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Numero do processo: 10840.720089/2005-17
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Feb 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004
INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONOS DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO.
A norma que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal não traz previsão da possibilidade de a intimação dar-se na pessoa dos advogados do contribuinte, tampouco o Regulamento do CARF apresenta regramento nesse sentido.
SUSTENTAÇÃO ORAL. TURMAS EXTRAORDINÁRIAS. REGRAMENTO PRÓPRIO. REQUISITOS. NÃO CUMPRIMENTO.
Se o contribuinte deixar de atender os requisitos inerentes ao pedido de sustentação oral, relativamente às Turmas Extraordinárias, resta impossibilitada a hipótese de atendimento do pleito formulado.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.
Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias.
CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS CONSTITUCIONALMENTE IMUNES. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO.
A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade de norma prescrita na Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista em norma inserida no ordenamento pátrio por lei ordinária, que impõe referido direito creditório alcança tão somente aqueles insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, este último se tal imunidade decorrer de operação de exportação para o exterior.
Numero da decisão: 3001-000.164
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONOS DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO. A norma que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal não traz previsão da possibilidade de a intimação darse na pessoa dos advogados do contribuinte, tampouco o Regulamento do CARF apresenta regramento nesse sentido. SUSTENTAÇÃO ORAL. TURMAS EXTRAORDINÁRIAS. REGRAMENTO PRÓPRIO. REQUISITOS. NÃO CUMPRIMENTO. Se o contribuinte deixar de atender os requisitos inerentes ao pedido de sustentação oral, relativamente às Turmas Extraordinárias, resta impossibilitada a hipótese de atendimento do pleito formulado. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS CONSTITUCIONALMENTE IMUNES. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade de norma prescrita na Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista em norma inserida no ordenamento pátrio por lei ordinária, que impõe referido direito creditório alcança tão somente aqueles insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, este último se tal imunidade decorrer de operação de exportação para o exterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 72 00 89 /2 00 5- 17 Fl. 304DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto, em 16.06.2010, por PEARSON EDUCATION DO BRASIL S/A (INCORPORADORA DA EDITORA COC EMPREENDIMENTOS CULTURAIS LTDA. (ANTIGA EDITORA NAME COC LTDA.)), contra o Acórdão 1428.278, da 2ª Turma Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP DRJ/RPO, em sessão de julgamento realizada em 07.04.2010, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, em 07.08.2009, pelo contribuinte, mantendo, por conseguinte, a decisão exarada pela autoridade administrativa na repartição de origem. Do pedido de ressarcimento O requerente, por meio dos "Pedido de Ressarcimento ou Restituição / Declaração de Compensação" PER/DCOMP 06551.13700.200804.1.3.010325, referente ao período ao 2º trimestre de 2004, transmitido em 20.08.2004, na qual informa possuir um saldo credor de IPI no montante de no valor de R$ 44.366,60, referente ao crédito de IPI sobre os insumos tributados, acumulados em escrita fiscal, posto que não passível de compensação em conta gráfica, por tratarse de saída dos produtos é imune para o fim de compensar débitos de IRPJ e CSLL (fls. 02 a 23). Do termo de início de ação fiscal Em face do referido pedido e em cumprimento ao MPF 08.1.09.002008 011610, a autoridade fiscal intimou o contribuinte a apresentar os seguintes documentos: a Livro Registro de Entradas Modelo 1 e Livro Registro de Saídas Modelo; b Livro Registro de Apuração do IPI Modelo; c Notas Fiscais de Compras (Entradas) e Notas Fiscais de Vendas (Saídas); d Livros Razão e Diário que contenham a contabilização dos documentos fiscais relativos às aquisições dos insumos adquiridos e utilizados no processo produtivo; e Relação dos produtos industrializados pela empresa no período solicitado, com a respectiva classificação fiscal e alíquota de IPI correspondente; e Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10840.720089/200517 Acórdão n.º 3001000.164 S3C0T1 Fl. 305 3 f Planilha contendo os valores das receitas imunes e tributadas pelo IPI, auferidas no período. Da informação fiscal Com base no exame dos livros e documentos fiscais e contábeis fornecidos pelo contribuinte, em atendimento ao "Termo de Início de Ação Fiscal", foi elaborada, em 30.03.2009, a Informação Fiscal de fls. 70 a 79, que conclui o que segue: C CONCLUSÃO Em função dos fatos expostos, concluise que os valores dos créditos de IPI, decorrentes dos insumos agregados aos produtos fabricados, foram apropriados pela empresa em sua escrituração fiscal em desacordo com a legislação do imposto. Assim sendo, a contribuinte não tem direito ao beneficio, tendo em vista que a exclusão dos referidos créditos resultará na inexistência de saldo credor do imposto no trimestre em referência. D DOCUMENTOS ANEXADOS: Anexamos cópias das Notas Fiscais emitidas pela empresa no período, por amostragem, as fls. 28/33, e cópias do livro Registro de Apuração do IPI escriturado, as fls. 34/52. E MONTANTE DO CRÉDITO A SER RESSARCIDO A SOLICITANTE: Considerando os fatos descritos, concluímos pelo indeferimento total do valor pleiteado. Assim sendo, no período analisado, a contribuinte não faz jus a qualquer valor de ressarcimento / compensação de crédito de IPI. F ENCAMINHAMENTO: Diante do exposto, propomos o encaminhamento da presente informação fiscal ao SEORT/DRF/RPO para a adoção das providências cabíveis, tendo em vista que a contribuinte solicitou, através das PER/DCOMP's, a compensação do valor solicitado com débitos de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme pode ser visto no "DEMONSTRATIVO DOS IMPOSTOS COMPENSADOS ATRAVÉS DE PER/DCOMP E DOS ESTORNOS EFETUADOS NO LIVRO REGISTRO DE APURAÇÃO DO IPI", anexado as fls. 65. Do despacho decisório Em face da Informação Fiscal de fls. 70 a 79, foi exarado o Despacho Decisório de fl. 87, que para uma melhor compreensão, transcrevo na sua integralidade: DESPACHO DECISÓRIO IPI Imposto sobre Produtos Industrializados Fl. 306DF CARF MF 4 (2º trimestre / 2004) Lei nr. 9.779/99 Ressarcimento O saldo credor, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser ressarcido em espécie ou utilizado para a compensação de tributos e contribuições administrados pela SRF . Imunidade Aos produtos objetivamente atingidos pela imunidade imunidade objetiva não se aplica o disposto no art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, bem como no art. 42 da Instrução Normativa SRF nº 33/99, porque tais produtos estão afastados do campo de incidência do IPI . Conforme informação de fls. 68/77, com a qual concordo, bem como da legislação pertinente à espécie, não reconheço o direito creditório da interessada, relativamente ao presente processo administrativo. Em consequência, não homologo as compensações declaradas através das Declarações de Compensação de fls. 01/14, 15/18 e 19/22 (retificada conforme fls. 80/84), constantes do extrato de fls. 78/79, transmitidas eletronicamente entre 20/08/2004 e 25/06/2009, objeto dos autos Dêse ciência do presente Despacho Decisório e Informação de fls. 68/77, à interessada, informando que dessa decisão cabe recurso à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão PretoSP, e demais providências cabíveis conforme normas vigentes, observandose as disposições da IN SRF nº. 900/2008. Da intimação do despacho decisório Com vista a cientificar o contribuinte da decisão supra, em 08.07.2009, foi exarada a Intimação nº 525/2009/DRF/RPO/Seort, nos seguintes termos: Senhor Contribuinte, 1. Com referência ao processo supra, vimos transmitirlhe ciência da informação fiscal e do Despacho Decisório que não reconheceu direito creditório, cujas cópias seguem anexas, bem como comunicarlhe que as Dcomps vinculadas ao crédito em questão não foram homologadas (nr. 06551.13700.200804.1.3.010325; nr. 26531.54650.230904.1.3.013283 e nr. 20768.87117.250609.1.7.01.8300, retificadora da nr. 14393.06687.221004.1.3.017535). 2. Para dar prosseguimento aos autos, vimos intimálo, na forma da lei, a, no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir do recebimento desta (data da assinatura do "AR") a efetuar o pagamento dos débitos, objeto das Dcomps não homologadas, constantes da relação acima. Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10840.720089/200517 Acórdão n.º 3001000.164 S3C0T1 Fl. 306 5 3. Esclarecemos, ainda, que deste Despacho Decisório cabe manifestação de inconformidade junto à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto, em igual prazo. (...) Da manifestação de inconformidade Por bem sintetizar os argumentos expendidos na Manifestação de Inconformidade de fls. 91 a 104, peço licença para reproduzir as palavras da ilustre patrona, contidas no memorial apresentado em nome do recorrente: Irresignada com o Despacho Decisório que não reconheceu o direito creditório, e consequentemente não homologou as compensações declaradas, a ora Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em suma, que os insumos utilizados na fabricação de livros didáticos sofrem incidência de IPI, o que gerou na sua escrita fiscal os créditos pleiteados, e que, portanto, não podiam ser compensados em conta gráfica, uma vez que as saídas desses produtos são imunes ao recolhimento de IPI. Ademais, alegou também o disposto no artigo 11 da Lei nº 9.779/99, que estabelece hipóteses de tomada de crédito relativo a matériasprimas, materiais de embalagens e insumos, nas hipóteses em que na saída do produto industrializado não seja devido o IPI para produtos isentos ou tributados à alíquota zero, e que, portanto, de acordo com a IN SRF nº 33/99 os produtos imunes estariam abrangidos ainda que classificados na TIPI como NãoTributado. Desta forma, a ora Recorrente pleiteou a extinção do crédito tributário objeto do processo administrativo, mediante a homologação da declaração de compensação. Da decisão de 1ª instância Sobreveio a decisão contida no voto condutor do acórdão recorrido, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo a decisão proferida pela autoridade administrativa na repartição de origem, cuja ementa transcrevo (fls. 136 a 143): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 RESSARCIMENTO. FABRICAÇÃO DE PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). 0 direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, do saldo credor de IPI decorrente da aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados na industrialização de produtos, isentos ou tributados à alíquota zero, não alcança os Fl. 308DF CARF MF 6 insumos empregados em mercadorias nãotributadas (N/T) pelo imposto. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da intimação de 1ª instância Com vista a cientificar o contribuinte da decisão supra, em 12.05.2010, foi exarada a Intimação nº 630/2010/DRF/RPO/Seort, nos seguintes termos: Senhor Contribuinte, 1. Com referência ao processo supra, vimos transmitirlhe ciência do Acórdão nº 1428.278 da 2ª Turma da DRJ/RPO, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja cópia segue anexa. 2. Para dar prosseguimento aos autos, vimos a empresa intimada na forma da lei, a efetuar o recolhimento dos débitos, conforme relação anexa, no prazo de 30 (trinta) dias contados a partir do recebimento desta (data da assinatura do AR). 3. Esclarecemos, ainda, que deste Acórdão cabe interposição de recurso junto ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em igual prazo. (...) Do recurso voluntário Ainda irresignado com o desfecho de seu pleito e, mais especificamente, com a decisão formalizada pelo acórdão vergastado, o requerente interpôs recurso voluntário, reprisando os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Para demonstrar a absoluta identidade das alegações suscitadas em ambas as peças recursais, é suficiente transcrevermos os itens 38 a 40 e 42 a 45 da referida peça recursal (fls. 147 a 165): 38. Novamente vale apontar que o argumento segundo o qual o artigo 4º da IN/SRF n. 33/99 apenas se aplicaria A hipótese de imunidade decorrente de exportação de produtos industrializados, em consonância com o estabelecido no art. 5º do Decretolei n. 491/69, também é desprovido de qualquer logicidade, nos moldes do raciocínio que vem sendo expendido. 39. Em verdade, nesses casos, deverseia inquirir o motivo pelo qual a aquisição de matériaprima, insumos e materiais de embalagem para fabricação de produtos industrializados, destinados a exportação, gera direito ao crédito, e nas outras hipóteses de imunidade não haveria tal direito. É dizer: por que imputar a somente um tipo de imunidade tributária a plena aplicabilidade da nãocumulatividade, em detrimento das demais hipóteses de imunidade? 40. Ora, é de clareza solar que se trata de nítida ofensa ao Principio da Igualdade, de que trata o inciso II do art. 150 da Constituição Federal de 1988, o qual dispõe que é Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10840.720089/200517 Acórdão n.º 3001000.164 S3C0T1 Fl. 307 7 terminantemente vedado "instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos". (...) 42. Em síntese, diante dos argumentos aduzidos anteriormente, demonstrase cabalmente que não há nenhum fundamento de validade para o Acórdão n. 1428.278, posto que absolutamente inconstitucional o não reconhecimento dos créditos originados da aquisição de insumos, materiais de embalagem e matérias primas, empregados na industrialização de livros didáticos, que gozam da imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, 'd', da Constituição Federal. III DO PEDIDO. 43. Diante do exposto e por tudo o mais que nos autos conta, vem a RECORRENTE, respeitosamente, à presença desse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais requerer se digne de admitir o presente Recurso, para que seja integralmente provido, determinandose a extinção do crédito tributário objeto do processo administrativo referenciado, mediante a homologação da correspondente declaração de compensação, reconhecendose o direito aos créditos de IPI. 44. Protesta a RECORRENTE, desde já, pela apresentação de memoriais e sustentação oral de seu direito. 45. Por fim, informando, para fins de intimações, o endereço de seus advogados: Rua Campos Bicudo, nº 98, 14 0 andar, CEP 04536010, São Paulo SP Tel.: (0xx11) 30785344 Fac símile: (0xx11) 30792069, É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da admissibilidade O contribuinte foi cientificado do acórdão da DRJ/RPO em 17.05.2010, conforme Aviso de Recebimento AR SEED Ribeirão Preto SP1 (fls. 146), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, tendo o mesmo ingressado com recurso voluntário em 16.06.2010, conforme depreendese do carimbo de protocolo da DRF/Ribeirão PretoSP (fl. 147). Portanto, a peça recursal juntada às fls. 147 a 165, acompanhada dos documentos de fls. 166/167, é tempestiva e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecida por este Colegiado. Fl. 310DF CARF MF 8 Sem embargo, antes tratarse dos temas aos quais o litígio se restringe, importa registrar: Preâmbulo 1 que é demandada a ciência dos patronos do contribuinte, todavia os incisos I a III do artigo 23 do Decreto 70.235 de 06.03.1972 estabelece que as intimações no decorrer do contencioso administrativotributário federal serão realizadas pessoalmente ao sujeito passivo, não a seu advogado, inexistindo tampouco permissivo para tanto no Regimento Interno deste CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF 343 de 09.06.2015. Preâmbulo 2 que é solicitada a sustentação oral, entretanto o artigo 61A do RICARF, inserido pela Portaria MF 329 de 04.07.2017, ao disciplinar a matéria relativamente às turmas extraordinárias, impõe que referido pleito seja realizado dentro de um prazo regulamentar e mediante apresentação de requerimento próprio, cuja aceitação "implica a retirada do processo para inclusão em pauta de sessão não virtual", inexistindo o mencionado requerimento, resta descumprido o regramento estatuído pela norma de regência, razão pela qual não há como atender a presente solicitação, o que importa na manutenção do processo em pauta e, por conseguinte, sua apreciação e julgamento. Do mérito Do pleito quanto ao reconhecimento do direito de crédito de IPI Da imunidade fiscal e Da segregação de produtos imunes e produtos tributados Em síntese, sustenta a recorrente ser improcedente a glosa dos créditos de IPI, referentes aos insumos utilizados na fabricação de produtos imunes. Entende que a imunidade se acha inserida nas situações contempladas com o aproveitamento de crédito acumulado do IPI. Argumenta que o princípio da não cumulatividade impõe a necessidade de manutenção do crédito de IPI na hipótese de operação de saída imune, até para que a própria imunidade não perca a sua finalidade, também, desonerativa. Portanto, conclui que tem direito ao aproveitamento do crédito de IPI oriundos da aquisição de MP, PI e ME, utilizados na industrialização de produtos imunes, razão pela qual requer seja dado provimento ao recurso, para reconhecer seu direito de apurar e aproveitar os créditos de IPI em questão. Neste sentido, aduz que a segregação efetuada pela fiscalização e acatada pelo acórdão recorrido não é legal e nem está correta, vez que afasta o direito creditório que faz jus, em relação ao IPI dos insumos utilizados na industrialização de produtos imunes. Entendeu a autoridade fiscal pela necessidade de estorno de créditos de IPI calculados sobre insumos aplicados na industrialização de produtos com saídas não tributadas (“NT”). O artigo 193 do Decreto 4.544 de 26.12.2002 dispõe que "será anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do imposto: I relativo a MP, PI e ME, que tenham sido: a) empregados na industrialização, ainda que para acondicionamento, de produtos não tributados". Ademais, a questão é tratada pela Súmula CARF 20, que dispõe nos seguintes termos: Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10840.720089/200517 Acórdão n.º 3001000.164 S3C0T1 Fl. 308 9 Súmula CARF nº 20. Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Como visto antes, a recorrente argumenta que em virtude de os produtos por ela confeccionados não serem “nãotributados”, mas imunes, em decorrência da imunidade objetiva contida na alínea "d" do inciso VI do artigo 150 da Constituição de 1988, referente à imunidade de livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão, seria possível à manutenção dos referidos créditos. De fato, ao disciplinar o creditamento em relação a insumos utilizados na produção, o artigo 11 da Lei 9.799 de 1999 garantiu o direito a crédito para saídas de produtos isentos ou tributados à alíquota zero, nada dispondo, no entanto, a respeito da imunidade: Lei 9.779/1999 Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. A Instrução Normativa SRF 33 de 04.03.1999, por seu turno, tratou expressamente da possibilidade de aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos a serem aplicados na industrialização de produtos, "(...) inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero" a partir de 1º de janeiro de 1999. Observese que a Receita Federal do Brasil, quase dez anos depois da edição das normas acima transcritas, publicou o Ato Declaratório Interpretativo 6/2008, esclarecendo que o artigo 11 da Lei 9.779 de 1999 não se aplica aos produtos: (i) com a notação “NT” na TIPI, e (ii) aparados por imunidade. Aponta, ainda, o preceptivo, para a exceção: aqueles produtos abrangidos por imunidade técnica, i.e., destinados à exportação, o que não poderia ser diferente, pois a legislação do IPI sempre concedeu, na qualidade de créditos incentivados, o direito dos exportadores de produtos tributados, desonerados do imposto pela imunidade prevista no inciso IV do parágrafo 3º do artigo 153 da CF de 1988, de se creditar do IPI pago na aquisição dos insumos empregados na fabricação dos produtos exportados e, no caso do montante de tais créditos excederem os débitos do imposto, possibilitar o ressarcimento de tal incentivo. Dispõe o Ato Declaratório Interpretativo 6/2008: Art. 1º Os produtos a que se refere o art. 4º da Instrução Normativa SRF no 33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais ao legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos. Art. 2º O disposto no art. 11 da Lei nº 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5º do Decretolei nº 491, de 5 de março de 1969, e Fl. 312DF CARF MF 10 no art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação "NT" (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5º do Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002 Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na TIPI que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior." (grifei) Emerge evidente, portanto, que a empresa poderia utilizar o saldo credor, na forma do artigo 11 da Lei 9.779 de 1999, apenas se as aquisições de insumos fossem efetivamente para um processo industrial de fabricação de produto imune, destinado à exportação. Porém, no presente caso, não se trata de processo de fabricação de produto com imunidade técnica, destinado à exportação, e menos ainda de IPI incidente sobre saída de produto imune, mas, como se esclareceu acima, da possibilidade de creditamento na escrita fiscal sobre insumo destinado a produto imune, o que remete à necessidade de se interpretar e aplicar o artigo 11 da Lei 9.779 de 1999. No sentido de uma aplicação não extensiva da norma em apreço, o quanto decidido no Recurso Especial 1.015.855/SP, de relatoria do Ministro José Delgado, publicado em 30.04.2008: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPI. PRETENSÃO DE APROVEITAMENTO DE VALOR PAGO NA AQUISIÇÃO DE MATÉRIASPRIMAS, INSUMOS E MATERIAIS DE EMBALAGENS EMPREGADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ISENTOS, IMUNES, NÃOTRIBUTADOS OU SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. PREVISÃO LEGAL QUE CONTEMPLA SOMENTE OS PRODUTOS FINAIS ISENTOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. ART. 11 DA LEI 9.779/99. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA. ARTS. 150, I, CF/88 E 97 DO CTN. INTERPRETAÇÃO LITERAL. ART. 111 DO CTN. ART. 49 DO CTN E ART. 153, IV, § 3º, DA CF/88. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. DL 20.910/32. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. INCIDÊNCIA. 1. A impetrante/recorrente, pessoa jurídica de direito privado, tem por objeto social a fabricação e comercialização de calçados e suas partes, peças e componentes, assim como de artigos de vestuário em geral e a prestação de serviços industriais nos dois ramos. Impetrou mandado de segurança com Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10840.720089/200517 Acórdão n.º 3001000.164 S3C0T1 Fl. 309 11 vistas ao aproveitamento (pedido de compensação com tributos de espécies distintas administrados pela Secretaria da Receita Federal, com atualização monetária e juros) do valor pago, a título de IPI, na aquisição de matériasprimas, insumos e materiais de embalagens utilizados na industrialização de produtos finais isentos, sujeitos à alíquota zero, nãotributados ou imunes. 2. O apelo não merece ser conhecido em relação à alegação de violação dos arts. 165, I, 168, I, 156, VII, e 150, §§ 1º e 2º, do CTN, pois não estão prequestionados, não tendo sido debatidos nem recebido juízo decisório pelo Tribunal a quo, situação que atrai a incidência da Súmula 282/STF. 3. O aresto recorrido entendeu que não se extrai da hipótese legal (art. 11 da Lei 9.779/99) o direito ao creditamento quando o produto final for imune ou nãotributado, mas apenas quando isento ou tributado à alíquota zero. Ao final, concluiu pelo não provimento da apelação da contribuinte. 4. O art. 11 da Lei 9.779/99 prevê duas hipóteses para o creditamento do IPI: quando o produto final for isento ou tributado à alíquota zero. Os casos de nãotributação e imunidade estão fora do alcance da norma, sendo vedada a sua interpretação extensiva. 5. O princípio da legalidade, insculpido no texto constitucional, exalta que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II). No campo tributário significa que nenhum tributo pode ser criado, extinto, aumentado ou reduzido sem que o seja por lei (art. 150, I, CF/88 e 97 do CTN). É o princípio da legalidade estrita. Igual pensamento pode ser atribuído a benefício concedido ao contribuinte, como no presente caso. Não estando inscrito na regra beneficiadora que na saída dos produtos nãotributados ou imunes podem ser aproveitados os créditos de IPI recolhidos na etapa antecessora, não se reconhece o direito do contribuinte nesse aspecto, sob pena de ser atribuída eficácia extensiva ao comando legal. 6. O direito tributário, dado o seu caráter excepcional, porque consiste em ingerência no patrimônio do contribuinte, não pode ter seu campo de aplicação estendido, pois todo o processo de interpretação e integração da norma tem seus limites fixados pela legalidade. 7. A interpretação extensiva não pode ser empregada porquanto destinase a permitir a aplicação de uma norma a circunstâncias, fatos e situações que não estão previstos, por entender que a lei teria dito menos do que gostaria. A hipótese dos autos, quanto à pretensão relativa ao aproveitamento de créditos de IPI em relação a produtos finais nãotributados ou imunes, está fora do alcance expresso da lei regedora, não se podendo concluir que o legislador a tenha querido contemplar. 8. A questão relativa à ofensa ao art. 49 do CTN, referente ao direito de aproveitamento integral dos créditos de IPI, conforme Fl. 314DF CARF MF 12 defendido pela empresa, não fica dissociada do exame do princípio da nãocumulatividade (art. 153, IV, § 3º da CF/88), impedindo o seu exame nesta via excepcional. 9. Considerando o pedido do mandamus e o teor do art. 11 da Lei 9.779/99, temse a possibilidade de se reconhecer o direito da contribuinte ao aproveitamento de créditos de IPI gerados a partir da industrialização de produtos finais isentos ou tributados à alíquota zero. Observandose a data da impetração (08/01/2004) e a prescrição quinquenal (aplicação do Decreto 20.910/32), poderão ser aproveitados os créditos adquiridos desde a data de 08/01/1999. 10. Os posicionamentos do STJ e do STF alinhamse no sentido de ser indevida a correção monetária dos créditos escriturais de IPI. É reconhecida somente quando o aproveitamento, pelo contribuinte, sofre demora em virtude de resistência oposta por ilegítimo ato administrativo ou normativo do Fisco, o que se verifica no caso dos autos. Deve ser determinada, portanto, a incidência da Taxa Selic, que engloba atualização monetária e juros, sobre os créditos da recorrente que não puderam ser aproveitados oportunamente. 11. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido para reconhecer, tãosomente, o direito da contribuinte à utilização dos créditos de IPI adquiridos entre 08/01/1999 e 08/01/2004 em razão da industrialização de produtos finais isentos ou tributados à alíquota zero. (grifei). Assim, a nãocumulatividade do IPI deve ser interpretada de maneira a açambarcar o inciso II do parágrafo 3º da Constituição da República, o artigo 49 do Código Tributário Nacional ecoado pelo artigo 81 do RIPI aprovado pelo Decreto 87.981 de 23.12.1982, e cujo artigo 103 trata especificamente do método e o uso do creditamento deste imposto, o que evidencia a existência de toda uma legislação própria para o IPI, que cuida do tratamento a ser dispensado aos créditos desse tributo escriturados pelo contribuinte em seus livros fiscais, no que concerne à sua apuração, aproveitamento e utilização. Não é outra a interpretação do Acórdão 3401003.313, proferido em sessão de 25.01.2017, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan, no qual se decidiu, em votação unânime de seus membros, no sentido da ementa abaixo transcrita: Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO VI, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. A aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso VI, alínea “d” da Constituição Federal (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão) não gera crédito de IPI, em face de a previsão para manutenção de créditos prevista no artigo 11 da Lei nº 9.779/99 alcançar apenas insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorra de exportação. Recurso Voluntário Negado. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10840.720089/200517 Acórdão n.º 3001000.164 S3C0T1 Fl. 310 13 No mesmo sentido, a posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste Conselho, em conformidade com o Acórdão CSRF 9303004.581, proferido na sessão de 24.01.2008, de relatoria do Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, cuja ementa abaixo se transcreve: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 CRÉDITO DE IPI. RESSARCIMENTO. PRODUTO FINAL IMUNE OU NT. IMPOSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO. A possibilidade de manutenção e utilização, inclusive mediante ressarcimento, dos créditos de IPI incidente nas aquisições de insumos destinados à industrialização de produtos, incluídos os isentos e os sujeitos à alíquota zero, não se estende às pessoas jurídicas não contribuintes do imposto, produtoras de mercadorias classificadas como não tributadas NT. (Súmula CARF nº 20) Assim, não procedem os argumentos trazidos pelo contribuinte no recurso voluntário. Da ilegalidade/inconstitucionalidade de leis e atos normativos Entende o recorrente que a declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, pode ser feita tanto pela própria Administração Pública, quanto pelo Poder Judiciário; afirma que em obediência aos princípios da legalidade, da moralidade e da probidade administrativa cabe à Administração Pública invalidar ou anular seus próprios atos, inclusive se utilizando de seu poder de autotutela. Por fim, espera que os textos doutrinários e decisões judiciais citadas ou colacionadas na manifestação de inconformidade sirvam subsídios para a decisão administrativa. Sem delongas, a teor do disposto no artigo 26A do Decreto 70.235 de 06.03.1972, recepcionado pela ordem constitucional vigente com força de lei, aos órgãos de julgamento administrativo é vedado afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, excetuando apenas os casos relacionados no próprio Decreto, os quais não têm relação com o objeto da presente lide. Vejamos: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: Fl. 316DF CARF MF 14 a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. No mesmo sentido é o artigo 62 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) Desse modo, não é lícito a este Colegiado a análise da constitucionalidade de normativos legais, mediante afastamento de sua aplicação, mesmo que existam doutrinas e/ou julgados que respaldem a tese esposada na peça recursal, ainda mais quando se constata que tais decisões não se enquadram nos termos prescritos no inciso I do parágrafo 6º, antes reproduzidos. Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10840.720089/200517 Acórdão n.º 3001000.164 S3C0T1 Fl. 311 15 Além disso, de conformidade com a Súmula CARF 2, de aplicação obrigatória no âmbito deste Conselho, é vedado a esta Corte Administrativa pronunciarse sobre constitucionalidade de lei: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Desta feita, temse como não sendo possível aos órgãos de julgamento administrativos afastarem as conclusões contidas no despacho decisório sob o fundamento de que as normas legais que lhe dão suporte ferem princípios consagrados na Carta da República, pois, admitir ao julgador administrativo tal análise equivaleria invadir competência exclusiva do Poder Judiciário. Ademais, qualquer tentativa de argumentação retórica no sentido de que ao julgador administrativo compete envidar interpretação constitucional ao dispositivo impugnado, deixa evidente que seu intuito é ver afastada a aplicação das normas que regulam o ressarcimento do IPI com base no fundamento de que elas estão em desconformidade com a Carta da República, o que é expressamente vedado ao julgador administrativo de segunda instância não somente pelo artigo 26A do Decreto 70.235 de 1972, mas também pela Súmula CARF 2 e por força do RICARF. Da conclusão Por todo o exposto, ratificando as decisões precedentes Despacho Decisório da DRF/RPO e Acórdão 1428.278 da 2ª T/DRJ/RPO, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 318DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19482.720004/2013-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 29/06/2012
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO.
Devem ser acolhidos os embargos declaratórios quando presente contradição, omissão e obscuridade.
Numero da decisão: 3302-005.549
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, para rerratificar o acórdão embargado, sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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OMISSÃO. Devem ser acolhidos os embargos declaratórios quando presente contradição, omissão e obscuridade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, para rerratificar o acórdão embargado, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Fenelon Moscoso de Almeida, Vinícius Guimarães, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 48 2. 72 00 04 /2 01 3- 93 Fl. 2970DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3302003.516 que, deu provimento ao Recurso Voluntário para acolher o pedido de nulidade do Auto de Infração, por flagrante ilegitimidade passiva, considerando que o auto de infração foi lavrado contra quem não poderia sofrer a multa por cessão de nome, nos termos da ementa abaixo sintetizada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 29/06/2012 CESSÃO DE NOME. OPERAÇÃO DE COMÉRCIO EXTERIOR. ACOBERTAMENTO DE INTERVENIENTES. MULTA PECUNIÁRIA. SUJEIÇÃO PASSIVA. PESSOA JURÍDICA. Apenas a pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita à multa prescrita pelo artigo 33 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Segundo a Embargante o v. acórdão embargado é omisso, posto que não foi especificado o tipo de vício no lançamento fiscal, se material ou formal. Em 14 de julho de 2017, foi proferido o despacho de fls. 2.9532.954 no sentido de admitir os Embargos de Declaração para seja dirimida a omissão suscitada pela Embargante. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator Os embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional teve o exame de admissibilidade processado regularmente, dele tomo conhecimento. Conforme noticiado anteriormente, os Embargos de Declaração foram admitidos para sanar a omissão quanta natureza do vício que ensejou a declaração de nulidade do lançamento fiscal, se material ou formal. De fato há omissão no acórdão embargado, merecendo, assim, serem acolhidos os Embargos de Declaração para sanar a referida omissão. Pois bem. Conforme exposto anteriormente, foi dado provimento ao Recurso Voluntário para acolher o pedido de nulidade do Auto de Infração, por flagrante ilegitimidade passiva, Fl. 2971DF CARF MF Processo nº 19482.720004/201393 Acórdão n.º 3302005.549 S3C3T2 Fl. 3 3 considerando que o auto de infração foi lavrado contra quem não poderia sofrer a multa por cessão de nome prevista no artigo 33, da Lei nº 11.488/2007. Para este relator, o erro na identificação do sujeito passivo implica inobservância de requisito essencial estabelecido no artigo 142, do Código Tributário Nacional e, por conseguinte, nulidade do lançamento por vício material. Para melhor elucidar a diferença entre vício formal e vício material, trazse excertos do acórdão nº 3202000.633, Relator Luís Eduardo Garrossino Barbieri, os quais adoto como fundamento para considerar o presente vício como material: Muito bem. A anulação de um lançamento, por vício formal, decorre do descumprimento de alguma formalidade necessária para a exteriorização ao ato (requisitos do artigo 10º do PAF, por exemplo), ou de irregularidade observadas durante o seu processo de formação (fase do procedimento fiscal), ou até mesmo, o não atendimento aos requisitos concernentes à publicidade do ato (ciência). De outro lado, a nulidade de um lançamento, por vício material, decorre de um descompasso na aplicação da regramatriz de incidência tributária, seja no antecedente da norma (“motivação”), seja em seu consequente (“conteúdo”). Tal fato é de suma importância para o deslinde do processo, na medida em que a declaração de nulidade por vício material, afasta a aplicação do disposto no art. 173, II, do CTN, ficando impossibilitada a abertura de novo prazo decadencial do direito de a Fazenda Pública impor uma nova penalidade. Diante do exposto, acolho os Embargos de Declaração para sanar o vício suscitado pela Embargante, contudo, sem modificação do resultado do julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 2972DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10950.720635/2010-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jul 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO.
Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão exarado pelo Carf, devem ser acolhidos embargos de declaração visando a saná-las.
GFIP. INFORMAÇÕES INCORRETAS OU OMISSAS. DIFICULDADE NO PREENCHIMENTO DAS GUIAS. ALEGAÇÃO ESTRANHA À CONSTITUIÇÃO DO DÉBITO.
Constitui infração à legislação previdenciária apresentar nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIPs) com informações incorretas ou omissas.
O julgador deve verificar a adequação do lançamento em relação às normas vigentes, não cabendo observar situação de cunho pessoal no que se refere ao desconhecimento ou dificuldade para o correto preenchimento da GFIP.
Numero da decisão: 2301-005.359
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2301-003.229, de 22/11/2012, alterar o dispositivo para "Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos: a) negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Acompanharam a votação por suas conclusões os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira". Ausente justificadamente o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa.
João Bellini Júnior Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Maurício Vital, Wesley Rocha, Antônio Sávio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Júnior (presidente). Ausente justificadamente o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa.
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
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ACOLHIMENTO. Constatada a existência de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão exarado pelo Carf, devem ser acolhidos embargos de declaração visando a sanálas. GFIP. INFORMAÇÕES INCORRETAS OU OMISSAS. DIFICULDADE NO PREENCHIMENTO DAS GUIAS. ALEGAÇÃO ESTRANHA À CONSTITUIÇÃO DO DÉBITO. Constitui infração à legislação previdenciária apresentar nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIPs) com informações incorretas ou omissas. O julgador deve verificar a adequação do lançamento em relação às normas vigentes, não cabendo observar situação de cunho pessoal no que se refere ao desconhecimento ou dificuldade para o correto preenchimento da GFIP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2301003.229, de 22/11/2012, alterar o dispositivo para "Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos: a) negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Acompanharam a votação por suas conclusões os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira". Ausente justificadamente o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa. João Bellini Júnior – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 72 06 35 /2 01 0- 21 Fl. 359DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Maurício Vital, Wesley Rocha, Antônio Sávio Nastureles, Juliana Marteli Fais Feriato e João Bellini Júnior (presidente). Ausente justificadamente o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa. Relatório Tratase de embargos de declaração opostos pela União, representada pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), respeitantes ao acórdão 2301003.229, de 22 de novembro de 2012. Os embargos restaram admitidos em face de contradição entre o resultado do julgamento e os fundamentos do acórdão embargado, pelo qual restou provido o recurso voluntário, por unanimidade de votos, nos termos do voto do relator, que por sua vez orientou seu voto por negar provimento ao recurso voluntário, mas concluiu, no mérito, por dar provimento ao recurso. É o relatório. Voto Conselheiro João Bellini Júnior – Relator. Penso que as razões expostas pelo relator são suficientemente claras para que se possa verificar que seu voto orientouse por negar provimento ao recurso voluntário. Transcrevoas: DO MÉRITO 2. A autuação em questão deuse em razão de o sujeito passivo ter informado incorretamente nas GFIPs a ocorrência de exposição a agentes nocivos com o código n.° 8 (aposentadoria especial aos 25 anos) para contribuintes individuais. 3. Ocorre que, pelo que consta dos autos, é incontroversa a ocorrência do erro no preenchimento de tais guias, pois a própria recorrente, em seu recurso voluntário, pontua: "15. O erro que a recorrente cometeu ao preencher a GFIP foi punido com multa pecuniária. A recorrente considera esse fato um absurdo. Mas é o caso de indagar se essa multa pecuniária está prevista em lei. Entende a recorrente que o ato dito normativo que criou a obrigação acessória em causa, estabelece também a imposição de multa, nas hipóteses em que o formulário não é preenchido corretamente, como na espécie dos autos (...)." 4. Em suas alegações, a recorrente dispõe que os equívocos cometidos na GFIP não deveriam ter sido apurados com tanto rigor, pois tais incorreções ocorreram em razão da falta de conhecimento ou por dificuldade de preenchimento da guia. 5. Diante disso, entendo que não lhe assiste razão, pois a legislação previdenciária trata da obrigação acessória em Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10950.720635/201021 Acórdão n.º 2301005.359 S2C3T1 Fl. 3 3 questão, estabelecendose uma relação de obrigatoriedade e vinculação da atividade fiscal nessas situações. 6. Conforme a Lei 8.212/91, dentre as obrigações da empresa, está a de declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS, como segue: "Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei n° 11.941, de 2009) " 7. Dessa maneira, a autuação da entidade por informar incorretamente nas GFIPs a exposição a agentes nocivos para contribuintes individuais, não possui caráter discricionário, devendo a fiscalização aplicar a multa devida pelo descumprimento de obrigação acessória, como trata o art. 32A do dispositivo legal anteriormente citado " Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarse á às seguintes multas: (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009). I de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009). II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009)." 8. Ademais, a jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é cediça nesse sentido, como transcrevo abaixo: "Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS DESCUMPRIMENTO MULTA POR INFRAÇÃO. Consiste em descumprimento de obrigação acessória prevista em lei, a empresa deixar de exibir qualquer documento ou livro relacionados com as contribuições para a Seguridade Social ou apresentar documento ou livro que não atenda as formalidades legais exigidas, que contenha informação diversa da realidade ou que omita a informação verdadeira. O descumprimento de Fl. 361DF CARF MF 4 obrigação acessória enseja a aplicação de multa punitiva conforme legislação de regência. Recurso Voluntário Negado. (Segundo Conselho de Contribuintes; Câmara.6; Turma Ordinária: Acordão:20090205;20601859)." 9. Assim, mantenho a autuação, restando legalmente motivada a exigência da multa em questão, pois entendo que a isenção atinente ao processo principal não alcança as obrigações acessórias. (Grifouse.) Voto, portanto, por ACOLHER os embargos de declaração com efeitos infringentes para, sanando o vício apontado no Acórdão nº 2301003.229, de 22/11/2012, alterar o dispositivo para “Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos: a) negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Acompanharam a votação por suas conclusões os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira”. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Relator Fl. 362DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.660456/2012-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2012
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE.
Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade.
DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
Numero da decisão: 3401-004.857
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 30/06/2012 DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
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NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 66 04 56 /2 01 2- 61 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado. Relatório Trata o presente processo de manifestação de inconformidade contra não homologação de compensação declarada por meio eletrônico (PER/DCOMP), relativamente a um crédito de Cofins, que teria sido recolhido a maior no período de apuração. O Despacho Decisório da DERAT/SÃO PAULO, não homologou o pedido de compensação, sob o fundamento de que, embora localizado o pagamento que deu origem ao suposto crédito original de pagamento indevido ou a maior, o mesmo estava à época do encontro de contas integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados. Notificada da decisão a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade. A DRJ Ribeirão Preto julgou improcedente a impugnação por unanimidade de votos, mantendo o crédito tributário devido. A empresa apresentou recurso voluntário onde somente alega que apesar de ter protestado em sede de impugnação pela falta de motivação do indeferimento no despacho decisório, o acórdão recorrido não demonstrou a motivação, que os atos administrativos devem ser motivados para não ter cerceado seu direito de defesa, não apresentando provas do seu direito. É o relatório. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.681, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.660277/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.681): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. A recorrente protesta pela falta de motivação do despacho decisório que indeferiu o seu pedido de compensação. Entendo que o despacho decisório cumpre os requisitos legais e possui todo o escopo necessário ao exercício do contraditório e da ampla defesa pelo contribuinte. Nele está inscrito o enquadramento legal da autuação: Enquadramento legal: Arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Também nele encontrase a fundamentação da decisão, ficando claro que o crédito indicado foi localizado, mas já havia sido utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte: A análise do direito creditório está limitada ao valor do "crédito original na data de transmissão" informado no PER/DCOMP, correspondendo a 4.812,66. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Entendo que o prejuízo, se havido, foi provocado pelo próprio contribuinte que deixou de apresentar provas que indicassem que era portador do crédito alegado. Ademais, como bem demonstrado no acórdão recorrido, o crédito já havia sido utilizado e alocado, e apesar de ser o único DARF pago pela empresa no ano de 2012, o mesmo foi utilizado em 193 pedidos de compensação. Esse procedimento utilizado pelo contribuinte, de alocar o mesmo crédito a várias Dcomps enseja a cominação de prestação de informação falsa à RFB já Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 5 4 que há um campo na PER/DCOMP onde é perguntado se aquele crédito já foi informado em outro PER/DCOMP e o contribuinte respondeu “NÃO” em todas as declarações. Por ser extremamente didático, reproduzo o acórdão recorrido, em sua íntegra, para que não haja dúvidas quanto as suas conclusões que acompanho: Em preliminar, não merece acolhida a alegação de nulidade do Despacho Decisório, vez que o mesmo apresenta de forma clara e precisa o motivo da não homologação da compensação, qual seja, a inexistência de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na DCOMP. O Despacho Decisório preenche todos os requisitos formais e materiais para sua validade, contendo todos os elementos necessários ao exercício do direito de defesa do contribuinte, trazendo em seu bojo, ainda que de forma sintética, a fundamentação legal, a identificação da declaração de compensação enviada pela empresa, a data da transmissão, o tipo de crédito, as características do DARF apontado pela empresa na DCOMP, bem como o período de apuração a que se refere. Por outro lado, os motivos da nãohomologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pela contribuinte. Estas são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo, não podendo a interessada alegar que os desconhecia. Importante fixar que a DCOMP se presta a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. Encontradas conforme, sobrevém a homologação confirmando a extinção. Não confirmadas as informações prestadas pelo declarante, o inverso se verifica. No caso, a contribuinte declarou um débito e apontou um documento de arrecadação como origem do crédito. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pela contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, nos sistemas da Receita Federal, embora localizado o DARF do pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente foi totalmente utilizado e alocado aos débitos informados em DCTF, não restando dele o saldo apontado na DCOMP como crédito. Assim, não padece de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente, contra o qual o Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 6 5 contribuinte pôde exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. O débito declarado e pago encontrase em conformidade com a correspondente DCTF, a qual tem seus efeitos determinados pelo § 1º do artigo 5º do Decreto lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, entre eles o da confissão da dívida e o condão de constituir o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. Quando da transmissão e da análise do PER/DCOMP em tela, o crédito efetivamente não existia, pois o pagamento efetuado estava integralmente alocado ao débito declarado pela própria contribuinte em sua DCTF. Assim sendo, na data da transmissão do PER/ DCOMP a interessada não era detentora de crédito líquido e certo, condição sem a qual não há direito à restituição ou compensação. E não tendo o interessado trazido elementos hábeis a desconstituir a confissão do débito que fez na DCTF, inexiste razão para se reconhecer o pleiteado direito creditório relativo a pagamento pretensamente maior do que o devido, referente ao período de apuração. O extrato abaixo é a DCTF retificadora ativa da contribuinte, referente ao tributo e período em análise. Repare que a contribuinte declara um débito de COFINS em junho de 2012 no valor de R$ 29.148,73 e vincula ao débito um pagamento de R$4.985,20. No quadro abaixo, podemos verificar que o referido pagamento vem de um DARF de R$5.083,90, composto de um valor principal (R$4.985,20) mais multa por atraso (R$98,70). Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 7 6 Por sinal, esse foi o único DARF de Cofins pago em 2012 pela empresa, conforme demonstra o extrato abaixo. Impende salientar que, sobre esse alegado crédito de R$ 5.083,90, a contribuinte solicita a homologação de nada menos que 193 pedidos de compensação, todos do mesmo período (2º trimestre de 2012), com mesmo vencimento em 31/07/2012 que, somados, resultam em um valor de R$ 948.369,76, conforme relação abaixo dos processos de PER/DCOMP para o mesmo DARF. .... Agrava o fato de tentar utilizar mais de uma vez o mesmo crédito a prestação de informação falsa, pois no PER/DCOMP há um campo onde é perguntado se aquele crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior já foi informado em outro PER/DCOMP, ao que o contribuinte respondeu “Não” em todos os PER/DCOMP, em infração ao inciso II do § 1º do art. 45 da IN/SRF 1.300, de 20 de novembro de 2012. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito por negarlhe provimento. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10880.660456/201261 Acórdão n.º 3401004.857 S3C4T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 81DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.018469/2009-48
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Aug 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 30/11/2009
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-007.051
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 30/11/2009 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 84 69 /2 00 9- 48 Fl. 486DF CARF MF 2 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD 37.240.3271, lavrado contra o contribuinte identificado acima, consolidado em 30/11/2009, no valor de R$26.583,60 (Vinte e seis mil, quinhentos e oitenta e três reais, e sessenta centavos), em razão do contribuinte apresentar a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social — GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, infringindo o disposto no art. 32, IV, §5°, da Lei n° 8.212/91, c/c o art. 225, IV, do Regulamento da Previdência Social. De acordo com o Relatório Fiscal da multa aplicada, fls. 11/14, o valor de R$ 26.583,60 corresponde a 100% do valor da contribuição devida e não declarada, limitada, por competência, em função do número de segurados da empresa, observandose os limites mensais previstos nos §§ 4° e 5° do art. 32 da Lei n° 8.212/91, com redação dada pela Lei n° 9.528/97, c/c o art. 284, II, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, c/c o art. 92 e art. 102 da Lei n° 8.212/91. O limite legal da multa estabelecido, por competência, em função do número de segurados da empresa, indicado no Anexo VI, foi apurado utilizando o multiplicador correspondente, constante do quadro integrante do §4° do art. 32 da Lei n° 8.212/91, vezes o valor mínimo previsto no art. 92 da Lei n° 8.212/91. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG julgado a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário na sua integralidade. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 18/09/2013, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301003.719 (fls. 167/176), com o seguinte resultado: "Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em não conhecer do Recurso, na questão de mérito, nos termos do voto do(a) Relator(a); II) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para aplicar ao cálculo da multa o art. 32A, da Lei 8.212/91, caso este seja mais benéfico à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para determinar que a multa seja recalculada, nos termos do I, art. 44, da Lei n.º 9.430/1996, como determina o Art. 35A da Lei 8.212/1991, deduzindose as multas aplicadas nos lançamentos correlatos, e que se utilize esse valor, caso seja mais benéfico à Recorrente”. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2005 a 31/08/2005 Fl. 487DF CARF MF Processo nº 15504.018469/200948 Acórdão n.º 9202007.051 CSRFT2 Fl. 3 3 CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL E PROCESSO JUDICIAL COM A MESMA MATÉRIA. Conforme a Súmula CARF nº 1, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. LANÇAMENTOS REFERENTES FATOS GERADORES ANTERIORES A MP 449. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO DA ALÍNEA “C”, DO INCISO II, DO ARTIGO 106 DO CTN. A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN. No tocante às penalidades relacionadas com a GFIP, deve ser feito o cotejamento entre o novo regime aplicação do art. 32A para as infrações relacionadas com a GFIP e o regime vigente à data do fato gerador aplicação dos parágrafos do art. 32 da Lei 8.212/91, prevalecendo a penalidade mais benéfica ao contribuinte em atendimento ao art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 08/01/2014 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 09/01/2014, o presente Recurso Especial (fls. 178/187). Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação ao cálculo da multa mais benéfica ao contribuinte. Ao Recurso Especial da Fazenda Nacional foi dado seguimento, conforme Despacho s/nº, da 3ª Câmara, de 25/07/2016 (fls.190/193), considerados como paradigmas os Acórdãos nº 20601.782 e nº 240100.127. O recorrente, em suas alegações, requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, inciso I, da Lei nº 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a multa anterior (art. 35, II, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008, atualmente convertida na Lei nº 11.941/2009. Cientificado do Acórdão nº 2301003.719, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN em 06/09/2016, o contribuinte apresentou, tempestivamente, 21/09/2016, suas contrarrazões (fls. 200/211). Fl. 488DF CARF MF 4 Em suas contrarrazões, alega que as duas multas têm naturezas distintas: a do art. 35A é incidente sobre a obrigação principal (valor devido não pago) e é multa por atraso no pagamento; já a do art. 32A é multa penal por não apresentar GFIP ou apresentála com erros de informação. Diz que a Recorrente, no caso a Fazenda Nacional, ao entender que, de acordo com a nova sistemática, o dispositivo legal a ser aplicado seria o art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a multa prevista no lançamento de ofício (art. 44 da Lei nº 9.430/96), impõe uma multa mais gravosa ao contribuinte, indo na contramão do que dispõe o artigo 106 do CTN, que é o de beneficiar o contribuinte com uma multa menos gravosa. O processo foi então incluído na pauta de julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais e, em sessão de 26/09/2017, foi convertido em diligência, conforme Resolução nº 9202000.136, para que a unidade de origem da Receita Federal do Brasil prestasse informações acerca do andamento da obrigação principal que embasou a presente autuação em tela. Vejamos trecho do voto: “As questão objeto do recurso referese, resumidamente, a retroatividade benigna quanto à natureza das multas aplicadas nos autos de infração de contribuições previdenciárias após a MP 449/2008, convertida na lei nº 11.941/2009. Contudo, por tratarse de AI de obrigação acessória AIOA, para atribuir certeza ao crédito, conforme podemos identificar no relatório fiscal, foram lavrados Autos de Infração de Obrigações Principais conexos ao presente processo, qual seja: nº DEBCAD 37.248.3291, processo nº 15504.018471/200917. Em pesquisa aos sistemas não foi possível identificar decisão final acerca do referido processo.” Os autos foram encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem em 24/11/2017, que prestou as informações contidas no despacho de fls. 473/475, destaquese: “13. À vista do exposto, o crédito tributário cadastrado com o nº 37.248.3291 poderá ser baixado no sistema informatizado deste órgão, tendo em vista a decisão judicial proferida no Mandado de Segurança nº 005649074.2010.4.01.3800, bem como o disposto art. 156, inciso X, do Código Tributário Nacional.” Dada a ciência da Resolução nº 9202000.136 e da Informação Fiscal (fls. 473/475) em 11/04/2018, o contribuinte não se manifestou e os autos retornaram ao Carf para prosseguimento. É o relatório. Fl. 489DF CARF MF Processo nº 15504.018469/200948 Acórdão n.º 9202007.051 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, fls. 190. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão Do mérito Em se tratando de AIOA importante descrever o resultado do Auto de infração correlato. Para isso o presente julgamento foi convertido em diligência por meio da Resolução nº 9202000.136, nos seguintes termos: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que sejam prestadas informações acerca do processo DEBCAD 37.248.3291, processo nº 15504.018471/200917. Em cumprimento a diligência a Receita Federal prestou os seguintes esclarecimentos fls. 472/475: 1. Tratase de solicitação encaminhada a esta Equipe, pela DRF/CFN, para que seja informada a atual situação do Auto de Infração AI nº 37.248.3291, tendo em vista solicitação do CARF. 2. O AI nº 37.248.3291 foi lavrado em 30/11/2009 para o lançamento contribuições incidentes sobre pagamentos realizados a segurados empregados a título de Abono, sob o código 132 – Abono Acordo Coletivo e código 85 – Abono, no período de 08/2005. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 13/21, referida rubrica constituise em parcela integrante do salário de contribuição, e, portanto, é base de cálculo para as contribuições devidas à Seguridade Social, nos termos da Legislação Previdenciária, art. 28 – inciso, I, da Lei nº 8.212, de 24/07/91 c/c art. 214, inciso I do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048 de 06/05/1999. 3. Ainda de acordo com o Relatório Fiscal, o Regulamento da Previdencia Social – RPS, em seu art. 214, diz o seguinte; “§ 9º Não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente: Fl. 490DF CARF MF 6 (...) “V – as importâncias recebidas a titulo de: (...) j) ganhos eventuais e abonos expressamente desvinculados do salário por força de lei. (destacamos) 4. À vista do dispositivo legal reproduzido, concluiu a fiscalização que incide contribuição previdenciária sobre os pagamentos realizados aos segurados empregados da empresa epigrafada, no período de 08/2005, pagamentos estes realizados sob a rubrica Abono, e em face de cumprimento à cláusula quarta do Acordo Coletivo de Trabalho firmado em 10/08/2005. 5. Oportuno informar que também foram lançadas no AI em análise as contribuições incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados contribuintes individuais, pessoas físicas, que prestaram serviços a empresa no período de 01/2005 a 12/2005. 6. O contribuinte apresentou impugnação, contestando somente a contribuição previdenciária que se originou do pagamento da rubrica denominada Abono Salarial. 7. Em conseqüência, os valores relativos ao levantamento referente à contribuição incidente sobre a remuneração paga aos contribuintes individuais foram transferidos do debcad nº 37.248.3291 para o debcad nº 37.324.6200. 8. Em 29/07/2010 o contribuinte impetrou o Mandado de Segurança nº 56490 74.2010.4.01.3800, visando provimento jurisdicional que declarasse a inexistência de relação jurídica que o obrigasse ao recolhimento da contribuição previdenciária incidente sobre os valores pagos a seus empregados a título de abono, desvinculado do salário e previsto em Acordo Coletivo de Trabalho. 9. O MM. Juiz do feito julgou procedente o pedido, e concedeu a segurança, conforme dispositivo ora transcrito; JULGO PROCEDENTE O PEDIDO E CONCEDO A SEGURANÇA PRETENDIDA, para declrar a ilegalidade do artigo 214, parágrafo 9º, inciso V, alínea “j”, do Decreto 3.048/99, no tocante à exigência de “lei” ali lançada, e para assegurar à impetrantes ANGLOGOLD ASHANTI BRASIL MINERAÇÃO LTDA. ANGLOGOLD ASHANTI CÓRREGO DO SITIO MINERAÇÃO S/A e MINERAÇÃO MORRO VELHO LTDA. o direito de excluírem da base de cálculo das contribuições previdenciárias os valores pagos a título de abono, na forma prevista nos Acordos coletivos de Trabalho acostados às folhas 76 e 91, nos termos do artigo 28, parágrafo 9º, alínea “e”, item “7”, da Lei 8.212/91. 10. Inconformada com a decisão, a União aviou o recurso de apelação, o qual foi recebido no efeito devolutivo. 11. Em decisão publicada em 15/03/2016, o Desembargador Federal Novély Vilanova da Silva Reis negou seguimento à Fl. 491DF CARF MF Processo nº 15504.018469/200948 Acórdão n.º 9202007.051 CSRFT2 Fl. 5 7 apelação da União e à remessa de ofício, com a seguinte fundamentação; O recurso e a remessa estão em confronto com a jurisprudência do STJ e deste Tribunal (CPC, art. 557 e Súmula 253/STJ). Não incide a contribuição previdenciária sobre esse abono em virtude da excepcionalidade e transitoriedade do pagamento: AgRg no REsp 1502986/CE, r. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma do STJ em 10.03.2015: 1. A jurisprudência do STJ firmouse no sentido de que não incide contribuição social sobre o abono pecuniário recebido em parcela única (sem habitualidade), previsto em acordo coletivo de trabalho. 2. Precedente idêntico: AgRg no REsp 1.386.395/SE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19/09/2013, DJe 27/09/2013. 3. Outros precedentes: AgRg no REsp 1.235.356/RS, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 22/3/2011, DJe 25/3/2011; REsp 1.062.787/RJ, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, julgado em 19/8/2010, DJe 31/8/2010; REsp 1.155.095/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 21/6/2010; REsp 1.125.381/SP, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe de 29/4/2010; REsp 819.552/BA, Rel. p/ acórdão Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe de 18/5/2009; REsp 840.328/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ de 25/9/2006, p. 241; REsp 434.471/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ de 14/2/2005, p. 155. AC 001689920.2005.4.01.3400DF, r. Des. Federal Maria do Carmo Cardoso, 8ª Turma deste Tribunal em 07.08.2015: … 5. O abono recebido em caráter eventual e sem habitualidade, previsto em convenção coletiva de trabalho, não integra a base de cálculo do saláriocontribuição. 12. De acordo com consulta processual realizada pela INTERNET, sitio do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a União não apresentou recurso em face da aludida decisão, o que culminou com o trânsito em julgado da mesma em 22/04/2016, e o retorno dos autos para o juízo de origem. 13. À vista do exposto, o crédito tributário cadastrado com o nº 37.248.3291 poderá ser baixado no sistema informatizado deste órgão, tendo em vista a decisão judicial proferida no Mandado de Segurança nº 005649074.2010.4.01.3800, bem como o disposto art. 156, inciso X, do Código Tributário Nacional. Fl. 492DF CARF MF 8 14. Diante do exposto, à DRF/CFN, em atendimento ao despacho de fls. 472. Ou seja, o resultado da diligência identificou que o AIOP foi julgado improcedente por força de decisão judicial em relação ao pagamento de ABONOS já transitado em julgado (conforme decisão acima transcrita). Em tendo levado a demanda ao judiciário em relação ao mérito dos fatos geradores, o contribuinte acabar por renunciar a sua discussão na via administrativa, valendo o resultado aplicado na via judicial para determinar a procedência dos fatos geradores no momento da execução dos julgados. Todavia existem outros fatos geradores também omissos que ensejaram a presente autuação, senão vejamos: 2.2 Deixou de registrar no campo "Remuneração sem parcela do 13° salário" da Guia, o valor de R$ 214,04 pago a titulo de beneficio concedido de Clube Recreativo (remuneração indireta), concedido ao seu empregado: Lincoln Silva Gerente, no período de 08/2005, através do "Minas Tênis Clube" e "Cruzeiro Esporte Clube", extraído da conta contábil: 5040999 Outros Apoio Administrativo. 2.3 Deixou de informar no campo "OCORRÊNCIAS", da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social GFIP, os códigos: 02 (exposição a agente nocivo aposentadoria especial aos 15 anos de serviço), 03 (exposição a agente nocivo aposentadoria especial aos 20 anos de serviço) e 04 (exposição a agente nocivo aposentadoria especial aos 25 anos de serviço), para os segurados empregados a seu serviço, cuja atividade seja exercida em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade fisica deste trabalhador e permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, nos termos dos artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213 de 24/07/1991, no período de 08/2005, conforme discriminado nos "ANEXO III" e "ANEXO IV"que se constituem em parte integrante do processo administrativofiscal: AutodeInfração AI DEBCAD N° 37.248.3283, que recebeu o número de protocolo 15504.018470/200972, razão pela qual • não juntamos ao presente AutodeInfração AI, tendo o contribuinte recebido os referidos Anexos III e IV 2.4 Deixou de informar na GFIP segurados contribuintes individuais pessoas físicas que prestaram serviços a empresa sem vinculo empregaticio e respectiva remunerações, no período de 08/2005, conforme discriminado no "ANEXO II", que se constitui em parte integrante do processo administrativofiscal: AutodeInfração Al DEBCAD N° 37.248.3291, que recebeu o número de protocolo 15504.018471/200917, razão pela qual não juntamos ao presente AutodeInfração AI, tendo o contribuinte recebido o referido Anexo II. 3 Os valores omitidos foram apurados verificandose as Folhas de Pagamento, Livros Diários n° 124 a 129, Razão Contábil, Perfil Profissiográfico Previdencidrio PPP e demais Demonstrações Ambientais apresentadas pela empresa, relativos ao período de 01/2005 a 12/2005, analisados durante a ação fiscal. Fl. 493DF CARF MF Processo nº 15504.018469/200948 Acórdão n.º 9202007.051 CSRFT2 Fl. 6 9 Assim, em relação aos demais fatos geradores, não se observando a demanda judicial e não existindo qualquer argumentação no sentido de sua improcedência, devese se analisar o recurso especial da Fazenda Nacional. Recurso Especial da Fazenda Nacional Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. Fl. 494DF CARF MF 10 AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Fl. 495DF CARF MF Processo nº 15504.018469/200948 Acórdão n.º 9202007.051 CSRFT2 Fl. 7 11 Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: Fl. 496DF CARF MF 12 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Fl. 497DF CARF MF Processo nº 15504.018469/200948 Acórdão n.º 9202007.051 CSRFT2 Fl. 8 13 Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" Fl. 498DF CARF MF 14 do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso Fl. 499DF CARF MF Processo nº 15504.018469/200948 Acórdão n.º 9202007.051 CSRFT2 Fl. 9 15 resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referir se a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 500DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.720621/2008-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003
PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE.
Prescindível a realização de perícia quando cumpridas as formalidades processuais e presentes todos os elementos necessários ao conhecimento da matéria e à formação de convicção do julgador.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003
REGIME ADUANEIRO ESPECIAL. DRAWBACK-SUSPENSÃO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
No caso de inadimplemento do Regime Aduaneiro de Drawback- suspensão, a Fazenda Pública poderá constituir o crédito tributário em até cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao do dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação.
Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003
REGIME ADUANEIRO ESPECIAL. DRAWBACK-SUSPENSÃO. INADIMPLEMENTO. EFEITOS.
Verificado, em ação de fiscalização, que mercadoria importada com suspensão de tributos deixou de ser aplicada ou consumida no processo produtivo de mercadoria exportada sob o regime de drawback, modalidade suspensão, é cabível a exigência proporcional dos tributos que deixaram de ser recolhidos.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.643
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO
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PRESCINDIBILIDADE. Prescindível a realização de perícia quando cumpridas as formalidades processuais e presentes todos os elementos necessários ao conhecimento da matéria e à formação de convicção do julgador. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003 REGIME ADUANEIRO ESPECIAL. DRAWBACKSUSPENSÃO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. No caso de inadimplemento do Regime Aduaneiro de Drawback suspensão, a Fazenda Pública poderá constituir o crédito tributário em até cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao do dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003 REGIME ADUANEIRO ESPECIAL. DRAWBACKSUSPENSÃO. INADIMPLEMENTO. EFEITOS. Verificado, em ação de fiscalização, que mercadoria importada com suspensão de tributos deixou de ser aplicada ou consumida no processo produtivo de mercadoria exportada sob o regime de drawback, modalidade suspensão, é cabível a exigência proporcional dos tributos que deixaram de ser recolhidos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 06 21 /2 00 8- 23 Fl. 376DF CARF MF 2 Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 0836.436, proferido pela 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante do acórdão recorrido, em parte: Tratase do auto de infração de fls. 28, lavrado para fins de exigência de crédito tributário relativo a Imposto de Importação, juros de mora e multa de ofício, perfazendo, na data da autuação, o valor total de [...], tendo a fiscalização assim descrito os fatos: • O importador, por meio da DI’s nº 03/04628039 e nº 03/0565988 4, registradas em 02/06/2003 e 04/07/2003 respectivamente, submeteu ao regime aduaneiro especial de drawback, na modalidade suspensão 7.100 toneladas (base seca) de hidróxido de sódio (soda cáustica), classificável na Tarifa Externa Comum no código 2815.12.00, por meio do Ato Concessório nº 1778 01/0001596 de 31/10/2001, sendo que foi concedido o prazo de 01 ano e depois alterado através de Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 377 3 aditivos até a data para a utilização dos bens no processo produtivo do beneficiário, sendo que ao seu término, deveria ocorrer a exportação; • Ocorre que findo o prazo estabelecido no regime, não tendo o beneficiário tomado nenhuma das providências elencadas no art. 342 do RA, resolvese a suspensão, exigindo os tributos devidos. Esses fatos são detalhados no relatório de auditoria fiscal de fls. 136 151, parte integrante do auto de infração, do qual se destaca o seguinte trecho: • Montamos as tabelas abaixo para facilitar a visualização da vinculação quantitativa SOMENTE para o Hidróxido de Sódio (Soda Cáustica) por ser matériaprima direta que compõem a Alumina Calcinada (Óxido de Sódio) exportada e ter o seu consumo na produção divergente com o consumo apontado nos três Laudos Técnicos (fls. 81 a 90 ) entregues pela empresa. • Esses três Laudos Técnicos entregues pela Alunorte informam que para cada 1.000,00 Kg. de Alumina Calcinada (Óxido de Alumínio) produzidos são necessários 100,00 Kg. de Soda Cáustica (Hidróxido de Sódio) isto é, 10% (dez por cento) e também informam que o consumo de soda cáustica tem perdas insignificantes. • Na prática acontece que verificando o que está informado no corpo de todas as Notas Fiscais de Saída da Alumina Calcinada da empresa Alunorte e que estão relacionadas no Relatório Unificado de Drawback (RUD) referente ao Ato Concessório fiscalizado n° 1778 01/0001596, constatamos efetivamente que para cada 1.000,00 Kg de Alumina Calcinada (Hidróxido de Sódio) (sic) produzidos foram necessários 80,00 Kg de Soda Cáustica (Hidróxido de Sódio) isto é, 8% (oito por cento), ocasionando uma quantidade de Soda Cáustica (Hidróxido de Sódio) no estoque final da empresa e que não foi utilizada na produção; • Para corroborar o indício de que essa sobra de soda cáustica no estoque foi utilizado para a produção de Alumina Calcinada para ser fornecida no mercado interno, detectamos a emissão de duas Notas Fiscais n° 8197 de 20/04/2003 (fl. 108) e n° 9006 de 28/08/2003 (fl. 109) de saída da empresa Alunorte, fornecendo Alumina Calcinado para a empresa Valesul Alumínio S/A, localizada no estado do Rio de Janeiro, sem informações a respeito de Ato Concessório de Drawback e sem estarem relacionadas no RUD (fls. 54 a 72). • Diante do exposto e da robustez das provas, consideramos que a porcentagem correta de utilização de soda cáustica na produção de alumina calcinada é de 8% (oito por cento); • Em anexo, para exemplificar, cópias de seis Notas Fiscais (fls. 102 a 107) que estão relacionadas no Relatório Unificado de Drawback Fl. 378DF CARF MF 4 RUD (fls. 54 a 72) do Ato Concessório fiscalizado atestando o consumo de Soda Cáustica (Hidróxido de Sódio). A empresa autuada foi cientificada do lançamento em 3 de outubro de 2008 (fls. 3), tendo apresentado, em 31 de outubro de 2008, a impugnação de fls. 153181, por meio da qual requer a improcedência do auto de infração, tecendo, entre outras, as seguintes alegações: Do índice técnico • O índice técnico de 80 kg de soda cáustica/t de alumina calcinada, utilizado pela fiscalização, é apenas estimado; que o índice real é variável e somente poderia ser apurado mediante extração, ao fim de cada mês, da média de consumo mensal, levando em consideração potência da circulação de energia, qualidade do produto, temperatura etc. • Deve ser feito o ajuste no cálculo de apuração acerca do insumo soda cáustica, pois o cálculo da fiscalização conforme demonstrado não está correto, posto que utilizado índice técnico divergente. Vendas no mercado interno • Nenhuma das importações autorizadas e com tributos suspensos em função dos Atos Concessórios fiscalizados tiveram as suas matérias primas ou insumos utilizados para a fabricação de produtos consumidos no mercado interno, o que deve ser apurado em perícia; • A impugnante efetuou vendas no mercado interno para a Valesul Alumínio S/A, através das Notas Fiscais nos 8197, de 20/04/2003 e 9006 de 28/08/2003, mas a soda cáustica consumida para atender estas vendas foram importadas no regime comum, com base nas seguintes declarações de importação: • A quantidade importada com pagamento de impostos, no total de 4.477,999, representa um montante bem superior ao que a fiscalização apurou como o de utilização no mercado interno. Ofensa ao princípio da reserva legal. • Há, no lançamento, ofensa ao princípio da reserva legal, já que a autuação foi baseada em portarias e comunicados do DECEX, que não possuem força de lei para descaracterizar o drawback e porque na legislação apontada pela fiscalização não se encontra tal dispositivo; • O descumprimento de regras contidas em portarias ou atos normativos equivalentes enseja no máximo infrações por desobediência a obrigações acessórias. • Como o auto de infração baseiase tão somente em descumprimento de portarias, o que em hipótese nenhuma poderia levar o contribuinte ao pagamento de tributo, deverá o lançamento ser considerado improcedente. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 378 5 • Há ausência de tipificação legal correta e infringência ao princípio da legalidade e da tipicidade tributária; Competência do órgão concessor do benefício para revogar o incentivo. • Sem qualquer previsão legal não poderia o AC ser descaracterizado já que este foi reconhecido pela SECEX, somente este órgão poderia desconsiderálo. • Somente com o não atendimento à condição de exportar as mercadorias importadas é que a Receita Federal poderia pedir a cassação do regime ou descaracterizálo. Como essa hipótese não ocorreu, o auto de infração não pode prosperar. Decadência com base no artigo 150, § 4º, do CTN • Há ocorrência de decadência do lançamento de ofício e da prescrição do lançamento por declaração; • O desembaraço aduaneiro das mercadorias vinculadas aos atos concessórios fiscalizados ocorreu em diversas datas, tendo as DI objeto da autuação sido desembaraçadas em 16/06/2003 e 15/07/2003. • Como o lançamento ocorreu em 03/10/2008 há que se considerar que o lançamento é decadente, posto que passados mais de cinco anos da data de ocorrência do fato gerador. Assim, implementase o artigo 150, § 4°, do CTN. • A decadência se impõe, pois a Receita Federal tinha conhecimento dos fatos geradores desde o momento em que a DI foi desembaraçada, podendo lavrar auto de infração a qualquer tempo; • Ainda mais, quando a alegação do fisco se fundamenta na exclusão das referidas DI do Ato Concessório fiscalizado tornando o lançamento obrigatório desde a data de seu conhecimento, sendo incabível no caso a tese de que a decadência se contaria a partir do encerramento e conclusão do AC, pois se a ele a importação não pertence, sendo uma importação autônoma, então o curso da decadência e seu dies a quo tem curso normal de qualquer outro tributo sujeito a lançamento por homologação. • O entendimento que faz com que a decadência exija, no caso de tributo que seja lançado por homologação, o prévio recolhimento do imposto, e para que a contagem do prazo se inicie a partir do fato gerador, é exatamente o de ter a fazenda pública conhecimento da existência do fato. • No caso do drawback suspensão a Fazenda pública toma conhecimento do fato imediatamente no ato do desembaraço aduaneiro, tanto em relação a exportação como em relação a importação. Fl. 380DF CARF MF 6 • A fazenda toma conhecimento do fato gerador logo no desembaraço da DI, inclusive tendo registro de que essas importações estão atreladas a determinado AC de drawback, podendo desde aquele instante efetuar a fiscalização e exigir os impostos devidos, caso houvesse descumprimento/inadimplemento do regime, o que pode também ser verificado de forma full time. Observância do Comunicado DECEX 30, de 13.10.1997. • No Comunicado DECEX 30, de 13/10/1997, está previsto como se dará a homologação e a concessão do benefício. • O contribuinte, ao exportar todas as mercadorias importadas com o benefício da suspensão, cumpriu as regras de fundo previstas para o Ato Concessório e por esse motivo a DECEX homologou o Ato Concessório, inclusive vinculando as RE e as DI, com quantitativos compatíveis, ao Ato Concessório fiscalizado. • A única regra material para a obtenção do regime de suspensão na importação é a que prevê importação de mercadoria em quantidade e qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado, conforme determina o art. 314, I, do RA. • O drawback, como já foi visto, é concedido pela autoridade de comércio exterior e somente por ela pode ser cassado, bem como, não tem cabimento exigir obrigação não exigida na época de concessão do regime. • As vinculações efetivadas pelo contribuinte em mais de um ato concessório receberam a guarida do SECEX que é o órgão competente para efetivar a autorização, por isso deve a autuação ser declarada improcedente; Da presunção fiscal • Há presunção fiscal por parte da autuação, já que não foi comprovado que o contribuinte inadimpliu o seu dever de exportar; • A decisão da autoridade fiscal em autuar a empresa baseada nas suas averiguações não passa de mera presunção fiscal e atenta contra o princípio da verdade material. • a autuação desafia a própria realidade ao afirmar que o contribuinte inadimpliu o dever de exportar, já que todos os produtos importados sob o amparo do AC fiscalizado foram incorporados aos produtos exportados pela ALBRÁS. • A autoridade fiscal entendeu que houve saldo dos produtos importados beneficiados pelo regime de drawback que não foram exportados, especificamente a soda cáustica. • Essas conclusões são refutadas pelo impugnante, posto que no caso dos saldos de produtos importados supostamente não aplicados nos produtos exportados, essa conclusão é errônea devido a utilização pela fiscalização de índice técnico distinto do utilizado pelo contribuinte. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 379 7 • Para valer a glosa, deveria a autoridade fiscal efetuar um levantamento quantitativo, como já foi feito outras vezes, para verificar se as matérias primas importadas foram incorporadas aos produtos exportados (atividade abrange 99,99% das operadas pela empresa exportadora) ou se foram revendidas internamente. • O correto a ser feito seria apurar o índice técnico ao final da produção específica, ou seja, o índice real, pois somente este pode apontar se houve sobra ou não, visto que o índice apresentado em laudo é meramente estimado. • Como não foi esse o caminho tomado pela fiscalização, jamais se poderia concluir pela inadimplência do dever de exportar mesmo porque se comprovou junto ao DECEX o cumprimento do dever de exportar. • Ao glosar as DIs e apurar saldo indevido de produtos importados a fiscalização presumiu que os produtos nelas descriminados não foram exportados e que por isso não poderiam servir para a comprovação/obtenção do Drawback. Do princípio da equivalência. • A legislação indica que a finalidade de qualquer Drawback, seja no tipo suspensão, isenção, verdeamarelo ou restituição, é o incentivo à exportação, sendo esse o objetivo da legislação. • É crucial a manutenção do reconhecimento da validade do regime de drawback, posto que, a finalidade essencial da sua instituição foi alcançada. • Não há como desqualificar o regime pela ausência de descumprimento de algumas obrigações acessórias sequer reconhecidas pela DECEX (SECEX). • O princípio da equivalência nesse caso se impõe. Devese aplicar o princípio para que sejam considerados válidos os documentos apresentados à DECEX como próprios para a comprovação do Drawback, como se nenhum erro de forma contivessem, pois os mesmos alcançaram a finalidade de comprovação da exportação dos produtos em quantidade suficiente para a comprovação do drawback. Inexistência de causa implementadora da condição suspensiva. • O regime de drawback é uma isenção. Uma isenção condicionada. Isso porque, caso haja o adimplemento do compromisso de exportar, e havendo a devida homologação do regime, não haverá o pagamento do imposto suspenso. • Essa suspensão do pagamento do tributo somente não se transformará em isenção definitiva caso ocorra uma das causas interruptivas da suspensão que estão descritas no artigo 319 do Regulamento Aduaneiro. Fl. 382DF CARF MF 8 • Sendo que essas causas são: a. O não emprego no todo ou em parte das mercadorias importadas com a suspensão no processo produtivo de bens a serem exportados; b. Quando estiverem em desacordo com o ato concessório. • O artigo 319 determina condições, e, conforme a sua ocorrência, indica os procedimentos. • O pagamento de tributos, somente deverá ocorrer, no caso da alínea "c" do referido artigo, ou seja, quando houver a destinação para o consumo interno das mercadorias remanescente, digase, não exportadas sob a forma de produto final. • Somente com a comprovação por parte do fisco de que as importações com tributos suspensos foram destinadas ao mercado interno é que a fazenda poderá exigir o pagamento do tributo. • O contribuinte apresentou toda a documentação pertinente ao adimplemento do ato concessório, comprovou e desafiou a fazenda a provar que houve o inadimplemento do dever de exportar. • Somente a lei pode determinar as causas em que o drawback pode ser cassado ou revogado, e, como visto a lei somente autoriza a exigência dos tributos suspensos caso ocorra a condição contida no artigo 319, I, alínea "c", porquanto somente nesta hipótese, e, nem mais uma outra, poderão os tributos suspensos serem exigidos, conforme determina o parágrafo único do artigo aludido. • Como o fisco não comprovou que a recorrente destinou ao mercado interno as suas importações beneficiadas pelo regime, não se poderá jamais exigir o pagamento do tributo. Inaplicabilidade do artigo 317 do Regulamento Aduaneiro • Não se aceita o argumento de que o regulamento aduaneiro autoriza a criação de obrigações acessórias, as quais, caso não sejam cumpridas, possam resultar em retirada do beneficiário do regime de drawback. Não é isso que diz o artigo 317 do Regulamento. • Em nenhum momento, no entanto, o artigo 317 é autorizador de criação pela administração de normas que declarem as condições em que o drawback deve ser concedido ou não. • A norma serve apenas como outorga de poder instrumental, para a autoridade administrativa exercer o controle das operações de drawback, mas não para criar as hipóteses em que ele deve ser concedido ou revogado. • As medidas de cassação ou retirada do regime como dito alhures, estão no artigo 319 e somente lá. • Devese sim considerar que administração tributária deva estar vinculada à lei, e, essa vinculação deveria ser observada tanto pelo julgador Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 380 9 como pela autoridade fiscal autuante, já que a lei não permite que se declare inadimplente o beneficiário de regime de drawback, salvo nas condições do artigo 319 do Regulamento Aduaneiro. • Quando a administração procura transformar o descumprimento de obrigações acessórias em pagamento de tributo, sem que haja qualquer disposição legal que permita tal situação, não estará agindo de forma vinculada. • Não se pode admitir que se venha dizer que a exigência de códigos, como meras obrigações formais possam desqualificar o regime de drawback concedido ao contribuinte e homologado pela SECEX, com o conhecimento da fiscalização aduaneira, e que isso se faz dessa forma por vinculação às inúmeras normas infralegais, que não preveem em nenhum caso a declaração de inadimplemento do drawback. Os juros porventura devidos devem incidir a partir da data que cessou a suspensão • O drawback suspensão suspende a exigibilidade do crédito tributário até o implemento da condição suspensiva desse direito. • Se realmente tivéssemos que considerar que houve a declaração do inadimplemento do drawback, seria somente a partir desta data é que o crédito tributário poderia ser exigido, e, isso com a comunicação ao contribuinte para que ele recolha o tributo devido, como determina o artigo 319, parágrafo único, do Regulamento Aduaneiro. • Logo, não há como se vislumbrar que o contribuinte seja obrigado a pagar juros sobre um período de mais de cinco anos suspensos. A suspensão como se sabe impede que haja a exigibilidade de qualquer obrigação no período de sua validade. • Dessa forma, enquanto vigeu o Ato Concessório, a exigibilidade do credito tributário estava suspensa, o contribuinte não tinha o dever de recolher o imposto. • O dever de recolher o imposto teoricamente surgiu por uma interpretação da fazenda, foi esta quem deu causa para a suspensão, a qual poderia ter sido dada há muito tempo antes. • Os juros devidos bem como a correção monetária somente podem ser exigidos na época em que os tributos também pudessem ser cobrados. • Se não se pode cobrar o tributo em determinado período por disposição legal, sobre esse período não se poderão exigir correção monetária e muito menos juros. Ilegalidade de correção monetária via taxa SELIC Fl. 384DF CARF MF 10 • Não há possibilidade de se corrigir o crédito tributário lançado por meio da taxa SELIC, essa é a jurisprudência reiterada do Superior Tribunal de Justiça. Multa Indevida • Arguise a impossibilidade de cobrança das multas aplicadas pela fiscalização, conforme reiterada jurisprudência do Conselho de Contribuintes, já que estas devem ser cobradas conforme determina o artigo 59 da Lei 8.383/91 A impugnante aduz, ainda aos autos um pedido de perícia, no qual indica perito e apresenta os seguintes quesitos: • Qual o real índice técnico de produção para o insumo soda cáustica, no período fiscalizado e abrangido pelo AC. • No período fiscalizado a empresa efetuou venda de alumínio ao mercado interno? Qual o montante dessa venda? • No período fiscalizado a empresa adquiriu insumos no mercado interno ou com pagamento de imposto? Se positivo qual esse quantitativo? • Os quantitativos exportados dão cobertura para os Atos Concessórios aos quais as respectivas RE estão vinculadas? • Os saldos de insumos supostamente não utilizados para produzir produtos exportados, apurados pela fiscalização em levantamento quantitativo, estão corretos e de acordo com a escrita fiscal e contábil da empresa utilizandose o índice técnico real apurado conforme item I? • Há como comprovar, pela escrita fiscal e contábil da empresa, se os insumos importados protegidos pelo drawback fiscalizado foram todos exportados sob a forma de produto final? Se positivo, perguntase: essa exportação efetivamente ocorreu? • Há documentação, apresentada pelo contribuinte, que comprove as exportações realizadas e vinculadas ao AC fiscalizado? O citado acórdão decidiu pela improcedência da impugnação, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003 IMPUGNAÇÃO. DELIMITAÇÃO DO OBJETO DO LITÍGIO. PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA. VINCULAÇÃO DE DI OU DE RE A MAIS DE UM ATO CONCESSÓRIO. MATÉRIAS ESTRANHAS. Incabível discutir, em sede de impugnação de lançamento, matéria que não tenha sido objeto da exigência de ofício, não se instaurando, em relação a essa matéria, o litígio. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 381 11 Prescindível a realização de perícia quando cumpridas as formalidades processuais e presentes todos os elementos necessários ao conhecimento da matéria e à formação de convicção do julgador. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003 PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL. OFENSA. INOCORRÊNCIA. Inexiste ofensa ao princípio da reserva legal no ato infralegal que, por remissão legal, expressa ou tácita, apenas regulamente e assim viabilize a execução da lei. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. Decorre de expressa disposição legal a cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, após o vencimento, com o acréscimo de juros moratórios, cujo cálculo é feito com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, iniciandose no primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento do prazo. REGIME ADUANEIRO ESPECIAL DE DRAWBACKSUSPENSÃO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. No caso de inadimplemento do Regime Aduaneiro de Drawback suspensão, a Fazenda Pública poderá constituir o crédito tributário em até cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao do dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação. DECISÕES JUDICIAIS. NÃO VINCULAÇÃO. As decisões judiciais, mesmo proferidas pelos órgãos colegiados, não constituem normas complementares do Direito Tributário e não podem ser estendidas a outros casos, sem uma lei que lhes atribua eficácia erga omnes, somente se aplicando sobre a questão em análise nos respectivos litígios e somente vinculando as partes neles envolvidas, salvo aquelas objeto de controle concentrado de constitucionalidade, as súmulas vinculantes e as proferidas nos termos dos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, neste último caso, após manifestação favorável da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003 DRAWBACKSUSPENSÃO. CONTROLE. COMPETÊNCIA. Em relação ao regime aduaneiro especial de drawback, modalidade suspensão, compete à SECEX a concessão, o acompanhamento e a verificação do adimplemento do compromisso de exportar, sem prejuízo da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil para a aplicação do Fl. 386DF CARF MF 12 regime e a fiscalização dos tributos envolvidos, nesta compreendidos o lançamento de crédito tributário; sua exclusão, em razão de reconhecimento do benefício; e a verificação, a qualquer tempo, do regular cumprimento, pela importadora, dos requisitos e condições fixados pela legislação. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 02/06/2003, 04/07/2003 DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. INADIMPLEMENTO. EFEITOS. Verificado, em ação de fiscalização, que mercadoria importada com suspensão de tributos, deixou de ser aplicada ou consumida no processo produtivo de mercadoria exportada sob o regime de drawback, modalidade suspensão, é cabível a exigência proporcional dos tributos que deixaram de ser recolhidos. DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. DESCUMPRIMENTO. INCIDÊNCIA DE JUROS DESDE A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Correta é a incidência de juros de mora relativos a tributos que deixaram de ser pagos em decorrência do descumprimento do Regime de Drawback suspensão, calculados desde a ocorrência do fato gerador do respectivo tributo. DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. Cabe ao sujeito passivo demonstrar o preenchimento das condições e o cumprimento dos requisitos previstos para comprovar o adimplemento do Regime Aduaneiro Especial de Drawbacksuspensão. DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Os tributos e contribuições devidos em decorrência do descumprimento do regime aduaneiro especial de drawback, caso não recolhidos espontaneamente, sujeitamse ao lançamento de ofício, acrescidos de juros de mora e de multa no percentual de 75 %. Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual, em síntese: preliminarmente, opõemse à forma como a decadência foi interpretada e alega ter havido cerceamento do direito defesa por lhe ter sido indeferida a perícia; e, no mérito; alega que o índice técnico não pode ser aferido tão somente com base em "uma ou duas notas fiscais", com informação estimada; aduz ofensa ao princípio da reserva legal; defende que somente a SECEX, órgão concessor do regime, poderia revogar o benefício; aduz a necessidade de observância do Comunicado DECEX 30, de 13.10.1997; alega que a autuação se baseou em mera presunção fiscal; socorrese do princípio da equivalência; aduz a inocorrência de causas interruptivas da suspensão que previstas no art. 319 do Regulamento Aduaneiro e a inaplicabilidade do art. 317 do mesmo diploma; insurgese contra o termo inicial da aplicação dos juros de mora; afirma a ilegalidade de correção monetária via taxa SELIC e defende impossibilidade de cobrança das multas aplicadas pela fiscalização. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 382 13 Foime distribuído o presente processo para relatar e pautar. É o relatório. Fl. 388DF CARF MF 14 Voto Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Relator. O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. Preliminares Alega a recorrente, em sede de preliminar, que "não poderá o prazo de decadência, muito menos o seu termo de início ser contado em função do que determina um parecer normativo ou lei formalmente ordinária, ou qualquer outra norma de hierarquia inferior ou regra administrativa que se confronta com a Lei e a Constituição Federal", citando o art. 146, II, da Constituição Federal. É assim que se insurge contra o entendimento do acórdão de piso, pela decadência no prazo do art. 173, I, do Código Tributário Nacional (CTN), com termo inicial no vencimento do ato concessório do regime. Descabida a argumentação da recorrente: o CTN foi recepcionado como lei complementar pela Carta Magna de 1988. Diz a recorrente que "a decadência se impõe, pois a Receita Federal tinha conhecimento dos fatos geradores desde o momento em que a Dl foi desembaraçada, podendo lavrar auto de infração a qualquer tempo inclusive para prevenir a decadência" e que " não satisfaz melhor exegese a interpretação que obriga o reconhecimento da decadência no caso de lançamento por homologação ao recolhimento do tributo". A decadência do direito ao lançamento, regra geral é regida pelo art. 150, §4°, do Código Tributário Nacional (CTN), apenas quando se tratar de tributo sujeito a lançamento por homologação e o contribuinte tiver realizado o respectivo pagamento parcial antecipado. Em não havendo um tal pagamento, afastase a aplicação da primeira parte do dispositivo, incidindo o art. 173, I, do mesmo Código. É o entendimento corrente do CARF. No nesse mesmo sentido, o STJ já se pronunciou, no REsp 973.733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 18/09/2009. Sobre o termo inicial da decadência no regime em pauta, bem esclarece o acórdão da Delegacia de Julgamento: Deste modo, em se tratando de drawback, em sua modalidade suspensão, quando não ocorre o adimplemento do regime, o termo inicial para a contagem deste prazo decadencial é o primeiro dia do exercício 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 389DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 383 15 seguinte ao dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação, pois só então seria possível se lançar o crédito tributário. Este entendimento é extraído da inteligência do artigo 319, inciso I, do RA/85 (vigente à época). Tanto é assim que, no intuito de deixar mais clara a questão, o Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, ao tratar de decadência, trouxe em seu artigo 752, § 3º, II, de forma expressa esse entendimento: Art.752. O direito de exigir o tributo extinguese em cinco anos, contados (Decretolei nº 37, de 1966, art. 138, caput, com a redação dada pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, art. 4º; e Lei nº 5.172, de 1966, art. 173, caput): I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado; ou II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. [...] § 3º No regime de drawback, o termo inicial para contagem a que se refere o caput é, na modalidade de: I suspensão, o primeiro dia do exercício seguinte ao dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação; e Assim, nesse ponto, nego provimento ao recurso voluntário. A recorrente alega ainda o cerceamento do direito defesa, por não ter sido deferido seu pedido de perícia constante da peça impugnatória. Tal questão será abordada juntamente com os fundamentos de mérito da presente decisão. Mérito Índice técnico e sobra de soda cáustica Verifiquei as notas fiscais de fls. 102 a 109, tendo, com base nelas, construído a seguinte tabela: Fl. 390DF CARF MF 16 Nas oito notas fiscais acima relacionadas, emitidas pela recorrente, a proporção SODA CAÚSTICA/ ALUMINA CALCINADA é de exatamente 8,000%, com três casas decimais. A fiscalização concluiu ser soda cáustica o produto apontado como "QUANTIDADE CONSUMIDA", posto que esta é a "matériaprima direta que compõem a Alumina Calcinada", o que não ocorre com os demais produtos importados constantes do ato concessório: tecidos e polímeros. Na nota fiscal à fl. 111, figura "soda cáustica" manuscrita no campo em pauta. As seis primeiras notas fiscais constam do Relatório Unificado de Drawback (RUD). Nelas figura menção ao "DRAWBACK SUSPENSÃO INTERMEDIÁRIO", com "ICMS diferido conforme Art. 1 da Lei 5758/93 e lei 6307 de 17/07/00, em venda à ALBRÁS, empresa sediada no mesmo município da recorrente, Barcarena/PA. As duas últimas se referem a vendas para a empresa VALESUL, situada no Rio de Janeiro, sem informações a respeito do drawback e não relacionadas no RUD. Observese, do RELATÓRIO DE AUDITORIA FISCAL (fl. 136 e seguintes), que a fiscalização, a partir da proporção levantada nas notas fiscais arroladas acima relacionadas no RUD, portanto representativa do processo produtivo que envolveu, especificamente, os produtos vinculados ao ato concessório em pauta, utilizouse do método PEPS de controle de estoque para chegar ao valor de soda cáustica excedente: [...] Fl. 391DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 384 17 Sobre o tema afirma a recorrente, que "nenhuma das importações autorizadas e com tributos suspensos em função dos Atos Concessórios fiscalizados tiveram as suas matérias primas ou insumos utilizados para a fabricação de produtos consumidos no mercado interno, O QUE DEVE SER APURADO EM PERÍCIA SOLICITADA A SEGUIR" (grifos do original). Insurgese contra a alegação da fiscalização de que "Para corroborar o indício de que essa sobra de soda cáustica no estoque foi utilizado para a produção de Alumina Calcinada para ser fornecida no mercado interno, detectamos a emissão de duas Notas Fiscais [...] de saída da empresa Alunorte". Afirma depois a recorrente que "Realmente a empresa efetuou vendas no mercado interno para a Valesul [...] , ocorre que a soda cáustica consumida para atender estas vendas foram importadas no regime norma (sic) de importação". Tal questão, no entanto, não é o fundamento da autuação, nem do presente voto. Após determinar o núcleo da questão como o índice técnico, a recorrente alega que este não pode ser aferido tão somente com base em "uma ou duas notas fiscais", com informação estimada, obtida mensalmente: Há que ser ressaltado que a fiscalização teve como principal indutor de seu trabalho a utilização do índice técnico de 80 kg/ton de alumina calcinada. Ocorre que essa quantidade mencionada na nota fiscal é uma informação estimada, pois normalmente a média final mensal da quantidade final de soda cáustica consumida é obtida somente ao término de cada mês. Portanto, não há como obter o índice técnico de produção somente pelo índice indicado em uma ou duas notas fiscais, posto que a média de apuração do índice técnico da empresa é variável a uma série de outros fatores, tais como potência da circulação de energia, qualidade do produto, temperatura etc... e tais elementos são obtidos ao final de cada mês. Por essa razão, não se poderia ter como índice técnico o apurado somente com a produção de duas faturas. Continua a recorrente a defender que " A variação de consumo é completamente variável (sic), inclusive, reduzindose o consumo do insumo conforme a sua qualidade, ou seja, quanto melhor a pureza do hidróxido de sódio (sic), mais reduzido será o Fl. 392DF CARF MF 18 seu consumo e, por conseguinte melhor será o índice de produtividade". Este relator confirmou, na literatura especializada, que realmente a quantidade de soda cáustica utilizada no processo produtivo da alumina pode variar: (MARTIRÉS, Raimundo A. C. Balanço Mineral Brasileiro, 2001). Ainda assim, não assiste razão à recorrente. Não foram "uma ou duas" notas fiscais, mas oito delas, abrangendo um período de três meses; no curso dos quais, segundo a recorrente, a dita estimativa poderia ser refeita a cada mês, absorvendo as variações inerentes ao processo produtivo em foco, mas mantevese estável em exatos 8,000%. Assim, sobre a questão do índice técnico a proporção da soda cáustica na alumina o acórdão recorrido deu, acertadamente, razão à conclusão da fiscalização: A impugnante questiona a relação de proporção apurada como 8% entre o insumo soda cáustica (hidróxido de sódio) e o produto alumina calcinada (óxido de alumínio), afirmando que o índice obtido pela fiscalização é apenas uma estimativa e que o correto seria a apuração com base mensal global da empresa, já que se trataria de um índice dependente de fatores variáveis, somente obtidos no final de cada mês. Contudo, de acordo com o que consta do relatório de auditoria fiscal de fls. 136151, o índice de utilização do insumo soda cáustica (hidróxido de sódio) na produção de alumina calcinada (óxido de alumínio) foi obtido pela fiscalização a partir das informações prestadas pela própria impugnante no Relatório Unificado de DrawbackRUD e das notas fiscais de saída da alumina calcinada da empresa autuada, sendo este o procedimento adequado para a comprovação do regime de drawback, modalidade suspensão, conforme previa, na época dos fatos, a Consolidação das Normas de DrawbackCND, na redação dada pelo Comunicado Decex nº 2, de 31 de janeiro de 2000: 19.1. Para comprovação do Regime de Drawback, na modalidade suspensão, as empresas utilizarão o Relatório Unificado de Drawback, identificando os documentos eletrônicos registrados no SISCOMEX, Fl. 393DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 385 19 relativos às operações de importação e exportação, bem como as Notas Fiscais de venda no mercado interno, vinculadas ao Regime, ficando as empresas dispensadas de apresentar documentos impressos. A fiscalização, portanto, cumpriu o previsto na legislação de regência do drawback, tendo apurado regularmente o consumo da soda cáustica (hidróxido de sódio) na proporção de 8/100 (8 %) em relação ao produto alumina calcinada (óxido de alumínio), utilizando documentos e informações oriundos da impugnante, os quais, salvo se inquinados por falsidade, material ou ideológica, são provas bastantes para esse tipo de verificação. A recorrente diz ter havido cerceamento do direito de defesa por não lhe ter sido deferida a perícia: Ao ignorar o pedido de perícia e ao julgar pela dúvida favorecendo o fisco a autoridade fiscal desconsiderou por completo o direito do contribuinte a ver instaurado o contraditório e ter direito a sua mais ampla defesa. Negou o II. Julgador de 1º instância ao postulante o direito à produção de uma prova que a seu julgamento seria e é essencial para convencer os nobres julgadores destes Eg. Tribunal, albergado em uma visão egoísta e ilegal do processo, A busca da verdade material poderia, em tese, indicar a perícia pretendida; mas apenas se a contribuinte trouxesse provas consistentes do desacerto da fiscalização, o que não ocorreu. A fiscalização se utilizou das próprias notas fiscais emitidas pela contribuinte, vinculadas ao Relatório Unificado de Drawback e representativas do processo produtivo que envolveu os produtos vinculados ao ato concessório sob análise, como determina especificamente a Consolidação das Normas de DrawbackCND. Também não trouxe a contribuinte notas fiscais que demonstrassem o contrário. Ademais, o art. 18 do Decreto 70.235/ 72, determina que "a autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis", o que fez com acerto, ao entender que " os autos contêm prova de inquestionável valor para a elucidação dos fatos, de modo que referidos documentos, examinados à luz da legislação pertinente, constituem o conjunto probatório necessário e suficiente para formar a convicção do julgador". Não houve assim prejuízo à defesa da recorrente. Sobre os laudos técnicos oferecidos pela recorrente e seu pedido de perícia, assim manifestase o acórdão de piso: Por outro lado, os laudos técnicos apresentados à fiscalização pela autuada apresentam, estes, sim, características de padronização, com repetição de informações, ao ponto de a impugnante não ter sobre eles fundamentado a sua defesa, [...] Fl. 394DF CARF MF 20 Por outro lado, a quantidade total de soda cáustica importada e consumida neste Ato Concessório foi de 76.809,071 toneladas (base seca), com a exportação de 912.782,306 ton. de alumina calcinada, ou seja, um índice de 84,14829 kg/ton. de alumina calcinada, abaixo do índice de 100 kg/ton. de alumina informada no Laudo Técnico. A recorrente diz ter ocorrido ofensa ao princípio da reserva legal, por ser a atuação baseada em portarias e comunicados e que o descumprimento destas " enseja no máximo infrações por desobediência a obrigações acessórias". Diz também que "o descumprimento dessas obrigações não gerou o não pagamento de tributo", posto que "notas fiscais com produtos destinados ao mercado interno, tiveram a sua produção efetuada com insumos importados com pagamento de tributos". Não é assim. A fiscalização se amparou no "que está informado no corpo de [...] Notas Fiscais de Saida da Alumina Calcinada da empresa Alunorte e que estão relacionadas no Relatório Unificado de Drawback (RUD)" e não nas notas de venda para o mercado interno. Também não houve ofensa à reserva legal. O que se descumpriu foram os termos do Decretolei nº 37/66, este recepcionado como lei, a qual, no seu art.78, II, determina a condição para a "suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação": que a mercadoria seja "exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada". Esta não é mera obrigação acessória. Tal disposição fora arrolada na autuação, em seu enquadramento legal nos termos do art. 335 do Decreto n° 4.543/02, que a reproduz. Entende a recorrente que "somente quem concede o benefício é quem pode revogálo", nesse caso a SECEX. Também aduz a necessária observância do Comunicado DECEX 30, de 13.10.1997, em particular, o item 26.2, que trata da "liquidação do compromisso de exportação" e que "o contribuinte ao exportar todas as mercadorias importadas com o benefício da suspensão, cumpriu as regras de fundo previstas para o Ato Concessório e por esse motivo a DECEX homologou o Ato Concessório". Não assiste razão à recorrente. Ela mesma afirma que "somente o não atendimento à condição de exportar as mercadorias importadas é que a Receita Federal poderia pedir a cassação do regime ou descaracterizálo", o que ocorreu, pela demonstração trazida do RELATÓRIO DE AUDITORIA FISCAL. E mais, sob a égide da competência da Receita Federal para fiscalizar e lançar tributos, nos termos da Portaria MEFP nº 594, de 1992, art. 3º: O Comunicado DECEX 30 trata de tema diverso. Constitui atribuição do Departamento da Receita Federal DRF a aplicação do regime e a fiscalização dos tributos, nesta compreendidos o lançamento de crédito tributário, sua exclusão em razão de reconhecimento do benefício e a verificação, a qualquer tempo, do regular cumprimento, pela importadora, dos requisitos e condições fixados pela legislação pertinente. Defende a recorrente que "a decisão da autoridade fiscal em autuar a empresa baseada nas suas averiguações não passa de mera presunção fiscal" ao entender que "houve saldo dos produtos importados beneficiados pelo regime de drawback que não foram exportados, especificamente a soda cáustica". Fl. 395DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 386 21 Não tem razão a recorrente. A fiscalização provou não meramente presumiu a partir índice técnico extraído de informação consignada pela empresa em notas fiscais que emitiu, num período de três meses, o dito saldo. A recorrente aduz que a forma não pode prevalecer sobre o principal e que a interpretação literal deve ser usada em favor do contribuinte, socorrendose do princípio da equivalência. Diz que atendeu a finalidade da lei, que é de "incentivo a exportação", não havendo como "desqualificar o regime pela ausência de descumprimento de algumas obrigações acessórias sequer reconhecidas pela DECEX (SECEX)". Não assiste razão á contribuinte. Ela importou com suspensão mercadorias que não foram utilizadas em mercadoria a ser exportada, sequer cumprido, quanto a estas, a teleologia da norma, incidindo o art.78, II, do Decretolei nº 37/66. Assim, não é que tão somente "descumpriu meras obrigações acessórias". Ademais, bem andou o acórdão recorrido ao dizer que " é estranha à lide instaurada nos presentes autos, a discussão quanto ao princípio da equivalência, pois este não foi o motivo da autuação, que se baseou na sobra, nos estoques da autuada, de insumo importado sob o regime de drawback". A contribuinte repisa o tema da aplicabilidade de tal princípio em sede de recurso voluntário alegando que "é perfeitamente aplicável o princípio da equivalência e identidade que o produto adquirido no mercado interno com pagamento de tributos foi o que serviu de base para a fabricação da alumina revendida no mercado interno". Repito, al questão das vendas no mercado interno para a VALESUL não é o fundamento da autuação, tampouco do presente voto. Defende a recorrente que a suspensão do imposto condicionase ao adimplemento do drawback, que ocorrendo, transformará a suspensão de pagamento em isenção. Diz que tal suspensão somente não se transformará em isenção definitiva, ocorrendo "uma das causas interruptivas da suspensão que estão descritas no artigo 319 do Regulamento aduaneiro" (de 85). Não lhe assiste razão. O que a fiscalização demonstrou foi justamente o não emprego no todo ou em parte das mercadorias importadas com a suspensão no processo produtivo de bens a serem exportados, essencialmente o caput do dito artigo, sem que fossem tomadas quaisquer das providências previstas nos seus incisos, a exemplo da reexportação ou destruição. Aduz a recorrente a inaplicabilidade do art. 317 do RA/85, posto que tal regra somente pode criar obrigação acessória, não sendo regra autorizadora de declaração de inadimplemento do drawback, sendo que a vinculação da autoridade fiscal administrativa deve ser a ato legal. Sobre a passagem, acerta o acórdão recorrido ao afirmar que: O art. 317 do RA/85 apenas trazia alguns elementos a serem observados quando da concessão do regime, pela Secex, porém, nada que impedisse ou limitasse a competência da SRF (RFB) em relação à aplicação do regime e Fl. 396DF CARF MF 22 fiscalização dos tributos, competências essas exercidas regularmente, no presente caso, não se vislumbrando nesse dispositivo qualquer restrição ao exercício pleno da atividade de fiscalização. Entende a contribuinte que "havendo suspensão da exigibilidade do crédito tributário os Juros porventura devidos devem incidir a partir da data que cessou a suspensão". Não é assim. Como já esclareceu o acórdão de piso, "A regra geral para a cobrança de juros de mora, válida para todo e qualquer contribuinte em débito para com a Fazenda Pública, é aquela estabelecida no art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996", o que o faz incidir " partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo" de pagamento, no caso, relativamente aos tributos não recolhidas nas importações autuadas, "até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento", nos exatos termos legais. A recorrente afirma a "ilegalidade de correção monetária via taxa SELIC". Tratandose de matéria constitucional, foge à competência deste CARF. Ainda assim, registre se que a Lei 9.065/97, art. 13, dá peso legal à dita Selic, o que é objeto da súmula 4 deste Conselho. A contribuinte aduz "impossibilidade de cobrança das multas aplicadas pela fiscalização", suscitando jurisprudência do Conselho de Contribuintes, assim ementada: " A portaria MEFP n. 9.594/92, em seu parágrafo único do artigo 13 determina que os tributos não recolhidos deverão ser pagos na forma do art. 59 da Lei 8.383/91 não havendo multa prevista no art. 4º da Lei 8.218/91". Tal entendimento não se aplica ao caso corrente, como descreve o acórdão da Delegacia de Julgamento: [...] Cumpre inicialmente esclarecer que, na data da infração, caracterizada pela falta de pagamento dos tributos, o art. 59 da Lei nº 8.383, de 1991, encontravase tacitamente revogado pelo art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, o qual passou a prever a multa de mora à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso, limitado a vinte por cento do valor do tributo ou da contribuição. Essa multa, entretanto, somente se aplica quando ocorre o recolhimento espontâneo do tributo ou contribuição, o que não se verifica no caso dos autos, em que houve lançamento de ofício do Imposto de Importação. Neste caso, a multa lançada está em conformidade com o previsto no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996: Assim, também no mérito, voto negar provimento ao recurso voluntário. Conclusão Assim, por todo o exposto, voto negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fl. 397DF CARF MF Processo nº 10280.720621/200823 Acórdão n.º 3301004.643 S3C3T1 Fl. 387 23 Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator Fl. 398DF CARF MF
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Numero do processo: 13963.000218/2003-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. MP 66/2002. LEI 10.637/2002. VEDAÇÃO. APLICAÇÃO.
A Medida Provisória no 66/2002, posteriormente convertida na Lei no 10.637/2002, vedou expressamente a compensação de débitos com créditos de terceiros, aplicando-se a vedação às compensações registradas a partir de 01/10/2002, data de início da vigência do comando de estatura legal.
Numero da decisão: 3401-005.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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INDÚSTRIA DE AZULEJOS ELIANE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. MP 66/2002. LEI 10.637/2002. VEDAÇÃO. APLICAÇÃO. A Medida Provisória no 66/2002, posteriormente convertida na Lei no 10.637/2002, vedou expressamente a compensação de débitos com créditos de terceiros, aplicandose a vedação às compensações registradas a partir de 01/10/2002, data de início da vigência do comando de estatura legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, André Henrique Lemos, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 96 3. 00 02 18 /2 00 3- 89 Fl. 1229DF CARF MF 2 Versa o presente sobre o formulário de Declaração de Compensação de fl. 41, com protocolo de 13/05/2003, no valor de R$ 277.543,95, por força de decisão judicial (crédito de terceiro – empresa “Nitriflex S.A. Indústria e Comércio”, CNPJ no 42.147.496/000170, afastada ainda em juízo a vedação constante na IN SRF 41/2000), mencionandose que os créditos estão controlados no processo administrativo no 13476.000533/200117. No despacho decisório de fls. 58 a 64, datado de 11/02/2005 (ciência em 03/03/2005), emitido pela DRF/Florianópolis/SC, afirmase que, a partir de 01/10/2002, passou a haver expressa vedação legal à compensação de débitos com créditos de terceiros, e, por isso, a ordem judicial perdeu eficácia na parte que afastou a restrição de compensação veiculada em normas infralegais (ato declaratório e instrução normativa), devendo ser declarada a não homologação da compensação. Afirmouse ainda que não havia necessidade de lançamento do débito, seja por estar declarado em DCTF, seja por a Declaração de Compensação passado a constituir confissão de dívida, mas que deveria ser lançada a multa de ofício, encaminhando os autos à fiscalização. Na Manifestação de Inconformidade de fls. 66 a 84, datada de 01/04/2005, argumenta a empresa cessionária do crédito, em síntese, que: (a) o crédito foi assegurado por sentença judicial transitada em julgado, em 18/04/2001, no Mandado de Segurança (MS) no 98.00166580 (referente a crédito presumido em relação a insumos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero); (b) buscando preventivamente resguardar seu direito à compensação, em face da vedação estabelecida na IN SRF no 41/2000, a recorrente moveu ação judicial pedindo o afastamento de seus efeitos, obtendo decisão favorável em 16/09/2002, no MS no 2001.51.10.0010250, sendo que, em 12/09/2003 transitou em julgado o Acórdão proferido pelo TRF2, convalidando a liminar e confirmando o direito de livre disponibilidade do crédito, ante a inexistência de previsão legal; e (c) a cessão de crédito estava sob o manto da coisa julgada, não podendo ser negada administrativamente. Às fls. 106 a 128 consta cópia de Auto de Infração, lavrado em 01/03/2005 (com ciência em 03/03/2005), no valor de R$ 14.915.461,93, aplicando multa isolada decorrente de compensações em oito processos administrativos, entre os quais o presente, com fundamento no art. 18 da Lei no 10.833/2003. E, às fls. 130 a 186 constam despachos decisórios de nãohomologação proferidos nos seguintes processos administrativos: no 11516.001792/200488; no 13963.000217/200334; no 13963.000191/200324; no 13963.000188/200319; no 13963.000218/200389 (o presente processo); no 11516.000804/200376; e no 11831.003363/200391. Às fls. 187 a 265, e 276 a 408, constam síntese e peças referentes ao MS no 2001.51.10.0010250. Às fls. 266 a 274, figura cópia de despacho decisório no processo administrativo no 10735.000001/9918, emitido pela DRF Nova Iguaçu/RJ, homologando/reconhecendo os créditos decorrentes da decisão judicial. Em 23/06/2005 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 443 a 455), decidindo unanimemente o colegiado administrativo pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob o fundamento de que a decisão judicial não ampara as compensações, tendo em vista o advento da Medida Provisória no 66/2002, convertida na Lei no 10.637/2002, vigente ao tempo do protocolo da compensação. Destacou ainda o julgador de piso que o 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1230DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.230 3 crédito homologado à “Nitriflex” foi objeto de várias compensações com débitos da própria empresa, estabelecimentos coligados e terceiros, sem demonstração, no processo, da existência de saldo de crédito disponível. Ciente da decisão de piso em 23/09/2005 (fl. 463), a empresa cessionária do crédito (recorrente) apresentou, em 20/10/2005, o Recurso Voluntário de fls. 465 a 493, sustentando, basicamente, que: (a) a coisa julgada produzida no MS no 98.00166580 não só reconheceu o direito de credito, como também sua plena disponibilidade, sendo certo que o MS no 2001.51.10.0010250 só foi impetrado para preventivamente afastar a interpretação restritiva do Fisco, à época constante da IN/SRF no 41/00; (b) a inexistência nos autos de demonstração de saldo credor não é impeditiva da compensação, pois quem gerencia o crédito é o próprio fisco; (c) a competência para decidir o processo é do titular da DRF de Nova Iguaçu/RJ (onde foi apurado o crédito), e não da DRF de Florianópolis/SC; (d) foram protocolizadas todas as declarações de compensação junto à DRF de Nova Iguaçu/RJ, onde se controlam os créditos no processo administrativo no 13746.000533/200117; e (e) ocorreu homologação tácita as compensações por decurso de prazo. O processo foi enviado ao então Segundo Conselho de Contribuintes em 08/12/2005 (fl. 569). Por meio do Acórdão no 20179.425, de 29/06/2006 (fls. 621 a 635), o processo foi anulado a partir do despacho decisório proferido pela DRF de Florianópolis/SC, por voto de qualidade, determinandose que outro despacho fosse seja proferido pela DRF de Nova Iguaçu/RJ, competente para o ato, segundo a IN SRF 460/2004. Em 19/09/2007 é proferido um segundo despacho decisório, agora pela DRF de Nova Iguaçu/RJ (fls. 641 a 661), por meio do qual é considerada não homologada a compensação, pelos seguintes fundamentos: (a) existência de ação rescisória interposta pela Fazenda Nacional em relação ao MS no 98.00166580, reduzindo e tornando incerto o montante do crédito; (b) a tentativa de habilitar o crédito junto à DRF de Nova Iguaçu/RJ foi rechaçada, em decisão administrativa não revertida judicialmente, visto que a IN SRF 517/2005, que disciplinava a matéria à época do pedido de habilitação, estabelecia a necessidade de trânsito em julgado, e ainda pendia a ação rescisória, maculando a certeza do crédito; e (c) como ponto nevrálgico, ainda se tem que a compensação com crédito de terceiro foi efetuada ao desamparo da Medida Provisória no 66/2002, convertida na Lei no 10.637/2002, visto que o provimento judicial tomou em conta norma de hierarquia diversa (IN 41/2000) entendida como ilegal. Ciente do novo despacho decisório em 31/10/2007 (fl. 669), a empresa apresenta a Manifestação de Inconformidade de fls. 671 a 741, em 29/11/2007, sustentando, em síntese, que: (a) as decisões judiciais asseguraram tanto o direito ao crédito quanto o direito à compensação, sendo livre a disponibilidade do crédito, mediante coisa julgada, e afastada a vedação então existente na IN SRF 41/2000; (b) houve violação à irretroatividade e à coisa julgada no MS no 2001.51.10.0010250, que não perdeu seu objeto diante do advento da Lei no 10.637/2002; (c) a ação rescisória interposta pela Fazenda Nacional (no 2003.02.01.0056750) visando à desconstituição da coisa julgada no citado MS no 98.00166580 não obteve tutela para suspender a execução da coisa julgada; (d) a inexistência de habilitação não impede a utilização do crédito; (e) a nova redação da Lei no 9.430/1996 não pode retroagir aos fatos jurídicos que ensejaram o direito creditório; (f) a inexistência nos autos de demonstração de saldo credor não é impeditiva da compensação, pois quem gerencia o crédito é o próprio fisco, Fl. 1231DF CARF MF 4 sendo que o crédito do processo no 10735.000001/9918 não inclui o apurado no processo no 10735.000202/9970, como afirmou a própria autoridade fiscal; e (g) houve homologação tácita das compensações. Em 07/08/2008 ocorre novo julgamento de primeira instância (fls. 771 a 783), decidindo unanimemente o colegiado administrativo pela improcedência da nova manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) no MS no 2001.51.10.0010250, o impetrante (“Nitriflex S.A. Indústria e Comércio”) obteve o afastamento da aplicação de norma infralegal (IN SRF no 41/2000), justamente por ser tal norma ilegal, sob o argumento de falta de amparo legal para a restrição a compensação com créditos de terceiros; (b) a partir de 01/10/2002, então, a decisão judicial não ampara as compensações, não havendo que se falar em irretroatividade, no caso; (c) o crédito homologado à “Nitriflex” foi objeto de várias compensações, sem demonstração, no processo, da existência de saldo de crédito disponível; e (d) não comporta manifestação do colegiado a menção a outros processos, que não versam sobre a compensação em análise. Ciente da nova decisão de piso em 03/09/2008 (fl. 789), a empresa apresentou, em 15/09/2008, o Recurso Voluntário de fls. 793 a 420, basicamente reiterando as razões expressas em sua segunda manifestação de inconformidade, no que se refere ao alcance das decisões judiciais, a existência de coisa julgada, a violação à irretroatividade, e a irrelevância da existência de demonstração de saldo credor. O processo foi encaminhado ao então Segundo Conselho de Contribuintes em 20/09/2008 (fl. 861). Na peça de fls. 880 a 889, a recorrente informa ter sido reconhecido em definitivo o crédito, com a extinção também definitiva das ações rescisórias interpostas pela Fazenda Nacional, devendo, quanto à vedação da compensação com créditos de terceiro, aplicarse ao caso a legislação vigente quando da respectiva coisa julgada, agregando ainda pareceres de lavra dos prof. Paulo de Barros Carvalho e Cândido Rangel Dinamarco. E, por fim, acrescenta que turmas da 3ª Seção de Julgamento deste CARF vêm proferindo acórdãos nos processos de compensação com créditos derivados da “Nitriflex” determinando que sejam afastados os óbices encontrados no despacho decisório e na decisão de piso (v.g., acórdão proferidos nos seguintes processos administrativos: no 13746.001218/200280; no 13746.001386/200275; no 13502.000470/200315; no 13502.000505/200316; no 13502.000588/200343; no 13808.002485/200111; no 13707.002728/200745; no 13707.003510/200716; e no 13707.001269/200782). No CARF, o processo foi distribuído a este relator, por sorteio, em outubro de 2017. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 1232DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.231 5 Na declaração de compensação, informase que o crédito é decorrente de ação judicial. Apesar de o declarante ter informado em tal documento que a ação na qual se fundamenta seu crédito era o MS no 99.00.60542 (fl. 6), apurou a fiscalização (no que foi endossada pela postulante ao crédito), que, de fato, o crédito tem origem no MS no 98.00166580, interposto pela “Nitriflex”, com a seguinte demanda (fl. 895). Na sentença de piso, a segurança foi denegada, em 14/09/1998 (fl. 900). A apelação processada junto ao TRF2, sob o no 024.199/RJ, no entanto, foi provida, reconhecendose “direito líquido e certo da empresa em compensar o crédito presumido de IPI com o crédito a recolher ao final do processo industrial” (fl. 901): Foram rejeitados os embargos interpostos por “Nitriflex”, mas acolhidos os “embargos em embargos” para aclarar o período abrangido na decisão (julho de 1988 a julho de 1998). E foi negado seguimento aos recursos especial e extraordinário interpostos pela Fazenda Nacional (fl. 904), em 24/03/2000. Em relação à negativa de seguimento ao RE, houve interposição de Agravo de Instrumento, pela Fazenda Nacional, também negado (fl. 907), e “agravo no agravo” (autuado no STF sob o no 313.4815/RJ), igualmente negado (fl. 908), em 13/03/2001, havendo trânsito em julgado em 18/04/2001 (fl. 909). Eis a tutela obtida em definitivo pela “Nitriflex”. Não se vê em tal decisão nenhuma autorização para compensar ou vestígio de que tenha sido assegurada livre disponibilidade do crédito, como postula a recorrente em suas peças recursais. Ao tempo do trânsito em julgado da referida ação, assim dispunha o art. 74 da Lei no 9.430/1996: “Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração.” (grifo nosso) E o artigo anterior (art. 73) dispunha: “Art. 73. Para efeito do disposto no art. 7o do Decretolei n o 2.287, de 23 de julho de 1986, a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal, observado o seguinte: I o valor bruto da restituição ou do ressarcimento será debitado à conta do tributo ou da contribuição a que se referir; II a parcela utilizada para a quitação de débitos do contribuinte ou responsável será creditada à conta do respectivo tributo ou da respectiva contribuição.” (grifo nosso) Cabia à RFB (à época SRF) autorizar eventual compensação, atendendo a requerimento do contribuinte. E a norma procedimental que disciplinava as compensações era a IN SRF no 21, de 10/03/1997, que previa a compensação de débitos com créditos de terceiros em seu artigo 15, operacionalizada mediante “pedido de compensação”: “COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO DE UM CONTRIBUINTE COM DÉBITO DE OUTRO Fl. 1233DF CARF MF 6 Art. 15. A parcela do crédito a ser restituído ou ressarcido a um contribuinte, que exceder o total de seus débitos, inclusive os que houverem sido parcelados, poderá ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte, inclusive se parcelado. § 1o A compensação de que trata este artigo será efetuada a requerimento dos contribuintes titulares do crédito e do débito, formalizado por meio do formulário "Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros", de que trata o Anexo IV. § 2o Se os contribuintes estiverem sob jurisdição de DRF ou IRFA diferentes, o formulário a que se refere o parágrafo anterior deverá ser preenchido em duas vias, devendo cada contribuinte protocolizar uma via na DRF ou IRFA de sua jurisdição. § 3o Na hipótese do parágrafo anterior, a via do Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros, entregue à DRF ou IRFA da jurisdição do contribuinte titular do débito terá caráter exclusivo de comunicado. § 4o Na hipótese do § 2o, a competência para analisar o pleito, efetuar a compensação e adotar os procedimentos internos de que trata o § 2o do art. 13 é da DRF ou IRFA da jurisdição do contribuinte titular do crédito.” (o § 2o do artigo 13 trata de procedimentos a cargo da unidade que a efetuar) (grifo nosso) Qualquer requerimento apresentado durante a vigência de tal norma (independente do período a que se refira o crédito) deveria obedecer, então, ao trâmite procedimental ali disposto. Aliás, se a remissão fosse ao período em que gerado o crédito (1988 a 1998), à maior parte do período sequer se aplicaria a Lei no 9.430/1996. A IN SRF 21/1997, no entanto, foi alterada em 10/04/2000, pela IN SRF no 41, de 07/04/2000, que passou a vedar expressamente a compensação de débitos com créditos de terceiros (art. 1o) e revogar todo o artigo 15 da IN SRF no 21/1997. Vejase que a alteração foi promovida oito dias antes do trânsito em julgado da ação judicial, no caso concreto. Portanto, ao apresentar suas solicitações de compensação, a empresa “Nitriflex” deveria amoldarse à norma procedimental vigente, que já vedava compensações com créditos de terceiros. Como tal empresa divergia em relação a tal possibilidade de vedação, contra ela se insurgiu em 26/03/2001, no Mandado de Segurança (Preventivo) no 2001.51.10.0010250 (cópia da peça às fls. 200 a 218). Claro está o fundamento jurídico do Mandado de Segurança, no sentido de que a restrição estabelecida pela IN SRF 41/2000 somente poderia ter sido estabelecida por lei. A sentença proferida no MS, em 29/05/2001, extinguiu o processo sem julgamento de mérito (fls. 228 a 230). Em apelação (fls. 232 a 242), a “Nitriflex” argumentou, em síntese, em 13/06/2001, que a IN SRF violava o princípio da legalidade. Fl. 1234DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.232 7 Nas contrarrazões de apelação (fls. 278 a 292), destacou a Fazenda Nacional, em 26/07/2001, que a IN SRF vedou apenas o que outra IN SRF havia concedido, não violando a norma legal. No TRF2, em relação ao MS (autuado sob o no 2001.02.01.0313448 – fls. 294 a 300), decidese, em 27/09/2001, por revigorar a liminar anteriormente deferida, retornando o processo ao status prévio à extinção sem julgamento de mérito. Após parecer da Procuradoria da República o recomendando seja proferida sentença apreciando o mérito, no caso (fls. 302 a 306), o TRF2 decide, em 20/03/2002, restituir os autos ao juízo a quo, para que fosse proferida nova sentença, apreciando o mérito (fls. 307 a 316). Nos embargos de declaração apresentados em 06/05/2002 pela “Nitriflex” (fls. 318 a 329), pede a empresa, com fundamento na economia processual, e no art. 515, § 3o do CPC, que o próprio TRF2 aprecie o mérito, pois não restaria, no caso, caracterizada supressão de instância, invocando ainda precedentes no mesmo sentido. O TRF2, então, nos “embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” (fls. 330 a 334) entende, em 12/06/2002, não ser possível a aplicação retroativa do dispositivo do CPC citado, que ainda não estava vigente ao tempo da decisão proferida em 20/03/2002. A “Nitriflex” interpõe, então embargos de declaração aos “embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” (fls. 336 a 364), em 01/07/2002, dispondo que o acórdão, embora tenha sido proferido em 20/03/2002, somente se tornou público em 02/05/2002, quando já estava em vigor a lei nova. O Agravo Regimental da Fazenda Nacional em relação à decisão monocrática que deferiu antecipação de tutela, suspendendo os efeitos da sentença que extinguia o processo sem julgamento de mérito foi negado, or unanimidade, pela quarta turma do TRF2, em 21/11/2001 (fls. 366 a 376). A esta altura, já passava a existir norma de estatura legal vedando as compensações: a Medida Provisória no 66, de 29/08/2002, que alterava, a partir de 01/10/2002 (cf. art. 63, I), o artigo 74 da Lei no 9.430/1996 (e depois foi convertida na Lei no 10.637/2002), que passava a dispor: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Fl. 1235DF CARF MF 8 (...) § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.” (grifo nosso) E, recordese, ainda não havia sido apresentada a compensação de que trata o presente processo, o que ocorreu apenas em 13/05/2003. Não há, assim, que se falar em compensação “em andamento”, ou em “pedido de compensação” convertido em declaração. Após a edição da Medida Provisória no 66/2002, a disciplina infralegal foi efetuada pela IN SRF 210, de 30/09/2002, que estabeleceu novos procedimentos para compensação, mantendo a vedação à compensação de débitos com créditos de terceiros, agora com fundamento expresso na norma legal (a nova IN SRF expressamente mencionou a citada Medida Provisória em seu preâmbulo, como fundamento). Assim, o cenário que se delineava para a apresentação de compensações pela Nitriflex já era outro, e já não fazia sentido a discussão sobre afastamento de IN por violação à reserva legal, demandada para o tema, visto que passava a existir norma legal a reger as compensações a serem protocolizadas após 01/10/2002, ou seja, voltada ao futuro, sem violação à irretroatividade. E, por certo, não afrontava tal norma a coisa julgada no MS no 98.00166580 (autorização para compensar o crédito presumido de IPI da “Nitriflex” com o crédito a recolher ao final do processo industrial). É nesse cenário que a empresa “Nitriflex” peticiona em juízo (fls. 378 a 380), em 08/10/2002: A nosso ver, a “Nitriflex” passava a ser reincidente na máleitura (sempre estendida, em seu favor) das decisões judiciais que figuram nestes autos. Da mesma forma que entendeu (alargadamente) que a decisão transitada em julgado no MS 98.00166580 para compensar o seu crédito presumido de IPI com seu o crédito a recolher ao final do processo industrial era, na verdade, um reconhecimento do crédito para que este fosse livremente utilizado, inclusive por terceiros, entendeu a “Nitriflex” que a decisão judicial que lhe permitia afastar a aplicação da IN SRF 41/2000, que, conforme seu pedido, seria ilegal por dispor de matéria reservada à lei, equivaleria ao afastamento de “qualquer limitação”. E essa distorção não se restringe ao entendimento do que restou decidido em juízo, mas se alastra à compreensão do que seria a IN SRF 210/2002, que teria “mantido” a limitação da IN SRF 41/2000. Fl. 1236DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.233 9 Em verdade, como aqui exposto, a IN SRF 210/2002 tem amparo em norma legal ao estabelecer a vedação, não constituindo mera reiteração da vedação infralegal, como faz parecer a petição. No entanto, vejase que ao final, a demanda parece adaptada para abranger inclusive a norma legal que fundamentaria a IN SRF 210/2002 (MP no 66/2002, já em vigor), visto que a “Nitriflex” pede para efetuar a compensação com débito de terceiro, “independente de edição de texto normativo que vier a tratar da matéria sub judice”. Em 14/10/2002, em nova petição, menciona a “Nitriflex” (fls. 406 a 408) que seu direito restara mantido. Em 16/09/2002, nos “embargos de declaração em embargos de declaração na apelação do mandando de segurança” (fls. 417 a 429), o TRF2 entende haver omissão, a ser sanada com decisão de mérito pelo tribunal. Na sequência, a unidade que jurisdiciona a cedente do crédito é notificada da seguinte forma (fl. 431), em 13/11/2002: Ocorre, então, o registro do formulário de “Declaração e Compensação” de que trata o presente processo administrativo, em 13/05/2003. Vejase que, nem de longe, a questão referente a estar a vedação prevista na IN SRF 210/2002 igualmente consignada em norma legal vigente desde 01/10/2002 (portanto, antes do registro da compensação), foi enfrentada pelo Poder Judiciário. As razões para afastamento das IN SRF, como se percebe do próprio pedido da impetrante “Nitriflex”, remontam, a serem tais normas de hierarquia inferior à lei. Assim, a questão submetida a juízo no MS no 2001.51.10.0010250 não enfrenta o tema que foi objeto das razões de indeferimento pela unidade local da RFB e pela DRJ (existência de norma legal vedando a compensação do crédito com débitos de terceiro). E endossamos tais razões de indeferimento, concluindo que a solicitação de compensação foi efetuada sem amparo legal, segundo a legislação de regência ao tempo do protocolo da compensação. E a decisão judicial obtida não contorna tal razão de improcedência do pedido. A recorrente (cessionária do crédito), a exemplo da “Nitriflex” (cedente), confunde o decidido no primeiro MS 98.00166580, e aqui já exposto cristalinamente, com “reconhecimento de crédito e de sua plena disponibilidade”, e confunde a aplicação das normas sobre compensação no tempo, ao afirmar que deveria ser aplicada a legislação referente aos fatos geradores (08/1988 a 07/1998), o que implicaria concluir que sequer a Lei no 9.430/1996 e a IN SRF 21/1997, que tratou da compensação com créditos de terceiros, seriam aplicáveis à grande maioria dos fatos geradores. Fl. 1237DF CARF MF 10 A defesa administrativa da recorrente, a exemplo do exposto em relação à Nitriflex” em juízo, efetua máleitura do conteúdo das decisões obtidas (fl. 813), especialmente quando alega: Os fundamentos da decisão no referido MS, como aqui exposto, não tratam de irretroatividade de lei (a não ser quando se referem ao CPC), mas da impossibilidade de norma de hierarquia inferior à lei (como as IN SRF) estabelecer restrição à compensação. Mas as conclusões (digase, equivocadas) em relação ao decidido (e aqui já reproduzido), prosseguem (à fl. 815): Repitase: não se dá caráter retroativo à Lei no 9.430/1996, em qualquer de suas redações, na leitura do despacho decisório ou na decisão da DRJ. Em ambas as decisões administrativas a redação da lei se aplica somente às compensações após ela registradas. E também não se afronta a coisa julgada, cujos limites foram neste voto bem delineados. Improcedentes, assim, as alegações de defesa de que houve violação à coisa julgada ou à irretroatividade. Por fim, quanto à inexistência de demonstração do saldo credor, entendoa, assim como parece ter entendido a DRJ, como questão secundária/acessória. Por certo que se fosse passível de homologação a compensação pleiteada no presente processo, caberia à unidade preparadora da RFB verificar sua disponibilidade, à luz do processo administrativo onde se controla o crédito invocado nestes autos, e das compensações já realizadas em outros processos. Os precedentes colacionados, assim como os pareceres apresentados pela defesa, os fatos novos (relativos à ação rescisória movida pela Fazenda Nacional em relação ao Fl. 1238DF CARF MF Processo nº 13963.000218/200389 Acórdão n.º 3401005.065 S3C4T1 Fl. 1.234 11 MS 98.00166580) e as manifestações da DRF Nova Iguaçu/RJ em informações fiscais em processos distintos foram aqui tomados como elementos formadores de convicção, mas não aptos a afastar, no caso concreto, as conclusões neste voto externadas. A existência de ação rescisória e seu resultado não afetaram, ao fim e ao cabo, o montante do crédito assegurado no MS 98.00166580. E o principal tema em debate nestes autos, recordese, não versa sobre o crédito, mas sobre a possibilidade de sua compensação com débitos de terceiros à época da apresentação da solicitação de compensação. Os precedentes administrativos e judiciais, assim como os pareceres apresentados posteriormente ao recurso voluntário, por sua vez, apesar de analisarem questões comuns a créditos advindos da “Nitriflex” em diversos processos, tratam de situações sensivelmente distintas daquela por nós visualizada, no caso concreto, no presente processo. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 1239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10670.002153/2009-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006
INOVAÇÃO DE QUESTÕES NO ÂMBITO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos dos artigos 16, inciso III e 17, ambos do Decreto n. 70.235/72, e, ainda, não se tratando de uma questão de ordem pública, deve o contribuinte em impugnação desenvolver todos os fundamentos fático-jurídicos essenciais ao conhecimento da lide administrativa, sob pena de preclusão da matéria, impondo seu não conhecimento.
ARQUIVOS DIGITAIS.
Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa, que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados, de apresentar ao fisco informações em meio digital com o leiaute previsto na legislação tributária.
Numero da decisão: 2402-006.280
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira De Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmetne)
Jamed Abdul Nasser Feitoza - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho
Nome do relator: JAMED ABDUL NASSER FEITOZA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 INOVAÇÃO DE QUESTÕES NO ÂMBITO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos dos artigos 16, inciso III e 17, ambos do Decreto n. 70.235/72, e, ainda, não se tratando de uma questão de ordem pública, deve o contribuinte em impugnação desenvolver todos os fundamentos fático-jurídicos essenciais ao conhecimento da lide administrativa, sob pena de preclusão da matéria, impondo seu não conhecimento. ARQUIVOS DIGITAIS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa, que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados, de apresentar ao fisco informações em meio digital com o leiaute previsto na legislação tributária.
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IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos dos artigos 16, inciso III e 17, ambos do Decreto n. 70.235/72, e, ainda, não se tratando de uma questão de ordem pública, deve o contribuinte em impugnação desenvolver todos os fundamentos fáticojurídicos essenciais ao conhecimento da lide administrativa, sob pena de preclusão da matéria, impondo seu não conhecimento. ARQUIVOS DIGITAIS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa, que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados, de apresentar ao fisco informações em meio digital com o leiaute previsto na legislação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 00 21 53 /2 00 9- 07 Fl. 122DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mario Pereira De Pinho Filho Presidente (assinado digitalmetne) Jamed Abdul Nasser Feitoza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior, Renata Toratti Cassini e Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10670.002153/200907 Acórdão n.º 2402006.280 S2C4T2 Fl. 123 3 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário, de fls. 96/100, voltado contra Acórdão da 6ª Turma de Julgamento da DRJ/BHE, de fls. 108/116, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pelo Contribuinte, mantendo, in totum, o crédito tributário exigido no DEBCAD 37.228.4841. Está assim lançado o relatório da r. decisão em testilha: "Conforme Relatório Fiscal, tratase de débito no valor R$ 13.291,66 (treze mil, duzentos e noventa e um reais e sessenta e seis centavos), relativo A aplicação multa administrativa por infração a Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inciso III e § 11, com a redação dada pela MP n° 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941, de 27/05/2009, combinado com o art. 225, inciso III, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, uma vez que o sujeito passivo não apresentou os arquivos digitais referentes As folhas de pagamento do período 01/2005 a 12/2006. Notificado da autuação em 18/11/2009, o Município autuado apresentou impugnação em 18/12/2009, alegando nulidade da autuação: por ausência de descrição do fato e da fundamentação legal que originou o valor lançado." No apelo aponta que a gestão do exprefeito foi feita de modo totalmente improbo, não podendo o município arcar com tais obrigações. Desse modo, e com arrimo no art. 137, incs. I e II do Código Tributário Nacional, aponta no sentido de que há a necessidade de confirmação da responsabilidade do exdirigente da prefeitura. Afia, às fls. 112: "Em análise ao disposto, numa interpretação literal dos enunciados, fica a ponderação de que o agente é excluído da responsabilidade pessoal, somente e só, quando em exercício regular da administração. Ora, impróprio e até mesmo imoral seria admitir que um atuante de governo, ao agir de modo negligente, quando sabia estar agindo; uma vez que não pode arguir o contrário, pois os atos são dirimidos por lei, estaria atuando em exercício regular!" Assim, requer a declaração de responsabilidade do Sr. João Ferreira Lima para responder pelo pagamento do crédito ora perseguido. No mérito, afiança que o motivo que ensejou a autuação (a não apresentação dos arquivos digitais referentes às folhas de pagamento do período de 01/2005 a 12/2006) não Fl. 124DF CARF MF 4 é plausível, eis que a falta de apresentação de tais arquivos não teria gerado qualquer "receio" ao Fisco. Com isso, a multa por obrigação acessória prevista no art. 31, III da Lei nº 8.212/91 seria descabida. Requer, portanto, que sejam acolhidos os argumentos apresentados para que seja declarada a improcedência da ação fiscal e seja cancelado o débito reclamado. É o relatório. Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10670.002153/200907 Acórdão n.º 2402006.280 S2C4T2 Fl. 124 5 Voto Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza 1. ADMISSIBILIDADE. Quando da análise de admissibilidade do Recurso Voluntário, verificamos estarem presentes os pressupostos os intrínsecos (legitimidade, cabimento, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo), entretanto, quantos aos elementos extrínsecos restam atendidos apenas parcialmente, eis que, apesar da regularidade formal, verificamos a articulação de novas razões preliminares, erigidas apenas em sede recursal, portanto, em momento onde a preclusão já havia se operado. Assim, antes de adentrar nas questões intrínsecas da lide será necessário delimitar seu âmbito de conhecimento, uma vez que, conforme se demonstrará a seguir, parte dos fundamentos erigidos pelo Recorrente só foram desenvolvidos em âmbito recursal. Ao proceder à uma comparação entre a peça impugnatória e a peça recursal é possível concluir que o recorrente inova em suas fundamentos preliminares. Na impugnação verificamos que o Recorrente apresenta como preliminar a "Nulidade do Auto de Infração alegando em essência que na "descrição do Auto de Infração n°. 37.228.4850 a ausência da descrição do fato e da fundamentação legal que originou o exorbitante valor da multa imposta, não sendo possível ao ora autuado a elaboração de sua defesa técnica." (sic). (fls. 84) A peça Recursal por seu turno apresenta como preliminar a "Responsabilidade pessoal do exchefe do executivo" alegando que "Ante a narrativa dos fatos e em vista ao período de apuração das supostas infrações, resta notório que a data consta de negligências remanescentes à outra gestão administrativa, no qual tinha por seu chefe do executivo o Sr. João Ferreira Lima, uma vez que seu mandato iniciou em janeiro de 2005." (fls. 110) Como tais fundamentos não têm natureza jurídica afeta a ordem pública [não sujeitas a preclusão e passíveis de cognição oficiosa por esta instância julgadora ordinária] e não decorrem de pontos trazidos pela Decisão objurgada, não há razão para o seu conhecimento. Os Recursos, regra geral, devolvem ao órgão ad quem o conhecimento daquilo que tenha sido expressamente impugnado no órgão a quo dado o seu efeito tantum devolutum quantum appellatumm, estando o conhecimento de seus termos, salvo pelas matérias de ordem publica ou alegadas em decorrência direta da própria decisão, limitados aquilo que expressamente constou da impugnação. Fl. 126DF CARF MF 6 Tal entendimento, no âmbito do PAF, tem assento normativo no que prevê o art. 161, inciso III do Decreto nº 70.235/71 que impõem ao contribuinte o ônus de, em sua impugnação, trazer todos os fundamentos relevantes para o julgamento da lide administrativa. Logo, não tendo sido aventada tal matéria em sede de impugnação e não se tratando de questão de ordem pública ou decorrência lógica das articulações da própria decisão recorrida, restaria precluso tal direito sendo vedado seu conhecimento por este colegiado, sob pena de haver a inoportuna supressão de instância conforme se extrai do Art. 172 do mesmo Decreto sobredito. Assim, voto por não conhecer das preliminares erigidas de modo inovador por ocasião do Recurso. 2. MÉRITO. Tratase de autuação referese a infração intitulada pelo artigo 32, inciso III, §1 1 c/c com o artigo 225, III, do Regulamento da Previdência Social RPS, Decreto n°. 3.048/99, eis que, segundo o relatório fiscal, no período de 01/01/2005 a 31/12/2006. a Recorrente deixou de enviar ao fisco os arquivos digitais referentes as folhas de pagamento do período supracitado. No mérito a Recorrente se limita a fazer referência aos argumentos da impugnação sem articular as razões recursais propriamente ditas e naquilo que esboçou o fez de modo extremamente superficial e genérico, não apresentando provas ou teses capazes de desconstituir o lançamento. 1 Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) § 3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) 2 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10670.002153/200907 Acórdão n.º 2402006.280 S2C4T2 Fl. 125 7 O Auto de Infração por sua vez registra adequadamente as circunstancias da infração: 1 A multa foi aplicada em conformidade com a alínea "b", do inciso II, do art. 283 e art.373, do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999. 2 — Em razão da ausência de circunstâncias agravantes previstas' no art.290 do Regulamento da Previdência Social — RPS, a multa foi fixada no valor mínimo estabelecido. 3 — Para aplicação da penalidade, foi(ram) utilizado(s) o(s) valor(es) definido(s) pela Portaria Interministerial MPS/MF n°48, de 12 de fevereiro de 2009. Não havendo razão legal ou fática exposta de modo a permitir a desconstituição daquilo que foi lançado, não há como acolher os inconformismos genericamente expostos pela Recorrente. Conclusão Por todo o exposto, voto por conhecer parcialmente o Recurso Voluntário para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza Fl. 128DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12971.007041/2009-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/1994 a 31/10/1995
LANÇAMENTO POR SOLIDARIEDADE. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
É vedada a apreciação de alegação de inconstitucionalidade. Recurso Voluntário Não Provido.
Numero da decisão: 2201-004.596
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO - Presidente.
(assinado digitalmente)
DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente)
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a apreciação de alegação de inconstitucionalidade. Recurso Voluntário Não Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO Presidente. (assinado digitalmente) DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Dione Jesabel Wasilewski, Douglas Kakazu Kushiyama, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente) Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 97 1. 00 70 41 /2 00 9- 75 Fl. 69DF CARF MF 2 Tratase de recurso voluntário de fls. 48/52, interposto em face da decisão de fls. 41/45, a qual julgou procedente o lançamento do débito, lavrado em 22/06/1998, relativo ao período de 01/1994 a 10/1995. O crédito tributário objeto do presente processo administrativo referese a contribuições previdenciárias incidentes sobre a mão de obra aplicada na construção civil e lançado por solidariedade, pois não foram apresentados à fiscalização as cópias autenticadas das guias de recolhimento específicas referentes às faturas e lançamentos 01/1994 a 10/1995. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 20/24: 1. O crédito constituído por meio da NFLD supra, destinada ao Fundo de Previdência e Assistência Social / FPAS e aos Terceiros de que trata o artigo 94 da Lei 8.212/91, lançado por solidariedade, referese a contribuição previdenciária incidentes sobre mão de obra de serviços de vigilância. Não foram apresentadas à fiscalização as cópias autenticadas das guias de recolhimento específicas referentes às faturas e lançamentos contábeis verificados, motivo pelo qual foi apurado débito no período de 0194 a 1095. 2. Os valores mensais de salário de contribuição foram apurados a partir das faturas de serviços e na contabilidade. na apuração do salário de contribuição foram observados os critérios e procedimentos determinados pela Ordem de Serviço INSS/DAF 83 de 130893. Foi considerado como salário de contribuição: 45% (quarenta e cinco por cento) do valor dos serviços contidos nas faturas de serviços de vigilância, conforme item 7.2 da OS 83 de 130893. Sobre os valores encontrados a título de salário de contribuição foram aplicadas as taxas normais da Empresa, conforme discriminadas no RELATÓRIO DE ALÍQUOTAS APLICADAS NA APURAÇÃO DO DÉBITO que acompanha a notificação de débito. Os prestadores de serviço e os valores relativos aos serviços prestados, bem como a demonstração da origem do débito estão relacionados no RELATÓRIO DE FATOS GERADORES PARA LEVANTAMENTO anexo deste relatório. A fiscalização foi precedida de Termo de Início de Ação Fiscal TIAF emitido em 09/02/1998, cuja cópia acompanhou a NFLD. O contribuinte foi notificado e apresentou impugnação. Da Impugnação O RECORRENTE apresentou sua Impugnação de fls. 32/36. Ante a clareza e precisão didática do resumo da Impugnação elaborada pela Gerência Regional de Arrecadação e Fiscalização, adotase, ipsis litteris, tal trecho para compor parte do presente relatório: Fl. 70DF CARF MF Processo nº 12971.007041/200975 Acórdão n.º 2201004.596 S2C2T1 Fl. 70 3 que, no caso, a obrigação do recolhimento das contribuições é das sociedades contratadas; que a impugnante possui a responsabilidade solidária só na falta do pagamento por parte do contribuinte de fato; que não compete à impugnante deter em seu poder o comprovante de recolhimento; que não há nenhum indício de que a fiscal tenha exigido dos prestadores de serviços a prova do recolhimento exigido; que durante a fiscalização a fiscal verificou o Conta Corrente das prestadoras de serviços, não sendo possível identificar os recolhimentos. Portanto, entende a impugnante, que tais empresas deveriam ser fiscalizadas para apurar se houve o recolhimento ora exigido; que o inciso I, do art. 195, da CF/88, determina que a contribuição social deve ser calculada sobre a folha de salários, o que não ocorreu no caso, visto que o lançamento foi calculado sobre os valores constantes das Notas Fiscais e ou Faturas de Serviços e, que, portanto, o disposto no Título V, da OS n° 165/97, e demais disposições que disciplinam a matéria não podem prevalecer perante o dispositivo da CF citado; que além de inconstitucional, há um outro vício que impede o lançamento, visto que ao mandar aplicar a solidariedade, a Lei n° 8.212/91, através do art. 31, faz exceção ao disposto no art. 23 da mesma lei, que trata das contribuições incidentes sobre o faturamento e o lucro. Por conseguinte, a contratante não é solidariamente responsável pelo pagamento das contribuições sobre o faturamento da empresa executora do serviço; Da Decisão Recorrida Conforme já exposto, o lançamento foi mantido, decisão de fls. 41/45, conforme se verifica da parte final da decisão de fls. 41. CONSIDERANDO que os demais argumentos aduzidos na defesa estão desprovidos de fundamentos; CONSIDERANDO que os fatos geradores foram devida e oportunamente informados; CONSIDERANDO que os autos encontramse devidamente formalizados para Julgamento; RESOLVE: a) Julgar PROCEDENTE o lançamento do débito b) Notificar a empresa, remetendolhe cópia desta Decisão . Do Recurso Voluntário Fl. 71DF CARF MF 4 O RECORRENTE, devidamente intimado da decisão e apresentou o recurso voluntário de fls. 48/52. Em suas razões, reiterou os argumentos da Impugnação, apontando, segundo seu entendimento, erros na decisão, que podem ser apresentadas, em breve síntese: a) não se questiona a solidariedade e sim a prova do recolhimento que serviria para elidir a solidariedade; b) comprovação do pagamento com a apresentação de guias não autenticadas e aplicação da legislação de forma retroativa em beneficio da recorrente; c) erro quanto à base de cálculo, que se utilizou do faturamento e d) possibilidade de reconhecer, na esfera administrativa a constitucionalidade/inconstitucionalidade das leis. O Recorrente apresentou o recurso de forma tempestiva, mas não fez o depósito recursal, de modo que o débito foi inscrito em dívida ativa. Conforme petição da Procuradoria da Fazenda Nacional PGFN determinou se o cancelamento da inscrição do débito em dívida ativa (fls. 63), tendo em vista a edição da Súmula Vinculante nº 21 (e outras decisões) proferida pelo Supremo Tribunal Federal, que declarou a inconstitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 126 da Lei nº 8.213/91. Tendo retornado o presente PAF ao órgão administrativo de origem para prosseguimento, este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Douglas Kakazu Kushiyama Quanto ao mérito do lançamento propriamente dito, conforme questionou a recorrente, o RICARF, em seu artigo 62 veda o afastamento Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Sendo assim, como a própria recorrente alega inconstitucionalidade da base de cálculo escolhida, é vedado o afastamento da aplicação ou deixar de observar lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade, de modo que não merece prosperar este ponto do recurso. Com relação à solidariedade, de fato, nos termos do disposto no artigo 31 da Lei nº 8.212/91 e que vigia ao tempo dos fatos assim dispôs: Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços Fl. 72DF CARF MF Processo nº 12971.007041/200975 Acórdão n.º 2201004.596 S2C2T1 Fl. 71 5 prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 1º Fica ressalvado o direito regressivo do contratante contra o executor e admitida a retenção de importâncias a este devidas para garantia do cumprimento das obrigações desta Lei, na forma estabelecida em regulamento. § 2º Exclusivamente para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com atividades normais da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.1997). § 3º A responsabilidade solidária de que trata este artigo somente será elidida se for comprovado pelo executor o recolhimento prévio das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados incluída em nota fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados, quando da quitação da referida nota fiscal ou fatura. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.032, de 28.4.1995). (grifos nossos) § 4º Para efeito do parágrafo anterior, o cedente da mãode obra deverá elaborar folhas de pagamento e guia de recolhimento distintas para cada empresa tomadora de serviço, devendo esta exigir do executor, quando da quitação da nota fiscal ou fatura, cópia autenticada da guia de recolhimento quitada e respectiva folha de pagamento. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.032, de 28.4.95). Em outros termos, por não comportar benefício de ordem, estáse cobrando, por solidariedade da recorrente o valor do INSS presumido. Por outro lado, o instituto da solidariedade tributária, prevista e regulada pelo Código Tributário Nacional CTN, dispôs da seguinte forma: Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; No caso em tela, o Recorrente não trouxe nenhum documento capaz de infirmar o lançamento de modo que o mesmo deve ser mantido, uma vez que não se comprovou que não deveria ser aplicada a solidariedade ao caso. Com relação à base de cálculo, foi aplicada aquela prevista na legislação para os casos em que não ilidida a solidariedade. CONCLUSÃO Em razão do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 73DF CARF MF 6 (assinado digitalmente) Douglas Kakazu Kushiyama Relator Fl. 74DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.722048/2013-12
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jul 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2013
OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. NULIDADE DA DECISÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
É nulo o acórdão recorrido quando não enfrentar todas as matérias trazidas na impugnação. Levantada, de ofício, omissão do colegiado a quo na análise de matéria impugnada, devese anular o acórdão recorrido por cerceamento do direito de defesa.
Numero da decisão: 1001-000.622
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pelo conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, e em declarar de ofício a nulidade da decisão de 1ª instância, vencido o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que lhe negou provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, quanto à nulidade, uma vez que entendeu que a motivação para a anulação é a inovação dos fundamentos da decisão recorrida.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2013 OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. NULIDADE DA DECISÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. É nulo o acórdão recorrido quando não enfrentar todas as matérias trazidas na impugnação. Levantada, de ofício, omissão do colegiado a quo na análise de matéria impugnada, devese anular o acórdão recorrido por cerceamento do direito de defesa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pelo conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, e em declarar de ofício a nulidade da decisão de 1ª instância, vencido o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que lhe negou provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, quanto à nulidade, uma vez que entendeu que a motivação para a anulação é a inovação dos fundamentos da decisão recorrida. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente)
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1505; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T1 Fl. 2 1 1 S1C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10730.722048/201312 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1001000.622 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 05 de junho de 2018 Matéria Indeferimento de Opção SIMPLES Recorrente SCALA SOCIEDADE CULTURAL LTDA EPP Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. NULIDADE DA DECISÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. É nulo o acórdão recorrido quando não enfrentar todas as matérias trazidas na impugnação. Levantada, de ofício, omissão do colegiado a quo na análise de matéria impugnada, devese anular o acórdão recorrido por cerceamento do direito de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência suscitada pelo conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, e em declarar de ofício a nulidade da decisão de 1ª instância, vencido o conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa, que lhe negou provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, quanto à nulidade, uma vez que entendeu que a motivação para a anulação é a inovação dos fundamentos da decisão recorrida. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 20 48 /2 01 3- 12 Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente) Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 60 a 90) interposto contra o Acórdão nº 0436.172, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande/MS (fls. 51 a 52), que, por unanimidade, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 TERMO DE INDEFERIMENTO DA OPÇÃO AO SIMPLES NACIONAL. EXISTÊNCIA DE DÉBITOS COM A FAZENDA PÚBLICA FEDERAL COM EXIGIBILIDADE NÃO SUSPENSA. A empresa que possui débitos perante a Fazenda Pública Federal e não comprova que sua exigibilidade está suspensa, não pode ingressar no Simples Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " A contribuinte acima qualificada teve o seu pedido de inclusão no Simples Nacional indeferido tendo em vista a existência de 24 (vinte e quatro) débitos previdenciários sendo 11 (onze) da matriz e 13 (treze) da filial, e 03 (três) débitos inscritos em Dívida Ativa da União (PGFN): CSLL inscrição nº 7061102820120, IRPJ inscrição 7021101611405 e COFINS 7061102820201, cuja exigibilidade não estava suspensa, nos termos da Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso V, conforme Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional com data de registro em 04/03/2013 (fls.0910). Apresentou manifestação de inconformidade em 05/03/2013 (fls. 0205) alegando, em síntese, que todos os débitos seriam parcelados. Ocorre que, na data determinada, o sistema da RFB só disponibilizou algumas opções para a consolidação, quando o correto seria a liberação de todos os débitos de acordo com a opção. Dessa forma, possuía débitos no CNPJ da antiga matriz nº 29.866.464/0001 67, que não foram migrados para a base da RFB para serem consolidados. Recorreu, por meio do processo nº 10730.722474/201186, obtendo decisão favorável para que Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 4 3 os débitos não consolidados aguardassem a liberação do módulo de reconsolidação que seria disponibilizado para que fossem incluídos no parcelamento da Lei nº 11.941/99. Porém, após várias tentativas foi informada que o módulo não estava disponível no sistema da RFB/PGFN. Por fim, requereu seu enquadramento no Simples Nacional. Juntou cópias de documentos de fls. 06 e seguintes." Inconformada com a decisão de primeiro grau, que julgou improcedente a sua manifestação de inconformidade, tão somente sob o argumento de que não apresentou CND, a ora Recorrente apresentou Recurso Voluntário reafirmando que comprovou que estava em dia com suas obrigações, e contestando a falta de apreciação de suas razões por parte da DRJ de origem. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme narrado, por ocasião da Manifestação de Inconformidade a Contribuinte alegou que os débitos indicados no Termo de Indeferimento do Simples (fls. 910) já se encontravam regularmente parcelados, conforme requerimento e guias de recolhimento juntadas (fls. 11 a 40). Ainda, a Recorrente explicita que na data da consolidação do referido parcelamento o sistema só havia disponibilizado apenas algumas opções de débitos. E por conta desta falha, os débitos referentes à sua antiga matriz não tinham sido migrados para a base da Receita Federal, portanto, não foram disponibilizados para consolidação no sistema. Contudo, diante deste problema, a Recorrente fez um requerimento administrativo (Proc. Adm. nº 10730.722474/201186) para que todos os seus débitos constassem da consolidação. Tal pedido teria sido deferido, conforme decisão SECATNITERÓI/RJ de fl. 87, determinando que os débitos fossem incluídos no parcelamento por meio de um módulo de reconsolidação que seria disponibilizado pela RFB. Quanto a decisão ora atacada, a DRJ de origem, ao julgar a Manifestação apresentada decidiu, em um voto cuja fundamentação preencheu apenas um único parágrafo, que consignou apenas que a ora Recorrente não trouxe Certidão Negativa de Débitos, o que comprovaria sua regularidade fiscal. Para ilustrar, transcrevo a integralidade do voto: "A manifestação de inconformidade é tempestiva e dela conheço. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 5 4 A interessada argumentou que parte dos débitos que ensejaram o Termo de Indeferimento haviam sido parcelados, conforme os documentos juntados às fls. 11 40, e o restante estava aguardando a liberação do módulo de reconsolidação. Ademais, não trouxe a certidão negativa ou positiva com efeitos de negativa relativa às contribuições previdenciárias e às de terceiros, bem como a certidão conjunta positiva com efeitos de negativa de débitos relativos a tributos federais e à dívida ativa da União, o que comprovaria sua regularidade, nos termos dos arts. 205 e 206 do CTN, pois é a certidão o documento hábil que comprova a regularidade fiscal da empresa. A tentativa de obtêla via internet não surtiu efeito, vez que ali foi certificado que a empresa possui pendências nos sistemas da Receita Federal. Conclusão. Em face do exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, julgo improcedente a manifestação de inconformidade e mantenho o Termo de Indeferimento de Opção ao Simples Nacional por seus próprios fundamentos. É o meu voto." Conforme se extrai da breve decisão, a DRJ de origem não chegou sequer a analisar a documentação trazida pela Recorrente, ou se manifestar quanto a efetiva consolidação ou não do parcelamento alegado. Se limitou a narrar que a Recorrente apresentou documentos e alegações sem emitir qualquer juízo de valor a respeito, focando tão somente na ausência de Certidão Negativa de Débitos. Ao que parece, a DRJ em comento entendeu que a única forma de se comprovar a improcedência do Termo de Indeferimento do Simples, ou, de outra forma, a inexistência de débitos capazes de obstar a opção seria por meio único e exclusivo da apresentação de CND. E neste esteio, uma vez que não apresentada a Certidão, parece ter considerado prejudicada a análise do restante da matéria alegada, incluindo demais documentos de prova. O que justificaria o fato de não ter tecido uma linha sequer sobre a regularidade do parcelamento aderido pela Recorrente, em especial sobre a questão dos débitos autorizados pela SECAT a serem incluídos em reconsolidação. Com o devido respeito à atividade da d. DRJ, discordo de tal entendimento. Primeiramente, a Lei Complementar 123/06 ao tratar das vedações ao ingresso no Simples, em seu art. 17, inciso V, estabelece que a empresa que pretende participar do regime de tributação não pode ter débitos fiscais sem exigibilidade suspensa, como segue: Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: [...] V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; [...] Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 6 5 Nos mesmos termos, regular a Resolução CGSN nº 94/11: Art. 15. Não poderá recolher os tributos na forma do Simples Nacional a ME ou EPP: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 17, caput) [...] XV que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 17, inciso V) [...] Conforme se extraí, ambos os diplomas estabelecem tão somente que a vedação é causada por "possuir débito" para com o INSS ou Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, sem que a exigibilidade esteja suspensa. Notese que em momento algum qualquer um dos diplomas prescreve o dever de apresentar Certidão Negativa de Débitos. Em verdade, a normativa atinente ao regime do Simples trata a questão da regularidade fiscal de forma ampla, se reportando diretamente à existência ou não de débito fiscal sem exigibilidade suspensa. Para fins de Simples, pouco importa se a CND não pode ser expedida por alguma razão específica que não verdadeira existência de débitos exigíveis. Apenas a guisa de exemplo, notese que em alguns casos de parcelamento a emissão de CND pode requerer comparecimento pessoal do interessado em uma unidade de atendimento da respectiva DRF e/ou a conferência mecânica de alguma informação, o que poderia impossibilitar a emissão imediata e/ou por meio da internet, contudo, não significaria que o contribuinte necessariamente estaria com débitos não resolvidos. Outrossim, conforme cediço, o processo administrativo fiscal também se rege pelos princípios do devido processo legal, duplo grau de jurisdição e da ampla defesa. Tais conclusões se extraem da interpretação sistemática dos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXIV são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (...) Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 7 6 LIV ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Confirmando nossas conclusões, temos a lição do ilustre professor James Marins, conforme se faz oportuno transcrever: Princípio da ampla instrução probatória: Do âmago do principio da ampla defesa emerge o direito à produção de provas, ou, mais propriamente, o direito à utilização de todos os meios de provas pertinentes à lide submetida a julgamento administrativo. (...) Esta garantia, consectário insuprimível do conteúdo jurídico do direito à ampla defesa, é conferida expressamente aos litigantes em processo administrativo através do art. 5º, LV, da CF/1988. Não podem, por isso mesmo, a legislação processual administrativa ou o órgão julgador obstaculizar o exercício do direito à prova, sob pena de incidência de cerceamento de defesa(...). Somente a prova ilícita poderá ser legalmente descartada como objeto de apreciação no Processo Administrativo(...). (...) Princípio do duplo grau de jurisdição:A ideia de revisão recursal dos julgamentos administrativos ou judiciais atende a necessidades de qualidade e segurança da prestação estatal julgadora e é imperativo jurídico expresso no art. 5º, lV, da CF/1988. (...) Não pode, União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, instituir, no âmbito de sua competência, a denominada "instância única" para julgamento das lides tributárias deduzidas administrativamente, sob pena de irremediável mutilação da regra constitucional e consequente imprestabilidade do sistema administrativo processual que, por falta de tal requisito constitucional de validade, não servirá para aperfeiçoar a pretensão fiscal impugnada, remanescendo carente de exigibilidade. (MARINS, James. Direito processual tributário brasileiro: administrativo e judicial. 9 ed. São Paulo: RT, 2016, pgs. 198 200.)(Grifouse) Nesta linha, temse duas conclusões importantes para o presente julgado. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 8 7 Primeiramente, o direito à ampla defesa que impende a necessidade de se autorizar ao jurisdicionado o uso amplo de todos os meios de provas lícitas. Conforme as lições supra, não cabe ao julgador administrativo restringir as formas de provas possíveis de serem utilizadas pelo contribuinte, sobretudo quando a própria legislação não o fez. A segunda conclusão reportase ao direito ao julgamento em duas instância do contribuinte. O Administrado não pode ter suas razões julgadas por apenas uma instância processual, sob pena de nulidade do julgamento. Tal circunstância se encontra expressa no Inciso II do Art. 59 do Decreto 70.235, como segue: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.(Grifouse) Diante destas considerações, parece claro que no caso em tela, de forma alguma poderia a autoridade julgadora de primeira instância, ou até mesmo a autoridade fiscal, restringir as formas em que a Recorrente poderia comprovar os seu direito, como o fez. Por tanto, afasto o entendimento adotado pela decisão de piso de que apenas a apresentação da CND seria prova hábil a demonstrar a inexistência de débitos para fins de opção do Simples. Ocorre que a DRJ de origem, ao entender que a não apresentação de CND seria suficiente para negar provimento à Manifestação de Inconformidade, deixou efetivamente de analisar os argumentos e documentos apresentados pela Contribuinte por considerálos prejudicados. Uma vez que tal entendimento foi afastado, restou um "vácuo" jurisdicional, há matérias alegadas e provas apresentadas pela Contribuinte que carecem de apreciação pela primeira instância administrativa. Conforme já demonstrado, tal circunstância fere o princípio constitucional do duplo grau de jurisdição e da ampla defesa, tornado o respectivo acórdão de piso nulo. Tal entendimento já se encontra sedimentado na jurisprudência deste Conselho: OMISSÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. NULIDADE DA DECISÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. É nulo o acórdão recorrido quando não enfrentar todas as matérias trazidas na impugnação. Levantada, de ofício, omissão do colegiado a quo na análise de matéria impugnada, devese anular o acórdão recorrido por cerceamento do direito de defesa. (Processo: 10410.721329/201281. 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. 4 de outubro de 2017) Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 9 8 OMISSÃO DO JULGAMENTO. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. É nulo, por preterição do direito de defesa, o Acórdão referente ao julgamento de primeira instância que deixa de se manifestar sobre matéria impugnada (argumento autônomo) capaz de, em tese, culminar no cancelamento, mesmo que parcial, do auto de infração. (Processo: 15983.720040/201517. 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária. 24 de maio de 2017.) CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. A falta de apreciação pela autoridade julgadora de primeira instância e razões de defesa apresentadas na impugnação constitui preterição do direito de defesa da parte, ensejando a nulidade da decisão assim proferida, "ex vi" do disposto no art. 59, item II, d o Decreto n.° 70.235/72. (Processo n.º 10880.038405/8901. 17/09/2002). Diante de todos os argumentos e fatos aqui expostos, temse claramente que o acórdão de primeira instância deve ser anulado em razão da omissão do tribunal a quo quanto a análise das razões e provas trazidas pela Contribuinte. Como consequencia, os autos devem ser baixados para que a DRJ de origem realize novo julgamento, desta vez superando a questão da ausência de apresentação de CND e analisando todos os argumentos e prova trazidas aos autos, afim de se resguardar o direito constitucional à ampla defesa e ao duplo grau de jurisdição. Em face a todo o exposto, VOTO por RECONHECER A NULIDADE do Acórdão nº 0436.172 da 2ª Turma da DRJ de Campo Grande/MS, devendo o processo ser baixado para novo julgamento, nos termos acima. É como voto. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10730.722048/201312 Acórdão n.º 1001000.622 S1C0T1 Fl. 10 9 Fl. 199DF CARF MF
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