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Numero do processo: 10920.907151/2012-12
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO.
Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA.
A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-002.684
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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DIREITO DE CRÉDITO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR QUE O DEVIDO. COMPROVAÇÃO. Não caracteriza pagamento de tributo indevido ou a maior, se o pagamento consta nos sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal do Brasil como utilizado integralmente para quitar débito informado em DCTF e a contribuinte não prova com documentos e livros fiscais e contábeis erro na DCTF. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. A recorrente deve apresentar as provas que alega possuir e que sustentariam seu direito nos momentos previstos na lei que rege o processo administrativo fiscal. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O Conselheiro Sidney Eduardo Stahl votou pelas conclusões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 71 51 /2 01 2- 12 Fl. 50DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907151/201212 Acórdão n.º 3801002.684 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Relatório O processo iniciouse com Pedido de RestituiçãoPER, apresentado pela contribuinte, ora recorrente. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinvile, SC, indeferiu o pedido, com fundamento em que o valor recolhido por DARF, indicado como origem do crédito contra a Fazenda Nacional, havia sido integralmente utilizado para pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição solicitada. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, aduzindo que os créditos pleiteados referirseiam a pagamentos a maior da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, decorrentes da inclusão do ICMS na base de cálculo destas contribuições. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujo acórdão possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. REQUISITO. A certeza e liquidez do crédito é requisito essencial para o deferimento da restituição, devendo restar comprovado o efetivo pagamento indevido ou a maior que o devido.” Fl. 51DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907151/201212 Acórdão n.º 3801002.684 S3TE01 Fl. 4 3 Ciente da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário no qual assevera que não há previsão legal para exigir a retificação de DCTF como condição para a restituição e pede que seja afastada esta exigência e enfrentados os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Afirma ser indevida a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição, mas não apresenta argumentos que sustentem esta afirmação. Não há nos autos nenhum documento ou livro fiscal ou contábil nem DCTF retificadora. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade para julgamento nesta turma especial. Sobre a nulidade da decisão de primeira instância. No acórdão recorrido, a DRJ/Florianópolis decidiu com base no entendimento de que se não foi retificada a DCTF, não ficou comprovado pagamento indevido ou a maior, logo, não há que se falar em crédito líquido e certo e, por isso, correto o indeferimento do pedido de restituição. Está claro, desde o despacho decisório, que a contribuinte não comprovou existência de pagamento indevido ou a maior, pois o pagamento informado no pedido de restituição referiuse a tributo lançado em DCTF não retificada, logo, tributo devido. Não apresentadas provas em contrário, os valores informados na DCTF devem ser considerados verdadeiros. Tal entendimento é semelhante ao que justifica a decisão proposta neste voto, conforme se vê adiante. No voto condutor do acórdão da unidade de primeira instância, afirmouse que apenas com a retificação da DCTF a contribuinte teria crédito contra a Fazenda e que a retificação somente produziria efeitos em relação a pedido de restituição apresentado posteriormente a ela. Apesar de este entendimento divergir do que entendem várias turmas do CARF, que admitem que a retificação da DCTF pode surtir efeitos em relação a pedidos de restituição anteriores à sua transmissão, não se pode assentar que a decisão da DRJ possa ser anulada. Ainda que se entenda prescindível a retificação da DCTF, o fundamento de que o pagamento indevido ou a maior não foi comprovado persiste e é suficiente para manter o indeferimento do pedido de restituição, de modo que o despacho decisório e a decisão recorrida estão fundamentados e permitiram à contribuinte o contraditório e a ampla defesa. Fl. 52DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907151/201212 Acórdão n.º 3801002.684 S3TE01 Fl. 5 4 Sobre o direito de crédito e sua liquidez e certeza O processo se iniciou com pedido de restituição da contribuinte, no qual informou ter realizado pagamento indevido ou a maior de PI/Pasep. A RFB, baseandose em dados constantes de seus sistemas informatizados, alimentados por informações prestadas pela própria contribuinte, por meio de declarações fiscais próprias, constatou que o pagamento informado foi integralmente utilizado para quitar débito da contribuinte, referente a tributo informado em DCTF, logo, tributo considerado devido, porque a DCTF, nos termos do art. 5º do DecretoLei nº 2.124, de 1984, é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, não restando crédito disponível a ser restituído. Com base nisto, o pedido foi indeferido. O fundamento legal está expresso em seu quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL”, no qual consta o artigo 165 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN). Estando o pagamento totalmente vinculado a tributo declarado em DCTF, o DARF a ele relativo não prova a existência de crédito algum. Assim, não foi atendido o art. 165 do CTN, que diz que a contribuinte tem direito à restituição de tributo nos casos de: cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido; erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; reforma, anulação revogação ou rescisão de decisão condenatória. Caberia à interessada provar o direito à restituição, à luz do art. 333 do Código de Processo Civil (CPC), aplicável subsidiariamente ao caso, que determina que o ônus da prova incumbe a quem alega fato constitutivo de direito. Até o momento do protocolo do recurso voluntário, a contribuinte não apresentou documentos que comprovassem erro na DCTF, nem comprovou ocorrência de alguma das hipóteses previstas no art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235, de 1972, que permitiriam apresentação destes documentos em momento posterior. Cito. “Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; Fl. 53DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907151/201212 Acórdão n.º 3801002.684 S3TE01 Fl. 6 5 b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” Ao contrário da decisão recorrida, várias decisões proferidas pelo CARF admitiram a retificação de DCTF posterior à ciência do despacho decisório. Porém, no âmbito desta turma, esta admissão ocorre somente quando a DCTF retificadora é acompanhada da prova de erro na DCTF retificada, por meio da escrituração e dos documentos fiscais e contábeis. Apenas assim se pode afirmar que o crédito pleiteado existe e é dotado de certeza e liquidez. Vejase a ementa do acórdão 380100.190, de 22/05/2012, relatado pelo Conselheiro Flávio de Castro Pontes, em que se assentou que a contribuinte deveria comprovar a origem do direito de crédito: “Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. A simples retificação de DCTF não é elemento de prova suficiente para aferir a liquidez e certeza do direito creditório. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INCERTO. A compensação não pode ser homologada quando o sujeito passivo não comprova a origem de seu direito creditório. Recurso Voluntário Negado.” Da 2ª Turma Especial, da 3ª Seção de Julgamento, são exemplos do mesmo entendimento os Acórdãos 3802001.290, de 25/09/2012, relatado pelo Conselheiro José Fernandes do Nascimento, e 3802001.593, de 27/02/2013, relatado pelo Conselheiro Francisco José Barroso Rios, cujas ementas, com grifos meus, são as seguintes: Acórdão nº 3802001.290: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). DIREITO CREDITÓRIO NÃO COMPROVADO NA FASE RECURSAL. DECISÃO NÃO HOMOLOGATÓRIA MANTIDA. Na ausência da comprovação da certeza e liquidez do crédito utilizado no procedimento compensatório, deve ser mantida a Fl. 54DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907151/201212 Acórdão n.º 3801002.684 S3TE01 Fl. 7 6 decisão recorrida que não homologou a compensação declarada pelo mesmo motivo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO ERRO. OBRIGATORIEDADE. Uma vez iniciado o processo de compensação, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do Despacho Decisório, somente será admitida, para fim de comprovação da origem do crédito compensado, se ficar provado nos autos, por meio de documentação idônea e suficiente, a origem do erro de apuração do débito retificado, o que não ocorreu nos presentes autos. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ANÁLISE DE NOVO ARGUMENTO DE DEFESA. MANUTENÇÃO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO POR INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. ALTERAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. INOCORRÊNCIA. Não é passível de nulidade, por mudança de motivação, a decisão de primeiro grau que rejeita novo argumento defesa suscitado na manifestação de inconformidade e mantém a não homologação da compensação declarada, por da ausência de comprovação do crédito utilizado, mesmo motivo apresentado no contestado Despacho Decisório. DILIGÊNCIA. REALIZAÇÃO PARA JUNTADA DE PROVA DOCUMENTAL EM PODER DO REQUERENTE. DESNECESSIDADE. Não se justifica a realização de diligência para juntada de prova documental em poder do próprio requerente que, sem a demonstração de qualquer impedimento, não foi carreada aos autos nas duas oportunidades em que exercitado o direito de defesa. Recurso Voluntário Negado.. Acórdão nº 3802001.593: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2004 COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DECORRENTES DE RETIFICAÇÃO DE DCTF DEPOIS DE PROFERIDO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGANDO PER/DECOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO ORIGINAL. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM Fl. 55DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907151/201212 Acórdão n.º 3801002.684 S3TE01 Fl. 8 7 VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Uma vez intimada da não homologação de seu pedido de compensação, a interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento.” A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento tem o mesmo entendimento, conforme se vê no acórdão nº. 3402001.668, de 15/02/2012, cuja ementa é: “Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE Data do fato gerador: 15/07/2005 NULIDADE POR FALTA DE FUNDAMENTO LEGAL. Em sendo verificado que tanto o ato de indeferimento da compensação quanto a decisão recorrida apresentam os fundamentos legais que sustentam a prolação do ato administrativo, não ocasionando cerceamento do direito de defesa do contribuinte, não há que se decretar a nulidade da decisão administrativa. Igualmente não incorre em nulidade a decisão que deixa de intimar o contribuinte a apresentar seus próprios documentos contábeis e fiscais para comprovar fato que sustenta seu direito ao indébito tributário. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. PROVA DA EXISTÊNCIA, SUFICIÊNCIA E LEGITIMIDADE DO CRÉDITO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Não se homologa a compensação pleiteada pelo contribuinte quando este deixa de produzir prova, através de meios idôneos e capazes, de que o pagamento legitimador do crédito utilizado na compensação tenha sido efetuado indevidamente ou em valor maior que o devido, não bastando a retificação da DCTF como prova do suposto indébito.” O direito de crédito deve ser provado e apenas créditos líquidos e certos podem ser compensados. Fl. 56DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10920.907151/201212 Acórdão n.º 3801002.684 S3TE01 Fl. 9 8 Isto vale tanto para compensação com débitos do contribuinte quanto para restituição de pagamento de tributo indevido ou maior que o devido. Não é possível restituir valor referente a pagamento de tributo indevido ou maior que devido se este valor não é líquido e certo. No presente caso, não há prova de que houve pagamento indevido, nem de que o direito de crédito alegado equivale à incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre valores de ICMS. Por isso, não é necessário discutir a questão de mérito sobre a incidência da contribuição social sobre valores pagos a título de ICMS. Conclusão Pelo exposto, tendo em vista não ter sido provado pagamento de tributo indevido ou maior que o devido, com fundamento nos artigos 165 do CTN e 333 do CPC, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendose o despacho decisório que não reconheceu o direito de crédito e indeferiu o pedido de restituição. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator Fl. 57DF CARF MF Impresso em 21/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 09/10/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 20/10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10280.720477/2010-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2007
ITR. SUJEITO PASSIVO. TÍTULO ILEGAL. INVASÃO. O cancelamento do título de propriedade do imóvel rural com efeitos ex-tunc, alidado à configuração do esbulho, de forma continuada, caso dos autos, descaracteriza o sujeito passivo da obrigação tributária.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2101-002.597
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que votou por negar provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o conselheiro Heitor de Souza Lima Junior.
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
MARIA CLECI COTI MARTINS - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EIVANICE CANARIO DA SILVA, MARA EUGENIA BUONANNO CARAMICO, MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEAO.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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SUJEITO PASSIVO. TÍTULO ILEGAL. INVASÃO. O cancelamento do título de propriedade do imóvel rural com efeitos extunc, alidado à configuração do esbulho, de forma continuada, caso dos autos, descaracteriza o sujeito passivo da obrigação tributária. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencido o conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que votou por negar provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o conselheiro Heitor de Souza Lima Junior. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. MARIA CLECI COTI MARTINS Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, EIVANICE CANARIO DA SILVA, MARA EUGENIA BUONANNO CARAMICO, MARIA CLECI COTI MARTINS, EDUARDO DE SOUZA LEAO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 04 77 /2 01 0- 40 Fl. 197DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Relatório O Recurso Voluntário visa reverter a decisão proferida no Acórdão 0433.139 1ª Turma da DRJ/CGE, que manteve integralmente o lançamento tributário de ITR no imóvel rural denominado Fazenda Fernão Dias, NIRF 6.540.8721, localizada no município de AcaráPA, com área total de 8.838,0ha. A ciência do Acórdão de Impugnação ocorreu em 17/09/2013. A interposição do Recurso Voluntário deuse em 15/10/2013. O contribuinte alega que a cobrança do tributo é ilegítima pois desde antes de 1999 não detém a posse e uso do imóvel, e que em 09/09/2010 teve averbado o cancelamento da matrícula do imóvel em cumprimento ao Provimento 002/2010CJCJ. A decisão de cancelamento decorre de cumprimento de decisão do Corregedor Nacional de Justiça, Ministro Gilson Dipp, nos autos do Pedido de Providências n. 0001943.67.2009.2.00.0000 (ver doc. 4 anexo ao Recurso Voluntário). No recurso o contribuinte apresenta o histórico de ocupação da propriedade, conforme a seguir. 1. Exerceu atividades agrícolas, florestais e agropecuárias entre 1970 e 1999. 2. No 2o. semestre de 1999 o imóvel foi invadido pelo Movimento dos Sem Terra, que ocuparam a propriedade desde então. 3. Em 20/07/00 protocolou Ação de Reintegração de Posse (Processo 5111/00) e obteve decisão liminar favorável. Contudo, a liminar nunca foi levada a efeito tendo em vista um incêndio criminoso no fórum local (anexa ao Recurso Voluntário o documento n. 5). 4. Apesar de não ter acesso ao imóvel, tampouco a posse e uso, formalizou a entrega de DITR ao fisco em 2006, tendo em vista salvaguardar os próprios interesses e evitar exigências fiscais. Declarou a existência de reserva legal e de área de preservação permanente. Contudo, tendo em vista o esbulho sofrido na propriedade, não teria como indicar com precisão o quantitativo dessas áreas. 5. O lançamento de ofício sobreveio tendo em vista a falta de apresentação de ADA e de averbação da reserva legal. 6. Apresentou impugnação tempestiva argumentando que não detinha a posse e uso do imóvel e que o imóvel estava em litígio, ocupado pelo Movimento dos Sem Terra. 7. Na impugnação juntou documentos : a)Certidão emitida pelo Cartório da Vara de Tomé Açu, no Pará sobre a ocorrência do incêndio criminoso; b) Laudo técnico emitido por engenheiro agrônomo, lavrado em 03/05/2010 que demonstra a invasão e ocupação da área; e c) solicitou diligência fazendária para averiguação da verdade material dos fatos descritos (não atendido). 8. Entende que o título de propriedade está esvaziado, visto que não detém a posse, nem o domínio, nem o uso, e, a partir de 2010, nem a propriedade. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10280.720477/201040 Acórdão n.º 2101002.597 S2C1T1 Fl. 3 3 9. A informação do cancelamento do título de propriedade do imóvel só foi do conhecimento do recorrente após a impugnação (doc. 8 anexo ao Recurso Voluntário). 10. Ressalta que a situação de perpetuidade da invasão do imóvel rural está reconhecida pelo Estado, conforme documento n. 7 anexo ao Recurso Voluntário. Nesse documento, o órgão de policiamento local atesta a existência de diversas famílias fixadas na localidade. 11. A liminar de reintegração de posse foi concedida em 2000 e, no entanto, nunca foi cumprida. Assim, não se pode presumir que o contribuinte exerceu a autotutela para retomar o imóvel, e nem se poderia admitir que estaria consolidada a titularidade do bem em favor do recorrente por decurso de prazo. 12. Colaciona decisões do CARF sobre situações similares. 13. A concessão de isenção de ITR independe da apresentação de ADA pelo contribuinte. 14. A existência de reserva legal em imóvel rural é uma presunção legal , cujas dimensões variam conforme a região territorial, e, portanto, não podem ser desconsideradas sem prova ao contrário de sua preservação. (art. 3 e 12 da lei 12651/12). 15. Em não sendo detentor do imóvel rural (posse ou domínio útil) e agora com o cancelamento do título de propriedade, não existe fato gerador do tributo. 16. O cancelamento do registro e da matrícula do imóvel rural se deu em virtude de nulidade declarada pelo CNJ, com efeitos ex tunc, e em definitivo. Pugna pela anulação da exigência do ITR motivo do processo administrativo fiscal. É o relatório. Voto Conselheira MARIA CLECI COTI MARTINS O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais e dele conheço. Preliminarmente, têmse que analisar a titularidade do imóvel. O recorrente alega que não mais detém posse, domínio, uso ou propriedade do imóvel. Relativamente à propriedade, os documentos acostados aos autos confirmam que a propriedade do imóvel estaria sendo exercida pelo recorrente ao arrepio da lei. O recorrente nunca teria sido o proprietário legal das terras, pois não teve um título de propriedade concedido originariamente pelo Senado Federal, tanto que o título de propriedade foi cancelado. Conforme a Constituição Federal de 1946, com a redação dada pela Emenda Fl. 199DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 Constitucional n. 10 de 1964, a seguir transcrita, o título da propriedade em questão era ilegal, e por isso foi cancelado. Art 156 A lei facilitará a fixação do homem no campo, estabelecendo planos de colonização e de aproveitamento das terras pública. Para esse fim, serão preferidos os nacionais e, dentre eles, os habitantes das zonas empobrecidas e os desempregados. § 1º Os Estados assegurarão aos posseiros de terras devolutas que tenham morada habitual, preferência para aquisição até cem hectares. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1964) § 2º Sem prévia autorização do Senado Federal, não se fará qualquer alienação ou concessão de terras públicas, com área superior a três mil hectares, salvo quando se tratar de execução de planos de colonização aprovados pelo Govêrno Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 10, de 1964) O documento autorizador do cancelamento da matrícula do imóvel determina que devem ser cancelados os registros inequivocamente incompatíveis com a legislação constitucional e infraconstitucional, ainda que não individualmente identificados. Prossegue o documento (fls.190) relacionando os critérios para a definição dos títulos a serem cancelados nos cartórios de registro de imóveis: " Nesses limites, devem ser cancelados todos os registros, com averbações necessárias em todos os atos e transferências subsequentes, encerrandose a matrícula respectiva, nos Cartórios de Registros de Imóveis do interior do Estado do Pará de sua situação, referentes aos imóveis rurais atribuídos a particulares pessoas físicas o jurídicas e, originariamente desmembrados do patrimônio público estadual por ato da Administração que configure concessão, cessão legitimação, usucapião, compra e venda ou qualquer tipo de alienação onerosa ou não, e que, sem autorização do Senado ou do Congresso: ... tenham sido lançados, no período de 9 de novembro de 1964 a 4 de outubro de 1988, com área superior a 3.000 (três mil) hectares; .." A certidão de registro do imóvel em questão, do Registro de Imóveis da Comarca de ToméAçu, Estado do Pará, (documento 4 anexo ao Recurso Voluntário) relaciona todos os possuidores/proprietários do imóvel rural. O documento está registrado no livro 3A, folhas 55, transcrição 956. O título inicial de propriedade da terra duas glebas de terras, sem denominação especial teria sido emitido pelo Governo do Estado do Pará, em 15 de maio de 1963, transcrito no Registro de Imóveis em 10/01/1966. Ao final, está registrado o cancelamento da matrícula, em 09/09/2010, em cumprimento à decisão do Corregedor Nacional de Justiça, Ministro Gilson Dipp, nos autos do Pedido de Providências n. 0001942.67.2009.2.00.0000. Observase que o documento autorizador do cancelamento da matrícula do imóvel (efls. 179189) inclui um procedimento anterior, de bloqueio da matrícula, para que o titular do imóvel prove a legalidade do título de propriedade. O mesmo documento delega Fl. 200DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10280.720477/201040 Acórdão n.º 2101002.597 S2C1T1 Fl. 4 5 poderes aos Juízes de Direito das Varas Agrárias do Estado do Pará para determinar o desbloqueio das matrículas, desde que requerido pelo interessado e atendidos os requisitos legais, tendo em vista efetuar a regularização das áreas. Dessa decisão caberia recurso administrativo, sem efeito suspensivo à Corregedoria. Isso quer dizer que foi dado o direito de ampla defesa aos interessados para que regularizassem o título. De acordo com o documento, o bloqueio dos registros "tem o efeito de sustar outras operações derivadas e o significado de divulgar publicamente a pendência, a dúvida ou a impugnação sobre o assunto". Adicionalmente, o referido provimento garante o direito daqueles que exercem regularmente a posse com base no título afetado, o que não é o caso dos autos. Pelas razões: a) vício na origem da concessão do título de propriedade; b) cancelamento do título, podendo ter havido uma simples suspensão para que o titular do direito se defendesse; c) não existência, nos autos, de qualquer documento atestando a legalidade da origem do título de propriedade do recorrente; e d) prazo decorrido desde o cancelamento do título (2010), entendo que o cancelamento do título de propriedade é definitivo e tem efeitos extunc, ou seja, a propriedade do imóvel rural nunca pertenceu ao recorrente. Relativamente à posse, o recorrente também carreou aos autos, documentos comprobatórios de que não mais detém a posse do imóvel rural. Aliás, conforme certidão (documento n. 7 anexo ao Recurso Voluntário) expedida pelo Delegado de Polícia Civil do município de ToméAçu, Pará, em 07/10/2013, a empresa do recorrente é desconhecida na localidade. O Delegado certifica a existências de diversas famílias em um assentamento rural de fato, existente há mais de 10 anos no perímetro da Fazenda Fernão Dias, situada às margens do rio AcaráGrande. Observase, contudo, que o imóvel vistoriado pelo notário, referese a uma gleba de terras objeto de transcrição 911, livro 3A, fls. 49, do Cartório de Registro de Imóveis do município de ToméAçu. O imóvel vistoriado pelo Delegado de Polícia referese apenas à Fazenda Fernão Dias, de propriedade da empresa Fernão Dias Agropecuária S/A. Adicionalmente, o recorrente anexou aos autos o Ato n. 003, aonde o Notário Maria Izabel Carvalho da Cruz Escrevente Juramentada efetuou a verificação in loco do estado de ocupação do imóvel, atestando as informações de que no local vivem mais de 150 famílias assentadas. O Notário também informa que essas pessoas afirmaram ser proprietários das terras ocupadas e moram no local há mais de 10 anos. A Lei 9.393/96 assim define o fato gerador do tributo: Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. § 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse. Observase que o imóvel rural em questão não teve sua matrícula cancelada por interesse social para fins de reforma agrária. O imóvel teve a matrícula cancelada porque o título originário da propriedade era ilegal. Contudo, verificase que, mesmo com o título ilegal, mas estando o recorrente na posse e domínio útil do imóvel rural, teria ele que arcar com o tributo. Fl. 201DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 Conforme o art. 4o. da Lei 9.393/96, o sujeito passivo da obrigação tributária é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. Tendo em vista o cancelamento do título de propriedade por vício na origem, entendo que o cancelamento tem efeitos extunc, e que a posse e o domínio útil da propriedade não se encontram com o recorrente há pelo menos 10 anos, conforme documentos dos autos, voto por prover integralmente o recurso voluntário considerando o lançamento tributário improcedente por erro na identificação do sujeito passivo da obrigação tributária. Nesse sentido, decisão do STJ no REsp 1144982 PR 2009/01147493, a seguir colacionada. TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO MOVIMENTO "SEM TERRA". PERDA DO DOMÍNIO E DOS DIREITOS INERENTES À PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA SUBSISTÊNCIA DA EXAÇÃO TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO. 1. Conforme salientado no acórdão recorrido, o Tribunal a quo, no exame da matéria fática e probatória constante nos autos, explicitou que a recorrida não se encontraria na posse dos bens de sua propriedade desde 1987. 2. Verificase que houve a efetiva violação ao dever constitucional do Estado em garantir a propriedade da impetrante, configurandose uma grave omissão do seu dever de garantir a observância dos direitos fundamentais da Constituição. 3. Ofende os princípios básicos da razoabilidade e da justiça o fato do Estado violar o direito de garantia de propriedade e, concomitantemente, exercer a sua prerrogativa de constituir ônus tributário sobre imóvel expropriado por particulares (proibição do venire contra factum proprium). 4. A propriedade plena pressupõe o domínio, que se subdivide nos poderes de usar, gozar, dispor e reinvidicar a coisa. Em que pese ser a propriedade um dos fatos geradores do ITR, essa propriedade não é plena quando o imóvel encontrase invadido, pois o proprietário é tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel. 5. Com a invasão do movimento "sem terra", o direito da recorrida ficou tolhido de praticamente todos seus elementos: não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a partir dele, qualquer tipo de geração de renda ou de benefícios para a proprietária. 6. Ocorre que a função social da propriedade se caracteriza pelo fato do proprietário condicionar o uso e a exploração do imóvel não só de acordo com os seus interesses particulares e egoísticos, mas pressupõe o condicionamento do direito de propriedade à satisfação de objetivos para com a sociedade, tais como a obtenção de um grau de produtividade, o respeito ao meio ambiente, o pagamento de impostos etc. 7. Sobreleva nesse ponto, desde o advento da Emenda Constitucional n. 42/2003, o pagamento do ITR como questão inerente à função social da propriedade. O proprietário, por possuir o domínio sobre o imóvel, deve atender aos objetivos da função social da propriedade; por conseguinte, se não há um efetivo exercício de domínio, não seria razoável exigir desse proprietário o cumprimento da sua função social, o que se inclui aí a exigência de pagamento dos impostos reais. 8. Na peculiar situação dos autos, ao considerarse a privação antecipada da posse e o esvaziamento dos elementos de propriedade sem o devido êxito do processo de desapropriação, é inexigível o ITR diante do Fl. 202DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10280.720477/201040 Acórdão n.º 2101002.597 S2C1T1 Fl. 5 7 desaparecimento da base material do fato gerador e da violação dos referidos princípios da propriedade, da função social e da proporcionalidade. 9. Recurso especial não provido. As questões sobre a obrigatoriedade de ADA (Área de Preservação Permanente e Área de Reserva Legal) e averbação tempestivos(Área de Reserva legal) estão devidamente consideradas no acórdão de impugnação e nada há a acrescentar. Os motivos do provimento do Recurso Voluntário independem da reanálise desses pontos. Recurso Voluntário provido. MARIA CLECI COTI MARTINS Relatora Fl. 203DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 30/10/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 13982.000926/2010-11
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 20 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
INTIMAÇÃO TITULAR. NULIDADE. SÚMULA CARF N° 29.
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2801-003.732
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para cancelar o lançamento. Fará declaração de voto o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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NULIDADE. SÚMULA CARF N° 29. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para cancelar o lançamento. Fará declaração de voto o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 2. 00 09 26 /2 01 0- 11 Fl. 507DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 508 2 Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 6a Turma da DRJ/FNS (Fls. 395), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Mediante auto de infração de folhas 2 a 9, exigese da contribuinte acima identificada a importância de R$ 51.776,80 de Imposto de Renda Suplementar (cód. 2904), acrescido de multa proporcional de 150% e de juros de mora, relativo ao ano calendário de 2007. Conforme consta do referido auto de infração, o fato que lhe deu origem foi a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, no montante de R$ 210.966,54. Do procedimento fiscal: De acordo com o Termo de Verificação e de Encerramento de Procedimento Fiscal, a fiscalização transcorreu da seguinte forma: Em 18/03/2010, deuse inicio ao procedimento fiscal com a lavratura do Termo de Inicio do Procedimento Fiscal (TIPF), assinado pela contribuinte, amparado pelo MPF n° 09.2.03.00 2010001216, prorrogado até 07/09/2010. Apesar de a ciência do referido termo ter sido dada pessoalmente, os demais foram encaminhados por via postal, para tanto a fiscalização observou os dados cadastrais da contribuinte, bem como o endereço informado nas DIRPF. Não obtendo sucesso nas investidas, a fiscalização cientificou a contribuinte por meio de editais. Intimada por meio do TIPF, a fiscalizada foi instada a apresentar os extratos das contascorrentes de depósito, poupança e investimentos mantidas em seu nome junto As instituições financeiras ali mencionadas, dos períodos de 01/01/2007 a 31/12/2008. Em resposta (fl. 12), a contribuinte informou que não tinha recebido das instituições bancárias os extratos e solicitou prorrogação de prazo para entrega dos mesmos. Transcorridos mais de 30 dias da ciência do TIPF, diante da inércia da contribuinte, a fiscalização promoveu em 26/04/2010 a Solicitação de Emissão de Requisição de Informação Sobre a Movimentação Financeira (RMF). Apesar da emissão da RMF, a fiscalização emitiu o Termo de Reintimação Fiscal n° 01, solicitando novamente os extratos bancários referentes ao Banco do Brasil S/A e Banco Bradesco S/A, em 05/05/2010, com envio por via postal para o endereço constante do cadastro deste órgão e também para aquele indicado nas DIRPFs de 2007 a 2009. Em ambos, não foi encontrada a contribuinte, retornando os Avisos de Recebimentos (ARs) com a indicação "MUDOUSE" ou Fl. 508DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 509 3 "DESCONHECIDO NO ENDEREÇO". Em virtude disso, promoveuse a ciência mediante publicações em Editais. Após a desafixação do Edital e transcorrido o prazo nele previsto de 10 dias concedido para entrega dos extratos, emitiu se o Termo de Intimação Fiscal (TIF) n° 01, remetido também para os dois endereços mencionados, restando igualmente improficuas as tentativas, obrigando a fiscalização intimar novamente a interessada por edital. O TIF n° 01 traz em seu bojo a planilha de apurações realizadas a partir dos extratos bancários entregues pelas instituições bancárias, para que a interessada pudesse apresentar documentos comprobatórios da origem de valores que foram depositados em sua conta bancária. Depois de esgotado o prazo estipulado no TIF, sem o atendimento por parte da impugnante, a fiscalização resolveu constituir o crédito tributário, com base no artigo 42 da Lei n° 9.430/96, caracterizando a omissão de rendimentos no montante de R$ 210.966,54, em face do não atendimento das intimações promovidas pelas autoridades fiscais e, conseqüentemente, da não comprovação da origem de depósitos em contascorrentes bancárias, apurando o Imposto de Renda Suplementar de R$ 51.776,80, acrescido da multa de oficio de 150%. De acordo com o relatório fiscal, a razão para a qualificação da multa foi a intenção da contribuinte de impedir o conhecimento por parte da administração tributária do total das receitas auferidas, ou seja, sonegação fiscal, respaldandose no fato de a conduta adotada pela autuada estenderse por todos os meses de 2007 e de as receitas omitidas representarem 17,7 vezes do rendimento declarado pela autuada. Em função disso, informam as autoridades lançadoras que foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais. Inconformada com a autuação, a autuada apresenta instrumento de impugnação (fls. 87 a 163), por meio do qual apresenta as seguintes razões, em síntese: Argumenta o desrespeito aos princípios do contraditório e do devido processo legal, uma vez que o auto de infração foi lavrado sem a participação da fiscalizada, não havendo manifestação quanto ao teor das infrações apuradas. Contesta a notificação realizada ao contribuinte por . edital. Segundo a impugnante, o auditorfiscal esteve pessoalmente em sua residência efetuando a intimação do Termo de Inicio do Procedimento fiscal, já no endereço novo da contribuinte, todavia enviou os demais termos para o endereço antigo, do qual já tinha o conhecimento de que residia em local diverso daquele registrado em seu cadastro na Receita Federal. Também considera que, para ser feita a notificação via edital, primeiramente deveria ser tentada a notificação pessoal e depois a via postal. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 510 4 Argumenta que é ilegal a constituição do crédito tributário quando se tem como verificar toda a documentação necessária e exigível por outros meios. Assevera que não há justa causa para exação, tanto é que o auto de infração é baseado em meros depósitos bancários existentes na conta da notificada. Sustenta a inconstitucionalidade de quebra de sigilo bancário sem ordem judicial. De acordo com a autuada, o fisco quebrou o seu sigilo bancário desrespeitando diversos princípios constitucionais e legais, notadamente a proteção A privacidade, A intimidade e à inviolabilidade do sigilo de dados, devendo essas provas serem afastadas do processo administrativo fiscal, por serem provas eivadas de vicio. Invocando o principio da interpretação benigna, previsto no artigo 112 do CTN, requer seja ampliado o seu sentido para abarcar os fatos tratados no auto de infração. Garante que houve uma extrapolação do prazo para encerramento da fiscalização. Nesse sentido, afirma que não houve autorização pelo Delegado da Receita Federal para as prorrogações de prazo para a execução da ação fiscal. Requer seja autorizado uma avaliação contraditória dos valores constituídos, a ser feita por auditores particulares e contratados pela reclamada para que possam aferir os valores tributáveis (se devidos) e os critérios determinantes desses impostos irreais. Entende que há entre o contribuinte e o fisco diferenças que colocam o primeiro em desvantagem em relação ao segundo. De acordo com seu juizo, para eliminar este contraste, deveria ser concedido maior prazo para efetivar a sua defesa e o contribuinte ser tributado de acordo com sua realidade econômica. Aduz que não foram mencionadas no auto de infração as fundamentações legais autorizadoras da atualização monetária do imposto devido e da aplicação da multa de 150%. Alega que para instituir as presunções legais o legislador deve partir da experiência, das repetidas observações de fatos que configuram indícios seguros da ocorrência de infração. Não pode a presunção ser resultado da iniciativa criativa e original do legislador. Com base nesses argumentos, sustenta a inadequação da presunção legal relativa aos depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, pois nem sempre o volume dos depósitos injustificados leva ao rendimento omitido correlato. Assim, conclui que a presunção legal de que se trata colide com as diretrizes fundamentadoras da criação deste instituto jurídico. Argui a inconstitucionalidade/ilegalidade da taxa SELIC e o caráter confiscatório da multa de 150% aplicada, malferindo o Fl. 510DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 511 5 artigo 150, IV, da Lei Maior. Quanto multa, argumenta ainda que não ficou tipificada a conduta autorizadora da multa qualificada, qual seja o evidente intuito de fraude. Ao fim, requer seja concedido mais trinta dias para defesa e noventa dias para avaliação contábil, seja oportunizada a produção de provas periciais, testemunhais e requisições de instituições públicas, bem como seja realizada diligência, para elucidação das questões suscitadas. Passo adiante, a 6ª Turma da DRJ/FNS entendeu por bem julgar a impugnação procedente em parte, em decisão que restou assim ementada: DIREITO Á AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. FASE INQUISITÓRIA. O direito do contribuinte à ampla defesa e ao contraditório nos processos de exigência de crédito tributário surge somente com a apresentação tempestiva da impugnação pelo contribuinte, momento em que se inicia fase litigiosa. INTIMAÇÃO VIA EDITAL. INEFICÁCIA DA INTIMAÇÃO POR OUTROS MEIOS. PERMISSÃO. É permitida a intimação via edital quando resultar improficua a intimação pessoal, por via postal ou por meio eletrônico, sem ordem de preferência. SIGILO BANCÁRIO. OBTENÇÃO DE DADOS PELA FISCALIZAÇÃO. É autorizada, nos termos da lei, a obtenção pela Fiscalização da movimentação financeira do contribuinte junto às instituições financeiras, com vistas a demonstrar a ocorrência de infração à legislação tributária. DEPÓSITO BANCÁRIO COM ORIGEM NÃO COMPROVADA. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. A fim de não restar caracterizada a omissão de rendimentos, por se tratar de presunção legal, compete ao depositário dos recursos, demonstrar a origem dos valores creditados em sua contacorrente, e não ao fisco. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO BENIGNA. APLICABILIDADE SOMENTE EM CASO DE DÚVIDA. Não é aplicável o principio da interpretação benigna, quando não restar dúvida em relação ao fato caracterizador da infração tributária. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS OU ATOS NORMATIVOS. Este órgão de julgamento administrativo não é competente para apreciar alegações de inconstitucionalidade/ilegalidade de leis ou atos normativos. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 512 6 PRODUÇÃO DE PROVAS APÓS IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO DO DIREITO. Transcorrido o prazo de impugnação, somente é permitida a produção de provas se o impugnante demonstrar o atendimento das condições estabelecidas no Decreto n° 70.235/1972 para sua aceitação. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. IMPROCEDÊNCIA. A qualificação da multa de oficio para 150% somente pode ocorrer quando a autoridade fiscal provar de modo inconteste, por meio de documentação acostada aos autos, o dolo por parte do contribuinte, condição imposta pela lei. A Agência da Receita Federal do Brasil em São Miguel do Oeste, enviou AR com a intimação do Resultado do Julgamento, mas o mesmo foi devolvido em 29/08/2011 (fls. 415). Diante da impossibilidade de localização da Recorrente em 01/09/2011 (Fls. 416) foi publicado Edital, e em 05/10/2011 (Fls. 422 a 500), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário , reforçando os argumentos apresentados quando da impugnação. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. De início, verifico que o lançamento objeto do presente processo versa sobre depósitos bancários de origem não comprovada. Também observo que, desde sua impugnação, a Recorrente alega em preliminar a nulidade do auto em razão da inexistência de regular intimação para a comprovação da origem dos depósitos bancários. Compulsando os autos, percebo que a Recorrente foi intimada pessoalmente do Termo de Início de Procedimento Fiscal, conforme se depreende dos documentos de fls. 217 a 218. Em resposta ao Termo de Início de Fiscalização, às fls. 221 a Recorrente faz juntada de seu comprovante de endereço que designa como Rua Duque de Caxias, 960, Centro/Maravilha. Posteriormente, já ciente do novo endereço da contribuinte, a fiscalização enviou intimação para informar que estava concedendo dilação do prazo para a apresentação dos extratos bancários. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 513 7 Tal Intimação foi enviada para dois endereços equivocados, quais sejam Avenida Presidente Kennedy, 429 (endereço antigo da Recorrente) e Rua Duque de Caxias, 636 (rua correta do novo endereço informado, porém com número errado), conforme consta de documentos acostados aos autos nas fls. 243 e seguintes. Por não ter sido encontrada nos supracitados endereços a Recorrente foi notificada do Termo de Intimação via Edital, de acordo com documentos constantes das fls. 248. Ato contínuo, foi emitido novo Termo de Intimação, desta feita para que a contribuinte justificasse com documento hábeis e idôneos a origem dos depósitos bancários (doc. folha 251 dos autos). Novamente a intimação foi enviada para dois endereços equivocados, quais sejam Avenida Presidente Kennedy, 429 (endereço antigo da Recorrente) e Rua Duque de Caxias, 636 (rua correta do novo endereço informado, porém com número errado), conforme consta de documentos acostados aos autos nas fls. 249 e seguintes. Por esta razão, houve novamente a notificação desta ora Recorrente por meio de edital, conforme se vislumbra na página 259 destes autos. Apenas quando do envio do Termo de Encerramento de Procedimento Fiscal e conseqüente lavratura do Auto de Infração, foi enviada a notificação para o endereço correto apontado pela Recorrente em seu comprovante de endereço, qual seja Rua Duque de Caxias, 960, conforme verificase das fls. 312 dos autos. Ainda assim, houve novamente o envio para os dois endereços errados (v. fls. 311 e 313). Ante os fatos acima expostos, cumpre analisar, preliminarmente, a regularidade da intimação feita por via postal, com posterior edital, visando a ciência da intimação para que a contribuinte justificasse com documento hábeis e idôneos a origem dos depósitos bancários. Necessário se faz, para o deslinde da questão, lembrar dos mandamentos contidos no art. 23 do Decreto n° 70.235/1972 (Processo Administrativo Fiscal): "Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de que o intimar; (Redação dada pelo art. 67 da Lei n°9.532, de 1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicilio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pelo art. 67 da Lei n°9.532, de 1997) (grifei) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei n°11.196, de 2005) a) envio ao domicilio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei n° 11.196, de 2005) Fl. 513DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 514 8 b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei n°11.196, de 2005) (..) § 1° Quando resultar improficuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela LEI N°11.941, DE 27 DE MAIO DE 2009 DOU DE 28/5/2009) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pelo art. 67 da Lei n°9.532 de 1997) (...) § 4 Para fins de intimação, considerase domicilio tributário do sujeito passivo:(Redação dada pela Lei n°11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais,a administração tributária; e (Incluído pela Lei n°11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. (Incluído pela Lei n°11.196, de 2005)" Tratandose, pois, de intimação por via postal, a intimação deve ser endereçada ao domicílio tributário do sujeito passivo. No caso em tela, as intimações, por via postal, foram endereçadas a outro domicílio, que não o da contribuinte. Deste modo, tendo a fiscalização conhecimento do domicílio da contribuinte, entendo que não houve, no caso, regular intimação, por via postal, para que a contribuinte justificasse com documento hábeis e idôneos a origem dos depósitos bancários. Também entendo que a falta de regular intimação, por via postal, para que a contribuinte justificasse com documento hábeis e idôneos a origem dos depósitos bancários. invalida o edital de notificação, na medida em que tal edital só deve ser realizado se restar improfícua a tentativa de regular intimação via postal. Assim sendo, devese considerar que realmente a contribuinte não foi regularmente intimada para justificar com documento hábeis e idôneos a origem dos depósitos bancários. Fl. 514DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 515 9 Ora, o lançamento de omissão de rendimentos em razão de depósito bancários de origem não comprovada é realizado sob a égide do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, do qual abaixo se transcreve o caput: Art.42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Como se vê, o dispositivo legal acima transcrito estabelece uma presunção legal de omissão de rendimentos, que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou investimento. As presunções legais, também chamadas presunções jurídicas, dividemse em absolutas (juris et jure) e relativas (juris tantum). Denominase presunção juris et jure aquela que, por expressa determinação de lei, não admite prova em contrário nem impugnação; dizse que a presunção é juris tantum quando a norma legal é formulada de tal maneira que a verdade enunciada pode ser elidida pela prova de sua inexistência. Concluise, por conseguinte, que a presunção legal de renda, caracterizada por depósitos bancários, é do tipo juris tantum (relativa). Cabe, portanto, ao titular apresentar justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contascorrentes. Do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, depreendese que a regular intimação para a comprovação da origem dos depósitos é requisito indispensável para o lançamento. Assim, para que se valide a presunção de omissão de rendimentos, o lançamento deve se conformar aos moldes da lei, sendo imprescindível que os titulares, e somente estes, sejam intimados a comprovar a origem dos depósitos. A atividade do lançamento é vinculada e obrigatória, nos precisos termos do parágrafo único do art. 142, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional (CTN), que impõe à autoridade lançadora a obediência às formalidades previstas na legislação, com vistas à constituição do crédito tributário. Assim, uma vez que a contribuinte não foi regularmente intimada para justificar com documentos hábeis e idôneos a origem dos depósitos bancários, não poderia a autoridade fiscal terlhe autuada pela infração em questão, pois não tem o poder discricionário para agir em desacordo com a lei, sob pena de macular o lançamento. Tal entendimento é, inclusive, albergado pela Súmula CARF n° 29, de aplicação obrigatória pelos Conselheiros do CARF, que define ser nulo o lançamento, quando, todos os cotitulares da conta não são intimados para comprovar a origem dos depósitos bancários; in verbis: Súmula CARF n° 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de Fl. 515DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE Processo nº 13982.000926/201011 Acórdão n.º 2801003.732 S2TE01 Fl. 516 10 infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Considerando o acima exposto, devese cancelar a infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, tornandose desnecessária a análise das demais argumentações apresentadas pela recorrente. Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Declaração de Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida Compulsando os autos verificase que, após ser intimado para apresentar os documentos e esclarecimentos solicitados pela Fiscalização (Termo de Início do Procedimento Fiscal às fls. 217/218), a Interessada protocolizou, na DRF de Origem, a petição de fl. 219, a qual anexou, dentre outros documentos, “cópia da Carteira de Identidade e do CPF, bem como meu comprovante de endereço”. O comprovante de endereço carreado aos autos (fl. 221) aponta que o endereço da Recorrente é Rua Duque de Caxias nº 960, o que significa dizer que todas as intimações efetuadas antes da publicação do edital, enviadas aos endereços Avenida Presidente Kennedy nº 429 e Rua Duque de Caxias nº 636, foram irregulares. De conseguinte, descabia a intimação por edital, uma vez que intimação irregular, enviada para endereço diverso do domicílio do sujeito passivo, quando a Autoridade lançadora já tinha conhecimento do novo endereço, não se confunde com intimação improfícua, esta pressuposto da intimação por edital. Com essas brevíssimas considerações, acompanho o Ilustre Relator para dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 516DF CARF MF Impresso em 20/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/10/2014 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/10/2014 por TANIA MARA PA SCHOALIN, Assinado digitalmente em 18/10/2014 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
score : 1.0
Numero do processo: 17883.000197/2010-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 14 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2005 a 28/02/2007
Ementa:
ISENÇÃO - CANCELAMENTO
A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e desse modo, interpreta-se literalmente a legislação que disponha sobre o benefício legal. À época dos fatos geradores vigorava o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91.
A entidade comprovadamente em débito para com a seguridade social incorreu em motivo exposto na legislação vigente à época dos fatos geradores para ter cancelado o benefício da isenção patronal das contribuições previdenciárias, artigos 55, parágrafo 6º da Lei n.º 8.212/91 e artigo 206, parágrafo 12, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99.
A decisão que cancelou o benefício legal em primeira instância administrativa tornou-se definitiva, transitando em julgado, sem o oferecimento do recurso no prazo concedido.
São devidas as contribuições arrecadadas para os Terceiros a contar da data em que a isenção foi cancelada, conforme consignado no Ato Cancelatório.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.427
Decisão: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento as competências de 08/2005 e 09/2005, por ser período coberto pela isenção patronal das contribuições previdenciárias, já que a isenção usufruída pela entidade foi cancelada a partir da competência 10/2005, na forma do Ato Cancelatório, n.º 001/2008.
Liege Lacroix Thomasi Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Fábio Pallaretti Calcini, André Luís Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral, Wilson Antonio de Souza Correa.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2005 a 28/02/2007 Ementa: ISENÇÃO - CANCELAMENTO A isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e desse modo, interpreta-se literalmente a legislação que disponha sobre o benefício legal. À época dos fatos geradores vigorava o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91. A entidade comprovadamente em débito para com a seguridade social incorreu em motivo exposto na legislação vigente à época dos fatos geradores para ter cancelado o benefício da isenção patronal das contribuições previdenciárias, artigos 55, parágrafo 6º da Lei n.º 8.212/91 e artigo 206, parágrafo 12, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99. A decisão que cancelou o benefício legal em primeira instância administrativa tornou-se definitiva, transitando em julgado, sem o oferecimento do recurso no prazo concedido. São devidas as contribuições arrecadadas para os Terceiros a contar da data em que a isenção foi cancelada, conforme consignado no Ato Cancelatório. Recurso Voluntário Provido em Parte
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À época dos fatos geradores vigorava o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91. A entidade comprovadamente em débito para com a seguridade social incorreu em motivo exposto na legislação vigente à época dos fatos geradores para ter cancelado o benefício da isenção patronal das contribuições previdenciárias, artigos 55, parágrafo 6º da Lei n.º 8.212/91 e artigo 206, parágrafo 12, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99. A decisão que cancelou o benefício legal em primeira instância administrativa tornouse definitiva, transitando em julgado, sem o oferecimento do recurso no prazo concedido. São devidas as contribuições arrecadadas para os Terceiros a contar da data em que a isenção foi cancelada, conforme consignado no Ato Cancelatório. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento as competências de 08/2005 e 09/2005, por ser período coberto pela isenção patronal das contribuições previdenciárias, já que a isenção usufruída pela entidade foi cancelada a partir da competência 10/2005, na forma do Ato Cancelatório, n.º 001/2008. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 88 3. 00 01 97 /2 01 0- 71 Fl. 164DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 13/10/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 Liege Lacroix Thomasi – Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Fábio Pallaretti Calcini, André Luís Mársico Lombardi, Leo Meirelles do Amaral, Wilson Antonio de Souza Correa. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 13/10/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 17883.000197/201071 Acórdão n.º 2302003.427 S2C3T2 Fl. 164 3 Relatório Trata o presente Auto de Infração de Obrigação Principal, lavrado em 02/09/2010 e cientificado ao sujeito passivo em 14/09/2010, de contribuições arrecadadas para as terceiras entidades, incidentes sobre valores pagos aos segurados empregados e não incluídos em folhas de pagamento, sob a rubrica “extrafolha”, nas competências de 08/2005 a 02/2007 O relatório fiscal de fls.21/25, diz que a autuada consideravase isenta da contribuição previdenciária patronal, informando tal situação em GFIP, mas já tivera contra si lavrado o Ato Cancelatório de Isenção n.º 01/2008, em 12/02/2008, posteriormente retificado por outro datado de 13/05/2008, cancelando o benefício a partir da competência 10/2005. O motivo do cancelamento da isenção patronal foi a existência de débito relativo à contribuição descontada dos segurados que não foi recolhida. Após a impugnação, Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro 1/RJ, às fls. 73/80, julgou o lançamento procedente. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, onde alega , em síntese: a) que não se absteve de tratar matéria constante dos autos, como diz o Acórdão recorrido, pois fez referência a parcelamentos efetuados, onde consta a matéria proposta; b) que não agiu como dolo, nem tentou violar o parágrafo 6º do artigo 55, da Lei n.º 8.212/91; c) que os efeitos do Ato Cancelatório foram suspensos, voltando a recorrente a situação anterior de isenta, sem o ônus de sofrer os danos do cancelamento; d) que a situação do cancelamento é injusta, eis que vive com parcos recursos, sendo o único hospital da região em que se situa; e) que detém todas as condições para gozar a isenção; f) que possui recurso em andamento no CARF, quanto ao Ato Cancelatório de Isenção. Requer o provimento do recurso para afastar o ônus imputado e cancelar o ato administrativo. Os autos vieram à julgamento em segunda instância e este Colegiado converteu o julgamento em diligência, fls. 93/95, para que fosse colacionada informação sobre a definitividade do Ato Cancelatório. Cumprida a diligência, cientificado o contribuinte, que se manifestou reiterando que é entidade beneficente, que é filiado à Federação das Misericórdias e Entidades Fl. 166DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 13/10/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Filantrópicas e Beneficentes do Estado do Rio de Janeiro e o TRF da 2ª Região proferiu decisão que desobriga a entidade ao cumprimento das alterações trazidas pela Lei n.º 9732/98; que apesar de recurso interposto pelo INSS, as decisões de primeira e segunda instâncias estão válidas; que regularizou os livros diários e que quitou o débito, motivo da cassação da isenção, devendo ser cancelado o presente lançamento. Após a manifestação do contribuinte, os autos retornaram para julgamento. É o relatório. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 13/10/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 17883.000197/201071 Acórdão n.º 2302003.427 S2C3T2 Fl. 165 5 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora Cumprido o requisIto de admissibilidade, frente à tempestividade, conheço do recurso e passo ao seu exame. O lançamento se refere às contribuições devidas pela perda da isenção que a recorrente gozava, através da emissão de Ato Cancelatório, emitido em 13/05/2008, com efeitos retroativos a 10/2005. Na peça recursal os argumentos da autuada versam apenas sobre a perda da isenção, cujo Ato que cassou o benefício, ainda não teria decisão administrativa definitiva, estando pendente de recurso junto ao CARF. Como não constava dos autos informação acerca do trânsito em julgado do recurso interposto quanto ao Ato Cancelatório, este Colegiado converteu o julgamento em diligência, para que o Fisco trouxesse informação ou prova sobre a definitividade de tal Ato, Cumprida a diligência, Informação Fiscal de fls. 96, traz que o contribuinte tomou ciência do Acórdão 1243.688 da 13ª Turma da DRJ RJ1, exarado na sessão de 06/02/2012 (fls 414/417, do processo conexo 17883.000196/201027), a qual manteve o Ato Cancelatório da entidade, em 09/03/2012 (fls. 420, do processo conexo 17883.000196/2010 27) e que até a data de 26/04/2012 não se pronunciou. Deste modo, a DRF Volta Redonda arquivou o processo, transitando como definitiva a decisão administrativa, que cancelou a isenção da entidade a partir de 10/2005. Destarte, neste Auto de Infração estão sendo cobradas as contribuições arrecadadas para as terceiras entidades e incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, em virtude da cassação da imunidade usufruída pela entidade, que se tornou definitiva com o trânsito em julgado da decisão consubstanciada no Acórdão 1243.688 da 13ª Turma da DRJ RJ1, exarado na sessão de 06/02/2012. Pelos elementos constantes dos autos é de se ver que a entidade possuía débito relativo às contribuições previdenciárias descumprindo requisito legal para manter a isenção patronal das contribuições previdenciárias, sujeitandose ao cancelamento da isenção/imunidade usufruída. Embora o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, tenha sido revogado pela Lei n.º 12.101/2009, que atualmente regula a certificação e demais procedimentos relativos à isenção das contribuições para a seguridade social, é de se ver que o cancelamento obedece à legislação vigente à época do fato gerador, na forma do artigo 144, do Código Tributário Nacional: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Portanto, estando a entidade comprovadamente em débito para com a seguridade social, devido à falta de recolhimento das contribuições previdenciárias incorreu em motivo exposto na legislação vigente à época dos fatos geradores para ter cancelado o Fl. 168DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 13/10/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 benefício da isenção patronal das mesmas contribuições, artigos 55, parágrafo 6º, da Lei n.º 8.212/91 e artigo 206, parágrafo 12, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/99: Lei n.º 8.212/91 Art. 55 (...) § 6° A inexistência de débitos em relação às contribuições sociais é condição necessária ao deferimento e à manutenção da isenção, ."(grifo nosso) de que trata este artigo, em observância ao disposto no § 3° do art. 195 da Constituição Federal. Regulamento da Previdência Social Art.206 (...) § 12. A existência de débito em nome da requerente, observado o disposto no § 13, constitui motivo para o cancelamento da isenção, com efeitos a contar do primeiro dia do segundo mês subseqüente àquele em que a entidade se tornou devedora de contribuição social.(Parágrafo acrescentado pelo Decreto n° 4.032, de 26/11/2001) Pelo exposto, mostrouse correta a emissão do Ato Cancelatório n.º 001/2008. Entretanto, esta matéria nem devia ser ventilada aqui, porquanto a questão já está pacificada, porque o Ato Cancelatório transitou em julgado e produziu seus efeitos. As alegações da recorrente sobre a manutenção da isenção são inócuas neste momento, não havendo o que modificar quanto à cassação da isenção. Na época própria, após a emissão da decisão que confirmou a cassação da isenção, foi concedido prazo para a entidade apresentar suas razões recursais, o que não ocorreu, precluindo o seu direito e não cabendo agora manifestarse extemporaneamente. Todavia, entendo que como o Ato Cancelatório traz explicitamente que a isenção se encontra cancelada a partir de 10/2005, e não vejo como retroagir o período lançado para abarcar as competências de 08/2005 e 09/2005, ainda mais sob a alegação de que foram descumpridas as condições da Lei n.º 12.101/2009. Ora, se no período lançado estava em vigor o artigo 55 da Lei n.º 8.212/91, e se não foi observada a ocorrência de nenhum dos motivos para aplicação do artigo 106, do Código Tributário Nacional, parece claro que a Lei 12.101/2009, não pode retroagir para cancelar isenção em um período em que ela não existia. Ademais, o artigo 144, do Código Tributário Nacional, já referido anteriormente, diz que lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Por todo o exposto, Fl. 169DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 13/10/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 17883.000197/201071 Acórdão n.º 2302003.427 S2C3T2 Fl. 166 7 Voto pelo provimento parcial do recurso, para excluir do lançamento as competências de 08/2005 e 09/2005, por ser período coberto pela isenção patronal das contribuições previdenciárias. Liege Lacroix Thomasi, Relatora Fl. 170DF CARF MF Impresso em 14/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 13/10/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 11065.100828/2009-75
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2009
DACON. MULTA POR ATRASO.
A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) a destempo enseja o lançamento da penalidade pelo atraso na sua entrega.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-004.268
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl (Relator), Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antonio Borges..
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Sidney Eduardo Stahl - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
Nome do relator: SIDNEY EDUARDO STAHL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl (Relator), Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antonio Borges.. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes - Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl - Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente).
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MULTA POR ATRASO. A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon) a destempo enseja o lançamento da penalidade pelo atraso na sua entrega. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Sidney Eduardo Stahl (Relator), Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antonio Borges.. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 08 28 /2 00 9- 75 Fl. 102DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100828/200975 Acórdão n.º 3801004.268 S3TE01 Fl. 103 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Flávio de Castro Pontes (Presidente). Fl. 103DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100828/200975 Acórdão n.º 3801004.268 S3TE01 Fl. 104 3 Relatório Versa o presente processo sobre lançamento tributário (auto de infração) consubstanciado na notificação de lançamento de multa por atraso na entrega do Dacon. A contribuinte apresentou impugnação alegando ser irrazoável a punição da contribuinte de forma quantitativamente igual à descumpridores da obrigação principal. Que não houve por dolo de sua parte, cabendo, no seu entendimento, ser aplicada a sanção no valor mínimo, especialmente porque o atraso ocorreu em virtude das constantes alterações nas orientações e sistemas do Fisco e da insegurança causada em contribuintes cumpridores das normas, como é o seu caso e por conta de intermitências no sistema. Apontou, ainda, argumentos acerca da inadequação da punição em relação ao prejuízo do fisco. A DRJ de Porto Alegre julgou improcedente a improcedente a impugnação com base na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2009 DACON MULTA POR ATRASO A apresentação do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, após o prazo previsto pela legislação tributária, ainda que o contribuinte o faça espontaneamente, autoriza o lançamento da multa por atraso correspondente. DACON. ENTREGA FORA DO PRAZO. MULTA. CONGESTIONAMENTO. PROBLEMA TÉCNICO. INTERMITÊNCIA. EXCEÇÕES. PROVA. Eventual problema intermitente de congestionamento no sistema ocorrido no último dia de entrega de declaração resolvese com sucessivas tentativas de transmissão, pois quando há indisponibilidade permanente no sistema de recepção, a própria Administração reconhece tal fato. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Apresenta a Recorrente o presente recurso voluntário reprisando as alegações da impugnação. É o que importa relatar. Fl. 104DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100828/200975 Acórdão n.º 3801004.268 S3TE01 Fl. 105 4 Voto Vencido Conselheiro Sidney Eduardo Stahl, relator O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. A multa pelo atraso na entrega do Dacon estava positivada no art. 7º da Lei n.º 10.426/2002, in verbis: Art. 7º. sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica D1PJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRE e Demonstrativo de Apuração de contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei 11.051, de 2004) (...) III de 2% (dois por cento) ao mês calendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3 deste artigo; e (Redação dada pela Lei no 11.051, de 2004) (...) § 1º Para efeito de aplicação das multas previstas nos incisos I, II e III do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originalmente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, da lavratura do auto de infração. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004) § 2º Observado o disposto no § 3º, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de oficio; II – a setenta e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3º A multa mínima a ser aplicada será de: Fl. 105DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100828/200975 Acórdão n.º 3801004.268 S3TE01 Fl. 106 5 I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de pessoa física, pessoa jurídica inativa e pessoa jurídica optante pelo regime de tributação previsto na Lei n.º 9.317, de 1996; II R$500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. ...” (grifei) A própria Recorrente afirma na impugnação e no recurso que entregou as DACON’s em datas diversas da estipulada pela legislação vigente na época. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, por meio de Instrução Normativa n.º 1.441/2014, publicada no DOU de 21.1.2014, extinguiu o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON). Extinta a DACON extinguemse igualmente as suas penalidades. Nos termos do art. 106 do CTN a legislação deve ser aplicada a ato ou fato pretérito quando o processo não tenha se encerrado e quando a conduta deixe de ser considerada infracional, não implique em falta de pagamento do tributo e não decorra de ato fraudulento, expressandose do seguinte modo: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Entendo que é o que ocorreu no presente processo. Sobre esse tema cito a lição de Luciano Amaro, assim expressa (Direito Tributário, 12ª Ed., 2006, Ed. Saraiva, fls. 202/203): Já em matéria de sanção as infrações tributárias (recordese que sanção de ato ilícito não se confunde com tributo, nem é compreendida no conceito deste), o Código Tributário Nacional, inspirado no direito penal, manda aplicar retroativamente a lei nova, quando mais favorável ao acusado do que a lei vigente à época da ocorrência do fato. Prevalece, pois, a lei mais branda (lex mitior). Diz o Código Tributário Nacional que a lei se aplica a ato ou fato pretérito, "tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática" (art. 106,II). Fl. 106DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100828/200975 Acórdão n.º 3801004.268 S3TE01 Fl. 107 6 Nas alíneas a e c temos a clara aplicação da retroatividade benigna: se a lei nova não mais pune certo ato, que deixou de ser considerado infração (OU se o sanciona com penalidade mais branda), ela retroage em benefício do acusado, eximindoo de pena (ou sujeitandoo a penalidade menos severa que tenha criado). É óbvio que, se a lei nova agravar a punição, ela não retroage. (destaquei). Portanto, em matéria de penalidade pelo descumprimento da legislação tributária a regra é a retroatividade da lei mais benigna. No caso em questão, considerando que a Lei não manteve a penalidade pelo atraso na entrega da DACON tenho que é premente a aplicação do disposto no art. 106 do CTN e o cancelamento do lançamento. Nesse sentido, julgo procedente o presente recurso voluntário. (assinado digitalmente) Sidney Eduardo Stahl Relator Fl. 107DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 11065.100828/200975 Acórdão n.º 3801004.268 S3TE01 Fl. 108 7 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antonio Borges, Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar. Muito embora a Instrução Normativa RFB Nº 1441, de 20 de janeiro de 2014 tenha extinto o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), os lançamentos efetuados para cobrança da multa pela sua apresentação a destempo constituem atos perfeitos segundo a norma vigente à data em que foram elaborados. A IN RFB 1.441/2014 extingue apenas o DACON relativo aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014 e ressalva que a apresentação de Dacon, original ou retificador, relativo a fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2013, deverá ser efetuada com a utilização das versões anteriores do programa gerador, ou seja, ela não isenta a apresentação da DACON para períodos anteriores, como é o caso, mantendose a penalidade pelo atraso na sua entrega, não cabendo, assim, a alegada retroatividade da lei mais benigna prevista no art. 106 do CTN. Quanto as alegações de violação a princípios constitucionais é defeso a esse Conselho questionar a validade da norma legal devidamente inserida no ordenamento jurídico nacional e pontuo ainda que a alegação de inconstitucionalidade de lei é objeto da abaixo transcrita súmula n° 2 do CARF, de observância obrigatória por parte de seus membros, por força do disposto no art. 72, caput, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009: Súmula CARF nº 2 (D.O.U de 22/12/2009, Seção 1) O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Nesse sentido, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 108DF CARF MF Impresso em 18/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 30/10/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por SIDNEY EDUARDO STAHL, Assinado digitalmente em 17/11/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 10935.906361/2012-16
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 20/07/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE.
Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
Numero da decisão: 3802-002.659
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Bruno Maurício Macedo Curi - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 20/07/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano DAmorim - Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarou-se impedido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 20/07/2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. DESCABIMENTO. Diante das regras vigentes, não é cabível pedido de restituição de PIS/PASEP que tenha por base a alegação de recolhimento a maior por inclusão do ICMS na base de cálculo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 20/07/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO PLEITEADO PELO CONTRIBUINTE. Por mais relevantes que sejam as razões de direito aduzidas pelo contribuinte, no rito da repetição do indébito é fundamental a comprovação da materialidade do crédito alegado. Diferentemente do lançamento tributário em que o ônus da prova compete ao Fisco, é dever do contribuinte comprovar que possui a materialidade do crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 63 61 /2 01 2- 16 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano D’Amorim Presidente. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi, Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. O conselheiro Solon Sehn declarouse impedido. Relatório O contribuinte JUMBO ALIMENTOS LTDA. interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0642.809, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba/PR, que julgou improcedente o direito creditório pleiteado pelo sujeito passivo em sede de manifestação de inconformidade, rejeitandoa. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: “Trata o processo de Despacho Decisório emitido pela DRF Cascavel/PR, em 03/01/2013, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do Per/Dcomp nº 25537.72898.110209.1.2.045156, rastreamento nº 041906868, devido à inexistência de crédito pleiteado de R$ 5.700,99, uma vez que o pagamento de PIS/PASEP (Código 6912), do período de 30/06/2007, efetuado em 20/07/2007, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte do mesmo fato gerador. Cientificada da decisão em 18/01/2013, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da Cofins sem a exclusão do ICMS da base de cálculo. Diz que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998, não pode ser elastecido a ponto de abarcar o conceito de “ingresso”, por isso, o ICMS não integra a base de cálculo das contribuições, por se tratar de mero ingresso de recursos, os quais devem ser repassados ao fisco estadual, e que o Supremo Tribunal Federal – STF tem entendido que o valor do ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS e da Cofins. Dessa forma, solicita que os créditos sejam restituídos, acrescidos de juros de mora, desde seu pagamento indevido até a data da restituição/compensação. É o relatório.” Indeferida a manifestação de inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a improcedência do direito creditório na forma da ementa que segue: Fl. 62DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906361/201216 Acórdão n.º 3802002.659 S3TE02 Fl. 122 3 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 20/07/2007 COFINS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PER/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ de Curitiba, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS A Recorrente alega que possui direito de crédito amparada no fato de que incluiu, quando de sua apuração do PIS e da COFINS, o ICMS em sua base de cálculo; e que tal inclusão seria indevida, de modo que merece ser proporcionalmente restituída do montante decorrente desse procedimento. De início vale destacar que, ao invés de questionar a constitucionalidade da regra (o que levaria ao não conhecimento do presente Recurso), o contribuinte cerra sua discussão na extensão do conceito de faturamento – o que, na esteira da decisão proferida pelo Fl. 63DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 STF no RE 346084, no qual se afastou a tributação sobre a receita bruta e se limitou ao faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e prestações de serviços. Desse modo, o recurso é passível de conhecimento. Além disso, por mais que esteja sujeita ao regime não cumulativo do PIS e da COFINS, por entender que o conceito de faturamento deve ser apenas um (pois, independente do regime de tributação, temse em verdade dois únicos tributos, PIS e COFINS), comungo com o pressuposto de que o conceito de faturamento adotado com relação à lei 9.718 deve ser o mesmo válido também para os regimes das leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A Recorrente fundamenta seu pleito defendendo que o ICMS não seria receita própria do sujeito passivo, o que implicaria na seguinte situação: Para tanto, espelhase em doutrina e em julgados que entendem que o ICMS não se enquadra no conceito de faturamento, por não representar vantagem do sujeito passivo, mas apenas receitas de terceiros. A DRJ, todavia, não acolheu o entendimento da Recorrente, pelo singelo fato de que as normas vigentes – às quais o julgador administrativo está adstrito – impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Assim dispôs a decisão recorrida: “Pela manifestação de inconformidade apresentada, vêse, de pronto, que a pretensão da contribuinte implica negar efeito a disposição expressa de lei. Nesse contexto, cumpre registrar que não há na legislação de regência revisão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, consoante se depreende da leitura dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998: (...)” Entendo que a DRJ está correta em suas considerações, apesar de uma pequena impropriedade ao se referir à lei 9.718/98 – pois o direito creditório decorre de PIS e COFINS recolhidos pela sistemática não cumulativa. As normas de direito vigentes, às quais o CARF está vinculado, impõem a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, vejase o que dispõem as leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em matéria de ICMS autorizam a dedução somente no caso de exportação: Lei 10.637/2002 “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 64DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906361/201216 Acórdão n.º 3802002.659 S3TE02 Fl. 123 5 § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Lei 10.833/2003 “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996.” Logo, do ponto de vista normativo a Recorrente já não merece acolhida em seu pleito, ao menos no âmbito administrativo. E nem se diga que o conceito simples de faturamento, indicado no parágrafo 2o do artigo 1o das leis 10.637/2002 e10.833/2003, permitiria inferir que o ICMS incidente sobre as operações do próprio sujeito passivo, seria incompatível com a base de cálculo. Trata se de afastamento legal da base de cálculo, apenas para o caso excepcional do ICMS da exportação. E mesmo isso possui uma razão de ser, qual seja a desoneração das exportações. De todo modo, mesmo que se abstraia da letra fria das normas vigentes, ou se entenda que a dicção do inciso VI do § 3o do art. 1o das leis de regência da sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, entendo que não é cabível a exclusão do ICMS da base de cálculo dessas contribuições. E isso pela própria essência do ICMS. Desde que o STF entendeu, no RE 212209, que o ICMS compõe a própria base de cálculo, não restam dúvidas de que esse imposto integra o valor da operação. E não há, com a devida vênia a todos os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais trazidos pela Recorrente, condições de se decompor o valor da operação entre itens que integrariam sua receita, e outros (em especial, o ICMS) que implicariam receitas de terceiros. É o que se verifica, inclusive, do julgado do RE em tela, no qual o Ministro Marco Aurélio, relator, confrontou o Min. Nelson Jobim, redator para o Acórdão. Abaixo segue o questionamento e a resposta: Fl. 65DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Esse raciocínio foi acompanhado pelo STJ, o qual, nos Edcl no REsp no 1.413.129SP, firmou tal entendimento, conforme se verifica do aresto abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. CONTRADIÇÃO E AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA EXCLUSIVAMENTE CONSTITUCIONAL. AFASTAMENTO. "Não procede ainda a afirmação de que a matéria de fundo é exclusivamente constitucional, pois o STJ conhece reiteradamente da questão e possui firme orientação de que a parcela relativa ao ICMS compõe a base de cálculo do PIS e da Cofins (Súmulas 68 e 94/STJ). Precedentes atuais: AgRg no REsp 1.106.638/RO, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 15/5/2013; REsp 1.336.985/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 8/2/2013; AgRg no REsp 1.122.519/SC, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 11/12/2012" (AgRg no Ag 1301160/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 12/6/2013). A propósito, valhome do Acórdão proferido no RESP 8.541, o qual serviu como paradigma para as Súmulas 68 (que consagra a inclusão do antigo ICM na base de cálculo do PIS) e também 94 (que consagra a inclusão do ICMS na base de cálculo do antigo Finsocial) do STJ. Nele o Min. Ilmar Galvão, Relator, aponta as seguintes razões: Fl. 66DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906361/201216 Acórdão n.º 3802002.659 S3TE02 Fl. 124 7 Apesar de se referir ao antigo ICM, a discussão travada (assim como o raciocínio espelhado) remanesce atual, pelo que me valho dessas razões de decidir. Sem embargo, o fato de o ICMS ser tributo de repercussão jurídica não me parece promover diferenças relevantes para o deslinde da causa. A não cumulatividade é, ao fundo, uma sistemática de tributação, destinada a atender a um propósito particular de política econômica, com o fito de evitar a verticalização da cadeia produtiva. Assim leciona Alcides Jorge Costa em O ICM na Constituição e na Lei Complementar (Ed. Resenha Tributária, São Paulo, 1978). Entender que o ICMS, por ser de repercussão jurídica, não significa receita própria, implica conseqüências tão graves no âmbito daquele tributo, que é mesmo incogitável admitir isso para o PIS e a COFINS. Apenas à guisa de ilustração, trago outro exemplo, além da inclusão do ICMS na própria base de cálculo (que teria que ser revista, pois perderia sua Fl. 67DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 razão de ser), que a inadimplência teria reflexos diametralmente opostos no ICMS se ele fosse considerado receita de terceiros. Esses reflexos, que podem ser suscitados como marginais ao PIS e à COFINS, em verdade guardam íntima relação com essas contribuições. Basta ver que, se o contribuinte considera que o ICMS é receita de terceiros, teria que observar todos os reflexos contábeis decorrentes disso – inclusive lançando a parcela de ICMS do seu preço em conta contábil própria, de receita de terceiros. De um modo ou de outro, seja do ponto de vista legal, de finalidade das normas, ou mesmo contábil, as próprias raízes do ICMS impedem que ele seja considerado receita de terceiros. E isso, em sede de PIS e COFINS, não pode ser considerado distinto, sob pena de instabilidade e insegurança jurídica absoluta. Os conceitos devem ser trabalhados de maneira uniforme. Por isso mesmo, no que toca os fundamentos do seu pedido de restituição, nego provimento ao Recurso Voluntário. Da ausência de comprovação da materialidade do crédito Ultrapassada a questão acima, o exame da materialidade do crédito do sujeito passivo também não resiste a uma análise mais acurada. Apesar de o despacho decisório afirmar que o crédito argüido pelo sujeito passivo foi integralmente utilizado para pagamento de outros débitos, a Recorrente não demonstrou, por meio de documentos hábeis, que o montante pleiteado referese ao ICMS incluído de modo (a seu ver) indevido na base de cálculo do PIS e da COFINS. Isso se verificou na manifestação de inconformidade e também no presente Recurso Voluntário. Ora, o processo administrativo tributário em si é regido pelo princípio da verdade material, que busca, mais do que qualquer formalismo, a essência do que é levado a revisão administrativa. Assim é que, no que tange ao pedido de restituição, é de responsabilidade do sujeito passivo demonstrar, mediante a apresentação de provas hábeis e idôneas, a composição e a existência do crédito pleiteado junto à Fazenda Nacional, para que sejam aferidas (i) sua legitimidade e (ii) a materialidade do seu crédito, para os fins do art. 165 do CTN. Neste espeque, a Recorrente, mesmo instada a tanto pela DRJ, não acostou aos autos documentação suficiente para comprovação de que efetivamente o crédito pleiteado se refere à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Reiterese aqui, que no rito do processo de análise de pedidos de restituição, o sujeito passivo deve demonstrar a materialidade de seu crédito. Vale repisar que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco (demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido), no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Assim sendo, não há nos autos fundamentos que legitimem a restituição pleiteada pela Recorrente, de modo que deve ser negado provimento ao presente Recurso Voluntário, não se reconhecendo o crédito requerido. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906361/201216 Acórdão n.º 3802002.659 S3TE02 Fl. 125 9 Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Bruno Maurício Macedo Curi Fl. 69DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/1 0/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10830.008568/2008-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
CSLL. BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA. CONTRATO DE FRANQUIA.
O contrato de franquia é, por sua natureza, contrato híbrido, que se constitui de um plexo de relações jurídicas diferentes entre si. O contrato de franquia implica, dentre outras, as atividades de cessão de direitos, cessão de know-how, distribuição, prestação de serviços, venda de mercadorias, etc.
O art. 15, §2o, da Lei nº 9.249, de 1995, contempla a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para apuração da base de cálculo presumida da contribuição social.
No caso, os elementos dos autos evidenciam ser insustentável a pretensão fiscal de tributar a totalidade das receitas auferidas pela Recorrente pelo percentual de 32% da CSLL no lucro presumido, a fundamento de serem (todas elas) decorrentes da cessão de direitos e/ou prestação de serviços, já que é fato incontroverso o de que a contribuinte também tem por objeto social a comercialização de mercadorias e aufere maior parte de suas receitas com esta atividade.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1102-001.217
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencido o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório, que dava parcial provimento para desqualificar a multa de ofício. Declarou-se impedido o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho. Participou do julgamento em seu lugar o conselheiro Marcelo de Assis Guerra.
(assinado digitalmente)
___________________________________
João Otávio Oppermann Thomé - Presidente
(assinado digitalmente)
___________________________________
José Evande Carvalho Araujo- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, e Marcelo de Assis Guerra.
Nome do relator: JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 CSLL. BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA. CONTRATO DE FRANQUIA. O contrato de franquia é, por sua natureza, contrato híbrido, que se constitui de um plexo de relações jurídicas diferentes entre si. O contrato de franquia implica, dentre outras, as atividades de cessão de direitos, cessão de know-how, distribuição, prestação de serviços, venda de mercadorias, etc. O art. 15, §2o, da Lei nº 9.249, de 1995, contempla a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para apuração da base de cálculo presumida da contribuição social. No caso, os elementos dos autos evidenciam ser insustentável a pretensão fiscal de tributar a totalidade das receitas auferidas pela Recorrente pelo percentual de 32% da CSLL no lucro presumido, a fundamento de serem (todas elas) decorrentes da cessão de direitos e/ou prestação de serviços, já que é fato incontroverso o de que a contribuinte também tem por objeto social a comercialização de mercadorias e aufere maior parte de suas receitas com esta atividade. Recurso Voluntário Provido.
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BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA. CONTRATO DE FRANQUIA. O contrato de franquia é, por sua natureza, contrato híbrido, que se constitui de um plexo de relações jurídicas diferentes entre si. O contrato de franquia implica, dentre outras, as atividades de cessão de direitos, cessão de know how, distribuição, prestação de serviços, venda de mercadorias, etc. O art. 15, §2o, da Lei nº 9.249, de 1995, contempla a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para apuração da base de cálculo presumida da contribuição social. No caso, os elementos dos autos evidenciam ser insustentável a pretensão fiscal de tributar a totalidade das receitas auferidas pela Recorrente pelo percentual de 32% da CSLL no lucro presumido, a fundamento de serem (todas elas) decorrentes da cessão de direitos e/ou prestação de serviços, já que é fato incontroverso o de que a contribuinte também tem por objeto social a comercialização de mercadorias e aufere maior parte de suas receitas com esta atividade. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencido o conselheiro Ricardo Marozzi Gregório, que dava parcial provimento para desqualificar a multa de ofício. Declarouse impedido o conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho. Participou do julgamento em seu lugar o conselheiro Marcelo de Assis Guerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 85 68 /2 00 8- 15 Fl. 1182DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.183 2 (assinado digitalmente) ___________________________________ João Otávio Oppermann Thomé Presidente (assinado digitalmente) ___________________________________ José Evande Carvalho Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, José Evande Carvalho Araujo, João Carlos de Figueiredo Neto, Ricardo Marozzi Gregório, Francisco Alexandre dos Santos Linhares, e Marcelo de Assis Guerra. Relatório AUTUAÇÃO Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrado o Auto de Infração de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, que lançou contribuição no valor de R$ 880.460,00, do 3º trimestre de 2003 ao 4º trimestre de 2005, acrescida de juros de mora e multa de ofício de 150% (fls. 5 a 54). Em suma, a Fiscalização considerou que a empresa aplicou o percentual incorreto para presunção do lucro e da contribuição social, enquadrandose como vendedora de livros, quando na verdade seria remunerada pela prestação de serviços de franquia de método de ensino, entendendo tratarse de planejamento fiscal fraudulento, sujeito à penalidade qualificada. Para melhor compreensão da acusação, transcrevo trechos do Termo de Verificação fiscal (fls. 16 a 54): INTRODUÇÃO A presente ação fiscal, iniciada em 01/11/2007, teve o objetivo de verificar a regularidade da situação fiscal do contribuinte, mais especificamente em relação à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, referente ao período compreendido entre setembro de 2003 e dezembro de 2005 É de bom alvitre ressaltar que esta fiscalização, por solicitação do Ministério Público Federal, já havia efetuado levantamento da situação fiscal do contribuinte em relação aos anoscalendário de 2000 a 2005, ação esta que resultou na lavratura de auto de infração referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, cujo processo tomou o número 10830.006552/200614. Portanto, muito embora esta ação fiscal tenha como período de apuração inicial o mês de setembro de 2003 é necessário que seja trazido o histórico dos fatos uma vez que da sua seqüência é que podem ser corretamente extraídas as conclusões que acabaram por redundar na presente autuação. Verificouse que o contribuinte em epígrafe apresentou Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, para os anoscalendário Fl. 1183DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.184 3 de 2003 a 2005, fazendo constar o Código Nacional de Atividade Econômica CNAE 52.469/01 (COMÉRCIO VAREJISTA DE LIVROS). Nestes anoscalendár io o contribuinte optou pelo Lucro Presumido e observase em suas Declarações que sobre a quase total idade das receitas está incidindo um coeficiente de 8% (oito por cento). Ademais, verificouse que, ao contrário do que costuma ser constatado na atividade de comércio, onde o lucro efetivo oscila na faixa dos 8% (sendo esta justamente a razão que levou o legislador à adoção deste coeficiente para o Lucro Presumido) a margem de lucro do fiscalizado chegou a superar o índice dos 90% (noventa por cento), conforme se verifica, exemplificativamente, no quadro abaixo: (...) No entanto, como adiante será demonstrado, o contribuinte prestou falsa declaração ao informar que se tratava de um “comerciante de livros”, sendo que o coeficiente do Lucro Presumido adotado estava em dissonância com a atividade efetivamente exercida: o fiscalizado, que na verdade é um franqueador de método de ensino, escondese atrás da venda de material didático para furtarse a uma tr ibutação mais onerosa. (...) DAS CONSIDERAÇÕES Conforme se verifica no Contrato Social, datado de 01/06/1988, registrado na JUCESP sob n° 35208152996, em 22/07/1988, a pessoa jurídica foi constituída sob a forma de sociedade limitada, tendo como objeto social a exploração do ramo de “Comércio de Livros, Prestação de Serviços e Aulas e Traduções”. Posteriormente, através de Alteração Contratual, datada de 20/11/2003, registrada na JUCESP sob n° 313.339/030, em 17/12/03, houve considerável extensão de seu objeto social, que passou a contemplar as seguintes atividades: · Prestação de serviços de ensino livre, consultoria lingüística em geral, treinamento de pessoal, promoção de congressos e eventos lingüísticos; · Desenvolvimento e criação de obras originais tais como: livros, materiais didáticos e correlatos; · Intermediação, exploração e licenciamento de métodos, marcas e patentes, direitos autorais próprios ou de terceiros e demais atividades inerentes ao ensino, inclusive editoração e composição gráfica e eletrônica; · Comércio, importação e exportação de métodos, livros, materiais didáticos, jornais, revistas, discos, fitas, CD ROM, DVD, equipamentos eletrônicos, digitais, e de multimídia de comunicação para o ensino em geral, inclusive móveis e acessórios escolares; · Acessórios para acondicionamento de materiais didáticos, tais como: bolsas, pastas, malas, caixas para arquivo, artigos esportivos para a educação e condicionamento físico, uniformes, acessórios de vestuários e artigos para presentes; Fl. 1184DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.185 4 · Administração, incorporação e locação de imóveis próprios. Mas não é só pela abrangência de seu objeto social que esta fiscalização concluiu que a empresa WIZARD está longe de poder ser resumida em uma empresa que deve ser enquadrada como simples praticante do COMÉRCIO VAREJISTA DE LIVROS, JORNAIS E OUTRAS PUBLICAÇÕES. Após mais de um ano e meio de investigação, que envolveu consultas às declarações e relatórios apresentados pela fiscalizada, pesquisas e auditoria do banco de dados e inúmeros documentos, livros fiscais/contábeis, e oitiva de franqueados e exfranqueados, bem como de exfuncionários, esta fiscalização pode concluir e firmar convicção de que o contribuinte, no período de set/2003 a dez/2005, recolheu montantes equivalentes a apenas 1/4 do crédito tributário realmente devido em relação ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica quando, de forma simulada, camuflou seus contratos de franquia e indicou no cadastro do CNPJ o CNAE n° 52469/01 (COMÉRCIO VAREJISTA DE LIVROS), visando adotar o coeficiente indevido de 8% para o cálculo do Lucro Presumido, coeficiente este que, conforme adiante será demonstrado, é incompatível com a at ividade econômica praticada de fato pela empresa, qual seja: Franqueadora de Método de Ensino de Idiomas. Ressaltese que a fiscalizada, juntamente com outras 3 (três) empresas, faz parte de um grupo econômico, tendo este conjunto de empresas atuação integrada, sob a administração do sócio comum Carlos Roberto Wizard Martins , visando um objetivo central: a difusão do ensino de idiomas. Estas empresas são, além da fiscalizada, a: · LINX BRASIL DISTRIBUIDORA LTDA, CNPJ 04.443.892/000156, que atua como “braço logístico” na distribuição e venda do material didático aos franqueados da WIZARD e da ALPS; · ORION PROJETOS E EMPRENDIMENTOS LTDA, CNPJ 03.643.287/000166, cuja atividade é o empreendimento, construção, reforma, padronização e administração dos imóveis locados aos FRANQUEADOS WIZARD e ALPS; · ALPS DO BRASIL EDITORA E TREINAMENTO LTDA, CNPJ 4.392.909/000193, cuja atividade é o franqueamento do método de ensino de idiomas; DA ANÁLISE FISCAL Cabe ressaltar, desde logo, que a análise fiscal a seguir discorrida repete o texto que foi consignado no Termo de Verificação relativo ao auto de infração lavrado e amparado no MPF nº 0810400/00509/06 – processo administrativo nº 10830.006552/200614. Isto porque, a lavratura do presente Auto de Infração é também conseqüência dos fatos apurados em ação fiscal anterior. A WIZARD é uma empresa nacionalmente conhecida, cuja atividade é o franqueamento do seu método de ensino. E a fiscalizada não se importa em se apresentar, fora do âmbito da Secretaria da Receita Federal, como uma empresa cujo cerne negocial é a difusão, via franqueamento, de método de ensino. Fl. 1185DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.186 5 Ou seja, é a própria fiscalizada que denuncia exatamente qual é, de fato, a atividade que pratica. Não é outra conclusão a que se chega, ao analisarmos a cópia da peça inicial, encaminhada a esta DRFCampinas, mediante ofício n° 867/05, expedido, em 22/03/05, pelo Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da 10ª Vara Cível de CampinasSP, relativo ao processo judicial de n° 114.01.2005.0174217, movido pela fiscalizada contra LUIZ AUGUSTO FIGUEIREDO, exaluno, exdiretor operacional, exsuperintendente e exfranqueado WIZARD e outras pessoas jurídicas. Senão Vejamos. Consta da retro mencionada peça inicial, em seu item “II – Apresentação”: “II APRESENTAÇÃO Hoje a Wizard faz acess íve l seu d iferenciado método de ensino e a exce len te qual idade de seu ma teria l d idát ico à população brasi lei ra em centenas de cidades di s tr ibu ídas por todo te rri tór io nacional. No tota l , a au tora Wizard tem hoje mais de 1.200 franquias pe las quais presta serv iços a estudan tes dotados das mai s var iadas caracter ís t icas, reg iona is , cul tura is e econômicas. A abrangência geográf ica da atuação da Wizard nes te país de dimensões cont inen tai s é o jus to resu ltado de todo empenho e trabalho da autora, apt idões dos prof iss ionais l igadas ao min isté r io de aulas e também treinamento e desenvo lv imento daqueles l igados à at ividade gerencia l e ao corre to emprego do método de ensino . Tra ta se, em ou tras palavras, de enorme empenho que se desenvo lve por tre inamento específ ico e constante e impl ica gastos para superv isão es t ri ta de a tividades pe los f ranqueados;” (gr i fei) Não é por menos que, ao dar início aos trabalhos, a primeira informação que chamou a atenção foi a classificação fiscal, constante dos Sistemas da Secretaria da Receita Federal, adotada pela fiscalizada. Ainda que fosse um dos primeiros dados a ser analisado, causava espanto o fato da Wizard, uma franquia de ensino de idiomas nacionalmente conhecida, estar enquadrada na atividade de COMÉRCIO VAREJISTA DE LIVROS. Logo a seguir, verificouse que a quase totalidade das receitas era tributada a 8%, coeficiente ao qual se submetem os optantes pela sistemática do Lucro Presumido que exercem a atividade comercial. Então, como explicar que uma empresa, cuja atividade é a comercialização de franquia de método de ensino, ou seja, lide com a cessão de direito de qualquer natureza, se enquadre perante o Fisco Federal como simples “comércio varejista de livros”? Em primeiro lugar é necessário que se investigue o conceito de franquia à luz da legislação e da doutrina. (...) Logo, tendo em vista o acima disposto, no que diz respeito à classificação da franquia quanto ao tipo , verificase que a franquia do fiscalizado se enquadra na modalidade business format franchising ou “franchising de negócio formatado”, pois transfere sua marca e um conjunto de direitos de propriedade incorpórea, para que o franqueado opere, sob sua supervisão e assessoria técnica, a prestação do serviço de ensino de idiomas. E no que diz respeito à natureza do franqueamento é uma Fl. 1186DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.187 6 franquia de serviços, pois a qualidade na prestação de serviços é a principal fonte de atração para o consumidor final. Outra não é a conclusão que se chega da análise dos dispositivos existentes no contrato de franquia utilizado pelo fiscalizado. Citese, como exemplo, o que consta do preâmbulo do Contrato de Franquia Wizard Itajobi/SP, celebrado em 02.07.1997: “A Wizard possu i la rga exper iênc ia no ramo, t endo obtido sucesso, reputação e s igni f i cat iva cl ien te la por fo rça da uniformidade e do al to padrão dos seus cursos e serv iços;” (grifei) Citese, ainda, por exemplo, o que consta do Contrato de Franquia Wizard Itajobi/SP, celebrado em 08.10.2001, em seu sub item 1.1 (Objeto do Contrato e Preço): “1.1 O Obje to do presente Contra to é a concessão que a WIZARD faz ao FRANQUEADO, em caráter não exc lusivo, de todo o “know how” de montagem e operação de uma Escola , a lém do d ire i to de uso dos seus mé todos de ens ino e s is temas adminis tra tivos , mercadológicos, comerciais e operaciona is, bem como dos módulos de materia l didático , consis ten te em apos ti la s, l ivros, f i tas casse te , compact disk e vídeos, e laborados pe la WIZARD, e doravante simplesmen te designados MATERIAIS, para uso do FRAQUEADO". Portanto, muito embora o fiscalizado (franqueador) venda ao franqueado o material didático (que adiante será revendido ao aluno/consumidor final), o que está sendo transferido, essencialmente, são os direitos sobre a metodologia de ensino nele constante. Por outro lado, o franqueado não compra o material didático somente por força de uma imposição contratual, mas porque está nos livros e demais materiais de ensino o suporte didático para consecução dos fins de seu objeto social (qual seja, prestar serviço de ensino de idiomas). Não é demais lembrar que o próprio fiscalizado reconhece, na cláusula 12.4 do Contrato de Franquia, que o método por ele desenvolvido está inserto em seu material didático, elegendo, ainda, este método, como objeto de proteção contratual, ao impor indenização em caso de sua exploração após rescisão do contrato: “12.4 . Resc indido o presente contra to, por qualquer mo tivo, obriga se o FRANQUEADO a não explorar d i reta ou indiretamente, por s i ou por in termédio de tercei ros , a prestação de serviços vol tados para o ensino de id iomas que se jam baseados, aperfe içoados, iguais ou semelhantes ao método WIZARD, cons tante em seu materia l didático ou, a inda, que demonstrem terem d iscorrido de todo o conhecimento técn ico, adminis tra t ivo pedagógico e de “Know how” transmitido pe la WIZARD ao FRANQUEADO, em função do re lacionamento comercial havido”. (grifei) E o material didático, como se verá adiante, é a parte mais importante do “preço” da franquia. Ao se analisar o Contrato de Franquia da WIZARD percebese que até as penalidades são calculadas em números de “conjuntos didáticos”. O preço é um dos elementos essenciais do contrato de franquia e “normalmente o franqueado paga ao franqueador uma taxa de Fl. 1187DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.188 7 franquia, royalt ies e taxas periódicas” (Ana Cláudia Redecker, ob. cit, p. 49) (...) Estranhamente, em momento algum se constata na circular de oferta de franquia (muito embora a Lei n° 8.955/94 estatua que os royalties devem obrigatoriamente figurar na circular de oferta de franquia) o termo “royalties". Este termo só vem a surgir em alguns contratos de renovação. Mas explicase o desinteresse do fiscalizado pelos royalties: como é optante pelo Lucro Presumido ao tributar a quase totalidade de sua receita como “venda de material didático” ao invés de royalties (ou cessão de direitos de qualquer natureza), sujeitase ao coeficiente de 8%, escapando do coeficiente de 32%, aplicável às atividades de intermediação de negócios, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis ou direitos de qualquer natureza. O contribuinte considera que sua receita bruta é proveniente da “venda de material didático”. E aplica sobre a receita bruta o coeficiente de 8%. Ora, se por um lado é lícito ao contribuinte optar pela forma de constituição e gerência de seus negócios, não lhe é permitido, por outro lado, furtarse à essência de suas atividades somente para escapar a uma tributação mais onerosa. Em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material. (...) O que ocorre é que, de fato, o contribuinte é um franqueador de método de ensino e, como detentor de direitos sobre suas obras, veiculadas através de seu material didático, o que ele faz, ao vender este material aos franqueados, é transferir lhes estes direitos. Direito este que se transfere a cada aquisição, praticada pelo franqueado, de forma unitária, não global. Tanto que cada material só pode ser comercializado uma única vez, existindo cláusula contratual (7.11.3) que veda sua reutilização. (...) Por sua vez, o material didático não é oferecido ao público em geral, indistintamente, ou seja, não se trata de uma mercadoria de “prateleira”. Este material só é vendido ao franqueado, para que este possa revendêlo aos matriculados nos cursos. Portanto, se o fiscalizado vende seu material didático, a receita obtida deve ser oferecida à tributação como cessão de direitos (detidos pela WIZARD), vez que é a metodologia a essência da transação com o franqueado. Ou seja, o contribuinte não é um mero vendedor de material didático. Ao contrário, o que ele está franqueando, além da marca é, principalmente, o método de ensino. Verificase, pois, que a marca “WIZARD” é apenas a identificação de uma metodologia de ensino da qual a empresa detém os direitos. E que o material didático é o suporte físico desta metodologia. Perguntase: que atividade poderia o franqueado desenvolver se lhe fosse cedida apenas a permissão de uso da marca? Instalaria o logotipo “WIZARD” no Fl. 1188DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.189 8 alto de um prédio comercial, sem nenhum serviço a oferecer a terceiros? Não. Não só pela ausência de lógica, no caso em apreço, mas até mesmo porque o próprio contrato de franquia vincula o uso da marca ao ensino de idiomas (Cláusula 3.1). Obviamente, quando o consumidor se direciona a uma unidade franqueada que sustenta este logotipo, vai em busca de um curso de idiomas. (...) A declaração da at ividade da empresa como sendo venda de material didático acaba por encobertar a efet iva at ividade, ou seja, concessão/transferência de metodologia de ensino próprio/singular, cujo meio ou elo, é o acesso ao material didático, vendido de forma restr i t iva e condicionada à matricula junto à rede de FRANQUEADOS WIZARD, os quais, em função do al to preço praticado, são compel idos a simplesmente repassálos aos alunos a preço de custo, além de abarcarem para si todos os custos das unidades não revendidas ou do diferencial da quantidade mínima anual exigida pela FRANQUEADORA. Portanto, embutido no preço do material didático está a cessão da metodologia, o que permite a grande lucratividade que vem conduzindo a WIZARD a elevados índices de rentabilidade, conforme abaixo demonstrado, em detrimento de recolhimentos correspondentes a somente 1/4 (um quarto) da tributação devida em relação ao IRPJ Lucro Presumido, conforme pode ser exemplificado a seguir: (...) Prosseguindo, ao cotejar, por amostragem, alguns dados relativos aos respectivos contratos, podemos traçar o sistema de montagem de franquias, onde se verifica a existência de dois tipos de contratos: a) Contrato em que o FRANQUEADO dispõe de um imóvel próprio ou de terceiros e arca com todos gastos para moldálo ao padrão da rede WIZARD; b) Contrato conhecido como “Chave na Mão”, no qual o FRANQUEADO, ao adquirir a FRANQUIA, recebe da WIZARD, em locação, um imóvel totalmente pronto para iniciar suas atividades, já padronizado, o que inclui decoração, móveis, etc; Salvo os contratos firmados na modalidade “Chave na Mão”, onde existe um aporte inicial significativo a título compensatório das benfeitorias e investimentos da WIZARD, verificase que na maioria dos contratos, são cobradas taxas de adesão de franquia de valor bastante inexpressivo e ainda parcelados, quando não, por diversas vezes, constatase a isenção das taxas de adesão. Isto se deve ao fato de que a lucratividade expressiva está garantida e embutida na venda sistemática de material didático que o FRANQUEADO é obrigado a adquirir , conforme pode ser comprovado, por amostragem, através dos dados a seguir: (...) De todo o exposto concluise que o contribuinte é um franqueador de método de ensino de idiomas e por trás da operação de “venda de material didático” o que ocorre, na verdade é a transferência (que o Fl. 1189DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.190 9 fiscalizado procura disfarçar) dos direi tos referentes ao seu método de ensino. Apenas quanto à forma de recebimento pela transferência desses direitos, o contribuinte optou por pulverizála em diversos recebimentos (além da taxa de adesão), ou seja, ocorre a cada vez em que o franqueado adquire o material didático. Mas ao invés de tributálos como cessão de propriedade imaterial, os tributa simplesmente como venda de mercadorias. DA SIMULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO (...) Pontes de Miranda define a simulação como vício de vontade, e não de conhecimento. No caso em apreço há uma divergência entre a vontade real e a aparente: o fiscalizado quer transferir sua metodologia mas finge que apenas está vendendo material didático para seus franqueados. Enquadrase, pois, no inciso II, § 1°, do art. 167, do Código Civil em vigor. Ora, se o próprio contribuinte reconhece que transfere metodologia através de seus livros como justificar que não tributa esta operação como determina a legislação? O conjunto dos fatos colhidos é contundente no sentido de provar que o contribuinte simulou a transferência de metodologia (cessão de direi tos) através da venda do material didático. Esta fiscalização, para formação de sua convicção, além de ter analisado a escrituração contábil do fiscalizado, efetuou diversas diligências, tendo obtido oficialmente documentos do Poder Judiciário e colhido depoimentos de franqueados e exfranqueados e de exfuncionários. A prova indiciária de que se vale esta fiscalização é meio idôneo para referendar uma autuação, quando a sua formação está apoiada num encadeamento lógico de fatos e indícios convergentes, indícios estes não isolados. (...) E não se diga que estamos diante de um caso onde houve planejamento tributário. Onde há a simulação não existe espaço para o planejamento tributário. Cometer ilícito não é planejar. Ou seja, toda operação que tenha por efeito diminuir a carga tributária mediante atos ilícitos está excluída do campo do planejamento. (...) A presença da simulação é sentida quando se analisa o próprio conteúdo do contrato de franquia, onde se verifica que embora seu objeto seja a cessão de direi tos não está disciplinada a forma como essa cessão será remunerada, ou melhor dizendo, a remuneração está disciplinada como resultado de uma simples venda de mater ial didático. Fl. 1190DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.191 10 É como se o fiscalizado estivesse a dizer para seu franqueado: você nada me pagará pela cessão de direitos, objeto do contrato de franquia, bastando que adquira regularmente os meus materiais didáticos. Se analisássemos esta questão do ponto de vista das relações entre particulares talvez nenhuma importância tivesse. Mas em se tratando da relação entre Fisco e contribuinte a forma como a cessão de direi tos é remunerada exerce enorme influência, mormente quando o contr ibuinte opta pelo lucro presumido, regime no qual o coeficiente a ser aplicado depende da at ividade desenvolvida. Isto porque, quando o fiscalizado cede seus direitos, que estão embutidos em seu material didático, o resultado desta “venda” deve ser tributado como cessão de direitos e não como venda de mercadorias. Embora o objeto seja o franqueamento e a respectiva cessão de direitos sobre o método que distingue esta franquia, o contrato passa a maior parte do tempo a descrever a forma e freqüência com que o material didático será repassado aos franqueados, as restrições de uso que limitam sua utilização uma única vez por aluno, etc., chegandose ao ponto de estabelecer as penalidades em números de materiais didáticos. Como o conteúdo disposto na maior parte do contrato celebrado entre o fiscalizado e o fraqueado assume índole marcadamente mercantil, encobrese a real intenção, qual seja, a transferência da metodologia contida no material didático. Sob este prisma há uma verdadeira distorção do objeto contratual que é, em essência, a divulgação do método de ensino. E esta divulgação se dá por meio da transferência da metodologia aos franqueados. Neste sentido, vale transcrever, novamente, o item 1.1 do contrato firmado com os franqueados: (. . .) Ainda, chama a atenção o fato do franqueado ser obrigado a adquirir materiais didáticos independentemente do número de alunos matriculados. Senão vejamos. Consta da cláusula 5.09 e 5.10 do Contrato de Franquia: (. . .) Ora, a cobrança de um número mínimo estipulado de conjuntos didáticos dissociada da existência de alunos matriculados na rede franqueada acaba por se configurar numa maneira de se manter estável o “rendimento” por franqueado, o que possibilita ao fiscalizado “dispensar” a cobrança de royalties sobre estes materiais, já que os royalties estão “embutidos” no material didático. Na verdade, todo este intrincado arranjo, já no contrato celebrado com seus clientes, visa escamotear a real intenção do f iscalizado, qual seja, transferir a metodologia, embutindoa no material didático e ocultado este dado do fisco. Daí a ausência de necessidade de menção aos royalties/cessão de direitos. A Lei n° 8.955/94 estatui que os royalties devem obrigatoriamente figurar na circular de oferta de franquia. Está disposto em seu artigo 30, inciso VIII, alínea "a": Fl. 1191DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.192 11 (. . .) Ou seja, burlando a lei, o fiscalizado sequer disciplina os royalties em sua circular de oferta de franquia. A palavra royalties só vem a figurar contratualmente quando há a “renovação da franquia” que ocorre quatro anos após a celebração do primeiro contrato. Ainda assim, mesmo com sua previsão contratual, os royalties não chegam a ser cobrados. (...) O próprio fiscalizado, atendendo intimação lavrada em 19.09.2006, informou, em resposta datada de 02.10.2006, que “nenhum franqueado paga royalt ies quando da renovação ou aquisição da franquia” e que o valor pago pelos franqueados é o relativo à taxa inicial de franquia e à taxa de renovação da franquia. (...) Convenhamos, uma franquia de serviços sem royalt ies é algo tão absurdo que sal ta aos olhos até aos menos versados nas questões econômico/tr ibutár ias. Mas este fato não escapou à percepção dos franqueados. É impressionante observar que em depoimentos prestados por franqueados e exfranqueados, consta a afirmação de que o valor dos royalties está "embutido" no material didático. (...) O fiscalizado simula, pois finge vender apenas material didático quando, em essência, o que está a fazer é transferindo o direi to de uso de sua metodologia de ensino, embutido em seu material didático. A força motriz dos negócios da Wizard está centrada em sua metodologia de ensino contida no material didático. Tanto é verdade que a dependência do professor em relação ao material didático é total, assumindo o “professor” na verdade um perfil de instrutor, que segue à risca os “passos” contidos no “manual” de ensino. Os instrutores (contratados pelos franqueados) recebem treinamento do fiscalizado ou do próprio franqueado, treinamento este realizado em poucos dias. Ora, o que permite que o instrutor conduza uma sala de aula, após a habilitação em tão curto espaço de tempo é justamente o fato de estarem contidos no material didático todos os “passos” a serem seguidos. Do contrário, como poderia um instrutor, por mais habilitado que fosse, ser treinado em apenas uma semana, estando apto a ministrar aulas em até 10 (dez) níveis diferentes. É óbvio que não é isso que acontece. Na verdade, o professor tem completa dependência do material didático, onde está toda a metodologia, que é transmitida por intermédio deste material. O material didático funciona como um “manual de instruções”. Fl. 1192DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.193 12 (...) Outro fato que chama a atenção é que o fiscalizado não se incomoda em assoalhar alhures que é um franqueador de método de ensino, cuidando apenas de ocultar este dado da Secretaria da Receita Federal (perante a qual o contribuinte apresenta sua atividade como comércio varejista de livros CNAE FISCAL 5246 9/01). Senão Vejamos. (...) Ora, o f iscalizado só seria um simples vendedor de l ivros se estes não t ivessem relação com o método por ele desenvolvido e se este método não fosse o cerne de seu negócio e, ainda, se as vendas destes livros não fossem exclusivas. Se o próprio fiscalizado reconhece (perante terceiros que não a Fazenda Pública Federal) que seu negócio é a franquia de ensino, mas busca ocultar este dado da Receita Federal, não há como se ver inocência nesta atitude. (...) Já o cerne do negócio do franqueador não é a venda do l ivro e sim a cessão do método nele contido, funcionando o material didático apenas como meio material dessa difusão. O que está sendo vendido ao franqueador não são propriamente livros, mas sim um método diferenciado de ensino de idiomas. Apenas para furtarse a uma maior tributação o fiscalizado busca mostrarse ao Fisco como um “comerciante varejista de livros”. Não fosse suficiente a gravidade da ocorrência de simulação do negócio jurídico verificase, no caso em apreço, a quebra do princípio constitucional da igualdade tributária. Muito embora em sua evolução legislativa os coeficientes do lucro presumido tenham sofrido variações, é cediço que visam refletir o lucro efetivo médio de cada atividade econômica. (...) O contribuinte ao subverter a ut i l ização do lucro presumido, valendose de um art if ício simulatório, acaba também por quebrar o princípio da isonomia . (...) Ao simplificar a tributação, com adoção de percentuais sobre a receita bruta, o legislador se baseou na experiência vivenciada ao longo de décadas, e estipulou, por exemplo, o coeficiente de 8% para o comércio, pois verificou que este é, normalmente, o lucro efetivo do setor comercial. Mas o contribuinte está auferindo um lucro superior a 90% (noventa por cento), lucro este que está sendo, sistematicamente, distribuído a seus sócios com isenção de rendimentos. Só entre os anoscalendário de 2000 a 2005 foram distribuídos lucros isentos em montante superior a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais). Cabe, ainda, uma observação no que diz respeito à tentativa do fiscalizado de ocultar o fato de que na oportunidade de renovação dos contratos havia uma menção expressa quanto aos royalties. Fl. 1193DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.194 13 Através de Intimação, lavrada em 17.05.2005, foi solicitada a apresentação de cópias dos contratos de franquia, bem como das circulares de oferta de franquia. Em resposta, um modelo do contrato de franquia foi entregue a esta fiscalização, no dia 20.05.2005, juntamente com o modelo da “Circular de Oferta de Franquia Wizard”. No modelo da “Circular de Oferta de Franquia Wizard” não constava item específico sobre royalties. Também no modelo do “Contrato de Franquia Wizard” não constava o que corresponderia ao item "6" do contrato de renovação, que trata justamente do item "ROYALTIES". Ressaltese que esta fiscalização só tomou conhecimento da existência do item "6" ao confrontar o "Modelo" com os contratos que foram efetivados com os franqueados, obtidos após intimação lavrada em 15.08.2006, na qual, valendose do critério da amostragem, foram selecionados alguns franqueados. Sendo o contrato de franquia um documento da maior importância para o desenvolvimento da ação fiscal, e tendo o contrato de "renovação" de franquia sido utilizado pelo menos até o anocalendário de 2001, a sua apresentação, quando da intimação, era obrigatória. Intimado a justificar a não apresentação de modelo de contrato de franquia contendo, também, a previsão de cobrança de royalties o fiscalizado informou que esta fiscalização não tinha especificado que pretendia analisar todos os modelos de contrato utilizados e, assim, foi entendido que deveria apresentar apenas o modelo atual de contrato. Afirmou, ainda, que há mais de cinco anos não utiliza o modelo que contém a previsão de cobrança de royalties. Mas esta alegação não procede por três razões. A uma porque a Intimação se referia a "cópias dos contratos", portanto, no plural. A duas porque as exigências das intimações sempre se referiram a mais de um anocalendário. A três porque, ao contrário do afirmado pelo fiscalizado, não faz mais de cinco anos que este tipo de contrato não é utilizado. A única conclusão a que se chega é que o f iscalizado quis ocultar este dado da fiscalização. É necessário deixar bem claro que no curso da ação fiscal o contribuinte foi alertado verbalmente e através do conteúdo das intimações que um dos objetivos era verificar se os coeficientes do lucro presumido estavam corretamente aplicados, sendo, inclusive, lavrada intimação onde se questionou especificamente qual o critério utilizado pela empresa na tributação utilizando alíquota de 8% para a presunção do lucro no regime do Lucro Presumido. Em apertada síntese podese afirmar que não há dúvida que, à luz da doutrina, a franquia do fiscalizado é uma franquia de serviços, pois a qualidade na prestação de serviços é a principal fonte de atração para o consumidor final. Fl. 1194DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.195 14 Podese afirmar, ainda, que o objeto social é essencialmente a cessão de direitos sobre a metodologia. No entanto, o contribuinte classifica sua atividade, no plano tributário, como comércio de livros e o meio encontrado para fugir à tributação mais onerosa foi o de fingir estar vendendo apenas material didático quando, de fato, está efetuando a cessão de direi tos sobre a metodologia e, por este motivo, esta cessão não estava sendo tributada. Esta manobra permitiu com que o fiscalizado tributasse sua atividade a 8%, quando deveria ser tributada a 32%, e que os sócios recebessem, nestes cinco anos fiscalizados, lucros (isentos) que representam a quase totalidade do faturamento da empresa no mesmo período. O procedimento do contribuinte se amolda perfeitamente ao evidente intuito de fraude de que trata o inciso II, do art. 44, da Lei n° 9.430/96, uma vez que ao tr ibutar , deliberadamente, os valores recebidos efet ivamente como cessão de direi tos a t ítulo de venda de mercadorias, realizou ação que se não impediu ou retardou a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal , excluiu ou modificou as suas característ icas essenciais pela redução de seu montante devido, além de ter evitado ou diferido seu pagamento (art. 72, Lei n° 4.502/64). (...) IMPUGNAÇÃO Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 747 a 824, acatada como tempestiva. O relatório do acórdão de primeira instância assim resumiu os argumentos do recurso (fls. 954 a 963): Questiona a duração do procedimento fiscal (três anos e 5 meses), a juntada de um termo de verificação de trinta e nove folhas, e de um grande volume de documentos (três volumes). Contesta a imputação de simulação, na medida em que possui diversas atividades elencadas em seus objetivos sociais, tais como: (i) intermediação, exploração e licenciamento de métodos, marcas e patentes, direitos autorais próprios ou de terceiros e demais atividades inerentes ao ensino, inclusive editoração e composição gráfica e eletrônica; e (ii) comércio, importação e exportação de métodos, livros, materiais didáticos, jornais, revistas, discos, fitas CD ROM, DVD, equipamentos eletrônicos, digitais e de multimídia de comunicação para o ensino em geral, inclusive móveis e acessórios escolares, acessórios para acondicionamento de materiais didáticos, tais como: bolsas, pastas, malas, caixas para arquivo, artigos esportivos para a educação e condicionamento físico, uniformes, acessórios de vestuários e artigos para presentes. Afirma que as duas atividades estariam ligadas, haja vista ser uma empresa franqueadora de escolas de idiomas, com objeto social definido no item (i) acima. E explica: “(...) ocorre que ela cria e vende uma série de itens comerciais, produtos estes que são vendidos para a sua rede franqueada, e, por sua vez, alguns produtos são consumidos internamente na própria rede e o material didático e promocional é vendido para os alunos da rede”. Fl. 1195DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.196 15 Denuncia equivocada e absurda a conclusão da fiscalização de que “(...) toda a receita advinda da venda dos produtos não pode ser tributada pela Empresa Impugnante como receita de atividade comercial no coeficiente de 8% indicado para a apuração do lucro pela forma do lucro presumido, entendendo que tal coeficiente deveria ser o de 32% considerando que a Impugnante não vende um produto, mas faz uma cessão de direito de uso do método!”. Contesta a tributação do total da receita da venda dos produtos pela diferença entre os coeficientes de 12% e 32%, na medida em que se reconhece a existência dos produtos, sua comercialização e que o universo dos produtos vendidos não se restringiria ao material didático. Salienta ter oferecido à tributação no coeficiente de 32% a receita originada da adesão à rede de franquias, o que restaria comprovado na escrituração apresentada ao Fisco, e que a cessão de direito de uso consistiria em apenas um dos elementos do contrato de franquia. Refuta a imputação da multa qualificada pelo evidente intuito de fraude, na medida em que: (i) não teria havido qualquer questionamento sobre a base de cálculo declarada do tributo; (ii) toda documentação teria sido apresentada; (iii) todo o material apontado pela fiscalização teria sido efetivamente vendido. Em suas palavras: “Houve a operação e ela foi integralmente oferecida à tributação”. Procede a um histórico dos fatos considerados relevantes para a solução do litígio: (i) a ação fiscal contra a empresa teria se iniciado por solicitação do Ministério Público Federal – MPF e da 10ª Vara Cível da Comarca de Campinas/SP, em função de ação judicial de indenização, proposta pela Wizard contra Luiz Augusto Figueiredo e empresas das quais participa, por terem criado obras e produtos semelhantes ao da Impugnante; (ii) o procedimento de fiscalização teria tido a duração de três anos e cinco meses, não tendo a Wizard se furtado a apresentar qualquer dos itens solicitados. Apenas para justificar a demanda do MPF, a fiscalização teria se apegado à questão da atividade preponderante em vista do maior retorno financeiro estar na atividade comercial e não na atividade de venda de franquias; (iii) seria equivocada e sem fundamento a conclusão da fiscalização de que “(...) se a Wizard é uma empresa conhecida e reconhecida por ser uma franqueadora do método de ensino, toda a receita recebida tem que estar enquadrada como ‘cessão de direito de uso’’; (iv) destaca que ao fazer remissão às ações judiciais de indenização da Impugnante contra outras pessoas, por violação de regras de direitos autorais e de marcas e atos de concorrência de desleal, a fiscalização enfatizou apenas a atividade franqueadora da Wizard relativa ao método de ensino, sem fazer remissão às partes do texto que se referem à venda de seu material didático; (v) transcreve ou faz referência aos considerados frágeis fundamentos adotados pela fiscalização para repudiar a classificação da atividade econômica da Impugnante como “comércio varejista de livros”; Fl. 1196DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.197 16 (vi) esclarece a defesa que a Impugnante teria sofrido uma ação judicial por parte da “Associação dos Franqueados”, em função da qual, não poderia cobrar royalties dos franqueados (acordo?); (vii) contesta: (i) os depoimentos de dois exfuncionários, autores de reclamações trabalhistas contra a Wizard, tendo em conta o interesse que teriam de prejudicar a empresa; (ii) os depoimentos de franqueados a respeito de estarem os royalties embutidos no valor do material didático; (iii) a utilização de cláusula contratual não mais vigente nos contratos sob apreciação; (viii) a Wizard ser franqueadora de método de ensino seria fato incontroverso, “(...) mas isto não transforma a operação mercantil de compra e venda de produtos em cessão de uso de marca”; (ix) refuta a desconsideração de todas as operações mercantis realizadas pela Wizard, sob o fundamento de simulação, na medida em que os produtos e materiais teriam sido efetivamente vendidos, não se restringindo aos materiais didáticos, mas incluindo também produtos utilizados internamente nas escolas franqueadas, além de material publicitário e promocional. Nas preliminares, invoca a nulidade da autuação, tendo em conta a consideração de toda a receita das operações comerciais como receitas de cessão de direito de uso de metodologia. No mérito, a improcedência do lançamento, dada a licitude das operações mercantis, atividade distinta da cessão de direito de uso, a descaracterização da simulação e a inaplicabilidade da multa qualificada. Retoma os diversos objetivos sociais da empresa de atuar no segmento de ensino de idiomas, tendo buscado: (i) aliar a didática do método de ensino a um bom sistema de administração, e (ii) à criação e/ou exploração de livro/material didático de apoio para o ensino. A Wizard teria, assim, duas atividades principais: além se ser uma empresa franqueadora de ensino de idiomas, seria também comerciante dos livros para a rede de franqueadas. Descaracterizada, assim, estaria a tentativa de enganar a fiscalização ao indicar o CNAE de comércio varejista de livros, de vez que esta atividade sempre teria constado de seu contrato social e seria uma atividade relevante para a consecução de seus fins sociais. Contesta a não admissão pelo Fisco de a empresa poder atuar em mais de um segmento da economia, o que caracterizaria afronta ao direito constitucional da livre iniciativa, aumentando a sua rentabilidade pela conexão de seus objetivos sociais. Em suas palavras: “Assim, temse que a Impugnante realmente ganha por ser franqueadora e por ser ela a detentora dos direitos autorais do material didático, promocional e administrativo e por poder explorar este material. Ocorre que as atividades não se misturam para fins de tributação. Há o contrato de franquia, que contempla a cessão de direito de uso e os valores recebidos a este título são oferecidos à tributação no coeficiente de 32% e há todas as operações de compra e venda de material didático entre a Impugnante e toda a sua rede de franquia”. Fl. 1197DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.198 17 A lucratividade do empreendimento não poderia ser reputada ilegal ou ilícita, não afrontando o princípio da isonomia, na medida em que seria fruto de seu trabalho constante, com uma rede de 1200 franqueadas e uma clientela para a compra de seu material didático, administrativo e promocional. O fato de o percentual de lucratividade ser superior ao percentual de presunção do lucro do presumido não seria suficiente para tal imputação. Analisando a natureza jurídica do contrato de franquia, faz remissão à doutrina e à Lei nº 8.955, de 1994, para concluir que não se trata de mera prestação de serviços (obrigação de fazer), mas sim de uma ampla atividade contratual a envolver: (i) transferência de tecnologia; (ii) imposição de condutas; (iii) cessão de direitos; (iv) obrigação de aquisição de mercadorias; (v) licença de uso de marca; (vi) assistência técnica a ser prestada pelo franqueador ao franqueado; etc. Tratarse ia assim de um contrato misto ou complexo a envolver uma série de prestações de naturezas jurídicas distintas. Destaca que todos esses elementos estariam presentes nos contratos celebrados pela Wizard e, quanto à aquisição de um número mínimo de kits didáticos, tal previsão consistiria apenas num critério acerca da estimativa prevista do número de alunos da unidade e indicativo da performance do franqueado. Com base na legislação, afirma haver uma distinção entre a taxa de filiação (taxa de franquia) e a remuneração periódica pelo uso do sistema e da marca (royalties), sendo que esta última remuneração poderia ou não ser estipulada. Ademais, enquanto a taxa de franquia não teria um valor mínimo préestabelecido, os royalties deveriam corresponder a um percentual sobre o faturamento bruto auferido pelo franqueado. Para explicar por que alguns contratos teriam a previsão de cobrança de royalties e outros não, diz que somente a partir da Lei nº 8.955, de 1994, haveria amparo legal para a cobrança, e que os franqueados teriam intentado ação judicial contra a cobrança, na qual teria sido formalizado o seguinte acordo: “Os termos do acordo são os seguintes: a. Cláusula Primeira. Todos os franqueados da rede Wizard até a presente data, quer tenham contratos assinados anteriormente ou na vigência da Lei do franchising, quer tenham apenas relações de fato, em todas as diversas situações de contrato de condições ficam isentos da cobrança de quaisquer outras formas ou modalidades de Royalties, a qualquer título ou gênero, durante toda a sua permanência na rede Wizard por toda a relação presente e futura, inclusive em suas renovações de contrato ou assinatura de contrato para regularização de situação de fato”. Assim, antes da Lei nº 8.955, a Wizard recebia apenas a taxa de adesão e a taxa de renovação como receitas advindas do contrato de franquia e recebia o valor das vendas do material didático. Após a Lei, e em face da ação judicial, a empresa teria optado pelo acordo, deixando de cobrar royalties, “sem que t ivesse com isso, aumentado o valor do material didático, administrativo ou promocional” (grifos do original). Contrariamente ao imputado pela fiscalização, a empresa não teria agido ardilosamente ao deixar de cobrar os royalties, mas estaria impedida de cobrálos. Fl. 1198DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.199 18 Retoma a colocação de a empresa desenvolver atividades empresariais relacionadas, mas distintas, haja vista que uma referese a um bem incorpóreo (franquia) e outra a um bem corpóreo (comércio de livros). Nesse sentido, não se poderia dizer que a cessão dos direitos de uso da marca e a transferência de “know how” se fariam mediante a venda dos livros. Diz não haver cessão de direito autoral do autor para o leitor do livro adquirido em uma livraria, mas nem por isso o leitor deixaria de ser proprietário do bem corpóreo adquirido (o livro). Defende que os contratos de franquia entre a Impugnante e seus franqueados foram firmados dentro do âmbito da autonomia privada da empresa, ou seja, do poder que lhe foi outorgado pelo ordenamento, de acordo com as regras vigentes e com a chancela do Poder Judiciário. Ressalta que a despeito do contrato de franquia ter como característica a autorização do uso da marca e o acesso à estrutura organizacional desenvolvida pelo franqueador, não haveria obrigação do franqueado de pagar royalties, mas apenas que fossem explicitadas, por meio da Circular de Oferta, emitida pelo franqueador, todas as minúcias da relação contratual a ser estabelecida, inclusive se seriam cobrados royalties e qual o percentual. Defende que no mercado relativo às escolas de idioma não seria comum a cobrança de taxas de franquia, de royalties e de propaganda, e que os valores cobrados pela Impugnante a título de taxa de franquia seriam convergentes com aqueles praticados pelo mercado. Conclui pela licitude, validade e eficácia de um contrato de franquia sem a cobrança de royalties. Ademais, além dos objetos comuns em todos os contratos de franquia – (i) cessão de uso de marca; (ii) assistência técnica; (iii) transferência de knowhow – não haveria óbices para que as partes entabulassem outros negócios. Nesse aspecto, ressalta que apesar da classificação doutrinária dos contratos de franquias – (i) de comercialização; (ii) de indústria; e (iii) de serviços –, nada impediria que uma franquia classificada como franquia de serviços, envolvesse também a comercialização de produtos. Diz que a fiscalização teria confundido os conceitos de “transferência de direitos” e “autorização/ concessão de uso”, e relações jurídicas corpóreas e incorpóreas, o que macularia a autuação. Em suas palavras: “Se a qualidade da prestação de serviços é um chamariz para o consumidor final, isso não quer dizer que todas as atividades da Impugnante tenham de ser franquia de serviços, nem tampouco que a atividade mais economicamente rentável tenha que ser a exploração da franquia”. Contesta a imputação fiscal de que seu método estaria inserto no material didático, argumentando que se assim fosse “o consumidor final também seria o detentor da metodologia. Que os franqueados são todos aqueles que estão em poder do material didático e, assim, qualquer um que tivesse acesso aos livros e materiais didáticos sairia falando e ensinando idiomas sob a insígnia Wizard”. Em síntese, apesar de se reconhecer como uma franqueadora de escola de idiomas, não haveria impedimentos para que a Impugnante atuasse também no comércio de livros. Fl. 1199DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.200 19 Requer a nulidade do lançamento por erro na determinação da base de cálculo, sob os seguintes fundamentos, em síntese: 1. a fiscalização considerou TODA a receita advinda de produtos vendidos pela Impugnante como cessão de direito de uso; No entender da defesa, seria necessário que fosse segregada parte da receita como decorrente dos negócios jurídicos de compra e venda efetivamente praticados pela Impugnante, “inadmissível considerar TODA a receita como oriunda da ‘cessão de direito de uso’, sem qualquer distinção entre material didático, material administrativo e material promocional, até mesmo porque isso seria perfeitamente possível frente a todos os dados e informações constantes dos documentos fiscais analisados e das declarações, informações e documentos particulares apresentados pela Impugnante”. Da forma como efetivada, a autuação teria procedido à descaracterização da atividade de compra e venda de material didático. Todavia, a autuada realizaria também compra e venda de material promocional e administrativo, “tudo como parte da estrutura da franchising, e isso, em momento algum, foi levado em conta pela fiscalização”. Argúi que os fundamentos fáticos adotados na autuação estariam desvirtuando a realidade vivenciada pela empresa, desconsiderando negócios jurídicos efetivamente praticados, e renegando seu próprio objeto social. Faz referência a decisões do Conselho de Contribuintes, que assinalam ser necessária a segregação das receitas, segundo a atividade da qual decorrem, para fins de determinação do coeficiente de determinação do lucro presumido. Faz um paralelo com a jurisprudência do Conselho de Contribuintes acerca da também necessária segregação dos resultados das cooperativas, para concluir: “(...) não há como, simploriamente, se desqualificar completamente a Impugnante como ‘comerciante de livros’ porque ela pratica outras atividades, assim como não há como de desqualificar uma cooperativa porque ela pratica atos não cooperativos”. 2. A fiscalização não trouxe qualquer critério para classificar como royalties a totalidade dos valores recebidos pela Impugnante, sequer atendendo ao percentual costumeiramente admitido para a definição desses pagamentos; Em seu entender o lançamento somente poderia subsistir se houvesse um critério para a determinação das receitas de royalties e das outras receitas da atividade (comércio de material didático, administrativo e de propaganda), regularmente comprovadas pelas notas fiscais de compra e venda. Destaca, novamente, que a franquia não se restringe a cessão de direito de uso. Ademais, de acordo com o princípio da autonomia da vontade, a Impugnante não estaria obrigada a receber uma remuneração periódica de seus franqueados (royalties), incidente sobre as matrículas ou sobre os materiais vendidos. Retoma colocações anteriores acerca do mercado de franquias das escolas de idioma, no qual não seria comum a cobrança de royalties, para acrescentar que estes Fl. 1200DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.201 20 jamais poderiam refletir todo o valor da operação, mas apenas um percentual sobre a atividade do franqueado, convencionado doutrinariamente em torno de 2% e 5%. 3. A fiscalização pretendeu enquadrar a atividade de franquia no coeficiente de 32% para a determinação do lucro presumido quando, consabidamente, tal atividade não é prestação de serviços, tampouco é isoladamente cessão de direito de uso”. Aponta o equívoco da fiscalização ao qualificar a atividade como sendo franchising e depois considerála como “cessão de direito de uso”, requerendo o reconhecimento de cerceamento de direito de defesa, “(...) dado que a ela [Impugnante] sequer resta claro se sua atividade está sendo classificada como ‘franquia’ ou, isoladamente, como ‘cessão de direito de uso’. Prossegue defendendo que apesar de ser uma franqueadora, a sua atividade não poderia ser considerada como “cessão de direito de uso”, porque “o contrato de franquia engloba a cessão de direito de uso da marca e da tecnologia, porém a esses elementos não se resume”. Destaca que a Impugnante pratica atividade de franquia e não simplesmente de cessão de direito de uso, o que afastaria a incidência do art. 519, III, “c” do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, que prescreve a aplicação do percentual de 32% sobre a receita bruta das atividades de “administração, locação ou cessão de bens, imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza” [grifos do original]. Em suas palavras: “Impraticável, portanto, o enquadramento da atividade da Impugnante na ‘cessão de direitos de uso’, porquanto FRANQUIA NÃO É APENAS ‘CESSÃO DE DIREITO DE USO’, mas, consoante já amplamente debatido, se consubstancia num contrato complexo, que contempla diversas atividades, com naturezas jurídicas absolutamente distintas, inclusive (mas não somente) a cessão de direitos” [grifos do original]. Contesta também a classificação da atividade de franquia exclusivamente como prestação de serviços, enquadrada no art. 519, III, “a” do mesmo regulamento, advogando ser a franquia um contrato híbrido, que “paralelamente à prestação de serviços, contempla outras atividades (transferência de tecnologia, imposição de condutas, fornecimento de materiais, etc.), todos com natureza completamente diversa da prestação de serviços propriamente dita”. Acrescenta que a Impugnante não desempenha prestação de serviços na área de ensino de idiomas, mas atua exclusivamente como franqueadora. A atividade de prestação de serviços de idiomas é prestada pelas franqueadas. No mérito, retoma toda a argumentação acerca da licitude de suas operações e procedimentos, dizendo da previsão em seu contrato social de ambas as atividades (franquia e comércio varejista de livros), e que a atividade de comércio varejista de livros seria mais representativa financeiramente por ter a Impugnante “um mercado que necessita e consome, ininterruptamente, seus produtos” [destaques do original]. Afirma não poder ser comparada a um comerciante de livros comum, “que não tem um público certo, determinado e – mais que isso – constante”. Nesse contexto, ressalta, ainda, que, contrariamente aos pressupostos adotados pela fiscalização, o material didático fornecido pela Wizard é uma Fl. 1201DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.202 21 condição necessária, mas não suficiente para o ensino do idioma [destaques do original]. Explica que a taxa de franquia cobrada no ato da assinatura do contrato, visa a remunerar: (i) o fornecimento do projeto arquitetônico; (ii) a licença de direito ao uso da marca; (iii) a transferência de knowhow e tecnologia; (iv) apoio à inauguração da unidade; (v) assistência inicial à operação da franquia; (vi) treinamento inicial do franqueado e de seu coordenador pedagógico e comercial na sede da Wizard ou pela Wizard TF; (vii) operações perenes sobre a operação de uma unidade Wizard. Com base na definição do contrato de compra e venda, contida nos arts. 481 e 482 do Código Civil, diz não ser possível a descaracterização das vendas dos materiais didáticos, promocionais e administrativos. Em suas palavras: “(...) NÃO EXISTE ILICITUDE ALGUMA NA CONDUTA DA IMPUGNANTE, uma vez que ela pratica realmente operações típicas de compra e venda, cujas receitas – afora quaisquer discussões paralelas – incluemse no coeficiente de 8% do lucro presumido, o que, no entanto, não foi considerado pela fiscalização” [grifos e destaques do original]. Para caracterizar de absurdo o argumento do Fisco de que sob a roupagem de material didático estaria a cessão de direito de uso da metodologia, enfatiza ser o aluno, e não os franqueados, o destinatário final do material fornecido. Assim, “(...) admitir que com a venda do material didático há transferência de knowhow (...) significa dizer que esse knowhow é transferido aos alunos (e não aos franqueados), o que é totalmente absurdo!” No entender da defesa, a fiscalização teria confundido o objeto da atividade de franquia (pelo qual a autuada seria remunerada em valores inferiores à atividade de venda de seus produtos), com a venda de produtos, que não é objeto da franquia. Questiona o percentual de lucratividade apontado pelo Fisco (90%), mas afirma: “tal margem, que até pode vir a ser alcançada, decorre, única e exclusivamente das condições do negócio da Impugnante, que consegue aliar a existência constante de um mercado para seus produtos a um baixo custo de produção”. Explica que, dada a escala com que adquire seus livros, conseguiria obter junto às gráficas significativa redução de seus custos e, em contrapartida, encontraria mercado para consumir seus produtos no preço que pratica, o qual estaria na média para seu segmento de atuação. Todavia, destaca que a margem de lucro não seria a mesma para os livros de inglês (maior) e de alemão (menor). Na explicitação da natureza dos produtos comercializados pela Wizard, não haveria como descaracterizar o material didático como mercadoria, nos termos das regras de classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul, baseada no Sistema Harmonizado. E conclui: “Assim, caracterizado o conjunto didático como mercadoria identificada pelo livro, como elemento essencial, o tratamento fiscal adequado é o do próprio livro. Desta forma, considerando que atividade preponderante da Impugnante de venda desse material didático (kit) aos franqueados é uma atividade comercial – comércio de livros – o critério utilizado para a Fl. 1202DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.203 22 definição do coeficiente de determinação do lucro é o previsto no art. 15 da Lei nº 9.249/95, bem como na regra geral estabelecida no art. 518 do Decreto nº 3.000/99”. No entender da defesa, a conclusão do Fisco de que se trata de cessão de direitos ou de que os royalties estariam embutidos no preço do material didático, afrontaria o art. 110 do CTN. Destaca novamente que os materiais didáticos seriam necessários, mas não suficientes ao ensino do idioma. Requer a improcedência da autuação. Protesta contra a incidência de multa qualificada por evidente intuito de fraude, por não restar caracterizada a simulação, em face dos seguintes argumentos: “1. não houve a t ip i f icação da conduta da Impugnante nos t ermos da Lei nº 4 .502 /64 , ressal tandose que ta l dip loma sequer es tá re lacionado no ‘Enquadramento Lega l’ ut i l i zado pela Fiscal ização ; Nesse contexto, afirma ser necessário: (i) o exato enquadramento a qualquer das condutas tipificadas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 7.502, de 1964, a caracterizar cerceamento do direito de defesa; (ii) a comprovação do dolo do agente. Defendese asseverando não ter adotado medidas com o intuito de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador. Em suas palavras: “não ‘fingia’ realizar operações de compra e venda, (...) tais operações efetivamente ocorreram, e como tais foram informadas ao Fisco, inclusive porque toda a receita delas advinda foi regularmente oferecida à tributação (...)” Consigna também ter cooperado plenamente com a fiscalização, atendido a todas as intimações, “tendo esclarecido, minuciosamente, suas atividades, a forma de condução de seu negócio, tudo lastreado na mais ampla documentação (contrato social, contratos de franquia, livros contábeis, relação de bens de seu ativo imobilizado, relação de franqueados, etc...) além de justificar questões tais como a formação de seu preço, volume de vendas, margem de lucro etc...”. 2. não cabe a caracterização da fraude com base no Código Civil, dado que a multa agravada está prevista na Lei nº 4.502/64; Assevera não ser possível a utilização de instituto de direito civil (simulação) para produção de efeitos tributários que somente seriam aplicáveis nas hipóteses de sonegação, fraude ou conluio. Questiona o caráter indiciário das provas produzidas e a fragilidade da prova testemunhal. 3. ainda que, por mera hipótese argumentativa, fosse possível a caracterização da simulação, nos termos do Código Civil, sua concretização dependeria da participação de suas partes, em conjunto, o que, no presente caso, implica em se cogitar o absurdo de que a simulação teria contado com a participação dos mais de 1200 franqueados”. Procede à juntada de conjunto (kit) de material didático e composição dos kits de material didático. Fl. 1203DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.204 23 ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) julgou o lançamento procedente, em acórdão que possui a seguinte ementa (fls. 920 a 982): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 30/09/2003, 31/12/2003, 31/03/2004, 30/06/2004, 30/09/2004, 31/12/2004, 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 Lucro Presumido. Franquia de Escolas de Idioma. Fornecimento de Materiais. Percentual de Presunção. Configura cessão de direitos de qualquer natureza o contrato de franquia em que se prescreve a cessão de direitos de uso da marca, do nome e logotipo de empresa do segmento de escolas de idiomas, assim como, a cessão de direitos de uso dos métodos de ensino e sistemas administrativos, mercadológicos, comerciais e operacionais. As receitas decorrentes de fornecimentos de materiais didáticos, administrativos e publicitários, efetuados pela franqueadora às franqueadas, e regidos pelas normas condicionantes e restritivas do contrato de franquia, constituemse em remuneração indireta do contrato, e devem receber o tratamento tributário específico previsto para as receitas decorrentes de cessão de direitos de qualquer natureza, submetendose ao percentual de presunção do lucro de 32% (trinta e dois por cento). Não é por ser a franquia um contrato complexo, que seria possível a sua fragmentação em diversos outros contratos, sob pena de completa descaracterização de sua natureza jurídica. Fraude. Caracterização. Configura fraude a informação prestada à SRF acerca da atividade principal da empresa, como sendo o comércio varejista de livros, tendo em conta fornecimentos de materiais exclusivamente às empresas franqueadas, efetuados no âmbito e sob as regras e condições restritivas de um contrato de franquia. O procedimento fraudulento se vislumbra também na modificação dolosa de características essenciais do fato gerador (base de cálculo), na escrituração e nas declarações apresentadas de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar o seu pagamento. Multa Qualificada. Sanção Administrativa e Patrimonial. Inaplicabilidade das Normas e Princípios do Direito Penal. As normas e princípios do direito penal, relativas a excludentes de ilicitude ou dirimentes, tendo em conta as sanções restritivas de liberdade ali cominadas, não são aplicáveis às sanções administrativas de caráter exclusivamente patrimonial, previstas no âmbito do direito tributário, ainda que fundamentadas em condutas qualificadas pelo dolo. Lançamento Procedente Fl. 1204DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.205 24 Os fundamentos dessa decisão foram os seguintes: a) não há como se separar, como atividades distintas da empresa, o fornecimento de materiais didáticos, administrativos e publicitários e a atividade de franquia de escolas de idiomas. Na verdade, o fornecimento de materiais não é uma atividade independente do contrato de franquia, tendo em conta que somente os franqueados recebem os materiais didáticos, administrativos e promocionais/publicitários fornecidos pela franqueadora, configurandose, portanto como uma atividade acessória e completamente dependente do contrato de franquia; b) os franqueados não adquirem do franqueador tais materiais didáticos, administrativos e promocionais, pelas regras da oferta e da procura, mas em razão das cláusulas vinculantes do contrato de franquia que estipulam a obrigatoriedade de aquisição de tais materiais pelos franqueados; c) além de não poderem os franqueados utilizar quaisquer outros materiais didáticos, administrativos ou publicitários que não fossem aqueles fornecidos pela franqueadora, ficavam ainda proibidos de exercer qualquer outra atividade conflitante ou concorrencial à atividade dos outros franqueados, proibição esta estendida a seus cônjuges, dependentes e seus funcionários e prepostos, no período do contrato e nos 12 (doze) meses subsequentes ao seu término; d) no âmbito dos contratos apresentados, a remuneração relevante não é a taxa de franquia ou os royalties, mas a remuneração devida em função dos contratos de fornecimento previstos no âmbito e sob as regras do contrato de franquia. Na verdade, inferese de tais cláusulas contratuais que, de fato, a cobrança de royalties, com base nas compras, deveria ser equivalente à cobrança efetivada com base no faturamento, tanto que a partir do momento em que abolida esta última, a cobrança teria passado a ser indireta totalmente a partir das cláusulas sobre obrigatoriedade de aquisição e fornecimento de materiais; e) a alta lucratividade do empreendimento não é fruto, como pretende fazer crer a defesa, de uma performance destacada da empresa no mercado de venda de livros, mas decorrente dos contratos de franquias, nos quais os franqueados têm a obrigação de adquirir todos os materiais didáticos, administrativos e promocionais/publicitários fornecidos pela franqueadora, nas condições expressamente préestabelecidas. Não há como desvincular da cessão dos direitos de uso da marca, logotipo, nome fantasia e da metodologia Wizard, do fornecimento dos materiais que é efetuado apenas no âmbito de tais contratos; f) equivocase a defesa ao argumentar que, dada a complexidade das relações jurídicas envolvidas em um contrato de franquia, seria possível a sua fragmentação: de um lado, o contrato de franquia; e de outro, o fornecimento de materiais. Ressaltese: não existe um contrato de fornecimento de materiais dentro de um contrato de franquia, sob pena de descaracterização deste último; g) não seria possível realmente dar à Impugnante o mesmo tratamento tributário de uma livraria, dedicada ao comércio varejista de livros, porque a Wizard é uma empresa de franquia de escola de idiomas, e que, no âmbito de tais contratos, fornece os materiais imprescindíveis aos franqueados, para o desempenho de sua atividadefim, qual seja, a prestação de serviço de ensino de idiomas; Fl. 1205DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.206 25 h) a partir dos pressupostos fáticos e jurídicos acima expostos, a remuneração de todo o fornecimento de materiais efetuado pela franqueadora às franqueadas, regido pelas normas de um contrato de franquia, é remuneração indireta do contrato de franquia, devendo receber o tratamento tributário específico previsto para as receitas decorrentes de cessão de direitos de qualquer natureza, conforme previsto no art. 518, §1º, III, “a”, “b” e “c” do RIR/99; i) não subsiste a imputação de simulação nos contratos de franquia, porque todos os preceitos previstos nos contratos apresentados convergem para a confirmação de sua natureza jurídica, como sendo, definitivamente, uma franquia, contrato em que são juridicamente possíveis: (i) a previsão de fornecimento pelo franqueador aos franqueados de materiais necessários ao desempenho da atividadefim do franqueado (in casu, a prestação de serviços de ensino de idiomas); e (ii) a estipulação de remuneração direta (taxa de filiação e royalties) e/ou indireta (como, por exemplo, a remuneração dos fornecimentos de materiais, efetuados no âmbito do contrato). Conforme bem assinalado pela defesa, tais disposições contratuais, além de lícitas, estariam no âmbito da autonomia das partes contratantes; j) divergese do entendimento da fiscalização de que consubstanciaria simulação a ausência de cobrança de royalties e a remuneração do contrato, mediante o fornecimento exclusivo de materiais pela franqueadora. Na verdade, o problema não se localiza no contrato de franquia, mas na indevida qualificação da atividade da Wizard, franqueadora de escolas de ensino de idiomas, como comerciante varejista de livros; k) em assim sendo, cumpre reconhecer a fraude, na tentativa da contribuinte de impedir ou retardar o conhecimento pelo Fisco Federal de sua atividade econômica, mediante a apresentação dolosa de falsa declaração do CNAE, fato este que, conseqüentemente, também teria impedido ou retardado o conhecimento pela autoridade fiscal das reais dimensões do fato gerador, por ter modificado suas características essenciais (base de cálculo); l) adotados tais fundamentos, e também aquele de que a autuada se defende dos fatos imputados e não do enquadramento legal da exigência, a imputação da multa qualificada subsiste, na medida em que a contribuinte, apesar de se reconhecer como uma empresa franqueadora de escolas de idioma, que aufere todas as receitas de sua atividade dos contratos de franquia com suas franqueadas, informou, indevida e dolosamente, o comércio varejista de livros como sua principal atividade operacional; m) é inegável a sonegação (art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964): ao informar, no CNAE, a atividade de comércio varejista de livros, materiais estes que foram fornecidos no âmbito e sob as regras e condições restritivas de um contrato de franquia, a contribuinte adotou uma ação dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária de suas condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Igualmente, podese inferir de todas as circunstâncias apresentadas que em assim agindo, também configurada está a fraude stricto sensu (art. 72), na medida em que foram modificadas, na escrituração e nas declarações apresentadas, as características essenciais do fato gerador, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar o seu pagamento. Fl. 1206DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.207 26 RECURSO AO CARF Cientificado da decisão de primeira instância em 12/3/2009 (fl. 987), o contribuinte apresentou, em 27/3/2009, o recurso voluntário de fls. 988 a 1.065, acompanhado dos documentos de fls. 1.066 a 1.179, onde repete a argumentação trazida na manisfestação de inconformidade, bem como contesta os fundamentos do acórdão de primeira instância. Inicia informando que a autuação do processo administrativo nº 10830.006552/200614, relativa ao IRPJ incidente sobre os mesmos fatos nos anos de 2000 a 2005, foi julgada improcedente pela 3a Câmara da 1a Seção do CARF, que reconheceu a licitude das operações mercantis praticadas. A seguir, afirma que a decisão da DRJ altera a fundamentação do lançamento, e assim decreta sua insubsistência. Isso porque a Fiscalização considerou que, em cada operação de venda de material didático, o contribuinte estaria transferindo o seu knowhow, e que a cessão de direito de uso da metodologia deveria ser tributada com a alíquota de 32% da CSLL. Já a decisão recorrida alterou tal fundamento, ao mudar a motivação fática do auto de infração, para admitir que não se trata de realizar a cessão de direito de uso de metodologia a cada operação de compra e venda de material didático, mas sim que a operação mercantil de compra e venda de material didático, administrativo e promocional/publicitário ocorre num contrato de franquia e, daí, entendeu que tal operação se descaracteriza da atividade mercantil para se enquadrar na atividade de franquia. Em seguida, expõe dois grandes equívocos da decisão recorrida, reconhecidos pela decisão do CARF que anulou o lançamento de IRPJ: (a) pressupor que há uma típica “atividade de franquia” que engloba todas as atividades previstas no contrato de franquia, bem como as relações daí decorrentes e impossibilita que tais atividades sejam fragmentadas, inclusive para fins fiscais; (b) pressupor que tal atividade de franquia se resume à cessão de direito de uso de qualquer natureza. Para o primeiro item, afirma que a franquia é contrato complexo, formado por múltiplas atividades, que devem ser vistas como um todo para que se possa entender a atividade da franquia, mas essas atividades não perdem a sua característica essencial e primeira (o que for licença de uso continua como licença de uso e assim deve ser oferecido à tributação, o que for compra e venda continua como compra e venda e assim deve ser oferecido à tributação). Para o segundo, defende que, apesar de na franquia existir a cessão da marca, do método, ou do knowhow, ela não se resume a essa atividade, e assim oferece à tributação cada operação de forma diversa, como lhe possibilita a legislação. Esclarece ainda que não desempenha a prestação de serviços na área de ensino de idiomas, mas atua, exclusivamente, como franqueadora, fornecendo todo o know how (estrutura pedagógica, didática e administrativa) necessário para a consecução da atividade de ensino de idiomas pelas suas franqueadas. Por conta disso é que suas franqueadas e somente elas é que poderiam ser qualificadas como “prestadores de serviços de ensino de idiomas”, jamais a franqueadora. Fl. 1207DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.208 27 Defende, também, que o lançamento é nulo porque houve equívoco na tomada da base de cálculo pela Fiscalização, pois se considerou que toda a receita auferida derivava da cessão de direito de uso, sem qualquer distinção entre material didático, material administrativo e material promocional, o que seria perfeitamente possível frente a todos os dados e informações constantes dos documentos fiscais analisados e das declarações, informações e documentos particulares apresentados. Acrescenta que tomar toda a receita auferida pela Recorrente como decorrente de cessão de direito de uso, exclusivamente, implica, a contrario sensu, em reconhecer que ela simplesmente não participa de operações de compra e venda de materiais o que, entretanto, não converge à realidade! E isso porque a realidade de seu negócio atesta, com inabalável clareza, que são constantemente efetivadas vendas de materiais didáticos, promocionais e administrativos, inclusive porque há autorização em seus documentos societários para tanto, fato este que não pode ser simplesmente desconsiderado pela fiscalização. Pugna, ainda, que se decrete a improcedência do auto de infração, vez que as operações mercantis estão perfeitamente caracterizadas e a receita delas advinda deve ser tributada com base no percentual de 12% para apuração da CSLL. Quanto à multa qualificada, afirma que a autoridade fiscal a aplicou sob o fundamento de simulação, o que foi afastado pela decisão recorrida, que manteve a penalidade com base em fraude, caracterizada pela falsa declaração dolosa do CNAE pelo contribuinte. Contudo, defende que não é possível se admitir a alteração do lançamento pela autoridade julgadora que, ao não admitir o motivo alegado pela fiscalização para o lançamento da multa qualificada, torna o lançamento da penalidade como inválido por falta de causa. Além disso, para a aplicação da multa qualificada, seria necessária a precisa tipificação da conduta do contribuinte, em uma das hipóteses da Lei nº 4.502, de 1964, o que não ocorreu. Já quanto ao argumento da DRJ de que houve sonegação pela indicação dolosa da atividade de comércio varejista de livros no CNAE, argumenta que pratica operações de compra e venda de livros, atividade esta que consta de seus documentos societários e que é relevante para a consecução de seus fins. Ademais, a indicação da atividade no CNAE, ainda que incorreta (o que não é o caso, mas é aventado para fins de argumentação), não seria suficiente a embasar a imposição da penalidade qualificada, dado que a legislação não contempla tal hipótese, não há tipificação legal para tanto. E ainda, esclarece que sempre declarou a atividade de venda de livros ao Fisco, de sorte que não há como se alegar que a autoridade fazendária desconhecia suas condições pessoais de contribuinte, ou que buscou modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária. Ao final, pugna pelo provimento do recurso voluntário. Este processo foi a mim distribuído no sorteio realizado em fevereiro de 2014, numerado digitalmente até a fl. 1.181. Esclareçase que todas as indicações de folhas neste voto dizem respeito à numeração digital do eprocesso. Fl. 1208DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.209 28 O processo foi incluído em pauta pela primeira vez na sessão de 27 de agosto de 2014, mas não foi apreciado em função de pedido de vista. É o relatório. Voto Conselheiro José Evande Carvalho Araujo, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. O presente lançamento decorre da alteração do percentual de presunção das bases de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL do 3º trimestre de 2003 ao 4º trimestre de 2005, no regime do Lucro Presumido, de 12% para 32% da receita bruta auferida, por se considerar que os rendimentos originalmente declarados como decorrentes de vendas de livros, na verdade se referiam à cessão de direitos de uso de marca, com a aplicação de multa agravada por se entender comprovado o intuito simulatório. Observese que os mesmos fatos já foram apreciados no processo n° 10830.006552/200614, relativo ao IRPJ dos anos de 2000 a 2005, onde se alterou o percentual de presunção do lucro de 8% para 32%, sendo que o lançamento foi cancelado pelo CARF, com a decisão confirmada pela CSRF, estando pendente a análise de embargos de declaração. Primeiro, o Acórdão n° 120100.011, da 3a Câmara do 1o Conselho de Contribuintes, julgado na sessão de 11 de março de 2009, sendo redator do voto vencedor o Conselheiro Antonio Carlos Guidoni Filho, deu provimento ao recurso voluntário em decisão assim ementada: Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2001 a 2006 IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. CONTRATO DE FRANQUIA. O contrato de franquia é, por sua natureza, contrato híbrido, que se constitui de um plexo de relações jurídicas diferentes entre si. O contrato de franquia implica, dentre outras, as atividades de cessão de direitos, cessão de knowhow, distribuição, prestação de serviços, venda de mercadorias, etc.. O art. 519 do RIR/99 contempla a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para apuração da base de cálculo do lucro presumido. No caso, os elementos dos autos evidenciam ser insustentável a pretensão fiscal de tributar a totalidade das receitas auferidas pela Recorrente pelo percentual de 32% do lucro presumido, a fundamento de serem (todas elas) decorrentes da cessão de direitos e/ou prestação de serviços, já que é fato incontroverso o de que a contribuinte também tem por objeto social a comercialização de mercadorias e aufere maior parte de suas receitas com esta atividade. Fl. 1209DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.210 29 Essa decisão foi confirmada pela 1ª Turma da CSRF, no Acórdão nº 9101 001.660, prolatado na sessão de 15 de maio de 2013, tendo por relator o Conselheiro Jorge Celso Freire da Silva, que negou provimento ao recurso especial do Procurador. Transcrevo a ementa da decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 IRPJ. LUCRO PRESUMIDO. CONTRATO DE FRANQUIA. O contrato de franquia é, por sua natureza, contrato híbrido, que se constitui de um complexo de relações jurídicas diferentes entre si, o contrato de franquia implica, dentre outras, as atividades de cessão de direitos, cessão de knowhow, distribuição, prestação de serviços, venda de mercadorias, etc. O art. 519 do RIR/99 contempla a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para apuração da base de cálculo do lucro presumido. Recurso Especial do Procurador Negado. Dessa forma, a situação em análise possui a seguinte peculiaridade: o contribuinte já obteve solução favorável em duas instâncias deste mesmo Órgão Julgador, na análise de fatos idênticos. Apesar de ainda não ter ocorrido o trânsito em julgado, pela pendência de análise de embargos de declaração, penso que a Casa já fixou seu entendimento sobre a matéria. Acrescento que essa interpretação jurídica já foi confirmada mais uma vez pela CSRF, para empresa do mesmo grupo econômico. Enquanto o Acórdão n° 130200.216, da 2a Turma Ordinária da 3a Câmara da 1a Seção de Julgamento havia mantido o lançamento que alterara o percentual de presunção do lucro da empresa Multi Treinamento e Editora Ltda, o Acórdão nº 9101001.661 cancelou essa decisão ao dar provimento ao recurso especial do contribuinte. Em homenagem ao entendimento já tomado pela Casa, em duas instâncias, para fatos idênticos relativos ao mesmo contribuinte, e em atendimento ao Princípio da Segurança Jurídica, adoto as razões de decidir do Acórdãos n°s. 120100.011 e 9101001.660. Inicio com a transcrição do voto vencedor do Acórdão n° 120100.011, onde farei remissão, em notas de rodapé, das diferenças entre as apurações do IRPJ, caso da decisão referenciada, e da CSLL, caso dos autos, bem como indicarei a localização dos documentos citados neste processo. (...) Fl. 1210DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.211 30 Conforme relatado nesses autos, a Recorrente seria pessoa jurídica conhecida nacionalmente, pela sua atuação como franqueadora no ramo de idiomas; todavia, conforme apurado pela Fiscalização, mais de 90% de suas receitas proviriam de vendas de mercadorias (materiais didáticos, promocionais e administrativos), sendo submetido ao percentual de presunção do lucro presumido de 8%. 1 Em sua estrutura operacional, não haveria cobrança de royalties periódicos dos franqueados, sendo certo, entretanto, que os valores das taxas de franquia seriam oferecidos à tributação pelo coeficiente de 32% de lucro presumido. 2 Ainda conforme relatado nesse feito, e entendimento da Fiscalização o de que o objetivo precípuo da Recorrente seria a prestação de serviços e/ou a cessão de direitos de uso de marca e método de ensino, muito embora esta declarasse em seu CNAE que sua atividade principal consistiria no "comércio varejista de livros" (código 52.469/01) em vista da relevância das receitas por ela auferidas nessa atividade (venda de livros) visavis as demais atividades desenvolvidas. Baseada em tal premissa, a Fiscalização lançou as conclusões de que (i) o coeficiente aplicável para apuração de seu lucro presumido haveria de ser 32% e não 8% como por ela feito; e (ii) estaria caracterizada a simulação (ou fraude como cogitado na r. decisão da DRJCampinas) na sua conduta, demandando a aplicação da multa de oficio qualificada (correspondente a 150% do tributo lançado). Segundo a Fiscalização, ao declarar ao Fisco Federal, de forma sistemática e reiterada, que sua atividade era o comércio varejista de livros, a Recorrente objetivava, na verdade, encobrir sua atividade principal, que seria a cessão de direitos de uso da marca e método de ensino Wizard, o que lhe viabilizava indevida economia tributária. Em outros termos, entendeu a Fiscalização que a Recorrente utilizava operações de compra e venda para "camuflar" sua atividade principal, como se depreende da parte conclusiva do Relatório Fiscal (p. 23) 3: De todo o exposto concluise que o contribuinte franqueador de método de ensino de idiomas e por trás da operação de "venda de material didático" o que ocorre, na verdade, é a transferência (que o fiscalizado procura disfarçar) dos direitos referentes ao seu método de ensino. Apenas quanto à forma de recebimento pela transferência desses direitos, o contribuinte optou por pulverizála em diversos recebimentos (além da taxa de adesão), ou seja, ocorre a cada vez em que o franqueado adquire o material didático. Mas ao invés de tributálos como cessão de propriedade imaterial, os tributa simplesmente como venda de mercadorias. Esse argumento foi acolhido pela r. decisão da DRJCampinas, com a sutil diferença de que, ao invés de considerar que as operações de compra e venda "camuflavam" seu objetivo social, a Turma Julgadora entendeu que tais operações seriam o meio para a transferência/aplicação do método detido pela Recorrente à sua rede de franqueados. Assim, embora caracterizadas as operações de compra e venda, se lhes haveria de ser aplicado o regime jurídico tributário da cessão de direitos e/ou prestação de serviços, dado ser este o fim a que se propõe a Recorrente. Pois bem. 1 No caso dos autos, utilizouse o percentual de 12% da CSLL, previsto no art. 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. 2 No caso dos autos, o percentual da CSLL aplicado de ofício também é de 32%, como previsto no art. 20 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. 3 No presente processo, texto idêntico foi incluído no Termo de Verificação Fiscal na fl. 38. Fl. 1211DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.212 31 Da verificação dos objetos do contrato social da Recorrente (documento 02 anexo à Impugnação) 4, inferese que esta é sociedade que tem vários objetivos sociais, dentre os quais (i) intermediação, exploração, licenciamento de métodos, marcas e patentes, direitos autorais próprios e de terceiros e demais atividades inerentes ao ensino; e (ii) comércio, importação e exportação de métodos, livros, materiais didáticos, jornais, revistas, discos, fitas, CDROM, DVD, equipamentos eletrônicos, digitais e de multimídia de comunicação para o ensino em geral, inclusive, móveis e acessórios escolares, acessórios para acondicionamento de materiais didáticos, tais corno bolsas, pastas, malas, caixas para arquivo, artigos esportivos para a educação e condicionamento físico, uniformes, acessórios de vestuários e artigos para presente. Portanto, seus documentos societários autorizam a pratica tanto da atividade de franquia quanto da atividade de comércio de livros e outros materiais. Dito isso, importa verificar se, no exercício de cada uma dessas atividades, a Recorrente observa os ditames legais aplicáveis. A atividade de franquia é regulamentada pela Lei n° 8.955/94, que, em seu artigo 2o define franquia empresarial como sendo: "o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também no direito de uso e tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício". Ao se analisar a legislação resta perceptível que o contrato de franquia é, por sua natureza, um contrato híbrido, que se constitui de um plexo de relações jurídicas diferentes entre si. O contrato de franquia implica, dentre outras, as atividades de cessão de direitos, cessão de know how, distribuição, prestação de serviços, etc. Da definição legal se verifica que o contrato de franquia não assume a natureza jurídica de qualquer das atividades acima arroladas isoladamente; sua característica essencial é, justamente, abrigar essa complexidade de relações. Dai porque não se pode dizer que o contrato de franquia tenha natureza isolada de cessão de direito de uso ou de prestação de serviços. A franquia é a disponibilização conjunta de várias atividades. A Lei n° 8.955/94 ainda estabelece determinadas formalidades que devem ser observadas na relação de franchising. Citese, nesse sentido, seu artigo 3º, que impõe a obrigatoriedade da apresentação da Circular de Franquia pelo franqueador aos potenciais franqueados com a explicitação das principais regras concernentes a contratação. Ainda, conforme preconiza o artigo 4° da mesma Lei n° 8.955/94, a Circular de Franquia deve preceder a assinatura do contrato ou précontrato de franquia. Dessa disposição se infere que a atividade de franquia deve ser formalizada por meio de instrumento contratual específico. No caso sob análise, a Recorrente fez prova de que atende as exigências postas pela legislação do franchising, na medida em que se utiliza de Circular de Franquia que traz todas as informações exigidas pelo artigo 3° da Lei nº 8.955/95, 4 No presente processo, tal documento se encontra nas fls. 828 a 843. Fl. 1212DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.213 32 bem como formaliza todas as suas contratações por meio de contratos específicos, cujo objeto é delimitado da seguinte forma5: O objeto do presente Contrato é a concessão que a WIZARD faz ao FRANQUEADO, em caráter não exclusivo, de todo o knowhow de montagem e operação de uma Escola, alem do direito de uso de seus métodos de ensino e sistemas administrativos, mercadológicos, comerciais e operacionais, bem como dos módulos de material didático, consistente de apostilas, livros, fitas cassete, compact disk e vídeos elaborados pela WIZARD, e doravante simplesmente designados MATERIAIS, para uso do FRANQUEADO. O objeto acima transcrito denuncia que as contratações entabuladas pela Recorrente são, tipicamente, contratações de um sistema de franquia, posto que compostas por um complexo de relações jurídicas. Há a cessão de knowhow cumulada com a cessão do direito de uso de métodos, bem assim com o fornecimento de materiais didáticos e produtos correlatos. A inserção de todas essas atividades no âmbito do contrato de franquia não traz qualquer mácula a esse instrumento; ao contrário, o caracteriza. Todavia, o fato dessas atividades estarem todas previstas no contrato de franquia não implica a conclusão de que elas perdem sua identidade particular, visto que a cada uma delas deve ser dispensado o tratamento jurídico próprio. No caso, a Recorrente estruturou sua operação combinando, em seu contrato de franquia, a cessão de direito de uso de metodologia com o fornecimento de materiais. Ambas as atividades são lícitas e, portanto, podem estar contempladas em um contrato de franquia sem que, no entanto, deixem de ter suas respectivas identidades. Em outras palavras, ao efetuar uma compra e venda de material didático, ainda que em atendimento a uma clausula de seu contrato de franquia, a Recorrente pratica urna genuína operação mercantil, regulada pelo artigo 481 do Código Civil, cabendolhe tratamento jurídico inclusive tributário próprio. No tocante às operações mercantis praticadas pela Recorrente, salientase que as mesmas são devidamente documentadas, como demonstrado pelas diversas notas fiscais mercantis acostadas pela Recorrente, as quais demonstram que a essas operações é dispensado o tratamento jurídico tributário específico. Assim é que, após a análise da estrutura operacional da Recorrente, tornase claro que as atividades de franquia e de comercio por ela levadas a efeito, o são de forma individualizada, e com observância ao regime jurídico tributário aplicável a cada uma delas. Com efeito, para a atividade de franquia há o pleno atendimento às regras estabelecidas pela Lei nº 8.599/1994, inclusive no tocante à forma de documentação, eis que há a utilização de um modelo de Circular de Franquia válido e os contratos de franquia são regularmente celebrados, como demonstra a documentação anexa aos autos. De outra parte, a atividade de comércio de materiais didáticos, promocionais e administrativos se dá sob o amparo da legislação civil, havendo a emissão regular de notas fiscais mercantis (documentos anexos). 6 Frisase que tanto a Circular de Franquia quanto o Contrato de Franquia utilizados pela Recorrente foram analisados pela Fiscalização durante o procedimento fiscalizatório, conforme relatado no auto de infração, bem assim acostados aos autos pela Recorrente, em suas razões de impugnação, não tendo havido a desconsideração, sob qualquer aspecto, desses documentos. 5 No presente processo, encontrase contrato com cláusula idêntica à transcrita na fl. 849. 6 No presente processo, os documentos citados neste parágrafo se encontram nas fls. 862 a 870 e 877 a 878. Fl. 1213DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.214 33 Nessa esteira, a única conclusão possível é a de que, no caso sob análise, o comércio de mercadorias efetivamente ocorre e é feito segundo as regras jurídicas próprias. Não há ilegalidade no complexo de relações jurídicas entabuladas pela Recorrente no âmbito de seu contrato de franquia. Ao contrário, considerandose que se trata de sistema de franchising de ensino de idiomas, então temse que a venda de materiais didáticos e administrativos visa munir a rede de franqueados dos instrumentos necessários à execução de sua finalidade social, qual seja, o ensino de idiomas, bem assim de possibilitar a esses franqueados a gestão e exploração de seus negócios dentro de um padrão que é estabelecido legitimamente pela Franqueadora, no caso a Recorrente. Portanto, não se vislumbra, no entender deste Conselheiro, que a Recorrente tenha se utilizado de ilegítimo "planejamento tributário" na conformação de seu negócio. Isso porque todas as suas atividades estão plenamente caracterizadas, identificadas e são submetidas ao conjunto de regras específico para cada uma delas. Tanto é assim que a presente discussão apenas é cabível em virtude do fato de a Recorrente ser optante do lucro presumido e, assim, fazerse necessária a identificação da natureza de suas atividades para a definição do coeficiente aplicável. Certamente, acaso fosse optante do lucro real, o questionamento quanto a natureza jurídica das atividades que pratica jamais se colocaria, dado que não irradiaria reflexos tributários relevantes. Anotese, todavia, que a substância das relações jurídicas não pode ser alterada exclusivamente para fins tributários. Se um negócio jurídico tem natureza de compra e venda, tal natureza haverá de ser reconhecida independentemente dos reflexos tributários que surtir. E, no caso, a Recorrente efetivamente pratica operações mercantis quando efetua a venda de materiais didáticos e correlatos a sua rede de franqueados. Registrese, neste ponto, que a Fiscalização em nenhum momento desconsiderou as operações mercantis praticadas pela Recorrente. Não demonstrou que não houve a venda das mercadorias, tanto dos materiais didáticos como dos promocionais ou administrativos. E, aqui, reside um dos pontos importantes: efetivamente houve a circulação de bens e mercadorias, ou seja, por mais que a fiscalização tenha insistido na tese de que havia a cessão de metodologia, a verdade indiscutível é que a Recorrente vendia (e vende) produtos aos seus franqueados. Não há como descaracterizar esta operação. Desta feita, não há como sustentar que a Recorrente tenha adotado espécie ilegítima de planejamento visando reduzir a carga tributária para sua atividade. Ora, sua rede de franqueados necessita de material didático, promocional e administrativo para execução de seus objetivos prestação de serviços de ensino de idiomas os quais são fornecidos pela Recorrente via operações de compra e venda que, digase de passagem, é a única operação viável para a venda dos produtos. O fato de haver previsão, no contrato de franquia, quanto à obrigatoriedade dos franqueados adquirirem os materiais didáticos e administrativos da Recorrente em um determinado número não invalida esse documento, porque é cláusula estabelecida dentro do poder de autonomia privada de que estão investidas as partes contratantes. Situase dentro da liberdade de contratar referida pelo artigo 421 do Código Civil a possibilidade das partes contratantes de um sistema de franquia aceitarem, de comum acordo, que haja o fornecimento de um determinado número de produtos. Esse dado, por si só, nada altera quanto à natureza da relação jurídica que viabiliza esse fornecimento no caso, de compra e venda mercantil. Fl. 1214DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.215 34 De mais a mais, e a par da liberdade de contratação que norteia o ambiente privado, digase que, como bem ressaltado pelo ilustre Conselheiro Leonardo de Andrade Couto no curso do julgamento, o valor correspondente a tal "número mínimo de exemplares", vulgarmente denominado de "taxa de performance", poderia no limite ser considerado pela Fiscalização como sendo aquele correspondente à remuneração pela prestação de serviços a cessão de direitos de uso de marca e método de ensino a que se refere o lançamento; jamais o valor da integralidade das receitas decorrentes da venda de produtos pela Recorrente a seus franqueados, tal como consta do auto de infração. Frente no exposto, discordo da premissa defendida pelo I. Relator de que, pelo fato do objeto final do sistema de franquia em questão ser urna prestação de serviços, a relação franqueador X franqueado também teria essa natureza (de prestação de serviços), pelo que todas as receitas dela decorrentes deveriam ser tributadas pelo percentual de 32% para aferição do lucro presumido. Como busquei demonstrar, o franchising compõese por relações jurídicas distintas que dispensam tratamento tributário específico. A corroborar esse posicionamento, vale destacar precedente jurisprudencial do E. Superior Tribunal de Justiça, já pacificado nesse sentido, verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ISS. FRANQUIA (FRANCHISING). NATUREZA JURÍDICA HÍBRIDA (PLEXO INDISSOCIÁVEL DE OBRIGAÇÕES DE DAR, DE FAZER E DE NÃO FAZER). PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. CONCEITO PRESSUPOSTO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. AMPLIAÇÃO DO CONCEITO QUE EXTRAVASA O ÂMBITO DA VIOLAÇÃO DA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL PARA INFIRMAR A PRÓPRIA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CONSTITUCIONAL. INCOMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. (...) 12. A mera inserção da operação de franquia no rol de serviços constantes da lista anexa a Lei Complementar 116/2003 não possui o condão de transmudar a natureza jurídica complexa do instituto, composto por tem plexo indissociável de obrigações de dar; de fazer e de não fazer. 13. Destarte, revelase inarredável que a operação de franquia não constitui prestação de serviço (obrigação de fazer), escapando, portanto, da esfera da tributação do ISS pelos municípios. (STJ, REsp 938.133, 1a Turma, Relator Ministro Luiz Fux, publicado no DJU de 30.03.2009) Ainda sobre o tema, cabe a verificação se, in casu, não seria hipótese de desconsideração da estrutura operacional da Recorrente ante a alegada prática de ato simulado. Nesse passo, sublinhase que com o advento da Lei Complementar n° 104, de 10 de janeiro de 2001, foi introduzido o parágrafo único ao artigo 116 do CTN, por intermédio do qual os agentes fiscalizadores foram imbuídos do poder de desconsiderar atos ou negócios jurídicos. Eis o teor deste dispositivo: Art. 116. (...) Parag. Único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da Fl. 1215DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.216 35 obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Da leitura de tal dispositivo podese inferir que, se de um lado, a legislação não vedou a realização de planejamentos tributários pelos contribuintes, de outra parte, conferiu à Fiscalização o poder de desconsiderar os atos ou negócios praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador ou de qualquer dos elementos constitutivos da obrigação tributária. É válido ressaltar que todo ato (dis)simulado pressupõe o preenchimento ás condições do artigo 167 do Código Civil, verbis: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. §1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas as quais realmente se conferem, ou transmitem. II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira. III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. Segundo a Fiscalização (fls. 23 do Relatório anexo à autuação) haveria "divergência entre a vontade real e a aparente: o fiscalizado quer transferir sua metodologia, mas finge que apenas está vendendo material didático para seus franqueados".7 Por esta razão a hipótese sob análise estaria enquadrada no inciso II do artigo 167, supratranscrito. Em que pesem tais fundamentos, não vislumbro o atendimento no caso a qualquer dos requisitos supra arrolados, pois: a) não se transferiu direitos a pessoa diversa; b) não foi feita qualquer declaração, confissão; c) não foi estabelecida qualquer condição ou cláusula não verdadeira; e d) não se antedatou ou pósdatou qualquer documento. De outra parte, constatase que há convergência entre a substância e a forma dos negócios jurídicos entabulados pela Recorrente, do que se denota sua validade. Em síntese, os objetos sociais praticados pela Recorrente estão bem caracterizados, estando, todos eles, revestidos de licitude. Aspecto relevante a ser levado em conta é que, para fins fiscais, todo ato simulado pressupõe, necessariamente, ilicitude. Muito embora a doutrina civilista cogite da possibilidade de simulação relativa inocente, tal conceito não encontra cabida na seara tributária. Nesse viés é a conclusão de Misabel Abreu Machado Derzi, a saber: Ora, o artigo 116 referese à simulação fraudulenta, aquela ilícita, que oculta a ocorrência do fato gerador ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação. Portanto, visa coibir a simulação que viola disposição de lei tributária e que, portanto, não pode ter validade jurídica. 8 Ora, no caso em comento não há como se concluir pela configuração de atos ilícitos na estrutura de operação da Recorrente, posto que, como assinalado, todas as 7 No presente processo, o trecho mencionado se econtra na fl. 39. 8 In A desconsideração dos atos e negócios jurídicos dissimuatórios, segundo a Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001, artigo publicado no livro "O Planejamento Tributário e a Lei Complementar 104", Coordenador Valdir de Oliveira Rocha São Paulo: Dialética, 2001. Fl. 1216DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.217 36 operações seja as de franquia, seja as de compra e venda estão caracterizadas na sua plenitude. E, mais que isso, estão submetidas aos respectivos regimes jurídicos. Nesse mesmo sentido foi a conclusão alcançada pela própria Relatora da r. decisão recorrida, oriunda da DRJCampinas SP que, na decisão de 1a instância, verbis: No entender desta Relatora não subsiste a imputação de simulação nos contratos de franquia, porque todos os preceitos previstos nos contratos apresentados convergem para a confirmação de sua natureza jurídica, como sendo, definitivamente, uma franquia, contrato em que são juridicamente possíveis: (i) a previsão de fornecimento pelo franqueador aos franqueados de materiais necessários ao desempenho da atividade fim do franqueado (in casu, a prestação de serviços de ensino de idiomas); e (ii) a estipulação de remuneração direta (taxa de filiação e royalties) e/ou indireta (como, por exemplo, a remuneração dos fornecimentos de materiais, efetuados no âmbito do contrato). Conforme bem assinalado pela defesa, tais disposições contratuais, além de lícitas, estariam no âmbito da autonomia das partes contratantes. Nesse contexto, não se considera apropriada a imputação de que a operação de venda de material didático encobertaria a efetiva atividade de concessão/transferência de metodologia de ensino... (fls. 959 da r. decisão recorrida) 9 Portanto, claro está que não se trata de simulação. De igual forma, tampouco há de prevalecer o entendimento de que teria restado configurada sonegação ou fraude corno defendido pela decisão da DRJ Campinas. Isso porque, tais conceitos fraude e sonegação são definidos, rigorosamente, pelos artigos 71 e 72 da Lei nº 4.502/64. Eis seu teor: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributaria principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Como todo instituto penal, apenas se poderá cogitar da configuração de simulação ou fraude quando houver o integral preenchimento aos termos dos artigos acima transcritos. Com efeito, por se tratar de tipos penais cerrados, temse que suas definições não admitem extensões, daí a necessidade da comprovação cabal da ilicitude dos atos e dolo do agente. A jurisprudência deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é vasta e rica em precedentes que elucidam a imprescindibilidade da comprovação da fraude, em sentido amplo, para se cogitar da aplicação de multa isolada. Confirase: Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF 9 No presente processo, citação idêntica se encontra nas fls. 980 e 981, sendo que o destaque não consta do original. Fl. 1217DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.218 37 Exercício: 2000, 2001 MULTA QUALIFICADA EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO MERA OMISSÃO DE RENDIMENTOS Somente é justificável a exigência da multa qualificada prevista no artigo art. 44, II, da Lei n 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. O evidente intuito de fraude deverá ser minuciosamente justificado e comprovado nos autos. Nos termos do enunciado nº 14 da Súmula deste Primeiro Conselho, não há que se falar em qualificação da multa de ofício nas hipóteses de mera omissão de rendimentos, sem a devida comprovação do intuito de fraude. (1° Conselho de Contribuintes, Recurso nº 157179, 6a Câmara, Acórdão nº 10616920, Relator Alonso Ribeiro Freguete, julgado na sessão de 29.05.2008) No mesmo sentido: Ementa: SIMULAÇÃO SUBSTÂNCIA DOS ATOS INSTRUMENTOS SIMULATÓRIOS DEVEM SER HÁBEIS A SUPRIMIR TRIBUTO ATO SIMULATÓRIO NÃO PODE PERMANECER HÍGIDO APÓS O LEVANTAMENTO DO VÉU DAS OPERAÇÕES OCULTAS Não se verifica a simulação quando os atos praticados são lícitos e sua exteriorização revela coerência com os institutos de direito privado adotados, assumindo o contribuinte as conseqüências e ônus das formas jurídicas por ele escolhidas, ainda que motivado pelo objetivo de economia de imposto. A caracterização da simulação demanda demonstração de nexo de causalidade entre o intuito simulatório e a subtração de imposto dele decorrente. Ademais, se após o descobrimento de eventuais operações ocultas permanece íntegro o pretenso ato simulado, devese reconhecer que não ocorreu simulação. Para haver simulação, o ato simulado não pode permanecer hígido após o descobrimento das operações que objetivou ocultar. (1° Conselho de Contribuintes, Recurso nº 154006, 6a Câmara, Acórdão nº 10616546, Relatora Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, julgado na sessão de 18.10.2007) Portanto, respeitadas opiniões em sentido contrário, entendo que não há nos autos elementos suficientes para caracterizar a alegação de simulação, sonegação ou fraude na conduta da Recorrente. Tampouco entendo ocorrente abuso de forma (CC, art. 187) que justificaria eventual descaracterização dos atos praticados pela Recorrente no desempenho de suas atividades. Assim dispõe o artigo 187 do Código Civil, verbis: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boafé ou pelos bens costumes. Para configuração do abuso de forma também há de estar revelado o efetivo intuito de fraudar o Fisco. No caso, este intuito não se caracteriza, na medida em que, como já ressaltado, as condutas da Recorrente estão respaldadas e encontram limites na legislação. Há que se concluir, por tudo o que se expôs, que a Recorrente sempre agiu dentro das permissões e limitações impostas pela legislação, sendo certo que seus negócios jurídicos sempre foram engendrados no âmbito da autonomia privada, razão pela qual não podem ser desconsiderados. Fl. 1218DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.219 38 Especificamente no tocante às regras tributárias aplicáveis, por fim, temse que o artigo 519 do RIR/99, ao disciplinar sobre o lucro presumido, prevê em seu § 3º que "no caso de atividades diversificadas, será aplicado o percentual correspondente a cada atividade". Ora, a legislação é clara ao contemplar a possibilidade de que uma mesma pessoa jurídica tenha objetivos sociais diversos, hipótese em que cada uma dessas atividades deverá se submeter ao percentual específico para apuração da base de calculo do lucro presumido. Tratase de previsão legal específica e de obrigatória observância. Essa disposição corrobora a presente situação, em que se vislumbra uma pessoa jurídica com diversas atividades, cada qual subordinada ao percentual específico para o lucro presumido. Não há, portanto, qualquer ilegalidade no procedimento adotado pela Recorrente; ao contrário, procedeuse tal como determinado pela legislação. Reiterese que, no entendimento deste Relator, é insustentável que a atividade da Recorrente seja caracterizada, isoladamente, como prestação de serviços, intermediação de negócios ou cessão de bens. Como assinalado, o contrato de franquia pressupõe um plexo de obrigações e, nesse sentido, inviável se defender a presença de uma única atividade. Reiteramse essas conclusões, nesta oportunidade, para se demonstrar que, de acordo com a formatação da atuação da Recorrente, não há outra opção sendo se entender que ela pratica diversas e diferenciadas atividades e que, portanto, há de se observar, necessariamente, a segregação das receitas para fins fiscais, nos moldes estatuídos pelo artigo 519, § 3º do RIR/99. O raciocínio é lógico: havendo a consecução de diversas atividades, a receita correspondente a cada uma delas deve ser oferecida à tributação, para fins do lucro presumido, nos percentuais específicos definidos pela legislação (art. 519, § 3° do RIR/99). Partindo dessa premissa, as receitas auferidas pela Recorrente em decorrência da atividade de compra e venda estão sujeitas ao percentual de 8%10; e as receitas decorrentes da atividade de franquia ao percentual de 32%. Em conclusão, pois, os elementos dos autos não deixam dúvida sobre ser insustentável a pretensão fiscal de tributar a totalidade das receitas auferidas pela Recorrente pelo percentual de 32% do lucro presumido, a fundamento de serem (todas elas) decorrentes da cessão de direitos e/ou prestação de serviços. Ainda que se pudesse adotar a posição de que a Recorrente efetivamente se utilizasse da venda de materiais como meio para a realização da cessão de direitos de uso de marca e metodologia, como declinado na decisão da DRJCampinas, não se mostra razoável que todas as suas receitas sejam consideradas oriundas da cessão de direitos, em especial porque, seja como for, as operações mercantis restam caracterizadas. Como bem ressaltado pelo ilustre Conselheiro Leonardo de Andrade Couto no curso do julgamento, quando muito, apenas o valor correspondente à taxa de performance exigida pela Recorrente de seus franqueados poderia ser considerado pela Fiscalização como sendo aquele correspondente à remuneração pela prestação de serviços e/ou a cessão de direitos de uso de marca e método de ensino a que se refere o lançamento. 10 Como visto, para a CSLL, o percentual é de 12%. Fl. 1219DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.220 39 O que se esperaria, minimamente, é que, a partir de critérios reais e factíveis, tivesse sido eleito um percentual das receitas da Recorrente para ser qualificado como decorrente de cessão de direitos, mantendose o percentual remanescente como oriundo de operações mercantis. Levandose em conta que não se estabeleceu esse critério, então a única conclusão possível é a de que a autuação não encontra embasamento para ser mantida. E, aqui, também cabe outra observação: o fato da Recorrente não cobrar royalties sobre os produtos a sua rede de franqueados não faz com que se possa, automaticamente, implicar que este valor está embutido no valor do produto. Como a Recorrente fez prova, todo mercado de franquia de idiomas não pratica a cobrança de royalties, como consta, inclusive do site da Associação Brasileira de Franchising. Ou seja, nenhuma franqueadora de idiomas cobra royalties na venda dos produtos, cobrando apenas um valor inicial quando a franqueadora adere ao contrato de franquia e periodicamente. Ora, se não há previsão legal para a obrigatoriedade da cobrança dos royalties, entendo que está no âmbito da autonomia privada da Recorrente optar por cobrar ou não tais royalties de seus franqueados. Registro, entretanto, que a Fiscalização, eventualmente, poderia ter eleito um critério para estabelecer o percentual dos royalties sobre os produtos, se tivesse conseguido comprovar que, de fato, eles estariam embutidos no preço do produto. Mas, a fiscalização optou pelo caminho de desconsiderar toda a operação mercantil de compra e venda, caracterizandoa como cessão de metodologia, e aí, efetivamente, não há como prevalecer o lançamento, pois, como exposto anteriormente, é evidente que houve operações mercantis válidas e tributadas. Concluo, pois, pela total insubsistência do lançamento tributário. Complemento a fundamentação com a transcrição do voto do Acórdão n° 9101001.660, suprimindo as referências a textos das decisões anteriores já transcritos. A questão colocada para decisão e que foi de forma diversa tratada pelo acórdão recorrido e pelo acórdão paradigma é saber se a atividade da Recorrida, quando fizer a venda de materiais deve se englobada como atividade de franquia ou se deve ser tratada como atividade de operação mercantil , em especial porque desta definição depende o enquadramento para a determinação do percentual da base presumida para fins de apuração do Imposto sobre a Renda. Não tenho dúvidas de que o caso é singular. A Fiscalização fez um robusto trabalho no grupo de empresas a que pertence a Recorrida, até em razão da ordem judicial, que, também não deixa de ser peculiar, sequer lhe era dirigida. O trabalho fiscal buscou caracterizar a venda do material didático, leiase os livros, como integrante da atividade de franquia e daí, por conseqüência, caracterizou toda a atividade do contribuinte como atividade de franquia e, portanto, atividade sujeita ao enquadramento pela base presumida de 32%. Nesse trabalho indicou que o contribuinte teria se “escondido” para o fisco como uma franqueadora de idiomas, ao se declarar no CNAE, como comércio varejista de livros. Fez um grande arrazoado baseado em doutrina sobre a franquia, para caracterizar a franquia do contribuinte como se fosse um “business format franchising”, ou seja, uma modalidade de franquia múltipla e daí entende que toda a sua receita tem que ser enquadrado como prestação de serviços. Fl. 1220DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.221 40 E, traz cópias de contrato de franquia, depoimentos, doutrina para demonstrar que as operações de venda de livros devem estar caracterizadas como cessão de direitos, transferência de knowhow e não poderiam ser caracterizados como compra e venda e a receita daí advinda deveria ser enquadrada na base presumida de 32%. A Fiscalização explora o fato de que a Recorrida pouco cobra a título de royalties dos seus franqueados e daí depreende que o valor dos royalties está embutido na venda dos produtos. E, quanto a Acórdão paradigma, a meu ver, entendo que apenas analisou o trabalho da fiscalização, sem ter enfrentado o fato de que as operações mercantis efetivamente existiram, que as mercadorias existem, o que, pelos próprios fatos, é óbice intransponível para se entender que toda a receita da Recorrida poderia ser entendida como prestação de serviços ou oriundas de atividade de franquia ou ainda fruto de cessão de direitos. O acórdão paradigma se apega ao argumento de que numa franquia, todas as operações são indissociáveis e todas as receitas devem ser tributadas como prestação de serviços/cessão de direitos. O cerne do acórdão paradigma está nas seguintes transcrições: “O que efetivamente tem relevância é a conclusão no sentido de que o contrato de franquia, sendo de natureza complexa, encampa um conjunto de deveres indissociáveis, sendo certo que a eventual divisão desse conjunto em contratos autônomos acarretará a própria descaracterização do contrato. ... Nesse contexto, pretender que, a partir de uma suposição de que os livros (material didático) efetivamente serviram de suporte para a transmissão da metodologia, a "venda" de materiais promocionais, publicitários e administrativos, prevista nos contratos de franquia, possa ter tratamento tributário diferenciado, revelase absolutamente impertinente, seja em virtude do que antes se afirmou (impossibilidade de fragmentação dos pactos estabelecidos em um contrato de franquia), seja em razão do fato de que são esses materiais que dão visibilidade à marca que se pretendeu conceder o direito de uso. Servindome dos textos acima reproduzidos, indago: que valor teria para o franqueado receber, isoladamente, materiais promocionais, publicitários e administrativos ou mesmo os conjuntos de material didático?” Após analisar os autos, as provas, o acórdão paradigma que chancela todo o trabalho fiscal, entendo como irreparável o acórdão recorrido, por três motivos principais: a) a Recorrida, durante o período fiscalizado e desde antes dele, já possuía entre os seus objetivos sociais a atividade de comércio varejista de livros, dentre muitos outros. b) não há como descaracterizar a ocorrência das operações mercantis de venda tanto dos materiais didáticos, como dos materiais administrativos e publicitários realizados pela Recorrida aos seus franqueados. Importa assinalar que a fiscalização não descaracterizou tais operações, até porque restou inquestionável a substância, pois os materiais didáticos, administrativos e publicitários efetivamente existem e foram vendidos para a rede franqueada. Fl. 1221DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.222 41 c) Ainda que se entenda que haveria royalties embutidos no preço das mercadorias, este seria um percentual e jamais todo o valor das operações mercantis. O Acórdão recorrido também se fundamenta na discussão sobre a natureza da atividade de franquia, o que para mim, é uma tese subsidiária. Desta forma, citarei os principais trechos do acórdão recorrido, no que se refere aos três itens citados. Quanto aos objetivos sociais da empresa fiscalizada: (...) No que tange à falta de descaracterização das operações mercantis, assim se manifestou o acórdão recorrido: (...) Quanto ao fundamento de que, ao se admitir que existem royalties embutidos no preço das mercadorias, porque a fiscalizada demonstrou que o mercado de franquia de idiomas não faz a cobrança dos royalties, a Fiscalização deveria ter definido um critério para definir o percentual dos royalties, porque, evidentemente, não poderia entender que todo o valor da mercadoria seria equivalente aos citados royalties, cito os seguintes trechos do acórdão recorrido: (...) E, por fim, quanto ao argumento de que a franquia sequer pode ser considerada uma prestação de serviços e levantada a questão na inconstitucionalidade da inserção desta atividade como sujeita ao ISS pela Lei Complementar 116/03, vejo que aqui só se aplica em caráter subsidiário, porque, o que se discute, atualmente em sede de SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, é a questão da atividade de franquia pode ser considerada prestação de serviços, enquanto que o que aqui se discute é a diversidade de objetivos sociais de uma mesma pessoa jurídica e que cada uma destas atividades deve ser tributada na forma prevista em lei. E, assim, também restam prejudicados as análises quanto à decadência e à multa qualificada. Pelas razões acima já terem dado provimento ao recurso com fundamentos suficientes, deixo de analisar o argumento de que a decisão recorrida alterou a fundamentação do lançamento. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José Evande Carvalho Araujo Fl. 1222DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME Processo nº 10830.008568/200815 Acórdão n.º 1102001.217 S1C1T2 Fl. 1.223 42 Fl. 1223DF CARF MF Impresso em 07/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 27/ 10/2014 por JOSE EVANDE CARVALHO ARAUJO, Assinado digitalmente em 28/10/2014 por JOAO OTAVIO OPPERMA NN THOME
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Numero do processo: 10665.001452/2010-29
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 01 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA - APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2403-002.651
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurvo Voluntário com base na Súmula nº 01 do CARF.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Paulo Maurício Pinheiro Monteiro - Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues e Marcelo Magalhães Peixoto (ausente).
Nome do relator: PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA - APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 1 DO CARF Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário Não Conhecido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurvo Voluntário com base na Súmula nº 01 do CARF. Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro - Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues e Marcelo Magalhães Peixoto (ausente).
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Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurvo Voluntário com base na Súmula nº 01 do CARF. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Daniele Souto Rodrigues e Marcelo Magalhães Peixoto (ausente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 14 52 /2 01 0- 29 Fl. 498DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário, às fls. 345 a 370, interposto pelo Recorrente – VICENTE DE PAULO CARVALHO contra Acórdão nº 0231.169 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte MG, fls. 335 a 341, que julgou procedente a autuação por descumprimento de obrigação principal, Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP nº. 37.253.9327, às fls. 01, com valor consolidado inicial de R$ 16.795,90. O crédito previdenciário se refere valores de contribuições destinadas à Seguridade Social devidas para outras Entidades FNDE, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados, no período 01/2006 a 12/2009. Segundo Relatório Fiscal, às fls. 27 a 29, a peça introdutória deste processo consta do Auto de Infração debcad n° 37.253.9300, ao qual este se encontra apensado. O Relatório Fiscal informa que inicialmente a Auditoria Fiscal na empresa teve início com a emissão do Termo de Início de Procedimento Fiscal TIPF, para apresentação da documentação exigida em 03/08/2010, sendo este TIPF emitido em nome do SERVIÇO REGISTRAL DE IMÓVEIS DA COMARCA DE BOM DESPACHO, CNPJ 20.221.198/000140. Posteriormente foi efetuada a matrícula CEI 70.004.06170/08, de ofício, haja vista o Cartório não ter personalidade jurídica e o débito tem que ser lavrado em nome do titular. Nesta matrícula foi emitido novo TIPF em 06/08/2010. Conforme o Relatório Fiscal o débito foi apurado sobre os valores pagos aos segurados empregados Maria do Rosário Coimbra, nomeada escrevente do Cartório de Registro de Imóveis em 26 de abril de 1984, e Domingos Sávio de Carvalho, nomeado escrevente substituto em 27 de abril de 1994. Estes segurados não foram inscritos como segurados empregados filiados ao Regime Geral de Previdência Social RGPS pelo Sr. Vicente de Paulo Carvalho, por considerá los filiados a Regime Próprio de Previdência (RPPS) do Estado de Minas Gerais, gerido pelo Estado e IPSEMG. Assinala o Relatório Fiscal que esta filiação da segurada Maria do Rosário Coimbra e do segurado Domingos Sávio de Carvalho ao RPPS está correta por um determinado período, pois com o advento da Lei n°. 8.935/94, os notários ou tabeliães, oficiais de registro ou registradores, escreventes e auxiliares admitidos antes da Lei n°. 8.935/94, deveriam continuar vinculados à legislação previdenciária que anteriormente os regia (RPPS), eis que não houve opção do seu regime jurídico para o da Consolidação das Leis do Trabalho CLT. No entanto, afirma o Relatório Fiscal que esta filiação foi alterada a partir da modificação do sistema de previdência social, com a Emenda Constitucional n°. 20, de 15 de dezembro de 1998, in verbis: "Art. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que Fl. 499DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 499 3 preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo." Considera o Relatório Fiscal que como os segurados citados não são servidores titulares de cargo efetivo, os mesmos estão excluídos do Regime Próprio de Previdência Social e, pelo exercício de atividade remunerada, estão obrigatoriamente vinculados ao Regime Geral de Previdência Social –RGPS como segurados empregados, conforme previsto no artigo 7º, inciso X da Instrução Normativa INSS/DC n° 65 de 10/05/2002, no artigo 9º, inciso XIX da Instrução Normativa INSS/DC n° 100 de 18/12/2003, no artigo 6º, inciso XXI da Instrução Normativa SRP n° 03 de 14/07/2005 e no artigo 6º, inciso XXI da Instrução Normativa RFB n° 971 de 13/11/2009. Ademais, o Relatório Fiscal informa que a partir da Lei Complementar do Estado de Minas Gerais n° 64/02, o IPSEMG presta somente assistência médica, hospitalar e odontológica aos servidores não titulares de cargo público. Em relação ao cálculo dos acréscimos legais, o Relatório Fiscal, às fls. 27 a 29, informa que foi feito o levantamento dos acréscimos legais mais benéficos ao contribuinte, em função da disciplina da Lei 11.941/2009. A Recorrente teve ciência do TIPF – Termo de Início do Procedimento Fiscal, às fls. 22 a 25, na qual consta o Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 0610700.2010.00169. O período objeto do auto de infração, conforme o Relatório Discriminativo de Débito DD, às fls. 04, é de 01/2006 a 12/2009. O contribuinte teve ciência do AIOP em 26.08.2010, conforme fls. 01. A Recorrente apresentou Impugnação tempestiva, às fls. 30 a 52, na qual alega em síntese, conforme o Relatório da decisão de primeira instância: oferece impugnação parcial, pois os valores pagos ao contador da serventia não serão contestados; os funcionários que foram relacionados no Auto de Infração não são regidos pelo RGPS, por força do art. 48 da Lei Federal n° 8.935/94; os funcionários estariam vinculados ao RGPS se tivessem feito opção expressa nesse sentido, o que não se vislumbra no presente caso; o advento da emenda constitucional n° 20/98 não fez que os titulares e servidores de cartório que ingressaram na atividade cartorária antes da publicação da Lei Federal n° 8.935/94 perdessem o vínculo para aposentadoria com o Estado de Minas Gerais; não houve violação à legislação tributária, visto que o autuado não é obrigado a incluir em GFIP os pagamentos efetuados aos seus funcionários que estão submetidos a regime jurídico específico; Fl. 500DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 4 Do Direito II. 1 Da não vinculação ao RGPS a Lei Federal n° 8.935/94 determinou que todos os novos servidores dos cartórios fossem contratados pelo próprio titular do cartório pelo regime da CLT a mencionada Lei, contudo, resguardou as situações consolidadas anteriormente, por meio do §2° do art. 48; os escreventes e auxiliares que já eram funcionários dos cartórios poderiam, caso não fizessem opção expressa em contrário, continuar regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo, nos termos dos arts. 40 e 51 da Lei Federal n° 8.935/94; com fundamento nos dispositivos legais acima transcritos foi editada a Portaria MPASn° 2.701/95; o art. Io , "a", e §2°, da referida portaria, corrobora a tese defendida pela impugnante; o decreto do Presidente da República n° 3.048/99, que se encontra vigente na parte que interessa ao deslinde deste recurso, tem a mesma disposição contida na Portaria MPAS n° 2.701/95; a Instrução Normativa INSS/PRES n° 20/07, também seguiu as orientações da Lei Federal n° 8.935/94; reconhece que a Instrução Normativa INSS/DC n° 100/03 criou uma nova categoria de escreventes e auxiliares, contratados até 20 de novembro de 1994, sem relação de emprego com o Estado, conforme se depreende do art. 9o da norma referida; a interpretação que sempre foi feita pelos notários, registradores, auxiliares e escreventes em todo o Estado de Minas Gerais é a de que o termo sem relação de emprego com o Estado estaria relacionado apenas a eventuais Estados cuja legislação não assemelhasse em alguns aspectos os servidores de cartórios a servidores públicos, o que não é o caso de Minas Gerais; no Estado de Minas Gerais está em pleno vigor a Lei Complementar n° 70/03 que estabelece para os servidores e titulares de cartório que ingressaram até 1994 regras para a aposentadoria semelhantes às que são conferidas aos servidores efetivos; no âmbito da União, dois fatos reforçam o entendimento adotado pelo contribuinte: a) a concessão de benefícios, até a atualidade, somente consideram contribuintes empregadores aqueles servidores que ingressaram após a Lei Federal n° 8.935/94 ou aqueles que fizeram opção expressa pelo RGPS; b) não se tem notícia de a União ter autuado, antes do ano de 2009, qualquer titular de cartório em virtude de ter adotado interpretação idêntica à adotada pelo presente impugnante; II.2 Da razão da criação da regra de transição pela Lei Federal n° 8.935/94 em 500 anos de existência da atividade Fl. 501DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 500 5 notarial e de registro no país, uma coisa é certa: ela sempre foi concebida como atividade estatal e remunerada de forma indireta pelo Estado; as regras transitórias previstas na Lei Federal n° 8.935/94 se fizeram necessárias em virtude de que os titulares e servidores de cartórios sempre foram disciplinados como servidores públicos ou assemelhados e somente com o advento da Constituição de 1988 e regulação pela Lei n° 8935/94 é que se determinou que tal atividade estatal seria exercida em caráter privado; o estabelecimento de regras transitórias pela Lei Federal n° 8.935/94 tem como razão a existência de legislação federal e estadual que regiam anteriormente os titulares e servidores dos cartórios: a) decretolei n° 3.164/41; b) lei n° 1.906/59 do Estado de Minas Gerais; c) Constituição do Estado de Minas Gerais de 1967; d) Resolução n° 61/75 que tratava da Organização e da Divisão Judiciária do Estado de Minas Gerais; e) Lei n° 9.380/86 que dispunha sobre o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais; o STJ já se manifestou sobre a necessidade de observância de outras regras transitórias insculpidas na Lei Federal n° 8.935/94; o TJMG tem reconhecido a plena aplicabilidade do §2° do art. 48 da Lei n° 8.935/94; os escreventes e auxiliares que não optaram por mudar para o regime celetista permaneceram subordinados ao regime estatutário ou especial; os servidores que não fizeram a opção têm o direito, desde 1994, às regras de aposentadoria então existentes no Estado de Minas Gerais; II.3 Da coexistência de diversos regimes após a Emenda Constitucional n° 20/98 é verdade que, após a edição da Emenda Constitucional n° 20/98, o ordenamento jurídico permitiu novas vinculações apenas ao RGPS ou RPPS; a publicação da referida emenda não fez que fossem extintos todos os regimes de direito administrativo ou previdenciário anteriores à emenda constitucional n° 20/98; coexistem no Brasil vários regimes de aposentadoria, tal como o Instituto de Previdência dos Congressistas e casos de empresas estatais privatizadas, sobretudo os bancos estaduais; o que tem ocorrido é a interpretação enviesada de que a Emenda Constitucional n° 20 extinguiu todos os regimes anteriores a sua edição, mesmo sem haver qualquer previsão nesse sentido no texto da Emenda; Fl. 502DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 6 a impugnante não comunga com o entendimento da doutrina e jurisprudência de que as regras constitucionais possam atingir direitos adquiridos; a argumentação aqui trazida não afronta, em nenhum momento, o que foi decidido pelo STF na ADI n° 2.791 do Paraná, quando entendeu que as leis posteriores à Emenda Constitucional n° 20/98 não poderiam colocar os titulares e servidores dos cartórios no mesmo regime previdenciário dos servidores titulares de cargo efetivo; o que se defende é o direito dos servidores que já estavam em atividade antes da publicação da Lei n° 8.935/94 a permanecerem vinculados às regras legais existentes no Estado de Minas Gerais; II.3 da inexistência de descumprimento de obrigação tributária acessória a autuação ocorreu em função de o autuado ter deixado de cumprir obrigações acessórias decorrentes de supostos fatos geradores de contribuição social; acontece que todos os funcionários citados no auto de infração foram admitidos em período anterior a 21 de novembro de 1994 e estão vinculados ao IPSEMG; assim, por não ser a remuneração por eles auferida hipótese de incidência de contribuição social, não subsistem também as obrigações tributárias acessórias; III. Pedido pede e confia que seja julgado improcedente o presente auto de infração, ordenandose a sua baixa e o seu arquivamento. A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente a autuação, nos termos do Acórdão nº 0231.169 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte MG, conforme Ementa a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2009 ESCREVENTES E AUXILIARES DE SERVIÇOS NOTARIAIS. VINCULAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RGPS. Enquadramse como segurados empregados no regime geral de previdência social os escreventes e auxiliares de cartório, independentemente da contratação ter sido efetivada antes da Lei Federal n° 8.935/94, ainda que tenha havido opção por permanecer no regime estatutário. A Emenda Constitucional n° 20/98 definiu de maneira específica que a proteção previdenciária pela via do regime próprio de previdência social está adstrita aos servidores titulares de cargo efetivo. REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL Fl. 503DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 501 7 Regime próprio de previdência social, para que assim seja considerado, tem que prever, em lei, a concessão a seus filiados dos benefícios de aposentadoria e pensão por morte. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido ACÓRDÃO Acordam os membros da 7a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Intimese para pagamento do crédito mantido no prazo de 30 (trinta) dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em igual prazo, conforme facultado pelo art. 33 do Decreto n.° 70.235, de 6 de março de 1972. Encaminhese à Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem para cientificar o contribuinte do inteiro teor deste Acórdão e demais providências. Sala de Sessões, em 01 de março de 2011. Da decisão de primeira instância, às fls. 335 a 341, destacamse algumas passagens: No que se refere à parte impugnada, o argumento central do contribuinte é o de que os empregados do cartório relacionados no Auto de Infração estão vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social mantido pelo Estado de Minas Gerais IPSEMG. Verseá, consoante argumentos adiante expostos, que não assiste razão à impugnante. Nos termos do art. 236 da Constituição da República de 1988, os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. Ao regulamentar o art. 236 da Constituição da República, a Lei Federal n° 8.935/94 dispôs, em vários de seus artigos, sobre o regime trabalhista e previdenciário a serem observados. Art. 40. Os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares são vinculados à previdência social, de âmbito federal, e têm assegurada a contagem recíproca de tempo de serviço em sistemas diversos. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 8 Parágrafo único. Ficam assegurados, aos notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares os direitos e vantagens previdenciários adquiridos até a data da publicação desta lei. Art. 48. Os notários e os oficiais de registro poderão contratar, segundo a legislação trabalhista, seus atuais escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial desde que estes aceitem a transformação de seu regime jurídico, em opção expressa, no prazo improrrogável de trinta dias, contados da publicação desta lei. § Io Ocorrendo opção, o tempo de serviço prestado será integralmente considerado, para todos os efeitos de direito. § 2° Não ocorrendo opção, os escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial continuarão regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo, vedadas novas admissões por qualquer desses regimes, a partir da publicação desta lei. Art. 51. Aos atuais notários e oficiais de registro, quando da aposentadoria, fica assegurado o direito de percepção de proventos de acordo com a legislação que anteriormente os regia, desde que tenham mantido as contribuições nela estipuladas até a data do deferimento do pedido ou de sua concessão. Para tratar da situação previdenciária desses segurados, o então Ministério da Previdência e Assistência Social editou, em 24 de outubro de 1995, logo após a publicação da Lei Federal n° 8.935/94, a Portaria n° 2.701, que, em linhas gerais, estabeleceu a seguinte orientação. Art. Ia O notário ou tabelião, oficial de registro ou registrador que são os titulares de serviços notariais e de registro, conforme disposto no art. 5" da Lei n° 8.935, de 18 de novembro de 1994, têm a seguinte vinculação previdenciária: a) aqueles que foram admitidos até 20 de novembro de 1994, véspera da publicação da Lei n" 8.935J94, continuarão vinculados à legislação previdenciária que anteriormente os regia; b) aqueles que foram admitidos a partir de 21 de novembro de 1994, são segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social, como pessoa física, na qualidade de trabalhador autônomo, nos termos do inciso IV do art. 12 da Lei n" 8.212/91. (...) Art. 2" A partir de 21 de novembro de 1994, os escreventes e auxiliares contratados por titular de serviços notarias e de registro serão admitidos na qualidade de empregados, vinculados obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social, nos termos da alínea a do inciso I do art. 12 da Lei n'ç 8.212/91. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 502 9 (...) O §12 e o caput do art. 40 da Carta Magna, já com as alterações promovidas pela referida emenda, assim disciplinaram o assunto: Art. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional n" 20, de 15/12/98). (...) § 12 Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional n"20, de 15/12/98). O sentido que se extrai da cabeça do art. 40 do texto constitucional não deixa dúvida de que, a partir da alteração, o regime próprio de previdência social somente é dirigido aos servidores públicos titulares de cargo de provimento efetivo.. A Lei Federal n° 9.717/98, ao dispor sobre regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, não fugiu ao comando constitucional, determinando no inciso V do art. I o a exclusividade de cobertura do RPPS para os servidores públicos titulares de cargos efetivos. Art. 1" Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal deverão ser organizados, baseados em normas gerais de contabilidade e atuaria, de modo a garantir o seu equilíbrio financeiro e atuarial, observados os seguintes critérios: (...) V cobertura exclusiva a servidores públicos titulares de cargos efetivos e a militares, e a seus respectivos dependentes, de cada ente estatal, vedado o pagamento de benefícios, mediante convênios ou consórcios entre Estados, entre Estados e Municípios e entre Municípios; Percebese, pois, que antes do advento da Emenda Constitucional n° 20/98 a Lei permitia que os regimes próprios de previdência social amparassem quaisquer trabalhadores (comissionados, celetistas, contratados, temporários), inclusive os funcionários de cartórios, oferecendolhes o mesmo tratamento dispensado ao servidor efetivo. Fl. 506DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 10 Após a alteração da Constituição pela Emenda Constitucional n° 20/98, a situação definida na Lei Federal n° 8.935/94 vergase à interpretação constitucional e os escreventes e demais auxiliares de cartórios nomeados antes de 20/11/1994 passaram a ser abrangidos pelo regime geral de previdência social, justamente por não serem servidores públicos titulares de cargo efetivo, não se admitindo argüir que a eles foi assegurado o regime para aposentadoria existente anteriormente. Em perfeita aderência aos ditames previstos na Emenda Constitucional n° 20/98 e na Lei n° 9.717/98, a Orientação Normativa MPS/SPS n° 2, de 31 de março de 2009, publicada no Diário Oficial da União em 02/04/2009, por meio do inciso VI do art. 2o combinado com o caput do art. 11, expõe com propriedade que o regime próprio de previdência social abrange, exclusivamente, o servidor público titular de cargo efetivo, isto é, aquele cargo que é cometido a um servidor aprovado por meio de concurso público de provas ou de provas e títulos. (...) De acordo com os artigos 17 e 18 da Lei Estadual n° 9.380, de 18/12/1986, que dispõe sobre o IPSEMG, dentre os benefícios concedidos por esse Instituto, não está previsto o de aposentadoria, sob quaisquer modalidades, razão pela qual não podem seus filiados serem considerados como pertencentes a regime próprio de previdência social. Embora o Estado de Minas Gerais tenha editado a Lei Complementar Estadual n° 64/02, alterada posteriormente, inclusive pela Lei Complementar Estadual n° 70/03, e previsto a inclusão dos referidos funcionários dos cartórios no RPPS estadual, a Lei Federal n° 9.717/98 já trazia normas gerais sobre a organização dos regimes próprios, em perfeita sintonia com o texto constitucional. Como se sabe, a teor do disposto no art. 24, XII, da Constituição da República, a competência para legislar sobre previdência social é concorrente. Entretanto, o texto constitucional excepciona que cabe à União a edição de normas gerais e aos entes da Federação a edição de normas suplementares (...) Em harmônico entendimento aos comentários delineados nos últimos quatro parágrafos, frisese que a Advocacia Geral do Estado de Minas Gerais, por meio do Parecer AGE n° 14.938, de 10 de julho de 2009, concluiu pela inconstitucionalidade dos incisos V e VI do art. 3 o da Lei Complementar Estadual n° 64/02, acrescentados pelo art. I o da Lei Complementar Estadual n° 70/03, por ofensa ao art. 40 da Constituição da República, na redação dada pela Emenda Constitucional n° 20/98, bem como ilegais em contraposição aos delineamentos da Lei n° 9.717/98. (...) Quanto à assertiva do contribuinte de que o Estado de Minas Gerais tem custeado a aposentadoria dos escreventes e Fl. 507DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 503 11 auxiliares contratados até 20 de novembro de 1994 e que não fizeram opção pelo regime celetista, temse a esclarecer que não cabe a esta Delegacia de Julgamento manifestarse sobre a legalidade dos atos de aposentadoria expedidos por esse Estado da Federação. (...) Consoante os fatos narrados, agiu com acerto a Autoridade Fiscal ao considerar que os trabalhadores do cartório relacionados no Auto de Infração são segurados empregados submetidos ao regime geral da previdência social, tornandose irrelevante a opção pelo regime celetista, haja vista que a Emenda Constitucional n° 20/98 definiu de maneira específica que a proteção previdenciária pela via do RPPS somente está adstrita aos servidores titulares de cargo efetivo. (...) Não merece prosperar a alegação do contribuinte de que a autuação ocorreu em função de o autuado ter deixado de cumprir obrigações acessórias decorrentes de supostos fatos geradores de contribuição social, pois o presente crédito trata de uma obrigação tributária principal, ou seja, aquela que surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Inconformada com a decisão de 1ª instância, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, fls. 345 a 370, combatendo a decisão de primeira instância fundamentadamente e reiterando os argumentos utilizados em sede de Impugnação afirmando a não vinculação dos segurados objeto do AIOP ao RGPS, mas sim ao RPPS do Estado de Minas Gerais, o IPSEMG, observandose que em Sede de Preliminar aduz que: Cumpre esclarecer que o Sindicato dos Notários e Registradores de Minas Gerais — SINOREG/MG ajuizou Ação Declaratória em face do Estado de Minas Gerais e da União perante a Justiça Federal (18a Vara Federal de Belo Horizonte), com pedido de tutela antecipada, que foi inicialmente negado. Houve recurso em forma de Agravo de Instrumento ao TRF da Ia Região, ao qual a Desembargadora Mônica Sifuentes deu provimento, no sentido de suspender as autuações da Receita Federal contra os Notário e Registradores sobre a matéria aqui questionada. Em Sessão de Julgamento realizada em 10.07.2012, esta Colenda Turma de Julgamento do CARF resolveuse por baixar o processo em Diligência nos seguintes termos: CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do Recorrente informe se o Recorrente é parte, por qualquer modalidade processual, da ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800 e ainda se o Recorrente é atingido, a que título, pelos efeitos da tutela antecipada concedida no Agravo de Instrumento – AI nº 002869547.2010.4.01.0000/MG. Fl. 508DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 12 A Diligência realizada pela a unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição da Recorrente, retornou ao CARF informando o posicionamento do contribuinte de que é parte integrante do processo: 1. Foi emitido Termo de Intimação Fiscal, via postal, recebido pelo contribuinte em 26/02/2013. 2. O contribuinte foi intimado a: “Para fins de instrução nos Autos de Infração 37.253.9327, 37.253.9300, 37.253.9327 e 37.253.9327, nos quais o intimado é parte recorrente, informar por escrito, acompanhado de documentos comprobatórios: Se o Recorrente é parte, por qualquer modalidade processual, da ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800. Se o Recorrente é atingido, a que título, pelos efeitos da tutela antecipada concedida no Agravo de Instrumento – AI nº 002869547.2010.4.01.0000/ MG.” 3. Está em anexo a reposta do contribuinte, que em síntese informa que é parte integrante do processo, porém não confirmou se é filiado aos autores do processo. O Contribuinte atravessou Manifestação, às fls. 625 a 628, Anexado ao processo administrativofiscal nº 10665.001450/201030, no sentido de ser parte integrante do processo na modalidade de substituído e/ou representado processualmente pelos autores na ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800 o Sindicato dos Notários e Registradores de Minas Gerais SINOREG; o Sindicato dos Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado de Minas Gerais RECIVIL; a Associação dos Notários e Registradores do Estado de Minas Gerais ANOREG/MG; e a Associação dos Serventuários de Justiça do Estado de Minas Gerais SERJUS. Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 504 13 Voto Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro , Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 460. Avaliados os pressupostos, passo para as Questões Preliminares. DAS QUESTÕES PRELIMINARES DA AUTUAÇÃO FISCAL Tratase de Recurso Voluntário, às fls. 345 a 370, interposto pelo Recorrente – VICENTE DE PAULO CARVALHO contra Acórdão nº 0231.169 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte MG, fls. 335 a 341, que julgou procedente a autuação por descumprimento de obrigação principal, Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP nº. 37.253.9327, às fls. 01, com valor consolidado inicial de R$ 16.795,90. O crédito previdenciário se refere valores de contribuições destinadas à Seguridade Social devidas para outras Entidades FNDE, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados, no período 01/2006 a 12/2009. Segundo Relatório Fiscal, às fls. 27 a 29, a peça introdutória deste processo consta do Auto de Infração debcad n° 37.253.9300, ao qual este se encontra apensado. O Relatório Fiscal informa que inicialmente a Auditoria Fiscal na empresa teve início com a emissão do Termo de Início de Procedimento Fiscal TIPF, para apresentação da documentação exigida em 03/08/2010, sendo este TIPF emitido em nome do SERVIÇO REGISTRAL DE IMÓVEIS DA COMARCA DE BOM DESPACHO, CNPJ 20.221.198/000140. Posteriormente foi efetuada a matrícula CEI 70.004.06170/08, de ofício, haja vista o Cartório não ter personalidade jurídica e o débito tem que ser lavrado em nome do titular. Nesta matrícula foi emitido novo TIPF em 06/08/2010. Conforme o Relatório Fiscal o débito foi apurado sobre os valores pagos aos segurados empregados Maria do Rosário Coimbra, nomeada escrevente do Cartório de Registro de Imóveis em 26 de abril de 1984, e Domingos Sávio de Carvalho, nomeado escrevente substituto em 27 de abril de 1994. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 14 Estes segurados não foram inscritos como segurados empregados filiados ao Regime Geral de Previdência Social RGPS pelo Sr. Vicente de Paulo Carvalho, por considerá los filiados a Regime Próprio de Previdência (RPPS) do Estado de Minas Gerais, gerido pelo Estado e IPSEMG. Assinala o Relatório Fiscal que esta filiação da segurada Maria do Rosário Coimbra e do segurado Domingos Sávio de Carvalho ao RPPS está correta por um determinado período, pois com o advento da Lei n°. 8.935/94, os notários ou tabeliães, oficiais de registro ou registradores, escreventes e auxiliares admitidos antes da Lei n°. 8.935/94, deveriam continuar vinculados à legislação previdenciária que anteriormente os regia (RPPS), eis que não houve opção do seu regime jurídico para o da Consolidação das Leis do Trabalho CLT. No entanto, afirma o Relatório Fiscal que esta filiação foi alterada a partir da modificação do sistema de previdência social, com a Emenda Constitucional n°. 20, de 15 de dezembro de 1998, in verbis: "Art. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo." Considera o Relatório Fiscal que como os segurados citados não são servidores titulares de cargo efetivo, os mesmos estão excluídos do Regime Próprio de Previdência Social e, pelo exercício de atividade remunerada, estão obrigatoriamente vinculados ao Regime Geral de Previdência Social –RGPS como segurados empregados, conforme previsto no artigo 7º, inciso X da Instrução Normativa INSS/DC n° 65 de 10/05/2002, no artigo 9º, inciso XIX da Instrução Normativa INSS/DC n° 100 de 18/12/2003, no artigo 6º, inciso XXI da Instrução Normativa SRP n° 03 de 14/07/2005 e no artigo 6º, inciso XXI da Instrução Normativa RFB n° 971 de 13/11/2009. DO AJUIZAMENTO DE AÇÃO JUDICIAL Outrossim, o Recurso Voluntário, às fls. 345 a 370, em Sede Preliminar aduz que: Cumpre esclarecer que o Sindicato dos Notários e Registradores de Minas Gerais — SINOREG/MG ajuizou Ação Declaratória em face do Estado de Minas Gerais e da União perante a Justiça Federal (18a Vara Federal de Belo Horizonte), com pedido de tutela antecipada, que foi inicialmente negado. Houve recurso em forma de Agravo de Instrumento ao TRF da Ia Região, ao qual a Desembargadora Mônica Sifuentes deu provimento, no sentido de suspender as autuações da Receita Federal contra os Notário e Registradores sobre a matéria aqui questionada. A partir da cópia do Agravo de Instrumento nº 0028695 47.2010.4.01.0000/MG, às fls. 497 a 500, colacionado no Recurso Voluntário e em pesquisa no site do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (http://www.trf1.jus.br), consulta em 14.07.2014, temos as informações a seguir. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 505 15 Em relação à ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800, temos: (i) ação ordinária autuada em 06.04.2010; (ii) site consultado em 14.07.2014: http://processual.trf1.jus.br/consultaProcessual/processo.php?trf 1_captcha_id=8154b4293e125c80c30dbde2ecd03925&trf1_capt cha=9t7r&enviar=Pesquisar&proc=00286954720104010000&s ecao=TRF1 (iii) PARTES: AUTOR: SINDICATO DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES DE MINAS GERAIS – SINOREG AUTOR: ASSOCIAÇÃO DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS ANOREG/MG AUTOR: SINDICATO DOS OFICIAIS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS REVICIL AUTOR: ASSOCIAÇÃO DOS SERVENTUÁRIOS DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS – SERJUS RÉU: UNIÃO FEDERAL RÉU: ESTADO DE MINAS GERAIS (iv) Conforme o Relatório da decisão agravada, em 13/04/2010: Cuidase de ação ordinária, via da qual a parte autora, composta por entidades representantes de classe, pretende que seja declarado o direito dos notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares de cartórios do Estado de Minas Gerais que já estavam em atividade em 20/11/1994 de permanecerem regidos pelas regras de aposentadoria do Estado de Minas Gerais, nos termos dos artigos 40, caput, e parágrafo único, 48, caput e § 2°, e 51, caput e parágrafos, todos da Lei Federal n° 8.935/94. Reclama o reconhecimento pelo Estado de Minas Gerais de todo o tempo de serviço posterior a 1998, para efeito de concessão de aposentadoria. Requer declaração judicial de que a União não tem o direito de cobrar contribuições previdenciárias federais dos notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares de cartórios que já estavam em atividade em 20/11/1994. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 16 Pede a extinção de todos os procedimentos de cobrança, autuação ou execução fiscal de autoria da União que tenham como objeto créditos previdenciários Em relação ao andamento processual no Tribunal Regional Federal da 1ª Região TRF 1: (i) Dados gerais Agravo de Instrumento impetrado, nº 002869547.2010.4.01.0000/MG: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO 286954720104010000/MG AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0028695 47.2010.4.01.0000/MG Processo Orig.: 002271823.2010.4.01.3800 RELATORA DESEMBARGADORA FEDERAL MONICA SIFUENTES AGRAVANTE SINDICATO DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES DE MINAS GERAIS – SINOREG AGRAVANTE SINDICATO 'DOS OFICIAIS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS REVICIL AGRAVANTE SINDICATO 'DOS OFICIAIS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS REVICIL AGRAVANTE ASSOCIAÇÃO DOS SERVENTUÁRIOS DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS – SERJUS AGRAVADO UNIÃO FEDERAL AGRAVADO ESTADO DE MINAS GERAIS (ii) da decisão veiculada no AI que concedeu a tutela antecipada: Insurgemse os agravantes contra decisão do MM Juiz de 1° grau (cópia às fls. 43/44), que indeferiu a antecipação de tutela pleiteada, em ação proposta contra a União Federal e o Estado de Minas Gerais, visando o reconhecimento de tempo de serviço/contribuição,, após 16 de dezembro de 1998, para fins de concessão de aposentadoria c o direito ao recolhimento das contribuições previdenciárias, independentemente do pagamento de multa e juros de mora, de todos os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares de cartório do Estado de Minas Gerais. Pedem, ainda, que a União se abstenha de realizar qualquer procedimento administrativo de cobrança, autuação ou execução Fl. 513DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 506 17 fiscal que tenha como objeto os créditos previdenciárias de responsabilidade pessoal ou patronal dos substituídos. Esclarecem que o Estado de Minas Gerais, ao editar o Decreto n° 45.172, em 14/09/2009, dispôs que. com base na Emenda Constitucional n° 20/98, os titulares e servidores de cartório que ingressaram na atividade antes da publicação da norma acima citada teriam sido migrados, com data retroativa a 16/12/98, para o Regime Geral de Previdência Social RGPS. com a perda do vinculo para aposentadoria com o Estado. Informam que o art. 236 da .Constituição Federal dispôs que lei" federal deveria disciplinai os serviços notariais e de registro. Em razão disso foi editada a Lei n° 8.935/94 que criou uma regra transitória, garantindo aos servidores, que já estavam em atividade, o direito de se aposentarem sob a responsabilidade do Estado de Minas Gerais, com fundamento nas regras existentes na data de sua publicação. • Requerem o deferimento da antecipação de tutela e o provimento do agravo Decisão A antecipação dos efeitos da tutela pressupõe, segundo disposto no art. 273 do CPC, prova inequívoca quanto à verossimilhança da alegação em que se funda o direito vindicado, alem de propósito procrastinatório do réu ou possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação. Os agravantes, em sua peça inicial, informam que "não se tem notícia de ter esse egrégio TRF 1 a Região ou qualquer outro Tribunal do Pais se debruçado sobre a questão veiculada neste recurso, tratandose de leading case, o que evidencia a complexidade da matéria em exame". A complexidade apontada certamente levou o MM. Juiz de 1° grau a aguardar a manifestação dos demandados, para melhor se inteirar da questão quando de possível reexame do pedido de antecipação dos efeitos da tutela. No.entanto, conquanto comungue do ..entendimento do magistrado de 1o. grau no tocante à cautela exigida para se julgar questão de tamanha complexidade, que envolve o regime de aposentadoria de todos os servidores e titulares de cartórios do Estado de Minas Gerais, como informado na peça recursal, creio que há pelo menos um ponto cuja reparação em sede cautelar se faz premente. ' Tratase da INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB N° 971, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2009, que modificou substancialmente, e com efeitos imediatos e caráter retroativo, o regime de contribuição social.para a Previdência Social dos notários, tabeliães, oficiais de registro e servidores nomeados até 20 de novembro de 1994, como se vê dos seguintes dispositivos: Art. 6 º XXI (...) XXII (...) XXIII(...) Art. 9 º XXIII(...) XXIV(...) De fato, a Constituição Federal de 1988, no art. 236 (Ato das Disposições Constitucionais Gerais), estabeleceu que a atividade Fl. 514DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 18 notarial fosse disciplinada por lei federal, que somente foi promulgada em 1994 Lei 8.935, de 18 de novembro de 1994 chamada de Lei,dos Cartórios;. Essa lei, por sua vez em vários dos seus dispositivos, assegurou os direitos e vantagens daqueles que estivessem em atividade na data da sua publicação. (...) Na .esteira dessa lei, o próprio Ministro de Estado da Assistência e Previdência Social editou a PORTARIA MPAS N° 2.701, DE 24 DE OUTUBRO DE 1995 DOU DE 26/10/1995 que, "considerando a necessidade de esclarecer a situação previdenciária dos notários ou tabeliães, oficiais de registro ou registradores, escreventes e auxiliares em função do disposto na Lei n° 8.935, de 18 de novembro de 1994", distinguiu claramente, para fins de contribuição e nos termos da lei em vigor, a situação dos servidores e titulares de cartório admitidos até 20 de novembro de 1994 (...) (...) Desse modo, ao menos em juízo preliminar, parece fora de dúvidas que a Instrução Normativa 971/2009 inovou e destoou completamente dos termos fixados na Lei 9.935/94, ferindo ainda os princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade, ao exigir contribuição dos titulares dos cartórios desde a data da entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 20/98. O perigo de dano decorre da própria executoriedade da instrução Normativa em questão, sendo atual ou iminente a possibilidade de autuação e cumprimento dos procedimentos fiscais inerentes à cobrança da divida' fixada com base na referida Instrução. No tocante, no entanto, ao crédito tributário eventualmente apurado, há necessidade de que a suspensão seja antecedida do depósito dos valores questionados, nos termos da.jurisprudência já pacificada nesta Corte ((AC 2000,01.00.0853000/DF, Rei. Juiz Mário César Ribeiro, Quarta Turma.DJ p.149 de 22/01/2002). Ante o exposto, nos'termos do art. 273 do CPC, CONCEDO PARCIALMENTE a antecipação de tutela pleiteada, nos termos do pedido formulado no item 1, letra "c" da inicial do agravo (fl.31), devendose observar, quanto ao créditos já apurados, a necessidade do depósito dos valores questionados, para fins de suspensão. Dêse ciência ao ilustre prolator da decisão agravada, para as providências com vistas ao seu cumprimento. Intimese o(a) agravado(a) para apresentação de contraminuta. Publiquese. Intimese. Brasília, 11 de abril de2011. (iii) Em 07.11.2013 houve a redistribuição do processo por sucessão, estando concluso ao Relator para Relatório e Voto desde 14.03.2014. Fl. 515DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 507 19 (iv) Em 06.02.2014, o TRF recebeu as Apelações das partes Autora e Ré (União): Recebo as apelações da parte autora e da ré União, tempestivamente interpostas, nos efeitos devolutivo e suspensivo. Tendo em vista que as contrarrazões já foram ofertadas pela parte ré, vista à parte autora para, querendo, responder no prazo legal. DA DILIGÊNCIA FISCAL REALIZADA A Diligência realizada pela a unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição da Recorrente, retornou ao CARF informando o posicionamento do contribuinte de que é parte integrante do processo: 1. Foi emitido Termo de Intimação Fiscal, via postal, recebido pelo contribuinte em 26/02/2013. 2. O contribuinte foi intimado a: “Para fins de instrução nos Autos de Infração 37.253.9327, 37.253.9300, 37.253.9327 e 37.253.9327, nos quais o intimado é parte recorrente, informar por escrito, acompanhado de documentos comprobatórios: Se o Recorrente é parte, por qualquer modalidade processual, da ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800. Se o Recorrente é atingido, a que título, pelos efeitos da tutela antecipada concedida no Agravo de Instrumento – AI nº 002869547.2010.4.01.0000/ MG.” 3. Está em anexo a reposta do contribuinte, que em síntese informa que é parte integrante do processo, porém não confirmou se é filiado aos autores do processo. O Contribuinte atravessou Manifestação, às fls. 625 a 628, Anexado ao processo administrativofiscal nº 10665.001450/201030, no sentido de ser parte integrante do processo na modalidade de substituído e/ou representado processualmente pelos autores na ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800 o Sindicato dos Notários e Registradores de Minas Gerais SINOREG; o Sindicato dos Oficiais de Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado de Minas Gerais RECIVIL; a Associação dos Notários e Registradores do Estado de Minas Gerais ANOREG/MG; e a Associação dos Serventuários de Justiça do Estado de Minas Gerais SERJUS. Fl. 516DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI 20 DA RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS Verificase que a ciência do presente AIOP nº 37.253.9327 ocorreu em 26.08.2010, conforme fls. 01, e que a ação ordinária, processo nº 0022718 23.2010.4.01.3800, já havia sido anteriormente ajuizada posto que foi autuada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais em 06.04.2010. Restou comprovado nos autos que a ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800, possui objeto idêntico ao veiculado no presente processo administrativofiscal nº 10665.001452/201029 com o AIOP nº 37.253.9327, qual seja o de discutir a incidência de contribuições sociais previdenciárias dos notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares de cartórios que já estavam em atividade em 20/11/1994, além de que a ação ordinária ajuizada tem como pedido a extinção de todos os procedimentos de cobrança, autuação ou execução fiscal de autoria da União que tenham como objeto créditos previdenciários. Neste sentido, temse a Manifestação da Recorrente, às fls. 625 a 628, Anexado ao processo administrativofiscal nº 10665.001450/201030, no sentido de ser parte integrante do processo na modalidade de substituído e/ou representado processualmente pelos autores na ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800. Desta forma, exsurge a aplicação da Súmula nº 1 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, de observância obrigatória nos termos do art. 72, caput, Anexo II, Regimento Interno do CARF: Anexo II, Regimento Interno do CARF Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, diante da coincidência de objetos verificados no presente processo administrativofiscal nº 10665.001452/201029 (AIOP nº 37.253.9327) e na ação ordinária ajuizada na 18 ª Vara Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, processo nº 002271823.2010.4.01.3800, em função da aplicação da Súmula nº 1 do CARF não há matéria a se conhecer no presente processo administrativofiscal. Fl. 517DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10665.001452/201029 Acórdão n.º 2403002.651 S2C4T3 Fl. 508 21 CONCLUSÃO Voto no sentido de NÃO CONHECER do Recurso Voluntário em função da aplicação da Súmula nº 01 do CARF. É como voto. Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Fl. 518DF CARF MF Impresso em 01/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 16/09/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 30/09/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 13161.000425/2010-06
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
OMISSÃO OU ERRO MATERIAL NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS.
Rejeitam-se os embargos de declaração quando não caracterizadas as aduzidas omissão ou erro na decisão recorrida, fundamentos únicos do recurso.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3802-003.729
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela interessada, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Francisco José Barroso Rios, Mércia Helena Trajano Damorim, Solon Sehn e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 OMISSÃO OU ERRO MATERIAL NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. Rejeitamse os embargos de declaração quando não caracterizadas as aduzidas omissão ou erro na decisão recorrida, fundamentos únicos do recurso. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela interessada, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, Francisco José Barroso Rios, Mércia Helena Trajano Damorim, Solon Sehn e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Em sessão transcorrida em 24 de abril de 2014 esta Segunda Turma Especial, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso voluntário interposto pelo sujeito passivo nos termos do acórdão nº 3802002.956, assim ementado: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 04 25 /2 01 0- 06 Fl. 221DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 11/ 11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM 2 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS BÁSICOS DO IPI. LIQUIDEZ E CERTEZA. EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA . DEFERIMENTO PARCIAL. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. Recurso a que se dá parcial provimento. Cientificado da referida decisão em 11/07/2014 (fls. 217), o sujeito passivo, em 02/07/2014, protocolizou petição inominada (fls. 206/209) onde contesta a recomposição dos saldos do crédito do IPI conforme argumentos aduzidos na correspondente peça, requerendo, ao fim, “seja determinada nova revisão dos cálculos relativos às compensações indevidas do IPI, com demonstrativos que convença a Recorrente de sua obrigação de recolher os tributos devidos por compensação indevida”. A interessada questiona a recomposição dos saldos do IPI nos autos do processo nº 13161.720020/201080, no qual foi analisado pedido de ressarcimento do IPI de competência do 3o trimestre de 2005 (artigo 11 da Lei no 9.779/99). Em função da aludida análise a Seção de Fiscalização da DRF Dourados encontrou irregularidades na saída de produtos com suspensão do IPI, fato que motivou a lavratura do auto de infração, objeto do processo referenciado (no 13161.720020/201080). Agora o sujeito passivo se insurge, especialmente, contra a não consideração das vendas realizadas a empresas optantes pelo SIMPLES. Essas e outras questões serão detalhadas na fundamentação da presente decisão. Ressaltese que em alguns dos processos em nome da interessada a data que consta do recurso é anterior ao da ciência do acórdão. Isso ocorreu em função de o sujeito passivo ter sido intimado dos primeiros acórdãos referentes aos processos de compensação julgados por esta Turma em 04/06/2014. Todos os processos tinham como matriz dos créditos utilizados para compensação os saldos do IPI apurados no processo nº 13161.720020/201080, e foram julgados, portanto, com base na mesma motivação. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios Entendeu a unidade de origem que a petição inominada apresentada pelo sujeito passivo tratarseia de recurso especial, conforme despacho de encaminhamento acostado aos autos. Contudo, tendo em vista que a petição em tela foi apresentada dentro do prazo cinco dias contados da ciência do acórdão para a interposição dos embargos de declaração (artigo 65, § 1o, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – aprovado pela Portaria MF no 256, de 22/06/2009), penso que, em homenagem ao princípio do formalismo moderado, deverá a petição em tela ser examinada, primeiramente, como se embargos de declaração fosse. Posteriormente, se superado tal exame, deverá ser dado seguimento à petição como se tratasse de recurso especial, nada impedindo que este colegiado, por ter conhecido da matéria, opine sobre sua admissibilidade, já que a decisão é da competência do Sr. Presidente Fl. 222DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 11/ 11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM Processo nº 13161.000425/201006 Acórdão n.º 3802003.729 S3TE02 Fl. 222 3 da Câmara, a teor do disposto no artigo 18, inciso III, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, podendo este, portanto, concordar ou não com os fundamentos aqui desenvolvidos. Primeiramente, examinemos a petição como se embargos de declaração fossem. Vêse nos argumentos desenvolvidos pelo sujeito passivo que o mesmo tenta rediscutir questão que já foi examinada e decidida em definitivo nos autos do processo nº 13161.720020/201080, conforme seguinte trecho do voto que subsidiou o acórdão recorrido: O litígio relativo ao lançamento do IPI, objeto do processo n° 13161.720020/201080, já foi dirimido em definitivo, conforme relatado, em acórdão proferido pela 3a Turma da DRJ Juiz de Fora, o qual reduziu o crédito tributário originalmente lançado, de R$ 463.255,08 de IPI e de R$ 347.441,26 de multa proporcional, para, respectivamente, R$ 47.356,93 e R$ 35.517,70. Nesse processo foi reconstituída a base de cálculo do IPI de 2004 a 2007, mediante a exclusão, da base de cálculo do imposto, das vendas para clientes sujeitos ao regime simplificado (SIMPLES) que, anteriormente à venda, ou no momento em que esta se concretizou, declararam atender aos requisitos para que a saída se desse com suspensão do IPI, nos termos do § 7º, inciso II, do artigo 29 da Lei nº 10.637/2002. Tal providência atende ao pleito do sujeito passivo (fls. 155/174) para que fossem revistos novamente os cálculos do crédito do IPI considerando a correta existência de declarações de suspensão do imposto apresentadas por empresas adquirentes sob o regime simplificado. Assim, considerando os 12 processos de ressarcimento/compensação formalizados pelo sujeito passivo, temse, por conta do julgamento do processo nº 13161.720020/201080, que os créditos inicialmente reconhecidos em favor da interessada, no montante de R$ 156.610,18, foram aumentados para R$ 563.745,01 (diferença de R$ 407.134,83 em favor da recorrente), nos termos demonstrados abaixo: Processo Crédito pleiteado Deferido inicial (A) Deferido final (B) Diferença (B A) 13161.000424/201053 280.187,76 49.327,68 120.776,52 71.448,84 13161.000425/201006 41.323,65 0,00 2.069,05 2.069,05 13161.000426/201042 88.268,59 1.529,06 44.710,95 43.181,89 13161.000427/201097 47.114,80 0,00 5.094,58 5.094,58 13161.001164/200738 160.495,09 14.984,89 109.131,74 94.146,85 13161.001165/200782 61.501,42 0,00 21.867,21 21.867,21 13161.001166/200727 129.790,06 0,00 59.965,55 59.965,55 13161.001167/200771 159.324,07 0,00 0,00 0,00 13161.001168/200716 199.058,29 0,00 33.804,59 33.804,59 13161.001169/200761 251.379,51 57.589,14 93.218,53 35.629,39 13161.001170/200795 245.880,03 33.179,41 70.538,71 37.359,30 13161.001171/200730 34.655,00 0,00 2.567,58 2.567,58 Totais 1.698.978,27 156.610,18 563.745,01 407.134,83 Especificamente em relação ao presente processo (nº 13161000425201006), houve um incremento do crédito favoravelmente à recorrente de R$ 2.069,05 (vide tabela supra). Fl. 223DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 11/ 11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM 4 Ainda, a petição ora em exame inova ao trazer novos argumentos e demonstrativos não apresentados nem na primeira nem na segunda instâncias. Nesta a recorrente se limitou a fazer uma análise de proporções, rechaçada pelo colegiado, nos termos a seguir transcritos: A suplicante, todavia, registra sua inconformidade fazendo uma análise de proporções onde procura demonstrar a inconsistência entre o percentual considerado do lançamento (10,22%) e os novos cálculos da “compensação indevida”, que representariam 36,03% dos anteriores. Nos termos do sujeito passivo: Por outro lado, a autuação principal teve seu valor original de R$ 463.255,08, restando procedente apenas R$ 47.356,93 (demonstrativos pré e pós inclusos). Neste caso, verificase que a procedência foi de apenas 10,22%. Enquanto que os valores compensados indevidamente, a princípio eram de R$ 1.698.978,27, atualizado pela taxa Selic em 21.11.2013 – data do julgamento, seria de R$ 2.260.190,44. Os novos cálculos da compensação indevida nos 12 (doze) processos atualizados somam R$ 814.428,71, representando 36,03% dos cálculos anteriores. Assim, notase, mais uma vez, que os cálculos apresentados pela Ilustre Auditora estão completamente equivocados. Se o contribuinte, com os novos argumentos apresentados, pretende sejam refeitos os cálculos relacionados à recomposição da base de cálculo do IPI do período de janeiro de 2004 a dezembro de 2007, tal discussão, ressaltese, está preclusa, uma vez que a mesma foi objeto de julgamento no processo nº 13161.720020/201080, já encerrado. No mais, não me parece razoável buscar uma proporção linear entre o percentual do crédito tributário exonerado frente ao lançado e o percentual das compensações homologadas frente as glosas iniciais, posto que baseados em valores de magnitude bem diferente (o valor principal lançado foi de R$ 463.255,08 e a soma das glosas iniciais – parcela indeferida das compensações – foi de R$ 1.542.368,09 – conforme informação fiscal acostada aos autos de cada processo posteriormente às declarações de compensação), logo, uma diferença de mais de 3 vezes, que matematicamente reverbera numa relação percentual não linear. Coerente seria comparar os montantes do crédito tributário exonerado com as diferenças dos valores do crédito do sujeito passivo deferidos depois do julgamento do processo nº 13161.720020/201080. Nesse diapasão, temse que enquanto o crédito lançado foi reduzido de R$ 463.255,08 para R$ 47.356,93 (valor principal), exonerando o sujeito passivo em R$ 415.898,15, a diferença dos créditos reconhecidos em favor do sujeito passivo nos 12 processos de compensação da empresa, posteriormente aos cálculos procedidos pela unidade preparadora, foi de R$ 407.134,83 (vide tabela supra). Constata se, pois, que há uma harmonia entre os créditos tributários exonerados e os créditos reconhecidos em favor do sujeito passivo para fins de compensação. No mais, o sujeito passivo não traz nenhum demonstrativo de cálculo que aponte eventual equívoco cometido pela unidade Fl. 224DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 11/ 11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM Processo nº 13161.000425/201006 Acórdão n.º 3802003.729 S3TE02 Fl. 223 5 preparadora quando do levantamento do saldo do imposto. Apenas se baseia na sua comparação proporcional onde procura demonstrar a inconsistência entre o percentual considerado do lançamento (10,22%) e os novos cálculos da “compensação indevida”, que representariam 36,03% dos anteriores, argumento que entendemos não merece ser aceito, conforme arrazoado acima. (grifos nossos) Portanto, mesmo que se conheça da petição da recorrente como se embargos de declaração fossem, os mesmos deverão ser rejeitados; a uma, porque tratam de questão que já foi objeto de decisão em definitivo nos autos de outro processo da interessada; a duas porque, conforme demonstrado, o acórdão recorrido não está eivado de omissão ou de erro que justifique a oposição de embargos de declaração. No mais, se acolhida a petição da suplicante como recurso especial – no mesmo sentido que entendeu a unidade de origem –, penso, como já dito, que nada impede o colegiado de se manifestar sobre sua admissibilidade, muito embora a decisão em tela seja da competência do Sr. Presidente da Câmara, conforme já ressaltado. Neste comenos, depreendese do exposto acima que o sujeito passivo não demonstrou a existência dos pressupostos contidos no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, notadamente “a divergência arguida indicando até duas decisões divergentes por matéria” (§ 4º do artigo 67). Consequentemente, também não foram observados os requisitos de que tratam os parágrafos 6º e 7º do aludido dispositivo1. No mais, importa destacar que o recurso especial não se reveste em instrumento de rediscussão de matéria fáticoprobatória. Não caracterizada, pois, a dissensão jurisprudencial, impossível acatar o recurso, posto que não atendidos os pressupostos necessários à sua admissibilidade. Da conclusão Diante do exposto, e considerando que o acórdão recorrido não está eivado de omissão ou erro que justifique a oposição de embargos de declaração, voto para que seja rejeitado o recurso formulado pela interessada, visto que este carece de pressuposto essencial à sua legitimação. 1 Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. [...] § 4° Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até duas decisões divergentes por matéria. [...] § 6° A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. § 7° O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 11/ 11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM 6 Considerando ainda a possibilidade de a recorrente haver intentado apresentar recurso especial, proponho seja o presente processo remetido ao Senhor Presidente da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF, com a sugestão de que referido recurso seja denegado, uma vez que também não foram atendidos os pressupostos necessários à sua admissibilidade, conforme demonstrado. Sala de Sessões, em 15 de outubro de 2014. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator Fl. 226DF CARF MF Impresso em 28/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 11/ 11/2014 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 27/11/2014 por MERCIA HELENA TRAJA NO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 13971.001667/2002-64
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 20 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - TRPJ Exercício: 1999
Ementa: INCENTIVOS FISCAIS. RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS COM REDUÇÃO DE VALORES. Não perde o direito à. opção pela aplicação cm incentivos "fiscais no FÍNOR e no FINAM o contribuinte que entregar declaração retifieadora fora do exercício de competência, com redução do valor do imposto, mantido o fundo e o percentual originais, desde que a declaração primitiva tenha sido apresentada □o exercício respectivo. Nesse caso, ficam reduzidos, na mesma proporção, os valores dc incentivo transcritos na retifieadora
Numero da decisão: 1803-000.422
Decisão: Acordam os membros do Colcgiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Sele Ferreira de Moraes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - "IRPJ Exercício: 1999 Ementa: íNCENTIVOS FISCAIS. RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS COM REDUÇÃO DE VALORES, Não perde o direito à opção pela aplicação em incentivos fiscais no FINOR e no FINAM o contribuinte que entregar declaração retificadora fbra do exercício de competência, com redução do valor do imposto, mantido o fundo e o percentual originais, desde que a declaração primitiva tenha sido apresentada no exercício respectivo_ Nesse caso, ficam reduzidos, na mesma proporção, Os valores de incentivo transcritos na retificadom Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado, - _ 'Verreiraderer s — esidente e R elatora EDITADO EM: :p g 0. 2.0 \O Participaram do piesente julgamento os Conselheiros: Selene Ferreira de "M"oraes, Walter Adoltb Maiesch, Luciano lnocêncio dos Santos, Benedicto Celso Be,nicio ún i or, Sérgio Rodrigues Mendes e Diniz Raposo e Silva Reta tório Trata o presente processo de Pedido de Revisão de Ordem de incentivos Fiscais — PÉRC, relativo ao ano calendário de 1998, exercício de 1999. ContOrme dados constantes da ficha 16 Aplicações em I neentivos Fiscais - da Declaração dc Imposto de .Renda. da Pessoa .Jurídica — I.R.PJ/1999 (fls. 20), o contribuinte optou por destinar parcela do imposto de renda recolhido para aplicação no HNOR e no F1NA.M.. Todavia, não tbi reconhecido o direito ao incentivo fiscal, conforme se verifica no extrato de fls. 4, em que constam as seguintes ocorrências: • 04 - REDUÇÃO DE VALOR POR R.ECOI „FIM KNTO INCOMPLETO DO IMPOSTO. • -11 - CONTRIBUINTE COM DECLARAÇÃO ENTREGUK APÓS 31/12/1999. A autoridade adininistrativa indeferiu o pleito porque houve entrega de declaração reriticadora após o término do exercício de competência, e com valores referentes às aplicações diferentes daqueles infinmados na declaração original. kresignada com a decisão, a connibuinte apresentou manifestação de inconformidade, onde alega que .nerrhum ato normativo legislativo existe no nosso ordenamento jurídico que restringe o direito do contribuinte a obter os certificados de investimento pelo singelo fato de haver ocorrido retificação da declaração e esta apresentada após o exercício de competência. A manifestação de incontbrmidade foi julgada improcedente, com base nos seguintes fundamentos: a) Ó Ato Declaratório Normativo CST n" 26/85 dispõe que não fará jus à opção para aplicação em incentivos fiscais especificados nos artigos 503 a 510 do RIR/80, a pessoa jurídica que apresentar declaração de rendimentos ou retificação desta fora do exercício de competência, mesmo com imposto parcial ou totalmente recolhido no exercício correspondente b) Ó ato declaratorio regulando especificamente a situação tática descrita no presente processo deve prevalecer sobre a IN SRF 166/99, que dispõe que a declaração reti &adora substitui a original.. Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que reitera as alegações constantes da impugnação, e requer a emissão dos certificados de investimento. É o relatório. ,, 2,„, Proces,..0 n" 1.39 .7 I 001667/2002-64 51-T E03 Acórdão n 1803-00 .422 11 Voto Conselheira Selene .Ferreita. de Moraes, Relatora A contribuinte foi cientificada por via postal, tendo recebido a. intimação em 02/04/2008 (- AR de -11s. 61). O recurso foi protocolado em -18/04/2008, logo, é tempestivo e deve ser conhecido. O cerne da questão a ser analisada gira em torno da perda do direito ao incentivo fiscal em virtude retificação da declaração de rendimentos fora do exercício de competência, mesmo com imposto parcial ou totalmente recolhido no exercício correspondente. Vejamos, inicialmente, o teor do art. 19 da Medida Provisória n" 1990-26, de 141 -12/ I 999, sucessivamente., reeditada até a Medida Provisória n" 2.. I 89-49, de 23.8..2001: t 19 A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipótese CM que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa" Confirme se pode observar, e em. consonância com o que afirma interessada, a retificação da .DIPI é livre, independente de qualquer autorização da autoridade admi ni st rati va.. A retificadora tem a mesma natureza da declaração retificaria, substituindo-a integralmente.. Nesse sentido, tem razão a recorrente. Ao identificar erro na declaração originalmente apresentada, exerceu o direito de corrigi-la, direito esse franqueado pelo próprio Poder Público. Mais do que UM direito, entendo tratar-se mesmo do dever de prestar informações corretas à Administração Tributária. O acórdão recorrido não nega o direito da interessada de retificar sua DIPJ, mas restringe o prazo para a retificação da opção pela aplicação incentivada.. Para tanto, traz as disposições do Ato Deelaratário Normativo CST n" 26/ .1985, ia verbis: A DAI CS'T n° 26/1985: 1 Não . fará Prs à opção para aplicações em incentivos- .fiscais e_speei ficados nos artigos 503 a 510 do RIR/80, a pessoarjurídica que apresentar declaração de rendimentos ou retificação desta ./Ora do exercício de competência, mesmo com imposto parcial on totalmente recolhido no exercício correspondente No quadro que consta da decisão recorrida (fis. 59), estão discriminadas as duas declarações entregues pela interessada. A seguir, por clareza., reproduzo o mencionado quadro: Relação de, Declarações DIRPJ/1999 da Contribuinte Declaração Recepção Tipo Base de Cálculo FINOR(R$) FINAM (R$) Situação dos Incentivos Fiscais 0700940 29/09/1999 Original 441 903,04 39.771,27 39.'771,27 Cancelada 13/26/28 1175858 24/01/2001. Retilleadota 43T164,47 39 344,80 39 344,80 Liberada 11126/27/29 Até 24/08/2000 vigorava o art. 4" da Lei n° 9.532/1997, com a seguinte redação: "Ari. 4" As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real poderão manifestar a opção pela aplicação do iniposto em inve y ümentos regionais na declaração de tendimentos ou no curso do ano calendário, nas clakis de pagamento do impoyto C0111 base no lucro estimado, apurado mensalmente. Ou 170 lucro real, apurado trimestralmente. 5`' 4. °pç:c:Ui manifestada na firma deste artigo é irren arável, não podendo ser alterada. A opção pela aplicação do imposto em investimentos regionais foi feita. tempestivamente, -por ocasião da entrega da declaração de rendimentos.. Na declinação retificadora houve diminuição nos valores destinados ao HNOR e ao FINAM cm virtude da redução no valor do imposto devido.. No entanto, não houve qualquer modificação na discriminação dos fundos e nos percentuais de destituição indicados originalmente.. A redução dos valores dos incentivos, em decorrência de alterações no valor do imposto devido, não pode ser compreendida como retratação ou alteração da opção anteriormente exercida.. Entendimento contrário levaria à vedação da retificação da DIPI, quando constatado qualquer erro na d.eclaração„ Verilic.mdo o contribuinte erro em sua declaração de rendas, nos termos da legislação, este não somente pode, como deve, promover sua retificação. A matéria já foi submetida por diversas ocasiões ao antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, sendo as decisões, enn sua grande maioria, na mesma linha aqui proposta.. Eis as ementas de alguns dos a.cordãos: "TAVENTIVOS RETTF.K...A(.;i0 DA DECLARAÇÃO - 4LTERA( -.'40 DA' VALORES .Não perde O direito à opção pela aplic..ação em incentivos /iscai s no »Main o contribuinte que entregar declaração retificado'. YI fora do c...Ia:q uício de competência, com redução do valor do impo.sto, mantido o fígulo e o percentual Nesse caso, ficam redicido.s, na mesma proporção, OS V0101 . Cs C0115'idefr.U(10.5' COMO incentivo. Recolhido integralmente dentro do exercício financeiro o imposto devido constante da declaração retilicado(parte a título de impo.sto parte a título de dedução do imposto para aplicação no tinido), a 4,4 Processo n' 1397; 001667/2002-01 E03 Acimlão 1803-00.422 Fl 3 Unica conseqüência razoável da posterior retificação da (Ice/ai-ação é que o 1W/0i já I . eC01111d0 e aplicado no tinido não pode ser restituído, e a parcela reduzida passaria a ser considerada aplicação com i CU5O5 próprios. I" CC / 1 a Camara / CÓRDA-0 101-94 979 em 19 05,2005. Publicado no DOU em 21 07 2005 No MCV1310 sentido: /0 CC." 11" Gamai a /ACÓRDÃO 101-95 794 em 18.10.2006 Publicado no DOU em 28.12 2006 E, ainda: 1 0 CC" / 1 0 Cámaia /ACÓRDÃO 101- 95 912 em 07 12.2006 OT'GiO EM INCENTIVOS PISCAIS (FINOR) Rurtricwilo DA DIPI AD(N) S.RP/CO,S7T 26/85 L PARECEI? COSIT 31/02 - _INDEPERIIVIENTO - IIVIPROCEIWNCIA - A retificação de DIPI realizada em outro c. , xercicio não obs-ia o direito à fruição de incentivo fiscal oportunamente fito na DIPI primitivamente entrc.,gite pelo contribuinte, sendo inaplicável à espécie, pois, as diretrizes do A D(N)SRF/CO,S7 7' 26/85 1 0 CC / 7" (.amara / CÓD/?..,i O 107-08.823 em 09 11 2006. Publicado no DOU em 22 02 2007 11?»,1 INCENTIVOS FISCAIS. RE TIE/C510() DA CLA K,1(;'ii0 DE 1?ENDRIEN1'0S COM RED U('/i O DE VALORES Não perde o direito à opção pela aplicação em incentivos . fiscais no FINO'? o contribuinte que entregar declaração relificadora fora do exercício de competancia, cora redução do valor do imposto, mantido o findo e o percentual originais, desde qui., a declaração primitiva tenha s ido apresentada no exer cicio respectivo Nesse caso, ficam reduzidos, na mesma propoição, os valores de incentivo transcritos na real icadora. Se o imposto devido constante da (ledo:ração retificado (parte a título de imposto e parte a título de dedução do imposto paia aplicação no filado) for recolhido integralmente dentro do exercício financeiro, a única conseqiièruda da posterior retificação da declaração, com redução do tributo, é a vedação à restituição do valor iét recolhido e aplicado no fitado, pois a parcela reduzida é considerada aplicação no fundo com recursos próprios. 1 0 CC / 3" Gamai a 103-22 901, em 01/03/2007." Por fim, deve ser ressaltado que a autoridade administrativa reconheceu que o imposto devido havia sido pago integralmente (11s, 41), Ante todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso. Ferreira de Moraes 5 MINISTÉRIO DA FAZhNDA CONSELHO AI)M1N IS 1 RA -1- IVO DF. RECURSOS FISCAIS (MAR] A CÂMARA - PRIMEIRA Sal,ÃO Processo n" : 13971 001667/2002-64 Acórdão n° : 1803-00.422 TERMO DE INT1N1 AÇÃO Intime-se um dos Pt octn adores da Fazenda Nacional, cr edenciado.junio este Conselho, da decisão consubstanciada no acórdão supra, nos termos do art, 81, * 3', do anexo 11, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria Ministerial n" 256, dc 22 de junho de 2009 Brasília, 09 de julho de 2010 (U,SOuàper't-D\And anste_a sonsa KO(11.1 (YWi'9gccretária da Câmara Ciência Data: Nome: Procuradoi (a) da kizenda Nacional Encaminhamento da PFN: [LI apenas com ciência; 1 I e,om Recurso Especial; 1 com lin-amigos de Declaração
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