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Numero do processo: 10830.005020/2008-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 01 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2005 COMPENSAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DUPLICIDADE DE DECLARAÇÕES PARA MESMO DÉBITO. DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE DUPLA APLICAÇÃO DA MULTA ISOLADA. Nos termos do § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96, “a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.” A extinção do crédito tributário é, portanto, condicional, ocorrendo em razão da apresentação de declaração de compensação e deixando de existir em função da implementação de condição resolutória (não-homologação pelo Fisco). É juridicamente impossível que os mesmos débitos sejam objeto de pedidos de compensação diferentes, haja vista que o primeiro pedido de compensação extingue o débito e, via de conseqüência, este mesmo débito não pode servir de substrato para outro pedido de compensação. Se não é admitida a duplicidade de declarações, muito menos é admitida a dupla penalidade. MULTA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR TER EFEITO CONFISCATÓRIO. A apreciação de considerações acerca da graduação da penalidade, definida objetivamente em lei, não compete à autoridade administrativa, mas sim ao Poder Judiciário.
Numero da decisão: 1401-000.722
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em der provimento parcial ao recurso, apenas para cancelar a multa isolada relativa à Dcomp 13710.48934.110405.1.3.04- 0843.
Nome do relator: ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA
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Recorrente SOTREQ S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DUPLICIDADE DE DECLARAÇÕES PARA MESMO DÉBITO. DESCABIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE DUPLA APLICAÇÃO DA MULTA ISOLADA. Nos termos do § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96, “a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.” A extinção do crédito tributário é, portanto, condicional, ocorrendo em razão da apresentação de declaração de compensação e deixando de existir em função da implementação de condição resolutória (nãohomologação pelo Fisco). É juridicamente impossível que os mesmos débitos sejam objeto de pedidos de compensação diferentes, haja vista que o primeiro pedido de compensação extingue o débito e, via de conseqüência, este mesmo débito não pode servir de substrato para outro pedido de compensação. Se não é admitida a duplicidade de declarações, muito menos é admitida a dupla penalidade. MULTA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR TER EFEITO CONFISCATÓRIO. A apreciação de considerações acerca da graduação da penalidade, definida objetivamente em lei, não compete à autoridade administrativa, mas sim ao Poder Judiciário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 631DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 2 ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em der provimento parcial ao recurso, apenas para cancelar a multa isolada relativa à Dcomp 13710.48934.110405.1.3.04 0843. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes De Mattos e Karem Jureidini Dias. Fl. 632DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 632 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0523.794, proferido pela Quinta Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP, que, por unanimidade de votos, decidiu “DEFERIR PARCIALMENTE a manifestação de inconformidade contida no processo apenso n° 10830.001321/200614, ratificando o ato de nãohomologação, mas afastando parcialmente a cobrança dele decorrente, bem como JULGAR PROCEDENTES as exigências de multa isolada formalizadas nestes autos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.” Por descrever os fatos com a riqueza de detalhes necessária para a compreensão da controvérsia, adoto e transcrevo o relatório elaborado pela DRJ: Trata o presente processo de multa de ofício isolada por compensação indevida mediante Declarações de Compensação DCOMP, apontando crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior verificado nos autos do processo administrativo n° 10830.504124/200563, no valor original de R$ 10.000.000,00. Tal crédito foi utilizado na quitação de débitos de Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e Contribuição para o Programa de Integração Social PIS. A estes autos foram apensados os seguintes processos administrativos: • 10830.001321/200614, que trata de nãohomologação de compensações formalizadas em DCOMP apresentadas de 11/04/2005 e 15/04/2005; • 10830.005066/200832, que abriga representação fiscal para fins penais, associada ao lançamento formalizado nos autos do processo principal n° 10830.005020/200813. Às fls. 324 do processo apenso n° 10830.001321/200614 consta despacho produzido por esta Relatora nos seguintes termos: O presente processo referese à nãohomologação das DCOMP nº 13710.48935.110405.1.3.040843 e 36921.01195.150405.1.3.046080, objeto do despacho decisório de fls. 161/162, contra o qual o interessado Fl. 633DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 4 apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 172/182, enviada a esta DRJ para julgamento. Verificase que, em paralelo, a DRF/Campinas também promoveu o lançamento da multa de ofício isolada, em razão das compensações assim consideradas indevidas, formalizandoa sob n° 10830.005020/200813. Contra tal lançamento, o interessado interpôs impugnação, também remetida a esta DRJ para julgamento. Ocorre que, o art. 18 da Medida Provisória n" 135/2003, convertida na Lei n° 10.833/2003, e já alterada pela Lei n° 11.051/2004, assim dispôs: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964. [...] § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. [...] Assim, é necessário que os feitos sejam reunidos para julgamento simultâneo, razão pela qual encaminho este processo ao SECOJ desta DRJ, para que se promova a sua juntada por apensação ao processo administrativo n° 10830.005020/200813, haja vista que a juntada por anexação é inviável, na medida em que os autos controlam créditos tributários cadastrados em diferentes sistemas (PROFISC e SIEF). Seguindo a ordem cronológica dos atos praticados, vêse no processo apenso n° 10830.001321/200614, às fls. 54/55, que as DCOMP n° 13710.48935.110405.1.3.04 0843 e 36921.01195.150405.1.3.046080 foram selecionadas para trabalho manual neste processo em virtude de haver dúvidas quanto à pertinência do direito creditório oferecido como contrapartida aos débitos apresentados para compensação, já que o processo informado pela contribuinte como origem do crédito (n° 10830.504124/200563) trata de inscrição na dívida ativa da União IRRF, conforme se comprova nas consultas aos sistemas Comprot e Projetos PGFN, fls. 28, 29 e 51 a 54, ou seja, não diz respeito a reconhecimento de direito creditório. Fl. 634DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 633 5 Ressaltando que, com base nas mesmas consultas, verificouse que a dívida era oriunda de 2 (dois) débitos de IRRF no anocalendário de 1999, e que foi quitada através de pagamento realizado em 31.05.2005, no valor de RS 4.794,92, o Serviço de Orientação e Análise Tributária SEORT da DRF/Campinas encaminhou os autos, em 22/03/2006, ao Serviço de Fiscalização (Sefis) desta Delegacia da Receita Federal (DRF) para apuração das informações prestadas pela interessada nas 2 (duas) declarações de compensação objeto destes, principalmente em relação ao crédito informado. Em continuidade a ação fiscal já em curso, os auditores responsáveis iniciaram os questionamentos acerca das referidas DCOMP em termo cientificado ao contribuinte em 03/04/2006 (fls. 110/111), e em 27/04/2007 informaram ao SEORT/DRF Campinas que o contribuinte não prestou os esclarecimentos solicitados em 03/04/2006, 04/05/2006 e 15/05/2006, relativamente à origem do crédito pleiteado. Consignaram também que: Por conseguinte, em 13/03/2007 (fls 131 e 132), cientificamos o contribuinte do Termo de Constatação e Intimação Fiscal 12/03/2007, tendo sido solicitado as seguintes informações: “... Em resposta ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal datado de 04/05/2006, relacionado à PER/DCOMP 13710.48935.110405.1.3.040843. transmitida em 11/04/2005, bem como à PER/DCOMP 36921.01195.15 0405.1.3.046080, transmitida em 15/04/2005. Vsa declarou: “2. Informamos que toda documentação hábil e idônea que comprove a existência do crédito especificados nos referidos Per/Dcomp, já foram apresentados no início dessa fiscalização, em atendimento ao termo de intimação datado em 23 de junho de 2005” Entretanto, em análise aos documentos apresentados por Vsa em resposta ao termo de intimação de 23/06/2006, NÃO foram encontrados documentos relacionados ao aludido crédito pleiteado nas Per/Dcomp. Isto posto: Fl. 635DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 6 1. Esclarecer qual é a origem do crédito tributário (Processo Administrativo mencionado nas PER/DCOMP: 10830.504124/200563) pleiteado nas Per/Dcomp retromencionadas, 2. Apresentar ou reapresentar a documentação hábil e idônea coincidentes em datas e valores que comprovem a origem do crédito tributário pleiteado por Vsa, no montante original de RS 10.000.000,00 (dez milhões de reais). Em 27/03/2007 (fls 133 a 147), o contribuinte apresentou petição e, novamente, NÃO comprovou a origem do crédito pleiteado no montante de R$ 10.000.000,00 limitandose a informar que os processos de compensações haviam sido efetuados por terceiros que já havia solicitado à SRF a retificação dos mesmos, não teriam sido aceitas as retificações tendo em vista a ação fiscal em andamento. Também, não esclareceu o PAF 10830.504124/200563. Portanto, o contribuinte em epígrafe, regularmente intimado e com amplo prazo para o atendimento, NÃO comprovou, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, a origem do crédito pleiteado (R$ 10.000.000,00) compensado nas PER/DCOMP 13710.48935.110405.1.3.040843 e 36921.01195.150405. 1.3.046080. Diante do exposto, PROPOMOS o encaminhamento do presente processo ao SEORT para elaboração do Despacho Decisório em face da não comprovação do crédito pleiteado no montante de R$ 10.000.000,00. Diante destas circunstâncias, formalizouse o Despacho Decisório que integra o processo administrativo apenso n° 10830.001321/200614 (fls. 161/162), no qual dispôsse o que segue: [...] Tendo em vista que à época do início da análise das Declarações de Compensação tratadas neste processo, havia procedimento da fiscalização em curso junto à contribuinte, foi proposto através do despacho de fl. 55, anteriormente mencionado, o encaminhamento deste processo ao Serviço de Fiscalização – SEFIS – desta Delegacia, para apuração das informações prestadas pela interessada referente às duas Declarações de Compensação, principalmente em relação ao crédito informado. Estas informações contidas nas Declarações de Compensação, foram aferidas em análise efetuada pelo Serviço de Fiscalização SEFIS, desta Delegacia, Fl. 636DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 634 7 consoante Informação fiscal elaborada em 27/04/2007, fls. 148 e 150 documento este que passa a ser parte integrante deste despacho. De acordo com esta análise, o SEFIS alega que o crédito, objeto das Declarações de Compensação, no montante de RS 10.000.000,00, não foi comprovado. Diante do exposto, considerando tudo o mais que do processo consta, PROPONHO: 1. A não homologação das Declarações de Compensação; 2. O encaminhamento deste processo ao SEFIS para: a) Verificar a pertinência ou não do lançamento da multa isolada prevista no art. 18 da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003. b) No caso de aplicação da multa supracitada, dar ciência ao contribuinte deste despacho junto com o(s) auto(s) de infração, e efetuar a cobrança de todos os débitos declarados nas compensações, conforme extrato do sistema SINCORPROFISC de fls. 151156; caso contrário, retornar o processo a este SEORT. Em 30/05/2008 o interessado foi cientificado do referido despacho decisório, bem como do Auto de Infração e do Termo de Verificação Fiscal que integram este processo principal n° 10830.005020/200813, formalizandose a exigência de R$ 13.017.613,72, correspondente à multa de ofício isolada no percentual de 150%, calculada sobre o valor total dos débitos compensados nas referidas DCOMP. Firmouse no Termo de Verificação Fiscal que diante dos fatos apresentados, pelos quais exsurge inquestionável a intenção do contribuinte em fraudar o sistema de cobrança da Receita Federal, provocando a extinção indevida de tributos, concluímos pela aplicação da multa prevista no art. 18 da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003 (observadas as redações dadas pelas Leis nos 11.051/2004 e 11.196/2005), no percentual de 150%. Manifestando sua inconformidade contra o despacho decisório proferido nos autos do processo apenso n° 10830.001321/2006 14, o interessado, por intermédio de seus advogados e procuradores, apresentou sua defesa em 27/06/2008 (fls. 172/182 do processo apenso n° 10830.001321/200614), alegando, em síntese, o que segue: • Em preliminar assevera que apresenta a presente Manifestação de Inconformidade com fundamento no artigo 48, da Instrução Normativa n° 600 de 2005 c/c § 7º a § 11º, do artigo 74, da Lei nº 9.430/96, em razão de compensações nãohomologadas, para destacar que ela tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito tributário, não se admitindo, portanto, que os Fl. 637DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 8 lançamentos dela advindos sejam óbice a expedição de futuras Certidões Negativas de Débitos. • Relata sua fundação em 1941, e sua condição de revendedora exclusiva dos produtos, serviços e sistemas Caterpillar, bem como a dimensão de sua estrutura operacional de serviços, para acrescentar que para estes 67 anos de crescimento, sua idoneidade foi atributo indispensável, e mais à frente afirmar que em harmonia com sua sempre ilibada conduta, foi que a própria Requerente protocolizou em janeiro de 2005, perante a Secretaria da Receita Federal, um pedido de revisão quanto a uma Declaração de Compensação indeferida nos autos do Processo Administrativo 10166.000251/200578. • Reportase ao processo de fiscalização ocorrido em 2006, no qual se verificou a compensação de créditos oriundos do Processo n" 696/1949 (RESP037056STJ), mencionando o desprezo à realização de uma análise detalhada da origem do crédito compensado e o fato de se ter sugerido arbitrariamente que as DCOMP's entregues até 30 de dezembro de 2004 não deveriam ser homologadas, além de que fossem consideradas "não declaradas " as Declarações de Compensações, entregues após aquela data. • Menciona que ali ressalvouse que não se analisaria as DCOMP que são objeto do Despacho Decisório ora atacado, cita que a Ilustríssima Delegada da Receita Federal em Campinas, sem qualquer espécie de fundamentação, limitouse a proferir despacho decisório "acatando” a manifestação da fiscalização no sentido de considerar não homologadas as DCOMPs entregues até 30 de dezembro de 2004, bem como que em razão de sua boafé pagou os tributos compensados em 15/01/2007, no valor total de R$ 21.346.880,06. • Posteriormente, relata que foi cientificada de auto de infração exigindolhe o pagamento de R$ 2.639.366,47, com o acréscimo de multa de 150%, por conta de PERD/COMP'S considerados não declarados pelo Fisco, em razão do qual efetuou pagamento de R$ 2.723.627,40 em 27/04/2007, para na seqüência afirmar: Ocorre que para a surpresa da Requerente, mediante o Despacho Decisório ora atacado, proferido nos autos do Processo Administrativo n° 10830.01321/200614, estão sendo exigidos NOVAMENTE tributos cujas compensações foram consideradas nãohomologadas pelo Fisco, os quais foram objeto dos PERDCOMP's identificados sob o n° 13710.48934.110405.1.3.040843 e 36921.01195.150405.1.3.046080. No entanto, tal exigência não merece prosperar em razão de dois fatores que serão abordados no próximo tópico, abaixo resumidamente expostos: a) as Duas Declarações de Compensação foram objeto dos PERD/Comp's recepcionados sob números 13710.48934.110405.1.3.040843 e 36921.01195.150405.1.3.046080, os quais foram objeto de dois pedidos expressos de cancelamento em razão de duplicidade de envio, Fl. 638DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 635 9 e o que é pior: b) os tributos ora exigidos ESTÃO EXTINTOS NOS TERMOS DO INCISO I, DO ARTIGO 156. DO CTN. pois foram QUITADOS quando da liquidação dos lançamentos perpetrados em razão do Despacho Decisório proferido nos autos do Processo Administrativo n° 10166.000251/200578 e do Auto de Infração nº 10830.001497/200749. • Reportase à existência de assessoria técnica especializada contratada para adequação das compensações realizadas à legislação pátria e que, em meados de 2005, já na posse da documentação relativa às compensações, a ora requerente constatou vários erros nas transmissões dos PERDCOMP'S, as quais poderiam resultar em sérios prejuízos, tais como: duplicidade e triplicidade de transmissões. Daí as tentativas de retificações e cancelamentos, inclusive das DCOMP em referência, sem contudo obter êxito, fato que foi devidamente comunicado ao Delegado da Receita Federal em Campinas mediante petições protocolizadas em várias oportunidades, dentre elas em 25 de junho de 2005 e 24 de fevereiro de 2006. • Invoca a espontaneidade e o direito de petição, que se respeitados evitaria o lançamento de tributos ora discutidos e ensejaria a reforma do Despacho Decisório, que sequer adentrou no fato de que os PERDCOM'S n°s 13710.48934.110405.1.3.040843 e 36921.01195.150405.1.3.04 6080 já foram objeto de pedido de cancelamento em razão de duplicidades constatadas internamente pela companhia, o que por si só, faria com que perdesse seu objeto. Aliás, a veracidade dessa alegação (duplicidade) pode ser facilmente constatada pelo fato dos tributos/períodos exigidos em razão de Despacho Decisório ora atacado, estarem compreendidos dentre aqueles que foram lançados e quitados pela Requerente, em razão do Despacho Decisório proferido nos autos do Processo Administrativo n" 10166.000251/2005 78 e do Auto de Infração n° 10830.01497/200749. Assim, mesmo que não sejam acatada a alegação de que os PERDCOMP'S em questão foram objeto de pedido de cancelamento não atendido pelo Fisco, o que se admite apenas a título de argumentação, o fato é que os valores exigidos em razão do Despacho Decisório ora guerreado, encontramse extintos por pagamento nos termos do inciso I, do artigo 156, do Código Tributário Nacional, como a seguir será demonstrado. • Em quadro demonstrativo, contendo os códigos tributos, período de apuração e vencimentos dos tributos exigidos pela nãohomologação em tela, associa os valores quitados relativos a processo administrativo 10166000.251/200578* e do Auto de Infração 10830.001497/200749**, e conclui que todos os lançamentos oriundos de Despacho Decisório em tela, guardam Fl. 639DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 10 relação com exigências já QUITADAS em outros processos administrativos (10166.000251/200578 e 10830.0014797/2007 49), RAZÃO PELA QUAL NÃO PODEM PREVALECER SOB PENA DE VERDADEIRO BIS IN IDEM. Assim, a Requerente que já arcou com o pagamento de dezenas de milhões de reais, certamente não se sujeitará a COBRANÇA EM DUPLICIDADE COMO ESTÁ DE QUASE SETE MILHÕES DE REAIS E RESPECTIVA MULTA DE 13 MILHÕES DE REAIS, DELA DECORRENTE EXIGIDA NO AUTO DE INFRAÇÃO 10830.005020/200813. Tal situação, portanto, carece de imediata revisão por parte da Delegacia da Receita Federal em Campinas, pois é INADMISSÍVEL que a Requerente fique a mercê de trabalhos fiscais que lhe imputam créditos tributários já pagos e ainda autuações deles decorrentes objetivando a aplicação de penalidade de multa de 150% por suposta "fraude", caracterizando, tais atos arbitrários, num tratamento desigual e de total descaso a um dos maiores contribuintes da jurisdição desta E. Delegacia, e a "maior empresa do setor em faturamento no Estado de São Paulo e no país". Não obstante, apesar de nada dever ao erário, a Requerente ainda é submetida a Representação Penal, que culminará em Inquérito Policial, situação extremamente constrangedora e que certamente trará danos irreparáveis a companhia. Ainda, impugnando o lançamento de multa de ofício isolada presente neste processo principal n° 10830.005020/200813, o contribuinte, por intermédio de seus advogados e procuradores, deduz as seguintes razões de fato e de direito em 26/06/2008: • Reprisa os mesmos argumentos tecidos na manifestação de inconformidade, para concluir que o Termo Decisório proferido nos autos do Processo Administrativo n. ° 10830.001321/2006 14, não pode sob nenhum aspecto prevalecer, pois a não homologação das compensações resultou na exigência de créditos tributários já QUITADOS. E acrescenta que, se a não homologação dos créditos tributários não surtiu qualquer efeito jurídico ou financeiro, tendo em vista que os objetos das compensações já haviam sido recolhidos ao erário anteriormente, não há porque prevalecer a multa ora atacada. • Na seqüência, entende necessária a recapitulação da multa aplicada, na medida em que a utilização do percentual de 150% depende da plena caracterização e comprovação da prática de uma conduta fraudulenta por parte do contribuinte, conforme doutrina que reproduz, no sentido da demonstração da própria materialidade da conduta fraudulenta, bem como o dolo específico do agente, evidenciando não somente a intenção mas também o seu objetivo, uma vez que a fraude não pode ser presumida mas deve sim ser comprovada através de elementos contundentes apuráveis, inclusive, através do devido processo legal. Fl. 640DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 636 11 • Reportase à responsabilidade objetiva do art. 136 do CTN, mas ressalva que à fraude é imprescindível a comprovação do dolo, o qual, por sua vez, é excluído pelo erro do agente que crê na licitude de sua conduta – ainda que tenha sido induzido a erro por terceiros e não tem a intenção de praticar fraude. • Conclui, assim, que não estão presentes os requisitos necessários à caracterização da fraude. Em suas palavras: a Requerente não praticou qualquer conduta omissiva ou comissiva que visasse reduzir o montante do imposto devido, tendo declarado e compensado os tributos de forma a possibilitar a presente averiguação fiscal; não houve dolo na redução do imposto devido, ou seja, intenção de provocar um evento ou resultado contrário ao Direito, eis que a Requerente contratou uma consultoria jurídica que previamente lhe assegurou a legalidade da operação, levandoa a engano; não restou comprovado pelo Fisco a prática de simulação quanto à ocorrência ou ao momento da ocorrência do fato gerador, uma vez que a Requerente ofereceu inúmeros documentos à Receita Federal, como escrituras e contratos, que demonstravam não só a ocorrência do fato gerador, mas as suas particularidades. • Acrescenta que realizou de boafé todos os procedimentos referentes à compensação de créditos, e para isso contratou a consultoria referida, que comprometeuse a prestar serviço de "advocacia e assessoria tributária na aquisição de crédito por cessão para quitação de tributos incidentes na contratante, de natureza federal". Inclusive, na referida contratação foram previstos a seleção do crédito e a qualidade dele, o trânsito em julgado e a conformidade com as normativas impostas pela Receita Federal [...], bem como assegurado que a compensação seria válida nos termos do art. 170 do CTN. • Acreditou, assim, que agiu dentro da mais absoluta legalidade, sem qualquer intenção de cometer qualquer tipo de infração, e não está aqui, pretendendo opor convenção particular ao Fisco, mas sim demonstrar que não agiu com dolo em fraudar os cofres públicos, em prejuízo alheio, Inclusive, tais serviços prestados pelo escritório Walmir Barroso Advogados Associados S/C, que não se prestaram para o fim contratado, qual seja, para aquisição e compensação de créditos tributários, levaram a Requerente a ingressar com ação de indenização contra o mesmo, a qual tramita perante o Foro Central da capital (doe. n" 14). • Teria havido, assim, no máximo culpa "in eligendo", pela má escolha do prestador de serviços jurídicos, na medida em que sua conduta foi exclusivamente embasada no referido contrato. Fl. 641DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 12 • Reportase à responsabilidade decorrente da culpa "in eligendo" pelos danos causados, mas entende que estaria automaticamente descartada a suposta fraude alegada pela Requerida. Em reforço à sua boafé, menciona também sua colaboração no curso do procedimento fiscal, demonstrando claramente como toda a operação de compensação foi realizada, oferecendo documentos e indicando inclusive os valores que foram adquiridos bem como os créditos que foram utilizados no procedimento administrativo. • Menciona, também que levada à engano pela assessoria contratada, a Requerente jamais negou intencionalmente a legislação pátria, inexistindo portanto o próprio nexo de causalidade. Reproduz doutrina que exige a prática voluntária do antijurídico, e conseqüente culpa subjetiva para imputação da responsabilidade por infração, e conclui que a multa deveria ser reduzida, no mínimo, a 75%, na ausência de prova da fraude. • Reportase a julgados administrativos do Terceiro Conselho de Contribuintes que demonstram a necessidade de descaracterização da multa isolada quando não restar devidamente comprovado o intuito de fraude, e acrescenta: Portanto, não há como se pretender sustentar a prática de atividade dolosa que visasse evitar ou diferir o pagamento dos tributos, sendo que nenhuma prova foi apresentada neste sentido, restando comprovada a boafé da Requerente no ato da contratação dos serviços prestados pela assessoria do escritório Walmir Barroso Advogados Associados S/C Consultoria Empresarial, que indicoulhe a compensação como em “conformidade com as normativas impostas pela Receita Federal e outros órgãos pertinentes a pronta aquisição e conclusão do processo de transferência”. • Recorda que a fiscalização em tela somente foi iniciada a partir da provocação da própria Requerente, ou seja, a partir do processo n° 10166.000251/200578, onde se pretendia a declaração de regularidade da compensação, a evidenciar a total boa fé da empresa, não se realizando meramente na contabilidade da empresa, consoante julgado administrativo mencionado em sua defesa. Considerados tais esclarecimentos, onde estaria a tentativa de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo na reduzir o montante do imposto devido ou a evitar ou diferir o seu pagamento, necessária à tipificação da fraude? Mais complexa ainda é a tentativa do Auditor Fiscal da Receita Federal imputar uma atitude fraudulenta à Requerente, que ressaltou sua boafé com o pagamento dos tributos apontados como devidos pela autoridade fiscal. • Conclui, assim, que não está tipificada a fraude, e demonstrada a sua boafé, passa a apontar o caráter inconstitucional da multa de ofício aplicada pelo Fisco, na medida em que, acrescido da multa de mora exigida para o recolhimento do Fl. 642DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 637 13 valor compensado, resta evidente que o percentual assim totalizado em 170%, é confiscatório. • Ressalta que tal limitação constitucional é referida apenas no âmbito dos tributos, mas a doutrina pacificamente a estende às multas, na medida em que estas não devem ter caráter arrecadatório, mas tão só sancionatório, com respeito aos princípios da proporcionalidade e isonomia com relação a situações similares. • Entende caracterizado o confisco nas multas que ultrapassam em muito o valor do próprio tributo, ou mesmo o valor do bem ou riqueza que ensejou a tributação, extrapolando o dimensionamento necessário para desestimular o ilícito. • Assevera que a indenização ao Fisco se faz pela aplicação de juros de mora e correção monetária, e a utilização da taxa SELIC para cálculo dos juros, associada a multas superiores a 100%, ofende o princípio da proporcionalidade e tem feição confiscatória. • Apenas o tributo deve ter função arrecadatória. A multa deve ser fixada para incentivar o cumprimento do dever pelo contribuinte e, para manter as suas funções de punir, reprimir e ressocializar, deve também observar o princípio do não confisco. • Cita também o princípio da razoabilidade, reportandose a precedentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Regionais Federais, e acrescenta que o valor excessivo da penalidade é suficiente para inviabilizar a vida financeira da empresa punida. E, por fim, menciona que o alcance do preceito constitucional que veda o confisco é também extensivo às penalidades, por ser desdobramento da garantia do direito de propriedade, previsto no inciso XXII, do artigo 5º, e inciso II do artigo 170, ambos da Constituição Federal. • Requer, por todo o exposto, a declaração de nulidade do presente lançamento, eis que demonstrado que os créditos tributários não homologados nos autos do Processo Administrativo n° 10830.001321/200618, já foram devidamente recolhidos, ou então que seja ele julgado improcedente, por inaplicabilidade da multa de 150%, ou que este percentual seja reduzido para 75%, tendo em vista que a Requerente não praticou a aquisição e compensação dos créditos com intuito de fraude. Submetidas a Manifestação de Inconformidade e a Impugnação à apreciação da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP, esta houve por bem julgar procedente em parte a manifestação, ratificando o ato de não homologação, mas afastando parcialmente a cobrança dela decorrente. Entretanto, julgou improcedente a impugnação apresentada, mantendo a exigência da multa isolada formalizada nestes autos. O acórdão restou assim ementado: Fl. 643DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 14 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE NATUREZA TRIBUTÁRIA. INEXISTÊNCIA. ORIGEM EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DE INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO. Inadmissível a compensação de suposto crédito de natureza tributária, oriundo de processo administrativo destinado à inscrição em Dívida Ativa da União de débito cujo valor é irrisório, se comparado com o crédito alegado. FALSIDADE EM DCOMP. IMPOSSIBILIDADE. IMPOSIÇÃO DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. PROCEDÊNCIA. Inserir informação falsa em DCOMP, a fim de possibilitar o seu envio por meio eletrônico e dar aparência de regularidade à utilização de créditos de natureza tributária inexistentes, demonstra a falsidade e o evidente intuito de fraude que devem ser penalizados com o lançamento de multa qualificada no percentual de 150%. DÉBITOS PAGOS EM RAZÃO DE PROCEDIMENTO ANTERIOR. NÃO HOMOLOGAÇÃO. NECESSIDADE. Se o interessado não providencia espontaneamente o cancelamento das DCOMP cujos débitos foram posteriormente pagos, necessário é o ato de não homologação para desfazer seu efeito extintívo evitar eventual alegação de pagamento indevido. COBRANÇA. Descabe nova cobrança de débitos que, embora objeto de DCOMP nãohomologada, já se encontram pagos ou foram objeto de representação para cobrança em razão de procedimento fiscal anterior. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. O pagamento posterior dos débitos compensados não afasta a multa isolada por compensação indevida, na medida em que ela decorre do efeito extintivo das DCOMP, e visa coibir seu uso em hipóteses distintas daquelas autorizadas na lei, mormente se vinculada a créditos inexistentes de natureza tributária e com inserção de elementos falsos. MULTA DE OFÍCIO POR COMPENSAÇÃO INDEVIDA COM EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. ATOS PRATICADOS POR TERCEIROS. Imprópria é a alegação de culpa in eligendo da assessoria contratada, se inexiste qualquer evidência de que o procedimento questionado tenha sido promovido por terceiros. MULTA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ARGUIÇÃO DE EFEITO CONFISCATÓRIO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de considerações acerca da graduação da penalidade, definida objetivamente em lei, não compete à autoridade administrativa, mas sim ao Poder Judiciário. COBRANÇA DOS DÉBITOS COMPENSADOS. COEXISTÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO ISOLADA E MULTA Fl. 644DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 638 15 MORA. A multa isolada de que trata o art. 18 da Lei nº e 10.833, de 2003, é penalidade nova, aplicável sobre o valor total do débito indevidamente compensado nos casos de abuso de forma e/ou fraude no uso da DCOMP como meio extintivo do crédito tributário. Assim, não se caracteriza como acréscimo do principal não recolhido e coexiste com eventual exigência deste acrescido de multa de mora ou de ofício. Lançamento Procedente. Vale mencionar que, ao longo do voto condutor do julgado acima, a DRJ reconheceu que os débitos que constavam na DCOMP nº 13710.48934.110405.1.3.040843 (cuja manifestação de inconformidade fora apresentada nos autos do PTA nº 10830.001321/200614, apenso a este processo quando da análise pela SRJ) já haviam sido objeto de compensação anterior e integralmente pagos pelo contribuinte nos autos dos PTAs nº 10166.000251/200578 e 10830.001497/200749. Entendeu, assim, que nova cobrança dos mesmos débitos, dessa vez consubstanciada no PTA nº 10830.001321/200614 (destinado à cobrança dos débitos relativos a não homologação das compensações formalizadas em DCOMPs n°s 13710.48934.110405.1.3.040843 e 36921.01195.150405.1.3.046080) caracterizaria a duplicidade na exigência dos mesmos débitos relacionados à DCOMPs n° 13710.48934.110405.1.3.040843. Com relação à multa isolada, o seu lançamento foi realizado em Auto de Infração próprio, consubstanciado no presente PTA 10830.005020/200813. No entendimento da DRJ, embora tenha considerado válido e necessário o ato de não homologação da DCOMP n° 13710.48934.110405.1.3.040843, decidiu que não deveria prosseguir a cobrança dos débitos a ela correspondentes, já que foram integralmente pagos, conforme acima noticiado. Já com relação à DCOMP nº 36921.01195.150405.1.3.04 6080, como não foram comprovados os pagamentos dos débitos nela compensados, não havendo qualquer relação com a aqueles cobrados em procedimentos anteriores, entendeu que não seria a mesma situação da outra DCOMP (n° 13710.48934.110405.1.3.040843). Por esse motivo, manteve integralmente a cobrança dos débitos daquela DCOMP. No que diz respeito à multa isolada lançada nos presentes autos (PTA nº 10830.005020/200813), exigida em sua modalidade agravada (150%), a DRJ houve por bem manter integralmente o seu lançamento ao fundamento de que, apesar de as compensações realizadas em duplicidade envolverem os mesmos débitos, elas se valeram de créditos distintos, submetendo o infrator a tantas punições quantas forem as condutas praticadas em inobservância de norma, reunindo as características necessárias para a aplicação da multa isolada pela não homologação da compensação. Manteve, ainda, a penalidade em sua forma qualificada e, para tanto, justificou ser: “indubitável que a inserção de informações cujas características não estão de acordo com a legalidade que ampararia o direito de compensação de créditos junto ao Fisco tipifica a conduta do agente que deliberadamente inseriu a informação com o fim de ser eximir de recolhimento de tributos. Da inserção de dados Fl. 645DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 16 relativos a créditos inexistentes, ou ente diverso da fazenda pública federal, ou que seja de natureza nãotributária, depreendese que, regra geral, a conduta não foi, em tese, culposa, mas sim dolosa. No mínimo, ocorreu o dolo eventual, pois o agente vislumbrou o resultado (extinção do crédito tributário) e o assumiu, no esteio de que o último risco seria a simples nãohomologação da compensação.” (fl. 570) Regularmente intimado do acórdão acima, a Recorrente interpôs o Recurso Voluntário de fls. 594/620, informando que o saldo remanescente do PTA nº 10830.001321/200614 será devidamente quitado, tendo em vista a sua inclusão no Parcelamento nº 18043.000091/200999. Não é, portanto, objeto de discussão no presente recurso. A matéria em debate limitase a discutir a cobrança da multa isolada, bem como o seu enquadramento na modalidade qualificada (150%). Depois de interposto o recurso voluntário supramencionado, foi certificado à fl. 621 que apenas o presente processo (PTA 10830.005020/200813) foi encaminhado à ARF/Sumaré para continuidade, já que o processo apenso 10830.001321/200614 foi parcelado. Na sequência, certificouse à fl. 622 que, em 21/06/2010, o PTA nº 10830001321200614 foi desapensado do PTA n° 10830.005020/200813. Desse modo, apenas o Recurso Voluntário discutindo a multa isolada é objeto de análise por este Conselho. Recebido o feito para apreciação, passo a analisálo. É o relatório. Fl. 646DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 639 17 Voto Conselheiro Relator Alexandre Antonio Alkmim Teixeira O Recurso Voluntário preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Da leitura do Auto de Infração, verificase à fl. 35 que o enquadramento legal da multa isolada em razão da não homologação da compensação foi embasado no art. 18 da Lei 10.833/2003, com redação dada pela Lei nº 11.051/04. Confirase: 001 MULTA ISOLADA COMPENSAÇÃO INDEVIDA COMPENSAÇÃO INDEVIDA EFETUADA EM DECLARAÇÃO PRESTADA PELO SUJEITO PASSIVO O contribuinte efetuou compensação indevida de valores em declaração prestada, conforme Termo de Verificação Fiscal, parte integrante e indissociável do presente Auto de Infração. Data Valor Multa Regulamentar 30/04/2005 R$ 10.702.357,98 30/04/2005 R$ 2.315.255,74 ENQUADRAMENTO LEGAL Art. 18 da Lei n° 10.833/03, com redação dada pela Lei n° 11.051/04. A aplicação da multa isolada sobre o débito objeto de compensação não homologada tem embasamento legal no art. 18 da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que, em sua redação original, assim dispunha: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei n°4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6º a 11 do art. 74 da Lei nº9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 647DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 18 § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. No ano seguinte, o citado art. 18 da Lei nº 10.833/2003 foi modificado pela Lei n° 11.051, de 27 de dezembro de 2004, que alterou a redação do caput e do § 2°, bem como incluiu o § 4°, o qual passou a tratar da incidência da multa isolada para os casos em que a compensação for considerada não declarada, restringindo expressamente a aplicação dessa penalidade às hipóteses enquadradas no II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Confirase: Art. 25. Os arts. 10, 18, 51 e 58 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: "(...) Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitar seá à imposição de multa isolada em razão da não homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. ............................................................................ § 4º A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996." (NR) A Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, por sua vez, ao alterar a redação do citado § 4° do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, o fez apenas para definir que a multa será aplicada sobre o total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada, bem como para estabelecer os percentuais que seriam aplicados para cada situação, inclusive os casos de qualificação da multa. Não realizou, entretanto, nenhuma alteração em relação à estrita incidência da referida multa isolada, que deve ser aplicada somente se verificada as hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Para que não restem dúvidas, veja a redação abaixo: Art. 117. O art. 18 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 18. ........................................................................................ ........................................................................................ Fl. 648DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 640 19 § 4º Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose os percentuais previstos: I no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II no inciso II do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 5º Aplicase o disposto no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas no § 4º deste artigo." (NR) Novamente a redação do art. 18 foi modificada, agora pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, que atribuiu nova redação ao caput do art. 18, bem como aos parágrafos, 2º, 4º e 5º, definindo a redação atualmente em vigor. Todavia, manteve a mesma restrição de que a multa isolada será aplicada apenas quando “a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996”: Art. 18. Os arts. 3º e 18 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: (...) "Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitar seá à imposição de multa isolada em razão de não homologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. ........................................................................... § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. ........................................................................... § 4º Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose o percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu § 1º, quando for o caso. Fl. 649DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 20 § 5º Aplicase o disposto no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas nos §§ 2º e 4º deste artigo." (NR) Feitas essas considerações iniciais acerca da multa isolada prevista para compensação não homologada e compensação não declarada, passase a delimitar o campo de aplicação das penalidades impostas pelo art. 18 da Lei nº 10.833/2003, bem como analisar se o caso em tela é passível de ser considerado uma compensação não homologada ou não declarada. Inicialmente, é importante salientar que pedido de compensação é causa extintiva do crédito tributário, sob condição resolutória, nos termos do art. 156, inciso II, do CTN e o art. 74, § 2o, da Lei nº 9.430/96. Nos dizeres de Paulo de Barros Carvalho, no seu livro “Direito Tributário, linguagem e método”, 4ª edição, “na compensação tributária são dissolvidas, simultaneamente, essas duas relações: (i) de crédito tributário e (ii) de débito do Fisco. Direitos e deveres funcionam como vetores de mesma intensidade e direção, mas de sentidos opostos que se anulam. A compensação é forma extintiva das obrigações em geral, encontrando fundamento de validade no art. 368 do Código Civil: ‘Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações se extinguem, até onde se compensarem’. No que concerne à obrigação do tributo, o Código Tributário Nacional acolhe o instituto, desde que, em homenagem ao princípio da indisponibilidade dos bens públicos, seja autorizado em lei.” De acordo com o § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, “a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.” O efeito de extinção do crédito, pela compensação, operase de imediato, portanto, a partir da entrega da declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. Contudo, somente irá vigorar enquanto não haja despacho decisório indeferindo o pedido de compensação. Essa é a condição resolutória e está relacionada ao prazo de cinco de que dispõe a Administração Pública para verificar a regularidade do ato e homologálo. Caso ela não se manifeste durante o prazo acima assinalado, a compensação será tacitamente homologada, permanecendo o crédito extinto. Caso ela se manifeste indeferindo o pedido de compensação, o crédito tributário será exigido. Ou seja, a implementação da condição poderá desfazer o ato jurídico perfeito que resultou na extinção do crédito tributário e, assim, este passará a ser novamente exigido com todos os encargos cabíveis. A extinção do crédito tributário é, portanto, condicional, ocorrendo em razão da apresentação de declaração de compensação e deixando de existir em função da implementação de condição resolutória, qual seja, a sua nãohomologação pelo Fisco. É o mesmo raciocínio aplicado para o pagamento antecipado dos lançamentos por homologação (art. 150, § 4º do CTN). Nessa hipótese, a extinção do crédito ocorre na data do pagamento antecipado. Entretanto, por ser uma condição resolutória, caso a administração tributária, em posterior procedimento de fiscalização, venha a apurar que o sujeito passivo não efetuou o pagamento adequadamente, cuidará de adotar todas as providências necessárias para exigir os valores que deixaram de ser pagos, acrescidos das penalidades cabíveis. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 641 21 A lógica é tão semelhante que, durante o período em que o pedido de compensação estiver pendente de análise, os débitos informados na DCOMP são tratados como inexistentes pelo sistema da RFB, que permite, inclusive, a renovação de certidão negativa de débitos. Tendose em vista que a compensação extingue o débito, resta impossível apresentar novo pedido de compensação quanto o débito encontrase extinto. É pressuposto básico do pedido de compensação a existência do débito a ser compensado. A este respeito, confirase a opinião de Sacha Calmon1: A compensação pode ser legal, jurídica ou voluntária. A compensação legal é feita nos termos da lei, ipso jure. É o caso da compensação fiscal porque o tributo é ex lege, indisponível pelo EstadoAdministração. A compensação é voluntária quando resulta de convenção entre as partes. Dela se diz que é judicial quando a dívida se faz líquida e certa por decisão judicial. São pressupostos da compensação legal: a) Duas dívidas que sejam recíprocas; b) Fungíveis; e c) Exigíveis. É dizer: não há como existir a compensação legal (que é a compensação ora analisada) diante da inexistência do débito a ser compensado. Assim, como a Recorrente havia apresentado declaração de compensação anterior, cujo efeito foi extinguir os débitos, a declaração de compensação posterior visando extinguir os mesmos débitos que já se encontravam extintos não pode existir juridicamente vez que ausente o pressuposto da existência do débito a ser compensado. Isso porque, a compensação anula, sob condição resolutória, o débito, como bem explica o professor Paulo de Barros Carvalho, vez que no quadro da fenomenologia das extinções, a compensação ocupa o tópico de modalidade extintiva tanto do direito subjetivo como do dever jurídico, uma vez que o crédito do sujeito pretensor, num dos vínculos, é anulado pelo seu débito, no outro, o mesmo se passando com o sujeito devedor. A jurista Misabel Abreu Machado Derzi2 também realiza considerações interessantes sobre o instituto da compensação, valendo conferir os seguintes trechos: a peculiaridade da compensação no Direito Tributário, realçada especialmente nos tributos lançados por homologação, conforme modelo adotado pela Lei nº 8.383/91, está exatamente no fato de que ela extingue a obrigação sob condição resolutória, como é 1 Curso de Direito Tributário Brasileiro. 11ª ed. Forense, p.735. 2 Direito Tributário Brasileiro. Aliomar Baleeiro. Editora Forense. 11ª Edição. Fl. 903 Fl. 651DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 22 próprio do pagamento antecipado (art. 150, § 4º do CTN). A certeza e a liquidez serão apuradas pelo sujeito passivo, que procederá à compensação, ficando os atos assim praticados sujeitos à fiscalização futura pelo prazo de cinco anos. (...) O fenômeno é ordinário. Afinal, os impostos e contribuições mais importantes do sistema tributário brasileiro são sujeitos a lançamento por homologação, em que o sujeito passivo, calculando e apurando o montante a pagar, antecipa o pagamento, que se sujeita a ato administrativo de homologação posterior, expresso ou tácito, como condição resolutória de extinção. No ICMS e no IPI, ordinariamente, o contribuinte também realiza as compensações inerentes ao princípio da não cumulatividade. Seria estranho ao regime do próprio tributo e mesmo impraticável que o contribuinte, que pagou o que não devia, para compensar o seu crédito – como forma de restituição do indébito – se sujeitasse à conferência prévia pela Fazenda Pública de todos os atos praticados” Não se trata, portanto, de DCOMP não homologada ou não declarada, vez que a ausência de débito impossibilita a apresentação de DCOMP. Explicase. A lógica corrobora para impossibilitar a existência de duas declarações de compensação sobre o mesmo débito. Em síntese, sobre a matéria envolvendo vários pedidos de compensação relativos aos mesmos débitos, três hipóteses distintas são possíveis: (i) A segunda DCOMP, com débitos apresentados em DCOMP anterior, é apresentada quando a primeira DCOMP ainda não foi analisada: quando a segunda DCOMP é apresentada antes do despacho decisório e antes do início do procedimento fiscal, ela deve ser interpretada como retificadora da primeira e esta, por conseqüência, perde o seu objeto, dispensando a sua análise. A segunda DCOMP, portanto, substitui a primeira, devendo somente aquela ser analisada, já que a primeira deixa de produzir efeitos; (ii) A segunda DCOMP, com débitos apresentados em DCOMP anterior, é apresentada após o início do procedimento fiscal, mas antes do despacho decisório: quando a segunda DCOMP é apresentada antes do despacho decisório, mas depois de iniciado o procedimento fiscal (não podendo a primeira ser retificada), ela perde o seu objeto, devendo ser considerada inexistente, já que, iniciado o procedimento fiscal o contribuinte não pode retificar a primeira declaração, e o débito, antes do despacho não homologatório está extinto, podendo, portanto, a segunda DCOMP produzir nenhum efeito sobre aqueles débitos; (iii) A segunda DCOMP, com débitos apresentados em DCOMP anterior, é apresentada após o despacho que não homologa a primeira: havendo despacho acerca da não homologação da primeira DCOMP, aplicandose a multa isolada competente e realizandose a cobrança dos débitos correspondentes, a segunda DCOMP, quando apresentada após o referido despacho decisório, deve ser considerada como não declarada (nos termos do §3º, V, e §12, do art. 74 da Lei nº 9.430/96), já que a legislação não permite a coexistência dessas duas declarações sobre os mesmos débitos. Aplicandose os conceitos acima ao caso em tela, é de se concluir que, em relação aos débitos consubstanciados DCOMP nº 13710.48934.110405.1.3.040843, transmitida em 11/04/2005, como já haviam sido objeto de pedidos de compensação anteriores, e, como confirmado pela DRJ, já haviam sido integralmente pagos nos autos dos PTAs nº 10166.000251/200578 e 10830.001497/200749, a cobrança da multa isolada exigida por meio do meio do presente PTA não deve subsistir. Explicome: Fl. 652DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 642 23 A DRJ de Campinas teve o cuidado de realizar uma análise muito detalhada dos débitos envolvidos, visando justamente evitar a duplicidade na cobrança. Assim, constatou que todos os débitos informados na DCOMP nº 13710.48934.110405.1.3.040843 haviam sido objeto de pedidos de compensação anteriores, sendo que todas as DCOMPs envolvidas foram transmitidas no período de outubro/2004 e janeiro/2005, ou seja, anteriores à DCOMP ora analisada, que, como dito, foi transmitida em abril/2005. Ressaltou, ainda, que todos os débitos constantes da DCOMP nº 13710.48934.110405.1.3.040843 já haviam sido cobrados do contribuinte e por ele pagos. Veja o trecho abaixo, extraído do acórdão nº 0523.794, elaborado pela DRJ, fl. 549: Concluise, desta forma, a análise dos débitos compensados na DCOMP n° 13710.48935.110405.1.3.040843, evidenciandose que todos os valores ali constantes já haviam sido cobrados do contribuinte e por ele pagos. Para maior clareza, o número de ordem atribuído a cada um dos débitos analisados está referenciado na cobrança/lançamento evidenciado nos extratos dos processos administrativos n° 10166.000251/200578 e 10830.001497/200749 (fls. 352/374). Ali, apenas deixam de ser consignados os débitos de n° 1, 6 e 29, que embora não constem naqueles autos, foram indicados para cobrança na ordem de intimação do Acórdão DRJ/CPS n° 18.644. Apenas para que não restem dúvidas quanto às compensações realizadas, convém notar os trechos a seguir, os quais demonstram que todas as DCOMPs mencionadas e analisadas pela DRJ, em relação à DCOMPs n°s 13710.48934.110405.1.3.040843, foram transmitidas no período entre 10/2004 e 01/2005. Confirase: 1) Código 0561, PA 110/2004, valor original de RS 761.445.08: Código 0561, PA 510/2004, valor original de R$ 761.445,08 O contribuinte aponta compensações de: R$ 761.445,08 na DCOMP 26981.24560.030105.1.7.573878 (retificadora da DCOMP 29705.87825.031104.1.3.571640); R$ 942.135,99 (principal de R$ 761.445,08) na DCOMP 36750.45364.050105.1.3.570527; (...) Como se vê, o débito de R$ 761.445,08, aqui indicado como referente à 1ª semana de outubro/2004, em verdade consta como pertinente à 5 a semana de outubro/2004 na DCTF deste período. O mesmo se infere da DCOMP aqui tratada (n° 13710.48935.110405.1.3.040843), na qual ele é associado ao vencimento de 04/11/2004, e não 06/10/2004, como seria esperado para débitos da 1ª semana de outubro/2004. (...) Portanto, uma vez procedida a cobrança complementar naqueles autos, como determinado em razão do julgamento, descabe repetila aqui. Fl. 653DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 24 2) Código 0561. PA 112/2004. valor original de R$ 577.998.86: Código 0561, PA 112/2004, valor original de RS 615.229,22 O contribuinte aponta compensações de: R$ 615.229,22 na DCOMP 22107.55657.261104.1.3.571445; R$ 615.229,22 na DCOMP 39819.06004.071204.1.3.572423; R$ 686.778,23 (principal de R$ 577.998,86) e de R$ 1.999,84 (principal de R$ 1.683,09) na DCOMP 38486.24773.070105. 1.3.570600; e R$ 42.237,26 (principal de R$ 35.547,27) na DCOMP 24322.97492.070105.1.3.573300. (...) Observase, do exposto, que o débito de IRRF, sob código 0561, apurado na 1ª semana de dezembro/2004 seria, em todos os documentos apresentados, de R$ 615.229,22. Apenas que este valor foi decomposto nas parcelas de R$ 577.998,86 e R$ 1.999,84 indicadas na DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.57 0600 e da parcela de R$ 35.547,27 compensada na DCOMP n° 24322.97492.070105.1.3.573300, as quais totalizam também R$ 615.229,22. Confirmase, ainda, que a parcela de R$ 615.229,22 foi objeto de cobrança no processo administrativo n° 10166.000251/200578. Assim, na medida em que o débito de R$ 577.998,86 integra o valor de R$615.229,22, cobrado naquele processo administrativo, descabe nova exigência. 3) Código 0561. PA 212/2004, valor original de R$ 1.683.09: Como se vê acima, o valor de R$ 1.683,09 foi apontado como parcela integrante do débito de R$ 615.229,22, apurado na 1ª semana de dezembro/2004, sendo objeto de compensação na DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.570600. Aqui, não obstante ele tenha sido indicado como referente à 2 a semana de dezembro/2004, seu vencimento foi declarado como sendo 08/12/2004, o mesmo apontado para o débito de R$ 577.998,86. Concluise, daí, que esta parcela, à semelhança do débito de R$ 577.998,86, também integra o valor de R$ 615.229,22 cobrado e pago no processo administrativo n° 10166.000251/200578, devendo ser interrompida esta nova cobrança. 4 e 5) Código 0561. PA 112/2004. valor original de RS 23.152.85. e Código 0561, PA 212/2004. valor original de RS 112,94: (...)Código 0561, PA 212/2004, valores originais de R$ 112,94 e R$ 23.152,85, informados na DCOMP 38486.24773. 070105.1.3.570600, mas cobrados, pelo valor total de R$ 23.265,79, em razão da nãohomologação da DCOMP 39228.04322.151204.1.3.577088, com implícita admissibilidade de que o período de apuração indicado na DCOMP 38486.24773.070105.1.3.570600 para o débito R$ 23.152,85 (1 12/2004) estaria incorreto; Fl. 654DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 643 25 Aqui, também, o débito compensado de R$ 23.152,85 foi novamente vinculado à 1ª semana de dezembro/2004, mas tendo como data de vencimento 15/12/2004, prevista para a 2ª semana de dezembro2004. Daí a evidência de incorreção do período de apuração indicado na DCOMP 13710.48935.110405.1.3.04 0843 e, conseqüentemente, da sua anterior cobrança nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578, juntamente com a parcela de R$ 112,94, o que totaliza R$ 23.265,79 no período de 212/2004 e impõe o afastamento da cobrança renovada nestes autos. 6) Código 1708, PA 110/2004. valor original de RS 11.239.66: Código 1708, PA 510/2004, valor original de R$ 11.239,66 O contribuinte aponta compensações de: R$ 11.239,66 na DCOMP 26981.24560.030105.1.7.573878; R$ 13.906,82 (principal de R$ 11.239,66) na DCOMP 36750.45364.050105.1.3.570527; e R$ 13.906,82 (principal de R$ 11.239,66) na DCOMP 17421.01212.060105.1.3.574064. (...) Como se vê, o débito de RS 11.239,66, aqui também indicado como referente ao código 1708 e à 1ª semana de outubro/2004, em verdade consta como pertinente à 5ª semana de outubro/2004 na DCTF deste período, aspecto confirmado no processo administrativo n° 10166.000251/200578. (...) Portanto, uma vez procedida a cobrança complementar naqueles autos, como determinado em razão do julgamento, descabe repetila aqui. 7 e 8) Código 1708. PA 211/2004. valor principal de RS 29.669.72. e Código 1708, PA 112/2004. valor original de R$ 2.930.11: À semelhança dos itens 4 e 5, verificouse nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578 a duplicidade de débitos compensados, dado que a própria autoridade administrativa deixou de cobrar débitos indicados em DCOMPs que não foram admitidas: [...] A partir destas informações, já de plano podese confirmar a duplicidade de compensações relativamente aos seguintes débitos alegados pelo impugnante em seu demonstrativo de fis. 285/286: [...] Código 1708, PA 211/2004, valor original de RS 29.669,72, informado na DCOMP 24322.97492.070105.1.3.573300, mas cobrado em razão da nãohomologação da DCOMP 24408.15721.171104.1.3.574925; Fl. 655DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 26 [...] Código 1708, PA 212/2004, valor original de RS 2.930,11, informado na DCOMP 38486.24773.070105.1.3.570600, mas cobrado em razão da nãohomologação da DCOMP 39228.04322.151204.1.3.577088, com implícita admissibilidade de que o período de apuração indicado na DCOMP 38486.24773.070105.1.3.570600 para o débito RS 2.930,11 (1 12/2004) estaria incorreto; Evidente, portanto, a anterior cobrança dos débitos de R$ 29.669,72 e R$ 2.930,11 nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578, o que impõe o afastamento das cobranças renovadas nestes autos. 9) Código 2172, PA 08/2004, valor original de R$ 10.067,00: No Acórdão n° 18.644 esta Relatora verificou a compensação de débito com estas características por meio da DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.570600, a qual foi considerada não declarada e ensejou o lançamento de ofício dos valores correspondentes nos autos do processo administrativo n° 10830.001497/200749, não impugnado e quitado pelo interessado. (...) Confirmase, portanto, a alegação do impugnante, nestes autos, de que o referido débito foi objeto de compensação anterior, e também recolhido, mas agora em razão do lançamento de ofício formalizado nos autos do processo administrativo n° 10830.001497/200749. Assim, não deve prosseguir a cobrança correspondente, aqui promovida. 10) Código 2172. PA 09/2004. valor original de RS 18.268.50: Código 5979, PÁ 209/2004, valor original de R$ 28.316,17 Este código de receita corresponde a retenções da Contribuição ao PIS sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica de direito privado. No período em questão, o contribuinte aponta, no demonstrativo à fl. 287, compensações de: R$ 3.997,36 (principal de R$ 3.958,17), R$ 18.449,36 (principal de R$ 18.268,50), R$ 6.149,79 (principal de R$ 6.089,50) na DCOMP 09370.80623.111004.1.3.573903; R$ 34.616,51 (principal de R$ 28.316,17) na DCOMP 38948.41809.081204.1.3.573800; R$ 22.603,21 (principal de RS 18.268,50), R$ 7.534,53 (principal de R$ 6.089,50) e de RS 4.897,43 (principal de RS 3.958,17) na DCOMP 38486.24773.070105.1.3.570600. Confirmase, daí que, como alegado pelo impugnante, a COFINS apurada em setembro/2004 no valor de R$ 18.268,50 foi objeto de cobrança e pagamento no processo administrativo n° 10166.000251/200578, razão pela qual descabe a renovação desta exigência. 11.12 e 13) Código 2172. PA 10/2004, valor original de R$ 34.021,73; PA 11/2004, valor original de R$ 68.405,08; e PA 12/2004, valor original de RS 70.354.78: Fl. 656DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 644 27 À semelhança do descrito no débito n° 9, os valores em referência também foram identificados como compensados na DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.570600, conforme consta no Acórdão n° 18.644, com o seu conseqüente lançamento de ofício em razão de ter sido considerada nãodeclarada a compensação. Os valores assim exigidos nos autos do processo administrativo n° 10830.001497/200749 foram pagos pelo interessado. (...) Confirmase, portanto, a alegação do impugnante, nestes autos, de que os referidos débitos foram objeto de compensação anterior, e também recolhidos. Observese, apenas, que todos assim o foram em razão do lançamento de ofício formalizado nos autos do processo administrativo n° 10830.001497/200749, muito embora o recorrente vincule os débitos de R$ 68.405,08 e R$ 70.354,78 a recolhimento decorrente da cobrança efetuada nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578. Assim, não deve prosseguir a cobrança a eles correspondente, aqui promovida. 14 e 15) Código 2362. PA 10/2004. nos valores originais de R$ 542.152,53 e R$ 263.434,83: À semelhança dos itens 4, 5, 7 e 8 verificouse nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578 a duplicidade de débitos compensados, dado que a própria autoridade administrativa deixou de cobrar débitos indicados em DCOMPs que não foram admitidas: [...] A partir destas informações, já de plano podese confirmar a duplicidade de compensações relativamente aos seguintes débitos alegados pelo impugnante em seu demonstrativo de fls. 285/286: [...] Código 2362, PA 10/2004, valores originais de R$ 263.434,83 e R$ 542.152,53, informados na DCOMP 24322.97492.070105.1.3.573300, mas cobrados em razão da nãohomologação das DCOMP 24408.15721.171104.1.3.57 4925 e 05223.55367.231104.1.3.572278; Portanto, também aqui, a cobrança anterior dos débitos de R$ 542.152,53 e R$ 263.434,83 nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578, impõe o afastamento das cobranças renovadas nestes autos. 16) Código 2372. PA 1/2004. valor original de RS 3.355,67: À semelhança do descrito nos débitos n° 9, 11, 12 e 13, o valor em referência também foi identificados como compensados na DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.570600, conforme consta no Acórdão n° 18.644, com o seu conseqüente lançamento de ofício em razão de ter sido considerada nãodeclarada a compensação. O valor assim exigido nos autos do processo Fl. 657DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 28 administrativo n° 10830.001497/200749 foi pago pelo interessado. (...) Confirmase, daí, a alegação do impugnante, nestes autos, de que tal débito foi objeto de compensação anterior, e também recolhido. Portanto, descabe a cobrança a eles correspondente, aqui promovida. 17) Código 2372. PA 3/2004. valor original de R$ 6.089,50: Código 5979, PA 209/2004, valor original de RS 28.316,17. Este código de receita corresponde a retenções da Contribuição ao PIS sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica de direito privado. No período em questão, o contribuinte aponta, no demonstrativo à fl. 287, compensações de: R$ 3.997,36 (principal de R$ 3.958,17), R$ 18.449,36 (principal de R$ 18.268,50), R$ 6.149,79 (principal de RS 6.089,50) na DCOMP 09370.80623.111004.1.3.573903; R$ 34.616,51 (principal de R$ 28.316,17) na DCOMP 38948.41809.081204.1.3.573800; R$ 22.603,21 (principal de R$ 18.268,50), R$ 7.534,53 (principal de R$ 6.089,50) e de R$ 4.897,43 (principal de R$ 3.958,17) na DCOMP 38486.24773.070105.1.3.570600. (...) Confirmase, portanto o alegado pelo impugnante, no sentido de que a CSLL apurada no 3 o trimestre/2004 no valor de R$ 6.089,50 foi objeto de cobrança e pagamento no processo administrativo n° 10166.000251/200578, não devendo prosseguir a cobrança nestes autos. 18. 19. 20 e 211 Código 2372. PA 2/2004. valor original de R$ 1.085,12; PA 4/2004. valor original de R$ 22.801,69: PA 3/2004, valor original de R$ 11.340,58: e PA 2/2004. valor original de R$ 10.203,16: À semelhança do descrito nos débitos n° 9, 11, 12, 13 e 16, os valores em referência também foram identificados como compensados na DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.570600, conforme consta no Acórdão n° 18.644, com o seu conseqüente lançamento de ofício em razão de ter sido considerada não declarada a compensação. O valor assim exigido nos autos do processo administrativo n° 10830.001497/200749 foi pago pelo interessado. (...) Confirmase, daí, a alegação do impugnante, nestes autos, de que tais débitos foram objeto de compensação anterior, e também recolhidos após lançamento de ofício. Portanto, não se deve prosseguir, aqui, na cobrança dos mesmos valores. 22 e 23) Código 2484. PA 10/2004. nos valores originais de R$ 65.261,60 e R$ 199.974,29: À semelhança dos itens 4, 5, 7, 8, 14 e 15 verificouse nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578 a duplicidade de débitos compensados, dado que a própria Fl. 658DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 645 29 autoridade administrativa deixou de cobrar débitos indicados em DCOMPs que não foram admitidas: [...] A partir destas informações, já de plano podese confirmar a duplicidade de compensações relativamente aos seguintes débitos alegados pelo impugnante em seu demonstrativo de fls. 285/286: [...] Código 2484, PA 10/2004, valores originais de R$ 199.974,29 e R$ 65.261,60, informados na DCOMP 24322.97492.070105.1.3.573300, mas cobrados em razão da nãohomologação das DCOMP 24408.15721. 171104.1.3.57 4925 e 05223.55367.231104.1.3.572278; Assim, a cobrança anterior dos débitos de R$ 199.974,29 e R$ 65.261,60 nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578, impede, aqui, que se prossiga na cobrança dos débitos em referência. 24) Código 3208. PA 112/2004. no valor original de RS 3.549,00: À semelhança dos itens 4, 5, 7, 8, 14, 15, 22 e 23 verificouse nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578 a duplicidade de débitos compensados, dado que a própria autoridade administrativa deixou de cobrar débitos indicados em DCOMPs que não foram admitidas: [...] A partir destas informações, já de plano podese confirmar a duplicidade de compensações relativamente aos seguintes débitos alegados pelo impugnante em seu demonstrativo de fls. 285/286: [...] Código 3208, PA 212/2004, valor original de RS 3.549,00, informado na DCOMP 38486.24773. 070105.1.3.570600, mas cobrado em razão da nãohomologação da DCOMP 39228.04322.151204.1.3.577088, com implícita admissibilidade de que o período de apuração indicado na DCOMP 38486.24773. 070105.1.3.570600 para o débito RS 3.549,00 (1 12/2004) estaria incorreto; [...] Como se vê, o débito de R$ 3.549,00, sob código 3208, foi objeto de compensações anteriores, muito embora vinculado ao período de apuração 212/2004 na DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.570600, e cobrado em razão da DCOMP n° 39228.04322.151204.1.3.577088, na qual foi atribuído ao período de apuração 112/2004, como nas compensações aqui tratadas. Logo, descabe nova cobrança deste valor. 25 e 26) Código 5706. PA 211/2004 no valor original de RS 122.117,66; e PA 311/2004. no valor original de R$ 33.882,03: Código 5706, PA 311/2004, valor original de RS 156.000,01 Fl. 659DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 30 O contribuinte aponta compensações de: R$ 156.000,01 na DCOMP 05223.55367.231104.1.3.572278; e R$ 149.569,70 (principal de R$ 122.117,66) e de R$ 41.498,78 (principal de R$ 33.882,03) na DCOMP 24322.97492. 070105.1.3.573300. Na DCOMP 24322.97492.070105.1.3.573300 o valor principal de R$ 122.117,66foi informado no PÁ 21172004, e a parcela de R$ 33.882,03 no PA 311/2004 (fl. 335 do processo apenso n° 10166.000251/200578). Já na DCOMP 05223.55367.231104.1.3.572278, o débito de R$ 156.000,01 foi indicado para o PA 311/2004 (fl. 257 do processo apenso n° 10166.000251/200578). (...) Tais constatações infirmam a indicação contida na impugnação (fl. 181), de que os débitos de R$ 33.882,03 e R$ 122.117,66 integrariam o valor de R$ 156.000,01 recolhido em razão da cobrança promovida nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578. Apenas a parcela de R$ 33.882,03 foi admitida como integrante do débito sob código 5706, no período de apuração 311/2004. De toda sorte, a outra parcela de R$ 122.117,66, que se entendeu relativa ao período de apuração 211/2004, foi objeto de lançamento de ofício n° 10830.001497/200749, também pago. Assim, descabe prosseguir na cobrança de ambos os débitos. 27) Código 5856. PA 10/2004, valor original de R$ 964.147,68: À semelhança do descrito nos débitos n° 9, 11, 12, 13, 16, 18, 19, 20 e 21, o valor em referência também foi identificados como compensado na DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.570600, conforme consta no Acórdão n° 18.644, mas sem que isto suscitasse seu lançamento de ofício, e sim a sua cobrança em razão de ter sido considerada nãodeclarada a compensação, possivelmente em razão de o débito ter sido também declarado em DCTF. Tal cobrança acompanhou as demais promovidas no processo administrativo n° 10166.000251/200578 e foi paga pelo interessado. (...) Confirmase, portanto, a alegação do impugnante, nestes autos, de que tais débitos foram recolhidos em razão da cobrança promovida nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578. Assim, não se deve prosseguir, aqui, na cobrança dos mesmos valores. 28) Código 5856. PA 11/2004, no valor original de RS 1.638.587,68: À semelhança dos itens 4, 5, 7, 8, 14, 15, 22, 23 e 24 verificouse nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578 a duplicidade de débitos compensados, dado que a própria autoridade administrativa deixou de cobrar débitos indicados em DCOMPs que não foram admitidas: [...] A partir destas informações, já de plano podese confirmar a duplicidade de compensações relativamente aos seguintes Fl. 660DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 646 31 débitos alegados pelo impugnante em seu demonstrativo de fls. 285/286: [...] Código 5856, PA 11/2004, valor originai de R$ 1.638.587,68, informado nas DCOMP 38486.24773. 070105.1.3.570600 e 24322.97492.070105.1.3.573300, mas cobrado em razão da nãohomologação da DCOMP 39228.04322. 151204.1.3.577088; [...] Considerando que a cobrança acima referida foi paga no processo administrativo n° 10166.000251/200578, como alegado pelo impugnante, descabe aqui repetila. 29 ) Código 6912. PA 09/2004. no valor original de R$ 126.141.65: Concluída a análise dos valores questionados pelo contribuinte no demonstrativo de fls. 285/288, cumpre ainda observar que, dentre os débitos por ele indicados como declarados em DCTF e compensados, notase que o valor de R$ 126.141,65 (atualizado em R$ 156.075,06 na DCOMP 24322.97492.070105.1.3.573300), relativo ao período de apuração de setembro/2004 e informado sob código 6912, não foi objeto de cobrança. (...) Como se vê, à semelhança dos débitos n° 1 e 6, embora o valor de R$ 126.141,65 não tenha sido cobrando nos autos n° 10166.000251/200578 como acima relatado, esta Relatora, no mesmo Acórdão n° 18.644, fez constar de sua ordem de intimação o encaminhamento à DRF jurisdicionante do contribuinte para que: “Adote as providências necessárias relativamente aos débitos abaixo indicados que, nos termos do voto deste julgado, foram indevidamente compensados, mas não constam da carta cobrança de fls. 521/529 do processo apenso n° 10166.000251/200578: Tributo PA Valor DCOMP 6912 09/2004 126.141,65 24322.97492.070105.1.3.573300 [...]” Observese, inclusive, que o impugnante também se reporta a este débito em sua impugnação classificandoo dentre os valores que ainda serão objeto de levantamento interno (fl. 179). Portanto, uma vez procedida a cobrança complementar naqueles autos, como determinado em razão do julgamento, descabe repetila aqui. 30. 31. 32 e 33) Código 6912, PA 08/2004, no valor original de RS 2.181.18: PA 10/2004. no valor original de R$ 7.371,37; PA Fl. 661DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 32 U/2004, no valor original de R$ 14.821,11: PA 12/2004. no valor original de R$ 15.243,54: À semelhança do descrito nos débitos n° 9,11,12,13,16,18,19, 20, 21 e 27, os valores em referência também foram identificados como compensados nas DCOMP n° 38486.24773.070105.1.3.57 0600 e 24322.97492.070105.1.3.573300, conforme consta no Acórdão n° 18.644, com o seu conseqüente lançamento de ofício em razão de terem sido consideradas nãodeclaradas as compensações. O valor assim exigido nos autos do processo administrativo n° 10830.001497/200749 foi pago pelo interessado.(...) 34) Código 8045. PA 110/2004. valor original de R$ 668,33: À semelhança dos itens 4, 5, 7, 8, 14, 15, 22, 23, 24 e 28 verificouse nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578 a duplicidade de débitos compensados, dado que a própria autoridade administrativa deixou de cobrar débitos indicados em DCOMPs que não foram admitidas: [...] A partir destas informações, já de plano podese confirmar a duplicidade de compensações relativamente aos seguintes débitos alegados pelo impugnante em seu demonstrativo de jls. 285/286: [...] Código 8045, PA 110/2004, valor original de RS 668,33, informado nas DCOMP 36750A5364.050105.1.3.570527 e 17421.01212.060105A.3.574064, mas cobrado em razão da nãohomologação da DCOMP 29705.87825.031104.1.3.571640 (retificada pela DCOMP 26981.24560.030105.1.7.573878). E, muito embora o impugnante não cite tal ocorrência em seu demonstrativo de fls. 179/181, tendo em conta o pagamento da cobrança acima referida, procedida nos autos do processo administrativo n° 10166.000251/200578, descabe aqui renová la. Relacionando tudo o que foi dito até o momento com o caso em análise, vêse que a DCOMP n° 13710.48934.110405.1.3.040843 foi transmitida em 11/04/2005. Desse modo, (i) sendo posterior às demais DCOMPs acima mencionadas (transmitidas entre 10/2004 a 01/2005) e (ii) tendo sido apresentada antes do despacho decisório e antes do início do procedimento fiscal que resultou nas cobranças realizadas nos PTAs nº 10166.000251/200578 e 10830.001497/200749, devidamente pagas pela Recorrente, é de se declarar indevida a cobrança da multa isolada, já exigida da contribuinte nos autos do PTA nº 10830.006690/2006 95. Isso porque, a DCOMP n° 13710.48934.110405.1.3.040843 deveria ter sido interpretada como retificadora das DCOMPs anteriores, que diziam respeito aos mesmos débitos. Ao analisar as DCOMPs apresentadas primeiramente (entre outubro/2004 e janeiro/2005), não deveria a Autoridade Fiscal simplesmente ter desprezado a existência da DCOMP posterior que, por versar sobre os mesmos débitos que as anteriores, evidenciava a necessidade de se promover a substituição das outras declarações, evitandose a duplicidade de pedidos de compensação para os mesmos débitos. Inclusive, a própria contribuinte, ao constatar a duplicidade de pedidos de compensação, pediu o cancelamento da DCOMP n° 13710.48934.110405.1.3.040843, cujos Fl. 662DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10830.005020/200813 Acórdão n.º 1401000.722 S1‐C4T1 Fl. 647 33 débitos foram quitados nos autos dos PTAs nº 10166.000251/200578 e 10830.001497/2007 49. Contudo, o pedido de cancelamento não foi acolhido por ter sido formulado no curso da ação fiscal. Assim, a Autoridade Fiscal desprezou a existência de DCOMP posterior que tentava compensar débitos que constavam nas DCOMPs anteriores e, ao não homologar as primeiras DCOMPs, exigiu o pagamento do débito acrescido da multa isolada na modalidade qualificada. O aspecto mais relevante sobre a discussão deixou de ser analisado: se o pedido de compensação extingue os débitos sob condição resolutória, é impossível coexistirem duas declarações sobre um mesmo débito, já que ele é extinto no momento da entrega da declaração de compensação, deixando de existir até ulterior condição resolutória. Desse modo, não se pode permitir a cobrança de nova multa isolada, na modalidade qualificada, pela não homologação de compensação que versava sobre débitos constantes de DCOMPs anteriores, as quais já foram não homologadas e a multa isolada já imposta. É juridicamente impossível que os mesmos débitos sejam objeto de pedidos de compensação diferentes, haja vista que, ao apresentar o primeiro pedido de compensação, o débito é extinto e, via de conseqüência, não pode servir de substrato para outro pedido de compensação que verse sobre o mesmo débito, ainda que aborde créditos distintos. É admissível, entretanto, a retificação da declaração de compensação, situação em que a segunda declaração deve substituir a primeira que, por conseqüência, perde o seu objeto, dispensando a sua análise. Assim, somente a segunda DCOMP deveria ser analisada, de modo que a primeira deixa de produzir efeitos naquilo em que alterado. Além disso, não pode prosperar a aplicação de multa por não homologação de compensação que sequer existiu, vez que na apresentação da segunda DCOMP, conforme explanado nas linhas acima, inexistia pressuposto básico do instituto da compensação – o débito (que estava extinto por compensação anterior, que ainda não havia sido não homologada). Logo, se não é admitida a duplicidade de declarações, muito menos é admitida a dupla penalidade. No entendimento da DRJ, embora tenha decidido que não deveria prosseguir a cobrança dos débitos correspondentes a DCOMP n° 13710.48934.110405.1.3.040843, manteve a exigência da penalidade nos presentes autos, mesmo sabendo que ela já havia sido fixada no PTA nº 10830.006690/200695. Na verdade, entendo que o procedimento mais adequado seria a aplicação da presente penalidade apenas nos presentes autos, haja vista que somente aqui foi analisada a DCOMP retificadora. Contudo, como a Recorrente já fora naqueles autos (PTA nº 10830.006690/200695) condenada ao pagamento da multa isolada pela não homologação do pedido de compensação, entendo não incabível repetir a penalidade nos presentes autos. Fl. 663DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 34 Assim, afasto a exigência da multa isolada em relação à DCOMP n° 13710.48934.110405.1.3.040843. Entretanto, por se tratar de situação absolutamente diferente, mantenho, pelos fundamentos adotados pela DRJ, a exigência da multa isolada e qualificada em relação à DCOMP nº 36921.01195.150405.1.3.046080, já que não foram comprovadas compensações anteriores e o pagamento dos débitos nela compensados. Tanto que a Recorrente, em seu recurso, informa que irá efetuar o pagamento dos débitos por meio de parcelamento. Em relação à existência de dolo específico que enseje a aplicação da multa na modalidade qualificada, entendo estar presente um conjunto de indícios consistentes e convergentes no sentido da inverdade das informações apresentadas nas DCOMPs, vez que verificase a apresentação de diversas DCOMPs com créditos inexistentes ou indicando como créditos processos administrativos que, na verdade, tratavamse de débitos não quitados pela contribuinte. Por fim, quanto à argüição de inconstitucionalidade da multa aplicada pelo Fisco, entendo que este Conselho não deve se manifestar sobre discussões que versem sobre essa matéria, visto que não é sua função afastar a aplicação de leis validamente inseridas no ordenamento jurídico pátrio. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira relator Fl. 664DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 16/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR
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Numero do processo: 13804.000680/97-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: COMPENSAÇÃO. DÉBITOS INFORMADOS PELO DEVEDOR.
Nos casos de compensação de crédito tributário cabe ao devedor indicar qual débito pretende ver compensado com seu crédito. Na situação dos autos, conforme demonstrativo de fl. 234, a interessada não indicou para ser compensado com o saldo negativo do IRPJ de 1995, exercício 1996, as estimativas devidas nos meses de janeiro e fevereiro de 1997. Em, assim sendo, devem ser considerados quitados os créditos indicados pela recorrente,
sendo que os valores correspondentes às estimativas devidas em janeiro e fevereiro de 1997, caso não quitadas com o saldo negativo dos anos de 1992, 1993 e 1994, conforme informado pela recorrente, podem ser objeto de verificação e adoção dos procedimentos cabíveis.
Recurso provido.
Numero da decisão: 1402-001.071
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da primeira
SEÇÃO DE JULGAMENTO, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para que as compensações sejam efetuadas nos moldes indicados pelo sujeito passivo, nos termos do voto do relator.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA
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DÉBITOS INFORMADOS PELO DEVEDOR. Nos casos de compensação de crédito tributário cabe ao devedor indicar qual débito pretende ver compensado com seu crédito. Na situação dos autos, conforme demonstrativo de fl. 234, a interessada não indicou para ser compensado com o saldo negativo do IRPJ de 1995, exercício 1996, as estimativas devidas nos meses de janeiro e fevereiro de 1997. Em, assim sendo, devem ser considerados quitados os créditos indicados pela recorrente, sendo que os valores correspondentes às estimativas devidas em janeiro e fevereiro de 1997, caso não quitadas com o saldo negativo dos anos de 1992, 1993 e 1994, conforme informado pela recorrente, podem ser objeto de verificação e adoção dos procedimentos cabíveis. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da primeira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para que as compensações sejam efetuadas nos moldes indicados pelo sujeito passivo, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva Relator Fl. 269DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 2 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de pessoa jurídica tributada com base no lucro real, com período de apuração anual. Conforme documentos de fls. 29 e 43, no ano de 1996, a recorrente entregou DIPJ em relação ao anocalendário de 1995, com saldo negativo de imposto de renda no valor de R$ 32.988,91 (fl. 130). Os comprovantes de recolhimento dos impostos que gerou o saldo negativo constam das fls. 31 a 35 e foram confirmados pelo sistema da Receita às fls. 37, 38 e 40. Por meio do despacho decisório de fls. 54 e seguintes, datado de 10012003, cientificado à interessada em 26022003 (fl. 115), o saldo negativo do IRPJ relativo ao ano calendário de 1995 foi reduzido de R$ 32.988,91 para R$ 31.894,59. Dita diferença resultou em razão da dedução de valetransporte que foi reduzida de R$ 5.586,08 para R$ 4.941,95 e do IRRF reduzido de R$ 1.273,37 para R$ 1.131,26. Segundo o citado despacho decisório, a causa para redução do valetransporte deuse porque o valor deduzido ultrapassou ao limite de 8% de que trata os artigos 594 e 595 do Regulamento do Imposto de Renda de 1994. O valor do IRRF foi reduzido de R$ 1.273,37 para R$ 1.131,26 porque em consulta no sistema da Receita Federal consta retido somente a importância de R$ 1.131,26. Às fls. 101 e 102 a autoridade preparadora relacionou os débitos com vencimento no ano de 1997 e 1998, supostamente pagos com o saldo negativo de R$ 31.894,59, relativo ao ano de 1995. Intimada, a parte interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 118 e seguintes destacando os seguintes pontos: i) que reconhece que a dedução a título de valetransporte deve ser de R$ 5.586,08 para R$ 4.941,95, portanto aceita a diferença de R$ 644,13 (5.586,08 R$ 4.941,95 = 644,13). ii) que nos termos do demonstrado à fl. 119 o saldo negativo do imposto é de R$ 32.444,78 e não R$ 31.894,59. iii) Na impugnação, a recorrente destacou que no ano de 1995 tinha optado pelo lucro presumido e efetuado recolhimento de valores com base nesta sistemática. Contudo, no decorrer do anocalendário optou pelo lucro real, conforme permitido na época. Por meio da planilha de fl. 121/122 a recorrente indica o valor corrigido que afirma ter pago a maior. Por meio do acórdão de fl. 176 e seguintes a DRJ julgou procedente a manifestação de inconformidade, sendo que o acórdão contém a seguinte ementa: Fl. 271DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 4 4 Apesar de o acórdão ter deferido a compensação, em seus fundamentos constam as seguintes passagens: Fl. 272DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 5 5 D C Conforme AR de fls. 215, em 30 de novembro de 2004 a parte interessada foi intimada da decisão recorrida e em 17 de dezembro de 2004 ingressou com o recurso de fls. 228 a 231, por meio do qual repisa os fundamentos articulados quando a manifestação de inconformidade, rebatendo os item apontados pelo relator, dentre os quais destaco os seguintes pontos: “ item 26. Com a entrega da DIRPJ/1998, restou evidenciado que houve recolhimento (extinção através de compensação) indevido, pois a interessada apurou base de cálculo positiva. Neste momento, surge o direito creditório a favor da interessada no valor de R$ 21.103,64, relativo ao saldo credor de IRPJ apurando na DIRPJ/1998.” “ item 27. Assim sendo, a interessada faria jus à restituição do montante de R$ 38.274,76, descontado a compensação realizada em janeiro e fevereiro de 1997, e do montante de R$ 21.103,64, correspondente ao saldo apurado na DIRPJ/1998.” Ressaltamos, que os valores devidos em janeiro/97 = 12.135,81 e fevereiro/97 = 8.967,83, que posteriormente geraram o Crédito de R$ 21.103,64, citados no item 26, foram de fato compensados com imposto a restituir apurados em exercício anteriores, e complementados com um valor do PRÓPRIO 1° TRIMESTRE DE 1997 (e isto ocorreu devido a obrigatoriedade, de apresentarmos os referidos débitos, tanto na DCTF, como na Declaração de IRPJ/98, logo, a exigência destes recolhimentos nos 2 primeiros meses de 1997, não deram margem as empresas de não o fazêlo, mesmo com prejuízos tributários visíveis no trimestre, que para melhor elucidarmos o assunto demonstramos a formação dos valores abaixo. Reconhecemos que talvez a nossa colocação na manifestação anterior, tenha sido incompleta, portanto inexata, o que deu margem a interpretação do relator, reforçamos que o valor de R$ 21.103,64 foi, de fato, em grande parte, compensados com créditos a restituir (oriundos de IR retido na Fonte), gerados IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA Saldo Credor Restituível Reconhecido pela autoridade a quo Alterado pelo julgamento DIRPJ/1996 R$ 31.894,59 R$ 21.775,13 DIRPJ/1998 ................................. R$ 21.103,64 Fl. 273DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 6 6 nas declarações de IRPJ de exercício anteriores, créditos estes convertidos para a moeda corrente e corrigidos de acordo com a legislação, sendo: Créditos à restituir da empresa no IRPJ de 1992 = R$ 3.133,79 Créditos à restituir da empresa no IRPJ de 1993 = R$ 8.550,79 Partes dos Créditos à restituir da empresa no IRPJ de 1994 = R$ 451,86 COMPENSAÇÃO DE JANEIRO 97 = R$ 12.135,81 Créditos a restituir da empresa no IRPJ de 1994 (Saldo) = R$ 4.107,43 Para complementar utilizamos valores do próprio 1° Trimestre de 1997, (apurados pela base de calculo positiva no trimestre). = R$ 4.860,40 TOTAL PARA QUITAR FEVEREIRO 1997 = R$ 8.967,83 Vale ressaltar, que este valor de R$ 4.860,40, foi reduzido do Crédito gerado por base de calculo positiva do 1° Trimestre de 1997, portanto, não utilizamos este valor em quaisquer Compensações e sim utilizamos o resultado apurando, sou seja, R$ 21.103,64 () 4.860,40 = 16.243,24 saldo disponível. “Item 28. Impede verificar, portanto, qual seja o direito creditório da interessada relativo ao saldo credor de IRPJ apurado na DIRPJ/1996, com a referida compensação. Para tanto, basta efetuarmos a imputação do crédito original de R$ 38.274,76 aos “débitos” de IRPJ relativos aos meses de janeiro e fevereiro de 1997 (fls.162), com que atingese o saldo de R$ 21.775,13.” São 2 pontos que devam ser esclarecidos para este item: * Não está visível a composição do saldo de R$ 21.775,13 pois, 38.274,76 21.103,64 = 17.171,12 * De fato, conforme explicamos acima, os R$ 21.103,64, não foram compensados com créditos oriundos de R$ 38.274,76, (inicialmente este credito para nós, era de R$ 38.844,60, alterado em razão de reconhecemos o erro de utilização a maior do Beneficio de Vale Transporte (item 4 do Relatório), o resultado apura uma compensação indevida de R$ 507,17); * Quanto ao credito de R$ 21.103,64, deduzimos os R$ 3.413,68, nos restou um saldo disponível de R$ 16.243,24, que compensamos conforme Processo n°s 13804.000256/9850, após, resta sim uma compensação indevida na ordem de R$ 1.614,96; * Esta diferença de compensação indevida é visível nos nossos demonstrativos (demonstrativos a partir dos créditos aprovados), os quais deveremos, após esclarecimentos definitivamente todo este processo, recolher a diferença, sendo respectivamente R$ 507,17 e R$ 1.614,96. O processo entrou em pauta no dia 19 de maio de 2005. Na ocasião os Membros da Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuinte, por unanimidade de votos, Resolveram converter o julgamento em diligência por entenderem que os demonstrativos de fls. 218 a 222 deviam ser analisados pela autoridade encarregada das compensações. Foi expedida intimação de fl. 260, para que a interessada apresentasse as declarações de rendimentos dos períodos citados, assim como os informes de rendimentos, DARFs e DCTFs que registraram as compensações. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 7 7 A intimação foi expedida para a Rua Roma, 217, anexo 207/223/233/235/241, Vila Romana. Pelo Ar de fl. 260 a referida correspondência retornou com a informação: “outros. Aguardar Visita”. Diante de tal fato, expediuse o edital de fl. 262, o que resultou infrutífero, sendo que a diligência de fl. 264 retornou sem nada esclarecer acerca do que fora solicitado pelo relator, isto é, a existência de compensação anterior. É o relatório. Fl. 275DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 8 8 Voto Conselheiro Relator Moises Giacomelli Nunes da Silva O recurso é tempestivo, foi interposto por parte legítima e está devidamente fundamentado. Assim, conheçoo e passo a examinálo. Não há controvérsia neste processo quanto ao saldo do crédito da recorrente. Este, conforme item 24 da decisão da DRJ, já transcrito no relatório, reconheceu crédito em favor da recorrente no valor de R$ 38.274,46, correspondente a saldo negativo do ano de 1995. exercício 1996. A controvérsia que surge diz respeito à utilização deste crédito. Nos meses de janeiro e fevereiro de 1997 a parte interessada apurou estimativa a pagar nos valores de R$ 12.135,81 e R$ 8.967,83. Como tais valores não foram recolhidos por meio de Darf, o acórdão da decisão da DRJ considerou como sendo quitados mediante compensação do saldo negativo do IRPJ do ano de 1995, exercício 1996. Contudo, a parte interessada se insurge em relação a tal fato destacando que os valores relativos aos débitos de janeiro e fevereiro de 1997 foram quitados com saldo negativo dos anos de 1992, 1993 e 1994, conforme quadro de fls. 230 e seguintes, cuja parte segue transcrita: À fl. 234 a parte interessada apresentou histórico indicando em quais tributos utilizou a compensação do saldo negativo do IRPJ, com o seguinte demonstrativo: Fl. 276DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 9 9 No demonstrativo de fl. 234, a recorrente indica que os valores correspondentes às estimativas de janeiro e fevereiro de 1997 foram quitadas conforme com saldo negativo de 1992, 1993 e 1994. Neste sentido aponta o seguinte quadro: Fl. 277DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 13804.000680/9727 Acórdão n.º 1402001.071 S1C4T2 Fl. 10 10 Em se tratando de compensação de crédito tributário cabe ao devedor indicar qual débito pretende ver compensado com seu crédito. No caso dos autos, o demonstrativo de fl. 234, ou 219 na numeração antiga, especifica que a interessada não indicou para ser compensado com o saldo negativo do IRPJ de 1995, exercício 1996, as estimativas devidas nos meses de janeiro e fevereiro de 1997. Indicou outros débitos. Em assim sendo, devem ser considerados quitados os créditos indicados pela recorrente, sendo que os valores correspondentes às estimativas devidas em janeiro e fevereiro de 1997, caso não quitadas com o saldo negativo dos anos de 1992, 1993 e 1994, conforme informado pela recorrente, podem ser objeto de verificação e adoção dos procedimentos cabíveis. ISSO POSTO, voto no sentido de dar provimento ao recurso para que as compensações sejam homologadas na forma indicada pela contribuinte. (assinado digitalmente) Relator Moises Giacomelli Nunes da Silva – Relator. Fl. 278DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 13/08/2012 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 16/07/2012 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003325/2010-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo o auto de infração preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de contestar o lançamento ou o Termo de Responsabilidade tributária, descabe a alegação de nulidade. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Durante a fase procedimental inexiste litígio que enseje alegação de nulidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. IRPJ E CONTRIBUIÇÕES. PRAZO DECADENCIAL. DOLO FRAUDE OU SIMULAÇÃO. A existência de dolo, fraude ou simulação na conduta do contribuinte, bem assim a ausência de pagamentos impõe necessariamente que o termo inicial do prazo decadencial de cinco anos para constituição de créditos referentes ao IRPJ e Contribuições, submetido a lançamento por homologação, seja deslocado da ocorrência do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia ter sido efetuado. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 1401-000.835
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade, AFASTAR a decadência e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso .
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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NULIDADE. Tendo o auto de infração preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de contestar o lançamento ou o Termo de Responsabilidade tributária, descabe a alegação de nulidade. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Durante a fase procedimental inexiste litígio que enseje alegação de nulidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. IRPJ E CONTRIBUIÇÕES. PRAZO DECADENCIAL. DOLO FRAUDE OU SIMULAÇÃO. A existência de dolo, fraude ou simulação na conduta do contribuinte, bem assim a ausência de pagamentos impõe necessariamente que o termo inicial do prazo decadencial de cinco anos para constituição de créditos referentes ao IRPJ e Contribuições, submetido a lançamento por homologação, seja deslocado da ocorrência do fato gerador para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia ter sido efetuado. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 952DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 953 2 PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS. DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS DA PROVA. As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. GLOSA DE DESPESAS. A despesas registradas nos livros contábeis devem estar suportadas por documentação hábil e idônea. Mantida a glosa realizada. MULTA QUALIFICADA. Correta a aplicação da multa qualificada sobre o IRPJ e lançamentos reflexos decorrente das receitas omitidas, pois a conduta do contribuinte se enquadrou no previsto no art. 71, inciso I, da Lei n.° 4.502/64, ao sonegar imposto e contribuições não informando valores de receitas tributáveis na DIPJ, agindo reiteradamente com essa finalidade, tentando impedir o conhecimento, por parte das autoridades tributárias, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2) TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS COFINS – CSLL. Estendese aos lançamentos decorrentes, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade, AFASTAR a decadência e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso . (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Karem Jureidini Dias e Jorge Celso Freire da Silva. Fl. 953DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 954 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra Acórdão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de São Paulo I. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância, compondo em parte este relatório: Em decorrência de ação fiscal levada a efeito junto ao contribuinte acima identificado e, em razão de irregularidades apuradas, foram lavrados 4 (quatro) Autos de Infração (fls.590 a 626), em 14/10/2010, com ciência dada em 15/10/2010, por meio dos quais foram constituídos os seguintes créditos tributários: 2. Totalizaram, portanto, tais lançamentos, a importância de R$ 3.272.968,38, aí incluídos os valores dos tributos, das multas de ofício e dos juros de mora (estes calculados até 30/09/2010). Os enquadramentos legais utilizados para fundamentar as autuações encontramse nos respectivos autos de infração. 3. A fiscalização apresenta por meio do "Termo de Verificação Fiscal" (TVF), (fls. 583 a 589), resumidamente, o seguinte. Convém salientar que em pesquisa realizada em nossos sistemas, constatamos que após intimada do início da ação fiscal, a empresa retificou a sua DIPJ do ano calendário de 2005. Com esse procedimento, procurou gerar um prejuízo maior àquele que já apresentava na DIPJ originariamente entregue, aumentando o valor das despesas, para possível diminuição do valor tributável eventualmente apurado no decorrer da fiscalização; elevou também as receitas, porém não na mesma proporção das despesas. Abaixo, reproduzimos a Demonstração do Resultado, constante da DIPJ original e na retificadora: DIPJ/2006 ORIGINAL RETIFICADORA Ficha 06A Demonstração do Resultado R$ R$ 08Receita da Prestação de Serviços 264.824,04 795.675,17 09 Receita Líquida das Atividades 264.824,04 752.354,12 18 () Custo Bens, Serv. Vendidos 37.115,97 347.330,30 19 () Lucro Bruto 227.708,07 405.023,82 24 Outras Receitas Financeiras 466,33 31 Despesas Operacionais 275.443,10 961.607,25 36 Outras Despesas Financeiras 29.020,07 55 Lucro Líquido do Período 76.755,10 556.117,10 Fl. 954DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 955 4 Com o intuito de verificar a veracidade e a confiabilidade das informações constantes da DIPJ/2006 retificadora, solicitamos a comprovação das despesas daquelas contas mais expressivas, mediante a apresentação dos respectivos documentos em que se embasariam tais dispêndios e necessários à obtenção da sua receita. Os documentos apresentados foram cotejados com a escrituração do Livro Razão e constatamos que grande parte dos valores escriturados não estão embasados em qualquer documentação ou não nos foram apresentados, mesmo após cientificado dessas deficiências através do Termo de Constatação e Intimação Fiscal. Ocorreram diversos casos em que documentos apresentados não foram localizados na escrituração das contas onde deveriam constar, pela natureza dos produtos adquiridos. Há, ainda, documentos que podem sido registrados em contas que não foram examinadas e, portanto, confrontadas com o Livro Razão. Encontramos, também, notafíscal emitida em nome da Empresa Hosp. São Paulo Laser and Medical Center S/C Ltda, estranha à empresa objeto desta fiscalização. Ademais, localizamos comprovante de Despesas de Viagens que se refere a dispêndio com turismo realizado pelo sócio majoritário, com a respectiva família, conforme discriminado no documento apresentado. Expostas essas situações, foram examinadas as contas de despesas que apresentavam montantes mais significativos, quais sejam: I 411.07.00.0014 Materiais Clínicos R$ 347.330,30 1411.05.00.0123Serviços Pessoas Jurídicas R$35.422,15 I 411.09.00.0012 Locação de Imóveis R$ 61.168,00 I 411.09.00.0053 Locações Diversas R$ 166.189,78 I 411.10.00.0053 Manutenção de Bens e Instalações R$ 71.869,53 I 411.17.00.0053 Assistência Médica 52.059,86 I 411.18.00.0037 Despesas de Viagens R$ 41.202,90 I 411.18.00.0094 Telefone R$ 45.631,75 I 411.18.00.0227 Cópias e Reproduções Gráficas R$ 84.865,45 Resumidamente, verificamos que do total da amostra de despesas, no valor de R$ 905.729,72, o contribuinte não logrou comprovar com documentos hábeis e idôneos o montante de R$ 400.072,48: Janeiro 17.211,92 Fevereiro 17.626,90 Março 9.856,18 Abril 19.981,34 Maio 38.256,53 Junho 41.630,01 Julho 55.558,77 Agosto 60.254,92 Fl. 955DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 956 5 Setembro 40.213,20 Outubro 29.230,20 Novembro 45.209,73 Dezembro 25.042,78 Total não comprovado 400.072,48 3.1. A fiscalização apresenta demonstrativo, para cada conta contábil analisada, com os valores totais mensais correspondentes aos lançamentos em que os documentos não foram apresentados. Os valores individualizados por lançamento estão assinalados nas cópias do livro razão (fls 451 a 581). 3.2. Continuando, o relatado no (TVF): Ainda, através do exame de sua contabilidade, constatamos que/b contribuinte não contabilizou a movimentação financeira dos Banco Santander, Unibanco e Safra, o que demonstra fortes indícios de omissão de receitas. Desta forma, em que se pese o fato do contribuinte ter refeito a contabilidade, aumentando receitas, custos e despesas, esta fiscalização não pode aceitála pelos motivos acima expostos e, conseqüentemente, não pode aceitar sua DIPJ/2006 retificadora, mesmo porque foi entregue após o início do procedimento fiscal. Em continuação aos trabalhos de fiscalização, com base nos extratos bancários entregues pelo contribuinte, após expurgados os valores referentes a empréstimos, transferências interagências e outros créditos que consideramos justificados, intimamos o mesmo a apresentar justificativas quanto à origem dos demais créditos. Decorrido o prazo legal, o contribuinte não ser manifestou, o que levou esta fiscalização a apurar o seguinte, conforme o quadro demonstrativo abaixo: Janeiro 17.211,92 Fevereiro 17.626,90 Março 9.856,18 Abril 19.981,34 Maio 38.256,53 Junho 41.630,01 Julho 55.558,77 Agosto 60.254,92 Setembro 40.213,20 Outubro 29.230,20 Novembro 45.209,73 Dezembro 25.042,78 Total não comprovado 400.072,48 Lavramos, ainda, Termo de Constatação e Intimação Fiscal, através do qual foi intimada a apresentar dados que retificassem ou complementassem as informações ali mencionadas, sendo que o contribuinte não se manifestou dentro do prazo que lhe foi concedido. Fl. 956DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 957 6 Diante do exposto, será lavrado o competente Auto de Infração de IRPJ e seus reflexos, por evidente omissão de receitas decorrentes de prestação de serviços com cartão de crédito não declaradas em sua DIPJ/2006 com multa de 150%, em consonância com os Art. 24 da Lei n. 9.249/95, Arts. 249, inciso II, 251 e parágrafo único, 278, 279,280, 283 e 288 do RIR/99 e Art. 44, inciso I, § 1° da Lei n. 9.430/96, com redação dada pela Lei n. 11.488/2007 e por presunção de omissão de receitas decorrentes depósitos bancários não contabilizados com multa de ofício de 75%, consonância com o Art. 24 da Lei n. 9.249/95, Arts. 42, 44, inciso I, da Lei n. 9.430/96 e Arts. 249, inciso II, 251 e parágrafo único, 279, 282, 287 e 288 do RIR/99. Informamos que será formalizada Representação Fiscal para fins penais, pela existência de fatos que, em tese, configuram crime contra ordem tributária, definidos pelos artigos 1° e 2° da Lei n. 8.137/90. IMPUGNAÇÃO 4. A Empresa tempestivamente apresentou impugnação protocolada em 16/11/2010 (fls. 645 a 656) contestando a lavratura dos Autos de Infração, nos seguintes termos, resumidamente. PRELIMINAR DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA 4.1. Embora conste do relatório fiscal a intimação da Impugnante para prestar esclarecimentos quanto a eventuais diferenças apontadas pela fiscalização, a autuação se deu por mera presunção, considerando toda a movimentação financeira na conta bancária como receita omitida. 4.2. Não há como aceitar que houve a ampla defesa e contraditório, quando a presunção considerada é genérica e indiscriminada. Ainda, quando houve exame parcial dos documentos fiscais. DA OCORRÊNCIA DA DECADÊNCIA 4.3. Os tributos objeto desta autuação estão sujeitos ao regime de lançamento por homologação, regulamentado pelo artigo 150 do CTN, cujo prazo para homologação é de 5 (cinco) anos a contar de sua constituição. 4.4. A partir da entrega da declaração, seja DCTF ou DIPJ, está constituído o crédito tributário, passando a ser regido pelas disposições do artigo 150 do CTN. Desta forma, os débitos constituídos pela entrega da DCTF do 1o semestre do ano de 2005, "tiveram findo o seu prazo exatamente em julho de 2010, por decorrido 5 (cinco) anos de sua constituição". MÉRITO DA ILEGALIDADE DA AUTUAÇÃO POR MERA PRESUNÇÃO 4.5. A fiscalização com o singelo posicionamento, de que houve depósitos bancários que em seu entendimento constituem receita da Impugnante, sem identificar pormenorizadamente quais são esses depósitos, impede até mesmo a defesa da Impugnante. O artigo 42 da lei n° 9.430/96, § 3o prevê; "para efeito de Fl. 957DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 958 7 determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualmente, observando que não serão considerados...". 4.6. A Fiscalização não cumpriu o determinado pela lei, não identificou individualmente cada depósito, não produzindo prova competente. Ao contrário, analisou os depósitos por amostragem, como afirma em seu termo de encerramento de fiscalização. Entendeu que por ter intimado a Impugnante a prestar os esclarecimentos e em razão dela não ter feito esse esclarecimento, presumiu que todos os depósitos bancários se referem à receita omitida. 4.7. A aplicação da presunção legal de omissão de receitas encontra limites objetivos. Mesmo se tratando de presunção legal, esta presunção deve estar pautada em provas concretas, sob pena de ofensa ao disposto no artigo 333 do Código de Processo Civil, cuja aplicação é indubitavelmente subsidiária ao Decreto n° 70.235/72. 4.8. Não há como constituir crédito tributário por mera presunção, sem que haja alguma prova desta suspeita. Tal pratica viola frontalmente o princípio da prova, segundo o qual quem alega tem de provar. DA ILEGALIDADE NA GLOSA DAS DESPESAS CONTABILIZADAS 4.9. Com relação a glosas de despesas, por não terem sido comprovadas com a apresentação de documentos hábeis e idôneos, pela simples leitura do relatório fiscal, constatase claramente que não há certeza no procedimento adotado pela fiscalização, já que o mesmo afirma, que os documentos não foram localizados onde, em seu entendimento, deveriam estar e, ainda, há documentos que podem estar registrados em outras contas não examinadas. 4.10. Completa a Impugnante "pasmem Nobres Julgadores” analisou a contabilidade de forma integral, ao contrário, analisou por anos ainda assim, considerou não comprovadas determinadas receitas e sob este frágil fundamento, houve por bem glosar e autuar". 4.11. "É inadmissível considerar essa prática como legítima, e os motivos são vários". Uma, porque a análise foi superficial, já que se preocupou com as contas contábeis com montantes mais significativos. Segundo, a atividade da Impugnante se refere a uso de produtos específicos, de sua especialidade, cabendo a ela "o entendimento de como proceder ao registro contábil/fiscal de acordo com seu magistério". Caso a fiscalização não entendesse da mesma maneira deveria proceder à discussão, garantindo o contraditório e a ampla defesa. 4.12. Conforme já mencionado a Autoridade Administrativa não é livre para formar sua convicção em presunções. Para que possamos considerar como válida a presunção, há necessidade de que a fiscalização comprove que esgotou todas as possibilidades de exame dos documentos fiscais e contábeis, o que não restou provado nos autos. 4.13. Todos os documentos fiscais relacionados ao ano calendário sob exame estavam à disposição da fiscalização, de forma que se não foram considerados e analisados, não há que se falar em transferir essa responsabilidade de apuração e, tampouco, o ônus da prova para o contribuinte. DA INEXISTÊNCIA DE CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA 4.14. Pelo apresentado é de se considerar pela inexistência de qualquer conduta tida como crime contra a ordem tributária. Primeiro porque em nenhum Fl. 958DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 959 8 momento a Impugnante se furtou em atender à fiscalização e em segundo, porque a fiscalização não agiu com a acuidade que deveria, em examinar todos os documentos fiscais e contábeis, de forma a esgotar qualquer possibilidade de prova em contrário quanto à suposta omissão de receitas, que caracteriza crime. 4.15. Diz a Impugnante que "é patente a ilegalidade cometida nesta autuação, seja pela presunção imotivada, forçosa e prematura de que houve receita e omissão de receita seja pela precariedade do procedimento adotado, em analisar parcialmente os documentos contábeis e, como se não bastasse, entender/que TESE, há crime contra a ordem tributária". 5. É o relatório. A DRJ MANTEVE os lançamentos, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2005 PRESUNÇÃO HUMANA. PRESUNÇÃO LEGAL. Nada impede a utilização da presunção humana, como meio de prova, nos casos das vendas omitidas realizadas por meio de cartão de crédito. No caso dos depósitos bancários, em que não foi comprovada a origem, correto a aplicação da presunção legal de omissão de receita. GLOSA DE DESPESAS. A despesas registradas nos livros contábeis devem estar suportadas por documentação hábil e idônea. Mantida a glosa realizada. MULTA QUALIFICADA. Correta a aplicação da multa qualificada sobre o IRPJ e lançamentos reflexos decorrente das receitas omitidas, pois a conduta do contribuinte se enquadrou no previsto no art. 71, inciso I, da Lei n.° 4.502/64, ao sonegar imposto e contribuições não informando valores de receitas tributáveis na DIPJ, agindo reiteradamente com essa finalidade, tentando impedir o conhecimento, por parte das autoridades tributárias, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. AUTOS REFLEXOS. PIS. COFINS. CSLL. O decidido quanto ao IRPJ aplicase à tributação dele decorrente. Irresignada com a decisão de primeira instância a interessada interpôs recurso voluntário a este CARF, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. É o relatório. Fl. 959DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 960 9 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Conforme relatado, a autuação envolveu omissão de receitas por presunção legal a partir de depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, bem assim glosa de despesas que também não foram comprovas através de documentos hábeis e idôneos. Após intimada sem que comprovasse a origem dos depósitos bancários constante em extratos bancários apresentados por ela própria o autuante lavrou a presente autuação para o anocalendário de 2005 com base em presunção legal de depósitos não comprovados (art. 42 da Lei n. 9.43096). Preliminar de Nulidade Alega, em síntese, que a lavratura dos autos de infração implicou cerceamento do direito de defesa, vez que a fiscalização se valeu de presunções. Apenas para um melhor esclarecimento sobre o assunto, transcrevese o dispositivo que rege a matéria no processo administrativo fiscal. Prescreve o art. 59 do Decreto 70235/72 com a nova redação dada pela Lei 8748/93: Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; Por conseguinte, considerase nulo o ato, se praticado por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, não tendo se caracterizado quaisquer das situações, pois não se põe em dúvida a competência do autor, nem há que se falar em preterição do direito de defesa, vez que os fatos apurados foram descritos com o respectivo enquadramento legal, e levados ao conhecimento, da autuada, levando a mesma a defenderse plenamente através da peça impugnatória acostada aos autos. Examinadose o Auto de Infração, não se constata nenhum vício de forma, tendo sido observadas as prescrições contidas no Decreto n° 70.235, de 1972. Verificase que constam adequadamente descritos os fatos apurados pela autoridade, a fundamentação legal, a matéria tributável, os valores apurados e os fatos motivadores da autuação. A fase preliminar do procedimento fiscal tem natureza inquisitorial não se aplicando nesse momento o princípio do contraditório e da ampla defesa. Até porque nem todo documento apreendido tem, necessariamente, interesse fiscal. Porém, até isso Fl. 960DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 961 10 Após a lavratura do Auto de Infração, abrese o prazo para manifestação do sujeito passivo que, além de receber cópia dos principais elementos identificadores da exigência, tem acesso aos autos e pode solicitar cópias de quaisquer documentos que entender relevantes à sua defesa. No entanto, no decorrer da ação fiscal, a interessada foi intimada de acordo com os Termos de Intimações, sempre com oportunidade de apresentar documentação que comprovasse a origem dos depósitos bancários ou sua contabilização, não logrando êxito nesse mister. O mesmo aconteceu em relação à glosa de despesas. O que se vê foi um grande empenho da fiscalização em cumprir o seu papel e somente após a não comprovação da origem dos depósitos bancários relacionados pela fiscalização é que o auto de infração foi lavrado, tudo isso com base em previsão legal muito bem consignada no auto de infração (art. 42 da Lei n. 9.43096). A Recorrente quer fazer crer que o procedimento fiscal estaria pretensamente amparado na Lei n° 10.174, de 09/01/2001 e que haveria quebra ilegal do sigilo bancário. Desarrazoada a alegação da Recorrente por ser impertinente ao caso concreto. É que os dados da movimentação financeira foram obtidos por meio dos extratos bancários fornecidos pela própria fiscalizada, em atendimento às intimações feitas no decorrer desta ação fiscal. Portanto, inválida a alegação de que o procedimento fiscal estaria pretensamente amparado na Lei n° 10.174, de 09/01/2001. Acrescentese que, quando muito, em se admitindo o fato da autoridade lançadora ter cometido algum engano com relação à matéria de fato, enquadramento legal e a sua subsunção à norma, tratarseia então de questão de mérito e não de preliminar de nulidade. Assim, rejeito as preliminar de nulidade suscitada. PREJUDICIAL DE DECADÊNCIA A DRJ afastou a decadência nos termos descritos abaixo, naquilo que interessa: (...) d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4o do art. 150 do CTN; f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação devese aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN; (...)" 13. No presente caso em discussão, aplicase o previsto no artigo 173, inciso I, do CTN, visto que: (i) não houve pagamento parcial, pois, tratase de omissão de receita e, (ü) houve a qualificação da multa de ofício. 14. Conseqüentemente: (i) no caso do IRPJ e da CSLL, como a Impugnante optou pelo lucro real anual, no anocalendário de 2005, não ocorreu à decadência. Foi dada ciência do auto de infração em 15/10/2010, antes da data limite de 31/12/2011 (contagem do prazo: primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido feito); (ii) no caso do PIS e da COFINS, também não Fl. 961DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 962 11 foram atingidos pela decadência os lançamentos (visto que a contagem destes início em 01/01/2006, com o prazo até 31/12/2010). 15. Ressaltase que, o exercício seguinte se refere ao exercício financeiro posterior àquele em que o lançamento poderia ser efetuado, em consonância com o art. 9o, II do CTN ("... com base em lei posterior à data inicial do exercício financeiro...") e com a CF/88, art. 150, III, "b" ("cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou majorou"). Nada a reparar na decisão de piso tanto na questão de direito quanto em relação à aplicação da regra de direito aos fatos. É que “curveime” à jurisprudência atual do STJ, no sentido de entender que a aplicação do art.150, §4º, do CTN atrai a realização de um pagamento. Porém, na ausência de pagamentos ou no caso de dolo, como é o caso concreto, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese também após 5 (cinco) anos, mas, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art.173, I, do CTN). Pelo exposto, AFASTO a decadência. MÉRITO PRESUNÇÃO LEGAL Depósitos Bancários Sem Comprovação da Origem dos Recursos O art. 42, da Lei nº 9.430/1996 é cristalino ao determinar que a omissão de receitas pode ser caracterizada por meio de valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Ora, como se vê da descrição dos fatos, a empresa não apresentou documentação que comprovasse a origem dos recursos daqueles diversos depósitos apontados pela fiscalização com base nos extratos bancários fornecidos pelo próprio contribuinte. Com efeito, sequer os contabilizou ou os declarou. A recorrente não logrou comprovar, através de documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores, a ligação dos recursos recebidos em conta bancária e o seu discurso apresentado. Na verdade, a interessada ao invés de tentar provar os fatos alegados, se limita a tecer considerações de direito, no sentido de enfraquecer o lançamento por ter sido lastreado apenas em presunções. Nesse ponto, cabe ressaltar que presunção é um meio válido de prova há muito admitido pelo Direito e isso está positivado tanto no novo quanto no antigo código civil (arts. 212, 136, respectivamente), bem assim no art. 332 do CPC (Código de Processo Civil). E com mais motivo ainda a presunção legal, como é o caso que se cuida, é também admitida, pois é estipulada pela própria lei. Porém, as presunções, tirante a “presunção absoluta”, admite sempre prova em contrário. Assim, uma vez que a peça de defesa rebate a acusação fiscal sem qualquer apresentação de prova, sem se desincumbir do seu ônus, prevalece a presunção de omissão de receita. Em verdade, a argumentação da recorrente denota um total desconhecimento da existência do art. 42 da Lei nº 9.43096, fazendo referência inclusive a jurisprudência Fl. 962DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 963 12 judicial ultrapassada, anterior a edição da referida Lei, que representa um verdadeiro marco em termos de presunção legal de omissão de receitas, verbis: LEI n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 DOU de 30.12.96 “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tratandose de uma presunção legal de omissão de rendimentos, o ônus da prova fica invertido, a autoridade lançadora eximese de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo o ônus da prova à contribuinte. O contribuinte, por sua vez, não logrando êxito nessa tarefa que se lhe impunha, como ocorre no caso presente, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, por presunção legal se toma como verdadeiro que os recursos depositados representam rendimentos do contribuinte. Por se tratar de uma presunção relativa juris tantum, somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. Feitas tais digressões e, evidenciada a absoluta licitude do estabelecimento das presunções legais, cumpre dizer que, em relação ao anoscalendário 2005, as alegações trazidas pelo contribuinte mostramse despropositadas, visto que, o simples fato da existência de depósitos bancários com origem não comprovada é, por si só, hipótese presuntiva de omissão de receitas, cabendo ao sujeito passivo a prova em contrário que, conforme dito, não as apresentou. Outrossim, o dispositivo legal acima citado supramencionado é válido e vigente em nosso ordenamento jurídico, dando respaldo à autuação praticada pela Autoridade Fiscal. Por diversas vezes em seu recurso, a Recorrente aponta ilegalidades e inconstitucionalidades no auto de infração guerreado que gravitariam em torno do art. 42 da Lei n. 9.430/96, bem assim o caráter confiscatório de tal dispositivo. Quanto à esse aspecto reiterese, a autoridade administrativa é vinculada a lei válida e vigente, não cabendo a este órgão do Poder Executivo deixar de aplicálas, encontrando óbice, inclusive na Súmula nº 2 deste Conselho (atual Primeira Sessão do CARF), in verbis: Súmula 1ºCC nº 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (DOU, Seção 1, dos dias 26, 27 e 28/06/2006, vigorando a partir de 28/07/2006). Portanto, mantenho a autuação. Glosa de despesas contabilizadas Apesar de a fiscalização trazer provas que precisariam ser infirmadas pela recorrente, bem assim a DRJ ter reforçado mais ainda os argumentos da fiscalização, a Fl. 963DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 964 13 recorrente faz ouvido de mercador e em sede recursal contentase em repisar as mesmas justificativas que foram reportadas para o fiscal e para a DRJ. Os princípios da ampla defesa e do contraditório garantem ao defendente o direito de tomar conhecimento de tudo o que consta nos autos e de se manifestar a respeito, trazendo para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade. Apesar desses princípios se caracterizarem como direitos dos contribuintes, estão implícitos nos mesmos, também deveres, de forma a regulamentar o processo para que chegue a um fim. Nesse passo, é inerente ao princípio do contraditório que o processo deva caminhar através de um caráter dialético que perpassa, se for o caso, as duas instâncias do Processo Administrativo Fiscal. Dessa forma, é imperioso, em acontecendo de a lide atingir a segunda instância, que se ofereçam razões ou contraargumentações claras e específicas contra não somente a manutenção do lançamento, mas também levando em consideração, um mínimo que seja, o que ficou dito na decisão de primeira instância, mormente em se tratando de matéria probatória, como é o caso. Isso porque as contradições ou erros ainda por ventura existentes por ocasião da decisão de primeira instância devem ser apontadas especificamente para que a instância ad quem, tome conhecimento, e se for o caso, corrijaos e supereos pela sua atividade sintetizadora de órgão revisor. Dessa forma, em vista das explicações escorreitas da decisão de piso e do que se colocou nos parágrafos anteriores, complemento as minhas razões de decidir adotando também os fundamentos utilizados pela decisão de piso, abaixo reproduzidos: 26. Quanto à glosa de despesas a Impugnante declara que: (i) não há certeza no procedimento adotado pela fiscalização, pois, ela própria declara que pode haver documentos que não foram contabilizados nas contas onde deveriam ser registradas; (ii) fica perplexa pelo fato da fiscalização não ter analisado a contabilidade de forma integral, mas sim por amostragem; (iii) alega que se a fiscalização tinha um entendimento diferente da Impugnante quanto à conta que deveria ser contabilizada certa despesa, deveria proceder à discussão, garantido o contraditório; (iv) para ser aceita a presunção a fiscalização teria que esgotar todas as possibilidades de exame das despesas e (v) todos os documentos estavam àdisposição da fiscalização. 27. Quanto a estas alegações, temse que: (i), (iii) e (v) a fiscalização na verdade mencionou no TFV que "os documentos apresentados foram cotejados com a escrituração do Livro Razão e foi constatado que grande parte dos valores escriturados não estavam embasados em qualquer documentação ou não foram apresentados". Menciona inclusive, que os documentos não foram apresentados mesmo após a Impugnante ter sido informada destas deficiências através do "Termo de Constatação e Intimação Fiscal". Quanto aos documentos que a fiscalização menciona que não foram localizadas as contabilizações nas contas onde deveriam constar, também, a Impugnante foi informada pelo recebimento do termo acima mencionado. Cabe destacar que nas cópias no Livro Razão (fls. 452 a 581) estão assinalados individualmente os lançamentos das despesas em que os documentos não foram apresentados. Logo, ao contrário do que afirma a Impugnante foi garantido o contraditório e a ampla defesa, inclusive possibilitando que ela apresentasse os documentos que alega ter, durante a fiscalização e agora na impugnação. Fl. 964DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 965 14 (ii) quanto ao fato da fiscalização ter realizado os seus exames por amostragem e não ter analisado a contabilidade de forma integral, como já comentado acima, tal prática é aplicada normalmente em uma fiscalização, pois, seria totalmente inviável, dependendo do porte de uma empresa, analisar todos registros contábeis das operações realizadas juntamente com os documentos. (iv) quanto à alegação de que, no caso da glosa das despesas para se aplicar à presunção teria que esgotar todas as possibilidades de exame, é der dizer que na verdade não foi aplicada presunção: foi apurado um fato, ou seja, falta de apresentação de documentação. 28. Concluindo, a Impugnante sem fazer nenhuma menção em sua impugnação e sem dar nenhuma explicação, anexa ao processo cópias dispersas dos seguintes documentos: (i) "Protocolo de Entrega de Declaração de Serviços" da Secretaria Municipal de Finanças da Prefeitura de São Paulo, juntamente com relação das notas fiscais de serviços emitidas e cópias das mesmas. Não dá nenhuma informação se as notas foram pagas através de cartão de crédito e se foram devidamente contabilizadas, ou outra informação que justificasse a apresentação destes documentos. (ii) Cópias de notas fiscais emitidas por fornecedores em nome da Impugnante, sem apresentar indicação em que contas foram contabilizadas e se referem a alguma nota não apresentada durante a fiscalização. Portanto, mantenho a glosa de despesas. Multa Qualificada (150%) Quanto à multa qualificada: Artigo 14, da Lei n° 11.488/2007, que deu nova redação ao artigo 44, da Lei n° 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ajnda \ que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo^ A negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano ^ calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Fl. 965DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 966 15 § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2° Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1° deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11a 13 da Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei (destaquei) Assoma claro nos autos que a empresa, de forma intencional e reiterada, buscou ocultar receitas com o fim de eximirse do devido recolhimento dos tributos, o que caracteriza ação dolosa visando a impedir ou retardar o conhecimento da obrigação tributária por parte da Fazenda Pública, nos termos do art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, adiante reproduzido: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Nestes termos, como nos autos está devidamente evidenciado que o contribuinte, ao longo de 12 (doze) meses, omitia receitas de forma contínua e reiterada, em valores substancialmente mais elevados do que os montantes declarados (deixou de oferecer à tributação menos de 10% do total de seu faturamento), não se pode chegar a outra conclusão que não seja a de que o que houve, concretamente, foi conduta tendente a manter ao largo da tributação o montante dos seus ganhos auferidos. Apesar de o caso concreto não se amparar apenas na chamada “prática reiterada” de omissão de receitas, a existência dessa, para mim, por si só, já constitui condição suficiente para a caracterização do evidente intuito de fraude. É que pauto o meu sistema de referência em cima da impossibilidade epistemológica (limites do conhecimento) de se caracterizar o evidente “intuito” de fraude nos termos postos por alguns julgados. Parto do princípio de que não se deve nunca interpretar uma lei quando o resultado dessa exegese leve a absurdos tais como o de imaginar que o dolo ou “o evidente intuito de fraude” devam ser extraídos da mente do sujeito passivo e não das circunstâncias fáticas que permeiam todo o contexto onde a prática aconteceu. É o elemento objetivo que se deve procurar e daí, a partir dele, valendose do raciocínio lógico e probabilístico, extrair aquilo que o impregna: o elemento subjetivo (dolo). Nesse contexto, descabida a alegação de que o caso concreto se enquadraria na súmula nº 25 do CARF, uma vez que não se trata de mera presunção legal de omissão de receitas, como já se disse a prática é reiterada e o montante declarado (R$ 264.824,04) é significativamente menor do que a parcela omitida(R$ 3.326.393,18), ou seja o declarado foi Fl. 966DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 19515.003325/201052 Acórdão n.º 1401000.835 S1C4T1 Fl. 967 16 menos de 10%(7,96%)do omitido, ou por outras palavras, para cada 1 (um) real declarado R$ 12,56 (doze reais e cinqüenta e seis centavos) foram omitidos. Dessa forma, a prática de omitir receitas por 12 meses de forma de forma reiterada (elemento objetiva) e em montantes bastante superiores ao declarado denota concretamente o “evidente intuito de fraude”. Não se pode aqui imaginar que o agente que pratica “erros” de forma contínua por um longo tempo não possua a intenção de retardar/impedir ou afetar as características essenciais da ocorrência do fato gerador. Diante desse contexto, deve ser mantida a multa qualificada de 150%. Lançamentos Reflexos Por estarem sustentados na mesma matéria fática, os mesmos fundamentos devem nortear a manutenção em parte das exigências lançadas por via reflexa. Por todo o exposto, rejeito a preliminar de nulidade, AFASTO a Decadência e, quanto ao mérito, NEGO provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 967DF CARF MF Impresso em 21/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 18/09/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10855.001065/99-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1996, 1997
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVIMENTO RECURSAL COM REFORMATIO IN PEJUS.
Tendo sido identificado que a decisão do recurso tornou a situação do Recorrente mais gravosa, [é de se limitar os seus efeitos ao que decido na decisão original, sob pena de ofensa ao princípio do non reformatio in pejus.
Numero da decisão: 1401-000.708
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos de declaração e lhes dar efeitos infringentes para então negar provimento ao recurso voluntário, desfazendo-se o reformatio in pejus.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA
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Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1996, 1997 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROVIMENTO RECURSAL COM REFORMATIO IN PEJUS. Tendo sido identificado que a decisão do recurso tornou a situação do Recorrente mais gravosa, [é de se limitar os seus efeitos ao que decido na decisão original, sob pena de ofensa ao princípio do non reformatio in pejus. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos de declaração e lhes dar efeitos infringentes para então negar provimento ao recurso voluntário, desfazendose o reformatio in pejus. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes De Mattos e Karem Jureidini Dias. Fl. 808DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 2 Relatório Trata o presente feito de embargos de declaração opostos pela Delegacia da Receita Federal de Sorocaba, em que argui contradição na decisão proferida por este Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, consubstanciada no acórdão nº 140100410, da 4ª Turma Ordinária da 1ª Seção. Na processo em questão, pretende, a Contribuinte, a restituição de saldo negativo de imposto de renda dos anoscalendário 1996 e 1997, no valor de R$2.886.506,55 (dois milhões, oitocentos e oitenta e seis mil, quinhentos e seis reais e cinquenta e cinco centavos). Por meio do despacho decisório nº 461, de 22 de setembro de 2006, a SEORTR deferiu parcialmente o pedido da Contribuinte, reconhecendo um direito de crédito no montante de R$2.135.987,88 (fls. 142 a 146). Inconformada, a Contribuinte aviou manifestação de inconformidade, alegando equívoco na apreciação do seu direito creditório, tendo o pedido sido negado pela Delegacia Regional d Julgamento. Inconformada, a Contribuinte aviou recurso voluntário pata este Conselho, acostando farta documentação comprobatória do seu direito creditório. Tendo o processo sido distribuído para minha relatoria, e tendo em vista o princípio da verdade material, a 3ª Câmara do então 1º Conselho de Contribuintes determinou a baixa do feito em diligência para que fossem confrontadas as documentações apresentadas pela Contribuinte. Em retorno da diligência, restou reconhecido o direito de crédito no montante de R$1.244.556,47. Diante disso, a 4ª Câmara da 1ª Seção deste CARF decidiu por dar pracial provimento ao recurso voluntário, reconhecendo o direito creditório postulado no montante de R$ 1.244.556,47, homologando as respectivas compensações neste limite. Todavia, como o valor do crédito reconhecido nesta Instância foi inferior àquele reconhecido pelo despacho decisório original, a Delegacia da Receita Federal em Sorocaba embargou de declaração, postulando a solução da contradição da decisão. É este o relatório. Fl. 809DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR Processo nº 10855.001065/9924 Acórdão n.º 1401 S1‐C4T1 Fl. 2 3 Voto Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Relator: Os embargos são tempestivos e a parte embargante é legítima em razão da matéria invocada, razão pela qual conheço dos embargos de declaração. Revisitando o relatório da diligência realizado pelo Serviço de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sorocaba às fls. 484 e seguintes, identifico que a Autoridade Fiscal recompôs os recolhimentos por estimativa e antecipações de IRRF dos anoscalendário de 1996 e 1997, assim como das compensações de saldo negativo de 196 nos anoscalendário de 1997 e 1998, de forma a apurar eventual saldo negativo passível de restituição, tendo encontrado direito creditório no montante de R$1.244.556,47. Todavia, a decisão original havia reconhecido direito creditório no montante de R$2.135.987,88 (fls. 142 a 146), não podendo, o recurso voluntário, implicar em decisão mais prejudicial do que aquela objeto de recurso. De fato, segundo o princípio da reformatio in pejus, a decisão do recurso não pode ser mais gravosa do que a decisão recorrida, pelo que o resultado do recurso voluntário apresentado pela Recorrente não poderia ser mais gravoso do que a decisão originária que reconheceu o direito creditório em R$2.135.987,88. Diante do exposto, conheço dos embargos de declaração e lhe dou efeito infringente, para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Fl. 810DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR 4 Fl. 811DF CARF MF Impresso em 16/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 15/08/2012 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2012 por ALEXANDRE ANTO NIO ALKMIM TEIXEIR
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Numero do processo: 12893.000217/2007-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri May 03 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
Ementa:
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI COMO RESSARCIMENTO DE PIS E COFINS. LEI Nº 9.363/96. BASE DE CÁLCULO. ENERGIA ELÉTRICA, COMBUSTÍVEIS E AFINS. SÚMULA CARF Nº 19.
Apenas são passíveis de integrar a base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a aquisição de matéria prima, produtos intermediários e materiais de embalagens, não se enquadrando como tais a energia elétrica, o bagaço de cana, lenha, o óleo 3A e afins, utilizados como combustíveis e fontes de energia elétrica, uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto. Aplicação da Súmula nº 19, do CARF.
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXEGESE DO RESP 1.035.847/RS. PRECEDENTES DO STJ. APLICAÇÃO DO ART. 62-A, DO RI-CARF.
A partir do julgamento, pelo STJ, do REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos Recursos Repetitivos (CPC, art. 543-C), foi firmado entendimento no sentido de que é devida a atualização pela SELIC dos créditos objeto de pedido de ressarcimento ou compensação, por resistência ilegítima da Administração, ainda que seja decorrente da demora na análise do respectivo processo administrativo. Direito a atualização do crédito ressarciendo desde o protocolo do pedido até o efetivo aproveitamento, via restituição ou compensação.
Recurso Parcialmente Provido.
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3402-002.003
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, a fim de conceder a aplicação da taxa Selic ao ressarcimento a partir do protocolo do pedido.
(Assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO - Presidente Substituto.
(Assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), João Carlos Cassuli Junior (Relator), Mario Cesar Fracalossi Bais (Suplente), Fernando Luiz Da Gama Lobo D Eca, Silvia De Brito Oliveira, Francisco Mauricio Rabelo De Albuquerque Silva. Ausente, justificadamente, a Conselheira Nayra Bastos Manatta.
Nome do relator: JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
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LEI Nº 9.363/96. BASE DE CÁLCULO. ENERGIA ELÉTRICA, COMBUSTÍVEIS E AFINS. SÚMULA CARF Nº 19. Apenas são passíveis de integrar a base de cálculo do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 1996, a aquisição de matéria prima, produtos intermediários e materiais de embalagens, não se enquadrando como tais a energia elétrica, o bagaço de cana, lenha, o óleo 3A e afins, utilizados como combustíveis e fontes de energia elétrica, uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto. Aplicação da Súmula nº 19, do CARF. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXEGESE DO RESP 1.035.847/RS. PRECEDENTES DO STJ. APLICAÇÃO DO ART. 62A, DO RICARF. A partir do julgamento, pelo STJ, do REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos Recursos Repetitivos (CPC, art. 543 C), foi firmado entendimento no sentido de que é devida a atualização pela SELIC dos créditos objeto de pedido de ressarcimento ou compensação, por resistência ilegítima da Administração, ainda que seja decorrente da demora na análise do respectivo processo administrativo. Direito a atualização do crédito ressarciendo desde o protocolo do pedido até o efetivo aproveitamento, via restituição ou compensação. Recurso Parcialmente Provido. Direito Creditório Reconhecido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 3. 00 02 17 /2 00 7- 76 Fl. 311DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, a fim de conceder a aplicação da taxa Selic ao ressarcimento a partir do protocolo do pedido. (Assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Presidente Substituto. (Assinado digitalmente) JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto), João Carlos Cassuli Junior (Relator), Mario Cesar Fracalossi Bais (Suplente), Fernando Luiz Da Gama Lobo D Eca, Silvia De Brito Oliveira, Francisco Mauricio Rabelo De Albuquerque Silva. Ausente, justificadamente, a Conselheira Nayra Bastos Manatta. Fl. 312DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 12893.000217/200776 Acórdão n.º 3402002.003 S3C4T2 Fl. 312 3 Relatório Por bem narrados os fatos ocorridos no processo, no relatório da DRJ recorrida, adoto o mesmo por fidelidade: “Trata a presente lide de manifestação de inconformidade apresentada contra Despacho Decisório que excluiu do cálculo do crédito presumido, apurado pela Lei nº 9.363/96 e Portaria MF nº 38/97, as parcelas referentes às aquisições de pessoas físicas; gastos com energia elétrica, óleo 3 A, o bagaço de cana e lenha, e a exclusão do custo do frete relativo ao transporte das matérias primas adquiridas dos produtores rurais pessoas físicas. Regularmente cientificada, a manifestante alegou, em síntese, que os critérios em que pautou a fiscalização para indeferir parcialmente o seu pedido não encontravam amparo na Lei nº 9.363/96 Encerrou requerendo a concessão do que foi originalmente pedido, acrescido da taxa SELIC, conforme princípios constitucionais e julgados que citou. A empresa, em 16/04/2009, impetrou mandado de segurança 2009.61.20.0064828, com o objetivo de afastar as exigências impostas para a apuração do crédito presumido de IPI, decorrente da aquisição de insumos de pessoas físicas ou cooperativas e sua posterior utilização em mercadorias exportadas pela impetrante, anulando as decisões proferidas nos autos dos processos administrativos nº 12893.00020/200882, 13851.720006/200541, 12893.00021776 e 13851.72.0005/200504, com fundamento na Lei nº 9.363/1996. Em 20/01/2010, a segurança foi concedida para o fim de decretar a nulidade das decisões administrativas prolatadas nos autos dos processos administrativos acima citados e determinar à autoridade coatora que procedesse à reanálise dos referidos processos administrativos , no prazo de 30 dias, sem a imposição de restrições previstas em lei acerca do aproveitamento de crédito presumido decorrente da aquisição de pessoas físicas e cooperativas, não contribuintes do PIS e da Cofins, afastando a aplicação das Instruções Normativas nºs 23/1997, 103/1997 e 419/2004, todas da Secretaria da Receita Federal. Em observância à sentença proferida no mandado de segurança, a SACAT/DRF/AQA procedeu a nova apuração do crédito presumido de IPI e, do valor pleiteado, deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento (nos termos da sentença judicial) no montante de R$ 894.831,98, glosando R$ 58.777,63, referente aos gastos com energia elétrica, óleo 3 A, do bagaço de cana e lenha. A empresa apresentou, então, nova contestação alegando que os ajustes realizados pela fiscalização não encontram amparo na Fl. 313DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 4 legislação tributária em vigor, fazendo, em síntese, as seguintes considerações: 1. Os cálculos realizados pela fiscalização devem ser refeitos para considerar o montante do estoque inicial como o valor correspondente ao estoque final em 31/12/2002 apurado nos termos da decisão que vier a ser proferida no processo nº . 13851.720006/200541; 2. A fiscalização glosou os custos de fretes relativos ao transporte de laranjas adquiridas de produtores rurais pessoas físicas e, conforme reconhecido pela d. autoridade fiscal, há uma “ordem judicial” no sentido de que deve se considerado, na base de cálculo do crédito presumido, o custo das laranjas adquiridas de produtores rurais pessoas físicas e que por coerência lógica, inclui os valores correspondentes aos fretes destas aquisições. 3. A energia elétrica, o bagaço de cana , o óleo 3 A e a lenha são essenciais às atividades da requerente, pois a ativação de sua linha de produção depende desses insumos, que ademais, são efetivamente consumidos na produção das mercadorias exportadas pela requerente. Por fim, solicitou que seja julgada procedente a manifestação de inconformidade, para o fim de ser deferido o ressarcimento do crédito presumido de IPI pleiteado, com a conseqüente homologação das correspondentes compensações, bem como o cancelamento da cobrança das supostas diferenças apuradas pela fiscalização. Solicitou, ainda, que, em vista da pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, seja reconhecido o direito da requerente ao ressarcimento acrescido de juros calculados, desde a data do protocolo do pedido de ressarcimento, segundo a variação da taxa selic. Ao final, protestou por provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente por perícia e juntada de documentos. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Em análise aos argumentos sustentados pelo sujeito passivo em sua defesa, a 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO), julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, proferido Acórdão nº. 1435.006, ementado nos seguintes termos: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 Ementa: CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INSUMOS. CONCEITO. Os conceitos de produção, matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem são os admitidos na legislação aplicável ao IPI, não abrangendo as despesas com energia elétrica e combustível. CRÉDITO PRESUMIDO. JUROS PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. Existe vedação a impedir a atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes à taxa SELIC a valores objeto de ressarcimento de crédito presumido de IPI. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 314DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 12893.000217/200776 Acórdão n.º 3402002.003 S3C4T2 Fl. 313 5 Direito Creditório Não Reconhecido Em apertada síntese a DRJ competente para o julgamento entende que as jurisprudências utilizadas pelo contribuinte não tem efeito erga omnes, mas inter partes, conforme art. 472 do CPC e que as mesmas não possuem efeito vinculante às decisões da SRF, de acordo com o art. 100, II do CTN. No que concerne à natureza dos gastos com energia elétrica, óleo 3 A,bagaço de cana e lenha especifica que a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem ensejam o crédito de IPI, pautandose ainda no art. 3º da Lei nº 9.363/96, e que a Portaria MF nº 38/97 e a IN SRF nº 23/97, para esclarecer que os insumos não podem fazer parte do ativo permanente,e ainda, que nem todos insumos utilizados na produção, são matérias primas ou produtos intermediários, de acordo com o Parecer Normativo CST nº 65, de 06/11/1979. Como bem esclarece a autoridade julgadora: “Assim, em consonância com o inciso I do art. 164 do RIPI/2002, geram direito ao crédito, além das matériasprimas, produtos intermediários “strictosensu” e material de embalagem que se integram ao produto final, quaisquer outros bens – desde que não contabilizados pela contribuinte em seu ativo permanente – que se consumam por decorrência de um contato físico , ou melhor dizendo, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, restando definitivamente excluídos aqueles que não se integrem nem sejam consumidos na operação de industrialização. Deste modo, excluem se do conceito de matéria prima os combustíveis, lubrificantes, água, telefonia, a energia elétrica e a lenha.” Finaliza alegando que só se admite a energia elétrica e combustíveis na apuração do crédito presumido quando o contribuinte optar pela base de cálculo da Lei nº 10.276/01, não sendo este o caso em tese. No tocante ao questionamento da legalidade dos atos administrativos, a DRJ afirma que tal alegação deve ser formulados ao Poder Judiciário, não cabendo manifestação por parte da autoridade administrativa. Afirma que na nova apuração fiscal foram considerados os fretes contratados por pessoas físicas, exclusão esta objeto de contestação por parte do sujeito passivo. Alega ainda que o crédito pleiteado pelo sujeito passivo consiste em um benefício fiscal, não havendo que se falar em aplicação de taxa Selic e que a jurisprudência invocada não se aplica ao caso por não haver lei que lhe atribua eficácia normativa. Finaliza salientando que o pedido de ressarcimento está acompanhado das DComps da empresa afastando então o direito a aplicação da taxa Selic. Apesar do estoque inicial correspondente ao 1 trimestre de 2003 corresponder ao estoque final de 31/12/2002 apurado nos termos da decisão a ser proferida no processo Fl. 315DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 6 13851.720006/200541, a autoridade suscita que além de não haver decisão, o saldo pode haver sido utilizado,após alterações feitas pelo fisco para incluir o montante de insumos adquiridos de pessoa física, cabendo ao contribuinte fazer prova do alegado. DO RECURSO Cientificado do Acórdão supracitado em 29/11/2011, conforme AR de fls. 280, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 290/299) em 20/12/2011, alegando, após repisar os argumentos já utilizados que não serão repetidos por brevidade, que anexa ao recurso o transito em julgado da decisão do processo n. 2009.61.20.0064828, determinando nova análise do pedido de ressarcimento do crédito de IPI objeto de discussão. Esclarece que os novos cálculos da fiscalização contemplam os necessários ajustes em relação ao estoque inicial, bem como relativamente ao frete contratado pela recorrente junto a transportadoras, pessoas jurídicas, sujeito à incidência da contribuição ao PIS e da COFINS, relativos ao transporte das laranjas adquiridas de produtores rurais pessoas físicas, mas contesta: Que a decisão em primeira instância desconsidera a definição de produtos intermediários, dados pela legislação de IPI. Defende que tais insumos são essenciais em sua linha de produção, sendo incontroverso a consumação dos mesmos no processo produtivo. Utilizase do art. 488 do Decreto n. 2637, de 25.6.1998 (RIPI/98) que relaciona o que deve ser considerado bem de produção, afirmando não ser possível concluir que só se enquadram nesse conceito os produtos que exerçam ação direta sobre o produto industrializado, sendo irrelevante se os produtos consumidos/utilizados no processo produtivo exercem ou não atividade direta sobre o produto final. Cita a hermenêutica jurídica apresentando jurisprudências e doutrina, a fim de resolver o conflito de normas criado, transcrevendo também o acórdão n. 20209744 proferido pela 2ª Câmara, que especifica o conceito de insumos, abrangendo os gastos com energia elétrica, bagaço de cana, óleo 3A e lenha. Afirma dever ser utilizada interpretação finalística da Lei 9.363/96, posto que o objetivo do legislador era o de incentivar as exportações de produtos industrializados brasileiros, ofertando melhores condições de competitividade Quanto a taxa de juros Selic, alega que o crédito pleiteado foi parcialmente compensado, e que a parte não aproveitada que é o objeto de pleito. Cita recurso repetitivo do STJ acerca do cabimento de juros Selic no crédito presumido de IPI e ainda afirma que o CARF reviu seu entendimento passando a seguir aquela orientação jurisprudencial por força do disposto no art. 62A do regimento interno. DA DISTRIBUIÇÃO Tendo o processo sido distribuído a esse relator por sorteio regularmente realizado, vieram os autos para relatoria, por meio de processo eletrônico, em 02 (dois) Volume, numerado até a folha 310 (trezentos e dez), estando apto para análise desta Colenda 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Fl. 316DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 12893.000217/200776 Acórdão n.º 3402002.003 S3C4T2 Fl. 314 7 Voto Conselheiro Relator João Carlos Cassuli Junior O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e tempestividade, portanto, dele tomo conhecimento, passando a análise dos fatos articulados pela recorrente. Inicialmente vislumbro que embora inicialmente a controvérsia possuía maior amplitude, abrangendo outras questões, como créditos de glosa de aquisições de pessoas físicas, frete, dentre outras), após a impetração de medidas judiciais pela Recorrente a controvérsia dos autos cingese a dois pontos, a saber: 1. Direito ao crédito sobre aquisições de energia elétrica, combustíveis e afins; 2. Direito à correção monetária sobre o crédito ressarciendo. Delimitado o objeto em litígio, passo a análise das matéria postas sob julgamento, abordando de per si cada um dos pontos. I. CRÉDITO SOBRE ENERGIA ELÉTRICA, COMBUSTÍVEIS E AFINS (BAGAÇO DE CANA, LENHA, ÓLEO 3A): No tocante a matéria em epígrafe, temse que o cerne da contenda reside na pretensão do contribuinte em computar na base de cálculo do crédito presumido de IPI em questão, os dispêndios por ela incorridos na aquisição de energia elétrica, combustíveis, bagaço de cana, óleo tipo 3A e afins, que são utilizados como fonte energética no seu processo produtivo, sendo que a decisão recorrida posicionouse no sentido de não considerar tais insumos como sendo concessivos de crédito, por entender que os mesmos não revestem esta qualidade porque não são consumidos diretamente no contato físico com o produto em fabricação, nos termos do Parecer Normativo CST nº 65/79. Embora não se duvide que tais produtos sejam insumos indispensáveis ao processo produtivo, e nele se desgastem, assim como não se questione que os mesmos tenham relação de essencialidade e até mesmo de imprescindibilidade ao processo produtivo da recorrente, no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, acabou por prevalecer o entendimento de que, para o caso de crédito presumido de IPI como ressarcimento de PIS e de COFINS, instituído pela Lei nº 9.363/96, por se tratar de incentivo fiscal que deve ser restritiva e literalmente interpretado (art. 111, do CTN), apenas dará direito ao crédito os insumos que se enquadrarem no conceito de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicandose nessa interpretação o Parecer Normativo CST nº 65/79. E a energia elétrica e as fontes alternativas de energia (como são o bagaço de cana, a lenha e os óleos combustíveis térmicos em geral), embora sofram desgaste no processo produtivo, por não estarem em contato físico direto com o produto em fabricação, acabam não concedendo o direito ao crédito, segundo o entendimento majoritário que acabou prevalecendo. No caso vigora a Súmula nº 19, do CARF, que está assim redigida: Fl. 317DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 8 Súmula CARF nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. E embora não estejamos diante apenas de energia elétrica e “combustíveis”, mas de bagaço de cana, óleo 3A e lenha, a verdade é que o uso de tais itens como fontes energéticas, tornaos como sendo espécie de combustível, e, consequentemente, se tem entendido que também para esses itens a Súmula é plenamente aplicável. Cumpre observar que as Súmulas editadas pelo CARF são de observância e aplicação obrigatória, sob pena de perda de mandato ao Conselheiro que descumprir referido labor, de modo que no caso em questão deve ser aplicada. Assim, nesse particular, negase provimento ao recurso voluntário. II. DIREITO À CORREÇÃO MONETÁRIA DO CRÉDITO RESSARCIENDO: No tocante a esta questão, vislumbrase que embora tenha havido o deferimento parcial de créditos em favor do contribuinte, inclusive em comprimento de decisões judiciais que acabaram por afetar incidentalmente a tramitação deste processo administrativo, resta em debate a incidência da correção monetária sobre referidos créditos que foram deferidos, mesmo que já efetivamente usufruídos pelo contribuinte (via ressarcimento em espécie ou compensação). A matéria em questão encontrase decidida pela 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso representativo de controvérsia, a qual confirmou a invalidade da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 23/97, e reconheceu o direito à correção dos créditos do IPI, no acórdão proferido no Recurso Especial nº 993.164 MG, de 13/12/2010. O voto condutor do acórdão assim se refere à matéria: “Com efeito, a oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural, (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 10358471RS, ReI. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELlC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 11501881SP, Rei. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 12893.000217/200776 Acórdão n.º 3402002.003 S3C4T2 Fl. 315 9 Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). Nesse sentido, há precedente favorável desta Turma, cujo voto é de relatoria da Ilustre Relatora Nayra Bastos Manatta e teve como redatora designada para o julgamento a Ilustre Conselheira Silvia de Brito Oliveira, que destaco: Processo n° 10950.004365/200206 Recurso n° 259.847 Voluntário Acórdão n° 340200.224 — 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de agosto de 2009 Matéria RESSARCIMENTO IPI Recorrente M. S. LEATHER INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COUROS LTDA. Recorrida DRJ em RIBEIRÃO PRETO/SP ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÃO DE PESSOA FÍSICA. Incluemse na base de cálculo do beneficio fiscal o valor das aquisições de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem feitas de pessoa fisica. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. É cabível a incidência da taxa Selic sobre o saldo credor do IPI objeto de ressarcimento, a partir da data de protocolização do pedido. CREDITO PRESUMIDO IPI. BASE DE CÁLCULO. Devem ser incluídos na receita operacional bruta, bem como na receita de exportação o valor resultante das vendas realizadas para o exterior de produtos adquiridos de terceiros que não tenham sofrido qualquer industrialização por parte do exportador. Recurso provido. Relativamente à matéria em análise, compartilho do entendimento muito bem colocado pela ilustre Conselheira Redatora em suas razões de voto, conforme passo a expor. Cumpre, também, salientar que reconheço a existência de jurisprudência cristalina dos Tribunais Superiores, inclusive em sede de recurso representativo de controvérsia (RESP 1.035.847/RS) no sentido de que o crédito meramente escritural de IPI não deve ser sujeito à atualização monetária. No entanto, entendo que não é este o caso discutido no recurso em análise, na medida em que a recorrente pede a atualização monetária a partir do protocolo do pedido administrativo de ressarcimento de crédito de IPI. Neste ponto, tenho que entre a data do Pedido de Ressarcimento, em que o crédito deixa de ser escritural e passa a estar vertido em um veículo de busca da realização de tais direitos, deixando o contribuinte de estar inerte, e passando a responsabilidade de análise Fl. 319DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 10 do direito deferido pelo ordenamento, ao encargo da Administração Pública, que deve nortear se, dentre outros princípios pelo do da Eficiência. É dizer: a partir do protocolo do pedido de ressarcimento, o contribuinte passa a aguardar que a Administração apenas lhe defira um direito que lhe é conferido por lei, e cuja demora, por certo, não lhe pode mais prejudicar, pena de “esvaziar” o próprio objetivo do incentivo concedido. Com relação ao pedido da recorrente de que a atualização monetária deva ser realizada com base na taxa SELIC, destaco que a temática vem sendo alvo de discussões no âmbito dos julgados administrativos e analisada sob duas correntes argumentativas: a) Ser indevida a correção monetária, por ausência de expressa previsão legal; b) Cabível a correção monetária até 31 de dezembro de 1995, por analogia com o disposto no art. 66, parágrafo 3°, da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, não admitindo, contudo, a correção a partir de 1º de janeiro de 1996, com base na taxa Selic, por ter ela natureza de juros e alcançar patamares muito superiores à inflação efetivamente ocorrida. Não obstante tais posicionamentos, não concordo que seja o melhor direito aplicado ao caso em tela, mesmo porque entendo que a extinção alegada pela segunda corrente a partir de 1° de janeiro de 1996 não afasta, por si só, a possibilidade de incidência da taxa SELIC nos ressarcimentos. Convém lembrar que, no âmbito tributário, essa taxa é utilizada para cálculo de juros moratórios tanto dos créditos tributários pagos em atraso quanto dos indébitos a serem restituídos ao sujeito passivo, em espécie ou compensados com seus débitos. Dessa forma, em sendo a correção monetária mero resgate do valor real da moeda, é perfeitamente cabível a analogia com o instituto da restituição a fim de garantir ao ressarcimento, que tenha tratamento isonômico. E assim já decidiu o CARF: “IPI – PEDIDO DE RESSARCIMENTO – ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. A atualização monetária de créditos de IPI representa o resgate da expressão real do incentivo, não constituindo nenhum adicional a exigir expressa previsão legal, sendo pela UFIR até 1995 e a partir de 1996 pela taxa SELIC. Recurso Negado. (CARF – Número do Processo: 11030.000903/9873 – Recurso de Divergência – 2ª Turma – Número do Recurso: 201.111531 – Rel. Conselheiro Francisco Maurício R. de Albuquerque Silva – 23/03/2004) De igual modo, verifico que a jurisprudência da C. CSRF já assentou que “incidindo a Taxa SELIC sobre a restituição, nos termos do art. 39, § 4º da Lei nº 9.250/95, a partir de 01.01.96, sendo o ressarcimento uma espécie do gênero restituição, conforme entendimento da Câmara Superior de Recurso Fiscais (...), além do que, tendo o Decreto nº 2.138/97 tratado restituição e ressarcimento da mesma maneira, a referida Taxa incidirá, também, sobre o ressarcimento.” (cf. Ac. CSRF/0201.319 da 2ª Turma da CSRF, no Rec. nº 201110145, Proc. nº 10945.008245/9793, Rel. Cons. Henrique Pinheiro Torres, em sessão de Fl. 320DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 12893.000217/200776 Acórdão n.º 3402002.003 S3C4T2 Fl. 316 11 12/05/2003; cf. tb. Ac. CSRF/0201.949 da 2ª Turma da CSRF, no Rec. nº 203115973, Proc. nº 10508.000263/9821, Rel. Cons. Josefa Maria Coelho Marques, em sessão de. 04/07/2005) Portanto, considerando que o pedido de ressarcimento já foi decidido pela autoridade fiscal (e judicial) e parcialmente deferido, no que tange aos valores reconhecidos, merece ser efetuada a correção monetária, pela incidência da taxa SELIC, desde a data do pedido apresentado pelo, até a data em que efetivamente efetuado ressarcimento ou a compensação. Insta ainda frisar, que o reconhecimento do direito, se destina aos valores deferidos pela DRF já mencionada, e não à totalidade do pedido apresentado pelo contribuinte, pois que o valor não reconhecido, devendo incidir a correção sobre os créditos efetivamente existentes e deferidos pela Autoridade Pública. Este efeito, aliás, vem a realizar o direito a SELIC, pois que a demora da Administração em apreciar os pedidos de ressarcimento, para bem e cuidadosamente analisar os direitos de créditos, em sendo atualizados pela SELIC, não prejudicarão ao sujeito passivo titular do crédito, pelo espaço de tempo entre o pedido e o efetivo reconhecimento e usufruto de seu direito. Nesse sentido, sendo expresso quando a perda da natureza meramente escritural do crédito objeto de pedido de ressarcimento, em razão da morosidade da Administração no deferimento do direito de crédito, o Superior Tribunal de Justiça, julgando o Recurso Especial nº 1.035.847RS, Representativo de Controvérsia, submetido ao Rito dos Recursos Repetitivos (CPC, art. 543C, do CPC), assentou entendimento vasado nos seguintes termos: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Fl. 321DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 12 Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ – 1ª Seção – Rel. Min. Luiz Fux – j. 25.6.2009 DJe 03/08/2009) – grifouse. Buscando a aplicabilidade deste julgado para o caso de resistência imposta pela Administração pelo mero decurso do prazo, o mesmo Superior Tribunal de Justiça, por ambas as Turmas de Direito Público, vem reiteradamente aplicando o mesmo julgado, como paradigma para os casos de morosidade da Administração nas analises dos Pedidos de Ressarcimento, de modo que vem decidindo no seguinte sentido: “PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. CRÉDITO ESCRITURAL. DEMORA NA ANÁLISE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXEGESE DO RESP 1.035.847/RS. 1. A alegação genérica de violação do art. 535 do Código de Processo Civil, sem explicitar os pontos em que teria sido omisso o acórdão recorrido, atrai a aplicação do disposto na Súmula 284/STF. 2. O entendimento firmado no REsp 1.035.847/RS, de relatoria do Min. Luiz Fux, atrai conclusão no sentido de que é devida a incidência de correção monetária aos créditos escriturais que não são gozados pelo contribuinte, na forma de ressarcimento, compensação ou aproveitamento, por resistência ilegítima do Fisco ainda que a demora seja em decorrência de análise de processo administrativo. 3. ´O ressarcimento em dinheiro ou a compensação, com outros tributos dos créditos relativos à nãocumulatividade das contribuições aos Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) art. 3º, c/c art. 5º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 10.637/2002 e para a Seguridade Social (COFINS) art. 3º, c/c art. 6º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 10.833/2003, quando efetuados com demora por parte da Fazenda Pública, ensejam a incidência de correção monetária.´ (REsp 1129435/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/05/2011, DJe 09/05/2011). Recurso especial da FAZENDA NACIONAL conhecido em parte, mas improvido. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. CRÉDITO ESCRITURAL DE IPI, PIS E COFINS. CORREÇÃO Fl. 322DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 12893.000217/200776 Acórdão n.º 3402002.003 S3C4T2 Fl. 317 13 MONETÁRIA. DEMORA DO FISCO. INCIDÊNCIA. TERMO A QUO. PROTOCOLO DOS PEDIDOS ADMINISTRATIVOS. 1. A alegação genérica de violação do art. 535 do Código de Processo Civil, sem explicitar os pontos em que teria sido omisso o acórdão recorrido, atrai a aplicação do disposto na Súmula 284/STF. 2. Não enseja conhecimento a questão referente à possibilidade de optar pela compensação na forma do art. 74 da Lei n. 9.430/96, na redação que lhe deram as leis 10.637/02 e 10.833/03, tudo devidamente acrescido pela variação da taxa SELIC, na forma do § 4º do art. 39 da Lei n. 9.250/95´, em face da ausência de prequestionamento (Súmula 211/STJ). 3. Inexiste interesse recursal quanto aos honorários, uma vez que a decisão monocrática do relator que estabeleceu o percentual de 10% (dez por cento) sobre a condenação não sofreu qualquer alteração pelos julgados que se sucederam embargos de declaração e agravo regimental , permanecendo incólume, portanto. 4. Embora o REsp paradigma 1.035.847/RS trate de crédito escritural de IPI, o entendimento nele proferido alberga o reconhecimento de que não incide correção monetária sobre créditos escriturais em geral, salvo se o seu ressarcimento, compensação ou aproveitamento é obstado por resistência ilegítima do Fisco. 5. O termo inicial para a incidência da correção monetária é do protocolo dos pedidos administrativos cuja fruição foi indevidamente obstada pelo Fisco. REsp 1129435/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 03/05/2011, DJe 09/05/2011; EDcl nos EDcl no REsp 897.297/ES, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 02/02/2011. Recurso especial conhecido em parte, e parcialmente provido.” (STJ – 2T – REsp 1.268.980SC Rel. Ministro Humberto Martins – j. 19.06.2012 – Dje 22.06.2012) – Grifouse. “TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IPI. RESSARCIMENTO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. EMBARGOS ACOLHIDOS COM ATRIBUIÇÃO DE EFEITOSINFRINGENTES. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. (…). 2. Os créditos escriturais são aqueles provenientes do saldo positivo de natureza fiscal obtido pelo contribuinte dentro de cada período de apuração do ICMS ou do IPI. 3. Existência de erro material no acórdão embargado, uma vez que considerou não incidir atualização monetária sobre créditos escriturais de IPI quando, na verdade, se trata de correção incidente sobre os valores devolvidos administrativamente pela Fazenda Nacional a tal título. 4. O tratamento dispensado para os créditos reconhecidos administrativamente e pagos com atraso ao contribuinte não se confundem com créditos escriturais de IPI, pois aqueles Fl. 323DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 14 configuram créditos reais e efetivos, devendo incidir a correção monetária quando os valores forem devolvidos tardiamente pela Fazenda Pública, a fim de evitar que o contribuinte fique ao arbítrio do administrador que somente faria o ressarcimento quando bem lhe conviesse. 5. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para conhecer do recurso especial e darlhe provimento, a fim de determinar a incidência da correção monetária sobre os valores devolvidos administrativamente pelo fisco a título de IPI, no período compreendido entre a data do pedido de ressarcimento e a do efetivo pagamento.” (STJ/1ª T EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 771.769/RS Relator: Ministro Arnaldo Esteves Lima j. 05/10/2010 DJe 14/10/2010) – Grifouse. Considerando, finalmente, que ao aplicar a SELIC aos créditos do sujeito passivo, ainda que sejam oriundos de anteriores créditos escriturais, mas já vertido em Pedido de Ressarcimento, se está meramente recompondo o poder aquisitivo da moeda e, ao mesmo tempo, compensando o contribuinte pela demora que o Estado demanda na avaliação dos referidos pedidos, entendendo, inclusive, que é necessário que o faça com todo o cuidado e responsabilidade, sendo certo que não se trata aqui de deferir um direito que não está contido no ordenamento, mas sim, que decorre do sistema como um todo, e que vem sendo deferido pelo Superior Tribunal de Justiça, e que resgata uma jurisprudência já pacificada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF deste próprio Conselho, ainda quando sob o pálio do hoje extinto Conselho Federal de Contribuintes. Nessa questão, portanto, merece provimento o recurso do contribuinte. III. DISPOSITIVO: Isto posto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para reconhecer o direito a incidência da SELIC sobre os créditos desde a data do protocolo do pedido de ressarcimento até o momento do efetivo usufruto deste direito pelo contribuinte. (Assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior Relator Fl. 324DF CARF MF Impresso em 03/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/0 4/2013 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
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Numero do processo: 10865.003013/2010-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/02/2005 a 31/08/2009
CONTRIBUIÇÕES SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO.
Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.212/91, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando-as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado
na legislação de regência.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. CARACTERIZAÇÃO SEGURADOS EMPREGADOS. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. OCORRÊNCIA.
O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada
Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicou-se o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por trata-se de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos contribuintes individuais caracterizados como segurados empregados pela fiscalização, tendo a autuada promovido o recolhimento dos tributos concernentes aos autônomos, como o próprio fiscal autuante reconhece no item 11 do Relatório Fiscal, de fl. 46, fato relevante para a aplicação do instituto, nos termos da decisão do STJ em Recurso Repetitivo, a qual
estamos obrigados a observar.
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO.
Tratando-se de matéria de ordem pública, incumbe ao julgador reconhecer de ofício a decadência do crédito previdenciário lançado.
PREVIDENCIÁRIO. ISENÇÃO COTA PATRONAL.
Somente fará jus à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias a contribuinte entidade beneficente de assistência social que cumprir, cumulativamente, os requisitos inscritos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, relativamente ao período objeto da autuação.
CARACTERIZAÇÃO DE AUTÔNOMOS/CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS COMO SEGURADOS EMPREGADOS.
Constatando-se a existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto “tomador de serviços” e os “prestadores de serviços”, deverá o Auditor Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como segurado empregado, conforme determina o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO
ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à
legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-002.342
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos: I)
acolher, de ofício, a decadência até a competência 09/2005; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o conselheiro Igor Araújo Soares.
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO. Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.212/91, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. CARACTERIZAÇÃO SEGURADOS EMPREGADOS. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. OCORRÊNCIA. O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicouse o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por tratase de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos contribuintes individuais caracterizados como segurados empregados pela fiscalização, tendo a autuada promovido o recolhimento dos tributos concernentes aos autônomos, como o próprio fiscal autuante reconhece no item 11 do Relatório Fiscal, de fl. 46, fato relevante para a aplicação do instituto, nos termos da decisão do STJ em Recurso Repetitivo, a qual estamos obrigados a observar. Fl. 368DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 2 MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. Tratandose de matéria de ordem pública, incumbe ao julgador reconhecer de ofício a decadência do crédito previdenciário lançado. PREVIDENCIÁRIO. ISENÇÃO COTA PATRONAL. Somente fará jus à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias a contribuinte entidade beneficente de assistência social que cumprir, cumulativamente, os requisitos inscritos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, relativamente ao período objeto da autuação. CARACTERIZAÇÃO DE AUTÔNOMOS/CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS COMO SEGURADOS EMPREGADOS. Constatandose a existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto “tomador de serviços” e os “prestadores de serviços”, deverá o Auditor Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como segurado empregado, conforme determina o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos: I) acolher, de ofício, a decadência até a competência 09/2005; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o conselheiro Igor Araújo Soares. Elias Sampaio Freire Presidente. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 369 3 Relatório ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO DO HOMEM DO AMANHÃ DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 9a Turma da DRJ em Ribeirão Preto/SP, Acórdão nº 1432.196/2011, às fls. 303/306, que julgou procedente o lançamento fiscal referente às contribuições sociais devidas pela notificada ao INSS, correspondentes à parte destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos empregados, assim caracterizadas as pessoas físicas/autônomos que prestaram serviços à autuada, uma vez observados os pressupostos do vínculo laboral, em relação ao período de 02/2005 a 08/2009, conforme Relatório Fiscal, às fls. 43/54. Tratase de Auto de Infração (antiga NFLD), lavrado em 13/10/2010, contra a contribuinte acima identificada, constituindose crédito no valor de R$ 5.938,73 (Cinco mil, novecentos e trinta e oito reais e setenta e três centavos). Inconformada com a Decisão recorrida, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às fls. 320/362, procurando demonstrar a improcedência do lançamento, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases processuais, insurgese contra a exigência consubstanciada na peça vestibular do procedimento, mormente em relação à caracterização dos prestadores de serviços pessoas físicas (considerados pela empresa como contribuintes individuais) como segurados empregados, sob o argumento de inexistirem os pressupostos legais do vínculo empregatício, inscritos no artigo 12 da Lei nº 8.212/91, ao contrário do entendimento do fiscal autuante. Disserta a propósito do histórico e respectivas atividades desenvolvidas pela recorrente, além dos conceitos e evolução da legislação que contempla imunidade e/ou isenção, asseverando que, na condição de Entidade de Assistência Social, nos termos do artigo 6º da CF, é isenta das contribuições previdenciárias para a seguridade social, conforme preceitos contidos no artigo 195, § 7º, da Carta Magna. Contrapõese à pretensão fiscal, trazendo à colação vasta argumentação a propósito da suposta isenção da contribuinte, elencando o histórico de suas atividades, sustentando que a entidade cumpre todos os requisitos exigidos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, como se extrai da documentação acostada aos autos e fora reconhecido pela própria autoridade lançadora no Relatório Fiscal, sendo totalmente improcedente o lançamento em epígrafe. Alega ser ilegal e inconstitucional a contribuição ao SAT, por desrespeitar o princípio da estrita legalidade, inscrito nos artigos 5º, inciso II; e 150, inciso I, da CF, eis que a Lei nº 8.212/91 não definiu a conceituação de atividades preponderantes nem delimitou os parâmetros dos três graus de risco das atividades econômicas, não podendo um Decreto Fl. 370DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 4 contemplar tais definições por afrontar com nossa Carta Magna, sendo competência do Poder Legislativo. Opõese à multa aplicada, por considerála confiscatória, sendo, por conseguinte, ilegal e/ou inconstitucional, devendo ser excluída do débito em questão. Argúi a inconstitucionalidade da TAXA SELIC, aduzindo para tanto que sua instituição decorreu de resolução do Banco Central, e não por lei, não podendo, dessa forma, ser utilizada em matéria tributária, por desrespeitar o Princípio da Legalidade. Infere, ainda, tratarse referida taxa de juros remuneratórios, o que a torna ilegal e inconstitucional. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar a Autuação Fiscal, tornandoa sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 370 5 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA – RECONHECIMENTO DE OFÍCIO Preliminarmente, impõe suscitar questão relativa ao prazo decadencial, não aventada pela contribuinte em suas razões recursais que, por ser matéria de ordem pública, deve ser reconhecida de ofício nesta oportunidade, especialmente após a aprovação da Súmula Vinculante n° 08 pelo Supremo Tribunal Federal. Com efeito, a matéria objeto de inúmeras discussões na doutrina e judiciário diz respeito ao prazo decadencial a ser levado a efeito para as contribuições previdenciárias. Os contribuintes pretendem seja acolhida a decadência de 05 (cinco) anos do Código Tributário Nacional, em detrimento do prazo decenal insculpido no artigo 45 da Lei nº 8.212/91, por considerálo inconstitucional, restando maculada a exigência cujo fato gerador tenha ocorrido fora do prazo encimado, hipótese que se amolda ao presente caso. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: “Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...]” Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...]” Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: Fl. 372DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 6 “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: “Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido Fl. 373DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 371 7 e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos Fl. 374DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 8 relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que as contribuições previdenciárias devem observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o Fl. 375DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 372 9 pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento nas contribuições previdenciárias, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. In casu, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento, por tratase de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos contribuintes individuais caracterizados como segurados empregados pela fiscalização, tendo a autuada promovido o recolhimento dos tributos concernentes aos autônomos, como o próprio fiscal autuante reconhece no item 11 do Relatório Fiscal, Fl. 376DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 10 de fl. 46, fato relevante para a aplicação do instituto, nos termos da decisão do STJ acima ementada, a qual estamos obrigados a observar. Assim, é de se restabelecer a ordem legal no sentido de acolher o prazo decadencial de 05 (cinco) anos, na forma do artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário em 13/10/2010, com a devida ciência da contribuinte constante da folha de rosto da autuação, a exigência fiscal resta parcialmente fulminada pela decadência, em relação aos fatos geradores ocorridos no período de 02/2005 a 09/2005, os quais se encontram fora do prazo decadencial inscrito no dispositivo legal supra, impondo seja decretada a improcedência parcial do feito. DA CARACTERIZAÇÃO SEGURADOS EMPREGADOS Em suas razões recursais, pretende a contribuinte a reforma da decisão recorrida, a qual manteve o lançamento fiscal em sua plenitude, por entender que a autoridade lançadora não logrou comprovar a efetiva existência dos requisitos necessários à caracterização dos prestadores de serviços, pessoas físicascontribuintes individuais, como segurados empregados, tornando insubsistente a autuação em epígrafe. Conforme se depreende dos autos, o presente lançamento diz respeito às contribuições sociais devidas pela empresa ao INSS, incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados, assim considerados pela fiscalização os prestadores dos serviços elencados no Relatório Fiscal, pessoas físicas, face a constatação dos pressupostos essenciais da caracterização da relação laboral, quais sejam, subordinação, remuneração e não eventualidade. Não obstante os argumentos da recorrente contra referido procedimento levado a efeito na constituição do crédito tributário ora exigido, a legislação previdenciária, por meio do artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, impôs ao Auditor Fiscal a obrigação de considerar os contribuintes individuais (autônomos) ou outros prestadores de serviços como segurados empregados, quando verificados os requisitos legais, in verbis: “Art. 229. [...] § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social, constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inc. I «caput» do art.9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado.” Esse procedimento encontra respaldo, igualmente, no Parecer/MPAS/CJ nº 299/95, com a seguinte ementa: “EMENTA Débito previdenciário. Avocatória. Segurados empregados indevidamente caracterizados como autônomos. Procedente a NFLD emitida pela fiscalização do INSS. Revogação do Acórdão nº 671/94 da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social, que decidiu contrariamente a esse entendimento.” Fl. 377DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 373 11 Indispensável ao deslinde da controvérsia, cumpre transcrever os preceitos do artigo 3º, da CLT, in verbis: “Art. 3º. Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” Assim, verificados todos os requisitos necessários à caracterização da relação empregatícia do suposto tomador de serviços com os tidos prestadores de serviços, a autoridade administrativa, de conformidade com os dispositivos legais encimados, tem a obrigação de caracterizar como segurado empregado qualquer trabalhador que preste serviço ao contribuinte nestas condições, fazendo incidir, consequentemente, as contribuições previdenciárias sobre as remunerações pagas ou creditadas em favor daqueles. Entrementes, não basta que a autoridade lançadora inscreva no Relatório Fiscal da Autuação tais requisitos, quais sejam, subordinação, remuneração e não eventualidade. Deve, em verdade, deixar explicitamente comprovada a existência dos pressupostos legais do vínculo laboral, sob pena de improcedência do lançamento por ausência de comprovação do fato gerador do tributo, e cerceamento do direito de defesa do contribuinte. Na hipótese dos autos, a ilustre autoridade lançadora, ao proceder a caracterização dos prestadores de serviços (pessoas físicascontribuintes individuais) como segurados empregados, foi muito feliz em sua conduta, demonstrando e comprovando, no entendimento deste Conselheiro, os requisitos legais necessários à configuração do vínculo empregatício, acima elencados, consoante se positiva do Relatório Fiscal da autuação, não havendo dúvidas quanto a regularidade do feito, sobretudo quanto explicita que tais empregados cumpriam a uma grade horária preestabelecida pela entidade, evidenciando a não eventualidade e a subordinação nas atividades desenvolvidas. Constatase, assim, que o fiscal autuante, ao promover o lançamento, agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência, demonstrando circunstanciadamente os fatos que ensejaram a constituição do crédito previdenciário, impondo a manutenção da autuação. DA IMUNIDADE DA CONTRIBUINTE/ENTIDADE Insurgese, ainda, a contribuinte contra a exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do procedimento, suscitando deter imunidade da cota patronal das contribuições previdenciárias, nos termos do artigo 195, § 7o, da Constituição Federal, c/c artigo 55 da Lei n ° 8.212/91, notadamente quando sempre cumpriu os requisitos para concessão e manutenção de referido benefício, estando o procedimento fiscal apoiado em arbitrariedade sem qualquer fundamento legal. A corroborar ser entendimento, traz à colação vasta argumentação a propósito da pretensa isenção da contribuinte, elencando o histórico de suas atividades, sustentando que a entidade cumpre todos os requisitos exigidos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, como se extrai da documentação acostada aos autos e fora reconhecido pela própria autoridade lançadora no Relatório Fiscal, sendo totalmente improcedente o lançamento em epígrafe. Em que pesem as substanciosas razões de fato e de direito ofertadas pela contribuinte em seu recurso voluntário, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de Fl. 378DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 12 prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que a decisão recorrida encontrase incensurável, devendo ser mantida em sua plenitude. Como se verifica, a recorrente em momento algum se insurge contra as contribuições previdenciárias ora lançadas, se limitando a defender que possui imunidade da cota patronal. Destarte, o artigo 195, § 7º da Constituição Federal, ao conceder o direito à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias, assim prescreveu: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.” Como se verifica, o dispositivo constitucional encimado é por demais enfático ao determinar que somente terá direito à isenção em epígrafe as entidades que atenderem as exigência definidas em lei. Ou seja, a CF deixou a cargo do legislador ordinário estipular as regras para concessão de tal benefício, a sua regulamentação. Por sua vez, o artigo 55 da Lei nº 8.212/91, veio aclarar referida matéria, estabelecendo que somente fará jus à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias, a contribuinte/entidade que cumprir, cumulativamente, todos os requisitos ali elencados, senão vejamos: “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro Social Fl. 379DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 374 13 INSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido.” Na hipótese vertente, conforme se extrai dos elementos que instruem o processo, especialmente Relatório Fiscal e Decisão recorrida, a contribuinte em momento algum logrou comprovar ser efetivamente entidade isenta, cumpridora de todos os requisitos para tanto, em relação ao período objeto da autuação, inobstante as inúmeras alegações nesse sentido. Ao contrário, como se constata do bojo da decisão de primeira instância, a partir do Pedido de Isenção consubstanciado no processo n° 13841.000439/200848, a contribuinte somente passou a usufruir de referida benesse constitucional em face da expedição do Ato Declaratório n° 563, de 22/11/2010, o qual reconheceu a isenção da entidade com efeitos a partir de 01/10/2010, não havendo que se falar na pretensa isenção argüida pela autuada no que tange o período em comento, impondo seja mantida a exigência fiscal. DA APRECIAÇÃO DE QUESTÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES/ILEGALIDADES NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Relativamente às questões de inconstitucionalidades suscitadas pela contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como os tributos ora exigidos e multa aplicada, encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Com efeito, além da exigência dos tributos ora lançados, com os respectivos acréscimos legais, encontrar respaldo na legislação previdenciária/tributária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Notese, que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. A própria Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é por demais enfática neste sentido, impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 380DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 14 I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.” Observese, que somente nas hipóteses contempladas no parágrafo único e incisos do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E, segundo o artigo 72, e parágrafos, do Regimento Interno do CARF, as Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação obrigatória por este Conselho. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; [...]” Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram o presente lançamento. No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Quanto às demais alegações da contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, porquanto incapazes de ensejar a reforma da decisão recorrida e/ou macular o crédito previdenciário ora exigido, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo Fl. 381DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 375 15 legal ou fático, bem como já devidamente debatidas/rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Assim, no mérito, escorreita a decisão recorrida devendo nesse sentido ser mantido o lançamento na forma ali decidida, uma vez que a contribuinte não logrou infirmar os elementos colhidos pela Fiscalização que serviram de base para constituição do crédito previdenciário, atraindo para si o ônus probandi dos fatos alegados. Não o fazendo razoavelmente, não há como se acolher a sua pretensão. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine parcialmente em consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, acolher de ofício a decadência em relação ao período de 02/2005 a 09/2005 e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 382DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL
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Numero do processo: 11516.004211/2009-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário: 2004, 2005, 2006
ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA.
Rejeita-se a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscal contábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário: 2005, 2006
DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA.
FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Além da identificação do beneficiário, é preciso comprovar a causa da operação, necessidade e usualidade para que uma despesa seja considerada dedutível, não bastando a simples comprovação do desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano calendário: 2004, 2005, 2006
CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO
RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ).
Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos.
ASSUNTO: COFINS E PIS NAS DESPESAS COM COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO.
Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as
contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza
torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não
cumulativa.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 1401-000.772
Decisão: Acordam os membros do colegiado, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, DAR provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa no valor de R$54.700,00.
Nome do relator: ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2004, 2005, 2006 ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA. Rejeita-se a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscal contábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2005, 2006 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Além da identificação do beneficiário, é preciso comprovar a causa da operação, necessidade e usualidade para que uma despesa seja considerada dedutível, não bastando a simples comprovação do desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano calendário: 2004, 2005, 2006 CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ). Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos. ASSUNTO: COFINS E PIS NAS DESPESAS COM COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. Crédito Tributário Mantido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006 ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA. Rejeitase a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscalcontábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Além da identificação do beneficiário, é preciso comprovar a causa da operação, necessidade e usualidade para que uma despesa seja considerada dedutível, não bastando a simples comprovação do desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 Fl. 1772DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 2 CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ). Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos. ASSUNTO: COFINS E PIS NAS DESPESAS COM COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, DAR provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa no valor de R$54.700,00. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Karem Jureidini Dias. Fl. 1773DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.773 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0718.249, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC, que, por unanimidade de votos, decidiu julgar procedente em parte a impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário lançado, pelas razões que serão adiante expostas. Por descrever os fatos com a riqueza de detalhes necessária para a compreensão da controvérsia, adoto e transcrevo o relatório elaborado pela DRJ: Trata o presente processo de impugnação aos Autos de Infração de fls.1.432 a 1.486, os quais exigem da Interessada o recolhimento da importância de R$5.674.122,51, acrescido de multa de oficio de 75% e juros de mora, a titulo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, relativamente a fato gerador ocorrido no 4° trimestre de 2004 (lucro Presumido) e fatos geradores ocorridos nos anos de 2005 e 2006, nestes sob as regras do Lucro Real, conforme Auto de Infração às fls.1.432 a 1.443. As irregularidades apontadas no Auto de Infração de IRPJ são as seguintes: Item 001. OMISSÃO DE RECEITAS RECEITAS NÃO CONTABILIZADAS Omissão de receita da atividade caracterizada pela falta de contabilização de operações consignadas nos livros e documentos fiscais, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas expendidas no subitem "2.2 Receita Escriturada em Livro Fiscal Não Refletida na Contabilidade", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2005 Item 002. OMISSÃO DE RECEITAS Omissão de receita da atividade caracterizada por descompasso entre os documentos fiscais emitidos e os registros consignados nos livros fiscais e comerciais, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas declinadas no subitem "2.3 – Receita Consignada em Documentos Fiscais Não Refletida nos Livros Fiscais e Contábeis", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fl. 1774DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 4 Fato Gerador em 31/12/2005 e em 31/12/2006 Item 003. CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS GLOSA DE CUSTOS – SERVIÇOS DE FRETE PESSOA JURÍDICA Glosa de custos apropriados na apuração do resultado, em relação aos quais o sujeito passivo não logrou comprovar, por documentos hábeis e idôneos, os registros consignados na escrita contábil, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas expendidas no subitem "2.5 – Custos/Despesas Não Comprovados – Serviços de Frete Pessoa Jurídica", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2005 e em 31/12/2006 Item 004. CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS GLOSA DE DESPESAS COMISSÃO A TERCEIROS Glosa de despesas apropriadas na apuração do resultado, em relação as quais sujeito passivo não logrou comprovar, por documentos hábeis e idôneos, os registros consignados na escrita contábil, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas expendidas no subitem "2.4 Custos/Despesas Não Comprovados Comissão a Terceiros", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2006 Item 005. RECEITAS DA ATIVIDADE NÃO DECLARADAS Receita da atividade, escriturada e não declarada, mantida, destarte, à margem da tributação, infração caracterizada na forma das circunstâncias fáticas declinadas no subitem "2.1. Receita Escriturada Não Declarada", do Termo de Verificação Fiscal lavrado no encerramento dos trabalhos, ato que passa a integrar os Autos de Infração de constituição das exações. Fato Gerador em 31/12/2004 Ainda, como lançamentos decorrentes da fiscalização do IRPJ foram lavrados também Autos de Infração onde se exige da Interessada as importâncias de R$ 29.233,93 e de R$ 368.555,23, a titulo de Contribuição para o Pis/Pasep (fls.1.444 a 1.458), de R$ 134.925,88 e de R$ 1.697.588,16, a titulo de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS (fls.1.459 a 1.473) e de R$ 2.058.875,20 a título de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL (fls.1.474 a 1.486), acrescidas de multa de oficio de 75% e juros de mora. As irregularidades apontadas no lançamento de IRPJ estão discriminadas no Termo de Verificação Fiscal de Encerramento de Procedimento Fiscal (fls.1.487 a 1.512), parte integrante do Auto de Infração. Fl. 1775DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.774 5 A autuada apresentou sua impugnação (fls.1.517 a 1.546, munida de documentos de fls. 1.547 a 1.674, que ora se resume: Dos Fatos Da origem do auto de infração em 14/04/2008, o Delegado da Polícia Federal em Itajaí instaurou inquérito policial para investigar suposta organização criminosa, com atuação em Itajaí e outras localidades; não obstante não haver qualquer procedimento administrativo fiscal deflagrado contra a impugnante, a autoridade policial requereu, dentre inúmeros pedidos dirigidos a MM. Juíza da Vara Federal Criminal em Florianópolis, mandados de busca e apreensão em alguns endereços, bem como a quebra de sigilo bancário e fiscal da impugnante e o compartilhamento de dados com a Receita Federal, inclusive, "o fornecimento de cópias de peças e material cognitivo produzidos nestes autos."; após a manifestação favorável do representante do Ministério Público Federal, a MM. Juíza deferiu a quebra do sigilo bancário e fiscal da impugnante, bem como mandado de busca e apreensão; ainda em seu despacho, a MM. Juíza Federal assevera: "Obtidas as informações bancárias, financeiras e fiscais, a autoridade policial fica autorizada ao compartilhamento dos dados com a Receita Federal." assim, devidamente cumpridos os mandados de busca e apreensão e autorizadas as quebras dos sigilos bancários e fiscais, foram os documentos encaminhados à Delegacia da Receita Federal que, ai então, resolveu dar inicio à fiscalização junto à Impugnante, emitindo Termo de Inicio de Procedimento Fiscal em 11/08/2008, intimando o representante legal da impugnante em 13/08/2008; nesse passo, a impugnante apresentou justificativa acerca da impossibilidade de cumprimento das exigências formuladas pela autoridade fiscal, em face das buscas e apreensões deflagradas pela autoridade policial, que apreenderam inúmeros documentos, além dos HD's e equipamentos de informática, que frisese, não foram devolvidos ainda à impugnante, e requereu a dilação do prazo para a apresentação dos documentos exigidos; que foi novamente intimada, pois foram apresentados alguns documentos, por força da busca e apreensão deferidas contra a Impugnante; e que segundo o autuante relata no Termo Fiscal, na análise dos documentos retidos pela Policia Federal não encontrou aqueles que pudessem dar lastro aos registros contábeis de contas de despesas a titulo de pagamentos por serviços de fretes e de comissões a terceiros; que após inúmeras intimações, aliado às análises de documentos na sede da empresa realizada por agentes fiscais, foi Fl. 1776DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 6 lavrado termo de Verificação Fiscal e Encerramento, originado o Auto de Infração; ocorre que a pretensão fiscal não há que prosperar, vez que não foram respeitados os mais comezinhos princípios de direito quando da análise dos documentos que puderam ser apresentados, aliado à impossibilidade de utilização de documentos obtidos por força de mandado de busca e apreensão, cuja decisão foi revogada, motivo pelo qual a impugnante apresente sua manifestação de inconformismo; PRELIMINARMENTE DAS PROVAS ILÍCITAS Documentos obtidos por força de mandado de busca e apreensão deferidas em inquérito policial Decisão da MM. Juíza da Vara Federal Criminal que rejeitou a denúncia e indeferiu o pedido de compartilhamento das informações Imprestabilidade dos Documentos Apreendidos para fins de Fiscalização; que por meio de habeas corpus contra os atos praticados pelos Delegados de Polícia Federal, a MM. Juíza concedeu, em parte a ordem, reconhecendo a nulidade das provas de interceptação telefônica produzidas no período de 09/08/07 a 19/11/07 e determinou a suspensão do processo; posteriormente, o TRF da 4ª Região, ao analisar o recurso apresentado contra a r. decisão, ampliou seus efeitos, reconhecendo, também a violação da lei da interceptação telefônica; diante de tal fato, o representante do Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra 31 pessoas, porém a MM. Juíza, ao analisar seus termos, entendeu por rejeitála, com base nos seguintes fundamentos: "Ante o exposto, reconheço a nulidade de toda a prova oriunda da interceptação telefônica realizada nos autos n°2007.72.00.0139465, nos termos da fundamentação, bem como a imprestabilidade como prova dos documentos apreendidos [...]. Indefiro, por fim, todos os pedidos de compartilhamento feitos no Inquérito Policial, eis que as provas anuladas não podem servir para qualquer finalidade, seja criminal, civil ou administrativa." contudo, o agente autuante, em seu Termo de Verificação, alega: "4 OUTROS ESCLARECIMENTOS E/OU INFORMAÇÕES No curso do procedimento fiscal realizado, e em compasso com a decisão judicial exarada no âmbito do Inquérito Policial n° 0184/2008 DPF/IJI/SC, prolatada em 16/06/2008, que autorizou o compartilhamento dos elementos de prova da investigação em sede policial, foram analisados documentos carreados no seu bojo, notadamente de elementos coligidos por intermédio dos mandados de busca e apreensão cumpridos na esteira da aludida decisão judicial. Inobstante, com data de 17/06/2009, adveio nova decisão judicial, na qual a Juíza Federal Substituta, Ana Cristina Fl. 1777DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.775 7 Kramer, reconheceu a nulidade de toda prova oriunda da interceptação telefônica nos autos n° 2007.72.00.0139465, bem como a imprestabilidade como prova dos documentos apreendidos em decorrência da decisão outrora prolatada." E concluiu o agente autuante: "Assim, em homenagem a decisão judicial que sobreveio, os elementos originários da investigação policial foram desconsiderados/inutilizados, não mais integrando o procedimento administrativo ora levado a cabo. A rigor, apenas um único documento da investigação policial havia sido utilizado, notadamente a tabela de preços anexada a intimação Fiscal n° 02, como parte integrante do seu item 4." portanto, como o início do procedimento fiscal se deu em face dos mandados de busca e apreensão que apreenderam inúmeros documentos da impugnante, inicialmente autorizados com base em provas declaradas ilícitas, e tendo a MM. Juíza da Vara Federal Criminal indeferindo o compartilhamento destas informações, vez que não podem servir para qualquer finalidade, seja criminal, civil ou administrativa, o presente Auto de Infração é nulo, vez que sua origem assim foi declarada, constituindose, por conseguinte, em prova ilícita, o que é vedada a sua utilização para fins de lançamento; Das fls.1.525 a 1.532, a Impugnante traz excertos doutrinários acerca da utilização de provas ilícitas, bem como transcreve a decisão judicial então citada na impugnação, para concluir: "Portanto, tendo o Auto de Infração origem nos documentos apreendidos por força de decisão judicial já declarada inválida, ilícita é a utilização destes documentos para a constituição do crédito tributário, e, por conseguinte, nulo é o Auto de Infração lavrado, por utilização de provas ilícitas, vez que a fiscalização somente foi levada a efeito por força da documentação apreendida pela Polícia Federal." III DO MÉRITO DAS SUPOSTAS INFRAÇÕES que todos os documentos estão e sempre estiveram à disposição da fiscalização na sede da empresa, salvo no período em que tais documentos estiveram de posse da Policia Federal, apreendidos que foram no âmbito do Inquérito Policial n° 0184/2008, mas que ainda assim sempre estiveram ao alcance da fiscalização que, diante do imenso volume de documentos, adotou a pratica pouco ortodoxa e de legitimidade duvidosa, de exigir, via intimações, a apresentação de documentos que poderiam ter sido por eles analisados, um por um, fisicamente, sendo que assim não procedeu por mera obra da vontade dos agentes; que os agentes renunciaram ao seu poder/dever de apurar os fatos, in loco, documento a documento, que lhes deveriam ser e foram franqueados na sede da empresa, devidamente "embaralhados e desordenadamente" devolvidos pela Policia Federal, sendo o Fl. 1778DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 8 paradeiro de muitos documentos desconhecido após a ação policial, para comodamente exigir que volumes gigantescos de comprovações, que lhes fossem apresentadas em atendimento às intimações em prazos absurdos; que nesse plano é que se iniciou o "calvário" da impugnante, tendo que atender a sucessivas intimações, onde o objeto, entre outros, era a apresentação de documentos comprobatórios de despesas, cuja localização foi dificultada pela "desordem" em que foram devolvidos pela Polícia Federal, sendo que a fiscalização poderia ter levantado os referidos documentos in loco, e não o fez, evidentemente, pelo grau de dificuldade; assim, na maioria dos casos citados no relatório dos ilustres agentes fiscais, com a devida vênia, NÃO É O CASO de ausência de comprovação de despesas e sim, a SUBJETIVA compreensão dos agentes fiscais de que os documentos apresentados (com extrema dificuldade), no seu entendimento, não seriam suficientes para comprovar as operações; que ficou demasiado "cômodo" e "prático" aos agentes simplesmente requerer elementos documentais que seria sua obrigação funcional aferir a existência e correção e, ato continuo, sempre que conveniente, considerar "não comprovado" o lançamento, quando em sua opinião (apenas), os documentos apresentados não seriam "suficientes"; exemplo disso, ocorre no item "2.4" do Termo de Verificação Fiscal, os agentes fiscais elencam uma série de registros contábeis na conta "4.1.2.02.0016 Comissão a Terceiro" e alegam uma suposta "análise mais acurada", que teria resultado na desconsideração das referidas despesas de "Comissões a Terceiros", por suposta ausência de comprovação (Anexo I); convém assentar de plano que, de fato, nem todos os valores apresentados aos senhores agentes fiscais, pelos motivos descritos, referentes aos lançamentos dessa conta contábil componente do "Demonstrativo de Resultados" (despesa) puderam ser objeto de comprovação documental, não obstante, os agentes fiscais não consideraram a comprovação de nenhum deles e, conforme documentos juntados como "Anexo I", resta perfeitamente explicitado e "os beneficiários" e a "explicita motivação dos pagamentos em contraprestação de serviço"; comodamente, portanto, os agentes fiscais, mesmo tendo acesso aos destinatários e tendo clara indicação da existência de uma contraprestação de serviços, sem aferir absolutamente nada, sem apresentar nenhum elemento de prova ou indicio de que os serviços pagos não tenham sido de fato prestados, ignorando não só os lançamentos sem a apresentação de documentação, mas também os demais; que, EM NENHUM MOMENTO RESTOU APURADO se os pagamentos realizados são ou não referentes ao pagamento de despesas, e MUITO MENOS restou esclarecido pelos documentos dos autos, que se referem a "uma saída de numerário destinada ao pagamento de despesa indedutível", tendo em mira que "o beneficiário" é identificado e a motivação foi declarada, logo, não se pode afirmar que os "lançamentos Fl. 1779DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.776 9 não foram comprovados", principalmente tendo em mira que muitos deles realizados por transações bancárias cujos documentos foram apresentados e apenas "considerados insuficientes" para a comprovação das despesas, mas não se localizam nos autos explanações da motivação para tal conclusão, tão sumariamente empreendida que dispensou qualquer diligência em relação aos beneficiários; noutro trecho, os agentes fiscais, LITERALMENTE abusam de uma subjetividade na aplicação dos termos da LEI, a qual efetivamente NUNCA TIVERAM e, de forma inconseqüente e alheia aos fatos, afirmam que: "Afora essa repercussão, a infração também tem implicações na seara da COFINS e do PIS, considerando que os valores foram utilizados na determinação dos créditos inerentes its exações, em compasso com as regras de apuração da modalidade da incidência nãocumulativa. Assim, na forma de lançamento decorrente, a matéria também será submetida ao gravame das aludidas contribuições." em relação a tais TOSCAS alegações, nos limitamos apenas a esclarecer que, pela ordem: a) Ao contrário do alegado, despesas com "Comissões a Terceiros" pagas a terceiros NÃO PODEM gerar direito ao crédito de PIS e COFINS; b) A empresa NÃO tomou créditos de PIS e COFINS sobre os valores das despesas proporcionais de vendas "Comissões a Terceiros"; c) Não existem nos autos, quaisquer elementos de prova ou indiciários de que em algum momento, os agentes fiscais tivessem intentado apresentar algum "demonstrativo de apuração" ou outro instrumento destinado a aferir as apurações das bases de cálculo do PIS e da COFINS no período analisado, menos ainda, é possível determinar pelos elementos dos autos, que o contribuinte tivesse se aproveitado de créditos do PIS e da COFINS sobre as aludidas despesas de "Comissões a Terceiros". que tais afirmações em relação à pretensão de aplicar um lançamento "decorrente" em relação ao PIS e a COFINS, devidamente lastreadas "no palpite" de que teriam sido aproveitados créditos fiscais dessas contribuições, beira à insanidade e não merece a menor consideração; diante desses fatos, entendemos que, em relação ao IRPJ e a CSLL, diante da inexorável existência de pagamentos a beneficiários perfeitamente identificados e/ou identificáveis, e diante de identificação da finalidade dos desembolsos específicos, destinados a pagamento de "Comissões a Terceiros", não há como negar o pagamento de "DESPESAS", as quais somente poderiam ser objeto de "adição" ao Lucro Real e a Base Fl. 1780DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 10 de Cálculo da CSLL, SE COMPROVADO, o que não ocorreu no caso concreto, que se tratam despesas não usuais, não necessárias a atividade da empresa ou, não realizadas ou cuja documentação não pudesse atestar o seu efetivo pagamento; no item "2.5 Custos/Despesas Não Comprovados Serviços de Frete Pessoa Jurídica", a junção de "velhos " e de "novos maus hábitos" culminou com conclusões literalmente absurdas e descompromissadas com os fatos reais dos autos; conforme já apontado e descrito, os ilustres agentes fiscais adotaram a prática, no mínimo, pouco ortodoxa de renunciar ao seu poder/dever de apurar os fatos in loco, vista dos documentos que eles por dever de oficio deveriam carrear e avaliar, junto aos arquivos da impugnante, para atuar de forma mais, digamos, cômoda e tecnicamente questionável "de gabinete", requerer as comprovações e, ao seu exclusivo arbítrio, de acordo com apenas seu livre convencimento, julgar se tais comprovações apresentadas são ou não são suficientes; nesse sentido, parece de clareza solar que sendo a impugnante, como é e sempre foi do conhecimento dos ilustres agentes fiscais, pessoa jurídica dedicada "contratação posterior subcontratação" de fretes, onde efetivamente, conforme atestam os seus documentos contábeis e fiscais (todos), é prática corrente e coerente com o ramo e a sistemática das operações praticadas pela empresa, a contratação de serviços de frete junto terceiros, somente um levantamento fiscal MUITO ERRADO, poderia concluir que, de um total contabilizado de "Serviços de Frete Pessoa Jurídica" nos anos calendário de 2005 e 2006, num total de R$ 27.013.170,62, apenas o equivalente a R$ 10.173.294,86 seriam despesas, efetivas; mister se faz trazer à apreciação de fatos que, como já dito, maculam o trabalho realizado pela fiscalização que, com todo o respeito, apresentou o insólito e IMPOSSÍVEL número de R$ 16.839.875,76, de despesas a serem glosadas, o que convenhamos, evidentemente esta errado, pois se os referidos valores não se referissem a "fretes pagos a terceiros", quem teria transportado as cargas?; provas eloquentes de que o conteúdo da "Relação de Lançamentos não Comprovados Serviços de Frete Pessoa Jurídica" é dissociado da realidade e desprovido de razoabilidade e lastreado em critérios que não espelham os fatos reais dos autos e/ou os fatos reais do objeto da fiscalização, saltam aos olhos a todo instante que se processe avaliações sérias e desapaixonadas do conteúdo do malsinado relatório; dentre incontáveis exemplos dessa desenfreada desconformidade com um mínimo de VERDADE dos autos, se observa, por exemplo, nos contundentes casos que passamos a relatar, cujos documentos se junta como Anexo II; consta como "comprovado/admitido", como despesa realizada, em nome de "ARCOMAR", nos anoscalendário de 2005 e 2006, o valor de R$ 716.499,42, ao passo que o total contabilizado e pago ao referido beneficiário em relação aos serviços de frete efetivamente contratados foi de R$ 1.786.496,44, restando Fl. 1781DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.777 11 SUPOSTAMENTE não comprovado o estratosférico valor de R$ 1.069.997,02; cumpre destacar que, salvo raríssimas exceções, todos os pagamentos realizados a ARCOMAR, de janeiro de 2005 a novembro de 2006, foram realizados através de operações bancárias (normalmente TED), do Banco Santander, Banco do Brasil, Sudameris; asseveramos que TODOS OS PAGAMENTOS COMPROBATÓRIOS DISPONÍVEIS REFERENTES AOS PAGAMENTOS REALIZADOS A "ARCOMAR", TANTO OS "ADMITIDOS" QUANTO OS "INADMITIDOS" COMO "COMPROVADOS", SÃO RIGOROSAMENTE OS MESMOS. NÃO HÁ CRITÉRIO VIÁVEL PARA JUSTIFICAR O MOTIVO pelo qual os ilustres agentes fiscais entendem que R$ 716.499,42 do total dos serviços efetivamente prestados foram "comprovados" e os restantes R$ 1.069.997,02 não teriam sido, tendo em mira que: a) O serviço prestado é o mesmo; b) Os documentos que acobertaram as prestações são os mesmos; c) O beneficiário é o mesmo; d) A forma pela qual foram realizados os pagamentos é a mesma; e) Nada diferencia os lançamentos "admitidos" e os "inadmitidos" como despesa pela fiscalização. f) Os documentos apresentados aos agentes fiscais como comprovação, foram os mesmos. menciona outros exemplos de valores pagos aos beneficiários, que indica a fl.1.542, que alega não saber o motivo da glosa para aquelas parcelas de despesas que foram tidas como não comprovadas (inadmitidas, conforme assim denomina); fazendo referência ao contido no Termo Fiscal, alegaram os agentes fiscais que, de um total de R$ 7.835.832,20 adiantados a empresa "Vô Bráulio", apenas R$ 3.902.582,49 se referem a serviços efetivamente prestados e que a diferença se refere a "pagamentos graciosos em relação aos quais seguramente não existiu contraprestação."; diante de tais afirmações, cumpre apenas destacar que: a) aos agentes fiscais foram identificados claramente os valores referentes aos adiantamentos de frete realizado; Fl. 1782DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 12 b) não há nos autos qualquer indicação ou prova de que os adiantamentos realizados não tiveram a correspondente contraprestação de serviços em períodos de apuração subsequentes; c) se os agentes fiscais entendem que "não existiu contraprestação", como explicar que eles próprio lançaram de oficio, como "receita de prestação de serviços tributável" na beneficiária dos pagamentos, a empresa "Vô Bráulio", em procedimento fiscal decorrente da mesma origem, qual seja, a chamada operação influenza? alegam os agentes que valores de "Comissão de Fretes" pagos a BENEFICIÁRIOS identificados, cujo valor total seria de R$644.133,06, indevidamente constantes entre os lançamentos da conta "Serviços de Frete Pessoa Jurídica", seriam "despesas não comprovadas", no entanto, bem ou mal, foram levados ao seu conhecimento, em relação a maioria, o beneficiário, a origem do pagamento (comissão paga), a forma de pagamento, logo, não é um caso de despesa "não comprovada"; alegam ainda que, de um total de R$ 1.029.173,44 lançado como pagamento a VTL Vanhoni Transportes e Logística Ltda., no período de 08/2005 até 11/2006, apenas R$ 170.912,92 teriam sido referentes a "serviços efetivamente prestados" e que portanto, essa diferença deve ser considerada como "não comprovada" e oferecida a tributação; tal alegação é frontalmente conflitante com a tentativa promovida pelos mesmos agente fiscais, no sentido de oferecer a tributação os mesmos valores na beneficiária como "receita omitida"; ora, ou uma coisa ou outra; ou os referidos valores não são receitas na beneficiária, e por conseguinte não seriam despesa na fonte pagadora ou seriam meros adiantamentos na fonte pagadora e na beneficiária, mas JAMAIS se poderia imputar ao mesmo fato, como pretendem os incautos agentes fiscais, a malsinada natureza jurídica "camaleônica", podendo ser tratado ora como "adiantamento" e ora como "despesa/receita" de acordo com a melhor conveniência fiscal; mais adiante, os agentes fiscais tratam de glosar pequenos valores de despesas de viagem (R$ 44.351,88) sob o fútil argumento de que não se teriam apresentados os relatórios identificando, por exemplo, quem teria empreendido a viagem; acreditamos que, caso os documentos apresentados nos autos tivessem sido avaliados com um cuidado maior, e um apego maior aos fatos, tal discussão seria evitada, pois é inegável que as viagens ocorreram e que a empresa pagou por elas comprovadas elas foram o que se poderia discutir é a necessidade ou não das mesmas, isso, entretanto, não foi alegado, nem tampouco foi essa a fundamentação da pretensa glosa de despesa COMPROVADA; noutro ponto, os agentes fiscais consideram como não comprovados pagamentos realizados a titulo de "Diferencial de Fretes" no valor de R$ 601.739,54, o que só evidencia que, como já dito, não há lógica nos critérios adotados, sendo que em determinados casos, como esse dos Diferenciais de Frete, que são corriqueiramente pagos aos subcontratados nesse ramo de Fl. 1783DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.778 13 negócios, seja pelos volumes transportados, seja como forma de fidelização do "agregado", enfim os ilustres agentes fiscais não consideraram como comprovados pelas transações bancárias, documentação interna explicitando a motivação e o lastro dos pagamentos, via de regra, proporcional a uma tonelagem, foram apresentados e ignorados, pelo que, nesse caso, nos parece que independente da prova apresentada, NADA seria suficiente para "comprovar" a óbvia e corriqueira operação sem questão. Submetida a Impugnação à apreciação da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC, esta houve por bem julgar procedente em parte o lançamento, apenas para afastar a glosa sobre algumas despesas, por entender que, de acordo com os mesmos critérios adotados pela fiscalização, em relação a elas houve a efetiva comprovação de sua existência e necessidade. Confirase a ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS/COMISSÕES. GLOSA. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Para se comprovar uma despesa, de modo a tornála dedutível, face legislação do imposto de renda, não basta comprovar que ela foi assumida e que houve o desembolso. É indispensável, principalmente, comprovar que o dispêndio corresponde à contrapartida de serviços efetivamente prestados pelo beneficiário dos pagamentos. DESPESAS DE VIAGENS. DESNECESSÁRIAS. GLOSA. Consideramse desnecessárias as despesas de viagens e estadias de sócios, gerentes e funcionários, quando não comprovada a vinculação daquelas aos objetivos da empresa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006 ALEGAÇÃO NÃO COMPROVADA DO USO DE PROVA ILÍCITA (INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA JUDICIALMENTE DECLARADA ILÍCITA). ARGUIÇÃO DE NULIDADE REJEITADA. Rejeitase a arguição preliminar de nulidade, pelo alegado uso, para fins de seleção e fiscalização da contribuinte, de prova judicialmente declarada ilícita (interceptação telefônica e provas dai derivadas), quando a seleção ocorreu de forma autônoma e regular, e toda informação, documentação e escrituração fiscal Fl. 1784DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 14 contábil que embasam os lançamentos foram apresentadas pelo sujeito passivo, diretamente à autoridade fiscal, em procedimento diverso do que foi objeto da manifestação judicial. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 CSLL. LANÇAMENTOS DECORRENTES. EFEITOS DA DECISÃO RELATIVA AO LANÇAMENTO PRINCIPAL (IRPJ). Em razão da vinculação entre o lançamento principal (IRPJ) e os que lhe são decorrentes, devem as conclusões relativas àquele prevaleceram na apreciação destes, desde que não presentes argüições especificas ou elementos de prova novos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005, 2006 COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza torna necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Anocalendário: 2005, 2006 COMISSÃO A TERCEIRO. CRÉDITOS. BASE DE CÁLCULO. Constatado que a contribuinte apurava créditos da contribuição sobre as contas de Comissão a Terceiro (despesas), a glosa de despesas desta natureza toma necessário o lançamento da contribuição na modalidade não cumulativa. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Inconformada com a decisão proferida, que manteve em parte o lançamento realizado pela Autoridade Fiscal, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário, no qual reiterou os fundamentos da sua impugnação e que, neste momento, passa a ser analisado por esta Turma Julgadora. É o relatório. Fl. 1785DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.779 15 Voto Conselheiro Relator Alexandre Antonio Alkmim Teixeira O recurso preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. 1. PRELIMINAR: NULIDADE DOS AUTOS DE INFRAÇÃO AO FUNDAMENTO DE QUE SÃO EMBASADOS EM PROVAS ILÍCITAS. Afirma a Recorrente que o Auto de Infração é nulo por ser embasado em provas ilícitas, relativas a documentos obtidos por força de mandado de busca e apreensão deferido em inquérito policial que, posteriormente, teve judicialmente declarada a ilicitude na obtenção das provas e a vedação ao compartilhamento das informações oriundas dos documentos apreendidos pela Polícia Federal. Fundamenta ainda que “ao admitir que a ‘Operação Influenza’ revelou o envolvimento de uma série de empresas/pessoas físicas, aí incluindo a Impugnante, que, então, foram também investigadas pela Receita Federal, demonstra a origem do Auto de Infração e, por conseguinte, mesmo que os nobres julgadores não adotarem a tese dos ‘frutos da árvore envenenada’, não há como se dissociar a sua origem, já declarada ilícita.” Ao final, concluiu que “tendo o Auto de Infração origem nos documentos apreendidos por força de decisão judicial já declarada inválida, ilícita é a utilização destes documentos para a constituição do crédito tributário, e, por conseguinte, nulo é o Auto de Infração lavrado, por utilização de provas ilícitas, vez que a fiscalização somente foi levada a efeito por força da documentação apreendida pela Polícia Federal.” Entretanto, a pretensão da Recorrente não merece acolhida. Primeiramente porque, diferentemente do que alega a Recorrente e como bem alertou a DRJ, não há evidências nos autos de que a fiscalização foi realizada em virtude da documentação apreendida pela Polícia Federal. Inclusive, vale transcrever o trecho do acórdão recorrido no qual da DRJ mencionou que “a reprodução que consta na impugnação e que foi atribuída como de autoria dos autuantes (fls.1.523/1.524) não consta no Termo de Verificação Fiscal. De se esclarecer que tais afirmações ali expostas, então reproduzidas pela Impugnante, fazem parte de outro processo administrativo, relativamente à pessoa física envolvida com a Impugnante.” Ademais, ainda que a fiscalização do contribuinte tivesse sido iniciada a partir de denúncia da Polícia Federal, essa seria, entre várias outras, apenas uma das formas de se começar um procedimento de fiscalização. O que não quer dizer que o procedimento fiscal foi embasado exclusivamente em documentos fornecidos pela Polícia Federal, que posteriormente tiveram a sua ilicitude declarada em função de terem sido obtidos de maneira inidônea. Fl. 1786DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 16 Conforme se depreende do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 03 a 05), a fiscalização foi normalmente iniciada contra a Recorrente, com a sua regular intimação para prestar informações e apresentar documentos relativos à sua atividade e à tributação correspondente, nos mesmos moldes como acontece com qualquer outro contribuinte. Da relação de documentos demandados pela Autoridade Fiscal, verificase que foram solicitados aqueles relativos ao desempenho da atividade da Recorrente e à apuração de tributos, tais como: 1. Contrato Social de constituição da sociedade por quotas de responsabilidade limitada e suas alterações; 2. Livros Diário e Livro Razão, anos de 2005 e 2006; 3. Livro Registro de Apuração do Lucro Real – LALUR; 4. Livro Registro de Inventário, anos de 2005 e 2006; 5. Livros Registro de Entrada, de Saída, de Prestação de Serviços, e de Apuração do ICMS (anos de 2005 e 2006); 6. Todos os documentos da escrita comercial e/ou fiscal, inclusive extratos bancários de contas correntes e de aplicações financeiras; entre outros. É o caso, portanto, de um procedimento fiscal comum ao qual todos os contribuintes podem ser submetidos. A propósito, o Termo de Verificação Fiscal e de Encerramento de Verificação Fiscal (fls. 1.510 a 1.516) aborda detalhadamente as circunstâncias que nortearam o trabalho de auditoriafiscal, evidenciando a autonomia da fiscalização em relação aos trabalhos da Polícia Federal. Cumpre esclarecer que, em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal, o próprio contribuinte alegou que os documentos transcritos nos itens 1 e 6, foram retido pela Delegacia de Polícia Federal, conforme cópia anexa do Mandado de Busca/Apreensão/Sequestro do Inquérito Policial nº 0184/2008 DPF/IJI/SC.(fl. 9). Ainda, em resposta a Intimação Fiscal nº 01, o contribuinte afirma que quanto aos itens “1 e 2” daquela intimação, em que são solicitados todos os documentos que dão suporte fiscal e contábil aos lançamentos, comunica que ainda se encontram em poder da Delegacia de Polícia Federal, de acordo com os itens ‘1 a 7’ do competente Auto Circunstanciado de Busca e Apreensão, Equipe 044, do IPL Número 0184/2008DPF/IJI/SC, datado de 20 de junho de 2008, cuja cópia segue anexa, mais especificamente quanto aos itens ‘1 e 6’ do referido Auto; Portanto, o que ocorreu foi: como a escrituração contábil da Recorrente estava em posse da Polícia Federal (e esse fato foi comunicado à RFB pela própria Recorrente), a fiscalização procedeu a vistoria da documentação na Polícia Federal. Caso a documentação estivesse com a Recorrente, a fiscalização ocorreria da mesma forma e com os mesmos documentos. O fato de a interceptação telefônica ter sido considerada imprestável e, como decorrência, os documentos apreendidos pela Polícia Federal serem considerados imprestáveis para a denúncia criminal não significa a nulidade do acesso àqueles documentos pela RFB. Outro fator importante a ser considerado é que o Auto de Infração lavrado contra a Recorrente possui duas vertentes: i) não comprovação da efetiva necessidade e usualidade das despesas glosadas e ii) omissão de receitas. Em relação à não comprovação da efetiva necessidade e usualidade das despesas glosadas, ainda que a RFB tivesse tido acesso aos documentos apreendidos pela Polícia Federal, eles em nada teriam influenciado no resultado da autuação, porque tais documentos não provaram o caráter de necessidade e usualidade das despesas. Fl. 1787DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.780 17 Quanto às autuações por omissão de receitas, as informações que deram suporte ao lançamento são provenientes de outros procedimentos de fiscalização, sejam em suas filiais (Paranaguá/PR e Cuiabá/MT) ou de Representação Fiscal oriunda da Delegacia da Receita Federal do Brasil de São Paulo/SP (contra a AGRENCO DO BRASIL S/A, antiga INLOGS LOGÍSTICA LTDA), sendo que em todos esses procedimentos foram evidenciadas omissões de receitas. Uma análise sintetizada dos resumos das infrações apuradas pela fiscalização também permite constatar o equívoco cometido pela Recorrente ao argüir a nulidade dos Auto de Infração aqui debatidos. Os trechos abaixo transcritos (extraídos do TVF e da mencionada Representação Fiscal) demonstram que as receitas omitidas decorrem claramente de procedimentos de fiscalização autônomos, completamente independentes da investigação realizada pela Polícia Federal. Confirase: Item 2.1. Receita Escriturada Não Declarada (TVF fls. 1513 a 1514) Por intermédio da Representação Fiscal constante às fls. 1303 a 1321, advinda da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização em São Paulo, foi delatada aparente inconsistência entre as receitas declaradas pelo sujeito passivo e os documentos fiscais emitidos pelo mesmo, localizados em contribuinte jurisdicionado à DRFFiscalização São Paulo. Em decorrência da aludida Representação foi o procedimento fiscal ampliado ao período abrangido na delação, notadamente o terceiro trimestre do ano de 2004. Nas verificações empreendidas constatouse que todos os documentos especificados na Representação estão regularmente escriturados no Livro Registro de Saídas, bem como na escrita contábil, nesta sob a rubrica "3.1.1.15.0002 Transporte de Cargas MT", com cópia às fls. 895 a 920. Representação Fiscal (fls. 1324) A empresa AGRENCO DO BRASIL S/A (antiga INLOGS LOGÍSTICA LTDA), CNPJ no 01.806.966/00183, está sob ação fiscal autorizada pelo Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização n° 08.01.90.002008070364, Operações Fiscais 30120 PIS, e 30220 COFINS. 0 contribuinte fiscalizado registrou em seus livros diversos CTRC's emitidos pela empresa T C — TRANSPORTES E LOGÍSTICA LTDA, CNPJ n° 06.925.709/000184, no decorrer do anocalendário 2004, num total de R$ 4.514.142,84, conforme relação anexa a esta representação. A receita com frete declarada pela empresa T C TRANSPORTES E LOGÍSTICA LTDA, no anocalendário 2004, é menor que o valor dos CTRC's coletados na empresa fiscalizada [...] Fl. 1788DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 18 Item 2.2. Receita Escriturada em Livro Fiscal Não Refletida na Contabilidade (fls. 1514 a 1515): Análises empreendidas, notadamente correlacionando dados de livros fiscais com os registros da escrita contábil, evidenciaram aparente descompasso. Valores consignados no livro registro de saídas, do estabelecimento filial sito na cidade de Paranaguá/PR, acerca dos meses de julho/2005 e de setembro/2005 a dezembro/2005 (fls. 735 a 758), não foram identificados na escrita contábil correspondente, pelo menos sob a rubrica atinente ao aludido estabelecimento (fls. 976 a 981). Ante esses fatos, mediante o item 1 da Intimação Fiscal n° 03 (fls. 220 a 230), a aparente inconsistência foi denunciada ao sujeito passivo, culminando na sua intimação para o esclarecimento da matéria. Em resposta a exigência assim formalizada, na forma da missiva acostada às fls. 231, informou que: "por equívoco os responsáveis pela escrita fiscal de nossa filial de Paranaguá PR, não foram enviadas para nossa contabilidade, motivos pela qual não foram registradas nos livros contábeis, o que estamos, agora, providenciando as devidas correções”. Item 2.3. Receita Consignada em Documentos Fiscais Não Refletida nos Livros Fiscais e Contábeis (fls.1515 e 1516): Em outras verificações, confrontando os conhecimentos emitidos com os registros processados nos livros fiscais e comerciais, também surgiu aparente descompasso. Diversos CTRC 's regularmente emitidos, e concernentes a operações de prestação de serviço de transporte efetivamente realizadas, não foram identificados no livro fiscal atinente ao registro das saídas, e por conseqüência, nos livros de escrituração contábil. Diante dessa constatação, e com o fito fundamental de compreender a sistemática de escrituração, mediante o item 2 da Intimação Fiscal n° 03 (fls. 220 a 230), destacamos uma amostra de operações com essa configuração, intimando o sujeito passivo a esclarecêlas. Na esteira desta exigência, na forma da missiva acostada às fls. 231, adveio resposta nos seguintes termos: "Por equivoco dos responsáveis pela escrituração fiscal de nossa filial em Cuiabá MT, alguns conhecimentos de transporte rodoviários de cargas, não foram registrados nos livros fiscais, e como esses livros servem de base para escrituração contábil, os mesmos não foram registrados, o que já tomamos as medidas cabíveis, para as devidas correções tanto, dos livros fiscais, quanto dos livros e contábeis. (...) Assim, ao cabo das análises nesta seara, restou configurada a falta de escrituração de receitas, nos montantes mensais retratados no quadro demonstrativo a seguir: (...) Essas receitas permaneceram à margem da tributação, uma vez que a determinação do imposto de renda .assentase na escrita contábil, configurando base imputável não submetida ao gravame, suscetível, portanto, a tributação na forma das regras do lançamento de ofício. Fl. 1789DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.781 19 Vêse que todas as infrações apontadas foram extraídas da escrituração contábil e fiscal da própria Recorrente (incluindo as suas filiais) e das informações por ela mesma consignadas. Desse modo, não prevalece o seu argumento de nulidade dos autos de infração, visto que foi exaustivamente demonstrado que eles nãos decorreram de provas ilícitas. É importante salientar que a Receita Federal do Brasil possui competência para realizar investigações na escrituração contábil/fiscal do contribuinte e de terceiros a ele relacionados, com o intuito de conferir a exatidão no cumprimento de obrigações acessórias e pagamento de tributos. Inclusive, como bem mencionado pela DRJ, o Código Tributário Nacional, no capítulo que trata da fiscalização, dispõe em seu art. 195 sobre o amplo acesso da fiscalização aos documentos comerciais ou fiscais e o dever de guarda dos contribuintes. Confirase a redação do mencionado dispositivo: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não tem aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. No intuito de fulminar quaisquer dúvidas acerca da legalidade do acesso da RFB à escrituração contábil da Recorrente, remeto à teoria prova ilícita por derivação. De acordo com a doutrina penal, a prova derivada da ilícita deve ser expurgada do processo, tendo em vista ser inadmissível para formação da convicção judicial. Entretanto, de acordo com Guilherme de Souza Nucci1, há duas exceções à impossibilidade de se utilizar a prova derivada da ilícita: a) inexistência de nexo causal entre a prova ilícita e a prova acoimada de derivada da primeira(...); e b) prova separada (ou fonte independente): significa que a prova obtida aparenta ser derivada de outra, reputada ilícita, porém, em melhor e mais detida análise, deduzse que ela seria conseguida de qualquer jeito, independentemente da produção da referida prova ilícita. Deve ser validada. Aprofundando acerca da aceitação da prova de fonte independente, o referido autor salienta que o critério da prova separada estabelece que a prova produzida com base em fator dissociado da ilicitude de prova anteriormente auferida deve ser validada. O importante em relação à prova advinda de fonte independente é a consideração de que, mesmo conectada, 1 Código de Processo Penal Comentado. 8ª edição rev., atual. e ampl. 3ª tiragem. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. Fl. 1790DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 20 de algum modo, à prova ilícita, ela poderia ter sido conseguida de qualquer modo, fundada em bases lícitas. Em vista do exposto, entendo que as provas constantes no processo administrativo fiscal não podem ser consideradas como ilícitas, seja pelos motivos salientados nas linhas acima, seja pela aplicação da teoria da fonte independente, uma vez que a RFB poderia ter franco acesso à escrituração contábil da contribuinte por outros meios, sem a necessidade de respaldo judicial para afastar o sigilo fiscal em relação àquele órgão. Assim, como o lançamento é atividade vinculada, não sendo ato discricionário (que suporta critérios de conveniência e oportunidade), deve a Autoridade Fiscal, ao apurar infrações por parte dos contribuintes, lavrar o Auto de Infração competente para a cobrança de tributos e/ou aplicação de multas por descumprimento de outras obrigações, utilizandose das ferramentas que a legislação lhe disponibiliza. Entendo, assim, que as provas que sustentam o lançamento não são provenientes de meio ilícito e, por isso, rejeito a preliminar de nulidade defendida pela Recorrente. 2. MÉRITO: 2.1 DA OMISSÃO DE RECEITAS. Apesar de devidamente alertado pela DRJ ao apreciar a Impugnação apresentada, a Recorrente também não contesta em seu recurso as infrações decorrentes das omissões de receitas e, muito menos, apresenta qualquer documento capaz de elidilas. Os tributos e contribuições pertinentes às receitas omitidas somente foram impugnados em face da preliminar de nulidade acima referida que, inclusive, já foi afastada. Os argumentos de mérito que serão analisados limitamse, portanto, às glosas de custos/despesas relativas a comissões a terceiros, serviços de frete pessoa jurídica, despesas com viagens e comissão de fretes. Há, ainda, uma impugnação específica em relação aos créditos de PIS e COFINS sobre as despesas com comissões a terceiros. É o que se passa a analisar. 2.2 DAS GLOSAS DE DESPESAS 2.2.1. ITEM 3 DO AUTO DE INFRAÇÃO DE IRPJ – CUSTOS OU DESPESAS NÃO COMPROVADAS. GLOSA DE CUSTOS – SERVIÇOS DE FRETE PESSOA JURÍDICA. Com relação à glosa dessas despesas, a fiscalização adotou dois critérios distintos para definir quais despesas seriam glosadas e quais não seriam, a partir dos documentos disponibilizados pela fiscalizada, a saber: Os assentos disponibilizados como sendo os de lastro dos registros consistiram em relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS..." e respectivos comprovantes de depósito/pagamento, além de Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas CTRC e Cartas Fretes indicados nos relatórios apresentados, ambos emitidos pela empresa sob procedimento. Assim, a rigor, os documentos hábeis não foram exibidos, considerando que a empresa atua no ramo de logística, com a subcontratação dos serviços de transportes, Fl. 1791DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.782 21 circunstância em que os transportadores subcontratados deveriam emitir documentos fiscais, que seriam os assentos hábeis para comprovar os custos/despesas registrados na conta de resultado sob investigação. Não obstante, a despeito de a documentação não se conformar com os ditames da legislação fiscal, em relação aos lançamentos lastreados em assentos na forma antes referida, foi possível identificar, com segurança, os serviços executados mediante subcontratação, resultando comprovadas as operações, fundamentalmente ante a caracterização fidedigna dos agentes envolvidos, do serviço efetivamente prestado e das contraprestações correspondentes. Assentos então exibidos, notadamente, os relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS..." e amostra dos comprovantes da movimentação financeira correspondente, compõem o Anexo Ido processo administrativo formalizado em decorrência da ação fiscal. Todavia, em relação à parcela dos registros consignados nas contas em pauta, além da não exibição dos documentos fiscais hábeis, não logrou ser exibida comprovação na forma antes referida. Acerca destes, em regra, foi disponibilizada apenas documentação atinente a movimentação bancária, sem identificação das operações que lhe deram causa, circunstancia em que restam não comprovados os custos/despesas lançados. Os registros assim configurados, pendentes de comprovação, foram então notificados ao sujeito passivo, por intermédio do item 1 da Intimação Fiscal n° 02 (11s.173 a 195), lavrada em 29/01/2009, culminando na formalização de exigência reiterando a apresentação dos documentos hábeis que embasam os lançamentos de custo/despesa especificados em anexo do aludido ato fiscal, intitulado "RELAÇÃO DE LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS SERVIÇOS DE FRETES PESSOA JURÍDICA." Na esteira desta solicitação adveio resposta na forma do documento subscrito constante its fls.196 a 199. Consoante esta resposta, em suma, restringiuse a aduzir fatos que estariam dificultando o atendimento, e na apresentação de alguns poucos documentos intitulados "Carta Frete". Assim, a rigor, apenas estes cumpriram a solicitação em pauta, no sentido de elucidar as operações que deram causa a despesa de frete consignada na escrita contábil. Afora essas providências e informações, e diante das circunstâncias que aduziu, também formalizou pleito de mais prazo para o cumprimento da exigência em pauta. Nesse compasso, por intermédio do ato fiscal constante às fls. 260 a 262, intitulado "Termo de Concessão de Prazo", lavrado em 20/04/2009, foi concedido prazo adicional de 30 (trinta) dias para o atendimento derradeiro do item 1 da Intimação Fiscal n° 02. Na esteira deste ato adveio a resposta na forma do documento subscrito constante às fls. 263 a 266, recepcionado Fl. 1792DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 22 pela fiscalização em 04/06/2009. Ulteriormente, no curso da análise dos assentos apresentados, o contribuinte complementou e/ou alterou as informações outrora apresentadas, culminando em novo quadro demonstrativo consolidado, e que consta às fls. 273. Instruindo e/ou detalhando o aludido demonstrativo consolidado, foram exibidos os documentos juntados às fls. 274 a 700. Assim, os documentos acostados às fls. 273 a 700 do processo, contemplam os elementos que, ao final, foram apresentados em resposta à exigência em pauta, a partir dos quais passaremos a proceder à análise conclusiva da matéria sob investigação. Consoante anotamos, a resposta final está consolidada no quadro demonstrativo acostado às fls. 273, a partir do qual passaremos a empreender as análises, com o fito de demonstrar a situação dos lançamentos contábeis questionados. Ao final, conclui a Auditoria Federal que, a despeito de não existirem os documentos fiscais hábeis emitidos pelos prestadores do serviço, são consideradas como comprovadas as despesas para as quais foram apresentados relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS", e respectivos comprovantes de depósito/pagamento, além de Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas CTRC e Cartas Fretes indicados nos relatórios apresentados, ambos emitidos pela empresa sob procedimento. Entretanto, foram consideradas não comprovadas as despesas para as quais não foram apresentados os documentos acima. Assim, o Fisco dividiu os fundamentos da autuação em LANÇAMENTOS COMPROVADOS e LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS. Confirase: Ao cabo da análise assim empreendida, à luz dos elementos e/ou informações apresentados pelo sujeito passivo, depreendese que diversos lançamentos questionados foram comprovados, mas outros não. Os comprovados estamos retratando no demonstrativo intitulado "LANÇAMENTOS COMPROVADOS DO ITEM 1 DA INTIMAÇÃO FISCAL N° 02", acostado às fls. 1417. Já os lançamentos não comprovados estão evidenciados no demonstrativo "LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS DO ITEM 1 DA INTIMAÇÃO Fiscal N° 02", constante ás fls. 1418 a 1429. Inconformada com a autuação, a Recorrente sustentou a ausência de critério viável por parte da fiscalização no que diz respeito à glosa das despesas com serviços de frete. Externou em sua impugnação e, também em seu recurso, a sua irresignação com o fato de a Autoridade Fiscal ora ter acatado a comprovação de várias despesas com base em determinados documentos e, em seguida, ter rejeitado a comprovação de outras despesas, ainda que embasadas em documentação semelhante. Considerando em parte os fundamentos de defesa da Recorrente, a DRJ afastou a glosa de despesas com pagamento de frete, por entender que, para se manter a coerência em todo o procedimento adotado pela fiscalização, algumas despesas estariam realmente comprovadas. No intuito de facilitar a compreensão, analisarei de forma segregada as despesas pelos nomes dos terceiros envolvidos na operação. Fl. 1793DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.783 23 ARCOMAR Ass. Dos Revend. De Comb. De Maringá. Sustenta a Recorrente, à fl. 1762, que “NÃO HA CRITÉRIO VIÁVEL PARA JUSTIFICAR O MOTIVO pelo qual os ilustres agentes fiscais entendem que, R$ 716.499,42 do total dos serviços efetivamente prestados foram "comprovados" e os restantes R$ 1.069.997,02 não teriam sido, tendo em mira que: a) O Serviço prestado é o mesmo; b) Os documentos que acobertaram as prestações são os mesmos; c) O beneficiário é o mesmo; d) A forma pela qual foram realizados os pagamentos é a mesma; e) Nada diferencia os lançamentos ‘admitidos’ e os "inadmitidos" como despesa pela fiscalização. f) Os documentos apresentados aos agentes fiscais como comprovação, foram os mesmos. Diante disso, natural perguntar PORQUE?” Entretanto, conforme já relatado nos fatos, houve sim critério por parte da fiscalização. Como dito, a despeito de não existirem documentos fiscais hábeis emitidos pelos prestadores do serviço, a Autoridade Fiscal considerou como: (i) comprovadas: as despesas para as quais foram apresentados relatórios intitulados "PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS", nos quais constam a natureza da operação e o conhecimento de frete, permitindo verificar, com relativa segurança, as operações de transporte que ensejaram o lançamento; (ii) não comprovadas: as despesas para as quais não foram apresentados os documentos acima. Portanto, diferentemente do que afirma a Recorrente, o Fisco buscou estabelecer critérios, inclusive bastante razoáveis, na apreciação da matéria. O problema aqui consiste no fato de o contribuinte ter comprovado apenas parte das despesas incorridas por meio da PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS. Se a Recorrente tivesse tido o cuidado de demonstrar, despesa por despesa, embasada no mencionado relatório, certamente o resultado da sua autuação seria bem diferente. Contudo, comprovou apenas parte das despesas e quer se valer desse fato para se eximir da glosas que recaem sobre aquelas que não foram comprovadas. Não basta, portanto, que a Recorrente alegue que não houve critério apenas pelo fato de o serviço prestado ser o mesmo, o beneficiário ser o mesmo, se não apresentou a mesma documentação para todas as despesas. O ônus da prova, nesse caso, é do contribuinte, sendo do seu interesse comprovar a efetiva necessidade e usualidade daquela despesa, justificando a sua dedutibilidade e afastando a sua glosa. Não quer dizer, entretanto, que o fato de ter comprovado algumas despesas da ARCOMAR significa que todas as outras automaticamente estão comprovadas. Não há nos autos a “Programação de Pagamentos”, como existiu nos demais casos (despesas admitidas), evidenciando que, diversamente do que foi afirmado pela Recorrente, a fiscalização cuidou de fixar um critério adequado e razoável na condução dos trabalhos fiscais, diferenciando as despesas comprovadas daquelas que não puderam ser. ASPOMAT — Associação de Postos de Mato Grosso Com relação às despesas relacionadas à ASPOMAT, discordo da DRJ apenas para afastar a glosa sobre a despesa com serviço de frete no valor de R$54.700,00, de 24/01/2006. Embora conste na planilha de LANÇAMENTOS NÃO COMPROVADOS (fl. Fl. 1794DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 24 1444), a referida despesa foi devidamente comprovada pela Recorrente por meio da RELAÇÃO DE PAGAMENTOS, juntada em sua impugnação (fl. 1688), que contém os mesmos dados da PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS. Além disso, o efetivo pagamento foi comprovado por meio do comprovante de transferência de fl. 586. Desse modo, visando manter a coerência dos parâmetros utilizados pela fiscalização, entendo que devese aceitar essa despesa como comprovada. Auto Posto Cerillo, Maximino Pastorell, Empresa Transportadora Botorlli Ltda, Posto e Churrascaria de Bortolli Cupim Ltda, Vô Bráulio e VTL Vanhoni Transportes e Logística Ltda. Adoto e mantenho os mesmos fundamentos de voto elaborados pela DRJ. Faço apenas uma ressalva em relação ao Vô Bráulio, sendo preciso refutar alguns pontos da argumentação desenvolvida pela Recorrente. Alega a Recorrente que: Mais adiante, no mesmo item "2.5" do Termo de Verificação Fiscal", alegam os ilustres agentes que, de um total de R$ 7.835.832,20 adiantados a empresa "Vô Bráulio", apenas R$ 3.902.582,49 se referem a serviços efetivamente prestados e que a diferença se refere a "pagamentos graciosos em relação aos quais seguramente não existiu contraprestação". Cabe ressaltar que o fato de a Recorrente ter demonstrado que adiantou valores à “Vô Bráulio” não significa que a totalidade dos valores tiveram características de despesas incorridas. Isso porque, o adiantamento em si não é uma despesa, tratase de um ativo da Recorrente e de um passivo da Vô Bráulio. Somente depois de a empresa recebedora dos recursos efetivamente realizar os serviços relacionados àquele adiantamento é que ela incorrerá em receitas e, conseqüentemente, a Recorrente relacionará os valores como despesa. O fato de comprovar o adiantamento é um bom indício de que haveria a prestação de serviços, todavia, a simples comprovação do adiantamento não é suficiente para demonstrar a despesa incorrida. Outro trecho que merece destaque é o seguinte: Diante de tais afirmações, cumpre apenas destacar que: a) Aos agentes fiscais foram identificados claramente os valores referentes aos adiantamentos de frete realizado; b) Não há nos autos qualquer indicação ou prova de que os adiantamentos realizados, não tiveram a correspondente contraprestação de serviços em períodos de apuração subseqüentes; C) Se os ilustres agentes fiscais entendem que "não existiu contraprestação", como explicar que eles próprios lançaram de oficio, como "receita de prestação de serviços tributável" na beneficiária dos pagamentos, a empresa "Vô Bráulio", em procedimento fiscal decorrente da mesma origem, qual seja, a chamada operação Influenza? Primeiramente, como dito, o ônus da prova é do contribuinte, sendo a ele incumbido a obrigação de comprovar a efetiva prestação do serviço e não do fisco. Sendo assim, caso as operações relativas aos adiantamentos já tivessem sido efetivamente implementadas, caberia à Recorrente comprovála. Fl. 1795DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.784 25 Ademais, ainda que tivesse sido tributada como receita para Vô Bráulio, a contrapartida não seria necessariamente uma despesa dedutível para a Recorrente. Não basta ser uma despesa, deve o contribuinte comprovar que ela preenche os requisitos de dedutibilidade. De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), as despesas operacionais dedutíveis para fins de apuração do lucro real são os gastos não computados como custo, mas necessários às transações operacionais da empresa, e que, além disso, sejam usuais e normais na atividade por esta desenvolvida, ou à manutenção de sua fonte produtiva, e, ainda, que estejam intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços, conforme determina o art. 13 da Lei nº 9.249, de 1995. A legislação fiscal exige, também, que as despesas operacionais sejam devidamente suportadas por documentos hábeis e idôneos a comprovarem a sua natureza, a identidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação, entre outras características que servem para identificar a operação realizada. Inclusive, no Processo de Consulta nº 283/00 da Superintendência Regional da Receita Federal da 6ª Região Fiscal, foi destacado que as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real podem comprovar a realização de despesas dedutíveis por qualquer documentação hábil e idônea (fatura, nota fiscal, recibo, etc.) desde que fique claramente demonstrada a natureza da despesa, a identidade do beneficiário, a quantidade e o valor da operação. O mesmo raciocínio tecido para as despesas relacionadas a Vô Bráulio também se aplica à VTL Vanhoni Transportes e Logística Ltda, haja vista que é o mesmo caso de adiantamentos de fretes. Assim, como a Recorrente não preencheu satisfatoriamente os requisitos de dedutibilidade acima expostos, decido manter as glosas realizadas pela fiscalização. Despesas de Viagem: R$ 44.351,88 No mesmo sentido do que foi dito sobre o ônus da prova e os requisitos para dedutibilidade das despesas em geral, entendo que a glosa sobre despesas de viagem também deve ser mantida. Alega a Recorrente que “caso os documentos apresentados nos autos tivessem sido avaliados com um cuidado maior, e um apego maior aos fatos, tal discussão seria evitada, pois é inegável que as viagens ocorreram e que a empresa pagou por elas comprovadas elas foram o que se poderia discutir é a necessidade ou não das mesmas, isso, entretanto, NÃO FOI alegado, nem tão pouco foi essa a fundamentação da pretensa glosa de despesa COMPROVADA.” (sem destaques no original) Ora, não é o Fisco quem deve alegar, ou deixar de alegar, a necessidade das despesas. Esse é um requisito de dedutibilidade que, sem o seu preenchimento, a despesa jamais poderia ter sido deduzida. O fato de a Recorrente não comprovar a efetiva necessidade da despesa já é fundamento suficiente para se manter a sua glosa. Fl. 1796DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA 26 Desse modo, como não há nos autos efetiva comprovação que permitisse aferir a necessidade da viagem, se realizada por membros da empresa e destinada aos seus negócios, não há como aceitar a sua dedutibilidade. Comissão de Frete: R$ 644.133,06 e Diferencial Frete: R$ 601.739,54 Com relação a essas duas glosas, mantenho os fundamentos de voto da DRJ, haja vista que, mesmo que a Recorrente tenha apresentado um quadro consolidado de despesas dessas naturezas e, também, um demonstrativo dos valores que compõem esses montantes, entendo que tais documentos não são suficientes para afastar a glosa das despesas. Ainda que tenha se preocupado em identificar alguns dos beneficiários (fl. 386 para comissão de frete e fl. 392 para diferencial frete), isso não é suficiente para a indicação de que efetivamente houve um serviço prestado. É preciso identificar, além do beneficiário, a causa da operação realizada, com a comprovação dos serviços prestados que implicaram as despesas incorridas, demonstrando a sua necessidade e usualidade para a manutenção da fonte produtora. Como a Recorrente não cuidou de preencher os pressupostos acima, entendo por manter as glosas efetuadas pela fiscalização. Comissão de Terceiros No mesmo sentido do tópico anterior, também mantenho os fundamentos de voto da DRJ. Da mesma forma, aqui a Recorrente limitouse a apresentar o demonstrativo de fl. 281, identificando, em alguns casos, os beneficiários daqueles pagamentos, sem entretanto comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a operação que deu causa à concessão da comissão de frete, demonstrando a sua necessidade e usualidade imprescindíveis para a sua dedutibilidade. Assim, mantenho a glosa realizada. Lançamentos decorrentes PIS/COFINS e CSLL Também decidiu acertadamente a DRJ quanto a esse ponto, não merecendo acolhida os argumentos defendidos pela Recorrente no sentido de "[...] a) ao contrário do alegado, despesas com ‘Comissões a Terceiros’ pagas a terceiros NÃO PODEM gerar direito ao crédito de PIS e COFINS; b) a empresa NÃO tomou créditos de PIS e de COFINS sobre os valores das despesas proporcionais de vendas ‘Comissões a Terceiros’;". No entanto, os documentos acostados aos autos contrariam os argumentos da própria Recorrente, haja vista que os demonstrativos de apuração do PIS/COFINS, juntados às fls. 262 a 273, evidenciam que a contribuinte efetivamente apurou e utilizou os créditos decorrentes dos pagamentos a título de comissão a terceiros. Desse modo, entendo que agiu acertadamente a Autoridade Fiscal ao efetuar o lançamento do PIS e da COFINS. Lançamentos reflexos Aos lançamentos de COFINS, PIS e CSLL, no que forem reflexos das irregularidades apuradas no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, por possuírem os mesmos fundamentos fáticos, devem ser aplicados os fundamentos da decisão prolatada para o Auto de Infração do IRPJ, em vista da íntima relação de causa e efeito que envolve os lançamentos. Fl. 1797DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA Processo nº 11516.004211/200974 Acórdão n.º 1401000.772 S1‐C4T1 Fl. 1.785 27 3. CONCLUSÃO Pelo exposto, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas afastar a glosa da despesa com serviço de frete relacionada à ASPOMAT, no valor de R$54.700,00, de 24/01/2006, por entender que foi devidamente comprovada pela Recorrente por meio da RELAÇÃO DE PAGAMENTOS, juntada em sua impugnação (fl. 1688), que contém os mesmos dados da PROGRAMAÇÃO DE PAGAMENTOS. Quanto aos demais fundamentos, mantenho integralmente o acórdão recorrido. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator. Fl. 1798DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente e m 07/08/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIR, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CEL SO FREIRE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.722691/2011-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário: 2007, 2008
PAGAMENTOS E PARCELAMENTOS COMPROVADOS.
Deve o lançamento ser revisto, em relação aos valores tempestivamente recolhidos e/ou parcelados pelo contribuinte e não considerados pelas autoridades fiscais.
MULTA ISOLADA. INCOERÊNCIA ENTRE FUNDAMENTOS FÁTICOS E LEGAIS DO LANÇAMENTO.
É de se cancelar o lançamento quando a descrição dos fatos não se coaduna com o enquadramento legal das infrações, inviabilizando o exercício do direito de defesa por parte docontribuinte.
Numero da decisão: 1401-000.796
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2007, 2008 PAGAMENTOS E PARCELAMENTOS COMPROVADOS. Deve o lançamento ser revisto, em relação aos valores tempestivamente recolhidos e/ou parcelados pelo contribuinte e não considerados pelas autoridades fiscais. MULTA ISOLADA. INCOERÊNCIA ENTRE FUNDAMENTOS FÁTICOS E LEGAIS DO LANÇAMENTO. É de se cancelar o lançamento quando a descrição dos fatos não se coaduna com o enquadramento legal das infrações, inviabilizando o exercício do direito de defesa por parte docontribuinte.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008 PAGAMENTOS E PARCELAMENTOS COMPROVADOS. Deve o lançamento ser revisto, em relação aos valores tempestivamente recolhidos e/ou parcelados pelo contribuinte e não considerados pelas autoridades fiscais. MULTA ISOLADA. INCOERÊNCIA ENTRE FUNDAMENTOS FÁTICOS E LEGAIS DO LANÇAMENTO. É de se cancelar o lançamento quando a descrição dos fatos não se coaduna com o enquadramento legal das infrações, inviabilizando o exercício do direito de defesa por parte docontribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes De Mattos e Karem Jureidini Dias. Fl. 696DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo parcialmente o relatório que integra o acórdão recorrido, fls.. 677679: Este processo trata de autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 126135) e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 136144), mediante os quais se exige da autuada o crédito tributário total de R$ 6.075.911,50, incluindo juros moratórios calculados até 29/04/2011, conforme somatório dos Demonstrativos Consolidados do Crédito Tributário do Processo espelhados às fls. 0203. As infrações atribuídas à autuada se encontram descritas no auto de infração do IRPJ (fls. 132133) nos seguintes termos: “001FALTA DE RECOLHIMENTO/DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA – INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO OU DECLARAÇÃO 1. Insuficiência de recolhimento e de declaração do imposto de renda devido, apurada em trabalho de revisão interna, correspondente aos valores informados na DIPJ – Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica, DIPJ 2008, AnoCalendário 2007, Linha 11/12, não declarada em DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais, e na qual, não consta recolhimento no Sistema Sinal da Receita Federal do Brasil/e ou compensações vinculada a PER/DCOMP. 2. Procedeuse glosa no valor de R$ 1.023.761,45 (...), meses junho/2007, julho 2007 e agosto 2007, DIPJ 2008 Ano Calendário 2007, linha 12A/17, Imp. De Renda Mensal Pago por Estimativa, com base em Balanço ou Balancete de Suspensão ou Redução. Esses valores constam negativos na DIPJ, Linha 11/12, IMPOSTO DE RENDA A PAGAR, que confrontados com os Balancetes e Livro Lalur anexos, confere prejuízo fiscal, sendo assim, os referidos valores não foram considerados como compensação, por não estarem vinculados a Perdcomp – Pedido de Compensação, conforme demonstramos em planilha anexo I e II. (...); 002 – DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – OMISSÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO INEXATA OU INCOMPLETA Valor incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimo e/ou balanços de suspensão ou redução, conforme DIPJ 2009, ano PAGAR, linha 11/12, confrontados com Balancetes e Livro Lalur – Em anexo. Tais valores não constam Declarados em DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais ou recolhidos conforme Sistema Sinal da Receita Federal do Brasil e ou Fl. 697DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA Processo nº 10980.722691/201124 Acórdão n.º 140100.796 S1C4T1 Fl. 697 3 compensações vinculadas a Perdcomp – Pedido de Compensação, conforme demonstramos na planilha – Anexo II.” Os enquadramentos legais se encontram discriminados em seguida à descrição dos fatos acima transcrita. A autuada foi cientificada do lançamento em 26/05/2011, conforme Aviso de Recebimento estampado às fls. 505, e apresentou tempestivamente, em 24/06/2011, a impugnação de fls. 507532, veiculando as alegações a seguir sintetizadas: 1 – Preliminar de Nulidade do Auto de Infração por Deficiência na Fundamentação Legal e na Matéria Tributável – Violação ao art. 142 do CTN. [...] 2. Mérito: A Regularidade e Suficiência dos Recolhimentos de IRPJ e CSLL com respeito ao mérito, a impugnante verte argumentação tendente a demonstrar a suficiência dos recolhimentos implementados, conforme detalhamento a ser feito no voto. Também discorre sobre o não cabimento da imposição da multa, em face de ter efetuado os recolhimentos em montantes suficientes. Finaliza requerendo o reconhecimento da improcedência do lançamento. Foram anexados os documentos de fls. 533666. A 1ª Turma de Julgamento da DRJ Curitiba, por maioria de votos, julgou procedente em parte a impugnação: a) cancelando integralmente as multas de ofício lançadas isoladamente, por alegado descumprimento de obrigação acessória; b) cancelando integralmente o lançamento relativo ao IRPJ e seus consectários; e c) exonerando, da CSLL lançada, a importância de R$ 419.011,50, de sorte a ser mantida apenas a exigência no importe de R$ 5.601,47. Em face do montante do crédito tributário exonerado, houve recurso de ofício a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. É o relatório. Fl. 698DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA 4 Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos O recurso atende aos requisitos legais, razão pela qual deve ser conhecido. O acórdão recorrido cancelou integralmente a exigência relativa ao IRPJ (anocalendário de 2007) , tendo em vista a comprovação de que as estimativas glosadas foram recolhidas e/ou compensadas em PERD/DCOMPs, devidamente submetidas ao crivo da Administração. Sobre o tema, assim se manifestou o acórdão recorrido, fls. 683: Quanto ao valor das estimativas glosadas, é evidente que procede a alegação da impugnante de que não foram considerados os pagamentos implementados por meio dos DARF que juntou às fls. 587589, cujos recolhimentos tempestivos se encontram comprovados pelas telas por mim anexadas, nos valores de R$ 368.325,42, R$ 284.116,33 e R$ 371.320,00, totalizando o exato valor glosado (R$ 1.023.761,75). Tratase, portanto, de equivoco crasso cometido pela fiscalização. Quanto à diferença de R$ 224.558,03, apurada pelo confronto do débito de IRPJ apurado no ajuste anual (R$ 1.528.250,03) e o valor efetivamente recolhido (R$ 1.303.692,00), também procede a alegação da impugnante de que já havia declarado a compensação desse débito no PER/DCOMP nº 02408.64089.240809.1.7.033414, cuja cópia foi por ela juntada às fls. 635647 e consta de confirmação por mim anexada. Concluo, portanto, pela absoluta improcedência do lançamento relativo ao saldo do IRPJ do anocalendário de 2007, seja porque as estimativas glosadas foram recolhidas, seja porque a diferença do saldo anual lançada consta de compensação declarada em PER/DCOMP submetida ao crivo da Administração, o que suspende a exigibilidade do débito. A exigência relativa à CSLL (anocalendário de 2008), por sua vez, foi parcialmente cancelada, tendo em vista a comprovação de que as estimativas glosadas foram recolhidas. Subsistiu apenas uma pequena parcela da exigência, referente à diferença entre o saldo do ajuste a pagar apurado na DIPJ e o valor efeftivamente pago, conforme DARF de fls. 660. Sobre o tema, assim se manifestou o acórdão recorrido, fls. 683684: Como se vê, o valor lançado (R$ 424.612,97) corresponde à soma do valor final a pagar (R$ 390.287,97) e a importância de R$ 34.325,00, glosada a título de estimativa paga, conforme consta do item 1 do auto de infração, espelhado às fls. 142. Com respeito à glosa dessa estimativa, no importe de R$ 34.325,00, procede a alegação da impugnante de que efetuou o Fl. 699DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA Processo nº 10980.722691/201124 Acórdão n.º 140100.796 S1C4T1 Fl. 698 5 pagamento representado pelo DARF de fls. 653, cujo recolhimento se encontra comprovado por tela por mim anexada. Com respeito ao saldo do ajuste a pagar, no importe de R$ 390.287,97, apurado na DIPJ apresentada pela contribuinte (fls. 198 e 666), procede a alegação da impugnante de que a fiscalização não incluiu em seus cálculos o pagamento representado pelo DARF que apresentou a título de documento 07 (fls. 660), no importe de R$ 384.686,50, pago a título de ajuste anual da CSLL, sob código 6773, cujo recolhimento se encontra comprovado pela tela por mim juntada. Acrescento que a existência desse recolhimento já havia sido informada à fiscalização, como se vê às fls. 35. Também esclareço que, apesar de a impugnante haver apurado em sua DIPJ débito no montante de R$ 390.287,97, somente declarou na DCTF retificadora, apresentada já sob ação fiscal, o valor que efetivamente recolheu (R$ 384.686,50). [...] Entendo, portanto, que a exigência deve ser reduzida para R$ 5.601,47, que é a parcela do saldo do ajuste anual que a impugnante apurou em sua DIPJ, mas que não recolheu e tampouco apresentou qualquer justificativa a respeito. No que tange às exigências de IRPJ e CSLL, a análise dos autos permite concluir pela integral correção da decisão recorrida, a qual merece ser confirmada por este colegiado. O colegiado julgador recorrido também cancelou a multa de ofício lançada, uma vez que a citada multa foi exigida por alegado “descumprimento de obrigações acessórias” e pela “omissão ou prestação de informação inexata ou incompleta”. Sobre o tema, assim se pronunciou o acórdão recorrido, fls. 680682: [...] é forçoso reconhecer a procedência das alegações vertidas às fls. 512 e seguintes. Com efeito, neste particular o lançamento carece de lógica, como foi demonstrado pela impugnante, e passo a reforçar. Ocorre que a pouco elucidativa redação do auto de infração informa que a irregularidade consistiria no descumprimento de obrigação acessória, porquanto valores devidos – incidentes sobre base de cálculo estimada – não teriam sido declarados em DCTF, ou recolhidos ou compensados. [...] [...] ainda que fosse possível concluir de forma inequívoca que a intenção da autuante fosse aplicar multa por descumprimento de obrigação principal (falta de recolhimento/declaração de estimativas), o lançamento não diz respeito a multa por falta de recolhimento de estimativas. O lançamento diz respeito a descumprimento de obrigações acessórias, o que se conclui pela Fl. 700DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA 6 descrição literal e pela utilização, como fundamento, dos art. 16, da Lei nº 9.779, de 19/01/1999, e do art. 57, inciso II, da Medida Provisória nº 2.15833, de 28/06/2001, verbis: [...] Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I – (omissis); II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. [...] Ora, nessas condições, o lançamento da multa é absolutamente inepto. A autuante não demonstrou quais as transações comerciais ou operações financeiras que deixaram de constar dos instrumentos das obrigações acessórias. Tampouco existe evidência de que tenha sido utilizado o percentual de 5% (cinco por cento) previsto para a hipótese. Não há, portanto, qualquer vinculação desse percentual com os valores lançados. Como facilmente se percebe, o auto de infração imputou à contribuinte tão somente o descumprimento da obrigação acessória de prestar informação. No entanto a multa efetivamente exigida decorreu do descumprimento da obrigação principal de recolher a estimativa. Pelos motivos expostos, considero que a contribuinte efetivamente teve o seu direito de defesa irremediavelmente cerceado, razão pela qual considero que também agiu corretamente o colegiado julgador recorrido, ao acolher a preliminar de nulidade e cancelar a multa de ofício lançada. Conclusão Nestes termos, voto no sentido de negar provimento ao presente recurso de ofício. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator. Fl. 701DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA Processo nº 10980.722691/201124 Acórdão n.º 140100.796 S1C4T1 Fl. 699 7 Fl. 702DF CARF MF Impresso em 22/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 1 1/07/2012 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por JORGE CELSO FRE IRE DA SILVA
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Numero do processo: 13609.000666/2010-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006
PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES ILEGITIMIDADE PARA APRESENTAR DEFESA EM NOME DO ENTE PÚBLICO
Quando constatado que todo o procedimento fiscal, foi realizado na Câmara Municipal, inclusive com a intimação para apresentação de defesa, entendo que acabou-se por induzir o chefe do legislativo a possibilidade dele mesmo apresentar defesa em nome do município.
A Câmara Municipal, enquanto órgão, público não tem legitimidade para responder em juízo pelo ente público municipal, contudo, entendo que pela analise do caso concreto, a recusa em apreciar, no âmbito administrativo, a defesa por ela apresentada, importaria cerceamento do direito de defesa e do contraditório.
Anulada a Decisão de Primeira Instância.
Numero da decisão: 2401-002.420
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular a
decisão de 1ª instância.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DIFERENÇA DE CONTRIBUIÇÕES ILEGITIMIDADE PARA APRESENTAR DEFESA EM NOME DO ENTE PÚBLICO Quando constatado que todo o procedimento fiscal, foi realizado na Câmara Municipal, inclusive com a intimação para apresentação de defesa, entendo que acabou-se por induzir o chefe do legislativo a possibilidade dele mesmo apresentar defesa em nome do município. A Câmara Municipal, enquanto órgão, público não tem legitimidade para responder em juízo pelo ente público municipal, contudo, entendo que pela analise do caso concreto, a recusa em apreciar, no âmbito administrativo, a defesa por ela apresentada, importaria cerceamento do direito de defesa e do contraditório. Anulada a Decisão de Primeira Instância.
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A Câmara Municipal, enquanto órgão, público não tem legitimidade para responder em juízo pelo ente público municipal, contudo, entendo que pela analise do caso concreto, a recusa em apreciar, no âmbito administrativo, a defesa por ela apresentada, importaria cerceamento do direito de defesa e do contraditório. Anulada a Decisão de Primeira Instância Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, anular a decisão de 1ª instância. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Fl. 713DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenco Ferreira Do Prado, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 714DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 13609.000666/201041 Acórdão n.º 240102.420 S2C4T1 Fl. 2 3 Relatório O presente Auto de Infração de Obrigação Principal AIOP, lavrado sob n. 37.267.4046, tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela a cargo da empresa incluindo as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, sobre a remuneração paga as pessoas físicas que prestaram serviços na qualidade de segurados empregados. O período do lançamento envolve as competências 01/2005 a 12/2006. Conforme consta do relatório fiscal, durante o procedimento foi constatado que os valores das remunerações constantes da folha de pagamento da empresa para os segurados empregados, incluindo agentes políticos, foram superiores aos salários de contribuição informados ao INSS por meio de GFIP. Esta diferença de valores é a razão da lavratura do presente AI. Importante, destacar que a lavratura da AIOP, deuse em 13/05/2010, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 25/05/2010. Inconformada, a empresa notificada apresentou impugnação à fls. 487 a 499. Foi emitida notificação ao Chefe do Poder Executivo, quanto a ilegitimidade da Câmara em apresentar defesa, fls. 629 a 632. Apresentou a Câmara nova impugnação fl. 630 a 651. Foi exarada Decisão, fl. 689 a 693 que determinou o não conhecimento da impugnação, por entender que a Câmara Municipal não possui legitimidade passiva, posto que o município é que é dotado de personalidade jurídica de direito público. Não conformado com o resultado proferido a Câmara apresentou recurso, fl. 641 a 645. Em síntese alega: 1. O recurso é tempestivo. 2. Após ter contra si lavrado auto de infração, apresentou impugnação, conforme relatado pela própria Receita no acordão recorrido. 3. Entanto, a conclusão a que chegou a Receita foi no sentido de não conhecer da impugnação, por entender que a Câmara Municipal não possui personalidade jurídica para tanto. 4. Todavia, argumenta que essa decisão merece ser reformada, considerando que todos os fatos que ensejaram a autuação terem ocorrido no âmbito do poder legislativo, não havendo razão para a recorrida negar ua legitimidade para apresentar defesa obre seus interesses. Fl. 715DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 4 5. A própria Receita, não obstante admitir que deu ciência do auto de infração tanto ao poder executivo, quanto ao poder legislativo local, negou a capacidade judiciária desta de apresentar sobre assunto de seu manifesto interesse. 6. Deve o mérito de sua impugnação ser analisado por manifeste legitimidade passiva, por ser detentora de capacidade judiciária. 7. Os fatos que ensejaram a lavratura d AI, deramse, em sua totalidade na Câmara, o que já impossibilita a apresentação de defesa pelo executivo. 8. A Câmara, não desconhece a limitação legal eu lhe é imposta diante da circunstância de não possuir personalidade jurídica, e sim, personalidade judiciária. Todavia, essa situação deve ser vista caso a caso, conforme orientação do STF, sendo o presente caso uma típica hipótese de exceção. 9. Sendo assim, requer a reforma do acordão que não conheceu da impugnação apresentada pela Câmara Municipal de Ribeirão das Neves, por entendela parte ilegítima e, por consequência, procedase a análise do mérito da impugnação apresentada. O processo foi encaminhado para julgamento no âmbito deste Conselho. É o relatório. Fl. 716DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 13609.000666/201041 Acórdão n.º 240102.420 S2C4T1 Fl. 3 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme já apreciado a fl. 710. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS PRELIMINARES AO MÉRITO O ponto a ser apreciado em relação ao recurso em questão diz respeito a possibilidade da Câmara Municipal, por meio de seu presidente ou procurador interpor defesa em relação a Ai lavrado no órgão Câmara Municipal. O que nos parece uma questão simples, ao apreciar os termos da Decisão de primeira instância, acaba por merecer uma análise mais pontual de todo o procedimento adotado pela autoridade fiscal, como vista a afastar qualquer espécie de violação aos direitos constitucionais de ampla defesa e contraditório. Para isso, entendo pertinente, relatar o desenvolvimento da ação fiscal realizada no município. 10. A lavratura do AIOP deuse no Município de Ribeirão das Neves – Câmara Municipal, CNPJ 17.580.952/000124, no endereço Av. das Nogueiras, 226. 11. O termo de Início de Procedimento fiscal, foi entregue ao Presidente da Câmara Municipal, conforme podemos verificar na cópia do TIPF, fl. 22. 12. Emissão do Termo de Intimação, fl. 23, em nome do Município de Ribeirão das Neves – Câmara Municipal, CNPJ 17.580.952/000124, no endereço Av. das Nogueiras, 226, concedendo o prazo de 20 dias para apresentação dos documentos, donde novamente extraímos a cientificação na figura do presidente da Câmara. 13. Conforme consta do respectivo termo a documentação relacionada deverá ficar à disposição desta fiscalização, no endereço: AVENIDA DOS NOGUEIRAS, 226, CENTRO, RIBEIRÃO DAS NEVES – MG. 14. Os esclarecimentos solicitados deverão ser feitos por escrito, devidamente assinados, acompanhados, quando for o caso, da respectiva documentação. 15. Às fls. 25 a 33 apresentou o presidente da Câmara, as planilhas requeridas, com relação as remunerações pagas. 16. Foi emitido termo de continuidade do procedimento fiscal, tendo sido novamente a cientificação do procedimento sido dada ao presidente da Câmara. Fl. 717DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE 6 17. Foi lavrado o respectivo termo de encerramento, tendo o mesmo sido encaminhado por AR, 18. Conforme descrito no relatório fiscal da infração: o sujeito passivo da obrigação previdenciária é o contribuinte ou a pessoa responsável pelo pagamento de contribuições sociais previdenciárias ou de penalidades pecuniárias, bem como pelo cumprimento das obrigações acessórias decorrentes da legislação. É certo que todo o procedimento acabou por induzir o recorrente a erro, posto que no próprio IPC, encontrase descrito a regras inerentes a interposição de defesa. Ora, se o fisco previdenciário entendesse que a Câmara Municipal não possui personalidade para defenderse, nem mesmo deveria encaminharlhe o Auto de Infração. Não se está com isso, mudando o entendimento acerca da personalidade jurídica do ente público municipal, mas simplesmente garantido ao sujeito passivo o amplo direito de defesa. Notese que o próprio auditor, por inúmeras vezes, no relatório destaca a sujeição passiva do recorrente “o sujeito passivo da obrigação previdenciária é o contribuinte ou a pessoa responsável pelo pagamento de contribuições sociais previdenciárias ou de penalidades pecuniárias, bem como pelo cumprimento das obrigações acessórias decorrentes da legislação.” Ademais, durante muito tempo o próprio INSS e posteriormente a Secretaria da Receita Previdenciária, tiveram dúvidas acerca de como deverseia dar o procedimento nos entes públicos, procedendo a lavratura de NFLD apenas em nome do Município, desconsiderando totalmente a personalidade do ente público. Por outras, o valor da Câmara e da prefeitura em relação as obrigações previdenciárias eram diretamente descontada dos repasses do FPM. Posteriormente, novamente houve alteração da legislação, orientando a lavratura no ente público com a identificação do órgão público fiscalizado, sendo que por diversas vezes apresentou a própria Câmara, defesa as NFLD lavradas. Ademais, entendo que o norte da decisão proferida, foi no sentido, que o ente público não possui capacidade processual, para responder em juízo, o que no entender dessa relatora, não impediria, na maneira como realizado o procedimento no entes públicos, de apreciar sua defesa. O próprio poder judiciário por medida de exceção, acata a possibilidade da Câmara, de ingressar em juízo, conforme podemos identificar a seguir. Segundo os ensinamentos de José dos Santos Carvalho Filho, in Manual de Direito Administrativo, fl.. 17. Como círculo interno de poder, o órgão em si é despersonalizado; apenas integra a pessoa jurídica. (...) Sendo assim, o órgão não pode, como regra geral, ter capacidade processual, ou seja, idoneidade para figurar em qualquer dos pólos de uma relação processual. Faltaria a presença dos pressupostos processual atinente a capacidade de estar em juízo.(...) De algum tempo para cá, todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgão públicos para certos tipos de litígio. Um desses casos é o de impetração de mandado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, quando se trata de defesa de sua competência, violada por ato de outro órgão. Fl. 718DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE Processo nº 13609.000666/201041 Acórdão n.º 240102.420 S2C4T1 Fl. 4 7 Em outra hipótese, já se admitiu mandado de segurança impetrado por Câmara Municipal contra o prefeito para o fim de obrigalo à devida prestação de contas ao Legislativo, tendo sido concedida a segurança.(...) Repitase, porém, que essa excepcional personalidade judiciária ó é aceita em relação ao órgãos mais elevados do Poder Público, de envergadura constitucional, quando defendem suas prerrogativas e competências. Por outro lado, esse tipo de conflito se passa entre órgãos da mesma natureza, como é o caso, (talvez o mais comum) de litígio entre o Executivo e o Legislativo, e como pertencem, à mesma pessoa política, não haveria, mesmo outra alternativa senão admitirlhes, por exceção, a capacidade processual.(...) Mais recentemente, veio a dispor o Código do Consumidor (lei 8.078/1990) que são legitimados para promover a liquidação e execução de indenização “as entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados a defesa dos interesses e direitos protegidos por este Código” Isto posto, entendo que deva ser anulada a decisão de primeira instância, para que se considere válida a defesa apresentada e que por consequência seja a mesma apreciada em suas razões de mérito. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por ANULAR A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA, nos termos acima expostos. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 719DF CARF MF Impresso em 15/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente e m 08/06/2012 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA, Assinado digitalmente em 13/06/2012 por ELIAS SAM PAIO FREIRE
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Numero do processo: 18088.000239/2010-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/12/2007 a 31/12/2007
LEI TRIBUTÁRIA. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE. IRRETROATIVIDADE.
Com a revogação do art. 41 da Lei 8.212/1991, operada pela Medida Provisória (MP) n° 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.941/2009, os entes públicos passaram a responder pelas infrações oriundas do descumprimento de obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária. Tratando-se de regra que impõe responsabilidade, não é possível a sua aplicação retroativa.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-003.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
Júlio César Vieira Gomes Presidente
Ana Maria Bandeira- Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues.
Nome do relator: ANA MARIA BANDEIRA
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ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE. IRRETROATIVIDADE. Com a revogação do art. 41 da Lei 8.212/1991, operada pela Medida Provisória (MP) n° 449/2008, posteriormente convertida na Lei 11.941/2009, os entes públicos passaram a responder pelas infrações oriundas do descumprimento de obrigações acessórias previstas na legislação previdenciária. Tratandose de regra que impõe responsabilidade, não é possível a sua aplicação retroativa. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Júlio César Vieira Gomes – Presidente Ana Maria Bandeira Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 08 8. 00 02 39 /2 01 0- 11 Fl. 48DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Júlio César Vieira Gomes, Ana Maria Bandeira, Lourenço Ferreira do Prado, Ronaldo de Lima Macedo, Thiago Taborda Simões e Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 49DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18088.000239/201011 Acórdão n.º 2402003.402 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado com fundamento na inobservância da obrigação tributária acessória prevista na Lei nº 8.212/1991, no art. 32, inciso IV e § 5º, acrescentados pela Lei nº 9.528/1997 c/c o art. 225, inciso IV e § 4º do Decreto nº 3.048/1999, que consiste em a empresa apresentar a GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Segundo o Relatório Fiscal da Infração (fls. 4), no decorrer da auditoria foram identificados diversos valores pagos aos prestadores de serviços pessoas físicas que ou foram declarados em competência incorreta ou deixaram de ser declarados em Gulas de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social GFIP. A auditoria fiscal cita que o § 9º do artigo 239 do Decreto 3048/1999, previa a não incidência de multa de mora às pessoas jurídicas de direito público. No entanto, a partir do Decreto nº 6042/2007, aqueles organismos passaram a sofrer a incidência de tal exação. Salienta a publicação da Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, a qual alterou a sistemática de cálculo das multas de mora e por descumprimento de obrigações acessórias e inseriu a multa de ofício. Assim, sob o argumento de efetuar a aplicação da penalidade mais benéfica ao sujeito passivo, com base no artigo 106, II "c" do Código Tributário Nacional, a auditoria fiscal efetuou o cálculo da multa pela legislação anterior e pela legislação superveniente, a fim de verificar a melhor situação para o contribuinte. Para tanto, efetuou a soma da multa pelo descumprimento da obrigação acessória de declarar os fatos geradores em GFIP, prevista no art. 32, inciso IV e §§ 3º e 5º, Lei n° 8.212/1991, com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/91 e comparou o resultado com a multa de ofício prevista na Lei nº 9.430/1996, art. 44, inciso I, que passou a ser aplicada por força do art. 35A da Lei nº 8.212/1991, incluído pelo art. 26 da Lei nº 11.941/2009. Assim, na competência 12/2007 a multa por não declarar montantes em GFIP prevista na legislação vigente a época da ocorrência do fato gerador mostrouse menos gravosa. A autuada teve ciência do lançamento em 24/05/2010 e apresentou defesa (fls. 09) onde alega que não houve omissão ou qualquer tipo de máfé, mas sim uma interpretação equivocada do dispositivo legal que rege a matéria. Requer o deferimento e o reconhecimento dos valores recolhidos, mesmo que em competência diversa, uma vez que se trata apenas de declaração divergente das competências, excluindo assim a aplicação de eventual multa. Mediante despacho fundamentado, os presentes autos ficaram sobrestados em face de diligência solicitada nos autos das obrigações principais correlatas. Fl. 50DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 4 Pelo Acórdão nº 1436.746, a 7ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto julgou a autuação procedente. Contra tal decisão, a autuada apresentou recurso tempestivo onde efetua a repetição das alegações de defesa. É o relatório. Fl. 51DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES Processo nº 18088.000239/201011 Acórdão n.º 2402003.402 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Ana Maria Bandeira, Relatora O recurso é tempestivo e não há óbice ao seu conhecimento. A recorrente, órgão público, foi autuada pelo descumprimento de obrigação acessória que consiste em a empresa apresentar a GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. A infração ocorreu na competência 12/2007. Cumpre lembrar que anteriormente à vigência da Medida Provisória nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, a responsabilidade por infrações cabia ao dirigente do órgão público, conforme dispunha o art. 41 da Lei nº 8.212/1991, revogado pela citada Medida Provisória, in verbis: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição Como se vê até a edição da Medida Provisória nº 449/2008, de 03/12/2008, publicada no D.O.U. em 04/12/2008, não havia previsão para aplicação de multa ao órgão público, sendo que esta obrigação cabia ao dirigente por disposição legal. Quanto à aplicação da lei, a regra geral estabelecida no Código Tributário Nacional em seu artigo 144 é a seguinte: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Portanto, a regra geral é que a legislação a ser aplicada é aquela vigente à época da ocorrência dos fatos geradores. Assim, até a publicação da Medida Provisória nº 448/2008, a multa pelo descumprimento da obrigação acessória era responsabilidade do dirigente e não do órgão. O CTN traz ainda a possibilidade de aplicação retroativa da lei, conforme pode ser verificado em seu art. 106 que dispõe o seguinte: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: Fl. 52DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES 6 I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Observase que, no que tange à responsabilização do dirigente, aplicase a retroatividade benigna da lei, especificamente, a alínea “c” do inciso II do art. 106, acima transcrito. Ocorre que a auditoria fiscal, diante da impossibilidade de agora atribuir responsabilização ao dirigente, imputou à recorrente a obrigação em período anterior à revogação do art. 41 da Lei nº 8.212/1991, quando não existia responsabilidade para o órgão, ou seja, na lavratura do presente auto de infração, efetuou aplicação retroativa da lei, cujo efeito foi atribuir penalidade não existente à época dos fatos geradores, contrariando o ordenamento jurídico. Como a Medida Provisória nº 449/2008 foi publicada em 04/12/2008, somente a partir desta data, o órgão público passou a ter responsabilidade pelas infrações cometidas, o que compreende as competências a partir de 11/2008, uma vez que a entrega da GFIP ocorre no dia 07 do mês subseqüente. Assim, embora a recorrente não tenha alegado, pelo princípio da autotutela e da estrita legalidade, há que se reconhecer que a infração não pode prevalecer em face da ilegitimidade passiva da recorrente. Diante do exposto e de tudo o mais que dos autos consta. Voto no sentido de CONHECER do recurso e DARLHE PROVIMENTO. É como voto. Ana Maria Bandeira Relatora Fl. 53DF CARF MF Impresso em 24/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2013 por ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 p or ANA MARIA BANDEIRA, Assinado digitalmente em 17/04/2013 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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