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Numero do processo: 11080.721607/2015-95
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Apr 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
LANÇAMENTO. IRPF. DEDUÇÕES. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. PAGAMENTOS COMPROVAÇÃO.
Demonstrada pelo impugnante os pagamentos declarados a título de pensão alimentícia judicial,saneia-se o vício apontado pela autoridade revisora no lançamento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-005.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Marcelo Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: MARCELO OLIVEIRA
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IRPF. DEDUÇÕES. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. PAGAMENTOS COMPROVAÇÃO. Demonstrada pelo impugnante os pagamentos declarados a título de pensão alimentícia judicial,saneiase o vício apontado pela autoridade revisora no lançamento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Marcelo Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 16 07 /2 01 5- 95 Fl. 64DF CARF MF Impresso em 28/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), a quo, que julgou a impugnação procedente em parte, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÕES. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Demonstrada pelo impugnante parte dos pagamentos declarados a título de pensão alimentícia judicial, saneiase, à medida da comprovação realizada, o vício apontado pela autoridade revisora no lançamento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Para esclarecimento, segundo a fiscalização, nos termos da Notificação de Lançamento (NL), o lançamento decorre de dedução indevida de pensão alimentícia judicial e/ou por escritura pública, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. Ainda segundo o Fisco, o valor foi glosado por falta do efetivo pagamento, conforme solicitado em devido Termo de Intimação Fiscal (TIF). Em 10/02/2015, conforme aviso de recebimento, o recorrente foi cientificado da NL. Em 27/11/2014, tempestivamente, o recorrente apresentou impugnação ao lançamento, alegando, em síntese, que, para comprovar o pagamento, anexa recibos de pagamento da pensão e cópia da decisão judicial. A DRJ analisou os autos e julgou, como já assinalado, procedente em parte a impugnação, por, em síntese, não restar comprovado integralmente o pagamento, nos seguintes termos: " À época do estabelecimento da citada pensão (1995), o salário mínimo vigente correspondia a R$ 100,00; logo, inferese que os alimentos foram fixados na ordem de três salários mínimos mensais (R$ 300,00 : R$ 100,00). Para o anocalendário 2010 o salário mínimo restou definido em R$ 510,00, o que, em tese, proporcionaria àquela pensionista o benefício mensal correspondente a até R$ 1.530,00. Nesse mister, a análise dos documentos oferecidos revela que: 1 o comprovante de solicitação de ordem de pagamento, no valor de R$ 1.395,00, à fl. 7, emitido na data de 04/02/2010, Fl. 65DF CARF MF Impresso em 28/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 11080.721607/201595 Acórdão n.º 2402005.112 S2C4T2 Fl. 65 3 além de não expressar alguma chancela/autenticação sobre o efetivo pagamento, o remetente não é o interessado; 2 os comprovantes de transferência de R$ 113,00 (18/02/2010) e de R$ 1.395,00 (08/01/2010), à fl. 7, são hábeis para a prova requerida; 3 à fl. 8, o único comprovante de transferência efetivo consiste naquele referente a 07/06/2010, na monta de R$ 1.530,00, uma vez que os quatro outros constantes dessa folha correspondem a "agendamentos", os quais se sujeitam a cancelamento, daí não espelharem, com propriedade, as transferências ocorridas; 4 de igual sorte, à fl. 9, os cinco comprovantes de transferências, ali residentes, revelam "agendamentos"; logo, não são admitidos para o fim colimado; 5 a transferência indicada no documento de fl. 11, além de também corresponder a agendamento realizado em 30/12/2010, faz referência à data de 07/01/2011, cujo pagamento, se efetivo e comprovado, somente acarretaria reflexo no exercício 2012, considerado o regime de caixa, próprio do IRPF. Nos termos do disposto no art. 78 do RIR/1999, é de se restabelecer a dedução correspondente no total de R$ 3.038,00 (R$ 113,00 + R$ 1.395,00 + R$ 1.530,00), o que equivale a afastar a exigência da parcela do imposto suplementar de R$ 835,45 (R$ 3.038,00 x 0,275)." Intimado da decisão em 03/07/2015, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 21/07/2015, alegando, em síntese, que: 1. Pagou os valores de pensão glosados equivocadamente pelo Fisco; 2. Como prova do pagamento traz aos autos, como já trouxera na impugnação, recibo de pagamento de pensão, emitido pela beneficiária da pensão; 3. Como já tinha informado na impugnação, traz agora cópia da declaração de rendimentos (DIRPF) da beneficiária da pensão, em que há a informação do valor recebido; 4. Anexa vários acórdãos de DRJ, de diferentes exercícios do lançamento, em que, pelo recibo apresentado, sua impugnação foi julgada procedente; 5. Solicita o acolhimento e o provimento de seu recurso. Os autos vieram ao Conselho, para análise e decisão. É o relatório. Fl. 66DF CARF MF Impresso em 28/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira Relator Sendo tempestivo, CONHEÇO DO RECURSO e passo ao exame de seus argumentos. DO MÉRITO Quanto ao mérito, tratase de glosa de despesas com pensão alimentícia, devido à falta de comprovação de pagamento. O valor lançado corresponde, em síntese, ao pagamento de pensão de três salários mínios, (R$510,00 X 3 x 12 = R$ 18.360,00), valor declarado pelo contribuinte em sua declaração. A DRJ considerou pagamentos nos meses de janeiro, fevereiro e junho, por comprovação por recibos de transferência bancária. Em outros meses o contribuinte apresentou "agendamentos" de pagamentos, que, por serem agendamentos e não efetivos pagamentos. Já em recurso o contribuinte traz aos autos os recibos de transferências dos meses março, abril, maio, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro. Portanto, até utilizando do mesmo critério utilizado pela DRJ, considero comprovado o efetivo pagamento dessas despesas, que devem ser deduzidas no lançamento. Destaco que não desrespeitamos o § 4º, Art. 16, do Decreto 70.235/1972, pois mesmo com documento apresentado após a emissão da decisão a quo, esse se mostra válido para a solicitação do litígio, pois foi somente um detalhamento de outros documentos já apresentados. A utilização dessa documentação para a solução da questão está em consonância com decisões já proferidas pelo CARF. Sobre a questão, muito bem desenvolve a questão da preclusão o nobre conselheiro Ronnie Soares Anderson, que no acórdão 2802003.088 assim se pronuncia: "A par disso, cabe destacar que, quando da interposição do recurso voluntário, o contribuinte apresentou novos documentos a título de comprovação de despesas médicas, os quais reputa terem o condão de sanar eventuais vícios constantes nos anteriormente entregues. Vale observar, por oportuno, que o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 impõe restrições à apresentação de documentos em momento posterior à impugnação. A prescrição legal traduz norma de preclusão temporal, atinente às relações processuais desenvolvidas no bojo do contencioso administrativo tributário, e que objetiva, principalmente, impulsionálo de forma segura e Fl. 67DF CARF MF Impresso em 28/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 11080.721607/201595 Acórdão n.º 2402005.112 S2C4T2 Fl. 66 5 ordenada para a solução do conflito instaurado, dentro de um contexto de proteção à boa fé. Nessa linha, a aceitação como prova de documento apresentado em momento posterior à impugnação deve ser cogitada, excepcionalmente, desde que respeitadas três condições. Primeiro, possuir o documento a característica de permitir o pronto deslinde do caso controverso, viabilizando se assim o atendimento aos princípios da verdade material, da informalidade moderada e da instrumentalidade. Segundo, que sua análise não implique retorno à etapa processual já superada, salvo para diligência complementar de natureza essencial e âmbito restrito, sob pena de violação frontal aos princípios da preclusão, da duração razoável do processo e da eficiência, os quais servem de esteio ao mencionado art. 16 do Decreto nº 70.235/72. E terceiro, que não reste evidenciado o fato de ter sido a entrega do documento nessa etapa do rito conduta com fins procrastinatórios, em atenção aos deveres de lealdade e ética no curso do processo. Com efeito, o atendimento a essas condições permite maximizar a eficácia do princípio preclusivo, assim entendido como técnica a serviço da composição administrativa dos conflitos tributários." A documentação apresentada soluciona a questão, é mero detalhamento de documentos já apresentados na impugnação, não ocasionará retorno à etapa processual já superada e não se demonstra como forma de procrastinar a decisão final nos autos, por iso devem ser conhecidos, analisados e suficientes para o provimento do recurso. CONCLUSÃO: Pelos motivos expostos, voto em dar provimento ao recurso do contribuinte, a fim de excluir da base de cálculo do lançamento os valores constantes dos recibos apresentados no recurso, nos termos do voto. Marcelo Oliveira. Fl. 68DF CARF MF Impresso em 28/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 26/04/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 15374.966357/2009-28
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
SÚMULA CARF nº 84.
Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação.
RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
Não se conhece recurso especial interposto contra acórdão que adotou o entendimento da Súmula CARF nº 84 (RICARF, art. 67, §3o), bem como fundado em acórdão paradigma de divergência que contraria o referido entendimento sumulado (RICARF, art. 67, §12o).
Numero da decisão: 9101-002.292
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional não conhecido por unanimidade de votos.
(assinatura digital)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinatura digital)
LUÍS FLÁVIO NETO - Relator.
EDITADO EM: 09/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO, ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 SÚMULA CARF nº 84. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. Não se conhece recurso especial interposto contra acórdão que adotou o entendimento da Súmula CARF nº 84 (RICARF, art. 67, §3o), bem como fundado em acórdão paradigma de divergência que contraria o referido entendimento sumulado (RICARF, art. 67, §12o).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional não conhecido por unanimidade de votos. (assinatura digital) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinatura digital) LUÍS FLÁVIO NETO - Relator. EDITADO EM: 09/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO, ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
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Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. Não se conhece recurso especial interposto contra acórdão que adotou o entendimento da Súmula CARF nº 84 (RICARF, art. 67, §3o), bem como fundado em acórdão paradigma de divergência que contraria o referido entendimento sumulado (RICARF, art. 67, §12o). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional não conhecido por unanimidade de votos. (assinatura digital) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinatura digital) LUÍS FLÁVIO NETO Relator. EDITADO EM: 09/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO, ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, HELIO EDUARDO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 96 63 57 /2 00 9- 28 Fl. 197DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO 2 DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrente”), em que é parte PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS (doravante “PETROBRAS”, “contribuinte” ou “recorrido”), em face do acórdão n. 110200.704 (doravante “acórdão a quo”), proferido pela r. 2a Turma Ordinária da 1 a Câmara desta 1 a Seção (doravante “Turma a quo”). O contribuinte constatou ter efetuado recolhimento a maior na oportunidade do pagamento da estimativa do IRPJ de janeiro de 2007 e realizou compensação desse indébito para a quitação de débito fiscal da competência de junho daquele mesmo ano, também atinente ao pagamento de estimativa de IRPJ. A declaração de compensação apresentada, no entanto, não foi homologada, o que ensejou a apresentação de manifestação de inconformidade pelo contribuinte. A DRJ/RJ1, por meio do Acórdão 1230.602, julgou improcedente essa manifestação de inconformidade. A decisão restou assim ementada: “RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. A compensação de valor pago a maior a título de estimativa mensal só pode ser feita no cálculo do imposto devido anual.” Interposto recurso voluntário ao CARF, a Turma a quo reconheceu o direito do contribuinte à referida compensação (fls. 91 e seg. do eprocesso). O acórdão a quo, proferido em 10.04.2012, restou assim ementado: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007. IRPJ. ESTIMATIVAS. COMPENSAÇÃO DE ESTIMATIVAS PAGAS A MAIOR QUE O DEVIDO. O pagamento espontâneo de parcela de estimativa de imposto em valor superior ao que seria devido, se calculado de acordo com a legislação tributária aplicável, constitui pagamento a maior, nos termos do artigo 165 do CTN. Nos termos das leis reguladoras do instituto da compensação, tal crédito do sujeito passivo pode ser objeto de compensação tão logo se concretize o pagamento a maior, não havendo a obrigatoriedade de aguardar o encerramento do período de apuração anual, para somente então computálo na apuração do imposto anual. Foi interposto recurso especial pela PFN, requerendo a reforma do acórdão a quo e arguindo, em síntese, que a compensação de valor pago a maior a título de estimativa mensal só poderia ser realizada na oportunidade do ajuste final do IRPJ devido (fls. 93 e seg. do eprocesso). Em 11.05.2015, ainda na vigência do “antigo” RICARF, foi proferido despacho de admissibilidade do recurso especial (fls. 120 e seg. do eprocesso). Nesse despacho, verificouse que o acórdão recorrido estaria conforme a Súmula CARF nº 84, segundo a qual o “Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação”. Não obstante, foi dado seguimento ao recurso especial interposto pela PFN, pelos seguintes fundamentos: Fl. 198DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO Processo nº 15374.966357/200928 Acórdão n.º 9101002.292 CSRFT1 Fl. 191 3 “Nada obstante o acima exposto, contudo, o fato é que o acórdão recorrido não aplicou a referida súmula — o que inviabilizaria o manejo do recurso especial, nos termos do art. 67, § 2, do RICARF — posto que inexistente à época de sua prolação. Ademais, nos termos regimentais, somente não servem de paradigma para a interposição do especial os acórdãos cuja tese esteja superada na data de interposição do recurso (art. 67, § 10, do RICARF). No caso, o recurso foi interposto em 22/06/2012, e a Súmula CARF no 84 foi aprovada somente na sessão de 10/12/2012. Assim, não é possível concluir que a tese esposada nos acórdãos paradigmas já estivesse superada pela CSRF por ocasião da interposição do recurso.” Nesse seguir, o contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso especial (fls. 131 e seg. do eprocesso), arguindo a legitimidade da compensação realizada. Concluise, com isso, o relatório. Voto A admissibilidade do presente recurso especial, realizada sob a égide do “antigo” RICARF, deve ser revista em face das normas adotadas pela Portaria MF n. 343, de 09.06.2015, que aprovou o atual RICARF. Por sua vez, o atual RICARF prevê, em seu art. 67, §§ 3o e 12: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretaçaõ divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) §3o. Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso. (...) §12. Não servirá como paradigma o acórdão que, na data da análise da admissibilidade do recurso especial, contrariar: (...) III Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Como se pode observar, o atual RICARF impede que seja manejado recurso especial em face de decisão que se alinhe à Súmula do CARF, “ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposiçaõ do recurso”. No caso em análise, o acórdão a quo, proferido em 10.04.2012, se alinha perfeitamente à Súmula CARF nº 84, aprovada na sessão de 10.12.2012, enquanto que a decisão paradigmática de divergência dela destoa: Fl. 199DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO 4 “Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação”. Nesse cenário, voto por NÃO CONHECER o recurso especial interposto pela PFN, matendose a decisão recorrida em sua integralidade. (assinatura digital) Conselheiro Luís Flávio Neto Relator Fl. 200DF CARF MF Impresso em 11/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 11/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 09/05/2016 por LUIS FLAVIO NETO
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Numero do processo: 19515.001604/2009-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri May 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RECEITAS. Correta a exigência integralmente fundamentada no art. 42 da Lei nº 9.430/96 se o sujeito passivo não apresenta livros e documentos de sua escrituração e não prova a origem dos depósitos bancários mantidos em contas de sua titularidade. Ainda que presentes evidências de os depósitos bancários decorrerem do recebimento de cobrança ou de exportação, a imputação de omissão de receitas na data do depósito bancário e pelo valor nele expresso decorre da lei que estabelece a presunção.
ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros e documentos impõe o arbitramento dos livros ainda que o sujeito passivo seja optante pela sistemática do lucro presumido.
MULTA QUALIFICADA. Provada a fraude, consistente na declaração reiterada de receitas ínfimas frente aos depósitos bancários provenientes de cobrança e câmbio em exportação, é aplicável a penalidade no percentual de 150%.
Numero da decisão: 1302-001.868
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR as arguições de nulidade da decisão de 1ª instância e do lançamento e NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora
Participaram do julgamento os Conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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OMISSÃO DE RECEITAS. Correta a exigência integralmente fundamentada no art. 42 da Lei nº 9.430/96 se o sujeito passivo não apresenta livros e documentos de sua escrituração e não prova a origem dos depósitos bancários mantidos em contas de sua titularidade. Ainda que presentes evidências de os depósitos bancários decorrerem do recebimento de cobrança ou de exportação, a imputação de omissão de receitas na data do depósito bancário e pelo valor nele expresso decorre da lei que estabelece a presunção. ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros e documentos impõe o arbitramento dos livros ainda que o sujeito passivo seja optante pela sistemática do lucro presumido. MULTA QUALIFICADA. Provada a fraude, consistente na declaração reiterada de receitas ínfimas frente aos depósitos bancários provenientes de cobrança e câmbio em exportação, é aplicável a penalidade no percentual de 150%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR as arguições de nulidade da decisão de 1ª instância e do lançamento e NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 16 04 /2 00 9- 48 Fl. 1760DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 3 2 (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Alberto Pinto Souza Júnior, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Fl. 1761DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 4 3 Relatório DISTRIBUIDORA DE CARNES VALE DO SAPUCAÍ LTDA, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo I que, por unanimidade de votos, julgou IMPROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 29/05/2009, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 14.407.814,15. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Em decorrência de ação fiscal levada a efeito junto ao contribuinte acima identificado e, em razão de irregularidades apuradas, foram lavrados 4 (quatro) Autos de Infração, em 25/05/2009, com ciência dada em 29/05/2009, por meio dos quais foram constituídos os seguintes créditos tributários: IRPJ (fls. 265) Þ R$ 5.019.767,84 (cinco milhões, dezenove mil, setecentos e sessenta e sete reais e oitenta e quatro centavos); PIS (fls. 277) Þ R$ 1.264.644,78 (um milhão, duzentos e sessenta e quatro mil, seiscentos e quarenta e quatro reais e setenta e oito centavos); COFINS (fls. 288) Þ R$ 5.836.824,08 (cinco milhões, oitocentos e trinta e seis mil, oitocentos e vinte e quatro reais e oito centavos), e; CSLL (fls. 298) Þ R$ 2.286.577,45 (dois milhões, duzentos e oitenta e seis mil, quinhentos e setenta e sete reais e quarenta e cinco centavos). 2. Totalizaram, portanto, tais lançamentos, a importância de R$ 14.407.814,15 (quatorze milhões, quatrocentos e sete mil, oitocentos e quatorze reais e quinze centavos), aí incluídos os valores dos tributos, das multas de ofício e dos juros de mora (estes calculados até 30/04/2009). 3. A fiscalização apresenta através do “Termo de Verificação Fiscal” (fls.164 a 169), basicamente o seguinte: 3.1. em 05/05/2008 o contribuinte foi intimado a apresentar os livros comerciais e fiscais e os documentos de suporte da escrituração. O contribuinte optou pelo Lucro Presumido na DIPJ/2006; 3.2. em 16/06/2008 foi lavrada a intimação recebida pelo sócio da empresa em 20/06/2008, sendo solicitados os livros e documentos que constaram do termo de início da fiscalização e da intimação acima mencionada e, ainda foi dado o prazo de 20 dias para, no caso de não ter os livros, fosse providenciado a escrituração dos mesmos; 3.3. em razão do não atendimento das intimações e a declaração do contribuinte de que estava impossibilitado de enviar a documentação solicitada, pois, a mesma tinha sido extraviada quando do encerramento da sua Matriz em São Paulo (fl. 9) e, pelo fato da receita bruta declarada, no anocalendário de 2005, ser de R$ 269.032,95 para uma movimentação financeira de R$ 78.126.489,11, foi solicitada a emissão da Requisição de Informações Sobre Movimentação Financeira – RMF com base no item XI do artigo 3º do Decreto nº 3.724 de 2001; 3.4. em 18/12/2008 foi emitida intimação, recebida em 22/12/2208, solicitando a comprovação mediante a apresentação de documentação hábil, da origem e o registro fiscal/contábil dos recursos, listados, e que foram depositados e/ou Fl. 1762DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 5 4 creditados nas contas correntes, mantidas nas instituições financeiras: Banco do Brasil S/A; Bradesco S/A; Banco do Estado de São Paulo S/A – Banespa e Banco Nossa Caixa S/A; 3.5. o contribuinte, em 05/01/2009, respondeu a intimação (fl.145), informando que alguns depósitos relacionados eram recursos advindos das operações normais da empresa e por serem em grande número, não era possível identificar cada um com a respectiva receita bruta declarada, ainda mais por ter apurado o resultado pelo lucro presumido, não possuindo contabilidade. A fiscalização, em decorrência do apurado, concluiu que os depósitos/créditos bancários listados foram originados pelos valores não registrados na contabilidade, caracterizando a omissão de receitas; 3.6. a fiscalização elaborou planilha segregando os valores creditados em contas correntes bancárias por tipo de histórico dos lançamentos e apurou os valores relacionados a: créditos de cobrança, câmbio de exportação e depósitos e créditos diversos; 3.7. os valores registrados nos extratos bancários como sendo cobrança e câmbio de exportação foram considerados como sendo omissão de receita de vendas, enquanto os depósitos e recebimentos diversos foram considerados como sendo presunção de omissão de receitas. Considerando que nos valores de receitas de cobranças apuradas estão contidos os valores das receitas declaradas na DIPJ/2006 a fiscalização efetuou a compensação desses valores na apuração da omissão de receitas; 3.8. em decorrência da falta de apresentação dos livros contábeis/fiscais e documentos o lucro foi arbitrado conforme previsto no artigo 530, item III do Decreto nº 3000, de 26/03/1999; 3.9. a base de cálculo para apuração do lucro arbitrado foi constituída pelos valores dos créditos/depósitos bancários não comprovados, conforme abaixo demonstrados: PERÍODO COBRANÇA CAMBIO PRESUNÇAO DE RECEITA OMITIDA EXPORTAÇÃO OMISSÃO DE RECEITA OMITIDA RECEITA JANEIRO/2005 5.361.847,97 192.196,83 1.626.493,69 FEVEREIRO/2005 4.276.947,23 234.836,38 1.266.868,24 MARÇO/2005 4.241.627,51 113.685,90 1.326.600,45 ABRIL/2005 3.830.510,30 540.011,87 1.347.276,61 MAIO/2005 4.948.905,11 516.889,52 1.465.661,04 JUNHO/2005 4.082.877,50 1.104.062,48 1.408.868,79 JULHO/2005 3.514.698,88 1.167.979,51 1.590.216,98 AGOSTO/2005 4.745.439,14 784.005,02 1.747.279,13 SETEMBRO/2005 4.071.621,49 469.101,47 1.363.948,74 OUTUBRO/2005 4.607.946,32 819.167,13 1.547.207,08 NOVEMBRO/2005 4.064.575,03 133.268,75 1.501.430,64 DEZEMBRO/2005 4.320.642,35 153.921,04 1.578.467,61 3.10. os valores da coluna “Cobrança Receita Omitida”, do quadro acima, já estão deduzidos das quantias das receitas declaradas nos trimestres, na DIPJ/2006, a saber: março/2005 R$ 65.079,50; junho/2005 R$ 67.073,85; setembro/2005 R$ 68.106,65 e dezembro/2005 R$ 68.772,95; Fl. 1763DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 6 5 3.11. foi aplicada multa qualificada de 150% para os valores de cobranças e operações de câmbio, creditadas nas contas correntes bancárias e, consideradas como omissão de receitas; 4. os enquadramentos legais utilizados para fundamentar as autuações encontram se nos respectivos autos de infração e são a seguir discriminados: 4.1. IRPJ: artigos: 530, inciso III; 532; 537 do RIR/99 e artigos 27, inciso I, e 42 da Lei nº 9.430/96; 4.2. PIS: artigos: 1º e 3º da Lei Complementar nº 7/70; artigo 24, § 2º, da Lei nº 9.249/95; artigos 2º, inciso I, alínea “a” e parágrafo único, 3º, 10, 22, 51 e 91 do Decreto nº 4.524/02; 4.3. Cofins: artigos 2º, inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22, 51 e 91 do Decreto nº 4.524/02; 4.4. CSLL: artigo 2o e §§, da Lei nº 7.689/88; artigo 20 da Lei nº 9.249/95; artigo 29 da Lei nº 9.430/96 e artigo 37 da Lei nº 10.637/02. 5. A fiscalização declara que, “considerando que os fatos descritos acima em tese configuram crime contra a ordem tributária, conforme artigo 1º da Lei nº 8.137/90, foi feita a Representação Fiscal para Fins Penais”. 6. A Empresa tempestivamente apresentou impugnação protocolada em 26/06/2009 (fls.310 a 330) contestando a lavratura dos Autos de Infração, alegando basicamente o seguinte: 6.1. a movimentação financeira constante de extratos bancários nem sempre configura a infração de omissão de rendimentos; tratase de elemento indiciário que necessita de outros para se promover uma ligação causal entre uma forma de evasão e os respectivos depósitos; 6.2. que a fiscalização sem um procedimento investigatório com maior profundidade simplesmente lançou mão dos depósitos registrados nos extratos bancários e sobre o somatório efetuou o lançamento do tributo constante do Auto de Infração, fato inconcebível à luz do direito; 6.3. que o Professor HELENILSON CUNHA ensina que, o CTN, que é lei complementar tributária, em seu artigo 43 prevê que o fato gerador do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda – assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos – e proventos de qualquer natureza – assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito anterior; 6.4. que está assentado na jurisprudência e na doutrina que a exigência dos tributos com base exclusivamente em depósitos bancários, sem a demonstração objetiva da existência de renda consumida, através da comprovação fiscal de sinais exteriores de riqueza, não atende às exigências do sistema constitucional tributário e do Código Tributário Nacional; 6.5. que não se pode afirmar que o artigo 42 da Lei nº 9.430/96 autoriza o lançamento ora impugnado. Em verdade, esse dispositivo legal não pode ser interpretado literal e isoladamente, mas, ao contrário, deve ser interpretado de forma sistemática e em harmonia com as regras dos artigos 43 e 142, do CTN, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da hierarquia das leis; 6.6. que a fiscalização atribuiu aos registros bancários na contacorrente sob a rubrica de cobrança e câmbio de exportação, como sendo omissão de receita de vendas, enquanto os depósitos e recebimentos diversos foram considerados como sendo presunção de omissão de receitas; Fl. 1764DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 7 6 6.7. que as rubricas que a fiscalização retirou dos extratos bancários são terminologias que as instituições financeiras utilizam e que por si só nada provam. Considerar isso como prova de omissão de receita é absurdo; 6.8. a real omissão de receita só pode ser apurada diretamente. A Impugnante dá exemplo de como pode ser feita tal apuração; 6.9. a fiscalização segregou as três rubricas. Considerou as duas primeiras como sendo omissão de receita e a última como sendo presunção de omissão de receita. Não obstante, ao lavrar o auto de infração, enquadrou todas as supostas irregularidades no artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Ora, é omissão de receita ou presunção de omissão de receita?; 6.10. se a fiscalização concluiu que há omissão de receita, é imperioso que sejam levados ao processo todos os elementos e todas as provas que dêem razão ao lançamento. Nada disso existe no processo. Lançamento com tamanho defeito há de ser declarado insubsistente; 6.11. que no item “3” do “Termo de Fiscalização Fiscal” está descrito que a falta de apresentação de livros e documentos solicitados pela fiscalização determinou o arbitramento do lucro conforme previsto no artigo 530, III do Decreto nº 3000/99. Mas, o arbitramento é a última alternativa para se apurar o lucro e a falta de apresentação dos livros fiscais não traduz motivo para o arbitramento; 6.12. a fiscalização examinou a declaração apresentada pela empresa e não relatou nela ter encontrado inexatidões que autorizasse o arbitramento do lucro. Para este período, anocalendário de 2005, o imposto de renda foi apurado pelo lucro presumido e a declaração foi tempestivamente apresentada; 6.13. as supostas omissões de receitas e as supostas presunções de omissões de receitas, sobre as quais se exigem os tributos, deveriam ter o tratamento tributário de que trata o artigo 24 da Lei nº 9.249/95; 6.14. no item “7” do “Termo de Verificação Fiscal”, a fiscalização enquadrou as irregularidades somente no artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Certo é que a omissão de receita originária de depósito bancário de origem não comprovada configura simples presunção de omissão de receita, sobre a qual deve ser aplicada somente a multa de ofício de 75%, com o fito de quantificar a base de cálculo do imposto, nos termos do artigo 44, inciso I da Lei nº 9.430/96; 6.15. já no item “6” do “Termo de Verificação Fiscal” foi considerado que os valores depositados nas contas bancárias com as rubricas “Cobrança” e “Câmbio Exportação” são caracterizados como omissão de receita, passível, portanto, de multa qualificada de 150%, conforme artigo 957, inciso II do RIR/99; 6.16. para que ocorra a subsunção no referido artigo, é necessário o elemento subjetivo do tipo, no caso o dolo, ao passo que a inclusão como rendimentos de valores depositados em contas correntes caracteriza fato simples de presunção de omissão de rendimentos, com o afastamento do dolo e sem a aplicação da multa qualificada. A fraude não se presume, ela terá que ser provada, através dos meios legais próprios; 6.17. pergunta: Por quê? Com base em quê? “Se não houve comprovação pela Impugnante dos depósitos listados nos extratos de sua movimentação financeira, sob uma ou outra rubrica, por que a fiscalização agravou a multa em parte dos depósitos”?; 6.18. essa multa agravada deverá ser reduzida para o patamar legal estipulado nos termos do artigo 44, inciso I da Lei nº 9.430/96, principalmente por se tratar de presunção de omissão de receita como a própria fiscalização entendeu. A simples presunção de omissão de receita, oriunda de valores depositados em contas Fl. 1765DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 8 7 bancárias, deve ser apenada com multa no percentual de 75% e não 150% como aplicada pela fiscalização; A Turma Julgadora rejeitou estes argumentos em acórdão assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITO BANCÁRIO DE ORIGEM NÃO COMPROVADA A Lei nº 9.430/1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. OMISSÃO DE RECEITAS. VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA RELATIVOS A COBRANÇA E CÂMBIO Créditos lançados nos extratos bancários relativos à cobrança e fechamento de câmbio de exportação, não contabilizados, configuram omissões de receitas. ARBITRAMENTO Não apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, configura situação prevista em Lei que enseja o arbitramento do resultado, com base na receita conhecida (receita declarada e receita omitida), para efeito de apuração do Imposto de Renda e seus reflexos. MULTA QUALIFICADA A falta de registro contábil, das quantias creditadas nos extratos bancários em decorrência de cobrança e fechamento de câmbio de exportação, representa condição para o agravamento da multa de ofício. AUTOS REFLEXOS PIS, COFINS e CSLL O decidido, no mérito do IRPJ, repercute na tributação reflexa. A tentativa de intimação da decisão de 1ª instância dirigida ao domicílio tributário da contribuinte resultou improfícua (fls. 385/396), mas em razão de intimação recepcionada no domicílio de seu sócio administrador Bruno José Lemos de Britto em 24/12/2009 (fls. 398/408), a contribuinte tomou conhecimento da decisão de primeira instância e interpôs recurso voluntário em 25/01/2010 (fls. 409/422), no qual reprisa os argumentos apresentados na impugnação, além de arguir a nulidade da decisão de 1ª instância. Aduz a recorrente que a autoridade julgadora de 1ª instância praticamente ignorou a impugnação, apenas repetindo as conclusões trazidas pela Fiscalização. Destaca que apesar de apurar três diferentes omissões de receitas, todas as exigências foram fundamentadas no art. 42 da Lei nº 9.430/96, apesar de apenas uma delas decorrer de presunção, e a autoridade julgadora de 1ª instância reconhece que tal generalização se verificou no item 7 do Termo de Verificação Fiscal, apesar de defender que outro foi o enquadramento legal adotado no auto de infração. Assevera, assim, que a motivação do lançamento não é clara ou sequer determinável, dado que não existe nos autos qualquer prova conectando a motivação aventada com os fatos efetivamente ocorridos. A autoridade julgadora, ao repetir os argumentos da fiscalização, despreza a matéria discutida que é de grande valia, pelo menos para a recorrente. Defende que a real omissão de receita só pode ser apurada diretamente, a partir dos livros fiscais em confronto com o Livro Diário, mas o trabalho fiscal se prendeu à verificação dos depósitos bancários de origem não comprovada. Afirma que não há provas nos autos que justifiquem o lançamento, e tal defeito acarreta sua insubsistência. E acrescenta: Fl. 1766DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 9 8 No item 10, página 10 da decisão da DRJ, o relator tenta eximir o fisco da responsabilidade de comprovar o nexo de causalidade entre omissão de receitas e depósito bancário por se tratar de presunção legal. Tremendo absurdo. Pois é justamente pela ausência da busca da verdade material e falta de motivação, que a decisão é nula, pois, utiliza de pura presunção e indícios, motivo que leva a nulidade da decisão da DRJ/SP. Argumenta que não encontra guarida em lei a conclusão adotada pela autoridade julgadora de 1ª instância, no sentido de que a Fiscalização não precisaria aprofundar suas investigações para além da demonstração da existência dos depósitos bancários de origem não comprovada, invoca o disposto no art. 142 do CTN e conclui que: Ou seja, o Auto de Infração ou outro instrumento público destinado à constituição de crédito tributário emitido deve anunciar, na exata previsão legal e em linguagem competente, o acontecimento do 'fato gerador" e da relação jurídica obrigacional tributária que lhe segue, identificados os sujeitos ativo e passivo, expondo, liquida, determinada, a prestação pecuniária a esta (obrigação) correspondente. Cita doutrina em favor do princípio da verdade material, afirma que o lançamento foi precipitado e a autuação despropositada. Reitera que não há congruência entre os supostos fatos apurados como fundamento para imputação e a conclusão a que chega a DRJ. A recorrente também ressalta que o ônus da prova em matéria tributária cabe à autoridade administrativa, na forma do art. 142 do CTN e do art. 924 do RIR/99. Classifica de absurda a afirmação, da autoridade julgadora, de que o Fisco não necessita provar o nexo de causalidade entre omissão de receitas e depósito bancário, nem a efetiva disponibilidade econômico ou jurídica de renda ou receita tributável. Cita doutrina e acrescenta que mesmo nas presunções legais, cabe à autoridade lançadora demonstrar a ocorrência da presunção, caracterizadora da infração, no intuito de se garantir o devido processo legal, o contraditório e o conhecimento dos fatos para exercício da defesa pelo sujeito passivo. Destaca que o lançamento é ato administrativo vinculado e que o desconhecimento das causas do lançamento permite a anulação da exigência, consoante jurisprudência que transcreve. A decisão recorrida seria, assim, arbitrária, impondo uma verdade fictícia, e não poderia prevalecer. Questiona, também, o arbitramento dos lucros, por se tratar da ultima alternativa para se apurar o lucro e a falta de apresentação dos livros fiscais não traduz motivo para tanto. Observa que apurou os tributos segundo a sistemática do lucro presumido, e que assim deveria ter sido atendido ao disposto no art. 24 da Lei nº 9.249/95. Reportase ao art. 148 do CTN, cita doutrina, e conclui pela necessária observância da forma de tributação por ela adotada. Quanto à multa qualificada, diz que a autoridade julgadora quedouse inerte ao ratificar o erro da Fiscalização, destacando inexistir da acusação o motivo que levou a fiscalização ao agravamento da multa, a evidenciar a nulidade do ato. Firma o entendimento de que a falta de comprovação da origem de alguns depósitos bancários não significa a intenção de fraudar o recolhimento do imposto, acaso devido, dado que a fraude somente se caracteriza com o uso de documentos inidôneos, nota calçada, etc. E, no presente caso, a autoridade fiscal se valeu de presunção de omissão de receita, inclusive enquadrando toda a exigência no art. 42 da Lei nº 9.430/96. Fl. 1767DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 10 9 Com referência aos apontamentos da Fiscalização acerca de depósitos vinculados às rubricas "Câmbio Exportação" e "cobrança", entende que não se classificam como motivos para qualificação da penalidade, dado que esta demanda a demonstração de dolo, ausente frente à simples presunção de omissão de receitas. Aduz, ainda, que a fraude não se presume e deve ser provada através dos meios legais próprios, consoante julgados administrativos cuja ementa cita. Finaliza pleiteando a declaração de improcedência, também, das exigências reflexas, e a consequente extinção de todo o crédito tributário constituído. E aponta endereço para o qual deveriam ser enviadas futuras correspondências, dada a desativação da empresa. Fl. 1768DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 11 10 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados da intimação da decisão de 1ª instância dirigida, por via postal, ao sócio administrador da pessoa jurídica, razão pela qual é desnecessário discutir a adoção da referida intimação como termo inicial do prazo recursal. Por tais razões, bem como tendo em conta que o recurso voluntário foi assinado pelo referido sócio administrador, cuja condição de representante legal da pessoa jurídica está evidenciada no contrato social juntado à peça de defesa, o recurso voluntário deve ser conhecido. Preliminarmente cumpre REJEITAR a arguição de nulidade da decisão de 1ª instância porque todos argumentos de defesa foram validamente apreciados. De fato, a autoridade julgadora de 1ª instância invocou a presunção legal para afastar as alegações de superficialidade da investigação fiscal, expressou seu entendimento acerca dos fundamentos fáticos e legais adotados para caracterização das infrações em confronto com a postura da contribuinte durante o procedimento fiscal, demonstrou o cabimento do arbitramento dos lucros, bem como a validade dos motivos de qualificação da penalidade. Em verdade, quando a recorrente afirma que a autoridade julgadora de 1ª instância praticamente ignorou a impugnação, apenas manifesta seu inconformismo com a rejeição de suas alegações de defesa, e não logra provar qualquer omissão que pudesse caracterizar cerceamento ao seu direito de defesa. Em sua abordagem contra a validade da decisão de 1ª instância, a recorrente assevera que a motivação do lançamento não é clara ou sequer determinável, dado que não existe nos autos qualquer prova conectando a motivação aventada com os fatos efetivamente ocorridos. Este argumento que poderia ensejar a declaração de nulidade do lançamento também exige sua apreciação preliminar. Como relatado, a contribuinte não apresentou à Fiscalização os livros e documentos de sua escrituração comercial e, sempre alegando dificuldades em face do extravio de tal documentação por ocasião do encerramento das atividades de seu estabelecimento matriz, também deixou de comprovar a origem dos depósitos bancários identificados pela Fiscalização em extratos obtidos por meio de Requisição de Movimentação Financeira dirigida às instituições bancárias nas quais a contribuinte manteve contas no anocalendário 2005. A autoridade lançadora também questionou a causa dos cheques e transferências relacionados às fls. 151/161 e, em resposta, a contribuinte informou que: Todos os cheques nominais à própria empresa foram emitidos para pagamento de despesas e tributos diversos; Os cheques emitidos para Companhia Brasil Petróleo foram para pagamentos de fornecimentos de combustíveis; Os demais cheques foram emitidos para pagamentos de Bens, MatériaPrima e Serviços. Fl. 1769DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 12 11 Frente a tais circunstâncias, no Termo de Verificação Fiscal de fls. 164/169, a autoridade lançadora conclui que: Decorrido o prazo consignado no termo de intimação nenhuma documentação e livros foram apresentados, assim concluo que estes créditos bancários foram originados pelos valores não registrados em sua contabilidade, caracterizando a omissão de receita. Com base nos valores intimados em 22/12/2008 elaboramos a planilha anexa a este Termo de Verificação Fiscal segregando os valores por tipo de histórico. Assim procedendo foi possível observar que a empresa possui créditos de cobrança, câmbio de exportação e depósitos e créditos diversos. A intimação datada de 29/04/2009, referentes a emissão de cheques e transferências bancárias, vem demonstrar, juntamente com os créditos de cobrança e câmbio de exportação, que a empresa operou no período analisado, muito além do valores declarados como receita. Na planilha anexa, parte integrante deste termos de verificação, estão demonstrados os valores apurados de receitas de cobrança, cambio exportação e depósitos e créditos diversos os quais apresentamos resumidamente abaixo: [...] Os valores registrados nos extratos bancários como sendo de cobrança e câmbio de exportação foram considerados como sendo omissão de receita de vendas enquanto os depósitos e recebimentos diversos foram considerados como sendo presunção de omissão de receitas. Considerando que nos valores de receitas de cobranças apurados estão contidos os valores das receitas declaradas efetuamos a compensação desses valores na apuração da omissão de receitas, abaixo a demonstração da compensação efetuada : [...] 4 DA BASE TRIBUTÁVEL A base de cálculo para apuração do lucro arbitrado será constituída pelo valor dos créditos/depósitos bancários não comprovados conforme descritos no item 2 acrescidas das receitas declaradas, conforme abaixo : [...] 6 DA MULTA QUALIFICADA. Os valores das cobranças e operações de câmbio creditadas nas contas correntes da empresa e consideradas como omissão de receitas de vendas e não declaradas na DIPJ do Exercício de 2006, anocalendário de 2005 caracteriza a omissão de informações às autoridades tributárias. Quando o agente deixa de prestar declarações ou as presta em desacordo com a realidade dos fatos e se utiliza desses expedientes para a redução ou supressão de tributos ou contribuição social configura o intuito de fraude como previsto no art. 72 da Lei n° 4.502 de 30 de novembro de 1964, in verbis: [...] 7 DO ENQUADRAMENTO LEGAL INFRAÇÃO: Depósitos e/ou créditos Bancários Não Contabilizados/Origens dos recursos Não Comprovados — Art. 42 da Lei nº 9.430/96. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente Fl. 1770DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 13 12 intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º 0 valor das receitas ou"dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela insittuição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributações específicas, previstas na legislação vigentes à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualmente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). A redação deste inciso foi dada pelo art. 4° da Medida Provisória n° 1.563/96. § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. É de se considerar, ainda, as seguintes legislações além da citada anteriormente: IRPJ : arts. 27, inciso 1 da Lei no 9.430/96 e artigos 532 e 537 do RIR/99; PIS : art. 1º e 3º Lei Complementar nº 7/70; art. 24, § 2º , da Lei nº 9.249/95; arts. 2º, inciso I, alínea "a" e parágrafo único, 3º, 10, 22,51 e 91 do Decreto nº 4.524/02; COFINS: art. 2, inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22, 51 e 91 do Decreto nº 4.524/02; CSLL : art. 2º e §§, da Lei 7.689/88: art. 20 e 24 da Lei nº 9.249/95; art. 29 da Lei nº 9.430/96 e art. 37 da Lei n° 10.637/02; O Auto de Infração de IRPJ traz a seguinte descrição dos fatos às fls. 267/270: Razão do arbitramento no(s) período(s): 03/2005 06/2005 09/2005 12/2005 Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte notificado a apresentar os livros e documentos da sua escrituração, conforme Termo de Início de Fiscalização e termo(s) de intimação em anexo, deixou de apresentálos. Enquadramento Legal: A partir de 01/04/1999 Art. 530, inciso III, do RIR/99. 001 RECEITA OPERACIONAL OMITIDA (ATIVIDADE NÃO IMOBILIÁRIA) REVENDA DE MERCADORIAS Omissão de receitas da revenda de mercadorias conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, parte integrante do auto de infração. [...] Enquadramento Legal Arts. 532 e 537, do RIR/99 002 DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Valor apurado conforme Termo de Verificação Fiscal, parte integrante do auto de infração. [...] Fl. 1771DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 14 13 Enquadramento Legal Arts. 27, inciso I, e 42 da Lei nº 9.430/96; Arts. 532 e 537 do RIR/99. 003 RECEITAS OPERACIONAIS (ATIVIDADE NÃO IMOBILIÁRIA) REVENDA DE MERCADORIAS Valor apurado conforme Termo de Verificação Fiscal. [...] Art. 532 do RIR/99. Como se vê, a descrição dos fatos resumida nos Autos de Infração tem por referência o que exposto no Termo de Verificação Fiscal e, neste, o auditor responsável é claro no sentido de que a infração constatada correspondeu, essencialmente, a depósitos bancários de origem não comprovada, consoante previsto no art. 42 da Lei nº 9.430/96. E nem poderia ser diferente, visto que a autoridade lançadora não teve acesso a qualquer outro elemento informativo das atividades da contribuinte, senão os extratos bancários e a DIPJ, da qual, em benefício do sujeito passivo, extraiu as receitas declaradas que admitiu como origem de parte dos depósitos bancários vinculados, nos históricos dos lançamentos bancários, a operações de venda, reduzindo, assim, os créditos tributários aos quais foi aplicada a multa qualificada. A conclusão assim expressa pela autoridade lançadora é válida pois, mesmo que os históricos dos lançamentos bancários evidenciem os depósitos como correspondentes a receitas da atividade, a afirmação desta receita para fins de incidência tributária ainda depende da presunção legal por ser desconhecida a data de ocorrência do fato gerador e os reais componentes da operação que resultaram no valor líquido creditado em conta bancária. Desta forma, ainda que presentes evidências de que o depósito bancário decorreu de uma operação, no caso, de venda de mercadorias, somente é possível tributálo como receita omitida na data do depósito bancário e pelo valor recebido porque o art. 42 da Lei nº 9.430/96 assim autoriza. Em verdade, equivocouse a autoridade julgadora de 1ª instância ao concluir, a partir do que exposto no Auto de Infração, que somente foram enquadrados no artigo 42, como presunção de omissão de receitas, os depósitos e recebimentos diversos de origem não comprovada, já que os créditos em conta correntes bancários relativos a cobrança e câmbio de exportação foram enquadrados no artigo 537, do RIR/99 que trata de omissão de receita. Na medida em que o Auto de Infração traz, apenas, resumo da descrição dos fatos, e aponta para o Termo de Verificação Fiscal como elemento principal de acusação, deve prevalecer o conteúdo deste segundo documento como referência para interpretação dos motivos do lançamento. Demais disso, o art. 537 do RIR/99 não exclui sua aplicação sobre omissão de receitas presumidas. Vejase: Art. 537. Verificada omissão de receita, o montante omitido será computado para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, se for o caso, no período de apuração correspondente, observado o disposto no art. 532 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24). Parágrafo único. No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela que corresponder o percentual mais elevado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24, § 1º). Fl. 1772DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 15 14 Assim, afastadas as considerações acima expostas pela autoridade julgadora de 1ª instância e delineados os reais contornos do lançamento, resta claro que as exigências estão formalizadas de forma coerente com os elementos coletados durante o procedimento fiscal e com os fundamentos fáticos e legais expostos na acusação, razão pela qual deve ser REJEITADA a arguição de nulidade do lançamento. Passando ao mérito, como antes exposto, as receitas apuradas têm por referência os depósitos bancários de origem não comprovada, mas a autoridade lançadora a elas agregou duas circunstâncias para separálas em três grupos submetidos a diferentes penalidades: 1) depósitos bancários de origem não comprovada cujos históricos dos lançamentos bancários faziam referência a cobrança e câmbio exportação, mas alcançavam os montantes de receitas informados em DIPJ, e assim demandavam a exigência apenas dos tributos equivalentes à diferença entre o coeficiente de arbitramento e o coeficiente de lucro presumido originalmente aplicado pela contribuinte, com acréscimo de multa de ofício de 75%; 2) depósitos bancários de origem não comprovada cujos históricos dos lançamentos bancários faziam referência a cobrança e câmbio exportação e apresentavam montantes superiores às receitas informados em DIPJ, a evidenciar fraude nas informações prestadas, em evidente descordo com a realidade dos fatos, justificando a aplicação de multa qualificada de 150%; 3) depósitos bancários de origem não comprovada sem históricos esclarecedores, motivadores de mera presunção legal de omissão de receitas, justificando a aplicação de multa de ofício de 75%. As infrações, assim, estão regularmente capituladas a partir do art. 42 da Lei nº 9.430/96, não prosperando a pretensão da recorrente de que diferentes fundamentações legais fossem expostas na acusação fiscal. Há, por certo, outros dispositivos legais que afetam a determinação dos valores devidos a título de IRPJ, CSLL, Contribuição ao PIS e COFINS, especialmente tendo em conta o arbitramento dos lucros, mas eles estão consignados na acusação fiscal e os demonstrativos de apuração evidenciam que eles foram observados mediante aplicação dos coeficientes de 9,6% e 9% para apuração, respectivamente, do IRPJ e da CSLL a partir das receitas apuradas, além da determinação da Contribuição ao PIS e da COFINS em sistemática cumulativa, dado o arbitramento dos lucros. A recorrente prossegue defendendo que a real omissão de receita só pode ser apurada diretamente, a partir dos livros fiscais em confronto com o Livro Diário, assim invocando sua própria torpeza para cancelar integralmente a exigência, na medida em que descumpriu sua obrigação acessória de manter a guarda dos livros e documentos de sua escrituração, expressa no art. 264 do RIR/99. A lei autoriza que se presuma a existência de receitas omitidas quando o sujeito passivo, devidamente intimado, não comprova a origem dos depósitos bancários mantidos em conta de sua titularidade, e não exige qualquer aprofundamento da investigação fiscal para comprovar o nexo da causalidade entre omissão de receitas de depósito bancário. Em verdade, esse nexo é decorrência lógica da titularidade da conta bancária, cumprindo à autoridade fiscal apenas identificar os depósitos bancários de origem não comprovada e intimar o contribuinte a se manifestar acerca de tais créditos. Neste sentido, aliás, é a Súmula CARF nº 26 (A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada). A recorrente aponta afronta ao art. 142 do CTN, porém tal dispositivo exige que a autoridade lançadora prove a ocorrência do fato gerador, determinando a matéria tributável e calculando o tributo devido, e a presunção é meio de prova, no caso, prova indireta Fl. 1773DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 16 15 condutora da mesma "probabilidade fática" da prova direta, consoante ensina Maria Rita Ferragut (in Presunções no Direito Tributário, Dialética, São Paulo, 2001): Assim, tem a Administração Pública o deverpoder de investigar livremente a verdade material diante do caso concreto, analisando todos os elementos necessários à formação de sua convicção acerca da existência e conteúdo do fato jurídico, já que é uma constatação a prática de atos simulatórios por parte do contribuinte, visando diminuir ou anular o encargo fiscal. E essa liberdade pressupõe o direito de considerar fatos conhecidos não expressamente previstos como indiciários de outros fatos, cujos eventos são desconhecidos de forma direta. A presunção homini de forma alguma significa que a tributação ocorrerá em mera verossimilhança, probabilidade ou verdade material aproximada. Pelo contrário, veiculará conclusão provável do ponto de vista fático, mas certa do jurídico. Por isso, resta uma vez mais observar que também a prova direta levanos à certeza jurídica e à probabilidade fática, já que não relata com certeza absoluta o evento, inatingível. Detém, apenas, maior probabilidade do fato corresponder à realidade sensível. O presente lançamento, assim, ao contrário do que defende a recorrente, anuncia na exata previsão legal e em linguagem competente, o acontecimento do "fato gerador" e da relação jurídica obrigacional tributária que lhe segue, identificados os sujeitos ativo e passivo, expondo, liquida, determinada, a prestação pecuniária a esta (obrigação) correspondente. Os indícios que autorizam a presunção legal estão validamente demonstrados, sendo impróprio, agora, invocar o princípio da verdade material se o sujeito passivo não se desincumbiu de manter a guarda de seus livros e documentos e assim permitir à autoridade lançadora examinálos e determinar a partir deles a origem da volumosa movimentação financeira mantida no período autuado. Logo, se alguma verdade fictícia está a prevalecer, tal decorre, tão só, da negligência do sujeito passivo em demonstrar ao Fisco os reais contornos de sua atividade, bem como da evidente intenção de ocultálos para evitar a exigência tributária. A recorrente questiona, ainda, o arbitramento dos lucros, por se tratar da ultima alternativa para se apurar o lucro e a falta de apresentação dos livros fiscais não traduz motivo para tanto. A legislação, porém, é clara ao determinar o arbitramento dos lucros quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, no caso de optantes pelo lucro presumido, como era a autuada (art. 530, III do RIR/99). O art. 24 da Lei nº 9.249/95, por sua vez, apenas orienta a determinação dos tributos devidos em razão de receita omitida de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. E o art. 530, inciso III do RIR/99 impõe o arbitramento como regime de tributação, nos termos precedentes. Inexiste, assim, qualquer ofensa ao art. 148 do CTN. Por tais razões, não há reparos aos créditos tributários principais apurados pela autoridade lançadora, devendo ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário neste ponto. Quanto à multa qualificada, a recorrente diz inexistir o motivo que levou a fiscalização ao agravamento da multa. Aduz que a falta de comprovação da origem de alguns depósitos bancários não significa a intenção de fraudar o recolhimento do imposto, acaso devido, dado que a fraude somente se caracteriza com o uso de documentos inidôneos, nota calçada, etc. Fl. 1774DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 17 16 A autoridade lançadora, porém, demonstra que, apesar de informar em DIPJ o auferimento de receitas trimestrais em torno de R$ 65.000,00, a contribuinte apresentou expressiva movimentação bancária, destinando os recursos assim auferidos a pagamento de abatedouros, fornecedores de combustíveis e outros beneficiários identificados às fls. 151/161, os quais a contribuinte vinculou a pagamentos de despesas, bens, matériaprima e serviços decorrentes de sua atividade. Vejase que os depósitos bancários decorrentes de cobrança totalizaram R$ 52.336.671,78 em 2005, e os créditos vinculados a câmbio exportação representaram R$ 6.229.125,91 no mesmo período, restando ainda outros depósitos/créditos diversos no montante de R$ 17.770.319,00. Frente a tais constatações, somente há simples omissão de receitas em relação aos depósitos/créditos diversos que totalizaram R$ 17.770.319,00. Aos demais créditos a autoridade lançadora agrega elementos robustos no sentido de que a contribuinte manteve intensa atividade operacional em todos os períodos de apuração de 2005, mas apresentouse ao Fisco como uma empresa de pequeno porte, auferindo receitas ínfimas de, em média, R$ 20.000,00 mensais. A contribuinte desmerece a força probatória dos históricos de lançamentos bancários, mas não há qualquer razão para supor que os valores creditados a título de LIQUIDAÇÃO DE COBRANÇA pudessem ter outra origem que não o recebimento de duplicatas colocadas em cobrança nas instituições financeiras. O mesmo se diga em relação aos créditos sob o título autoexplicativo CÂMBIO EXPORTAÇÃO. Claro está, frente a tais evidências, que a autuada, em todos os meses do período fiscalizado, embora auferindo volume significativo de receitas em sua atividade, apresentou declarações omitindo estas informações e fazendo crer que suas operações pouco resultavam em termos tributários. E, relativamente a tais circunstâncias, há muito os Colegiados desta instância administrativa, bem como da Câmara Superior de Recursos Fiscais admitem a penalização, com gravidade, daqueles que têm conhecimento da dimensão do fato gerador ocorrido, e optam reiteradamente por ocultálo, para ostentar aparente regularidade no cumprimento das obrigações acessórias e principais. Neste sentido são os julgados cujas ementas são, a seguir, transcritas: Acórdão nº 910100.140, sessão de 12/05/2009, 1a Turma da CSRF MULTA AGRAVADA – CONDUTA REITERADA – Nos termos da jurisprudência majoritária da CSRF, e das Câmaras da Primeira Seção do CARF, a prática reiterada de infrações à legislação tributária denota a intenção dolosa do contribuinte de fraudar a aplicação da legislação tributária e lesar o Fisco. Acórdão nº 910100.172, sessão de 15/06/2009, 1a Turma da CSRF MULTA QUALIFICADA DE 150% A aplicação da multa qualificada pressupõe a comprovação inequívoca do evidente intuito de fraude, nos termos do artigo 44, inciso II, da Lei 9430/96. O fato de o contribuinte ter apresentado Declaração de Rendimentos de forma reiterada e com valores significativamente menores do que o apurado, legitima a aplicação da multa qualificada. Acórdão nº 910100.320, sessão de 25/08/2009, 1a Turma da CSRF MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. É aplicável a multa de ofício qualificada de 150 %, naqueles casos em que restar constatado o evidente intuito de fraude. A conduta ilícita reiterada ao longo do tempo, descaracteriza o caráter fortuito do procedimento, evidenciando o intuito doloso tendente à fraude. Fl. 1775DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 18 17 Acórdão nº 910100.417, sessão de 03/11/2009, 1a Turma da CSRF MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Cabível quando o Contribuinte presta declaração, em três anos consecutivos, com os valores zerados, não apresenta DCTF nem realiza qualquer pagamento. Este conjunto de fatos demonstra a materialidade da conduta, configurado o dolo específico do agente evidenciando não somente a intenção mas também o seu objetivo. A conduta ardilosa de declarar sistematicamente ao Fisco valores menores do que aqueles que de fato seriam os verdadeiros, ou mesmo afirmar que nada deve, sem que nenhuma justificativa plausível para tanto seja apresentada, além de retardar o conhecimento do fato gerador por parte da autoridade administrativa, ainda faz essa supor, pelo princípio da boafé, que aquele contribuinte está cumprindo com suas obrigações, desviando seu foco para outros que nem mesmo apresentaram as devidas declarações. Daí a inaplicabilidade das Súmulas nº 14 (A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo) e 25 (A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64), na medida em que restou evidenciado o referido intuito de fraude na conduta do sujeito passivo, relativamente à omissão de receitas decorrente de depósitos bancários vinculados a liquidação de cobrança e câmbio exportação. Quanto ao uso de presunção para qualificação da penalidade, importa ter em conta a imperatividade do uso da presunção na esfera tributária, defendida com sólidos argumentos por Maria Rita Ferragut (in Evasão Fiscal: o parágrafo único do artigo 116 do CTN e os limites de sua aplicação, Revista Dialética de Direito Tributário nº 67, Dialética, São Paulo, 2001, p. 119/120): Por outro lado, insistimos que a preservação dos interesses públicos em causa não só requer, mas impõe, a utilização da presunção no caso de dissimulação, já que a arrecadação pública não pode ser prejudicada com a alegação de que a segurança jurídica, a legalidade, a tipicidade, dentre outros princípios, estariam sendo desrespeitados. Dentre as possíveis acepções do termo, definimos presunção como sendo norma jurídica lato sensu, de natureza probatória (prova indiciária), que a partir da comprovação do fato diretamente provado (fato indiciário), implica juridicamente o fato indiretamente provado (fato indiciado), descritor de evento de ocorrência fenomênica provável, e passível de refutação probatória. É a comprovação indireta que distingue a presunção dos demais meios de prova (exceção feita ao arbitramento, que também é meio de prova indireta), e não o conhecimento ou não do evento. Com isso, não se trata de considerar que a prova direta veicula um fato conhecido, ao passo que a presunção um fato meramente presumido. Só a manifestação do evento é atingida pelo direito e, portanto, o real não tem como ser alcançado de forma objetiva: independentemente da prova ser direta ou indireta, o fato que se quer provar será ao máximo jurídica certo e fenomenicamente provável. É a realidade impondo limites ao conhecimento. Com base nessas premissas, entendemos que as presunções nada “presumem” juridicamente, mas prescrevem o reconhecimento jurídico de um fato provado de forma indireta. Faticamente, tanto elas quanto as provas diretas (perícias, documentos, depoimentos pessoais etc.) apenas “presumem”. Fl. 1776DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 19515.001604/200948 Acórdão n.º 1302001.868 S1C3T2 Fl. 19 18 E, mais à frente, abordando diretamente a questão da prova da fraude, a mesma autora acrescenta: As presunções assumem vital importância quando se trata de produzir provas indiretas acerca de atos praticados mediante dolo, fraude, simulação, dissimulação e máfe em geral, tendo em vista que, nessas circunstâncias, o sujeito pratica o ilícito de forma a dificultar em demasia a produção de provas diretas. Os indícios, por essa razão, convertemse em elementos fundamentais para a identificação de fatos propositadamente ocultados para se evitar a incidência normativa. Como se vê, a exigência imposta à verificação de fraude, para atribuirlhe uma conseqüência é a prova, e esta pode se dar por meio de presunção. Assim, tendo a autoridade fiscal reunido indícios consistentes e convergentes no sentido da reiterada omissão de receitas da atividade, associada à declaração de valores ínfimos, há prova de fraude a ensejar a aplicação da multa de ofício de 150% sobre os créditos tributários destacados pela Fiscalização. Diante do exposto, deve ser NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário também no que se refere à qualificação da penalidade. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 1777DF CARF MF Impresso em 13/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por EDELI PEREIRA BESSA
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Numero do processo: 10380.904902/2009-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Apr 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
PAGAMENTOS DE ESTIMATIVA INDEVIDO OU A MAIOR. BENEFÍCIOS FISCAIS. ADENE. REDUÇÃO DA BASE. BALANCETE DE SUSPENSÃO OU REDUÇÃO. MUDANÇA DE FORMA DE APURAÇÃO DE ESTIMATIVAS. IMPOSSIBILIDADE.
Inadmissível a formação de indébito mediante mudança na forma de apuração de estimativa.
Numero da decisão: 1302-001.787
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
ROGÉRIO APARECIDO GIL - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Paulo Mateus Ciccone (Suplente), Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Presidente. (documento assinado digitalmente) ROGÉRIO APARECIDO GIL - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Paulo Mateus Ciccone (Suplente), Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1919; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.904902/200990 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302001.787 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 04 de fevereiro de 2016 Matéria IRPJ Recorrente GRANDE MOINHO CEARENSE S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 PAGAMENTOS DE ESTIMATIVA INDEVIDO OU A MAIOR. BENEFÍCIOS FISCAIS. ADENE. REDUÇÃO DA BASE. BALANCETE DE SUSPENSÃO OU REDUÇÃO. MUDANÇA DE FORMA DE APURAÇÃO DE ESTIMATIVAS. IMPOSSIBILIDADE. Inadmissível a formação de indébito mediante mudança na forma de apuração de estimativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário, votando pelas conclusões a Conselheira Edeli Pereira Bessa. Fez declaração de voto a Conselheira Edeli Pereira Bessa. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente. (documento assinado digitalmente) ROGÉRIO APARECIDO GIL Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (Presidente), Alberto Pinto Souza Júnior, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Eduardo de Andrade, Paulo Mateus Ciccone (Suplente), Rogério Aparecido Gil, Talita Pimenta Félix. Ausente, justificadamente, a Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 49 02 /2 00 9- 90 Fl. 137DF CARF MF Impresso em 29/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 28/04/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 2 Tratase de recurso voluntário face ao provimento parcial de manifestação de inconformidade interposta contra Despacho Decisório que indeferiu a declaração de compensação informada por meio do PER/DCOMP n° 41505.15115.080206.1.3.046852. O pedido de compensação objetivava compensar débitos com suposto pagamento a maior de COFINS, efetuado em 29/04/2005. O Despacho Decisório (fls. 06/07) considerou improcedente o crédito informado na PER/DCOMP, à luz da seguinte fundamentação: A DRF indeferiu o pedido "...por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ e CSLL do período ". O limite de crédito analisado correspondia ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PERIDCOMP: R$337.316,41. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica — IRPJ ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. O referido decisório está arrimado no seguinte enquadramento legal: os arts. 165 e 170 da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN); art. 10 da IN SRF n° 600, de 2005; art. 74 da Lei n.° 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificado da decisão em 31/04/2009 (fls. 08), a recorrente apresentou manifestação de inconformidade, em 30/04/2009 (fls. 09/12), requerendo a homologação da compensação pleiteada com crédito oriundo de pagamento a maior, com as seguintes alegações. Apresentada manifestação de inconformidade, a DRJ/FOR reconheceu a legitimidade da compensação, mas acolheu apenas em parte o pedido, para excluir do crédito o valor relativo à sua atualização mensal e determinar que tal atualização somente tivesse início em janeiro de 2006. Nesse sentido, entendeu que o pagamento da estimativa do IRPJ somente se tornou indevido (a maior) com a apuração do imposto, que ocorreu no dia 31 de dezembro de 2006, e que depois de encerrado o exercício não poderia mais haver a retificação dos Balancetes de Suspensão ou Redução BSR. Diante do indeferimento de parte de seu crédito, a recorrente interpõe recurso voluntário tempestivamente. (intimação: 27/04/2011, fl. 78; protocolo: 20/05/2011). As razões de recurso da recorrente, em síntese, são as seguintes: a) o acórdão recorrido faz indevida referência ao Balancete de Suspensão ou Redução BSR, que não foi o motivo da constatação do pagamento indevido das antecipações; Fl. 138DF CARF MF Impresso em 29/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 28/04/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 10380.904902/200990 Acórdão n.º 1302001.787 S1C3T2 Fl. 3 3 b) independentemente da apuração do resultado parcial que ocorre nos referidos balancetes a Recorrente pagou a estimativa de forma incorreta e a maior no mês de março de 2005. Isso porque deixou de deduzir da base de cálculo da estimativa o valor correspondente às receitas da atividade incentivada (Benefício concedido pela Agência de Desenvolvimento do Nordeste ADENE em 20.12.2005, com efeitos retroativos a janeiro de 2005), nos termos do §6.° do art. 223 do RIR/99; c) uma vez aplicada corretamente a legislação que trata da apuração da base de cálculo da estimativa de IRPJ, o valor a ser pago deveria ser bem menor. Assim, tratase de pagamento indevido cujo crédito dele decorrente poderia ser aproveitado no mês seguinte. Como tal, portanto, deve ser considerado para efeito de atualização pela SELIC; d) a revogação do art. 10 da Instrução Normativa n.° 600/2005, a Administração Tributária reconheceu o direito de os contribuintes utilizarem o crédito oriundo dos pagamentos indevidos de estimativa de IRPJ para compensar com débitos de outros tributos devidos dentro do mesmo ano, ou seja, antes da apuração feita em de dezembro; e) requereu o acolhimento do recurso para que haja a reforma da decisão recorrida na parte que restringiu a aplicação da SELIC, para determinar que a aplicação da SELIC se dê a partir do mês seguinte àquele em que ocorreu cada pagamento indevido. Inicialmente, ainda que tempestivo o recurso, não havia sido juntado contrato social necessário a comprovar a legitimidade do representante legal da recorrente. A procuração ao subscritor do recurso voluntário foi outorgada por pessoa sem comprovação de representação legal da recorrente. Essa situação foi regularizada pela recorrente mediante a juntada posterior dos documentos. Voto Conselheiro ROGÉRIO APARECIDO GIL À vista da regularização da representação processual e por ser tempestivo, conheço do recurso. Observase que a DRJ/FOR reconheceu a legitimidade da compensação, mas acolheu apenas em parte o pedido, para excluir do crédito o valor relativo a sua atualização mensal e determinar que tal atualização somente tivesse início em janeiro de 2006. Nesse sentido, entendeu que o pagamento da estimativa somente se tornou indevido (a maior) com a apuração do imposto, que ocorreu no dia 31 de dezembro de 2005, e que depois de encerrado o exercício não poderia mais haver a retificação dos Balancetes de Suspensão ou Redução BSR. A alegação de pagamento indevido ou a maior de estimativa, no mês de março de 2005, fundamentouse no fato de que não se deduziu da base de cálculo da estimativa o valor correspondente às receitas da atividade incentivada (Benefício concedido pela Agência Fl. 139DF CARF MF Impresso em 29/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 28/04/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 4 de Desenvolvimento do Nordeste ADENE em 20.12.2005, com efeitos retroativos a janeiro de 2005), nos termos do §6.° do art. 223 do RIR/99. A DRJ considerou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade, pelo fato de somente se obteve tal crédito, em função da alteração da sistemática de apuração. Notese que, a DCTF original indicou apuração de estimativa, com base na receita bruta. Na DCTF retificadora reduziuse a zero o valor devido, com base em balancete de suspensão/redução. Sendo assim, verificase que, em realidade, a pretensão da recorrente foi de retificar sua apuração para converter o recolhimento de estimativa, promovido com base na receita bruta e acréscimos, em indébito evidenciado pela posterior elaboração de balancete de suspensão/redução, ainda que ali considerando os efeitos do benefício fiscal em referência. Essa conclusão é extraída do fato de que o demonstrativo apresentado com a manifestação de inconformidade evidencia que o indébito apurado em março/2005 (R$ 337.316,41) considerou o imposto de renda apurado a partir do lucro real acumulado naquele mês, e não o recálculo da receita bruta e acréscimos com os efeitos da redução do imposto posteriormente declarada, como deveria ser. Desse modo, a discussão não se limita à possibilidade ou não de compensação de indébitos a partir de estimativas, já definida na Súmula CARF nº 84, nem tampouco ao marco inicial da atualização monetária do crédito. A questão central reside, na realidade, na pretensão da recorrente de retificar sua apuração para converter o recolhimento de estimativa promovido, com base na receita bruta e acréscimos, em indébito evidenciado pela posterior elaboração de balancete de suspensão/redução (o que não permitido), ainda que ali considerando os efeitos do benefício fiscal em referência. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) ROGÉRIO APARECIDO GIL Relator Declaração de Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Confirmandose a representação processual, importa esclarecer que, como bem relatado, a não homologação da compensação decorreu do entendimento firmado, pela autoridade fiscal, de que o indébito, por decorrer de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Fl. 140DF CARF MF Impresso em 29/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 28/04/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 10380.904902/200990 Acórdão n.º 1302001.787 S1C3T2 Fl. 4 5 Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ e CSLL do período. A maioria da Turma Julgadora, embora admitindo a formação de indébitos a partir de estimativas, considerou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade porque a apuração do crédito, embora justificada pelo posterior conhecimento do Laudo Constitutivo nº 334/2005 que conferiu à contribuinte o benefício fiscal de redução do imposto de renda em 75%, foi promovida mediante alteração da sistemática de apuração. A contribuinte informou na DCTF original que apurara a estimativa com base na receita bruta, e na retificadora reduziu a zero o valor devido, com base em balancete de suspensão/redução. Frente a tais circunstâncias, prevaleceu o entendimento expresso no voto vencedor de que o valor recolhido de estimativa, embora não constituísse indébito naquele momento, poderia ser apropriado no saldo negativo e aproveitado para compensações, mas com acréscimo de juros apenas a partir de janeiro/2006. Em recurso voluntário, a contribuinte argumenta que promoveu pagamento a maior porque deixou de deduzir da base de cálculo da estimativa o valor correspondente às receitas da atividade incentivada, consoante benefício que lhe foi concedido em 20/12/2005, mas com efeitos retroativos a janeiro/2005. Ressalta, ainda, que a Administração Tributária já reconhecera o direito dos contribuintes se valerem de indébitos apurados a partir de recolhimentos de estimativas. Em petição posteriormente apresentada, a contribuinte requer que seja considerada, no julgamento, a Súmula CARF nº 84. Ocorre que, o demonstrativo apresentado com a manifestação de inconformidade evidencia que o indébito apurado em março/2005 (R$ 337.316,41) tem em conta o imposto de renda apurado a partir do lucro real acumulado naquele mês, e não o recálculo da receita bruta e acréscimos com os efeitos da redução do imposto posteriormente declarada. Tanto o é que todo o valor recolhido é afirmado como indevido, circunstância que não se verificaria na exclusão parcial resultante do benefício alegado. Logo, não se trata, aqui, de mera discussão acerca da possibilidade ou não de indébitos a partir de estimativas, já definida na Súmula CARF nº 84. A pretensão da contribuinte foi retificar sua apuração para converter o recolhimento de estimativa promovido com base na receita bruta e acréscimos, em indébito evidenciado pela posterior elaboração de balancete de suspensão/redução, ainda que ali considerando os efeitos do benefício fiscal em referência. Frente a tais circunstâncias, esta Conselheira sequer admitiria o reconhecimento parcial do indébito promovido na decisão de 1ª instância, alinhandose ao entendimento exposto na declaração de voto que a integra, nos seguintes termos: O contribuinte declarou a compensação de débitos com um alegado crédito oriundo do pagamento a maior da estimativa de IRPJ. Essa compensação foi não homologada com o fundamento de que o valor pago a maior de estimativa não pode ser compensado, podendo ser utilizado apenas na apuração do imposto devido no final do exercício. Esta Turma já entendeu, no Acórdão n° 19.817, de 18/01/2011, que a compensação do valor pago a maior de estimativa pode ser compensado. Os mesmos fundamentos tornam superada a nãohomologação supracitada. Com isso, verificouse necessário um olhar sobre o mérito do crédito pleiteado. O contribuinte apurou a antecipação do IRPJ devida com base no lucro bruto, conforme a DCTF apresentada na época. Em dezembro, a Adene emitiu o laudo Fl. 141DF CARF MF Impresso em 29/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 28/04/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL 6 constitutivo n° 0334/2005, concedendo incentivo fiscal de redução do IRPJ em 75%, com prazo iniciando em 2005. Em seguida, o contribuinte retificou a referida DCTF, informando que apurou a estimativa em balancete de suspensão ou redução (BSR), surgindo assim um pagamento a maior dessa estimativa, que foi apresentado como crédito na compensação em análise. É certo que a DCTF retificadora tem a mesma natureza da declaração original, sendolhe possível alterar os débitos declarados e os pagamentos vinculados, nos termos do artigo 9º da Instrução Normativa RFB n° 1.110, de 24 de dezembro de 2010, salvo as exceções apontadas por este dispositivo normativo, que não ocorrem no presente caso: Art. 9° A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. Todavia, cabe à Administração Tributária a prerrogativa de auditar os valores declarados (artigo 8° da referida Instrução Normativa). Havendo dúvida sobre a legitimidade do crédito, surgiria a necessidade de uma atuação do Fisco para apurar o valor correto e o respectivo crédito. Na existência de prova de que o crédito é indevido, seria cabível a nãohomologação da compensação. No presente caso, não há dúvida de que a redução do IRPJ é devida, mas questiona se a possibilidade dessa redução poder ser aproveitada retroativamente. O contribuinte poderia ter utilizado a referida redução apenas na apuração anual do IRPJ, mas preferiu utilizaIa já na estimativa, mudando a forma de sua apuração, agora por meio de BSR. Sobre isso, cabe referência à Instrução Normativa SRF n° 93, de 24 de dezembro de 1997, que dispõe sobre a apuração do IRPJ: Art. 12. Para os efeitos do disposto no art. 10: .... § 5° O balanço ou balancete, para efeito de determinação do resultado do período em curso, será: a) levantado com observância das disposições contidas nas leis comerciais e fiscais; b) transcrito no livro Diário até a data fixada para pagamento do imposto do respectivo mês. Como se vê, para viabilizar a utilização de BSR na apuração da estimativa, é necessária a sua transcrição no livro Diário antes da data limite de pagamento do imposto. Essa condição não foi adimplida pelo contribuinte, que apurou a estimativa, na época, com base no lucro bruto. Assim, não cabe agora a confecção e utilização de um demonstrativo que deveria ter sido feito na época a que se refere. O voto divergente também não admite o BSR intempestivo, mas indica a homologação da compensação, fazendo com que o crédito pleiteado seja utilizado na compensação não como pagamento de estimativa, mas como parcela do saldo negativo apurado em 31 de dezembro, mesmo que o contribuinte não tenha incluído esse valor na referida apuração, nem tenha declarado compensação com o respectivo crédito de saldo negativo. A adoção dessa solução equivaleria a se fazer uma retificação de oficio da apuração anual apresentada pelo contribuinte, seguida de uma compensação de oficio, a revelia deste, o que, penso, não ser admissível no conjunto normativo tributário atual. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 29/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 28/04/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL Processo nº 10380.904902/200990 Acórdão n.º 1302001.787 S1C3T2 Fl. 5 7 Ademais, não se conhece precedentes doutrinários ou pretorianos, sequer no âmbito do julgamento administrativo. O julgador administrativo está vinculado à legislação tributária e somente em suas lacunas poderá inovar. Mesmo assim, deverá informarse nas fontes do Direito e, ainda, em uma análise de conveniência e oportunidade, atividade típica da Administração Pública. A solução proposta, além de ser contrária à legislação, também é inconveniente, uma vez que cria uma regra geral somente aplicável para aqueles que tiverem a sua lide julgada na presente Turma, gerando tratamentos diferenciados para contribuintes em situações semelhantes. Diante do exposto, acompanho o relator na nãohomologação da compensação, afastando a referida proposta de compensação de oficio. Considerando que a parcela do crédito reconhecida pela autoridade julgadora de 1ª instância não está sujeita a revisão nesta instância de julgamento, importa apenas concluir que não merecem homologação as compensações que por ela não foram alcançadas. Por tais razões, o presente voto é no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Conselheira Fl. 143DF CARF MF Impresso em 29/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 28/04/201 6 por ROGERIO APARECIDO GIL, Assinado digitalmente em 29/04/2016 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado d igitalmente em 28/04/2016 por ROGERIO APARECIDO GIL
score : 1.0
Numero do processo: 13007.000065/2005-50
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
IRPF - ISENÇÃO - COMPROVAÇÃO MOLÉSTIA GRAVE - LAUDO OFICIAL OMISSO EM RELAÇÃO AO TERMO INICIAL DA DOENÇA - NATUREZA DECLARATÓRIA - DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA.
Considerando que o laudo emitido pelo perito oficial do Instituto Nacional de Seguro Social se baseou exclusivamente em documentos trazidos pelo próprio contribuinte para reconhecê-lo como portador de patologia abrangida pela norma isentiva do art. 6º da Lei nº 7.713/88, deve-se concluir que referido instrumento possui natureza meramente declaratória, retroagindo seus efeitos à data descrita nos documentos médicos juntados aos autos.
Recurso especial do procurador negado.
Numero da decisão: 9202-004.272
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por unanimidade de votos, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI - Relatora.
EDITADO EM: 01/07/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002 IRPF - ISENÇÃO - COMPROVAÇÃO MOLÉSTIA GRAVE - LAUDO OFICIAL OMISSO EM RELAÇÃO AO TERMO INICIAL DA DOENÇA - NATUREZA DECLARATÓRIA - DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA. Considerando que o laudo emitido pelo perito oficial do Instituto Nacional de Seguro Social se baseou exclusivamente em documentos trazidos pelo próprio contribuinte para reconhecê-lo como portador de patologia abrangida pela norma isentiva do art. 6º da Lei nº 7.713/88, deve-se concluir que referido instrumento possui natureza meramente declaratória, retroagindo seus efeitos à data descrita nos documentos médicos juntados aos autos. Recurso especial do procurador negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por unanimidade de votos, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI - Relatora. EDITADO EM: 01/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
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Considerando que o laudo emitido pelo perito oficial do Instituto Nacional de Seguro Social se baseou exclusivamente em documentos trazidos pelo próprio contribuinte para reconhecêlo como portador de patologia abrangida pela norma isentiva do art. 6º da Lei nº 7.713/88, devese concluir que referido instrumento possui natureza meramente declaratória, retroagindo seus efeitos à data descrita nos documentos médicos juntados aos autos. Recurso especial do procurador negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por unanimidade de votos, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 7. 00 00 65 /2 00 5- 50 Fl. 208DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 04/07/2016 por CARLO S ALBERTO FREITAS BARRETO 2 EDITADO EM: 01/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de auto de infração lavrado eletronicamente (fls. 02) cuja origem se deu pela revisão da declaração de ajuste anual referente ao exercício de 2002. O contribuinte apresentou declaração (fls. 53/55) requerendo restituição do Imposto de Renda no valor de R$ 22.367,66. Ocorre que a fiscalização, após proceder a revisão da declaração, considerou indevidamente classificados como "rendimentos de aposentadoria isentos por moléstia grave" valores recebidos em decorrência de ação trabalhista. Em sede de impugnação o contribuinte junta aos autos cópia da ação trabalhista e respectivas decisões, afirmando ser o valor recebido decorrente de diferenças de rendimentos de aposentaria complementar, esclareceu ainda que no momento de recebimento dos valores já era portador de neoplasia maligna, doença abrangida pela norma isentiva do art. 6º da Lei nº 7.713/82, juntou laudos médicos e declaração do INSS reconhecendo a existência da patologia. A Delegacia Fiscal de Julgamento reconheceu que os valores percebidos pelo contribuinte eram relativos à complementação de aposentadoria, entretanto, julgou improcedente a impugnação, pois uma vez não tendo o ofício emitido pelo INSS feito referência quanto a data do início da enfermidade, entendeu ser essa a data da expedição desse documento, qual seja, 03 de janeiro de 2002. Tendo o pagamento ocorrido em julho/2001, mantevese o lançamento. Em recurso voluntário o contribuinte contesta a presunção adotada pela decisão e argumenta haver nos autos provas suficientes (atestado médico particular, relatório de cirurgia, exames laboratoriais e o boletim hospitalar) que comprovam a existência da patologia mesmo antes da cirurgia realizada em 22/05/2001. Destaca ainda que tal argumentação/impedimento sequer fundamentou ou foi apontado pelo auto de infração, datado de 24/02/05. A 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, por unanimidade dos votos, deu provimento ao recurso. O entendimento do acórdão recorrido foi no sentido de que uma vez tendo o laudo oficial reconhecido ser o contribuinte portador de moléstia grave, a omissão quanto a eventual data de início da patologia pode ser suprida em razão do conjunto probatório juntado aos autos. Entendeuse, pelos documentos apresentados, ser o contribuinte portador da moléstia grave pelo menos desde maio de 2001. Em sede de Recurso Especial alega a Fazenda Nacional ter o acórdão contrariado decisões desta Corte, cita como paradigmas acórdãos nos quais não se a) admitiu como documentos hábeis a comprovar a data do início da doença especificada na Lei nº Fl. 209DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 04/07/2016 por CARLO S ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13007.000065/200550 Acórdão n.º 9202004.272 CSRFT2 Fl. 3 3 7.713/88 documentos que não fossem emitidos por serviço médico oficial; b) diante da ausência de data do início da moléstia em um dos laudos médicos elaborados por serviço médico oficial, foi considerado como marco temporal a data de sua emissão. Defende a aplicação do art. 111 do CTN, para o qual normas de isenção devem ser interpretada literalmente. Em contrarrazões foi comunicado o óbito do contribuinte e requerida a habilitação da Sra. Shiela da Costa Ramos como sua sucessora. No mérito requer a manutenção da decisão a quo por seus próprios fundamentos. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri O recurso, como bem destacado no despacho de admissibilidade, deve ser conhecido haja vista comprovada divergência de entendimento entre a decisão a quo e o segundo acórdão paradigma apresentado pela Recorrente. Como bem delimitado pelo Relator do acórdão recorrido, a controvérsia resumese a definir se o contribuinte faz jus à isenção do art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88, no tocante aos valores percebidos do Banco Santander Meridional S/A em julho de 2011 (fls. 43 e 65), especificamente se o autuado era portador de moléstia especificada na Lei na data da percepção dos valores, pois restou incontroversa serem as verbas recebidas complementação de aposentadoria, conforme decisão da Delegacia de Julgamento. E no que tange a controvérsia, entendo não haver argumentos suficiente para fundamentar a revisão do julgado, pela análise dos autos é possível abstrair que foram observados todos os requisitos legais para aplicação da isenção pleiteada. Segundo determina a Súmula CARF nº 63, "para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios." Ora, acompanhando o entendimento acima, destacamos que há nos autos (I) comprovação de serem os valores envolvidos rendimentos de aposentadoria, e (II) laudo oficial reconhecendo ser o contribuinte portador de doença grave. Em relação ao segundo requisito, o Ofício INSS nº 0001/2002 (fl. 77) assevera que: Atendendo a solicitação do segurado, acima referenciado, informamos que após a análise da documentação apresentada, foi concluído pelo médico perito, que vossa senhoria é portadora de patologia que se enquadra no art. 30 , da Lei 9.250, de Fl. 210DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 04/07/2016 por CARLO S ALBERTO FREITAS BARRETO 4 26/12/1995, fazendo juz, portanto, a isenção do Imposto de Renda sobre o valor, pago a titulo de Aposentadoria por Tempo de Contribuição. (grifamos) Percebese que o médico perito foi claro ao atestar que a sua conclusão pelo reconhecimento de ser o contribuinte portador de patologia grave se baseou exclusivamente na documentação apresentada pelo próprio contribuinte, o que nos leva a concluir que não foi realizada qualquer perícia adicional ou realizada qualquer diligencia complementar. Diante disto, entendo que o laudo oficial possui natureza meramente declaratória e como tal apenas reconheceu a condição do Contribuinte de ser, desde a data constante nos documentos analisados, portador da doença abrangida pela norma isentiva do art. 6º da Lei nº 7.713/88. O acórdão recorrido se manifestou neste mesmo sentido: Aliando o reconhecimento acima da Autarquia Previdenciária, com o atestado médico de fl. 78, de 11/10/2001, que assevera que o Sr. João Menezes Ramos é portador de neoplasia maligna pulmonar, tendo sido submetido a tratamento cirúrgico no dia 22/05/2001, como se comprova pela cópia do anotomopatológico nº 235654, do Laboratório Geyer (fls. 79 e 80), documentação estas trazidas desde a impugnação, tudo reforçado pela Nota de Alta Hospitalar emitida Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, acostada no recurso voluntário (fls. 118 e 119), não se pode negar que o autuado era portador de moléstia especificada na Lei tributária desde, pelo menos, maio de 2001, ou seja, quando ele recebeu os valores da complementação da aposentadoria do Banco Santander Meridional S/A em julho de 2001, inegavelmente tal montante estava acobertado pelo manto da isenção do art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88, pois se tratava de proventos de aposentadoria percebidos por portador de moléstia grave. Assim, havendo laudo oficial mas sendo esse omisso quanto a data do acometimento da doença, deve ser considerado como tal aquela mencionada nas demais provas trazidas aos autos: maio de 2011. Por fim, importante destacar que decisão diversa seria facilmente derrubada pelo Poder Judiciário. Afinal, segundo jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça, sequer se afigura como necessária à comprovação da moléstia grave por meio de laudo expedido por médico oficial, sendo legítimo ao juiz, com base em outras provas dos autos, entender estar devidamente comprovada as condições para aplicação da isenção do imposto de renda, nos termos do art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88. Vejamos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IRRF. ISENÇÃO. PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. VIOLAÇÃO ART. 30 DA LEI 9.250/95. INOCORRÊNCIA. LAUDO PERICIAL. SERVIÇO MÉDICO OFICIAL. PRESCINDIBILIDADE. LIVRE CONVICÇÃO MOTIVADA DO MAGISTRADO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ. 1. "O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo ser desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento da isenção de imposto de renda no caso de Fl. 211DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 04/07/2016 por CARLO S ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13007.000065/200550 Acórdão n.º 9202004.272 CSRFT2 Fl. 4 5 moléstia grave, tendo em vista que a norma prevista no art. 30 da Lei 9.250/95 não vincula o Juiz, que, nos termos dos arts. 131 e 436 do CPC, é livre na apreciação das provas" (AgRg no REsp 1.233.845/PR Rel. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 16/12/2011). No mesmo sentido: AgRg no AREsp 371.436/MS, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 11/04/2014; AgRg no AREsp 436.268/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 27/03/2014. 2. Incide, na espécie, a Súmula 83/STJ. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 540471 / RS) Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Fl. 212DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, Assinado digitalmente em 04/07/2016 por CARLO S ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10715.008479/2009-76
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 05/11/2005, 07/11/2005, 21/11/2005
ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA.
Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação - após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicou-se a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescente-se, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito.
Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 05/11/2005, 07/11/2005, 21/11/2005
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-Lei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-003.789
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. Os requisitos de admissibilidade do recurso especial exigem que se comprove a divergência jurisprudencial consubstanciada na similitude fática entre as situações discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, com decisões distintas; que tenham sido prolatadas na vigência da mesma legislação, que a matéria tenha sido prequestionada, que o recurso seja tempestivo e tenha sido apresentado por quem de direito. Justamente, o que ocorreu no caso sob exame, onde há similitude fática entre as situações discutidas no recorrido e no paradigma, a saber: exigência da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. As decisões foram proferidas na vigência da mesma legislação após as alterações introduzidas pela Lei 12.350, de 2010. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 05/11/2005, 07/11/2005, 21/11/2005 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 84 79 /2 00 9- 76 Fl. 245DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 246 2 advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350/2010. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso especial. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que não conheciam, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente HENRIQUE PINHEIRO TORRES Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida deu provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3201001.126, aplicando a denúncia espontânea para afastar a exigência da multa acima citada. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida e o sujeito passivo apresentou Contrarrazões. É o relatório, em síntese. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 247 3 Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.553, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 10715.000019/201033 , paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.553): "O recurso é tempestivo e, como será demonstrado linhas abaixo, atende aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isso, ser conhecido. De fato, ao cotejarmos o objeto desta lide com o da discutida no acórdão paradigma nº 3802001.128, de 28/06/2012, vêse que tratam exatamente da mesma matéria, in casu, a multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 10.833/2003: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . I omissis ..................................................................................................... IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) . a) omissis ....................................................................................................... e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e As situações fáticas discutidas em ambos os acórdãos, recorrido e paradigma, são as mesmas, a saber: a entrega fora do prazo das informações previstas na alínea transcrita acima. No recorrido, aplicouse a denúncia espontânea, já no acórdão paradigma, não. Acrescentese, ainda, que a matéria foi prequestionada e o recurso foi apresentado, no tempo regimental, por quem de direito. Mais uma vez, ressaltese que recorrido e paradigma, além de tratarem da mesma matéria, foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Lei 12.350, de 20/12/2010), portanto, posteriormente à alteração promovida no art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras. Frisese que, tanto no paradigma quanto no recorrido, enfrentouse a aplicação da denúncia espontânea nas infrações aduaneiras relativas ao descumprimento do Fl. 247DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 248 4 prazo estabelecido para prestar as informações, a que alude o dispositivo legal acima transcrito, sendo que, no paradigma, afastouse a possibilidade de aplicação da denúncia espontânea a esse tipo de infração. Para tanto, o Colegiado buscou arrimo no Código Tributário Nacional, desprezando, completamente, em seus fundamentos, a novel legislação. Já no acórdão recorrido, tanto o CTN quanto a nova redação do § 2º do art. 102 do Decreto Lei 37/1966 foram utilizados para arrazoar a decisão que aplicou a denúncia espontânea à infração aqui sob exame. Todavia, o fato de o paradigma não ter consignado, em seus fundamentos, a alteração do § 2º do DL 37/66, ocorrida em 2010, não impede a configuração do dissenso, pois não são os fundamentos adotados pelo colegiado que configuram a divergência. No caso, diante de uma mesma penalidade e de julgamentos com resultados opostos (do recorrido e do paradigma), ambos realizados na vigência dos mesmos dispositivos legais, entendo presentes os requisitos necessários à comprovação da divergência jurisprudencial. Atendidos, assim, todos os requisitos de admissibilidade, é de se conhecer do apelo apresentado pela Fazenda Nacional. A matéria devolvida ao Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. O instituto da denúncia espontânea está para o Direito Tributário assim como o arrependimento eficaz e a desistência voluntária estão para o Direito Penal. Esses institutos são como uma ponte de ouro, como diriam os penalistas, para aqueles que se encontram à margem da lei, a esses é oferecida uma oportunidade de regressar ao caminho da lei, uma ponte de ouro para a legalidade. Por essa ponte só podem passar aqueles que, voluntariamente, desistem de consumar o ato ilícito, ou, se já o praticaram, evitamlhe o resultado. Nos delitos unissubsistentes1 não se admite desistência voluntária, uma vez que, praticado o primeiro ato, já se encerra a execução, tornando impossível a sua cisão. Já os crimes de mera conduta2 e os formais3 "não comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a execução, o crime já está consumado, não havendo resultado naturalístico a ser evitado". No direito tributário, a ponte de ouro é a denúncia espontânea que nada mais é do que o reconhecimento voluntário do ilícito, e a reparação do dano ao bem jurídico violado, o que não veio a ocorrer no caso em exame. Todavia, assim como no Direito Penal, no Tributário algumas infrações não são suscetíveis de denúncia espontânea. São aquelas em que a mera conduta, por si só, já configura o ilícito, o qual, uma vez ocorrido, não há possibilidade jurídica, ou até mesmo física, de se evitar o resultado. 1 Crime unissubsistente é aquele que é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta. 2 Crime de mera conduta. Assim como nos crimes formais, no crime de mera conduta o criminoso não precisa produzir um resultado. Mas, diferente do crime formal, a lei sequer olha qual era a intenção do criminoso ou se ele poderia produzir determinado resultado: basta que o criminoso aja de uma forma que a lei considera não desejada. 3 O crime formal não exige a produção do resultado para sua consumação, ainda que possível que ele ocorra. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 249 5 O exemplo mais característico desse tipo de infração, é, justamente, a referente ao atraso no cumprimento de obrigação acessória, pois, no exato momento em que se exauriu o prazo legal sem que a obrigação tenha sido adimplida, a infração está configurada e o atraso não poderá ser reparado. Em outras palavras, atendose às normas do Direito Tributário, o dano relativo ao descumprimento de obrigação principal pode ser reparado, pagandose o tributo e os consectários legais. Todavia, se se tratar de infrações referentes a obrigações acessórias autônomas, a ser prestada em determinado prazo, o dano não pode ser sanado, posto que o núcleo do bem jurídico protegido, uma vez violado, não tem como ser restabelecido. Assim, por exemplo, se a obrigação era apresentar declaração até determinada data, e se esta não foi apresentada no prazo determinado, não há como cumprir a obrigação acessória tempestivamente, salvo se se voltar no tempo, ainda não possível com a tecnologia disponível hoje. No caso dos autos, a obrigação acessória autônoma, descumprida pelo transportador ou seus representantes, consistia no dever de o sujeito passivo informar os dados de embarque de mercadorias no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Notese que, uma vez exaurido o prazo para se prestar as informações sem que elas tenham sido prestadas ao órgão competente, a infração restou configurada, não havendo mais possibilidade de se evitar o resultado. Notese que, se a sanção fosse destinada, apenas e tãosomente, a punir o não cumprimento da obrigação acessória, poderseia admitir que, o adimplemento a destempo, desde que espontâneo, poderia ser beneficiado com a norma excludente da penalidade. Entretanto, se a sanção é destinada a coibir o atraso no cumprimento da obrigação, uma vez ocorrida a mora, não há que se falar em denúncia espontânea. Essa questão da denúncia espontânea envolvendo descumprimento de obrigação acessória encontravase apascentada, tanto no Judiciário4 quanto no âmbito administrativo, tendo sido, inclusive, objeto de Súmula no CARF, mais precisamente, a de nº 49, cujo enunciado transcrevese a seguir: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, com a edição da Lei nº 12.350/2010, cujo art. 405 deu nova redação ao art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, a questão foi reaberta e gerou celeuma na jurisprudência 4 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' 5 Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Fl. 249DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 250 6 e na doutrina, mas, a meu sentir, não há razão alguma para se modificar o entendimento anteriormente firmado, pois, pela razões expostas linhas acima, a novel legislação não alcança a infração objeto destes autos. Neste sentido, impecável a decisão da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção, Acórdão 310200.988, cujo voto condutor foi da lavra do insigne Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que, com as merecidas loas, peço licença para aqui transcrever o entendimento lá adotado, como arrimo deste voto. "O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) Fl. 250DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 251 7 infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez." No mesmo sentido, posicionouse o Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá Fl. 251DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 252 8 mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 6. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" Não destoando desse entendimento, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. 6 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.008479/200976 Acórdão n.º 9303003.789 CSRFT3 Fl. 253 9 [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Importante ressaltar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, atracação de embarcação, vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, dáse provimento parcial ao recurso interposto pela Fazenda Nacional, para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 253DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 35187.000613/2006-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 31/07/1997
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EDIÇÃO SUPERVENIENTE DA SÚMULA VINCULANTE Nº 8 DO STF. PAGAMENTOS ANTECIPADOS.
Dá-se provimento a embargos de declaração quando o ponto relevante para o julgamento (decadência) não havia sido objeto de pronunciamento anterior. A superveniência do enunciado da Súmula Vinculante 8, do Supremo Tribunal Federal, atinge o presente caso. Houve competências elididas de modo parcial, que resultaram em pagamentos antecipados atraindo a fundamentação do artigo 150, § 4ª do Código Tributário Nacional na contagem do prazo decadencial. Já para as competências não elididas parcialmente a fundamentação aplicada é a do artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2401-004.288
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos Declaratórios e, no mérito, dar-lhe provimento, para reconhecer a decadência do lançamento.
André Luis Marsico Lombardi - Presidente
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Luis Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1996 a 31/07/1997 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EDIÇÃO SUPERVENIENTE DA SÚMULA VINCULANTE Nº 8 DO STF. PAGAMENTOS ANTECIPADOS. Dá-se provimento a embargos de declaração quando o ponto relevante para o julgamento (decadência) não havia sido objeto de pronunciamento anterior. A superveniência do enunciado da Súmula Vinculante 8, do Supremo Tribunal Federal, atinge o presente caso. Houve competências elididas de modo parcial, que resultaram em pagamentos antecipados atraindo a fundamentação do artigo 150, § 4ª do Código Tributário Nacional na contagem do prazo decadencial. Já para as competências não elididas parcialmente a fundamentação aplicada é a do artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional. Embargos Acolhidos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos Declaratórios e, no mérito, dar-lhe provimento, para reconhecer a decadência do lançamento. André Luis Marsico Lombardi - Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Luis Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira.
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EDIÇÃO SUPERVENIENTE DA SÚMULA VINCULANTE Nº 8 DO STF. PAGAMENTOS ANTECIPADOS. Dáse provimento a embargos de declaração quando o ponto relevante para o julgamento (decadência) não havia sido objeto de pronunciamento anterior. A superveniência do enunciado da Súmula Vinculante 8, do Supremo Tribunal Federal, atinge o presente caso. Houve competências elididas de modo parcial, que resultaram em pagamentos antecipados atraindo a fundamentação do artigo 150, § 4ª do Código Tributário Nacional na contagem do prazo decadencial. Já para as competências não elididas parcialmente a fundamentação aplicada é a do artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 18 7. 00 06 13 /2 00 6- 94 Fl. 525DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 0 7/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por ANDRE LUIS MARS ICO LOMBARDI 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos Declaratórios e, no mérito, darlhe provimento, para reconhecer a decadência do lançamento. André Luis Marsico Lombardi Presidente Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Luis Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira. Fl. 526DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 0 7/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por ANDRE LUIS MARS ICO LOMBARDI Processo nº 35187.000613/200694 Acórdão n.º 2401004.288 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Período de apuração: 11/1996 a 07/1997 Data de lavratura da NFLD: 26/05/2006 Data de ciência da NFLD: 30/05/2006 Tratase de Embargos de Declaração opostos contra o v. Acórdão n° 206 00.927 (fls. 487 e seguintes) exarado pela Sexta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, em que a Embargante, ITAIPU BINACIONAL, aponta para a existência de omissão quanto à aplicação, no caso concreto, do instituto da decadência de “todas as contribuições ora exigidas”, requerendo, por consequência, a atribuição de efeitos infringentes para modificação do resultado do julgamento. Alega que a r. decisão embargada contraria o disposto na Súmula Vinculante n° 8 do Supremo Tribunal Federal e, para evitar o ingresso de reclamação junto ao Supremo, conforme dispõe o artigo 103A da CF/88, requerer sua aplicação. Informa ainda que o prazo de decadência das contribuições sociais e previdenciárias deve seguir o que estabelece o artigo 150, § 4ª do Código Tributário Nacional. Ao final requer seja dado provimento aos presentes Embargos de Declaração para que se aplique ao presente caso a Súmula Vinculante nª 08 do Supremo Tribunal Federal que julgou inconstitucional os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, reconhecendose a decadência de todas as contribuições ora exigidas. Os autos vieram conclusos para julgamento. É o relatório. Fl. 527DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 0 7/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por ANDRE LUIS MARS ICO LOMBARDI 4 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE Presentes os pressupostos de admissibilidade, CONHEÇO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela ITAIPU BINACIONAL. 2. DA DECADÊNCIA A Embargante sustenta ter ocorrido a decadência de todas as contribuições previdenciárias lançadas por intermédio da NFLD em debate. Razão assiste à Embargante, o período de apuração abrange as competências de 01/11/96 a 31/07/97, de acordo com o Discriminativo Sintético de Débito – DSD que integra a NFLD. Conforme se observa da leitura do Relatório Fiscal de fls. 33/49, houve manifestação da autoridade fiscal informando que: "No exame procedido ficou constatado que os documentos apresentados elidiram de modo parcial a responsabilidade solidária, resultando, pois, diferenças naquelas competências em que foram apresentados documentos.Naquelas onde não havia documentos para elidir a responsabilidade solidária, o débito foi lançado pelo valor apurado, conforme demonstrado na planilha anexa (Responsabilidade Solidária CONSTRUTORA JK LTDA)." Foram também acostados documentos às fls 239/381 que comprovam alguns recolhimentos de contribuições previdenciárias, relativamente aos serviços prestados pela empresa Construtora JK . Aplicandose a inteligência do artigo 173, inciso I, bem como do artigo 150, §4º, ambos do Código Tributário Nacional c/c com o enunciado da Súmula Vinculante 8, do Excelso Supremo Tribunal Federal, operouse, de fato, a decadência de todo o levantamento, tendo em vista que a fiscalização abrangeu o período de 11/1996 a 07/1997 e o débito foi consolidado apenas em 26/05/2006, sendo que o contribuinte só foi intimado do lançamento em 30/05/2006, conforme o AR acostado à fl. 74. Ressaltase que para as competências elididas de modo parcial, que resultaram em pagamentos antecipados fora aplicado a fundamentação do artigo 150, § 4ª do Código Tributário Nacional na contagem do prazo decadencial. Já para as competências não elididas parcialmente a fundamentação aplicada é a do artigo 173, inciso I do Código Tributário Nacional. Fl. 528DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 0 7/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por ANDRE LUIS MARS ICO LOMBARDI Processo nº 35187.000613/200694 Acórdão n.º 2401004.288 S2C4T1 Fl. 4 5 Os embargos devem, então, ser acolhidos, emprestandolhes efeito modificativo para declarar extinto o crédito previdenciário. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, voto no sentido de acolher os embargos de declaração para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO promovendo a exoneração do crédito tributário lançado, tendo em vista que a fiscalização abrangeu o período de 11/1996 a 07/1997 e o débito foi consolidado apenas em 26/05/2006, operandose assim sua decadência. É como voto. Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 15/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 0 7/06/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 09/06/2016 por ANDRE LUIS MARS ICO LOMBARDI
score : 1.0
Numero do processo: 10283.720642/2011-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. IMPRESTABILIDADE DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. NOVA APURAÇÃO.
Sendo os documentos apresentados pela contribuinte insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço de transferência, a fiscalização poderá determiná-lo com base em outros documentos de que dispuser, aplicando qualquer dos métodos previstos na legislação.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL60. IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA.
Não há ilegalidade na IN SRF n° 243/2002, cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção.
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. IMPORTAÇÃO. AJUSTES.
Os ajustes de preço de transferência na importação devem levar em consideração a análise individual das espécies dos bens, serviços e direitos importados.
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. ACORDOS INTERNACIONAIS.
Não há contradição entre as disposições da Lei n° 9.430/96 e os acordos internacionais para evitar a dupla tributação, firmados pelo Brasil, em matéria relativa ao princípio arm's length.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO CARÁTER CONFISCATÓRIO INOCORRÊNCIA
A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigi-lo com acréscimos e penalidades legais. Desta forma, é perfeitamente válida a aplicação da penalidade prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996, quando restar caracterizada a falta de recolhimento de imposto, sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o princípio de vedação ao confisco.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA.
Aplica-se à CSLL o que foi definido para o IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito que os une.
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. INDEFERIMENTO.
O domicílio tributário do sujeito passivo é endereço, postal, eletrônico ou de fax fornecido pelo próprio contribuinte à Receita Federal do Brasil (RFB) para fins cadastrais. Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indefere-se o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador.
Numero da decisão: 1402-002.122
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e o pedido de perícia; e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, DEMETRIUS NICHELE MACEI, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, PAULO MATEUS CICCONE e FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e o pedido de perícia; e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, DEMETRIUS NICHELE MACEI, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, PAULO MATEUS CICCONE e FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO.
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Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. NULIDADE. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A fase litigiosa do procedimento administrativo somente se instaura com a impugnação do sujeito passivo ao lançamento já formalizado. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Salvo nos casos de que trata o artigo 26A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base em norma inconstitucional ou ilegal. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova cabe a quem ela aproveita. ESCRITURAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A escrituração somente faz prova a favor do contribuinte quando estiver apoiada em documentação hábil e idônea. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 06 42 /2 01 1- 14 Fl. 666DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 667 2 DILIGÊNCIA/PERÍCIA. A realização de diligência/perícia não se presta à produção de provas que o sujeito passivo tinha o dever de trazer à colação junto com sua defesa. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. INDEFERIMENTO. O domicílio tributário do sujeito passivo é endereço, postal, eletrônico ou de fax fornecido pelo próprio contribuinte à Receita Federal do Brasil (RFB) para fins cadastrais. Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indeferese o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. IMPRESTABILIDADE DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. NOVA APURAÇÃO. Sendo os documentos apresentados pela contribuinte insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço de transferência, a fiscalização poderá determinálo com base em outros documentos de que dispuser, aplicando qualquer dos métodos previstos na legislação. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL60. IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Não há ilegalidade na IN SRF n° 243/2002, cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. IMPORTAÇÃO. AJUSTES. Os ajustes de preço de transferência na importação devem levar em consideração a análise individual das espécies dos bens, serviços e direitos importados. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. ACORDOS INTERNACIONAIS. Não há contradição entre as disposições da Lei n° 9.430/96 e os acordos internacionais para evitar a dupla tributação, firmados pelo Brasil, em matéria relativa ao princípio arm's length. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO CARÁTER CONFISCATÓRIO INOCORRÊNCIA A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. Desta forma, é perfeitamente válida a aplicação da penalidade prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996, quando restar caracterizada a falta de recolhimento de imposto, sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o princípio de vedação ao confisco. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Aplicase à CSLL o que foi definido para o IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Fl. 667DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 668 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e o pedido de perícia; e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES, DEMETRIUS NICHELE MACEI, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, PAULO MATEUS CICCONE e FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO. Fl. 668DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 669 4 Relatório SSC DISPLAY LTDA recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 1ª Turma da DRJ Belém/PA, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Versa o presente processo sobre o(s) Auto(s) de Infração de fls. 004013, relativo(s) ao Imposto de Renda Pessoa JurídicaIRPJ e Contribuição Social Sobre o Lucro LíquidoCSLL, ano(s)calendário 2006, com crédito total apurado no valor de R$ 121.579.911,51, incluindo o principal, a multa de ofício e os juros de mora, atualizados até 31/05/2011. Também integra os Autos de Infração o Relatório de folhas 1418. De acordo com os fatos narrados pela autoridade lançadora, o sujeito passivo incorreu na(s) seguinte(s) infração(ões): Falta de adição ao lucro líquido da parcela de custos de bens importados que excede ao preço parâmetro de transferência. Extraíse ainda dos fatos narrados pela autoridade lançadora que: 1. O contribuinte foi intimado, em 01/11/2010, a apresentar os seus arquivos magnéticos e planilhas juntamente com as memórias de cálculos, nos ditames do Ato Declaratório Executivo n° 15/01 da Coordenadoria de Fiscalização da Secretaria da Receita Federal, e IN SRF n° 243/2002 c/c IN SRF n° 86/2001; 2. Considerando o não atendimento da intimação, o contribuinte foi intimado a preencher as planilhas eletrônicas, fornecidas pela Fiscalização, a fim de se obter os dados necessários para o prosseguimento do Trabalho Fiscal, conforme Termo de Intimação Fiscal de 24/02/2011; 3. Em resposta à intimação, o contribuinte forneceu uma mídia eletrônica (CD), não qual não indicou método de calculo do preço de transferência adotado; 4. O contribuinte não escriturou nenhum ajuste de preço de transferência na DIPJ; 5. A DIPJ indicava a utilização dos métodos PIC e PRL 60% para o cálculo do preço parâmetro de transferência; 6. A partir da análise das planilhas apresentadas, foi verificado que o contribuinte não demonstrou os seus métodos de cálculo PIC e PRL 60, razão porque os ajustes do preço de transferência foram calculados a partir da sistemática do PRL 60; 7. Foram selecionados para recalculo do ajuste 13 tipos de insumos, que totalizavam 93,38% das importações. De onde se chegou a um ajuste Fl. 669DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 670 5 total de R$ 162.328.924,41, que serviu de base para o Lançamento Tributário; 8. Sobre a exigência principal foi aplicada a multa de ofício de 75%. O sujeito passivo tomou ciência do lançamento em 29/06/2011 (fls. 005 e 0 12) e apresentou sua impugnação em 28/07/2011 (fls. 116237), na qual alegou em síntese que: Do devido processo legal e do cerceamento do direito de defesa 1. Apresentou à fiscalização as planilhas de cálculo e a documentação de suporte para comprovar a idoneidade dos cálculos utilizados para apuração do preço de transferência; 2. Dessa forma, o lançamento é nulo por ofensa ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa, vez que a autoridade lançadora deixou de relacionar no Auto Infração quais documentos lhe foram entregues, bem como o motivo de sua recusa; 3. Mesmo em caso de discordância do cálculo apresentado, a fiscalização deveria ter intimado o contribuinte a explicar o cálculo utilizado para chegar ao resultado escriturado na DIPJ; 4. Não teve ciência dos cálculos refeitos pela Autoridade Lançadora, nem teve a oportunidade de demonstrar que eles não servem ao caso em tela; Do método mais favorável ao sujeito passivo 5. A Autoridade Lançadora têm o ônus de provar que o preço por ela calculado não está distorcido e de demonstrar que o método de cálculo por aquela praticado é mais favorável ao sujeito passivo, na forma do art. 18, §4°, da Lei n° 9.430/96; Do erro no levantamento efetuado 6. A Autoridade Lançadora utilizou um levantamento por amostragem para calcular o preço parâmetro, o que contraria as disposições da Lei n° 9.430/96 que determinada que a apuração deve levar em conta todas as operações de compra praticadas durante o período de apuração; Do ônus da prova 7. A escrituração faz prova a favor do sujeito passivo. Assim, cumpriria a fiscalização comprovar a inveracidade dos fatos registrados na escrituração contábil da impugnante; 8. A Autoridade Lançadora se limitou a analisar apenas os dados parciais constantes das planilhas cujos modelos foram por ele mesmo oferecidos; 9. O fisco está impondo irregularmente à recorrente a obrigação de rever, em apenas 30 dias, todos os lançamentos contábeis da empresa do ano de 2006, e cotejálos um a um com os números apontados nos Autos de Infração; Fl. 670DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 671 6 Da fundamentação do lançamento 10. O lançamento carece de fundamentação/motivação específica; 11. A conduta apontada não encontra consonância com o enquadramento legal, isto porque nenhum dos dispositivos legais traz expressamente em seu corpo a infração descrita pela Autoridade Lançadora; 12. Em nenhum momento deixou de adicionar, no cálculo do preço de transferência, as parcelas de custos, despesas e encargos de bens adquiridos de pessoas vinculadas no exterior. Apenas chegou a um valor de ajuste igual a zero; 13. A infração expressamente apontada pela Autoridade Lançadora não está prevista na legislação relativa ao Preço de Transferência; 14. O Auto de Infração não analisa devidamente os pressupostos de fato nem traz narrativa discriminada da suposta infração; Do ajuste de preço de transferência 15. As memórias de cálculo dos ajustes de preço de transferência, sob os métodos PIC e PRL60, encontramse perfeitamente discriminadas nas planilhas apresentadas à fiscalização; 16. Para comprovar a veracidade do ajuste encontrado (zero), anexa à impugnação as planilhas de cálculo dos métodos utilizados; Da ilegalidade da IN SRF 243/2002 17. Apurou o preço PRL60 com base nas diretrizes da Lei n° 9.430/96. A autoridade lançadora, por sua vez, apoiouse nas determinações da IN SRF 243/2002; 18. No entanto, a IN SRF 243/2002 trouxe uma nova metodologia de cálculo não prevista na Lei n° 9.430/96, o que a torna ilegal, devendo, portanto, sua aplicabilidade ser rechaçada; 19. O TRF 3a Região já se pronunciou, através da Apelação Cível n° 003404852.2007.4.03.6100/SP, a respeito da ilegalidade da metodologia de cálculo PRL60 trazida pela IN SRF 243/2002; Da CSLL 20. Aplicase ao lançamento da CSLL as argumentações trazidas acima, pelo fato do lançamento desta contribuição ser reflexa do IRPJ; Da multa aplicada 21. A multa aplicada afronta os princípios do não confisco, da capacidade contributiva, da razoabilidade e da proporcionalidade; Dos tratados para evitar a bitributação 22. O Brasil firmou acordo para evitar a bitributação do Imposto de Renda com praticamente todos países dos quais a recorrente importou insumos de empresas vinculadas. De forma que a recorrente somente precisaria efetuar qualquer ajuste relativo ao preço de transferência se Fl. 671DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 672 7 fosse comprovada que as transações se deram fora dos parâmetros do princípio do arm's lenght, o que não foi efetuado; 23. O fisco não efetuou tal prova. O que torna o lançamento insubsistente por não respeitar os acordos internacionais que se sobrepõe à legislação brasileira, na forma do art. 98 da CTN; Da inconstitucionalidade da Lei n° 9.430/96 24. Os art. 18 e 19 da Lei n° 9.430/96, que embasam o lançamento, são inconstitucionais por: a. Criar um fato gerador fictício e uma presunção legal absoluta, na medida em que se préestabelece margens de lucro sem considerar a realidade de mercado; b. Inverter, indevidamente, ao sujeito passivo o ônus da provar a ilegalidade do ajuste baseado na margem de lucro presumida, e cercear sua defesa pela dificuldade de obtenção destas provas; c. Tributar lucros menores como se maiores fossem, ao impor uma margem bruta de 60% quando a média das empresas brasileira tem sido de 31,63%; Da provas extemporâneas e do pedido de perícia 25. Requer a junta posterior de novos documentos que por motivo de força maior deixaram de ser apresentados; 26. Requer a realização de perícia técnica para esclarecer que o método apresentado pela recorrente está correto, para o que indica o perito citado à fl. 235; Do endereço das intimações 27. Solicita que as intimações sejam dirigidas ao advogado citado à fl. 236. É o relatório.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 01 24.077 (fls. 495515) de 09/07/2010, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento. A decisão foi assim ementada. “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. As garantias do contraditório e da ampla defesa somente se manifestam com a instauração da fase litigiosa, ressalvados os procedimentos fiscais para os quais lei assim exija. Comprovado que o sujeito passivo tomou conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do lançamento, e que lhe foi oferecido prazo para defesa, não Fl. 672DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 673 8 há como prosperar a tese de nulidade por cerceamento do direito ao contraditório e da a ampla defesa. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO VEDADA. ENTENDIMENTO ADMINISTRATIVO. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a arguição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade dos preceitos legais que embasaram o ato de lançamento. As leis regularmente editadas segundo o processo constitucional gozam de presunção de constitucionalidade e de legalidade até decisão em contrário do Poder Judiciário. As alegações de inconstitucionalidade ou de ilegalidade somente são apreciadas nos julgamentos administrativos quando houver expressa autorização. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. As autoridades julgadoras de 1a instância não possuem competência para apreciar a ilegalidade da Instrução Normativa expedida por autoridade hierárquica superior. INSTRUÇÃO NORMATIVA. OBSERVÂNCIA. As Instruções Normativas gozam de presunção de legalidade e são de observância obrigatória pelos servidores subordinados à autoridade que expediu o ato normativo. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova cabe a quem ela aproveita. ESCRITURAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A escrituração somente faz prova a favor do contribuinte quando estiver apoiada em documentação hábil e idônea. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. A realização de diligência/perícia não se presta à produção de provas que o sujeito passivo tinha o dever de trazer à colação junto com sua defesa. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. INDEFERIMENTO. O domicílio tributário do sujeito passivo é endereço, postal, eletrônico ou de fax fornecido pelo próprio contribuinte à Receita Federal do Brasil (RFB) para fins cadastrais. Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indeferese o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 Fl. 673DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 674 9 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. IMPRESTABILIDADE DA DOCUMENTAÇÃO SUPORTE. NOVA APURAÇÃO. Sendo os documentos apresentados pela contribuinte insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço de transferência, a fiscalização poderá determinálo com base em outros documentos de que dispuser, aplicando qualquer dos métodos previstos na legislação. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. IMPORTAÇÃO. AJUSTES. Os ajustes de preço de transferência na importação devem levar em consideração a análise individual das espécies dos bens, serviços e direitos importados. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. ACORDOS INTERNACIONAIS. Não há contradição entre as disposições da Lei n° 9.430/96 e os acordos internacionais para evitar a dupla tributação, firmados pelo Brasil, em matéria relativa ao princípio arm's length. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. É inaplicável o conceito de confisco e de ofensa à capacidade contributiva em relação à aplicação da multa de ofício, que não se reveste do caráter de tributo. CSLL. Aplicase à CSLL o que foi definido para o IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito que os une.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 14/03/2012 (A.R. de fl. 518) a interessada interpôs recurso voluntário em 05/04/2012 (fls. 5191.355) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. É o relatório. Fl. 674DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 675 10 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Das preliminares suscitadas pela recorrente Da nulidade do lançamento por cerceamento da defesa A recorrente suscita a nulidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa, fundamentado no fato de a fiscalização não ter acusado o recebimento das planilhas de cálculo e documentos suporte dos preços parâmetros adotados, bem como não ter justificado o motivo da recusa dos referidos cálculos, nem ter oferecido à recorrente a oportunidade de justificar as divergências apuradas. O direito à ampla defesa e ao contraditório, previsto no art. 5°, inciso LV, da Constituição Federal, é uma garantia do processo administrativo, isto é, da fase litigiosa do procedimento fiscal, que se inicia, nos ternos do art. 14 do Decreto n°70.235, de 6 de março de 1972, com a impugnação da exigência fiscal. Desta forma, o procedimento de fiscalização, que antecede a fase litigiosa, é um procedimento inquisitório, cuja participação do contribuinte se limita ao fornecimento de informações, quando requisitado pela autoridade fiscal. A contestação das informações contidas no auto de infração, dos documentos juntados ou até mesmo de eventuais irregularidades somente pode ser realizada em momento posterior, com a apresentação da impugnação, iniciando o devido processo administrativo. Naquele momento, o direito ao contraditório e a ampla defesa se exerce com a exata compreensão de todos elementos que identificam e provam o ilícito aventado e com o oferecimento do prazo legalmente constituído para recurso. No caso concreto, os fatos narrados no Relatório Anexo ao Auto de Infração permitem inferir de maneira inequívoca a infração cometida pela recorrente (fls. 1418), qual seja, a falta de adição, ao lucro líquido, da parcela do custo dos produtos importados de pessoas jurídicas vinculadas, que excede ao preço parâmetro de transferência, além de citar as disposições legais infligidas e aplicáveis ao caso. Senão, vejamse os trechos extraídos das peças do lançamento, abaixo reproduzidos: RELATÓRIO ANEXO AO AUTO DE INFRAÇÃO FALTA DE ADIÇÃO DE PARCELAS DE CUSTOS DE INSUMOS IMPORTADOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS VINCULADAS: [...] após sucessivas REINTIMAÇÕES (Termos anexos) para fornecer os dados constantes nos Documentos Fiscais e Contábeis de suas operações, o Contribuinte logrou apresentálos, conforme cópia de Mídia (CD) anexada ao Fl. 675DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 676 11 presente Auto de Infração de forma inseparável, sem a indicação do método de calculo do preço de transferência adotado pela Pessoa Jurídica. Ficou constatado, inclusive pela DIPJ/2007 AnoCalendário 2006 (Ficha 32, cópias anexas) que a empresa utilizou para cálculo do ajuste, os métodos PIC e PRL 60%previstos no artigo 18, c/c artigo 23, da Lei n° 9.430/96 e art. 8oa 12 da IN SRFn°243 de novembro de 2002. Constatouse, ainda, na mesma Ficha 32, que o Contribuinte não efetuou qualquer ajuste a titulo de Preço de Transferência, ou seja, informou VALOR DO AJUSTE: 0 (zero) FALTA DE ADIÇÃO DE PARCELAS DE CUSTOS DE INSUMOS IMPORTADOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS VINCULADAS. A partir da análise prévia das planilhas onde o Contribuinte NÃO demonstrou os seus cálculos dos métodos PIC e PRL (nomenclatura utilizada na legislação), restou claro que toda a sistemática de cálculo com o respectivo resultado não atende aos parâmetros enunciados no artigo 18, da Lei n° 9.430/96 e na IN SRF 243/2002. Anexamos para isso o próprio CD fornecido pela empresa onde ali NÃO se vê qualquer demonstração que embase os resultados apresentados pela Pessoa Jurídica em sua DIPJ apresentada à Receita Federal do Brasil. Esta constatação nos impeliu a RECALCULAR os ajustes , adotando sempre a sistemática da Lei n° 9.430/96 e IN SRF 243/2002 para PRL 60%. [...] Com fundamento no artigo 18, da Lei n° 9.430/96 e parágrafo único do artigo 40 da IN SRF 243/2002, esta fiscalização procedeu ao cálculo efetivo do ajuste do Preço de Transferência com a aplicação do método PRL 60% para os insumos cujo ajuste foi objeto deste auto de infração. [...] O VALOR TRIBUTÁVEL (AJUSTE) pelo IRPJ e pela CSLL, no ano calendário 2006, resultante da soma dos excessos de custos praticados de importações (aquisições) com pessoas jurídicas vinculadas, conforme o RELATÓRIO denominado PLANILHA DE CÁLCULO DO PREÇO DE TRANSFERÊNCIA, após todos os cálculos demonstrados, monta a um ajuste total de R$162.328.924,41 (cento e sessenta e dois milhões, trezentos e vinte e oito mil, novecentos e vinte quatro reais e quarenta e um centavos), que serviu de base para o presente Lançamento Tributário. Rejeito, pois, a preliminar suscitada. Da nulidade do lançamento por ausência de fundamentação A recorrente suscita a nulidade do lançamento por falta de fundamentação específica. Rejeitase de plano o pleito da recorrente. Como visto acima, os fatos narrados no Relatório Anexo ao Auto de Infração permitem a exata compreensão da motivação do lançamento, repitase, a falta de adição, ao lucro líquido, da parcela do custo dos produtos importados de pessoas jurídicas vinculadas, que excede ao preço parâmetro de transferência, fato que ensejou o lançamento complementar do IRPJ e da CSLL, nos termos do art. 18 da Lei n° 9.430/96, enquadramento legal citado expressamente no Relatório e no Auto de Infração. Fl. 676DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 677 12 Art.18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: IMétodo dos Preços Independentes ComparadosPIC: definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes; IIMétodo do Preço de Revenda menos LucroPRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a)dos descontos incondicionais concedidos; b)dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c)das comissões e corretagens pagas; d)da margem de lucro de: (Redação dada pela Lei n° 9.959, de 2000) l.sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (Incluído pela Lei n° 9.959, de 2000) 2.vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Incluído pela Lei n° 9.959, de 2000) IIIMétodo do Custo de Produção mais LucroCPL: definido como o custo médio de produção de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, no país onde tiverem sido originariamente produzidos, acrescido dos impostos e taxas cobrados pelo referido país na exportação e de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o custo apurado. §1° As médias aritméticas dos preços de que tratam os incisos I e II e o custo médio de produção de que trata o inciso III serão calculados considerando os preços praticados e os custos incorridos durante todo o período de apuração da base de cálculo do imposto de renda a que se referirem os custos, despesas ou encargos. §2° Para efeito do disposto no inciso I, somente serão consideradas as operações de compra e venda praticadas entre compradores e vendedores não vinculados §3° Para efeito do disposto no inciso II, somente serão considerados os preços praticados pela empresa com compradores não vinculados. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 678 13 §4°Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. §5° Se os valores apurados segundo os métodos mencionados neste artigo forem superiores ao de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade fica limitada ao montante deste último. §6° Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. §7° A parcela dos custos que exceder ao valor determinado de conformidade com este artigo deverá ser adicionada ao lucro líquido, para determinação do lucro real. §8° A dedutibilidade dos encargos de depreciação ou amortização dos bens e direitos fica limitada, em cada período de apuração,ao montante calculado com base no preço determinado na forma deste artigo. §9° O disposto neste artigo não se aplica aos casos de royalties e assistência técnica, científica, administrativa ou assemelhada, os quais permanecem subordinados às condições de dedutibilidade constantes da legislação vigente. [grifouse] Rejeito a preliminar suscitada. Da inconstitucionalidade/ilegalidade de preceitos normativos Quanto aos argumentos de inconstitucionalidade dos artigos 18 e 19 da Lei n° 9.430/96 e da ilegalidade da IN SRF 243/2002, temse que a autoridade administrativa não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia dos preceitos legais considerados, pelo sujeito passivo, como inconstitucionais e/ou ilegais. Entendimento consolidado neste Conselho por meio da súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Rejeito a preliminar suscitada quanto a esse ponto. Da apuração dos excessos ao preço parâmetro A recorrente alega que o lançamento é nulo porque a fiscalização realizou a apuração por amostragem, contrariando as disposições da Lei n° 9.430/96 que determinam que a apuração deve levar em conta todas as operações de compra praticadas durante o período de apuração. O argumento é improcedente. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 679 14 O art. 18 da Lei n° 9.430/96, ao cuidar do ajuste de preço de transferência relativo aos bens importados, trata destes em sua individualidade, no sentido que é a somatória dos excessos de custo de cada espécie de bem, serviço ou direito que deve ser adicionado ao lucro líquido, para determinação do lucro real. De efeito, cabe ao contribuinte efetuar a apuração dos excessos relativos aos preços de transferência para todos os bens serviços e direitos importados/adquiridos de pessoa vinculada no exterior, nos termos do art. 18 da Lei n° 9.340/96. À fiscalização, quando solicitada, cumpre verificar a regularidade das apurações efetuadas pelo sujeito passivo, e efetuar o lançamento do crédito tributário remanescente, se for o caso. Nesse sentido, não está obrigada a conferir todas operações efetuadas pelo contribuinte, podendo utilizarse de um quantitativo amostral, desde que esta seleção não seja prejudicial ao sujeito passivo. Nestes termos, a apuração por amostragem, em especial àquelas amostras com maior impacto tributário, não só é legítima como louvável, na medida que está de mãos dada com o principio constitucional da eficiência tributária. No caso concreto, a seleção de amostras efetuadas pela fiscalização não foi prejudicial à recorrente, vez que redução das espécies de produtos importados submetidos à apuração de preço de transferência reduziu a possibilidade de ajustes necessários, ao tempo que proporcionou maior eficiência ao procedimento fiscal. Notese aqui que a recorrente não aponta qualquer erro de fato nos cálculos apresentados pela fiscalização, que não as supostas ilegalidades da IN SRF n° 243/2002, matéria já ultrapassada neste julgamento. Dos acordos internacionais para evitar a bitributação A recorrente suscita a nulidade do lançamento pelo fato de não restar comprovada pela fiscalização que as transações se deram fora dos parâmetros do princípio do arm's lenght, nos termos preconizados pelos acordos internacionais firmados com os países dos quais a recorrente importou insumos. Ocorre que os acordos então vigentes não definiram, nem limitaram, as metodologias de controle dos preços favorecidos, usualmente, denominadas "preço de transferência". Apenas possibilitaram a tributação dos preços favorecidos nas operações comerciais entre os Estados Contratantes. Em síntese, os Acordos não prevêem a utilização de métodos de preço de transferência. No Estado brasileiro, o controle e a tributação dos preços de transferência se encontram delineados nos artigos 18 a 24 da Lei n° 9.430/96. Tais dispositivos, à época dos fatos geradores, eram regulamentados pela Instrução Normativa SRF n° 243/2002, com as alterações promovidas pelas Instruções Normativas SRF 321/2003 e 382/2003. Tratase de hipóteses fáticas, delimitadas pelo legislador nacional, que presumem a evasão de divisas através de operações com condições especiais entre vinculadas. Com efeito, os artigos 18 a 24 da Lei n° 9.430/96 não colidem com os suscitados acordos internacionais. Nesse sentido a Solução de Consulta COSIT n° 6, de 23/11/2001, cuja ementa reproduzse abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Fl. 679DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 680 15 Ementa: Aplicamse os ajustes previstos na Lei n° 9.430, de 27 dezembro de 1996, em matéria de Preços de Transferência. Não há contradição entre o artigo 9° do Modelo de Convenção Fiscal sobre o Rendimento e o Patrimônio da OCDE que trata dos preços de transferência nas convenções , e os artigos 18 a 24 da Lei n° 9.430, de 1996, que inserem e tributam os preços de transferência na legislação fiscal brasileira. Tampouco há contradição entre as disposições da Lei n° 9.430, de 1996 e os acordos de bitributação firmados pelo Brasil em matéria relativa ao princípio arm's length. Do pedido de perícia Entendo tal e qual a decisão recorrida. A perícia contábil não se presta à produção de provas que o sujeito passivo tinha o dever de trazer aos autos junto com sua peça impugnatória. Apesar de ser facultado ao sujeito passivo o direito de pleitear a realização de diligências e perícias, em conformidade com o artigo 16, inciso IV do Decreto n° 70.235, de 1972, com redação dada pelo artigo 1° da Lei n° 8.748, de 1993, compete à autoridade julgadora decidir sobre sua efetivação, podendo ser indeferidas as que considerar prescindíveis ou impraticáveis (art. 18, caput , do Decreto n° 70.235, de 1972, com redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748, de 1993). A realização de diligência e perícia pressupõe que o fato a ser provado necessite de conhecimento técnico especializado e/ou esclarecimento de fatos considerados obscuros no processo. No presente caso, tais motivos são inexistentes. Desta forma, e em conformidade com o artigo 18, caput, do Decreto n° 70.235, de 1972, indefiro o pedido por considerála prescindível para o julgamento da presente lide. Do mérito Dos ajustes do preço de transferência Quanto ao mérito, entendo que a decisão recorrida se mantém pelos seus próprios fundamentos. Vejase. Ao teor dos fatos trazidos aos autos pela autoridade lançadora, o lançamento é decorrente da falta de adição, ao lucro líquido, da parcela dos custos dos insumos importados de pessoas jurídicas vinculadas, que excedeu ao preço parâmetro de transferência calculado sob o método do Preço de Revenda menos Lucro de 60% (PRL60). Para justificar a exação a autoridade lançadora assevera que: · O contribuinte apresentou sua Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica do exercício 2007 (DIPJ 2007), anocalendário 2006, indicando os métodos do PRL60 e dos Preços Independentes Comparados (PIC) como adotados na apuração dos preços parâmetros de produtos importados; · A referida DIPJ não indicava qualquer ajuste de preço de transferência na importação; Fl. 680DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 681 16 · Intimada a apresentar seus Documentos Fiscais e Contábeis, a recorrente apresentou mídia digital (CD), anexadas aos autos, sem indicar ou demonstrar o método de cálculo do preço parâmetro de transferência adotado; · Razão porque, com fundamento no art. 40 da IN SRF 243/2002, o preço parâmetro de transferência foi apurado pelo método PRL60, do que resultou no lançamento complementar do IRPJ e da CSLL. Em sua defesa, a recorrente contesta o procedimento adotado pela fiscalização, bem como a apuração efetuada, com base nas alegações apreciadas a seguir. Da desconsideração da apuração efetuada pela recorrente Primeiramente a recorrente alega que entregou, sim, à fiscalização as planilhas de cálculo e a documentação de suporte dos preços praticados, que todavia deixaram de ser relacionados no Auto de Infração, bem com o motivo de sua recusa. O que, por si só, ensejaria a nulidade o lançamento. Ocorre que a recorrente não traz prova da entrega dessa documentação. Por outro lado, compulsando os autos, vêse que: · Em 01/11/10, o contribuinte foi intimado do início da ação fiscal, oportunidade em que lhe foram solicitados os livros contábeis e fiscais, a documentação relativa ao incentivo fiscal, os comprovantes de receitas, custos e despesas, as notas fiscais de venda, e os arquivos magnéticos em conformidade com o ADE n° 15/2001 (fls. 8486 e 89); · Após o exaurimento dos pedidos de prorrogação de prazo (fls. 9091), a recorrente foi reintimada, em 25/01/2011 (fl. 88), a apresentar os documentos solicitados no início da ação fiscal; · O contribuinte foi intimado, em 28/01/2011, a apresentar o memorial de cálculo do preço de transferência dos insumos importados, juntamente sua documentação de suporte (fls. 9395); · Em 24/02/2011, a recorrente foi intimada a apresentar em meio digital, as planilhas de insumos relacionados aos produtos vendidos, importações desembaraçadas, faturamento total dos produtos vendidos/adquiridos, custos médios dos produtos vendidos, e inventários do início e final do período, conforme modelos às folhas 98103; · Em 04/05/2011 e 03/06/11, a recorrente foi intimada a justificar e promover alguns ajustes nas planilhas apresentadas, em especial aquelas relativas ao inventário, aos insumos relacionados aos produtos vendidos e aos custos médios (fls. 105108); Fl. 681DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 682 17 À folha 110, encontrase uma mídia digital (CD) com os arquivos elaborados pela fiscalização na apuração dos ajustes do preço de transferência. À folha 111, encontrase uma mídia digital (CD) com os arquivos entregues pela recorrente à fiscalização. O CD entregue pela recorrente diz respeito às planilhas solicitadas nas intimações ocorridas nos dias 24/02, 04/05 e 03/06 de 2011. Tais planilhas têm por finalidade lastrear o cálculo do preço parâmetro PRL60. De efeito, os documentos anexados aos autos também não demonstram o recebimento das planilhas de cálculo que lastrearam os ajustes de preços de transferência efetuados pela recorrente. A fiscalização por sua vez, ao fundamentar a exação, alega que o CD apresentado pela recorrente não trazia a memória de cálculo dos ajustes de preço de transferências apurados pela recorrente. Dessa foram, conforme alegado pela recorrente, é verdade que o CD apresentado continha justamente as planilhas solicitadas pela fiscalização que fundamentariam o cálculo do preço PRL. Acontece que já havia uma intimação anterior efetuada ao sujeito passivo, solicitando a apresentação da memória de cálculo, juntamente com a documentação de suporte do preço de transferência, e não há provas do atendimento dessa intimação. Assim, considerando que não havia ocorrido a entrega da memória de cálculo do preço de transferência, a fiscalização poderia ainda esperar que o sujeito passivo a apresentasse a qualquer momento, inclusive em conjunto com as planilhas de suporte do preço PRL60 que ensejaram o lançamento suplementar. Por essas razões, considerase legítima a apuração de ofício dos novos preços parâmetros, e por conseguinte, dos novos ajustes de preço de transferência, nos termos do art. 40 da IN SRF n° 243/2002, por não haver o sujeito passivo, regulamente intimado, comprovado a entrega da memória de cálculo do preço de transferência, bem como a documentação de suporte deste cálculo. Art. 40. A empresa submetida a procedimentos de fiscalização deverá fornecer aos AuditoresFiscais da Receita Federal (AFRF), encarregados da verificação: I a indicação do método por ela adotado; II a documentação por ela utilizada como suporte para determinação do preço praticado e as respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro e, inclusive, para as dispensas de comprovação, de que tratam os arts. 35 e 36. Parágrafo único. Não sendo indicado o método, nem apresentados os documentos a que se refere o inciso II, ou, se apresentados, forem insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço, os AFRF encarregados da verificação poderão determinálo com base em outros documentos de que dispuserem, aplicando um dos métodos referidos nesta Instrução Normativa. Da escolha do método Fl. 682DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 683 18 No que diz respeito à escolha do método de cálculo do preço parâmetro, a recorrente alega que a fiscalização tinha o dever de escolher aquele menos oneroso ao contribuinte, de acordo com o artigo 18, §4°, da Lei n° 9.430/96 e art. 4°, § 2°, da IN SRF n° 243/2002, ipsis litteris: Lei nº 9.430/96 Art.18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: ... §4° Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. IN SRF n° 243/2002 Art. 4° Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos de que tratam os arts. 8° a 13, exceto na hipótese do § 1°, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. ... § 2°Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, devendo o método adotado pela empresa ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante todo o período de apuração. [grifouse] Todavia, numa leitura mais acurada dos dispositivos, percebese que a utilização do método mais benéfico só é possível quando o contribuinte apurou, por mais de um método, o preço parâmetro na importação (art. 4, §2°, primeira parte). Eis que a lei foi expressa ao destacar o uso do método mais benéfico "Na hipótese de utilização de mais de um método'. Mas não é só a utilização de mais de um método por parte do contribuinte que pode ensejar a escolha do mais favorável. Para tanto, o contribuinte deve ainda oferecer ao fisco todos os elementos necessários para aferição dos métodos utilizados. Caso contrário, verificado que o contribuinte utilizou apenas um método de cálculo do preço de transferência ou que os documentos apresentados por ele são insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço de transferência utilizado, é legítima Fl. 683DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 684 19 escolha, pela fiscalização, de qualquer método com base nos elementos que dispuser. Nesse sentido o parágrafo único do art. 40 da IN SRF n° 243/2002, verbis: Art. 40. A empresa submetida a procedimentos de fiscalização deverá fornecer aos AuditoresFiscais da Receita Federal (AFRF), encarregados da verificação: 1 a indicação do método por ela adotado; II a documentação por ela utilizada como suporte para determinação do preço praticado e as respectivas memórias de cálculo para apuração do preço parâmetro e, inclusive, para as dispensas de comprovação, de que tratam os arts. 35 e 36. Parágrafo único. Não sendo indicado o método, nem apresentados os documentos a que se refere o inciso II, ou, se apresentados, forem insuficientes ou imprestáveis para formar a convicção quanto ao preço, os AFRF encarregados da verificação poderão determinálo com base em outros documentos de que dispuserem, aplicando um dos métodos referidos nesta Instrução Normativa. [grifouse] O contribuinte indicou na DIPJ haver utilizado os métodos PIC e PRL60. Com efeito, verificado que não foram apresentados pela recorrente os documentos que permitissem firmar a convicção dos preços PIC e PRL60, a fiscalização tinha motivação suficiente para apurar o preço de transferência com base nos elementos que dispuser, qual seja, os do Método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), conforme art. 40, parágrafo único, da IN SRF n° 243/2002. Notese aqui que é do contribuinte o ônus de apresentar os documentos suporte de seus cálculos do preço de transferência, por respaldarem fatos fiscais e contábeis próprios de sua atividade. De outro modo, inaugurarseia uma nova forma de administração tributária, onde o fisco, além das funções constitucionais de fiscalizar e arrecadar tributos, imbuirseia também na função de gestor contábil do contribuinte para dar suporte às atividades privadas deste. O que seria inadmissível num estado democrático de direito. É verdade que a escrituração do sujeito passivo prova a seu favor, desde que lastreada em documentação hábil e idônea. No caso, repisase, a recorrente não traz prova da entrega da documentação de suporte do preço de transferência adotado na DIPJ. Pelo que, legítima e escolha do método PRL60 pela fiscalização. Dos cálculos efetuados com base na IN SRF 243/2002 Quanto às objeções apresentadas pela recorrente no tocante à regulamentação dada pela Instrução Normativa n° 243/2002 para a metodologia de cálculo dos preços parâmetros conforme o método Preço de Revenda menos Lucro com margem de 60%, há que se repisar que a autoridade administrativa não dispõe de competência para apreciar inconstitucionalidade e/ou invalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico nacional. Fl. 684DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 685 20 Com efeito, a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos da inconstitucionalidade e/ou invalidade das normas jurídicas deve ser submetida ao crivo desse Poder. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza. Os mecanismos de controle da constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal, passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa. É inócuo, então, suscitar tais alegações na esfera administrativa. Em verdade, a autoridade encontrase vinculada ao estrito cumprimento da legislação tributária, estando impedida de ultrapassar tais limites para examinar questões outras como as suscitadas na contestação em exame, uma vez que às autoridades tributárias cabe simplesmente cumprir a lei e obrigar seu cumprimento. Por oportuno, assinalese que tal é a determinação do art. 26A do Decreto 70.235/1972, incluído pelo art. 25 da Lei 11.941/2009: "Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." A improcedência das alegações relativas às supostas ilegalidades na regulamentação, pela IN SRF n° 243/2002, do método PRL 60% foi reconhecida inclusive pela jurisprudência, conforme se observa dos seguintes excertos extraídos do Acórdão n° 1402 001.467, de relatoria do i.Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, proferido por esta 2ª Turma da Primeira Seção de Julgamento do CARF: [...] No que se refere ao método PRL, a determinação de margens de lucro mínimas nas revendas voltadas ao controle da dedutibilidade dos custos de aquisição dos bens importados, tem como escopo dificultar a transferência artificial dos lucros das empresas brasileiras para pessoas vinculadas no exterior. Sob essa ótica, se, por exemplo, uma empresa aqui domiciliada pratique uma margem de lucro bruto de 15% (quinze por cento) sobre as revendas de bens produzidos com insumos importados, os custos de aquisição desses insumos devem ser ajustados via adição ao lucro líquido, com o objetivo de assegurar a margem de lucro bruto de 60% sobre as revendas, em observância ao art. 18 da Lei n° 9.430/96. A primeira conclusão a que se chega quanto ao tema, e que não pode ser olvidada em nenhum momento nesta análise, consiste no fato de que a fórmula de cálculo deve ser capaz de apurar o preço parâmetro do bem importado insumo no caso considerado individualmente e no limite da margem de lucro legalmente estabelecida. Na interpretação equivocada que se dá ao art. 18 da Lei n° 9.430/95, o preço parâmetro do bem importado seria obtido após a subtração da margem de lucro de 60% do preço líquido de venda do produto final, sendo que a margem de lucro seria calculada sobre o próprio preço líquido de venda menos o valor agregado no País. Lembrando que a operação a ser submetida ao ajuste é a importação do insumo, ao se excluir do preço líquido de venda a margem de lucro calculada sobre o preço líquido de venda menos o valor agregado, obtémse o custo do insumo acrescido de percentual da margem de lucro praticada na revenda, mas não se alcança o custo do bem importado. Fl. 685DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 686 21 Num exemplo hipotético teríamos (Exemplo 1): Preço líquido de venda (PLV) = 500,00 Custo total (custo do bem importado + valor agregado) = 230,00 Bem importado = 80,00 Valor agregado (VA) = 150,00 Margem de lucro 60% sobre (PLV VA) = 60% (500,00150,00) = 210,00 Preço parâmetro = PLV ML 60% (PLV VA) PP = 500,00 210,00 Preço parâmetro = 290,00 Pareceme claro que nesse cálculo o preço parâmetro obtido não guarda relação com o custo efetivo do bem importado. A questão é a exclusão indevida do valor agregado na apuração da margem de lucro, reduzindoa e aumentando artificialmente o preço parâmetro. A distorção trazida por essa sistemática permitiria manipulação da margem de lucro na revendas dos bens produzidos com os insumos importados. No mesmo exemplo, a cada vez que se diminuísse a margem de lucro em desacordo com a norma mesmo implicando em aumento indevido no custo do insumo, o preço parâmetro obtido não geraria qualquer ajuste a ser feito (Exemplo 2): Preço líquido de venda (PLV) = 500,00 Margem de lucro efetiva de 20% (exemplo hipotético) sobre o PLV = 100,00 Custo total (custo do bem importado + valor agregado) = 400,00 Bem importado (custo manipulado) = 250,00 Valor agregado (VA) = 150,00 Margem de lucro 60% sobre (PLV VA) = 60% (500,00150,00) = 210,00 Preço parâmetro = 500,00 ML 60% (PLV VA) Preço Parâmetro = 290,00 O correto, para se alcançar o preço parâmetro do insumo importado, consiste em excluir do preço líquido de venda a margem de lucro de 60% e o valor agregado o País, sendo que a margem de lucro deve ser calculada exclusivamente sobre o preço líquido de venda. No mesmo exemplo teríamos (Exemplo 3): Preço líquido de venda (PLV) = 500,00 Custo total (custo do bem importado + valor agregado) = 230,00 Bem importado = 80,00 Valor agregado (VA) = 150,00 Margem de lucro 60% sobre (PLV ) = 60% (500,00) = 300,00 Preço parâmetro = PLV ML 60% (PLV) VA PP = 500,00 300,00 150,00 Preço parâmetro = 50,00 (haveria um ajuste de 30,00) Ressaltese que nesse cálculo ainda não se leva em consideração a proporcionalidade do preço do bem importado no preço líquido de venda, o que daria ainda mais precisão ao cálculo, conforme se verá posteriormente neste voto. Fl. 686DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 687 22 Confirase abaixo como a aplicação correta do método impediria a manipulação da margem de lucro. Nos termos do exemplo supra citado com margem de lucro de 20%, fora do padrão (Exemplo 4): Preço líquido de venda (PLV) = 500,00 Margem de lucro efetiva de 20% sobre o PLV = 100,00 Custo total (custo do bem importado + valor agregado) = 400,00 Bem importado (custo manipulado) = 250,00 Valor agregado (VA) = 150,00 Margem de lucro 60% sobre (PLV) = 60% (500,00) = 300,00 Preço parâmetro = PLV ML 60% (PLV) VA PP = 500,00 300,00 150,00 Preço parâmetro = 50,00 (haveria uma ajuste de 200,00) Em recente trabalho sobre o tema, a PGFN justifica o porquê da apuração nos termos supra estipulados em detrimento à sistemática suscitada pelo sujeito passivo, e esclarece que pela leitura do art. 18, da Lei n° 9.430/96 já se poderia chegar a essa conclusão: É importante ressaltar, nesse passo, que a fórmula mencionada pode ser extraída da leitura do art. 18 da Lei n° 9.430/96, considerando a falta de clareza na redação do item 1 do inciso II, in verbis: II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: dos descontos incondicionais concedidos; dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; das comissões e corretagens pagas; da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (grifos nossos) De fato, é possível interpretar o texto legal no sentido de que o parâmetro seria obtido a partir da "média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos (i) dos descontos incondicionais concedidos, (ii) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, (iii) das comissões e corretagens pagas, (iv) da margem de lucro de sessenta por cento, e (v) do valor agregado no País" A margem de lucro de sessenta por cento, por sua vez, seria calculada exclusivamente "sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores". Nesse sentido, vale transcrever as observações de Ricardo Marozzi Gregorio acerca da falta de clareza do texto legal: Fl. 687DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 688 23 "Neste ponto, um importante aspecto deve ser observado. Tratase da falta de clareza do texto introduzido no item "1" da nova alínea "d". Com efeito, afirmase que a margem de lucro de 60% deve ser "calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País" Ora, uma primeira leitura deste trecho faz pressupor que houve erro gramatical na utilização da preposição "de" juntamente com o artigo "o" antes da expressão "valor agregado". Assim, para que ficasse gramaticalmente correta, ao invés de "do valor agregado" deveria se assumir que a lei quis dizer "o valor agregado". [...] Quanto à primeira investigação, já se mencionou que uma possível premissa para a interpretação da falta de clareza do texto introduzido no item "1" da nova alínea "d" do artigo 18, inciso II, da Lei n° 9.430/96, é a aceitação de que houve um erro gramatical na utilização da preposição "de" juntamente com o artigo "o" antes da expressão "valor agregado". Pois bem, uma outra possível premissa é a que sustenta que não houve erro gramatical, mas técnica redacional inapropriada. Para melhor esclarecimento, vale a pena reproduzir a íntegra do novo texto do artigo 18, inciso II, depois da alteração introduzida pela Lei n° 9.959/00: [...] A técnica redacional inapropriada, identificada por Victor Polizelli, decorre da percepção de que a expressão "do valor agregado" não se refere à palavra "deduzidos", presente no mesmo item "1" da alínea "d", mas sim à palavra "diminuídos", que consta no caput do próprio inciso II. Esta técnica seria justificada pela intenção de se evitar a inserção de uma alínea "e", pois a exclusão do valor agregado só se aplicaria na hipótese de bens aplicados à produção. [... ] Assumindo essa premissa para as hipóteses de produção local, uma outra fórmula de apuração do preço parâmetro pode ser identificada: PP = PL 0,6 x PL VA." (Preços de Transferência: uma avaliação da sistemática do método PRL.In: Tributos e Preços de Transferência. 3° vol. São Paulo: Dialética, 2009. p. 170195) Nessa linha de raciocínio, notase que a expressão "do valor agregado" se refere ao termo "diminuídos" (inciso II), e não à palavra "deduzidos" (item 1 da alínea d). Como apontado no trecho citado, cuidase de técnica redacional inapropriada, voltada a evitar a inclusão de mais uma alínea no inciso II do art. 18, hipótese que se visualiza abaixo: II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. e) e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção. Fl. 688DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 689 24 Por outro lado, a tese de que o valor agregado deve ser incluído no cálculo da margem de lucro não está em sintonia à própria dicção do dispositivo legal. Para abrigar a interpretação proposta pela contribuinte, o item 1 do inciso II do art. 18 da Lei n° 9.430/96 deveria ser redigido nos seguintes termos: "1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e o valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção." ou "1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após a dedução dos valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção." Aliás, a revogada IN SRF n° 32/01 trilhou caminho similar à segunda alternativa, o que originou a fórmula de cálculo do PRL 60 defendida pela recorrente: Método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL) Art. 12. (omissis) §10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens aplicados à produção. §11. Na hipótese do parágrafo anterior, o preço a ser utilizado como parâmetro de comparação será a diferença entre o preço líquido de venda e a margem de lucro de sessenta por cento, considerandose, para este fim: I preço líquido de venda, a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II margem de lucro, o resultado da aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas, das comissões e corretagens pagas e do valor agregado ao bem produzido no País. (grifos nossos) Notese que a redação do art. 12, inciso II, da IN SRF n° 32/01 difere do texto legal, uma vez que a construção gramatical foi modificada para possibilitar a concordância da expressão "do valor agregado" com a palavra "diminuídos", ou seja, para inserir o valor agregado no cálculo da margem de lucro. Por consequência, não é correto afirmar que a fórmula prevista na IN SRF n° 32/01 [PP = PLV ML 60% (PLV VA)] corresponde à "fórmula da Lei n° 9.430/96". Na realidade, essa é apenas uma das possíveis interpretações construídas a partir da Lei. Em resumo, é necessário deixar claro que a interpretação meramente gramatical do art. 18 da Lei n° 9.430/96 pode resultar em diferentes fórmulas de cálculo do PRL 60, o que denota que não há uma única fórmula "pronta e acabada" no diploma legal. Assim como em qualquer texto, a interpretação da Lei n° 9.430/96 é plurívoca, o que dá margem a dúvidas que devem ser esclarecidas pela regulamentação administrativa. Fl. 689DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 690 25 Foi exatamente nessa linha que se manifestou a IN n° 243/2001 através do § 11, do art. 12, transcrito na decisão recorrida que, além de introduzir a fórmula supra mencionada pela qual não se deduz o valor agregado da margem de lucro, mas diretamente do preço líquido de venda., estabeleceu que a margem de lucro deveria ser calculada não sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto e o valor agregado no País, mas sobre a parcela do preço líquido de venda que corresponde ao bem importado, ou seja, a participação do bem importado no preço de venda do bem produzido, o que possibilita a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência. No exemplo já utilizado neste voto (Exemplo 5): Preço líquido de venda (PLV) = 500,00 Custo total (custo do insumo importado + valor agregado) = 230,00 Bem importado = 80,00 Valor agregado (VA) = 150,00 % de participação do insumo importado no custo total do bem: 34,78% Particip. do insumo no preço líquido de venda do produto final (PBI): 173,90 Preço parâmetro = PBI ML 60% (PBI) PP = 173,90 104,34 Preço parâmetro = 69,56 (haveria um ajuste de 10,44) A aplicação da proporcionalização do bem no preço final nos termos determinados pela IN 243/202, geraria um valor de ajuste menor (RS 10,44 contra R$ 30,00, obtida no exemplo 3). Assim, as regras da norma levandose em consideração a participação do insumo importado no preço de venda do bem produzido não implica necessariamente, em ajuste maior. No âmbito do Poder Judiciário, manifestações recentes pugnam pela inexistência de qualquer mácula. Vejase, por exemplo, o TRF da 3a Região (os destaques foram acrescidos): APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL. LEI N° 9.430/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/02. APLICABILIDADE. 1. Caso em que a impetrante pretende apurar o Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL, estabelecido na Lei n° 9.430/96, sem se submeter às disposições da IN/SRFn°243/02. 2. Em que pese sejam menos vantajosos para a impetrante, os critérios da Instrução Normativa n°. 243/2002 para aplicação do método do Preço de Revenda Menos Lucro (PRL) não subvertem os paradigmas do art. 18 da Lei n° 9.430/1996. 3. Ao considerar o percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido, a IN 243/2002 nada mais está fazendo do que levar em conta o efetivo custo daqueles bens, serviços e direitos na produção do bem, que justificariam a dedução para fins de recolhimento do IRPJ e da CSLL. 4. Apelação improvida. Fl. 690DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 691 26 (Divulgado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 3a Região, em 18/2/2011. A Terceira Turma rejeitou os embargos opostos contra o acórdão, e manteve a orientação pela legalidade da IN n° 243/2002, em 5/5/2011). Em pronunciamento mais recente, a Sexta Turma desse Tribunal confirmou esse entendimento: TRIBUTÁRIO TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE PESSOAS VINCULADAS MÉTODO DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCROPRL60 APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO DO IRPJE DA CSLL EXERCÍCIO DE 2002 LEIS N°S. 9.430/96 E 9.959/00 E INSTRUÇÕES NORMATIVAS/SRF N°S. 32/2001 E 243/2002 PREÇO PARÂMETRO MARGEM DE LUCRO VALOR AGREGADO LEGALIDADE INOCORRÊNCIA DE OFENSA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DEPÓSITOS JUDICIAIS. 1. Constitui o preço de transferência o controle, pela autoridade fiscal, do preço praticado nas operações comerciais ou financeiras realizadas entre pessoas jurídicas vinculadas, sediadas em diferentes jurisdições tributárias, com vista a afastar a indevida manipulação dos preços praticados pelas empresas com o objetivo de diminuir sua carga tributária. 2. A apuração do lucro real, base de cálculo do IRPJ, e da base de cálculo da CSLL, segundo o Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL, era disciplinada pelo art. 18, II e suas alíneas, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 9.959/00 e regulamentada pela IN/SRFn° 32/2001, sistemática pretendida pela contribuinte para o ajuste de suas contas, no exercício de 2002, afastandose os critérios previstos pela IN/SRF n° 243/2002. 3. Contudo, ante à imprecisão metodológica de que padecia a IN/SRF n° 32/2001, ao dispor sobre o art. 18, II, da Lei n° 9.430/96, com a redação que lhe deu a Lei n° 9.959/00, a qual não espelhava com fidelidade a exegese do preceito legal por ela regulamentado, baixou a Secretaria da Receita Federal a IN/SRFn° 243/2002, com a finalidade de refletir a mens legis da regra matriz, voltada para coibir a evasão fiscal nas transações comerciais com empresas vinculadas sediadas no exterior, envolvendo a aquisição de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. 4. Destarte, a IN/SRF n° 243/2002, sem romper os contornos da regra matriz, estabeleceu critérios e mecanismos que mais fielmente vieram traduzir o dizer da lei regulamentada. Deixou de referirse ao preço líquido de venda, optando por utilizar o preço parâmetro daqueles bens, serviços ou direitos importados da coligada sediada no exterior, na composição do preço do bem aqui produzido. Tal sistemática passou a considerar a participação percentual do bem importado na composição inicial do custo do produto acabado. Quanto à margem de lucro, estabeleceu dever ser apurada com a aplicação do percentual de 60% sobre a participação dos bens importados no preço de venda do bem produzido, a ser utilizada na apuração do preço parâmetro. Assim, enquanto a IN/SRF n° 32/2001 considerava o preço líquido de venda do bem produzido, a IN/SRF n° 243/2002, considera o preço parâmetro, apurado segundo a metodologia prevista no seu art. 12, §§ 10, e 11 e seus incisos, consubstanciado na diferença entre o valor da participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido, e a margem de lucro de sessenta por cento. 5. O aperfeiçoamento fezse necessário porque o preço final do produto aqui industrializado não se compõe somente da soma do preço individuado de cada bem, serviço ou direito importado. À parcela atinente ao lucro empresarial, são Fl. 691DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 692 27 acrescidos, entre outros, os custos de produção, da mão de obra empregada no processo produtivo, os tributos, tudo passando a compor o valor agregado, o qual, juntamente com a margem de lucro de sessenta por cento, mandou a lei expungir. Daí, a necessidade da efetiva apuração do custo desses bens, serviços ou direitos importados da empresa vinculada, pena de a distorção, consubstanciada no aumento abusivo dos custos de produção, com a consequente redução artificial do lucro real, base de cálculo do IRPJ e da base de cálculo da CSLL a patamares inferiores aos que efetivamente seriam apurados, redundar em evasão fiscal. 6. Assim, contrariamente ao defendido pela contribuinte, a IN/SRFn° 243/2002, cuidou de aperfeiçoar os procedimentos para dar operacionalidade aos comandos emergentes da regra matriz, com o fito de determinarse, com maior exatidão, o preço parâmetro, pelo método PRL60, na hipótese da importação de bens, serviços ou direitos de coligada sediada no exterior, destinados à produção e, a partir daí, comparandose o com preços de produtos idênticos ou similares praticados no mercado por empresas independentes (princípio arm's lenght), apurarse o lucro real e as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. 7. Em que pese a incipiente jurisprudência nos Tribunais pátrios sobre a matéria, ainda relativamente recente em nosso meio, temna decidido o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, do Ministério da Fazenda, não avistando o Colegiado em seus julgados administrativos qualquer eiva na IN/SRF n° 243/2002. Confirase a respeito o Recurso Voluntário n° 153.600 processo n° 16327.000590/200460, julgado na sessão de 17/10/2007, pela 5a Turma/DRJ em São Paulo, relator o conselheiro José Clovis Alves. No mesmo sentido, decidiu a r. Terceira Turma desta Corte Regional, no julgamento da apelação cível n° 001738130.2003.4.03.6100/ SP, Relator o e. Juiz Federal Convocado RUBENS CALIXTO. 8. Outrossim, impõese destacar não ter a IN/SRFn° 243/2002, criado, instituído ou aumentado os tributos, apenas aperfeiçoou a sistemática de apuração do lucro real e das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, pelo Método PRL60, nas transações comerciais efetuadas entre a contribuinte e sua coligada sediada no exterior, reproduzindo com maior exatidão, o alcance previsto pelo legislador, ao editar a Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 9.959/2000, visando coibir a elisão fiscal. [...] (Divulgado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 3a Região, em 1/9/2011.) A alegação de que a sistemática prevista na IN SRF n° 243/2002 representaria aumento de carga tributária também não merece crédito, eis que parte da premissa equivocada no sentido de que a interpretação dada pelo sujeito passivo ao art. 18 da Lei n° 9.430/96 seria a correta e a única possível. Da legalidade da multa de ofício. Não prospera a alegação da recorrente de que a multa de oficio aplicada é ilegal por ser confiscatória e desproporcional. Não se pode olvidar que o órgão administrativo está vinculado ao princípio da legalidade, não podendo deixar de aplicar lei em razão de suposta inconstitucionalidade. Tal controle foge das atribuições do CARF, conforme consta no Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF 256: “art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF Fl. 692DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 693 28 afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade”. Existindo previsão legal da multa cobrada, deve o agente administrativo aplicála, por dever de ofício e em respeito ao princípio da legalidade, sob pena de responsabilidade funcional, conforme previsto no artigo 142, parágrafo único do CTN. Não cabe ao órgão julgador desconstituir o lançamento, por considerálo excessivo, confiscatório ou desproporcional. A jurisprudência deste CARF corrobora o entendimento acima exposto, bem como afasta a legação da Recorrente de confisco e desproporcionalidade da multa. Confirase: CONSTITUCIONALIDADE DE LEIS – Não é competência do âmbito administrativo julgar a constitucionalidade de leis, sendo que a análise de teses contra a constitucionalidade de leis é privativa do Poder Judiciário. (...) Recurso voluntário negado. (Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes acórdão 10196180) NORMAS PROCESSUAIS. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. EFEITO DE CONFISCO. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. A multa de ofício tem natureza punitiva, motivo pelo qual não se lhe aplica o art. 150, VI, da Constituição, que contempla o princípio do não confisco em relação a tributos. A aplicação de percentual de multa determinado em lei não afronta os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. COMPETÊNCIA. Súmula nº 2 do 2º CC. O órgão julgador administrativo não pode afastar a aplicação de dispositivo de lei por entendêlo inconstitucional, pois apenas o Poder Judiciário recebeu competência constitucional para declarar a inconstitucionalidade de lei. (...) (Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes – acórdão 20218712) MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO CARÁTER CONFISCATÓRIO INOCORRÊNCIA A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. Desta forma, é perfeitamente válida a aplicação da penalidade prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996, quando restar caracterizada a falta de recolhimento de imposto, sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo o princípio de vedação ao confisco (negritei). (Acórdão 10422.905, De 06.12.2007) CARÁTER CONFISCATÓRIO IMPOSSIBILIDADE DE ACATAMENTO NA VIA ADMINISTRATIVA PRINCÍPIOS Fl. 693DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10283.720642/201114 Acórdão n.º 1402002.122 S1C4T2 Fl. 694 29 CONSTITUCIONAIS PRINCÍPIOS QUE OBJETIVAM A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA IMPOSSIBILIDADE Os princípios constitucionais são dirigidos ao legislador, ou mesmo ao órgão judicial competente, não podendo se dizer que estejam direcionados à Administração Tributária, pois essa se submete ao princípio da legalidade, não podendo se furtar em aplicar a lei. Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, por exemplo, invocando o princípio do não confisco, afastar a aplicação da lei tributária (negritei). Isto ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento da multa de ofício. Ora, como é cediço, somente os órgãos judiciais têm esse poder. No caso específico dos Conselhos de Contribuintes, tem aplicação o art. 49 de seu Regimento Interno, que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto. (Acórdão 10617.067, de 11.09.2008) Por tais motivos, não merecem guarida as alegações da recorrente quanto a esse ponto. Da tributação reflexa Aplicase à CSLL o que foi definido para o IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Conclusão Ante tudo exposto, Voto por rejeitar as preliminares apresentadas no recurso voluntário, indeferir o pedido de perícia e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 694DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 28/03/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 37317.008270/2006-17
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1995 a 28/02/2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO RECURSAL INDISPENSÁVEL. PRETERIÇÃO DE DIREITO DE DEFESA. NULIDADE.
É nula o decisão proferida com preterição de direito de defesa, caracterizada pelo julgamento, na Instância Especial, de recurso que não cumpriu o requisito do exame de admissibilidade, tampouco foi oportunizado à parte contrária o oferecimento de Contrarrazões.
Embargos acolhidos
Acórdão anulado
Numero da decisão: 9202-003.808
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em acolher os embargos de declaração com efeitos infringentes para anular o acórdão embargado e determinar a análise de admissibilidade do recurso do sujeito passivo e posterior retorno à CSRF para apreciação. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez que votavam por rerratificar o acórdão embargado.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 11/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 28/02/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO RECURSAL INDISPENSÁVEL. PRETERIÇÃO DE DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. É nula o decisão proferida com preterição de direito de defesa, caracterizada pelo julgamento, na Instância Especial, de recurso que não cumpriu o requisito do exame de admissibilidade, tampouco foi oportunizado à parte contrária o oferecimento de Contrarrazões. Embargos acolhidos Acórdão anulado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em acolher os embargos de declaração com efeitos infringentes para anular o acórdão embargado e determinar a análise de admissibilidade do recurso do sujeito passivo e posterior retorno à CSRF para apreciação. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez que votavam por rerratificar o acórdão embargado. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 31 7. 00 82 70 /2 00 6- 17 Fl. 789DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Em sessão plenária de 22/11/2007, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, proferindose o Acórdão nº 20500.162, assim ementado: " Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1995 a 28/02/2002 Ementa: OBRIGAÇÃO PRINCIPAL NULIDADE. LANÇAMENTO SUBSTITUTO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL DECADÊNCIA. FATO GERADOR PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. Há possibilidade de lançamento substituto quando ocorre vício formal insanável. O Mandado de Procedimento Fiscal é documento indispensável para a realização de procedimentos de fiscalização. É de dez anos o prazo decadencial para constituição do crédito relativo às contribuições previdenciárias . A lei determina os requisitos necessários para que parcelas de remuneração não integrem o SaláriodeContribuição. Processo anulado." A decisão foi assim registrada: "ACORDAM os Membros da QUINTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de decadência suscitada e no mérito, II) por unanimidade de votos em anular o lançamento." Cientificada do Acórdão de Recurso Voluntário acima, a Fazenda Nacional interpôs o Recurso Especial de fls. 269 a 304, ao qual foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 205261/2008, de 10/06/2008 (fls. 306 a 309). Conforme o Termo de Ciência de fls. 318, a Contribuinte foi cientificada em 28/08/2008 e, em 09/09/2008, ofereceu as Contrarrazões de fls. 320 a 331 e interpôs o Recurso Especial de fls. 331 a 381. Em 18/11/2008, por meio de despacho datado de 24/09/2008, sem numeração e encartado entre as folhas 383 e 386, o processo foi encaminhado diretamente à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 790DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 37317.008270/200617 Acórdão n.º 9202003.808 CSRFT2 Fl. 790 3 Em sessão plenária de 09/03/2010, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais julgou os Recursos Especiais da Fazenda Nacional e do Contribuinte, proferindo o Acórdão nº 920200.484 (fls. 387 a 391), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 01/01/1995 a 28/02/2002 MPF. PRELIMINAR DE NULIDADE. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁR1A. REGRAS ESPECIAIS. Pela existência à época de regra específica nesse sentido, os lançamentos até 02/05/2007 não precedidos de MPF devem ser declarados nulos. Recurso especial da Fazenda Nacional negado e do Contribuinte provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso interposto pela Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Gonçalo Bonet Allage, Rogério de Lellis Pinto (suplente convocado), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Por maioria de votos, em negar provimento ao recurso interposto da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Caio Marcos Candido, Gonçalo Bonet Allage e Francisco de Assis Oliveira Junior. Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso do contribuinte para declarar a decadência parcial do crédito tributário para os fatos geradores ocorridos até abril de 2001." Cientificada do Acórdão de Recurso Especial acima em 30/06/2010 (fls. 392), a Fazenda Nacional opôs, na mesma data, os Embargos de Declaração de fls. 394 a 398, com os seguintes argumentos: "1. Esta c. Turma, julgando recursos especiais interpostos pela Fazenda Nacional e pelo contribuinte, houve por bem negar provimento ao apelo fazendário e dar provimento ao do sujeito passivo, de modo afastar a aplicação do art. 45 da Lei n° 8.212/91, fazendo incidir na contagem do prazo para a constituição do crédito tributário a norma contida no art. 150, § 4º, do CTN. (...) 3. Ao proferir referido julgamento, todavia, esta C. Turma incorreu em omissões que estão a merecer reparos pela via dos presentes embargos de declaração, senão vejamos. (...) 4. A análise do iter processual seguido nos presentes autos após a interposição de recurso especial pelo contribuinte demonstra que não foram observadas as normas regimentais que Fl. 791DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 disciplinam o procedimento de admissibilidade e julgamento de tal recurso. 5. Isso porque, uma vez interposto pelo contribuinte o recurso especial de fls. 320372, a única providência que se seguiu foi o encaminhamento dos autos à Câmara Superior de Recursos Fiscais para prosseguimento (vide despachos de fls. 383, 385 e 386), sem que se procedesse, contudo, ao prévio juízo de admissibilidade por parte do Presidente da Câmara recorrida, nem tampouco fosse determinada a intimação da União para oferecer contrarazões, consoante previsão dos arts. 15, § 6º, e 16, II, do RICSRF: (...) 6. Diante de tal circunstância, entende a Fazenda Nacional que o acórdão proferido por esta c. Turma julgadora, ao conhecer diretamente do recurso especial do contribuinte, em total omissão quanto às irregularidades acima apontadas, incorreu em nulidade, não podendo, assim, prosperar. 7. Quanto à nulidade em comento, merece destaque o fato de que não se está a cogitar de mero apego ao formalismo, mas de preservação dos princípios da ampla defesa e do contraditório, já que a ausência de despacho de admissibilidade e de intimação pessoal da Fazenda Nacional acarretou o cerceamento do direito de defesa da União. (...) 8. Por questão de eventualidade, caso seja ultrapassada a nulidade acima mencionada, a União destaca a existência de mais uma omissão incorrida pelo acórdão embargado, relativa à contagem do prazo decadencial. 9. Vejamos. 10. Consoante se dessume da leitura do voto condutor do acórdão ora embargado, o reconhecimento da decadência decorreu, em essência, da aplicação ao caso dos autos da norma contida no art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, havendo o colegiado constatado o transcurso de mais de cinco entre a data dos fatos geradores da exação e a data do lançamento. 11. Ao proferir tal julgamento, todavia, não atentaram os d. julgadores para o fato de que a NFLD notificada ao contribuinte em 18.05.06 decorreu de anterior anulação, por vicio formal, da NFLD originalmente lavrada, o que atraía a incidência do art. 173, II, do CTN, segundo o qual: (...) 12. Nesse sentido, confirase o seguinte excerto do Relatório Fiscal da NFLD DEBCAD nº 35.903.3326: 2.1 A fiscalização originouse de determinação da Seção de Contencioso Administrativo da Delegacia da Receita Previdenciária em Osasco, que através da DecisãoNotificação n° Fl. 792DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 37317.008270/200617 Acórdão n.º 9202003.808 CSRFT2 Fl. 791 5 21.028.0/0016/2006 julgou nulo o lançamento de débito efetuado através da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito — NFLD Debcad n° 35.698.4206 e ainda, determinou a imediata lavratrura de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito SUBSTITUTIVA para saneamento da irregularidade verificada na NFLD n° 35.698.4206. 13. Embora não conste dos autos a data em que se tornou definitiva a decisão de nulidade, é incontroverso que o novo lançamento obedeceu ao prazo do art. 173, II, do CTN. 14. Vejam, d. julgadores, que o Termo de Intimação para Apresentação de Documentos — TIAD, desanexado da NFLD originária (fl. 55), documento necessariamente anterior A decisão de anulação, data de 30.05.05, havendo o novo lançamento sido notificado ao contribuinte já em 18.05.06, dentro, portanto, do prazo de cinco anos previsto no art. 173, II, do CTN. 15. Ora, houvessem os nobres julgadores atentado para o fato ora narrado pela Fazenda Nacional, a decadência não teria sido declarada nos termos em que foi (até a competência 04/2001), pois teria sido considerada na determinação do lustro decadencial a data em que o primeiro lançamento anulado por vÍcio formal foi notificado ao contribuinte. 16. Tal circunstância, conquanto decisiva no resultado do julgamento do recurso especial, não foi analisada pelo aresto embargado, que, assim, incorreu em omissão passível de ser sanada pela via dos embargos de declaração. (...) 17. Ante o exposto, requer a União sejam conhecidos e acolhidos os presentes Embargos Declaratórios para que, uma vez sanada a primeira omissão acima apontada, seja anulado o acórdão embargado, determinandose a realização de juízo de admissibilidade acerca do recurso especial do contribuinte e, caso seja admitido, a intimação da União para apresentar contrarazões, conforme o rito procedimental previsto nos arts. 15 e 16 do RICSRF. 18. Subsidiariamente, pugnase pelo acolhimento dos declaratórios no que concerne ao modo de contagem do prazo decadencial." Os Embargos foram encaminhados ao Relator do acórdão embargado, que assim se pronunciou, por meio de despacho de 14/12/2010 (fls. 399/400): "A recorrente opõe, tempestivamente, embargos de declaração para saneamento de erro na tramitação do processo. Alega que antes de proferido o acórdão embargado, a CSRF deveria ter oportunizado à Fazenda Nacional a apresentação de contra razões ao recurso especial do contribuinte e, ainda, que o lançamento é substituto do anterior anulado por vício formal e, portanto, não há decadência: Fl. 793DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 (...) De fato assiste em parte razão ao embargante. Não há nos autos comprovação de que a Fazenda Nacional tenha sido intimada após interposição de recurso especial pelo contribuinte. Acontece que em relação ao recurso especial da Fazenda Nacional a CSRF concluiu que o lançamento é nulo por falta de MPF. Assim, a parte do acórdão sobre a decadência, matéria recorrida pelo contribuinte e objeto de embargos, tornase inócua ao caso concreto. No entanto, ainda assim, possui efeitos jurídicos quanto a tese vencedora, o que pode servir como paradigma para futuros recursos especiais de divergência. Para o saneamento do processo com uma solução que melhor atenda ao principio da celeridade, proponho que não seja conhecido o recurso especial do contribuinte, excluindose do acórdão embargado a parte relativa à decadência, uma vez que na primeira fase do julgamento foi apreciado o recurso especial da Fazenda Nacional e se concluiu por negar provimento para manter a nulidade do processo. E, por fim, proponho que tal solução seja processada como saneamento de erro material, por ausência de prejuízo para as partes e pela natureza do equivoco processual, conforme artigos 17 e 66 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009: Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo órgão e ainda: (...) VII corrigir, de oficio ou por solicitação, erros de procedimento ou processamento; (...) Art. 66. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão serão retificados pelo presidente de turma, mediante requerimento de conselheiro da turma, do Procurador da Fazenda Nacional, do titular da unidade da administração tributária encarregada da execução do acórdão ou do recorrente. Em razão do exposto, proponho ACOLHIMENTO parcial dos embargos opostos para o saneamento conforme acima." A proposição acima foi acolhida pelo Sr. Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que assim determinou, em 14/12/2010 (fls. 400/401): "Com base na informação acima, que aprovo, e no uso da competência conferida pelo artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, ACOLHO os Embargos de Declaração opostos para saneamento do processo conforme proposto pelo conselheiro relator." Fl. 794DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 37317.008270/200617 Acórdão n.º 9202003.808 CSRFT2 Fl. 792 7 Em 22/06/2012, a Fazenda Nacional foi cientificada do despacho de admissibilidade de seus Embargos (fls. 419). Cientificada dos Embargos, a Contribuinte declarou que nada tem a opor quanto à solução aventada no respectivo despacho de admissibilidade e solicitou a remessa dos autos à Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (fls. 766 a 770). Em data não informada, o Presidente da CSRF Substituto, por meio de emenda manuscrita aposta no Despacho de Admissibilidade dos Embargos, às fls. 401, assim determinou: "Em tempo: encaminhese à 2ª Turma da CSRF para inclusão, em pauta de julgamento, dos Embargos de Declaração acolhidos parcialmente." Em 19/05/2015, foi designada Conselheira para a análise da admissibilidade dos Embargos de Declaração (fls. 786), o que foi feito por meio do despacho de fls 787/788, nos seguintes termos: "Submetido o despacho ao Sr Presidente da CSRF (fls. 401), foi determinado pelo presidente da 2ª Seção, em substituição ao Presidente do CARF, que: “Encaminhese à 2ª Turma da CSRF para inclusão em pauta de julgamento, dos embargos de declaração acolhido parcialmente” O contribuinte foi devidamente cientificado da decisão, sem oposição ao despacho exarado (consoante petição de fls 779 a 782). Diante do exposto, não há mais o que ser feito nos presentes autos, considerando terem sido apreciados e acatados em parte os embargos (conforme descrito acima), e já determinada a sua inclusão em pauta." E assim os Embargos foram distribuídos por sorteio a esta Conselheira. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Tratase de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional, tendo em vista que o Recurso Especial interposto pelo Contribuinte não fora submetido a juízo de admissibilidade, tampouco lhe fora oportunizado o oferecimentos de Contrarrazões. De plano, registrese que a proposta de saneamento esposada no despacho de fls. 399/400 revelase absolutamente impertinente, vez que não se trata de simples erro de procedimento, de escrita ou de cálculo, mas sim do cerceamento do direito de defesa da Fazenda Nacional. Nesse passo, salientese que tal expediente saneador de forma alguma pode ser utilizado com o intuito de alterar, por meio de despacho monocrático, o texto de acórdão Fl. 795DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 prolatado pela Instância Especial, ao qual inclusive já foi dada publicidade. Acrescentese que a alteração proposta seria a supressão, no voto condutor do julgado, de uma das matérias nele tratada, bem como a alteração de sua parte dispositiva, o que de forma alguma pode ser admitido. Se tal procedimento já era inadmissível à época em que foi elaborado o Despacho de Admissibilidade dos Embargos, muito menos seria possível após a edição do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, que prevê a prolação de um novo acórdão, até mesmo para os casos de simples erros de fato devidos a lapso manifesto. Confirase: "Art. 67. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante a prolação de um novo acórdão (Decreto no 70.235, de 1972, art. 32). " Assim, acolhidos parcialmente os Embargos de Declaração, resta a este Colegiado decidir como operacionalizar a respectiva solução, via prolação de um novo acórdão. No entender desta Conselheira, haveria duas alternativas, a saber: por meio de Acórdão de Embargos, anular o acórdão embargado e determinar o retorno dos autos à Câmara de origem, para proceder à análise da admissibilidade do Recurso Especial do Contribuinte, adotandose posteriormente as providências cabíveis, a depender do resultado da admissibilidade: se for dado seguimento, o processo deve ser encaminhado à PFN para Contrarrazões e finalmente deverá retornar à CSRF, para apreciação dos dois Recursos Especiais; se acaso for negado seguimento, o respectivo despacho deve ser submetido a Reexame, e após os autos deverão ser encaminhados à CSRF, para apreciação do Recurso Especial da Fazenda Nacional; acolher a proposta do Relator, porém operacionalizála por meio da prolação de Acórdão de Embargos, não conhecendo do Recurso Especial do Contribuinte. No entender desta Conselheira, a primeira alternativa é a mais correta, uma vez que atende às determinações regimentais e, principalmente, ao Decreto nº 70.235, de 1972, que assim dispõe, em seu artigo 59: "Art. 59. São nulos: (...) II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. (...)" (grifei) Assim, tendo em vista que se trata de decisão proferida com clara preterição do direito de defesa da Fazenda Nacional, acolho os presentes Embargos de Declaração para: anular o Acórdão de Recurso Especial nº 920200.484 (fls. 387 a 391); Fl. 796DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 37317.008270/200617 Acórdão n.º 9202003.808 CSRFT2 Fl. 793 9 determinar o retorno dos autos à Câmara de origem, para que seja elaborado o Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial do Contribuinte (fls. 331 a 381); determinar a adoção das providências que se fizerem necessárias, a depender do resultado do exame de admissibilidade acima referido; determinar o retorno do processo à Câmara Superior de Recursos Fiscais, para julgamento do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Recurso Especial do Contribuinte, se este for admitido. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDZO Relatora Fl. 797DF CARF MF Impresso em 13/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
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Numero do processo: 10280.722106/2012-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008
DECADÊNCIA PRAZO.
O prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, demonstrada a existência de pagamento antecipado ainda que parcial, extingue-se em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, conforme disposto no art. 150, § 4º, do CTN
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
LUCRO ARBITRADO. AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO.
Correta a apuração do resultado por arbitramento quanto o sujeito passivo não apresenta os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ainda que reiteradamente intimado a fazê-lo.
PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA.
O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados
EXTRATOS BANCÁRIOS. UTILIZAÇÃO NO PROCEDIMENTO FISCAL. CABIMENTO - A utilização de informações bancárias no procedimento fiscal, com vistas à apuração do crédito tributário relativo a tributos e contribuições, tem respaldo no artigo 1º da Lei nº 10.174, de 9 de janeiro de 2001, que deu nova redação ao § 3º, do artigo 11 da Lei nº 9.611, de 24 de outubro de 1996.
AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO.
Nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, é cabível a imputação da multa de ofício na lavratura de auto de infração, quando inexistente qualquer das hipóteses de suspensão de exigibilidade previstas na legislação
MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2)
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 2008
CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS.
Por se tratar de lançamentos tidos como reflexo, aplica-se a eles o resultado do julgamento do processo tido como principal.
Numero da decisão: 1402-002.165
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a argüição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Gilberto Baptista, Paulo Mateus Ciccone, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 DECADÊNCIA PRAZO. O prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, demonstrada a existência de pagamento antecipado ainda que parcial, extinguese em 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador, conforme disposto no art. 150, § 4º, do CTN ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 LUCRO ARBITRADO. AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO. Correta a apuração do resultado por arbitramento quanto o sujeito passivo não apresenta os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ainda que reiteradamente intimado a fazêlo. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados EXTRATOS BANCÁRIOS. UTILIZAÇÃO NO PROCEDIMENTO FISCAL. CABIMENTO A utilização de informações bancárias no procedimento fiscal, com vistas à apuração do crédito tributário relativo a tributos e contribuições, tem respaldo no artigo 1º da Lei nº 10.174, de 9 de janeiro de 2001, que deu nova redação ao § 3º, do artigo 11 da Lei nº 9.611, de 24 de outubro de 1996. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 21 06 /2 01 2- 64 Fl. 2350DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 2 AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE OFÍCIO. Nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, é cabível a imputação da multa de ofício na lavratura de auto de infração, quando inexistente qualquer das hipóteses de suspensão de exigibilidade previstas na legislação MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2) JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2008 CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS. Por se tratar de lançamentos tidos como reflexo, aplicase a eles o resultado do julgamento do processo tido como principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a argüição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Leonardo de Andrade Couto– Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Gilberto Baptista, Paulo Mateus Ciccone, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 2351DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10280.722106/201264 Acórdão n.º 1402002.165 S1C4T2 Fl. 2.351 3 Relatório Por bem resumir a controvérsia, adoto o relatório da decisão recorrida que abaixo transcrevo: Versa o presente processo sobre auto de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, Programa de Integração Social – PIS e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS, no valor total de R$ 64.232.127,91, incluídos os acréscimos legais, referente ao anocalendário de 2008. A autuação fiscal arbitrou o lucro com base na receita bruta conhecida e fundamentouse nos depósitos bancários não comprovados, embora tendo sido o contribuinte devidamente intimado. Cientificado do lançamento em 23/05/2012 apresenta impugnação em 21/06/2012 onde alega em síntese que: 1. a Auditora Fiscal presumiu renda e lucro exclusivamente com base em depósitos bancários, o que não poderá prosperar tendo em vista a flagrante falta de liquidez e certeza do crédito tributário; 2. a fiscalização ignorou todos os documentos apresentados e arbitrou valores que não condizem com a realidade empresarial; 3. nos princípios constitucionais da estrita legalidade, da segurança jurídica e da verdade material, não se pode admitir a tributação com base em presunções, ainda que elas sejam precisas, graves e concordantes, sendo que o tributo deve ajustarse à hipótese de incidência tributária; 4. o CARF já se manifestou por diversas vezes deixando claro que o ônus de provar em sede de processo administrativo é sempre do fisco; 5. verificase que partes dos lançamentos tributários em questão não respeitaram o instituto da decadência tributária, preconizado no artigo 150 § 4º, do CTN, o que acarreta a necessidade de cancelamento de parte dos créditos tributários, existindo decisões judiciais sobre o prazo decadencial das contribuições sociais e/ou previdenciárias; 6. o arbitramento do lucro é modalidade de apuração do lucro tributável, que só deve ser utilizada em casos excepcionais, sempre que impossível a determinação do lucro real do contribuinte; 7. se o contribuinte recusase a apresentar os livros e documentos de sua escrituração comercial e fiscal, não há, então, como dizer que o contribuinte não possui escrituração e se o contribuinte não possui escrituração, não há como o Fisco pretender arbitrar seu lucro sob o fundamento de que ele se negou a apresentala; Fl. 2352DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 4 8. o mero depósito bancário não constitui fato gerador do IRPJ e da CSLL, pois a existência de depósito bancário não significa, necessariamente, que a sociedade tenha auferido lucro/renda, ou seja, que a mesma tenha tido acréscimo patrimonial; 9. a Taxa SELIC, na forma como calculada, jamais poderia ser utilizada como “juros moratórios”, uma vez que possui natureza jurídica totalmente diferente da “mora” por parte do devedor, qual seja a remuneratória; 10. o Fisco Federal pretende tributar o patrimônio da Impugnante com a aplicação de multa em patamares incompatíveis com o princípio da capacidade contributiva, afrontando diametralmente seu patrimônio; 11. protesta pela juntada de documentos, perícia e/ou quaisquer elementos e/ou providências que se fizerem necessárias ao deslinde da questão. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém – PA prolatou o Acórdão 0125.483 considerando improcedente a impugnação e mantendo o lançamento na integralidade. A decisão consubstanciouse na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:2008 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Inexistindo a comprovação de ocorrência de dolo, fraude ou simulação por parte do contribuinte e não tendo havido a antecipação do pagamento, o termo inicial para contagem da decadência será o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ARBITRAMENTO DO LUCRO. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando o contribuinte, não apresentar os livros e documentos de sua escrituração. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações são caracterizados como omissão de receitas. OFENSA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. INOCORRÊNCIA. Não há de se cogitar da materialização de hipótese de ofensa a princípios constitucionais quando os lançamentos se pautaram nos pressupostos jurídicos, declarados no Fl. 2353DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10280.722106/201264 Acórdão n.º 1402002.165 S1C4T2 Fl. 2.352 5 enquadramento legal, e fáticos, esses coadunados com o conteúdo econômico das operações comerciais do contribuinte. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. JUDICIAIS. EFEITOS. São improfícuos os julgados administrativos e judiciais trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa. ENCARGOS LEGAIS. MULTA DE OFÍCIO 75%. A cobrança dos acessórios juntamente com o principal decorre de previsão legal nesse sentido, estando a autoridade lançadora aplicando tão somente o que determina a lei tributária. JUROS. TAXA SELIC. Tendo a cobrança dos juros de mora com base na Taxa SELIC previsão legal, não compete aos órgãos julgadores administrativos apreciar argüição de sua ilegalidade/inconstitucionalidade. PEDIDOS DE DILIGÊNCIA. PERÍCIA. Devem ser indeferidos os pedidos de diligência, quando forem prescindíveis para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo já contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. CSLL, PIS E COFINS. DECORRÊNCIA. Quando há harmonia entre as provas e irregularidades que ampararam os lançamentos do IRPJ e das Contribuições Sociais, aplicase no que couber o que foi decidido em relação àquele. Devidamente cientificado, o sujeito passivo recorre a esta Corte reproduzindo a peça impugnatória. É o Relatório. Fl. 2354DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 6 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo, foi interposto por signatário devidamente legitimado e dele conheço. As argüições de nulidade referentes fundamentalmente à utilização de extratos bancários para formalização da exigência serão tratadas como questão de mérito. Em relação à decadência, não se pode olvidar que como regra geral o prazo decadencial foi definido no artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (.....) Por outro lado, dentre as modalidades de lançamento definidas pelo CTN, o art. 150 trata do lançamento por homologação. Nesse caso, o § 4º do dispositivo estabeleceu regra específica para a decadência: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (......) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação Hodiernamente, a grande maioria dos tributos submetese ao lançamento por homologação. Assim, circunstancialmente, aquilo que representava uma regra específica tornouse norma geral para efeitos de contagem do prazo decadencial. Sob essa ótica, na inexistência de dolo fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial para os impostos e contribuições sujeitos ao lançamento por homologação deve ocorrer sob as regras do parágrafo 4º, do art. 150, do CTN. No presente caso, diferentemente do pronunciamento da decisão recorrida, a própria autoridade lançadora reconheceu a existência de pagamentos do IRPJ e da CSLL, considerando como tal os valores declarados em DCTF que foram, inclusive, deduzidos da base tributável. Assim, não se aplica a decisão do STJ segundo a qual, na inexistência de Fl. 2355DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10280.722106/201264 Acórdão n.º 1402002.165 S1C4T2 Fl. 2.353 7 pagamentos, a contagem do prazo decadencial submeterseia às regras do inciso I ,do art. 173, do CTN. Para o primeiro trimestre de 2008 considerase ocorrido o fato gerador em 31/03/2008. Sob a regra do parágrafo 4º, do art. 150, do CTN, o termo final para contagem do prazo decadencial seria 31/03/2013. A ciência da autuação ocorreu em 23/05/2012, momento anterior ao decurso do prazo. Assim, mesmo nessa sistemática não ocorreu a decadência para o IRPJ e para a CSLL. O mesmo entendimento se aplica ao PIS e à Cofins. Mesmo que se considerasse a existência de pagamentos parciais dessas contribuições (o que na verdade não foi demonstrado nos autos) o fato gerador mais antigo (31/01/2008) teria como termo final da decadência a data de 31/01/2013, momento posterior à autuação. O fornecimento de informações bancárias pelas instituições financeiras à autoridade fiscalizadora não constitui quebra de sigilo, nos termos do inciso III, do § 3º, do artigo 1º da Lei Complementar nº 105/01, observadas as disposições do artigo 6º dessa mesma norma. Com previsão expressa, não há ilegalidade na obtenção dessas informações: Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (......) § 3o Não constitui violação do dever de sigilo: (.......) III – o fornecimento das informações de que trata o § 2o do art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996; (......) (grifo acrescido) Por sua vez, a Lei nº 10.174/01 deu nova redação ao art. 11 da Lei nº 9.311/96 de forma a permitir que as informações bancárias fossem utilizadas na constituição de crédito tributário relativo a outros tributos administrados pela Receita Federal, além da CPMF: Art. 1o O art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 11................................................................. ............................................................................" "§ 3o A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicável à matéria, o sigilo das informações prestadas, facultada sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente, observado o disposto no art. 42 da Lei no .430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações posteriores." (NR) (grifo acrescido) Fl. 2356DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 8 Registrese que em recentíssimo julgamento (24/02/2016) o STF manifestou se em repercussão geral pela constitucionalidade das normas que autorizam a disponibilização pelas instituições financeiras de informações bancárias ao Fisco. A recorrente argúi a impossibilidade da tributação com base exclusivamente em extratos bancários. Tratase de questão já absolutamente superada pela legislação em vigor. A Lei nº 10.174/01 deu nova redação ao art. 11 da Lei nº 9.311/96 de forma a permitir que as informações bancárias fossem utilizadas na constituição de crédito tributário relativo a outros tributos administrados pela Receita Federal, além da CPMF: O art. 42 da Lei nº 9.430/96, mencionado no texto normativo transcrito no item 1 deste voto, estabeleceu a presunção legal de que caracterizam omissão de receita a existência de valores creditados em conta de depósito junto a instituição financeira em relação aos quais o sujeito passivo, regularmente intimado, não comprove com documentação hábil e idônea a origem dos recursos. Assim, a Lei transferiu ao sujeito passivo o ônus da prova quanto à origem dos recursos movimentados. Em resumo, tratase de presunção com expressa disposição legal e nesse aspecto a jurisprudência trazida aos autos pela interessada não lhe socorre, eis que baseada em legislação anterior não aplicada ao presente caso. No que se refere à apuração do resultado pelo lucro arbitrado, a autoridade lançadora justificou: Mais além, em conclusão: Claro está que o arbitramento teve como base, conforme destacado pela própria autuante, a não apresentação dos livros e documentos fiscais previstos na legislação, o Fl. 2357DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 10280.722106/201264 Acórdão n.º 1402002.165 S1C4T2 Fl. 2.354 9 que enquadrou a recorrente no inciso III, do art. 530, do RIR/99. Em nenhum momento foi mencionada uma suposta inexistência de escrituração o que derruba por inteiro a construção "lógica" feita pela defesa. O destaque feito pela autoridade lançadora no texto acima transcrito teve como escopo ressaltar, ao contrário do suscitado pela defesa, a ausência de elementos que permitissem apuração do lucro real. A interessada sustenta que seu faturamento era conhecido, tornando desnecessário o arbitramento do lucro. O fato da receita ser conhecida não significa que existam elementos suficientes para apuração do lucro real. Ao contrário, como supra afirmado, ainda que reiteradamente intimado, o sujeito passivo não apresentou os livros exigidos pela legislação. A norma é clara (destaques acrescidos): Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando: (...) II – a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) b) determinar o lucro real; III – o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; (...) Relativamente à multa, a inobservância da norma jurídica tendo como conseqüência o não pagamento do tributo importa em sanção, aplicável coercitivamente, visando evitar ou reparar o dano que lhe é conseqüente. Assim, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96, cabe a aplicação da multa de ofício. A arguição quanto à eventual natureza confiscatória da multa envolve matéria constitucional, cuja apreciação foge à alçada deste Colegiado, nos termos da Súmula CARF nº 2, de Enunciado: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. A imputação dos juros de mora com base na taxa SELIC é matéria consolidada neste Colegiado, nos termos da Súmula CARF nº 4 com Enunciado: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Fl. 2358DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 10 De todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário, entendimento esse aplicado também aos lançamentos da CSLL, PIS e Cofins. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 2359DF CARF MF Impresso em 12/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 11/05 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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