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Numero do processo: 15504.018058/2008-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 30/09/2006
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.735
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 80 58 /2 00 8- 71 Fl. 1087DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 1088DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 1089DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 1090DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 1091DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 1092DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 1093DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 1094DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 1095DF CARF MF Processo nº 15504.018058/200871 Acórdão n.º 9202004.735 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 1096DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.001875/2009-32
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. NECESSIDADE DE ENFRENTAMENTO DE FATOS SEMELHANTES. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
Não se conhece de recurso especial de divergência quando as matérias trazidas pelos acórdãos paradigmas não apresentam similitude fática com aquelas analisadas pelo acórdão recorrido.
Não se conhece de recurso especial de divergência a respeito de matéria que não foi prequestionada por ocasião do recurso voluntário.
Numero da decisão: 9101-002.482
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, (1) em rejeitar o conhecimento de razões relacionadas ao Ofício nº 9129427, vencido o Conselheiro Luís Flávio Neto que entendeu que os autos devem ser devolvidos à unidade de origem e o Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, que entendeu que os autos devem ser devolvidos à turma a quo; (2) por maioria de votos, em rejeitar a preliminar em relação ao pagamento, vencidos os Conselheiros Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que acataram a preliminar propondo uma Resolução para que a unidade de origem se manifestasse se o DARF quitava o débito do processo, retornando os autos à CSRF para manifestação posterior. Acordam, ainda, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa e Luís Flávio Neto, que conheceram parcialmente. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Demetrius Nichele Macei.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004, 2005 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. NECESSIDADE DE ENFRENTAMENTO DE FATOS SEMELHANTES. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. Não se conhece de recurso especial de divergência quando as matérias trazidas pelos acórdãos paradigmas não apresentam similitude fática com aquelas analisadas pelo acórdão recorrido. Não se conhece de recurso especial de divergência a respeito de matéria que não foi prequestionada por ocasião do recurso voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, (1) em rejeitar o conhecimento de razões relacionadas ao Ofício nº 9129427, vencido o Conselheiro Luís Flávio Neto que entendeu que os autos devem ser devolvidos à unidade de origem e o Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, que entendeu que os autos devem ser devolvidos à turma a quo; (2) por maioria de votos, em rejeitar a preliminar em relação ao pagamento, vencidos os Conselheiros Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo e Daniele Souto Rodrigues Amadio, que acataram a preliminar propondo uma Resolução para que a unidade de origem se manifestasse se o DARF quitava o débito do processo, retornando os autos à CSRF para manifestação posterior. Acordam, ainda, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa e Luís Flávio Neto, que conheceram parcialmente. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Demetrius Nichele Macei. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 18 75 /2 00 9- 32 Fl. 7840DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.840 2 (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório FERTIPAR FERTILIZANTES DO PARANÁ LTDA., recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls 7.372/7.400, contra o Acórdão nº 1302 001.034 (efls. 7.340/7.361) que, por unanimidade de votos, negou provimento ao Recurso de Ofício apresentado pela DRJ em Porto Alegre/RS (fls. 4.349 e ss do volume 22 digitalizado) e, por maioria de votos, negou provimento ao Recurso Voluntário (fls 4.393 e ss, do volume 22 digitalizado) interposto pela interessada. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO DEMONSTRADO. O lançamento sub examine se lastreia tãosomente nas provas que constam deste processo, sendo irrelevante qualquer documento que não tenha sido trazido aos autos pela autoridade lançadora. Sendo inconcusso que a recorrente teve acesso as peças deste processo, não há falar que tenha havido cerceamento do seu direito de defesa. DECADÊNCIA. REGRA DO ART. 173 , I, DO CTN. Demonstradas as condutas simuladas e fraudulentas, aplicase a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, pela qual o dies a quo do prazo decadencial se desloca para o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia efetuar o lançamento. RECEITAS NÃO CONTABILIZADAS. Demonstrada à exaustão a omissão dos ganhos nas operações vermelha, azul, verde e rebate, conforme denominação cunhada pela própria recorrente nos seus relatórios confidenciais, devem ser mantidos os lançamentos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Recusandose a contribuinte a informar a origem dos depósitos bancários, há que se presumir que tais valores são receitas omitidas. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Fl. 7841DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.841 3 Demonstradas as condutas simuladas e fraudulentas, com o fito de omitir do Fisco os ganhos nas operações de importação, há que se manter a multa qualificada no percentual de 150% nos lançamentos tributários sobre as receitas não contabilizadas Há que se manter a multa qualificada, quando a contribuinte age visando impossibilitar o conhecimento do Fisco de indício (depósito bancário de origem não comprovada) que levaria à presunção de omissão de receitas. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. CSLL. Tratandose de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, por força da relação de causa c efeito que os vincula. A Recorrente aponta divergência jurisprudencial em relação às seguintes questões: 1. Indevida Presunção de Falta de Contabilização de Receita. 1.1. Ofensa às decisões do Banco Central do Brasil e do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional. Neste ponto alega que a auditoria fiscal teria presumido a obtenção de ganhos financeiros oriundos de descontos e rebate na aquisição de mercadorias, apoiandose em outra presunção, a de que a recorrente seria a titular das contascorrentes no exterior. Observa que o lançamento foi efetuado com base em material apreendido no âmbito do Inquérito Policial n° 1248/05SR/DPF/PR, em virtude de mandados de busca e apreensão expedidos nos autos n° 2005.70.00.00503866, da 2a. Vara Federal Criminal de Curitiba, cujo material também teria sido encaminhado ao BACEN, que instaurou procedimento administrativo n° 0601341583, em face de Alceu Elias Feldmann, que em decisão final considerou este último o titular das contas no exterior questionadas pela Receita Federal, decisão essa mantida pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional CRSFN, com imputação de multa. Assinala que o acórdão recorrido não logrou negar que Alceu Elias Feldmann era o titular das contas no exterior e tentou afastar o que foi decidido pelo BACEN e pelo CRSFN com base nas equivocadas afirmações no sentido de que (i) a auditoria deveria ter incluído Alceu Elias Feldmann e Alceu Elias Feldmann Filho no pólo passivo como responsáveis solidários com base nos arts 124, I e 135, do CTN e, (ii) o CRSFN apontou que o Sr. Alceu Elias Feldmann não se preocupou em demonstrar a origem dos recursos e a cabal separação patrimonial entre ele e as empresas. Defende que (i) os sócios não possuem o interesse em comum com a situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária, previsto no art. 124, I, do CTN, (ii) o art. 135, do CTN, exige que as pessoas nele elencadas tenham agido com excesso de poderes ou infração à lei, contrato social ou estatuto, o que não foi provado in casu e, (iii) que o CRSFN deixou claro que os recursos pertencem a Alceu Elias Feldmann. Indicou como paradigmas o Acórdão n° 1803001.345 e o Acórdão n° 9202 002.239, que tem as seguintes ementas, no que toca ao exame da matéria: Fl. 7842DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.842 4 Acórdão n° 1803001.345 CORRELAÇÃO ENTRE PROCESSOS. DECISÃO DE UM TRIBUNAL. APLICAÇÃO EM OUTRO TRIBUNAL. Decisão unânime de um Tribunal Administrativo, com pleno atendimento das regras jurídicolegais, é de ser aplicada por outro Tribunal, quando inegável a correlação, em face do princípio vigorante de harmonia e conformidade nas decisões administrativas (Acórdão n° 10164.700, de 27/06/1973). Acórdão n° 9202002.239 IRF ALÍQUOTA ZERO RENDIMENTOS DE RESIDENTES OU DOMICILIADOS NO EXTERIOR JUROS DE TÍTULOS DE CRÉDITO INTERNACIONAIS PRAZO MÉDIO DE AMORTIZAÇÃO IGUAL OU SUPERIOR A 96 MESES REGRA PRETENSAMENTE DESCUMPRIDA PELA AUTUADA SITUAÇÃO NÃO COMPROVADA DECISÃO MANTIDA. De acordo com o artigo 1°, inciso IX, da Lei n° 9.481/97, com a redação dada pelo artigo 20 da Lei n° 9.532/97, os rendimentos auferidos no Brasil por residentes ou domiciliados no exterior com a natureza de juros decorrentes de colocações no exterior de títulos de crédito internacionais, previamente autorizados pelo Banco Central do Brasil, estão sujeitos à alíquota zero do imposto de renda na fonte, desde que o prazo médio de amortização corresponda, no mínimo, a 96 (noventa e seis) meses. No caso, a partir da decisão recorrida, restou incontroversa a inexistência de simulação quanto às operações que deram causa ao lançamento. Disso decorre que os aumentos de capital efetivados pela interessada em suas subsidiárias sediadas no exterior não ocultaram amortizações antecipadas dos empréstimos que lhe foram concedidos por elas. O Banco Central do Brasil analisou a operação e concluiu de forma categórica e definitiva que os fatos em apreço não podem e não devem ser interpretados como simulação de pagamento dos títulos de longo prazo de responsabilidade da autuada. Tal posicionamento é de fundamental importância para o deslinde desta controvérsia, pois eventuais efeitos tributários de determinada relação jurídica de natureza cambial dependem da conotação dada a ela pelo Banco Central. Não tem aplicação a este feito a regra do artigo 8° da Lei n° 9.779/99. 1.2. Bonificação em mercadoria não constitui receita. Nesta questão aponta que teria sido acusada de "triangularização" com os fornecedores e as offshores, de modo que as operações classificadas como "azul" e "verde" demonstrariam que teria recebido de seus fornecedores mercadorias, a título gratuito, hipótese que ensejaria "bonificações em mercadorias", que não constituiriam receitas e, conseqüentemente, não integrariam as bases de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 7843DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.843 5 Os paradigmas indicados para esta questão tem as seguintes ementas: Acórdão n° 340300.393 COFINS. MERCADORIAS RECEBIDAS EM BONIFICAÇÃO. NÃOINCIDÊNCIA. O recebimento de mercadorias em bonificação implica mera redução do respectivo custo unitário de aquisição. Redução de custo não equivale a receita e, portanto, não pode ser fato gerador da COFINS, nem mesmo após a vigência da EC n ° 20/98. Acórdão n° 340300.395 PIS. MERCADORIAS RECEBIDAS EM BONIFICAÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA. O recebimento de mercadorias em bonificação implica mera redução do respectivo custo unitário de aquisição. Redução de custo não equivale a receita e, portanto, não pode ser fato gerador do PIS, nem mesmo após a vigência da EC n ° 20/98. 2. Depósitos bancários de origem não comprovada. Aqui aponta que a presunção de omissão de receitas, com base em depósitos bancários de origem não comprovada, não teria se aperfeiçoado, uma vez que o titular das contas não fora intimado a comprovar a origem dos depósitos, tampouco haveria nos autos algum extrato das contas questionadas trazendo o nome da recorrente como titular. Nesse sentido assinala que o próprio recorrido, de um lado afirma que a contribuinte recusouse a informar a origem dos depósitos bancários, implicando na presunção de que tais valores são receitas omitidas e, por outro, que ficou "definido o Sr. Alceu Elias Feldmann como titular das contas...", o que inviabilizaria a própria presunção definida no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996 e ofenderia a Súmula CARF n° 29. Indicou como paradigma o Acórdão n° 10323.334, que veicula a seguinte ementa: Acórdão n° 10323.334 Ementa: EXTRATOS BANCÁRIOS. ORIGEM DOS • RECURSOS. COMPROVAÇÃO. REQUISITOS FORMAIS. A presunção legal de omissão de receita com base no art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, depende de prévia intimação regular ao sujeito passivo acompanhada dos extratos bancários ou, na ausência destes, prova inequívoca da realização dos depósitos sob investigação. 3. Decadência e a qualificação da multa. Afirma que o acórdão recorrido e o paradigma indicado, ao analisarem idêntica situação contas bancárias em paraísos fiscais não declaradas às autoridades brasileiras decorrente do mesmo procedimento criminal (autos 2005.70.00.00503866), decidiram de maneira oposta: o acórdão recorrido manteve a multa de ofício em 150%, e Fl. 7844DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.844 6 assim, afastou a decadência, ao passo que o paradigma desqualificou tal multa. O paradigma indicado recebeu a seguinte ementa, no ponto apontado como divergente: Acórdão n° 2102001.910 MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE JUSTIFICATIVA PARA SUA APLICAÇÃO. Somente é justificável a exigência da multa qualificada prevista no art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964. O evidente intuito de fraude deverá ser minuciosamente justificado e comprovado nos autos. Ao final requer a Recorrente a integral exoneração do crédito tributário ou, alternativamente: (i) o reconhecimento da decadência do IRPJ, CSLL, do anocalendário 2003, e do PIS e da COFINS, das competências anteriores a janeiro/2004, (ii) exclusão das incidências de PIS e COFINS, das "bonificações em mercadorias" das operações classificadas como "azul" e "verde". Pelo Despacho de efls. 7.540/7.546, a presidência da Terceira Câmara dá seguimento ao Recurso Especial.. Na seqüência, a Fazenda Nacional apresenta contrarrazões (efls. 7.548/7.554). Com relação à primeira matéria divergente, aponta que haveria abundância de provas demonstrando que as contas bancárias serviam para as operações da recorrente (Fertipar), sem qualquer prejuízo ao que fora sustentado pela CRSFN, e que poderia a autoridade fiscal ter colocado os Srs. Alceu Elias Feldmann e Alceu Elias Feldmann Filho no pólo passivo, como responsáveis solidários pelos tributos lançados, já que aplicável ao caso o art. 124, I, c/c o art. 135 do CTN, em razão dos atos praticados por eles na gestão da recorrente. Lembrou que o CARF, no exercício de suas atribuições legais e no estrito âmbito de sua competência, não está vinculado ao que for decidido por outros órgãos ou entidades da Administração Pública. Quanto à segunda e terceira divergências, assinala que, diante da movimentação de contas correntes bancárias em empresas offshores no exterior do Sr. Alceu, as quais receberam depósitos (créditos) relacionados pela auditoria, houve regular intimação prévia para comprovação da origem dos recursos, o que desautorizaria o argumento no sentido de que deveria haver intimação específica do Sr. Alceu Elias Feldmann, e que a constituição de contas bancárias travestidas de empresas nada mais prova do que mais uma simulação praticada pela recorrente. Em relação à multa qualificada, salienta que os depósitos de origem não comprovada foram feitos em bancos situados em paraísos fiscais e sua escrituração era toda omitida do Fisco, mediante sofisticado esquema, com declaração falsa, o que se constituiu claramente sonegação fiscal, pois, ao assim agir, a recorrente visou impossibilitar o conhecimento do Fisco do indício (depósito bancário de origem não comprovada) que levaria à presunção de omissão de receitas. Ao final pugna para que seja negado provimento ao Recurso Especial. Fl. 7845DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.845 7 Em 23/09/2014, a recorrente protocolizou o "requerimento" de efls. 7.558/7.682, mediante o qual informa a ocorrência de "fato novo", consistente na sentença proferida nos autos n° 2005.70.00.00503866, da 2a. Vara Federal Criminal de Curitiba, que reconheceu a ilicitude das provas colhidas no IPL n° 1248/05SR/DPF/PR, e que foram compartilhadas com a RFB, dando origem, assim, ao procedimento fiscal. Observa que referida decisão foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça que negou seguimento ao Recurso Especial manejado pelo Ministério Público, com sentença transitado em julgado em 07/08/2014. Discorre sobre as infrações apuradas pela auditoria fiscal no presente processo, e sua relação com os elementos apreendidos no âmbito da operação da Policia Federal. Cita os artigos 5°, LVI da C.F. e os arts. 1° e 24, do Decreto 7.574/2011, assim como jurisprudência administrativa, para pleitear, ao final, a decretação da nulidade do lançamento. Em 17/05/2016, é encaminhado ao Presidente da 1a. Turma da CSRF, o Ofício n° 9129427, da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba/PR (efls. 7.827/7.828), informando a situação do IPL n° 1248/05SR/DPF/PR e a sentença transitada em julgado nos autos n° 2005.70.00.00503866, da 2a. Vara Federal Criminal de Curitiba, que "declarou a invalidade do monitoramento telefônico levado a efeito durante a investigação (ressalvados apenas os primeiros 15 dias da medida), invalidade esta que contaminou toda a prova derivada da medida de interceptação telefônica, o que incluiu o resultado das diligências de busca e apreensão promovidas, os respectivos laudos periciais realizados sobre os equipamentos apreendidos e o resultado das quebras de sigilo." É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora O Recurso Especial manejado é tempestivo, visto que a contribuinte foi cientificada do acórdão recorrido em 27/06/2013 (cópia AR à efl. 7.371), e apresentou sua peça de defesa em 10/07/2013. Todavia, identifiquei equívoco no despacho de admissibilidade do Recurso Especial apresentado. Com efeito, o referido despacho de admissibilidade, ao analisar a divergência relativa ao primeiro ponto do Recurso Especial, identificada sob o título “Falta de Contabilização de Receitas – Recursos de Terceiros”, afirmou que, na comparação entre o acórdão recorrido e o paradigma nº 1803001.345, teria restado caracterizada a divergência, identificada pelo cotejo do voto proferido no recorrido e a ementa do paradigma. Isto porque, alegou a recorrente, que o recorrido teria deixado de aplicar, ao caso, o entendimento consignado em Tribunal Administrativo, veiculado no Acórdão do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional nº 10745/11, reconhecendo que as contas no exterior seriam tituladas por Alceu Elias Feldmann. Fl. 7846DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.846 8 Contudo, vejo que o paradigma nº 1803001.345, não tem similitude fática com o acórdão recorrido. No recorrido, o relator do voto condutor, consignou, a respeito da questão: A recorrente, em seu recurso, não contesta a existência das contas, mas a titularidade, pois sustenta que o próprio autuante reconhecera que o titular era o Sr. Alceu Elias Feldmann. Posteriormente à interposição do recurso, a recorrente peticionou, nos autos, para comunicar que, pelo Acórdão/CRSFN nº 10745/11 (doc. a fls. 7327 e segs.), o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) condenou o Sr. Alceu Elias Feldmann a pagar multa pecuniária de R$ 625.000,00 por não ter prestado Declarações de Capitais Brasileiros no Exterior relativas aos anosbases de 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005. Assim, entende a recorrente, na sua petição, que está configurado que ela não era titular das referidas contas. Há que se salientar que este Colegiado não está jungido ao que fora decidido naquela outra corte administrativa, mesmo porque não era da competência da CRSFN analisar a existência de interesse comum no fato gerador das obrigações tributárias ora em exame. Além do mais, a questão da origem dos recursos não foi objeto de profunda apreciação naquele Colegiado, tanto que a CRSFN afirma que o Sr. Alceu Elias Feldmann em momento algum se preocupou em demonstrar a origem dos recursos nem a cabal separação patrimonial entre ele e as empresas. Por outro lado, o Acórdão nº 1803001.345, de fato, ao analisar o caso ali tratado, adotou decisão de outro tribunal, mas esse tribunal é o próprio CARF, cuja 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, havia julgado a mesma ação fiscal, relativamente ao mesmo contribuinte. Observese: 9. Dispôs o Acórdão nº 10164.700, de 27/06/1973, da Primeira Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, unânime: Decisão unânime de um Tribunal Administrativo, com pleno atendimento das regras jurídicolegais, é de ser aplicada por outro Tribunal, quando inegável a correlação, em face do princípio vigorante de harmonia e conformidade nas decisões administrativas. 10. Assim, atento a essa orientação de longo tempo fixada, adoto, como razões de decidir, o voto constante do Acórdão nº 140100.622, de 3 de agosto de 2011, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF, unânime, de autoria do Conselheiro Antônio Bezerra Neto, que abrangeu, relativamente à mesma ação fiscal contra a Recorrente, os fatos geradores de 30/06/2000, 30/09/2000, 31/12/2000, 31/03/2001, 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, resultando, no presente caso, no desenquadramento da Recorrente da sistemática do lucro presumido: Vêse, então, que as situações fáticas tratadas pelo acórdão recorrido e por este paradigma são distintas, haja vista que o recorrido deixou de adotar a decisão de um órgão Fl. 7847DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.847 9 externo, no caso, o CRSFN, e porque este órgão teria deixado de aprofundar as investigações a respeito da verdadeira titularidade das contas no exterior. Ao passo que, no paradigma, adotouse decisão do mesmo tribunal, no caso o CARF, e, a respeito dos mesmos fatos, envolvendo o mesmo sujeito passivo. Nessa condições, tratandose de situações fáticas diversas, cada qual com seu conjunto probatório específico, as soluções diferentes não têm como fundamento a interpretação diversa da legislação, mas sim as diferentes situações fáticas retratadas em cada um dos julgados. Assim, entendo que na comparação entre o acórdão recorrido e este paradigma, a divergência não se caracterizou. Em relação ao segundo acórdão paradigma, nº 9202002.239, também não entendo restar caracterizada a divergência, vez que naquele processo, o parecer do Banco Central dizia respeito à natureza das operações que estavam sendo questionadas pela Fiscalização e, de acordo com a decisão recorrida, o entendimento do Banco Central a respeito da matéria infirma o entendimento jurídico adotado pela autoridade autuante. A acusação fiscal era de simulação de pagamento de empréstimos captados no exterior, e o parecer do Banco Central, que antes caminhava em um sentido, foi reformado para dizer que não havia simulação, no dizer do relator: “Ademais, o Banco Central do Brasil concluiu, categoricamente, que os fatos sem apreço não podem e não devem ser interpretados como simulação de pagamento dos títulos de longo prazo de responsabilidade da autuada.” Já no caso dos autos em apreço, o colegiado não levou em consideração, não só porque não se sentia jungido à decisão da CRSFN, mas sobretudo porque a análise por aquele órgão não recaiu sobre a existência de interesse comum para fins de responsabilidade, além de que não foi feita uma análise da origem dos recursos, que foram as questões trazidas na presente autuação. Por oportuno, transcrevo os seguintes trechos do acórdão recorrido: Há que se salientar que este Colegiado não está jungido ao que fora decidido naquela outra corte administrativa, mesmo porque não era da competência da CRSFN analisar a existência de interesse comum no fato gerador das obrigações tributárias ora em exame. Além do mais, a questão da origem dos recursos não foi objeto de profunda apreciação naquele Colegiado, tanto que a CRSFN afirma que o Sr. Alceu Elias Feldmann em momento algum se preocupou em demonstrar a origem dos recursos nem a cabal separação patrimonial entre ele e as empresas. Já nesse processo, sobejam provas nos autos que comprovam que as referidas contas bancárias serviam para as operações da recorrente (Fertipar), conforme a seguir trataremos, sem qualquer prejuízo ao que fora sustentado pela CRSFN, pois, em verdade, poderia a autoridade fiscal ter colocado os Srs. Alceu Elias Feldmann e Alceu Elias Feldmann Filho no pólo passivo, como responsáveis solidários pelos tributos lançados, já que aplicável ao caso o art. 124, I, c/c o art. 135 do CTN, em razão dos atos praticados por eles na gestão da recorrente. Preferiu, Fl. 7848DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.848 10 no entanto, a autoridade lançadora efetuar o lançamento apenas contra a Fertipar, a qual tinha relação direta e pessoal com o fato gerador dos tributos ora em análise, conforme a seguir demonstraremos. Ou seja, enquanto no paradigma a decisão do Banco Central dizia respeito à matéria trazida pela autuação, no acórdão recorrido, a análise do Conselho não infirmava o entendimento jurídico adotado pela Fiscalização, porque não analisava o aspecto da responsabilidade solidária e nem da origem dos recursos. Vislumbro, ainda, que o segundo ponto divergente apresentado pela recorrente na mesma matéria bonificação em mercadoria não constitui receita para efeitos da incidência de PIS e de COFINS deixou de ser apreciado pelo despacho de admissibilidade. Todavia, verifiquei que a matéria invocada não foi prequestionada, como se verifica das razões deduzidas no Recurso Voluntário (fls 4.393, do volume 22 digitalizado), em que a então recorrente aduz que as importações não foram realizadas por ela, mas sim por terceiros e que a autuação é toda pautada em presunções. Aduz inclusive que não auferiu descontos na importação e nem os importou a título gratuito. Ou seja, não foi prequestionado o aspecto de as mercadorias adquiridas sem contrapagamento poder ser entendida como bonificação e se elas compunham ou não a base de cálculo do IRPJ e seus reflexos. Assim, tal matéria não poderia ter sido conhecida. Mas, como tal observação não constou do despacho de admissibilidade, julgo conveniente fazêla neste momento para rejeitar, também, essa divergência. Prosseguindo na análise da admissibilidade, entendo que a divergência em relação ao segundo ponto do recurso depósitos bancários de origem não comprovada também não restou caracterizada. Isto porque, o paradigma indicado para o tema, tratou de analisar caso em que contra o sujeito passivo foi lavrado auto de infração, com imputação de omissão de receitas presumida a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, sem que houvesse intimação prévia para a comprovação, pelo titular das contas, da origem do numerário (caso clássico da Súmula CARF nº 29, o que não se deu no caso do recorrido, em que a recorrente, considerada a real titular das contas no exterior, fora diversas vezes intimada a demonstrar a origem dos recursos. Entendo, assim, que a divergência argüida neste ponto também não restou caracterizada. O mesmo se dá em relação a última matéria discutida pela recorrente, e que diz respeito à qualificação da multa. Em suas razões de defesa a recorrente trouxe, como paradigma, acórdão que julgou caso originado do mesmo IPL n° 1248/05SR/DPF/PR, mas relativamente a outro sujeito passivo. Naquela situação, a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF, entendeu que o fato de o sujeito passivo e seus parentes manterem contascorrentes no exterior, de per si, não comprovavam o intuito doloso e a conduta fraudulenta de nenhum deles, e concluiu tratarse de simples omissão de receitas, apenada com a multa de ofício regular, aplicandose a Súmula CARF nº 14. Situação diversa é a do recorrido em que o colegiado entendeu que a auditoria fiscal comprovou, suficientemente, que a manutenção de contascorrentes no exterior no nome do sócio, teve por única razão o intuito doloso de ludibriar o Fisco a respeito de Fl. 7849DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.849 11 receitas tituladas pela pessoa jurídica. Percebese, aqui, que a autuada é a pessoa jurídica, enquanto que no paradigma, autuouse as pessoas físicas, titulares das contas no exterior. Tratase, assim, de valoração de provas. Enquanto que no paradigma o colegiado entendeu que não havia provas do intuito doloso, no recorrido a turma convenceuse de que havia provas suficientes a demonstrar a conduta dolosa, a justificar a penalidade qualificada. Mais uma vez concluo que a divergência argüida não restou caracterizada. Nessas condições, o Recurso Especial do sujeito passivo, por não lograr demonstrar a caracterização de uma única divergência, sequer poderia ter tido seguimento. Em face do exposto, voto por não conhecer do Recurso Especial da contribuinte. Cumpre, contudo, esclarecer que, no que diz respeito ao Ofício n° 9129427, da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba/PR (efls. 7.827/7.828), informando a situação do IPL n° 1248/05SR/DPF/PR e a sentença transitada em julgado nos autos n° 2005.70.00.00503866, da 2a. Vara Federal Criminal de Curitiba, que "declarou a invalidade do monitoramento telefônico levado a efeito durante a investigação (ressalvados apenas os primeiros 15 dias da medida), invalidade esta que contaminou toda a prova derivada da medida de interceptação telefônica, o que incluiu o resultado das diligências de busca e apreensão promovidas, os respectivos laudos periciais realizados sobre os equipamentos apreendidos e o resultado das quebras de sigilo.", que, como o recurso não foi conhecido, este colegiado não pode fazer um juízo se a autuação fiscal objeto do presente lançamento foi ou não totalmente calcada nas provas consideradas ilegais pela justiça criminal, pois tal juízo pressupõe conhecer como se procedeu à auditoria e, por conseguinte, a autuação. Ao meu sentir, aplicase ao caso o Parecer Cosit nº 8, de 2014, que com muita propriedade esclarece o dever de ofício de a Administração Tributária rever os seus atos, quando eivados de alguma ilegalidade, nos termos do art. 145, inciso III, do CTN, ainda que provocada pelo sujeito passivo, enquadrandose tal hipótese, se for o caso, no art. 149, inciso VIII, ou seja, “quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior”, em perfeita sintonia com a súmula 473 do Supremo Tribunal Federal e com o art. 53 da Lei nº 9.784, de 1999. Atentese que o item 10 do parecer menciona a possibilidade de o interessado vir a apresentar petição “com apontamento para questões outras que, a seu ver, são justificadoras da improcedência do lançamento efetuado” e consigna no item 13 que a autoridade competente para proceder à revisão de ofício do lançamento na ocorrência de alguma hipótese de que trata o art. 149 do CTN é o Delegado da Receita Federal do Brasil e os InspetoresChefes da Receita Federal do Brasil, nos termos do art. 302 do RIRFB (Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012): Art. 302. Aos Delegados da Receita Federal do Brasil e InspetoresChefes da Receita Federal do Brasil incumbem, no âmbito da respectiva jurisdição, as atividades relacionadas com a gerência e a modernização da administração tributária e aduaneira e, especificamente: Fl. 7850DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.850 12 I – decidir sobre a revisão de ofício, a pedido do contribuinte ou no interesse da administração, inclusive quanto aos créditos tributários lançados, inscritos ou não em Dívida Ativa da União; Tal dispositivo, mencionado no parecer de 2014, foi revogado pela Portaria MF nº 158, de 5 de maio de 2016, que deixou a competência para revisão de ofício aos setores responsáveis pela Fiscalização, nos seguintes termos, por mim negritados: “Art. 262. Aos Serviços de Fiscalização Aduaneira Sefia e às Seções de Fiscalização Aduaneira Safia compete realizar os procedimentos de fiscalização aduaneira, inclusive os de revisão de declarações, os procedimentos de diligência e de informação fiscal relativos à área de comércio exterior e efetuar a revisão de ofício de créditos tributários lançados, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, no âmbito de suas competências.” (NR) “Art. 267. Aos Serviços de Administração Aduaneira Seana, às Seções de Administração Aduaneira Saana e aos Núcleos de Administração Aduaneira Nuana compete realizar os procedimentos de fiscalização aduaneira, inclusive os de revisão de declarações, os procedimentos de diligência e de informação fiscal relativos à área de comércio exterior, além das atividades de controle de carga e vigilância aduaneira e de coordenação e orientação da prevenção e combate a fraudes em matéria aduaneira, proceder ao despacho aduaneiro de mercadorias e outros bens na entrada e saída do país, realizar atividades de repressão ao contrabando e descaminho e efetuar a revisão de ofício de créditos tributários lançados, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, no âmbito de suas competências.” (NR) “Art. 268. Aos Setores de Fiscalização e de Controle Aduaneiro Siana competem as atividades de controle de carga e vigilância aduaneira e de coordenação e orientação da prevenção e combate a fraudes em matéria aduaneira, proceder ao despacho aduaneiro de mercadorias e outros bens na entrada e saída do país e à fiscalização aduaneira e de tributos internos e efetuar a revisão de ofício de créditos tributários lançados, inscritos ou não em Dívida Ativa da União, no âmbito de suas competências.” (NR) No caso em apreço, não se discutiu, durante o contencioso administrativo, a decisão judicial no âmbito criminal que, transitada em julgado, teria anulado as provas coletadas naqueles autos. Assim, nenhuma das autoridades julgadoras precedentes, nem mesmo este Colegiado, puderam fazer tal juízo, não se caracterizando a exceção à revisão de ofício a que se refere o item 17 do mencionado parecer ao dispor: 17. Frisese, todavia, que, a revisão de ofício do lançamento não poderá adentrar em matéria que esteja submetida ou já tenha sido apreciada no contencioso administrativo (por Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ ou pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF), uma vez que a competência regimental da autoridade administrativa da unidade local para decidir sobre revisão de ofício (art. 302, I, do RIRFB), além de não estar calcada em competência legal específica do PAF para rever decisão daqueles órgãos, tem sua Fl. 7851DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.851 13 atuação limitada pela própria definitividade da decisão administrativa de que trata o art. 42 do PAF. Essa restrição não se confunde com a possibilidade de o próprio órgão julgador proceder conforme o art. 32 do PAF. Por oportuno, transcrevo as conclusões do aludido parecer: 81. Em face do exposto, concluise que: a) a revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes; b) a retificação de ofício de débito confessado em declaração, para reduzir o saldo a pagar a ser encaminhado à PGFN para inscrição na Dívida Ativa, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração; c) a revisão de ofício de despacho decisório que não homologou compensação pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese de ocorrer erro de fato no preenchimento de declaração (na própria Dcomp ou em declarações que deram origem ao débito, como a DCTF e mesmo a DIPJ, quando o crédito utilizado na compensação se originar de saldo negativo de IRPJ ou de CSLL), desde que este não esteja submetido aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes; d) compete à autoridade administrativa da unidade da RFB na qual foi formalizada a exigência fiscal proceder à revisão de ofício do lançamento, inclusive para as revisões relativas à tributação previdenciária; e) o despacho decisório é o instrumento adequado para que a autoridade administrativa local efetue a revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, a retificação de ofício de débito confessado em declaração, e a revisão de ofício de despacho decisório que decidiu sobre reconhecimento de direito creditório e compensação efetuada; f) a revisão de ofício nas hipóteses aqui tratadas não se insere nas reclamações e recursos de que trata o art. 151, III, do CTN, regulados pelo Decreto nº 70.235, de 1972, tampouco a ela se aplica a possibilidade de qualquer recurso, uma vez que, ainda que possa ser originada de uma provocação do contribuinte, é procedimento unilateral da Administração, e não um processo para solução de litígios; Fl. 7852DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.852 14 g) todavia, para os casos de reconhecimento de direito creditório e de homologação de compensação alterados em virtude de revisão de ofício do despacho decisório que tenha implicado prejuízo ao contribuinte, em atenção ao devido processo legal, deve ser concedido o prazo de trinta dias para o sujeito passivo apresentar manifestação de inconformidade e, sendo o caso, recurso voluntário, no rito processual do Decreto nº 70.235, de 1972, enquadrandose o débito objeto da compensação no disposto no inciso III do art. 151 do CTN. h) a revisão de ofício não é obstada pela existência de ação judicial com o mesmo objeto. Todavia, advindo, decisão judicial transitada em julgado, somente esta persistirá, em face da prevalência da coisa julgada e da jurisdição única; Assim, compete à Administração Tributária rever seus atos de ofício, ainda que provocada pelo sujeito passivo, para que, antes de qualquer procedimento de cobrança ou inscrição em Dívida Ativa da União, verificar se há algum vício de legalidade a macular o lançamento. Quanto à petição juntada aos autos às efls. 7.831/7.838, por ocasião da sustentação oral, cumpre também à unidade de origem verificar se o DARF acostado, no valor de R$ 77.580.201,74 serve para quitar no todo ou em parte o débito constante do presente processo. Em face a todo o exposto, manifestome por não conhecer do recurso especial da contribuinte, bem como por não conhecer as preliminares relativas à invalidade da prova e à extinção do crédito tributário pelo pagamento, em razão dos fundamentos acima aduzidos. É como voto. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 7853DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.853 15 Declaração de Voto Conselheiro Demetrius Nichele Macei Tratase de Recurso Especial do contribuinte, em que o sujeito passivo foi autuado pela alegada falta de pagamento de Imposto de Renda – IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro líquido – CSLL e reflexos no PIS e na COFINS. O Recurso não foi conhecido pelo colegiado da 1a. Turma da CSRF, por maioria. Contudo, houve discussão entre os membros desta Turma a respeito dos efeitos de Ofício n° 9129427, da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba/PR (efls. 7.827/7.828), informando a situação do IPL n° 1248/05SR/DPF/PR e a sentença transitada em julgado nos autos n° 2005.70.00.00503866, da 2a. Vara Federal Criminal de Curitiba, que "declarou a invalidade do monitoramento telefônico levado a efeito durante a investigação (ressalvados apenas os primeiros 15 dias da medida), invalidade esta que contaminou toda a prova derivada da medida de interceptação telefônica, o que incluiu o resultado das diligências de busca e apreensão promovidas, os respectivos laudos periciais realizados sobre os equipamentos apreendidos e o resultado das quebras de sigilo." Segundo a eminente Relatora, como o recurso não foi conhecido, este colegiado não pode fazer um juízo se a autuação fiscal objeto do presente lançamento foi ou não totalmente calcada nas provas consideradas ilegais pela justiça criminal, pois tal juízo pressupõe conhecer como se procedeu à auditoria e, por conseguinte, a autuação. Entre os fundamentos da Relatoria, consta o Parecer Cosit nº 8, de 2014, que estabelece sobre o dever de ofício de a Administração Tributária rever os seus atos, quando eivados de alguma ilegalidade, nos termos do art. 145, inciso III, do CTN, ainda que provocada pelo sujeito passivo, enquadrandose tal hipótese, se for o caso, no art. 149, inciso VIII, ou seja, “quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior”, salientando que não caberia a este órgão julgador (1a turma da CSRF) tal procedimento. Com todo o respeito e acatamento ao excelente voto da eminente Relatora, discordo das suas conclusões. Entendo que este Colegiado tem elementos suficientes para examinar o processo no seu mérito, mesmo tendo ocorrido aparente preclusão em relação ao contribuinte, alicerçado num dos especiais objetivos deste órgão julgador: a busca da Verdade Material. A busca da Verdade Material no recurso administrativo Habitualmente, em todos os ordenamentos que possuem em sua estrutura de Estado um Poder Judiciário, está a ideia de que o processo busca estabelecer se os fatos realmente ocorreram ou não. A Verdade dos fatos no processo é tema altamente problemático e produz inúmeras incertezas ao tentarse definir o papel da prova nesse contexto. A Verdade formal seria estabelecida no processo por meio das provas e dos procedimentos probatórios admitidos pela lei. De outra banda, a Verdade material é aquela Fl. 7854DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.854 16 ocorrida no mundo dos fatos reais, ou melhor, em setores de experiência distintos do processo, obtido mediante instrumentos cognitivos distintos das provas judiciais. Nesse contexto, não é difícil definir o que vem a ser a Verdade formal, pois é aquela obtida – repitase – mediante o uso dos meios probatórios admitidos em lei. O problema é conceituar a Verdade material, pois inicialmente chegamos ao seu conceito por mera exclusão. Qualquer outra “Verdade” que não a formal, é a material. A Verdade material, nesse sentido, admite outros meios de comprovação e cognição não admissíveis no âmbito do processo. Obedecidas as regras do ônus da prova e decorrida a fase instrutória da ação, cumpre ao juiz ter a reconstrução histórica promovida no processo como completa, considerando o resultado obtido como Verdade — mesmo que saiba que tal produto está longe de representar a Verdade sobre o caso em exame. Com efeito, as diversas regras existentes no Código de Processo Civil tendentes a disciplinar formalidades para a colheita das provas, as inúmeras presunções concebidas a priori pelo legislador e o sempre presente temor de que o objeto reconstruído no processo não se identifique plenamente com os acontecimentos verificados in concreto induzem a doutrina a buscar satisfazerse com outra “categoria de Verdade”, menos exigente que a Verdade material. É por isso que, ao admitir a adoção da Verdade material como Princípio regente do processo, os conceitos extraprocessuais tornamse importantes, sobretudo os filosóficos, epistemológicos, que buscam definir como podemos conhecer a Verdade. Mas não é só isso. A doutrina moderna tem reconhecido o chamado Princípio da Busca da Verdade Material, tornandoo relevante também para o Direito Processual, na medida em que algumas modalidades de processo supostamente admitem sua aplicação de forma ampla. Partese da premissa de que o processo civil, por lidar supostamente com bens menos relevantes que o processo penal, por exemplo, pode contentarse com menor grau de segurança, satisfazendose com um grau de certeza menor. Seguindo esta tendência, a doutrina do processo civil passou a dar mais relevo à observância de certos requisitos legais da pesquisa probatória (através da qual a comprovação do fato era obtida), do que ao conteúdo do material de prova. Passou a interessar mais a forma que representava a Verdade do fato do que se este produto final efetivamente representava a Verdade. Mas ainda assim, reconheciase a possibilidade de obtenção de algo que representasse a Verdade, apenas ressalvavase que o processo civil não estava disposto a pagar o alto custo desta obtenção, bastando, portanto, algo que fosse considerado juridicamente verdadeiro. Era uma questão de relação custobenefício entre a necessidade de decidir rapidamente e decidir com segurança; a doutrina do processo civil optou pela preponderância da primeira1. Nessa medida, a expressão “Verdade material”, ou outras expressões sinônimas (Verdade real, empírica etc.) são etiquetas sem significado se não estiverem vinculadas ao problema geral da Verdade. A doutrina moderna do direito processual vem sistematicamente rechaçando esta diferenciação2, corretamente considerando que os interesses, objeto da relação jurídica 1 Vejase: Sergio Cruz Arenhart e Luiz Guilherme Marinoni (Comentários… Op. Cit. p. 56.) 2 TARUFFO, Michele. La prova dei fatti giuridice. Milão: Giufrè, 1992. p.56 Fl. 7855DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.855 17 processual penal, por exemplo, não têm particularidade nenhuma que autorize a inferência de que se deva aplicar a estes métodos de reconstrução dos fatos diverso daquele adotado pelo processo civil. Se o processo penal lida com a liberdade do indivíduo, não se pode esquecer que o processo civil labora também com interesses fundamentais da pessoa humana pelo que totalmente despropositada a distinção da cognição entre as áreas. Na doutrina brasileira não faltam críticas para a adoção da Verdade formal, especialmente no processo civil. Boa parte dos juristas desse movimento, entende que desde o final do século XIX não é mais possível ver o juiz como mero expectador da batalha judicial, em razão de sua colocação eminentemente publicista no processo (processo civil inserido no direito público), conhecendo de ofício circunstâncias que até então dependia da alegação das partes, dialogando com elas e reprimindo condutas irregulares.3 Outro aspecto que dificulta ainda mais uma solução para o problema é o fato de que a única Verdade que interessa é aquela ditada pelo juiz na sentença, já que fora do processo não há Verdade que interesse ao Estado, à Administração ou às partes. A Verdade no seu conteúdo mais amplo é excluída dos objetivos do processo, em particular do processo civil. José Manoel de Arruda Alvim Netto aponta que o Juiz sempre deve buscar a Verdade, mas o legislador não a pôs como um fim absoluto no Processo civil. O que é suficiente para a validade da eficácia da sentença passa ser a verossimilhança dos fatos4. O jurista reconhece a Verdade formal no processo civil, mas salienta que quando a demanda tratar de bens indisponíveis, “...procurase, de forma mais acentuada, fazer com que, o quanto possível, o resultado obtido no processo (Verdade formal) seja o mais aproximado da Verdade material...” Diante do reconhecimento de tal diferenciação (Verdade material versus Verdade formal), ao mesmo tempo se reconhece que, em determinadas áreas do processo, a Verdade material é almejada com mais afinco que em outras. Naquelas áreas em que se considera a Verdade material essencial para a solução da controvérsia, se diz que o Princípio da Verdade Material rege a causa. O Princípio da Verdade Formal, por outro lado, rege o Processo em que não se considera essencial a busca da Verdade real, contentandose portanto com a verossimilhança ou a probabilidade. Dejalma de Campos, afirma que pelo Princípio da Verdade Material, o magistrado deve descobrir a Verdade objetiva dos fatos, independentemente do alegado e provado pelas partes, e pelo Princípio da Verdade formal, o juiz deve dar por autênticos ou certos, todos os fatos que não forem controvertidos.5 A predominância da busca da Verdade material no âmbito do direito administrativo fica evidenciada nas palavras de Celso Antonio Bandeira de Mello, quando afirma: Nada importa, pois, que a parte aceite como verdadeiro algo que não o é ou que negue a veracidade do que é, pois no procedimento administrativo, 3 Neste sentido Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pelegrini Grinover e Candido Rangel Dinamarco. (Teoria Geral do Processo. 26 ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 70). 4 Manual de Processo Civil. 14 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 932. 5 Lições do processo civil voltado para o Direito Tributário. In O processo na constituição. Coord . Ives Gandra da Silva Martins e Eduardo Jobim. São Paulo: Quartier Latin, 2008. p. 691. Fl. 7856DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.856 18 independentemente do que haja sido aportado aos autos pela parte ou pelas partes, a administração deve sempre buscar a Verdade substancial.6 Paulo Celso Bergston Bonilha ressalta que o julgador administrativo não está adstrito as provas e a Verdade Formal constante no processo e das provas apresentadas pelo contribuinte. Segundo ele, outras provas e elementos de conhecimento público ou que estejam de posse da Administração podem ser levados em conta para a descoberta da Verdade.7 Ainda no âmbito do direito administrativo, há aplicação ampla do Princípio da Verdade material, mesmo que com outras denominações. Hely Lopes Meirelles chama de Princípio da Liberdade de Prova aquele em que a administração tem o poderdever de conhecer de toda a prova de que tenha conhecimento, mesmo que não apresentada pelas partes litigantes. Hely Lopes salienta que no processo judicial o juiz cingese às provas indicadas, e no tempo apropriado, enquanto que no processo administrativo a autoridade processante pode conhecer das provas, ainda que produzidas fora do processo, desde que sejam descobertas e trazidas para este, antes do julgamento final8. Constatase dessa exposição inicial que temos dois extremos, no que tange a aplicação concreta do principio da busca da verdade material: de um lado a liberdade de prova (já admitida em outros julgados por este Colegiado); de outro lado a ausência de Preclusão. Entendo que, se o que caracteriza a busca da verdade material é a possibilidade de o julgador (administrativo, no caso), a qualquer tempo, buscar elementos – de fato e de direito – que o convençam para julgar corretamente, independentemente do que foi trazido pelas partes no curso do processo, então mais razão para que qualquer das partes também traga ao processo, elementos de fato e de direito, em qualquer momento processual. Neste exato sentido, já me manifestei anteriormente em trabalho acadêmico publicado. (Verdade Material no Direito Tributário. São Paulo: Ed. Malheiros, 2013) É bom lembrar que a preclusão, enquanto modalidade de decadência lato senso, isto é, perda de um direito pelo decurso do tempo (direito de manifestarse no processo) é regra meramente processual, infraconstitucional. Com isso quero dizer que não se pode, por exemplo, mitigar institutos constitucionais, tais como a decadência (stricto senso), a prescrição, a coisa julgada, o ato jurídico perfeito etc. Mas, em se tratando de normas de nível de lei ordinária, deve prevalecer, como o próprio nome já diz: o PRINCÍPIO (da verdade material, no caso). 6 Curso de Direito administrativo. 26 ed. rev. ampl. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 497. O autor se socorre da definição de Hector Jorge Escola, para quem o Princípio da Verdade Material consiste na busca daquilo que é realmente a Verdade independentemente do que as partes hajam alegado ou provado. 7 BONILHA. Paulo Celso Bergstrom. Da prova no processo administrativo tributário. 2 ed. São Paulo: Dialética, 1997. p. 76. 8 Direito Administrativo Brasileiro. 14 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989. p. 584. Em outra passagem da obra, o autor classifica o processo administrativo com base em duas espécies: o disciplinar e o tributário. Segundo ele, ambos, mesmo que usualmente tratados pela doutrina separadamente, possuem o mesmo núcleo de Princípios. Hely Lopes Meirelles faleceu Agosto de 1990. Sua obra passou a ser atualizada por outras pessoas e encontrase na sua 33ª edição. Sem qualquer demérito a estes juristas, procuramos aqui refletir a opinião autêntica do autor, mediante consulta a edição imediatamente anterior a sua morte (julho de 1989), sobre um tema de cunho Princípiológico que, aliás, ultrapassa as barreiras da legislação alterada posteriormente. Fl. 7857DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.857 19 Ademais, a Lei Geral do Processo Administrativo Federal LGPAF (Lei Federal 9.784/99), reconhece implicitamente o principio em mais de uma passagem de seu texto, das quais destaco uma, particularmente aplicável ao caso concreto: “Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: I fora do prazo; II perante órgão incompetente; III por quem não seja legitimado; IV após exaurida a esfera administrativa. § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a autoridade competente, sendolhe devolvido o prazo para recurso. § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão administrativa. ” Destaco o parágrafo segundo acima. Vejase que por “preclusão administrativa” deve ser entendido como a chamada “coisa julgada administrativa”, i. e., exceção aplicável apenas no caso do inciso IV, posto que, se não há mais processo, a autoridade julgadora não tem mais competência para tratar o tema. Vejase que o parágrafo primeiro dá outra solução também ao inciso II, privilegiando outro principio, conhecido por fungibilidade e informalismo. Se, por uma hipótese, o parágrafo não fosse aplicável nos casos de perda de prazo processual, restaria apenas o “exame de oficio” para o caso de parte ilegítima (inciso III) o que faria o parágrafo perder completamente seu sentido. Há uma clara antinomia em relação ao disposto no artigo 17 do decreto 70.235|72, posto que no artigo 63 acima não consta a falta de inclusão na impugnação como causa de preclusão contra o contribuinte. Na minha opinião, a LGPAF deveria ser aplicável, em razão da sua novidade, mas mesmo para aqueles que entendem que prevalece o “Decreto” por ser norma especial, não há antinomia em relação ao parágrafo segundo. Com isso quero dizer que, mesmo admitindo que o recurso pudesse ser não conhecido, este conselho de forma alguma está impedido de analisar livremente o tema, coincidente ou não com o argumento trazido no recurso. Finalmente, outra passagem da LGPAF deixa evidente o alcance do principio da busca da verdade material, seja para a instrução probatória, seja para elementos de interpretação da lei vigente, verbis: “Art. 65. Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada.” Este dispositivo é aplicável a favor do administrado, pois não poderá tal revisão resultar em agravamento da sanção, bem como deve respeitar os institutos constitucionais de decadência, prescrição etc., mas evidencia sem duvida a busca da verdade material. Ora, se este Conselho pode, por iniciativa própria, acolher a outros aspectos de fato ou de direito, não necessariamente trazidos ao processo pelas partes, perguntase por Fl. 7858DF CARF MF Processo nº 10980.001875/200932 Acórdão n.º 9101002.482 CSRFT1 Fl. 7.858 20 que então as partes (fisco ou contribuinte) também não podem, se o objetivo desta esfera de julgamento é um só para todos: a verdade!! Vejase ainda que, no caso concreto, o pedido de diligencia – que é não foi ventilado na impugnação foi conhecido. Diante do exposto, ilustres conselheiros, mesmo não conhecendo do Recurso Especial, na forma do Voto da colega relatora, ainda assim, me manifestei pela verificação da legalidade do lançamento, na medida em que além de nossa função de julgadores com a competência que lhe é inerente temos adicionalmente a função de autoridade administrativa que constitui definitivamente o crédito tributário e, portanto, temos o poderdever de examinar amplamente fatos novos que cheguem ao nosso conhecimento, realizando assim o competente controle de legalidade do lançamento, em atendimento ao principio da busca da Verdade Material. É a declaração de voto. (assinado digitalmente) Demetrius Nichele Macei Fl. 7859DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13982.720751/2013-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2201-000.232
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora se pronuncie sobre: i) se houve o aproveitamento do tributo recolhido referente a parte declarada pelo contribuinte e ii) se houve a intimação do co-titular da conta corrente.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora se pronuncie sobre: i) se houve o aproveitamento do tributo recolhido referente a parte declarada pelo contribuinte e ii) se houve a intimação do cotitular da conta corrente. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 39 82 .7 20 75 1/ 20 13 -1 2 Fl. 1895DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 3 2 Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Por meio do Auto de Infração de fls. 2 a 19 (a numeração digital é a adotada neste acórdão), exigese R$ 3.250.813,20 de imposto de renda, R$ 4.876.219,81 de multa de ofício qualificada de 150%, e acréscimos legais decorrentes da ação fiscal efetuada em desfavor do contribuinte, acima qualificado, iniciada com a abertura do Mandado de Procedimento Fiscal nº 09.2.03.0020 12001663. 2. Segundo a autoridade fiscal, em 08 de março de 2012, foi encaminhadoao contribuinte o Termo de Início de Procedimento Fiscal e solicitada a apresentação do LivroCaixa da Atividade Rural e extratos bancários das contas correntes de depósito, investimento e de poupança, mantidas sob sua titularidade referentes aos anos calendário de 2008 e 2009. 3. Após sucessivos pedidos de prorrogação, o autuado disponibilizou o arquivo digital da movimentação rural de 2008 e 2009 e encaminhou autorização para que a fiscalização solicitasse diretamente aos bancos os extratos bancários. 4. Da análise da DIRPF e da DITR, a autoridade fiscal constatou tratarse de exploração de atividade rural em condomínio. 5. Do cotejamento dos dados registrados no Livro Caixa e nos extratos bancários enviados pelas instituições financeiras, a autoridade fiscal constatou a existência de entradas financeiras, via bancos, registradas como acréscimo no saldo do Livro Caixa e sob a denominação de “empréstimos”, mas que na realidade provinham de transferências bancárias, descontos de títulos ou depósitos bancários. 6. Nos extratos bancários foram também identificadas entradas sem a correspondente escrituração no Livro Caixa. 7. O sujeito intimado e reintimado a esclarecer tais situações se manteve silente. 8. Buscando identificar a origem das entradas bancárias, que o contribuinte não esclareceu, a autoridade fiscal encaminhou ofício às instituições financeiras, requerendo comprovantes dos lançamentos efetuados nas contascorrente do mesmo. 9. A partir desses documentos encaminhados pelos bancos, a fiscalização elaborou a Planilha “ Análise Resposta Bancos”, às fls. 1202 a 1217. 10. A citada planilha é assim formada: Data/Histórico e valor: se refere ao valor lançado a crédito (entrada) no extrato bancário do sujeito passivo e o histórico constante do referido extrato. Análise extrato/livro caixa: diz respeito a como a entrada na conta bancária do sujeito passivo foi escriturada em seu livro caixa. A expressão “não contabilizado” significa que não identificamos em seu livro caixa o lançamento correspondente, por sua vez a expressão "xxx Fl. 1896DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 4 3 emprés imo" é utilizada quando no livro caixa este valor consta como empréstimos contraídos junto a instituições financeiras. Origem banco: Referese à informação carreada pela instituição financeira. Os documentos coligidos pelas mencionadas instituições estão relacionados no anexo DOCUMENTOS BANCOS. (BB, HSBC, SICOOB, SANTANDER e BRADESCO). Conclusão. As expressões contidas nesta coluna possuem o seguinte significado: RURAL: Esta conclusão surge quando a Fiscalização conseguiu identificar quem foi o depositante dos recursos e cumulativamente constatar que se trata de pessoa jurídica cuja atividade seja a aquisição e/ou comércio/industrialização de produtos agrícolas ou de animais (atividades correlatas às desenvolvidas pelo autuado). A mesma conclusão emerge no caso dos depósitos efetuados por pessoas físicas e desde que esta Fiscalização tenha identificado que os depositantes (pessoas físicas) exerciam a atividade rural. Ainda neste ponto, convém repisar que com relação ao depositante denominado de SEMENTES PREZZOTTO LTDA (depositou R$ 11.993.985,46 nas contas bancárias do autuado) procedemos a diligência (anexo DILIGENCIA SEMENTES PREZZOTTO) na qual esta foi provocada a explicar a natureza dos depósitos efetuadas nas contas correntes do senhor João Carlos Prezzotto. Até a presente data o requestado por esta Fiscalização não foi atendido. Do mesmo modo e por meio do Termo de Intimação Fiscal n° 11 o autuado foi instado a explicar o motivo de tais depósitos. Nada respondeu até o momento. Convém ressaltar que o senhor João Carlos Prezzotto é sócio da empresa SEMENTES PREZZOTTO LTDA, conforme documento (cadastro CNPJ) constante do anexo DILIGENCIA SEMENTES PREZZOTTO. SEM ORIGEM: Esta conclusão surge quando a instituição financeira não informou a esta fiscalização quem foi o depositante. SEM MOTIVO: Neste caso, em que pese a instituição financeira ter identificado quem foi o depositante esta Fiscalização não constatou tratarse de uma pessoa jurídica/pessoa física que opere com atividade rural. 11. Com base nessas conclusões, a autoridade fiscal considerou os depósitos sem origem ou sem motivo como depósitos bancários de origem não comprovada conforme estatui o artigo 42 da Lei n° 9.430/96. 12. Com relação à conta bancária mantida junto ao Banco do Brasil S/A, a autoridade lançadora considerou somente 50% dos valores não comprovados, visto tratarse de conta bancária mantida em conjunto com o senhor José Carlos Prezzotto. 13. Já os depósitos considerados como relacionados com a atividade rural – os depósitos para os quais a Fiscalização identificou o depositante como pessoa jurídica ou pessoa física que atua na Fl. 1897DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 5 4 atividade rural foram considerados como omissão de receitas da atividade rural. 14. O auditor ainda fez as seguintes considerações: Destacamos ainda que em que pese o senhor João Carlos Prezzotto mencionar em sua DIRPF (anexo bens) e DITR que possui 40 % da atividade rural em comum, na apuração do resultado declarado pelo mesmo (conforme DIRPF Demonstrativo de Atividade Rural) lhe coube o percentual de 24% das receitas e despesas escrituradas no livro caixa apresentado, sendo este o percentual considerado pela Fiscalização em relação à omissão de receitas da atividade rural de que trata este lançamento. Tal providência se explica pelo fato de que em relação ao movimento escriturado no livro caixa (anexo LIVRO CAIXA 2008 2009) os demais participantes da atividade em comum também declararam em suas DIRPF somente receitas e despesas calculadas a partir deste livro caixa. Sendo assim, adotamos como percentual a ser atribuído a cada um dos condôminos o mesmo índice por eles considerados nas DIRPFs, respectivas, conforme demonstrado na planilha PARTICIPAÇÃO NA RECEITA DA ATIVIDADE RURAL ESCRITURADA. – CONDÔMINOS. Em sua DIRPF (anexo DIRPF) o sujeito passivo optou por tributar os rendimentos da atividade rural por meio do seu resultado, ou seja, receitas menos despesas. Deste modo, na presente autuação foi mantida a opção do sujeito passivo. 15. Sobre a qualificação da multa de ofício, a autoridade fiscal assim se posicionou: A juízo destas autoridades fiscais, o autuado adotou conduta que teve por desiderato impedir o conhecimento por parte da administração tributária do total das exações devidas pelo mesmo durante os anos calendario de 2008 e 2009. O sujeito passivo praticou de forma reiterada durante o período fiscalizado (anoscalendário 2008 e 2009), ato que modificou a característica essencial do fato gerador de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil de modo a reduzir o montante devido, ao omitir de sua escrituração receitas relativas a atividade rural. Há de se salientar que para a correta constatação dos tributos devidos pelo sujeito passivo necessário se faz a comparação das declarações apresentadas por este com a sua escrituração (atividade rural). No caso do contribuinte ora fiscalizado tal comparação é possível, porém os dados inseridos em sua escrituração no período de 2008 e 2009 são inexatos, não refletem a realidade dos fatos, logo as declarações apresentadas padecem de veracidade. Tal conclusão se arrima no fato de terem sido contabilizadas a título de empréstimos entradas que se apurou tratarse de receitas da atividade rural, (inserção de elementos falsos). Do mesmo modo se constatou em Fl. 1898DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 6 5 relação a depósitos bancários mantidos a margem da escrituração, (omissão de informações). Este fato retardou o conhecimento da ocorrência do fato gerador por parte da autoridade fazendária, pois antes de a ação fiscal ser iniciada a percepção que a Fazenda Pública possuía do fato gerador era aquele informado pelo sujeito passivo em sua DIRPF. Não fosse a ação da fiscalização, a administração tributária não teria noção da amplitude dos fatos geradores que compõem a presente autuação. Não podemos olvidar que é por meio da declaração, acima mencionada (DIRPF), que a Administração Tributária se instrumentaliza a fim de cobrar coercitivamente (judicialmente) os tributos sujeitos a lançamento por homologação que lhes são devidos. Ainda nesta seara, há de se destacar que o fato de o contribuinte apresentar DIRPF com informações falsas ou inexatas à Receita Federal do Brasil se subsume a conduta prevista no artigo 1o da Lei n. 8.137/90. É na omissão do contribuinte (não escrituração de receitas) que reside a fraude que justifica o percentual da multa ora aplicada, visto que, por meio destas condutas, o contribuinte se esconde na esperança de que o Fisco nada descubra, e assim não possa exercer o seu direito (constituir o crédito tributário) no prazo decadencial, acarretando prejuízos aos cofres públicos. (...) Desta maneira, frente as ações/omissões da autuada estas autoridades fiscais fixaram a multa de ofício em 150% no que se refere às infrações antes citadas. 16. O contribuinte apresenta impugnação, às fls. 1247 a 1294, protestando contra a autuação fiscal, pois para apurar uma suposta omissão de rendimentos da atividade rural, a autoridade lançadora elaborou um demonstrativo de omissão de receitas da atividade rural, onde todos os depósitos bancários nele relacionados, seriam de receitas não declaradas na atividade rural. 17. A autoridade fiscal, para chegar a tal conclusão, partiu dos depósitos feitos nas contas bancárias confrontandoos com aqueles valores lançados no livro caixa. Não encontrando correspondência entre os depósitos bancários com aqueles lançados no livro caixa, presumiu a omissão de receita. 18. Porém a quase totalidade dos valores relacionados no mencionado demonstrativo, referese a transferências bancárias da Empresa Sementes Prezzotto Ltda para o impugnante, em face de um contrato de mútuo celebrado entre essas partes, o qual também está registrado no Livro Caixa do autuado e no Livro Diário da Sementes Prezzotto. 19. A autoridade fiscal constatou que a empresa SEMENTES PREZZOTTO LTDA depositou a importância de R$ 11.993.985,46 nas contas bancárias do ora autuado que é sócio da empresa em questão, como percebido pela própria autoridade lançadora. Fl. 1899DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 7 6 20. Diz que no caso de MÚTUO há apenas mutação patrimonial, pois, em decorrência da saída/entrada de moeda, existe a entrada/saída de dívida. Não há que se cogitar de receita tributável (ou não) ou de pagamento dedutível (ou não). 21. Conclui, após citar doutrina que a receita só alcança valores que ingressam de maneira positiva no patrimônio da entidade, e que, portanto, somente os valores recebidos, ingressados no patrimônio da entidade, são hábeis a compor efetivamente a base de cálculo para apurar o resultado da atividade rural. 22. Menciona mácula ao princípio da capacidade contributiva, pois no caso de mútuo, não há qualquer autorização constitucional ou legal para tributação de referidas importâncias. 23. Ressalva que embora, a despeito de intimado a comprovar a origem dos recursos, tenha se quedado inerte, este fato, por si só não é suficiente para caracterizar omissão de receita. No máximo, indício, quiçá, sujeito a um maior e melhor aprofundamento, e, ainda: Ao que dá a entender, as autoridades fiscais imaginaram que o autuado vendeu mercadorias para a empresa SEMENTES PREZZOTTO LTDA, sem documento fiscal, especulação esta que, para sustentar o lançamento, deveriam, mais do que nunca, ir além. Por isso não é possível, dar como do sujeito passivo a propriedade de numerário por ele transitado em seu LIVRO CAIXA e assim a prática de ilícito consistente no não oferecimento à tributação daqueles valores recebidos através de mútuo. As acusações fiscais, em relação aos depósitos feitos na conta corrente do autuado pela EMPRESA SEMENTES PREZZOTTO LTDA, fica no campo da especulação, mas não encontra suporte especialmente do decantado princípio da tipicidade cerrada e à falta do devido aprofundamento da matéria que pudesse ser tributada. 24. Em continuação, afirma que a autoridade fiscal, além daqueles valores depositados pela Empresa Sementes Prezzotto Ltda para o autuado, entendeu que outros depósitos têm origem em receita não declarada. 25. Muitos dos valores depositados na conta do autuado têm origem nas vendas feitas pelo autuado e que estão lançadas no Livro Caixa. Outro, foi depósito indevido e posteriormente devolvido e ainda, há outros depósitos, cuja origem são vendas feitas pela Empresa Sementes Prezzotto Ltda para clientes dessa, mas a cobrança bancária e o correspondente depósito bancário foram feitos pelo cliente na conta do autuado, que, por sua vez, considerou como mútuo junto à mesma. E a operação assim foi feita em razão da cessão do crédito para o autuado. 26. A autoridade fiscal acusou a percepção de milhões de reais por parte do impugnante, no entanto, em vez de arbitrar tal receita a base de 20%, utilizou como base de cálculo a diferença entre a receita bruta e as correspondentes despesas, agindo em descompasso com a legislação pertinente que prescreve se constatada a falta da escrituração das receitas, das despesas de custeio, dos investimentos e Fl. 1900DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 8 7 demais valores que integram a atividade implicará arbitramento da base de cálculo à razão de vinte por cento da receita bruta do ano calendário. Conclui que o lançamento fiscal está eivado de nulidade, devendo, portanto, ser desconstituído. 27. Pede também o reconhecimento da decadência sobre o período de janeiro a agosto de 2008. 28. Caso mantida a exigência do auto de infração, o contribuinte aduz que deve ser afastada a existência de simulação, o evidente intuito de fraudar o fisco e, por conseguinte, determinar a aplicação da multa de ofício no percentual de 75%, sem a qualificação. 29. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida parcialmente a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009, 2010 DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. DOUTRINA. EFEITOS. As decisões administrativas, mesmo as proferidas por Conselhos de Contribuintes, e as judiciais, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação e daquelas objeto de Súmula vinculante, nos termos da Lei nº 11.417 de 19 de dezembro de 2006, não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. A doutrina transcrita não pode ser oposta ao texto explícito do direito positivo, mormente em se tratando do direito tributário brasileiro, por sua estrita subordinação à legalidade. MÚTUO. PROVA. Contrato de mútuo sem registro público e desacompanhado de outras provas não tem força suficiente para refutar a alegação fiscal da existência de depósitos bancários de origem não comprovada. IMPUGNAÇÃO. PROVAS. A impugnação deve ser instruída com os elementos de prova que fundamentem os argumentos de defesa. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem não têm qualquer relevância na análise dos fatos alegados. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 1901DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 9 8 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. DECADÊNCIA. Nos casos em que o contribuinte entrega a declaração de ajuste anual dentro do prazo legal, apura saldo de imposto a pagar e declara rendimentos tributáveis que sofreram, inclusive, retenção de imposto na fonte e submeteramse aos recolhimentos de carnêleão e/ou de imposto complementar, o lançamento do Imposto de Renda das Pessoas Físicas tem a natureza jurídica de lançamento por homologação, com fato gerador complexivo, de período anual, sendo que os termos iniciais para a contagem do prazo decadencial de 5 (cinco) anos são as datas da ocorrência dos fatos geradores, ou seja, 31 de dezembro dos anos calendário correspondentes aos exercícios analisados. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ATIVIDADE RURAL. Para fins de tributação, considerase resultado da atividade rural a diferença entre o valor da receita bruta auferida e o das despesas e investimentos pagos, limitandose esse resultado a vinte por cento da receita bruta do anocalendário. MULTA QUALIFICADA É de se manter a multa qualificada de 150%, estando configurado o intuito de fraude com a consequente redução do imposto devido. Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustenta, em síntese: a) a não incidência do IRPF sobre a suposta omissão de rendimentos da atividade rural em decorrência de depósitos bancários de origem comprovada valores transferidos da conta corrente da Empresa Sementes Prezzoto para João Carlos Prezzoto (mútuo); b) a não incidência em razão da comprovação da origem dos depósitos pela venda de mercadorias próprias e pela venda de mercadorias da Semente Prezzotto LTDA, considerando o depósito em nome de João Carlos Prezzotto, o que infirma a acusação de omissão de rendimentos da atividade rural em decorrência de depósitos bancários de origem comprovada; c) a invalidade do lançamento fiscal em razão do absoluto desrespeito ao artigo 42, § 4º, da Lei 9.430/96, sobre a suposta omissão de receita em razão da não comprovação da origem dos depósitos bancários não comprovados; d) que foi utilizada a totalidade dos valores depositados nas contas bancárias, relativamente ao período objeto de lançamento como base de cálculo, quando a lei manda arbitrar a totalidade da receita; e) o critério adotado pelas autoridades fiscais de preservar a apuração feita pelo autuado e adicionar ao mesmo a receita tida por omitida é arbitrário, pois se trata de um critério exclusivamente subjetivo dos agentes fiscais, quando existe norma a dispor sobre procedimento a ser adotado; Fl. 1902DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 10 9 f) decadência do direito de constituir o crédito tributário em relação ao período anterior a janeiro de 2009; g) a inaplicabilidade da multa qualificada; h) do equívoco do recálculo realizado após o julgamento de primeira instância. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz 1. Recurso voluntário Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. As infrações sob análise, consoante o Relatório Fiscal, são: a) depósitos bancários de origem não comprovada (com relação à conta bancária mantida junto ao Banco do Brasil, foram considerados 50% dos valores não comprovados origem/motivo visto que se trata de conta bancária mantida em conjunto com o senhor José Carlos Prezzotto); b) depósitos considerados como relacionados com a atividade rural (depósitos para os quais a fiscalização identificou o depositante como pessoa jurídica ou pessoa física que atua na atividade rural, de modo que foram considerados como omissão de receitas da atividade rural). Com base no exposto no relatório, observase que, no presente caso, impõese a verificação do aproveitamento do tributo recolhido referente à parte declarada pelo contribuinte, bem como a identificação da intimação do cotitular da conta corrente, para efeito da melhor aplicação do direito. Compulsandose os autos, verificase que não foi juntada a intimação realizada ao cotitular da conta bancária, de modo que não se mostra possível a verificação do atendimento ao Enunciado de Súmula n.º 29 do CARF, abaixo transcrito: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Nesse contexto, a fim de que seja realizada a devida análise acerca da comprovação da origem dos depósitos, tendo em vista que se trata de conta conjunta, em obediência ao princípio da verdade material, bem como com o fito de aferir o cumprimento da Súmula n.º 29 do CARF, fazse relevante a conversão do processo em diligência. Fl. 1903DF CARF MF Processo nº 13982.720751/201312 Resolução nº 2201000.232 S2C2T1 Fl. 11 10 Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora se pronuncie sobre: i) se houve o aproveitamento do tributo recolhido referente a parte declarada pelo contribuinte e ii) se houve a intimação do cotitular da conta corrente. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 1904DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.902467/2011-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI.
Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratar-se de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES.
OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI.
Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações.
Numero da decisão: 3402-003.705
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reverter todas glosas, mantendo-se apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,00 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz,Waldir Navarro Bezerra e Paulo Roberto Duarte Moreira.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratarse de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI. Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reverter todas glosas, mantendose apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,00 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 24 67 /2 01 1- 21 Fl. 269DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz,Waldir Navarro Bezerra e Paulo Roberto Duarte Moreira. Relatório Por razões de economia, recorrese ao relatório da DRJ: Tratase de manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório (Eletrônico) DDE de fl. 05, do Delegado da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre, emitido em 01 de abril de 2011, que deferiu parcialmente o ressarcimento de saldo credor de IPI relativo ao 3º trimestre de 2006, pleiteado através do PER/DCOMP nº 40345.02729.180509.1.5.011573 e homologou parcialmente as compensações a ele vinculadas. O montante solicitado corresponde a RS 138.180,68 e foi reconhecido o crédito de R$ 134.449,17. Os motivos para o deferimento parcial foram a ocorrência de glosas de créditos considerados indevidos e a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Foi apresentada manifestação de inconformidade parcial, tempestiva, de fls. 2 a 4, acompanhada de documentos, subscrita por representante legal da empresa, na qual o interessado concorda expressamente com a glosa de R$ 1.106,10, referente às Notas Fiscais nº 46689, 46690 e 325242 e contesta as demais glosas, conforme abaixo. R$ 218,10, pelo motivo 7 Empresa Emitente da Nota Fiscal Optante do SIMPLES referente às Notas Fiscais emitidas pela empresa inscrita no CNPJ sob nº 02.966.293/000191:alega que pesquisa realizada no site da RFB demonstra que não haveria opção pelo Simples Nacional pela referida empresa; R$ 2.407,31, também pelo motivo 7: tratase de remessa de produtos em garantia e teste, com destaque do IPI na saída do estabelecimento da interessada, bem como no retorno destas dos estabelecimentos de empresas optantes do Simples, anulandose a operação, sem prejuízo fiscal. A impugnação do contribuinte foi julgada improcedente em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI. Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratarse de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, Fl. 270DF CARF MF Processo nº 11080.902467/201121 Acórdão n.º 3402003.705 S3C4T2 Fl. 3 3 e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando as razões de sua impugnação, pelo que o Colegiado competente para a apreciação de tal recurso achou por bem converter o julgamento em diligência, através da Resolução nº 3403000.589, onde se determinou o seguinte: Voto, pois, pela conversão do julgamento em diligência, para que a Delegacia de Origem providencie o seguinte: 1. informar e apresentar os documentos que comprovam em qual período a empresa Advance e Goldtek Ltda encontravase submetida aos efeitos do Simples Nacional, indicando o momento em que tal empresa manifestou por não optar por este regime e esclarecendo a partir de qual momento começa a surtir os efeitos da saída do Simples Nacional, concluindo se na data da emissão das referidas Notas Fiscais o emissor estava sujeito ao IPI, ou ainda permanecia sob os efeitos do Simples Nacional; 2. verificar e confirmar a vinculação entre as notas fiscais apresentadas pelo contribuinte na planilha de fl. 180 e cópias de fls. 55/93, confirmando a confrontação de mesmo valor de IPI na entrada e saída de mesma mercadoria, bem como conferindo e confirmando se tanto os créditos na entrada como os débitos da saída foram escriturados no Livro de Apuração do IPI. Ao final deve a Delegacia de origem fazer relatório da diligência, intimando o contribuinte a se manifestar, se quiser, no prazo de 10 (dez) dias, devolvendo os autos a este Conselho para julgamento. Cumprida a diligência e intimado o contribuinte, retornam os autos a este relator em razão de novo sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Alvissareira a diligência fiscal sugerida pelo ilustre Conselheiro Ivan Allegretti, cujo relatório traz subsídios para que o feito seja seguramente decidido. Fl. 271DF CARF MF 4 Com efeito, a primeira parte da autuação se refere à vedação prevista no art. 166 do Decreto nº 4.544, de 26/12/2002 (RIPI/2002), cuja base legal é o § 5º do art. 5º, da Lei nº 9.317, de 1996, a seguir transcrito para maior clareza: “Art. 166. As aquisições de produtos de estabelecimentos optantes pelo SIMPLES, de que trata o art. 117, não ensejarão aos adquirentes direito a fruição de crédito de MP, PI e ME (Lei nº 9.317, de 1996, art. 5º, § 5º).”. A esse respeito, a diligência verificou o seguinte: 1) Em consulta ao sistema CNPJ, verificouse que a empresa Advance e Goldtek Produtos Eletrônicos Ltda foi optante do Simples Federal, instituído pela Lei nº 9.317 de 1996, no período de 01/01/2000 a 30/06/2007. 1.1) Portanto, as notas fiscais nº 5117 de 07/07/2006, nº 5168 de 19/07/2006, nº 5257 de 14/08/2006, nº 5290 de 22/08/2006 e nº 5337 de 06/09/2006 foram emitidas quando a referenciada empresa era optante do Simples Federal, o que veda a transferência de créditos relativos ao IPI, de acordo com o disposto no art. 5º, § 5º, da Lei 9.317 de 1996. 1.2) A pesquisa apresentada pelo contribuinte no recurso voluntário, às fls. 54, referese ao regime do Simples Nacional, estabelecido pela Lei Complementar nº 123 de 2006, com vigência a partir de 01/07/2007. Portanto, correta a glosa do crédito relativo às aquisições de empresa optante do SIMPLES. Quanto à remessa e retorno de produtos, a diligência demonstrou que os valores de entrada e saída, bem como o bem referido são idênticos, deixando claro tratarse efetivamente da operação descrita pelo Recorrente: 2) Em análise às notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180, anexadas às fls.55 a 93, é possível verificar que a descrição dos produtos entrados e saídos é idêntica. É de se salientar que não foi carreada aos autos a cópia da nota nº 5256, emitida pela Video Point Serviços, Comércio e Importação Ltda, CNPJ 66.964.545/000126, relativa a entrada ocorrida em 31/07/2006, cujo registro na escrita fiscal foi confirmada no Livro de Entradas n.º 00013. 2.1) Verificase, ainda, que a quantidade dos produtos saídos e entrados é a mesma nas notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180, com exceção da nota de saída nº 47441 (fls. 67) e de entrada nº 47629 (fls. 65), nas quais as quantidades são 3 (três) e 2 (dois), respectivamente. 2.2) Ademais, o montante do IPI destacado nas notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180 perfaz R$ 2.437,31 nas operações de saídas e R$ 2.407,31, nas entradas. A diferença, no valor de R$ 30,00, diz respeito às notas nº 47441 (fls. 67) e nº 47629 (fls. 65), mencionadas no item anterior, cujos valores dos impostos destacados são R$ 90,00 e R$ 60,00, respectivamente. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11080.902467/201121 Acórdão n.º 3402003.705 S3C4T2 Fl. 4 5 Desse modo, resta claro não ter havido qualquer crédito aproveitado indevidamente pelo contribuinte, visto que todo ele foi compensado pelo destaque do IPI nas saídas para devolução dos produtos. Frisese, inclusive, que todos os créditos de entrada e débitos de saída estão escriturados no Livro de Registro do IPI, como verificado pelo relatório de diligência. Assim, deve ser revertida a glosa do crédito no valor de R$ 2.407,31, relativo à remessa de produtos em garantia e teste, com destaque do IPI na saída do estabelecimento da interessada, bem como no retorno destas dos estabelecimentos de empresas optantes do Simples, anulandose a operação, sem prejuízo fiscal. Em conclusão, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário, mantendose apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,10 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 273DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.917858/2011-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2005
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98.
A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006.
PER/DCOMP. DIREITO DEMONSTRADO. EFEITO
Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, demonstrou nos autos, em parte, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o reconhecimento do direito à restituição pleiteada.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-003.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº nº 161.891 (SP).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2005 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. PER/DCOMP. DIREITO DEMONSTRADO. EFEITO Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, demonstrou nos autos, em parte, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o reconhecimento do direito à restituição pleiteada. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 78 58 /2 01 1- 57 Fl. 3028DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº nº 161.891 (SP). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão nº 0947.712, da 2a Turma da DRJ de Juiz de Fora (MG), a qual, por unanimidade de votos, indeferiu a Manifestação de Inconformidade formalizada pela interessada em face da não homologação de compensação declarada em PER/DECOMP nº 06549.99796.100506.1.2.046691, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. A decisão de primeira instância, não reconheceu o direito creditório sob os argumentos sintetizados na Ementa do Acórdão abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI Não cabe ao julgador administrativo apreciar a matéria do ponto de vista constitucional. COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE DCTF ANTERIOR À TRANSMISSÃO DA DCOMP. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à Dcomp. PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF. CONTROLE DIFUSO. A decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito de recurso extraordinário, que reconheceu a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições, surte efeitos jurídicos apenas entre as partes envolvidas no processo, eis que proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade, não produzindo efeitos erga omnes, não podendo beneficiar ou prejudicar terceiros. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 3029DF CARF MF Processo nº 10830.917858/201157 Acórdão n.º 3402003.500 S3C4T2 Fl. 3.029 3 A ciência da decisão que indeferiu o pedido da Recorrente ocorreu em 03/12/2013 (fl. 78). Inconformada, apresentou em 17/12/2013, Recurso Voluntário (fls. 80/100), onde se insurge contra o indeferimento de seu pleito, argumentando, em síntese, que: a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Informa que a contribuição em tela foi apurada sobre a “receita bruta”, com base no dispositivo referenciado ainda em vigor. Com a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo acima, que promoveu o alargamento da base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS, houve por bem a recorrente efetuar uma revisão contábil interna, ocasião em que se constatou recolhimento a maior da contribuição no período mencionado; sustenta ainda que a decisão do STF deve ser reproduzida pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no artigo 62A, Regimento Interno (Portaria MF nº 256/09). Aduz a prescindibilidade da retificação da DCTF, apresentando, ao final, documentação contábil e fiscal, bem como demonstrativo do débito; informa que acosta aos autos os seguintes documentos: demonstrativo denominado “Planilha de Apuração da COFINS”, cópia do “Razão Contábil do Período” e cópia do “Comprovante de Arrecadação (DARF)”. Ao final, requer que seu recurso seja conhecido e provido, reformandose o acórdão recorrido e subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento deste colegiado, o retorno do autos a DRJ de origem para que, em instancia inicial, proceda a análise de toda documentação apresentada, pugnando pela juntada posterior de documentos, bem como, sendo necessária, a conversão do julgamento em diligência. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para serem analisados. Como se sabe, o §1º do art. 3º da Lei no 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que Fl. 3030DF CARF MF 4 ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF. T. Pleno. RE 346.084/PR. Rel.Min. ILMAR GALVÃO. Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO. DJ 01/09/2006). Esse entendimento foi reafirmado pela jurisprudência do STF no julgamento de questão de ordem no RE no 585.235/MG (questão constitucional versada nos RE nº 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG), decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B), no qual também foi deliberada a edição de súmula vinculante sobre a matéria: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS.COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (STF. RE 585235 RGQO. Rel. Min.CEZAR PELUSO. DJ 28/11/2008). Assim, apesar de ainda não editada a súmula vinculante, deve ser aplicado o disposto no §2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, o que implica o reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998. No entanto, o Colegiado entendeu que não seria possível, o exame das demais questões de mérito sem que as receitas especificadas nas contas juros recebidos, juros sobre aplicações, descontos obtidos, royalties, franquias e venda de sucata tenha sido efetivamente incluídas na base das contribuições do PIS/Pasep e da COFINS. Neste contexto, os membros da extinta 2ª Turma Especial, (Terceira Seção de julgamento), resolveram converter o julgamento em DILIGÊNCIA, conforme Resolução nº 3802000.185, de 27/05/2014, concluindo nos seguintes termos (fls. 127/129): "(...) Entendese, assim, que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a unidade de origem verifique se as receitas contabilizadas nas contas em questão foram efetivamente incluídas na base de cálculo da contribuição, intimando o contribuinte e a Fazenda Nacional para se manifestarem". Com efeito, a Turma decidiu pela realização de diligência para verificar a legitimidade dos créditos de PIS e da COFINS, sobre as “outras receitas”, pleiteados pela Recorrente para o período abrangendo o período do crédito objeto do PER controlado neste processo. Em cumprimento a solicitação do CARF, o Fisco emitiu o Termo de Intimação Fiscal nº 1275/2014 e 60/2015, o qual requereu planilhas demonstrativas da composição da base de cálculo das contribuições, acompanhadas da respectiva escrita contábil (Livro Razão, balanços/balancetes), e notas explicativas do conteúdo das rubricas utilizadas, assim como fundamentação acerca das receitas excluídas da base de cálculo das contribuições. Após a conclusão da Diligência a fiscalização formalizou suas conclusões constante na Informação Fiscal de fls. 2.927/2.928. Fl. 3031DF CARF MF Processo nº 10830.917858/201157 Acórdão n.º 3402003.500 S3C4T2 Fl. 3.030 5 Cientificada do resultado da Diligência, a Recorrente manifestouse, conforme documentos de fls. 2.933//2.936 e 2.963/2.964. Após o cumprimento do disposto na Resolução, o processo retornou a este CARF para prosseguimento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Da admissibilidade Por conter matéria de competência deste Colegiado e presentes os demais requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pela Recorrente. MÉRITO Tratase de recurso voluntário interposto, em face da não homologação de Compensação declarada em PER/DCOMP, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. Como já relatado, a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os autos foram convertidos em diligência para retorno a Unidade origem a fim de se verificar, se as receitas financeiras e outras receitas não operacionais compuseram a base de cálculo das contribuições, e, caso positivo, seu montante, a fim de que se determine o valor do indébito correspondente a essas receitas. O Fisco, então, após concluir a Diligência solicitada, prolatou a Informação Fiscal, concluindo o seguinte (fl. 2.928) grifei: "(...) Portanto, tendo em vista o prosseguimento do julgamento do documento de número 06549.99796.100506.1.2.046691, tratado pelo processo epigrafado, o qual requer R$ 6.866,44 referente a crédito de COFINS relativo ao período de apuração 11/2002, ao compararmos a base de cálculo declarada em DIPJ, no valor de R$ 7448999,38, com a calculada com base nos balancetes, no valor de R$ 7055229,13, concluise que integrou a base de cálculo o montante de R$ 146174,86 a título das receitas que se pretende excluir. Por conseguinte, temse que as receitas as quais alega inclusão indevida para o cálculo da COFINS totalizam R$ 146174,86. Assim, a parcela de COFINS relativa a essas receitas somam R$ 4.385,25. Após intimada desse relatório, a Recorrente, em sua manifestação de fl. 2.936, desta forma se pronunciou: Fl. 3032DF CARF MF 6 "(...) a Recorrente manifesta a sua concordância com o resultado da diligência e requer o reconhecimento de seu direito de crédito com base nas Informações Fiscais emitidas para os pedidos de restituição, bem como o posterior encaminhamento dos autos à DRF de origem para atualização e correção monetária dos valores que deverão restituídos a Recorrente, pois dados em valores históricos." Mais adiante, reitera o seu pedido, nos seguintes termos (fl. 2.965): "(...)Assim, vislumbrase que a própria Receita Federal do Brasil já reconheceu parcialmente os créditos ora discutidos, de forma que resta claro que a Recorrente possui o direito creditório da forma como apontado pelo órgão competente na diligência. Desse modo, considerando o resultado da diligência, requer o provimento do Recurso Voluntário para o devido reconhecimento do pleito restituitório, com base nas Informações Fiscais emitidas pela Receita Federal, para o pedido de restituição de COFINS relativo à competência de novembro de 2002, no valor de R$ 4.385,25, (original), com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial Selic, consoante os documentos anexos. Desta forma, conforme o resultado da apuração em diligência, restou comprovado que para os créditos pleiteados neste processo, a Recorrente possui o direito ao credito no valor de R$ 4.385,25, relativos a recolhimento indevido a título de COFINS. Conclusão Assim, voto para dar parcial provimento ao presente recurso, concernente a legitimidade da apuração do crédito em favor da recorrente, em vista da inconstitucionalidade do § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/98, reconhecendose, neste PAF, o valor de R$ 4.385,25, referente ao recolhimento indevido de COFINS, com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, conforme legislação vigente. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 3033DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15375.002253/2009-83
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN.
O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante - Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere-se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte.
Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, deve-se aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-004.573
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos votaram pelo provimento do recurso com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação do mérito.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante - Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere-se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte. Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, deve-se aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte. Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, devese aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 5. 00 22 53 /2 00 9- 83 Fl. 368DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 328 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos votaram pelo provimento do recurso com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação do mérito. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de lançamento lavrado contra o Contribuinte para cobrança de contribuições previdenciárias pertinentes a parte do segurado, a cota patronal, bem como as designadas ao financiamento do SAT (até 06/1997) e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GILRAT (a partir de 07/1997), devidas pela empresa na qualidade de responsável solidário, conforme se infere do Relatório Fiscal às fls 52/62. O relatório narra, ainda, que o crédito em comento é oriundo da responsabilidade da ora recorrente devido aos serviços de assistência médicohospitalar prestados nas dependências da contratante mediante cessão de mãodeobra, tendo sido apurado o crédito através da verificação de notas fiscais/faturas devidamente lançadas na contabilidade. A NFLD compreende o período de 01/1996 à 12/1998. Contribuinte foi intimado em 06/05/2003 (fls. 02). Após o trâmite processual, foi apresentado Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Previdenciária que manteve o lançamento. Fl. 369DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 329 3 Por meio do acórdão nº 2301003.278, a 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária deu provimento parcial ao Recurso Voluntário e decidiu, entre outros pontos, pela fluência do prazo decadencial nos termos da Súmula Vinculante nº 8 do STF e do art. 150, §4º do CTN e pela retroatividade, caso mais benéfico, do art. 61 da Lei nº 9.430/96. O Acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998 DECADÊNCIA. PRAZO PREVISTO NO CTN. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Aplicase o art. 150, §4º do CTN quando verificado que o lançamento referese a descumprimento de obrigação tributária principal, houve pagamento parcial das contribuições previdenciárias no período fiscalizado e inexiste fraude, dolo ou simulação. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA COM O PRESTADOR DE SERVIÇOS. ART. 31 DA LEI 8.212/1991 COM A REDAÇÃO DA LEI 9.528/1997. O art. 31 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação inicial, impunha ao tomador de serviços a obrigação solidária de recolher as contribuições devidas em razão dos serviços prestados, não comportando benefício de ordem. Não comprovado o recolhimento prévio pela prestadora de serviços, não pode ser elidida a responsabilidade do tomador dos serviços. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. RELATÓRIO DE CORRESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. SUBSÍDIO PARA FUTURA AÇÃO EXECUTÓRIA. PREJUÍZO AOS DIRETORES. Os relatórios de Corresponsáveis e de Vínculos são partes integrantes dos processos de lançamento e autuação e servem de base para, a despeito do disposto no art. 135 do CTN, atribuir a sujeição passiva em futura ação executiva aos ali nominados. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 330 4 Esses relatórios são suficientes para se atribuir responsabilidade pessoal, conforme farta jurisprudência do STJ. A Súmula 88 do CARF dispõe que a Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. É flagrante o prejuízo aos diretores com a sua inclusão na relação de corresponsáveis, independentemente da prática de qualquer ato previsto no art.135 do CTN. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial para rediscussão de duas matérias: 1) Multa Retroatividade benigna: para se averiguar sobre a ocorrência da retroatividade benigna no caso concreto, a comparação entre normas deve ser feita entre o art. 35, da Lei nº 8.212/91 em sua redação antiga (revogada) e o art. 35A da LOPS. Inaplicável ao caso o art. 61 da Lei nº 9.430/96. 2) Decadência: tratase do lançamento de contribuições, devidas pelo interessado por força da substituição prevista no art. 31 da Lei n. 8.212/91 cujos fatos geradores não são reconhecidos como tal pelo sujeito passivo, restando claro que, com relação aos mesmos, o contribuinte não efetuou qualquer antecipação. Cumpre destacar que são distintas as situações em que o contribuinte deixa de recolher uma das diversas rubricas relacionadas a um mesmo fato gerador e a situação em que nenhuma das rubricas relativas a um fato gerador é paga. Devese aplicar o art. 173, I do CTN. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 331 5 Cita como paradigma o acórdão 380300.610 e ainda uma segunda decisão da antiga 5ª Câmara do 2º Conselho de Contribuinte. Diante da ausência de indicação do número deste último acórdão e do respectivo processo e não tendo sido juntado aos autos a cópia do inteiro teor, o paradigma foi desconsiderado pelo Juízo de Admissibilidade. Foram apresentadas contrarrazões. O contribuinte requer a manutenção do julgado. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Não há considerações a serem feitas acerca do despacho de admissibilidade, devendo o recurso ser conhecido. Decadência: No que tange ao reconhecimento da decadência, lembramos que o lançamento referese a cobrança de contribuições devidas à Seguridade Social em decorrência da contratação de serviços de terceiros mediante cessão de mão de obra. A NFLD compreende o período de 01/1996 à 12/1998 e o contribuinte foi intimado em 06/05/2003 (fls. 02). Ao contrário do alegado em sede de contrarrazões o Recurso da Fazenda requer a aplicação do art. 173, I do CTN haja vista a ausência de antecipação do tributo, não se pretende que seja avaliada a existência de dolo, fraude ou simulação. Discutese por meio do presente recurso se haveria nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, do tributo cobrado. Tal discussão é relevante na medida em que, após exaustivo debate, a jurisprudência se posicionou no sentido de que para aqueles tributos classificados na modalidade de lançamento por homologação o prazo decadencial aplicável é o do art. 150, §4º do CTN, salvo nas hipóteses em que o contribuinte tenha agido com dolo, fraude ou simulação, ou se restar comprovado que não ocorreu a antecipação de pagamento. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN referese ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte, nas palavras do Ministro Luiz Fux: "Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito". Referido julgado recebeu a seguinte ementa: Fl. 372DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 332 6 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) Fl. 373DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 333 7 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) A doutrina se manifestava neste mesmo sentido, valendo citar o posicionamento da Doutora Christiane Mendonça, no artigo intitulado "Decadência e Prescrição em Matéria Tributária", publicado livro Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho, editora Forense: Nos lançamentos por homologação o prazo de cinco anos é contado da data da ocorrência do fato gerador, art. 150, §4º. Ocorre que quando o contribuinte não cumpre o seu dever de produzir a norma individual e concreta e de pagar tributo, compete à autoridade administrativa, segundo art. 149, IV do CTN efetuar o lançamento de ofício. Dessa forma, consideramos apressada a afirmação genérica que sempre que for lançamento por homologação o prazo será contado a partir da ocorrência do fato gerador, pois não é sempre, dependerá se houve ou não pagamento antecipado. Caso não haja o pagamento antecipado, não há o que se homologar e, portanto, caberá ao Fisco promover o lançamento de ofício, submetendose ao prazo do art. 173, I do CTN. Nesse sentido, explica Sacha Colmon Navarro Coelho: "A solução do dia primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado aplicase ainda aos impostos sujeitos a homologação do pagamento na hipótese de não ter ocorrido pagamento antecipado... Se tal não houve, não há o que se homologar." Também a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no mesmo sentido de que na hipótese de ausência de pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para constituição do crédito tributário segue a regra do art. 173, I do CTN, contandose os cinco a anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em o lançamento poderia ter sido efetuado. Destacase que tendo o REsp nº 973.733/SC sido julgado sob a sistemática do Recurso Repetitivo deve este Conselho, por força do art. 62, §2º do seu Regimento Interno, reproduzir tal entendimento em seus julgados. Ocorre que, embora não haja mais dúvidas de que para se considerar a data do fato gerador como termo inicial da decadência é necessário verificar acerca da ocorrência de antecipação do pagamento do tributo, permanece sob debate qual seria a abrangência do termo 'pagamento' adotado por aquele Tribunal Superior. Em outras palavras, quais pagamentos realizados pelo contribuinte devem ser considerados para fins de aplicação do art. 150, §4º do CTN? No que tange as contribuições previdenciárias entendo que a resposta já foi construída por este Conselho quando da edição da Súmula CARF nº 99, que dispõe: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento Fl. 374DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 334 8 antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Embora a referida Súmula não seja aplicada ao caso pois a mesma contempla lançamento cujo objeto é cobrança da Contribuição Social incidente sobre pagamentos de salários tidos como indiretos o entendimento ali exposto é compatível com o caso em questão. Assim, a verificação da ocorrência de pagamento para fins de atração da regra o art. 150, §4º do CTN deve se dar pela análise de ter o contribuinte recolhido ao longo do período autuado contribuição previdenciária decorrente do mesmo fato gerador objeto do lançamento, ainda que os respectivos recolhimentos não se refiram propriamente aos fatos cujas hipóteses de incidência tenham sido questionadas pela fiscalização. Devese entender por 'mesmo fato gerador' as hipóteses de incidência que possuem identidade entre os critérios que compõem a respectiva regra matriz de incidência, ou seja, tributo previsto no mesmo dispositivo legal com coincidência de sujeito passivo e base de cálculo, ainda que esta última não tenha sido quantificada corretamente. Ora a contribuição previdenciária devida em razão da contratação de serviços mediante cessão de mão de obra é tributo recolhido na condição de substituto tributário (pagamento em favor de terceiros) e portanto possuiu fato gerador distinto da contribuição eventualmente devida e recolhida pelo Contribuinte em relação aos seus segurados com ou sem vínculo de emprego. Assim eventual adimplemento dessa última não seria suficiente para atrair a regra decadencial prevista pelo art. 150, §4º do CTN. Destacamos que se quer há nos autos provas suficientes de que os valores cobrados foram efetivamente ou parcialmente recolhidos pela empresa prestadora dos serviços, fato ao meu ver relevante e que justificaria a aplicação do art. 150, §4º do CTN. E neste aspecto as guias juntas às fls. 128 e seguintes não se prestam a esse fim pois impossível estabelecer qualquer vinculo entre os valores recolhidos e os serviços tomados pela autuada (fato constatado por meio de diligência fiscal). Assim, considerado que para o período apurado o Contribuinte não efetuou qualquer antecipação de pagamento de contribuições previdenciárias apto a atrair a aplicação do art. 150, §4º do CTN e considerando a data da ciência do lançamento (06/05/2003) devese concluir pela decadência em relação aos fatos geradores ocorridos até 11/1997, inclusive. Da multa: Em relação ao período não decaído, nos resta a discussão acerca do critério adotado pelo Colegiado a quo em relação a retroatividade das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 335 9 A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) Apesar de não ter sido o entendimento inicial desta relatora, após exaustivos debates sobre o tema, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº Fl. 376DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 336 10 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. Assim, é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Para ilustrar o entendimento cito, os fundamentos do voto proferido pela Ilustre Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, no acórdão nº 9202003.909, os quais adoto como razões de decidir: No presente caso, os fatos geradores ocorreram à luz de legislação posteriormente alterada, de sorte que a aferição acerca de eventual retroatividade benigna deve ser levada a cabo mediante comparação da redação da Lei nº 8.212, de 1991, à época dos fatos geradores, com a sua nova redação, conferida pela Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009: Redação da Lei nº 8.212, de 1991, à época dos fatos geradores “Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Fl. 377DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 337 11 Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº11.941, de 2009) § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento.” (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 378DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 338 12 Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações da Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009: “Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” Esclareçase que, independentemente da denominação que se dê à penalidade, há que se perquirir acerca do seu caráter material, e nesse sentido não há dúvida de que, mesmo na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991, estavam ali descritas multas de mora e multas de ofício. As primeiras, cobradas com o tributo recolhido após o vencimento, porém espontaneamente. As últimas, cobradas quando do pagamento por força de ação fiscal, tal como ocorria com os demais tributos federais, nos lançamentos de ofício. Além disso, tanto os demais tributos como as contribuições previdenciárias têm seu regramento básico estabelecido pelo Código Tributário Nacional, que não só determina que a exigência tributária tem de ser formalizada por meio de lançamento, como também especifica as respectivas modalidades: lançamento por homologação, lançamento por declaração e lançamento de ofício. Cada uma dessas modalidades está ligada ao grau de colaboração verificado por parte do sujeito passivo. No caso dos tributos e contribuições federais, foi adotado de forma genérica o lançamento por homologação, que atribui ao sujeito passivo o dever de calcular o valor devido e efetuar o seu recolhimento, independentemente de prévia ação por parte da Autoridade Administrativa. Por outro lado, se o sujeito passivo deixa de cumprir com essas obrigações, o Fisco pode exigir o tributo por meio de lançamento de ofício. Nesta sistemática, qualquer que seja o tributo ou contribuição, e independentemente da denominação atribuída ao lançamento, claramente são visualizadas duas formas de recolhimento fora do prazo estabelecido: aquele efetuado espontaneamente, passível de aplicação de multa de mora; e aquele efetuado por força de ação fiscal, aplicável aí a multa de ofício, mais onerosa. Assim, embora a antiga redação do artigo 35, da Lei nº 8.212, de 1991, tenha utilizado apenas a expressão “multa de mora” para Fl. 379DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 339 13 as contribuições previdenciárias, não há dúvida de que os incisos componentes do dispositivo legal já continham a descrição das duas condutas tipificadas nos dispositivos legais que regulavam os demais tributos federais: pagamento espontâneo e pagamento efetuado por força de ação fiscal, conforme os ditames do CTN. Nesse sentido, para aplicação da retroatividade benigna com base no art. 106 do CTN, quando da execução do julgado deverá a autoridade preparadora comparar a multa do art. 35, II da Lei nº 8.212/91 (com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) e a 'nova' multa prevista no art. 35A a qual nos remete ao art. 44 da Lei nº 9.430/96. Diante de todo o exposto dou provimento ao Recurso da Fazenda Nacional sem a necessidade de retorno dos autos ao Colegiado a quo haja vista já ter se exaurida toda a discussão de mérito do lançamento. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 380DF CARF MF
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Numero do processo: 12268.000343/2008-88
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2008 a 30/06/2008
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9202-004.781
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2008 a 30/06/2008 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em negarlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 8. 00 03 43 /2 00 8- 88 Fl. 3961DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 435 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10552.000439/200724. Tratase de recurso especial interposto pelo sujeito passivo diante da divergência de entendimento entre turmas julgadoras do CARF acerca da aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Cientificada, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso e requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É o relatório. Voto Conselheiro, Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.777, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10552.000439/200724, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.777): O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 3962DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 436 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 3963DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 437 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Fl. 3964DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 438 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 3965DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 439 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 3966DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 440 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 3967DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 441 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 3968DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 442 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 3969DF CARF MF Processo nº 12268.000343/200888 Acórdão n.º 9202004.781 CSRFT2 Fl. 443 10 Em face ao exposto, nego provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, mantendose incólume o Acórdão recorrido. É como voto. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, negarlhe provimento, mantendose incólume o Acórdão recorrido (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 3970DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.934216/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.755
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 42 16 /2 00 9- 84 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.721813/2010-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ÁREA DE RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL.
A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 2301-004.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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ISENÇÃO. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 18 13 /2 01 0- 69 Fl. 145DF CARF MF 2 Tratase de notificação de lançamento nº 06101/00075/2010 resultante de lançamento suplementar do ITR/2005, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Campestre” (NIRF 4.609.4946), com área total declarada de 327 ha, localizado no município de Itabirito/MG, tendo a autoridade fiscal glosado integralmente a área de reserva legal informada 183,2 ha, além de desconsiderar o VTN declarado de R$ 170.069,54 (R$ 1.182,68/ha), arbitrandoo em R$ 555.900,00 (R$ 1.700,00/ha), conforme demonstrativo de e fl. 05. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação alegando, em síntese que: a) discorda do procedimento fiscal, por glosar as áreas declaradas de reserva legal, devidamente averbadas em 2003, e arbitrar o VTN com base no SIPT, discricionário e inacessível à contribuinte, em evidente cerceamento ao seu direito de defesa; b) é desnecessária a apresentação do ADA ou qualquer outra prova da área ambiental declarada, para fins de sua isenção do ITR; para contestar o VTN arbitrado anexa laudo de avaliação, que indica o valor de mercado da terra nua; c) transcreve parcialmente a legislação de regência, acórdãos do TRF1ª R e do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF, além de ensinamentos doutrinários, para referendar seus argumentos. d) requer seja julgada procedente sua impugnação e declarada a total insubsistência da autuação fiscal, ou seja conhecido o laudo técnico apresentado, para determinação do VTN. Em 31/08/2012, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília DRJ/BSB, por unanimidade de votos, julgou a impugnação procedente em parte, para acatar o Valor da Terra Nua conforme laudo técnico, mantendo a glosa da área de reserva legal declarada, nos termos do Acórdão nº 0349.241 (efls. 111/119): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 DA PRELIMINAR DE NULIDADE. Tendo o procedimento fiscal sido instaurado de acordo com os princípios constitucionais vigentes, possibilitando à contribuinte o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa, é incabível a nulidade requerida. DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. Para fins de isenção do ITR/2005, exigese que a área de reserva legal declarada, além de estar averbada tempestivamente à margem da matrícula do imóvel, tenha sido objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado em tempo hábil no IBAMA. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser revisto o VTN arbitrado para o ITR/2005, com base em laudo técnico de avaliação, emitido por profissionais Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10680.721813/201069 Acórdão n.º 2301004.869 S2C3T1 Fl. 146 3 habilitados e com ART/CREA, demonstrando de maneira convincente o valor fundiário do imóvel rural avaliado, a preços da época do fato gerador do imposto, bem como suas peculiaridades desfavoráveis. Impugnação Procedente em Parte Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 132/138) alegando que é desnecessária a apresentação do ADA ou qualquer outra prova da área ambiental declarada como reserva legal, para fins de sua isenção do ITR. É o relatório. Voto Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora Verificada a tempestividade do Recurso Voluntário, dele conheço e passo a sua análise. A questão cingese à glosa da área de reserva legal declarada de 183,2 ha, uma vez que não foi apresentado ADA tempestivamente. Alega o recorrente que a declaração da referida área na DITR, para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, goza de presunção relativa, com fundamento no § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: ... II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; ... § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, Fl. 147DF CARF MF 4 não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Com relação a este argumento, cumpre salientar que referido parágrafo visava, essencialmente, permitir que a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA fosse realizado em momento posterior ao da entrega da DITR, sem que com isso, o contribuinte fosse prejudicado em eventual isenção a que fizesse jus, com relação às áreas de reserva legal e de preservação permanente. Por sua vez, a necessidade de apresentação do ADA para fins de isenção do ITR encontra respaldo no art. 17O da Lei nº 6.938, de 1981, conforme a seguir. Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural –ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (...) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Conforme o art. 111 da Lei nº 5172, de 1966 Código Tributário Nacional (CTN), a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. O recorrente não apresentou ADA tempestivamente requerido ao IBAMA, entretanto apresentou a Matrícula do Imóvel nº 9.054 (efls. 37/39), "Fazenda Campestre" na qual constam as averbações (AV4 e AV5), efetuadas em 08/07/2003, de áreas de reserva legal de 65,90ha e 117,30ha, totalizando 183,2ha, conforme Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta, datado de 18/06/2003, portanto, antes da data da ocorrência do fato gerador. Nesse sentido o Acórdão nº 9202003.437, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, julgado na sessão de 22/10/2014, entendeu que averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10680.721813/201069 Acórdão n.º 2301004.869 S2C3T1 Fl. 147 5 Exercício: 2005 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. A partir do exercício de 2.002, regra geral, a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, observandose a função social da propriedade e os critérios previstos no §4º do art. 16 do Código Florestal. A averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel é, regra geral, necessária para sua exclusão da base de cálculo do imposto. A jurisprudência do CARF tem entendido que documentos emitidos por órgãos ambientais e a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel suprem referida exigência. Hipótese em que a Recorrida não apresentou o ADA, mas averbou na matrícula do imóvel área de reserva legal antes da data da ocorrência do fato gerador. Recurso especial provido em parte. (grifamos) Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha. É como voto. Andrea Brose Adolfo Relatora Fl. 149DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.001137/2005-57
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001, 2002
ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; AVERBAÇÃO EM DATA POSTERIOR AO FATO GERADOR - ATO CONSTITUTIVO.
A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; CONTUDO, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-Ia da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA.
Numero da decisão: 9202-004.611
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1553; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13603.001137/200557 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.611 – 2ª Turma Sessão de 25 de novembro de 2016 Matéria ITR ÁREA DE RESERVA LEGAL AVERBAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FAZENDAS REUNIDAS MINAS GERAIS S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001, 2002 ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; AVERBAÇÃO EM DATA POSTERIOR AO FATO GERADOR ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; CONTUDO, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimiIa da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 00 11 37 /2 00 5- 57 Fl. 437DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Auto de Infração (fls. 04/28) relativo ao Imposto Territorial Rural – ITR do imóvel denominado Fazenda Bento Velho e Outros, com área de 3.112,0 ha (NIRF 0.637.7555), localizado no município de Codisburgo/MG, relativo aos exercícios 2001 e 2002, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 667.617,76, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. A ação fiscal, autorizada através do MPF nº 06.1.13.002005001057 e seu complementar 06.1.1300020050010571, decorrentes do trabalho de revisão das DITR/2001 e 2002, iniciouse com a intimação feita ao contribuinte, recepcionada em 03/05/2005, exigindose que fossem apresentados, no prazo de 20 dias, vários documentos, sendo que, mesmo tendo solicitado a prorrogação de prazo para apresentação dos mesmos, a requerente não apresentou nenhuma documentação. No procedimento de análise e verificação das informações constantes da DITR/2001 e 2002, a fiscalização resolveu lavrar o presente auto de infração e para os exercícios de 2001 e 2002, glosar as áreas declaradas como de preservação permanente, utilização limitada, ocupada com benfeitorias, produtos vegetais e pastagens, de 208,5 ha, 591,0 ha, 53,9 ha, 529,3 ha e 1.410,0 ha, respectivamente, glosar os valores das Benfeitorias de R$850.000,00 e das Culturas/Pastagens/Florestas de R$450.000,00 para os exercícios e 2001 e 2002, e alterar o Valor da Terra Nua de R$500.000,00 (R$ 160,67/ha), declarado para ambos os exercícios, para R$2.132.560,24 (R$ 685,27/ha) no exercício de 2001 e R$1.208.545,20 (R$ 338,35/ha) no exercício de 2002. Desta forma, para ambos os exercícios, foi reduzido o Grau de Utilização do imóvel para 85,9%, aplicandose a alíquota de cálculo de 8,60% para efeito de apuração dos impostos suplementares lançados através do presente auto de infração, de R$ 182.285,68 e R$ 102.820,38, respectivamente. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF julgado o lançamento procedente, fls. 104. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário,fls. 385/393 e sguintes, o Colegiado, por maioria de votos, deu parcial provimento ao recurso, para deferir para os dois exercícios auditados: 1) uma área de preservação permanente de 234,0 ha; 2) uma área de reserva legal de 685,28 ha; 3) uma área ocupada com benfeitorias de 53,9 ha; 4) uma área ocupada com produtos vegetais de 376,6 ha; 5) um VTN de R$ 500.000,00 para o exercício de 2001 e de R$ 541.830,32 para o exercício de 2002. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 3 3 Portanto, em sessão plenária de 19/06/2012, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2102002.090, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001, 2002 ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, §1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, §8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada á margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de registro de Imóveis – CRI é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito par fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, §1º, do Decreto nº 70.235/72 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir da benesse tributária. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. ADA INTEMPESTIVO. O ADA intempestivo, por si só, não é condição suficiente para impedir o contribuinte de usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR. ÁREAS COM BENFEITORIAS E OCUPADAS COM PRODUTOS VEGETAIS. COMPROVAÇÃO EM FISCALIZAÇÃO DO IBAMA. RESTABELECIMENTO. ÁREA DE PASTAGENS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO REBANHO. MANUTENÇÃO DA GLOSA. Fl. 439DF CARF MF 4 Comprovadas as áreas de benfeitorias e produtos vegetais a partir de laudos técnicos e de fiscalização do Ibama, deve restabelecer as glosas perpetradas pela fiscalização. Por outro lado, no tocante ás áreas de pastagens, vêse que, na diligência presidida pela autoridade fiscal, cumprindo Resolução desta Turma, diversos óbices para acatamento dessa área foram registrados, em essência demonstrando que o contribuinte não logrou comprovar a vinculação de rebanhos ao imóvel auditado, não sendo possível averiguar o índice de lotação da propriedade. Desses óbices o recorrente, intimado, não os contraditou, sendo de rigor manter o posicionamento da Autoridade que presidiu a diligência. Recurso provido em parte”. A Fazenda Nacional foi cientificada do processo em 02/08/2012, e interpôs tempestivamente, em 03/08/2012, o Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, fls. 381/383, conforme o Despacho s/nº da 1ª Câmara, de 07/03/2014. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz as seguintes alegações: · que da análise das alegações e da documentação apresentadas pelo contribuinte, com a finalidade de justificar as áreas de reserva legal, confirmase o não cumprimento da exigência da averbação tempestiva das respectivas áreas junto ao registro de imóveis. · que a Lei nº 9.393/96 prevê a exclusão das áreas de preservação permanente e reserva legal da incidência do ITR, em seu art. 10, inciso II, in verbis: · que, no tocante às áreas excluídas da incidência do ITR, devese destacar que o citado dispositivo legal trata de concessão de benefício fiscal, razão pela qual deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 do CTN. · que no caso dos autos, constatase que as áreas declaradas de reserva legal não foram averbadas no Registro de Imóveis em data anterior à ocorrência do fato gerador, consoante determina a legislação. · que a Lei n° 7.803, de 18 de julho de 1989, disciplinou o instituto da reserva legal e consagrou a exigência de sua averbação ou registro à margem da inscrição da matricula do imóvel, vedando a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou desmembramento da área (art. 16, §2°). · que exatamente por isso, a fim de flexibilizar as exigências legais relativas às áreas de reserva legal e atender aos anseios do setor produtivo rural, assim como delimitar a função da reserva legal como verdadeira área de conservação da biodiversidade, é que a averbação à margem da matricula do imóvel se fez necessária. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 4 5 · que é inconteste que a finalidade da averbação da reserva legal na matricula do imóvel é a de lhe dar publicidade, para que futuros adquirentes saibam identificar onde está localizada, seus limites e confrontações; mais ainda, visa a imputar aos proprietários a responsabilidade de preservar tais áreas, já que o interesse na manutenção das mesmas é público. · que uma vez definidos pela lei a área de reserva legal, os limites para sua exploração, e, finalmente, a obrigatoriedade de se averbar à margem da matrícula do imóvel, o legislador, buscando contrabalançar os interesses de toda a sociedade, permitiu que os proprietários de tais áreas, em contrapartida a tantas obrigações, tivessem algum tipo de benefício, que é, exatamente, a possibilidade de exclusão, da incidência do ITR, das áreas caracterizadas como de reserva legal (art. 10, II da Lei nº 9.393/96) · que, ainda que se prove a existência material das áreas de reserva legal, como não se atendeu ao fim real da norma (art. 16), assim como suas disposições complementares (parágrafo 8º), incidirá o imposto se a averbação não tiver sido providenciada no prazo legal. Cientificado do Acórdão nº 2102002.090, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 03/12/2014, o contribuinte apresentou, tempestivamente, em 18/12/2014, contrarrazões, onde alega: · o recurso ora subjugado a este Conselho Superior baseiase em lei revogada, qual seja, o art. 16 da Lei nº 4.771/65, e que o Código Florestal, a Lei nº 12.561/12, não traz qualquer exigência de averbação de reserva legal em cartório de registro de imóveis, razão pela qual o procedimento está dentre aqueles a serem revisados à égide da retroatividade da lei mais benéfica, conforme disposto no art. 106 do CTN. · que no caso concreto a área de reserva legal já foi devidamente demarcada, preservada e averbada. · que as leis vigentes à época determinavam que o órgão estadual competente deveria definir o local exato de sua localização e emitir um Termo de Preservação Florestal, sem o qual era impossível ao recorrente cumprir a obrigação no registro de imóveis. · que mesmo tendo sido a área de utilização limitada objeto de ADA; mesmo tendo sido a área objeto de fiscalização do IBAMA que certificou a sua preservação antes mesmo do fato gerador (01/01/2001); ainda assim o recurso se mostra “arrecadatório”, ignorando importantes legais a serem observados pelos agentes públicos, constantes dos incisos II, VI e XIII, do parágrafo único do artigo 2º da Lai nº 9.784/2002, a saber: Fl. 441DF CARF MF 6 · que a antiga Lei nº 4.771/65 diz ser a área de reserva legal aquela definida no inciso III, do §2º de seu artigo 1º, in verbis, onde não se vê qualquer conceituação de “áreas de florestas a serem averbadas em cartório de registro de imóveis”: · que o artigo 17O, parágrafo 5º, diz que uma vez realizada vistoria pelo Ibama, e caso estes dados não coincidam com os efetivamente lançados, deve o IBAMA certificar a Secretaria da Receita Federal para as providências cabíveis, como de fato o fez, só que a SRF não quer acatar os novos dados. · que ainda que por uma fala de senso de legalidade tributária e técnica se entendesse haver previsão de averbação da área de reserva legal em sua conceituação, o voto recorrido extrapola ainda outro importante aspecto legal e jurisprudencial desta corte administrativa no sentido de que a averbação da área de reserva legal só poderia ter ocorrido até a data do fato gerador, ignorando a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas (do art. 7º. §1º do Decreto nº 70.235/72). · que, portanto, se foi averbada a área de reserva legal em fevereiro de 2005, e o fato se deu antes do início do procedimento fiscal, em 03/05/2005, deve assim ser considerada para todos os efeitos de direito tributário, inclusive para comprovar o uso limitado. O CARF possui outras decisões nesse sentido. É o relatório. Fl. 442DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 5 7 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do Mérito Da análise dos autos, vêse que a discussão trata da necessidade de averbação tempestiva (OU SEJA, ANTES DO FATO GERADOR) no registro de imóvel para fins dedução de área de Reserva Legal, quando da apuração da base de cálculo do ITR do imóvel denominado Fazenda Bento Velho e Outros, com área de 3.112,0 ha (NIRF 0.637.7555), localizado no município de Codisburgo/MG, relativo aos exercícios 2001 e 2002. É sabido que na legislação que abarca a matéria a Reserva Legal tem por requisito formal, ou seja, condição para sua consideração tributária, ou seja, dedução da área para apuração do ITR, a existência dos seguintes procedimentos: (a) apresentação tempestiva de requerimento ao IBAMA de Ato Declaratório Ambiental (ADA), no qual é informada a metragem da área destinada à Reserva Legal que, de acordo com a localização, corresponde a um percentual da área do imóvel; e, (b) a averbação dessa área na matrícula da propriedade rural no Registro de Imóveis antes da ocorrência do fato gerador, em 1º de janeiro do ano calendário. Salientese que o ADA somente passou a ser requisito com o advento da Lei no 10.165, de 27 de dezembro de 2000, e a averbação, com o advento da Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 Vejamse os seguintes dispositivos extraídos da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: Fl. 443DF CARF MF 8 a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012 b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão ambiental; e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (...) § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. O artigo 17O da Lei nº 6.938/81, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 10.165/2000, passou a prever que: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Percebese que a apresentação do ADA pelo contribuinte ao IBAMA ou órgão conveniado – até que haja uma vistoria pelo órgão competente e a ratificação ou retificação das declarações ali contidas – restringese a informações prestadas pelo próprio contribuinte ao órgão ambiental acerca da existência de áreas que possuem algum interesse ecológico. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 6 9 Tenho que o § 1º do art. 17O instituiu a obrigatoriedade apenas para situações em que o benefício de redução do ITR ocorra com base no ADA, ou seja, depende do reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público. Quanto aos documentos necessários para comprovação da ARL área de Reserva Legal podemos concluir que a própria Administração Pública entende que o ADA tem efeito meramente declaratório, não sendo o único documento comprobatório da área de reserva legal, podendo ser levando em conta, dentre outros, ∙ Certidão de registro ou cópia da matrícula do imóvel com averbação da Área de Reserva Legal, , que especifique e discrimine a área de interesse ambiental desde que sua declaração seja antecedente a ocorrência do fato gerador. Fica evidente que a finalidade da averbação da reserva legal na matricula do imóvel é a de atribuirlhe publicidade, para que futuros adquirentes saibam identificar onde está localizada, seus limites e confrontações, para que possam cumprir sua função instituidora. Mais ainda, visa a imputar aos proprietários a responsabilidade de preservação de tais áreas, face o interesse público de manutenção. Citese entendimento do Superior Tribunal de Justiça, relatado pelo Ministro João Otávio de Noronha, que corrobora tal assertiva: "Essa legislação, ao determinar a separação de parte das propriedades rurais para constituição da reserva florestal legal, resultou de uma feliz e necessária consciência ecológica que vem tomando corpo na sociedade em razão dos efeitos dos desastres naturais ocorridos ao longo do tempo, resultando na degradação do meio ambiente efetuada sem limites pelo homem. Tais conseqüências nefastas, paulatinamente, leva a conscientização dc que os recursos naturais devem ser utilizados com equilíbrio e preservados em intenção da boa qualidade de vida das gerações vindouras. O que se tem presente é o interesse público prevalecendo sobre o privado, interesse coletivo este que inclusive afeta o proprietário da terra reservada, no sentido de que também será beneficiado com um meio ambiente estável e equilibrado. Assim, a reserva legal compõe parte de terras de domínio privado e constitui verdadeira restrição do direito de propriedade." Estando delimitado na lei a AREA DE RESERVA LEGAL, os limites para sua exploração, e, finalmente, a OBRIGATORIEDADE DE SE AVERBAR MARGEM DA MATRICULA DO IMÓVEL, o legislador, buscando contrabalançar os interesses de toda a sociedade, permitiu que os proprietários de tais áreas, cm contrapartida a tantas obrigações, tivessem algum tipo de beneficio, ou seja, a possibilidade de exclusão, da incidência do ITR, das áreas caracterizadas como de reserva legal (art. 10, II da Lei 9393/96, transcrito acima). Ditas áreas de reserva legal são definidas pelo citado Código Florestal em seu artigo 16, e que, para serem consideradas como tal, não bastam apenas "existir" no mundo fático, mas devem "existir" também no mundo jurídico quando averbadas na matricula do imóvel. O art. 16 da Lei n° 4.771/65 dispõe, dentre outros aspectos, sobre a obrigatoriedade da averbação para que as áreas de reserva legal sejam definitivamente delimitadas e protegidas. Fl. 445DF CARF MF 10 A respeito da questão, não é a mera declaração de existência fática da área de reserva legal que permite atender os requisitos da legislação pátria vigente para excluila quando da apuração do ITR. Para que se possa valer do beneficio, a área deve estar devidamente averbada A margem da matricula do imóvel à época do fato gerador do tributo. Portanto, ainda que se prove a existência material das áreas de reserva legal, como não se atendeu ao fim real da norma (art. 161, assim como suas disposições complementares incidirá o imposto se a averbação não tiver sido providenciada no prazo legal. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se a área de utilização limitada reserva legal pleiteadas, a despeito da declaração em ADA, foi devidamente averbava no registro, e se tais áreas estão devidamente identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes. Para tanto, trago trechos do acórdão recorrido: Na linha acima, vêse que a autoridade ambiental fiscalizou o ADA (nº 10731310111164), tendo registrado as seguintes conclusões (fl. 209): * verificouse a existência de uma área de preservação permanente de 234,0ha; * verificouse a existência de uma área de reserva legal de 685,28ha; e * uma área de 376,60ha de floresta implantada. Pelo antes exposto, vêse que o ADA intempestivo não pode ser óbice ao reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, devendose, assim, superar o obstáculo apontado no Parecer da Autoridade que presidiu a diligência. Indo mais além, restou comprovada a averbação cartorária de uma área de reserva legal de 685,28ha, em 10/02/2005 (fls. 256 a 258), em momento anterior ao início da ação fiscal (03/05/2005 – fl. 25), devendo tal área ser restabelecida, conforme as razões já expendidas. Ainda no tocante à área de reserva legal, devese observar que o contribuinte somente declarou uma área de 591,0ha nos dois exercícios fiscalizados, porém a fiscalização ambiental (fl. 209) e a averbação cartorária (fls. 256 a 258) indicam uma área ligeiramente maior (685,28ha), tendo o Laudo Técnico de vistoria do Ibama, de 13 de novembro de 2007, asseverado que não havia observado qualquer vestígio de exploração florestal nos últimos 10 anos, baseado nas características fisionômicas da área, parecendo claro que a área majorada existia nos exercícios fiscalizados (2001 e 2002), devendo ser deferida como assentado pelo Ibama. Assim, aqui se considera que as declarações apresentadas incorreram em erro de fato, este que deve ser sanado a qualquer momento da via administrativa, pois a administração tributária não pode submeter à imposição tributária uma área que se comprove de forma iniludível fora do campo de incidência do tributo. Fl. 446DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 7 11 Por tudo, aqui não se acata a propositura da Autoridade que presidiu a diligência, no tocante às áreas de reserva legal e preservação permanente, devendo ser restabelecidas a tais títulos as áreas de 234,0ha e 685,28ha, respectivamente. Conforme transcrito à área de reserva legal somente foi averbada em 10//02/2005, ou seja, em período muito posterior ao da ocorrência do fato gerador, razão pela qual entendo que não há como excluir referida área para fins de cálculo do ITR. Neste sentido, é o entendimento do seguinte julgado: Acórdão nº 210101.862, sessão de 12 de março de 2012 (excerto de ementa) ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis – CRI é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 ( O início do procedimento excluía a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir da benesse tributária. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal Fl. 447DF CARF MF 12 deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. Acórdão nº 210201.815, sessão de 8 de fevereiro de 2012 (excerto). Conclusão Face todo o exposto voto por CONHECER DO RECURSO da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO, restabelecendo o lançamento sobre a área de reserva legal não averbada oportunamente. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 448DF CARF MF
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