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Numero do processo: 10660.725923/2010-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
DIRPF. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.COMPROVAÇÃO. EFETIVO PAGAMENTO.
Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a").
Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Tal faculdade deve ser concretizada por meio da lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionando-lhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.595
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado), que deram provimento integral ao recurso. Foi designado o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.COMPROVAÇÃO. EFETIVO PAGAMENTO. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Tal faculdade deve ser concretizada por meio da lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado), que deram provimento integral ao recurso. Foi designado o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 59 23 /2 01 0- 38 Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 128 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10660.725923/201038, em face do acórdão nº 0958.208, julgado pela 4ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Para o(a) contribuinte, já qualificado(a) nos autos, foi lavrada Notificação de Lançamento, pela DRF/Varginha/MG, que lhe exige o recolhimento de um crédito tributário no total de R$ 14.450,14, atualizado até 30/11/2010. Decorreu o citado lançamento da revisão efetuada na Declaração de Ajuste Anual – DAA – entregue pelo(a) interessado(a), relativa ao exercício financeiro de 2008, quando foi constatada, conforme a Descrição dos Fatos, dedução indevida de despesas médicas, no total de R$ 26.080,00, por falta de comprovação do efetivo pagamento ou da transferência dos recursos financeiros aos(às) profissionais, a saber: Rosana Maria dos Santos Vieira (R$ 16.080,00) e Giselle Mazoni Dais Tavares (R$ 10.000,00). O(A) notificado(a) apresentou impugnação, instruída por elementos, os quais, no seu entender, comprovam os argumentos de defesa, que são os seguintes: Infração: Dedução Indevida de Despesas Médicas R$ 26.080,00. O valor referese a despesas médicas do próprio contribuinte. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 129 3 O valor referese a despesas médicas de companheiro(a) com quem o contribuinte tem filho ou vive há mais de 5 anos, ou cônjuge. O valor referese a despesas médicas de filho(a) ou enteado(a), com idade até 21 anos de idade. Seguem, em anexo, 04 (quatro) declarações dos profissionais, comprovando o pagamento efetuado em moeda corrente nacional. Na declaração da profissional Rosana Vieira para o paciente Luiz Guilherme Muniz Barboza, não foi constado o recibo do mês de Dezembro de 2007 por extravio do mesmo, assim que tal fato for sanado a profissional refazerá a declaração completa. Em atendimento ao que foi solicitado por esta relatora no Despacho nº 27, de 31/7/2015, à fl. 47, a DRF/Varginha/MG/SAFIS anexou o dossiê fiscal, às fls. 48/96, relativo à DAA revisada. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário às fls. 119/123, onde são reiterados, em parte, os argumentos já lançados na impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. No presente caso, entendeu a DRJ de origem houve a dedução indevida de despesas médicas, no total de R$ 26.080,00, por falta de comprovação do efetivo pagamento ou da transferência dos recursos financeiros aos(às) profissionais, a saber: Rosana Maria dos Santos Vieira (R$ 16.080,00) e Giselle Mazoni Dais Tavares (R$ 10.000,00). Em análise dos autos, verificase que o contribuinte já havia apresentado a fiscalização os recibos pelos serviços prestados por Rosana Maria dos Santos Vieira (23 recibos, dois para cada mês do ano, à exceção do mês de dezembro/2007, às fls. 65/79), referente a tratamento psictoterápico do próprio contribuinte e de dependente, e por Giselle Mazoni Dais Tavares (12 recibos, um para cada mês do ano, às fls. 80/84), referente a atendimento de terapeuta ocupacional prestado ao contribuinte. Ainda, em fl. 19 há declaração da psicológa Rosana Maria dos Santos Vieira declarando que a dependente do contribuinte estava sob seus cuidados, em tratamento psicológico. Também é apresentado o valor recebido naquele anocalendário (ano de 2007). E, à fl. 24 há declaração da psicológa Rosana Maria dos Santos Vieira declarando que o contribuinte estava sob Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 130 4 seus cuidados, em tratamento psicológico. Também é apresentado o valor recebido naquele ano calendário (ano de 2007). Em fl. 50 dos autos o contribuinte informa que realizou o pagamento em moeda corrente nacional, realizado o pagamento em parcelas. Pelos recibos apresentados aos autos, resta claro que o contribuinte realizava o pagamento mensal às profissionais Rosana Maria dos Santos Vieira e Giselle Mazoni Dais Tavares pelos serviços profissionais prestados. Quanto a forma de pagamento destas despesas, entendo que nada impeça ao contribuinte de realizar tal pagamento em dinheiro, sendo o recibo prova suficiente para comprovação desta despesa, não havendo indícios, neste caso, para exigir do contribuinte que prove o pagamento com outras provas. Portanto, pelo demonstrado pela prova dos autos, não há razões para manter a glosa impugnada. Face a isto, prosperam as razões apresentadas pelo contribuinte, devendo ser afastada glosa de despesa médica no valor de R$ 26.080,00, consubstanciada na notificação de lançamento. Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, afastandose a glosa no valor de R$ 26.080,00, em relação a dedução de despesas médicas. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Voto Vencedor Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, redator designado. Em que pese o costumeiro respeito ao sempre bem colocado posicionamento do ilustre Conselheiro relator, Martin da Silva Gesto, peço licença para discordar, neste caso. Oportuno observar que no processo administrativo fiscal a exigência de comprovação de um fato está ligada ao modo como se distribui o ônus da prova entre as partes interessadas na proteção de seus direitos. Tratandose de processo relativo ao imposto de renda da pessoa física cabe ao Fisco, em regra, provar as alegações sobre omissão de rendimentos e ao contribuinte os fatos que reduzem a base de cálculo do tributo. Logo, compete ao contribuinte provar os fatos que deram origem às despesas médicas, facultandolhe a legislação desincumbirse de tal mister mediante a apresentação de recibos emitidos por profissionais da área da saúde. Nada obsta, no entanto, que a Administração Tributária exija que o Interessado comprove o efetivo pagamento das despesas médicas realizadas, quando a Autoridade fiscal assim entender necessário, na linha do disposto no § 3º do art. 11 do Decreto Lei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 e no art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, assim descritos: DecretoLeinº 5.844/1943 Art. 11. (...) Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 131 5 § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. RIR1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000/1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Observo, por oportuno, que tal faculdade deve ser concretizada por meio de um ato cuja materialização se dá com a lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Tenho sempre manifestado que não é possível fazer "juízo sobre o juízo" da autoridade competente, mas apenas verificar se agiu procedimentalmente com correção, dentro da lei. No caso concreto, na folha 49 do arquivo digital destes autos, consta o Termo de Intimação Fiscal da Malha/2008, onde o Auditor Fiscal diz que o contribuinte deveria apresentar: "documentos que comprovem os dispêndios com as despesas médicas abaixo relacionadas, cujos recibos já foram apresentados, juntando cópias de cheques, ordens de pagamento, transferências, entre outros documentos, nos quais fique demonstrado o efetivo pagamento...". Menciona os artigos 73 e 80 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999. Bem, uma vez intimada a comprovar a efetividade da prestação dos serviços e/ou dos pagamentos efetuados, o ônus da prova se inverte, e passa a ser da contribuinte declarante. É que o artigo 80 do Regulamento do Imposto de Renda, RIR/1999 (aprovado pelo decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999) condiciona a possibilidade de dedução das despesas médicas a “pagamentos especificados e comprovados”. E essa comprovação poderá ser necessária “a juízo da autoridade lançadora”, conforme art. 73 do mesmo Regulamento. A Interessada, no entanto, não se desincumbiu de comprovar o efetivo dispêndio com as profissionais mencionadas, motivo pelo qual entendo que as glosas, no total de R$ 26.080,00, devem ser mantidas. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 131DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.006678/2001-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001
Ementa:
EMBARGOS INOMINADOS. EQUÍVOCO POSTERIOR. AUTORIDADE. NOVA DECISÃO.
Equívoco posterior, na interpretação do acórdão embargado, o qual não padece de vício no sentido apontado, não se caracteriza como inexatidão material a ser suprida por meio dos embargos inominados.
Tendo o acórdão embargado consignado expressamente que a nova decisão sobre o processo deveria ser exarada pela instância a quo (DRJ), inexistem as dificuldades apontadas para a nova decisão pela ora embargante (DRF), a quem não incumbe proferi-la.
Embargos inominados rejeitados
Numero da decisão: 3402-003.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os embargos inominados. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Maysa Sá Pittondo Deligne, que votaram no sentido de corrigir o evidente lapso manifesto existente no acórdão embargado, independentemente da apresentação de embargos por parte do contribuinte. Sustentou pela embargada o Dr. José Antônio Minatel, OAB/SP nº 37.065. Julgado na tarde do dia 30/11/2016 a pedido da embargada.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 Ementa: EMBARGOS INOMINADOS. EQUÍVOCO POSTERIOR. AUTORIDADE. NOVA DECISÃO. Equívoco posterior, na interpretação do acórdão embargado, o qual não padece de vício no sentido apontado, não se caracteriza como inexatidão material a ser suprida por meio dos embargos inominados. Tendo o acórdão embargado consignado expressamente que a nova decisão sobre o processo deveria ser exarada pela instância a quo (DRJ), inexistem as dificuldades apontadas para a nova decisão pela ora embargante (DRF), a quem não incumbe proferi-la. Embargos inominados rejeitados
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os embargos inominados. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Maysa Sá Pittondo Deligne, que votaram no sentido de corrigir o evidente lapso manifesto existente no acórdão embargado, independentemente da apresentação de embargos por parte do contribuinte. Sustentou pela embargada o Dr. José Antônio Minatel, OAB/SP nº 37.065. Julgado na tarde do dia 30/11/2016 a pedido da embargada. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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EQUÍVOCO POSTERIOR. AUTORIDADE. NOVA DECISÃO. Equívoco posterior, na interpretação do acórdão embargado, o qual não padece de vício no sentido apontado, não se caracteriza como inexatidão material a ser suprida por meio dos embargos inominados. Tendo o acórdão embargado consignado expressamente que a nova decisão sobre o processo deveria ser exarada pela instância a quo (DRJ), inexistem as dificuldades apontadas para a nova decisão pela ora embargante (DRF), a quem não incumbe proferila. Embargos inominados rejeitados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os embargos inominados. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Maysa Sá Pittondo Deligne, que votaram no sentido de corrigir o evidente lapso manifesto existente no acórdão embargado, independentemente da apresentação de embargos por parte do contribuinte. Sustentou pela embargada o Dr. José Antônio Minatel, OAB/SP nº 37.065. Julgado na tarde do dia 30/11/2016 a pedido da embargada. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 66 78 /2 00 1- 76 Fl. 305DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de pedido de esclarecimento do Delegado da Receita Federal do Brasil em Campinas de conforme despacho das fls. 209/300, em face do Acórdão nº 3402 002.446, de 19 de agosto de 2014, cuja ementa segue abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 IPI RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO RECONSTITUIÇÃO DE ESCRITA ERROS MATERIAIS CANCELAMENTO DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO SALDO CREDOR NECESSIDADE DE REEXAME DO CRÉDITO. Considerando que a suposta insuficiência de saldo credor de IPI que motivou o indeferimento do presente processo de ressarcimento/compensação também motivou o lançamento de ofício exigido através outro processo administrativo, ambos apurados em reconstituição da escrita fiscal em razão de supostos erros de classificação e de alíquota na saída de mercadoria descritos na informação fiscal, uma vez cancelado o lançamento pelo CARF em face de notórios erros materiais contradições e ilegalidade na reintegração de créditos de IPI por ocasião da reconstituição da escrita, impõese a reformar da decisão recorrida, a fim de que outra seja proferida para que desconsiderando a reconstituição de escrita, cuja irregularidade foi reconhecida pela anterior decisão retro mencionada, seja reexaminado o saldo do crédito ressarciendo, que exige coerência lógica com sua motivação e não comporta discricionariedade ou subjetivismos por parte das autoridades administrativas, vez que deve ser líquido e certo. Recurso Voluntário Provido em Parte Sem Crédito em Litígio O peticionário justifica seu pedido de "esclarecimentos e orientações sobre o reexame do mérito do crédito, principalmente sobre a classificação fiscal", nas razões de recurso voluntário apresentadas pela recorrente, resumidas no Acórdão nº 3402002.446, conforme excerto abaixo: Nas razões de Recurso Voluntário (fls. 180/201) oportunamente apresentadas, a ora Recorrente sustenta que a reforma da r. decisão recorrida e a legitimidade do crédito ressarciendo, tendo em vista: a) preliminarmente o cerceamento do direito de defesa em face da inversão processual vez que o presente processo de ressarcimento é dependeria da procedência do processo n° Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10830.006678/200176 Acórdão n.º 3402003.518 S3C4T2 Fl. 306 3 10830.002310/200643 através do qual se impugna a classificação fiscal e respectiva alíquota utilizada pela Recorrente que teria originado a recomposição de escrita, sendo certo que a r. decisão recorrida teria desconsiderado o laudo apresentado naquele processo; b) a homologação tácita em relação às operações praticadas entre 01/01//2001 a 18/05/2001 que igualmente não teria sido reconhecida pela r. decisão recorrida; c) que no referido processo de lançamento a própria DRJ de Ribeirão Preto já teria reconhecido o acerto da classificação fiscal (2106.90.30) e respectiva alíquota utilizada pela Recorrente assim como a legitimidade dos créditos por devoluções; d) a ilegalidade da mudança de critério jurídico utilizado pela Recorrente, cuja legitimidade já teria sido reconhecida em procedimento em nome da controladora da Recorrente (Vita Alimentos); e) a ilegalidade da multa e acréscimos considerados na reconstituição de escrita. Em face das dificuldades da Autoridade Administrativa na execução do Acórdão nº 3402002.446, o Presidente desta Turma acolheu o "arrazoado de fls. 299 a 300 como embargos inominados, para que o colegiado recursal preste os esclarecimentos solicitados, viabilizando a execução da decisão" e determinou a inclusão do "processo em lote a ser sorteado a um dos conselheiros da 2ª TO/4ªC/3ªS". O processo foi distribuído a esta Conselheira em 21 de junho de 2016. É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Sobre os embargos inominados assim dispõe o art. 66 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 9 de junho de 2015: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. § 1º Será rejeitado de plano, por despacho irrecorrível do presidente, o requerimento que não demonstrar a inexatidão ou o erro. § 2º Caso o presidente entenda necessário, preliminarmente, será ouvido o conselheiro relator, ou outro designado, na impossibilidade daquele. § 3º Do despacho que indeferir requerimento previsto no caput, darseá ciência ao requerente. Tendo em vista as alegações de inexatidões materiais apontadas no acórdão recorrido, tomo conhecimento dos embargos inominados. Fl. 307DF CARF MF 4 Conforme se observa no voto condutor do acórdão embargado, abaixo tanscrito em parte, o Colegiado entendeu que o presente processo, de ressarcimento de saldo credor do Imposto sobre o Produtos Industrializados, é dependente da reconstituição da escrita fiscal da contribuinte, efetuada no processo nº 10830.002310/200643, no qual foi formalizado o auto de infração para exigência de IPI: (...) Desde logo verifico que a suposta insuficiência de saldo credor de IPI que motivou o indeferimento do presente processo de ressarcimento/compensação também motivou o lançamento de ofício exigido através do Processo Administrativo nº 10830,002310/200643, ambos apurados em reconstituição da escrita fiscal em razão de supostos erros de classificação e de alíquota na saída de mercadoria descritos na informação fiscal (fls. 49/51) da DRF de Campinas SP, nos seguintes termos: (...) Da mesma forma verifico que ao julgar o lançamento de ofício exigido através do Processo Administrativo nº 10830,002310/200643, em sessão de 01/09/11 a C 1ª Turma Ord. da 1ª Câm. da 3ª Seção do CARF, deu integral provimento ao Recurso da ora Recorrente, para cancelar as exigências fiscais decorrentes da referida reconstituição de escrita, em face de notórios erros materiais contradições e ilegalidade seja “no cálculo do imposto devido”, seja “na reintegração de créditos de IPI por ocasião da reconstituição da escrita”, seja ainda “por conta da aplicação, (...), de valores fixos de IPI para as embalagens inferiores as de 361 ml”, defeitos estes demonstrados nos seguintes termos: (...) Diante da proclamação pela superior instância, dos manifestos equívoco e falsidade das premissas e motivos invocados pela d. Fiscalização para indeferir o crédito pleiteado – no sentido de que a ora Recorrente teria classificado “indevidamente” as saídas das bebidas – data vênia impõese a confecção de nova reconstrução da escrita, escoimada dos defeitos apontados no referido Acórdão, para a determinação do saldo credor ressarciendo pleiteado, que por sua vez exige coerência lógica com sua motivação e não comporta discricionariedade ou subjetivismos por parte das autoridades administrativas, vez que deve ser líquido e certo. (...) Assim, para não acarretar supressão de instância, o Colegiado entendeu pelo encaminhamento do processo à instância a quo para que fosse proferida nova decisão nesses termos: (...) Considerando que a Superior Instância à final cancelou o referido lançamento, impõese o retorno do processo administrativo à instância “a quo” a fim de que novo provimento seja exarado para determinação da liquidez e certeza Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10830.006678/200176 Acórdão n.º 3402003.518 S3C4T2 Fl. 307 5 do saldo credor ressarciendo pleiteado em face da decisão que cancelou o lançamento, de modo a não ensejar supressão de instância (cf. Ac. n. 20309919, da 3ª Câm do 2º CC, Rec. n. 122925, Proc. nº 10830.005027/9776, Rel. Cons. César Piantavigna, em sessão de 02/12/2004, em nome de MIRACEMA NUODEX S/A INDÚSTRIAS QUÍMICAS). Como é elementarmente sabido e já assentou a Jurisprudência do E. STJ, “os motivos que determinaram a vontade do agente público, consubstanciados nos fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do ato, eis que a ele se vinculam visceralmente” sendo que a ausência ou contradição na fundamentação afronta o disposto no art. 38, § 1.º, da Lei n.º 9.784/99 (cf. Ac. da 2ª Turma do STJ no RMS nº 13617MG, Reg. nº 2001/01015630, em sessão de 12/03/02, Rel. Min. LAURITA VAZ, publ. in DJU de 22/04/02 p. 183 ). Isto posto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso para reformar a r. decisão recorrida, a fim de que outra seja proferida para que desconsiderando a reconstituição de escrita, cuja irregularidade foi reconhecida pela anterior decisão retro mencionada, e seja reexaminado o mérito do crédito ressarciendo. (...) [grifos não estão no original] Assim, pelo que se depreende da leitura dos trechos acima, a nova decisão demandada no acórdão embargado deveria ser proferida pela autoridade de primeira instância (DRJ em Ribeirão Preto), e não pela autoridade que proferiu o despacho decisório originário (DRFCampinas), sem prejuízo, obviamente, de eventuais diligências que o juízo a quo entenda necessárias para subsidiar o seu julgamento. Dessa forma, o equívoco do processo não está no acórdão embargado, mas no entendimento posterior de que a nova decisão deveria ser proferida pela DRFCampinas, a qual, com razão nessa parte, aponta as dificuldades que teria para proferila, se fosse o caso. Assim, diante da ausência de inexatidão material ou vício no sentido apontado no acórdão embargado, voto no sentido de rejeitar os embargos inominados, devendo os autos retornar ao embargante da DRFCampinas, para conhecimento, ciência da contribuinte e prosseguimento. É como voto. (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 309DF CARF MF 6 Fl. 310DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10860.720942/2013-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2008 a 30/06/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo para a rediscussão da matéria já julgada pelo colegiado no recurso.
Não restando configurada a omissão, contradição ou obscuridade no Acórdão embargado, rejeita-se os embargos de declaração.
Embargos Rejeitados.
Numero da decisão: 3402-003.822
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os Embargos de Declaração, mantendo-se intacto o Acórdão nº 3402-003.018, de 26/04/2016, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Esteve presente ao julgamento o Dr. Douglas Guidini Odorizzi, OAB nº 207.535/SP.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2008 a 30/06/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo para a rediscussão da matéria já julgada pelo colegiado no recurso. Não restando configurada a omissão, contradição ou obscuridade no Acórdão embargado, rejeita-se os embargos de declaração. Embargos Rejeitados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os Embargos de Declaração, mantendo-se intacto o Acórdão nº 3402-003.018, de 26/04/2016, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Esteve presente ao julgamento o Dr. Douglas Guidini Odorizzi, OAB nº 207.535/SP.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2008 a 30/06/2008 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material porventura existentes no Acórdão, não servindo para a rediscussão da matéria já julgada pelo colegiado no recurso. Não restando configurada a omissão, contradição ou obscuridade no Acórdão embargado, rejeitase os embargos de declaração. Embargos Rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os Embargos de Declaração, mantendose intacto o Acórdão nº 3402003.018, de 26/04/2016, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 09 42 /2 01 3- 64 Fl. 2514DF CARF MF 2 Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Esteve presente ao julgamento o Dr. Douglas Guidini Odorizzi, OAB nº 207.535/SP. Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fls. 2.497/2.503) opostos pela VOLKSWAGEN DO BRASIL INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES LTDA., em 29/07/2016 (fl. 2.506), ao amparo dos arts. 64, I e 65, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, em face da ciência, em 25/07/2016 (fl. 2.494), do teor do Acórdão nº 3402003.018, de 26/04/2016, que negou provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, cuja ementa se transcreve a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/06/2008 a 30/06/2008 AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. PEÇAS E COMPONENTES DESTINADOS À INDÚSTRIA DE AUTOPROPULSADOS. É vedado ao estabelecimento industrial apropriarse de créditos de IPI decorrentes da aquisição de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, que deveriam ter saído do estabelecimento fornecedor com a suspensão do imposto. IPI. CRÉDITO. DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DA ESCRITURAÇÃO DAS NF NO LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. IMPOSSIBILIDADE O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETE O direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete (art. 56 da MP nº 2.15835/ 2001), está condicionado à comprovação de que esse foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos. IPI. CANCELAMENTO DE NOTAS FISCAIS. ESTORNO DE DÉBITOS O Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque ou equivalente, há que conter os requisitos necessários para o acompanhamento da movimentação dos estoques. Caso contrário, impossível concluir se os produtos, objeto das notas Fl. 2515DF CARF MF Processo nº 10860.720942/201364 Acórdão n.º 3402003.822 S3C4T2 Fl. 2.515 3 fiscais canceladas, saíram ou não do estabelecimento, informação essencial para avalizar o direito ao crédito. Recurso Voluntário Negado. O auto de infração foi lavrado porque a fiscalização entendeu que: (i) é vedado ao estabelecimento industrial apropriarse de créditos de IPI decorrentes da aquisição de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, que deveriam ter saído do estabelecimento fornecedor com a suspensão do imposto; (ii) o aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente; (iii) que a autuada não fazia jus ao crédito presumido de IPI previsto no art. 56 da MP nº 2.15835, de 2001, uma vez que não teria comprovado que o frete foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos, e (iv) recolhimento do imposto a menor em decorrência da escrituração e utilização de estornos de débitos indevidos relativos a cancelamentos de notas fiscais, para os quais a contribuinte não cumpriu o estabelecido nos artigos 178 e 330, do RIPI/2002. No acórdão embargado, o Colegiado entendeu, em síntese que: (i) quanto aos créditos básicos indevidos quanto às aquisições de produtos classificados nas NCM 39.26, 72.25, 84.15, 87.08 e 94.01, deve ser mantida a glosa efetuada pelo Fisco, por se tratarem de operações sujeitas obrigatoriamente ao regime de suspensão do IPI, não podendo a adquirente se creditar do imposto indevidamente destacado na operação; (ii) quanto aos créditos (IPI) relativos a devoluções e retornos de produtos tributados, a Recorrente não cumpriu a condição de comprovação nos autos de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente; (iii) crédito presumido do IPI sobre o frete (CIF) não restou comprovado nos autos o computo do frete no preço de venda dos seus produtos; e (iv) quanto aos estorno de débitos, cancelamento de notas fiscais a Recorrente não ter cumprido as exigências dos arts. 178 e 330 do RIPI/02, com base no argumento de que os motivos de cancelamento das operações seriam desconhecidos, bem como também analisou o fato de que a Recorrente não conseguiu comprovar ao Fisco que cumpriu o estabelecido no art. 178, I, do RIPI/2002, justamente no ponto em que as mercadorias constantes das notas fiscais não saíram do estabelecimento antes de seu cancelamento. Em resumo, não há demonstração dos motivos dos cancelamentos, não houve comprovação da manutenção das demais vias das notas fiscais, e não há demonstração do controle dos estoques. Cientificado do referido Acórdão, a interessada apresentou os Embargos de Declaração, alegando que houve omissão, obscuridade e contradição em pontos do referido julgado, elencando, resumidamente, as seguintes razões: 1ª Omissão e obscuridade Alega a embargante que ao decidir acerca do regime de suspensão do IPI (Créditos básicos indevidos, sujeitos ao regime de suspensão de autopeças do artigo 5º da Lei nº 9.826, de 1999), o voto vencedor adotou as razões expostas no acórdão nº 3402003.018, sendo alcançada a seguinte conclusão: “Como a operação estaria sujeita à suspensão do imposto, a Recorrente não tem direito ao crédito do imposto efetivamente destacado na nota fiscal, uma vez que a fiscalização Fl. 2516DF CARF MF 4 elaborou o demonstrativo no qual se verifica que os produtos adquiridos destinamse à fabricação de produtos autopropulsados, sendo, portanto, casos de suspensão obrigatória". No entanto, a Fiscalização não fez prova de que as autopeças adquiridas pela Embargante foram destinadas à montagem de veículos ou à fabricação de autopeças, únicas hipóteses em que cabe cogitar da adoção da suspensão segundo o artigo 5º, § 2º, da Lei 9.826/1999. Aduz que o que a Fiscalização fez foi simplesmente identificar os CFOPs de compra de autopeças 1.101, 1.122, 2.101 e 2.122 e assumir, como consequência absoluta, que as mercadorias adquiridas teriam sido aplicadas na produção. Não há demonstração de que referidos produtos foram aplicados no processo fabril da Embargante. Que ao afirmar que a Fiscalização demonstrou que as mercadorias teriam sido utilizadas no processo fabril da Embargante, o acórdão embargado é contraditório, pois não há comprovação desse teor no feito. A menção aos CFOPs de compra não representa prova de que os produtos adquiridos eram empregados como insumos para a fabricação de novas peças, componentes ou mesmo veículos. Além disso, ao utilizar as razões de decidir de caso diverso, o acórdão embargado também incorre em obscuridade, visto que as provas feitas pela Fiscalização para esse outro caso não são automaticamente aplicáveis ao presente. 2ª Omissão e obscuridade Argumenta que o fundamento para a glosa do crédito relativo às notas canceladas não foi a ausência de registro no Livro de Controle de Produção e Estoque, mas a suposta ausência de identificação do motivo para o desfazimento da operação. Desta forma, o fundamento do lançamento, no ponto, foi outro, diverso do apontando no acórdão embargado e que não foi analisado a contento. "(...) De fato, o que a Fiscalização alegou foi que a Embargante não teria cumprido as exigências dos artigos 178 e 330 do RIPI/023 para registro dos créditos de IPI em operações canceladas antes das saídas com base no argumento de que os motivos de cancelamento das operações seriam desconhecidos". Desta forma, o acórdão 3402003.318, ao deixar de avaliar a acusação fiscal e contestação da Embargante, concluiu, a partir de argumento diverso, dissociado do alegado pela Fiscalização, que teria havido o descumprimento da legislação por motivo outro. Nesse contexto, conclui que a decisão embargada omitiuse de decidir a questão que lhe foi posta para o julgamento e foi obscura, posto que, ao adotar razões outras, não dirimiu o conflito fruto da acusação e da defesa que a contraditou. 3ª contradição e obscuridade. Alega que no que se refere às notas fiscais canceladas atinentes à maio de 2008, todas as vias do documento fiscal foram apresentadas demonstrando o desfazimento da operação antes da saída física. Cita trecho do voto vencido, em que em relação a esse ponto, o relator manifestouse no sentido de restar demonstrado todos os dados necessários ao cancelamento das notas fiscais. Assim, aduz que o acórdão embargado, incidiu em omissão, ao não analisar esse ponto e em contradição por concluir pela não observância da legislação sem se manifestar sobre as provas juntadas aos autos, a justificar, também por esse prisma, o cabimento dos presentes aclaratórios. Fl. 2517DF CARF MF Processo nº 10860.720942/201364 Acórdão n.º 3402003.822 S3C4T2 Fl. 2.516 5 Do pedido Diante de todo o exposto, demonstrada a existência de duas omissões e obscuridades, bem como uma contradição e omissão, sobre as quais essa Turma deve se manifestar, requer a Embargante sejam acolhidos os presentes Embargos de Declaração e, por consequência, seja alterada a conclusão do acórdão, com o provimento do recurso voluntário nestes pontos. Quando menos, devem ser aclarados os pontos indicados, para fins de prequestionamento da matéria que poderá vir a ser objeto de recurso para a instância superior. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 9 de junho de 2015 – RICARF, cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver omissão, contradição ou obscuridade entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma e, poderão ser opostos, mediante petição fundamentada, no prazo de 5 (cinco) dias contados da ciência do acórdão. Ressaltase que, quando da análise do exame de admissibilidade dos referidos arestos, o Presidente desta 2ª Turma Ordinária, conforme Despacho de fl. 2.511/2.513, admitiu os aclaratórios interpostos. Pois bem. Como é consabido, entendese por omissão o vício resultante da falta de alguma declaração que a decisão deveria conter. Nesse caso, os embargos têm por fim provocar a declaração do ponto omitido, a fim de se completar a decisão. Contradição, que autoriza o cabimento de embargos de declaração, é aquela existente entre a fundamentação e a conclusão do acórdão. Já, a obscuridade que autoriza o cabimento de embargos de declaração diz respeito à clareza do posicionamento do voto do julgador no Acórdão. Posto isto, passamos à análise dos supostos vícios apontados. 1) Dos créditos básicos indevidos Aquisição de insumos tributados Alega a embargante que ao decidir acerca do regime de suspensão do IPI (Créditos básicos indevidos, sujeitos ao regime de suspensão de autopeças do artigo 5º da Lei nº 9.826, de 1999), o voto vencedor adotou as razões expostas no acórdão nº 3402003.018, sendo alcançada a seguinte conclusão: "(...) Como a operação estaria sujeita à suspensão do imposto, a Recorrente não tem direito ao crédito do imposto efetivamente destacado na nota fiscal, uma vez que a fiscalização elaborou o demonstrativo no qual se verifica que os produtos adquiridos Fl. 2518DF CARF MF 6 destinamse à fabricação de produtos autopropulsados, sendo, portanto, casos de suspensão obrigatória". Ressalta a embargante que "Ao afirmar que a Fiscalização demonstrou que as mercadorias adquiridas com débito do imposto teriam sido utilizadas no processo fabril da Embargante, o acórdão embargado é contraditório, pois não há comprovação desse teor no feito. A menção aos CFOPs de compra não representa prova de que os produtos adquiridos eram empregados como insumos para a fabricação de novas peças, componentes ou mesmo veículos. Além disso, ao utilizar as razões de decidir de caso diverso, o acórdão embargado também incorre em obscuridade, visto que as provas feitas pela Fiscalização para esse outro caso não são automaticamente aplicáveis ao presente". Entendo que não assiste razão a Embargante. Verificase consignado no voto que (fl. 2.470): "Como a operação estaria sujeita à suspensão do imposto, a Recorrente não tem o direito ao crédito do imposto efetivamente destacado na nota fiscal, uma vez que a fiscalização elaborou o demonstrativo no qual se verifica que os produtos adquiridos destinamse à fabricação de produtos autopropulsados, sendo portanto, casos de suspensão obrigatória. Consta à fl. 2.471, a seguinte argumentação da Embargante: "também é de se observar que o acórdão recorrido aplicou, indevidamente, o regime de suspensão do imposto. Pela redação do artigo 5º da Lei nº 9.826, de 1999, a suspensão do IPI na saída do estabelecimento industrial operase para as partes e peças dos produtos classificados nas seguintes posições: 84.29; 84.32; 84.33; 87.01 a 87.067 e 87.118. Em decorrência podese afirmar que as aquisições de produtos cuja NCM seja diversa das mencionadas acima estão sujeitas ao regular recolhimento do IPI". Neste aspecto, vejase a forma que conclui o voto (fl. 2.471): "(...) Ora, também não assiste razão a recorrente nesse ponto. O que deve estar classificado nestas posições é o produto autopropulsado, e não os materiais adquiridos. Ou seja, quaisquer componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças, classificados em qualquer posição da TIPI, desde que destinados a produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, devem sair com suspensão do imposto.” Portanto, repisandose, no caso dos autos, o Fisco elaborou o demonstrativo de fls. 531/541, no qual se verifica que os produtos adquiridos destinamse à fabricação de produtos autopropulsados, sendo portanto, casos de suspensão obrigatória. Deste modo, o destaque do imposto efetuado pelos fornecedores dos insumos nas NF de saída foi indevido. Ou seja, concluiu o Acórdão que quaisquer componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças, classificados em qualquer posição da TIPI, desde que destinados a produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, devem sair com suspensão do imposto. Posto isto, não se vislumbra o vício de omissão, contradição ou obscuridade alegado, uma vez que o Fisco demonstrou através das planilhas de fls. 531/541 ( planilha com a relação das mercadorias adquiridas), havendo, portanto, comprovação que as mercadorias adquiridas com débito do imposto teriam sido utilizadas no processo fabril da Embargante. Quanto ao se utilizar as razões de decidir de caso diverso, o acórdão embargado também não incorre em obscuridade, visto que as provas feitas pela Fiscalização para esse Fl. 2519DF CARF MF Processo nº 10860.720942/201364 Acórdão n.º 3402003.822 S3C4T2 Fl. 2.517 7 outro caso, podem ser perfeitamente aplicáveis ao discutido no presente, até por ser a mesma matéria e pertencer à mesma empresa, tendo como forte no § 1º do art. 50 da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999. 2) Dos Estornos de débitos Cancelamento de NF Consta dos autos que a embargante efetuou no período fiscalizado estorno de débitos relativos a notas fiscais canceladas. A fiscalização glosou os estornos dos débitos porque a contribuinte não teria cumprido os requisitos legais que comprovariam o cancelamento das notas (obrigações acessórias), bem como não teria demonstrado a ausência de saída das mercadorias a justificar o crédito, conforme determina o artigo 178, I, e 330 do RIPI/2002 e que os motivos do cancelamento das operações seriam desconhecidos. Por seu lado, a Embargante alega que cumpriu as exigências legais e juntou aos autos os documentos que entende ser suficientes para comprovar a sua alegação. Em seus Embargos, aduz que o fundamento da fiscalização para a glosa do crédito relativo às notas canceladas não foi, portanto, a ausência de registro no Livro de Controle de Produção e Estoque, mas sim a suposta ausência de identificação do motivo para o desfazimento da operação. Para tanto, reproduz a ementa do acórdão: “IPI. CANCELAMENTO DE NOTAS FISCAIS. ESTORNO DE DÉBITOS. O Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque ou equivalente há que conter os requisitos necessários para o acompanhamento da movimentação dos estoques. Caso contrário, impossível concluir se os produtos, objeto das notas fiscais canceladas, saíram ou não do estabelecimento, informação essencial para avalizar o direito ao crédito” Nesse contexto, conclui que a decisão embargada omitiuse de decidir a questão que lhe foi posta para o julgamento e foi obscura, posto que, ao adotar razões outras, não dirimiu o conflito fruto da acusação e da defesa que a contraditou. Também entendo não assistir razão à Embargante, senão vejamos os trechos reproduzidos do Acórdão embargado que trata exatamente desta matéria (fl. 2.487): "(...) Consta dos autos que a Recorrente foi Intimada, conforme Termo de Intimação 04, em seu item 2, a "justificar e demonstrar, através de documentação comprobatória, os valores escriturados no Livro de Registro e Apuração do IPI, nos meses de julho a dezembro de 2008 sob a rubrica "ESTORNO DE DÉBITO CANC NF MESES ANTERIORES" (...). De posse dos arquivos disponibilizados e após análise de toda a documentação apresentada pela Recorrente, o Fisco constatou em sua Informação Fiscal (fls.17/39), que as obrigações acessórias teriam sido descumpridas pela VWB e que os motivos do cancelamento das operações seriam desconhecidos. Consta ainda, da referida informação, que nas notas examinadas (selecionadas por amostragem) existem "carimbos apostos com a expressão 'CANCELADA', onde se observa a indicação de que o motivo foi email de um suposto funcionário e outras com 'prints' de telas de computador e de algumas notas fiscais eletrônicas com o espelho do Portal da Nota Fiscal Eletrônica com o seu cancelamento." (...). Fl. 2520DF CARF MF 8 E continua o voto condutor do Acórdão embargado (fl. 5.066): Em relação à parte dos cancelamentos das notas fiscais emitidas em maio/2008, a recorrente juntou as cópias de notas fiscais de fls. 1.636/1.671 e 1.340/1.358. Nelas, verifica se exatamente o que descreveu o autuante, ou seja, falta de apresentação do motivo do cancelamento, constando somente a indicação de um email de um suposto funcionário. Acrescentese que não consta a cópia da 3ª via, o que seria obrigatório. E, também segue o voto, "Verificase que a partir da fl. 1.389 consta o “Doc. 10”que a Recorrente denominou de Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque. Entretanto, como já mencionado anteriormente, a planilha apresentada não tem os requisitos necessários para o acompanhamento da movimentação dos estoques, sendo impossível concluir se os produtos, objeto das notas fiscais canceladas, saíram ou não do estabelecimento, informação essencial para avalizar o direito ao crédito". Portanto, "não conseguiu comprovar ao Fisco que cumpriu o estabelecido no art. 178, I, do RIPI/2002, justamente no ponto em que as mercadorias constantes das notas fiscais não saíram do estabelecimento antes de seu cancelamento". Desta forma, verificase que no Acórdão embargado tratouse tanto do fato da Embargante não ter cumprido as exigências dos arts. 178 e 330 do RIPI/02 (registro dos créditos de IPI em operações canceladas antes das saídas), com base no argumento de que os motivos de cancelamento das operações seriam desconhecidos, como também analisouse o fato de que a Recorrente não conseguiu comprovar ao Fisco que cumpriu o estabelecido no art. 178, I, do RIPI/2002, justamente no ponto em que as mercadorias constantes das notas fiscais não saíram do estabelecimento antes de seu cancelamento. Donde concluise que o acórdão 3402003.315, NÃO deixou de avaliar a acusação fiscal e a contestação da Embargante (argumento de que os motivos de cancelamento das operações seriam desconhecidos), e tampouco concluiu, a partir de argumento diverso, dissociado do alegado pela Fiscalização, que teria havido o descumprimento da legislação por motivo outro. Muito pelo contrário, debateuse sobre as duas situações, uma e também a outra. Desta forma, não vislumbro, a alegada omissão e obscuridade no Acórdão, concernente a esta matéria embargada. 3ª contradição e obscuridade. Alega que no que se refere às notas fiscais canceladas atinentes à maio de 2008, todas as vias do documento fiscal foram apresentadas demonstrando o desfazimento da operação antes da saída física. Cita trecho do voto vencido, em que em relação a esse ponto, o relator manifestouse no sentido de restar demonstrado todos os dados necessários ao cancelamento das notas fiscais. Com isso, o acórdão embargado, incidiu em omissão, ao não analisar esse ponto e em contradição por concluir pela não observância da legislação sem se manifestar sobre as provas juntadas aos autos. Também não se vislumbra omissão ou contradição com referência a este tópico. Vejase trechos do acórdão reproduzido abaixo: "(...) Quanto às notas fiscais canceladas no ano de 2005, a contribuinte limitou se a anexar as cópias das notas fiscais de fls. 572/573. Quanto a estes, a ausência do livro Registro correspondente ao período impossibilita a verificação da causa do cancelamento, Fl. 2521DF CARF MF Processo nº 10860.720942/201364 Acórdão n.º 3402003.822 S3C4T2 Fl. 2.518 9 Nestes casos, constatase que não consta o motivo do cancelamento, fazendose apenas remissão à “CI DE CANCELAMENTO”. Em relação à parte dos cancelamentos das notas fiscais emitidas em maio/2008, a recorrente juntou as cópias de notas fiscais de fls. 1.636/1.671 e 1.340/1.358. Para justificar outra parte dos cancelamentos das notas fiscais emitidas em maio/2008, a impugnante juntou as cópias de fls. 1.360/1.381". Assim, verificase no Acórdão que o Fisco glosou os estornos dos débitos porque a Recorrente não teria cumprido os requisitos legais que comprovariam o cancelamento das notas fiscais. Por outro lado, a Embargante alega que cumpriu as exigências legais e juntou aos autos os documentos que entende ser suficientes para comprovar a sua alegação. Especificamente em relação à parte dos cancelamentos das notas fiscais emitidas em maio/2008, de fato, verificase que a recorrente juntou as cópias de notas fiscais de fls. 1360/1381, 1636/1671 e 1340/1358). No entanto, nelas, constatouse no Acórdão exatamente o que descreveu a Fiscalização, ou seja, falta de apresentação do motivo do cancelamento, em parte constando somente a indicação de um email de um suposto funcionário e outra parte constatase que não consta o motivo do cancelamento, fazendose apenas remissão à “CI DE CANCELAMENTO”. Acrescentese que não consta a cópia da 3ª via, o que seria obrigatório. Posto isto, concluiuse que quanto às notas fiscais canceladas no ano de 2005, a Embargante limitouse a anexar as cópias respectivas e que nestes casos não há demonstração dos motivos dos cancelamentos, não há comprovação da manutenção das demais vias das notas fiscais, e não há demonstração do controle dos estoques. 3) Conclusão Concluindo, por ter enfrentado os argumentos subsidiários da Embargante, ainda que de forma sintética, entendo que o Acórdão embargado, NÃO possui os alegados vícios de omissão, contradição e obscuridade na forma do art. 65 do RICARF, não merecendo reparos o Acórdão embargado, e sim apenas os aclaratórios efetuados neste voto, no entanto sem efeitos modificativos. Em todas as suas alegações, verificase que o que busca a Embargante é a efetiva rediscussão da matéria já julgada, passível de ser realizada na via recursal própria e não por meio de Embargos de declaração. Com esses fundamentos, não demonstrados os pressuposto regimentais que os ensejam, voto no sentido rejeitar os embargos de declaração. É como voto. (assinatura digital) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 2522DF CARF MF 10 Fl. 2523DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720177/2012-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 31 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011
DECADÊNCIA. AFASTADA
A decadência, como perda do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário, tem sempre como baliza, seja diretamente (art. 150, § 4º, do CTN) ou indiretamente (art. 173, I, do CTN), o fato gerador do tributo. Pelo art. 150, § 4º, do CTN, o dies a quo do prazo decadencial é a própria data do fato gerador do tributo, já, na regra do art. 173, I, do CTN, o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar, o que exige também que primeiro se identifique a data do fato gerador do tributo, para depois concluir quando o Fisco poderia ter efetuado o lançamento.
A despesa com amortização do ágio é apenas um elemento que entra no cálculo da base tributável, sendo que todos os elementos que compõem tal base tributável são auditáveis pelo Fisco, logicamente, dentro do prazo decadencial fixado no CTN.
SIMULAÇÃO. EMPRESA VEÍCULO. NEGÓCIO INDIRETO.
Não se deve confundir simulação relativa com negócio jurídico indireto, pois quando verificamos o que os autuantes denominam como "empresa veículo", nota-se perfeitamente que tal sociedade foi constituída para surtir os efeitos que lhes eram próprios e não para dissimular outros negócios jurídicos.
O fundamento central da autuação demonstrou-se frágil para justificar a desconsideração dos atos praticados, ao verificarmos que não havia obstáculos na legislação tributária para que o mesmo resultado tributário fosse obtido sem a utilização das ditas empresas veículos.
ABUSO DE DIREITO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, CTN. INAPLICÀVEL
O parágrafo único do art. 116 do CTN é uma norma de eficácia limitada, pois só adquirirá plena eficácia a partir do momento em que for publicada a sua lei ordinária integrativa.
Se a Lei Complementar 104/01 exigiu que a lei ordinária estipulasse procedimentos específicos como condição para a aplicação da norma tributária específica sobre abuso de direito (parágrafo único do art. 116 do CTN), não há como tal condição ser dispensável para a aplicação da norma de direito privado sobre o abuso do direito (art. 187 do CC) no campo tributário.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
Tratando-se da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada com relação ao lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL.
Numero da decisão: 1302-001.980
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: em rejeitar a preliminar de decadência suscitada e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Marcelo Calheiros Soriano. Os Conselheiros Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado votaram pelas conclusões. Acordaram ainda, por unanimidade, em negar provimento ao recurso de ofício
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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AFASTADA A decadência, como perda do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário, tem sempre como baliza, seja diretamente (art. 150, § 4º, do CTN) ou indiretamente (art. 173, I, do CTN), o fato gerador do tributo. Pelo art. 150, § 4º, do CTN, o dies a quo do prazo decadencial é a própria data do fato gerador do tributo, já, na regra do art. 173, I, do CTN, o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar, o que exige também que primeiro se identifique a data do fato gerador do tributo, para depois concluir quando o Fisco poderia ter efetuado o lançamento. A despesa com amortização do ágio é apenas um elemento que entra no cálculo da base tributável, sendo que todos os elementos que compõem tal base tributável são auditáveis pelo Fisco, logicamente, dentro do prazo decadencial fixado no CTN. SIMULAÇÃO. EMPRESA VEÍCULO. NEGÓCIO INDIRETO. Não se deve confundir simulação relativa com negócio jurídico indireto, pois quando verificamos o que os autuantes denominam como "empresa veículo", notase perfeitamente que tal sociedade foi constituída para surtir os efeitos que lhes eram próprios e não para dissimular outros negócios jurídicos. O fundamento central da autuação demonstrouse frágil para justificar a desconsideração dos atos praticados, ao verificarmos que não havia obstáculos na legislação tributária para que o mesmo resultado tributário fosse obtido sem a utilização das ditas empresas veículos. ABUSO DE DIREITO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, CTN. INAPLICÀVEL AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 77 /2 01 2- 52 Fl. 4094DF CARF MF 2 O parágrafo único do art. 116 do CTN é uma norma de eficácia limitada, pois só adquirirá plena eficácia a partir do momento em que for publicada a sua lei ordinária integrativa. Se a Lei Complementar 104/01 exigiu que a lei ordinária estipulasse procedimentos específicos como condição para a aplicação da norma tributária específica sobre abuso de direito (parágrafo único do art. 116 do CTN), não há como tal condição ser dispensável para a aplicação da norma de direito privado sobre o abuso do direito (art. 187 do CC) no campo tributário. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratandose da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada com relação ao lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: em rejeitar a preliminar de decadência suscitada e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Marcelo Calheiros Soriano. Os Conselheiros Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado votaram pelas conclusões. Acordaram ainda, por unanimidade, em negar provimento ao recurso de ofício LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Versa o presente processo sobre recursos de ofício e voluntário, interpostos em face do Acórdão nº 1648.143 da 1ª Turma da DRJ/SP1, o qual foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. O processo de reorganização societária, mormente o promovido por cisões e incorporações dentro do mesmo grupo econômico, não elide a Fl. 4095DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.037 3 responsabilidade tributária da sucessora em relação ao crédito tributário (principal e multa) decorrente de infração tributária cometida por empresa sucedida. NEGÓCIO JURÍDICO. FORMALIDADE. ABUSO DE DIREITO. INOPONIBILIDADE. FRAUDE. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Negócio jurídico realizado sob a ótica de legislação específica, de modo literal, com a inobservância, contudo, do ordenamento jurídico, é abusivo e inoponível ao Fisco, sujeitando o infrator a multa de ofício de 75% dos tributos devidos, quando não caracterizada, nos autos, conduta qualificada por fraude a autorizar a duplicação da pena base. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. PAGAMENTO. TERMO INICIAL. CONTAGEM. A contagem do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário, na hipótese de inexistência de pagamento antecipado, ainda que ausentes dolo, fraude ou simulação, tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. EMPRESAS VEÍCULO. PROPÓSITO NEGOCIAL. ECONOMIA TRIBUTÁRIA. OPOSIÇÃO AO FISCO. IMPOSSIBILIDADE. DESPESA DE AMORTIZAÇÃO. DEDUÇÃO. GLOSA. É desprovida de propósito negocial aquisição de participação societária por pessoa jurídica constituída com finalidade precípua de economizar tributos, operando como veículo para que o ágio pago por investimento seja nele próprio alocado, cabendo glosar a dedução fiscal de sua amortização. FATOS PASSADOS. DECADÊNCIA TRIBUTÁRIA. REPERCUSSÃO EM EXERCÍCIOS FUTUROS. FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. ESCRITURAÇÃO. DOCUMENTOS. GUARDA. PRAZO. O contribuinte está sujeito à fiscalização de fatos ocorridos em períodos passados quando eles repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, devendo conservar os documentos de sua escrituração, até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE. FATOS IMPONÍVEIS DISTINTOS. É cabível aplicação de multa isolada decorrente de falta de pagamento de estimativas mensais de imposto concomitantemente com multa proporcional incidente sobre aquele devido e não pago ao final do Fl. 4096DF CARF MF 4 período de apuração anual, haja vista cuidarem de reprimendas a comportamentos distintos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida em relação aos fatos que levaram à manutenção do IRPJ impõese também à CSLL, naquilo que for cabível, uma vez que ambos os lançamentos estão assentados nos mesmos elementos de prova. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vale a transcrição do seguinte parágrafo do relatório da decisão recorrida que resume bem a autuação em tela, in verbis: “1. Tratase, aqui, de exigências tributárias que têm como fundo comum a glosa de despesa de amortização de ágio. Tal glosa levou à formulação das imposições seguintes: (a) diretamente, de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativas aos anoscalendário de 2007 a 2011, gravadas com multa de ofício vinculada ao patamar de 150%; (b) indiretamente, de exigências ainda de IRPJ e de CSLL, agora gravadas com multa de ofício vinculada ao estrato de 75%, mas isso à conta de excesso de uso de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa de CSLL (implementada a mencionada glosa, que se opera retroativa ao anocalendário de 2006, tais bases foram recalculadas e disso haveria se constatado insuficiência de recolhimento das rubricas mencionadas), tudo com pertinência aos anoscalendário de 2008 (IRPJ), 2009 (IRPJ/CSLL) e 2010 (IRPJ/CSLL); (c) também indiretamente, de multa de ofício isolada por falta de recolhimento de estimativas, agora sobre os meses de 11/2007 a 11/2008, 01/2009 a 05/2009, 07/2009 a 05/2011 (o cálculo de ditas estimativas, a partir de balanços ou balancetes de suspensão ou redução, teria sido influenciado pela amortização da despesa de ágio em referência). O importe autuado foi de R$ 334.495.287,75, então computados juros de mora até dezembro/2012. Acompanham os autos “TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA” em nome de Santos Brasil Participações S.A. (por tudo dito, vide fls. 02, 2.242/2.307, 2.437/2.438). Notase, ainda, a confecção de Representação Fiscal para Fins Penais processadas nos autos sob nº 16561.720178/201205.” Em razão do recurso de ofício interposto, vale a transcrição do seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido: “Entretanto, discordo sobre a qualificação da multa de ofício. O autuante aplicou a multa de ofício com fundamento no artigo 44, inciso I, § 1º da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pelo artigo 14 da Lei nº 11.488/2007, resultante da conversão da Medida Provisória nº 351/2007: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (...) Fl. 4097DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.038 5 § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...) Por oportuno, convém transcrever os aludidos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente;” Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos referidos nos arts. 71 e 72 A glosa da dedução tributária das despesas com a amortização do ágio foi motivada pela constatação da ausência dos requisitos legais para a fruição desse favor fiscal, restando configurado, assim, o ilícito tributário. Já a caracterização da circunstância qualificadora do ilícito tributário, a merecer a exasperação da multa básica de ofício de 75% para 150%, passa pela demonstração da seguinte conduta dolosa: a de que a fiscalizada tinha conhecimento de que o ágio formado e registrado em sua escrituração contábil era ilegítimo. Caso evidenciada essa situação, por consequência, restará demonstrado que a contribuinte reduziu, fraudulentamente, a base de cálculo dos tributos. Ao contrário, isto é, se não restar demonstrado que a fiscalizada tinha consciência de que o ágio era ilegítimo, por força do art. 136 da Lei nº 5.172/1966, remanescerá sua responsabilidade objetiva pela infração, sendo devidos os tributos, juros de mora e a multa de ofício, mas sem o agravamento decorrente da conduta dolosa. A autoridade fiscal entendeu que a contribuinte tinha consciência da falta de propósito negocial ou societário na incorporação das empresas veículos e que, desta forma, teriam realizado uma reorganização societária, o que demonstraria o dolo de sua conduta a justificar o agravamento da multa de ofício. Não há dúvidas que Vitex, Bilimbi, Howland, Hermosa e Strelícia foram constituídas com a finalidade primordial de funcionarem como veículos para que o ágio pago pelas participações societárias adquiridas fosse alocado na própria pessoa jurídica que deu origem a esse valor, pois sendo a SantosBrasil a empresa operacional, geradora de receitas, seria ela quem melhor tiraria proveito da possibilidade da amortização fiscal do ágio. Fl. 4098DF CARF MF 6 Por outro lado, entendo que a estrutura jurídica criada pelos grupos Opp Fund, Multi STS, RK Participações e PW237, formada pelas veículos Vitex, Bilimbi, Howland, Hermosa e Strelícia, não foi produto de simulação, mas uma tentativa malsucedida de se realizar um planejamento tributário, fundado em uma visão estrita do conceito formal de legalidade. O direito de se autoorganizar e de usar todas as formas legais para buscar a menor tributação possível são argumentos candentes dos defensores da liberdade irrestrita dos contribuintes em planejar sua vida fiscal. Todavia, a discussão da licitude da elisão fiscal deve ser balizada pelos demais valores que permeiam o ordenamento jurídico. Neste sentido, tal como o autuante, valhome das lições do professor Marco Aurélio Greco, in Planejamento Tributário, 3ª edição, 2011, Dialética, p. 202: (...) O professor Greco traz à baila a figura do abuso do direito e sua inoponibilidade em face de terceiros, dentre os quais o Fisco, conforme considerações de página 203 da mencionada obra: (...) Verificase que no item 179 do relatório fiscal, o autuante destaca que o abuso de direito, em matéria tributária, depois de 2002, passou a ser tratado não mais como elisão, mas como evasão, escoimado no seguinte trecho da obra do professor Greco (p. 207): (...) O autuante pode ter entendido que o professor Greco teria mencionado o termo evasão no sentido comumente utilizado pela doutrina em geral, que o associa a uma conduta fraudulenta, o que poderia levar a uma precipitada conclusão de que o catedrático estaria a reconhecer que o ato abusivo, depois da nova codificação civil, seria classificado dentre alguma das três figuras dolosas previstas na Lei nº 4.502/1964. Entretanto, o termo evasão foi mencionado num parágrafo que fecha uma análise em que o professor comenta sobre as dúvidas reinantes na doutrina, antes de 2002, acerca do abuso de direito, sobretudo se ele deveria ser tratado ou não como ato ilícito, uma vez que o anterior Código Civil de 1916 era silente. Assim, em seara tributária, havia dúvidas se o Fisco poderia recusar efeitos de determinado negócio jurídico com base na teoria do abuso de direito, dado que a lei civil, até então, não o tomava como um ato ilícito, controvérsia explicitada pelo eminente professor no parágrafo imediatamente anterior àquele em que fez referência ao vocábulo evasão. Nesse contexto, ao contrapor elisão (lícito) com evasão (ilícito), depreendese que o catedrático quis ressaltar que, a partir da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), o abuso de direito passou a ser classificado explicitamente como ato ilícito, daí o motivo pelo qual foi empregado o vocábulo evasão, não se verificando, no raciocínio deduzido, uma equiparação do abuso a ato fraudulento ou doloso. Esse entedimento é confirmado pela leitura dos capítulos e itens da mencionada obra dedicados especificamente à multa de ofício, que serão analisados adiante, em que o ilustre autor, em momento algum, confere ao abuso de direito o predicado de elemento qualificador do ilícito tributário. Fl. 4099DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.039 7 Feito este esclarecimento, e dando continuidade à análise do mérito da multa qualificada, podese inferir que a liberdade de se autoorganizar encontra limites nos demais princípios que informam nossa matriz constitucional, em especial o da capacidade contributiva, da isonomia fiscal e da função social do contrato, valendo dizer que o negócio jurídico entabulado ou o planejamento tributário efetuado devem encontrar fundamentação que não se restrinja à pretensão de fugir da tributação. Caso Opp Fund, Multi STS, RK Participações e PW237 tivessem realizado diretamente a aquisição das participações societárias e depois tivessem sido incorporadas pela SantosBrasil, as condições legais para a dedução fiscal do ágio estariam, em tese, presentes. Todavia, se isso ocorresse, essas empresas perderiam sua personalidade jurídica, o que não era de interesse de seus sócios. Assim, para conciliar o interesse em preservar intactas suas estruturas sociais, mas também de aproveitar o benefício fiscal decorrente do aproveitamento da amortização do ágio gerado na aquisição das participações societárias da SantosBrasil, foram criadas as empresas veículos, controladas pelos reais adquirentes Opp Fund, Multi STS, RK Participações e PW237. A pretensão dos efetivos adquirentes em manter incólumes suas estruturas sociais não é motivo negocial, sob o ponto de vista tributário, para se criar empresas veículos, dado que o gozo do benefício fiscal criado pela Lei nº 9.532/1997 pressupõe, justamente, a ocorrência de prévios rearranjo societário e consolidação patrimonial entre as empresas investida e investidora. Portanto, a alienação das ações da fiscalizada para as veículos foi desprovida de propósito negocial, a não ser o de propiciar uma economia tributária que favoreceu os grupos controladores da fiscalizada, o que não é tolerado no mundo jurídico. O insigne mestre Hermes Marcelo Huck, in Evasão e Elisão, Rotas Nacionais e Internacionais do Planejamento Tributário, 1997, Editora Saraiva, p. 44, também externou esse entendimento: “Não parece ser razão suficiente para se atribuir licitude a uma prática jurídica, quando o agente organiza seus negócios, com o objetivo único de economizar impostos, fundado exclusivamente numa redação dúbia ou imprecisa da norma tributária.” Assim, não basta que determinado planejamento tributário tenha sido realizado a partir de estruturas previstas em lei para que se conclua, automaticamente, por sua legitimidade perante o ordenamento jurídico. É preciso verificar a conduta do contribuinte à luz dos demais princípios que informam o ordenamento jurídico, dentre eles, o da isonomia, a função social dos contratos e o da capacidade contributiva. Nesta perspectiva, embora as empresas veículos tenham sido constituídas e registradas de acordo com os instrumentos legais vigentes, os efeitos tributários decorrentes das operações realizadas por elas não são oponíveis ao Fisco, pois colidem com os demais princípios informativos do ordenamento. Por sua vez, a estrutura societária da fiscalizada e das empresas envolvidas na aquisição de suas ações foi obtida pela autoridade fiscal a partir dos documentos apresentados pela contribuinte e que estavam Fl. 4100DF CARF MF 8 disponíveis em órgãos públicos. Não há notícia de que a contribuinte tenha dificultado o acesso da autoridade fiscal aos documentos ou de que a estrutura societária teria sido desvendada a partir de documentos que se encontravam ocultados e que, depois de descobertos pela fiscalização, revelaram a real substância do negócio. Também não foram colocadas em dúvidas a ocorrência do efetivo pagamento do ágio ou sobre a lisura do laudo que fundamenta seu valor com base na rentabilidade futura da companhia investida, eventuais deficiências que, se constatadas, poderiam indicar intuito doloso nas condutas das partes envolvidas. Não há, ainda, indícios de que as participantes da operação tenham se valido de artifícios para dissimulála ou simular uma situação inverídica, tal como sucederia, por exemplo, se os reais adquirentes estivessem ocultos sob interpostas pessoas constantes em instrumentos contratuais eivados de falsidade ideológica, revelados no curso da ação fiscal. Portanto, as condutas em análise foram realizadas às claras, indicando que os grupos empresariais envolvidos agiram convictos, embora equivocadamente, de que bastaria contar com estruturas sociais organizadas formalmente para adquirir as participações societárias, registrar o ágio e tranferilo para a investida, para que pudessem se aproveitar da dedução fiscal prevista na Lei nº 9.532/1997. A evidenciação da consciência da ilicitude, isto é, a demonstração da intenção de fraudar, é essencial para qualificar a conduta infracional e, desta forma, justificar o aumento da pena básica de 75% ao destacado gravame de 150% dos tributos devidos, por se tratar de uma reprimenda severa, aplicável a situações extremas e, portanto, excepcionais. Neste sentido, retomo, mais uma vez, as lições do professor Greco para destacar as seguintes considerações sobre a multa agravada (pp. 260 e 263): (...) Entendo que o planejamento tributário foi idealizado a partir de uma visão estritamente formal do Direito que não é compatível com as diretrizes materiais que permeiam o ordenamento jurídico, motivo pelo qual seus efeitos são inoponíveis ao Fisco. Ressalvese que, se esta visão formalista não socorre os participantes da reorganização societária da imputação do ilícito tributário, eis que, nos termos do artigo 136 do CTN, a intenção do agente é irrelevante na determinação da responsabilidade pelo cometimento da infração, por outro lado, identificar essa condição subjetiva é elementar para o reconhecimento da qualificadora. E, do que consta dos autos, entendo não estarem presentes elementos suficientes para formar um juízo seguro de que as pessoas envolvidas tinham consciência de que estavam praticando atos fraudulentos com o objetivo de se locupletarem com o Erário. Apesar de afastada a qualificadora, mantémse a contagem do prazo decadencial pela regra do artigo 173, inciso I da Lei nº 5.172/1966, uma vez que a contribuinte apurou prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL no anocalendário 2006. Por conseguinte, ao final do período de apuração, não se verificaram IRPJ e CSLL devidos e, assim, sem a ocorrência da antecipação de tais pagamentos, afastase a regra prevista no § 4º do artigo 150 do CTN. Fl. 4101DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.040 9 Desta forma, entendo não restar caracterizada a circunstância qualificadora da conduta infracional a justificar a exacerbação da multa de ofício, motivo pelo qual voto por julgar a impugnação PARCIALMENTE PROCEDENTE, para reduzir a multa de ofício incidente sobre os tributos devidos decorrentes das glosas da dedução da amortização do ágio a 75%, conforme demonstrado a seguir: (...)”. As recorrentes, cientificadas do Acórdão nº 1648.143 em 17/10/2015 (ARs a fls. 3455/3456), interpusseram, em 14/11/2013 (carimbo afixado a fls. 3457 e segs.), recurso voluntário (doc. a fls. 3457 e segs.). Pautados na Sessão de Julgamento do dia 25/03/2015, houve pedido de vista do Conselheiro Waldir Rocha, sendo que naquela oportunidade estes autos foram assim relatados pelo Conselheiro Márcio Frizzo: “Na origem, em síntese, foi lavrado auto de infração em razão da glosa da supostamente indevida amortização de ágio no período de 2006 a 2011 pela recorrente, fato que motivou a constituição do IRPJ (R$ 246.548.606,96), CSLL (R$ 87.946.680,79) (fl. 2242/2308). Por bem descrever o ocorrido, peço vênia para valerme do relatório do acórdão da DRJ, a seguir parcialmente transcrito (fls. 3.406/3.412): 1. Tratase, aqui, de exigências tributárias que têm como fundo comum a glosa de despesa de amortização de ágio. Tal glosa levou à formulação das imposições seguintes: (a) diretamente, de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativas aos anoscalendário de 2007 a 2011, gravadas com multa de ofício vinculada ao patamar de 150%; (b) indiretamente, de exigências ainda de IRPJ e de CSLL, agora gravadas com multa de ofício vinculada ao estrato de 75%, mas isso à conta de excesso de uso de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa de CSLL (implementada a mencionada glosa, que se opera retroativa ao anocalendário de 2006, tais bases foram recalculadas e disso haveria se constatado insuficiência de recolhimento das rubricas mencionadas), tudo com pertinência aos anoscalendário de 2008 (IRPJ), 2009 (IRPJ/CSLL) e 2010 (IRPJ/CSLL); (c) também indiretamente, de multa de ofício isolada por falta de recolhimento de estimativas, agora sobre os meses de 11/2007 a 11/2008, 01/2009 a 05/2009, 07/2009 a 05/2011 (o cálculo de ditas estimativas, a partir e balanços ou balancetes de suspensão ou redução, teria sido influenciado pela amortização da despesa de ágio em referência). O importe autuado foi de R$ 334.495.287,75, então computados juros de mora até dezembro/2012. Acompanham os autos “TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA” em nome de Santos Brasil Participações S.A. (por tudo dito, vide fls. 02, 2.242/2.307, 2.437/2.438). Notase, ainda, a confecção de Representação Fiscal para Fins Penais processadas nos autos sob nº 16561.720178/201205. Fl. 4102DF CARF MF 10 2. Seguese a suma do “TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL” de fls. 2.309/2.371: 2.1. Em meados de fevereiro/2006, tinham participação acionária direta e indireta (essa última forma vai especificada entre parênteses) no Contribuinte (Santos – Brasil S/A, d’ora em diante, apenas SantosBrasil), as seguintes pessoas jurídicas, e nos percentuais i) Opportunity Leste S/A (d’ora em diante, Opp Leste, na qual detinham posição societária Opportunity Fund – d’ora em diante, Opp Fund – 56,69%, Investidores Institucionais Fundo de Investimento em Ações – d’ora em diante, FIA – 37,03%, e Multi STS Participações S/A – d’ora em diante, Multi STS – 6,28%), 39,96%. ii) Multi STS, 10%. iii) FIA, 0,04%. iv) 525 Participações S/A (d’ora em diante, 525 Participações, na qual detinham posição societária Citigroup Venture Capital International Brazil L.P. – d’ora em diante, CVC –, 99,5%, e Opp Fund, 0,5%), 15%. v) Caixa de Previdência dos Funcionários do Bando do Brasil – Previ (d’ora em diante, Previ), 20%. vi) Fundação Sistel de Seguridade Social (d’ora em diante, Sistel), 15%. Nesse passo, reproduzase quadro/esquema explicativo colacionado junto ao “Termo de Verificação Fiscal” e que ilustra a situação sobredita (o contexto do título “ESTRUTURA SOCIETÁRIA EM 30/05/2006” será explicado logo abaixo): (...) 2.3. Em 17/02/2006, CVC, FIA, Previ e Sistel outorgam o direito de opção de compra de suas participações diretas e indiretas no Contribuinte a benefício de Multi STS “e suas afiliadas” e a Opp Fund “e suas afiliadas” (destaques do original). 2.4. De 16/02/2006 a 09/05/2006: i) Vitex Participações S/A (d’ora em diante, Vitex) e Hermosa Participações S/A (d’ora em diante, Hermosa) “passam a integrar o grupo econômico da Multi STS”; ii) Bilimbi Participações S/A (d’ora em diante, Bilimbi) passa a integrar “o grupo econômico do Opp Fund”; e iii) Howland Participações S/A (d’ora em diante, Howland) e Strelícia Participações S/A (d’ora em Fl. 4103DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.041 11 diante, Strelícia) passam a integrar “o grupo econômico” de PW237 Participações S/A (d’ora em diante, PW237). 2.5. Em 18/05/2006, Multi STS e Opp Fund cedem, graciosamente, suas posições no contrato antes firmado em face de CVC, FIA, Previ e Sistel, isso a benefício de Vitex, Hermosa, Bilimbi, Howland e Strelícia, que passam assim a titularizar o direito de opção de compra das participações diretas e indiretas no Contribuinte então detidas por CVC, FIA, Previ e Sistel. 2.6. Em 30/05/2006, a partir de liberação de financiamento obtido junto ao Banco Credit Suisse (Brasil) S/A (d’ora em diante, Credit Suisse), assim garantido por SantosBrasil, Multi STS, Opp Fund e PW237, as pessoas jurídicas Vitex, Hermosa, Bilimbi, Howland e Strelícia veem de exercer o antes citado direito de opção de compra das participações diretas e indiretas no Contribuinte, até então detidas por CVC, FIA, Previ e Sistel, e, efetivamente, adquirem ditas participações societárias. Por outra, CVC, FIA, Previ e Sistel passam à condição de acionistas retirantes, e Vitex, Hermosa, Bilimbi, Howland e Strelícia ao status de controladores diretos/indiretos de Santos Brasil. Pago na operação um ágio de R$ 321.264.285,02. Nesse passo, reproduzase quadro/esquema explicativo colacionado junto ao “Termo de Verificação Fiscal” e que ilustra a situação sobredita: (...) 2.7. Ainda em 30/05/2006, Vitex, Hermosa, Bilimbi, Howland, Strelícia, 525 Participações e Opp Leste são incorporadas pelo Contribuinte (SantosBrasil). 2.8. Anota a Fiscalização: “11. Em virtude destas operações a Santos Brasil passou a amortizar o ágio nas empresas incorporadas e assumiu as obrigações decorrentes dos financiamentos captados por Vitex, Bilimbi e Howland. Com a entrada de recursos proveniente da abertura do capital social em 17/10/2006, estes financiamentos foram liquidados.” 2.9. Depois de tudo, a configuração societária assim seria retratada: (...) Fl. 4104DF CARF MF 12 2.10. Nesse passo, a Fiscalização faz referência aos “Anexo 1” e “Anexo 2”, avisado que fica como incorporados ao “Termo de Verificação Fiscal” presentemente esmiuçado. No “Anexo 1”, conduz argumentação no sentido de mais e melhor circunstanciar os quadros acima reproduzidos, bem que de caracterizar Vitex, Hermosa, Bilimbi, Howland e Strelícia como pessoas jurídicas sem propósito econômico senão o de servirem de veículo para o ágio ora discutido vir ter à conta do Contribuinte (SantosBrasil). Já no “Anexo 2”, tencionase caracterizar a interdependência, desde a origem, entre os atores envolvidos no negócio que, enfim, resulta na origem do ágio aqui discutido. 2.11. Sobre a acusação de fundo, pondera a Fiscalização que o negócio gerador do ágio houvera sido praticado entre empresas do mesmo grupo, interrelacionadas, na espécie “as empresas PW237, Multi STS e Opp Fund, adquiriram e/ou aumentaram suas participações societárias na Santos Brasil com ágio de R$ 321.264.285,02, se utilizando antes das empresas Bilimbi, Vitex, Strelícia, Hermosa e Howland – criadas exclusivamente para receber o novo investimento” (destaques do original). Anota ainda que, num só dia, isto é, em 30/05/2006, essas últimas (1) obtiveram a liberação do financiamento alhures referido e tomado junto ao Credit Suisse (de todo, investimento esse garantido por pelas próprias SantosBrasil, Multi STS, Opp Fund e PW237), (2) adquiriram a participação societária de que se cogita na SantosBrasil, (3) registram o ágio, e (4) foram incorporadas por essa última. Assim, se os investidores (adquirentes de participação societária na SantosBrasil) – ou, na linha da Fiscalização, os reais investidores – já detinham participação societária na investida, com a “aquisição” levada a cabo pelas nomeadas empresas veículos (controladas pelos ditos reais investidores) e isso seguido de sua posterior incorporação pela investida, tais reais investidores só fizeram incrementar sua posição no quadro social da incorporadora (SantosBrasil). Numa linha, os “Investidores: Opp Fund, Multi STS, RK Participações e PW 237 não deixaram de existir e em nenhum momento perderam seus investimentos na Santos Brasil” (destaques do original). Como o ágio pago, já e então registrado na SantosBrasil, não veio de se encontrar sob o pálio d’um só patrimônio com aquele que por ele pagou, não caberia a dedução da despesa de sua amortização. Registra a Fiscalização (destaques do original): “84. Assim, procedendo a uma série de “restruturações societárias”, dotadas apenas de atos formais desprovidos de racionalidade econômica, os Investidores: Opp Fund, Multi STS, RK Participações e PW 237 conseguiram: i) permanecer com os seus investimentos na Santos Brasil intocados, apenas, agora, não são mais apresentados contabilmente desdobrados em “investimento+ágio”, e ii) constituir, na contabilidade da Santos Brasil, uma conta de ativo não circulante em valor igual ao ágio com que aumentaram ou adquiriram o seu controle acionário, de forma a poder amortizar esse ativo, no prazo Fl. 4105DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.042 13 previsto na legislação tributária, forçando as condições para reduzir o lucro tributável. 85. O único fim visado era a utilização do tratamento fiscal de redução da carga tributária na Santos Brasil, cujo permissivo condicionava à incorporação/fusão/cisão dos grupos Opp Fund, Multi STS ou PW 237) e a investida (Santos Brasil), ou viceversa. 86. Como não foi essa a situação ocorrida, nem era vontade dos detentores do controle acionário da Santos Brasil dela se desfazerem, engendrouse o artifício jurídico de interpor empresas pertencentes aos mesmos grupos econômicos, efêmeras (Vitex, Bilimbi, Strelícia, Howland e Hermosa), sem qualquer propósito negocial ou racionalidade econômica, aportar recursos financeiros para aquisição (aumento das participações já existentes ou aquisição de novas participações acionárias) com ágio por expectativa de rentabilidade futura, para logo em seguida, serem estas incorporadas pela sua controlada (Santos Brasil), e devolver as ações de sua emissão às suas controladoras originárias.” 2.12. Nesse cenário, isto é, dada a criação de empresas ditas veículo, de efêmera duração, para, assim postas entre os reais investidores e a SantosBrasil, (a) adquirirem participação societária nessa última, sem que para isso tivessem (as veículos) posição econômica suficiente (certo o ínfimo capital social de quatro delas, a nenhuma movimentação negocial de relevo além daquela ora discutida, a ausência de empregados, visto ainda que o financiamento viabilizador do negócio em testilha fora garantido pelos reais investidores), (b) registrarem o ágio respectivo, (c) se verem incorporadas pela Santos Brasil, e tudo isso a se suceder entre a manhã e a noite d’um só dia (30/05/2006), haverseia de reconhecer que o caso mais se aproximaria d’uma hipótese de simulação d’um negócio empresarial à falta d’outro propósito que não a economia tributária. Tudo conforme a forma legal, mas com abuso de direito. Enfim, que a conduta do Contribuinte estaria animada pelo dolo tendente a impedir ou retardar o nascedouro da matéria tributável e/ou o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. Nesse exato ponto, a glosa de despesa de amortização do ágio sobredito mereceria o crivo da multa qualificada. Dizia a Fiscalização: “186. Nesses termos, o que qualifica o agir do sujeito passivo como sonegação ou fraude é o dolo. Significa, portanto, que basta evidenciar o dolo para que se justifique a qualificação da multa de ofício. [...]” 2.13. Indedutível a despesa com a amortização de ágio, como antes visto, isto é, na linha argumentativa da Fiscalização, e certo que o Fl. 4106DF CARF MF 14 Contribuinte computara dita despesa nos cálculos da estimativa de IRPJ/CSLL a recolher, tal cômputo é então refeito de ordem a se verificar a existência, ao seu tempo, d’uma estimativa não recolhida. Assim constatado, formulouse a respectiva exigência de multa de ofício isolada por falta de recolhimento da rubrica em consideração (na espécie, tal expediente rendeu autuações para os meses de 11/2007 a 11/2008, 01/2009 a 05/2009, 07/2009 a 05/2011). 2.14. Ainda na mesma linha, isto é, no suposto da indedutibilidade da despesa com amortização de ágio, o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSSL, ambos do anocalendário de 2006, restariam diminuídos. Isso mais a própria glosa de despesa de amortização de ágio que até então se debate, levaria ao rearranjo de prejuízos fiscais (anoscalendários de 2008, 2009 e 2010) e de bases de cálculo negativa de CSLL (anoscalendário de 2009 e 2010). 2.15. Em 24/10/2007, a Santos Brasil Participações S/A (d’ora em diante, SBPar) incorporou a totalidade das ações da SantosBrasil, “tornandose, consequentemente, sua subsidiária integral e proporcionandolhe um acréscimo no seu capital social de R$ 1.042.062.622,86”. 2.16. Em 15/09/2011, a SantosBrasil cindiuse: a porção cindida foi incorporada por SBPar; a porção remanescente somava R$ 10.000,00. Como faz notar a Fiscalização: “Conforme item 1.5 do “PROTOCOLO E JUSTIFICAÇÃO DE CISÃO PARCIAL DE SANTOSBRASIL S.A. SEGUIDA DE INCORPORAÇÃO, POR SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES S.A., DA PARCELA CINDIDA”, Anexo 01, a SB Par reconhece que responderá solidariamente pelas obrigações da Santos Brasil “Por força do disposto no artigo 229, §3º, da LSA, a Incorporadora sucederá de forma universal em todos os direitos, bens e obrigações SBSA compreendidos na parcela cincida”. 2.17. Disso, concluiu a Fiscalização, pela responsabilidade tributária de SBPar pelo crédito tributário ora constituído, nele compreendido tributo e multa de ofício. Dizia a Fiscalização: “212. Em consequência, a SBPar passou a ser responsável solidária pelos créditos tributários surgidos até a data da incorporação dos bens cindidos, conforme previsto no Código Tributário Nacional [na oportunidade citamse arts. 124, 129, 132 do mencionado Código, além dos arts. 207, inciso III, e seu parágrafo único, inciso II; destaque original]. [...] Fl. 4107DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.043 15 216. Mas, no caso em tela, a responsabilidade da cindenda não se adstringe aos tributos devidos pela cindida. Impõese à sucessora também responder pelas multas aplicáveis em função do descumprimento de deveres legais por parte da Santos Brasil, ainda que cominadas posteriormente ao evento sucessório. [...]. 217. A operação societária foi engendrada entre empresas participantes do mesmo grupo econômico, porquanto a Santos Brasil, à época, era subsidiária integral da SBPar. Destarte, tanto a cindida quanto a cindenda estavam sujeitas ao mesmo grupo de controladores à época da cisão parcial. 218. Assim, urge refutar peremptoriamente o desconhecimento por parte da cindenda dos atos praticados pela cindida. Tampouco se sustenta a hipótese de falta de conhecimento da sucessora quanto ao passivo (aqui entendido latu sensu) da sociedade cindida. Por conseguinte, justificase plenamente a responsabilidade da sucessora pelas infrações imutadas à sucedida, agastadas quaisquer hipóteses excludentes de responsabilidade juridicamente admitidas.” 2.18. Em 19/12/2011, derase a mais recente alteração estatutária, com o que, entre outros, o nome empresário de SantosBrasil passa para Numeral 80 Participações S/A. Encerrada a fiscalização, a recorrente teve ciência do auto de infração em 14/12/2012 (fl. 2471). Na sequência, apresentou impugnação em 14/01/2013 (fl. 2472/2561), a qual foi julgada totalmente improcedente, nos termos da ementa do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamentos (DRJ) que adiante segue transcrita (fl. 3404/3443): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. O processo de reorganização societária, mormente o promovido por cisões e incorporações dentro do mesmo grupo econômico, não elide a responsabilidade tributária da sucessora em relação ao crédito tributário (principal e multa) decorrente de infração tributária cometida por empresa sucedida. NEGÓCIO JURÍDICO. FORMALIDADE. ABUSO DE DIREITO.INOPONIBILIDADE. FRAUDE. QUALIFICAÇÃO DA Fl. 4108DF CARF MF 16 MULTA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Negócio jurídico realizado sob a ótica de legislação específica, de modo literal, com a inobservância, contudo, do ordenamento jurídico, é abusivo e inoponível ao Fisco, sujeitando o infrator a multa de ofício de 75% dos tributos devidos, quando não caracterizada, nos autos, conduta qualificada por fraude a autorizar a duplicação da penabase. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. PAGAMENTO. TERMO INICIAL. CONTAGEM. A contagem do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário, na hipótese de inexistência de pagamento antecipado, ainda que ausente dolo, fraude ou simulação, tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. EMPRESAS VEÍCULO. PROPÓSITO NEGOCIAL. ECONOMIA TRIBUTÁRIA. OPOSIÇÃO AO FISCO. IMPOSSIBILIDADE. DESPESA DE AMORTIZAÇÃO. DEDUÇÃO. GLOSA. É desprovida de propósito negocial aquisição de participação societária por pessoa jurídica constituída com finalidade precípua de economizar tributos, operando como veículo para que o ágio pago por investimento seja nele próprio alocado, cabendo glosar a dedução fiscal de sua amortização. FATOS PASSADOS. DECADÊNCIA TRIBUTÁRIA. REPERCUSSÃO EM EXERCÍCIOS FUTUROS. FISCALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. ESCRITURAÇÃO. DOCUMENTOS. GUARDA. PRAZO. O contribuinte está sujeito à fiscalização de fatos ocorridos em períodos passados quando eles repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, devendo conservar os documentos de sua escrituração, até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE. FATOS IMPONÍVEIS DISTINTOS. É cabível aplicação de multa isolada decorrente de falta de pagamento de estimativas mensais de imposto concomitantemente com multa proporcional incidente sobre aquele devido e não pago ao final do Fl. 4109DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.044 17 período de apuração anual, haja vista cuidarem de reprimendas a comportamentos distintos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Ano calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida em relação aos fatos que levaram à manutenção do IRPJ impõese também à CSLL, naquilo que for cabível, uma vez que ambos os lançamentos estão assentados nos mesmos elementos de prova. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Intimada da decisão supratranscrita em 17/10/2013 (fl. 3455/3456), a recorrente apresentou, então, recurso voluntário 14/11/2013 (fl. 3457/3576), no qual ventila as seguintes razões, em resumo: (i) Que restou comprovado que a reorganização societária em análise é a mais adequada em face dos obetivos pretendidos a época. (ii) Que a presente operação não pode ser analisada simplesmente do ponto de vista da validade dos atos societários considerados isoladamente, mas sim como um todo. (iii) Que é importante compreender o proposito negocial e econômico das operações societárias realizadas que deram origem a amortização do ágio. (iv) Que a reestruturação societária culminou na vontade dos seus antigos acionistas, pois havia constantes dissidências entre eles, e acabava por obstar a condição das atividades da recorrente, o que era negativo para seu crescimento. (v) Que os antigos acionistas alienaram suas ações, que foram adquiridas por Vitex, Bilimbi, Howland, Strelícia e Hermosa, possibilitando assim um maior consenso nas decisões empresariais, o que era necessário para o desenvolvimento e fortalecimento da recorrente no mercado. Fl. 4110DF CARF MF 18 (vi) Que a incorporação de algumas das acionistas da recorrente, teve a finalidade de simplificar a estrutura societária do grupo, entendida como fundamental para o sucesso da oferta publica das ações, quais seriam apresentadas em momento posterior, nos termos da Comissão de Valores Mobiliários, bem como para a adesão ao segmento de governança de corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA. (vii) Que de tal maneira, devese descartar o argumento do AFRFB, no sentido de que o ágio não teve propósito negocial e a única finalidade da reorganização teria sido a redução indevidamente o pagamento de tributos em razão da amortização do ágio. (viii) Que a reorganização societária levada em efeito pelo grupo buscava a retirada dos antigos acionistas da recorrente, seguida de uma simplificação da estrutura societária adotada com a redução de custos e aumento da lucratividade, com vistas a posterior oferta publica de ações e a consequentemente obtenção de recursos para o financiamento de suas atividades, o que ocorreu de fato, tendo sido inclusive noticiado pela imprensa. (ix) Que o AFRFB não questionou no TVF a regularidade formal dos fatos, e que ressaltou a sua aprovação pelo CADE. (x) Que a recorrente foi constituída em 05/09/1997, como sociedade de propósito especifico, originada de um consórcio de empresas, tendo sido criada com a finalidade de operar a explorar Terminais de Contêineres. (xi) Que antes das operações societárias discutidas nos autos, figuravam como acionistas da recorrente Opp Leste, Previ, Sistel, 252 Participações, Multi STS e Fia. (xii) Que em 17/02/2006, foi celebrado o contrato de Opções de Compra de Ações (fls. 521/577), qual se iniciou a estruturação da saída dos acionistas que não pretendiam permanecer na sociedade (Previ, Sistel, 252 Participações e Fia) em razão de conflitos diversos. (xiii) Quem em 30/05/2006 ocorreu à formalização das aquisições vinculadas a opção de compra de participações diretas e indiretas, por meio de Contrato de compra e venda (fls. 702/726) as empresas Vitex, Bilimbi, Howland, Strelicia e Hermosa. (xiv) As participações diretas e indiretas adquiridas representavam nesse momento 64,76% do capital da recorrente (35,04% participações diretas e 29,72% participações indiretas). Fl. 4111DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.045 19 (xv) Que as aquisições perfizeram o valor de R$ 451.182.156,41, o qual foi integralmente pago, a maior parte em dinheiro próprio e de terceiros obtidos mediante financiamento, e por um montante menor em debentures, sendo que a parcela de R$ 321.264.285,02, correspondia a ágio. (xvi) Que o pagamento do ágio está devidamente fundamentado com base na metodologia de fluxo de caixa descontado. (xvii) Que foi nesse momento que PW 237, que até então não participava diretamente do capital social, passou a deter 30% de participação societária, fato este que a DRJ ignorou. (xviii) Que o ingresso da PW 237 no grupo detentor do controle foi reconhecido pelo AFRFB no inicio do TVF (fls. 6), mas ao finalizar o mesmo, conclui de modo a não reconhecer as alterações realizadas na composição societária, (fls. 116). (xix) Que na mesma data das aquisições (30/05/2006), a recorrente resolveu incorporar as empresas Vitex, Bilimbi, Howland, Strelicia e Hermosa para fins de simplificação de sua estrutura societária. (xx) Que o propósito de simplificação da estrutura societária do Grupo era notório, na medida em que as empresas 525 e Opp Leste, quais não haviam adquirido participações, eram acionistas da mesma desde 1997, e que o próprio AFRFB reconhece nas fls. 03 do TVF, que estas eram acionistas desde a sua constituição. (xxi) Que tais operações societárias, foram realizadas dentro da estrita legalidade e revestiramse de evidente e legitimo propósito econômico, para a consequente obtenção de recursos financeiros para o desenvolvimento e expansão de suas atividades. (xxii) Que no mês de junho de 2006, após as incorporações das empresas Vitex, Bilimbi, Howland, Strelicia e Hermosa, passou a recorrente amortizar o ágio, nos exatos termos da legislação de regência. (xxiii) Que o AFRFB e a DRJ não buscaram a verdade material da operação como um todo, e concluíram de forma precipitada e equivocada que no caso concreto a amortização do ágio resultou em indevida redução de tributos, por não estar respaldada na legislação tributária e por decorrer de operações simuladas, sem propósito negocial. Fl. 4112DF CARF MF 20 (xxiv) Que cumpriu todos os requisitos legais e necessários para que fizesse jus ao aproveitamento fiscal da dedução de ágio questionada no processo administrativo fiscal. (xxv) Que em 30/05/2006, ficou demonstrado que as empresas Vitex, Bilimbi, Howland, Strelicia e Hermosa adquiriram participações societárias diretas e indiretas, tendo sido registrado um ágio de R$ 321.264.285,02 nesta operação. (xxvi) Que o próprio AFRFB, reconheceu o surgimento desse ágio, cuja amortização deuse no momento da aquisição de participação societária pelas empresas acima mencionadas. (fls.2314). (xxvii) Que a aquisição da participação societária foi equivalente a 64,76% das ações que detinha, sendo que com a incorporação de tais empresas nasceu para esta o direito de deduzir encargos de amortização do ágio para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. (xxviii) Que embora o ágio tenha sido amortizado nos anos posteriores, o fato contábil societário que deu origem ao mesmo ocorreu no anobase de 2006. Portanto, transcorreu o prazo decadencial de cinco anos entre o fato que propiciou o surgimento do ágio em 2006 e a lavratura do auto de infração em questão (12/12/2012). (xxix) Que conforme o art. 150, § 4° do CTN, o prazo decadencial é de 5 (cinco) anos, para a constituição de lançamento por homologação, e deve ser consideração como termo inicial da contagem do prazo o fato gerador. Sendo assim, a contagem do prazo decadencial do presente, deve ter inicio a partir da origem do ágio e não a partir da sua amortização. (xxx) Que o fisco, não poderia realizar lançamento de oficio sobre fatos pretéritos, já consumados no tempo em razão do decurso do prazo decadencial, para alcançar os efeitos decorrentes desses fatos, em períodos subsequentes. (xxxi) Que a aquisição de participação societária, deuse entre partes independentes e opostas, como o mesmo AFRFB reconheceu nas fls, 2355, e que as adquirentes das ações da recorrente não têm qualquer relação com os acionistas retirantes (fls. 3425/3426). (xxxii) Que foi utilizado o critério equivocado para verificar se havia ou não relação de interdependência entre adquirentes e alienantes. Pois para se estabelecer o nível de envolvimento entre as partes do negocio basta que se examine a composição da adquirente e da Fl. 4113DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.046 21 alienante, e não entre a alienante, adquirente e a companhia emissora das ações, como foi feito pela fiscalização. (xxxiii) Que os procedimentos contábeis e fiscais adotados pelas empresas adquirentes da participação de 64,76% na recorrente estão em total conformidade com o quanto requerido pelas normas contábeis e fiscais vigentes a época da operação. (xxxiv) Que segundo o art. 385 do RIR/99, o lançamento do ágio deverá indicar valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade, bem como, valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base na previsão dos resultados nos exercícios futuros ou fundi de comercio, intangíveis e outras razões econômicas. (xxxv) Que absorveu as empresas adquirentes por meio de incorporação, uma vez que estas ultimas tinham registrado ágio apurado com fundamento econômico na expectativa de rentabilidade dos resultados nos exercícios futuros da recorrente, conforme laudo de avaliação já mencionado. (xxxvi) Que a legislação estabelece a possível amortização do valor do ágio nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, à razão de uns sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração (inciso III e § 6º do artigo 386 do RIR/99). (xxxvii) Que nos termos da legislação acima mencionada, ocorrida à incorporação, surgiu o direito a dedução fiscal do ágio. (xxxviii) Que o aproveitamento do ágio decorrente de aquisição de sociedades, representa a mera fruição de um tratamento fiscal previsto em lei. (xxxix) Que AFRFB, indevidamente, desconsiderou de forma indireta a personalidade jurídica das mencionadas empresas adquirentes, ao afirmar que os reais adquirentes seriam Opp Fund, Multi STS, RK Participações e PW 237, presente nas fls. 3429 dos autos, o que não é admitido, em face da ausência de regulamentação do artigo 116 do CTN. (xl) Que os procedimentos necessários para a aplicação dessa norma, dependem de elaboração de lei ordinária, a qual até o presente momento, não foi editada, ou seja, a norma prevista n o parágrafo Fl. 4114DF CARF MF 22 único, do artigo 116 do CTN, de eficácia limitada, ainda não pode ser aplicada pelas autoridades fiscais. (xli) Que a confusão patrimonial, entendidas como necessárias pela fiscalização e pela DRJ a aplicação dos artigos 7º e 8º da lei nº 9.532/97 de fato ocorreram, haja vista que, com a incorporação promovida as empresas investidoras se extinguiram. (xlii) Que todos os atos praticados na reorganização societária por qual passou, além de serem notadamente validos, conforme legislação vigente a época dos fatos, possuem evidente propósito negocial. (xliii) Que os motivos que impulsionaram a utilização das empresas são intrinsicamente, extratributários, relacionados à reestruturação societária que se pretendia promover. Portanto, não se pode afirmar que a única finalidade de tais empresas era a de “carregar” o ágio até a recorrente, para que este pudesse ser amortizado. (xliv) Que a fiscalização não pode utilizarse de critérios eminentemente subjetivos, para valorar as escolas empresariais que envolveram a organização dos negócios. (xlv) Que mesmo se as aquisições se dessem de forma direta pelas empresas “veículos” também seria possível o aproveitamento do ágio, posição esta já reconhecida anteriormente pelo CARF. (xlvi) Que a simples existência das empresas “veículos” não é suficiente para que se infirme e validade de uma operação que culmine na amortização fiscal do ágio, pois no caso em tela, encontramse presentes o motivo, a finalidade e congruência dos atos praticados. (xlvii) Que prestou informações e forneceu documentos ao AFRFB no decorrer do procedimento de fiscalização, sem retardar, impedir, atrapalhar, nem confundir o trabalho fiscal. (xlviii) Que todos os atos societários foram devidamente registrados e arquivados nos órgãos societários competentes e declarados ao Fisco Federal, por meio das devidas obrigações acessória. (xlix) Que o recurso de oficio não deve prosperar, pois como visto, não bastasse à ausência de dolo, pois se demonstrou que foi prudente e precaveuse de todas as formas possíveis para realizar as operações, tendo buscado a opinião de assessores externos, ou seja, agiu dentro do campo da licitude. Fl. 4115DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.047 23 (l) Que no ano de 2006, houve o recolhimento de estimativas mensais, seja porque, naquele mesmo ano houve em diversas oportunidades a retenção do IRRF sobre aplicações financeiras, conforme DIPJ anexa. (li) Que os tributos exigidos, estão sujeitos ao lançamento por homologação, e parte dos fatos geradores ocorreram em 31/12/2006. (lii) Que somente foi cientificada das autuações em 14/12/2012, de modo que não ocorreu nenhuma das condutas previstas na Lei nº 4.5052/64. (liii) Que quando foi cientificada da lavratura dos autos de infração parte dos créditos tributários em questão já estava extinto, nos exatos termos dos artigos 150, §4° e 156, inciso V, ambos do CTN, ocorrendo assim à decadência do direito de constituição de eventual crédito tributário pelo Fisco. (liv) Que no presente, não se aplica a regra decadencial prevista no artigo 173, inciso I do CTN, mas sim o artigo 150, § 4° do mesmo. Pois efetuou diversos recolhimentos a título de IRPJ sobre os rendimentos a titulo de IRPJ e CSLL por estimativa, bem como houve a retenção, em diversas oportunidades do IRRF sobre os rendimentos e aplicações financeiras, (fls. 3657/3659, 3661/3663, 3674/3677, 3679/3683). (lv) Que não foi apontado no TVF qualquer legislação aplicável, para fundamentar a suposta necessidade de adição da despesa com ágio, a base de calculo da CSLL, o que macula a validade do presente lançamento, por ofensa ao principio da legalidade. (lvi) Que não deve prosperar a multa isolada exigida relativamente aos meses correspondentes aos anosbase de 2007 a 2011, pois como estes períodos já estavam encerrados quando da lavratura dos autos de infração em comento 12/12/12. (lvii) Que não pode haver sobre a mesma base de calculo, a cumulação de multa isolada com qualquer outra penalidade, o que se verifica na lavratura dos autos, pois há a cobrança da multa isolada com a multa de oficio, sobre os mesmos valores suspostamente devidos a titulo de IRPJ e CSLL. (lviii) Que o saldo inicial de prejuízo fiscais em 2006 considerado pelo AFRFB não é de R$ 8.779.511,17, como apontado na Planilha de Fl. 4116DF CARF MF 24 prejuízos fiscais de IRPJ, referente o ano calendário de 2006, mas sim de R$ 16.609.078,99 (fls. 3318/3319). (lix) Que o mesmo ocorreu em relação o saldo inicial de R$ 29.776.396,58 referente à base negativa da CSLL do ano calendário de 2006, qual não condiz com o valor apontado, relativo ao ano base de 2011, que é de R$ 32.737.729,49 (fls. 3320/3321). (lx) Que os autos lavrados, padecem de iliquidez e incerteza, pois o calculo efetuado, na base de calculo de negativa da CSLL compensada no ano de 2008, está incorreto, perfazendo um montante de R$ 584.200,80 (fls. 2883). (lxi) Que o não cumprimento das formalidades essenciais (intrínsecas) aos atos de lançamento, tais como a liquidez e certeza do calculo do tributo, como ocorreu no presente, tornaos nulos, gerando a obrigação para a Autoridade Julgadora cancelalos de oficio. (lxii) Que os juros calculados com base na taxa Selic, não podem ser exigidos sobre a multa de oficio lançada, por absoluta ausência de previsão legal, ao contrário do que decidiu a DRJ, pois a cobrança da Selic só é permitida sobre tributos. (lxiii) Que a cobrança da mesma, implica no desrespeito ao principio constitucional da legalidade expressamente previsto nos artigos 5°, II e 37 ambos da Constituição Federal, este que representa a base do Estado de Direito. (lxiv) Por fim, que se caso for mantido o auto de infração, que seja negado o provimento ao recurso de oficio e mantido a decisão da DRJ, na parte em quem cancelou a multa qualificada imposta.”. Cabe esclarecer que a recorrente a quem o Conselheiro Frizzo se refere é apenas a Numeral 80 Participações S/A, pois a responsável solidária Santos Brasil Participações S/A não interpôs recurso voluntário, embora devidamente intimada da decisão de primeira instância, conforme AR a fls. 3456. Em 17/06/2015, os autos foram devolvidos à Secam, pelo Conselheiro Márcio Frizzo, em razão de sua renúncia, conforme Despacho a fls. 4033. Por sua vez, o Despacho a fls. 4035 informa que, em sorteio realizado no dia 09/12/2015 nesta Turma, estes autos ficaram sob a minha relatoria. Em 11/02/2014 (despacho a fls. 3875), a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (a fls. 3812 e segs.), na qual alega, em apertada síntese, o seguinte: II – Da inexistência de decadência. Fl. 4117DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.048 25 a) Da contagem do prazo decadencial em face da amortização do ágio. Sobre a decadência, alega o recorrente que o direito de a Fazenda fiscalizar a operação que deu origem ao ágio aqui discutido (ocorrida em 30/05/2006) já estava decaído quando da sua ciência do auto de infração, ocorrida em 12/12/2012. Segundo ele, o prazo decadencial no presente caso deve ser contado a partir da operação societária que deu origem ao registro inicial do ágio: a aquisição do investimento com pagamento da “mais valia”. Não obstante o raciocínio delineado pelo recorrente, a assertiva por ele apresentada não encontra qualquer respaldo jurídico. Conforme será aqui demonstrado, o direito de a Fazenda fiscalizar os procedimentos relativos à criação de um ágio a ser amortizado não se submete ao prazo decadencial tributário. Por certo, o prazo decadencial deve ser aplicado à atividade tributante do Estado. Isto é, ocorrida a materialização da hipótese de incidência tributária prevista em lei (fato gerador), o Fisco tem o prazo de cinco anos para constituir a correspondente obrigação tributária por meio do lançamento. Tal como previsto no Código Tributário Nacional, em especial em seus artigos 150 e 173, o direito de a Fazenda Pública constituir os seus créditos tributários se subordina ao prazo decadencial de cinco anos. Assim, ocorrido o fato gerador previsto em lei (art. 150), ou a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173), o Fisco possui o prazo de cinco anos para efetuar o lançamento e constituir os correspondentes créditos fiscais. Vê‒se, assim, que, para a contagem da decadência, deve‒se ter em mira a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária que será constituída. Sem a materialização no campo da existência de qualquer hipótese de incidência tributária prevista em lei, não há que se falar em constituição de crédito fiscal, o que, por sua vez, afasta a possibilidade de contagem do prazo decadencial. Em resumo, não havendo fato gerador, não haverá prazo decadencial a ser contado. No caso do IRPJ, por exemplo, não ocorrendo a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza e o resultado ajustado positivo do exercício (antes da provisão para o imposto de renda), não haverá prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir as respectivas obrigações tributárias; não haverá o que lançar! Voltando ao caso ora em análise, indaga‒se: o pagamento do ágio previsto no artigo 385 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 – RIR/99 enseja a materialização da hipótese de incidência prevista para o IRPJ? O pagamento do ágio na aquisição de uma participação societária se enquadra como fato gerador de algum tributo federal? Fl. 4118DF CARF MF 26 A resposta a todas essas perguntas é uma só: o pagamento de um ágio na aquisição de uma participação societária não é fato gerador de nenhum tributo federal. Quem recebe o ágio aufere disponibilidade econômica, mas quem o paga, não. De fato, o pagamento de um ágio decorrente da aquisição de uma participação societária não se enquadra como hipótese de incidência tributária; não é um fato que interessa à atividade tributante do Estado. A “mais valia” paga por uma empresa na aquisição de uma participação societária não constitui fato gerador de nenhum tributo previsto na legislação. No que tange aos tributos aqui discutidos, a legislação aplicável ao IRPJ não admite o enquadramento do pagamento de um ágio como a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza ou de resultado positivo da atividade empresarial. Pelo contrário, a aquisição de um ágio significa a aquisição de uma expectativa de ganho futuro. Quando do efetivo pagamento do ágio, não há qualquer ganho auferido pela adquirente, apenas uma despesa, uma diminuição patrimonial. Ora, nesse esteio, não sendo o pagamento de um ágio fato gerador de nenhuma obrigação tributária, tem‒se, então, que, em face desse fato não corre qualquer prazo decadencial contra o Fisco. Não gerando obrigação tributária a ser lançada, o pagamento de um ágio não implica qualquer prazo decadencial a favor de quem o pagou e/ou contra o Estado. Contudo, de acordo com o RIR/99, essa “mais valia” constitui um “potencial” benefício fiscal a ser concedido pelo Estado. De acordo com o artigo 386 daquele Regulamento, a pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio apurado com base na rentabilidade futura do investimento, poderá, caso cumpridos os requisitos legais para tanto, amortizar o valor desse ágio na apuração do lucro real. Assim, ao adquirir uma participação societária com ágio, a pessoa jurídica adquire uma expectativa de direito de, no futuro, caso ocorra a situação prevista na legislação, poder amortizar esse valor na apuração dos tributos por ela devidos. Nessa hipótese, caso o investimento que deu origem ao ágio seja reunido com o próprio ágio (em resumo), a “mais valia” anteriormente paga passará a ter conotação fiscal. O ágio pago, que nunca foi e nunca será fato gerador de nenhuma obrigação tributária, passa a influenciar a apuração da base de cálculo dos tributos devidos pela empresa que o pagou. No que tange à fluência do prazo decadencial nesse caso, o Fisco possui cinco anos para constituir os créditos de IRPJ decorrentes da aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza e do resultado ajustado positivo auferidos pela empresa em determinado ano‒base. O ágio utilizado na apuração das respectivas bases de cálculo não compõe a hipótese de Fl. 4119DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.049 27 incidência dos referidos tributos, apenas afeta, quando da sua efetiva utilização, o cálculo do montante a ser pago (benefício fiscal). Com efeito, em face do ágio registrado por um sujeito passivo, o Fisco pode, ao averiguar a sua regularidade, concordar ou não com a sua amortização na apuração do lucro real. Se concluído que o registro contábil se adequa aos requisitos impostos pelo benefício fiscal concedido pela legislação, a amortização será homologada. Caso contrário, a amortização será glosada, sendo mantido, porém, a existência contábil do ágio registrado. De forma retórica, indaga‒se: diante do registro de um ágio em um livro de uma empresa, o que deve fazer um Auditor da Receita Federal? Segundo entende o recorrente, deve a Fiscalização averiguar a sua regularidade e glosar de forma cautelar o seu registro, haja vista que o sujeito passivo pode, no futuro, caso se envolva em uma reunião patrimonial‒societária deduzir a sua amortização na apuração do IRPJ. Nobres Conselheiros, diante dessa possibilidade inimaginável, não há mais nada o que falar!!! Não sendo fato gerador de nenhum tributo, não há crédito tributário a ser lançado. Sendo um mero registro contábil “para o futuro”, não há cálculo de tributo “no presente” que possa ensejar a sua glosa “no presente”. (...) Mostra‒se, com isso, que, no caso dos presentes autos, o que é objeto do lançamento tributário é a apuração das bases de cálculo do IRPJ realizada pelo contribuinte autuado, não o ágio por ele registrado. Independentemente da conclusão do presente processo, o ágio contabilizado será mantido; o que se discuti aqui é o seu enquadramento no benefício fiscal concedido pelos artigos 385 e 386 do RIR/99. (...) b) Da ausência de pagamento antecipado no ano‒calendário de 2006. O recorrente tenta afastar a incidência do artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional quanto aos tributos referentes ao ano‒calendário de 2006, sob a justificativa de que, nesse ano, houve pagamentos antecipados por meio das estimativas pagas e do IRRF incidentes sobre suas aplicações financeiras. Sendo assim, a decadência deve ser reconhecida com base no artigo 150, § 4º, do CTN. (...) Fl. 4120DF CARF MF 28 Dessa forma, de acordo com o entendimento que prevalece sobre a contagem do prazo decadencial nos casos de lançamento por homologação, portanto, não tendo a recorrente apurado IRPJ e CSLL a pagar, não há que se falar em pagamento a ser homologado nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN. Portanto, sendo incontestável que a SANTO‒BRASIL não pagou de forma antecipada qualquer parcela do IRPJ e da CSLL no ano‒calendário de 2006, uma vez que sequer apurou em sua DIPJ débitos a pagar, o prazo para constituição dos referidos tributos deve ser contado pelo artigo 173, I, do CTN. III – Da indedutibilidade do ágio amortizado. Segundo consta do Termo de Verificação Fiscal, o ágio deduzido pelo autuado é indedutível nos termos da legislação fiscal porque decorre da participação fraudulenta de cinco “empresas veículos” na aquisição de 64,76% de suas ações. (...) b) Dos reais adquirentes das ações da SANTOS‒BRASIL. Antes de iniciar a análise da dedutibilidade do ágio propriamente dita, deve‒se, por razões meritórias, demonstrar quais foram os reais adquirentes das ações da SANTOS‒BRASIL. Sobre esse ponto, em decorrência da simulação reconhecida, a Fiscalização considera que foram as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND. O contribuinte, por seu lado, afirma que foram as empresas VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI. A fim de apurar os reais adquirentes das ações da SANTOSBRASIL, antes detidas pelo FUNDO CVC, FIA, PREVI e SISTEL, deve‒se aferir a origem dos recursos utilizados, e sobre esse aspecto não há controvérsia. Por certo, tanto a Fiscalização como o contribuinte concordam que os recursos utilizados para a aquisição das ações da SANTOS‒BRASIL tiveram origem nas empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND. Nesse diapasão, registram‒se os seguintes trechos do Termo de Verificação Fiscal e do Recurso Voluntário: (...) Com efeito, os recursos utilizados na aquisição das ações da SANTOS‒BRASIL tiveram origem nas empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND. Tais empresas foram responsáveis pelos recursos aportados na VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI, os quais foram integralmente utilizados na aquisição das ações do recorrente. Os aportes de recursos, por sua vez, ocorreram em dinheiro e em debêntures da SANTOSBRASIL. Fl. 4121DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.050 29 Voltando aos fatos acima descritos, destacam‒se os aumentos de capitais realizados nos dias 24/02/2006, 22 e 29/05/2006 que totalizaram R$ 135.674.297,00. Já no dia 30/05/2006, data do fechamento do Contrato de Opção de Compra e Venda, as empresas VITEX, BILIMBI e HOWLAND receberam R$ 330 milhões do BANCO CREDIT SUISSE, oriundos de um financiamento cujo pagamento foi garantido também pela MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND. Portanto, a partir da incontestável origem dos recursos, demonstra‒se que os reais adquirentes das ações da SANTOS‒BRASIL não foram a VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI, mas sim a MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND. Foram essas empresas que sacrificaram os seus patrimônios em troca de novas ações da SANTOS‒BRASIL. Em que pese a VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA E BILIMBI terem aderido ao contrato como adquirentes, terem entregado os recursos necessários a tal aquisição, e terem recebido as ações, as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND foram as reais adquirentes. Foram essas empresas que negociaram com o FUNDO CVC, FIA, PREVI e SISTEL o preço a ser pago, as condições de pagamento, e a forma como a participação acionária seria entregue. Além disso, foram essas empresas que efetivamente arcaram com o preço e passaram a ser as titulares das ações adquiridas. A VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI, portanto, foram apenas “empresas de gaveta”, por meio das quais as reais adquirentes resolveram concretizar o acordo que seria celebrado com os vendedores. Nesse esteio, tais empresas foram adquiridas pelos reais adquirente poucos dias antes do acordo ser fechado, figuraram como partes no contrato, e serviram de “ponte” para a transferência tanto do pagamento como das ações que seriam entregues. Ao final, com a incorporação delas pela SANTOS‒BRASIL, a participação da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA E BILIMBI na aquisição das ações foi completamente desfeita, tal como se elas nunca tivessem existido. Vale ressaltar que todas as empresas que o recorrente defende como adquirentes das suas ações, foram adquiridas por suas controladoras contendo um capital social de R$ 100,00 e, ao longo de suas existências, tiveram como únicas operações relevantes aquelas que envolveram a aquisição das ações da recorrente (aportes de capitais, financiamento com o BANCO CREDIT SUISSE, aquisição das ações, e extinção por incorporação). Outrossim, no mesmo dia em que adquiriram as ações foram extintas. Destaca‒se, também, o fato de que as empresas BILIMBI, STRELÍCIA e HOWLAND se situavam no mesmo endereço da PW 237 (Av. Presidente Wilson, 231, 28º (parte), Fl. 4122DF CARF MF 30 Centro, Rio de Janeiro), e as empresas HERMOSA e VITEX apresentavam o mesmo endereço da MULTI STS (Av. Nilo Peçanha, 11, Grupo 404 parte, Centro, Rio de Janeiro). Tal fragilidade existencial da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA E BILIMBI explica, dessa forma, o motivo pelo qual as reais adquirentes aparecem como intervenientes em todos os acordos em que as “empresas veículos” participam. Por óbvio, como não eram pessoas jurídicas que continham caráter de continuidade, e sequer lastro financeiro quando da assinatura dos contratos, as suas obrigações deveriam necessariamente ser assumidas também pelos seus sócios. Destarte, demonstrado que as reais adquirentes das ações da SANTOS‒BRASIL foram as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND, e que a VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI serviram apenas como uma “ponte” na concretização dessa operação, parte‒se à análise da dedutibilidade do ágio com base nessa conclusão. c) Do não cumprimento do requisito à dedutibilidade do ágio previsto na Lei nº 9.532/1997. Da leitura do artigo 386 do RIR/99, o qual repete o conteúdo dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997, observa‒se que a dedutibilidade da amortização de um ágio decorre do encontro num mesmo patrimônio da participação societária adquirida com ágio com esse mesmo ágio. Ou seja, há um encontro do adquirente com o investimento adquirido. Em face, portanto, dessa confusão patrimonial entre investidora e investida, a legislação admite que o contribuinte considere perdido (presunção) o seu capital investido com ágio e, assim, deduza a despesa que teve com o pagamento da “mais valia”. O artigo 386 assim prevê: (...) Portanto, ao contrário do que muitos entendem , o direito à dedução fiscal do ágio não decorre simplesmente do seu efetivo pagamento. Como visto na norma supracitada, o direito à dedução nasce da “confusão patrimonial” entre investida e investidora. Caso assim não seja entendido, o artigo 386 do RIR/99 se torna letra morta. Para fins de dedutibilidade do ágio, dessa forma, é imperioso que haja a presunção de perda do investimento contida nos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997. Todavia, para que haja essa “confusão patrimonial” entre investida e investidora, é imprescindível que a “mais valia” contabilizada tenha sido efetivamente suportada por alguma das pessoas que participa da “confusão patrimonial”. O real investidor, portanto, deve se confundir com o seu investimento. Em outras palavras, no caso de uma incorporação, para que o ágio registrado possa ter a sua amortização deduzida nos termos do artigo 386 do RIR/99, deve a pessoa jurídica que efetivamente suportou o ágio pago na aquisição de um investimento incorporar esse investimento, ou ser incorporada por ele. O ágio deve, portanto, ser de Fl. 4123DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.051 31 fato pago por alguma das pessoas jurídicas que participa da incorporação, fusão ou cisão societária. Se assim não for, será impossível o ágio ir de encontro com o investimento que lhe deu causa. Vale dizer, portanto, que, de acordo com a previsão legal, qualquer situação diferente da hipótese aqui ventilada não admite a dedução da despesa com amortização do ágio. Uma incorporação, fusão ou cisão societária que envolva um ágio que não foi de fato arcado por nenhuma das pessoas participantes da operação societária não permitirá a aplicação do benefício fiscal instituído pelo artigo 386 do RIR/99. O ágio pode até existir contabilmente em face da aplicação do Método de Equivalência Patrimonial, mas não será dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Nesse diapasão, registra‒se o teor do Acórdão nº 1302‒00.834, de lavra da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, o qual, em caso similar ao ora analisado, afastou a possibilidade de transferência do ágio de uma empresa para outra por absoluta ausência de previsão legal para tanto: (...) Voltando ao caso em análise, o recorrente defende que tal “confusão patrimonial” exigida pela legislação ocorreu quando a SANTOSBRASIL incorporou o patrimônio da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA E BILIMBI. Segundo ele, em face dessa operação, os investidores (VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI) tiveram seus patrimônios absorvidos pelo investimento (SANTOS‒BRASIL). Todavia, como visto no item anterior, tendo sido as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND as reais adquirentes das ações da SANTOS‒BRASIL, não há como a incorporação da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI justificar a dedutibilidade desse ágio nos termos do artigo 386 do RIR/99. Por certo, com a incorporação da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI pela SANTOS‒BRASIL, não há como defender que houve o encontro num mesmo patrimônio do ágio pago pelas ações da SANTOS‒BRASIL com a própria SANTOS‒BRASIL, pois quem efetivamente adquiriu essa empresa com ágio nunca a incorporou (ou foi por ela incorporado). Assim, na situação estudada, nenhuma das empresas participantes da operação societária arcou de fato com o ágio pago na aquisição das referidas ações. Não houve, portanto, “confusão patrimonial” entre investida e investidoras. Desta feita, o ágio absorvido pela SANTOS‒BRASIL com a incorporação da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI não se encaixa no benefício fiscal previsto no artigo 386 do RIR/99. Fl. 4124DF CARF MF 32 A única possibilidade de o ágio decorrente da aquisição da participação acionária da SANTOS‒BRASIL ser dedutível ocorreria caso essa empresa fosse incorporada ou incorporasse o reais adquirentes de suas ações. E como isso poderia ocorrer? Caso as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND tivessem incorporado a SANTOS‒BRASIL, ou vice‒versa. Caso o ágio pago tivesse encontrado efetivamente o investimento que lhe deu origem, a sua amortização seria dedutível nos termos do artigo 386 do RIR/99. Na presente lide, como não o foi, não há benefício fiscal a ser reconhecido. Vê‒se, assim, que as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND, na verdade, tentaram transformar o ágio pago quando da aquisição das ações da SANTOS‒BRASIL em uma verdadeira “moeda de dedução”, a qual poderia ser transmitida a quem ela quisesse. Tais empresas tentaram “autonomizar” o ágio. Sem maiores delongas, é evidente que esse não foi o intuito do legislador ao editar os artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997. Portanto, uma vez o ágio absorvido pela SANTOS‒BRASIL não tendo sido efetivamente suportado nem pela SANTOS‒BRASIL nem pela VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI, ele não é dedutível nos termos do artigo 386 do RIR/99. A intenção do legislador ao permitir a dedução da despesa com amortização do ágio oriundo da aquisição de uma participação societária foi beneficiar o real adquirente de uma participação societária, e não transformar o potencial direito à dedução dessa despesa em uma “moeda” que pudesse ser transferida a quem o seu detentor quisesse. Acerca do argumento do recorrente de que o efeito fiscal por ele almejado com a participação das empresas VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI seria o mesmo caso as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND tivessem adquirido diretamente as ações da SANTOS‒BRASIL, destaca‒se que, por proporcionar uma renúncia fiscal, a previsão legal de dedução da amortização do ágio deve ser interpretada de forma literal e restritiva. Ou seja, se o comando normativo prevê a “confusão patrimonial” entre investidora e investida, o benefício fiscal deve ser reconhecido exclusivamente nessas situações. Não há como estendê‒lo a outras hipóteses similares, onde o efeito prático seria o mesmo. Nesse diapasão, deve‒se ressaltar os julgamentos relativos aos processos nº 11020.724901/2011‒30 e 16327.721354/2011‒18, que culminaram com a edição dos Acórdãos nº 1402‒001.404 e 1103‒000.974, ainda não formalizados, pelos quais o CARF entendeu que a aquisição de investimento por meio de empresa veículo sem propósito negocial não autoriza a dedução do ágio conforme prevê a Lei nº 9.532/1997. Fl. 4125DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.052 33 IV – Razão ao recurso de ofício. Da devida qualificação da multa de ofício. No que tange à qualificação da multa de ofício, em que pese o entendimento da decisão recorrida, correta fora a atitude da Fiscalização, a qual pautou a sua conclusão na simulação orquestrada pelo contribuinte em conluio com outras empresas. Com efeito, não fosse a participação artificial da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI na aquisição das ações da SANTOS‒BRASIL, o ágio pago não seria deduzido da forma como foi. Explica‒se. Tal como exposto no item anterior, a Lei nº 9.532/1997 exige à dedutibilidade do ágio a “confusão patrimonial” entre investida e investidora (real adquirente do investimento), e, como visto, esse fato não ocorreu no presente caso, uma vez que as reais adquirentes das ações da SANTOS‒BRASIL não a incorporam ou foram incorporadas por ela. Partindo, portanto, da dedução ilícita do ágio pelo contribuinte e da sequência de operações societárias realizadas, é possível aferir o resultado pretendido pelo contribuinte: conseguir deduzir fiscalmente o ágio que seria pago pelas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND, em face da aquisição de suas ações, sem, contudo, ter que realizar a “confusão patrimonial” entre investidora e investida exigida pela lei. De fato, vendo as operações realizadas com um filme, é possível visualizar o resultado obtido pela MULTI STS, RK, PW 237, OPP FUND, além da própria SANTOS‒BRASIL: uma vez acordada a aquisição das ações, fora orquestrada uma sequência de operações artificiais que permitiriam a dedução do ágio, que inevitavelmente seria pago, e sem que fosse necessário os reais adquirentes das ações ter que, por exemplo, incorporar ou ser incorporado pela SANTOS‒BRASIL. E, como isso foi feito? Fazendo com que as reais adquirentes adquirissem, poucos dias antes da celebração do acordo, cinco “empresas de gaveta”, as quais, sendo utilizada como “ponte” tanto para a transferência do pagamento como para as ações que seriam entregues, figurariam de forma artificial como “reais adquirentes” das ações da SANTOS‒BRASIL. Ao final, por lógico, essas “empresas de gaveta” deveriam ser extintas, a fim de que as reais adquirentes das ações as detivessem de forma direta. Portanto Senhores Conselheiros, a controvérsia tanto do mérito dos presentes autos como da qualificação da multa de ofício é esta: é lícita a interposição de “empresas de gaveta” na aquisição de um investimento e, ainda assim, usufruir um benefício fiscal que fora editado visando reais aquisições societárias? Fl. 4126DF CARF MF 34 Para a Fiscalização, assim como para esta Procuradoria, a resposta só pode ser negativa. Não há como estender o benefício previsto na Lei nº 9.532/1997 para um caso onde a empresa que adquiriu a participação societária é uma “empresa de gaveta”. E mais, “empresa de gaveta” esta que foi incluída no processo de aquisição do investimento com prazo certo de vigência, ou seja, programada para ser extinta. Caso o dispositivo legal pretendesse inserir em seu campo de incidência tal artificialidade, ele não teria lançado mão de conceitos específicos, tais como “absorver patrimônio de outra” e “adquirida com ágio”. A norma simplesmente teria estabelecido que, havendo uma aquisição de participação societária com ágio pautado em sua rentabilidade futura, essa “mais valia” geraria uma despesa dedutível ao próprio investimento adquirido. Mas não, expressamente ela determina que para a concessão da redução fiscal haja a “confusão patrimonial” entre a investida e a real investidora, pois, só assim haverá a presunção de perda do investimento adquirido. No caso dos presentes autos, como já dito, não ocorre essa presunção, uma vez que as reais adquirentes das ações da SANTOS‒BRASIL não se “confundiram patrimonialmente” com ela. E justamente essa era a intenção do contribuinte e das outras empresas: simular a materialização dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997. A simulação ocorreu em razão da participação artificial da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI na aquisição. Como fora visto, não obstante essas empresas constarem dos contratos, elas jamais adquiriram as ações. Quem o fez foram as empresas MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND, as quais, após o tempo calculado, acabaram sendo as efetivas detentoras das ações. Dessa forma, a simulação fica caracterizada em decorrência da seguinte divergência entre a vontade declarada e a vontade real aferida dos fatos: (i) Vontade declarada – aquisição pela VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI de 64,76% das ações da SANTOS‒BRASIL, com pagamento de ágio, seguida da incorporação daquelas pela segunda, e aproveitamento fiscal da “mais valia” conforme prevê a Lei nº 9.532/1997. (ii) Vontade real aferida – aquisição pela MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND de 64,76% das ações da SANTOSBRASIL, com pagamento de ágio, e aproveitamento fiscal da “mais valia” pela própria SANTOS‒BRASIL sem ter cumprido a exigência prevista na Lei nº 9.532/1997. Portanto, o evidente intuito doloso do contribuinte resta claro quando se vê que todos os atos e negócios que envolveram a VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI se traduzem em documentos de conteúdo falso, uma vez que atestaram a participação de “empresas de gaveta”. Empresas estas que, para que o contribuinte atingisse o seu objetivo, tinham que ser extintas, assim como acabou ocorrendo. Fl. 4127DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.053 35 Vale ressaltar que não se está aqui a defender que as MULTI STS, RK, PW 237 e OPP FUND deveriam ter adquirido as ações da SANTOSBRASIL de forma direta. Não. O que se está aqui demonstrando é que, partindo do resultado ilícito obtido pelo contribuinte (dedução do ágio sem que tenha havido a “confusão patrimonial” exigida pela Lei nº 9.532/1997), a participação da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI na aquisição não pode ser oposta contra o Fisco. Tal participação acabou proporcionando o gozo indevido de um benefício fiscal. Vendo de forma isolada, as operações de aquisição das ações da SANTOS‒BRASIL e de incorporação da VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI são válidas. Contudo, quando se nota a negociação que fora inicialmente estabelecida com o FUNDO CVC, FIA, PREVI e SISTEL e o resultado final obtido por meio das operações realizadas, vê‒se a ilicitude conseguida, assim como o dolo de fraude nessa intenção. Acerca do propósito negocial defendido pelo recorrente na utilização as empresas VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI, destaca‒se que todos os argumentos por ele alegados não condizem com a realidade. De início, sobre a afirmação de que a criação das empresas decorreu de uma imposição feita pelo BANCO CREDIT SUISSE para a concessão do financiamento, ressalta‒se que, além de o recorrente não ter comprovado tal exigência, a extinção das “empresas veículos” no mesmo dia em que receberam o financiamento põe por terra tal afirmação. Ora, se o BANCO CREDIT SUISSE exigiu o isolamento do crédito em sociedades “limpas” e “sem passado” (expressões utilizadas pelo recorrente), por que a dívida fora assumida no mesmo dia por sociedades “sujas” e “com passado”? Por certo, não há como imaginar que, tal como fora afirmado pelo recorrente, o BANCO CREDIT SUISSE, que “possui profissionais suficientemente qualificados”, se deixaria enganar de tal forma. Portanto, ao contrário do que afirma o recorrente, tal conclusão não decorre de uma observação impertinente, mas sim de uma questão de lógica. Se o BANCO CREDIT SUISSE exigiu que o crédito do financiamento fosse assumido por empresas “limpas”, por que no mesmo dia esse financiamento foi assumido por empresas antigas? Como visto, o suposto isolamento exigido pelo banco não durou sequer um dia! Em segundo lugar, no que toca à alegação de que a participação das “empresas veículos” decorreu da necessidade dos reais adquirentes segregar o investimento adquirido das demais atividades do grupo econômico, tal como no aspecto anterior, o fato de tais empresas terem sido extintas no mesmo dia em que adquiriram as ações não permite que essa afirmação seja aceita. De fato, se o intuito do grupo era segregar as ações da SANTOS‒BRASIL do resto das atividades dos Fl. 4128DF CARF MF 36 grupos econômicos que as adquiriram, por que as empresas, responsáveis por esta segregação, foram extintas no mesmo dia da aquisição? Que segregação é essa que não dura sequer um dia? E mais, por que os Grupos OPPORTUNITY e FINK teriam intenção de segregar um investimento que já detinham de forma direta? Vale lembrar que, antes da aquisição, o Grupo OPPORTUNITY detinha 22,73% das ações da SANTOS‒BRASIL, e o Grupo FINK, 12,51%. Por último, acerca da afirmação de que a extinção das “empresas veículos” teve como objetivo a simplificação societária a fim de obter sucesso na futura oferta pública de ações, destaca‒se que a solução pretendida pelo contribuinte decorre de um problema que ele próprio deu causa. Em resumo, ele afirma que o grupo econômico tinha que simplificar uma estrutura que ele próprio criou. E mais, complexidade esta que foi criada no mesmo dia em que foi extinta. Portanto, demonstra‒se que o recorrente não consegue demonstrar as razões extrafiscais que levaram à participação das empresas VITEX, HERMOSA, HOWLAND, STRELÍCIA e BILIMBI na aquisição das suas ações. Sem ter a necessidade de abordar qualquer aspecto de ingerência empresarial, os argumentos propostos pelo recorrente são completamente falaciosos. Eles não suportam uma simples comparação com os fatos. No que tange ao entendimento de que a publicidade e a regularidade dos atos praticados pelo contribuinte afastam o seu evidente intuito doloso, ressalta‒se que tais aspectos de validade dos atos artificiais praticados são necessariamente parte integrante da simulação praticada. Por certo, não existindo essa publicidade e regularidade, o contribuinte não teria agido de forma simulada, com a intenção de declarar uma vontade diversa da sua real intenção. Sem atos válidos, o contribuinte não teria praticado simulação, mas sim erros grosseiros, pois os atos formais praticados sequer existiriam. Portanto, ao invés de afastar o dolo, o cumprimento de todos os requisitos de existência, validade e eficácia dos atos formais praticado atestam tal aspecto. Demonstram o evidente intuito do contribuinte em fazer com que o Fisco incorresse em erro no momento da apuração do fato gerador dos tributos. Por fim, acerca do Parecer elaborado por Nelson Carvalho, chama‒se atenção para o fato de que, de acordo com a parte inicial do referido documento, ele não serve para demonstrar a boa‒fé do contribuinte. Isso porque, conforme o parecerista informa no início de sua peça, a ele foi prestada a informação de que “(ii) após a concretização dessas transações, as adquirentes (responsáveis, de forma direta ou indireta, pelo pagamento de ágio) serão incorporadas pela Santos‒Brasil (a até então “controlada”), através de transação denominada “incorporação reversa””. Ou seja, o parecerista emitiu sua opinião a favor da dedutibilidade do ágio com base na informação de que as reais adquirentes seriam incorporadas pelo contribuinte. Com efeito, ao dizer Fl. 4129DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.054 37 que as adquirentes seriam aquelas empresas responsáveis de forma direta ou indireta pelo pagamento, o parecerista fez expressa menção à origem do pagamento. V – Da responsabilidade solidária da SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES S/A em face da incorporação do patrimônio cindido do contribuinte. a) Da responsabilidade no caso de cisão. Como primeiro ponto de insurgência, acerca da ausência de responsabilidade tributária em face de cisão empresarial, destaca‒se que tanto a jurisprudência administrativa como a judicial já sedimentaram entendimento de que essa modalidade de mutação empresarial, em que pese não estar prevista expressamente no artigo 132 do CTN, se submete a essa norma específica. Com efeito, não há qualquer motivo razoável que justifique a exclusão dessa modalidade dos efeitos pretendidos pelo artigo 132. Caso tal exceção fosse possível, sem sombra de dúvidas não haveria mais fusões, transformações ou incorporações, mas apenas “cisões” com os mesmos efeitos, as quais seriam realizadas tão somente para livrar as empresas resultantes da responsabilidade tributária sobre os débitos então existentes. Outrossim, vale ressaltar o conteúdo do artigo 5º do Decreto‒Lei nº 1.598/1972, o qual estabelece de forma expressa a responsabilidade solidária da pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra em face de cisão parcial: (...) Outrossim, valem ser registrados dois aspectos. O primeiro deles envolve o fato de que, de acordo com o Protocolo e Justificação de Cisão Parcial da SANTOS‒BRASIL, em face da cisão, a SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES passou a suceder de forma universal em todos os direitos, bens e obrigações da SANTOS BRASIL compreendidos na parcela cindida. E mais, após a cisão, a SANTOS BRASIL permaneceu apenas com R$ 10 mil em seu caixa. Ou seja, de acordo com o próprio Protocolo de Cisão, a SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES é responsável solidária pelo patrimônio que era da SANTOS BRASIL e foi beneficiado pela dedução indevida do ágio aqui discutido. Tendo a SANTOS BRASIL permanecido com apenas R$ 10 mil, por óbvio que a parcela do seu patrimônio beneficiada pelo ágio foi absorvida pela SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES. Como segundo aspecto, destaca‒se o fato de que a cisão parcial do patrimônio da SANTOS BRASIL seguida da incorporação pela SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES, ocorreu quase um ano depois do início do procedimento de fiscalização que deu ensejo ao presente Fl. 4130DF CARF MF 38 processo administrativo. Com efeito, tendo recebido o Termo de Início de Ação Fiscal em 20/12/2010, a cisão ocorreu no dia 15/09/2011. Ou seja, praticamente cometendo uma fraude contra credor (Fazenda Nacional), o contribuinte pretendeu dissipar o seu patrimônio a fim de evitar que ele respondesse por eventuais débitos fiscais. Sendo assim, não há como negar a caracterização da SANTOS BRASIL PARTICIPAÇÕES como responsável solidário dos débitos aqui discutidos. Além de ter assumido documentalmente tal ônus, pela data em que a cisão ocorreu e o início do procedimento de fiscalização que deu origem ao presente processo, a sua responsabilidade, além de legal, é justa. (...)”. É o relatório. Voto Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior O recurso voluntário interposto por Numeral 80 Participações S/A é tempestivo e foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração a fls. 2567/2568, razão pela qual dele conheço. Frisese, novamente, que a responsável solidária, Santos Brasil Participações S/A, não interpôs recurso voluntário, embora devidamente intimada da decisão de primeira instância. DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA Em preliminar de mérito, alega a recorrente que: “Assim, não poderia o Sr. Auditor Fiscal questionar a legalidade dos atos que originaram o direito ao aproveitamento do ágio, que surgiu, repitase, em 2006, eis que transcorreu o prazo decadencial de cinco anos entre o fato que propiciou o surgimento do ágio em 2006 e a lavratura dos autos de infração em questão (12/12/2012)” Tratase de um rotundo equívoco da recorrente, pois a decadência, como perda do direito potestativo de o Fisco efetuar o lançamento tributário, tem sempre como baliza, seja diretamente (art. 150, § 4º, do CTN) ou indiretamente (art. 173, I, do CTN), o fato gerador do tributo. Pelo art. 150, § 4º, do CTN, o dies a quo do prazo decadencial é a própria data do fato gerador do tributo, já, na regra do art. 173, I, do CTN, o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia lançar, o que exige também que primeiro identifiquemos a data do fato gerador do tributo, para depois concluir quando o Fisco poderia ter efetuado o lançamento. Ora, o recorrente tenta alterar a disciplina legal para sustentar que o marco do prazo decadencial tributário seria o fato gerador do ágio contabilizado, ou seja, a data do evento do qual resultou o registro contábil do ágio, o que é totalmente infundado. O fato gerador que fixa a decadência tributária é aquele que faz nascer o tributo e, o pagamento do ágio em 2006 não gerou qualquer impacto nas bases tributáveis do investidor naquele momento. Fl. 4131DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.055 39 Ademais, a despesa com amortização do ágio é apenas um elemento que irá compor a base tributável do fato gerador em tela, sendo que todos os elementos que compõem tal base tributável são auditáveis pelo Fisco, logicamente, dentro do prazo decadencial fixado no CTN. É, por isso, que o legislador ordinário previu a obrigatoriedade de o contribuinte guardar a documentação comprobatória de eventos que possam impactar resultados tributáveis futuros, se não vejamos como dispõe o art. 37 da Lei 9.430/96. Art. 37. Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. Por essas razões, voto por afastar a preliminar de decadência. DO MÉRITO A situação fática pode ser assim sintetizada: 1º A Multi STS e a RK (Grupo Fink), a OPP Fund (Grupo Opportunity) e a PW237 (Grupo Dório), ao invés de adquirirem diretamente as participações que o Fundo CVC, a FIA, a PREVI e a SISTEL detinham na recorrente, elas o fizeram por meio de empresas que depois vieram a ser absorvidas pela recorrente e, consequentemente, o ágio pago passou a ser amortizado na recorrente. 2º Para melhor compreensão dos meus pares, alerto que o PW237 (Grupo Dório) não fazia parte do quadro societário da recorrente inicialmente, sendo que passou a fazer parte, indiretamente, a partir do momento que suas controladas Howland e Strelícia adquiriram a participação na recorrente. 3º Vale ressaltar que o ágio foi pago pela Bilimbi, Vitex, Hermosa, Howland e Strelícia a pessoas jurídicas desvinculadas dos grupos compradores (Opportunity, Fink e Dório), ou seja, ao Fundo CVC, FIA, PREVI e SISTEL. Assim, mesmo para aqueles que glosam a despesa com ágio interno antes da Lei 12.943/14, neste caso, não há que se falar que o ágio era interno aos grupos. Isso pode ser constatado da própria tabela constante do TVF a fls. 2318. DA INFRAÇÃO IMPUTADA Assim, essa é mais uma autuação que envolve discussões sobre a dedutibilidade da despesa com amortização do ágio por expectativa de rentabilidade futura, sendo importante ressaltar que o caso sub examine não se configura como operação casasepara nem envolve discussão sobre ágio interno, já que se resume unicamente à alegação de uso de empresas veículos na situação retro mencionada. Antes de analisar qual a infração imputada à recorrente, cabe alertar que o julgamento no âmbito do CARF é de cognição restrita. O próprio RICARF e a Súmula no 2 já vedam qualquer juízo de constitucionalidade de lei. Na verdade, isso decorre do fato de que a atividade dos colegiados do CARF não passa de mero controle de legalidade dos lançamentos tributários. Assim, ou se demonstra que a operação está maculada por alguma patologia Fl. 4132DF CARF MF 40 jurídica ou ela é lícita e a ela devemos dar os efeitos que lhe são próprios segundo a legislação tributária. Da leitura do TVF, constatase que a infração imputada à recorrente tem como ponto fulcral a alegação de que as pessoas jurídicas Vitex, Bilimbi, Howland, Strelícia e Hermosa eram empresas “veículos” e, assim entendendo, os autuantes concluem que não teria ocorrido a incorporação que autorizaria a dedutibilidade da despesa com amortização do ágio na recorrente, pois quem teria efetivamente pago o ágio seriam a Multi STS (Grupo Fink), a OPP Fund (Grupo Opportunity) e a PW237 (Grupo Dório) e, não, as pessoas jurídicas (controladoras) que foram incorporadas pela recorrente (controlada). Vejamos, então, alguns trechos do TVF: “145. As empresas Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelicia, conforme constam nas DIPJ 2006, anocalendário 2006, informaram que não possuíam empregados, e que, além das despesas decorrentes das aquisições societárias, tais como, IOF, CPMF, despesas cartoriais e de publicações, não realizaram despesas operacionais a título de Remuneração a Dirigentes, de Prestação de Serviços por Pessoa Física sem Vínculo Empregatício, de Prestação de Serviços por Pessoa Jurídica, de Aluguéis, etc. As fichas 4A e 5A, onde são informados os custos e despesas incorridas pela empresa, estão praticamente zeradas. 146. Ora, se estas empresas não remuneraram dirigentes e não possuíram qualquer despesa a título de Prestação de Serviços por Pessoa Física sem Vínculo Empregatício e de Prestação de Serviços por Pessoa Jurídica, quem foi o executor dos serviços para constituição da empresa, dos serviços contábeis, dos serviços bancários, etc? Como foi possível a contratação desses serviços? Houve prestação de serviço sem remuneração? Os dirigentes trabalharam sem remuneração? 147. O fato é que as empresas Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelicia, não possuíam qualquer estrutura operacional e administrativa. Foram adquiridas apenas para servirem de veículos entre os reais investidores Multi STS, RK Participacões, Opp Fund e PW 237 e os acionistas retirantes da Santos Brasil: o Fundo CVC, Previ, Sistel e Fia, repassandolhes os recursos financeiros oriundos de seus reais controladores ou obtidos no mercado financeiro graças a intervençãao destes. (...) 165. Face as analises efetuadas por esta auditoria fiscal concluise que os valores amortizados a título de ágio decorrente da incorporação da Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelicia pela Santos Brasil são indedutíveis para fins de cálculo do IRPJ e CSLL. 166. Seja pelo fato de que a interposição de uma sociedade com a única finalidade de servir de empresa veículo para registrar o ágio pago em uma operação, ao invés da utilização da real investidora, e logo em seguida efetuar a incorporação desta empresa veículo pela investida, com o único intuito de promover a redução da carga tributária. 167. Ou seja pelo fato desta operação não ter o condão de extinguir a participação societária, haja vista que quando concluído o processo de incorporação da empresa veículo, o investimento e, consequentemente, o ágio permaneceram inalterados na controladora original.” Antes de analisarmos o enquadramento jurídico dado a tal imputação, cabe, desde já, lembrar que uma companhia pode ser constituída apenas para participar de outras Fl. 4133DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.056 41 pessoas jurídicas sem qualquer atividade operacional, se não vejamos como dispõe o § 3º do art. 2º da Lei nº 6.404/76, in verbis: Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. (…) § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar se de incentivos fiscais. No entanto, os autuantes alegam que as Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelicia não tiveram despesas com dirigentes nem de qualquer outro tipo, inclusive com empregados, o que as configurariam como “empresas veículos”. Assim, vejamos agora como foi enquadrada a conduta das controladoras pelo uso das ditas empresas veículos. Observo que me refiro a “ditas empresas veículos”, pois falta à expressão “empresa veículo” uma base conceitual doutrinária e jurisprudencial, mas principalmente legal, razão pela qual o sucesso da autuação depende basicamente da demonstração, pelos autuantes, de que tal conduta se configura em algum ilícito previsto em lei. DO ENQUADRAMENTO JURÍDICO DA INFRAÇÃO Ora, a autoridade fiscal enquadrou a conduta das controladoras das ditas “empresas veículos” como simulação, abuso de direito e fraude à lei, em um verdadeiro rosário de patologias jurídicas, se não vejamos o parágrafos 176 do TVF, in verbis: 176. Essas operações, apesar de formalmente lícitas, são desprovidas de substância essencial ao negócio, vez que a vontade expressa materialmente não corresponde a subjetivamente acordada entre as partes. Na verdade tratase de atos intrinsecamente vazios, cuja única intenção é contornar norma impositiva tributaria, em prejuizo especifico dos princípios tributários da capacidade contributiva e da isonomia e, em linha gerais, dos direitos e garantias que norteiam a Carta Magna. Assim, atos ou negócios jurídicos formalmente praticados, mas carentes de elementos essenciais, que revelam ter por fim colimado exclusivamente o de esquivarse ao Fisco, afrontando princípios sociais e tributários superiores, não são oponíveis ao Estado, sendo a eles aplicável o tratamento tributario que o verdadeiro ato produziria. 177. Vale lembrar que, com o advento do Codigo Civil veiculado pela Lei n° 10.406, de 2002, o abuso do direito passou a ser considerado um ato ilicito, nos termos de seu artigo 187 "in verbis": 178. "Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercêlo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boafé ou pelos bons costumes." Ora, no parágrafo 176, os autuantes falam em divergência entre a vontade interna e a vontade manifestada, o que é um elemento da simulação, porém, mais a frente, Fl. 4134DF CARF MF 42 falam em intenção de contornar norma impositiva, o que seria então fraude à lei, para, no parágrafo seguinte, tratar de abuso de direito. Decerto que, embora não seja a regra, a simulação relativa pode coexistir com a fraude à lei, mas já é mais controverso o enquadramento da mesma conduta como simulação e abuso de direito. De qualquer sorte, cabe analisarmos cada um desses enquadramentos jurídicos dado às condutas das controladoras. DA FRAUDE À LEI Assim, fica claro que os autuantes caracterizam a conduta das controladoras tanto como fraude à lei como simulação. Sobre a possibilidade de coexistência da simulação com a fraude à lei, vale a transcrição do seguinte excerto da obra de Beleza do Santos (A Simulação em Direito Civil, Lejus, 1999), in verbis: “A fraude à lei deve distinguirse da simulação, porque tem configurações jurídicas diversas. Uma e outra não representam situações que necessariamente se excluam, que não possam coexistir. Mas, se é certo que elas podem encontrarse simulataneamente no mesmo ato jurídico, também o é que, num grande número de casos, pode haver simulação sem fraude à lei, e fraude à lei sem que simulação exista. É que a simulação nem sempre é fraudulenta, podendo simularse sem que se procure iludir a lei, sem que de fato a lei seja infringida, da mesma maneira que pode usarse da fraudeà lei sem que se empregue a simulação para tal fim. (...) Pode, porém, violarse a lei por uma forma indireta, insidiosa, respeitandose aparentemente, mas iludindose na realidade os seus preceitos, não se atacando o seu texto, mas falseandoselhe o espírito, procurando conseguirse, obliquamente, um resultado que por meios diretos não se pode alcançar, porque expressamente os proíbe o texto legal que se procura iludir.”. Inicialmente, cabe verificar que estamos tratando de um conjunto normativo feito sob medida para o aproveitamento do ágio, conforme já me manifestei em outros julgamentos neste CARF, se não vejamos o seguinte histórico da evolução normativa: O DecretoLei 1.598/77 dispunha, no seu art. 34, que, na fusão, incorporação ou cisão de sociedades com extinção de ações ou quotas de capital de uma possuída por outra, a diferença entre o valor contábil das ações ou quotas extintas e o valor de acervo líquido que as substituísse seria computado na determinação do lucro real, como perda de capital dedutível, a diferença entre o valor contábil e o valor de acervo líquido avaliado a preços de mercado. Facultativamente, o contribuinte, para efeito de determinar o lucro real, podia optar pelo tratamento da diferença como ativo diferido, amortizável no prazo máximo de 10 anos. Então, a diferença entre o valor contábil registrado na investidora e o valor a preço de mercado da incorporada constituía uma perda de capital dedutível da base tributável em caso de fusão, cisão e incorporação. Art 34 Na fusão, incorporação ou cisão de sociedades com extinção de ações ou quotas de capital de uma possuída por outra, a diferença entre o valor contábil das ações ou quotas extintas e o valor Fl. 4135DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.057 43 de acervo líquido que as substituir será computado na determinação do lucro real de acordo com as seguintes normas: I somente será dedutível como perda de capital a diferença entre o valor contábil e o valor de acervo líquido avaliado a preços de mercado, e o contribuinte poderá, para efeito de determinar o lucro real, optar pelo tratamento da diferença como ativo diferido, amortizável no prazo máximo de 10 anos; II será computado como ganho de capital o valor pelo qual tiver sido recebido o acervo líquido que exceder o valor contábil das ações ou quotas extintas, mas o contribuinte poderá, observado o disposto nos §§ 1º e 2º, diferir a tributação sobre a parte do ganho de capital em bens do ativo permanente, até que esse seja realizado. § 1º O contribuinte somente poderá diferir a tributação da parte do ganho de capital correspondente a bens do ativo permanente se: a) discriminar os bens do acervo líquido recebido a que corresponder o ganho de capital diferido, de modo a permitir a determinação do valor realizado em cada períodobase; e b) mantiver, no livro de que trata o item I do artigo 8º, conta de controle do ganho de capital ainda não tributado, cujo saldo ficará sujeito a correção monetária anual, por ocasião do balanço, aos mesmos coeficientes aplicados na correção do ativo permanente § 2º O contribuinte deve computar no lucro real de cada período base a parte do ganho de capital realizada mediante alienação ou liquidação, ou através de quotas de depreciação, amortização ou exaustão deduzidas como custo ou despesa operacional. Vale salientar que, durante muito tempo não se admitiu ágio ou deságio na subscrição de ações, algo que veio começar a ser aceito com uma mudança de entendimento da CVM, se não vejamos o seguinte excerto da Nota Explicativa CVM nº 247/96, in verbis: “7 DO ÁGIO OU DESÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTO AVALIADO PELO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Alguns esclarecimentos e alterações importantes foram feitos neste tópico. A primeira, e talvez a principal delas, trata da existência de ágio/deságio na subscrição de ações. Até algum tempo atrás, era entendimento de muitas pessoas que o ágio e o deságio somente surgiam quando havia uma aquisição das ações de uma determinada empresa (transação direta entre vendedor e comprador). Hoje, entretanto, já existe o entendimento de que o ágio ou o deságio pode também surgir em decorrência de uma subscrição de capital. Em um processo de subscrição de ações, quando há alteração no percentual de participação, o entendimento era de que a parcela subscrita que ultrapassasse o valor patrimonial das ações constituía uma perda de capital na investidora (e um ganho na empresa cuja participação estava sendo diminuída), e essa perda/ganho deveria ser contabilizada, no resultado não operacional, como variação de percentual de participação. Posteriormente, verificouse que quando essa parcela subscrita decorre, por exemplo, da subavaliação no valor contábil dos bens, existe a figura do ágio na investidora, mesmo que não tenha havido uma negociação direta com terceiros.” Fl. 4136DF CARF MF 44 Certo que o posicionamento da CVM não teria o condão de alterar a legislação tributária, mas tal entendimento terminou sendo absorvido pela legislação tributária, a qual começou a tratar como ágio a parcela subscrita que ultrapassasse o valor patrimonial das ações e, mais do que isso, a considerar a existência de ágio na investidora, mesmo que não tenha havido uma negociação direta com terceiros. Valendose disso, muitos contribuintes praticaram simulações fiscais conhecidas como “ operação casasepara”, a qual permite a alienação de ativos sem o oferecimento à tributação do ganho de capital por parte do alienante e com a criação de ágio amortizável na adquirente. Isso tudo só foi possível devido a mudança de entendimento da CVM sobre ágio na subscrição que a RFB não se posicionou contrariamente. Notese que essa simulação fiscal (casasepara) não geraria o ágio amortizável se continuássemos a tratálo como perdas por variação de participação societária. Ora, com a subscrição de ações, a uma assunção de dívida pelo subscritor, sendo que a integralização do capital pode ser feita pela entrega de bens (dação em pagamento) ou pelo simples pagamento em dinheiro. Assim nasceu, ainda dentro do processo de privatização das empresas estatais, um novo pleito que consistia em fazer com que o ágio passasse a ser gerado por mero laudo de avaliação em conferência de ações, ou seja, evitando que o investidor tivesse que desembolsar recursos financeiros na aquisição das estatais. Isso seria possível, por exemplo, se o investidor pudesse integralizar capital na estatal com ações de uma terceira empresa, avaliada acima de seu valor patrimonial. Todavia, se ações dada em pagamento estavam contabilizadas por um valor menor do que aquele que lhe foi conferido, haveria ganho de capital a ser tributado. Como então remover esse obstáculo? Em 1991, em pleno processo de privatização do Governo Collor de Mello (Lei 8.031/90), a douta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional emite o Parecer PGFN nº 970/1991, o qual colocou em dúvida até a possibilidade de se tributar o ganho de capital auferido quando se dá, em integralização, um ativo contabilizado por um valor menor que o valor das cotas/ações integralizadas, se não vejamos: “8. Por outro lado, o imposto de renda tem como fato gerador a disponibilidade econômica ou jurídica de uma renda ou de proventos de qualquer natureza, segundo preceitua o art. 43 do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172, de 25.10.66). Como o conceito de renda é um conceito econômico e até hoje sem nítidos contornos, temos que o referido imposto incide sobre a percepção de uma renda segundo critério jurídico. Isto significa que só são considerados renda ou proventos os que a lei define como tais, coincidam ou não com o conceito econômico. 9. Ora, como demonstramos, os particulares e o Estado participam de uma operação de troca (permuta), pois os participantes do leilão também buscam trocar títulos públicos por participações acionárias das estatais, e, dessa forma, afastarseia a preocupação dos reflexos na licitação (leilão), pois o objetivo final dele não são os cruzeiros, mas a maior quantidade de títulos públicos. (...) 15. Ainda que se quisesse, ad argumentandum, ver um ganho de capital entre a aquisição do título por 40 e o valor 100 conferido na troca, Fl. 4137DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.058 45 creio que haveria obstáculos jurídicos, relativamente ao aspecto temporal do fato gerador e a própria base de cálculo. (...) 16. É evidente que o momento não seria aquele da troca, mas sim quando o particular vendesse a participação acionária trocada. E, ainda, não existiria base de cálculo, pois o valor referencial em cruzeiros no leilão, existe somente como estímulo à troca dos bens (papéis públicos). 17. Esta tributação, ainda, seria iníqua, pois como não foram recebidos cruzeiros, não haveria disponibilidade líquida do contribuinte, e, em conseqüência, naquele momento nenhuma base de cálculo para o fato gerador, pois a renda fica sujeita à tributação quando realizada e quantificada; evidentemente não é a hipótese sob exame.” Com a devida vênia da douta PGFN, órgão merecedor das mais elevadas considerações e respeito, tal Parecer era frágil juridicamente, pois não havia como negar o ganho de capital na espécie, tanto que se fez necessária a edição de uma norma para diferir a tributação de tal ganho, se não vejamos o art. 65 da Lei 8.383/91, in verbis: “Art. 65. Terá o tratamento de permuta a entrega, pelo licitante vencedor, de títulos da dívida pública federal ou de outros créditos contra a União, como contrapartida à aquisição das ações ou quotas leiloadas no âmbito do Programa Nacional de Desestatização. § 1° Na hipótese de adquirente pessoa física, deverá ser considerado como custo de aquisição das ações ou quotas da empresa privatizável o custo de aquisição dos direitos contra a União, corrigido monetariamente até a data da permuta. § 2° Na hipótese de pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, o custo de aquisição será apurado na forma do parágrafo anterior. § 3° No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o custo de aquisição das ações ou quotas leiloadas será igual ao valor contábil dos títulos ou créditos entregues pelo adquirente na data da operação: § 4° Quando se configurar, na aquisição, investimento relevante em coligada ou controlada, avaliável pelo valor do patrimônio líquido, a adquirente deverá registrar o valor da equivalência no patrimônio adquirido, em conta própria de investimentos, e o valor do ágio ou deságio na aquisição em subconta do mesmo investimento, que deverá ser computado na determinação do lucro real do mês de realização do investimento, a qualquer título.”. Agora, no ano de 2015, o Ministro de Estado da Fazenda aprovou o Parecer/PGFN/CAT/Nº 1722/2013 que, nas suas conclusões, sustenta que: “39.1. o entendimento consubstanciado no Parecer/PGA/Nº 970/91 restringese ao âmbito do PND, não podendo ser estendido a situações outras que não aquelas especificamente tratadas no referido opinativo”. Esta foi apenas uma maneira eufemística de a douta PGFN reconhecer seu Fl. 4138DF CARF MF 46 erro, pois não seria o PND que transformaria em permuta o que era uma dação em pagamento, nem seria ele (PND) que iria fazer desaparecer o ganho de capital, mas apenas o art. 65 da Lei 8.383/91, o qual, aí sim, limitou seu alcance às operações dentro do PND. Todavia, agora abrese um parêntese, pois somente mais a frente é que veremos que a tentativa de neutralizar a tributação do ganho de capital, quando da integralização de capital com a dação de bens em pagamento, não findou com o art. 65 da Lei 8.383/91, mesmo porque é de se notar que o art. 65 limitava a dação a títulos da dívida pública federal ou de outros créditos contra a União. No final de 1994 é publicada a MP 812/94 (posteriormente convertida na Lei 8981/95), a qual altera o regime de compensação de prejuízos fiscais, pois abandona o limite temporal e adota o limite quantitativo. Tal alteração veio se tornar, posteriormente, fundamental para o planejamento com ágio em tela, isso porque o valor amortizável dos ágios era tão elevado, em muitos casos, que dificilmente o contribuinte teria lucro para absorver a despesa em 4 anos (período máximo para compensação de prejuízos no regime anterior), razão pela qual essa alteração permitiu que a despesa de ágio se transformasse em saldo de prejuízos fiscais compensáveis ad perpetuam. No ano de 1995, o art. 21 da Lei 9.249/95 veio amplificar o ágio amortizável (ou a perda de capital na dicção do art. 34 do DL 1598/77), pois, ao contrário do previsto no art. 34 do DL 1598/77, passou a ser possível avaliar a investida a ser incorporada pelo seu valor contábil. Notese que, pelo art. 34 do DL 1.598/77, já era autorizada a dedutibilidade da diferença entre o valor contábil do investimento e do seu acervo líquido incorporado (avaliado a preço de mercado) como perda de capital dedutível (de uma vez só ou amortizável em 10 anos), logo não foi o art. 7º da Lei 9.532/97 que tornou dedutível o ágio por expectativa de rentabilidade futura. Todavia, a Lei 9.532/97 ainda facilitou mais o processo de privatização, ao dispor no seu art. 8º que a despesa com amortização do ágio continuasse a ser dedutível das bases tributáveis, mesmo que a empresa veículo (controladora da empresa operacional estatal privatizada) fosse incorporada por sua controlada (estatal privatizada) downstream merger1. Isso era fundamental para preservação do direito à compensação do saldo de prejuízos fiscais acumulados pela estatal privatizada, já que o art. 33 do DecretoLei nº 2.341/86 veda à pessoa 1 Do ponto vista societário, vale ressaltar que antes mesmo da Lei 9.532/97, a incorporação da investidora pela investida (downstream merger) já tinha sido admitido, ainda que sem legislação que a previsse, pelo Parecer MICT/CONJUR nº 113/96. Tal parecer veio por fim a posicionamento como da Junta Comercial do Rio de Janeiro que indeferia o arquivamento de atos de incorporação reversa por entender que ela não teria sido prevista na Lei 6.404/76 (Lei das S/A) e que sua implementação caracteriazaria hipótese de negociação com as próprias ações, vez que implicaria a aquisição destas pela sociedade incorporadora, o que seria vedado pelo disposto no art. 30 da Lei das S/A, salvo exceções taxativamente previstas no § 1º do referido artigo. Por sua vez, o Parecer MICT/Conjur nº 113/96 sustentou que: “Embora não expressamente prevista na lei, é possível a incorporação de sociedade controladora por sua controlada. Não tem aplicação ao caso o disposto no art. 30 da Lei das S.A. (o qual proíbe à companhia negociar com as próprias ações), por se tratar de sucessão universal. As ações ou quotas que a sociedade incorporada possuir do capital da incorporadora, devem ser extintas, podendo, porém, permanecer em tesouraria, até o limite dos lucros acumulados e reserva, exceto o legal, por aplicação analógica do disposto no art. 226, § 1º, da Lei 6.404/76”. Fl. 4139DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.059 47 jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão compensar prejuízos fiscais da sucedida. Logo, com a incorporação reversa estava garantido também a compensação dos saldos de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL acumulados pela estatal privatizada antes da privatização. Em suma: o controle da empresa privatizada era adquirida com ágio; o controle e o ágio eram transferidos, em integralização de capital, para uma empresa veículo; por último, a empresa veículo (controladora) era incorporada por sua controlada (empresa privatizada), a qual passava a amortizar o ágio, por força dos arts. 7º e 8º da Lei 9.532/97, sem se perder o estoque de prejuízos fiscais da antes controlada e agora incorporadora. Até esse momento a legislação fiscal só permitia que se transferisse para a empresa operacional adquirida o ágio efetivamente pago a terceiros, o que vulgarmente denomino de transferência de ágio externo. Todavia, consulta formulada à Cosit em 2002, por uma importante entidade de âmbito nacional, a qual coubeme o exame, sustentava que, em uma situação em que uma Companhia 1 fosse integralizar capital em uma Companhia 3 com a conferência de ações de uma Companhia 2, poderia resultar em ágio na Companhia 3 e nenhum ganho de capital na Companhia 1. Sustentava o Consulente que, se o preço de emissão das novas ações da Companhia 3, a serem subscritas pela Companhia 1 como resultado da conferência das ações da Companhia 2, fosse fixado levandose em conta o valor econômico das próprias ações conferidas (ou seja, ações da Companhia 2 avaliadas acima do seu valor patrimonial, ou seja, com ágio), de forma que a cada ação da Companhia 2, conferida ao capital da Companhia 3, corresponda 1 ação da Companhia 3, não havia que se falar em ganho de capital, pois, em seus registros contábeis, a Companhia 1 deveria proceder a uma mera substituição em sua conta de investimentos, substituindo em seus registros a contabilização de ações representativas de um investimento na Companhia 3. Não obstante a redação final da solução de consulta não fosse mais exatamente a, por mim, proposta, prevaleceu a idéia central no item b das conclusões: “b) não se pode depreender da inteligência do art. 434 do RIR/99 que a companhia, pelo simples fato de ter elaborado laudo de avaliação do ativo, nos termos do art. 8º da Lei nº 6.404/76, esteja obrigada a levar a registro em sua contabilidade eventual maisvalia apurada no valor do investimento, desde que o lote de ações da Companhia 2, que se afirma ter o mesmo valor das ações a serem integralizadas da Companhia 3, seja incorporado ao patrimônio da Companhia 3 pelo valor contábil registrado na escrita da Companhia 1;” Ao se exigir que, in casu, as ações da Companhia 2 fossem registradas, na Companhia 3, pelo valor contábil registrado na Companhia 1 e que tal valor fosse exatamente o mesmo valor de emissão das ações da Companhia 3, indiretamente, estava sendo dito que não poderia existir ágio na aquisição das ações da Companhia 2 pela Companhia 3, sem que houvesse uma ganho de capital tributável na Companhia 1. Surpreendentemente, alguns meses depois de expedida essa solução de consulta, o art. 39 da MP 66 (DOU de 30/08/2002) veio confirmar que a Solução de Consulta estava certa quando afirmava haver ganho de capital se houvesse ágio na outra ponta, mas, por outro lado, diferiu a tributação até que houvesse a alienação das ações integralizadas (no exemplo dado, o ganho de capital obtido com as ações da Companhia 2 só seria tributado, na Companhia 1, quando ela alienasse as ações da Companhia 3). Todavia, o legislador da MP 66 Fl. 4140DF CARF MF 48 teve o cuidado de deixar claro, no § 2º, que não seria considerada realização a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação. Com isso, não havia mais sequer a necessidade de se desembolsar recursos no pagamento de ágio, pois esses passaram a ser gerados por meros laudos de avaliação em conferência de ações. Em 2005, coubeme redigir proposta da RFB de revogação do art. 36 da Lei 10.637/02, proposição essa que foi inserida na MP 255/05 e que previa não só fim do diferimento da tributação de tal ganho de capital, como também uma tributação mínima anual (caso não houvesse a realização do investimento) do ganho já diferido e controlado na Parte B do Lalur. O Congresso Nacional achou por bem apenas revogar o art. 36, sem disciplinar como se daria a tributação dos ganhos de capital que já tinham sido diferidos. Tal fato veio reforçar a ideia de que tudo aquilo tinha sido feito para o processo de privatização, razão pela qual, findo o processo, poderia ser revogada a norma, mas não tributar o passado (ganhos de capital diferidos controlados no Lalur) Ora, realmente entendo toda a indignação das autoridades lançadoras diante dos diversos tipos de planejamento com ágio gerados pelas normas retro menciondas, porém, tais planejamentos foram autorizados e até incentivados pelo legislador federal2, com um conjunto de normas que se encaixam com perfeição, pois, conforme demonstrado anteriormente, foise a cada momento se inserindo um novo elemento normativo que tornava o planejamento cada vez mais atraente. Assim, ainda que se admita um déficit ético em tais normas, elas são legítimas e válidas juridicamente, razão pela qual, salvo comprovada ilicitude dos atos praticados, o simples fato de o recorrente ter se valido de todos esses permissivos legais não pode jamais ser interpretado em seu desfavor, nem muito menos interpretado como fraude à lei. Ademais, no caso concreto, cabe perquirir, qual a norma legal que proibiria o aproveitamento do ágio na recorrente se a participação nela tivesse sido adquirida diretamente pela OPP Fund, Multi STS, RK e PW237 e, posteriomente, essas tivessem sido incoporadas por ela? Nenhuma norma tributária seria violada se a operação tivesse se dado da forma como os autuantes entendiam ser a forma direta. Vejam que se a aquisição tivesse se dado diretamente pela OPP Fund, Multi STS, RK e PW237, os arts. 7º e 8º da Lei 9.532/97 não vedariam o aproveitamento do ágio na recorrente caso ela incorporasse essas empresas. Assim, repito a pergunta: qual norma tributária foi fraudada? Nenhuma. DA SIMULAÇÃO Por sua vez, os autuantes alegam que: “173. A par de todo o ocorrido, tampouco as participações detidas pelos reais investidores — Multi STS, RK Participações, Opp Fund e PW 237 na Santos Brasil saiulhes das mãos e foram para terceiros. No curto lapso temporal de existência formal das interpostas Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelicia, os reais investidores permaneceram tendo o efetivo controle econômico e administrativo da Santos Brasil, vez que conforme os Acordos de Acionistas, elegiam seus conselheiros e administradores e consequentemente 2 Certamente, que o destinatário de todas essas alterações normativas foram os licitantes dos pregões de empresas estatais, mas, em uma República, a norma beneficia a todos se o legislador não a excetuou. Fl. 4141DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.060 49 representavamna perante terceiros (fornecedores, bancos, orgãos públicos, etc).” Esse parágrafo como também outros do TVF, especialmente o parágrafo 176, deixa claro que os autuantes também sustentaram que houve simulação relativa na conduta dos controladores, ou seja, que simularam a aquisição da participação na recorrente por intermédio da Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelícia, para dissimular a aquisição direta por elas (Multi STS, RK Participações, Opp Fund e PW 237). Analisemos essa questão. Inicialmente, ressalto que não se pode confundir simulação relativa com negócio jurídico indireto, pois quando verificamos o que os autuantes denominam como "empresa veículo", notase perfeitamente que tal sociedade foi constituída para surtir os efeitos que lhes eram próprios e não para dissimular outros negócios jurídicos. Com o fito de melhor aclarar o meu entendimento, valhome de exemplo meramente ilustrativo: alguém que simula uma compra e venda para dissimular uma doação, não deseja os efeitos que são próprios da venda o pagamento, pois deseja os efeitos da doação. No caso em tela, os efeitos buscados pelos autuantes ao criarem aquilo que o autuante denomina como "empresa veículo" eram justamente os efeitos formais e visíveis de tais atos. Sobre a diferença entre simulação relativa e negócio jurídico indireto, vale a transcrição do seguinte excerto da lavra do ex Ministro Moreira Alves, em parecer apresentado em outro processo que tramitou neste CARF, in verbis: "Assim sendo, tem razão a imensa maioria da doutrina quando acentua, como o faz Domingues de Andrade, que o negócio jurídico sempre se distinguirá da simulação (relativa), uma vez que as partes querem verdadeiramente o negóciomeio, com os efeitos que lhes são próprios, embora só para conseguirem através dele um resultado prático diverso do que lhe é normal, ou, como, em substanciosa monografia sobre a simulação nos negócios jurídicos, refere Distaso, aderindo à posição de Pugliese no sentido de que a decisiva diferença entre negócio indireto e o negócio relativamente simulado é que 'o negócio indireto é um negócio real, empregado efetivamente pelas partes como meio para alcançar o escopo ulterior, que não se realiza na verdade através de um negócio diverso daquele que aparece celebrado, enquanto, no caso de simulação relativa, o negócio simulado não é senão uma forma negocial aparente diversa da forma negocial que assume a intenção realmente perseguida pelas partes'. (...) Em suma, como enfatiza Domenico Barbero, quanto ao negócio jurídico indireto, e a observação se aplica como luva ao caso sob exame, 'não há simulação, porque nada é fingido, tudo é real e realmente querido', inclusive acrescento as consequências jurídicas de cada um dos negócios que integraram essa combinação de negócios com escopo indireto ora sob consulta. 4. No tocante ao segundo quesito 'Não sendo simulação, a negociação feita através dos atos descritos na consulta é válida perante o direito privado? , respondo que, não tendo havido simulação no caso, Fl. 4142DF CARF MF 50 como salientei na resposta ao quesito anterior, é válida perante o direito privado, a negociação que foi feita por meio da combinação dos negócios com escopo indireto objeto da presente consulta. Não existindo simulação, não há também, na espécie sob exame, a ilicitude que resulta da figura da fraude à lei, mas se impõem que se faça a análise a respeito dela, porquanto, como observa Domenico Rubino, o negócio indireto se presta perfeitamente a tornase instrumento da fraude: quando o seu resultado ulterior é proibido, tem se um negócio in fraudem legis." Frisese que, como já anteriormente pontuado, os resultados ulteriores buscados ao se criar a denominada "empresa veículo" eram todos lícitos, ou seja, a não ser que se diga que o aproveitamento da despesa com amortização de ágio, prevista nos arts. 7º e 8º da Lei 9.532/97, seja agora ato ilícito. Ademais, três são os requisitos da simulação relativa no campo cível: primeiro, a divergência entre a vontade interna e a vontade manifestada; segundo, um acordo simulatório; e terceiro, o negócio simulado ter por objetivo enganar terceiros estranhos a ele. Ocorre, que a simulação fiscal, assim entendida aquela que tem efeitos no campo tributário, requer um quarto elemento, qual seja, que o ato dissimulado seja tributariamente mais oneroso do que o ato simulado, pois, se assim não for, pode até ser simulação, mas não terá qualquer efeito nas relações tributárias. Ora, no presente caso, conforme tudo que já foi sustentado, fica claro que a aquisição direta pelas Multi STS, RK Participações, Opp Fund e PW 237 poderia gerar o aproveitamento do ágio, desde que houvesse a incorporação dessas pessoas jurídicas pela recorrente, logo, o dito ato dissimulado não seria mais oneroso que o ato simulado. DO ABUSO DE DIREITO Ora, verificado acima que os atos praticados não se enquadram no conceito de fraude à lei ou simulação, verifiquemos se seria cabível enquadrálos como abuso de direito. Preliminarmente, vale a transcrição do seguinte excertos do TVF: 179. Após o Código Civil de 2002, como o abuso de direito passou a ser expressamente qualificado como ato ilícito, em relação a questão tributária, o abuso faz desaparecer um dos requisites básicos do planejamento, qual seja, o de se apoiar em atos lícitos. Vale dizer, a configuração de um ato ilícito (por abusivo) implica não estar mais diante de um caso de elisão, mas sim de evasão. A natureza jurídica do abuso de direito não é tão tranquila como o autuante faz crer, pois a doutrina pátria tem se dividido em duas correntes, uma que sustenta que o abuso de direito é uma categoria autônoma e outra que entende que é apenas uma modalidade de ato ilícito. Nesse sentido, Venosa (in Direito Civil, ed. Atlas, 4ª ed., p. 621) professa que: “A doutrina tem certa dificuldade em situar o abuso de direito em uma categoria jurídica. Fl. 4143DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.061 51 Primeiramente, a teoria ora tratada foi colocada em capítulo ‘Da responsabilidade civil’, como simples expansão da noção de culpa. Também foi o abuso do direito situado como categoria autônoma, uma responsabilidade especial, paralela ao ato ilícito.” Sobre isso também, vale trazer a lume artigo da lavra de Dinalva Souza de Oliveira (na sítio: ambitojurídico.com.br) que bem resume diversos posionamentos da doutrina nacional: “A questão que se coloca é saber se em razão de se adotar uma ou outra corrente, no que se refere à natureza jurídica do abuso de direito, há alteração nas consequências jurídicas daí decorrentes. Entre os defensores do entendimento que o abuso de direito se trata de categoria autônoma, citase (NERY JUNIOR e NERY, 2003, p. 256), para os quais o abuso de direito “É categoria autônoma, de concepção objetiva e finalística, e não apenas dentro do âmbito estreito do ato emulativo (ato ilícito). Diferentemente do ato ilícito, que exige a prova do dano para ser caracterizado, o abuso de direito é aferível objetivamente e pode não existir dano e existir ato abusivo”. Na mesma linha, Heloísa Carpena (2002) apud Farias e Rosenvald (2012, p. 682) afirma que “o ato abusivo está situado no plano da ilicitude, porém, não pode ser considerado como um ato ilícito, devendo ser classificada como uma forma autônoma de antijuridicidade.” Registrase ainda que segundo escólio de FARIAS e ROSENVALD, 2012, p. 683: “O legislador qualificou o abuso de direito como ato ilícito e concordemos ou não, é assim que doravante devemos tratá lo. Mas de maneira alguma a referida qualificação retira do abuso do direito a sua completa autonomia com relação ao ato ilícito subjetivo, ancorado na culpa.” Em sentido contrário, Paulo Nader entende que o abuso de direito “É espécie de ato ilícito, que pressupõe a violação de direito alheio mediante conduta intencional que exorbita o regular exercício de direito subjetivo. É equivocado pretenderse situar o abuso de direito entre o ato lícito e o ilícito. Ou o ato é permitido no iuspositum e nos pactos, quando é ato lícito ou a sua prática é vedada, quando então se reveste de ilicitude. Na dinâmica do abuso de direito, temse, no ponto inercial, aquele que imediatamente antecede a conduta e até quando esta não se complete, a esfera do direito, mas à medida em que a ação se desenrola, no iter, a conduta Fl. 4144DF CARF MF 52 desdobrase no âmbito da licitude para transformarse em ato ilícito” (NADER, 2004, p. 553) Podese afirmar que ainda há uma terceira via, capitaneada por Flávio Tartuce (2004) apud VillasBôas (2013) o qual visualiza no abuso de direito a natureza jurídica mista, híbrida. Portanto, “o abuso de direito seria um ato lícito pelo conteúdo, ilícito pelas conseqüências, tendo natureza jurídica mista – entre o ato jurídico e o ato ilícito – situandose no mundo dos fatos jurídicos em sentido amplo” Conforme cabalmente demonstrado, de forma majoritária, doutrina e jurisprudência seguem o entendimento de que para a configuração do ato abuso de direito, é dispensável o elemento culpa.”. Ora, a depender do posicionamento doutrinário que se adote fica afastada a teoria do abuso do direito no campo tributário, pois, se, como sustenta Flávio Tartuce, é um ato ilícito pelas consequências, teríamos então uma dificuldade na sua aplicação no campo tributário, já que pelo inciso II do art. 118 do CTN, os efeitos legais dos fatos efetivamente ocorridos são irrelevantes para a definição do fato gerador. Não obstante, antes mesmo da entrada em vigor do art. 187 da Lei 10.406/02, já se discutia o abuso de direito no campo tributário, quando da discussão da inserção do parágrafo único no art. 116 do CTN, pela Lei Complementar 104/01. Sobre isso, importante a transcrição do seguinte trecho de artigo publicado por Vitório Cassone ( no site: www.agu.gov.br/page/download/index/id/892382), in verbis: A “justificação” do anteprojeto que resultou na LC 104 (Ofício SRF/GAB n°1.594/99, de 08.09.1999), é versada nos seguintes termos: “5. A inclusão do parágrafo único ao art. 116 fazse necessária para estabelecer, no âmbito da legislação brasileira, norma que permita à autoridade tributária desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de elisão, constituindose, dessa forma, em instrumento eficaz para o combate aos procedimentos de planejamento tributário adotados com abuso de forma ou de direito.” Dessa forma, não podemos nos esquecer que, mesmo antes da positivação do abuso de direito no Estatuto Civil, o legislador ordinário alterou o CTN, para introduzir no parágrafo único do art. 116 o instrumento para o combate ao abuso de direito no campo tributário, o qual assim dispõe: Art. 116. Omissis. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Ora, se este era o instrumento de que podia se valer o Fisco para desconsiderar os atos de abuso de direito praticados pelos controladores das ditas “empresas veículos”, comprometida estará a autuação, por ser inaplicável tal parágrafo único enquanto Fl. 4145DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.062 53 não forem estabelecidos em lei ordinária os procedimentos para tal desconsideração dos atos abusivos. Cabe lembrar que os artigos 13 a 19 da Medida Provisória nº 66/2002, que tratavam dos procedimentos exigidos para a aplicação do parágrafo único do art. 116 do CTN, foram retirados do texto da lei de conversão (Lei 10.637/02) pelo Congresso Nacional. Ora, à míngua da regulamentação da norma específica no campo tributário para combater o abuso de direito (parágrafo único do art. 116 do CTN), pode ser aplicável o posterior art. 187 do Código Civil? Lógico que não, pois se o legislador complementar exigiu que a lei ordinária estipulasse procedimentos específicos como condição para a aplicação da norma tributária específica sobre abuso de direito (parágrafo único do art. 116 do CTN), não vejo como tal condição seja dispensável para a aplicação da norma de direito privado sobre o abuso do direito (art. 187 do CC) no campo tributário. Observese que é totalmente justificável a preocupação do legislador complementar ao exigir que a lei ordinária disciplinasse os procedimentos para que o Fisco pudesse desconsiderar atos abusivos, tendo em vista que, ao contrário do abuso direito no campo cível que ocorre em uma relação de coordenação entre particulares; no campo tributário, há sempre uma relação de subordinação, na qual em razão do interesse público é conferida uma superioridade ao Estado Fiscal sobre o particular. Por isso, é necessário que se estabeleça procedimentos, para garantir o mais amplo direito de defesa ao contribuinte, em razão do enorme poder que foi conferido ao Estado Fiscal por uma norma de caráter excessivamente aberto. Ademais, há que se ter em conta que a teoria do abuso de direito foi concebida dentro do direito privado, razão pela qual guarda certas incompatibilidades com o Direito Público, como observa Alberto Xavier (in Tipicidade da Tributação, Simulação e Norma Antielisiva, Ed. Dialética, p.107): “A transposição da doutrina civilista do abuso de direito para o Direito Público, em especial para o Direito Tributário, merece severas objeções. A primeira é a de que ela conduz a um grau de subjetivismo na aplicação da lei tributária incompatível com a segurança jurídica, nas suas vertentes de proteção da confiança da lei fiscal e de previsibilidade da ação estatal, pois comete a órgãos do Poder Executivo, que têm a primeira palavra na aplicação das normas tributárias aos casos concretos, a perquirição dos motivos da conduta negocial dos particulares, bem como a definição autoritária dos parâmetros da ‘adequação’, da ‘normalidade’ e da ‘razoabilidade’ dos modelos negociais por eles adotados. Tal subjetivismo – ainda que nas mãos do mais competente, correto e leal funcionário – gelará de justo temor todos os que realizam negócios menos tributados que outros. Será que a opção adotada foi elisiva? Como pensará o agente fiscal a respeito da adequação, usualidade ou razoabilidade da forma jurídica escolhida? Como avaliará tal agente o grau de preponderância, exclusividade ou concorrência dos motivos que conduziram à escolha? Fl. 4146DF CARF MF 54 A segunda observação é de que a doutrina do abuso de direito é cientificamente equivocada, pois transplanta para as relações de Direito Público entre o indivíduo e estado conceitos exclusivamente aplicáveis às relações entre particulares. A doutrina do abuso de direito pressupõe direitos e relações paritárias, situadas horizontalmente no mesmo plano, e tem por objeto vedar que o exercício de um direito subjetivo por um particular atinja, por colisão, o direito subjetivo de outro. Sucede, porém, que as relações entre indivíduo e Estado não são relações paritárias, situadas horizontalmente no mesmo plano, nem o Estado é titular de direitos subjetivos suscetíveis de serem lesados pelo exercício de direitos dos particulares. As relações entre indivíduo e estado são relações entre “administrados”e titulares de poderes de autoridade, sendo por conseguinte relações, não entre direitos subjetivos, mas entre liberdades e competências ou poderes funcionais. (...) A única explicação histórica para o ingresso, no teritório fiscal, daquela doutrina só pode encontrarse no espúrio conceito germânico de “abuso de formas” (Missbrauch von Formen) concebido por ideólogo nacional socialista como instrumento de cerceamento da liberdade individual, conceito esse que ademais nada tem a ver com o conceito civilístico de abuso de direito, raiz francesa, mas sim com as variações que a autonomia da vontade pode imprimir aos modelos ou tipos clássicos de negócio jurídico.”. Isso, por si só, já afastaria a imputação de abuso de direito com base unicamente no art. 187 do Código Civil em matéria tributária, mas vale a pena prosseguirmos para verificar se, ultrapassada essa questão, os atos praticados poderiam ser enquadráveis como abusivos. Para a aplicação do art. 187 do Código Civil, teríamos que primeiro indagar, in casu, qual o direito que foi abusado? Segundo, quais seriam os limites econômicos ou sociais a serem observados? A resposta dos autuantes a tais perguntas encontramse nos seguintes parágrafos do TVF: “125. Nas discussões sobre planejamento tributário, o foco não se situa na compreensão da hipótese de incidência da norma tributária, mas, sobretudo, na qualificação dos fatos jurídicos. Somente se pode saber qual é a norma jurídica aplicável ao caso depois que se classifica o negócio juridico. Primeiro se qualifica o ato para depois se verificar a regra aplicável. 126. Procurouse a seguir determinar a causa da operação realizada pela Santos Brasil como meio de alcançar o equilíbrio entre finalidade e funcionalidade, entre substância e forma negocial, para se interpretar o negócio jurídico. 127. Não basta a vontade dos acionistas da Santos Brasil e das empresas Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelicia, de se Fl. 4147DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.063 55 submeterem a disciplina atinente ao ato formalizado. Deve estar presente a vontade evidenciada ao realizálo. Nesse sentido, o próprio Codigo Civil prevê que "nas declarações de vontade se atenderá mais a intenção nelas consubstanciadas do que ao sentido literal da linguagem" (art. 112). 128. Estáse questionando a criação das empresas veículos interpostas Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelícia, a aquisição com ágio de 64,76% das ações da empresa operacional Santo s Brasil pelas empresas interpostas, e a incorporação das mesmas pela empresa operacional apenas para fornecer uma aparência de conformidade ao direito, quando o contexto evidencia o fim prático a que o negócio se destinava: a redução do pagamento de tributos através da dedução de encargos de amortização de um ágio proveniente de um investimento que não foi extinto. 129. A apreciação dos documentos apresentados pelo contribuinte permitiu constatar a ausência de propósito negocial, bem como a incoerência entre a finalidade e a forma adotada.” Fica claro do texto acima que os autuantes se valeram da doutrina de Marco Aurélio Greco, autor que é citado em duas passagens do TVF e que também foi objeto do voto condutor da decisão recorrida. Antes de verificarmos como Greco define abuso de direito no campo tributário, vale transcrever a opinião desse doutrinador sobre o parágrafo único do art. 116 do CTN, revelada em palestra proferida na Escola Fazendária (transcrita na íntegra nos Anais do Seminário Internacional sobre Elisão Fiscal, ano 2002), in verbis: “A meu ver, essa é uma norma de eficácia limitada. O que significa? Ela só adquire plena eficácia a partir do momento em que for publicada a sua lei ordinária integrativa.” Nesse ponto, não divirjo do ilustre doutrinador. Todavia, retornando ao conceito de abuso de direito no campo tributário, vejam que o pensamento de Greco coincide com os fundamentos do TVF, pois segundo sua doutrina (in Planejamento Fiscal e Interpretação da Lei Tributária, ed. Dialética, p. 131, 1998): “1.10. Ato com Finalidade exclusivamente Fiscal No Brasil, entendo que esta possibilidade encontra base no ordenamento positivo, independentemente de novas determinações legais específicas neste sentido além das atualmente existentes, por decorrer dos princípios consagrados da Constituição de 1988 e da natureza da figura, tal como disciplinada no âmbito do Direito Privado. Porém, a atitude do Fisco no sentido de desqualificar e requalificar os negócios jurídicos privados somente poderá ocorrer se ele puder demonstrar de forma inequívoca que o ato foi abusivo porque sua única finalidade foi conduzir a um menor pagamento de imposto.”. Fl. 4148DF CARF MF 56 Assim sendo, o direito abusado é o direito de autoorganização da pessoa jurídica e do grupo econômico a que pertence, sendo que, no presente caso, o abuso teria se configurado porque os autuantes entenderam que a criação da Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelícia teve como único finalidade a redução de tributos. Ora, este é um equívoco da autuação, se não vejamos o que se segue. É incontestável que o ágio foi pago para terceiras pessoas que não faziam parte dos grupos econômicos a que pertenciam os adquirentes das participações negociadas. Assim, o ágio existiu e os próprios autuantes não negam tanto que afirmam o seguinte no TVF: “65. O problema é que, ao lado do conveniente desconhecimento dos motivos que levaram a utilização das empresas recémcriadas e incorporadas, houve também o interesse em se beneficiar tributariamente, melhorando as condições financeiras da aquisição feita. Para isso foram criadas as Vitex, Bilimbi, Strelicia, Hermosa e Howland. Para forjar um pretenso enquadramento nas condições do art. 386 do RIR/99. Assim, o Grupo de Investidores da Santos Brasil pretendeu atender o seu interesse empresarial e obter, por meio de organização societária sem propósito negocial (interposição de empresas veículos), vantagem tributária (amortização do agio). Se a aquisição das participações societárias da Santos Brasil tivessem sido efetuada diretamente pelo Grupo de Investidores, e neles permanecessem, somente seria atendido um dos interesses: O de ficar com os investimentos pelos precos adquiridos e sem a possibilidade de amortizacao fiscal do agio.” Ora, se a OPP Fund, Multi STS, RK e PW237 tivessem adquirido diretamente a participação na recorrente, o que impediria a recorrente de incorporar as controladoras e passar a aproveitar o ágio? Não havia obstáculo no campo tributário. Logicamente, devia haver uma razão extratributária, possivelmente, de natureza empresarial, ou seja, seria difícil a recorrente – empresa operacional – incorporar holdings (OPP Fund, Multi STS, RK e PW237) controladas por três grupos diferentes. Agora, repito, não havia obstáculos de ordem tributária para que a recorrente aproveitasse o ágio após incorporar a OPP Fund, Multi STS, RK e PW237, caso a operação se desse da forma como os autuantes entendem que tenha ocorrido. Ora, se a operação não se deu da forma direta foi por razões extratributárias, logo, não há falar que houve abuso de direito nos atos praticados por OPP Fund, Multi STS, RK e PW237. Assim, concluo que o fundamento central da autuação – que Vitex, Bilimbi, Hermosa, Howland e Strelícia eram “empresas veículos” demonstrouse frágil para justificar a desconsideração dos atos por elas praticados, ao verificarmos que não havia obstáculos na legislação tributária para que o mesmo resultado fosse obtido sem a utilização das ditas empresas veículos, pois, pelo menos, os autuantes não lograram demonstrar isso. Por essas razões, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para cancelar os lançamentos do IRPJ e CSLL, inclusive da multa isolada, e, consequentemente, por considerar prejudicado o recurso de ofício. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 4149DF CARF MF Processo nº 16561.720177/201252 Acórdão n.º 1302001.980 S1C3T2 Fl. 4.064 57 Fl. 4150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.002817/2006-81
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES
Ano-calendário: 2003
OMISSÃO DE RECEITAS - PRESUNÇÃO LEGAL
Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas
operações (art. 42 da Lei 9.430/96).
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - ART. 42 DA LEI 9.430/96
O controle de constitucionalidade dos atos legais é matéria afeta ao Poder Judiciário. Descabe ás autoridades administrativas de qualquer instância examinar a constitucionalidade das normas inseridas no ordenamento jurídico
nacional.
Numero da decisão: 1802-000.364
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: Simples - ação fiscal - insuf. na apuração e recolhimento
Nome do relator: José de Oliveira Ferraz Corrêa
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I MINISTÉRIO DA FAZENDA lr:fr4S::', CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS ,d1=117--t PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 10530.002817/2006-81 Recurso n° 159.517 Voluntário Acórdão n° 1802-00.364 — 2' Turma Especial Sessão de 11 de março de 2010 Matéria SIMPLES Recorrente ELETROGAMES COMERCIAL LTDA. - ME Recorrida 4a TURMA/DRJ-SALVADORSA ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Ano-calendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITAS - PRESUNÇÃO LEGAL Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42 da Lei 9.430/96). ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - ART. 42 DA LEI 9.430/96 O controle de constitucionalidade dos atos legais é matéria afeta ao Poder Judiciário. Descabe ás autoridades administrativas de qualquer instância examinar a constitucionalidade das normas inseridas no ordenamento jurídico nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da r Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. EC-------------• MAR •ii S LINS DE SOUSA — Pr...., - te. i 1 da DE OLIVEIRA FERRAZ CORRÊA — Relator. EDITADO EM: 8 ABR 2010 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente da Turma), João Francisco Bianco (Vice-Presidente), José de Oliveira Ferraz Corrêa, Edwal Casoni de Paula Femandes Junior, Nelso Kichel e Sérgio Luiz Bezerra Presta (Suplente Convocado). 2 • Processo n° 10530.002817/2006-81 SI-TE02 Acórdão ri.° 1802-00.364 Fl, 2 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA, que considerou procedente o lançamento realizado para a constituição de crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica — IRPJ, à Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS, à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido — CSLL, à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social — COFINS e à Contribuição para Seguridade Social - INSS, conforme os autos de infração de fls. 98 a 156, lavrados de acordo com o regime de tributação simplificada — SIMPLES, nos valores de R$ 32.648,69, 32.648,69, R$ 57.739,08, R$ 115.478,31 e R$ 214.073,31, respectivamente, incluindo-se nestes montantes os juros moratórios e a multa no percentual de 75%. O lançamento abrangeu também a aplicação de multa regulamentar, no valor de R$ 2.329,06, pelo fato de a Contribuinte não ter realizado a comunicação de sua exclusão do Simples (fl. 143 a 145). Por muito bem descrever os fatos, reproduzo o relatório constante da decisão de primeira instância, Acórdão n° 15-12.262, as fls. 418 a 427: I A empresa identificada neste processo foi autuada pelo regime de tributação do Simples, por infrações apuradas pela Fiscalização Federal, em conformidade com os Autos de Infração (AI) anexos às fls. 98/156, assim descritas: • 001 — Omissão de receitas não escrituradas, em face de receitas/transferências financeiras auferidas pela autuada através de transferências bancárias — TEDs, compreendendo os períodos de apuração (PA): 31/01/2003, 31/05/2003, 30/06/2003, 31/07/2003, 31/10/2002, 30/11/2003 e 31/12/2003. • 002 — Omissão de receitas, cujo valor foi apurado através de verlficação no Livro Caixa do ano-calendário de 2003, relativamente ao PA de 31/01/2003. • 003 — Omissão de receitas, com base em depósitos bancários de origem não comprovada pela autuada, compreendendo os PA de 31/01/2003 a 31/12/2003. • 004— Diferença de base cálculo, em face de divergências entre as receitas apuradas pela Fiscalização e as oferecidas à tributação, relativamente aos PA compreendidos entre 28/02/2003 a 31/12/2003. • 005 — Insuficiência de recolhimento, em face da alteração das &ignotas incidentes sobre o Simples declarado, pela inclusão da receita bruta não declarada. As receitas omitidas constam do Demonstrativo de Lançamento gl. 11) e do Demonstrativo de Percentuais Aplicáveis sobre a Receita Bruta (fls. 146/)48). A base legal do feito se encontra na 3 seção de "Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal" de cada AI. O crédito tributário erigido é no valor de R$ 454.917,13, de acordo com o Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo (fl. 05), formado pelos tributos que integram o Simples, multa de oficio no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. A formaliza* da exigência foi feita em autos de infração, às fls. 98/156, e os detalhes do procedimento constam do Termo de Verificação Fiscal às fls. 06/10. Em decorrência da apuração fiscal, formalizou-se o processa de Representação para Fins Penais, sob n° 10530.002909/2006-61, que se encontra apensado ao presente. A autuada foi devidamente cientificada em 12/12/2006, conforme declaração firmada às fls. 98, 107, 116, 125, 134 e 143 dos autos, e entrou com a impugnação de fls. 387/399 em 11/01/2007, pelos motivos sintetizados a seguir • Em preliminar, requer a nulidade do jeito, já que o procedimento de verificação fiscal ultrapassou o prazo legal (60 dias), sem a devida prorrogação e cientificação à fiscalizada, como determina o art. 7° do Decreto n° 70. 235, de 1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal (PAF), cujo § 2° do inciso III destaca em negrito. • No mérito, alega que o AI seria ilegal porque não haveria motivação legal para a quebra do sigilo bancário da empresa, já que atendera, dentro do possível, ás solicitações da Fiscalização, entregando os livros contábeis que por lei estava obrigada a escriturar, chegando a comprovar alguns dos créditos provenientes das operadoras de cartão de crédito, mas, devido à grande movimentação, alguns pedidos feitos pela empresa não puderam ser atendidos pelas instituições financeiras, impedindo-a de atender as demandas do Fisco. Ressalta ainda que houve erro por parte das financeiras nos extratos fornecidos, gerando prejuízos na interpretação dos dados dos extratos. Acresce que o art. 7°, § 1°, "a", da Lei n°9.317, de 1996, a contrário senso do autuante, define que a exigência da escrituração da movimentação bancária é necessária caso a empresa opte por não manter escrita contábil Se a empresa manteve e apresentou escrita contábil (livros Cabaz e Razão Analítica) não estava obrigada, conseqüentemente, a manter registro de toda a sua movimentação bancária. E assim conclui que em momento algum quis atrapalhar o procedimento de fiscalização. • Reforça que a requisição de movimentação financeira por parte do órgão fiscal não teria amparo legal, visto que o próprio auditor teria confirmado que a contribuinte apresentam a documentação a que estava legabnente obrigada a escriturar, não oferecendo qualquer resistência à fiscalização. Neste sentido, não se pode argumentar que a não apresentação de todos os extratos bancários poderia caracterizar embaraço à fiscalização, pois o sigilo desses dados está previsto no art 5 0, inc. X da Constituição Federal de 1988 — CF/88. Além disso, o Auditor fora informado verbalmente que as Instituições Financeiras não se mostraram receptivas aos 11_, 4 Processo n° 10530.00281712006-81 S1-TE02 Acórdão n.° 1802-00.364 Fl. 3 pedidos de elaboração de listagens das movimentações financeiras do período, devido ao seu grande volume. • Alega ainda que o art. 18 da Lei n° 9.317, de 1996, veda a apuração de impostos com base em outro dados que não sejam os inscritos nos livros e documentos a que a empresa esteja obrigada a escriturar. Assim, o Al é ilegal por proceder lançamento de tributo de forma diversa da permitida em lei. Neste caso, o AI só poderia contemplar as diferenças entre dados escriturados no livro caixa de 2003 e a DSPJ do mesmo período, não havendo base legislativa para o lançamento de qualquer valor fora dessa diferença. • Sobre a tributação dos depósitos bancários, alega que o Fisco considerou que todas as TED, DOC, cheques e dinheiro depositados nas contas correntes da empresa constituem rendimentos não escriturados, apurando um faturamento de R$ 1.097.067,91, que supostamente não fora declarado. Mas isso não pode ser considerado receita, pois em inúmeros momentos há transferência de recursos de um estabelecimento para outro da empresa informação incorreta da instituição financeira, cheques descontados sem especificação de detalhes, se é pré-datado ou á vista, deixando claro que o Fisco, ao tributar indiscriminadamente os estratos bancários, age ilegalmente, pois não detalha a ocorrência do fato gerador e transfere para o contribuinte o ônus de provar a inexistência do mesmo. Neste sentida diz que ex_jm„)._. o contribuinte justifique todos os créditos lançados em sua conta corrente não constituem receita. inworta na produção de prova impossível, o que consistiria cerceamento do direito de defesa, por transferir para o contribuinte a obrigação, que seria do Fisco de demonstrar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. • Os depósitos bancários não poderiam, por si só, constituir renda tributável, pois seriam apenas indícios de rendimentos a exigir uma investigação do patrimônio do correntista. O art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996 apenas estabelece que depósitos não comprovados geram presunção de omissão de receita, mas de modo algum autorizam o Fisco a lançar tributos com base nesses depósitos, pois se assim o fosse ela seria inconstitucional, já que os critérios de fimdamentação do lançamento tributário só podem ser regulados por lei complementar, conforme doutrina e jurisprudência que menciona. Conforme já mencionado, a DRJ em Salvador/BA considerou procedente o lançamento, expressando suas conclusões com a seguinte ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2003 OMISSÃO DE RECEITA. EXTRATOS BANCÁRIOS Os depósitos em conta corrente da empresa cujas operações que lhes deram origem não restem comprovadas, após regular 9' 5 intimação, presumem-se advindos de transações realizadas à margem da contabilidade, caracterizando omissão de receita. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. O pagamento a menor de tributos enseja o lançamento de oficio sobre as diferenças detectadas pelo Fisco. NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Improcedem as argüições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n°70.235. de 1972. Improcedem as argüições de cerceamento do direito de defesa se comprovado que o contribuinte teve conhecimento dás atos processuais e o seu direito de resposta foi plenamente assegurado. CONSTITUCIONALIDADE. A instância administrativa não possui competência para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis. Ançamento Procedente Inconformada com essa decisão, da qual tomou ciência em 26/04/2007, a Contribuinte apresentou em 11/05/2007 o recurso voluntário de fls. 439 a 450, onde reitera os mesmos argumentos de sua impugnação, conforme descrito nos parágrafos anteriores, com exceção da nulidade pelo fato de os trabalhos de fiscalização terem ultrapassado o prazo de 60 dias, ponto esse que deixou de ser tratado pela Contribuinte no presente recurso. Este é o Relatório. Ç6 Processo n° 10530.002817/2006-81 SI-TE02 Acórdão n.° 1802-00364 9.4 V020 Conselheiro JOSÉ DE OLIVEIRA FERRAZ CORRÊA, Relator O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Trata-se de lançamento de tributos federais, no regime de tributação simplificada — Simples, abrangendo os meses do ano-calendário de 2003. A Delegacia de Julgamento abordou detalhadamente todas as questões suscitadas na primeira instância. E em sede de recurso voluntário, a Contribuinte nada acrescentou em relação aos argumentos que havia apresentado em sua impugnação. Toda a argumentação continua voltada para os itens 001 e 003 do lançamento, que envolveu os valores auferidos por meio de transferências bancárias — TEDs e aqueles correspondentes a depósitos bancários com origem não comprovada. As infrações relativas ao saldo credor de caixa apurado em janeiro/2003 (item 002), as diferenças de base cálculo entre o Livro Caixa e a Declaração Simplificada (item 004), à insuficiência de recolhimento em face da alteração das aliquotas do Simples (item 005), e à multa regulamentar por falta de comunicação sobre a exclusão do Simples não foram contestadas expressamente pela Contribuinte. O Termo de Verificação (fls. 06 a 10) noticia que a fiscalização foi iniciada com o objetivo de apurar incompatibilidade entre os repasses realizados pelas administradoras de cartão de crédito, referentes a vendas de mercadorias e/ou serviços, e a receita declarada pela Contribuinte no ano-calendário de 2003. Quanto à requisição de informação sobre movimentação financeira — RMF junto aos Bancos, o Termo de Verificação, após fazer referência ao Termo de Inicio de Ação Fiscal, cujo prazo de atendimento foi por duas vezes prorrogado a pedido da Contribuinte, e também referência à documentação por esta apresentada, traz as seguintes informações: 7. Depois de constatada a incompatibilidade entre a receita declarada pelo contribuinte e os valores declarados pelas administradoras de cartão de crédito e, seguindo roteiro de fiscalização emitido pela COF1S — Operaão DECRED, foi considerado indispensável ao procedimento de fiscalização a Solicitação de Emissão de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira — RMF, ano-calendário 2003. O contribuinte, ainda, não apresentou relação completa dos extratos das administradoras de cartão , de crédito e não informou justificativa sobre tal falha. Também, em sua escrituração do Livro Caixa/2003, o contribuinte contabilizou suas receitas pelos totais do dia. Sem, portanto, detalhamento de origem, contrariando o disposto no art. 7° da Lei n° 9.317/96, que determina escrituração de forma individualizada de toda a movimentação financeira, inclusive bancária. Enquadrando-se, 7 assim, no inciso VII, artigo 3° do Decreto n° 3.724 de 2001, como embaraço à fiscalização. A Contribuinte alega que o fato de manter e apresentar escrita contábil (livros Caixa e Razão Analítico) a desobrigava de manter registro de toda a sua movimentação bancária. Deste modo, não haveria motivação legal para a requisição de informações junto aos Bancos. Além disso, alega que não ofereceu qualquer resistência à fiscalização, e também que a não apresentação de todos os extratos bancários não poderia caracterizar embaraço à fiscalização, pois o sigilo desses dados está previsto no art. 5 0, inc. X, da Constituição Federal de 1988. Nenhuma das razões apresentadas compromete a RMF encaminhada pela Delegacia da Receita Federal em Feira de Santana/BA as instituições financeira& Como bem destacou a Delegacia de Julgamento, a Contribuinte deveria apresentar escrituração detalhada e individualizada de todas as operações da empresa, incluindo a movimentação bancária, seja em Livro Caixa ou Diário. Portanto, o fato de ter apresentado, já no final da ação fiscal, um Razão analítico, em nada justifica a escrituração incompleta e ineficiente do Livro Caixa. Aliás, a própria autuada informou em resposta ao Termo de Início, à fl. 207, que não estava apresentando os livros fiscais Diário e Razão porque, na condição de empresa optante pelo Simples, estava obrigada tão somente à escrituração dos livros Caixa e Registro de Inventário, justamente os dois livros que foram apresentados naquela oportunidade. De acordo com o art. 70 da Lei n° 9.317/1996: An. 70 A microempresa e a empresa de pequeno porte, inscritas - - no SIMPLES apresentarão, anualmente, declaração simplificada que será entregue até o último dia útil do mês de maio do ano- calendário subseqüente ao da ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições de que tratam os arts. 3° e 4°. § I° A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária• (grifos acrescidos) E o RIR/1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26/03/1999, explicita as seguintes regras de escrituração: Seção VII Princípios, Métodos e Critérios Art.269.A escrituração será completa„ em idioma e moeda corrente nacionais, em forma mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e f8 Processo n0 10530.002817/200641 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00.364 Fl. 5 transportes para as margens (Decreto-Lei n 2 486, de 1969, art. 29 (grifo acrescido) Por sua vez, o Decreto n° 3324/2001 inclui, dentre as hipóteses para que a Receita Federal requisite junto a instituições financeiras informações de um determinado contribuinte, as situações previstas no art. 33 da Lei 9.430/96, no caso especifico, a prevista em seu inciso I: 7 Art.33. A Secretaria da Receita Federal pode determinar regime especial para cumprimento de obrigações, pelo sujeito passivo, nas seguintes hipóteses: 1- embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justcada de exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens movimentação firiÃricgiFa —negócio ou 711Mclade; próprios ou de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxílio da força pública, nos termos do art. 200 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966; (grifos acrescidos) Nesse contexto, cabe observar que o Livro Caixa apresentado pela Contribuinte não trazia as informações completas e individualizadas sobre sua movimentação financeira. Somou-se a isso a incompatibilidade entre a receita declarada pela Contribuinte e os valores declarados pelas administradoras de cartão de crédito, cujos extratos também não foram apresentados pela Contribuinte, em sua totalidade, não restando outra alternativa ao Fisco, senão requisitar informações diretamente junto aos Bancos. Quanto ã invocação do sigilo previsto no art. 5°, X, da Constituição Federal, é importante observar que os próprios Contribuintes estão obrigados pela Lei a disponibilizar ao Fisco as informações sobre sua movimentação financeira, inclusive bancária, por meio de seus Livros Contábeis e Fiscais, de suas Declarações de Rendimentos, etc. Assim, caso o art. 5°, X, da Constituição tivesse o alcance pretendido pela Contribuinte, as obrigações acessórias de escriturar livros, de apresentar declarações de rendimentos, etc,, seriam todas elas inconstitucionais, o que não é razoável admitir. Além disso, como visto, restou caracterizada uma situação que autorizava a obtenção de informações sobre a movimentação financeira do Contribuinte diretamente junto aos Bancos onde essa movimentação era realizada. Da mesma forma, é improcedente a interpretação que a Contribuinte faz em relação ao art. 18 da Lei n° 9.317/1996, abaixo transcrito, no sentido de que o lançamento só poderia contemplar as diferenças entre os dados escriturados no Livro Caixa de 2003 e a DSPJ do mesmo período. Art. 18. Aplicam-se à microempresa e à empresa de pequeno porte todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições de que trata esta Lei desde que apuráveis com base nos livros e documentos a que estiverem obrigadas aquelas pessoas jurídicas. (grifos acrescidos) 9.„ 9 Não há dúvidas de que a presunção de omissão de receitas foi apurada com base nos livros e documentos obrigatórios para a pessoa jurídica. Realmente, todos os elementos de autuação dizem respeito a fatos que deveriam estar registrados nos livros que a empresa estava obrigada a escriturar, e o fato de não estarem escriturados não afasta a tributação. Fosse assim, haveríamos de concluir, caso a empresa omitisse toda a sua receita, ou simplesmente deixasse de escriturar os livros obrigatórios, que ela estaria desobrigada do recolhimento dos tributos em questão, porque não haveria base tributável a ser extraída dos livros. Nesse sentido, é importante lembrar que a presunção de omissão de omissão de receitas se dá justamente porque elas não foram escrituradas nos livros, ou, em alguns casos, porque foram escrituradas de forma dissimulada, mas não como receita. Em relação às inconsistências da base de cálculo, por não ter a Fiscalização_ detalhado a ocorrência dos fatos geradores, transferindo para a Contribuinte o ónus de provar a inexistência dos mesmos, a Delegacia de Julgamento registrou que a Fiscalização não considerou indiscriminadamente todos os depósitos das contas correntes auditadas como receita tributável, pois foram afastados os lançamentos referentes a vários repasses de administradoras de cartão de crédito, que estavam escriturados no Livro Caixa/2003, bem corno os valores cuja origem 1foi transferência entre contas correntes da contribuinte e produto de devolução de cheques por quaisquer motivos. Na decisão de primeira instância consta a transcrição dos itens 28 e 29 do Termo de Verificação, que novamente transcrevo: 28. Verificou-se que a escrituração do Livro Caixa/2003 do contribuinte sob fiscalização não possui a movimentação bancária financeira completa. Não há escrituração de diversas entradas de depósitos em dinheiro, cheques. DOCs e TEDs realizados nas contas correntes do contribuinte. Foi solicitado ao contribuinte, no Termo de Intimação — Depósitos Bancários, a comprovação da origem, escrituração em livro próprio (Livro Caixa) e prova de oferecimento à tributação dos valores relacionados em planilha anexa ao citado Termo. O contribuinte forneceu a relação informada no item 26, deixando de comprovar todas as demais. As transferência via TEDs, constantes da relação do item 26, cujo ordenante foi REDECARD, foram consideradas receitas de vendas cujo meio de pagamento foi cartão de crédito. Receitas estas consideradas escrituradas no Livro Caixa/2003. As demais TEDs, cujos ordenantes foram Bompreço S.A, Gaetano Chinês e Maria Marta Kach dos Santos foram consideradas como receitas/transferências financeira não escrituradas no Livro Caixa/2003. Pois não foram encontrados lançamentos de igual valor nas datas constantes das transferências realizadas no Livro Caixa/2003 da empresa. 29. Todos os demais depósitos realizados nas contas correntes do contribuinte, nos quais não houve comprovação da sua origem, escrituração e oferecimento à tributação, foram considerados LANÇAMENTOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITUILIDOS, totalizando R$ 1.025.079,68 [.1. Á relação de depósitos consta em planilha anexa, chamada DEPÓSITOS BANCÁMOS NÃO ESCRITURADOS. Nesta relação constam apenas os depósitos cujo histórico informa serem provenientes de créditos de dinheiro, cheques, transferências via DOCs, TEDs, operação de descontos de cheques. Foram afastados quaisquer lancamentos referentes a repasses de administradoras de cartão de crédito. Estes foram considerados escriturados no Livro Caixa/2003. Também foram afastados os valores cuia origem foi transferência entre contas sp 10 Processo n° 10530.002817/2006-81 81-TE02 Acórdão n.° 1802-00364 Fl. 6 correntes do contribuinte e produto de devolucão de cheques por quaisquer (Grifos acrescidos) A Delegacia de Julgamento fez diversas considerações sobre os critérios utilizados pela Fiscalização, e a Contribuinte não as refutou, repetindo os mesmos argumentos de sua impugnação. Conforme já mencionado, a defesa busca condenar o lançamento em razão de ele estar baseado na movimentação financeira apurada nas contas bancárias da Contribuinte, sem o detalhamento dos fatos que deram origem a essa movimentação. Cabe mais uma vez esclarecer que a base legal do lançamento é o art. 42 da Lei 9.430/1996, que estabelece a seguinte regra: 24rt_42. Caracterizam-se também omissão de _receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, •a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vê-se que é do Contribuinte o ônus de comprovar a origem dos valores creditados em suas contas bancárias. De fato, a presunção legal objetiva justamente inverter o ônus da prova, que normalmente é do Fisco. Conforme destacado na decisão de primeira instância, a Autoridade Fiscal intimou a Contribuinte a esclarecer e comprovar adequadamente a origem dos recursos depositados nas contas correntes auditadas (fls. 349/358), demonstrados na planilha de fl. 11, incompatíveis com os valores de receita declarados na DSPJ-Simples entregue à SRF, relativa ao ano-calendário de 2003 (fls. 181/198). Todavia, em relação aos valores lançados, a empresa não logrou fazer essa comprovação, ficando caracterizada a materialidade do fato gerador da exigência fiscal em lide, por presunção autorizada em lei. A decisão de primeira instância também faz as seguintes considerações: • (.) se as operações da empresa estivessem lançadas em sua totalidade, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, sobretudo no Livro Caixa do período, como determina a legislação tributária, a documentação e os esclarecimentos demandados pelo Fisco seriam facilmente cumpridos pela autuada. Realmente, incumbia à Contribuinte, desde o início, dar conta de informações detalhadas a respeito dos valores que ingressaram em suas contas bancárias. Como não o fez, restou configurada a hipótese de presunção de omissão de receitas com base no art. 42 da Lei 9.430/96, presunção essa que não pode ser ilidida com alegações que suscitam dúvidas genéricas sobre o período de competência das receitas, sem qualquer documento que dê suporte a tais alegações. Também não há como admitir a alegação de cerceamento do direito de defesa, porque eventuais dúvidas em relação às operações comerciais que deram origem às receitas surgem justamente em decorrência de a Contribuinte não ter comprovado a origem dos - is ti referidos ingressos, e essa falta de comprovação, no caso, milita a favor do Fisco, por expressa disposição legal. Ao final de seu recurso, a Contribuinte desenvolve argumentos no sentido de que o art. 42 da Lei 9.430/96 não poderia autorizar o Fisco a lançar tributos com base em depósitos com origem não comprovada, porque, se assim fosse, ele seria inconstitucional, já que os critérios de fundamentação do lançamento tributário só podem ser regulados por lei complementar. Quanto a esse ponto, considero ser a lei ordinária o veiculo normativo correto para a introdução de presunções de omissão de receitas. Essas no mias tem natureza processual, atinente à prova de um fato, e não criam novas hipóteses materiais para a incidência tributária As presunções no campo do Direito Tributário são criadas porque a experiência acumulada em longos anos aponta um elo bastante seguro entre um fato conhecido e provado (ingresso em contas bancárias) e um fato desconhecido que se quer provar (auferimento de receitas). A forte relação entre estes fatos é que autoriza o legislador a criar a hipótese de presunção, que poderia ser ilidida pela Contribuinte, mas não o foi. Ainda em relação às alegações da Recorrente, cujo acolhimento implicaria no afastamento de norma legal vigente (art. 42 da Lei 9.430/96), por suposto vicio de inconstitucionalidade e afronta ao Código Tributário ao Nacional, cabe ressaltar que falece a esse órgão de julgamento administrativo competência para provimento dessa natureza, que está a cargo do Poder Judiciário, exclusivamente. Oportuno lembrar que apenas de modo excepcional, havendo prévia decisão por parte do Supremo Tribunal Federal, e cumpridos os requisitos do Decreto n o 2.346/97 ou do art. 103-A da Constituição, o que não ocorre no-presente caso, é que a Administração Pública deixaria de aplicar a norma legal. Aliás, essa matéria já se encontra sumulada: Súmula I° CC n° - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, nego provimento ao recurso. Sala das Sessões, em 11 de março de 2010.11 de março de 2010 sé de Ohv a P7erraz cara 12
score : 1.0
Numero do processo: 10218.720517/2009-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA.
Comprovado o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia sua contagem com a ocorrência do fato gerador, operando-se a extinção do crédito tributário lançado após o decurso de prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário pelo lançamento.
Numero da decisão: 2201-003.350
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência do lançamento tributário. Vencido o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado).
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 06/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Comprovado o pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial inicia sua contagem com a ocorrência do fato gerador, operandose a extinção do crédito tributário lançado após o decurso de prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário pelo lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos em dar provimento ao recurso para reconhecer a decadência do lançamento tributário. Vencido o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 06/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre, Ana Cecilia Lustosa da Cruz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 05 17 /2 00 9- 73 Fl. 97DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 2 O presente processo trata da Notificação da Lançamento nº 02103/00148/2009 (fl. 1 a 4), pela qual a autoridade administrativa lançou crédito tributário relativo a Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural no valor originário de R$ 16.572,00, com Multa de Ofício de R$ 12.429,00 e juros de mora de R$ 10.763,51 (calculados até julho de 2009), perfazendo o total apurado de R$ 39.764,51. O lançamento é relativo ao exercício de 2004 e o imóvel rural em questão está identificado na Receita Federal do Brasil pelo número 7.570.3238. Atesta a Fiscalização que, regulamente intimado, o contribuinte não comprovou o valor da terra nua declarado, mediante a apresentação de laudo de avaliação do imóvel, o que ensejou seu arbitramento com base nas informações do Sistema de Preços de Terra SIPT (fl. 2). Embora não tenha sido juntado aos autos a imagem do Aviso de Recebimento relativo à ciência do lançamento, a tela de fl. 06 aponta que tal ciência ocorreu em 17 de julho de 2009, o que se mostra compatível com a formalização da impugnação acostada em fl. 37, protocolada em 06 de agosto de 2009, na qual o contribuinte apenas informa que teria vendido o imóvel em março de 2008. No julgamento da impugnação, fl. 56 a 61, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília, por unanimidade de votos, manteve integralmente o crédito tributário, lastreada no entendimento de que, por não ter sido levada a registro, a escritura não produziu o necessário efeito da transferência de propriedade, restando portando o impugnante ainda condição de proprietário do imóvel e, portanto, passível de figurar no pólo passivo da relação tributária. Especificamente em relação ao motivo que deu causa ao lançamento, a DRJ considerou a alteração do VTN como matéria não impugnada. A ciência do Acórdão da DRJ ocorreu em 20 de outubro de 2011, fl. 64. Ainda inconformado, o contribuinte formalizou o Recurso Voluntário de fl. 64 a 71, no qual busca demonstrar sua ilegitimidade passiva, com o fim de ver cancelado o lançamento, alegando, em síntese: que os atuais proprietários respondem integralmente pelo ITR ora lançado; que as declarações dos exercícios posteriores deixaram de ser apresentadas pelo recorrente; que o fato de não ter ocorrido, na data da lavratura do auto de infração, a transferência imobiliária não pode ser determinante para a definição da responsabilidade tributária; que a existência de escritura lavrada perante o registro civil prova que houve a alienação; que a transferência no cartório imobiliário é providência que cabe ao comprador, jamais ao vendedor, não podendo o recorrente ser penalizado pela omissão de terceiros. Em 12 de março de 2013, a Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da 2ª Seção de Julgamento, por maioria de votos resolveu converter o julgamento em diligência, Fl. 98DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10218.720517/200973 Acórdão n.º 2201003.350 S2C2T1 Fl. 98 3 para verificação da existência de pagamento antecipado relativo ao fato gerador em discussão. Vencido o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka que reconhecia a decadência do crédito tributário, entendendo que a indicação de imposto devido contida em fl. 3 já seria suficiente para atestar a existência do pagamento antecipado. Atendendo a diligência, foram juntados aos autos o extrato de fl. 83 a 90. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Em razão de ser tempestivo e por preencher demais condições de admissibilidade, conheço do presente Recurso Voluntário. Da decadência. Inicialmente cumpre destacar que, embora não tendo sido arguida pela recorrente, há que se reconhecer o caráter de matéria de ordem pública da decadência, o que nos impõe seu reconhecimento de ofício a qualquer tempo. Com a edição da Lei 9.393/96, em particular considerando os temos do seu art. 10, o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural passou a ser tributo sujeito a lançamento por homologação Sobre a questão da fluência dos prazos decadenciais, mister trazermos à balha os preceitos legais que regem a matéria, em particular o § 4º do artigo 150 e o art. 173, todos da Lei 5.172/66 (CTN): Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Grifouse Para a aplicação da contagem do prazo decadencial, este Conselho adota o entendimento do STJ, no Recurso Especial nº 973.733/SC (2007/01769940), julgado em 12 de Fl. 99DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 4 agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, e, portando, de observância obrigatória neste julgamento administrativo, por força de disposição regimental interna, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Assim, o prazo decadencial contase a partir da ocorrência do fato gerador quando há antecipação do pagamento, conforme artigo 150, § 4º do CTN. Contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o contribuinte não antecipa o pagamento devido, ou ainda quando se verifica a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Portanto, necessária a verificação da existência ou não do pagamento antecipado para o exercício de 2004, com o merecido destaque à previsão da lei 9.393/1996, segundo o qual não existe situação em que não haverá imposto devido ao final da apuração do ITR: Fl. 100DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10218.720517/200973 Acórdão n.º 2201003.350 S2C2T1 Fl. 99 5 Art. 11. O valor do imposto será apurado aplicandose sobre o Valor da Terra Nua Tributável VTNt a alíquota correspondente, prevista no Anexo desta Lei, considerados a área total do imóvel e o Grau de Utilização GU. § 1º Na hipótese de inexistir área aproveitável após efetuadas as exclusões previstas no art. 10, § 1º, inciso IV, serão aplicadas as alíquotas, correspondentes aos imóveis com grau de utilização superior a 80% (oitenta por cento), observada a área total do imóvel. § 2º Em nenhuma hipótese o valor do imposto devido será inferior a R$ 10,00 (dez reais). Grifouse Ou seja, ainda que o contribuinte tenha declarado toda a área de sua propriedade como área não tributável, ainda assim estaria obrigado ao recolhimento do valor mínimo lançado do imposto. Correta a interpretação majoritária dada pelo Colegiado de 2ª Instância ao converter o julgamento em diligência, pois a informação de fl. 03 aponta que houve imposto devido na declaração apresentada, o que não é suficiente para demonstrar que, de fato, houve pagamento. Ate porque, como destacado no parágrafo precedente, TODAS as declarações de ITR resultam em saldo a pagar de tributo, o que, frisese, não se confunde com o efetivo pagamento. Analisando o relatório resultado da diligência requerida, fl. 83 a 91, é flagrante sua deficiência, pois limitouse a unidade preparadora a juntar uma relação de pagamentos efetuados pelo contribuinte sem detalhar se o imóvel aqui tratado foi contemplado com algum pagamento para o ITR apurado em 2004. Em uma análise apressada, a partir das parcas informações prestadas, poder seia acreditar que houve pagamento antecipado para o exercício de 2004. Contudo, os valores dos recolhimentos do código 1070, contidos em fl. 85 e 87, não se referem ao NIRF aqui tratado. Assim, não restou a este julgador outra alternativa que não a de buscar novas informações nos sistemas, o que evidenciou que houve sim o pagamento do valor apurado na DITR para o NIRF 7.570.3238 para o exercício de 2004, conforme tela abaixo. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 6 Ocorre que, como se vê, o recolhimento foi efetuado apenas em 10/03/2009, mas, ainda assim, antes de levado a termo qualquer procedimento de ofício, cuja intimação inicial foi cientificada ao interessado em 08 de maio de 2009, naturalmente, abstraindose de sua regularidade formal, já que não consta dos autos o respectivo aviso de recebimento. Assim, considerando que o pagamento espontâneo efetuado pelo contribuinte, ainda que após o vencimento do débito, mas antes de iniciado o procedimento de ofício, tem o condão de configurar pagamento antecipado, restando a incidência de acréscimos legais como penalidade pelo atraso, entendo que, neste caso, o prazo decadencial inicia sua contagem a partir da ocorrência do fato gerador, 01 de janeiro de 2004. Portanto, considerando que a ciência do lançamento ocorreu em 17 de julho de 2009, considero operada a decadência do lançamento, já que o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário expirou em 01 de janeiro de 2009, pelo quê, dou provimento ao objeto do recurso para, de ofício, considerar o débito lançado extinto pela decadência, nos termos do inciso V do art. 156 do CTN. Conclusão Tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais acima expostos, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 102DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10218.720517/200973 Acórdão n.º 2201003.350 S2C2T1 Fl. 100 7 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 15563.000280/2006-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9202-000.062
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que esta dê ciência ao contribuinte do acórdão recorrido, do recurso especial da Fazenda Nacional, do respectivo despacho de admissibilidade e dos documentos acostados aos autos pela autoridade preparadora, com abertura de prazo para apresentação de contrarrazões. Após, que seja intimada a Fazenda Nacional, com posterior retorno ao relator, para prosseguimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que esta dê ciência ao contribuinte do acórdão recorrido, do recurso especial da Fazenda Nacional, do respectivo despacho de admissibilidade e dos documentos acostados aos autos pela autoridade preparadora, com abertura de prazo para apresentação de contrarrazões. Após, que seja intimada a Fazenda Nacional, com posterior retorno ao relator, para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 210100.562, prolatado pela 1a Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 10 de julho de 2012 (efls. 269 a 280). Ali, por maioria de votos, deuse provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e a decisão a seguir: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 63 .0 00 28 0/ 20 06 -5 1 Fl. 349DF CARF MF Processo nº 15563.000280/200651 Resolução nº 9202000.062 CSRFT2 Fl. 350 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE DECLARADO INTERESSE ECOLÓGICO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. Não obstante, o CARF tem admitido que a apresentação do ADA antes do início da fiscalização supre a exigência legal. Hipótese em que o fundamento do auto de infração é, única e exclusivamente, a falta de apresentação tempestiva do ADA, que, no caso, foi protocolado antes do início da fiscalização. Adicionalmente, as informações contidas nesse ADA foram corroboradas por laudo técnico de data anterior. Recurso provido. Decisão: por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencido o Conselheiro José Raimundo Tosta Santos. Encaminharamse, então, os autos à Fazenda Nacional para fins de ciência da decisão, em 02/10/2012 (efl. 294). Insurgindose contra o Acórdão, a PGFN apresentou, em 03/10/12 (efl. 295), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 296 a 308 e anexos). O recurso alega a existência de divergência interpretativa quanto à necessidade de apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA), para fins de exclusão da base de cálculo do ITR das áreas de Preservação Permanente e Utilizaçem litígio. Mais especificamente, alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido pela TUrma Especial e pela 2a. Câmara do então 3o. Conselho de Contribuintes, respectivamente através do Acórdão 39100.037, prolatado em 21/10/2008 e do Acórdão 30236.783, prolatado em 14 de abril de 2005, de ementa e decisão a seguir transcritas: Acórdão 39100.037 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITRExercício: 2002 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. COMPROVAÇÃO. ADA INTEMPESTIVO. O contribuinte não logrou comprovar a protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental ADA junto ao Ibama ou órgão conveniado, em razão do que restam não comprovadas as áreas declaradas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada para Fl. 350DF CARF MF Processo nº 15563.000280/200651 Resolução nº 9202000.062 CSRFT2 Fl. 351 3 fins de exclusão da área tributável, nos termos da legislação aplicável.A averbação à margem da matrícula do imóvel não supre a exigência legal de apresentação tempestiva do ADA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (PAF). PRECLUSÃO. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual. Não caracterizada nenhuma das exceções do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972 (PAF). RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Decisão: Por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso Acórdão 30239.144 Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2001 Ementa: ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL – ADA. A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória (ou a comprovação do protocolo de requerimento daquele Ato, junto ao IBAMA, em tempo hábil), por força da Lei nº 10.165, de 28/12/2000. ÁREA DE RESERVA LEGAL. A exclusão da área de reserva legal da tributação pelo ITR depende de sua averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, até a data da ocorrência do fato gerador. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO PARA A PROTEÇÃO DOS ECOSSISTEMAS. Para efeito de exclusão do ITR não serão aceitas como de interesse ecológico as áreas declaradas, em caráter geral, por região local ou nacional, mas, sim, apenas as declaradas, em caráter específico, para determinadas áreas da propriedade particular. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE OU ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA COMPROVAÇÃO Para que as áreas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada estejam isentas do ITR, é preciso que as mesmas estejam perfeitamente identificadas por documentos idôneos e que assim sejam reconhecidas pelo IBAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental – ADA, ou que o contribuinte comprove ter requerido o referido ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 15563.000280/200651 Resolução nº 9202000.062 CSRFT2 Fl. 352 4 ARGÜIÇÕES DE ILEGALIDADE E DE INCONSTITUCIONALIDADE. Não compete às instâncias administrativas de julgamento apreciar ou se manifestar sobre matéria referente à inconstitucionalidade de leis ou ilegalidade de atos normativos regularmente editados, uma vez que esta competência é exclusiva do Poder Judiciário, conforme constitucionalmente previsto. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. Somente produzem efeitos, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal que tenham efeitos erga omnes. Demais decisões judiciais apenas se aplicam às partes envolvidas nos litígios para os quais são proferidas. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Decisão: Por maioria de votos, negouse provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Vencidos os Conselheiros Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira e Rosa Maria de Jesus da Silva Costa de Castro. Em linhas gerais, argumenta a Fazenda Nacional em sua demanda: a) Cita a recorrente o estabelecido no art. 10 da Lei no. 9.393, de 19 de dezembro de 1996, defendendo que o mesmo estabelece concessão de benefício fiscal e, assim, deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 do CTN. Defende que, para efeito da exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal específica e individualmente da área como tal, protocolizando o ADA no IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração, consoante INs SRF 43/97, com redação dada pela IN SRF 67/97, 73/2000 e 60/2001, pelo Manual de Perguntas do ITR/2002 e art. 10 do Decreto no. 4.382, de 19 de setembro de 2002, bem como Solução de Consulta COSIT no. 12, de 21 de maio de 2003; b) Ressalta que a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. 113, §§ 2°. e 3o., da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN). Ou seja: a ausência do ADA não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória , mas sim incidência do imposto; Fl. 352DF CARF MF Processo nº 15563.000280/200651 Resolução nº 9202000.062 CSRFT2 Fl. 353 5 c) Entende, como inteiramente equivocado o entendimento, no sentido de que não existe mais a exigência de prazo para apresentação do requerimento para emissão do ADA, em virtude do disposto no § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, incluído pelo art. 3º da Medida Provisória nº 2.16667, de 24 de agosto de 2001, uma vez que: "(...). O que não é exigido do declarante é a prévia comprovação das informações prestadas. Assim, o contribuinte preenche os dados relativos às áreas de preservação permanente e de utilização limitada, apura e recolhe o imposto devido, e apresenta a sua DITR, sem que lhe seja exigida qualquer comprovação naquele momento. No entanto, caso solicitado pela Secretaria da Receita Federal, o contribuinte deverá apresentar as provas das situações utilizadas para dispensar o pagamento do tributo." d) Ressalta que tal obrigatoriedade para a não incidência tributária foi instituída através de dispositivo legal (art. 17O da Lei 6.983, de 31 de agosto de 1981, com redação dada pelo art. 1o. da Lei 10.165, de 27 de dezembro de 2000). De fato, esse diploma reitera os termos da Instrução Normativa n° 43/97 e atos posteriores, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, com vista à redução da incidência do ITR; e) Registra que a obrigatoriedade da apresentação do ADA não representa qualquer violação de direito ou do princípio da legalidade. Antes pelo contrário, a exigência alinhase com a norma que consagrou o benefício tributário (art. 10, § 1o, II, da Lei n° 9.393, de 1996), apontando os meios para a comprovação da existência das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, estando o exercício do direito do contribuinte atrelado a uma simples declaração dirigida ao órgão ambiental competente. Tratase, por evidente, de norma amplamente favorável ao contribuinte do ITR, que, na hipótese de sua ausência, estaria sujeito a meios de prova notadamente mais complexos e dispendiosos, como, por exemplo, os laudos técnicos elaborados por peritos; f) Ressalta, ainda, que o que não se pode conceber é que o contribuinte queira se valer da exclusão das áreas tributáveis da incidência do ITR sem cumprir as exigências previstas na legislação. Não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de preservação permanente ou de utilização limitada, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação competente. No caso concreto, o recorrente, desejando fazer jus à isenção do ITR relativo ao exercício de 2002, não comprovou protocolização tempestiva do requerimento de reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada pelo órgão competente, não atendendo, por essa razão, às exigências da legislação para isenção do ITR, pelo que deve ser mantida a glosa efetivada pela fiscalização quanto às áreas em questão. Requer, assim, o conhecimento e o provimento do recurso para que seja reformado o acórdão recorrido, a fim de que seja mantido o lançamento em sua integralidade. O recurso foi regularmente admitido, consoante exame de admissibilidade de e fls. 312 a 314. Encaminhados os autos à Unidade Preparadora, esta anexou ao presente elementos de efl. 321 a 342 e despacho de efls. 343 a 345, onde ressalta a existência de acão Fl. 353DF CARF MF Processo nº 15563.000280/200651 Resolução nº 9202000.062 CSRFT2 Fl. 354 6 judicial com mesmo objeto do presente feito (Ação 2007.51.11.0000655), retornando o feito a seguir a este CARF. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Preliminarmente à análise de conhecimento e mérito recursal, verifico que os presentes autos apresentam problema que deve ser saneado antes do julgamento do feito, qual seja: Não foi dada ciência ao contribuinte acerca do resultado do julgamento de efls. 269 a 280 e nem acerca do Recurso Especial da Procuradoria de efls. 296 a 308, admitido consoante despacho de efls. 312314, ciência esta que deve preceder qualquer análise deste Colegiado acerca de eventual concomitância entre o presente processo administrativo e a medida judicial cujos elementos foram anexados aos autos (efls. 321342 e despacho de efls. 343 a 345). Assim, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, a fim de que a autoridade preparadora dê ciência ao contribuinte do teor do decisum de efls. 269 a 280, do Recurso Especial de efls. 296 a 308, bem assim da admissibilidade de efls. 312 a 314, facultado ao mesmo no prazo regimental a interposição de Recurso Especial de sua iniciativa e/ou de contrarrazões ao pleito fazendário. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 354DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.000584/2004-05
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 1999
LEGITIMIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSO COM PROVIDÊNCIA DE RETORNO
Não detem legitimidade para opor Embargos de Acórdão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) o relator da Turma Ordinária para o qual foi sorteado um processo com Acórdão de Recurso Especial da CSRF com providência de retorno.
Numero da decisão: 9101-002.274
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Decisão dos membros do colegiado: Embargos não conhecidos por unanimidade de votos, com retorno dos autos à Turma a quo. Os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), votaram pelas conclusões.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal De Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO, ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSO COM PROVIDÊNCIA DE RETORNO Não detem legitimidade para opor Embargos de Acórdão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) o relator da Turma Ordinária para o qual foi sorteado um processo com Acórdão de Recurso Especial da CSRF com providência de retorno. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Decisão dos membros do colegiado: Embargos não conhecidos por unanimidade de votos, com retorno dos autos à Turma a quo. Os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), votaram pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, LUÍS FLÁVIO NETO, ADRIANA GOMES REGO, DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO, ANDRE MENDES DE MOURA, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, HELIO EDUARDO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 05 84 /2 00 4- 05 Fl. 375DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O 2 DE PAIVA ARAUJO (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório A Turma ordinária decidiu o recurso voluntário em acórdão que restou vazado na seguinte ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL — NULIDADE DO LANÇAMENTO Rejeitase preliminar de nulidade do lançamento quando não configurado vicio ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa. MULTA ISOLADA CSL DECADÊNCIA — CONSTATAÇÃO DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO A Contribuição Social sobre o Lucro, tributo cuja legislação prevê a antecipação de pagamento sem prévio exame pelo Fisco, está adstrita à sistemática de lançamento dita por homologação, na qual a contagem da decadência do prazo para sua exigência tem como termo inicial a data da ocorrência do fato gerador (art. 150 parágrafo 40 do CTN). No caso de dolo, fraude ou simulação, deslocase esta regência para o art. 173, I, do CTN, que prevê como inicio de tal prazo o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Ocorrendo a ciência do auto de infração pela contribuinte no ano de 2003, é incabível a preliminar de decadência suscitada para a multa isolada por falta de recolhimento de estimativa lançada no anocalendário de 1998. CSL — OMISSÃO DE RECEITAS — Caracteriza a ocorrência de omissão de receitas a diferença apurada pela fiscalização no confronto entre as receitas escrituradas/declaradas com aquelas constantes dos boletins de Caixa da loja, principalmente quando a empresa não contesta a infração detectada e efetua parcelamento desses débitos fiscais no PAES. CSL APLICAÇÃO DA MULTA AGRAVADA — A conduta da contribuinte de não informar a totalidade de suas receitas nas declarações de rendimentos entregues ao Fisco, nem escriturálas nos livros próprios, durante períodos consecutivos, procedimento adotado sistematicamente em todo o grupo de empresas capitaneado pela autuada, por meio de limitadores eletrônicos de emissão de notas fiscais ou cupom, além da manutenção de controles paralelos de receitas, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e enseja a aplicação de multa agravada pela ocorrência de fraude prevista no art. 72 da Lei n° 4.502/1964. MULTA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA – A falta de recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro, calculada por estimativa com base na receita bruta, sujeita a contribuinte à imposição da multa prevista no art. 44 § 1° inciso IV da Lei n° 9.430/96. MULTA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA — CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFÍCIO ACOMPANHANDO EXIGÊNCIA DE TRIBUTO — COMPATIBILIDADE — A falta de recolhimento da CSL sobre a base de cálculo estimada por empresa que optou pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa de ofício isolada, de que trata o inciso IV do § 1 0 do art. 44 da Lei no 9.430/96. 0 lançamento é compatível com a exigência da contribuição apurada em procedimento fiscal, acompanhada da correspondente multa de oficio. Fl. 376DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O Processo nº 10680.000584/200405 Acórdão n.º 9101002.274 CSRFT1 Fl. 3 3 INCONSTITUCIONALIDADE Não cabe a este Conselho negar vigência a lei ingressada regularmente no mundo jurídico, atribuição reservada exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento final e definitivo. TAXA SELIC — JUROS DE MORA — PREVISÃO LEGAL Os juros de mora são calculados pela Taxa Selic desde abril de 1995, por força da Medida Provisória n° 1.621. Cálculo fiscal em perfeita adequação com a legislação pertinente. MULTA DE OFICIO — CARACTERIZAÇÃO DE CONFISCO — A multa de oficio constitui penalidade aplicada como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V do artigo 150 da Constituição Federal. MULTA DE OFÍCIO RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA POR SUCESSÃO A incorporadora somente responde pelos os tributos devidos pelo sucedido. 0 que alcança a todos os fatos jurídicos tributários (fato,gerador) verificados até a data da sucessão, ainda que a existência do débito tributário venha a ser apurada após aquela data. Art. 132 CTN. Preliminares rejeitadas. Recurso provido. A Fazenda Nacional apresentou recurso especial por contrariedade à lei e a evidencia de provas, onde pede que seja dado provimento ao recurso para restabelecer a multa isolada no percentual de 150% sob a responsabilidade da sucessora. Admitido o Recurso da Fazenda Nacional, o acordão de recurso especial conheceu e lhe deu provimento, “determinando o retorno dos autos a Câmara recorrida para apreciar as demais alegações da recorrente”. O acórdão da CSRF foi assim ementado: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 1999 Ementa: MULTA DE OFICIO INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE SOB CONTROLE COMUM A interpretação do artigo 132 do CTN, moldada no conceito de que a pena não deve passar da pessoa de seu infrator, não pode ser feita isoladamente, de sorte a afastar a responsabilidade do sucessor pelas infrações anteriormente cometidas pelas sociedades incorporadas, quando provado nos autos do processo que as sociedades, incorporadora e incorporadas, sempre estiveram sob controle comum de sócio pessoa física e de controladora informal. Consta na parte final do voto do relator: Assim conheço em parte do RE e das ContraRazões, e no mérito dou provimento e determino o retorno dos autos à Câmara de origem ou àquela que a sucedeu para o exame das demais questões tratadas no recurso voluntário interposto. Fl. 377DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O 4 Encaminhado o processo ao colegiado a quo e sorteado entre os seus membros, o relator contemplado foi o Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes. O referido conselheiro apresentou Embargos de Declaração abaixo transcrito: Conforme o termo de verificação de infração de fls. ..., todo um conjunto de auditorias levou à autuação da empresa MG Master Ltda em razão de omissões praticadas por 24 (vinte quatro) empresas sucedidas. Foram 24 (vinte quatro) autuações de IRPJ e seus reflexos e 46 (quarenta e seis) autuações relativas a multas isoladas de IRPJ e CSLL (vinte e três para cada tributo). Só uma das empresas incorporadas não sofreu autuação de multas isoladas por adotar o regime do lucro presumido. O presente feito é uma dessas quarenta e seis autuações de multa isolada e está relacionado com uma das vinte e quatro autuações de CSLL e seus reflexos. É, portanto, similar a várias dezenas de outros, dos quais vários nos foram distribuídos por retorno determinado pela Câmara Superior. Por meio do acórdão ..., a extinta Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuinte havia dado provimento integral ao recurso voluntário ..., sob o fundamento de ilegalidade da aplicação de multa de ofício na sucessora. Já a Câmara de Superior de Recursos Fiscais ao analisar o recurso especial da Fazenda Nacional, deulhe provimento por meio do acórdão ... sob o fundamento de ser legal a aplicação de multa de ofício, uma vez comprovado nos autos que ambas as sociedades sucessora e sucedida sempre estiveram sob controle comum, e determinou o retorno dos autos à “Câmara de origem ou àquela que a sucedeu para o exame das demais questões tratadas no recurso voluntário interposto”. Ao compulsarmos o voto condutor do acórdão ..., entendemos que todas as questões suscitadas no recurso voluntário foram enfrentadas pelo relator, que negava provimento ao recurso voluntário. Abaixo, as relacionamos: a) decadência; neste ponto, o acórdão considerou caracterizado o evidente intuito doloso da conduta delitiva; b) nulidade em razão de sua lavratura em separado; c) multa na sucessora; d) adesão ao PAES e suspensão do crédito tributário; e) falta de base legal e constitucional para a aplicação de juros à taxa SELIC; f) concomitância da multa isolada com a multa de ofício; e g) caráter confiscatório da multa. Foi o voto de divergência, porém, que prevaleceu. Poderíamos supor, então, que alguns pontos constantes do voto vencido teriam sido prejudicados pelo voto vencedor. Neste, porém, há a seguinte afirmação: Fl. 378DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O Processo nº 10680.000584/200405 Acórdão n.º 9101002.274 CSRFT1 Fl. 4 5 Inicialmente gostaria de enaltecer a clareza do relatório e profundidade do voto proferido [...] peço vênia para dele discordar somente quanto a aplicação da multa isolada nos casos de incorporação [...] Ademais, todos os pontos suscitados pela defesa, inclusive aqueles que poderiam ter sido prejudicados, constam da ementa, como a concomitância com a multa de ofício. Dessarte, não identificamos nenhuma questão suscitada pela defesa a ser enfrentada, o que nos levou à conclusão de ter havido supostamente contrariedade ou omissão do acórdão ... . Só haveria a redução passível de iniciativa de ofício do patamar sancionador de 150% para 50% em razão das alterações supervenientes da redação do art. 44 da Lei 9.430/96. Por todo o exposto, interpomos embargos de declaração com o fito de se sanear a contrariedade ou a omissão do acórdão ... para se esclarecer quais questões devem ser enfrentadas por esta turma. Encaminhado o processo à Primeira Turma da CSRF, os Embargos foram admitidos por despacho do Presidente da CSRF. É o relatório. Fl. 379DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O 6 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo Preliminarmente, há uma questão a ser respondida, qual seja: se um relator de Turma Ordinária que recebeu um processo com decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) determinando o retorno a turma a quo poderia, ou não, embargar esse Acórdão, visando esclarecer os contornos e limites do retorno. O tema ganha relevância, pois estarseá a definir a autonomia da decisão da Câmara Superior, se é possível a interpretação autêntica ou se sua interpretação deverá ser avaliada pela turma ordinária que lhe dá cumprimento. O art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, apresenta, em seu parágrafo primeiro, o seguinte rol de legitimados para oposição de Embargos de Declaração (vale ressaltar que essa redação era a mesma existente no Regimento Interno anterior, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, e com redação dada pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010): Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. § 1º Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de 5 (cinco) dias contado da ciência do acórdão: I por conselheiro do colegiado, inclusive pelo próprio relator; II pelo contribuinte, responsável ou preposto; III pelo Procurador da Fazenda Nacional; IV pelos Delegados de Julgamento, nos casos de nulidade de suas decisões; ou V pelo titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão. A partir dos regramentos transcritos, podese discutir o enquadramento nos incisos I e V. a.1) Ao se eleger como legitimado o ‘conselheiro do colegiado’, é defensável que o termo ‘colegiado’ acima envolva a turma de julgamento que tem interesse no que está sendo decidido; assim, poderseia defender que estariam aí os conselheiros do colegiado que julgará o retorno da decisão da CSRF. Não obstante, também é defensável que o colegiado abrange apenas a turma prolatora do acórdão (ainda mais com o acréscimo que se fez no atual regimento interno incluindo a expressão “inclusive pelo próprio relator”). Fl. 380DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O Processo nº 10680.000584/200405 Acórdão n.º 9101002.274 CSRFT1 Fl. 5 7 a.2) A tradição da Casa entende que a segunda alternativa é a mais apropriada, a ela me alio, sob pena de abrir um precedente que poderia evoluir no sentido de que nesse dispositivo caberiam todos os colegiados do Conselho (tendo em vista a subjetividade do que seria um colegiado que tem interesse no julgamento); o que, evidentemente, não é o que desejou o legislador do regimento interno. b.1) Em se tratando do titular da unidade da administração tributária encarregada da liquidação e execução do acórdão, poderseia interpretar que a turma a quo poderia ocupar a posição de unidade da administração tributária e que esse “titular” poderia, por analogia, ser o relator ou o Presidente (nesse caso, faleceria competência no caso concreto, pois os Embargos não foram subscritos pelo Presidente), já que é natural pensar que a turma para o qual o processo retornou está “executando” o acórdão. b.2) Mais uma vez, reconhecendo a engenhosidade da alternativa de interpretação, sigo a prática reiteradamente observada pelas autoridades administrativas (art. 100, III, do Código Tributário Nacional) ou a tradição, sem adentrar no campo do direito administrativo que conceituaria “unidade da administração tributária”, para rejeitar a possibilidade e continuar entendendo que o inciso V do art. 65 está apenas voltado para a unidade preparadora. A Portaria MF nº 197, de 23 de abril de 2015, dispôs sobre consulta pública relativa a alterações a serem promovidas no Regimento Interno do CARF. Confiramse alguns de seus dispositivos: Art. 1º O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) realizará consulta pública com o objetivo de receber contribuições por escrito para aperfeiçoamento do Regimento Interno do órgão, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. ... §2º A minuta de Regimento Interno do CARF objeto da consulta será disponibilizada no endereço eletrônico referido no § 1º, acompanhada da exposição de motivos, com indicação dos objetivos institucionais que se pretende alcançar com a nova regulamentação. §3º A apresentação das sugestões, a ser efetivada por meio de formulário próprio disponível juntamente com a consulta, deverá atender à seguinte estrutura: I redação proposta para artigo, parágrafo, inciso, alínea ou item a que se refira; e II justificativa para cada item da proposta, que demonstre a pertinência e o atendimento dos objetivos institucionais. § 4º As contribuições deverão ser enviadas por meio de correio eletrônico para o endereço ricarf_Consulta@carf.fazenda.gov.br, com anexação do formulário próprio de que trata o § 3º. Art. 2º As sugestões recebidas e que atenderem ao disposto no § 3º do art. 1º poderão ser consideradas total ou parcialmente na definição do texto do novo regimento. Fl. 381DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O 8 Parágrafo único. O CARF publicará em seu sítio na internet relatório com as justificativas das sugestões não acatadas. Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Com base nesta louvável1 iniciativa do CARF para o aperfeiçoamento de seu regimento interno, apresentei a proposta de nº 128 com quatro sugestões de mudanças, entre elas estava a seguinte inovação: Novo inciso no parágrafo 1º do art. 65: VI – por relator de turma ordinária, relativamente à decisão da CSRF com providência de retorno a turma a quo, considerandose a ciência como a indicação para o processo em pauta. Na oportunidade, motivei da seguinte forma: Há casos de acórdãos da CSRF que decidem com retorno a turma ordinária, mas não é possível identificar exatamente qual a providência que a turma ordinária deverá tomar. Assim, fazse necessário que o relator desses acórdãos nas turmas ordinárias tenha competência para embargar a decisão da CSRF. Poderia ser utilizado o inciso I, mas esse é voltado apenas ao colegiado no qual o acórdão é proferido. Também poderia ser utilizado o inciso V, entendendose o presidente de turma como titular da unidade da administração tributária para execução do acórdão, ou seja, a turma a quo estaria “executando” o acórdão, mas também essa interpretação é questionável. O CARF justificou o não acatamento afirmando que: Se, após passar por todas as autoridades que têm legitimidade para embargar, ninguém que tomou ciência desta decisão da CSRF embargou, o relator do processo nessas hipóteses irá decidir com os elementos de que dispõe nos autos. Verificase que, embora a motivação do não acatamento tenha sido bem suscinta, foi suficientemente clara em delegar ao relator o poder de interpretar a decisão da CSRF (superando omissões/contradições/obscuridades como bem entender caso não as leve a julgamento ou não sejam identificadas pelos outros Conselheiros – ou apresentando propostas de saneamento – caso decida leválas a julgamento), submetendoa a seu juízo prévio. A partir do estudo dos “anais” de elaboração do regimento interno, podese concluir que foi dada oportunidade ao legislador regimental enfrentar a disciplina da questão e, em tendo este se manifestado no sentido de não acolher a modificação proposta, me permito extrair uma interpretação histórica com a seguinte orientação: nos atuais incisos do art. 65 não há guarida para se incluir entre o rol dos legitimados o relator da Turma Ordinária para o qual foi sorteado um processo com Acórdão de Recurso Especial da CSRF com providência de retorno; estando, 1 Do que tenho notícia foi a primeira vez que um Tribunal resolveu escutar a sociedade civil ao tratar da sua lei orgânica, estão de parabéns as autoridades que assim decidiram! Fl. 382DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O Processo nº 10680.000584/200405 Acórdão n.º 9101002.274 CSRFT1 Fl. 6 9 portanto, afastadas as duas possíveis interpretações a que já fiz menção ao tratar dos incisos I e V. Assim, por todo o exposto, o relator deverá interpretar a decisão da Turma da CSRF que determina o retorno para determinada turma ordinária e, caso encontre omissões/contradições/obscuridades, leválaás a julgamento da turma, como foi feito no julgamento que restou no Acórdão nº 1201001.173, sessão de 04/03/2015, da qual participei, onde os contornos da decisão da Turma da CSRF foram dados pela decisão da Turma Ordinária do CARF, conforme se pode perceber da parte dispositiva do acórdão, abaixo transcrito: “... os membros do colegiado, por unanimidade de votos, ACOLHERAM a preliminar de decadência de janeiro a novembro de 1997; por maioria de votos, AFASTARAM a preliminar de decadência de dezembro de 1997, vencidos os Conselheiros Rafael Correia Fuso e Luis Fabiano Alves Penteado, que o acompanhou pelas conclusões; por unanimidade de votos, ENTENDERAM que a decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão nº 9101000.702, de 08/11/2010, não alcança a COFINS; por unanimidade de votos, DECLARARAM a nulidade material dos autos de infração dos anos calendário de 1997 a 2000; e, por unanimidade de votos, DERAM provimento ao recurso voluntário dos anoscalendário de 2001 a 2003.” Nesse sentido, voto por NÃO ACOLHER os Embargos de Declaração, por ausência de legitimidade ativa do Conselheiro que os opôs, e determinar o retorno dos autos a Turma a quo. Esse é o meu voto. (documento assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Relator Fl. 383DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 18/05/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 12/05/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O
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Numero do processo: 10830.917840/2011-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98.
A base de cálculo da contribuição para o COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006.
PER/DCOMP. DIREITO NÃO DEMONSTRADO
Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, não demonstrou nos autos, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o não reconhecimento do direito à restituição pleiteada.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-003.487
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Esteve presente ao julgamento deste processo, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº 161.891 (SP).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2004 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A base de cálculo da contribuição para o COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. PER/DCOMP. DIREITO NÃO DEMONSTRADO Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, não demonstrou nos autos, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o não reconhecimento do direito à restituição pleiteada. Recurso Voluntário Negado
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A base de cálculo da contribuição para o COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. PER/DCOMP. DIREITO NÃO DEMONSTRADO Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, não demonstrou nos autos, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o não reconhecimento do direito à restituição pleiteada. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 78 40 /2 01 1- 55 Fl. 2978DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Esteve presente ao julgamento deste processo, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº 161.891 (SP). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão nº 0947.707, da 2a Turma da DRJ de Juiz de Fora (MG), a qual, por unanimidade de votos, indeferiu a Manifestação de Inconformidade formalizada pela interessada em face da não homologação de compensação declarada em PER/DECOMP nº 03907.31069.100406.1.2.048712, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. A decisão de primeira instância, não reconheceu o direito creditório sob os argumentos sintetizados na Ementa do Acórdão abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI Não cabe ao julgador administrativo apreciar a matéria do ponto de vista constitucional. COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE DCTF ANTERIOR À TRANSMISSÃO DA DCOMP. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à Dcomp. PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF. CONTROLE DIFUSO. A decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito de recurso extraordinário, que reconheceu a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições, surte efeitos jurídicos apenas entre as partes envolvidas no processo, eis que proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade, não produzindo efeitos erga omnes, não podendo beneficiar ou prejudicar terceiros. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 2979DF CARF MF Processo nº 10830.917840/201155 Acórdão n.º 3402003.487 S3C4T2 Fl. 2.979 3 A ciência da decisão que indeferiu o pedido da Recorrente ocorreu em 24/01/2014 (fl. 65). Inconformada, apresentou em 30/01/2014, Recurso Voluntário (fls. 67/87), onde se insurge contra o indeferimento de seu pleito, argumentando, em síntese, que: a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Informa que a contribuição em tela foi apurada sobre a “receita bruta”, com base no dispositivo referenciado ainda em vigor. Com a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo acima, que promoveu o alargamento da base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS, houve por bem a recorrente efetuar uma revisão contábil interna, ocasião em que se constatou recolhimento a maior da contribuição no período mencionado; sustenta ainda que a decisão do STF deve ser reproduzida pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no artigo 62A, Regimento Interno (Portaria MF nº 256/09). Aduz a prescindibilidade da retificação da DCTF, apresentando, ao final, documentação contábil e fiscal, bem como demonstrativo do débito; informa que acosta aos autos (fls. 88/115) os seguintes documentos: demonstrativo denominado “Planilha de Apuração da COFINS”, cópia do “Razão Contábil do Período” e cópia do “Comprovante de Arrecadação (DARF)”. Ao final, requer que seu recurso seja conhecido e provido, reformandose o acórdão recorrido e subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento deste colegiado, o retorno do autos a DRJ de origem para que, em instancia inicial, proceda a análise de toda documentação apresentada, pugnando pela juntada posterior de documentos, bem como, sendo necessária, a conversão do julgamento em diligência. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para serem analisados. Como se sabe, o §1º do art. 3º da Lei no 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que Fl. 2980DF CARF MF 4 ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF. T. Pleno. RE 346.084/PR. Rel.Min. ILMAR GALVÃO. Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO. DJ 01/09/2006). Esse entendimento foi reafirmado pela jurisprudência do STF no julgamento de questão de ordem no RE no 585.235/MG (questão constitucional versada nos RE nº 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG), decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B), no qual também foi deliberada a edição de súmula vinculante sobre a matéria: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS.COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (STF. RE 585235 RGQO. Rel. Min.CEZAR PELUSO. DJ 28/11/2008). Assim, apesar de ainda não editada a súmula vinculante, deve ser aplicado o disposto no §2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, o que implica o reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998. No entanto, o Colegiado entendeu que não seria possível, o exame das demais questões de mérito sem que as receitas especificadas nas contas juros recebidos, juros sobre aplicações, descontos obtidos, royalties, franquias e venda de sucata tenha sido efetivamente incluídas na base das contribuições do PIS/Pasep e da COFINS. Neste contexto, os membros da extinta 2ª Turma Especial, (Terceira Seção de julgamento), resolveram converter o julgamento em DILIGÊNCIA, conforme Resolução nº 3802000.185, de 27/05/2014, concluindo nos seguintes termos (fls. 127/129): "(...) Entendese, assim, que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a unidade de origem verifique se as receitas contabilizadas nas contas em questão foram efetivamente incluídas na base de cálculo da contribuição, intimando o contribuinte e a Fazenda Nacional para se manifestarem". Com efeito, a Turma decidiu pela realização de diligência para verificar a legitimidade dos créditos de PIS e da COFINS, sobre as “outras receitas”, pleiteados pela Recorrente para o período abrangendo o período do crédito objeto do pedido controlado neste processo. Em cumprimento a solicitação do CARF, o Fisco emitiu o Termo de Intimação Fiscal nº 1275/2014 e 60/2015, o qual requereu planilhas demonstrativas da composição da base de cálculo das contribuições, acompanhadas da respectiva escrita contábil (Livro Razão, balanços/balancetes), e notas explicativas do conteúdo das rubricas utilizadas, assim como fundamentação acerca das receitas excluídas da base de cálculo das contribuições. Após a conclusão da Diligência a fiscalização formalizou suas conclusões constante na Informação Fiscal de fls. 2.916/2.917. Fl. 2981DF CARF MF Processo nº 10830.917840/201155 Acórdão n.º 3402003.487 S3C4T2 Fl. 2.980 5 Cientificada do resultado da diligência, a Recorrente manifestouse, conforme documentos de fls. 2.922/2.925. Após o cumprimento do disposto na Resolução, o processo retornou a este CARF para prosseguimento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Da admissibilidade Por conter matéria de competência deste Colegiado e presentes os demais requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pela Recorrente. MÉRITO Tratase de recurso voluntário interposto, em face da não homologação de Compensação declarada em PER/DCOMP, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. Como já relatado, a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os autos foram convertidos em diligência para retorno a Unidade origem a fim de se verificar, se as receitas financeiras e outras receitas não operacionais compuseram a base de cálculo das contribuições, e, caso positivo, seu montante, a fim de que se determine o valor do indébito correspondente a essas receitas. O Fisco, então, após concluir a Diligência solicitada, prolatou a Informação Fiscal, concluindo o seguinte (fl. 2.917) grifei: "(...) Portanto, tendo em vista o prosseguimento do julgamento do documento de número 03907.31069.100406.1.2.048712, tratado pelo processo epigrafado, o qual requer R$ 19.902,27 referente a crédito de COFINS relativo ao período de apuração 07/2001, ao compararmos a base de cálculo declarada em DIPJ, no valor de R$ 4734296,58, com a calculada com base nos balancetes, no valor de R$ 4744804,35, concluise que integrou a base de cálculo o montante de R$ 0 a título das receitas que se pretende excluir. Por conseguinte, temse que as receitas as quais alega inclusão indevida para o cálculo da COFINS totalizam R$ 0. Assim, a parcela de COFINS relativa a essas receitas somam R$ 0. Após intimada desse relatório, a Recorrente, em sua manifestação de fl. 2.925, desta forma se pronunciou: Fl. 2982DF CARF MF 6 "(...) a Recorrente manifesta a sua concordância com o resultado da diligência e requer o reconhecimento de seu direito de crédito com base nas Informações Fiscais emitidas para os pedidos de restituição, bem como o posterior encaminhamento dos autos à DRF de origem para atualização e correção monetária dos valores que deverão restituídos a Recorrente, pois dados em valores históricos." Desta forma, conforme o resultado da apuração em Diligência, restou comprovado que para os créditos pleiteados neste processo, a Recorrente NÃO possui o direito ao credito no valor de R$ R$ 19.902,27, relativo ao alegado recolhimento indevido a título de COFINS. Conclusão Posto isto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e no mérito NEGARLHE provimento quanto ao valor de R$ 19.902,27 pleiteado a título de recolhimento indevido de COFINS. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra. Fl. 2983DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.900933/2008-30
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2002
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.014
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SHERWINWILLIAMS DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2002 a 31/05/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 09 33 /2 00 8- 30 Fl. 160DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900933/200830 Acórdão n.º 9303004.014 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801004.979, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 161DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900933/200830 Acórdão n.º 9303004.014 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900933/200830 Acórdão n.º 9303004.014 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900933/200830 Acórdão n.º 9303004.014 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 164DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900933/200830 Acórdão n.º 9303004.014 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900933/200830 Acórdão n.º 9303004.014 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.900933/200830 Acórdão n.º 9303004.014 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 167DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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