Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (14,876)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (13,486)
- Segunda Câmara (13,449)
- Primeira Turma Ordinária (12,801)
- Segunda Turma Ordinária d (12,734)
- Primeira Turma Ordinária (12,123)
- Primeira Turma Ordinária (11,895)
- Primeira Câmara (11,676)
- Segunda Turma Ordinária d (10,841)
- Segunda Turma Ordinária d (9,359)
- Quarta Câmara (9,240)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (8,876)
- Primeira Turma Ordinária (8,243)
- Segunda Turma Ordinária d (8,217)
- Segunda Turma Ordinária d (7,420)
- Quarta Câmara (55,164)
- Terceira Câmara (46,410)
- Segunda Câmara (38,063)
- 3ª SEÇÃO (13,486)
- Primeira Câmara (10,171)
- 2ª SEÇÃO (8,876)
- 1ª SEÇÃO (4,983)
- Pleno (716)
- Sexta Câmara (290)
- Sétima Câmara (144)
- Quinta Câmara (126)
- Oitava Câmara (121)
- Terceira Seção De Julgame (89,715)
- Segunda Seção de Julgamen (65,073)
- Primeira Seção de Julgame (51,047)
- Primeiro Conselho de Cont (32,966)
- Câmara Superior de Recurs (30,631)
- Segundo Conselho de Contr (18,896)
- Terceiro Conselho de Cont (17,922)
- IRPJ - AF - lucro real (e (2,953)
- Outros imposto e contrib (2,784)
- IPI- processos NT - ressa (2,553)
- IRPF- auto de infração el (2,350)
- Simples- proc. que não ve (2,301)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (2,293)
- PIS - ação fiscal (todas) (2,260)
- PIS - proc. que não vers (2,204)
- Cofins - ação fiscal (tod (2,122)
- IRPF- ação fiscal - omis. (1,713)
- Finsocial -proc. que não (1,639)
- IRPF- restituição - rendi (1,598)
- CSL - ação fiscal (excet (1,448)
- IRPJ - AF- omissão receit (1,404)
- IPI- processos NT- créd.p (1,395)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,406)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,255)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (3,754)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,133)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,070)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (2,941)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (2,775)
- HELCIO LAFETA REIS (2,745)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,502)
- Não se aplica (2,498)
- ROSALDO TREVISAN (2,326)
- MARCOS ANTONIO BORGES (2,188)
- MARIA HELENA COTTA CARDOZ (2,048)
- CARLOS ALBERTO DO AMARAL (1,911)
- PAULO ROBERTO DUARTE MORE (1,878)
- 2020 (29,188)
- 2021 (26,724)
- 2018 (23,441)
- 2019 (22,674)
- 2024 (19,833)
- 2014 (19,391)
- 2013 (16,284)
- 2008 (15,347)
- 2017 (14,909)
- 2023 (13,431)
- 2006 (12,342)
- 2012 (11,667)
- 2007 (11,333)
- 2009 (11,125)
- 2005 (10,199)
- 2020 (27,717)
- 2021 (25,305)
- 2019 (23,711)
- 2018 (21,036)
- 2014 (20,610)
- 2024 (17,562)
- 2023 (15,596)
- 2017 (14,641)
- 2013 (13,901)
- 2008 (13,843)
- 2006 (11,959)
- 2007 (10,707)
- 2009 (10,218)
- 2022 (10,192)
- 2005 (9,763)
- da (337,280)
- de (336,529)
- por (331,579)
- os (331,309)
- do (328,542)
- membros (327,712)
- votos (318,015)
- acordam (293,349)
- recurso (292,496)
- e (290,896)
- unanimidade (280,753)
- provimento (261,549)
- ao (251,250)
- julgamento (245,485)
- em (243,333)
Numero do processo: 13864.000242/2010-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006, 2007
LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA AFASTAR A INFRAÇÃO.
A constatação de depósitos bancários cuja origem reste não comprovada pelo sujeito passivo autoriza o fisco a aplicar o comando constante do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, pelo qual se presume ocorrida a infração de omissão de rendimentos.
Tal presunção somente pode ser afastada mediante a apresentação de documentação hábil que se refira individualmente a cada depósito tido como de origem não comprovada, sendo que a indicação genérica da suposta fonte dos créditos não deve ser acatada para afastar a infração.
IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA DEPOSITANTE PELO FISCO. DESCABIMENTO DA APLICAÇÃO DA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTE DE DEPÓSITOS NÃO IDENTIFICADOS.
Quando durante o procedimento fiscal o sujeito passivo apresenta documento identificando a pessoa responsável pelo depósito em sua conta bancária, mesmo que o fisco não concorde com a suposta causa do pagamento, não é cabível a imputação da infração de omissão rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não identificada, mas, se for o caso, a tributação deve se dar sobre os valores envolvidos conforme a classificação dos rendimentos apropriada.
GANHO DE CAPITAL. COMPRA E VENDA COM DAÇÃO EM PAGAMENTO DE UNIDADE IMOBILIÁRIA A SER CONSTRUÍDA. ENQUADRAMENTO.
Para que a operação imobiliária da compra e venda com dação em pagamento de área a ser construída seja considerada permuta, há de se observar que a alienação do terreno e o compromisso de dação em pagamento sejam levados a efeito na mesma data, mediante instrumento público.
GANHO DE CAPITAL. RECOLHIMENTOS APRESENTADOS. NÃO ACATAMENTO.
Não são hábeis a alterar o lançamento os recolhimentos que não sejam inequivocamente vinculados à quitação do imposto sobre ganho de capital relativo ao imóvel objeto da apuração fiscal.
GANHO DE CAPITAL. VENDA DE IMÓVEL EM PARCELAS. ENQUADRAMENTO.
Para fins tributários, deve ser considerada venda de imóvel à vista aquela em que o pagamento se dá mediante assunção de dívida não mais vinculada ao contrato de compra e venda, aperfeiçoando-se o negócio de imediato, independente da quitação das parcelas.
GANHO DE CAPITAL. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS HÁBEIS A COMPROVAR OS VALORES DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. LANÇAMENTO ARBITRADO. POSSIBILIDADE.
A legislação permite o arbitramento do custo de aquisição e do valor de alienação quando o sujeito passivo deixa de atender à intimação do fisco para apresentar a documentação comprobatória das referidas operações.
MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO CABAL DA OCORRÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. EXCLUSÃO.
Deve ser afastada a multa qualificada quando não se extrai dos autos a comprovação cabal da ocorrência de conduta dolosa do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.523
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, a) por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e reduzir a multa de ofício para 75% do tributo não recolhido; b) por maioria, dar-lhe provimento parcial para excluir da base de cálculo os valores identificados no voto do Relator, vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Mário Pereira de Pinho Filho, que mantinham na base de cálculo do lançamento integralmente os valores mencionados nos itens "c", "e", "g", "h", "i" e "j" do voto do Relator. Votaram pelas conclusões quanto às exclusões determinadas nos itens "a" e "b" do voto do Relator os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Bianca Felícia Rothschild, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amílcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006, 2007 LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA AFASTAR A INFRAÇÃO. A constatação de depósitos bancários cuja origem reste não comprovada pelo sujeito passivo autoriza o fisco a aplicar o comando constante do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, pelo qual se presume ocorrida a infração de omissão de rendimentos. Tal presunção somente pode ser afastada mediante a apresentação de documentação hábil que se refira individualmente a cada depósito tido como de origem não comprovada, sendo que a indicação genérica da suposta fonte dos créditos não deve ser acatada para afastar a infração. IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA DEPOSITANTE PELO FISCO. DESCABIMENTO DA APLICAÇÃO DA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTE DE DEPÓSITOS NÃO IDENTIFICADOS. Quando durante o procedimento fiscal o sujeito passivo apresenta documento identificando a pessoa responsável pelo depósito em sua conta bancária, mesmo que o fisco não concorde com a suposta causa do pagamento, não é cabível a imputação da infração de omissão rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não identificada, mas, se for o caso, a tributação deve se dar sobre os valores envolvidos conforme a classificação dos rendimentos apropriada. GANHO DE CAPITAL. COMPRA E VENDA COM DAÇÃO EM PAGAMENTO DE UNIDADE IMOBILIÁRIA A SER CONSTRUÍDA. ENQUADRAMENTO. Para que a operação imobiliária da compra e venda com dação em pagamento de área a ser construída seja considerada permuta, há de se observar que a alienação do terreno e o compromisso de dação em pagamento sejam levados a efeito na mesma data, mediante instrumento público. GANHO DE CAPITAL. RECOLHIMENTOS APRESENTADOS. NÃO ACATAMENTO. Não são hábeis a alterar o lançamento os recolhimentos que não sejam inequivocamente vinculados à quitação do imposto sobre ganho de capital relativo ao imóvel objeto da apuração fiscal. GANHO DE CAPITAL. VENDA DE IMÓVEL EM PARCELAS. ENQUADRAMENTO. Para fins tributários, deve ser considerada venda de imóvel à vista aquela em que o pagamento se dá mediante assunção de dívida não mais vinculada ao contrato de compra e venda, aperfeiçoando-se o negócio de imediato, independente da quitação das parcelas. GANHO DE CAPITAL. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS HÁBEIS A COMPROVAR OS VALORES DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. LANÇAMENTO ARBITRADO. POSSIBILIDADE. A legislação permite o arbitramento do custo de aquisição e do valor de alienação quando o sujeito passivo deixa de atender à intimação do fisco para apresentar a documentação comprobatória das referidas operações. MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO CABAL DA OCORRÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. EXCLUSÃO. Deve ser afastada a multa qualificada quando não se extrai dos autos a comprovação cabal da ocorrência de conduta dolosa do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13864.000242/2010-65
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5643852
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2402-005.523
nome_arquivo_s : Decisao_13864000242201065.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 13864000242201065_5643852.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, a) por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e reduzir a multa de ofício para 75% do tributo não recolhido; b) por maioria, dar-lhe provimento parcial para excluir da base de cálculo os valores identificados no voto do Relator, vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Mário Pereira de Pinho Filho, que mantinham na base de cálculo do lançamento integralmente os valores mencionados nos itens "c", "e", "g", "h", "i" e "j" do voto do Relator. Votaram pelas conclusões quanto às exclusões determinadas nos itens "a" e "b" do voto do Relator os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Bianca Felícia Rothschild, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amílcar Barca Teixeira Júnior.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6515212
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:53 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048685957349376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 29; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2282; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2 1 1 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13864.000242/201065 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.523 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de setembro de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. GANHO DE CAPITAL. MULTA QUALIFICADA Recorrente MARIO FUMIO AOKI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006, 2007 LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA AFASTAR A INFRAÇÃO. A constatação de depósitos bancários cuja origem reste não comprovada pelo sujeito passivo autoriza o fisco a aplicar o comando constante do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, pelo qual se presume ocorrida a infração de omissão de rendimentos. Tal presunção somente pode ser afastada mediante a apresentação de documentação hábil que se refira individualmente a cada depósito tido como de origem não comprovada, sendo que a indicação genérica da suposta fonte dos créditos não deve ser acatada para afastar a infração. IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA DEPOSITANTE PELO FISCO. DESCABIMENTO DA APLICAÇÃO DA PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS DECORRENTE DE DEPÓSITOS NÃO IDENTIFICADOS. Quando durante o procedimento fiscal o sujeito passivo apresenta documento identificando a pessoa responsável pelo depósito em sua conta bancária, mesmo que o fisco não concorde com a suposta causa do pagamento, não é cabível a imputação da infração de omissão rendimentos decorrente de depósitos bancários de origem não identificada, mas, se for o caso, a tributação deve se dar sobre os valores envolvidos conforme a classificação dos rendimentos apropriada. GANHO DE CAPITAL. COMPRA E VENDA COM DAÇÃO EM PAGAMENTO DE UNIDADE IMOBILIÁRIA A SER CONSTRUÍDA. ENQUADRAMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 02 42 /2 01 0- 65 Fl. 999DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Para que a operação imobiliária da compra e venda com dação em pagamento de área a ser construída seja considerada permuta, há de se observar que a alienação do terreno e o compromisso de dação em pagamento sejam levados a efeito na mesma data, mediante instrumento público. GANHO DE CAPITAL. RECOLHIMENTOS APRESENTADOS. NÃO ACATAMENTO. Não são hábeis a alterar o lançamento os recolhimentos que não sejam inequivocamente vinculados à quitação do imposto sobre ganho de capital relativo ao imóvel objeto da apuração fiscal. GANHO DE CAPITAL. VENDA DE IMÓVEL EM PARCELAS. ENQUADRAMENTO. Para fins tributários, deve ser considerada venda de imóvel à vista aquela em que o pagamento se dá mediante assunção de dívida não mais vinculada ao contrato de compra e venda, aperfeiçoandose o negócio de imediato, independente da quitação das parcelas. GANHO DE CAPITAL. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS HÁBEIS A COMPROVAR OS VALORES DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. LANÇAMENTO ARBITRADO. POSSIBILIDADE. A legislação permite o arbitramento do custo de aquisição e do valor de alienação quando o sujeito passivo deixa de atender à intimação do fisco para apresentar a documentação comprobatória das referidas operações. MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO CABAL DA OCORRÊNCIA DE CONDUTA DOLOSA. EXCLUSÃO. Deve ser afastada a multa qualificada quando não se extrai dos autos a comprovação cabal da ocorrência de conduta dolosa do sujeito passivo. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1000DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 3 3 Acordam os membros do Colegiado, a) por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e reduzir a multa de ofício para 75% do tributo não recolhido; b) por maioria, darlhe provimento parcial para excluir da base de cálculo os valores identificados no voto do Relator, vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Mário Pereira de Pinho Filho, que mantinham na base de cálculo do lançamento integralmente os valores mencionados nos itens "c", "e", "g", "h", "i" e "j" do voto do Relator. Votaram pelas conclusões quanto às exclusões determinadas nos itens "a" e "b" do voto do Relator os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Bianca Felícia Rothschild, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amílcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 1001DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra decisão que declarou improcedente em parte a sua impugnação apresentada para desconstituir o Auto de Infração de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Física IRPF, que integra o presente processo. A descrição das infrações relativas aos anoscalendário de 2006 e 2007 consta do AI, fls. 751/757, cujo Demonstrativo de Apuração encontrase às fls. 758/767. Todos os pormenores acerca da apuração fiscal foram descritas no Termo de Constatação Fiscal TCF, fls. 643/750, onde se verificou a prática das seguintes condutas: a) falta de recolhimento do imposto incidente sobre ganhos de capital na alienação de bens de direitos; e b) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Foi imposta multa qualificada no patamar de 150% do imposto devido, em razão de suposta conduta dolosa do sujeito passivo, verificada nas duas infrações que lhe foram imputadas. Cientificado do lançamento 14/07/2010, o sujeito passivo apresentou impugnação de fls. 739/791, acompanhada dos documentos de fls. 792/835. Parte do lançamento não foi objeto de impugnação, optando o contribuinte por incluílo no parcelamento instituído pela Lei n.º 11.941/2009. A Delegacia de Julgamento da RFB julgou a impugnação improcedente em parte no acórdão de fls. 893/937. Entendeu o órgão a quo que o contribuinte demonstrou a origem de parte dos créditos bancários objeto do lançamento, excluindo parte da apuração, todavia, mantendo a multa qualificada sobre o valor remanescente. Foi enviada uma primeira intimação da decisão ao contribuinte, todavia não tendo retornado o comprovante, foi efetuada nova ciência em 11/10/2011, conforme AR de fl. 946, momento em que já havia sido apresentado o recurso, cuja protocolização se deu em 08/09/2011. Na peça recursal de fls. 947/991 o sujeito passivo apresentou as razões, que abaixo reproduzo em apertada síntese. Multa qualificada No julgamento de primeira instância negouse que o fisco tenha se valido do Regime Especial de Fiscalização, previsto na IN/SRF n.º 979/2009, embora isso esteja claramente fundamentado no relatório fiscal. Além de que foi afastada sem maiores justificativas a jurisprudência administrativa sobre a matéria, ao mero argumento de que não teria caráter vinculante. Fl. 1002DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 4 5 Observa que o próprio fisco se valeu de citações jurisprudenciais e a DRJ a afasta nos seus fundamentos. A inobservância da jurisprudência administrativa fere de morte os princípios da segurança jurídica, bem como a isonomia entre os contribuintes. Valendose da doutrina de Eduardo Arrieiro Elias, conclui que havendo depósitos bancários não comprovados, sem que se consiga comprovar cabalmente a existência de conduta dolosa, não pode prevalecer a imposição da multa exacerbada. Afirma que sempre atendeu de pronto as intimações do fisco e que não houve menção a qualquer falsidade nos elementos apresentados durante o procedimento fiscal. Não podendo, portanto, haver enquadramento de conduta dolosa sem prova que lhe dê sustentação. Não há espaço ainda para que se tente fundamentar a ocorrência de dolo em legislação específica que regulamenta e disciplina o Regime Especial de Fiscalização, a IN/SRF n.º 979/2009. Essa norma, por ser regra para de caráter excepcional, não se aplica à situação retratada nos autos. Os mesmos argumentos foram utilizados pelo fisco para fundamentar a imposição de multa qualificada para a suposta infração decorrente da falta de recolhimento do imposto sobre ganho de capital, a qual também não se sustenta, conforme jurisprudência do CARF colacionada. Junta ainda precedentes colhidos de julgamentos administrativos de primeira instância. Depósitos bancários Defende que para que se sustente a presunção de legal de que depósitos bancários não comprovados se configuram em omissão de rendimentos devese comprovar a aderência das movimentações financeiras ao patrimônio do contribuinte. Uma análise do art. 43 do CTN e Súmula n.º 182 do extinto TRF deixa claro que entradas e saídas do fluxo de caixa não podem ser confundidas como se receitas fossem. Nesse sentido, verificase que pode haver tributação dúplice se um valor sacado não for gasto e retornar à conta bancária. Chama atenção que nenhuma das contas correntes fiscalizadas apresentavam saldos em valores que justificassem acréscimo patrimonial e, mesmo as que possuem saldo, foram regular e tempestivamente declaradas ao fisco. Indaga ainda se o valor atribuído como omissão em um dado mês, não seria origem para depósitos do mês seguinte, apagando, por conseguinte as omissões nos meses subsequentes? Como justificativa para o acerto de sua tese apresenta precedente de Primeiro Conselho de Contribuintes. Apresenta planilhas com a intenção de demonstrar que não procede a tributação de forma indistinta entre valores depositados em conta corrente sem relação com renda, ganho ou acréscimo patrimonial, o que acaba por criar bases de cálculo imaginárias, que não resistem ao confronto legal e matemático. Fl. 1003DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 O próprio acórdão recorrido contradiz a autuação na medida em que afirma que a falta de comprovação dos depósitos representa disponibilidade econômica, então esta disponibilidade seria origem a justificar qualquer lançamento posterior, principalmente porque não houve acréscimo patrimonial não justificado pelo autuado. Advoga que o julgador de primeira instância preferiu se ater às formalidades da farta documentação apresentada do que fazer uma análise criteriosa, citando com insistência as conclusões do fisco e esquecendo das alegações contidas na defesa. A seguir passa a apresentar questionamentos ao trabalho de apuração, trazendo, no seu entender, fatos que passaram desapercebidos no julgamento a quo. Passamos agora a apresentar apenas de forma rápida as alegações de mérito exposta no recurso, deixando para tratálas com mais pormenores no desenvolvimento do voto. Os itens abaixo apresentados seguem a numeração do TCF, conforme sequência disposta no recurso. Depósitos bancários de origem não comprovada a) Itens 68 a 87 alienação de imóvel a Valdécio Aparecido Costa: afirma que apresentou o contrato de compra e venda, identificou o comprador e os depósitos bancários, os quais correspondem 94,44% do total da transação, tendo sido efetuados mediante TED bancárias direcionadas ao vendedor e emitidas pelo adquirente ou por empresas de sua propriedade. Além de que o comprador registrou a operação em sua DIRPF e compareceu ao processo para confirmar a compra do imóvel. Assevera também que as datas dos depósitos coincidem com aquelas previstas no contrato e que a diferença entre os depósitos apresentados e o total da transação decorreu de dois pagamentos feitos em espécie. b) Itens 94 a 100 alienação de imóvel a Marco Betin: alega que a compra e venda existiu, que o pagamento foi feito com dois TED, um emitido por empresa de propriedade do comprador e o outro, por irmão deste. c) Itens 112 a 118 alienação de imóvel a Celso Minoru Aoki: garante que o negócio jurídico ocorreu e os pagamentos foram efetuados pelo adquirente mediante TED originados da sua conta corrente, de modo que eventual diferença de valor na escritura não descaracteriza a compra e venda. Sustenta que as remessas bancárias confirmadas pelo comprador não podem ser tratadas como meros depósitos sem origem. d) Itens 124 a 128 reapresentação de cheques devolvidos: assevera que toda as vezes que um cheque for reapresentado sua origem já foi comprovada, cabendo a exclusão dos valores em questão da base de cálculo do lançamento. e) Itens 130 a 138 alienação dos veículos (caminhões) placas NFG 4017; NFK 4756 e NFK 4776: argumenta que são veículos que efetivamente pertenciam ao autuado, conforme documentos apresentados, cujas alienações em parte foram efetivadas mediante financiamento pelos adquirentes, totalizando a importância de R$ 569.000,00, conforme consta na DIRPF do autuado, tendo o ganho de capital sido tempestivamente declarado. Apresenta planilha contendo os TED e ordens bancárias correspondentes as vendas em questão. Afirma que diante desses dados devem ser aceitas as comprovações de origem dos depósitos. Fl. 1004DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 5 7 f) Itens 149 a 153 alienação das empilhadeiras das marcas HISTER e YALE: Advoga que foram perfeitamente identificados os equipamentos, a forma de pagamento e o comprador, que inclusive confirmou a transação, de modo que devem ser considerados os depósitos tidos como omitidos. g) Itens 154 a 171 mútuo relativo a Domingos Kassar Neto: alega que foi apresentado o contrato com firma reconhecida, além de que se confirmou que os valores são referentes ao mútuo, conforme os comprovantes de TED de emissão do mutuante ou de empresa de sua propriedade. Não se justifica que o julgador da RFB busque mais formalidades para descaracterizar a comprovação, questionando inclusive a origem do numerário do remetente em exercícios não fiscalizados ou ainda o registro do contrato em cartório. h) Itens 172 a 186 mútuo relativo a Valdécio Aparecido Costa: afirma que o recorrente determinou que parte do lucro que tinha direito na empresa Arevale fosse transferida para determinada pessoa e, no mesmo ato, estabeleceu contrato de mútuo com esta, a qual lhe devolveu posteriormente a mesma importância mediante TED emitido por empresa da qual o devedor é proprietário. Garante que toda a operação foi efetivada mediante transferências bancárias, sendo contabilizadas integralmente em ambas as empresas, como lucros distribuídos aos sócios. Assim, não haveria espaço para desconsiderar essas comprovações. i) Itens 195 a 203 distribuição de lucros relativos à empresa Porto de Areia e Tubarão Ltda: arguiu que a empresa em questão registrou suas vendas, pagou os tributos exigidos, contabilizou suas despesas e distribuiu lucro a seus sócios, tudo dentro das regras legais aplicáveis. Não caberia, portanto, a exigência de outras comprovações feitas pelo fisco e corroboradas no acórdão recorrido. j) Itens 213 a 226 distribuição de lucros da empresa Arevale Distribuidora de Areia e Pedra Ltda: argumenta que a auditoria preferiu, por comodidade, considerar insuficientes os documentos apresentados para comprovar esses depósitos, malgrado o sujeito passivo tenha apresentado os elementos de fls. 578/587, contendo declarações de terceiros, cópias de livros Diário e Razão, DIRPJ da empresa envolvida, assim como confirmação dos responsáveis pela empresa que enviaram as transferências bancárias. Defende que, caso houvesse alguma dúvida, deveria ser comandada diligência fiscal para esclarecêlas e não simplesmente se desconsiderar toda a documentação. Argumenta que não é razoável que a empresa tenha retificado a sua DIRPJ quanto à distribuição lucros apenas para dar suporte a depósito bancário efetuado na conta corrente do recorrente. Isso porque o Termo de Intimação de Fiscalização foi recebido por sua empregada doméstica apenas cerca de duas horas antes de haver a retificação da DIRPJ pela empresa. Por outro lado, a DIRPF do autuado foi entregue em 10/02/2009, portanto, antes da intimação fiscal, e ali já se informava o recebimento dos lucros distribuídos pela empresa Arevale Ltda, nos valores questionados. Fl. 1005DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 A apresentação de parte da escrituração contábil da empresa, a qual está corroborada por documentos e declarações de terceiros envolvidos, dá total credibilidade a justificação dos depósitos tidos como sem causa. Aduz que nem toda a distribuição de lucros transitou pela sua conta corrente, o que justifica a falta de coincidência entre o depósito e o valor contabilizado a esse título. Apresenta as datas da distribuição, valores envolvidos e conta contábil onde foram registrados os fatos. Quanto à afirmação de que os recursos não se originaram da empresa Arevale, afirma que o responsável e proprietário das empresas remetentes do numerário é o Sr. Valdécio Aparecido Costa, conforme consta nas declarações fornecidas, onde são confirmados os valores, as datas, banco destino e a que título foram efetuados. Enfatiza que todos repasses foram registrados na contabilidade da empresa do autuado. Ao se referir à origem do numerário para não aceitar as comprovações, o julgador busca desviar o foco da questão principal, que é a causa do pagamento. Assim, demonstrada a origem dos valores relativos à distribuição de lucros da empresa Arevale, desaparece a omissão de receitas imputada. Falta de recolhimento do imposto decorrente de ganhos capital k) Item 244 imóvel denominado "20% da gleba de terras situado na Av. Heitor Vila Lobos São José dos Campos/SP" Erroneamente o fisco considerou a parte recebida em imóveis como pagamento, quando de acordo com o GCAP anocalendário de 2006 a transação foi uma alienação na modalidade permuta com recebimento de torna. Tal entendimento equivocado originou alteração no índice de ganho tributável em cada parcela recebida, levando à conclusão da existência de imposto a recolher sobre o ganho de capital. Diante do correto recolhimento, comprovado pelos DARF acostados, devese cancelar a exigência. Foram apresentados documentos que comprovam a permuta com torna, porém, no julgamento a quo preferiuse dar conotação formal de que não teria havido a comprovação da torna, embora o elemento apresentado se prestasse inquestionavelmente para tal fim. Com relação ao imóvel situado à Rua Emílio Whinter, 597, Taubaté/SP, ocorreu alienação a prazo, com recebimento de R$ 230.000,00 de entrada e saldo em conta corrente junto à empresa IBR Emp. Partic. Ltda, para recebimento nos exercícios seguintes, sendo que o documento de venda inclui o imóvel situado na Rua Arthur Costa e Silva, 678, no mesmo Município, o qual representou o valor da entrada. Nessa toada, o imposto incidente sobre o crédito a receber no importe de R$ 124.545,46, será recolhido no momento do recebimento da parcela. Em relação 50% do terreno situado à Rua Arthur da Costa Silva, 678, Taubaté, houve operação idêntica, devendo também o imposto ser recolhido em exercício seguinte, quando do recebimento da parcela. Relativamente a esses dois últimos negócios, a DRJ firmou o entendimento de que os valores não recebidos e creditados em conta corrente da empresa compradora Fl. 1006DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 6 9 deveriam ser considerados disponíveis desde já, modificando indevidamente os valores apurados no GCAP, os quais devem ser restabelecidos. l) Item 264 casa situada no bairro Urbanova em São José dos Campos/SP: afirma que ao revisar sua DIRPF do anocalendário de 2006 observou a existência de um imóvel de pequeno valor que não mais lhe pertencia e providenciou a baixa da referida casa. Esta explicação, todavia, não foi aceita pelo fisco que arbitrou o valor do imóvel com base em fórmulas matemáticas que se apoiam em índices do SINDUSCOM e desconsiderou o valor de custo do imóvel lançado na declaração. Ressalta que a autoridade fiscal não se baseou em nenhum documento para comprovar a venda, mas simplesmente tratou a baixa do bem como alienação com custo de aquisição zero. Pedido Ao final, pede que sejam acatadas as justificativas para sua movimentação financeira, assim como a exclusão da qualificação da multa e ainda o afastamento da infração relativa aos ganhos de capital. É o relatório. Fl. 1007DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo Relator Admissibilidade Conforme relatado, o autuado apresentou recurso tempestivo, merecendo assim conhecimento por preencher os demais requisitos legais. Depósitos bancários não comprovados omissão de rendimentos tributação É cediço que a partir de 01/01/1997 a disciplina da tributação dos depósitos bancários passou a ser dada pelo art. 42 da Lei n.º 9.430/1996 (alterado pela Lei n.º 9.481/1997), que traz a seguinte redação: "Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). §4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. §5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será Fl. 1008DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 7 11 efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. §6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares." Observase assim que o legislador estabeleceu, a partir da referida data, uma presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitara em nome do contribuinte, por instituições financeiras, ou seja, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade de o fisco juntar qualquer outra prova. Na hipótese ventilada no caput do art. 42 da Lei nº 9.430/96, o encargo probatório decorrente da presunção legal em debate revertese em desfavor do contribuinte, que necessita demonstrar com documentos hábeis e idôneos a origem jurídica dos rendimentos transitados pela sua conta bancária para se por a salvo da tributação do Imposto de Renda. Tratase assim de uma presunção relativa que admite prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Todavia, a presunção legal somente é afastada quando são carreados elementos probatórios que permitam a identificação da fonte do crédito, o seu valor e a data além, principalmente, da demonstração inequívoca da causa pela qual os créditos foram efetuados na conta corrente. Cada crédito em conta corrente deve ter íntima relação com a fonte dos recursos que se deseja comprovar, com coincidências de data e valor, não se acatando comprovações que indiquem determinado documento para justificar a existência de vários depósitos. É de se ver que o ônus desta prova recai exclusivamente sobre o contribuinte, não bastando, para tal mister a simples apresentação de negativa geral ou afirmações genéricas acerca da origem dos recursos. Há estrita necessidade de que as provas refiramse a documentação hábil e idônea que possua vinculação inequívoca com os depósitos/créditos bancários. No caso concreto, verificase que o sujeito foi intimado por duas vezes a fazer a comprovação dos depósitos/créditos bancários identificados nos Termos de Intimação Fiscal, tendo, em relação aos valores tributados, apresentado justificativas que não satisfizeram a autoridade lançadora. Observese que o procedimento adotado pelo fisco está em perfeita consonância com a legislação citada, posto que uma vez não tendo sido suficientemente comprovadas as origens dos depósitos, a identificação da infração com suas consequências jurídicas de apuração do imposto com aplicação dos acréscimos de juros e multa é medida obrigatória, que está dentro do campo do poderdever das autoridades tributárias. Fl. 1009DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 Importante citar que a jurisprudência colacionada não tem o condão de alterar o que ficou decidido pela DRJ, uma vez que nenhum dos precedentes possui caráter vinculante frente à Administração Tributária. Como o lançamento está em total consonância com as normas de regência, em especial o art. 42 da Lei n.º 9.430/1996, acima transcrito, qualquer argumento que se contraponha a presunção legal de que os depósitos bancários não comprovados representam renda tributável, colocase em posição de confronto com texto literal de lei vigente e eficaz, o que não é admitido no processo administrativo fiscal, a quem não cabe apreciar as desconformidades da legislação ordinária frente à Constituição Federal, nos termos da Súmula n.º 02, a qual dispõe não ser esse Tribunal competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei. Também não hei de concordar com o quadro apresentado no recurso, onde a omissão apurada em um mês deveria ser abatida dos depósitos não comprovados no mês subsequente. É que nos termos do § 4.º do art. 42 da Lei n.º 9.430/1996 " os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira". Considerandose que a apuração fiscal foi efetuada estritamente nos termos deste dispositivo não há de se aceitar a tese do sujeito passivo de que teria havido tributação em duplicidade. Outro argumento de que determinados valores teriam deixado as contas bancárias e posteriormente a elas retornado, acarretando em tributação dúplice, também não deve ser acatada, posto que é alegação apresentada em tese, não tendo sido objeto de efetiva comprovação pelo recorrente. Observese ainda que a DRJ satisfezse com parte das comprovações apresentadas, onde se verificou equívoco do fisco em incluir na base de cálculo depósitos cuja justificativa havia sido por ele acatada, conforme muito bem explicitado à fl. 906 da decisão recorrida. Assim, verificandose que a presunção adotada no lançamento tem respaldo em lei, caberia ao contribuinte tentar afastála mediante apresentação de comprovantes hábeis, o que foi feito para muitos dos lançamentos. A partir de agora , passaremos a apreciar se as comprovações apresentadas e não acatadas pelo fisco e pelo órgão recorrido merecem ser acolhidas no sentido de alterar o que ficou decido no julgamento de primeira instância. Verificação das comprovações das origens dos depósitos bancários a) Itens 68 a 87 alienação de imóvel a Valdécio Aparecido Costa Acerca dessa questão a DRJ decidiu que a acusação fiscal é pertinente. Inicialmente afirma que os Instrumentos de Particulares de Compromisso de Compra e Venda de Imóvel referentes à compra do terreno pelo autuado (fls. 430/434), bem como de sua venda (fls. 435/439), ambos datados de 07/02/2007, não foram registrados em cartório, não possuem testemunhas e as firmas das assinaturas neles contidas não possuem o devido reconhecimento. Alega não ser comum que em operações dessa monta (R$ 3 milhões) se deixem de observar essas cautelas. Citando o art. 221 do Código Civil, sustenta que o contrato de compra e venda de imóvel somente poderia operar efeitos em relação ao fisco se cumprisse a formalidade legal de registro em cartório. Ressalta que tal documento poderia ser confeccionado a qualquer tempo. Fl. 1010DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 8 13 Argumenta que a declaração firmada pelo comprador no sentido de comprovar o negócio não deve ser acatada, posto que prova exclusivamente testemunhal, emitida posteriormente à suposta venda, não é hábil a comprovar negócios jurídicos de valor superior ao décuplo do salário mínimo vigente na data da sua celebração, nos termos do art. 227 do Código Civil. Acrescenta que dos 23 depósitos mencionados no TCF, somente três foram de fato efetuados mediante TED por Valdécio Aparecido Costa. Os demais tiveram como origem pessoas jurídicas alheias ao negócio. Ressalta que se pode admitir que não há comprovação da razão jurídica que levou as empresas a depositarem os valores na conta do autuado. Para finalizar aduz que o total dos depósitos soma R$ 2.832.975,00, portanto, o valor não coincide com a quantia constante no Contrato de Promessa de Compra e Venda de Imóvel. Afirma que não há de se aceitar a alegação de que a diferença de cerca de R$ 167.025,00 tenha sido paga em espécie, posto que o único documento juntado à citada declaração prestada pelo comprador não serve como prova a ser oposta à Fazenda Pública, além de que usualmente os valores provenientes desse tipo de transação são movimentados mediante TED. O recorrente contraargumenta que apresentou o contrato de compra e venda, identificou o comprador e os depósitos bancários, os quais correspondem 94,44% do total do negócio, tendo sido efetuados mediante TED bancárias direcionadas ao vendedor e emitidas pelo adquirente ou por empresas de sua propriedade. Além de que o comprador registrou a operação em sua DIRPF e compareceu ao processo para confirmar a compra do imóvel. Vejamos, então. Uma primeira questão que se revela essencial para o deslinde desse ponto do recurso diz respeito à possibilidade do fisco fundamentar o lançamento na omissão de rendimentos decorrente de depósitos bancários não identificados nas situações em que durante a apuração tomase conhecimento das pessoas que efetuaram os depósitos em conta bancária do sujeito passivo. Entendo que essa matéria há de ser necessariamente apreciada, posto que embora o sujeito passivo não a tenha suscitado diretamente com pedido de reclassificação de rendimentos, é inconteste que foi manifestado o seu inconformismo contra a presunção de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei n.º 9.430/1996. A meu ver, havendo a identificação do(s) depositante(s), há de se investigar a causa do pagamento, que se não for acatada pelo fisco dará ensejo a lançamento decorrente de omissão de rendimentos recebidos de pessoa física ou jurídica. Observese que no caso sob enfoque, o TCF apresenta expressamente que houve a identificação dos depositantes, mediante extratos bancários e declaração do Sr. Valdécio Aparecido Costa, suposto comprador do imóvel, que inclusive, informou a operação na sua DIRPF. Eis o que afirmou a autoridade lançadora: " Relativo a alienação copia reprográfica autenticada do ´Instrumento Particular de Compromisso,de Compra e Venda de Imóvel´ de 07/02/2007 referente transferência de Mario Fumio Aoki Fl. 1011DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 14 para Valdecio Aparecido por R$ 3.000.000,06 (fls. 411 a 415). Apresentouse também copia reprográfica autenticada de ´Declaração´, emitida, extemporaneamente, pelo Comprador `Valdecio Aparecido Costa´ em 14/09/2009 (fls 416) onde se atesta a efetivação desta transação. Cabe ressaltar, que a assinatura contida na ´Declaração´ teve ´firma reconhecida´ em cartório somente em 19/10/2009. Alem disto, apresentouse copias: de folhas de extratos bancários contendo depósitos pertinentes ao caso, além de "Comprovante de Inscrição no CNPJ" das empresas 'NSA FOODS Comercio de Alimentos Ltda´, ´NSA Vale Comercio de Alimentos Ltda´,' NSA Comercio de Alimentos SJC Ltda´ e , 'Comprovante de Inscrição no CPF´ e ´Situação Cadastral´ de Valdécio Aparecido Costa (fls. 417 a 431)." (grifos originais) Nesse sentido, a rigor não há o que se falar em depósitos de origem não comprovada, posto que o fisco tinha conhecimento dos nomes das pessoas físicas e jurídicas que efetuaram os depósitos em conta corrente pertencente ao autuado. Com as considerações acima, entendo que a presunção da omissão de rendimentos do art. 42 da Lei nº 9.430/96 não se aperfeiçoou em face dos depósitos mencionados no "item 69" do TCF (fls. 688/689), pois foi produzida prova razoável na fase que antecedeu a autuação que indicava que a movimentação dos valores decorreu de transação imobiliária, que foi inclusive declarada ao fisco pelo adquirente, que também apresentou documento confirmando a operação. Vejo que a autoridade fiscal, diante dessas evidências, não poderia, comodamente, tratar os créditos bancários como depósitos não identificados, mas efetuar o lançamento com base na infração decorrente de omissão de rendimentos recebidos de pessoa física/jurídica, ou ainda pela falta de recolhimento do tributo incidente sobre ganho de capital. Diante do exposto, encaminho pela exclusão da base de cálculo dos valores mencionados no "item 69" do TCF (fl. 688/689 do processo eletrônico). b) Itens 94 a 100 alienação de imóvel a Marco Betinalega Segundo o recorrente, a compra e venda existiu e o pagamento foi feito com dois TED, um emitido por empresa de propriedade do comprador e o outro, pelo irmão deste. Assim, estariam comprovados os depósitos. O fisco entendeu que não poderiam ser acatados os depósitos feitos por André N Escobar Bertin e BSA Verseidag Ltda, posto que são pessoas alheias ao negócio. Os demais depósitos foram considerados comprovados pelo fato do autuado haver incluído esta operação na sua DIRPF, além de que os créditos foram feitos pelo adquirente. A DRJ afastou as alegações do recurso e manteve os valores na base de cálculo por também entender que o contribuinte não comprovou a que título foram feitos os depósitos em questão. Penso diferente. Esse situação muito se assemelha àquela tratada no item precedente. Observase que o fisco já tinha conhecimento das pessoas que fizeram os dois depósitos supostamente não justificados. Do mesmo modo, teremos que concluir que não caberia a imputação de depósitos de origem não identificada, mas, caso não se aceitasse a justificativa como sendo operação imobiliária, deverseia efetuar o lançamento motivado na omissão de rendimentos recebidos de pessoa física ou jurídica. Fl. 1012DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 9 15 Nesse sentido, devem ser excluídos da base de cálculo os depósitos listados no item 95 do TCF (fl. 692 do processo digital). c) Itens 112 a 118 do TCF alienação de imóvel a Celso Minoru Aoki O recorrente garante que o negócio jurídico ocorreu e os pagamentos foram efetuados pelo adquirente mediante TED originados da sua conta corrente, de modo que eventual diferença de valor na escritura não descaracteriza a compra e venda. Sustenta que as remessas bancárias confirmadas pelo comprador não podem ser tratadas como meros depósitos sem origem. A DRJ, acompanhando o entendimento do fisco, não acatou como justificados os três depósitos efetuados por Celso Minoru Aoki. Motiva a decisão na discrepância entre o valor constante na escritura de compra e venda (R$ 154.000,00) e o valor transferido para a conta corrente do autuado (R$ 200.000,00). Observo que não há dúvida quanto à pessoa que efetuou os depósitos, por isso, recaímos na mesmíssima situação mencionada nos itens precedentes desse voto, assim, encaminho no sentido de que estes depósitos sejam também excluídos da base de cálculo do lançamento. Devem, portanto, ser excluídos da base de cálculo os depósitos listados no item 113 do TCF (fls. 694/695 do processo digital). d) Itens 124 a 128 reapresentação de cheques devolvidos O fisco apresentou na tabela de fls. 696/697 a relação dos cheques que o sujeito passivo tentou justificar a origem sob a alegação que se referiam a apresentação de cheques devolvidos. Com base nos dados apresentados, o fisco mencionou que somente caberia a sua exclusão se na apuração constassem os depósitos dos cheques, cuja devolução tivera ocasionado a sua reapresentação, o que não ocorreu. Conclui então que este argumento recursal não merece sucesso. Na mesma linha decidiu o órgão a quo. Vejo que no recurso o sujeito passivo não apresentou nenhum novo documento que pudesse alterar este cenário. Observase do arrazoado do fisco que está perfeitamente demonstrado que não há espaço para acatar a origem dos depósitos como sendo reapresentação de cheques, posto que na apuração não foram considerados os depósitos concernentes a apresentação original. Neste sentido, devese manter o que ficou decidido pela DRJ quanto a este ponto. e) Itens 130 a 138 alienação dos veículos (caminhões) placas NFG 4017; NFK 4756 e NFK 4776 O fisco apresentou a tabela de fl. 698, onde lista os depósitos que o sujeito passivo tentou justificar como sendo contrapartida pela alienação dos veículos acima. Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 16 No seu entender não teria eficácia probatória os documentos de transferência de veículo de fls. 533/537, posto que não constam as assinaturas do vendedor e comprador. Por outro lado, não teriam sido apresentados documentos hábeis a comprovar os responsáveis pelos depósitos em sua conta corrente dos valores em questão. Afirmase ainda não haver congruência entre as datas das vendas e as datas dos depósitos. Tanto na defesa como no recurso, o sujeito passivo argumenta que são veículos que efetivamente pertenciam ao autuado, conforme documentos apresentados, cujas alienações em parte foram efetivadas mediante financiamento pelos adquirentes, totalizando a importância de R$ 569.000,00, conforme consta na DIRPF do autuado, tendo o ganho de capital sido tempestivamente declarado. Apresenta planilha contendo os TED e ordens bancárias correspondentes as vendas em questão. Afirma que diante desses dados devem ser aceitas as comprovações de origem desses depósitos. A DRJ manteve todos os valores listados pelo fisco na base de cálculo, sob a justificativa de que os documentos juntados não seriam hábeis a comprovar as alienações e, a exceção do depósito de R$ 21.000,00, efetuado por Jacinto Rinado Rosalen em 05/04/2006 (fl. 100), não houve a comprovação dos depositantes. Vejo que não há muito a alterar do que se decidiu em primeira instância quanto a esse item. É que as datas e os valores relativos às alienações dos automóveis são incongruentes com os depósitos listados pelo recorrente. Sobre essa questão vale a pena transcrever excerto da decisão da DRJ que analisa em detalhes a situação: Vejo que nenhum documento novo foi trazido aos autos no sentido de afastar as conclusões acima de modo que devem prevalecer, a exceção do cheque de R$ 21.000,00 depositado por Jacinto Rinado Rosalen em 05/04/2006 (fl. 100), para o qual houve a comprovação do depositante. Assim, pelas mesmas razões adotadas nos itens precedentes, encaminho para que seja excluído da base de cálculo apenas esse depósito. Valor listado na tabela constante do "item 131" do TCF, fl. 698 do processo digital. f) Itens 149 a 153 alienação das empilhadeiras das marcas HISTER e YALE Para comprovar os depósitos listados na tabela do TCF (fl. 702), o sujeito passivo acostou recibos de pagamento relativo à venda dos dois equipamentos, além de Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 10 17 declarações do comprador atestando a efetiva realização do negócio (fls. 542/545). Houve também a juntada de extratos bancários onde constam os depósitos (fls. 546/547). Advoga que foram perfeitamente identificados os equipamentos, a forma de pagamento e o comprador, que inclusive confirmou a transação, assim, devem ser considerados os depósitos tidos como omitidos. A autoridade lançadora não considerou como justificadas as origens dos depósitos, haja vista que: a) não houve a apresentação dos contratos de alienação; b) não há comprovação de que os depósitos foram efetuados pelo adquirente, Sandro Restani; c) as cópias dos recibos de pagamento não foram autenticadas e as declarações do comprador contêm firma reconhecida em data posterior ao início da ação fiscal. d) as operações não foram tempestivamente declaradas à RFB por nenhum dos dois participantes do negócio. Para a DRJ a impossibilidade de se aferir a contemporaneidade dos documentos comprobatórios apresentados pelo autuado, bem como a falta de identificação do depositante, aliada a inexistência das transações nas declarações prestadas ao fisco pelos supostos participantes do negócio, não permitem o acatamento da justificativa. Não posso deixar de dar razão à decisão recorrida. Não havendo a comprovação de quem efetivamente fez o depósito, posto que nos extratos consta que os créditos foram originados de cheques, teria que haver a juntada de elementos com a força probatória necessária a comprovar a transação. Esse conjunto probatório de fato não foi carreado aos autos. Os bens não constam das DIRPF do vendedor e do comprador e os recibos e declaração apresentados não são hábeis a comprovar o que se pretende, posto que não há garantia de que são contemporâneos às transações mencionadas. Encaminho por manter o que ficou decidido em primeira instância. g) Itens 154 a 171 mútuo relativo a Domingos Kassar Neto A justificativa do contribuinte ao fisco para demonstrar a origem dos depósitos mencionados na tabela do TCF de fls. 702/703 é que decorreram de quitação de contrato de mútuo firmado com Domingo Cassar Neto. O mutuário teria dado em pagamento um automóvel no valor de R$ 230.000,00 (documento de fls. 525/526) e os depósitos listados pelo fisco correspondem a parte do saldo devedor. Dos quatro depósitos listados pelo fisco comprovouse que dois foram efetuados pelo suposto mutuário, outro foi feito em nome da empresa Porto Brasil Ind Com Imp. Exp. Ltda e o quarto não consta a identificação do depositante, posto que realizado por meio de cheque. Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 18 Para o fisco a falta de apresentação do contrato de mútuo tem grande relevância na não aceitação da justificativa dos depósitos. Outra causa também teria sido a incongruência das informações declaradas pelo contribuinte frente aos depósitos em questão. O recorrente alega que foram apresentados os contratos com firma reconhecida, confirmase que os valores se referem ao mútuo e apresentase os comprovantes de TED de emissão do mutuante ou de empresa de sua propriedade. Na impugnação foram apresentadas cópias autenticadas de dois instrumentos de contratos de mútuo, a saber: a) firmado em 01/12/2005, no valor de R$ 400.000,00, com vencimento em 15/11/2006 (fls. 837/838); b) firmado em 06/02/2005 (o contribuinte afirma ser 06/02/2006), no valor de R$ 300.000,00, com vencimento em 14/02/2007 (fls. 842/843). Mesmo com a apresentação desses contratos, a DRJ manteve o lançamento, por entender que o fisco ao analisar as operações bancárias realizadas no dia 06/02/2006 e em datas próximas ao momento do suposto empréstimo de R$ 300.000,00, não identificou qualquer movimentação na conta corrente do mutuário. Apresenta outra incongruência, representada pelo fato do contribuinte haver informado na sua DIRPF2007 que teria transferido seu capital na empresa Porto Brasil Ind Com. Imp. Exp. Ltda para José Domingos Kassar Neto, empresa esta que seria a depositante de um dos valores constantes da apuração. Aponta ainda a atipicidade de cláusula que estipula o pagamento do mútuo sem qualquer acréscimo de juros e/ou correção. Assim, para a DRJ a comprovação da origem dos depósitos não poderia prescindir da efetiva comprovação da transferência dos valores para a conta do mutuário, o que não consta dos autos. Vejamos. Quanto aos depósitos em que se identifica a pessoa física e a pessoa jurídica de onde se originaram os créditos, da mesma forma que na apreciação de itens anteriores, encaminhamos pela sua exclusão da base de cálculo, posto que uma vez identificados os depositantes, não caberia a imputação da infração decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, mas omissão de rendimentos recebidos de pessoas física e jurídica. Todavia, quanto ao depósito efetuado em cheque em 07/11/2007, no valor de R$ 35.000,00, este deve ser mantido na base de cálculo, pelos motivos apresentados na decisão recorrida, ou seja, falta de comprovação da transferência dos valores ao mutuário, sem os quais não há como justificar a existência do mútuo. Encaminho para que sejam excluídos da base de cálculo os valores apresentados na Tabela do item 155 do TCF (fls. 702/703 do processo digital), a exceção do valor de R$ 35.000,00. h) Itens 172 a 186 mútuo relativo a Valdécio Aparecido Costa Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 11 19 O contrato de mútuo apresentado para justificar a transferência de R$ 232.540,00, feita para a conta do autuado mediante TED emitido pela empresa NSA Comércio de Alimentos SJC não foi suficiente para o fisco e nem para DRJ para comprovar a origem do depósito mencionado no item 173 do TCF (fl. 704). O não acatamento do documento foi em razão da falta de registro do contrato em cartório, bem como na ausência de comprovação da transferência dos recursos ao mutuário. O recorrente afirma que determinou que parte do lucro que tinha direito na empresa Arevale fosse transferida para certa pessoa e, no mesmo ato, estabeleceu contrato de mútuo com esta, a qual lhe devolveu posteriormente a mesma importância mediante TED emitido por empresa da qual o devedor é proprietário. Neste caso, considerando a existência de identificação do depositante, devo manter o mesmo entendimento adotado nos itens precedentes, quanto à improcedência do lançamento. Deve, portanto, ser expurgado da base de cálculo o depósito mencionado no item 173 do TCF (fls. 704/705 do processo digital). i) Itens 195 a 203 distribuição de lucros relativos à empresa Porto de Areia e Tubarão Ltda Para justificar que os depósitos listados no item 196 do TCF, fl. 708, referiamse a distribuição de lucros/dividendos recebidos da empresa Porto de Areia Tubarão Ltda, o sujeito passivo acostou a documentação a seguir: a) declaração firmada por contabilista, onde são discriminados os valores recebidos pelo contribuinte da empresa em questão a título de distribuição de lucros/dividendos; b) cópia das DIRPF do autuado relativas aos anoscalendário 2006 e 2007, onde consta que como recebidas a título de dividendos da empresa Porto de Areia Tubarão Ltda as quantias, respectivamente, de R$ 49.636,64 e R$ 254.430,00; c) cópia das DIPJ da empresa confirmando os pagamentos mencionados na alínea anterior; d) cópias de folhas dos livros Diário dos exercícios em questão, comprovando os lançamentos na conta "Lucro Distribuído Isento". O fisco não acatou a comprovação apresentada, tendo lançado as seguintes considerações: " 197. Apesar do contribuinte ter declarado tempestivamente nas DIRPF dos exercícios 2007 (AC 2006) e 2008 (AC 2007) o recebimento de 'distribuição de lucros/dividendos´ da empresa Porto de Areia Tubarão Ltda nos valores de R$ 49.636,64 e R$ 254.430,00. 198. Apesar da empresa Porto de Areia Tubarão Ltda ter declarado tempestivamente nas DIPJ dos exercicios 2007 e 2008 'distribuição Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 20 de lucros/dividendos' ao contribuinte nos valores de R$ 44.636,84 e R$ 254.430,00 respectivamente. 199. Não há como se aceitar, para a comprovação da justificativa apresentada pelo contribuinte, a documentação por ele apresentada. Apresentar ao Fisco cópias simples de parte da escrita contábil da empresa Porto de Areia Tubarão Ltda é claramente insuficiente para que se comprove a alegada distribuição de lucros. 200. Em relação à 'declaração' firmada pelo contabilista Sergio Santana Meireles, ela, desacompanhada de elementos de prova, é insuficiente para comprovar a alegada 'distribuição'. 201. Fora isto, há discrepância entre a 'alegada' distribuição e o total depositado. A distribuição de lucros constantes da DIPJ do exercício de 2007 (AC 2006) da empresa Porto de Areia Tubarão Ltda para Mario Fumio Aoki totaliza R$ 49.636,84 e o total dos depósitos R$ 47.241,76. 0 mesmo acontece em relação ao ano calendário de 2007 onde a 'distribuição' totalizou R$ 252.188,02 e o constante da DIPJ R$ 254.430,00. 202. Fato curioso e que a 'suposta' distribuição de lucros ao sócio Mario Fumio Aoki segundo a documentação apresentada, ocorreu em grande parte por meio de 'cheques de terceiros', enquanto o outro sócio recebeu somente em espécie. 203. Face ao exposto, as provas apresentadas pelo contribuinte foram consideradas INSUFICIENTES para comprovar a alegada 'distribuição de lucros', donde concluímos que os depósitos relativos ao itens 1 a 14 da Tabela de Depósitos Bancários NÃO tiveram as suas origens comprovadas sendo considerados, portanto, como 'rendimentos omitidos'." A DRJ aderiu ao raciocínio do fisco e manteve o lançamento. No recurso, o contribuinte arguiu que a empresa em questão registrou suas vendas, pagou os tributos exigidos, contabilizou suas despesas e distribuiu lucro a seus sócios, tudo dentro das regras legais aplicáveis. Não caberia, portanto, a exigência de outras comprovações feitas pelo fisco e corroboradas no acórdão recorrido. Para mim, a documentação acostada é suficiente para comprovar a origem dos recursos. O fato dos valores estarem lançados na contabilidade da empresa e nas declarações ao fisco, tanto da empresa como da pessoa física, mesmo se detectando pequena diferença, para mim irrisória, tem força para afastar a tributação sobre depósitos bancários de origem não comprovada. Por esse motivo, encaminho para que seja afastada da base de cálculo as quantias tratadas na Tabela do item 196 do TCF (fl. 708 do processo digital). j) Itens 213 a 226 distribuição de lucros da empresa Arevale Distribuidora de Areia e Pedra Ltda Os valores considerados de origem não comprovada e que o sujeito passivo atribuiu ao recebimento de lucros da empresa Arevale Distribuidora de Areia e Pedra Ltda foram tabulados pelo fisco no item 214 do TCF, fl. 711. Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 12 21 Para não nos alongarmos muito neste tópico é fácil verificar que todos os depósitos listados foram efetuados mediante TED pela empresa NSA Comércio de Alimentos SJC, nesse sentido em consonância com o entendimento já esposado ao longo deste voto, entendo não ser cabível a imputação de depósitos de origem não comprovada, posto que ainda durante a fiscalização a identificação do depositante foi possível. Neste caso, como já repetido à exaustão, a infração apropriada seria omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Encaminho pela exclusão da base de cálculo dos valores listados na Tabela do item 214 do TCF, fl. 711. Falta de recolhimento do imposto decorrente de ganhos capital k) Item 244 imóvel denominado "20% da gleba de terras situado na Av. Heitor Vila Lobos São José dos Campos/SP" O custo de aquisição encontrase demonstrado no item 245 do TCF, contra o qual não houve contestação. Para o cálculo do valor da alienação, o fisco considerou tratarse de venda a prazo com recebimento de quantia à vista, parte paga em imóveis (área a construir) e o restante parcelado, conforme se observa do item 246 do TCF. Nos itens 247 a 250 do TCF encontrase o demonstrativo do ganho de capital. O sujeito passivo impugnou o lançamento alegando que, erroneamente o fisco considerou a parte recebida em imóveis como pagamento, quando de acordo com o GCAP anocalendário de 2006 a transação foi uma alienação na modalidade permuta com recebimento de torna. Tal entendimento equivocado originou alteração no índice de ganho tributável em cada parcela recebida, levando à conclusão da existência de imposto a recolher sobre o ganho de capital. Diante do correto recolhimento, comprovado pelos DARF acostados, devese cancelar a exigência. A DRJ considerou a operação como alienação com base no que dispõe o item 4.1 da IN/SRF n.º 107/1988, segundo a qual para que as alienações de terrenos seguidas de confissão de dívida e promessa de dação em pagamento de área a ser construída sejam equiparadas a permuta para fins tributários, devese observar o que se segue: a) a alienação do terreno e o compromisso de dação em pagamento sejam levados à efeito na mesma data, mediante instrumento público; e b) o terreno objeto da operação de compra e venda seja, até o final do ano calendário seguinte ao negócio, dado em hipoteca para obtenção de financiamento ou, no caso de loteamento, oferecido em garantia ao poder público, nos termos da Lei n.º 6.766/1979. Tendo em conta que a alienação do terreno ocorreu em 10/11/2003 e a "Escritura de Confissão de Dívida com Promessa de Dação em Pagamento e Outras Avenças" somente foi lavrada em 31/05/2006, a DRJ concluiu que não restou atendido o requisito normativo para que a operação fosse enquadrada no conceito de permuta com recebimento de Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 22 torna, prevista no § 3.º do art. 123 do Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto nº 3.000/1999 RIR/99. No recurso a empresa alega que foram apresentados documentos que comprovam a permuta com torna, porém, no julgamento a quo preferiuse dar conotação formal de que não teria havido a comprovação da torna, embora o elemento apresentado se prestasse inquestionavelmente para tal fim. Observo que o entendimento do órgão recorrido está em perfeita consonância com as normas que regem à matéria. De fato, permuta é a operação em que ocorre a transferência de um bem com recebimento de outro, podendo ou não haver a complementação do preço do bem de menor valor mediante parcela a ser paga em espécie. O Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto nº 3.000/1999 RIR/99 trata da permuta de unidades imobiliárias nos seguintes termos: "Art.121.Na determinação do ganho de capital, serão excluídas (Lei nº 7.713, de 1988, art. 22, inciso III): Ias transferências causa mortis e as doações em adiantamento da legítima, observado o disposto no art. 119; IIa permuta exclusivamente de unidades imobiliárias, objeto de escritura pública, sem recebimento de parcela complementar em dinheiro, denominada torna, exceto no caso de imóvel rural com benfeitorias. §1ºEquiparamse a permuta as operações quitadas de compra e venda de terreno, seguidas de confissão de dívida e escritura pública de dação em pagamento de unidades imobiliárias construídas ou a construir. §2ºNo caso de permuta com recebimento de torna, deverá ser apurado o ganho de capital apenas em relação à torna." Na situação sob apreço, verificase do "Contrato Particular de Compra e Venda de Terreno com Parte do Pagamento em Área a ser Construída no Mesmo Local, Subordinado à Condição e Outras Avenças" (fls. 380/404) , firmado em 10/11/2003, que houve a alienação do imóvel sob questão mediante pagamento em dinheiro de entrada e parcelas, além de compromisso para entrega de área a ser construída no terreno objeto do negócio. Somente foi lavrada a "Escritura de Confissão de Dívida com Promessa de Dação em Pagamento e Outras Avenças" em 31/05/2006 (fls. 370/374). Visitando a IN/SRF n.º 107/1988, a qual dispõe trata de procedimentos a serem adotados na determinação do lucro imobiliário das pessoas físicas, nas permutas de bens imóveis, pude verificar que a sua Seção III define a norma a ser aplicável para a situação ora tratada. Eis o disposto naquele normativo: Seção III Compra e Venda com Dação da Unidade Imobiliária em Pagamento 4. Normas aplicáveis 4.1 São aplicáveis às operações quitadas de compra e venda de terreno seguidas de confissão de dívida e promessa de dação, em Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 13 23 pagamento, de unidade imobiliária construída ou a construir, todos os procedimentos e normas constantes das Seções I e II desta instrução normativa, desde que observadas as condições cumulativas a seguir: a) a alienação do terreno e o compromisso de dação em pagamento sejam levados a efeito na mesma data, mediante instrumento público; b) o terreno objeto da operação de compra e venda seja, até o final do períodobase seguinte ao em que esta ocorrer, dado em hipoteca para obtenção de financiamento ou, no caso de loteamento, oferecido em garantia ao poder público, nos termos da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979. 4.1.1. A não observância das condições cumulativas aqui estipuladas sujeitará o promitente da dação à apuração dos resultados da operação tomandose por base, para determinação do preço de alienação dos bens permutados, o valor de mercado tal como previsto no subitem 1.2, ou, na ausência de laudo de avaliação, o valor que vier a ser arbitrado pela autoridade fiscal. Nesta hipótese, a apuração do resultado da operação reportase ao anobase ou períodobase em que esta tiver ocorrido, sujeitandose o promitente da dação ao recolhimento do imposto de renda sobre o lucro da compra e venda como tributo postergado. Considerando que a alienação foi feita mediante instrumento particular em 10/11/2003 e que a escritura de confissão de dívida e dação em pagamento somente foi lavrada mais de dois anos depois, não há de se aplicar ao negócio as disposições normativas relativas à permuta. Quanto aos DARF apresentados, observo que a DRJ afastou o seu aproveitamento sob a seguinte alegação: No recurso, o sujeito passivo não apresentou novos elementos que pudessem afastar tal conclusão, devendo, portanto, prevalecer o entendimento de que os recolhimentos não estão vinculados inequivocamente ao pagamento do tributo decorrente da operação sob enfoque. Concluo, então, que deve ser mantida o lançamento quando ao ganho de capital relativo a este imóvel. Dentro do mesmo item da peça recursal, o sujeito passivo tratou do imóvel situado à Rua Emílio Whinter, 597, Taubaté/SP. Afirma que ocorreu alienação a prazo, com recebimento de R$ 230.000,00 de entrada e saldo em conta corrente junto à empresa IBR Emp. Partic. Ltda, para recebimento nos exercícios seguintes, sendo que o documento de venda inclui o imóvel situado na Rua Arthur Costa e Silva, 678, no mesmo Município, o qual representou o valor da entrada. Nessa toada, o imposto incidente sobre o crédito a receber no importe de R$ 124.545,46, será recolhido no momento do recebimento da parcela. Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 24 Afirma ainda, que relativamente a esse negócio e àquele que engloba o imóvel localizado na Rua Arthur da Costa Silva, 678, Taubaté, a DRJ firmou o entendimento de que os valores não recebidos e creditados em conta corrente da empresa compradora deveriam ser considerados disponíveis desde já, modificando indevidamente os valores apurados no GCAP, os quais devem ser restabelecidos. O cálculo do ganho de capital relativo a essa transação encontrase demonstrado nos itens 251 a 257 do TCF. Para a DRJ, não houve alienação a prazo, mas transação à vista com recebimento de parte em dinheiro e o restante em créditos junto à adquirente. Vejamos. Para mim, a DRJ deu o entendimento correto. É que, conforme narrado no TCF, o negócio não corresponde a uma verdadeira venda parcelada, mas configurouse como negócio com pagamento de entrada e a diferença em créditos junto à compradora. É isso que se infere da cláusula segunda do Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda de Imóveis (fls. 460/462): "2 DO PREÇO E DA FORMA DE PAGAMENTO 2.1 0 prego estabelecido para esta promessa de compra e venda é de R$ 650.000,00 (Seiscentos e cinqüenta mil reais), a serem pagos pela COMPRADORA ao VENDEDOR, da seguinte maneira: 2.2 Neste ato, o valor de R$ 230.000,00 (Duzentos e trinta mil reais) através de transferência bancaria, e o saldo de R$ 420.000,00 (Quatrocentos e vinte mil reais), a serem creditados em minha conta corrente junto a esta Empresa." Esse tema é tratado no Perguntas e Respostas relativo ao IRPF2007, nos seguintes termos: "543 — Como tributar a venda a prazo com cláusula pro soluto ou pro solvendo ? " Pro soluto se diz dos títulos de crédito quando dados com efeito de pagamento, como se dinheiro fossem, operando a novação do negócio que lhes deu origem. Pro solvendo , quando são recebidos em caráter condicional, sendo puramente representativos ou enunciativos da dívida, não operando novação alguma, só valendo como pagamento quando efetivamente resgatados" (Lei Soibelman, Dicionário Geral de Direito, 1974). Se houver venda de bens ou direitos a prazo, com emissão de notas promissórias desvinculadas do contrato pela cláusula pro soluto , essa operação deve ser considerada como à vista, para todos os efeitos fiscais, computandose o valor total da venda no mês da alienação. Se na venda dos bens ou direitos não houver emissão de notas promissórias ou estas forem emitidas vinculadas ao contrato pela cláusula pro solvendo , essa operação é considerada como venda em prestações, para todos os efeitos fiscais, computandose em cada mês o valor efetivamente recebido." Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 14 25 Não há dúvida que os termos contratuais tratam do valor residual como créditos não vinculados especificamente ao contrato de compra e venda, mas a serem incluídos no conta corrente do vendedor junto à empresa alienante. Nesse sentido há de se entender que ali vigorou espécie de cláusula pro soluto, o que para todos os efeitos fiscais, deve ser interpretado como compra e venda à vista. Em relação 50% do terreno situado à Rua Arthur da Costa Silva, 678, Taubaté, houve operação idêntica, inclusive tratada no mesmo instrumento contratual, por isso o defendente advoga a tese que o imposto deve ser recolhido em exercício seguinte, quando do recebimento da parcela. Pelos mesmos motivos indicados acima, também entendo que os cálculos levados à efeito pela autoridade lançadora estão em conformidade com as normas de regência, não cabendo a alteração do lançamento quanto a essa questão. l) Item 264 casa situada no bairro Urbanova em São José dos Campos/SP O recorrente afirma que ao revisar sua DIRPF do anocalendário de 2006 observou a existência de um imóvel de pequeno valor que não mais lhe pertencia e providenciou a baixa da referida casa. Esta explicação, todavia, não foi aceita pelo fisco que arbitrou o valor do imóvel com base em fórmulas matemáticas que se apoiam em índices do SINDUSCON e desconsiderou o valor de custo do imóvel lançado na declaração. Ressalta que a autoridade fiscal não se baseou em nenhum documento para comprovar a venda, mas simplesmente tratou a baixa do bem como alienação com custo de aquisição zero. Segundo o TCF, fls. 747, o fisco, ao verificar que o contribuinte informou na DIRPF do AC 2006 a alienação do referido imóvel, solicitou a documentação relativa ao negócio em questão, todavia, o contribuinte não atendeu à intimação. Em razão do não atendimento da intimação fiscal, foi efetuado o arbitramento do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital. O valor da alienação foi arbitrado tomando como base os valores da Tabela CUB fornecidas pelo SINDUSCON, conforme detalhado nos itens 269 a 272 do TCF. A autoridade lançadora adotou o custo de aquisição igual a "zero", apesar de constar na DIRPF (AC 2006) o valor de R$ 6.939,72. Entendeu o fisco que o contribuinte não comprovou por meio de documentação hábil e idônea o valor declarado. No item 274 do TCF encontrase apresentada da base de cálculo relativa a este fato gerador. Para a DRJ o valor arbitrado deve prevalecer, uma vez que o sujeito passivo não apresentou na defesa qualquer elemento que hábil a comprovar os valores de alienação e aquisição do referido imóvel. Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 26 Sou forçado a concordar com a DRJ. A falta de apresentação dos documentos relativos à alienação do imóvel sob destaque, atrai a aplicação do arbitramento, o qual é autorizado pelo CTN nos seguintes termos: " Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial." Assim, diante da inércia do sujeito passivo em apresentar os documentos comprobatórios da operação, é de se aceitar o procedimento do fisco de arbitrar os custos de aquisição e alienação do imóvel sob testilha e, não tendo o contribuinte trazido elementos que pudessem modificar tal presunção, é de se manter o lançamento. Observese ainda que a atribuição do custo de aquisição como "zero" encontra respaldo do Regulamento do Imposto de Renda consubstanciado no Decreto nº 3.000/1999 RIR/99, que assim dispõe: “Art. 129. Na ausência do valor pago, ressalvado o disposto no art. 120, o custo de aquisição dos bens ou direitos será, conforme o caso (Lei nº 7.713, de 1988, art. 16 e § 4º): (...) V o seu valor corrente, na data da aquisição; VI igual a zero, quando não possa ser determinado nos termos dos incisos anteriores.” Assim, deve prevalecer o lançamento arbitrado sobre o ganho de capital relativo ao imóvel sob questão. Multa qualificada A justificativa do fisco para aplicação da multa qualificada no patamar de 150% do imposto não recolhido foi a prática reiterada de idêntica infração à legislação tributária em dois anos calendário consecutivos, quando o contribuinte omitiu rendimentos tributáveis representados por depósitos de origem não comprovadas em suas contas bancárias. Também para a infração decorrente de omissão de ganhos de capital com alienação de imóveis foi imposta a multa qualificada, segundo o fisco pela prática reiterada de da conduta em vinte e duas competências consecutivas, onde o contribuinte efetuou o recolhimento parcial do tributo para apenas uma das operações. Para o contribuinte o fisco se valeu de norma relativa ao Regime Especial de Fiscalização, previsto na IN/SRF n.º 979/2009, que não se aplica ao presente caso. Adverte que não houve, todavia, qualquer acusação relativa à utilização de documento falso, mas a indicação de que as despesas declaradas não foram integralmente comprovadas e que houve divergência de interpretação das normas que se referem à apuração de ganhos de capital na venda de imóveis. Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 15 27 A DRJ manteve a multa exacerbada ao argumento de que a menção à norma aplicável ao Regime Especial de Fiscalização deuse apenas no sentido de caracterizar a prática reiterada de infração. Afirmase no acórdão recorrido que a imposição da penalidade qualificada está em perfeita consonância com o § 1.º do art. 44 da Lei n.º 9.430/1996. A meu ver essa acusação de prática reiterada não é suficiente para demonstrar a ocorrência do dolo, consistente na vontade consciente de praticar a conduta contrária ao ordenamento tributário. Vejamos o que diz as normas utilizadas para fundamentar a imposição da multa qualificada, a qual está inserta na Lei n.º 9.430/1996: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)" Pois bem, só cabe a aplicação da multa majorada nos casos em que o fisco consiga demonstrar a ocorrência das condutas de sonegação, fraude e/ou conluio. A mera divergência entre os valores declarados e aqueles apurados pelo fisco não é suficiente à aplicação de gravame de tamanha monta. Diante da acusação da ocorrência de sonegação e fraude, devemos nos debruçar sobre esses tipos legais constantes na Lei n.º 4.502/1964: "Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento." Observese que os tipos acima exigem que haja a comprovação de que ação/omissão sejam praticadas com dolo, que na seara tributária, consiste num comportamento Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 28 intencional de suprimir o recolhimento de tributos mediante artifícios que impeçam ou retardem o conhecimento do fato gerador pelo fisco ou, no caso da fraude, excluam/posterguem a ocorrência do fato gerador. Não consigo enxergar na espécie a demonstração inequívoca da existência de conduta dolosa consistente na declaração baseada em documentos falsos ou situação que se comprove inexistente. Concordo com o sujeito passivo quando afirma que a mera divergência entre o declarado e o apurado pela falta de documentação hábil a comprovar uma despesa não justifica a acusação do dolo. Isso por que, pelo que pude inferir dos autos, as omissões de rendimentos caracterizadas pela existência de depósitos de origem não comprovada em conta bancária em nome do autuado foram impugnadas mediante documentos e alegações que, embora não acatados pelo fisco, estão, no meu sentir, longe de poderem dar a convicção de que ali ocorreu conduta dolosa tendente a esconder do fisco o fato gerador. Por outro lado, a omissão dos ganhos de capital decorreu exclusivamente de divergência de interpretação entre o fisco e o contribuinte, não se cogitando que ali tenha havido falsidade intencional ou mesmo conduta deliberada de ludibriar o fisco. É esse entendimento que tem prevalecido nas decisões do CARF, quando se exige comprovação inequívoca da ocorrência da conduta dolosa para qualificação da multa. Trago à colação recente acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais que manifesta claramente esse linha interpretativa: "MULTA QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DE CONDUTA DOLOSA. Havendo nos autos provas contundentes da conduta dolosa do contribuinte, decorrentes do conjunto de ações irregulares que levaram a lavratura do lançamento tributário, caracterizando está o tipo Fraude previsto no art. 72 da Lei nº 4.502/64. Correta a aplicação da multa qualificada." (Acórdão nº 9202003.827 08/03/2016) Mesmo se verificando as infrações no período de dois anoscalendário, para haver a imposição da multa qualificada, há de se demonstrar que a conduta teve caráter doloso, como é o caso de declarações de rendimentos ínfimos em relação ao apurado pelo fisco. Não deve prevalecer a qualificação, todavia, quando o sujeito passivo apresenta justificativas plausíveis para a origem dos valores e para a inexistência de ganhos de capital, que deixam de ser acatadas pelo fisco em razão do entendimento da falta de força probatória dos elementos trazido pelo contribuinte. É essa a situação dos autos. Diante do exposto, entendo que a multa deve ser imposta no patamar ordinário de 75% do tributo devido. Resumo das exclusões (únicas neste lançamento) relativas à infração de omissão de rendimentos relativas a depósitos bancários Devem ser afastados da base de cálculo do lançamento os valores relacionados abaixo: Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 13864.000242/201065 Acórdão n.º 2402005.523 S2C4T2 Fl. 16 29 1) Tabela do item 69 do TCF (fls. 688/689 do processo digital); 2) Tabela do item 95 do TCF (fl. 692 do processo digital); 3) Tabela do item 113 do TCF (fls. 694/695 do processo digital); 4) Valor de R$ 21.000,00 constante da Tabela do item 131 do TCF (fl. 698 do processo digital); 5) Tabela do item 155 do TCF (fls. 702/703 do processo digital), a exceção do valor de R$ 35.000,00; 6) Tabela do item 173 do TCF (fls. 704/705 do processo digital); 7) Tabela do item 196 do TCF (fl. 708 do processo digital); 8) Tabela do item 214 do TCF, (fl. 711 do processo digital). Conclusão Voto por conhecer do recurso e darlhe provimento parcial para excluir da base de cálculo os valores identificados no voto acima e reduzir a multa de ofício para 75% do tributo não recolhido. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/10 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 16095.000396/2009-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
Ementa:
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado improcedente.
Numero da decisão: 1301-002.101
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. Ausente momentaneamente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha (Presidente), Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2005 Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado improcedente.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 16095.000396/2009-60
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5632954
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 1301-002.101
nome_arquivo_s : Decisao_16095000396200960.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
nome_arquivo_pdf_s : 16095000396200960_5632954.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. Ausente momentaneamente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha (Presidente), Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
id : 6489798
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:12 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686078984192
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1752; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 1.732 1 1.731 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16095.000396/200960 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1301002.101 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de agosto de 2016 Matéria Omissão de Receitas Recorrentes MEDCHEQUE S.A. Fazenda Nacional ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Tendo o contribuinte apresentado documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos bancários, deve o lançamento ser julgado improcedente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e DAR provimento ao recurso voluntário. Ausente momentaneamente o Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha (Presidente), Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 03 96 /2 00 9- 60 Fl. 1732DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.733 2 Cuida o presente processo de autuação fiscal decorrente de suposta omissão de receitas no anocalendário de 2005, o que culminou com a lavratura dos autos de infração (fls. 660/689) exigindo o IRPJ e, como reflexos, a CSLL, o PIS e a COFINS incidentes sobre as receitas omitidas. Além disso, foi aplicada a multa qualificada de 150% ao lançamento de ofício, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430/96, a qual se justifica pela “omissão dolosa da fiscalizada tendente a impedir total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária, do fato gerador da obrigação tributária”, conforme relatado no Termo de Verificação de Infração (fls. 647/656). Foi, também, aplicado o agravamento da multa com o acréscimo de metade da multa qualificada, nos termos do § 2°, do artigo 44, da Lei n° 9.430/96, tendo em vista que o contribuinte deixou de atender, nos prazos legais estabelecidos, intimações e reintimações da fiscalização. Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnação (fls. 763/796), a qual foi julgada parcialmente procedente pela 2° Turma da DRJ/CPS em acórdão de fls. 1009/1033, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 Omissão de Receitas. Depósito Bancário. Falta de Comprovação da Origem. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Deve ser cancelada a exigência em relação aos créditos em conta corrente que comprovadamente se referem a empréstimos e financiamentos e a transferências entre contas correntes de mesma titularidade. Quando comprovado que os valores depositados/creditados se referem a receitas da atividade, para ser afastada definitivamente a incidência tributária, deve a contribuinte comprovar, ainda, o seu regular oferecimento A tributação, na escrituração comercial e fiscal, e nas declarações apresentadas A Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Foi interposto Recurso Voluntário contra a referida decisão. Por bem sintetizar os pontos alegados pelo contribuinte, transcrevo parte da Resolução 1301000.137 proferida por este Colegiado em sessão de 09/07/2013: Intimada a contribuinte do inteiro teor do julgamento, conforme registros contidos às fls. 1012, no dia 10/05/2010, foi por ela então interposto, no dia 09/06/2010 o seu competente e respectivo Recurso Voluntário, pretendendo a reforma da r. decisão de origem –especificamente em relação à parte mantida do lançamento – desconstituindose, assim, por inteiro, a autuação efetivada. Para tanto, após uma rápida abordagem a respeito dos fatos trazidos nos autos, e, ainda – Fl. 1733DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.734 3 novamente – da explicitação do modus operandi da atuação da empresa autuada em suas atividades regulares, aborda os seguintes argumentos em suas razões recursais: a) Questão preliminar (possibilidade da juntada de novos documentos quando da interposição do presente recurso voluntário); b) Comprovação documental exauriente a respeito da origem dos valores creditados em contas de depósito ou de investimento da recorrente existentes em instituições financeiras arrolados pela r. Autoridade administrativa judicante de 1a instancia que ensejaram a exigência do "crédito tributário remanescente”; 1) Comprovação da origem dos depósitos efetivados na conta mantida junto ao Banco J. Safra — liberação de crédito oriundo de contrato de mútuo; 2) Depósitos realizados pelos "clientes" da recorrente diretamente em conta corrente operações envolvendo "BRASFEL", "COOPMIL" e "VALZÉLIO GUIMARÃES"; 3) Operações envolvendo transferências de numerários para a ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. c) Da inaplicabilidade (amparada por robusta jurisprudência administrativa) da sanção prevista no art. 24 da Lei n°. 9.249/95 em face dos creditamentos documentalmente comprovados — quanto à origem pela recorrente no tópico precedente em razão da não constatação do tipo legal estatuído no art. 42 da Lei n°. 9.430/96; 1) Da não realização/constatação/concretização — no bojo da ora lide administrativa — do "fato auxiliar"/não comprovação da origem de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira 2) Da impossibilidade da caracterização da omissão de receitas única e exclusivamente via depósitos bancários; d) Desnecessidade de reproduzir toda a linha argumentativa expressa nos tópicos "II" a "V" também para a CSLL, para o PIS e para a COFINS em razão da constatação do instituto jurídico da "tributação reflexa" Conforme apontado, juntamente com as razões recursais a contribuinte fez juntar aos autos, ainda, uma série de documentos por ela apontados, com o objetivo de promover a comprovação das alegações ali então apresentadas, destacando: I) contratos, II) extratos bancários, III) Relatório de Notas Fiscais emitidas, IV) Documentos relativos ao processo no 0024.07.3893638, decorrente da Ação Ordinária intentada pela empresa ASCARD INFORMAÇÕES E SERVIÇOS LTDA contra a empresa recorrente (inicial, laudo pericial, documentos fiscais e contábeis, dentre outros), compondo, assim, os últimos 04 (quatro) volumes dos presentes autos. Ademais, tratase de decisão sujeita a reexame por este Colegiado, na forma do art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72 e Portaria do Ministro da Fazenda nº 3/2008. Subiram aos autos a este Colegiado para fins de apreciação do recurso de ofício e do recurso voluntário interpostos. Conforme decidido na Resolução 1301000.137 (fls. 1695/1703), foi admitida a juntada dos documentos apresentados pelo contribuinte quando da Fl. 1734DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.735 4 interposição de seu Recurso Voluntário, devendo estes considerados na formulação do julgamento efetivado. Diante desse contexto, foi determinada a conversão do julgamento em diligência para que os agentes de fiscalização fazendária analisassem os documentos acostados ao recurso voluntário. Em resposta a diligência determinada, foi apresentada informação fiscal às fls. 1715/1717, que concluiu pela regularidade da comprovação da origem dos créditos, bem como pela regularidade tributária quantos aos valores de serviços relacionados. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro O recurso voluntário foi tempestivamente interposto e o recurso de ofício atende os requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles conheço. Em síntese, o presente processo trata de autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS decorrentes de omissão de receitas relativamente aos depósitos líquidos relacionados no item “IVB” do Termo de Verificação de Infração (fl. 654) para os quais o contribuinte deixou de justificar ou comprovar sua origem durante o procedimento de fiscalização e que totalizam o valor de R$ 13.070.108,20. A impugnação apresentada foi julgada parcialmente procedente, tendo a DRJ mantido como receitas omitidas o montante de R$ 4.102.488,54. As alegações de defesa foram sintetizadas pelo acórdão da DRJ (fls. 1009/1033), o qual passo a reproduzir: Inicialmente, na impugnação, passa a defesa a discorrer sobre a atividade operacional da autuada e de seu modus operandi com amparo em prova documental. Invoca o art. 3° do Estatuto Social para afirmar que a empresa tem por atividade principal "a.) a prestação de serviços na implantação, administração, intermediação e promoção de sistemas de cheques, cartões, vales, cupons (impressos ou plásticos oriundos de tecnologia exclusiva e adequada) ou outra tecnologia desenvolvida exclusivamente para esse fim, destinados a aquisição, por seus usuários, de produtos e/ou serviços em estabelecimentos credenciados, que decorram das atividades relacionadas ao objeto social de tais estabelecimentos" [destaques do original]. Acrescenta ainda que, quando da constituição, a empresa tinha por objetivo viabilizar a venda de remédios e medicamentos junto a farmácias e drogarias ("lojistas"), para os funcionários ("usuários") de determinadas empresas ("clientes"), que contratavam os serviços da Impugnante e os disponibilizavam a seus funcionários, traduzindose, basicamente, num cartão de crédito, consignado diretamente na folha de pagamento dos funcionários. Atualmente, teria sido Fl. 1735DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.736 5 ampliada a rede credenciada de estabelecimentos ("sistema") aos usuários dos cartões, com a inclusão de supermercados, postos de gasolina, dentre outros. Informa que prestaria serviço, disponibilizando o acesso ao seu "sistema", através de cartão magnético, que permite a realização de compras junto aos "lojistas". E continua: "Após, cabe à IMPUGNANTE informar aos seus CLIENTES (empresas empregadoras) as transações efetuadas pelos USUÁRIOS dos cartões (basicamente os funcionários dos CLIENTES), junto aos LOJISTAS integrantes de seu SISTEMA (supermercados, postos de gasolina, farmácias, etc.), consolidando as aquisições efetuadas, individualmente por USUÁRIO e dentro de certo período, mediante envio de um "Demonstrativo/Extrato" aos seus CLIENTES para que estes possam reembolsála". Por conseguinte, os CLIENTES efetuam o desconto individual do valor das compras realizadas por cada USUÁRIO diretamente da folha de pagamento, repassando o numerário à IMPUGNANTE, para que esta possa pagar aos LOJISTAS integrantes de seu SISTEMA pelas transações realizadas no período". Destaca que prestaria serviço aos empregadores, mediante a cobrança de taxas de gerenciamento, de emissão de cartões, anuidades, dentre outras, estabelecendo apenas com essas empresas efetiva relação jurídica, não havendo qualquer relação jurídica com os usuários dos cartões, funcionários das empresas contratantes. Esclarece serem as empregadoras que disponibilizariam os cartões aos seus funcionários (usuários) e, posteriormente, promoveriam o desconto em folha de pagamento. Afirma que todos este modus operandi estaria explicito nos contratos de prestação de serviços celebrados (cópias em anexo). Passa a demonstrar a origem dos recursos depositados nas contas correntes ou de investimentos de titularidade da Impugnante. Preliminarmente destaca que a comprovação documental seria exauriente, na medida em que envolveria todos os creditamentos listados pela fiscalização, e permitiria a plena identificação de sua origem. Elabora Tabela (em anexo — Doc. 05) para demonstrar que as operações de depósitos relacionadas pela fiscalização referirseiam a operações de diversas naturezas: (i) transferências de numerários entre contas de mesma titularidade da Impugnante — afirma haver trazido aos autos os comprovantes das operações realizadas, bem como os extratos bancários das contas de origem e destino dos recursos, e os registros contábeis; (ii) operações de liberação de crédito para atender necessidades financeiras da Impugnante — afirma haver identificado a instituição financeira concedente, os seus termos e condições, bem como os contratos representativos dos créditos tomados. Com relação aos créditos efetuados em virtude de contratos de mútuo, tais créditos teriam sido destacados na planilha anexa ao Auto de Infração sob as rubricas "Empréstimo", "OctOrdem de Crédito" e "Mútuo". Os créditos liberados referirseiam a mútuos nas modalidades simples, crédito conta garantida e mútuos denominados "Compror Bradesco" (linha de crédito rotativo especial, concedida Fl. 1736DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.737 6 pelo banco). Todos têm fundamentos em instrumentos de crédito celebrados pela Impugnante e respectivas instituições financeiras ora juntados aos autos. (iii) depósitos efetuados por clientes a fim de guitar as faturas emitidas pela Impugnante — fato comprovado pelas cópias das faturas e dos contratos de prestação de serviços celebrados em anexo. Quanto As transferências/depósitos efetuados pela ASCARD INFORMAÇÕES E SERVIÇOS LTDA., diz que em 01/04/2005, para ampliar a sua atuação no mercado mineiro, teria adquirido a totalidade da carteira de clientes da ASCARD, mediante a celebração do Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações de Contratos de Prestação de Serviços (em anexo). • Nas cláusulas contratuais estava previsto que a Impugnante procederia ao pagamento, da seguinte forma: (i) o valor equivalente a 80% do montante que seria recebido mensalmente dos clientes, em razão da cessão dos contratos; e (ii) 15% dos valores recebidos das taxas cobradas pelos serviços prestados a titulo de comissão. 0 repasse dos valores à ASCARD estava condicionado As seguintes cláusulas: (i) o efetivo pagamento pelos clientes/contratantes à Impugnante; e (ii) que não haveria pagamento mínimo mensal à ASCARD, sendo certo que em caso de rescisão ou redução do valores pagos pelos clientes, haveria automático abatimento da quantia a ser repassada A ASCARD. Havia ainda cláusulas prevendo o pagamento de adiantamentos à ASCARD e que estava autorizada a compensação entre os débitos e créditos recíprocos (entre a MEDCHEQUE e a ASCARD). Segundo a defesa, apesar da previsão contratual de que os boletos de cobrança, enviados aos clientes, seriam emitidos exclusivamente pela Impugnante, a partir de 01/04/2005, "o fato é que muitos dos clientes continuaram pagando pelo serviço prestado diretamente it ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA." E continua, explicando: "Com efeito, na prática, a transferência dos clientes não foi imediata, visto que os mesmos precisavam manifestar a sua ciência à Cessão realizada, nos exatos termos do item 3.1.1. Assim sendo, no período de abril a setembro de 2005, para auxiliar o período de transição da cartela de clientes entre as partes, foi iniciado um sistema chamado 'conta corrente' entre a IMPUGNANTE e a empresa ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS, através do qual, ao final de cada período, verificase o reflexo do que exatamente ocorreu em termos de transferências entre as partes (Anexo 6.0 da TABELA ANEXA — DOC N° 05). Durante este período de transição a conta corrente (Anexo 6.0 da TABELA ANEXA — DOC N° 05) mantida entre a Impugnante e a ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. auxiliava no controle dos pagamentos previstos no contrato e, também, dos repasses de numerários necessários ao pagamento adequado dos LOJISTAS do SISTEMA e dos recebimentos dos CLIENTES, em virtude de alguns CLIENTES permanecerem a efetuar pagamentos diretamente à ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. A partir de outubro de 2005 a ASCARD INFORMAÇÕES & SERVIÇOS LTDA. já não fazia as cobranças dos contratos cedidos, ficando a cargo exclusivo da Impugnante tal incumbência. Nesta época, as questões práticas decorrentes da transferência dos clientes já estavam se finalizando, o que resta devidamente Fl. 1737DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.738 7 caracterizado pela ausência de destaque pela fiscalização de quaisquer operações desta natureza neste período". Deste modo, entende a defesa comprovada a origem dos depósitos efetuados pela empresa ASCARD, que simplesmente repassava os valores devidos Impugnante, num determinado período de transição, por continuar recebendo os pagamentos dos Clientes, cedidos nos termos do Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações de Contratos de Prestação de Serviços (em anexo), celebrado em 01/04/2005. Diante da comprovação documental dos creditamentos efetuados nas contas correntes da Impugnante, inaplicável a presunção legal de omissão de receitas prevista no art. 42 da Li n° 9.430, de 1996. Assevera que como não teria se realizado/constatado/concretizado o fato auxiliar, qual sej a, a não comprovação da origem dos recursos depositados, comprometida estaria a configuração do fato probando, qual seja, a omissão de receitas, impondose o cancelamento do crédito tributário. Transcreve jurisprudência administrativa. Acrescenta ainda a impossibilidade de caracterização da omissão de receitas única e exclusivamente com base em depósitos bancários. No entendimento da Impugnante, além da ausência de comprovação da origem dos valores creditados nas contas correntes, deveria ainda o Fisco comprovar a efetiva existência de renda consumida, através de sinais exteriores de riqueza. Transcreve doutrina e jurisprudência. Assinala ainda a necessidade de afastar a imputação de omissão de receitas em relação as transferências entre contas correntes de titularidade da Impugnante, conforme as expressas disposições do art; 42, §3°, inciso I da Lei n° 9.430, de 1996. Transcreve jurisprudência. Contesta a aplicação da multa qualificada e agravada de 225%, com base em jurisprudência administrativa. Questiona especificamente a exigência da multa qualificada de 150%, dada a ausência de especificação do ilícito, descrito na Lei no 4.502, de 1964, e que teria sido cometido pela Impugnante. Transcreve jurisprudência. Ademais, para demonstrar o posicionamento consolidado na jurisprudência administrativa, referese A. Súmula n° 14, do 1° Conselho de Contribuintes, segundo a qual a simples apuração de omissão de receitas, por si só, não autoriza a qualifica cão da multa de oficio, sendo necessária a comprova cão do evidente intuito defraude. No que toca ao agravamento da penalidade, redundando na exigência da multa de 225%, protesta contra a sua aplicação, na medida em que somente seria aplicável quando o sujeito passivo — não obstante intimado — deixa de apresentar os esclarecimentos requeridos pelo Fisco no prazo consignado. Segundo a defesa, a própria autoridade fiscal fez constar do termo de verificação fiscal que: (i) a Impugnante teria respondido a dez dos onze termos de intimação e reintimação emitidos; (ii) cinco das dez respostas apresentadas pela Impugnante teriam ocorrido dentro do prazo fixado; e (iii) das cinco respostas apresentadas fora do prazo, em três delas o prazo concedido teria sido de apenas cinco dias. Transcreve jurisprudência. Fl. 1738DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.739 8 Afirma que as mesmas razões de defesa se aplicam aos tributos exigidos como reflexos (CSLL, PIS e Cofins), em função da apuração dos mesmos fatos e dos mesmos elementos de prova. Transcreve jurisprudência. Requer o cancelamento das autuações. Passo, primeiramente, a analisar os pontos da autuação que foram cancelados pela DRJ. Os depósitos líquidos em contas bancárias com origem não comprovada, e que foram considerados como receitas omitidas pela fiscalização, encontramse relacionados nas planilhas de fls. 657/659. Ao analisar os documentos que foram acostados pelo contribuinte em sua impugnação, a DRJ entendeu que parte dos depósitos tiveram suas origens devidamente comprovadas, conforme se observa dos trechos da decisão abaixo transcritos: Primeiramente, cumpre destacar que a prova do ilícito são os extratos bancários das contas correntes de titularidade da empresa, mantidas em diversas instituições financeiras, e que as informações ali contidas, relativamente ao "histórico das operações", até prova em contrário, devem ser tomadas como informações prestadas por terceiros desinteressados na relação jurídica tributária aqui em questão, a envolver o Fisco Federal e o contribuinte. Partindo desse pressuposto, o valor consignado na conta corrente em 23/02/2005, como "Ordem de Crédito" efetuada pelo Bradesco, no valor de R$ 171.104,66, deve ser recebido como decorrente da "Cédula de Crédito Bancário — Conta Garantida Dias úteis” n° 1218119, de fls. 876/879, datada de 25/01/2005, mediante a qual a instituição financeira teria colocado à disposição da empresa o crédito rotativo de R$ 1.000.000,00, destinado a constituir reforço ou provisão de fundos na conta corrente, a titulo de abertura de crédito bancário. Observese que tal valor é o primeiro lançamento efetuado na conta corrente em 23/02/2005, justamente para suprir os fundos necessários aos pagamentos efetuados até o dia anterior.[A1] Quanto ao crédito efetuado na conta corrente em 21/03/2005, no valor de R$ 807.556,54, sob a rubrica "Lane. Operações Créditos", a empresa trouxe aos autos o Contrato Particular de Abertura de Crédito — COMPROR BRADESCO de 21/03/2005 (fls. 880), justamente no valor de R$ 807.556,54, no qual consta a seguinte cláusula: "OBS.: 0 PRODUTO DO FINANCIAMENTO CONCEDIDO DESTINASE AO PAGAMENTO DA COMPRA DE BENS E SERVIÇOS FORNECIDOS, OBJETO DA(S) NOTA(S) FISCAL(IS) (VIDE LISTA ANEXA) E DUPLICATA(S) (VIDE LISTA ANEXA), DEVENDO SER EFETUADO A CRÉDITO DO FORNECEDOR, NA CONTA CORRENTE N° (VIDE LISTA ANEXA), MANTIDA JUNTO AO BANCO (VIDE LISTA ANEXA), AGÊNCIA (VIDE LISTA ANEXA)". As fls. 881 foi também juntado o extrato da mesma conta corrente, na qual se verifica que no mesmo dia 21/03/2005, posteriormente ao crédito, foi efetuado um débito no mesmo valor de R$ 807.556,54, sob a rubrica "Pagamento a Fornecedor", pelo que se considera comprovada que a origem do recurso é o contrato de abertura de crédito apresentado. Fl. 1739DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.740 9 Com relação ao crédito efetuado na conta corrente em 11/04/2005, no valor de R$ 878.493,33, sob a rubrica "OctOrdem de Crédito", também é apresentado o Contrato Particular de Abertura de Crédito — COMPROR BRADESCO de 11/04/2005 (fls. 885), no valor de R$ 900.000,00. Mais a frente, no extrato da mesma conta corrente, verificase um lançamento a débito, no valor de R$ 816.927,20, no dia 12/04/2005, com o histórico "Pagamento a Fornecedor", pelo que também se considera comprovada a origem do recurso.[A2] No que se refere ao crédito na conta corrente em 12/05/2005 no valor de R$ 770.000,00, o histórico "Estorno de Lançamento", já daria margem a se presumir que não se trataria de receita nova auferida pela empresa. De qualquer forma, na impugnação, a contribuinte trouxe aos autos o Contrato Particular de Abertura de Crédito — COMPROR BRADESCO de 11/05/2005 (fls. 915), no valor de R$ 770.000,00. Mais a frente, no extrato da mesma conta corrente, verificase lançamentos a débito, nos valores de R$ 523.286,47, R$ 116.168,13 e R$ 84.179,87, nos dias 12, 13 e 16/05/2005, respectivamente, com o histórico "Pagamento a Fornecedor", totalizando R$ 723.634,47, pelo que também se considera comprovada a origem do recurso.[A3] Pelos próprios históricos das operações, consignados nos extratos, os créditos efetuados na conta corrente n° 1.2009, mantida no Bradesco de R$ 5.000,00 (23/03/2005), R$ 60.000,00 (18/04/2005) e R$ 44.000,00 (21/07/2005), sob a rubrica "TEDTransf Elet Dispon Remet Medcheque S.A.", já demonstrava se tratar de transferências entre contas correntes de mesma titularidade. Agora na defesa, a contribuinte ainda traz aos autos os extratos das contas correntes debitadas, impondose o cancelamento das exigências.[A4] Em relação ao crédito na conta corrente n° 1.2009, mantida no Bradesco no valor de R$ 700.000,00, em 13/06/2005, a contribuinte trouxe aos autos o extrato da conta corrente n° 1013130, mantida no J. Safra — cujas cópias já haviam sido fornecidas fiscalização (fls. 213/222), na qual se verifica a existência de um débito coincidente em mesma data e valor, pelo que pode se admitir a alegação de transferência entre contas de mesma titularidade.[A5] (...) Quanto aos créditos efetuados na conta corrente n° 1013122, mantida no Banco J. Safra, em 20/07/2005 e 26/09/2005, nos valores de R$ 3.000.000,00 e R$ 500.000,00, respectivamente, sob a rubrica "Cred Lib de Giro", admitese como prova da origem os extratos das operações de mútuo, de fls. 911 e 913, celebrados em 20/07/2005 e 26/09/2005, exatamente nos mesmos valores creditados.[A6] As "Cédulas de Crédito Bancário — Modalidade: Mútuo — Simples", de fls. 938/943 e 953/958, emitidas em 21/09/2005 e 28/11/2005, para respaldar os contratos de mútuo entre o Banco Industrial e Comercial S.A. — BIC Banco e a Medcheque, nos valores de R$ 1.000.000,00 e R$ 300.000,00, respectivamente, são provas suficientes da origem dos recursos depositados na conta corrente n° 141001750, mantida na Agência 007 do mesmo banco, em 22/09/2005 e 28/11/2005, com o histórico "Lib. Mútuo", nos valores de R$ 995.715,49 e R$ 298.698,25, respectivamente.[A7] Da mesma forma, a Cédula de Crédito Bancário — Conta Garantida (fls. 959/964), emitida pelo Bradesco, em 25/04/2005, no valor de R$ 1.000.000,00, como valor destinado a constituir de reforço ou provisão de fundos na conta corrente, a titulo de abertura de crédito bancário, e prova suficiente da origem do Fl. 1740DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.741 10 recurso creditado em 20/05/2005, sob a rubrica "Liberação de Capital de Giro", no valor de R$ 649.506,90.[A8] Anotese, por fim, a duplicidade de incidência sobre o crédito efetuada na conta corrente do Bradesco, em 11/10/2005, a titulo de "TEDT Ele Disp Rem Ascard Inf Serv", no valor de R$ 5.085,59.[A9] Compulsandose os autos, verifico que as conclusões exaradas pela DRJ e acima transcritas procedem, de modo que os depósitos citados encontram respaldo na documentação apresentada pelo contribuinte em sua impugnação. Superada a análise do recurso de ofício, passo a decidir sobre os pontos da autuação que foram julgados procedentes pela DRJ e que, portanto, foram objeto do recurso voluntário protocolado pelo contribuinte. Pois bem. A imputação da omissão de receitas por falta de comprovação da origem ou de tributação das receitas auferidas remanesceu para os seguintes casos: Fl. 1741DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.742 11 O contribuinte apresentou, em sede de recurso voluntário, diversos documentos destinados à comprovar a origem destas receitas ou a ausência de necessidade de tributação destes valores (fls. 1065/ ). Em observância ao princípio da verdade material no processo administrativo, este Colegiado decidiu, mediante Resolução n° 1301000.137 (fls. 1695/1703), acolher as provas juntadas nessa fase processual e determinou a realização de diligência para análise dos documentos juntados. O serviço de fiscalização da DRF em Guarulhos conclui que a origem dos depósitos acima discriminados foi devidamente comprovada pelo contribuinte e que as demais receitas não decorrem da atividade do contribuinte, mas sim de meros repasses, não estando submetidos à tributação. Fl. 1742DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.743 12 Passo a transcrever as conclusões exaradas pela autoridade fiscalizadora: Fl. 1743DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.744 13 No que tange aos mútuos celebrados com o Banco J. Safra, também entendo que os contratos de mútuo apresentados às fls. 1106 a 1129 comprovam a origem dos referidos depósitos bancários. Por sua vez, em relação aos depósitos efetuados pelas empresas “Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Policiais Militares e Servidores da Secretaria dos Negócios da Segurança Pública do Estado de São Paulo – COOPMIL”, “Brasfel S/A” e “Valzélio Guimarães – ME”, os documentos às fls. 1130 a 1164 demonstram que as transferências tratam, de fato, de mero reembolso de das compras realizadas pelos usuários dos cartões de crédito do contribuinte. Dessa forma, considerandose a natureza da atividade empresarial exercida pelo Recorrente, temse que somente as taxas relacionadas à prestação de serviços de gerenciamento de informações devem ser ofertadas à tributação, sendo as demais receitas recebidas consideradas como receitas de terceiros, isto é, dos lojistas que venderam suas mercadorias e receberam o pagamento por um dos cartões do contribuinte. Observase, inclusive, que nos contratos celebrados pela empresa, ela se compromete a quitar as transações efetuadas pelos funcionários de seus clientes, mediante repasse de valores aos estabelecimentos credenciados. Apurado pelo agente fiscal os valores das taxas e sua efetiva tributação, deve a autuação ser cancelada neste ponto. Quanto aos TEDs remetidos pela ASCARD, de fato, o contribuinte apresentou como base documental para os valores recebidos no período de abril de 2005 a outubro de 2005, o Instrumento Particular de Cessão de Direitos e Obrigações de Contratos de Prestação de Serviços constante às fls. 1396 a 1406. Nos termos da Cláusula 3.3.1, até a concretização de todos os clientes da ASCARD para a Recorrente, ficaria a ASCARD responsável pela emissão dos documentos de cobrança, porém tais valores seriam, posteriormente, repassados ao contribuinte para pagamento aos lojistas. Ademais, a própria ASCARD confirmou que prestou suporte ao contribuinte no período de 1º de abril de 2005 a 31 de outubro de 2005 para fins de transferência de sua carteira de clientes, nos termos da petição de fls. 1363 a 1372. Importante frisar que, sendo improcedente a autuação, resta prejudicada a análise da qualificação e agravamento da multa de ofício aplicada, a qual, em função do julgamento do principal, deve ser cancelada. Portanto, tendo a própria autoridade autuante verificado a improcedência da autuação, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento, cancelandose a autuação fiscal em apreço. Em relação ao recurso de ofício, dele tomo conhecimento e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Fl. 1744DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO Processo nº 16095.000396/200960 Acórdão n.º 1301002.101 S1C3T1 Fl. 1.745 14 Fl. 1745DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 10/09/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por MARCOS PAULO LEME BRIS OLA CASEIRO
score : 1.0
Numero do processo: 10280.722255/2009-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
REFRATÁRIOS E ASSEMELHADOS. PRODUÇÃO DE ALUMINIO. PIS E COFINS
Os elementos refratários usado no processo de produção de aluminio dão direito a crédito, não necessitando que atendam aos critérios advindos da legislação do IPI.
SERVIÇOS MOVIMENTAÇÃO, MANUTENÇÃO E TRATAMENTO. INSUMOS AO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ALUMINIO. POSSIBILIDADE DE CRÉDITO. PIS E COFINS.
Processamento de borras e de RGC (tratamento dos resíduos), nos gastos com manutenção e reparo dos elementos refratários, das cubas, dos fornos, das esteiras e correias e dos anodos, nos gastos com beneficiamento de banho e fundição e nos gastos com transportes de resíduos, de banho/ borra e alumínio recuperado são serviços insumo no processo de produção, como prevê a legislação, dando direito a crédito.
Numero da decisão: 3401-003.262
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a advogada Edna Maria Oliveira Cardoso, OAB DF n.º 32.155.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice Presidente).
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 REFRATÁRIOS E ASSEMELHADOS. PRODUÇÃO DE ALUMINIO. PIS E COFINS Os elementos refratários usado no processo de produção de aluminio dão direito a crédito, não necessitando que atendam aos critérios advindos da legislação do IPI. SERVIÇOS MOVIMENTAÇÃO, MANUTENÇÃO E TRATAMENTO. INSUMOS AO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ALUMINIO. POSSIBILIDADE DE CRÉDITO. PIS E COFINS. Processamento de borras e de RGC (tratamento dos resíduos), nos gastos com manutenção e reparo dos elementos refratários, das cubas, dos fornos, das esteiras e correias e dos anodos, nos gastos com beneficiamento de banho e fundição e nos gastos com transportes de resíduos, de banho/ borra e alumínio recuperado são serviços insumo no processo de produção, como prevê a legislação, dando direito a crédito.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10280.722255/2009-28
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5651036
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 3401-003.262
nome_arquivo_s : Decisao_10280722255200928.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10280722255200928_5651036.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a advogada Edna Maria Oliveira Cardoso, OAB DF n.º 32.155. Robson José Bayerl - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
id : 6549139
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686109392896
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1592; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.722255/200928 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401003.262 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de setembro de 2016 Matéria PIS Recorrente ALBRAS ALUMINIO BRASILEIRO SA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 REFRATÁRIOS E ASSEMELHADOS. PRODUÇÃO DE ALUMINIO. PIS E COFINS Os elementos refratários usado no processo de produção de aluminio dão direito a crédito, não necessitando que atendam aos critérios advindos da legislação do IPI. SERVIÇOS MOVIMENTAÇÃO, MANUTENÇÃO E TRATAMENTO. INSUMOS AO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ALUMINIO. POSSIBILIDADE DE CRÉDITO. PIS E COFINS. Processamento de borras e de RGC (tratamento dos resíduos), nos gastos com manutenção e reparo dos elementos refratários, das cubas, dos fornos, das esteiras e correias e dos anodos, nos gastos com beneficiamento de banho e fundição e nos gastos com transportes de resíduos, de banho/ borra e alumínio recuperado são serviços insumo no processo de produção, como prevê a legislação, dando direito a crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a advogada Edna Maria Oliveira Cardoso, OAB DF n.º 32.155. Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 22 55 /2 00 9- 28 Fl. 851DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice Presidente). Relatório Trata este processo de pedido de ressarcimento de PIS que, após diligência para verificar o direito creditório, resultou em despacho decisório proferiu pela autoridade de jurisdição que indeferiu totalmente o pedido da contribuinte e não homologou as compensações requeridas vinculadas. Foram as seguintes as razões para a glosa dos créditos e/ou indeferimento do pedido, segundo resumo do relator da decisão de 1ºpiso, que transcrevo por sua objetividade: a) No que se refere aos créditos provenientes de bens utilizados como insumos, houve glosa de IPI recuperável, referente às entradas no mercado interno, incluído indevidamente na base de cálculo como parte integrante do valor de aquisição dos bens; b Foram glosados os valores descritos como itens Refratários, os quais são utilizados como material refratário de bens integrantes do ativo imobilizado, não caracterizados como gastos de manutenção do diaadia, uma vez que a reposição se dá a intervalos superiores a um ano. Também valores referentes à Manutenção de Cubas, semelhante à situação dos refratários, foram glosados.Tratamse de dispêndios relevantes e recuperáveis por meio das operações normais da empresa, pertinentes a serviços contratados de terceiros para a manutenção de cubas integrantes de bens do ativo imobilizado, não caracterizados como gasto de manutenção do diaadia, uma vez que tais serviços, conjuntamente com a substituição dos refratários, são efetivados a intervalos superiores a um ano. c) No que concerne à análise dos créditos decorrentes de despesas financeiras e empréstimos e financiamentos obtidos junto a pessoas jurídicas, houve enquadramento no conceito de receitas financeiras das variações monetárias ativas. Foram, pois, incluídos valores lançados a crédito (receitas financeiras) de contas de despesa financeira identificadas nas contas dos grupos 3401, 3402, 3406. d) As operações de hedge/opções identificadas nas contas do grupo 4303, bem como as transações controladas nas contas de receita do grupo 4304, a empresa aproveitou indevidamente no DACON os lançamentos a débitos de tais contas. e) No que concerne aos lançamentos da conta de despesa 330101 (IPI s/ venda de alumínio primário), os quais foram subtraídos das Receitas de Vendas no Mercado Interno, o contribuinte informou que utilizou na base de cálculo do PIS o valor contábil, excluindo o IPI recuperável. Portanto, foram indevidamente deduzidos os valores de IPI das Receitas de Venda no Mercado Interno, pois a memória de cálculo das contas 4102 e 4103 já reflete os valores das vendas excluído o IPI recuperável, sendo tal procedimento revertido no DACON elaborado pela fiscalização. f) Por último, a contribuinte cometeu erros nos DACONs transmitidos, ao não informar/informar incorretamente valores objeto de compensação em DCOMP, referente a alguns meses do AC 2004, gerando saldo de créditos indevidos de um mês para os seguintes, havendose procedido à retificação cabível. Também cometeu erro no DACON do 4° Trimestre de 2004 ao informar incorretamente os valores de R$ 775.195,81 (mercado interno) e R$_18.604.699,54 (mercado externo) referentes a encargos de depreciação na apuração dos créditos para o Fl. 852DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 3 3 PIS (FICHA 04 / LINHA 09), quando os valores corretos são de R$ 2.003,18 (mercado interno) e R$ 48.076,30 (mercado externo), conforme planilha entregue pelo próprio contribuinte (em anexo) e o preenchimento do DACON transmitido pelo contribuinte à SRFB (em anexo) em relação à encargos de depreciação na apuração dos créditos para a COFINS (FICHA 06 / LINHA 09). Tais circunstâncias foram retificadas nos DACON's elaborados pela fiscalização (em anexo) g) O Crédito Presumido de IPI enquadrase como receita para fins de incidência das contribuições PIS. Destarte, foi acrescido ao cálculo da contribuição ao PIS o valor do credito/presumido de IPI. Em sua manifestação de inconformidade a contribuinte traz as seguintes alegações, segundo resumo elaborado pelo Acórdão recorrido que transcrevo: a) "Razão não assiste à Nobre Fiscalização pelo que pelas razões expendidas a seguir há que ser desconstituído o crédito suplementar pretendido, senão, preliminarmente reconhecida sua nulidade ante a violação do devido processo legal e normas procedimentais peculiares à constituição de glosas sobre insumos contabilizados na quantificação do créditopresumido de IPI, usado em analogia ao crédito de PIS/PASEP nãocumulativo, e benefícios congêneres'"; b) "Com base na Planilha Demonstrativa de Créditos formulada pela própria fiscalização referente ao processo em discussão, constatase divergência entre o valor glosado de R$1.252.547,26 (hum milhão, duzentos e cinqüenta e dois mil, quinhentos e quarenta e sete reais e vinte e seis centavos) e o valor constante na Planilha de R$ 321.295,94 (trezentos e vinte e um mil, duzentos e noventa e cinco reais e noventa e quatro centavos), razão pela qual pugna a contribuinte, preliminarmente, pela RETIFICAÇÃO DO DESP/ch DECISÓRIO SEFIS/DRF/BEL N° 386/2012. POIS DIVERGE DOS PRÓPRIOS CÁLCULOS FORMULADOS PELA I. FISCALIZAÇÃO, sob pena de incorrer a mesma em CERCEAMENTO DE DEFESA." c) Quanto ao IPI recuperável referente a aquisições no mercado interno manifestase a requerente da seguinte forma: "a contribuinte ratifica o entendimento já apresentado de que o mesmo enquadrarseia como receita para fins de incidência das contribuições de PIS e COFINS, tal crédito representaria entrada de benefício econômico recebido/a receber, com aumento do patrimônio líquido e a contrapartida de tal beneficio (ativo), para que não transitasse em contas de resultado (receita), dependeria de expressa previsão legal."; d) "...conforme a decisão do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, acima transcrita, a ALBRAS está desobrigada a recolher a contribuição do PIS/PASEP com a ampliação da base de cálculo da Lei n° 9.718 de 1998. Cumpre destacar inclusive que esta própria delegacia da Receita Federal, em cumprimento à decisão judicial acima, vem anulando Autos de Infração, como o presente, onde se questiona pretendida tributação das "receitas financeiras" geradas por variações cambiais em face de PIS/PASEP, conforme se observa na decisão proferida no PAF n° 10208.006.163/2002.21 (documento em anexo)."; Fl. 853DF CARF MF 4 e) "Nada obstante ao que está explicado acima que já é causa suficiente para anular a presente autuação, por mero exercício da faculdade de argumentação, a requerente vem argumentar o seguinte:" e.l) "Face à majoração das alíquotas tanto da COFINS, quanto do PIS/Pasep, a própria legislação permitiu aos contribuintes a fruição de um sistema de desconto de créditos pertinentes a determinadas despesas e custos da sociedade empresária. Exatamente em meio a essas despesas e custos que geram os créditos, dedutíveis da base apuratória, no vertente caso, do PIS/Pasep, estão os desembolsos da requerente com bens e serviços utilizados como insumos em seu processo produtivo, energia elétrica, aluguéis, bens do ativo imobilizado e afins, inclusive as despesas financeiras e aplicações financeiras. Desta forma, inviável é a tributação de receitas financeiras, mesmo em face a Lei 10.637, a qual foi indevidamente realizada pela I. fiscalização. O próprio Conselho de Contribuintes não admite de há muito que Contribuições Sociais que oneram o faturamento, como é o caso da Contribuição a COFINS, recaiam sobre "receitas" de aplicação financeira, exatamente porque não estão compreendidas no conceito de faturamento. Mesmo antes da aludida decisão do Supremo Tribunal Federal, o Conselho de Contribuintes somente admitia a repercussão das variações cambiais sobre a base apuratória das contribuições sociais, quando houvesse efeito direto no produto da venda:" Cita decisões; e.2) "É cristalino o impacto direto das decisões do STF sobre o lançamento suplementar ora objurgado, uma vez que com a decisão do Supremo, retirase o subsídio fundamental do mesmo a base de cálculo do PIS/PASEP de sorte que jamais poderia a postulante ter sido autuada com fundamento em uma base de cálculo inconstitucional receita bruta, como receitas financeiras."; e.3) "Por derradeiro, quanto à tributação dos ganhos de variação cambial nos empréstim s contraídos no exterior, há inúmeros precedentes também do STJ no sentido de que há isenção em face da COFINS e PIS PASEP, senão determinando que apenas a variação final apurada quando da liquidação da operação de empréstimo é que pode ser efetivamente tributada, entendimento este abaixo transcrito'". Cita decisões e.4) "As contribuições para o PIS/PASEP, inclusive sob a égide do regime da incidência nãocumulativa, tal como se trata no vertente caso, mantémse com a base apuratória, consoante a emenda Constitucional 20/1998, correspondente à totalidade das receitas amealhadas pela sociedade empresária malgrado o enquadramento contábil que lhe seja atribuído pela mesma. É o que consagra, aliás os arts. 1°, §§1° e 2° d a Lei 10.637, de 2002."; e.5) "A questão central, portanto, para a análise do Despacho Decisório presentemente impugnado é a possibilidade ao lume do ordenamento vigente, de que os valores dos serviços e produtos adquiridos pela postulante para aplicação/consumo direto em seu processo produtivo da alumina, são ou não repetíveis via créditos sobre as bases de cálculo do mesmo PIS/PASEP. Ponto fundamental, portanto, em razão das glosas perpetradas pelo I. Fiscal, é o da definição e amplitude conceitual dispensadas aos insumos que gerariam o crédito das Contribuições ao PIS/PASEP nãocumulativo, e que seriam os bens e serviços que seriam utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, abrangendo mas não se restringindo ao universo das matérias primas, produtos intermediários, material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em Fl. 854DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 4 5 fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto destinado à venda."; e.6) "O fato é que a D. autoridade fazendária, glosara serviços inegavelmente empregados como insumos porque diretamente aplicados ao processo produtivo, particularmente o de transporte e manutenção de material refratário. Ora, com toda a necessidade de que o insumo material refratário seja empregado de modo direto, na geração do alumínio final que será objeto de exportação, não se vê como possamos acatar a glosa dos serviços de transporte do item em voga, como, igualmente nos termos da legislação vigente, insumo de aplicação direta, que, portanto, não pode ser recusado enquanto serviço creditável. e.7) A instrução normativa SRF n° 457/2004 veiculo a facultatividade do cálculo do crédito insculpido na aludida lei ordinária, observada a periodicidade de 4 (quatro) anos, ou seja 1/48 meses sobre o valor da aquisição do bem destinado ao ativo imobilizado da pessoa jurídica . É ver o art. 1° da aludida IN, incisos I e II, §§ 1 ° e 2°. Ocorre que a lei 11.196/2005, o Decreto 5789/2006, e o Decreto 5988/2006 , previram que sociedades empresárias, beneficiárias de incentivos da SUDAM poderiam optar por uma periodicidade diferenciada, de 1/12 (um e doze avos) para os equipamentos descritos no Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para empresas Exportadoras RECAP. A Lei 11196, de 21 de novembro de 2005, que institui o Regime Especial de Tributação para a Plataforma de Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação REPES, o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras RECAP e o Programa de Inclusão Digital; dispõe sobre incentivos fiscais para a inovação tecnológica, prevê em seus art. 13 e 14. O decreto 5789/2006, que dispõe sobre os bens amparados pelo Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras RECAP, na forma do art. 16 da Lei n 11.196, de 21 de novembro de 2005, preceitua, [sic] A querela reside, pois, no fato de que a I. fiscalização, injustificadamente, glosou não menos que a totalidade dos créditos gerados sobre maquinas e equipamentos adquiridos e incorporados ao ativo imobilizado da requerente, sob o suposto fundamento de que a mesma não teria observado as exigências constantes da Lei 11.196/2005, ou seja, não teria considerado na periodicidade legal diferencial de apuração do crédito sobre ativo imobilizado, apenas as máquinas e equipamentos adquiridos sob o regime incentivado do RECAP, utilizandose ao revés da periodicidade excepcional dos 1/12 (um e doze avos) sobre a totalidade das máquinas e equipamentos adquiridos no período auditado. O fato, contudo, que, data venia, desmantela a pretensão esposada pela I. Autoridade Fazendária, é que a postulante, por uma questão de tempo real de depreciação das máquinas e equipamentos aplicados em seu processo de industrialização, não se apropria de tais crédito automaticamente, de modo que pelas especificidades da impugnante, evidente que a conduta apontada no Despacho Decisorio seria, como é impraticável. Ante tal quadro, o mínimo que se poderia aceitar para a pretensa manutenção das glosas, seria a demonstração por parte da N. Fiscalização de que a requerente, efetivamente, se apropriou de créditos sobre máquinas e equipamentos adquiridos fora do regime diferenciado do RECAP, s em observar a periodicidade permitida pela lei e pela IN aplicáveis. Logo não há como se vislumbrar infringência da requerente à Lei 11488/2007, que criara o Regime Especial de Incentivos par a o Desenvolvimento da InfraEstrutura REIDI; reduzindo para 24 (vinte e quatro) meses o prazo mínimo para utilização dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep decorrentes da aquisição de edificações; ampliando o prazo p a r a pagamento de impostos e contribuições, em seus arts. 6o e estipulando o termo inicial de vigência em seu art. 4 1. Fl. 855DF CARF MF 6 e.8) "Aduzse do Relatório de Diligência Fiscal, que os valores de aquisição dos produtos compostos de materiais refratários, tal e qual os desembolsos com o transporte dos mesmos também haveriam de ser glosados, em vista inclusive do que dispõem normas complementares ao ordenamento garantidor da não cumulatividade sobre as exações sociais, consoante a interpretação pelos mesmos dispensada. De plano, cabe destacar que a razão primordial da glosa perpetrada pelo N. Fiscal fora a de que considerou que o refratário somente geraria direito ao crédito nãocumulativo de PIS/PASEP caso tivesse sido enquadrado pela requerente como Ativo Imobilizado, onde o tempo legal de apropriação é de 1/12. Sucede que a requerente optou por qualificar o "material refratário" como insumo, e a rigor, segundo a legislação regente da não cumulatividade para o PIS, não há diversidade de tratamento de vez gue seja considerando como insumo seja considerando como ativo imobilizado, o refratário, gera direito ao crédito não cumulativo. Outrossim, a conclusão da Fiscalização de que à vista das normas internas os materiais refratários se perdem sem se incorporarem ao produto final, sendo uma decorrência natural do processo de industrialização, não conduz à exclusão do direito de crédito não cumulativo de PIS/COFINS relativo aos valores de aquisição dos mesmos. Muito pelo contrário, as razões apontadas endossam a inclusão do material refratário e dos dispêndios com o seu traslado, no rol de despesas reembolsáveis via créditos de PIS/COFINS nãocumulativa, até pela natureza estrita do refratário que é de aplicação peculiar à indústria siderúrgica, petroquímica e do alumínio. Tijolos refratários isolantes são aplicados diretamente às atmosferas de redução, aos vapore s alcalinos, ciclos de temperaturas e o resultante esforço mecânico que existe nos fornos de cozimento de carbono, de sorte que é de clareza palmar o desgaste e contato físico destes materiais com o alumínio fabricado e comercializado. Demais disso, há que se enfatizar que a legislação de modo algum, confere equivalência entre o desgaste e a não integração ao processo de industrialização do produto final respectivo. Examinandose o arquétipo legal bem se vê que não pelo fato de sofrer desgaste que o produto deixa de ser qualificado como insumo integrante do processo de industrialização do produto final, principalmente quando, como no caso dos materiais refratários, é ele essencial e de aplicação direta ao processo, como é a exigência infraconstitucional." Em face de tais alegações, requer que: 1) que seja anulada a glosa em razão da decisão transitada em julgado, proferida pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região no Processo Judicial 1999.39.00.003461.5. Em caráter argumentativo: 2) preliminarmente, que seja RETIFICADO o montante glosado no despacho decisório SEFIS/DRF/BEL N° 387/2012 de R$ 546.622,32 (quinhentos e quarenta e seis reais, seiscentos e vinte e dois reais e trinta e dois centavos) pois que INCOMPATÍVEL com o valor de R$ 383.010,18 (trezentos e oitenta e três mil, dez reais e dezoito centavos) constante na Planilha DACON, com posterior ciência à contribuinte. Em caráter argumentativo: 3) sejam acolhidas as razões constantes da presente Manifestação de Inconformidade por este Ilustre Órgão, para o fim de desconstituir as glosas Fl. 856DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 5 7 objeto do Despacho Decisório constante no Processo n° 10280.722.777/201144, homologadas no DESPACHO DECISÓRIO SEFIS/DRJ/BEL N° 387/2012 no valor de R$ 546.622,32 (quinhentos e quarenta e seis reais, seiscentos e vinte e dois reais e trinta e dois centavos) e o aproveitamento dos créditos lançados nos pedidos de compensação do 4o trimestre de 2004a advindos da não cumulatividade da COFINS, sob pena de violação frontal art. 195, §12, da Constituição Federal, ao § 1o do art. 6o , da Lei N° 10.833/2003, art. 100 da Lei 5.172/1966 (CTN), arts. 13 e 14, da Lei 11.196/2005, art. Ldo Decreto 5789/2006, arts. 1o,, 2° e 3° do Decreto 5988/2006, art. 6o e 41 da Lei 11.488/2007, art. 8o , inciso I, alínea b e § 4°, Inc. II, alíneas a e b, da IN/SRF n° 404, de 12 de março de 2004, art. 1o incisos I e II, §§1° e 2o da IN/SRF 457/2004, ao lado da farta Doutrina e Jurisprudência colacionadas ao longo da presente, sendo esta pois a medida de pleno Direito. Os respeitáveis Julgadores da 3ª turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém não acolheram a preliminar, por meio da qual a contribuinte solicitava a retificação do despacho decisório sob pena de incorrer em cerceamento de defesa. eles concluíram que não havia a divergência suscitada pela contribuinte. Além disso, declararam como não impugnadas pelo fato de que a contribuinte não contestou as seguintes matérias da decisão fiscal: (i) glosa do IPI recuperável relativo às entradas no mercado interno, incluído no valor de aquisição dos bens; ; (ii) inclusão na base de cálculo do PIS/Pasep os valores de crédito presumido do IPI, por se enquadrarem como receita; (iii) inclusão na base de cálculo respectiva o valor do IPI incidente na venda de alumínio primário, os quais foram (novamente) subtraídos das Receitas de Vendas no Mercado Interno, embora o contribuinte já houvesse efetuado anteriormente tais exclusões (memória de cálculo das contas 4102 e 4103); e (iv) erros identificados nos DACONs transmitidos, os quais não informaram ou informaram incorretamente valores objeto de compensação em DCOMP para alguns meses do AC 2004, gerando saldo de créditos indevidos de um mês para os seguintes. Eles ainda entenderam que a decisão judicial invocada pela contribuinte para definir como inconstitucional a inclusão de receitas financeiras na base de cálculo das contribuições não poderia ser considerada nos autos por que a contribuinte não trouxera certidão de pé ou cópia das decisões judiciais, e os processos administrativos informados não constam da base de dados da Receita Federal ou do COMPROT. As matérias, então, que comporiam o contraditório seriam: (v) glosas dos valores referentes a Refratários e à Manutenção de Cubas, por corresponderem a bens do ativo imobilizado; (vi) inclusão dos valores lançados a crédito (receitas financeiras) de contas de despesa financeira identificadas nas contas dos grupos 3401, 3402 e 3406; (vii) inclusão na base de cálculo respectiva as operações de hedge/opções (contas 4303), bem como as transações controladas nas contas de receita do grupo 4304 Os Julgadores a quo consideraram improcedente a manifestação de inconformidade, adotaram as razões das glosas fiscais e do despacho decisório, e decidiram pelo não reconhecimento do direito creditório submetido ao contraditório. O Acórdão n.º 01 25872, proferido em 29/01/2013, ficou assim ementado: Fl. 857DF CARF MF 8 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improfícuos os julgados judiciais e administrativos trazidos pelo sujeito passivo, por lhes falecer eficácia normativa, na forma do artigo 100, II, do Código Tributário Nacional. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE VALIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos normativos. A legislação regularmente editada goza de presunção de constitucionalidade e de legalidade. PIS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. Na sistemática não cumulativa, o PIS incide sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, nelas incluídas as receitas operacionais e não operacionais, inclusive receitas financeiras, uma vez que inexiste dispositivo legal que possibilite suas exclusões da base de cálculo respectiva. PIS. CRÉDITOS. INSUMOS. No cálculo do PIS não cumulativo somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços. PROVAS. INFORMAÇÕES PRESTADAS PELO CONTRIBUINTE. Inatacável o procedimento fiscal baseado em informações prestadas pelo próprio contribuinte no decorrer da auditoria. Ineficaz a contestação de tais informações, na impugnação, sem a reunião e apresentação de um conjunto probatório capaz de infirmar os dados originais. Manifestação de inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte ingressou com recurso voluntário, por meio do qual repisou os argumentos anteriormente apresentados. O processo chegou a este Tribunal Administrativo e na sessão de 26 de fevereiro de 2015 este Colegiado converteu o julgamento em diligência para o atendimento da seguinte demanda: Tecidas estas considerações se faz indispensável analisar o conteúdo do objeto social da Recorrente para se verificar se os insumos aqui discutidos são considerados indispensáveis para a formação do produto final. Outro ponto a observar no caso em comento é o entendimento já esposado em julgamento anterior da mesma empresa, (Processo n. 10280.722246/200937, 4a Câmara da 2a Turma Ordinária) onde se decidiu que a Autoridade Fiscal e a Delegacia de Julgamento partiram da premissa de que, para serem considerados insumos, os itens devem ser aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação do bem, tendo sido glosado tudo aquilo que não se submeteram a tal regra. Deste modo, aproveito tal julgado, o qual será reproduzido abaixo, para requerer análise conclusiva por parte da unidade de origem sobre as características de Fl. 858DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 6 9 cada um dos "insumos" glosados e o seu entendimento sobre a relação com o processo produtivo da Recorrente, especialmente após a análise do recurso voluntário ora apresentado e dos objetivos da empresa mencionados em seu contrato social. Vejamos a decisão mencionada: "..Ao meu sentir, o conceito utilizado de insumo utilizado pelo Legislador na apuração de créditos a serem descontados da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa.. Por isso, entendo que em todo processo administrativo que envolver créditos referentes a não cumulatividade do PIS ou da Cofins, deve ser analisado cada item relacionado como "insumos" e o seu envolvimento no processo produtivo, para então definir a possibilidade de aproveitamento do crédito. Retornando aos autos, para uma decisão justa e precisa, necessito que a Unidade de Origem emita um parecer conclusivo acerca da relação de inerência entre os dispêndios realizados a título de transporte e coprocessamento de rejeito gasto de cubas RGC, de beneficiamento de banho eletrolítico, de processamento de borra de alumínio e refratários e o transporte de rejeitos industriais, e a realização da produção industrial do recorrente em face da eventual inexistência desses gastos. Necessito, outrossim, que sejam identificas as máquinas, os equipamentos e as edificações do parque industrial do recorrente e seus os respectivos custos. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência à contribuinte, abrindolhe O prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito. Após todos os procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. É como voto. Sala das Sessões, em 27/11/2007. GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO. " Ante o exposto, voto por converter o presente julgamento em diligência para que seja descrita a função, forma de utilização dos produtos, análise conclusiva sobre as características e relação dos insumos com o processo produtivo, forma de desgaste do produto no processo produtivo. Após a emissão de relatório circunstanciado pela SRF e manifestação do contribuinte em 30 dias para que se manifeste sobre o relatório. Angela Sartori Relator Em atendimento à solicitação do CARF, a autoridade fiscal e a de administração prestaram as seguintes informações: Em atendimento ao relato da eminente conselheira da 4a Câmara 1a Turma Ordinária do CARF, Angela Sartori, fl. 241 do presente processo, que em seu voto pede o retorno do mesmo a sua origem para realização de diligência no sentido de relatar conclusivamente o que segue: (i) Descrever a função, forma de utilização dos produtos, análise conclusiva sobre as características e relação dos insumos com o processo produtivo; (ii) Forma de desgaste do produto no processo produtivo. 2. DA DILIGÊNCIA Fl. 859DF CARF MF 10 2.1 No que tange ao item (i) entendemos que o mesmo está prejudicado, visto que os bens objeto da glosa não dão direito ao crédito do PIS e da COFINS pelo fato de não serem aplicados diretamente no processo produtivo, tampouco consumido na produção dos produtos destinados a venda. 2.2, No que concerne ao item(ü), (forma de desgaste do produto no processo produtivo). Os produtos objeto de glosas foram: refratários e manutenção de cubas, tais produtos tem prazo de vida útil superior a um ano. Logo não podem ser considerados como insumos. Destaquese que os dispêndios com materiais refratários destinados à manutenção de fornos industriais estão excluídos do direito ao crédito presumido, é o que se infere da letra do Parecer Normativo CST n° 260/71 (D.O.U) de 06/05/71. Apesar de intimada, a contribuinte não se manifestou tempestivamente a respeito do resultado desta diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Tempestivo o recurso e atendidos mos demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós um contraditório que discute, basicamente, as glosas dos dispêndios com aquisição (a) de bens considerados insumos pela contribuinte, (b) da inclusão na base de cálculo das contribuições das receitas financeiras, das variações cambiais positivas de empréstimos obtidos no exterior e das receitas de operações de hedge. 1ª parte: sobre as glosas A contribuinte rebate o conceito de insumo adotado pela autoridade fiscal e pelos julgadores de 1º piso. A meu ver, há a necessidade de apreciarmos esta matéria como pressuposto e fundamento das glosas. Por essa razão, antes de adentrarmos ao mérito propriamente dito, passo a expor a este Colegiado, com a máxima brevidade, o entendimento a que pude chegar as este respeito. Considerações preliminares para o conceito de insumo ao caso O sentido de não cumulatividade para o PIS e para a COFINS e a lógica básica para sua apuração Fl. 860DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 7 11 A Constituição Federal, em seu artigo 195, estabeleceu contribuições incidentes sobre as receitas ou faturamento do empregador, da empresa ou de entidade equiparada na forma da lei, cuja arrecadação desse tributo se constituiria em recursos a serem destinados a financiar a seguridade social. Ela, em seu § 12, atribuiu ao legislador ordinário a competência para a criação e o disciplinamento do regime de não cumulatividade dessas contribuições. A Constituição Federal cria a incidência desses tributos sobre a receita ou a faturamento. Mas, são as Leis n.º 10.637, de 2002, e n.º 10.833, de 2003 que trazem elementos para definir as hipóteses de incidência e as de exclusão ou isenção. Além disso, essas leis, regulam o PIS e a COFINS e pretendem vir ao encontro daquela previsão constitucional de um regime de não cumulatividade. Nesse sentido, elas trazem as regras para a determinação do valor devido dessas contribuições, e, para tanto, prevêem que o cálculo considere a redução por créditos apurados para fatores que concorreram para a obtenção dessa receita ou faturamento. A regra da não cumulatividade estatuída pelo inciso II, § 3º do artigo 153 da CF/1988 para o IPI não corresponde ao regime de não cumulatividade previsto pelo § 12 do artigo 195 da mesma CF. E mesmo as regras das Leis acima citadas, que se apresentam como sob o manto desse regime de não cumulatividade, não correspondem à lógica e regime previsto para o IPI. Mas o uso da mesma expressão pareceme pode causar confusão para os iniciantes da matéria. Por isso propugno seja o regime de não cumulatividade do PIS e da COFINS considerado um regime próprio e distinto daquele reservado ao IPI. Para disciplinar o creditamento, que abate o valor devido, essas leis informam e disciplinam o creditamento para, por dedução ou abatimento, se determinar o valor devido dessas contribuições. O creditamento assim estabelecido pretende atender ao regime de não cumulatividade previsto na Constituição Federal e criado através das Leis aqui citadas. E, até o momento, este é um ponto central em minha compreensão a respeito dessa matéria: 1. a materialidade desse tributo está na receita tributável; 2. a materialidade da não cumulatividade está na relação de dependência da receita tributável para com a ocorrência do fator previsto em lei qual seja, corresponda à uma das hipóteses dos §§ e incisos do artigo 3º da Lei em tela; 3. logo, o direito de creditamento está reservado para os fatores em que esteja demonstrado ser ele necessário para a geração da receita tributável. Apesar de mal traçadas, essas breves considerações representam, a meu ver, a lógica da não cumulatividade do PIS e da COFINS expressa na leitura conjugada dos artigos dessas Leis. Não faz sentido que se possa gerar creditamento a partir da ocorrência de fatores que não tenham relação de causação ou de concorrência para com a geração da receita a ser tributada. Contradiz essa lógica ler os incisos e §§ do artigo 3º desconectados dos demais artigos da mesma Lei, principalmente os artigos 1º e 2º. Pressupostos para interpretar e identificar os insumos para o creditamento do PIS e da COFINS: Fl. 861DF CARF MF 12 Além dessas considerações gerais, ainda preciso me aproximar de outro aspecto central da matéria: a referência a insumo constante nessas leis. Grande controvérsia se instalou a respeito desse creditamento, especialmente quanto ao inciso II, que traz o seguinte texto: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Principalmente os debates se centram na definição de insumos para efeito dessa regra. Os estudiosos sintetizam relatando a existência de três correntes de interpretação e decisão: 1. a primeira que se utiliza dos conceitos e definições proporcionadas pela legislação do IPI, e constantes nas Instruções Normativas da Receita Federal que tratam do PIS e da COFINS, e circunscrevem insumos a matérias primas, produtos intermediário e material de embalagem; 2. a segunda que se utiliza dos conceitos e definições proporcionadas pela legislação do Imposto de Renda, e identificam e separam os custos e despesas das operações e os custos e despesas não operacionais; insumos seriam toda e qualquer custo ou despesa operacional da pessoa jurídica; 3. a terceira que entende que o PIS e a COFINS deve se pautar por conceitos e definições próprias, que acaba por se afastar da visão estreita da primeira e, também, da visão alargada da segunda. As duas primeiras perspectivas, (1º) para se tratar insumos no PIS e na COFINS a partir da legislação do IPI, malgrado ser a esposada pela Receita Federal em suas normativas, e (2ª) a que se alinha com a legislação do Imposto de Renda, vêm sendo questionadas recorrentemente. Decisões proferidas nas altas cortes administrativas vêm assentando o entendimento da 3ª perspectiva, de que o PIS e a COFINS demandam critérios próprios. Dentre essa decisões destaco o bem fundamentado voto do Ilmo Conselheiro Henrique Pinheiro Torres na Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão n.º 930301.035: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de Pis/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Julio César Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/2003 61, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Fl. 862DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 8 13 Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de Pis/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do Pis/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrario, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...] As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de Pis/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional.. Por causa dessas considerações que entendo: (a) não se poder limitar o creditamento aos conceitos e critério advindos da legislação do IPI. Os insumos não se limitam às matérias primas, aos produtos intermediários e aos materiais de embalagem, e não se limitam à avaliação pela aplicação do critério de consumo/desgaste físico. Essa limitação não encontra sustentação no que dispôs a Constituição Federal e as Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sobre a matéria; (b) não se pode acriticamente transpor para o creditamento do PIS e da COFINS os conceitos e regras da legislação do Imposto de Renda, pois, além de serem de materialidades distintas, essa legislação não se destina a tratar a hipótese de incidência do tributo contemplando a unidade de análise representada pela relação "insumo processoproduto/serviço destinados a venda", como é o caso do PIS e da COFINS. A meu ver, essas duas leis informam que dão direito a crédito os bens e serviços, utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção de bens ou serviços Fl. 863DF CARF MF 14 destinados a venda. Quando designam insumos, tenho como certo que se referem a fatores de produção, os fatores necessários para que os serviços possam estar em condições de serem prestados ou para que os bens e produtos possam ser obtidos em condições de serem destinados a venda. E quando afirmam que são os utilizados na prestação de serviços e na produção, depreendo que: são os utilizados na ação de prestar serviços ou na ação de produzir ou na ação de fabricar. Para se decidir que um bem ou serviço possa gerar crédito com relação a determinada receita tributada, há que se perquirir em que medida esse bem ou serviço é fator necessário para a prestação do serviço ou para o processo de produção do produto ou bem destinado a venda, e geradores, em última instância, da receita tributada. A meu sentir, não é o caso de restringir a que o bem ou serviço tenha sido utilizado como insumo do próprio produto a ser vendido ou do próprio serviço; ou que ele seja adstrito pelo principio do contato físico, ou do desgaste ou transformação. Embora o serviço prestado ou o produto vendido seja o alfa da obtenção da receita a ser tributada, a lei indica que o bem ou o serviço utilizado como insumo alcança a atividade de prestação do serviço ou a atividade de produção, direta ou indiretamente quanto ao produto vendido. Essa visão conjuga o "processo" e o "produto/serviço resultante do processo". Mas esses processos devem estar inequivocamente ligados ao serviço prestado ou ligados ao produto vendido. Para se justificar o creditamento, não basta demonstrar que os bens e serviços concorreram para o processo de produção, ou de fabricação, ou de prestação do serviço, mas é necessário em adição demonstrar para qual produto ou serviço aqueles fatores de produção ou insumos concorreram. Concluídas essas considerações introdutórias, sintome em condições de propor passar à análise das questões de mérito. Da glosa dos bens utilizados como insumos A recorrente é uma empresa industrial que apresenta como sua finalidade e atividade de empreendimento a produção de alumínio e de bens primários dele compostos, e a venda desses produtos. Da análise do exposto acima, considero "insumos", para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins nãocumulativos, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País, aplicados ou consumidos no processo de produção do qual resultam, principalmente, bens destinados ao comércio, ou para serem usadas em novo processo de transformação, ou para serem usados nos processos de prestação de serviços, ou para serem usados no processo de revenda, observados os limites e as condições dadas pela lei. Também entendo que o termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tãosomente, como aqueles bens e serviços que, adquiridos de pessoa jurídica, efetivamente sejam aplicados ou consumidos nesses processos. E, ainda, em se tratando de aquisição de bens, como regra geral, estes não poderão estar incluídos no ativo imobilizado da empresa. Entretanto, esta regra geral não é aplicada quando se verifica que os bens serão consumidos em função do processo produtivo ou da sucessão de ciclos produtivos em um tempo excepcionalmente menor quando comparado com o tempo normal de vida útil e de depreciação dos bens imobilizados. Nessa situação, resolvida caso a caso, em face a diversidade de possibilidades de tipos de processos produtivos, poderá ser justificável que, ao invés da forma de apropriação da depreciação Fl. 864DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 9 15 (acelerada ou não) dos bens ativados para fins de apuração de crédito, se adote o próprio dispêndio com a aquisição dos bens, considerandoos como insumos ao processo de produção (ex.: instrumentos de medição de temperatura que são consumidos em um ou poucos mais ciclos de produção). Mas os dispositivos legais que estabelecem o PIS e a COFINS não invocaram a legislação do IPI ou do IRPJ para subsidiar a determinação do direito de creditamento. Por todas essas considerações feitas, proponho que não deve prevalecer a motivação da autoridade fiscal quando ela aplica apenas os conceitos da legislação do IPI para justificar as glosas. Nesse sentido, as possibilidades para se caracterizar insumos não se limitam a: · quando se tratar de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, bens esses que efetivamente compõem ou se agregam ao bem final da etapa de industrialização; · quando se tratar de outros bens quaisquer, os quais não se agregam ao bem final, desde que sofram alterações, como desgaste, dano ou perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em industrialização. · aos bens obtidos por processo industrial. No caso em discussão neste processo, há que se identificar que despesas e custos se referem aos fatores que se ligam comprovadamente ao processo de produção, de prestação de serviços e de revenda. As informações presentes neste processo, a meu ver, permitem que formemos convicção a esse respeito. Créditos tomados sobre aquisição de bens e serviços considerados sem amparo legal pela autoridade fiscal: A autoridade fiscal identificou que a contribuinte tomou créditos sobre aquisição de bens e serviços sem amparo na legislação. Em suas palavras: Foram glosados os valores descritos como itens Refratários, os quais são utilizados como material refratário de bens integrantes do ativo imobilizado, não caracterizados como gastos de manutenção do diaadia, uma vez que a reposição se dá a intervalos superiores a um ano. Também valores referentes à Manutenção de Cubas, semelhante à situação dos refratários, foram glosados.Tratamse de dispêndios relevantes e recuperáveis por meio das operações normais da empresa, pertinentes a serviços contratados de terceiros para a manutenção de cubas integrantes de bens do ativo imobilizado, não caracterizados como gasto de manutenção do diaadia, uma vez que tais serviços, conjuntamente com a substituição dos refratários, são efetivados a intervalos superiores a um ano. Os julgadores de 1º piso adotaram o mesmo entendimento da autoridade fiscal e esclareceram sua posição com os seguintes argumentos: Fl. 865DF CARF MF 16 Alega a interessada que houve glosa indevida de créditos nãocumulativos referentes a Refratários e à Manutenção de Cubas, e que a legislação de modo algum, confere equivalência entre o desgaste e a não integração ao processo de industrialização do produto final respectivo, e que não é pelo fato de sofrer desgaste que o produto deixa de ser qualificado como insumo integrante do processo de industrialização do produto final, principalmente quando, como no caso dos materiais refratários, é ele essencial e de aplicação direta ao processo, como é a exigência infraconstitucional. No cálculo não cumulativo, somente podem ser descontados créditos relativos às operações listadas no art. 3° da Lei n° 10.637, de 2002, para o PIS/Pasep, sendo que, quanto a insumos, o conceito destes vinculase a que os bens ou serviços sejam aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços. A simples leitura do Parecer Normativo CST n° 65/1979 contradita a equivocada interpretação de que, desde que não façam parte do ativo permanente, todos os insumos consumidos na industrialização poderiam ser considerados matériasprimas e produtos intermediários com fins de gerar o respectivo direito ao crédito. Não é essa a correta exegese do Parecer, pois, de forma oposta, no universo de insumos consumidos ou utilizados na produção, certo é que nem todos exibirão a natureza de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem. Assim, geram direito ao crédito, além das matériasprimas, produtos intermediários "strictosensu" e material de embalagem que se integram ao produto final, quaisquer outros bens desde que não contabilizados pela contribuinte em seu ativo permanente que se consumam por decorrência de um contato direto, ou melhor dizendo, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação ou, viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, alterações ntais como desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, ficando excluídos os produtos: (a) que não se integrem nem sejam consumidos na operação de industrialização; (b) incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização; (c) empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos. Em síntese, o termo "insumo", possui conceito jurídico, e não contábil ou econômico. No que diz respeito às glosas procedidas pela unidade de origem, constatase as mesmas referemse a refratários e serviço de manutenção destes. Ora, como já se afirmou, para fins de apuração da PIS devida pelo regime não cumulativo, a pessoa jurídica poderá descontar somente os créditos calculados sobre os valores de insumos, assim entendidos os bens ou serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços, não correspondendo a este conceito serviços de terceiros que não foram aplicados diretamente na produção. Também não se podem considerar insumos serviços de manutenção em refratários, notadamente porque sequer os bens em referência encontramse circunscritos ao conceito de insumo. Nesse mesmo sentido, o Parecer Normativo n° 181/1974, dispõe em seu item 13: Fl. 866DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 10 17 "13 Por outro lado, ressalvados os casos de incentivos expressamente previstos em lei, não geram direito ao crédito do imposto os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização, bem como os produtos empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos, inclusive lubrificantes e combustíveis necessários ao seu acionamento. Entre outros, são produtos dessa natureza: limas, rebolos, lâmina de serra, mandris, brocas, tijolos refratários usados em fornos de fusão de metais, tintas e lubrificantes empregados na manutenção de máquinas e equipamentos etc."(grifouse) Notese que também o Parecer Normativo CST n° 260/71 (D.O.U. de 06/05/71), cuja ementa segue transcrita, prescreve de forma expressa que produtos compostos por materiais refratários, destinados à manutenção de fornos industriais, estão excluídos do direito ao crédito presumido: "Substâncias refratárias adquiridas por usinas siderúrgicas e destinadas à construção ou reparo (manutenção) dos fornos e demais instalações. Não constituindo matéria prima ou produto intermediário, estão excluídas do direito ao crédito previsto no inciso I, art 30, do RIPI (Decreto n° 61.524/67)" (grifouse) Desta feita, verificase que o despacho decisório recorrido não merece reparo. Vimos, no relatório deste voto, os argumento da contribuinte, por que ela defende a correção do seu procedimento e a legitimidade dos créditos peticionados, razão por que não os repito aqui. Após a apresentação desses argumentos aos senhores Conselheiros, creio que reunimos condições para analisar e decidir cada um dos itens desse contraditório. Sobre os refratários e assemelhados. O processo traz informações que nos permitem visualizar o processo e a estruturação da produção da contribuinte, as unidades da seqüência de produção, as etapas do processo e a inserção de alguns dos bens identificados nas glosas. A autoridade fiscal indica no termo da autuação as glosas relacionadas a bens desse tipo refratário e considerados insumos pela contribuinte. Nesse tipo provavelmente há gastos com aquisição de: tijolos refratários, fitas de sintagem, ferro gusa, barras em aço carbono, ferro fósforo, granalha em aço carbono, pasta de socagem, argamassa refratária, barilha em pó e feltro agulhado. Tendo em conta as informações a respeito desse processo de produção de alumínio e de domínio público nas enciclopédias e obras técnicas, pareceme evidente a natureza eletroquímica do processo de produção do alumínio, na etapa de redução. Considero relevante se ter em mente essa natureza ao se analisar processos de produção. Isso fica mais claro quando comparamos entre tipos. Por exemplo, o processo de montagem de veículos automotores (predominantemente acoplamento de partes), ou o processo de confecção de Fl. 867DF CARF MF 18 vestuários, ou o processo de produção de tecidos. Nenhum desses pode ser caracterizado como eletro químico. Na identificação dos elementos que compõe o processo, em sua estruturação e dinâmica, há os insumos, os equipamentos, os instrumentos de controle, produtos intermediários, resíduos, partes, etc. Quando comparados entre si, é possível que haja diferenças nas hipóteses de classificação e de ocorrência desses elementos em cada tipo de processo de produção. Com esta aproximação, pretendo justificar que se tenha em mente as peculiaridades de cada caso para se concluir sobre a procedência ou não da visão defendida pelas partes da lide. Não me delongando mais e indo direto ao caso, não há discordância de que esses produtos refratários compõe a atividade nuclear da etapa de redução no processo de produção do alumínio. A sua função nesta etapa direciona e potencializa os efeitos térmicos e eletro químicos, e que implicam em severo desgaste. A princípio, o esforço de analisar esse tipo de produto pode ser restringir a tentar enquadrálo em uma ou na outra categoria, como se elas fossem excludentes: ou ele é insumo, ou ele é ativo imobilizado. Mas, a meu ver, as características funcionais desse tipo no processo de produção desafia a lógica de classificação simples e dicotômica. De um lado, o seu tempo de vida aponta que ele deveria ser ativado como parte do imobilizado, mas, paradoxalmente e por outro ângulo, sua função nos permite perceber que eles não se confundem com equipamentos e máquinas, nem se confundem com insumos tais como a bauxita usados no processo de produção para serem transformados em ou comporem o produto final. Por isso, até o momento, tenho que eles se constituem em produtos mediadores do processo de produção, um tipo que pode ser considerado hibrido entre o insumo e o bem ativado, indispensável ao processo e nele consumido, não para constituir o produto final, mas para viabilizar diretamente a sua obtenção. Vejamos que esses bens efetivamente integram o processo de produção. Segundo pude depreender, nem a autoridade fiscal disso discorda. Ela não aceitou que fossem considerado insumos, mas não se posicionou contrária quanto serem eles aproveitados por meio da depreciação após sua incorporação ao ativo. De qualquer forma, seja como insumo, seja como bem tratado como ativo imobilizado, para um bem assim integrante do processo de produção o direito de crédito é previsto na Lei, mudando apenas a forma de aproveitálo. A interpretação da lei que disciplina a matéria deve ser vista integradamente, considerando os vários dispositivos e a sua finalidade. É o que identifico nos princípios estabelecidos pela Lei .9.784, de 1999, especialmente os da razoabilidade, da economicidade e da responsabilidade por decidir da autoridade administrativa. A materialidade de que tais bens refratários, mediadores no processo de produção, e neles consumidos severamente, distanciaos dos outros tipos de máquinas e equipamentos usados, são justificativas para que se supere a formalidade da classificação como insumos, e se chegue a reconhecer o direito ao crédito, nos termos do inciso III do § 1º c/c o § 4º, ambos do artigo 3º da Lei da contribuição social em comento . Por isso, considerando os princípios que regem os atos da administração pública, é que proponho a este colegiado seja dado provimento ao recurso voluntário quanto a estes itens, para atender sua argumentação de que a glosa seja superada e que o direito ao crédito seja aceito e se dê na forma de apuração como ativo imobilizado com depreciação acelerada. Fl. 868DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 11 19 Há uma glosa irmã desta que se refere aos serviços de transporte desses refratários e das cubas onde estão esses refratários, bem como aos serviços de manutenção. Esses serviços se dão dentro do escopo de um processo de produção. Sua finalidade é alocar o material e as cubas entre as unidades de redução e as unidades de manutenção. Por isso, entendo que esses transportes e as manutenções desses tipos de bens são serviços necessários ao processo de produção, e proponho ao colegiado que os gastos respectivos possam dar direito a crédito nos termos definidos no inciso II do artigo 3º da Lei da contribuição social em análise. Sobre a inclusão na base de tributação de receitas financeiras, variação cambial ativa e receitas de operações de hedge: A recorrente argumenta que é indevida a inclusão na base de tributação do PIS e da COFINS das receitas financeiras, das variações cambiais ativas e das receitas advindas de operações de hedge, e que ela conflita com a decisão proferida pelo STF que considerou inconstitucional o disposto no § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998, que pretendeu alargar o conceito de receita para fins da incidência dessas contribuições sociais. Cita jurisprudência e decisões e doutrinadores. Que essas receitas não se confundem com faturamento ou com receitas operacionais, significados mais consoante o admitido pela decisão do Supremo, com efeitos erga omnes. Além disso, no caso das variações cambiais, a contribuinte sublinha que haveria uma contradição ao se exigir a inclusão das variações cambiais ativas na base de tributação, como se receitas fossem, mas, por outro lado, o fisco não admitindo que se pudesse usar também as variações cambiais passivas para abater na apuração do devido e dos créditos. Analisemos primeiramente a alegação de que a decretação judicial de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718, de 1998, beneficia a contribuinte nesta matéria. A meu ver a razão não a socorre, pois este parágrafo foi revogado em 2009. Estamos a tratar de receitas auferidas em 2004 analisadas pela autoridade fiscal em 2009, e que não adota como fundamento aquele parágrafo, nem o sentido que ele propunha ao ordenamento jurídico. A decisão do Supremo não alcançou o artigo 9º da Lei 9.718, de 1998. Recuperemos como a autoridade fiscal caracterizou o fato, no termo e informação fiscal: Com efeito, a partir do AC 1999, as variações monetárias ativas e passivas recebem o tratamento de receitas e despesas financeiras, respectivamente, e a partir do AC 2000, as variações monetárias serão consideradas na base de cálculo do PIS e da COFINS quando da liquidação da operação (regime de caixa), ou, opcionalmente, pelo regime de competência. A empresa sob diligência optou por tributar as variações monetárias pelo regime de competência (mensal) e, sob esta circunstância, descontou créditos de despesas financeiras referentes a empréstimos /financiamentos obtidos de pessoas jurídicas domiciliadas o País. Nos meses em que houve inversão de posição financeira da moeda nacional (valorização) em relação à moeda estrangeira, efetuou lançamentos a crédito da respectiva conta (p.ex., 340604 / VC NACC), por entender estar diante de situação Fl. 869DF CARF MF 20 que caracterizaria redução de despesa financeira. Mesmo procedimento foi adotado em relação às variações monetárias sujeitas a índices ou coeficientes Afièx., 340608 / VM BNDES). 7 Tal procedimento contábil não teve maiores reflexos no cálculo das contribuições devidas, pois, o saldo credor das contas de despesas financeiras (código 34) que a empresa utilizou como base para o cálculo dos créditos foram oferecidos à tributação no DACON, sob o título "Ajustes Negativos de Créditos" [PIS (FICHA 04 / LINHA 27) / COFINS (FICHA 06 LINHA 27)]. Por outro lado, afastada a hipótese de retificação de lançamento, cabe ressaltar que redução de despesa financeira é receita financeira, haja vista que as variações monetárias somente podem ser. ativas ou passivas. Adotado por opção o regime de competência, ou seja, renunciandose à regra geral (caixa), a partir da contabilização do direito de crédito/obrigação do contribuinte em função da taxa de câmbio ou de índice ou coeficiente, apurase mensalmente ganho ou perda, considerados por expressa disposição legal receita ou despesa financeira, respectivamente, sendo àquela tributável, por estar abrangida no conceito de faturamento, base de cálculo da contribuição para o PIS e COFINS, conforme definição da Lei n° 10.637/02 e da Lei n° 10.833/03, verbis: ... Nesse diapasão, as receitas financeiras decorrentes de operações realizadas com pessoas jurídicas domiciliadas no exterior são tributáveis, sendo que as despesas financeiras não dão direito a créditos [Lei n° 10.637/02, art. 1 o , art. 3o , V (redação original) e § 3o , II, c/c a Lei n° 10.833/03, art. 1 o , art. 3o , V (redação original) e § 3o , II]. Tal sistemática vigorou até o advento do Decreto n° 5.164/04, o qual reduziu a zero a alíquota incidente sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime nãocumulativo da referida contribuição, com vigência para os fatos geradores a partir de 02/08/2004, exclusive quanto às operações de Hedge e Juros sobre o Capital Próprio. Sob este aspecto, o contribuinte deixou de incluir no DACON valores lançados a crédito (receitas financeiras) de contas de despesa financeira identificadas nas contas dos grupos 3401, 3402 e 3406 . Os valores apurados e acrescidos ao cálculo das contribuições constam da planilha em anexo, extraídos com base nos balancetes mensais disponibilizados pela empresa (em anexo). 5 Quanto às operações de "Hedge/Opções" identificadas sob as contas de receita do grupo 4303, bem como, as transações controladas nas contas de receita do grupo 4304, a empresa aproveitou indevidamente no DACON [PIS (FICHA 05 / LINHAS 09 e 24) / COFINS (FICHA 07 / LINHAS 09 E 24)] os lançamentos a débito de tais contas. Ainda que corretamente não tenham sido considerados para fins de descontar créditos, por representarem despesas financeiras de contratos celebrados com pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, conforme resposta do contribuinte ao Termo de Intimação e Solicitação de Esclarecimentos (em anexo), foram subtraídos das receitas financeiras, em afronta ao permissivo legal referente às deduções na base de cálculo das contribuições, admitidas de forma exaustiva, a teor do art. 1 o , § 3o , da Lei n° 10.637/02, e art. 1 o , § 3o , da Lei n) 10.833/OB, verbis: A meu ver, não há reparos a fazer no entendimento da autoridade fiscal, nem no dos Julgadores de 1º piso. As leis que estabelecem e disciplinam essas contribuições sociais são precisas ao informarem que a incidência se dá sobre a totalidade das receitas auferidas, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Nessa definição devem ser incluídas as receitas advindas de operações de hedge, as variações cambiais e as receitas de operações financeiras. Como bem demonstrou a decisão de 1º piso, esse significado é confirmado quando se lê o Decreto n.º 5.442/2005 que, a partir de 2005, reduziu a zero as Fl. 870DF CARF MF Processo nº 10280.722255/200928 Acórdão n.º 3401003.262 S3C4T1 Fl. 12 21 alíquotas do PIS e da COFINS sobre receitas financeiras, excepcionando as receitas financeiras advindas de hedge. Por isso, proponho a este Colegiado não seja dado provimento ao recurso voluntário neste item a partir dessas argumentações. Sobre o erro no despacho decisório A contribuinte repisa que há incompatibilidade entre o valor cobrado no despacho decisório e o valor calculado na planilha demonstrativa da autoridade fiscal, o primeiro indeferindo R$ 1.252.547,26 e a segunda totalizando R$ 321.295,94. Entendo que não há s suposta incompatibilidade, ou incongruência. Recordemos que o Pedido de Ressarcimento (PER) originário apresentado pela contribuinte afirmava possuir um saldo credor de R$ 1.252.547,26, saldo esse obtido após a dedução dos valores descontados nos próprios meses e após os valores aproveitados em compensações (DCOMPS). A autoridade administrativa concluiu que não existe esse saldo credor. De fato, após os descontos nos próprios meses, o saldo disponível é insuficiente para atender integralmente as compensações (DCOMPS) vinculadas a esse PER (pedido de ressarcimento). A diferença desses débitos não compensados pela falta de saldo credo somou R$ 321.295,94. Quer dizer que as Declarações de Compensação não poderiam serem homologadas integralmente. E mais, quer dizer que, após esses descontos e compensações, nada restaria para servir de ressarcimento ao final para a contribuinte. Portanto, está correto que o despacho decisório indefira o valor total do pedido de ressarcimento, pois nenhum valor ficou disponível para esse fim. Sendo assim, proponho a este Colegiado não da provimento a esta alegação do recurso voluntário. Sobre a decisão judicial transitada em julgado, invocada pela contribuinte, em ação em que é a autora: A recorrente alega a nulidade da glosa em razão da decisão transitada em julgado proferida pelo Eg TRF 1ª no processo 1999.39.00.0034615 da inexistência de recolhimento a menor da contribuição no 4º trimestre de 2004 da impossibilidade que se proceda à tributação de receitas financeiras, ainda que advindas de operações de hedge, aplicações financeiras, empréstimos. Ocorre que a contribuinte informa que há essa decisão, mas não traz aos autos administrativos qualquer documento ou ato que reproduza o teor do decidido, ou mesmo cópia da sua petição. Agindo dessa forma, a contribuinte deixa de demonstrar o que alega. Faço notar que os julgadores de 1º piso expressaram a mesma decisão e posicionamento, mas mesmo assim, a contribuinte em seu recurso voluntário deixa de instruílo com as provas dessa decisão transitada em julgado. Fl. 871DF CARF MF 22 Sendo assim, proponho a este colegiado não dar provimento ao recurso voluntário nesta matéria a partir dessa argumentação. Concluindo, proponho seja dado parcial provimento ao recurso voluntário para reverter integralmente todas as glosas referentes aos elementos aqui classificados como refratários, seus gastos, incluindo os serviços de transporte. movimentação e manutenção. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 872DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.001247/2004-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Dec 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/05/2004
ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO.
O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67 não se aplica a tributos instituídos após a sua edição. Art. 177 do CTN. No período examinado não há qualquer previsão legal que dê suporte à isenção do PIS e da Cofins nas vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9303-004.387
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama.
(assinado digitalmente)
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201611
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2002 a 31/05/2004 ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67 não se aplica a tributos instituídos após a sua edição. Art. 177 do CTN. No período examinado não há qualquer previsão legal que dê suporte à isenção do PIS e da Cofins nas vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus. Recurso Especial do Procurador Provido
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Dec 22 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10925.001247/2004-15
anomes_publicacao_s : 201612
conteudo_id_s : 5666247
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Dec 22 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9303-004.387
nome_arquivo_s : Decisao_10925001247200415.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
nome_arquivo_pdf_s : 10925001247200415_5666247.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 09 00:00:00 UTC 2016
id : 6595420
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686261436416
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1642; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 381 1 380 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10925.001247/200415 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303004.387 – 3ª Turma Sessão de 9 de novembro de 2016 Matéria Cofins Vendas para a ZFM Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MÓVEIS RIPKE LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/05/2004 ZONA FRANCA DE MANAUS. ISENÇÃO. O art. 4º do DecretoLei nº 288/67 não se aplica a tributos instituídos após a sua edição. Art. 177 do CTN. No período examinado não há qualquer previsão legal que dê suporte à isenção do PIS e da Cofins nas vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Tatiana Midori Migiyama. (assinado digitalmente) RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Presidente em exercício. (assinado digitalmente) ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 12 47 /2 00 4- 15 Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 382 2 Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 383 3 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 3802000.692, de 31/08/2011, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/05/2004 COFINS. ISENÇÃO. RECEITAS DE VENDAS PARA ZONA FRANCA DE MANAUS. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835, DE 2001. OCORRÊNCIA. A partir de 22 de dezembro 2000, data da vigência da Medida Provisória no 2.15835, de 2001, gozam da isenção da Cofins, nos termos do art. 14, II, da referida MP, as receitas auferidas nas vendas realizadas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus (art. 149, § 2º, I, da CF/1988, combinado com o art. 4º do Decretolei nº 288, de 1967). Recurso Voluntário Provido. O Acórdão reconheceu em benefício do sujeito passivo a isenção de COFINS sobre as receitas decorrentes de vendas realizadas a empresas situadas na Zona Franca de Manaus – ZFM desde a vigência da MP 2.15835, isto é, desde 22/12/2000. A Fazenda insurgiuse, em face da decisão recorrida, discordando do entendimento aplicado pelo Colegiado neste tocante. Aduziu que o acórdão recorrido reconheceu a isenção da COFINS, tendo em vista a edição da MP n° 2.03725 em 21/12/2000, enquanto os acórdãos paradigmas afastaram tal isenção, por falta de previsão expressa na legislação específica, de modo que as receitas decorrentes de venda para a Zona Franca não podem ser equiparadas à exportação. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme despacho de admissibilidade, fls. 358/360, que foi aprovado pelo Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF. Cientificado o contribuinte apresentou tempestivamente contrarrazões, por meio das quais, defende que o recurso especial não seja admitido e no mérito ratifica o entendimento do acórdão recorrido, pela sua manutenção. É o relatório. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 384 4 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Conhecimento do Recurso Especial O recurso especial da Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais e deve ser admitido. Em suas contrarrazões o contribuinte aponta preliminarmente que o recurso especial da Fazenda Nacional não deve ser admitido. Sustenta que os acórdãos paradigmas apontados não servem para apontar a divergência interpretativa em relação ao inc. I do § 2º do art. 14 da MP 2.15835/2001 e, além disso, a recorrente não teria indicado analiticamente os pontos controvertidos entre os acórdãos, nos termos do que preceitua o § 8º do art. 67 do Regimento Interno do CARF. Não tem razão o contribuinte. As situações fáticas entre os acórdãos, recorrido e paradigmas, são semelhantes. Em todos eles discutese a isenção da Cofins e do PIS sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus. Sendo que o acórdão recorrido entendeu que existe a isenção com base no inc. II do art. 14 da MP nº 2.158/2001 combinado com o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Por sua vez, os acórdãos paradigmas entenderam em sentido diametralmente oposto de que o art. 4º do DecretoLei nº 288/67 não é aplicável ao Pis e à Cofins. Também não procede o argumento de que o recurso especial não tenha indicado analiticamente os pontos controvertidos entre o acórdão recorrido e os paradigmas. De sua leitura resta evidente a demonstração analítica da divergência entre as decisões. Portanto, o recurso especial da Fazenda Nacional deve ser conhecido. Mérito Como relatado, a controvérsia decorre de divergência na interpretação da legislação tributária quanto à possibilidade de isenção da Cofins nas vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus nos períodos de apuração de jan/2002 a mai/2004. De acordo com o contribuinte e o acórdão recorrido estas vendas são isentas com base no art. 4º do DecretoLei nº 288/67 e o art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT da Constituição Federal. Não concordo com esse entendimento. Vejamos o que dispõe o art. 4º do DL nº 288/67: Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. (destaquei). Fl. 384DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 385 5 Observase que o dispositivo legal estabeleceu uma equivalência entre vendas de mercadorias de origem nacional para a Zona Franca de Manaus e exportação para o estrangeiro. Deixou claro porém que esta regra valia para todos os efeitos fiscais em relação à legislação em vigor na data de sua publicação em 1967. Esta regra não poderia ser aplicada ao PIS, que foi criado pela Lei Complementar 7/70, e à Cofins que foi criada pela Lei Complementar nº 70/91. Ambas contribuições não existiam na data da edição do DL nº 288/67 e, portanto, por ele não poderiam ser reguladas. Esta também é a dicção do disposto nos art. 177 do CTN, in verbis: Art. 177. Salvo disposição de lei em contrário, a isenção não é extensiva: I às taxas e às contribuições de melhoria; II aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão.(destaquei). Já o art. 40 do ADCT da CF/88, nada inovou no assunto. Somente estendeu o prazo de duração de um benefício fiscal no qual já não continha as isenções do PIS e da Cofins. Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Portanto, não há como acatar que o art. 4º do Decreto Lei nº 288/67 permitia qualquer isenção/imunidade de PIS e da Cofins nas vendas de produtos para empresas situadas na Zona Franca de Manaus. Nesta linha de raciocínio, não procede a argumentação de imunidade na incidência destas contribuições nas operações de venda para a ZFM, pois elas não foram equiparadas a exportação como defende o contribuinte, para efeito destas contribuições, portanto inaplicável a imunidade prevista no art. 149, § 2º, inc. I da CF. Resta analisar se a própria legislação destas contribuições permitia, no período solicitado, a exclusão destas receitas de sua base de cálculo. Sempre lembrando que se interpreta literalmente a lei que dispõe sobre outorga de isenção, nos termos do art. 111 do CTN. A Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, que trouxe diversas alterações relativas à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, não fez qualquer referência à exclusão de receitas de exportações ou à isenção das contribuições sobre tais receitas. Em seguida, foi publicada a Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, que em seu art. 14 dispôs sobre as regras de desoneração das contribuições em tela, nas hipóteses especificadas, tendo revogado expressamente todos os dispositivos legais relativos à exclusão de base de cálculo e isenção existentes até o dia 30 de junho de 1999: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da Cofins as receitas: (...) II – da exportação de mercadorias para o exterior; (...) Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 386 6 § 1º. São isentas da contribuição para o P1S/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. § 2º. As isenções previstas no caput e no parágrafo anterior não alcançam as receitas de vendas efetuadas: I – a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; (...) (destaquei) Ressaltese que esta Medida Provisória foi objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIn nº 2.3489 (DOU de 18/12/2000), que requereu a declaração de inconstitucionalidade e ilegalidade da restrição feita à Zona Franca de Manaus. O Supremo Tribunal Federal – STF, nesta ação, deferiu medida cautelar suspendendo a eficácia da expressão "na Zona Franca de Manaus", disposta no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória Nº 2.03724/00, com efeitos ex nunc. Posteriormente, em 02/02/2005, foi prolatada decisão julgando prejudicada a ADIn, sendo o processo arquivado sem apreciação do mérito. Posteriormente à decisão liminar do STF na ADIn nº 2.3489, foi editada a Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, atual Medida Provisória nº 2.158 35, de 2001, a qual suprimiu a expressão "na Zona Franca de Manaus" do inciso I do § 2º do art. 14, acima citado, que vinha constando em suas edições anteriores. Desta forma, as exclusões da base de cálculo do PIS e da Cofins, no período solicitado no presente processo, jan/2002 a mai/2004, eram as previstas no art. 14 da MP 2.158/200135, abaixo transcrito: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: I – dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista; II – da exportação de mercadorias para o exterior; III – dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; IV – do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; V – do transporte internacional de cargas ou passageiros; VI – auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997; VII – de frete de mercadorias transportadas entre o País e o exterior pelas embarcações registradas no REB, de que trata o art. 11 da Lei nº 9.432, de 1997; Fl. 386DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 387 7 VIII – de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IX – de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; X – relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. § 2º As isenções previstas no caput e no §1º não alcançam as receitas de vendas efetuadas: I – a empresa estabelecida na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; II – a empresa estabelecida em zona de processamento de exportação; (Revogado pela Lei nº 11.508, de 2007) III – a estabelecimento industrial, para industrialização de produtos destinados à exportação, ao amparo do art. 3º da Lei nº 8.402, de 8 de janeiro de 1992. Da leitura do dispositivo legal não é possível localizar que havia previsão legal para exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins, das receitas decorrentes de vendas de mercadorias para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus. Por óbvio não é possível aplicar a isenção constante do inc. II do caput, já que a Zona Franca de Manaus não é localizada no exterior e já proferimos o entendimento de que não é aplicável o disposto no art. 4º do DL nº 288/67. Somente a partir da edição da Medida Provisória nº 202/2004, que foi convertida na Lei nº 10.996/2004, é que foi reduzida a zero as alíquotas de PIS e Cofins sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus, nos termos do seu art. 2º, in verbis: Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus – ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. Necessário concluir que caso estas receitas já eram isentas/imunes das referidas contribuições sociais, seria totalmente inócua a edição desta lei reduzindo a alíquota para zero. Até porque não se poderia estabelecer alíquota zero para uma operação que estaria fora do campo de incidência das contribuições por força de imunidade constitucional. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 388 8 Ressalto que este colegiado, embora utilizando de fundamentação discretamente diferente, também vem decidindo assim. Transcrevese abaixo a ementa do Acórdão nº 9303003934 cujo julgamento deuse em 07/06/2016: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2002 a 28/02/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado Assim, diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda nacional. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 388DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 389 9 Declaração de Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama No que tange à discussão acerca da isenção ou não do PIS e da Cofins nas vendas efetuadas à Zona Franca de Manaus ZFM, peço vênia ao ilustre Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal para manifestar meu entendimento. Para melhor elucidar essa questão, importante trazer breve histórico da criação da Zona Franca de Manaus. Em junho de 1957, foi publicada a Lei 3.173/57, dispondo em seu art. 1º, que fica criada em Manaus, capital do Estado do Amazonas, uma zona franca para armazenamento ou depósito, guarda, conservação beneficiamento e retirada de mercadorias, artigos e produtos de qualquer natureza, provenientes do estrangeiro e destinados ao consumo interno da Amazônia, como dos países interessados, limítrofes do Brasil ou que sejam banhados por águas tributárias do rio Amazonas. Tal lei ainda explicitou que as mercadorias de procedência estrangeira, quando desembarcadas diretamente na área da zona franca de Manaus, e enquanto permanecerem dentro da mesma, não estarão sujeitas ao pagamento de direitos alfandegários ou quaisquer outros impostos federais, estaduais ou municipais que venham graválas, sendo facultado o seu beneficiamento e depósito na própria zona de sua conservação. Sendo assim, resta claro que a Zona Franca de Manaus foi criada, a rigor, para fins de se incentivar o desenvolvimento daquela Região, bem como reduzir as desigualdades sociais. Posteriormente, foi publicado o Decreto 47.757/60, que regulamentou o disposto na Lei 3.173/57, trazendo, entre outros (com as alterações do Decreto 51.114/61) – Grifos Meus: “Art. V A Zona Franca de Manaus destinase a receber mercadorias, artigos e produtos de qualquer natureza de origem estrangeira, para armazenamento, depósito, guarda, conservação e beneficiamento, a fim de que sejam retirados para o consumo interno no Brasil ou para exportação observadas as prescrições legais. (Redação dada pelo Decreto nº 51.114, de 1961) § 1º A entrada dêsses produtos na Zona Franca, independerá de licença de importação ou documento equivalente. (Incluído pelo Decreto nº 51.114, de 1961) § 2º As mercadorias de origem e procedência brasileiras, depois de terem sido objeto de um processo regular de exportação perante a Carteira de Comércio Exterior e as demais autoridades do fisco federal e estadual, poderão utilizar o mesmo Tratamento outorgado às mercadorias estrangeiras e Fl. 389DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 390 10 como tal serão consideradas, para efeito do presente Regulamento. (Incluído pelo Decreto nº 51.114, de 1961)” “Art. VI. A Zona Franca de Manaus gozará de extraterritorialidade em relação ao pagamento do impôsto de importação e taxa aduaneira, bem como quanto a quaisquer outros impostos, ágios e tributos federais, estaduais e municipais que incidam sôbre as mercadorias importadas do exterior enquanto estas permanecerem em seus depósitos.” Tais dispositivos deixam claro que as mercadorias de origem brasileira devem observar um processo regular de exportação. O que, por óbvio, há que se entender que as vendas de mercadorias efetuadas à ZFM devem ser consideradas puramente como operação de exportação. Continuando, posteriormente, tal Lei foi revogada pelo DecretoLei 288/67, conforme art. 48, § 2º (Grifos Meus): “Art 48. Fica o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Fazenda, o crédito especial de NCr$ 1.000.000,00 (hum milhão de cruzeiros novos) para atender as despesas de capital e custeio da Zona Franca, durante o ano de 1967. § 1º O crédito especial de que trata êste artigo será registrado pelo Tribunal de Contas e distribuído automàticamente ao Tesouro Nacional. § 2º Fica revogada a Lei nº 3.173, de 6 de junho de 1957 e o Decreto nº 47.757, de 2 de fevereiro de 1960 que a regulamenta.” Não obstante, tal DecretoLei ter revogado a Lei 3.173/57 e o Decreto 47.75760, trouxe em seu art. 4º: “Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” O que resta concluir que as receitas das vendas efetuadas a empresas sediadas na ZFM, por expressa determinação do art. 4º do DecretoLei 288/1967 c/c o art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT são equiparadas às exportações, de forma que as receitas delas decorrentes não devem ser tributadas pelo PIS e pela Cofins. Ora, sendo assim, desde a publicação do DecretoLei 288/1967, as vendas efetuadas a empresas sediadas na ZFN são equiparadas às exportações, não devendo ser tributadas pelas contribuições as receitas de vendas à ZFM. Ademais, é de se constatar que a Constituição Federal de 1988 ainda determinou a imunidade dessas receitas, conforme preceitua o art. 149, § 2º, inciso I dessa Carta: Fl. 390DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 391 11 “Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; [...]” O que, em respeito à Constituição Federal, quando da instituição do PIS e da Cofins, houve observância dessa desoneração. E, no que tange à discussão trazendo que o art. 4º do DecretoLei 288/67 ter sido publicado na vigência da Constituição Federal anterior a de 1988 – vêse que houve a manutenção dos benefícios à ZFM através do art. 40 do ADCT. E, relativamente à edição da MP 202/2004, que foi convertida na Lei nº 10.996/2004, que trouxe o art. 2º, in verbis: “Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus – ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM.” Tal norma somente veio para explicitar que não há que se falar em tributação das receitas auferidas na venda de mercadorias à ZFM, podendo considerar que antes dessa MP, para fins de não se tributar a r. receita pelas contribuições, há que se observar o disposto no art. 4º DecretoLei 288/67 c/c o art. 40 do ADCT e art. 149 da CF/88. Entendimento já pacificado pelo STJ. E, com o advento da MP 202/04, considerando a jurisprudência pacíficada dada pelo STJ e intentando a diminuição de litígios tributários, manter o procedimento de não se tributar tais receitas. Sendo assim, com essas breves considerações, já resta negar provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. Não obstante, independentemente do direito esposado, em respeito ao Novo Código de Processo Civil de 2015, não há como se ignorar também os precedentes favoráveis emanados pelos Tribunais. Em tempos atuais, inclusive, o novo Código de Processo Civil – Lei 13.105/15 traz o respeito à “eficácia vinculante dos precedentes” em seus arts. 926 e 927, in verbis (Grifos meus): Fl. 391DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 392 12 “Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantêla estável, íntegra e coerente. § 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. § 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem aterse às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II os enunciados de súmula vinculante; III os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. § 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento neste artigo. § 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. § 3o Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. § 4o A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. § 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizandoos por questão jurídica decidida e divulgandoos, preferencialmente, na rede mundial de computadores.” Fl. 392DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 393 13 Devese, assim, em respeito ao Princípio da Eficácia Vinculante dos precentes” – exposta “explicitamente” pelo Novo Código de Processo Civil NCPC, observar o entendimento emanado pelos tribunais. Não é demais lembrar que no processo administrativo há que se considerar e respeitar tais precedentes, conforme versa o art. 15 do NCPC “Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.” O Brasil adota como estrutura jurídica o “Civil Law” – que adota fontes de direito, dentre as quais, considera, além da Lei, como fonte direta, os precedentes jurisprudenciais. Sendo assim, inquestionável, a valorização dos precedentes. Até mesmo como forma de se conceder a segurança jurídica que tanto procura a administração fazendária e os sujeitos passivo. Ora, tal cultura de valorização de precedentes, que tora a jurisprudência no Brasil fonte direta da estrutura jurídica adotada pelo Brasil “Civil Law” – traz irrefutavelmente segurança jurídica ao buscar o respeito à unicidade da interpretação. O que, cabe trazer que as decisões do STF, STJ e TRF´s tem sido favoráveis aos contribuintes – pelo afastamento da cobrança do PIS e da Cofins sobre a receita da venda de mercadorias à ZFM – considerando, em síntese, como operação de exportação. Para melhor elucidar, cabe mencionar que o STF, por meio da ADI 310, pacificou o seu entendimento ao manifestar que o quadro normativo préconstitucional de incentivo fiscal à ZFM constitucionalizouse pelo art. 40 do ADCT, adquirindo, por força dessa regra transitória, natureza de imunidade tributária, persistindo vigente a equiparação procedida pelo art. 4º do DecretoLei 288/67: “EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONVÊNIOS SOBRE ICMS NS. 01, 02 E 06 DE 1990: REVOGAÇÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS INSTITUÍDOS ANTES DO ADVENTO DA ORDEM CONSTITUCIONAL DE 1998, ENVOLVENDO BENS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. 1. Não se há cogitar de inconstitucionalidade indireta, por violação de normas interpostas, na espécie vertente: a questão está na definição do alcance do art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a saer, se esta norma de vigência temporária teria permitido a recepção do elenco pré constitucional de incentivos à Zona Franca de Manaus, ainda que incompatíveis com o sistema constitucional do ICMS instituído desde 1988, no qual se insere a competência das unidades federativas para, mediante convênio, dispor sobre isenção e incentivos fiscais do novo tributo (art. 155, § 2º, inciso XII, letra ‘g’, da Constituição da República). Fl. 393DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 394 14 2. O quadro normativo préconstitucional de incentivo fiscal à Zona Franca de Manaus constitucionalizouse pelo art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, adquirindo, por força dessa regra transitória, natureza de imunidade tributária, persistindo vigente a equiparação procedida pelo art. 4º do DecretoLei n. 288/1967, cujo propósito foi atrair a não incidência do imposto sobre circulação de mercadorias estipulada no art. 23, inc. II, § 7º, da Carta pretérita, desonerando, assim, a saída de mercadorias do território nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus. 3. A determinação expressa de manutenção do conjunto de incentivos fiscais referentes à Zona Franca de Manaus, extraídos, obviamente, da legislação préconstitucional, exige a não incidência do ICMS sobre as operações de saída de mercadorias para aquela área de livre comércio, sob pena de se proceder a uma redução do quadro fiscal expressamente mantido por dispositivo constitucional específico e transitório. 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente.” É de se considerar que, em respeito ao art. 40 do ADCT, a saída de mercadorias do território nacional para a ZFM deve ser considerada como exportação de serviços – não podendose afastar nesse evento a natureza de imunidade tributária. Ainda que se trate especificamente de ICMS – o evento de per si é o mesmo discutido no caso vertente. Vêse que os Tribunais Judiciais têm manifestado de forma pacífica entendimento favorável aos sujeitos passivos, explicitando que desde o advento do DecretoLei 288/67 as vendas efetuadas a empresas sediadas na ZFM são equiparadas às exportações, afastando, por conseguinte a tributação pelo PIS e pela Cofins das receitas provenientes dessas vendas. Frisese tal jurisprudência pacificada nos tribunais, o entendimento esposado pela 2ª Turma do STJ em recente julgado de 2.8.2016 quando da apreciação do REsp 874.887/AM (Grifos Meus): “EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. VENDAS REALIZADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. DECRETOLEI 288/67. ISENÇÃO. SÚMULA 568/STJ. 1. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a venda de mercadorias para empresas situadas na Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro, em termos de efeitos fiscais, segundo interpretação do Decretolei 288/67, não incidindo a contribuição social do PIS nem da Cofins sobre tais receitas. 2. O benefício de isenção das referidas contribuições alcança, portanto, receitas oriundas de vendas efetuadas por empresa Fl. 394DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 395 15 sediada na Zona Franca de Manaus a empresas situadas na mesma região. Agravo interno improvido.” Reforçamos tal jurisprudência o entendimento proferido pelo também STJ quando da apreciação do REsp 691.708 AM: “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DESONERAÇÃO DO PIS E DA COFINS. PRODUTOS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. EMPRESAS QUE VENDEM PRODUTOS PARA OUTRAS NA MESMA LOCALIDADE. RECURSO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. MULTA. CABIMENTO. 1. À luz da interpretação conferida por esta Corte ao Decreto Lei n. 288/1967, a venda de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro, em termos de efeitos fiscais, não incidindo sobre tais receitas a contribuição social do PIS nem da COFINS. 2 . "O benefício fiscal também alcança as empresas sediadas na própria Zona Franca de Manaus que vendem seus produtos para outras na mesma localidade. Interpretação calcada nas finalidades que presidiram a criação da Zona Franca, estampadas no próprio DL 288/67, e na observância irrestrita dos princípios constitucionais que impõem o combate às desigualdades sócioregionais" (REsp 1276540/AM, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 05/03/2012). 3. O recurso manifestamente improcedente atrai a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, na razão de 1% a 5% do valor atualizado da causa. 4 . Agravo interno desprovido, com aplicação de multa.” É de se trazer, nesse caso, a transcrição parcial do voto do Ministro Gurgek de Faria (Grifos Meus): [...] Consoante anteriormente explicitado, quanto à suposta violação ao art. 4º do DecretoLei n. 288/1967, é de se destacar que o aresto combatido não diverge da orientação preconizada por este Tribunal Superior. Isso porque, à luz da interpretação conferida por esta Corte à legislação de regência, a venda de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro, em termos de efeitos fiscais, não incidindo sobre tais receitas a contribuição social do PIS nem da COFINS, ainda que as empresas sejam sediadas na própria Zona Franca de Manaus. Fl. 395DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 396 16 A propósito: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. PIS. COFINS. VERBAS PROVENIENTES DE VENDAS REALIZADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. NÃO INCIDÊNCIA. INTELIGÊNCIA DO DEC. LEI 288/67. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência desta Corte é pacificada no sentido de que as operações envolvendo mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus são equiparadas à exportação, para efeitos fiscais, conforme disposições do DecretoLei 288/67, não incidindo a contribuição para o PIS nem a Cofins sobre tais receitas. Precedentes: AgRg no REsp 1141285/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 26/05/2011; REsp 817.847/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 25/10/2010; REsp 1276540/AM, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 05/03/2012. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1400296/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/05/2012, DJe 14/05/2012). Grifos acrescidos. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. ARTS. 110, 111, 176 E 177, DO CTN. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ. DESONERAÇÃO DO PIS E DA COFINS. PRODUTOS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. ART. 4º DO DL 288/67. INTERPRETAÇÃO. EMPRESAS SEDIADAS NA PRÓPRIA ZONA FRANCA. CABIMENTO. 1. O provimento do recurso especial por contrariedade ao art. 535, II, do CPC pressupõe seja demonstrado, fundamentadamente, entre outros, os seguintes motivos: (a) a questão supostamente omitida foi tratada na apelação, no agravo ou nas contrarrazões a estes recursos, ou, ainda, que se cuida de matéria de ordem pública a ser examinada de ofício, a qualquer tempo, pelas instâncias ordinárias; (b) houve interposição de aclaratórios para indicar à Corte local a necessidade de sanear a omissão; (c) a tese omitida é fundamental à conclusão do julgado e, se examinada, poderia levar à sua anulação ou reforma; e (d) não há outro fundamento autônomo, suficiente para manter o acórdão. Esses requisitos são cumulativos e devem ser abordados de maneira fundamentada na petição recursal, sob pena de não se argumentos apresentados. [...] 5. As operações com mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus são equiparadas à exportação para efeitos fiscais, conforme disposto no art. 4º do DecretoLei 288/67, de modo Fl. 396DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 397 17 que sobre elas não incidem as contribuições ao PIS e à Cofins. Precedentes do STJ. 6. O benefício fiscal também alcança as empresas sediadas na própria Zona Franca de Manaus que vendem seus produtos para outras na mesma localidade. Interpretação calcada nas finalidades que presidiram a criação da Zona Franca, estampadas no próprio DL 288/67, e na observância irrestrita dos princípios constitucionais que impõem o combate às desigualdades sócioregionais. 7. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (REsp 1276540/AM, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe 05/03/2012). Grifos acrescidos. Confiramse, ainda, os seguintes julgados desta Corte no mesmo sentido: AREsp 944269, Rel. Min. Assusete Magalhães, DJe 30/06/2016; AREsp 820600, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 17/02/2016; AREsp 708492, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/06/2015; AREsp 690708, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 11/06/2015; Ag 1417811, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 19/12/2013. Incide, portanto, a Súmula 83 do STJ. Assim, o recurso é manifestamente improcedente, o que atrai a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, na razão de 1% a 5% do valor atualizado da causa. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo interno e aplico multa à agravante de 1% sobre o valor atualizado da causa. [...]” Constatase que o voto do Ministro Gurgel de Faria ainda traz que no foi decidido pela Corte no mesmo sentido os seguintes julgados: · AREsp 944269, Rel. Min. Assusete Magalhães, DJe 30/06/2016; · AREsp 820600, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 17/02/2016; · AREsp 708492, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/06/2015; · AREsp 690708, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe 11/06/2015; · Ag 1417811, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 19/12/2013. Por isso, aquela Corte considera que esse entendimento pela não cobrança do PIS e da Cofins sobre tais receitas estaria pacificado. Além do entendimento proferido pelos Tribunais superiores, não se pode ignorar o entendimento no mesmo sentido exarado pelos TRF´s. Fl. 397DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 398 18 Eis o que traz o TRF da 1ª Região julgado em 19.9.2016: “CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. PIS E COFINS. ISENÇÃO SOBRE RECEITAS DECORRENTES DE OPERAÇÕES COMERCIAIS REALIZADAS NA ZONA FRANÇA DE MANAUS. POSSIBILIDADE. ART. 4º DO DL 288/67. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E DESTE REGIONAL. PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE PROVA PRÉCONSTITUÍDA REJEITADA. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDAS. (...) 2. As operações com mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus são equiparadas a exportação para efeitos fiscais (art. 4º do DL 288/67), não devendo incidir sobre elas o PIS e a COFINS. Precedentes. (...)” (Apelação/Reexame Necessário nº 0001384 45.2014.4.01.3200/AM; 8ª Turma do TRF da 1ª Região; J: 19/09/2016; P: 14/10/2016) E, então, no mesmo sentido, o TRF da 2ª Região julgado em 08/04/2015: “TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA, PIS/COFINS. ISENÇÃO. ART. 40 DO ADCT, E ART. 4º DO DECRETOLEI Nº 288/67. EXTENDESE AOS PRODUTOS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. PRECEDENTES STJ. Os arts. 4º do DL 288/67 e 40 do ADCT preservam a Zona Franca de Manaus, enquanto área de livre comércio, o que se aplica às exportações destinadas a estabelecimentos situados naquela região, cujos benefícios fiscais compreendem as exportações ao estrangeiro. Desse modo, para efeitos fiscais, a exportação de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus equivale à exportação de produto brasileiro para o estrangeiro. 2. O art. 5º da Lei 7.714/88, com a redação que lhe foi dada pela Lei 9.004/95, bem como o art. 7º da lei Complementar 70/91, autorizam a exclusão, da base de cálculo do PIS e da COFINS, respectivamente, dos valores referentes às receitas oriundas de exportação de produtos nacionais para o estrangeiro. Equiparandose os produtos destinados à Zona Franca de Manaus com aqueles exportados para o exterior, inferese que a isenção relativa à COFINS e ao PIS é extensiva à mercadoria destinada à Zona Franca. Precedentes do STJ (RESP 223.405 MT) [...]” Proveitoso ainda trazer o que entende o TRF da 3ª Região: Fl. 398DF CARF MF Processo nº 10925.001247/200415 Acórdão n.º 9303004.387 CSRFT3 Fl. 399 19 “PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DO PIS E DA COFINS SOBRE OPERAÇÕES ORIGINADAS DE VENDAS DE PRODUTOS PARA EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS (ART. 4º DO DL 288/67). PRELIMINAR REJEITADA. INTERPRETAÇÃO. EMPRESAS SEDIADAS NA PRÓPRIA ZONA FRANCA. APLICABILIDADE. REMESSA OFICIAL PARCIALMENTE PROVIDA. [...] Cuidase de medida visando á compensação de crédito decorrente de indevido recolhimento da COFINS e do PIS, com base em legislação considerada inconstitucional pela Impetrante. O PIS e a COFINS NÃI INCDEM SOBRE AS RECEITAS DE VENDAS DE MERCADORIAS E SERVIÇOS PARA EMPRESAS SITUADAS NA Zona Franca de Manaus, uma vez que se trata de receitas de exportação para o exterior em razão de equiparação legal, Jurisprudência, firmouse nesse mesmo sentido. [...] (Apelação/Reexame Necessário nº 001678327.2013.4.03.6100/SP; 4ª Turma)” Em vista de todo o exposto, visando a celeridade a ser observada nos tribunais, bem como a garantia da segurança jurídica que tanto merece as partes (tanto o sujeito passivo como a própria Fazenda Nacional que, se perder, deverá também assumir os honorários de sucumbência), e, principalmente, em respeito ao Novo CPC, é de se observar o Princípio da Eficácia Vinculante dos Precedentes para se afastar a tributação pelo PIS e pela Cofins das receitas auferidas na venda de mercadorias à ZFM desde o advento do DecretoLei 288/67, por serem equiparadas tais vendas à operação de exportação. O que, dessa forma, resta negar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. É o meu voto. (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 399DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.903920/2012-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO.
Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
Numero da decisão: 9101-002.491
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201611
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10783.903920/2012-17
anomes_publicacao_s : 201612
conteudo_id_s : 5662253
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9101-002.491
nome_arquivo_s : Decisao_10783903920201217.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
nome_arquivo_pdf_s : 10783903920201217_5662253.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
dt_sessao_tdt : Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6583912
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:54:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686454374400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1600; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 285 1 284 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10783.903920/201217 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.491 – 1ª Turma Sessão de 23 de novembro de 2016 Matéria IRPJ Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ADM DO BRASIL LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 39 20 /2 01 2- 17 Fl. 285DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 286 2 Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida (destaques do original): Versa este processo sobre restituição/compensação. A DRF/Vitória, através do Despacho Decisório nº 022.392.808 (fl. 2), reconheceu parte do direito creditório pleiteado pelo interessado (saldo negativo de IRPJ, ano calendário de 2006), que foi insuficiente para homologar integralmente todos os débitos por ele informados, razão pela qual homologou parcialmente/não homologou as DCOMP que relaciona. O despacho decisório contém a seguinte fundamentação: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 37.807.761,90 Valor na DIPJ: R$ 37.807.761,91 Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$ 56.921.409,17 IRPJ devido: R$ 19.113.647,26 Valor do saldo negativo disponível = (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ) – (IRPJ devido) limitado ao menor valor entre o saldo negativo DIPJ e PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: R$ 9.173.400,20 O interessado, cientificado em 16/05/2012 (fl. 17), apresentou, em 14/06/2012, a manifestação de inconformidade de fls. 18/25. Na referida peça, alega, em síntese, que: durante o anocalendário de 2006, apurou IRPJ mensalmente, através de balancetes de redução e suspensão, sendo os valores pagos através de compensação planilha à fl. 19; de acordo com o entendimento da autoridade administrativa, algumas compensações não foram homologadas (valor não Fl. 286DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 287 3 homologado: R$ 28.634.307,69), o que não legitimaria os recolhimentos antecipados planilha às fls. 20/21; assim, só teria disponível R$ 9.173.400,20; no quadro às fls. 21/22, relaciona os processos administrativos onde discute a regularidade das compensações realizadas; se a exigibilidade do crédito está suspensa, não há cobrança que possa ser feita – cita jurisprudência; as compensações, ainda que não homologadas, estão sendo discutidas, seja pela apresentação de manifestação de inconformidade, seja pela apresentação de recurso voluntário; existe uma relação de prejudicialidade entre o caso em tela e os processos relacionados, devendo haver a suspensão do julgamento. Em decisão de fls. 71, a DRJ/RJ, trouxe os seguintes fundamentos: i) não é possível o sobrestamento do processo administrativo, visto que o PAF não prevê, como faz o processo civil, a possibilidade de sobrestar qualquer decisão, em razão de análise que deva ser proferido por outrem em caráter prejudicial; ii) todas as compensações de estimativas, assinaladas como não confirmadas no Despacho Decisório, foram indeferidas em decisões que, muito embora atacadas, permanecem válidas enquanto outra não as reforme, seja na esfera administrativa ou em juízo. Ao final, a DRJ concluiu que não restou comprovada a existência de crédito líquido e certo contra a Fazenda Pública, diverso do já reconhecido no Despacho Decisório, negando provimento à manifestação de inconformidade. A Recorrente apresentou Recurso Voluntário de fls. 101, por meio do qual aduz o seguinte: i) grande parte do valor não homologado referese a questionamento da autoridade administrativa acerca da quitação de algumas antecipações mensais de IRPJ, durante o anobase 2006, através de compensações, e que o art. 170 do CTN e art. 74, § 2º, do CTN, trazem previsão de que a compensação é forma de extinção do crédito tributário; ii) na impossibilidade de sobrestamento do presente processo até o julgamento dos demais processos administrativos onde se discute as compensações das estimativas efetuadas em 2006, deve ser determinado o apensamento dos autos para que sejam julgados em conjunto. Ao julgar o recurso, a Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 1201001.056, de 30 de julho de 2014, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 288 4 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. APROVEITAMENTO DE SALDO NEGATIVO COMPOSTO POR COMPENSAÇÕES ANTERIORES. POSSIBILIDADE. A compensação regularmente declarada tem o efeito de extinguir o crédito tributário, equivalendo ao pagamento para todos os fins, inclusive para fins de composição de saldo negativo. Na hipótese de não homologação da compensação que compõe o saldo negativo, a Fazenda poderá exigir o débito compensado pelas vias ordinárias, através de Execução Fiscal. A glosa do saldo negativo utilizado pela ora Recorrente acarreta cobrança em duplicidade do mesmo débito, tendo em vista que, de um lado terá prosseguimento a cobrança do débito decorrente da estimativa de IRPJ não homologada e, de outro, haverá a redução do saldo negativo, gerando outro débito com a mesma origem. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Inconformada, a Fazenda Nacional apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que os créditos pleiteados neste feito se encontram sob discussão em diversos outros processos administrativos, o que afasta, por completo, a certeza e liquidez do direito creditório alegado; b) que, na hipótese de sobrevir decisão administrativa definitiva favorável ao contribuinte interessado, esse poderia valerse da transmissão de nova PER/DCOMP, pois, aí sim, os créditos gozariam, se reconhecidos por decisão administrativa irrecorrível, dos atributos de liquidez e certeza exigidos pela lei; c) que a demonstração da existência de crédito líquido e certo deve ser feita desde o momento da apresentação da declaração de compensação, sob pena de desrespeito à própria natureza do instituto da compensação; d) que declaração de compensação apresentada sem que o respectivo crédito que a lastreie seja comprovado desde logo, vindo apenas a ocorrer em momento posterior (no caso, a depender de decisão administrativa definitiva no âmbito dos demais processos administrativos), não pode ser aceita, uma vez que constitui inovação à lide sendo situação nova que não estava em discussão quando da análise inicial da existência do crédito; e) que, logo, a decisão de primeira instância não merece qualquer reparo, pois analisando PER/DCOMP que indicava suposto crédito que não goza dos atributos de liquidez e certeza, uma vez que é objeto de outro processo administrativo cujo julgamento se encontra pendente, manteve a decisão pela nãohomologação de plano das compensações postuladas pelo contribuinte interessado; f) que a arguição do interessado no sentido de que a decisão proferida neste processo deveria aguardar o trâmite dos processos acima citados, queda desamparada: primeiro, porque não há, na legislação de regência, previsão para o rito pretendido; segundo, porque, já a partir do despacho exarado pela Delegacia da Receita Federal, temse a circunstância de que os créditos lá postulados careciam dos atributos de liquidez e certeza, em Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 289 5 face do que não poderiam, à luz do art. 170 do Código Tributário Nacional, ser utilizados na compensação de débitos neste ou em qualquer processo; g) que o rito processual cabível é o constante na Lei nº 9.430/96 (arts. 73 e 74), não cabendo a suspensão do processo nos termos do art. 265 do CPC; h) que, relativamente à discussão do crédito, é cediço que não cabe a sua apreciação no presente processo, tendo em vista não fazer parte da lide; i) que tal matéria deve ser apreciada no processo administrativo onde se analisam as respectivas PER/DCOMP; j) que, nesse contexto, é possível concluir que o “mérito” do pedido já foi analisado e decidido pela autoridade fiscal e pela DRJ de origem: não homologar as compensações pleiteadas, em virtude da ausência de créditos líquidos e certos; k) que não pode o contribuinte valerse de suspensão/sobrestamento ou mesmo do julgamento imediato do presente feito com o fim de utilizar, de forma válida e legítima, PER/DCOMPs transmitidas quando não havia créditos líquidos e certos, ainda que, o que se admite apenas para argumentar, decisão administrativa irrecorrível a ser proferida nos autos dos demais processos, lhe seja favorável; l) que o encontro de contas deve ser analisado no momento da transmissão da DCOMP; m) que, caso sobrevenha decisão administrativa irrecorrível nos demais processos administrativos que lhe seja favorável, reconhecendo total ou parcialmente, a existência do crédito indicado na DCOMP tratada neste feito, o procedimento a ser adotado é a transmissão de novas PER/DCOMPs, indicando aqueles mesmos créditos, no montante definitivamente reconhecido; n) que não há como transmitir PER/DCOMPs sob a condição de que os créditos ali indicados venham a existir ou venham a gozar dos atributos de liquidez e certeza em momento posterior; o) que não se admite, no nosso sistema, PER/DCOMPs condicionais, isto é, PER/DCOMPs transmitidas, sendo que os créditos ainda não líquidos e certos poderão gozar desses atributos em momento posterior, em razão do reconhecimento do crédito discutido em outro feito, situação que poderá ocorrer ou não; p) que, quanto à Solução de Consulta Interna COSIT nº 18/2006, a que se reporta o acórdão recorrido, cabe destacar que tal ato administrativo não vincula o CARF e, como exposto, as estimativas objeto de compensações não homologadas não se revestem da certeza necessária para integrar direito creditório utilizado em compensação extintiva do crédito tributário; q) que não se pode cogitar que uma solução de consulta que sequer tem o contribuinte in casu como interessado/consulente possa se sobrepor a determinações legais que regem a compensação; e r) que, logo, sob qualquer ótica que se vislumbre a questão, é forçoso concluir que o acórdão hostilizado merece reforma, devendo ser restabelecida a decisão de primeira instância. O recurso especial foi admitido pelo presidente da Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 290 6 Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que discorda veementemente da posição adotada pela PGFN, uma vez que pretende criar limitações não existentes na legislação fiscal e, com isso, inviabilizar por completo a utilização de estimativas mensais compensadas na composição do saldo negativo de IRPJ do período; e b) que tal pretensão não só é contrária à legislação fiscal, mas diametralmente divergente das orientações da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit), por meio da Solução de Consulta Interna nº 18/2006, e da própria CoordenaçãoGeral de Assuntos Tributários da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN/CAT nº 88/2014. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou comprovada e, por isso, conheço do especial. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese ao cabimento, ou não, da glosa de estimativas cobradas em Declaração de Compensação na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado em Declaração de Informações Econômico fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Tratase de matéria atualmente pacificada tanto no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), quanto da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), como segue: Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit n° 18, de 13 de outubro de 2006: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. PARECER PGFN/CAT/Nº 88/2014: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei no 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. Assim, não procedem eventuais insurgências da recorrente contra o teor do contido na Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit nº 18, de 2006. Da mesma forma, é este o entendimento desta CSRF, conforme se observa a seguir: Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 291 7 Acórdão CSRF nº 9101002.093, de 21 de janeiro de 2015: IRPJ SALDO NEGATIVO ESTIMATIVA APURADA PARCELAMENTO COMPENSAÇÃO CABIMENTO. Descabe a glosa na composição do saldo negativo de IRPJ de estimativa mensal quitada por compensação, posteriormente não homologada e cujo valor foi incluído em parcelamento especial. Do referido aresto, transcrevo o trecho a seguir (destaque do original): A situação é análoga à das estimativas quitadas por compensação declarada após a vigência da MP 135/2003 (com caráter de confissão de dívida) e não homologadas. Para esses casos, exatamente em razão de as estimativas quitadas por compensações não homologadas estarem confessadas, a Secretaria da Receita Federal expediu orientação no sentido de não caber a glosa na apuração do saldo negativo apurado na DIPJ. Esclarece a Solução de Consulta Interna nº 18/2006: “(...) Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ.” A incerteza sobre essa orientação, gerada pelos pronunciamentos da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio dos Pareceres PGFN/CAT nº 1658/2011 e 193/2013, no sentido de impossibilidade de inscrição na dívida ativa dos débitos correspondentes às estimativas não pagas, foi superada com o Parecer PGFN/CAT/nº 88/2014, no sentido de, verbis: “(...) legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo a substituição da estimativa pelo imposto de renda.” Portanto, é induvidoso que, em se tratando de estimativas objeto de compensação não homologada, mas que se encontram confessadas, quer por Declarações de Compensação efetuadas a partir da vigência da Medida Provisória nº 135/2003 (31/10/2003), quer por parcelamento, os respectivos valores devem ser computados no saldo negativo do anocalendário, porque serão cobrados através do instrumento de confissão de dívida. Também relevante o posicionamento expresso no voto condutor decido à unanimidade pela 1a T. da 2a Ca. da 1a Seção do CARF no Acórdão nº 1201001.054, de 30 de julho de 2014, abaixo transcrito (fls.169170): Ora, temos aqui uma situação gravosa sendo imposta a ora Recorrente. Isso porque, temos, de um lado, processos administrativos relacionados a não homologação/homologação parcial das compensações efetuadas para fins de liquidação dos débitos de estimativa que passaram e compor o saldo negativo Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10783.903920/201217 Acórdão n.º 9101002.491 CSRFT1 Fl. 292 8 do ano de 2004 e, de outro, o presente processo, por meio do qual a Fiscalização e a DRJ entendem que a estimativas em discussão não devem compor o saldo negativo utilizado pelo Recorrente, reduzindo o crédito utilizado, fazendo remanescer um débito em aberto. Assim, caso entendêssemos no presente processo que tais estimativas, extintas por compensações (em discussão administrativa) devem ser desconsideradas para fins de composição do saldo negativo do respectivo período e, nos demais processos, a Recorrente venha a ter uma decisão desfavorável, teríamos uma cobrança em duplicidade dos respectivos valores. Isso porque, a Recorrente seria chamada a pagar as estimativas indevidamente compensadas, com os devidos acréscimos legais ao mesmo tempo em que seria obrigada também, a pagar os débito liquidados através do aproveitamento do saldo negativo do período. A não homologação das compensações vinculadas às estimativas de IRPJ e CSLL tem determinado, em efeito cascata, o não reconhecimento dos saldos negativos apurados ao final do exercício, o que vem causando um verdadeiro imbróglio processual. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724496/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento.
Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2007
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE.
Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 2301-004.865
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201701
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2007 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2007 VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Mantido em Parte.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10680.724496/2011-13
anomes_publicacao_s : 201701
conteudo_id_s : 5673189
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2301-004.865
nome_arquivo_s : Decisao_10680724496201113.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ANDREA BROSE ADOLFO
nome_arquivo_pdf_s : 10680724496201113_5673189.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
dt_sessao_tdt : Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
id : 6618094
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686556086272
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1665; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 194 1 193 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.724496/201113 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.865 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de janeiro de 2017 Matéria Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Recorrente MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S/A MBR Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2007 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2007 VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente substituta e Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 44 96 /2 01 1- 13 Fl. 194DF CARF MF 2 EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente). Relatório Tratase de notificação de lançamento nº 06101/00038/2011 resultante de lançamento suplementar do ITR/2007, incidente sobre o imóvel rural denominado “FAZENDA DO ENGENHO SUL” (NIRF 2.918.4630), com área total declarada de 133,1ha, localizado no município de Belo Horizonte/MG, tendo a autoridade fiscal arbitrado o VTN em R$ 2.760.374,21, com base no SIPT Sistema de Preços de Terra, conforme demonstrativo de efl. 06. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande DRJ/CGE, em sessão de 14/10/2013, nos termos do Acórdão nº 0433.808 (efls. 160/167): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2007 NIRF 2.918.4630 Fazenda do Engenho Sul. NULIDADE. Ausentes as hipóteses do art. 59 do Decreto n.º 70.235/72 e cumpridos os requisitos do art. 11 desse Decreto, não prospera a alegação de nulidade do lançamento. VALOR DA TERRA NUA. A base de cálculo do imposto será o valor da terra nua apurado pela fiscalização, com base no SIPT, se não existir comprovação que justifique sua alteração. Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 175/186), alegando em síntese: a) preliminarmente, a nulidade da autuação por cerceamento do direito de defesa com relação ao arbitramento do VTN com base no SIPT; e b) no mérito, que deve prevalecer o VTN apurado através do Laudo de avaliação apresentado elaborado de acordo com normas da ABNT e considerando todas as características do imóvel, não padecendo de nenhum vício que justifique sua rejeição sumária. É o relatório. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10680.724496/201113 Acórdão n.º 2301004.865 S2C3T1 Fl. 195 3 Voto Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora Verificada a tempestividade do Recurso Voluntário, dele conheço e passo a sua análise. Nulidade do Lançamento O recorrente pleiteia a nulidade da autuação fiscal por cerceamento de defesa sob o argumento de desconhecimento dos critérios utilizados pelo Fisco para arbitrar o valor da terra nua. Entendo que não assiste razão ao recorrente, uma vez que a autuação preenche todos os requisitos do Decreto nº 70.235/72 e, embora o recorrente não tivesse conhecimento dos valores considerados para a definição do arbitramento pelo SIPT Sistema de Preços de Terra, lhe foi dado o direito de apresentar laudo técnico que confirmasse os valores declarados em sua DITR. Por sua vez, o cerceamento do direito de defesa decorre da impossibilidade de se defender, o que não se verificou no presente caso. Nestes termos, afastase a alegação de nulidade por cerceamento ao direito de defesa. Mérito Valor da Terra Nua. Laudo de Avaliação. Sobre a desconsideração do VTN declarado pelo recorrente, a DRJ/CGE, apesar de reconhecer a existência do laudo acompanhado de ART/CREA, sustenta que "o laudo técnico apresentado não é suficiente para afastar a tributação com base no VTN apurado pela fiscalização a partir de valor constante no SIPT, com amparo no art. 14 da Lei n.º 9.393/1996" (efl. 166). Por sua vez, o recorrente alega que o Laudo de Avaliação apresentado não padece de nenhum vício que justifique sua rejeição sumária. O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de falta de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993: Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, Fl. 196DF CARF MF 4 considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. §1º. As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, §1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 Art. 12. Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I localização do imóvel; II aptidão agrícola; (capacidade potencial da terra) [...] § 3º O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações. Assim, entendo que assiste razão ao recorrente neste quesito, isto porque o VTN por hectare de R$ 20.739,10 utilizado para o cálculo do imposto, extraído do SIPT, referese à média do VTN das DITRs processadas no Exercício em questão para o município de Nova Lima/MG, conforme informado à efl. 10, não leva em consideração a aptidão agrícola do imóvel, razão pela qual o arbitramento deve ser desconsiderado por desatender o disposto no art. 14, § 1º da Lei nº 9.396, de 1996, c/c art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. Nesse mesmo sentido decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, nos termos do Acórdão nº 9202003.749, em sessão de 29/01/2016, verbis: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Assim, deve prevalecer o VTN constante de Laudo de Avaliação apresentado pelo recorrente, no valor de R$ 425.544,66. Conclusão Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10680.724496/201113 Acórdão n.º 2301004.865 S2C3T1 Fl. 196 5 Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. É como voto. Andrea Brose Adolfo Relatora Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10970.720154/2012-40
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2010
PREVIDENCIÁRIO - AUTO DE INFRAÇÃO - AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUB-ROGAÇÃO
O Acórdão do RE 363.852/MG declarou a inconstitucionalidade do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.528/1997, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição". Com o advento da lei 10.256/2001, ficou legitimada a cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física, sem prejuízo do procedimento de sub-rogação, previsto no art. 30, IV, da lei 8.212/1991, que em momento algum foi considerado inconstitucional.
Recurso especial conhecido e provido.
Numero da decisão: 9202-004.336
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201608
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2010 PREVIDENCIÁRIO - AUTO DE INFRAÇÃO - AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA - SUB-ROGAÇÃO O Acórdão do RE 363.852/MG declarou a inconstitucionalidade do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.528/1997, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição". Com o advento da lei 10.256/2001, ficou legitimada a cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física, sem prejuízo do procedimento de sub-rogação, previsto no art. 30, IV, da lei 8.212/1991, que em momento algum foi considerado inconstitucional. Recurso especial conhecido e provido.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 19 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10970.720154/2012-40
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5634256
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.336
nome_arquivo_s : Decisao_10970720154201240.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 10970720154201240_5634256.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
id : 6497675
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686779432960
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1954; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10970.720154/201240 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.336 – 2ª Turma Sessão de 23 de agosto de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ARI CARNES LTDA ME ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2009 a 31/10/2010 PREVIDENCIÁRIO AUTO DE INFRAÇÃO AQUISIÇÃO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA SUBROGAÇÃO O Acórdão do RE 363.852/MG declarou a inconstitucionalidade do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei 9.528/1997, “até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição". Com o advento da lei 10.256/2001, ficou legitimada a cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física, sem prejuízo do procedimento de sub rogação, previsto no art. 30, IV, da lei 8.212/1991, que em momento algum foi considerado inconstitucional. Recurso especial conhecido e provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em Exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 0. 72 01 54 /2 01 2- 40 Fl. 544DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Trata o presente processo de 03 autos de infração AI, às efls. 03 a 18, consolidados em 06/07/2012 e cientificados ao contribuinte através de edital em 04/09/2012, com relatório fiscal às efls. 22 a 27. O objeto dos presentes AI são as contribuições previdenciárias e penalidade que englobam os créditos previdenciários com descrição abaixo resumida: DEBCAD Nº DESCRIÇÃO VALOR 51.028.1672 Cobrança de obrigação principal proveniente da contribuição previdenciária patronal para custeio da seguridade social e contribuição para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho GILRAT, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural realizada pelo produtor rural pessoa física, cuja responsabilidade pelo recolhimento é subrogada à pessoa jurídica adquirente, nos termos da Lei nº 10.256, de 09/07/2001. 2.479.495,73 51.028.1680 Cobrança de obrigação principal proveniente da contribuição destinada a Outras Entidades e Fundos – Terceiros – SENAR, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural realizada pelo produtor rural pessoa física, cuja responsabilidade pelo recolhimento é subrogada à pessoa jurídica adquirente. 236.142,54 51.028.1699 CFL 38 Penalidade por deixar de apresentar livros contábeis, notas fiscais de produtor e extratos bancários das contas da empresa. 16.170,98 TOTAL DOS AUTOS DE INFRAÇÃO 2.731.809,25 A empresa foi caracterizada como empresa de fachada, inexistente de fato conforme se concluiu pelo relatório de efls. 116 a 120, com a documentação de suporte as fls. 121 a 144. Isso resultou no Ato Declaratório Executivo nº 030 de 02/07/2012, que cancelou de ofício o CNPJ da autuada. Nesse relatório a fiscalização concluiu que os beneficiários das operações eram os sócios da empresa Santa Lucia Indústria & Comércio de Carnes Ltda. (Santa Lucia), onde se realizava o abate do gado adquirido dos produtores rurais sendo este frigorífico e seus sócios arrolado como coresponsáveis pelos créditos lançados. A empresa fiscalizada não apresentou impugnação, apenas o Frigorífico Santa Luzia, às efls. 180 a 228, impugnou os AI. A 5ª Turma da DRJ/JFA considerou Fl. 545DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 4 3 improcedente a impugnação, por unanimidade de votos, conforme disposto no acórdão n° 09 43.067 de 13/03/2013, às efls. 275 a 287, mantendo integralmente o crédito tributário lançado. A mesma empresa coresponsável interpôs recurso voluntário, às efls. 289 a 318, argumentando, em resumo: · pela nulidade do Ai por falta de motivação/comprovação dos fatos de forma clara, vinculada à legislação de regência, gerando preterição do direito de defesa; · equivoco em cientificar a coresponsável, devendo o correto ser a intimação apenas da contribuinte; · a coresponsabilidade lhe foi atribuída indevidamente, não havendo comprovação de que a contribuinte fosse interposta pessoa da co responsável, sendo incabível falarse em interesse comum na situação que constituía os fatos geradores, pois ela seria apenas prestadora do serviço de abate do gado, não comercializando os produtos e por isso não sendo partícipe do fato gerador; · sua ilegitimidade passiva da penalidade do CFL 38, pois a solicitação de documentação deveria ser realizada à contribuinte, não sendo ela, coresponsável, a destinatária de tal solicitação, por isso não haveria infração de sua parte; · ilegalidade ou inconstitucionalidade da legislação que leva à exigência da contribuição social por subrogação na aquisição de produto comercializados por produtores rurais, conforme já restara decidido pelo STF nos autos do RE n 363.852, não tendo a Lei nº 10.256/2001 o condão de sanear a inconstitucionalidade ali destacada. Com base nessas argumentação, requer provimento do seu recurso para afastar os AI, por absoluta improcedência. O recurso voluntário foi apreciado pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 18/03/2014, resultando no acórdão 2401003.427, às efls. 336 a 348, que tem a seguinte ementa: PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOBRE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUÇÃO RURAL. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA STF. DECISÃO PLENÁRIA TRANSITADA EM JULGADO. OBSERVÂNCIA. POSSIBILIDADE. ARTIGO 62 DO RICARF. Na esteira da jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal Federal, especialmente nos autos do Recurso Extraordinário n° 363.852/MG, uma vez decretada à inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, inciso V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, atualizada pela Lei n° 9.528/97, os quais contemplam as contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização de produtos rurais adquiridos de pessoas Fl. 546DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 5 4 físicas, exigidas por subrogação da empresa adquirente, impõese reconhecer a improcedência de lançamentos escorados naquelas malfadadas normas, o que se vislumbra na hipótese dos autos. AUTO DE INFRAÇÃO. INOBSERVÂNCIA DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Constitui infração, sujeita à aplicação de multa, deixar a empresa de exibir à Fiscalização quaisquer documentos e/ou livros contábeis relacionados com as contribuições para a Seguridade Social, ou apresentálos desprovidos das formalidades legais exigidas, com informações diversas da realidade ou com omissão de informações verdadeira, nos termos do artigo 33, §§ 2º e 3°, da Lei nº 8.212/91. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com esteio nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Provido em Parte. O acórdão, por sua vez, tinha a seguinte redação: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a exigência fiscal, por subrogação, relativa à aquisição de produtos rurais de pessoas físicas, objeto dos AIOP'S DEBCADs n°s 51.028.1672 e 51.028.1680. Recurso Especial da Fazenda A Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência RE, às efls. 350 a 366, em 16/06/2014, entendendo que o acórdão recorrido merece ser reformado. Tal entendimento seria suportado pelos acórdãos paradigmas: 230201.599, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara, e 2402 001.955, da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara , ambas da Segunda Seção de Julgamento do CARF. Argumenta a Procuradora que, os acórdãos paradigmas permitem entender que a discussão travada no âmbito do RE 363.852 do STF, tratando da constitucionalidade de dispositivos da Lei nº 8.212/1991 com redação anterior à EC 20/1998, se cinge especificamente Fl. 547DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 6 5 à situação sob a vigência das Leis nº 8.540/1992 e 9.528/1997. Com o advento de nova lei baseada na EC citada (em concreto, a Lei nº 10.256/2001), sobre esta não existiria apreciação de constitucionalidade da mesma natureza, conforme ressalvado em embargos de declaração no mesmo RE 363.852, e a subrogação estaria restabelecida, o que e até mesmo já foi reconhecido em acórdãos de tribunais federais. Pelas razões expostas, a Procuradora pleiteou o provimento do RE para que se reforme o acórdão recorrido e se mantenha o lançamento na sua integralidade. O Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF através do despacho nº 2400600/2014, às efls. 433 a 435, deu seguimento ao RE por entender preenchidos os requisitos legais para sua admissibilidade em 04/08/2014. Das contrarrazões da coresponsável Cientificados os sujeitos passivos do resultado do julgamento do recurso voluntário, do RE da Fazenda e da admissibilidade deste, apenas a coresponsável Santa Lucia, que recebera a intimação em 09/10/2014, apresentou contrarrazões, às efls. 508 a 534, em 24/10/2014, no prazo previsto no art. 69 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009. Em seu contraarrazoado, a coresponsável de início pugna pelo seu afastamento do pólo passivo da relação jurídico tributária. Na sequência, afirma que o RE 363.852 apreciado no STF inclui as hipóteses corrigidas pela Lei nº 10.256/2001, como de inconstitucionalidade. Essa lei não teria arrimo na EC nº 20/98, pois com a inconstitucionalidade das Leis 8.540/1992 e 9.528/1997, lhe faltaria a definição de fato gerador do tributo. Por fim, faz assertivas sobre matérias que não constam do RE da Procuradoria e por isso não serão aqui relatadas. RE da coresponsável Ainda em 24/10/2014, Santa Lúcia interpôs RE ao acórdão de recurso voluntário, às efls. 447 a 462. Em 20/11/2014, o Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, em despacho de nº 2400916/2014, às efls 539 a 541, negou seguimento a esse RE, tendo esse posicionamento sido mantido pelo Presidente do CARF em 28/11/2014, através do despacho nº 2400 970R/2014, à efl. 542, em reexame previsto no art. 71 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, À época vigente. É o relatório. Fl. 548DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Pelo que consta no processo, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Inicialmente, é de se esclarecer que a discussão sobre a manutenção ou exclusão da coresponsável no polo passivo da relação tributária não faz parte da lide. Com efeito, a decisão recorrida não excluiu a coresponsável do polo passivo e, para que essa matéria fosse devolvida à Câmara Superior, seria necessário que o contribuinte tivesse interposto Recurso Especial sobre a matéria e que ele fosse devidamente admitido, o que contudo não ocorreu. Portanto, entendo que essa discussão esteja preclusa no âmbito do Processo Administrativo Fiscal e, assim, deixo de me manifestar sobre a matéria. Feito o esclarecimento, passo à análise do mérito do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Entendo que o recurso deva ser provido, haja vista que a referida decisões do STF não se referiu à inconstitucionalidade do art. 30, inc. IV, da Lei 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 9.528 de 10/12/1997, mas à inconstitucionalidade da própria tributação do produtor rural, pessoa física, com base na receita bruta ou no faturamento, pois, até a vigência da EC 20 de 15/12/1998, essa receita demandaria lei complementar para sua tributação. Se esta não pode ser tributada a subrogação inexistiria por mera conseqüência lógica e não por inconstitucionalidade própria. A partir da referida emenda constitucional e da existência de nova lei regulando a relação jurídica da pessoa física com o fato gerador, a subrogação do art. 30, inc. IV, automaticamente incide. Argumentos que apóiam tal entendimento constam de forma clara e didática em voto da ilustre Conselheira Dra. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira no acórdão nº 2401003.896 da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta Segunda Seção, por isso peço vênia para transcrevêlo: Quanto ao mérito cumprenos apreciar não apenas os dispositivos legais que abarcam a matéria, mas também as decisões emanadas pelo STF a respeito da matéria, considerando o recurso apresentado pelo recorrente. O presente AIOP referese a contribuições devidas à seguridade social, parcela devida pelo produtor rural, pessoa física (conforme relatório fiscal), incidentes sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, (compra de bovinos para abate) bem como da contribuição destinada ao SENAR e ao SAT/RAT no período de 01/2010 a 12/2010. A contribuição sobre a comercialização da produção está descrita no art. 25 da Lei 8212/91: Fl. 549DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 8 7 Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação alterada pela Lei n° 10.256/01. Vigência a partir de 01/11/01, ver § 3° do art. 4° da MP n° 83/02, convertida na Lei n° 10.666/03 e nota no final do art I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação alterada pela Lei n° 9.528/97. Vigência a partir de 11/12/1997 II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para o financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação alterada pela MP n° 1.523/96, reeditada até a conversão na Lei n° 9.528/97 A subrogação descrita nesta NFLD está respaldada no que dispõe o art. 30, IV, da Lei 8.212/91, com redação da lei 9528/97: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (Redação alterada pela Lei n° 8.620/93) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação alterada pela MP n° 1.5239/97 e reeditada até a conversão na Lei n° 9.528/97) Sobre tais valores foi aplicada a alíquota de 0,1% até 12/2001 e 0,2% a partir de 01/2002, de acordo com o FPAS 744. A alíquota de contribuição devida ao SENAR foi alterada face nova redação dada pelo art. 3° da Lei 10.256/2001 no art. 6° da Lei 9.528/1997. "Art.6° A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei n° 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural." (NR) Com base no exposto, devidamente respaldado encontrarseia o trabalho da auditoria fiscal. O problema surge a partir do não fosse o julgamento pelo STF o Recurso Extraordinário n° 363.852, cujo Plenário deu provimento ao recurso em acórdão com a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO PRESSUPOSTO ESPECÍFICO VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO Fl. 550DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 9 8 ANÁLISE CONCLUSÃO Porque o Supremo, na análise da violência à Constituição, adota entendimento quanto à matéria de fundo extraordinário, a conclusão a que chega deságua, conforme sempre sustentou a melhor doutrina José Carlos Barbosa Moreira , em provimento ou desprovimento do recurso, sendo impróprias as nomenclaturas conhecimento e não conhecimento. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS SUBROGAÇÃO LEI N° 8.212/91 ART. 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL N° 20/98 UNICIDADE DE INCIDÊNCIA EXCEÇÕES COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PRECEDENTE INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária subrogada do adquirente, presente a venda de bovinos, por produtores rurais, pessoas naturais, prevista os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis n° 8.540/92 e 9.528/97. Aplicação de leis no tempo considerações (g.n.) Discutese, naqueles autos, a constitucionalidade da contribuição exigida com base no art. 25 da Lei n° 8.212/91, com redação dada pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/97, incidente sobre o valor da comercialização da produção rural, tendo como contribuinte o Empregador Rural Pessoa Física. É sabido que a Constituição da República de 1988 estabeleceu a tributação incidente sobre a comercialização da produção rural para os casos de economia familiar (art. 195, § 8° da CR). Em face disso, a Lei n° 8.212/91, art. 25, originariamente determinava que apenas os segurados especiais (produtor rural individual, sem empregados, ou que exerce a atividade rural em regime de' economia familiar) passariam a contribuir de forma diversa, mediante a aplicação de uma alíquota sobre a comercialização da produção. Todavia, com a edição das Leis n. 8.540, 9.528, que alteraram a redação do art. 25 da Lei n° 8.212/91, passouse a exigir tanto do empregador rural pessoa física como do segurado especial a contribuição com base no valor da venda da produção rural. Quanto a este ponto o Supremo Tribunal Federal manifestouse pela inconstitucionalidade da exação questionada, conforme decisão proferida no RE 363.852, no sentido de que houve a criação de uma nova fonte de custeio da Previdência Social e que tal iniciativa teria de ser tomada mediante a aprovação de lei complementar, conforme prevê o § 4° do art. 195 da Constituição da República. Impende saber se este modelo previdenciário trazido pela atual redação do art. 25 da Lei n° 8.212 (introduzida pela Lei 10.256 e demais dispositivos já mencionados) se amoldaria aos preceitos constitucionais previstos no art. 195 da Constituição Federal. Portanto, de pronto podemos concluir que a exigência de contribuições sobre a aquisição da produção rural de pessoas físicas até a edição da lei 10.256/2001, ou seja, para lançamentos que envolvem competências até a edição da referida lei, encontramse abarcada pelo manto da inconstitucionalidade conforme decisão proferida pelo STF, acima transcrita. Fl. 551DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 10 9 (...) Notase que o objeto do RE 363.852 referese à discussão da constitucionalidade dos dispositivos da Lei n° 8.212/1991 nas redações dadas pelas Leis 8.540/1992 e 9.528/1997, ambas anteriores à Emenda Constitucional n° 20/1998. Portanto, decidiu o STF que a inovação da contribuição sobre comercialização de produção rural da pessoa física não encontrava respaldo na Carta Magna até a Emenda Constitucional 20/98, decidindo expressamente pela inconstitucionalidade acerca das Leis 8.540/92 e 9.528/97, razão pela qual compete a este Conselho, em observância ao art. 62A determinar a improcedência dos lançamento envolvendo períodos anteriores. Confirmando, ainda mais o posicionamento a ser adotado o referido precedente RE 363.852 foi ao depois aplicado em regime de repercussão geral por meio do julgamento do Recurso Extraordinário n° 596.177/RS (art. 543B do Código de Processo Civil)5, cuja ementa encontrase abaixo transcrita: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA.INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO.ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1° DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1° da Lei 8.540/1992, aplicandose aos casos semelhantes o disposto no art. 543B do CPC. (RE 596.177, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO, DJe165 de 29082011) Vale também transcrever posição do Dr. Rafael de Oliveira Franzoni, Procurador da Fazenda Nacional, que em seu artigo: "A CONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA: Análise da jurisprudência do STF e do TRF da 4aRegião", assim conclui acerca das decisões proferidas no âmbito do STF: Ou seja, o que era apenas um precedente tornouse um posicionamento consolidado no âmbito do Supremo Tribunal Federal sobre a inconstitucionalidade da contribuição previdenciária prevista no art. 25 da Lei n° 8.212/1991, inclusive com as alterações decorrentes das Leis n°s 8.540/1992 e 9.528/1997, no que atine ao empregador rural pessoa física. Sendo assim, em face da força persuasiva especial e diferenciada6 proveniente dos julgamentos proferidos sob a nova sistemática da repercussão geral, é muito provável que seja tal entendimento seja seguido pelos demais órgãos do Poder Judiciário, independentemente da não existência de Fl. 552DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 11 10 efeito vinculante a qualificar o controle difuso de constitucionalidade. Vale registrar, por oportuno, que a contribuição previdenciária do segurado especial, também regulada pelo art. 25 da Lei n° 8.212/1991, não foi afetada pela decisão da Suprema Corte no Recurso Extraordinário n° 596.177/RS, haja vista que o seu fundamento constitucional é distinto e independente da exação incidente sobre o empregador rural pessoa física. O daquela reside ele no § 8°; ao passo que o desta, no inciso I, ambos do art. 195 do Texto Magno. Se assim é, a declaração de inconstitucionalidade de que se cuida foi parcial, isto é, apenas parte da norma contida no texto do já citado art. 25 foi julgada nula e, portanto, extirpada do ordenamento jurídico. Mas este ponto será mais amiudemente examinado em tópico apartado. Assim, até a edição da Emenda Constitucional n° 20/98 o art. 195, inciso I, da CF previa como bases tributáveis de contribuições previdenciárias a folha de salários, o faturamento e o lucro, não havendo qualquer menção à receita como base tributável, o que macula a contribuição criada com base na receita da comercialização. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional n°20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional n°20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional n°20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional n°20, de 1998 Assim, há que se destacar que a Lei n° 10.256/2001, deu nova redação ao art. 25 da Lei n° 8.212/1991 que passou a assim vigorar: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei n° 10.256, de 2001). Fl. 553DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 12 11 I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 10.12.97). II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. Assim, a partir da referida lei, existiria respaldo para o lançamento de contribuições, conforme acima descrito e consolidado tal entendimento por decisão proferida pelo Ministro Joaquim Barbosa no julgamento do RE 585.684, senão vejamos: No julgamento do RE 363.852 (rel. min. Marco Aurélio, DJe de 23.04.2010), o Pleno desta Corte considerou inconstitucional o tributo cobrado nos termos dos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis n° 8.540/92 e n°9.528/97. Assim, o acórdão recorrido divergiu dessa orientação. Ante o exposto, conheço do recurso extraordinário e doulhe parcial provimento, para proibir a cobrança da contribuição devida pelo produtor rural empregador pessoa física, cobrada com base na Lei 8.212/1991 e as que se seguiram até a Lei 10.256/2001. [grifo nosso] (RE .568 4, Relator Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 01/02/2011, publicado no DJe038 de 25/02/2011) Isto posto, com a entrada em vigor da Lei n° 10.256/2001, editada sob o manto constitucional aberto pela Emenda Constitucional n° 20/98, passam a ser devidas as contribuições sociais a cargo do empregador rural pessoa física, às alíquotas de 2% e 0,1% incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, nos termos assinalados no art. 25 da Lei n° 8.212/91, com a redação que lhe foi introduzida pela Lei n° 10.256/2001. O caso ora sob análise, conforme acima destacamos, envolve contribuições para o período de 01/2010 a 12/2010, ou seja, em período integralmente coberto pela regência da Lei n° 10.256/2001, não havendo que se falar em inconstitucionalidade da exação, pois esta decorre diretamente da norma tributária inserida no ordenamento pelo diploma legal, e não sob as contribuições descritas nas leis n° 8.540/92 e 9.528/97, declaradas inconstitucionais pelo STF. Esse entendimento já vinha sendo corriqueiramente aplicado nos julgados desta turma do colegiado, contudo, ao adentrarmos a questão da subrogação descrita no art. 30, IV da lei 8212/91, nas redações dadas pelas leis n° 8.540/92 e 9.528/97, entendeu a turma, que a subrogação, acabou no resultado do julgamento sendo por derradeira também declarada inconstitucional, o que resultava na inviabilizando da utilização da sistemática de subrogação nos casos de aquisição de produção rural de produtores rurais pessoas físicas. Todavia, as decisões proferidas no âmbito dos Tribunais Regionais Federais ao apreciar diversos casos incidentais envolvendo a mesma questão, bem como a decisão de outras turmas deste mesmo Conselho, nos levaram a reapreciar posicionamento antes adotado e a interpretar a decisão do próprio STF sob outra ótica, como passamos abaixo a discorrer. Citese do TRF: Fl. 554DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 13 12 "TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA EMPREGADOR. PRESCRIÇÃO. LC 118/05. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. 1 O STF, ao julgar o RE n° 363.852, declarou inconstitucional as alterações trazidas pelo art. 1° da Lei n° 8.540/92, eis que instituíram nova fonte de custeio por meio de lei ordinária, sem observância da obrigatoriedade de lei complementar para tanto. 2 Com o advento da EC n° 20/98, o art. 195, I, da CF/88 passou a ter nova redação, com o acréscimo do vocábulo "receita". 3 Em face do novo permissivo constitucional, o art. 25 da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 10.256/01, ao prever a contribuição do empregador rural pessoa física como incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção, não se encontra eivado de inconstitucionalidade." (Apelação n° 000242212.2009.404.7104, Rel. Des. Fed. Mª de Fátima Labarrère, 1ª Turma do TRF4, julgada em 11/05/10) Quanto a este ponto, apreciando os diversos julgamentos realizados no âmbito do CARF, valhome de um especificamente, do ilustre Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, datado de 18 de abril de 2013 Acórdão 230202.445, da FRIGO VALE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CARNES LTDA, que de forma fantástica analisou profundamente os efeitos das decisões dos tribunais sobre a sistemática da SUBRROGAÇÃO, determinando a procedência da autuação. O posicionamento referenciado no acórdão mostroume muito mais acertada, do que aquele até então por mim adotado, razão pela qual adotoo como razão de decidir, transcrevendo a parte pertinente abaixo: 3.1.4.DA SUBROGAÇÃO Por derradeiro, mas não menos importante, restanos apreciar a questão atávica à subrogação do adquirente, do consignatário ou da cooperativa pelo cumprimento das obrigações do empregador rural pessoa física e do segurado especial assentadas no art. 25 da Lei n° 8.212/91. Verificase no voto condutor acima revisitado, que a matéria atinente à subrogação em momento algum foi discutida no julgamento do Supremo Sodalício. Com efeito, o Supremo não se pronunciou acerca de nenhum vício de inconstitucionalidade a macular a subrogação, até porque esta foi expressamente prevista na própria Lex Excelsior. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) §7° A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer Fl. 555DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 14 13 posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (Incluído pela Emenda Constitucional n° 3, de 1993) Assim proclamou o Min. Marco Aurélio, ad litteris et verbis: "Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para desobrigar os recorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por sub rogação sobre a "receita bruta proveniente da comercialização da produção rural" de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial, invertidos os ônus da sucumbência.” Olhando com os olhos de ver, o Min. Marco Aurélio não declarou a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91, mas, tão somente, a inconstitucionalidade do art. 1° da Lei n° 8.540/92, o qual, dentre outras tantas providências, "deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91". Lei n°8.540, de 22 de dezembro de 1992 Art. 1° A Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, passa a vigorar com alterações nos seguintes dispositivos: Art. 12... V ... a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxilio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não continua; b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral garimpo , em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxilio de empregados, utilizados a qualquer titulo, ainda que de forma não continua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregação ou de ordem religiosa, este quando por ela mantido, salvo se filiado obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade, ou a outro sistema previdenciário, militar ou civil, ainda que na condição de inativo; Fl. 556DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 15 14 d) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social; e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por sistema de previdência social do pais do domicilio; Art. 22 ................................. §5° O disposto neste artigo não se aplica à pessoa fisica de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 desta Lei. Art. 25. A contribuição da pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea "a" do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: I dois por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II um décimo por cento da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento de complementação das prestações por acidente de trabalho. §1° O segurado especial de que trata este artigo, além da contribuição obrigatória referida no "caput", poderá contribuir, facultativamente, na forma do art. 21 desta Lei. §2° A pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12, contribui, também, obrigatoriamente, na forma do art. 21 desta Lei. §3° Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem, torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. §4°Não integra a base de cálculo dessa contribuição a produção rural destinada ao plantio ou reflorescimento, nem sobre o produto animal destinado a reprodução ou criação pecuária ou granjeira e a utilização como cobaias para fins de pesquisas científicas, quando vendido pelo próprio produtor e quem a utilize diretamente com essas finalidades, e no caso de produto vegetal, por pessoa ou entidade que, registrada no Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, se dedique ao comércio de sementes e mudas no País. Fl. 557DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 16 15 § 5º (VETADO) (...) Art. 30 ... IV o adquirente, o consignatário ou a cooperativa ficam subrogados nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; X a pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição de que trata o art. 25 desta Lei no prazo estabelecido no inciso III deste artigo, caso comercializem a sua produção no exterior ou, diretamente, no varejo, ao consumidor." Ora, caros leitores, o fato de o art. 1° da Lei n° 8.540/92 ter sido declarado, na via difusa, inconstitucional, não implica ipso facto que todas as modificações legislativas por ele introduzidas sejam tidas por inconstitucionais. A pensar assim, seria inconstitucional a fragmentação da alínea 'a' do inciso V do art. 12 da Lei n° 8.212/91, nas alíneas 'a' e 'b' do mesmo dispositivo legal, sem qualquer modificação em sua essência, assim como a renumeração das alíneas 'b', 'c' e 'd' do mesmo inciso V acima citado para 'c', 'd' e 'e', respectivamente, sem qualquer modificação de texto. (...) E o que falar, então, sobre a constitucionalidade do Inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212/91, o qual, embora citado pelo Sr. Min. Marco Aurélio, sequer se houve por tocado pelo art. 1° da Lei n° 8.540/92. Seria, assim, o Inciso VII do art. 12 da Lei n° 8.212/91 inconstitucional simplesmente e tão somente porque fora citado pelo Min. Marco Aurélio em seu voto? Não nos parece ser essa a melhor exegese do caso em debate. (...) Aditese que o inciso IX do art. 93 da CF/88 determina, taxativamente, que todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário, aqui incluído por óbvio o STF, devem ser públicos, e fundamentadas todas as suas decisões, sob pena de nulidade. Ora ... No julgamento do RE 363.852/MG inexiste qualquer menção, ínfima que seja, a possíveis vícios de inconstitucionalidade na subrogação encartada no inciso . V do art. 30 da Lei n° 8.212/91. Aliás, o vocábulo "subrogação" assim como a referência ao "inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91" somente são mencionados na conclusão do Acórdão, ocasião em que o Sr. Min. Relator desobriga os recorrentes do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu Fl. 558DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 17 16 recolhimento por subrogação sobre a "receita bruta proveniente da comercialização da produção rural" de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, e que é declarada inconstitucionalidade do art. 1° da Lei n° 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97. Realmente, ao verificar o texto integral da decisão do Ministro Marco Aurélio no acórdão RE 363.852, o mesmo não adentrou em momento algum a apreciação da inconstitucionalidade do art. 30, IV da lei 8212/91, o que ao meu ver, impede a extensão dos efeitos da inconstitucionalidade das contribuições instituídas lei 8.540/92, o qual deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97, para as contribuições lançadas após a lei 10.256/2001. Todavia, não foi apenas esse fato mencionado no voto do ilustre Conselheiro Arlindo da Costa, que me levou a alterar o posicionamento até então adotado. Senão vejamos, outro texto do acórdão que novamente adoto como razões de decidir: A quatro, porque a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições de que trata o art. 25 da Lei n° 8.212/91 foi determinada ao adquirente, ao consignatário e à cooperativa, expressamente, pelo inciso III do art. 30 da Lei n° 8.212/91, o qual não foi igualmente atingido, sequer de raspão, pelos petardos da declaração de inconstitucionalidade aviada no RE n° 363.852/MG, permanecendo tal obrigação tributária ainda vigente e eficaz, mesmo em relação ao empregador rural pessoa física após a publicação da Lei n° 10.256/2001, produzindo todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei n° 10.256/2001). I 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei n° 9.528/97). II 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das prestações por acidente do trabalho. (Redação dada pela Lei n° 9.528/97). Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas, observado o disposto em regulamento: (...) Fl. 559DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 18 17 III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) IV a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa ficam subrogadas nas obrigações da pessoa física de que trata a alínea "a" do inciso V do art. 12 e do segurado especial pelo cumprimento das obrigações do art. 25 desta Lei, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, exceto no caso do inciso X deste artigo, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) É certo que o disposto no inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91 já seria bastante e suficiente para impingir ao adquirente, consumidor, consignatário e à cooperativa o dever jurídico de recolher as contribuições incidentes sobre a comercialização de produção rural. Mas o Legislador Ordinário foi mais seletivo: Isolou, propositadamente, no inciso III do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, a obrigação tributária do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa de recolher a contribuição de que trata o art. 25 dessa mesma lei, no prazo normativo, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, outorgando ao Regulamento da Previdência Social a competência para dispor sobre a forma de efetivação de tal obrigação acessória. Acomodou no inciso IV do art. 30 da Lei n° 8.212/91, de maneira genérica, a subrogação do adquirente, do consumidor, do consignatário e da cooperativa nas demais obrigações, de qualquer naipe, do empregador rural pessoa física e do segurado especial decorrentes do art. 25 desse Diploma Legal, independentemente de as operações de venda ou consignação terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física. Da análise dos dispositivos legais acima selecionados, restou visível que a obrigação da empresa adquirente, consumidora, consignatária e a cooperativa pelo recolhimento das contribuições previstas no art. 25 da Lei n° 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 10.256/2001, decorre não da norma inscrita no inciso IV do art. 30 da Lei de Custeio da Seguridade Social, mas, sim, do preceito assentado no inciso III desse mesmo dispositivo legal, em atenção ao princípio jurídico da especialidade na solução dos conflitos aparentes Fl. 560DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 19 18 de normas jurídicas, que faz com que a norma específica prevaleça sobre aquela editada de maneira genérica, princípio eternizado no brocardo latino "lex specialis derogat generali". A cinco, porque o próprio dispositivo do Acórdão do RE 363.852/MG declara a "inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97, até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial". Salta aos olhos que a sanatória da inconstitucionalidade vislumbrada pela Suprema Corte depende, tão somente, da promulgação de legislação nova, arrimada na EC n° 20/98, que institua a contribuição então viciada. Tais exigências houveramse por integralmente supridas com a promulgação da Lei n° 10.256, de 09 de julho de 2001, sob cuja égide ocorreram todos os fatos geradores contidos no presente lançamento tributário. (...) Avulta, de todo o exposto, que o provimento permeado no Acórdão do STF em tela visou a desobrigar o recorrente do RE 363.852/MG da retenção e do recolhimento da contribuição social sobre a "receita bruta proveniente da comercialização da produção rural" de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, ou do seu recolhimento por subrogação, não por defeito jurídico no instituto da subrogação, mas, sim, por vício de inconstitucionalidade da própria exação em si considerada. Ou seja, face aos argumentos colacionados pelo voto condutor no processo acima transcrito, concluo que deve ser julgado procedente o lançamento por subrogação em relação a aquisição da produção rural do produtor rural pessoa física sob os seguintes aspectos. a) Primeiramente a não apreciação no RE 363.852/MG dos aspectos relacionados a inconstitucionalidade do art. 30, IV da Lei 8212/2001; sendo que o fato de constar no resultado do julgamento "inconstitucionalidade do artigo 1° da Lei n° 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com redação atualizada até a Lei n° 9.528/97" não pode levar a interpretação extensiva de que fora declarada também a inconstitucionalidade do art. 30, IV, considerando a ausência de fundamentos jurídicos no próprio voto condutor. b) Segundo, o próprio dispositivo do Acórdão do RE 363.852/MG que declarou a inconstitucionalidade fez constar: "até que legislação nova, arrimada na Emenda Constitucional n° 20/98, venha a instituir a contribuição". Ou seja, considerando que a lei 10.256/2001, cobriu de legitimidade a cobrança de contribuições sobre a aquisição do produtor rural pessoa física, por derradeiro, não tendo o RE 363.852 declarado a inconstitucionalidade do art. 30, IV da lei 8212/91, a sub Fl. 561DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 20 19 rogação consubstanciada neste dispositivo encontrase também legitimada. Ademais a obrigação legal de arrecadar as contribuições descritas no art. 25 não encontra respaldo apenas no art. 30, IV da lei 8212/91, mas também na obrigação legal esculpida no inciso III do mesmo artigo: III a empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a recolher a contribuição de que trata o art. 25, até o dia 2 do mês subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de estas operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na forma estabelecida em regulamento; (Redação dada pela Lei 9.528/97) (grifos nossos) Quanto a utilização do inciso III do art. 30 da lei 8212/91, como fundamento para legitimação da sistemática de adoção da subrogação, destacamos, que esse critério só precisa ser utilizado, caso se entendesse que realmente o art. 30, IV da lei 8212/91, tivesse sido declarado inconstitucional no RE 363.852, fato, que no meu entender restou superado, pelos argumentos trazidos anteriormente no presente voto. (...) Quanto às contribuições destinadas ao Senar, as mesmas possuem previsão no art. 6º da Lei n 9.528 de 1997, nestas palavras: Art. 6º A contribuição do empregador rural pessoa física e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), criado pela Lei no 8.315, de 23 de dezembro de 1991, é de zero vírgula dois por cento, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural. (Redação dada pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) Essas contribuições não foram objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade no Recurso Extraordinário n 363.852. Desse modo, permanece a exação tributária. Porém, tais contribuições eram recolhidas pelo substituto tributário e não pelos produtores rurais; a transferência da responsabilidade para os substitutos está prevista no art. 94 da Lei n 8.212, art. 3º da Medida Provisória n 222 de 2004, combinado com o art. 30, inciso IV da Lei n 8.212 de 1991. Uma vez tendo sido afastada a dúvida acerca da declaração de inconstitucionalidade do art. 30, inciso III e IV plenamente respaldado encontrase o exigência legal objeto do presente lançamento. Pelas razões acima expostas, voto por dar provimento ao recurso especial de divergência da Fazenda Nacional, mantendo o crédito tributário lançado. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 562DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10970.720154/201240 Acórdão n.º 9202004.336 CSRFT2 Fl. 21 20 Fl. 563DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 14/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 13854.000297/97-47
Turma: Segunda Turma Superior
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2001
Numero da decisão: 201-00.222
Decisão: RESOLVEM os Membros da Primeira Câmara do Segundo Conselho de
Contribuintes, p.or unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: Rogério Gustavo Dreyer
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 200111
turma_s : Segunda Turma Superior
numero_processo_s : 13854.000297/97-47
conteudo_id_s : 5671928
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 201-00.222
nome_arquivo_s : Decisao_138540002979747.pdf
nome_relator_s : Rogério Gustavo Dreyer
nome_arquivo_pdf_s : 138540002979747_5671928.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : RESOLVEM os Membros da Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, p.or unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
dt_sessao_tdt : Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2001
id : 6611846
ano_sessao_s : 2001
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:55:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686837104640
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: 20100222_138540002979747_200111; xmp:CreatorTool: Smart Touch 1.7; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dcterms:created: 2017-01-16T13:18:11Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: 20100222_138540002979747_200111; xmpMM:DocumentID: uuid:dcf534ee-7bc3-42b3-b833-59b6db0aecd4; pdf:docinfo:creator_tool: Smart Touch 1.7; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:encrypted: false; dc:title: 20100222_138540002979747_200111; Build: FyTek's PDF Meld Commercial Version 7.2.1 as of August 6, 2006 20:23:50; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: ; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; ModDate--Text: ; dc:subject: ; meta:creation-date: 2017-01-16T13:18:11Z; created: 2017-01-16T13:18:11Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; Creation-Date: 2017-01-16T13:18:11Z; pdf:charsPerPage: 549; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; pdf:docinfo:custom:Build: FyTek's PDF Meld Commercial Version 7.2.1 as of August 6, 2006 20:23:50; meta:keyword: ; producer: Eastman Kodak Company; pdf:docinfo:custom:ModDate--Text: ; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Eastman Kodak Company; pdf:docinfo:created: 2017-01-16T13:18:11Z | Conteúdo => MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE cONTRIB(JINTES. , , Processo Resolução: Recurso 13854.000297/97-47 201-00.222 116.336 Sessão Recorrente : Recorrida : 12 de novembro de 2001 AGROCITRUS LTDA. . DRJem Ribeirão Preto - SP .,, I RESOLUÇÃO N° 201-00.222 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: AGROCITRUS LTDA. \ RESOLVEM os Membros da Primeira Câmara do Segundo .Conselho de Contribuintes, p.or unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, . nos termos do voto do Relator. . " as Sessões, em 12 de novembro de 2001 . Jorge . presid~teJ .. , .Rogério Gustavo ~ Relator ~ ~ .t \ :(t cllcf 1 .' MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES .Processo Resolução: Recurso 13854.000297/97;.47 201-00.222 116.336 Recorrente : AGROCITRUS LTDA. .A contribuinte requereú o ressarcimento do' crédito presumido do PIS e dà COFINS relativo ao exercício de 1996. O pedido foi negado em despacho decisório; tendo em vista o fato de ter procedido a industrialização de seus produtos exportados em estabelecimentos. de terceiros, caracterizando a requerente como empresa cómercial, ainda que equiparada a industrial, bem como por ter incluído vendas a, empresas comerciais exportadoras anteriormente a 23 de novembro de 1996: . Na decisão ora recorrida, dá o julgador parcial provimento ao pedido para reconhecer o seu direito, mesmo na condição de empresa equiparada a indústria e' sobre as exportações efetuadas via tra,ding companies; nega o direito aos valores decorrentes qos. custos de industrialização por terceiros, por se constituírem em valores nascidos após Q processo produtivo da recorrente; e nega, igualmente, a atualização pretendida. De fls.. 56 e seguintes, a Impugnação ao referido despacho, defendendo a requerente a sua condição de beneficiária do crédito presumido, visto que adquire matéria-prima . no mercad<? interno e a manda industrializar por terceiros para, posteriormente, remetê-la ao exterior: Igualmente defende o direito ào Crédito presumido sobre as vendas ao exterior através de tradings, tendo em vista que a operaçãoequipar~-se à exportação. Péde a atualização do valor pela Taxa SELIC. . RELATÓRIO Segue-se termo de diligência solicitando informações detalhadas sobre as. operações. I ~.. \~ ! I I I Je\ ~. @ I J. j 1 I ,4*'''''- Irresigriada a: contribuinte interpôs o presente recurso voluntário, onde defende que a industrialização por conta de terceiros representa o custo de insumos utilizados no produto exportado e como tal deve ser ressarcido. Alude, ainda, que sobre tais custos incide a Contribuição ao PIS e a COFINS, tributos cuja desoneração é pretendida pelo beneficio. Reitera a validade da atualização pela Taxa SELIC. É o relatório. 2 '.. Processo .Resolução: Recurso MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES '13854.000297/97-47 . 201-00.222 116.336 VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR ROGÉRIO GUSTAVO DRE~R A questão versada nos autos tem tido, por parte deste Colegiado l a cautela, do esclarecimento da operação perpetrada por terceiros para verificar como, a mesma se configura e qual os ins~mos (matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem) neles aplicados, quer fornecidos' pelo encomendaníe,' quer fornecidos pelo industrializador. Por tal, respeitando este entendimento, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a autoridade singul~ intime a contribuinte para informar e comprovar o que segue: a) se a operação de industrialização por terceiros refere-se, exclusivamente, à prestação de serviços (mão-de-obra); e ' b) em,caso de resposta negativa ao quesito acima: b.I) descrever a,operação que é perpetrada pelo industrializador, acompanhada de. material dela comprobatório, (laudos, informações técnicas, etc.); e / b.2) informar, separadamente, quais as m~térias-primas, produtos intermediários e material de embalagem fornecidos pelo encomendante e' pelo indus~riaIizador' para a industrialização'e qual o percent~al de cust.o destes, . separadainente, aplicados no produto. industri~izado. ' Após o cumprimento da, diligência, retomem os autos para este Egrégio Conselho para julgamento. É c()mo voto. salà das sessões,~2 de nov~mbrode 2001 ROGÉRIO GUSTAVO~ 3 00000001 00000002 00000003
score : 1.0
Numero do processo: 10580.726165/2009-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente.
IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL.
Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria.
IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV.
Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte
Numero da decisão: 9202-004.116
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Sep 19 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10580.726165/2009-21
anomes_publicacao_s : 201609
conteudo_id_s : 5634258
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.116
nome_arquivo_s : Decisao_10580726165200921.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
nome_arquivo_pdf_s : 10580726165200921_5634258.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
id : 6497677
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:52:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686895824896
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1976; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 11 1 10 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.726165/200921 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202004.116 – 2ª Turma Sessão de 21 de junho de 2016 Matéria IRPF RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE URV Recorrente ANA DALVA REIS DE QUEIROZ Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 61 65 /2 00 9- 21 Fl. 318DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 12 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.726133/200926. Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios 2005, 2006 e 2007, decorrente da omissão de rendimentos recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, totalizando o valor de R$ 129.738,53, incluídos aí multa de ofício, equivalente a 75%, e juros de mora. Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 13 3 A Contribuinte apresentou impugnação, restando integralmente indeferida pela DRJ/SDR/BA às fls. 126/132. Regularmente cientificada, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário, fls. 137/227, argumentando, entre outros, a natureza indenizatória das diferenças recebidas de URV, a legitimidade da União Federal para cobrar o Imposto de Renda; a imprestabilidade da base de cálculo na forma em que se encontra – lançamento que desconsiderou possíveis deduções e apresentou erro na sua construção; a exigência de multa de ofício e juros moratórios. Em análise do Recurso Voluntário, a 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, fls. 272/279, deu parcial provimento ao recurso para excluir da base de cálculo lançada a parcela referente aos juros moratórios e, sobre a parte mantida, excluir a multa de ofício de 75%. Após rejeitados os Embargos Declaratórios apresentados pela Contribuinte às fls. 284/287, apresentou Recurso Especial às fls. 294/318, suscitando, em síntese, a não incidência do Imposto de Renda sobre as verbas referentes às diferenças de URV, face sua natureza indenizatória. Alega que as parcelas referentes às diferenças de URV não representam qualquer acréscimo patrimonial, produto do capital ou do trabalho, mas constituem ressarcimento pelo erro no cálculo da remuneração. Requer, ainda, tratamento isonômico entre os membros dos Ministérios Públicos da União e do Estado. No exame de admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Contribuinte, a Presidência da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 354/356, deu seguimento ao recurso em face da verificação da divergência entre os acórdãos recorrido e paradigma, para que ambas as matérias suscitadas no recurso especial sejam discutidas. Assim, deve ser reapreciada da natureza jurídica das diferenças remuneratórias calculadas em face da variação da URV, pagas a membro de Ministério Público estadual, para concluir pela incidência ou não do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, bem como a aplicação da resolução n. 245 do STF ao caso concreto. Apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, fls. 358/365, vieram os autos conclusos. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 14 4 Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.115, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.726133/200926, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.115): PRELIMINAR DE NULIDADE Em face do RE e do conteúdo do acórdão recorrido, cingese a discussão ao caráter indenizatório dos rendimentos relativos aos pagamentos recebidos pelos membros do Ministério Público da Bahia. Ausência de nulidade do lançamento Primeiramente, considerando ter sido suscitado de ofício a nulidade do lançamento, argumentando se a decisão do STF que declarou a inconstitucionalidade parcial do art. 12 da 7.713/1988, em sede de repercussão geral seria capaz de eivar de vício material o lançamento. Entendo que não! Ao apreciarmos o inteiro teor da decisão do STF, e mais baseado na decisão do STJ, que ensejou o pronunciamento daquela corte máxima, observamos que toda a discussão cingee sobre o regime de tributação aplicável aos RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE RRA, se regime de caixa (como originalmente lançado no dispositivo legal), ou o regime de competência (forma adotada posteriormente pela própria Receita Federal calcada em pareceres, decisões do STJ que ensejaram inclusive alteração legislativa art. 12A da 12.530/2010. De acordo com o art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009, vigente à época da interposição do recurso), devese aplicar à espécie o REsp nº 1.118.429/SP, julgamento sob o rito do art. 543C do CPC. Na ocasião, o STJ decidiu que a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculada de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Senão vejamos: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 15 5 AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. Resp 1.118.429/SP, julgado em 24/03/2010. (grifei) Na verdade a posição do STF, nada mais fez do que pacificar a questão que já vinha sendo observada pelo STJ em seus julgados e pela própria Receita Federal e PGFN, por meio de seus pareceres. Aliás, até no âmbito deste Conselho não é a primeira vez que essa questão é enfrentada por essa Câmara Superior. No Recurso Especial da PGFN processo nº 11040.001165/2005 61, julgado na 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, encontramos situação similar, cujo voto vencedor, do ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior trata da matéria ora sob apreciação. Vejamos a ementa do acórdão nº 9202003.695: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Com base na decisão proferida pelo ilustre conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, entendo que a posição tanto do STJ no REsp nº 1.118.429/SP como do STF no RE 614.406/RS não foi no sentido de inexistência ou inconstitucionalidade do dispositivo que definia os valores dos rendimentos recebidos Fl. 322DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 16 6 acumuladamente como fato gerador de IR, mas tão somente no sentido de que a apuração da base de cálculo do imposto devido não seria pelo regime de caixa (na forma como descrito originalmente na lei, art. 12 da Lei 7783/88) já que conferiria tratamento diferenciado e prejudicial ao contribuinte, já definindo a nova base de cálculo. Destaco, ainda, que a competência dessa CSRF restringese a apreciação dos argumentos trazidos em sede de recurso especial pelas partes, não competindo aos seus membros suscitar de ofício argumentos pela nulidade da autuação sem que o recorrente o tenha feito. Isto posto, entendo que deva ser rejeitado o conhecimento da nulidade suscitada de ofício pela ilustre relatora. DO MÉRITO Competência para legislar sobre IR. Primeiramente, conforme descrito no lançamento, a Lei Complementar nº 20 do Estado da Bahia, de 08 de setembro de 2003, consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, entendo que a competência para legislar sobre imposto de renda é da União, conforme disposto no art. 153, IV, da CF/88. Dessa forma, fazse necessário realizar a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] III renda e proventos de qualquer natureza; [...[ § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 2º O imposto previsto no inciso III: I será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; Neste ponto, convém diferenciar a natureza salarial que se subsume ao citado dispositivo face a configuração de nítido acréscimo patrimonial das verbas com natureza indenizatórias, cujo fundamento para exclusão configurase como a reparação por um dano sofrido, ou mesmo as verbas legalmente descritas como indenizatórias. Nessa linha de raciocínio, entendo que a referida lei estadual não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência da Fl. 323DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 17 7 devida correção salarial decorrentes de alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo sujeito passivo, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Concluindo, em relação a este item, entendo incabível tomar como absoluta para exclusão da incidência do IR lei de outro ente da federação (no caso, o Estado da Bahia), face a competência instituída pelo texto constitucional. Incidência sobre valores de diferenças de URV. Quanto ao mérito, é sabido que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV” advêm de diferenças salariais decorrentes da conversão da remuneração dos servidores beneficiados, quando da implantação do Plano Real. Em função disso, constatase que tais valores tem ligação direta com a remuneração, ou seja, se referem a remuneração (vencimentos) não percebidos anteriormente e acabam por importar diferenças ao longo dos anos subseqüentes. Nesse sentido, podemos concluir que o objetivo de ações judiciais sob esse fundamento ou mesmo da Lei Complementar nº 20, de 08 de setembro de 2003, da Bahia (que apenas reconheceu esse direito) foi simplesmente pagar ao recorrente aquilo que antes deixou de ser pago, ou seja, diferença de salários. Considerando o nítido caráter salarial diferenças pagas a posteriori, penso que a verba trazida à discussão encontrase sujeita à incidência do IR, conforme dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Nesse sentido, estáse diante de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Frente as considerações acima, também afasto os fundamentos adotados pelo julgador da turma a quo para definir a natureza das diferenças de URV. Segundo o acórdão recorrido a verba recebida pelos servidores estaduais possui a mesma natureza Fl. 324DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 18 8 daquela percebida pelos seus pares da União e, portanto, não se poderia dispensar tratamento diferenciado àqueles que se encontram em mesma situação. Entendo, que não há como igualar as situações dos membros do Ministério Público Federal e Magistratura Federal com os pertencentes aos quadros do Estado da Bahia, haja vista inexistir lei federal determinando o mesmo tratamento tributário, pois a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II do art. 111 do CTN. Com efeito, o Código Tributário Nacional veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação semelhantes. Pensar diferente implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º do art. 150 da CF e o art. 176 do CTN. Dessa forma, ao contrário do exposto pelo julgador a quo entendo que ao adotar mesmo tratamento tributário, alterando a natureza dos pagamentos, estaria sim, me valendo da analogia para definir fato gerador e base de cálculo de imposto sob a competência da União. A Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) nº 245/2002 conferiu natureza jurídica indenizatória ao abono variável apenas aos Magistrados do Poder Judiciário Federal e, posteriormente, aos membros do Ministério Público da União (Lei nº 9.655/1998 e Lei nº 10.474/2002). No mesmo sentido, a PGFN, por meio do Parecer PGFN/Nº 529/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, reconheceu a natureza indenizatória do abono apenas para a Magistratura Federal e MP Federal, respeitando a interpretação do STF, contudo, tal verba não pode ser confundida com as diferenças decorrentes de URV, ora sob análise. Por fim, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial Fl. 325DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 19 9 tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Pelos fundamentos expostos, entendo que a verba em exame deve ser tributada. Quanto ao caráter salarial das verbas pagas a título de URV, já se pronunciou este conselho em outras ocasiões acerca do tema, ao qual cito julgados que corroboram com o encaminhamento aqui formulado: ACÓRDÃO 9202003.659 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Fl. 326DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 20 10 Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 9202.003.585 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 2201002.491 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 PAF. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 12. “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção”. IRRF. COMPETÊNCIA. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União Fl. 327DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 21 11 para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. TABELA MENSAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO RICARF. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC. Aplicação do art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). IRPF. MULTA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF Nº 73. “Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício”. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988. Frente as questões colocadas acima, entendo que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV" consistem em diferenças salariais sujeitas a incidência de IR, sendo incabível acatar a argumentação de que a natureza salarial da referida verba seja alterada por legislação estadual, qual seja, a Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, ou Fl. 328DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 22 12 mesmo que Resolução nº 245 do STF lastreada em Lei federal com destinação específica possa ser aplicada por analogia a outros casos que não os expressamente nela descritos. Quanto a necessidade de prévia declaração de inconstitucionalidade da lei estadual. Quanto a argumentação de que necessário, antes de efetivar ao lançamento, ter declarada a inconstitucionalidade da lei Estadual, entendo não ser esse o melhor entendimento aplicável. Conforme acima esclarecido, a competência para legislar sobre IR recai sobre a União, não podendo ser alterada a natureza jurídica da verba para efeitos de definição do fato gerador. Contudo, não pode o agente fiscal entender ou mesmo questionar a constitucionalidade de lei Estadual, cujo ente Estadual possui competência para definir não apenas a natureza jurídica da verba, como a incidências sobre os tributos cuja competência para legislar esteja sob sua égide. Por exemplo, a definição da natureza jurídica para efeitos de definição da natureza tributos de contribuição previdenciária para regime próprio de previdência. Assim, ao fisco Federal compete apreciar se a verba recebida pelos Membros do MP da Bahia, encontrase abarcada como fato gerador de IR, utilizandose dos fundamentos dessa legislação para apuração do fato gerador, da natureza jurídica do pagamento e da base de cálculo e montante do tributos apuráveis. Dessa forma, afasto a argumentação, de que necessário primeiramente declarar a constitucionalidade da legislação estadual. Quanto a incompetência do CARF para afastar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade, entendo não ser essa a questão aplicável ao caso concreto. Realmente nos termos do art. 62 do CARF: "é vedado aos membros das turmas de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob o fundamento de inconstitucionlidade", todavia, a competência básica dos membros desse colegiado é identificar se o lançamento se amolda as exigências legais e se os argumentos apontados pelo recorrente seriam suficientes para a desconstituição do lançamento. Bem, conforme foi apreciado acima, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal ao lançar as contribuições, posto que os valores recebidos, pela análise da legislação aplicável ao caso concreto, quais sejam, CF/88, CTN e legislação do IR incorreto considerar os rendimentos como isentos ou não tributáveis. Assim, esse julgador em momento algum descumpri ou fere dispositivo regimental, pelo contrário, entendo que ao acatar os argumentos do recorrente pela aplicabilidade da legislação estadual e resolução 245/STF, aí sim, estaria afastando dispositivo legal. Quanto a forma de cálculo do IR devido Regime Caixa X Competência Fl. 329DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 23 13 Conforme já trazido quando da apreciação da decisão do STF sobre o tema em sede de preliminar, entendo que a decisão do STJ descrita no Resp 1.118.429/SP, se coaduna com a do caso ora apreciado já que, em ambas, discutise a sistemática de calculo aplícável na apuração do imposto devido: caixa ou competência. Dessa forma, entendo que a aplicação do repetitivo se amolda a questão trazida nos autos, já que a mesma apresentase em estrita consonância com a matéria objeto de repercussão geral no RE 614.406/RS. No que tange à tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, verificase que a autoridade lançadora aplicou sobre o total do rendimentos recebidos pelos membros do MP da Bahia, a tabela do imposto de renda vigente no mês do recebimento. Contudo, de acordo com o art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009, vigente à época da interposição do recurso), devese aplicar à espécie o REsp nº 1.118.429/SP, julgamento sob o rito do art. 543C do CPC. Na ocasião, o STJ decidiu que a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculada de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Senão vejamos: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. Resp 1.118.429/SP, julgado em 24/03/2010. (grifei) Pelo que se vê, o REsp nº 1.118.429/SP e o e RE 614.406/RS versam exatamente sobre o caso dos autos, ou seja, parcelas atrasadas recebidas acumuladamente. Assim, devese aplicar sobre os rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Conforme já citado neste voto e inclusive transcrita ementa, o CARF já se manifestou acerca dessa questão no processo nº 11040.001165/200561, julgado na 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, cujo voto vencedor, do ilustre Conselheiro Fl. 330DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 24 14 Heitor de Souza Lima Junior trata da matéria ora sob apreciação. Vejamos a ementa do acórdão nº 9202003.695: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). Ainda, como o objetivo de esclarecer a tese esposada no referido acórdão, transcrevo a parte do voto vencedor na parte pertinente ao tema: Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, Fl. 331DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 25 15 ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Da leitura do trecho do voto transcrito acima, ao qual uso como fundamento de razões para decidir, entendo que a posição tanto do STJ no REsp nº 1.118.429/SP como do STF no RE 614.406/RS foram no sentido de que a apuração da base de cálculo do imposto devido não seria pelo regime de caixa (na forma como Fl. 332DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 26 16 descrito originalmente na lei, art. 12 da Lei 7783/88), mas sim, pelo regime de competência. Dessa forma, considerado os termos da decisão do STF e STJ, encaminho pelo provimento parcial do Resp do Contribuinte, para afastar a nulidade e que a apuração do imposto devido seja feita de acordo com o regime de competência, em face do julgado no âmbito do RE 614.406/RS. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, para afastar a nulidade suscitada de ofício pela relatora e, no mérito, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para afastar a nulidade suscitada de ofício e, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 333DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 27 17 Fl. 334DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726165/200921 Acórdão n.º 9202004.116 CSRFT2 Fl. 28 18 Fl. 335DF CARF MF Impresso em 19/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 13/09/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000746/2007-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2201-000.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 18471.000746/2007-17
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5651962
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 2201-000.231
nome_arquivo_s : Decisao_18471000746200717.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
nome_arquivo_pdf_s : 18471000746200717_5651962.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
id : 6549660
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048686987051008
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1502; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 524 1 523 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.000746/200717 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2201000.231 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 20 de setembro de 2016 Assunto PEDIDO DE DILIGÊNCIA Recorrente INSTITUTO METODISTA BENETT Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 2ª Turma da DRJ/RJOI (Fls. 473), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Relatório O presente processo tem origem no Auto de Infração de fls. 1561166, lavrado pela Delegacia da Receita Federal de Fiscalização no Rio de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 71 .0 00 74 6/ 20 07 -1 7 Fl. 525DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 525 2 Janeiro RJ, do qual o interessado acima identificado foi intimado em 1911012007, consubstanciando a exigência do Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, referente ao ano calendário de 2005 no valor de R$ 1.201.535,73, acrescidos de juros de mora e multa de ofício de 75%. ENQUADRAMENTO LEGAL Arts. 620, 621, 624, 625, 626, 636, 637, 638, 641 a 646, do RIR/99 c/c art. 1° da Lei n° 9.987/99. Arts. 620, 628, 629, 630, 641 a 644 e 646 do RIR/99 c/c art. 1° da Lei no 9.987/99. DESCRIÇÃO DOS FATOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. CONFRONTO DIRF X DARF. Conforme Termo de Verificação de Infração Fiscal de fls. 154, o interessado foi selecionado previamente em programa de revisão sistemática de declaração (verificação obrigatória), onde foram encontradas irregularidades que implicaram no procedimento administrativo em questão. Foi aberta a ação fiscal por meio da qual foi constatado, através do cotejamento dos valores de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) constantes da DIRF, das DCTF e no Livro Razão com o somatório dos pagamentos efetuados através de DARF, que o interessado, na condição de responsável tributário pela retenção na fonte, apesar de ter descontado o valor do imposto por ocasião do pagamento dos salários a seus empregados para o código de receita 0561, e os relativos a trabalhos sem vínculo empregatício, código de receita 0588, não efetuou totalmente os recolhimentos referentes aos valores do IRRF constantes em sua escrituração e informados na DIRF relativa ao exercício de 2006, ano de retenção 2005, restando configurado em tese, a ocorrência de crime contra a ordem tributária na forma prevista no artigo 2 0, inciso Il, da Lei n° 8.137/90 formalizandose a Representação Fiscal para Fins Penais em 2510112007 (fls. 153). Às fls. 171/174, foi juntada cópia da Representação Fiscal para Fins Penais, onde está registrado às fls. 172 "Descrição dos Fatos Caracterizadores do Ilícito', que como "não restou configurado o evidente intuito de fraude, conforme disposto nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, não coube a aplicação da multa prevista no inciso II do artigo 957 do RIR/99, de 150%". Às fls. 175, está registrado que foi apensado a este o processo no 18471.001172/200702, referente à Representação Fiscal para Fins Penais. DA IMPUGNAÇÃO. Regularmente cientificado em 19/10/2007, às fls. 156, da autuação referente ao IRRF, apresenta o interessado em 19/11/2007, impugnação (fls. 177/181), através de seu procurador habilitado às fls. 182, alegando que: Fl. 526DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 526 3 • nenhuma irregularidade foi cometida pelo interessado que pudesse motivar a autuação, como a seguir será provado; • os valores discriminados no auto de infração estão sendo pagos religiosamente, tendo em vista pedido de parcelamento efetuado em 15110/2007, com base na Lei n° 11.345, de 14 de setembro de 2006; • embora a Receita Federal não tenha se manifestado quanto ao pedido de parcelamento, certo é que, estando preenchido os requisitos para obtenção do mesmo, nada pode ser questionado; • o parcelamento é um direito subjetivo do interessado e não 4uma faculdade do Poder Público em conceder o benefício; • não se justifica a autuação, pois nenhuma irregularidade ou ilegalidade foi cometida; • é uma entidade educacional filantrópica sem fins lucrativos, e reconhecida como de utilidade pública; • o auto de infração não preenche os requisitos legais, eis que é por demais genérico, uma vez que o auditor menciona no seu trabalho que a instituição não recolheu os impostos que discrimina, destoando da base legal; • pelas razões já expostas pede seja julgado totalmente improcedente a autuação em questão; • requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas. As fls 214, foi efetuado pedido de diligência através da Resolução n° 00612008 de 10/01/2008, objetivando verificar se os débitos constantes da lide, têm relação com pedido de parcelamento constante do processo no 10070.001765/200771. Às fls. 222, o interessado foi intimado a apresentar planilha demonstrando os valores incluídos no parcelamento do processo no 10070.001765/200771, mês a mês, para o ano de 2005, código 0561, com as respectivas DCTF, tendo por finalidade justificar a possível inclusão dos débitos em questão, no citado parcelamento. A documentação solicitada foi juntada as fls. 218/354. Passo adiante, a 2ª Turma da DRJ/RJOI entendeu por bem julgar o lançamento procedente em parte, em decisão que restou assim ementada: NULIDADE Não está inquinado de nulidade o Auto de Infração lavrado por autoridade competente e em consonância com o que preceituam os artigos 142, do CTN, e 10 e 59 do Decreto n° 70.235/1972. PEDIDO DE PARCELAMENTO ANTERIOR À CIÊNCIA DA AUTUAÇÃO. ESPONTANEIDADE READQUIRIDA. Se entre a data de início da fiscalização e da ciência do lançamento transcorreu mais de sessenta dias sem nenhum ato escrito, que Fl. 527DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 527 4 indicasse o prosseguimento dos trabalhos, e o interessado, neste período, efetuou pedido de parcelamento dos débitos referentes a retenções na fonte sobre o trabalho assalariado, considerase espontâneo o seu procedimento. DIFERENÇA ENTRE VALORES INFORMADOS EM DIRF E AQUELES RECOLHIDOS EM DARF. Não comprovado o recolhimento integral dos valores retidos na fonte sobre rendimentos pagos, mantémse o lançamento de ofício da diferença apurada pela fiscalização. Cientificado em 07/08/2008 (Fls. 487), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 08/09/2008 (fls. 489 a 494), argumentando em síntese: (...) 4 Com efeito, os valores discriminados no auto estão sendo pagos religiosamente, tendo em vista um pedido de parcelamento efetuado em data de 15 de outubro de 2007, com base na Lei n° 11.345 de 14 de setembro de 2006. 5 E muito embora não tenha havido qualquer manifestação da Receita Federal quanto ao pedido de parcelamento, o certo é que estando preenchidos os requisitos para obtenção do Parcelamento, como de fato tais requisitos foram preenchidos, tratase de um direito subjetivo da instituição autuada e não uma faculdade do Poder Público em conceder o beneficio. Assim, não se justifica o auto de infração, pois nenhuma irregularidade ou ilegalidade foi cometida. (...) 11 Assim, pelas razões ora: expostas, tornase imperioso reconhecer que o Auto de Infração ora guerreado, deverá ser julgado totalmente improcedente, por estar ausente qualquer base legal para a autuação e a instituição alegante não transgrediu qualquer norma relativamente ao imposto de renda. 12 Salientase que conforme auto de infração, existe possibilidade de parcelamento, com desconto da multa. Diante do parcelamento realizado e recolhimento do tributo não podese falar agora de novo parcelamento com desconto apenas da multa. Havido o pedido de parcelamento e pagamento conseqüente deverá ser julgado. IMPROCEDENTE a notificação realizada ou deferido o parcelamento sem pagamento de multa. É o Relatório Voto. Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Fl. 528DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 528 5 Após consulta nos autos se verifica que a contribuinte indica adesão ao parcelamento especial disciplinado pela Lei 11.345/2006. Embora se verifique nos autos às fls 295 e 298 petição informando a adesão ao parcelamento, no presente caso, não é possível verificar se realmente ocorreu a adesão da contribuinte ao parcelamento. Não se sabendo exatamente se ainda há matéria em litígio, não há como proferir um julgamento. Ante o acima exposto, proponho o retorno dos autos à DRFB de origem para que a autoridade preparadora informe se a contribuinte confessou e parcelou ou não o débito do presente lançamento; bem como, se for o caso, informe se o débito já se encontra quitado. Ao final, com vistas a garantir o contraditório e o amplo direito de defesa, cientificar à contribuinte acerca desta diligência e dos resultados dela decorrentes, assegurandolhe prazo para sua manifestação. Tomadas as providências acima, os autos devem retornar a este Colegiado para apreciação. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 529DF CARF MF
score : 1.0