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Numero do processo: 10630.000421/2004-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2009
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA- IRPF
Exercício: 2002, 2003
RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS.
As informações do próprio acusado foram valiosas, precisas e verdadeiras em relação à falsidade das despesas médicas que reduziram o montante tributável apurado em sua Declaração de Ajuste Anual.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE DOLO.
Deve ser desqualificada a multa de oficio quando comprovado, pelos elementos de prova utilizados pela própria acusação fiscal, que o sujeito passivo não agiu com dolo.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 3301-000.036
Decisão: ACORDAM os Membros da Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara
da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, DAR parcial provimento ao recurso, para desqualificar a multa, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - outros assuntos (ex.: glosas diversas)
Nome do relator: José Raimundo Tosta Santos
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MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO 10630.000421/2004-18 143.376 Voluntário 3301-00036 - 3a Câmara / fS Turma Ordinária 05 de março de 2009 IRP.F OCTA VIO DE ALMEIDA NEVES 1a TURMA/DRJ JUIZ DE FORA/MG ASSUNTO:IMPOSTOSOBREARENDADEPESSOAFÍSICA- IRPF ExerCÍcio: 2002, 2003 RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. As informações do próprio acusado foram valiosas, precisas e verdadeiras em .relação à falsidade das despesas médicas que reduziram o montante tributável apurado em sua Declaração de Ajuste Anual. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. AUSÊNCIA DE DOLO. Deve ser desqualificada a multa de oficio quando comprovado, pelos elementos de prova utilizados pela própria acusação fiscal, que o sujeito passivo não agiu com dolo. Recurso parcialmente provido. ACORDAM os Membros da Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, DAR parcial provimento ao recurso, para desqualifi áF a multa, nos termos do voto do Relator. fi i JtJ PESSOA MONTEIRO - Presidente I ..•. STA SANTOS - Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Silvana Mancini Karan, Alexandre Naoki Nishioka, Eduardo Tadeu Farah, Vanessa Pereira Rodrigues Domene, Núbia Matos Moura e Moisés Giacomelli Nunes da Silva. Relatório o recurso voluntário em exame pretende a reforma do Acórdão DRJ/JF A nO 7.714, de 13/06/2004 (fls. 178/187), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o Auto de Infração às fls. 02/11. Por bem circunstanciar os fatos, transcrevo a seguir o relatório da Decisão a quo: Para aCT ÁVIa DE ALMEIDA NEVES, já qualificado nos autos, foi lavrado, em 11/5/2004, o Auto de Infração de fls. 2/11, que lhe exige o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$S4.217,72 (cinqüenta e quatro mil, duzentos e dezessete reais e setenta e dois centavos), sendo R$19.075,76 de imposto sobre a renda de pessoa fisica, R$6.720,70 de juros de mora, calculados até abri1l2004,e R$28.42l,26 de multa proporcional, passível de redução. Decorreu o citado lançamento de fiscalização levada a efeito junto ao contribuinte, quando foram glosadas deduções de despesas médicas que discrimina, referentes ao EF 2002 e 2003, AC 2001 e 2002, e deduções de despesas com instrução que discrimina, referentes ao mesmo período. Tudo conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, a fl 4, e Relatório Fiscal, a fls. 12/17. Do precitado Relatório Fiscal, oportuno transcrever o que se segue: "4. A restituição de imposto de renda apurada no ano-calendário de 2001, R$11. 714, 74, foi resgatada pelo contribuinte em 15/8/2002, na agência 0166 do Banco do Brasil, que acrescida da correção Selic, resultou em R$12.333,27, conforme documento defls. 105. Já o valor a restituir apurado no ano de 2002 não foi pago porque sua declaração ficou retida em malha para comprovação de despesas médicas. 6.... 0 investigado, conforme Termo de Esclarecimentos, reconhece como não verdadeiros os documentos, bem como desconhece a existência de pagamento aos supostos beneficiários, relacionados nos quadros seguintes, os quais foram utilizados para reduzir a base de cálculo do imposto de renda e,por conseguinte, diminuir o imposto a pagar ou aumentar o valor de sua restituição, nos anos-calendário de 2001 e 2002. A seguir, a autoridade autuante relaciona os valores das despesas médicas glosadas, e os beneficiários que teriam recebido ospagamentos, informados nas respectivas DIRPFs. (acrescentei) 7. Ainda segundo o investigado, suas declarações de imposto de renda relativas ao período de 2001 e 2002 foram confeccionadas e transmitidas pela internet pelo Sr. MUdo Dias e que nunca soube que aqueles documentos, os quais reconhece como não verdadeiros, constavam lançados em suas DIRPF, do que só veio tomar conhecimento depois de iniciado oprocedimento fiscal. 9. Em 22 de março, ofiscalizado, em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal, apresentou os documentos de fls. 25/26, entre os quais, no entanto, não estavam os relativos aos valores .relacionados nos quadro do item 6 acima, reconhecidos pelo investigado como não verdadeiros. " . . . 2 , .. . Processo nO i0630.000421/2004-1 8 Acórdão n.o 3301-00036 S3-C3T1 FI. 2 11. Em 23 de março de 2002, o Sr. Mildo Dias, a'quem ofiscalizado imputa a responsabilidade por ter providenciado os documentos tidos como não verdadeiros e os lançado em suas declarações de imposto de renda, além de afirmar que nunca disse ao fiscalizado que havia utilizado recibos e despesas fictícias nas suas decla.rações, revela no Termo de Esclarecimentos dejls. 22/24 ter comprado R$46.000,00 em recibos falsos (cópias asjls. 57/59 e 61/63), pelos quais disse ter pago R$l. 640, 00, correspondente a um percentual entre 3% e 5% do valor dos r.ecibos comprados e utilizados na DIRPF/2003. Também disse ter conseguido, graciosamente junto a Fabiano Nu:nes Rocha e Stella Nunes Rocha mais R$9. 000, 00 em recibos (fls. 58 e 60), também utilizados na DIRPF/2003. Com relação ao ano-calendário 2001, afirmou ter comprado de Clóves de Souza Drumond recibos no valor de R$l 0.000, 00, pelos quais pagou 3% do valor, e disse que R$43.170,00, conforme consta do Termo de Esclarecimentos (Complemento), dejls. 24, foram inventados por uma ex-funcionária do seu escritório. 12. Não cabe à fiscalização fa~er juízo de valor de quem quer que seja, mas no caso dos esclarecimentos do Sr. Mildo há um jlagrante descompasso de razoabilidade. Ora, se ele, Mildo, conforme Termo de Esclarecimentos de jls. 22/24, disse ter cobrado do fiscalizado R$200,00 por declaração, como aceitar por razoável que ele tenha pago, inclusive em prestações, R$1.640, 00 na compra de recibos utilizados na DIRPF/2003? 20. As infrações tributárias, via de regra, são penalizadas com a multa de oficio básica de 75%, exceto se verificada a situação descrita no item II do art. 44 da Lei nO 9.430/96, matriz legal do art. 957 do RIR/99 (Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999), ou seja, evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502 de 1964 que qualifica a multa aplicável para 150%. 23. Dada a ocorrênc\ ia de infrações que, em tese, configuram crime contra a ordem tributária, definido na Lei 8.137/90, cumprindo determinação legal, através do processo administrativo n° 10630.000422/2004-54, formalizei a competente Representação Fiscal para Fins Penais. Os autos do precitado Processo Administrativo de nO 10630.000422/2004-54 estão apensados ao presente, e como se vê, a fl. 04, daquele, foram incluídos como responsáveis todos os envolvidos: o autuado, o contador e os profissionais que forneceram os recibos. O contribuinte apresenta a impugnação de fls. 112/161, instruída com os elementos de fls. 162/175, na qual afirma, em síntese e entre outros aspectos, que: - suas Declarações de IRPF, a partir de 2002, foram feitas pelo contabilista Milton Dias, pessoa de sua confiança, e assim "louvava-se em confiança, nas informações verbais que lhe eram passadas pelo contador sobre imposto a pagar ou a receber ..."; -em razão de significativos valores de seus rendimentos e valores retidos na fonte, não suspeitou que nas DIRPF, objetos do presente AI, fossem descabidas restituições de pouco mais de onze mil reais; • por negligência involuntária motivada pela confiança, viu-se envolvido em ação fiscal, instado' a justificar gastos inclusive com cirurgia, cardíaca" atendimentos ôdotÍtológicos e 'iisioterapêutico's que' nunca fez; - afirma, ainda, que nunca tomou conhecimento que tais despesas foram lançadas em seu favor pelo contador, nunca ouviu falar das pessoas emitentes dos recibos, nunca 4-- 3 autorizou fossem adotados quaisquer expedientes para maquiar a verdade de suas declarações de ajustes anuais de Imposto de Renda, nunca quis deixar de pagar os impostos que deve, nunca quis submeter-se ao vexame de ver-se sob suspeita de sonegação e de fraude e nunca deixou de ser honesto e honrado; acatou como corretos os valores de restituições que lhe foram informados em razão da confiança na pessoa de seu contador, tido como probo; sempre pagou ao contador o preço equivalente a cinco salários mínimos pelas respectivas declarações; - pede a. interpretação justa dos fatos, sob ótica ampla e justa, que é indispensável para fazer ~erta a não incidência de multa sobre os tributos que forem devidos e que quer pagar quando devidamente apurados; - não praticou fraude e nem usou de artificio ou quis reduzir o montante do imposto de renda devido, e isto está patenteado em todas as declarações colhidas no procedimento fiscal; . - a multa de 150% é inconstitucional, por configurar confisco, referindo-se à ADIN 551, DOU 14/2/2003, na qual o srF julgou procedente ação contra a Assembléia Legislativa/RJ ; -não pode prosperar o Auto de Infração, posto que ausente oportunidade de defesa na apuração, fazendo com que não pudesse trazer à colação fatos e direitos seus que por certo teriam sido levados em consideração pelos senhores Auditores Fiscais: teve valores retidos na fonte a título de imposto de renda, desde janeiro de 1998 até maio de 2002 sobre verbas e ganhos não tributáveis, conforme os argumentos que expõe, razão pela qual solicita que tais valores sejam levados em consideração, a qualquer título, inclusive de compensação imediata ou futura. Ao fim, transcreve matéria do Júris Millenium nO31 acerca de Ética e Direito Tributário. o Órgão julgador de primeiro grau, ao analisar as questões suscitadas pelo impugnante, manteve integralmente a exigência tributária em exame, .resumindo seu entendimento na seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF MULTA DE OFÍCIO. INTUITO DE FRAUDE. Será aplicada a multa de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito defraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nO4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição. Lançamento Procedente 4 Processo nO 10630.000421/2004-18 Acórdão n.o 3301-00036 S3-C3T1 F1.3 Em sua peça recursal, o recorrente repisa as mesmas questões suscitadas perante o Órgão julgador de piso: • falta de oportunidade de defesa; • ausência de apuração de créditos em seu favor, por ter tido retenção na fonte e inclusão como rendimentos tributáveis valores correspondentes às verbas de ajuda de custo, de equivalência salarial e de representação, que não deveriam ser tributadas por força da Resolução 245/2002 do STF; • descabimento de multa: seja pela inexistência de imposto a pagar, quando considerados os seus créditos de verbas que indevidamente sofreram retenção na fonte; nulidade do lançamento por falta de justa causa - a inexistência de crédito em favor do fisco; ou ainda por não ter cabimento a aplicação da multa de 150%, por ser confiscatória e em razão da ausência de prova da fraude ou do dolo do contribuinte . • por fim, o recorrente requer seja acolhida a revisão nas declarações de ajuste anual do IRPF de 2001 e 2002, para apuração de imposto a pagar ou a restituir em razão das retenções na fonte indevidas; requer a suspensão da exigibilidade à ação fiscal em tela; requer sejam os documentos relativos às parcelas não incidentes sejam requisitadas ao órgão pagador e que a matéria transcrita do Júris Síntese Millennium nO31 seja parte integrante da petição de recurso. Nos termos da Resolução de nO102-02.254 (fls. 291/298), o julgamento foi convertido em diligência, sendo juntado aos autos os documentos às fls. 301/318. O Relatório de Diligência (fls. 320 e verso) foi cientificado ao sujeito passivo, que se manifestou às fls. 327/332, e juntou os documentos às fls. 333/346. Arrolamento de bens às fls. 204/205. Processo de Representação Fiscal para Fins Penais de nO10630.000422/2004- 54 em anexo. É o Relatório. Voto Conselheiro JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS, Relator O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade. O contencioso administrativo se repórta à infração fiscal imputada ao sujeito passivo e às provas que lhe dão suporte. A fiscalização tributária tem por objetivo verificar o cumprimento da legislação fiscal, inclusive com a intimação de terceiros para prestar informações sobre os fatos que pretende esclarecer, o que se reflete no teor dos dispositivos legais que conferem tal poder aos órgãos do Fisco, consolidados nos artigos 927 e 928 do Decreto nO3000, de 1999 - RIR/1999. , ' . , . Na fase investigatória, a fiscalização deve buscar os esclarecimentos que entender serem necessários à condução do seu trabalho, juntando aos autos os elementos de ~5 prova necessários à formulação da acusação fiscal. Se estes são insuficientes para comprovar o .fato jurídico tributário indicado no lançamento, caberá ao Órgão julgador se manifestar nesse sentido, e não declarar a nulidade do lançamento, por desobediência aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, inexistente na fase investigativa. Sem auto de infração não há que se falar em processo administrativo, pois o lançamento tributário é o ato administrativo que concretiza a aplicação da norma geral e abstrata, impondo ao sujeito passivo uma relação jurídica inexistente até aquele momento. Não é outro o entendimento de James Marins, in Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial), São Paulo, Dialética, 2001, p. 180, que, ao dissertar sobre os princípios informativos do procedimento fiscal, reporta-se ao princípio da inquisitoriedade e diz do caráter inquisitório do procedimento administrativo que decorre da relativa liberdade que concedida à autoridade tributária em sua tarefa de fiscalização e apuração dos eventos de interesse tributário, e demarca a diferença entre o procedimento administrativo de lançamento e o processo administrativo tributário, dizendo ser o primeiro procedimento preparatório que pode vir a se tomar um processo, e releva a inquisitoriedade que preside o procedimento de lançamento, nos segUintestermos: Enquanto que a inquisitoriedade que preside o procedimento permite - dentro da lei - uma atuação mais célere e eficaz por parte da Administração, as garantias do processo enfeixam o atuar administrativo, criando para o contribuinte poderes de participação no iter dojulgamento (contraditório, ampla defesa, recursos...). Então, o procedimento fiscal é informado pelo princípio da inquisitoriedade no sentido de que os poderes legais investigatórios (princípio do dever de investigação) da autoridade administrativa devem ser suportados pelos particulares (princípio do dever de colaboração) que não atuam como parte, já que na etapa averiguatória sequer existe, tecnicamente, pretensão fiscal. As garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa estão preservadas quando o contribuinte é notificado do lançamento, e lhe é garantido o prazo de trinta dias para impugnar o feito (Decreto nO70.235, de1972, artigo 15), ocasião em que pode alegar as razões de fato e direito a seu favor e produzir provas do alegado, requerendo inclusive diligências e perícias. o recorrente não se insurge contra as glosas, mas afirma que incluiu em sua Declaração de Ajuste Anual as verbas de ajuda de custo, de equivalência salarial e de representação, que não deveriam ser tributadas por força da Resolução 245/2002 do STF. Como o procedimento de fiscalização parte das informações contidas nas Declarações de Ajuste Anual, apresentadas pelo contribuinte, as alterações efetuadas no lançamento repOrtam- se, tão-somente, à glosa de despesas médicas. Inexistindo norma l~gal atribuindo' isenção sobre as parcelas que o recorrente quer excluir da base tributável, conforme dispõe o artigo 97, inciso VI, do CTN, não há razão para a autoridade fiscal reclassificar rendimentos regularmente tributados, sobre os quais, inclusive, incidiu imposto de renda na fonte. Ressalte-se, por oportuno, que tal questão somente foi argüida pelo contribuinte após a ciência do lançamento, em sede de impugnação. Neste aspecto, diferentemente do que aduz o recorrente, foi afastada a aplicação da Resolução nO245/2002 do STF, no âmbito da magistratura do Estado de Minas Gerais, conforme Oficio DEARHU n° 741/2008 e documento às fls. 303/304, juntado aos autos 6 Processo nO 10630.000421/2004-18 Acórdão n.o 3301-00036 S3-C3T1 , FI. 4 em diligência requisitada por este Colegiado, nos termos da Resolução de nO102-02.254 (fls. 291/298). Os extratos da DIRF dos anos-calendário de 2001 e 2002, também fornecidos pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, inclusive das declarações retificadoras (fls. 307/319), indicam que os valores referentes a Octávio de Almeida Neves não foramobjeto da declaração retificadora, e são precisamente os mesmos valores informados pelo contribuinte em suas DIPF dos referidos anos (fls. 103 e 107), razão pela qual entendo que nenhuma alteração deve ser procedida nos rendimentos tributáveis declarados, considerados no lançamento em exame. Diante das informações fornecidas pelo TJ do Esta de Minas Gerais, claras e precisas, desnecessário saber, qual a razão da declaração retificadora, que podem se referir a qualquer pagamento que tenha havido retenção de fonte, mas que não se relacionam com informações do interesse deste processo. Também desnecessário questionar o referido Tribunal, mediante nova diligência, se existiu outro Processo de Comissão Administrativa, sobre o tema (o desfecho da matéria consta do Oficio assinado pelo Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça, datado de 03/07/2008 - fls. 303/304 - e não há fundamento para se pensar que alguma deliberação nova alterou pagamentos realizados há mais de cinco anos, sobre os quais repousa a decadência), ou a respeito dos valores mensais das parcelas que o recorrente pretende excluir dos rendimentos tributáveis, já que estes integraram a DIRF original e retificadora. Sobre a multa de oficio, entendo que os elementos de prova nos autos são .. amplamente favoráveis ao apelo do recorrente, no que tange à sua desqualificação. Com efeito, o Relatório de Procedimento Fiscal às fls. 13, quando trata dos fatos apurados, indica expressamente que o contribuinte, antes de decorrido o prazo estabelecido pelo Termo de Início de Fiscalização de fls. 18/19, compareceu à repartição fiscal e reconheceu como não-verdadeiras as despesas médicas indicadas no Termo de Esclarecimento às fls. 20/21, deduzidas nas DIPF dos anos-calendário de 2001 e 2002. Mais: afirmou desconhecer a inexistência desses pagamentos e dos supostos beneficiários, atribuindo ao Sr. Mildo Dias, técnico em contabilidade, a quem confiava a elaboração e transmissão via internet das declarações, a responsabilidade pela inclusão dos recibos inverídicos. Os acontecimentos seguintes encarregaram-se de confirmar as alegações do autuado. Vejamos. Conforme relatado pelo próprio fiscal, às fls. 22/24, çinco dias após as declarações do autuado, o Sr. Mildo Dias, compareceu à repartição para resolver assuntos de outros contribuintes, quando foi abordado pela autoridade fiscal para prestar esclarecimentos. No item 4 do Termo de Esclarecimento, o Sr. Mildo expressamente reconhece que os recibos falsos não lhes foram entregues pelo Sr. Octavio de Almeida Neves, e que este desconhecia 'que recibos falsos e despesas fictícias eram lançadas em sua DIPF, fornecendo todos os dados relevantes sobre a forma como operacionalizava a fraude. Da mesma forma,' a profissional de fisioterapia Stela Nunes Rocha, às fls. 100/101, confirmou não conhecer o autuado, nem ter tratado com este a respeito dos recibos médicos, relacionando a fraude à pessoa do Sr. Mildo Dias. Por oportuno, constata-se"que as despesas médicÇls,glosadas;no lançamento em tela (fl. 04), foram exatamente àquelas relacionadas pelo autuado às fls. 20/21, em face do seu comparecimento espontâneo à Seção de Fiscalização da DRF Governador Valadares/MG, o que evidencia, de fato, um comportamento probo. Se todos os contribuintes que estivessem ~7 L nesta situação agissem da mesma forma, a Administração Tributária (arrecadação e fiscalização) e a sociedade viveriam dias melhores. Nenhum documento ou recibo falso foi apresentado pelo autuado ao fisco, com o propósito de tentar comprovar as despesas indevidas, comportamento usual entre os contribuintes que fazem uso desta fraude. Não é preciso muito esforço para se perceber que as informações do próprio acusado foram valiosas, precisas e verdadeiras em relação à falsidade das despesas médicas deduzidas e seu respectivo montante, razão pela qual entendo que tal conduta afasta o elemento subjetivo do tipo, ou seja, a intenção de fraudar o fisco, sendo este mesmo vítima da sua negligência no cumprimento do dever de calcular o montante do tributo devido. A responsabilidade pelos dados das Declarações de Ajuste Anual entregues à Receita Federal é do declarante e nunca poderia ser diferente. Dispõe o artigo 136 do CTN que, salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Neste diapasão, entendo que cabe à aplicação da multa de oficio ao caso em exame, mas não em seu percentual majorado, que requer a comprovação do evidente intuito de fraude, situação que, conforme já analisado, não se confirmou. Confira-se o que dispõe o enquadramento legal indicado no Auto de Infração (artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996), verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II - cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72, e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (grifei) Pela letra da lei, sempre que o lançamento do crédito tributário for realizado pelos Agentes do Fisco, há que ser exigida a multa de oficio no percentual de 75%, nos casos de falta de pagamento, falta de declaração, declaração inexata, ou de 150%, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964. Não é o caso, entretanto, de declarar-se a nulidade do lançamento, como requer o contribuinte, tendo em vista que a penalidade aplicada (acusação acessória) possui regramento específico, diverso da norma aplicada ao tributo relacionada à omissão de rendimento (acusação principal). Assim, pacífica a jurisprudência deste Conselho no sentido de que, verificado no caso concreto a inexistência de fundamento para a aplicação da multa de 150%, impõe-se a sua redução ao percentual básico de 75%, prevista no inciso I do mesmo artigo. Sobre possível violação da ordem constitucional, vale ressaltar que o lançamento é ato administrativo de aplicação da norma tributária ao caso concreto. Não ' caberia, portanto, à fiscalização se posicionar acerca da inconstitUcionalidade da lei que dispõe .sobre o percentual da multa de oficio (atitude que também é vedada ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Presume-se, inclusive, que os princípios constitucionais ~8 . -. Processo nO 10630.00042112004-18 Acórdão n.o 3301-00036 S3-C3T1 FI. 5 tributários e também os garantidores de direitos fundamentais encontrem na lei sua aplicação imediata. Antes de ser aprovada pelo Congresso Nacional o projeto de lei tramita por várias comissões que aquilatam sua constitucionalidade. Após essa fase, o presidente da República a sanciona. Ao poder _Judiciário, cumpre velar pela constitucionalidade das leis, através do controle a posteriori. Os Órgãos da administração não, podem deixar de aplicar as leis o-- aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo Presidente da República, ao qual estão 0_ vinculados pelo poder hierárquico. Desta forma, vedada à própria administração declarar a inconstitucionalidade de norma legal, conforme dispõe a Súmula nO02 do Primeiro Conselho de Contribuintes: Súmula ree n° 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Não é outro o balizado pronunciamento do professor Hugo de Brito Machado (Temas de Direito Tributário, VoI. I, Editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 1994, p. 134) sobre a matéria: (..) Não pode a autoridade administrativa deixar de aplicar uma lei ante o argumento de ser ela inconstitucional. Se não cumpri-la sujeita-se à pena de responsabilidade, artigo 142, parágrafo único, do CTN. Há o inconformado de provocar o Judiciário, ou pedir a repetição do indébito, tratando-se de inconstitucionalidadejá declarada. Ressalte-se, por fim, que as intimações, no processo administrativo fiscal, devem ser feitas em nome do sujeito passivo e dirigidas ao domicílio eleito por este, consoante dispõe o artigo 23 do Decreto nO70.235, de 1972. Em face ao exposto, rejeito as preliminares argüidas, e, no mérito, dou provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo dos anos calendários de 2001 e 2002. TA SANTOS 9 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006 00000007 00000008 00000009
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Numero do processo: 10530.720043/2012-12
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 23 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1103-000.172
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Eduardo Martins Neiva Monteiro Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO
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Recorrente SAVON INDÚSTRIA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 30 .7 20 04 3/ 20 12 -1 2 Fl. 4697DF CARF MF Impresso em 23/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTI NS NEIVA MONTEIRO Processo nº 10530.720043/201212 Resolução nº 1103000.172 S1C1T3 Fl. 4.698 2 Relatório Tratase de autos de infração de IRPJ/CSLL (fato gerador: 31/12/07) e de Multa Isolada por falta/insuficiência de recolhimento de estimativas (fatos geradores: 31/1/07 a 31/12/07), no valor total original de R$ 13.633.022,14, com incidência de multa de ofício nos percentuais de 75% e 150%, além de juros de mora (fls.3/29). A ciência pessoal do contribuinte ocorreu em 1º/2/12 (fls.5 e 19). No “Termo de Verificações Fiscais” (fls.34/63), discorreu a fiscalização: a) constatouse in loco a inoperância do contribuinte (maquinário desativado e ausência de operários), tendo o gerente, Sr. Antonio Fernandes do Amaral, e a Sra. Emanuelle Laurentino, procuradora, informado que a produção encerrouse em fevereiro/2010; b) tratase a Savon de “...mero instrumento sucessor na ocultação por Simon, Emílio e Edson da operações realizadas pelo conhecido ‘Grupo CBA’”; c) foram glosados os seguintes valores escriturados a título de custos e despesas: Aluguel: R$ 1.121.826,00 mensais ® além de se basear na inidoneidade dos documentos apresentados, a glosa fundamentase no art.351, §1º, I, do RIR/99 (“Não são dedutíveis: os aluguéis pagos a sócios ou dirigentes de empresas, e a seus parentes ou dependentes, em relação à parcela que exceder ao preço ou valor de mercado”); Bonificação: R$ 139.684,02 (janeiro), R$ 105.197,31 (fevereiro), R$ 100.968,77 (março), R$ 127.506,39 (abril); R$ 147.725,15 (maio), R$ 143.049,17 (junho); R$ 144.878,59 (julho); R$ 189.572,64 (agosto), R$ 151.027,37 (setembro), R$ 183.635,59 (outubro); R$ 218.048,47 (novembro) e R$ 330.998,65 (dezembro) ® notas fiscais não denotam despesas de vendas, pois se referem a doações, a vendas tendo como destinatário o próprio contribuinte emitente, e a bonificações a sociedades manipuladas pelos sócios (Econ Distribuição S/A e Cestas Nordeste Com de Alim Imp Exp Ltda); Comissões: R$ 18.443,15 (30/10/07) ® relativamente ao lançamento contábil de R$28.152,00, o contribuinte apresentou nota fiscal emitida por ATM Prestação de Serviços Técnicos de Vendas Ltda e comprovação de pagamento que atestam a despesa efetiva de R$9.708,85; Descontos Comerciais Concedidos: R$ 515.265,14 (janeiro), R$ 136.014,91 (fevereiro) e R$138.602,48 (abril) ® lançamento contábil nº 14 referente a fato ocorrido em dezembro/06, em desobediência ao regime de competência, e não apresentação de documentação referente aos demais valores escriturados; Fretes s/ Vendas: R$ 126.002,36 (janeiro), R$ 24.641,31 (fevereiro), R$ 69.160,42 (maio), R$128.630,51 (novembro) e R$ 96.338,02 (dezembro) ® lançamento contábil nº 1 referente a fato ocorrido em 2006; valores escriturados a maior do que os das efetivas despesas; ausência de comprovação de despesas escrituradas e pagamentos; Perdas no Recebimento de Crédito: R$ 1.349.234,97 (março), R$ 4.176.511,62 (abril), R$2.715.388,87 (setembro) e R$ 90.001,95 (dezembro) ® não observância dos requisitos previstos nos artigos 340 e 341 do RIR/99; Fl. 4698DF CARF MF Impresso em 23/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTI NS NEIVA MONTEIRO Processo nº 10530.720043/201212 Resolução nº 1103000.172 S1C1T3 Fl. 4.699 3 Royalties: R$ 9.500.000,00 (novembro) e R$ 9.500.000,00 (dezembro) ® o contrato celebrado em 1º/1/07 com Consult Consultoria Empresarial S/C Ltda, para a utilização das marcas CBA, Paladar e Palate, não foi averbado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A Consult é mais uma das sociedades pertencentes a Simon Bolívar da Silveira Bueno (60%), Emílio Maioli Bueno (20%) e Edison Donizete Benette (20%), verdadeiros sócios de Savon. O contrato de royalties tratase de mais uma simulação efetivada pelo grupo, sendo a Consult utilizada como mero instrumento de repasse de dinheiro àquelas pessoas físicas. Tais despesas seriam também indedutíveis à luz do art.353, I, do RIR/99 (“Não são dedutíveis os royalties pagos a sócios, pessoas físicas ou jurídicas, ou dirigentes de empresas, e a seus parentes ou dependentes”); Serviços Prestados PJ: R$ 100.000,00 (janeiro), R$ 90.000,00 (fevereiro), R$ 70.000,00 (março), R$ 65.000,00 (abril), R$ 70.000,00 (maio), R$ 70.000,00 (junho), R$ 80.000,00 (julho), R$ 70.000,00 (agosto), R$ 75.000,00 (setembro), R$ 80.000,00 (outubro), R$70.000.00 (novembro) e R$ 80.000 (dezembro) ® referentes a serviços supostamente prestados por Consult Consultoria Empresarial S/C Ltda, que de acordo com o contribuinte corresponderiam à assistência técnica e administrativa vinculadas ao uso de marcas. Não foi apresentado o respectivo contrato. Conforme fundamentação da glosa referente às despesas com royalties, a Consult consistiria em mero instrumento de repasse de dinheiro a Simon Bolívar da Silveira Bueno (60%), Emílio Maioli Bueno (20%) e Edison Donizete Benette (20%); d) não tendo o contribuinte efetuado os recolhimentos mensais de estimativas de IRPJ e CSLL, incide a multa isolada no percentual de 50%; e) a multa de ofício qualificada fundamentase no art.44, §1º, da Lei nº 9.430/96, c/c art.71 da Lei nº 4.502/64, relativamente às glosas das despesas com Aluguel, Serviços Prestados PJ e Royalties. Lavraramse Termos de Sujeição Passiva Solidária das pessoas físicas Simon Bolívar da Silveira Bueno, Emílio Maioli Bueno, Edison Donizete Benette e Martin Afonso de Souza Bueno (fl.2), com base no art.124, I, do Código Tributário Nacional, cientificadas em 6/2/12 (fls. 4.328, 4.329 e 4.445 – Emílio, Martin e Simon) e 15/2/12 (fls.4.438 – Edison), que impugnaram os autos de infração em 7/3/12 (fls.4.456/4.478, 4.480/4.490, 4.492/4.511 e 4.513/4.532). Os lançamentos foram considerados procedentes pela Primeira Turma da DRJ – Salvador (BA), conforme acórdão que recebeu a seguinte ementa (fls.4.535/4.597): AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo o auto de infração preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de impugnar o lançamento, descabe a alegação de nulidade. CUSTOS E DESPESAS. DEDUTIBILIDADE. Somente são dedutíveis na apuração do lucro real os custos e despesas efetivamente realizados e apoiados em documentação hábil e idônea. TRANSAÇÕES. LEGALIDADE. LEGITIMIDADE. O fato de cada uma das transações, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar aparente legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio. AUTOORGANIZAÇÃO. MOTIVAÇÃO NEGOCIAL. O princípio da liberdade de autoorganização, não mais endossa a prática de atos sem Fl. 4699DF CARF MF Impresso em 23/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTI NS NEIVA MONTEIRO Processo nº 10530.720043/201212 Resolução nº 1103000.172 S1C1T3 Fl. 4.700 4 motivação negocial, sob o argumento de exercício de direito assegurado aos contribuintes. FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. Caracterizada a ocorrência de ação dolosa tendente a ocultar o fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica de modo a evitar o seu pagamento, é cabível a aplicação da multa qualificada. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. PERCENTUAL. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. COMPETÊNCIA. Os percentuais da multa de ofício qualificada são determinados expressamente em lei, não dispondo a autoridade julgadora da competência para apreciar questões atinentes à legalidade ou constitucionalidade de normas regularmente inseridas no ordenamento jurídico. LANÇAMENTOS. MESMOS PRESSUPOSTOS FÁTICOS. IRPJ. DECORRÊNCIA. Em se tratando de lançamento decorrente dos mesmos pressupostos fáticos que serviram de base para o lançamento do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica, no que couber, devem ser estendidas as conclusões advindas da apreciação daquele lançamento ao lançamento relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Devidamente cientificado em 4/6/12 (fl.4.603), o contribuinte apresentou tempestivamente recurso voluntário em 4/7/12 (fls.4.604/4.641), em que alegou, em síntese: Despesas com aluguéis celebrara contrato de aluguel por quatro meses para produzir cestas natalinas, o que seria compatível com a geração de suas receitas. “...Também não seria possível que a despesa de aluguel fosse indedutível pelo simples fato de a Savon alugar o imóvel de empresa da qual participe como sócio seu irmão Simon”; Despesas com pagamentos de royalties a fiscalização não teria comprovado que Simon, Emílio e Edison seriam seus verdadeiros sócios. O fato de no quadro societário da proprietária das marcas exploradas constar parentes de Martin (primo e irmão) não justificaria a indedutibilidade. Conforme precedente da antiga Câmara Superior de Recursos Fiscais (acórdão CSRF/0104.629), ainda que o direito pertença a sócio do pagador dos royalties, admitirseia a dedução. Quanto aos royalties pagos a beneficiário no Brasil, a única limitação seria relativa a pagamentos a sócios ou dirigentes de empresas, e a seus parentes ou dependentes, devendo ser afastada qualquer outra limitação (acórdãos nº 10514.640, 10322.104, 10707.514 e 10192.519); Despesas com bonificações e descontos comerciais as glosas não procederiam, “...já que como indústria e comércio de alimentos e fornecendo para o varejo e redes de supermercados, todos que atuam junto a tais clientes sabem que é usual, para o incremento de venda e promoção dos produtos que sejam concedidas bonificações em mercadorias e descontos comerciais”; Despesas com Comissões restara comprovado o pagamento e a necessidade das despesas; Fl. 4700DF CARF MF Impresso em 23/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTI NS NEIVA MONTEIRO Processo nº 10530.720043/201212 Resolução nº 1103000.172 S1C1T3 Fl. 4.701 5 Despesas com fretes sobre vendas e com serviços prestados por pessoa jurídica a fiscalização não teria comprovado a inexistência da prestação do serviço de transporte; Despesas com perdas no recebimento de créditos considerado o faturamento em 2007, perceberseia facilmente que as perdas relacionadas não foram excessivas e anormais ao seu ramo de atividade; Multas conforme decisões administrativas, seria indevida a exigência concomitante das multas isoladas por falta/insuficiência de estimativas com a multa de ofício proporcional aos tributos; especificamente quanto à CSLL, as exigência não teriam suporte legal, pois a regra da indedutibilidade restringirseia à apuração do imposto de renda; a multa de ofício no percentual de 150% seria indevida, pois a fiscalização não demonstrou o evidente intuito de fraude, dolo, máfé ou qualquer outra conduta ilícita, além de a exigência ter caráter confiscatório e violar o princípio da capacidade contributiva. É o que importa relatar. Voto Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, Relator. Conforme relatado, foram arrolados como responsáveis tributários solidários os Srs. Simon Bolívar da Silveira Bueno, Emílio Maioli Bueno, Edison Donizete Benette e Martin Afonso de Souza Bueno. Dos autos constatase que tais pessoas físicas não foram, salvo prova em contrário, intimadas do acórdão de primeira instância, o que macula irremediavelmente o devido processo administrativo tributário federal, considerandose que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (art.5º, LV, da Constituição Federal). A propósito, o CARF, em sessão de 10/12/12, aprovou o Enunciado nº 71 da súmula de sua jurisprudência dominante, com a seguinte redação: “Todos os arrolados como responsáveis tributários na autuação são parte legítima para impugnar e recorrer acerca da exigência do crédito tributário e do respectivo vínculo de responsabilidade”. Pelo exposto, VOTO no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil verifique se há comprovação da ciência dos responsáveis tributários sobre o acórdão de primeira instância. Caso inexista, cientifique os responsáveis tributários do inteiro teor de tal decisão, facultando lhes a apresentação de recurso voluntário no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual os autos devem ser devolvidos ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Fl. 4701DF CARF MF Impresso em 23/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 17/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por EDUARDO MARTI NS NEIVA MONTEIRO
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Numero do processo: 12466.004784/2008-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 25/09/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO
Não merece ser conhecido Recurso Voluntário interposto após decorrido o prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72.
RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Numero da decisão: 3101-001.169
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, não se conheceu do recurso voluntário, por intempestivo.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente.
RODRIGO MINEIRO FERNANDES - Redator designado ad hoc.
EDITADO EM: 11/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Valdete Aparecida Marinheiro, Mônica Monteiro Garcia de los Rios, Vanessa Albuquerque Valente, Elias Fernandes Eufrásio e Tarásio Campelo Borges (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o Conselheiro HENRIQUE PINHEIRO TORRES (Presidente).
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, não se conheceu do recurso voluntário, por intempestivo. HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente. RODRIGO MINEIRO FERNANDES - Redator designado ad hoc. EDITADO EM: 11/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Valdete Aparecida Marinheiro, Mônica Monteiro Garcia de los Rios, Vanessa Albuquerque Valente, Elias Fernandes Eufrásio e Tarásio Campelo Borges (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o Conselheiro HENRIQUE PINHEIRO TORRES (Presidente).
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RECURSO INTEMPESTIVO Não merece ser conhecido Recurso Voluntário interposto após decorrido o prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235/72. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, não se conheceu do recurso voluntário, por intempestivo. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente. RODRIGO MINEIRO FERNANDES Redator designado ad hoc. EDITADO EM: 11/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Valdete Aparecida Marinheiro, Mônica Monteiro Garcia de los Rios, Vanessa Albuquerque Valente, Elias Fernandes Eufrásio e Tarásio Campelo Borges (Presidente Substituto). Ausente, justificadamente, o Conselheiro HENRIQUE PINHEIRO TORRES (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 47 84 /2 00 8- 12 Fl. 117DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 12466.004784/200812 Acórdão n.º 3101001.169 S3C1T1 Fl. 107 2 Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de auto de infração por não prestação de informação sobre carga transportada (fls. 0114). Seguem as alegações da fiscalização. A embarcação LogIn Macau 012R atracou no Porto de Vitória no dia 14/09/2008 às 14:48, tendo como procedência o Porto de ItaguaíRJ. A agência de navegação Login Logística informara a escala no dia 12/09/2008. A agência de navegação autuada informara o manifesto no dia 05/09/2008, sendo que o manifesto foi vinculado à escala no dia 12/09/2008. Tais informações foram prestadas no prazo. Por se tratar de baldeação de carga estrangeira, deveriase fazer a associação do conhecimento a novo manifesto. Todavia, a associação dos conhecimentos eletrônicos ao manifesto foi intempestiva. O conhecimento n° 120805164875601 foi associado ao manifesto 0708b01681823 em 25/09/2008, fora do prazo. Tal prazo se encerrava na última desatracação do navio no porto de origem (13/09/2008 às 03:51). Intimada a empresa autuada (fl. 01), ingressou a mesma com a impugnação de fls. 2643. Seguem as alegações da empresa. Alega ilegitimidade passiva pelo fato de a pessoa jurídica do agente marítimo não se confundir com a do transportar marítimo estrangeiro. Os artigos 2° e 6° da IN n° 800/2007 definem o transportar marítimo como a pessoa jurídica que presta serviços de transporte, emite o conhecimento de carga e presta à RFB informações sobre o veículo e as cargas transportadas. Não há menção ao agente marítimo. As informações necessárias e exigidas pela IN foram prestadas, sendo que apenas prestou as informações em data diversa daquela entendida pela fiscalização. Os prazos de antecedência definidos no artigo 22 da IN somente serão obrigatórios a partir de 1° de abril de 2009. Alega que o artigo 50 da IN não exige a informação objeto do presente processo. O bloqueio automático constante dos extratos dos conhecimentos somente implicarão em multa quando o motivo que o gerou caracterizar infração prevista na legislação aduaneira. Informação prestada fora do prazo não equivale à informação não prestada. Argüi a aplicação do artigo 646, III, `lf, Regulamento Aduaneiro vigente à época. Em observância ao princípio da razoabilidade, solicita a aplicação da penalidade de advertência prevista no artigo 76 da Lei n° 10.833/2003 Alega denúncia espontânea. Solicita a improcedência da autuação. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 12466.004784/200812 Acórdão n.º 3101001.169 S3C1T1 Fl. 108 3 À folha 82, encaminhouse o processo para julgamento e informouse a tempestividade da impugnação. A DRJ competente manteve o indeferimento do pleito e o contribuinte recorreu a este Conselho. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes – redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fls. 116, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101001.169, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pelo relatora original e pelos demais integrantes do colegiado. A interessada foi cientificada do resultado do julgamento, por via postal, em 11/09/2009 (AR fls. 96), e apresentou seu Recurso Voluntário em 14/10/2009 (fls.99 a 109). Considerando o disposto no Decreto nº 70.235/72, o prazo para apresentação do Recurso Voluntário iniciouse no dia seguinte à data da ciência, ou seja, no dia 14/09/2009 (segundafeira), e venceu no dia 13/10/2009 (terçafeira). Tendo em vista que o Recurso Voluntário foi apresentado em 14/10/2009, o mesmo é intempestivo. Diante do exposto, não conheço do Recurso Voluntário, por intempestivo. E essas são as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Rodrigo Mineiro Fernandes – Redator ad hoc Fl. 119DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S
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Numero do processo: 10855.002879/2006-21
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Mar 30 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1803-000.110
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência do julgamento do recurso voluntário para 3ª TO/1ª Câmara/1ª Sejul/CARF, tendo em vista o art. 49 do Anexo II do Regimento Interno do CARF. nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência do julgamento do recurso voluntário para 3ª TO/1ª Câmara/1ª Sejul/CARF, tendo em vista o art. 49 do Anexo II do Regimento Interno do CARF. nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência do julgamento do recurso voluntário para 3ª TO/1ª Câmara/1ª Sejul/CARF, tendo em vista o art. 49 do Anexo II do Regimento Interno do CARF. nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. RELATÓRIO Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 220224, com a exigência do crédito tributário a título multa de ofício isolada por falta de recolhimento de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$236.544,16 determinada sobre a base de cálculo estimada referente aos fatos geradores de abril a dezembro do anocalendário de 2002. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 55 .0 02 87 9/ 20 06 -2 1 Fl. 1063DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.064 2 O lançamento fundamentase na “falta de pagamento da Contribuição Social incidente sobre a base de cálculo determinada em função de balancetes/balanços mensais, refeitos tendo em vista a omissão de receitas apurada no curso da ação fiscal”, em conformidade com o Termo de Constatação Fiscal, fl. 216219. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada, a Recorrente apresentou a impugnação, fls. 233238, com as alegações a seguir sintetizadas. Tece esclarecimentos sobre os fatos suscitando que: 1. A Impugnante é pessoa jurídica de direito privado cujo objeto social é a exploração das atividades da agricultura e da pecuária, em suas várias espécies e modalidades (contrato social, art. 2° — doc. 02 anexo). 2. Em cumprimento ao MPF 0811000/00490/05, em 16/12/2005 teve início fiscalização das atividades da Impugnante no anocalendário de 2002. 3. Encerrada a auditoria fiscal, a Impugnante foi autuada porque, em sUma, teria auferido receitas de origem não comprovada naquele período. 4. O Processo n° 10855.002878/200686, objeto de impugnação especifica, foi instaurado à vista dos autos de infração referentes ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), inclusive a respectiva multa isolada, a Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL), a Contribuição para o PIS (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) (cópia anexa — doc. 3). 5. A Impugnação aos lançamentos acima referidos (cópia anexa — doc. 4) demonstra a improcedência dos correspondentes créditos, uma vez que os ingressos de numerário considerados receitas sem origem pelo agente fiscal consistem em (i) mútuos pactuados com terceiros; (ii) recebimento antecipado de venda de produtos agropecuários (prévenda); e (iii) transferências entre contas bancárias de titularidade da própria Impugnante e outras operações bancárias (estornos, devolução de cheques) que não configuram receita. 6. Já o processo em epígrafe (PAF n° 10855.002879/200621), objeto da presente impugnação, foi instaurado, exclusivamente em face da imposição de multa isolada pela falta de recolhimento mensal da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL). 7. De sorte que o cancelamento ou eventual revisão dos lançamentos de IRPJ e CSLL acima referidos (PAF n° 10855.002878/200686), dos quais o presente é mero lançamento reflexo, importará, necessariamente, no cancelamento ou revisão do crédito ora impugnado. Nessas circunstâncias, a Impugnante reportase As razões expostas naquela impugnação, como se dessa fossem parte integrante. 8. De qualquer forma, ainda que fossem devidos os tributos cobrados no outro processo, o que se admite apenas ad argumentandum, improcede a imposição da multa isolada, exigida no auto ora impugnado, como se passa a demonstrar. DA IMPOSSIBILIDADE DE SE CUMULAR MULTA DE OFICIO COM MULTA ISOLADA. Conforme se verifica das autuações (principal e reflexa), O auditor fiscal .aplicou, sobre a mesma base de cálculo, multa de lançamento de oficio por falta de pagamento de CSLL e multa exigível isoladamente, ambas de 75%, a teor, respectivamente, do art. 44, inc. I e § 1º, inc. IV da Lei 9.430/96. 1 10. 0 mesmo Fl. 1064DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.065 3 procedimento foi adotado em relação ao IRPJ, em processo administrativo distinto (10855.002878/200686). 11. Em relação à CSLL, o valor devido a título de multa isolada — cobrado neste processo — é de R$236.544,16 (duzentos e trinta e seis mil quinhentos e quarenta e quatro reais e dezesseis centavos) e o devido a titulo de multa de oficio (cobrada no processo 10855.002878/200686) é também de R$236.544,14 (duzentos e trinta e seis mil quinhentos e quarenta e quatro reais e quatorze centavos). 12. Ocorre que a cumulação das multas acima citadas decorre de interpretação manifestamente equivocada do art. 44 da Lei 9.430/96. 13. Na espécie, a apontada falta de pagamento de tributo ensejaria somente a aplicação da multa de lançamento de oficio prevista no inciso I do referido dispositivo; jamais a aplicação cumulativa de multa "isolada" (sic!), eis que "os incisos I e II do `caput' e os incisos I, II, Ill e IV do § 10 do art. 44 da Lei 9.430/96 devem ser interpretados de forma sistemática, sob pena da cláusula penal ultrapassar o valor da obrigação tributária principal, constituindose num autêntico confisco e num bis in idem' punitivo, em detrimento do principio da não propagação dó multas e da não repetição da sanção tributária" (AC. 1° CC. 101 94.717/03. J. 03/06/03). 14. Notese que a aplicação da multa isoladamente prestase à hipótese, prevista no próprio § 1°, inc. IV, de pessoa jurídica sujeita ao recolhimento mensal do IRPJ e da CSLL pelo regime da estimativa, que deixar de fazêlo (mensalmente), mas que venha a fazêlo quando da apuração anual daqueles tributos. 15. Essa incidência cumulativa é vedada pelo ordenamento jurídico por sancionar duplamente uma única infração (a apontada falta de recolhimento do IRPJ e CSLL). 16. A sobreposição de penas emerge inequívoca quando se verifica que as multas em questão recaem sobre a mesma base (ambas calculadas A taxa de 75% sobre o valor do IRPJ.,,e da CSLL que a Impugnante teria deixado de recolher). [...] 19. Em suma, a multa "isolada" de que trata o artigo 44 § 1°, IV da Lei 9.430/96 não pode ser exigida quando, mediante procedimento de oficio, seja apurado tributo a pagar e imposta a respectiva multa de oficio. Assim, de rigor que se afaste a incidência cumulativa da multa isolada por falta de recolhimento mensal do tributo. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: 20. A luz de todo o exposto, 6 a presente para requerer seja dado total provimento 6 presente impugnação, afastandose a imposição da multa isolada, seja como decorrência do cancelamento ou revisão do lançamento da CSLL (objeto do PAF 10855.002878/2006, 86), seja por impossibilidade de cumulação com a multa de ofício. Termos em que, requerendo a produção de todas as provas admitidas perante essa instância administrativo respeitosamente, Pede Deferimento. Fl. 1065DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.066 4 Está registrado como ementa do Acórdão da 3ª TURMA/DRJ/POR/SP nº 14 22.438, de 05.03.2009, fls. 475481: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2002 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida no processo decorrente deve seguir a mesma orientação decisória prolatada no processo principal. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFICIO. CUMULAÇÃO. COMPATIBILIDADE. É compatível com a multa isolada, incidente sobre as estimativas não pagas, a exigência da multa de oficio relativa ao tributo apurado ao final do anocalendário, por caracterizarem penalidades distintas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de ato não definitivamente julgado aplicase retroativamente a lei nova quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo do lançamento. Lançamento Procedente em Parte Notificada em 15.06.2009, fl. 487, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 15.07.2009, fls. 488493, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera todos os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Acrescenta que: 1. Tratase de auto de infração reflexo, lavrado à vista dos lançamentos objeto do Processo n° 10855.002878/200686, instaurado em face de autuação referente ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), inclusive a respectiva multa isolada, à Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL), contribuição para o PIS e A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), incidentes sobre supostas receitas de origem não comprovada (doc. 03 da impugnação). 2. Na impugnação aos lançamentos acima referidos (doc. 04 da impugnação) a ora recorrente demonstrou a improcedência dos débitos, uma vez que os ingressos de numerário considerados receitas sem origem pelo agente fiscal consistem em (i) mútuos pactuados com terceiros; (ii) recebimento antecipado de venda de produtos agropecuários (prévenda); e (iii) transferências entre contas bancárias de titularidade da própria impugnante e outras operações bancárias (estornos, devolução de cheques) que não configuram receita. 3. Já no processo em epígrafe (PAF n° 10855.002879/200621), instaurado exclusivamente em face da imposição de multa isolada pela falta de recolhimento mensal da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido (CSLL), a recorrente apresentou impugnação alegando, em suma, que: Fl. 1066DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.067 5 (i) "o cancelamento ou eventual revisão dos lançamentos de IRPJ e CSLL (PAF n° 10855.002878/200686), dos quais o presente é mero lançamento reflexo, importará, necessariamente, no cancelamento ou revisão do crédito ora impugnado" (fls.); e (ii) "de qualquer forma, ainda que fossem devidos os tributos cobrados no outro processo ..., a multa 'isolada' de que trata o artigo 44 § 1°, IV da Lei 9.430/96 não pode ser exigida quando, mediante procedimento de oficio, seja apurado tributo a pagar e imposta a respectiva multa de oficio", sendo de rigor que se afaste a incidência cumulativa das multas de oficio e isolada. 4. A DRJ de Ribeirão Preto julgou o lançamento procedente em parte, reduzindo a multa isolada para R$123.091,35, eis que (i) o crédito principal de CSLL exigido no PAF n° 10855.002878/200686 (base de cálculo da multa) foi _reduzido: e que (ii) "os valores das multas isoladas” [...] 6. Conforme se verifica das autuações (principal e reflexa),~o auditor fiscal aplicara, sobre a mesma base de cálculo, multa de lançamento de oficio por falta de pagamento de CSLL e multa exigível isoladamente, ambas de 75%, a teor, respectivamente, do art. 44, inc. I e § 1 0, inc. IV da Lei 9.430/96. 1 Considerando a alteração promovida pela Lei 11.488/07, que reduziu a multa isolada de 75% para 50%, o acórdão da DRJ houve por bem aplicar tal redução ao presente caso, com base no art. 106, II, 'c' do CTN. 7. Após as reduções promovidas pelo acórdão, o valor da multa isolada em cobro neste processo passou a ser de R$123.091,35 (50% de R$246.182,69) e o devido a titulo de multa de oficio (cobrada no PAF 10855.002878/200686) de R$184.637,02 (75% de R$246.182,69). 8. Ocorre que a cumulação das multas acima citadas decorre de interpretação manifestamente equivocada do art. 44 da Lei 9.430/96. 9. Na espécie, a apontada falta de pagamento de tributo ensejaria somente a aplicação da multa de lançamento de oficio prevista no inciso I do referido dispositivo; jamais a aplicação cumulativa de multa "isolada" (sic!), eis que "os incisos I e II do caput' e os incisos I, II, III e IV do § 1° do art. 44 da Lei 9.430/96 devem ser interpretados de forma sistemática, sob pena da cláusula penal ultrapassar o valor da obrigação tributária principal, constituindose num autêntico confisco e num bis in idem' punitivo, em detrimento do principio da, não propagação de multas e da não repetição da sanção tributária" (AC. 1° CC 10194.717/03. J. 03/06/03). 10. Notese que a aplicação da multa isoladamente prestase à hipótese, prevista no próprio § 1°, inc. IV, de pessoa jurídica sujeita ao recolhimento mensal do IRPJ e da CSLL pelo regime da estimativa, que deixar de fazêlo (mensalmente), mas que venha a fazêlo quando da apuração anual daqueles tributos. 11. Essa incidência cumulativa é vedada pelo ordenamento jurídico por sancionar duplamente uma única infração (a apontada falta de recolhimento do IRPJ e CSLL). 12. A sobreposição de penas emerge inequívoca quando se verifica que as multas em questão recaem sobre a mesma base (ambas calculadas o valor da CSLL que a recorrente teria deixado de recolher — R$246.182,69) [...]. 15. Em suma, a multa "isolada" de que trata o art. 44, § 1°, IV da Lei 9.430/96 não pode ser exigida quando, mediante procedimento de oficio, seja apurado tributo a pagar e imposta a respectiva multa de oficio. Assim, de rigor que se afaste a incidência cumulativa da multa isolada por falta de recolhimento mensal do tributo. Fl. 1067DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.068 6 16. Ressaltese, ainda, que o cancelamento ou eventual revisão dos lançamentos de IRPJ e CSLL no PAF no 10855.002878/200686, dos quais o presente é mero lançamento reflexo, importará, necessariamente, no cancelamento ou revisão do crédito ora impugnado. Nessas circunstâncias, a impugnante reportase às razões expostas naquela impugnação e recurso voluntário (docs. 02/03), como se dessa fossem parte integrante. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: 17. Diante de todo o exposto, é a presente para requerer seja dado total provimento ao presente recurso, afastandose a imposição da multa isolada, seja como decorrência do cancelamento ou revisão do lançamento da CSLL (objeto do PAF 10855.002878/200686), seja por impossibilidade de cumulação com a multa de oficio. Termos em que, Pede Deferimento. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. VOTO Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Preliminarmente, tem cabimento estabelecer o nexo de causalidade entre o processo principal nº 10855.002878/200686 e o presente processo decorrente nº 10855.002879/200621. O instituto da conexão está originalmente previsto no Código de Processo Civil: Art. 103. Reputamse conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir. Há conexão pelo objeto quando existe identidade de pedido mediato, ou seja, afirmação de um direito, que é o bem da vida pleiteado em dois ou mais processos. O objeto é o pedido, a pretensão material deduzida pelo sujeito passivo. Por outro lado, são conexos pela causa de pedir, dois ou mais processos, quando lhes são comuns os fundamentos de fato e de direito. Fl. 1068DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.069 7 A causa de pedir constitui premissa para o correto entendimento do pedido e deve estar com ela correlacionada em circunstância de causa e efeito. Surge portanto a necessidade da narração dos fatos e da fundamentação jurídica das situações que ocorreram em determinado período de tempo causando determinadas consequências jurídicas e que foram projetados para o processo. Sobre a matéria, o Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, determina: Art. 9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. § 1º Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. Por seu turno, a Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008, cujo entendimento deve ser adotado de plano, resolve: Art. 1º Serão objeto de um único processo administrativo: I as exigências de crédito tributário do mesmo sujeito passivo, formalizadas com base nos mesmos elementos de prova, referentes: a) ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e aos lançamentos dele decorrentes relativos à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), à Contribuição para o PIS/Pasep ou à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); [...]§ 1º O disposto no inciso I aplicase inclusive na hipótese de inexistência de crédito tributário relativo a um ou mais tributos. § 2º Também deverão constar do processo administrativo a que se referem os incisos I, II e III as exigências relativas à aplicação de penalidade isolada em decorrência de mesma ação fiscal. [...]Art. 3º Os processos em andamento, que não tenham sido formalizados de acordo com o disposto no art. 1º, serão juntados por anexação na unidade da RFB em que se encontrem. Esse entendimento já se encontrava na Portaria RFB nº 6.129, de 02 de dezembro de 2005, que foi revogada pela mencionada Portaria RFB nº 666, de 24 de abril de 2008. O Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, prevê: Art. 47. Os processos serão distribuídos aleatoriamente às Câmaras para sorteio, juntamente com os processos conexos e, preferencialmente, organizados em lotes por matéria ou concentração temática, observandose a competência e a tramitação prevista no art. 46. [...]. Fl. 1069DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.070 8 Art. 49. Os processos recebidos pelas Câmaras serão sorteados aos conselheiros. [...]. § 7º Os processos que retornarem de diligência, os com embargos de declaração opostos e os conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos, em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, com designação de relator ad hoc. (grifos acrescentados) O nexo causal entre as exigências de créditos tributários, formalizados em autos de infração instruídos com todos os elementos de prova, determina que devem ser objeto de um único processo no caso em que os ilícitos dependam da mesma comprovação e sejam relativos ao mesmo sujeito passivo 1. Ressaltese que somente tem possibilidade jurídica de se distribuir, independentemente de sorteio, ao mesmo relator, o processo conexo que esteja pendente de julgamento na mesma instância e que ainda não tenha sido indicado para pauta contemporaneamente. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. Consta no Termo de Constatação Fiscal, fl. 216219: CONSTATAMOS os fatos abaixo discriminados: 1 A ação fiscal teve inicio em 16/12/2005, ocasião em que o contribuinte, por intermédio de seu procurador, foi intimado a apresentar os livros comerciais e fiscais, contrato social e alterações, e os extratos de contas bancárias e de aplicações financeiras. 2 Em atendimento, apresentou em 09/02/2006 os livros Diário, Razão e de Apuração do Lucro Real e alterações contratuais datadas de 07/01/2005 e 08/09/2005. Os extratos bancários foram exibidos de forma parcial, sob a alegação de impossibilidade de obtenção de alguns extratos junto às instituições financeiras 3 Posteriormente, em 07 de março de 2006, trouxenos outros extratos, ficando em falta apenas os extratos do período de setembro a dezembro de 2002, relativos à conta 1097533 mantida na agência 232 do Unibanco, que obtivemos diretamente da instituição financeira via RMF. 4 Com a lavratura do Termo de Intimação Fiscal datado de 05/04/2006, o contribuinte foi intimado a comprovar as receitas da atividade rural e a origem dos valores creditados nas contas correntes, relacionados no anexo a esse termo. 5 O fiscalizado apresentanos em 19/05/2006, após ter o prazo prorrogado, demonstrativo indicando a que se referem os valores levados a crédito nas contas correntes. Entretanto, nesse documento constam apenas nomes de pessoas físicas e jurídicas, as vezes de forma abreviada, e a indicação de possíveis operações como: "venda de gado", "empréstimo", Bradesco 65129", "B. Brasil 344044", "prévenda", e outras. Não traz qualquer esclarecimento de que se trata, tampouco apresenta a comprovação daquilo que indica. 1 Fundamentação legal: art. 9º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 1070DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.071 9 6 Em 11/07/2006 é novamente intimado a apresentar comprovantes das receitas da atividade rural e a comprovar, mediante apresentação de documentação hábil, a origem dos valores creditados nas c/c. Desta feita foram excluídos os valores referentes às transferências entre contas de mesma titularidade, e àqueles vinculados a operações de empréstimos obtidos na própria instituição financeira depositária dos recursos. 7 Em resposta o contribuinte apresentou os talonários da empresa com o intuito de comprovar a receita da atividade rural. Não trouxe qualquer outro documento que comprovasse a origem dos valores depositados em suas contascorrentes. 8 A partir dos demonstrativos anexos aos Termos de Intimação acima citados, elaboramos a Planilha I "Depósitos/Créditos Efetuados Em C/Corrente Origem Não Comprovada" (fls. 176/175) totalizando mês a mês, e excluindo os valores correspondentes aos cheques depositados e devolvidos. 9 Com base nessa planilha I, e com base nos valores correspondentes às Receitas de Vendas escrituradas no Livro Diário, comprovadas mediante a apresentação das Notas Fiscais, elaboramos a planilha II "Apuração da Receita Omitida" (fls. 186), que demonstra os valores, que se presume como receitas omitidas nos termos do art. 42 da Lei 9430/96, passíveis de lançamento de oficio. 10 A partir dos valores do balanço patrimonial e da demonstração de lucros/prejuízos acumulados transcritos no livro Diário (fls. 106/115), refizemos, conforme "demonstrativo da compensação de prejuízos fiscais" [...], a apuração do lucro real (anual), considerando a receita omitida verificada no curso da ação fiscal. O resultado ajustado foi reduzido pela compensação com prejuízos acumulados de períodos anteriores, demonstrados no extrato do sistema SAPLI (fls. 187/188). 11 Da mesma forma, refizemos também, conforme "demonstrativo da compensação de bases negativas" (fls. 187/188), a apuração da base de cálculo da CSLL. A base de cálculo foi reduzida pela base de cálculo negativa de períodos anteriores, extraída do extrato do sistema SAPLI (fls. 187/188). 11 O contribuinte, no anocalendário sob fiscalização, optou pela apuração do lucro real anual, portanto, sujeito ao pagamento mensal do IRPJ e da CSLL, apurados na forma de estimativa ou com base em balancetes mensais de suspensão ou redução. Entretanto, como apurou prejuízo em todos os períodos, não efetuou o recolhimento dos tributos, tampouco os declarou em DCTF. 12 Refizemos os cálculos dos pagamentos do IRPJ e da CSLL que deveriam ter sido efetuados, considerando os valores constantes dos balancetes transcritos no Livro Diário (fls 106/175) , os valores correspondentes à receita omitida apurada no curso da ação fiscal, e, o prejuízo acumulado e a base de cálculo negativa de períodos anteriores obtidos do sistema SAPLI (fls. 187/188). 13 As planilhas III"Multa Isolada do IRPJ a ser exigida em Auto de Infração" [...] e IV "Multa Isolada da CSLL a ser exigida em Auto de Infração" (fls. 189), quantificam a multa isolada que corresponde a 75% dos tributos que deveriam ser recolhidos mensalmente, conforme dispõe o art. 44, parágrafo 1º , inciso IV, da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 14 Assim, de acordo com as razões e motivos acima apontados, e em conformidade com o art. 841, 843 e 926 do Decreto 3000/1999 (RIR/1999), estamos efetuando o competente lançamento de oficio para exigência do crédito tributário relativo ao IRPJ (inclui a multa isolada) e reflexos, PIS, COFINS e CSLL, referentes ao Fl. 1071DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.072 10 anocalendário de 2002. (Autos de Infração formalizados pelo processo 10855.00278/200686) 15 Por intermédio do processo 10855.002879/200621, foi formalizado o Auto de Infração para exigência da multa isolada aplicada pela falta de recolhimento mensal da Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL). (grifos acrescentados) Para fins de constatar a circunstância de que há nexo de causalidade entre o processo principal nº 10855.002878/200686, cujo recurso voluntário encontrase pendente de julgamento na 3ª TO/1ª Câmara/1ª Sejul/CARF (eprocesso) e o presente processo decorrente nº 10855.002879/200621, foi elaborada a Tabela 1. Tabela 1 – Valores comparativos das multas de oficio isoladas determinadas sobre a base de cálculo estimada de IRPJ e de CSLL no anocalendário de 2002 Processo Principal nº 10855.002878/200686 Uteva Agropecuária Ltda (eporcesso) Processo Decorrente nº 10855.002879/200621 Uteva Agropecuária Ltda Meses do Ano Calendário de 2002 (A) Receita Omitida Ação Fiscal R$ (B) Base de Cálculo Apurada de Ofício de IRPJ R$ (C) Multa de Ofício Isolada – Base de Estimada – IRPJ (75%) R$ (D) Receita Omitida Ação Fiscal R$ (E) Base de Cálculo Apurada de Ofício de CSLL R$ (F) Multa de Ofício Isolada – Base de Estimada – CSLL (75%) R$ (G) Janeiro 416.802,54 (411.126,22) 0,00 416.802,54 (410.892,24) 0,00 Fevereiro 476.095,49 (382.918,17) 0,00 476.095,49 (382.684,19) 0,00 Março 746.049,91 (115.147,37) 0,00 746.049,91 (114.913,39) 0,00 Abril 1.040.646,90 172.250,19 26.296,91 1.040.646,90 172.484,17 11.642,68 Maio 2.122.753,55 1.170.188,11 185.613,36 2.122.753,55 1.170.422,09 67.360,81 Junho 2.482.012,81 1.473.727,76 55.413,68 2.482.012,81 1.473.961,74 20.488,93 Julho 2.807.429,15 1.760.158,25 52.205,72 2.807.429,15 1.760.392,23 19.334,06 Agosto 3.141.992,26 2.007.959,59 44.962,75 3.141.992,26 2.008.193,57 16.726,59 Setembro 3.336.890,69 2.186.000,54 31.882,68 3.336.890,69 2.186.234,52 12.017,76 Outubro 3.588.096,75 2.409.323,74 40.373,10 3.588.096,75 2.409.557,72 15.074,32 Novembro 3.956.854,18 2.739.669,86 60.439,90 3.956.854,18 2.739.903,84 22.298,36 Dezembro 4.797.655,02 3.504.123,99 141.835,15 4.797.655,02 3.504.357,97 51.600,651 Caracterizado está o nexo de causalidade entre o processo principal nº 10855.002878/200686 e o presente processo decorrente nº 10855.002879/200621. Em assim sucedendo, voto por declinar da competência do julgamento do recurso voluntário para 3ª TO/1ª Câmara/1ª Sejul/CARF, com fundamento no art. 47 e no art. 49 do Anexo II da do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face da relação de causalidade que informa o presente lançamento e que leva a que o resultado do julgamento deste feito acompanhe aquele que foi dado à exigência formalizada no processo principal nº 10855.002878/200686, já distribuído para julgamento àquela Turma e que se encontra Fl. 1072DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10855.002879/200621 Resolução nº 1803000.110 S1TE03 Fl. 1.073 11 pendente de julgamento do recurso voluntário e que ainda não foi indicado para pauta contemporaneamente. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 1073DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721366/2012-15
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
RECURSO VOLUNTÁRIO. NÃO CONHECIMENTO. ADESÃO A PARCELAMENTO.
Não se conhece de recurso voluntário se a recorrente adere às regras da Lei nº 11.941/09, confessando o fato gerador estampado no lançamento de ofício.
Numero da decisão: 1103-001.171
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, não conhecer do recurso. Declarou-se impedido o Conselheiro Marcos Shigueo Takata.
Assinado digitalmente
Aloysio José Percínio da Silva - Presidente.
Assinado digitalmente
Fábio Nieves Barreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: FABIO NIEVES BARREIRA
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NÃO CONHECIMENTO. ADESÃO A PARCELAMENTO. Não se conhece de recurso voluntário se a recorrente adere às regras da Lei nº 11.941/09, confessando o fato gerador estampado no lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, não conhecer do recurso. Declarouse impedido o Conselheiro Marcos Shigueo Takata. Assinado digitalmente Aloysio José Percínio da Silva Presidente. Assinado digitalmente Fábio Nieves Barreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos e Aloysio José Percínio da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 13 66 /2 01 2- 15 Fl. 5966DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/201 5 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.721366/201215 Acórdão n.º 1103001.171 S1C1T3 Fl. 3 2 Relatório Conforme o Termo de Verificação Fiscal de fls.5626/5656, teria sido constatado que nos termos da Ata da Assembléia Geral Extraordinária, ocorrida no dia 30/11/2011 (fls.5443/5444), deliberouse pela a incorporação da recorrente pelo BANCO ITAUCARD S.A. CNPJ n° 17.192.451/000170 (a cópia do Ofício n° 00745 do Banco Central do Brasil (fls.5445), protocolizado em 06/02/2012, prova a aprovação da operação). Seguindo na fiscalização, a autoridade fiscal haveria verificado que no ano calendário de 2008, a recorrente apurou o IRPJ e a CSLL pelo Lucro Real anual, e as estimativas mensais de IRPJ e CSLL com base na Receita Bruta mensal. Nos termos da ficha 06A Demonstração do Resultado – da DIPJ/2009, ano calendário de 2008 (fls.5491), a recorrente informou na LINHA 39 – DESPESAS DE JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO – o montante de R$413.544.700,52. O Demonstrativo de cálculo dos "Juros sobre o Capital Próprio JCP" pagos no anocalendário de 2008, apresentado pela recorrente, denuncia, no item “1” do expediente CRTUAF586/2011, às fls.8, e nas planilhas de fls.10/13, que houve deliberação para distribuições trimestrais na forma de juros a título de remuneração sobre o capital próprio, a serem pagas aos acionistas, como provam as Atas Sumárias de Reuniões do Conselho de Administração da UNIBANCO HOLDINGS S.A, realizadas em 27/03/2008, 21/07/2008, 25/09/2008, e 21/11/2008 (fls.51/53, 54/56, 57/58 e 59/60). Está expresso no item “8” do Demonstrativo de cálculo dos "Juros sobre o Capital Próprio JCP" que os juros sobre o capital próprio foram apropriados utilizando saldos de períodos pretéritos. Isto porque, no demonstrativo de fls.9, na coluna “estoque de juros para 2008”, havia o saldo de R$176.918.241,50, referente à competência de 2004, e R$437.628.743,42, referente à competência de 2005, totalizando o montante de R$614.546.984,92. Posteriormente, por ocasião da resposta de fls.5546/5547 (expediente CRT UAF522/2012) ao Termo de Intimação n° 07/2012 (fls.5545), datada de 20 de agosto de 2012, a recorrente retificou os valores acima, passando a informar um estoque final de juros de R$613.235.750,13. E, no mesmo expediente, a recorrente afirma que “não se observa a menção à possibilidade de pagamento em anos posteriores nas Atas das Assembléias Gerais relativas aos anoscalendário 2004 e 2005”. Observou o agente fiscal, porém, que ainda que os lucros acumulados e reservas de lucros tenham sido utilizados no cálculo dos limites de dedutibilidade dos JCP pagos em decorrência de levantamento de balanços intermediários, como fez a contribuinte UNIBANCO HOLDINGS S.A. ao longo de 2008, é ao final do anocalendário, em 31 de dezembro, que deverão ser estabelecidos os limites de dedutibilidade. Logo, para haver dedutibilidade das despesas de JCP, é necessário que se tenha materializado o fato gerador correspondente, isto é, a deliberação social tomada no devido tempo, e que a empresa tenha observado as condições previstas na lei 9.249/95, quais Fl. 5967DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/201 5 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.721366/201215 Acórdão n.º 1103001.171 S1C1T3 Fl. 4 3 sejam, o pagamento ou crédito (no caso de pagamento futuro), em favor dos sócios/acionistas com o devido registro contábil no ano de competência, além de obedecer aos limites previstos na lei. Como conseqüência da inobservâncias dos requisitos para a materialização da opção do interessado no anocalendário de 2005, mediante a inexistência de deliberação social tomada no devido tempo quanto ao pagamento posterior de JCP e da falta de contabilização do pagamento ou do crédito aos sócios, não é possível validar a opção extemporânea pelo pagamento de juros sobre o capital próprio, uma vez que implicaria em decidir sobre fatos já levados ao poder deliberativo da Assembléia Geral de Acionistas. No presente, a recorrente pagou JCP no ano de 2008 em quatro parcelas, segundo deliberado por seus órgãos de direção, conforme atestam as supracitadas Atas Sumárias das Reuniões do Conselho de Administração da Unibanco Holdings S.A. Em 31 de março de 2008 foi efetuado o pagamento de R$54.851.523,33; em 31 de julho de 2008 foi efetuado o pagamento de R$222.103.777,33; em 30 de setembro de 2008 foi efetuado o pagamento de R$54.810.131,83; e em 30 de novembro de 2008 foi efetuado o pagamento de R$81.779.268,00. O total de pagamento de JCP, no ano de 2008, considerandose a soma das parcelas trimestrais acima descritas, resultou em R$413.544.700,49. A recorrente informou na resposta de fls.5407/5408 (expediente CRTUAF 98/2012), subitem “2a”, que, do total de JCP pagos em 2008, no valor de R$413.544.700,60, R$403.543.945,91 foram JCP do anocalendário 2008 e R$ 10.000.755,11 foram JCP do estoque de R$92.2689.807,14 referentes ao anocalendário 2005, isto é, valores que não tinham ainda sido pagos, mas se referiam a JCP calculados sobre o PL de 2005. Como a recorrente apurou o IRPJ pelo Lucro Real Anual, considerouse devida a obrigação na data do fato gerador do IRPJ para fins do cálculo dos limites de dedução das despesas havidas com o pagamento dos juros aos acionistas, submetidos aos limites legais. Procedendose ao cálculo do limite legal da despesa de JCP dedutível do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL para o anocalendário 2008, para o Unibanco Holdings, apurado no montante de R$195.524.746,03, conforme o memorial de cálculos de fls.5561/5564, verificouse um excesso de dedução de despesas com JCP de R$218.019.954,19 (R$413.544.700,22 R$195.524.746,03). Aduziu a autoridade fiscal, ainda, que há outro fundamento pelo qual não se pode reconhecer como dedutível a parcela de R$ 10.000.755,11 de despesa de JCP (segundo a contribuinte, valor correspondente a JCP do anocalendário 2005): apenas a despesa paga ou incorrida no próprio anocalendário de 2008 e nos limites legalmente estabelecidos para aquele período é dedutível. Portanto, só poderiam ser consideradas para fins de dedução tributária no anocalendário de 2008 as distribuições de Juros sobre o Capital Próprio cujo cálculo se reportassem ao próprio ano de 2008 e que estivessem dentro dos limites impostos pelo art.9º da Lei n° 9.249/95, isto é, JCP no total de R$ 195.524.746,03. A conclusão final, na visão do Fisco, é que se impõe revisar o lançamento de IRPJ e CSLL efetuado pela contribuinte, a fim de recalcular a base tributável. O valor a ser Fl. 5968DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/201 5 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.721366/201215 Acórdão n.º 1103001.171 S1C1T3 Fl. 5 4 tributado é, portanto, o representado pela dedução apenas do JCP calculado em 2008 e que atendeu aos limites legais, devendo ser adicionado o valor excedente de R$218.019.954,19 na determinação do Lucro Real e na base de Cálculo da CSLL. Daí porque foram lavrados Autos de Infração de IRPJ (fls.5579/5585) e CSLL (fls.5586/5591). Inconformada, a recorrente apresentou a impugnação de fls.5659/5671, protocolizada em 17/12/2012 e acompanhada dos documentos de fls.5672/5774, expondo, em síntese, que a autoridade fiscal considerou que o pagamento de JCP efetuado no ano de 2008 deveria ter como base somente os parâmetros do período em que a despesa foi apropriada (2008) e não o de anos anteriores. Assim, considerou que o valor de R$10.000.755,11, referente ao JCP remanescente do anocalendário de 2005, não poderia ter sido deduzido. Porém, não há, na legislação reguladora da matéria, um limite temporal para pagamento de JCP e, via de consequência, para a sua dedutibilidade da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. O pagamento ou crédito de juros é uma faculdade que a sociedade pode exercer por meio de deliberação formal nesse sentido, tomada pelo órgão societário competente (Assembléia ou Conselho de Administração). Dessa forma, pode o contribuinte decidir sobre o momento adequado para realizar o crédito ou pagamento de JCP, nada impedindo que esse crédito ou pagamento se faça após o término do anocalendário a que o JCP se refere. Se a pessoa jurídica não exerceu o direito de pagar ou creditar o total de juros sobre o capital próprio pertinente a certo período, poderá fazêlo em período posterior. Dessa forma, deliberando a recorrente por efetuar o pagamento de JCP em 2008, com base no patrimônio líquido de 2005 e 2008 e, para tanto observando as condições e limites previstos na Lei n° 9.249/95, o pagamento e dedução em 2008 de JCP relativo ao ano de 2005 não representou postergação de imposto, nem redução indevida do lucro apurado no respectivo períodobase, não advindo, deste fato, nenhum prejuízo para o Fisco. Desta forma, a recorrente tinha o direito de, no ano de 2008, deduzir a despesa de JCP relativa a saldo remanescente do ano de 2005, em conformidade com a Lei nº 9.249/95 e com o Decretolei nº 1.598/77 (art.6º, §5º). Quanto à fundamentação da autuação de que as condições de dedutibilidade do JCP deveriam ser verificadas no final do ano, isto é, de que os lucros acumulados e reservas de lucros de períodos anteriores devem ser considerados nessa data para fins de determinação do limite de dedutibilidade dos JCP pagos ao longo do ano, articulou a recorrente no sentido de que declarou e pagou JCP em quatro ocasiões durante o anocalendário de 2008, atendendo, em cada uma delas, os parâmetros de dedutibilidade definidos em lei. Acrescentou a recorrente que no curso do ano de 2008, parte das reservas de lucros foi capitalizada e, ao final do exercício, houve apuração de prejuízo fiscal, motivo pelo qual a autoridade fiscal entendeu que, tendo havido apuração de prejuízo líquido (ficha 06, linha 64 da DIPJ/2009) ao final do anocalendário, os valores de JCP anteriormente pagos e que excederam o limite legal correspondente a 50% dos lucros acumulados mais reservas de lucros tornaramse indedutíveis e deveriam ter sido adicionados no LALUR. Fl. 5969DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/201 5 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.721366/201215 Acórdão n.º 1103001.171 S1C1T3 Fl. 6 5 Todavia, não é requisito para o pagamento ou dedução dos JCP a apuração de lucro liquido contábil no período a que a dedução se reporte. Mesmo que haja prejuízo contábil, os JCP podem ser pagos e deduzidos fiscalmente. Também não é requisito para o pagamento ou dedução dos JCP a apuração de lucro fiscal no período. Por outro lado, também a lei não exige a manutenção de reservas de lucros após o pagamento ou crédito dos JCP. Vale dizer, a lei não impede que as reservas remanescentes (após o pagamento dos JCP) sejam capitalizadas ou distribuídas como dividendo. Não se exige que as reservas líquidas dos JCP pagos ou creditados permaneçam em contas de reservas. Podem permanecer, mas podem igualmente ser distribuídas como dividendos ou capitalizadas. Podem, também, eventualmente, ser absorvidas por prejuízos posteriores. Ou, ainda, parte do saldo das reservas pode ser capitalizada e parte ser distribuída como dividendo ou absorvida por prejuízo. Na situação extrema, pode ocorrer que resultados negativos posteriores, além de consumirem o saldo das reservas, acabem gerando prejuízo no balanço do período, tal como ocorreu com a recorrente. Mesmo nessa hipótese, se todas as condições para o pagamento e dedução de JCP tiverem sido atendidas na ocasião em que foram atribuídos aos sócios ou acionistas, o evento futuro (prejuízo) não compromete a dedução derivada de fato perfeito e acabado (e eficaz). A superveniência de resultados negativos que consomem o saldo de reservas e o próprio lucro intermediariamente apurado no exercício não desfazem a dedutibilidade em questão, uma vez que, como visto, a lei não exige, como requisito de dedutibilidade, a permanência de saldos positivos em contas de reservas ou a apuração de resultado positivo (contábil ou fiscal) no exercício. Considerandose que a recorrente observou os parâmetros legais para o cálculo dos JCP, quais sejam: TJLP sobre o patrimônio liquido e efetivo pagamento ou crédito de valor não superior a 50% das reservas de lucros ou dos lucros apurados em balanços intermediários do próprio exercício, resta demonstrado que foram preenchidas, em cada evento de distribuição de JCP, as exigências legais para legitimar a dedutibilidade dos juros. Além disso, o Fisco não poderia exigir juros de mora sobre o valor da multa de ofício. A Lei 9.430/96 prevê que os débitos de tributos e contribuições serão acrescidos de multa de mora (art. 61, caput), e que, sobre aqueles débitos, incidirão juros de mora (art. cit., §3º). Ou seja, os débitos de tributos e contribuições é que se sujeitam aos juros de mora, e não o valor da multa de mora. Se os juros de mora não incidem sobre a multa de mora, por iguais razões não cabe aplicar tais juros sobre a multa de ofício. O artigo 164 do CTN confirma essa conclusão quando, ao tratar de crédito tributário, separa os conceitos de crédito, juros de mora e penalidades. A mesma distinção ocorre no art. 161, caput, do CTN . Fl. 5970DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/201 5 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.721366/201215 Acórdão n.º 1103001.171 S1C1T3 Fl. 7 6 Por consequência, também não são aplicáveis à multa de ofício os juros de 1% ao mês, referidos no §1º do art. 161 do CTN. Se juros sobre a multa fossem cabíveis, seriam aplicáveis apenas juros moratórios à taxa Selic, limitados a 1%. Sobreveio, em seguida, o julgamento da impugnação. O colegiado entendeu que não cabia razão à recorrente e manteve o lançamento de ofício, confirmando o trabalho fiscal, como se verifica a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. LUCRO REAL. CÁLCULO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS COM BASE NA RECEITA BRUTA. Ao optar pela cálculo das estimativas mensais com base na receita bruta, o contribuinte, explicitamente, abdica da dedução dos juros sobre o capital próprio no decorrer do anocalendário, só sendo possível efetuar tal dedução ao final do exercício, na apuração do lucro real em 31 de dezembro. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. DEDUTIBILIDADE. REGIME DE COMPETÊNCIA. A contabilização no períodobase correspondente é condição para a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio por se tratar de opção do contribuinte. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a recorrente interpôs recurso voluntário, onde, em síntese, foram reiteradas as razões expostas na peça de impugnção. É o relatório. Fl. 5971DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/201 5 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 16327.721366/201215 Acórdão n.º 1103001.171 S1C1T3 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Fábio Nieves Barreira Posteriormente à interposição do recurso voluntário, a recorrente protocolou petição de desistência da peça de irresignação (fls. 5921/5922 e fls. 5941/5942), por haver aderido às regras da Lei nº 11.941/09, resultando, consoante a recorrente, na extinção do débito tributário, nos termos do art. 151, I, do CTN. Diante do exposto, voto por deixar de conhecer o recurso voluntário interposto, confirmando, integralmente, o v. acórdão recorrido e, por conseqüência, determino a remessa dos autos à unidade de origem para verificação do efetivo pagamento do crédito tributário exigido e a declaração, se o caso, de sua extinção. Assinado digitalmente Fábio Nieves Barreira Relator Fl. 5972DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/201 5 por FABIO NIEVES BARREIRA, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 13710.000709/2006-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE PARCELAMENTO. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Não deve ser conhecido recurso voluntário seguido de pedido de parcelamento do débito, que importa em confissão extrajudicial de dívida, nos termos do Código de Processo Civil.
Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 2101-001.937
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS - Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros José Raimundo Tosta Santos (Presidente Substituto), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Evande Carvalho Araujo, Celia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PEDIDO DE PARCELAMENTO. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Não deve ser conhecido recurso voluntário seguido de pedido de parcelamento do débito, que importa em confissão extrajudicial de dívida, nos termos do Código de Processo Civil. Recurso não conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS - Presidente Substituto (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA - Relator Participaram do julgamento os Conselheiros José Raimundo Tosta Santos (Presidente Substituto), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), José Evande Carvalho Araujo, Celia Maria de Souza Murphy, Gilvanci Antônio de Oliveira Sousa e Gonçalo Bonet Allage.
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score : 1.0
Numero do processo: 10660.001824/2002-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Mar 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996
DECADÊNCIA. REGIME DRAWBACK SUSPENSÃO. LANÇAMENTO DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. TERMO INICIAL. CIÊNCIA DENTRO DO PRAZO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA.
1. O direito de lançar os tributos suspensos pela aplicação do regime drawback suspensão decai no prazo de 5 (cinco) anos contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao ano do vencimento do prazo de inadimplemento do regime, que ocorre no trigésimo dia após o término do prazo validade do ato concessório.
2. Nos presentes autos, a caducidade do direito de lançar não se consumou, haja vista que o sujeito passivo foi cientificado dos autos de infração antes de expirado o referido prazo.
Recurso Voluntário Negado.
2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos.
Numero da decisão: 3102-002.336
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, José Paulo Puiatti e Samuel Luiz Manzotti Riemma.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DECADÊNCIA. REGIME DRAWBACK SUSPENSÃO. LANÇAMENTO DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. TERMO INICIAL. CIÊNCIA DENTRO DO PRAZO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA. 1. O direito de lançar os tributos suspensos pela aplicação do regime drawback suspensão decai no prazo de 5 (cinco) anos contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao ano do vencimento do prazo de inadimplemento do regime, que ocorre no trigésimo dia após o término do prazo validade do ato concessório. 2. Nos presentes autos, a caducidade do direito de lançar não se consumou, haja vista que o sujeito passivo foi cientificado dos autos de infração antes de expirado o referido prazo. Recurso Voluntário Negado. 2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, José Paulo Puiatti e Samuel Luiz Manzotti Riemma.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DRAWBACK SUSPENSÃO. REGIME COMUM. EXPORTAÇÕES EFETUADAS POR OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. COMPROVAÇÃO DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. As exportações realizadas por pessoas jurídicas diferentes da beneficiária do regime drawback suspensão comum não constitui prova adequada para fim comprovação do compromisso de exportação assumido no correspondente ato concessório, o que implica cobrança dos tributos supensos devidos na operação de importação amparada pela referida modalidade de regime drawback suspensão. DRAWBACK SUSPENSÃO. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INOBSERVÂNCIA. INADIMPLEMENTO DO REGIME. EXIGIBILIDADE DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. POSSIBILIDADE. 1. O cumprimento do princípio da vinculação física é requisito essencial para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão. 2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DECADÊNCIA. REGIME DRAWBACK SUSPENSÃO. LANÇAMENTO DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. TERMO INICIAL. CIÊNCIA DENTRO DO PRAZO QUINQUENAL. INOCORRÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 18 24 /2 00 2- 57 Fl. 2038DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 2 1. O direito de lançar os tributos suspensos pela aplicação do regime drawback suspensão decai no prazo de 5 (cinco) anos contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao ano do vencimento do prazo de inadimplemento do regime, que ocorre no trigésimo dia após o término do prazo validade do ato concessório. 2. Nos presentes autos, a caducidade do direito de lançar não se consumou, haja vista que o sujeito passivo foi cientificado dos autos de infração antes de expirado o referido prazo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, José Paulo Puiatti e Samuel Luiz Manzotti Riemma. Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzse a seguir o relatório encartado na decisão de primeira grau: Tratase de lançamento tributário relativo à exigência do imposto de importação e IPIvinculado à importação, acrescidos de multa de ofício agravada de 112,50% e juros de mora, formalizado por meio dos autos de infração de fls. 03/08 e 09/14, perfazendo na ocasião um crédito tributário total de R$ 529.400,03. Da autuação A presente auditoria teve por objetivo específico a verificação do cumprimento das obrigações fiscais relativamente ao regime aduaneiro especial de drawbacksuspensão, concedido por meio dos Atos Concessórios nº 001896/0003676, de 11/10/1996 e 001896/0004036, de 08/11/1996 (fls. 60 e 108), cuja emissão visou à importação de “fios de cobre com maior dimensão de seção transversal de 8mm” (312.000kg e 125.000kg) e a exportação de “fios de cobre magneto esmaltados” (317.073kg e 127.032kg), estas últimas a serem realizadas até 31/10/1998 e 07/05/98, respectivamente, já consideradas as alterações advindas com os aditivos nº 001897/0003474, 200098/000354 8, 200098/0012768 e 001897/0004462 (fls. 63/65 e 113). Fl. 2039DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 101 3 As importações se processaram por meio das Declarações de Importação (DI) nº 028270, 032611, 033714 e 033715, registradas, respectivamente em 31/10/96, 12/12/96 e 23/12/96 (as duas últimas) e as exportações apresentadas para fins de comprovação do regime foram amparadas pelos Registros de Exportação (RE) elencados nos anexos 3001 a 3025, de fls. 68/92, no que se refere a AC nº 001896/0003676 e, nos anexos 3001 a 3005, de fls. 118/122, no que se refere ao AC nº 0018 96/0004036. Como resultado, a fiscalização entendeu pela ocorrência das seguintes infrações (fls. 18/22): comuns aos AC 001896/0003676 e 001896/0004036: a) embora não se trate de drawbackintermediário a empresa apresentou exportações realizadas por outras empresas (Anexos 3001 – 3021, 3024 e 3025 do Relatório de Comprovação do AC 001896/0003676 e Anexos 3001 – 3005 do Relatório de Comprovação do AC 001896/0004036) – Notas Fiscais de Venda para empresas industriais, e não para empresa comercial exportadora constituída na forma do DL 1.248/72 ou empresa de fim comercial habilitada a operar em comércio exterior; b) inexistência de Controle de Produção e de Estoque para os insumos importados e produtos exportados – Falta de comprovação do princípio da vinculação física – Incoerência entre a quantidade de produto apresentado para comprovação da exportação e a quantidade resultante da relação insumo/produto – A autuada não apresentou o Livro de Registro de Controle de Produção e de Estoque – modelo 3; c) utilização de documentação vinculada à comprovação de outros AC (os de nº 001896/003064 e 001896/002416) e a outras DI (as de nº 025094 e 019172)– Vide folha 22 – Notas fiscais vinculadas a outros atos concessórios – Dispositivo infringido: Consolidação das Normas do Regime Drawback, Capítulo V, Título 19, item 19.1. Apenas no AC 001896/0003676: a) não enquadramento da operação de exportação Drawback no código próprio nos RE nº 98/0260751001 e 98/0409807001, onde consta o código 80000 (exportação comum) e nos demais RE inerentes aos anexos 3022 e 3023 (fls. 152 – 178) a alteração para o código 81101 (drawbacksuspensão comum) foi efetuada após a averbação do embarque, o mesmo se observa quanto à vinculação ao AC no campo 24. Apenas no AC 001896/0004036: a) não existe registro da entrada nos controles de produção e estoque apresentados pela empresa da mercadoria amparada pelo AC 001896/0004036. Fl. 2040DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 4 Além de exigir os tributos suspensos, a autuante agravou a penalidade (de 75% para 112,50%) por entender que o contribuinte ora fiscalizado: (...) tentou prejudicar o bom andamento da presente auditoria. Seja através de recusa sistemática em atender aos Termos lavrados, com apresentação de documentação incompleta (AC 001896/0003676) ou nenhuma documentação (AC 0018 96/0004036); ou ainda, postergando a sua entrega; bem como, marcando entrevistas e não comparecendo; com o claro intuito de dificultar e retardar o trabalho da fiscalização, obrigandoa a medidas extremas de verificação ‘in loco’ de existência da documentação exigida. Destaquese que os fatos que suscitaram a agravação estão detalhados no Termo de Embaraço à Fiscalização de folhas 43 e 44. Da autuação a interessada tomou ciência por meio de envio de cópia dos autos de infração, cuja postagem se deu em 24/04/2002, conforme AR de folha 216. Da impugnação Irresignada, a autuada apresentou impugnação em 23/05/2002 (fls. 02 – 38 do Volume I), via procurador (fls. 39), onde, contrapondose ao feito fiscal, alega como razões de defesa as preliminares de: a) cerceamento do direito de defesa – Alega que foram retidas diversas notas fiscais sendo fornecidas cópias à interessada, sendo que, à luz do RIR, tal procedimento só poderia ocorrer se as NF constituírem prova da prática de ilícito – Nas cópias fornecidas não constavam o verso das NF; b) decadência – Por haver decorrido mais de 5 (cinco) anos do registro das DI (art. 150, §4º, CTN); c) incompetência da Receita Federal para fiscalizar drawback – Cabe ao DECEX verificar o adimplemento do regime e à Receita Federal lançar os tributos por inadimplemento do regime reconhecido pelo DECEX; e, E no mérito: d) cumprimento de todas as condições do regime – Embora admitindo que deixou de indicar que se tratava de drawback intermediário, defende que praticou todos os atos exigidos para a execução do regime, apresentou todos os documentos pertinentes e todos os insumos foram reexportados; e) simples erros formais – As irregularidades apontadas foram fruto de simples erros formais – O sistema de registro de exportação permite a correção de eventuais erros – Houve retificação do número do código com a sua respectiva averbação – Não houve prejuízo ao Erário; f) admissibilidade de diferenças de até 5% Não há desconformidade entre o laudo técnico e os relatórios de comprovação (vide fls. 25 – 27), sendo que os tributos inerentes aos insumos não utilizados foram devidamente recolhidos – As Fl. 2041DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 102 5 diferenças apuradas foram menores que 5%, estando de conforme com o Comunicado DECEX 21/97; g) existência de controle de estoque em face da possibilidade de fungibilidade dos insumos – Adquire um único tipo de matéria prima, cobre, por importação ou no mercado interno e fabrica “fios”, a serem exportados ou para venda no mercado interno, sendo que possui controle do estoque total pelo sistema integrado Magnus (vide fls. 21 – 22) – “A matériaprima ‘cobre’ é fungível” – Não há necessidade de controle separado para o “cobre” importado, posto que este e o “cobre” adquirido no mercado interno equivalem em espécie e qualidade (vide certificados de qualidade de fls. 86 – 102) – Não há desvio de finalidade; h) Colaboração com a fiscalização – Conforme quadro de fls. 33 – 34, onde são expostos cronologicamente os atos inerentes à ação fiscal, a autuada defende que sempre contribuiu com a autuante, o que afasta o agravamento da multa; i) ilegalidade da taxa Selic – A taxa Selic “é antes, um meio de remuneração do que um parâmetro indenizatório” – Juros moratórios em matéria fiscal possuem conotação de indenização destinada a recompor o patrimônio estatal lesado pelo titulo não empregado A adoção da taxa Selic para majorar tributos é ilegal – Se mantidos os juros, suscita que sejam calculados a partir das datas de vencimento dos atos concessórios e que seja aplicada a taxa de 1% ao mês, nos termos do artigo 57 do Decreto 612/92. Ao final, requer (1) o acolhimento da preliminar de cerceamento de defesa, com entrega de cópias legíveis na íntegra e devolução do prazo de defesa, bem como prazo para recolhimento dos impostos com redução da multa; (2) a procedência da impugnação com a declaração de nulidade em virtude de prescrição (sic) ou pelas razões de mérito, e; como pedidos sucessivos (art. 289 do CPC), em caso de manutenção do auto de infração, a desconstituição do agravamento da multa e a incidência dos juros de 1% a partir do vencimento dos atos concessórios. Para comprovar o que alega, o impugnante ofereceu os documentos anexados às fls. 39 – 1508 dos Volumes I VI. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 246/270), em que, em preliminar, por maioria de votos, foi rejeitada a diligência proposta pelo Relator, e por unanimidade de votos, rejeitada a arguição de nulidade e decadência, suscitadas pela impugnante; no mérito, por maioria de votos, o lançamento foi julgado procedente em parte, para considerar improcedente o agravamento da multa de ofício, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 Fl. 2042DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 6 NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA Uma vez que os autos estão instruídos com provas que demonstram inequivocamente que o interessado, por meio do seu representante legal, recebeu, sem qualquer ressalva, as cópias dos documentos originais retidos, não pode prosperar a argüição de nulidade por cerceamento de direito de defesa suscitada nesse sentido. DRAWBACK SUSPENSÃO. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O prazo decadencial para o lançamento de ofício decorrente do descumprimento dos requisitos inerentes ao drawback suspensão será determinado com base na regra de que trata o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. O termo inicial para contagem desse prazo é o primeiro dia do exercício seguinte ao dia imediatamente posterior ao trigésimo dia da data limite para exportação. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 DRAWBACK. COMPETÊNCIA PARA FISCALIZAR. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil a aplicação do regime drawback e a fiscalização dos tributos, compreendendo o lançamento do crédito tributário e a verificação do regular cumprimento, pelo importador, dos requisitos e condições fixados pela legislação de regência. DRAWBACK SUSPENSÃO COMUM. EXPORTAÇÕES EFETUADAS POR OUTRAS EMPRESAS. A realização de exportações através de empresas diversas da identificada no Ato Concessório caracteriza o descumprimento de requisito previsto em lei para a concessão do benefício fiscal, ensejando a cobrança dos tributos relativos às mercadorias importadas sob o regime aduaneiro especial de Drawback Suspensão Comum. DRAWBACK. SUSPENSÃO. COMPROVAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DADOS DO RE APÓS A AVERBAÇÃO. Não podem ser aceitos para fins de comprovação do adimplemento do regime drawback suspensão comum, registros de exportação que, no momento da efetiva exportação, estavam consignados com o código 80000 no campo “2a” e sem a vinculação ao Ato Concessório no campo 24, sendo inócuo, do ponto de vista do controle que deve ser exercido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, que esses campos tenham sido alterados posteriormente à averbação do embarque. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 31/10/1996, 12/12/1996, 23/12/1996 MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. INSUBSISTÊNCIA. Fl. 2043DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 103 7 Não restou cabalmente demonstrado nos autos que a autuada tenha resistido ou deixado de cooperar no decorrer da fiscalização, o que impele à descaracterização da conduta tipificada no comando legal evocado, devendo reduzirse a multa de lançamento de ofício agravada para multa de lançamento de ofício regular. A autuada foi cientificada da decisão de primeira instância em 25/2/2009 (fl. 278). Inconformada, em 25/3/2009, protocolou o recurso voluntário de fls. 295/314, em que reafirmou os argumentos aduzidos na peça impugnatória atinentes à decadência e às questões de mérito. Em aditamento, alegou que na medida em que a Turma de Julgamento a quo fundamentou a sua decisão apenas na constatação do cumprimento dos requisitos formais do procedimento de drawback e não nas efetivas evidências dos atos de exportação praticados pela recorrente estava a priorizar a verdade formal em detrimento da verdade material, o que não se podia aceitar, até porque os erros ou equívocos não autorizavam a conclusão de inadimplemento do compromisso de exportar, tampouco tinham o poder de se transformarem em fatos geradores de obrigação tributária. A falta de vinculação dos Registros de Exportação aos respectivos Atos Concessórios não autorizavam a conclusão de inadimplemento do regime de drawback e consequente cobrança dos impostos, quando comprovada a exportação. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia cingese, em sede de preliminar, à decadência dos lançamentos e, no mérito, ao inadimplemento integral do compromisso de exportação, por apresentação de exportações realizadas por outras pessoas jurídicas e de RE emitidos pela recorrrente sem atendimento dos requisitos formais, e por descumprimento do princípio da vinculação física. I Da Preliminar de Decadência Em sede de preliminar, a recorrente alegou que, na oportunidade da lavratura do auto de infração, já havia decaído do direito de constituir o crédito tributário, porque deixou de lançar os débitos supostamente devidos no prazo de 5 (cinco) anos, contados do fato gerador dos impostos lançados, conforme determinava o artigo 150, § 4º, do CTN. Segundo a recorrente, na data na data do lançamento (19/4/2002), já se encontrava consumado o prazo de decadência do direito de constituir os respectivos créditos tributários, pois já tinha transcorrido o prazo de 5 (cinco) anos contado a partir da data do registro das respectivas DI, que tinha ocorrido nos dias 31/10/1996, 12/12/1996 e 23/12/1996. Sem razão a recorrente. Fl. 2044DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 8 A contagem do prazo decadencial do lançamento por homologação, em regra, aplicase aos tributos devidos na operação de importação que, por determinação legal, estão sujeitos ao pagamento antecipado, sem prévio exame da autoridade fiscal, conforme estabelecido no caput do art. 150 do CTN. Acontece que, no âmbito dos referidos tributos, esse procedimento geral de contagem tem aplicação restrita às operações de importação submetidas ao regime de importação comum, que se caracteriza pelo pagamento dos tributos devidos previamente ao início do despacho aduaneiro, isto é, antes do registro da Declaração de Importação (DI). No caso de regime suspensivo de tributação ou regime aduaneiro especial suspensivo, tal regramento abre exceção para a aplicação dos critérios atinentes ao lançamento de ofício, previstos no inciso I do art. 173 do CTN. Esse critérito, sabidamente, aplicase à operação de importação realizada sob regime aduaneiro especial drawback, modalidade suspensão, em que os tributos incidentes na operação de importação ficam com a exigibilidade suspensa até o prazo final do regime, que se dará de duas formas distintas: a) mediante o cumprimento total do compromisso de exportação, realizado de acordo com as condições estabelecidas no ato concessório. Neste caso, a suspensão convertese em isenção, excluindo em definitivo a exigência dos tributos incidentes na operação; ou b) com vencimento do prazo do regime, sem o cumprimento parcial ou total do compromisso de exportação assumido. Nesta hipótese, os tributos suspensos passam ser exigíveis, com os devidos acréscimos legais. Em suma, ainda que os tributos incidentes na operação de importação estejam sujeitos ao lançamento por homologação, na ausência da antecipação do pagamento, deve ser afastado o critério geral de contagem do prazo decadencial estabelecido para esta modalidade lançamento, prevista no § 4º do art. 150 do CTN, e adotada a regra excepcional de contagem do prazo de caducidade estabelecida para o lançamento de ofício, nos termos do art. 173, I, do CTN, que determina que o prazo quinquenal deve ser contado a partir “do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”. Esse entendimento foi pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Recurso Especial no 973.733/SC, sob regime do recurso repetitivo, disciplinado no art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), conforme exposto no enunciado da ementa que segue transcrito: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia Fl. 2045DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 104 9 ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). [...] 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) – Grifos não originais. Desse modo, em cumprimento ao disposto no art. 62A1 do Regimento Interno deste Conselho, aplicase o entendimento explicitado no âmbito do referido julgado, no sentido de que, sem a realização do pagamento antecipado, o dies a quo do prazo quinquenal 1 "Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF." Fl. 2046DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 10 de decadência, regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, e passa a ser o primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato gerador. No presente caso, é incontroverso que não houve pagamento, logo ao lançamento em questão aplicase a regra de contagem do prazo decadencial estabelecida no art. 173, I, do CTN. Além disso, no que tange ao regime drawback, modalidade suspensão, os tributos suspensos somente se tornam exigíveis depois de esgotado o prazo de adoção das medidas saneadoras do inadimplemento do regime, quando então poderá ser realizado lançamento. Em outros termos, somente após o prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do vencimento do ato concessório. Neste sentido, dispõe o inciso do I art. 3192 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 1985 (vigente na época dos fatos relatados nos atos). Segundo o citado preceito legal, configurado o inadimplemento do compromisso de exportar, total ou parcial, o beneficiário do regime dispõe ainda de trinta dias, contados data do vencimento do ato concessório, para adotar uma das seguintes providências em relação às mercadorias admitidas no regime que, no seu todo ou em parte, não tenham sido empregadas no processo produtivo ou empregadas em desacordo com o estabelecido no ato concessório: (i) devolução ao exterior ou reexportação; (ii) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado; ou (iii) destinação para consumo interno, mediante o pagamento dos tributos suspensos, com os acréscimos legais devidos. Assim, expirado o mencionado prazo de 30 (trinta) dias e não comprovada a adoção de uma das providências relacionadas no referido preceito legal, estarão configurados tanto o vencimento quanto o inadimplemento do regime aduaneiro especial em apreço, podendo a autoridade fiscal, a partir de então, proceder ao lançamento do respectivo crédito tributário. Nesse sentido, dispõe o subitem 27, combinado com o disposto no subitem 26.3, da Consolidação das Normas do Regime Drawback, anexa ao Comunicado Decex nº 21, de 11 de julho de 1997, a seguir transcrito: 26.3 Na modalidade de suspensão, vencido o Ato Concessório de Drawback e não cumprido o compromisso de exportar, em razão da não utilização ou utilização parcial da mercadoria importada, a beneficiária deverá adotar, dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados a partir da data limite para exportação, estabelecida no Ato Concessório de Drawback, uma das providências relacionadas a seguir: I providenciar a devolução ao exterior da mercadoria não utilizada; 2 "Art. 319 As mercadorias admitidas no regime que, em seu todo ou em parte, deixem de ser empregadas no processo produtivo de bens, conforme estabelecido no ato concessório, ou que sejam empregadas em desacordo com este, ficam sujeitas ao seguinte procedimento: I no caso de inadimplemento do compromisso de exportar, no prazo de até trinta dias da expiração do prazo fixado para exportação: a) devolução ao exterior ou reexportação; b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado; c) destinação para consumo interno das mercadorias remanescentes. (...)" Fl. 2047DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 105 11 II requerer a destruição da mercadoria imprestável ou da sobra, sob controle aduaneiro, às suas expensas; ou III destinar a mercadoria remanescente para consumo interno, com o devido recolhimento dos tributos e adicionais exigidos na importação, com os acréscimos legais previstos na legislação, observadas no que couber, as normas gerais de importação. (...) 27.1 Será declarado o inadimplemento do Regime de Drawback, modalidade suspensão, se vencido o prazo estabelecido no item 26.3 e não comprovada a adoção de uma das providências previstas. (...) Logo, transcorrido o prazo de 30 (trinta) dias, previsto para a regularização espontânea do inadimplemento do compromisso de exportação, sem que o beneficiário do regime tenha adotado uma das providências citadas, estará definitivamente configurado o inadimplemento do regime e, no dia seguinte, a autoridade fiscal está autorizada a proceder ao lançamento de ofício, nos termos do inciso V art. 149 do CTN. Transcorrido o referido prazo, o lançamento de ofício do crédito tributário decorrente do inadimplemento, total ou parcial, do regime drawback, modalidade suspensão, pode ser formalizado independentemente de comunicação formal por parte da Secex aos Órgãos da Administração aduaneira vinculados à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). De todo modo, após a configuração do inadimplemento do regime em destaque, a partir do primeiro dia seguinte, a fiscalização poderá dar início ao procedimento fiscal e proceder ao lançamento do crédito tributário suspenso em face da aplicação do regime, com vista à cobrança da totalidade ou parte dos tributos suspensos, conforme o caso. Por força dessa característica, resta demonstrado que a contagem do prazo de decadência do direito de lançar eventual crédito tributário, por descumprimento da modalidade de drawback em referência, deve ser feita segundo a forma estatuída no inciso I do art. 173 do CTN. Em suma, o prazo decadencial do direito de lançar o crédito tributário na hipótese vertente tem início a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorre o vencimento do regime, ou seja, trinta dias após o vencimento do ato concessório, e término no dia final do quinto ano seguinte. No presente caso, as datas de vencimento do AC nº 001896/0004036 e do AC nº 001896/0003676 ocorreram, respectivamente, nos dias 7/5/1998 e 31/10/1998, logo, o lançamento poderia ser realizado a partir de 7/6/1998 e de 30/11/1998 em realção, respectivamente, ao primeiro e segundo AC. Assim, como não houve pagamento, o prazo de decadência teve início em 1/1/1999 e término em 31/12/2003. Dessa forma, como a autuada foi cientificada dos autos de infração em 24/4/2002 (fls. 232/233), inequivocamente não se consumou o prazo de decadência do direito de constituir o crédito tributário objeto das atuações em apreço. Fl. 2048DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 12 Com base nessas considerações, rejeitase a prejudicial de decadência suscitada pela recorrente. II Da Análise do Mérito No mérito a controvérsia cingese ao inadimplemento total do regime drawback, modalidade suspensão, concedido à recorrente por meio dos Atos Concessórios (AC) nºs 001896/0004036 e 001896/0003676, emitidos em 11/10/1996 e 8/11/1996, respectivamente. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal de fls. 19/33, a fiscalização apontou, em síntese, as seguintes irregularidades motivadoras do inadimplemento integral do regime: a) utilização de exportações realizadas por outras pessoas jurídicas; b) descumprimento de requisitos formais dos RE relativos às exportações realizadas pela própria autuada; e c) descumprimento do princípio da vinculação física, em razão da ausência de controle da produção e do estoque. Da comprovação de exportações realizadas por outras pessoas jurídicas. Por meio dos Atos Concessórios nº 001896/0003676, de 11/10/1996, e 001896/0004036, de 08/11/1996, foi concedido o regime aduaneiro especial de drawback suspensão normal ou comum, em que autorizado a recorrente a realizar a importação de 312.000kg e 125.000kg, respectivamente, de “fios de cobre com maior dimensão de seção transversal de 8mm” com suspensão dos tributos devidos, com o compromisso de realizar a exportação, respectivamente, de 317.073kg e 127.032kg de “fios de cobre magneto esmaltados”, estas últimas a serem realizadas até 31/10/1998 e 07/05/98, respectivamente. Para fim de comprovação do compromisso de exportação assumido no âmbito dos citados AC, a autuada apresentou vários RE, acompanhados das respectivas notas fiscais, emitidos por outras pessoas jurídicas e alguns emitidos por ela. Em relação aos RE emitidos por outras pessoas jurídicas, com base nas informações prestadas pela própria autuada e nos dados registrados nos seus livros contábeis e fiscais, apurou a fiscalização que em relação ao: a) AC nº 001896/0003676, todos os RE (e respectivas Notas Fiscais) relacionados para efeito de comprovação da exportação, relativos aos Anexos de nºs 3001 a 3021 e 3024 a 3025 (fls. 71/91 e 94/95), referemse à exportações realizadas pela Empresa Brasileira de Compressores S/A EMBRACO. Somente os RE (e respectivas Notas Fiscais) relacionados nos Anexos nºs 3022 e 3023 (fls. 92/93), referiamse a exportações realizadas pela própria recorrente; e b) AC nº 001896/0004036, todos os RE (e respectivas Notas Fiscais), relacionados para efeito de comprovação da exportação, relativos aos Anexos de nºs 3001 a 3005 (fls. 122/126), referiamse a exportações realizadas pela pessoa jurídica Tecumseh do Brasil Ltda. Para este AC não foi apresentado RE (e respectivas Notas Fiscais) emitidos pela beneficiária do regime, ora recorrente. No recurso em apreço (fls. 301/303), a própria recorrente reconheceu que os referidos AC tratavam da concessão do regime drawback suspensão comum, mas resolveu, sem qualquer autorização do Órgão concedente, praticar os procedimentos próprios do regime drawback intermediária, conforme explicitado nos excertos a seguir transcritos: Fl. 2049DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 106 13 De fato, os Atos Concessórios foram preenchidos como se a própria recorrente fosse reexportar as matériasprimas importadas. No entanto, a recorrente industrializou as mercadorias e remeteuas a empresas industriais exportadoras para que essas dessem continuidade aos procedimentos de cumprimento do beneficio. Ou seja, a recorrente praticou o drawback modalidade intermediária, porém, preencheu os Atos Concessórios corno se fossem drawback comum, o que gerou a divergência apontada pelo fisco, De acordo com a Consolidação das Normas do Regime de Drawback (CND), aprovadas pelo Comunicado Decex 21/1997, o pedido de concessão do regime de drawback suspensão, modalidades comum e intermediário, deve atender os requisitos estabelecidos nos subitens 8.1 e 8.2, a seguir reproduzidos: 8.1 Para pleitear o Regime de Drawback, modalidade suspensão, a empresa deverá apresentar o formulário Pedido de Drawback consignando a classificação na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), a descrição, a quantidade e o valor da mercadoria a importar e do produto a exportar, em moeda de livre conversibilidade, dispensada a referência a preços unitários. 1. Deverá ser observado, obrigatoriamente, o disposto no Anexo III desta CND. 8.2 O Pedido de Drawback poderá abranger produto destinado à exportação diretamente pela beneficiária (empresa industrial ou equiparada a industrial), bem como ao fornecimento no mercado interno a firmas industriaisexportadoras (Drawback Intermediário), quando cabível. 1. Deverão ser definidos os montantes do produto destinado à exportação e do produto intermediário a ser fornecido, observados os demais procedimentos relativos ao Drawback Intermediário. 2. Poderá, ainda, abranger produto destinado à venda no mercado interno com o fim específico de exportação, observado o disposto nesta CND. (grifos não originais) Da leitura dos textos transcritos, verificase que a concessão do regime drawback intermediário depende de pedido específico em que definido os montantes (i) do produto destinado à exportação e (ii) do produto intermediário a ser fornecido, observados os demais procedimentos relativos ao drawback intermediário, dentre os quais a obrigatória menção da participação do fabricanteintermediário no RE e a apresentação da Nota Fiscal de venda emitida pelo fabricanteintermediário para empresa industrial ou industrialexportadora. No caso, induvidosamente, tais requisitos que não foram atendidos. Além disso, não se pode olvidar que o regime de drawback intermediário é uma modalidade especial de drawback concedida a empresas denominadas fabricantes intermediárias, que importam mercadoria destinada à industrialização de produto intermediário Fl. 2050DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 14 a ser fornecido a empresas industriaisexportadoras, para emprego na industrialização de produto final destinado à exportação. No caso em tela, após a emissão dos referidos AC, a beneficiária, embora tenha realizado algumas exportações diretamente, alterou as condições pactuadas e tentou transformar, por conta própria, o regime drawback suspensão comum em regime drawback intermediário, sem contudo submeter tal alteração à anuência prévia do órgão concedente. Ao assim proceder, a recorrente descumpriu as regras próprias de concessão do regime drawback intermediário, tornando sem qualquer efeito os procedimentos por ela adotados ao arrepio das normas de concessão do referido regime, que depende da realização de procedimentos específicos, conforme explicitado. Na época dos fatos, a comprovação de exportação vinculada ao regime drawback suspensão, em todas as modalidades, deveria ser feita somente por meio dos documentos relacionados no subitem 21.2 da citada Consolidação das Normas do Regime de Drawback, a seguir transcrito: 21.2 São documentos hábeis para comprovação de exportação vinculada ao Regime de Drawback: I Comprovante de Exportação autenticado pela Secretaria da Receita Federal (SRF), acompanhado de extrato do Registro de Exportação (RE), contendo as informações referentes à averbação do embarque; II Nota Fiscal de venda emitida por empresa industrial beneficiária do Regime – 2ª via (via do emitente), com o fim específico de exportação, para empresa comercial exportadora constituída na forma do DecretoLei No 1.248, de 29 de novembro de 1972, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo declaração original, firmada e datada, do recebimento em boa ordem do produto, observado o disposto no Anexo X desta CND; III Nota Fiscal de venda emitida por empresa industrial beneficiária do Regime – 2ª via (via do emitente), com o fim específico de exportação, para empresa de fins comerciais habilitada a operar em comércio exterior, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo declaração original, firmada e datada, do recebimento em boa ordem do produto e de declaração nos termos do subitem 3.8 do Anexo XI, observados os demais dispositivos do Anexo XI desta CND; IV Nota Fiscal de venda emitida por empresa industrial beneficiária do Regime, no caso de fornecimento no mercado interno, vinculado ao Regime de Drawback de que tratam os Títulos 13, 14 e 17 desta CND, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo declaração original, firmada e datada, do recebimento em boa ordem do produto; V Nota Fiscal de venda emitida por fabricanteintermediário para empresa industrial ou industrialexportadora, no caso de Drawback Intermediário, observado o disposto na Instrução Normativa SRF No 21, de 13/03/85 e no item 21.5 desta CND. Fl. 2051DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 107 15 Da simples leitura dos textos transcritos, inferese que a comprovação das exportações amparadas pelo regime drawback suspensão comum deve ser feita pelo próprio beneficiário do regime de duas formas: a) mediante apresentação do Comprovante de Exportação autenticado pela Secretaria da Receita Federal (SRF), acompanhado de extrato do Registro de Exportação (RE), emitidos em nome do próprio beneficiário, no caso de exportação direta; e b) 2ª via (via do emitente) da Nota Fiscal emitida pelo beneficiário do regime, acompanhada de cópia da 1ª via (via do destinatário) contendo os dizeres exigidos pela referida norma, no caso de venda no mercado interno, com fim específico de exportação. No caso em tela, as vendas realizadas pela recorrente às pessoas jurídicas Empresa Brasileira de Compressores S/A – EMBRACO e Tecumseh do Brasil Ltda. não foram para fim específico de exportação, mas para industrialização e posterior exportação pela referidas pessoas jurídicas, conforme asseverado pela própria recorrente. Dessa forma, os RE emitidos pelas referidas pessoas jurídicas e as Notas Fiscais correspondentes de venda no mercado interno, emitidas pela recorrente, induvidosamente, não servem de prova para fim de comprovação do regime de drawback suspensão comum, concedido à recorrente por meio dos citados AC. Por essas razões, os RE emitidos pelas mencionadas pessoas jurídicas não servem de meio de prova do compromisso de exportação assumido no âmbito dos referidos AC. Diante dessa conclusão, resta analisar somente se os RE (e respectivas Notas Fiscais), emitidos pela recorrente e relacionados nos Anexos nºs 3022 e 3023 (fls. 92/93), destinados a comprovação do compromisso de exportação do AC nº 001896/0003676, atendem os demais requisitos exigidos na legislação, o que será feito a seguir. Da análise dos requisitos formais dos RE emitidos pela recorrente. Para fim de comprovação do adimplemento de parte do compromisso de exportação do AC nº 001896/0003676, a recorrente apresentou os RE elencados nos Anexos de comprovação nº 3022 e 3023 (fls. 152/178), que foram os seguintes: 98/0136582001, 98/0208498001, 98/0260751001, 98/0338994001, 98/0409765001, 98/0409807001, 98/0183390001/002/003, 98/0232908001, 98/0251934001/002/003. A fiscalização desqualificou todos esses RE como meio de prova (fls. 23/24), sob o argumento de que eles não atendiam os seguintes requisitos formais: a) o campo “2a” dos RE nº 98/0260751001 e 98/0409807001 estava preenchido com o código 80000 da exportação comum; e b) nos demais RE a inclusão do código 81101 do drawback suspensão comum no campo “2a” e a vinculação ao AC nº 001896/0003676 no campo 02f ou 24 foram efetuadas após a averbação. Segundo a fiscalização, após concluídos todos os procedimentos de despacho de exportação, a recorrente não podia utilizarse de uma exportação efetuada no “regime comum” de exportação para comprovar um compromisso de exportação referente a um AC do regime drarwback suspensão. Nesse caso, somente exportações enquadradas nos códigos de operação para o regime drawback suspensão comum (81101) eram hábeis para tal comprovação. Fl. 2052DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 16 Previamente, é oportuno registrar que, não obstante a autoridade administrativa ter anexado cópias dos RE nº 98/0260751001 e 98/0409807001 emitidas em 22/10/98 onde o código de enquadramento da operação consignado no campo “2a” ainda era 80000 (fls. 163 e 169), a recorrente trouxe aos autos prova de que em 5/11/1998 esse campo já se encontrava com pedido de alteração para o código 81101 sob a análise da Secex (fls. 832 e 884 – Volume IV), de sorte que, atualmente, todos os RE analisados nesse tópico encontramse sob a mesma situação, ou seja, campo 2a, preenchido com o código 81101 e campo 24 com vinculação ao AC nº 001896/0003676 registrada, consoante demonstram as consultas realizadas ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). No caso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que as alterações, relacionadas aos ditos campos dos citados RE foram realizadas após a averbação da exportação, porém antes do início do procedimento fiscal, que ocorreu em 5/3/2002 (fls. 2/4). Dessa forma, a questão que remanesce consiste em saber se tais documentos nessa condição prestavamse a comprovar o adimplemento do regime drawback suspensão em tela. Não há dúvida de que o correto preenchimento de todos os campos do RE, documento base para o processamente das operações de exportação, revestese de fundamental importância, para fim do controle aduaneiro exercido no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), especialmente, na hipótese de operação de exportação realizada sob a égide do regime aduneiro de drawback suspensão. Neste caso, ao preencher o campo relativo ao enquadramento da operação de exportação com o código 80000 da exportação comum e não vincular o RE ao respectivo AC no campo 24, certamente o exportador fez com que todo o procedimento do desembaraço aduaneiro na exportação fosse conduzido com tratamento fiscal diferente do que poderia ter sido adotado para uma exportação no regime drawback, que envolve dispensa do pagamento de tributos na operação de importação dos insumos utilizados nos produtos exportados. Com efeito, sob o código 81101, os despachos aduaneiros de exportação realizados pela recorrente, certamente, teriam maior probabilidade de ser selecionados para o canal de conferência documental ou física, e, assim sendo, estaria sujeita, por exemplo, à apresentação do ato concessório e à confrontação das mercadorias exportadas com aquelas compromissadas a exportar no âmbito do correspondente AC. Da mesma forma, a vinculação no campo 24 do correspondente AC visa evitar que um mesmo RE seja usado para comprovação de mais de um ato concessório. Por tais razões, as normas vigentes à época, especialmente o art. 325 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto 91.030/1985, o subitem 19.3 do Anexo V da citada CND, determinava que somente seriam aceitos, para fim de comprovação do compromisso de exportação, o RE devidamente vinculado ao correspondente AC. Eis redação dos citados preceitos normativos: Decreto nº 91030/85 Art. 325 A utilização do benefício previsto neste Capítulo será anotada no documento comprobatório da exportação. CND CAPITULO V COMPROVAÇÕES TÍTULO 19 Modalidade Suspensão Fl. 2053DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 108 17 [...]. 19.3 Somente serão aceitos Declaração de Importação e Registro de Exportação (RE) devidamente vinculados ao Ato Concessório de Drawback. [...]. ANEXO V EXPORTAÇÃO VINCULADA AO REGIME DE DRAWBACK [...]. 3. É obrigatória a vinculação do registro de Exportação (RE) ao Ato Concessório de Drawback, modalidade suspensão. 4. Somente será aceito para comprovação do Regime, modalidade suspensão, Registro de Exportação (RE) contendo, no campo 2a, o código de enquadramento constante do Anexo “I” (I – Tabela de Enquadramento da Operação) da Portaria SECEX nº 2, de 22/12/92, bem como as informações exigidas no campo 24 (dados do fabricante). [...]. (grifos não originais) No caso em tela, o fato de a recorrente, antes do início do procedimento fiscal, ter procedido a correção de forma espontânea dos referidos RE, induvidosamente, faz com que tais requisitos sejam supridos. Além disso, a determinação da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), órgão competente para fixar os requisitos do regime de drawback suspensão, no sentido de que os “RE efetivados e averbados, não poderão ser alterados para fins de inclusão, exclusão ou alteração de informações nos campos 2a, quando envolver códigos de enquadramento referente a Drawback, e 24, com vistas a comprovação do regime”, veiculada por meio da Notícia Siscomex nº 283, de 1/8/2007, somente ter sido publicada após as alterações pleiteadas pela recorrente, conduz a conclusão de que, até a referida data, era possível ser feitas tais alterações. Por essas razões, admitese tais RE como prova adequada de parte do compromisso de exportação assumido por meio do AC nº 001896/0003676. Do descumprimento do princípio da vinculação física. No subitem 2.2 do Relatório de Ação Fiscal (fls. 21/23), a fiscalização informou que, intimada a apresentar o Livro Controle de Produção e de Estoque (modelo 3), a autuada apresentou folhas impressas de Controle de Produção e de Estoque, relativas a toda a produção. Feita a análise dessa documentação, a fiscalização concluiu que a recorrente não mantinha controles e registros de estoques dos insumos estrangeiros importados ao amparo do regime aduaneiro de drawback suspensão, bem como não mantinha controles e registros dos estoques de produtos finais elaborados com os insumos importados no âmbito do citado regime. A escrituração da recorrente englobava toda a matéria prima adquirida, seja no 3 Disponível em http://www.desenvolvimento.gov.br. Acesso em 2 out. 2014. Fl. 2054DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 18 mercado interno ou externo, incluindo a importada para utilização específica ao abrigo do regime de drawback. Ainda relatou a fiscalização que: a) os valores totais dos produtos exportados informados à Secex, para fim de comprova do regime, foram menores do que aqueles registrados nas citadas folhas de Controle de Produção e de Estoque; e b) não localizou a entrada da matéria prima importada ao amparo do AC 001896/0003676 e que, relativamente à mercadoria amparada pelo AC 001896/0004036, não existia registro de sua entrada nos controles de produção e de estoque apresentados pela autuada. Enfim, a fiscalização concluiu que, se a empresa não fazia a escrituração individualizada do Livro de Registro de Controle de Produção e de Estoque (modelo 3), não havia como demonstrar o efetivo cumprimento das condições onerosas decorrentes da concessão dos AC 001896/0003676 e 001896/0004036 (quantidades, discriminação dos insumos e produtos, preços e prazos de validade). Logo, não tinha como comprovar que atendera ao Princípio da Vinculação Física. Por sua vez, a recorrente alegou que tinha total controle da movimentação de seus estoques, seja de matéria prima (cobre), seja de produto acabado (fio), tudo controlado pelo sistema integrado Magnus, de autoria da empresa Datasul, devidamente reconhecido pela RFB. Não procede a alegação da recorrente. As graves irregularidades apresentadas na escrituração das referidas fichas do Controle de Produção e de Estoque, a meu ver, torna imprestável tal documentação para fim comprovação do efetivo controle da matéria prima importada e do produto a ser exportado. Além disso, a recorrente não apresentou justificativas plausível, amparada por documentação adequada, acerca das irregularidades apontadas pela fiscalização, no sentido de demonstrar que a matéria prima importada foi incorporada ao produto exportado. Aliás, ao invés de contestar tais discrepâncias relatadas pela fiscalização, a recorrente suscitou a aplicação do princípio da fungibilidade da matéria prima nacional e importada estocada, afirmando que a substituição de material importado por equivalente, desde que em mesma quantidade e qualidade não comprometia o cumprimento do regime drawback em questão. Com efeito, para recorrente, o estoque de matérias primas formado pelo mesmo “cobre”, não havendo necessidade de manutenção de estoques e controles separados para as matérias primas importadas, porque se tratava de matéria prima fungível, logo, nada impedia que, dentro do prazo de vigência dos AC, a recorrente tivesse substituído a matéria prima importada por idêntica, no gênero, quantidade e qualidade, para a fabricação do produto a ser reexportado, o que não descaracterizava o cumprimento do regime de drawback em questão, conforme Parecer Normativo 12/79 do Coordenador do Sistema de Tributação. Sem razão a recorrente. Diferentemente do alegado pela recorrente, o princípio que norteia o regime drawback suspensão é o princípio da viculação e não o da fungibilidade. Este somente se aplica ao drauback isenção. Com efeito, a vinculação física entre o insumo importado e o produto final exportado é requisito necessário para fruição do incentivo fiscal do regime drawback suspensão, por expressa determinação do inciso II do art. 78 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966, a seguir transcrito: Art. 78 Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: Fl. 2055DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 109 19 (...) II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; [...] Em consonância com o disposto no referido preceito legal, os arts. 315 a 319 do Regulamento Aduaneiro de 1985 (RA/1985), aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 5 de março de 1985, vigente na época da concessão do citado regime, tratam da regulamentação do assunto. No que tange ao princípio da vinculação física, merece destaque os seguintes dispositivos a seguir transcritos: Art. 314 Poderá ser concedido pela Comissão de Política Aduaneira nos termos e condições estabelecidos no presente Capítulo, o benefício do "drawback" nas seguintes modalidades (DecretoLei nº 37/66, artigo 78, I a III): I) suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; (...) Art. 315 O benefício do "drawback" poderá ser concedido: [...] II) à mercadoria matériaprima, produto semielaborado ou acabado utilizada na fabricação de outra exportada, ou a exportar; [...] [...] Art. 319 As mercadorias admitidas no regime que, em seu todo ou em parte, deixem de ser empregadas no processo produtivo de bens, conforme estabelecido no ato concessório, ou que sejam empregadas em desacordo com este, ficam sujeitas ao seguinte procedimento: (redação dada pelo Decreto nº 636/1992) [...] De acordo com os referido preceitos normativos, para fim de cumprimento do regime drawback suspensão, era imprescindível que o insumo importado fosse beneficiado ou aplicado diretamente no produto exportado, integrandoo fisicamente ou, no mínimo, sendo consumido no processo produtivo do produto exportado. No mesmo sentido, o assunto encontravase disciplinado na Portaria Secex nº 04, de 11 de junho de 1997, também vigente na época do deferimento do regime, cujo art. 21 também explicitava a necessidade de utilização das matériasprimas importadas no processo industrial dos produtos a serem exportados, nos termos a seguir transcrito: Fl. 2056DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 20 Art. 21 – O Regime de Drawback, modalidade suspensão, condiciona a empresa beneficiária ao adimplemento do compromisso de exportar, no prazo estipulado no Ato Concessório de Drawback, produtos na quantidade e valor determinados, em cujo processo de industrialização serão utilizadas as mercadorias a importar ao amparo do Regime. (grifos não originais) Em suma, na forma da legislação aplicável, a conclusão inexorável é que a modalidade de drawback suspensão não comporta abrandamento ou exceção, exigindo como condição necessária para o seu cumprimento a observância do critério da vinculação física. Não se pode olvidar, ademais, que, por força do disposto no art. 111 do CTN, as regras atinentes ao drawback suspensão, por serem de caráter excepcional, veiculadora de benefício de suspensão do pagamento dos tributos incidentes na operação de importação, devem ser interpretadas de forma literal, isto é, sem utilização dos recursos de integração da norma jurídica, especialmente, o da analogia em relação ao regime de drawback isenção, que é regido pelo princípio da fungibilidade. Na prática, a adoção da alegação da recorrente representaria a substituição do princípio da vinculação física pelo princípio da fungibilidade ou da equivalência, que permite a substituição de uma mercadoria importada ao amparo do regime suspensivo de tributação por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade, inclusive, podendo esta ser nacional, nacionalizada ou estrangeira, afrontando o disposto nos referidos preceitos normativos. Não é demais ressaltar que o princípio da fungibilidade tem aplicação restrita ao regime drawback isenção, conforme estabelecido o inciso III do art. 78 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir reproduzido: Art. 78 Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: [...] III isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. [...] (grifos não originais) Tal princípio, por falta de expressa previsão legal não se aplica ao regime drawback suspensão, que é regido pelo princípio da vinculação física, conforme anteriormente exposto. Nesse sentido, têm se manifestado os membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), conforme se infere do teor do enunciado da ementa a seguir transcrita: DRAWBACK SUSPENSÃO. PAF. CONHECIMENTO. Não se toma conhecimento das matérias cujos paradigmas apontam situações fáticas diversas. COMPETÊNCIA. A Secretaria da Receita Federal é competente para verificar o adimplemento do compromisso de exportar no regime aduaneiro especial de drawback suspensão. Fl. 2057DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10660.001824/200257 Acórdão n.º 3102002.336 S3C1T2 Fl. 110 21 PRINCIPIO DA IDENTIDADE. Necessária a vinculação fisica entre as mercadorias importadas com o beneficio da suspensão de tributos e a mercadoria exportada. Mesmo que assim não fosse, o principio da fungibilidade não poderia ser aplicado ao caso, em que a empresa destinou os solados a outros fabricantes de calçados no mercado nacional e não restou comprovado que os calçados foram exportados. Preliminar rejeitada. Recurso especial não conhecido e no mérito negado. (Processo n° 11065.002904/9511. Recurso nº 301119678. Acórdão n° CSRF/0305.557. Rel. Cons. Anelise Daudt Prieto. Julgado na Sessão de 13 de novembro de 2007) grifos não originais. DRAWBACK SUSPENSÃO. O encerramento do regime de drawback, na modalidade suspensão, exige a comprovação, por meio da apresentação dos documentos fixados na legislação de regência, de que o beneficiário empregou os insumos importados sob o manto do regime nas mercadorias exportadas em cumprimento do compromisso assumido. Ausentes tais elementos, não há como se considerar o regime adimplido. Recurso Especial do Procurador Provido. (Processo n° 10580.009781/200167. Recurso nº 325.142. Acórdão n° 9303 00.210. Rel. Cons. Susy Gomes Hoffmann. Julgado na Sessão de 13 de novembro de 2007) Por todas essas razões, fica demonstrado que o princípio da fungibilidade não se aplica ao drawback suspensão, que, diferentemente do alegado pela recorrente, é regido pelo princípio da vinculação física. Logo, se não foi comprovada a aplicação da totalidade dos insumos importados, sob a égide do regime de drawback suspensão, inequivocamente, houve descumprimento do regime, portanto, devida a cobrança dos tributos suspensos, nos termos propostos nas autuações em questão. III Da Conclusão Por todo o exposto, votase por rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 2058DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 22 Fl. 2059DF CARF MF Impresso em 13/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 30 /01/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 10865.000125/2007-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS CONTIDOS NA LEI.
O art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabelece a presunção de omissão de rendimentos em relação aos depósitos efetuados em contas bancárias de titularidade do contribuinte para os quais não haja comprovação de origem. Tal presunção, porém, somente se aperfeiçoa quando o contribuinte é devidamente intimado a comprovar a origem dos depósitos considerados sem origem, de forma individualizada, e mesmo assim não o faz. Sem a sua intimação não se pode falar na ocorrência da referida presunção, razão pela qual não pode prevalecer o lançamento que assim foi efetuado.
Numero da decisão: 2102-003.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
Nubia Matos Moura Presidente Substituta
Assinado Digitalmente
Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti - Relatora
EDITADO EM:
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NUBIA MATOS MOURA (Presidente Substituta), JOAO BELLINI JUNIOR, DAYSE FERNANDES LEITE, ALICE GRECCHI, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, LIVIA VILAS BOAS E SILVA.
Nome do relator: ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS CONTIDOS NA LEI. O art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabelece a presunção de omissão de rendimentos em relação aos depósitos efetuados em contas bancárias de titularidade do contribuinte para os quais não haja comprovação de origem. Tal presunção, porém, somente se aperfeiçoa quando o contribuinte é devidamente intimado a comprovar a origem dos depósitos considerados sem origem, de forma individualizada, e mesmo assim não o faz. Sem a sua intimação não se pode falar na ocorrência da referida presunção, razão pela qual não pode prevalecer o lançamento que assim foi efetuado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Nubia Matos Moura Presidente Substituta Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti - Relatora EDITADO EM: Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NUBIA MATOS MOURA (Presidente Substituta), JOAO BELLINI JUNIOR, DAYSE FERNANDES LEITE, ALICE GRECCHI, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, LIVIA VILAS BOAS E SILVA.
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS CONTIDOS NA LEI. O art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabelece a presunção de omissão de rendimentos em relação aos depósitos efetuados em contas bancárias de titularidade do contribuinte para os quais não haja comprovação de origem. Tal presunção, porém, somente se aperfeiçoa quando o contribuinte é devidamente intimado a comprovar a origem dos depósitos considerados sem origem, de forma individualizada, e mesmo assim não o faz. Sem a sua intimação não se pode falar na ocorrência da referida presunção, razão pela qual não pode prevalecer o lançamento que assim foi efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Nubia Matos Moura – Presidente Substituta Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Relatora EDITADO EM: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 01 25 /2 00 7- 06 Fl. 1280DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 2 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NUBIA MATOS MOURA (Presidente Substituta), JOAO BELLINI JUNIOR, DAYSE FERNANDES LEITE, ALICE GRECCHI, ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, LIVIA VILAS BOAS E SILVA. Relatório Em face do contribuinte acima identificado, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 04/12 para exigência de IRPF em razão da presunção de omissão de rendimentos, fundada na existência de depósitos bancários de origem não comprovada, em contas de sua titularidade. O lançamento abrangeu fatos geradores ocorridos entre os anos de 2001 e 2005, e o contribuinte dele foi cientificado em 05.02.2007. Nesta ocasião, apresentou a impugnação de fls. 697/729, na qual alegou que: seria nulo o auto de infração pela flagrante inconstitucionalidade da Lei n° 10.174, de 2001; o início do procedimento fiscal teve início com a quebra do sigilo bancário, quando em 27/06/2006 lhe foi solicitada a entrega de todos os extratos de contas bancários mantidas em instituições financeiras; em 06/12/2006, após solicitações de prorrogação de prazo, apresentou sob protesto e para evitar embaraço à fiscalização os referidos extratos, porém solicitando motivação no sentido de saber em que dispositivo do art. 3° do Decreto n° 3.724, de 2001, se enquadrava a situação fática do mesmo; em nenhuma das condições elencadas de forma taxativa no art. 3° do Decreto n° 3.724, de 2001, se enquadra a sua situação; o lançamento do imposto de renda tendo como base apenas a movimentação financeira é incorreto, por ser apenas presunção, suposição ou indício, pois não existe renda presumida. Cita a Súmula n° 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos; o uso da presunção do art. 42 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, subsiste unicamente na finalidade de demonstrar a existência do fato jurídico tributário por meio de provas indiretamente relacionadas a ele, desde que seja impossível chegar à verdade real através de provas diretas, porém, sempre em atendimento aos princípios constitucionais da segurança jurídica, da capacidade contributiva e do não confisco; como se verifica em sua Declarações de Ajuste Anual Exercícios 2002 a 2006, não houve acréscimo patrimonial; apresenta justificativas às fls. 712/720, juntando os documentos de fls.730/1.021; por ser pessoa física não está obrigado a manter sistema de contabilidade em que são registradas as operações bancárias de entrada e saída de numerário; Fl. 1281DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA Processo nº 10865.000125/200706 Acórdão n.º 2102003.260 S2C1T2 Fl. 1.281 3 pede a realização de diligências e perícias, para obtenção de novos documentos, bem como a sustentação oral e discorre acerca dos princípios da verdade material, da proporcionalidade e da razoabilidade, para concluir pelo descabimento do auto de infração. Na análise de tais argumentos, os integrantes da DRJ II em São Paulo decidiram pela parcial manutenção do lançamento, em julgado do qual se extrai a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. INEXISTÊNCIA DE FATOS A ESCLARECER. DESNECESSIDADE. A diligência e a perícia são reservadas a esclarecimentos: de fatos ou circunstancias obscuras, não cabendo realizálas quando as informações contidas nos autos são suficientes ao convencimento do julgador e a solução do litígio dela independe. SIGILO BANCÁRIO. É equivocada a alegação de quebra indevida do sigilo bancário, quando as Requisições de Movimentação Financeira foram feitas em face da negativa do sujeito passivo em atender às intimações fiscais, na sua totalidade, tendo a fiscalização observado as normas regulamentadoras da matéria. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997 A Lei n° 9430/96, vigente a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu. artigo 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO. Excluemse da base de cálculo do lançamento de ofício os valores dos depósitos bancários, cuja origem foi comprovada pelo sujeito passivo na fase impugnatória. Lançamento Procedente em Parte Entenderam como comprovada a origem de parte dos depósitos que ensejaram o lançamento, conforme tabelas de fls. 1042 a 1044. Não tendo se conformado, o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 1.047/1078, no qual reiterou os argumentos expostos em sede de impugnação, e alegou que depósitos bancários não podem ser considerados como renda, que deveria ser aplicado ao caso o § 5º do art. 42 da Lei nº 9.430/96, diante da existência em sua conta de valores que não lhe pertenciam, e que fora indevidamente quebrado o seu sigilo bancário, já que os extratos bancários foram por ele apresentados à fiscalização “sob protesto”. Afirmou ainda que o lançamento teria deixado de individualizar os depósitos que foram considerados como de origem não comprovada, e por isso ele nunca fora intimado a apresentar a justificativa da Fl. 1282DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 4 origem de nada. Em seguida, discorreu sobre as comprovações apresentadas acerca da origem dos depósitos. Discorreu sobre o princípio da verdade real e a necessidade da realização de diligências para a comprovação de outros depósitos, e ainda que o Auto de Infração teria violado os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Por fim, discorreu sobre a jurisprudência administrativa a respeito da matéria e alegou ser confiscatória a multa aplicada, que deveria ser revista. Os autos foram remetidos a este Conselho para julgamento. Às fls. 1219/1220, o Recorrente apresenta petição por meio da qual afirma, nos termos da Lei nº 11.941/09, que: 1) O recorrente desiste dos seguintes direitos que se fundam a ação: a) Não configuração em renda dos depósitos bancários (art. 42, Lei 943011996). 2) Por outro lado, o processo administrativo em questão deverá ter seu prosseguimento, com as seguintes questões: a) Exclusão da Multa de 75% (setenta e cinco por cento); b) Decadência para o exercício de 2001 e período de Janeiro de 2002 c) Parte probatória a que se refere as planilhas e documentos acostados, comprovando justificativas quanto aos depósitos ou créditos mantidos nas contas bancárias em questão, e d) Tudo o que mais constar no processo, excetuado o item 1. (...) Em seguida apresentou petição detalhando quais seriam os valores relativos à desistência para fins de parcelamento. Por conta da referida manifestação, esta turma julgadora determinou – em 09.02.2012 – que os autos retornassem à DRF de origem para que fosse segregada a parcela do crédito tributário para a qual o contribuinte manifestara desistência, devendo os autos retornarem para apreciação da parcela para a qual não houve desistência. Feita a segregação, os autos retornaram a este Conselho para julgamento. É o Relatório. Voto Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Relatora O contribuinte teve ciência da decisão recorrida em 14.05.2009, como atesta o AR de fls. 1.046v.. O Recurso Voluntário foi interposto em 12.06.2009 (dentro do prazo legal para tanto), e preenche os requisitos legais por isso dele conheço. Fl. 1283DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA Processo nº 10865.000125/200706 Acórdão n.º 2102003.260 S2C1T2 Fl. 1.282 5 Conforme relatado, tratase de Recurso voluntário interposto em processo no qual se discute lançamento de IRPF em razão da presunção de omissão de rendimentos fundada no art. 42 da Lei n° 9.430/96. O contribuinte desistiu de parte do recurso, o que ensejou o desmembramento da parcela do débito que não estaria mais em discussão nestes autos. Quanto à parcela para a qual não houve desistência, o contribuinte alega: a) ser confiscatória a multa de 75% aplicada ao lançamento; b) ter ocorrido a decadência parcial do direito do Fisco de efetuar este lançamento; c) ter comprovado a origem de depósitos efetuados em suas contas; d) ter sido violado o Decreto 3.724/01, tendo em vista que não lhe foi informado em que inciso o mesmo se enquadrou para dar ensejo ao início da fiscalização que culminou com este lançamento. Quanto a este último item, o Recorrente afirma que não teria havido motivação ou fundamento legal para a quebra do seu sigilo bancário, e afirma ainda que não teria sido devidamente intimado a comprovar a origem dos depósitos bancários que deram ensejo ao lançamento, pois não fora informado sobre quais os depósitos que deveriam ser comprovados. De fato, a análise da documentação acostada aos autos demonstra que foi instaurado procedimento fiscal em face do contribuinte Recorrente, sendo o mesmo intimado a apresentar seus extratos bancários. Os extratos foram parcialmente apresentados, e por isso a autoridade fiscal expediu as competentes RMF aos bancos para que os demais extratos de suas contas fossem apresentados. Trazidos os extratos (segundo consta do relatório que instrui o Auto de Infração) foram excluídas as transferências entre contas do próprio contribuinte e considerados todos os demais depósitos como não comprovados, como consta as fls. 14 dos autos, verbis: Tendo em mira a grande quantidade de valores ingressados na movimentação bancária da pessoa física em tela, foram analisados minudentemente os respectivos extratos bancários, dos quais foram desconsiderados os seguintes depósitos/créditos: 1º) Os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física (Art. 42, §30, Inciso 1 da Lei n° 9.430/96; Art. 849, § 2 0, inciso 1 do RIR/99); e, 2°) Os referentes a resgates de aplicações financeira, estornos, cheques devolvidos, e empréstimos bancários. Como se vê, não foram consideradas quaisquer justificativas do contribuinte sobre a origem dos depósitos efetuados em suas contas, pelo simples fato de que o mesmo não foi intimado a fazêlo de forma individualizada, ou ao menos não há qualquer evidência nos autos de que isto tenha ocorrido. De acordo com a documentação dos autos, o Recorrente foi intimado e reintimado a apresentar: 1.) Extratos bancários relativos a todas as contas bancárias que deram origem à movimentação financeira na(s) instituição(ões) bancária(s) abaixo discriminadas, informando se as mesmas foram movimentadas em conjunto ou individualmente. Quanto às Fl. 1284DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 6 eventuais contasconjuntas, deverá ser informada a identificação (nome e CPF) de todos os respectivos titulares, bem como a participação percentual de cada um deles em cada conta. BANCO BOA VISTA INTERATLÂNTICO S.A., BANCO NOSSA CAIXA S.A., BANCO BCN S.A., BANESPA — BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A., e BANCO SANTANDER BRASIL S.A.;E, 2.) Documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, comprovando a origem dos recursos depositados/creditados naquela(s) conta(s) bancária(s). Tais intimações não foram acompanhadas de qualquer anexo que demonstrasse quais os depósitos deveriam ser comprovados, dando a entender que a autoridade fiscal pretendia que o Recorrente apresentasse a prova dos depósitos como um todo – mas não de forma individualizada, como preconiza a lei. Ademais, quando foram expedidas estas intimações, a autoridade fiscal ainda nem dispunha dos extratos. Vale lembrar que o art. 42 da Lei n° 9.430/96 estabelece a presunção de omissão de rendimentos nos casos de depósitos bancários sem origem comprovada, desde que o contribuinte – devidamente intimado – não comprove a origem dos mesmos. Eis a redação do referido dispositivo: Art. 42. Caracterizamse, também omissão de receita ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Medida Provisória nº 1.5637, de 1997) (Vide Lei nº 9.481, de 1997) §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na Fl. 1285DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA Processo nº 10865.000125/200706 Acórdão n.º 2102003.260 S2C1T2 Fl. 1.283 7 tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (sem destaques no original) Da redação do §3° acima transcrito, resta claro que a apuração dos depósitos para fins de lançamento com base na presunção do art. 42 deve ser feita de forma individualizada, o que implica na análise de um a um dos depósitos. Não basta a aplicação do caput do referido artigo para que se viabilize a tributação por presunção lá prevista. É preciso que a autoridade fiscal observe todos os requisitos previstos nos parágrafos deste mesmo artigo. No caso, a autoridade fiscal simplesmente recebeu os extratos, excluiu transferências entre contas e resgates de aplicações financeiras, mas deixou de intimar o contribuinte para que demonstrasse a origem dos depósitos remanescentes após estas exclusões – ou seja, os depósitos tidos como sem origem. A tributação com base em presunções, porém, não pode ser tida como regra, sendo uma hipótese excepcional, razão pela qual deve a lei ser rigorosamente obedecida, sob pena de se estabelecerem presunções ilegais. Ora, não sendo o contribuinte intimado acerca de quais os depósitos (repita se individualizadamente) deverá ele comprovar, não é lícito à autoridade fiscal simplesmente presumir que a totalidade dos depósitos efetuados em suas contas se enquadra na presunção do referido art. 42. Diante do exposto, é de se concluir que no caso vertente não foi observado o rito determinado no art. 42, razão pela qual o lançamento é de ser cancelado, diante da falta de base legal para a presunção levada a efeito pela autoridade fiscal. Assim, VOTO no sentido de DAR provimento ao recurso para cancelar o lançamento. Assinado Digitalmente Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti Fl. 1286DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA 8 Fl. 1287DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalment e em 24/03/2015 por ROBERTA DE AZEREDO FERREIRA PAGETTI, Assinado digitalmente em 27/03/2015 por NUB IA MATOS MOURA
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Numero do processo: 13971.005096/2009-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 11/02/2005 a 01/09/2006
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. COMPROVAÇÃO INEQUÍVOCA.
A utilização de pessoa interposta, com a ocultação dos reais adquirentes das mercadorias e beneficiários das importações representa dano ao erário punível com multa equivalente à pena de perdimento.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONFIGURAÇÃO.
São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie.
PROVA EMPRESTADA.
No procedimento de fiscalização tendente à lavratura de auto de infração o Fisco não está impedido de recorrer à prova emprestada de outros procedimentos instaurados para investigar os mesmos fatos
Numero da decisão: 3102-002.372
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário.
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
MIRIAN DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Luis Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ
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camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Período de apuração: 11/02/2005 a 01/09/2006 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. COMPROVAÇÃO INEQUÍVOCA. A utilização de pessoa interposta, com a ocultação dos reais adquirentes das mercadorias e beneficiários das importações representa dano ao erário punível com multa equivalente à pena de perdimento. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONFIGURAÇÃO. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. PROVA EMPRESTADA. No procedimento de fiscalização tendente à lavratura de auto de infração o Fisco não está impedido de recorrer à prova emprestada de outros procedimentos instaurados para investigar os mesmos fatos
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. RICARDO PAULO ROSA - Presidente. MIRIAN DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Luis Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 26; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1921; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T2 Fl. 2.430 1 2.429 S3C1T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.005096/200911 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3102002.372 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria Regimes Aduaneiros Recorrente SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA. ME E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 11/02/2005 a 01/09/2006 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. COMPROVAÇÃO INEQUÍVOCA. A utilização de pessoa interposta, com a ocultação dos reais adquirentes das mercadorias e beneficiários das importações representa dano ao erário punível com multa equivalente à pena de perdimento. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONFIGURAÇÃO. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. PROVA EMPRESTADA. No procedimento de fiscalização tendente à lavratura de auto de infração o Fisco não está impedido de recorrer à prova emprestada de outros procedimentos instaurados para investigar os mesmos fatos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. RICARDO PAULO ROSA Presidente. MIRIAN DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 50 96 /2 00 9- 11 Fl. 2430DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.431 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Luis Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Relatório Adoto, por fielmente retratar a realidade dos autos, o relatório utilizado pela D. Delegacia de origem no julgamento da Impugnação, ocasião em que o lançamento foi mantido em sua integralidade: “Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 883.091,02 referente a multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002. Inicialmente, em razão da conexão dos fatos apontados no presente processo com aqueles objeto do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, fazse necessário alguns esclarecimentos para que se compreenda o contexto em que lavrada a autuação em discussão. A fiscalização, no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, lavrou autuação relacionada à prática de infração cuja conduta está tipificada no inciso I, do artigo 83, da Lei n° 4.502/64 e regulamentada no artigo 631 do Decreto n° 4.543/02. Impugnada a autuação, o respectivo processo administrativo fiscal foi encaminhado para julgamento em primeira instância, tendo sido prolatado, em 03/07/2009, o Acórdão n° 0716.867 – 1ª Turma da DRJ/FNS, de lavra da ilustre Relatora Elizabeth Maria Violatto, acolhido por unanimidade de votos e, que considerou o lançamento realizado improcedente. Restando consignada a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 11/02/2005 a 01/09/2006 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO. Incabível a exigência decorrente de norma à qual a conduta apenada não se subsume. Da conversão do perdimento em multa resulta a cominação de penalidade diversa da que foi inscrita na peça acusatória. Assim, considerando as provas acostadas aos autos e a descrição dos fatos apontados pela fiscalização a autoridade julgadora concluiu que a conduta praticada pelos autuados não se subsumia à penalidade aplicada no Fl. 2431DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.432 3 âmbito daquele processo, fato que culminou na decretação de improcedência do lançamento e conseqüente extinção do respectivo crédito tributário. Considerando a decisão proferida no âmbito daquele processo e também a certeza da prática de conduta igualmente punível com multa de cunho tributário, a fiscalização lavrou novo auto de infração com vistas a constituição do devido crédito tributário, agora indicando a prática de infração diversa daquela anteriormente indicada (multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002). Depreendese da “Descrição dos Fatos” do auto de infração (fls. 1.022 a 1.138), que a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (CNPJ 04.884.039/000170) registrou as declarações de importação listadas às folhas 1.035 (em total de oito) onde descreveu as mercadorias importadas como “Fios de fibras sintéticas”, de origem asiática, indicando ainda, em tais declarações de importação que citada empresa se tratava tanto do “importador” quanto do “adquirente da mercadoria”. Diligência realizada na data de 19/02/2008 pela fiscalização, à sede da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA (CNPJ 02.742.723/000191) resultou na apreensão de diversos documentos fiscais e comerciais da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 33, 81 a 85) e, na lavratura de Termo de Constatação e Declaração (fls. 11) do Sr. OSNI DOS SANTOS (CPF 591.103.41900), onde restou consignado, em síntese, que: os sócios de direito da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME não possuíam capacidade financeira e seriam “laranjas”; a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. prestava serviços de industrialização por encomenda para a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME; assumiu a administração bancária da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME por procuração em razão do Sr. “João Miguel” estar impossibilitado à época (detido); assinava cheques e a documentação comercial daquela empresa. Informações prestadas pelo Instituto Nacional de Propriedade (INPI) indicam que a marca “SÓ ELA” foi registrada em nome da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. (fls. 209 e 210) na data de 25/08/2000. Diligência realizada na data de 02/07/08 em galpão informado à Secretaria da Receita Federal do Brasil como sendo da empresa na cidade de Guabiruba – SC restou ratificado, em depoimento do proprietário (fls. 515 a 517), que a empresa nunca exerceu atividade industrial e que o mesmo sempre estaria vazio. Diligência realizada na data de 19/02/2008 pela fiscalização, ao endereço da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME em Gaspar – SC resultou na Fl. 2432DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.433 4 constatação de ausência de qualquer indício de funcionamento da empresa naquele endereço, tendo sido encontrada apenas residência, cujo morador declarou, no Termo de Depoimento (fls. 38 e 39), em síntese, que já habitava a residência há muitos anos e que jamais existiu tal empresa instalada naquele endereço, contudo correspondências em nome da empresa chegavam ao local. Por outro lado, o endereço desta empresa, em seus primórdios, confundese com o endereço da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. ou com o endereço residencial do Sr. OSNI DOS SANTOS, bem como há indicação do mesmo telefone além do mesmo correio eletrônico (fls. 213 a 216). Diligência realizada na data de 21/02/2008 pela fiscalização, ao endereço (domicílio tributário) de um dos supostos sócios administradores da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME, Sr. Juviniano Nonato da Silva (CPF 528.149.47915), em Gaspar–SC resultou na constatação de que em tal endereço habitam pessoas cujos nomes são diversos daquele questionado. Nova diligência, realizada em 22/02/2008 ao possível local de trabalho do citado sócio, Empresa RJS Confecções (CNPJ nº 01.791.148/000154) resultou na lavratura do Termo de Constatação de folhas 54 e 55 onde entre outras informações que desconhece o Sr. Juviniano Nonato da Silva e, que este ingressou no quadro societário de sua empresa quando a mesma estava em débito com o Fisco Estadual, e que teria sido indicado pelo advogado Sr. Rafael dos Santos, sendo portanto este a pessoa que poderia indicar o paradeiro do Sr. Juviniano Nonato da Silva. Diligência realizada na data de 21/02/2008 pela fiscalização, ao endereço (domicílio tributário) de outro suposto sócioadministrador da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME, Sr. Lázaro Bento Ferreira (CPF 548.025.55920) resultou na sua notificação do procedimento fiscal em curso, tendo sido declarado pelo mesmo que era “pintor de paredes – autônomo”. Na mesma data a fiscalização se dirigiu à sede de outra empresa registrada em seu nome (Empresa Bajuh Confecções Ltda ME – CNPJ 01.817.087/000157), onde restou constatado no endereço apenas a existência de uma residência. Resposta (fl. 60) protocolada pelo Sr. Lázaro Bento Ferreira declara, em síntese que: desconhecia totalmente a existência da mencionada empresa e, ainda mais, a qualidade de sócio; desconhece a titularidade de fato de contacorrente, bem como de sua movimentação financeira; Cópias do Contrato Social e respectivas Alterações da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 153 a Fl. 2433DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.434 5 167) fornecidas pela Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (JUCESC) indicam que os Srs. Lázaro Bento Ferreira e Juviniano Nonato da Silva iniciaram sua participação societária em 05/10/2005. Sendo que o Sr. Lázaro Bento Ferreira saiu em 14/03/2007. Comparações entre as assinaturas do Sr. Lázaro Bento Ferreira apostas nas alterações contratuais e nas respostas apresentadas pelo mesmo à fiscalização não possuem qualquer semelhança (fl. 1.046). Os sócios não possuem patrimônio ou movimentação financeira, sendo o telefone de contato indicado o mesmo da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.(fls. 169 a 172). Cópias de procurações públicas obtidas junto ao Tabelionato de Notas e Protestos em Gaspar – SC (fls. 174 a 204) conferidas pela Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME ao Sr. OSNI DOS SANTOS (sócio da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.) indicam que o mesmo sempre orbitou aquela empresa, no período fiscalizado, possuindo poderes e funções gerenciais os mais diversos, além disto em uma das procurações o mesmo foi desobrigado de apresentar quaisquer contas de sua gestão, seja em alienação de bens ou outra qualquer transação (fl. 183). Resposta à Requisição de Movimentação Financeira, recebida de instituições bancárias (fls. 254 a 355, 771 a 966), em cotejo com os valores declarados de receita no mesmo período (fls. 217 a 253) indicam que embora tenha declarado movimentar pouco mais de cem mil reais (R$ 114.688,18) a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME movimentou, no período entre 2004 e 2006, junto às instituições financeiras mais de quarenta milhões de reais (R$ 40.635.974,88). Em tais documentos se observam em alguns casos dados da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. e do Sr. OSNI DOS SANTOS (telefones e endereços). Quanto aos gastos, se observa o uso de cartões de crédito vinculados à empresa por parte do Sr. OSNI DOS SANTOS e familiares para despesas de natureza pessoal. A análise comparativa entre os dados contábeis da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. e a movimentação financeira realizada junto à Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME levou a fiscalização a concluir (fls. 1.057 e 1.058) que a afirmação do Sr. OSNI DOS SANTOS, de que a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. Prestava serviços de industrialização por encomenda para a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME não possui sustentação fática, os recursos já eram transferidos a pelo menos um ano antes da prestação de qualquer serviço, conforme registros contábeis apresentados. Fl. 2434DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.435 6 A comparação dos dados bancários com os documentos retidos junto à Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. (contas diversas) indicam que pagamentos de contas telefônicas da empresa e de seu sócio, bem como despesas de saúde, consórcio de automóveis, energia elétrica, fornecedores de produtos e serviços, seguros, DARF, e outras despesas foram realizadas com recursos financeiros da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. A confusão entre pessoas jurídicas se estende ainda para outras atividades. A fiscalização indica (fls. 1.072 a 1.075) a utilização de empregados da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. para a prestação de serviços em nome da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. Também apresenta documentos onde se observa que os clientes das empresas tratavam as duas empresas como se fossem uma única empresa. Decisões de cunho gerencial (vendas e preços) eram tomadas a partir da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. Correspondência comercial datada de 05/09/05 (fl. 505) demonstra claramente o dolo e planejamento da fraude societária, há referências às alterações contratuais, procurações, colocação de placas no endereço da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA. ME com telefones de contato do Sr. Rafael e etc. Intimada a empresa que realizou os despachos de importação da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. (Intership Logística e Transportes Ltda. CNPJ 76.537.448/000100), a mesma apresentou esclarecimentos e os documentos relacionados às declarações de importação (fls. 533 a 781). Os principais fatos destacados são: a empresa de despachos recebia instruções diretas da Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. (CNPJ 80.085.244/000153), também recebia dessa empresa a documentação original para instrução do despacho, bem como o comprovante de remessa do numerário e prestação de contas; quanto à origem dos recursos utilizados nas operações de importação, os mesmos foram suportadas pela Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. (CNPJ 02.000.060/000130), conforme demonstrativo de depósitos à folhas 1.081; os recursos foram adiantados, isto é, foram repassados antes do registro das respectivas declarações de importação. Intimada a Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. sobre o paradeiro das mercadorias em questão a mesma informou desconhecer o destino, contudo apresentou algumas cópias de comprovantes de importação, extratos de declarações de importação e notas fiscais de entrada emitidas em nome da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 112 a 149). Fl. 2435DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.436 7 À folhas 1.082 a 1.103 a fiscalização indica para cada uma das declarações de importação os motivos e documentos que permitem concluir que tais operações foram realizadas a mando e ordem de terceiros. A fiscalização informa ainda que os extratos bancários permitem concluir que a Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. suportou financeiramente também as operações de câmbio (tabela folha 1.106). Relata a fiscalização que, embora as operações de importação tenham sido realizadas por ordem da Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. E por conta da Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA., as declarações de importação foram registradas no sentido de a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. ser tanto a importadora como a adquirente das mercadorias, muito embora esta última empresa não possuísse, à época, quadro societário legítimo, máquinas e instalações, e fosse administrada de fato pelo Sr. OSNI DOS SANTOS e sua Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. Assim, considerando que os atos jurídicos foram realizados à margem do que dispõe a legislação de regência e, em especial o disposto nas Instruções Normativas SRF n° 225/02 e 634/06, considerando as características da fraude realizada, a fiscalização concluiu que nas operações de importação em análise ocorreu a ocultação, mediante simulação, do vínculo existente entre as mercadorias importadas e os reais adquirentes das respectivas mercadorias. Caracterizada a conduta regulamentada no inciso XXII, do artigo 618, do Decreto n° 4.543/02. Intimados os responsáveis a apresentar as mercadorias importadas, não houve a indicação de sua localização, assim com base no disposto no § 1º, do artigo 618 do Decreto n° 4.543/02 foi aplicada a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias não localizadas. Considerando que respondem pela infração quem quer que, de qualquer forma concorra para a sua prática ou dela se beneficie, a fiscalização atribuiu a responsabilidade pelo crédito tributário à: Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. (interposta pessoa), Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. (beneficiada com a fraude), Sr. OSNI DOS SANTOS (beneficiado com a fraude), Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. (ordenador das operações de importação) e, Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. (financiador das operações de importação). À folhas 1.030 a 1.032 a fiscalização resume os principais motivos que ensejaram a responsabilidade atribuída às pessoas indicadas no polo passivo da autuação.(grifo nosso). Informa ainda a fiscalização que efetuou a devida Representação Fiscal para Fins Penais. Fl. 2436DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.437 8 Cientificada, a interessada Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. apresentou a impugnação de folhas 1.365 a 1.394. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia furtarse da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009); Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributários não foram intimados a esclarecer as importações; Que, o MPF não consta dos autos; Que, há nos autos diversos documentos dispostos em sequência ilógica, sem obedecer à cronologia dos fatos, dificultando ou impossibilitando a defesa; Que, constam fatos novos no auto de infração (apreensão de um caminhão de sua propriedade transportando carga(cigarros contrabandeados com documentação falsa), os quais não foram diligenciados ou cientificados à impugnante para que se manifestasse no curso do procedimento fiscal; Que, não houve o competente recurso de ofício da decisão prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, conforme determina o artigo 34 do Decreto n° 70.235/72; Que, há nulidade do lançamento em razão da impossibilidade de utilização de prova emprestada. Não foram observados requisitos mínimos de validade, não lhe foi ofertado no curso do novo procedimento fiscal oportunidade de se manifestar, apresentar documentos; Que, a decisão anterior, prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, reconheceu a nulidade daquele lançamento pela utilização de fundamento legal indevido, houve caracterização de erro de direito que impede a formalização de novo lançamento em respeito ao princípio da segurança jurídica. A Fazenda não pode alegar desconhecimento da lei. Segundo o artigo 146 do CTN, a fiscalização não poderia ter retroagido à decisão da DRJ para efetivar novo lançamento sobre os fatos ocorridos antes da citada decisão; Que, não há indicação sobre qual dos incisos do artigo 23 a fiscalização enquadra a situação fática do presente auto de infração; Fl. 2437DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.438 9 Que, não há indicação dos fundamentos legais para a pretendida responsabilidade da impugnante e demais responsáveis; Que, não há nos autos indicação dos fundamentos legais relativos à conversão dos valores para a moeda nacional; Que, houve abusividade no uso da Requisição de Movimentação Financeira. A pena de perdimento, ainda que convertida em moeda, não é tributo, a lei n° 10.174/01 permite a utilização das informações bancárias somente no caso de existência de crédito tributário, o que não é o caso dos autos. Ao permitir que os demais responsabilizados tenham acesso aos autos houve quebra de sigilo bancário da impugnante; Que, houve equivocado cálculo da multa aplicada, o valor comercial não foi corretamente apurado; Que, não houve indicação clara da figura jurídica pretendida pelos auditores fiscais: se simulação ou interposição fraudulenta de terceiros, há prejuízo à defesa; Que, inexistiu dano ao Erário, não houve sonegação de tributos, o produto em tela não está sujeito à tributação do IPI; Que, a responsabilidade é pessoal ao agente, assim deveriam os auditores identificar os agentes e afastar a responsabilidade das pessoas jurídicas (CTN artigo 137). Os representantes das demais empresas não foram responsabilizados; Que, há erro na identificação do sujeito passivo. Atribuir à impugnante a condição de contribuinte é contrário à própria idéia que se extrai dos autos, se não praticou nenhum ato de importação não pode ser contribuinte. Há incompatibilidade entre a indicação do sujeito passivo e o quadro demonstrativo de fls. 1100; Que, ao tempo das transações a titularidade, de fato, da empresa cabia ao Sr. João Miguel, contudo os auditores não dão nenhuma indicação de que teriam se interessado em ouvir aquele contribuinte. Houve parcialidade das investigações; Que, inexistiu interposição fraudulenta, haja vista que não houve ocultação do promovente da importação, da origem dos recursos, do supridor dos recursos aplicados nas importações e do beneficiário das mesmas. O caso sob análise, se trata de pequenas empresas, sem profundo conhecimento acerca da complexa legislação aduaneira, que promoveram importações, em boa fé, sem pretender ludibriar o fisco; Que, não existem provas nos autos de que a Sulbrasil não dispunha de patrimônio e recursos a justificar a importação por interpostas pessoas; Fl. 2438DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.439 10 Que, traz explicitações a respeito da realidade histórica da empresa, sua constituição e modificação societária, sendo equivocadas as conclusões apontadas pela fiscalização; Que, a multa deve ser relevada em razão de expressa disposição de lei (Decreto n° 4.543/02, artigo 654); Requer o reconhecimento da nulidade do auto de infração em razão dos fundamentos citados, a relevação da multa ou remessa ao Sr. Ministro da Fazenda, e provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a testemunhal e pericial. Cientificado, o interessado Sr. OSNI DOS SANTOS apresentou a impugnação de folhas 1.267 a 1.324. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia furtarse da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009). Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributário não foram intimados a esclarecer as importações; Que, o MPF não consta dos autos; Que, há nos autos diversos documentos dispostos em sequência ilógica, sem obedecer à cronologia dos fatos, dificultando ou impossibilitando a defesa; Que, contam fatos novos no auto de infração (apreensão de um caminhão de propriedade da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. transportando carga com documentação falsa), os quais não foram diligenciados ou cientificados à empresa para que se manifestasse no curso do procedimento fiscal; Que, não houve o competente recurso de ofício da decisão prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, conforme determina o artigo 34 do Decreto n° 70.235/72.; Que, há nulidade do lançamento em razão da impossibilidade de utilização de prova emprestada. Não foram observados requisitos mínimos de validade, não lhe foi ofertado no curso do novo procedimento fiscal oportunidade de se manifestar, apresentar documentos; Que, a decisão anterior, prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, reconheceu a nulidade daquele lançamento pela utilização de fundamento legal indevido, houve caracterização de erro de direito que impede a formalização de novo lançamento em respeito ao princípio da segurança jurídica. A Fazenda não pode alegar desconhecimento da lei. Fl. 2439DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.440 11 Segundo o artigo 146 do CTN, a fiscalização não poderia ter retroagido à decisão da DRJ para efetivar novo lançamento sobre os fatos ocorridos antes da citada decisão; Que, a penalidade não pode ser aplicada a pessoa diversa do infrator, a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. está sendo exigida em decorrência de responsabilidade tributária; Que, não há indicação sobre qual dos incisos do artigo 23 a fiscalização enquadra a situação fática do presente auto de infração; Que, não há indicação dos fundamentos legais para a pretendida responsabilidade do impugnante e da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.; Que, não há nos autos indicação dos fundamentos legais relativos à conversão dos valores para a moeda nacional; Que, houve abusividade no uso da Requisição de Movimentação Financeira. A pena de perdimento, ainda que convertida em moeda, não é tributo, a Lei n° 10.174/01 permite a utilização das informações bancárias somente no caso de existência de crédito tributário, o que não é o caso dos autos. Ao permitir que os demais responsabilizados tenham acesso aos autos houve quebra de sigilo bancário da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME.; Que, houve equivocado cálculo da multa aplicada, o valor comercial não foi corretamente apurado; Que, não houve indicação clara da figura jurídica pretendida pelos auditores fiscais: se simulação ou interposição fraudulenta de terceiros, há prejuízo à defesa; Que, inexistiu dano ao Erário, não houve sonegação de tributos, o produto em tela não está sujeito à tributação do IPI; Que, a responsabilidade é pessoal ao agente, assim deveriam os auditores identificar os agentes e afastar a responsabilidade das pessoas jurídicas (CTN artigo 137). Os representantes das demais empresas não foram responsabilizados; Que, há erro na identificação do sujeito passivo. Atribuir à Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. a condição de contribuinte é contrário à própria idéia que se extrai dos autos, se não praticou nenhum ato de importação não pode ser contribuinte. Nem o impugnante nem a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. realizaram qualquer ato em relação às importações em comento. Há incompatibilidade entre a indicação do sujeito passivo e o quadro demonstrativo de fls. 1100; Que, ao tempo das transações a titularidade, de fato, da empresa cabia ao Sr. João Miguel, contudo os auditores não dão nenhuma indicação de que teriam se interessado Fl. 2440DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.441 12 em ouvir aquele contribuinte. Houve parcialidade das investigações; Que, inexistiu interposição fraudulenta, haja vista que não houve ocultação do promovente da importação, da origem dos recursos, do supridor dos recursos aplicados nas importações e do beneficiário das mesmas. O caso sob análise, se trata de pequenas empresas, sem profundo conhecimento acerca da complexa legislação aduaneira, que promoveram importações, em boa fé, sem pretender ludibriar o fisco; Que, não existem provas nos autos de que a Sulbrasil não dispunha de patrimônio e recursos a justificar a importação por interpostas pessoas; Que, traz explicitações a respeito da realidade histórica das empresas, sua constituição e modificação societária, sendo equivocadas as conclusões apontadas pela fiscalização; Que, há ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade; Que, a multa deve ser relevada em razão de expressa disposição de lei (Decreto n° 4.543/02, artigo 654); Requer o reconhecimento da nulidade do auto de infração em razão dos fundamentos citados, a exclusão do impugnante na condição de responsável solidário, a relevação da multa ou remessa ao Sr. Ministro da Fazenda, e provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a testemunhal e pericial. Cientificada, a interessada Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. apresentou a impugnação de folhas 1.198 a 1.258. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia furtarse da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009); Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributários não foram intimados a esclarecer as importações; Que, o MPF não consta dos autos; Que, há nos autos diversos documentos dispostos em sequência ilógica, sem obedecer à cronologia dos fatos, dificultando ou impossibilitando a defesa; Que, contam fatos novos no auto de infração (apreensão de um caminhão de propriedade da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. transportando carga com documentação falsa), os quais não foram diligenciados ou Fl. 2441DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.442 13 cientificados à empresa para que se manifestasse no curso do procedimento fiscal; Que, não houve o competente recurso de ofício da decisão prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, conforme determina o artigo 34 do Decreto n° 70.235/72; Que, há nulidade do lançamento em razão da impossibilidade de utilização de prova emprestada. Não foram observados requisitos mínimos de validade, não lhe foi ofertado no curso do novo procedimento fiscal oportunidade de se manifestar, apresentar documentos; Que, a decisão anterior, prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, reconheceu a nulidade daquele lançamento pela utilização de fundamento legal indevido, houve caracterização de erro de direito que impede a formalização de novo lançamento em respeito ao princípio da segurança jurídica. A Fazenda não pode alegar desconhecimento da lei. Segundo o artigo 146 do CTN, a fiscalização não poderia ter retroagido à decisão da DRJ para efetivar novo lançamento sobre os fatos ocorridos antes da citada decisão; Que, a penalidade não pode ser aplicada a pessoa diversa do infrator, a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. está sendo exigida em decorrência de responsabilidade tributária; Que, não há indicação sobre qual dos incisos do artigo 23 a fiscalização enquadra a situação fática do presente auto de infração; Que, não há indicação dos fundamentos legais para a pretendida responsabilidade do impugnante e da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.; Que, não há nos autos indicação dos fundamentos legais relativos à conversão dos valores para a moeda nacional; Que, houve abusividade no uso da Requisição de Movimentação Financeira. A pena de perdimento, ainda que convertida em moeda, não é tributo, a Lei n° 10.174/01 permite a utilização das informações bancárias somente no caso de existência de crédito tributário, o que não é o caso dos autos. Ao permitir que os demais responsabilizados tenham acesso aos autos houve quebra de sigilo bancário da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME.; Que, houve equivocado cálculo da multa aplicada, o valor comercial não foi corretamente apurado; Que, não houve indicação clara da figura jurídica pretendida pelos auditores fiscais: se simulação ou interposição fraudulenta de terceiros, há prejuízo à defesa; Que, inexistiu dano ao Erário, não houve sonegação de tributos, o produto em tela não está sujeito à tributação do IPI; Fl. 2442DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.443 14 Que, a responsabilidade é pessoal ao agente, assim deveriam os auditores identificar os agentes e afastar a responsabilidade das pessoas jurídicas (CTN artigo 137). Os representantes das demais empresas não foram responsabilizados; Que, há erro na identificação do sujeito passivo. Atribuir à Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. a condição de contribuinte é contrário à própria idéia que se extrai dos autos, se não praticou nenhum ato de importação não pode ser contribuinte. Nem a impugnante nem o Sr. OSNI DOS SANTOS realizaram qualquer ato em relação às importações em comento. Há incompatibilidade entre a indicação do sujeito passivo e o quadro demonstrativo de fls. 1100; Que, ao tempo das transações a titularidade, de fato, da empresa cabia ao Sr. João Miguel, contudo os auditores não dão nenhuma indicação de que teriam se interessado em ouvir aquele contribuinte. Houve parcialidade das investigações; Que, inexistiu interposição fraudulenta, haja vista que não houve ocultação do promovente da importação, da origem dos recursos, do supridor dos recursos aplicados nas importações e do beneficiário das mesmas. O caso sob análise, se trata de pequenas empresas, sem profundo conhecimento acerca da complexa legislação aduaneira, que promoveram importações, em boa fé, sem pretender ludibriar o fisco; Que, não existem provas nos autos de que a Sulbrasil não dispunha de patrimônio e recursos a justificar a importação por interpostas pessoas; Que, traz explicitações a respeito da realidade histórica das empresas, sua constituição e modificação societária, sendo equivocadas as conclusões apontadas pela fiscalização; Que, há ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade; Que, a multa deve ser relevada em razão de expressa disposição de lei (Decreto n° 4.543/02, artigo 654); Requer o reconhecimento da nulidade do auto de infração em razão dos fundamentos citados, a exclusão do impugnante na condição de responsável solidário, a relevação da multa ou remessa ao Sr. Ministro da Fazenda, e provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a testemunhal e pericial. Cientificada, a interessada Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. apresentou a impugnação de folhas 1.149 a 1.166 e 1.414 a 1.431. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, houve preclusão da possibilidade de reexame na via administrativa de autuação já julgada em definitivo Fl. 2443DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.444 15 (processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841). A decisão fez “coisa julgada administrativa”. A eminente Relatora decidiu pelo descabimento da autuação pela impossibilidade jurídica de aplicação da regra tributária ao fato sub judice. A decisão é definitiva, pois preclusa para a administração pública; Que, não houve fato novo, nem ordem do Delegado ou Superintendente da Receita; o fato novo alegado no auto de infração nada tem a ver com os fundamentos da autuação já ocorrida e resolvida. Cita os princípios básicos da administração pública; Que, as importações promovidas pela Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. foram realizadas de forma legítima, houve o devido desembaraço. A impugnante sempre agiu de boa fé, foram recolhidos os tributos, não houve dano ao Erário. Não houve introdução clandestina (tudo devidamente registrado) ou importação irregular ou fraudulenta (recolhidas as taxas e tributos incidentes); Que, transferiu valores de forma regular para a primeira autuada que importou para revenda os produtos descritos nas DI’s; Que, adquiriu a mercadoria da Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA.; Que, falta embasamento fático para as alegadas fraudes que não foram demonstradas pela fiscalização, apenas intuídas; Que, nada foi demonstrado contra a impugnante, nenhuma acusação formal ou prova de que tenha agido de má fé; Que, não há na peça acusatória fundamentação legal que dê respaldo a nomeação de sócio da pessoa jurídica para o pólo passivo do lançamento; Que, não houve instauração de procedimentos tendentes a apurar o dano ao Erário e, portanto, não foi decretada a pena de perdimento, condição essencial à sua conversão em pecúnia; Que, houve quebra do sigilo bancário sem amparo em autorização judicial, além da publicidade que se deu aos dados bancários de cada autuada perante as demais; Que, carece o lançamento da individuação da infração e, portanto da individuação do correspondente crédito tributário; Que, não houve ocultação dos reais adquirentes da mercadoria, na medida em que seus nomes constavam da documentação instrutiva do despacho aduaneiro; que havia contratação formal dos serviços aduaneiros e que a contabilidade da adquirente dos produtos não omite referidas operações; Requer a anulação do auto de infração e, seja a presente impugnação distribuída à 1ª Turma da DRJ/FNS em razão da decisão anterior. Cientificada, em 05/01/2010 via Fl. 2444DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.445 16 correios (A.R. à folhas 1.147) a interessada Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. Apresentou intempestivamente, na data de 08/02/2010 (protocolo à folhas 1.330) a peça de defesa de folhas 1.330 a 1.358, anexando os documentos de folhas 1.359 a 1.363. À folhas 1.412 a unidade preparadora ratifica que a “impugnação” em questão está intempestiva. É o relatório”. Após a análise das razões contidas nas Impugnações, a DRJ julgouas improcedentes, em acórdão assim ementado: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 11/02/2005, 18/05/2005, 16/11/2005, 06/01/2006, 20/02/2006, 25/07/2006, 17/08/2006, 01/09/2006 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real responsável pela operação de importação, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 11/02/2005, 18/05/2005, 16/11/2005, 06/01/2006, 20/02/2006, 25/07/2006, 17/08/2006, 01/09/2006 INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 11/02/2005, 18/05/2005, 16/11/2005, 06/01/2006, 20/02/2006, 25/07/2006, 17/08/2006, 01/09/2006 PRECLUSÃO. MATÉRIA DECIDIDA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A decisão anterior não consubstancia fato impeditivo para constituição de outros créditos tributários devidos pelos autuados, referentes as operações de importação, seja a título de tributos ou de outras penalidades. A autuação em apreço não trata de crédito tributário cujo fato gerador já foi objeto de decisão anterior. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. INOCORRÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. EMISSÃO DE RMF. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES PELAS Fl. 2445DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.446 17 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL O fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo, na forma da Lei Complementar nº. 105, de 2001, não constitui quebra de sigilo. Tratase de medida que prescinde de autorização judicial, quando promovida nos termos da lei, durante procedimento fiscal em curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido.” Inconformadas, as interessadas apresentaram recursos voluntários, em que repetem os argumentos de defesa apresentados nas Impugnações rejeitadas. Os pressupostos de admissibilidade de cada um dos recursos voluntários serão analisados individualmente, quando da análise de seus argumentos separadamente. É o relatório. Passo a votar. Voto Conselheira Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, Relatora: Preenchidos os requisitos de admissibilidade dos Recursos Voluntários apresentados por (i) Só Ela Confecções Ltda. (intimada em 02/04/2014, por meio de edital afixado em 18/03/2014, apresentou Recurso Voluntário no dia 18/04/2014); (ii) pelo Sr. Osni dos Santos (intimação em 19/02/2014 e protocolo do Recurso Voluntário em); (iii) por Paxá Confecções Ltda. (intimação em 19/02/2014 e protocolo do Recurso Voluntário); e (iv) Sulbrasil Têxtil Ltda. (intimação em 19/02/2014 e protocolo do Recurso Voluntário em 18/03/2014, portanto, tempestivo). Os protocolos dos Recursos Voluntários da empresa Paxá Confecções e do Sr. Osni dos Santos estão ilegíveis. Tendo em vista que ambos foram intimados no dia 19/02/2014, o trintídio legal para a interposição dos Recursos Voluntários começou a fluir em 20/02/2014 e terminou em 21/03/2014. Ainda que tais recursos sejam intempestivos (apesar de constar às fls. 2428 dos autos certidão de tempestividade dos recursos), fato é que os argumentos neles contidos foram analisados abaixo, tendo em vista que as razões de defesa se repetem em todos eles, razão pela qual, os recursos serão analisados de forma conjunta, com relação aos principais argumentos, que se mostram suficientes para o julgamento da lide. 1. Dos argumentos contidos nas defesas dos Recursos Voluntários As Recorrentes acima apontadas apresentaram Recursos Voluntários nos quais os argumentos se repetem. 1.1. Alegam, em sede preliminar, que teria ocorrido “decadência” do direito de constituir o crédito tributário, em razão de a Receita Federal ter incorrido em mora no Fl. 2446DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.447 18 julgamento das Impugnações, pois o art. 24 da Lei nº 11.457/07 determina que deve ser proferida decisão, no tocante a defesas e petições apresentados por contribuintes, no prazo máximo de 360 dias. Bem, quanto à primeira alegação, não há razão no argumento da recorrente, pois há o entendimento nesse E. CARF de que a norma contida no art. 24 da Lei nº. 11.457/07 é apenas programática, não havendo que se cogitar em prescrição intercorrente no âmbito administrativo. Confirase, nesse sentido: (...) APRECIAÇÃO DE DEFESAS OU RECURSO ADMINISTRATIVO. EFEITO. O prazo de 360 dias previsto no art. 24 da Lei nº 11.457, de 2007, é meramente programática, não ensejando prescrição do crédito tributário em decorrência de seu descumprimento. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal (Súmula 1º CARF nº. 11, DOU 26, 27 e 28/06/2006). (...) (Acórdão nº. 2102003.031, sessão de 17/04/2014). 1.2. Alegam, na seqüência, que teria ocorrido preclusão para Receita Federal exigir o crédito tributário objeto dos presentes autos, tendo em vista que houve lançamento anterior, sobre os mesmo fatos, cancelados em razão da aplicação equivocada da norma que deveria regular a questão. Com todo o respeito ao entendimento da recorrente, esta relatora igualmente entende que não há fundamento jurídico apto à acolhida do argumento. O que a recorrente menciona diz respeito ao julgamento, pela origem, do PA nº. 13971.004934/200841, instaurado após a Fiscalização, com base nos mesmos fatos e elementos de prova que embasam a presente autuação, ter lançado multa equivalente ao valor comercial da mercadoria considerada importada irregularmente, ao invés da multa exigida no presente caso, equivalente a 100% do valor aduaneiro da mercadoria, em substituição à pena de perdimento. Ora, o referido PA foi extinto em razão do equívoco quanto à penalidade aplicada, tendo a Fiscalização realizado novo lançamento, que resultou no PA ora em julgamento, desta vez realizando o correto enquadramento. Tendo em vista que o novo lançamento foi realizado dentro do prazo decadencial, haja vista os fatos geradores terem ocorrido entre fevereiro/2005 e setembro/2006, enquanto o auto de infração que originou o presente processo foi lavrado em 2009, não há que se falar em preclusão. 1.3. Adiante em sua defesa, a empresa Só Ela Confecções, registrese aqui, por oportuno, em nome de quem as importações eram realizadas, alega nulidade do lançamento em razão da constatação, pelos julgadores de origem, de que a empresa é inexistente de fato. Afirma que, sendo a empresa inexistente, jamais poderia ter lavrado, contra si, auto de infração, e que a exigência deveria se voltar exclusivamente às empresas Sulbrasil e Brusque, pois “no caso, fica claro que os beneficiários e interessados nas importações foram as empresas Sulbrasil Têxtil Ltda. e Brusque Export e Import. Ltda.”, e que “já ficou demonstrado que o supridor dos recursos financeiros foi a Sulbrasil. Por outro lado, a concretização das importações se deu pela Brusque”. Ora, com o devido respeito à defesa, ao meu sentir, tratase de verdadeira confissão da interposição, pois um fato é inarredável, tendo em vista a documentação juntada Fl. 2447DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.448 19 aos autos: as importações estão registradas como se a Só Ela Confecções fosse, verdadeiramente, a real adquirente e beneficiária da mercadoria, estando ela mesma admitindo, portanto, que atuou pessoa interposta, nas importações em debate. Não há como prosperar o argumento. Curioso que a defesa, nesse ponto, tenta atribuir responsabilidade às empresas Sulbrasil e Brusque, buscando desconfigurar a responsabilidade da empresa Paxá e do Sr. Osni Santos, considerados devedores solidários. Porém, como muito bem salientou a decisão recorrida, a Fiscalização logrou êxito em configurar a responsabilidade dos solidários, no seguinte sentido: Cópias do Contrato Social e respectivas Alterações da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 153 a 167) fornecidas pela Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (JUCESC) indicam que os Srs. Lázaro Bento Ferreira e Juviniano Nonato da Silva iniciaram sua participação societária em 05/10/2005. Sendo que o Sr. Lázaro Bento Ferreira saiu em 14/03/2007. Comparações entre as assinaturas do Sr. Lázaro Bento Ferreira apostas nas alterações contratuais e nas respostas apresentadas pelo mesmo à fiscalização não possuem qualquer semelhança (fl. 1.046). Os sócios não possuem patrimônio ou movimentação financeira, sendo o telefone de contato indicado o mesmo da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.(fls. 169 a 172). Cópias de procurações públicas obtidas junto ao Tabelionato de Notas e Protestos em Gaspar – SC (fls. 174 a 204) conferidas pela Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME ao Sr. OSNI DOS SANTOS (sócio da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.) indicam que o mesmo sempre orbitou aquela empresa, no período fiscalizado, possuindo poderes e funções gerenciais os mais diversos, além disto em uma das procurações o mesmo foi desobrigado de apresentar quaisquer contas de sua gestão, seja em alienação de bens ou outra qualquer transação (fl. 183). Resposta à Requisição de Movimentação Financeira, recebida de instituições bancárias (fls. 254 a 355, 771 a 966), em cotejo com os valores declarados de receita no mesmo período (fls. 217 a 253) indicam que embora tenha declarado movimentar pouco mais de cem mil reais (R$ 114.688,18) a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME movimentou, no período entre 2004 e 2006, junto às instituições financeiras mais de quarenta milhões de reais (R$ 40.635.974,88). Em tais documentos se observam em alguns casos dados da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. e do Sr. OSNI DOS SANTOS (telefones e endereços). Quanto aos gastos, se observa o uso de cartões de crédito vinculados à empresa por parte do Sr. OSNI Fl. 2448DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.449 20 DOS SANTOS e familiares para despesas de natureza pessoal. Ora, pareceme, salvo melhor juízo, a confusão patrimonial é evidente, e, com base na documentação carreada aos autos, reputo correta a atribuição de responsabilidade tanto à empresa que alega agora ser inexistente, quanto aos demais autuados, não havendo que se falar em “nulidade em razão da declaração de inexistência”, como alega a empresa Só Ela em seu Recurso Voluntário. 1.4. Alegam ainda os recorrentes que a empresa Só Ela Confecções que a autuação seria nula em razão da inexistência de processo administrativo para a aplicação da pena de perdimento, pois os fiscais autuantes, supostamente, deveriam ter procurado a mercadoria importada antes de lançar a multa substitutiva, o que acarreta nulidade. Ora, novamente pedindo vênia à defesa apresentada, a instauração de procedimento para que a mercadoria fosse encontrada seria inócua, haja vista o lapso temporal ocorrido entre as importações e a fiscalização. Ademais, como muito bem salientou o relatório da decisão recorrida, há prova nos autos de que a empresa Só Ela Confecções não possui sequer instalações físicas nas quais as mercadorias poderiam ser buscadas: Diligência realizada na data de 19/02/2008 pela fiscalização, ao endereço da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME em Gaspar – SC resultou na constatação de ausência de qualquer indício de funcionamento da empresa naquele endereço, tendo sido encontrada apenas residência, cujo morador declarou, no Termo de Depoimento (fls. 38 e 39), em síntese, que já habitava a residência a muitos anos e que jamais existiu tal empresa instalada naquele endereço, contudo correspondências em nome da empresa chegavam ao local. Por outro lado, o endereço desta empresa, em seus primórdios, confundese com o endereço da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. ou com o endereço residencial do Sr. OSNI DOS SANTOS, bem como há indicação do mesmo telefone além do mesmo correio eletrônico (fls. 213 a 216). 1.5. Afirmam ainda que a autuação seria nula por faltarlhe o Termo de Início de Fiscalização, com citação regular dos contribuintes. Ora, uma vez mais, ao meu ver, não há sustentação jurídica no argumento. Adoto, em sua integralidade, o acórdão de origem quanto ao ponto, pois, como muito bem observou a Delegacia de Julgamentos: Argumentam alguns dos interessados que a presente autuação é nula em razão da ausência, nos autos, de cópia do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e que para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia se furtar da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de Fl. 2449DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.450 21 procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009). Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributários não foram intimados a esclarecer as importações. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído pela Portaria SRF n.º 1.265, de 22/11/1999, sucedida pelas Portarias, SRF n.º 3.007, de 26/11/2001, RFB nº 4.328, de 05/06/2005, SRF nº 6.087, de 21/11/2005, RFB nº 4.066, de 02/05/2007, e pela Portaria RFB nº 11.371, de 12/12/2007, em vigor à época da lavratura da autuação, consiste em documento emitido em decorrência de normas administrativas que regulam a execução da atividade fiscal, determinando que os procedimentos fiscais relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil sejam levados a efeito de conformidade com uma ordem específica, a qual pressupõe formalização mediante Mandado de Procedimento Fiscal. O MPF se constitui, assim, em instrumento de controle indispensável à administração tributária e em garantia para o contribuinte, na medida em que este poderá conferir se de fato o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB que o esteja fiscalizando, se encontra no exercício legal de suas funções. O MPF, como instrumento de controle, se presta a possibilitar à Secretaria da Receita Federal do Brasil acompanhar o desenvolvimento das atividades realizadas pelos Auditores Fiscais, de modo a verificar, por exemplo, se a fiscalização empreendida está sendo realizada adequadamente, de acordo com os critérios definidos por Lei e pela Administração. Se, no curso de seus trabalhos, o Auditor Fiscal percebe, em face das peculiaridades do caso concreto, que não será possível concluir os trabalhos no tempo inicialmente previsto, deve solicitar a sua prorrogação aos superiores hierárquicos responsáveis pela emissão do mandado. Diz o citado dispositivo legal: Art. 4º O MPF será emitido exclusivamente em forma eletrônica e assinado pela autoridade outorgante, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta Portaria. Parágrafo único. A ciência pelo sujeito passivo do MPF, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com redação dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532, de 10 de novembro de 1997, darseá por intermédio da Internet, no endereço eletrônico www.receita.fazenda.gov.br, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. Fl. 2450DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.451 22 Art. 10. O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização:… II interno, de formalização de exigência de crédito tributário constituído em termo de responsabilidade ou pelo descumprimento de regime aduaneiro especial, lançamento de multas isoladas, revisão aduaneira e formalização de abandono ou apreensão de mercadorias realizada por outros órgãos; § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput, considerase revisão aduaneira o procedimento destinado a identificar irregularidades fiscais relativas ao despacho, com base tão somente nos elementos probatórios disponíveis no âmbito da RFB.” Ora, com acerto decidiu a Delegacia de origem, pois, de fato, a análise da legislação acima demonstra que o Termo chega a ser prescindível, e ainda assim, a fiscalização providenciou a emissão do respectivo Mandado de Procedimento Fiscal n°v09204002009005294 (fl. 08), sendo que sua emissão é exclusivamente eletrônica e a ciência deve ocorrer apenas por meio da internet. Por outro lado, a “argumentação de que o Mandado de Procedimento Fiscal em questão não poderia amparar os procedimentos fiscais realizados anteriormente à sua missão demonstram que os interessados possuíam pleno conhecimento de sua existência e conteúdo (fls. 1.207, 1.276 e 1.368), razão pela qual igualmente afasto o argumento. 1.6. As recorrentes alegam ainda nulidade do lançamento em razão da utilização de prova emprestada. Novamente pedindo vênias ao entendimento das recorrentes, não se trata da impossibilidade de prova emprestada. Com o devido respeito a entendimento em contrário, as provas constantes dos autos foram colhidas legalmente, no âmbito da fiscalização que objetivava única e exclusivamente apurar irregularidades nos processos de importação realizados aparentemente pela empresa Só Ela Confecções. Nos termos da jurisprudência deste E. CARF: “Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 11/03/2005 a 13/11/2007 LANÇAMENTO. PROVA EMPRESTADA. No procedimento de fiscalização tendente à lavratura de auto de infração o Fisco não está impedido de recorrer a prova emprestada de outros procedimentos instaurados para investigar os mesmos fatos, mas não está autorizado a tomar emprestada a conclusão de outros procedimentos, pois é necessário individualizar a conduta e o fato para incidência da norma jurídica objeto do lançamento em respeito ao art. 9o do Decreto nº 70.235/76, sob pena de cerceamento do direito à ampla defesa e ao contraditório. Recurso de Ofício Negado” (Acórdão nº. 3101001.749, sessão de 15/10/2014). Ora, assim como no caso precedente acima colacionado, houve conclusão diversa do primeiro processo administrativo, no qual o AI foi anulado, com aplicação de penalidade igualmente diversa. Fl. 2451DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.452 23 Ademais, o objetivo do processo administrativo é a busca da verdade material. Tendo sido o conjunto probatório colhido em procedimento de fiscalização a respeito do qual o contribuinte tinha plena ciência, e tendo sido possibilitado todos os meios de defesa cabíveis, não há que se falar em nulidade. Considero que o acórdão de origem caminhou bem nesse sentido, ao afirmar: Logo, se as “provas” já existiam (em decorrência de procedimento de fiscalização anterior), se já estavam a disposição do Fisco, se foram coletadas em momento anterior ao início da presente fiscalização, ou não, são dados que não alteram a informação dos fatos jurídicos que delas se podem extrair, ainda mais se considerar o fato de que o exercício do direito de defesa das interessadas está notadamente ligado à necessária apresentação das provas que dão ensejo e aperfeiçoam o ato administrativo relacionado à constituição do crédito tributário. De outra sorte, não cabe à fiscalização realizar procedimento de investigação com vistas a afastar a responsabilidade dos autuados, cabe à fiscalização a apresentação das provas dos fatos alegados na autuação, e às interessadas, igualmente, o dever de apresentar provas que afastem a acusação. A busca pela “verdade material” não pode acarretar numa eterna busca por provas desnecessárias à acusação, sob pena de referida busca inviabilizar a própria constituição do crédito tributário, por isto a repartição do ônus da prova. As provas dos fatos invocados pelos impugnantes não devem ser produzidas pela Fazenda, são atribuições, encargos dos próprios interessados. Contrariamente ao entendimento dos interessados, as provas acostadas aos autos, ainda que sejam consideradas “emprestadas” (do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841) são igualmente válidas, posto que se referem aos fatos jurídicos em questão, foram produzidas em consonância com as formalidades estabelecidas em lei e possuem relação direta com os interessados, isto é, as provas tem relação direta com o fato jurídico a ser demonstrado. Necessário esclarecer que existe nítida distinção entre “prova emprestada” e “empréstimo de conclusões”. Enquanto o empréstimo de conclusões ocorre quando a fiscalização se fundamenta exclusiva e diretamente nas conclusões contidas em outros processos instaurados por outras autoridades, a prova emprestada ocorre quando os fatos e as provas que permitem à fiscalização formar sua convicção são extraídos de processos instaurados por outras autoridades (no caso concreto o procedimento de fiscalização e o processo de “origem” foram realizados pela própria Secretaria da Receita Federal do Brasil). Fl. 2452DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.453 24 Assim, a despeito da prova dos autos poder vir de outros processos e procedimentos fiscais de outras autoridades, a autoridade fiscal não deve se valer diretamente das conclusões daqueles feitos para sustentar o ato administrativo, sob pena de macular a autuação. E no presente caso, não se verifica que tenha ocorrido o “empréstimo de conclusões” visto que a conclusão do presente feito é absolutamente diversa daquele outro processo, como se verá adiante.” 1.7. As recorrentes alegam ainda nulidade da autuação em razão da quebra do sigilo bancário da empresa Só Ela Confecções. Ora, de fato, a quebra de sigilo é medida de exceção, e que esta relatora, em regra repudia. Vejamos, entretanto, o caso presente. Para a configuração da legalidade da quebra de sigilo, necessário que seja analisada a sua autorização legal, mediante a legislação de regência. A Lei Complementar n° 105/01 estabeleceu situações em que, em face da supremacia do interesse público e social sobre o privado ou individual (como normalmente ocorre em situações envolvendo o controle aduaneiro), o direto ao sigilo bancário resta afastado em sua “forma” primária. Isto é, citada Lei estabeleceu hipótese em que é lícito o fornecimento de informações e documentos de operações e serviços de instituições financeiras aos órgãos de fiscalização. Nesse sentido, o artigo 1º, § 3º: Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. ... § 3o Não constitui violação do dever de sigilo: I – a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III – o fornecimento das informações de que trata o § 2o do art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Complementar. Como muito bem lembrou o acórdão de origem, o artigo 6º contêm a hipótese relacionada ao caso, isto é, a análise relacionada às contas de depósitos e aplicações financeiras em razão da existência de procedimento fiscal em curso, sendo o exame destas informações Fl. 2453DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.454 25 imprescindíveis ao deslinde do procedimento fiscalizatório como se depreende do próprio conteúdo relatado pela fiscalização na descrição dos fatos do auto de infração: Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Ora, registrese que, no presente caso, a Fiscalização percorreu grande caminho até chegar à necessidade da utilização dos dados bancários da empresa Só Ela Confecções. As visitas aos estabelecimentos da importadora, às casas dos seus sócios formais e seus depoimentos, ao estabelecimento da Paxá Confecções e à casa do Sr. Osni dos Santos, demonstravam não apenas a utilização de interposição de empresas e pessoas, mas uma grande confusão patrimonial que ao meu sentir somente poderia ser decifrada mediante a verificação de dados bancários. Ademais, no sentir desta Conselheira, apesar de serem uma importante comprovação, os dados bancários representam apenas mais uma prova no vasto conjunto probatório existente nos autos. É possível chegarse facilmente à conclusão que chegou à fiscalização sem eles. Assim, novamente pedindo vênia ao entendimento dos recorrentes, não encontro ilegalidade na utilização dos dados bancários da empresa Só Ela Confecções Ltda 1.8. No mais, os Recursos Voluntários insistem em argumentos que não são capazes de infirmar as conclusões da Fiscalização, como, por exemplo, “nulidade decorrente da parcialidade das investigações”, “ausência de responsabilidade pessoal dos agentes”, “nulidade decorrente de novos fatos sobre os quais os recorrentes não foram intimados a se manifestar”. Com o devido respeito ao entendimento das autuadas, os vícios capazes de anular os lançamentos de ofício são aqueles que impedem a compreensão da fiscalização ou o exercício da defesa e do contraditório em sua plenitude. Não é isso o que ocorre no presente caso. Conforme visto no Relatório acima transcrito, a fiscalização foi exaustiva em fatos e elementos que não apenas evidenciam, mas comprovam, verdadeira confusão patrimonial entre os contribuintes Só Ela Confecções Ltda., Paxá Confecções Ltda. e o Sr. Osni dos Santos, que atuavam, perante o controle aduaneiro, por conta e ordem das empresas Sulbrasil e Brusque, que declaradamente antecipavam recursos (por conta) e mandantes das importações (por ordem). Pelas conjunto probatório colacionado aos autos, que chegam a quase 3.000 (três mil) páginas, os autuados concorreram para a prática da infração ou dela se beneficiaram, devendo, em consonância com os dispositivos legais, responderem solidariamente pela integralização do correspondente crédito tributário. Não se vislumbra a hipótese de individualização do crédito tributário (ou sua repartição proporcional); a prática da infração, Fl. 2454DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.455 26 em relação a todas as declarações de importação, dependeu, em algum grau, de participação dos autuados. Do exposto, nego provimento aos Recursos Voluntários, mantendo incólume a autuação perpretada. Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz Fl. 2455DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 11080.721713/2012-26
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.
Os embargos de declaração apenas são cabíveis em face de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma (art.65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF), hipóteses não presentes no caso concreto. Conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de a decisão cuidar de forma individualizada de todos os argumentos das partes, bastando que esteja suficientemente fundamentada.
Numero da decisão: 1103-001.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Acordam os membros do Colegiado rejeitar os embargos por unanimidade, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva - Presidente
(assinado digitalmente)
Eduardo Martins Neiva Monteiro Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. Os embargos de declaração apenas são cabíveis em face de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma (art.65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF), hipóteses não presentes no caso concreto. Conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de a decisão cuidar de forma individualizada de todos os argumentos das partes, bastando que esteja suficientemente fundamentada.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado rejeitar os embargos por unanimidade, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva - Presidente (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1989; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T3 Fl. 678 1 677 S1C1T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.721713/201226 Recurso nº Embargos Acórdão nº 1103001.180 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 3 de março de 2015 Matéria Autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. Glosas de custos Embargante ÁGUAS MINERAIS SARANDI LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. Os embargos de declaração apenas são cabíveis em face de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma (art.65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF), hipóteses não presentes no caso concreto. Conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de a decisão cuidar de forma individualizada de todos os argumentos das partes, bastando que esteja suficientemente fundamentada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado rejeitar os embargos por unanimidade, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 17 13 /2 01 2- 26 Fl. 678DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 679 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pelo contribuinte em 29/9/14 (fls.664/670) em face do acórdão nº 1103001.004, de 11/3/14, que recebeu a seguinte ementa (fls.626/646): NULIDADE FUNDAMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS. Do contexto do relatório de ação fiscal que integra os lançamentos resultam com bastante clareza tanto o suporte fático quanto o fundamento jurídico para as glosas efetuadas. Ademais, o mero erro na capitulação legal ou infralegal não é causa de nulidade do lançamento. Essencial é o motivo, que deve ser claro e preciso. É o que se dá no caso vertente. Inexistência de nulidade. NULIDADE APLICAÇÃO DO ART. 148 DO CTN. A questão não é de aplicação do art. 148 do CTN. Sendo o caso, a aplicabilidade é da hipótese de arbitramento do lucro do art. 530 do RIR/99. E a quantificação do valor arbitrado se dá segundo critérios definidos pela lei. Daí ser inaplicável o art. 148, in fine, do CTN. Inexistência de nulidade. NULIDADE GLOSA DE DESPESAS ARBITRAMENTO DO LUCRO. Ordinariamente, quando se glosam despesas relativamente expressivas ao total das despesas, impõese o arbitramento, sob pena de vício substancial do lançamento, pois tal glosa representaria a imprestabilidade da escrituração contábil, implicando tributar o que não é expressão de renda. No caso em dissídio, a questão comparece em outros termos. Aqui, dada a simulação da Sociedade em Conta de Participação, há quantificação precisa do sobrevalor embutido nos custos deduzidos, contrabalanceado pelas receitas excluídas por sua exclusão como lucros distribuídos as quais, corretamente, não foram glosadas. Inexistência de nulidade. SIMULAÇÃO SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO MAJORAÇÃO INDEVIDA DO CUSTO AO SÓCIO OCULTO O investimento da recorrente, para se tornar sócio oculto, i.e., para fortalecer o empreendimento do sócio ostensivo, é de valor simbólico. O único sócio oculto (recorrente), sobre ser o único cliente da Sociedade em Conta de Participação (SCP), recebia 65% do faturamento bruto da SCP, a título de distribuição de resultados dessa receita não tributável. Conflito de interesses. Incompatibilidade entre causa típica de uma SCP e o fim prático pretendido pelas partes, a configurar simulação da SCP. Diante da simulação da SCP, fica caracterizada a majoração indevida de 65% dos custos dos kits para produção de refrigerantes, na medida em que foi mantida a exclusão das receitas dos 65%, o que implicaria glosa em duplicidade. MULTA QUALIFICADA. No quadro exposto, não há elementos que concorram para uma simulação ‘inocente’. Ou ainda, não se está diante de fenômeno simulatório que se ponha numa linha divisória tênue ao olhar natural ou sob as lentes defasadas. No Fl. 679DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 680 3 caso vertente, não se afigura factível mesmo um erro de proibição. ILEGALIDADE DA TAXA SELIC E INCONSTITUCIONALIDADE DA MULTA. A Súmula CARF nº 4 reconhece ser devida a taxa Selic. A constitucionalidade da multa é matéria cujo enfrentamento é defeso a este órgão julgador, conforme a Súmula CARF nº 2. JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional, sobre os quais incidem juros de mora calculados com base na taxa Selic, tese confirmada em reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (AgRg no REsp 1.335.688PR, julgado em 4/12/12). A ciência do contribuinte efetivouse em 23/9/14 (fl.674). Para o Embargante, o acórdão teria incorrido em omissão e contradição. Em síntese: se houve uma simulação por meio de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), os negócios jurídicos realizados por estas são desconsiderados, de forma que a operação real a ser levada em consideração deve ser a travada entre a Polyaromas e a Sarandi. Se existe a simulação da SCP, não seria possível falar em distribuição dos resultados, que seria o cerne do acórdão embargado; não haveria previsão para se glosar um custo/despesa parcialmente, de sorte que haveria omissão na apreciação de a operação ser verdadeira e lícita. Não seria possível, lógica e juridicamente, afirmar que a operação seria meio legítima ou verdadeira; quanto à multa de ofício qualificada, restaria configurada a omissão quanto à análise dos argumentos postos no recurso voluntário. Os embargos de declaração foram distribuídos com base no art.65, §2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (“O presidente da Turma poderá designar conselheiro para se pronunciar sobre a admissibilidade dos embargos de declaração”). É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, Relator. Do juízo de admissibilidade Os embargos de declaração são tempestivos. Nos termos do Regimento Interno do CARF (Anexo II), os embargos de declaração são cabíveis para sanar obscuridade, omissão ou contradição existentes no acórdão: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e Fl. 680DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 681 4 os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Inicialmente, sustenta o Embargante contradição no acórdão guerreado. No seu entender, ao fixar que a Sociedade em Conta de Participação (SCP) seria simulada, os negócios jurídicos por ela celebrados deveriam ter sido desconsiderados, subsistindo a operação travada entre a Polyaromas e a Sarandi. Com a simulação, não se poderia falar em distribuição de resultados pela SCP. Para que se possa analisar se houve a aludida contradição, fazse necessário revisitar o caso, ainda que brevemente. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal, o sujeito passivo (Águas Minerais Sarandi Ltda), na qualidade de sócio oculto, constituiu com a Polyaromas Preparados e Extratos Ltda, sócio ostensivo sediado na Zona Franca de Manaus, determinada Sociedade em Conta de Participação, que teria como objeto social “...o desenvolvimento de projetos de produção de extratos e concentrados destinados à industrialização de refrigerantes, os quais tomaram a forma de kits, sendo estes comercializados para as indústrias produtoras e engarrafadoras clientes da SÓCIA OSTENSIVA”, conforme contrato social (fls.29/32). A SCP não poderia ser compreendida como um encontro de vontades de seus sócios, sendo que a integralidade da receita bruta, valor inicial do cálculo dos valores a serem distribuídos como ganhos com a constituição daquela sociedade, provinha unicamente das compras de “kits” pela Águas Minerais Sarandi. No dia útil seguinte ao pagamento por tais aquisições, a Polyaromas, como sócia ostensiva da SCP, efetua, a título de distribuição de ganhos com a SCP, o retorno de exatamente 65% (sessenta e cinco por cento) do valor recebido do sujeito passivo. Como consequência, o custo de produção foi superfaturado em 65%, relativamente às aquisições dos insumos adquiridos, reduzindo o resultado tributável para fins de IRPJ e CSLL, ao mesmo tempo em que lhe proporcionava indevidamente créditos de PIS e Cofins majorados naquele mesmo percentual. A fiscalização, então, realizou a glosa de 65% do custo total das aquisições, bem como o ajuste relacionado aos créditos de PIS e Cofins. No acórdão embargado tal situação fática foi assim resumida: “[...] No caso, verificouse que a recorrente, sobre ser o único cliente da SCP, recebia 65% do faturamento bruto da SCP, a título de distribuição de resultados dessa. Recebimento esse que se dava no primeiro dia útil seguinte ao pagamento feito pela recorrente à SCP pela aquisição dos kits para produção de refrigerantes. Ou seja, a cada pagamento do preço pela aquisição dos kits pela recorrente se operava seu recebimento de 65% desse preço. O autuante reputou ser simulada a SCP, glosando 65% do custo dos insumos (kits para produção de refrigerantes) adquiridos da SCP, por constituir majoração indevida de custo.” Da simples leitura do voto do I. Cons. Marcos Takata, adotado pelo voto vencedor, é fácil notar que não há qualquer contradição ou omissão quanto ao trato da matéria, tendo sido a glosa fiscal devidamente fundamentada em razão de os valores decorrerem Fl. 681DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 682 5 unicamente da constituição da SCP, simulação arranjada entre a Águas Minerais Sarandi Ltda, ora Embargante, e a Polyaromas, verbis: “[...] a insinceridade de causa (típica) ou a incompatibilidade entre a causa (típica) e o fim prático pretendido pelas partes configura a simulação do negócio. Essa incompatibilidade decorre de uma avaliação contingente, não sendo algo conceituável, ao menos em termos absolutos. Na causa típica de uma SCP estão presentes o fortalecimento do empreendimento do sócio ostensivo, enquanto tal, com os investimentos feitos pelos sócios ocultos, e a repartição dos resultados entre ambas as categorias de sócios. No caso vertente, foram detectados os seguintes elementos objetivamente verificáveis quanto à posição, atuação e atribuição à recorrente: é a única sócia oculta da SCP, e, para tanto, fez um aporte de R$ 2.000,00; a SCP só vendeu produtos (kits para produção de refrigerantes) para a recorrente, que é a única cliente da SCP; das vendas da SCP à recorrente, 65% do preço dessas vendas são distribuídos à recorrente a título de distribuição de lucros. A causa buscada com a SCP, na presença dos elementos objetivos descritos na situação em jogo, é a não redução de preços pagos pelo sócio oculto à SCP, para atribuição de significativos resultados ao sócio oculto, e para atribuição de lucros ao sócio empreendedor ou ostensivo. A incompatibilidade entre essa causa ou fim concreto buscado pelas partes com a causa típica das partes com uma SCP se desnuda, no caso vertente. O investimento do sócio oculto é de apenas R$ 2.000,00, para fortalecer o empreendimento do sócio ostensivo. Se não for assim, há de se considerar como ‘investimento’ do sócio oculto a aquisição dos kits produzidos pelo sócio ostensivo somente por ele. E o sócio oculto recebe 65% do preço dos produtos que ela mesma adquire. A incompatibilidade de causas se desnuda, com um conflito de interesses ‘genético’ numa sociedade nesses termos: o comprador busca o menor preço e o vendedor o maior, mas o comprador, aqui, sob o ‘chapéu’ da SCP, tem o interesse do vendedor, pois tem direito a 65% do preço como ‘lucro’ seu. Comprador que é o único cliente do vendedor, para que o ‘chapéu’ da SPC dê o lucro que o comprador espera obter. Como se dizer que a reunião da recorrente com a Polyaromas numa SCP foi para redução de custos daquela, se são desses custos que ela recebe a título de distribuição de lucros 65% deles (custos)? A redução de custos é possível sem a ‘participação nos lucros’ sobre a aquisição que a própria recorrente faz do sócio ostensivo, até porque ela é a única cliente dessa SCP. Fl. 682DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 683 6 Por isso, não têm repercussão os indicativos de preços médios praticados pelos fabricantes instalados na Zona Franca de Manaus. Também, a lição de Pontes de Miranda é precisa ao caso, ao dizer que ‘o acordo sobre a causa não basta a que a causa se estabeleça, se não há o elemento objetivo da adequação da atribuição à causa.’ (Tratado de Direito Privado – tomo III. Rio: Borsoi, 1954, p. 94). Do que ficou deduzido, a conclusão inevitável é a de que a SCP em questão é simulada. Por conseguinte, fica evidenciada a majoração dos custos dos kits para produção de refrigerantes, encoberta sob a capa de lucros distribuídos pela SCP à recorrente, correspondentes a 65% do preço de aquisição dos kits para produção de refrigerantes. Ou seja, a majoração (indevida) dos custos pela recorrente corresponde exatamente a 65% dos ‘preços’ de aquisição dos kits para produção de refrigerantes da Polyaramas – ‘sócio ostensivo da SCP’. A majoração indevida não pode implicar, todavia, glosa também das receitas excluídas, correspondentes aos 65% dos ‘preços’ de aquisição, o que se verá adiante. Por outro lado, é evidente que, sendo simulada a SCP, por princípio de identidade, a receita auferida pelo sócio ostensivo, não mais nessa qualidade, mas como Polyaromas, é justamente de 35% dos ‘preços’ de venda praticados sob a ‘capa’ da SCP à recorrente (dos kits para produção de refrigerantes). O resto é efeito da simulação da SCP.” Não se podendo falar em distribuição de resultados pela SCP, como admite o próprio Embargante, outra não poderia ter sido a conclusão senão a de que os 65% “distribuídos” e repassados/devolvidos ao sujeito passivo significaria, na realidade, excesso no valor dos kits adquiridos, indevidamente contabilizado como custo. O Embargante também alega que o acórdão guerreado seria omisso por não ter apreciado o fato de a operação ser lícita, ao afirmar: “O segundo e relevante aspecto decorrente do fato de que não há previsão para se glosar um custo/despesa parcialmente. Ou operação é verdadeira e lícita, ou não é. No caso concreto, há omissão nesta apreciação, sobretudo pelo fato de que a própria fiscalização e o acórdão não contestam a existência da compra dos insumos, a licitude desta operação, o pagamento do preço. Ou seja, não negam que a operação existiu. Tão somente reduzem (glosam) de forma parcial o valor da operação, sem que exista previsão legal para tanto, utilizandose exclusivamente de um simples indício que é o percentual de 65% da distribuição de resultados. Vale lembrar ainda que há prova efetiva nos autos de que o preço praticado era aquele de mercado, conforme tabela da própria Zona Franca de Manaus. Fl. 683DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 684 7 Assim, além do primeiro vício apontado, neste segundo momento, é preciso também avaliar a omissão e contradição diante do fato de que não é possível do ponto de vista lógico e jurídico dizer que a operação é MEIO LEGÍTIMA OU VERDADEIRA. Ou é por inteiro ou não é por inteiro.” Para infirmar a tese do Embargante quanto à omissão/contradição, basta o excerto acima transcrito, que exterioriza o fundamento adotado por este colegiado quanto à procedência da glosa realizada pela fiscalização, bem como a respeito da ausência de repercussão, no caso concreto, dos indicativos de preços médios praticados pelos fabricantes instalados na Zona Franca de Manaus. O Embargante ainda aduz ter havido omissão quanto à qualificação da multa de ofício. No seu entender, deverseia prestigiar a boafé do contribuinte. Além do mais, a autoridade fazendária não teria descrito e tipificado de forma pormenorizada a conduta, bem como deixara de comprova o dolo. Por fim, na hipótese seria aplicável o art.112 do Código Tributário Nacional. A própria fundamentação dos embargos de declaração quanto ao ponto denota a pretensão de se rediscutir a matéria, o que, como sabido por todos, não é possível na estreita via dos embargos de declaração. Especificamente quanto à manutenção da multa qualificada, o acórdão embargado assim equacionou a controvérsia: “[...] Prossigo, com a apreciação da questão da multa qualificada. Como se vê dos instrumentos específicos dos autos de infração, a multa qualificada foi infligida sobre o IRPJ e a CSL decorrentes da majoração indevida dos custos, aplicandose a multa ordinária em relação à dedução dos valores de PIS e Cofins Importação (fls. 378, 393 e 394). Diante do quadro exposto, não há elementos que acusem ou concorram para a consecução de uma simulação ‘inocente’. Ou melhor, que concorram a uma simulação ‘não legível’ àquele que não passou por correção das lentes pelo oftalmologista. Ou ainda, não se está diante de fenômeno simulatório que se coloque numa linha divisória tênue ao olhar natural ou sob as lentes defasadas. Não se afigura factível mesmo um erro de proibição. Com os caracteres apresentados, como se dizer que não se ostenta o elemento subjetivo do tipo, o dolo? Não vejo como se possa afastar a qualificação da multa no caso vertente, de modo que sobre a questão nego provimento ao recurso.” Acrescentese, conforme assentado por este colegiado (acórdão nº 1103 000.816, de 5/3/13, e nº 1103001.041, de 10/4/14), com esteio em pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que não há necessidade de a decisão cuidar de forma individualizada de todos os argumentos das partes, bastando que esteja suficientemente Fl. 684DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 685 8 fundamentada. Neste sentido, a título exemplificativo, podem ser mencionados os seguintes acórdãos proferidos por aquela Corte superior: “PROCESSUAL CIVIL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE LEI INVOCADOS. SÚMULA 211/STJ. 1. Não viola o art. 535 do CPC, nem importa negativa de prestação jurisdicional, o acórdão que, mesmo sem ter examinado individualmente cada um dos argumentos trazidos pelo vencido, adotou, entretanto, fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia [...]”. (STJ, Segunda Turma, AgRg no Resp 1356027/BA, de 19/03/12, DJe 26/03/13, Rel. Min. Humberto Martins) “PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 619 DO CPP. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO NÃO CONFIGURADA. ACÓRDÃO EMBARGADO. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. REEXAME DA CONTROVÉRSIA. INFRINGÊNCIA DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. OBSCURIDADE CONFIGURADA. FUNDAMENTAÇÃO EMPREGADA PELA TURMA PARA RECHAÇAR ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 261, 263 E 564, III, "C”, DO CPP. ESCLARECIMENTO SUFICIENTE. DESNECESSIDADE DE MODIFICAÇÃO DA PARTE DISPOSITIVA DO JULGADO. [...] 3. A motivação contrária ao interesse da parte ou mesmo omissa em relação a pontos considerados irrelevantes pelo decisum, não autoriza o acolhimento dos embargos declaratórios, além do que o órgão julgador não está obrigado a se pronunciar acerca de todo e qualquer ponto suscitado pelos litigantes, mas apenas sobre aqueles considerados suficientes para fundamentar sua decisão, como ocorrera in casu [...]” (STJ, Sexta Turma, Edcl no Resp 1183134/SP, de 07/05/13, DJe 15/05/13, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira) “PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTEGRATIVO RECEBIDO COMO AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE MOVIDA PELA INFRAERO. USO DE ÁREA AEROPORTUÁRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE APÓIA NA FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA. POSSIBILIDADE. PRETENSÃO RECURSAL QUE ENCONTRA ÓBICE NAS SÚMULAS N. 5, N. 7 E N. 211 DO STJ. [...] 3. Não há violação do art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem julga a matéria, de forma clara, coerente e fundamentada, pronunciandose, suficientemente, sobre os pontos que entendeu relevantes para a solução da controvérsia [...]” (STJ, Primeira Turma, Edcl no Resp 1269355, de 18/09/12, DJe 24/09/12, Rel. Min. Benedito Gonçalves) “AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE PREEXECUTIVIDADE. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. NÃO PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DO FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO QUE AFASTOU A PRESCRIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME DOS Fl. 685DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 686 9 PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA EXCEÇÃO DE PREEXECUTIVIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. ACÓRDÃO ALINHADO À JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. APLICAÇÃO DE MULTA. 1. O julgador, no exame das lides que lhe são submetidas, não está obrigado a responder questionários jurídicos elaborados pelas partes e nem a discorrer sobre todos os dispositivos legais por elas invocados. É de sua obrigação, ao examinar os contornos da lide controvertida, apresentar os fundamentos fáticos e jurídicos em que apoia suas convicções para decidir [...]” (STJ, Quarta Turma, AgRg no Aresp 180224/RJ, de 16/10/12, DJe 23/10/12, Rel. Min. Luis Felipe Salomão). PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. 1. Prestação jurisdicional devidamente entregue, eis que o Tribunal não está obrigado a responder questionários formulados pelas partes. 2. Embargos de declaração rejeitados. (STJ, Primeira Seção, Edcl na Ação Rescisória nº 770/DF, de 09/06/04, DJ 02/08/04, Rel. Min. Eliana Calmon). Por todo o exposto, voto no sentido de REJEITAR os embargos de declaração. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Fl. 686DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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