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Numero do processo: 10730.724782/2014-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. APROVEITAMENTO EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO POSTERIOR.
A declaração retificadora substitui a retificada, sendo que o pagamento efetuado nos termos da declaração original adquire o caráter de pagamento indevido, o qual pode ser compensado com eventual lançamento de ofício posterior referente ao mesmo ano-calendário.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.137
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Lourenço Ferreira do Prado e Natanael Vieira dos Santos, que davam provimento ao recurso. Redator designado para apresentar o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Ronnie Soares Anderson - Redator do voto vencedor
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira e Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2011 DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. APROVEITAMENTO EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO POSTERIOR. A declaração retificadora substitui a retificada, sendo que o pagamento efetuado nos termos da declaração original adquire o caráter de pagamento indevido, o qual pode ser compensado com eventual lançamento de ofício posterior referente ao mesmo ano-calendário. Recurso Voluntário Negado.
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AJUSTE. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DIRF x DIRPF Recorrente ANTONIO CARLOS LOBATO DA SILVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. APROVEITAMENTO EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO POSTERIOR. A declaração retificadora substitui a retificada, sendo que o pagamento efetuado nos termos da declaração original adquire o caráter de pagamento indevido, o qual pode ser compensado com eventual lançamento de ofício posterior referente ao mesmo anocalendário. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 47 82 /2 01 4- 99 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 4/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Lourenço Ferreira do Prado e Natanael Vieira dos Santos, que davam provimento ao recurso. Redator designado para apresentar o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson. Ronaldo de Lima Macedo Presidente João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Ronnie Soares Anderson Redator do voto vencedor Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira e Natanael Vieira dos Santos. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 4/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10730.724782/201499 Acórdão n.º 2402005.137 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 1ª Turma da DRJ/FOR, que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte, para manter o lançamento suplementar do imposto de renda pessoa física no valor de R$ 11.777,75, exercício 2011, anocalendário 2010. O lançamento ocorreu porque teria sido apurada a seguinte infração: a) omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica (FUNDAÇÃO REDE FERROVIÁRIA DE SEGURIDADE SOCIAL REFER – CNPJ nº 30.277.685/000189), no valor de R$ 42.828,16. Em sede de impugnação, o contribuinte alegou que: b) teria retificado a DIRPF em 27/12/2013, solicitando o abatimento de rendimentos no valor de R$ 42.828,16, que não teria sido aceita pelo Fisco; c) o valor do imposto apurado na declaração original já teria sido recolhido; d) diante da comprovação do recolhimento, deveria ser tornada sem efeito a NFLD. Contudo, a DRJ julgou improcedente a impugnação, mantendo integralmente o lançamento, ao argumento de que: e) o contribuinte teria retificado a declaração original para excluir a quantia de R$ 42.828,16 da base de cálculo do imposto; f) embora o contribuinte tenha alegado que o imposto a pagar já tenha sido recolhido, a declaração retificadora substituiria a original para todos os efeitos tributários (art. 54 da IN SRF 15/2001 e art. 82 da IN RFB 1.500/2014); g) se na declaração retificadora tiver sido apurado de ofício um imposto suplementar, contribuinte estaria sujeito à multa de ofício e juros de mora sobre tal imposto; h) no que se referiria a eventuais recolhimentos efetuados com base na declaração original, o contribuinte poderia solicitar a sua compensação com o imposto apurado na NFLD. A procuradora do contribuinte tomou ciência pessoal do acórdão em 25/03/2015, tendo interposto recurso voluntário em 15/04/2015, no qual basicamente reiterou os fundamentos da impugnação, tendo apenas acrescentado jurisprudência do TRF2 e suscitado a aplicação do art. 138 do CTN, que trata da denúncia espontânea. É o relatório. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 4/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Tempestividade O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. Da omissão de rendimentos Conforme a decisão da DRJ, o recorrente teria retificado a declaração original para excluir a quantia de R$ 42.828,16 da base de cálculo do imposto, sendo esta a omissão apurada na NFLD. Em contrapartida, o recorrente defende a tese da inexistência da infração, pois o imposto teria sido recolhido com base na declaração original, conforme comprovantes de arrecadação de fls. 34/41. Tem razão o recorrente. Muito embora a declaração retificadora realmente substitua a declaração original, ex vi dos dispositivos infralegais suscitados na decisão a quo, fato é que o pagamento extingue o crédito tributário, conforme prevê o inc. I do art. 156 do CTN. Por outro lado, a obrigação principal, que tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, extinguese juntamente com o crédito dela decorrente, na dicção do § 1º do art. 113 do Código. Vejase: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (destacouse) À luz do dispositivo retro mencionado, a obrigação tributária principal tem por objeto o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária. Essa obrigação principal, seja atinente ao imposto ou à multa, foi extinta juntamente com o crédito dela decorrente, através do pagamento efetuado logo após a entrega da declaração de ajuste original e antes do início da fiscalização. Cumpre afirmar, a propósito, que não há qualquer controvérsia quanto aos pagamentos noticiados e demonstrados pelo recorrente. Em sendo assim, conquanto o exame isolado da declaração retificadora sugira a existência de omissão de rendimentos, o recolhimento é circunstância de grande importância, sobretudo porque a entrega da declaração de ajuste é obrigação acessória que visa exatamente a constituir o crédito que foi adequadamente recolhido pelo recorrente. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 4/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 10730.724782/201499 Acórdão n.º 2402005.137 S2C4T2 Fl. 4 5 Com a extinção, pelo pagamento, dos créditos lançados pelo agente fiscal, é realmente insubsistente o lançamento. Explicando melhor, e no meu entender, o recorrente somente poderia ter sido penalizado pelo inadequado descumprimento da obrigação acessória, a qual tem por objeto obrigações de fazer ou não fazer previstas no interesse exclusivo da arrecadação ou fiscalização dos tributos (§ 2º do art. 113 do CTN), mas não ter sofrido o lançamento de créditos já extintos pelo meio mais usual de extinção, o pagamento. Logo, entendo que deve ser cancelada a exigência. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos da fundamentação. João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 4/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 Voto Vencedor Conselheiro Ronnie Soares Anderson Redator Designado Nos termos do art. 18 da Medida Provisória nº 2.15849, de 23 de agosto 2001: Art.18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único.A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração. Com efeito, a entrega espontânea de retificadora constituise em faculdade do contribuinte, possuindo ela a mesma natureza e substituindo integralmente as informações prestadas na originalmente transmitida, sem possibilidade de restabelecimento desta, por força do diploma legal supra transcrito. Consequentemente, o pagamento efetuado pelo contribuinte com base na DIRPF original adquire o caráter de pagamento indevido, após a entrega da retificadora. Assim, não há falar em pagamento extintivo de crédito tributário, visto que de acordo com as informações transmitidas pelo próprio contribuinte em sua retificadora, aquele pagamento não encontra correspondência com os rendimentos que auferira no ano calendário em evidência. Com a posterior constatação de que o contribuinte havia omitido rendimentos à tributação, mediante procedimento fiscal com a aplicação da multa de oficio, tornouse possível, de outra parte, a compensação daquele pagamento com o crédito tributário apurado, conforme bem explicado pela decisão atacada, a qual não merece reparos. Vale registrar, ainda, e com a devida vênia do voto do relator, que inexiste descumprimento de obrigação acessória por parte do notificado, que exerceu seu direito de entregar DIRPF retificadoras, em consonância com a legislação de regência. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 4/03/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON
score : 1.0
Numero do processo: 10907.000858/2010-02
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 31/05/2010
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decreto-lei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.661
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 31/05/2010 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decreto-lei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/05/2010 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 08 58 /2 01 0- 02 Fl. 317DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 318 2 Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida negou provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3403003.251. No que diz respeito à denúncia espontânea, o Colegiado a quo decidiu que esse instituto é inaplicável para afastar a exigência da multa em comento. Após tomar ciência do mencionado acórdão, a Contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei 12.350, de 2010, para afastar a multa que lhe foi imputada pelo Fisco. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.552, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 11128.007573/200648, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.552): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. Importante observar, quanto à comprovação da divergência, que recorrido e paradigma trataram da exigência da mesma penalidade (art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966) e foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Fl. 318DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 319 3 Lei 12.350, de 20/12/2010). Além disso, ambos citaram expressamente as alterações promovidas pela mencionada lei na redação do art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea, apesar de tal consignação não ser imprescindível. Todavia, os arestos confrontados, que guardam identidade fática e jurídica, chegaram a resultados opostos quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea sobre a exigência da penalidade em foco. Não há dúvida, portanto, quanto à existência de dissenso jurisprudencial. A matéria devolvida a este Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. Não vejo como dar razão à pretensão da Contribuinte, sob pena de aniquilar o cumprimento, com observância dos prazos estabelecidos pela legislação, do dever instrumental de prestar informação. Aplicandose o entendimento defendido pela Recorrente, os prazos estipulados pela legislação aduaneira, para prestar informações à RFB, poderiam ser descumpridos pelo sujeito passivo sem punição, tendo como única condição que a prestação das informações seja efetuada antes do início de ação fiscal. Ou seja, os prazos para a apresentação de informações seriam bastante elásticos, a depender de cada caso, e não prazos fatais, como é a regra na legislação tributária. Por concordar na íntegra com os fundamentos, e por aplicarse à solução do presente litígio, adoto o voto proferido pelo ilustre Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802 002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "O Recorrente alega ainda que as informações sobre o embarque foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A aplicabilidade da denúncia espontânea às “obrigações acessórias” é sustentada por parte da doutrina com base na expressão “se for o caso”, encontrada no caput do art. 138 do CTN. Nesse sentido, cumpre destacar as lições de Hugo de Brito Machado, Luciano Amaro e Sacha Calmon Navarro Coêlho: 'Como a lei diz que a denúncia há de ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido, resta induvidoso que a exclusão da responsabilidade tanto se Fl. 319DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 320 4 refere a infrações das quais decorra o não pagamento do tributo como a infrações meramente formais, vale dizer, infrações das quais não decorra o não pagamento do tributo. Inadimplemento de obrigações tributárias meramente acessórias' 1. 'A expressão ‘se for o caso’ explicase em face de que algumas infrações, por implicarem desrespeito a obrigações acessórias, não acarretam, diretamente, nenhuma falta de pagamento de tributo, embora sejam também puníveis, porque a responsabilidade não pressupõe, necessariamente, dano (art. 136). Outras infrações, porém, de um modo ou de outro, resultam em falta de pagamento. Em relação a estas é que o Código reclama o pagamento' 2. 'Se quisesse excluir uma ou outra, teria adjetivado a palavra infração ou teria dito que a denúncia espontânea elidiria a responsabilidade pela prática de infração à obrigação principal excluindo a assessória, ou viceversa. Ora, onde o legislador não distingue não é lícito ao intérprete distinguir segundo cediço princípio de hermenêutica' 3 Essa interpretação, porém, não foi acolhida pela Jurisprudência, consoante se depreende dos seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça: 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' (...) A mesma interpretação foi adotada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme Súmula CARF nº 49: 'A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na 1 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 182 e ss. 2 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 10 Ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 437. 3 COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 105106. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 321 5 entrega de declaração', que foi fruto de reiterados julgados do Câmara Superior de Recursos Fiscais (...). A discussão, entretanto, foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) De fato, a Lei nº 12.350/2010 resultou da conversão da Medida Provisória n.º 497/2010. De acordo com a exposição de motivos desta, seu objetivo foi 'deixar claro' que o instituto da denúncia espontânea aplicase a todas as penalidades pecuniárias, inclusive multas isoladas vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória, conforme se depreende da leitura da exposição de motivos: '40. A proposta de alteração do § 2º do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, visa a afastar dúvidas e divergência interpretativas quanto à aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea e a consequente exclusão da imposição de determinadas penalidades, para as quais não se tem posicionamento doutrinário claro sobre sua natureza. [...] 43. Fundamentalmente, o Linha Azul é um procedimento simplificado que propicia às empresas habilitadas um menor percentual de seleção para os canais de verificação amarelo e vermelho e conferência aduaneira das declarações selecionadas realizada prioritariamente, Fl. 321DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 322 6 inclusive com compromisso de tempo máximo para essa conferência estipulado. Esse procedimento segue a orientação internacional de Operadores Econômicos Autorizados OEA, ou seja, de credenciamento de operadores legítimos e confiáveis para operar no comércio exterior com menores entraves burocráticos. 44. A avaliação sistêmica da empresa candidata ao Linha Azul inclui a realização, previamente à adesão, de uma auditoria de controles internos para autoavaliação de seus controles e procedimentos aduaneiros, referente, no mínimo, aos quatro últimos semestres civis. O objetivo dessa autoavaliação é induzir a empresa a verificar o cumprimento da legislação aduaneira (controles administrativos e fiscais), com reflexo na garantia da regularidade dos registros aduaneiros e do recolhimento dos tributos devidos. Exigese, sempre que a auditoria de controles internos aponte irregularidades, que sejam apresentados documentos que comprovem o seu saneamento ou a adoção das providências cabíveis para a sua solução. 45. No caso específico, o que se tem verificado é que, durante o processo de auditoria, as empresas têm constatado reiterados erros em declarações de importação registradas e desembaraçadas no canal verde de conferência e, como forma de sanear a irregularidade para cumprimento do programa, apresentado a relação desses erros na unidade de jurisdição e adotado as respectivas providências para a retificação das declarações aduaneiras. 46. Todavia, ao adotar essa providência, mesmo que a empresa não tenha que recolher quaisquer tributos, ela pode estar sujeita à imposição da referida multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (multa isolada), disciplinada no art. 711 do Regulamento Aduaneiro, ainda que espontaneamente tenha apurado tais erros e adotado as providências para a sua regularização, o que onera por demais o processo de adesão à Linha Azul. 47. A proposta de alteração objetiva deixar claro que o instituto da denúncia espontânea alcança todas as penalidades pecuniárias, aí incluídas as chamadas multas isoladas, pois nos parece incoerente haver a possibilidade de se aplicar o instituto da denúncia espontânea para penalidades vinculadas ao nãopagamento de tributo, que é a obrigação principal, e não haver essa possibilidade para multas isoladas, vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória.' (EMI nº 111/MF/MP/ME/MCT/ MDIC/MT). Todavia, cumpre considerar que, nas obrigações acessórias ou deveres instrumentais, o sujeito passivo está Fl. 322DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 323 7 vinculado a um fazer ou nãofazer, sem expressão econômica, destinado a facilitar a fiscalização e a arrecadação dos tributos4. Podem assumir os conteúdos mais variados, desde a manutenção de escrituração fiscal regular, da descrição adequada do bem importado na declaração de importação, emissão de nota fiscal, bem como da apresentação de informações para a Fazenda Pública dentro dos prazos previstos na legislação tributária. Em razão disso, na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo. Essa importante distinção foi evidenciada em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3ª SJ, C1, 2ª TO, S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme 4 CARVALHO, Paulo de Barros. "Curso de direito tributário". 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 277349. Fl. 323DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 324 8 expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face Fl. 324DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 325 9 da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 5. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" O objetivo do art. 138 do CTN é estimular o contribuinte que não pagou os tributos a fazêlo e regularizar a situação, resgatando as pendências deixadas e não conhecidas pelo fisco, que recebe o que deveria ter sido pago e cuja satisfação, não fosse a iniciativa do contribuinte, talvez jamais ocorresse. Tal norma objetiva estimular o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias. Porém, a responsabilidade pelo cometimento das infrações restará afastada apenas com o reconhecimento e cumprimento da obrigação, preservando assim a higidez do sistema, não se podendo ver nela nenhum estímulo à inadimplência. De fato, a jurisprudência dominante em nossos tribunais não admite a configuração da denúncia espontânea ante a prática de determinados atos, que representam 5 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 325DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 326 10 infrações à legislação tributária. Várias são as decisões no sentido da inaplicabilidade do art. 138 do CTN no descumprimento do prazo quanto às obrigações acessórias. Vejamos: “DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória.” (STJ, 2ª T. AgRg no Resp 916.168/SP, Herman Benjamin, mar/09) No mesmo sentido do entendimento ora defendido, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Fl. 326DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 327 11 Importante observar que, no mesmo sentido da mencionada decisão do TRF da 4ª RF, existe a Súmula CARF nº 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, não se trata aqui de aplicar a Súmula 49 para resolver o presente litígio, uma vez que proferida antes das alterações promovidas pela Lei 12.350/2010. A intransigência em matéria de controles administrativos aduaneiros se justifica, muito mais do que pela questão tributáriofinanceira, pela questão da defesa do Estado nacional. A falta de pagamento de tributo, ou de parte dele, não é o único dano que se faz aos cofres públicos e à sociedade no descumprimento das regras de controle aduaneiro. Muitas vezes, a administração tributária prioriza a arrecadação de tributos e não enfatiza as razões dos controles não tributários ou aduaneiros. Assim, pode ficar a impressão de que não havendo falta de pagamento de tributos não há dano efetivo ao erário, mas essa é uma falsa observação. Cabe a administração aduaneira cumprir as decisões dos demais órgãos do Poder Executivo e de Acordos Internacionais, relativamente à saúde, à defesa da economia, à defesa dos interesses culturais, do patrimônio histórico, da segurança pública, entre outros. São atribuições fundamentadas em conhecimentos que ultrapassam largamente aqueles necessários à excelência do trabalho de fiscalização. Ao fazer o julgamento, especialmente por que não há tantos julgadores especializados em nuances do comércio internacional, passase ao largo dos verdadeiros delitos que são cometidos à sombra da ausência de danos fiscais explícitos — quero dizer — da falta de pagamento de impostos. Por último, é de se observar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, sobre atracação de embarcação, sobre vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, e diante de recurso do contribuinte, o resultado do julgamento é por negar provimento ao recurso especial, resultado que deve ser aplicado aos demais processos vinculados ao julgamento deste, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). À luz do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por Fl. 327DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.000858/201002 Acórdão n.º 9303003.661 CSRF‐T3 Fl. 328 12 considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 328DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10945.002216/2005-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon May 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Ano-calendário: 2001
INFRAÇÃO ADUANEIRA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR.
Respondem pela infração aduaneira, conjunta ou isoladamente, aqueles que, de qualquer forma, concorreram para sua prática ou dela se beneficiaram. O representante do transportador responde solidariamente pela infração, por configurar o interesse comum na não conclusão do trânsito aduaneiro.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9303-003.178
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: por maioria de votos, em conhecer do recurso especial, vencidos os Conselheiros Maria Teresa Martinez Lopez (Relatora), Nanci Gama e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva; e, por maioria de votos, no mérito, em dar provimento, vencidos os Conselheiros Maria Teresa Martinez Lopez (Relatora), Nanci Gama e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Ausente o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
Maria Tereza Martinez Lopez - Relatora.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martinez López e Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente).
Nome do relator: MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ
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RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR. Respondem pela infração aduaneira, conjunta ou isoladamente, aqueles que, de qualquer forma, concorreram para sua prática ou dela se beneficiaram. O representante do transportador responde solidariamente pela infração, por configurar o interesse comum na não conclusão do trânsito aduaneiro. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: por maioria de votos, em conhecer do recurso especial, vencidos os Conselheiros Maria Teresa Martinez Lopez (Relatora), Nanci Gama e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva; e, por maioria de votos, no mérito, em dar provimento, vencidos os Conselheiros Maria Teresa Martinez Lopez (Relatora), Nanci Gama e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres. Ausente o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. Maria Tereza Martinez Lopez Relatora. HENRIQUE PINHEIRO TORRES – Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabiola Cassiano AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 00 22 16 /2 00 5- 16 Fl. 222DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ 2 Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martinez López e Otacilio Dantas Cartaxo (Presidente). Relatório Cuidase de Recurso Especial de divergência, interposto pela d. Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN, ao amparo no art. 4º da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, c/c os art. 7º, I, e art. 15, ambos do antigo Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, contra o acórdão 30239.124 proferido pelo então Conselho de Contribuintes, que julgou à unanimidade, dar provimento ao recurso voluntário para excluir a interessada ELENIR ROGO GOBI PRADELLE da qualidade de coresponsável pelo crédito tributário, mantendose a exigência com relação à empresa transportadora. A ementa dessa decisão está assim redigida: Assunto: Regimes Aduaneiros Anocalendário: 2001 Ementa: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. Na vigência do Decreto n° 91.030, de 05 de março de 1985, a responsabilidade do beneficiário, somente atinge aqueles listados como tal no referido diploma legal. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. Consta do resultado final do voto: O argumento acima versa sobre a responsabilidade do beneficiário, que, na forma do art. 257 do Decreto n° 91.030, de 05 de março de 1985 não enquadra a recorrente nesta posição, nem em qualquer outra hipótese de responsabilidade solidária ou subsidiária, portanto, VOTO por conhecer do recurso e dar lhe provimento unicamente para excluir a recorrente da qualidade de coresponsável pelo crédito tributário, prejudicados os demais argumentos, mantendose a exigência com relação aos demais responsáveis. Consta do relatório da decisão recorrida: Adoto o relatório de primeira instância por bem traduzir os fatos da presente lide até aquela decisão. Trata o presente processo de Auto de Infração (fls. 46/57) onde é exigido o Imposto de Importação no valor de R$ 31.499,74, juros de mora no valor de R$ 22.211,52, multa de oficio agravada no valor de R$ 47.249,60, multas administrativas previstas nos arts 521, II, d, e 526, II, no valor de R$ 54.991,24. A autuação se deu pela não conclusão de seis trânsitos, relacionados às fls. 03, que iniciaram na Ponte Internacional da Amizade PIA, em Foz do Iguaçu/PR, e deveriam ser concluídos na Estação Aduaneira de Interior de Foz do Iguaçu EADI/FI , Fl. 223DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ Processo nº 10945.002216/200516 Acórdão n.º 9303003.178 CSRFT3 Fl. 223 3 enquadrandose no disposto na Ordem de Serviço DRF/Foz n.° 17/97, que estabelece procedimentos para concessão do regime de trânsito aduaneiro na modalidade simplificada (operações com locais de origem e destino jurisdicionados à mesma repartição), determinando o prazo de 30 minutos para conclusão. Esta normativa administrativa está respaldada pelo art. 273, § único, do Regulamento Aduaneiro – RA (aprovado pelo Decreto n.° 91.030/1985). Os MIC/DTA 's encontramse às fls. 05,08, 12, 14, 16 e 19. Foi constatado que não houve o registro da conclusão dos referidos trânsitos e ainda a ocorrência de outros procedimentos fraudulentos como a exclusão no sistema das operações de trânsito. A conduta dos envolvidos está sendo investigada pelo Departamento da Policia Federal. Foi então emitida intimação à transportadora para comprovar a conclusão dos trânsitos em questão. Como a intimação retornou com aviso de "destinatário desconhecido" foi procedida diligência no local do estabelecimento e constatado que a empresa não mais se encontrava neste endereço. Intimado o sóciogerente Alexandre Erico Blanco em seu endereço constante na base do CPF, o mesmo não respondeu. Por esta razão a fiscalização autuou a transportadora, haja vista que a mesma é a beneficiária do regime nos termos do art. 257, VII, do RA, intimando, inclusive, seu sóciogerente e a Sra Elenir Roço Pradella como responsável solidária por figurar como representante da transportadora na assinatura do Termo de Responsabilidade (fls. 42). (destaques, não do original) Lançou o imposto devido com base nos valores e descrição das mercadorias contidas nos MIC/DTA's com o agravamento da multa de oficio, nos termos do art. 44 da Lei n.° 9.430/1996. Foi lançada a multa prevista no artigo 526, 11 do RA, para cinco trânsitos (excluído o correspondente ao MIC/DTA nº PY6865795) por se tratarem de mercadorias sujeitas a licenciamento não automático, a ser analisado pelo Ministério da Saúde. Configurado o extravio da mercadoria, também foi lançada a multa prevista no art. 521, II, do RA. Foram intimados do Auto de Infração a transportadora por edital (fls.61), o sóciogerente, Sr. Alexandre Erico Blanco (fls. 64 e 65v) e a representante Sra. Elenir Roco Gobi Pradella (fls. 63 e 65). A fiscalização efetuou a Representação Fiscal para Fins Penais e foi anexado ao presente o processo de nº 10945.002217/2005 61. A impugnação foi apresentada pelo sóciogerente e pela representante às fls. 67/75 onde alegam os mesmos argumentos: Fl. 224DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ 4 1 Que na data de 25/03/2001 a empresa sofreu arrombamento com furto de alguns objetos e blocos de MIC/DTA e CRT, ambos sem numeração, conforme registro da ocorrência na Policia Civil de Foz do Iguaçu às fls. 71 (cópia também as fls. 76); 2 Portanto os MIC/DTA's dos trânsitos em questão não foram emitidos pela transportadora, já que os trânsitos se deram em data posterior ao furto. Ainda alega que as assinaturas contidas nos referidos documentos não são da Sra. Elenir R. G. Pradella, a qual exercia a função de auxiliar de escritório na época dos trânsitos; 3 Que a transportadora não pode ter responsabilidade objetiva sobre os trânsitos mencionados e que a autoridade aduaneira deve provar a culpa da mesma no caso em concreto; 4 Por fim pedem que seja julgado inconsistente o Auto de Infração e que não seja lançado o crédito tributário contra a empresa e seu proprietário ou seu representante. A decisão de primeira instância foi assim ementada: Assunto: Regimes Aduaneiros Anocalendário: 2001 Ementa: TRÂNSITO ADUANEIRO. COMPROVAÇÃO DE CONCLUSÃO. O transportador, como beneficiário do regime, é responsável pela operação de trânsito e fica sujeito ao cumprimento das obrigações fiscais assumidas no Termo de Responsabilidade quando não comprovada sua conclusão. Lançamento procedente. No seu recurso, o contribuinte repisa os argumentos trazidos com a impugnação. Por meio do Despacho nº 302.204, foi dado seguimento ao recurso interposto. Consta do mencionado Despacho: A Procuradora da Fazenda Nacional requer a reforma da decisão recorrida, com o fim de que seja rejeitada a preliminar de ilegitimidade passiva, e restabelecer, in totum, a decisão de primeira instância. Para isso alega em síntese que, a senhora Elenir Roco Gobi Pradella conforme consta nos autos de fls 42/43, atuava como despachante aduaneira, e pela procuração de fl.44, que lhe confere amplos poderes, argui a Procuradora que ela era representante da transportadora autuada para qualquer operação de trânsito aduaneiro. Partindo desse ponto, enquanto representante da transportadora é, portanto, responsável tributária solidária, na forma do art. 275 c/c o § 1° do art. 276, ambos do Regulamento Aduaneiro, cumulado com o art. 124, I, do Código Tributário Nacional. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ Processo nº 10945.002216/200516 Acórdão n.º 9303003.178 CSRFT3 Fl. 224 5 Argumenta ainda que, por ter a recorrida, na qualidade de representante da transportadora, interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária em exame, a mesma deve ser mantida como coresponsável. Contrarrazões foram apresentadas pela interessada (Sra Elenir), onde em apertada síntese pede pelo não conhecimento do recurso frente ao paradigma apresentado, e caso superado, pela manutenção da decisão recorrida. Nesse sentido (SIC): (...) a recorrente está a misturar as figuras jurídicas do despachante aduaneiro com a do preposto. Respeitadas as devidas peculiaridades e, tão somente à titulo de argumentação e comparação, temos que a postura da recorrente seria a mesma de que, se fosse, no julgamento de uma Ação Trabalhista, atribuir ao preposto do empregador, responsabilidade solidária na condenação final da demanda, pelo simples fato de haver este comparecido nos atos processuais como representante, PREPOSTO, do seu empregador. É o relatório. Voto Vencido Conselheira MARIA TERESA MARTÍNEZ LÓPEZ Passo à apreciação da preliminar dos pressupostos processuais de admissibilidade do recurso especial interposto por contrariedade à lei. A interessada é considerada como coresponsável no respectivo auto de infração, por ter assinado, na condição de preposta da empresa autuada (da qual era empregada), o Termo de Responsabilidade do Trânsito Aduaneiro Simplificado, datado de 21 de setembro de 2001. ADMISSIBILIDADE Este exame preliminar sobre o cabimento do recurso denominase juízo de admissibilidade, transposto o qual, em sentido favorável ao recorrente, passará o órgão recursal ao juízo de mérito do recurso. Dispõe o Regimento Interno dos então Conselhos de Contribuintes, à época vigente, ser cabível recurso especial à CSRF de decisão que tenha dado à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha de outra Câmara de Conselho de Contribuintes ou desta CSRF. Por meio do Despacho nº 302.204, foi dado seguimento ao recurso interposto. Consta do mencionado Despacho: Fl. 226DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ 6 A Procuradora da Fazenda Nacional requer a reforma da decisão recorrida, com o fim de que seja rejeitada a preliminar de ilegitimidade passiva, e restabelecer, in totum, a decisão de primeira instância. Para isso, alega, em síntese que, a senhora Elenir Roco Gobi Pradella conforme consta nos autos de fls 42/43, atuava como despachante aduaneira, e pela procuração de fls.. 44, que lhe confere amplos poderes, argui a Procuradora que ela era representante da transportadora autuada para qualquer operação de trânsito aduaneiro. Partindo desse ponto, enquanto representante da transportadora é, portanto, responsável tributária solidária, na forma do art. 275 c/c o § 1° do art. 276, ambos do Regulamento Aduaneiro, cumulado com o art. 124, I, do Código Tributário Nacional. Argumenta ainda que, por ter a recorrida, na qualidade de representante da transportadora, interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária em exame, a mesma deve ser mantida como coresponsável. Assim, para comprovar a interpretação divergente apresenta como paradigma o acórdão 30133.732, cuja ementa abaixo transcrevo: Assunto: Regimes Aduaneiros Anocalendário: 2004 Ementa: DUPLICIDADE DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em duplicidade de lançamento fiscal. O Termo de Responsabilidade não possui liquidez e certeza a ponto de substituir o Auto de Infração. Preservase, com a lavratura do Auto, todo o processo administrativo válido, com observância ao contraditório e a ampla defesa, nos termos do Decreto n° 70235/72. SOLIDARIEDADE. POLO PASSIVO DA AÇÃO. Constatado o descumprimento do Regime Especial, a legislação alfandegária é transparente em possibilitar a futura liquidação do Termo de Responsabilidade e a responsabilização solidária de beneficiários e transportadores envolvidos na operação de trânsito aduaneiro. Neste sentido, anotam os artigos 274, 275 e 276 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto 91030/1985. JUROS E MULTA. Por expressa determinação legal, são devidos os juros e multa, sendo esta originada de descumprimento contratual. O transportador foi notificado pelo Fisco a fazer prova da saída das mercadorias para o exterior, mas não ofereceu resposta. Em decorrência de sua inadimplência, aplicase multa de oficio agravada de 50%, nos termos do § 2, do art. 44, da Lei 9430/1996, e juros de mora, nos termos do § 2, do art. 2, da Lei n 6830/1980. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO(Acórdão 30133.732, da primeira Câmara do 3° CC, em sessão de 28/03/2007,Cons. Relatora: Susy Gomes Hoffmann). Fl. 227DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ Processo nº 10945.002216/200516 Acórdão n.º 9303003.178 CSRFT3 Fl. 225 7 Analisando o acórdão apresentado como paradigma e o acórdão recorrido, concluo que o paradigma em referência prestase para comprovação da divergência alegada, posto que tratou de forma diversa a responsabilidade tributária do despachante que assina o Termo de Responsabilidade de regime especial de trânsito aduaneiro na modalidade simplificada. O aresto paradigma entendeu que o despachante aduaneiro, representante da transportadora que assina o Termo de Responsabilidade é coresponsável junto com a empresa transportadora. Já o acórdão recorrido considerou que, por não inserir, a recorrida no rol de beneficiários do art. 257, não haveria responsabilidade de despachante que firmou o Termo de Responsabilidade. Finalmente, no uso das atribuições que me confere o § 6º, do artigo 15, do atual Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147/2007, DOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pela Procuradora da Fazenda Nacional. Passo à análise: Em análise o suposto paradigma, o Acórdão nº 30233.428 (integra), cuja ementa está acima redigida. Consta do julgado paradigma, a seguinte situação fática: (...) Tendo em vista a autuada ser uma empresa estrangeira, foi juntado aos autos ás fls. 65, extrato da Agência Nacional de Transportes Terrestres com o nome e endereço do representante legal da empresa no Brasil o qual foi intimado da autuação nos dois endereços indicados no cadastro da ANTT. (...) Foram intimados também da autuação como solidários pelo cumprimento das obrigações suspensas os despachantes Antonio Takechi Horiuch das Cassei Czekalski e Tereza de Jesus Gonzalez Lang por terem firmado Termo de Compromisso referente aos trânsito em questão conforme fls. 66/78. A impugnante foi apresentada apenas pelos despachantes e encontrase às fls. 104/168. 1.1.1.1.DA SOLIDARIEDADE NO POLO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA Extraise dos autos, que através da Ordem de Serviço n 17, de 29.10.1997, foi estabelecido o prazo de 30 minutos para o trânsito entre a EAD1 e a PIA (fls. 69,71 e 78). No entanto, estes trânsitos não foram concluídos no ponto de destino, a Ponte Fl. 228DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ 8 Internacional da Amizade PIA, eis que não foram localizados seus respectivos registros de ingresso no Paraguai. Os recorrentes não provaram que os trânsitos foram concluídos e que as mercadorias chegaram ao local de destino, os documentos relacionados as fls. 118/168 não fazem prova especifica neste sentido. São declarações e contratos gerais, que não atestam o cumprimento da obrigação fiscal, por isso, devem ser responsabilizados. Neste sentido, temse ainda julgado deste Conselho de Contribuintes, representado pelo Recurso Voluntário nº 132040, nos seguintes termos: TRÂNSITO ADUANEIRO – CONCLUSÃO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Na falta de comprovação da conclusão da operação, pelo interessado, sua responsabilidade pela falta da mercadoria não pode ser excluída. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A responsabilidade solidária do transportador não exclui a do beneficiário do trânsito aduaneiro, que no caso é o importador (art. 124, parágrafo único, do Código Tributário Nacional). O importador e o transportador participaram de fato da obrigação tributária constituída em termo de responsabilidade, o que configura o interesse comum na situação e que constitui o fato gerador da obrigação principal, de acordo com o previsto no inciso I, do art. 124, do CTN. A solidariedade não comporta beneficio de ordem, conforme previsto no parágrafo único do art. 124, do CTN. Não existe a necessidade de que o codevedor seja intimado da autuação, pois, o crédito tributário pode ser exigido de qualquer um dos co devedores indistintamente. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Devendo, pois, aplicar a responsabilidade solidária sobre transportador e beneficiários. A situação dos autos é distinta. Se não vejamos: Consta da “DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL” fls. 59 A determinação da sujeição passiva observa também o princípio da solidariedade, previsto no art. 124 do CTN, e também, as regras concernentes à responsabilidade pelo cumprimento de obrigações fiscais relativas a mercadorias em regime especial de • trânsito aduaneiro, insculpidas nos arts. 274, 275 e 276 do Regulamento Aduaneiro/85. Ao apor assinatura no Termo de Responsabilidade genérico do Trânsito Aduaneiro Simplificada, criado pela Ordem de Serviço DRF/Foz n° 1 .7/97 (que regulamentou o disposto no art. 273 do Regulamento Aduaneiro supracitado), o representante tomou Fl. 229DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ Processo nº 10945.002216/200516 Acórdão n.º 9303003.178 CSRFT3 Fl. 226 9 conhecimento dos comandos que regem a conduta a ser seguida nas operações em tela, incluindo dispositivos estabelecidos na Ordem de Serviço referentes ás responsabilidades do beneficiário do trânsito simplificado. O representante a seguir nominado deve, portanto, ser qualificado como sujeito passivo solidário das obrigações tributárias geradas pelo descumprimento do regime, conforme legislação de regência: Elenir Roco Gobi Pradella, CPF n° 810.580.39920. Vejase o que preceituam os mencionados dispositivos legais: "Art 274 — As obrigações fiscais relativas a mercadoria em regime especial de trânsito aduaneiro serão constituirias em termo de responsabilidade que assegure sua eventual liquidação e cobrança (Decretolei nº 37/66, art. 74) Art. 275 — Em qualquer caso, os beneficiários a que se refere o artigo 257 e o transportador serão solidários, perante a Fazenda Nacional, nas responsabilidades decorrentes de trânsito aduaneiro. Art. 276 — O transportador que realiza operação de transporte de mercadoria em trânsito aduaneiro responderá pelo conteúdo dos volumes nos casos previsto no §1 do art. 478 e deverá comprovar, dentro do prazo estabelecido, a chegada da mercadoria na forma indicada na Subseção II da Seção VI. §1º O transportador que não comprovar a chegada da mercadoria ao local do destino ficará sujeito ao cumprimento das obrigações ficais assumidas no termo de responsabilidade, sem prejuízo das penalidades previstas neste Regulamento e demais sanções cabíveis." A interessada se intitula, na impugnação como exauxiliar de escritório da empresa Traconel Transportadora Corsário Negro Ltda Consta ainda da capitulação legal, deste processo: Art. 169, inciso I, alínea "b" e § 6° do DecretoLei n° 37/66; Arts. 432, 526, inciso II do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 91.030/85; Portaria Secex n° 21, de 12/12/96. Estabelece o art. 257, do revogado Decreto nº 91.030/85. Seção II Fl. 230DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ 10 Beneficiários do Regime Art. 257. São beneficiários do regime, nas operações de que trata o parágrafo único do artigo 254: I o importador, nas hipóteses referidas nos incisos I e VI; II o exportador, nas hipóteses referidas nos incisos II, III e VII; III o depositante, na hipótese referida no inciso IV; IV o representante, no País, de importador ou exportador domiciliado no exterior, na hipótese referida no inciso V; (caso do paradigma) V em qualquer caso, quando requerer o regime: a) o transportador, habilitado nos termos da Seção III; b) o agente credenciado a efetuar operações de unitização ou desunitização de carga em recinto alfandegado. Posteriormente, pelo art. 17 do Decreto nº 3.411, de 12/4/2000, o art. 257 passou a ter a seguinte redação: Art. 257(...) (...) V o Operador de Transporte Multimodal; VI o permissionário ou o concessionário de recinto alfandegado; VII em qualquer caso, quando requerer o regime: a) o transportador, habilitado nos termos da Seção III; b) o agente credenciado a efetivar operações de unitização ou desunitização de carga em recinto alfandegado, indicando o permissionário ou o concessionário do recinto.? (NR) O acordão recorrido, com toda a propriedade, afastou a interessada por entender falta de previsão legal no enquadramento legal, vigente à época. Vejase novamente a ementa do acórdão recorrido: Ementa: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. Na vigência do Decreto n° 91.030, de 05 de março de 1985, a responsabilidade do beneficiário, somente atinge aqueles listados como tal no referido diploma legal. Diferentemente é o caso do paradigma (período de 2004), hipótese inclusive, prevista no art. 257 do revogado Decreto nº 91.030/85, pelo Decreto 4.543/2002 (transcrito acima): Tendo em vista a autuada ser uma empresa estrangeira, foi juntado aos autos ás fls. 65, extrato da Agência Nacional de Fl. 231DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ Processo nº 10945.002216/200516 Acórdão n.º 9303003.178 CSRFT3 Fl. 227 11 Transportes Terrestres com o nome e endereço do representante legal da empresa no Brasil (...) Foram intimados também da autuação como solidários pelo cumprimento das obrigações suspensas os despachantes Quanto ao art. 124, do CTN, vejamos o que diz o citado acórdão paradigma: A responsabilidade solidária do transportador não exclui a do beneficiário do trânsito aduaneiro, que no caso é o importador (art. 124, parágrafo único, do Código Tributário Nacional). O importador e o transportador participaram de fato da obrigação tributária constituída em termo de responsabilidade, o que configura o interesse comum na situação e que constitui o fato gerador da obrigação principal, de acordo com o previsto no inciso I, do art. 124, do CTN. 1 Vejase que neste caso, sob análise da CSRF, está se falando de uma empregada da também autuada Transportadora Corsário Negro Ltda, conforme cópia de Carteira de Trabalho trazida aos autos (fl.131/132 D). No acórdão indicado como suposto paradigma, penso que a análise foi específica para o transportador e importador, no que se refere ao art. 124, I do CTN. A bem da verdade, em síntese: i inexiste nos autos, a demonstração, pela fiscalização, de que a interessada (representante legal) tivesse interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, à luz do citado art. 124, I, do CTN; ii inexiste, igualmente previsão de inclusão como responsável solidário, o representante legal (funcionário) na legislação aplicável à época dos fatos (Decreto nº 91.030/85); iii o acórdão paradigma trata de período posterior (2004) quando revogado estava o Decreto nº 91.030/85, pelo Decreto nº 4.543/2002. A fundamentação do acórdão recorrido é na existência de previsão legal no Decreto nº 91.030/85). CONCLUSÃO: Em face ao acima exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso interposto pela Fazenda Nacional, de forma a MANTER a decisão recorrida. 1 Art.124. São solidariamente obrigadas: 1 as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; (...) Fl. 232DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ 12 Sala das Sessões, em 25 de novembro de 2014 MARIA TERESA MARTÍNEZ LÓPEZ Voto Vencedor Conselheiro HENRIQUE PINHEIRO TORRES. Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado em face da empresa TRACONEL TRANSPORTADORA e de ELENIR ROCO GOBI PRADELLA, onde é exigido o Imposto de Importação suspenso nas operações de trânsito aduaneiro simplificado sem registro de conclusão, acrescido de juros de mora, multa de oficio agravada, e multas administrativas previstas nos arts 521, II, d, e 526, II. A decisão recorrida excluiu a responsabilidade solidária da interessada ELENIR ROGO GOBI PRADELLE, mantendo a exigência com relação à empresa transportadora, por entender que, na vigência do Decreto n° 91.030/85, a responsabilidade do beneficiário somente atingiria aqueles listados como tal em seu artigo 257. O voto vencido reportase sobre a não configuração de divergência jurisprudencial, e, no mérito, sobre o afastamento da interessada como responsável solidária, pela falta de previsão legal, no mesmo sentido da decisão recorrida. Segundo a i. Relatora, inexiste, nos autos, demonstração fiscal de interesse comum da interessada na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, à luz do art. 124, I, do CTN. Não é o nosso entendimento. A divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e o paradigma apresentado é cristalina, resultando no conhecimento do recurso especial. Enquanto a decisão recorrida apontou pela exclusão da responsabilidade da interessada ELENIR ROGO GOBI PRADELLE, como fundamento no rol taxativo do artigo 257 do Regulamento Aduaneiro vigente à época, o acórdão paradigma decidiu pela responsabilização solidária de beneficiários e transportadores envolvidos na operação de trânsito aduaneiro, adotando como fundamento os artigos 274, 275 e 276 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto 91030/85. Ora, se diante de situações, absolutamente, semelhantes, os colegiados, recorrido e o prolator do acórdão paradigma, decidiram em sentido, diametralmente, opostos, não há como negar a existência do dissídio jurisprudencial. De outro lado, a tempestividade do recurso e a legitimidade da parte são incontroversas. Assim, presentes os requisitos de admissibilidade, devese conhecer do recurso especial fazendário. Ultrapassada a questão do conhecimento do recurso, passase, de imediato à discussão do mérito, mais precisamente, à questão da responsabilidade solidária da Sra. ELENIR ROGO GOBI PRADELLE. Para avaliar a responsabilidade da interessada nas infrações apuradas pela autoridade fiscal é imprescindível identificarmos sua efetiva participação nos fatos: conforme comprova a procuração juntada aos autos (fls. 54 – numeração eletrônica), a Sra. ELENIR ROGO GOBI PRADELLE atuava como despachante aduaneira, possuindo amplos poderes Fl. 233DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ Processo nº 10945.002216/200516 Acórdão n.º 9303003.178 CSRFT3 Fl. 228 13 para atuar nas operações de trânsito aduaneiro como representante da transportadora TRACONEL TRANSPORTADORA CORSÁRIO NEGRO LTDA. Constatase que a Sra. ELENIR ROGO GOBI PRADELLE não foi autuada como coresponsável por se configurar como outra beneficiária do regime aduaneiro, mas sim por ser a representante da empresa transportadora, configurando o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador, ou seja, a não conclusão do trânsito aduaneiro. A motivação de sua configuração como coresponsável pelo lançamento efetuado foi a constatação de que era a representante da transportadora. Dessa forma, correto está o enquadramento legal do auto de infração lavrado, que apontou a solidariedade na forma do art. 275 c/c o § 1o do art. 276, ambos do Regulamento Aduaneiro. De forma não divergente temse a previsão de responsabilidade do artigo 124, I do CTN, por configurar a responsabilidade para aquelas pessoas (transportador e seu representante) que tenham interesse comum na situação (não conclusão do trânsito aduaneiro) que constitua fato gerador da obrigação. Tal previsão é encontrada também no DecretoLei n.º 37/66, que prevê, em seu artigo 95, a responsabilidade solidária na infração para aqueles que concorram para sua prática ou dela se beneficie, de qualquer forma. A empresa transportadora e sua representante concorreram para a prática da infração e dela se beneficiaram com a não conclusão do trânsito. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso especial fazendário, e, no mérito, de lhe dar provimento, para reformar o acórdão recorrido, a fim de rejeitar a preliminar de ilegitimidade passiva, e de restabelecer, in totum, a decisão de primeira instância. Henrique Pinheiro Torres Fl. 234DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 20/11/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 19/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO, Assinado digitalmente em 15/01/2016 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ
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Numero do processo: 12466.721968/2013-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 06/10/2008 a 06/04/2010
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO. COFINS-IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO. DESPESAS COM CARGA, DESCARGA. MERCOSUL. BRASIL. INCLUSÃO. CONTEÚDO DA EXPRESSÃO "ATÉ O PORTO OU LOCAL DE IMPORTAÇÃO".
O Acordo de Valoração Aduaneira (AVA-GATT) estabelece, em seu Artigo 8, parágrafo 2, que os membros poderão prever a inclusão ou exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos gastos relativos à carga, descarga e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas "até o porto ou local de importação". No MERCOSUL (Decisão CMC no 13/2007, Artigo 5), e no Brasil (Regulamento Aduaneiro, artigo 77, II), tais gastos foram incluídos no valor aduaneiro. A expressão "até o porto ou local de importação" inclui as despesas com descarga no país importador, necessárias para que a mercadoria efetivamente saia da embarcação e chegue ao porto. A chegada da mercadoria ao porto não se confunde com a chegada da embarcação ao porto.
ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. SÚMULA 227-TFR. ART. 146-CTN. ÂMBITO DE APLICAÇÃO. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. REVISÃO ADUANEIRA. POSSIBILIDADE.
O desembaraço aduaneiro não representa lançamento efetuado pela fiscalização nem homologação, por esta, de lançamento "efetuado pelo importador". Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita). A homologação expressa, por meio da "revisão aduaneira" de que trata o art. 54 do Decreto-lei no 37/1966, com a redação dada pelo Decreto-lei no 2.472/1988, em que pese a inadequação terminológica, derivada de atos infralegais, não representa, efetivamente, nova análise, mas continuidade da análise empreendida, ainda no curso do despacho de importação, que não se encerra com o desembaraço. Não se aplicam ao caso, assim, o art. 146 do CTN (que pressupõe a existência de lançamento) nem a Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que afirma que "a mudança de critério adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento").
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO. COFINS-IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SC-RG.
Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-importação e da COFINS-importação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno.
Numero da decisão: 3401-003.137
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir as parcelas relativas ao ICMS e às próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-importação e da COFINS-importação (RE no 559.607/SC - repercussão geral), nos termos do voto, vencidos o conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que dava provimento integral, e, em menor extensão, o conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, que afastava a possibilidade de revisão das declarações de importação parametrizadas para o canal vermelho. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Tiago Conde Teixeira, OAB/DF no 24.259, e, pela Fazenda Nacional, o Procurador da Fazenda Nacional Miquerlam Chaves Cavalcanti.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 06/10/2008 a 06/04/2010 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO. COFINS-IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO. DESPESAS COM CARGA, DESCARGA. MERCOSUL. BRASIL. INCLUSÃO. CONTEÚDO DA EXPRESSÃO "ATÉ O PORTO OU LOCAL DE IMPORTAÇÃO". O Acordo de Valoração Aduaneira (AVA-GATT) estabelece, em seu Artigo 8, parágrafo 2, que os membros poderão prever a inclusão ou exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos gastos relativos à carga, descarga e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas "até o porto ou local de importação". No MERCOSUL (Decisão CMC no 13/2007, Artigo 5), e no Brasil (Regulamento Aduaneiro, artigo 77, II), tais gastos foram incluídos no valor aduaneiro. A expressão "até o porto ou local de importação" inclui as despesas com descarga no país importador, necessárias para que a mercadoria efetivamente saia da embarcação e chegue ao porto. A chegada da mercadoria ao porto não se confunde com a chegada da embarcação ao porto. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. SÚMULA 227-TFR. ART. 146-CTN. ÂMBITO DE APLICAÇÃO. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. REVISÃO ADUANEIRA. POSSIBILIDADE. O desembaraço aduaneiro não representa lançamento efetuado pela fiscalização nem homologação, por esta, de lançamento "efetuado pelo importador". Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita). A homologação expressa, por meio da "revisão aduaneira" de que trata o art. 54 do Decreto-lei no 37/1966, com a redação dada pelo Decreto-lei no 2.472/1988, em que pese a inadequação terminológica, derivada de atos infralegais, não representa, efetivamente, nova análise, mas continuidade da análise empreendida, ainda no curso do despacho de importação, que não se encerra com o desembaraço. Não se aplicam ao caso, assim, o art. 146 do CTN (que pressupõe a existência de lançamento) nem a Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que afirma que "a mudança de critério adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento"). CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO. COFINS-IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SC-RG. Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-importação e da COFINS-importação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir as parcelas relativas ao ICMS e às próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-importação e da COFINS-importação (RE no 559.607/SC - repercussão geral), nos termos do voto, vencidos o conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que dava provimento integral, e, em menor extensão, o conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, que afastava a possibilidade de revisão das declarações de importação parametrizadas para o canal vermelho. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Tiago Conde Teixeira, OAB/DF no 24.259, e, pela Fazenda Nacional, o Procurador da Fazenda Nacional Miquerlam Chaves Cavalcanti. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 06/10/2008 a 06/04/2010 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEPIMPORTAÇÃO. COFINS IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO. DESPESAS COM CARGA, DESCARGA. MERCOSUL. BRASIL. INCLUSÃO. CONTEÚDO DA EXPRESSÃO "ATÉ O PORTO OU LOCAL DE IMPORTAÇÃO". O Acordo de Valoração Aduaneira (AVAGATT) estabelece, em seu Artigo 8, parágrafo 2, que os membros poderão prever a inclusão ou exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos gastos relativos à carga, descarga e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas "até o porto ou local de importação". No MERCOSUL (Decisão CMC no 13/2007, Artigo 5), e no Brasil (Regulamento Aduaneiro, artigo 77, II), tais gastos foram incluídos no valor aduaneiro. A expressão "até o porto ou local de importação" inclui as despesas com descarga no país importador, necessárias para que a mercadoria efetivamente saia da embarcação e chegue ao porto. A chegada da mercadoria ao porto não se confunde com a chegada da embarcação ao porto. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. SÚMULA 227TFR. ART. 146 CTN. ÂMBITO DE APLICAÇÃO. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO DE LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA. REVISÃO ADUANEIRA. POSSIBILIDADE. O desembaraço aduaneiro não representa lançamento efetuado pela fiscalização nem homologação, por esta, de lançamento "efetuado pelo importador". Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita). A homologação expressa, por meio da "revisão aduaneira" de que trata o art. 54 do Decretolei no 37/1966, com a redação AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 19 68 /2 01 3- 16 Fl. 1393DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 dada pelo Decretolei no 2.472/1988, em que pese a inadequação terminológica, derivada de atos infralegais, não representa, efetivamente, nova análise, mas continuidade da análise empreendida, ainda no curso do despacho de importação, que não se encerra com o desembaraço. Não se aplicam ao caso, assim, o art. 146 do CTN (que pressupõe a existência de lançamento) nem a Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que afirma que "a mudança de critério adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento"). CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEPIMPORTAÇÃO. COFINS IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SCRG. Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP importação e da COFINSimportação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir as parcelas relativas ao ICMS e às próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINS importação (RE no 559.607/SC repercussão geral), nos termos do voto, vencidos o conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que dava provimento integral, e, em menor extensão, o conselheiro Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, que afastava a possibilidade de revisão das declarações de importação parametrizadas para o canal vermelho. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Tiago Conde Teixeira, OAB/DF no 24.259, e, pela Fazenda Nacional, o Procurador da Fazenda Nacional Miquerlam Chaves Cavalcanti. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração lavrados em 10/06/2013 (fls. 3 a Fl. 1394DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.394 3 134)1, com ciência em 24/06/2013 (AR à fl. 313), para exigência de Contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação, respectivamente, nos valores originais principais de R$ 1.370.856,15 e R$ 6.314.246,68, acrescidos de juros de mora e multa de ofício (75%), por falta de pagamento em declarações de importação registradas entre 06/10/2008 a 06/04/2010, em função de ajustes promovidos na base de cálculo, conforme Artigo 8o, parágrafos 1 e 2, do AVAGATT (inclusão, no valor aduaneiro, de gastos com carga, descarga e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas). Foi ainda relacionado no polo passivo, como responsável solidária, a empresa ARCELORMITTAL BRASIL S.A., adquirente das mercadorias importadas na modalidade por conta e ordem, em função do art. 32, parágrafo único,"c" do Decretolei no 37/1966, cientificada da autuação em 24/06/2013 (AR à fl. 312). No Relatório Fiscal de fls. 139 a 144, narrase que: (a) o AVAGATT, regularmente incorporado ao ordenamento jurídico nacional, definiu que integram o valor aduaneiro os gastos com carregamento, descarregamento e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas; (b) a Solução de Consulta DISIT/SRRF07 no 157/2007 analisa detalhadamente o tema, inclusive no que se refere a Terminais Portuárias de Uso Privativo Misto ou Instalações Portuárias de Uso Privativo; (c) também tratam do tema o Decreto no 92.930/1986, os Regulamentos Aduaneiros de 2002 e 2009, a Instrução Normativa no 327/2003 e o Ato Declaratório COANA no 03/2000; (d) a fiscalização intimou a prestadora do serviço de descarga do terminal onde foram desembaraçadas as mercadorias importadas a apresentar as notas fiscais dos serviços de descarga, "bem como contrato ou outro documento que informasse os valores, em R$/Toneladas, pactuados entre as partes", tendo recebido planilhas com os valores e notas fiscais de serviço, que permitiram vincular os gastos com serviço de descarga às declarações de importação correspondentes; (e) à exceção de três declarações de importação (DI no 08/16421123, DI no 08/17059762 e DI no 08/17299542), os gastos relativos à descarga apurados não foram incluídos no valor aduaneiro das mercadorias importadas; e (f) a partir de abril de 2012, o importador passou a registrar suas DI com os acréscimos referentes aos gastos com serviços de descarga. As empresas que figuram no polo passivo da autuação apresentam Impugnação conjunta em 22/07/2013 (fls. 316 a 341), alegando que: (a) a Solução de Consulta apresentada pela fiscalização não se aplica ao caso; (b) a Lei no 10.865/2004, que rege as contribuições objeto da autuação, estabelece como base de cálculo o valor aduaneiro, que o AVAGATT define em seu Artigo 1, e especifica, no que se refere o tema em análise, no Artigo 8, 2, "b", estabelecendo que ao elaborar sua legislação, cada Estado Membro deverá prever a inclusão ou a exclusão, no valor aduaneiro, dos gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; (c) a faculdade foi exercida no Regulamento Aduaneiro (artigo 77), que determinou a inclusão dos referidos gastos, até a chegada ao porto, aeroporto ou ponto de fronteira onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; (d) não devem ser incluídos no valor aduaneiro os gastos com carga, descarga e manuseio após a chegada ao recinto alfandegado, por estarem desvinculados do transporte internacional, sendo inerentes a operação interna com a mercadoria; (e) "chegada ao porto" é expressão atrelada, conforme a Instrução Normativa RFB no 800/2007 e o Regulamento Aduaneiro, à atracação da embarcação; (f) no caso, o serviço de descarga é prestado após o desembaraço ("após a chegada ao Porto de Vitória, e, consequentemente, após o desembaraço aduaneiro"), e a criação das contribuições na importação tem por objetivo neutralizar a tributação entre empresas 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1395DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 nacionais e estrangeiras, e a prestadora de serviços já recolhe Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS nacionais sobre os serviços internos de descarga prestados; (g) no caso concreto, a descarga e o transporte dos granéis importados são efetuados por meio de um sistema integrado de moegas/correias transportadoras, sendo a mercadoria descarregada nas moegas mecanicamente, por meio de caçambas, chegando às correias, que a transportam até o pátio de estocagem da empresa, localizado a 7 quilômetros do porto (conforme figuras às fls. 326/327), e os gastos mencionados no Relatório Fiscal envolvem toda a operação, sendo a descarga a parte menos relevante; (h) houve alteração de critério jurídico, em ofensa ao artigo 146 do Código Tributário Nacional (CTN), pois houve homologação expressa do lançamento no desembaraço; (i) a empresa passou a atender a exigência do fisco a partir de abril de 2012 apenas por necessidade de desembaraçar suas mercadorias, consignando expressamente isso nas declarações; e (j) deve ser apurado o correto quantum devido, conforme artigo 142 do CTN, tomando em conta também os créditos referentes à operação. A decisão de primeira instância, proferida em 29/10/2013 (fls. 1250 a 1266) é pela improcedência da impugnação, acordandose que: (a) não há como considerar que a carga tenha efetivamente chegado ao porto de destino antes de desembarcada, pois, ainda que o navio tenha atracado, a carga somente alcança o seu destino quando em solo; (b) o art. 79, II do Regulamento Aduaneiro reforça tal posicionamento, esclarecendo que não integram o valor aduaneiro os gastos incorridos a partir do porto; (c) não há antinomia no artigo 4o da Instrução Normativa SRF no 327/2003, nem discrepância entre seu teor e a Instrução Normativa RFB no 800/2007; (d) não há violação à isonomia ou diferença de tratamento em relação à mercadoria estrangeira, nem "bis in idem"; (e) o registro antecipado da declaração de importação não se confunde com o desembaraço, não sendo correto afirmar que a descarga ocorre após o desembaraço; (f) a autuação se refere exclusivamente a despesas de descarga, não incluindo outras rubricas, e a prestadora foi intimada e respondeu às intimações (notas fiscais de fls. 196 a 291) sempre com menção exclusiva à descarga; (g) a empresa não questionou os valores informados pela prestadora dos serviços, nem apresentou outros que pudessem alterar seu conteúdo; (h) não se pode confundir o desembaraço aduaneiro com a homologação do lançamento, e o erro foi de fato, e não de direito (omissão, na declaração de importação, de informação sobre os gastos referentes a descarga); e (i) não houve violação ao art. 142 do CTN, pois "não são os créditos relativos aos insumos que poderiam ser deduzidos da contribuição devida na importação, são os insumos importados que podem gerar crédito capaz de reduzir as contribuições devidas sobre o faturamento". Após ciência ao acórdão de primeira instância (AR às fls. 1276 e 1277) em 22/11/2013, as empresas apresentaram o recurso voluntário de fls. 1279 a 1301 (em 23/12/2013, conforme comprovante de fl. 1371), basicamente reiterando as alegações expressas em sua impugnação, e acrescentando que: (a) apenas não carreou aos autos o contrato de prestação de serviços em razão de cláusula de confidencialidade; (b) as notas fiscais apresentadas pela prestadora de serviços não correspondem somente à descarga, mas também ao transporte (transferência pelas correias até os pátios da empresa), conforme cláusula do contrato juntado na peça recursal; (c) está tentando obter autorização da prestadora de serviços para apresentar documentação que comprove que os valores abrangem também o transporte interno (que o julgador de piso reconheceu que não se deve incluir no valor aduaneiro), solicitando a conversão em diligência, para esclarecimento do alegado; e (d) o julgamento, pelo STF, do RE no 559.937/RS, com repercussão geral, de observância obrigatória pelo CARF, impacta nas diferenças exigidas, por tomar em conta na base de cálculo o valor do ICMS e das próprias contribuições. Encaminhados os autos à PGFN em 21/02/2014 (fl. 1374), são apresentadas contrarrazões à peça recursal às fls. 1375 a 1389 (em 14/03/2014), no sentido de que: (a) o Brasil exerceu a opção estabelecida no Artigo 8, parágrafos 1 e 2 do AVAGATT, incluindo no Fl. 1396DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.395 5 valor aduaneiro os gastos relativos a carga, descarga e manuseio incorridos "até o porto de destino", e não "até o momento em que a embarcação atraca no porto"; (b) não se pode considerar que a mercadoria tenha chegado até o porto antes que seja desembarcada, em solo; (c) entender que o AVAGATT usou a palavra "descarga" para se referir a outro país que não o de destino tornaria a norma inaplicável; (d) a tese defendida na autuação já foi unanimemente acolhida neste CARF, citando precedente (Acórdão no 30331.017), e consta de excerto da decisão do STF no RE no 559.937 que "cabe observar que o valor aduaneiro compreende também os custos de transporte, de carga, descarga e manuseio e de seguro, de modo que corresponda ao valor do produto posto no país importador ...”; e (e) o desembaraço aduaneiro não homologa o pagamento efetuado pela empresa, sendo que tal homologação ocorre expressamente com a revisão aduaneira, ou tacitamente, com o decurso de prazo, como entende este CARF (Acórdão no 3403002.555). O processo foi a mim sorteado em 09/12/2015 (fl. 1392). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Há, basicamente, dois temas contenciosos no presente processo: (a) a inclusão (ou não) das despesas com descarga da mercadoria no porto brasileiro, tal qual definido pelo AVAGATT e disciplinado pela legislação nacional, dentro das faculdades outorgadas pelo acordo; e (b) a possibilidade (ou não) de apuração da regularidade, pelo fisco, em relação à matéria, após o desembaraço aduaneiro. O primeiro tema contencioso deve, a nosso ver, ser analisado em duas vertentes: uma internacional e outra interna, ou nacional. E também devem ser tecidas algumas considerações em relação à peculiaridade do caso concreto. Análise internacional (AVAGATT e as despesas com descarga) Como a disciplina aduaneira, desde a metade do século passado, sofre um crescente processo de internacionalização, tornase primordial, a nosso ver, focar inicialmente na legislação internacional.2 Apesar de estarmos analisando, no presente processo, a base de cálculo de tributos nacionais (Contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação), a Lei Lei no 10.865/2004, ao versar sobre a base de cálculo das contribuições, remeteu ao "valor 2 Sobre o processo de internacionalização, já tratamos em "Direito Aduaneiro no Brasil: a Hora e a Vez da Internacionalização", In: TREVISAN, Rosaldo. Temas Atuais de Direito Aduaneiro II. São Paulo: LEX, 2015, p. 1160. Fl. 1397DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 aduaneiro", termo internacionalmente disciplinado e utilizado como base de cálculo do imposto de importação. Assim, qualquer discussão sobre o conteúdo do "valor aduaneiro" deve iniciar com a análise do acordo internacional que regula a matéria. A base de cálculo do imposto de importação é, hoje, determinada, em regra, segundo o Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), resultante da Rodada Uruguai do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio), que, no Brasil, foi regularmente incorporado ao ordenamento jurídico nacional, tendo sido aprovado pelo Decreto Legislativo no 30/1994 e promulgado pelo Decreto no 1.355/1994. E as discussões sobre estar o Brasil (ou outro país participante) ou não cumprindo tal acordo podem ser suscitadas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), desde sua criação, em 1995, no bojo do Mecanismo de Soluções de Controvérsias da OMC, aprovado na mesma Rodada Uruguai. E o AVA prevê que a base de cálculo do imposto de importação será o "valor aduaneiro", estabelecido segundo seis métodos sequenciais e sucessivos, consagrandose o primado do valor da transação, com os ajustes (obrigatórios e facultativos) previstos no acordo. Um dos ajustes facultativos está previsto no Artigo 8,2 do Acordo:3 "(...) 2. Ao elaborar sua legislação, cada Membro deverá prever a inclusão ou a exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos seguintes elementos: (a) o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; (b) os gastos relativos ao carregamento descarregamento e manuseio associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; e (...)." (grifo nosso) Entretanto, o texto autêntico do AVA, conforme o Acordo Constitutivo da OMC, foi concluído nos idiomas inglês, francês e espanhol. Assim, a versão em língua portuguesa, no que destoar da constante dos textos autênticos, não prevalece, nas discussões no âmbito da OMC. No caso em análise, não parecem existir divergências na tradução que afetem a compreensão do Artigo 8,2, como se vê nos textos do AVA em inglês, francês e espanhol: Inglês: "2. In framing its legislation, each Member shall provide for the inclusion in or the exclusion from the customs value, in whole or in part, of the following: (a) the cost of transport of the imported goods to the port or place of importation; (b) loading, unloading and handling charges associated with the transport of the imported goods to the port or place of importation; and (...)" (grifo nosso) Francês: "2. Lors de l'élaboration de sa législation, chaque Membre prendra des dispositions pour inclure dans la valeur en douane, ou en exclure, en totalité ou en partie, les éléments suivants: 3 Texto em língua portuguesa retirado do Decreto n. 1.355/1994. Fl. 1398DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.396 7 a) frais de transport des marchandises importées jusqu'au port ou lieu d'importation, b) frais de chargement, de déchargement et de manutention connexes au transport des marchandises importées jusqu'au port ou lieu d'importation, et (...)"(grifo nosso) Espanhol: "2. En la elaboración de su legislación cada Miembro dispondrá que se incluya en el valor en aduana, o se excluya del mismo, la totalidad o una parte de los elementos siguientes: a) los gastos de transporte de las mercancías importadas hasta el puerto o lugar de importación; b) los gastos de carga, descarga y manipulación ocasionados por el transporte de las mercancías importadas hasta el puerto o lugar de importaci ón; y (...)" (grifo nosso) Contudo, em todas as versões parece surgir uma ambiguidade, derivada usualmente do termo "até" (inclusive na versão inglesa, com variante do termo), sempre que o complemento seja uma coordenada de tempo (que não se consubstancie imediatamente) ou espaço (que se revele uma área, e não um ponto). Quando dizemos que um seguro é vigente até o dia "X" (por exemplo, 14 de fevereiro de 2016), estamos, incluindo ou excluindo o dia 14 de fevereiro de 2016? A meu ver, estamos incluindo, mas isso poderia ser objeto de controvérsia interpretativa. Daí os contratos de seguro estabelecerem, em regra, que a cobertura cessa a um horário determinado (horas, minutos e segundos) do dia "X", para tornar inequívoca a acepção, estabelecendo coordenada de tempo que se consubstancia imediatamente. No caso, uma alternativa à solução da ambiguidade seria simplesmente esclarecer, no contrato, que "o seguro já não estará vigente no dia 15 de fevereiro de 2016, e daí para diante". Da mesma forma, quando dizemos que podem (a critério dos países membros) ser incluídos custos de transporte, e de carga (ou carregamento), descarga (ou descarregamento) e manuseio a ele associados, "até o porto", que é uma área, e não um ponto (aliás isso resta claro no art. 3o, I "a" do Regulamento Aduaneiro brasileiro Decreto no 6.759/2009), estamos nos referindo inclusive a gastos incorridos no porto, como a descarga? E uso, na pergunta, a descarga (ao invés da carga e do manuseio), propositalmente, porque é pouco provável que venha a existir descarga no porto de embarque, no exterior. Estaria o legislador internacional disciplinando, com o termo "descarga", presente em todos os idiomas do AVA, somente os casos em que a mercadoria sofresse a operação em ponto intermediário do transporte? Entendemos que não, e estamos, com tal visão, na companhia de um dos maiores especialistas do mundo em valoração aduaneira, o argentino Daniel ZOLEZZI, que foi presidente do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira da Organização Mundial das Aduanas (Conselho de Cooperação Aduaneira), e, em sua conhecida obra sobre o tema, revelou: "Los gastos de descarga, por lo general, sólo tienen lugar en el puerto o lugar de importación, hecho que los redactores del Acuerdo conocían bien. Si hubieran pensado incluir en la base de valoración únicamente a los gastos de descarga en los que se Fl. 1399DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 incurre en puertos o lugares intermedios, la redacción del Artículo 8 del Acuerdo hubiera sido otra".4 E a forma de incorporação das disposições do AVA por alguns blocos econômicos/regionais endossa as considerações que fizemos sobre a "descarga", com apoio em ZOLEZZI. Vejase como a Comunidade Andina (CAN) disciplinou a faculdade concedida pelo Artigo 8,2 do AVA, na Decisão no 378/1995: "Art. 5. Todos los elementos descritos en el numeral 2 del artículo 8 del Acuerdo del Valor del GATT de 1994 formarán parte del valor en aduana, excepto los gastos de descarga y manipulación en el puerto o lugar de importación, siempre que se distingan de los gastos totales de transporte. (...) Art. 6. A los efectos del artículo 8, numeral 2 del Acuerdo del Valor del GATT de 1994, se entenderá por "lugar de importación" la primera oficina aduanera del territorio del País Miembro en la que la mercancía deba ser sometida a formalidades aduaneras." Não teve dúvida o legislador andino de que o Artigo 8,2 do AVA regulou a descarga no país importador. Caso contrário, não haveria sequer de cogitar a exclusão dos custos com descarga no porto ou local de importação. Também a União Europeia, em suas três codificações, tratou do tema, cabendo aqui mencionar a última Regulamento UE no 952/2013, especificamente em seu artigo 71, 1, "e", que considera, no valor aduaneiro: "e) As seguintes despesas, até ao local onde as mercadorias são introduzidas no território aduaneiro da União: i) as despesas de transporte e de seguro das mercadorias importadas, e ii) as despesas de carga e de manutenção conexas com o transporte das mercadorias importadas." Ausente, também aí, a "descarga". Entretanto, patente a restrição ao Art. 8,2 do AVA, com a menção a "introdução no território aduaneiro da União". O MERCOSUL, por seu turno, resolveu simplesmente transformar a faculdade outorgada no Art. 8,2 do AVA em obrigatoriedade, como resta claro do Artigo 5o da "Norma de Aplicação sobre a Valoração Aduaneira de Mercadorias", Anexa à Decisão do Conselho do Mercado Comum (CMC) no 13/2007 (incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Decreto no 6.780/2009): "Artigo 5. Ao valor aduaneiro serão incluídos os seguintes elementos: a) os gastos de transporte das mercadorias importadas até o porto ou lugar de importação; b) os gastos com carga, descarga e manuseio, ocasionados pelo transporte das mercadorias importadas até o porto ou lugar de importação; c) o custo do seguro das mercadorias." (grifo nosso) 4 ZOLEZZI, Daniel. Valor en Aduana (Código Universal de la OMC). Buenos Aires: La Ley, 2003, p. 198. Fl. 1400DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.397 9 A referida Decisão CMC até tentou, em seu artigo 6o, seguir a linha adotada na União Europeia, de que "o porto ou lugar de importação" seria o ponto de introdução das mercadorias no território aduaneiro do bloco, mas teve que recuar, no art. 27, em função da inexistência, até a aprovação do Código Aduaneiro do MERCOSUL, de precisa identificação do que seja efetivamente o "território aduaneiro do MERCOSUL". Em síntese, o MERCOSUL fez exatamente o que o Brasil já havia feito ao incorporar o acordo de valoração aduaneira resultante da Rodada Tóquio do GATT, basicamente com as mesmas disposições, no Decreto no 92.930/1986 (art. 2o). No mesmo sentido, a Argentina editou o Decreto no 1.026/1987 (com a inclusão no art. 5o). Há que se destacar, assim, na análise internacional, que não há qualquer comando em tratado internacional vigente que obrigue expressamente nem a inclusão nem a exclusão das despesas com operações de carga, descarga e manuseio realizadas no porto ou local de importação como decorrência de (ou associadas a) um transporte internacional. No acervo de contenciosos da OMC,5 não consta que o tema aqui em análise tenha sido discutido. Dos 17 contenciosos sobre o AVA, a maioria se refere a tratamento aplicável a mercadorias específicas, e os dois que envolvem o Brasil (DS183 e DS197, ambos em fase de consultas) tratam de "preços mínimos". Assim, não há vestígio de regulação específica da matéria na organização internacional que administra o AVA, nem em seu Comitê de Valoração Aduaneira (CVA), nem no Comitê Técnico de Valoração Aduaneira (CTVA) da Organização Mundial de Aduanas (OMA), também expressamente mencionado como competente para o tratamento do tema no próprio AVA. 6 Incorreto, assim, afirmarse que a vedação à inclusão das despesas com operações de carga, descarga e manuseio realizadas no porto ou local de importação como decorrência de (ou associadas a) um transporte internacional encontra expressa vedação no AVA. E tal afirmação incorreta está presente, inclusive, em julgamento efetuado pela Primeira Turma do STJ, ainda que por voto de desempate da Min. Regina Helena Costa, no RESp no 1.239.625/SC: 7 "TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. VALOR ADUANEIRO. DESPESAS DE CAPATAZIA. INCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 4º, § 3º, DA IN SRF 327/2003. ILEGALIDADE. 1. Cingese a controvérsia em saber se o valor pago pela recorrida ao Porto de Itajaí, referente às despesas incorridas após a chegada do navio, tais como descarregamento e manuseio da mercadoria 5 Disponível em: https://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/dispu_agreements_index_e.htm?id=A27. Acesso em: 08.fev.2016. 6 O CTVA da OMA já emitiu 7 Decisões, e diversas opiniões consultivas, comentários e notas explicativas, trazendo ainda o sítio web da organização (http://www.wcoomd.org/en/topics/valuation/instrumentsand tools/decisions_of_the_wto_committee_on_customs_valuation.aspx) alguns estudos de caso. 7 Após o votovista do Sr. Ministro Ari Pargendler conhecendo do recurso especial, mas negandolhe provimento, acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator, e o voto do Sr. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho acompanhando o voto divergente do Sr. Ministro Sérgio Kukina, verificouse o empate, suspendendose o julgamento do feito até a composição do "quorum". Prosseguindo o julgamento, após o votodesempate da Sra. Ministra Regina Helena Costa, a Turma, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Sérgio Kukina e Napoleão Nunes Maia Filho, negou provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Fl. 1401DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 (capatazia), deve ou não integrar o conceito de "Valor Aduaneiro", para fins de composição da base de cálculo do Imposto de Importação. 2. Nos termos do artigo 40, § 1º, inciso I, da atual Lei dos Portos (Lei 12.815/2013), o trabalho portuário de capatazia é definido como "atividade de movimentação de mercadorias nas instalações dentro do porto, compreendendo o recebimento, conferência, transporte interno, abertura de volumes para a conferência aduaneira, manipulação, arrumação e entrega, bem como o carregamento e descarga de embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário". 3. O Acordo de Valoração Aduaneiro e o Decreto 6.759/09, ao mencionar os gastos a serem computados no valor aduaneiro, referemse à despesas com carga, descarga e manuseio das mercadorias importadas até o porto alfandegado. A Instrução Normativa 327/2003, por seu turno, referese a valores relativos à descarga das mercadorias importadas, já no território nacional. 4. A Instrução Normativa 327/03 da SRF, ao permitir, em seu artigo 4º, § 3º, que se computem os gastos com descarga da mercadoria no território nacional, no valor aduaneiro, desrespeita os limites impostos pelo Acordo de Valoração Aduaneira e pelo Decreto 6.759/09, tendo em vista que a realização de tais procedimentos de movimentação de mercadorias ocorre apenas após a chegada da embarcação, ou seja, após a sua chegada ao porto alfandegado. 5. Recurso especial não provido" (grifo nosso) A nosso ver, o tribunal superior realizou uma análise eminentemente nacional (à luz da legislação nacional e da acepção nacional de termos, conforme se depreende do item 2 da ementa) de um tratado internacional, deturpando o teor internacionalmente consagrado dos termos do acordo. Confundese, na decisão da corte, por exemplo, chegada da mercadoria com atracação do navio (conforme se depreende do item 1 da ementa). Por certo que chegada da embarcação é algo que não se confunde com chegada da mercadoria. Uma mercadoria chega ao porto quando nele toca em solo, ou é descarregada em caminhões, esteiras, silos, tanques etc., enquanto que uma embarcação chega ao porto simplesmente quando nele atraca.8 Analisar um acordo internacional com base no entendimento nacional sobre seus termos é, basicamente, descumprir o acordo, o que inclusive permite a discussão em foros internacionais competentes. Por isso, vemos com preocupação a decisão do STJ, reiterese, tomada por desempate, deficiente na análise internacional do tema, o que acabou por distorcer a discussão, e, por consequência, a conclusão alcançada. Acrescentese ainda, nesta análise internacional, que a faculdade outorgada pelo Art. 8,2 do AVA é uma faculdade de adotar bases "FOB" (Free on Board) ou "CIF" (Cost, Insurance and Freight) nas operações. A própria OMC, em seu sítio web, em tópico relativo a informações técnicas sobre valoração aduaneira, esclarece que a faculdade concedida no Art. 8, 2 é pertinente no caso de a países que adotam a valoração em base CIF (Cost, Insurance and Freight).9 8 A única hipótese em que uma atracação corresponderia a uma chegada de mercadoria ao porto seria se a própria embarcação fosse a mercadoria importada, transportada por "meios próprios" (v.g., no caso de importação, por empresa brasileira, de navio que chega ao país navegando, e não carregado em um outro navio). 9 Disponível em: https://www.wto.org/english/tratop_e/cusval_e/cusval_info_e.htm. Acesso em 08.fev.2016. Fl. 1402DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.398 11 No Brasil, é usual dizermos que adotamos bases "CIF" de valoração na importação, e bases "FOB" na importação. Os termos "FOB" e "CIF" são internacionalmente consagrados, e representam dois dos onze INCOTERMS®, termos internacionais de comércio ("international comercial terms") surgidos em 1936, e que, após revisões em 1953, 1967, 1976, 1980, 1990 e 2000, chegaram à versão de 2010, veiculada na Publicação no 715/2010, da CCI (Câmara Internacional de Comércio), e reconhecidos, no Brasil, pela Resolução CAMEX no 21/2011, que assim designa os INCOTERMS "FOB" E "CIF": "FOB FREE ON BOARD (named port of shipment) LIVRE A BORDO (porto de embarque nomeado) O vendedor encerra suas obrigações e responsabilidades quando a mercadoria, desembaraçada para a exportação, é entregue, arrumada, a bordo do navio no porto de embarque, ambos indicados pelo comprador, na data ou dentro do período acordado. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). CIF COST, INSURANCE AND FREIGHT (named port of destination) CUSTO, SEGURO E FRETE (porto de destino nomeado) Além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o porto de destino combinado. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior)" (grifo nosso) Não é preciso muito esforço para concluir que o Brasil adotou base mais próxima do CIF (com seguro e frete) nas importações, ao incluir os ajustes que o AVA considerou facultativos (Art. 8,2).10 Mas o que buscamos é destacar que também aí, no INCOTERM "CIF", está presente a expressão "até o porto de destino". Vejamos, então, como é entendida, na única tradução efetuada no Brasil, por especialista em publicações da CCI: "O vendedor deve pagar todas as despesas relativas às mercadorias, até que tenham sido entregues ao transportador, a bordo do navio, mais o frete o outros custos para enviar a mercadoria até o local de destino, incluindo as despesas de descarregamento".11 Dito isso, e verificado, por diversos meios, em com variados exemplos, que não há óbice internacional à inclusão das despesas com operações de carga, descarga e manuseio realizadas no porto ou local de importação como decorrência de (ou associadas a) um transporte internacional, passase à análise da legislação brasileira, pois, como nos exemplos trazidos na discussão internacional, a própria legislação nacional (ou mesmo regional, no caso de blocos econômicos) pode limitar tal inclusão, tendo em conta que o Art. 8,2 do AVA estabelece tão somente uma faculdade. 10 É nesse sentido o voto da Ministra Ellen Gracie no RE n.559.937/RGRS: "Cabe observar que o valor aduaneiro compreende também os custos de transporte, de carga, descarga e manuseio e de seguro, de modo que corresponda ao valor do produto posto no país importador, ou seja, ao preço CIF (cost, insurance and freight) e não ao simples preço FOB (free on board)." 11 LUNARDI, Angelo Luiz. Condições Internacionais de Compra e Venda INCOTERMS 2010. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2014, p.137. Fl. 1403DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 12 Análise nacional, no Brasil (AVAGATT e as despesas com descarga) A análise nacional, no Brasil, inicia com o Decreto no 2.498/1998, primeira disciplina brasileira da matéria na era pósOMC, que se limitou a copiar o texto do Art. 8,2 do AVA em seu artigo 17:12 "Art. 17. No valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado, serão incluídos (parágrafo 2 do artigo 8 do Acordo de Valoração Aduaneira): I o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; II os gastos relativos a carga, descarga e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de importação; e III o custo do seguro nas operações referidas nos incisos I e II". Em relação à disciplina procedimental, a primeira norma da era pósOMC a tratar da matéria, no Brasil, foi a Instrução Normativa SRF no 16/1998, em seus arts. 2o e 3o: "Art. 2o Na apuração do valor aduaneiro, qualquer que seja a condição de entrega da mercadoria negociada entre o importador e o exportador, bem como o método de valoração utilizado, serão incluídos os seguintes elementos: I o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II os gastos relativos a carga, descarga e manuseio, associados ao transporte da mercadoria até a chegada aos locais referidos no inciso anterior; e III o custo do seguro da mercadoria durante as operações indicadas nos incisos anteriores." "Art. 3o O valor aduaneiro não abrangerá os seguintes encargos ou custos, desde que estejam destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, na respectiva documentação comprobatória: I custos de transporte e seguro, bem como os gastos associados a esse transporte, incorridos no território aduaneiro, a partir dos locais referidos no inciso I do artigo anterior; e II encargos relativos a construção, instalação, montagem, manutenção ou assistência técnica da mercadoria importada, executados após a importação." 12 Já havia disciplina anterior em relação ao acordo de valoração aduaneira celebrado na Rodada Tóquio do GATT, em 1979, e promulgado pelo Decreto n. 92.930/1986, que, como já exposto, tornou, em seu art. 2o, obrigatória a inclusão dos elementos relacionados no Art. 8,2 (que não foi alterado na substância). Tal decreto era disciplinado pela IN SRF n. 39/1994. Fl. 1404DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.399 13 Veja que a norma trabalha com as expressões "até a chegada aos locais" (ao se referir ao excerto do AVA que usa "até o porto ou local" Art. 8,2) e "a partir dos locais" (ao se referir ao excerto do AVA que faz menção a custos de transporte "após a importação" Nota Interpretativa ao Artigo 1,3). Busca, assim, resolver o aparente conflito interpretativo a partir de uma fórmula parecida com a que adotamos no exemplo do seguro do automóvel, no tópico anterior deste voto ("o seguro já não estará vigente no dia 15 de fevereiro de 2016, e daí para diante"). No Brasil, somente nos portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados (conhecidos como locais de "zona primária") poderá efetuarse a entrada ou a saída de mercadorias procedentes do exterior ou a ele destinadas (art. 8o do Regulamento Aduaneiro). Assim, objetivou a Instrução Normativa esclarecer que ficava vedada a inclusão, no valor aduaneiro, de qualquer custo incorrido "do portão para fora" do porto, por exemplo. E tal fórmula se repetiu em normas posteriores, chegando aos Regulamentos Aduaneiros de 2002 e 2009. E dela decorre o Ato Declaratório da CoordenaçãoGeral de Administração Aduaneira (AD COANA) no 3/2000: "Os gastos relativos à descarga e ao manuseio de mercadorias importadas, associados ao transporte internacional, integram o valor aduaneiro, independentemente da responsabilidade pelo ônus financeiro e da denominação adotada". No Regulamento Aduaneiro de 2002 (Decreto no 4.543/2002), a matéria foi disciplinada nos artigos 77 e 79: "Art. 77. Integram o valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 8, parágrafos 1 e 2, aprovado pelo Decreto Legislativo no30, de 1994, e promulgado pelo Decreto no1.355, de 1994):(Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) I o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais referidos no inciso I; e III o custo do seguro da mercadoria durante as operações referidas nos incisos I e II." (grifo nosso) "Art. 79. Não integram o valor aduaneiro, segundo o método do valor de transação, desde que estejam destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, na respectiva documentação comprobatória (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 8, parágrafo 2, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 1994, e promulgado pelo Decreto no1.355, de 1994): I os encargos relativos à construção, à instalação, à montagem, à manutenção ou à assistência técnica, relacionados com a mercadoria importada, executados após a importação; e Fl. 1405DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 14 II os custos de transporte e seguro, bem assim os gastos associados ao transporte, incorridos no território aduaneiro, a partir dos locais referidos no inciso I do art. 77." (grifo nosso) E, disciplinando o disposto no Regulamento Aduaneiro de 2002, que, em seu art. 731, XX, expressamente revogou o Decreto no 2.498/1998, foi editada a Instrução Normativa SRF no 327/2003, hoje vigente, que tratou do tema em seus arts. 4o e 5o, incorporando, no § 3o do art. 4o, grosso modo, o conteúdo do AD COANA no 3/2000: "Art. 4o Na determinação do valor aduaneiro, independentemente do método de valoração aduaneira utilizado, serão incluídos os seguintes elementos: I o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II os gastos relativos a carga, descarga e manuseio, associados ao transporte das mercadorias importadas, até a chegada aos locais referidos no inciso anterior; e III o custo do seguro das mercadorias durante as operações referidas nos incisos I e II. (...) § 3o Para os efeitos do inciso II, os gastos relativos à descarga da mercadoria do veículo de transporte internacional no território nacional serão incluídos no valor aduaneiro, independentemente da responsabilidade pelo ônus financeiro e da denominação adotada." (grifo nosso) "Art. 5o No valor aduaneiro não serão incluídos os seguintes encargos ou custos, desde que estejam destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas, na respectiva documentação comprobatória: I custos de transporte e seguro, bem assim os gastos associados a esse transporte, incorridos no território aduaneiro, a partir dos locais referidos no inciso I do artigo anterior; e II encargos relativos a construção, instalação, montagem, manutenção ou assistência técnica da mercadoria importada, executadas após a importação." (grifo nosso) Por fim, o Regulamento Aduaneiro vigente (Decreto no 6.759/2009), em seus arts. 77 e 79, mantém a linha adotada no anterior, em relação ao tema: "Art. 77. Integram o valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 8, parágrafos 1 e 2, aprovado pelo Decreto Legislativo no30, de 1994, e promulgado pelo Decreto no1.355, de 1994; e Norma de Aplicação sobre a Valoração Aduaneira de Mercadorias, Artigo 7o, aprovado pela Decisão CMC no13, de 2007, internalizada pelo Decreto no6.870, de 4 de junho de 2009):(Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). Fl. 1406DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.400 15 I o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; II os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais referidos no inciso I; e III o custo do seguro da mercadoria durante as operações referidas nos incisos I e II." (grifo nosso) "Art. 79. Não integram o valor aduaneiro, segundo o método do valor de transação, desde que estejam destacados do preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, na respectiva documentação comprobatória (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 8, parágrafo 2, aprovado pelo Decreto Legislativo no30, de 1994, e promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 1994): I os encargos relativos à construção, à instalação, à montagem, à manutenção ou à assistência técnica, relacionados com a mercadoria importada, executados após a importação; e II os custos de transporte e seguro, bem como os gastos associados ao transporte, incorridos no território aduaneiro, a partir dos locais referidos no inciso I do art. 77." (grifo nosso) Não se vê, pelos textos aqui transcritos, nenhuma incompatibilidade entre os dispositivos normativos apontados. A utilização da expressão "até a chegada ao" (presente, v.g., no art. 77, II do Regulamento Aduaneiro e no art. 4o, II da Instrução Normativa SRF no 327/2003) não é incompatível com o teor do Ato Declaratório COANA no 3/2000, ou com o § 3o do art. 4o da Instrução Normativa SRF no 327/2003, visto que todos fazem parte de uma mesma contextualização nacional do AVA, historicamente construída, dentro da faculdade outorgada no âmbito do acordo. Da análise nacional do tema, então, não brota dissonância interna, nem em relação ao AVA. Podese até discordar da decisão do país em optar por incluir as despesas com descarga no valor aduaneiro, ou afirmar que a maioria dos países do mundo segue linha diversa, mas não há fundamento, com a legislação hoje vigente, para dizer que isso afronte o AVA, internacionalmente, ou mesmo o Regulamento Aduaneiro brasileiro. Em relação à discussão sobre créditos, envolvendo o art. 142 do CTN, entendemos que assiste razão ao julgador de piso, sobre a correta ordem de tratamento da matéria: não se abate créditos internos no pagamento das contribuições devidas na importação. Assim, a discussão é alheia à matéria tratada na autuação, como também o é a suscitada em relação à existência de tributação interna para as operações. De qualquer forma, há alegação de peculiaridade relacionada ao caso concreto que efetivamente poderia impactar no quantum a ser exigido. É o que se analisa no tópico a seguir. Fl. 1407DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 16 Das peculiaridades do caso concreto (descarga e transporte em correias) Narram as recorrentes que as despesas incluídas na base de cálculo, pela fiscalização, referemse não só a descarga, mas a transporte interno. Na impugnação, descrevese que a descarga e o transporte dos granéis importados são efetuados por meio de um sistema integrado de moegas/correias transportadoras, sendo a mercadoria descarregada nas moegas mecanicamente, por meio de caçambas, chegando às correias, que a transportam até o pátio de estocagem da empresa, localizado a 7 quilômetros do porto, e os gastos mencionados no Relatório Fiscal envolvem toda a operação, sendo a descarga a parte menos relevante. Para ilustrar o alegado, a empresa apresenta fotos do porto e do percurso da correia (fls. 326/327). A DRJ, ao analisar o tema, destaca que tanto a intimação fiscal como a resposta da prestadora de serviços são restritas a operações de descarga, sendo que nas notas fiscais expressamente consta que o serviço prestado é de "descarga", e que efetuou intimação à importadora para apresentar o contrato de prestação de serviços, sem sucesso. Nas palavras do julgador (fl. 1260): "Confirase, para tanto, o teor da intimação colacionada à fl. 169, em que se solicita à pessoa jurídica que administra do terminal de cargas que informe o valor daquelas despesas cobrado aos importadores ali relacionados: “APRESENTAR: Todas as Notas fiscais de prestação de serviço relativas à descarga de mercadoria do veículo internacional no território nacional, emitidas para as empresas e períodos indicados (...) APRESENTAR AINDA: Os contratos de prestação do serviço mencionado, vigentes nos períodos indicados, firmados entre a VALE S.A e estas empresas ou outros documentos que comprovem os valores pactuados entre as partes.” Tal intimação foi atendida com a apresentação das notas fiscais acostadas às fls. 196 a 291, que discriminam exclusivamente o serviço de descarga. Confirase o padrão adotado no campo “Discriminação dos Serviços”: “Valor correspondente ao Serviço de Descarga Conforme descrição abaixo: CAIS.........:Praia Mole NAVIO......: XXXXXX TÉRMINO....:XX/XX/XXX TONELAGEM: XXXXXX PRODUTO: XXXXX OBS:” Como é possível verificar, os documentos acostados, além de descreverem os serviços prestados como “serviço de descarga”, especificam informações pertinentes à operação de descarga, como “cais” e “navio”. (...) Observese ainda que a autuação requereu acesso aos contratos firmados entre a Vale e a autuada, instrumento que poderia dirimir eventuais dúvidas sobre a natureza dos serviços prestados e respectivos valores. Fl. 1408DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.401 17 Assim sendo, caberia à autuada, de posse de tais instrumentos ou de quaisquer outros documentos, apontar os elementos que eventualmente respaldassem suas alegações ou, por outro lado, buscar junto à prestadora de serviços o reparo das informações anteriormente repassadas à fiscalização e que culminaram por subsidiar a autuação". Compulsando os autos, confirmo o que narra a DRJ. Vejase, a título exemplificativo (pois as notas fiscais de fls. 196 a 291 contêm descrição idêntica), a descrição do serviço prestado, na nota fiscal de fl. 196: Sendo a intimação fiscal para descrever os serviços de descarga, e sendo a resposta da intimada, assim como as notas fiscais colacionadas, expressamente referentes a serviços de descarga, caberia às recorrentes fazer prova de que tais serviços, em verdade, não corresponderiam a descarga. Mas as recorrentes sequer trouxeram aos autos, na ocasião, o contrato de prestação de serviços, alegando "cláusula de confidencialidade". Recordese, entretanto, que a outra parte no contrato, a prestadora de serviços (provavelmente afetada pela mesma cláusula, a não ser que fosse a cláusula de confidencialidade unilateral), colaborou efetivamente com a fiscalização, e forneceu a prova que levou à quantificação dos serviços de descarga. Não se desincumbiram, assim, as recorrentes, do ônus de comprovar o que alegavam, no sentido de que a descarga constante nos documentos de sua contratada não tratariam, de fato, somente de descarga. No entanto, no recurso voluntário é trazido o referido contrato CVRD no SRF016/07GEACA, com dois aditivos (fls. 1332 a 1358), alegando as recorrentes que apresentam tal documento em sede recursal porque somente naquela ocasião obtiveram "autorização para juntada" (fls. 1290/1291). Fl. 1409DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 18 A alegação de confidencialidade, e necessidade de autorização, cai por terra com a simples leitura da cláusula que trata do tema no Contrato (fl. 1346), pois tal cláusula excepciona expressamente as exigências por autoridade governamental ou reguladora competente (como a RFB, que promoveu intimação para apresentação do contrato no curso do procedimento fiscal): Ademais, entendendo que a apresentação de informação ao fisco constitui ruptura de tal cláusula, deveriam as recorrentes tomar as medidas civis cabíveis contra a prestadora de serviço, que as forneceu de imediato quando solicitado pelo fisco. Ainda que se releve a apresentação extemporânea do documento, entendendo pela sua admissão nesta etapa processual, apesar de restar claro que a empresa poderia ter apresentado o contrato ainda em sede de impugnação, em ofensa ao art. 16, § 4o, "a" do Decreto no 70.235/1972, é de se destacar que persiste a falta de comprovação de que o valor das notas fiscais se refere a algo mais do que a descarga (único serviço constante em todas as notas fiscais apresentadas). O fato de o contrato ser relativo a prestação de serviços de "descarga de navios e de transferência através de correias transportadoras" não permite a conclusão de que as notas fiscais descritas como "descarga" pelo prestador estejam a tratar de ambos os serviços. Tal prova as recorrentes afirmam, na peça recursal, que ainda tentarão obter (fl. 1292): Fl. 1410DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.402 19 Ou seja, assume a recorrente, nesta fase processual, que não foi possível comprovar que as notas fiscais apresentadas pela prestadora se refiram a algo mais do que "descarga". Portanto, não foi possível afastar a documentação utilizada pelo autuante para quantificar as despesas. E desejam as recorrentes que os autos sejam baixados em diligência para que ela produza a prova que já poderia ter produzido durante todo o contencioso, ou, ainda, durante o procedimentos fiscal que antecedeu o contencioso. Assim, não se desincumbem as recorrentes do ônus de comprovar o que alegam, com a finalidade de reverter o teor de documentos legitimamente anexados aos autos e usados como prova na autuação. E é incabível a conversão em diligência para produção de prova que a empresa poderia ter apresentado durante o contencioso, ou mesmo antes de seu início, durante o procedimento fiscal. Como afirmamos no voto condutor dos Acórdãos no 3401003.087 e no 3401 003.088, recentemente acolhidos de forma unânime nesta turma, "não se pode em nome da verdade material promover uma dilação probatória 'ad infinitum', com conversões em diligência para que a recorrente apresente detalhamentos ou documentos que já deveria ter apresentado desde o início do processo", ou mesmo antes. Improcedentes, portanto, as alegações referentes às peculiaridades do caso concreto. Cabe, no entanto, analisar ainda a alegação de que houve alteração de critério jurídico, em ofensa ao artigo 146 do Código Tributário Nacional (CTN), e de que houve homologação expressa do lançamento no desembaraço. Da "revisão" aduaneira (e da alegação de alteração de critério jurídico) Fl. 1411DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 20 Sobre o tema, já tivemos a oportunidade de externar entendimento em artigo publicado em 2012. Aproveitase para reproduzir excerto de tal estudo, plenamente aplicável ao caso aqui analisado (ainda que não verse sobre classificação de mercadorias):13 “O art. 638 do Regulamento Aduaneiro, com base no art. 54 do DecretoLei no 37, de 1966, com a redação com a redação dada pelo DecretoLei no 2.472, de 1988, estabelece que revisão aduaneira “é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação”. A revisão aduaneira assume crescente importância, na medida em que se está selecionando para conferência aduaneira, no despacho, um percentual cada vez menor de declarações de importação. Chegase até a cogitar a impropriedade da denominação do instituto, visto que o termo “revisão” sugere que já tenha havido uma primeira análise, o que nem sempre ocorre nas importações. No canal verde, por exemplo, sequer houve verificação da mercadoria ou exame documental; no amarelo, não ocorreu a verificação da mercadoria; e, mesmo no vermelho, pode ser que a verificação, feita por amostragem, não tenha abarcado especificamente o tópico que venha a ser discutido futuramente em procedimento de “revisão” aduaneira. Assim, a revisão aduaneira (cuja denominação fica cada vez mais inadequada), em verdade, tornase frequentemente a primeira oportunidade em que as informações prestadas pelo importador na declaração de importação são checadas pelo fisco. São numerosas as reclassificações de mercadorias desembaraçadas em canal verde (ou seja, sem qualquer intervenção humana).” (op. cit, p. 364) Também já efetuamos considerações sobre o tema em julgamentos anteriores, com acolhida unânime da turma: "CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. HOMOLOGAÇÃO. REVISÃO ADUANEIRA. POSSIBILIDADE. É possível a revisão aduaneira da classificação de mercadorias, não constituindo necessariamente tal ato “mudança de critério jurídico”. O desembaraço aduaneiro não homologa, nem tem por objetivo central homologar integralmente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo. Tal homologação ocorre apenas com a revisão aduaneira (homologação expressa), ou com o decurso de prazo (homologação tácita)." (Acórdão n. 3403002.555, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 23.jan 2013; e Acórdão n. 3403002.782, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 25.fev 2014) (grifo nosso) 13 A revisão aduaneira de classificação de mercadorias na importação e a segurança jurídica: uma análise sistemática. In: BRANCO, Paulo Gonet; MEIRA, Liziane Angelotti; CORREIA NETO, Celso de Barros. Tributação e Direitos Fundamentais conforme a jurisprudência do STF e do STJ. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 341376. Fl. 1412DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.403 21 É de se acrescentar que nos presentes autos sequer se menciona em quais canais de conferência foi a mercadoria desembaraçada, e tal matéria não é objeto de controvérsia específica. Equivocado, de qualquer modo, o argumento generalizado de que a autoridade conhecia os fatos, sendo o erro de direito, ocasionando "alteração de critério jurídico". As contribuições devidas na importação, assim como o imposto de importação, são tributos sujeitos a “lançamento por homologação”. O sujeito passivo (em regra, o importador) detalha em uma DI (declaração de importação) as mercadorias que está importando, suas classificações e seus valores, entre outras informações (como a alíquota, se ad rem), e paga os tributos devidos segundo seus cálculos, independentemente de qualquer ato administrativo. A declaração é, então, sujeita a conferência, podendo ser desembaraçada em canal verde (sem qualquer ato da autoridade fiscal), amarelo (com verificação apenas dos documentos), vermelho (com verificação dos documentos e da mercadoria, por amostragem), ou cinza (com procedimento especial de controle aduaneiro). É míope e desconectada da realidade do comércio internacional a visão de que o desembaraço aduaneiro é um ato cujo objetivo central seja o lançamento de crédito tributário, ou sua homologação. O crédito tributário é coadjuvante nesse processo, exatamente porque pode ser exigido a posteriori, mediante "revisão" aduaneira. Em zona primária (portos, aeroportos e pontos de fronteira), a principal preocupação é com o cometimento de fraudes (como a importação de mercadoria proibida), especialmente se houver possibilidade de que um procedimento de fiscalização posterior seja frustrado (v.g., pela própria inexistência de fato do importador ou do real adquirente da mercadoria). É essa a realidade, hoje, no Brasil e em todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento do mundo, que passaram a adotar, para não obstaculizar o comércio e para não entravar os portos, aeroportos etc., parâmetros de seletividade, fiscalizando efetivamente baixo percentual de cargas importadas, restringindo a análise àquelas que apresentem efetivo potencial de risco, não sendo o tema tributário, repitase, protagonista nessa discussão (em face de o crédito poder ser exigido a posteriori).14 Assim, aquele que invoca a Súmula no 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR), no Brasil, para tratar de "revisão" aduaneira, está meio século atrasado na análise da questão, pois está a raciocinar na realidade da redação original do DecretoLei no 37/1966, e no contexto em que todas as mercadorias e todos os documentos de todas as declarações de importação eram (ou, ao menos, deveriam ser) examinados, quando hoje, a regra é a ausência de exame. Não é preciso muito esforço para perceber que a Aduana brasileira mudou em relação àquela que existia há meio século, à época em que se consolidou o entendimento 14 Como não é possível (nem efetivo) fiscalizar um percentual elevado das cargas que chegam ao País ou dele saem, investese em mecanismos de seleção fundados em parâmetros objetivos previamente cadastrados, permitindo que se verifiquem em despacho as mercadorias sobre as quais recai o mais alto grau de risco, ou as mercadorias com indícios de prática de fraude para a qual a fiscalização a posteriori seja improdutiva. Algumas infrações, como as relativas a propriedade intelectual, a saúde, ou que possam resultar em contrabando, devem ser tratadas em tempo de despacho. Outras, como o simples erro de classificação fiscal, ou o simples preenchimento incorreto de campo, poderiam ser objeto de fiscalização a posteriori (a menos que haja elementos que levem à convicção de que a empresa infratora é inexistente de fato, ou não disporá de patrimônio para saldar a dívida a posteriori, v.g.). Assim, a exemplo do que ocorre em diversos países, o Brasil prioriza, em despacho, o tratamento de um quantitativo reduzido de declarações, dando maior fluidez ao comércio internacional. Fl. 1413DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 22 expresso na súmula no 227, inadvertidamente mantido em realidade diversa, inclusive pelo STJ, como se depreende dos precedentes colacionados pelas recorrentes. Basta uma olhadela no sítio web da RFB para que vejamos quais as preocupações da aduana, hoje:15 "Aumento na Fluidez no Comércio Exterior Na importação, a fluidez é medida pelo percentual de declarações que são desembaraçadas com menos de 24 horas (Indicador do Grau de Fluidez). No primeiro semestre de 2015, 84,73% do total dos despachos de importação registrados foram liberados pela Aduana em menos de um dia. Isto representa uma melhora da fluidez na importação de 1,4% em relação ao primeiro semestre de 2014 e de 1,9% em relação ao primeiro semestre de 2013. (...) Mais rapidez dos tempos no despacho O tempo médio bruto de despacho na importação (DI), o qual computa do registro da declaração até o seu desembaraço, tem o tempo médio de 1,60 dias no período de janeiro a junho de 2015, o qual representa a redução de 2,43% no comparativo 2015 x 2014. (...) Declarações de Importação e Exportação No primeiro semestre de 2015, a Aduana do Brasil desembaraçou 1,71 milhões de declarações de operações de comércio exterior, sendo 1,159 milhões de despachos de importação e aproximadamente 560 mil despachos de exportação. (...)" Lamentavelmente, neste último relatório disponível, de 2015, a Aduana brasileira não divulgou o número de declarações por canal de conferência. Mas no anterior, de 2014, é possível acessar os números, inclusive de forma gráfica:16 "A capacidade de conferência no despacho e a gestão de risco evoluíram nos últimos 12 anos, de forma a permitir a maior fluidez ao comércio, conforme mostram os dois gráficos seguintes e, ao mesmo tempo, a aumentar o grau de eficácia na seleção e a efetividade da atuação da Receita Federal no combate às irregularidades nas operações de importação e exportação. O Brasil hoje tem um nível de seletividade, na importação, da ordem de 11,02%, índice menor que o de 2013 (11,21%) e 9,28% na exportação. Um dos indicadores do Custom Assessment Trade Toolkit – CATT, utilizado pelo Banco 15 Dados extraídos do documento intitulado "Balanço Aduaneiro 2015", disponível em http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/resultados/aduana#, acesso em 01 mar.2016. 16 Dados extraídos do documento intitulado "Balanço Aduaneiro 2014", disponível em http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/resultados/aduana/arquivoseimagens/balancoaduaneiro2014.pdf, acesso em 01 mar.2016. Fl. 1414DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.404 23 Mundial, relacionado ao nível de seletividade para controle do despacho aduaneiro, estabelece como parâmetro ideal 3% de seletividade. É a essa realidade que se pretende aplicar o art. 146 do Código Tributário Nacional (CTN), imaginando que tenha sido efetuado no procedimento aduaneiro aqui descrito uma revisão como a malha do imposto de renda, ou uma fiscalização de IPI realizada na empresa. Atentese que a área em verde do gráfico corresponde ao percentual de declarações de importação para as quais não foi verificada nem a mercadoria importada nem os documentos que ampararam a importação (ou seja, declarações para as quais não houve qualquer intervenção humana). E a área em amarelo, às importações para as quais foram verificados apenas os documentos, cabendo destacar que, mesmo nas áreas vermelhas, foram verificados documentos e mercadoria por amostragem. Em síntese, a realidade e a própria legislação aduaneira hoje existentes são distintas do contexto tributário e aduaneiro do qual foram extraídas as conclusões que se informa serem amoldadas à Súmula no 227 do extinto TFR. Aliás, o período em que eram atuais e pertinentes tais discussões foi a década de 80 do século passado. E tais discussões levaram justamente à alteração do DecretoLei no 37/1966, em 1988. O Capítulo III do DecretoLei no 37/1966 (referente a "Normas Gerais de Controle Aduaneiro das Mercadorias") era originalmente subdividido em quatro seções (‘despacho aduaneiro’ arts. 44 a 47; ‘conferência’, arts. 48 a 52; ‘desembaraço’ art. 53; e ‘revisão’ art. 54), estabelecendo este último artigo (54), único a compor a Seção IV, que: "Seção IV Revisão Art 54. A revisão para apuração da regularidade do recolhimento de tributos e outros gravames devidos à Fazenda Nacional será realizada na forma que estabelecer o regulamento, cabendo ao funcionário revisor 5% (cinco por cento), das diferenças apuradas, revogado o art. 4º do Decreto lei nº 8.663, de 14 de janeiro de 1946." (grifo nosso) Fl. 1415DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 24 O Decretolei no 2.472/1988, porém, deu nova redação a todo o Capítulo III do DecretoLei no 37/1966, que passou a contar com apenas duas seções (‘despacho aduaneiro’ arts. 44 a 53; e ‘conclusão do despacho’ art. 54), dispondo, a partir de então, o artigo 54: "Seção II Da Conclusão do Despacho Art. 54. A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste Decreto Lei." (grifo nosso) Percebase que o legislador, em 1988, não desejou somente retirar dos funcionários o percentual das diferenças apuradas, mas também libertarse da tradicional visão eminentemente tributária do despacho. E desejou ainda deixar claro que o despacho não termina com o desembaraço. Por isso intitulou o antigo artigo que tratava da "revisão", na nova redação, como "da conclusão do despacho".17 Assumese, com tal comando normativo, ainda vigente, que a fiscalização não se esgota com o desembaraço, e que a "apuração da regularidade" (sem utilizar mais o texto de estatura legal a palavra "revisão") da declaração desembaraçada não é efetuada fora, mas dentro do despacho, que ainda não está concluído até que haja manifestação expressa (com a "revisão") ou tácita (com o decurso do prazo para sua realização). O termo "revisão" aduaneira, inexistente na nova redação do art. 54, continuou a ser usado pelas normas de hierarquia inferior (v.g., Regulamentos Aduaneiros de 2002 e 2009), mas deve se advertir que não se está, de fato, naquilo que ficou conhecido como "revisão aduaneira", revisando algo, mas simplesmente apurando, em continuidade das verificações efetuadas (se efetuadas) antes do desembaraço, a regularidade da operação, em seus aspectos tributários ou aduaneiros, inclusive no que se refere a restrições/proibições à importação. Estava o Brasil cada vez mais se adequando à regulação aduaneira internacional, e se distanciando da visão à época externada pelos tribunais, que ainda pareciam imaginar que nos portos, aeroportos e pontos de fronteira tudo se verificava (ou tudo se presume que teria sido verificado), e que a discussão aduaneira era, em verdade, tributária (embora se possa relacionar substancial lista de temas que podem ser objeto de revisão aduaneira e sequer produzem consequências tributárias: importação de bens sem autorização do órgão competente, contrabando, importação de bens com falsidade na documentação de amparo etc.). E, de lá para cá, com o surgimento de canais de conferência (em 1997), que expressamente dispensaram a verificação em alguns casos, tornouse absolutamente dissociado da realidade o entendimento de que se estaria, em um desembaraço, promovendo uma verdadeira homologação de lançamento (ainda mais quando em cerca de 90% deles sequer se verificou nada). 17 Para deixar ainda mais claro que o despacho aduaneiro não termina com o desembaraço, tal Decretolei, ao dar nova redação ao art. 102, § 1o do Decretolei no 37, de 1966, dispôs que “não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; ...". Fl. 1416DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.405 25 Mas o posicionamento em alguns julgados do STJ, de forma aparentemente e inadvertidamente cômoda, acabou congelado no tempo, a parecer que ainda se verifica efetivamente 100% das cargas nos portos, aeroportos e pontos de fronteira brasileiros. É certo que tal posicionamento, pela impossibilidade de revisão, poderia perigosamente levar o Brasil de volta à década de 60 do século passado, quando as cargas demoravam semanas (hoje, diante da relação funcionário / declarações de importação, seriam certamente meses) para serem verificadas, pois tal visão imporia efetivamente o dever de fiscalização de 100% da mercadoria importada e dos documentos correspondentes. E aí se poderia falar que o que ocorre depois do desembaraço seria uma efetiva "revisão". Estamos certos de que o problema não reside na Súmula no 227, mas em sua extensão a hipóteses em que não houve homologação alguma, mas simples liberação de mercadorias sob condição de posterior apuração de regularidade para conclusão do despacho. O desembaraço aduaneiro não representa lançamento efetuado pela fiscalização nem homologação, por esta, de lançamento "efetuado pelo importador". Tal homologação ocorre apenas com a "revisão aduaneira" (homologação expressa), ou com o decurso de prazo para sua realização (homologação tácita). A homologação expressa, por meio da "revisão aduaneira" de que trata o art. 54 do Decretolei no 37/1966, com a redação dada pelo Decretolei no 2.472/1988, em que pese a inadequação terminológica, derivada de atos infralegais, não representa, efetivamente, nova análise, mas continuidade da análise empreendida, ainda no curso do despacho de importação, que não se encerra com o desembaraço. Não se aplicam ao caso, assim, o art. 146 do CTN (que pressupõe a existência de lançamento) nem a Súmula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que afirma que "a mudança de critério adotado pelo fisco não autoriza a revisão de lançamento"). Ademais, se o julgador do CARF está a analisar matéria aduaneira, deve tomar como vigente o art. 54 do Decretolei no 37/1966, na redação que lhe deu o art. 2.472/1988, e que não apresenta a restrição defendida pelas recorrentes e por julgados do STJ, não podendo o julgador administrativo negar vigência ao referido artigo 54, ainda que por afronta a dispositivo do CTN ou da própria Constituição, por determinação da Súmula CARF no 2 (que, por certo, não se refere somente a "lei tributária", mas também a lei "aduaneira, ou mesmo de outro ramo jurídico). A Súmula no 227, do TFR, tem teor irretocável: em nome da segurança jurídica, não há argumento que fragilize a afirmação de que “a mudança de critério jurídico não autoriza a revisão do lançamento”. O problema é aplicar tal súmula em casos nos quais não houve necessariamente lançamento nem homologação, como o presente. No presente processo, parecem as recorrentes entender que "houve alteração de critério jurídico" mesmo tratando os autos de declarações de importação para as quais sequer se faz prova de que foram efetivamente verificadas por uma autoridade aduaneira. Deveriam as recorrentes ter apresentado ao menos uma declaração de importação onde o fisco efetivamente analisou a matéria aqui discutida. Afinal, todas as declarações de importação ficam em posse do importador. Ademais, ainda que fosse profícua a discussão sobre alteração de critério jurídico, no caso, o erro, como recordou a DRJ, é de fato, e não de direito, pois eram ausentes, nas declarações de importação, as informações sobre existência de acréscimos com descarga, de modo a possibilitar ao fisco o conhecimento do "critério" em discussão. Fl. 1417DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 26 Resumemse, assim, os esforços das recorrentes, em tecer considerações sobre revisão de critério jurídico, e sobre a jurisprudência em relação à matéria, olvidandose a defesa de conectar tais temas a contento com o caso que se está a analisar. Afinal de contas, qual era o critério jurídico adotado pela fiscalização no caso concreto, se tanto as declarações objeto da autuação quanto as três (DI no 08/16421123, DI no 08/17059762 e DI no 08/17299542) para as quais se noticia, nos autos, que a empresa informou e incluiu os gastos de descarga no valor aduaneiro eram igualmente desembaraçadas sem ressalvas? Simples: o "critério" é de que os temas que não demandam ação imediata não são, em regra, analisados antes do desembaraço, mas sim em procedimento de "revisão" aduaneira. Por isso não se homologou nada, nem se efetuou lançamento, não havendo que se falar em alteração de critério jurídico "adotado pela autoridade administrativa no exercício do lançamento", na letra do art. 146 do CTN. A defesa não traz, no caso, nenhum elemento que indique que houvesse efetivamente uma orientação (ou um critério) da fiscalização. E não colaciona nenhum despacho no qual tenha incluído os gastos com descarga no valor aduaneiro e houvesse o fisco determinado a retirada de tal montante. Fracassa, então, na tentativa de indicar que efetivamente teria havido alteração de critério pela fiscalização, e não meros atos administrativos de desembaraço / liberação de mercadorias no curso do despacho. Desnecessário, assim, qualquer procedimento de baixa em diligência para agora checar informação sequer ventilada nos autos de que poderia ter havido um caso, no período, para o qual a fiscalização determinou eventual retirada dos gastos com descarga do valor aduaneiro. Ademais, esta turma vem manifestando entendimento majoritário de que somente naqueles casos em que tenha efetivamente havido verificação, com exigência efetuada ao importador para adequarse ao entendimento do fisco, e posterior exigência (em autuação) cobrando do mesmo importador entendimento diverso é que se poderia falar propriamente em "revisão de critério jurídico" (Acórdãos no 3401003.107 e no 3401003.111)18. Não havendo vestígios da ocorrência de tal hipótese no presente processo, endossase a desnecessidade de diligência, que não se prestaria a impactar a conclusão do colegiado. Improcedentes, assim, as alegações de alteração de critério jurídico. Considerações finais Analisados todos os temas relevantes relacionados na autuação, e que foram objeto de defesa, cabe, por fim, destacar questão que foi suscitada apenas em sede de recurso voluntário, mas que entendemos pertinente avaliar, pois se refere a fato superveniente: a decisão, com repercussão geral, pelo STF, no Recurso Extraordinário (RE) no 559.607/SC. Tal RE versa sobre a questão da inclusão (ou não) do ICMS e do valor das próprias contribuições na base de cálculo da COFINSimportação e da Contribuição para o PIS/PASEPimportação, tema a respeito do qual o STF reconheceu a existência de Repercussão Geral (tema no 01) em 26/09/2007. 18 Nos referidos acórdãos, proferidos em julgamentos efetuados em fevereiro de 2016, a turma entendeu majoritariamente no sentido aqui exposto, sendo vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, que entendia haver efetiva revisão de critério jurídico apenas nas declarações de importação desembaraçadas em canal vermelho, e o Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Fl. 1418DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.721968/201316 Acórdão n.º 3401003.137 S3C4T1 Fl. 1.406 27 Conforme DJE de 16/10/2013 (publicado em 17/10/2003), o STF reconheceu em plenário a inconstitucionalidade do acréscimo do ICMS e das próprias contribuições à base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, sendo o Min. Dias Toffoli encarregado de redigir o acórdão, rejeitandose questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional que suscitava que fossem modulados os efeitos da decisão: “Prosseguindo no julgamento, o Tribunal negou provimento ao recurso extraordinário para reconhecer a inconstitucionalidade da expressão “acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições”, contida no inciso I do art. 7º da Lei nº 10.865/04, e, tendo em conta o reconhecimento da repercussão geral da questão constitucional no RE 559.607, determinou a aplicação do regime previsto no § 3º do art. 543B do CPC, tudo nos termos do voto da Ministra Ellen Gracie (Relatora). Redigirá o acórdão o Ministro Dias Toffoli. Em seguida, o Tribunal rejeitou questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional que suscitava fossem modulados os efeitos da decisão. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 20.03.2013” (grifo nosso) Em consulta ao sítio web do STF, atestase que a Fazenda apresentou embargos de declaração em 12/11/2013, que foi juntada petição em 23/01/2014, e que os autos estavam conclusos para o relator desde 04/02/2014. Em 17/09/2014 os embargos foram rejeitados. E em 14/10/2014 foi publicado o acórdão em relação aos embargos: “Embargos de declaração no recurso extraordinário. Tributário. Pedido de modulação de efeitos da decisão com que se declarou a inconstitucionalidade de parte do inciso I do art. 7º da Lei 10.865/04. Declaração de inconstitucionalidade. Ausência de excepcionalidade. 1. A modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade é medida extrema que somente se justifica se estiver indicado e comprovado gravíssimo risco irreversível à ordem social. As razões recursais não contém indicação concreta, nem específica, desse risco. 2. Modular os efeitos no caso dos autos importaria em negar ao contribuinte o próprio direito de repetir o indébito de valores que eventualmente tenham sido recolhidos. 3. A segurança jurídica está na proclamação do resultado dos julgamentos tal como formalizada, dandose primazia à Constituição Federal. 4. Embargos de declaração não acolhidos.” (grifo nosso) O processo teve trânsito em julgado em 24/10/2014, passando a vincular os julgamentos deste colegiado, por força art. 62, § 2o do Anexo II do Regimento Interno do CARF, devendo esta corte administrativa reproduzir a decisão definitiva de mérito proferida pelo STF na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil. Fl. 1419DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 28 Assim, devem ser excluídos da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, nas autuações, as parcelas referentes ao ICMS e às próprias contribuições. Pelo exposto, voto no sentido dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para excluir da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, nas autuações, os valores das parcelas referentes ao ICMS e às próprias contribuições. Rosaldo Trevisan Fl. 1420DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 10280.722325/2009-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 17 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Apr 11 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2102-000.152
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o julgamento, pois se trata de debate sobre a transferência compulsória do sigilo bancário do contribuinte para o fisco, matéria em debate no Supremo Tribunal Federal no rito da repercussão geral (art. 62A, §§, do Anexo II, do RICARF)
Assinado digitalmente.
Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente
Assinado digitalmente.
Rubens Maurício Carvalho Relator.
EDITADO EM: 21/11/2013
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alice Grecchi, Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o julgamento, pois se trata de debate sobre a transferência compulsória do sigilo bancário do contribuinte para o fisco, matéria em debate no Supremo Tribunal Federal no rito da repercussão geral (art. 62A, §§, do Anexo II, do RICARF) Assinado digitalmente. Jose Raimundo Tosta Santos - Presidente Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. EDITADO EM: 21/11/2013 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alice Grecchi, Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho.
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Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o julgamento, pois se trata de debate sobre a transferência compulsória do sigilo bancário do contribuinte para o fisco, matéria em debate no Supremo Tribunal Federal no rito da repercussão geral (art. 62A, §§, do Anexo II, do RICARF) Assinado digitalmente. Jose Raimundo Tosta Santos Presidente Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho – Relator. EDITADO EM: 21/11/2013 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Alice Grecchi, Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Jose Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Relatório Trata o presente processo sobre impugnação de lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física, referente ao exercício de 2006, anocalendário de 2005, conforme Auto de Infração, datado de 19.08.2009, no valor originário de R$ 133.109,52 que com acréscimos legais somou a quantia de R$ 283.736,25, fls. 213 a 220, com ciência via postal, na data de 25.08.2009, conforme AR , fl n 224. 2. A infringência descrita foi Omissão de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 80 .7 22 32 5/ 20 09 -4 8 Fl. 261DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/11/2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 21/11/ 2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 27/11/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 10280.722325/200948 Resolução nº 2102000.152 S2C1T2 Fl. 3 2 Rendimentos caracterizada por Depósitos Bancários com Origem Não Comprovada , no período de janeiro a dezembro de 2005, no valor de R$ 496.660,80, conforme descrito na fl. 217. Face ao não atendimento à intimação fiscal, foram expedidas as Requisições de Informações sobre Movimentações Financeiras (RMF), fl. 104 a 108 e 111. Em razão das providências a serem tomadas, este relato é o suficiente. Voto Declarase a tempestividade, unia vez que o contribuinte foi intimado da decisão de primeira instância e interpôs o recurso voluntário no prazo regulamentai*. Antes enfrentar' a questão, verificase que a controvérsia tributária gira em tomo de informações extraídas de extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras, com base em RMF expedida pela auditoria no curso do procedimento de fiscalização, e que o recorrente solicita a anulação do lançamento devido, ente outras questões, a ausência de ordem judicial para a quebra de sigilo bancário. A matéria foi levada à apreciação, em caráter difuso, pela Suprema Corte Federal, que reconheceu a repercussão geral do tema. nos seguintes termos: Tema 225 Fornecimento de informações sobre movimentações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, nos termos do art 6o da Lei Complementar n° 105/2001; b) Aplicação retroativa da Lei n° 10.174/2001 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. RE 601.314 Relator o Min. Ricardo Lewandowski. O tema está enquadrado na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC). com sobrestamento dos demais recursos sobre a mesma matéria até o pronunciamento definitivo da Corte. E, nesse aspecto, se faz necessário observar a possibilidade de apreciação da matéria em face do disposto no art. 62A, caput e § Io. do Anexo ü. do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF). que determina o sobrestamento do julgamento de matéria idêntica em recurso administrativo, aguardando a decisão definitiva da Suprema Corte, sempre que a controvérsia tributária seja admitida no rito da repercussão geral (art. 543B do CPC): As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § Io. Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. Diante do exposto, voto para sobrestar o presente recurso até ulterior decisão definitiva do egrégio Supremo Tribunal Federal, nos termos do disposto pelos artigos 62A. §§1° e 2o, do RICARF. Assinado digitalmente. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/11/2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 21/11/ 2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 27/11/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S Processo nº 10280.722325/200948 Resolução nº 2102000.152 S2C1T2 Fl. 4 3 Rubens Maurício Carvalho Relator Fl. 263DF CARF MF Impresso em 11/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/11/2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 21/11/ 2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 27/11/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTO S
score : 1.0
Numero do processo: 10920.002045/99-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1996
Ementa:
COMPENSAÇÃO. ERRO NO PREENCHIMENTO. INDICAÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE IRRF NO LUGAR DE SALDO NEGATIVO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO.
Quando, em sede de recurso, o contribuinte demonstra ter preenchido o pedido de restituição e de compensação de forma incorreta, indicando como crédito IRRF quando o correto seria saldo negativo de IRPJ, é possível a retificação de ofício pela autoridade julgadora.
IMPACTO DO PROCESSO Nº 10920.000471/00-27 SOBRE O PRESENTE PROCESSO.
Tendo sido extinto processo que autuava o contribuinte no mesmo ano-calendário em que ele pleiteava restituição, seguida de pedido de compensação, por conta da existência de saldo negativo, conclui-se que possível a existência do crédito.
DA COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO. INSUFICIÊNCIA DAS PROVAS TRAZIDAS NOS AUTOS.
A DIPJ é, por si só, insuficiente para comprovar o crédito. Para tanto, precisava-se apresentar os livros contábeis.
Numero da decisão: 1201-001.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO - Relator.
EDITADO EM: 11/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Gilberto Baptista, Paulo Mateus Ciccone e Roberto Caparroz de Almeida.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1996 Ementa: COMPENSAÇÃO. ERRO NO PREENCHIMENTO. INDICAÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE IRRF NO LUGAR DE SALDO NEGATIVO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. Quando, em sede de recurso, o contribuinte demonstra ter preenchido o pedido de restituição e de compensação de forma incorreta, indicando como crédito IRRF quando o correto seria saldo negativo de IRPJ, é possível a retificação de ofício pela autoridade julgadora. IMPACTO DO PROCESSO Nº 10920.000471/00-27 SOBRE O PRESENTE PROCESSO. Tendo sido extinto processo que autuava o contribuinte no mesmo ano-calendário em que ele pleiteava restituição, seguida de pedido de compensação, por conta da existência de saldo negativo, conclui-se que possível a existência do crédito. DA COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO. INSUFICIÊNCIA DAS PROVAS TRAZIDAS NOS AUTOS. A DIPJ é, por si só, insuficiente para comprovar o crédito. Para tanto, precisava-se apresentar os livros contábeis.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente. JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO - Relator. EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Gilberto Baptista, Paulo Mateus Ciccone e Roberto Caparroz de Almeida.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1998; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 480 1 479 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.002045/9902 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.344 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 02 de fevereiro de 2016 Matéria Compensação IRPJ Recorrente TIGRE S.A. – TUBOS E CONEXÕES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1996 Ementa: COMPENSAÇÃO. ERRO NO PREENCHIMENTO. INDICAÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE IRRF NO LUGAR DE SALDO NEGATIVO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. Quando, em sede de recurso, o contribuinte demonstra ter preenchido o pedido de restituição e de compensação de forma incorreta, indicando como crédito IRRF quando o correto seria saldo negativo de IRPJ, é possível a retificação de ofício pela autoridade julgadora. IMPACTO DO PROCESSO Nº 10920.000471/0027 SOBRE O PRESENTE PROCESSO. Tendo sido extinto processo que autuava o contribuinte no mesmo anocalendário em que ele pleiteava restituição, seguida de pedido de compensação, por conta da existência de saldo negativo, concluise que possível a existência do crédito. DA COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO. INSUFICIÊNCIA DAS PROVAS TRAZIDAS NOS AUTOS. A DIPJ é, por si só, insuficiente para comprovar o crédito. Para tanto, precisavase apresentar os livros contábeis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 20 45 /9 9- 02 Fl. 501DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 2 JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO Relator. EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Gilberto Baptista, Paulo Mateus Ciccone e Roberto Caparroz de Almeida. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 162/167 e docs. anexos fls. 168/330) interposto contra o Acórdão nº 4.853 (fls. 149/158), proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis – SC, na sessão de 21/10/2004, que, por unanimidade, indeferiu os pedidos de restituição e de compensação do IRRF ou do saldo negativo do IRPJ apurado na DIRPJ/97. Tendo sido devidamente contextualizada a lide, cumpre relatar os fatos de forma pormenorizada. Vejamos. Em 21/12/1999, foi formalizado pedido de restituição (fl. 3) de IRRF do ano calendário de 1996, no valor de R$ 973.270,42, seguido de pedido de compensação (fl. 4) de parte deste imposto com CSL, do período de apuração de novembro de 1999, no valor de R$ 457.985,66 (docs. anexos fls. 5/102). Em 06/01/2000, a Fiscalização, a fim de dar prosseguimento na análise dos pedidos de restituição e de compensação formulados, intimou a Contribuinte para proceder a juntada de diversos documentos para comprovar seu crédito (fl. 103). Intimada em 02/02/2000 (fl. 104), a Contribuinte não atendeu a intimação (fl. 105). A despeito disso, em 20/03/2000, a Fiscalização, verificando que existia procedimento fiscal em curso junto à Contribuinte relativo ao próprio IRPJ (processo nº 10920.000471/0027), solicitou à Seção de Fiscalização a efetivação de diligências para analisar a legitimidade do direito ao crédito (fls. 106/107). Como resultado das diligências efetivadas, a Seção de Fiscalização informou que os valores do imposto de renda retido na fonte objeto deste processo foram aproveitados no Auto de Infração constante de Processo nº 10920.000471/0027 (fl. 125 e docs. anexos fls. 108/124 e 126/132). Em 23/08/2000, foi proferido o r. despacho decisório nº 444/00 (fls. 133/136), o qual indeferiu o pedido de restituição da Contribuinte e, consequentemente, o Fl. 502DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 481 3 pedido de compensação, pois “(...) Consoante o auto de infração, houve a apuração de imposto a pagar, no qual o IRRF já se encontrava devidamente reduzido. Não há como se falar em restituição de saldo negativo.” – fl. 135. Intimada em 28/08/2000 (fl. 137), a Contribuinte, em 27/09/2000, apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 138/141 e docs. anexos fls. 142/147), sustentando que “Ora, Senhor Julgador, não poderia em hipótese alguma o agente fiscalizador, quatro meses após o pedido de restituição formalmente efetuado para quitar obrigação tributária a vencer logo após, ignorar simplesmente tal pleito, e, ‘sponte sua’, abater tal valor integralmente do Auto de Infração, e assim colocar em mora a Requerente em relação a um débito anterior que deveria ser quitado com um crédito legítimo então existente.” – fl. 439 Como consequência, a Contribuinte requereu a homologação dos seus pedidos de restituição e de compensação e a correção do Auto de Infração (processo nº 10920.000471/0027), para que fosse excluída a compensação indevidamente feita pelo Fiscal. Em 21/10/2004, a 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis – SC, por meio do Acórdão nº 4.853 (fls. 149/158), indeferiu os pedidos de restituição e de compensação do IRRF ou do saldo negativo do IRPJ apurado na DIRPJ/97, o qual restou assim ementado à fl. 149: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1996 Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE. NATUREZA JURÍDICA. ANTECIPAÇÃO DO IRPJ DEVIDO NO PERÍODO – Salvo os casos de tributação exclusiva na fonte, o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte tem natureza jurídica de antecipação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica, devendo ser considerado como dedução na apuração do imposto de renda devido do período. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO, RESTITUIÇÃO / COMPENSAÇÃO – A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição/compensação, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido. Solicitação Indeferida.” Os principais argumentos podem assim serem sintetizados: DO PRESSUPOSTO PARA A RESTITUIÇÃO DO IRRF Fl. 503DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 4 “(...) O Imposto de Renda Retido na Fonte sobre aplicações financeiras somente pode ser objeto do Pedido de Restituição no caso de comprovada retenção indevida efetuada pela fonte pagadora. Este, entretanto, não é o caso que aqui se tem. A contribuinte não traz aos autos qualquer argumento ou comprovação de retenção indevida do IRRF. Portanto, por seu objeto, não há como se acatar os Pedidos de Restituição e de Compensação de folhas 1 e 2” – fl. 154. DA VERDADEIRA INTENÇÃO DA CONTRIBUINTE “Desta forma, se a contribuinte tinha intenção de solicitar a restituição do pagamento a maior do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, apurado no anocalendário 1996, como fez entender na manifestação de inconformidade, deveria ter apresentado o Pedido de Restituição do saldo negativo do IRPJ, apurado na declaração do exercício 1997.” – fl. 154. (...) “Assim, sem se proceder à análise da existência ou não do crédito, que deve ser líquido e certo, podese concluir pela impropriedade do Pedido de Restituição do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre aplicações financeiras, formulado pela contribuinte (folha 1).” – fl. 156. DA INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO “Por outro lado, mesmo se o Pedido de Restituição de folha 1 for considerado como de saldo negativo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, apurado na DIRPJ, como aceitou a autoridade a quo, não há como se acatar o pleito da interessada para compensação com a Contribuição Social sobre o Lucro do anocalendário 1999 (Pedido de Compensação, à folha 2). De se ver.” – fl. 156. (...) “A interessada, como se constata nos autos, até 20 de março de 2000, não havia comprovado a existência de crédito líquido e certo referente ao saldo negativo do IRPJ, apurado na declaração do anocalendário 1996. Ora, sendo este requisito imposto pelo art. 170 do CTN concluise que não havia possibilidade de a autoridade administrativa autorizar o deferimento da restituição/compensação pleiteada.” – fl. 157. (...) “Ora, os autuantes efetuaram tãosomente a compensação do Imposto de Renda Retido na Fonte, pleiteado na DIRPJ/97 (e no Pedido de Restituição de folha 1), com o imposto de renda apurado em procedimento de fiscalização, para concluir que a contribuinte, no anocalendário 1996, não possuía qualquer saldo negativo de IRPJ. Tudo conforme a Fl. 504DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 482 5 legislação anteriormente citada. Os autuantes, portanto, não utilizaram o saldo negativo do IRPJ para compensação do imposto apurado em procedimento de ofício, como quis entender a interessada.” – fls. 157/158. Cientificada em 17/11/2004 (fl. 161), a Contribuinte, em 19/11/2004, interpôs Recurso Voluntário (fls. 162/167 e docs. anexos fls. 168/330), alegando que: DO SOBRESTAMENTO “Desta forma, para que injustiças não sejam cometidas, é imperioso que o presente recurso voluntário tenha seu julgamento sobrestado até que se resolvam as questões existentes no processo administrativo n° 10920.000471/0027, pois nosso sistema tributário, há muito, afastou a figura do solve et repete, ou seja, não faz o menor sentido a ora Recorrente pagar os valores ora cobrados a título de CSLL se os créditos que utilizou, na ocasião, para efetuar a compensação com a CSLL devida, estão dependendo de uma decisão em outro processo administrativo que, como se viu acima, está vinculado a um processo judicial com decisão favorável à Recorrente [94.155387].” – fl. 165. DO RECONHECIMENTO DO CRÉDITO “Aqui é que ocorre o afastamento do posicionamento da ora Recorrente com o da autoridade fiscal: para a Recorrente, não há imposto de renda a ser pago no ano calendário de 1996; para a autoridade fiscal, a teor do contido no auto de infração contido no processo administrativo n° 10920.000471/0027, há.” – fl. 166. (...) “À visto disso, não se pode afirmar que a Recorrente esteja em mora com relação ao pagamento de CSLL do PA/EX 11/1999, com vencimento em 31.12.1999, no montante de R$ 457.958,66 (quatrocentos e cinquenta e sete mil, novecentos e cinquenta e oito reais e sessenta e seis centavos): a uma, porque no momento em que solicitou a restituição, cumulada com compensação, efetivamente tinha tais créditos (saldo negativo de IRPJ) em face da Receita Federal; e, a duas, porque tais créditos, utilizados no momento de lançamento de ofício pela autoridade fiscal, poderão novamente reverterse em favor da Recorrente, na medida que há impugnação administrativa ao referido auto de infração pendente de apreciação e, principalmente, há decisão judicial favorável ao pleito da Recorrente, isto é, utilização de índice de correção monetária que realmente reflita a perda do poder aquisitivo da moeda no Fl. 505DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 6 período em discussão (janeiro e fevereiro/89), fato que gerou a distorção entre o apurado pela Recorrente e o apurado pela fiscalização.” – fls. 166/167. Em 26/07/2006, a Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes proferiu o despacho nº 104275/2006 (fls. 332/335), para, “(...) com base nos dispositivos transcritos [artigo 7º, I, b e II, parágrafo único, I e II, do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 55/98, com a redação dada pelo artigo 2º da Portaria MF nº 1132/02], bem como no art. 21, § 12, do mesmo diploma regimental, e no entendimento desta Quarta Câmara, solidificado após as discussões pertinentes, retiro o presente processo da pauta de julgamento, para que seja encaminhado à Colenda Primeira Câmara deste Primeiro Conselho de Contribuintes.” – fl. 335. Encaminhados os autos à Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em 20/10/2006, esta Câmara proferiu a Resolução nº 10102.571 (fls. 336/341), convertendo o julgamento em diligência, “(...) para que se aguarde a decisão definitiva quanto ao lançamento objeto do processo 10920.000471/0027, juntando cópia ao presente, bem como se informe quanto aos efeitos, naquele lançamento, da decisão judicial no processo nº 94.155387.” – fl. 341. Assim, em observância à mencionada Resolução, foram juntadas as cópias do processo nº 10920.000471/0027 (fls. 343/401) e, em 30/10/2007, foi proferido despacho de fl. 402 pela Seção de Controle e Acompanhamento Tributário da Delegacia da Receita Federal do Brasil em JoinvilleSC, atestando que: “Conforme Parecer Fiscal SACAT/DRF Joinville nº 005/2006 de fls. 331 a 352, face ao trânsito em julgado da ação ordinária nº 94.00.155387 foi mantida a cobrança do crédito tributário exigido no presente processo com o encaminhamento a Procuradoria da Fazenda Nacional para a inscrição em dívida ativa da união conforme demonstrativo de fls. 358 e 359. A inscrição em dívida ativa da união foi cancelada em vista da mensagem eletrônica de fls. 366 e 367 comunicando a existência de agravo de instrumento nº 2006.04.00.00197790/SC tendo ocorrido o arquivamento do processo conforme despacho de fl. 389.” – fl. 402. Em 13/03/2008, foi proferido despacho (fls. 404/407) pela Conselheira Sandra Maria Faroni, propondo o retorno dos autos à repartição de origem, para que fosse esclarecido o destino do crédito constituído pelo processo nº 10920.000471/0027, pois, “Muito embora ambos os processos já estejam findos [processo administrativo nº Fl. 506DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 483 7 10920.000471/0027 e processo judicial nº 94.155387], os efeitos da decisão judicial no processo administrativo ainda não ficou definido. Na eventualidade de o contribuinte ficar vitorioso no Mandado de Segurança [nº 2006.72.01.0024459] impetrado para obstar a inscrição em dívida ativa, sob o fundamento de que estaria havendo desrespeito à coisa julgada, seria restaurado o saldo devedor da DIPJ 1996 e, consequentemente, o direito à restituição pleiteada.” – fl. 407. Após juntada de cópias de alguns documentos (fls. 409/418), foi apresentada Informação Fiscal (fl. 419), atestando que: “Através do MS nº 2006.72.01.0024459/SC o contribuinte postulou, entre outras questões, o afastamento da exigência de crédito tributário decorrente do Processo nº 10920.000471/00 27 em virtude do decidido na Ação Judicial 94.00155387, alegando interpretação equivocada da Receita Federal quanto ao teor da decisão que transitou em julgado. A sentença no MS nº 2006.72.01.0024459/SC reconheceu como correta a interpretação da Receita Federal e consequentemente, a possibilidade de exigir os créditos tributários referentes ao Processo nº 10920.000471/0027, originado da utilização indevida da correção monetária relativa ao IPC/89. A impetrante apelou da sentença e conseguiu, através de agravo de instrumento, efeito suspensivo para o recurso, afastando, por ora, a sua exigibilidade (fls. 396 e 397); Em virtude disso, foi suspensa a exigibilidade do débito relacionado ao Processo nº 10920.000471/0027, situação em que permanece até o presente, pois a apelação ainda não foi apreciada pelo tribunal e o pedido de reconsideração da decisão que concedeu o efeito suspensivo à apelação, formulado pela Procuradoria da Fazenda Nacional, não foi deferido, conforme decisão publicada em 31/01/2008 (fls. 398 a 401).” – fl. 419. Em 17/09/2008, a Primeira Câmara do Conselho de Contribuintes votou, por meio da Resolução nº 10102.669 (fls. 420/423), “(...) por retornar o processo ao órgão de origem para que se aguarde a decisão definitiva quanto ao mandado de Segurança nº 2006.72.01.0024459/SC, só então fazendo retornar os autos a este Conselho, com a informação quando aos efeitos da decisão judicial no lançamento objeto do processo nº 10920.000471/0027.” – fl. 423. Encaminhados os autos à EQPAJ (fl. 425), digitalizados os autos (fl. 426) e juntados diversos documentos do Mandado de Segurança nº 2006.72.01.0024459/SC (fls. 427/456), em 03/07/2014, foi apresentada Informação Fiscal (fls. 457/458), aduzindo que “Com a negativa de seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional restou confirmada a Fl. 507DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 8 decisão do TRF4 que acolheu integralmente o pedido do contribuinte, cujo efeito, dentre outros, foi a invalidação dos créditos tributários que haviam sido lançados no Processo nº 10920.000471/0027” – fl. 457. Em 08/10/2015, foi proferido despacho de fl. 460, que, ao verificar que os representantes legais que interpuseram o Recurso Voluntário em 13/11/2004 não tinham poderes para tanto, determinou “(...) a intimação da Contribuinte para apresentar, no prazo de quinze dias, nova procuração, outorgando poderes para os representantes legais que assinaram o Recurso Voluntário, em observância à regra contida no artigo 13 do Código de Processo Civil.” – fl. 460. Intimada em 10/11/2015 (fls. 465/466), em 24/11/2015, a Contribuinte procedeu a juntada de procuração para confirmar que os representantes legais possuíam poderes naquela época (fls. 469/470) e juntar nova procuração e documentos societários (fls. 471/476). É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro João Carlos de Figueiredo Neto I. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Os pressupostos e requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário, determinados pelo Decreto 70.235/1972 e pelo Regimento Interno do CARF, fazemse presentes, senão vejamos. Nos termos do artigo 7º, caput e § 1º1, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, combinado com o artigo 2º, inciso I2, do mesmo diploma, os recursos interpostos em processo de restituição e de compensação, cujo crédito alegado seja proveniente de IRPJ, são da competência desta Primeira Seção. Assim, como a Contribuinte, a despeito de ter pleiteado a compensação de crédito de IRRF com débito de CSLL, pleiteava, em verdade, a compensação de crédito decorrente de saldo negativo de IRPJ com débito de CSLL, patente é a competência desta 1ª Seção para julgamento do Recurso. 1 Art. 7º Incluemse na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos de compensação, ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. § 1º A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. 2 À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); Fl. 508DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 484 9 Vela notar que, no presente PAF, não há que se falar em reunião do processo com aquele de nº 10920.000471/0027, vez que, conforme exposto no relatório, este último já se encerrou. Também não há que se falar que este processo deveria ter sido distribuído para a Conselheira Sandra Maria Faroni, quem converteu o julgamento em diligência (fls. 336/341) e quem se pronunciou no curso do processo (fls. 404/407 e 420/423), pois, como a Sra. Sandra Maria Faroni não mais compõe esse Tribunal, coube novo sorteio, nos termos do artigo 49, § 6º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Desse modo, pelos motivos expostos acima, restou devidamente demonstrada a competência não só desta Primeira Seção, como também deste relator para julgamento do presente caso. No que tange à legitimidade, este requisito também se faz presente, vez que a petição está assinada por advogados (fl. 167) com poderes devidamente habilitados por uma procuração pública (fls. 469/470). Por fim, quanto à tempestividade, este requisito se faz presente, pois a decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Florianópolis SC em 21/10/2004 (fls. 149/158) chegou ao conhecimento da Contribuinte em 17/11/2004, uma quartafeira (fl. 161), e o recurso foi interposto em 19/11/2004, uma sexta feira (fl. 162), ou seja, dentro do prazo de trinta dias previsto no art. 33 do Decreto n° 70.235/72, o qual se encerraria em 17/12/2004 (sextafeira). Nesse caminho, recebo o Recurso Voluntário. II. DOS PONTOS CONTROVERTIDOS Ultrapassado o juízo de admissibilidade, os pontos controvertidos são: 1. Poderia a Contribuinte pleitear crédito de saldo negativo de IRPJ, mas ter informado erroneamente crédito de IRRF? 2. Qual é o impacto da conclusão obtida no processo nº 10920.000471/0027 sobre o presente? 3. Restou comprovada a existência do crédito pleiteado pela Contribuinte? Fl. 509DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 10 III. ERRO NA INDICAÇÃO DA ORIGEM DO CRÉDITO Em 21/12/1999, a Contribuinte formulou pedido de restituição (fl. 03) no montante de R$ 973.270,42, apresentando o seguinte motivo: “Imposto de renda retido na fonte sobre aplicações financeiras do ano calendário 1996 não ressarcido e nem utilizado até a presente data, o qual será aproveitado para utilizar como compensação com outros impostos e contribuições (imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) e contribuição social.” Na mesma data, a Contribuinte formulou pedido de compensação de crédito decorrente de “Pedido de Restituição IR 1996”, no valor de R$ 973.270,42, com débito de CSL, do período de apuração de 11/1999, no valor de R$ 457.958,66. Logo de início, a Delegacia da Receita Federal em Joinville/SC destacou que “(...) cabe observar que não se pode falar em restituição do IRRF, vez que não ocorreu retenção indevida. Se trata, isto sim, de restituição de Imposto de Renda Pessoa Jurídica negativo apurado em declaração de rendimentos, onde, claro, está inserido tal retenção.” – fl. 103. De igual modo, defendeu a Contribuinte na Manifestação de Inconformidade e no Recurso Voluntário, asseverando, ainda que de forma tímida, que se tratava de crédito decorrente de saldo negativo. Confirase: Manifestação de Inconformidade “Assim Excelência, à vista do exposto, deve ser reformada a decisão do ilustre Chefe da Seção de Tributos da DRF de Joinville para que: (i) se reconheça como procedente a restituição pleiteada de parte do saldo negativo de IRPJ (ano base 1966(sic) exercício 1997) no montante de R$ 973.270,42, valor esse, aliás, líquido e certo, na medida em que como tal foi reconhecido pela autoridade fiscal ao deduzilo, indevidamente, repitase, do Auto de Infração lavrado posteriormente;” – fl. 140. Recurso Voluntário “DIANTE DE TODO O EXPOSTO, requer a Recorrente, respeitosamente, seja recebido o presente recurso voluntário e julgado totalmente PROCEDENTE o pedido de restituição do saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, referente ao anocalendário de 1996 e, consequentemente, o pedido de compensação desse crédito com a CSLL devida em 30.12.1999, à vista da fundamentação acima e de existir, no momento de tal solicitação, créditos efetivos de saldo negativo de IRPJ passíveis de compensação com a CSLL devida” – fl. 167. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 485 11 Assim, verificase que houve inconteste erro na indicação da origem do crédito, já que este decorreria de saldo negativo e, não, como erroneamente informado no pedido de restituição e de compensação, de IRRF. Tratando sobre a correção de erros, a Instrução Normativa nº 460, de 18/10/2004, estabeleceu que a retificação da DCOMP não poderia ocorrer quando já proferida decisão administrativa (art. 56). Outro requisito era a existência de “inexatidões materiais verificadas no preenchimento da DCOMP” (art. 57). Ainda que a IN 460/2004 seja bem posterior ao pedido de compensação formulado no caso, entendemos que seu conteúdo aplicase ao caso em análise, haja vista que os mesmos requisitos estão previstos no art. 147, do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Vemos que um dos requisitos não foi respeitado in casu, pois a retificação ocorreria depois da prolação do despacho decisório. Contudo, a despeito do descumprimento desse requisito, entendemos, mesmo assim, cabível a retificação in casu, já que, havendo erro na declaração, a autoridade administrativa deve retificálo de ofício, em virtude do quanto disposto no § 2º do art. 147 do CTN, acima transcrito. Nesse sentido, a antiga 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, na linha do entendimento do CARF, decidiu pela possibilidade de retificação da DCOMP, mesmo quando já proferido o despacho decisório. Cito o voto proferido pelo Douto Conselheiro Jose Evande Carvalho Araújo, em processo julgado em 04/06/2014: “COMPENSAÇÃO. ERRO NO PREENCHIMENTO DA DCOMP. INDICAÇÃO DE SALDO NEGATIVO NO LUGAR DE Fl. 511DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 12 PAGAMENTO A MAIOR. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO. Quando, em sede de recurso, o contribuinte demonstra ter preenchido a DCOMP de forma incorreta, indicando como crédito saldo negativo quando o correto seria pagamento a maior do imposto referente ao mesmo período, é possível a retificação de ofício pela autoridade julgadora, que determinará a análise do pedido com base no crédito efetivamente existente. (...) Não se está aqui a defender ser possível se promover alterações substanciais nas declarações de compensação em sede de recurso. Recordese: o contribuinte nunca apurou saldo negativo, demonstrou que efetuou recolhimento a maior do imposto a pagar apurado e está pleiteando a análise de crédito do mesmo tributo e período. Diante de erro facilmente constatável, e com a apresentação de argumentos e provas convincentes da verdadeira natureza do crédito, devese analisar o pedido com base no direito creditório realmente existente, em homenagem ao princípio da verdade material” Em suma, havendo erro no pedido de restituição ou de compensação, a retificação deve ser deferida, ainda que já tenha sido proferido o despacho decisório. IV. IMPACTO DO PROCESSO Nº 10920.000471/0027 SOBRE O PRESENTE PROCESSO Como visto no relatório, em 23/08/2000, foi proferido o despacho decisório nº 444/00, que indeferiu o pedido de restituição da Contribuinte e o pedido de compensação, pois, “(...) Consoante o auto de infração [processo nº 10920.000471/0027], houve a apuração de imposto a pagar, no qual o IRRF já se encontrava devidamente reduzido. Não há como se falar em restituição de saldo negativo.” – fl. 135. Assim, durante o restante do curso do presente processo, seja em sede de Impugnação, seja em sede de Recurso Voluntário, a Contribuinte se concentrou em demonstrar que o processo nº 10920.000471/0027 seria insubsistente, por ter sido lavrado em inobservância a decisão proferida no processo judicial nº 94.155387, e que, portanto, existiria, sim, o saldo negativo de IRPJ pleiteado. Da análise dos autos, verifico que, incialmente, foi proferida decisão no processo nº 10920.000471/0027, mantendo a autuação, sob o fundamento de que a decisão do processo judicial nº 94.155387 não lhe traria qualquer efeito, mas, depois, transitou em julgado decisão no mandado de segurança nº 2006.72.01.0024459/SC reconhecendo a sua aplicabilidade e, consequentemente, cancelando aquela autuação. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 486 13 A primeira conclusão de que a decisão do processo judicial nº 94.155387 não traria qualquer efeito sobre o processo nº 10920.000471/0027 foi obtida do Parecer Fiscal SACAT/DRF Joinville nº 005/2006 (fls. 343/364), proferido naqueles autos, o qual destacou que a decisão judicial estava limitada ao ano de 1989 e seus efeitos até 1993 e o lançamento se referiria aos anos de 1996 e 1997. Confirase: “Desta forma, em observância a legislação tributária, caso o contribuinte tivesse lançado os efeitos da correção monetária nas demonstrações contábeis de 1989, o prejuízo gerado teria decaído no final do períodobase de 1993 (art. 503 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto no. 1.041/94): (...) Ou seja, caberia ao contribuinte refazer a sua contabilidade, calculando o montante correto e, se fosse o caso, solicitar a restituição do Imposto de Renda recolhido a maior em 1989 e nos anos subsequentes até o períodobase de 1993. Assim, em 1996 e 1997, indubitavelmente o lucro real foi minorado no exato montante do lançamento contábil efetuado a título do saldo devedor da correção monetária pela defasagem de índice inflacionário resultante do balanço de 1989, posto que o prejuízo fiscal de 1989 não alcançaria as demonstrações financeiras de 1996 e 1997. O efeito do correto lançamento em 1989 seria a diminuição do imposto de renda a pagar ou, caso o montante ultrapassasse o lucro real do período, gerando prejuízo fiscal, esse prejuízo poderia ser computado nos quatro exercícios subsequentes. (...) Consequentemente, a apuração do saldo devedor da correção monetária no períodobase de 1989, não surte quaisquer efeitos sobre os valores lançados neste auto de infração, inexistindo alterações a serem promovidas por revisão de ofício ao presente processo administrativo fiscal” – fls. 363/364. A segunda conclusão de que a decisão no mandado de segurança nº 2006.72.01.0024459/SC reconheceu a aplicabilidade do processo judicial nº 94.155387 ao processo nº 10920.000471/0027 foi extraída da decisão proferida na apelação (fls. 427/437), que foi mantida pelas sucessivas decisões do processo (fls. 438/455) e, como consequência, referida decisão transitou em julgado, cancelando a autuação. Vejamos: Fl. 513DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 14 Ementa “Não tendo a decisão que transitou em julgado feito restrição, ao reconhecer o direito à dedução fiscal extemporânea do saldo devedor da correção monetária do balanço das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, relativamente ao IPC/89, é incabível a Fiscalização limitar esta dedução, sob pena de afronta à coisa julgada.” – fl. 427. Relatório “Tratase de apelação de sentença que concedeu em parte Mandado de Segurança, impetrado por TIGRE S/A TUBOS E CONEXÕES, contra ato do DELEGADO DA RECEITA FEDERAL EM JOINVILLE, "para determinar a) a exclusão dos processos administrativos 10920.000468/0012, 10920.000469/0085, 10920.000412/0068, 10920.000471/00 27, 10920.000473/0052, 10920.000413/0021 e 10920.000410/0032 os valores referentes às multas de ofício e multas de mora; (b) o impedimento de inscrição em dívida ativa dos valores relativos aos processos administrativos 10920.000412/0068, 10920.000413/0021 e 10920.000410/00 32 e (c) a exclusão dos valores consubstanciados no processo administrativo nº 10920.000411/0003 do Parcelamento Especial".” – fl. 428. Voto “Conforme reconhecido por esta Corte nos autos do Agravo de Instrumento nº 2007.04.00.0008844/SC acima reproduzido, a decisão judicial foi clara em reconhecer à impetrante o direito à dedução fiscal extemporânea do saldo devedor da correção monetária do balanço das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, relativamente ao IPC/89, uma vez que não fez qualquer restrição ao este direito de dedução, senão que se haveria de aguardar o trânsito em julgado.” – fl. 432. Desse modo, estando demonstrada a insubsistência do processo nº 10920.000471/0027, tal como afirmado pela Contribuinte e reconhecido pelo mandado de segurança nº 2006.72.01.0024459/SC, concluo que o impacto do aludido processo sobre o presente se limita ao fato de que não há que se falar em IRPJ a recolher em 1996 e, por conseguinte, pode, sim, haver saldo negativo em 1996 e o crédito pleiteado. Nem se alegue, como deu a entender a Contribuinte, que o crédito seria indiscutível e que a restituição e a compensação apenas não foram homologadas em virtude de haver imposto de renda a ser pago no anocalendário de 1996, conforme apurado no processo nº 10920.000471/0027, e, portanto, ao ser superado o entrave do referido processo, haveria que ser reconhecido o seu crédito. Confirase: “Se o crédito existe e não é discutível, qual a razão da sua não utilização na compensação da CSLL, requerida pela Recorrente? Fl. 514DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 487 15 A decisão de primeira instância respondeu satisfatoriamente essa questão, transcrevendo o disposto transcrevendo o disposto no art. 37, da Lei nº 8.981/95, aplicável aos fatos geradores do IR no ano calendário de 1996. Contudo, não é isso que se discute no presente momento, pois a Recorrente conhece a legislação aplicável na espécie. E claro que se há imposto de renda a pagar referente ao ano calendário de 1996, as retenções do imposto de renda na fonte deverão, primeiro, ser abatidas de tal valor. Se houver crédito saldo negativo de IRPJ esse é que será passível de compensação com outros tributos administrados pela SRF. Aqui é que ocorre o afastamento do posicionamento da ora Recorrente com o da autoridade fiscal: para a Recorrente, não há imposto de renda a ser pago no ano calendário de 1996; para a autoridade fiscal, a teor do contido no auto de infração contido no processo administrativo n° 10920.000471/0027, há” – fl. 166. Isso porque, em nenhum momento, desde o Despacho Decisório nº 444/00 (fls. 133/136) até o Acórdão nº 4.853 (fls. 149/158), proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis – SC, foi dado a entender que o crédito seria indiscutível, pelo contrário, restou sempre afirmado que faltava a comprovação do crédito pela Contribuinte. Vejamos: Despacho Decisório nº 444/00 “Isto é, tal qual no processo judicial, no processo administrativo o ônus da prova dos fatos cabe a quem os tenha alegado, e o contribuinte optou por ignorar o pedido de esclarecimentos da autoridade administrativa a quem compete a apreciação do pleito. Portanto, numa interpretação fria e seca da legislação, a omissão do contribuinte ao pedido de informações do qual foi devidamente cientificado autorizaria, por si só, o imediato arquivamento do processo. No entanto, em busca da verdade material, optouse por encaminhar o processo para diligências a fim de verificar a possibilidade de se reconhecer crédito passível de restituição.” – fl. 134. Acórdão nº 4.853 “A autoridade a quo, em busca da verdade material e autorizada pelo parágrafo único do artigo 39 da Lei n° 9.784/99, acima transcrito, no entanto, encaminhou o presente processo à seção de fiscalização para que esta, em virtude de ação fiscal em curso, verificasse a existência do crédito líquido e certo de IRPJ no anocalendário 1996. A conclusão da fiscalização, porém, Fl. 515DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 16 foi de que a contribuinte não possuía saldo negativo do IRPJ naquele anocalendário, não havendo, conseqüentemente, crédito líquido e certo a restituir ou compensar. Pelo visto, equivocada a argumentação da contribuinte de que “parte do saldo negativo de IRPJ [...]” era líquido e certo, “na medida em que como tal foi reconhecido pela autoridade fiscal ao deduzilo indevidamente do auto de infração lavrado posteriormente”.” – fl. 157. Superado isso, cumpre verificar se houve, ou não, a comprovação do crédito propriamente dito, é o que se passa a fazer no tópico seguinte. V. COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO Em 21/12/1999, foi formalizado pedido de restituição (fl. 3) de IRRF, relativo ao anocalendário de 1996, no valor de R$ 973.270,42, seguido de pedido de compensação (fl. 4) de parte deste imposto com CSL, relativo ao período de apuração de novembro de 1999, no valor de R$ 457.985,66. Para comprovar a existência do crédito, a Contribuinte procedeu a juntada de tabela informando a composição do IRRF de 1996 (fls. 16/17), alguns informes de rendimentos (fls. 18/41), algumas posições mensais de investimentos Bamerindus (fls. 42/55) e a declaração de rendimentos de 1997 e de 1998 (fls. 58/102). Ao apreciar o pedido de restituição, seguido do pedido de compensação, ambos formulados pela Contribuinte, em 06/01/2000, a Delegacia da Receita Federal em Joinville proferiu o despacho de fl. 103, intimando a Contribuinte para que procedesse a juntada de diversos documentos, tais como: “a) cópia das demonstrações contábeis do anocalendário de 1996 extraídas do livro diário, com os correspondentes termos de abertura e de encerramento devidamente registrados; b) cópia do Livro Registro de Apuração do Lucro Real – LALUR do período em questão, com os correspondentes termos de abertura e de encerramento; c) cópia do Livro/Fichas Razão das contas ativas e passivas do IRPJ devido e a recuperar ou assemelhadas, de 1996 a 1999; d) nestas contas também deverão estar evidenciadas o reconhecimento dos juros SELIC do IRPJ negativo de 1997 a 1999, isto é, reconhecidos pelo regime de competência; e) informação e comprovação das exclusões informadas na linha 25 da ficha 07 da DIRPJ97, no valor de R$ 77.538.850,83; f) informação e comprovação das informações prestadas na Fl. 516DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 488 17 DIRPJ dos anoscalendário de 1997 a 1998, em que os débitos de IRPJ a recolher se encontrariam com exigibilidade suspensa.” – fl. 103. Contudo, apesar de ter sido intimada do aludido despacho em 02/02/2000 (fl. 104), a Contribuinte nada apresentou, conforme foi atestado pela SASR/DRF/JOINVILLE à fl. 105. Também nenhum documento adicional foi apresentado na Manifestação de Inconformidade para comprovar o crédito. Diante disso, em 21/10/2004, a 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis – SC, por meio do v. acórdão de fls. 149/158, entendeu que não foi comprovada a existência do crédito, confirase: “A interessada, como se constata nos autos, até 20 de março de 2000, não havia comprovado a existência de crédito líquido e certo referente ao saldo negativo do IRPJ, apurado na declaração do anocalendário 1996. Ora, sendo este requisito imposto pelo art. 170 do CTN concluise que não havia possibilidade de a autoridade administrativa autorizar o deferimento da restituição/compensação pleiteada.” – fl. 157. Em sede de Recurso Voluntário, constatase que a Contribuinte, basicamente, reiterou os argumentos de sua Manifestação de Inconformidade e não procedeu a juntada de nenhum documento para demonstrar seu crédito. Assim, verificase que foi juntado pela Contribuinte para demonstrar o crédito tão somente a composição do IRRF de 1996 (fls. 16/17), alguns informes de rendimentos (fls. 18/41), algumas posições mensais de investimentos Bamerindus (fls. 42/55) e a declaração de rendimentos de 1997 e de 1998 (fls. 58/102). Mas, para fazer jus a crédito decorrente de saldo negativo no presente caso, a Contribuinte precisaria provar que (i) houve lucro/prejuízo e seu montante; (ii) houve retenção do imposto de renda e seu montante; e (iii) houve cômputo das receitas correspondentes da retenção na base de cálculo do imposto. Vale notar que o último requisito é exigido pela súmula nº 80 do e. CARF, a qual dispõe que “Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto”. No presente caso, o item (ii) acima pode ser facilmente comprovado pela Fl. 517DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 18 composição do IRRF de 1996 (fls. 16/17), por alguns informes de rendimentos (fls. 18/41) e por algumas posições mensais de investimentos Bamerindus (fls. 42/55). Nada obstante, os itens (i) e (iii) acima não podem ser comprovados pela mera declaração de rendimentos de 1997 e de 1998 (fls. 58/102). Prova disso é o acórdão nº 110300268, proferido pela antiga 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção do e. CARF, arrolado como paradigma da súmula nº 80 do e. CARF, no qual restou definido que a DIPJ não serve para provar o cômputo das receitas correspondentes da retenção na base de cálculo do imposto: “O item 23 (outras receitas financeiras) da DIPJ original tínhamos o valor de R$ 2.782.504,40, contudo, em 09/08/2001 houve um DIPJ retificadora e o item 23 passou a ter o saldo de R$ 718,243,35. Este valor por si só não seria suficiente para suprir pedido original de R$ 437.859,09, pois, a 15% de R$ 718,243,35 daria R$ 107.736,50 de fonte. Ademais, para linha 23 — outras receitas financeiras, a recorrente não trouxe nenhuma prova de que tais valores se referem a aplicações financeiras correspondentes às retenções em questão, pois naquele campo é possível conter juros ativos, descontos ativos, lucro na operação de reporte, prêmio de títulos ou debêntures, juros decorrentes do empréstimo compulsório, prêmio sobre contratos de câmbio de exportações, parcela apropriada no anocalendário dos rendimentos nominais.. O ônus da prova, de acordo com o art. 333 do Código de Processo Civil incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito. A recorrente já tinha conhecimento desta ausência de prova, pois, o acórdão da DR.I já tinha negado esta restituição/compensação com base neste mesmo argumento: "Porém, não se pode considerar que o valor constante do item 23, advenha, exclusivamente, das aplicações financeiras correspondentes às retenções em questão rejase que este item da declaração engloba receitas de outras naturezas, sendo as dos códigos 3426 e 32.51, como facilmente podese concluir dos esclarecimentos do MAJUR/1999, para o preenchimento da ficha 07 da declaração de rendimentos" Assim, a recorrente mesmo sabendo que faltava provas, como, por exemplo, seu diário, preferiu se calar, quanto a sua prova, apenas insistindo que tinha as retenções, mas nunca falando nada a respeito do oferecimento destes valores à tributação. Portanto, não se pode deferir nada neste item.” Outro exemplo é o acórdão nº 10517.403, proferido pela antiga Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes do e. CARF, também arrolado como paradigma da súmula nº 80 do e. CARF, no qual restou asseverado que, para provar o cômputo das receitas correspondentes da retenção na base de cálculo do imposto, deveria ter sido Fl. 518DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA Processo nº 10920.002045/9902 Acórdão n.º 1201001.344 S1C2T1 Fl. 489 19 juntado Livro Diário e Livro Razão: “Não há qualquer prova de que os rendimentos correspondentes ao IRRF indicado em referidos comprovantes, foram escriturados e ofertados à tributação, posto nem o relatório de notas ficais de prestação de serviços, nem o balancete do mês de dezembro de 2001, este com valores totalizados, desacompanhados do Livro Diário e do Livro Razão, não são capazes de demonstrar que os rendimentos, correspondentes ao IRRF, integraram a apuração do Lucro Real. Destaquese, que os relatórios de ordenação das notas fiscais de prestação de serviços não supre a falta de apresentação dos Livros Diário e Razão, servindo apenas como instrumento gerencial da contribuinte. Desta feita, com relação aos Comprovante de Rendimentos e Retenção do Imposto de Renda na Fonte, de fls. 222, 225, 226 e 227, sequer restou comprovada sua liquidez e certeza, sendo incabível o reconhecimento do direito creditório pleiteado.” Assim, com base nos julgados acima colacionados do e. CARF, se constata que a DIPJ é, por si só, insuficiente para comprovar o cômputo das receitas correspondentes da retenção na base de cálculo do imposto. Para tanto, precisava a Contribuinte ter apresentado os livros contábeis. Mas não é só, a prova de que houve saldo negativo e sua quantificação também dependia dos livros contábeis, o que se extrai, a contrariu sensu, da súmula nº 92 do e. CARF: “A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado”. É dizer, se as informações contidas na DIPJ não servem para a exigência do crédito tributário, por maior razão, as informações nela contidas não servem para se reconhecer o crédito pleiteado pela Contribuinte e, consequentemente, homologar seu pedido de restituição seguido do pedido de compensação. Desse modo, sendo da Contribuinte o ônus de provar o crédito que alegava ter, nos termos do artigo 333, I, do Código de Processo Civil, e não tendo se desincumbido de referido ônus, cumpre indeferir seu pedido de restituição e de compensação, por falta de comprovação da existência do crédito. Fl. 519DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA 20 VI. CONCLUSÃO Por fim, voto no sentido de conhecer o recurso voluntário para, no mérito, julgálo improcedente, por falta de comprovação da existência do crédito. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Relator Fl. 520DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA
score : 1.0
Numero do processo: 19288.720320/2014-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO.
Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância.
Numero da decisão: 2201-003.146
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo.
Assinado digitalmente
Eduardo Tadeu Farah - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Alberto Mees Stringari, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Presente ao Julgamento a Procuradora da Fazenda Nacional Sara Ribeiro Braga Ferreira.?
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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RECURSO INTEMPESTIVO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo. Assinado digitalmente Eduardo Tadeu Farah Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Eduardo Tadeu Farah (Presidente), Carlos Alberto Mees Stringari, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada). Presente ao Julgamento a Procuradora da Fazenda Nacional Sara Ribeiro Braga Ferreira. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase como parte do “Relatório” os seguintes excertos da decisão de 1ª instância (fl. 341), reproduzidos a seguir: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 28 8. 72 03 20 /2 01 4- 42 Fl. 410DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19288.720320/201442 Acórdão n.º 2201003.146 S2C2T1 Fl. 411 2 O presente processo trata de exigência constante de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física Exercício 2012, ano calendário 2011, na qual se apurou imposto suplementar no valor total de R$ 32.189,52. De acordo com a descrição dos fatos, foi apurada a seguinte infração (331): DEDUÇÃO INDEVIDA DE LIVROCAIXA R$ 117.052,78 Tendo atendido à intimação, o contribuinte não anexou ao Termo de Atendimento: comprovação, com base na legislação vigente, que os rendimentos declarados são passíveis de dedução a título de LivroCaixa. Embora tenha comprovado que é um profissional de contabilidade regularmente inscrito no CRC, suas fontes pagadoras não apresentaram DIRF (Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte) confirmando a prestação dos serviços. Os Recibos de Pagamento de Autônomo apresentados referemse ao anocalendário de 2012, e não de 2011. Cientificado do lançamento em 16/05/2014, ingressou o contribuinte, em 17/06/2014, com a impugnação de fl. 02, instruída com documentos de fls. 03/321, onde apresenta as alegações a seguir sintetizadas. Diz que as despesas glosadas são indispensáveis à execução dos serviços prestados por ele bem como à manutenção da fonte produtora dos rendimentos. Acrescenta que tem sido questionado pela RFB por diversos anoscalendário, ainda que faça jus a deduzir esses gastos. A ausência de DIRF não descaracteriza o rendimento recebido, que tem outros meios de ser comprovado, como, por exemplo, o livro diário do tomador, “que a título probante, faz a este, a sua juntada”. Indica a juntada de livro caixa, acompanhado da documentação que lhe dá suporte, e contrato de locação. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por meio do acórdão de fls. 340/344, assim ementado: SEGURADOS APOSENTADOS QUE PERMANECEREM OU RETORNAREM A ATIVIDADE COMPULSORIAMENTE VINCULADA AO RGPS. Os trabalhadores aposentados que permanecerem ou regressarem à atividade remunerada que os enquadre como segurados obrigatórios do RGPS, estão sujeitos ao recolhimento da contribuição previdenciária. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 DEDUÇÃO. LIVROCAIXA. Fl. 411DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19288.720320/201442 Acórdão n.º 2201003.146 S2C2T1 Fl. 412 3 Todas as deduções pleiteadas na declaração estão sujeitas à comprovação ou justificação, sendo de se manter as glosas se o contribuinte não consegue comproválas ou justificálas, por meio de documentação hábil e idônea. Cientificado da decisão de primeira instância em 13/04/2015 (fl. 406), o Interessado interpôs, em 14/05/2015, o recurso de fls. 351/354, acompanhado dos documentos de fls. 355/402. Na peça recursal aduz, em síntese, que: O contribuinte trouxe aos autos RPA's assinados por ele (fls. 158/315) porque não conhece outra forma de dar ao seu cliente a quitação dos serviços por ele tomado. Daí todos os recibos serem de emissão do contribuinte, para a formação dos seus recebíveis. Por oportuno, informa ainda possuir todos os contratos de prestação de serviços formalizados com os mesmos, por ser exigência do CRC/CFC, sendo os mesmos objeto de fiscalização permanente. Como comprovação dos seus recebíveis juntou os Livros Diários de fls. 316/320. O Contrato de Locação onde constava a atividade contábil e a atividade de consultório de fisioterapia foi juntado indevidamente aos autos, haja vista, serem as duas atividades incompatíveis para funcionamento no mesmo espaço. O locador fez o contrato e colocou equivocadamente as duas atividades, mesmo sendo em lojas diferentes. As cópias ora juntadas estão as firmas reconhecidas 15 dias após a assinatura do mesmo, ou seja, 30/09/2009, não se configurando nenhuma parceria locatícia com fisioterapia. Os recibos de aluguel foram assinados peio Locador, que também assinou o contrato. Na data do vencimento do aluguel comparecia pessoalmente ao escritório, com o recibo já devidamente assinado em mãos, sendo essa a prática durante todo o período de vigência do contrato de aluguel. O contribuinte adquiriu da empresa P. Martins Confecções o telefone 22 2779 2530, na modalidade de Plano de Expansão, há 25 anos atrás.Em data de 10/09/2014 o telefone (22) 2779 2510 foi transferido para o nome do contribuinte, não sendo ato ilícito pleitear o abatimento no seu livro caixa. Mantém todos os seus funcionários devidamente registrados, conforme comprova com a juntada dos recibos de salários de fls. 21/23, 35/37 do Acórdão. Faz a juntada do Livro de Registro de Empregados agora, bem como de uma guia de recolhimento do FGTS, de 04/2011, atendendo aos requisitos da legislação de regência. Sua esposa Sônia Regina Leite Tavares entrou em contato com a empresa FOLHAMATIC, que fica na cidade de Americana em São Paulo, e fez a assinatura do contrato prestação de serviços em seu nome, devido a impossibilidade de sua presença por motivos médicos. Pensa não ter cometido ilícito ao fazer o registro no livro caixa dessas despesas. São estes, em síntese, os pontos de discordância apontados neste recurso: a) não idoneidade dos documentos lançados em Livro Caixa como despesas próprias da atividade; b) inconsistência das receitas da atividade laboral. Fl. 412DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19288.720320/201442 Acórdão n.º 2201003.146 S2C2T1 Fl. 413 4 Ao final, requer seja acolhido o presente recurso e cancelada a exigência fiscal. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Aprecio, de início, a (in) tempestividade do recurso. O Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, assim dispõe: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. (...) Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) § 2° Considerase feita a intimação: (...) II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. No caso concreto, a ciência à contribuinte, do Acórdão de 1ª instância administrativa, se deu em 13/04/2015 (segundafeira), conforme Aviso de Recebimento AR acostado aos autos em fl. 406, o que significa dizer que o prazo recursal iniciouse em 14/04/2015 (terçafeira), findandose em 13/05/2015 (quartafeira). Em 14/05/2015 (quintafeira) foi protocolado o recurso de fls. 351/354, ou seja, após transcorrido o prazo de 30 (trinta) dias da ciência da decisão de primeira instância. Caracterizada, portanto, a intempestividade do recurso apresentado. Fl. 413DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 19288.720320/201442 Acórdão n.º 2201003.146 S2C2T1 Fl. 414 5 Face ao exposto, voto por não conhecer do recurso, por intempestivo. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 414DF CARF MF Impresso em 25/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 10980.008704/2004-20
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2002
SIMPLES FEDERAL. INSTALAÇÃO DE VIDROS. INOCORRÊNCIA DA REGRA DE VEDAÇÃO DE OPÇÃO/PERMANÊNCIA.
O exercício de atividade de instalação de vidros, por si só, não é suficiente para fazer incidir a regra de vedação de opção/permanência no Simples Federal insculpida no art. 9º, inciso V, da Lei n° 9.317, de 1996, somente se verificando tal regra caso a atividade seja realizada como parte da "construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo" a que se refere o § 4° do dispositivo em questão.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9101-002.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e, no mérito, negado provimento por unanimidade de votos. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado).
(Assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
(Assinado digitalmente)
ADRIANA GOMES RÊGO - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, NATHALIA CORREIA POMPEU, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ e CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2002 SIMPLES FEDERAL. INSTALAÇÃO DE VIDROS. INOCORRÊNCIA DA REGRA DE VEDAÇÃO DE OPÇÃO/PERMANÊNCIA. O exercício de atividade de instalação de vidros, por si só, não é suficiente para fazer incidir a regra de vedação de opção/permanência no Simples Federal insculpida no art. 9º, inciso V, da Lei n° 9.317, de 1996, somente se verificando tal regra caso a atividade seja realizada como parte da "construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo" a que se refere o § 4° do dispositivo em questão. Recurso Especial do Procurador Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e, no mérito, negado provimento por unanimidade de votos. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado). (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES RÊGO - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, NATHALIA CORREIA POMPEU, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ e CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1937; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 89 1 88 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10980.008704/200420 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.344 – 1ª Turma Sessão de 5 de maio de 2016 Matéria EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado VIDRAÇARIA LIBANESA LTDA ME ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2002 SIMPLES FEDERAL. INSTALAÇÃO DE VIDROS. INOCORRÊNCIA DA REGRA DE VEDAÇÃO DE OPÇÃO/PERMANÊNCIA. O exercício de atividade de instalação de vidros, por si só, não é suficiente para fazer incidir a regra de vedação de opção/permanência no Simples Federal insculpida no art. 9º, inciso V, da Lei n° 9.317, de 1996, somente se verificando tal regra caso a atividade seja realizada como parte da "construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo" a que se refere o § 4° do dispositivo em questão. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e, no mérito, negado provimento por unanimidade de votos. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado). (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES RÊGO Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 87 04 /2 00 4- 20 Fl. 89DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10980.008704/200420 Acórdão n.º 9101002.344 CSRFT1 Fl. 90 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, NATHALIA CORREIA POMPEU, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ e CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO. Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls 468 e ss., contra o acórdão de nº 110100.294 (efls 55 e ss.), que, no mérito e por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário. Transcervese a ementa do acórdão recorrido: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2002 SIMPLES FEDERAL. INGRESSO E/OU PERMANÊNCIA. INSTALAÇÃO DE VIDROS. ATIVIDADE NÃO VEDADA A prestação de serviços de instalação de vidros não consiste em construção de imóvel e não impede o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. A Recorrente aponta divergência jurisprudencial em relação ao acórdão nº 30238.142, cuja ementa está assim redigida: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Exercício: 2003 Ementa: A vedação ao exercício da opção pelo SIMPLES à atividade de construção de imóveis abrange os serviços auxiliares e complementares da construção civil, dentre eles a colocação de vidros. No mérito, a Recorrente argumenta, em síntese, que a vedação de opção pelo Simples para as pessoas jurídicas que se dediquem à atividade de construção de imóveis, estabelecida no art. 9º, inciso V, da Lei n° 9.317, de 1996, abrangem a atividade de "instalação de vidros", exercida pela Recorrida. Nesse sentido, cita o Ato Declaratório Normativo Cosit nº 30, de 1999, que "fixou o entendimento de que, na vedação contida na Lei n° 9.317/96, ao exercício da opção pelo SIMPLES aplicável à atividade de construção de imóveis, também estão compreendidas as atividades de colocação de vidros e esquadrias". Conclui afirmando que "a empresa individual teria que provar que não exerce a atividade vedada, constante, inclusive, do seu objeto social (fls. 05)— o que não fez" e pedindo que "seja conhecido e provido o presente Recurso Especial, para reformar a decisão recorrida e restaurar o inteiro teor da r. decisão de primeira instância". Fl. 90DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10980.008704/200420 Acórdão n.º 9101002.344 CSRFT1 Fl. 91 3 O recurso foi admitido por meio do Despacho de efls. 77 e ss., havendo a Contribuinte apresentado contrarrazões (efls. 84 e ss.), tempestivamente (efls. 82 e 83). Aduz a contribuinte, em apertada síntese, que o serviço de colocação de vidros não necessariamente ocorre no âmbito da construção de imóveis e que o Simples tem por objetivo favorecer a pequena empresa. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. O art. 9º, inciso V, da Lei n° 9.317, de 1996, estabelece vedação de opção pelo Simples Federal às pessoas jurídicas que se dediquem à atividade de "construção de imóveis". Já o § 4° do mesmo artigo delimita o que compreende tal atividade para fins da vedação em questão. Vejase: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa juridica: (...) V que se dedique à compra e à venda, ao loteamento, à incorporação ou á construção de imóveis; (...) § 4°. Compreendese na atividade de construção de imóveis, de que trata o inciso V deste artigo, a execução de obra de construção civil, própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Como se vê no Despacho Decisório de efls. 16 e 17 (de que resultou o Ato Declaratório Executivo de exclusão do Simples Federal guerreado efls. 18), a empresa excluída exerceu, de fato, atividade de "comércio e colocação de Vidros, espelhos, espelhos, vitrais e molduras", que consta em seu contrato social. E, no caso das operações objeto das notas fiscais de prestação de serviço de remoção/colocação de vidros de efls. 9 a 13, os destinatários dos serviços prestados eram "empresas dedicadas à construção civil". Confirase: Fl. 91DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10980.008704/200420 Acórdão n.º 9101002.344 CSRFT1 Fl. 92 4 Observese, também, que a decisão da DRJ que manteve a exclusão do Simples deixou consignado que "dos registros da RFB, fls. 22/24, temse que a interessada se declarou contribuinte do ICMS no anocalendário 2002, enquanto as notas fiscais descritas (de cuja numeração de n° 162 em 06/09/2002 a 254, em 10/12/2002, verificase que foram 94 notas emitidas nesse trimestre) auferiu também receitas de prestação de serviços". Por outro lado, em sua manifestação de inconformidade, a empresa excluída afirmou que "nunca desenvolveu atividade de construção de imóveis ou qualquer outra relacionada a engenharia". A questão que se coloca, portanto, é se a constatação de que a empresa realizou prestação de serviço de remoção/colocação de vidros para empresas de construção civil é suficiente para que se verifique a regra impeditiva de opção pelo Simples Federal que alcança as empresas que se dedicam à construção de imóveis, contida no art. 9°, inciso V, da Lei n° 9.317, de 1996, considerada a definição de escopo dessa atividade feita no § 4° do mesmo artigo. Entendo que não. Assiste razão à Relatora do acórdão recorrido, acompanhada por unanimidade por seus pares, quando aduz que "o § 4° do art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996, deixa claro que a vedação existente só afasta a possibilidade de opção pelo Simples para a empresa com atividades de construção civil que resulte na construção de imóveis" e quando conclui que "o fato impeditivo não é o fato de prestar alguma atividade dentro do universo da construção civil, mas sim de esta atividade resultar na construção de imóveis, tal como o § 4° definiu". Com respeito ao argumento da Recorrente de que o Ato Declaratório Normativo Cosit nº 30, de 14 de outubro de 1999, que "fixou o entendimento de que, na vedação contida na Lei n° 9.317/96, ao exercício da opção pelo SIMPLES aplicável à atividade de construção de imóveis, também estão compreendidas as atividades de colocação de vidros e esquadrias", tenho que também aqui acerta o recorrido ao ponderar que o Ato Declaratório deve ser interpretado à luz dos termos da regra impeditiva do art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996. Transcrevese o Ato Declaratório em questão: O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o art. 199, inciso IV, do Regimento Interno aprovado pela Portaria Ministerial nº 227, de 3 de setembro de 1998, e tendo em vista as disposições do inciso V do art. 9º da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996, com as alterações promovidas pelo art. 4º da Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados que a vedação ao exercício da opção pelo SIMPLES, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: I a construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; II sondagens, fundações e escavações; III construção de estradas e logradouros públicos; IV construção de pontes, viadutos e monumentos; V terraplenagem e pavimentação; Fl. 92DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10980.008704/200420 Acórdão n.º 9101002.344 CSRFT1 Fl. 93 5 VI pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e VII quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Vale dizer, o fato de uma empresa se dedicar às atividades elencadas no item VI do Ato Declaratório ("pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias") não pode ser analisado isoladamente. Com efeito, somente faz incidir a regra de vedação do art. 9°, inciso V, da Lei n° 9.317, de 1996, caso tais atividades sejam exercidas pela empresa como parte da "construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo", a que se refere o § 4° do art. 9° da Lei n° 9.317, de 1996, o que não restou demonstrado no presente caso. Cabe destacar precedente desta 1ª Turma da CSRF, no qual, em situação bastante semelhante a ora enfrentada, assim se decidiu (acórdão nº 9101001.622, Relator Valmir Sandri, 17 de abril de 2013): ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Exercício: 2006, 2007 SIMPLES FEDERAL ATIVIDADES COMPLEMENTARES E AUXILIARES DE CONSTRUÇÃO CIVIL O fato de a pessoa jurídica desempenhar atividade mencionada no ADN 30/99 como serviços auxiliares e complementares da construção civil abrangidos pela vedação de que trata o inciso V do art. 9º da Lei 9.317/96 não é suficiente para impedir a opção pelo SIMPLES, sendo elementar que a atividade deve estar relacionada ao comando legal, qual seja, a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação. Divergência suscitada com base em paradigma cuja tese, na data da interposição do recurso, já se encontrava superada pela CSRF. Vejase o seguinte excerto do julgado em questão: A interpretação postulada pela Fazenda Nacional foi rejeitada à unanimidade por esta Primeira Turma, em acórdão de minha relatoria (Acórdão 9101001.162), cujo voto condutor traz os seguintes fundamentos: (...) A lei vedou a opção à pessoa jurídica que se dedique à atividade de construção de imóveis, definindo que nesse conceito está compreendida a construção civil própria ou de terceiros, como a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Transparece, dos autos, que a atividade exercida pela sociedade não é construção, demolição, reforma ou ampliação de edificação ou outras benfeitorias agregadas ao solo, mas sim, o Fl. 93DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10980.008704/200420 Acórdão n.º 9101002.344 CSRFT1 Fl. 94 6 comércio das esquadrias (portas, janelas, batentes) de madeira, cuja colocação representa, apenas, atividade coadjuvante. Embora o ADN COSIT 30/99 insira, entre os serviços auxiliares e complementares da construção civil abrangidos pela vedação, a montagem de esquadrias, é elementar que essa atividade deve estar relacionada ao comando legal, qual seja, a construção, demolição, reforma, ampliação de edificação. Assim, entendo que a decisão recorrida não contrariou a lei nem a prova dos autos, e nego provimento ao recurso. Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 94DF CARF MF Impresso em 18/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/05/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10907.001333/2008-61
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 11/06/2008
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decreto-lei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.662
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 11/06/2008 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decreto-lei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 11/06/2008 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 13 33 /2 00 8- 61 Fl. 242DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 243 2 Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida negou provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801004.815. No que diz respeito à denúncia espontânea, o Colegiado a quo decidiu que esse instituto é inaplicável para afastar a exigência da multa em comento. Após tomar ciência do mencionado acórdão, a Contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei 12.350, de 2010, para afastar a multa que lhe foi imputada pelo Fisco. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.552, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 11128.007573/200648, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.552): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. Importante observar, quanto à comprovação da divergência, que recorrido e paradigma trataram da exigência da mesma penalidade (art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966) e foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Fl. 243DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 244 3 Lei 12.350, de 20/12/2010). Além disso, ambos citaram expressamente as alterações promovidas pela mencionada lei na redação do art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea, apesar de tal consignação não ser imprescindível. Todavia, os arestos confrontados, que guardam identidade fática e jurídica, chegaram a resultados opostos quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea sobre a exigência da penalidade em foco. Não há dúvida, portanto, quanto à existência de dissenso jurisprudencial. A matéria devolvida a este Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. Não vejo como dar razão à pretensão da Contribuinte, sob pena de aniquilar o cumprimento, com observância dos prazos estabelecidos pela legislação, do dever instrumental de prestar informação. Aplicandose o entendimento defendido pela Recorrente, os prazos estipulados pela legislação aduaneira, para prestar informações à RFB, poderiam ser descumpridos pelo sujeito passivo sem punição, tendo como única condição que a prestação das informações seja efetuada antes do início de ação fiscal. Ou seja, os prazos para a apresentação de informações seriam bastante elásticos, a depender de cada caso, e não prazos fatais, como é a regra na legislação tributária. Por concordar na íntegra com os fundamentos, e por aplicarse à solução do presente litígio, adoto o voto proferido pelo ilustre Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802 002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "O Recorrente alega ainda que as informações sobre o embarque foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A aplicabilidade da denúncia espontânea às “obrigações acessórias” é sustentada por parte da doutrina com base na expressão “se for o caso”, encontrada no caput do art. 138 do CTN. Nesse sentido, cumpre destacar as lições de Hugo de Brito Machado, Luciano Amaro e Sacha Calmon Navarro Coêlho: 'Como a lei diz que a denúncia há de ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido, resta induvidoso que a exclusão da responsabilidade tanto se Fl. 244DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 245 4 refere a infrações das quais decorra o não pagamento do tributo como a infrações meramente formais, vale dizer, infrações das quais não decorra o não pagamento do tributo. Inadimplemento de obrigações tributárias meramente acessórias' 1. 'A expressão ‘se for o caso’ explicase em face de que algumas infrações, por implicarem desrespeito a obrigações acessórias, não acarretam, diretamente, nenhuma falta de pagamento de tributo, embora sejam também puníveis, porque a responsabilidade não pressupõe, necessariamente, dano (art. 136). Outras infrações, porém, de um modo ou de outro, resultam em falta de pagamento. Em relação a estas é que o Código reclama o pagamento' 2. 'Se quisesse excluir uma ou outra, teria adjetivado a palavra infração ou teria dito que a denúncia espontânea elidiria a responsabilidade pela prática de infração à obrigação principal excluindo a assessória, ou viceversa. Ora, onde o legislador não distingue não é lícito ao intérprete distinguir segundo cediço princípio de hermenêutica' 3 Essa interpretação, porém, não foi acolhida pela Jurisprudência, consoante se depreende dos seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça: 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' (...) A mesma interpretação foi adotada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme Súmula CARF nº 49: 'A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na 1 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 182 e ss. 2 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 10 Ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 437. 3 COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 105106. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 246 5 entrega de declaração', que foi fruto de reiterados julgados do Câmara Superior de Recursos Fiscais (...). A discussão, entretanto, foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) De fato, a Lei nº 12.350/2010 resultou da conversão da Medida Provisória n.º 497/2010. De acordo com a exposição de motivos desta, seu objetivo foi 'deixar claro' que o instituto da denúncia espontânea aplicase a todas as penalidades pecuniárias, inclusive multas isoladas vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória, conforme se depreende da leitura da exposição de motivos: '40. A proposta de alteração do § 2º do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, visa a afastar dúvidas e divergência interpretativas quanto à aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea e a consequente exclusão da imposição de determinadas penalidades, para as quais não se tem posicionamento doutrinário claro sobre sua natureza. [...] 43. Fundamentalmente, o Linha Azul é um procedimento simplificado que propicia às empresas habilitadas um menor percentual de seleção para os canais de verificação amarelo e vermelho e conferência aduaneira das declarações selecionadas realizada prioritariamente, Fl. 246DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 247 6 inclusive com compromisso de tempo máximo para essa conferência estipulado. Esse procedimento segue a orientação internacional de Operadores Econômicos Autorizados OEA, ou seja, de credenciamento de operadores legítimos e confiáveis para operar no comércio exterior com menores entraves burocráticos. 44. A avaliação sistêmica da empresa candidata ao Linha Azul inclui a realização, previamente à adesão, de uma auditoria de controles internos para autoavaliação de seus controles e procedimentos aduaneiros, referente, no mínimo, aos quatro últimos semestres civis. O objetivo dessa autoavaliação é induzir a empresa a verificar o cumprimento da legislação aduaneira (controles administrativos e fiscais), com reflexo na garantia da regularidade dos registros aduaneiros e do recolhimento dos tributos devidos. Exigese, sempre que a auditoria de controles internos aponte irregularidades, que sejam apresentados documentos que comprovem o seu saneamento ou a adoção das providências cabíveis para a sua solução. 45. No caso específico, o que se tem verificado é que, durante o processo de auditoria, as empresas têm constatado reiterados erros em declarações de importação registradas e desembaraçadas no canal verde de conferência e, como forma de sanear a irregularidade para cumprimento do programa, apresentado a relação desses erros na unidade de jurisdição e adotado as respectivas providências para a retificação das declarações aduaneiras. 46. Todavia, ao adotar essa providência, mesmo que a empresa não tenha que recolher quaisquer tributos, ela pode estar sujeita à imposição da referida multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (multa isolada), disciplinada no art. 711 do Regulamento Aduaneiro, ainda que espontaneamente tenha apurado tais erros e adotado as providências para a sua regularização, o que onera por demais o processo de adesão à Linha Azul. 47. A proposta de alteração objetiva deixar claro que o instituto da denúncia espontânea alcança todas as penalidades pecuniárias, aí incluídas as chamadas multas isoladas, pois nos parece incoerente haver a possibilidade de se aplicar o instituto da denúncia espontânea para penalidades vinculadas ao nãopagamento de tributo, que é a obrigação principal, e não haver essa possibilidade para multas isoladas, vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória.' (EMI nº 111/MF/MP/ME/MCT/ MDIC/MT). Todavia, cumpre considerar que, nas obrigações acessórias ou deveres instrumentais, o sujeito passivo está Fl. 247DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 248 7 vinculado a um fazer ou nãofazer, sem expressão econômica, destinado a facilitar a fiscalização e a arrecadação dos tributos4. Podem assumir os conteúdos mais variados, desde a manutenção de escrituração fiscal regular, da descrição adequada do bem importado na declaração de importação, emissão de nota fiscal, bem como da apresentação de informações para a Fazenda Pública dentro dos prazos previstos na legislação tributária. Em razão disso, na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo. Essa importante distinção foi evidenciada em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3ª SJ, C1, 2ª TO, S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme 4 CARVALHO, Paulo de Barros. "Curso de direito tributário". 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 277349. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 249 8 expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face Fl. 249DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 250 9 da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 5. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" O objetivo do art. 138 do CTN é estimular o contribuinte que não pagou os tributos a fazêlo e regularizar a situação, resgatando as pendências deixadas e não conhecidas pelo fisco, que recebe o que deveria ter sido pago e cuja satisfação, não fosse a iniciativa do contribuinte, talvez jamais ocorresse. Tal norma objetiva estimular o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias. Porém, a responsabilidade pelo cometimento das infrações restará afastada apenas com o reconhecimento e cumprimento da obrigação, preservando assim a higidez do sistema, não se podendo ver nela nenhum estímulo à inadimplência. De fato, a jurisprudência dominante em nossos tribunais não admite a configuração da denúncia espontânea ante a prática de determinados atos, que representam 5 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 251 10 infrações à legislação tributária. Várias são as decisões no sentido da inaplicabilidade do art. 138 do CTN no descumprimento do prazo quanto às obrigações acessórias. Vejamos: “DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória.” (STJ, 2ª T. AgRg no Resp 916.168/SP, Herman Benjamin, mar/09) No mesmo sentido do entendimento ora defendido, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Fl. 251DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 252 11 Importante observar que, no mesmo sentido da mencionada decisão do TRF da 4ª RF, existe a Súmula CARF nº 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, não se trata aqui de aplicar a Súmula 49 para resolver o presente litígio, uma vez que proferida antes das alterações promovidas pela Lei 12.350/2010. A intransigência em matéria de controles administrativos aduaneiros se justifica, muito mais do que pela questão tributáriofinanceira, pela questão da defesa do Estado nacional. A falta de pagamento de tributo, ou de parte dele, não é o único dano que se faz aos cofres públicos e à sociedade no descumprimento das regras de controle aduaneiro. Muitas vezes, a administração tributária prioriza a arrecadação de tributos e não enfatiza as razões dos controles não tributários ou aduaneiros. Assim, pode ficar a impressão de que não havendo falta de pagamento de tributos não há dano efetivo ao erário, mas essa é uma falsa observação. Cabe a administração aduaneira cumprir as decisões dos demais órgãos do Poder Executivo e de Acordos Internacionais, relativamente à saúde, à defesa da economia, à defesa dos interesses culturais, do patrimônio histórico, da segurança pública, entre outros. São atribuições fundamentadas em conhecimentos que ultrapassam largamente aqueles necessários à excelência do trabalho de fiscalização. Ao fazer o julgamento, especialmente por que não há tantos julgadores especializados em nuances do comércio internacional, passase ao largo dos verdadeiros delitos que são cometidos à sombra da ausência de danos fiscais explícitos — quero dizer — da falta de pagamento de impostos. Por último, é de se observar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, sobre atracação de embarcação, sobre vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, e diante de recurso do contribuinte, o resultado do julgamento é por negar provimento ao recurso especial, resultado que deve ser aplicado aos demais processos vinculados ao julgamento deste, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). À luz do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por Fl. 252DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10907.001333/200861 Acórdão n.º 9303003.662 CSRF‐T3 Fl. 253 12 considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 253DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11684.720091/2011-39
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 06/02/2011
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decreto-lei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.688
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 06/02/2011 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 68 4. 72 00 91 /2 01 1- 39 Fl. 204DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 205 2 Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida negou provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3802002.315. No que diz respeito à denúncia espontânea, o Colegiado a quo decidiu que esse instituto é inaplicável para afastar a exigência da multa em comento. Após tomar ciência do mencionado acórdão, a Contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei 12.350, de 2010, para afastar a multa que lhe foi imputada pelo Fisco. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.552, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 11128.007573/200648, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.552): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. Importante observar, quanto à comprovação da divergência, que recorrido e paradigma trataram da exigência da mesma penalidade (art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966) e foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Fl. 205DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 206 3 Lei 12.350, de 20/12/2010). Além disso, ambos citaram expressamente as alterações promovidas pela mencionada lei na redação do art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea, apesar de tal consignação não ser imprescindível. Todavia, os arestos confrontados, que guardam identidade fática e jurídica, chegaram a resultados opostos quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea sobre a exigência da penalidade em foco. Não há dúvida, portanto, quanto à existência de dissenso jurisprudencial. A matéria devolvida a este Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. Não vejo como dar razão à pretensão da Contribuinte, sob pena de aniquilar o cumprimento, com observância dos prazos estabelecidos pela legislação, do dever instrumental de prestar informação. Aplicandose o entendimento defendido pela Recorrente, os prazos estipulados pela legislação aduaneira, para prestar informações à RFB, poderiam ser descumpridos pelo sujeito passivo sem punição, tendo como única condição que a prestação das informações seja efetuada antes do início de ação fiscal. Ou seja, os prazos para a apresentação de informações seriam bastante elásticos, a depender de cada caso, e não prazos fatais, como é a regra na legislação tributária. Por concordar na íntegra com os fundamentos, e por aplicarse à solução do presente litígio, adoto o voto proferido pelo ilustre Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802 002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "O Recorrente alega ainda que as informações sobre o embarque foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A aplicabilidade da denúncia espontânea às “obrigações acessórias” é sustentada por parte da doutrina com base na expressão “se for o caso”, encontrada no caput do art. 138 do CTN. Nesse sentido, cumpre destacar as lições de Hugo de Brito Machado, Luciano Amaro e Sacha Calmon Navarro Coêlho: 'Como a lei diz que a denúncia há de ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido, resta induvidoso que a exclusão da responsabilidade tanto se Fl. 206DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 207 4 refere a infrações das quais decorra o não pagamento do tributo como a infrações meramente formais, vale dizer, infrações das quais não decorra o não pagamento do tributo. Inadimplemento de obrigações tributárias meramente acessórias' 1. 'A expressão ‘se for o caso’ explicase em face de que algumas infrações, por implicarem desrespeito a obrigações acessórias, não acarretam, diretamente, nenhuma falta de pagamento de tributo, embora sejam também puníveis, porque a responsabilidade não pressupõe, necessariamente, dano (art. 136). Outras infrações, porém, de um modo ou de outro, resultam em falta de pagamento. Em relação a estas é que o Código reclama o pagamento' 2. 'Se quisesse excluir uma ou outra, teria adjetivado a palavra infração ou teria dito que a denúncia espontânea elidiria a responsabilidade pela prática de infração à obrigação principal excluindo a assessória, ou viceversa. Ora, onde o legislador não distingue não é lícito ao intérprete distinguir segundo cediço princípio de hermenêutica' 3 Essa interpretação, porém, não foi acolhida pela Jurisprudência, consoante se depreende dos seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça: 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' (...) A mesma interpretação foi adotada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme Súmula CARF nº 49: 'A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na 1 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 182 e ss. 2 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 10 Ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 437. 3 COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 105106. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 208 5 entrega de declaração', que foi fruto de reiterados julgados do Câmara Superior de Recursos Fiscais (...). A discussão, entretanto, foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) De fato, a Lei nº 12.350/2010 resultou da conversão da Medida Provisória n.º 497/2010. De acordo com a exposição de motivos desta, seu objetivo foi 'deixar claro' que o instituto da denúncia espontânea aplicase a todas as penalidades pecuniárias, inclusive multas isoladas vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória, conforme se depreende da leitura da exposição de motivos: '40. A proposta de alteração do § 2º do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, visa a afastar dúvidas e divergência interpretativas quanto à aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea e a consequente exclusão da imposição de determinadas penalidades, para as quais não se tem posicionamento doutrinário claro sobre sua natureza. [...] 43. Fundamentalmente, o Linha Azul é um procedimento simplificado que propicia às empresas habilitadas um menor percentual de seleção para os canais de verificação amarelo e vermelho e conferência aduaneira das declarações selecionadas realizada prioritariamente, Fl. 208DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 209 6 inclusive com compromisso de tempo máximo para essa conferência estipulado. Esse procedimento segue a orientação internacional de Operadores Econômicos Autorizados OEA, ou seja, de credenciamento de operadores legítimos e confiáveis para operar no comércio exterior com menores entraves burocráticos. 44. A avaliação sistêmica da empresa candidata ao Linha Azul inclui a realização, previamente à adesão, de uma auditoria de controles internos para autoavaliação de seus controles e procedimentos aduaneiros, referente, no mínimo, aos quatro últimos semestres civis. O objetivo dessa autoavaliação é induzir a empresa a verificar o cumprimento da legislação aduaneira (controles administrativos e fiscais), com reflexo na garantia da regularidade dos registros aduaneiros e do recolhimento dos tributos devidos. Exigese, sempre que a auditoria de controles internos aponte irregularidades, que sejam apresentados documentos que comprovem o seu saneamento ou a adoção das providências cabíveis para a sua solução. 45. No caso específico, o que se tem verificado é que, durante o processo de auditoria, as empresas têm constatado reiterados erros em declarações de importação registradas e desembaraçadas no canal verde de conferência e, como forma de sanear a irregularidade para cumprimento do programa, apresentado a relação desses erros na unidade de jurisdição e adotado as respectivas providências para a retificação das declarações aduaneiras. 46. Todavia, ao adotar essa providência, mesmo que a empresa não tenha que recolher quaisquer tributos, ela pode estar sujeita à imposição da referida multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (multa isolada), disciplinada no art. 711 do Regulamento Aduaneiro, ainda que espontaneamente tenha apurado tais erros e adotado as providências para a sua regularização, o que onera por demais o processo de adesão à Linha Azul. 47. A proposta de alteração objetiva deixar claro que o instituto da denúncia espontânea alcança todas as penalidades pecuniárias, aí incluídas as chamadas multas isoladas, pois nos parece incoerente haver a possibilidade de se aplicar o instituto da denúncia espontânea para penalidades vinculadas ao nãopagamento de tributo, que é a obrigação principal, e não haver essa possibilidade para multas isoladas, vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória.' (EMI nº 111/MF/MP/ME/MCT/ MDIC/MT). Todavia, cumpre considerar que, nas obrigações acessórias ou deveres instrumentais, o sujeito passivo está Fl. 209DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 210 7 vinculado a um fazer ou nãofazer, sem expressão econômica, destinado a facilitar a fiscalização e a arrecadação dos tributos4. Podem assumir os conteúdos mais variados, desde a manutenção de escrituração fiscal regular, da descrição adequada do bem importado na declaração de importação, emissão de nota fiscal, bem como da apresentação de informações para a Fazenda Pública dentro dos prazos previstos na legislação tributária. Em razão disso, na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo. Essa importante distinção foi evidenciada em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3ª SJ, C1, 2ª TO, S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme 4 CARVALHO, Paulo de Barros. "Curso de direito tributário". 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 277349. Fl. 210DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 211 8 expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face Fl. 211DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 212 9 da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 5. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" O objetivo do art. 138 do CTN é estimular o contribuinte que não pagou os tributos a fazêlo e regularizar a situação, resgatando as pendências deixadas e não conhecidas pelo fisco, que recebe o que deveria ter sido pago e cuja satisfação, não fosse a iniciativa do contribuinte, talvez jamais ocorresse. Tal norma objetiva estimular o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias. Porém, a responsabilidade pelo cometimento das infrações restará afastada apenas com o reconhecimento e cumprimento da obrigação, preservando assim a higidez do sistema, não se podendo ver nela nenhum estímulo à inadimplência. De fato, a jurisprudência dominante em nossos tribunais não admite a configuração da denúncia espontânea ante a prática de determinados atos, que representam 5 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 213 10 infrações à legislação tributária. Várias são as decisões no sentido da inaplicabilidade do art. 138 do CTN no descumprimento do prazo quanto às obrigações acessórias. Vejamos: “DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória.” (STJ, 2ª T. AgRg no Resp 916.168/SP, Herman Benjamin, mar/09) No mesmo sentido do entendimento ora defendido, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Fl. 213DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 214 11 Importante observar que, no mesmo sentido da mencionada decisão do TRF da 4ª RF, existe a Súmula CARF nº 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, não se trata aqui de aplicar a Súmula 49 para resolver o presente litígio, uma vez que proferida antes das alterações promovidas pela Lei 12.350/2010. A intransigência em matéria de controles administrativos aduaneiros se justifica, muito mais do que pela questão tributáriofinanceira, pela questão da defesa do Estado nacional. A falta de pagamento de tributo, ou de parte dele, não é o único dano que se faz aos cofres públicos e à sociedade no descumprimento das regras de controle aduaneiro. Muitas vezes, a administração tributária prioriza a arrecadação de tributos e não enfatiza as razões dos controles não tributários ou aduaneiros. Assim, pode ficar a impressão de que não havendo falta de pagamento de tributos não há dano efetivo ao erário, mas essa é uma falsa observação. Cabe a administração aduaneira cumprir as decisões dos demais órgãos do Poder Executivo e de Acordos Internacionais, relativamente à saúde, à defesa da economia, à defesa dos interesses culturais, do patrimônio histórico, da segurança pública, entre outros. São atribuições fundamentadas em conhecimentos que ultrapassam largamente aqueles necessários à excelência do trabalho de fiscalização. Ao fazer o julgamento, especialmente por que não há tantos julgadores especializados em nuances do comércio internacional, passase ao largo dos verdadeiros delitos que são cometidos à sombra da ausência de danos fiscais explícitos — quero dizer — da falta de pagamento de impostos. Por último, é de se observar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, sobre atracação de embarcação, sobre vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, e diante de recurso do contribuinte, o resultado do julgamento é por negar provimento ao recurso especial, resultado que deve ser aplicado aos demais processos vinculados ao julgamento deste, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). À luz do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por Fl. 214DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.720091/201139 Acórdão n.º 9303003.688 CSRF‐T3 Fl. 215 12 considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 215DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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