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Numero do processo: 10469.000777/94-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 20 00:00:00 UTC 2010
Numero da decisão: 2202-000.089
Decisão: Resolvem os membros do colegiado por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator.
Nome do relator: PEDRO ANAN JUNIOR RELATOR
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Numero do processo: 10580.726976/2009-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. OMISSÃO INEXISTENTE.
Caracteriza-se omissão em um julgado,quando a decisão deixa de analisar pedido formulado com clareza pelo recorrente, devendo este pedido vir acompanhado de fundamentos fáticos e/ou jurídicos que lhe dêem suporte.
ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB.
É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração.
IRRF ANTECIPAÇÃO. LEGITIMIDADE.
"Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." (Súmula CARF nº 12).
DECLARAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL.
"Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício." (Súmula CARF nº 73)
JUROS. INAPLICABILIDADE DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN.
Quando a norma complementar alegada pelo sujeito passivo não se reveste das qualidades necessárias ao seu enquadramento no art. 100 do Código Tributário Nacional, é incabível a alegação de violação ao princípio da confiança legítima e da boa fé objetiva, e, consequentemente, não pode justificar o afastamento do juros de mora.
Numero da decisão: 2202-003.520
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa de ofício, por erro escusável, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio que deram provimento parcial em maior extensão para afastar também os juros de mora. Foi designado o Conselheiro Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor, na parte em foi vencido o Relator.
Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Marcio Pinho Teixeira, OAB/BA nº 2.394.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
(Assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. OMISSÃO INEXISTENTE. Caracteriza-se omissão em um julgado,quando a decisão deixa de analisar pedido formulado com clareza pelo recorrente, devendo este pedido vir acompanhado de fundamentos fáticos e/ou jurídicos que lhe dêem suporte. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. IRRF ANTECIPAÇÃO. LEGITIMIDADE. "Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." (Súmula CARF nº 12). DECLARAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL. "Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício." (Súmula CARF nº 73) JUROS. INAPLICABILIDADE DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. Quando a norma complementar alegada pelo sujeito passivo não se reveste das qualidades necessárias ao seu enquadramento no art. 100 do Código Tributário Nacional, é incabível a alegação de violação ao princípio da confiança legítima e da boa fé objetiva, e, consequentemente, não pode justificar o afastamento do juros de mora.
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CERCEAMENTO DE DEFESA. OMISSÃO INEXISTENTE. Caracterizase omissão em um julgado,quando a decisão deixa de analisar pedido formulado com clareza pelo recorrente, devendo este pedido vir acompanhado de fundamentos fáticos e/ou jurídicos que lhe dêem suporte. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. IRRF ANTECIPAÇÃO. LEGITIMIDADE. "Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." (Súmula CARF nº 12). DECLARAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL. "Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício." (Súmula CARF nº 73) JUROS. INAPLICABILIDADE DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 69 76 /2 00 9- 22 Fl. 347DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 348 2 Quando a norma complementar alegada pelo sujeito passivo não se reveste das qualidades necessárias ao seu enquadramento no art. 100 do Código Tributário Nacional, é incabível a alegação de violação ao princípio da confiança legítima e da boa fé objetiva, e, consequentemente, não pode justificar o afastamento do juros de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa de ofício, por erro escusável, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio que deram provimento parcial em maior extensão para afastar também os juros de mora. Foi designado o Conselheiro Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor, na parte em foi vencido o Relator. Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Marcio Pinho Teixeira, OAB/BA nº 2.394. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. (Assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do contribuinte para requalificar rendimentos declarados como isentos. Intimado, o contribuinte impugnou o lançamento, porém a DRJ manteve integralmente o crédito tributário. Insatisfeito, o Contribuinte interpôs recurso voluntário que foi julgado procedente pelo e.CARF, para requalificar o rendimento como isento. Diante de Recurso Especial da Fazenda Nacional, a Fl. 348DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 349 3 CSRF reformou a decisão deste conselho, afastando a isenção dos rendimentos, e determinou o retorno dos autos para análise dos demais pontos recorridos. Feito o resumo da lide, passamos ao relatório pormenorizado dos autos. Em 06/11/2009 foi lavrado auto de infração (fls. 2/12) em desfavor do Contribuinte, ora recorrente, para reclassificar os rendimentos inseridos como isentos na DIRPF, constituindo imposto de renda no valor de R$ 65.538,39, além de juros e multa de 75%. Os valores foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia sob a rubrica "Valores Indenizatórios de URV". Intimado em 11/11/2009, o Contribuinte apresentou impugnação em 26/11/2009 (fls. 39/108 e docs. anexos fls. 109/142). Analisando a impugnação, a DRJ proferiu em 28/04/2010 o acórdão nº 1523.570 (fls. 144/151), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeiro grau em 13/10/2010 (fl. 153), o Contribuinte interpôs recurso voluntário em 10/11/2010 (fls. 154/241), alegando, em síntese: · Que o Estado da Bahia atribuiu caráter indenizatório e portanto isento aos rendimentos; · Que a DRJ deixou de se pronunciar sobre a incompetência da Fazenda Nacional para cobrar IRPF constitucionalmente atribuído aos Estados, violando o art. 5º, LIV e LV, bem como o art. 93, IX da CF/1988, e que também deixou de analisar a quebra da capacidade contributiva do Recorrente, pedindo que sejam devolvidos os autos para a DRJ complementar sua decisão; · Que, nos termos do art. 157, I, da CF/1988, a titularidade dos recursos era do Estado da Bahia, não tendo a União competência constitucional para cobrálo; Fl. 349DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 350 4 · Que há quebra da capacidade contributiva, uma vez que o fisco busca obter como tributo, multa e juros valor superior àquele recebido pelo próprio Contribuinte; · Que o Contribuinte, ao declarar o rendimento em sua DIRPF, não reconheceu a validade da tributação, especialmente por têlo inserido como rendimento isento; · Que a parcela referente à diferença da URV não tem natureza salarial e sim de indenização, não podendo ser, portanto, tributada; · Que há quebra do princípio da isonomia em relação aos demais funcionários públicos, inclusive federais, que têm reconhecida a isenção de tais valores; · Que as alíquotas utilizadas estão equivocadas; · Que a autoridade lançadora não levou em consideração, quando do lançamento, as deduções que tinha direito o Contribuinte; · Que parte da base de cálculo é, em verdade, constituída de 13º salários e de férias indenizadas, rendimentos esses que são isentou ou sujeitos a tributação exclusiva, sendo incorreta a sua inclusão na base de cálculo do lançamento; · Que o Contribuinte não pode ser penalizado pela falha na atuação do Estado da Bahia, responsável legal pela retenção do imposto na fonte, devendo a administração fazendária se voltar contra este outro órgão público, e não contra o Contribuinte, nos termos dos arts. 842 e 844 do RIR/1999, entre outros, de sorte que pede a sua exclusão do polo passivo ou, ao menos, a inclusão do Estado da Bahia como responsável solidário; · Que deve ser afastada a multa de ofício, uma vez que o Contribuinte lançou em sua DIRPF as informações recebidas das fontes pagadores, havendo, portanto, boafé; · Que devem ser afastados os juros moratórios e a atualização monetária com base no art. 100, §único, do CTN, uma vez que a classificação do rendimento como isento se baseou na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003; · Que é confiscatória a imposição de IRPF sobre verbas indenizatórias, as quais visam tão somente reconstituir o patrimônio do indivíduo. Chegando ao CARF, foi proferido o acórdão nº 2102001.688 (fls. 254/262), de 30/11/2011, que deu provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a isenção do IRPF em função da Resolução STF nº 245/2002. Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 264/273), alegando que a isenção não se estendia ao Contribuinte por não ser ele Fl. 350DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 351 5 membro da magistratura federal nem do ministério público federal. O Contribuinte, intimado, apresentou Contrarrazões (fls. 281/293). A CSRF, recebendo os autos, proferiu o acórdão nº 9202003.661 (fls. 333/339), que deu provimento ao Recurso Especial para reformar a decisão do CARF, afastando a isenção. Determinou, outrossim, o retorno dos autos ao CARF para análise das demais matérias tratadas no Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Por outro lado, registrase que a CSRF já superou a questão da isenção dos rendimentos, devendo esse julgamento se restringir aos demais pontos suscitados no recurso. Dos Pontos Controvertidos · Nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa (omissão no tocante à ilegitimidade ativa da União e da quebra da capacidade contributiva da recorrente); · Nulidade do lançamento por inconstitucionalidades: quebra da capacidade contributiva, quebra da isonomia, confisco, etc.; · Da ilegitimidade ativa a União, vez que o IRPF, nesse caso, era de titularidade do Estado da Bahia; · Da ilegitimidade do recorrente para figurar no polo passivo da obrigação tributária; · Das alíquotas utilizadas; · Das deduções da base de cálculo a que fazia direito o Contribuinte; · Da composição da base de cálculo inclusão de 13º salários e de férias indenizadas; · Da multa de ofício boafé do recorrente; · Dos juros moratórios e da atualização monetária art. 100, §único, do CTN; Fl. 351DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 352 6 Passamos, portanto, à análise do recurso voluntário propriamente dito. PRELIMINARES: Nulidade da decisão recorrida cerceamento do direito de defesa omissão: O Contribuinte afirmou que a decisão recorrida se omitiu sobre dois pontos relevantes de sua impugnação: a ilegitimidade da União para cobrar imposto que pertence ao Estado por determinação constitucional; e a quebra da capacidade contributiva do recorrente. Segundo argumenta, tal omissão gerou prejuízo ao contribuinte, porquanto suprimiu instância administrativa. Nesse sentido, pugna pela declaração da nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos para a DRJ. Ainda que de forma concisa, a DRJ tratou expressamente da questão da legitimidade da União, conforme se extrai da seguinte passagem: "Alem disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União." fl. 150. O mesmo não pode ser dito em relação à questão da quebra da capacidade contributiva. A verdade é que a DRJ anotou expressamente em seu relatório (fls. 146/147) a alegação do contribuinte de que a atuação do Estado gerou prejuízo para o sujeito passivo e, consequentemente, quebra da sua capacidade contributiva. Ainda assim, não tratou do tema em seu voto nem no acórdão recorrido deixou de versar sobre a questão. Efetivamente, analisando a impugnação, percebese que o Contribuinte discorreu sobre a questão ao longo de aproximadamente três laudas (fls. 48/51). Nestas, explicou que o próprio Estado deixou de pagar seus rendimentos ao longo de anos; posteriormente, quando do pagamento, deixou de reter o tributo; e que, enfim, veio a ser autuado para que o fisco recebesse o imposto somado a multa e juros. Concluiu, nesse contexto, que foi o Estado da Bahia quem agiu em desrespeito à Lei e que, portanto, não pode ele se beneficiar de sua própria atuação ilegal, qual seja, pelo auferimento da multa e dos juros. Concluiu também que o valor cobrado pela autoridade fazendário superava o valor recebido pelo Contribuinte. Assiste razão ao contribuinte, portanto: uma vez que o julgamento em primeira instância foi omisso, é necessário declara a sua nulidade, determinando o retorno dos autos para novo julgamento. É o que tem entendido o CARF: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NÃO CONHECIMENTO NA INSTÂNCIA A QUO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NULIDADE. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. Havendo pontos na impugnação não apreciados pela instância a quo, esta deve ser anulada, retornandose os autos para exame da matéria, sob pena de Fl. 352DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 353 7 supressão de instância. (acórdão CARF nº 2201002.472, de 12/08/2014) ACÓRDÃO RECORRIDO NULIDADE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. As normas que regem o processo administrativo fiscal concedem ao contribuinte o direito de ver apreciada toda a matéria litigiosa em duas instâncias é fato caracterizador do cerceamento do direito de defesa, devendo ser declarada nula a decisão maculada com vício dessa natureza. Já que impugnada a matéria referente à omissão de rendimentos caracterizados por valores recebidos de pessoas jurídicas sem a devida consideração pela DRJ, se faz necessário declara a nulidade da decisão proferida e determinar o retorno dos autos para prolação de nova decisão. (acórdão CARF nº 2202002.667, de 14/05/2014) NULIDADE DE ACÓRDÃO DA DRJ. A nulidade da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, implica em retorno do processo administrativo para o órgão julgador, a fim de que novo provimento seja exarado, de modo a não ensejar supressão de instância. Recurso provido parcialmente para anular a decisão da DRJ, para novo provimento pela autoridade competente da instância a quo sobre o mérito da manifestação de inconformidade. (acórdão CARF nº 3301002.872, de 15/03/2016) Em suma, ante a omissão observada na decisão recorrida, impende determinar o retorno dos autos à DRJ para novo julgamento. Diante de tudo quanto exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à DRJ para novo julgamento. Tendo sido vencido, entretanto, em relação à preliminar de nulidade da decisão recorrida, sigo o julgamento. Da legitimidade ativa: Argumenta o Contribuinte que, nos termos do art. 157, I, da CF/1988, pertence aos Estados a arrecadação do IR incidente na fonte sobre os rendimentos pagos por eles a qualquer título. Desenvolve a sua tese argumentando que o valor do IR é direito dos Estados, mesmo que não seja adequadamente retido. Nesse sentido, conclui que os Estados podem, inclusive, dispor de tais recursos. Indica, inclusive, o REsp nº 989.419, julgado em sede de recurso repetitivo. Não assiste razão ao Contribuinte. Como já anotou a CSRF, no acórdão nº 9202003.661, proferido nesses autos, a competência legislativa relativa ao imposto sobre a renda foi constitucionalmente atribuída à União, conforme o art. 153, III, da CF/1988. O simples fato de que o art. 157, I, da Carta Magna atribui ao próprio estado o produto da arrecadação proveniente do rendimentos por ele pago não garante a esse outro ente federado o direito de legislar sobre o tributo. Cabe à União, isso sim, o dever de legislar sobre o IRPF. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 354 8 O CTN é expresso nesse sentido: Art. 6º. (...) Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. Outrossim, como bem estabeleceu o supracitado art. 7º, a competência para arrecadar e fiscalizar tributos pode ser delegada. Não significa que o ente delegante perca seu poder de fiscalizar e arrecadar, mas somente que outro ente também passa a poder fazêlo. Portanto, não há nulidade na atuação da autoridade fazendária nacional que fiscaliza tributo de sua competência. Por outro lado, como bem fundamentou a DRJ, o lançamento se refere ao IRPF, que é o valor apurado no ajuste final do ano, e não sobre o IRRF que deixou de ser retido pela autoridade estadual. Nesse contexto, não se aplica a Súmula nº 447 do STJ, nem o referido REsp nº 989.419, que versam sobre a legitimidade passiva nas ações de isenção ou de repetição de indébito tributário. Enfim, o CARF já julgou a matéria em outras oportunidades, concluindo que: ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. (acórdão CARF nº 2202 002.717, de 17/07/2014) ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157, I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. (acórdão CARF nº 2802003.365, de 12/03/2015) Fl. 354DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 355 9 Em suma, não é possível dar provimento à preliminar suscitada pelo Contribuinte. Da legitimidade passiva: Reclama o recorrente que atuou sempre com boafé, apresentando ao fisco todos os seus rendimentos, tal como informados pela fonte pagadora. Argumenta, portanto, que deve ser intimado a ocupar o posto de sujeito passivo da autuação o Estado da Bahia e o Ministério Público da Bahia, fontes pagadoras e responsáveis pela retenção na fonte e pela informação prestada ao Contribuinte e por este declarada à receita federal. Em suma, conclui que não pode ser responsabilizado pelo não recolhimento do tributo. A verdade é que o CARF já tem jurisprudência forte sobre o tema: IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. (acórdão CARF nº 2202002.717, de 17/07/2014) IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. RESPONSABILIDADE. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual, e, no caso de pessoa jurídica, na data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual. (acórdão CARF nº 2201003.056, de 12/04/2016) IRPF. REGIME DE ANTECIPAÇÃO. RESPONSABILIDADE. LIMITES. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual. Diferentemente do regime no qual a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é "exclusiva" da fonte pagadora, no regime de retenção do imposto por antecipação, além da responsabilidade atribuída à fonte pagadora para a retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte, a legislação determina que a apuração definitiva do imposto de renda seja efetuada pelo contribuinte, pessoa física, na declaração de ajuste anual. (acórdão CARF nº 2202003.147, de 15/02/2016) Fl. 355DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 356 10 Em sentido similar, inclusive, já foi consolidada a Súmula CARF nº 12, segundo a qual: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. Ainda que o Contribuinte tenha declarado o rendimento, o fez sob a forma de rendimento isento. Logo, não o tributou em sua DIRPF, bem como não reteve o tributo a fonte pagadora. Nesse contexto, a cobrança do tributo deve ser feita diretamente do beneficiário do rendimento. Enfim, não é possível dar provimento à preliminar suscitada pelo Contribuinte. Da capacidade contributiva: Argumenta o Contribuinte que o lançamento, da forma como efetuado, quebra a sua capacidade contributiva, nos termos do art. 145, §1º, da CF/1988. Para sustentar seu desenvolvimento, cita doutrina que discorre sobre a capacidade contributiva em relação aos rendimentos recebidos de maneira acumulada, bem como o fato de que a suposta infração teria sido decorrente da atuação do Estado da Bahia, que deixou de pagar o rendimento no momento adequado e que tampouco reteve na fonte o tributo. Em que pese a argumentação desenvolvida pelo Contre, a verdade é que este órgão administrativo não pode se furtar à aplicação da Lei tributária com base em inconstitucionalidade (Súmula CARF nº 02) que, no caso, se resvala na aplicação de princípios para afastar a incidência do tributo. Efetivamente, o recorrente não apontou nesse tópico qual o motivo de direito que levaria ao afastamento da tributação, argumentando simplesmente que a tributação poderia alcançar valor superior àquele efetivamente recebido. Enfim, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte. MÉRITO: Uma vez que o acórdão CSRF nº 9202003.661 (fls. 333/339) afastou os argumentos de que os recursos seriam isentos, impende analisar os demais questionamentos de mérito feitos pelo Contribuinte. Das alíquotas aplicadas: Argumenta o recorrente, subsidiariamente, que as alíquotas aplicadas no lançamento diferem daquelas publicadas na tabela progressiva constante no site da Receita Federal em relação aos anoscalendário de 1994 a 1998. Aponta, por exemplo, que no auto de infração foi utilizada a alíquota de 26,6% para o anocalendário de 1994, mas que no site consta a alíquota de 25%. Segundo o site, também seria aplicável a alíquota de 25% para o anocalendário de 1998, porém a autoridade lançadora utilizou a alíquota de 27,5%. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 357 11 A informação contida no site é correta, porém equivocase o Contribuinte na sua interpretação. Conforme a tabela ali disponível e que, inclusive, foi copiada pelo recorrente no corpo de sua petição a referência aos anos é feita em relação ao exercício, e não anocalendário. Para fins de esclarecimento, explicamos que, para fins de IRPF, o exercício de 2016 se refere ao anocalendário de 2015. Portanto, se o recorrente busca identificar qual a alíquota aplicável para o anocalendário de 1994, deve fazêlo na coluna que indica o exercício de 1995. Conforme a Tabela Progressiva de IRPF disponível no site e copiada no recurso voluntário, para o ano calendário de 1994 / exercício de 1995 deve ser aplicada a alíquota de 26,6%, que foi efetivamente utilizada pela autoridade lançadora (fl. 12). No mesmo sentido, para o ano calendário de 1998 / exercício 1999 deve ser aplicada a alíquota de 27,5%, corretamente aplicada pela autoridade lançadora (fl. 12). Enfim, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte. Das deduções aplicáveis na apuração do imposto: Alega o recorrente que a autoridade lançadora tributou os recursos provenientes de URV isoladamente, ao invés de fazêlo junto às demais rendas obtidas pelo Contribuinte, o que levou à não aplicação das deduções a que tinha direito. Por sua vez, analisando a questão a DRJ afirmou que: "nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas em tabela progressiva. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão." fl. 148. Remontando ao auto de infração, percebemos que a autoridade lançadora fundamentou bem seus cálculos em relação ao lançamento. Em primeiro lugar, calculou o imposto devido em conformidade com as regras do RRA, tributando os recursos com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época própria (abr/1994 a ago/2001), de forma mensal e não global (vide Auto de Infração fls. 2/9 e Demonstrativo fl. 12). Apurado o valor devido, este foi dividido pelo período de três anos (jan/2004 a dez/2006), o período em que as diferenças salariais foram efetivamente pagas. Em suma, irreformável a apuração feita pela autoridade fiscalizadora, razão pela qual não se pode dar provimento ao pleito do Contribuinte. Do 13º e das Férias Indenizadas: Alega o recorrente que foram incluídas na base de cálculo os valores referentes aos 13º salários e às férias indenizadas. Contesta, também, a conclusão da DRJ, afirmando que na declaração de rendimentos do Ministério Público da Bahia o valor recebido a título de indenização de URV foi incluído num único tópico, sem distinção da origem dos recursos. Fl. 357DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 358 12 A DRJ, por sua vez, havia negado provimento ao pleito, esclarecendo que, conforme a planilha de cálculos de diferença de URV elaborada pelo MP era possível identificar os respectivos valores e que eles não haviam sido considerados no lançamento. No mesmo sentido já havia afirmado a autoridade lançadora, no auto de infração: "Não foram considerados para apuração do imposto devido as diferenças salariais devidas que tinham como origem o 13º salário, por serem tributação e responsabilidade exclusiva da fonte pagadora, e as diferenças salariais com origem no abono de férias (conversão de férias), que apesar de tributáveis, não poderá ter o seu crédito tributário correspondente constituído por força do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, combinado com o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprova o Parecer PGFN / CPJ / Nº 2140/2006." fl. 6 Efetivamente, às fls. 16/18 dos autos constam planilhas de "Cálculo da Diferença de URV Abril 1994 a Agosto de 2001", as quais, inclusive, foram apresentadas pelo próprio recorrente. Dessas planilhas é possível identificar os valores da diferença de URV, a sua atualização e os juros, mensalmente, bem como a origem de cada recursos, se se trata de salário, de férias, de abonos ou ainda de 13º salários. A autoridade lançadora elaborou, por sua vez, "Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado" (fl. 12) no qual identificou e tributou individualmente cada valor. Pois bem. Na sua tabela de apuração do IRPF, a autoridade lançadora efetivamente não incluiu os valores referentes ao 13º salário (13ª linha de cada ano), tributando exclusivamente os valores referentes aos meses de janeiro a dezembro de cada ano. Outrossim, nos meses de fevereiro/2000 e janeiro/2001, nos quais o recorrente recebeu abonos, a autoridade lançadora excluiu tais valores da base de cálculo do lançamento, tributando apenas o restante. Enfim, não assiste razão ao pleito do Contribuinte. Da multa de ofício: Pugna o recorrente, ainda, pela exclusão da multa de ofício, argumentando que agiu de boafé, declarando em sua DIRPF os rendimentos, e qualificandoos como isentos em razão de informação prestada pela fonte pagadora, in casu, o Estado da Bahia, inclusive com amparo em Lei estadual. O CARF já tem Súmula consolidando a jurisprudência sobre a matéria: Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Fl. 358DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 359 13 No mesmo sentido, diversos precedentes desse e.CARF, julgando casos idênticos ao presente (decorrentes de autuação pelo pagamento de indenização de URV pelo Estado da Bahia) chegaram à mesma conclusão. Por todos, transcrevemos a ementa do acórdão CARF nº 2202002.717, de 17/07/2014: MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. A decisão foi fundamentada assim: Todavia, a existência de um dispositivo legal considera a verba não tributável foi decisiva para a conduta do requerente, que declarou o rendimento com a mesma natureza atribuída pela fonte pagadora, razão pela qual é cabível a exoneração, exclusivamente, da multa de oficio em decorrência de um erro escusável induzido pela interpretação errônea dada pela fonte pagadora, no mesmo sentido dos acórdãos 10616801, 10616360 e 19600065, cujos excertos são a seguir reproduzidos. (...) Ressaltese, por oportuno, que a exclusão da multa de ofício não implica na exigência substitutiva da multa de mora, eis que ambas possuem o caráter de penalidade, e neste voto se reconhece que o contribuinte agiu de boa fé, não podendo lhe ser imputado nenhum ilícito que merece tal imposição, na exata medida em que não se reconhece no crédito tributário natureza de pena. Em suma, assiste razão ao pleito do recorrente no sentido de ser excluída a multa de ofício do presente caso, uma vez que o Contribuinte declarou os recursos como isentos porquanto se baseava em Lei estadual. Dos juros de mora e da atualização da base de cálculo: Argumentase ainda, no recurso voluntário, pela exclusão dos juros de mora e da atualização monetária com base no art. 100, I e §único, do CTN, fiandose na tese de que Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003, é um ato normativo expedido por autoridade administrativa. Em sua fundamentação, entretanto, o recorrente parece desviarse para outro pedido, argumentando pela exclusão dos juros e da atualização monetária que ele próprio fez jus pela demora que o Estado da Bahia teve em pagar a sua diferença de URV, isso é, pugna pela exclusão de parte da base de cálculo. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 360 14 Não assiste razão ao pleito (em sentido estrito) feito pelo recorrente: a tributação deve incidir sobre a renda auferida. In casu, o Contribuinte auferiu os recursos provenientes da diferença de URV, propriamente dito, bem como os juros decorrentes da mora do Estado da Bahia. É o que estabelece expressamente a Lei nº 4.506/1964: Art. 16. Serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5º do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: I Salários, ordenados, vencimentos, soldos, soldadas, vantagens, subsídios, honorários, diárias de comparecimento; (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo. Em suma, ante a previsão expressa da Lei, não pode esse julgador excluir da base de cálculo os valores referentes aos juros e à atualização monetária que incidiram sobre a diferença de URV e que compuseram o pagamento recebido pelo recorrente. Por outro lado, ainda que incidentalmente, o recorrente apontou a existência da regra insculpida no art. 100, I e §único, do CTN. Analisando a regra insculpida nesse artigo, MÁRCIO BEHRNDT esclarece que: "Finalmente, fazse necessário analisar o parágrafo único do art. 100 do Código Tributário Nacional, que trata das consequências e repercussões advindas de eventual observância pelos contribuintes das normas complementares expedidas pela Administração e que, porventura, venham a estar contrárias ao texto de uma norma superior. (...) Assim, na hipótese de o contribuinte seguir determinada orientação da administração contrária à determinada lei, resultado de uma equivocada interpretação do texto legal, há de prevalecer, obviamente, os termos deste último instrumento, em respeito ao princípio constitucional da legalidade, o que, por consequência, não elide o contribuinte da satisfação da obrigação principal. Contudo, não se pode negar o fato de que o contribuinte, nessas circunstâncias, foi induzido ao erro, seguindo orientação da própria Administração para a prática do seu ato. Exatamente por isso que o Código Tributário Nacional previu, no parágrafo único do art. 100, que o contribuinte, nessa situação, mostrase isento do pagamento de penalidades, cobrança de juros de mora Fl. 360DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 361 15 e da atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Não seria justo, assim, punir o contribuinte, tal como um verdadeiro inadimplente, com imposição de multas e juros de mora." 1 A doutrina transcrita amoldase perfeitamente ao caso concreto. Como já restou apontado acima em relação à multa, o recorrente apenas qualificou os rendimentos como isentos como consequência da Lei Complementar do Estado da Bahia, que declarou ter, esses recursos, natureza indenizatória. Convém transcrever a legislação citada: Art. 2º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei. O Contribuinte não pode ser penalizado por agir em conformidade com o entendimento da Administração Pública, in casu, o Estado da Bahia. Pior, entendimento esse inserido no ordenamento jurídico por meio de Lei, aprovada pela Assembléia Estadual e sancionada pelo Governador do Estado. Frisase que não houve mero erro na prestação de informações pela fonte pagadora, o que é suficiente para afastar a multa mas não os juros; houve a efetiva entrada, no ordenamento, de norma legal interpretativa, norma que buscou definir a natureza dos recursos que seriam pagos. O sentido do art. 100 do CTN é exatamente criar segurança jurídica em prol do Contribuinte, "blindandoo" contra imposição de penalidades por atos ou erros que não lhe são imputáveis. Nesse sentido os acórdãos que o aplicam: "Entretanto, tendo em vista a observância, por parte da recorrente, da classificação fiscal indicada pela Nota MF/SRF/Cosit nº331, de 31/07/1997 (cópias às fls. 262 a 263), afasto a imposição da multa de ofício lançada e dos juros moratórios, conforme determinado pelo art. 100, I, e parágrafo único do CTN" (excerto do voto do acórdão CARF nº 3101 001.671, de 22/07/2014) 1 BEHRNDT, Marco Antônio Gomes, COMENTÁRIO AO ART. 100: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, Coord. Marcelo Magalhães Peixoto e Rodrigo Santos Masset Lacombe, 2ª ed., São Paulo, MP ed., 2008, p. 895896. Fl. 361DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 362 16 De maior valia, ainda, é o acórdão da CSRF nº 9303002.300, de 19/06/2013: Vêse que a divergência alcança o próprio conteúdo do dispositivo, o que nos obriga a transcrevêlo na íntegra aqui: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Dela resulta que não assiste razão ao relator do acórdão tomado como paradigmático ao afirmar que o dispositivo cuida também da observância de atos legais. Ora, por óbvio, se o sujeito passivo observar os atos legais que regem a exação não haverá exigência alguma, seja de principal, multa ou juros. Não é disso, pois, que trata o dispositivo. Com efeito, aí o que se pretendeu, me parece, foi disciplinar os efeitos da interpretação de tal legislação, matéria nem sempre fácil. Mais especificamente, o legislador previu – a meu ver, com pleno acerto – que aqueles que, nesse ato de interpretação, seguissem as orientações emanadas da própria administração tributária não seriam punidos nem estariam sujeitos a mora mesmo que o tributo se revelasse, a posteriori, devido. Esse acórdão faz a comparação entre duas possíveis interpretações para o art. 100, §único, do CTN: (i) a possibilidade de afastar as penalidades (multa, juros e atualização) inclui a Lei tributária; ou (ii) a possibilidade de afastar as penalidades estaria restrita aos casos em que se segue exclusivamente as interpretações e orientações emanadas da própria administração tributária. A CSRF afastou a hipótese (i) com base em argumento simples: se o Contribuinte segue a legislação tributária, "não haverá exigência alguma, seja de principal, multa ou juros". In casu, portanto, a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 não pode ser tida como Lei tributária: primeiro, porque não versa expressamente sobre tributos; segundo, não é hábil para afastar a tributação, como efetivamente não afastou no caso concreto. Frisamos: a referida Lei estadual teve como objetivo dar interpretação tributária. Efetivamente, tentou dar natureza de indenização ao rendimento, o que o tornaria Fl. 362DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 363 17 isento. Acontece que o rendimento não é indenizatório, de forma que houve exação com a imposição de penalidades em desfavor do Contribuinte que, exclusivamente, seguia o ordenamento vigente. Enfim, por todos esses argumentos, entendo ser necessário excluir da base de cálculo os juros e a atualização monetária impostos até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração, nos termos do art. 100, I e §único, do CTN. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto acima, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, dar provimento parcial tão somente para excluir a multa de ofício e os juros de mora e a atualização da base de cálculo até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração. (Assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Voto Vencedor Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator designado Data venia, venho divergir do Ilustre Relator no tocante a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa, pois teria ocorrido uma suposta omissão no acórdão da DRJ de origem, conforme razões abaixo no item "Nulidade Cerceamento do direito de defesa". Ainda, adentrando no mérito do recurso, venho também divergir quanto a afastar a multa de ofício e juros de mora, pois entendo que não seria caso de aplicação do disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN, conforme fundamentação exposta no item "Inaplicabilidade do parágrafo único do art. 100 do CTN". Nulidade Cerceamento do direito de defesa. Conforme narrado pelo relator, o contribuinte afirmou que a decisão recorrida se omitiu sobre dois pontos relevantes de sua impugnação: a ilegitimidade da União para cobrar imposto que pertence ao Estado por determinação constitucional; e a quebra da capacidade contributiva do recorrente. Ainda, argumentou o contribuinte que tal omissão gerou prejuízo ao contribuinte, porquanto suprimiu instância administrativa. Nesse sentido, pugna pela declaração da nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos para a DRJ. O Conselheiro Relator entendeu que a DRJ tratou expressamente da questão da legitimidade da União, conforme se extrai da seguinte passagem: Fl. 363DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 364 18 "Alem disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União." fl. 150. No entanto, entendeu que o mesmo não poderia ser dito em relação à questão da quebra da capacidade contributiva. Nos termos do voto do Conselheiro Relator: "A verdade é que a DRJ anotou expressamente em seu relatório (fls. 146/147) a alegação do contribuinte de que a atuação do Estado gerou prejuízo para o sujeito passivo e, consequentemente, quebra da sua capacidade contributiva. Ainda assim, não tratou do tema em seu voto nem no acórdão recorrido deixou de versar sobre a questão. Efetivamente, analisando a impugnação, percebese que o Contribuinte discorreu sobre a questão ao longo de aproximadamente três laudas (fls. 48/51). Nestas, explicou que o próprio Estado deixou de pagar seus rendimentos ao longo de anos; posteriormente, quando do pagamento, deixou de reter o tributo; e que, enfim, veio a ser autuado para que o fisco recebesse o imposto somado a multa e juros. Concluiu, nesse contexto, que foi o Estado da Bahia quem agiu em desrespeito à Lei e que, portanto, não pode ele se beneficiar de sua própria atuação ilegal, qual seja, pelo auferimento da multa e dos juros. Concluiu também que o valor cobrado pela autoridade fazendário superava o valor recebido pelo Contribuinte." Data venia ao posicionamento do ilustre Relator, venho divergir deste, pois compreendo que a alegação de que houve "quebra" de sua capacidade de contribuir do contribuinte, nos termos alegados pelo contribuinte, não possui fundamento jurídico, sendo confuso compreender o que o contribuinte pretendeu argumentar e requerer com tal alegação. Assim, não havendo pedido claro, que venha acompanhado de uma linha de argumentação que sustente tal pedido, impossível vir a considerar que houve nulidade do acórdão da DRJ que não apreciou a matéria, pois não havia matéria a ser apreciada, ou ainda pedido a ela relativo. Para uma omissão ser caracterizada em um acórdão, necessário que tenha deixadose de ser analisado pedido formulado com clareza, devendo estar acompanhado de fundamentação fática e/ou jurídica. Não se trata, portanto, do presente caso, onde sequer houve pedido em relação ao argumento de "quebra da capacidade contributiva". Aliás, caso se compreendesse que a alegação seria de que houve violação ao princípio da capacidade contributiva, estaria tanto este Conselho, quanto as DRJs impedidas de analisar tais alegações, por se tratar de matéria constitucional. Destaco que âmbito do CARF, há a Súmula 02, a qual estabelece que o CARF não é competente para se manifestar sobre constitucionalidade de lei. Assim, não há que se falar de ocorrência de prejuízo do recorrente. Portanto, deve ser rejeitada a referida preliminar. Fl. 364DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 365 19 Inaplicabilidade do parágrafo único do art. 100 do CTN Não deve prevalecer o argumento de que os que não incida juros de mora e a atualização da base de cálculo até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração, com base no parágrafo único do art. 100 do CTN, porque não se trata de obediência às normas complementares elencadas nos incisos I a IV desse artigo. Os quatro incisos cuidam dos atos normativos da administração tributária ou decisões administrativas com eficácia normativa, das práticas reiteradas da administração tributária e dos convênios entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Não há nos autos prova alguma de que a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 possua o condão de afastar a imposição de imposto de renda, de competência da União. Aliás, pelo contrário, assim decidiu a 2a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais nestes próprios autos (acórdão nº 9202003.661): "A Lei Complementar n° 20, de 08/09/2003, do Estado da Bahia, consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, a competência legislativa relativa ao imposto de renda é da União, de acordo com o art. 153, inciso IV, da Carta Magna. Dessa forma, é imprescindível que se realize a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial." Assim, já estando julgado, nestes autos, esta matéria (competência legislativa da União em legislar sobre imposto de renda), não é possível a aplicação neste caso do disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN. Portanto, deve ser mantido os juros de mora, nos moldes do lançamento. Portanto, entendo que deve ser negado o recurso voluntário quanto a este pedido. (Assinado digitalmente) Conselheiro Martin da Silva Gesto Redator designado Fl. 365DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 13784.720437/2014-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
RENDIMENTOS RECEBIDOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. RENDIMENTOS NÃO TRIBUTÁVEIS.
Não se caracterizam como rendimentos tributáveis os valores recebidos judicialmente relativos à restituição de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos.
Numero da decisão: 2202-003.568
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 RENDIMENTOS RECEBIDOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. RENDIMENTOS NÃO TRIBUTÁVEIS. Não se caracterizam como rendimentos tributáveis os valores recebidos judicialmente relativos à restituição de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
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EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. RENDIMENTOS NÃO TRIBUTÁVEIS. Não se caracterizam como rendimentos tributáveis os valores recebidos judicialmente relativos à restituição de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 78 4. 72 04 37 /2 01 4- 49 Fl. 470DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/201449 Acórdão n.º 2202003.568 S2C2T2 Fl. 471 2 Trata o presente processo de Notificação de Lançamento em virtude de uma omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação da Justiça Federal, no valor de R$ 16.188,65, no anocalendário de 2011, resultando em uma exigência crédito tributário de R$ 8.710,54, incluídos multa de ofício e juros de mora calculados até 30/09/2014. O Contribuinte apresentou a impugnação alegando que não houve omissão de rendimentos, pois o valor apurado pela fiscalização foi declarado como rendimento isento e não tributável, uma vez que é relativo ao processo judicial nº 011423271.1991.4.02.5101 (91.01142321), que tramitou na 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, referente ao imposto compulsório sobre compra de veículo. Aduz que o rendimento foi declarado como isento por orientação do manual de perguntas e respostas da Receita Federal do Brasil. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS) julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA, DECORRENTE DE AÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL. Deve ser mantido o lançamento quando demonstrada a omissão de rendimentos na declaração de ajuste anual. A conclusão da DRJ foi pela improcedência da impugnação, por entender que não foi apresentado nenhum documento que comprovasse que os rendimentos referiamse à devolução de empréstimo compulsório. Cientificado dessa decisão em 16/01/2015, por via postal (A.R. de fl. 50), o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 04/02/2015 (fls. 51 a 80), no qual repisa os argumentos da impugnação e anexa cópias dos seguintes documentos: apelação cível junto ao TRF da 2ª Região; petição solicitando desarquivamento do processo na Justiça Federal; DIRPF do exercício 2012 (anocalendário 2011); recibo do Banco do Brasil; perguntas e respostas do manual da Receita Federal. Informa, ainda, o Recorrente que ficou pendente a entrega de cópia do processo judicial, pois ainda não havia conseguido por estar arquivado. Em 03/03/2015, o Contribuinte apresenta nova petição reforçando seus argumentos e apresentando cópia do processo judicial em referência (fls. 84 a 98). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/201449 Acórdão n.º 2202003.568 S2C2T2 Fl. 472 3 Trata o presente processo de lançamento de ofício em virtude de uma omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação da Justiça Federal, no valor de R$ 16.188,65, no anocalendário de 2011. Alega o Contribuinte que se trata de recebimento de devolução de empréstimo compulsório sobre compra de veículo, decorrente de ação judicial contra a União, que tramitou na Justiça Federal do Rio de Janeiro (Processo nº 91.01142321). Visando comprovar as suas alegações, o Recorrente, por ocasião do seu Recurso Voluntário, apresentou os documentos de fls. 54/80, além dos documentos de fls. 85/410 (cópia do processo judicial), anexados posteriormente. Sobre a tributação incidente sobre devolução de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos, o "Perguntas e Respostas IRPF/2012" assim dispõe: EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS 277 — Qual é o tratamento tributário do empréstimo compulsório recebido em 2011 sobre aquisição de veículos? Esse valor não se caracteriza como rendimento tributável, devendo ser informado como rendimento não tributável na declaração. Não resta dúvidas acerca da não tributação sobre valores recebidos a título de repetição de indébito, como no caso do empréstimo compulsório sobre compra de veículos. Compulsando os autos, notadamente os documentos de fls. 56/64, 86/87 e 291/293, trazidos pelo Contribuinte, concluo que se encontra comprovado que os valores recebidos da Justiça Federal, objeto do presente lançamento de ofício, são decorrentes de devolução de empréstimo compulsório incidente sobre aquisição de veículo, os quais não são tributáveis. Reconheço que o Decreto 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal, bem como se prestam a corroborar alegações suscitadas desde o início do processo. Nesse sentido os seguintes acórdãos da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: 9202002.587, 920201.633, 920202.162 e 920201.914. Dessa forma, penso que deve ser cancelado o lançamento de ofício. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 472DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/201449 Acórdão n.º 2202003.568 S2C2T2 Fl. 473 4 Fl. 473DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 13882.720396/2013-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. CONDIÇÕES CUMULATIVAS. DATA DE INÍCIO.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.524
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. CONDIÇÕES CUMULATIVAS. DATA DE INÍCIO. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 2. 72 03 96 /2 01 3- 00 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 93 2 Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ), fl. 63, complementandoo ao final: Tratase de impugnação protocolizada pelo interessado contra Lançamento de Ofício nº 2012/814739832576330 relativo ao Exercício de 2012 Ano Calendário 2011 que resultou na Alteração do Saldo de Imposto a Restituir Declarado no valor de R$ 12.752,35 em ausência de Saldo de Imposto, conforme Notificação de Lançamento fls. 17/20. A Descrição dos fatos e o Enquadramento Legal encontramse detalhados no Demonstrativo de fl. 18, versando sobre a infração de Omissão de Rendimentos do Trabalho com Vínculo e/ou sem Vínculo Empregatício. O contribuinte tomou ciência da Notificação de Lançamento em 12/07/2013 de acordo com o Aviso de Recebimento de fl. 22, tendo sido protocolizada a impugnação de fls. 02/06 em 08/08/2013 onde consta em síntese o seguinte: que o contribuinte: “...solicitar junto ao Perito a emissão de novo Laudo, que expressasse a verdade de forma clara, objetiva e contundente, afirmando taxativamente que o requerente, examinado é portador de nefropatia grave, desde janeiro de 2008, conforme consta do novo Laudo anexo.” o contribuinte anexa aos autos, exames laboratoriais que demonstram a “evolução da doença desde a citada data, repito 2005, onde se analisa os níveis de triglicerídeos, uréia e creatinina.” afirma que não omitiu o valor de (R$ 95.117,70) , e que o mesma seria isenta de imposto, e foi devidamente lançada corretamente em sua DIRPF Retificadora nº 02, sob a rubrica Rendimentos Isentos e Não Tributáveis – Proventos de Aposentadoria por Moléstia Grave. que “pelas considerações acima, mediante a plena isenção dos valores recebidos, tornaramse insubsistentes as Declarações dos Fatos e Enquadramento Legal constantes nas .... Omissão de Rendimentos do Trabalho...” o contribuinte solicita o cancelamento do débito fiscal reclamado, bem como a devolução integral do imposto de renda retido na fonte do referido exercício 2012 ao montante de R$ 12.752,35 devidamente corrigido, conforme DIRPF Retificadora nº 02 transmitida em 02/04/2013. O interessado anexou aos autos as cópias de documentos constantes das fls. 12/15, 37/39, 47/50. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 94 3 A 19ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro I/RJ analisou a manifestação de inconformidade concluindo, em resumo, pela improcedência da impugnação, nos seguintes termos: a) não consta do Laudo Médico Pericial de fl. 12, que o impugnante seja portador de alguma das moléstias listadas pela legislação anteriormente disposta. Desta forma, não coexistem os dois requisitos cumulativos necessários ao reconhecimento da Isenção, a doença grave especificada em lei (NÃO), e a natureza de proventos de aposentadoria (SIM). Dessa forma, concluise que os rendimentos no valor de R$ 95.177,70 não são isentos de tributação pelo imposto de renda, procedendo, dessa forma, o Lançamento efetuado pelo Fisco. Cientificado dessa decisão em 25 de novembro de 2013 (fl. 71), o contribuinte interessado apresentou Recurso voluntário em 26 de dezembro de 2013 (protocolo na folha 74). Em sede de recurso concentrase em demonstrar que seus rendimentos seriam integralmente isentos, por ser portador de moléstia grave desde janeiro de 2008. Reconhece que a "semântica contida nos termos utilizados e expressos no laudo médico pericial do SUS" não expressa o termo "nefropatia grave" e por isso providencia descrição de sua moléstia por especialista, a ser corroborada por laudo do médico do SUS que diz que será apresentado assim que aquele serviço médico municipal retornar a suas atividades. Posteriormente, em 29 de janeiro de 2014, foi apresentado o documento intitulado "Laudo Médico Pericial", que consta da folha 84. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. O contribuinte recebeu os seguintes rendimentos, conforme discriminado na Notificação de Lançamento: “Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e/ou das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse Omissão de Rendimentos do Trabalho com Vínculo e/ou sem Vínculo Empregatício, sujeitos a tabela progressiva, no valor de R$ 95.117,70 recebido(s) pelo titular e/ou dependente(s), da(s) fonte(s) pagadora(s) relacionada(s) abaixo. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 0,00.”(fl. 18) A omissão de rendimentos apurada na Notificação de Lançamento foi no exato valor dos rendimentos declarados como isentos, de R$ 95.177,70. Assim, não houve outros rendimentos além desses. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 95 4 Reconsiderando os rendimentos declarados isentos como tributáveis, a Autoridade Lançadora efetuou novo cálculo de apuração do imposto. Ao considerar que o laudo médico oficial (fl. 12) não enquadrava literalmente a moléstia da qual sofre o contribuinte dentre aquelas elencadas em lei concessiva da isenção, a DRJ manteve as alterações. Em sede de recurso o contribuinte se concentra em dizer ser portador de moléstia grave (nefropatia grave), desde janeiro de 2008, o que lhe conferiria direito à isenção de imposto de renda sobre seus rendimentos. DA ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. Verificase que existem duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: uma é ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios e outra é os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: ... XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;(destaquei) É de ser observada também a Súmula CARF Nº 63, abaixo transcrita: “Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. A isenção, portanto, passa a ser reconhecida a partir da existência cumulativa desses dois requisitos. A DRJ já reconhecera o preenchimento da condição de serem os rendimentos provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão e seu complemento, à vista da "carta de concessão de benefício" , expedida pelo INSS, com cópia na folha 49. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 96 5 A controvérsia reside, então, na questão do laudo. O médico particular emitiu laudo complementar, com cópia na folha 83, onde se lê que o contribuinte encontrase em "tratamento dialítico para nefropatia grave desde janeiro de 2008". Destaco que o contribuinte, desde a fase impugnatória, vem tentando sustentar ser portador da mesma moléstia, com a apresentação de laudos e atestados. Assim, não se pode considerar que inovou em suas alegações ou que apresentou documentos "novos" após a impugnação. Na decisão de 1ª instância a DRJ tornou bem clara a exigência da literalidade do dispositivo que concede a isenção. Além disso, o recurso foi apresentado dia 26 de dezembro, um dia após o Natal, e bastante razoável a alegação de que não poderia acessar o serviço médico oficial do município (SUS) naquele período. Dessa feita, entendo que deva ser aceito e considerado o documento apresentado após o recurso, que já fora mencionado no mesmo, cuja cópia encontrase na folha 84, aplicando o disposto no artigo 16, § 4º, alíneas "a" e "c" do Decreto nº 70.235, de 1972. A razão para que a lei conceda isenção a portadores de determinadas moléstias é o sofrimento e a despesa adicional que seus tratamentos provocam, especialmente àqueles que recebem apenas proventos de aposentadoria, reforma ou pensão. No laudo médico, o perito do SUS expressamente menciona que o contribuinte "se encontra em tratamento dialítico (CAPD) para Nefropatia Grave desde janeiro de 2008. Estágio 5" CONCLUSÃO Bem, entendo que o perito do SUS, ratificando o atestado particular, expressamente enquadrou a doença do paciente como "nefropatia grave" para fins de isenção do imposto de renda, a partir de janeiro de 2008, atendendo o requisito do "laudo médico oficial", e que os proventos recebidos no ano de 2011, pelo contribuinte, foram decorrentes de "aposentadoria ou seu complemento, reforma ou pensão", portanto, estão isentos do imposto e, em consequência, VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar a Notificação de Lançamento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 96DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10660.725923/2010-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
DIRPF. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.COMPROVAÇÃO. EFETIVO PAGAMENTO.
Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a").
Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Tal faculdade deve ser concretizada por meio da lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionando-lhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.595
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado), que deram provimento integral ao recurso. Foi designado o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.COMPROVAÇÃO. EFETIVO PAGAMENTO. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Tal faculdade deve ser concretizada por meio da lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto (Relator), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado), que deram provimento integral ao recurso. Foi designado o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 59 23 /2 01 0- 38 Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 128 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10660.725923/201038, em face do acórdão nº 0958.208, julgado pela 4ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Para o(a) contribuinte, já qualificado(a) nos autos, foi lavrada Notificação de Lançamento, pela DRF/Varginha/MG, que lhe exige o recolhimento de um crédito tributário no total de R$ 14.450,14, atualizado até 30/11/2010. Decorreu o citado lançamento da revisão efetuada na Declaração de Ajuste Anual – DAA – entregue pelo(a) interessado(a), relativa ao exercício financeiro de 2008, quando foi constatada, conforme a Descrição dos Fatos, dedução indevida de despesas médicas, no total de R$ 26.080,00, por falta de comprovação do efetivo pagamento ou da transferência dos recursos financeiros aos(às) profissionais, a saber: Rosana Maria dos Santos Vieira (R$ 16.080,00) e Giselle Mazoni Dais Tavares (R$ 10.000,00). O(A) notificado(a) apresentou impugnação, instruída por elementos, os quais, no seu entender, comprovam os argumentos de defesa, que são os seguintes: Infração: Dedução Indevida de Despesas Médicas R$ 26.080,00. O valor referese a despesas médicas do próprio contribuinte. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 129 3 O valor referese a despesas médicas de companheiro(a) com quem o contribuinte tem filho ou vive há mais de 5 anos, ou cônjuge. O valor referese a despesas médicas de filho(a) ou enteado(a), com idade até 21 anos de idade. Seguem, em anexo, 04 (quatro) declarações dos profissionais, comprovando o pagamento efetuado em moeda corrente nacional. Na declaração da profissional Rosana Vieira para o paciente Luiz Guilherme Muniz Barboza, não foi constado o recibo do mês de Dezembro de 2007 por extravio do mesmo, assim que tal fato for sanado a profissional refazerá a declaração completa. Em atendimento ao que foi solicitado por esta relatora no Despacho nº 27, de 31/7/2015, à fl. 47, a DRF/Varginha/MG/SAFIS anexou o dossiê fiscal, às fls. 48/96, relativo à DAA revisada. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário às fls. 119/123, onde são reiterados, em parte, os argumentos já lançados na impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. No presente caso, entendeu a DRJ de origem houve a dedução indevida de despesas médicas, no total de R$ 26.080,00, por falta de comprovação do efetivo pagamento ou da transferência dos recursos financeiros aos(às) profissionais, a saber: Rosana Maria dos Santos Vieira (R$ 16.080,00) e Giselle Mazoni Dais Tavares (R$ 10.000,00). Em análise dos autos, verificase que o contribuinte já havia apresentado a fiscalização os recibos pelos serviços prestados por Rosana Maria dos Santos Vieira (23 recibos, dois para cada mês do ano, à exceção do mês de dezembro/2007, às fls. 65/79), referente a tratamento psictoterápico do próprio contribuinte e de dependente, e por Giselle Mazoni Dais Tavares (12 recibos, um para cada mês do ano, às fls. 80/84), referente a atendimento de terapeuta ocupacional prestado ao contribuinte. Ainda, em fl. 19 há declaração da psicológa Rosana Maria dos Santos Vieira declarando que a dependente do contribuinte estava sob seus cuidados, em tratamento psicológico. Também é apresentado o valor recebido naquele anocalendário (ano de 2007). E, à fl. 24 há declaração da psicológa Rosana Maria dos Santos Vieira declarando que o contribuinte estava sob Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 130 4 seus cuidados, em tratamento psicológico. Também é apresentado o valor recebido naquele ano calendário (ano de 2007). Em fl. 50 dos autos o contribuinte informa que realizou o pagamento em moeda corrente nacional, realizado o pagamento em parcelas. Pelos recibos apresentados aos autos, resta claro que o contribuinte realizava o pagamento mensal às profissionais Rosana Maria dos Santos Vieira e Giselle Mazoni Dais Tavares pelos serviços profissionais prestados. Quanto a forma de pagamento destas despesas, entendo que nada impeça ao contribuinte de realizar tal pagamento em dinheiro, sendo o recibo prova suficiente para comprovação desta despesa, não havendo indícios, neste caso, para exigir do contribuinte que prove o pagamento com outras provas. Portanto, pelo demonstrado pela prova dos autos, não há razões para manter a glosa impugnada. Face a isto, prosperam as razões apresentadas pelo contribuinte, devendo ser afastada glosa de despesa médica no valor de R$ 26.080,00, consubstanciada na notificação de lançamento. Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, afastandose a glosa no valor de R$ 26.080,00, em relação a dedução de despesas médicas. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Voto Vencedor Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, redator designado. Em que pese o costumeiro respeito ao sempre bem colocado posicionamento do ilustre Conselheiro relator, Martin da Silva Gesto, peço licença para discordar, neste caso. Oportuno observar que no processo administrativo fiscal a exigência de comprovação de um fato está ligada ao modo como se distribui o ônus da prova entre as partes interessadas na proteção de seus direitos. Tratandose de processo relativo ao imposto de renda da pessoa física cabe ao Fisco, em regra, provar as alegações sobre omissão de rendimentos e ao contribuinte os fatos que reduzem a base de cálculo do tributo. Logo, compete ao contribuinte provar os fatos que deram origem às despesas médicas, facultandolhe a legislação desincumbirse de tal mister mediante a apresentação de recibos emitidos por profissionais da área da saúde. Nada obsta, no entanto, que a Administração Tributária exija que o Interessado comprove o efetivo pagamento das despesas médicas realizadas, quando a Autoridade fiscal assim entender necessário, na linha do disposto no § 3º do art. 11 do Decreto Lei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 e no art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, assim descritos: DecretoLeinº 5.844/1943 Art. 11. (...) Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10660.725923/201038 Acórdão n.º 2202003.595 S2C2T2 Fl. 131 5 § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. RIR1999, aprovado pelo Decreto n° 3.000/1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Observo, por oportuno, que tal faculdade deve ser concretizada por meio de um ato cuja materialização se dá com a lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Tenho sempre manifestado que não é possível fazer "juízo sobre o juízo" da autoridade competente, mas apenas verificar se agiu procedimentalmente com correção, dentro da lei. No caso concreto, na folha 49 do arquivo digital destes autos, consta o Termo de Intimação Fiscal da Malha/2008, onde o Auditor Fiscal diz que o contribuinte deveria apresentar: "documentos que comprovem os dispêndios com as despesas médicas abaixo relacionadas, cujos recibos já foram apresentados, juntando cópias de cheques, ordens de pagamento, transferências, entre outros documentos, nos quais fique demonstrado o efetivo pagamento...". Menciona os artigos 73 e 80 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999. Bem, uma vez intimada a comprovar a efetividade da prestação dos serviços e/ou dos pagamentos efetuados, o ônus da prova se inverte, e passa a ser da contribuinte declarante. É que o artigo 80 do Regulamento do Imposto de Renda, RIR/1999 (aprovado pelo decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999) condiciona a possibilidade de dedução das despesas médicas a “pagamentos especificados e comprovados”. E essa comprovação poderá ser necessária “a juízo da autoridade lançadora”, conforme art. 73 do mesmo Regulamento. A Interessada, no entanto, não se desincumbiu de comprovar o efetivo dispêndio com as profissionais mencionadas, motivo pelo qual entendo que as glosas, no total de R$ 26.080,00, devem ser mantidas. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 131DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13706.005900/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
DESPESAS MÉDICAS. IDENTIFICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO.
Na hipótese de o comprovante de pagamento do serviço médico prestado ter sido emitido em nome do contribuinte sem a especificação do beneficiário do serviço, pode-se presumir que esse foi o próprio contribuinte, exceto quando, a juízo da autoridade fiscal, forem constatados razoáveis indícios de irregularidades
Numero da decisão: 2202-003.536
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO - Relator.
EDITADO EM: 22/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado) e Marcio Henrique Sales Parada
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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IDENTIFICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO. Na hipótese de o comprovante de pagamento do serviço médico prestado ter sido emitido em nome do contribuinte sem a especificação do beneficiário do serviço, podese presumir que esse foi o próprio contribuinte, exceto quando, a juízo da autoridade fiscal, forem constatados razoáveis indícios de irregularidades Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (Assinado digitalmente) JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO Relator. EDITADO EM: 22/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente convocado) e Marcio Henrique Sales Parada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 6. 00 59 00 /2 00 8- 11 Fl. 60DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 2 6/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA 2 Relatório Adoto, no que diz respeito, o relatório da Delegacia Regional de Julgamento do Rio de Janeiro: O presente processo trata de exigência constante de notificação de lançamento relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física Exercício 2007, anocalendário 2006, lavrada em 07/07/2008, fls. 05/06, na qual se apurou crédito tributário no valor total de R$ 7.567,73, já acrescido da multa de ofício e dos juros legais calculados até 31/07/2008. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fl. 06, foi glosado o montante de R$ 20.177,32, a título de despesas médicas, sob a fundamentação de que a esposa do contribuinte apresentou DIRPF em modelo simplificado, optando, assim, pelo desconto padrão. Só foram consideradas as despesas médicas do próprio contribuinte que puderam ser identificadas: R$ 11.400,00 – Spencer Mendes, R$ 50,00; Pro vacina, R$ 76,80; Lab. Sérgio Franco, R$ 7.932,57 (50%) Golden Cross e R$ 293,50 (50%) Vida Sist. De Emergência Móvel. Cientificado do lançamento em 24/07/2008 (fl. 17), ingressou o contribuinte, em 06/08/2008, com sua impugnação (fls. 02/04), e respectiva documentação. Em síntese, o contribuinte alega que não foram considerados os valores da Declaração de reembolso de Despesas MédicoHospitalares da empresa GoldenCross. Anexa relatório analítico fornecido pela operadora do plano de saúde (fls. 07/09). Em sessão de 22/08/2011 foi prolatado por esta 13a. Turma de Julgamento o Acórdão 12.39754 (fl. 25/30). Às fls. 31, em Despacho datado de 16/05/2013, manifestase a DICAT/DRFRJ1 acerca da incorreção do valor consignado na parte dispositiva do acórdão, encaminhando o processo em retorno a esta Turma de Julgamento para proceder à retificação A Delegacia Regional de Julgamento negou provimento a Impugnação apresentada em decisão cuja a ementa segue transcrita: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DEDUÇÕES INDEVIDAS. DESPESAS MÉDICAS. NÃO COMPROVAÇÃO. Cabe ao Contribuinte, mediante apresentação de documentos hábeis e idôneos, comprovar a efetividade do Fl. 61DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 2 6/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.005900/200811 Acórdão n.º 2202003.536 S2C2T2 Fl. 61 3 pagamento da despesa médica para afastar a glosa da dedução. Na ausência de prova, mantémse a glosa. PARCELA NÃO CONTESTADA. BENEFICIÁRIOS. Não tendo sido expressamente contestada a parte do lançamento relativa aos beneficiários do contribuinte, considerase a mesma não impugnada, a teor do art. 17 do Decreto 70.235/72, que regula o processo administrativo" Cientificado da decisão da DRJ, o Impugnante, ora Recorrente, interpôs o Recurso Voluntário de fls. 51/52, por meio do qual limitase a pedir o cancelamento da exigência fiscal e a juntar, novamente, o comprovante relativo às despesas reembolsadas pela empresa Golden Cross. Voto Conselheira Relatora JÚNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO O recurso apresenta os pressupostos legais, portanto, dele conheço Conforme visto no relatório, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, negou provimento ao Recurso por entender que a declaração de reembolso fornecida pela Golden Cross e juntada novamente no Recurso Voluntário não seria documento hábil a legitimar a dedução pretendida, uma vez que nela não estão identificados os beneficiários dos serviços prestados, bem como quem são os benefíciários dos planos. A Lei 9.250, de 1995, em seu art. 8º, dispõe sobre os valores que poderão ser deduzidos da declaração de ajuste anual: Art. 8º (...); II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; (grifamos) Fl. 62DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 2 6/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA 4 Para que a despesa médica possa ser deduzida é fundamental que o contribuinte faça prova de que esta se refere ao pagamento de serviços médicos prestado a si mesmo ou a algum de seus dependentes, arrolados na sua declaração de ajuste anual. Como bem ressaltou a DRJ, "os elementos exigidos pela fiscalização para comprovar as deduções realizadas não se prestam apenas para aferir requisitos formais, mas também para que se possa verificar a efetividade da ocorrência do fato que autoriza a dedução, qual seja, o efetivo dispêndio com o usufruto de um serviço médico ou odontológico, tal como previsto em lei. Em face do exposto, nego provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Fl. 63DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 2 6/08/2016 por JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO D E OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10830.007399/2001-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
PROVAS ANEXADAS AO RECURSO VOLUNTÁRIO. CONTRAPOSIÇÃO ARGUMENTOS DA DRJ. POSSIBILIDADE.
Nos termos do art. 16, §4º, 'c' do Decreto nº 70.235/1972, é possível ao contribuinte juntar provas documentais após a apresentação da impugnação quando se destinem a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.
LIVRO-CAIXA. DEDUTIBILIDADE. OCORRÊNCIA DA DESPESA. ÔNUS DA PROVA.
Cabe à Contribuinte comprovar a ocorrência das despesas lançadas em seu livro caixa, sendo indedutíveis para fins de apuração do IRPF aquelas não comprovadas.
DESPESAS COM DESLOCAMENTO. INDEDUTIBILIDADE. LIVRO-CAIXA. VEDAÇÃO LEGAL.
A despeito da comprovação da ocorrência e da necessidade das despesas incorridas com o deslocamento para o auferimento do rendimento, são indedutíveis tais despesas por expressa vedação legal (art. 6º, §1º, 'b', da Lei nº 8.134/1990).
DESPESAS DEDUTÍVEIS. COMPROVAÇÃO DE OCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DE NECESSIDADE PARA O AUFERIMENTO DO RENDIMENTO.
Nas hipóteses em que resta comprovada a ocorrência das despesas e a sua necessidade para o auferimento do rendimento, somado à falta de vedação legal, necessário aceitar sua dedutibilidade para fins de apuração do IRPF.
Numero da decisão: 2202-003.573
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para afastar a glosa de dedução das despesas de livro Caixa, relativas à alimentação, hospedagem, aluguel e manutenção de loja e depósito, contribuição previdenciária e fotografias, devidamente comprovadas, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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CONTRAPOSIÇÃO ARGUMENTOS DA DRJ. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 16, §4º, 'c' do Decreto nº 70.235/1972, é possível ao contribuinte juntar provas documentais após a apresentação da impugnação quando se destinem a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. LIVROCAIXA. DEDUTIBILIDADE. OCORRÊNCIA DA DESPESA. ÔNUS DA PROVA. Cabe à Contribuinte comprovar a ocorrência das despesas lançadas em seu livro caixa, sendo indedutíveis para fins de apuração do IRPF aquelas não comprovadas. DESPESAS COM DESLOCAMENTO. INDEDUTIBILIDADE. LIVRO CAIXA. VEDAÇÃO LEGAL. A despeito da comprovação da ocorrência e da necessidade das despesas incorridas com o deslocamento para o auferimento do rendimento, são indedutíveis tais despesas por expressa vedação legal (art. 6º, §1º, 'b', da Lei nº 8.134/1990). DESPESAS DEDUTÍVEIS. COMPROVAÇÃO DE OCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DE NECESSIDADE PARA O AUFERIMENTO DO RENDIMENTO. Nas hipóteses em que resta comprovada a ocorrência das despesas e a sua necessidade para o auferimento do rendimento, somado à falta de vedação legal, necessário aceitar sua dedutibilidade para fins de apuração do IRPF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 73 99 /2 00 1- 20 Fl. 772DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para afastar a glosa de dedução das despesas de livro Caixa, relativas à alimentação, hospedagem, aluguel e manutenção de loja e depósito, contribuição previdenciária e fotografias, devidamente comprovadas, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Contribuinte para constituir IRPF em razão de deduções indevidas a título de deduções de livro caixa. Intimado, o Contribuinte apresentou impugnação que foi julgada parcialmente procedente pela DRJ. Ainda inconformado, interpôs Recurso Voluntário. Chegando ao CARF, o julgamento foi convertido em diligência, que já foi devidamente realizada. Tendo feito o resumo da lide, passamos ao relato pormenorizado dos autos. Em 11/09/2001, foi lavrado auto de infração (fls. 29/32) para reduzir o IRRF a restituir referente ao anocalendário de 1998, de R$ 5.021,67 para R$ 448,74, pela (i) redução dos rendimentos recebidos de pessoa jurídica; (ii) constatação de "dedução indevida a título de livro caixa glosado por falta de atendimento ao pedido de esclarecimentos"; e (iii) "dedução indevida de imposto de renda retido na fonte". Intimado em 30/10/2001 (fl. 68), o Contribuinte apresentou impugnação em 20/11/2001 (fls. 27/28 e docs. anexos fls. 29/61). Explicou (i) que, por ter se mudado, deixou de receber diversas correspondências que chegaram ao antigo endereço; (ii) que, ao exercer atividade de perito judicial, era necessário fazer retenção do IR para poder levantar seus honorários; (iii) que, da mesma forma que as perícias geravam rendimentos, também incorriam em despesas; e (iv) que deixava de juntar documentação em função do volume de documentos, deixava de juntálos à impugnação, mas que se encontravam à disposição para análise da autoridade fiscalizadora. Em análise no 1º grau, a DRJ/RJOII proferiu o acórdão nº 1314.232, de 30/10/2006 (fls. 84/89), que restou assim ementado: Fl. 773DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 773 3 “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 1999 LIVRO CAIXA. DEDUÇÕES Somente são possíveis de dedução, quando efetivamente comprovadas. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE Comprovada a retenção na fonte de imposto de renda correspondente à rendimentos oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste, legítima é sua dedução. Lançamento Procedente em Parte.” Os fundamentos da decisão foram os seguintes: · Que o contribuinte não juntou aos autos as provas necessárias (Livro Caixa e Comprovantes das deduções), de forma que não é possível afastar a infração; · Que o contribuinte comprovou a retenção na fonte do montante R$ R$ 17.056,97, afastando a respectiva infração; e · Que, efetuando novos cálculo, e aceitando o valor do rendimento declarado pelo Contribuinte, a autoridade julgadora de 1º grau apurou IR a recolher em R$ 5.559,35. Uma vez que não lhe era permitido agravar o lançamento, manteve o valor original do imposto a restituir apurado no AI. Intimado em 14/05/2007 (fl. 93), o Contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 95/98 e docs. anexos fls. 99/625) em 12/06/2007 (fl. 626) no qual aduziu, em síntese: · Que não foi intimado, durante a fiscalização, a fornecer os documentos do livro caixa que sempre estiveram em seu poder e à disposição dos órgãos fiscalizadores; · Que, nesse sentido, tampouco foi intimado a apresentar a documentação especifica durante o primeiro grau de jurisdição; e · Que apresentava tais documentos em anexo ao recurso voluntário. Chegando a este tribunal administrativo, foi proferida a Resolução CARF nº 10402.087, de 12/09/2008 (fls. 1/4 e repetida às fls. 627/630), que determinou a realização de diligência para que a autoridade fiscalizadora analisasse os documentos juntados pelo Contribuinte. A DRF proferiu então o Parecer Fiscal (fl. 6 e repetida à fl. 633), que concluiu pela não admissibilidade do livro caixa apresentado. Tendo recorrente sido intimado do parecer fiscal, apresentou manifestação. Vieram os autos ao CARF, que proferiu a Resolução nº 220200.207, de 15/05/2012 (fls. 654/659), na qual se declarou haver discordância com a conclusão tomada pela DRF e se Fl. 774DF CARF MF 4 determinou a realização de nova diligência para verificar, mais uma vez, o livrocaixa e a intimação do contribuinte para apresentar mais documentação. Feita a nova diligência, foi proferido um novo Parecer Fiscal Conclusivo (fls. 710/714 e docs. anexos fls. 715/753), na qual se concluiu pela admissibilidade das deduções de apenas parte das despesas constantes no livro caixa. Intimado, o Contribuinte já se manifestou (fls. 755/768) sobre a conclusão da diligência, argumentando pela aceitação de todas as despesas. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto O recurso voluntário é tempestivo e reúne os demais pressupostos de admissibilidade. Uma vez que a DRJ já deu provimento a parte do recurso voluntário, especificamente no tocante à comprovação do IRRF, a lide se resume à comprovação e à dedutibilidade das despesas de livro caixa. Pois bem. O Contribuinte apresentou vastas provas em anexo ao recurso voluntário que foram aceitas pelo CARF em duas oportunidades, e igualmente já foram analisadas pela DRF. Argumentou que apresentava tais provas nesse momento processual exatamente para contrapor argumento levantado pela DRJ, o que é aceito nos termos do art. 16, §4º, "c", do Decreto nº 70.235/1972. In casu, o Auto de Infração, em momento algum, se referiu especificamente à não apresentação do livrocaixa ou a seus documentos, mas simplesmente ao não atendimento ao pedido de esclarecimentos. Nesse contexto foi apenas a DRJ que afirmou ser impossível analisar os pedidos sem os referidos documentos. Portanto, adequada a apresentação nesse momento. Foram apresentadas, nesse contexto (fls. 99/625): · Livrocaixa de 1998; · Cobranças telefônicas; · Cobranças de eletricidade; · Contrato de locação residencial; · Recibos de pagamento de aluguel de loja; · Comprovantes de pagamento de IPTU da loja; Fl. 775DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 774 5 · Recibos de pagamentos de despesas com funcionários; · Recibos de materiais e de manutenção com indicação de que tais despesas foram incorridas em prol da loja; · Guias de Recolhimento da Previdência Social; · Recolhimentos de FGTS pelo Contribuinte em prol de outra pessoa; · Recolhimento do CREA, do Instituto de Engenharia Legal e do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE); · DAMs de ISS; · Notas fiscais de Hospedagem; · Notas fiscais de manutenção de veículo e de abastecimento; · Notas Fiscais de alimentação; e · Recibos de pagamento a prestadores de serviço, entre outros. Ante a apresentação da referida documentação, conforme já relatado, foi determinada a primeira diligência, que não foi realizada à satisfação, porquanto o livro caixa não foi apresentado (foram juntadas apenas as capas), tornando impossível a análise da documentação. Então, determinada a nova diligência, para que o Contribuinte apresentasse o livro caixa, esta foi adequadamente apresentada, de sorte que a DRF pode, enfim, analisar os documentos apresentados pelo recorrente. Nesse análise, conforme se observa do Parecer Fiscal Conclusivo, apenas parte das despesas lançadas eram dedutíveis nos termos do art. 75 do RIR/1999 e do art. 6º, §2º, da Lei nº 8.134/1990. As razões para não aceitar a dedutibilidade das demais despesas foram assim enumeradas: · Vedação legal de deduções com locomoção e transporte; · Gastos com alimentação e hospedagem não constituem despesas necessárias para o desenvolvimento da atividade; · Despesas não comprovadas por falta de documentação hábil; nesse ponto, incluiu aluguel, haja vista a inexistência de contrato de locação; · Dispêndios considerados como aplicação de capital; e · Contribuição previdenciária do próprio Contribuinte. Foram elaborados, ainda, dois quadros anexos indicando, individualizadamente, as deduções aceitas e as não aceitas, todas com motivação. Em sua manifestação, o Contribuinte apontou que deveria ser aplicada a RIR/1994 e não a RIR/1999. Esse argumento, em que pese correto, não é relevante para o caso Fl. 776DF CARF MF 6 concreto. O fato é que ambos os Decretos (nº 3.000/1999 e nº 1.041/1994) apenas consolidam a legislação vigente (art. 6º da Lei nº 8.134/1990; art. 10 da Lei nº 8.383/1991 e art. 4º da Lei nº 9.250/1995); nesse contexto, a regra do art. 75 do RIR/1999 está contida também no art. 81 do RIR/1994, vigente à época dos fatos. Também, discorreu sobre a necessidade de aceitar todos os documentos que são compostos por notas fiscais. A verdade é que a autoridade diligenciadora explicou, ainda que sucintamente, haver despesas lançadas e desacompanhadas de documentos hábeis a comprovar a sua ocorrência, ou que não sejam suficientemente descritas ou ainda que fossem ilegíveis. Efetivamente, o Contribuinte lançou como despesas, ad exemplum, gastos com fotografia. Acontece que as notas fiscais (e.g. fls. 518) não constam o nome do adquirente do produto nem o nome do tomador do serviço, tornando impossível atestar quem foi o adquirente ou o tomador do serviço. Isoladamente, esses documentos não têm, portanto, o condão de comprovar que foi o Contribuinte quem incorreu em tais despesas. Diferente seria se tivessem tal descrição ou se, por exemplo, fosse comprovada a efetiva ocorrência do pagamento (comprovante de transferência bancária ou de pagamento em cartão). Enfim, assiste razão à autoridade diligenciadora: há diversas ocorrência nas quais os documentos juntados aos autos não são suficientes para comprovar a ocorrência das despesas, razão pela qual são indedutíveis. De resto, insistindo na dedutibilidade das despesas, o Contribuinte explicou que exercia atividade de vistoria e perícia técnica judicial, e isso implica na aceitação das despesas pelas seguintes razões: Despesas com deslocamento Que, para o auferimento do rendimento, precisava se deslocar até o local ou unidade que seria vistoriado, bem como aos cartórios judiciais para retirada e devolução de processos. Nesse sentido, as despesas com deslocamento (o que inclui pedágios) são necessária e dedutíveis. Em que pese a lógica e a justiça das alegações do Contribuinte, por expressa vedação legal (art. 6º, §1º, 'b', da Lei nº 8.134/1990), não é possível deduzir as despesas com deslocamento, o que inclui aquelas com abastecimento, manutenção de veículo ou mesmo de pedágio. Alimentação Argumenta o Contribuinte que precisava, devido ao deslocamento, em diversas oportunidades, se alimentar nos destinos. Assiste razão ao Contribuinte em tese. Uma vez que ele viajava a trabalho, efetivamente não se pode esperar que deixasse de se alimentar; também, não há dúvidas de que alimentação em estabelecimentos comerciais é como regra geral mais onerosa do que aquela feita na própria residência. Contudo, compulsando os autos, percebese que o Contribuinte não apresentou elementos hábeis a comprovar na prática quaisquer despesas com a alimentação. As notas fiscais apresentadas, segundo a autoridade diligenciadora, não contêm os requisitos necessários para identificar que o Contribuinte foi o consumidor. Fazendo análise por Fl. 777DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 775 7 amostragem (e.g., nota fiscal de fls. 430), efetivamente tem razão a autoridade lançadora: as notas apresentadas não são hábeis a comprovar o dispêndio. Hospedagem O Contribuinte repete seu argumento em relação às despesas com hospedagem incorridas em viagens a trabalho. Assiste razão ao Contribuinte em tese. Não se pode esperar que o Contribuinte dormisse ao relento quando seu trabalho o levava a pernoitar em outro local que não sua residência. Como exemplo prático, é possível citar as notas fiscais de fls. 345 e 346, nas quais se atesta que o Contribuinte pagou por hospedagem em Campinas nos dias 06/08/1998 e 13/08/1998 (ambas quintasfeiras). Tendo em vista que se trata de dia de semana, bem como o fato de que o Contribuinte residia no Rio de Janeiro (cf. sua DIRPF/1999 fl. 33), e que seria, no mínimo, estranho que viajasse a lazer duas vezes em menos de dez dias para o mesmo local, é crível que efetivamente estivesse ali a trabalho. Nesse sentido, haja vista que a realização de viagens era imprescindível ao auferimento do rendimento, também as despesas com hospedagem o eram, devendo ser reestabelecida a dedutibilidade das despesas devidamente comprovadas. Compulsando, outrossim, a tabela elaborada pela autoridade diligenciadora (fls. 720/753), é possível identificar que os seguintes dispêndios foram aceitos como comprovados e ora são aceitos como dedutíveis: Hospedagem Data Lançamento Valor 30/01/1998 52 (fl. 721) R$ 251,00 20/02/1998 87 (fl. 723) R$ 106,54 19/03/1998 140 (fl. 726) R$ 129,10 27/03/1998 162 (fl. 727) R$ 80,40 09/04/1998 186 (fl. 728) R$ 77,60 24/04/1998 214 (fl. 729) R$ 121,50 07/05/1998 244 (fl. 731) R$ 130,00 20/05/1998 270 (fl. 732) R$ 78,60 29/05/1988 288 (fl. 733) R$ 101,00 04/06/1988 305 (fl. 734) R$ 78,60 13/06/1998 328 (fl. 735) R$ 139,00 15/07/1998 387 (fl. 737) R$ 52,40 24/07/1998 409 (fl. 738) R$ 54,57 06/08/1998 431 (fl. 739) R$ 79,60 13/08/1998 459 (fl. 740) R$ 180,94 28/08/1998 488 (fl. 742) R$ 109,80 18/09/1998 526 (fl. 743) R$ 104,80 26/09/1998 541 (fl. 744) R$ 81,80 15/10/1998 575 (fl. 745) R$ 106,80 Fl. 778DF CARF MF 8 29/10/1998 599 (fl. 746) R$ 106,80 11/11/1998 633 (fl. 748) R$ 139,52 24/11/1998 657 (fl. 749) R$ 79,60 10/12/1998 687 (fl. 750) R$ 52,40 11/12/1998 697 (fl. 751) R$ 53,40 18/12/1998 721 (fl. 752) R$ 114,29 TOTAL R$ 2.610,06 Aluguel e manutenção de loja e depósito A fundamentação apresentada pela autoridade diligenciadora para não aceitar a dedutibilidade das despesas com aluguel e manutenção de loja e de depósito é a falta de contrato. Por sua vez, o Contribuinte afirma que o Contrato foi verbal, mas que os documentos juntados aos autos apresentam todos os dados do locador e do locatário, bem como o endereço do imóvel e a forma do pagamento, devendo servir como prova. Efetivamente, a falta de apresentação de um contrato escrito não implica na inexistência do Contrato de locação. A materialidade do documento escrito serve para comprovar a existência do acordo entre as partes, mas não é elemento imprescindível à criação da obrigação. In casu, a existência da locação pode ser atestada pelo pagamento de aluguel e das despesas de manutenção dos imóveis, bem como pelo pagamento de IPTU. Uma vez que, como bem explicou o recorrente, era necessário manter escritório e depósito para realização de seus ensaios e elaboração de seus pareceres, bem como para a guarda dos equipamentos e das amostras tomadas, tais despesas são compatíveis com sua atividade e, portanto, devem ser dedutíveis. Compulsando, outrossim, a tabela elaborada pela autoridade diligenciadora (fls. 720/753), é possível identificar que os seguintes despêndios foram aceitos como comprovados e ora são aceitos como dedutíveis: Aluguel e Manutenção Data Lançamento Valor 05/01/1998 57 (fl. 720) R$ 454,00 30/01/1998 48 (fl. 721) R$ 30,00 17/02/1998 70 (fl. 722) R$ 80,00 28/02/1998 93 (fl. 723) R$ 880,00 31/03/1998 166 fl. 727) R$ 114,52 31/03/1998 167 fl. 727) R$ 106,88 31/03/1998 168 fl. 727) R$ 99,25 20/04/1998 197 (fl. 729) R$ 99,25 27/04/1998 217 (fl. 730) R$ 22,40 28/04/1998 218 (fl. 730) R$ 6,00 04/05/1998 223 (fl. 730) R$ 50,00 05/05/1998 231 (fl. 730) R$ 600,00 05/05/1998 232 (fl. 730) R$ 600,00 05/05/1998 233 (fl. 730) R$ 600,00 13/05/1998 254 (fl. 731) R$ 95,44 05/06/1998 307 (fl. 734) R$ 600,00 15/06/1998 330 (fl. 735) R$ 95,44 Fl. 779DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 776 9 06/07/1998 360 (fl. 736) R$ 640,00 09/07/1998 367 (fl. 736) R$ 95,44 11/08/1998 440 (fl. 739) R$ 880,00 12/08/1998 444 (fl. 740) R$ 95,43 08/09/1998 502 (fl. 742) R$ 880,00 13/09/1998 510 (fl. 743) R$ 95,43 14/10/1998 569 (fl. 745) R$ 20,50 14/10/1998 570 (fl. 745) R$ 20,00 04/11/1998 611 (fl. 747) R$ 550,00 05/11/1998 616 (fl. 747) R$ 103,06 12/11/1998 635 (fl. 748) R$ 880,00 14/12/1998 698 (fl. 751) R$ 550,00 TOTAL R$ 9.343,04 Despesas com contribuição previdenciária A autoridade diligenciadora não aceitou a dedutibilidade das despesas previdenciárias, argumentando que se tratavam de despesas em prol do próprio Contribuinte. Este, por sua vez, explica que as despesas previdenciárias foram feitas em prol de funcionária, devidamente registrada. Considerando que efetivamente foram recolhidos FGTS em prol de uma funcionária (fl. 306/312), tal argumento é plausível e deve ser aceito. Em outras palavras, deve ser reestabelecida a dedutibilidade das despesas previdenciárias incorridas e devidamente comprovadas. Compulsando, outrossim, a tabela elaborada pela autoridade diligenciadora (fls. 720/753), é possível identificar que os seguintes despêndios foram aceitos como comprovados e ora são aceitos como dedutíveis: Contr. Prev. Data Lançamento Valor 20/01/1998 2 (fl. 721) R$ 41,27 20/02/1998 3 (fl. 723) R$ 41,27 20/03/1998 4 (fl. 726) R$ 41,27 20/04/1998 5 (fl. 728) R$ 41,27 20/05/1998 6 (fl. 732) R$ 41,27 20/06/1998 7 (fl. 735) R$ 43,26 01/07/1998 354 (fl. 736) R$ 49,06 20/07/1998 8 (fl. 737) R$ 43,26 03/08/1998 419 (fl. 738) R$ 45,01 20/08/1998 735 (fl. 741) R$ 43,26 02/09/1998 499 (fl. 742) R$ 44,94 20/09/1998 9 (fl. 743) R$ 43,26 01/10/1998 552 (fl. 744) R$ 45,01 20/10/1998 10 (fl. 745) R$ 43,26 05/11/1998 617 (fl. 747) R$ 46,74 20/11/1998 11 (fl. 748) R$ 43,26 02/12/1998 668 (fl. 749) R$ 44,94 Fl. 780DF CARF MF 10 20/12/1998 12 (fl. 752) R$ 43,26 TOTAL R$ 784,87 Despesas com fotografia O Contribuinte argumenta, ainda, que à época era necessário adquirir filmes para fotografia, bem como revelação destas, vez que eram indispensáveis à instrução de seus pareceres e relatórios. A verdade é que a autoridade fiscalizadora não se refere a tais despesas em seu relatório de conclusão; nos anexos, entretanto, encontramos despesas dessa natureza que não foram aceitas em decorrência da falta de requisitos necessários para comprovar a ocorrência da despesa. Como já apontado acima, não basta o lançamento com pertinência lógica à atividade exercida; é necessária a prova da efetiva despesa. Portanto, apesar de o Contribuinte ter razão em tese, não apresentou provas nos autos suficientes para que sejam reconhecidas despesas a esse título. Conclusão É necessário concluir que são dedutíveis não apenas aquelas despesas reconhecidas pela autoridade diligenciadora no valor total de R$ 14.396,14 (cf. Anexo I ao Parecer Fiscal Conclusivo, fls. 715/719), mas também aquelas que, cumulativamente, foram consideradas comprovadas (cf. Anexo II ao Parecer Fiscal Conclusivo, fls. 720/753) e que, como exposto acima, têm pertinência lógica com a atividade desenvolvida e não são vedadas por lei (alimentação, hospedagem, aluguel e manutenção de loja e depósito, despesas com contribuição previdenciária e fotografias), no valor total de R$ 12.737,97. Enfim, refeita a apuração das despesas dedutíveis, deve ser recalculado o IRPF devido, nos moldes do acórdão da DRJ e, após a dedução do IRRF já comprovado de R$ 17.505,71, alcançado o IRPF a pagar ou a restituir. Recordase que, não sendo possível agravar o lançamento, o mínimo de IRPF a restituir deve ser, sempre, o valor original de R$ 448,74, devidamente atualizado, conforme estabelecido no AI. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto acima, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a dedutibilidade das despesas supradescritas no valor total de R$ 27.134,11, conforme o voto. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 777 11 Fl. 782DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001843/2006-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
NULIDADE DE PROVAS. DECISÃO JUDICIAL.
A decisão judicial que declara a nulidade da prova, em decorrência da forma como foi produzida, faz com que elas sejam extirpadas do mundo jurídico, não podendo gerar efeitos para o processo administrativo.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.481
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado), Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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DECISÃO JUDICIAL. A decisão judicial que declara a nulidade da prova, em decorrência da forma como foi produzida, faz com que elas sejam extirpadas do mundo jurídico, não podendo gerar efeitos para o processo administrativo. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 18 43 /2 00 6- 55 Fl. 2348DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 2 Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado), Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Recorrente, para constituir IRPF referente ao anocalendário 2001 no valor de R$ 3.041.780,94, além de juros e multa de 150%, em função da apuração de Acréscimo Patrimonial a Descoberto no valor total de R$ 11.061.021,62. Intimado do lançamento, o Contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada parcialmente procedente. Tendo interposto Recurso Voluntário, o contribuinte protocolou, posteriormente, petição trazendo fato novo, qual seja, a declaração de nulidade, pelo STJ, de boa parte das provas utilizadas para fundamentar o auto de infração. Foi determinada diligência por este e.CARF, a qual já foi realizada. Feito o resumo acima, impende relatar minuciosamente os autos. Tendo em vista a sua clareza e precisão, adotamos em parte o relatório elaborado na Resolução CARF nº 2202000.520 (fls. 2.248/2.271), de 13/08/2013: “Contra o contribuinte acima qualificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 1134 a 1136 volume 6, integrado pelos demonstrativos de fls. 1132 e 1133 volume 6, pelo qual se exige a importância de R$3.041.780,94, a título de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, anoscalendário 2001, acrescida de multa de ofício 150% e juros de mora. DA AÇÃO FISCAL Em consulta à Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 1135 e 1136 volume 6 e ao Termo de Verificação Fiscal de fls. 1138 a 1159 volume 6, verificase que a autuação decorre de acréscimo patrimonial a descoberto apurado no anocalendário 2001. O presente procedimento de fiscalização foi instaurado por meio do Mandado de Procedimento FiscalFiscalização nº 08.1.90.00.2005029693, emitido pelo Sr. Coordenador Geral de Fiscalização, em 30/11/2005 (fls. 01 – volume 1). A ação fiscal teve início, em 24/12/2005 (vide AR de fl. 9 – volume 1), por meio do Termo de Início de Fiscalização de fl.08 – volume 1, no qual foram solicitadas diversas informações relativas aos anoscalendário 2001 a 2004. Em 16/01/2006 (fl. 10 – volume 1), o contribuinte solicitou prorrogação de prazo para atendimento à intimação, o que foi concedido. Em 14/02/2006, apresentou alguns documentos referentes aos anoscalendário de 2003 a 2004, requerendo mais prazo para complementar a resposta (fls. 11 e 12 – volume 1). Apenas em 02/03/2006 (fls. 13 e 14 – volume 1), apresentou a documentação referente ao anocalendário 2001. Fl. 2349DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.349 3 Em 05/10/2006, conforme relatado à fl. 1139 – volume 6, a fiscalização teve acesso à documentação apreendida pela “Operação Dilúvio” (fls. 63 a 70 – volume 1), com autorização, inclusive, para troca de informações entre os órgãos envolvidos naquela operação, que abrangeu apreensões de objetos, documentos e informações nos vários endereços pertencentes ao fiscalizado, às suas empresas e a familiares, além de relatório elaborado pela Polícia Federal, contendo 291 folhas, que se encontra anexado às fls. 71 a 199 – volume 1 e 202 a 362 – volume 2. Às fls. 1140 a 1158 – volume 6, encontrase análise pormenorizada do Relatório da Polícia Federal retro mencionado e demais documentos juntados aos autos, concluindo a fiscalização que (fls. 1158 e 1159 – volume 6): O que verificamos, ao largo das análises, é que havia um perfeito controle de todas as transações ilícitas da organização, proporcionandonos, através de demonstrativos, anotações e emails, uma visão muito boa do funcionamento da mesma, o que torna convincente e com credibilidade os quadros demonstrativos encontrados, além dos mesmos terem sido flagrados como objeto de apreensões sérias efetivadas e motivadas por ordem judicial. Após todos os valores citados terem sido juntados no Quadro Demonstrativo de Variação Patrimonial, nos meses em que ocorreram, obtivemos valores de Patrimônio a Descoberto, conforme fls. 1130/1131, do volume 06/06, que com base nos artigos 806 e 807, do RIR/99, foram tributados exofficio, sendo que a correspondente multa de ofício foi agravada, mediante a evidente utilização de simulações, configurando fraudes, consoante o inciso II, do artigo 44, da Lei 9430/96, onde se lê: "II cento e cinquenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis". DA IMPUGNAÇÃO Inconformado com o lançamento, o contribuinte apresentou, a impugnação de fls. 1180 a 1219 volume 6, instruída com os documentos de fls. 1220 a 1239 volume 6, (...). DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Apreciando a impugnação do contribuinte, a 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo II (SP), manteve parcialmente o lançamento, proferindo o Acórdão no 1718.552 (fls. 1249 a 1290 volume 6), de 06/07/2007, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Fl. 2350DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 4 Anocalendário: 2001 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. Concedido ao contribuinte ampla oportunidade de nomear um representante legal e apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. PRELIMINAR. NULIDADE DO LANÇAMENTO. FALTA DE INTIMAÇÃO PRÉVIA. O fato de o contribuinte não ter sido intimado para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela fiscalização, antes da formalização de sua exigência por meio do Auto de Infração, não é causa de do lançamento. PRELIMINAR. DOCUMENTOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA. ADMISSIBILIDADE. Em se tratando de documento redigido em língua estrangeira cuja tradução não é indispensável para sua compreensão, a interpretação teleológica da legislação processual conduz para a conclusão que não é razoável negarlhe eficácia de prova. PRELIMINAR. PRECARIEDADE DAS PROVAS. Admitese no julgamento administrativo a apreciação de prova produzida em interesse de processo da esfera judicial, desde que utilizada com observância das normas que regulam o processo administrativo fiscal. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. SIMULAÇÃO. Os indícios coletados nos autos denunciam a existência de simulação em vários atos praticados por pessoas jurídicas, cujo proprietário de fato é o contribuinte, o que autoriza a tributação das correspondentes operações em nome deste. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. São tributáveis os valores relativos ao acréscimo patrimonial, quando não justificados pelos rendimentos tributáveis, isentos ou nãotributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. Comprovado nos autos que a aquisição do veículo não ocorreu no ano objeto da autuação, há que se excluir o valor correspondente do demonstrativo de variação patrimonial. CÁLCULO DO IMPOSTO. Fl. 2351DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.350 5 Uma vez não detectado erro no cálculo do imposto devido, incabível a retificação do lançamento. A decisão a quo, conforme consta à fl. 1288 – volume 6, excluiu da base de cálculo do imposto o valor de R$850,00, referente a aquisição do reboque para motocicleta, marca Angola, ano 2000, placa CVT 7078, ocorrida em 14/06/2000 e, portanto, fora do período fiscalizado, como revela a nota fiscal de fl. 16 – volume 1. DO RECURSO Cientificado do Acórdão de primeira instância, em 01/11/2007 (vide AR de fl. 1293 verso), o contribuinte apresentou, em 04/12/2007, tempestivamente, o recurso de fls. 1295 a 1338 volume 6, no qual, após breve relato dos fatos, reitera, basicamente, os temos da impugnação, e aduz os argumentos que a seguir resumese. DO CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA DO RECORRENTE O recorre afirma a decisão de primeira instância considerou prescindível seu acesso à cópia da mídia (DVD), por entender que ela tinha origem na Polícia Federal e continha informações sigilosas. Alega que nada que conste no processo pode ser sigiloso ao contribuinte, sendo que o sigilo só é oponível a terceiros. Prossegue afirmando que a decisão recorrida se manifestou no sentido de “não constar nos autos quaisquer documentos do contribuinte apreendidos pela Receita Federal, mas tão somente as cópias apresentadas espontaneamente pelo interessado, em atendimento a intimações que lhe foram feitas no curso da ação fiscal”. Contesta tal assertiva alegando que o lançamento baseouse também em documentos apreendidos da “Operação Dilúvio”, realizado pela Polícia Federal, e em depoimentos prestados pelo Recorrente no inquérito policial e no processo criminal. Alega que não foi intimado a prestar quaisquer esclarecimentos com relação aos documentos apreendidos e analisados pela fiscalização. Assim, se não teve acesso a todos os documentos que constituem prova para o auto de infração, não pode se defender plenamente das imputações contra ele impostas, caracterizando evidente cerceamento de defesa, nos termos do art. 59 do Decreto no o 70.235, de 1972. DA AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PARA ESCLARECIMENTOS QUANTO À ORIGEM DOS RECURSOS O recorrente sustenta que a decisão recorrida para afastar a argüição de nulidade tendo em vista que não houve intimação prévia para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto apurado pelo fisco, argumentou que “não há o que se falar em cerceamento de defesa uma vez que o lançamento impugnado só Fl. 2352DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 6 será considerado constituído, após proferida a decisão definitiva em primeira instância. E mais, justifica que na ação fiscal, não existe nenhum processo administrativo de constituição da exigência de crédito tributário formalizado, não havendo, a rigor, a possibilidade de observância do princípio do contraditório e ampla defesa nessa etapa do procedimento fiscal.” O contribuinte destaca que, no que tange a falta de intimação, não está discutindo o seu direito de defesa, constante do Decreto no 70.235, de 1972, mas sim o direito à prévia intimação para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto, nos termos do art. 806 do Regulamento do Imposto de Renda, que transcreve. DA IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA SEM A DEVIDA TRADUÇÃO O contribuinte se insurge conta o argumento do julgador de primeira instância de que os documentos expressos em língua estrangeira seriam de fácil compreensão quanto aos seus elementos principais, alegando que isto não garante que todos os que tiveram acesso aos autos obtiveram a sua plena compreensão, o que caracteriza patente violação art. 5o inciso LV, da Constituição Federal. Transcreve alguns acórdãos nos quais se reconheceu a necessidade de tradução dos documentos regidos em língua estrangeira para que estes produzam seus efeitos regulares. Muito embora tais decisões tratem de documentos juntados pelo contribuinte, endente que regras relativas às provas não são via de mão única e devem valer tanto para o fisco quanto para o contribuinte. Ao final, afirma que (fl. 1308 – volume 6): No caso em tela, tratandose de provas, é necessária a tradução dos documentos estrangeiros a fim de possibilitar o exercício do direito de defesa de forma ampla, o que resta resguardado pela Constituição Federal em seu artigo 5°, inciso LV. Ademais, é evidente que a existência de documento não vertido para o idioma traz prejuízos para o Fisco e para o ora Recorrente. Sendo assim, todos os documentos em língua estrangeira acostados aos presentes autos, como prova da suposta infração fiscal, por não estarem acompanhados de tradução firmada por tradutor juramentado, devem ser desconsiderados e desencartados do processo. DA PRECARIEDADE DAS PROVAS UTILIZADAS PELA FISCALIZAÇÃO O recorrente afirma que o que questiona é a validade e a legitimidade das supostas provas utilizadas pela fiscalização na elaboração do auto de infração e não a aplicação do art. 332, do Código de Processo Civil, se contrapondo ao argumento da decisão a quo de que “não existe de vedação na legislação reguladora do processo administrativo à utilização de provas colhidas em outro processo”, no caso, relativamente Fl. 2353DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.351 7 àquelas constantes do inquérito policial no 2006.70.00.0224356, no qual sequer há decisão de primeira instância. Sustenta, ao contrário da decisão recorrida, que a autoridade administrativa não se utilizou de prova inequívoca ou de elementos utilizados em inquérito policial validados por sentença, sequer justificando de forma clara e evidente os motivos que levaram à desconsideração da personalidade jurídica das empresas questionadas, ou ao não reconhecimento do rendimento declarado a título de distribuição de lucros e dividendos, haja vista que os documentos juntados a fim de justificar seu convencimento nada provam e não podem ser tidos como prova. DA IMPOSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DAS SOCIEDADES ABORDADAS PELA FISCALIZAÇÃO O contribuinte contesta entendimento de que estaria configurada a simulação no presente caso, pois alega a há a necessidade da comprovação dos motivos que levaram à desconsideração da personalidade jurídica para a procedência do Auto de Infração em discussão, não bastando a juntada de simples documentos, e mails, cartas, apreendidos durante a “Operação Dilúvio”, para que se presuma a ocorrência do fato gerador. Aduz que os documentos apreendidos e as investigações da Polícia Federal, não dão conta de que o Recorrente “comandava uma organização criminosa especializada na prestação de serviços de importação a diversos clientes, assessorandoos na prática de inúmeras irregularidades (...) com o objetivo de ocultar do Fisco o real vendedor, o adquirente e o valor dos bens adquiridos no exterior e trazidos ao país”, pois não são provas, mas apenas indícios, já que o recorrente não foi condenado na esfera penal, razão pela qual não há o que se falar em caracterização de simulação no presente caso. DOS VALORES IMPUTADOS COMO ACRÉSCIMO PATRIMONIAL Alega o recorrente, ao contrário do julgado de primeiro grau, que conforme o art. 807 do Regulamento do Imposto de Renda, cabe à autoridade tributária comprovar o acréscimo patrimonial, não sendo suficiente para isto os indícios constantes em simples inquérito policial. Ou seja, o ônus da prova é do fisco e não do contribuinte, no tocante aos acréscimos do patrimônio da pessoa física. Repisa que na já citada “Operação Dilúvio”, a Polícia Federal acabou por apreender diversos documentos, entre eles àqueles que deram suporte para constituição do suposto crédito tributário, bem como àqueles que possivelmente serviriam de prova para sua desconstituição, razão pela qual, qualquer alegação que carece de comprovação documentação restará totalmente prejudicada. Reafirma que tais documentos não se prestam para real apuração dos fatos em razão de não haver Fl. 2354DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 8 decisão de primeira instância e que muitos dos fatos não passam de meras suposições e baseiamse apenas em indícios. Por fim, se insurge contra cada um dos itens que compuseram a apuração do considerado acréscimo patrimonial a descoberto, repetindo, de uma forma geral, a defesa apresentada em sua impugnação. Em relação aos lucros distribuídos, acrescenta que a decisão recorrida alegou a existência algumas irregularidades apontadas pela fiscalização, citandose como exemplo a desproporcionalidade entre o lucro distribuído ao fiscalizado e a outra sócia, em relação à participação de ambos no capital social da empresa, o que suscitariam dúvidas quanto à idoneidade contábil e fiscal da pessoa jurídica responsável pela suposta distribuição de lucros ao contribuinte. Entende que qualquer alegação neste sentido é totalmente infundada, haja vista que, caso a outra sócia se sentisse lesada, caberia a esta questionar eventuais prejuízos e reclamálos junto ao recorrente, não tratando de uma questão tributária, mas, quanto muito, de uma questão societária. Ante todo o exposto, o recorrente requer (fl. 1338 – volume 6): [...] seja o presente recurso CONHECIDO E PROVIDO em sua totalidade, para que seja reformada a r. decisão proferida neste processo administrativo, a fim de que seja a fim de que seja reconhecida a nulidade do auto de infração em questão em razão do cerceamento do direito de defesa da Recorrente, da precariedade dos documentos apresentados como prova pela fiscalização, em razão de muitos deles estarem redigidos em língua estrangeira, desacompanhados de tradução, bem como da ausência de idoneidade e inquestionabilidade de outros documentos apresentados pela fiscalização, conforme amplamente demonstrado. Requer, outrossim, seja reconhecido como legítimo o rendimento isento recebido pelo ora Recorrente (R$ 430.000,00), tendo em vista que este foi devidamente declarado e escriturado. Ainda, requer seja afastada a desconsideração da personalidade jurídica das empresas relacionadas no caso em epígrafe, declarandose completamente improcedente o lançamento procedido pela Administração Pública, face à ausência de provas inquestionáveis de sua procedência. Por fim, requer que todas as intimações sejam procedidas em nome da Recorrente, no endereço informado no processo. Da Distribuição Processo que compôs o Lote nº 02, sorteado e distribuído inicialmente para esta Conselheira na sessão pública da Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes de 25/06/2008. (...) Fl. 2355DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.352 9 Dos fatos supervenientes Em 29/11/2010, o contribuinte apresentou a petição de fls. 1610 a 1616, acompanhada dos documentos de fls. 1617 a 1812, na qual informa que a legalidade do Inquérito Policial da “Operação Dilúvio” e de suas provas foi questionada por meio do HC no 142.045/PR e que, na sessão de julgamento realizada em 15/04/2010, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça resolveu conceder a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade das provas obtidas por meio das interceptações telefônicas e meios telemáticos na citada operação realizada pela Polícia Federal, a qual deu base para a presente ação fiscal. Foi juntada cópia da petição inicial do HC no 142.045/PR e do acórdão da decisão do STJ que concedeu a ordem de habeas corpus, publicada em 28/06/2010. O processo judicial foi remetido ao Supremo Tribunal Federal, que, em 08/11/2011, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário com agravo, nos termos do voto da Relatora, Ministra Carmem Lúcia, conforme consulta realizada, em 27/11/2011, no site do referido tribunal. Considerandose a existência de fato superveniente relevante, ocorrido após a interposição do Recurso Voluntário e do retorno da diligência proposta pelo Colegiado de segundo grau, o presente processo foi retirado de pauta na sessão plenária de 29/11/2011, uma vez que os membros da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, por unanimidade, entenderam que a Fazenda Nacional deveria ser notificada dos novos fatos e documentos apresentados pela defesa. Na mesma ocasião, o patrono do contribuinte requereu a juntada de cópia da Intimação no 143/2011, na qual o contribuinte foi cientificado da decisão prolatada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife (PE), no âmbito do processo no 19647.014861/200944, referente a outra autuação decorrente da “Operação Dilúvio”, como elemento novo no processo por ser superveniente ao auto de infração (fls. 1947 a 1977). Cientificada dos documentos juntados às fls. 1610 a 1812, bem como da Intimação no 143/2011, acompanhada do Acórdão no 33.061, da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento do Recife de 03/03/2011, a Fazenda Nacional apresentou, em 31/01/2012, a petição de fls. 1982 a 1985, na qual argumenta, em síntese, que: · no que diz respeito ao pedido de tradução de diversos documentos constantes dos autos, assevera que “os documentos em questão (contratos, emails, cartas, documentos bancários, certidões, certificados de ações, recibos, etc) por estarem redigidos em espanhol, língua muito semelhante ao português, ou em língua inglesa, por sua universalidade, tem seus Fl. 2356DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 10 conteúdos compreendidos com certa facilidade” (fl. 1983); · aduz ser evidente o intuito protelatório do recorrente, “uma vez que, já não fosse clara a compreensão, antes mesmo da tradução, ainda houve o cuidado da Fazenda em traduzir aqueles documentos que poderiam dar alguma margem a dúvidas [...]”, “[...]em sua manifestação, apenas reiterou os argumentos lançados em sede recursal, pugnando pela tradução de TODOS os documentos em língua estrangeira, constantes do processo” (fl. 1984); · em relação ao HC no 142.045/PR, defende que analisando as provas constantes dos autos e os resultados da diligência realizada, pugna pela manutenção do lançamento, em consonância com o voto vencido do Ministro Celso Limongi, uma vez que há fortes indícios de autoria e participação nas infrações em questão, bem como porque não teria havido o trânsito em julgado no processo onde o recorrente conseguiu o referido habeas corpus. Os autos retornaram para esta Relatora por meio do Despacho do Presidente da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de 15/04/2013 (fl. 2005), vindo digitalizados 2005. Processo incluído na pauta de 17/07/2013 que teve seu julgamento adiado para a sessão do mês de agosto, a pedido do contribuinte e da Fazenda Nacional.” – fl. 2.248/2.267. Enfim, os autos retornaram a julgamento, quando foi proferida a Resolução CARF nº 2202000.520, de 13/08/2013 (fls. 2.248/2.271), determinando a conversão do julgamento em diligência para que: “1. A fiscalização elabore relatório no qual sejam identificadas as provas que fundamentaram o lançamento, associandoas a cada um dos itens do demonstrativo de acréscimo patrimonial a descoberto, bem como indicando sua origem e, no caso de prova advinda da “Operação Dilúvio”, os motivos pelos quais a prova estaria ou não contaminada em decorrência da decisão do STJ, anexando, para tanto, cópia de decisões, despachos e outras peças do processo judicial que entender necessárias. 2. Cientifiquese o recorrente do relatório elaborado pela fiscalização para que se manifeste, se assim o desejar.” Essa decisão foi fundamentada nos seguintes termos: “Importa ressaltar que o Supremo Tribunal Federal não declarou a nulidade de toda prova produzida na Operação Dilúvio, mas tão somente “a prova resultante de tantos e tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas”, ou seja, aquelas resultantes das prorrogações consideradas ilegais por aquele Tribunal, determinandose o retorno dos autos ao Juiz originário para as determinações de direito. Fl. 2357DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.353 11 Não obstante tenha sido reconhecida a ilicitude das prorrogações das interceptações telefônicas no âmbito da Operação Dilúvio e de toda a prova produzida a partir destas, não há nos autos elementos que permitam aferir, com certeza, quais provas estariam contaminadas. O lançamento se baseia em diversos documentos que foram apreendidos (contratos, cartas, documentos bancários, certidões, certificados de ações, recibos, etc), sem que haja indicação nos autos de quais teriam sido obtidos em razão das referidas interceptações telefônicas.” – fl. 2.270. (...) “Convém salientar que a ação fiscal teve início em 24/12/2005, quando foram solicitados diversos documentos ao contribuinte visando averiguar às informações contidas nas declarações por ele apresentadas. Somente em 05/10/2006 é que a fiscalização teve acesso à documentação apreendida na “Operação Dilúvio”. Examinandose o demonstrativo de fls. 1119 a 1131, verificase que no acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela fiscalização existem vários itens que constam da declaração de bens da DIRPF/2002 entregue pelo interessado (fls. 4 a 6). Como se vê, existem dúvidas quanto às provas atingidas pela decisão prolatada pelo STJ, inviabilizando a segregação das provas contaminadas.” – fls. 2.270/2.271. Recebida a Resolução CARF nº 2202000.520, a DRF emitiu o Termo de Início de Fiscalização (fl. 2.306/2.314), em 07/05/2014, intimando o Contribuinte a apresentar manifestação sobre o relatório dos fatos e das conclusões acerca da individualização das provas nulas e daquelas não decorrentes da Operação Dilúvio. Intimado, o Contribuinte apresentou manifestação (fls. 2.327/2.339), de 30/05/2014, na qual reforçou o caráter complexo e cumulativo das provas que levaram ao convencimento da autoridade fiscalizadora e ao lançamento do tributo, especialmente baseando na desconsideração do caráter isento da renda. Também, que já existem decisões judiciais excluindoo do pólo passivo de execuções fiscais provenientes da mesma fiscalização, especialmente com base em manifestação da Procuradoria da Fazenda Nacional no sentido de sua exclusão. Ainda, que a petição da Procuradoria da Fazenda Nacional se baseou em voto vencido no STF. A autoridade fiscalizadora, por sua vez, formalizou o Relatório de Diligência Fiscal (fl. 2.316/2.320 e docs. anexos fls. 2.321/2.323) em 09/06/2014, afirmando que o Contribuinte não se manifestou acerca do Termo de Início de Fiscalização. De resto, o Relatório de Diligência Fiscal basicamente repete integralmente o Termo de Início de Fiscalização. Chama atenção o seguinte trecho, presente em ambas as peças: “Isto posto, temos que a conclusão desta fiscalização não difere do entendimento a que os julgadores do CARF haviam chegado, a respeito da impossibilidade de se estabelecer a individualização dos documentos que deram suporte ao demonstrativo de variação patrimonial a descoberto” – fl. 2.310 e 2.320, respectivamente Fl. 2358DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 12 Enfim, vieramme os autos. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator O Contribuinte foi intimado do acórdão DRJ por AR em 01/11/2007 (fl. 1.333), uma quintafeira. Tendo em vista que o dia 02 de novembro é dia de Finados, feriado nacional, o prazo começou a correr no primeiro dia útil subsequente, segundafeira dia 05/11/2007. Considerando ainda que o art. 33 do Decreto nº 70.235/1972, confere o prazo de trinta dias para a interposição de Recurso Voluntário, o prazo final seria dia 04/12/2007, sendo essa a data em que o Contribuinte protocolou sua peça (fl. 1.335). Consta nos autos, ademais, procuração em favor dos signatários da peça (fl. 1.208). Enfim, vez que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele conheço. Dos vício da diligência: Em primeiro lugar, impende reconhecer que houve vício no procedimento de condução da diligência. A verdade é que o Termo de Início de Diligência (fls. 2.306/2.314) foi lavrado em 07/05/2014, tendo o Contribuinte sido intimado por AR em 13/05/2014 (fl. 2.315), com prazo de 20 (vinte) dias. Por sua vez, o Contribuinte apresentou manifestação em 30/05/2014 (fls. 2.327/2.339). A autoridade fiscalizadora formalizou então Relatório de Diligência (fls. 2.316/2.323), no qual registrou expressamente que: “Por meio do Termo de Início de Diligência Fiscal, entregue no domicilio tributário do sujeito passivo em 13/05/2014, conforme inciso II do art. 23 do Decreto 70.235/1972, intimamos o interessado a apresentar manifestação, caso desejasse, no prazo de 20 (vinte) dias, acerca do teor deste Relatório de Diligência. O prazo previsto parra apresentação de manifestação venceu em 02/06/2014 e o contribuinte optou por nada encaminhar.” – fl. 2.318. Portanto, é necessário concluir que a DRF não analisou a manifestação protocolada pelo Contribuinte após o Termo de Início de Fiscalização e antes do Relatório de Diligência Fiscal. Fl. 2359DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.354 13 Não fosse suficiente, não há nos autos qualquer prova de que o Contribuinte foi intimado do Relatório de Diligência Fiscal, não lhe sendo garantido o direito de se pronunciar sobre a sua elaboração final – ainda que tenha tido redação idêntica àquela do Termo de Início de Fiscalização. Observase nulidade nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, uma vez que foi proferido com cerceamento do direito de defesa, qual seja, a falta de análise da manifestação apresentada pelo Contribuinte e a falta de oportunidade para que se pronunciasse após a elaboração do Relatório de Diligência. Nos termos do §3º do mesmo dispositivo, contudo, é possível superála, sempre que for possível decidir a favor do sujeito passivo a quem aproveita. Aplicamos tal comando, uma vez que é possível cancelar integralmente o auto de infração, por falta de provas, como será demonstrado a seguir. Do Lançamento e da nulidade das provas colhidas na Operação Dilúvio: Do Início da Fiscalização: A fiscalização foi iniciada por meio do MPFF nº 08.1.90.0020050296903, emitido em 30/11/2005 (fl. 5). Recebido o ato administrativo, a autoridade fiscalizadora lavrou o Termo de Início de Fiscalização em 15/12/2005 (fl. 12), no qual intimou o Contribuinte a apresentar documentação hábil e idônea a comprovar a aquisição/incorporação/alienação de bens móveis e imóveis entre 2001 e 2004; os rendimentos isentos, não tributáveis e também aqueles tributáveis auferidos no mesmo período; as participações mantidas em empresas; os bens declarados na DIRPF, seus e de sua cônjuge. Notase que, até este momento, inexistem quaisquer referências a documentações, provas ou qualquer ato ligado a investigação criminal. Da Operação Dilúvio: Constam nos autos diversos documentos provenientes do processo judicial e do Inquérito Polícia. Exemplo é o Relatório 01, do Inquérito nº 009/2006DPF/PGA/PR – Operação Dilúvio / Autos nº 2006.70.00.0224356 – 3ª Vara Federal Criminal Curitiba (fls. 75/382). Conforme esse documento, essa operação foi iniciada em 17/01/2006. De outro lado, da decisão do HC nº 142,045/PR, proferida pelo STJ em favor do paciente Marco Antônio Mansur, ora recorrente, é possível constatar que as interceptações telefônicas que levaram ao processo criminal foram iniciadas em 25/05/2005, encerrandose em 12/09/2006 (pag. 21 de 26), data em que foi solicitado o compartilhamento das informações policiais com a Receita Federal. Do compartilhamento de informações: Ainda consta nos autos o Ofício nº 1033/2006DPF/PGA/PR (fls. 72/74), datado de 12/09/2006, elaborado pela Polícia Federal e endereçado à 3ª Vara Federal Criminal em Curitiba, nos Autos nº 2006.70.00.0224356 (Operação Dilúvio). Esse Ofício tem por objetivo conseguir, da autoridade judicial, autorização para o compartilhamento com a Receita Federal dos documentos e informações obtidos na investigação criminal. Foi então proferida decisão judicial em 14/09/2006 (fls. 68/71), autorizando o compartilhamento requerido pela autoridade policial, das informações e documentos obtidos na Fl. 2360DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 14 investigação criminal denominada Operação Dilúvio. Por sua vez, conforme o TVF, a autoridade lançadora somente recebeu acesso aos referidos dados e documentos em 05/10/2006 (fl. 1176). Do Ofício nº 1033/2006DPF/PGA/PR, entretanto, chama atenção o seguinte trecho: “Desde o inicio da investigação, a Receita Federal, mediante autorização judicial, vem acompanhando o processo criminal diverso, incluindo a análise das interceptações e documentos, e elaborando relatórios que serviram para instruir tal procedimento.” – fl. 73. Essa informação – de que a Receita Federal auxiliava nas investigações criminais – também pode ser observada no Relatório de Diligência Fiscal (fl. 2.316). Em outras palavras, há certa confusão acerca do momento em que a Receita Federal começou a participar da investigação criminal. Da decisão judicial – ilicitude das gravações telefônicas e provas decorrentes: Tendo em vista que o Contribuinte, ora recorrente, era investigado criminalmente, foi proposto o HC nº 142.045/PR, perante o STJ, visando anular as interceptações telefônicas e as provas delas decorrentes. O Relator do processo judicial votou pela denegação do HC; contudo, foi aberta divergência, que restou vencedora, no sentido de serem sim ilegais as interceptações telefônicas, na forma como realizadas. O acórdão, efetivamente, foi assim ementado: “Comunicações telefônicas (interceptação). Investigação criminal/instrução processual penal (prova). Limitação temporal (prazo). Lei ordinária (interpretação). Princípio da razoabilidade (violação). 1. É inviolável o sigilo das comunicações telefônicas, admitindo se, porém, a interceptação "nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer". 2. A Lei nº 9.296, de 1996, regulamentou o texto constitucional especialmente em dois pontos: primeiro, quanto ao prazo de quinze dias; segundo, quanto à renovação, admitindoa por igual período, "uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova". 3. Inexistindo, na Lei nº 9.296/96, previsão de renovações sucessivas, não há como admitilas. Se não de trinta dias, embora seja exatamente esse o prazo da Lei nº 9.296/96 (art. 5º), que sejam, então, os sessenta dias do estado de defesa (Constituição, art. 136, § 2º) e que haja decisão exaustivamente fundamentada. Há, neste caso, se não explícita ou implícita violação do art. 5º da Lei nº 9.296/96, evidente violação do princípio da razoabilidade. 4. Ordem concedida a fim de se reputar ilícita a prova resultante de tantos e tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas, devendo os autos retornar às mãos do Juiz originário para determinações de direito. Fl. 2361DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.355 15 (HC 142.045/PR, Rel. Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Rel. p/ Acórdão Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe 28/06/2010)” Enfim, a decisão foi assim proferida: “Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento após o votovista do Sr. Ministro Og Fernandes, que concedeu a ordem de habeas corpus, por maioria, conceder a ordem de habeas corpus nos termos do voto do Sr. Ministro Nilson Naves, que lavrará o acórdão. Vencidos os Srs. Ministros Relator e Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE). Votaram com o Sr. Ministro Nilson Naves a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura e o Sr. Ministro Og Fernandes. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves." A título de apuração da verdade material, acessamos os dados disponíveis na internet, autos do Inquérito Policial no qual se desenvolveu a Operação Dilúvio, e que tem como indiciado o Contribuinte ora recorrente (processo judicial nº 2006.70.00.0224356/PR). Ali se constata a existência de Certidão datada de 30/10/2013: Fl. 2362DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 16 De volta ao HC nº 142.045/PR, interessa registrar que outras pessoas físicas, réus em outros processos conexos, entraram com pedidos de extensão dessa decisão às suas próprias lides, uma vez que também derivaram das mesmas interceptações telefônicas. O STJ, analisando a questão, concluiu ser necessário estender os efeitos da declaração de nulidade das provas obtidas por meio das interceptações telefônicas a todos os réus – e não apenas aos pacientes inicialmente apontados – de processos provenientes das mesmas provas. Senão, vejamos: PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO PEDIDO EXTENSIVO NO HABEAS CORPUS. PLEITO DE EXTENSÃO. INDEFERIMENTO. AGRAVO INTERNO. PRESENTE WRIT SOB O MANTO DO TRÂNSITO EM JULGADO. NOVEL REMÉDIO HEROICO: VIA ADEQUADA. ASPECTOS PECULIARES NA ESPÉCIE. EXCEPCIONAL ANÁLISE DA TEMÁTICA. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS NULAS. ALICERCE DE DIVERSAS AÇÕES PENAIS. PROCESSO DECLINADO NA PETIÇÃO DE EXTENSÃO CALCADO EM MATERIAL IMPRESTÁVEL. AÇÕES PENAIS ORIGINADAS DA COLHEITA ILÍCITA. EXPURGO DOS DADOS OBTIDOS. NECESSIDADE. SEGURANÇA JURÍDICA EM XEQUE. NÃO OCORRÊNCIA. CONFIRMAÇÃO DO ALCANCE DO ACÓRDÃO PROLATADO. SIMILITUDE DE SITUAÇÃO PROCESSUAL. INEXISTÊNCIA DE EMPECILHO INERENTE Fl. 2363DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.356 17 A CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER EXCLUSIVAMENTE PESSOAL. APLICAÇÃO DO ARTIGO 580 DO CPP. POSSIBILIDADE. CORRÉU EM SEMELHANTE CONTEXTO DO PETICIONÁRIO. AGRAVO PROVIDO. PEDIDO EXTENSIVO DEFERIDO. 1. Manejar pedido de extensão em habeas corpus já albergado pelo trânsito em julgado, em prol de reascender temas já decididos por esta Corte, amofina a segurança jurídica. 2. Almejando que a concessão da ordem, que reconheceu como ilícitas as interceptações telefônicas, alcançasse ação penal diversa, na qual também foi o material obtido utilizado, o ajuizamento de um novo mandamus seria o meio adequado a ser apresentado para o deslinde da tese, vinculando o remédio heroico a uma dada ação penal. 3. Não obstante a impropriedade técnica, a quaestio em voga denota a forçosa análise da temática ainda que por esta via, haja vista a existência de aspectos peculiares na espécie. 4. As comunicações interceptadas alicerçaram diversas ações penais, evidenciandose que o Parquet separou os imputados nas peças acusatórias de acordo com o grupo empresarial ao qual pertenciam, sendo que o Superior Tribunal de Justiça decidiu pela insubsistência do material obtido um dia após a sentença condenatória prolatada no processo declinado na petição de extensão. 5. Em sede de apelação criminal, o Colegiado Federal asseriu que a exclusão dos dados interceptados alcançaria somente as decisões posteriores a 24.7.2005, a contrario sensu do decidido por esta Corte de Justiça, que considerou a malfadada interceptação telefônica integralmente nula, restando tanto o édito condenatório quanto o aresto do apelo escorados em material reputado ilícito. 6. Em sendo a mesma operação policial, que aperfeiçoou idêntica base probatória para os processos criminais, no que tange às interceptações telefônicas lastreadas pela ilicitude, em franco exercício lógico, alcançase a assertiva de que esses dados devem ser expurgados também das ações penais que se originaram da colheita ilícita. 7. Não é crível que haja limitação do reconhecimento da ilicitude probatória apenas para o processo criminal que a abrigou inicialmente, pois os motivos que lastrearam a ratio decidendi do acórdão outrora prolatado por este Colegiado transcendem o citado julgamento, bem como o processo originário, para atingir também os outros feitos criminais nos quais a medida constritiva fora juntada no arcabouço probatório, sendo que, dado os matizes supracitados, a segurança jurídica não se encontra em xeque, mas sim reafirma se o alcance do acórdão prolatado. Fl. 2364DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 18 8. Demonstrada a similitude da situação processual do requerente com a dos pacientes, devese estender a ordem, eis que não se verifica a existência de qualquer circunstância de caráter exclusivamente pessoal que a obstaculize, sendo aplicável, pois, o artigo 580 do Código de Processo Penal. 9. Dada a documentação acostada, excepcionalmente, entende se que os efeitos dessa decisão devem ser estendidos também ao corréu Márcio da Silva Xavier, peticionário do outro pedido de extensão, cuja decisão não foi arrostada por agravo interno, pois, evidenciandose o semelhante contexto no que tange à medida constritiva telefônica, o deferimento se lhe alcança. 10. Agravo regimental provido a fim de deferir o pedido de extensão da ordem concedida no presente mandamus ao agravante, bem como ao corréu Márcio da Silva Xavier, nos termos do primevo voto concessivo, para "reputar ilícita a prova resultante de tantos e tantos e tantos dias de interceptação das comunicações telefônicas; consequentemente, a fim de que 'toda a prova produzida ilegalmente a partir das interceptações telefônicas' seja, também, considerada ilícita (tal o pedido formulado na impetração), devendo os autos retornar às mãos do Juiz originário para determinações de direito". (AgRg no PExt no HC 142.045/PR, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), Rel. p/ Acórdão Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 07/04/2016, DJe 18/04/2016) Ora, se as provas foram declaradas nulas e levaram ao não indiciamento do Contribuinte nesses autos judiciais, bem como também foram inutilizadas em relação a terceiros, não há como duvidar dos efeitos desse mandamus em relação ao recorrente nesse processo administrativo. É necessário acrescentar, ainda, que a decisão do STJ transitou em julgado, conforme se extrai do acórdão no AgRg no PExt. no HC 142.045/PR, julgado em 07/05/2016, cuja ementa foi supra transcrita. No mesmo sentido, o Relatório de Diligência Fiscal: “O processo judicial foi remetido ao Supremo Tribunal Federal, que, em 08/11/2011, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordinário com agravo, nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia, ocorrendo o trânsito em julgado em 19/12/2011, conforme pesquisa realizada em 29/05/2013, no sitio do referido tribunal.” Do entendimento aplicado em outros processos administrativos fiscais: Visando reforçar a necessidade de cancelar o auto de infração ora analisado, o Contribuinte juntou aos autos cópias de algumas decisões proferidas por Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJs) em outros processos, nos quais ele foi incluído como Sujeito Passivo Solidário com base em dados e documentos obtidos na Operação Dilúvio. Especificamente: · Acórdão DRJ/REC nº 33.059, de 03/03/2011 (fls. 2.116/2.149); · Acórdão DRJ/REC nº 33.060, de 03/03/2011 (fls. 2.083/2.115); Fl. 2365DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.357 19 · Acórdão DRJ/REC nº 33.061, de 03/03/2011 (fls. 2.149/2.178); e · Acórdão DRJ/REC nº 33.415, de 15/04/2011 (fls. 2.179/2.211). Analisando os votos ali firmados, convém transcrever os seguintes trechos1: “De fato, conforme se observa nos autos, quase todos, senão todos, os documentos apresentados pela fiscalização para sustentar o auto de infração, e o seu entendimento das responsabilidades, são simples cópias de documentos supostamente apreendidos na ‘operação dilúvio’. Deste modo, é de se entender que as supostas provas apresentadas pela fiscalização não foram obtidas pelo agente fiscal por meios lícitos, comprometendose, desta forma toda a fiscalização.” – fl. 2.097. “Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER da impugnação interposta pelas pessoas arroladas como responsáveis solidários, não restou provado nos autos, com provas lícitas, o interesse comum dos supostos envolvidos” – fl. 2.114. Em outras palavras, já na DRJ, em 2011, se reconheceu a ilicitude das provas provenientes da Operação Dilúvio, excluindoas como critério motivador do julgamento. Da Fiscalização Tributária e do Lançamento ora analisado: Ao longo do primeiro semestre de 2006 houveram diversas intimações pela Fazenda Nacional e respostas do Contribuinte. Conforme o TVF, a autoridade fiscalizadora somente recebeu a documentação apreendida na Operação Dilúvio em 05/10/2006: “Em 05 de outubro de 2006, tivemos acesso A documentação apreendida pela Operação Dilúvio, conforme fls. 63/70, do volume 01/06, com autorização, inclusive para troca de informações entre os órgãos envolvidos naquela operação, que envolveu apreensões de objetos, documentos e informações nos vários endereços pertencentes ao fiscalizado, às suas empresas e a familiares, além de um relatório elaborado pela Policia Federal, contendo 291 folhas, que juntamos a este (fls. 71/199, do volume 01/06 a fls. 202/363, do volume 02/06, a fim de servir de subsidio ã compreensão dos fatos que envolvem a presente ação fiscal. Tendo em vista o exíguo tempo perante a iminente decadência do anocalendário de 2001, foram analisados somente os documentos aprendidos pelas Equipes SPC 03, 05, 06, 07 e 17; SPI 01, 04 e 24, resultando no que veremos a seguir.” – fls. 11/76/1177 Ao longo de todo o Termo de Verificação Fiscal, daí em diante, há constantes referências a documentos apreendidos pelas “Equipes SPC 03, 05, 06, 07 e 17”, bem como 1 Todos os quatro votos têm as mesmas passagens, com as exatas mesmas palavras. Apontamos apenas a numeração de folhas da aparição desses trechos no acórdão DRJ/REC nº 33.060, por questão de economia. Fl. 2366DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 20 pelas “Equipes SPI 01, 04 e 24”, i.e., documentos apreendidos no escopo da Operação Dilúvio. Mais, ao final do TVF, a autoridade lançadora conclui que: “O que verificamos, ao largo das análises, é que havia um perfeito controle de todas as transações ilícitas da organização, proporcionandonos, através de demonstrativos, anotações e emails, uma visão muito boa do funcionamento da mesma, o que torna convincente e com credibilidade os quadros demonstrativos encontrados, além dos mesmos terem sido flagrados como objeto de apreensões sérias efetivadas e motivadas por ordem judicial. Após todos os valores citados terem sido juntados no Quadro Demonstrativo de Variação Patrimonial, nos meses em que ocorreram, obtivemos valores de Patrimônio a Descoberto, conforme fls. 1130/1131, do volume 06/06, que com base nos artigos 806 e 807, do RIR/99, foram tributados exofficio, sendo que a correspondente multa de oficio foi agravada, mediante a evidente utilização de simulações, configurando fraudes, consoante o inciso II, do artigo 44, da Lei 9430/96, onde se 16: "II canto e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis". – fl. 1.195/1.1962. Em outras palavras, não apenas o TVF foi quase integralmente fundamentado nos documentos apreendidos ao longo da Operação Dilúvio, como a conclusão desse documento, que explica e justifica o auto de infração, é apontado que esta se baseou nas anotações, emails e quadros demonstrativos apreendidos com base nessas ordens judiciais. Mais, no Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade fiscalizadora afirma expressamente que: “Compulsando os autos, verificase que, além dos documentos obtidos em razão da Operação Dilúvio, que foram as provas mais que mais contribuíram para a imputação ao fiscalizado da grande maioria de seus dispêndios, o lançamento também teve respaldo na DIRPF (fls. 04 a 07), nas respostas apresentadas durante o curso da ação fiscal, no Dossiê Integrado (fls. 45 a 49 e 53 a 60) e na DIRPF do cônjuge (fls. 50 a 52). Não restam dúvidas, portanto, de que (i) o Lançamento foi fortemente embasado nas provas e documentos obtidos no escopo da Operação Dilúvio; (ii) o STJ declarou a nulidade das interceptações telefônicas e das provas delas decorrentes; e (iii) essa declaração de nulidade leva à exclusão dessas provas e documentos do mundo do direito, devendo ser afastada também dos processos administrativos tributários. Impende analisar, portanto, se o lançamento ora analisado pode ser mantido exclusivamente com base nas provas não provenientes da Operação Dilúvio. Da possibilidade ou não de manutenção do Lançamento: 2 Trecho já transcrito no relatório, mas que convém transcrever novamente devido à sua importância. Fl. 2367DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.358 21 A verdade é que foi exatamente esse questionamento que levou à elaboração da Resolução CARF nº 2202000.520, de 13/08/2013. Na Diligência, dela decorrente, a autoridade fiscalizadora afirmou que: “A respeito das provas vindas da Operação Dilúvio, verificase que o convencimento da autoridade lançadora acerca dos fatos procedeu da análise de diversos documentos, que se tornaram conhecidos em diferentes momentos da investigação e que, isoladamente, não eram suficientes para conduzirem a um estado de certeza, mas devido a suas peculiaridades, quando analisados num contexto, permitiram concluir pela existência do fato jurídico tributário a ser provado. Isto posto, temos que a conclusão desta fiscalização não difere do entendimento a que os julgadores do CARF haviam chegado, a respeito da impossibilidade de se estabelecer a individualização dos documentos que deram suporte ao demonstrativo de variação patrimonial a descoberto, conforme se observa nos trechos a seguir transcritos, que foram retirados da Resolução que converteu o julgamento em diligência.” – fl. 2.319/2.320. Nesse sentido, impende analisar as tabelas anexas ao Relatório de Diligência Fiscal: § No “Demonstrativo de Variação Patrimonial” (fl. 2.321), a autoridade fiscalizadora aponta que os valores auferidos como rendimentos e os valores identificados como dispêndios decorrem tanto de dados disponíveis na DIRPF, nas respostas apresentadas ao longo da fiscalização e no dossiê integrado, quanto em documentos provenientes da Operação Dilúvio. § Na tabela denominada “Aquisição de Bens e direitos” (fl. 2.322), a autoridade fiscalizadora identifica 14 (quatorze) itens, totalizando R$ 10.519.015,42 (dez milhões, quinhentos e dezenove mil, quinze reais e quarenta e dois centavos). Destes, 10 (dez) têm como fundamentação “DIRPF, resposta apresentada pelo fiscalizado e Operação Diluvio”. Os 4 (quatro) itens restantes, que puderam ser identificados sem influência da Operação Dilúvio, totalizam “apenas” R$ 345.872,69 (trezentos e quarenta e cinco mil, oitocentos e setenta e dois reais e sessenta e nove centavos); e § Na tabela denominada “Outros dispêndios / Aplicações” (fl. 2.323), todos os gastos somente foram identificados em decorrência da cumulação da DIRPF e da Operação Dilúvio. Em outras palavras, o Lançamento foi efetivamente baseado (quase integralmente) nas provas e documentos obtidos na Operação Dilúvio, que não podem ser consideradas. Sendo excluídas tais provas, não é possível individualizar o montante de acréscimo patrimonial que seria identificado. Enfim, devem ser desconsiderados, como gastos ou dispêndios, todos os valores apurados com base nessas provas. Fl. 2368DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA 22 Dos itens independentes da Operação Dilúvio: Conforme a tabela elaborada pela autoridade fiscalizadora, 4 (quatro) itens foram identificados como dispêndios independentemente dos documentos obtidos na Operação Dilúvio. Foram eles: · Aquisição de Unidade 2002 – Edifício Long Stay Bela Cintra – R$ 46.865,76; · Aquisição de Imóvel sito Al. Mogno, 46, Riviera de São Lourenço Bertioga – R$ 120.368,80; · Aquisição de Imóvel à Rua Major Diogo, 39, apto. 1603, com dívidas – R$ 20.000; e · Veículos – R$ 158.638,13 Total: 345.872,69 No que toca a esses itens, interessa analisar a Manifestação protocolada pelo Recorrente (fls. 2.327/2.339), quando da sua intimação do Termo de Início da Diligência. Nesta, o Contribuinte alega que o simples fato de que a identificação desses dispêndios não estarem vinculados à Operação Dilúvio não é suficiente para a manutenção do auto de infração com relação a esses valores. Segundo explica, esses bens foram adquiridos com valores isentos e declarados em sua DIRPF, mormente daqueles recebidos da empresa Tass Serviços. A mesma explicação já havia sido oferecida na Impugnação (fls. 1.248/1.250) e no Recurso Voluntário (fls. 1.372/1.375). Efetivamente, conforme sua DIRPF/2002 (fl. 8/10), o Contribuinte alegou ter recebido R$ 430.000,00 a título de distribuição de lucros da referida empresa, o que é suficiente para fazer frente a tais dispêndios. Igualmente, conforme a DIPJ da empresa (fls. 557), há registro de distribuição de R$ 430.000,00 a título de lucro para o Recorrente. No TVF (fl. 1.178/1.179), a autoridade lançadora esclareceu expressamente que glosou esse valor de R$ 430.000,00, desclassificandoo da condição de isento, com base em informações provenientes de apreensões da Equipe SPC 03, i.e., da Operação Dilúvio. Ora, se as provas obtidas nessa Operação não podem ser consideradas, então é necessário desconsiderar também essa glosa, tomando o rendimento como plausível. Logo, há rendimento suficiente para fazer frente ao valor de dispêndios identificado e não proveniente da referida investigação criminal. Enfim, ante à ausência de provas ou de indicação de infrações, não é possível identificar base de cálculo para considerar a infração de acréscimo patrimonial a descoberto, sendo necessário cancelar o auto de infração. Dispositivo: Fl. 2369DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 19515.001843/200655 Acórdão n.º 2202003.481 S2C2T2 Fl. 2.359 23 Diante de tudo quanto exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para cancelar o auto de infração, nos termos do voto acima. Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 2370DF CARF MF Impresso em 23/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 19/0 8/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10830.727089/2012-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave, indicadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção se aplica a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Assinado digitalmente
Rosemary Figueiroa Augusto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA OU PENSÃO. ISENÇÃO. COMPROVAÇÃO. Para reconhecimento da isenção decorrente de moléstia grave, indicadas no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713/1988 e alterações, os rendimentos precisam ser provenientes de aposentadoria ou pensão e a moléstia deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A isenção se aplica a partir da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 70 89 /2 01 2- 88 Fl. 100DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 94 2 Relatório Tratase de notificação de lançamento de IRPF (fls. 08/12), relativa ao exercício 2011, anocalendário 2010, por omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, no valor de R$ 109.006,91, apurados com base na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) da pessoa jurídica. Na impugnação (fls. 2) o Contribuinte alega que havia declarado esse montante como isento, sob a justificativa de ser portador de moléstia grave, e trouxe comprovante de pagamento (fls. 04/05), publicação de sua aposentadoria (fls.06) e laudo pericial (fls. 07). Em verificação de ofício das matérias de fato, a autoridade fiscal informa, no termo circunstanciado de fls. 31/33, que deixou de aceitar o documento apresentado às fls. 07, por não considerálo como laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Ciente desse termo, o contribuinte, em complemento à impugnação, apresenta a manifestação de fls. 47/48, acompanhada dos documentos de fls. 49/59, na qual argumenta que o laudo apresentado é válido e reitera sua condição de portador de moléstia grave (neoplasia maligna de pele). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em São Paulo I (SP), às fls. 64/68, reconheceu que os proventos recebidos são provenientes de aposentadoria e que o laudo pericial apresentado (fls. 07 e 53) foi emitido por serviço médico oficial, mas negou provimento à impugnação por entender que o início da doença ocorreu em 04/2012, conforme trecho a seguir: Analisando o Documento Médico de fl. 53, emitido pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador, assinado em 28/06/2012 por três médicos, dentre os quais identificase a Dra. Gilvana de Jesus do Vale Campos, CRM 8248, CPF 450.227.63320, médica perita, constatase que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443, sendo referido Laudo válido para a comprovação da recidiva da moléstia. Quanto a data de início da doença, vêse através do exame patológico de fl. 50 que o diagnóstico “Carcinoma epidermóide grau II histológico” se deu em 19/04/2012, sendo esta a data a ser considerada. Notese que a data de 28/08/1996, citada no Laudo Pericial, referese à primeira ocorrência de câncer, conforme exame patológico de fl. 49, com o diagnóstico de “Carcinoma Basocelular Micronodular e sólido”. Considerando que a validade de um Laudo Médico é de cinco anos e considerando a hipótese de se ter tido um Laudo Médico emitido em 28/08/1996 (data do diagnóstico da doença), temse que o mesmo expiraria em 28/08/2001, em sendo assim, no presente caso, a data de início da doença a ser considerada é a da recidiva, qual seja, a de 28/06/2012. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 95 3 Quanto a natureza dos rendimentos, verificase que os rendimentos acrescidos à base de cálculo referemse a rendimentos pagos pelo Governo do Distrito Federal, em relação ao qual o contribuinte encontrase aposentado desde março/1994, conforme fl. 06. Dessa forma, restou comprovado que o requerente faz jus à isenção prevista no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713 de 22/12/1988, com nova redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541 de 23/12/1992, somente a partir de 04/2012, indeferindose o pedido de reconhecimento de isenção para o ano de 2010. (Grifos no original) O recorrente apresentou o recurso voluntário de fls. 75/80, não concordando com o entendimento de que o laudo médico teria validade por cinco anos, posto que a Lei não faz menção acerca da validade do laudo quando se trata de doença grave. Cita jurisprudência judicial no sentido de que, reconhecida a neoplasia maligna, não se exige, para fins da isenção do imposto de renda, a demonstração da contemporaneidade dos sintomas das doenças, nem indicação da validade do laudo ou comprovação da recidiva da enfermidade. Pede a reforma da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. São necessárias duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: (i) ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios; (ii) os rendimentos serem provenientes de aposentadoria, pensão, reserva remunerada ou reforma, conforme Lei nº 7.713/1998 e Súmula CARF nº 63, a seguir: Lei nº 7.713/1988 : Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina Fl. 102DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 96 4 especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma; (destaquei) Súmula CARF Nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No caso em questão, a primeira instância julgadora reconheceu a natureza de aposentadoria dos rendimentos acrescidos à base de cálculo do imposto, na notificação fiscal, visto que foram pagos pelo Governo do Distrito Federal, em relação ao qual o contribuinte encontrase aposentado desde março/1994, conforme fls. 06. Observase ainda que a DRJ também considerou apto o laudo médico pericial (às fls. 07 e 53) emitido pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador, de 28/06/2012, para atestar que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443. Contudo, entendeu que esse laudo não produz efeitos a partir da data nele consignada como de início da doença (28/08/1996, data do primeiro diagnóstico, fls. 49), mas sim a partir de 04/2012 (data do segundo diagnóstico, fls. 50), não servindo para comprovar a moléstia no ano de 2010. Dessa forma, o litígio restringese em definir se o laudo emitido por serviço médico do Governo do Distrito Federal (fls. 07 e 53) produz efeitos em relação ao ano calendário de 2010. A DRJ fundamenta seu entendimento na tese de que um laudo médico pericial tem cinco anos de validade. Assim, considerando a hipótese de ter sido emitido um laudo quando do primeiro diagnóstico da doença, em 28/08/1996 (exame de fls. 49), esse teria expirado em 28/08/2001. Como o segundo diagnóstico ocorreu em 19/04/2012 (exame de fls. 50), entende que o laudo apresentado é válido somente a partir dessa recidiva da doença, para fins de isenção do imposto. Em que pese as justificativas da primeira instância julgadora para embasar sua decisão, não coaduno com o posicionamento por ela adotado. O Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, explicita que a isenção em face de moléstia grave se aplica sobre os rendimentos de aposentadoria ou pensão recebidos a partir da data em que a doença foi contraída, se identificada no laudo pericial, conforme abaixo: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia Fl. 103DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 97 5 grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. (...) (Grifouse) Na situação em análise, o único laudo médico oficial trazido aos autos é o de fls. 07 e 53, emitido em 28/06/2012, pelo Governo do Distrito Federal, Coordenação de Saúde Ocupacional, Gerência de Atenção à Saúde do Trabalhador. E esse laudo atesta que o contribuinte é portador de Neoplasia Maligna de pele, CID10 C443, a partir de 28/08/1996. Portanto, com respaldo no dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda, acima transcrito, entendo válido para fins de comprovação de moléstia grave, em relação ao anocalendário 2010, o laudo médico pericial emitido pelo Governo do Distrito Federal (fls. 07 e 53). Logo, em face da comprovação de que os rendimentos são provenientes de aposentadoria e da condição do contribuinte de portador de doença grave no anocalendário 2010, há que se reconhecer que são isentos os rendimentos qualificados como omitidos na notificação de lançamento. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Rosemary Figueiroa Augusto Relatora Fl. 104DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA Processo nº 10830.727089/201288 Acórdão n.º 2202003.540 S2C2T2 Fl. 98 6 Fl. 105DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/09/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/0 9/2016 por ROSEMARY FIGUEIROA AUGUSTO, Assinado digitalmente em 06/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIV EIRA BARBOSA
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Numero do processo: 13748.720165/2013-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
MÉDICAS. CLÍNICAS GERIÁTRICAS.
Despesas de internação em estabelecimento geriátrico somente são dedutíveis a título de hospitalização se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica.
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.596
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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CLÍNICAS GERIÁTRICAS. Despesas de internação em estabelecimento geriátrico somente são dedutíveis a título de hospitalização se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 8. 72 01 65 /2 01 3- 32 Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 135 2 Sales Parada, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Rosemary Figueiroa Augusto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 13748.720165/201332, em face do acórdão nº 0431.694, julgado pela 4ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE), no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Trata o presente processo de Notificação de Lançamento (folhas 37 a 41) lavrada pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil EMIL JACQUES SPPEZAPRIA CARDOSO referente ao IRPF exercício 2011, em razão de trabalho de malha em que foram apuradas infrações de dedução indevida de despesas médicas de R$ 59.023,00. A autoridade fundamentou a infração apurada em razão de não ter sido comprovada a natureza dos serviços prestados pela Casa São Luiz e em razão de nas faturas apresentadas constarem nomes de sacados diferentes (fl.39). [...] O sujeito passivo foi cientificado por via postal (fl.42) em 11/01/2013. Na impugnação protocolada em 14/02/2013 (fls.02 a 11), o sujeito passivo,por intermédio de sua curadora, alega, em apertada síntese, que: ∙ Uma das faturas emitidas pelo prestador de serviços médicos informa o nome de Maria Rega e outra informa o nome de Maria Augusta como sacados, não havendo que se falar em dúvida se os serviços teriam sido prestados a terceiras pessoas, pois o seu nome completo é Maria Augusta Rega Teixeira da Silva. ∙ Encontrase internado na Casa São Luiz, em permanente tratamento de quadro psicótico crônico de feitio paranóide; ∙ A Casa São Luiz é uma antiga instituição que mantém assistência médica permanente, enfermagem, fisioterapia, terapias ocupacionais, exames clínicos, assegurando, assim, todo o suporte terapêutico requerido por pessoas Fl. 135DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 136 3 que não possuem mais condições de se manterem de forma segura e independente; Os documentos trazidos aos autos, que foram fornecidos por profissionais da área médica e de enfermagem da referida instituição, refletem a abrangência e natureza do tratamento médico que lhe fora ministrado; ∙ Não há norma legal que autorize a desconsideração de despesas com tratamento médico de um contribuinte, em razão de a instituição que ministra o tratamento não estar qualificada como hospital; ∙ A Casa São Luiz funciona há mais de cento e vinte anos, financiada fundamentalmente por filantropia, com todas as licenças requeridas, como um asilo para idosos que mantém um excelente tratamento dos seus internos, segundo as necessidades específicas de cada qual; ∙ A norma do art. 8º da Lei nº 9.250, de 1995, deve ser interpretada e aplicada de forma integrada com o inciso III do art. 1º e o art. 5º da Constituição da República, visando à proteção da dignidade humana e do direito fundamental individual à inviolabilidade da vida; ∙ Não há dúvida de que os gastos com a Casa São Luiz são despesas que preenchem as condições de dedutibilidade garantida por lei. Assim, solicita o cancelamento da Notificação de Lançamento. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário às fls. 119/123, onde são reiterados, em parte, os argumentos já lançados na impugnação, apresentando, em anexo ao recurso, documentos às fls. 42/64, no intuito de comprovar seu direito. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Conforme relatado, a contribuinte foi autuada por não ter comprovado que a clínica geriátrica em que reside é qualificada como hospital, pois, conforme a autoridade lançadora, seria necessário cumprir tal condição para ser possível a dedutibilidade desta despesa como despesa médica. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 137 4 No tocante ao pagamento da alegada despesa médica, oportuno transcrever o art. 8º da Lei nº 9.250, de 1995: “Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no ano calendário será a diferença entre as somas: I – de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II – das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (grifouse) Nesse mesmo sentido, o previsto no Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) aponta que: Art.80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). ... §4º As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. (grifouse) Diante disso, a DRJ de origem confirmou o lançamento, entendendo que a Casa São Luiz (CNPJ 33.638.883/000119) não se encontra nessa situação. Em pesquisa pública feita junto ao sítio da Receita Federal do Brasil, verificase que a pessoa jurídica está registrada na Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) sob o código 9430800 (fl.77), que engloba atividades de associações de defesa de direitos sociais. A jurisprudência deste Conselho encontrase firmada entendendo que somente podem ser deduzidas as despesas com clínicas geriátricas se a mesma for qualificada como hospital, conforme ementa abaixo: Fl. 137DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 138 5 IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003 Ementa: DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. São dedutíveis apenas as despesas médicas relativas ao contribuinte e seus dependentes, . DESPESAS MÉDICAS EM ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO. NECESSIDADE DE PROVA DE SUA EQUIPARAÇÃO OU QUALIFICAÇÃO DE HOSPITAL As despesas de internação em casa geriátrica somente são dedutíveis a título de hospitalização se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. A classe de atividade descrita no CNPJ da pessoa jurídica aos quais os pagamentos foram feitos é incompatível com tal qualificação. (Acórdão 2802001.102, julgado em 25 de outubro de 2011, Conselheiro Relator: Carlos André Ribas de Mello) Igualmente neste sentido foram também os acórdãos nº 2802002.325 (julgado na sessão de 15 de maio de 2013, de relatoria da Conselheira Dayse Fernandes Leite) e 2102002.300 (julgado na sessão de 19 de setembro de 2012, de relatoria da Conselheira Relatora Núbia Matos Moura). Em todos os acórdãos referidos os julgamentos foram. por unanimidade, em negar provimento ao recurso do contribuinte. Também foi esta a compreensão da 2a. Turma do Tribunal Regional Federal da 4a. Região, conforme ementa do julgado abaixo: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DESPESAS MÉDICAS. INTERNAÇÃO EM RESIDENCIAL GERIÁTRICO. 1. Nos termos do art. 7 do Decreto nº 3.000/99 as despesas médicas podem ser deduzidas do imposto de renda desde que devidamente comprovadas. 2. As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. (TRF4, AC 5035579 63.2010.404.7100, SEGUNDA TURMA, Relator OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, juntado aos autos em 24/10/2013) Portanto, não há razões para afastar a glosa consubstanciada na notificação de lançamento, devendo a mesma ser mantida. Quanto a alegação da recorrente de que o Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999 (RIR – Regulamento do Imposto de Renda) seria inconstitucional no que toca a limitação imposta de que somente casas geriátricas qualificadas como hospitais poderiam gerar a dedução do imposto de renda, deixo de analisálo pois este Conselho não possui competência para ser pronunciar a respeito, nos termos da Súmula CARF nº 02: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Ante o exposto, por negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 13748.720165/201332 Acórdão n.º 2202003.596 S2C2T2 Fl. 139 6 (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Fl. 139DF CARF MF
score : 1.0