Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (29,066)
- Segunda Câmara (27,779)
- Primeira Câmara (25,079)
- Segunda Turma Ordinária d (16,754)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,782)
- Primeira Turma Ordinária (15,433)
- Segunda Turma Ordinária d (15,361)
- Primeira Turma Ordinária (15,286)
- Primeira Turma Ordinária (15,221)
- Segunda Turma Ordinária d (13,942)
- Primeira Turma Ordinária (12,790)
- Primeira Turma Ordinária (11,930)
- Segunda Turma Ordinária d (11,917)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,167)
- Quarta Câmara (82,291)
- Terceira Câmara (63,950)
- Segunda Câmara (52,309)
- Primeira Câmara (17,004)
- 3ª SEÇÃO (15,782)
- 2ª SEÇÃO (11,167)
- 1ª SEÇÃO (6,687)
- Pleno (788)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (117,159)
- Segunda Seção de Julgamen (110,024)
- Primeira Seção de Julgame (72,544)
- Primeiro Conselho de Cont (49,044)
- Segundo Conselho de Contr (48,765)
- Câmara Superior de Recurs (37,232)
- Terceiro Conselho de Cont (25,925)
- IPI- processos NT - ressa (4,990)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,039)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,958)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,848)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,045)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,991)
- Não Informado (56,791)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (5,008)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,320)
- HELCIO LAFETA REIS (3,241)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,184)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,149)
- Não se aplica (2,799)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,595)
- WILDERSON BOTTO (2,511)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,472)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,380)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,802)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,041)
- 2024 (25,862)
- 2012 (23,621)
- 2023 (22,459)
- 2014 (22,373)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,058)
- 2008 (17,075)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,836)
- 2006 (15,271)
- 2009 (69,611)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,872)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2025 (16,750)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,520)
- 2006 (14,851)
- 2022 (13,225)
- 2007 (13,015)
Numero do processo: 10166.908077/2009-37
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004
DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO.
A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE.
Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material.
Numero da decisão: 3001-000.263
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com retorno dos autos à Unidade de Origem para análise da DCTF retificadora e demais documentos probatórios juntados em fase recursal, vencido o conselheiro Renato Viera de Avila que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindo-se em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10166.908077/2009-37
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5850919
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3001-000.263
nome_arquivo_s : Decisao_10166908077200937.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CASSIO SCHAPPO
nome_arquivo_pdf_s : 10166908077200937_5850919.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com retorno dos autos à Unidade de Origem para análise da DCTF retificadora e demais documentos probatórios juntados em fase recursal, vencido o conselheiro Renato Viera de Avila que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
dt_sessao_tdt : Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
id : 7196643
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011394113536
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1707; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 2 1 1 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.908077/200937 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.263 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 13 de março de 2018 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO COFINS Recorrente BAR E WISKERIA BRASÍLIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 DCTF RETIFICADORA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. A apresentação de DCTF retificadora, ainda que após a prolação de despacho decisório, desde que em hipótese não vedada pela legislação, substitui a original, constituindose em indício da certeza e liquidez do crédito tributário. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário podem, excepcionalmente, ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, com retorno dos autos à Unidade de Origem para análise da DCTF retificadora e demais documentos probatórios juntados em fase recursal, vencido o conselheiro Renato Viera de Avila que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 80 77 /2 00 9- 37 Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10166.908077/200937 Acórdão n.º 3001000.263 S3C0T1 Fl. 3 2 Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 4ª Turma da DRJ/BSB, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos Fatos O Contribuinte buscou via PER/DCOMP a compensação de débito de COFINS (cód.2172) do período de apuração 09/2006 com crédito do mesmo tributo, por recolhimento a maior que o devido, via DARF, do período de apuração 05/2004, arrecadado na data de 15/06/2004. Do Despacho Decisório A DRF de Brasília em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório (efls.3), pela não homologação da compensação pretendida, em face de inexistência de crédito disponível, pois o valor do DARF discriminado na PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débito declarado para a competência 05/2005. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.2), justificando o ocorrido da seguinte forma: 1. que parte de sua receita, no período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2006, estaria sujeita a alíquota zero de incidência do PIS e da COFINS, correspondente a produtos tributados no sistema monofásico, em face de grande volume de suas vendas serem Chopp, cervejas e refrigerantes; 2. por ter ocorrido a tributação normal de seu faturamento no período acima mencionado, efetuou o recolhimento de PIS e COFINS em valores maior que o devido; 3. constatado o erro na apuração dos impostos fez a retificação da DIPJ e passou a realizar as compensações a partir de março/2006 através de PER/DCOMP; 4. ao tomar conhecimento do Despacho Decisório procurou o Plantão Fiscal da Receita Federal e foi orientado a apresentar DCTF retificadora, para demonstrar o correspondente crédito passível de compensação; 5. ao final pede deferimento da compensação praticada; Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 4ª Turma da DRJ/BSB, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujos fundamentos encontramse sintetizados na ementa assim elabora: Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10166.908077/200937 Acórdão n.º 3001000.263 S3C0T1 Fl. 4 3 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAISDCTF RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de DCTF retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls. 31) contra a decisão de primeiro grau, com o intuito de ver seu pedido atendido, repisa os fatos e apela para busca da verdade material no processo administrativo; menciona outros julgados do CARF condescendentes a juntada de novos documentos probatórios com o recurso voluntário; que em face de ter havido o pagamento a maior que o devido, como bem demonstra as planilhas anexadas, tem o direito de realizar compensações do tributo e espera a compensação do crédito informado em PER/DCOMP. Do julgamento do Recurso Voluntário A 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, no acórdão de nº 3803003.614, sessão de 24/10/2012, negou provimento por unanimidade de votos, ratificando a decisão de piso. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10166.908077/200937 Acórdão n.º 3001000.263 S3C0T1 Fl. 5 4 Do Recurso Especial Cientificado da decisão de Segundo Grau a interessada tempestivamente ingressou com Recurso Especial. Primeiramente expôs os pressupostos de admissibilidade e com base no formalismo moderado (Lei nº 9.784/99), também, no princípio da razoabilidade que se aplicado com cautela, equilíbrio, moderação e harmonia, bem pode conduzir aos efeitos desejados. Esclarece ainda, “que a juntada de novos documentos no Recurso Voluntário tem respaldo sim no processo administrativo fiscal, no princípio da legalidade e o da verdade material que orienta e autoriza a Administração Pública a aceitar e buscar as provas que venham a demonstrar, a posteriori, a existência de vícios que tornem ilegal o ato administrativo. Os processos administrativos de que resultem sanções ao contribuinte poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício”. Adota como paradigma decisões da 2ª Seção de Julgamento do CARF que demonstram divergência de entendimento, com relação a possibilidade de juntada de novos documentos com o recurso voluntário, onde se destaca o seguinte trecho: “Não sendo suficientes os documentos juntados com a impugnação, mas vindo o contribuinte a trazêlos na fase recursal, é de se acatar a prova apresentada, em homenagem ao princípio da instrumentalidade do processo e da busca da verdade material que orienta o processo administrativo tributário”. Em suas razões finais pede para declarar nulo o Acórdão da 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, por ofensa aos princípios da busca da verdade material e do formalismo moderado. Do exame de Admissibilidade do Recurso Especial Presentes os pressupostos de admissibilidade o Recurso Especial foi admitido, pois “a matéria foi prequestionada no acórdão recorrido, os paradigmas apresentados foram proferidos por colegiados distintos do da decisão recorrida e não sofreram reforma, restou demonstrada a divergência alegada e não foi constatado que as teses paradigmas tenham sido superadas pela CSRF”. Com base no fundamento do RICARF o exame de admissibilidade foi submetido ao Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, que aprovou e encaminhou à Câmara Superior de Recursos Fiscais (3ª Turma) para prosseguimento. Da ciência do Despacho pela PFN Cientificada a PFN, a mesma apresentou contra razões ao recurso especial, requerendo que seja negado provimento, uma vez que o contribuinte não se desincumbiu do ônus probatório a seu encargo, é imperiosa a manutenção do acórdão recorrido. Da decisão do Recurso Especial Levado a julgamento o presente Recurso Especial pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, na data de 16/05/2017, Acórdão nº 9303005.084, por unanimidade de votos, dele tomou conhecimento e no mérito deulhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para análise do mérito do recurso voluntário, afastando a preclusão das provas. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10166.908077/200937 Acórdão n.º 3001000.263 S3C0T1 Fl. 6 5 É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Com base nas decisões acima apresentadas, incorridas no presente processo, ficou superada a preclusão de provas no processo administrativo tributário na forma como conduzido pela recorrente em seu recurso voluntário. Da mesma forma é de se reconhecer como válida a DCTF retificadora para fins de análise e posterior homologação dos créditos pretendidos. Portanto, em cumprimento ao dispositivo de sentença prolatada pela CSRF, procedese a análise de mérito do recurso voluntário, que restou prejudicada na decisão contida no acórdão proferido pela 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF. Em primeiro plano surgiu a apresentação de DCTF retificadora que tratou de acertar os corretos valores devidos de PIS e COFINS para o período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2006. Por ter sido apresentada, a DCTF retificadora, em data posterior a emissão do Despacho Decisório, a DRJ/BSB – 4ª Turma sustentou que essa simples entrega, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior; que incumbe ao sujeito passivo fazer a demonstração das provas que alega possuir, para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Esse fato relacionado a apresentação de DCTF retificadora em data posterior a emissão de Despacho Decisório, já tem entendimento assentado na jurisprudência deste Conselho. Citase, por exemplo, o julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante manteve decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário. De onde se extrai: “que a DCTF retificadora, nas hipóteses admitidas por lei, tem os mesmos efeitos da original, podendo ser admitida para comprovação da certeza e liquidez do crédito, ainda que transmitida após a prolação do despacho decisório”. Por outro lado “O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior”. A administração tributária nos dá orientação sobre o tema, através do Parecer Cosit nº 02/2015,de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10166.908077/200937 Acórdão n.º 3001000.263 S3C0T1 Fl. 7 6 prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. (...) Como antes dito, a liquidez e certeza do crédito tributário não se encerra com a simples DCTF retificadora, há outros indicativos a serem seguidos, sendo, por exemplo, os livros contábeis e fiscais, DIPJ, que de acordo com as razões recursais foram parâmetros utilizados para atestar o erro de declaração cometido. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: "Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. A premissa menor que compõe a ementa do acórdão do Recurso Especial, tratado nesse processo, resume com precisão a questão que envolve a apresentação de prova no processo administrativo tributário, “verbis”: Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário, após o julgamento de primeira instância administrativa, podem excepcionalmente ser apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material. Situação que se apresenta comum Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10166.908077/200937 Acórdão n.º 3001000.263 S3C0T1 Fl. 8 7 quando o indeferimento da compensação é efetuado por meio de despacho decisório eletrônico no qual não são apresentadas ao contribuinte orientações completas quanto aos documentos necessários à comprovação do direito de crédito. Merece ser reproduzido aqui, por oportuno, parte em destaque dos fundamentos do acórdão do Recurso Especial que determinou a análise de mérito nos presentes autos: A análise da compensação operada pelo contribuinte da qual resulta o despacho decisório, bem poderia conformarse ao mesmo modelo do procedimento de determinação e exigência de crédito tributário, caso fosse precedido de Termo de Verificação Fiscal, em procedimento manual, em que ficassem evidenciados os erros em que incorrera o contribuinte e a forma e providências necessárias que deveria suprir para elidir a apuração fiscal. É evidente que o despacho decisório eletrônico não cumpre esse desiderato, sendo sintética a formatação da decisão e o teor da sua intimação para a apresentação de defesa, não fornece ao contribuinte todos os elementos de que deve o interessado valerse, e exigíveis pela Administração, para subsidiála. Somente na decisão de primeira instância é que o julgador levanta a exigência das provas, por vezes apenas de forma genérica, diferentemente do que se deu no acórdão ora recorrido, que especificou ser este respaldo a escrita contábil/fiscal. Desse modo, o art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72 deve ser interpretado com parcimônia para este modelo de rito processual administrativo, sobretudo quando o conteúdo da sua letra “c” permite o enquadramento desta situação, quando sobreleva o risco de cerceamento da ampla defesa do contribuinte, quando irrelevase o princípio da verdade material, que informa o PAF, e o da moralidade, que rege os atos da Administração, a impedir a exigência de tributo já quitado ou não repetir o indébito. O fato material que resultou em revisão de base de cálculo do PIS/COFINS, diz respeito a não exclusão do total de suas vendas mensais realizadas no período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2006, dos valores correspondentes às saídas de produtos enquadrados no regime MONOFÁSICO de tributação, instituído pela Lei 10.147/2000. Tal regime consiste em mecanismo semelhante à substituição tributária, pois atribui a um determinado contribuinte a responsabilidade pelo tributo devido em toda cadeia produtiva ou de distribuição subsequente. O art. 2º da Lei 10.147/2000 define que: “São reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art. 1o, pelas pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador”. Com respaldo nessa previsão legal a recorrente sustentou em sua manifestação de inconformidade, que realizou grande volume de vendas de Chopp, cervejas e refrigerantes, sujeitos ao regime monofásico e que efetivamente foram tributados pelo regime normal de incidência do PIS/COFINS. A revisão de cálculo dessas contribuições é que Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10166.908077/200937 Acórdão n.º 3001000.263 S3C0T1 Fl. 9 8 redundou em saldo credor pelo pagamento a maior que o devido e objeto dos pedidos de compensação via PER/DCOMP. As DCTFs retificadoras nada mais representam, conforme os argumentos de defesa, do que o repasse ao fisco dos corretos valores devidos de PIS e COFINS do período antes mencionado. Caso a unidade julgadora de primeiro grau tivesse remetido os autos a unidade de origem para que promovesse a análise das DCTFs retificadoras, talvez o deslinde do litígio tivesse outro rumo. As razões recursais reforçam essa tese com a juntada de provas que evidenciam as operações com produtos enquadrados no regime monofásico, planilhas e livros fiscais, plenamente vinculados ao objeto da recorrente. Não reconhecer a análise de mérito de todas as operações realizadas pelo sujeito passivo para o período que deu causa ao levantamento do crédito pleiteado, é incorrer em cerceamento do amplo direito de defesa, desrespeito ao princípio da verdade material e o da moralidade que rege os atos da Administração Pública, em não impedir exigência de tributo já quitado ou não repetir o indébito. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com as provas disponibilizadas pela recorrente ou requerendo outras que entender pertinente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.905171/2012-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.166
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10675.905171/2012-90
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5851362
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-001.166
nome_arquivo_s : Decisao_10675905171201290.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : WINDERLEY MORAIS PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10675905171201290_5851362.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
id : 7198502
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011457028096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1636; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 129 1 128 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10675.905171/201290 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.166 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 27 de fevereiro de 2018 Assunto COMPENSAÇÃO Recorrente ALGAR TELECOM S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face de decisão da DRJ Juiz de Fora/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que não homologara a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento informado havia sido localizado mas utilizado na quitação de débitos do contribuinte. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte alegou haver transmitido DCTF retificadora na qual se confirmou o seu crédito e que o quantum informado e pleiteado no PER/DComp era suficiente para a homologação da compensação declarada. Requereu, ainda, a juntada do presente processo a outro processo administrativo alegando haver conexão entre eles. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 75 .9 05 17 1/ 20 12 -9 0 Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10675.905171/201290 Resolução nº 3201001.166 S3C2T1 Fl. 130 2 A decisão da Delegacia de Julgamento, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de apresentação de prova documental por parte do interessado que pudesse embasar o indébito tributário alegado. Apontou a autoridade julgadora de primeira instância que a simples retificação da DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não era hábil à modificação do Despacho Decisório. Cientificado da decisão de piso, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e, sucintamente, reiterou a existência do crédito postulado, anexando documentação complementar com vista à comprovação do direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3201001.164, de 27/02/2018, proferido no julgamento do processo 10675.905169/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.164): Como relatado, discutese no presente feito a legitimidade de crédito postulado pela Recorrente por meio de PER/DCOMP, correspondente à apuração de COFINS não cumulativa. De acordo com o PER/DCOMP apresentado, o crédito postulado teve origem no pagamento indevido ou a maior de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS. Consoante Despacho Decisório Eletrônico proferido, o crédito indicado seria inexistente, posto que o recolhimento do DARF em questão teria sido integralmente utilizado para a quitação de débito de COFINS declarado pelo próprio contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente aduz que o crédito utilizado é legítimo, informando que: Visando recuperar o crédito tributário acima apontado, a Manifestante providenciou a retificação da DCTF em 04/02/2011, conforme atesta o recibo de entrega nº 35.35.13.86.29.00, e a retificação do DACON em 27/01/2011, consoante atesta o recibo de entrega nº 1078177135. Diante da regular constituição do crédito tributário, através da retificação das obrigações acessórias acima mencionadas, a Manifestante transmitiu o PER/DCOMP nº 33828.46086.280111.1.3.042016 para a Receita Federal do Brasil em 28/01/2011 para compensar o seu lídimo crédito tributário com outros débitos tributários de sua titularidade. Foram anexadas à Impugnação cópias das declarações mencionadas. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10675.905171/201290 Resolução nº 3201001.166 S3C2T1 Fl. 131 3 A Delegacia da Receita Federal indeferiu a Manifestação apresentada ao argumento de que a "compensação é realizada mediante entrega da DCOMP. Assim, o crédito informado deve existir na data da transmissão dessa Declaração" Com efeito, não resta dúvidas de que a retificação da DCTF da Recorrente ocorreu após a transmissão do PER/DCOMP, muito embora esta tenha ocorrido anteriormente à emissão do Despacho Decisório Eletrônico. Não obstante, embora não afaste a possibilidade de revisão do lançamento, a partir dos documentos apresentados pela Recorrente em sede de Manifestação de Inconformidade, entendeu a Turma Julgadora de origem que os documentos apresentados não seriam suficientes para a análise do crédito postulado: Entretanto, a contribuinte limitouse a apresentar a DCTF retificadora e a informar que o crédito decorre da retificação da DCTF. Nada mais foi trazido, como, por exemplo, escrituração contábil, documentos fiscais ou quaisquer outros documentos hábeis e idôneos que demonstrassem a liquidez e certeza do direito creditório pretendido. No presente caso, somente a apresentação de documentos integrantes da escrituração contábil e fiscal da empresa poderiam comprovar o montante do tributo devido no período, e que, desta forma, o pagamento indevido ou a maior efetuado em DARF daria ao interessado crédito passível de ser compensado. São os livros fiscais e contábeis mantidos pelo contribuinte, os elementos capazes de fornecer à Fazenda Nacional conteúdo substancial válido juridicamente para a busca da verdade material dos fatos. Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente reafirma os argumentos de defesa e, diante dos fundamentos do acórdão recorrido, acrescenta aos autos cópia do seu balancete contábil. Na hipótese dos autos, não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos, além do fato de que a retificação da sua DCTF ocorreu antes da emissão do despacho decisório. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal. Desse modo, voto por CONVERTER O FEITO EM DILIGÊNCIA para que a Autoridade Preparadora efetue a análise do Pedido de Compensação com base nos dados informados em DCTF retificadora, transmitida anteriormente ao Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10675.905171/201290 Resolução nº 3201001.166 S3C2T1 Fl. 132 4 despacho decisório, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entenda necessário. Após a manifestação fiscal, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. Da mesma forma que ocorreu no paradigma, neste processo, o contribuinte retificou a DCTF depois da transmissão do PER/DComp mas antes da ciência do despacho decisório. Apesar de o processo paradigma se referir apenas à Cofins, o mesmo raciocínio desenvolvido se aplica também à contribuição para o PIS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora efetue a análise da Declaração de Compensação com base nos dados informados em DCTF retificadora, transmitida anteriormente ao despacho decisório, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entender necessários. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao Contribuinte para que se manifeste acerca do resultado da diligência. Concluída a instrução do feito, retornem os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 132DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.720968/2011-17
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO
CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE.
No âmbito específico dos pedidos de ressarcimento/compensação, é ônus
da contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do
direito creditório pleiteado.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE.
Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à
adequada solução da lide, deve ser indeferido, por prescindível, o pedido
de diligência/perícia posto na peça contestatória.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS.
Regra geral, as decisões administrativas têm eficácia interpartes, não sendo
lícito estender seus efeitos a outros processos, não só por ausência de
permissivo legal para isso, mas também em respeito às particularidades de
cada litígio.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007
REGIME NÃO-CUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE UTILIZAÇÃO.
O crédito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, devendo ser utilizado somente para a dedução da contribuição apurada no regime de incidência não-cumulativa.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL.
A pessoa jurídica sujeita à cobrança não-cumulativa que aufira receitas submetidas a diversas fontes (vinculadas a operações de mercado interno; mercado interno não tributadas - isenção, alíquota zero e não-incidência - e exportação), no caso de custos, despesas e encargos vinculados a todas as espécies de receitas, calculará os créditos correspondentes a cada espécie de receita pelo método de apropriação direta ou de rateio proporcional, a seu critério. No método de rateio proporcional, aplica-se aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta de cada espécie de receita e a receita bruta total, auferidas em cada mês, considerados todos os estabelecimentos da pessoa jurídica.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3001-000.290
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleber Magalhães - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: CLEBER MAGALHAES
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. No âmbito específico dos pedidos de ressarcimento/compensação, é ônus da contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado. PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, deve ser indeferido, por prescindível, o pedido de diligência/perícia posto na peça contestatória. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. Regra geral, as decisões administrativas têm eficácia interpartes, não sendo lícito estender seus efeitos a outros processos, não só por ausência de permissivo legal para isso, mas também em respeito às particularidades de cada litígio. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REGIME NÃO-CUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE UTILIZAÇÃO. O crédito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, devendo ser utilizado somente para a dedução da contribuição apurada no regime de incidência não-cumulativa. REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. A pessoa jurídica sujeita à cobrança não-cumulativa que aufira receitas submetidas a diversas fontes (vinculadas a operações de mercado interno; mercado interno não tributadas - isenção, alíquota zero e não-incidência - e exportação), no caso de custos, despesas e encargos vinculados a todas as espécies de receitas, calculará os créditos correspondentes a cada espécie de receita pelo método de apropriação direta ou de rateio proporcional, a seu critério. No método de rateio proporcional, aplica-se aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta de cada espécie de receita e a receita bruta total, auferidas em cada mês, considerados todos os estabelecimentos da pessoa jurídica. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10820.720968/2011-17
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5854123
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3001-000.290
nome_arquivo_s : Decisao_10820720968201117.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CLEBER MAGALHAES
nome_arquivo_pdf_s : 10820720968201117_5854123.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente (assinado digitalmente) Cleber Magalhães - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
id : 7233537
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011461222400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1837; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 2 1 1 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10820.720968/201117 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.290 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 14 de março de 2018 Matéria PASEP Recorrente LATICÍNIOS ZACARIAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. No âmbito específico dos pedidos de ressarcimento/compensação, é ônus da contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório pleiteado. PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, deve ser indeferido, por prescindível, o pedido de diligência/perícia posto na peça contestatória. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. Regra geral, as decisões administrativas têm eficácia interpartes, não sendo lícito estender seus efeitos a outros processos, não só por ausência de permissivo legal para isso, mas também em respeito às particularidades de cada litígio. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO. FORMA DE UTILIZAÇÃO. O crédito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, devendo ser utilizado somente para a dedução da contribuição apurada no regime de incidência nãocumulativa. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 72 09 68 /2 01 1- 17 Fl. 191DF CARF MF 2 A pessoa jurídica sujeita à cobrança nãocumulativa que aufira receitas submetidas a diversas fontes (vinculadas a operações de mercado interno; mercado interno não tributadas isenção, alíquota zero e nãoincidência e exportação), no caso de custos, despesas e encargos vinculados a todas as espécies de receitas, calculará os créditos correspondentes a cada espécie de receita pelo método de apropriação direta ou de rateio proporcional, a seu critério. No método de rateio proporcional, aplicase aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta de cada espécie de receita e a receita bruta total, auferidas em cada mês, considerados todos os estabelecimentos da pessoa jurídica. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Cleber Magalhães Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório Por bem resumir os fatos, adoto o relatório produzido pelo tribunal de origem, a 2ªTurma da DRJ/Porto Alegre (efl. 255 e ss): Trata o presente processo de análise e acompanhamento de PER/DCOMP transmitido pela contribuinte em 01/02/2008 (depois retificado em13/09/2008), através do qual pretendeu ressarcimento de valores credores de PIS nãocumulativo vinculados à receita do mercado interno relativos ao 3º trimestre de 2006.Houve transmissão de DCOMPs. A repartição fiscalizadora efetuou auditoria e produziu Parecer SAORT, tendo sido emitido Despacho Decisório. Nesse deferiu se parcialmente o pedido de ressarcimento relativo ao PIS não cumulativo vinculado à receita de mercado interno (4º trimestre de 2007), homologandose declarações de compensação até o limite do crédito disponível Restou crédito remanescente. Do Parecer e do Despacho Decisório a apresentou manifestação de inconformidade onde argumentou (de forma resumida): Exigência Fiscal fundada em período homologado tacitamente extinção do crédito tributário Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10820.720968/201117 Acórdão n.º 3001000.290 S3C0T1 Fl. 3 3 • a notificação em combate está contemplando o terceiro trimestre de 2006, sendo que a ciência foi no mês de setembro de 2011. Esse período de apuração já estaria abrangido pelo prazo prescricional, eis que passados mais de 05 (cinco) anos para o Fisco se manifestar sobre os pedidos de ressarcimento, o lançamento tributário está tacitamente homologado (art. 150, § 4º, do CTN). Logo, extinta qualquer possibilidade de constituí lo; • considerando que entre a data do protocolo do pedido de ressarcimento e a ciência da decisão passaramse mais de 05 (cinco) anos, o lançamento em destaque está tacitamente homologado e o crédito tributário definitivamente extinto; • não só os lançamentos efetuados no período apontado foram homologados tacitamente. Qualquer crédito tributário que se pretenda constituir já se encontrará extinto. Vale dizer, não há como constituir um crédito tributário quando ele, por imposição legal, se encontra extinto. Aquisição de mercadorias para revenda não sujeitas ao pagamento das contribuições • a autoridade fiscalizadora constatou que a empresa adquiriu e revendeu mercadorias não sujeitas ao pagamento das contribuições (sujeitas à alíquota zero). Excluiu, então, da base de cálculo dos créditos os valores das receitas de vendas daquelas mercadorias, cujas aquisições não se sujeitaram ao pagamento das contribuições. Mas as mercadorias adquiridas com alíquota zero não foram computadas na base de cálculo do crédito. Não caberia, portanto, nenhuma exclusão por parte do agente fiscalizador. Crédito presumido da agroindústria • a autoridade fiscalizadora alega que o crédito presumido não pode ser apropriado proporcionalmente às receitas de exportação. Disse que partir de agosto de 2004 esse crédito só pode ser utilizado para compensação das contribuições (PIS/COFINS) e que deveria ser informado integralmente na coluna de créditos vinculados ao mercado interno. Mas não há fundamento legal na legislação de regência do PIS/COFINS que impeça a apropriação do crédito presumido das atividades agroindustriais proporcionalmente à receita de exportação; • a autoridade fiscalizadora alega, ainda, que o crédito presumido das agroindústrias apurado após agosto de 2004, não pode ser utilizado para fins de ressarcimento ou compensação com outros tributos administrados pela RFB. No entender do agente fiscalizador, somente são passíveis de ressarcimento os créditos previstos nas Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003. Como o crédito presumido agroindústria está previsto no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, não existe previsão para o ressarcimento do mesmo. Fl. 193DF CARF MF 4 Utilização do crédito presumido • com base no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, a empresa, ao adquirir leite in natura dos produtores rurais, calculou o crédito presumido sobre estas aquisições. Considerando que a maioria das receitas de vendas é tributada à alíquota zero, esses créditos não são totalmente utilizados, acabando por gerar um saldo credor em conta gráfica; • o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2005, não só não impede o creditamento, mas textualmente garante a manutenção de crédito presumido sobre as aquisições de pessoas físicas quando as vendas forem efetuadas à alíquota zero; • a autoridade fiscalizadora entendeu que o art. 8º da Lei n° 10.925, de 2004, previa o crédito apenas para dedução de débitos próprios de PIS/COFINS devidos em cada período de apuração, e que, portanto, não haveria previsão legal para o ressarcimento do crédito presumido; • a limitação do crédito presumido imposta pelo art. 9º da Lei n° 11.051, de 2004, aplicase somente aos bens recebidos de cooperados. Mas as operações da empresa (aquisição de leite in natura) são advindas de produtores e o restante são de produtores não associados. Daí a razão do acúmulo de créditos de PIS/COFINS. Assim, não há se falar em limitação de crédito presumido sobre as aquisições de leite in natura de pessoas físicas não associadas à empresa. A porcentagem de aquisição advindas dos cooperados não é suficiente para saldar o débito do imposto gerado em cada período. Portanto, todo o crédito presumido que sobra em conta gráfica é de terceiros não associados, razão pela qual dever ser mantido integralmente o direito ao crédito presumido sobre a aquisição de leite in natura de pessoas físicas não associadas. Rateio proporcional das receitas de vendas tributadas e não tributadas no mercado interno • a empresa identificou todos os insumos e despesas de produção que são vinculados diretamente à receita não tributada no mercado interno (como é o caso das embalagens do leite UHT), os tendo apropriado diretamente na coluna Não Tributadas no Mercado Interno. O mesmo foi feito com os custos e despesas vinculados à receita tributada; • como existem custos e despesas de uso comum (por exemplo, energia elétrica), esses foram rateados proporcionalmente à receita bruta auferida. Ocorre que a autoridade fiscalizadora, após fazer os ajustes na base de cálculo do PIS/COFINS, utilizou o critério de rateio para todos os custos e despesas, sem considerar os valores que foram apropriados diretamente na coluna específica, distorcendo assim o valor do crédito a ser ressarcido; • nas memórias de cálculo apresentadas para a autoridade fiscalizadora, foi demonstrado detalhadamente os critérios de rateio ou de apropriação direta de cada tipo de insumo. Portanto, o entendimento utilizado pelo Fisco além de não refletir a realidade, também contraria as orientações específicas para o preenchimento do DACON, razão pela qual não merece Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10820.720968/201117 Acórdão n.º 3001000.290 S3C0T1 Fl. 4 5 prosperar o critério de rateio utilizado pela autoridade fiscalizadora. Requerimentos • a empresa requer: a) o recebimento e processamento de sua manifestação de inconformidade, bem como dos documentos que a acompanham; b) que seja dado provimento a sua manifestação de inconformidade para o fim de, reformandose o Despacho Decisório: 1. declarar o direito da empresa de ser restituída de créditos de COFINS nãocumulativos, visto que o crédito está tácita e definitivamente homologado; 2. sejam homologados os dados inseridos pela empresa e apurados em DACONs que comprovam o direito ao crédito; 3. seja reconhecido o direito creditório em favor da empresa; 4. sejam declaradas homologadas as compensações realizadas em decorrência dos créditos mencionados; 5. seja, no caso do não reconhecimento do direito creditório, designada perícia em diligência ao estabelecimento da empresa, para a verificação in loco dos documentos e dos processos de industrialização. A repartição preparadora remeteu o processo para julgamento. A DRJ/Porto Alegre retrucou as alegações da Recorrente, confirmando o entendimento da autoridade lançadora. No Recurso Voluntário, a Recorrente, em suma, repete as alegações já expressas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Cleber Magalhães Relator. O limite da competência das Turmas Extraordinárias do CARF é de sessenta salários mínimos, segundo o 23B, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017. O valor do saláriomínimo nacional é de R$ 954,00, segundo Decreto nº 9.255, de 29 de dezembro de 2017. Dessa forma, o limite de valor de litígio para processos a serem julgados pelas turmas Fl. 195DF CARF MF 6 extraordinárias é de R$ 57.240,00. Como o valor em litígio é de R$ 16.448,31 (efl. 151), a análise do p.p. está dentro da alçada das turmas extraordinárias. Operações alcançadas pela alíquota zero (0%) Ao contrário do que alegado pela contribuinte, em seu Parecer a autoridade fiscalizadora referiu textualmente que a contribuinte tem direito ao ressarcimento ou à compensação de saldos credores de créditos básicos de PIS e Cofins, vinculados a receitas não tributadas (alíquota zero), obtidas no mercado interno, em relação aos insumos tributados que agregaram os valores das vendas de leite longa vida/pasteurizado, queijos tipo coalho, minas, prato, mussarela e ricota (tal afirmação consta, também, da ementa do Despacho Decisório). No entanto, para a finalidade de apuração de tais créditos, há de serem observadas as datas de início de vigência da legislação pertinente. Isso foi estabelecido no art. 1º, incisos XI, XII e XII, da Lei nº 10.925, de 2004, e nos arts. 1º, incisos X, XI, XII e XII, e 3º, com seus incisos, do Decreto nº 5.630, de 2005. Dessa forma: a) somente a partir de 30/12/2004 estabeleceuse a redução a zero das alíquotas de PIS/COFINS incidentes sobre a receita bruta de vendas de leite pasteurizado no mercado interno; b) quanto aos queijos tipo mussarela, minas, prato, queijo de coalho, ricota e requeijão, a redução da alíquota a zero produziu efeitos jurídicos a partir de 1°/03/2006; c) no que se refere às bebidas e compostos lácteos, queijo provolone e queijo parmesão, o efeito jurídico da redução das alíquotas das contribuições (PIS/COFINS) a zero deuse a partir de 15/06/2007. Atentese, ainda, que as planilhas demonstram que na base de cálculo dos créditos de PIS foram incluídas receitas vinculadas à venda de bens sujeitos à alíquota zero (a planilha de fl. 210 demonstra a utilização dos créditos da contribuição). Assim, entendese correta a interpretação dada pela autoridade fiscalizadora. Apuração de créditos presumidos. Aquisições de leite in natura. Produtores não associados Disse a contribuinte, também, que as aquisições de leite in natura são advindas dos produtores, o restante são de produtores não associados à Impugnante, portanto, daí a razão do acúmulo do crédito de PIS e COFINS. Assim, não há se falar em limitação de Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10820.720968/201117 Acórdão n.º 3001000.290 S3C0T1 Fl. 5 7 crédito presumido sobre as aquisições de leite in natura de pessoas físicas não associadas à Impugnante. Consoante referido no item anterior, ficou garantido o direito ao ressarcimento/compensação de créditos básicos da contribuição, apurados nos termos do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, vinculados a receitas não tributadas (alíquota zero), cujas vendas foram realizadas no mercado interno, em relação a determinados produtos (leite longa vida/pasteurizado, queijos tipo coalho, minas, prato, mussarela e ricota). Observese que em planilha consta: O crédito básico, vinculado à receita não tributada, pode ser ressarcido ou compensado com outros tributos pela empresa. No que tange a eventuais créditos presumidos (art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004), decorrentes da aquisição de leite in natura de pessoas físicas, desde que satisfeitos os requisitos da legislação de regência, as pessoas jurídicas produtoras de determinados produtos (entre elas, queijos dos tipos mozarela, ricota, provolone e parmesão) fazem jus a créditos presumidos do PIS no regime da nãocumulatividade. No entanto, como se verá no item posterior, esses créditos não poderão ser objeto de compensação com tributos e contribuições administrados pela RFB, nem de pedido de ressarcimento em dinheiro. Atentese, ainda, que nas planilhas estão demonstrados, para o trimestre em questão, os valores provenientes do crédito presumido da atividade agroindustrial (leite adq pes física e/ou jur com suspensão), sendo que para este trimestre foi encontrada receita com suspensão de tributação para todos os meses. No mais, a verificação do Parecer produzido pela autoridade fiscalizadora permite inferir que ela referiu apenas aos casos de vendas com suspensão (art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, com a redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004), no que tange à data de validade de tais operações (no 3º trimestre de 2006 já era possível efetuar vendas com a referida SUSPENSÃO, condicionada ao atendimento do disposto no art. 4º da IN SRF no 660, de 2006). Não consta que, no caso dos autos, tivesse havido glosa de créditos advindos de operações praticadas com pessoas jurídicas. Ao contrário, as planilhas contemplam, na base de cálculo dos créditos, receitas provenientes da venda de bens com suspensão. Para contestar tal item, a contribuinte diz que o Fisco fez referência ao art. 9º da Lei nº 11.051, de 2004. Mas isso não procede, eis que tal artigo nada tem a ver com a Fl. 197DF CARF MF 8 situação exposta. Aquele artigo trata da apuração de eventual crédito presumido a ser apurado sobre bens recebidos de cooperados. Não consta que a manifestante (interessada) seja cooperativa, eis que, segundo o Parecer produzido pela repartição fiscalizadora, a empresa interessada é uma sociedade limitada, cujo objeto social é a fabricação de laticínios. Essa empresa é optante pelo Lucro Real (forma de tributação do IR), sujeitandose, portanto, à apuração de PIS/COFINS no regime nãocumulativo. Na verdade, a autoridade fiscal referiu ao art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, com a redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004, o que, evidentemente, não é a mesma coisa. Portanto, presumese correto o entendimento do Fisco quanto a este item. Regime nãocumulativo. Apuração de crédito presumido. Forma de utilização (Art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004) A forma de utilização do crédito presumido apurado de acordo com o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, constou claramente de disposições do ADI SRF nº 15, de 2005 (dispôs sobre o crédito presumido de que tratam os arts. 8º e 15 da citada Lei): Art. 1º O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. º e 15, somente pode ser utilizado para deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência nãocumulativa. Art. 2º O valor do crédito presumido referido no art. 1º não pode ser objeto de compensação ou de ressarcimento, de que trata a Lei nº 10.637, de 2002, art. 5º, § 1º, inciso II, e § 2º, a Lei nº 10.833, de 2003, art. 6º,§ 1º, inciso II, e § 2º, e a Lei nº 11.116, de 2005, art. 16. Nesse ponto, pertinente transcreverse parte de julgado do STJ: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N. 10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE. 1. Ambas as Turmas integrantes da Primeira Seção desta Corte Superior firmaram entendimento no sentido de que o ato declaratório interpretativo SRF 15/05 não inovou no plano normativo, mas apenas explicitou vedação que já estava contida na legislação tributária vigente. 2. Precedentes: REsp 1233876/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, Dje 1.4.2011; e REsp 1118011/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje 31.8.2010. 3. Recurso especial não provido. (REsp nº 1.240.954/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe: 21/06/2011) Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10820.720968/201117 Acórdão n.º 3001000.290 S3C0T1 Fl. 6 9 Observada a normatização de regência, verificase que o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, dispunha que as pessoas jurídicas poderão deduzir da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração o crédito presumido ali tratado. No normativo referido ou na Lei não há qualquer previsão de utilização de tal crédito, que não a mera dedução da contribuição devida. Atentese que a compensação e o ressarcimento admitidos pelo art. 5º da Lei nº 10.637, de 2002, respeitam unicamente aos créditos apurados na forma do art. 3º da referida Lei, donde a conclusão inevitável é a de que o crédito presumido tratado no art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, destinase unicamente à dedução dos valores devidos a título de PIS no período de apuração. Devese atentar que, conforme o caso, se mostra cabível a bservação das disposições contidas na Lei nº 12.058, de 2009, com suas alterações, especialmente seu art. 33 e parágrafos com seus incisos, bem como na IN RFB nº 977, de 2009 (em especial os arts. 11, 12 e 13). Nesse passo, entendese correto o entendimento da autoridade fiscal. Rateio proporcional. Planilha Cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, bem como da proporção a ser utilizada no rateio dos créditos básicos Conforme assentou o agente fiscalizador em seu Parecer, procedeuse à separação dos valores de créditos básicos das contribuições relativos a insumos (bens e serviços), produtos adquiridos para revenda, energia elétrica, despesas de arrendamento mercantil e depreciação de bens, vinculados às vendas de leite longa vida, leite pasteurizado, leite cru refrigerado e queijos, daqueles vinculados às vendas dos demais produtos. Alegou a manifestante ter identificado todos os insumos e despesas de produção vinculados diretamente à receita não tributada no mercado interno (caso das embalagens do leite UHT), apropriandoas diretamente na coluna Não Tributadas no Mercado Interno do DACON. Disse ter feito o mesmo com os custos e despesas vinculados à receita tributada, bem como ter rateado Fl. 199DF CARF MF 10 custos e despesas de uso em comum (energia elétrica) proporcionalmente à receita bruta auferida. No caso do PIS nãocumulativo, o regramento da questão foi estabelecido pelos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002. Esses parágrafos foram regulamentados pelo art. 40 da IN SRF nº 594, de 2005 (com seus parágrafos). Dados Iniciais da Dacon, conforme as seguintes instruções copiadas do Ajuda do programa: Ficha 01 Dados Iniciais (...) Método de Determinação dos Créditos O programa possibilita o preenchimento do campo "Método de Determinação dos Créditos", conforme o regime de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins adotado. I) no caso do Regime NãoCumulativo: a) Vinculados à Receita Auferida Exclusivamente no Mercado Interno Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo Demonstrativo, auferir apenas receitas sujeitas à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes exclusivamente de atividades no mercado interno. b) Vinculados à Receita Auferida no Mercado Interno e de Exportação Deve selecionar este campo a pessoa jurídica que, no período abrangido pelo Demonstrativo, auferir receitas sujeitas à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e efetuar concomitantemente: I operações de vendas de produtos ou prestação de serviços no mercado interno; e II exportação de produtos para o exterior ou prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, ou vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Neste caso, a pessoa jurídica deve indicar o método por ela escolhido, dentre os seguintes: b.1) Com Base na Proporção dos Custos Diretamente Apropriados – que consiste na determinação dos créditos através do método de apropriação direta previsto no inciso I do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou b.2) Com Base na Proporção da Receita Bruta Auferida – que consiste na determinação dos créditos através do método de rateio proporcional previsto no inciso II do § 8º do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, aplicandose aos custos, Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10820.720968/201117 Acórdão n.º 3001000.290 S3C0T1 Fl. 7 11 despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Atenção: 1) O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito deve ser: a) aplicado consistentemente por todo o anocalendário; b) adotado para todos os custos, despesas e encargos comuns; e c) adotado igualmente na apuração dos créditos relativos à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins nãocumulativa. 2) Deve também selecionar este campo a pessoa jurídica que auferir receitas nãotributadas no mercado interno que geram direito a crédito, concomitantemente, com receitas tributadas e/ou com exportação. Ademais, nas instruções de preenchimento da Ficha 06A do DACON, o "Ajuda" oferece mais explicações sobre os métodos de determinação dos créditos, inclusive apresentado alguns exemplos (a título ilustrativo, devese observar que através da IN RFB nº 1.441, de 2014, o DACON foi extinto relativamente a fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014. No entanto, permaneceu obrigatória a entrega do DACON para fatos geradores ocorridos até 31/12/2013). Em conformidade com a IN SRF nº 594, de 2005 (art. 40, § 1º, inciso II), aplicase aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta de cada espécie de receita e a receita bruta total, auferidas em cada mês, sendo consideradas, portanto, as receitas de todos os estabelecimentos da pessoa jurídica. Devese observar, também, que a legislação aplicável determina, na hipótese de que a contribuinte aufira receitas de exportação e de outras fontes, que seja feito um rateio proporcional com o objetivo de definir os créditos relacionados a uma e outra origem. Consoante a planilha, o agente fiscal apontou precisamente os percentuais estabelecidos para as receitas tributadas no mercado interno e para as receitas sujeitas à alíquota zero, tendo como fundamento informações/documentos apresentados pela contribuinte, em especial memórias de cálculo (planilhas Excel) onde restaram demonstradas as fórmulas utilizadas no cálculo e os critérios de rateio e apropriação de créditos vinculados à receita tributada e não tributada no mercado interno. A contribuinte, por sua vez, nada trouxe de novo aos autos que comprovasse, de forma clara e objetiva, os argumentos propostos. Tal demonstração, no caso das pessoas jurídicas, está, no mais das vezes, associada a uma conciliação entre registros contábeis e documentos que dêem respaldo a tais registros. Em regra, cumpre ao contribuinte vincular registros contábeis a documentos fiscais, estabelecendo Fl. 201DF CARF MF 12 com clareza a natureza das operações por eles instrumentadas, não lhe sendo lícito contestar, de forma simplista e genérica, as conclusões a que chegou o Fisco, após análise de documentação apresentada/coletada. Atentese que a atividade de provar não se limita a simplesmente juntar documentos/relações/planilhas aos autos; nos casos em que se tem inúmeros registros associados a inúmeros documentos, provar significa associar registros e documentos de forma individualizada. Ademais, a autoridade fiscal constatou, em consonância com os DACONs transmitidos pela contribuinte, que para o período objeto da verificação inexistiam créditos básicos vinculados a receitas obtidas no mercado externo, tendo confirmado a apuração de créditos básicos decorrentes de aquisições no mercado interno e vinculados a receitas obtidas no mercado interno, tributadas e não tributadas, e de créditos presumidos relacionados às atividades agroindustriais. Portanto, não poderia ela afirmar que o crédito presumido não pode ser apropriado proporcionalmente às receitas de exportação (não consta tal assentamento no Parecer que produziu). Dessa forma, entendemse corretos os cálculos feitos pelo Fisco. Ônus da Prova Da delimitação do onus probandi depende a definição de grande parte das responsabilidades processuais. Assim é nas relações de direito privado e, igualmente, nas relações de direito público, dentre as quais as relacionadas à imposição tributária. No caso em tela, tratase de processo administrativo em que se discute a existência de direito de crédito utilizado por contribuinte, mediante os meios legalmente previstos. No que se referente à repartição do ônus da prova nas questões litigiosas, a legislação processual administrativotributária inclui disposições que, em regra, reproduzem aquele que é, por assim dizer, o princípio fundamental do direito probatório, qual seja o de que quem acusa e/ou alega deve provar. Assim é que, nos casos de lançamentos de ofício, não basta a afirmação, por parte da autoridade fiscal, de que ocorreu o ilícito tributário; ao contrário, é fundamental que a infração seja devidamente comprovada, como se depreende do § 1º do art. 38 do Decreto n.º 7.574, de 2011, que determina que os autos de infração/notificações de lançamento deverão ser instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do fato motivador da exigência. Esse, portanto, o quadro nos lançamentos de ofício: à autoridade fiscal incumbe provar, pelos meios de prova admitidos Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10820.720968/201117 Acórdão n.º 3001000.290 S3C0T1 Fl. 8 13 pelo direito, a ocorrência do ilícito; ao impugnante, cabe o ônus de provar o teor das alegações que contrapõe às provas ensejadoras do lançamento. Entretanto, nos casos de utilização de direito creditório pelos contribuintes o quadro resta modificado. Quando a situação posta se refere a desconto, restituição, compensação ou ressarcimento de créditos, é atribuição deles a demonstração da efetiva existência do direito pretendido. O CPC, aplicável subsidiariamente ao Decreto citado, estabelece que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto a fato constitutivo do seu direito (art. 333). Assim, em qualquer dos tipos de repetição é exigida a apresentação dos documentos comprobatórios da existência do direito creditório como prérequisito ao conhecimento do direito pretendido pelos contribuintes; ausentes os documentos que atestem, de forma inequívoca, a origem e a natureza do crédito, o pedido/declaração fica inarredavelmente prejudicado. Portanto, em entendendo a autoridade fiscal que os documentos/informações produzidas pelos contribuintes durante o procedimento fiscal não se mostram bastantes e suficientes para demonstrar, de forma inequívoca, o crédito pretendido, ou entendendo inexistente o crédito, em razão de que as operações demonstradas pela interessada não são enquadráveis nas hipóteses de creditamento legalmente previstas, cabe a este negar direito, total ou parcialmente, explicitando claramente sua motivação. Neste caso, cabe aos contribuintes, em defesa ao crédito pretendido, provar o teor das alegações contrapostas aos argumentos da autoridade fiscal para não acatar, total ou parcialmente, o alegado crédito. Importante é que, não basta aos contribuintes apenas alegar sem provar; não basta, simplesmente vir aos autos discordando do entendimento do fiscal, afirmando possuir o direito ao crédito. Os contribuintes devem ser capazes de comprovar cabalmente o direito alegado, demonstrando sua conformidade com os dispositivos legais de regência. Salientese, ainda, que no âmbito de um procedimento fiscal de análise de direito creditório, todas as declarações, informações, documentos e registros contábeis elaborados pelos contribuintes somente fazem prova a seu favor perante o Fisco quanto à existência de direito pretendido, se calcados em documentos fiscais, hábeis e idôneos. Fl. 203DF CARF MF 14 No caso em tela, entendese que a contribuinte não conduziu aos autos elementos necessários à comprovação de suas alegações. Limitouse a afirmar a existência dos pretendidos créditos, nada apresentando de novo. No entanto, a comprovação do crédito pleiteado está, no mais das vezes, associada a uma conciliação entre registros contábeis e documentos que respaldem tais registros. Assim, para comprovar a existência de um crédito vinculado a um registro contábil, não basta apresentar o registro/planilha, mas também indicar, de forma específica, que documentos estão associados a que registros. Também é importante, quando à natureza da operação escriturada/documentada for necessária para a caracterização ou não do direito creditório, que a descrição da operação constante dos registros e documentos seja clara, sem abreviaturas ou códigos que dificultem ou impossibilitem a perfeita caracterização do negócio. No mais, não é lícito ao julgador, tanto em sede de apreciação de lançamento de ofício, quanto em sede de pleito repetitório, dispensar a autoridade lançadora ou o pleiteante, conforme o caso, do ônus que a lei impõe a cada um deles, tanto quanto não lhe é lícito valerse de diligências e perícias para, por vias indiretas, suprir o ônus probatório que cabia a cada parte. Dessa forma, também pelo exposto no item de que se trata, entendese que nada deve ser alterado no Parecer e no Despacho Decisório de origem. Decisões Administrativas. Efeitos No que tange à decisão administrativa cuja ementa foi transcrita pela contribuinte, mostrase pertinente registrar que somente em casos especiais, devidamente expressos na CF ou na legislação infraconstitucional, os julgados administrativos têm efeitos erga omnes e em razão disso vinculam o julgador administrativo no seu ofício de julgar. A regra geral é que as decisões administrativas tenham eficácia interpartes, não sendo lícito estender seus efeitos a outros processos, não só por ausência de permissão legal para isso, mas também em respeito às particularidades de cada litígio. Portanto, eventual julgado administrativo é inaplicável à presente lide. Pedido de Diligência/Perícia No que se refere à realização de diligências/perícias, o art. 35 do Decreto n° 7.574, de 2011 (PAF), confere à autoridade julgadora de primeiro grau a faculdade de Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10820.720968/201117 Acórdão n.º 3001000.290 S3C0T1 Fl. 9 15 determinar, de ofício ou a pedido, a realização daquelas que julgar imprescindíveis, podendo denegar a solicitação da defesa quando seu requerimento se lhe afigurarem desnecessárias à instrução processual ou a interessada não houver formulado os quesitos relativos aos exames pretendidos. Notese que à contribuinte cumpriria o ônus de trazer os elementos de prova que demonstrassem que o crédito pretendido tinha existência (em sua integralidade ou não), conforme exposto no item precedente. Ademais, a adoção do procedimento de diligência/perícia objetiva, única e tão somente, dirimir eventual dúvida com relação às provas anteriormente carreadas ao processo, não se prestando para suprimir o encargo que cabe ao sujeito passivo da relação tributária processual, quanto à formação da demonstração probatória que a ele compete. Dessa forma, devese indeferir o pedido de diligência/perícia, porquanto presentes nos autos os elementos capazes de formar a convicção do julgador, bem como por se tratar de matéria de prova que deveria ter sido apresentada juntamente com a peça de contestação. Auto de Infração. Inexistência Cuidadosa análise das peças processuais, permite inferir não ter havido lavratura de auto de infração (ou notificação de lançamento), com aplicação dos consectários legais pertinentes ao caso, conforme afirma a manifestante. Atentandose que ela apresenta confusa contestação, é possível observarse que não houve nem mesmo emissão de Carta Cobrança, visto que as compensações efetuadas através de DComps foram integralmente homologadas. De qualquer forma, no tocante a procedimentos de compensação, a competência das DRJ limitase ao julgamento de manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação declarada, falecendo ao Órgão julgador a possibilidade de análise de questões atinentes à cobrança de eventuais débitos (art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996). Assim, por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 205DF CARF MF 16 Cleber Magalhães Fl. 206DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.722900/2012-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 12/07/2007, 12/07/2008
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
A Fiscalização pode exigir do contribuinte que apresente documentação comprobatória dos fatos escriturados em sua contabilidade e dos fatos que possam repercutir com efeitos em exercícios futuros, não cabendo a alegação de decadência.
PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS.
O custo de aquisição é considerado igual a zero no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas apurados até 31 de dezembro de 1988, assim como nos anos de 1994 e 1995.
Numero da decisão: 2401-005.242
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencida a Relatora. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess.
(Assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Presidente em exercício e Redator Designado
(Assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira, Luciana Matos Pereira Barbosa e Virgilio Cansino Gil. Ausentes os Conselheiros Miriam Denise Xavier e Francisco Ricardo Gouveia Coutinho.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Data do fato gerador: 12/07/2007, 12/07/2008 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. A Fiscalização pode exigir do contribuinte que apresente documentação comprobatória dos fatos escriturados em sua contabilidade e dos fatos que possam repercutir com efeitos em exercícios futuros, não cabendo a alegação de decadência. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS. O custo de aquisição é considerado igual a zero no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas apurados até 31 de dezembro de 1988, assim como nos anos de 1994 e 1995.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11065.722900/2012-15
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5841421
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2401-005.242
nome_arquivo_s : Decisao_11065722900201215.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
nome_arquivo_pdf_s : 11065722900201215_5841421.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencida a Relatora. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (Assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Presidente em exercício e Redator Designado (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira, Luciana Matos Pereira Barbosa e Virgilio Cansino Gil. Ausentes os Conselheiros Miriam Denise Xavier e Francisco Ricardo Gouveia Coutinho.
dt_sessao_tdt : Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
id : 7170643
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011489533952
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1193; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 1.470 1 1.469 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.722900/201215 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.242 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de janeiro de 2018 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSO FÍSICA IRPF Recorrente MARIA CLADIS VOLKART Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Data do fato gerador: 12/07/2007, 12/07/2008 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. A Fiscalização pode exigir do contribuinte que apresente documentação comprobatória dos fatos escriturados em sua contabilidade e dos fatos que possam repercutir com efeitos em exercícios futuros, não cabendo a alegação de decadência. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO. CAPITALIZAÇÃO DE LUCROS. O custo de aquisição é considerado igual a zero no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas apurados até 31 de dezembro de 1988, assim como nos anos de 1994 e 1995. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 29 00 /2 01 2- 15 Fl. 1470DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria, negarlhe provimento, vencida a Relatora. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (Assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Presidente em exercício e Redator Designado (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira, Luciana Matos Pereira Barbosa e Virgilio Cansino Gil. Ausentes os Conselheiros Miriam Denise Xavier e Francisco Ricardo Gouveia Coutinho. Fl. 1471DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.471 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília DF (DRJ/BSB), que, por unanimidade de votos, REJEITOU as preliminares suscitadas e, no mérito, julgou IMPROCEDENTE a Impugnação, conforme ementa do Acórdão nº 0371.015 (fls. 1378/1397): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008 PRELIMINAR DE NULIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. O contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, assume, por expressa disposição legal, a posição de sujeito passivo da obrigação tributária. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE AÇÕES. CUSTO DE AQUISIÇÃO. ISENÇÃO. PRAZO DE GUARDA DE DOCUMENTOS. Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos. As vendas de ações efetuadas por pessoas físicas após 1º de janeiro de 1989 estão sujeitas ao imposto de renda sobre o lucro auferido. O custo de aquisição é considerado igual a zero no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas apurados até 31 de dezembro de 1988, e nos anos de 1994 e 1995. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, nos termos do art. 178 do Código Tributário Nacional, pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, sem que gere direito adquirido ao contribuinte. A prova documental deve ser mantida pelo adquirente enquanto for proprietário dos bens e direitos adquiridos, porquanto a operação de venda não tem por determinação legal que se realizar dentro do prazo decadencial de cinco anos previstos no artigo 173 do Código Tributário Nacional, o que limitaria o exercício do direito de propriedade no tempo. Não há prazo decadencial previsto para averiguação da veracidade de registros, principalmente em relação ao custo de Fl. 1472DF CARF MF 4 aquisição de bens envolvidos em operações que acarretem modificação no patrimônio do contribuinte. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A multa de ofício de 75% é devida nos lançamentos de ofício, nos casos de declaração inexata, incluindo equívocos cometidos pelos contribuintes, independentemente da intenção de fraudar o Fisco. A redução legal da multa de ofício é prevista pela legislação tributária quando ocorrer o pagamento ou o parcelamento do crédito tributário, observados os prazos estabelecidos. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. As decisões judiciais e administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O presente processo trata do Auto de Infração – Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 1244/1252), lavrado contra o Contribuinte em 15/06/2012, onde foi apurado Imposto de Renda Pessoa Física, relativo aos anoscalendário 2007 e 2008, no valor de R$ 597.939,75, Juros de Mora, calculados até junho de 2012, no valor de R$ 271.304,88 e Multa Proporcional, passível de redução, no valor de R$ 448.454,82, perfazendo um total de Crédito Tributário no montante de R$ 1.317.699,45. Conforme consta no RELATÓRIO FISCAL RAF (fls. 1253/1271) a Fiscalização apurou omissão de ganho de capital em razão de erro cometido pelo Contribuinte na apuração do custo de aquisição das ações que possuía na sociedade Pilar Empreendimentos Imobiliários S/A, vendidas à sociedade Vulcabrás do Nordeste S/A, hoje denominada Vulcabrás Azaleia – CE Calçados e Artigos Esportivos S/A. Os Auditores Fiscais descrevem, no tópico IV – DOS ERROS NA AVALIAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO do RAF (fls. 1257/1267), os erros e as irregularidades encontradas nos demonstrativos trazidos pelo Contribuinte para justificar o custo de aquisição das ações da PILAR S/A, vendidas à Vulcabrás do Nordeste S/A, que resultaram em majoração indevida deste custo, em desacordo com a legislação vigente. Já no tópico V DO CÁLCULO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO PARA FINS DE APURAÇÃO DE GANHO DE CAPITAL (fls. 1267/1271), os Auditores Fiscais apresentaram um demonstrativo, denominado "Demonstrativo de Cálculo do Custo de Aquisição das Ações Pilar – Lauro Volkart", elaborado para apurar as diferenças no cálculo do custo de aquisição. O demonstrativo elaborado traz na primeira coluna todas as informações prestadas pelo Contribuinte, referidas no tópico III do RAF (fl. 1257), que representam a apuração do custo de aquisição levada ao "Demonstrativo de Apuração do Ganho de Capital" anexo à DIRPF do exercício de 2008, e, na segunda coluna, a evolução do custo de aquisição das cotas/ações na visão da fiscalização, seguindo a mesma forma adotada pela Contribuinte. Ao final chegam ao seguinte resultado: Fl. 1473DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.472 5 · Custo apurado pela Contribuinte na DIRPF R$ 22.851.972,40 · Custo apurado pela fiscalização R$ 18.865.707,43 · Diferença passível de tributação R$ 3.986.264,97 A diferença apurada foi considerada passível de tributação, sendo dividida em duas partes, de acordo com a proporção de cada parcela recebida nos anoscalendário 2007 e 2008, conforme quando a seguir: Fato Gerador Valor (R$) Multa (%) 12/07/2007 R$ 2.261.690,79 75 % 12/07/2008 R$ 1.724.574,18 75 % O Contribuinte tomou ciência da lavratura do Auto de Infração em 23/06/2012, via Correio (AR fl. 1272). Em 23/07/2012, interpôs impugnação (fls. 1274/1313), na qual, em síntese, traz as seguintes alegações: 1. Não incidência/isenção do IR, desde 1970, na incorporação de lucros para aumento de capital; 2. Licitude da utilização dos lucros para aumento de capital social como custo de aquisição; 3. Decadência do direito de lançar sobre operações contábeis declaradas, publicizadas e ocorridas há mais de 10 anos; 4. Aplicação da Lei Tributária vigente no momento da ocorrência do Fato Gerador; 5. A reavaliação da correção monetária aplicada em 1996 não pode ser revista em 2012 face à incidência da decadência do direito de lançar; Finaliza sua impugnação requerendo que seja desconstituído o lançamento, tornando insubsistente a autuação. Subsidiariamente, caso não seja acolhido seu pedido, pugna pelo acolhimento parcial do pedido, “afastando o cálculo apresentado por qualquer dos argumentos apresentados”, bem como reduzindo a multa aplicada para o patamar de 20%. Diante da impugnação tempestiva, o processo foi encaminhado à DRJ/BSB para julgamento, que, através do Acórdão nº 0371.015, decidiu REJEITAR a preliminar suscitada e, no mérito, julgar IMPROCEDENTE a Impugnação, resultando na manutenção do imposto a pagar apurado, mais multa de ofício de 75% e juros de mora. Cientificado do Acórdão da DRJ/BSB, via Correio, em 14/06/2016 (AR – fl. 1402), tempestivamente, em 14/07/2016, a apresenta seu RECURSO VOLUNTÁRIO de fls. 1411/1461, onde faz uma síntese do Processo Administrativo e alega que: Fl. 1474DF CARF MF 6 1. Não houve equívoco algum a ser corrigido nas declarações prestadas pela contribuinte por ocasião da venda de das suas Ações da Pilar à Vulcabrás do Nordeste S.A.; 2. Ocorreu a decadência do direito de lançar sobre operações contábeis declaradas, publicizadas e ocorridas a mais de 10 anos; 3. A lei aplicável aos diversos atos e fatos ocorridos ao longo de mais de 30 anos deve ser aquela vigente no momento da ocorrência do fato gerador; 4. Os registros contábeis feitos pela pessoa jurídica, suas respectivas declarações, bem como as declarações de renda da Recorrente foram apresentados em exercícios anteriores e já estão protegidos pela imutabilidade estabelecida pela decadência do direito de lançar; 5. A reavaliação da correção monetária aplicada em 1996 não pode ser revista em 2012 face à incidência da decadência do direito de lançar; 6. Desde 1970 que o lucro utilizado para aumento de capital é considerado como não tributável/isento, por força do art. 3º do DecretoLei nº 1.109/70; 7. Em 2001, ano da capitalização do lucro acumulado, a hipótese legal em vigor é o art. 10, parágrafo único, da Lei nº 9.249/95; 8. Desde 1996, as reservas constituídas com lucros acumulados, quando utilizadas para aumento de capital tinham o condão de agregar valor ao custo de aquisição; 9. É lícita a utilização dos lucros para aumento de capital social como custo de aquisição. Finaliza seu Recurso Voluntário requerendo seu provimento a fim de desconstituir o Auto de Lançamento, tornando insubsistente a autuação realizada. Subsidiariamente requer o acolhimento parcial do recurso, afastandose a exigência fiscal por qualquer dos argumentos expostos, bem como a redução da multa aplicada no percentual de 75% para o patamar de 20%. É o relatório. Fl. 1475DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.473 7 Voto Vencido Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Decadência A Recorrente assevera que ocorreu a decadência do direito de lançar com relação às operações contábeis declaradas e publicizadas há mais de dez anos. Afirma que não se discute se o lançamento exarado pelos auditores observou o lapso temporal com relação aos fatos ocorridos em 2007. Sua irresignação consiste na glosa de operações contábeis realizadas no período anterior a cinco anos da ocorrência do fato gerador configurado em julho de 2007 e julho de 2008, não sendo mais permitido ao Fisco o questionamento dessas operações. Pois bem. É certo que a obrigação principal surge com a efetivação do fato gerador que consiste na situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência, sendo o dever do agente fiscal proceder ao lançamento com o cálculo do montante do tributo devido, conforme determinado pelo Código Tributário Nacional: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a Fl. 1476DF CARF MF 8 matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Nesse diapasão, constatase que o termo inicial para a contagem do prazo decadencial se inicia da ocorrência do fato gerador, consoante normas positivadas no Código Tributário Nacional: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Dessa forma, o lançamento somente poderá ser realizado após a ocorrência do fato gerador, sendo, por conseguinte, obrigação do agente fiscal averiguar todas as circunstâncias que envolvam a obrigação tributária dele correspondente, inclusive com a análise de documentos relacionados a fatos societários e registros contábeis que trazem os respectivos reflexos tributários. No caso concreto, tratase de alienação de ações ocorridas em julho de 2007 e julho de 2008, sendo este (julho/2007 e julho/2008) o marco inicial para contagem do prazo decadencial. Isso porque, com relação ao imposto sobre a renda (inclusive o ganho de capital) devido pela pessoa física é aplicável o regime de caixa e o imposto é devido na medida em que os rendimentos e ganhos são efetivamente percebidos. Nesse sentido são claras as disposições dos artigos 2º e 21 da Lei 7.713/1988: Art. 2º. O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. O prazo decadencial não se inicia com as operações contábeis declaradas se referidas operações não representavam fato gerador do tributo em questão. A simples averiguação da veracidade, legitimidade e idoneidade dos fatos contábeis e societários relacionados ao custo de aquisição das ações adquiridas pela Recorrente ocorreu por força da competência administrativa do fiscal decorrente do dever na constituição do crédito tributário. Fl. 1477DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.474 9 Constatada a ocorrência do fato gerador e encontrandose dentro do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário, poderá a fiscalização exigir da contribuinte documentos que comprovem se a obrigação tributária foi cumprida em consonância com a legislação tributária, caso referidos documentos repercutam na apuração do tributo devido (artigo 37 da Lei nº 9.430/96). Ora, no presente caso, a contribuinte utilizou no cálculo de apuração do ganho de capital, informações de anos anteriores que repercutiram no valor do custo de aquisição das ações alienadas em 2007. Referidas informações devem ser analisadas pelo fisco a fim de que possa proceder a correta apuração do Imposto de Renda sobre o ganho de capital. Ou seja, as regras do prazo decadencial previstas no Código Tributário Nacional referemse ao prazo para lançamento a contar da ocorrência do fato gerador e não à verificação dos documentos comprobatórios do resultado apurado. Assim, entendo que a Fiscalização pode exigir da contribuinte que apresente documentação comprobatória dos fatos escriturados em sua contabilidade e dos fatos que possam repercutir com efeitos em exercícios futuros, não cabendo, nesse passo, a alegação de decadência. Portanto, rejeito a preliminar alegada. Custo de aquisição O Recorrente se insurge contra a exigência do Imposto de Renda sobre ganho de capital oriundo de alienação de participação societária da empresa Pilar Empreendimentos Imobiliários S.A. para a empresa Vulcabrás do Nordeste S.A, ocorrida em 12 de julho de 2007. Afirma ser indevida a apuração do valor do custo de aquisição. Segundo a fiscalização, no aumento de capital ocorrido em 2001 o contribuinte majorou indevidamente o custo de aquisição ao incluir a incorporação de lucros de R$ 20.294.543,73 na capitalização, acrescendo em R$ 5.073.635,93 ao custo de aquisição de suas quotas, equivalente ao percentual de participação de 25% aplicado sobre o total de lucros capitalizados. Conforme se observa no Relatório de Ação Fiscal, a fiscalização apurou equívocos na identificação do custo de aquisição quando da apuração do ganho de capital. Dissertou sobre a evolução do valor das quotas na participação societária e constatou a seguinte diferença: Segundo a acusação fiscal, com relação ao aumento de capital ocorrido em 2001, deveria ter sido atribuído custo zero à participação decorrente de capitalização desses lucros, de acordo com o histórico da legislação citada. Fl. 1478DF CARF MF 10 Por outro lado, o contribuinte afirma que a fiscalização segregou todo o período em que o lucro foi apurado sem considerar a rubrica contábil registrada relativa ao aumento de capital ocorrida em 2001. Assevera que a sociedade privou seus sócios da distribuição do lucro para aumentar o capital, o que deve ser levado em consideração na composição do chamado “custo de aquisição”. Se estes valores já vinham sendo informados nas declarações de renda das pessoas físicas, não se pode alegar agora que houve manobra com o propósito evasivo apenas em 2001 em que os sócios utilizaram esses lucros, tendo como consequência o aumento do custo de aquisição. Destarte, inobstante o entendimento firmado no item anterior de que, diante da constatação da ocorrência do fato gerador, tem o agente fiscal o poder/dever de averiguar os lançamentos contábeis que repercutam na apuração do tributo devido, não se verificando a decadência, cabe nesse ponto destacar que de acordo com o artigo 923 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), a escrituração contábil faz prova a favor do contribuinte quando esteja lastreada em documentos hábeis e idôneos: Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º). Ressaltese que a fiscalização verificou o custo de aquisição estipulado pelo contribuinte a partir da análise dos lançamentos contábeis, devidamente respaldados nos documentos de alterações societárias. O contribuinte apresentou toda a documentação de suporte destacada nos lançamentos contábeis. Não houve desconsideração da contabilidade do Recorrente e nem mesmo qualquer indício de fraude ou simulação, conforme assentado em Relatório Fiscal. O ganho de capital foi apurado pelo contribuinte e o Imposto de Renda devidamente recolhido. Compulsando os autos, constatase que os fatos apresentados foram efetivamente lançados na contabilidade e encontramse respaldados por documentos hígidos atestados pelo agente fiscal que em nenhum momento os desconsiderou. O conjunto probatório ora analisado carreia à conclusão da idoneidade dos lançamentos contábeis efetuados e documentos apresentados. A partir de tal constatação da veracidade dos dados apresentados e que não ocorreu fraude ou simulação por parte da contribuinte, necessário a análise do ponto fulcral do lançamento que se consubstancia na glosa do acréscimo ao custo de aquisição do montante relativo ao aumento de capital respectivo. As afirmações constantes na decisão de piso concernentes à impossibilidade de se computar, como custo de aquisição de participação societária, a capitalização de lucros anteriores a 31/12/1988 e aos anos de 1994 e 1995, não influenciaram no lançamento efetuado, conforme corroborado no próprio Fiscal no Relatório de Autuação. A solução de tal conflito está na interpretação correta do parágrafo único do art. 10 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro 1995, base legal do art. 135 do Decreto n° 3.000, de 1999, tendo em vista que, de forma taxativa, o Auditor Fiscal afirma que em relação ao aumento de capital ocorrido em 2001, deveria ter sido atribuído custo zero à participação decorrente da capitalização desses lucros, o que não se coaduna com a determinação legal. Vejamos os preceitos legais abaixo transcritos: Fl. 1479DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.475 11 Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Conforme se constata do dispositivo legal, a partir de 1996, o aumento de capital realizado por uma pessoa jurídica por incorporação de lucros ou de reservas constituídas, implica o aumento proporcional do custo de aquisição da participação societária de seus proprietários. Isso porque os lucros acumulados e as reservas de lucros são parcelas dos lucros ainda não realizados. Quando se tornam lucros disponíveis, a sua utilização para o aumento de capital tem como contrapartida a bonificação de quotas aos sócios. Conforme esclarecido no próprio Relatório de Fiscalização, as reservas de lucros foram capitalizadas em 2001, o que possibilitou o aumento do custo de aquisição da participação societária, em valor equivalente à parcela capitalizada dos lucros ou das reservas que corresponder à participação do sócio, em face de autorização legal. O assunto é tratado no dispositivo do artigo 41 do Decreto 3.000/99 que afasta a incidência do imposto de renda sobre os valores decorrentes de aumento de capital mediante a incorporação de reservas ou lucros: Art. 41. Não estão sujeitos à incidência do imposto os valores decorrentes de aumento de capital mediante a incorporação de reservas ou lucros apurados: I de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1992, que tenham sido tributados na forma do art. 35 da Lei nº 7.713, de 1988 (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XVII, alínea "a"); II no anocalendário de 1993, por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real (Lei nº 8.383, de 1991, art. 75); III de 1º de janeiro de 1994 a 31 de dezembro de 1995, observado o disposto no art. 3º da Lei nº 8.849, de 1994, com as modificações da Lei nº 9.064, de 20 de junho de 1995; IV a partir de 1º de janeiro de 1996, por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 10). Parágrafo único. No caso do inciso IV, o lucro a ser incorporado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado deverá ser apurado em balanço. Fl. 1480DF CARF MF 12 De acordo com a Solução de Consulta nº 4.016 SRRF04/Disit, de 26 de agosto de 2016, o aumento de capital mediante a incorporação de lucros ou de reservas constituídas com lucros possibilita o incremento no custo de aquisição da participação societária, em valor equivalente à parcela capitalizada dos lucros ou das reservas constituídas com esses lucros que corresponder à participação do sócio ou acionista na investida. Vejamos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF REFORMA DA SOLUÇÃO DE CONSULTA SRRF04/DISIT Nº 43, DE 5 DE JUNHO DE 2013, PARA ALINHAMENTO À ORIENTAÇÃO DA COORDENAÇÃO GERAL DE TRIBUTAÇÃO (COSIT) REFERENTE À MATÉRIA. CUSTO DE AQUISIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CAPITALIZAÇÃO DE RESERVAS E LUCROS. EFEITOS. Conforme entendimento da Cosit, somente o aumento de capital mediante a incorporação de lucros ou de reservas constituídas com lucros possibilita o incremento no custo de aquisição da participação societária, em valor equivalente à parcela capitalizada dos lucros ou das reservas constituídas com esses lucros que corresponder à participação do sócio ou acionista na investida. Portanto, concluise que, na espécie, a incorporação ao capital social de reservas de capital não implica, para o acionista, o benefício do aumento do custo fiscal de aquisição do investimento. Dispositivos Legais: Lei nº 7.713, de 1988, art. 16; Lei nº 9.249, de 1995, art. 10. VINCULAÇÃO À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 10, DE 3 DE FEVEREIRO DE 2016. O custo de aquisição da participação societária informado pelo contribuinte levou em consideração a norma positivada no art. 135 do RIR/99, com a apuração do ganho de capital e o pagamento do Imposto de Renda devido, conforme documento adunado aos autos às fls. 24/25. No entanto, a Fiscalização não considerou o incremento no custo de aquisição decorrente da incorporação de lucros, conforme disposição legal já mencionada, o que levou a equivocada conclusão de que ocorreu insuficiência de pagamento de ganho de capital. Vêse, portanto, que no lançamento efetuado não foi aplicada a sistemática correta para a apuração do ganho de capital em face do equívoco na mensuração da base de cálculo apurada, no tocante ao custo de aquisição. Dessa forma, entendo que assiste razão ao Recorrente, devendo ser cancelado o lançamento. Em face do entendimento supra, tenho por prejudicado o pleito recursal pertinente à redução da multa de ofício. Fl. 1481DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.476 13 Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, afastando a exigência contida no lançamento. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 1482DF CARF MF 14 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Peço vênia para divergir do voto da I. Relatora no que tange à utilização de lucros e reservas de lucros acumulados para fins de cômputo no custo de aquisição das participações societárias alienadas. Antes da análise da matéria de mérito, deixo consignado que acompanhei a rejeição da preliminar em que a recorrente alegou o impedimento de revisão por parte do Fisco das operações contábeis e capitalizações que resultaram ao longo do tempo em acréscimo do custo de aquisição da participação societária, porque protegidas pela imutabilidade do término do prazo decadencial. O ganho de capital equivale à diferença positiva entre o valor da alienação e o respectivo custo de aquisição. No caso dos autos, o marco temporal do fato gerador referente ao ganho de capital ocorre no momento da alienação da participação societária, que se deu em 2007 e 2008. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar o crédito tributário, o agente fiscal poderá exigir os documentos comprobatórios do cumprimento da obrigação tributária, inclusive procedendo à reavaliação do custo de aquisição atribuído à operação pelo contribuinte, quando for o caso. Quanto à questão de fundo, a fiscalização detectou no curso do procedimento a majoração indevida do custo das quotas detidas pela contribuinte na empresa LCR Participações Societárias Ltda, por ocasião do aumento de capital ocorrido em 01/07/2001. Segundo o Relatório Fiscal, os lucros incorporados ao capital social nessa data tinham a seguinte composição (fls. 1.267): No cômputo do custo de aquisição, a contribuinte utilizou indevidamente reserva de lucros cuja incorporação ao capital não pode refletir aumento de custo para o acionista/quotista, especificamente quanto aos lucros apurados até o ano de 1988 e nos anos calendário de 1994 e 1995. A capitalização de lucros de 1989 a 1993 foi aceita pelo agente fazendário. Fl. 1483DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.477 15 De maneira didática, o Relatório Fiscal faz um histórico detalhado a respeito da evolução da legislação aplicável ao incremento do custo de aquisição na hipótese de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reserva de lucros. Ao final, o agente lançador consolida a sua exposição por meio de um resumo, que copio na sequência (fls. 1.265/1.266): A interpretação fiscal não merece reparos, estando devidamente justificada em face da legislação atinente aos fatos ocorridos. Advoga a recorrente, entretanto, que no momento do aumento do capital efetivado no ano de 2001, pela utilização dos lucros acumulados para efeitos de capitalização, incidia no caso concreto o art. 10 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995: 1 Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. (SUBLINHEI) 1 A Lei nº 12.973, de 13 de maio de 2014, acrescentou novos parágrafos ao art. 10 da Lei nº 9.249, de 1995, passando o parágrafo único para o § 1º, porém sem alteração de conteúdo. Fl. 1484DF CARF MF 16 Qualquer interpretação do texto legal deve guardar compatibilidade com a norma jurídica abarcada pela "cabeça" do artigo, que trata de resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, dada a íntima conexão com os respectivos parágrafos do dispositivo de lei. Conforme a redação do então parágrafo único do art. 10 da Lei nº 9.249, de 1995, permitiuse, com relação às pessoas físicas e jurídicas, a atualização do custo da aquisição de participação societária decorrente de aumento de capital social mediante incorporação de lucros ou de reservas constituídas com esses lucros. Nada obstante, é requisito inafastável, segundo o preceptivo de lei, que tanto os lucros apurados, ou as reservas constituídas com os lucros, digam respeito a resultados ocorridos a partir do ano de 1996, o que afasta, a toda a evidência, a sua aplicação para as capitalizações com lucros apurados até o ano de 1995 (ou, dito de outra forma, antes de 01/01/1996). No que tange às capitalizações com lucros apurados em exercícios anteriores ao ano de 1996, como foi detalhado pelo agente fazendário, a possibilidade ou não de agregação de custo à participação societária mantém relação com a legislação pertinente ao regime de tributação da distribuição/capitalização de lucros estabelecida à época da apuração dos resultados, o que contribui, sem dúvida, para a segurança jurídica na aplicação da lei tributária. Inclusive, o procedimento fiscal que atribuiu o custo zero para as capitalizações de lucros apurados até o ano de 1988 e nos anos de 1994 e 1995 está amparado expressamente no inciso I do § 2º do art. 130 do Regulamento do Imposto sobre a Renda, veiculado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99), com matriz legal no § 4º do art. 16 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988: Art. 130. O custo de aquisição de títulos e valores mobiliários, de quotas de capital e de bens fungíveis será a média ponderada dos custos unitários, por espécie, desses bens (Lei nº 7.713, de 1988, art. 16, § 2º). § 1º No caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas de lucros, que tenham sido tributados na forma do art. 35 da Lei nº 7.713, de 1988, ou apurados no ano de 1993, o custo de aquisição é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista beneficiário (Lei nº 7.713, de 1988, art. 16, § 3º, e Lei nº 8.383, de 1991, art. 75). § 2º O custo é considerado igual a zero (Lei nº 7.713, de 1988, art. 16, § 4º): I no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas apurados até 31 de dezembro de 1988, e nos anos de 1994 e 1995; (...) (SUBLINHEI) Fl. 1485DF CARF MF Processo nº 11065.722900/201215 Acórdão n.º 2401005.242 S2C4T1 Fl. 1.478 17 Prosseguindo com a análise dos argumentos de defesa trazidos pelo recurso voluntário, complemento com as seguintes considerações. O art. 3º do DecretoLei nº 1.109, de 26 de junho de 1970, bem como o art. 63 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, referemse à não incidência do imposto sobre a renda, extensível aos sócios beneficiários das quotas, quando do aumento de capital das pessoas jurídicas mediante incorporação de lucros ou reservas. Semelhante dispositivo integra o art. 3º da Lei nº 8.849, de 28 de janeiro de 1994, concebido para os lucros apurados nos anos de 1994 e 1995. Em um e outro caso, porém, não cuidam de custo de aquisição de participação detida pelo sócio, com repercussão em eventual apuração de ganho de capital na alienação da participação societária, mas sim de isenção na operação de capitalização de lucros ou reservas de lucros. A declaração parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da inconstitucionalidade do chamado Imposto sobre o Lucro Líquido (ILL), previsto no art. 35 da Lei nº 7.713, de 1988, não tem relevância para o deslinde do processo administrativo em apreço. Com efeito, a tributação na fonte sobre o lucro líquido, de que trata o art. 35 da Lei nº 7.713, de 1988, vigorou apenas no período compreendido entre os anos de 1989 a 1992, tendo sido revogada, a partir de 1993, pelo art. 75 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, que determinou a não incidência do imposto sobre os lucros apurados naquele ano calendário. Como ressaltado linhas acima, a autoridade fiscal responsável pelo lançamento manteve intacta a parcela capitalizada correspondente ao sócio quanto aos lucros apurados nos anos de 1989 a 1993. No que diz respeito ao valor inicial do custo atribuído pelo contribuinte, a autoridade fazendária detalhou os motivos pelos quais a reavaliação de 1994 para 1995 consistiu em procedimento desprovido de amparo legal (fls. 1.257/1.258). O art. 17 da Lei nº 9.249, de 1995, autorizou a correção monetária até 31 de dezembro de 1995, com base no valor da Unidade Fiscal de Referência (UFIR), para as participações societárias cuja aquisição tenha ocorrido até o final de 1995. A legislação infraconstitucional não ultrapassou os limites estabelecidos pela lei. Com efeito, a variação da UFIR durante o ano 1995 alcançou a cifra de 22,46% (Jan/1995: 0,6767 e Jan/1996: 0,8287), exatamente o mesmo valor indicado, na forma de multiplicador, pelo art. 20 da Instrução Normativa (IN) SRF nº 31, de 22 de maio de 1996: Art. 20. Para as participações societárias adquiridas até 1994, o custo de cada aquisição será o valor em Reais constante da declaração relativa ao exercício de 1996, anocalendário 1995, atualizado até 1º de janeiro de 1996, mediante sua multiplicação por 1,2246. (...) Fl. 1486DF CARF MF 18 Por sua vez, segundo o 6º da IN SRF nº 69, de 28 de dezembro de 1995, o valor das participações societárias adquiridas até 1994 constante da declaração relativa ao exercício de 1996, anocalendário de 1995, deveria corresponder à conversão para Reais mediante a multiplicação da quantidade de UFIR por R$ 0,6767: Art. 6º A pessoa física sujeita à apresentação da Declaração de Ajuste Anual fica obrigada a apresentar relação pormenorizada dos bens e direitos que, no País ou no exterior, constituam, em 31 de dezembro de 1995, seu patrimônio e o de seus dependentes. § 1º Os bens e direitos serão expressos em Reais. § 2º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, os valores dos bens e direitos adquiridos até 31 de dezembro de 1994, declarados em UFIR, serão convertidos para Reais mediante a multiplicação da quantidade de UFIR por R$ 0,6767. (...) A sistemática estabelecida significava que o valor dos bens em 31/12/1995 deveria ser igual ao valor de 31/12/1994, corrigindose o custo das participações societárias, até 1º de janeiro de 1996, no montante da variação da UFIR em 1995 (22,46%). Dessa feita, equivocouse a contribuinte quando utilizou o índice de 1,2246 sobre o valor reavaliado pela correção monetária de 1994 para 1995. Por derradeiro, no tocante ao custo de aquisição de participação societária por ocasião da doação de quotas efetuada pelo esposo da recorrente, a fiscalização não criou óbice ao valor atribuído na doação/cessão com base na declaração de bens do doador (fls. 1.258/1.259). Além do mais, cabe assinalar que a doação efetivouse em 01/10/1997, portanto antes do advento do art. 23 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 1487DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.002213/2009-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 2402-000.647
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora requeira ao Município de Alvorada/RS, mediante apresentação de documentos hábeis, informações sobre a ocorrência ou não de desapropriação do imóvel objeto do lançamento. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti (Relator), Luis Henrique Dias e Mário Pereira de Pinho Filho. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo (suplente convocada). Declarou-se impedido o Conselheiro Ronnie Soares Anderson.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
(assinado digitalmente)
Fábia Marcília Ferreira Campêlo - Redatora designada.
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Fábia Marcília Ferreira Campêlo (suplente convocada para substituir o Conselheiro Ronnie Soares Anderson que declarou-se impedido).
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11080.002213/2009-96
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5854483
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2402-000.647
nome_arquivo_s : Decisao_11080002213200996.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
nome_arquivo_pdf_s : 11080002213200996_5854483.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora requeira ao Município de Alvorada/RS, mediante apresentação de documentos hábeis, informações sobre a ocorrência ou não de desapropriação do imóvel objeto do lançamento. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti (Relator), Luis Henrique Dias e Mário Pereira de Pinho Filho. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo (suplente convocada). Declarou-se impedido o Conselheiro Ronnie Soares Anderson. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator (assinado digitalmente) Fábia Marcília Ferreira Campêlo - Redatora designada. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Fábia Marcília Ferreira Campêlo (suplente convocada para substituir o Conselheiro Ronnie Soares Anderson que declarou-se impedido).
dt_sessao_tdt : Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
id : 7234146
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011501068288
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1681; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.002213/200996 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2402000.647 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 08 de março de 2018 Assunto CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA Recorrente VALDIR DE OLIVEIRA SILVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora requeira ao Município de Alvorada/RS, mediante apresentação de documentos hábeis, informações sobre a ocorrência ou não de desapropriação do imóvel objeto do lançamento. Vencidos os Conselheiros Mauricio Nogueira Righetti (Relator), Luis Henrique Dias e Mário Pereira de Pinho Filho. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo (suplente convocada). Declarouse impedido o Conselheiro Ronnie Soares Anderson. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator (assinado digitalmente) Fábia Marcília Ferreira Campêlo Redatora designada. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Gregorio Rechmann Junior, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Fábia Marcília Ferreira Campêlo (suplente convocada para substituir o Conselheiro Ronnie Soares Anderson que declarouse impedido). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .0 02 21 3/ 20 09 -9 6 Fl. 248DF CARF MF Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 3 ___________ RELATÓRIO Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Auto de Infração em 03.04.2009 para constituição de IRPF no valor principal de R$ 248.762,66, acrescido da multa de ofício (75%) e dos juros legais Selic. A autuação decorre da constatação da infração a seguir: 1 Ganhos de Capital na Alienação de Bens e Direitos Omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais. As constatações e fatos apurados podem ser assim resumidos: Imóvel: descrito na matrícula 51.502 do RGI de Alvorada/RS, como fração de terras com área de 174.677,12m2, na Av Presidente Vargas. O imóvel teria sido adquirido em 21.07.1986, por usucapião extraordinário, ao custo de aquisição de R$ 2.594,52 Valor consignado na Sentença, com a atualização a 01.01.1996 pelos índices da IN RFN nº 84/2001, na medida em que o recorrente não teria apresentado a DIRPF/92. Teria sido alienado em 17.12.2004, como Dação em Pagamento, por R$ 1.953.674,23, eis que teria sido o valor da dívida de IPTU extinta na operação. Sobre o ganho, aplicou o percentual de redução de 15%, previsto na Lei 7.713/88, chegandose ao ganho tributável de R$ 1.658.417,76 e IR de R$ 248.762,66. O Decreto Municipal n° 246, de 20/08/04, da Prefeitura de Alvorada — RS, declarou como sendo de utilidade pública o terreno de 21.762,29 m2, fração da área sob a matricula n°51.502, para fins de utilização viária do município. Essa área de 21.762,29 m2 foi, em 17/12/04, objeto de escritura pública de dação em pagamento, sendo outorgantes o fiscalizado e sua esposa, e outorgado o Município de Alvorada, escritura essa lavrada na fl. 062 do Livro n° 169 do Tabelionato de Notas de Alvorada. A dação em pagamento se deu em relação à parte dos débitos tributários de IPTU do outorgante, que totalizavam R$ 2.945.171,60, sendo então quitados R$ 1.953.674,23. O saldo remanescente teria sido compensado com crédito do outorgante em decorrência de precatório municipal. Regularmente intimado, apresentou Impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil DRJ, às fls. 219/227. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 11080.002213/200996 Resolução nº 2402000.647 S2C4T2 Fl. 4 3 Em seu Recurso Voluntário às fls. 232/237, aduz em síntese: Que o valor recebido se deu em verdade em função da desapropriação de seu imóvel pelo poder público; e que as verbas recebidas a título de indenização por desapropriação de qualquer espécie NÃO SÃO TRIBUTÁVEIS. É o relatório. VOTO VENCIDO Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti Relator. Considerando que a maioria do colegiado resolveu converter o julgamento em diligência, e tendo restado vencido quanto a essa questão, deixo de apresentar meu voto com relação ao mérito, que será apresentado no momento oportuno. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti VOTO VENCEDOR Conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo Redatora Designada. Peço vênia para divergir do entendimento do ilustre conselheiro relator quanto a necessidade da diligência. Como se demonstrará a seguir, a questão é tortuosa e carece ser aclarada antes do julgamento do mérito. Nos autos consta decreto de declaração de utilidade pública para fins de desapropriação do imóvel (fls. 24/26 208/210). No entanto, consta também escritura de dação em pagamento para o mesmo imóvel (fls. 27/32 89/94), sendo que esta última escritura faz menção ao decreto para fins de desapropriação (fl. 93). De um lado a fiscalização alega que o decreto de utilidade pública para fins de desapropriação, por si só, não comprova a efetiva desapropriação, pois o procedimento tem duas etapas, a declaratória e a executória, e o decreto só comprova a primeira (fl. 185). Dessa forma, baseandose na escritura de dação em pagamento, o lançamento foi realizado. De outro lado, o contribuinte alega que o Município lhe devia indenização relativa à desapropriação do imóvel e lhe propôs a compensação desse valor com os seus débitos de IPTU. Tal acerto culminou na elaboração da referida escritura de dação em pagamento. Assim, segundo ele, houve de fato uma compensação entre débitos do Município e do particular e a escritura nomeia o negócio jurídico ocorrido de forma errada (fls. 199, 200, 201, 204 e 233). As notas explicativas do Ofício de Registros Públicos de Alvorada (fls. 211/216) apontam incompatibilidades entre o decreto de desapropriação e a escritura de dação em pagamento, o que é um indício de que pode ter havido erro na elaboração de algum documento. Fl. 250DF CARF MF Processo nº 11080.002213/200996 Resolução nº 2402000.647 S2C4T2 Fl. 5 4 A DRJ, por sua vez, entendeu que o tributo relativo ao ganho de capital seria devido tanto na dação em pagamento quanto na desapropriação, excetuandose tãosomente a desapropriação para fins de reforma agrária, o que não é o caso dos autos. Diante disso, indeferiu o pedido de diligência da parte e não se pronunciou sobre a natureza do negócio jurídico por meio do qual se deu a alienação do imóvel, mantendo o crédito tributário (fls. 226 e 227). Todavia, em razão da Súmula Carf nº 42, entendo que a existência ou não de desapropriação no caso em tela é ponto nevrálgico da controvérsia e precisa ser esclarecida para o deslinde da questão. A documentação que consta dos autos não deixa claro se houve ou não desapropriação do imóvel, muito embora a declaração de utilidade pública para fins de desapropriação represente um indício de que ela pode ter ocorrido. Diante deste cenário, opinei pela reforma da decisão da DRJ, somente na parte que contraria a Súmula Carf nº 42, com retorno dos autos à instância anterior para análise da natureza real do negócio jurídico, se dação em pagamento ou se desapropriação seguida de compensação, a fim de evitar supressão de instância e em respeito aos princípios do contraditório, ampla defesa, devido processo legal e duplo grau de jurisdição. Contudo, a turma entendeu que o retorno dos autos à DRJ só seria possível se houvesse nulidade, o que não era o caso. Diante disso, considerando que o Município é ente federativo dotado de fé pública, foi sugerido, alternativamente, a realização de diligência junto a este órgão para apuração dos fatos e respectivos documentos, sugestão a qual aquiesci. Ante o exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que a unidade preparadora oficie ao Município de Alvorada/RS para que este responda a seguinte questão: O imóvel de 21.762,29 m2, fração da área sob a matrícula nº 51.502, mencionado no Decreto Municipal nº 246, de 20/08/2004 (fls. 24/26 208/210) e na Escritura Pública de Dação em Pagamento número geral 18.930 número de ordem 033 (fls. 27/32 89/94) foi desapropriado ou não pelo Município de Alvorada/RS? Em caso afirmativo, requeirase ao Município que apresente toda documentação pertinente à referida desapropriação. A seguir, cientifiquese o contribuinte para, querendo, manifestarse no prazo de 30 dias1, e retornese os autos ao Carf para prosseguimento do feito. (assinado digitalmente) Fábia Marcília Ferreira Campêlo 1 Art. 35, parágrafo único do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Fl. 251DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.000035/2009-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA PRECLUSA.
Havendo decisão definitiva em outro processo administrativo em que foi mantida a exclusão do Simples, não há como se manifestar sobre a matéria.
PROVA TESTEMUNHAL.
No rito do processo administrativo fiscal inexiste previsão legal para audiência de instrução, na qual seriam ouvidas testemunhas, e os depoimentos de testemunhas podem ser reduzidos a termo que deveam ser carreados junto com a impugnação ou recurso, sem prejuízo da sustentação oral da recorrente ou de seu representante legal no decorrer do julgamento do recurso voluntário, nos termos do artigo 58, inciso II, do RICARF.
NULIDADE. EXCLUSÃO SIMPLES. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE.
A manifestação de inconformidade da exclusão do Simples não impede que a Administração Tributária lance os créditos tributários apurados nos termos das normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
COBRANÇA RETROATIVA DE TRIBUTOS.
Enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública, pode haver o lançamento de tributos e, ocorrida a exclusão retroativa do contribuinte do Simples, tal cobrança é dever de ofício, nos termos do artigo 142 do CTN, uma vez que a sistemática de tributação nos períodos passa a ser outra, mais gravosa que a do Simples.
AUTO DE INFRAÇÃO. COBRANÇA. EFEITO CONFISCATÓRIO.
Havendo lei devidamente editada e em vigor determinando a cobrança, não cabe a esse colegiado a análise da conformidade de tal norma em face de princípios constitucionais, ante ao princípio da legalidade objetiva que rege o lançamento tributário e o julgamento administrativo deste, nos termos da Súmula CARF nº 2:
DECADÊNCIA. DECURSO DE PRAZO NÃO OCORRIDO.
Não ocorre a decadência, nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, uma vez não ter decorrido mais de cinco anos entre o fato gerador e a ciência quanto ao auto de infração, contado esse prazo do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ser efetuado.
NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
O tributo lançado de ofício foi devidamente calculado, aplicando-se a multa no percentual previsto na legislação, e a descrição das infrações e as indicações dos dispositivos legais relativos às infrações e à multa aplicada constam do auto de infração e do Termo de Verificação Fiscal, não tendo ocorrido a nulidade.
NULIDADE. APROVEITAMENTO DE PAGAMENTOS.
Não ocorre a nulidade alegada uma vez que por consulta aos autos constata-se o cálculo do tributos com o desconto quanto aos valores já pagos na sistemática do Simples.
APLICAÇÃO DO ARTIGO 112 DO CTN. DÚVIDA. NÃO OCORRÊNCIA.
O artigo 11 do CTN refere-se à interpretação de leis que definem infrações ou cominam penalidades e, ainda, no caso de dúvidas existentes quanto aos casos enumerados nos incisos do referido artigo, o que não ocorre no caso em tela.
MULTA QUALIFICADA. FRAUDE.
Demonstrado o evidente intuito de fraude, mantém-se a multa por infração qualificada.
Numero da decisão: 1201-001.941
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Cezar Fernandes de Aguiar - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: PAULO CEZAR FERNANDES DE AGUIAR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007 EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA PRECLUSA. Havendo decisão definitiva em outro processo administrativo em que foi mantida a exclusão do Simples, não há como se manifestar sobre a matéria. PROVA TESTEMUNHAL. No rito do processo administrativo fiscal inexiste previsão legal para audiência de instrução, na qual seriam ouvidas testemunhas, e os depoimentos de testemunhas podem ser reduzidos a termo que deveam ser carreados junto com a impugnação ou recurso, sem prejuízo da sustentação oral da recorrente ou de seu representante legal no decorrer do julgamento do recurso voluntário, nos termos do artigo 58, inciso II, do RICARF. NULIDADE. EXCLUSÃO SIMPLES. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. A manifestação de inconformidade da exclusão do Simples não impede que a Administração Tributária lance os créditos tributários apurados nos termos das normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 COBRANÇA RETROATIVA DE TRIBUTOS. Enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública, pode haver o lançamento de tributos e, ocorrida a exclusão retroativa do contribuinte do Simples, tal cobrança é dever de ofício, nos termos do artigo 142 do CTN, uma vez que a sistemática de tributação nos períodos passa a ser outra, mais gravosa que a do Simples. AUTO DE INFRAÇÃO. COBRANÇA. EFEITO CONFISCATÓRIO. Havendo lei devidamente editada e em vigor determinando a cobrança, não cabe a esse colegiado a análise da conformidade de tal norma em face de princípios constitucionais, ante ao princípio da legalidade objetiva que rege o lançamento tributário e o julgamento administrativo deste, nos termos da Súmula CARF nº 2: DECADÊNCIA. DECURSO DE PRAZO NÃO OCORRIDO. Não ocorre a decadência, nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, uma vez não ter decorrido mais de cinco anos entre o fato gerador e a ciência quanto ao auto de infração, contado esse prazo do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ser efetuado. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. O tributo lançado de ofício foi devidamente calculado, aplicando-se a multa no percentual previsto na legislação, e a descrição das infrações e as indicações dos dispositivos legais relativos às infrações e à multa aplicada constam do auto de infração e do Termo de Verificação Fiscal, não tendo ocorrido a nulidade. NULIDADE. APROVEITAMENTO DE PAGAMENTOS. Não ocorre a nulidade alegada uma vez que por consulta aos autos constata-se o cálculo do tributos com o desconto quanto aos valores já pagos na sistemática do Simples. APLICAÇÃO DO ARTIGO 112 DO CTN. DÚVIDA. NÃO OCORRÊNCIA. O artigo 11 do CTN refere-se à interpretação de leis que definem infrações ou cominam penalidades e, ainda, no caso de dúvidas existentes quanto aos casos enumerados nos incisos do referido artigo, o que não ocorre no caso em tela. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Demonstrado o evidente intuito de fraude, mantém-se a multa por infração qualificada.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10925.000035/2009-17
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5841452
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1201-001.941
nome_arquivo_s : Decisao_10925000035200917.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO CEZAR FERNANDES DE AGUIAR
nome_arquivo_pdf_s : 10925000035200917_5841452.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
dt_sessao_tdt : Mon Feb 19 00:00:00 UTC 2018
id : 7170674
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011539865600
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 35; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1777; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.000035/200917 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1201001.941 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de fevereiro de 2018 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente KF INDUSTRIAL LTDA. ME, atual denominação de KF MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA PRECLUSA. Havendo decisão definitiva em outro processo administrativo em que foi mantida a exclusão do Simples, não há como se manifestar sobre a matéria. PROVA TESTEMUNHAL. No rito do processo administrativo fiscal inexiste previsão legal para audiência de instrução, na qual seriam ouvidas testemunhas, e os depoimentos de testemunhas podem ser reduzidos a termo que deveam ser carreados junto com a impugnação ou recurso, sem prejuízo da sustentação oral da recorrente ou de seu representante legal no decorrer do julgamento do recurso voluntário, nos termos do artigo 58, inciso II, do RICARF. NULIDADE. EXCLUSÃO SIMPLES. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. A manifestação de inconformidade da exclusão do Simples não impede que a Administração Tributária lance os créditos tributários apurados nos termos das normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 COBRANÇA RETROATIVA DE TRIBUTOS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 00 35 /2 00 9- 17 Fl. 348DF CARF MF 2 Enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública, pode haver o lançamento de tributos e, ocorrida a exclusão retroativa do contribuinte do Simples, tal cobrança é dever de ofício, nos termos do artigo 142 do CTN, uma vez que a sistemática de tributação nos períodos passa a ser outra, mais gravosa que a do Simples. AUTO DE INFRAÇÃO. COBRANÇA. EFEITO CONFISCATÓRIO. Havendo lei devidamente editada e em vigor determinando a cobrança, não cabe a esse colegiado a análise da conformidade de tal norma em face de princípios constitucionais, ante ao princípio da legalidade objetiva que rege o lançamento tributário e o julgamento administrativo deste, nos termos da Súmula CARF nº 2: DECADÊNCIA. DECURSO DE PRAZO NÃO OCORRIDO. Não ocorre a decadência, nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, uma vez não ter decorrido mais de cinco anos entre o fato gerador e a ciência quanto ao auto de infração, contado esse prazo do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ser efetuado. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. O tributo lançado de ofício foi devidamente calculado, aplicandose a multa no percentual previsto na legislação, e a descrição das infrações e as indicações dos dispositivos legais relativos às infrações e à multa aplicada constam do auto de infração e do Termo de Verificação Fiscal, não tendo ocorrido a nulidade. NULIDADE. APROVEITAMENTO DE PAGAMENTOS. Não ocorre a nulidade alegada uma vez que por consulta aos autos constata se o cálculo do tributos com o desconto quanto aos valores já pagos na sistemática do Simples. APLICAÇÃO DO ARTIGO 112 DO CTN. DÚVIDA. NÃO OCORRÊNCIA. O artigo 11 do CTN referese à interpretação de leis que definem infrações ou cominam penalidades e, ainda, no caso de dúvidas existentes quanto aos casos enumerados nos incisos do referido artigo, o que não ocorre no caso em tela. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Demonstrado o evidente intuito de fraude, mantémse a multa por infração qualificada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente (assinado digitalmente) Fl. 349DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 3 3 Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa. Relatório Adoto o relatório da Resolução nº 1803000.136 da 3ª Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento deste CARF, de 4 de março de 2015, complementandoo a seguir: Tratase, o presente feito, de auto de infração de PIS, relativo ao 4º trimestre de 2007, acrescidos de juros de mora e multa de oficio de 150%, totalizando crédito tributário de R$ 53,43 (fl. 2). A autuação do presente processo decorre de exclusão do Simples Nacional (processo 10925.002253/200813), fundamentada na vedação ao sistema para pessoa jurídica constituída por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios, bem como, que realize operações relativas à locação de mão de obra, sendo apurado o PIS relativo à falta de recolhimento/declaração. Conforme relatório fiscal a empresa recorrente faz parte de um grupo empresarial constituído com o objetivo de segmentar, mediante prática de simulação, parte de suas atividades e o faturamento, beneficiandose, desse modo, do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido do Simples, tratandose, de fato, tal grupo, de uma única empresa, com faturamento global superior aos limites permitidos para ingresso e permanência no regime simplificado de tributação. Afere o relatório fiscal que o grupo empresarial é comandado pelo Sr. José Schazmann e sua esposa, a Sra. Silvana Marques Schazmann, que além de figurarem como únicos sócios da empresa Idugel Industrial Ltda., desde 20/11/1998, exercem também, mediante procuração, a administração das empresas J.S. Máquinas Ltda. ME e K.F. Montagens Industriais Ltda. ME. Os sócios da J.S. e K.F. possuem parentesco de primeiro grau com o Sr. José Schannann. Figuram como únicas integrantes do quadro societário da empresa J.S. Máquinas Ltda. ME, atualmente, a mãe e a irmã do Sr. José Schazmann, e da empresa K.F. Montagens Industriais Ltda. ME como únicos sócios, dois filhos do Sr. José Schazmann. Afere, em ato contínuo, que a recorrente, na prática, cede mãodeobra para empresa Idugel, que concentra quase todo o faturamento e registra apenas dois empregados, em média, nos últimos três anos, e entre três e quatro empregados, nos anos de 2003 e 2004", situação esta, juntamente com faturamento, custos, folha de pagamento, demonstrada em quadro de fls. 15/16. Em relação à contabilidade das empresas, constatouse a ocorrência de vários pagamentos "cruzados", ferindose o princípio contábil da entidade e não refletindo a realidade dos atos praticados, comprometendo de forma irremediável a escrituração contábil. Também foram encontrados vários pagamentos efetuados pela empresa em nome dos sócios administradores e seus familiares referentes a compromissos assumidos com terceiros, tendo o registro contábil apenas da saída de numerário de contas bancárias e como destino à entrada em caixa, não refletindo a realidade dos atos praticados, comprometendo de forma irremediável a escrituração contábil. Fl. 350DF CARF MF 4 De igual modo, aduz que a empresa recorrente também efetuou pagamentos "extrafolha" aos seus segurados empregados, sem o devido registro contábil. Em sua escrituração contábil deixou de registrar os compromissos com fornecedores de materiais e serviços adquiridos "a prazo", considerando tais operações como se fossem realizadas "a vista", ferindo o princípio da competência. Entende a fiscalização que esses fatos também levam à conclusão de que o 'Grupo' é administrado como se fosse uma única empresa, entendimento equivocado por parte de seus administradores e que contraria a legislação em vigor, comprometendo de forma irremediável sua escrituração contábil. No tocante ao tributo apurado, aduz a fiscalização que para a apuração do PIS devido, foi ajustada a receita bruta mensal para aproveitar os créditos decorrentes dos recolhimentos efetuados através do Simples. E a aplicação da multa qualificada de 150% se deu em razão de ter entendido caracterizado, de forma clara, o intuito de fraudar por parte da fiscalizada, pela análise dos fatos relatados e pela simulação de constituição de empresas com o objetivo de segmentar parte das atividades e faturamento, e se beneficiar do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. A empresa recorrente, devidamente cientificada do auto de infração, na data de 28.01.2009, apresentou impugnação, de forma tempestiva, aduzindo que foi excluída do regime simplificado de tributação e que foram apresentadas defesas ao ato de exclusão e mesmo apesar do efeito suspensivo dos recursos, foram expedidas intimações para prestar declaração ao fisco pelo regime comum de tributação e por fim emitidos os autos de infração, não tendo estes validade. Alega, a empresa recorrente, que o grupo familiar de Elita Schazmarm, formado por si, seus filhos e netos, exploram ramos comerciais e industrial de fabricação de máquinas e equipamentos industriais e com a evolução dos negócios, optaram pelo fracionamento da cadeia produtiva, não havendo nenhum ilícito na formação de empresas por grupos familiares, bem como na terceirização de atividades como no caso. Afere que a empresa Idugel é responsável pelos projetos dos maquinários, comercialização e coordenação da execução dos mesmos (Knowhow), que conta com a participação de diversas empresas delegadas (aqui não se limita apenas a K.F. Montagens e J.S. Máquinas). Dispondo: “*J.S.: é responsável pela fabricação dos acessórios e complementos das máquinas produzidas pela empresa IDUGEL (direta e indiretamente); *K.F.: é responsável pela montagem e instalação das máquinas e acessórios fabricados pela IDUGEL, J.S. e outras empresas participantes da cadeia produtiva.” Afirma que a legislação brasileira permite o desenvolvimento de ações para se evitar a ocorrência da hipótese de incidência, dentro do campo da elisão fiscal, na forma do art. 116 do CTN, sendo perfeitamente possível separar as atividades em diversos setores no caso em tela. As práticas adotadas, pelas empresas, foram revestidas de formalidades perfeitamente válidas, atendidos todos os pressupostos contábeis idôneos a registrar as operações, não existindo nenhuma mácula suficiente para afastar o direito de opção pelo regime simplificado de tributação. No tocante à delimitação temporal da exclusão, manifesta que o ato impugnado delimitou o início do tempo da exclusão (01/07/2007), entretanto deixou de delimitar o prazo final. Entende como ilegal a extensão do ato de exclusão para período posterior a 28/10/2008. Aduz a recorrente que o presente processo fere os princípios da ampla defesa e do contraditório, pois houve exclusão sumária com Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 4 5 aplicação de penalidade sem qualquer notificação prévia ou oportunidade de defesa da requerente. De igual modo, referese acerca dos dois sócios formadores da requerente, sendo nulo o procedimento administrativo. Prossegue referindo que são incompatíveis entre si os motivos para exclusão do Simples, pois a partir do momento que há enquadramento como sendo a atividade desempenhada: locação de mãodeobra, respaldase a existência autônoma das duas empresas. Assim, entende ser incompatível com a decisão de anular a existência da empresa J.S., como leva a crer na fundamentação. Assim, refere que ou elas existem e então há apenas que perquirir sobre a existência ou não da locação de mão de obra no relacionamento, ou inexiste a empresa J.S., por vício de formação que não se trata do caso em tela. E dessa forma, entende estar caracterizada a nulidade por defeito na fundamentação da exclusão do Simples, prejudicando o direito de defesa da empresa recorrente na forma do art. 59 do Decreto 70235/72. De igual modo, a empresa recorrente afirma ser constituída pela sociedade entre Elita e Cláudia desde 20.02.1998, não havendo nenhuma insurgência contra sua atividade em uma década. Aduz que o art. 45, parágrafo único, do CC prevê o prazo de decadência de 3 anos para anular a constituição das pessoas jurídicas, ou seja, incabível anulação da constituição da empresa após uma década de sua formação, mesmo considerando o prazo do diploma civil anterior. Atenta para a questão de que as situações fáticas, apuradas no ano de 2008, somente podem ser consideradas como prova para esse período, não havendo como comprovar que os supostos indícios existiam em exercício em exercícios anteriores. A opção pelo Simples é feita para cada exercício, que findo, não há com se alterar posteriormente. Ademais, O CTN prevê em seus art. 105 e 106 a aplicação da legislação tributária, e os casos em que se aplica retroativamente, nela não se incluindo o caso em análise. A opção pelo Simples ocorreu em 1998, quando o art. 15, V da Lei 9.317/96 disciplinava a matéria, devendo a exclusão (equivocadamente atestada) ser aplicada apenas após a constatação da ocorrência, ou seja, somente após outubro de 2008, sendo ilegal e arbitrária a retroatividade da análise fáticoprobatória. Expõe que a cobrança com efeito retroativo dos tributos tem efeitos confiscatórios, sob o aspecto da capacidade contributiva. O Ato Declaratório Excludente modifica a base de cálculo dos tributos, pela exclusão de um regime tributário, implicando em majoração de tributo, que conforme art. 97 do CTN, só lei pode estabelecer. A exclusão foi do SIMPLES, e não somente da tributação simplificada, impedindo automaticamente a empresa dos benefícios e incentivos fiscais positivados na Lei n° 9.841/99. Tal ato desvirtua a finalidade da citada Lei e dos arts. 170 e 179 da Constituição Federal, impondo indevida pena de restrição ao direito de exercer atividade econômica. Ademais, salienta que a Autoridade é incompetente para apreciar se a exigência do tributo ou se a condição da empresa é de enquadramento ou não, ou se é legítima ou ilegítima, violando direito de defesa da contribuinte e sem o devido processo legal. Entende que o ente arrecadador não opôs óbice à adesão dos contribuintes à tributação simplificada, iniciada em 1997, entretanto, somente em 2004 passou a emitir atos declaratórios sob o argumento de atividade vedada. Discorre quanto o art. 112 do CTN, entendendo que não há qualquer ato ilícito, por parte do contribuinte, para que seja excluído da tributação simplificada, sendo ilegítima a cobrança retroativa dos tributos à época da suposta vedação, ao exclusivo Fl. 352DF CARF MF 6 critério da autoridade fiscal, uma vez que abusa da autoridade e constrange o contribuinte a recolher tributos sob base de cálculos diferenciadas e majoradas, em período pretérito, sem que este sequer tenha dado causa à sua exclusão do regime. Frisa que a autuação do agente fiscal está fundada no art. 116 do CTN, entretanto referido dispositivo não é autoaplicável, carecendo de procedimentos a serem estabelecidos por lei ordinária. Assim, cabendo ao agente público fazer apenas o que a lei autoriza, falta amparo legal para atuação fiscal. No tocante à excludente de Locação de Mão de Obra, refere a recorrente que no conceito de cessão de mão de obra, fica o pessoal utilizado à disposição exclusiva do tomador, que gerencia a realização do serviço. O objeto do contrato é somente a mão de obra. No conceito de empreitada o contrato focalizase no serviço a ser prestado. Para sua realização, envolverá mãodeobra, que não estará, necessariamente, à disposição do tomador. O gerenciamento será do contratado. No caso presente, tratase de empreitada, “pois, há delegação de tarefa da contratante à contratada, mediante retribuição pecuniária por execução do serviço, cabendo à contratada a gerência do serviço, bem como a responsabilidade por seus empregados, e ainda de meios mecânicos necessários a execução da tarefa”. Assim, entende que, apesar de, às vezes, o serviço ser desenvolvido em local cedido pela contratante (no caso ldugel), há contratação para execução de tarefa determinada, preço certo, sem qualquer intervenção ou ingerência da contratante. Não há que se falar em vedação de opção ao regime simplificado de tributação. Já no tocante à "interposta pessoa", refere que não há qualquer demonstração de não serem as sócias, Elita e Cláudia, as verdadeiras titulares da sociedade, como são na realidade, recebendo pro labore mensal e distribuição de lucros/dividendos, conforme declarações prestadas a Receita Federal. O fato de outorga de procurações para representálas em situações específicas, especificamente para movimentar contas bancárias, não desconstitui a sociedade, nem configura a existência de interpostas pessoas na sua formação. O art. 1018 do Código Civil autoriza a outorga de procuração sem, com isso, desvirtuar a condição de sócios ou da natureza da própria sociedade. Alega de igual modo que não se tratando de locação de mão de obra, nem havendo que se falar em interpostas pessoas no quadro societário, inexiste qualquer óbice à opção pelo regime simplificado de tributação. Atenta para o fato de que a autoridade fiscal utilizouse de documentos e fatos posteriores ao período de 01/01/03 a 30/06/2007 para fundamentar a decisão de exclusão do Simples, não se prestando para tal intento. Exemplifica com documento de fls. 16/17 que se refere a outubro de 2007. No que diz respeito ao endereço, local utilizado pelas empresas J.S. e IDUGEL, apensar da coincidência do imóvel, encontrase dividido fisicamente, conforme se verifica em planta anexada, instalação de alarmes distintos e ateste do Município que atribuiu diferenciação na identificação das unidades. Observa que a empresa IDUGEL é que detém capacidade técnica para desenvolver projets, possibilidade de angariar contratos e obras, inclusive com a pessoa do Sr. José Schaznann como o técnico de maior capacidade reconhecida no Brasil. No processo de desenvolvimento da atividade industrial de alta complexidade, como exemplifica a instalação de um moinho de trigo, parte da atividade é delegada a empresas terceirizadas, mediante contratação por empreitada, como ocorre com a empresa J.S. O valor agregado de cada produto produzido pelas empresas contratadas é muito inferior àquele cobrado pela empresa IDUGEL, quando da comercialização do conjunto todo, o que no exemplo do moinho de trigo, representa para a fabricante até Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 5 7 1/3 do valor final faturado pela empresa IDUGEL. Em resumo, o preço do conjunto é muito superior das máquinas isoladamente. Dai o motivo de que o faturamento das empresas contratadas, em que pese com número de empregados superior à contratante, apresente faturamento inversamente proporcional. Atenta para o fato de que também há casos que as empresas IDUGEL e J.S. fornecem, mediante parceria, quando a IDUGEL fica responsável pelo fornecimento das máquinas principais e a J.S. pelo fornecimento de acessórios. Portanto, a IDUGEL explora seu KnowHow, diante de sua grande credibilidade do mercado, motivo da desproporção do faturamento, não tendo como comparar a proporcionalidade do faturamento ao número de empregados. Ainda, a existência de empréstimos entre as empresas não desqualifica a individualidade de ambas. Efetivamente, refere que houve transferências de recursos, sempre na proporção dos créditos existentes da J.S. perante IDUGEL. Assim, havendo crédito e ao mesmo tempo devido algum pagamento, ocorreram situações que a devedora IDUGEL pagou pelos serviços através da quitação de débitos específicos. De qualquer forma, a contabilização fora feita corretamente. Nesse caminho, entende que há que se aplicar o princípio da proporcionalidade no caso presente, pois foram levantados elementos insignificantes para sustentar o ato de exclusão. E, apresenta julgado do conselho de contribuintes, cuja ementa dispõe não ser simulação a instalação de duas empresas na mesma área geográfica com desmembramento das atividades antes exercidas por uma delas, objetivando racionalizar as operações e diminuir a carga tributária. Refere, de igual modo, o cerceamento do direito de defesa, pois as intimações fiscais foram objetos de impugnação administrativas não decididas, bem como por conter no relatório fiscal menção de diversas intimações para apresentação de documentos, sem o esclarecimento quanto ao atendimento, requerendo a nulidade do auto. Entende que o lançamento foi fundamentado no art. 149, VII do CTN, sendo neste previsto que este deverá ser efetuado e revisto de oficio pela autoridade administrativa. Assim, manifesta que o auto em questão não foi submetido a qualquer revisão de oficio pela autoridade tributária superior ao autuante, motivo que requer a nulidade do processo por falta de cumprimento de exigência legal. No que diz respeito à inexistência de fraude, entende não caracterizada a fraude que só pode ser aferida no momento da ocorrência do fato gerador, não com relação às obrigações acessórias, como por exemplo: a ausência de declarações ao fisco ou declaração a menor de tributo, opção de regime tributário, etc. Ainda, aduz ser necessário a demonstração pelo fisco que o ato foi realizado com evidente intuito de fraude, situação não realizada, inclusive pela ausência da hipótese legal do art. 149, VII, do CTB. Prossegue referindo que o auto de Infração decorre de interpretação do agente fiscal de haver fraude no planejamento tributário adotado pela recorrente, entretanto os elementos mencionados permitem concluir que o entendimento foi equivocado, ademais pelas disposições do art. 112 do CTB que aplica o brocardo in dubio pro reo. A recorrente salienta que a aferição indireta é medida extrema, disponível somente quando totalmente imprestáveis ou inexistentes os lançamentos contábeis, ou ainda, pela recusa no fornecimento da documentação exigida pela autoridade fiscal, situação não verificada no caso presente. Aduz que a empresa conta com lançamento contábeis regulares, dotados dos respectivos documentos, os quais foram colocados inteiramente à disposição da autoridade fiscal. Ainda, frisa que meras Fl. 354DF CARF MF 8 irregularidades ou pequenas falhas contábeis não autorizam o arbitramento da verba previdenciária e conclui que há de restar garantido à recorrente o direito à apuração dos tributos com base no lucro real. Alega que toda receita e toda despesa está devidamente lançada na contabilidade da recorrente, discorrendo que até valores não lançados em GEFIP's foram localizados nos lançamentos contábeis, devendo assim ser utilizada a contabilidade da impugnante para apuração dos tributos e considerados os créditos dos tributos, na forma da legislação em vigor. Entende que o lançamento não considerou os valores recolhidos, motivo que requer sua nulidade, bem como a consideração dos pagamentos efetuados a título do regime simplificado, correspondente à presente rubrica. Importa informar que a empresa recorrente ingressou em juízo, através de um Mandado de Segurança, cuja finalidade era não ser autuada por sistemática diversa da Simplificada até que fosse proferida decisão definitiva referente à exclusão do simples, na esfera administrativa. A decisão foi proferida nesse sentido, tendo transitado em julgado. A autoridade julgadora de primeira instância entendeu por bem manter o lançamento, ora em comento. Afere, quanto à exclusão do Simples, que os argumentos apresentados, em que pese se referirem a empresa J.S. Máquinas, mas diante da semelhança do procedimento e atividades das "empresas", eles são "correspondentes" àqueles feitos na defesa do processo relativo à referida exclusão (processo n° 10925.002253/200813), cuja manifestação de inconformidade foi objeto de análise e indeferimento no Acórdão DRJ/RPO n° 1425.630, proferido por esta Turma de Julgamento. Transcreve o voto proferido no Acórdão citado. Já no que diz respeito à nulidade arguida, entende que não há qualquer tipo de nulidade no lançamento, vez que não foi ferido o disposto no art. 59 do Decreto 70.235/72, assim como entende que não procede o argumento de que foram apresentadas defesas ao ato de exclusão do Simples, motivo que não seria possível intimações fiscais e lançamentos dos tributos por regime diverso do Simples. Também observa que não há previsão para impugnação administrativa de intimações fiscais, pois o procedimento fiscal é inquisitório, só se iniciando o contraditório e a defesa após o lançamento tributário. E, aduz que o contencioso administrativo relativo ao Simples Nacional é de competência do órgão julgador integrante da estrutura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento ou a exclusão de oficio, observados os dispositivos legais atinentes aos processos administrativos fiscais desse ente (art. 39, caput, da Lei Complementar n° 123/2006; art. 4°, § 5°, da Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007; e art. 11, caput, da Resolução CGSN n° 30, de 07/02/2008). Ainda, a pessoa jurídica excluída do SIMPLES Nacional sujeitarseá, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Assim, observa que a manifestação de inconformidade da exclusão do Simples não impede que a Administração Tributária lance os créditos tributários apurados nos termos das normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas, entretanto, como mencionado no relatório fiscal, referido lançamento tem o objetivo de se prevenir a decadência dos valores apurados, tendo sua exigibilidade suspensa enquanto não julgadas as manifestações de inconformidade de exclusão do Simples. Da mesma forma, entende improcedente a argumentação de nulidade sob argumento de que o art. 149 do CTN exige a revisão do lançamento, pois referido dispositivo legal não obriga a revisão do lançamento, apenas prevê casos em que pode o lançamento ser realizado e revisto de oficio. Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 6 9 Já no tocante à multa qualificada, argumenta o julgador de primeira instância que a mesma foi aplicada por entender o autuante caracterizado de forma clara o intuito de fraudar por parte recorrente, tomando em conta a análise dos fatos relatados e pela simulação de constituição de empresas com objetivo de segmentar parte das atividades e faturamento, e se beneficiar do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. De igual modo, afere que houve simulação de constituição de empresas com o objetivo de segmentar parte das atividades e faturamento com objetivo de se beneficiar de tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, apenas aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. Salienta, o julgador a quo, que o artificio fraudulento de segmentação apenas formal das atividades do "grupo" foi fartamente analisado no julgamento do processo de exclusão do simples e evidenciado, dentre outros, pela falta de autonomia da recorrente como entidade empresarial, caracterizados pelo uso do mesmo uniforme por seus funcionários, pela localização física na mesma sede, pelos setores administrativos conjuntos, pelos pagamentos cruzados e documentos conjuntos que maculam o princípio contábil da entidade, pelos semelhantes objetos sociais e pelas inverossímeis relações entre dispêndios (custos, folha de pagamentos, empregados) e resultados entre as empresas do mesmo "grupo empresarial", pela administração única de todas as empresas pelas pessoas de José Schazmann e sua esposa, Silvana Marques Schazmann. E, conclui que ficou plenamente caracterizado o evidente intuito de fraude nos termos previstos no art. 72 da Lei n° 4.502, de 1996, não se aplicando no caso o art. 112 do CTN, pois não há dúvida como prevista no referido artigo. Também aborda o julgador de primeira instância a solicitação de produção de prova testemunhal, referindo que não pode ser deferida por não ter previsão no rito processual administrativo. Mas, frisa que os testemunhos que a empresa recorrente tenha em seu favor devem ser apresentados sob a forma de declaração escrita, já com a impugnação. No que diz respeito ao pedido da recorrente de apresentação de documentos durante a fase de instrução, o julgador cita o art. 16 do Decreto 70.235/72 para negar. Mas, que de toda a forma a recorrente nada trouxe aos autos processuais após sua impugnação, perdendo o objeto o presente pedido. Devidamente cientificada da decisão, a empresa recorrente apresenta suas razões em seara de recurso voluntário, de forma tempestiva, aduzindo o já disposto na impugnação. Em face da referida Resolução, converteuse o julgamento em diligência, o que se deu nos seguintes termos: Em assim sucedendo e com observância do disposto no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, voto por converter o julgamento na realização de diligência para que a autoridade preparadora da Unidade da Receita Federal do Brasil que jurisdicione a Recorrente examine o provimento jurisdicional do Mandado de Segurança nº 2008.72.03.0028250 com base na atual fase processual, instrua os autos com a Certidão de Objeto e Pé e demais peças da ação judicial, bem como oficie a Procuradoria da Fazenda Nacional para que se pronuncie sobre seus efeitos jurídicos em face do Auto de Infração. A autoridade designada ao cumprimento da diligência solicitada deverá elaborar o Relatório Fiscal circunstanciado e conclusivo sobre os fatos averiguados, Fl. 356DF CARF MF 10 em especial a respeito dos efeitos jurídicos do provimento jurisdicional do Mandado de Segurança nº 2008.72.03.0028250 em face do Auto de Infração. A Recorrente deve ser cientificada dos procedimentos referentes à diligência efetuada e do Relatório Fiscal para que, desejando, se manifeste a respeito dessas questões com o objetivo de lhe assegurar o contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes. Baixados os autos à DRF/Joaçaba, após os trâmites e análises efetuadas tanto pelo setor especializado dessa unidade de Receita Federal do Brasil, quanto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, foi proferida a Informação nº 443/2016– SACAT/DRF/JOA/SC (fls. 330 a 333), verbis: Tratase de processo administrativo relativo a Auto de Infração de Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), correspondente aos períodos de apuração 11/2007 e 12/2007, do qual resultou crédito tributário na importância de R$ 53,43 (cinquenta e três reais e quarenta e três centavos), já computados os juros de mora e multa de ofício qualificada de 150%. 2. Segundo o Relatório Fiscal do Auto de Infração (fls. 10 a 22), o presente processo decorre da exclusão da contribuinte do Simples Nacional levada a efeito no processo administrativo nº 10925.002253/200813, fundamentada na vedação ao sistema para pessoa jurídica constituída por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios, bem como realize operações relativas à locação de mão de obra, sendo apurado o PIS relativo à falta de recolhimento/declaração. 3. Ainda segundo o mencionado Relatório, o Auto de Infração teve como objetivo prevenir a decadência dos valores apurados, enquanto não julgada a impugnação do ato de exclusão do Simples Federal. 4. Irresignada com a autuação, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 25 a 71. Todavia, o recurso foi considerado improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (fls. 142 a 164). 5. Na sequência, houve a interposição de Recurso Voluntário junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (fls. 168 a 207). 6. Iniciado o julgamento, os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por maioria de votos, resolveram converter o julgamento na realização de diligência (fls. 218 a 229). Nesse contexto, é pertinente transcrever o Voto Vencedor: [...] 7. Observase que o objeto da diligência é o mandado de segurança nº 2008.72.03.002825. A autoridade julgadora requer a instrução do presente processo com a documentação pertinente ao referido mandamus, bem como o pronunciamento da Procuradoria da Fazenda Nacional quanto aos efeitos jurídicos dos provimentos judiciais nele proferidos quanto ao Auto de Infração de PIS. 8. Pois bem. A documentação relativa ao mandado de segurança foi anexada às fls. 231 a 247, sendo que todo o histórico de tramitação foi delineado na Informação Fiscal de fls. 318 a 323. Além disso, a Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Joaçaba concluiu no seguinte sentido: a) Não houve impugnação do mérito do auto de infração de COFINS por meio do writ; Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 7 11 b) O mandado de segurança impetrado pela contribuinte teve apenas por objetivo assegurar o efeito suspensivo das impugnações administrativas, mantendoa no regime do SIMPLES até o julgamento definitivo dos recursos; c) Com o julgamento definitivo das impugnações na esfera administrativa, não há óbice para que os atos questionados, caso sejam mantidos, produzam seus efeitos normais, uma vez que a decisão judicial sustava somente os efeitos específicos da exclusão do SIMPLES até a conclusão dos recursos. d) Com o desfecho no âmbito administrativo, não remanescem os efeitos da sentença, ainda que transitada em julgado. 9. A contribuinte deverá ser cientificada acerca do teor da presente Informação Fiscal, em relação à qual poderá haver manifestação no prazo de 30 (trinta) dias, bem como da Resolução nº 1803000.136 – Turma Especial / 3ª Turma Especial. Ao término do referido prazo, com ou sem manifestação, o processo será remetido ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para continuidade do julgamento. Em face da extinção das Turmas Especiais, o presente processo foi redistribuído por sorteio no âmbito desta Turma Ordinária. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Relator. Admissibilidade. O recurso é tempestivo e preenche aos demais pressupostos de admissibilidade, pelo que dele se deve conhecer. Exclusão do Simples Federal. O presente processo referese a auto de infração de contribuição para o PIS/Pasep relativa ao 4º trimestre de 2007. O principal do tributo foi acrescido de juros de mora e multa de ofício de 150%. A exigência decorre da exclusão da recorrente do Simples Nacional, que foi objeto de discussão administrativa no processo nº 10925.002253/200813. Quanto a esse processo, já houve decisão administrativa irrecorrível, tendo sido mantida a exclusão. Em face disso, relativamente às alegações veiculadas no recurso, específicas à defesa quanto à exclusão do Simples Federal, a matéria está preclusa, nenhum julgamento sendo mais possível. Fl. 358DF CARF MF 12 A título informativo, transcrevese o entendimento esposado no citado processo, conforme transcrição abaixo: A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Os atos administrativos não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais. O ato de exclusão foi lavrado por servidores competentes com observância de todos os requisitos legais (Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006). A autoridade tributária tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. As Autoridade Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio da persuasão racional. Assim, o ato de exclusão e a decisão de primeira instância contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A tese protetora exposta ela defendente, assim sendo, não está demonstrada. A Recorrente solicita a realização de todos os meios de prova. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 8 13 de quaisquer das circunstâncias ali previstas, tais como fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Embora lhe fossem oferecidas várias oportunidades no curso do processo, a Recorrente não apresentou a comprovação inequívoca de quaisquer inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo constantes nos dados informados à RFB ou ainda quaisquer fatos que tenham correlação com as situações excepcionadas pela legislação de regência. A realização desses meios probantes é prescindível, uma vez que os elementos probatórios produzidos por meios lícitos constantes nos autos são suficientes para a solução do litígio. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente discorda do procedimento fiscal. O tratamento diferenciado, simplificado e favorecido pertinente ao cumprimento das obrigações tributárias, principal e acessória, aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte relativo aos impostos e às contribuições estabelecido em cumprimento ao que determina no inciso X do art. 170 e no art. 179 da Constituição Federal de 1988 pode ser usufruído desde que as condições legais sejam preenchidas. Com o escopo de implementar esses princípios constitucionais foi editada a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional. No presente caso, a Recorrente optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional foi excluída de ofício pelo Ato Declaratório Executivo DRF/JOA/SC nº 23, de 28.10.2009, fl. 139, com efeitos a partir de 01.07.2007, com base nos fundamentos de fato e de direito indicados: O Delegado da Receita Federal do Brasil em Joaçaba Santa Catarina, no uso das atribuições que lhe confere o inciso II do art. 238 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria Ministerial n° 095, de 30 de abril de 2007, e tendo em vista o disposto no art. 33 da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, com a redação dada pela Lei Complementar n° 127, de 14 de agosto de 2007, e no art. 4° da Resolução CGSN n° 15, de 23 de julho de 2007, declara: Art. 1°. Fica excluída do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) a pessoa jurídica abaixo identificada, conforme previsto no art. 29, IV, da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, em razão de haver sido verificada sua constituição por interpostas pessoas, restando caracterizado o emprego de artifício (simulação de atividade empresarial autônoma) objetivando reduzir o pagamento de tributos apuráveis segundo aquele regime especial, e em virtude da Fl. 360DF CARF MF 14 constatação de que o principal propósito de sua existência jurídica tomouse a contratação de mãodeobra em seu nome para cessão a outra pessoa jurídica, o que constitui atividade vedada à opção pelo Simples Nacional, segundo estabelece o art. 17, XII da mesma Lei Complementar n° 123, de 2006, considerados os fatos apurados no processo administrativo n° 10925.002253/200813. Art. 2°. Os efeitos da exclusão darseão a partir do dia 1° de julho de 2007, conforme disposto no § 1° do art. 29 da Lei Complementar n° 123, de 2006, e artigos 5°, IV; e 6°, VI, ambos da Resolução CGSN n° 15, de 23 de julho de 2007. Art. 3°. A pessoa jurídica mencionada fica impedida de optar pelo Simples Nacional nos 10 (dez) anoscalendários subsequentes ao termo inicial dos efeitos da exclusão, contados de 01/01/2008 a 31/12/2017, por força do disposto no § 2° do art. 29 da Lei 2007. Art. 4°. Fica intimada a pessoa jurídica, ainda, de que no prazo de 30 (trinta) dias da ciência deste ADE poderá apresentar, por escrito, manifestação de inconformidade dirigida ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento, protocolada na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de sua jurisdição, nos termos do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972 Processo Administrativo Fiscal (PAF). Art. 5°. Não havendo apresentação de manifestação de inconformidade no prazo de que trata o art. 4°, a exclusão tornarseá definitiva. Esse procedimento não gera qualquer efeito nos atos constitutivos da Recorrente, tendo alcance tão somente na sistemática de tributação e fundamentase nas justificativas jurídicas constantes no Parecer SACAT/DRF/Joaçaba/SC nº 352, de 28 de outubro de 2008, fls. 123135: Trata o presente processo administrativo da representação fiscal, de fls. 03 a 08, originária do processo administrativo n° 10925.002074/200878, na qual se informa que a empresa em epígrafe, optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), faz parte de um “grupo” empresarial constituído com o objetivo de segmentar, mediante prática de simulação, parte de suas atividades e o faturamento, com o objetivo de beneficiarse do Simples Nacional, tratandose tal “grupo”, na realidade, de uma única empresa, com faturamento global superior aos limites permitidos para ingresso e permanência naquele regime especial de tributação. Segundo a mencionada representação fiscal, o pretenso “grupo” empresarial é comandado pelo Sr. José Schazmann e sua esposa, a Sra. Silvana Marques Schazmann, que além de figurarem como únicos sócios da empresa Idugel Industrial Ltda., desde 20/11/1998, exercem também, mediante procuração, a administração das empresas J.S. Máquinas Ltda. ME e K.F. Industrial Ltda. ME (cujo nome original era K.F. Montagens Industriais Ltda. ME). Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 9 15 Quanto aos sócios destas duas últimas empresas, todos possuem parentesco de primeiro grau com o Sr. José Schazmann. Figuram como únicas integrantes do quadro societário da empresa J.S. Máquinas Ltda. ME, atualmente, a mãe e a irmã do Sr. José Schazmann, Sra. Elita Schazmann e Sra. Claudia Schazmann Perottoni, respectivamente, tendo a empresa K.F. Industrial Ltda. ME como únicos sócios consignados no contrato social o Sr. Fellipe Marques Schazmann e a Sra. Karinne Marques Schazmann, ambos filhos do Sr. José Schazmann, conforme quadro de fls. 05. Aduzse ainda, na representação fiscal, que as empresas KS Industrial Ltda. ME e J.S. Máquinas Ltda. ME, na prática, são meras fornecedoras de mãodeobra para a empresa Idugel, que concentra quase todo o faturamento e os custos em geral (exceto custos com folha de pagamento, incluindo gastos com matérias primas e outros insumos, como energia, etc.). A fim de se demonstrar a distribuição do faturamento, custos, folha de pagamento, número de empregados registrados por empresa e as relações custos/receita, folha de pagamento/receita, e receita/empregado, incluiuse na representação fiscal um quadro específico (fls. 07), com dados anuais, para o período de 2003 a 2007. Em tal demonstrativo informase, por exemplo (fls. 05), que a empresa Idugel registra apenas dois empregados, em média, nos últimos três anos (2005 a 2007), e entre três e quatro empregados, nos anos de 2003 e 2004. A respeito da contabilidade das empresas envolvidas, relatase, na representação fiscal, a ocorrência de vários pagamentos “cruzados”, ferindose o princípio contábil da entidade, ou seja, “quando não havia recursos financeiros para pagar os compromissos assumidos por uma das empresas, simplesmente utilizavam os recursos da outra, como se na verdade fosse uma única empresa com diversas contas bancárias” (fls. 06). São tecidas ainda outras considerações sobre as práticas contábeis e econômicas das empresas mencionadas, tendo sido anexadas cópias de documentos contábeis para exemplificação de tais práticas. Como fundamentos legais para a exclusão, no caso do Simples Federal, apontamse, na representação fiscal, o art. 29, inciso IV, da Lei Complementar nº 123/2006, dispositivo que trata da constituição de pessoa jurídica por interpostas pessoas. Concluise, na representação fiscal, que a pessoa jurídica K.F. Industrial Ltda. ME não poderia ter optado pelo Simples Federal, nem pelo Simples Nacional, representandose, ao final, para a exclusão da empresa de ambos os regimes de tratamento diferenciado. [...] Em consonância com o Parecer SACAT n° 352, de 28 de outubro de 2008, que aprovo, e fazendo uso da competência delegada Fl. 362DF CARF MF 16 pelo artigo 238, inciso II, do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n° 095, de 30 de abril de 2007, com fundamento nos artigos 17, XII; 29, IV, e §§ 1° e 2° , da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, e com observância dos artigos 5°, IV; e 6°, VI, e §6°, da Resolução CGSN n° 15, de 23 de julho de 2007, determino a exclusão da pessoa jurídica em epígrafe do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), instituído pela supracitada Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, com efeitos a partir do dia 01/07/2007 ficando a pessoa jurídica impedida de efetuar nova opção pelo Simples Nacional nos 10 (dez) anos calendários subsequentes ao início dos efeitos da exclusão, contados de 01/01/2008 a 31/12/2017. No que se refere à interposição de pessoas, a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, determina: Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: [...] IV a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas; A interposição de pessoas consiste em uma pessoa, que não é a titular dos interesses em causa, praticar um ato jurídico no lugar daquela que é a verdadeiro titular desses direitos. Esse instrumento pode ser utilizado para criação de pessoas jurídicas com o intuito formação de grupo econômico, mediante procuração com outorga de amplos poderes em que é nomeado como procurador o real titular dos interesses e sócio de uma delas para gerir e administrar todos os negócios concernentes às demais pessoas jurídicas integrantes. Considerase a existência de grupo econômico de fato quando duas ou mais pessoas jurídicas encontramse sob a direção, o controle ou a administração de uma delas. A constituição de várias pessoas jurídicas, que ocupam um espaço físico contíguo, desenvolvem objeto social similar, utilizam os mesmos colaboradores e maquinários e, cujos sócios possuem grau de parentesco ou afinidade entre si, objetivando reduzir custos, usufruir tributação privilegiada e distribuir receitas, caracteriza constituição de grupo econômico de fato e impede a opção pelo Simples. Consta no Parecer SACAT/DRF/Joaçaba/SC nº 352, de 28 de outubro de 2008, fls. 123135, cujas informações estão comprovadas nos autos e cujos fundamentos cabem ser adotados de plano: O presente Parecer Sacat tratará somente da exclusão do Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, conhecido como Simples Nacional. A exclusão do Simples Federal, regime de que trata a Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996, foi apreciada no processo administrativo n° l0925.002074/200878, que originou o presente processo. A Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, ao instituir e disciplinar o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições, restringiu o universo de empresas aptas a aderir ao mesmo. Tais limitações tiveram como escopo não apenas vedar o acesso de empresas cujas características tomam prescindíveis qualquer Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 10 17 tratamento tributário privilegiado, mas também impedir que empresas inicialmente inaptas a aderir ao Simples utilizem meios transversos para adquirir a legitimidade necessária à opção. No caso em tela, constatase com clareza que a criação da pessoa jurídica em epígrafe é o coroamento de uma movimentação orientada a manter sob o total controle do Sr. José Schazmann, e de sua esposa, Sra. Silvana Marques Schazmann, três pessoas jurídicas, com aparência de empreendimentos econômicos distintos, que formariam um pretenso “grupo” empresarial, o qual, na verdade, consiste em uma única empresa de fato, a Idugel Industrial Ltda., e duas empresas simuladas, sem autonomia econômica ou administrativa, as já citadas K.F. Industrial e J.S. Máquinas, mantidas na forma de pessoas jurídicas individualizadas, fundamentalmente para se proceder à segmentação artificial das atividades, do faturamento, e da contratação da mãodeobra do “grupo”, com o fim de se reduzir o pagamento de tributos apuráveis na forma do Simples Federal, e depois do Simples Nacional, especialmente as contribuições previdenciárias patronais, manipulandose contabilmente os gastos com mãode obra, alocados em sua quase totalidade às empresas simuladas, e mantendoas com faturamento dentro dos limites para opção, uma vez que as receitas auferidas pelo “grupo” , como um todo, ultrapassam sistematicamente os limites para opção e permanência no Simples Federal, o que, em condições normais, impediria o ingresso do empreendimento, como empresa única, no citado regime diferenciado de tributação. Enquanto a J.S. Máquinas teve suas atividades incorporadas, na prática, pela Idugel Industrial Ltda., após ter sido aparentemente fundada como empresa de constituição autônoma, conforme constatado nos processos n° 10925.002073/200823 e 10925.002252/200861, a K.F. Industrial já nasceu sob o comando do Sr. e da Sra. Schazmann, quando estes já eram os únicos donos da Idugel e da J.S., sendo que, desta última, como proprietários de fato da pessoa jurídica, constituída, então, por interpostas pessoas, época em que a J.S., enquanto empreendimento econômico autônomo, já não passava de uma ficção. Por economia processual transcrevemos abaixo um trecho do Parecer Sacat n° 341/2008, desta DRF/JOASC, integrante do processo n° 10925.002252/200861, no qual analisamos a evolução societária da empresa Idugel e da pessoa jurídica J.S., bem como a questão de passarem ambas a ter sede no mesmo endereço comercial, assim como a K.F.. Isto propiciará o entendimento sobre a constituição do pretenso “grupo” empresarial. Em seguida, incluiremos considerações adicionais sobre o surgimento da K.F., no mesmo contexto. Assim nos pronunciamos no referido Parecer Sacat n° 341/2008: “..constatase com clareza que, pelo menos a partir de determinado momento, a pessoa jurídica em epígrafe perdeu, se é que possuía, sua autonomia como entidade empresarial, passando a ter suas atividades incorporadas pela empresa Fl. 364DF CARF MF 18 Idugel Industrial Ltda. A partir de tal momento, a empresa J.S. Máquinas Ltda. ME assumiu existência apenas no campo formal, uma ficção, sob os aspectos econômico, contábil, administrativo, operacional e societário, desde então constituída por interpostas pessoas, da inteira confiança dos proprietários da Idugel Industrial Ltda., beneficiandose indevidamente, esta última (Idugel), pelo fato de acometer artificialmente à pessoa jurídica J.S. Máquinas Ltda. ME, no regime diferenciado, a responsabilidade por significativa parcela dos tributos com os quais normalmente teria que arcar, especialmente as contribuições previdenciárias, uma vez que o faturamento da única empresa de fato (Idugel), do pretenso “grupo” empresarial, ultrapassa sistematicamente os limites para ingresso e permanência no Simples Federal. Notase uma incontestável movimentação visando a que se submetesse o controle administrativo da empresa J.S. Máquinas Ltda. ME ao casal que atualmente domina com exclusividade a composição societária da empresa Idugel Industrial Ltda., o Sr. José Schazmann e sua esposa, Sra. Silvana Marques Schazmann. Tal controle administrativo, sobre a J.S. Máquinas, vem sendo exercido tanto de fato, segundo constatou a fiscalização da RFB, quanto formalmente, em virtude dos amplos poderes conferidos ao casal para “gerir e administrar" a J.S. Máquinas Ltda. ME, segundo procuração de fls. 07 a 10. Também se cuidou para que o contrato social da J.S. Máquinas Ltda. ME evoluísse de modo a manter como únicos sócios formais parentes de primeiro grau do Sr. José Schazmann, o que reforça a intencionalidade de se atribuir o controle absoluto desta pessoa jurídica à vontade do casal detentor de todos os poderes para administrála. A dinâmica da composição societária da J.S. Máquinas Ltda. ME demonstra que desde sua constituição original, em 15/01/1997, o Sr. José Schazmann já estava em seu comando, como sócio fundador, ao lado de sua mãe, Sra. Elita Schazmann. Observase que o Sr. Schazmann optou por se retirar formalmente do quadro societário da empresa em epígrafe (J.S. Máquinas) para ingressar, juntamente com sua esposa, em 22/09/1997, no quadro societário da Idugel Industrial Ltda., criada em 06/02/1995. Pouco mais de um ano após o ingresso do casal na sociedade empresarial Idugel Industrial Ltda., ou seja, a partir de 20/11/1998, o Sr. e a Sra. Schazmann se tornaram oficialmente proprietários exclusivos das cotas societárias daquela empresa (Idugel), na mesma data em a J.S. Máquinas Ltda. ME passou a ter como sócias formais, exclusivamente, a mãe do Sr. Schazmann, e uma irmã deste, a Sra. Claudia Schazmann. Ao lado desta movimentação societária, verificase que a partir do ingresso do casal Schazmann no quadro societário da Idugel, em 22/09/1997. a J.S. deixou de ter sede própria, alterandose o endereço de sua sede, no contrato social, para o mesmo endereço no qual a Idugel passara a funcionar dois meses antes. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 11 19 na Av. Caetano Natal Branco. 3800. Centro. Joacaba/SC. conforme primeira alteração contratual da J.S., de 22/09/1997 (fls. 15 a 18), e alteração contratual da Idugel, de 31/07/1997 (fls. 28 a 30). Atualmente as duas pessoas jurídicas têm como endereço o imóvel situado na BR 282, Km 385, Trevo Oeste, Acesso Adolfo Ziguellí, Joaçaba/SC. Segundo os respectivos contratos sociais, a Idugel ocuparia o Bloco A, enquanto a J.S. Máquinas estaria instalada no Bloco B deste imóvel. Contudo, segundo constatou a fiscalização da RFB, esta pequena diferença é apenas formal. Para se ter uma ideia mais clara do grau de simulação da existência de um “grupo” formado por três empresas distintas, vale destacar, quanto à localização destas, o seguinte relato da fiscalização da RFB, às fls. 04 da representação de fls. 01 a 06, com alguns grifos nossos: “No mesmo imóvel situado na BR 282, Km 385, Trevo Oeste, Acesso Adolfo Ziguellí, Joaçaba/SC, funcionam as empresas IDUGEL INDUSTRIAL LTDA. e J.S. MÁQUINAS LTDA. Embora a empresa K.F. MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA. indique em seu contrato social e alterações ter como endereço a Rua Almirante Barroso, 592, Bairro Tobias, Joaçaba/SC, trata se na verdade de um endereço residencial, o mesmo das Senhoras Elita Schimidtz Schazmann e Cláudia Schazmann Perottoni, sócias da empresa J.S." (...) “A cessão de mãodeobra fica claramente caracterizada uma vez que as empresas envolvidas, JS e IDUGEL, ocupam o mesmo espaço físico de trabalho e têm seu pessoal subordinado ao comando das mesmas pessoas." (...) “As empresas IDUGEL, J.S. e K.F., na verdade, funcionam num mesmo estabelecimento, com empregados formalmente vinculados a elas, com uniforme contendo a descrição 'GRUPO IDUGEL', trabalhando sob a administração de um mesmo empregador. Portanto, a supremacia dos fatos revela tratarse de uma só empresa." A K.F. Industrial Ltda. ME, conforme elementos a seguir abordados, foi constituída no mesmo contexto e com os mesmos objetivos que orientaram a movimentação societária da J.S. Máquinas Ltda. ME, que culminou na atual constituição desta última. A diferença é que a J.S. passou por um processo de depuração de seus sócios formais, e mudança do endereço de suas instalações, até ser completamente absorvida, de fato, pela Idugel Industrial Ltda., conforme transcrição acima. De outro modo, a K.F. já nasceu, como dissemos, sob completo controle do casal Schazmann, com sede no mesmo endereço das outras duas pessoas jurídicas, em que pese o endereço consignado em seu contrato social ser o endereço residencial das Senhoras Elita Fl. 366DF CARF MF 20 Schimidtz Schazmann e Cláudia Schazmann Perottoni, segundo relata a fiscalização da RFB, na representação fiscal (fls. 06). O controle da K.F. pelo Sr. José Schazmann tomase evidente por todas as circunstâncias verificadas e, especialmente, pelo fato de que seus atuais sócios formais, além de serem seus filhos, ingressaram na sociedade antes de completarem a maioridade civil, representados, nos respectivos atos de subscrição de cotas, pelo próprio Sr. José Schazmann, de modo coerente com a estratégia de nomear somente parentes muito próximos como sócios das pessoas jurídicas do pretenso “grupo” empresarial, mantendo para si e sua esposa, Sra. Silvana Marques Schazmann, amplos poderes para “gerir e administrar”, conferidos por procuração, conforme fls. 16. Até este ponto, analisamos a movimentação societária e a evolução da localização das pessoas jurídicas K.F. Industrial Ltda. ME, J.S. Máquinas Ltda. ME e Idugel Industrial Ltda., principalmente a partir de informações extraídas de seus contratos sociais. Abordamos também a questão do controle administrativo daquelas pessoas jurídicas. São elementos que corroboram o entendimento de que a constituição da pessoa jurídica K.F. Industrial Ltda. ME como uma empresa autônoma é simulada, e que esta constituição fictícia conta com a participação de pessoas interpostas pelos proprietários da empresa Idugel. Contudo, tais elementos não devem ser isoladamente considerados, e sim em conjunto com as demais informações trazidas na representação fiscal que inaugurou o presente processo administrativo. A questão central do caso em apreço é a caracterização da simulação, conforme descrito na representação fiscal; se tal simulação é motivo para exclusão do Simples Federal, sob quais fundamentos, e com efeitos a partir de qual momento. Para tanto, tomase importante a análise do quadro demonstrativo incluído na representação fiscal, fls. 07, que relaciona dados contábeis referentes aos exercícios financeiros de 2003 a 2007. Neste demonstrativo foram separados os custos com folha de salários dos demais custos, estes na coluna “Total Custos” que incluem principalmente insumos, inclusive matériasprimas, energia, etc., podendo englobar também outros custos operacionais. Quanto ao objeto social da K.F., vale ressaltar que embora seu nome original fosse K.F. Montagens Industriais Ltda., que sugere serviços de montagem, alterado para o nome atual, K.F. Industrial Ltda. ME (fls. 37), mais identificado com a produção fabril, somente após a segunda alteração contratual, de 03/08/2007 (fls. 44), observase que desde sua constituição original está presente em seu objeto a “fabricação” de máquinas e equipamentos industriais. Apenas no período de 26/04/2007 (primeira alteração contratual, fls. 36) a 03/08/2007 (segunda alteração contratual, fls. 44) foi suprimida do objeto social a referência à atividade fabril, conforme as respectivas cláusulas de fls. 20, 28 e 36. Portanto, somente durante pouco mais de três meses a referência foi suprimida. Este detalhe formal (presença da referência da atividade fabril no objeto social) apenas vem Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 12 21 reforçar a análise ora desenvolvida. Por outro lado, a ocorrência de período com supressão da atividade fabril no contrato social não tem o condão de provocar qualquer impacto na presente análise, frente a todos os elementos levantados, que comprovam a simulação de atividade empresarial autônoma para a K.F. Industrial Ltda. ME. Verificase, desse modo, que os objetos sociais das pessoas jurídicas K.F. Industrial Ltda. ME e Idugel Industrial Ltda., registrados em seus respectivos contratos sociais, são muito semelhantes, podendose afirmar que se trata do mesmo ramo de atividades, que envolve, essencialmente, a fabricação, o comércio, a instalação e a manutenção de máquinas e equipamentos industriais. Operando sob a mesma administração, no mesmo local e no mesmo ramo de negócios, nada indica serem verossímeis as discrepâncias detectadas para os percentuais anuais da relação custos/receita das duas empresas. Nos exercícios financeiros de 2004 e 2005, por exemplo, mesmo registrando receitas entre R$123.705,30 e R$266.623,09, a K.F. não registrou sequer um centavo de real a título de custos, evidenciando sua total ausência de autonomia empresarial. Ainda que as receitas referidas hajam tido como contrapartida apenas a prestação de serviços de montagem, que demandariam principalmente custos com mãodeobra, notase a injustificável ausência de custos com aluguel da sede administrativa, energia elétrica, telefone, água, etc. Mesmo em 2003 quando não houve registro de receita, tais custos operacionais deveriam ter sido contabilizados, caso houvesse intenção de se construir uma atividade empresarial de fato. Concluise que a K.F. não registrou tais custos simplesmente em razão de não haver distinção, na prática, entre sua atividade e a atividade da empresa Idugel, do modo como afirma a fiscalização da RFB. Embora no exercício financeiro de 2006 o percentual custos/receita da K.F. (24%) mostrese compatível com o da Idugel (34%), segundo os registros contábeis compilados no demonstrativo, observase que em para uma receita de apenas R$8.298,04, a K.F. registrou custos não salariais de R$204.689,36, elevando o percentual custos/receita da K.F. para extraordinários 2.467%, contra 16% da Idugel. Mais uma vez, não se encontra substrato para a existência de uma atividade empresarial real da K.F. Já para a relação folha de pagamento/receita, no período 2004 a 2007, comparandose as duas empresas, as discrepâncias alcançam patamares ainda mais absurdos, variando entre 1 e 2%, para a Idugel, e situandose entre 93 e 3.656%, no caso da K.F. São números que causam perplexidade. Importante também ressaltar que no ano de 2003, mesmo sem contabilizar receita, a K.F. manteve, em dois meses de funcionamento, o número médio mensal de 4 empregados contratados, que corresponde ao mesmo número médio de empregados da Idugel, contingente Fl. 368DF CARF MF 22 supostamente capaz de propiciar a geração da receita de R$1.164.065,76. O que chama mais à atenção, no referido quadro de fls. 07, efetivamente, são os valores relativos aos números de empregados. A maior prova isolada de que ocorre a simulação da existência de atividades empresariais autônomas, em nosso entendimento, é a informação contábil de que a Idugel, com apenas dois a quatro empregados (médias mensais) nos exercícios financeiros de 2004 a 2007, conseguiu obter um faturamento anual na ordem de aproximadamente R$ 1 a 5 milhões, ao passo que a K.F., no mesmo ramo de atividade, no mesmo local, e sob a mesma administração, precisou de 15 a 25 empregados (médias mensais) para obter um faturamento da ordem de apenas R$8 a 266 mil anuais. Verificase que estas discrepâncias tomaramse progressivamente mais profundas, chegandose a registrar para a K.F., em para uma receita de apenas R$62.482,54, a manutenção de vinte e cinco empregados contratados, em média, e custos salariais anuais de R$268.821,85, equivalentes a 430% da receita. O auge desta progressão ocorre em 2007, com receita de R$8.298,04, custos (exceto salários) de R$204.689,36 (2.467%), salários de R$303.340,20 (3.656%) para um número médio de vinte e quatro empregados. Em termos relativos, estes valores mostram que, para cada empregado, entre 2004 e 2007, a receita obtida pela Idugel variou entre R$1.471.440,79 e R$2.577.813,67, contra modestíssimos e injustificáveis R$345,75 a R$11.592,31 da K.F. Industial. Enquanto para a J.S. a receita por empregado girou na casa de apenas um milésimo da receita da Idugel, ocorreu, para a K.F., no ano de 2007, ter atingido o surpreendente patamar de um décimo de milésimo daquela (R$345,75 [/] R$2.577.813,67). Não se pode crer que os sócios oficiais da K.F., caso exercessem algum poder decisório e atividade empresarial de fato, se. Sujeitassem a custos relativamente tão elevados com folha de pagamento, mantendo um número de funcionários dez vezes maior que a Idugel, à medida que a soma de gastos com insumos e empregados passou a superar as receitas, de modo tão extravagante, conforme os dados de fls. 07. Desse modo, os dados tomam óbvio que a Idugel utiliza para obtenção de sua receita, os empregados contratados pela K.F. Industrial Ltda. ME. Conjugados com os demais, já mencionados, são extremamente reveladores de que ambas as empresas, de fato, atuam como uma só, juntamente com a J.S. Máquinas Ltda. ME, com faturamento total superior ao permitido para ingresso e permanência no Simples Federal (mesmo que não considerados os faturamentos da K.F. e da J.S.). Estes dados (e outros apresentados no mesmo quadro de fls. 07) comprovam a informação da fiscalização da RFB de que a Idugel concentra o faturamento com vendas, enquanto as outras pessoas jurídicas do “grupo” (inclusive a K.F.) assumem a Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 13 23 maior parte dos gastos com mãodeobra, com consideráveis vantagens tributárias, em razão de sua inclusão no Simples. especialmente com relação às contribuições previdenciárias patronais. Ocorre que outras informações trazidas pela fiscalização devem, ainda, ser levadas em conta. É também muito reveladora a informação incluída na representação fiscal, de que as empresas, além de ocuparem o mesmo espaço físico, têm seu pessoal subordinado ao comando das mesmas pessoas, trabalhando com o mesmo uniforme, com a inscrição “Grupo Idugel”. Além disso, e não menos importante, os setores administrativos (financeiro, pessoal, etc.) atendem indistintamente às duas empresas. Verificou a fiscalização, também, a ocorrência de diversos pagamentos cruzados por meio da utilização frequente de contas bancárias de uma pessoa jurídica para pagar despesas de outra, ostensivamente, ferindo se o princípio contábil da entidade, princípio reconhecido como essencial para caracterizar a autonomia de uma empresa em relação a seus sócios, pessoas físicas ou jurídicas, ou em relação a outras empresas do mesmo grupo empresarial. Foram incluídas no presente processo diversas cópias de documentos que comprovam as práticas contábeis acima descritas, as quais agridem frontalmente o princípio contábil da entidade (fls. 09 a 15 e 84 a 117). Em virtude dos argumentos e documentos trazidos aos autos pela fiscalização da RFB, consideramos fartamente provada a simulação da existência de empresas distintas e autônomas. Na representação fiscal, de fls. 03 a 08, como fundamento para a exclusão do Simples Nacional, apontase o art. 29, inciso IV, da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. [...] No caso em tela, encontrandose o patrimônio da empresa K.F. Industrial Ltda. ME, bem como os empregados contratados em seu nome, flagrantemente subordinados à direção e aos interesses econômicos dos sócios e administradores da empresa Idugel Industrial Ltda., concluise que a empresa K.F. Industrial Ltda. ME, não se constituindo como entidade empresarial autônoma, no mundo real, pertence, de fato, aos sócios da empresa Idugel Industrial Ltda., ou à própria Idugel, como sócia pessoa jurídica. As evidências comprovam amplamente, em nosso entendimento, que a K.F. Industrial Ltda. ME destinase apenas, como pessoa jurídica formalmente constituída, a que a Idugel Industrial Ltda., através dela, possa beneficiarse do Simples, não se constituindo de fato a J.S. como empresa, o que exigiria um propósito econômico próprio, hipótese incompatível com todos os dados já discutidos. Logo, segundo apontam as evidências, as pessoas que figuram formalmente como sócias da K.F. Industrial Ltda. ME, em seu contrato social, não são, na realidade, sócios verdadeiros desta pessoa jurídica, não a dirigem por meio de sua própria iniciativa, nem exercem atividade empresarial de fato, Fl. 370DF CARF MF 24 caracterizandose, dessa forma, que a K.F. Industrial Ltda ME, desde sua fundação, se encontra constituída por interpostas pessoas, que não são seus verdadeiros sócios. Pelo exposto, concluímos que se enquadra perfeitamente, a situação em apreço, no art. 29, inciso IV, da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Restou evidenciado que a Idugel Industrial Ltda tem com sócios Silvana Marques Schazmann e José Schazmann, que foram nomeados os bastantes procuradores com poderes amplos para gerir e administrar todos os negócios concernentes a Recorrente. Por seu turno, a Recorrente tem como sócios Fellipe Marques Schazmann e Karine Marques Schazmann, ambos filhos de José Schazmann, conforme consta expressamente no Contrato Social e alterações e no Instrumento Público de Procuração. Temse que a Idugel Industrial Ltda e a Recorrente têm objetos sociais similares, são domiciliadas em espaços físicos contíguos e ainda utilizam empregados, em cujos uniformes está estampado o logotipo do “Grupo Idugel”. As despesas incorridas e as receitas auferidas se confundem com aquelas da Idugel Industrial Ltda de modo a afastar a entidade e a autonomia patrimonial. Todos esses elementos estão efetivamente comprovados nos autos e explicitados minuciosamente de maneira clara, explícita e congruente no Parecer SACAT/DRF/Joaçaba/SC e no Ato Declaratório de Exclusão formando um conjunto probatório robusto da constituição de um grupo econômico de fato por intermédio do instrumento de interposição de pessoas, o que impede a opção pelo Simples. A inferência denotada pela defendente, nesse caso, não é acertada. Atinente à locação de mão de obra, a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, prevê: Art.17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: [...] XII que realize cessão ou locação de mãodeobra; Para elucidar, cabe mencionar excertos da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que dispõe: Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5° do art. 33 desta Lei. [...] § 3ª Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãode obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 14 25 § 4º Enquadramse, na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: I limpeza, conservação e zeladoria; II vigilância e segurança; III empreitada de mãodeobra; IV contratação de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974. Atinente à realização de operações relativas à locação de mãodeobra, o seu pressuposto básico é a utilização do trabalho alheio. A empresa fornecedora pode se limitar ao fornecimento da mão de obra e assumir a obrigação de contratar os trabalhadores, sob sua exclusiva responsabilidade do ponto de vista jurídico. Dessa forma, tornase a responsável pelo vínculo empregatício e pela prestação dos serviços, muito embora os trabalhadores sejam colocados à disposição da contratante, que detém o comando das tarefas, fornece os equipamentos, bem como fiscaliza a execução e o andamento dos serviços. Há ainda as operações nas quais o objeto contratado identificase com a apresentação de um resultado. A empresa contratada associase com a finalidade de apresentar um resultado específico, obra ou serviço. Ela obrigase a fazer alguma coisa para uso ou proveito da contratante, fica responsável pelo fornecimento da mão de obra necessária à produção desta coisa, objeto da contratação, assume o ônus relativo à fiscalização, orientação e planejamento dos trabalhos, e também a gestão do risco de apresentação do resultado, que pode ser uma obra completa ou a prestação de um serviço, ambos perfeitamente identificados como produto final. Se o recurso fornecido pela contratada é exclusivamente a mãodeobra, esta modalidade de contratação também é impeditiva da inscrição nos sistemáticas. Outra possibilidade reúne a colocação da mão de obra à disposição da contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, para a realização de serviços em condições de continuidade e habitualidade. Tem cabimento a aplicação subsidiária da Consolidação das Leis do Trabalho que determina: Art. 2º Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. [...] Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Neste sentido, os sujeitos do contrato de trabalho são: o empregador que assume o risco da atividade econômica, ou seja, não pode transferir os custos decorrentes do empreendimento, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços, bem como detém o poder de direção, organização, fiscalização, regulação, controle e disciplina advindos da relação jurídica com seus empregados; Fl. 372DF CARF MF 26 o empregado é a pessoa física que realiza pessoalmente a operação relativa à prestação de serviços, com habitualidade, subordinação e mediante contraprestação. Assim, podese inferir que a pessoa jurídica que não assume o risco da atividade econômica, ou seja, transfere os custos decorrentes do empreendimento realiza operação relativa à locação de mão de obra. Consta no Parecer SACAT/DRF/Joaçaba/SC nº 352, de 28 de outubro de 2008, fls. 123135, cujas informações estão comprovadas nos autos e cujos fundamentos cabem ser adotados de plano: Por outro lado, em razão de tudo o que foi apurado, chegase à conclusão de que estas duas pessoas jurídicas são mantidas nesta condição, pelos seus verdadeiros controladores, primordialmente para a contratação de empregados em nome destas entidades jurídicas, K.F. e J.S., a fim de que esta força de trabalho seja cedida e se mantenha à disposição da única empresa de fato do pretenso “grupo” empresarial, a Idugel Industrial Ltda.. Constatase, portanto, que o principal propósito da manutenção da existência jurídica da K.F. Industrial Ltda ME é a contratação de mãodeobra, em seu nome, para cessão à Idugel Industrial Ltda. A atividade de cessão ou locação de mãodeobra realizada, por sua vez, também constitui motivo impeditivo à opção ou permanência no Simples Nacional, conforme dispõe o art. 17. inciso II. da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Ainda que a K.F. Industrial Ltda. ME exercesse atividade econômica autônoma, esta seria, em grande medida, a de fornecer mãodeobra para a empresa Idugel Industrial Ltda., visto que, segundo seus próprios registros, os gastos da K.F. com mãodeobra mostramse extremamente exagerados e incompatíveis com seu faturamento, ainda mais quando comparados aos números da Idugel Industrial Ltda. (fls. 05), conforme já abordado. Desse modo, mesmo se considerarmos apenas os registros contábeis da K.F. Industrial Ltda. ME, abstraindonos da questão da simulação da existência de atividades empresariais distintas, entre esta empresa e a Idugel Industrial, ainda assim, entendemos que fica caracterizada a incidência em vedação ao Simples Nacional, também com fulcro no art. 17, inciso II, da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006 (cessão de mãodeobra). Portanto, o exame conjunto dos dispositivos legais supracitados e dos documentos mencionados leva à conclusão da impossibilidade da permanência da pessoa jurídica K.F. Industrial Ltda. ME no Simples Nacional. Os documentos constantes nos autos evidenciam que a Recorrente realiza operação relativa à locação de mão de obra, uma vez que não assume o risco e não se responsabiliza pela atividade econômica, ou seja, as despesas incorridas e as receitas auferidas se confundem com aquelas da Idugel Industrial Ltda de modo a afastar a entidade e a autonomia patrimonial, bem como seus empregados usam Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 15 27 uniformes com o logotipo do “Grupo Idugel”. Todos esses elementos estão efetivamente comprovados nos autos e explicitados minuciosamente de maneira clara, explícita e congruente no Parecer SACAT/DRF/Joaçaba/SC e no Ato Declaratório de Exclusão formando um conjunto probatório robusto da constituição de um grupo econômico por intermédio do instrumento de interposição de pessoas, o que impede a opção pelo Simples. A contestação aduzida pela defendente, por isso, não pode ser sancionada. Relativamente aos efeitos da exclusão, a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, prevê: Art.28. A exclusão do Simples Nacional será feita de ofício ou mediante comunicação das empresas optantes. Parágrafo único. As regras previstas nesta seção e o modo de sua implementação serão regulamentados pelo Comitê Gestor. Art.29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: I verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória; [...] IV a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas; [...] §1º Nas hipóteses previstas nos incisos II a XII do caput deste artigo, a exclusão produzirá efeitos a partir do próprio mês em que incorridas, impedindo a opção pelo regime diferenciado e favorecido desta Lei Complementar pelos próximos 3 (três)anos calendário seguintes. §2º O prazo de que trata o §1o deste artigo será elevado para 10 (dez) anos caso seja constatada a utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo apurável segundo o regime especial previsto nesta Lei Complementar. §3º A exclusão de ofício será realizada na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, cabendo o lançamento dos tributos e contribuições apurados aos respectivos entes tributantes. [...] Art.30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas de pequeno porte, darseá: [...] II obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; [...] Art.31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: [...] II na hipótese do inciso II do caput do art. 30 desta Lei Complementar, a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva; [...] Fl. 374DF CARF MF 28 Art.32. As microempresas ou as empresas de pequeno porte excluídas do Simples Nacional sujeitarseão, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. No presente caso o ato de exclusão surte efeito a partir da ocorrência das situações excludentes ainda que coincida com a data do início das atividades, termo a partir do qual fica sujeita às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial repetitivo nº 1124507/MG, cujo trânsito em julgado ocorreu em 16.06.20107 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF8. Esclareçase que o ato de exclusão tem caráter meramente declaratório, de modo que seus efeitos retroagem à data da efetiva ocorrência da situação excludente. Consta no Parecer SACAT/DRF/Joaçaba/SC nº 352, de 28 de outubro de 2008, fls. 123135, cujas informações estão comprovadas nos autos e cujos fundamentos cabem ser adotados de plano: Superada a questão do cabimento da exclusão, o próximo ponto a ser analisado é quanto aos respectivos efeitos, ou melhor, a data de início dos efeitos da exclusão. Sendo assim, importante trazer à baila o disposto no art. 12, inciso XXIII, da Resolução CGSN n° 4 de 30 de maio de 2007 e nos artigos 3°, 5° e 6° da Resolução CGSN n° 15 de 23 de julho de 2007 [...]. Considerando que restou plenamente comprovado, segundo os elementos dos autos, que a ocorrência do fato mencionado no inciso IV do art. 5° da Resolução CGSN n° 15, de 2007, verificouse desde a época em que a pessoa jurídica em epígrafe era optante do Simples Federal, pelo menos a partir do ano calendário de 2003 (antes, portanto, de seu ingresso no Simples Nacional), temos que a pessoa jurídica em epígrafe incide tanto na regra do inciso VI (“a partir do próprio mês em que incorridas"), quanto na do inciso VII (“a partir da data dos efeitos da opção "), ambos do art. 6° da Resolução CGSN n° 15, de 2007. No primeiro caso, o enquadramento ocorre em função do inciso IV do art. 5° (constituição por interpostas pessoas) da mesma Resolução n° 15, de 2007, e no segundo, por conta do inciso XI do mesmo artigo 5° (incorrer em hipótese de vedação quando do ingresso no Simples Nacional), combinado com o inciso XXIII do art. 12 da Resolução CGSN n° 4, de 2007 (cessão ou locação de mãodeobra). Para os dois enquadramentos referidos (incisos VI e VII do art. 6° da Resolução CGSN n° 15) a exclusão gera efeitos a partir da mesma data, que é a data do início dos efeitos da opção. Contudo, em razão do enquadramento no inciso IV do art. 5° (constituição por interpostas pessoas) da Resolução CGSN n° 15, que constitui a principal e mais grave motivação para a exclusão do Simples Nacional, no caso ora analisado, segundo entendimento esposado no presente parecer, concluímos que deve prevalecer, para o início dos efeitos da exclusão, o enquadramento no inciso VI do art. 6° da Resolução CGSN n° 15, cuja fonte de validade é o art. 29, § 1°, da Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 16 29 Consequentemente, a pessoa jurídica incorre no impedimento de nova opção pelo Simples Nacional no decorrer dos 3 (três) anos calendários seguintes ao inicio dos efeitos da exclusão (art. 29, § 1°, da Lei Complementar n° 123, de 2006, e artigos 5°, IV; e 6°, V1, ambos da Resolução CGSN n° 15, de 2007), com agravamento do impedimento para 10 (dez) anos (entendidos também como anoscalendários, dada a sistemática de opção anual, e em função de se estar agravando um período contado em anoscalendários), conforme estabelecido no art. 29, § 2°, da Lei Complementar n° 123, de 2006. e no § 6° do art. 6° da Resolução CGSN n° 15, de 2007, em virtude de que a simulação da existência de empresas autônomas e distintas, já abordada, constitui claro artifício para induzir e manter a fiscalização em erro, com o fim de reduzir o pagamento de tributos apuráveis na forma do Simples Nacional. As situações impeditivas de opção pelo Simples Nacional de interposição de pessoas para formação de grupo econômico de fato e de locação de mão de obra estão efetivamente evidenciadas nos autos desde a opção pela Recorrente. Por essa razão os efeitos da exclusão do Simples desde 01.07.2007 está correta. Ademais, restou evidenciada a utilização de artifício pela interposição de pessoas para formação de grupo econômico de fato que induziu a RFB em erro, com o fim reduzir o pagamento de tributo devido, e por essa razão a Recorrente fica impedida de optar pelo Simples Nacional pelo prazo de 10 anos. A contestação proposta pela defendente, dessa maneira, não se confirma. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em assim sucedendo, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Lançamento de ofício. No que tange ao lançamento a que se refere o presente processo, foi alegado: a cobrança de tributos de forma retroativa tem efeitos confiscatórios; Fl. 376DF CARF MF 30 não houve ilícito praticado pelo contribuinte para a exclusão, pelo que é ilegítima a cobrança retroativa de tributos à época da vedação, acrescidos de multa e juros; "foi emitido auto de infração calculado no valor do próprio tributo, o que é vedado"; "possuindo, o auto de infração e a notificação fiscal de lançamento de débito, naturezas jurídicas distintas, não há corno admitir a utilização de uma no lugar da outra"; "não há, como narrado, consignada a penalidade aplicada e sua gradação, nem a disposição legal infringida"; há cerceamento do direito de defesa, "na medida que ainda pendentes intimações fiscais objeto de impugnações administrativas não decididas"; o auto de infração é nulo, pois fundamentado no artigo 149, inciso VII, do CTN e, no entanto, não houve qualquer revisão efetuada por superior hierárquico ao autuante; operouse a decadência quanto às parcelas anteriores a janeiro de 2004, nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, uma vez ter decorrido mais de cinco anos entre o fato gerador e a ciência quanto ao auto de infração; não houve fraude, pelo que impossível a manutenção do lançamento, pois ausente a hipótese legal do artigo 149, inciso VII, do CTN; deve ser aplicado ao caso o artigo 112 do CTN, cancelandose o lançamento em tela; é nulo o auto de infração, em face do não aproveitamento dos pagamentos efetuados segundo a sistemática do Simples, mas que podem ser decompostos para cada rubrica específica; "não há como aplicar multa qualificada, eis que ausente qualquer demonstração de má fé ou fraude no caso em tela, como já fundamentado anteriormente". É requerida a produção de prova oral, cujo rol será apresentado oportunamente. No que tange à cobrança retroativa de tributos e o alegado efeito confiscatório, temse que, enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública, pode haver o lançamento de tributos. E, ocorrida a exclusão retroativa do contribuinte do Simples, tal cobrança é dever de ofício, nos termos do artigo 142 do CTN, uma vez que a sistemática de tributação nos períodos passa a ser outra, mais gravosa que a do Simples. Quanto ao alegado efeito confiscatório, havendo lei devidamente editada e em vigor determinando a cobrança, não cabe a esse colegiado a análise da conformidade de tal norma em face de princípios constitucionais, ante ao princípio da legalidade objetiva que rege o lançamento tributário e o julgamento administrativo deste, nos termos da Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 17 31 A decadência também foi alegada quanto às parcelas anteriores a janeiro de 2004, nos termos do artigo 173, inciso I, do CTN, uma vez ter decorrido mais de cinco anos entre o fato gerador e a ciência quanto ao auto de infração. Como pode ser visto no auto de infração de fls. 3 a 9, o período autuado foi o mês de dezembro de 2007, pelo que não tem substância a alegação. A título de esclarecimento, temse que a ciência, pessoal, quanto ao lançamento ocorreu em 28 de janeiro de 2009. Considerandose a aplicação do artigo 173, inciso I, do CTN, como invocado pela própria recorrente, o lançamento relativo a dezembro de 2007 poderia ser efetuado em janeiro de 2008. Assim, o prazo decadencial iniciouse em 1º de janeiro de 2009, com termo final em 31 de dezembro de 2013. Portanto, não se operou a decadência quanto a nenhum dos períodos considerados para o lançamento de ofício. Alegouse ainda a nulidade porque "foi emitido auto de infração calculado no valor do próprio tributo, o que é vedado". Ainda, "possuindo, o auto de infração e a notificação fiscal de lançamento de débito, naturezas jurídicas distintas, não há corno admitir a utilização de uma no lugar da outra" e, "não há, como narrado, consignada a penalidade aplicada e sua gradação, nem a disposição legal infringida". Quanto a tais alegações, não se vislumbra qualquer irregularidade, pelo que nulidade não ocorreu. O tributo lançado de ofício foi devidamente calculado, conforme pode ser visto no Termo de Verificação Fiscal de fls. 10 a 22, aplicandose a multa no percentual de 150% previsto na legislação. A descrição das infrações e as indicações dos dispositivos legais relativos às infrações e à multa aplicada constam do auto de infração e do Termo de Verificação Fiscal. Aduz ainda a recorrente que é nulo o auto de infração, em face do não aproveitamento dos pagamentos efetuados segundo a sistemática do Simples, mas que podem ser decompostos para cada rubrica específica. Quanto a essa questão, basta uma simples consulta ao Termo de Verificação Fiscal (fl. 19) para se constatar a impropriedade da alegação. Consta ali o cálculo do tributos com o desconto quanto aos valores já pagos na sistemática do Simples: Argumentou a recorrente que deve ser aplicado ao caso o artigo 112 do CTN, cancelandose o lançamento em tela. Fl. 378DF CARF MF 32 Ocorre que tal dispositivo referese à interpretação de leis que definem infrações ou cominam penalidades e, ainda, no caso de dúvidas existentes quanto aos casos enumerados nos incisos do referido artigo. Como se viu e, também, como restará consignado abaixo, não se está diante de nenhuma dúvida quanto à infração cometida, pelo que não é aplicável ao caso o dispositivo em tela. No que tange à produção de prova oral, não há disposição legal que a permita. No entanto, como evidenciado no voto da decisão de piso, os depoimentos de testemunhas poderiam ser reduzidos a termo que deveriam ter sido carreados junto com a impugnação, sem prejuízo da sustentação oral da recorrente ou de seu representante legal no decorrer do julgamento do recurso voluntário, nos termos do artigo 58, inciso II, do RICARF. Quanto às demais alegações, no voto condutor da decisão de piso elas são abordadas com propriedade, pelo que se transcreve abaixo excerto desse voto, cujas conclusões são adotadas como razões de decidir: 2 — NULIDADES Inicialmente, quanto à nulidade do lançamento, o disposto no PAF, art. 59, tratando das hipóteses de nulidade, assim estabelece: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. No caso, não ocorreram aquelas irregularidades. O auto de infração foi lavrado por pessoa competente e não se constata cerceamento ao direito de defesa da contribuinte. A descrição dos fatos, os cálculos nela demonstrados e a capitulação legal contida no auto de infração foram suficientes para que a contribuinte pudesse exercer seu direito de defesa. Além disso, não cabe falar em cerceamento do direito de defesa quando não comprovado o prejuízo ao contribuinte e este se mostra conhecedor do motivo da autuação. Não procede o argumento de que foram apresentadas defesas ao ato de exclusão do Simples, motivo que não seria possível intimações ficais e lançamento dos tributos por regime diverso do Simples. Também não há previsão para impugnação administrativa de intimações fiscais, pois o procedimento fiscal é inquisitório, só se iniciando o contraditório e a defesa após o lançamento tributário. O contencioso administrativo relativo ao Simples Nacional é de competência do órgão julgador integrante da estrutura administrativa do ente federativo que efetuar o lançamento ou a exclusão de oficio, observados os dispositivos legais atinentes aos processos administrativos fiscais desse ente (art. 39, caput, da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006; art. 4°, § 5°, da Resolução CGSN n° 15, de 23/07/2007; e art. 11, caput, da Resolução CGSN n° 30, de 07/02/2008). Uma vez promovida a exclusão de oficio, caberá aos respectivos entes tributantes o lançamento dos tributos e contribuições apurados em decorrência da referida medida (art.29, §3°, da Lei Complementar n° 123, de 14/12/2006). Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 18 33 A exclusão de oficio pela Secretaria da Receita Federal do Brasil darseá mediante ato declaratório da autoridade fiscal que jurisdicione o contribuinte, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo tributário administrativo. A pessoa jurídica excluída do SIMPLES Nacional sujeitarseá, a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão, às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Assim, a manifestação de inconformidade da exclusão do Simples não impede que a Administração Tributária lance os créditos tributários apurados nos termos das normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas, entretanto, como mencionado no relatório fiscal, referido lançamento tem o objetivo de se prevenir a decadência dos valores apurados, tendo sua exigibilidade suspensa enquanto não julgadas as manifestações de inconformidade de exclusão do Simples. Da mesma forma, improcede a argumentação de nulidade sob argumento de que o art. 149 do CTN exige a revisão do lançamento, pois referido dispositivo legal não obriga a revisão do lançamento, apenas prevê casos em que pode o lançamento ser realizado e revisto de oficio. Portanto, conforme já mencionado, o auto de infração foi lavrado por pessoa competente, no caso, Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, Autoridade Fiscal para o lançamento tributário. Destarte, não há vício de nulidade no lançamento. 3 — MULTA QUALIFICADA As multas constantes do lançamento foram aplicadas com base na legislação que rege a matéria, qual seja, a Lei n° 9.430, de 1996, art. 44, I, §1°, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n°11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei n°11.488, de 2007) Os arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1996, têm a seguinte redação: "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; Fl. 380DF CARF MF 34 II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72". No caso, foi aplicada a multa qualificada por entender o autuante caracterizado de forma clara o intuito de fraude por parte da fiscalizada, pela análise dos fatos relatados e pela simulação de constituição de empresas com o objetivo de segmentar parte das atividades e faturamento, e se beneficiar do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. Procede a fundamentação da Autoridade Fiscal, pois como fartamente demonstrado no presente processo, bem como nos procedimentos de exclusão do Simples, houve simulação de constituição de empresas com o objetivo de segmentar parte das atividades e faturamento com objetivo de se beneficiar de tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, apenas aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte. O artifício fraudulento de segmentação apenas formal das atividades do "grupo" foi fartamente analisado no julgamento do processo de exclusão do Simples e evidenciado, dentre outros, pela falta de autonomia da impugnante como entidade empresarial, caracterizados pelo uso do mesmo uniforme por seus funcionários, pela localização física na mesma sede, pelos setores administrativos conjuntos, pelos pagamentos cruzados e documentos conjuntos que maculam o princípio contábil da entidade, pelos semelhantes objetos sociais e pelas inverossímeis relações entre dispêndios (custos, folha de pagamentos, empregados) e resultados entre as empresas do mesmo "grupo empresarial", pela administração única de todas as empresas pelas pessoas de José Schazmann e sua esposa, Silvana Marques Schazmann. Portanto, ficou plenamente caracterizado o evidente intuito de fraude nos termos previstos no art. 72 da Lei n° 4.502, de 1996, não se aplicando no caso o art. 112 do CTN, pois não há dúvida como prevista no referido artigo. Portanto, é devida a multa de oficio qualificada no lançamento em análise. Conclusão. Em face de todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário para NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Paulo Cezar Fernandes de Aguiar Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10925.000035/200917 Acórdão n.º 1201001.941 S1C2T1 Fl. 19 35 Fl. 382DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.954140/2009-75
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3002-000.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para confirmação do saldo credor proveniente de 2004. Vencido o Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves que entendeu não ser necessária a conversão em diligência.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente
(assinado digitalmente)
Diego Weis Junior - Relator
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros, Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Diego Weis Junior, Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: DIEGO WEIS JUNIOR
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15374.954140/2009-75
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5846383
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 27 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3002-000.006
nome_arquivo_s : Decisao_15374954140200975.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : DIEGO WEIS JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 15374954140200975_5846383.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para confirmação do saldo credor proveniente de 2004. Vencido o Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves que entendeu não ser necessária a conversão em diligência. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard - Presidente (assinado digitalmente) Diego Weis Junior - Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros, Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Diego Weis Junior, Carlos Alberto da Silva Esteves.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7177441
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:14:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011553497088
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1649; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T2 Fl. 93 1 92 S3C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.954140/200975 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3002000.006 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Ordinária Data 22 de fevereiro de 2018 Assunto DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente WROBEL CONSTRUTORA SA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para confirmação do saldo credor proveniente de 2004. Vencido o Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves que entendeu não ser necessária a conversão em diligência. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros, Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Diego Weis Junior, Carlos Alberto da Silva Esteves. Relatório Em 14.09.2006 o recorrente transmitiu Declaração de Compensação DCOMP, objetivando a utilização de crédito oriundo de pagamento indevido de COFINS não cumulativa referente ao mês de março/2005, com débito da mesma contribuição relativo ao mês de agosto/2006. (fls. 03 a 06) Em 24.08.2009 foi emitido Despacho Decisório informando que o pagamento declarado pela empresa foi localizado, mas integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .9 54 14 0/ 20 09 -7 5 Fl. 99DF CARF MF Processo nº 15374.954140/200975 Resolução nº 3002000.006 S3C0T2 Fl. 94 2 PER/DCOMP, razão pela qual não foi homologada a compensação declarada, exigindose, por conseguinte, o pagamento do tributo cuja quitação se pretendia fazer por meio da DCOMP em comento. (fl. 08) Cientificado do conteúdo do Despacho Decisório em 01.09.2009, o contribuinte apresentou, em 17.09.2009, Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que: a) Equivocouse ao preencher a DCTF do 1º semestre de 2005, informando débito de COFINS (código 5856) no valor de R$9.396,57, quando o correto seria não informar nenhum valor, pois o valor do tributo devido nessa competência foi compensado integralmente com créditos de insumos, conforme informações constantes da DACON relativa ao mesmo período de apuração; b) Constatado o equívoco, entregou, em 17.09.2009, DCTF retificadora com exclusão do débito de COFINS da competência 03/2005, evidenciando dessa forma, aos sistemas da RFB, a existência do crédito decorrente do pagamento indevido; c) O pagamento indevido de COFINS, relativo a competência 03/2005 deve ser considerado para a quitação do débito de COFINS referente ao mês de agosto/2006, nos termos da DCOMP apresentada. d) Anexou cópia: do Despacho Decisório, da DCTF retificadora; das fichas 13 (março/2005) e 17B da DACON do 1º trimestre de 2005, e de documentos de identificação e legitimidade; A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE DRJ/FOR, em sessão de 28.04.2014, por meio do Acórdão nº 0829.484, considerou improcedente a manifestação de inconformidade com a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 NÃO COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. Não cabe reparo a Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada pelo Contribuinte por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava alocado para a quitação de débito confessado. Descabe reconhecer direito creditório não comprovado nos autos. DCTF RETIFICADORA POSTERIOR À CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. Modificações efetuadas na DCTF após a ciência do Despacho Decisório Eletrônico, desacompanhados dos elementos de prova, não têm o condão de tornar as informações originais incorretas. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 15374.954140/200975 Resolução nº 3002000.006 S3C0T2 Fl. 95 3 A autoridade julgadora de primeira instância consignou em seu voto que: "...os débitos declarados em DCTF constituem confissão de dívida, por isso dispensam inclusive lançamento de ofício, para fins de inscrição na Dívida Ativa, quando necessário." "...prevalece o que foi confessado pela DCTF Ativa na data do Despacho Decisório, descabendo o valor informado pela última DCTF Retificadora, por motivo de esta haver sido transmitida após a ciência do Despacho Decisório." "...o Interessado... não trouxe aos autos elementos suficientes para comprovar o direito alegado." Nos termos da decisão proferida pela DRJ/FOR, o contribuinte não logrou comprovar os requisitos de certeza e liquidez do crédito tributário utilizado na compensação, vez que deixou de anexar documentos probantes do direito creditório pleiteado. Alegaram também os representantes do fisco, que a ciência do conteúdo do Despacho Decisório instaurou procedimento fiscal para a cobrança do referido débito, excluindo a espontaneidade do Sujeito Passivo em relação aos atos envolvidos com as infrações verificadas. O acórdão combatido aduz que uma vez instaurado o litígio, com a apresentação da Manifestação de Inconformidade, devem ser apresentadas as provas documentais do direito alegado, nos termos do art. 16, §4º do DeL 70.235/72, sob pena de preclusão, excetuado fundado motivo para não o ter feito naquela oportunidade. Aduz ainda a DRJ/FOR que embora a DACON tenha sido instituída, pela IN SRF 387 de 20/01/2004, para fins de o Sujeito Passivo manter controle de todas as operações que influenciem a apuração do valor devido da COFINS e da contribuição ao PIS, prevalece o conceito de confissão de dívida exclusivo da DCTF. Por fim, conclui pelo não acolhimento da manifestação de inconformidade por não ter sido demonstrada a certeza e liquidez do direito creditório do manifestante, requisito indispensável para que o seu pleito fosse acatado. O contribuinte tomou ciência dessa decisão em 23.10.2014 por meio de correspondência registrada, (fl. 50), tendo protocolado o presente Recurso Voluntário em 19.11.2014. Em suas razões de recuso, o sujeito passivo ratifica as razões da manifestação de inconformidade, invocando em sua defesa o princípio da verdade material, segundo o qual devem prevalecer, no presente caso, as informações prestadas na DACON, enquanto instrumento hábil para a demonstração e controle de todas as operações que influenciam na apuração do valor devido a título de COFINS e contribuição ao PIS. Em fase recursal, o contribuinte anexou documentos de identificação e legitimidade dos recorrentes, razão contábil da conta COFINS a recuperar, bem como nova cópia da mesma DACON juntada por ocasião da Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 15374.954140/200975 Resolução nº 3002000.006 S3C0T2 Fl. 96 4 Voto Conselheiro Diego Weis Junior, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos e requisitos de admissibilidade. No caso em análise, o contribuinte confessou, em sua Manifestação de Inconformidade, ter cometido equívoco no preenchimento da DCTF do 1º semestre de 2005 enviada originalmente, onde informou como valor devido a título de COFINS referente ao mês de março/2005 o montante de R$9.396,57, quando o correto seria não ter informado saldo devedor desta contribuição para tal mês, haja vista que os débitos do período foram totalmente compensados com créditos oriundos da aquisição de insumos. Para comprovar sua alegação, o contribuinte trouxe aos autos, juntamente com a Manifestação de Inconformidade, cópia das fichas 13 e 17B da DACON relativa ao mesmo período, transmitida em 27.09.2005, ou seja, dentro do prazo regulamentar de envio e anterior a qualquer procedimento por parte do fisco em relação à declaração de compensação em tela. A DACON carreada aos autos evidencia que o crédito utilizado na compensação em apreço, advém de saldo credor de meses anteriores. A autoridade julgadora de primeira instância não determinou análise da veracidade dos dados constantes da DACON, limitandose apenas a informar, na única passagem do voto que faz menção a tal demonstrativo, que ...embora o citado demonstrativo haja sido instituído pela IN SRF 387 de 20/01/2004, para fins de o Sujeito Passivo manter controle de todas as operações que influenciem a apuração do valor devido das Contribuições ao PIS e COFINS, prevalece o conceito de confissão de dívida exclusivo da DCTF. Ao afirmar que a DACON foi instituída para fins de que o sujeito passivo mantenha o controle de todas as operações que influenciem na apuração das contribuições ao PIS e à COFINS, poderia a DRJ, consoante ao disposto no art. 29 do DEL 70.235/72, ter determinado diligências a fim de certificar a exatidão dos dados constantes de tal demonstrativo, em especial a existência do saldo credor de meses anteriores, utilizado pelo contribuinte no período de apuração em discussão nestes autos. A recorrente, por seu turno, já em fase recursal, anexou ao PAF: a) cópias do razão contábil das contas "Cofins a Recuperar Não Cumulativo", "Cofins a Recuperar (Pg. a maior)" e "Cofins Cód. 5856 Não Cumulativo"; b) nova cópia da mesma DACON apresentada juntamente com a Manifestação de Inconformidade, evidenciando que tal demonstrativo permaneceu sem alterações durante todo o período da lide. Assim, tendo em vista: a) a falta de verificação, pela autoridade fiscal e pelo julgador de primeira instância, dos créditos de períodos anteriores constantes da DACON apresentada como prova pelo contribuinte em momento oportuno; b) os documentos apresentados pelo recorrente em seu último ato neste processo, que reforçam o contido na DACON em comento, mas ainda não são suficientes, por si só, para comprovar a certeza e liquidez do crédito utilizado; c) O princípio da verdade material, que deve orientar as ações do julgador administrativo no sentido buscar a decisão que melhor se coaduna à realidade dos Fl. 102DF CARF MF Processo nº 15374.954140/200975 Resolução nº 3002000.006 S3C0T2 Fl. 97 5 fatos, não merece prosperar a alegação de que deve prevalecer o conceito de confissão de dívida exclusivo da DCTF original, em detrimento da apuração detalhada e controlada pela DACON e dos outros elementos constantes dos autos. Diante de todo o exposto, VOTO por converter o julgamento em diligência, para que a unidade da RFB de origem: a) Intime o contribuinte à apresentação de documentos hábeis e idôneos, que possam comprovar a certeza e liquidez do crédito escritural de COFINS, declarado nas DACONs apresentadas nestes autos, inclusive no que diz respeito ao crédito remanescente do ano de 2004, elaborando parecer conclusivo sobre sua existência, ou não; b) Intime o contribuinte quanto ao teor do relatório da diligência para, querendo, manifestarse no prazo legal, retornando, por fim, os autos ao CARF para julgamento. Diego Weis Junior Relator Fl. 103DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.002104/2006-84
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2001,2002,2003,2004
CONHECIMENTO. PARADIGMA CONTRÁRIO À SÚMULA CARF N. 83.
Não se entende possível o conhecimento do recurso especial quando o acórdão paradigma vai de encontro à súmula CARF, no caso, que dispõe não incidir CSLL sobre valores decorrentes de atos cooperados.
Numero da decisão: 9101-003.515
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 14120.000354/2007-87, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2001,2002,2003,2004 CONHECIMENTO. PARADIGMA CONTRÁRIO À SÚMULA CARF N. 83. Não se entende possível o conhecimento do recurso especial quando o acórdão paradigma vai de encontro à súmula CARF, no caso, que dispõe não incidir CSLL sobre valores decorrentes de atos cooperados.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10925.002104/2006-84
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5855130
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9101-003.515
nome_arquivo_s : Decisao_10925002104200684.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ADRIANA GOMES REGO
nome_arquivo_pdf_s : 10925002104200684_5855130.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 14120.000354/2007-87, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
id : 7234370
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011555594240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1543; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10925.002104/200684 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101003.515 – 1ª Turma Sessão de 03 de abril de 2018 Matéria CSLL. ATOS COOPERADOS. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS DO ALTO URUGUAI CATARINENSE SICOOB CREDIAUC/SC ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2001,2002,2003,2004 CONHECIMENTO. PARADIGMA CONTRÁRIO À SÚMULA CARF N. 83. Não se entende possível o conhecimento do recurso especial quando o acórdão paradigma vai de encontro à súmula CARF, no caso, que dispõe não incidir CSLL sobre valores decorrentes de atos cooperados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 14120.000354/200787, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 21 04 /2 00 6- 84 Fl. 624DF CARF MF Processo nº 10925.002104/200684 Acórdão n.º 9101003.515 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, ora julgado sob a sistemática repetitiva, cuja divergência apresentada gira em torno da definição da incidência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL no que tange à "sobra líquida" decorrente de atos cooperados, afastada pelo acórdão recorrido por entender que não possuía natureza de lucro, contrariamente aos acórdãos paradigmas indicados. O recurso foi recepcionado por despacho de admissibilidade, passandose, assim, a ser analisado. É o relatório Voto Conselheiro Adriana Gomes Rêgo Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 9101003.512, de 03.04.2018, proferido no julgamento do Processo nº 14120.000354/200787. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 9101003.512): CONHECIMENTO O conhecimento do Recurso Especial condicionase ao preenchimento de requisitos enumerados pelo artigo 67 do Regimento Interno deste Conselho, que exigem analiticamente a demonstração, no prazo regulamentar do recurso de 15 dias, de (1) existência de interpretação divergente dada à legislação tributária por diferentes câmaras, turma de câmaras, turma especial ou a própria CSRF; (2) legislação interpretada de forma divergente; (3) prequestionamento da matéria, com indicação precisa das peças processuais; (4) duas decisões divergentes por matéria, sendo considerados apenas os dois primeiros paradigmas no caso de apresentação de um número maior, descartandose os demais; (5) pontos específicos dos paradigmas que divirjam daqueles presentes no acórdão recorrido; além da (6) juntada de cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas, da publicação em que tenha sido divulgado ou de publicação de até 2 ementas, impressas diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União quando retirados da internet, podendo tais ementas, alternativamente, serem reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10925.002104/200684 Acórdão n.º 9101003.515 CSRFT1 Fl. 4 3 Observase que a norma ainda determina a imprestabilidade do acórdão utilizado como paradigma que, na data da admissibilidade do recurso especial, contrarie (1) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (art. 103A da Constituição Federal); (2) decisão judicial transitada em julgado (arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil; e (3) Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Voltandose então ao caso sob exame, verificase que o objeto do recurso fazedário diz respeito à incidência da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL no que tange aos atos cooperados., posicionamento este, porém, contrário à atual Súmula CARF n. 83, que assim dispõe em sua redação: "Súmula CARF 83: O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, mesmo antes da vigência do art. 39 da Lei no 10.865, de 2004". Diante da regra regimental que impede o conhecimento do recurso cujo paradigma, na data do exame de admissibilidade, seja contrário à súmula do Tribunal, não se entende possível, desse modo, o seu conhecimento, como inclusive decidiu esta turma na recente sessão de 06 de fevereiro de 2018, da qual resultou o acórdão n. 9101003.408. Nesse sentido, VOTASE POR NÃO CONHECER o recurso especial da Fazenda Nacional. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 626DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720989/2012-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2005
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3302-005.266
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencido o Conselheiro José Fernandes do Nascimento, relator, que lhe negava provimento. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
(assinado digitalmente)
Walker Araújo - Redator Designado
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Raphael Madeira Abad, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2005 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 16327.720989/2012-71
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5841400
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.266
nome_arquivo_s : Decisao_16327720989201271.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
nome_arquivo_pdf_s : 16327720989201271_5841400.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencido o Conselheiro José Fernandes do Nascimento, relator, que lhe negava provimento. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. (assinado digitalmente) Walker Araújo - Redator Designado Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Raphael Madeira Abad, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
id : 7170622
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011565031424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 34; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1535; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1.265 1 1.264 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.720989/201271 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302005.266 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de fevereiro de 2018 Matéria COFINS RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente ALVORADA CARTÕES, CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2005 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário, vencido o Conselheiro José Fernandes do Nascimento, relator, que lhe negava provimento. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. (assinado digitalmente) Walker Araújo Redator Designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 09 89 /2 01 2- 71 Fl. 1265DF CARF MF 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Raphael Madeira Abad, Jorge Lima Abud, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem descrever os fatos adotase o relatório contido no acórdão recorrido, que seque transcrito: Tratase de manifestação de inconformidade contra a não homologação integral das compensações realizadas a partir do PER n° 17317.27091.290911.1.2.572522, cujo crédito totaliza o valor de R$ 147.961.441,34. O PER declara como origem do crédito pagamento a maior de Cofins dos períodos de apuração de jan/2001 a dez/2005, reconhecido em sentença judicial transitada em julgado em 12/11/2008, através da Ação Ordinária n° 2006.61.00.0034220, ajuizada na 24a Vara da Justiça Federal de São Paulo. Na ação judicial o contribuinte buscou afastar o alargamento da base de cálculo da Cofins, introduzido pelo § 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718/98, declarado inconstitucional pelo STF no RE n° 364.084 e, com isso, ver reconhecido seu direito de compensar ou restituir, os valores pagos a maior por aplicação do referido dispositivo legal, naquilo em que excedeu aos valores que seriam devidos com base na Lei Complementar n° 70/91. No item "a" do pedido, o autor solicita ao Juízo a declaração da não incidência da Cofins sobre as receitas que não se enquadram no conceito de faturamento, apontando, a título exemplificativo, as receitas de locação de imóveis e receitas financeiras. Apreciando a lide, o juízo singular julgou a ação procedente, declarando a inexistência de relação jurídica tributária relativamente ao recolhimento da COFINS nos termos da ampliação da base de cálculo determinada pela Lei 9.718/98, bem como para declarar compensáveis, com quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Secretária da Receita Federal, os valores indevidamente recolhidos a este título, relativamente aos meses de competência de janeiro de 2001 a dezembro de 2005. A sentença não discriminou as espécies de receitas que deveriam compor o faturamento, silenciando, inclusive, quanto à situação das receitas financeiras. Da sentença de primeira instância, a União apresentou recurso de apelação e a Autora Embargos de Declaração, além das contrarazões à apelação. Especificamente sobre os embargos, o pedido do contribuinte buscou esclarecimentos acerca do alcance da sentença, sob a justificativa de que nos seus fundamentos não foi especificada a base de cálculo sobre que deveria incidir a Cofins com base na LC 70/91, gerando receio quanto a possíveis questionamentos Fl. 1266DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.266 3 das autoridades fiscais sobre os valores apuráveis a título de pagamento a maior. Nesse sentido, solicita ao Juiz que os embargos sejam acolhidos para esclarecer quanto ao item "a" do pedido, que a ação foi julgada procedente nos termos do pedido formulado. Os embargos foram apreciados pela autoridade judicial de primeira instância que, no mérito os acolheu, explicitando que a procedência da ação implicou o acolhimento dos pedidos formulados. O recurso de apelação e a remessa oficial foram julgados em 29/08/2007 pela Terceira Turma do TRF da 3a Região, que decidiu por dar provimento parcial ao recurso e a remessa oficial. O acórdão do TRF da 3ª Região assim decidiu: a) reconheceu que discussão já mereceu apreciação pelo Plenário do STF, por ocasião do julgamento dos RE 357.950/RS, 390.840/MG e 358.273/RS e manteve a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98; b) determinou a prescrição qüinqüenal da repetição do indébito, excluindo o crédito relativo ao fato gerador jan/2001; c) restringiu a compensação do crédito aos débitos da própria Cofins e d) alterou os critérios de atualização monetária do indébito através da taxa Selic. O voto condutor do acórdão não se manifestou expressamente sobre o tratamento a ser atribuído às receitas financeiras. Contra o acórdão acima referido, o contribuinte interpôs embargos de declaração (fls. 808 a 816) visando, desta feita, esclarecimentos sobre o alcance do conteúdo do julgado quanto a dois aspectos: a) a obrigatoriedade de compensação exclusivamente com débitos da própria Cofins e b) aos critérios estabelecidos para a correção monetária dos créditos. Os embargos foram apreciados e acolhidos parcialmente, determinando o Juízo que: "ficará sujeita à Administração a compensação que o contribuinte quiser efetuar com outros tributos diversos da COFINS, nos termos da lei 9.430/96, e que for requerida diretamente na via administrativa, estando declarados neste acórdão a existência do indébito e o seu modo de atualização monetária ". Da decisão de segunda instância, a União apresentou Recurso Extraordinário, tendo sido negada sua admissibilidade pelo TRF. O contribuinte, por sua vez, apresentou recurso especial ao STJ, dele vindo a desistir antes da apreciação por aquela Corte Superior, tendo a decisão transitado em julgado em 12/11/2008. Após a desistência da ação no STJ, o contribuinte renunciou à execução do título judicial e protocolizou junto à DEINF/SPO Pedido de Habilitação de Crédito, formalizado através do processo administrativo n° 16327.720742/201143, apenso ao presente. Fl. 1267DF CARF MF 4 Em seguida, o contribuinte apresentou pedido de restituição através do PER n° 17317.27091.290911.1.2.572522, informando um crédito atualizado na data da transmissão no valor de R$ 148.738.174,75. Referido crédito foi objeto das compensações realizadas através dos PER/DCOMP listados no demonstrativo de fl. 4. Baixados para tratamento manual, referidos PER/DCOMP foram objeto de análise pela unidade DEINF/SPO, que antes de se pronunciar sobre as compensações, formulou consulta à Procuradoria Regional da Fazenda Nacional PRFN acerca dos limites e efeitos da coisa julgada no caso concreto em lide, especialmente, se abrangeria a exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da contribuição. A PRFN, através da Solução de Consulta de fls. 395 a 423, concluiu que a decisão transitada em julgado não afastou no caso concreto a incidência da Cofins sobre as receitas financeiras, cabendo a aplicação do entendimento firmado no Parecer PGFN/CAT/N° 2.773/2007, o qual inclui as receitas financeiras na base de cálculo das contribuições devidas pelas instituições financeiras. Com base nesse entendimento a DEINF/SPO refez os cálculos e apurou um crédito de Cofins dos períodos de apuração fev/2001 a dez/2005 no valor original de R$ 2.032.693,62. Em seguida, emitiu o Despacho Decisório de fls. 476 a 496, pelo qual: a) homologou integralmente o PER/DCOMP n° 35827.52648.300911.1.3.578562; b) homologou parcialmente PER/DCOMP n° 10245.8914.061011.1.3.570760 e c) não homologou os demais PER/DCOMP relativos ao mesmos créditos. Ciente do Despacho Decisório em 28/02/2013, conforme Aviso de Recebimento dos Correios AR de fl. 591, o contribuinte apresentou em 26/03/2013 a Manifestação de Inconformidade de fls. 591 a 635. Seguese um resumo das alegações da manifestante. Da Coisa Julgada. • A sentença de primeira instância lhe assegurou o direito à restituição/compensação dos valores pagos a título de Cofins com base no faturamento, nessa base de cálculo não se incluindo as receitas financeiras. • O pedido da exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da Cofins foi expressamente formulado na inicial e objeto de controvérsia nos autos, de modo que ao julgar pela procedência da ação, o Juízo reconheceu o direito à exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da Cofins. • Por sua vez, o acórdão de segunda instância não alterou a sentença no que diz respeito a esse aspecto, tendo assim transitado em julgado seu direito, inclusive com o reconhecimento da não inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição. Fl. 1268DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.267 5 • A interpretação de que o acórdão do TRF 3° desconstituiu na íntegra a sentença de 1° grau e, conseqüentemente, o direito nela assegurado de exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da Cofins, se deu a partir de uma aplicação absolutamente distorcida e equivocada do magistério dos Professores Humberto Theodoro Jr. e Nelson Nery Jr., conforme será detalhado adiante. Do Despacho Decisório • Da leitura da fundamentação do Despacho Decisório, depreendese que a própria autoridade fiscal reconhece que a sentença de primeiro grau conferiu à autora da ação o direito ao recolhimento da contribuição com base no faturamento, nele não se incluindo, dentre outras, as receitas financeiras • O Despacho Decisório foi emitido com base em orientação da PRFN, fundada em premissas verdadeiras em tese, mas equivocadamente aplicadas ao caso concreto. • Conforme expresso em pareceres exarados pelos Professores Humberto Theodoro Jr. e Nelson Nery Jr., cujos magistérios foram citados pela PRFN como fundamentos de sua conclusão, os próprios doutrinadores atestam o equivoco da interpretação adotada por aquela Procuradoria. Do Efeito Substitutivo do Acórdão em Relação à Sentença. • Não procede o raciocínio da PRFN segundo o qual seria inoportuna qualquer menção à sentença de primeira instância, sob o falso fundamento de que o acórdão, pelo efeito devolutivo, a substituiu ampla e ilimitadamente. Em realidade, o que ocorre é exatamente o inverso, ou seja, o efeito substitutivo do acórdão em relação à sentença operase por inteiro no campo processual, mas no campo material esta substituição se dá com a ratificação da decisão recorrida naquilo em que não modificada e sua alteração apenas nos limites em que provido o recurso interposto. • De acordo com pareceres dos juristas Humberto Theodoro Jr. e Nelson Nery Jr., proferidos especificamente para o caso concreto, o efeito devolutivo de que trata o art. 512 do CPC opera a substituição da sentença apenas naquilo que tiver sido objeto de recurso e, explicitamente deliberado pelo colegiado, de forma que, naquilo em que não houve reforma no ato do Tribunal, prevalece eficaz a sentença. Do Alcance da Coisa Julgada no Caso Concreto • Ficou absolutamente explícito no pedido formulado o pleito das Autoras de reconhecimento de que: a) a COFINS deveria incidir apenas sobre o faturamento tal como previsto no art. 2° da LC 70/91; e b) este conceito de faturamento previsto na LC 70/91 não inclui as receitas financeiras. Logo, ao serem acolhidos os embargos de declaração confirmando a procedência da ação nos exatos termos em que formulado o pedido, dúvidas não restaram Fl. 1269DF CARF MF 6 sobre a confirmação do direito da manifestante à não inclusão na base de cálculo da Cofins, dentre outras, das receitas financeiras. • As duas premissas em que se baseou a Solução de Consulta da PRFN, quais sejam: a) a de que a parte dispositiva da sentença deve ser interpretada em harmonia com os fundamentos e b) a de que a motivação é imprescindível à correta exegese do julgado, embora em tese corretas, foram aplicadas ao caso concreto de forma manifestamente equivocada, de modo que jamais poderiam ter levado a vislumbrarse no julgamento uma decisão que ele não contém, qual seja, a de que as receitas financeiras integram o faturamento e devem compor a base de cálculo da Cofins. • De acordo com os pareceres dos professores Humberto Theodoro Jr. e Nelson Nery Jr., elaborados especificamente para o caso concreto, referidos juristas concluem pela caracterização do transito em julgado do direito da manifestante de não incluir na base de cálculo da Cofins as receitas financeiras. • No presente caso, não há que se falar em julgamento citra petita, como sugere a PRFN, já que a sentença de primeira instância julgou integralmente procedente a ação, nos exatos termos do pedido formulado. Portanto, não há que se falar em embargo de declaração para suprir a pretendida lacuna vislumbrada pela PRFN. Logo, não prospera a afirmação da PRFN ao acusar a manifestante de permanecer inerte e em contumácia, permitindo a preclusão da decisão em sentido desfavorável à sua pretensão. Assim, seria da Fazenda Nacional apelante, e não da impugnante recorrida, o ônus da oposição de embargos de declaração, caso pretendesse ver esclarecida eventual modificação da sentença recorrida. • O fato de haver ajuizado MS propugnando pela não incidência da Cofins sobre suas receitas financeiras, relativamente a outros períodos de apuração, "longe de corroborar os argumentos do r. despacho decisório apenas evidencia que no caso caberia à Fazenda Nacional ter sido diligente e oposto embargos de declaração ou os recursos cabíveis visando a que decisão de teor semelhante fosse proferida também nos autos da ação ordinária n° 2006.61.00.0034220''. No MS em causa, o TRF expressamente apreciou a questão e entendeu estarem as receitas financeiras incluídas na base de cálculo da Cofins. • Não prospera o entendimento da DEINF/SPO de que o produto das operações de intermediação financeira (spread) não constituiria receita financeira e de que nesse conceito se incluiriam apenas as receitas de aplicações próprias e de terceiros. Todas são receitas financeiras e devem ser excluídas da base de cálculo da Cofins. O presente processo está sendo julgado concomitantemente com o processo apenso n° 16327.721540/201319, que trata do lançamento de ofício da multa isolada de 50% sobre o valor da compensação não homologada, prevista no § 17 do art. 74 da Lei n° 9.450/96. Fl. 1270DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.268 7 Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 1030/1044), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. ALCANCE. FUNDAMENTO. A verificação do alcance da decisão transitada em julgada não se restringe à parte dispositiva da decisão, devendo esta ser interpretada de forma conjunta com os fundamentos que levaram a tal conclusão. COFINS. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entendese por faturamento, base de cálculo da COFINS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, qual seja aquelas decorrentes da prática das operações previstas no seu objeto social. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 13/11/2014, a recorrente foi cientificada da decisão primeira. Inconformada, em 28/11/2014, protocolou o recurso voluntário de fls. 1062/1130, em que reafirmou as razões de defesa, suscitadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, a recorrente alegou: a) em preliminar, a nulidade da decisão recorrida, por cerceamento do seu direito de defesa, sob o argumento de que o seu fundamento era totalmente diverso e incompatível com o fundamento do despacho decisório, pois, enquanto este fora fundamento no entendimento de que o pedido da recorrente referiase a todas suas receitas financeiras, o fundamento da decisão recorrida fora baseado no entendimento de que o pedido da recorrente jamais se referira às receitas financeiras “operacionais”; e b) no mérito, a improcedência do novo fundamento introduzido pela decisão recorrida, no sentido de que o pedido da recorrente jamais se referira às receitas financeiras “operacionais”. Em 23/10/2017, por meio da petição de fls. 1182/1186, a recorrente comunicou o teor da decisão proferida no dia 15/12/2016 pela Terceira Turma do TRF da 3ª Região no julgamento dos Agravo de Instrumento nº 2015.03.00.0144035 (fls. 1189/1209), em que, por unanimidade, determinou a cassação da decisão proferida no julgamento da Ação Ordinária nº 2006.61.00.0034220 e avocou os autos da referida Ação Ordinária para complementação do julgamento do reexame necessário, conforme se infere do teor dispositivo do referido julgado que, para melhor compreensão, segue transcrito: Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, a) cassar a r. decisão agravada; b) avocar os autos n. 2006.61.00.0034220, Fl. 1271DF CARF MF 8 que se encontram em primeiro grau de jurisdição; b) determinar que, já nesta instância, seja aquele feito reativado como reexame necessário e venham à conclusão. A pretensão recursal deduzida pelo agravante fica, destarte, prejudicada, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Ainda segundo a recorrente, ao julgar referido agravo entendeu a Turma que, por conta das questões suscitadas no âmbito do reexame necessário, o Tribunal deveria ter tratado, expressamente, da questão atinente à incidência da Cofins sobre as receitas financeiras havidas por instituições financeiras e “que não o tendo feito não teria ocorrido no caso ainda o trânsito em julgado, razão pela qual cassou a decisão agravada, julgou prejudicado o agravo de instrumento e determinou a avocação do processo principal para que seja refeito/completado o julgamento do recurso de ofício.” Em razão dessa nova decisão, alegou a recorrente que, a prevalecer tal entendimento, restaria totalmente alterado o substrato fático, que dera ensejo à discussão objeto dos presentes autos, ou seja, a "premissa da efetiva ocorrência no caso da coisa julgada, discutindo sua extensão e abrangência”, que foi adotada tanto no despacho decisório como a decisão recorrida. A recorrente ressaltou ainda que a coisa julgada ainda não fora formalmente desconstituída, o que somente ocorreria quando efetivamente refeito o reexame necessário no processo principal, sendo certo que, além dos recursos cabíveis contra tal decisão o TRF, de qualquer modo, até por força dos embargos de declaração que foram opostos (fls. 824/835), ainda deveria se pronunciar quanto aos efeitos desta decisão relativamente às compensações realizadas pelos autores que acreditaram no trânsito em julgado certificado nos autos pelo Poder Judiciário. Assim, alegou a recorrente ser absolutamente impossível, no momento, o prosseguimento do julgamento do presente feito, posto que, na atualidade, “tornaramse incertos: (a) a existência ou não no caso de trânsito em julgado; e (b) quais as consequências da eventual concretização da desconstituição do trânsito em julgado certificado nos autos.” Para a recorrente, “somente quando definidas pelo Poder Judiciário estas premissas fáticas é que se saberá se e em que extensão a decisão proferida produzirá efeitos nos presentes autos.” Diante desses novos fatos, a recorrente pleiteou o sobrestamento do presente processo, até que fosse definitivamente julgado o citado processo judicial, um que estaria configurada a prejudicialidade do julgamento dos presente processo, nos termos do art. 12 da Portaria CARF nº 34, de 31 de agosto de 2015, e do art. 265, IV, “a”, do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal. Nesse sentido, asseverou a recorrente que, no julgamento do processo nº 16327.720994/201283, que trata de caso idêntico, já decidira a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara desta 3ª Seção. Na Sessão de 25 de outubro de 2017, por meio da Resolução nº 3302 000.669, os integrantes deste Colegiado converteram o julgamento em diligência perante a Secretaria da 3ª Câmara (Secam), para ciência da PGFN, para que, dentro do prazo de 15 dias, fixado no art. 437, § 1º, do CPC, manifestassese sobre: (i) a novel decisão prolatada no âmbito do Agravo de Instrumento nº 2015.03.00.0144035, especialmente, em relação ao eventual efeito sobre a coisa julgada da decisão proferida nos autos da referida Ação Ordinária; e (ii) a necessidade ou não de sobrestamento do julgamento dos presentes autos até que seja prolatada a decisão judicial definitiva sobre a matéria. Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.269 9 Cientificada da referida Resolução, por meio da petição de fls. 1239/1261, em síntese, a PGFN apresentou, tempestivamente, as seguintes considerações: a) o recorrente, nos autos do processo da Ação Ordinária nº 2006.61.00.0034220, obteve decisão judicial transitada em julgado, nos termos do acórdão proferido pelo TRF/3ª Região, que reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, nos termos do decidido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) nos RREE nºs. 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR; b) não existe decisão judicial transitada em julgado que amparasse a pretensão do recorrente de excluir as receitas financeiras decorrentes de seu objeto social da base de cálculo da Cofins, vez que o provimento obtido se restringira à inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins, nos moldes do voto proferido pelo Ministro Cezar Peluso, não tendo o contribuinte obtido provimento jurisdicional amplo; c) o TRF da 3ª Região dera provimento parcial à apelação e à remessa oficial, substituindo a sentença de primeiro grau, e decidindo a lide, na extensão do contido no julgamento proferido pelo STF nos Recursos Extraordinários 357.950/RS, 390.840/MG e 358.273/RS; d) do votocondutor do aresto, como também da própria ementa, inferiase que a Corte Regional adotou como razão de decidir a conhecida posição do Supremo no sentido de proclamar a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9718/98 e, simultaneamente, reconhecer a constitucionalidade do “caput” do referido artigo bem como do seu art. 2º, determinando, outrossim, que a base de cálculo da Cofins fosse aquela prevista na LC 70/1991. E a parte do acórdão relativa ao art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/1998 restou inalterada nos autos até a ocorrência do trânsito em julgado da ação em 12/11/2008; e) a decisão proferida pelo TRF/3ª Região manifestouse expressamente sobre a base de cálculo da Cofins, determinando a incidência da contribuição sobre a base de cálculo definida na Lei Complementar 70/1991, ou seja, sobre “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”. f) em função do efeito substitutivo recursal, era o decisório do TRF/3ª Região, que transitou em julgado, que deveria ser executado, logo, revelavase inoportuna qualquer menção aos termos em que a sentença fora proferida, uma vez que a mesma não mais existia, inclusive porque, consoante já ressaltado, a devolução da matéria ao tribunal fora ampla e ilimitada; g) cumpria analisar o alcance/extensão da coisa julgada formada no âmbito do referido julgado do TRF3, destacando que a parte dispositiva, aquela que transita efetivamente em julgado e acerta a relação jurídica entre as partes, não deve ser buscada formalisticamente apenas ao final do texto da sentença (ou acórdão), após as fórmulas de praxe, mas deve corresponder a todo e qualquer provimento, ainda que localizado em meio à fundamentação, que conceda ou denegue pleitos das partes; h) diante deste contexto, era também a parte dispositiva, acobertada pela coisa julgada, a determinação contida no aresto de que a base de cálculo da COFINS devia ser aquela da LC 70/91. Dessa forma, caso o contribuinte entendesse que o v. acórdão não apreciara todos os seus pedidos, caso em que a decisão seria citra petita, cumprialhe interpor Fl. 1273DF CARF MF 10 embargos de declaração, e não permanecer inerte e em contumácia, permitindo a preclusão de decisão em sentido desfavorável à sua pretensão; i) a questão da incidência da Cofins sobre as receitas financeiras havidas por instituições financeiras não fora objeto de embargos, quedandose inerte a autora da ação. Assim, o acórdão do TRF3, ao aplicar o entendimento do Pretório Excelso no tocante à declaração de inconstitucionalidade apenas do § 1º do art. 3º da Lei 9718/98 e ao invocar a base de cálculo da LC 70/1991, quis efetivamente dispor que a Cofins devia incidir também sobre as receitas de prestação de serviços, tal como estabelecido naquela lei complementar; j) para as instituições financeiras, as receitas decorrentes da prestação de serviços abrangiam aquelas advindas da cobrança de tarifas e também da intermediação financeira. Assim, de acordo com a coisa julgada formada nos autos do processo da ação ordinária nº 2006.61.00.0034220, essas receitas devem compor a base de cálculo da Cofins; l) o STF tanto não afastou a incidência da Cofins sobre tais receitas que há dois recursos extraordinários com repercussão geral, pendentes de apreciação pelo STF, no qual as instituições financeiras pretendem obter provimento judicial no sentido da não obrigatoriedade do pagamento da Cofins sobre as receitas brutas operacionais de suas atividades típicas; m) o acórdão nº 9303002.934 da 3ª Turma da Câmara Superior do CARF, ao apreciar tema idêntico, negou provimento ao recurso especial do contribuinte por entender que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98 não alcançava as receitas operacionais das instituições financeiras; n) o fundamento do acórdão que analisou o Agravo de Instrumento nº 2015.03.00.0144035 levou em consideração que a decisão do TRF 3 não analisou a remessa necessária em sua plenitude, “pois a matéria relativa à receita financeira da instituição: a) não foi objeto do relatório do acórdão; b) não foi objeto da fundamentação do acórdão; c) não foi objeto do dispositivo do acórdão; d) não foi objeto da ementa do acórdão.”; o) duas questões apresentavamse neste momento processual: (i) primeiramente, a autora da ação não deduziu tais questões quando teve a oportunidade de opor Embargos de Declaração, operandose a preclusão; e (ii) em segundo lugar, o acórdão no AI vislumbrava a possibilidade de existir um error in procedendo, porquanto o acórdão não teria realizado o reexame necessário da sentença em toda sua profundidade, ou seja, não teria se debruçado sobre a questão das receitas financeiras das instituições financeiras. Portanto, o próprio acórdão reconhece que a decisão que transitou em julgado não tratou das receitas financeiras das instituições financeiras; p) sob o pretexto de “complementar” a remessa necessária, sob o argumento de que o acórdão agravado teria deixado de lado outras questões suscitadas pela autora em seu pedido inicial (receitas financeiras), o TRF avocou o feito para melhor aprofundar a questão, o que não era possível na atual fase processual. A primeira observação que se colocava, inclusive com a vigência da súmula 45 do STJ, era que nas causas sujeitas ao reexame necessário era defeso ao Tribunal agravar a situação da Fazenda Pública. Ora, se a remessa necessária existia no interesse da Fazenda Pública, seria incoerente admitirse que esta viesse a ter sua situação agravada em sede de reexame. Assim, se houve “falha” na apreciação da remessa necessária, jamais poderia haver uma decisão judicial para prejudicar a União (proibição do reformatio in pejus). Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.270 11 q) ante a decisão do TRF no Agravo de Instrumento, entende não ser o caso de sobrestamento do feito para aguardar a decisão final do TRF, que avocou o feito para complementar o reexame necessário. Auma, porque não há mais a previsão de sobrestamento no Regimento Interno do CARF. A duas, porque o contribuinte não detém decisão judicial transitada em julgado que lhe assegure o direito de não recolher Cofins sobre as receitas financeiras, logo, não há que se falar em direito líquido e certo a autorizar a compensação. r) a Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais já teve a oportunidade de se pronunciar em casos idênticos ao presente, que analisaram inclusive o alcance do provimento judicial dado nos autos da ação ordinária nº 2006.61.00.0034220, bem como a repercussão da decisão proferida no agravo de instrumento nº 2015.03.00.0144035, tendo se manifestado desfavoravelmente ao pleito do contribuinte. Nesse sentido, vale citar o acórdão nº 9303005.051; e s) caso se admita que a referida decisão do TRF tem o condão de desconstituir a coisa julgada, alternativamente, invocou a aplicação do art. 170A do CTN; Enfim, cabe esclarecer que o presente processo possui outros apensos, dentre os quais, merecem ser mencionados (i) o processo nº 16327.720744/201162, que trata da habilitação do crédito, e (ii) o processo nº 16327.721540/201319, que trata do auto de infração em que formalizado a cobrança da multa isolada em face da não homologação das compensações, nos termos nos termos do art. 74, § 17, da Lei 9.430/1996. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Previamente, cabe esclarecer que, nesta mesma Sessão, também será julgado o processo apenso de nº 16327.721540/201319, que trata da cobrança da multa isolada por não homologação das compensações, prevista no art. 74, § 17, da Lei 9.430/1996, por se tratar de processo a este vinculado por conexão, de modo que a decisão aqui prolatada terá reflexo direto e imediato sobre a cobrança da referida multa. Neste processo, a controvérsia em torno da existência do direito creditório e da não homologação das compensações envolve questões preliminares e de mérito, que serão a seguir analisadas. Da Análise das Questões Preliminares. Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade da decisão recorrida, por cerceamento do seu direito de defesa, e pediu o sobrestamento dos autos até que fosse definitivamente julgado o processo do Agravo de Instrumento nº 2015.03.00.0144035. Da nulidade da decisão de primeira instância Fl. 1275DF CARF MF 12 Em relação a nulidade da decisão de primeiro grau, o recorrente alegou que o seu fundamento era totalmente diverso e incompatível com o fundamento do despacho decisório. Para o recorrente, neste o fundamentado fora que o pedido da recorrente referiase a todas as suas receitas financeiras, incluindo as operacionais, enquanto que o fundamento da decisão recorrida fora que o pedido não se referira às receitas financeiras “operacionais”. Ao contrário do alegado, a leitura dos citados julgados revela que ambos analisaram a extensão e o alcance da decisão transitada em julgado e ambas chegaram a mesma conclusão, ou seja, que a referida decisão judicial havia determinado a apuração da indigitada contribuição com base na “receita bruta” conforme definida pelo 2º da Lei Complementar 70/1991. Para que não reste dúvida a respeito, para fim de comparação, seguem transcritos os seguintes excertos relevantes extraídos dos citados julgados: Despacho Decisório: 13. Não por outra razão, indiscutível a conclusão vazada na Solução de Consulta, de que, na parte relativa à materialidade do indébito da COFINS, a decisão embargada não sofreu nenhuma alteração, permanecendo incólume o r. acórdão, o qual tão somente autorizou o interessado a apurar a indigitada contribuição com base na “receita bruta” conforme definida pela LC nº 70/91 e, em decorrência, da aplicação ao presente caso do preconizado pelo Parecer PGFN/CAT/ Nº 2773/2007; 14. E nem poderia ser diferente, pois a exclusão da base de cálculo da COFINS, para as instituições financeiras, das receitas decorrentes de intermediação financeira e/ou da aplicação de recursos próprios e de terceiros, como suplicada pelo interessado na presente lide, encontrase pendente de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal, em caráter de repercussão geral, no RE 609.096/RS; 15. E para corroborar tal assertiva, bastaria aqui mencionar o fato de ter o interessado, com o mesmo propósito de afastar a incidência da COFINS sobre as discutidas rendas de intermediação e aplicações financeiras dos períodos de apuração Out/05 e subsequentes, ajuizado Mandado de Segurança, autuado sob nº 2005.61.00.0260148, ora com Recurso Extraordinário sobrestado por força do sobredito paradigma; 16. Da simples leitura do voto condutor do v. acórdão nele exarado pelo 3º TRF por ocasião do julgamento da apelação interposta pela Fazenda Nacional, sobressai ter a E. Sexta Turma se debruçado sobre a definição de receita bruta a que alude o art. 3º, caput, da Lei nº 9.718/98, concluindo ser ela “aquela advinda das operações que constituem o objeto da empresa e, adaptandose este conceito às instituições financeiras, não pode se outra ilação senão a que considera a receita de intermediação financeira como integrante da base de cálculo destas sociedades empresariais, vez que fazem parte de seu objeto social, expressamente delineado no art. 17 da Lei nº 4.595/64”; 17. E mais, em favor de tal tese o relator do referido voto trouxe a baila a decisão proferida pelo Ministro Cezar Peluso no Agravo Regimental oposto no RE 400.479, para quem, tendo em Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.271 13 conta que a doutrina comercialista mais acatada reconhece há tempos a relevância da chamada teoria da empresa, o conceito de faturamento deveria ser formulado sob a perspectiva da natureza e das finalidades da atividade empresarial, ressaltando o equívoco dos que querem, sob o argumento de não comercializar bens nem serviços, furtarse ao regulamento das contribuições; [...] 29. Da simples discussão conceitual aqui conduzida, vêse, no mínimo, como parece apressada, e arriscada, a conclusão exposta pela PRFN/SPO na Solução de Consulta: de que as receitas de intermediação ( spread ), bem como as receitas de aplicação de recursos próprios e/ou de terceiros auferidas pelas instituições financeiras se enquadram no único conceito de receitas financeiras; 30. A título de exercício, poderseia dizer que a receita de intermediação financeira (spread) o ganho decorrente da diferença entre a remuneração paga pelos tomadores de recursos e o custo de sua captação caracterizase como receita operacional típica e exclusiva das instituições financeiras, portanto sujeita à incidência da COFINS, não se confundindo com outras receitas financeiras, mesmo que também alcançadas pela COFINS, entre as quais as provenientes da aplicação de recursos próprios e/ou de terceiros; 31. Isto posto, retornando à questão do alcance objetivo da coisa julgada material acertada na AO nº 2006.61.00.0034220, como apontado no item 19 desta fundamentação, caberia à autoridade administrativa, agora, a partir do entendimento vertido no Parecer PGFN/CAT/Nº 2.773/2007, apurar o montante do indébito da COFINS em discussão; [...] 36. Por conseguinte, do contido no Parecer PGFN/CAT/Nº 2.773/2007, particularmente do expresso na letra “f” do item 66 acima transcrito, salta evidente que a base de cálculo da COFINS, no caso concreto, seria, nos termos dos artigos 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/98, a receita bruta proveniente das atividades operacionais desenvolvidas pelo interessado nos termos do objeto social; 37. Com efeito, com base nas informações prestadas pelo interessado a partir do “Termo de Intimação” de apuração do eventual indébito da COFINS do período Fev/01 a Set/04, deveria esta autoridade administrativa, após a exclusão da base de cálculo da COFINS tão somente das receitas não operacionais, conforme apontado no demonstrativo elaborados por esta DIORT/DEINF/SPO, deferir parcialmente o “Pedido de Restituição” nº 17317.27091.290911.1.2.572522, reconhecendo como direito creditório, incluindo o da incorporada BANCO MERCANTIL S/A, visto atendido o que dispõe os art. 168, I, 156, Fl. 1277DF CARF MF 14 I e X, do CTN, o montante de R$ 2.032.693,62, em valor original (folhas 449 a 454); [...] (grifos originais) Decisão Recorrida: 9.2 A bem da verdade a questão específica quanto à exclusão da totalidade das receitas financeiras, independentemente do objeto social da empresa não foi discutida, tendo a decisão ficado restrita ao afastamento do alargamento da base de cálculo da COFINS prevista no § 1° do artigo 3° da Lei 9.718/98. Importante mencionar também que poderia mesmo o magistrado ter pretendido excluir as receitas financeiras do conceito de faturamento, tudo a depender se seu entendimento está de acordo com aquele exposto pelos Ministros do STF em julgamentos anteriores sobre o assunto. 9.3 Por oportuno cumpre destacar que o STF, ao determinar que sejam consideradas as receitas com vendas de mercadorias, prestações de serviços ou venda de mercadorias com prestações de serviços, está mesmo a restringir a apuração da base de cálculo às receitas operacionais do contribuinte. 9.3.1 Na linha da constitucionalidade do caput do art. 3° da Lei 9.718/98, o STF, nos RE 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, estabeleceu que a receita bruta, prevista no art. 3.° da Lei 9.718/98, corresponde ao conceito de faturamento expresso no artigo 2°, da Lei Complementar 70/91, a seguir transcrito, consistindo das receitas operacionais da pessoa jurídica: [...] 9.3.3 Entendendose o alcance do conceito de receita bruta como sendo faturamento no sentido de venda de mercadoria e serviços, verificase que o conceito dado pelo STF, à luz da Lei 9.718/98 e da Lei Complementar 70/91, é, definitivamente, o de receita operacional. 9.3.4 Nos debates que então se desenvolveram na sessão do Tribunal Pleno que julgou o RE 346.084/PR, acima transcrito, os Ministros explicitaram seu entendimento sobre a base de cálculo do PIS e da Cofins, no sentido da identidade entre o conceito de faturamento e a receita operacional da pessoa jurídica, tida como resultante de sua atividade principal. 9.3.4.1 O Ministro César Peluso, no RE 346.084/PR, expressou o entendimento de que receita bruta é sinônimo de faturamento, como a soma das receitas oriundas do exercício das atividades típicas da empresa e acrescentou que, se determinadas instituições têm receitas financeiras como atividade empresarial típica, tais receitas ingressam no conceito de receita bruta como faturamento, in verbis: [...] 9.3.4.5 Inferese das diversas manifestações dos Ministros do STF que toda pessoa jurídica que possui ingressos decorrentes Fl. 1278DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.272 15 de sua atividade típica possui receita operacional, que corresponde ao faturamento ou receita bruta que a Lei Complementar 70/91 e a Lei 9.718/98 elegeram como base de cálculo da Cofins e do PIS. 9.3.5 Portanto, no âmbito tributário, o faturamento corresponde à receita bruta de vendas de mercadorias e de serviços, compreendendo a totalidade das receitas operacionais da pessoa jurídica. As receitas operacionais são aquelas desenvolvidas em conformidade com o objeto social da pessoa jurídica. [...] 9.4.2 De todo o exposto se conclui que o magistrado pretendeu excluir da base de cálculo da COFINS apenas as receitas financeiras enquanto não operacionais. 9.5 O acórdão do TRF só vem a reforçar este entendimento. Para corroborar tal assertiva, mister se faz colacionar o seguinte trecho do voto do relator: “Acompanho neste voto os precedentes da Corte Guardiã da Constituição da República, que declararam a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1°, da Lei 9.718/98 que definia como receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade exercida e da classificação contábil em homenagem aos princípios da segurança jurídica e da economia processual, permitindo o recolhimento da contribuição social em tela de acordo com a previsão da legislação anterior a respeito da base de cálculo (Lei Complementar 70/91.” [...] 10. Isto posto, resta correta a aplicação do Parecer PGFN/CAT n° 2.773/2007, uma vez que o mesmo vai ao encontro das posições expostas pelos Ministros do STF em julgamentos anteriores. Ou seja, pouco importa se tal parecer foi emitido antes ou depois da decisão definitiva da questão no judiciário, visto estar se aproveitando apenas o seu conteúdo, não tendo a sua formalização qualquer impacto processual ou material para o deslinde do feito. [...] Do simples cotejo entre os excertos transcritos extraise que ambos os julgados chegaram a mesma conclusão e adotaram o mesmo entendimento sobre a definição e alcance do conceito de faturamento, ou seja, para fim de base cálculo da Cofins, o faturamento (ou receita operacional bruta) era aquele determinado pela 2º da LC 70/1991, com o alcance determinado pelos citados acórdão do STF e segundo entendimento exarado no Parecer PGFN/CAT/ Nº 2773/2007. A única diferença relevante entre os dois julgados está na conceituação ou classificação teórica das receitas operacionais auferidas pelas instituições financeiras. Para a autoridade julgadora prolatora do despacho decisória as receitas operacionais auferidas pelas instituições financeiras dividemse em: a) receita operacional típica e exclusiva, que Fl. 1279DF CARF MF 16 corresponde à receita de intermediação financeira (spread), ou seja, o ganho obtido pela diferença entre a remuneração paga pelos tomadores de recursos e o custo de sua captação dos correspondentes recursos; e b) receita operacional não típica e não exclusiva, que compreende as outras receitas financeiras provenientes da aplicação de recursos próprios e/ou de terceiros. Apesar de ter feito a diferenciação entre as duas modalidades de receitas financeiras auferidas pelas instituições financeiras (receitas financeiras típicas/exclusivas e outras receitas financeiras), no questionado despacho decisório, ambas foram consideradas como receitas operacionais, ou seja, receitas da atividade empresaria, auferidas em conformidade com o objeto social da pessoa jurídica, o que está em consonância com o entendimento exarado nos citados precedentes do STF e no Parecer PGFN/CAT/ Nº 2773/2007. Logo, embora tenha se expressado de modo distinto, na essência, ambos os julgados adotaram o mesmo conceito de faturamento ou receita operacional bruta, como sendo a “receita bruta de vendas de mercadorias e de serviços, compreendendo a totalidade das receitas operacionais da pessoa jurídica. As receitas operacionais são aquelas desenvolvidas em conformidade com o objeto social da pessoa jurídica.” De outra parte, na tentativa distorcer o entendimento consoante de ambos os julgados, o recorrente alegou que “quando menos tal decisão estaria restrita à receita financeira proveniente da aplicação de recursos próprios e/ou de terceiros, mas não incluiria a receita de intermediação financeira (spread)”, como se, para fim de apuração de base de cálculo da Cofins, tal diferenciação surtisse o efeito de excluir essa última modalidade de receita financeira do cômputo do faturamento do recorrente, o que, conforme demonstrado, não corresponde ao real sentido da classificação apresentada pelo autoridade fiscal da unidade de origem da RFB. Dessa forma, resta evidenciado que, na conclusão final, os referidos julgados, expressamente, adotaram o mesmo conceito de faturamento ou receita operacional bruta, com o significado e alcance determinado nos citados julgados do STF e segundo o entendimento esposado no Parecer PGFN/CAT/ Nº 2773/2007. Nesse sentido, restou excluído da base de cálculo da Cofins apenas as receitas não operacionais. E diferentemente do alegado pela recorrente, a classificação entre receitas operacionais e não operacionais apresentadas nos questionados julgados não foi baseada no critério de classificação fixado no art. 17 do Decretolei 1.598/1977, que, no período dos fatos, tinha a seguinte redação: Art. 17 Os juros, o desconto, a correção monetária prefixada, o lucro na operação de reporte e o prêmio de resgate de títulos ou debêntures, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do exercício social, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem. Parágrafo único Os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas: a) os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito, a correção monetária prefixada e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito deverão ser apropriados,pro rata tempore, nos exercícios sociais a que competirem; Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.273 17 b) os juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as fases de construção e préoperacional, podem ser registrados no ativo diferido, para serem amortizados. (grifos não originais) A classificação em operacional e não operacional apresentadas nos questionados julgados foi baseada no critério de classificação adotado no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF1), que divide as contas de resultado credoras em dois grandes grupos: receitas operacionais e não operacionais, conforme a seguir especificado: 7 CONTAS DE RESULTADO CREDORAS 7.1 RECEITAS OPERACIONAIS 7.3 RECEITAS NAO OPERACIONAIS Por sua vez, as receitas operacionais são subdivididas nos seguintes subgrupos: 7.1 RECEITAS OPERACIONAIS 7.1.1.00.001 Rendas De Operaces De Credito 7.1.2.00.004 Rendas De Arrendamento Mercantil 7.1.3.00.007 Rendas De Cambio 7.1.4.00.000 Rendas De Aplicacoes Interfinanceiras De Liquidez 7.1.5.00.003 Rendas Com Titulos E Valores Mobiliarios E Instrumentos Financeiros Derivativos 7.1.7.00.009 Rendas De Prestacao De Servicos 7.1.8.00.002 Rendas De Participações 7.1.9.00.005 Outras Receitas Operacionais O simples cotejo entre os tipos de receitas financeiras operacionais especificados no art. 17 do Decretolei 1.598/1977 e no citado plano de contas evidencia a nítida diferença da natureza dos tipos receitas de um e do outro, o que leva a conclusão de que a classificação como operacional das receitas e despesas financeiras do referido preceito legal referese apenas aos demais contribuintes e não se aplica as instituições financeiras. No referido plano de contas, ainda se verifica que foram classificados como operacional tanta as receitas de prestação de serviços como as receitas financeiras. E se não há controvérsia de que os primeiros tipos de receita integram o faturamento das instituições financeiras, em relação ao enquadramento como faturamento das receitas financeiras operacionais paira forte controvérsia, que será analisada na apreciação do mérito. 1 Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/aplica/cosif>. Acesso em: 28 dez. 2017. Fl. 1281DF CARF MF 18 Assim, resta demonstrado que não há fundamento diverso e incompatível entre um e o outro julgado, mas apenas abordagens distintas, uma com mais detalhamento sobre aspecto conceituais teóricos (o despacho decisório), porém, no essencial, a conclusão é a mesma sobre significado e alcance da definição de faturamento das instituições financeiras, o que, ao contrário do alegado pelo recorrente, não implica qualquer incompatibilidade entre os idênticos fundamentos apresentado nos questionados julgados. Por essas razões, uma vez demonstrada a inexistência de qualquer divergência ou incompatibilidade entre os referidos julgado, rejeitase a presente preliminar de nulidade, porque inexistente o alegado cerceamento do direito de defesa. Do sobrestamento do julgamento deste processo Também não se justifica o pedido de sobrestamento do julgamento deste processo, para aguardar futura decisão definitiva a ser proferida no âmbito nos autos do Agravo de Instrumento nº 2015.03.00.0144035. A uma, porque não há decisão definitiva, prolatada no âmbito os autos do referido agravo, desconstituindo a coisa julgada da decisão final proferida nos autos da Ação Ordinária nº 2006.61.00.0034220. A duas, porque não há previsão regimental para sobrestamento de julgamento de processo, para aguardar decisão a ser proferida na esfera judicial. Em consonância com o disposto no art. 6º, § 5º, do RICARF/2015, as hipóteses de sobrestamento de julgamento no âmbito deste Conselho, são apenas aquelas em que o julgamentdo (i) depender de decisão de outro processo no âmbito deste Conselho ou (ii) não depender de providência da autoridade preparadora, conforme determinado no parágrafo único do art. 12 da Portaria CARF 34/2015, ou seja:. Art. 12. O processo sobrestado ficará aguardando condição de retorno a julgamento na Secam. Parágrafo único. O processo será sobrestado quando depender de decisão de outro processo no âmbito do CARF ou quando o motivo do sobrestamento não depender de providência da autoridade preparadora. A propósito, cabe relembrar que, no RICARF/2009, aprovado pela Portaria MF 256/2009, no § 1º do art. 62A do Anexo II, havia previsão expressa de sobrestamento dos autos, mas restrito aos julgamentos dos recursos em que o STF também houvesse sobrestado o julgamento dos recursos extraordinários sobre a mesma matéria, até que fosse proferida decisão nos termos do art. 543B. Porém, ainda na vigência do referido regimento, essa restrita previsão foi expressamente revogada pela Portaria MF 545/2013. E no vigente regimento, sabidamente, não há qualquer previsão a respeito de sobrestamento dos autos neste Conselho, com vista a aguardar decisão a ser proferida sobre a matéria na esfera judicial. Assim, ante à existência de regramento regimental específico sobre o sobrestamento dos processos administrativos fiscais em tramitação no âmbito deste Conselho, fica afastada a aplicação subsidiária do regras processuais do CPC, prevista no art. 152 do referido Código, em especial a determinação de suspensão do processo judicial, fixa na alínea “a” do inciso V art. 313, alegada pela recorrente, a seguir transcrito: Art. 313. Suspendese o processo: 2 Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.274 19 I pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; II pela convenção das partes; III pela arguição de impedimento ou de suspeição; IV pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas; V quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo; [...] (grifos não originais) A simples leitura do preceito legal destaque revela que a suspensão ou sobrestamento pleiteada pela recorrente somente se aplica aos casos em que o julgamento de mérito, “depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente de julgamento”. A regra processual em destaque. mutatis mutandis, apresenta perfeita simetria com a regra processual sobre sobrestamento de terminada pelo art. 6º, § 5º, do RICARF/2015, complementado pelo disposto no art. 12 da Portaria CARF 34/2015. No caso, se configurado que objeto deste processo estava sob crivo do Poder Judiciário, obviamente, a situação seria de concomitância entre as duas esferas julgadoras, o que impossibilitaria o julgamento da questão no âmbito deste Conselho, segundo o disposto na Súmula CARF nº 01. Além disso, se configurada a tese de que não houve trânsito em julgado da decisão final prolatada no âmbito da Ação Ordinária nº 2006.61.00.0034220, em vez de sobrestamento do julgamento deste processo, em consonância com o disposto no art. 170A do CTN, a compensação será consideração não declarada nos termos do art. 74, § 12, II, alínea “d”, da Lei 9.430/1996, a seguir reproduzido: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) [...] § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 1283DF CARF MF 20 [...] II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Por força do preceito legal em destaque, se confirmado que não houve trânsito em julgado da referida ação judicial, em vez de sobrestamento, o julgamento dos presentes autos deve ser realizado, sem apreciação do mérito, para considerar não declarada a compensação em apreço. Por todas essas razões, uma vez superadas as questões preliminares, passase à análise das questões meritórias. Da Análise das Questões de Mérito. No mérito, o cerne da controvérsia cingese a duas questões distintas, a saber: a) uma atinente à extensão ou alcance da coisa julgada relativa à decisão prolatada no âmbito do processo da Ação Ordinária nº 2006.61.00.0034220, especificamente, se a referida decisão assegurara ou não à recorrente, na condição de litisconsorte ativa, a exclusão da base de cálculo da Cofins, nos períodos de apuração de fevereiro de 2001 a dezembro de 2005, da totalidade das receitas financeiras, como defendido pelo recorrente, ou apenas das receitas não operacionais, como procedeu a fiscalização, em razão do indevido alargamento da base de cálculo da contribuição, determinado pelo § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998, que foi declarada inconstitucional pelo STF no julgamento dos Recursos Extraordinários (RREE) nºs 246.084, 357.273, 357.950 e 390.840; e b) a outra concernente ao significado e alcance do conceito de faturamento, fixado no art. 2º da Lei Complementar 70/1991, para fins de definição de base de cálculo da Cofins das instituições financeiras, especialmente, se as receitas financeiras integram ou não o faturamento das referidas pessoas jurídicas. Da coisa julgada material objeto da decisão judicial Há nítido dissenso quanto à extensão da coisa julgada material vinculada à decisão judicial transitada em julgado, prolatada nos autos da Ação Ordinária nº 2006.61.00.0034220. De acordo com as autoridades julgadoras, para fins de determinação da base de cálculo de Cofins, a referida decisão judicial limitouse a definir faturamento ou receita bruta como resultado proveniente “das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza”, conforme explicitado no 2º da LC 70/1991, com o alcance determinado pelos acórdãos do STF prolatados nos julgamentos dos RREE nºs. 357.9509/RS, 390.8405/MG, 358.2739/RS e 346.0846/PR, e segundo entendimento exarado no Parecer PGFN/CAT/ Nº 2773/2007. Segundo as referidas autoridades, o faturamento ou receita bruta compreende a totalidade das receitas provenientes da atividade típica ou principal da pessoa jurídica, o que, no caso da recorrente, compreende tanto as receitas de intermediação financeira (spread), como Fl. 1284DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.275 21 as receitas de aplicação de recursos próprios e/ou de terceiros auferidas pelas instituições financeiras. Esse entendimento encontrase expressamente consignado nos trechos dos despachos decisórios e da decisão recorrida anteriormente transcritos. De outra parte, o recorrente alegou que a coisa julgada material, que se formou com a parte da sentença de 1ª instância não modificada, todas as receitas financeiras foram excluídas do conceito de faturamento previsto na LC 70/1991 e, consequentemente, da base de cálculo da Cofins. A questão foi exaustivamente analisada pelo nobre exConselheiro e ex Presidente desta Turma, Walber José da Silva, no voto condutor do Acórdão nº 3302002.768, prolatado por este Colegiado na Sessão de 12 de novembro de 2014, que dada pertinência e abrangência dos fundamentos apresentados, com respaldo no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999, adoto como motivação e razão de decidir os excertos que seguem transcritos: Sobre o alcance da decisão judicial, o banco Recorrente entende que, tendo sido julgado procedente a ação judicial, em primeiro grau, exatamente nos molde pleiteado, tem direito de excluir as receitas financeiras da base de cálculo da Cofins, posto que esse pleito consta expressamente de seu pedido final da ação judicial. Por seu turno, a RFB (DEINF e DRJ) entende que, além do objeto da ação judicial não contemplar a exclusão das receitas financeiras auferidas pelos bancos da base de cálculo da Cofins, prevista na Lei Complementar nº 70/91, a decisão de primeiro grau foi reformada pelo TRF/3ª Região, que também não contempla tal matéria. Para bem compreender o alcance da ação judicial promovida pelo banco Recorrente, naquilo que interessa à solução do presente litígio, transcrevo abaixo as conclusões do mérito e o pedido final constantes da petição inicial da ação: O DIREITO I – DA LEGISLAÇÃO SOBRE A COFINS (...) I.1 – CONTEÚDO E ALCANCE DA EXPRESSÃO FATURAMENTO (...) I.2 – DA EMENDA CONSTITUCIONAL 20/98 (...) 1.3 – CONCLUSÃO Por estas razões, é inconstitucional a ampliação da base de cálculo da COFINS veiculada pelo parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, de modo que a exação deveria ter sido recolhida sobre o faturamento das Autoras e/ou suas incorporadoras nos termos em que definido pelo art. 2º daquele diploma legal combinado com a LC 70/91, uma vez que: a) por força do art. 195, I da Constituição Federal, com a redação em vigor quando da edição da Lei 9.718/98, a União Federal tinha competência para exigir contribuição unicamente sobre o faturamento; Fl. 1285DF CARF MF 22 b) faturamento é conceito de Direito Comercial que de acordo com a legislação, doutrina e jurisprudência do STF corresponde à receita bruta tal como definida pela LC 70/91, substancialmente idêntica ao disposto no DL 2397/87, art. 22, alínea “a”, não podendo ser alterado pela legislação tributária por força do disposto no artigo 110 do CTN, não se compreendendo portanto neste conceito quaisquer outras receitas, tais como as provenientes de locação de imóveis, receitas financeiras, etc.; e c) não informa as conclusões acima, antes confirma, o advento da EC 20/98, porque promulgada posteriormente à publicação da Lei 9.718/98, reconhecendo que à época de sua edição a União Federal não possuía competência para instituir contribuição sobre receitas, mas apenas sobre faturamento. [...] O PEDIDO Diante do exposto e tudo mais que dos autos consta, requerem as Autoras seja julgada procedente a presente ação para o fim de: a) declarar a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto o direito da Ré de exigir das Autoras e/ou suas incorporadas, conforme indicado no primeiro parágrafo desta inicial, o recolhimento da COFINS, relativamente aos meses de competência de janeiro de 2001 a dezembro de 2005, de acordo com a base de cálculo instituída pela Lei n° 9.718/98, e por conseqüência reconhecer como indevidos os pagamentos realizados a este título, conforme comprovantes anexos, naquilo que excederem ao que seria devido sobre o seu efetivo faturamento (‘receita bruta da venda de mercadoria e de prestação de serviços’, conforme artigo 2º da Lei Complementar n° 70/91, à qual se reportam os arts. 1º e 2º da Lei n° 9.718/98), neste conceito portanto não se enquadrando quaisquer outras receitas de natureza diversa, tais como as provenientes de locação de imóveis, receitas financeiras, etc;” (grifo do original) Não há nenhuma dúvida sobre o objeto da ação judicial: afastar a ampliação do conceito de faturamento/receita bruta, promovido pela Lei nº 9.718/98, para fins de determinação da base de cálculo da Cofins, retornando à utilização do conceito previsto na LC 70/91. Em toda a petição inicial da ação judicial, as autoras fazem apenas duas citações da expressão “receitas financeiras”. São as que estão acima destacadas: uma na conclusão dos argumentos de mérito e outra no pedido final. Em ambas, a citação é a título exemplificativo. Não existe uma linha sequer na petição inicial da ação judicial argumentando que as receitas financeiras (e de locação de imóveis, também citadas) das instituições financeiras não estavam incluídas no conceito de faturamento/receita bruta da LC nº 70/91, base de cálculo da Cofins, e que foram incluídas na base de cálculo da exação pela Lei nº 9.718/98. Mais ainda, nem de longe as impetrantes da ação judicial aventaram a possibilidade de as receitas financeiras das instituições financeiras (banco comercial, empresa de leasing, administradoras de cartão de crédito, financeira) não integrarem o conceito de faturamento previsto na LC nº 70/91. Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.276 23 Por isso mesmo, a sentença de primeiro grau não tratou, e nem poderia tratar, da inclusão, ou não, das receitas financeiras (decorrentes da atividade de intermediação financeira) das impetrantes na base de cálculo da Cofins, prevista na LC nº 70/91. Tratou, exclusivamente, da inconstitucionalidade da substituição da base de cálculo da Cofins do faturamento/receita bruta, previsto na LC nº 70/91, pelo faturamento/receita total. Coerente com o objeto da ação judicial, disse a parte dispositiva da sentença de primeiro grau: ISTO POSTO e considerando tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃO, nos termos do artigo 269, I, do Código de Processo Civil, para o fim de declarar a inexistência de relação jurídica tributária relativamente ao recolhimento da COFINS nos termos da ampliação da base de cálculo determinada pela Lei 9.718/98, bem como para declarar compensáveis, com quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, os valores indevidamente recolhidos a este título, relativamente aos meses de competência de janeiro de 2001 a dezembro de 2005, aplicandose os mesmos índices de correção monetária dos créditos tributários da UNIÃO FEDERAL. Fica claro, portanto, que o juiz não decidiu aquilo que não foi pedido (daí porque ele não viu reparos a fazer na decisão em face dos embargos de declaração opostos pelo banco Recorrente). Por isso mesmo a sentença foi no sentido de “declarar a inexistência de relação jurídica tributária relativamente ao recolhimento da COFINS nos termos da ampliação da base de cálculo determinada pela Lei 9.718/98”. Portanto, tendo sido questionado exclusivamente disposições da Lei nº 9.718/98, somente a ampliação da base de cálculo, promovida pela Lei nº 9.718/98, foi conhecida e decidida pelo Juízo e pelo TRF/3. Sobre os efeitos e o alcance da decisão proferida pelo TRF/3ª Região no recurso de apelação da União, na referida ação judicial, embora respeite os ilustres pareceristas que opinaram sobre o tema nestes autos, reafirmo meu entendimento de que a matéria “inclusão/exclusão das receitas financeiras das instituições financeiras da base de cálculo da Cofins, prevista na LC nº 70/91” não foi objeto da ação e, muito menos, de decisão na referida ação ordinária nº 2006.61.00.0034220 e seus desdobramentos. Independentemente dos argumentos/fundamentos acima, e para que não se alegue inovação na fundamentação da decisão recorrida, os argumentos/fundamentos que passo a expor são suficientes para rejeitar os argumentos/fundamentos do presente recurso e, conseqüentemente, para manter a decisão recorrida. Admitindo que a inclusão/exclusão das receitas financeiras das instituições financeiras da base de cálculo da Cofins, prevista na LC nº 70/91, integre a lide estabelecida na ação ordinária nº 2006.61.00.0034220, o recurso de apelação da União Federal (só se apela daquilo que se perde) devolveu ao tribunal o Fl. 1287DF CARF MF 24 conhecimento da matéria que a União Federal perdeu e, sendo apreciado e decidido o recurso pelo tribunal, o julgamento substituiu a sentença de primeiro grau (arts. 512 e 515 do CPC). Isso é fato irrefutável. E no acórdão do TRF3, que deu parcial provimento ao recurso de apelação, não há nenhuma referência à inclusão, ou não, das receitas financeiras das instituições financeiras na base de cálculo da Cofins, prevista na LC nº 70/91 ou da Lei nº 9.718/98. Essa omissão pode ser interpretada, para quem defende que essa matéria integra a lide, como uma manutenção da sentença, nessa parte; e para quem entende o contrário a matéria não integra a lide que o acórdão não poderia tratar dessa matéria, além de ter firmado o entendimento de que a apuração operase com a base de cálculo da LC 70/91. Entendo que, e já disse isso antes, naquilo que foi objeto do recurso de apelação da União Federal e da Remessa Necessária (tudo que a União Federal foi vencida), o julgamento do tribunal substitui a sentença. E o acórdão do tribunal não concluiu que as receitas financeiras das instituições financeiras foram incluídas na base de cálculo da Cofins pela Lei nº 9.718/98 e nem determinou a sua exclusão por não integrarem a base de cálculo da Cofins, prevista na LC nº 70/91. De uma forma ou de outra, claro está que não existe decisão judicial transitada em julgado que ampare a pretensão do banco Recorrente de excluir as receitas financeiras decorrentes de seu objeto social da base de cálculo da Cofins, devendo ser mantido o despacho decisório da DEINF/SP e a decisão recorrida, nesta parte. Em adendo ao bem fundamentado voto, proferido pelo competente e brilhante exConselheiro Walber José da Silva, para espancar qualquer dúvida a respeito de que a exclusão das receitas financeiras da base de cálculo da Cofins não fora objeto da referida sentença nada mais apropriado e adequado do que conhecer os esclarecimentos prestados pelo próprio Juízo, onde prolatada a referida decisão, explicitados nos pertinentes trechos que seguem transcritos: [...] claro está que não existe na fundamentação ou no dispositivo da sentença, antes ou depois dos embargos, discussão alguma acerca da exclusão ou não de receitas operacionais das instituições financeiras do conceito de faturamento, como, aliás, tampouco na inicial. [...] o fato de a inicial enunciar receitas financeiras e imobiliárias exemplificativamente como fora do conceito de receita bruta em nada altera esta conclusão, pois não houve causa de pedir e pedido específicos no sentido de se excluir tais receitas ainda quando decorrentes de sua atividade fim, não se discutiu na inicial ou nas decisões o conceito de receita operacional em face de receita bruta ou faturamento ou a questão da exclusão das receitas financeiras operacionais da instituição financeira. Ora, se o próprio Juízo em que prolatada a decisão confirmou que a questão no fora suscitada na inicial e, por essa razão, não houve discussão alguma acerca da exclusão ou não de receitas operacionais das instituições financeiras do conceito de faturamento, Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.277 25 qualquer outra ilação, obviamente, não tem o condão de infirmar as assertivas do autor da decisão. Da mesma forma, em sede recursal, ao apreciar apelação e remessa oficial, em relação a questão em apreço, o TRF da 3ª Região confirmou o que fora decidido na decisão de primeiro grau e em nenhuma parte do julgado (relatório, fundamentação e dispositivo) houve qualquer apreciação da definição do faturamento da Cofins da recorrente e das instituições financeiras, conforme se extrai do trecho do enunciado da ementa e do voto condutor do julgado, que seguem transcritos: Ementa: TRIBUTÁRIO. COFINS. LEI 9.718/98. ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPENSAÇÃO. CRITÉRIOS. 1. A matéria posta em discussão já mereceu apreciação pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento dos Recursos Extraordinários 357.950/RS, 390.840/MG e 358.273/RS, nos quais foi declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Voto do Relator: O mérito da matéria posta em discussão já mereceu apreciação pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento dos Recursos Extraordinários 357.950/RS, 390.840/MG e 358.273/RS. Peço vênia para transcrever a ementa do julgamento do RE 390.840/MG: [...] Acompanho neste voto os precedentes da Corte Guardiã da Constituição da República, que declararam a inconstitucionalidade do art. 3°, § 1°, da Lei 9.718/98 que definia como receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente do tipo de atividade exercida e da classificação contábil em homenagem aos princípios da segurança jurídica e da economia processual, permitindo o recolhimento da contribuição social em tela de acordo com a previsão da legislação anterior a respeito da base de cálculo (Lei Complementar 70/91). No mesmo sentido, ambas as decisões confirmam que a definição de faturamento como base de cálculo da Cofins da recorrente (e de todas as instituições financeiras) deve ser extraída a partir dos precedentes do STF, que, em relação ao assunto, ainda não se pronunciou de forma definitiva, conforme expressamente consignado no enunciado da ementa do julgado que segue transcrito: EMENTA: CONSTITUCIONAL. LEGISLAÇÃO APLICADA APÓS O RECONHECIMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO. INCLUSÃO DAS RECEITAS FINANCEIRAS AUFERIDAS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO Fl. 1289DF CARF MF 26 CONCEITO DE FATURAMENTO. MATÉRIA ESPECÍFICA NÃO PREQUESTIONADA. DECISÃO DE RECONSIDERAÇÃO QUE ALTERA O CONTEÚDO DECISÓRIO E CONTRARIA AS RAZÕES DE DECIDIR DA DECISÃO RECONSIDERADA. REABERTURA DE PRAZO PARA RECORRER. AGRAVO IMPROVIDO. I O STF não tem competência para determinar, de imediato, a aplicação de eventual comando legal em substituição de lei ou ato normativo considerado inconstitucional. II A discussão sobre a inclusão das receitas financeiras auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento para fins de incidência da COFINS não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/989. Ausência de prequestionamento da primeira matéria, que impossibilita a análise do recurso quanto ao ponto. III Alteração da parte dispositiva de decisão, de forma a contrair ou exceder os fundamentos mantidos na decisão modificada, não configura mera correção de erro de fato, mas caracteriza nova decisão, a justificar a reabertura do prazo para recurso. IV Agravo regimental improvido. (RE 582258 AgRAgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/04/2010, PROCESSO ELETRÔNICO DJe086 DIVULG 13052010 PUBLIC 14052010) Aliás, a definição da base de cálculo da Cofins das instituições financeiras somente será definida, em caráter definitivo, com o julgamento do RE nº 609.096/RS, que teve a reconhecida repercussão geral reconhecida. Dessa forma, uma vez que a questão relativa à definição de faturamento não foi objeto da decisão proferida no âmbito Ação Ordinária nº 2006.61.00.0034220, no presente julgamento, cabe a este Colegiado apreciar e decidir sobre a matéria, especialmente, sobre a extensão e alcance da definição de faturamento como base de cálculo da recorrente na condição de instituição financeira, tendo em conta a declaração de inconstitucionalidade do alargamento da base da referida contribuição, prevista no § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998. É o que será feito no tópico seguinte. Da definição de faturamento das instituições financeiras Previamente, é pertinente mencionar que, por força do disposto no art. 62, § 2º, do RICARF/2015, a questão jurídica atinente à inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins, instituído pelo § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998, encontrase pacificada/superada no âmbito deste Conselho desde o trânsito em julgado da decisão plenária do STF, proferida no âmbito do julgamento da questão de ordem suscitada no RE nº 585.235/RG, realizado sob o regime de repercussão geral, estabelecido no art. 543B do CPC, cujo enunciado da ementa restou a assim redigido, in verbis: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.278 27 Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, DJe227 28/11/2008) – Grifos não originais. No julgamento dos citados RREE, o STF examinou a constitucionalidade dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998 e declarou a inconstitucionalidade apenas do § 1º do citado art. 3º, ou seja, estava em desacordo com a Constituição apenas o alargamento da base de cálculo das contribuições determinada citado parágrafo. A contrário senso, os demais preceitos legais foram considerados constitucionais. Nesse contexto geral, cabe definir, em caráter especial, quais as receitas auferidas pelas instituições financeiras estavam alcançadas pelo alargamento previsto pelo citado parágrafo e quais delas se encontravam contempladas nas definições de faturamento e receita bruta previstas no art. 2º e no caput do art. 3º do citado diploma legal. Embora os enunciados das ementas dos citados julgados não forneçam, direta e imediatamente, essa resposta, a leitura dos votos integrantes dos RREE nºs 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, para fins de base de cálculo da Cofins, revela que os Ministros delimitaram o significado e alcance do termo faturamento como sinônimo de receita bruta “das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza”, conforme definido no art. 2º da Lei Complementar 70/1991. E a receita de bruta de serviços de qualquer natureza como sendo aquelas provenientes das atividades empresarias típicas ou principais, definidas no objeto social da pessoa jurídica. Nesse sentido, no prolatado no julgamento do RE 346.084/PR, o Ministro César Peluso expressou o entendimento de que a receita bruta é sinônimo de faturamento e contemplava a soma das receitas obtidas das atividades empresariais e, a título de exemplo, acrescentou que, se determinadas instituições têm receitas financeiras como atividade empresarial típica, tais receitas ingressam no conceito de receita bruta como faturamento. Para confirmação do asseverado, seguem transcritos os trechos pertinentes extraído do referido voto: Quanto ao caput do art. 3°, julgoo constitucional, para lhe dar interpretação conforme à Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE n° 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de “receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços”, adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. [...] Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de “receita bruta igual a faturamento”. (grifos não originais) Fl. 1291DF CARF MF 28 Por sua vez, também no voto prolatado no julgamento do RE 346.0846/PR, o Ministro Marco Aurélio reafirmou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/1998 e reconheceu a receita bruta como sinônimo de faturamento, correspondente à atividade precípua ou principal da empresa, conforme se lê no excerto in verbis: O Tribunal estabeleceu a sinonímia “faturamento/receita bruta”, conforme decisão proferida na Ação Declaratória de Constitucionalidade n° 11/DF receita bruta evidentemente apanhando a atividade precípua da empresa. (grifos não originais) Por fim, no julgamento do citado RE 346.0846/PR, o Ministro Carlos Britto reconheceu a identidade entre faturamento e receita operacional, esta constituída pelos ingressos decorrentes das receitas das atividades vinculadas ao objeto social da empresa, que corresponde a definição de faturamento do art. 2° da Lei Complementar 70/1991, no trecho que segue transcrito: Por isso, estou insistindo na sinonímia “faturamento” e “receita operacional”, exclusivamente, correspondente àqueles ingressos que decorrem da razão social da empresa, da sua finalidade institucional, do seu ramo de negócio, enfim. [...] Esse tratamento normativo do faturamento como receita operacional foi reproduzido pela Lei Complementar 70/91, cujo artigo 2o assim dispõe: [...]. A leitura conjugada dos excertos dos votos transcritos revela que, na essência, para fim de apuração da base de cálculo das contribuições, a composição das receitas que integram o faturamento ou a receita bruta dependerá do ramo de negócio ou do tipo de atividade empresarial principal desenvolvido pela pessoa jurídica. Dito de outra forma mais objetiva, o faturamento ou receita bruta será composto por todas as receitas provenientes das atividades descritas no objeto social da pessoa jurídica, denominadas pelos Ministros de “receitas oriundas do exercício das atividades empresariais”, da “atividade precípua da empresa” ou “receita operacional”. E dentro dessa moldura que englobas o faturamento, por mera coincidência, o saudoso Ministro César Peluso apresentou como exemplo as receitas financeiras, cujo enquadramento como faturamento depende do tipo de atividade desenvolvido pela pessoa jurídica. Ou seja, se auferidas por instituição financeira tais receitas devem ser tratadas como faturamento ou receita bruta. Nas palavras do Ministro, “não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de ‘receita bruta igual a faturamento’”. De outra parte, se tais receitas forem auferidas por outras pessoas jurídicas não financeiras, tais receitas não integram o faturamento ou receita bruta. Com base nessas breves considerações, aqui será definido quais as receitas oriundas do exercício das atividades empresariais das instituições financeiras e, em especial, da recorrente integram o faturamento ou receita bruta, nos termos definidos do art. 2º da LC 70/1991, que segue transcrito: Art. 2º A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. (grifos não originais) Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.279 29 No Brasil, a atividade financeira (ou bancária) é regulada por lei e fiscalizada pelo Banco central. Em termos gerais, a referida atividade compreende as atividades, principal ou acessória, de “coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valores propriedade de terceiros”. Em decorrência, as pessoas jurídicas que exercerem tais atividades de forma permanente ou eventual são consideradas instituições financeiras, por força do que dispõe o art. 17 da Lei 4.595/1964, a seguir reproduzido: Art. 17. Consideramse instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparamse às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual. (grifos não originais) De acordo com o referido preceito legal, a atividade financeira ou bancária compreende a intermediação e aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros e os demais serviços especificados no respectivo objeto social da correspondente empresa financeira. Em outros termos, o faturamento ou receita operacional bruta alcança a totalidade das receitas provenientes da atividade que constitui o objeto social da empresa financeira. Logo, para as instituições financeiras, em termos gerais, compreende tanto as receitas decorrentes da prestação de serviços em sentido estrito (obrigação de fazer), como aquelas advindas da cobrança de tarifas, quanto as receitas provenientes das operações financeiras ou bancárias, a exemplo da intermediação ou aplicação financeira de recursos próprios ou de terceiros, que corresponde a prestação de serviço lato senso, por configurar a típica obrigação de fazer. Nesse contexto, para fins de apuração da base de cálculo da Cofins, os serviços de intermediação e aplicação financeira têm a mesma natureza jurídica dos demais serviços prestados pelas instituições financeiras aos seus clientes, tanto que, no plano de contas padronizado das instituições financeiras (COSIF), os demais “serviços financeiros”, como as operações financeiras ou bancárias, recebem o mesmo tratamento contábil dos serviços bancários típicos e são classificadas como receitas operacionais, conforme anteriormente demonstrado. E como ambos, normalmente, fazem parte do rol de atividades integrante do objeto social das citadas pessoas jurídicas, inequivocamente, as receitas decorrentes de ambas as atividades são inerentes ou próprias da atividade empresarial das instituições financeiras e como tais integram o faturamento ou a receita bruta da instituição financeira. No mesmo sentido, o entendimento externado nos excertos do Parecer PGFN/CAT/Nº 2773/2007, que seguem transcritos: 50. Nesse passo, temos que a natureza jurídica dos serviços de intermediação financeira não é diferente da natureza jurídica de quaisquer outros serviços colocados, pelas instituições financeiras, à disposição de seus clientes. Ontologicamente a única diferença é a forma como se aufere a receita proveniente de tais serviços. Fl. 1293DF CARF MF 30 51. De fato, a receita auferida pelos serviços de fornecimento de talão de cheques, extratos, compensação de cheques, etc., é proveniente de pagamentos diretos feitos pelos clientes (por meio do débito automático de tarifas correspondentes nas contas de depósito dos mesmos). Por outro lado, as receitas provenientes dos serviços de intermediação ou aplicação de recursos são decorrentes exatamente de tais transações, ou seja, correspondem à diferença apurada entre os valores originariamente aplicados, o seu rendimento, e o valor que contratualmente deve ser devolvido ao aplicador ao final da operação, o que se convencionou chamar de spread, como já demonstrado. (grifos não originais) Assim, tendo em conta que as denominadas operações financeiras ou bancárias integram atividade de prestação de serviços em sentido lato das instituições financeiras, para fins de definição da base de cálculo da Cofins, nos termos do art. 2º LC 70/1991 os ganhos obtidos com tais operações devem ser tratados como receita decorrente da prestação de serviços das referidas pessoas jurídicas, da mesma forma que os ganhos auferidos com a prestação dos serviços bancários em sentido estrito, a exemplo das tarifas cobradas pelos serviços de fornecimento de talão de cheques, extratos, compensação de cheques etc. No caso, do cotejo entre o objeto social e os tipos de receitas discriminados nos demonstrativos de base cálculo (fls. 199/375), apresentados pelo recorrente, chegase a inevitável conclusão que, na condição de instituição de financeira, as receitas consideradas faturamento e incluídas na base da Cofins pela autoridade fiscal na planilha de fls. 449/454 corresponde as receitas da atividade empresarial precípua ou própria do recorrente, portanto, em consonância com entendimento exarado no julgamento dos referidos RREE. Logo, não merece reparo a base de cálculo da Cofins apurada pela fiscalização. Da Conclusão Por todo o exposto, votase por rejeitar as preliminares suscitadas pelo recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso, para manter na íntegra a decisão recorrida. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Voto Vencedor Conselheiro Walker Araujo, Redator Designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre Relator, divirjo de seu entendimento quanto à solução a ser dada no presente caso, pelos motivos a seguir: Inicialmente, ressaltase que na sessão de julgamento, este relator manifestou divergência quanto ao entendimento explicitado pelo i. relator no sentido de que a matéria “inclusão/exclusão das receitas financeiras das instituições financeiras da base de cálculo da Cofins, prevista na LC nº 70/91” não teria sido objeto da ação ordinária nº 2006.61.00.003422 0. Isto porque, analisando as peças judiciais carreados aos autos, coaduno do posicionamento exarado pelo Desembargador Federal Nelton dos Santos do Tribunal Regional Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.280 31 Federal da 3ª Região, nos autos do Agravo de Instrumento nº 001440327.2015.4.03.0000/SP, no sentido de que a matéria concernente as receitas financeiras das instituições financeiras foi objeto da ação ordinária nº 2006.61.00.0034220 ajuizada pela Recorrente, a saber: A segunda questão a merecer exame restrita do entendimento, sustentado pela agravada, de que o acórdão proferido por esta Turma, quando do julgamento da apelação e do reexame necessário, não tratou da incidência da COFINS sobre as receitas financeiras das autoras que são instituições financeiras , limitandose a proclamar a inconstitucionaliclade do § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98, determinando, por conseguinte, a observância, no particular, da Lei Complementar n. 70/91; e que o acórdão, por força do efeito. substitutivo previsto no artigo 512 do Código de Processo Civil de então, regulou a relação controvertida entre as partes. (...) Por isso, acolho a alegação, formulada pela agravada, de que o acórdão não decidiu a matéria em questão. Façoo, porém, ao propósito de determinar que os autos principais sejam avocados da primeira instância, para a integralização do reexame necessário. Convém destacar, até mesmo em razão do voto oralmente proferido pelo e. Desembargador Federal Nery Júnior em sessão, que considero fora de duvida que a questão foi debatida entre as partes. Na petição inicial, as autoras sustentaram o seguinte: Por estas razões, é inconstitucional a ampliação da base de cálculo da COFINS veiculada pelo parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, de modo que a exação deveria ter sido recolhida sobre o faturamento das Autoras e/ou suas incorporadas nos termos em que definido pelo art. 20 daquele diploma legal combinado com a LC 70/91, uma vez que: a) por força do art. 195, I, da Constituição Federal, com a redação em vigor quando da edição da Lei 9.718/98, a União Federal tinha competência para exigir contribuição unicamente sobre o faturamento; b) faturamento é conceito de Direito Comercial que de acordo 'com a legislação, doutrina e jurisprudência do STF corresponde receita bruta tal como definida pela LC 70/91, substancialmente idêntica ao disposto no DL 2397/87, art. 22; alínea 'a', não podendo ser alterado pela legislação tributária por força do disposto no artigo 110 do CTN, não se compreendendo portanto !teste conceito quaisquer outras receitas, tais como as provenientes de locação de imóveis, receitas financeiras etc.), e c) não ínfima as conclusões acima, antes as confirma, o advento da EC 20/98, porque promulgada posteriormente a publicar:cio da Lei 9.718/98, reconhecendo que à época de sua edicão a União Federal não possuía competência para instituir contribuição sobre receitas, mas apenas sobre faturamento." ( 59 destes autos) Os pedidos formulados, por sua vez, fora. n os seguintes: Diante do exposto e tudo mais que dos autos consta, requerem as Autoras seja julgada procedente apresente ação para o fim de: Fl. 1295DF CARF MF 32 a) declarar a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto o direito da Ré de exigir das Autoras e/ou incorporadas, conforme indicado no primeiro parágrafo desta inicial, o recolhimento da COF1NS, relativamente aos meses de competência de janeiro de 2001 a dezembro de 2005, de acordo com a base de cálculo instituída pela Lei n. 9.718/98, e por consequência reconhecer corno indevidos os pagamentos realizados a esse título, conforme comprovantes anexos (doc. 03),naquilo que excederem ao que seria devido sobre seu efetivo faturamento (receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços, conforme artigo 2° da Lei Complementar n. 70/91, à qual se reportam os arts. 1° e 2° da Lei n. 9.718/98), neste conceito portanto não se enquadrando quaisquer outras receitas de natureza diversa, tais corno as provenientes de locação de imóveis, receitas financeiras, etc.; b) reconhecer o direito das Autoras de, nos termos dás artigos 165e 170 do CTN, 66, caput e parágrafo 2° dá Lei 8383/91 e 74 da Lei 9.430/96, à sua opção, compensar ou ter restituídos os montantes indevidamente recolhidos conforme reconhecido no item 'a' supra, condenandose a Ré, conforme o caso, a aceitar referida compensação para todos os ,fins de direito com débil:Os relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal ou a restituir os valores em questão, num e noutro caso com os acréscimos legais cabíveis; e c) condenar, por fim, a Ré ao pagamento dos honorários advocatícios, reembolso das custas processuais e honorários periciais, e demais Ôt17,1S inerentes à sucumbência." (f 6262verso deste instrumento) Na contestação, a União sustentou a improcedência do pedido inicial e, quanto às receitas financeiras, afirmou: " . Não se pode perder de vista que a receita bruta definida pelo DL n. 2.397/87 tinha amplitude suficiente para englobar as receitas financeiras, como evidenciado pelo seu art. 22, que inseria dentro da base de cálculo do FINSOCIAL as receitas operacionais das instituições financeiras e seguradoras, ao conferir nova redação às alíneas b e c do § 1° do art. 1' do DL n. 1.940/82, in verbis: § 1° A contribuição social de que trata este artigo será de 0,5% (meio por cento) e incidirá mensalmente sobre: b) as rendas e receitas operacionais das instituições financeiras entidades a ela equiparadas, permitidas as seguintes exclusões: (..), c,) as receitas operacionais e patrimoniais das sociedades seguradoras e entidades a ela equiparadas.' Como é de todos sabido as receitas financeiras integram a receita operacional da pessoa jurídica. No caso das instituições financeiras e das sequradoras, apenas a título de exemplo, são as receitas financeiras que compõem a maio, parte da receita operacional. Está demonstrado, então, que a inclusão das receitas financeiras no conceito de futuramente ou receita bruta não é inédita no direito brasileiro. O DL n. 2.397/87, em seu art. 22, já o havia feito. Não é demais frisar que essa inclusão teve o beneplácito do STF, no julgamento do RE n. 150.755, já transcrito e tantas vezes aqui citado. O Pretório Excelso reconheceu que a receita bruta nos termos do DL n. 2.397/87 se traduz em faturamento e se .insere dentro do pressuposto constitucional de incidência previsto no art. 195, L da CF. Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 16327.720989/201271 Acórdão n.º 3302005.266 S3C3T2 Fl. 1.281 33 Assim, o aludido precedente, a tributação das receitas financeiras com base no faturamento encontra respaldo no dispositivo constitucional em comento. Logo, a base de cálculo definida pelo art. 3°, da Lei n. 9718/98, ao englobar toda a receita bruta da empresa, não extrapola a competência deferida constitucionalmente à UNIA O pelo art. 195, I para instituir contribuição social sobre o faturamento, ainda sob a redação original anterior à EC n. 20/98 que, como demonstrado, só explicitou o que o STF já entendia como inserido no Texto Constitucional: 'a possibilidade de utilizar a receita como base de cálculo de tributos incidentes sobre o faturamento" (1: 101verso 102verso deste instrumento). A existência de pedido e de resposta evidencia o debate. O litígio foi posto ao exame. É o quanto basta para impor a feitura do reexame necessário. A Turma, quando proceder à complementação do reexame, haverá de analisar a sentença e sobre ela se pronunciará. Entretanto, em que pese a divergência suscitada anteriormente, o posicionamento firmado pela turma julgadora, foi no sentido de aplicar a Súmula CARF nº 013 por entender que a ação judicial nº 2006.61.00.0034220 tem o mesmo objeto do processo administrativo, acarretando, assim, renúncia à esfera administrativa. Com efeito, com exceção do i. relator, os demais conselheiros entenderam que toda celeuma sobre a inclusão/exclusão das receitas financeiras das instituições financeiras da base de cálculo da Cofins, prevista na LC nº 70/91” levado ao judiciário, está intrinsecamente atrelada as questões principais discutidas neste processo administrativo, onde aqui a discussão trata especificamente sobre à aplicação da decisão judicial proferida na ação ordinária nº 2006.61.00.0034220. O próprio recurso voluntário se insurge quanto a inobservância por parte da fiscalização sobre a decisão proferida na referida ação judicial que, segundo a Recorrente excluiu da base de cálculo do PIS/COFINS as receitas financeiras das instituições financeira, confirmando, assim, que a matéria discutida no judiciário está atrelada as questões meritórias tratadas neste processo administrativo. Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário nos termos do voto redator. É como voto. (assinado digitalmente) 3 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 1297DF CARF MF 34 Walker Araujo Redator Designado Fl. 1298DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.002594/2009-11
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo ano-calendário da obrigação tributária.
Numero da decisão: 2001-000.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
1.0 = *:*
toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo ano-calendário da obrigação tributária.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10768.002594/2009-11
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5856152
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2001-000.260
nome_arquivo_s : Decisao_10768002594200911.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : FERNANDA MELO LEAL
nome_arquivo_pdf_s : 10768002594200911_5856152.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
dt_sessao_tdt : Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
id : 7245313
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050011594391552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1461; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 2 1 1 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10768.002594/200911 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.260 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 26 de fevereiro de 2018 Matéria IRPF: DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS Recorrente THADEU PAIVA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo anocalendário da obrigação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 25 94 /2 00 9- 11 Fl. 47DF CARF MF 2 Relatório Contra a contribuinte acima identificada foi emitida Notificação de Lançamento, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício de 2007, anocalendário de 2006, por meio do qual foram glosadas despesas médicas no valor total de R$ 14.400,00, por falta de comprovação de pagamento, reduzindo o imposto de renda a restituir para R$444,29. O interessado foi cientificado da notificação e apresentou impugnação de fls 02 e ss, juntando recibos e declaração médica para evidenciar a prestação do serviço. Alega, em síntese, que nenhuma irregularidade foi praticada. A DRJ Rio de Janeiro, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que os comprovantes fornecidos e juntados ao processo pelo Contribuinte não seriam suficientes para comprovar as despesas, devendo, por essa razão, ser mantida a glosa das despesas médicas. Em sede de Recurso Voluntário, alega o contribuinte que não é possível manterse a glosa de despesa com tratamento de despesas médicas, sob o fundamento da falta de comprovação da prestação de serviço, quando os próprios emitentes dos recibos, reconhecem têlos prestados. Apresenta, para tanto, provas ratificadoras, capazes elidir quaisquer dúvidas quanto as despesas médicas despendidas, por meio de recibos detalhados e declaração em anexo. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Em relação ao tópico de dependentes, já foi devidamente analisado e concedido pela DRJ. Sendo assim, não há lide neste ponto, pois a controvérsia já foi sanada em relação a esta questão. Passemos então à análise no que se refere às despesas médicas apresentadas como passíveis de dedução pelo Contribuinte, ora Recorrente. Mérito Glosa de despesas médicas Nos termos do artigo 8°, inciso II, alínea "a", da Lei 9.250/1995, com a redação vigente ao tempo dos fatos ora analisados, são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda pessoa física as despesas a título de despesas médicas, psicológicas e dentárias, quando os pagamentos são especificados e comprovados. Lei 9.250/1995: Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10768.002594/200911 Acórdão n.º 2001000.260 S2C0T1 Fl. 3 3 Art. 8°. A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (...) § 2º O disposto na alínea ‘a’ do inciso II: (...) II restringese aos pagamentos feitos pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro de Pessoas Jurídicas de quem recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” O Recorrente apresentou os recibos dos pagamentos relativos ao tratamento de psicoterapia contendo nome completo do prestador (Nicolau José Maluf Junior.), com CPF/CNPJ do prestador, credenciamento profissional, valor pago pelo contribuinte, beneficiário dos serviços, ratificando a veracidade das informações contidas nos recibos apresentados. Em sede de Recurso Voluntário até declaração juntou. A decisão de primeira instancia sustentou que o Recorrente não comprovou as despesas médicas, nos seguintes termos: “[...] Da leitura da norma acima reproduzida, observase que, no que tange à comprovação, a dedução a título de despesas médicas é condicionada a que os pagamentos sejam especificados e comprovados com documentos originais que indiquem nome, endereço e número de inscrição no CPF ou no CNPJ de quem os recebeu. No caso ora examinado, a glosa abrangeu apenas o valor deduzido como pagamento a Nicolau José Maluf Júnior, em razão de a documentação apresentada não se revestir das formalidades exigidas pela legislação de regência, de acordo com a descrição do fatos constante da notificação de lançamento. Fl. 49DF CARF MF 4 Examinandose a documentação juntada pelo impugnante atinente à dedução glosada (fls. 11/16), observase que se trata de cópias de recibos médicos que contém o nome do impugnante (indicado como responsável pelos pagamentos), a natureza dos serviços prestados (psicoterapia), além do número do CPF e nome do profissional emitente, ainda que este último esteja quase ilegível. No entanto, os documentos apresentados não contêm o endereço do prestador do serviço, requisito formal exigido pela legislação de regência (inc. III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/1995). À vista do exposto, voto no sentido de negar provimento à impugnação, para manter integralmente a notificação de lançamento. [...]” No caso concreto, demonstrase, ao longo do processo, que a autoridade fiscal simplesmente entende que os recibos e a declaração emitida pelo prestador do serviço, assinada e datada pelo mesmo, não foram suficientes para comprovar as despesas. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10768.002594/200911 Acórdão n.º 2001000.260 S2C0T1 Fl. 4 5 Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Assim sendo, com fulcro nos festejados princípios supracitados, e baseando se na fundamentação pouco vasta do lançamento no sentido de que os documentos simplesmente não foram suficientes bem como intenção do contribuinte em evidenciar a existência das despesas declaradas, entendo que deve ser acatado o pedido do Contribuinte para reformar a decisão a quo e manter a dedução das despesas médicas em análise. Fazse mister salientar na declaração juntada em sede de Recurso Voluntário consta o endereço do prestador do serviço, motivo que fundamentou a improcedência da impugnação. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para acatar a dedução das despesas médicas ora glosadas em comento. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 51DF CARF MF
score : 1.0
