. Com base nos fundamentos e no meu voto acima, entendo superada essa questão, por desnecessária sua análise. Verificase portanto, que foi dado provimento ao recurso voluntário na infração relativa à glosa das exclusões da diferença de correção monetária entre o IPC e a BTNF e, a resolução proferida teve como objetivo devolver o processo à autoridade fiscal para recálculo de toda posição fiscal do contribuinte, de modo a confirmar ou não a existência de eventuais débitos ou créditos de tributos. Em atendimento à diligência fiscal a autoridade fiscal apresentou a informação fiscal de fls. 708 a 709, onde demonstra a existência de saldo suficiente para compensar o valor de R$ 177.100,39 em 2002. Dessa forma, deve ser cancelada integralmente a exigência fiscal consubstanciada na infração 1 Exclusões/Compensações Não Autorizadas na Apuração do Lucro Real/ Inexistência de Saldo Ref. a Depreciação IPC/BTNF (Adicionada em 1991 e 1992) e de Prejuízos a Compensar. Com relação à infração de multa isolada, na Resolução nº 1802000.514, não consta que a matéria tenha sido objeto de discussão, dessa forma, passo à análise dos argumentos da recorrente. Alega inicialmente que a cobrança de multa isolada somente seria possível até o encerramento do anocalendário pois após seu encerramento, não há mais estimativas devidas mas tão somente o imposto. O art. 44 da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007, vigente à época do lançamento fiscal e nele utilizado em virtude do disposto no art. 106, inciso II, alínea "c" do Código Tributário Nacional, dispõe que a base de cálculo da multa é o valor do pagamento mensal a título de estimativa, independentemente da apuração de prejuízo fiscal no final anocalendário: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Assim, a multa isolada é uma sanção específica e autônoma, que independe de ter sido ou não apurado débito ao final de período base. O fato gerador da multa isolada é o descumprimento da norma que impõe ao contribuinte o recolhimento das antecipações e determina uma conduta obrigatória. Se não fosse possível a aplicação dessa multa, como Fl. 724DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 725 10 pretende a recorrente, o pagamento das estimativas deixaria de ser cogente, para se transformar em mera recomendação ou sugestão. A recorrente, claramente, confunde a impossibilidade de exigir as estimativas mensais depois de findo o ano base, com a impossibilidade de exigir multa isolada. A jurisprudência citada pelo sujeito passivo em sua peça recursal não é unânime, encontradose também decisões contrárias à sua pretensão, caso do Acórdão nº 1301 000.993, da sessão de 07/08/2012: MULTA ISOLADA. FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA. MULTA PROPORCIONAL. CONCOMITÂNCIA. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em aplicação concomitante sobre a mesma base de incidência quando resta evidente que as penalidades, não obstante derivarem do mesmo preceptivo legal, decorrem de obrigações de naturezas distintas. Inexiste na norma de sanção qualquer limitação temporal para aplicação da penalidade, motivo pelo qual ela subsiste ainda que lançada após o término do períodobase de incidência do imposto. Quanto à aplicação da multa isolada, o segundo item questionado pela recorrente diz respeito à decadência dos fatos geradores ocorridos nos meses de outubro e novembro de 2002. Afirma que teria decorrido o prazo decadencial de cinco anos entre a ocorrência dos fatos geradores e a ciência do auto de infração em 20/12/2007, visto que à constituição do crédito tributário relativo à multa isolada aplicase a mesma regra para constituição da obrigação principal, ou seja, o art. 150, § 4º, do CTN. A despeito dos argumentos e da jurisprudência transcrita em sua peça recursal, não assiste razão à recorrente. À multa isolada aplicase o prazo decadencial previsto no art. 173, I do CTN, por tratarse de lançamento por excelência, visto que a mesma nunca está sujeita à declaração pelo contribuinte e, portanto, não se sujeita à regra decadencial prevista para os lançamentos por homologação. Aliás, a questão relativa à contagem do prazo decadencial das multas isoladas foi pacificada neste Colegiado com a Súmula CARF nº 104, abaixo transcrita, de observância obrigatória por força do art. 72 do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes : Súmula CARF nº 104 Lançamento de multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativa de IRPJ ou de CSLL submetese ao prazo decadencial previsto no art. 173, inciso I, do CTN. Por fim, alega a recorrente que seria desnecessária a apresentação de Declarações de Compensação para compensação das estimativas de outubro/02 a dezembro/02 pois, de acordo com o art. 66 da Lei nº 8.383/91, vigente à época dos fatos geradores, era permitida a compensação de tributos de mesma espécie diretamente pelo contribuinte sem a necessidade de apresentação de declaração de compensação. Entende a recorrente que após a edição da Lei nº 10.637/02 passaram a existir duas sistemáticas diversas de compensação: a prevista no art. 66 da Lei nº 8.383/91, para as compensações entre tributos da mesma espécie e a prevista no art. 74 da Lei nº 9.430/96, aplicável às compensações entre tributos de espécies diferentes. Fl. 725DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 726 11 O art. 66 da Lei nº 8.383/91, ao tratar da compensação ente tributos de mesma espécie, assim dispunha: Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) (Vide Lei nº 9.250, de 1995) § 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 2º É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 3º A compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) § 4º As Secretarias da Receita Federal e do Patrimônio da União e o Instituto Nacional do Seguro Social INSS expedirão as instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 9.069, de 29.6.1995) Por sua vez, os arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430/96, antes da alteração legislativa efetuada pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02, regulavam as compensações entre tributos de diferentes espécies, e assim dispunham : Art. 73. Para efeito do disposto no art. 7º do Decretolei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal, observado o seguinte: I o valor bruto da restituição ou do ressarcimento será debitado à conta do tributo ou da contribuição a que se referir; II a parcela utilizada para a quitação de débitos do contribuinte ou responsável será creditada à conta do respectivo tributo ou da respectiva contribuição. Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. Com as alterações legislativas efetuadas pela MP nº 66/02, convertida na Lei nº 10.637/02, a partir de outubro/2002, as compensações de débitos e créditos tanto de mesma espécie quanto de espécies diferentes passaram a ser por meio da apresentação de Declaração de Compensação (DCOMP): Fl. 726DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 727 12 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002). § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Assim, a despeito das alegações da recorrente de que não teria ocorrido a revogação tácita do disposto no art. 66 da Lei nº 8.383/91, pois se essa fosse a intenção do legislador a revogação deferia ter sido feita expressamente pela Lei nº 10.637/02, nos termos do art. 9º da Lei Complementar nº 95/98, bem assim, que estariam vigentes as duas sistemáticas legais, o fato é que após a alteração legislativa realizada, nos moldes do art. 12, III, da mesma Lei Complementar nº 95/98, fazse necessária a e apresentação de declaração de compensação para todas as compensações, inclusive as realizadas entre tributos da mesma espécie. Aliás, esse tem sido o entendimento jurisprudencial dominante deste Colegiado: Assunto: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO AnoCalendário: 2002 Ementa: NORMAS PROCESSUAIS. COMPENSAÇÃO. TRIBUTOS DE MESMA ESPÉCIE. PER/DCOMP. Com a entrada em vigor do artigo 49 da Medida Provisória n° 66, de 2002, que se deu em 01/10/2002, mesmo as compensações envolvendo tributos de mesma espécie devem ser objeto de Declaração de Compensação (PER/DCOMP) para operar a extinção do crédito tributário. (Acórdão 1201001.435, sessão de 05/05/2016) Assunto: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/12/2004, 15/01/2005 Fl. 727DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 728 13 COMPENSAÇÃO. MULTA DE MORA. TRIBUTOS DA MESMA ESPÉCIE. O aproveitamento do pagamento a maior de um débito para extinção de outros débitos, ainda que do mesmo tributo, só se faz por compensação, incidindo, portanto, os acréscimos legais devidos na compensação após o vencimento do débito. (Acórdão 3301003.218, sessão de 22/02/2017) Assunto: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 1998 COMPENSAÇÃO CONTÁBIL. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. VERIFICAÇÃO NA CONTABILIDADE. ÔNUS DA PROVA REPARTIDO. Somente a partir de 01/10/2002 a sistemática para a compensação de tributos, ainda que de mesma espécie, foi alterada (Lei nº 10.637/02), impondose a compensação de crédito com débitos tributários mediante a apresentação de Declaração de Compensação, não surtindo mais efeitos a compensação efetuada somente na contabilidade. Para períodos anteriores à instituição da declaração de compensação, a autoridade fiscal deve intimar a contribuinte a exibir a contabilidade e checar a veracidade dos registros contábeis antes de efetuar glosa de valores que compõem os saldos negativos de tributos (estimativas e tributos retidos pelas fontes pagadoras). (Acórdão nº 1302001.912, sessão de 05/07/2016). CONCLUSÃO Diante de todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a infração relativa à glosa das exclusões da diferença de correção monetária entre o IPC e a BTNF, a denominada infração 1 Exclusões/Compensações Não Autorizadas na Apuração do Lucro Real/ Inexistência de Saldo Ref. a Depreciação IPC/BTNF (Adicionada em 1991 e 1992) e de Prejuízos a Compensar. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Declaração de Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza. Na sessão de julgamento deste processo, embora vencido na parte, solicitei declaração de voto para apresentar minhas razões no tocante à exigência de multa isolada pela compensação dos valores devidos a título de estimativas, sem a apresentação da Declaração de Fl. 728DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 729 14 Compensação (PER/DCOMP), vez que acompanhei a I. Relatora na matéria atinente à primeira infração imputada à Recorrente. Com efeito, quanto ao tópico, entendeu a D. Autoridade Fiscal que, a partir de 01/10/2002, nos termos do artigo 21 da Instrução Normativa SRF nº 210/2002, as compensações deveriam ter sido realizadas mediante a entrega de Declaração de Compensação. Assim, por não ter a Recorrente apresentado tal documento para a realização das compensações, a fiscalização houve por bem entender não quitadas as estimativas de IRPJ nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2002, aplicando multa isolada de 50% (cinqüenta por cento), calculada sobre os pagamentos que supostamente deixaram de se efetuados. Não obstante a discussão envolta da revogação ou não do procedimento de compensação previsto no artigo 66 da Lei nº 8.383/91, a partir do advento da Lei 10.637, de 2002, que alterou o artigo 74 da Lei 9.430/96, e determinou que a sistemática nele contida, não mais se daria mediante a autorização da Secretaria da Receita Federal, mas sim, mediante a declaração, pelo contribuinte, da realização da compensação, entendo que a pretensão da Recorrente merece acolhimento por razões diversas: À época dos fatos, encontravase em vigor a redação originária do artigo 74, da Lei nº 9.430/96, nos termos seguintes: (...) Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. A disciplinar a matéria, vigorava a IN SRF º 21, de 10/03/1997, a qual tratava, em seu art. 14 (grifo não consta do original), da hipótese discutida nos autos, qual seja, a compensação entre tributos de mesma espécie: Art. 14. Os créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional, inclusive quando resultantes de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, poderão ser utilizados, mediante compensação, para pagamento de débitos da própria pessoa jurídica, correspondentes a períodos subseqüentes, desde que não apurados em procedimento de oficio independentemente de requerimento. Esse regime vigorou até a edição da Medida Provisória n° 66, de 29/08/2002 (DOU de 30/08/2002), posteriormente convertida na Lei n° 10.637, de 30/12/2002, cujo artigo 49 modificou a redação do art. 74 da Lei n° 9.430/1996. A nova redação ficou conforme a seguir transcrito: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na Fl. 729DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 730 15 compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (...) § 5° A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. A mencionada Instrução Normativa n° 21/1997 foi revogada pela Instrução Normativa n° 210, de 30/09/2002, que passou a tratar sobre a matéria em seu art. 21. A partir de 24/04/2003, com o advento da Instrução Normativa n° 323, foi acrescentado o § 6° ao mencionado artigo, esclarecendo que a obrigatoriedade de apresentação da declaração de compensação também seria aplicável a débitos e créditos de um mesmo tributo. Eis o texto do art. 21 da IN SRF n°210/2002: Art 21. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da SRF. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante o encaminhamento à SRF da "Declaração de Compensação". (...) § 6° A Declaração de Compensação deverá ser apresentada pelo sujeito passivo ainda que o débito e o crédito objeto da compensação se refiram a um mesmo tributo ou contribuição. (Incluído pela IN SRF 323, de 24/04/2003) [...] Observo que até setembro de 2002 não era exigido qualquer requerimento para a compensação de créditos com débitos supervenientes, desde que referidos a tributos de mesma espécie e destinação constitucional. Mesmo com o advento da MP n° 66/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 2002, e da N SRF n° 210/2002, a exigência da apresentação da DCOMP nessa hipótese só ficou explicitada a partir de abril de 2003, com a IN SRF n° 323/2003. Em assim sendo, ao menos com relação aos fatos anteriores a 24/04/2003, não haveria qualquer óbice à compensação efetuada pelo contribuinte entre débitos e créditos de tributo da mesma espécie, sem comunicação ou requerimento à Administração Tributária. Se tratando de compensação de mesma espécie, amparada no artigo 66 da Lei 8.383/91, em que foram compensados créditos de IRPJ com débitos do próprio IRPJ ( estimativas de IRPJ outubro, novembro e dezembro de 2002), e de acordo com a interpretação à época do próprio Fisco, não seria necessária a apresentação de qualquer tipo de Fl. 730DF CARF MF Processo nº 10283.720639/200714 Acórdão n.º 1301002.832 S1C3T1 Fl. 731 16 solicitação ou comunicação à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Portanto, impõese reconhecer, sobre este aspecto, a regularidade do procedimento de compensação adotado pela Recorrente. Conclusão Desta forma, afasto a aplicação da multa isolada e voto por dar provimento integral ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 731DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.901919/2008-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/09/2000
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.969
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 19 19 /2 00 8- 21 Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13884.901919/200821 Acórdão n.º 3401004.969 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de declaração de compensação, realizada com base em suposto crédito de contribuição social originário de pagamento indevido ou a maior. A DRF de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, em razão da inexistência de crédito disponível. Cientificada desse despacho, a manifestante protocolou sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: recolheu aos cofres públicos tributos superiores aos efetivamente devidos, pois não considerou os termos do parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/98, quando apurou as bases de cálculos das contribuições; o único fundamento para a glosa das compensações é uma pretensa inexistência de crédito; não foi sequer solicitado ao contribuinte qualquer documento capaz de comprovar ou não o crédito; tivesse a autoridade intimado o contribuinte, teria acesso As planilhas de apuração, podendo verificar a regularidade do encontro de contas efetuado; pelas razões alegadas, deve ser anulado o despacho decisório, determinando que a autoridade efetue as diligências necessárias para comprovar a origem e existência do crédito utilizado, alternativamente, requer que seja logo homologada a compensação. Ao final pede deferimento da presente manifestação de inconformidade" . A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 0530.651, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que "os valores faturados, ainda que repassados a terceiros, compõem a base tributável da contribuição social, em face da inexistência de permissivo legal para sua exclusão". Devidamente notificada desta decisão, a recorrente interpôs tempestivamente o recurso voluntário ora em apreço, no qual reitera as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13884.901919/200821 Acórdão n.º 3401004.969 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.923, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 13884.900342/200831, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.923): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: Conforme relatado, a não homologação da DCOMP em tela decorreu do fato de estar o Darf informado na DCOMP integralmente utilizado para a quitação de débitos da contribuinte. No caso, a contribuinte transmitiu sua DCOMP compensando débito com suposto crédito de contribuição social decorrente de pagamento indevido ou a maior, apontando um documento de arrecadação como origem desse crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte na DCOMP foi realizada também de forma eletrônica, cotejandoos com os demais por ela informados A. Receita Federal em outras declarações (DCTFs, DIPJ, etc), bem como com outras bases de dados desse órgão (pagamentos, etc), tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente fora utilizado para a extinção anterior de débito de Cofins da interessada. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13884.901919/200821 Acórdão n.º 3401004.969 S3C4T1 Fl. 5 4 Por conseguinte, não havia saldo disponível (é dizer, não havia crédito liquido e certo) para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação. Dai a não homologação, não havendo qualquer nulidade nesse procedimento. Sobre o motivo da não homologação, como já antes explicitado neste voto, revelase procedente, pois, de acordo com as próprias informações prestadas pela contribuinte Receita Federal, o direito creditório apontado na DCOMP era inexistente. Não obstante, agora, em sede de manifestação de inconformidade, pretende a contribuinte demonstrar que seus débitos de contribuição social antes declarados e pagos são indevidos, pois não havia considerado, quando da apuração da base de cálculos das contribuições, o disposto no parágrafo 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei n° 9.718/1998. Em termos legais, significa ver excluídos da receita bruta os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para terceiros, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo. Neste ponto, fazse necessário destacar que, por força de sua vinculação aos atos legais, assim como àqueles emanados por autoridades que lhe são hierarquicamente superiores, este colegiado está adstrito à interpretação que a própria administração pública dá legislação tributária. 110 A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório SRF n°56, de 20 de julho de 2000, já se posicionou a respeito da situação em exame: Ato Declaratório SRF n° 56, de 2000: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e considerando ser a regulamentação, pelo Poder Executivo, do disposto no inciso III do art. 20 do art. 3° da Lei no 9.718, de 27 de novembro de 1998, condição resolutória para sua eficácia; Considerando que o referido dispositivo legal foi revogado pela alínea b do inciso IV do art. 47 da Medida Provisória n° 1.99118, de 9 de junho de 2000; Considerando, finalmente, que, durante sua vigência, o aludido dispositivo legal não foi regulamentado, não produz eficácia, para fins de determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS, no período de I° de fevereiro de 1999 a 9 de junho de 2000, eventual exclusão da receita bruta que Fl. 66DF CARF MF Processo nº 13884.901919/200821 Acórdão n.º 3401004.969 S3C4T1 Fl. 6 5 tenha sido feita a titulo de valores que, computados como receita, hajam sido transferidos para outra pessoa jurídica" (destacouse). Esse entendimento torna sem força a argumentação alegada pela Contribuinte no sentido de que as provas dos alegados créditos, consistentes em planilhas de apuração da contribuição social, deveriam ser examinadas na busca da constatação da regularidade do encontro de contas, uma vez que o crédito calcado neste dispositivo é inexistente. Diante de tudo exposto, voto por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o disposto no despacho decisório da unidade de origem. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato",1 postura consentânea com o art. 36 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. 2 Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401 003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. 2 Lei nº 9.784/1999 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 13884.901919/200821 Acórdão n.º 3401004.969 S3C4T1 Fl. 7 6 Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Acrescese a tal constatação o intento da contribuinte de ver compensado seu débito com crédito fundado em quaestio jurídica que busca inaugurar em fase de instauração de contencioso administrativo posterior à apresentação de sua declaração de compensação, com a apresentação de sua impugnação, sob o pálio do argumento de que devem ser expurgados da receita bruta, ainda que assim escriturados, os valores que tenham sido transferidos para terceiros, nos termos do § 2°, do inciso III, do artigo 3°, da Lei no 9.718/1998, argumento que se encontra em contrariedade com o preceptivo normativo do Ato Declaratório SRF n° 56, de 20/07/2000. Independentemente da discussão respeitante à matéria, no entanto, o que se constata é que a compensação tem por base direito creditório ilíquido e incerto, carente de prova de sua constituição definitiva, uma vez que a contribuinte somente poderia utilizar, na compensação de débitos próprios relativos a tributos administrados pela RFB, crédito passível de restituição ou de ressarcimento. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 68DF CARF MF
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Numero do processo: 11555.001423/2010-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/05/2003
DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. APRECIAÇÃO DE OFÍCIO.
O instituto da decadência, no âmbito do direito tributário, é matéria de ordem pública, que transcende aos interesses das partes, sendo cognoscível de ofício pelo julgador administrativo, em qualquer instância recursal, quando presentes os seus requisitos.
PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO PARCIAL. EX OFFICIO. SÚMULA VINCULANTE STF N. 8. ART. 173, I, CTN. REPERCUSSÃO NO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO.
Impõe-se, ainda que parcial, o reconhecimento de ofício do advento de decadência com fulcro na Súmula Vinculante STF n. 8.
Destarte, deve ser observado o prazo quinquenal para a constituição de créditos tributários previsto no CTN, inclusive aqueles decorrentes de descumprimento de obrigação acessória, vez que inconstitucionais o parágrafo único do art. 5°. do Decreto-Lei n. 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
No caso concreto, há repercussão da decadência reconhecida de ofício no crédito tributário lançado, vez que a aplicação da multa ocorreu por infrações (ocorrências) individualmente consideradas e vinculadas a competências a ela especificamente vinculadas e existem competências alcançadas pela decadência pela regra do art. 173, I, do CTN.
PRELIMINAR DE NULIDADE DE CITAÇÃO. INTIMAÇÃO POSTAL. VALIDADE. QUALIFICAÇÃO DO RECEBEDOR. ENUNCIADO DE SÚMULA CARF N. 09.
É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
No caso concreto, o recebedor foi o próprio procurador, constituído pelo Recorrente mediante instrumento procuratório público registrado em cartório, com amplos e ilimitados poderes.
PRELIMINAR DE NULIDADE DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO. CIÊNCIA. IRREGULARIDADE. INEXISTÊNCIA.
O Mandado de Procedimento Fiscal é uma autorização ao Auditor-Fiscal para fiscalizar a empresa e verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias previstas na Lei n. 8.212/91.
Expedido de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, bem assim com a devida ciência do seu teor ao fiscalizado, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, principalmente quando a ação fiscal transcorre dentro dos estritos limites legais.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO A DISPOSITIVO LEGAL. CARACTERIZAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. NÃO CUMPRIMENTO.
Constitui infração ao art. 32, inciso IV e § 3°., da Lei n. 8.212/1991, apresentar Guia de Recolhimento do FGTS e Informações a Previdência Social (GFIP) com informações inexatas ou omissas em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias e outras informações de interesse.
GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. ART. 30, IX, DA LEI N. 8.212/91. ART. 124 DO CTN.
Caracterizado a formação de grupo econômico, com provas substanciais nos autos do processo administrativo fiscal, decorre a solidariedade quanto à obrigação tributária de natureza previdenciária, forte no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91 c/c art. 124 do CTN.
Numero da decisão: 2402-006.113
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a decadência em relação às competências 01/1997 a 11/1999, inclusive.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini, Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gregório Rechmann Júnior e Maurício Nogueira Righetti.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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DECADÊNCIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. APRECIAÇÃO DE OFÍCIO. O instituto da decadência, no âmbito do direito tributário, é matéria de ordem pública, que transcende aos interesses das partes, sendo cognoscível de ofício pelo julgador administrativo, em qualquer instância recursal, quando presentes os seus requisitos. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO PARCIAL. EX OFFICIO. SÚMULA VINCULANTE STF N. 8. ART. 173, I, CTN. REPERCUSSÃO NO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO. Impõese, ainda que parcial, o reconhecimento de ofício do advento de decadência com fulcro na Súmula Vinculante STF n. 8. Destarte, deve ser observado o prazo quinquenal para a constituição de créditos tributários previsto no CTN, inclusive aqueles decorrentes de descumprimento de obrigação acessória, vez que inconstitucionais o parágrafo único do art. 5°. do DecretoLei n. 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. 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PRELIMINAR DE NULIDADE DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO. CIÊNCIA. IRREGULARIDADE. INEXISTÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é uma autorização ao AuditorFiscal para fiscalizar a empresa e verificar o cumprimento das obrigações previdenciárias previstas na Lei n. 8.212/91. Expedido de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, bem assim com a devida ciência do seu teor ao fiscalizado, não há que se falar em nulidade ou irregularidade, principalmente quando a ação fiscal transcorre dentro dos estritos limites legais. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFRAÇÃO A DISPOSITIVO LEGAL. CARACTERIZAÇÃO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. NÃO CUMPRIMENTO. Constitui infração ao art. 32, inciso IV e § 3°., da Lei n. 8.212/1991, apresentar Guia de Recolhimento do FGTS e Informações a Previdência Social (GFIP) com informações inexatas ou omissas em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias e outras informações de interesse. GRUPO ECONÔMICO. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. ART. 30, IX, DA LEI N. 8.212/91. ART. 124 DO CTN. Caracterizado a formação de grupo econômico, com provas substanciais nos autos do processo administrativo fiscal, decorre a solidariedade quanto à obrigação tributária de natureza previdenciária, forte no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91 c/c art. 124 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 11555.001423/201077 Acórdão n.º 2402006.113 S2C4T2 Fl. 102 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade e dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a decadência em relação às competências 01/1997 a 11/1999, inclusive. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini, Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gregório Rechmann Júnior e Maurício Nogueira Righetti. Fl. 1305DF CARF MF 4 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário de efls. 1230/1243 em face da Decisão Notificação (DN) n. 26.401.4/0072/2006 Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1202/1211), que julgou procedente o lançamento consignado no Auto de Infração (AI) DEBCAD n. 35.601.3790 consolidado no valor total de multa de R$ 2.423,96 Código de Fundamentação Legal (CFL) 69 na data de 22/12/2005 Período de Autuação: 01/1999 a 05/2003 (efls. 03/09) com fulcro em infração ao art. 32, inciso IV e §§ 3°. e 6°. da Lei n. 8.212/91 c/c art. 225, inciso IV e § 4°., do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n. 3.048/99, lavrado em desfavor do contribuinte em epígrafe, por apresentar Guia de Recolhimento do FGTS e Informações a Previdência Social (GFIP) com informações inexatas ou omissas em relação à alíquota RAT, categoria do segurado, código de terceiros e ao Simples, no período de 01/1999 a 05/2003, conforme consta do Relatório Fiscal de efls. 32/35. O Relatório Fiscal (efls. 32/35), bem assim o Relatório de Grupo Econômico RGE (efls. 36/63), caracterizam os procedimentos fiscais realizados; as evidências constatadas no curso da fiscalização e a solidariedade das empresas FRIGORÍFICO BONSUCESSO LTDA., FRIGORÍFICO PORTO LTDA., FRIGORÍFICO VALE DO RIO ACRE LTDA., FRIGORÍFICO SANTA ELVIRA LTDA. e FRIGORÍFICO NOVO ESTADO S/A que constituem grupo econômico de fato pelo débito de natureza previdenciária em apreço. A Recorrente foi regularmente cientificada do AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09) em 29/12/2005 (efl. 1197), e, irresignada, apresentou, em 10/01/2006, a impugnação de efls. 1173/1185), aduzindo, em síntese: i) Preliminar de nulidade de citação; ii) Inexistência de grupo econômico; iii) Inexistência de solidariedade; iv) Irregularidades no decorrer da ação fiscal; v) Correção das falhas apontadas no RF e lançamento da respectiva contribuição pela Fiscalização; vi) Inobservância das regras que disciplinam o Mandado de Procedimento Fiscal. O crédito tributário de natureza previdenciária no AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09) foi mantido no julgamento de primeiro grau, consoante a Decisão Notificação (DN) n. 26.401.4/0072/2006 (efls. 1202/1211), que sumarizou seu entendimento conforme emenda abaixo reproduzida: Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 11555.001423/201077 Acórdão n.º 2402006.113 S2C4T2 Fl. 103 5 A Recorrente foi cientificada do teor da DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0072/2006 (efls. 1202/1211) em 30/05/2006, conforme editais publicados em 16/05/2006; 23/05/2006 e 30/05/2006 (efls. 1225/1227), e, inconformada, apresentou Recurso Voluntário ao Conselho de Recursos Fiscais da Previdência Social em 16/06/2006 (efls. 1230/1243), esgrimindo os mesmos argumentos da impugnação de efls. 1173/1185. Todavia, o Recurso Voluntário de efls. 1230/1243, a despeito de sua tempestividade, foi considerado deserto (insuficiência/ausência de depósito recursal) e, por consequência, negado o seu seguimento, com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, nos termos exatos da decisão exarada pela Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1253/1254). Entretanto, com o advento da Súmula Vinculante STF n. 21 29/10/2009 DJe n. 223 27/11/2009 restou caracterizada a inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. Nesse contexto, a Procuradoria da Fazenda Nacional em Rondônia procedeu à revisão da legalidade dos atos praticados pela autoridade administrativa (Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO), concluindo pelo cancelamento da inscrição em Dívida Ativa da União (DAU) e devolução deste processo ao âmbito administrativo para o julgamento do Recurso Voluntário de efls. 1230/1243, conforme despacho de acompanhamento especial de efls. 1295/1296. É o relatório. Fl. 1307DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. Consoante já relatado, o Recurso Voluntário de efls. 1230/1243, a despeito de sua tempestividade, foi considerado deserto (insuficiência/ausência de depósito recursal) e, por consequência, negado o seu seguimento, com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, nos termos exatos da decisão exarada pela Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO (efls. 1253/1254). Entretanto, com o advento da Súmula Vinculante STF n. 21 29/10/2009 DJe n. 223 27/11/2009 restou caracterizada a inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo. Nesse contexto, a Procuradoria da Fazenda Nacional em Rondônia procedeu ao controle de legalidade da decisão que negou seguimento ao recurso administrativo com fundamento no art. 126, § 1°., da Lei n. 8.213/1991, com a redação dada pela Lei n. 10.684/2003, exarada pela autoridade administrativa (Seção do Contencioso Administrativo Delegacia da Receita Previdenciária Porto Velho/RO) efls. 1253/1254, concluindo pelo cancelamento da inscrição em Dívida Ativa da União (DAU) e devolução deste processo ao âmbito administrativo para o julgamento do Recurso Voluntário de efls. 1230/1243, conforme despacho de acompanhamento especial de efls. 1295/1296. Uma vez declarada a nulidade do ato que indeferiu o seguimento do recurso, deve ser proferida nova decisão administrativa sobre o juízo de admissibilidade recursal, e, não havendo outra causa autônoma impeditiva do seguimento do recurso, este deve ser processado normalmente. Isto posto, o Recurso Voluntário (efls. 1230/1243) é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele CONHEÇO. Da Preliminar de Decadência (reconhecimento de ofício) Súmula Vinculante STF n. 8. O lançamento consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09) foi constituído em 29/12/2005 e compreende as competências 01/1999 a 05/2003. Assim, resta evidenciado, em relação às competências 01/1999 a 11/1999, inclusive, o advento da decadência, com fundamento na Súmula Vinculante STF n. 8, aplicandose a regra estabelecida no art. 173, I, do CTN, vez que se trata de lançamento em face de descumprimento de obrigação acessória, sem ocorrência de pagamento antecipado. Com efeito, deve ser observado o prazo quinquenal para a constituição de créditos tributários, previsto no CTN, inclusive aqueles decorrentes de descumprimento de obrigação acessória, vez que inconstitucionais o parágrafo único do art. 5°. do DecretoLei n. 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Isto posto, acato a preliminar em apreço, no sentido de reconhecer de ofício a decadência do lançamento em relação às competências 01/1999 a 11/1999, vez que o instituto da decadência, no âmbito do direito tributário, é matéria de ordem pública, que transcende aos interesses das partes, sendo cognoscível de ofício pelo julgador administrativo, em qualquer instância recursal, quando presentes os seus requisitos. Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 11555.001423/201077 Acórdão n.º 2402006.113 S2C4T2 Fl. 104 7 Nessa perspectiva, devem ser excluídos do crédito tributário em lide os valores das multas relativas às competências até 11/1999, inclusive, discriminados no item 2.3 do Relatório Fiscal (efls. 32/35), havendo, no caso concreto, repercussão da decadência ora reconhecida no crédito tributário em litígio, vez que a aplicação da multa ocorreu por infrações (ocorrências) individualmente consideradas e vinculadas a competências a ela especificamente vinculadas. Da Preliminar de Nulidade de Citação De plano, cabe ressaltar que a ciência por via postal é modalidade de intimação prevista no art. 23, II do Decreto n. 70.235/1972 que dispõe sobre o processo administrativo fiscal , bem assim na IN SRP/MPS n. 03/2005 e Portaria MPS n. 520/2004 vigentes à época dos fatos. Outrossim, inexiste ordem de preferência entre a intimação pessoal e a intimação postal para efeito do processo administrativo fiscal estabelecido no Decreto n. 70.235/1972. A teor do art. 23, § 1°., do Decreto n. 70.235/1972, apenas para a intimação ficta, por via editalícia, é que se exige ordem de preferência, uma vez que deve resultar improfícuo a intimação pessoal ou postal (sem ordem de preferência entre estas). Da análise dos autos, constatase que a ciência do AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09) e de diversos outros documentos afetos ao lançamento em lide foi direcionada à bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS RG 303.598 SSP/RO CPF 621.104.38215, nomeada e constituída pelo Recorrente mediante o instrumento procuratório público registrado no Tabelionato Figueiredo Ofício Único de Notas Vilhena/RO na data de 14/02/2005 Traslado: Primeiro Livro: 228 Folhas: 031 com validade até 31/12/2005 (efl. 21). No instrumento de procuração pública de efl. 21, o Recorrente outorga amplos e ilimitados poderes à bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS, a seguir transcritos: Não à toa, a bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS assinou, recebeu e forneceu diversos documentos vinculados à fiscalização que resultou no lançamento do AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09) em desfavor da Recorrente, tais como: Mandados de Procedimento Fiscal Fiscalização e Complementar, Termos de Intimação para Apresentação de Documentos, Relatório de Grupo Econômico, Termo de Cientificação de Fl. 1309DF CARF MF 8 Constituição de Crédito em Grupo Econômico, Agendamento de Devolução Parcial de Documentos Apreendidos e TEAF (efls. 10/20). E foi exatamente a bastante procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS RG 303.598 SSP/RO CPF 621.104.38215 a signatária do Aviso de Recebimento (AR) e fl. 1197 da correspondência cujo conteúdo compreende, entre outros documentos, o AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09), ora questionado. Destarte, é reprovável e afronta o princípio da boafé objetiva que, em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente pretenda infirmar os poderes outorgados à procuradora LUCIMAR NASCIMENTO DIAS, que o representou em todo o curso da ação fiscal que culminou com o lançamento do crédito tributário consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09), negando que a retrocitada procuradora represente os seus interesses, não obstante a validade do mandato ter como limite a data de 31/12/2005, e o aperfeiçoamento do lançamento em litígio ter ocorrido em 29/12/2005, data da assinatura da procuradora no AR de efl. 1197. Com relação à validade da intimação por via postal, inclusive no que tange à qualificação do recebedor, objeto de questionamento pelo Recorrente, é relevante resgatar o Enunciado de Súmula CARF n. 09, verbis: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. É oportuno salientar que, ainda que falta ou irregularidade houvesse na intimação (ciência do AI DEBCAD n. 35.601.3790 efls. 03/09), o comparecimento do Recorrente aos autos, consubstanciado na apresentação da impugnação de efls. 1173/1185, é bastante para sanear eventual vício existente na intimação. Por fim, convém destacar que a Recorrente encontrase com situação cadastral no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) baixada desde 09/02/2015, por motivo de omissão contumaz, conforme consulta realizada no sítio da RFB (receita.fazenda.gov.br/pessoajurídica/cnpj/cnpjreva/Cnpjreva_Comprovante_asp). Isto posto, rejeito a preliminar. Da Preliminar de Nulidade de Mandado de Procedimento Fiscal No que tange ao questionamento em face do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e de supostas irregularidades verificadas no decorrer da ação fiscal, não há reparo a fazer na decisão recorrida, vez que o MPF Fiscalização n. 09233178 expedido em 13/04/2005 com validade até 11/08/2005 para verificação do cumprimento das obrigações principais decorrentes de Folha de Pagamento e Contribuição Rural (efl. 10) e o MPF Complementar 01 n. 09233178 expedido em 16/06/2005 com validade até 14/10/2005 para verificação de todos os fatos geradores (efls. 11), encontram abrigo no art. 196 do CTN; art. 1°. da Lei n. 11.098/2005; na Instrução Normativa INSS/DC n. 100/2003 e no Decreto n. 3.969/2001, todos vigentes à época dos fatos, observandose ainda que a execução da ação fiscal decorreuse dentro dos estritos limites legais. Isto posto, rejeito a preliminar. Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 11555.001423/201077 Acórdão n.º 2402006.113 S2C4T2 Fl. 105 9 Do Mérito Em relação à insurgência contra a caracterização de grupo econômico e a consequente solidariedade entre as empresas do grupo, não assiste razão ao Recorrente. Com efeito, resta sobejamente comprovado nos autos os fundamentos que evidenciam a composição de grupo econômico compreendendo as seguintes pessoas jurídicas: i) Frigorífico Bonsucesso Ltda.; ii) Frigorífico Porto Ltda.; iii) Frigorífico Vale do Rio Acre Ltda..; iv) Frigorífico Santa Elvira Ltda.; e o Frigorífico Novo Estado S/A. A DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0072/2006 (efls. 1202/1211) elucida e esclarece, de forma minuciosa, com amparo no Relatório de Grupo Econômico (efls. 36/63), as questões de fato e de direito suficientes à caracterização de grupo econômico e à solidariedade entre as respectivas empresas, quanto ao crédito tributário de natureza previdenciária consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09), a seguir resumidas: Fl. 1311DF CARF MF 10 O art. 124 do CTN (Lei n. 5.172/1966), informa norma geral aplicável a todos os tributos existentes no sistema tributário nacional, nos seguintes termos: "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. (grifei)" Não obstante a expressão "interesse comum" consignada no art. 124, I, do CTN, encartar um conceito indeterminado, é mister procederse a uma interpretação sistemática das normas tributárias, de modo a alcançarse a ratio essendi do referido dispositivo legal. Assim, verificase que o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal implica que as pessoas jurídicas solidariamente obrigadas estejam no mesmo polo da relação jurídica que deu azo à hipótese de incidência tributária, exatamente porque não encontraria respaldo na lógica jurídicatributária a integração no polo passivo da relação jurídica de uma empresa que não tenha qualquer participação na ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Nessa perspectiva, é forçoso concluir que o interesse qualificado pela lei não há de ser o mero interesse social, moral, financeiro ou econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas sim o interesse jurídico, atrelado à atuação comum ou conjunta no pressuposto fático do tributo. Assim, caracteriza responsabilidade solidária em matéria tributária a realização conjunta de situações que, per se, configuram a hipótese de incidência tributária, irrelevante que se trate ou não de grupo econômico formalmente constituído. É cediço que os grupos econômicos de fato caracterizamse por serem criados com o fim exclusivo de redução do risco empresarial e maximização de lucros, caracterizando se um abuso de direito, inclusive para fins de afastar a incidência de tributos, no caso concreto, na espécie contribuições sociais. Constatase, a partir das situações relatadas nos autos e sintetizadas pela DecisãoNotificação (DN) n. 26.401.4/0072/2006 (efls. 1202/1211), acima reproduzidas, uma unidade de interesse jurídico das várias pessoas jurídicas (frigoríficos) envolvidas, consolidandose evidente interesse comum nos atos negociais de propriedade e de circulação de riquezas. Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 11555.001423/201077 Acórdão n.º 2402006.113 S2C4T2 Fl. 106 11 Noutro giro, há previsão legal de solidariedade quanto às contribuições à Seguridade Social, independentemente da natureza (formal ou de fato) do grupo econômico, bastando tãosomente a sua caracterização, nos termos exatos do art. 30, IX, da Lei n. 8.212/1991, verbis: "Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: [...] IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; [...] (grifei)" Considerandose o disposto no art. 30, IX, da Lei n. 8.212/91, acima reproduzido, não há dúvidas que, no caso específico das contribuições previdenciárias, incide não apenas a regra do inciso I do art. 124 do CTN, mas também do inciso II do retrocitado dispositivo legal. Na peça recursal de efls. 1230/1243, o Recorrente, em sua defesa, informa que "reparou as omissões ocorridas e as contribuições previdenciárias a elas referenciadas foram apuradas e lançadas através de Notificações Fiscais emitidas pelos srs. Auditores Fiscais, razão pela qual vimos solicitar, o que desde já se requer, a relevação da penalidade aplicada, ademais, por ser primária, não ter incorrido em situações agravantes e ter reparado a omissão, nos termos informados". Todavia, inexiste previsão legal a acolher os argumentos do Recorrente que na verdade, confessa a infração havendo, ao contrário, determinação expressa na legislação vigente à época dos fatos para a lavratura do auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, inclusive quanto ao valor lançado, forte no art. 32, inciso IV e §§ 3°. e 6°. da Lei n. 8.212/91 c/c art. 225, inciso IV e § 4°., do RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99; art. 225, inciso I e § 9°., do RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99; art. 92 e 102 da Lei n. 8.212/91 c/c art. 284, inciso III, e art. 373, do RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048/99; art. 292, inciso I, do RPS , aprovado pelo Decreto 3.048/99; e Portaria MPS n. 822/05. Nessa perspectiva, o lançamento consubstanciado no AI DEBCAD n. 35.601.3790 (efls. 03/09) encontrase alinhado à configuração da Lei n. 8.212/91 da época dos fatos, particularmente em seu arts. 32, inciso IV e §§ 3°. e 6°., e 30, IX. Fl. 1313DF CARF MF 12 Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 1230/1243), REJEITAR AS PRELIMINARES, e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para reconhecer de ofício a decadência em relação às competências até 11/1999, inclusive. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 1314DF CARF MF
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Numero do processo: 13984.901371/2009-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO EM DILIGÊNCIA.
Cabe a homologação da compensação quando o direito creditório restar comprovado por meio de diligência fiscal.
Numero da decisão: 1201-002.064
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO EM DILIGÊNCIA. Cabe a homologação da compensação quando o direito creditório restar comprovado por meio de diligência fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 90 13 71 /2 00 9- 72 Fl. 273DF CARF MF Processo nº 13984.901371/200972 Acórdão n.º 1201002.064 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório A Recorrente transmitiu DCOMP, pleiteando a compensação de créditos de tributos recolhidos no SIMPLES com determinados débitos de sua responsabilidade. O Despacho Decisório não homologou o pleito do contribuinte, sob a alegação de insuficiência de saldo credor. A contribuinte, então, apresentou Manifestação de Inconformidade, sustentando que houve retificação da DSPJ em face de ter adotados alíquotas superiores a devida em 50%. A DRJ julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, uma vez que entendeu que o referido crédito não teria sido comprovado. Cientificada da decisão, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, instruído com documentação que, no seu entender, definitivamente comprovaria o direito creditório. O julgamento do recurso voluntário foi convertido em diligência, pois, segundo o I. Relator, os esclarecimentos e documentos juntados pelo contribuinte deveriam ser confrontados com os sistemas da fiscalização. Em atendimento à diligência, a autoridade fiscal se manifestou por meio de Relatório Fiscal específico, do qual a contribuinte não foi chamada a se manifestar. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201 002.057, de 23.02.2018, proferido no julgamento do Processo nº 13984.901377/200940, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Nos presentes autos o contribuinte solicita a restituição do pagamento a maior de SIMPLES no AC 2005. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201002.057): "O recurso é tempestivo e cumpre os requisitos legais, razão pela qual dele tomo conhecimento. Fl. 274DF CARF MF Processo nº 13984.901371/200972 Acórdão n.º 1201002.064 S1C2T1 Fl. 4 3 A presente discussão diz respeito à legitimidade ou não de créditos de tributos supostamente recolhidos a maior no âmbito do SIMPLES no AC de [...]. Por ocasião da diligência que foi determinada pelo CARF, o relatório fiscal atesta a legitimidade do direito creditório, merecendo destaque a seguinte passagem: Consultando o histórico do CNPJ quanto ao porte, constatase que a empresa estava enquadrada como microempresa nos anos 2004 e 2005, tendo alterado o enquadramento para empresa de pequeno porte a partir do ano 2006: [...] O CNAE que consta nas Declarações Simplificadas apresentadas é 64114/02 Atividades do Correio Nacional executadas por franchising. Consultando as declarações relativas aos anos de 2003 a 2005, verificase a evolução do faturamento da seguinte forma: EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO ano receita auferida 2003 42.484,37 2004 112.927,51 2005 132.270,87 Portanto, possível o enquadramento como microempresa nos anos 2004 e 2005. LEGISLAÇÃO As franqueadas dos Correios passaram a poder optar pelo Simples com a publicação da Lei 10.684/2003, que alterou a Lei 10.034/2000. A Lei 10.684/2003 determinava ainda que essas empresas estariam sujeitas aos percentuais majorados em 50%. A IN SRF 355/2003 dispunha, à época, sobre o Simples nos seguintes termos: "PERCENTUAIS DIFERENCIADOS Art. 8° No caso de estabelecimentos de ensino fundamental, de centros de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga, de agências lotéricas, de agências terceirizadas de correios e de pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% (trinta por cento) da receita bruta total acumulada, inscritas no Simples na condição de microempresas, o valor devido mensalmente será determinado mediante a aplicação, sobre a receita bruta mensal auferida, dos seguintes percentuais: I até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais): 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento); II de R$ 60.000,01 (sessenta mil reais e um centavo) a R$ 90.000,00 (noventa mil reais): 6% (seis por cento); III de R$ 90.000,01 (noventa mil reais e um centavo) a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais): 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento). Fl. 275DF CARF MF Processo nº 13984.901371/200972 Acórdão n.º 1201002.064 S1C2T1 Fl. 5 4 § 1° O percentual a ser aplicado em cada mês, na forma deste artigo, será o correspondente à receita bruta acumulada, dentro do ano calendário, até o próprio mês.(...)" (grifouse) Com o advento da Lei 10.833/2003, que também alterou a Lei 10.034/2000, as franqueadas dos Correios deixaram de estar sujeitas aos percentuais majorados em 50% e a instrução normativa acima passou a vigorar com o seguinte teor: "PERCENTUAIS DIFERENCIADOS Art. 8° No caso de estabelecimentos de ensino fundamental, de centros de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga, de agências lotéricas e de pessoas jurídicas que aufiram receita bruta acumulada decorrente da prestação de serviços em montante igual ou superior a 30% (trinta por cento) da receita bruta total acumulada, inscritas no Simples na condição de microempresas, o valor devido mensalmente será determinado mediante a aplicação, sobre a receita bruta mensal auferida, dos seguintes percentuais: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF n° 391, de 30 de janeiro de 2004) I até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais): 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento); II de R$ 60.000,01 (sessenta mil reais e um centavo) a R$ 90.000,00 (noventa mil reais): 6% (seis por cento); III de R$ 90.000,01 (noventa mil reais e um centavo) a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais): 7,5% (sete inteiros e cinco décimos por cento). § 1° O percentual a ser aplicado em cada mês, na forma deste artigo, será o correspondente à receita bruta acumulada, dentro do ano calendário, até o próprio mês. (...) § 6° O disposto no caput também se aplica às agências terceirizadas de correios no período de 31 de maio a 30 de novembro de 2003." Portanto, as franqueadas dos Correios estiveram sujeitas a percentuais diferenciados, majorados em 50%, no período de 31/05 a 30/11/2013 e, para os períodos posteriores, sujeitaram se às alíquotas normais. ALÍQUOTAS APLICÁVEIS NO CASO CONCRETO Estes processos tratam de Simples dos anos 2004 e 2005, portanto, os valores devem ser apurados com alíquotas normais, aplicáveis às microempresas, previstas no art. 7° da instrução normativa: "Das Microempresas Optantes pelo Simples Percentuais aplicáveis Art. 7° O valor devido mensalmente pelas microempresas, inscritas no Simples nessa condição, será determinado mediante a aplicação, sobre a receita bruta mensal auferida, dos seguintes percentuais: I até R$ 60.000,00 (sessenta mil reais): 3% (três por cento); Fl. 276DF CARF MF Processo nº 13984.901371/200972 Acórdão n.º 1201002.064 S1C2T1 Fl. 6 5 II de R$ 60.000,01 (sessenta mil reais e um centavo) a R$ 90.000,00 (noventa mil reais): 4% (quatro por cento); III de R$ 90.000,01 (noventa mil reais e um centavo) a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais): 5% (cinco por cento). § 1° O percentual a ser aplicado em cada mês, na forma deste artigo, será o correspondente à receita bruta acumulada, dentro do ano calendário, até o próprio mês." O contribuinte foi intimado a apresentar os Livros Contábeis e as notas fiscais relativas aos anos 2004 e 2005. Com base na documentação apresentada, foram confeccionadas as planilhas abaixo, que contêm a receita, a receita acumulada e a alíquota de Simples aplicável a cada período de apuração. ALMIR RODRIGUES ‐ Simples ‐ 2004 MÊS RECEITA RECEITA ALÍQUOTA ACUMULADA 01/04 7.316,75 7.316,75 3% 02/04 7.595,37 14.912,12 3% 03/04 9.473,60 24.385,72 3% 04/04 8.594,39 32.980,11 3% 05/04 8.407,44 41.387,55 3% 06/04 9.510,98 50.898,53 3% 07/04 9.075,25 59.973,78 3% 08/04 9.195,16 69.168,94 4% 09/04 8.809,84 77.978,78 4% 10/04 9.485,46 87.464,24 4% 11/04 11.169,36 98.633,60 5% 12/04 13.293,91 111.927,51 5% ALMIR RODRIGUES ‐ Simples ‐ 2005 MÊS RECEITA RECEITA ALÍQUOTA ACUMULADA 01/05 10.119,01 10.119,01 3% 02/05 10.524,11 20.643,12 3% 03/05 12.160,20 32.803,32 3% 04/05 12.089,40 44.892,72 3% 05/05 10.857,54 55.750,26 3% 06/05 10.745,30 66.495,56 4% 07/05 10.087,06 76.582,62 4% 08/05 11.123,58 87.706,20 4% 09/05 10.096,33 97.802,53 5% 10/05 10.633,29 108.435,82 5% 11/05 10.996,57 119.432,39 5% 12/05* 12.838,48 132.270,87 567,61 5% 12.270,87 5,4% Analisando os pagamentos, observase que foram feitos considerando percentuais diferenciados (alíquotas majoradas em 50%). Fl. 277DF CARF MF Processo nº 13984.901371/200972 Acórdão n.º 1201002.064 S1C2T1 Fl. 7 6 Como se percebe, restou demonstrado pela diligência que o contribuinte utilizou alíquota superior a devida (em 50%), razão pela qual o crédito ora pleiteado é líquido e certo. Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 278DF CARF MF
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