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Numero do processo: 10783.903920/2012-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO.
Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
Numero da decisão: 9101-002.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 39 20 /2 01 2- 17 Fl. 285DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 286 2 Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida (destaques do original): Versa este processo sobre restituição/compensação. A DRF/Vitória, através do Despacho Decisório nº 022.392.808 (fl. 2), reconheceu parte do direito creditório pleiteado pelo interessado (saldo negativo de IRPJ, ano calendário de 2006), que foi insuficiente para homologar integralmente todos os débitos por ele informados, razão pela qual homologou parcialmente/não homologou as DCOMP que relaciona. O despacho decisório contém a seguinte fundamentação: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 37.807.761,90 Valor na DIPJ: R$ 37.807.761,91 Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$ 56.921.409,17 IRPJ devido: R$ 19.113.647,26 Valor do saldo negativo disponível = (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ) – (IRPJ devido) limitado ao menor valor entre o saldo negativo DIPJ e PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: R$ 9.173.400,20 O interessado, cientificado em 16/05/2012 (fl. 17), apresentou, em 14/06/2012, a manifestação de inconformidade de fls. 18/25. Na referida peça, alega, em síntese, que: durante o anocalendário de 2006, apurou IRPJ mensalmente, através de balancetes de redução e suspensão, sendo os valores pagos através de compensação planilha à fl. 19; de acordo com o entendimento da autoridade administrativa, algumas compensações não foram homologadas (valor não Fl. 286DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 287 3 homologado: R$ 28.634.307,69), o que não legitimaria os recolhimentos antecipados planilha às fls. 20/21; assim, só teria disponível R$ 9.173.400,20; no quadro às fls. 21/22, relaciona os processos administrativos onde discute a regularidade das compensações realizadas; se a exigibilidade do crédito está suspensa, não há cobrança que possa ser feita – cita jurisprudência; as compensações, ainda que não homologadas, estão sendo discutidas, seja pela apresentação de manifestação de inconformidade, seja pela apresentação de recurso voluntário; existe uma relação de prejudicialidade entre o caso em tela e os processos relacionados, devendo haver a suspensão do julgamento. Em decisão de fls. 71, a DRJ/RJ, trouxe os seguintes fundamentos: i) não é possível o sobrestamento do processo administrativo, visto que o PAF não prevê, como faz o processo civil, a possibilidade de sobrestar qualquer decisão, em razão de análise que deva ser proferido por outrem em caráter prejudicial; ii) todas as compensações de estimativas, assinaladas como não confirmadas no Despacho Decisório, foram indeferidas em decisões que, muito embora atacadas, permanecem válidas enquanto outra não as reforme, seja na esfera administrativa ou em juízo. Ao final, a DRJ concluiu que não restou comprovada a existência de crédito líquido e certo contra a Fazenda Pública, diverso do já reconhecido no Despacho Decisório, negando provimento à manifestação de inconformidade. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário de fls. 101, por meio do qual aduz o seguinte: i) grande parte do valor não homologado referese a questionamento da autoridade administrativa acerca da quitação de algumas antecipações mensais de IRPJ, durante o anobase 2006, através de compensações, e que o art. 170 do CTN e art. 74, § 2º, do CTN, trazem previsão de que a compensação é forma de extinção do crédito tributário; ii) na impossibilidade de sobrestamento do presente processo até o julgamento dos demais processos administrativos onde se discute as compensações das estimativas efetuadas em 2006, deve ser determinado o apensamento dos autos para que sejam julgados em conjunto. Ao julgar o recurso, a Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 1201001.056, de 30 de julho de 2014, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 288 4 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. APROVEITAMENTO DE SALDO NEGATIVO COMPOSTO POR COMPENSAÇÕES ANTERIORES. POSSIBILIDADE. A compensação regularmente declarada tem o efeito de extinguir o crédito tributário, equivalendo ao pagamento para todos os fins, inclusive para fins de composição de saldo negativo. Na hipótese de não homologação da compensação que compõe o saldo negativo, a Fazenda poderá exigir o débito compensado pelas vias ordinárias, através de Execução Fiscal. A glosa do saldo negativo utilizado pela ora Recorrente acarreta cobrança em duplicidade do mesmo débito, tendo em vista que, de um lado terá prosseguimento a cobrança do débito decorrente da estimativa de IRPJ não homologada e, de outro, haverá a redução do saldo negativo, gerando outro débito com a mesma origem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Inconformada, a Fazenda Nacional apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que os créditos pleiteados neste feito se encontram sob discussão em diversos outros processos administrativos, o que afasta, por completo, a certeza e liquidez do direito creditório alegado; b) que, na hipótese de sobrevir decisão administrativa definitiva favorável ao contribuinte interessado, esse poderia valerse da transmissão de nova PER/DCOMP, pois, aí sim, os créditos gozariam, se reconhecidos por decisão administrativa irrecorrível, dos atributos de liquidez e certeza exigidos pela lei; c) que a demonstração da existência de crédito líquido e certo deve ser feita desde o momento da apresentação da declaração de compensação, sob pena de desrespeito à própria natureza do instituto da compensação; d) que declaração de compensação apresentada sem que o respectivo crédito que a lastreie seja comprovado desde logo, vindo apenas a ocorrer em momento posterior (no caso, a depender de decisão administrativa definitiva no âmbito dos demais processos administrativos), não pode ser aceita, uma vez que constitui inovação à lide sendo situação nova que não estava em discussão quando da análise inicial da existência do crédito; e) que, logo, a decisão de primeira instância não merece qualquer reparo, pois analisando PER/DCOMP que indicava suposto crédito que não goza dos atributos de liquidez e certeza, uma vez que é objeto de outro processo administrativo cujo julgamento se encontra pendente, manteve a decisão pela nãohomologação de plano das compensações postuladas pelo contribuinte interessado; f) que a arguição do interessado no sentido de que a decisão proferida neste processo deveria aguardar o trâmite dos processos acima citados, queda desamparada: primeiro, porque não há, na legislação de regência, previsão para o rito pretendido; segundo, porque, já a partir do despacho exarado pela Delegacia da Receita Federal, temse a circunstância de que os créditos lá postulados careciam dos atributos de liquidez e certeza, em Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 289 5 face do que não poderiam, à luz do art. 170 do Código Tributário Nacional, ser utilizados na compensação de débitos neste ou em qualquer processo; g) que o rito processual cabível é o constante na Lei nº 9.430/96 (arts. 73 e 74), não cabendo a suspensão do processo nos termos do art. 265 do CPC; h) que, relativamente à discussão do crédito, é cediço que não cabe a sua apreciação no presente processo, tendo em vista não fazer parte da lide; i) que tal matéria deve ser apreciada no processo administrativo onde se analisam as respectivas PER/DCOMP; j) que, nesse contexto, é possível concluir que o “mérito” do pedido já foi analisado e decidido pela autoridade fiscal e pela DRJ de origem: não homologar as compensações pleiteadas, em virtude da ausência de créditos líquidos e certos; k) que não pode o contribuinte valerse de suspensão/sobrestamento ou mesmo do julgamento imediato do presente feito com o fim de utilizar, de forma válida e legítima, PER/DCOMPs transmitidas quando não havia créditos líquidos e certos, ainda que, o que se admite apenas para argumentar, decisão administrativa irrecorrível a ser proferida nos autos dos demais processos, lhe seja favorável; l) que o encontro de contas deve ser analisado no momento da transmissão da DCOMP; m) que, caso sobrevenha decisão administrativa irrecorrível nos demais processos administrativos que lhe seja favorável, reconhecendo total ou parcialmente, a existência do crédito indicado na DCOMP tratada neste feito, o procedimento a ser adotado é a transmissão de novas PER/DCOMPs, indicando aqueles mesmos créditos, no montante definitivamente reconhecido; n) que não há como transmitir PER/DCOMPs sob a condição de que os créditos ali indicados venham a existir ou venham a gozar dos atributos de liquidez e certeza em momento posterior; o) que não se admite, no nosso sistema, PER/DCOMPs condicionais, isto é, PER/DCOMPs transmitidas, sendo que os créditos ainda não líquidos e certos poderão gozar desses atributos em momento posterior, em razão do reconhecimento do crédito discutido em outro feito, situação que poderá ocorrer ou não; p) que, quanto à Solução de Consulta Interna COSIT nº 18/2006, a que se reporta o acórdão recorrido, cabe destacar que tal ato administrativo não vincula o CARF e, como exposto, as estimativas objeto de compensações não homologadas não se revestem da certeza necessária para integrar direito creditório utilizado em compensação extintiva do crédito tributário; q) que não se pode cogitar que uma solução de consulta que sequer tem o contribuinte in casu como interessado/consulente possa se sobrepor a determinações legais que regem a compensação; e r) que, logo, sob qualquer ótica que se vislumbre a questão, é forçoso concluir que o acórdão hostilizado merece reforma, devendo ser restabelecida a decisão de primeira instância. O recurso especial foi admitido pelo presidente da Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 290 6 Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que discorda veementemente da posição adotada pela PGFN, uma vez que pretende criar limitações não existentes na legislação fiscal e, com isso, inviabilizar por completo a utilização de estimativas mensais compensadas na composição do saldo negativo de IRPJ do período; e b) que tal pretensão não só é contrária à legislação fiscal, mas diametralmente divergente das orientações da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit), por meio da Solução de Consulta Interna nº 18/2006, e da própria CoordenaçãoGeral de Assuntos Tributários da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/CAT nº 88/2014. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou comprovada e, por isso, conheço do especial. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese ao cabimento, ou não, da glosa de estimativas cobradas em Declaração de Compensação na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado em Declaração de Informações Econômico fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Tratase de matéria atualmente pacificada tanto no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), quanto da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), como segue: Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit n° 18, de 13 de outubro de 2006: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. PARECER PGFN/CAT/Nº 88/2014: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei no 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. Assim, não procedem eventuais insurgências da recorrente contra o teor do contido na Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit nº 18, de 2006. Da mesma forma, é este o entendimento desta CSRF, conforme se observa a seguir: Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 291 7 Acórdão CSRF nº 9101002.093, de 21 de janeiro de 2015: IRPJ SALDO NEGATIVO ESTIMATIVA APURADA PARCELAMENTO COMPENSAÇÃO CABIMENTO. Descabe a glosa na composição do saldo negativo de IRPJ de estimativa mensal quitada por compensação, posteriormente não homologada e cujo valor foi incluído em parcelamento especial. Do referido aresto, transcrevo o trecho a seguir (destaque do original): A situação é análoga à das estimativas quitadas por compensação declarada após a vigência da MP 135/2003 (com caráter de confissão de dívida) e não homologadas. Para esses casos, exatamente em razão de as estimativas quitadas por compensações não homologadas estarem confessadas, a Secretaria da Receita Federal expediu orientação no sentido de não caber a glosa na apuração do saldo negativo apurado na DIPJ. Esclarece a Solução de Consulta Interna nº 18/2006: “(...) Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ.” A incerteza sobre essa orientação, gerada pelos pronunciamentos da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio dos Pareceres PGFN/CAT nº 1658/2011 e 193/2013, no sentido de impossibilidade de inscrição na dívida ativa dos débitos correspondentes às estimativas não pagas, foi superada com o Parecer PGFN/CAT/nº 88/2014, no sentido de, verbis: “(...) legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo a substituição da estimativa pelo imposto de renda.” Portanto, é induvidoso que, em se tratando de estimativas objeto de compensação não homologada, mas que se encontram confessadas, quer por Declarações de Compensação efetuadas a partir da vigência da Medida Provisória nº 135/2003 (31/10/2003), quer por parcelamento, os respectivos valores devem ser computados no saldo negativo do anocalendário, porque serão cobrados através do instrumento de confissão de dívida. Também relevante o posicionamento expresso no voto condutor decido à unanimidade pela 1a T. da 2a Ca. da 1a Seção do CARF no Acórdão nº 1201001.054, de 30 de julho de 2014, abaixo transcrito (fls.169170): Ora, temos aqui uma situação gravosa sendo imposta a ora Recorrente. Isso porque, temos, de um lado, processos administrativos relacionados a não homologação/homologação parcial das compensações efetuadas para fins de liquidação dos débitos de estimativa que passaram e compor o saldo negativo Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 292 8 do ano de 2004 e, de outro, o presente processo, por meio do qual a Fiscalização e a DRJ entendem que a estimativas em discussão não devem compor o saldo negativo utilizado pelo Recorrente, reduzindo o crédito utilizado, fazendo remanescer um débito em aberto. Assim, caso entendêssemos no presente processo que tais estimativas, extintas por compensações (em discussão administrativa) devem ser desconsideradas para fins de composição do saldo negativo do respectivo período e, nos demais processos, a Recorrente venha a ter uma decisão desfavorável, teríamos uma cobrança em duplicidade dos respectivos valores. Isso porque, a Recorrente seria chamada a pagar as estimativas indevidamente compensadas, com os devidos acréscimos legais ao mesmo tempo em que seria obrigada também, a pagar os débito liquidados através do aproveitamento do saldo negativo do período. A não homologação das compensações vinculadas às estimativas de IRPJ e CSLL tem determinado, em efeito cascata, o não reconhecimento dos saldos negativos apurados ao final do exercício, o que vem causando um verdadeiro imbróglio processual. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10670.004853/2008-47
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Normas gerais de direito tributário
Ano calendário: 2003
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. FRAUDE. PRAZO REGIDO PELO ARTIGO 173, INCISO I DO CTN .
Comprovada a ocorrência de fraude, dolo ou simulação, o termo inicial de contagem do prazo decadencial é regido pelo artigo 173, inciso I do CTN, conforme decidido pelo STJ sob o regime dos recursos repetitivos.
LANÇAMENTO. NULIDADE. PROVA EMPRESTADA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. LANÇAMENTOS APARTADOS.
Procedimento fiscal que respeitou os requisitos formais e permitiu amplo exercício do direito de defesa. Nulidade não reconhecida.
LUCRO ARBITRADO. ESCRITURAÇÃO DEFICIENTE. UTILIZAÇÃO DE LIVROS DE APURAÇÃO DO ICMS. POSSIBILIDADE.
Correto o arbitramento do lucro nas hipóteses de escrituração incompleta.
MULTA QUALIFICADA. OCORRÊNCIA DE FRAUDE. CABIMENTO.
Comprovada a ocorrência de fraude, caracterizada pela falsidade das declarações apresentadas, cabível a aplicação de multa qualificada. Preliminares Rejeitadas.
Recursos Voluntários Negado Provimento.
Numero da decisão: 1402-000.537
Decisão: Acordam os membros do colegiado, maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário dos coobrigados, vencido o Cons. Moises Giacomelli Nunes da Silva; por unanimidade de votos rejeitar as preliminares de decadência e de nulidade, e no mérito, negar provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo. Tudo nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Carlos Pelá
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LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. FRAUDE. PRAZO REGIDO PELO ARTIGO 173, INCISO I DO CTN . Comprovada a ocorrência de fraude, dolo ou simulação, o termo inicial de contagem do prazo decadencial é regido pelo artigo 173, inciso I do CTN, conforme decidido pelo STJ sob o regime dos recursos repetitivos. LANÇAMENTO. NULIDADE. PROVA EMPRESTADA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. LANÇAMENTOS APARTADOS. Procedimento fiscal que respeitou os requisitos formais e permitiu amplo exercício do direito de defesa. Nulidade não reconhecida. LUCRO ARBITRADO. ESCRITURAÇÃO DEFICIENTE. UTILIZAÇÃO DE LIVROS DE APURAÇÃO DO ICMS. POSSIBILIDADE. Correto o arbitramento do lucro nas hipóteses de escrituração incompleta. MULTA QUALIFICADA. OCORRÊNCIA DE FRAUDE. CABIMENTO. Comprovada a ocorrência de fraude, caracterizada pela falsidade das declarações apresentadas, cabível a aplicação de multa qualificada. Preliminares Rejeitadas. Recursos Voluntários Negado Provimento. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 2 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário dos coobrigados, vencido o Cons. Moises Giacomelli Nunes da Silva; por unanimidade de votos rejeitar as preliminares de decadência e de nulidade, e no mérito, negar provimento ao recurso voluntário do sujeito passivo. Tudo nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Carlos Pelá Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Jaci de Assis Junior, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o contribuinte acima identificado e seus sócios, na qualidade de sujeitos passivos solidários, tendo em vista que o contribuinte não apresentou a escrituração contábil exigida por lei. O Termo de Verificação Fiscal está bem detalhado e tem a seguinte conclusão: Diante do exposto e considerando que os livros fiscais, registro de entradas, registro de saídas, registro de inventário e registro de apuração do ICMS não são confiáveis, visto não possuírem registro nos órgãos competentes e nem mesmo assinaturas dos responsáveis pela empresa e nem do contador; e os livros diários e razão são ainda mais contraditórios e por não ter apresentado os comprovantes que lastreiam despesas elevadas no decorrer do ano calendário, não nos parece merecer fé os lançamentos neles contidos; e ainda considerando que a contribuinte foi selecionada levando em conta que nada declarou à SRF, no ano de 2003, informando receita bruta igual a zero, visto que do valor de R$34.426.784,54 declarados ao Estado, nada foi informado à RFB a título de faturamento da empresa no ano calendário de 2003 nem na DIPJ e nem nas DCTF apresentadas, podendo se dizer em branco, e ainda considerando que a contribuinte não comprovou os custos e despesas pela falta de apresentação de documentos que lastreiam os lançamentos constantes dos livros contábeis, cuja fidelidade são imprescindíveis para se proceder à apuração do lucro real, entendemos ser de bom grado utilizar os dados extraídos dos sistemas da SEF e mais o relatórios apresentados para fins de lançamento do imposto de renda e seus reflexos, no ano calendário de 2003, consoante os dispositivos legais a seguir mencionados: Fl. 2DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 3 3 Constata a deficiência da escrituração, foram lavrados os autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Transcrevo a seguir o relatório da DRJ: Relatório Contra a contribuinte acima identificada foram lavrados os Autos de Infração de fls. 02/33, que lhe exigem um crédito tributário de R$ 13.564.030,87, com juros de mora calculados até 30/09/2008, assim discriminado: Auto de Infração 1 Valor (R$) IRPJ 4.501.398,98 PIS/Pasep 1.247.340,87 CSLL 2.058.584,97 Cofins 5.756.706,05 TOTAL 13.564.030,87 Na "Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is)" constante do Auto de Infração de IRPJ, o fiscal autuante relatou o seguinte: "Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, efetuamos o presente Lançamento de Oficio, nos termos do art. 926 do Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda 1999), tendo em vista que foram apuradas as infração(ões) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. Razão do arbitramento no(s) período(s): 03/2003 06/2003 09/2003 12/2003 Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte notificado a apresentar os livros e documentos da sua escrituração, conforme Termo de Inicio de Fiscalização e termo(s) de intimação em anexo, deixou de apresentálos. (...) RECEITAS OPERACIONAIS (ATIVIDADE NÃO IMOBILIÁRIA) REVENDA DE MERCADORIAS Valor apurado conforme Termo de Verificação Fiscal e Planilhas os quais passam a fazer parte integrante deste Auto de Infração. (...) Os lançamentos de CSLL, PIS/Pasep e Cofins são reflexos da autuação relativa ao IRPJ. Foi aplicada a multa qualificada no percentual de 150% sobre o imposto e as contribuições exigidas e formalizada representação fiscal para fins penais por meio do processo n.° 10670.004853/200847. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 4 4 Conforme Termos de Sujeição Passiva Solidária (fls. 1.550/1.553), com fundamento no art. 124 do CTN, foram incluídos no pólo passivo da relação tributária, na condição de responsáveis tributários, os senhores: OSVALDO SALDANHA DE ALMEIDA, CPF 139.874.37634; JOSÉ JAIME SALDANHA, CPF 648.724.32134; WILDA OLIMAK SALDANHA, CPF 784.476.74649; WENDER SALDANHA DA FONSECA, CPF 451.543.17220. Cientificados os sujeitos passivos (fls. 1.560/1.563), estes apresentaram impugnação às fls. 1.734/2.060, na qual, consoante os argumentos ali aduzidos, ao final pediram: W.A. ATACADISTA DE CEREAIS E DISTRIBUIDORA LTDA. "1) preliminarmente, seja autorizada o Aditamento da presente Impugnação, conforme descrito no subitem 3.1, sob pena de cerceamento de direito de defesa; 2) seja reconhecida a nulidade do Auto de Infração ora guerreado, posto que deveria ter sido formalizado um lançamento para cada tributo, ex vi do Artigo 9° do Decreto n.° 70.235/72. Alternativamente, requer: I) seja reconhecida a nulidade do lançamento fiscal em relação à COFINS, à CSLL e ao PIS, posto que esses tributos não foram indicados no Mandado de Procedimento Fiscal; 2) extinção dos créditos tributários referentes aos fatos geradores ocorridos no período de 01/01/2003 a 31/10/2008, posto que foram atingidos pela decadência; 3) caso não seja anulado e/ou cancelado o Auto de Infração pelos motivos acima lançados, seja reduzida a penalidade aplicada, nos moldes acima propostos, por se tratar de imperativo de ordem legal, constitucional e de Justiça! OSVALDO SALDANHA DE ALMEIDA, JOSÉ JAIME SALDANHA, WILDA OLIMAK SALDANHA, WENDER SALDANHA DA FONSECA: Em face de todo o exposto, requer seja julgada procedente a presente IMPUGNAÇÃO, para que seja excluída a responsabilidade tributária do Impugnante referente ao crédito objeto do Auto de Infração n°10670.004853/200847, com o conseqüente cancelamento e/ou anulação do Auto de Infração, por se tratar de imperativo de ordem legal, constitucional e de Justiça. Para instrução deste processo, anexei às fls. 2.068/2.071 extratos relativos aos endereços cadastrados nos CPFs de Wender Saldanha da Fonseca e Osvaldo Saldanha de Almeida. É o relatório. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 5 5 No seu voto, a DRJ entendeu por bem, não acatar a preliminar de tempestividade e não conhecer das impugnações dos interessados Wender Saldanha da Fonseca e Osvaldo Saldanha de Almeida. Afastar do pólo passivo os interessados José Jaime Saldanha e Wilda Olimak Saldanha; indeferir o pedido para aditar novas provas à impugnação e rejeitar as preliminares de nulidade dos autos de infração e de decadência, mantendo integralmente o crédito tributário lançado. Contra a decisão da DRJ, os responsáveis Wender Saldanha Fonseca, Osvaldo Saldanha de Almeida e o Contribuinte apresentaram Recurso Voluntário. Os responsáveis apresentam petições semelhantes, em que requerem a reforma da decisão da DRJ, que reconheceu serem intempestivas suas impugnações, uma vez que ambos foram intimados por via postal, com aviso de recebimento, nos endereços fiscais declarados. Eles, por sua vez, argumentam que as correspondências foram recebidas por pessoas desconhecidas, conforme folhas 1559 e 1560. O Contribuinte, por sua vez, apresenta Recurso Voluntário, em que alega ser NULO o auto de infração, uma vez que utilizouse de prova emprestada, no caso as informações foram obtidas de documentos obtidos junto ao FISCO ESTADUAL de MG. Alega ainda nulidade do auto de infração, pois entende que é necessário um auto para cada tributo exigido. Defende ainda ser nulo o auto, uma vez que o mandado de procedimento fiscal autorizava apenas a fiscalização do IRPJ e não dos demais tributos lançados. Pede também seja reconhecida a decadência do direito de lançar IRPJ E CSLL apurado pelo regime de lucro arbitrado, tendo em vista que o lançamento data de 06/11/2008 e os fatos ocorreram durante o ano de 2003. Por fim, pede a redução da multa qualificada em razão dos princípios do não confisco, da Proporcionalidade e da Razoabilidade. É o relatório. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 6 6 Voto Conselheiro Carlos Pelá, Relator. Conheço dos Recursos Voluntários por serem tempestivos, atendem aos requisitos de admissibilidade e por conter matéria de competência deste Conselho. Inicialmente, detenhome na análise dos recursos interpostos pelos responsáveis tributários. Conforme se nota das folhas 1559 e 1560, a intimação dirigida ao responsável Wender Saldanha da Fonseca foi recepcionada por pessoa denominada Elizabeth da Silva Marra e a dirigida ao responsável Osvaldo Saldanha de Almeida por uma pessoa denominada Widglan P. Carneiro. Segundo os responsáveis, seriam estas pessoas desconhecidas, de modo que eles não tomaram conhecimento da intimação. Apenas após a publicação do edital de intimação é que tomaram conhecimento da autuação. Na sua decisão, a DRJ sustenta que as intimações foram entregues nos endereços dos interessados, sem qualquer outra consideração. De acordo com o artigo 23, inciso II, do Decreto n. 70.23572, com a redação dada pela Lei n. 9.532/97, a intimação ser fará pela via postal no domicílio tributário do sujeito passivo e se considerará válida se efetivamente recebida neste endereço, ainda que por terceiros. Considerando ser obrigação do contribuinte manter atualizado seu endereço junto à Receita federal. Presumese, portanto, que o endereço do contribuinte é aquele declarado, fato que não foi questionado pelos recorrentes. Devese, portanto, negar provimento aos recursos apresentados pelos responsáveis tributários. O recuso apresentado pelo contribuinte atende as condições de admissibilidade. Dele conheço. O contribuinte, em seu recurso, repete as alegações já lançadas na sua impugnação. A decisão da DRJ enfrentou cada um dos argumentos apresentados pelo contribuinte de forma bastante precisa. Vejamos como a DRJ decidiu: 3 — Procedimento Fiscal Embora reconheça ser cabível a utilização de prova emprestada no contencioso administrativo, a contribuinte sustentou que essas provas não foram obtidas de forma regular no presente caso. Nesse sentido, afirmou que "as informações contidas no referido Relatório não foram obtidas em procedimento de fiscalização devidamente instaurado, ou seja, não foi respeitado o princípio do contraditório" e que "pretende, mediante processo judicial competente, comprovar a ilegalidade ocorrida na obtenção de provas que ensejaram a autuação fiscal em cotejo", oportunidade na qual aditará a impugnação apresentada. Em suma, a contribuinte quer que sejam desconsideradas neste processo as provas emprestadas do Fisco Estadual de Minas Gerais, sobre pretexto de que elas foram irregularmente obtidas pelo Estado. Ocorre que ela não trouxe qualquer prova, ou mesmo indício, que pudesse demonstrar a razoabilidade de seu argumento. Já a autoridade lançadora relatou, no TVF e na Solicitação de Autorização para Arbitramento do Lucro, a existência de processos administrativos tributários Fl. 6DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 7 7 contra a contribuinte, que foram julgados pelo Conselho de Contribuintes da Secretaria de Fazenda de Minas Gerais — SEF/MG. Segundo o relato fiscal, as provas foram trazidas ao presente processo em face de convênios celebrados entre a SEF/MG e a RFB e de autorização da Justiça Estadual. Destaco que foram emprestadas as provas e não as conclusões de outros processos, como quis fazer crer a impugnante. Foram de tais provas, colacionadas aos autos a partir da fl. 260, que o fiscal autuante retirou suas conclusões. A título de exemplo, cito o Relatório 324 — ABC Venda por Período v.8.01, pelo qual a empresa faturou R$ 59.252.833,42 no anocalendário de 2003, já descontadas as devoluções de vendas, embora nada tivesse declarado à RFB. Quanto ao pedido da contribuinte para aditar novas provas à sua impugnação, no intuito de comprovar a ilegalidade da autuação fiscal, segundo os arts. 15 e 16, III, do Decreto n.° 70.235/72, o sujeito passivo deve aduzir na impugnação as razões e provas que possuir. A apresentação de prova documental posterior é vedada pelo § 4° do art. 16 do Decreto n.° 70.235/72, a menos que fiquem demonstradas as hipóteses ali descritas, o que no caso a contribuinte não logrou fazêlo. Ademais, até a presente data a impugnante não aduziu qualquer prova adicional, não lhe socorrendo, assim, a jurisprudência citada na impugnação. Dessa forma, deve ser indeferido tal pedido. A contribuinte pediu ainda a nulidade do feito fiscal, tendo em vista "que foi lavrado apenas o Auto de Infração N° 10670.004853/200847". Equivocouse nesse ponto a impugnante, ao confundir o auto de infração em si com o correspondente processo administrativo fiscal de exigência do crédito tributário. O exame das fls. 02/33 evidencia que a autoridade lançadora lavrou autos de infração distintos para cada imposto ou contribuição, os quais são objeto deste processo, de n.° 10670.004853/200847. Esse procedimento está em conformidade com a legislação processual de regência, transcrita abaixo: Decreto n.° 70.235/72: Art.9) A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Medida Provisória n° 449, de 2008) Par unico. Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. (Redação dada pela Lei n° 11.196, de 2005) [..] Portaria RFB n.° 666, de 24/4/2008, que dispõe sobre formalização de processos relativos a tributos administrados pela RFB: Art. 12 Serão objeto de um único processo administrativo: I as exigências de crédito tributário do mesmo sujeito passivo, formalizadas com base nos mesmos elementos de prova, referentes: a) ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e aos lançamentos dele decorrentes relativos à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ao Fl. 7DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 8 8 Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), à Contribuição para o PIS/Pasep ou à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); [..] Na espécie também não há o alegado vício formal quanto ao Mandado de Procedimento Fiscal — MPF. Segundo o art. 2° da Portaria SRF n° 6.087/2005, então em vigor, o procedimento de fiscalização é instaurado pelo Mandado de Procedimento Fiscal — Fiscalização (MPFF). No caso, embora o MPFF de fl. 54 refirase à fiscalização do IRPJ, isto não obsta os lançamentos reflexos das contribuições constantes destes autos, conforme deixa claro o art. 92. da Portaria SRF n° 6.087/2005: Art. 92 Na hipótese em que infrações apuradas, em relação a tributo ou contribuição contido no MPFF ou no MPFE, também configurarem, com base nos mesmos elementos de prova, infrações a normas de outros tributos ou contribuições, estes serão considerados incluídos no procedimento de fiscalização, independentemente de menção expressa. Ademais, conforme vem decidindo reiteradamente a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, por se constituir em mero instrumento de controle administrativo, o MPF não interfere na legitimidade do lançamento, que decorre de atividade vinculda e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142 do C1N). A titulo exemplificativo, trago manifestações da 1' e da 2' Turma da CSRF que corroboram esse entendimento: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MPF. NULIDADE. Descabea argüição de nulidade quando se verifica que o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente para fazêlo e em consonância com a legislação vigente. O MPF é mero instrumento de controle da atividade de fiscalização no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de modo que eventual irregularidade na sua expedição, ou nas renovações que se seguem, não acarreta a nulidade do lançamento. [Ac. CSRF/02 02.543, sessão de 22/01/2007]. É de ser rejeitada a nulidade do lançamento, por constituir o Mandado de Procedimento Fiscal elemento de controle da administração tributária, não influindo na legitimidade do lançamento tributário. [Ac. CSRF/0202.509, sessão de 17/10/2006].recurso "ex officio" — MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL — MPF. O Mandado de Procedimento Fiscal instituído pela Port. SRF n° 1.265, de 22/11/99, é um instrumento de planejamento e controle das atividades de fiscalização, dispondo sobre a alocação da mãodeobra fiscal, segundo prioridades estabelecidas pelo órgão central. Não constitui ato essencial à validade do procedimento fiscal de sorte que a sua ausência ou falta da prorrogação do prazo nele fixado não retira a • competência do auditor fiscal que é estabelecida em lei (art. 7° da Lei n° 2.354/54 c/c o Dec.lei n° 2.225, de 10/01/85) para fiscalizar e lavrar os competentes termos. A inobservância da mencionada portaria pode acarretar sanções disciplinares, mas não a nulidade dos atos por ele praticados em cumprimento ao disposto nos arts 950, 951 e 960 do RIR/94. 142 do Código Tributário Nacional. O MPF, todavia, é essencial à validade do lançamento quando efetuado com fundamento na Lei Complementar n° 105/2001 Lei 9.311/96, art. 11, § 3°, nova redação dada pelo art. 1° da Lei 10.174, de 09.01.2001, e Decreto n 3.724, de 10.01.2001, por se tratar de normas formais ou procedimentais que ampliam o poder de fiscalização com aplicação imediata, alçando fatos pretéritos, consoante o Fl. 8DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 9 9 disposto no artigo 144, § 1°, do Código Tributário Nacional. [Ac. CSRF/0105.330, sessão de 05/12/20051 DESCUMPRIMENTO DA PORTARIA SRF 3007/2001 — NULIDADE — O desrespeito à previsão de indicação no período fiscalizado e autuado não implica na nulidade dos atos administrativos posteriores, porque Portaria do Secretário da Receita Federal não pode interferir na investidura de competência do AFRF de fiscalizar e promover lançamento; ademais, o descumprimento de algum item do art. 7 da Portaria SRF 3007/2001 não traz como consequência a nulidade do ato. lAc. CSRF/0105.558, sessão de 04/12/20061 Dessarte, não prosperam as preliminares de nulidade do lançamento levantadas pela contribuinte, uma vez que o lançamento foi lavrado por autoridade competente, atendeu aos requisitos formais e possibilitou ao sujeito passivo o pleno exercício do direito de defesa. 4 Decadência A contribuinte argumentou que "tendo em vista que foi intimada do lançamento fiscal somente dia 06/11/2008, merecem ser cancelados os créditos tributários referentes aos fatos imponíveis ocorridos no período de 01/01/2003 a 31/10/2003, posto que foram atingidos pela decadência" (fl. 1.747). Entretanto, tal argumento não procede, conforme passo a demonstrar. Em relação às contribuições da seguridade social, no julgamento do RE 556.664, o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.° 8.212/91, por entender que apenas a lei complementar pode dispor sobre normas gerais em matéria tributária, como a decadência. A esse respeito foi editada a Súmula Vinculante n.° 8, publicada DOU de 20/06/2008, com o seguinte enunciado: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Com a edição da Súmula Vinculante n.° 8, a constituição dos créditos da seguridade social não se submete mais ao prazo de dez anos estabelecido no art. 45 da Lei n.° 8.212/91, passando a observar as regras contidas no CTN. A teor do disposto no art. 103A da CR/88 e na Lei n.° 11.417/2006, a Súmula Vinculante n.° 8 tem eficácia imediata sobre a administração pública direta a partir de sua publicação na imprensa oficial, ficando ressalvado ao STF a possibilidade de restringir seus efeitos vinculantes ou decidir sobre o momento de sua eficácia, o que, no que tange à constituição do crédito, não ocorreu. Portanto, assim como já ocorria com o IRPJ, aplicase à CSLL, ao PIS/Pasep e à Cofins o prazo decadencial de cinco anos para constituição do crédito tributário, de acordo com as regras estabelecidas no CTN. Como essas exações se amoldam à sistemática do lançamento por homologação, há de se observar a ressalva do § 4° do art. 150 do CTN de que o prazo ali contido só se aplica se não ficar comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Para essas situações, a contagem do prazo decadencial se desloca da regra contida no artigo 150, § 4°, para a regra geral do art. 173, inciso I, do CTN, extinguindose o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário após cinco anos contados do "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado". Fl. 9DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 10 10 Na espécie, estando presente a ressalva do § 4° do art. 150 do CTN, conforme se verá quando da análise da multa qualificada, aplicase o disposto no art. 173, I, do CTN. Para o IRPJ e a CSLL, o art. 1° da Lei n.° 9.430/96 dispõe, como regra, que "A partir do anocalendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário". A exceção a essa regra está contida no art. 2° do mesmo diploma legal, que faculta à pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real a apuração anual do imposto, em 31 de dezembro, com recolhimentos mensais por estimativa. Essas disposições aplicamse também à CSLL por força do art. 28 da Lei n.° 9.430/96. Consoante a DIPJ/2004, relativa ao anocalendário de 2003, a contribuinte se submeteu à tributação pelo lucro real, fazendo a opção pela apuração anual do IRPJ e da CSLL (fl. 152). Embora tenha apresentado sua DIPJ/2004 com valores zerados, a contribuinte também efetuou alguns recolhimentos de IRPJ e CSLL relativos às estimativas mensais (fls. 237/238), o que confirma sua opção pela apuração anual do IRPJ e da CSLL e leva a data do fato gerador dessas exações para 31/12/2003. De outro lado, o lançamento de oficio do IRPJ e da CSLL se deu com base no lucro arbitrado, considerando ocorridos os fatos geradores ao final de cada trimestre do anocalendário, tal qual como consta dos respectivos autos de infração. Para que não reste dúvida de que não ocorreu a decadência no caso vertente, considerarei a hipótese mais favorável à contribuinte, ou seja, de que os fatos geradores ocorreram ao final de cada trimestre, mesmo tendo sido o seu procedimento que deu razão ao arbitramento. Assim, aplicando a regra do art. 173, I, do CTN ao fato gerador mais distante, de 31/03/2003, o prazo para a Fazenda efetuar o lançamento se esgotou em 31/12/2008. Como a ciência dos autos de infração ocorreu antes dessa data, está afastada a decadência em relação aos lançamentos de IRPJ e de CSLL. De modo semelhante, em relação ao fato gerador mais distante do PIS/Pasep e da Cofins, de 31/01/2003, a ciência dos autos de infração ocorreu antes de se esgotar, em 31/12/2008, o prazo da Fazenda. Portanto, os respectivos lançamentos não estão abrangidos pela decadência. 5— Multa qualificada A aplicação da multa no percentual de 150% tem fundamento legal no art. 44, inciso I e § 1°, da Lei n.° 9.430/96. Segundo o inciso I, a multa proporcional é aplicada no percentual de 75% nos casos de mera falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Todavia, a majoração do percentual da multa para 150%, conforme determina o § 1°, ocorre nos casos de condutas dolosas do sujeito passivo previstos nos arts. 71 a 73 da Lei n.° 4.502/64, ou seja, sonegação, fraude ou conluio. Acerca desse aspecto, os impugnantes não aduziram razões específicas de mérito para contestar a ocorrência da omissão dolosa de receitas. De outro lado, a fiscalização minudenciou no Termo de Verificação Fiscal TVF, juntando aos autos os documentos pertinentes, a omissão dolosa de receitas. A título de ilustração, trago excerto do TVF (fl. 41): Fl. 10DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 10670.004853/200847 Acórdão n.º 140200.537 S1C4T2 Fl. 11 11 Essas informações dão conta de que a escrituração feita pela contribuinte é uma verdadeira farsa, tamanha a diferença entre os valores registrados nos relatórios e os informados à Receita Estadual, e para o fisco federal nada informou relativamente ao ano calendário de 2003 sobre sua movimentação econômica e financeira. [Ver Demonstrativo das Diferenças Apuradas entre DAPI e Relatórios de Venda da Empresa à fl. 50— acrescentei]. Das exposições feitas até o momento fica bem caracterizado o intuito de fraude adotado pela contribuinte, visto que apresenta declarações em branco para o fisco federal, se nega a apresentar os documentos que lastrearam a escrituração, essa escrituração não reflete a realidade econômica e financeira da empresa, ora declara como optante do Simples, ora paga o IRPJ relativo ao mês de janeiro optando pela apuração anual dos resultados, apresenta balancetes trimestrais, transcreve para o livro diário apenas um balancete semestral e ainda faz recolhimento com o código do simples, ou seja, faz de tudo para que o fisco não tome conhecimento da sua real movimentação econômica e financeira. Diante de tais circunstâncias, do contexto do presente julgado e da eficácia da base legal da multa aplicada, deve ser mantida a penalidade nos termos efetuados nos Autos de Infração. Ressalto ainda que é defeso ao julgador administrativo, em razão do principio da legalidade e da ausência previsão legal nesse sentido, consentir a redução de multa pretendida pela impugnante, o que, entretanto, não impede as reduções previstas nas Leis n.'s 8.218/91, art. 6,parágrafo único, e Lei ri' 8.383/91, art. 60, § 1 2, dentro do prazo de trinta dias da ciência desta decisão. O julgamento da DRJ enfrentou com propriedade todas as alegações do contribuinte, lançadas na impugnação e repetidas no Voluntário. Nada tenho a acrescentar, de modo que voto por manter a decisão recorrida por seus próprios fundamentos. Posto isso, voto por rejeitar as preliminares de nulidade e decadência e no mérito negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Pelá Fl. 11DF CARF MF Emitido em 08/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/10/2011 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 06/ 11/2011 por CARLOS PELA, Assinado digitalmente em 08/11/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA
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Numero do processo: 19515.002843/2006-72
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002
DECADÊNCIA. IRPJ. CSLL. PIS. COFINS. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO E DE PRÉVIA DECLARAÇÃO DO DÉBITO. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 173, INCISO I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO STJ FIXADO EM RECURSO REPETITIVO.
Conforme entendimento do STJ, que, por força do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, deve ser reproduzido no CARF, ante a ausência de pagamento antecipado ou de prévia declaração do débito, aplica-se, para a contagem do prazo decadencial, o artigo 173, inciso I, do CTN. Na hipótese, não restou configurada a decadência, tendo em vista que o contribuinte declarou que, no período apurado, a empresa estava inativa.
Numero da decisão: 9101-001.525
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FISCAIS, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Nome do relator: SUSY GOMES HOFFMANN
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IRPJ. CSLL. PIS. COFINS. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO E DE PRÉVIA DECLARAÇÃO DO DÉBITO. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 173, INCISO I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO STJ FIXADO EM RECURSO REPETITIVO. Conforme entendimento do STJ, que, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, deve ser reproduzido no CARF, ante a ausência de pagamento antecipado ou de prévia declaração do débito, aplicase, para a contagem do prazo decadencial, o artigo 173, inciso I, do CTN. Na hipótese, não restou configurada a decadência, tendo em vista que o contribuinte declarou que, no período apurado, a empresa estava inativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FFIISSCCAAIISS, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres Presidente (assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 28 43 /2 00 6- 72 Fl. 796DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Junior, Jorge Celso Freire da Silva, Suzy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Valmar Fonsêca de Menezes, José Ricardo da Silva e Plínio Rodrigues de Lima. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Lavrouse o auto de infração contra o contribuinte, nos termos do Relatório Fiscal presente às fls. 133/137: “Através de correspondência datada de 11.08.2006, por seu Procurador devidamente constituído, a empresa apresenta o Estatuto Social e alterações, informando ter solicitado ao Banco Safra S/A, em 28.07.2006, os extratos bancários em meio magnético, requerendo nesta mesma oportunidade prorrogação de 10(dez) dias úteis, a partir de 18 de agosto de 2006, para apresentação dos outros documentos. Foi concedida prorrogação de mais 10 (dez) dias, a partir de 18.08.2006. (grifos nosso) Informa ainda a contribuinte, que apresentou as Declarações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica correspondente aos anos de 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998, sendo que de 1999 a 2005 a empresa estava inativa. ( grifo nosso ) Pelos extratos bancários fornecidos pelo Banco Safra S/A, e entregues pela empresa, correspondentes aos anos calendários de 2001 e 2002, elaboramos através dos "Papéis de Fiscalização", a compilação de todos os dados contidos nos referidos extratos. A maior parte dos lançamentos coletados a crédito, referiamse a depósitos bancários e resgates de valores provenientes de fundos. Através do "Termo de Intimação", de 02.10.2006, foi a empresa intimada para no prazo de 20 (vinte) dias, comprovar a origem dos valores creditados/depositados em sua conta corrente, conforme relação anexada ao Termo. Apresenta a empresa dentro do prazo estipulado , extratos de movimentação dos fundos de aplicação administrados pelo Banco Safra S/A., não apresentando a comprovação das demais origens referentes aos depósitos bancários. Analisados os documentos entregues, constatou esta fiscalização que os lançamentos correspondentes aos resgates dos fundos de aplicação, constantes das planilhas elaboradas, estão corretos e Fl. 797DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 4 3 coincidentes em datas e valores com aqueles da movimentação financeira. Assim , apesar de todos os prazos concedidos à fiscalizada, a mesma não logrou apresentar a documentação contábil/fiscal, incluindo documentos e livros para suportar sua contabilidade, e nem tampouco comprovou a origem dos valores creditados/depositados em sua conta corrente, após a comprovação das importâncias correspondentes aos resgates de fundos. Dentre as modalidades permitidas para apuração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas —IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro — CSLL, devidos trimestralmente, está aquela em que o lucro, base de incidência do IRPJ e da CSLL, é arbitrado, pela própria pessoa jurídica ou, de oficio, pela fiscalização. O instituto do arbitramento dos lucros, não é penalidade, é forma licita de apuração da base de cálculo do imposto de renda, e é o ultimo recurso, de que se serve o fisco, após esgotadas todas as possibilidades de apuração do lucro real. Na hipótese de inexistência de escrituração que torna imperativo o arbitramento do lucro, a autuação por omissão de receitas deve ser a via adotada pelo Fisco, posto que a presunção legal instituída pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/96, baseada nos depósitos bancários com recursos de origem não comprovada, seria o critério mais adequado. O contribuinte apresentou impugnação (fls. 179/192). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls.258/277) julgou procedente o lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001, 2002 IMPUGNAÇÃO. DECISÃO. INTIMAÇÃO VIA POSTAL. ENDEREÇO. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. A decisão que julga impugnação interposta em face de lançamento é encaminhada â ciência do contribuinte via postal, modalidade de intimação que deve ser endereçada, obrigatoriamente, a seu domicilio tributário. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. EXTRATOS BANCÁRIOS. FORNECIMENTO PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. Não configura ofensa â garantia ao direito ao sigilo bancário quando as informações acerca da movimentação financeira do contribuinte são fornecidas ao Fisco em consonância com a legislação ou, ainda, pelo próprio titular das contasbancárias. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. CONTROLE JURISDICIONAL. Fl. 798DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 5 4 É vedado â autoridade administrativa, ao argumento de inconstitucionalidade de lei, deixar de aplicála enquanto vigente e eficaz no ordenamento jurídico, situação somente possível se houver tutela do Poder Judiciário, instituição que detém competência para o controle de constitucionalidade de atos normativos. AUTOS REFLEXOS. O julgamento que reconhece a ocorrência de eventos que representam ao mesmo tempo fato gerador de vários tributos repercute em todos os lançamentos a eles vinculados. MULTA DE OFICIO. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES. INEXISTÊNCIA. A lei prevê circunstâncias capazes de majorar a multa de oficio, inexistindo, todavia, circunstâncias atenuantes autorizativas a reduzir o patamar da multa básica a ser lançada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2001, 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 30/06/2002, 30/09/2002, 31/12/2002 LIVROS COMERCIAIS E FISCAIS. NÃO APRESENTAÇÃO. ARBITRAMENTO DO LUCRO. POSSIBILIDADE. 0 imposto de renda, devido trimestralmente no curso do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos de sua escrituração comercial e fiscal, subsistindo essa forma de tributação do lucro, ainda que aqueles elementos sejam apresentados posteriormente. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. Caracterizase omissão de receitas ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Lançamento Procedente O contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 286/311). A 1° Turma Ordinária da 1° Câmara da Primeira Seção de Julgamento do CARF (fls. 336/344) acolheu a preliminar de decadência em relação ao IRPJ e à CSLL quanto aos fatos geradores ocorridos nos três primeiros trimestres de 2001, bem como em relação ao PIS e à COFINS quanto aos fatos geradores ocorridos até novembro de 2001, inclusive. Eis a ementa do julgado: Fl. 799DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 6 5 PRELIMINAR DECADÊNCIA. IRPJ e CSLL. LUCRO REAL TRIMESTRAL. RECONHECIDA EM PARTE. Nos termos do artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional, o prazo decadencial dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, iniciase com o respectivo fato gerador. Passados cinco anos sem lançamento fiscal, ocorre a decadência do crédito tributário. OMISSÃO DE RECEITA. INVERSÃO DO ONUS PROBANDI. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO PELO CONTRIBUINTE. Configurase omissão de receita quando o contribuinte devidamente notificado a comprovar movimentação bancária, não apresenta documentação hábil para elidir a presunção legal. A Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência (fls. 349/360), sustentando, em síntese, que: “Compulsando os autos, verificase que o tributo não foi recolhido. Não havendo pagamento antecipado, aplicase o dies a quo previsto no artigo 173, I, uma vez que não se trata mais de lançamento por homologação, mas simples lançamento ex officio. A rigor, sequer existe montante a ser homologado. Assim, é indevida a aplicação do artigo 150, §4°, na espécie. Merece reforma, portanto, a decisão recorrida”. Conforme documento de fls. 380, tendo o contribuinte sido cientificado da decisão do CARF, e não tendo efetuado o pagamento do crédito tributário mantido por intermédio do processo n° 9515.002843/200672, formouse processo apartado, transferindose os fatos geradores ocorridos entre 12/2001 e 12/2002, para prosseguimento da cobrança. Voto Conselheira Susy Gomes Hoffmann, Relatora O presente recurso é tempestivo. Preenche, também, os demais requisitos de admissibilidade, tendo em vista que a recorrente logrou comprovar a divergência jurisprudencial suscitada. Devese fixar, no caso, qual dispositivo deve reger o prazo decadencial: o artigo 173, inciso I, ou o artigo 150, §4°, CTN. Fl. 800DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 7 6 Na hipótese, a decadência foi declarada, em relação ao IRPJ e à CSLL, no que tange aos fatos geradores ocorridos até 30/09/2001. Em relação ao PIS e à Cofins, no que se refere aos fatos geradores ocorridos até novembro de 2001. A ciência do auto de infração deuse em 12/12/2006. O entendimento desta relatora sempre foi no sentido de que, nos termos do artigo 150, parágrafo 4o., do CTN o que se homologa é a atividade do contribuinte e não o pagamento, de tal forma que, para o julgamento, não interessava a ocorrência ou não do pagamento. Conforme recente alteração do Regimento Interno do CARF, impõese a este tribunal administrativo a reprodução dos julgados definitivos proferidos pelo STF e pelo STJ, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil. Diante disso, temse que o STJ já enfrentou o tema objeto do presente recurso especial, julgandoo sob o rito dos recursos repetitivos, no seguinte sentido: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). Fl. 801DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 8 7 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. A imperiosidade de aplicação dessa decisão do STJ, no âmbito do CARF, é inequívoca, conforme o disposto no artigo 62A do seu Regimento Interno. Discussões surgiram, no entanto, em relação a como se deveria dar tal aplicação, tendo em vista que, na determinação de incidência do artigo 173, inciso I, do CTN, estabeleceuse, em discrepância com a previsão literal desse dispositivo legal, que o prazo decadencial começaria a correr do primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato imponível. Neste aspecto, após muitas idas e vindas, e profunda reflexão, consolidei o meu posicionamento no sentido de que a aplicação da decisão do Superior Tribunal de Justiça tramitada no rito dos recursos repetitivos deve darse, analisandoo (o acórdão) em face da lei que trata do tema nele versado. Neste passo, é de se ter que o artigo 173, inciso I, do CTN, por diversas vezes citado no acórdão do STJ, dispõe expressa e inequivocamente que o prazo decadencial deve ser computado a partir do primeiro dia do exercício financeiro seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado. Pois bem, superadas tais questões, uma outra acabou por assomar. Fl. 802DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 9 8 Analisandose a decisão do STJ, temse que, em princípio, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, inexistindo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, nada haveria que ser homologado, de sorte que dispositivo legal regente da decadência, em tal hipótese, é o artigo 173, inciso I, do CTN. Contudo, perquirindose mais detidamente o teor da decisão, podese extrair, expressamente, que: “Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” O que se depreende da passagem transcrita? Que o prazo decadencial contar seá do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado: a) quando a lei não prevê o pagamento antecipado da exação; b) quando a lei prevê o pagamento antecipado, mas este não ocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação (porque havendo tais posturas por parte do contribuinte, mesmo a existência do pagamento antecipado não elide a incidência do artigo 173, inciso I, do CTN); c) quando não existe declaração prévia do débito. Este detalhe do acórdão do STJ leva à conclusão de que ao pagamento antecipado do tributo equiparouse, cuidandose de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a declaração prévia do débito prestada pelo contribuinte. A inexistência de ambos leva à aplicação do artigo 173, inciso I, do CTN. Isto é, mesmo não tendo ocorrido o pagamento antecipado do tributo, se houve declaração prévia do débito, incide o artigo 150, §4°, do CTN. Estas constatações, não se toma por base apenas a passagem mencionado da decisão do STJ. Deveras, analisandose ainda mais a fundo a decisão do STJ, verificase que, em seu bojo, citouse acórdãos do próprio Tribunal que respaldam o entendimento fixado. Ilustrativamente, citese o quanto decidido nos Embargos de Divergência no Resp. n° 276.142 SP, de relatoria do próprio Ministro Luiz Fux: “Impende salientar que a homologação a que se refere o art. 150 do Código Tributário é da atividade do sujeito passivo, não necessariamente do pagamento do tributo. O que se homologa, quer expressamente, quer tacitamente, é o proceder do contribuinte, que pode ser o pagamento suficiente do tributo, o pagamento a menor ou a maior ou, também, o nãopagamento. Fl. 803DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 10 9 Seja qual for, dentre todas as possíveis condutas do contribuinte, ocorre uma ficção do Direito Tributário, sendo irrelevante que tenha havido ou não o pagamento, uma vez que relevante é apenas o transcurso do prazo legal sem pronunciamento da autoridade fazendária, dilo o Codex Tributário.” Desta forma, não se pode desconsiderar aqui tais questões, pois que integram claramente o acórdão cuja aplicação se impõe no âmbito do CARF. Do modo que, tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação, devese aferir, no caso concreto, se o contribuinte efetuou o recolhimento antecipado ou se perpetrou declaração prévia do débito. Havendo um ou outro, o prazo decadencial terá início nos termos do artigo 150, §4°, do CTN, ou seja, a partir da ocorrência do fato gerador. Caso contrário, o prazo regerseá pelo artigo 173, inciso I, do CTN, tendo como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. No presente caso, podese verificar que, em relação ao período ora debatido, o contribuinte, efetivamente, não realizou qualquer pagamento antecipado dos tributos, tampouco apresentou qualquer declaração o que se conclui do fato de que a própria empresa, em resposta a notificação do fisco, informou que “apresentou as Declarações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica correspondente aos anos de 1994, 1995, 1996, 1997 e 1.998, sendo que de 1.999 a 2.005 a empresa estava inativa.” A ciência do Auto de Infração ocorreu em 12/12/2006. Contudo, tendo em vista a ausência de pagamento antecipado ou de prévia declaração do débito, incide o artigo 173, I, do CTN. O início do prazo decadencial, desta forma, deuse em 01/01/2002, de sorte que não restou caracterizada a decadência. Diante do exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, para a afastar a decretação de decadência. Sala das Sessões, em 21 de novembro de 2012 (assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann Fl. 804DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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Numero do processo: 10980.014666/2006-14
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 2001
MULTA DE MORA - ESTIMATIVAS DO IRPJ E DA CSLL RECOLHIDAS OU COMPENSADAS EM ATRASO - INAPLICABILIDADE POR FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
A multa de mora, tipificada no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, pressupõe a existência de uma obrigação líquida e certa, cujo fato gerador tenha efetivamente ocorrido, o que não se verifica no caso dos recolhimentos ou compensações mensais das estimadas do IRPJ e da CSLL, feitos com atraso, cujo fato gerador só ocorre ao final do período-base de apuração, tornando
ilegal, nesta circunstância, a aplicação da penalidade moratória, em consonância com as disposições do art. 112, II do CTN.
Numero da decisão: 1803-000.663
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar
provimento ao Recurso, vencidos os Conselheiros Sérgio Rodrigues Mendes, relator, e Selene Ferreira de Moraes, que negavam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos. Fará declaração de voto o Conselheiro Walter Adolfo Maresch.
Nome do relator: SERGIO RODRIGUES MENDES
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A multa de mora, tipificada no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, pressupõe a existência de uma obrigação líquida e certa, cujo fato gerador tenha efetivamente ocorrido, o que não se verifica no caso dos recolhimentos ou compensações mensais das estimadas do IRPJ e da CSLL, feitos com atraso, cujo fato gerador só ocorre ao final do período-base de apuração, tornando ilegal, nesta circunstância, a aplicação da penalidade moratória, em consonância com as disposições do art. 112, II do CTN. Fl. 143DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso, vencidos os Conselheiros Sérgio Rodrigues Mendes, relator, e Selene Ferreira de Moraes, que negavam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos. Fará declaração de voto o Conselheiro Walter Adolfo Maresch. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes - Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes - Relator (assinado digitalmente) Luciano Inocêncio dos Santos - Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Benedicto Celso Benício Júnior, Walter Adolfo Maresch, Marcelo Fonseca Vicentini, Sérgio Rodrigues Mendes e Luciano Inocêncio dos Santos. Fl. 144DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 69 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 37): Trata o presente processo do Auto de Infração n° 0010967, às fls. 21/25, cientificado em 01/12/2006 (fl. 35), em que são exigidos R$ 9.180,46 de multa paga a menor sobre quotas de CSLL, a teor do art. 160 do CTN, art. 1° da Lei n° 9.249, de 1995 e arts. 43 e 61 e §§ 1° e 2° da Lei n° 9.430, de 1996. 2. O lançamento fiscal originou-se de Auditoria Interna na DCTF do quarto trimestre de 2000, em que se constatou a "FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE PAGAMENTO DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS". 3. Em 29/12/2006, a interessada apresentou a impugnação de fls. 01/12, instruída com os documentos de fls. 13/34, onde alega, em síntese, a denúncia espontânea da infração, a teor do art. 138 do CTN. Cita jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e, ao final, requer o cancelamento do lançamento e a restituição de R$ 1.020,05 pagos a título de multa de mora. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 36): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 MULTA DE MORA. PAGAMENTO INTEMPESTIVO. CABIMENTO. A exigência de multa de mora é devida quando comprovado que o pagamento do débito foi realizado a destempo. Lançamento Procedente. Cientificada da referida decisão em 05/02/2009 (fls. 42), a tempo, em 05/03/2009 (informação de fls. 46), apresenta a interessada Recurso de fls. 47 a 57, instruído com os documentos de fls. 58 a 66, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos. Em mesa para julgamento. Fl. 145DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 4 Voto Vencido Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Correto o acórdão recorrido. Com efeito, tratando-se de pagamento a destempo, tem-se que, em face de expressa determinação legal da exigência da multa de mora quando da ocorrência de pagamento em atraso (art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996), não cabe pretender afastá-la em caso de denúncia espontânea, a qual, por óbvio, somente se verifica após vencido o débito. Na denúncia espontânea da infração, o que se denuncia é a falta de pagamento do crédito tributário, e não o seu atraso, o qual é mera decorrência daquela denúncia. Por consequência, o que se dispensa, na denúncia espontânea, é a sanção pelo não-cumprimento de obrigação principal (multa de ofício), e não a penalidade pelo atraso em seu recolhimento (multa de mora). Em outras palavras, purga-se o não- pagamento, e não a mora. No caso, a denúncia espontânea se deu mediante o próprio recolhimento em atraso, não sendo admissível que, sobre esse recolhimento, incida novamente o art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), desta vez para excluir a multa de mora. A mora já se consumou, não havendo, por óbvio, como afastá-la pela denúncia espontânea. Nesse sentido, cita-se acórdão da Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes de nº 103-22.100, de 13/09/2005, unânime (grifou-se): [...]. DENÚNCIA ESPONTÂNEA - MULTA MORATÓRIA – O instituto da denúncia espontânea exige que nenhum lançamento tenha sido feito, isto é, que nenhuma infração tenha sido identificada pelo fisco, nem se encontre registrada nos livros fiscais e/ou contábeis do contribuinte. A denúncia espontânea não foi prevista para que favoreça o atraso do pagamento do tributo. Ela existe como incentivo ao contribuinte para denunciar situações de ocorrência de fatos geradores que foram omitidas, como é o caso de aquisição de mercadorias sem notas fiscais, venda com preços registrados aquém do real, etc. Negado provimento ao recurso. Publicado no D.O.U. nº 229 de 30/11/05. Fl. 146DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 70 5 O mero atraso, configurado no pagamento de tributo efetuado após o prazo de seu vencimento estabelecido em lei, é tratado, pelo CTN em dispositivo legal distinto, a saber (sublinhou-se): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Conforme se verifica, o próprio CTN estabelece que, na hipótese de atraso, além dos juros de mora, o crédito não integralmente pago no vencimento está sujeito à imposição de penalidades, previstas nele ou em lei tributária. Assim, a falta de pagamento de multa de mora, pela recorrente, sobre a CSLL recolhida após a data de vencimento, em estrita conformidade com a legislação vigente, constitui-se débito tributário. Quanto ao pedido de restituição de R$ 1.020,05, pago a título de multa de mora no percentual de dois por cento, tem-se por prejudicado, por força do entendimento aqui externado. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 147DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 6 Voto Vencedor Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos, Redator Designado Com a devida vênia, ouso divergir, no caso vertente, do posicionamento exarado do brilhante voto da lavra do ilustríssimo Conselheiro Relator Dr. Sérgio Rodrigues Mendes e também do posicionamento do não menos ilustre Conselheiro e decano deste colegiado, que fez sua declaração de voto, Dr. Walter Adolfo Maresch, pelos motivos que passo a aduzir, como segue. Cumpre-se, de plano, tecer algumas considerações acerca do pré- questionamento como requisito essencial ao enfrentamento de determinada matéria não expressamente aventada em fase recursal. A recorrente insurgiu-se no seu recurso voluntário contra a aplicabilidade da multa moratória, asseverando que está sob o abrigo do benefício da denúncia espontânea, preconizado no art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN, cuja tese foi afastada pelo Ilmo. Conselheiro Relator. Verifica-se, pois, que a aplicação da multa de mora, fundamentada no art. 61 da Lei n° 9.430/1996, está sendo contestada no presente recurso, ainda que esta insurgência esteja sendo suscitada de forma bastante modesta e com fundamentos diversos daqueles aplicáveis ao caso em comento. Destaque-se, porém, que simplicidade dos argumentos suscitados pela recorrente, “per si”, ou mesmo o fato de invocar argumentos jurídicos que não se coadunam com os fatos do caso concreto, não exime este colegiado do dever de enfrentar a matéria, que ora suscito, ainda mais, por se tratar especificamente de exigência tributária aplicada sem o amparo de disposição legal, não podendo, pois, a administração tributária escusar-se do principio da legalidade. De fato, ainda que não haja insurgência expressa da recorrente, no sentido de apontar o adequado fundamento ao qual se subsume o caso em tela, não se pode olvidar que o controle da legalidade do lançamento é matéria de ordem pública, o que impõe, portanto, o seu enfrentamento em qualquer instância processual administrativa. Corrobora essa assertiva, o entendimento exarado na decisão proferida pela 6ª Câmara do antigo 1º Conselho de Contribuintes, antecessor do atual CARF, no acórdão nº 106- 17.000 de 06/08/2008, como se extrai de um trecho do brilhante voto da lavra do Ilmo. Conselheiro Dr. Giovanni Christian Nunes Campos, cujos fundamentos nele destacados tomo emprestado para fundamentar minha conclusão, pois, ao tratar de matéria bastante semelhante, com meridiana clareza, enfrentou a questão da seguinte forma (in verbis): “... a multa isolada de oficio lançada não tinha base legal e, considerando que os Conselhos de Contribuinte têm o dever legal, mesmo que de oficio, de apreciar a legalidade do lançamento, mister cancelar a multa de oficio isolada aqui lançada. ...” (Grifamos) Fl. 148DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 71 7 Superada a questão preliminar quanto à insurgência acerca da matéria, passo a enfrentar a questão de fundo. Vejamos. Quanto aos argumentos da recorrente, afastados pelo Ilmo. Conselheiro Relator, relativos ao benefício da denúncia espontânea, consubstanciado no art. 138 do CTN, o posicionamento que tenho defendido neste Conselho é no sentido de que há a possibilidade da sua aplicação para afastar a multa de mora, desde que estejam comprovados todos os elementos fáticos que o caracterizam, contudo, no presente voto, estas circunstâncias sequer foram objeto de minha análise, uma vez que não se aplicam ao caso. Isto porque, não se trata de invocar o aduzido benefício da denúncia espontânea para afastar a aplicação de uma penalidade, que teria supostamente decorrido do recolhimento em atraso de estimativas (do IRPJ ou da CSLL), mas sim quanto à ausência de fundamento legal expresso para a sua aplicação, pois não há que se falar em denúncia espontânea que vise afastar uma penalidade que sequer tem estipulação em norma legal. De certo, a aplicação do benefício da denúncia espontânea pressupõe a existência de uma penalidade, prevista em lei, a ser afastada, a qual, “in casu”, não se verifica, razão pela qual não são adequados os argumentos da recorrente neste sentido, contudo, entendo que lhe assiste razão à insurgência da própria aplicação da penalidade (multa moratória) por outros fundamentos. Senão vejamos. O deslinde da controvérsia sob exame está em esclarecer se existe ou não a incidência de multa moratória sobre a compensação ou pagamento antecipado das estimativas que serão ajustadas na apuração anual do IRPJ ou da CSLL. Nesse sentido, se faz necessário, de plano, analisar as características do recolhimento dessas estimativas e sua correspondente natureza jurídica para testar a sua subsunção ao comando do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Observemos. A legislação do IRPJ e da CSLL, que versa sobre o Pagamento Mensal por Estimativa, ajustado pelos balancetes de redução e suspensão, dispõe (art. 2º da Lei nº 9.430/1996, combinado com o art. 35 da Lei nº 8.981/1995) que as pessoas jurídicas sujeitas à sistemática do Lucro Real anual podem optar pelo pagamento mensal do tributo de forma estimada, como antecipação do tributo devido a ser apurado ao final do ano, mais especificamente em 31 de dezembro. Desta forma, as antecipações realizadas durante o ano-calendário, quer aquelas correspondentes a um percentual sobre a receita bruta da empresa, ou mesmo quando decorrentes de balanços de redução e suspensão destes tributos, são apenas valores estimados, provisórios, sem caráter definitivo, cuja notória precariedade perdura até o final do correspondente período de apuração. Logo, é nesse momento, em 31 de dezembro, que efetivamente ocorre o fato gerador do IRPJ e da CSLL, em se tratando de apuração anual, tornando a dívida destes tributos líquida e certa, somente a partir deste lapso temporal. Esta assertiva, por vezes, vem sendo corroborada pelo entendimento deste Conselho, já manifestado em diversos precedentes, valendo, porém, trazer à colação a ementa de uma decisão da CSRF do antigo Conselho de Contribuintes, que antecedeu o atual CARF, cujo teor deixa claro o posicionamento firmado no âmbito administrativo, de que os fatos Fl. 149DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 8 geradores da CSLL e do IRPJ ocorrem quando o lucro é apurado em 31 de dezembro. Vejamos: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: MULTA ISOLADA - FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA - O artigo 44 da Lei nº 9.430/96 preceitua que a multa de ofício deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde com o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. O TRIBUTO DEVIDO PELO CONTRIBUINTE SURGE QUANDO É O LUCRO APURADO EM 31 DE DEZEMBRO DE CADA ANO. Improcede a aplicação de penalidade pelo não-recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao imposto apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA - Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano-calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Recurso especial negado” (Nossos Grifos). (CSRF/01-05.875, PA 10384.000638/2004-79, Relator Marcos Vinícius Neder de Lima, Data da Sessão: 23/06/2008) Com efeito, não tendo ocorrido o fato gerador, no momento do pagamento das estimativas, forçoso concluir quanto à natureza jurídica dos recolhimentos, que não se tratam de tributos propriamente ditos, mas sim de meras antecipações dos seus pagamentos. Nesse sentido, a CSRF do antigo Conselho de Contribuintes (atual CARF) também reconhece que os valores referentes às estimativas mensais não são tributos, uma vez que os fatos geradores daqueles ocorrem apenas ao final do período anual (31 de dezembro), verbis: “DECADÊNCIA – ESTIMATIVAS – MULTA ISOLADA - Se a Fazenda Pública denegar a homologação ao pagamento realizado pelo contribuinte, o limite temporal para a realização do lançamento de ofício para cobrar o tributo é estabelecido pelo prazo de cinco anos previsto no art. 150. § 4º, do CTN, já que, findo esse prazo, é considerado extinto o crédito tributário. Contudo, não há falar em lançamento por homologação no caso de falta de recolhimento de estimativas. O valor pago a esse título não tem a natureza de tributo, eis que, juridicamente, o Fl. 150DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 72 9 fato gerador do Imposto sobre a Renda e da CSLL só será tido por ocorrido ao final do período anual (31/12). A regra geral para contagem do prazo decadencial para constituição do crédito tributário, inclusive no caso de penalidades, está prevista no artigo 173 do CTN” (Nossos Grifos) CSRF/01-05.653, PA 10680.015464/2003-13, Relator Marcos Vinícius Neder de Lima, Data da Sessão 27/03/2007. Portanto, as parcelas compensadas ou pagas como antecipação, com base no fato gerador presumido, enquadram-se como prestações antecipadas pelo devedor no âmbito da teoria do pagamento das obrigações. Nesse contexto, visa a quitar antecipadamente um débito de tributo, cujo fato gerador e, portanto, a dívida líquida e certa, somente ocorrerá no futuro. Assim, é evidente que a compensação ou pagamento de estimativas mensais, em verdade, é mera técnica de arrecadação, tanto que o art. 2º, § 3º da Lei nº 9.430/96, diz ser uma opção “pelo pagamento do imposto”. Em outras palavras, as antecipações realizadas não constituem a compensação ou pagamento do tributo propriamente dito, mas sim antecipação atribuível, imputável, ao tributo cujo fato gerador e sua correspondente apuração somente ocorrerão no final do ano-calendário. Desta forma, uma vez elucidada, tanto a natureza jurídica quanto as características das compensações ou pagamentos sobre os quais se discute a incidência da multa moratória, resta saber se sobre eles recai a referida sanção, tal como estabelece o artigo 61, da Lei nº 9.430/96, cuja tipificação da conduta a ser penalizada assim versa: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso.” (Nossos Grifos) Vê-se que o dispositivo transcrito trata primeiramente dos “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”, como forma de delimitar o campo de incidência da norma legal. Não obstante, o mesmo dispositivo condiciona a aplicação da penalidade nele contida, qual seja, a incidência de multa de mora, apenas aos débitos “cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997”, ou seja, o pressuposto condicionante da norma legal para a aplicação da multa moratória é a ocorrência do fato gerador dos débitos tributários a partir da data fixada naquela norma. Assim, o acréscimo da multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia (limitada em 20%), somente se aplica aos débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB pagos em atraso, cujos fatos geradores, descritos na regra matriz de incidência, tenham efetivamente ocorrido. Contrário senso, não se aplica a multa de mora sobre eventuais débitos para com a União pagos ou compensados fora do prazo se não ocorreu o fato gerador do tributo. Fl. 151DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 10 Se não há fato gerador, não há que sequer falar em obrigação tributária líquida e certa, mas apenas numa exigência precária, não definitiva. O que se permite, conforme previsto na própria Constituição Federal (§ 7º do art. 150 da CF), é que: “A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.” (Nossos Grifos) Essa possibilidade foi introduzida na Constituição Federal a partir da Emenda Constitucional nº 3/1993, que legitimou a prática dos entes tributantes de exigir pagamentos antes da efetiva ocorrência do fato gerador, através da figura do “fato gerador presumido” de um tributo que, por consequência, também é presumido. Ambos, porém, não se confundem com o fato gerador, digamos, real do qual se origina o próprio tributo. Neste diapasão, tais pagamentos ou compensações, realizados com base em fato gerador presumido ou cujo fato gerador ainda não tenha se consumado por completo, constituem meras antecipações daqueles tributos, cujos fatos geradores ocorrem em momento posterior. Por isso, esses pagamentos não se referem a tributos propriamente ditos, por lhes faltar os elementos essenciais para tanto, tais como, o de ser uma prestação compulsória (art. 3º do CTN) ou ter um fato gerador (art. 4º do CTN). De fato, o próprio CTN ao dispor sobre o conceito de fato gerador, em seu art. 114, asseverou que este “... é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.”(Nossos Grifos). Ora, se na situação sob exame, qual seja, o pagamento antecipado das estimativas do IRPJ e da CSLL, não se verifica a existência de todos os elementos essenciais a ocorrência do fato gerador, não se subsume o caso concreto à situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência, tal como prevê o preciso comando do CTN. Também nesse sentido, leciona o Professor Paulo de Barros Carvalho (Curso de Direito Tributário, 12ª ed., Saraiva, São Paulo, 1999, pg. 236) asseverando que para haver a ocorrência do fato gerador, com o consequente surgimento da obrigação tributária, é condição “sine qua non” que todos os elementos da regra matriz de incidência estejam presentes, sob pena de perda da sua exigibilidade. No caso vertente, carece a situação fática de parte desses elementos, notadamente o aspecto temporal da hipótese de incidência, pois o transcurso do lapso temporal, previsto na lei, para apuração anual do IRPJ e da CSLL não se completou, o qual se deu, in casu, apenas em 31/12. Isto porque, no curso do ano calendário, quando se exigem os pagamentos das antecipações, por meio de estimativa, a apuração anual, ainda não ocorreu, logo, não há que se aventar a ocorrência do fato gerador. Ora, não se pode fazer tábua rasa acerca da essencialidade do aspecto temporal na hipótese de incidência, importando lembrar, nesse sentido, a lição do saudoso Pontes de Miranda sobre o tempo na teoria da regra jurídica e do suporte fático, que assim nos ensina (in verbis): “O tempo não é fato jurídico, de per si. O tempo entra, como fato, no suporte fático de fatos jurídicos. Ora, com ele, nascem direitos, pretensões, ações, ou exceções; ora, com ele, acabam; ora, com ele, se dão modificações de ordem jurídica ...” Fl. 152DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 73 11 (Tratado de direito privado: parte geral. 4. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983. t. I. Cap. 1. pag. 30) (Grifamos). Sem destoar dessas lições e tratando especificamente da importância do aspecto temporal na hipótese de incidência do Imposto de Renda, o grande estudioso da matéria, saudoso Nilton Latorraca, em sua festejada obra, nos ensina que (in verbis): “A importância do tempo é decisiva. E tanto é assim que o direito desconhece a existência de renda antes do tempo marcado e fora das condições estabelecidas pela norma jurídica (hipótese de incidência), mesmo que de fato ela exista e seja notória.” (Direito Tributário – Imposto de Renda das Empresas, Atualizado por Rutnéa Navarro Guerreiro e Sérgio Murilo Zalona Latorraca, Editora Atlas, 14ª Edição, São Paulo, 1988, pag. 130) (Grifamos). Da mesma forma, também são as lições de Ricardo Mariz de Oliveira, cuja clareza singular de argumentação, ao abordar, em sua obra, o elemento temporal da hipótese de incidência do IRPJ, tomo emprestado, quando ele assim assevera: “O fato gerador, portanto, considerado como “situação necessária e suficiente à sua ocorrência”, na breve mas precisa dicção do art. 114 do CTN, somente se completa – em fim, somente existe – no encerramento do período-base, pois antes deste evento, não há o fato completo, não há a situação necessária e suficiente, não por uma simples exigência formal, mas, sim, por duas razões reais: - a primeira é que, até o instante final, algo pode vir a mudar a situação patrimonial da pessoa; - a segunda, e principal, é que a situação necessária e suficiente ao nascimento da obrigação tributária é constituída por todo o período de tempo previsto na lei como período-base, de sorte que, enquanto ele não estiver completo e terminado, não há a situação necessária e suficiente.” (Oliveira, Ricardo Mariz de. Fundamentos do Imposto de Renda. São Paulo: Quatier Latin, 2008, pag. 494) (Nossos Grifos) Assim, vê-se que não há como imputar ou exigir qualquer obrigação tributária antes do tempo marcado e fora das condições estabelecidas na lei, sob pena da sua invalidade, tal como, in casu, se pretende fazer ao exigir multa de mora sobre antecipações estimadas do IRPJ ou da CSLL. Destaque-se, também, que os pagamentos feitos com base no regime de cálculo do IRPJ e da CSLL com base na estimativa são feitos em razão de uma opção do contribuinte. Aliás, o artigo 2º, § 3º, da Lei nº 9.430/96, é de clareza meridiana quando diz ser a antecipação uma opção “pelo pagamento do imposto”, o que corrobora a falta da característica compulsória nesta prestação, que é inerente e indissociável da qualidade de tributo. Tais parcelas antecipadas, portanto, não constituem verdadeiros tributos. Tanto isso é verdade que as próprias autoridades administrativas, após o encerramento do ano-calendário, estão proibidas de cobrar tais valores calculados de forma Fl. 153DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 12 estimada, conforme dispõem expressamente os artigos 15, 16 e 49, da Instrução Normativa do SRF n° 93, de 24 de dezembro de 1997, que assim dispõe (in verbis): “Art. 15. O lançamento de ofício, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, restringir-se- á à multa de ofício sobre os valores não recolhidos. § 1º As infrações relativas às regras de determinação do lucro real, verificadas nos procedimentos de redução ou suspensão do imposto devido em determinado mês, ensejarão a aplicação da multa de que trata o "caput" sobre o valor indevidamente reduzido ou suspenso. § 2º Na falta de atendimento à intimação de que trata o § 2º do artigo anterior, no prazo nela consignado, o Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional procederá à aplicação da multa de que trata o "caput" sobre o valor apurado com base nas regras dos arts. 3º a 6º, ressalvado o disposto no § 3º do artigo anterior. § 3º A não escrituração do livro Diário e do LALUR, até a data fixada para pagamento do imposto do respectivo mês, implicará a desconsideração do balanço ou balancete para efeito da suspensão ou redução de que trata o art. 10, aplicando-se o disposto no § 1º. Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do ano-calendário, o lançamento de ofício abrangerá: I - a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II - o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. Art. 49. Aplicam-se à contribuição social sobre o lucro líquido as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, observadas as alterações previstas na Lei nº 9.430, de 1996.” Ademais, a estimativa paga se torna, desde o seu pagamento, um crédito do contribuinte a ser utilizado contra o débito apurado em 31 de dezembro, o que só corrobora a assertiva de que as antecipações não são débitos de tributos, mas meros recolhimentos que poderão ser imputados aos débitos se e quando ocorrer o fato gerador no futuro. Tratam-se, portanto, as antecipações de verdadeiros ativos do contribuinte, que serão formados ao longo do ano-calendário, consoante afirma a própria RFB: “Os valores recolhidos com base na estimativa (tanto o IR como a CSLL), que são compensados com o imposto de renda apurado com base no lucro real em 31 de dezembro (e com a CSLL), devem ser contabilizados, durante o curso do ano-calendário, em conta do ativo circulante representativa do valor antecipado (por exemplo na subconta antecipações de imposto de renda).” (Nossos Grifos). Fl. 154DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 74 13 Nesse compasso, não há como imputar ao contribuinte uma mora em razão do ativo constituído fora do prazo ou pelo ativo não constituído. A mora, e com mais razão ainda, a multa de mora, tipificada no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, pressupõem sempre a existência de uma obrigação consubstanciada numa dívida líquida e certa, cujo fato gerador tenha efetivamente ocorrido, o que não se verifica no caso em exame. Ora, é por demais, óbvio que direitos e obrigações não se confundem, mas, ao contrário, são completamente distintos e opostos um ao outro, logo, não faz nenhum sentido imputar a multa de mora sobre um direito, qual seja, o ativo decorrente de um pagamento antecipado, que difere de uma obrigação que só ocorre ao final de cada ano. No caso em tela, onde o regime de apuração do IRPJ e da CSLL foi anual, o fato gerador somente ocorreu ao final do período de apuração do tributo, qual seja, em 31 de dezembro, logo, não há como enquadrar os recolhimentos das suas antecipações no comando contido no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, em face da ausência do fato gerador no curso do ano- calendário quando são exigidas tais antecipações. Ademais, não é razoável aplicar sobre as antecipações estimadas do IRPJ e da CSLL realizadas no âmbito do regime de apuração anual, qualquer multa de mora em razão de eventual atraso no seu recolhimento ou compensação, na medida em que estes são de natureza precária, meramente provisórios, não definitivos, pois a mora somente é imputável às obrigações líquidas e certas não cumpridas no vencimento, nos termos do artigo 397, do Código Civil. Por conseguinte, não se pode aplicar a multa de mora sobre as estimativas mensais sem que haja qualquer disposição legal expressa nesse sentido, em prestígio ao princípio da tipicidade, pois é imprescindível a perfeita adequação entre a descrição contida na lei com a situação do fato concreto, para que aquele fato jurídico produza seus efeitos, o que não se verifica na situação analisada no presente recurso. Do contrário, exigir a multa de mora sobre as estimativas mensais com fundamento no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, implica em fazer uma interpretação bem mais abrangente e severa desse dispositivo, visando a abarcar uma situação não contemplada naquela norma, tal como previsto nas disposições preconizadas no art. 112, II do CTN, que prevê, para estes casos, a regra de interpretação que é mais favorável ao contribuinte. De fato, a existência de mais de uma possibilidade de interpretação, “per si”, de uma norma que comina a aplicação de penalidade, como a do art. 61 da Lei nº 9.430/1996, no sentido de incidir ou não multa de mora sobre o pagamento ou compensação das estimativas (apontadas no caso concreto), nos remete às regras de interpretação das normas tributárias previstas no próprio CTN, por força do disposto no seu art. 107, cujas disposições também do seu art. 112, II, determinam a aplicação da regra mais favorável ao acusado (contribuinte), que assim versa: “Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I – (...) Omissis; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (Nossos Grifos) Fl. 155DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 14 Nesse sentido, leciona Hugo de Brito Machado, que “a regra do art. 112 tem nítida função de tornar efetivo o princípio da legalidade” (Comentários ao Código Tributário Nacional, Vol. II, Ed. Atlas, São Paulo, 2004, pag. 279), fazendo, ainda, referência à José Jayme de Macedo Oliveira, cujo magistério dispõe: “O princípio da legalidade, juntamente com o da tipicidade, vetores mestres da tributação, impõe que qualquer dúvida sobre o perfeito enquadramento do fato à norma, é de ser resolvida em favor do contribuinte”(José Jayme de Macedo Oliveira, Código Tributário Nacional, Saraiva, São Paulo, 1998, pag. 286). (Nossos Grifos). Com efeito, verifica-se que a interpretação de que a penalidade prevista no art. 61 da Lei nº 9.430/1996, pode também ser aplicada sobre as estimativas não recolhidas ou compensadas na época própria, não se coaduna com as regras de interpretação da norma tributária previstas no aduzido dispositivo, por não ser esta a regra mais favorável ao contribuinte, o que não se pode conceber. Por fim, cumpre esclarecer, que a inadimplência das obrigações de antecipar os pagamentos estimados ao longo do ano, no regime de apuração do lucro real anual, não está imune a aplicação de penalidade. Não é isso que se defende, ao contrário, o legislador pode e deve estipular mecanismos para forçar ou, por que não, coagir, o contribuinte a recolher as antecipações no regime em comento nos prazos estipulados pela própria norma. Mas para tanto, poderia estabelecer, por exemplo, a penalidade de exclusão do regime anual para o regime trimestral, ou qualquer outra sanção, mas desde que o faça por meio de norma legal expressa e válida, a qual inexiste no momento. Face ao exposto, em prestígio ao principio da legalidade, perfilo meu entendimento no sentido de que não há qualquer fundamento legal vigente para a exigência da multa moratória sobre as estimativas do IRPJ e da CSLL pagas extemporaneamente no regime de apuração do lucro real anual, razão pela qual, DOU PROVIMENTO ao recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Luciano Inocêncio dos Santos Declaração de Voto Acompanho as conclusões exaradas pelo ilustre conselheiro Dr. Luciano Inocêncio dos Santos, do não cabimento da exigência de ofício da multa de mora, não extinta por ocasião de recolhimento em atraso de tributo, mas por outros fundamentos. Com efeito, por longo tempo perdurou entendimento ao meu ver equivocado, de que seria possível a exigência isolada da multa de mora, nos casos em que o contribuinte por qualquer motivo, recolheu o tributo devido em atraso, desacompanhado da penalidade pecuniária. Fl. 156DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 75 15 O entendimento da Administração Tributária ao pretender dar acolhida à previsão legal contida no art. 43 da Lei n 9.430/96, em analisar o recolhimento efetuado no DARF linha a linha (amortização linear), isto é, considerando isoladamente a linha do tributo, a linha dos juros e a linha da multa, não tem ao meu ver sustentação legal. Conforme foi exposto no bem lançado parecer PGFN CAT n 1.967-2005, onde a douta Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, apreciou a matéria, destaco os seguintes pontos que a meu ver, elucidam bem meu pensamento acerca do assunto: Ementa. Amortização linear. Impossibilidade. No silêncio do art. 163 do Código Tributário Nacional, aplica-se o disposto no art. 167, por analogia e simetria. Quando se trata da imputação do pagamento entre os valores do “principal”, “multa” e “juros”, de um mesmo crédito tributário, a amortização proporcional é a única forma admitida pelo Código Tributário Nacional. (...) 7. Do exposto, à toda evidência, o raciocínio desenvolvido no âmbito da Secretaria da Receita Federal para fundamentar a criação da chamada “Amortização Linear” não resiste a uma interpretação sistemática que leve em consideração o disposto no Código Tributário Nacional, como norma geral em matéria de legislação tributária. (...) 9. No que diz respeito ao artigo 43 da Lei nº 9.430/1996, temos que o objetivo do legislador foi o de permitir o lançamento de ofício de todas as multas (multas de ofício e multas de mora), bem como dos juros de mora, de forma isolada ou conjunta, através da sistemática do chamado –auto de infração sem tributo. É de se observar que, tanto a multa (de ofício ou de mora) quanto os juros não estariam vinculados a um determinado valor de tributo, isto é, ocupariam no DARF o campo do valor principal e sobre eles é que incidiria o percentual de juros de mora previsto no parágrafo unido do art. 43 da Lei nº. 9430/1996. 10. Já o art. 44, I e § 1°, II da Lei nº. 9.430/1996 criou uma nova possibilidade para a Administração Tributária Federal ao determinar o lançamento de multa de ofício isolada decorrente do recolhimento do tributo atrasado sem o pagamento da respectiva multa de mora. Tal lançamento se dá sem o prejuízo do lançamento de forma isolada da multa de mora não paga, na forma do art. 43. Em ambos os casos não haveria vinculação a um determinado valor de tributo, isto é, ambas as multas ocupariam em DARFs distintos o campo do valor principal e sobre esse principal é que incidiria o percentual de juros de mora previsto no parágrafo único do art. 43 da Lei nº. 9430/96. 11. Desse modo, muito embora os artigos 43 e 44 da Lei nº. 9430/96 tenham criado novas práticas para a Administração Tributária Federal, não temos dúvida de que não determinaram o tratamento das três rubricas componentes do DARF (valor principal, multa e juros) como créditos estanques para efeito de imputação de pagamento. Isto porque não se deve confundir a Fl. 157DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 16 rubrica ou campo do DARF ocupado com a natureza do crédito que lá tem lugar. Veja-se que o que a lei determina é que determinados créditos (multas de ofício, multas de mora não pagas, juros de mora não pagos) sejam lançados isoladamente, isto é, sem tributo, mas com a incidência de juros SELIC. Coincidentemente, para que tais créditos sejam lançados de modo isolado, deverão ocupar no DARF a posição de – principal - . Daí decorre que uma mesma rubrica ou campo do DARF pode abrigar créditos de tributos, multa de mora, multa de ofício ou juros de mora. Na prática, é o adjetivo – isolado - , que se opõe ao termo – vinculado -, que determina que certo tipo de crédito ocupará o campo reservado ao valor principal no DARF. Indubitavelmente, tal não implica de modo necessário na adoção de um método de amortização linha a linha do documento de arrecadação. (...) 14. Na esteira da recomendação do uso da analogia como forma primeira de integração, para o caso em apreço, entendemos ser de boa técnica jurídica a utilização do texto do art. 167 da própria norma geral de Direito Tributário, a saber (grifo nosso): (...) 16. Essa mesma constatação foi feita pela Secretaria da Receita Federal através da aprovação da Nota Cosit nº. 106, de 20 de abril de 2004, que também fez considerações ao estudo sob exame, in litteris (grifo nosso): ‘5. Isto posto, cumpre desde logo asseverar que o regramento da imputação de pagamentos a débitos tributários deve ser inicialmente buscado na Lei nr. 5.172/66 – CTN, norma que prevê o pagamento como forma de extinção do crédito tributário (art. 156, inciso I) e que regula esse instituto em seus artigos 157 a 169, os quais correspondem às Seções II e III do Capítulo IV do Título III do Livro Segundo do aludido Código. 6. Mediante leitura dos aludidos dispositivos legais, verifica-se que o CTN não aborda diretamente a questão da imputação do pagamento efetuado pelo sujeito passivo entre as parcelas que compõem o débito tributário (principal, multa e juros moratórios). 7. Em seu art. 163, o CTN apenas determina que a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, na hipótese de existência simultânea de dois ou mais débitos do sujeito passivo, in verbis: (...) 8. Uma vez que o art. 163 do CTN não fixou regra de precedência entre tributo, multa (de mora ou de ofício) e juros moratórios – parcelas em que se decompõe determinado débito do contribuinte com a Fazenda -, poder-se-ia desde logo inferir, a contrario sensu, que o CTN teria dado idêntico tratamento, no que se refere à imputação de pagamentos, entre referidas exações. 9. Tal entendimento é então ratificado pelo 167 do CTN, que estabelece que a restituição total ou parcial do tributo dá à restituição, na ‘mesma proporção’, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, in verbis: (...). 10. A partir de uma interpretação conjunta dos arts. 163 e 167 do CTN, chega-se a conclusão de que referido Diploma Legal não só estabelece, na imputação de pagamentos pela autoridade administrativa, a inexistência de precessão entre tributo, multa e juros moratórios, como também veda ao próprio sujeito passivo estabelecer precedência de pagamento entre as parcelas que compõem um mesmo débito tributário, ou seja, veda ao sujeito passivo imputar seu pagamento Fl. 158DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 76 17 apenas a uma das parcelas que compõem o débito tributário. 10.1 É que somente se pode falar em obrigatória proporcionalidade entre as parcelas que compõem o indébito tributário se houver obrigatória proporcionalidade na imputação do pagamento sobre as parcelas que compõem o débito tributário.’ 17. Com esses argumentos, não nos restam dúvidas de que o método de amortização proporcional é o único atualmente admitido pelo Código Tributário Nacional. 18. Sendo assim, partindo do princípio de que alei não possui palavras inócuas, resta saber, para por termo às dúvidas levantadas pelo estudo elaborado pela SRF, em que hipóteses se efetivam as previsões do lançamento dos juros de mora isolados (art. 43 da Lei nº. 9.430/96) e do lançamento da multa de ofício isolada decorrente do recolhimento do tributo atrasado sem o pagamento da respectiva multa de mora (art. 44, I e § 1, II da Lei nº. 9430/96). Resolvidas essas controvérsias, também consideramos por conseqüência resolvida a questão do lançamento conjunto das respectivas parcelas. 19. Para respondermos a essas questões devemos abandonar a seara administrativa e adentrar ao campo judicial, onde o crédito tributário, como um todo ou isoladamente em suas rubricas (tributo, multa, juros), pode ser impugnado. Hipoteticamente, qualquer contribuinte pode conseguir uma ordem judicial preventiva ou repressiva que, sob a pecha de ilegalidade ou inconstitucionalidade da exação, lhe permita não recolher determinada rubrica. 20. Desse modo, a realização do lançamento de é possível quando determinado contribuinte consegue ordem judicial para impedir a formação do seu crédito tributário com essa rubrica. O crédito vem a ser constituído, pago e extinto sem taxa de juros e, ao final do julgamento, decide-se que os juros eram sim devidos. Não resta alternativa ao órgão lançador que não lançar os juros isoladamente. Da mesma maneira ocorre quando o devedor consegue uma ordem judicial prévia para que não seja constituído o crédito tributário com a respectiva multa de mora e aquele vem a ser extinto por pagamento, decidindo-se, ao final do julgamento, que a multa era devida ab ovo. Neste caso, será lançada a multa de ofício isolada prevista no art. 44, I da Lei nº. 9430/96. Outra hipótese seria a obtenção pelo devedor de uma ordem judicial preventiva para o não recolhimento da multa de mora que, ao final da demanda, vem a ser revogada, ensejando o recolhimento da multa de mora em determinado prazo. O devedor, não o fazendo, estará sujeito à multa de ofício isolada de que trata o art. 44, I da Lei nº 9430/96. 26. Ante o exposto, tendo em vista que a adoção do “sistema de amortização linear” não encontra respaldo na legislação citada, que o “sistema de amortização proporcional” é o único admitido pelo Código Tributário Nacional, que a própria Secretaria da Receita Federal (Nota Cosit nº. 106, de 20 de abril de 2004) já se pronunciou nesse sentido e que os créditos tributários submetidos ao método da “amortização linear” carecem de Fl. 159DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 18 liquidez e certeza, entendemos que todos os créditos tributários submetidos ao método de “amortização linear” deverão ter a inscrição em Dívida Ativa da União negada ou, caso já realizada, anulada e serem devolvidos para a Secretaria da Receita Federal, acompanhados de cópia deste parecer. Diante do exposto, comungo do entendimento de que as multas isoladas de ofício (75% reduzidas para 50%), previstas no art. 44, I, § 1°, inciso II da Lei n° 9.430/96, foram anistiadas ante o princípio da retroatividade benigna contido no art. 106, II do CTN, em virtude da revogação do dispositivo pelas Medidas Provisórias 303-2006 e 351-2007. Já as multas de mora exigidas isoladamente em lançamento de ofício, devem ser canceladas por evidente ofensa às disposições contidas no Código Tributário Nacional que repelem a denominada “amortização linear”, acolhendo somente o método de “amortização proporcional” para exigência de diferenças havidas por recolhimento a menor de tributos federais em atraso. Destarte, considero que a imputação proporcional é a única forma de se dar pleno atendimento à interpretação harmônica das regras contidas no Código Tributário Nacional nos casos de recolhimento de tributo em atraso, realizado com insuficiência em virtude da incidência dos acréscimos legais de juros e/ou multa de mora. Assim, nos casos de recolhimento de tributo em atraso, deve ser considerado o recolhimento como um todo, aplicando-se a imputação proporcional, restando descabida a cobrança isolada de multa de mora. É como voto. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Fl. 160DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720271/2011-54
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010
AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO.
Deve ser mantida a glosa da despesa de amortização de ágio que foi gerado internamente ao grupo econômico, sem qualquer dispêndio, e transferido à pessoa jurídica que foi incorporada.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9101-002.391
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento. Vencidos os Conselheiros Luis Flávio Neto, Ronaldo Apelbaum, Nathalia Correia Pompeu, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa e Hélio Eduardo de Paiva Araújo, que lhe deram provimento. O Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo votou apenas quanto ao mérito em virtude de ter sido convocado para ocupar a vaga da Conselheira Maria Teresa Martinez Lopez, que já havia proferido seu voto em sessão anterior.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helio Eduardo de Paiva Araújo, André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rêgo, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Luis Flavio Neto, Ronaldo Apelbaum, Nathalia Correia Pompeu e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO INTERNO. Deve ser mantida a glosa da despesa de amortização de ágio que foi gerado internamente ao grupo econômico, sem qualquer dispêndio, e transferido à pessoa jurídica que foi incorporada. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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Deve ser mantida a glosa da despesa de amortização de ágio que foi gerado internamente ao grupo econômico, sem qualquer dispêndio, e transferido à pessoa jurídica que foi incorporada. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Luis Flávio Neto, Ronaldo Apelbaum, Nathalia Correia Pompeu, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa e Hélio Eduardo de Paiva Araújo, que lhe deram provimento. O Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo votou apenas quanto ao mérito em virtude de ter sido convocado para ocupar a vaga da Conselheira Maria Teresa Martinez Lopez, que já havia proferido seu voto em sessão anterior. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helio Eduardo de Paiva Araújo, André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rêgo, Rafael Vidal de Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Marcos Aurélio Pereira Valadão, Luis Flavio Neto, Ronaldo Apelbaum, Nathalia Correia Pompeu e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 02 71 /2 01 1- 54 Fl. 1857DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.857 2 Relatório GERDAU AÇOS LONGOS S.A. recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial (efls. 1.738/1.779), contra o acórdão de nº 130101.434 (efls. 1.675/1.715), que, por maioria de votos, NEGOU provimento ao recurso voluntário, nos termos da decisão cuja ementa ora colaciono: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. DECORRÊNCIA CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidades descritas e analisadas no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, o decidido em relação ao processo principal (IRPJ) aplicase, no que couber, à CSLL. A Recorrente aponta divergência jurisprudencial em relação ao acórdão 1101000.708, cuja ementa ora transcrevo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 ÁGIO. REQUISITOS DO ÁGIO. 0 art. 20 do DecretoLei n° 1.598, de 1997, retratado no art. 385 do RIR11999, estabelece a definição de ágio e os requisitos do ágio, para fins fiscais. 0 ágio é a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor patrimonial das ações adquiridas. Os requisitos são a aquisição de participação societária e o fundamento econômico do valor de aquisição. Fundamento econômico do ágio é a razão de ser da mais valia sobre o valor patrimonial. A legislação fiscal prevê as formas como este fundamento econômico pode ser expresso (valor de mercado, rentabilidade futura, e outras razões) e como deve ser determinado e documentado. ÁGIO INTERNO. Fl. 1858DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.858 3 A circunstancia da operação ser praticada por empresas do mesmo grupo econômico não descaracteriza o ágio, cujos efeitos fiscais decorrem da legislação fiscal. A distinção entre ágio surgido em operação entre empresas do grupo (denominado de ágio interno) e aquele surgido em operações entre empresas sem vinculo, não é relevante para fins fiscais. ÁGIO INTERNO. INCORPORAÇÃO REVERSA. AMORTIZAÇÃO. Para fins fiscais, o ágio decorrente de operações com empresas do mesmo grupo (dito ágio interno), não difere em nada do ágio que surge em operações entre empresas sem vinculo. Ocorrendo a incorporação reversa, o ágio poderá ser amortizado nos termos previstos nos arts. 7° e 8° da Lei n° 9.532, de 1997. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 ART. 109 CTN. ÁGIO. ÁGIO INTERNO. É a legislação tributária que define os efeitos fiscais. As distinções de natureza contábil (feitas apenas para fins contábeis) não produzem efeitos fiscais. 0 fato de não ser considerado adequada a contabilização de ágio, surgido em operação com empresas do mesmo grupo, não afeta o registro do ágio para fins fiscais. DIREITO TRIBUTÁRIO. ABUSO DE DIREITO. LANÇAMENTO. Não há base no sistema jurídico brasileiro para o Fisco afastar a incidência legal, sob a alegação de entender estar havendo abuso de direito. 0 conceito de abuso de direito é louvável e aplicado pela Justiça para solução de alguns litígios. Não existe previsão do Fisco utilizar tal conceito para efetuar lançamentos de oficio, ao menos até os dias atuais. 0 lançamento é vinculado a lei, que não pode ser afastada sob alegações subjetivas de abuso de direito. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. ELISÃO. EVASÃO. Em direito tributário não existe o menor problema em a pessoa agir para reduzir sua carga tributária, desde que atue por meios lícitos (elisão). A grande infração em tributação é agir intencionalmente para esconder do credor os fatos tributáveis (sonegação). ELISÃO. Desde que o contribuinte atue conforme a lei, ele pode fazer seu planejamento tributário para reduzir sua carga tributária. 0 fato de sua conduta ser intencional (artificial), não traz qualquer vicio. Estranho seria supor que as pessoas só pudessem buscar economia tributária licita se agissem de modo casual, ou que o efeito tributário fosse acidental. SEGURANÇA JURÍDICA. A previsibilidade da tributação é um dos seus aspectos fundamentais. Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.859 4 Fundamenta o seu recurso, em apertada síntese, nos seguintes argumentos: 1) a única motivação utilizada pela Fiscalização era os efeitos contábeis da geração do ágio que amortizou, ágio este gerado em operações efetuadas entre pessoas jurídicas pertencentes ao mesmo grupo econômico; 2) o acórdão recorrido inovou ao falar em “faltar propósito negocial e fundamentação econômica, [à] reestruturação entre empresas do mesmo grupo econômico”, haja vista que a Fiscalização não contestou os motivos da reorganização societária; 3) de acordo com a teoria dos motivos determinantes, os lançamentos contraditados estão vinculados não só aos fatos concretos apurados, como aos motivos e fundamentos, e que no caso, só seria o fato de ser ágio interno; 4) consoante o voto vencedor do acórdão paradigma, o fundamento econômico do ágio estava plasmado no art. 20, §2º, do Decreto – Lei nº 1.598, de 1977; 5) esse voto vencedor também afirmou que não foi questionada, em nenhum momento, pela Fiscalização a avaliação efetuada pelo laudo; 6) de acordo com Marcos Vinicius Neder e Simone Dias Musa, o registro contábil do ágio faz prova dos fatos escriturados pelo contribuinte; 7) em momento algum dos autos foi comprovada a não geração do ágio; 8) o voto vencedor do acórdão recorrido demonstra equívoco por parte da Fiscalização ao citar a doutrina de Jorge Vieira da Costa Júnior e Eliseu Martins (neste sentido, também, Luis Eduardo Schoueri); 9) não existe lei que exija o envolvimento de terceiras pessoas totalmente estranhas entre si nas operações de incorporação ou cisão, e no caso em apreço, houve, porque o Banco Itaú BBA S/A subscreveu e integralizou capital social na Gerdau Participações S.A; e 10) o que os AuditoresFiscais e o acórdão recorrido fizeram, ao restringir a regra do art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997, ainda que a título de interpretação, foi ilegal, porque nem o STF, nem o STJ estão autorizados a atuar como legislação positivo, criando hipóteses de incidência não previstas em lei. Em face a todo o exposto, pede a Recorrente a reforma do acórdão recorrido, “a efeitos de prevalecer o Acórdão Paradigma 110100.708”, pela desconstituição dos lançamentos ora guerreados. O Recurso foi admitido por meio do despacho de efls. 1.801/1.805, havendo a Fazenda Nacional apresentado as Contrarrazões constantes às efls. 1.807/1.841, para aduzir, em relação à tese do ágio: 1) que ágio ou deságio é a diferença entre o valor do patrimônio líquido de uma participação societária e o seu custo de aquisição, sendo este o montante pelo qual é negociada entre as partes contratantes; Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.860 5 2) na avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial, o preço do ágio ou deságio deve ser registrado por quem o suporta, em conta distinta do valor patrimonial do investimento; 3) na apuração do lucro real, normalmente, a tributação da amortização do ágio ou deságio só ocorre quando o investimento que lhe deu origem for alienado ou liquidado, exceto se ocorrer fusão, cisão ou incorporação; 4) o ágio ou deságio deve ter sempre como origem um propósito negocial (que seria a lógica econômica que levou ao surgimento do ágio ou deságio) e um substrato econômico: “Somente registros escriturais, por exemplo, não podem ensejar o nascimento dessa figura econômica e contábil.”; 5) o ágio ou deságio deve sempre decorrer de um negócio comutativo entre partes interdependentes entre si, que ocupam posições opostas e tenham interesse em assumir direitos e deveres proporcionais; 6) assim, a aquisição de um investimento deve sempre importar um dispêndio de um gasto (econômico ou patrimonial) pelo adquirente e um ganho (econômico ou patrimonial) pelo alienante; 7) nesse sentido está o OfícioCircular/CVM/SNC/SEP nº 1/2007, o item 50 da Orientação Técnica OCPC 02/2008 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis; Em relação ao caso concreto, a Recorrida pontua que o ágio envolveu inicialmente operações entre as seguintes sociedades: a) Gerdau S.A; b) Siderúrgica Riograndense AS (alterada para Gerdau Participações S.A); c) Gerdau Açominas S.A; e d) Gerdau Comercial de Aços S.A. A partir daí, a Fazenda descreve os fatos analisados pela Fiscalização desde a aquisição, em 2001, pela Gerdau S.A, de participação na Aço Minas Gerais S.A. Tal participação teria sido aumentada em 2002, e reestruturada em 2003, com a transferência de alguns ativos da Gerdau S.A para a Açominas, depois denominada Gerdau Açominas S.A. Na seqüência, aduz que: 8) em 2004 foi iniciada a reorganização societária do grupo Gerdau, sendo o primeiro passo a reativação da Siderúrgica Riograndense, que estava praticamente desativada, mas recebeu um aporte de capital com integralização de ações efetuada pela Gerdau S.A., passando tal siderúrgica a se denominar Gerdau Participações S.A.; 9) o capital dessa siderúrgica foi aumentado de R$ 422.360,00 para R$ 15.227.078.630,00, por meio de ações que a Gerdau S.A tinha na Gerdau Açominas S.A. e na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda.; 10) antes da integralização, essas ações foram reavaliadas, por meio de um Laudo de Avaliação Econômica fundamentado em expectativa de rentabilidade futura, elaborado em 22/12/2004; Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.861 6 11) a Gerdau S.A., que teve o seu patrimônio aumentado em decorrência dessas reavaliações, não reconheceu ganho de capital, em razão do diferimento que era autorizado por meio do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002; 12) em 28 de abril de 2005, a Gerdau S.A, a Gerdau Participações S.A e a Gerdau Açominas S.A. firmaram “Protocolo de Intenções” pactuando a futura incorporação da Gerdau Participações S.A pela Gerdau Açominas S.a, que iria se efetivar no dia 9 de maio de 2005; 13) em 9 de maio de 2005, a Gerdau Açominas S.A. incorporou a Gerdau Participações, passando seu capital a ser aumentado em R$ 1.224.645.638, 74, havendo, ainda, sido constituída uma Reserva Especial de Ágio no montante de R$ 3.134.243.953,83; 14) a partir desta incorporação, a incorporadora Gerdau Açominas S.A passou a amortizar o ágio (esta amortização está sendo discutida por meio do PAF 10680.724392/201028); 15) três meses após essa incorporação, a Gerdau Açominas S. A foi cindida parcialmente, havendo o seu patrimônio sido vertido para quatro novas sociedades: Gerdau Aços Especiais S.A., Gerdau Aços Longos S.A., Gerdau América do Sul Participaçoes S.A., e Gerdau Comercial de Aços S.A. Em resumo, a Recorrida argumenta que o aumento de capital na Gerdau Participações pela Gerdau S.A, utilizandose de suas participações societárias na Gerdau Açominas S.A e na Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda, “não teve qualquer respaldo fáticonegocial, consistindo, nas palavras da Fiscalização, artifício contábil.”, já que a Gerdau Participações serviu de empresa veículo para tãosomente reduzir o lucro tributável da Gerdau Açominas S.A, porque foi criada com “o único objetivo de criar artificialmente um ágio a ser deduzido” e destaca a proximidade temporal entre a reativação da antiga Siderúrgica Riograndense (que virou a Gerdau Participações) e sua incorporação (vida efêmera de 5 meses). Rebate os argumentos da recorrente no tocante às suas justificativas para a operação, transcreve parte do voto da decisão de primeira instância, bem como outros acórdãos do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, todos com teses favoráveis à Fazenda a respeito da amortização do ágio, para dizer que: Parecenos, aqui, restar claro não ter sido cumprida exigência básica da legislação de dedutibilidade de ágio, confirmada pela jurisprudência do CARF, qual seja: a efetiva existência de pagamento de ágio, ou seja, de verídico pagamento de ágio. Não houve ingresso de recursos nas operações; apenas lançamentos contábeis meramente formais. Ao contrário, tal como rechaçado nos julgados do CARF, acima citados, o que se verifica neste caso são sociedades submetidas ao mesmo controle acionário, tendo apenas sido feita uma reavaliação com base em rentabilidade futura dela mesma e, se aceita a operação, visando a usufruir de um beneficio fiscal previsto apenas quando, efetivamente, há pagamento de ágio em operação de aquisição ou equivalente. Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.862 7 Por fim, requer que seja negado conhecimento ou, no mínimo, negado provimento ao recurso especial da Contribuinte, mantendose o lançamento fiscal, em razão dos argumentos acima aduzidos. É o relatório. Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.863 8 Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora O recurso é tempestivo e, por atender aos demais pressupostos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A recorrente inicia o seu recurso afirmando que a única motivação utilizada pela Fiscalização para promover os lançamentos de ofício seria os efeitos contábeis do ágio que amortizou, por se tratar de um ágio interno. E a partir daí tece considerações, corroboradas pelo voto vencedor do acórdão paradigma, no sentido de que a Fiscalização não questionou o laudo em si. Assim, de pronto, cumpre esclarecer que há um equívoco neste entendimento da recorrente de que a Fiscalização “chancelou” o fundamento econômico do ágio. É que, ao contrário disso, o que a Fiscalização fez foi questionar o próprio surgimento desse ágio. Ora, quando se questiona como surge o ágio, dizendo que ele é artificial, que ele é uma ficção, que ele foi criado sem substrato econômico, gerado dentro de um grupo de sociedades sob controle comum, sem qualquer desembolso real, em outras palavras, estáse dizendo que ele não se presta sequer como ágio, tal como concebido pela legislação fiscal e contábil. Por conseguinte, não era necessário fazer qualquer juízo de valor sobre o laudo, que serviu para aumento de valores do patrimônio de uma sociedade, em uma operação intragrupo. Para deixar bem registrado as colocações e os questionamentos da Fiscalização, colo os seguintes trechos do Relatório da Ação Fiscal (efls. 1.384 e seguintes): ......................................................................................................................................................... Fl. 1864DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.864 9 ......................................................................................................................................................... ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ......................................................................................................................................................... Fl. 1865DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.865 10 ........................................................................................................................................................ Por conseguinte, não há como conceber que a Fiscalização validou e considerou eficaz o laudo, porque, é indubitável que ao fazer todas as considerações acima, a Fiscalização estava, sim, questionando o surgimento do ágio, em que pese, é verdade, não fazer comentários no tocante à veracidade do laudo. Ora, se o laudo serve para amparar o surgimento do ágio, e essa origem está sendo questionada, é obvio que o questionamento foi até muito maior do que o próprio laudo em si. Na seqüência, a recorrente disse que o acórdão recorrido teria inovado porque a Fiscalização não questionou os motivos de sua reorganização, então não se poderia falar em “falta de propósito negocial” ou “falta de fundamentação econômica”. Nesse sentido, convém reconhecer que a Fiscalização consignou que, “por ser irrelevante na fundamentação da autuação”, não estava a discutir “o propósito negocial da operação como um todo”. Contudo, não questionar o propósito negocial da operação como um todo significa, por exemplo, não entrar no mérito dos motivos pelos quais uma empresa incorporou outra, e depois foi cindida em outras. E isso, realmente, não se faz necessário porque a acusação fiscal é no tocante à impossibilidade de dedução de despesas de amortização de ágio porque esse ágio surgiu em uma operação interna ao grupo econômico para o qual não houve dispêndio de recursos, ou seja, a discussão centrase na possibilidade ou não de se deduzir um ágio não pago, gerado em uma operação na qual quem adquiriu a participação societária não arcou com nenhum custo de aquisição, sendo os motivos das reorganizações, de fato, irrelevantes. Fl. 1866DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.866 11 Ainda assim, não se pode dizer que a decisão recorrida se afastou da acusação fiscal ou mesmo inovou. Da simples leitura de sua ementa, já se percebe que aquilo que o relator extraiu como essencial de seu voto é totalmente coerente com a acusação fiscal, senão vejamos: GERAÇÃO ARTIFICIAL DE ÁGIO. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO ARTIFICIAL. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos efetivamente existentes, e não apenas artificial e formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle das sociedades envolvidas, constitui prova da artificialidade do ágio. É inválida a amortização do ágio artificial. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a geração e a transferência do ágio. No voto, o relator do acórdão recorrido define propósito negocial como “a razão negocial para adquirir um investimento por valor superior ao custo original” (efl. 1.702). Sob esse prisma, não resta dúvida que a Fiscalização questionou o propósito negocial da operação em que surge o ágio. Aliás, cumpre destacar o seguinte trecho do Relatório da Ação Fiscal, que bem esclarece que o que não está sendo questionado é o “contexto maior” da reorganização como um todo do grupo Gerdau: Portanto, mesmo invocandose a Teoria dos Motivos Determinantes, acusação fiscal e decisão recorrida estão perfeitamente alinhados. Analisando o mérito da discussão em si, entendo que assiste razão à Fazenda Nacional, ora recorrida, porque a Lei nº 9.532, de 1997, em seus artigos 7º e 8º, jamais pode ser interpretada como permissiva de dedutibilidade de uma despesa que foi "inventada"! E aqui chamo a atenção que o que classifico de “invenção” é incontroverso pois, em que pese a recorrente dizer que o ágio é legítimo, em nenhum momento a Recorrida demonstrou que houve pagamento ou qualquer transferência de recursos relativa ao ágio que Fl. 1867DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.867 12 aproveitou. A discussão que se trava aqui é se a lei exige ou não pagamento, custo, onerosidade, e partes independentes. Com a devida vênia, a partir do momento em que a Fiscalização analisa todos os seus lançamentos contábeis relativos às operações em comento, constata que não houve movimentação de recursos nas transações, promove a acusação fiscal consignando expressamente que não houve qualquer pagamento, qualquer dispêndio, qual seria a prova ainda a ser produzida? Saliento que, a par de todas essas acusações, em sua defesa, a Recorrente vem constantemente consignando que a legislação está a amparar o seu procedimento. Ou seja, não se trata aqui de uma questão de prova. Os fatos são incontroversos ao meu sentir. Nesse sentido, convém transcrever o seguinte trecho do recurso especial da contribuinte, por bem delimitar a lide: Como dito, abstraindose da veracidade ou não do laudo (porque, repisando, o que está sendo questionado é anterior a essa veracidade), a discussão que se trava aqui é se a lei exige ou não pagamento, custo, onerosidade, e partes independentes. Recapitulando um pouco a operação de onde surgiu o ágio, verificase: 1 – Siderúrgica Riograndense, empresa praticamente inativa, com capital social de R$ 422.360,00 passa a se chamar Gerdau Participações e a deter um capital de R$ 15.227.078.630,00. E a primeira pergunta que surge: como se deu este aumento de capital? 2 – Gerdau S.A subscreveu ações que Siderúrgica Riograndense emitiu. E como subscreveu? 3 – Subscreveu com as ações que Gerdau S.A tinha na Gerdau Açominas, no valor de R$ 13.698.283.480,00 (subscreveu com a totalidade das ações que detinha na Açominas) e na Gerdau Internacional, no valor de R$ 1.528.372.790,00 (aqui só usou 22,8% da participação que detinha). E como surge a Gerdau Aços Longos S.A? 4 – Foi constituída em 15/04/2005, com capital social de R$ 10.000,00, subscrito por Gerdau Açominas S/A (R$ 9.900,00) e Grupo Gerdau Empreendimentos Ltda (R$ 100,00). E como surge o ágio na Gerdau Aços Longos S.A? Fl. 1868DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.868 13 5 – Em 30/07/2005, Gerdau Açominas é cindida parcialmente, e uma parte do seu patrimônio vai para a Gerdau Aços Longos S.A (de acordo com o laudo, a ora autuada incorporou R$ 2.207.849.217,93 dos bens, direitos e obrigações da cindida). Portanto houve uma cisão, seguida de incorporação. 6 – De acordo a Fiscalização, Gerdau Aços Longos recebeu o valor de R$ 1.686.020.988,85 correspondente à Reserva de ágio IN CVM 349, quando incorporou a Gerdau Participações. É que, em 2004, o investimento que a Gerdau S.A tinha na Gerdau Açominas estava contabilizado por R$ 4.479.918.909,94. Mediante um Laudo de Avaliação Econômica na Gerdau Açominas, esse investimento passou a ser avaliado por R$ 4.479.918.909,94, acrescido de um “goodwill” de R$ 13.698.283.480,00. Quando Gerdau S.A subscreveu o capital de Gerdau Participações S.A com a totalidade das ações da Gerdau Açominas, Gerdau Açominas passou a ser controlada de Gerdau Participações, que por sua vez era controlada de Gerdau S.A, ou seja, o controle de tudo continuou com Gerdau S.A. Na contabilidade de Gerdau Participações S.A é registrado o valor contábil da Gerdau Açominas, acrescido do ágio decorrente da reavaliação. Quando Gerdau Açominas incorpora Gerdau Participações, passa a amortizar uma parte desse ágio, e quando é cindida e incorporada pela Gerdau Aços Longos, o ágio é transferido. Logo, quem recebeu este ativo reavaliado, que foi a Gerdau Participações S. A, nada entregou à Gerdau S.A., senão suas próprias ações, as quais apenas permitiram à suposta alienante manter o controle que já detinha sobre a Gerdau Açominas. Assim, Gerdau Participações S.A tem contabilizado um ágio sem ter tido qualquer dispêndio para aquisição das ações. E quando a ora autuada (Gerdau Aços Longos S.A) passa a amortizar o ágio? 7 – Quando ela incorpora parte de Gerdau Açominas (a partir de agosto de 2005). Isso aconteceu cinco meses após Gerdau Participações S.A ter surgido como tal (conforme item 1 acima). A Recorrente alega que isso ocorreu em razão de ser um estágio intermediário do processo de reorganização societária. A Fiscalização diz que não questiona quais são os objetivos maiores da reorganização do Grupo Gerdau, mas aduz que isso não afasta o fato de Gerdau Participações S.A ter servido de veículo para transferência de um ágio, porque, consultando as DIPJs, verificou que essa empresa até então apresentava resultados irrisórios, foi alçada à condição de holding, com expressivo capital, para logo depois ser extinta. Entendo que a discussão se Gerdau Participações S.A foi ou não empresa veículo é um argumento pequeno em relação ao que considero muito mais grave neste processo, que é alguém deduzir uma despesa de amortização de um ágio que foi artificialmente criado. Fl. 1869DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.869 14 Isso porque considero desarrazoado alguém conceber que a legislação permite uma erosão de base tributável de forma tão flagrante! O argumento de que como o legislador não vedou o ágio surgido de operações intragrupo, tudo seria possível, é mais absurdo ainda, porque a Lei nº 9.532, de 1997 trata expressamente de participações adquiridas com ágio ou deságio e ágio pressupõe um pagamento (ou que se arque com um dispêndio) maior do que um valor contabilizado (como deságio pressupõe pagamento a menor), reforçandose ainda, quando o caput do art. 7º faz referência ao DecretoLei nº 1.598, de 1977, o qual, também de forma expressa, define o ágio como diferença entre custo de aquisição e o valor do PL ao tempo dessa aquisição: Lei nº 9.532, de 1997 Art. 7º A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: ......................................................................................................... III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; (Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998) .(Negritei) Decretolei nº 1.598, de 1977 (redação vigente ao tempo dos fatos geradores) Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I.(Negritei) É oportuno registrar que não se está aqui a ampliar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, como quis fazer crer a Recorrente, mas simplesmente interpretando o que dispôs o legislador. E nem mesmo a se fazer uma interpretação econômica dos fatos ou da lei. É que não faz o menor sentido tratar como “custo” o que não representou qualquer dispêndio! Até ouso dizer que o que está a se fazer aqui é uma interpretação literal da lei, porque sequer consigo vislumbrar custo diferente de dispêndio e dispêndio diferente de se arcar com um ônus. Assim, nem os AuditoresFiscais e nem o acórdão recorrido praticaram nenhum ato ilegal. Aliás, a definição de Custo de Aquisição trazida pelo Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações elaborado pela FIPECAFI (item 10.3.2.a, da 7ª ed., 2008), não deixa dúvidas: Fl. 1870DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.870 15 “a) CUSTO DE AQUISIÇÃO O custo de aquisição é o valor efetivamente despendido na transação por subscrição relativa a aumento de capital, ou ainda pela compra de ações de terceiros, quando a base do custo é o preço total pago. Vale lembrar que esse valor pago é reduzido dos valores recebidos a título de distribuição de lucros (dividendos), dentro do período de seis meses após a aquisição das cotas ou ações da investida.” (Grifei) Ou seja, os valores a serem registrados como custo de aquisição, como preço pago, deve corresponder ao valor despendido, pago, nas transações com agentes externos, para obtenção do investimento. Ainda do referido Manual, 7ª ed., destaco todas as menções feitas a valor pago e aquisição de ações, no sentido de demonstrar o que a teoria contábil considera custo de aquisição e ágio: “11.7.1 – Introdução e Conceito Os investimentos, como já vimos, são registrados pelo valor da equivalência patrimonial e, nos casos em que os investimentos foram feitos por meio de subscrições em empresas coligadas ou controladas, formadas pela própria investidora, não surge normalmente qualquer ágio ou deságio. Vejase, todavia, caso especial no item 11.7.6. Todavia, no caso de uma companhia adquirir ações de uma empresa já existente, pode surgir esse problema. O conceito de ágio ou deságio, aqui, não é o da diferença entre o valor pago pelas ações e seu valor nominal, mas a diferença entre o valor pago e o valor patrimonial das ações, e ocorre quando adotado o método da equivalência patrimonial. Dessa forma, há ágio quando o preço de custo das ações for maior que seu valor patrimonial, e deságio, quando for menor, como exemplificado a seguir. 11.7.2 Segregação Contábil do Ágio ou Deságio Ao comprar ações de uma empresa que serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial, devese, já na ocasião da compra, segregar na Contabilidade o preço total de custo em duas subcontas distintas, ou seja, o valor da equivalência patrimonial numa subconta e o valor do ágio (ou deságio) em outra subconta.(...) 11.7.3 Determinação do Valor do Ágio ou Deságio a)GERAL Para permitir a determinação do valor do ágio ou deságio, é necessário que, na database da aquisição das ações, se determine o valor da equivalência patrimonial do investimento, para o que é necessária a elaboração de um Balanço da empresa da qual se compraram as ações, preferencialmente na mesma database da compra das ações ou até dois meses antes dessa data. Todavia, se a aquisição for feita com base num Balanço de negociação, poderá ser utilizado esse Balanço, mesmo que com Fl. 1871DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.871 16 defasagem superior aos dois meses mencionados. Ver exemplos a seguir. b) DATABASE Na prática, esse tipo de negociação é usualmente um processo prolongado, levando, às vezes, a meses de debates até a conclusão das negociações. A database da contabilização da compra é a da efetiva transmissão dos direitos de tais ações aos novos acionistas; a partir dela, passam a usufruir dos lucros gerados e das demais vantagens patrimoniais.(...) 11.7.4 Natureza e Origem do Ágio ou Deságio (...) c) ÁGIO POR VALOR DE RENTABILIDADE FUTURA Esse ágio (ou deságio) ocorre quando se paga pelas ações um valor maior (menor) que o patrimonial, em função de expectativa de rentabilidade futura da coligada ou controlada adquirida. Esse tipo de ágio ocorre com maior frequência por envolver inúmeras situações e abranger diversas possibilidades. No exemplo anterior da Empresa B, os $ 100.000.000 pagos a mais na compra das ações representam esse tipo de ágio e devem ser registrados nessa subconta específica. Sumariando, no exemplo anterior, a contabilização da compra das ações pela Empresa A, por $ 504.883.200, seria (...). 11.7.5 Amortização do Ágio ou Deságio CONTABILIZAÇÃO V – Amortização do ágio (deságio) por valor de rentabilidade futura O ágio pago por expectativa de lucros futuros da coligada ou controlada deve ser amortizado dentro do período pelo qual se pagou por tais futuros lucros, ou seja, contra os resultados dos exercícios considerados na projeção dos lucros estimados que justifiquem o ágio. O fundamento aqui é o de que, na verdade, as receitas equivalentes aos lucros da coligada ou controlada não representam um lucro efetivo, já que a investidora pagou por eles antecipadamente, devendo, portanto, baixar o ágio contra essas receitas. Suponha que uma empresa tenha pago pelas ações adquiridas um valor adicional ao do patrimônio líquido de $ 200.000, correspondente a sua participação nos lucros dos 10 anos seguintes da empresa adquirida. Nesse caso, tal ágio deverá ser amortizado na base de 10% ao ano. (Todavia, se os lucros previstos pelos quais se pagou o ágio não forem projetados em uma base uniforme de ano para ano, a amortização deverá acompanhar essa evolução proporcionalmente).(...) Nesse sentido, a CVM determina que o ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor pago na aquisição do investimento e o valor de mercado dos ativos e passivos da coligada ou controlada deverá ser amortizada da seguinte forma (...). 11.7.6 Ágio na Subscrição Fl. 1872DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.872 17 (...) por outro lado, vimos nos itens anteriores ao 11.7 que surge o ágio ou deságio somente quando uma empresa adquire ações ou quotas de uma empresa já existente, pela diferença entre o valor pago a terceiros e o valor patrimonial de tais ações ou quotas adquiridas dos antigos acionistas ou quotistas. Poderíamos concluir, então, que não caberia registrar um ágio ou deságio na subscrição de ações. Entendemos, todavia, que quando da subscrição de novas ações, em que há diferença entre o valor de custo do investimento e o valor patrimonial contábil, o ágio deve ser registrado pela investidora. Essa situação pode ocorrer quando os acionistas atuais (Empresa A) de uma empresa B resolvem admitir novo acionista (Empresa X) não pela venda de ações já existentes, mas pela emissão de novas ações a serem subscritas, pelo novo acionista. Ou quando um acionista subscreva aumento de capital no lugar de outro. O preço de emissão das novas ações, digamos $ 100 cada, representa a negociação pela qual o acionista subscritor está pagando o valor patrimonial contábil da Empresa B, digamos $ 60, acrescido de uma maisvalia de $ 40, correspondente, por exemplo, ao fato de o valor de mercado dos ativos da Empresa B ser superior a seu valor contabilizado. Tal diferença representa, na verdade, uma reavaliação de ativos, mas não registrada pela Empresa B, por não ser obrigatória. Notemos que, nesse caso, não faz sentido lógico que o novo acionista ou mesmo o antigo, ao fazer a integralização do capital, registre seu investimento pelo valor patrimonial das suas ações e reconheça a diferença como perda não operacional. Na verdade, nesse caso, o valor pago a mais tem substância econômica bem fundamentada e deveria ser registrado como um ágio, baseado no maior valor de mercado dos ativos da Empresa B.” É de se observar, ainda, que mesmo na subscrição de ações, falase em preço e pagamento de valor. É bem verdade que no item 38.6.1.2, ao tratar da Incorporação Reversa com Ágio Interno, o referido Manual, ao analisar o art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, aduz que o referido diploma legal admitia a reavaliação de participações societárias, quando da integralização de ações subscritas, com o diferimento da tributação do IRPJ e da CSLL e concluem os autores da obra: “Questionase, desse modo, a racionalidade econômica do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, pelo lado do ente tributante, que permite que grupos econômicos, em operações de combinação de negócios, criem artificialmente, ágios internamente, por intermédio da constituição de ‘sociedades veículos’, que surgem e são extintas em curso lapso temporal, ou pela utilização de sociedades de participação denominadas ‘casca’, com finalidade meramente elisiva. Fl. 1873DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.873 18 Do ponto de vista tributário, à luz do art. 36, e dependendo da forma pela qual a operação é realizada, a Fazenda pública perde porque permite a dedutibilidade da quota de ágio amortizada para fins de IRPJ e base de cálculo da CSLL e difere a tributação do ‘ganho de capital’ registrado pela companhia que subscreve e integraliza aumento de capital em ‘sociedade veículo’ ou de participação ‘casca’, a ser em seguida incorporada”. Com a devida vênia aos autores, é de se verificar e como a própria Recorrida aduz em suas Contrarrazões, que existe permissão legal, sim, de integralização de capital social com ações de outra empresa, que há permissão legal de avaliação de investimentos em sociedades coligadas e controladas com o desdobramento do custo de aquisição em ágio; contudo, o que não há é autorização legal para, em virtude dessa integralização, lançar em contrapartida o desdobramento do custo como ágio, pois, em operações internas, sem que um terceiro se disponha a pagar uma maisvalia, não há ágio; a contrapartida é uma reavaliação de ativos. E é isso que os autores confundem quando tratam do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, porque essa lei sequer fala em ágio. Assim, o que tal dispositivo tratava é da possibilidade de diferimento do ganho de capital, quando uma companhia A, que possui participação societária em B, resolve constituir C, subscrevendo capital com ações reavaliadas de B. Ocorre que essa reavaliação de B é puramente uma reavaliação, quando as operações ocorrem dentro de um mesmo grupo. A lei não autoriza que a contrapartida da reavaliação seja uma conta de ágio. Só existe ágio se um terceiro se dispõe a reconhecer esse sobrepreço e a pagar por ele. Sem onerosidade, descabe falar em maisvalia. E é nessa linha que os autores acabam concluindo às fls. 599 e 600 da 7ª edição: “Para admitirse o registro da parcela legalmente dedutível do ágio gerado internamente, devese enxergála tecnicamente, abstraindo outras questões, similarmente a um ativo fiscal diferido advindo de estoques de prejuízos fiscais e de bases negativas de contribuição social. Poderseia advogar que seu registro encontra amparo no fato de haver uma evidência persuasiva de sua substância econômica: um diploma legal que corrobora o seu surgimento. E ainda dentro dessa corrente de pensamento, seria admitido como critério de mensuração contábil inicial, por analogia, o mesmo dispensado a um ativo fiscal diferido advindo de estoques de prejuízos fiscais e de bases negativas de contribuição social, qual seja, mensuração a valores de saída, utilizando o método do fluxo de benefícios futuros trazidos a valor presente, no limite de benefícios nominais projetados para dez anos. Por outro lado, haveria também como refutar o registro da parcela legalmente dedutível do ágio gerado internamente, ao se enxergála tecnicamente como um intangível gerado internamente. Dentro do Arcabouço Conceitual Contábil em vigor, considerando a mensuração a valores de entrada, não se admite o reconhecimento de um ativo que não seja por seu custo de aquisição. Um intangível gerado internamente, como no caso em comento, embora gere benefícios econômicos inquestionáveis Fl. 1874DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.874 19 para uma dada entidade, tem o seu reconhecimento contábil obstado por uma simples razão: a ausência de custo para ser confrontado com benefícios gerados e permitir, com isso, a apuração de lucros consentâneos com a realidade econômica da entidade. (...) Só que, no caso desses créditos tributários derivados de operações societária entre empresas sob controle comum, não há, na essência, e também na figura das demonstrações consolidadas, qualquer desembolso que lhes dê suporte. Direitos obtidos sem custo, como direitos autorais, por exemplo, não são contabilizados; o goodwill (fundo de comércio) desenvolvido sem custo ou com custo diluído ao longo de vários anos na forma de despesas já reconhecidas também não é contabilizado; patentes criadas pela empresa são registradas apenas pelo seu custo etc. Por que os direitos de pagar menos tributos futuros, advindos de operações com ausência de propósito negocial e permeadas por abuso de forma, seriam registrados? Essas seriam discussões no campo técnico e conceituai a serem travadas. Contudo, estimulando um pouco mais o debate, deve se atentar para uma questão sobremaneira crucial para a Contabilidade. Do ponto de vista institucional e moral da profissão contábil, e por que não político, admitirse o registro do ativo fiscal implica estimular o surgimento de uma indústria do ágio? Assim, à parte possíveis controvérsias conceituais, o procedimento mais adequado, técnica e eticamente, é não se proceder ao reconhecimento do ativo fiscal diferido nessas operações."(Grifei) Por oportuno, trago ainda a versão do Manual de Contabilidade Societária, após as normas internacionais e os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (edição de 2010, pág. 442), que reforça ainda mais o que entendiam os autores do Manual: "Considerando que na época não havia uma normatização contábil similar ao CPC 15, a consequência direta da prática desse tipo de incorporação (reversa) era a geração de um benefício fiscal bem como o reconhecimento contábil de um ágio gerado internamente (contra o qual, nós, os autores deste Manual, sempre nos insurgimos). Dessa forma, era fortemente criticada a racionalidade econômica do art. 36 da Lei ne 10.637/02, que permitia que grupos econômicos, em operações de combinação de negócios (sob controle comum) criassem artificialmente ágios internamente por intermédio da constituição de "sociedades veículo", que surgem e são extintas em curto lapso de tempo, ou pela utilização de sociedades de participação denominadas "casca", com finalidade meramente elisiva. Nesse sentido, vale lembrar que a CVM vedava fortemente esse tipo de prática (vide OfícioCircular CVM SNC/SEP nQ 01/2007), uma vez que a operação se realizava entre entidades sob controle comum e, portanto, careciam de substância econômica (nenhuma riqueza era gerada efetivamente em tais Fl. 1875DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.875 20 operações). Além disso, o ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill) proveniente de combinações entre entidades sob controle comum era eliminado nas demonstrações consolidadas da controladora final, tornando inconsistente o reconhecimento desse tipo de ágio gerado internamente (na ótica do grupo econômico não houve geração de riqueza). Atualmente, o art. 36 da Lei na 10.637/02 foi revogado pela Lei na 11.196/05 (art. 133, inciso III), bem como com a entrada em vigor do CPC 15, para fins de publicação de demonstrações contábeis, não mais será possível reconhecer contabilmente um ágio gerado internamente em combinações de negócio envolvendo entidades sob controle comum." Convém observar que tudo isso foi escrito antes mesmo da MP nº 627, de 2013! É importante também destacar que o próprio Conselho Federal de Contabilidade estabeleceu, por meio da Resolução nº CFC nº 750, de 1993, que as essências das transações devem prevalecer sobre a forma, e que a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser efetuada com base nos valores de entrada, considerandose como tais aqueles resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes, senão vejamos: Art. 1º. Constituem PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE (PFC) os enunciados por esta Resolução. § 1º. A observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). § 2º. Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas e a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. (...) Art. 7º. Os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do País, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da ENTIDADE. Parágrafo único. Do Princípio do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL resulta: I a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de entrada, considerandose como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou da imposição destes; II – uma vez integrado no patrimônio, o bem, direito ou obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos, admitindose, tãosomente, sua decomposição em elementos e/ou Fl. 1876DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.876 21 sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais; III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da saída deste; IV – os Princípios da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada V – o uso da moeda do País na tradução do valor dos componentes patrimoniais constitui imperativo de homogeneização quantitativa dos mesmos.” (Grifei). O Conselho Federal de Contabilidade editou, ainda, a Resolução CFC nº 1.110/2007 para aprovar a NBC T 19.10 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, aplicável aos exercícios encerrados a partir de dezembro de 2008, cujo item 120 determina expressamente: “120. O reconhecimento de ágio decorrente de rentabilidade futura gerado internamente (goodwill interno) é vedado pelas normas nacionais e internacionais. Assim, qualquer ágio dessa natureza anteriormente registrado precisa ser baixado”. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, também repudiou o ágio interno por meio do CPC nº 04, aprovado em 2010, que, ao se manifestar sobre ativo intangível, dedicou os itens 48 a 50 para tratar do “Ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente”, deixando bastante claro que tal ágio sequer deve ser reconhecido como ativo: Ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente 48. O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo. 49. Em alguns casos incorrese em gastos para gerar benefícios econômicos futuros, mas que não resultam na criação de ativo intangível que se enquadre nos critérios de reconhecimento estabelecidos no presente Pronunciamento. Esses gastos costumam ser descritos como contribuições para o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente, o qual não é reconhecido como ativo porque não é um recurso identificável (ou seja, não é separável nem advém de direitos contratuais ou outros direitos legais) controlado pela entidade que pode ser mensurado com confiabilidade ao custo.(Grifei) Também em 2010, o Conselho Federal de Contabilidade por meio da Resolução CFC nº 1.303, de 2010, aprovou a NBC TG 04, que tem como base o mencionado Pronunciamento Técnico CPC 04 já acima transcrito : Fl. 1877DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.877 22 Ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente 48. O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido como ativo. 49. Em alguns casos incorrese em gastos para gerar benefícios econômicos futuros, mas que não resultam na criação de ativo intangível que se enquadre nos critérios de reconhecimento estabelecidos na presente Norma. Esses gastos costumam ser descritos como contribuições para o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) gerado internamente, o qual não é reconhecido como ativo porque não é um recurso identificável (ou seja, não é separável nem advém de direitos contratuais ou outros direitos legais) controlado pela entidade que pode ser mensurado com confiabilidade ao custo. 50. As diferenças entre valor de mercado da entidade e o valor contábil de seu patrimônio líquido, a qualquer momento, podem incluir uma série de fatores que afetam o valor da entidade. No entanto, essas diferenças não representam o custo dos ativos intangíveis controlados pela entidade. (Grifei) Também a Comissão de Valores Mobiliários, por meio do OfícioCircular CVM/SNC/SEP nº 1, de 2007, no item 20.1.7 tratou o ágio interno nos seguintes termos: 20.1.7 “Ágio” gerado em operações internas A CVM tem observado que determinadas operações de reestruturação societária de grupos econômicos (incorporação de empresas ou incorporação de ações) resultam na geração artificial de “ágio”. Uma das formas que essas operações vêm sendo realizadas, iniciase com a avaliação econômica dos investimentos em controladas ou coligadas e, ato contínuo, utilizarse do resultado constante do laudo oriundo desse processo como referência para subscrever o capital numa nova empresa. Essas operações podem, ainda, serem seguidas de uma incorporação. Outra forma observada de realizar tal operação é a incorporação de ações a valor de mercado de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico. Em nosso entendimento, ainda que essas operações atendam integralmente os requisitos societários, do ponto de vista econômicocontábil é preciso esclarecer que o ágio surge, única e exclusivamente, quando o preço (custo) pago pela aquisição ou subscrição de um investimento a ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial, supera o valor patrimonial desse investimento. E mais, preço ou custo de aquisição somente surge quando há o dispêndio para se obter algo de terceiros. Assim, não há, do ponto de vista econômico, geração de riqueza decorrente de transação consigo mesmo. Qualquer argumento que não se fundamente nessas assertivas econômicas configura sofisma formal e, portanto, inadmissível. Fl. 1878DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.878 23 Não é concebível, econômica e contabilmente, o reconhecimento de acréscimo de riqueza em decorrência de uma transação dos acionistas com eles próprios. Ainda que, do ponto de vista formal, os atos societários tenham atendido à legislação aplicável (não se questiona aqui esse aspecto), do ponto de vista econômico, o registro de ágio, em transações como essas, somente seria concebível se realizada entre partes independentes, conhecedoras do negócio, livres de pressões ou outros interesses que não a essência da transação, condições essas denominadas na literatura internacional como “arm’s length”. Portanto, é nosso entendimento que essas transações não se revestem de substância econômica e da indispensável independência entre as partes, para que seja passível de registro, mensuração e evidenciação pela contabilidade. (Grifei) Em 2011, inclusive, o Comitê quando aprova o CPC nº 15, que trata das demonstrações contábeis acerca da combinação de negócios e seus efeitos, deixa expresso que o Pronunciamento não alcança a combinação de negócios de entidades ou negócios sob controle comum: Objetivo 1. O objetivo deste Pronunciamento é aprimorar a relevância, a confiabilidade e a comparabilidade das informações que a entidade fornece em suas demonstrações contábeis acerca de combinação de negócios e sobre seus efeitos. Para esse fim, este Pronunciamento estabelece princípios e exigências da forma como o adquirente: (a) reconhece e mensura, em suas demonstrações contábeis, os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e as participações societárias de não controladores na adquirida; (b) reconhece e mensura o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill adquirido) advindo da combinação de negócios ou o ganho proveniente de compra vantajosa;e (c) determina quais as informações que devem ser divulgadas para possibilitar que os usuários das demonstrações contábeis avaliem a natureza e os efeitos financeiros da combinação de negócios. ........................................................................................................ Combinação de negócios de entidades sob controle comum – aplicação do item 2(c) B1. Este Pronunciamento não se aplica a combinação de negócios de entidades ou negócios sob controle comum. A combinação de negócios envolvendo entidades ou negócios sob controle comum é uma combinação de negócios em que todas as entidades ou negócios da combinação são controlados pela mesma parte ou partes, antes e depois da combinação de negócios, e esse controle não é transitório. Fl. 1879DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.879 24 B2. Um grupo de indivíduos deve ser considerado como controlador de uma entidade quando, pelo resultado de acordo contratual, eles coletivamente têm o poder para governar suas políticas financeiras e operacionais de forma a obter os benefícios de suas atividades. Portanto, uma combinação de negócios está fora do alcance deste Pronunciamento quando o mesmo grupo de indivíduos tem, pelo resultado de acordo contratual, o poder coletivo final para governar as políticas financeiras e operacionais de cada uma das entidades da combinação de forma a obter os benefícios de suas atividades, e esse poder coletivo final não é transitório. E não é só isso: até este voto do acórdão recorrido, a jurisprudência do CARF também trilhava o mesmo caminho, isto é, o CARF não admitia a dedutibilidade da amortização de ágio surgido em operações internas ao grupo econômico, nem com o uso de empresas veículos, conforme acórdãos trazidos pela Fazenda em seu Recurso, todos de decisões unânimes na matéria ágio: 10196724, 10323.290, 10517.219. Por conseguinte, não se pode afirmar agora, como suscitado da sessão passada, que o ágio interno só deixou de ser dedutível a partir da Lei nº 12.973, de 2014, ou melhor, da MP nº 627, de 2013, da qual referida lei resultou por conversão. Na verdade, a nova lei, ao dispor expressamente assim, nada mais fez do que esclarecer que, por óbvio, ágio pressupõe sobrepreço pago por partes independentes, ou seja, a indedutibilidade do ágio interno para fins fiscais decorre do fato de ele não ser aceito sequer contabilmente. Aliás, é nesta linha que se verifica já na própria exposição de motivos da MP nº 637, de 2013, que ora colaciono: EM nº 00187/2013 MF Brasília, 7 de Novembro de 2013 Excelentíssima Senhora Presidenta da República, Submeto à apreciação de Vossa Excelência a Medida Provisória que altera a legislação tributária federal e revoga o Regime Tributário de Transição RTT instituído pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, bem como dispõe sobre a tributação da pessoa jurídica domiciliada no Brasil, com relação ao acréscimo patrimonial decorrente de participação em lucros auferidos no exterior por controladas e coligadas e de lucros auferidos por pessoa física residente no Brasil por intermédio de pessoa jurídica controlada no exterior; e dá outras providências. 1. A Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, alterou a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 Lei das Sociedades por Ações, modificando a base de cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS. A Lei nº 11.941, de 2009, instituiu o RTT, de forma opcional, para os anoscalendário de 2008 e 2009, e, obrigatória, a partir do anocalendário de 2010. 2. O RTT tem como objetivo a neutralidade tributária das alterações trazidas pela Lei nº 11.638, de 2007. O RTT define como base de cálculo do IRPJ, da CSLL, da Contribuição para o Fl. 1880DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.880 25 PIS/PASEP, e da COFINS os critérios contábeis estabelecidos na Lei nº 6.404, de 1976, com vigência em dezembro de 2007. Ou seja, a apuração desses tributos tem como base legal uma legislação societária já revogada. 3. Essa situação tem provocado inúmeros questionamentos, gerando insegurança jurídica e complexidade na administração dos tributos. Além disso, traz dificuldades para futuras alterações pontuais na base de cálculo dos tributos, pois a tributação tem como base uma legislação já revogada, o que motiva litígios administrativos e judiciais. 4. A presente Medida Provisória tem como objetivo a adequação da legislação tributária à legislação societária e às normas contábeis e, assim, extinguir o RTT e estabelecer uma nova forma de apuração do IRPJ e da CSLL, a partir de ajustes que devem ser efetuados em livro fiscal. Além disso, traz as convergências necessárias para a apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. (...) 15.9. O art. 20, com o intuito de alinhálo ao novo critério contábil de avaliação dos investimentos pela equivalência patrimonial, deixando expressa a sua aplicação a outras hipóteses além de investimentos em coligadas e controladas, e registrando separadamente o valor decorrente da avaliação ao valor justo dos ativos líquidos da investida (maisvalia) e a diferença decorrente de rentabilidade futura (goodwill). O § 3º determina que os valores registrados a título de maisvalia devem ser comprovados mediante laudo elaborado por perito independente que deverá ser protocolado na Secretaria da Receita Federal do Brasil ou cujo sumário deve ser registrado em Cartório de Registro de Títulos e Documentos até o último dia útil do décimo terceiro mês subsequente ao da aquisição da participação. Outrossim, em consonância com as novas regras contábeis, foi estabelecida a tributação do ganho por compra vantajosa no período de apuração da alienação ou baixa do investimento; (...) Os arts. 19 e 20 dispõem sobre o tratamento tributário a ser dado à mais ou menosvalia que integrará o custo do bem que lhe deu causa na hipótese de fusão, incorporação ou cisão da empresa investida. Tendo em vista as mudanças nos critérios contábeis, a legislação tributária anterior revelouse superada, haja vista não tratar especificamente da mais ou menosvalia, daí a necessidade de inclusão desses dispositivos estabelecendo as condições em que os valores poderão integrar o custo do bem para fins tributários. Os referidos dispositivos devem ser analisados juntamente com o disposto nos arts. 35 a 37. 32. As novas regras contábeis trouxeram grandes alterações na contabilização das participações societárias avaliadas pelo valor do patrimônio líquido. Dentre as inovações introduzidas destacamse a alteração quanto à avaliação e ao tratamento contábil do novo ágio por expectativa de rentabilidade futura, também conhecido como goodwill. O art. 21 estabelece prazos e Fl. 1881DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.881 26 condições para a dedução do novo ágio por rentabilidade futura (goodwill) na hipótese de a empresa absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detinha participação societária adquirida com goodwill, apurado segundo o disposto no inciso III do art. 20 do Decreto Lei nº 1.598, de 1977. Esclarece que a dedutibilidade do goodwill só é admitida nos casos em que a aquisição ocorrer entre empresas independentes. (Grifei) É importante destacar que esse novo regramento contido na Lei nº 12.973/2014 é decorrente dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pelas Leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009, e pelos pronunciamentos contábeis decorrentes. No que diz respeito à questão de ágio, ocorreram mudanças significativas, como a nova definição de coligada (alteração do art. 243 da Lei nº 6.404/76), a alteração sobre o Método da Equivalência Patrimonial (art. 248 da Lei nº 6.404/79), além da edição de atos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC sobre o assunto (em especial, o CPC nº 18 – “Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto” e CPC nº 15 – “Combinação de Negócios”, acima já citado). De acordo com essa nova concepção contábil, o ágio (que passou a ser denominado de goodwill) é determinado como sendo o excedente pago, após os ativos líquidos da investida serem avaliados a “valor justo” (conceito que aliás é bem mais amplo do que “valor de mercado”). Em razão dessa alteração, o custo de aquisição do investimento passou a ser desdobrado em: a) valor do patrimônio líquido da investida; b) mais ou menos valia; e c) ágio por rentabilidade futura (goodwill). Por tudo isso, é de se perceber que não é possível se fazer uma associação exata entre a nova sistemática de identificação e apuração do ágio com a anterior. De forma que, o que era ágio antes, pode ser agora somente “mais valia”, mesmo que anteriormente tivesse sido identificado como decorrente de expectativa de rentabilidade futura. A possibilidade de se apurar uma “menos valia” também influi na existência ou não do ágio. Além disso, as situações em que o Método da Equivalência Patrimonial se torna obrigatório também foram alteradas, o que tem influência direta sobre a necessidade ou não de se determinar a existência de ágio. Portanto, é um grande equívoco de interpretação se utilizar das disposições contidas no art. 7º da Lei 9.532/1997, a partir do constante nos arts. 20 a 22 da Lei nº 12.973/2014, uma vez que disciplinam efeitos tributários de procedimentos contábeis totalmente distintos. Não fossem apenas essas diferenças, mas o fato mais curioso ainda é que o próprio conceito de partes dependentes estabelecido pelo art. 25 da Lei nº 12.973, de 2014 é bem mais amplo do que o conceito de ágio interno: Art. 25. Para fins do disposto nos arts. 20 e 22, consideramse partes dependentes quando: (Vigência) I o adquirente e o alienante são controlados, direta ou indiretamente, pela mesma parte ou partes; II existir relação de controle entre o adquirente e o alienante; Fl. 1882DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.882 27 III o alienante for sócio, titular, conselheiro ou administrador da pessoa jurídica adquirente; IV o alienante for parente ou afim até o terceiro grau, cônjuge ou companheiro das pessoas relacionadas no inciso III; ou V em decorrência de outras relações não descritas nos incisos I a IV, em que fique comprovada a dependência societária. Ou seja, não apenas as operações que envolvem duas pessoas jurídicas sob controle comum caracterizamse como partes dependentes: a nova lei incluiu as pessoas físicas, com situações, por exemplo, em que o alienante é parente ou afim até o terceiro grau do sócio acionista da empresa. Assim, passa a ser possível a existência de um ágio contábil (diferente do ágio interno), mas que ao teor da nova legislação, a sua dedutibilidade fica vedada. Por oportuno, também considero equivocado o entendimento de quem concebe que existe um ágio fiscal e um ágio contábil, ou que a legislação societária permitiu algo diferente da contabilidade nesse aspecto. É que a legislação tributária, no artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, trata do ágio apurado na aquisição de participações em Sociedades Coligadas ou Controladas Avaliado pelo Valor de Patrimônio Líquido nos seguintes termos (destaque acrescido): Desdobramento do Custo de Aquisição Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Essas disposições contidas no art. 20 do Decretolei nº 1.598/77 estão em perfeita sintonia com as normas contábeis contemporâneas à expedição do Decretolei nº 1.598/77, conforme se pode constatar no disposto na Instrução CVM nº 01 de 27 de abril de 1978, conforme destaco: Fl. 1883DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.883 28 (...) Desdobramento do custo de aquisição de investimento XX Para efeito de contabilização, o custo de aquisição de investimento em coligada ou em controlada deverá ser desdobrado e os valores resultantes desse desdobramento contabilizados em subcontas separadas: a) equivalência patrimonial baseada em balanço patrimonial ou em balancete de verificação levantado até, no máximo, sessenta dias antes da data da aquisição pela investidora ou pela controladora, consoante o disposto no Inciso XI b) ágio ou deságio na aquisição, representado pela diferença para mais ou para menos, respectivamente, entre o custo de aquisição do investimento e a equivalência patrimonial. XXI o ágio ou deságio computado na ocasião da aquisição do investimento deverá ser contabilizado com indicação do fundamento econômico que o determinou: a) diferença para mais ou para menos entre o valor de mercado de bens do ativo e o valor contábil desses mesmos bens na coligada ou na controlada; b) diferença para mais ou para menos na expectativa de rentabilidade baseada em projeção do resultado de exercícios, futuros; c) fundo de comércio, intangíveis ou outras razões econômicas. XXII O ágio ou o deságio decorrente da diferença entre o valor de mercado de bens do ativo e o valor contábil na coligada ou na controlada desses mesmos bens deverá ser amortizado na proporção em que for sendo realizado na coligada ou na controlada por depreciação, por amortização ou por exaustão dos bens, ou por baixa em decorrência de alienação ou de perecimento desses mesmos bens. XXIII O ágio ou o deságio decorrente da expectativa de rentabilidade deverá ser amortizado no prazo e na extensão das projeções que o determinaram ou quando houver baixa em decorrência de alienação ou de perecimento do investimento antes de haver terminado o prazo estabelecido para amortização. (...) Portanto, o ágio a que se refere a legislação fiscal é exatamente o mesmo tratado pela legislação societária, possuindo conteúdo puramente econômico/contábil. Analisando agora o voto vencedor do acórdão paradigma cujo entendimento a recorrente pede ser aplicado, verificase que o relator afirma que é um “grave erro confundir fundamento econômico com pagamento”. Esse “fundamento econômico” , no que diz respeito ao ágio, encontravase disposto no Decretolei nº 1.598, de 1977, art. 20, §2º, nos seguintes termos (redação vigente à época dos fatos): Fl. 1884DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.884 29 § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico : a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas.(Negritei) Como se pode depreender, o legislador chamou de “fundamento econômico” do lançamento contábil do ágio, as três “justificativas” acima listadas, e, de fato, não é a partir dessa definição que se está a dizer que é preciso haver pagamento, ou melhor, que é preciso ter havido um custo arcado. A razão para existência do pagamento, ou de um custo arcado, está no próprio conceito de ágio, cujo inciso II, desse mesmo art. 20 definiu como diferença entre custo de aquisição e o valor que consta do PL. E continua o mencionado voto vencedor do acórdão paradigma: “Pagamento é a contrapartida da compra e venda, uma das formas de aquisição da participação”. De fato, compra e venda é apenas uma das formas de aquisição. Porém, “custo de aquisição”, seja qual for a forma como se dá essa aquisição, pressupõe “ônus”, “dispêndio”. E é aqui que está o equívoco desse voto vencedor: conceber que a lei não exige “ônus”, “dispêndio” para quem está adquirindo a participação societária. Conclui, então, o exconselheiro Carlos Guerreiro, relator do voto vencedor do acórdão paradigma: De qualquer modo, fica evidenciado os equívocos teóricos constante da autuação: 1 0) limitar o conceito de aquisição ao de compra; 2°) confundir fundamento econômico do ágio com pagamento de compra ou entrega de ações, por terceiros estranhos ao grupo. Sem mencionar a pretensão de impor para fins fiscais percepções de cunho exclusivamente contábil. Pois bem, a Fiscalização não limitou o conceito de aquisição à compra e sequer confundiu fundamento econômico do ágio com pagamento de compra e entrega de ações. O que ela disse foi que o ágio não existiu e quando cita o que vislumbrou como equivocado, o faz de forma indistinta, usando expressões como “ausência de desembolso real”, “ausência de suporte econômico”, “não ingresso de recursos”, além, é claro, de “ausência de pagamentos”, conforme trechos que mais uma vez colaciono: Fl. 1885DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.885 30 ......................................................................................................................................................... No item 5 do Relatório da Ação Fiscal intitulado “Da impossibilidade do surgimento de ágio interno em grupo societário”, os AuditoresFiscais afirmaram expressamente que “é necessário que haja dispêndio”: Fl. 1886DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.886 31 Como se vê, é bastante forçoso dizer que houve “equívoco teórico” por parte da Fiscalização, porque menciona, sim, “ausência de dispêndio”, de forma que equivocada está é a decisão que a recorrente pede ser aplicada ao caso em apreço. Assim, ao contrário do que aduz a Recorrente, a Fiscalização questionou de forma bastante contundente a formação do ágio nas operações, o que, como já dito, é um argumento maior e anterior ao próprio laudo, já que esse não tem como respaldar uma operação entre partes não dependentes, de forma que nem o laudo, nem o registro contábil do ágio fazem prova dos fatos escriturados pelo contribuinte. Isso porque o laudo representa tão somente uma reavaliação de ativos e nenhum registro contábil faz prova a favor de quem o escritura, sem a documentação comprobatória que o lastreia, nos termos do art. 923 do RIR/99 (art. 9º, §1º, do DecretoLei nº 1.598, de 1977). E, ainda assim, é preciso observar a já citada Resolução nº CFC nº 750, de 1993, que as essências das transações devem prevalecer sobre a forma. Ora, qual o valor de um laudo que reflete uma rentabilidade futura, sem que haja um terceiro que reconheça essa projeção e arque com o ônus de pagar um valor maior? Como se pode defender isso entre partes pertencentes a um mesmo grupo? E aqui cumpre esclarecer que quando a Fiscalização diz que o ágio é artificial, e glosa a sua amortização, ela não o faz pelo simples fato de ser em operações envolvendo sociedades sob controle comum, mas sim porque, em razão de ser entre empresas sob o mesmo controle, não ter havido aquisição, não ter havido dispêndio. Uma coisa está associada a outra. É importante também esclarecer que, em relação à subscrição e integralização de capital pelo Banco Itaú BBA S.A, conforme está consignado nos autos desde a decisão de primeira instância, não houve qualquer pagamento de ágio, porque o patrimônio da Gerdau Participações S.A já estava, naquela ocasião, avaliado a valor de mercado. O fato também de o Banco ter adquirido as participações societárias já com o valor atualizado não tem o condão de “validar” a dedutibilidade da amortização do ágio, vez que o que se está discutindo nos autos é a dedutibilidade de um ágio que surgiu dentro de uma Fl. 1887DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16682.720271/201154 Acórdão n.º 9101002.391 CSRFT1 Fl. 1.887 32 operação interna a um grupo econômico, em que nem incorporada, nem incorporadora arcaram com qualquer ônus sobre qualquer valor. O Banco Itaú BBA S.A não fazia parte das pessoas jurídicas relacionadas às operações de surgimento, transferência e amortização do ágio. Por oportuno, destaco o seguinte trecho do Relatório da Ação Fiscal: Em essência, o que não se pode aceitar e validar nos autos ora em análise é que um Grupo Econômico, por meio de um laudo de reavaliação de ativos com base em rentabilidade futura, aumente o valor de seus ativos, crie o ágio, transfira esse ágio, e depois deduza a amortização desse ágio da base de cálculo do RPJ e da CSLL sem ter, sequer, efetuado qualquer dispêndio sobre esse ágio. É inimaginável aceitar isso como uma mens legis! E se não é essa a “mens legis”, como dizer que o contribuinte agiu conforme a lei? Por essas razões, entendo que o lançamento de ofício deve ser mantido Conclusão Em face a todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Especial da Contribuinte. Adriana Gomes Rêgo Relatora. Fl. 1888DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 p or ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11543.000904/2003-75
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Dec 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2003
Compensação. Incorporação. Direito Creditório da Incorporada. Débitos da Incorporadora.
Os efeitos da extinção da pessoa jurídica por incorporação, retroagem à data da deliberação dos membros da sociedade, ainda que as providências de baixa da inscrição da empresa incorporada junto ao sistema CNPJ da RFB, venham a ser tomadas posteriormente. Assim, deve ser reconhecido como da incorporadora, créditos antes pertencentes à incorporada, tendo em conta que os efeitos jurídicos da incorporação passam a ser reconhecidos a partir da assinatura da Assembléia Geral Extraordinária que deliberou pela incorporação.
Reconhecimento do Direito Creditório. Análise Interrompida.
Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da compensação restringe-se a aspectos atinentes à possibilidade do pedido. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado o aspecto prejudicial, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a contribuinte.
Numero da decisão: 9101-002.494
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2003 COMPENSAÇÃO. INCORPORAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO DA INCORPORADA. DÉBITOS DA INCORPORADORA. Os efeitos da extinção da pessoa jurídica por incorporação, retroagem à data da deliberação dos membros da sociedade, ainda que as providências de baixa da inscrição da empresa incorporada junto ao sistema CNPJ da RFB, venham a ser tomadas posteriormente. Assim, deve ser reconhecido como da incorporadora, créditos antes pertencentes à incorporada, tendo em conta que os efeitos jurídicos da incorporação passam a ser reconhecidos a partir da assinatura da Assembléia Geral Extraordinária que deliberou pela incorporação. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da compensação restringese a aspectos atinentes à possibilidade do pedido. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superado o aspecto prejudicial, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 09 04 /2 00 3- 75 Fl. 594DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 594 2 (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal De Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de fls. 401 e ss, do volume 3 digitalizado, contra o Acórdão nº 10196.320 (fls. 382 e ss do volume 2 digitalizado) que, por maioria de votos, deu provimento ao Recurso Voluntário interposto pela pessoa jurídica XEROX COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., em face da decisão da 1ª Turma de Julgamento da DRJ em Porto Alegre/RS, que indeferiu a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra o despacho decisório que não reconheceu o direito creditório e não homologou as compensações pleiteadas nos autos. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: IRPJ COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS CRÉDITOS DE PESSOA JURÍDICA EXTINTA POR INCORPORAÇÃO Cabível a compensação de tributos administrados pela SRF, decorrentes de operação de incorporação, após atendidos os trâmites previstos nas normas legais vigentes (art. 227 da Lei das S/A e arts. 1117 e 1118 do Novo Código Civil). O Recurso interposto tem por fundamento decisão não unânime, contrária à lei ou à evidência de provas, como previa, à época, o art. 7º, I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007. Aduz a recorrente que, para que a sociedade incorporada deixe de existir, a extinção regular dessa somente pode ocorrer quando tal situação for levada a registro público, igualmente, não bastando a vontade dos sócios, expressada em Assembléia Geral Extraordinária, principalmente em se tratando de sociedades empresárias. Salienta ser necessário o arquivamento e a extinção da pessoa jurídica incorporada para que a incorporação possa produzir todos os efeitos legais decorrentes, dentre estes, usufruir de créditos tributários da incorporada. Sem a consumação final, com o registro público colocando uma “pá de cal” na existência da empresa incorporada, não há como se aproveitar dos créditos desta, e isso porque, para terceiros, a empresa incorporada ainda existe, eis que ativa no Registro da Junta Comercial. Aponta que não se pode fechar os olhos para a existência jurídica de duas empresas, com dois CNPJs distintos, muito embora já aprovada a incorporação e que somente devem ser considerados débitos próprios, débitos de uma única empresa, com uma única inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Acrescenta ser vedada a compensação de prejuízos fiscais nos casos de incorporação, pois tal prática seria verdadeira evasão fiscal, vedação essa expressa no art. 33, Fl. 595DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 595 3 do Decretolei nº 2.341/87, base legal do art. 504 do RIR/94, e que ignorar tal preceito normativo seria declarar sua inconstitucionalidade, o que é vedado pela Súmula nº 2 do 1º C.C. Ao final pede pela reforma integral do acórdão. Pelo Despacho Presi nº 101220/2008, o Recurso Especial foi admitido (fl. 411, do volume 3 digitalizado). Cientificada, a pessoa jurídica XEROX COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., apresentou Contrarrazões (fls. 435 e ss do volume 3 digitalizado), pugnando inicialmente, pelo não conhecimento do Recurso Especial da PFN por falta de prequestionamento da matéria relativa à vedação de compensação de prejuízos fiscais de empresa incorporada pela incorporadora. Aponta, ainda, que o recurso contra decisão não unânime somente tem cabimento em relação à parte não unânime da decisão, seguindo a mesma lógica dos embargos infringentes, ressaltando que, dos cinco Conselheiros presentes no julgamento, apenas um deles (Dr. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho) votou no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, por entender que o mais prudente seria suspender o andamento do feito até que fossem concluídos os procedimentos necessários para a baixa do CNPJ da XBRA, não tendo havido dúvida quanto a questão de que os créditos utilizados na compensação seriam da própria recorrida; havendo apenas discordância com o pronto retorno dos autos à primeira instância o que na prática poderia até ser entendido como provimento parcial. Observa que, sob a escusa de que a votação não foi unânime, não pode a recorrente aumentar o escopo de seu recurso especial e pretender adentrar na discussão sobre a titularidade dos créditos utilizados na compensação, sobre a qual não houve divergência entre os Conselheiros do colegiado. Quanto ao mérito, destaca que as compensações não foram homologadas tão somente pelo fato de, à época da sua apresentação, o status do CNPJ da XBRA ainda estar ativo, não obstante terem sido juntados no presente processo administrativo todos os documentos que demonstram a regularidade da incorporação, além da certeza e liquidez dos créditos utilizados. Afirma que, por definição legal, todos os créditos tributários existentes em nome da XBRA já passaram a ser de responsabilidade da Recorrida no momento da incorporação, de acordo com o artigo 1.115 e 1.122 do CC e, inclusive, o próprio artigo 132 do CTN, e que o erário federal não ficou um momento sequer desamparado. Defende que a extinção da empresa XBRA, de acordo com a legislação aplicável, ocorreu automaticamente com a aprovação da incorporação na assembléia geral extraordinária realizada em 15/03/2003 e que se a sociedade incorporada foi extinta e não existe mais, não havendo porque impedir que a sociedade incorporadora utilize os seus créditos para compensar com os seus próprios débitos, sob a escusa de que seriam créditos de terceiros Salienta que a própria legislação tributária também reconhece que a extinção da sociedade incorporada ocorre na data da assinatura da ata de assembléia pertinente (e não da data da baixa no CNPJ), indicando a esse respeito a redação do § 1° do artigo 1º da Lei n° 9.430/1996 e os §§ 20 e 22 (inciso I) da Instrução Normativa da SRF n° 200/2002, em vigor à época da incorporação, e ainda, a Solução de Consulta nº 83/2001, da 7ª RF. Fl. 596DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 596 4 Ao final, enumera vários pedidos que podem ser resumidos em um único: manutenção do acórdão recorrido que determinou o retorno dos autos à primeira instância para apreciação do mérito da homologação da compensação. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora A PFN foi cientificada do Acórdão nº 10196.320, em 08/01/2008 (fl. 398 do volume 2 digitalizado) e apresentou o Recurso Especial, em 21/0/2008, como demonstra o carimbo de protocolo à fl. 401 do volume 3 digitalizado, portanto, tempestivamente. Observo que, à época do aviamento da peça recursal, vigorava o Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, que admitia a apresentação de Recurso Especial privativamente pela PFN, contra decisão do colegiado a quo, não unânime, proferida contrariamente à lei e/ou à evidência de provas. No presente caso, têmse que a decisão foi não unânime, já que a votação se deu por maioria, e a recorrente apontou contrariedade aos artigos 45 e 985 do CC e 227, § 3º da Lei das S/As. Observo, também, que não é requisito regimental para conhecimento dessa espécie de recurso, que a matéria recorrida tenha sido prequestionada. Tal pressuposto se dá, apenas, em relação ao Recurso Especial apresentado pelo contribuinte, já que a PFN somente vem a atuar no processo, quando há julgamento proferido pelo colegiado do CARF ou do antigo Conselho de Contribuintes, não sendolhe possibilitado participar do contencioso administrativo fiscal até esse momento. Em relação à alegação de que apenas o Cons. Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho votou no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, “por entender que o mais prudente seria suspender o andamento do feito até que fossem concluídos os procedimentos necessários para a baixa do CNPJ da XBRA”, cumpre destacar que essa informação não consta do acórdão. Apenas consta que ele votava no sentido de negar provimento ao recurso. Como a matéria discutida no recurso voluntário era a possibilidade ou não de se homologar esta compensação, depreendo que a decisão foi não unânime em relação a esse aspecto, que é o que será discutido no presente processo. Assim, os requisitos para aviamento do Recurso Especial foram preenchidos, razão pela qual dele tomo conhecimento. Feitas estas considerações, passo ao exame do mérito. Esclareçase que a pessoa jurídica interessada apresentou pedido de compensação de débitos próprios da contribuição para o financiamento da seguridade social COFINS, referentes aos períodos de apuração de outubro e novembro de 2001, indicando como direito creditório o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2002, no valor total corrigido Fl. 597DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 597 5 de R$ 2.390.962,47, que teria sido apurado pela pessoa jurídica Xerox do Brasil Ltda., incorporada pela pessoa jurídica interessada XEROX COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA. O órgão de origem negou o pleito afirmando que, apesar de terem sido apresentados elementos que comprovam a incorporação, como o protocolo de incorporação registrado na Junta Comercial do Estado do Espírito Santo, localidade da empresa incorporadora, não fora apresentado o registro da incorporação junto à Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro, de localidade da incorporada, tampouco fora providenciada a baixa do CNPJ da incorporada, que permanecia ativo. Nessas condições, havendo dois (2) CNPJ ativos nos sistemas internos da RFB, considerou que a interessada apresentou um pedido de compensação com créditos de terceiros, situação vedada pela legislação de regência. O colegiado a quo, ao julgar o Recurso Voluntário apresentado pela interessada, entendeu que as formalidades legais necessárias à caracterização da incorporação, com a produção de seus efeitos jurídicos, foram atendidas e, assim, superou o fundamento atribuído à Turma Julgadora de 1ª Instância para o indeferimento do pleito, que consistia em considerar o crédito como de terceiro, pela ausência de baixa do CNPJ da incorporada nos sistemas internos da RFB, afirmando que isso seria mera formalidade que não prejudicava os efeitos legais da incorporação. Determinou, assim, que os autos retornassem à repartição de origem para apreciação do mérito da compensação. Com efeito, a razão da não homologação das compensações, constante do Despacho Decisório nº 11543.000904/200375, fundamentado no Parecer SEORT nº 1814/2004 (fls. 159 e ss do volume 1 digitalizado) foi resumidamente a seguinte: [...] Posteriormente, em consulta ao sistema SRF CNPJ, à fl. 157, verificouse que a situação cadastral da empresa XEROX DO BRASIL LTDA, CNPJ 29.213.386/000100, continua ativa. De acordo com o disposto no art. 40 da Instrução Normativa SRF n° 460/2004, é expressamente vedada a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, com créditos de terceiros. Por fim, mister se faz ressaltar que incumbe a interessada comprovar a existência e a exatidão dos seus créditos tributários a compensar. Não cabe à Secretaria da Receita Federal o ônus da prova quando se trata de solicitação de reconhecimentos de créditos para fins de compensação de tributos e contribuições. Destarte, considerando que é expressamente vedada a compensação de débitos do sujeito passivo, relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, com créditos de terceiros, é de meu parecer que não deverá ser homologada a declaração de compensação pretendida pela contribuinte, devendo se dar prosseguimento à cobrança dos débitos, nos termos da IN SRF n° 460/2004, e do art. 74 da Lei 9.430/96 (§§ 7° a 11, incluídos pela Lei n° 10.833/2003). À consideração superior (...). Nesse mesmo sentido caminhou a decisão da 5ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro/RJO, ao apreciar a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada, como se verifica dos seguintes trechos extraídos do voto (fls. 315 e ss do volume 2 digitalizado): Fl. 598DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 598 6 [...] 9.1. A DRF/Vitória concluiu por não reconhecer o crédito alegado pelo interessado e, conseqüentemente, .não homologou a compensação, sob o fundamento de que seria vedada a compensação utilizando créditos de terceiros, uma vez que a situação junto ao CNPJ da empresa Xerox do Brasil Ltda., incorporada pelo interessado, continua com o status de "ativa". [...] 9.5. Portanto, um dos documentos necessários para se proceder à baixa da pessoa jurídica incorporada junto ao CNPJ é o ato extintivo devidamente registrado no órgão competente. Sem tal documento não é efetivada a baixa no CNPJ. [...] 9.10. Assim, enquanto não providenciados os devidos registros na Junta Comercial e efetivada a baixa no CNPJ, não há como se homologar a compensação declarada, já que nos assentamentos da Secretaria da Receita Federal a empresa extinta "Xerox do Brasil Ltda." continua com o status de ativa junto ao CNPJ, segundo o extrato que juntei à fl. 314. Em relação ao interessado a empresa incorporada continua sendo um terceiro, enquanto não efetivados os devidos registros de baixa da mesma. 9.11. Por todo o exposto, entendo que deve ser obedecido o art. 40 da In SRF n° 460/2004, que veda a compensação de débitos do sujeito passivo utilizando créditos de terceiros. Conseqüentemente, voto pela não homologação da compensação. É o meu voto. É fato que a interessada apresentou todos os demais elementos legais e jurídicos necessários a dar ao ato da incorporação os efeitos jurídicos pleiteados. Isso foi reconhecido pela unidade de origem, como se pode notar dos seguintes trechos do parecer SEORT que fundamentou o Despacho Decisório (fls. 159 e ss do volume 1 digitalizado): [...] Vale mencionar que a contribuinte firmou, em 10/01/2003, o protocolo de que trata o Art. 224 da Lei 6.404/76, indicando o número, espécie e classe das ações; indicou que as variações monetárias posteriores integrariam o resultado da empresa incorporadora; optou pela avaliação do patrimônio líquido pelo valor contábil apurado com base no balanço apurado em 01/03/2003, em atenção ao disposto no Art. 21 da Lei n° 9.249/95; e submeteu à aprovação das Assembléias Gerais, procedendo ao registro de todos os atos na Junta Comercial do Estado do Espírito Santo sob número 030143888, conforme documento de fls. 67/69. Não se verificou o registro na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro. Em consonância ao regramento do Art. 227 da Lei 6.404/76, foi preparado o Laudo de Avaliação do Patrimônio Líquido do XEROX DO BRASIL por peritos contratados que corroboraram os valores apurados no balanço de 01/03/2003, atestando sua Fl. 599DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 599 7 avaliação "de acordo com os princípios de contabilidade emanados da legislação societária", às fls.80/86. Nos termos da legislação societária aplicável, Art. 227 da Lei 6.404/76, a incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. Oportuno se torna dizer que a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica referente ao evento incorporação entregue, em 04/04/2003, em cumprimento à alínea (a), do inciso I, do primeiro parágrafo do Art. 24, da Instrução Normativa n° 200/2002, correspondente ao período transcorrido durante o anocalendário de ocorrência do evento, com base no balanço levantado em 02/01/2003, apresentou algumas discrepâncias nos valores constantes do Ativo e do Passivo, entretanto sem reflexo no Patrimônio Líquido apurado e confirmado pelo Laudo de Avaliação, às fls. 80/86 e 149/155. Ressaltese o conteúdo do item 4 do Protocolo de Incorporação de fls. 78. Tendo em vista a necessidade de complementação da instrução processual no que concerne a novas informações e à coleta de elementos comprobatórios, foi lavrado Termo de Intimação, às fls. 53/60, nos termos dos Arts. 927 e 928 do Decreto n° 3.000/99, solicitando informações sobre a incorporação, apresentação de comprovantes de retenção nafonte, dosDARF ção nos casos em que a empresa incorporadora figurou como fonte pagadora, dos demonstrativos, do Livro de Apuração do Lucro Real — LALUR, do Livro Razão, entre outros elementos; tendo o Procurador, devidamente identificado, com poderes de representação de acordo com o Mandato, tomado ciência em 05/08/2004, às fls. 60 e 63. [...] Em atendimento ao Termo de Intimação, a contribuinte, mediante termo de entrega, às fls. 64/65, apresentou cópias simples dos DARF, demonstrativos das fontes pagadoras e respectivos impostos retidos, originais e cópias do Livro de Apuração do Lucro Real LALUR atinente ao anocalendário de 2002, declaração concernente à utilização do crédito pleiteado, originais e cópias do Livro Diário Geral e a indicação de pessoas com poderes para prestar esclarecimentos. [...] Urge frisar que no Termo de Intimação foram solicitados os documentos pertinentes à incorporação devidamente registrados no órgão competente e a solicitação de cancelamento do CNPJ da empresa Xerox do Brasil Ltda junto à unidade cadastradora da SRF competente. Ainda foi informada a situação de cadastro CNPJ ativo para empresa incorporada, à fl. 155. Em sua resposta, a contribuinte, especificamente no item 1, entregou os documentos registrados somente na Junta Comercial do Espírito Santo e se omitiu no que concerne à regularização da situação cadastral do CNPJ, à fl. 64. [...] Fl. 600DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 600 8 Da mesma forma, reconheceu o colegiado a quo (fls. 391 e ss do volume 2 digitalizado): [...] Efetivamente, consta dos autos todas as providências legais e societárias relativas à incorporação da empresa "Xerox do Brasil Ltda." conforme Assembléia Geral Extraordinária realizada em 15.03.2003, onde consta a ratificação dos termos do protocolo, bem como a aprovação do laudo de avaliação elaborados, conforme se depreende da norma de regência prevista no artigo 1.116 a 1.118 do Novo Código Civil e no artigo 227 da Lei das Sociedades Anônimas, verbis [...] Nesse mesmo sentido, a empresa "Xerox do Brasil Ltda." realizou AGE em 15.03.2003 e também ratificou os termos do protocolo e da justificativa, tendo aprovado o laudo de avaliação e, por fim, declarouse extinta, concluindo o processo de sua incorporação pela recorrente. Também foi apresentada, em 28.04.2003, a DIPJ específica, para o encerramento das atividades, com as informações correspondentes ao período de janeiro a março de 2003. Acrescentese a isso que não houve qualquer manifestação em contrário por parte do Fisco. Consta também dos autos o balanço de encerramento das atividades da Xerox do Brasil Ltda., bem como a individualização dos bens que foram vertidos para o patrimônio da incorporadora, estando aí incluídos os impostos a recuperar que fazem parte do presente processo. [...] Temse, assim, que o fundamento para o indeferimento do pleito, tanto pelo órgão de jurisdição da interessada, quanto pela Turma Julgadora de 1ª Instância, foi a não apresentação do arquivamento dos documentos de incorporação na Junta Comercial do Rio de Janeiro o que, por conseqüência, impedia a baixa do CNPJ da incorporada dos sistemas da RFB. Assim, o direito creditório da incorporada foi considerado crédito de terceiros, em razão do CNPJ ativo da incorporada. Essa necessidade de arquivamento da incorporação na Junta Comercial do Rio de Janeiro, onde se localizava a sede da incorporada, foi também invocada pela PFN em suas razões recursais (fls. 405 e ss do volume 3 digitalizado): [...] Sem a consumação final, com o registro público colocando uma pá de cal na existência da empresa incorporada, não há como se aproveitar dos créditos desta, e isto por uma razão muito simples: para terceiros, a empresa incorporada ainda existe, eis que ativa no Registro da Junta Comercial. [...] Ora, a própria contribuinte confessa que (fl. 332/335), para adequar a situação de direito à de fato, vem tomando todas as providências (ainda não concluídas) para arquivar os documentos pertinentes nas Juntas Comerciais onde a empresa extinta 'Xerox do Brasil Ltda' possuía estabelecimento, além de Fl. 601DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 601 9 efetuar a baixa no CNPJ. Confessou também que, não efetuou a baixa no CNPJ porque o pedido de arquivamento definitivo dos documentos da incorporação tem caído em exigência na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro. O que não se pode fazer é fechar os olhos para a irregularidade apontada: a existência jurídica de duas empresas, com dois CNPJs distintos, muito embora já aprovada a incorporação. [...] Ora somente devem ser considerados débitos próprios, débitos de uma única empresa, com uma única inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), impedindo, portanto, empresas sob mesma administração de compensarem seus tributos entre si. Entender de forma diversa significa ignorar todos os preceitos jurídicos que regulam e relevam a importância dos atos concernentes ao Registro Público. Ocorre que esse óbice não existe mais. O CNPJ da incorporada, Xerox do Brasil, já foi definitivamente baixado nos sistemas internos da RFB. Em 14/09/2016, a recorrente apresentou a petição de efls. 589/592, informando que a própria RFB providenciou a baixa no CNPJ da incorporada, Xerox do Brasil, com efeitos retroativos ao mês de 01.03.2003. De fato, a fim de verificar a veracidade da informação, consultando o sistema COMPROT, localizei o processo de nº 10569.000318/201180, formalizado para providenciar a baixa de ofício do CNPJ da incorporada Xerox do Brasil. O Decreto nº 70.235, de 1972, admite a possibilidade de conhecimento de prova trazida após a apresentação da impugnação, desde que refirase a fato ou a direito superveniente (art. 16, § 4º, "b"). Este é o caso. A baixa definitiva do CNPJ da empresa incorporada deuse por procedimento de oficio da RFB, em momento posterior à apresentação da impugnação e refere se a fato superveniente. Assim, a pendência nos sistemas internos da RFB acerca do CNPJ da incorporada Xerox do Brasil, que impedia o deferimento da compensação, não mais existe. Como bem ressaltou a Turma Julgadora de 1ª Instância, os efeitos da extinção da pessoa jurídica por incorporação, retroagem à data da deliberação dos membros da sociedade, ainda que as providências de baixa da inscrição da empresa incorporada junto ao sistema CNPJ da RFB, venham a ser tomadas posteriormente. É o que dispunha, à época, a IN SRF nº 200, de 2002: IN SRF nº 200, de 2002 Dispõe sobre o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Art. 24. O pedido de cancelamento de inscrição no CNPJ, por extinção da pessoa jurídica ou de qualquer de seus estabelecimentos, será único e simultâneo para todos os órgãos convenentes a que estiver sujeito. [...] Fl. 602DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 602 10 § 20. O cancelamento da inscrição no CNPJ produzirá efeitos a partir da data da extinção da pessoa jurídica. § 21. Não serão exigidas as declarações referidas no item 1 da alínea "c" do inciso I do art. 48, relativamente a período posterior à data da extinção da pessoa jurídica. § 22. Considerase data de extinção, a data: I de deliberação entre seus membros, nos casos de incorporação, fusão e cisão total; II da sentença de encerramento, no caso de falência; III da publicação, no Diário Oficial da União, do ato de encerramento da liquidação, no caso de liquidação extrajudicial promovida pelo Banco Central em instituições financeiras; IV de expiração do prazo estipulado no contrato, no caso de extinção de sociedades com data prevista no contrato social; V do registro de ato extintivo no órgão competente, nos demais casos; VI do arquivamento da decisão de cancelamento de registro pela Junta Comercial, com base no art. 60 da Lei no 8.934, de 18 de novembro de 1994. No caso, a deliberação dos membros da sociedade se deu em 15/03/2003, com a assinatura da ata da assembléia geral extraordinária. Assim, os efeitos da extinção da incorporada Xerox do Brasil são verificados a partir dessa data. Nessas condições entendo que, não havendo mais o óbice formal para que sejam reconhecidos os efeitos jurídicos da incorporação da empresa Xerox do Brasil, pela XEROX COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA., não há mais por que argüir que se trataria de declaração de compensação de créditos de terceiros, mas sim de créditos próprios da interessada. Observo que o único fundamento para a não homologação das compensações foi a impossibilidade de aproveitamento de créditos de "terceiros". Mas, como dito, este óbice não mais existe. Contudo, isto não permite concluir pela integridade da formação do crédito. A autoridade administrativa do órgão de jurisdição da interessada centrou sua decisão, exclusivamente, na possibilidade do pedido, e assim não analisou a efetiva existência do crédito. Superada esta questão, necessário se faz a apreciação do mérito pela autoridade administrativa competente, quanto aos demais requisitos para homologação da compensação. Quanto ao segundo argumento apresentado pela recorrente, o de que haveria vedação legal expressa impedindo o aproveitamento de prejuízos fiscais experimentados pela incorporada, para a compensação na incorporadora, entendo que o assunto é totalmente alienígena à situação fática tratada nestes autos, que versa sobre Declaração de Compensação de débitos próprios, com créditos próprios já que não mais considerados de terceiros, e não de compensação de prejuízos fiscais. É inadmissível, por meio de analogia, tentar criar uma vedação que a lei não estabelece porque, ainda que se tratasse de compensação de débitos próprios com crédito de terceiros, já existe na legislação de regência dispositivo específico que veda esse tipo de compensação, mas que, no presente caso, como visto, não se aplica. Fl. 603DF CARF MF Processo nº 11543.000904/200375 Acórdão n.º 9101002.494 CSRFT1 Fl. 603 11 Ante todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da PFN, e mantenho a decisão do colegiado a quo que propôs o encaminhamento dos autos ao órgão de origem para apreciação do mérito da compensação. É como voto. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 604DF CARF MF
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Numero do processo: 12963.000033/2007-35
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004
ENCAMINHAMENTO PROCESSUAL. NÃO DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À PRIMEIRA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA, COM DECISÃO DO FEITO DIRETAMENTE PELO CARF. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. MATÉRIA SUSCITADA DE OFÍCIO DEFINITIVAMENTE JULGADA. PEDIDO INEFICAZ.
1- Acórdão recorrido que não apenas reconhece a tempestividade de impugnação apresentada na primeira instância administrativa, mas que também adentra no seu mérito para fins de excluir responsabilidade tributária e, mais que isso, cancelar as próprias exigências fiscais em razão de vício na feitura do lançamento (matéria suscitada de ofício). Recurso especial da PGFN sustentando que, uma vez decretada a tempestividade da impugnação do sujeito passivo, os autos deveriam ter sido encaminhados de volta à Delegacia de Julgamento de origem para análise das alegações de mérito contidas na impugnação, sob pena de supressão de instância.
2- Diante do cancelamento do próprio lançamento fiscal, não cabe enviar de volta o processo para a primeira instância administrativa examinar provas do vínculo de responsabilidade tributária de uma das pessoas arroladas. O objeto do recurso especial é ineficaz para os fins de obtenção do crédito tributário, sendo a parte da decisão do acórdão recorrido que exonerou os lançamentos e não foi recorrida prejudicial ao objeto do recurso especial.
Numero da decisão: 9101-002.413
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, André Mendes de Moura e Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente em exercício), que declararam nula a decisão da turma ordinária. Votou pelas conclusões a conselheira Cristiane Silva Costa. Solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro André Mendes de Moura.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em exercício.
(documento assinado digitalmente)
RAFAEL VIDAL DE ARAUJO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO (Presidente em Exercício), ANDRE MENDES DE MOURA, ADRIANA GOMES REGO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, MARCOS ANTÔNIO NEPOMUCENO FEITOSA, LUIS FLÁVIO NETO, CRISTIANE SILVA COSTA, NATHÁLIA CORREIA POMPEU.
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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NÃO DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À PRIMEIRA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA, COM DECISÃO DO FEITO DIRETAMENTE PELO CARF. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. MATÉRIA SUSCITADA DE OFÍCIO DEFINITIVAMENTE JULGADA. PEDIDO INEFICAZ. 1 Acórdão recorrido que não apenas reconhece a tempestividade de impugnação apresentada na primeira instância administrativa, mas que também adentra no seu mérito para fins de excluir responsabilidade tributária e, mais que isso, cancelar as próprias exigências fiscais em razão de vício na feitura do lançamento (matéria suscitada de ofício). Recurso especial da PGFN sustentando que, uma vez decretada a tempestividade da impugnação do sujeito passivo, os autos deveriam ter sido encaminhados de volta à Delegacia de Julgamento de origem para análise das alegações de mérito contidas na impugnação, sob pena de supressão de instância. 2 Diante do cancelamento do próprio lançamento fiscal, não cabe enviar de volta o processo para a primeira instância administrativa examinar provas do vínculo de responsabilidade tributária de uma das pessoas arroladas. O objeto do recurso especial é ineficaz para os fins de obtenção do crédito tributário, sendo a parte da decisão do acórdão recorrido que exonerou os lançamentos e não foi recorrida prejudicial ao objeto do recurso especial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, André Mendes de Moura e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 96 3. 00 00 33 /2 00 7- 35 Fl. 1301DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 2 Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente em exercício), que declararam nula a decisão da turma ordinária. Votou pelas conclusões a conselheira Cristiane Silva Costa. Solicitou apresentar declaração de voto o conselheiro André Mendes de Moura. (documento assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em exercício. (documento assinado digitalmente) RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO (Presidente em Exercício), ANDRE MENDES DE MOURA, ADRIANA GOMES REGO, RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, MARCOS ANTÔNIO NEPOMUCENO FEITOSA, LUIS FLÁVIO NETO, CRISTIANE SILVA COSTA, NATHÁLIA CORREIA POMPEU. Relatório Tratase de recurso especial de divergência (efls.1198/1204) interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional PGFN em 03/12/2009 contra o Acórdão nº 1202 000.133, de 24/08/2009, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF (efls.1176/1189), que deu provimento a recurso voluntário apresentado pelo sujeito passivo solidário acima identificado (José Ruy Gomes). O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva transcritas abaixo: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2002, 2003, 2004 RECURSO VOLUNTÁRIO PEREMPÇÃO Não se toma conhecimento de recursos voluntários interpostos empós 30 (trinta) dias da ciência da decisão a quo. NULIDADES Quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta a teor das disposições do art. 59, §3°, do Decreto nº 70.235/72. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2002, 2003, 2004 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA EXCLUSÃO Exclui se do "Termo de Sujeição Passiva Solidária", exarado com base nas disposições do art. 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, o contribuinte que mantinha com a pessoa jurídica mera relação comercial de fornecedor, sem prova de ingerência na administração da empresa e nem nos fatos que ensejaram a autuação. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004 Fl. 1302DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12963.000033/200735 Acórdão n.º 9101002.413 CSRFT1 Fl. 3 3 OMISSÃO DE RECEITA PRESUNÇÃO LEGAL ART. 42 DA LEI Nº 9.430/1996 A intimação prévia para que o titular, pessoa jurídica ou pessoa física, comprove com documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira se traduz em requisito mínimo, indispensável e obrigatório à aplicação da presunção legal. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer dos recursos interpostos pelas pessoas físicas Acyr Marcos Briccoli Filho e Márcio Aparecido Tarifa da Costa e, por maioria de votos, dar provimento ao recurso interposto pelo contribuinte José Ruy Gomes para cancelar as exigências tributárias, bem como excluílo da condição de responsável solidário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencidos os conselheiros Carmen Ferreira Saraiva (Suplente Convocada) e Nelson Lósso Filho, que negaram provimento. (grifos acrescidos) A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional alega divergência quanto ao encaminhamento processual para o caso de acolhimento de preliminar de tempestividade de impugnação, cujo mérito não foi apreciado em primeira instância, apresentando como paradigma o Acórdão n° 10243.804, de 14/07/1999, efl.106, assim ementado: Ementa SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA Tendo sido considerada intempestiva a impugnação pela autoridade julgadora de primeira instância, e, sendo acolhida no recurso a preliminar de tempestividade, devolvese o processo àquela autoridade, para que a mesma se pronuncie acerca da peça impugnatória apresentada, sob pena de supressão de instância. Preliminar acolhida . Eis os fundamentos do recurso especial trazido pela recorrente: ... 8. Como antes relatado, a decisão recorrida entendeu pela tempestividade da impugnação do contribuinte José Ruy Gomes, passando a analisar o mérito do recurso do contribuinte. 9. Ocorre que, conforme se depreende do paradigma acima mencionado, decretada a tempestividade da impugnação do contribuinte, os autos devem ser encaminhados à Delegacia de Julgamento de origem para análise das alegações de mérito, sob pena de supressão de instância. 10. Nesse ponto, é oportuno observar que, esse Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem já se pronunciado inúmeras vezes no sentido de, acolhida a preliminar de tempestividade argüida pelo contribuinte, devese devolver os autos à instância inferior para análise das demais questões. Com efeito, não há qualquer razão para se dar tratamento diferenciado ao processo ora sob análise. Fl. 1303DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 4 Ao final do recurso, a PGFN requer sejam os autos encaminhados à primeira instância (Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Rio de Janeiro I) para análise das alegações de mérito levantadas pelo sujeito passivo José Ruy Gomes. Quando do exame de admissibilidade do recurso especial da PGFN, a Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 1200 0.465/2009, de 15/12/2009, admitiu o recurso especial reconhecendo a existência da divergência suscitada, nos seguintes termos: [...] O acórdão indicado como paradigma realmente diverge do ora recorrido, uma vez que, ao afastar o problema da intempestividade, entendeu que deveria devolver o processo à primeira instância, sob pena de sua supressão, enquanto que o acórdão recorrido, abstraindo desse problema, enfrentou diretamente o mérito da autuação, e julgou o recurso sem que houvesse propriamente uma decisão recorrida, invocando para isso o disposto no art. 59, §3º, do Decreto nº 70.235/72. O Sr. José Ruy Gomes, na condição de responsável solidário pelo crédito tributário, foi cientificado em 09/02/2010 do Acórdão nº 1202000.133, do Recurso Especial da PGFN e do Despacho de Admissibilidade, conforme o Aviso de Recebimento à efl. 1218, e apresentou tempestivamente contrarrazões ao recurso, em 18/02/2010. Inicialmente, o sujeito passivo, ora recorrido, alega ausência de similitude fática entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma, do seguinte modo: Com efeito, da leitura da íntegra do paradigma apresentado depreendese que, naquela ocasião, a Impugnante não pôde protocolar sua defesa na data limite para sua apresentação, eis que a repartição preparadora se encontrava em estado de greve. Todavia, o referido contribuinte logrou êxito em comprovar a remessa postal de sua defesa em 19.04.94, fato que afastou a intempestividade argüida pelo julgador de 1" instância. Em última análise, o Acórdão paradigma tãosomente reconheceu a validade do envio da impugnação pela via postal, validando o AR que provou a citada remessa. No caso concreto, Senhores Conselheiros, a hipótese é bem diferente! Do relatório da r. decisão recorrida é possível depreender que o Recorrido não pôde exercer seu direito de defesa dentro do trintídio legal, uma vez que a intimação que lhe foi enviada não continha cópia do Termo de Verificação Fiscal, que continha a síntese dos fatos para a atribuição da responsabilidade. Vale dizer, a Câmara Recorrida reconheceu que a intimação original era nula por cerceamento ao direito de defesa. Em suma, no caso em apreço foi reconhecido o cerceamento de defesa representado pela intimação falha e a repercussão dessa falha na contagem do prazo para interposição de defesa; no caso tratado no paradigma, por sua vez, a discussão radicou em torno da comprovação da tempestividade mediante a data lançada no respectivo AR. São situações fáticas radicalmente distintas! Portanto, não havendo similitude fática entre os Acórdãos cotejados, não há como formar a divergência necessária à interposição do recurso especial, razão pela qual deve ser negado conhecimento ao apelo fazendário. Fl. 1304DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12963.000033/200735 Acórdão n.º 9101002.413 CSRFT1 Fl. 4 5 Em seguida, argúi que houve "preclusão consumativa acerca da improcedência do lançamento, eis que a PFN não impugnou o acórdão recorrido no ponto em que esse, de ofício, reconheceu o caráter indevido da tributação formalizada em face da TANJUMINAS COMÉRCIO DE CEREAIS LTOA, que deu origem à atribuição de responsabilidade ao ora Recorrido". Argumenta ainda que, "não há como falar em supressão de instância se a improcedência do lançamento sequer foi aventada na impugnação, sendo reconhecida de ofício no âmbito do CARF. Vale dizer, na impugnação apresentada pelo Interessado foram pontuadas objeções exclusivamente à sua responsabilização solidária, sendo certo que a defesa de mérito incumbia à pessoa jurídica TANJUMINAS, que, segundo consta do processado, permaneceu silente". No mais, defende o resultado proferido no acórdão recorrido e, finalmente, pugna pelo nãoconhecimento do recurso interposto pela Fazenda Nacional, por lhe faltar o pressuposto de admissibilidade. Caso não seja esse o entendimento desse colegiado, requer seja negado provimento ao recurso especial ora contraposto, com a conseqüente manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 1305DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 6 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O presente processo tem por objeto lançamento a título de IRPJ e reflexos (CSLL, PIS e COFINS) sobre fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 2002, 2003 e 2004, relativamente à empresa Tanjuminas Comércio de Cereais Ltda. A autuação fiscal está fundamentada em omissão de receita apurada a partir de depósitos bancários com origem não comprovada. O IRPJ e a CSLL foram apurados com base no lucro arbitrado, e as contribuições PIS e COFINS foram lançadas pelo regime cumulativo. Foi aplicada a multa qualificada de 150%. Além de autuar a própria pessoa jurídica, a Fiscalização também imputou responsabilidade solidária pelo crédito tributário às seguintes pessoas físicas: Acyr Marcos Briccoli Filho, José Ruy Gomes e Márcio Aparecido Tarifa da Costa. A pessoa jurídica não impugnou o lançamento. Na primeira fase do processo administrativo, apenas as pessoas físicas acima mencionadas apresentaram impugnação, tratando apenas do vínculo de responsabilidade tributária que lhes foi atribuído. A impugnação de José Ruy Gomes foi considerada intempestiva. As outras duas impugnações foram examinadas, e as exigências fiscais foram integralmente mantidas na primeira instância administrativa. Na seqüência, os responsáveis solidários apresentaram recurso voluntário. Dessa vez, a intempestividade recaiu sobre os recursos de Acyr Marcos Briccoli Filho e Márcio Aparecido Tarifa da Costa. Os recursos dessas pessoas, portanto, não foram conhecidos. Já o recurso voluntário de José Ruy Gomes foi conhecido e provido, não apenas para que se reconhecesse a tempestividade de sua impugnação na instância anterior. Conforme a ementa transcrita no início deste voto, a 2ª Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção do CARF, por meio do acórdão ora recorrido (Acórdão nº 1202000.133) deu provimento ao recurso voluntário para excluir José Ruy Gomes do pólo passivo, e, mais que isso, para cancelar as próprias exigências tributárias em razão de vício na feitura do lançamento (matéria suscitada de ofício). O recurso especial da PGFN suscita divergência especificamente quanto ao encaminhamento processual, após o CARF ter acolhido a preliminar de tempestividade da impugnação na fase anterior. Segundo a PGFN, uma vez decretada a tempestividade da impugnação do sujeito passivo, os autos deveriam ter sido encaminhados de volta à Delegacia de Julgamento Fl. 1306DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12963.000033/200735 Acórdão n.º 9101002.413 CSRFT1 Fl. 5 7 de origem para análise das alegações de mérito contidas na impugnação, sob pena de supressão de instância. O que se contesta exatamente é o fato de o CARF ter decidido o feito sem que a Delegacia de Julgamento tivesse analisado o conteúdo (mérito) da impugnação de José Ruy Gomes. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL Em sede de contrarrazões, o sujeito passivo/recorrido José Ruy Gomes argúi que o recurso especial interposto pela Fazenda Nacional não deve ser conhecido uma vez que ausente requisito essencial para a sua admissibilidade, porque inexiste similitude fática entre o acórdão recorrido e o acórdão paradigma apresentado pela recorrente/PGFN, nos seguintes termos: Em suma, no caso em apreço foi reconhecido o cerceamento de defesa representado pela intimação falha e a repercussão dessa falha na contagem do prazo para interposição de defesa; no caso tratado no paradigma, por sua vez, a discussão radicou em torno da comprovação da tempestividade mediante a data lançada no respectivo AR. São situações fáticas radicalmente distintas! Analisando o voto condutor do acórdão recorrido resta claro que, enquanto a decisão de primeira instância considerou intempestiva a impugnação apresentada por José Ruy Gomes; em segunda instância, a impugnação foi considerada tempestiva. A matéria trazida em sede de recurso especial não diz respeito às circunstâncias que levaram a ser considerada a impugnação tempestiva no acórdão recorrido, e o motivo da intempestividade no acórdão paradigma. Com efeito, a recorrente não se insurge sobre a tempestividade acolhida no acórdão recorrido. A divergência a que se refere o recurso especial da PFN é em relação à supressão de instância no julgamento do mérito da autuação em segunda instância, sem que houvesse uma decisão de primeira instância, como bem explicitado no Despacho nº 1200 0.465/2009 (efls.1208/1209) em que se examinou a admissibilidade do recurso especial: O acórdão indicado como paradigma realmente diverge do ora recorrido, uma vez que, ao afastar o problema da intempestividade, entendeu que deveria devolver o processo à primeira instância, sob pena de sua supressão, enquanto que o acórdão recorrido, abstraindo desse problema, enfrentou diretamente o mérito da autuação, e julgou o recurso sem que houvesse propriamente uma decisão recorrida, invocando para isso o disposto no art. 59, § 3°, do Decreto nº 70.235/72. Está claro que as diferenças entre as situações fáticas presentes nas decisões cotejadas em nada afeta a caracterização da divergência jurisprudencial. Portanto, a preliminar de não conhecimento do recurso especial deve ser rejeitada. Fl. 1307DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 8 EXAME DE MÉRITO DO RECURSO ESPECIAL A divergência de interpretação da legislação tributária está associada ao problema da supressão de instância. Como já mencionado, o acórdão recorrido, invocando o disposto no §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/72, após reconhecer a tempestividade da impugnação de José Ruy Gomes na fase processual anterior, resolveu decidir completamente o feito, sem que a Delegacia de Julgamento tivesse analisado o conteúdo (mérito) da referida impugnação. Esta impugnação tratava da questão da imputação de responsabilidade tributária a José Ruy Gomes. Ou seja, o acórdão recorrido não apenas reconheceu a tempestividade da referida impugnação, como também adentrou no seu mérito para fins de excluir a responsabilidade de José Ruy Gomes e, mais que isso, cancelou as próprias exigências tributárias em razão de vício na feitura do lançamento (matéria suscitada de ofício). A questão da responsabilidade tributária abrangia matéria de prova (questões de fato). O que se demandava do julgador era a análise do conjunto probatório sobre a natureza do vínculo existente entre o responsável solidário José Ruy Gomes e a pessoa jurídica autuada. Não houve, assim, devolução dessa matéria para a instância revisora, já que ela nem chegou a ser analisada na primeira instância administrativa, porque a impugnação foi considerada inicialmente intempestiva. Evidente, assim, a supressão de instância quanto à imputação de responsabilidade tributária. Acontece que não se pode dizer que houve supressão de instância relativamente a outro ponto que foi julgado no acórdão recorrido, pois este identificou de ofício (pois esse tema não constou da impugnação do responsável tributário) um erro grave na feitura do próprio lançamento. Os depósitos bancários foram considerados diretamente como receita omitida, sem que a pessoa jurídica ou os responsáveis solidários fossem intimados para comprovar a sua origem. Assim, a autoridade fiscal não teria observado um requisito mínimo, indispensável e obrigatório para a aplicação da presunção legal contida no art. 42 da Lei 9.430/1996. Vale transcrever o conteúdo do referido dispositivo legal: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Isso inclusive configura matéria sumulada pelo CARF: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. (grifos acrescidos) Fl. 1308DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12963.000033/200735 Acórdão n.º 9101002.413 CSRFT1 Fl. 6 9 Vêse, assim, que o acórdão recorrido, além de apontar a nulidade da deficiente intimação do auto de infração e também a nulidade da decisão de primeira instância administrativa por cerceamento do direito de defesa (que motivaram a aplicação do §3º do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972), identificou ainda outra nulidade, uma nulidade relativamente à feitura do próprio lançamento. Conforme já mencionado, essa outra nulidade foi suscitada de ofício pelo acórdão recorrido, e não foi objeto do recurso especial ora examinado. O recurso especial da PGFN está fundamentado no argumento de que o acórdão recorrido não deveria ter entrado no "mérito" da controvérsia (que dizia respeito à comprovação do vínculo da responsabilidade tributária). O problema é que o acórdão recorrido não fez apenas isso. Ele identificou a ocorrência de um grave erro no procedimento fiscal, que maculava o lançamento com vício de nulidade, conforme indica a própria Súmula CARF nº 29. Nessa toada, fazse mister conhecer do pedido da Fazenda: 11. Ex positis, a União (Fazenda Nacional) requer seja conhecido e provido o presente Recurso Especial, para reformar a decisão recorrida, devendo os autos ser encaminhados à primeira instância (Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Rio de Janeiro I) para análise das alegações de mérito levantadas pelo contribuinte José Ruy Gomes. (Grifouse) Os seguintes trechos das contrarrazões permitem ter uma boa visão do incidente processual: Outrossim, aproveita o ensejo para registrar a ocorrência da preclusão consumativa acerca da improcedência do lançamento, eis que a PFN não impugnou o acórdão recorrido no ponto em que esse, de ofício, reconheceu o caráter indevido da tributação formalizada em face da TANJUMINAS COMÉRCIO DE CEREAIS LTDA, que deu origem à atribuição de responsabilidade ao ora Recorrido. Diante desse contexto, cabe indagar: por que retornar o processo para a primeira instância proferir decisão em relação ao responsável tributário, se a exigência em face da pessoa jurídica foi afastada? Só há uma justificativa para esse pleito: a insistência na perpetuação dos processos. ... Vêse, portanto, que a decisão recorrida traz pronunciamento do colegiado sobre pontos diferentes, a saber: i) intempestividade dos recursos interpostos pelas outras pessoas físicas responsabilizadas pelos débitos da pessoa jurídica; ii) superação da nulidade em razão de decisão de mérito favorável ao sujeito passivo; iii) exclusão da responsabilidade solidária no caso de comprovação da existência de mera relação comercial, e; Fl. 1309DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 10 iv) improcedência do lançamento contra a pessoa jurídica em razão de equívoco no procedimento fiscal, valendo lembrar que essa última questão foi suscitada de ofício pelo Ilustre Relator. Cabe registrar, destarte, que o Recurso interposto pela Douta Procuradoria em momento algum contesta o trecho da decisão recorrida em que, de ofício, o ilustre Relator reconhece a improcedência do lançamento contra a pessoa jurídica em razão da flagrante falha na determinação do fato índice, cuja comprovação deve anteceder a aplicação da presunção legal insculpida no art. 42 da Lei n° 9.430/96. Deveras, se essa questão foi suscitada de ofício em sede de recurso voluntário, deveria a Ilustre PGFN se Insurgir contra ela em sede de recurso especial, sob pena de ver operados os efeitos da preclusão consumativa em face dessa matéria! Ora, como falar em supressão de instância se a improcedência do lançamento sequer foi aventada na impugnação, sendo reconhecida de oficio no âmbito do CARF. Vale dizer, na impugnação apresentada pelo Interessado foram pontuadas objeções exclusivamente à sua responsabilização solidária, sendo certo que a defesa de mérito incumbia à pessoa jurídica TANJUMINAS, que, segundo consta do processado, permaneceu silente. Ademais, qual seria a utilidade de se devolver o processo à 1ª instância para que ela se manifeste sobre as objeções ao Termo de Sujeição Passiva, uma vez que a improcedência do lançamento foi declarada pela decisão recorrida e contra essa matéria não há recurso? A que serviria restabelecer uma sujeição passiva de um débito definitivamente inexistente? Portanto, tendo em vista que a improcedência do lançamento é matéria definitivamente resolvida em favor do sujeito passivo e que eventual pronunciamento da DRJ sobre a questão não traria qualquer alteração na exclusão da responsabilidade do interessado, não há como prosperar o recurso manejado pela Douta Procuradoria. Esclarecidos os rumos que tomou o processo, há que se reconhecer que o problema da falta de apreciação da impugnação do responsável tributário José Ruy Gomes na primeira instância administrativa (DRJ) tornouse uma questão irrelevante. Diante do cancelamento do próprio lançamento fiscal, conforme apontado pelo acórdão recorrido, não cabe enviar de volta o processo para a primeira instância administrativa examinar provas do vínculo de responsabilidade tributária de uma das pessoas arroladas. Ou ainda, se for dado provimento ao recurso da Fazenda Nacional, entendendose indevida a supressão de instância, o acórdão recorrido somente será reformado na parte que julgou a imputação da responsabilidade tributária, restando não reformada a parte que cancelou as exigências tributárias. Ainda nessa hipótese, o processo receberá nova decisão da DRJ sobre responsabilidade tributária, mas a parte da decisão do CARF que cancelou o lançamento permanecerá válida. Por certo que a DRJ não poderá reformar a parte da decisão do CARF que exonera o crédito tributário. Tampouco este colegiado poderá reformar a parte do acórdão recorrido que cancelou as exigências tributárias, pois esse tema não foi objeto do Fl. 1310DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 12963.000033/200735 Acórdão n.º 9101002.413 CSRFT1 Fl. 7 11 recurso especial (tampouco a Fazenda Nacional recorreu da possibilidade de Turma Ordinária do CARF examinar matéria de ofício). Concluise, portanto, que o objeto do recurso especial é ineficaz para os fins de obtenção do crédito tributário, sendo a parte da decisão do acórdão recorrido que exonerou os lançamentos e não foi recorrida prejudicial ao objeto do recurso especial. A necessidade de uniformização da jurisprudência, que é o fim primário do recurso especial, não pode prescindir da efetividade de se obter uma decisão útil para o caso concreto, sob pena de se travar discussões sem resultados práticos, o que seria apenas amor ao debate. Apenas a anulação do acórdão recorrido poderia recuperar a utilidade da discussão da supressão de instância. No presente caso, eventual anulação do acórdão recorrido somente poderia se dar de ofício, já que a anulação do acórdão guerreado não foi objeto do pedido da Fazenda Nacional. Ocorre que, segundo dispositivo delegatório do RICARF, houve colmatação de que não haverá, no âmbito do julgamento do recurso especial, anulação de ofício de acórdãos das turmas ordinárias do CARF, razão pela qual sequer se faz necessário analisar se o Acórdão nº 1202000.133, de 24/08/2009, padece, ou não, de nulidade. Desse modo, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da PGFN. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Fl. 1311DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO 12 Declaração de Voto Conselheiro André Mendes de Moura Não obstante o substancioso voto do Relator, peço vênia para divergir por entender que a decisão da turma ordinária do CARF incorreu em nulidade. Isso porque a decisão de primeira instância (DRJ) declarou a intempestividade da impugnação apresentada. Irresignado, o Contribuinte recorreu à segunda instância, que afastou a intempestividade. Ocorre que a turma ordinária do CARF, após superar o exame de admissibilidade, avançou e apreciou o mérito do recurso. No caso em análise, como a DRJ declarou a intempestividade, não foi superada a admissibilidade, e por consequência não foi examinado o mérito das alegações postas na impugnação. Portanto, caberia à turma ordinária do CARF, ao afastar a tempestividade, devolver os autos para a DRJ, para apreciação do mérito, sob pena de supressão de instância. Poderseia superar a supressão de instância apenas no caso de a turma julgadora que superou a admissibilidade depararse com mérito que poderia ser resolvido mediante aplicação de súmula de maneira direta, em questão de direito. Contudo, nos presentes autos, a turma recorrida, mediante análise dos documentos dos autos, entendeu pela ocorrência de uma nulidade na autuação fiscal, e de ofício afastou o lançamento. Ora, cognição envolvendo valoração de prova pode receber diferentes interpretações. O caso em tela, apesar da aplicação de súmula, envolveu, anteriormente, apreciação de documentação probatória. Questão de fato, com potencial de revisão, podendo inclusive resultar no afastamento da aplicação do entendimento sumular. Por sua vez, a nulidade vem tutelar, principalmente, o direito de defesa e contraditório das partes da relação processual. Consumandose a supressão de instância, restou evidente, nos presentes autos, o prejuízo da PGFN. Nesse contexto, incorreu em irregularidade insanável o Acórdão nº 1202 000.133, de 24/08/2009, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF. Entendo, portanto, que a decisão da turma a quo é eivada de nulidade. Nesse contexto, os autos deveriam retornar para a DRJ, para a retomada do rito processual, qual seja, a apreciação do mérito pela primeira instância administrativa. É como voto. (Assinado Digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 1312DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 19515.002684/2009-59
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA.
A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Há fatos relevantes no acórdão recorrido que não se apresentam no acórdão paradigma, justificando a diferença entre as decisões.
Numero da decisão: 9101-002.485
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (relator), Adriana Gomes Rego e André Mendes de Moura, que conheceram. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Vidal de Araujo.
(Assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente e relator.
(Assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo Redator designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araujo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Julgamento iniciado na sessão de 20/09/2016 no período da tarde e concluído na sessão de 22/11/2016 no período da tarde.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (relator), Adriana Gomes Rego e André Mendes de Moura, que conheceram. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Vidal de Araujo. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente e relator. (Assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araujo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Julgamento iniciado na sessão de 20/09/2016 no período da tarde e concluído na sessão de 22/11/2016 no período da tarde.
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REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Há fatos relevantes no acórdão recorrido que não se apresentam no acórdão paradigma, justificando a diferença entre as decisões. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (relator), Adriana Gomes Rego e André Mendes de Moura, que conheceram. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Vidal de Araujo. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente e relator. (Assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo – Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araujo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Julgamento iniciado na sessão de 20/09/2016 no período da tarde e concluído na sessão de 22/11/2016 no período da tarde. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 26 84 /2 00 9- 59 Fl. 1611DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.591 2 Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida: O processo trata de suspensão de imunidade tributária da Fundação Carlos Chagas segundo o rito prescrito pelo art. 32 da Lei 9.430/1996, mediante o ADE – Ato Declaratório Executivo nº 235 (fls. 606), expedido pela Delegada da Receita Federal de Fiscalização de São Paulo em 17 de setembro de 2009, e de exigência de crédito tributário de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), conforme autos de infração de fls. 839, 846 e 855, respectivamente, relativos ao anocalendário 2004, com multa de ofício no percentual de 75% previsto no art. 44, I, do referido ato legal. A notificação fiscal (fls. 563), expedida segundo o art. 32, § 1º, da Lei 9.430/1996, conteve indicação de descumprimento dos requisitos fixados pelo art. 14, I a III, do CTN – Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), tendo em vista a constatação das seguintes irregularidades: a) destinação de recursos para fora do Brasil, inclusive paraíso fiscal, estranha aos fins institucionais de desenvolvimento de atividades primordialmente técnicas e científicas, abrangendo aplicação de aproximadamente 93,59% dos recursos do período no mercado financeiro e na construção de imóvel para futura locação; b) pagamento de passagens aéreas, faturas de cartões de créditos corporativos e planos de saúde do diretorpresidente da Fundação, sua esposa e sua enteada, sem comprovação de vinculação de tais dispêndios aos fins da entidade; c) distribuição disfarçada de lucros através de pessoa jurídica ligada, na qual figura como sócia a cônjuge do presidente da Fundação. Constou também informação de que a entidade não possuía o Cebas – Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. A Fundação tomou ciência da notificação em 15/07/2009 (fls. 588) e apresentou contrarrazões no dia 13 do mês seguinte (fls. 865), muito embora haja registro de ausência de manifestação da fiscalizada no parecer que embasou a expedição do ADE (fls. 595). Na impugnação do ADE (fls. 1.094), a Fundação requereu o reconhecimento da nulidade do ato de suspensão da imunidade, tendo em vista a omissão no exame da contestação da notificação fiscal, e o retorno dos autos à autoridade competente para apreciação das suas alegações. Fl. 1612DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.592 3 Segundo o termo de constatação fiscal (fls. 819), a entidade dispunha de escrituração contábil regular, sujeitandose à apuração ex officio do IRPJ e da CSLL pelo regime de tributação do lucro real trimestral. A autoridade fiscal relatou a ocorrência de (a) dedução indevida de provisão para perdas em investimentos, (b) despesas com cartão de crédito corporativo sem comprovação do vínculo com a atividade fim e (c) distribuição de lucro por intermédio de pessoa ligada. A Fundação impugnou o lançamento tributário, suscitando preliminar de nulidade em razão da alegada irregularidade do ato de suspensão da imunidade, e também o contestou no mérito (fls. 1.100). Por intermédio da Resolução nº 180 (fls. 1.214), de 29/04/2010, a 2ª Turma da DRJ/São Paulo I determinou o retorno dos autos à Delegacia da Receita Federal de Fiscalização em São Paulo para exame da contestação à notificação fiscal. A Delegada da Defis/SP ratificou a decisão original de suporte à expedição do ato de suspensão da imunidade, com base no parecer de fls. 1.219, de 08/07/2010, dando ciência à fiscalizada no dia 16 do mesmo mês (fls. 1.229) e intimandoa para se manifestar no prazo previsto no art. 44 da Lei 9.784/1999, de 10 dias, o que foi feito por meio da peça de fls. 1.235. Ao analisar as impugnações, a 2ª Turma da DRJ/São Paulo I julgou procedentes o ADE e os autos de infração, por unanimidade, nos termos do Acórdão nº 1627.983/2010 (fls. 1.250), assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 PRELIMINAR DE NULIDADE. Rejeitase essa preliminar, uma vez que a ampla defesa do sujeito passivo não foi arranhada, e o ato declaratório executivo de suspensão de imunidade do sujeito passivo, e tampouco o posterior lançamento, padecem de quaisquer vícios capazes de tornálos nulos. ATO DECLARATÓRIO DE SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. COMPETÊNCIA. O Delegado da Receita Federal é competente para a edição de Ato Declaratório de suspensão de imunidade, por expressa disposição da legislação tributária. IMUNIDADE. ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. NÃO APLICAÇÃO. Fl. 1613DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.593 4 Pelas atividades desempenhadas, a Fundação Carlos Chagas não se confunde com as entidades beneficentes de assistência social, não se lhe aplicando o benefício constitucional a essas restrito. ATO DECLARATÓRIO DE SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. IMPUGNAÇÃO. A impugnação contra o ato declaratório de suspensão de imunidade tributária não impede que o Fisco promova, logo após a expedição do ato contestado, o lançamento do imposto cuja suspensão da imunidade foi declarada pelo respectivo Delegado da Receita Federal titular na circunscrição do contribuinte. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. PESSOA LIGADA. Considerase pessoa ligada outra pessoa jurídica que, além de ser também representada pelo diretorpresidente da distribuidora dos lucros, pertence integralmente a este e seus parentes próximos. Configura distribuição disfarçada de lucros a quantia efetivamente paga ou creditada a pessoa ligada, em condições de favorecimento. DECADÊNCIA. A modalidade de lançamento por homologação se dá quando o contribuinte apura montante tributável e efetua o pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa. Na ausência de pagamento, não há que se falar em homologação, regendose a decadência pelos ditames do art. 173 do CTN, com início do lapso temporal no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2004 SUSPENSÃO DE IMUNIDADE E AUTOS DE INFRAÇÃO. Lavrados Autos de Infração, as impugnações contra o ato declaratório e contra as exigências de crédito tributário são reunidas em um único processo, para serem decididas simultaneamente. LUCRO REAL TRIMESTRAL VERSUS ANUAL OU ARBITRADO. O lucro real, base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa jurídica, deve ser apurado trimestralmente, na forma do art. 220 do RIR/1999, a apuração anual é uma alternativa que, para seu exercício requer pagamentos mensais por estimativa, no termos das normas de regência. Tem o fisco a faculdade de arbitrar o lucro do sujeito passivo quando a sua escrita fiscal se mostra imprestável. Fl. 1614DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.594 5 APURAÇÃO DO LUCRO REAL. PROVISÕES. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. As perdas na realização de créditos podem ser consideradas como despesas dedutíveis para efeito de apuração do Lucro Real, desde que devidamente comprovadas, observadas as condições previstas na legislação de regência. À autoridade administrativa cabe cumprir a determinação legal, aplicando o ordenamento vigente às infrações concretamente constatadas. É vedada a dedução, na apuração do lucro real, de qualquer provisão, exceto aquelas legalmente previstas. DESPESAS COM CARTÕES DE CRÉDITO. DEDUTIBILIDADE. Sem a prova cabal, nos autos, de que as despesas se realizaram em benefício da empresa, não se validam como dedutíveis. Tais gastos só são assim considerados quando comprovadas a sua efetividade e a obediência aos requisitos da necessidade e da vinculação aos objetivos da pessoa jurídica. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. Presumese distribuição disfarçada de lucros quando a pessoa jurídica realiza, com pessoa ligada, qualquer negócio em condições de favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no mercado, ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão relativa ao lançamento principal se aplica, no que couber, às exigências dele decorrentes posto que fundamentados nos mesmos elementos de prova. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Anocalendário: 2004 COFINS. FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO. ATIVIDADES PRÓPRIAS. ISENÇÃO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INCIDÊNCIA. Estão isentas de COFINS somente as receitas relativas às atividades próprias das fundações de direito privado, assim entendidas as receitas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais, nas quais não se incluem, evidentemente, as receitas de prestação de serviços que têm caráter contraprestacional. Fl. 1615DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.595 6 Cientificada da decisão em 22/12/2010 (fls. 1.294), a contribuinte interpôs recurso voluntário no dia 19 do mês seguinte (fls. 1.641). Suscitou preliminares de nulidade do ato de suspensão de imunidade e do lançamento tributário e indicou “vícios de construção” dos autos de infração, além de alegar decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário. No mérito, refutou os fundamentos apontados pela fiscalização e a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. A Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 1103000.810, de 5 de março de 2013, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. EXPEDIÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO SEM EXAME DA CONTESTAÇÃO À NOTIFICAÇÃO FISCAL. NULIDADE. A contestação da notificação fiscal relativa à suspensão de imunidade tributária impõe à autoridade administrativa competente o exame das alegações e provas tempestivamente apresentadas pelo sujeito passivo. É nulo o ato declaratório suspensivo de imunidade expedido sem exame da impugnação à notificação fiscal, por cerceamento do direito de defesa. SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. REDUÇÃO DE PRAZO PARA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. A impugnação relativa à suspensão da imunidade tributária segue as demais normas reguladoras do processo administrativo tributário da União, devendo ser apresentada no prazo de 30 (trinta) dias, sendo descabida a sua redução. RETORNO DE DILIGÊNCIA. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE CONTRARRAZÕES. O sujeito passivo tem assegurado prazo legal de 30 (trinta) dias para se manifestar a respeito do resultado de diligências ou perícias. ATO ABSOLUTAMENTE NULO. CONVALIDAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os atos administrativos dotados de ilegalidades caracterizadoras de nulidade absoluta não são passíveis de convalidação. NULIDADE. ALCANCE. ATOS SUBSEQUENTES. Fl. 1616DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.596 7 O ato nulo alcança os subsequentes dele dependentes, igualmente viciandoos e, consequentemente, impedindo seus efeitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os membros do colegiado DECLARAR NULOS o ADE Defis/São Paulo nº 235/2009 e os autos de infração, por maioria, vencidos os Conselheiros Mário Sérgio Fernandes Barroso e Eduardo Martins Neiva Monteiro, e a decisão de primeira instância, por unanimidade, dispensada a repetição dos referidos atos em razão da superveniente ocorrência de decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário relativo ao anocalendário 2004. Foram interpostos embargos de declaração pela Fazenda Nacional, rejeitados conforme Acórdão nº 1103000.912, de 6 de agosto de 2013, da Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF, assim ementado e decidido: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REABERTURA DA DISCUSSÃO DE MÉRITO. DESCABIMENTO. A utilização dos embargos de declaração para contestar o próprio mérito da decisão atacada, sem comprovação da ocorrência dos seus pressupostos (dos embargos), não é cabível nessa restrita via recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade, rejeitar os embargos. Inconformada, a Fazenda Nacional apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que o acórdão, ora recorrido, destoa da jurisprudência consolidada de outras Câmaras no ponto em que entendeu ser de natureza formal [rectius, material] o vício decorrente do descumprimento do procedimento prévio à emissão do ato de suspensão da imunidade tributária, fixado no art. 32 da Lei 9.430/96; b) que o art. 32 da Lei 9.430/1996 estabeleceu procedimento a ser cumprido pelo Fisco, nos casos de suspensão de imunidade tributária e constituição do crédito tributário dela decorrente; c) que o referido comando legal descreve um procedimento a ser seguido pela autoridade administrativa competente, não entrando no mérito do cumprimentos dos requisitos necessários ao gozo da imunidade em si, mas apenas delineando um procedimento de condutas a serem adotadas; d) que os requisitos, nele elencados, possuem natureza formal, ou seja, determinam como o ato administrativo, in casu, o Ato Declaratório e o auto de infração, deve exteriorizarse; Fl. 1617DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.597 8 e) que, ao contrário do quanto fixado no acórdão recorrido, na hipótese em apreço, o equívoco no procedimento adotado pela autoridade fiscal, que deixou de analisar a defesa do contribuinte ou lhe deu prazo inferior ao previsto para defesa, acarretando, em tese, prejuízo ao seu direito de defesa, tem, nitidamente, caráter formal; f) que um lançamento tributário é anulado por vício formal quando não se obedece às formalidades necessárias ou indispensáveis à existência do ato, isto é, às disposições de ordem legal para a sua feitura; g) que os atos eivados de vício material não são passíveis de convalidação, i. e., não podem ser corrigidos, devendo ser obrigatoriamente anulados; por sua vez, os atos com vício de forma, podem ser convalidados ou repetidos, dessa vez sem o defeito original; h) que o vício procedimental gera defeito de ordem formal, o que permite: (i) a convalidação do ato, mediante o suprimento do vício, ou (ii) a repetição do ato, desta vez sem o vício que culminou na sua anulação; e i) que o vício, no procedimento fiscalizatório que acarretou cerceamento ao direito de defesa da parte, tem natureza formal (e não material), razão pela qual merece ser reformado o acórdão ora recorrido. Requer a Fazenda Nacional, ao final, o provimento do recurso, reformando o acórdão e reconhecendose que o vício ali observado enseja tão somente nulidade por vício formal, e não material, o que permitirá o reinício do prazo para lançamento, nos termos do art. 173, II, do CTN. O recurso foi admitido pelo presidente da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que o acórdão vergastado, por unanimidade de votos, entendeu de dar provimento ao recurso voluntário apresentado pela Recorrida, para declarar a nulidade do Ato Declaratório Executivo Defis/São Paulo nº 235/2009 e dos autos de infração referentes a IRPJ, CSLL e Cofins do anocalendário de 2004; b) que a Fazenda Nacional, com esteio em suposta divergência jurisprudencial no que tange ao desfecho da discussão trazida aos autos, apresentou pretensão recursal, que foi admitida; c) que o juízo de admissibilidade do recurso especial, desviandose de sua função precípua, acabou por admitir o processamento do apelo fora dos limites requeridos pela Recorrente, o que não poderá ser confirmado; d) que registra a Recorrida a impropriedade do exame de admissibilidade, que se distanciou absurdamente das razões recursais e, portanto, da discussão pretendida pela Recorrente; e) que, ao admitir o processamento do apelo, a Presidência da 1ª Câmara da 1ª Seção o fez sob o fundamento de que a decisão recorrida apontou a existência de uma Fl. 1618DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.598 9 nulidade absoluta nos atos administrativos, e o paradigma, analisando caso semelhante, apontou a existência de uma nulidade relativa; f) que a divergência vislumbrada no juízo de admissibilidade não restou demonstrada no acórdão paradigma e, digase de passagem, sequer foi ventilada pela Recorrente; g) que o vício formal consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à sua existência, enquanto o vício material envolve questões relacionadas à matéria de fato ou de direito em que se fundamenta o ato; h) que um ato administrativo eivado de vício, quer seja este vício formal ou material, poderá apresentar nulidade absoluta ou relativa, dependendo da intensidade desse vício; i) que, se for um vício insanável, porquanto apresente grave violação à norma, temse que o ato apresenta nulidade absoluta; do contrário, se o vício puder ser suprido, temse que a nulidade é apenas relativa; j) que, dessa forma, independentemente de o ato apresentar um vício material ou formal, poderá este ato conter nulidades absolutas ou relativas; k) que a discussão travada nos autos não se ateve ao tipo de vício que contaminou o ato, ou seja, não se manifestou para afirmar se o vício era material ou formal; l) que, apesar de não se debruçar sobre a natureza do vício, o acórdão recorrido não deixa qualquer dúvida de que ato administrativo analisado estava contaminado de uma nulidade absoluta e insanável, exatamente como concluído no acórdão paradigma; m) que, além de o acórdão paradigma nada mencionar sobre nulidade absoluta ou nulidade relativa, este também não é o cerne do Recurso Especial formulado pela Recorrente; n) que, no vertente procedimento não foi feito o necessário cotejo da decisão recorrida com a decisão tida por paradigmática, nem foi observado o pedido deduzido pela Recorrente, pois se tal exame tivesse ocorrido, por certo o recurso formulado teria sido, desde logo obstado, pela Presidência incumbida desse mister; o) que, no caso em tela, é evidente a falta de similitude fática do acórdão paradigma com o acórdão recorrido, e o conhecimento e eventual provimento do recurso especial manejado pela Fazenda Nacional consistirá em desvio da finalidade da Câmara Superior de Recursos Fiscais, o que não pode ser admitido; p) que o processo trata da expedição do Ato Declaratório Executivo de Suspensão de Imunidade nº 235/09, e posterior exigência de crédito tributário de IRPJ, CSLL e Cofins do ano de 2004, sem o exame das alegações e provas tempestivamente apresentadas pela Recorrida; q) que, em face de tal situação fática, o acórdão recorrido deixou consignado entendimento de que o ADE 235/09 era nulo, na medida em que houve “evidente lesão ao interesse público, caracterizada pelo cerceamento do direito de defesa” da Recorrida, e que “o Fl. 1619DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.599 10 ato (decisão) que aprovou o parecer de exame da contestação à notificação fiscal (fls. 1.229), elaborado após o retorno dos autos ao órgão de origem determinado pela Resolução nº 180/2012, é, na verdade, um novo ato desvinculado do anterior, sem alcançar o ADE nulo, desprovido de força capaz de convalidálo, só produzindo efeitos prospectivos (ex nunc), a partir da ciência da interessada em 17/07/2010; r) que aquele acórdão ressaltou que “o suprimento da causa da nulidade cerceamento do direito de defesa não pode resgatar, a partir do nascedouro, os efeitos do ato original ‘convalidado’, ressuscitando os demais nele baseados”; s) que, assim, “a nova decisão da Defis não ressuscitou (convalidou) atos praticados sob a égide do ADE, inclusive os autos de infração, que deveriam ser refeitos ao amparo daquele que fez as vezes do ato declaratório exigido pelo art. 32, § 3º, da Lei 9.430/1996”; t) que, por seu turno, o acórdão trazido pela Recorrente como paradigma remete apenas à existência de autos de infração para exigência de IRPJ, CSLL e Cofins, lavrados sem a prévia expedição de Ato Declaratório Executivo de Suspensão da Imunidade, o que evidentemente leva a situações fáticas totalmente diversas; u) que, demonstrada está, assim, a improcedência da pretensão fazendária, impondose, desde logo, o não conhecimento de seu recurso especial; v) que, no mérito, o acórdão recorrido sequer ventilou analisar o tipo de vício que teria atingido o Ato Declaratório Executivo, se formal ou material; x) que assim não o fez, porquanto não havia necessidade de tal análise; y) que o art. 173, inciso II, do Código Tributário Nacional se refere exclusivamente a decisões que tenham anulado, por vício formal, lançamentos anteriormente efetuados; w) que este é, de fato, o caso analisado pelo paradigma, mas que nada tem a ver com o caso analisado pelo acórdão recorrido; z) que, nos presentes autos, o ato administrativo atingido, por primeiro, pela nulidade absoluta foi o Ato Declaratório Executivo; aa) que, assim, ainda que se admita que o tipo de vício que atingiu aquele ato declaratório foi de natureza formal, poderseia falar apenas em interrupção da decadência para expedição de um novo ato de suspensão de imunidade; ab) que, porém, este novo ato, a par do acórdão recorrido, já foi expedido em 17/07/2010; ac) que à mesma conclusão não se pode chegar, todavia, quando analisados os autos de infração baseados no Ato Declaratório Executivo nulo; ad) que, considerandose, como de fato ocorreu, que os autos de infração foram lavrados sob a falsa premissa de que, naquele momento, a Recorrida havia perdido sua Fl. 1620DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.600 11 condição de imune, o vício que os atingiu foi, sem sombra de dúvidas, um vício material, qual seja a ausência da comprovação da ocorrência do fato gerador; e ae) que não há motivos, assim, para se cogitar de hipótese de reabertura do prazo decadencial, nem tampouco de reforma da decisão no vertente processo. É o Relatório. Fl. 1621DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.601 12 Voto Vencido Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou comprovada e, por isso, conheço do especial. Analiso, inicialmente, as preliminares contidas nas contrarrazões da Recorrida, os quais se fundamentam basicamente em dois pontos: a) na pretensa impropriedade do juízo de admissibilidade do recurso especial efetuado; e b) na suposta falta de similitude fática entre o acórdão recorrido e o paradigma apontado. Com relação à primeira questão — pretensa impropriedade do juízo de admissibilidade do recurso especial efetuado —, cumpre destacar que a insurgência da Recorrida se deu contra o teor do contido no despacho de exame de admissibilidade de recurso especial, de seguinte dicção (efls. 1.564 a 1.567, destaques do original): Aludido Recurso Especial, interposto tempestivamente pela Fazenda Nacional, está manejado em relação à matéria: “efeito anulatório do descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996”, assim ementada e decidida no Acórdão recorrido: [...]. Do Acórdão recorrido, transcrevemse os seguintes trechos: [...]. Traz a Recorrente à colação acórdão paradigma (Acórdão nº 10516.411, de 2007), cuja ementa, quanto a essa matéria, é a seguinte: [...]. Do acórdão paradigma, transcrevemse os seguintes excertos: [...]. Da contraposição dos fundamentos expressos nas ementas e nos votos condutores dos acórdãos, evidenciase que a Recorrente logrou êxito em comprovar a ocorrência do alegado dissenso jurisprudencial, pois, em situações fáticas semelhantes, sob a mesma incidência tributária e à luz das mesmas normas jurídicas, chegouse a conclusões distintas. Fl. 1622DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.602 13 Enquanto a decisão recorrida entendeu que o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, acarretaria a nulidade absoluta dos atos que lhe são posteriores, sem possibilidade de convalidação (“vício material”), o acórdão paradigma (Acórdão nº 10516.411, de 2007) decidiu, de modo diametralmente oposto, que o descumprimento daquele rito somente redundaria na nulidade relativa dos atos que lhe são posteriores (“vício formal”). Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, concluise pela caracterização da divergência de interpretação suscitada. Pelo exposto, do exame dos pressupostos de admissibilidade, PROPONHO seja ADMITIDO o Recurso Especial interposto. Procura a contraarrazoante distinguir entre “vício formal” e “vício material”, afirmando que tanto um como outro poderão apresentar “nulidade absoluta” ou “nulidade relativa”, dependendo da intensidade desse vício. A decisão recorrida tratou como “nulidade absoluta” o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, como segue (grifei): SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. EXPEDIÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO SEM EXAME DA CONTESTAÇÃO À NOTIFICAÇÃO FISCAL. NULIDADE. A contestação da notificação fiscal relativa à suspensão de imunidade tributária impõe à autoridade administrativa competente o exame das alegações e provas tempestivamente apresentadas pelo sujeito passivo. É nulo o ato declaratório suspensivo de imunidade expedido sem exame da impugnação à notificação fiscal, por cerceamento do direito de defesa. [...]. ATO ABSOLUTAMENTE NULO. CONVALIDAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os atos administrativos dotados de ilegalidades caracterizadoras de nulidade absoluta não são passíveis de convalidação. Como consequência dessa “nulidade absoluta” no descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, referida decisão entendeu não ser cabível, no caso, a aplicação do art. 173, inciso II, do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), mas, sim, do art. 173, inciso I, do mesmo diploma legal (sublinhei): Vêse, portanto, que estão marcados por nulidade absoluta o ADE Defis/São Paulo nº 235/2009, os autos de infração e o acórdão de primeira instância. A repetição dos atos nulos referidos deve ser dispensada em razão da superveniente ocorrência de decadência do direito de constituição do crédito tributário pelo Fisco quanto aos fatos geradores do ano calendário 2004, objeto do presente processo, nos termos do art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Fl. 1623DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.603 14 Ou seja, embora pretenda a contraarrazoante defender que a “nulidade absoluta” possa ocorrer tanto por “vício formal”, quanto por “vício material”, a decisão recorrida entendeu que a “nulidade (absoluta)” pelo descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, é caso de “vício material”, e não de “vício formal”, ao aplicar à hipótese o disposto no art. 173, inciso I, do CTN, e não o contido no art. 173, inciso II, daquele diploma legal (destaquei): Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Portanto, correto o despacho de exame de admissibilidade de recurso especial, ao afirmar que (destaque do original): Enquanto a decisão recorrida entendeu que o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, acarretaria a nulidade absoluta dos atos que lhe são posteriores, sem possibilidade de convalidação (“vício material”), [...]. E é justamente essa a questão oportunamente levantada pela Fazenda Nacional em seu recurso especial (destaques do original): Na visão da douta autoridade julgadora, a inobservância pelo Fisco do procedimento prévio previsto no art. 32 da Lei 9.430/1996, nos casos de suspensão de imunidade tributária e constituição do crédito tributário dela decorrente, teria acarretado a nulidade tanto do ADE Defis/São Paulo nº 235/2009, como dos autos de infração e do acórdão de primeira instância, por vício de natureza material. Data maxima venia, a r. decisão merece reforma, pois está em dissonância com a jurisprudência de outras Turmas deste conselho, conforme será demonstrado. Para tanto, foi por ela indicado acórdão paradigma assim ementado (Acórdão nº 10516.411, de 2007, grifei): SEBRAE IMUNIDADE VÍCIO FORMAL NULIDADE – Tratandose de instituição de educação e assistência social, sem fins lucrativos, a entidade integrante do sistema “S” goza de imunidade tributária, cuja suspensão deve obedecer o rito instituído pelo art. 32 da Lei nº 9.430/96. É nulo, por vício formal, o lançamento não precedido daquelas formalidades. Ou seja, de modo diametralmente oposto ao da decisão recorrida, o acórdão paradigma entendeu que a “nulidade (relativa)” pelo descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, é caso de “vício formal”, e não de “vício material”, ao aplicar à hipótese o disposto no art. 173, inciso II, do CTN, e não o contido no art. 173, inciso I, daquele diploma legal (sublinhei): Fl. 1624DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.604 15 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado Portanto, correto o despacho de exame de admissibilidade de recurso especial, ao afirmar que (destaque do original): [...] o acórdão paradigma (Acórdão nº 10516.411, de 2007) decidiu, de modo diametralmente oposto, que o descumprimento daquele rito somente redundaria na nulidade relativa dos atos que lhe são posteriores (“vício formal”). No tocante à segunda questão — suposta falta de similitude fática entre o acórdão recorrido e o paradigma apontado —, é bem de se ver que “similitude fática” não se confunde com “igualdade fática”. Ora, os fatos descritos nos acórdãos, recorrido e paradigma, na generalidade dos casos, nunca são iguais ou idênticos entre si, a começar pela diversidade de sujeitos passivos, passando pelas datas e valores das ocorrências, e terminando nas circunstâncias específicas ensejadoras de cada situação. O importante é que fique caracterizado que, em situações semelhantes ou similares, foram adotadas soluções diversas, na interpretação do mesmo dispositivo legal. E é justamente o que ocorre no presente caso. Na decisão recorrida, em face do descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 — ausência de exame da contestação à notificação fiscal antes da emissão do Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária — aplicouse o contido no art. 173, inciso I, do CTN (“vício material”), para o lançamento posteriormente efetuado. Já no acórdão paradigma, em face, também, do descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 — ausência de notificação fiscal e de Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária — aplicouse, ao revés, o contido no art. 173, inciso II, do mesmo CTN (“vício formal”), para o lançamento posteriormente efetuado. Ou seja, foram adotadas soluções diversas, na interpretação do mesmo dispositivo legal (art. 173, incisos I e II, do CTN) para situações semelhantes ou similares (descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996). Observese, por oportuno, que o vício cometido no acórdão paradigma foi mais grave do que o verificado na decisão recorrida, pois que o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 se deu, naquele, de forma integral (sem emissão de Ato Declaratório Executivo ADE), enquanto nesta, foi de forma parcial (houve a emissão de ADE, embora sem o exame da contestação à notificação fiscal). Fl. 1625DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.605 16 Ou seja, enquanto na decisão recorrida teria havido “cerceamento do direito de defesa”, no acórdão paradigma teria ocorrido, além do “cerceamento do direito de defesa”, também a “incompetência da autoridade fiscalizadora”, ao desconsiderar a imunidade tributária sem a necessária emissão de ADE. Mesmo assim, considerouse, naquele caso (decisão recorrida), a existência de “vício material” e, neste (acórdão paradigma), de “vício formal”. Por conseguinte, a mera circunstância de esse descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, ter se dado de forma distinta em cada caso — ausência de exame da contestação à notificação fiscal antes da emissão do Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária e ausência de notificação fiscal e de Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária —, não é de molde a descaracterizar a efetiva existência de dissenso jurisprudencial quanto a esse ponto (natureza do vício, se “formal” ou “material”). Adentro ao mérito. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese à natureza do vício decorrente do descumprimento do procedimento de fiscalização previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 (suspensão da imunidade tributária), se “formal” ou “material”. No presente caso, não foi seguido o rito previsto legalmente para a suspensão da imunidade tributária, tendo sido expedido o ato declaratório suspensivo do benefício (ADE), e lavrados os consequentes autos de infração, antes da decisão sobre a improcedência das alegações e provas apresentadas pela entidade contra a notificação fiscal expedida pela fiscalização. Analiso, primeiramente, a distinção existente entre vício formal e vício material. O vício formal ou instrumental se caracteriza pela violação de normas de natureza formal, estando ligado ao desatendimento de dois dos cinco elementos do ato administrativo: a “competência” e a “forma”. Já o vício material ou substancial corresponde à transgressão de normas de conteúdo material, dizendo respeito, portanto, aos três elementos restantes do ato administrativo: o “objeto”, o “motivo” e a “finalidade”. Haverá, por conseguinte, vício formal nos casos de incompetência da autoridade e inobservância do procedimento; ocorrerá vício material, por sua vez, nas situações de ilegalidade do objeto, inexistência de motivos e desvio de finalidade. Para bem ilustrar essa questão, trago à colação o conceito legal de vício de forma, constante do art. 2º, parágrafo único, alínea “b”, da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, que “regula a ação popular”, bem como a Súmula CARF Vinculante nº 21, respectivamente: Art. 2º [...]: [...]. Parágrafo único. [...]: Fl. 1626DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.606 17 [...]; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato. [...]. Súmula CARF vinculante nº 21: É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Dessa conclusão, aliás, não destoa a Recorrida, em suas contrarrazões (efls. 1.579): 4. Como se sabe, os chamados vícios dos atos administrativos são aqueles defeitos que atingem a validade do ato, podendo levar ao reconhecimento de sua nulidade. Tais defeitos podem ser formais ou materiais, conforme atinjam a forma prevista em lei para a validade do ato ou a própria matéria tributada pela autoridade administrativa. Em outras palavras, o vício formal consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à sua existência, enquanto o vício material envolve questões relacionadas à matéria de fato ou de direito em que se fundamenta o ato. Dispõe o caput do art. 32 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (grifei): Capítulo IV PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO Seção I Suspensão da Imunidade e da Isenção Art.32. A suspensão da imunidade tributária, em virtude de falta de observância de requisitos legais, deve ser procedida de conformidade com o disposto neste artigo. Como se verifica, estamos diante de uma regra procedimental de fiscalização. Ora, não tendo sido obedecido esse rito, é caso de vício formal, ao qual se aplicam as disposições contidas no art. 173, inciso II, do CTN, de seguinte teor: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: [...]; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Fl. 1627DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.607 18 Cumpre destacar, por outro lado, tratarse, no caso, de um erro de fato — e não de direito —, uma vez que a expedição do ato declaratório suspensivo do benefício, antes da decisão sobre a improcedência das alegações e provas apresentadas pela entidade contra a notificação fiscal expedida pela fiscalização, se deu em face do equívoco de se entender que aquela entidade não havia apresentado tais alegações e provas. Ou seja, aquela omissão deveuse a um “descompasso ocorrido entre a recepção da contestação apresentada pela Fundação e o repasse ao setor encarregado do exame” (como constou da decisão da DRJ), e não a um erro na interpretação das normas tributárias. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, para considerar que a nulidade do Ato Declaratório Executivo Defis/São Paulo nº 235/2009, e consequentes autos de infração, se deu por vício formal, facultandose à repartição de origem proceder à nova emissão do ADE e à nova lavratura dos autos de infração correspondentes, na forma do art. 173, inciso II, do CTN, desde que sem qualquer alteração em seu conteúdo. Na hipótese de ser este o voto adotado pelo colegiado, proponho a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 SIMILITUDE FÁTICA. IGUALDADE OU IDENTIDADE FÁTICA. SITUAÇÕES SEMELHANTES OU SIMILARES. Os fatos descritos nos acórdãos, recorrido e paradigma, na generalidade dos casos, nunca são iguais ou idênticos entre si, a começar pela diversidade de sujeitos passivos, passando pelas datas e valores das ocorrências, e terminando nas circunstâncias específicas ensejadoras de cada situação. O importante é que fique caracterizado que, em situações semelhantes ou similares, foram adotadas soluções diversas, na interpretação do mesmo dispositivo legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO PREVISTO NO ART. 32 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. SUSPENSÃO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA DO VÍCIO. Possui natureza formal o vício decorrente do descumprimento do procedimento de fiscalização previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 (suspensão da imunidade tributária). Eis o meu voto. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Fl. 1628DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.608 19 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Redator designado. O acórdão recorrido declarou a nulidade do ADE e dos autos de infração. Em parágrafo específico disse que esses atos não poderiam ser repetidos e que a decadência aplicável é a do inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional, e não a do inciso II do mesmo artigo, que trata da nulidade formal. Com isso, falou, ainda que não expressamente, que ocorreu nulidade material. O recurso especial da Fazenda Nacional, sob a minha ótica, tem dois objetos: que, por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, a nulidade do ADE seja de ordem formal e que a nulidade dos autos de infração também seja de ordem formal. O paradigma declarou que a nulidade dos autos de infração por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430/96 é de ordem formal. Assim, não é possível conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional em relação a um de seus objetos, qual seja: a natureza da nulidade do ADE, por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430/96, pois não há paradigma para essa matéria. Para a segunda parte, o segundo objeto: a natureza da nulidade dos autos de infração, por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430/96; em tese, seria caso de conhecimento, mas há um fato específico desse processo que impede o conhecimento também dessa parte. É que o recorrido foi expresso em dizer que o ADE não poderá mais ser refeito, e mais, a imprudência daquela decisão chegou a dizer que outro ADE foi emitido (na fase de diligência da DRJ). Assim, entendo que estas particularidades (fatos relevantes) impedem que a decisão do paradigma seja aplicável ao caso do recorrido; pois, no paradigma, haverá novo ADE (ainda que surja depois uma discussão sobre decadência, ou não, do direito de fazêlo), já no recorrido não poderá haver um novo ADE (pois a decisão do CARF, ao declarar sua nulidade, obstou a produção de um novo ADE e colocou a trava da decadência natureza material inclusive para o ADE). Quanto a isso a PGFN não se insurgiu. Veja bem, se a decisão do recorrido tivesse parado apenas em declarar que o ADE é absolutamente nulo, haveria a configuração de divergência, pois tanto recorrido quanto paradigma partiriam para a emissão de um novo ADE. Num caso haveria autos de infração sem ADE e em outro haveria autos de infração com ADE absolutamente nulo (ou inexistente). O problema surgiu quando o recorrido disse que o ADE não poderia mais ser repetido, que já o tinha sido em fase de diligência da DRJ e que foi fulminado pela decadência, em resumo, que essa nulidade do ADE é material. Assim, não é possível, no caso, darse a mesma solução do paradigma ao recorrido, não sendo caso de conhecimento dessa segunda parte por ausência de "similitude Fl. 1629DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.609 20 fática" (e que os fatos são relevantes e não irrelevantes, como se defende em alguns casos que se pretende aplicar essa expressão). Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Redator designado Fl. 1630DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001346/2006-86
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 06 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002
LUCROS NO EXTERIOR AUFERIDOS EM 1996 E 1997 -DECADÊNCIA
A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada.
IRPJ - LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR -
TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS
Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados.
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL
Nos termos de manifestação advinda do Ministério da Fazenda no âmbito do veto parcial do Projeto de Lei de Conversão n. 30, de 2003 (art. 46 da MP 135/03), a tributação da variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo metido da equivalência patrimonial exigirá que antes, seja editada norma legal prevendo tal incidência.
CSLL. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR.
Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n° 9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão-somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL
Em se tratando de exigências calculadas com base no lançamento do imposto de renda da pessoa jurídica, a exigência para sua cobrança é reflexa e, assim, a decisão de mérito prolatada no processo principal constitui prejulgado quanto às matérias decorrentes.
Numero da decisão: 1202-000.273
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, preliminarmente, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de decadência. No mérito, DAR provimento ao recurso: por maioria de votos quanto aos itens 1 e 2 do auto de infração de IRPJ e CSLL, vencido o Conselheiro Carlos Alberto Donassolo; e, por unanimidade de votos quanto ao item 3 do auto de infração, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Valeria Cabaral Géo Verçoza
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002 LUCROS NO EXTERIOR AUFERIDOS EM 1996 E 1997 -DECADÊNCIA A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. IRPJ - LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR - TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL Nos termos de manifestação advinda do Ministério da Fazenda no âmbito do veto parcial do Projeto de Lei de Conversão n. 30, de 2003 (art. 46 da MP 135/03), a tributação da variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo metido da equivalência patrimonial exigirá que antes, seja editada norma legal prevendo tal incidência. CSLL. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n° 9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão-somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL Em se tratando de exigências calculadas com base no lançamento do imposto de renda da pessoa jurídica, a exigência para sua cobrança é reflexa e, assim, a decisão de mérito prolatada no processo principal constitui prejulgado quanto às matérias decorrentes.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2010-08-17T14:37:13Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-08-17T14:37:13Z; Last-Modified: 2010-08-17T14:37:13Z; dcterms:modified: 2010-08-17T14:37:13Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:a8c5eb13-47a8-4f95-baa6-8b5bb8717fd0; Last-Save-Date: 2010-08-17T14:37:13Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-08-17T14:37:13Z; meta:save-date: 2010-08-17T14:37:13Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-08-17T14:37:13Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-08-17T14:37:13Z; created: 2010-08-17T14:37:13Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; Creation-Date: 2010-08-17T14:37:13Z; pdf:charsPerPage: 1933; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-08-17T14:37:13Z | Conteúdo => SI-C2T2 F1.1 MINISTÉRIO DA FAZENDA - CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS I.- PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 16327.001346/2006-86 Recurso n° 165.047 Voluntário Acórdão n° 1202-00.273 — 2" Câmara / 2' Turma Ordinária Sessão de 06 de abril de 2010 Matéria IRPJ e outro Recorrente Participações Morro Vermelho Recorrida 4a Turma DRJ/FOR • ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002 LUCROS NO EXTERIOR AUFERIDOS EM 1996 E 1997 -DECADÊNCIA A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. IRPJ - LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR - TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. VARIAÇÃO CAMBIAL Nos termos de manifestação advinda do Ministério da Fazenda no âmbito do veto parcial do Projeto de Lei de Conversão n. 30, de 2003 (art. 46 da MP 135/03), a tributação da variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo metido da equivalência patrimonial exigirá que antes, seja editada norma legal prevendo tal incidência. CSLL. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n° 9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão-somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 2 da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL Em se tratando de exigências calculadas com base no lançamento do imposto de renda da pessoa jurídica, a exigência para sua cobrança é reflexa e, assim, a decisão de mérito prolatada no processo principal constitui prejulgado quanto às matérias decorrentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do coleg,iado, preliminarmente, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de decadência. No mérito, DAR provimento ao recurso: por maioria de votos quanto aos itens 1 e 2 do auto de infração de IRPJ e CSLL, vencido o Conselheiro Carlos Alberto Donassolo; e, por unanimidade de votos quanto ao item 3 do auto de infração, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (19 fá ORLAN JOSE Ge • ALVES BUENO - Vice Presidente em exercício VALÉRIA CABRAL GÉO VERCOZA - Relatora EDITADO EM: 0 8 JIJL 2n Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Jose Gonçalves Bueno (Vice Presidente da Turma em exercício da Presidência), Carlos Alberto Donassolo, João Bellini Junior (Suplente Conyocado), Décio de Lima Jardim (Suplemente Convocado), Nereida de Miranda Finamore Horta, Valeria Cabral Géo Verçoza. Ausente justificadamente o Conselheiro Nelson Lósso Filho. 2 Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 3 Relatório Adoto o relatório de 1'. Instância por bem resumir os fatos em questão: A empresa qualificada em epígrafe foi autuada em virtude de falta de recolhimento de IRPJ e CSLL nos anos-calendário 2001 e 2002, decorrente da ausência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real, de lucros auferidos no exterior e disponibilizados por suas filiais, sucursais, coligadas ou controladas, tudo conforme Termo de Verificação Piscai às fls. 503/513. Da descrição dos fatos às fls. 484/485 e 492/493 e demonstrativos de fls. 478/482 e 486/489, constata-se que o autuante constituiu o crédito tributário no valor de R$ 14.643.780,03, sendo R$ 13.529.953,84 de IRPJ e R$ 1.113.826,19 de CSLL. A base legal do lançamento encontra-se descrita nas fls. 484/485 e 492/493. Devidamente cientificada em 04/09/2006, conforme declaração firmada no próprio corpo dos autos de infração às fls. 483 e 491, a interessada apresentou em 04/10/2006 a impugnação de fls. 519/550, na qual alegou, em síntese, o seguinte: Preliminarmente, aduz que parte do auto de infração não deve prosperar, pois engloba períodos em que já se operou a decadência. Isso porque a fiscalização admititu que as diferenças apuradas em cada ano (1996 a 2000) teriam que ser adicionadas em 31/12/2002, data da disponibilização compulsória de que trata o art. 74 da Medida Provisória n° 2.158/2001, e não em cada período de apuração do IRPJ e da CSLL, como feito pela impugnante. Assim, se adotasse o regime de competência, a autoridade fiscal não mais poderia efetuar o lançamento referente aos anos-calendário de 1996 a 2000, haja vista a ocorrência da decadência, nos termos do artigo 150, §4°, do CTN. Em socorro à sua tese, colaciona jurisprudência do Conselho de Contribuintes. No mérito, após descrever o procedimento por ela adotado na contabilização dos lucros apurados pelas investidas CCOL e SIL, afirma que a fiscalização cometeu dois equívocos que resultaram na lavratura dos autos de infração para os fatos geradores ocorridos em 31/12/2001: "1°) Deduziu que os lucros auferidos pelas investidas no exterior nos anos de 1996 a 2000 deveriam ser recalculados à TAXA DE CÂMBIO do dia em que ocorreu o fato gerador (31/12/2001); 2°) Considerou tributáveis as VARIAÇÕES CAMBIAIS calculadas sobre os valores dos lucros apurados no exterior entre 1996 e 2000." Ao aplicar a regra insculpida no art. 143 do CTN para a adoção da taxa de câmbio a ser utilizada na conversão de US$ para Reais, a fiscalização, indevidamente, deixou de aplicar a sistemática estabelecida na Lei n° 9.249/95, que é regra específica para o caso de que se cuida. Assim, deveria ter utilizado as taxas de câmbio vigentes no final de cada período de apuração dos tributos e não aquela vigente em 31/12/2001, data da disponibilização compulsória dos lucros. Traz excerto doutrinário que corroboraria o seu entendimento. Em relação à tributação das variações cambiais sobre investimentos em sociedades sediadas no exterior, aduz que a exigência fiscal foi efetuada sem amparo em qualquer disposição legal, já que os diplomas legais ou mesmo os dispositivos do Regulamento do Imposto de Renda referidos no Auto de Infração não contemplam 6) 3 Processo o° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão o.° 1202-00.273 Fl. 4 qualquer determinação no sentido de que o valor da variação cambial de investimentos no exterior seja adicionado ao lucro líquido para efeito de apuração da • base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Pelo contrário, a prova inequívoca de que a legislação do imposto de renda e da CSLL em vigor em 2001 não previa tal tributação reside no fato de que o Projeto de Lei de Conversão n° 30/2003, originário da MP n° 135/03 que deu origem à Lei n° 10.833/2003, teve seu art. 46 vetado pelo Pres. da República em 29 de dezembro de 2003, cujo dispositivo tinha por objetivo,. justamente, instituir a tributação da variação cambial do investimento no exterior avaliado pela equivalência patrimonial como receita ou despesa financeira; que tal veto deu-se por receio do Ministério da Fazenda, tendo em vista que os contribuintes poderiam pretender aplicar a norma já em 2003, o que não seria conveniente haja vista que naquele ano a variação cambial foi negativa na ordem de 15%; que efetivamente não existia no ano 2001 qualquer previsão legal no sentido de que fosse tributada a variação cambial de investimentos no exterior, sendo o Auto de Infração lavrado quanto a esta suposta infração manifestamente improcedente. Tal pretensão da fiscalização também discrepa totalmente do entendimento esposado em soluções de consulta da SRRF/9 a Região Fiscal (n.° 54 e 55, de 07/04/2003) e SRRF/2a Região Fiscal (n° 46, de 10/11/2003) e em acórdãos do Conselho de Contribuintes. Especificamente em relação aos fatos geradores ocorridos em 31/12/2002, prossegue sua exposição alegando o seguinte: 1°) O Item 002 do AI de IRPJ tem relação direta com o discutido anteriormente, ou seja, a tributação das variações cambiais sobre investimentos em sociedades sediadas no exterior foi efetuada ao arrepio da lei, já que não existe qualquer determinação no sentido de que o valor da variação cambial de investimentos no exterior seja adicionado ao lucro líquido para efeito de apuração da base de cálculo do 1RPJ e da CSLL. 2°) Quanto ao Item 003 do AI, afirma que o art. 7° da IN SRF 213/02, que fundamentou o referido lançamento, é completamente ilegal, pois além de não estar consagrado na MP 2.158-35/2001, colide com os demais diplomas legais que regem a matéria. Aduz, ainda, que o art. 250 do R1R199, arrolado como fundamento para a autuação, não é aplicável ao caso analisado, porque a fiscalizada cumpriu exatamente o que reza o art. 389, parágrafo 2°, c/c o art. 247, parágrafo 2°, ambos do RIR199. Aproveita para renovar todos os seus argumentos no sentido de que as variações cambiais de investimentos no exterior não são tributáveis. Em socorro à sua tese, colaciona trabalho de autoria da Dra. Marilene Talarico Martins Rodrigues acerca dos limites da legalidade tributária. Em 09/11/2006, a impugnante traz aos autos razões aditivas à sua impugnação (fls. 566/574), relacionadas à ilegalidade do Art. 74 da MP . n° 2.158-35/2001 quanto à tributação do IRPJ e da CSLL, à violação pela referida norma legal ao princípio da irretroatividade insculpido no Art. 105 da CF/88 e à não incidência da CSLL sobre lucros auferidos nos anos calendário de 1996 a 2000, tendo em vista que antes da MP n° 2.158-35/2001 não existia dispositivo legal que determinasse tal tributação. Requer, ao final, seja declarada a nulidade dos autos de infração ou a total improcedência do lançamento. Convém esclarecer que a competência para julgamento do presente processo foi transferida para a DRJ/Fortaleza, conforme Portaria SRF n° 75, de 17 de janeiro r, de 2007, publicada no Diário Oficial da União de 18/01/2007. , • 4-, 4 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 5 A 4a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Fortaleza, em 27 de fevereiro de 2007, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido. O acórdão restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano-calendário: 2001, 2002 DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR. DECADÊNCIA. A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por filiais, sucursais, coligadas ou controladas sediados no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização (data do fato gerador), e não a data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS. LUCROS DISPONIBILIZ4DOS POR FILIAIS, SUCURSAIS, COLIGADAS OU CONTROLADAS NO EXTERIOR. DATA DO FATO GERADOR. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. A data do fato gerador do lucro disponibilizado não se confunde com a data do auferimento do lucro, sendo assim, na apuração da exigência fiscal, aplica-se a legislação vigente à época da disponibilizaçã o dos lucros. -DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS. TAXA DE CÂMBIO APLICÁVEL. Inexistindo disposição de lei em contrário, a conversão para reais deve ser feita pela taxa de câmbio da data da disponibilização dos lucros auferidos no exterior, fato gerador da obrigação tributária. NORMAS JURÍDICAS. ILEGALIDADE. À esfera administrativa não cabe apreciar questões acerca de ilegalidade de normas jurídicas, competência exclusiva do Poder Judiciário. Por sua vez, o julgador deve observar o disposto no art. 116, III, da Lei n°8.112, de 1990, bem assim o entendimento da SRF expresso em atos normativos. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL Ano-calendário: 2001, 2002 • AUTOS REFLEXOS. CSLL. • Aplica-se ao lançamento de CSLL o que foi decidido em relação ao lançamento matriz, devido à estreita relação de causa e efeito existente entre eles. 5 Processo n° 16327.001346/2006-86 51-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 6 A fundamentação do voto condutor da decisão de 1'. Instância pode ser •resumida como segue: 1) quanto à decadência alegada pela contribuinte, a autoridade julgadora assim se manifestou: ... aplicando-se aos anos calendário de 1996 e 1997, o disposto no artigo 25 da Lei n° 9.249/95, c/c o artigo 2° da IN SRF n° 38/96, verifica-se que, ao contrário do que entende a impugnante, não houve, nesses períodos, a ocorrência do fato gerador do IRPJ ou da CSLL, e, conseqüentemente, não houve a alegada decadência relativa a tais períodos. A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização (data do fato gerador), e não a data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. os lucros auferidos a partir de 2002 passaram a ser tributáveis na data do balanço levantado pela controlada (caput do art. 74, MP 2.158-2001), e os lucros acumulados ate 31/12/2001, em 31/12/2002, podendo haver antecipação se disponibilizados antes dessa data ( § único do art. 74). Portanto, também com relação aos anos-calendário de 1998 a 2000, não houve a ocorrência do fato gerador do TRPJ ou da CSLL e, conseqüentemente, não houve a alegada decadência relativa a tais períodos, pelos motivos já explicitados acima. 2) No mérito tem-se os argumentos abaixo descritos: 2.1) Variação cambial — taxa de câmbio aplicável: A autoridade julgadora considerou que de acordo com o explicitado na IN SRF n° 38/96 e na Lei n° 9.532/97 a conversão dos valores em moeda estrangeira deve ser feita na data do fato gerador, que não coincide com a data das demonstrações financeiras da controlada no exterior em que foram apurados os lucros, mas com a data da sua disponibilização. • E continua: Assim, nos termos do artigo 143 do CTN, como não existe disposição de lei em contrário, a conversão para reais deve ser feita na data do fato gerador da obrigação tributária, ou seja, na data da disponibilização dos lucros auferidos no exterior. Considerou, portanto, correta a conversão dos lucros pela taxa de câmbio da data da disponibilização e não na do dia 31 de dezembro dos anos em que os mesmos foram auferidos. 2.2) Variações cambiais sobre investimentos em sociedades sediadas no exterior Procede a exigência fiscal sobre a diferença apurada, na conversão em moeda nacional dos lucros auferidos pela contribuinte no exterior, em razão da utilização de taxa de câmbio em desacordo com a legislação tributária, visto decorrer de express (17-' \-) Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 7 disposição legal, não cabendo o tratamento tributário dado ao resultado da equivalência patrimonial como quer fazer crer a impugnante. Portanto, não há também qualquer vício no auto de infração decorrente do enquadramento legal questionado pela defendente. 2.3) Ilegalidade da IN SRF 213/02 e do art. 74 da MP n° 2.158-35/2001 e violação a principio constitucional. Justifica a falta de apreciação dos argumentos em razão do que determina o artigo 7° da Portaria do Ministro da Fazenda n° 58/2006, que disciplina a constituição das turmas e do funcionamento das Delegacias da Receita Federal de Julgamentô bem como na Súmula n° 2 do 1° Conselho de Contribuintes que reconhece a própria incompetência para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 2.4) CSLL Conforme dispõe o art.144 do Código Tributário Nacional: Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. No caso em tela, ocorre o fato gerador pura e simplesmente quando os rendimentos se tornam disponíveis, hipótese particularmente corroborada pela legislação que trata dos lucros oriundos do exterior. Convém frisar que, in casu, as sociedades estrangeiras controladas pela autuada não são os sujeitos passivos da obrigação tributária e os lucros delas não são propriamente o objeto do lançamento fiscal, mas sim, respectivamente, a impugnante, empresa sediada no Brasil, e os lucros por ela auferidos no exterior por meio de suas controladas. Para a impug,nante, tais lucros vieram a surgir somente quando se tornaram disponíveis, ainda que gerados anteriormente. Assim, quando os lucros vieram a se tornar disponíveis, já estava plenamente em vigor a MP 1.858-6/1999, a norma que previa a incidência da CSLL, visto que a data do fato gerador do lucro disponibilizado não se confunde com a data do auferimento do lucro. - Logo, correta é a tributação dos lucros no exterior pela referida contribuição, para o caso de que se cuida. Inconformada com a decisão de 1'• Instância, da qual foi intimada em 25/10/2007, apresentou recurso voluntário em 23/11/2007, aduzindo o que segue: Em primeiro lugar, chama atenção para o fato de que, em sua impugnação discordou tão somente da tributação dos valores das variações cambiais contabilizadas, relativas aos lucros auferidos nos anos-calendário de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000. Esclarece que ofereceu espontaneamente à tributação, em 31/12/2001, todos os valores relativos aos lucros auferidos pelos seus investimentos no exterior, apurados no período de 1996 a 2000, em virtude de os mesmos terem sido incorporados ao capital social das suas investidas, em 2001, motivo pelo qual a Autuada considerou-os disponibilizados em 31/12/2001, cumprindo assim integralmente o que determina o § 2°, "b", 4, do art. 1 0 da Lei n°9.532/97. E continua: 7 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 8 Sendo assim, é evidente que os valores relativos às variações cambiais contabilizadas, relativas aos lucros auferidos nos anos- calendário de 1996 a 2000, ainda que fossem tributáveis, já tinham sido atingidos pela decadência em 04/09/2006, data em que foram lavrados os autos de infração ora guerreados. No tocante à impossibilidade de a fiscalização recalcular os valores de competência de períodos já decaídos, a recorrente ratificou os argumentos da impugnação. No mérito abordou os tópicos abaixo elencados: a) Taxa de câmbio aplicável: Chama atenção para o fato de que o art. 143 do CTN só seria aplicável, como decidido pelo órgão julgador de P. Instância, se não houvesse previsão legal dispondo de modo diferente. Assim, em razão do determinado pela Lei n° 9.249195, artigo 25, § 4°, que estabelece como taxa de câmbio para conversão dos lucros das controladas no exterior aquela vigente no dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados tais lucros, a observância do CTN estaria afastada nessa hipótese. Afirma que o art. 6°, § 3° da IN SRF n°213/02 ratifica seu entendimento. b) Variações cambiais Questiona a qual "expressa disposição legal" os ilustres julgadores a quo se referiram na decisão recorrida, para argumentar o que segue: Em verdade, a legislação de regência (art. 389, § 2°, do 12.112J99 e art. 11 da IN 38/96) determina que: i) os valores das variações cambiais ativas dos investimentos no exterior não são tributáveis visto inexistir lei que determine a sua tributação; ii) as variações cambiais dos lucros auferidos por investidas no exterior faz parte integrante do resultado da avaliação pelo método da equivalência patrimonial; iii) o resultado positivo da equivalência patrimonial dos investimentos no exterior não é tributável. Cita ementas de acórdãos do antigo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda que reforçam seus argumentos. Reconhece que as soluções de consultas citadas na impugnação realmente só se aplicam às respectivas partes, mas ressalta que a própria Secretaria da Receita Federal se manifestou no sentido de que as variações cambiais em tela não são tributáveis. c) Ilegalidade do art. 7° da IN SRF 213/02 Critica a decisão recorrida que desprezou o texto do art. 389 do RIR199 para agarrar-se a um entendimento infundado da Administração Tributária esposado no art. 7° da 1N SRF 213/02. \\` ' 8 N'S. Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 9 Questiona: 'se a atividade da autoridade fiscal é vinculada à lei, como afirma a própria decisão recorrida, como o art. 389 do RIR/99 não foi considerado?" Cita o art. 389 do RIR199 para demonstrar que a variação cambial não é tributável. Além disso, cita decisões do 1° Conselho de Contribuintes que reconhecem ilegalidade de atos administrativos, contrariando a justificativa contida no voto condutor da decisão de P. Instância. d) Tributação pela CSLL A recorrente concorda com os dignos julgadores quando esclarecem, às fls. 592, que o início da incidência da CSLL sobre os lucros auferidos por coligadas e controladas no exterior ocorreu somente quando da vigência da Medida Provisória n° 1.858-6/1999. --- Por conseguinte, os lucros auferidos por coligadas e controladas no exterior, nos anos-calendário de 1996 a 1998, não sofrem a incidência da CSLL, devendo, conseqüentemente, ser cancelada a respectiva tributação de ofício, por absoluta falta de previsão e) Tributação reflexa A recorrente pede aos ilustres Conselheiros que, ao determinarem o cancelamento dos lançamentos relativos ao IR13.1 também determinem o cancelamento dos lançamentos • reflexos, relativos à CSLL. Ao final requer, preliminarmente, a reforma da decisão recorrida para declarar a nulidade dos lançamentos de oficio. Ultrapassada, se for o caso, a preliminar, pleiteia a reforma da decisão recorrida para determinar a total improcedência das exigências consubstanciadas nos Autos de Infração. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contra-razões de fls. 622 a 646 reforçando os argumentos da decisão de 1'. Instância, requerendo a negativa do provimento do recurso voluntário e a manutenção incólume da decisão de P. Instância. É o relatório. d) - \ 9 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n." 1202-00.273 Fl. 10 Voto Conselheira Valéria Cabral Géo Verçoza, Relatora O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. As matérias em litígio tratadas nos autos referem-se à decadência do direito de a Fazenda Nacional efetuar o lançamento para a tributação dos lucros apurados em controlada no exterior, nos anos-calendário de 1996 a 2000, à taxa de câmbio para a conversão para reais dos montantes de lucros disponibilizados por controlada no exterior, ao tratamento tributário da variação cambial dos investimentos no exterior em empresas controladas que utilizam o método da equivalência patrimonial, à impossibilidade de tributação da CSLL para lucros disponibilizados em 2001 apurados anteriormente a 3111211999. Decadência O assunto é recorrente no órgão administrativo de julgamento de 2 a Instância sendo que a corrente majoritária reconhece que a fixação do termo inicial para a contagem do prazo de decadência, na hipótese de lançamento sobre lucros apurados por empresa controlada sediada no exterior deve ter como referência a data em que considera ocorrida a sua disponibilização e não a data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. Rejeito a preliminar de decadência do direito de a Fazenda Nacional realizar o lançamento, haja vista que o fato gerador do tributo exigido pelo Fisco foi a disponibilização do lucro no ano de 2001, por meio do aumento de capital. A legislação tributária vigente à época do levantamento do lucro, 1996 e 1997, previa que a tributação ocorreria na data da apuração do lucro, entretanto, com a mudança legislativa processada em 1997 por meio da Lei n° 9.532, o momento da incidência do Imposto de Renda Pessoa Jurídica foi deslocado para a data na qual esse lucro tornou-se disponível para a empresa controladora. Assim, não há que falar em decadência quanto aos lucros apurados em 1996 e 1997, quando sua disponibilização aconteceu em 31 de dezembro de 2001 e o lançamento do IRPJ em 04 de setembro de 2006, portanto, há menos de cinco anos. Apenas para reforçar o entendimento aqui esposado, cito decisões do extinto 1 0. Conselho de Contribuintes: JRPJ — TERMO INICIAL — CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL —LUCRO DISPONIBILIZADO NO EXTERIOR POR EMPRESA CONTROLADA SEDIADA NO EXTERIOR A fixação do termo inicial para contagem do prazo de decadência, na hipótese de lançamento sobre lucros apurados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a sua disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. (Acórdão 108-09592, Recurso 155413, C; I o Processo n`' 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 11 Processo 16327.001359/2005-74, 8° Câmara, Recorrente: Marcep Corretagem de Seguros Ltda.) PRELIMINAR — DECADÊNCIA — O prazo decadencial se conta a partir do momento em que o Fisco poderia efetuar o lançamento, no caso da tributação de lucros auferidos por controlada no exterior, na data do momento temporal do fato gerador legalmente eleito. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — MOMENTO DO FATO GERADOR — A Lei 9.532/1997 não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas, tão-somente, deslocou o seu componente temporal, indicando o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação. (Acórdão 101- 96364, Recurso 155699, Processo 16327.002001/2005-69, 1". Câmara, Recorrente: Thyssen Krupp Metalúrgica Campo Limpo Ltda.) DECADÊNCIA - A fixação do termo inicial da contagem do prazo decadencial, na hipótese de lançamento sobre lucros disponibilizados por empresa controlada sediada no exterior, deve levar em consideração a data em que se considera ocorrida a disponibilização , e não na data do auferimento dos lucros pela empresa controlada. (Acórdão 101-96652, Recurso 158959, Processo 16327.001116/2006-17, 1° Câmara, Recorrente: Banco Safra S.A) DECADÊNCIA — DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR — FATO GERADOR — ANOS-CALENDÁRIO 1996 E 1997 — A simples apuração de lucros por empresa controlada situada no exterior não implica, por si só, em disponibilização de lucros para a controladora no Brasil, condição necessária para caracterização da ocorrência do fato gerador do IRRI no regime implantado pelo art. 25 da Lei 9.249/95, nos anos-calendário 1996 e 1997. Descabido falar-se em decadência do direito de constituir o crédito tributário quando não ocorreu fato gerador. (Acórdão 103-22638, Recurso 149977, Processo 16327.001085/2005-13, 3". Câmara, Recorrente: International Paper do Brasil Ltda.) Taxa de Câmbio • No que diz respeito à taxa de câmbio a ser aplicada para a conversão para Reais dos lucros recebidos, razão assiste à recorrente, uma vez que a conversão dos mesmos se deu pela taxa de câmbio do dia das demonstrações financeiras que apurou os lucros disponibilizados nos respectivos anos-calendário de 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000 em virtude do disposto no §4° do artigo 25 da Lei n° 9.249/95, consolidado no § 7° do artigo 394 do RIR/99, assim redigido: "Art. 394. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de r) dezembro de cada ano (Lei n° 9.249, de 1995, art. 25). 11 • Processo ri° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00173 Fl. 12 § 70 Os lucros a que se referem os §§ 5° e 6° serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada e coligada (Lei n° 9.249, de 1995, art. 25, § 4°)." Portanto, incabível a exigência fiscal quanto à diferença de aplicação de taxa de câmbio entre a data da apuração do lucro e a data da sua disponibilização, devendo ser cancelada a exigência descrita nos itens 1 e 2 dos Autos de Infração, fls. 484 e 492. A jurisprudência do Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) é no sentido de que a taxa de conversão é aquela da data do balanço em que foi apurado o resultado. Vejamos algumas ementas: IRPJ — LUCRO AUFERIDO POR CONTROLADA NO EXTERIOR — TAXA DE CÂMBIO PARA CONVERSÃO PARA REAIS — Ao teor do § 7° do artigo 394 do RIR/99, cuja matriz legal é o § 4° do artigo 25 da Lei n°9.249/95, os lucros auferidos no exterior serão convertidos para reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. (Acórdão 108-09592, Recurso 155413, Processo 16327.001359/2005-74, 8° Câmara, Recorrente: Marcep Corretagem de Seguros Ltda.) LUCROS NO EXTERIOR — TAXA DE CONVERSÃO PARA A MOEDA NACIONAL — A conversão para a moeda nacional dos lucros auferidos no exterior por coligadas ou controladas deve ser feita pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. (Acórdão 105-17124, Recurso 157672; Processo 16327.000276/2006-49, 5° Câmara, Recorrente: Duratex Comercial e Exportadora S.A) CONVERSÃO DE LUCROS NO EXTERIOR PARA MOEDA NACIONAL — TAXA DE CÂMBIO — Os lucros auferidos no exterior serão convertidos em Reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da filial, sucursal, controlada ou coligada no exterior. (Acórdão 103-22638, Recurso 149977, Processo 16327.001085/2005-13, 3". Câmara, Recorrente: International Paper do Brasil Ltda) IRP.I — LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — CONVERSÃO —A teor do disposto no § 7° do art. 394 do RIR199, que reiterou o disposto no art. 25, § 4° da Lei 9.249/95, para efeito de conversão para o Real, os lucros auferidos no exterior devem ser convertidos pela taxa de câmbio, para venda, dos dias das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados os lucros da controlada e coligada. (Acórdão 101-96318, Recurso 153732, Processo 16327.001967/2005-89, 1'. Câmara, Recorrente: Usina Barra Grande de Lençóis S.A) - Variação Cambial A questão da tributação da variação cambial foi brilhantemente analisada pelo Conselheiro Relator Valmir Sandri ao elaborar o voto condutor da decisão de 2'. Instância 12 NN. Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 13 no Recurso 153.731 consubstanciado no Acórdão 101-96317, sessão de julgamento realizada em 13/09/2007. Portanto, peço venha para adotar sua argumentação, a qual passo a transcrever: De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fl. 311/317), a suposta infração decorreu do fato da contribuinte ter excluído na determinação do lucro real e 'da base de cálculo da CSLL, os valores relativos ao resultado positivo da equivalência patrimonial no ano-calendário de 2002, mantido pela r. decisão recorrida, ao argumento de que a norma disposta no art. 7°. da IN SRF n. 213/2002, determina a sua tributação, independentemente de ser resultante de lucros apurados na investida ou decorrente de variação cambial. Por seu turno, alega a Recorrente que o disposto no § 1°. do art. 7 a . da IN SRF n. 213/2002, põe-se, à evidência, em conflito com regra regulamentar preexistente, que regulando a mesma matéria, dispõe em sentido diametralmente oposto, ou seja, que o resultado da equivalência patrimonial de investimentos no exterior não teve seu tratamento fiscal afetado em face das novas regras de tributação aplicáveis ao resultado de tais investimentos, o que implica em permissão para excluí-lo na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, tendo em vista o disposto no art. 389, caput e § 1°, do R1R199, e no art. 2°, § 1°., alínea c, inciso 1, da Lei n. 7.689/88. A propósito do tema, convém proceder à apreciação dos dispositivos que regem a matéria, a começar pelo artigo 25, § 2°, inciso II, da Lei n° 9.249, de 1995, que alterou a sistemática de tributação dos lucros auferidos no exterior, que dispõe: "Art. 25. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas, correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano. § I ° omissis sç 2°. Os lucros auferidos por filiais, sucursais ou controladas, no exterior, de pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil serão computados na apuração do lucro real com observância do seguinte: 1 — as filiais, sucursais e controladas deverão demonstrar a apuração dos lucros que auferirem em cada um de seus exercícios fiscais, segundo as normas da legislação brasileira; II — os lucros a que se refere o inciso I serão adicionados ao lucro líquido da matriz ou controladora, na proporção de sua participação acionária, para apuração do lucro real." A interpretação do comando inserto no caput, conjugada com o disposto no § 2°, item II, do artigo 25 supra, nos conduz ao entendimento de que deverão ser adicionados ao lucro líquido da controladora, quando por ela auferidos, os lucros auferidos pela controlada no exterior, na proporção de sua participação acionária. A partir dessa assertiva, resta examinar se os resultados positivos da avaliação de investimentos, pelo método de equivalência patrimonial, enquadram-se no dispositivo acima. Para tanto, consideramos conveniente tecer algumas considerações preliminares sobre a legislação comercial e fiscal que cuida da avaliação de investimentos qualificados de relevantes. 13 Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 14 Em primeiro lugar, é importante sublinhar que a avaliação do investimento em sociedade coligada ou controlada, mediante a aplicação do método de equivalência patrimonial, antes de fundar-se em norma tributária, fora tomada obrigatória por imposição da Lei das Sociedades Anônimas - Lei n° 6.404, de 15/12/1976, artigo 248 -, com vistas à transparência das demonstrações financeiras das empresas, de sorte a que reflitam, com a maior fidelidade possível, o valor patrimonial desses investimentos. Essa legislação, portanto, dirige-se precipuamente ao interesse dos sócios, da empresa, e do próprio mercado. A par disso, para manter íntima coerência com essas disposições de direito privado, o legislador se viu compelido a dar-lhe conveniente e adequado tratamento perante o direito tributário, o que se fez mediante a reprodução dessas normas pelo Decreto-lei n° 1.598/77, artigo 67, inciso XI, alterado pelo Decreto-lei n° 1.648/78, sem maior relevância, a não ser a de declarar a intributabilidade do acréscimo de valor decorrente da avaliação do investimento acionário, consoante dispõem os Decretos-leis n's 1.598/77, arts. 23 e 33, parágrafo 2°, e 1.648/78, art. 1°, incisos IV e V, consolidados nos artigos 389 e 428 do R112/99, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99, que prescrevem, verbis: "Art. 389 — A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio liquido dos investimentos não será computada na determinação do lucro real". (Decretos-lei les 1.598/77, art. 23, e 1.648/78, art. 1 0, inciso IV) "Art. 428 — Não será computado na determinação do lucro real o acréscimo ou diminuição do valor do patrimônio liquido de investimentos, decorrente de ganho ou perda de capital por variação na percentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada." (Decreto-Lei n° 1.598/77, art. 33, ,§ 2°, e Decreto-Lei n. 1.648/78, art. 1°, inciso Essa expressa exclusão de incidência do imposto de renda objetivou exatamente neutralizar eventual tributação em cascata que pudesse advir da absoluta necessidade e conveniência de adaptação do conjunto do sistema de normas contábeis ao campo fiscal. O registro contábil do resultado do método de equivalência patrimonial na empresa investidora nada mais simboliza que a avaliação do valor do investimento segundo os resultados auferidos pela investida, sejam estes positivos ou negativos, de modo a refletir, fielmente, o valor patrimonial dos investimentos, o que propicia maior transparência das demonstrações financeiras das empresas. Por sua vez, a aplicação do referido método pode apontar resultado positivo, e nesse caso, a lei tributária houve por bem excluí-lo da tributação, mantendo, assim, identidade e coerência com outras normas, segundo as quais não se sujeitam ao imposto de renda, os rendimentos de participação societária, quando recebidos por pessoa jurídica. Essas normas foram consolidadas pelo R1R199, em seu artigo 379, parágrafo 1°, ad litteram: "Art. 379 — Ressalvado o disposto no artigo 380 e no .5Ç 10 do artigo 388, os lucros e dividendos recebidos de outra pessoa \.\ \\\ 14 Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 15 jurídica integrarão o lucro operacional (Decreto-lei n°1.598/77, arts. 11 e 19, inciso 11). § 1 0. Os rendimentos de que trata este artigo serão excluídos do lucro líquido, para determinar o lucro real, quando estiverem sujeitos à tributação nas firmas ou sociedades que os distribuíram (Decreto-Lei n°5.844, de 1943, art. 43, § 2°, alínea "c", e Lei n° 3.470, de 1958, art. 70)." Por seu turno, para manter uma coerência, os lucros e dividendos quando efetivamente recebidos, devem estes ser tomados como redução do valor do • investimento, conforme prescreve o parágrafo 1°, do artigo 388, do R11R199, verbis: Art. 388. omissis Parágrafo I° - Os lucros ou dividendos distribuídos pela coligada ou controlada deverão ser registrados pelo contribuinte como diminuição do valor de patrimônio líquido do investimento, e não influenciarão as contas de resultado (Decreto-Lei n°1.598/77, art. 22, parágrafo único)." Pelo que foi demonstrado acima, depreende-se que os resultados da avaliação dos investimentos, pelo método de equivalência patrimonial, segundo a legislação do Imposto de Renda, não se enquadram na categoria de lucros auferidos pela controladora sujeitos à incidência desse Imposto, vez que os mesmos são tributados, por ocasião de sua apuração, na sociedade investida. Com efeito, o Decreto-lei n° 1.598, de 1977, que introduziu a sistemática de avaliação de investimentos no campo tributário, excluiu, de forma expressa, a incidência tributária, não só das contrapartidas dos ajustes do valor dos investimentos • realizados no País (art. 23, caput), como também daqueles feitos em sociedades estrangeiras (art. 23, parágrafo único), in verbis: "Art. 23. omissis Parágrafo único. Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição, nem ganhos ou perdas de capital derivados de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País." Por seu turno, a Lei n° 9.249, de 1995, manteve expressamente a exclusão desses resultados da incidência tributária, consoante estabelecido no § 6°, do artigo 25, sob análise: "§ 6°. Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método de equivalência patrimonial, continuarão a ter o tratamento previsto na legislação vigente, sem prejuízo do disposto nos §§ 1°, 2° e 3°. " Nesse sentido, ao disciplinar a aplicação do mencionado dispositivo, o artigo 11, parágrafo único da Instrução Normativa SRF n° 38/96, afastou qualquer dúvida que ainda pudesse remanescer acerca da intributabilidade dos resultados em questão, esclarecendo, com todas as letras que os mesmos deverão ser excluídos (se positivos) ou adicionados (se negativos) quando da determinação o lucro real, ipsis litteris: 15 \I Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 16 "Art.11. A contrapartida do ajuste de investimento no exterior avaliado pelo método da equivalência patrimonial, não será computado na determinação do lucro real. Parágrafo único — Para efeito do disposto neste artigo, os resultados positivos decorrentes do referido ajuste, computados no lucro líquido da empresa no Brasil, poderão ser dele excluídos, enquanto que os resultados negativos deverão ser a ele adicionados, quando da determinação do lucro real." Resta mais que evidenciado, portanto que, não obstante as alterações introduzidas na tributação dos resultados auferidos no exterior por intermédio da Lei n° 9.249/95, bem como o disposto no artigo 1° da Lei n° 9.532/97, que alterou a citada lei (Lei n° 9.249/95), com vigência a partir de 10 de janeiro de 1998, que o tratamento tributário dispensado aos resultados de avaliação de investimentos no exterior manteve-se inalterado tão somente até o advento da MP 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, eis que a partir dali, por intermédio de seu artigo 74, ficou alterada a rega da disponibilização do lucro no exterior. Sendo assim, por não caber a esse órgão negar aplicação ao referido dispositivo legal (art. 74 da MP 2.158-35, de 2001), cumpre apenas analisar se o artigo 70 da IN SRF 213/2002 extrapolou a lei. É inquestionável que, a partir da Lei 9.249/95, os lucros obtidos por. intermédio das controladas ou coligadas no exterior são tributáveis na investidora no Brasil. O artigo 74 da MP 2.158-35, de 2001 define o momento da disponibilização, para efeito de tributação. Assim, uma vez que o resultado da equivalência patrimonial apenas atesta a apuração dos lucros pela coligada ou controlada, a determinação contida na IN SRF n° 213/02, para a inclusão na base de cálculo do lucro real e da CSLL do resultado positivo dessa equivalência, apenas concretiza o comando fixado pelo art. 74 da Medida Provisória n° 2.158-35/2001, que determina que os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, bem como, determina que os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Em sendo assim, agiu com acerto a r. decisão recorrida que manteve a exigência decorrente dos resultados positivos da equivalência patrimonial apurado pela Recorrente. Por seu turno, entendo que deve ser afastada da tributação, como exclusão, a parcela referente à variação cambial, eis que a mesma representa a expressão do valor em moeda estrangeira investida inicialmente, nada tendo em comum com os lucros gerados no exterior. De fato, essa questão já foi apreciada pela Superintendência da 9' Região - Fiscal, na solução das Consultas n° 54 e 55, tendo restado esclarecida a contrapartida de ajuste do valor do investimento em sociedades estrangeiras, coligadas ou controladas que não funcionem no pais, decorrente da variação cambial, a qual não será computada na determinação do lucro real. 16 \\"\ Processo n° 16327.001346/2006-86 S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 17 Esta Câmara também enfrentou a matéria, que foi objeto do Acórdão 101- 94.747, de 2004, conduzido pelo voto do ilustre Conselheiro Mário Junqueira Franco Júnior, que anotou dever ser excluída da exigência a parcela referente à variação cambial. No seu voto, destacou o eminente Conselheiro : "O debate sobre esta assertiva poderia ser acirrado, não fosse o reconhecimento da própria Receita Federal, como nas Consultas 54 e 55 da 9a Região Fiscal, que possuem a seguinte ementa: "A contrapartida de ajuste do valor do investimento em sociedades estrangeiras, coligadas ou controladas que não funcionem no país, decorrente da variação cambial, não será computada na determinação do lucro real." E para por pá de cal na questão, transcrevo texto da mensagem de veto ao artigo 46 do projeto de conversão da MP 135/03, que, por sua vez, buscava criar tributação sobre a variação cambial de investimentos no exterior: "MENSAGEM Ir 795, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2003. Senhor Presidente do Senado Federal, Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § ldo art. 66 da Constituição, decidi vetar parcialmente, por contrariedade ao interesse público, o Projeto de Lei de Conversão rrg 30, de 2003 (MP n° 135/03), que "Altera a Legislação Tributária Federal e dá outras providências". Ouvido, o Ministério da Fazenda manifestou-se quanto ao seguinte dispositivo: Art. 46 "Art. 46. A variação cambial dos investimentos no exterior avaliados pelo método da equivalência patrimonial é considerada receita ou despesa financeira, devendo compor o lucro real e a base de cálculo da CSLL relativos ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano-calendário." Razão do veto "Não obstante tratar-se de norma de interesse da administração tributária, a falta de disposição expressa para sua entrada em vigor certamente provocará diversas demandas judiciais, patrocinadas pelos contribuintes, para que seus efeitos alcancem o ano-calendário de 2003, quando se registrou variação cambial negativa de, aproximadamente, quinze por cento, o que representaria despesa dedutível para as pessoas jurídicas com controladas ou coligadas no exterior, provocando, assim, perda de arrecadação, para o ano de 2004, de significativa monta, comprometendo o equilíbrio fiscal." Esta, Senhor Presidente, a razão que me levou a vetar o dispositivo acima mencionado do projeto em causa, a qual ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional. , 17 Processo n° 16327.001346/2006-86 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 18 Brasília, 29 de dezembro de 2003." Se não é despesa, também não pode ser receita." Ante o acima exposto, voto no sentido DAR provimento PARCIAL ao presente item para afastar (excluir) da tributação a parcela correspondente à variação cambial. As considerações acima aplicam-se ao caso presente, devendo, portanto, serem excluídos os itens 03 dos respectivos autos de infração (fls. 485 e 492) que se referem à variação cambial decorrente do resultado da equivalência patrimonial. Ilegalidade do art. 7° da IN SRF 213/02 Entendo ser aplicável à situação descrita nos autos o artigo 389 do RIR/99, cuja matriz legal são os Decretos-Lei n° 1.598/77 e n° 1.648/78. Vejamos o dispositivo legal do Regulamento do Imposto de Renda: Art. 389 - A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real (Decreto-Lei n2 1.598, de 1977, art. 23, e Decreto-Lei n 2 1.648, de 1978, art. 12, inciso M. §12 Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País (Decreto-Lei n2 1.598, de 1977, art. 23, parágrafo único, e Decreto-Lei n2 1.648, de 1978, art. 1 2, inciso IV). §22 Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior pelo método da equivalência patrimonial continuarão a ter o tratamento previsto nesta Subseção, sem prejuízo do disposto no art. 394 (Lei n2 9.249, de 1995, art. 25, §6-9. Tributação da CSLL Também em relação à tributação da CSLL adoto a argumentação do Conselheiro Valmir Sandri esposada no acórdão 101-96317, Recurso 153731, a saber: Com relação à contribuição social sobre o lucro líquido, é de se observar que a despeito de se tratar exigência calculada com base nas mesmas infrações apuradas no âmbito do imposto de renda da pessoa jurídica (lançamento decorrente), que por mais das vezes constitui prejulgado ao que foi decidido 730 processo principal (MV), entendo que no presente caso deve ser afastado da tributação os lucros auferidos no exterior até a vigência da MP ri. 1.858-8, de 27.08.99 (atual MP n. 2.158-35/01) - acrescido de 90 (noventa) dias em vista do prazo nonagesimal eis que até ali, os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior por pessoas jurídicas domiciliadas no " Brasil estavam sujeitos exclusivamente ao imposto de renda. \(7-, 18 Processo n° 16327.001346/2006-86 • S1-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.273 Fl. 19 Cumpre salientar que várias decisões do Conselho de Contribuintes reconhecem que não é exigível a CSLL sobre lucros auferidos no exterior até o advento da MP 1.858-6, ou seja, até setembro de 1999. Citamos os seguintes acórdãos: CSLL — TRIBUTAÇÃO DE LUCROS, RENDIMENTOS E GANHOS DE CAPITAL AUFERIDOS NO EXTERIOR — Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior passaram a sofrer incidência da CSLL com o advento do art. 19 da MP 1.858-6/99, publicada no DOU de 30/06/99. (Acórdão 103-22638, Recurso 149977, Processo 16327.001085/2005-13, 3 a. Câmara, Recorrente: International Paper do Brasil Ltda) CSLL — LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — Tratando-se de lucros auferidos por controladas, no exterior, de pessoa jurídica domiciliada no país, a Lei n°9.532, de 1997, não atuou modificando a data da ocorrência do fato gerador, mas tão- somente, deslocou o momento em que esses lucros deveriam ser oferecidos à tributação, homenageando, no caso, os princípios da uniformidade e da realização. Nessa linha, a tributação da CSLL em bases universais só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1° de outubro de 1999. ( Acórdão 108-09789, Recurso 158733, Processo 16327.001170/2006-62, 8a. Câmara, Recorrente: Companhia Agrícola Zillo) Finalmente, quanto à tributação reflexa da CSLL, tem-se que o decidido no julgamento do lançamento principal do Imposto de Renda Pessoa Jurídica faz coisa julgada no dele decorrente, no mesmo grau de jurisdição, ante a íntima relação de causa e efeito entre eles existente. Por todo o exposto, voto no sentido rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Sala das Sessões, em 06 de abril de 2010 I ) ou (.12 '2"-1',/ Ve7C(.V».9,-- Vaiéria Cabral Géo Verçoza 19 k$: . MINISTÉRIO DA FAZENDA s'fik1SN CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo : 16327.001346/2006-86 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no § 30 do artigo 81 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF n° 259/2009), intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF, a tomar ciência do inteiro ter do Acórdão n° 1202-00.273. Brasília - DF, em 08 de julho de 2010 José Roierto França Secretári6 da r Câmara da Primeira Seção CARF Ciente, com a observação abaixo: [ ] Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ ] Com Embargos de Declaração Data da ciência: Procurador(a) da Fazenda Nacional 1
score : 1.0
Numero do processo: 10380.002651/2004-01
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 06 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Exercício: 1997
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Não tendo sido demonstrada qualquer contradição no acórdão, devem os embargos de declaração ser rejeitados
Numero da decisão: 1302-000.419
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos de declaração, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: Outros proc. que não versem s/ exigências cred. tributario
Nome do relator: JOÃO FRANCISCO BIANCO
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