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Numero do processo: 10805.720255/2014-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2009
NULIDADE.
É incabível de ser pronunciada a nulidade de Auto de Infração lavrado por autoridade competente, contra o qual se manifestou o contribuinte, traçando ele toda uma linha de idéias no sentido de procurar provar o seu direito.
REEMBOLSO DE DESPESAS.
Reembolso de despesas devido a alegado compartilhamento de propaganda integra a base de cálculo da contribuição, mormente quando nenhuma correspondência fundada em bases econômicas fica comprovadamente estabelecida entre as efetivas despesas de propaganda, os supostos reembolsos e os serviços de propaganda que teriam beneficiado, por sistema de compartilhamento, os fornecedores da Contribuinte.
FALTA DE PROVAS - A impugnação deve estar acompanhada de provas, de forma a comprovar aquilo que se alega, em obediência ao artigo 16 do Decreto 70.235/72.
AGRAVAMENTO.INOVAÇÃO.
Nos casos em que forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, deverá ser efetuado lançamento complementar por meio da lavratura de auto de infração complementar ou de emissão de notificação de lançamento complementar, se não decaído o direito do Fisco.
FALTA DE MOTIVAÇÃO.
Cumpre exonerar o contribuinte em relação à valores lançados sem motivação no Auto de Infração.
JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.
A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, na medida em que não integra o Auto de Infração, não é questão afeta ao julgamento do Lançamento de ofício, conquanto se saiba respaldada na Lei n° 9.430/1996 e no fato da penalidade pecuniária lançada ser débito decorrente de tributo ou contribuição e parte integrante do crédito tributário.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2009
NULIDADE
É incabível de ser pronunciada a nulidade de Auto de Infração lavrado por autoridade competente, contra o qual se manifestou o contribuinte, traçando ele toda uma linha de idéias no sentido de procurar provar o seu direito.
REEMBOLSO DE DESPESAS.
Reembolso de despesas devido a alegado compartilhamento de propaganda integra a base de cálculo da contribuição, mormente quando nenhuma correspondência fundada em bases econômicas fica comprovadamente estabelecida entre as efetivas despesas de propaganda, os supostos reembolsos e os serviços de propaganda que teriam beneficiado, por sistema de compartilhamento, os fornecedores da Contribuinte.
FALTA DE PROVAS - A impugnação deve estar acompanhada de provas, de forma a comprovar aquilo que se alega, em obediência ao artigo 16 do Decreto 70.235/72. AGRAVAMENTO.INOVAÇÃO.
Nos casos em que forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, deverá ser efetuado lançamento complementar por meio da lavratura de auto de infração complementar ou de emissão de notificação de lançamento complementar, se não decaído o direito do Fisco.
FALTA DE MOTIVAÇÃO.
Cumpre exonerar o contribuinte em relação à valores lançados sem motivação no Auto de Infração.
JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.
A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, na medida em que não integra o Auto de Infração, não é questão afeta ao julgamento do Lançamento de ofício, conquanto se saiba respaldada na Lei n° 9.430/1996 e no fato da penalidade pecuniária lançada ser débito decorrente de tributo ou contribuição e parte integrante do crédito tributário.
Numero da decisão: 3302-005.533
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Jr e Raphael Madeira Abad, que davam-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede.
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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É incabível de ser pronunciada a nulidade de Auto de Infração lavrado por autoridade competente, contra o qual se manifestou o contribuinte, traçando ele toda uma linha de idéias no sentido de procurar provar o seu direito. REEMBOLSO DE DESPESAS. Reembolso de despesas devido a alegado compartilhamento de propaganda integra a base de cálculo da contribuição, mormente quando nenhuma correspondência fundada em bases econômicas fica comprovadamente estabelecida entre as efetivas despesas de propaganda, os supostos reembolsos e os serviços de propaganda que teriam beneficiado, por sistema de compartilhamento, os fornecedores da Contribuinte. FALTA DE PROVAS A impugnação deve estar acompanhada de provas, de forma a comprovar aquilo que se alega, em obediência ao artigo 16 do Decreto 70.235/72. AGRAVAMENTO.INOVAÇÃO. Nos casos em que forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, deverá ser efetuado lançamento complementar por meio da lavratura de auto de infração complementar ou de emissão de notificação de lançamento complementar, se não decaído o direito do Fisco. FALTA DE MOTIVAÇÃO. Cumpre exonerar o contribuinte em relação à valores lançados sem motivação no Auto de Infração. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 02 55 /2 01 4- 94 Fl. 27996DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 27.997 2 A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, na medida em que não integra o Auto de Infração, não é questão afeta ao julgamento do Lançamento de ofício, conquanto se saiba respaldada na Lei n° 9.430/1996 e no fato da penalidade pecuniária lançada ser débito decorrente de tributo ou contribuição e parte integrante do crédito tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009 NULIDADE É incabível de ser pronunciada a nulidade de Auto de Infração lavrado por autoridade competente, contra o qual se manifestou o contribuinte, traçando ele toda uma linha de idéias no sentido de procurar provar o seu direito. REEMBOLSO DE DESPESAS. Reembolso de despesas devido a alegado compartilhamento de propaganda integra a base de cálculo da contribuição, mormente quando nenhuma correspondência fundada em bases econômicas fica comprovadamente estabelecida entre as efetivas despesas de propaganda, os supostos reembolsos e os serviços de propaganda que teriam beneficiado, por sistema de compartilhamento, os fornecedores da Contribuinte. FALTA DE PROVAS A impugnação deve estar acompanhada de provas, de forma a comprovar aquilo que se alega, em obediência ao artigo 16 do Decreto 70.235/72. AGRAVAMENTO.INOVAÇÃO. Nos casos em que forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões, de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, deverá ser efetuado lançamento complementar por meio da lavratura de auto de infração complementar ou de emissão de notificação de lançamento complementar, se não decaído o direito do Fisco. FALTA DE MOTIVAÇÃO. Cumpre exonerar o contribuinte em relação à valores lançados sem motivação no Auto de Infração. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, na medida em que não integra o Auto de Infração, não é questão afeta ao julgamento do Lançamento de ofício, conquanto se saiba respaldada na Lei n° 9.430/1996 e no fato da penalidade pecuniária lançada ser débito decorrente de tributo ou contribuição e parte integrante do crédito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 27997DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 27.998 3 Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Jr e Raphael Madeira Abad, que davamlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida, Walker Araujo, Vinicius Guimaraes, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede. Relatório Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 28/01/2014, formalizando a exigência de Contribuições referentes ao PIS e da COFINS não cumulativos, acrescidos de multa de ofício e juros de mora, no valor de R$ 14.465.379,26. Através de consultas junto aos sistemas informatizados da (RFB), verificou se que o contribuinte está obrigado à apuração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) com base no Lucro Real para o Exercício de 2010 Anocalendário de 2009 nos termos do Art. 14, I, da Lei n° 9.718/98, inciso com redação dada pela Lei n° 10.637/2002, com apuração anual (Art. 1° combinado com Art. 2° da Lei n° 9.430/96), é o que também se observada da Ficha 01 Dados Iniciais da declaração de rendimentos (DIPJ). No transcurso da ação fiscal foi constatada a existência de receitas operacionais escrituradas, que não foram informadas no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), declaração acessória obrigatória para o contribuinte na apuração do (PIS) e (COFINS). A empresa fiscalizada se sujeita à apuração do Imposto de Renda na Pessoa Jurídica (IRPJ) – Lucro Real , portanto, em atenção aos comandos leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, para efeitos de (PIS) e da (COFINS) está sujeito ao regime não cumulativo para as citadas contribuições sociais (Art. 8º e Art. 10, respectivamente). Conta – 3.1.1.2.02.02 – PROPAGANDA E MERCHANDISING. As contrapartidas dos lançamentos contábeis impactaram contas de natureza patrimonial: Fl. 27998DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 27.999 4 Ø Ativo (aumento de direitos: 1130401001 PUBLICIDADE COOP/CUSTO COOP COM/HABILITACAO; e 1130402098 OUTRAS CONTAS A RECEBER); Ø Passivo (diminuição de obrigações): 2110101001 FORNECEDOR POR N.F./DUPLICATA; e 2140601002 OBRIGACOES POR SERVICOS PRESTADOS E MATERIAL CONSU). A fiscalização não verificou vinculação das bonificações de fornecedores à operações efetuadas pelo contribuinte, desta forma houve influência na receita para fins das contrições (PIS) e (COFINS). Neste diapasão ocorreu, na data de 31/12/2009, o lançamento contábil no valor de R$ 72.661.043,65 (setenta e dois milhões, seiscentos e sessenta e um mil, quarenta e três reais e sessenta e cinco centavos). Envolvidas no lançamento contábeis as seguintes contas contábeis: Ø Crédito da conta 213105001001 Lucros ou Prejuízos Acumulados Ø Débito da conta 3112020207 Verba de Propaganda Cooperada. (Documentos Diversos CONTA 2310501001 LUCROS PREJUIZ CONTRAPARTIDA 31120207 VERBA DE PROPAGAM (Documentos Diversos LANÇAMENTO DIÁRIO CONTA 2310501001 LUCROSACUM) Segundo a fiscalização, as seguintes contas de resultado registram contrapartidas das mutações patrimoniais e podem ser subdivididas em contas de receita, de custos e de despesas Ø Ao analisar as contas creditas, a fiscalização observou que houve diminuição das despesas (nível acima no plano contas 3.1.1.2.02.02 PROPAGANDA E MERCHANDISING). As contrapartidas dos lançamentos contábeis impactaram contas de natureza patrimonial: Ø Ativo (aumento de direitos: 113001001 PUBLICIDADE COOP/CUSTO COOP COM/HABILITACAO; e 1130402098 OUTRAS CONTAS A RECEBER); Fl. 27999DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.000 5 Ø Passivo (diminuição de obrigações): 2110101001 FORNECEDOR POR N.F./DUPLICATA; e 2140601002 OBRIGACOES POR SERVICOS PRESTADOS E MATERIAL CONSU). Portanto, restou comprovado para a fiscalização que o contribuinte não considerou os valores na composição da base de cálculo das contribuições (PIS) e (COFINS), tais valores foram omitidos. A fiscalização apurou mensalmente os valores omitidos, dado que a legislação aplicável às contribuições impõe a apuração e o recolhimento mensalmente. Constatouse assim a existência de omissão de receitas sujeitas à incidência de (PIS) e (COFINS) nãocumulativas padrão. Portanto, os valores omitidos são considerados base de cálculo para efeitos de (PIS) e (COFINS) sendo reclamados através do presente Auto de Infração. A empresa VIA VAREJO S/A foi cientificada do presente auto de infração, pessoalmente, em 30/01/2014 ( folhas 559 ). Foi apresentada impugnação em 28/02/2014, de folhas 639 à 708. Alegouse, em síntese que: ü Nulidade do lançamento por falta de identificação da infração cometida e de indicação do correto fundamento legal da autuação; ü Impossibilidade de aplicação de presunção sem previsão legal; ü Não incidência de PIS e COFINS sobre os valores recebidos em decorrência do reembolso de despesas realizadas no interesse mútuo da Impugnante e do Fornecedor; ü Características essenciais da relação jurídica da Impugnante com seus Fornecedores: interesse comum na realização de ações de marketing e propaganda; Fl. 28000DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.001 6 ü Valores recebidos como reembolso por despesas com propaganda e contabilizadas em VPC; ü O conceito de receita; ü Erro na apuração do valor exigido, caso acolhida a tese da Fiscalização de caracterização de "receita": obrigação de dedução de créditos de insumos; ü Erro na apuração do valor exigido, caso acolhida a tese da Fiscalização de caracterização de "receita": aplicação da alíquota zero de PIS e COFINS; ü Da inconsistência do levantamento dos valores objeto do lançamento; ü Da impossibilidade de cobrança de juros moratórios sobre a multa de ofício. PEDIDO Ante o acima exposto, pede e espera a ora Impugnante seja conhecida e provida a presente Impugnação, pelos seus próprios e jurídicos fundamentos, para o fim de ser a exigência fiscal cancelada na sua totalidade a título de PIS e COFINS, multa de ofício, juros e demais acréscimos, determinandose o arquivamento do processo administrativo instaurado. Em despacho de fls. 12516/12517, exarado no âmbito da 9ª Turma de Julgamento, determinou o então relator do processo encaminhálo à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santo André, no Estado deSão Paulo, para que: a) Seja confirmado se, na ocasião da realização dos lançamentos de PIS e COFINS de que trata os autos, teriam sido aproveitados/considerados os lançamentos contábeis a que se refere o item 3 deste despacho; b) Se, na ocasião da realização dos lançamentos de PIS e COFINS de que trata os autos, não houveram sido aproveitados/considerados, pela Autoridade Fiscal, os lançamentos contábeis a que se refere o item 3 deste despacho, esclarecer os motivos pelos quais tais valores não foram aproveitados/considerados; c) Se, no decorrer da diligência, for comprovado, pela Autoridade Fiscal que os lançamentos contábeis a que se refere o item 3 deste despacho deveriam ter sido aproveitados/considerados para fins de lançamento de PIS e COFINS, elaborar demonstrativos que contenham os novos valores apurados para as contribuições sociais, relativamente a 31/01 a 31/12/2009. Em 16 de março de 2017, através do Acórdão 1676.618, a 9ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento de São Paulo por unanimidade de votos, deu PARCIAL PROVIMENTO à impugnação. Fl. 28001DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.002 7 Entendeu a Turma que: ü O direito de defesa foi preservado, pois, além das razões da Autoridade Tributária da União estarem estampadas nos autos, à Contribuinte foi aberta a oportunidade de oporse aos Lançamentos, apresentando suas considerações, como de fato o fez na peça impugnatória, a ponto de crer ter provado o seu alegado direito, não merecendo prosperar o posicionamento da Recorrente em favor da nulidade; ü Conforme o Termo de Verificação Fiscal, foram identificadas contrapartidas de lançamentos contábeis, havidos no grupo de despesas de propaganda e merchandising, que impactaram contas de natureza patrimonial. Isto, por si só, já seria suficiente para embasar as autuações; ü traz o entendimento da Solução de Consulta nº 194, de 23 de junho de 2008, declarando que: Para fins de apuração das contribuições para o PIS e Cofins nãocumulativos, integra a base de cálculo toda e qualquer receita auferida pela pessoa jurídica, ainda que referente ao reembolso decorrente do rateio de custos e despesas pela contratante do serviço com seus fornecedores; Reembolso decorrente de rateio de custo de serviços de propaganda e publicidade, contratado por pessoa jurídica, que não exerça prestação deste tipo de serviço, não gera direito a crédito das contribuições para o PIS e Cofins nãocumulativos. ü A Contribuinte recebeu bonificações de seus fornecedores como suposto ressarcimento de despesas de propaganda; ü Deu azo ao argumento do impugnante de que os presentes autos não noticiam a lavratura de Lançamento complementar, o que nesta altura nem seria legítimo dado o transcurso do prazo decadencial, quer se tome a regra do art. 150, § 4º, quer se tome a regra do art. 173, I, todos do Código Tributário Nacional, posto que os períodos de apuração dizem respeito ao ano de 2009 e estamos no ano de 2017 e as próprias alegações inovadores surgiram apenas em 2016, por ocasião do Relatório de Diligência Fiscal. Assim, exonerou o Contribuinte dos valores lançados sem motivação nos Autos de Infração, mediante o "aproveitamento/consideração total dos valores escriturados a débitos" (fl. 12541), conforme apuração do Relatório de Diligência Fiscal lavrado no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santo André, item 102 (fls. 12541/12542). Fl. 28002DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.003 8 Foram exonerados os seguintes valores: Ø R$ 28.220,91 de PIS, com reflexos na multa de ofício e juros de mora; e Ø R$ 129.986,90 de COFINS, com reflexos na multa de ofício e juros de mora. Cientificada do Acórdão 1676.618, por via eletrônica, em 23/03/2017 (folhas 27.912), a empresa autuada ingressou com RECURSO VOLUNTÁRIO em 20/04/2017 (folhas 27.913). de folhas 27.915 a 27.983. Foi alegado em síntese os mesmos argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud Relator. Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a recorrente teve ciência da decisão de primeira instância em 23 de março de 2017, quando, então, iniciouse a contagem do prazo de 30 (trinta) dias para apresentação do presente recurso voluntário apresentando a recorrente recurso voluntário em 20 de abril de 2017. Da controvérsia. A matéria divergente diz respeito à alegação da fiscalização que o lançamento contábil no valor de R$ 72.661.043,65 (setenta e dois milhões, seiscentos e sessenta e um mil, quarenta e três reais e sessenta e cinco centavos) se traduz em receita, na forma do artigo 1º da Lei 10.637/2002 e artigo análogo da Lei n° 10.833/2003, combinados com o Artigo 24, § 2º, da Lei nº 9.249/95 Das Preliminares – Nulidade do Acórdão É alegado nos itens 09 a 12 do Recurso Voluntário: A nulidade suscitada pela Recorrente decorreu da presunção indevidamente realizada pela Fiscalização, de que os lançamentos a crédito em determinadas contas contábeis se tratavam de "receitas", sem realizar qualquer verificação mais aprofundada de qual a natureza de tais lançamentos. Dentre os fundamentos mencionados para afastar a nulidade, decorrente da presunção, a r. decisão recorrida aponta o fato de Fl. 28003DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.004 9 a Fiscalização ter buscado informação com a Recorrente, "intimando a Fiscalizada acerca de 'bonificações e/ou verbas de propaganda'" (fl.27892). Tal fato, vale destacar, foi apontado pela ora Recorrente, de modo a evidenciar a nulidade da autuação, já que, apesar de iniciada quase um ano antes, apenas no final de dezembro houve intimação da Fiscalização acerca das bonificações, tendo sido atendida em 02/01/2014, não havendo qualquer intimação ou pedido de esclarecimento posterior, culminando na lavratura do Auto de Infração 26 dias depois. Tal fato demonstra de forma inequívoca que não houve efetiva Fiscalização das operações e da natureza dos valores contabilizados, mas mera presunção, indevida e não lastreada na lei, de que todos os lançamentos a crédito, realizadas em determinadas contas contábeis, têm natureza de "receita". Tratase de situação que, como dito na impugnação, primeiro lavrase o auto de infração para depois verificarse a natureza dos fatos ocorridos. (Grifo e negrito nossos) Essa afirmação não procede. Logo no início do Termo de Verificação Fiscal, em particular no tópico “SEQÜÊNCIA DOS TRABALHOS DESENVOLVIDOS (PROCEDIMENTO FISCAL) (sic)”, a fiscalização tem a atenção de relacionar os termos enviados à empresa VIA VAREJO S/A. Essas intimações datam de 05/02/2013 a 23/01/2014. Na sequência, no tópico “DOCUMENTOS APRESENTADOS, RESPOSTAS E REQUERIMENTOS DO CONTRIBUINTE (PROCEDIMENTO FISCAL)”, são relacionadas as respostas a esses termos. No tópico “Descrição dos Fatos” são listadas as requisições de Cópias das Escriturações Contábeis. Por derradeiro, às folhas 505 e 506 do processo digital, integrantes do Termo de Verificação Fiscal, são apontadas, sob a ótica da fiscalização, a existência de receitas operacionais escrituradas, que não foram informadas no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), declaração acessória obrigatória para o contribuinte na apuração do (PIS) e (COFINS). Uma vez, frente a essa coleta de informações, constatado que contas de resultado registraram contrapartidas das mutações patrimoniais, a fiscalização quedouse por tomálas por Receitas à lume da Resolução CFC N°. 1.121/08. Neste diapasão, transcrevese um trecho do Acórdão 1676.618, constante das folhas 27.892 do processo digital, para demonstrar sua sintonia com a demanda impugnada: Entende a Autoridade Lançadora que as contas de resultado registram as contrapartidas das mutações patrimoniais e podem ser subdivididas em contas de receita, de custos e de despesas. A Fl. 28004DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.005 10 partir daí vai desenvolvendo seu raciocínio, inclusive com a citação da Resolução CFC N°. 1.121/08, a abordagem do conceito de receita e o apontamento de contas contábeis específicas. Nesse ritmo, expõe suas razões com clareza e não se utilizada de presunção e nem de generalizações para as autuações. Ademais, a Fiscalização também buscou informação sobre a composição da base de cálculo das contribuições intimando a Fiscalizada acerca de "bonificações e/ou verbas de propaganda". Absolutamente precisa a decisão de 1ª instância, demonstrando as conclusões da fiscalização, cujo levantamento de informações perdurou por cerca de um ano, como assinalado a pouco. É de se salientar que constatado o fato, oriundo das respostas às intimações, as requisições de Cópias das Escriturações Contábeis, processado o cruzamento dessas informações e formada a convicção sobre o conceito de Receita no âmbito da fiscalização, essa correlação é imediata, face a própria expertise do corpo funcional, não sendo plausível ou factual reclamar um lapso de tempo mínimo para o exercício dessa ação. Em destaque os itens 15 e 16 do Termo de Verificação Fiscal: 15. De posse destes elementos foi utilizado sistema para a realização de análises e cruzamentos de dados dos arquivos entregues pelo contribuinte e dados obtidos nas declarações apresentadas à Receita Federal do Brasil (RFB), bem como nos recolhimentos efetuados no período fiscalizado. 16. No transcurso da ação fiscal foi constatada a existência de receitas operacionais escrituradas, que não foram informadas no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), declaração acessória obrigatória para o contribuinte na apuração do (PIS) e (COFINS), valores conforme excertos do demonstrativo abaixo. Qualquer outra consideração sobre a pertinência ou não do conceito de Receita sob a ótica da fiscalização, se está baseada em presunção ou não, é reservada para o mérito. Nulidade decorrente da falta de indicação precisa do enquadramento legal da infração Em destaque o item 42 do Recurso Voluntário: 42. Conforme já sustentado na impugnação, a indicação da quase totalidade dos dispositivos legais que disciplinam o tributo não permite a adequada compreensão da acusação, por deixála completamente indeterminada, o que cerceia o direito de defesa da Recorrente e, mutatis mutandis, equivalería à Recorrente apresentar defesa pleiteando o cancelamento da exigência com "fundamento no ordenamento jurídico pátrio", ou requerendo a Fl. 28005DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.006 11 improcedência do lançamento sob o único argumento de que o mesmo teria "ofendido a Constituição Federal, as leis complementares e ordinárias em vigor", sem, no entanto, explicitar qual dos dispositivos sustentaria a sua tese. O fragmento está a se referir aos itens 37 a 41 do Termo de Verificação Fiscal. Foram citados os artigos pertinentes à legislação aplicável para fundamentar a exigência feita, em destaque: Ø Art. 1º da Lei Complementar nº 70/1991; Ø Art. 24, § 2º, da Lei nº 9.249/95; Ø Artigos 1º, 2º e 3º da Lei nº 10.833/03; As demais citações são alterações introduzidas a esses mesmos artigos, artigos esses dispostos de acordo com cada período de autuação;. E essas fundamentações guardam total correlação com o cerne da ação fiscal: à alegação de que o lançamento contábil no valor de R$ 72.661.043,65 (setenta e dois milhões, seiscentos e sessenta e um mil, quarenta e três reais e sessenta e cinco centavos) se traduz em receita. Nesse sentido, outra vez, absolutamente preciso o Acórdão 1676.618, às folhas 27.983 do processo digital: Tampouco a suposta extensão do enquadramento legal é ilegal. Pelo contrário, a Fiscalização citou a legislação que rege a matéria, como é de seu mister. Observe se que os Autos de Infração trazem esse enquadramento por períodos, gerando natural repetição quando determinado enquadramento de um mês também o é de outro (fls. 518/520; fls. 539/541), o que de modo algum é ilegal. Portanto, carece de razão a argumentação da Recorrente. Do mérito. Definição jurídica de receita para fins de incidência pelas contribuições ao PIS e à COFINS A regramatriz de incidência é assim estipulada: Lei 10.637/02: Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (redação vigente à época do fato gerador). Lei 10.833/03: Fl. 28006DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.007 12 Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (redação vigente à época do fato gerador). E a definição de Receita Bruta. DecretoLei n° 1.598/77: Art. 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) no exercício de suas atribuições legais e regimentais (DecretoLei n° 9.245/46) aprovou a Resolução CFC N°. 1.121/08, que estabeleceu a NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, desta leitura é possível verificarse a definição de receita: “(...) 70. Receitas e despesas são definidas como segue: Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade; e (..)” Objeto da presente ação fiscal: Segundo a fiscalização, as seguintes contas de resultado registram contrapartidas das mutações patrimoniais e podem ser subdivididas em contas de receita, de custos e de despesas Ø Ao analisar as contas creditadas, a fiscalização observou que houve diminuição das despesas (nível acima no plano contas 3.1.1.2.02.02 PROPAGANDA E MERCHANDISING). As contrapartidas dos lançamentos contábeis impactaram contas de natureza patrimonial: Fl. 28007DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.008 13 Ø Ativo (aumento de direitos: 1130401001 PUBLICIDADE COOP/CUSTO COOP COM/HABILITACAO; e 1130402098 OUTRAS CONTAS A RECEBER); Ø Passivo (diminuição de obrigações): 2110101001 FORNECEDOR POR N.F./DUPLICATA; e 2140601002 OBRIGACOES POR SERVICOS PRESTADOS E MATERIAL CONSU). Portanto, o objeto a ser analisado é o REEMBOLSO DECORRENTE DE RATEIO DE DESPESAS. O REEMBOLSO DECORRENTE DE RATEIO DE DESPESAS gera uma mutação patrimonial que implica em um aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido, comungando assim com o conceito de Receita, a luz da Resolução CFC N°. 1.121/08. Especificamente quanto ao REEMBOLSO DECORRENTE DE RATEIO DE DESPESAS, a Receita Federal do Brasil vem se manifestando, reiteradamente, da seguinte forma: Solução de Consulta n° 194 de 23 de Junho de 2008 ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep EMENTA: REEMBOLSO DECORRENTE DE RATEIO DE DESPESAS COM PROPAGANDA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITO. Para fins de apuração da contribuição para o PIS nãocumulativo, integra a base de cálculo toda e qualquer receita auferida pela pessoa jurídica, ainda que referente ao reembolso decorrente do rateio, de custos e despesas pela contratante do serviço, com seus fornecedores. Reembolso decorrente de rateio de custo de serviços de propaganda e publicidade, contratado por pessoa jurídica, que não exerça prestação deste tipo de serviço, não gera direito a crédito das contribuições para o PIS nãocumulativo. Solução de Consulta nº 290 Cosit de 13 de junho de 2017 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep EMENTA: RESSARCIMENTOS DE CUSTOS E DESPESAS. RECEITA. REGIME NÃO CUMULATIVO. INCIDÊNCIA. A Contribuição para o PIS/Pasep apurada no regime não cumulativo incide sobre a receita relativa ao ressarcimento de dispêndios decorrentes de investimentos efetuados em razão de compromissos assumidos na prestação de serviços, mesmo que devam ser ressarcidas por terceiros por determinação contratual, por falta de amparo legal à sua exclusão. Para tanto, citase os itens 14 a 16 dessa Solução de Consulta: A prática de atos jurídicos, que geram receitas e despesas (tais como operações de compra, de venda, de financiamento, de Fl. 28008DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.009 14 investimento, de prestação de serviços), decorre da própria essência da atividade econômica. Nesse contexto, cumpre enfatizar que receita é diferente de lucro. Receitas são a integralidade dos valores recebidos pela pessoa jurídica e, por sua vez, lucro significa o resultado que se obtém quando se subtrai dessas receitas o valor das despesas da empresa. E, como se sabe, a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não é o lucro, mas sim a totalidade de receitas auferidas pela pessoa jurídica. A dedução de despesas é pressuposto da apuração contábil do lucro, base imponível do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), por meio do contraste efetuado entre os ingressos (receitas) e as saídas (despesas), em que se pretende aferir o acréscimo patrimonial, o que não interfere na efetiva apuração das receitas da pessoa jurídica. Nesse contexto, não há que se falar em excluir custos e despesas da base imponível da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, sob pena de alterar a natureza jurídica e contábil da base de cálculo de incidência das referidas contribuições. Solução de Consulta n° 77 SRRF06, de 2012: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins REGIME NÃO CUMULATIVO. REEMBOLSO DE DESPESAS. INCIDÊNCIA. Está sujeito à tributação pela Cofins o reembolso de despesas relativas a viagens, transporte, etc., necessárias à execução dos serviços prestados pelo contribuinte, e que, por determinação contratual, devam ser ressarcidas a ele pelos tomadores dos referidos serviços. Solução de Consulta n° 364 SRRF08, de 2010: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins BASE DE CÁLCULO. REEMBOLSO DE DESPESA A base de cálculo da Cofins, tanto no regime cumulativo, como no regime nãocumulativo, é o valor do faturamento (receita bruta) mensal auferida pela pessoa jurídica, observadas as exclusões permitidas em Lei. Desse modo, os valores recebidos de clientes, referentes a reembolso de despesas no agenciamento de marcas e patentes compõem a receita bruta para fins apuração da base de cálculo da Cofins da recebedora do reembolso, a agenciadora, uma vez que não há nenhum dispositivo legal permitindo sua exclusão da base de cálculo da contribuição em pauta. Solução de Consulta n° 190 SRRF08, de 2009: Fl. 28009DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.010 15 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO A base de cálculo da contribuição é o faturamento, que corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas, sendo irrelevante o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Para fins de determinação da base de cálculo da citada contribuição, poderão ser excluídas da receita bruta apenas as parcelas expressamente previstas na legislação que rege a matéria. Assim sendo, os valores recebidos de fornecedores referentes a reembolso decorrente de rateio de despesa de publicidade compõe a receita bruta para fins apuração da base de cálculo da Cofins, uma vez que não há nenhum dispositivo legal permitindo sua exclusão da base de cálculo da referida contribuição. As Ementas transcritas também abarcam a Contribuição para o PIS/PASEP. Logo, o reembolso de despesas integra o conceito de Receita. É alegado nos itens 116 a 118 do Recurso Voluntário: Se, por hipótese, for aceita a premissa firmada pela D. Fiscalização, de que os reembolsos têm a natureza de receitas, o fato, é que, mesmo nesse cenário (aceito apenas para fins de argumentação), a exigência fiscal também não se sustenta. Isto porque, se não se trata de reembolso de despesas tratarse ia de descontos, que deveria ser lançada a título de receita financeira, conforme pronunciamentos CPC n° 16 (item 11) e n° 30 (item 9), aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários CVM17. Em outras palavras, registrandose uma redução no passivo, especificamente no saldo da dívida com fornecedores, terseia, pela natureza de desconto, uma receita financeira. Essa conclusão não se sustenta em face dos diversos pronunciamentos da Receita Federal do Brasil transcritos acima que prevê a inclusão dos custos e despesas na base imponível da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, sob pena de alterar a natureza jurídica e contábil da base de cálculo de incidência das referidas contribuições. Ainda sob esse argumento, a Recorrente transcreve o artigo 373 do RIR/99 e assim alega no item 120 do Recurso Voluntário: 120. Enquadrandose como receita financeira, os descontos obtidos pela Recorrente no momento da liquidação de obrigações com seus fornecedores, nos termos do estabelecido no Decreto n2 5.442, de 09/05/200518, vigente à época dos fatos geradores sob discussão no presente processo, estariam sujeitos à alíquota zero das contribuições. Fl. 28010DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.011 16 Não assiste razão à Recorrente, pois está modificando a natureza do recurso em análise. A importância em estudo é o reembolso decorrente de rateio de despesa de publicidade, não se confundindo com descontos. Da Impossibilidade de Cobrança de Juros Moratórios sobre a Multa de Ofício Quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, analisase, inicialmente, a possibilidade de incidência de juros de mora sobre multas. O artigo 161 do CTN dispõe: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. O crédito tributário decorre da obrigação principal e possui a mesma natureza desta, conforme disposto no art. 139 do Código. Esta, por sua vez, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente (artigos 113, §1º e 139 do CTN). Depreendese, assim, que o crédito tributário mencionado no artigo 161 do CTN abrange os tributos e as penalidades pecuniárias, sujeitandose à incidência dos juros de mora. A respeito, citase o Recurso Especial 1.129.990 PR (2009/00543162), julgado em 01/09/2009, de relatoria do Ministro Castro Meira: EMENTA TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. Inferese, de fato, que a multa de ofício é constituída na lavratura do auto de infração e vence no prazo de trinta dias para a apresentação da impugnação ao lançamento. Após este prazo, considerase devida e, portanto, sujeita a juros de mora, não fazendo sentido algum permanecer seu montante imutável ao longo do tempo até que se ultime sua extinção. Assim, o artigo 161, §1º do CTN, determina que se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão calculados à taxa de um por cento ao mês. Destarte, ultrapassada Fl. 28011DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.012 17 a questão da pertinência da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, resta verificar se a taxa Selic, aqui em discussão, deve ser utilizada como os juros de mora a que se refere o artigo 161. Sobre a legitimidade da Selic como juros moratórios, descabem maiores considerações, conforme decidido no REsp 879.844/MG, julgado em 11/11/2009 (recursos repetitivos), e no RE 582.461/SP, submetido à repercussão geral, julgado em 18/05/2011, e de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Cabe frisar que no julgamento dos recursos especial e extraordinário, acima referidos, a discussão girou em torno da isonomia entre a aplicação da Selic na repetição de indébito como na atualização dos débitos: “Forçoso esclarecer que os debates nesta Corte gravitaram em torno da aplicação da taxa SELIC em sede de repetição de indébito. Nada obstante, impõese, mutatis mutandis, a incidência da referida taxa nos cálculos dos débitos que os contribuintes tenham para com as Fazendas Municipal, Estadual e Federal. Aliás, raciocínio diverso importaria tratamento antiisonômico, porquanto a Fazenda restaria obrigada a reembolsar os contribuintes por esta taxa SELIC, ao passo que, no desembolso, os cidadãos exonerarseiam desse critério, gerando desequilíbrio nas receitas fazendárias.”(REsp 879.844/MG) Assim, sob este aspecto abordado nos julgamentos dos recursos especial e extraordinário, é legítima a incidência da taxa Selic sobre a multa de ofício após seu vencimento, pois que eventual indébito referente à multa paga a maior que a devida, necessariamente seria corrigido pela referida taxa. Por outro lado, diversos diplomas legais trataram da Selic como juros de mora incidentes sobre os débitos para com a Fazenda Nacional. Assim, citamse: Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995: Art. 84 – Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1° de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I – juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; ............................. § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Fl. 28012DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.013 18 Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional.(Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002) (grifei) Art. 91. O parcelamento dos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, autorizado pelo art. 11 do DecretoLei nº 352, de 17 de junho de 1968, com a redação dada pelo DecretoLei nº 623, de 11 de junho de 1969, pelo inciso II, do art. 10 do DecretoLei nº 2.049, de 01 de agosto de 1983, e pelo inciso II, do art. 11 do DecretoLei nº 2.052, de 03 de agosto de 1983, com as modificações que lhes foram introduzidas, poderá ser autorizado em até trinta prestações mensais. Parágrafo único. O débito que for objeto de parcelamento, nos termos deste artigo, será consolidado na data da concessão e terá o seguinte tratamento: a) se autorizado em até quinze prestações: a.1) o montante apurado na consolidação será dividido pelo número de prestações concedidas; a.2) o valor de cada parcela mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna, calculados a partir da data do deferimento até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado; (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) b) se autorizado em mais de quinze prestações mensais: b.1) o montante apurado na consolidação será acrescido de encargo adicional, correspondente ao número de meses que exceder a quinze, calculado à razão de dois por cento ao mês, e dividido pelo número de prestações concedidas; b.2) sobre o valor de cada prestação incidirão, ainda, os juros de que trata a alínea a.2 deste artigo.(Revogado pela Lei nº 10.522, de 19.7.2002) Lei nº 9.065, de 1995: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Produção de efeito (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até Fl. 28013DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.014 19 o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ... Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ......................................... Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002: Art. 17. Fica acrescentado o seguinte parágrafo ao art. 84 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995: "Art. 84. ......................................................... § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional." (NR) (grifei) ... Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de UFIR, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1° de janeiro de 1997. (grifei) § 1° A partir de 1° de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na Fl. 28014DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.015 20 moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – UFIR, instituída pelo art. 1° da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1° de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. (g.n) (grifei) Destacase que o artigo 30 da Lei nº 10.522/2002, expressamente prevê a incidência dos juros de mora à taxa Selic, a partir de1º/01/1997, relativamente aos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional referidos no artigo 29, cujos fatos geradores tivessem ocorridos até 31/12/1994. Já a mesma lei acrescentou ao artigo 84 da Lei nº 8.981/95, o §8º, a disposição de que aos demais créditos da Fazenda Nacional, aplicamse as disposições do artigo 84, o que determina a aplicação dos juros de mora aos tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorressem a partir de 1º/01/1995. § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional." (NR) A Lei nº 10.522/2002, é conversão da MP nº 2.17679/2001, fruto da reedição de sucessivas medidas provisórias, desde a original de nº 1.110, de 30 de agosto de 1995. A inclusão do §8º no artigo 84 da Lei nº 8.981/95, pela MP nº 1.110/95, bem como a inclusão dos artigos 29 e 30 pela MP nº 1.542/96 (nove dias antes da publicação da Lei nº 9.430/96) estabeleceram, expressamente, a incidência da taxa Selic sobre quaisquer débitos da Fazenda Nacional (até 1994 pelo artigo 30 e após 1º/01/1995, pelo §8º do artigo 84). Constatase que, por sua vez, a Lei nº 9.430/96, ao prever a aplicação da Selic em seus artigos 43 e 61 convalidou o que já estava sendo previsto pela MP nº 1.542/96 (atual Lei nº 10.522/2002). Concluise, portanto, que é legítima a incidência da taxa de juros Selic sobre a multa de ofício vinculada ao tributo. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso do Contribuinte, mantendo a decisão de 1a instância, Acórdão n° 1676.618, no sentido de exonerar a empresa VIA VAREJO S/A dos seguintes valores: R$ 28.220,91 de PIS, com reflexos na multa de ofício e juros de mora, e R$ 129.986,90 de COFINS, com reflexos na multa de ofício e juros de mora. Fl. 28015DF CARF MF Processo nº 10805.720255/201494 Acórdão n.º 3302005.533 S3C3T2 Fl. 28.016 21 É como voto. Jorge Lima Abud Fl. 28016DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.004608/2006-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006
REGIME NÃO CUMULATIVO. DEDUÇÃO DE CRÉDITO. DEFINIÇÃO DE INSUMO.
1. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, enquadram-se na definição de insumo tanto a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem, que integram o produto final, quanto aqueles bens ou serviços aplicados ou consumidos no curso do processo de produção ou fabricação, mas que não se agregam ao bem produzido ou fabricado.
2. Também são considerados insumos de produção ou fabricação os bens ou serviços previamente incorporados aos bens ou serviços diretamente aplicados no processo de produção ou fabricação, desde que estes bens ou serviços propiciem direito a créditos da referida contribuição.
ENERGIA TÉRMICA UTILIZADA COMO INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Se utilizada como insumo, o custo de aquisição de energia térmica permite a apropriação de créditos da Cofins, ainda que o custo tenha ocorrido antes de 15/6/2007, data da vigência da nova redação do art. 3º, III, da Lei 10.833/2003, dada pela Lei 11.488/2007 (ADI SRF nº 2/2003).
ÓLEO COMBUSTÍVEL BPF. COMBUSTÍVEL UTILIZADO NA GERAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
É passível de apropriação de crédito da Cofins a aquisição do Óleo Combustível BPF utilizado como combustível na geração de energia térmica, utilizada como insumo de produção.
INIBIDOR DE CORROSÃO E ÁCIDO SULFÚRICO. PRODUTOS UTILIZADOS NOS EQUIPAMENTOS DO PROCESSO INDUSTRIAL. INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
A aquisição dos produtos Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico aplicados, respectivamente, (i) na limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor e (ii) na limpeza de dutos e trocadores de calor, desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes, por serem insumos de produção, permite a apropriação de créditos da Cofins.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE REJEITOS INDUSTRIAIS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitida a apropriação de créditos da Cofins calculados sobre os gastos com frete por serviços de transporte prestados na remoção de rejeitos industriais.
ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO INCENTIVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A opção pela apropriação de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do custo de aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, somente poderá ser exercida se os referidos bens forem utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços.
2. O desconto de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/12 (um doze avos) somente beneficia a aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto 5.789/2006, destinados à incorporação ao ativo imobilizado de empresas em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam.
3. Se não atendidos os requisitos legais, o contribuinte não faz jus aos créditos da Cofins calculados com base os valores mensais dos encargos de depreciação acelerada incentivada.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 3302-005.402
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer os créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 07/05/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphael M. Abad, e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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DEDUÇÃO DE CRÉDITO. DEFINIÇÃO DE INSUMO. 1. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, enquadramse na definição de insumo tanto a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem, que integram o produto final, quanto aqueles bens ou serviços aplicados ou consumidos no curso do processo de produção ou fabricação, mas que não se agregam ao bem produzido ou fabricado. 2. Também são considerados insumos de produção ou fabricação os bens ou serviços previamente incorporados aos bens ou serviços diretamente aplicados no processo de produção ou fabricação, desde que estes bens ou serviços propiciem direito a créditos da referida contribuição. ENERGIA TÉRMICA UTILIZADA COMO INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Se utilizada como insumo, o custo de aquisição de energia térmica permite a apropriação de créditos da Cofins, ainda que o custo tenha ocorrido antes de 15/6/2007, data da vigência da nova redação do art. 3º, III, da Lei 10.833/2003, dada pela Lei 11.488/2007 (ADI SRF nº 2/2003). ÓLEO COMBUSTÍVEL BPF. COMBUSTÍVEL UTILIZADO NA GERAÇÃO DE ENERGIA TÉRMICA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. É passível de apropriação de crédito da Cofins a aquisição do “Óleo Combustível BPF” utilizado como combustível na geração de energia térmica, utilizada como insumo de produção. INIBIDOR DE CORROSÃO E ÁCIDO SULFÚRICO. PRODUTOS UTILIZADOS NOS EQUIPAMENTOS DO PROCESSO INDUSTRIAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 00 46 08 /2 00 6- 61 Fl. 604DF CARF MF 2 INSUMO DE PRODUÇÃO. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. A aquisição dos produtos Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico aplicados, respectivamente, (i) na limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor e (ii) na limpeza de dutos e trocadores de calor, desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes, por serem insumos de produção, permite a apropriação de créditos da Cofins. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE REJEITOS INDUSTRIAIS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitida a apropriação de créditos da Cofins calculados sobre os gastos com frete por serviços de transporte prestados na remoção de rejeitos industriais. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO INCENTIVADA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A opção pela apropriação de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do custo de aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, somente poderá ser exercida se os referidos bens forem utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. 2. O desconto de créditos da Cofins sobre o valor mensal correspondente a 1/12 (um doze avos) somente beneficia a aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto 5.789/2006, destinados à incorporação ao ativo imobilizado de empresas em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam. 3. Se não atendidos os requisitos legais, o contribuinte não faz jus aos créditos da Cofins calculados com base os valores mensais dos encargos de depreciação acelerada incentivada. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para restabelecer os créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. Fl. 605DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 3 3 EDITADO EM: 07/05/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphael M. Abad, e Walker Araujo. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto e transcrevo o relatório da decisão de piso de fls. 449466: Tratase de declaração de compensação de créditos de Contribuição para o PIS NãoCumulativo formulada pela contribuinte acima identificada, relativos ao mês de maio de 2006, no valor de R$ 1.572.184,16. A unidade de origem, após a realização de diligência destinada a apurar a liquidez e certeza do direito creditório a compensar, expediu o relatório fiscal e o auto de infração de fls. 293/298, seguido do despacho decisório de fl. 302, do parecer de fls. 303/304 e novamente do despacho decisório de fl. 305, por intermédio dos quais reconheceu apenas parcialmente o crédito invocado, no valor de R$ 389.692,14, homologando as compensações até o limite do mesmo. Foram os seguintes os fundamentos adotados: “(...) CRÉDITOS DECORRENTES DE BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS OBJETO DE GLOSA (Ficha 06A/06B/02): Através dos arquivos magnéticos recebidos (planilha excel) onde consta relação completa de todas notas fiscais de insumos adquiridos, bem como sua aplicação no processo produtivo, realizamos verificação de sua consistência pela análise física de algumas notas fiscais (solicitadas por amostragem) e constatamos a irregularidade dos valores alocados na ficha 06A/06B, item 02 da DACON, conforme detalhamento na planilha 10 e 11, anexas. A pessoa jurídica poderá se creditar de aquisições de insumos (bens ou serviços), inclusive combustíveis e lubrificantes, efetuadas no mês. Considerase como insumos a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Glosas Efetuadas 10.1 Combustíveis e Carvão Energético utilizados como energia térmica no aquecimento das caldeiras, equipamentos e fornos, considerando que a lei 11.488/2007 só admitiu créditos a partir de 15/06/2007. A utilização de Combustíveis/Carvão energético (...) na queima de caldeiras não podem ser considerados como insumos antes de 15/06/2007 por não agir diretamente no processo produtivo; Fl. 606DF CARF MF 4 10.2 Glosas efetuadas em produtos/bens por não serem aplicados diretamente no processo produtivo; 10.3 Glosas efetuadas nos produtos/bens por serem considerados como ativo imobilizado; 10.4 Glosas efetuadas em produtos/bens por não conterem descrição detalhada do bem ou informação sobre sua aplicação no processo produtivo. 10.5 Glosa dos fretes referentes aos produtos/bens glosados. (...) 11) CRÉDITOS DECORRENTES DE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS (Ficha 06A/03): Pela análise dos arquivos magnéticos recebidos, referente a aquisição de serviços, constatamos a existência de Serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção dos bens, conforme detalhamento dasglosas relacionadas nas planilhas 08 e 09, anexas. Normas Relacionadas: Solução de Divergência Cosit n° 12, de 24/10/2007 "Não se consideram insumos, para fins de desconto de créditos da contribuição para o financiamento da seguridade social Cofins, materias de limpeza de equipamentos e máquinas, graxas, pinos, tarraxas e ferramentas" 12) CRÉDITOS DECORRENTES DE DESPESAS DE ENERGIA ELÉTRICA (Ficha 06A/04): Pela análise dos arquivos magnéticos e verificação, por amostragem, das notas fiscais não constatamos irregularidades relacionadas a esse item. 13) BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO A DESCONTAR REFERENTE AO ATIVO IMOBILIZADO (Ficha 06A/06B/10): A empresa utilizou créditos decorrentes da aquisição de bens destinados ao ativo imobilizado em duas modalidades: 13.1 Por aproveitamento do crédito no prazo de 4(quatro) anos correspondendo a 1/48 (quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem (Lei n° 10.833/2003, art 3º, 14, introduzido pela Lei n° 10.865/2004, art. 21 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004, art. 1º, inciso I do § 2º e art. 2º, § 2º, inciso II do caput). Através dos arquivos magnéticos referentes às aquisições para o Ativo Imobilizado de maio/2004 a dezembro/2005, constatamos a existência de bens que não se enquadram como máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda. Efetuamos a glosa dos bens separando os em duas categorias: 1)Máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados a venda. 2) Maquinas, equipamentos e outros bens considerados como Edificações, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B, em anexo. 13.1.1 Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens não se enquadram como máquinas ou equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda, conforme exigência legal para gozo do benefício. 13.1.2 Bens considerados pelo contribuinte com aproveitamento dos créditos no prazo de 04(quatro) anos e glosados pela fiscalização por considerar que tais bens caracterizamse como Edificações, não abrangidos pelos benefícios acima referidos embora sejam do ativo imobilizado. Em relação a construção da Expansão II, o contribuinte informou que a mesma só entrou em operação a partir de janeiro de 2006 e a Expansão III somente em 2008. Fl. 607DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 4 5 Notas: a) Não foi concedido o benefício para os outros bens, senão máquinas e equipamentos, destinados ao Ativo Imobilizado utilizados na fabricação de produtos destinados a vendas, ficando fora do benefício a aquisição de: móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. b) A partir de 1°/12/2005, são também admitidos créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado desde que sejam utilizados na produção de bens destinados à venda, continuando fora do benefício a aquisição de : móveis, veículos, construção civil e outros bens que não sejam utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. 13.2) Por aproveitamento do crédito no prazo de 12(doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microrregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam (...). (...) Após análise dos arquivos contendo listagem dos bens com aproveitamento de crédito no prazo de 12(doze) meses constatamos diversas irregularidades na utilização dos referidos créditos. Elaboramos a Planilha n° 07D onde constam todas as glosas efetuadas e as Planilhas 07E, 07F e 07G resumindo os valores glosados. Abaixo segue codificação adotada para as glosas efetuadas na Planilha 07D: DT05 Glosados em virtude da data de aquisição (emissão nota fiscal) ser anterior à previsão legal, que só reconheceu o beneficio para bens adquiridos a partir de 2006. EDIF06 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2006 . EDIF07 Glosados por serem considerados como Edificações do ano de 2007 . N Glosados por não serem considerados como bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo do adquirente. NCD Glosados por não estarem relacionados no Decreto 5.789/2006 mencionados no Decreto n° 5.988/2006. NREB Glosados por serem vendas equiparadas a exportações, não gerando direito a crédito (...).” Fl. 608DF CARF MF 6 Cientificada, a interessada apresentou tempestivamente a manifestação de inconformidade de fls. 390/421 (com argumentos replicados na impugnação de fls. 327/358), na qual alega: a) Foram glosados créditos gerados pelos bens e serviços empregados como insumos, mais especificamente: Transporte de Rejeitos Industriais, Óleo BPF, Ácido Sulfúrico e Inibidor de Corrosão, sob o fundamento de que não se enquadrariam como bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção dos bens destinados à venda. Por derradeiro, foram glosados créditos relacionados a despesas ou encargos com Ativo Imobilizado para emprego na fabricação de produtos destinados à Venda ou Prestação de Serviços, inclusive máquinas, equipamentos e outros bens que foram incorporados ao Ativo Imobilizado. b) Ponto fundamental é o da definição e amplitude conceitual dispensadas aos insumos que gerariam o crédito da Contribuição e que seriam os bens e serviços que seriam utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, abrangendo mas não se restringindo ao universo das matériasprimas produtos intermediários e quaisquer outros bens que sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produtos em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. Também se reputam como insumos empregados na prestação de serviços os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Centrando a atenção ao presente processo, bem se vê que a requerente é sociedade empresária preponderantemente exportadora, de sorte que igualmente faz jus à apropriação de créditos, inclusive concernentes a estoque de abertura oriundos dos custos, despesas e encargos advindos das receitas resultantes de exportação dos produtos que industrializa e comercializa. Especificamente quanto aos serviços utilizados com insumos, a autoridade fazendária glosara serviços inegavelmente empregados como insumos porque diretamente aplicados ao processo produtivo, particularmente o de transporte de rejeitos industriais, óleo BPF, ácido sulfúrico e inibidor de corrosão. Naturalmente que não poderia furtase a impugnante do creditamento dos valores desembolsados com o transporte destes rejeitos, que são sabidamente inerentes ao processo fabril do alumínio produzido e exportada por pessoa jurídica como a requerente. Os dispêndios com este transporte são, portanto, irrefutavelmente, dedutíveis. O óleo BPF, considerado pela fiscalização como gerador de energia térmica, destinase à queima em fornos adequados para a calcinação do hidrato e na geração de vapor nas caldeiras. A fiscalização glosou toda a utilização do BPF, tanto nas caldeiras como para calcinação. Em relação ao Ácido Sulfúrico, descabe glosa já que a fiscalização o está considerando como material de limpeza. O ácido sulfúrico é utilizado para limpeza dos trocadores de calor por onde passa o licor rico em alumina, limpeza esta fundamental para manter a eficiência de troca térmica e a estabilidade do licor para garantir a produtividade da planta. O ácido usado é utilizado na neutralização de afluentes cáusticos. A fiscalização glosou toda a aquisição deste insumo e frete, inclusive glosando fretes e duplicidade. Já a respeito do Inibidor de Corrosão, utilizado para formar uma película protetora contra corrosão nas tubulações de água de resfriamento, insta mencionar que sua ausência no rol das especificações compromete substancialmente a qualidade e quantidade da alumina produzida. Ora, com toda a necessidade de que tais insumos sejam empregados de modo direto, na geração do alumínio final que será objeto de exportação, não se vê como possamos acatar a glosa dos serviços de transporte dos itens em voga, como, igualmente nos termos da legislação vigente, insumo de aplicação direta, que, portanto, não podem ser recusados enquanto serviços creditáveis. Transcreve decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais. c) Especificamente quanto aos bens adquiridos como Ativo Imobilizado, a Fiscalização entendera pela glosa de bens adquiridos com Ativo Imobilizado, nada obstante haver acertadamente considerado a requerente que os valores gastos na Fl. 609DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 5 7 aquisição de bens, inclusive máquinas, equipamentos e outros incorporados ao ativo imobilizado devem ser recuperados enquanto créditos dedutíveis das bases apuratórias da Contribuição, logo descabe, igualmente, a glosa sobre o ativo imobilizado. Refere solução de consulta. d) O que resta evidente da análise do tratamento legal é a completa ausência de amarras, restrições, condicionantes ao direito de desconto de créditos sobre os valores de PIS a pagar, desde que os bens ou serviços reputados creditáveis pelo contribuinte, efetivamente, sejam insumos empregados na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, ensejam os descontos. Mesmo analisando as Instruções Normativas editadas pela Receita Federal, no afã de regulamentar os aludidos preceitos legais pertinente ao desconto de créditos de PIS sobre certas despesas, aquisições e dispêndios, não há discrepância relevante que justifique a manutenção das glosas ora questionadas. Transcreve excertos de decisão judicial, aduzindo que o critério fundamental para a concessão do crédito sobre insumos é da essencialidade ao processo produtivo, excluindo naturalmente a generalidade dos custos industriais e comerciais que não geram crédito se não forem imprescindíveis. e) Cabe voltarnos com maior detença à glosa das máquinas e equipamentos adquiridos pela requerente e incorporados ao seu ativo imobilizado, a qual, com a devida vênia, causou estranheza, considerando, de plano, a permissão constante da Lei 10637/2002. A IN SRF nº 457/2004 veiculou a facultatividade do cálculo do crédito insculpido na lei ordinária, observada a periodicidade de quatro anos. O Decreto 5988/2006, que dispõe sobre o art. 31 da Lei n° 11.196, de 21 de novembro de 2005, instituiu depreciação acelerada incentivada e desconto da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, no prazo de doze meses, para aquisições de bens de capital efetuadas por pessoas jurídicas estabelecidas em microrregiões menos favorecidas das áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM. A querela reside no fato de que a fiscalização, injustificadamente, glosou não menos que a totalidade dos créditos gerados sobre maquinas e equipamentos adquiridos e incorporados ao ativo imobilizado da requerente, sob o suposto fundamento de que a mesma não teria observado as exigências constantes da Lei 11.196/2005, ou seja, não teria considerado na periodicidade legal diferencial de apuração do crédito sobre ativo imobilizado, apenas as máquinas e equipamentos adquiridos sob o regime incentivado do RECAP, utilizandose ao revés da periodicidade excepcional dos 1/12 sobre a totalidade das máquinas e equipamentos adquiridos no período auditado. O fato, contudo, que, data vênia, desmantela a pretensão esposada pela Autoridade Fazendária é que a postulante, por uma questão de tempo real de depreciação das máquinas e equipamentos aplicados em seu processo de industrialização, não se apropria de tais créditos automaticamente, de modo que pelas suas especificidades, é evidente que a conduta apontada no Auto, seria, como é, impraticável. Ante tal quadro, o mínimo que se poderia aceitar para a pretensa manutenção das glosas, seria a demonstração por parte da Fiscalização de que a requerente, efetivamente, se apropriou de créditos sobre máquinas e equipamentos adquiridos fora do regime diferenciado do RECAP, sem observar a periodicidade permitida pela lei e pela IN aplicáveis. A ocorrência supra, contudo, reiterese, não apenas é inexeqüível em face do processo produtivo e depreciação ordinária das máquinas e equipamentos empregados no mesmo, como ainda não fora minimamente exposta pela autoridade fazendária, pelo que, consoante as decisões colacionadas alhures, tais glosas também hão de ser inteiramente desconstituídas. Do que é possível inferir da sucinta exposição declinada pela autoridade fazendária, não teria sido reconhecido benefício para tais itens na medida em que não se enquadrariam no rol de máquinas e equipamentos, volvidos ao Ativo Imobilizado, empregados na fabricação de produtos para venda, restando excluídos assim móveis, Fl. 610DF CARF MF 8 ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e demais que estariam, segundo a inteligência esposada pela autoridade, ao largo do rol de máquinas e equipamentos que gerariam crédito consoante o ordenamento aplicável. Não há, contudo, nem reflexamente, uma clara indicação da razão pela qual e nem tampouco quais seriam estes itens específicos, ao menos referidos em uma planilha anexa ao Mandado de Procedimento que permita à postulante compreender o porquê da desconsideração de tais máquinas e equipamentos defendose objetivamente de tais glosas. O que se tem por certo é que os itens qualificados pela postulante como máquinas efetivamente foram incorporados ao ativo imobilizado e empregados na produção do alumínio destinado à venda, respeitada a periodicidade prevista nas normas aludidas. O Fiscal não se desincumbira de tal ônus mínimo, incorrendo não somente em cerceamento de defesa como ainda trazendo a lume mais uma glosa descabida. Logo, não há como se vislumbrar infringência à Lei nº 11.488/20087 (REIDI). f) Transcreve o que identifica como o entendimento doutrinário relativo ao regime da nãocumulatividade aplicado à Cofins e à Contribuição ao PIS/Pasep, concluindo que a Constituição Federal previu o regime da nãocumulatividade originariamente para o ICMS e IPI, traçandolhes com precisão os limites em que tal regime poderia vigorar. Estendeuo pela EC 42/2003 ao PIS, remetendo sua regulamentação à legislação infraconstitucional, o que já havia sido levado a efeito antes da EC, pela Lei ordinária 10833/2003, que não apenas elencou quais setores da economia seriam autorizados a se apropriar de créditos sobre determinadas despesas e encargos, como ainda discriminara quais destes desembolsos permitiriam tal apropriação. Não há como nem porque, seja à luz da Constituição, seja à luz da lei ordinária, reduzir ainda mais sua amplitude, ainda mais com base em interpretações extraídas de outras normas ou decisões que são eminentemente interpretativas e que, como tais, não podem inovar nem positiva nem negativamente. No caso vertente, convém ressaltar que a impugnante fora extremamente conservadora na medida em que seguira religiosamente as disposições da Lei 10.637, apropriandose dos créditos gerados apenas pelas aquisições e despesas de aplicação direta listadas nos diplomas legais, conquanto seja irrefutável a natureza imperativa e irrestrita do comando constitucional pós EC 42/2003 para os setores previstos em lei, as contribuições serão nãocumulativas. Simples. Nada obstante, amargara as glosas inexplicáveis contra as quais ora se insurge. Cita posição doutrinária. g) Protesta pela produção de prova pericial, via auditagem suplementar, considerandose a incompatibilidade entre a escrita contábil da Alunorte do período, e as razões de glosa suscitadas pela N. Fiscalização esclarecendo que a finalidade é a de ratificar a efetiva utilização dos bens e serviços glosados como insumos de aplicação direta e efetiva no processo produtivo da requerente, desde já indicando Assistente técnico. Em 31 de janeiro de 2012, a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente foi, por unanimidade de votos, julgada improcedente, nos termos ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2006 a 31/05/2006 PAF. ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos que integram a legislação tributária. Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 6 9 PAF. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas relativas a terceiros não possuem eficácia normativa, uma vez que não integram a legislação tributária de que tratam os arts. 96 e 100 do Código Tributário Nacional. PAF. PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixa de atender aos requisitos previstos no art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/1972, também se fazendo incabível a realização de perícia quando presentes nos autos os elementos necessários e suficientes à dissolução do litígio administrativo. PIS NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo do PIS Não Cumulativo somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. PIS NÃOCUMULATIVO. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS. Na nãocumulatividade do PIS, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos no País para utilização na produção de bens destinados à venda, desde que observadas as disposições normativas que regem a espécie. DCOMP. CRÉDITO. HOMOLOGAÇÃO. LIMITE DO CRÉDITO. As declarações de compensação apresentadas pelo sujeito passivo somente podem ser homologadas no exato limite do direito creditório comprovado pelo sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 15.02.2012 (fls. 467), a Recorrente foi cientificada da referida decisão. Inconformada, em 15.03.2012, protocolou o recurso voluntário de fls. 469436, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Na Sessão de 27 de fevereiro de 2014, por meio da Resolução nº 3302 000.395 (fls. 540549), o julgamento foi convertido em diligência, para que a autoridade fiscal, in verbis: a) informe se, ao efetuar a glosa dos créditos decorrentes da depreciação incentivada (art. 31 lei 11.196 1/ 48 e 1/12), foram considerados os créditos decorrentes da depreciação normal da Lei 10.833/03; a.1) em caso negativo, elaborar planilha demonstrando o valor dos créditos a que faria jus a Recorrente, considerandose a Lei 10.833/03, em relação aos bens do ativo imobilizado que entende passíveis de creditamento; b) intime a Recorrente para que esta apresente: Fl. 612DF CARF MF 10 b.1) informações sobre a utilização do produto “inibidor de corrosão”, declarando onde ele é utilizado e qual função desempenha no processo produtivo; b.2) descritivo detalhado dos bens (art. 3º VI da Lei 10.833) glosados pela fiscalização, informando suas principais características e seu emprego nas atividades da empresa e no processo produtivo; c.3) em relação a diversos serviços de manutenção glosados, quais entende se enquadrarem no conceito estabelecido na lei de “benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa”(art. 3º VII); Reunidas as informações acima requeridas deve a autoridade tecer as considerações que entender pertinentes ao bom deslinde do presente processo, intimando a Recorrente para manifestarse sobre o resultado da diligencia. Em 26/11/2014, por meio do Termo de Início de Diligência de fls. 554556, a recorrente foi intimada a: 1. Apresentar informações detalhadas sobre a forma de utilização do produto “inibidor de corrosão” dentro do processo produtivo da empresa; 2. Apresentar descritivo detalhado dos bens (art. 3o VI da Lei 10.833) glosados pela fiscalização, informando suas principais características e seu emprego nas atividades da empresa e no processo produtivo; 3. Apresentar, em relação a diversos serviços de manutenção glosados, quais entenda se enquadrarem no conceito estabelecido na lei de “benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa (art. 3o VII); Em resposta, a intimada apresentou os seguintes esclarecimentos (fls. 557 563): a) em relação ao produto “inibidor de corrosão”, informou que se tratava “de um produto químico apresentado em forma líquida e utilizado no processo de limpeza química ácida, com objetivo de se evitar desgastes das paredes dos trocadores de calor da área de digestão; b) em relação à descrição detalhada dos bens, após apresentar um breve histórico do processo de expansão das suas atividades industriais e um resumo do seu processo produtivo, a recorrente passou a descrever os investimentos realizados nas 2ª e 3ª expansões do parque fabril e respectivos valores aplicados nas atividades de investimentos indiretos, serviços de obras civis, serviços de montagem de equipamentos e instalações, equipamentos e instalações; e c) em relação aos serviços de manutenção glosados, informou que eles não enquadravam “no conceito de Benfeitorias em Imóveis Próprios ou de Terceiros.” Com base nas informações prestadas pela recorrente, por meio do relatório fiscal de fls. 564568, a autoridade fiscal opinou pela manutenção integral das glosas, baseadas nos seguintes argumentos relevantes, que seguem transcritos: Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 7 11 1) O produto “Inibidor de Corrosão” era usado somente para limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor, em nenhum momento ele é utilizado como “insumo” na produção da alumina, nunca é usado, em qualquer fase do processo produtivo, na mistura que gera o “licor” da bauxita até sua transformação em alumina. Fazendo uma comparação com o cotidiano, seria similar ao “aditivo” usado no radiador do carro para diminuir o efeito corrosivo da água sobre as paredes do radiador. Por ser um mero produto para “limpeza”, não participando efetivamente do processo químico de transformação da bauxita em alumina é que efetuamos a glosa dos créditos para o PIS/COFINS NãoCumulativo desses produtos. 2) Relativamente aos bens do art. 3 VI da Lei 10.833 “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”, que foram glosados pela fiscalização, o sujeito passivo somente transcreveu, de uma forma geral, os aspectos do funcionamento operacional da empresa. Não houve, em relação aos itens glosados, informações específicas sobre a aplicação/destinação de cada item dentro do processo produtivo. Considerando que só foram prestadas informações de forma genérica, é de se manter a glosa efetuada pela fiscalização. 3) Quanto as glosas realizadas nos serviços de manutenção, o sujeito passivo não apresentou elementos que possibilitem sua alteração. Somente foi informado que as mesmas não se enquadram no art. 3o, VII da Lei 10.833. 4) No item "a" das Resoluções citadas, foi levantada a possibilidade, em tese, de aceitarse os créditos oriundos da depreciação normal incidente sobre os Itens que tiveram os encargos da depreciação incentivada (art. 21 da lei 10.865/2004, art. 31 da lei 11.196/05, 1/48 e 1/12) glosados pela fiscalização. Em atendimento ao requerido pelo CARF e considerando que não foram reconhecidos os encargos de depreciação normal quando das glosas, elaboramos diversas planilhas contendo os encargos de depreciação normal incidentes sobre os bens anteriormente glosados. As planilhas geradas com as respectivas taxas de depreciação e data de vigência estão contidas no CD anexo ao presente relatório. Está incluído no CD uma planilha com os bens que consideramos não passíveis de gerarem créditos relativos a encargos de depreciação normal, segue abaixo dados das planilhas: [...] Embora tenhamos efetuado os cálculos dos encargos de depreciação normal incidentes sobre os itens anteriormente glosados, seguindo as resoluções do CARF, não concordamos com o reconhecimento dos créditos incidentes sobre os citados encargos, conforme colocações abaixo: a) Em todos Demonstrativos de Apurações das Contribuições Sociais (DACONs), entregues pelo sujeito passivo só foram preenchidos os itens referentes a créditos sobre encargos de depreciação com base no “Valor de Aquisição” (leis 10.865/2004, 11.196/2005), Ficha 16 A/10, Ficha 16 B/07, Ficha 06 A/10 e Ficha 06 B/07; b) Os itens referentes às depreciações normais flei 10.833/2003) das referidas fichas, ficaram “em branco”; Fl. 614DF CARF MF 12 c) O contribuinte, espertamente, alocou todas aquisições do ativo imobilizado (veículos, maquinas, moveis, ferramentas, edificações...) na lei que lhe seria mais benéfica (dep. incentivada) não tendo qualquer cuidado em separar os bens que estariam beneficiados pelo incentivo dos demais bens sujeitos à depreciação normal; d) Como as leis são bem claras em relação aos bens incentivados, a conduta do sujeito passivo não pode ser considerada “erro de fato” no preenchimento das DACONs; Notas: Não foi concedido o benefício da depreciação incentivada para os outros bens, senão máquinas e equipamentos destinados ao Ativo Imobilizado e utilizados na fabricação de produtos destinados a vendas, ficando fora do benefício a aquisição de: móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. A partir de 1°/12/2005, são também admitidos créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado desde que sejam utilizados na produção de bens destinados à venda, continuando fora do benefício a aquisição de: móveis, veículos, construção civil e outros bens que não sejam utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. Por aproveitamento do crédito no prazo de 12 (doze) meses, contados da data de aquisição, sendo calculado, mediante a aplicação da alíquota de 7,6% sobre o valor correspondente a 1/12(um doze avos) do custo de aquisição do bem. O benefício é aplicável às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em mícroregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam. (Lei 11.196/2005, art 31, e Decreto n° 5.988/2006). e) Como são atos legais distintos e com campos próprios para serem declarados nos DACOIMs, é de se aplicar o art. 832 do RIR/99 que veda a retificação de declaração após iniciado e concluído o processo fiscal de lançamento de ofício; As planilhas referenciadas no presente relatório estão contidas no CD/DVD anexo e foram autenticados e validados através do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (SVA) que pode ser acessado no site da Receita Federal. (grifos do original) Em 10/3/2015 (fls. 569570), a Recorrente foi regularmente cientificada do citado relatório fiscal, CD com as planilhas e recibo de entrega de arquivos digitais e lhe facultado, no prazo de 20 (vinte) dias, a apresentar manifestação, o que não ocorreu. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator I Tempestividade Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 8 13 A Recorrente foi intimada da decisão de piso em 15.02.2012 (fls.467) e protocolou Recurso Voluntário em 16.03.2012 (fls. 469536), dentro do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 33, do Decreto 70.235/721. Desta forma, considerando que o recurso preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II Mérito A matéria de mérito objeto de análise referese a créditos de PIS do mês de maio de 2006, que resultou no deferimento parcial do valor do crédito informado e, por conseguinte, na homologação parcial do débito compensado. De acordo com relatório fiscal de fls. 293297, as glosas limitaramse a parte dos créditos apropriados sobre (i) os custos de aquisição de bens e de serviços utilizados como insumos e (ii) os encargos de depreciação acelerada incentivada de bens registrados no ativo imobilizado. Esta Turma de Julgamento já analisou a questão envolvendo os créditos da COFINS, relativo ao período de maio de 2006, quando do julgamento do PA nº 10280.004606/200672 (acórdão 3302004595), de relatório do i. Conselheiro José Fernandes do Nascimento, restando, decidido naquela processo, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte, para reconhecer o creditamento sobre óleo combustível BPF, inibidor de corrosão e ácido sulfúrico. Assim, considerando que a matéria objeto do recurso voluntário apresentado pela Recorrente já foi analisado em outra oportunidade, adoto como fundamento de decidir as razões apresentadas no voto do acórdão 3302004595, a saber: O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia cingese à glosa de créditos da Cofins do mês de maio de 2006, que resultou no deferimento parcial do valor do crédito informado e, por conseguinte, na homologação parcial do débito compensado. De acordo com relatório fiscal de fls. 289/293, as glosas limitaramse a parte dos créditos apropriados sobre (i) os custos de aquisição de bens e de serviços utilizados como insumos e (ii) os encargos de depreciação acelerada incentivada de bens registrados no ativo imobilizado. 1) Da Definição de Insumos. Em relação as glosas dos créditos calculados sobre os custos de aquisição de bens e serviços utilizados como insumo de fabricação, as razões jurídicas, de caráter geral, apresentadas pela autoridade fiscal foram as que seguem transcritas: A pessoa jurídica poderá se creditar de aquisições de insumos (bens ou serviços), inclusive combustíveis e lubrificantes efetuadas no mês. Considerase como insumos a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 616DF CARF MF 14 e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como desgaste, o dano ou a perda da propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. De outra parte, para a recorrente, insumo seria não apenas o que incorporado ao produto final a ser comercializado, mas tudo aquilo que concorresse na composição do processo produtivo desse produto, ou seja, cada um dos elementos imprescindíveis para a produção das mercadorias ou para a prestação dos serviços. Com base nos entendimentos apresentados pela autoridade fiscal e pela recorrente, fica evidenciado que a controvérsia gira em torno do significado e alcance do termo insumo, utilizado no art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, que permite a dedução de créditos calculados sobre a aquisição de insumos, nos termos a seguir reproduzidos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, [...]; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)(Produção de efeito) I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. [...] (grifos não originais) Como o referido diploma legal não há definição de insumo, duas correntes definem no de forma diferente. A primeira, capitaneada pelos integrantes da Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 9 15 Administração tributária, considera insumo os bens que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, stricto sensu, e material de embalagem) e quaisquer outros que sofram alterações, tais como desgaste, desbaste, dano e perda de propriedades físicas ou químicas, em decorrência de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação ou viceversa. Essa corresponde, em termos gerais, a definição de insumo prevista na legislação do IPI, especificamente, no veiculada no Parecer Normativo CST 65/1979. A segunda, representada por parte relevante da doutrina, considera insumo de produção os bens e serviços inerentes e essenciais ao regular funcionamento do processo de produção/fabricação da pessoa jurídica, o que inclui os bens e serviços utilizados na produção ou fabricação (custos), assim como aqueles necessários a manutenção da atividade da pessoa jurídica (despesas), que corresponde a definição custos e despesas da legislação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). No âmbito da jurisprudência deste Conselho, vem se firmando entendimento intermediário, que considera insumo (i) tanto as matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados diretamente na produção ou fabricação do bem destinado à venda, que, em termos financeiros, equivalem aos custos diretos de produção ou fabricação, (ii) quanto os bens e serviços utilizados na produção ou fabricação dos bens aplicados diretamente na produção. Com a ressalva de que insumos e custos são termos que representam a mesma realidade de forma diferente, isto é, enquanto insumos representam os bens materiais ou imateriais (ou serviço), os custos representam a expressão financeira (o valor monetário) despendida na aquisição do respectivo bens. Ambos representam mesma realidade de forma distinta, ou seja, os insumos representam o fluxo físico dos bens, enquanto os custos representam o fluxo financeiro dos mesmos bens. E, no âmbito pessoa jurídica, enquanto o fluxo financeiro é relevante para a contabilidade, o fluxo físico interessa à administração e auditoria do estoque. No entendimento deste Relator, com a devida vênia aos que entendem de forma diferente, essa é a definição que melhor reflete o significado e alcance jurídico do termo insumo, contido no art. 3º, II, da Lei 10.833/2003. E com base nesse entendimento, podese asseverar que, no âmbito do regime não cumulativo da Cofins, enquadramse na definição de insumo tanto a matéria prima, o produto intermediário e o material de embalagem, que integram o produto final, quanto aqueles bens ou serviços aplicados ou consumidos no processo de produção ou fabricação, que compreendem os insumos diretos de produção. Também são considerados insumos os bens ou serviços previamente incorporados aos bens ou serviços diretamente aplicados no processo produtivo, desde que estes bens ou serviços propiciem direito a créditos da referida contribuição. Por outro lado, não integram a definição de insumo de produção ou fabricação os bens e serviços não aplicados ou consumidos no processo de produção ou fabricação. Em outras palavras, todos os bens ou serviços utilizados antes do início ou após a conclusão do processo de produção ou fabricação, que incluem os bens e serviços utilizados (i) na etapa anterior ao processo de produção ou fabricação, que, em termos financeiros, compreende às despesas préindustriais, ou (ii) na etapa posterior ao processo de produção ou fabricação, que, em termos financeiros, equivalem às despesas operacionais ou não operacionais da pessoa jurídica (as despesas de propaganda, administrativas, de vendas, financeiras etc.). Fl. 618DF CARF MF 16 Com base nesse entendimento, passase a analisar as glosas dos créditos apropriados sobre os custos de aquisição de bens e serviços utilizados como insumo de fabricação pela recorrente, especificamente, aqueles cujos créditos glosados foram objeto de contestação pela recorrente. E para facilitar a abordagem e a sua compreensão, analisarseá os pontos controversos, seguindo a mesma ordem dos tópicos apresentados no referido relatório fiscal. 2) Da Glosa dos Créditos Vinculados aos Bens Utilizados Como Insumos (Ficha 16A/16B/02 do Dacon). Na planilha de nº 10 (fls. 271/281), encontramse relacionados os tipos de bens, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção da alumina, o produto fabricado pela recorrente, cujos créditos foram glosados, a saber: a) Óleo Combustível BPF, utilizado como fonte de energia térmica, na queima em fornos de calcinação e geração de vapor nas caldeiras; b) Ácido Sulfúrico, utilizado na limpeza ácida dos trocadores de calor e neutralização de afluentes líquidos; e c) Inibidor de Corrosão, utilizado no tratamento de água potável e nas tubulações de resfriamento de água, e todos os bens com aplicações similares (antiespumante NALCO, v.g.). No recurso em apreço, de forma genérica, a recorrente alegou que os insumos glosados participavam “efetivamente do processo de industrialização da alumina, passíveis, por conseguinte, de restituição no esteio da nãocumulatividade da COFINS”. Para facilitar a análise da controvérsia, revelase de todo oportuno que se tenha uma visão geral do complexo processo de fabricação da alumina, o produto industrializado no estabelecimento fabril da recorrente e destinado à venda parte no mercado interno e o restante no mercado externo. No documento de fls. 70/102, a recorrente assim descreveu o processo de fabricação da alumina, in verbis: Para se extrair a Alumina da Bauxita utilizamos o Processo Bayer desenvolvido, há cerca de 100 anos, pelo Austríaco KARL JOSEPH BAYER. Inicialmente, a Bauxita, misturada com uma solução de Soda Cáustica e Cal é moída formando uma polpa de Bauxita que é préaquecida antes de receber uma nova adição de Soda na qual a Alumina se dissolverá sob certas condições separandose das impurezas. Seguemse as etapas de Decantação, Separação de Lama e Filtração que eliminarão as impurezas remanescentes da Alumina dissolvida, obtemos a solução de Licor Rico em Alumina dissolvida de alta pureza. Em equipamentos chamados Precipitadores, a Alumina da solução de Licor Rico se precipitará através de um processo chamado "Cristalização por Semente", obtendo se o Hidrato de Alumina. O Hidrato é, então, classificado, lavado e calcinado, obtendose assim um pó fino branco denominado Alumina, sendo necessário 5 t de bauxita para uma de alumina, em média. Os fluxogramas geral e parcial do processo de produção do referido produto encontramse reproduzido na primeira página do citado documento. De forma específica, a recorrente contestou a glosa dos créditos apropriados sobre os valores de aquisição do Óleo Combustível BPF, que segundo a fiscalização era utilizado na geração de vapor das caldeiras para o processo e calcinação do hidrato. Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 10 17 Não há controvérsia quanto ao fato de que a queima do óleo combustível BPF em fornos de calcinação destinase a produção de energia térmica sob a forma de vapor a ser consumido no processo industrial de produção da alumina, que é produto fabricado pela recorrente, conforme se extrai do excerto extraído do recurso voluntário em apreço, que segue transcrito: Não é admissível glosar a aquisição de um insumo no caso, o óleo combustível/BPF que é diretamente empregado na produção da alumina, com previsão serena e sem restrições na norma regente, pelo só fato de que sua aplicação no processo produtivo específico da alumina ocorre mediante processo havido no interior das caldeiras que resulta em energia a vapor. O fato é que a energia não foi adquirida pela postulante, e sim produzida a partir do insumo verdadeiro óleo combustível/BPF dentro dos equipamentos da refinaria. (grifos não originais) Essa afirmação esclarece que o referido produto não é insumo aplicado direta e imediatamente no processo produtivo da alumina. Ora, se o referido combustível era utilizado para produzir energia térmica, sob a forma de vapor, logo, o insumo diretamente utilizado no processo produtivo era a energia térmica resultante da queima do combustível e não o próprio combustível. De fato, o citado combustível era submetido a processo de combustão nas caldeiras, para fim de geração de energia térmica, sob a forma de valor, que era utilizado no processo produtivo da alumina, conforme demonstrado fluxograma geral do processo de produção colacionado aos autos. Assim, resta demonstrado que não o referido combustível não era utilizado como insumo de produção da alumina, mas do vapor gerado por sua queima nas respectivas caldeiras, que gera a energia térmica utilizada pela recorrente como insumo de produção. Cabe ressaltar, por oportuno, que no período de apuração dos créditos objeto da presente lide, só havia previsão de apropriação de créditos sobre custos na aquisição de energia elétrica. A extensão para a energia térmica somente ocorreu a partir de 15/6/2007, data da vigência da Lei 11.488/2007, que deu nova redação ao art. 3º, III, da Lei 10.833/2003. Acontece que a interpretação da anterior e nova redação do citado preceito legal, leva a conclusão que ele institui o direito de crédito sobre aquisição de energia elétrica, quando ela não é utilizada como insumo produção, ou seja, quando utilizada nas demais atividades do contribuinte. Se caracterizada como insumo de produção, o fundamento do direito de apropriação de crédito encontrase estabelecido no art. 3º, II, da Lei 10.833/2003, vigente desde a instituição do regime não cumulativo. Esse é, inclusive, o entendimento da própria administração tributária, que se encontra explicitado Ato Declaratório Interpretativo (ADI) nº 2/2003, cujos excertos pertinentes seguem transcritos: Art. 1º A partir de 1º de dezembro de 2002, as pessoas jurídicas submetidas à incidência nãocumulativa do PIS/Pasep poderão descontar créditos calculados em relação a bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à: I venda; e Fl. 620DF CARF MF 18 II prestação de serviços. [...] Art. 3º Para os fatos geradores da contribuição para o PIS/Pasep, na modalidade nãocumulativa, ocorridos em dezembro de 2002 e janeiro de 2003: I a receita decorrente da venda de bens do ativo imobilizado da pessoa jurídica integra a respectiva base de cálculo; II não poderá ser descontado: a) o crédito do PIS/Pasep calculado em relação ao valor da energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, exceto quando se tratar de insumo utilizado na forma prevista no art. 1º; e [...] (grifos não originais). Assim, de acordo com a definição de insumo aqui adotado, inequivocamente, o custo de aquisição do referido combustível gera direito a crédito da Cofins. Cabe ainda ressaltar que, embora a recorrente não houvesse contestado, de forma específica, a glosa dos créditos apropriados sobre o custo de aquisição do produto “Inibidor de Corrosão”, por meio referida Resolução, este Colegiado converteu o julgamento em diligência, para que a recorrente, apresentasse informações detalhadas sobre a forma de utilização do citado produto dentro do processo produtivo da empresa. Em resposta, a recorrente prestou a seguinte informação: “Tratase de um produto químico apresentado em forma líquida e utilizado no processo de limpeza química ácida, com objetivo de se evitar desgastes das paredes dos trocadores de calor da área de digestão.” No item 1 do citado relatório de diligência fiscal, a fiscalização assim descreveu o referido produto, in verbis: 1) O produto "Inibidor de Corrosão" é usado somente para limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor, em nenhum momento ele é utilizado como "insumo" na produção da alumina, nunca é usado, em qualquer fase do processo produtivo, na mistura que gera o "licor" da bauxita até sua transformação em alumina. Fazendo uma comparação com o cotidiano, seria similar ao "aditivo" usado no radiador do carro para diminuir o efeito corrosivo da água sobre as paredes do radiador. Por ser um mero produto para "limpeza", não participando efetivamente do processo químico de transformação da bauxita em alumina é que efetuamos a glosa dos créditos para o PIS/COFINS NãoCumulativo desses produtos. (grifos não originais) Como o referido produto é utilizado para limpeza ácida dos equipamentos e trocadores de calor utilizados no âmbito do processo industrial, diferentemente do que entendeu a fiscalização, tratase de insumo de produção, portanto, a recorrente faz jus à apropriação dos créditos da contribuição. A mesma conclusão aplicase ao “Ácido Sulfúrico”, utilizado na limpeza de dutos e trocadores de calor, desmineralização da água das caldeiras e o tratamento de efluentes. Com base nessas considerações, por atender ao conceito de insumos, deve ser restabelecidos os valores dos créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico. 3) Da Glosa dos Créditos Vinculados aos Serviços Utilizados como Insumos (Ficha 06A/03 do Dacon). Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 11 19 Na planilha de nº 08 (fls. 266/268), encontramse relacionados os tipos de serviços, considerados pela fiscalização, como não utilizados na produção da alumina, o produto fabricado pela recorrente, cujos créditos foram glosados. No recurso em apreço, a recorrente limitouse a contestar a glosa dos créditos calculados sobre os serviços de transportes de rejeitos industriais, sob o argumento de que os dispêndios realizados com tais serviços, enquanto vinculados à receita de exportação, gerariam créditos, nos termos do art. 6º, §§ 1º e 3º, da Lei 10.833/2003. Sem razão a recorrente. Os referidos preceitos legais tratam da forma de apuração e utilização dos créditos vinculados às operações de exportação. As situações que a asseguram a apropriação de crédito da Cofins estão especificadas nos incisos I a XI da Lei 10.833/2003. Em julgamentos anteriores, tive a oportunidade de analisar os referidos preceitos legais e chequei ao entendimento de que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins são assegurados somente em ralação aos serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Os gastos com os serviços de transporte de rejeitos industriais, inequivocamente, não se enquadram em nenhuma das referidas condições. A uma, porque não são insumos aplicados no processo de produção ou fabricação. A duas, porque não representa serviço de transporte (frete) na operação de venda. Relativamente aos demais serviços, embora não tenha havido contestação, a descrição apresentada na planilha nº 8 revela que tais serviços não estavam relacionados com o processo produtivo da recorrente. Certamente, não foram aplicados na produção da alumina, dentre outros, os serviços de fornecimento de concreto usinado, palestras, manutenção de bicicletas, revisões efetuadas em veículos de passeio e assessoria técnico comercial nas compras de energia elétrica, serviços topográficos diversas áreas da Alunorte, chave de impacto 1, manutenção de elevadores e manutenção de pequenas obras civis. Fl. 622DF CARF MF 20 Em atenção ao pedido de informação sobre os serviços de manutenção glosados pela fiscalização feito pelo Colegiado, por meio da Resolução, que converteu o julgamento em diligência, a recorrente informou que os mesmos não se enquadravam no conceito de benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros. Por conseguinte, se tais serviços não atendem os requisitos do art. 3º, VII, da Lei 10.833/2003, não merece reparo a glosa dos referidos serviços realizada pela fiscalização. Com base nessas considerações, deve ser mantida a totalidade das glosas realizadas pela fiscalização. 4) Da Glosa dos Créditos Calculados Sobre Encargos de Depreciação Incentivada de Bens do Ativo Imobilizado (Ficha 06A/06B/10 do Dacon). A fiscalização procedeu a glosa dos créditos calculados sobre os encargos de depreciação incentivada acelerada, previstos no art. 3º, § 14, da Lei 10.833/2003 (4 anos ou 1/48 mensal) e no art. 31, II, da Lei 11.196/2005 (1 ano ou 1/12 mensal). Da glosa dos créditos calculados sobre encargos de depreciação incentivada a taxa 1/48 por mês. O primeiro tipo de glosa referese às aquisições dos bens do Ativo Imobilizado, realizadas no período de maio/2004 a dezembro/2005, por não serem máquinas e/ou equipamentos utilizados na produção de bens destinados a venda, conforme detalhado nas planilhas 01 a 07B (fls. 103/214). Essa glosa foi dividida em duas categorias: a) máquinas, equipamentos e outros bens não utilizados na produção dos produtos destinados à venda; e b) máquinas, equipamentos e outros bens considerados como edificações. Segundo a autoridade fiscal, até 30/11/2005, o referido benefício da depreciação incentivada foi concedido apenas para às máquinas e equipamentos destinados ao Ativo Imobilizado, utilizados na fabricação do bem destinado a venda, ficando de fora do benefício a aquisição os móveis, ferramentas, instrumentos, construção civil, veículos e outros não considerados máquinas ou equipamentos. E a partir de 1/12/2005, foram também admitidos os créditos em relação a outros bens incorporados ao ativo imobilizado, desde que fossem utilizados na produção do bem destinado à venda, continuando fora do benefício a aquisição de móveis, veículos, construção civil e outros bens que não fossem utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda. Os valores dos produtos relacionados na planilha 1 foram glosados porque os bens ali descritos não foram aplicados na produção dos bens destinados à venda, como exige o art. 3º, VI, § 1º, III, combinado com o § 14 da Lei nº 10.833/04. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, lanches comerciais, café da manhã completo, desfibrilador, veneziana translúcida, condicionadores de ar, poltrona executiva diretor spider, execução de serviços de topografia, serviços de paisagismo das áreas dos restaurantes, veículo Toyota materiais elétricos diversos, entre outros. É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. O entendimento da autoridade fiscal está em consonância com disposto no art. 3º, § 14, da Lei 10.833/2003, vigente na data dos fatos, a seguir transcritos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 12 21 VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; [...] § 1o Observado o disposto no §15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caputo art. 2odesta Lei sobre o valor: (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) [...] III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; [...] § 14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1º deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] Em relação a essa modalidade de glosa, a recorrente se limitou em alegar, de forma genérica, que “os itens qualificados como máquinas foram efetivamente incorporados ao ativo imobilizado e empregados na produção da alumina destinada à venda”. Porém, em relação máquinas incorporadas ao ativo imobilizado e utilizadas na produção do bem destinado à venda, a fiscalização manteve o crédito apropriado pela recorrente. A glosa limitouse aos bens registrados no ativo imobilizado que não foram aplicados na produção do bem destinado à venda, porém, em relação aos referidos bens, discriminados nas citadas planilhas, a recorrente não apresentou qualquer elemento que comprovasse que eles foram utilizados na produção do bem destinado à venda. E a leitura das referidas planilhas revela que assiste razão a fiscalização, pois, na planilha nº 1 estão relacionados equipamentos de informática, móveis e utensílios, ferramentas elétricas, ferramentas diversas, sobressalentes nacionais, instalações provisórias para construção de canteiros, sistema monitor de câmeras da fábrica, equipamentos para restaurante, melhorias para tratamento de efluentes etc. Os valores dos encargos relacionados nas planilhas 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos são edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mão de obra, “diversos materiais para construção civil” etc. E os bens relacionados na planilha 4, constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, Fl. 624DF CARF MF 22 mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, lanches comerciais, café da manhã completo, desfibrilador, veneziana translúcida, condicionadores de ar, poltrona executiva diretor spider, execução de serviços de topografia, serviços de paisagismo das áreas dos restaurantes, veículo Toyota materiais elétricos diversos, entre outros. No recurso em apreço, a recorrente apresentou apenas alegações genéricas, sem amparo em qualquer elemento de prova adequado. Em relação a esse ponto, a defesa da recorrente limitouse em transcrever e comentar a legislação sobre apropriação de créditos normais de depreciação, bem como transcrever textos de jurisprudência e de doutrina sem relação com o motivo da glosa dos créditos em apreço, ou seja, o não atendimento dos requisitos para exercer a indevida opção pela apropriação de créditos, calculados sobre os encargos de depreciação incentivada no prazo de 48 meses. Assim, com base nos tipos de bens descritos nas referidas planilhas fica demonstrado que eles não foram aplicados no processo de fabricação da alumina, portanto, deve ser integralmente mantida a glosa realizada. Da glosa dos créditos calculados sobre encargos de depreciação incentivada a taxa 1/12 por mês. O segundo tipo de glosa referese às aquisições dos bens do Ativo Imobilizado, realizadas no período de janeiro a dezembro de 2006. O valor, a descrição dos bens e o motivo da glosa encontramse detalhados na planilha nº 07D (fls. 217/255). O direito ao crédito calculado sobre o valor do encargo de depreciação acelerada (1/12 do custo de aquisição do bem), tratase de benefício fiscal previsto no âmbito do Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (RECAP), destinado às pessoas jurídicas preponderantemente exportadoras, que somente se aplica às máquinas, aos aparelhos, aos instrumentos e aos equipamentos, novos, relacionados em regulamento e incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos entre 2006 e 2013, por pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional em microrregiões menos desenvolvidas localizadas em áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam, conforme estabelecido art. 31, II, da Lei 11.196/2005 (vigente na época dos fatos), a seguir transcrito: Art. 31. Sem prejuízo das demais normas em vigor aplicáveis à matéria, para bens adquiridos a partir do anocalendário de 2006 e até 31 de dezembro de 2013, as pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas Sudene e Sudam, terão direito: [...] II ao desconto, no prazo de 12 (doze) meses contado da aquisição, dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que tratam o inciso III do § 1odo art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o inciso III do § 1odo art. 3oda Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e o § 4o do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, na hipótese de aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado. [...] (grifos não originais). Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 13 23 O referido preceito legal foi regulamentado pelo Decreto 5.988/2006, do qual merece destaque o art. 3º, a seguir reproduzido: Art. 3º O direito ao desconto dos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS mencionado no inciso II do art. 1º aplicase às máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto nº 5.789, de 25 de maio de 2006, destinados aos projetos de que trata o caput do art. 1o. [...] (grifos não originais). Em conformidade com o citado preceito regulamentar, somente o custo de aquisição das máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados no Decreto 5.789/2006, podem ser apropriados como créditos das referidas contribuições, no prazo de 12 (doze) meses contado da aquisição. De acordo com a citada planilha 07D, os motivos da glosa dos créditos em apreço foram os seguintes: a) bens com data de aquisição (emissão nota fiscal) anterior a janeiro de 2006, ou seja, antes do início da vigência do benefício; b) edificações construídas no ano de 2006 e 2007; c) bens do ativo imobilizado e/ou não empregados no processo produtivo; d) bens não relacionados no Decreto 5.789/2006, conforme exige o art. 3º do Decreto 5.988/2006; e) vendas equiparadas a exportação, que não geram direito a crédito. Da análise do conteúdo da referida planilha e com base nos esclarecimentos apresentados no citado relatório fiscal, verificase que, diferentemente do alegado pela recorrente, a autoridade fiscal não só relacionou todos os bens que não atendiam os requisitos legais para gozo do referido beneficio fiscal, como apresentou os motivos das respectivas glosas. Assim, para contraditar os fundamentos da questionada glosa, cabia a recorrente manifestarse, especificamente, em relação aos itens objeto da glosa, bem como apresentar as razões e/ou os elementos probatórios adequados que infirmassem os motivos apresentados pela fiscalização. Porém, não foi o que ocorreu nas duas oportunidades em que a recorrente compareceu aos autos para se defender. Com efeito, da leitura das referidas peças defensivas, especialmente do recurso em apreço, extraise que a recorrente restringiuse em apresentar alegações genéricas, sem amparo em qualquer elemento de prova adequado, assim como em transcrever a legislação instituidora e regulamentadora do citado benefício fiscal, bem como textos de jurisprudência e de doutrina sem relação com a questão objeto da lide. No caso, se a recorrente alegou que os motivos da glosa não tinham procedência, cabialhe o ônus de apresentar e comprovar o alegado equívoco da fiscalização. Ao se limitar a apresentar argumentos meramente teóricos, para contraditar elementos de natureza fática, inequivocamente, a defesa apresentada deixa de ter relevância, por se tratar de uma peça de cunho meramente retórico. Do resultado da diligência fiscal. Em relação a esse tópico, cabe destacar ainda a resposta da autoridade fiscal à indagação formulada na referida Resolução, que determinou a conversão do julgamento em diligência, no sentido de que, ao efetuar a glosa dos créditos Fl. 626DF CARF MF 24 decorrentes da depreciação acelerada incentivada de 1/48 (art. 21 da Lei 10.865/2004) e 1/12 (art. 31 Lei 11.196) do valor de aquisição, não foram considerados os créditos decorrentes da depreciação normal da Lei 10.833/03. Mas, atendendo solicitação pelo Colegiado, a autoridade fiscal elaborou as planilhas com os respectivos valores da depreciação normal, que integram o arquivo não paginável anexado ao documento de fl. 662. Embora tenha apurados os valores da depreciação normal, calculados sobre os itens das referidas depreciações incentivadas que foram glosados, em cumprimento a determinação deste Colegiado, a autoridade fiscal manifestou a sua discordância quanto ao reconhecimento dos créditos incidentes sobre os citados encargos depreciação normal, com base nas razões a seguir reproduzidas: a) Em todos Demonstrativos de Apurações das Contribuições Sociais (DACONs), entregues pelo sujeito passivo só foram preenchidos os itens referentes a créditos sobre encargos de depreciação com base no "Valor de Aquisição" (leis 10.865/2004, 11.196/2005), Ficha 16 A/10, Ficha 16 B/07, Ficha 06 A/10 e Ficha 06 B/07; b) Os itens referentes às depreciações normais (lei 10.833/2003) das referidas fichas, ficaram "em branco"; c) O contribuinte, espertamente, alocou todas aquisições do ativo imobilizado (veículos, maquinas, moveis, ferramentas, edificações...) na lei que lhe seria mais benéfica (dep. incentivada) não tendo qualquer cuidado em separar os bens que estariam beneficiados pelo incentivo dos demais bens sujeitos à depreciação normal; d) Como as leis são bem claras em relação aos bens incentivados, a conduta do sujeito passivo não pode ser considerada "erro de fato" no preenchimento das DACONs; Além das pertinentes ponderações apresentadas pela autoridade fiscal, no recurso voluntário em apreço não existe nenhum pedido ou manifestação da recorrente, sequer em caráter alternativo, a respeito do direito de apropriação dos créditos sobre o valor dos encargos de depreciação normal. Diante desta constatação, cabe decidir sobre a seguinte questão: pode este Colegiado conceder, de ofício, parcela de crédito que não foi pleiteada pela recorrente, ainda que houvesse amparo legal para apropriação em momento oportuno? Este Relator entende que não. Não se pode olvidar que a função deste Colegiado limitase a julgar as questões objeto do recurso de ofício e voluntário. Com a ressalva de que apenas as matérias de ordem pública podem ser apreciadas e resolvidas pelo Colegiado, o que não é o caso em tela. Cabe ainda ressaltar que, embora devidamente intimada a apresentar descrição detalhada das máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, cujos créditos da depreciação incentivada foram glosados, inclusive, informando suas principais características e seu emprego nas atividades da empresa e no processo produtivo, a recorrente limitouse apenas em transcrever, de forma genérica, determinados aspectos do funcionamento operacional da empresa, com destaque para a implantação/ampliação do parque fabril. Com base nessas considerações, propugnase pela manutenção integral das glosas dos créditos apropriados sobre os encargos de depreciação acelerada incentivada, conforme procedeu a fiscalização. Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10280.004608/200661 Acórdão n.º 3302005.402 S3C3T2 Fl. 14 25 5) Da Conclusão. Por todo o exposto, votase por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para restabelecer os créditos glosados calculados sobre o valor de aquisição do óleo combustível BPF, Inibidor de Corrosão e Ácido Sulfúrico. III Conclusão Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto relator. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 628DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.000535/2005-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
CRÉDITO DE COFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO.
O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Cofins será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios.
COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE.
Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE.
Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado.
PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNICA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE.
1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica.
2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia.
DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO.
Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omite-se de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans).
DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte.
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-005.388
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e prejudicial de mérito e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DE COFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Cofins será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNICA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omite-se de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO DE COFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA. INDEFERIMENTO. O direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de créditos da Cofins será indeferido se o contribuinte não apresentar os documentos necessários a análise e confirmação do valor do crédito pleiteado/compensado. Para esse fim, o postulante deve apresentar à fiscalização, quando solicitado, os arquivos digitais e os documentos fiscais e contábeis necessários à comprovação dos créditos apropriados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de crédito decorrente do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, seja sob a forma de dedução, compensação ou ressarcimento, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros moratórios. COMPENSAÇÃO DECLARADA. ANÁLISE ANTES DE COMPLETADO O PRAZO DE CINCO ANOS. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há homologação tácita da compensação declarada quando o contribuinte é cientificado do despacho decisório não homologatório da compensação antes de completado o prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da correspondente declaração de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 05 35 /2 00 5- 90 Fl. 1475DF CARF MF 2 Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. IMPRESCINDIBILIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVA PROVA. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. Se nos autos há todos os elementos probatórios necessários e suficientes à formação da convicção do julgador quanto às questões de fato objeto da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia formulado. PEDIDO DE PERÍCIA E DILIGÊNICA. INDEFERIMENTO PELA AUTORIDADE JULGADORA. MOTIVAÇÃO SUFICIENTE E ADEQUADA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO A QUO. IMPOSSIBILIDADE. 1. No âmbito do processo administrativo fiscal, a produção da prova pericial somente se justifica nos casos a análise da prova exige conhecimento técnico especializado. Por não atender tal condição, a apreciação de documentos contábeis e fiscais prescinde de realização de perícia técnica. 2. O indeferimento de pedido de diligência ou perícia não configura vício de nulidade da decisão de primeira instância, por cerceamento ao direito de defesa, nos casos em que a autoridade julgadora, fundamentadamente, demonstra que a produção da prova pericial e realização da diligência eram desnecessárias e prescindíveis para o deslinde da controvérsia. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA IMPRESCINDÍVEL À COMPROVAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO NA FASE PROCEDIMENTAL DE FORMA DELIBERADA E INTENCIONAL. PRINCÍPIO DO NEMO AUDITUR PROPRIAM TURPITUDINEM ALLEGANS. REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA NA FASE RECURSAL. NÃO CABIMENTO. Se no curso do procedimento fiscal, após ser intimada e reintimada a recorrente, de forma deliberada e como estratégia de defesa, omitese de apresentar os arquivos digitais e a documentação contábil e fiscal necessária à apuração da certeza e liquidez do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep pleiteado, a reabertura da instrução probatória na fase recursal, implicaria clara afronta ao princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). DESPACHO DECISÓRIO PROFERIDO POR AUTORIDADE COMPETENTE. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA INEXISTENTE. NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e que contenha todos os fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para o pleno exercício do direito de defesa do contribuinte. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. No âmbito do processo administrativo fiscal, em que formalizado pedido de ressarcimento de direito creditório, o ônus da prova recai sobre o contribuinte autor pedido. Recurso Voluntário Negado. Fl. 1476DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.476 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e prejudicial de mérito e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Diego Weis Junior, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório integrante do acórdão recorrido, que segue transcrito: Trata o presente processo de pedido de ressarcimento do saldo credor da contribuição ao Programa de Integração Social (PIS), relativo a receitas de exportações, apurado no regime de incidência nãocumulativa, no valor de R$ 5.595.162,24, referente ao terceiro trimestre de 2004, conforme pedido de fl. 1. Com relação ao crédito postulado, foram apresentadas posteriormente várias Declarações de Compensação (DCOMP) informando diversas compensações desse crédito com débitos de vários tributos, conforme processos anexados a este. Segundo os autos, o pedido foi protocolizado junto à Delegacia de Administração Tributária em São PauloSP (Derat), mas a análise do pleito foi transferida à DRF/AraçatubaSP por ordem do SuperintendenteSubstituto da Receita Federal do Brasil na 8a Região Fiscal, conforme portaria de fls. 34 a 36. Ainda segundo os autos, a interessada, em 04/05/2009 (fls. 46 a 48), foi intimada, para subsidiar a análise do pleito, a apresentar diversos documentos e os arquivos contábeis digitais na forma especificada pela fiscalização. Como não atendeu, foi reintimada em 15/06/2009. Como também não houve resposta, os AFRFB responsáveis pela análise se dirigiram à sede da empresa, em 02/07/2009, para cobrar o atendimento das intimação, onde o advogado da empresa, que não possuía procuração da sociedade, informou que não tinha os elementos solicitados, conforme termo de constatação de fls. 53 e 54. Fl. 1477DF CARF MF 4 Em 30/07/2009, novamente os AFRFB estiveram na sede da empresa, onde, desta vez, foram recebidos pelo seu procurador, que alegou ainda não dispor da documentação requerida. Na oportunidade, foi lavrado auto de embaraço à fiscalização, de fls. 57 a 59. Portanto, a fiscalização não reconheceu os créditos do período em virtude da nãoapresentação dos documentos e esclarecimentos na forma solicitada, conforme informação fiscal de fls. 64 a 69. Sendo assim, a DRF/AraçatubaSP, por meio do despacho decisório de fls. 581/591, indeferiu o pedido de ressarcimento e não homologou as compensações vinculadas ao pedido. A fiscalização, além do despacho decisório acima, houve por bem lavrar autos de infração das glosas, consubstanciados no processo n2 15868.001186/200938. Foram também lavrados autos de infração constituindo o crédito tributário relativo às contribuições não recolhidas em virtude da glosa dos créditos descontados pela contribuinte no trimestre em questão, formalizados no processo na 15868.001259/200991. Inconformada, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade, de fls. 1.090 a 1.110, onde, preliminarmente, requer a anulação do despacho decisório, porquanto não foi observado pela fiscalização o local indicado no Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) para realização dos trabalhos, que seria no endereço da empresa, em São Paulo, e não em Araçatuba. Ressalta também a impugnante que o fato de várias intimações terem sido assinadas apenas por um dos AFRFB também desobedeceria ao MPF, que não permite atuação individual de um dos auditoresfiscais nele contidos. Quanto à transferência de competência interdelegacias, alega que esta também deveria estar contemplada no MPF e que o próprio superintendente da Receita Federal deveria ter emitido o mandado, a teor do art. 6o da Portaria RFB n2 11.371, de 2007. Argumenta que o despacho decisório também seria nulo porquanto somente o Delegado da Derat teria competência para prolatar decisão relativa à requerente, conforme disposto no art. 57 da Instrução Normativa (IN) RFB n2 900, de 2008, que não autoriza a modificação da competência para emissão de despacho decisório relativo a reconhecimento de direito creditório. Alega ainda que a impossibilidade de delegação de poderes também está prevista na Lei n2 9.784, de 1999, arts. 13 e 100. Também reclama que não foi cumprida a formalidade prevista no art. 44 da citada Lei n2 9.784, de 1999, que garante à recorrente o direito de se manifestar no prazo de dez dias após o encerramento da fase de instrução do processo. Afirma que os próprios auditores reconheceram a entrega dos documentos e arquivos digitais, mas em vez de analisarem o material e solicitarem eventuais esclarecimentos em prazo razoável, simplesmente emitiram um parecer negando o pleito Sendo assim, confirma sua intenção de apresentar todos os documentos fiscais, que estão à disposição da fiscalização em seu estabelecimento. Fl. 1478DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.477 5 Afirma ainda que houve erro e falta de motivação e de legislação para o indeferimento do pleito da recorrente, pois isso só seria possível caso a contribuinte não possuísse efetivamente o direito ao ressarcimento. Mas, segundo ela, a negativa ocorreu porque houve falta de razoabilidade por parte dos AFRFB, que consideraram que ela não tinha nenhum direito, o que não pode ser admitido, pois que não poderia exercer sua atividade sem adquirir insumos, já que é uma das maiores empresas do seu ramo de atividade. Assim, a fiscalização deveria ter continuado as diligências no estabelecimento da contribuinte e não ter realizado um levantamento fiscal precário, que não levou em consideração todos os seus documentos. Aduz também que houve cerceamento do direito de defesa, pois não foram apresentados os motivos do indeferimento do pedido, haja vista que os auditores contestaram apenas pequenos elementos componentes do seu direito creditório, não contestando os demais, prejudicando a ampla defesa. Desta forma, em cumprimento ao princípio da verdade material o despacho decisório deve ser cancelado. Em relação ao que ela denomina mérito, argúi que o despacho em análise deve ser reformado porquanto a postulante possui o direito ao ressarcimento dos créditos da contribuição ao PIS reclamados, como comprovam os documentos existentes em seu estabelecimento, mas que não os está anexando ao presente "por serem em grande quantidade", e anexa uma planilha e alguns documentos que demonstrariam as aquisições ocorridas e o direito ao crédito postulado. Alega que o seu direito ao ressarcimento não pode ser contestado porque já teria transcorrido o prazo qüinqüenal de homologação do direito, de cinco anos, previsto no art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN) e no art. 74 da Lei ne 9.430, de 1996 Postula também a aplicação da taxa do Selic ao crédito, como juros moratórios, a teor do art. 39, § 4o, da Lei n° 9.250, de 1995. Reclama também que o despacho decisório não deferiu as compensação já homologadas tacitamente, conforme previsão do art. 74, § 5º, da Lei nü 9.430, de 1996. Requer a realização de perícia e diligência para se constatar a existência do direito creditório, nomeando perito e listando os quesitos que deseja ser respondidos, à fl. 1.108. Haja vista a existência de grande quantidade de documentos, esclarece que a perícia deverá ser feita no estabelecimento da contribuinte. Solicita o cancelamento do despacho decisório combatido e o reconhecimento do direito creditório por esta DRJ ou, alternativamente, a prolação de nova decisão pela DeratSP ou ainda, caso se considere que a autoridade contestada seja Fl. 1479DF CARF MF 6 competente para tanto, que esta prolate novo despacho decisório após novas verificações fiscais. Requer ainda a suspensão da exigibilidade dos débitos objeto das compensações informadas em DCOMP. Por fim, solicita que o patrono da requerente também seja intimado de todas as decisões referentes ao presente. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 1278/1290), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DOCUMENTOS. NÃO APRESENTAÇÃO. INDEFERIMENTO. O postulante de direito creditório deve apresentar todos os livros fiscais e contábeis, arquivos digitais e demais documentos ou esclarecimentos solicitados pelo Fisco, necessários à análise do direito creditório postulado, sob pena de indeferimento do pleito. MPF. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PRESCINDIBILIDADE. Irregularidades no MPF ou a sua ausência não são condições suficientes para anular despacho decisório referente a pedido de ressarcimento. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. INOCORRÊNCIA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo contribuinte e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários adequada solução da lide, indefere se, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 16/11/2010, a recorrente a foi cientificada da referida decisão. Em 8/12/2010, protocolou o recurso voluntário de fls. 1293/1314, por meio do qual reiterou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade. Em aditamento, alegou nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa, por ter indeferido indevidamente o pedido de perícia e diligência formulados e ter negadolhe o direito de Fl. 1480DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.478 7 demonstrar documentalmente o crédito da Contribuição para o PIS/Pasep pleiteado, bem como por não ter apreciado as razões defendidas na manifestação de inconformidade relacionadas a (i) nulidade do despacho decisório, por não ter sido a recorrente intimada, nos termos do art. 44 da Lei 9.784/1999, e (ii) a falta de motivação. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A lide envolve questões preliminares, prejudiciais de mérito e de mérito, bem como pedidos de diligência e perícia. I Da Questão Preliminar Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade do despacho decisório, com base nos mesmos argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. E como tais argumentos foram apreciados de forma escorreita no voto condutor do julgado recorrido, com respaldo no art. 50, § 1º, da Lei 9.784/1999, aqui adotase como razão de decidir e parte integrante deste voto os bem postos fundamentos fáticos e jurídicos apresentados no citado voto, como se transcritos neste voto estivessem. Em reforço aos irreparáveis fundamentos aduzidos no referenciado voto, no presente, cabe a este Relator analisar apenas as novas alegações suscitadas pela recorrente, especialmente, aqueles atinentes ao julgado recorrido. A recorrente alegou que não merecia acatamento o posicionamento adotado pela Turma de Julgamento a quo sobre a validade dos trabalhos fiscais, porque ofendia as regras administrativas aplicáveis e faria do MPF um instrumento inócuo e sem a validade que merece serlhe garantida. No que tange ao assunto, em outras oportunidades, este Conselheiro manifestou o atendimento de que o MPF tratase de instrumento de cunho gerencial, com o nítido objetivo de controlar e dar transparência a atividade de fiscalização externa da RFB, especialmente, para informar ao fiscalizado sobre a instauração e alcance do procedimento de fiscalização ou diligência, situação que foi devidamente atendida no caso em tela. No mesmo sentido, o entendimento esposado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), por meio do acórdão CSRF/0105.558, cuja ementa segue transcrita: MPF – DESCUMPRIMENTO DA PORTARIA SRF 3007/2001 – NULIDADE – O desrespeito à previsão de indicação no MPFF de período fiscalizado e autuado não implica na nulidade dos atos administrativos posteriores, porque Portaria do Secretário da Receita Federal não pode interferir na investidura de competência do AFRF de fiscalizar e promover lançamento; ademais, o descumprimento de algum item do art. 7 da Portaria SRF 3007/2001 não traz como conseqüência a nulidade do ato. Fl. 1481DF CARF MF 8 CARF, CSRF. 1ª Turma. Ac. CSRF/0105.558, de 4/12/2006, Rel. Cons. José Henrique Longo) Entretanto, ainda que assim não fosse, certamente, por falta de previsão legal, eventuais irregularidades na edição do MPF, o que não se vislumbra no caso em tela, não tem o condão de acarretar a nulidade do procedimento fiscal de apuração da certeza e liquidez do crédito pleiteado em apreço, haja vista que as supostas irregularidades apontadas pela recorrente, admitidas para fim de exercício de argumentativo, inequivocamente, não causaram em nenhuma das hipóteses de nulidade do atacado despacho decisório, seja por incompetência da autoridade prolatora, seja por preterição de direito defesa, respectivamente, previstas nos incisos I e II do art. 59 do Decreto 70.235/1972. E no caso em tela, não ocorreu nenhuma das hipóteses. A uma, porque o procedimento foi realizado por autoridades fiscais competentes, nos termos do art. 6º da Lei 10.593/2002, com redação dada pela Lei 11.457/2007, e o despacho decisório proferido por autoridade competente, conforme a seguir demonstrado. A duas, porque não restou configurado o alegado cerceamento do seu direito de defesa, haja vista que a recorrente fora regularmente intimada de todos os atos praticados no curso do procedimento fiscal e conferido prazo adequado para se manifestar a respeito, e foi cientificada regularmente do despacho decisório, inclusive, apresentou duas robustas peças defensivas, em que demonstrou pleno conhecimento dos motivos pelos quais o pedido de ressarcimento em apreço foi integralmente indeferido e as compensações vinculadas ao crédito nele pleiteado não homologadas. Também não procede a alegação da recorrente de que “a fiscalização deveria ter sido realizada no seu estabelecimento, localizado no Município de São Paulo, Capital e por AFRF com jurisdição sobre tal localidade vinculados a DERAT/SP”. Diferentemente do alegado, não há obrigatoriedade para que a realização do procedimento de diligência ou do procedimento fiscal, incluindo a verificação ou apuração dos fatos, seja realizada no estabelecimento do contribuinte. Aliás, no âmbito deste Conselho, a matéria foi objeto do enunciado da Súmula CARF nº 6, que segue transcrito: “É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte.” O fato de as intimações terem sido assinadas por apenas um dos Auditores Fiscais também não implica qualquer mácula ao procedimento fiscal. Da mesma forma, também não há impedimento para delegação de competência, para fim de emissão de MPF, especialmente, para fim de análise de direito creditório formalizado por meio de pedido de ressarcimento. Com efeito, nos termos da Portaria RFB 11.371/2007, na época vigente, só havia previsão para emissão de três tipos de MPF, a saber: “F” (fiscalização), “D” (diligência) e “E” (especial). Este último emitido para os casos de flagrante constatação de infração a legislação tributária. Assim, a dispensa de emissão do MPF, no âmbito do procedimento fiscal de análise de direito creditório/compensação, justificase pelo fato de o despacho decisório, ato final do referido procedimento, ser proferido pelo próprio titular da unidade da RFB, logo, não faz o menor sentido o Delegado Receita Federal expedir MPF para ele mesmo. Em relação a esses pontos, merece destaque as pertinentes razões apresentadas nos excertos do voto condutor do julgado recorrido que seguem transcritos: O fato de os trabalhos de verificação e comprovação do direito creditório estarem sendo conduzidos pela setor de fiscalização da DRF devese ao tipo de trabalho a ser efetuado e não que se Fl. 1482DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.479 9 trata efetivamente de um procedimento típico de fiscalização tendente a apurar irregularidades ou infrações à legislação tributária, que, em tese, deveria ser precedido da emissão de um MPFF. Desta forma, diante do exposto, eventuais irregularidades no MPF de modo algum podem levar à anulação do despacho decisório, como quer a requerente, primeiramente porquanto esse documento, criado e regulamentado por norma infralegal, constituise em mero instrumento de gerenciamento da atividade fiscal, e, em segundo lugar, porque, para o pedido de ressarcimento, não há previsão explícita para a emissão desse tipo de documento. Digase em adendo que não há nas normas reguladoras do MPF a exigência de que todas as intimações sejam assinadas por todos os auditoresfiscais discriminados no mandado, como quer a interessada. Também não procede a alegação da recorrente de que o despacho decisório era nulo porque proferido por autoridade incompetente. Para a recorrente, por força do disposto no art. 57, caput, da Instrução Normativa SRF 900/2008, somente o Delegado da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo (Derat/SP) possuía competência para emitir o questionado despacho decisório, uma vez que a recorrente encontravase na jurisdição da citada Delegacia. Sem razão a recorrente, porque, embora o citado preceito normativo conferisse ao titular da DRF, Derat ou Deinf da jurisdição sobre o domicílio do contribuinte a competência para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, por meio da Portaria 34/2008 (fls. 163/165), tal competência foi temporariamente transferida pelo Superintendentes Adjunto da Receita Federal do Brasil na 8ª Região Fiscal da Derat/São Paulo para DRF/Araçatuba, para fim de análise do pedido ressarcimento objeto dos presentes autos, ou seja, as atribuições insertas no art. 160 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF 95/2007, especialmente as previstas nos incisos V, VI e X. E essa transferência temporária de competência foi feita com respaldo no art. 249 do citado Regimento Interno da RFB, vigente à época, a seguir transcrito: Art. 249. Aos Superintendentes da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil, Delegados da Receita Federal do Brasil de Julgamento e InspetoresChefes da Receita Federal do Brasil das ALF e IRF de Classe Especial A, Especial B e Especial C incumbe ainda, no âmbito da respectiva jurisdição: [...] VII transferir, temporariamente, competências e atribuições entre unidades, subunidades e dirigentes subordinados, no interesse da administração. [...] (grifos não originais) Fl. 1483DF CARF MF 10 Assim, resta demonstrado que, por força da referida transferência temporária de competência, o titular do DRF/Araçatuba, ou a quem delegada tal competência, inequivocamente, possuía sim competência para prolatar o Despacho Decisório de fls. 182/184, com suporte nos fundamentos e conclusões exaradas no Parecer Saort nº 10820/1124/2009 (fls. 689/716. Ainda sobre esse ponto, a recorrente alegou que a referida delegação de poderes/competência, para a emissão do citado Despacho Decisório, não era possível, por força das restrições previstas no art. 13, I e III, da Lei 9.784/1999, que tem o seguinte teor, in verbis: Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: I a edição de atos de caráter normativo; [...] III as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Mais uma vez, não assiste razão à recorrente, porque, a toda evidência, as vedações contidas nos incisos do preceito legal em referência, induvidosamente, não se aplica ao caso em tela. A uma, porque o despacho decisório não é ato de caráter normativo, mas de evidente natureza decisória. A duas, porque a matéria delegada não é da competência exclusiva da Derat/São Paulo, mas de todas as DRF, Derat ou Deinf integrantes da estrutura administrativa da RFB. Não é demais ressaltar que, diferentemente do que alegou a recorrente, somente as decisões de órgão singulares da administração tributária, a que a lei atribua eficácia normativa, nos termos do art. 100, II, do CTN, tem status de ato normativa e são considerados “normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos”, o que, sabidamente, não ocorre com os despachos decisórios proferidos pelos titulares das referidas unidades administrativas da RFB, por uma razão óbvia: não existe lei que lhe atribua tal eficácia. Aliás, por ausência da referida atribuição legal, sequer as decisões desse Conselho ostentam o status de ato normativo. Logo, assim como o despacho decisório, tais decisões têm caráter meramente decisório e, como tal, efeito apenas interpartes, ou seja, restrito apenas as partes interessadas. A recorrente alegou nulidade do despacho decisório, por ausência de intimação da recorrente para se manifestar, no prazo de dez dias após o encerramento da fase de instrução, prevista no art. 44 da Lei 9.784/1999. Tratase alegação fora de contexto. A referida exigência, sabidamente, não se aplica ao processo administrativo fiscal, que tem norma específica no Decreto 70.235/1972, que disciplina o assunto. Também contraria os fatos provados nos atos, a alegação de nulidade do despacho decisório, baseada no argumento de que, nos termos do art. 928 do Decreto 3.000/1999 (RIR/1999), a recorrente deveria ter sido concedido prazo para a recorrente apresentar documentos. As provas coligidas aos autos, especialmente o conteúdo dos relatos contidos nos documentos colacionados aos autos, comprovam que a recorrente, embora regularmente intimida e reintimada a apresentar, nos prazos estabelecidos, arquivos digitais e documentos necessários à confirmação da apuração dos créditos, sempre tratou com descaso e desdém as referidas intimações e, de forma deliberada e intencional, omitiuse de apresentar os arquivos digitais e os documentos a que estava obrigada a apresentar, por força do disposto no art. 11 da Lei 8.218/1991, com a redação dada pela Medida Provisória 2.158/2001, no art. 928 do RIR/1999 e no art. 3º da Instrução Normativa SRF 387/2004. Fl. 1484DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.480 11 Ao contrário do que alegou a recorrente, ao dispor que nenhuma “pessoa física ou jurídica, contribuinte ou não poderá eximirse de fornecer, nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal”, o referido preceito regulamentar obriga a recorrente a apresentar os arquivos e documentos solicitados. E as provas coligidas aos autos demonstram cabalmente que, diferentemente do alegado, a recorrente procedeu de forma contrária ao que dispõe o citado preceito regulamentar. Por isso, ela foi corretamente sancionada pela prática da infração de embaraço à fiscalização. A recorrente também falta com a verdade ao asseverar que “próprios AFRFs reconheceram a entrega de documentos a DEFIC e de diversos arquivos digitais e, ao invés de terem analisados os materiais e solicitarem eventualmente novos esclarecimentos se fosse necessário, simplesmente emitiram um Parecer totalmente acatado pelo Chefe da SAORT da DRF/Araçatuba”. A uma, porque não provou o alegado. A duas, porque os fatos noticiados e devidamente comprovados nos autos demonstram o contrário, ou seja, que a recorrente tratou com absoluto descaso as intimações e reintimações formuladas no curso procedimento fiscal e não apresentou ou disponibilizou nenhum documento nem apresentou qualquer justificativa para a sua deliberada e intencional omissão. Ainda sobre a nulidade do despacho decisório, a recorrente alegou que, não obstante a vontade em fornecer os documentos solicitados, a fiscalização agira sem razoabilidade e contrariou os diversos dispositivos legais, dentre os quais destacou os arts. 2º1, parágrafo único, VI e X, e 3º, I, da Lei 9.784/1999, que tratam, respectivamente, de princípios e critérios jurídicos aplicáveis ao processo administrativo federal e direitos do administrado perante Administração. Obviamente, tratase de mais uma de alegação genérica, posto que não foi demonstrado, especificamente, quais os atos que afrontaram os princípios e critérios jurídicos ou direitos previstos nos citados preceitos legais. Deveras, ao contrário do que alegou a recorrente, por meio dos Termos de Intimação colacionados aos autos, ela foi intimada e reintimada a apresentar os arquivos digitais, bem como a disponibilizar os livros e demonstrativos contábeis e fiscais pertinentes, assim como os originais das notas fiscais, recibos, faturas etc., relativos ao período de julho a setembro de 2004. No final do termo de reintimação, as autoridades fiscais deixaram consignado o seguinte aviso: 1 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: [...] VI adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; [...] X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; [...] Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: I ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; [...] Fl. 1485DF CARF MF 12 Desta forma, fica o sujeito passivo novamente cientificado de que a não apresentação dos elementos exigidos pela fiscalização, no prazo acima consignado, implicará na proposta de indeferimento do valor dos créditos pleiteados nos pedidos de ressarcimento que estão consubstanciados nos referidos processos. Na ausência de resposta e qualquer justificativa, as autoridades fiscais foram ao endereço da recorrente e lavraram o Termo de Constatação Fiscal de fls. 181/182, no qual foi relatado o seguinte: 1. O sujeito passivo foi intimado por via postal por meio do Termo de Intimação Fiscal, de 04/05/2009, para, no prazo de vinte dias, apresentar os arquivos digitais exigidos nos itens 1 e 2 daquele termo. A ciência se deu em 08/05/2009 e o prazo para atendimento encerrouse em 01/06/2009. Até aquela data nenhum dos arquivos digitais exigidos pela fiscalização foi apresentado pelo sujeito passivo. 2. O sujeito passivo foi novamente intimado por via postal por meio do Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal, de 15/06/2009, para, no prazo de dez dias, apresentar os arquivos digitais já mencionados no item anterior. A ciência se deu em 19/06/2009 e o prazo para atendimento encerrouse em 01/07/2009. Até aquela data nenhum dos arquivos digitais exigidos pela fiscalização foi apresentado pelo sujeito passivo. 3. Nesta data (02/07/2009) nos dirigimos até São Paulo, no endereço acima mencionado, sendo atendidos às 08:30 pelo Advogado Sr. Tiago Dias de Amorim, que declarou não possuir procuração do sujeito passivo, mas que iniciaria o atendimento. Acrescentou ainda que o Sr. Vagner Aparecido da Cruz, procurador do sujeito passivo, chegaria dentro de quarenta minutos para finalizar o atendimento e assinar os Termos ora lavrados. Em seguida apresentamos ao Sr. Tiago cópia do Termo de Intimação Fiscal, de 04/05/2009 e do Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal, de 15/06/2009, pendentes de atendimento; e, dele exigimos a apresentação de todos os arquivos digitais ali mencionados. Em resposta o Sr. Tiago afirmou que não possuía nenhum dos arquivos digitais exigidos nestes Termos e acrescentou que estes estariam sendo preparados pelo sujeito passivo. (grifos dos originais) E diante da impossibilidade de verificação dos créditos apropriados e informados pela recorrente no Dacon, em face da não apresentação dos arquivos digitais e dos documentos contábeis e fiscais solicitados, não restou outra alternativa à fiscalização que não a proposição da glosa integral dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins do 3º trimestre de 2004, pelas razões expostas na descrição dos fatos do Autos de Infração da glosa dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, que integra o processo nº 15868.001186/2009 38. Das cópias do Auto de Infração da Glosa dos Créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, colacionadas aos presentes autos (fls. 192/199), merece destaque os seguintes relevantes trechos: Mais uma vez ficou muito claro para esta fiscalização que a intenção do sujeito passivo continua sendo a de não apresentar os elementos e informações solicitados pela fiscalização, imprescindíveis para a análise dos pedidos de ressarcimento. Fl. 1486DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.481 13 O descaso do sujeito passivo para com a fiscalização é absoluto. Decorridos mais de três meses desde a primeira intimação datada de 04/05/2009, o sujeito passivo não apresentou nenhum dos elementos exigidos pela fiscalização. Desta vez, diferentemente do procedimento adotado pelo sujeito passivo por ocasião da análise dos trimestres anteriores, nem mesmo a escrituração contábil em arquivos digitais foi por ele apresentada. A apresentação da escrituração contábil e fiscal, bem como de planilhas ou qualquer outro documento equivalente que demonstrem a forma de apuração dos valores informados no DACON; bem como a apresentação dos documentos comprobatórios exigidos pela fiscalização, são imprescindíveis para a verificação da legitimidade e materialidade do crédito pleiteado. A legislação obriga o xsujeito passivo a manter tais controles. (grifos dos originais) Em relação a esses fatos, devidamente comprovados nos autos, nada foi dito pela recorrente, que continuou a sua saga de apresentar apenas alegações evasivas e genéricas, desprovidas de qualquer suporte probatório. Com total fidelidade a tal estratégia de defesa, a recorrente alegou que o Despacho Decisório era nulo, porque não existia “legislação garantindo a possibilidade do indeferimento do Pedido de Ressarcimento pelo motivo descrito no seu texto”. Ora, o motivo da glosa integral dos créditos não foi motivada por ausência de amparo legal, mas por falta de total comprovação dos créditos informados nos Dacon, por meio dos arquivos e documentação exigidos pela legislação. A recorrente alegou que o Despacho Decisório era nulo, porque houve erro e falta de motivação para sua validade jurídica. Para a recorrente, os fundamentação apresentados não eram adequados, para ocasionar o indeferimento da totalidade do pedido de ressarcimento pleiteado, “porque, na realidade, negaram totalmente um crédito como se a empresa não adguirisse [sic] insumos para a sua produção.” Sem razão a recorrente. Reafirmase, novamente, a glosa integral somente ocorreu porque a recorrente negouse a apresentar qualquer documento comprobatório do crédito pleiteado, o que impossibilitou a confirmação dos créditos informados. Essa questão como está relacionada diretamente com mérito da controvérsia, ela será analisado em detalhe a seguir. A recorrente alegou que o Despacho Decisório deveria ser cancelado, porque foi lavrado com base em levantamento fiscal precário. Ora, se houve levantamento fiscal fiscal precário, essa deficiência, certamente, não pode ser atribuída a fiscalização, mas ao claro propósito da recorrente de não fornecer os arquivos, documentos e prestar os esclarecimentos necessários à confirmação da legitimidade do direito creditório informado e pleiteado, que foram regularmente solicitados pela fiscalização no curso do procedimento fiscal. Enfim, em sede de preliminar, a recorrente alegou que o Despacho Decisório deveria ser cancelado, porque houve cerceamento do seu direito de defesa, porque em nenhum momento foram apresentados motivos que justificassem o posicionamento fiscal de indeferir totalmente o direito creditório pleiteado. Na mesma linha de raciocínio, a recorrente alegou que Fl. 1487DF CARF MF 14 não houve cumprimento do princípio da verdade material, porque competia aos auditores fiscais “realizarem os atos necessários para garantir esta análise, realizando novas diligências com a intimação da Recorrente apresentar seus documentos fiscais no seu estabelecimento de São Paulo, Capital, com a sucessiva concessão de prazo razoável para o fornecimento.” A recorrente repete as mesmas alegações evasivas e genéricas com expressões diferentes, inclusive com menção a institutos e princípios relevantes para o processo administrativo fiscal, tais como “não preterição do direito de defesa” e “princípio da verdade material”, com o claro propósito de conferir alguma robustez argumentativa a sua retórica vazia de conteúdo relevante para o deslinde da presente lide, mas não apresenta qualquer fundamento fático, corroborado por provas, que dê suporte a tais argumentos ou que infirmem os sólidos fundamentos fáticos e jurídicos apresentados no questionado Despacho Decisório. Por todas essas razões, rejeitase todas as preliminares de nulidade do Despacho Decisório suscitadas pela recorrente. II Das Questões Prejudiciais de Mérito As questões prejudiciais de mérito suscitadas pela recorrente foram a homologação tácita do direito ao ressarcimento e das compensações declaradas. Em relação ao direito ao ressarcimento, a recorrente alegou que o pedido formulado não podia ser mais indeferido, porque consumarase o prazo quinquenal da homologação tácita do direito ao ressarcimento, previsto no art. 150, § 4°, do CTN e no art. 74, § 5º, da Lei 9.430/1996. Diferentemente do alegado pela recorrente, sabese que o prazo quinquenal, fixado no art. 150, § 4º, do CTN, diz respeito à homologação tácita estabelecido para o lançamento por homologação, situação estranha aos presentes autos, que trata de pedido de ressarcimento e declaração de compensação. Enquanto que o prazo quinquenal, fixado no art. 74, § 5º, da Lei 9.430/1996, cingese à homologação tácita da compensação declarada. Não há na legislação do País prazo fixado para a homologação tácita do pedido de ressarcimento. Em decorrência, não há que se falar em homologação tácito do pedido de ressarcimento até que tal prazo seja estabelecido em lei. A propósito, cabe consignar que a autoridade julgadora, especialmente na esfera administrativa não pode superar, por meio da analogia, a omissão do legislador e reconhecer direito creditório em favor do contribuinte sem suporte em norma legal vigente, sob pena de usurpação da função legislativa, atribuída ao Poder Legislativo em caráter exclusivo. E conforme já mencionado, o prazo quinquenal de homologação tácita, instituído no art. 74, § 5o, da Lei 9.430/1996, com a redação dada pela Lei 10.833/2003, aplica se apenas a Declaração de Compensação (DComp), em relação às quais o recorrente alegou também a ocorrência de homologação tácita. Porém, diferentemente do que alegou a recorrente, a análise da documentação coligida aos autos revela que não ocorreu a homologação a tácita de nenhuma das DComp apresentadas para fim de compensação com crédito pleiteado nos presentes autos, que se encontram relacionadas na planilha colacionada aos autos. Com efeito, de acordo com os dados da referida planilha, a DComp mais antiga foi apresentada/protocolada no dia 4/2/2005. Assim, como a recorrente foi cientificada do despacho decisório em apreço no dia 26/11/2009 (fl. Fl. 1488DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.482 15 1211), logo, nenhuma das DComp vinculada ao presente pedido de ressarcimento foi tacitamente homologada. Com base nessas considerações, resta demonstrada a improcedência das alegações de decadência ou homologação tácita suscitadas pela recorrente. III Dos Pedidos de Diligência e Perícia. No recurso em apreço, a recorrente reapresentou os mesmos pedidos de perícia e diligência apresentados na fase de manifestação de inconformidade. A realização de perícia revelase totalmente prescindível. A uma, porque as respostas aos requisitos formulados pela recorrente prescinde da participação de especialista. Tratase de questões facilmente respondíveis, mediante análise dos documentos da escrituração contábil e fiscal da recorrente. A duas, porque as respostas aos referidos quesitos seriam facilmente respondíveis, com mera análise da documentação contábil e fiscal solicitada pela fiscalização. O que teria certamente ocorrido, se a recorrente tivesse cumprido a sua obrigação e, em atendimento aos pedidos de intimação e reintimação da fiscalização, tivesse apresentado os arquivos digitais e os documentos contábeis e fiscais indispensáveis para a confirmação dos créditos declarados/pleiteados, ou ao menos tivesse apresentado um justificativa plausível para tal omissão, o que não existiu, no presente caso. A realização de diligência também revelase impraticável, uma vez que a recorrente não trouxe à colação dos autos os arquivos digitais e a documentação solicitada. E por força da preclusão determinada no art. 16, § 4º, do Decreto 70.235/1972, não há como mais apresentála, a menos que tivesse comprovado uma das condições excepcionais especificadas nas alíneas do citado § 4º, o que não ocorreu no caso em tela. A alegação da recorrente de que os documentos que serviram de base para a apuração do direito creditório eram inúmeros para serem juntados aos autos, “prejudicando até a sua análise por perfazer vários volumes de documentos, estando todos no seu estabelecimento”, não se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais mencionadas. A grande quantidade de documentos não é justificativa idônea para que tais arquivos/documentos não fossem carreados aos autos, ou apenas parte deles. No caso, pelo menos os arquivos digitais obrigatórios deveriam ter sido carreados aos autos, o que também não ocorreu. Cabe ressaltar, entretanto, que com a manifestação de inconformidade, a recorrente limitouse a apresentar uma planilha de “apuração de créditos” (fl. 228) e cópias das folhas “resumo para apuração de ICMS Entradas” (fls. 229/239), ou seja, documentos por ela própria elaborados, em vez dos arquivos digitais e da documentação fiscal e contábil a que ela estava obrigada a manter a disposição da fiscalização, que se revela notoriamente insuficiente para justificar qualquer análise mediante diligência ou perícia. Além disso, se a recorrente dispunha dos referidos documentos no seu estabelecimento, conforme alegado, porque não os exibiu aos auditores fiscais, que lá compareceram, exclusivamente, com o propósito de analisálos? Como não há nas duas defesas apresentadas pela recorrente resposta ou justificativa plausível para essa pergunta, este julgador ficou desprovido de qualquer fundamento razoável, para deferir os pedidos de diligência e perícia em apreço. Fl. 1489DF CARF MF 16 A propósito da atitude omissa da recorrente, merece destaque o fato de a recorrente, no presente recurso, em vez de aproveitar a oportunidade e apresentar justificativas convincentes para a sua deliberada e intencional omissão de apresentar/exibir para a fiscalização os arquivos digitais e os documentos contábeis e fiscais imprescindíveis à análise do direito creditório pleiteado, a recorrente esbanjouse na apresentação de alegações genéricas e evasivas, o que é um forte indício de que a sua defesa não teve o propósito de esclarecer as injustificáveis omissões de atendimento às intimações e reintimações da fiscalização, mas de suscitar questões formais ou meramente jurídicas sem relação direta com o motivo do indeferimento dos créditos e a consequente não homologação das compensações declaradas, ou seja, a ausência total de comprovação do crédito declarado. E não foi só isso! Em vez de apresentar os arquivos e documentos comprobatórios dos fatos alegados, a que estava obrigada, nas duas oportunidades que compareceu aos autos, a recorrente limitouse a apresentar alegações evasivas e genéricas restrita a aspectos meramente formais atinentes ao procedimento fiscal e ao correspondente despacho decisório em apreço. Quando o relevante era apresentar justificativas para o não cumprimento da sua obrigação de apresentar os arquivos digitais e toda documentação necessária a confirmação dos créditos apropriados e pleiteados. E ao optar pela estratégia da omissão, a recorrente deve arcar com os ônus dela resultante. Enfim, não é demais ressaltar que não é função da autoridade julgadora suprir omissão probatória, seja da fiscalização, seja do contribuinte, especialmente, quando a omissão aparenta ser uma intencional estratégia de defesa, como no caso em tela. Por todas essas razões, os pedidos de diligência e perícia devem ser indeferidos. IV Das Questões de Mérito No mérito, o cerne da controvérsia cingese à comprovação do valor crédito da Contribuição para o PIS/Pasep do 3º trimestre de 2004 pleiteado/compensado nos presentes autos. De acordo com o questionado Despacho Decisório o motivo para o não reconhecimento do valor integral do crédito pleiteado/compensado foi a “não apresentação dos livros contábeis requisitados e dos documentos comprobatórios originais dos créditos alegados”. No recurso em apreço, a recorrente limitouse em alegar que possuía o direito ao ressarcimento dos créditos da CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP como "comprovam os documentos existentes no seu estabelecimento e disponíveis para a verificação fiscal.” (destaques do original) Não basta alegar que dispõe dos documentos necessários à comprovação dos créditos! Se a recorrente tinha tais documentos, porque não os exibiu a fiscalização quando esta compareceu no seu estabelecimento? E porque não trouxe aos autos, na fase de manifestação de inconformidade, conforme exige o art. 15 do Decreto 70.235/1972? A simples apresentação da referida planilha de apuração dos créditos, acompanhada apenas das cópias folhas do resumo do Livro de Entradas, sabidamente, não representam elementos probatórios suficientes para fim de comprovação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep em apreço. A apresentação da escrituração contábil e fiscal, bem como das planilhas ou qualquer outro documento equivalente que corroborassem a apuração dos valores dos créditos Fl. 1490DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.483 17 informados no Dacon, bem como a apresentação dos documentos comprobatórios exigidos pela fiscalização, constituem elementos imprescindíveis para a verificação da legitimidade e confirmação dos valores dos créditos pleiteados/compensados, conforme estabelecido no art. 3º da Instrução Normativa SRF 387/2004, a seguir reproduzido: Art. 3º O sujeito passivo deverá manter controle de todas operações que influenciem a apuração do valor devido das contribuições referidas no art. 2º e dos respectivos créditos a serem descontados, deduzidos, compensados ou ressarcidos, na forma dos arts. 2º, 3º, 5º, 5ºA, 7º e 11 da Lei nº 10.637, de 2002, dos arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 9º e 12 da Lei nº 10.833, de 2003, especialmente quanto: I às receitas sujeitas à apuração da contribuição em conformidade com o art 2º da Lei nº 10.637, de 2002, e com o art. 2º da Lei nº 10.833, de 2003; II às aquisições e aos pagamentos efetuados a pessoas jurídicas domiciliadas no País; III aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no inciso I; IV aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportação e de vendas a empresas comerciais exportadoras com fim especifico de exportação, que estariam sujeitas à apuração das contribuições em conformidade com o art. 2º da Lei nº 10.637, de 2002, e com o art. 2º da Lei nº 10.833, de 2003, caso as vendas fossem destinadas ao mercado interno; e V ao estoque de abertura, nas hipóteses previstas no art. 11 da Lei nº 10.637, de 2002, e no art. 12 da Lei nº 10.833, de 2003. Parágrafo único. O controle a que se refere o caput deverá abranger as informações necessárias para a segregação de receitas referida no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e no § 8º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, observado o disposto no art. 100 da Instrução Normativa nº 247, de 21 de novembro de 2002. (grifos não originais) No mesmo sentido, determinava o art. 24 da Instrução Normativa SRF 460/2004, vigente à época da protocolização do pedido, que a autoridade da RFB competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins poderia condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, nos termos a seguir transcritos: Art. 24. A autoridade da SRF competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos da pessoa jurídica a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas. (grifos não originais) Fl. 1491DF CARF MF 18 Ciente dessas obrigatoriedades, porque a recorrente, desde o início do procedimento fiscal até a apresentação do recurso em apreço, insistiu com a estratégia da omissão? As explicações foram apresentadas pelas autoridades fiscais nos excertos da descrição dos fatos integrante do Auto de Infração da glosa dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep do 3º trimestre de 2004, a seguir reproduzidos: Por que, o sujeito passivo, apesar de insistentemente intimado e reintimado, não quer detalhar a forma de apuração dos valores informados no DACON? Não quer detalhar porque ou constituiu créditos sobre valores que não estão descritos no artigo 3º da Lei n.° 10.637 de 2002 e da Lei n.° 10.833 de 2003, ou porque fez á apuração dos créditos de maneira incorreta, ou porque não tem os documentos comprobatórios dos valores informados como base de cálculo para apuração dos créditos, ou, ainda, porque "fabricou" créditos. Para comprovar o que afirmamos no parágrafo anterior vamos citar apenas dois exemplos. Vejamos a seguir. Consultamos a DIPJ/2005 do sujeito passivo e verificamos que o mesmo informou na ficha 32 (Remetentes de insumos/mercadorias), para seu estabelecimento filial de CNPJ 01.597.168/000270, diversos CPFs. Comprovase então que o sujeito passivo adquiriu gado de pessoas físicas e que, muito provavelmente, informou os valores correspondentes a estas aquisições incorretamente na linha 02 (bens utilizados como insumos) das fichas 04 e 06 do DACON, pois não há nenhum valor informado na linha 18 (crédito presumido atividades agroindustriais) das fichas 04 e 06 do DACON. A consulta foi juntada às fls. 32. Na mesma ficha 32 (Remetentes de insumos/mercadorias) da DIPJ/2005 o sujeito passivo informou, para seu estabelecimento filial de CNPJ 01.597.168/000601, a empresa Agroindustrial Rena Ltda CNPJ 03.352.718/000135 como seu segundo suposto maior fornecedor (R$ 107.132.624,60 no ano de 2004). Consultamos os sistemas da Receita Federal e verificamos que os sócios atuais da referida empresa são pessoas de patrimônio irrisório, residentes em Lins e Sabino (SP), muito provavelmente, "laranjas". Vamos supor que esta empresa, que em 2004 tinha como seu maior sócio a Bracol Holding, não seja de fachada e que realmente tenha fornecido insumos ao sujeito passivo. A partir de agosto de 2004 os insumos de origem vegetal e animal (definidos na IN SRF 660/2006) podiam, ser vendidos com suspensão da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins para empresas fabricantes de produtos destinados à alimentação humana ou animal. Neste caso, quem adquirisse insumos com a suspensão poderia se creditar nos mesmos moldes das aquisições feitasjunto à pessoas físicas (crédito presumido). Aqui mais um erro cometido pelo sujeito passivo no preenchimento do DACON, pois se o tivesse preenchido de forma correta teria apurado créditos (crédito presumido) em valores muito menores, isto considerando se realmente ocorreram as aquisições de tais insumos. Portanto, eis mais um motivo porque o sujeito passivo não quer apresentar documentos comprobatórios. De qualquer forma, gostaríamos de acreditar que o sujeito passivo possua documentos IDÔNEOS comprobatórios dos efetivos pagamentos Fl. 1492DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.484 19 realizados para esta empresa (Aqroindustrial Rena Ltda) no ano de 2004 correspondentes ao valor total de R$ 107.132.624,60, valor este por ele considerado como base de cálculo para apuração de créditos da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Quem sabe possa ele apresentar tais documentos em impugnação ou recurso, que certamente serão apresentados. No entanto, diante do descaso do sujeito passivo, temos quase certeza de que tais documentos, neste procedimento administrativo, não serão apresentados. As consultas foram juntadas às fls. 33 a 37. Mais uma vez registramos que esta fiscalização buscou comprovar a liquidez e certeza dos créditos pleiteados e solicitou do sujeito passivo a apresentação da escrituração contábil e fiscal, livros, documentos, planilhas e informações complementares necessárias e imprescindíveis ao exame, por meio de intimações e reintimações. Como já dissemos o descaso do sujeito passivo'para com a fiscalização foi absoluto. Em relação aos valores informados nas linhas 02, 04, 05, 09, 11,.13, 14, 15, 19, 23, 27, 28, 29, 30 e 33 das fichas 04 e 06 do DACON, diante de todo o acima já exposto, ficou claro para esta fiscalização que a apuração dos créditos foi realizada de forma totalmente incorreta pelo sujeito passivo e é impossível para esta fiscalização quantificar eventuais créditos existentes, pois o sujeito passivo não apresentou os elementos necessários para que o fizéssemos. Registrese, ainda, que o sujeito passivo foi intimado e reintimado por mais de uma vez para apresentar os elementos necessários e imprescindíveis para a realização da análise, inclusive sendo cientificado de que a não apresentação dos mesmos, implicariam na proposta de indeferimento do valor do crédito pleiteado. Desta forma, utilizamos o próprio programa disponibilizado pela Receita Federal e elaboramos as fichas 04 e 06 do DACON para demonstrar a inexistência dos créditos. Estes demonstrativos (fichas 04 e 06 do DACON) acompanham1 o presente auto de infração e também foram juntados por cópia às fls. 38 a 43. (grifos dos originais) O teor desse relato esclarece as razões da omissão da recorrente, ou seja, que a apresentação dos citados documentos, naquela oportunidade, poderiam servir de provas não só de irregularidades tributárias mais gravosas para as recorrentes, mas, provavelmente, da prática, em tese, de fraude e sonegação fiscal, com possíveis implicações na seara criminal. Dada essa circunstância, reabrir a fase de instrução probatória no atual estágio processual, quando o direito de constituição dos créditos decorrente de graves irregularidades tributária já estariam alcançados pela decadência, os possíveis crimes, em tese, contra a ordem tributária prescritos, certamente, coroaria de pleno êxito a estratégia omissa da recorrente, com evidente triunfo da astúcia sobre franqueza, da torpeza sobre moralidade. Enfim, seria a consagração do princípio jurídico de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza (ou nemo auditur propriam turpitudinem allegans). Não se pode olvidar, ademais, que como os presentes autos tratam de pedido de ressarcimento, o ônus de provar a certeza e liquidez do crédito pleiteado, inequivocamente, recai sobre a pessoa do contribuinte formulador do pedido de ressarcimento, segundo dispõe o Fl. 1493DF CARF MF 20 art. 373 do CPC, a seguir transcrito, que se aplica supletiva e subsidiariamente ao processo administrativo, por força do art. 15 do CPC: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou, à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. [...] (grifos não originais) Da mesma forma, o art. 36 da Lei 9.784/1999, que se aplica supletiva e subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, também atribui ao autor do feito ou do pedido o ônus da produção da prova constitutiva do seu direito. Com base nessas considerações, tendo em conta que a recorrente não apresentou a documentação necessária à confirmação do direito creditório pleiteado/compensado, deve ser mantido o indeferimento integral do valor crédito pleiteado e a não homologação de todas as compensações vinculadas ao referido crédito. Da incidência da taxa Selic No recurso em apreço, a recorrente alegou o direito ao ressarcimento com a incidência da Selic sobre os valores aproveitados contados da data do protocolo do pedido de ressarcimento até o seu efetivo ressarcimento e/ou compensação, por ser um índice de atualização monetária. Porém, se a referida taxa não pudesse ser aplicada como atualização monetária, o que admita apenas para argumentar, por ser o ressarcimento uma espécie de restituição a mesma deve ser considerada como garante o artigo 39, § 4º, da Lei 9.250/1995. No caso, embora não tenha sido reconhecido crédito, o que dispensaria análise dessa questão, para evitar que, em caso de reforma deste julgado pela CSRF, os autos retornem a este Colegiado para análise apenas dessa questão, passase analisála. Para os créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe expressa vedação a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Fl. 1494DF CARF MF Processo nº 13804.000535/200590 Acórdão n.º 3302005.388 S3C3T2 Fl. 1.485 21 [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em Fl. 1495DF CARF MF 22 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.2 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. V Da Conclusão Por todo o exposto, votase por rejeitar a preliminar nulidade e a prejudicial de mérito suscitadas e, no mérito, por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 2 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 1496DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.727389/2012-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA
Somente deve ser acolhidos os embargos declaratórios quando presente contradição, omissão e obscuridade. Inexistindo tais requisitos a rejeição é medida que se impõe.
Embargos Rejeitados
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 3302-005.392
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator.
EDITADO EM: 07/05/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphael M. Abad, e Walker Araujo.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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OMISSÃO. INEXISTÊNCIA Somente deve ser acolhidos os embargos declaratórios quando presente contradição, omissão e obscuridade. Inexistindo tais requisitos a rejeição é medida que se impõe. Embargos Rejeitados Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os Embargos de Declaração. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator. EDITADO EM: 07/05/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), José Fernandes do Nascimento, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge L. Abud , José Renato Pereira de Deus, Diego Weis Júnior, Raphael M. Abad, e Walker Araujo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 73 89 /2 01 2- 47 Fl. 4261DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte contra o Acórdão nº 3302003.524 que, deu provimento parcial ao Recurso Voluntário para manter o lançamento fiscal nos termos do Relatório de Diligência Fiscal de fls. 4.1064.136, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO. DILIGÊNCIA FISCAL. Reconhecese o direito creditório, quando a autoridade lançadora, na fase de defesa e diligência, manifestase fundamentadamente pela retificação do lançamento fiscal em razão da constatação de direito do contribuinte e da existência de fatos que não caracterizam infração. ÔNUS DA PROVA. DIREITO CREDITÓRIO O ônus da prova do crédito tributário é do contribuinte (Artigo 373 do CPC). Não sendo produzido nos autos provas capazes de comprovar seu pretenso direito, a manutenção do débito é medida que se impõe. Segundo a Embargante o v. acórdão embargado é omisso porque não analisou o argumento do contribuinte no sentido de que a autuação é improcedente em relação ao período de janeiro de 2011, posto que os débitos foram equivocadamente contabilizados no referido mês, quando na verdade deveriam têlo sido em fevereiro de 2011, sendo que tal equívoco foi corrigido mediante ajuste na contabilidade no mês de fevereiro de 2011. Em 12 de setembro de 2017, foi proferido o despacho de fls. 4.260 admitindo os Embargos de Declaração para que seja dirimida a omissão suscitada pela Embargante, a saber: Pois bem. Cotejando o recurso voluntário e o voto condutor do acórdão embargado, vislumbro a existência da omissão apontada, uma vez que o ilustre relator aparentemente não tratou da questão do ajuste como sendo resultado de um erro na aplicação do regime de competência. A argumentação lançada no voto condutor, deixa transparecer que a glosa do crédito foi mantida porque os documentos apresentados não são hábeis a comprovar as retenções das contribuições, e não porque não comprovam que os valores escriturados em janeiro de 2011 não deveriam ter ser escriturados em fevereiro do mesmo ano. Com base nesses argumentos, restituo o processo ao ilustre relator, Conselheiro Walker Araújo, a fim de que analise os embargos de declaração e que coloque o processo em pauta de julgamento com proposta de saneamento do vício apontado, se for o caso. É o relatório. Fl. 4262DF CARF MF Processo nº 10166.727389/201247 Acórdão n.º 3302005.392 S3C3T2 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Walker Araujo Relator Os embargos de declaração opostos pelo contribuinte teve o exame de admissibilidade processado regularmente, dele tomo conhecimento. Conforme noticiado anteriormente, os Embargos de Declaração foram admitidos para sanar a omissão quanto ao argumento do contribuinte no sentido de que a autuação é improcedente em relação ao período de janeiro de 2011, porque os débitos foram equivocadamente contabilizados no referido mês, quando na verdade deveriam têlo sido em fevereiro de 2011, sendo que tal equívoco foi corrigido mediante ajuste na contabilidade no mês de fevereiro de 2011. Contudo, entendo que os Embargos de Declaração devem ser totalmente rejeitados pelos motivos a seguir expostos. Com efeito, a matéria tida por omissa, concernente ao ajuste realizado pela Embargante foi objeto de análise realizada pela fiscalização diligente e, constou expressamente no Relatório de Diligência Fiscal de fls. 4.1064.136 os motivos pelas quais não foram acolhidas os argumentos por ela suscitados, a saber: "JANEIRO DE 2011 De acordo com o acórdão da DRJ, foram mantidos os lançamentos de PIS e Cofins nos valores de R$ 93.526,30 e R$ 188.520,23 (fl. 1581), respectivamente. Tais valores correspondem ao total de lançamentos a crédito nas respectiVas contas contábeis (fls. 3149 e 3150), pois não foram informados débitos relativos a estes tributos em DCTF. Alega a recorrente que o autuante deixou de considerar ajustes contábeis, tributos retidos e recolhimentos efetuados. Na tentativa de comprovar que teria direito a tais deduções, apresentou os documentos e esclarecimentos constantes da resposta ao TDF 1 (fls. 2447 a 2450) e do "ANEXO XV" (fls. 3146 a 3186). Considerando estas deduções e os valores declarados em DCTF, foi elaborado o demonstrativo abaixo: (...) Como não foram informados débitos de PIS e Cofins em DCTF e levando em conta os ajustes contábeis, as retenções e os valores recolhidos, já que a DRJ determinou que eventuais pagamentos fossem aproveitados, restariam como devidos os valores de R$ 16.023,26 de PIS e de R$ 78.139,03 de Cofins, reconhecidos pela recorrente. Falta saber se os documentos e esclarecimentos juntados comprovam o direito de a recorrente de deduzir os ajustes, as retenções e os pagamentos. Em relação ao PIS, o valor total de R$ 72.289,39, relativo aos "ajustes" efetuados na contabilidade, corresponde aos seguintes lançamentos na conta contábil 2.1.3.01.0005 — PIS — PROGRAMA DE INTERESSE SOCIAL: (...) Para cada um destes valores, a recorrente apresentou justificativas em resposta ao TDF 2, as quais passamos agora a analisar. Fl. 4263DF CARF MF 4 Lançamento efetuado no dia 02/01/2011, no valor de R$ 623,09: a recorrente alegou tratarse de apropriação efetuada em abril de 2010 (fls. 3841 a 3846). Não foi possível identificar esta apropriação na contabilidade, porém houve um pagamento neste valor ocorrido em 28/05/2010, referente ao período de' apuração de 30/04/2010 (fl. 3843). Considerando a determinação da DRJ para que os pagamentos fossem aproveitados na apuração do quantum devido, o respectivo lançamento contábil de "ajuste" deve ser considerado na apuração do mês de janeiro de 2011. Lançamento efetuado no dia 31/01/2011, no valor de R$ 17.495,85: a recorrente alegou que para este valor houve uma retenção de valor idêntico no mesmo dia (fls. 3847 a 3851), porém não apresentou comprovantes da referida retenção. Assim, o respectivo lançamento de "ajuste" não deve ser considerado na apuração deste mês, isto é, o valor de R$ 17.495,85 deve compor o valor total devido. Lançamento efetuado em 31/01/2011, no valor de 1.428,58: a recorrente alegou tratarse de apropriação efetuada em março de 2011 (fls. 3852 a 3856). Esta apropriação não foi identificada na contabilidade no mês de março, apenas consta um lançamento a débito na conta 2.1.3.01.0005 e a crédito na conta 2.1.1.13.0440, no dia 12/04/2011, neste mesmo valor. Assim, o respectivo lançamento de "ajuste" ocorrido em 31/01/2011 não deve ser considerado na apuração deste mês, isto é, o valor de R$ 1.428,58 deve compor o valor total devido. Lançamento efetuado em 31/01/2011, no valor de 764,48: a recorrente alegou tratarse de apropriação efetuada em fevereiro de 2011 (fls. 3857 a 3862). Não foi possível identificar esta apropriação na contabilidade, porém houve um pagamento ocorrido em 15/09/2011 no valor total de R$ 764,48 (fl. 3858). Considerando a determinação da DRJ para que os pagamentos fossem aproveitados na apuração do quantum devido, o respectivo lançamento contábil de "ajuste" deve ser considerado na apuração do mês de janeiro de 2011. Lançamento efetuado em 31/01/2011, no valor de R$ 51.977,39: a recorrente alegou tratarse de apropriação já ocorrida em dezembro de 2010 (fls. 3863 a 3869). De fato, foi identificado na contabilidade, no dia 31/12/2010 uma apropriação no valor de R$ 56.748,09 que diminuída de retenção no valor de R$ 4.770,70 (já comprovada) perfaz o valor de R$ 51.977,39 (fl. 3085). Assim, o respectivo lançamento contábil de "ajuste" deve ser considerado na apuração do mês de janeiro de 2011. Em relação à Cofins, o valor total de R$ 95.627,40, relativo aos "ajustes" efetuados na , contabilidade, corresponde aos seguintes lançamentos na conta contábil 2.1.3.01.0006 — COFINS CONTRIB. P/FIN. DA SEG. SOCIAL: (...) Para cada um destes valores, a recorrente apresentou justificativas em resposta ao TDF 2, as quais passamos agora a analisar. Lançamento efetuado em 02/01/2011, no valor de R$ 12.001,54: a recorrente alegou tratarse de apropriação efetuada em fevereiro de 2010 (fls. 3870 a 3876). Não foi possível identificar esta apropriação na contabilidade, porém houve um pagamento neste valor ocorrido em 25/03/2010, referente ao período de apuração de 28/02/2010 (fl. 3872). Considerando a determinação da DRJ para que _os pagamentos fossem aproveitados na apuração do quantum devido; o respectivo lançamento contábil de "ajuste" deve ser considerado na apuração do mês de janeiro de 2011. Lançamento efetuado em 02/01/2011, no valor de R$ 2.875,79: a recorrente alegou tratarse de apropriação efetuada em abril de 2010 ,(fls. 3877 a 3883). Não foi possível identificar esta apropriação na contabilidade, porém houve um Fl. 4264DF CARF MF Processo nº 10166.727389/201247 Acórdão n.º 3302005.392 S3C3T2 Fl. 4 5 pagamento neste valor ocorrido em 28/05/2010, referente ao período de apuração de 30/04/2010 (fl. 3883). Considerando a determinação da DRJ para que os pagamentos fossem aproveitados na apuração do quantum devido, o respectivo lançamento contábil de "ajuste" deve, ser considerado na apuração do mês de janeiro de 2011. Lançamento efetuado em 31/01/2011, no valor de R$ 80.750,07: a recorrente alegou que para este valor houve uma retenção de valor idêntico no mesmo dia (fls. 3884 a 3887), porém não apresentou comprovantes da referida retenção. Assim, o respectivo lançamento de "ajuste" não deve ser considerado na apuração deste mês, isto é, o valor de R$ 80.750,07 deve compor o valor total devido. Em relação aos valores de PIS e Cofins retidos, respectivamente de R$ 1.459,66 e R$ 6.736,92 (fls. 3149 a 3152), a recorrente apresentou cópias de notas fiscais e outros documentos (fls. 3174 a 3186) por meio dos quais demonstra a retenção destes tributos no período. Em relação aos valores recolhidos, a recorrente apresentou cópias de "Comprovantes de Arrecadação" (fls. 3159 a 3165), relativos a Documentos de Arrecadação de Receitas Federais — Darf, cuja soma dos respectivos valores correspondem aos totais informados no demonstrativo acima. • Desta forma, para o mês de janeiro de 2011, a considerar os valores recolhidos conforme acordão recorrido da DRJ e a falta de comprovação de' "ajustes", devem ser lançados os seguintes valores: (...) FEVEREIRO DE 2011 De acordo com o acórdão da DRJ, foram mantidos os lançamentos de PIS e Cofins nos valores de R$ 40.578,51 e R$ 176.799,03 (fl. 1581), respectivamente. Tais valores correspondem ao total de lançamentos a crédito nas respectivas contas contábeis (fl. 3191), pois não foram informados débitos relativos a estes tributos em DCTF. Alega a recorrente que o autuante deixou de considerar ajustes contábeis, tributos retidos e recolhimentos efetuados. Na tentativa de comprovar que teria direito a tais deduções, apresentou os documentos e esclarecimentos constantes da resposta ao TDF 1 (fls. 2450 a 2453) e do ."ANEXO XVI" (fls. 3187 a 3252). Considerando estas deduções e os valores declarados em DCTF, foi elaborado o demonstrativo abaixo: (...) Como não foram informados débitos de PIS e Cofins em DCTF e levando em conta os ajustes contábeis, as retenções e os valores recolhidos, já que a DRJ determinou que eventuais pagamentos fossem aproveitados, restariam como devidos os valores de R$ 9.656,34 de PIS e de R$ 47.340,01 de Cofins, reconhecidos pela recorrente. Falta saber se os .documentos e esclarecimentos juntados comprovam o direito de a recorrente de deduzir os ajustes, as retenções e os pagamentos. Em relação ao "ajuste" relativo ao lançamento contábil efetuado em 28/02/2011, no valor de 2.600,33, a recorrente alegou em resposta ao TDF 2 tratar se de apropriação efetuada em fevereiro de 2010 (fls. 3888 a 3894). Não foi possível identificar esta apropriação na contabilidade, porém houve um pagamento neste valor ocorrido em 25/03/2010 (fl. 3894). Considerando a determinação da DRJ para que os pagamentos fossem aproveitados na apuração do quantum devido, o respectivo lançamento contábil de "ajuste" deve ser considerado na apuração do mês de fevereiro de 2011. Fl. 4265DF CARF MF 6 Em relação aos valores de PIS e Cofins retidos, respectivamente de R$ 27.714,29 e R$ 127.912,08 (fls. 3191 a 3194), a recorrente apresentou cópias de notas fiscais e outros documentos (fls. 3206 a 3252) por meio dos quais demonstra a retenção destes tributos no período. Em relação aos valores recolhidos, a recorrente apresentou cópias de "Comprovantes de Arrecadação" (fls.3195 a 3197), relativos a Documentos de Arrecadação de Receitas Federais — Darf, cuja soma dos respectivos valores correspondem aos totais informados no demonstrativo acima. Desta forma, para o mês de fevereiro de 2011, a considerar os valores recolhidos conforme acórdão recorrido da DRJ, restaria ainda um saldo a lançar de PIS de R$ 9.656,34 e de Cofins de R$ 47.340,01, conforme admitido pela própria recorrente. Neste cenário, adotando o relator como causa de decidir, os termos do relatório de diligência fiscal que, expressamente analisou a questão sobre o ajuste suscitado pela Recorrente, improfícuo a alegada omissão suscitada pela Embargante. No mais, o sistema de livre convencimento motivado, adotado no nosso ordenamento jurídico, permite que a decisão proferida seja fundamentada com base nos argumentos que o julgador entender cabíveis, o que foi feito no caso concreto. O Superior Tribunal de Justiça firmou jurisprudência de que as decisões devem formar um conjunto coerente de enfrentamento das razões apresentadas pelo recorrente, sendo assim desnecessário o enfrentamento pontoaponto: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a ater se aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Diante do exposto, voto por rejeitar os Embargos de Declaração. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Fl. 4266DF CARF MF
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Numero do processo: 12466.003408/2010-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 10/01/2006 a 20/04/2006
MPF - MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO.
O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento.
RECURSOS DE TERCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27.
A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001.
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA.CABIMENTO.
A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida.
DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA.
Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem.
CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. LEI Nº 11.488/2007, ARTIGO 33. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE.
A multa de 10% por cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de comércio exterior não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação.
Numero da decisão: 3302-003.062
Decisão: Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Pelo voto de qualidade, foi decidido dar parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas para exonerar crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas até 25/11/2005. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado, que também exoneravam o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação para as quais não houve adiantamento de recursos. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar.
Acordam os membros do Colegiado,.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
(assinado digitalmente)
Maria do Socorro Ferreira Aguiar
Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 10/01/2006 a 20/04/2006 MPF - MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. RECURSOS DE TERCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presume-se por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.158-35/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA.CABIMENTO. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA. Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem. CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. LEI Nº 11.488/2007, ARTIGO 33. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. A multa de 10% por cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de comércio exterior não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação.
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decisao_txt : Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Pelo voto de qualidade, foi decidido dar parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas para exonerar crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas até 25/11/2005. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado, que também exoneravam o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação para as quais não houve adiantamento de recursos. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. Acordam os membros do Colegiado,. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 36; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2293; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12466.003408/201025 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302003.062 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de fevereiro de 2016 Matéria Multa Aduaneira Recorrente GEMAX TRADING COMPANY S/A E DISTRIVIX COMERCIO E EQUIPAMENTOS ELETRONICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 10/01/2005 a 25/11/2005 DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei nº 37/1966. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 10/01/2006 a 20/04/2006 MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. RECURSOS DE TERCEIROS PARA FINANCIAR OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO. PRESUNÇÃO DE OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. LEI Nº 10.637/2002, ARTIGO 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA.CABIMENTO. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 34 08 /2 01 0- 25 Fl. 2273DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 3 2 DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA. Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem. CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. LEI Nº 11.488/2007, ARTIGO 33. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. A multa de 10% por cessão de nome com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de comércio exterior não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Pelo voto de qualidade, foi decidido dar parcial provimento ao Recurso Voluntário apenas para exonerar crédito tributário vinculado às Declarações de Importação registradas até 25/11/2005. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Paulo Guilherme Déroulède, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado, que também exoneravam o crédito tributário vinculado às Declarações de Importação para as quais não houve adiantamento de recursos. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. Acordam os membros do Colegiado,. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fl. 2274DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 4 3 Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para aplicação da multa substitutiva de pena de perdimento, pela prática de ocultação do real adquirente mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta na importação, definida como dano ao erário, lavrado em face de GEMAX TRADING COMPANY S/A como importador e de DISTRIVIX COMERCIO E EQUIPAMENTOS ELETRONICOS LTDA, como real adquirente. A GEMAX registrou declarações de importação DI na modalidade direta (por sua própria conta e ordem) no período de 10/01/2005 a 20/04/2006. Inicialmente, foi aberto procedimento especial de controle aduaneiro e de revisão de habilitação no comércio exterior, tendo a GEMAX não apresentado documentos que demonstrassem a origem e aplicação dos recursos financeiros, razão pela qual foi instaurado o procedimento previsto na IN SRF 228/2002, de acordo com o §3º do artigo 21 da IN SRF nº 650/2006. Em procedimento especial de verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas, previsto na IN SRF 228/2002, apurouse a prática de ocultação do real adquirente DISTRIVIX , mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, em razão do seguinte: 1. A GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica para fazer frente ao volume de importações por ela transacionado devido a: a. movimentação em torno de R$ 30.000.000,00 de 2005 a 2007, para capital social da ordem de R$ 50.000,00 (aumentados para R$ 400.000,00 no quarto trimestre de 2006, decorrentes de lucros acumulados); b. aumento de capital social por reavaliação de bens, adquiridos por R$ 45 mil e reavaliados para R$ 2.774.000, em datas próximas, não havendo qualquer aumento de disponibilidade financeira; b. lucro líquido auferido no período foi em torno de R$ 980.000,00, muito inferior ao volume transacionado; c. Inexistência de quaisquer empréstimos e financiamentos tomadas de terceiros, conforme confirmados pela recorrente; 2. As operações somente puderam ser viabilizadas mediante adiantamentos de caixa recebidos pelos reais adquirentes para liquidação de contratos de câmbio e pagamentos dos tributos pagos no registro da DI, configurando a aplicação do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002; 3. Por várias vezes, a emissão das notas fiscais de venda era realizada no mesmo dia da emissão das notas fiscais de entrada, revelando giro imediato do estoque, indicando a encomenda da mercadoria; Fl. 2275DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 5 4 4. A GEMAX é uma empresa de pequeno porte que atua, basicamente, como prestadora de serviços de comércio exterior, incluindo logística e financeiros, conforme informação colhida no próprio site da empresa, que jamais importa com ânimo próprio, mas por conta e ordem ou por encomenda; 5. As vantagens financeiras oferecidas pela GEMAX em seu site se coadunam com os objetivos pretendidos com a prática da ocultação do real adquirente: ausência de agregação de margem de lucro, implicando redução de carga tributária, redução de 33,3% no ICMS, com menor alavancagem dos tributos subsequentes (PIS, Cofins, ICMS), menor alavancagem do IPI, com recolhimento feito pela GEMAX sobre o custo da mercadoria e não sobre o preço de venda ao consumidor final. 6. Todas as vendas eram realizadas pelo custo das mercadorias pagas ao exportador, acrescido dos tributos pagos na importação e nacionalização e incidentes na venda ao mercado interno; 7. Todo o lucro obtido pela GEMAX decorre do FUNDAP que consiste em diferimento no pagamento do ICMS incidente na importação, financiamento de longo prazo de cerca de 70% do ICMS recolhido, com juros fixos a 1% a.a., com carência de 5 anos e mais 20 anos para amortização e realização de leilões de recompra de dívida, com existência de liquidação de contratos, por 10 a 15% do saldo devedor, em média; 8. A ocultação da DISTRIVIX propiciaria: sua não equiparação a industrial; diminuir receitas de vendas sujeitas a PIS/Pasep, Cofins, IRPJ, CSLL e ICMS; usufruir indiretamente dos benefícios do FUNDAP (incentivo fiscal no âmbito do ICMS no Espírito Santo); não se submeter aos procedimentos de habilitação no comércio exterior (IN SRF 650/2006); fugir ao controle quanto à avaliação de risco (parametrização), em função do perfil histórico e cadastral. Ao final foi elaborada representação fiscal para fins penais. Em impugnação, a GEMAX pediu: "a) DEVOLVA o prazo para a impugnação do presente auto de infração, a ser contado a partir do dia em que a requerente receber de volta todos os seus livros e documentos fiscais, ora em poder da Administração, consoante demonstrado nos itens 16/33 e doc04; b) Sucessivamente ao pedido (a) acima, RECONHEÇA A DECADÊNCIA das Dl's objeto do auto de infração, vez que este foi lavradojnais de 5 (cinco) anos após a ocorrência do fato gerador, no termos do Acórdão n° 1739091, de 13/01/2010, desta e. DRJ (transcrito no item 81, acima); d ) Sucessivamente ao pedido (b) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, por impedimento do AFRF, nos termos da Portaria RFB n° 11.371/2007, artigos 2° c/c 12 c/c 14 e 15, parágrafo único (transcritos nos itens 34/36, acima), nos termos do Acórdão n° 302 37.093, do 3o Conselho de Contribuintes (transcrito no item 47, acima) Fl. 2276DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 6 5 c2) Alternativamente ao pedido ( d ) acima, ANULE o lançamento do crédito objeto do auto de infração, em decorrência da impossibilidade de se estender conclusões de outros processos administrativos à todas as importações do contribuinte; c3) Alternativamente ao pedido (c2) acima, ANULE o lançamento do crédito referente às Dl's em relação às quais o auto de infração não descreve nenhuma irregularidade, considerando o disposto no artigo 10, inciso III e no artigo 59, ambos do Decreto n° 70.235/72, bem como o fato de o Fisco não ter afastado a declaração e comprovação do importador de que obteve financiamento para gerir suas atividades no período em que foram realizadas as importações objeto dos autos, nos termos do Acórdão n° 0721519, de 15/10/2010, da e. 2a Turma desta e. DRJ (transcrita no item 59, acima) e JULGUE improcedente o auto de infração relativo à Dl n° 05/03841310. d) Sucessivamente ao pedido (c) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que: d1) restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14) e que o capital social das S.A. não guarda relação direta com a origem dos recursos utilizados no comércio exterior; d2) Também porque o presente restou comprovado que a Impugnante tinha origem de recursos para suas operações, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); d3) Também porque a Receita não comprovou que houve adiantamentos por parte do destinatário em relação a maior parte das Dl's e, em relação à Dl n° 05/11386707, restou comprovado que a Impugnante tinha origem para a operação, decorrente de receita financeira líquida de 5,8% mais lucro operacional médio de 3% (does. 14); d4) Também porque inexistente o dolo específico de fraudar, nos termos detalhados no item 229, supra e nos termos da solução de consulta n° 05/01/2010 (transcrita no item 231, acima), assim como dos Acórdãos no S 30239.026 e 10248607 do CARF (transcritos no item 278.1, acima) d5) Também porque as operações foram feitas na modalidade por encomenda, consoante comprovado pelos Relatórios de Margem de Lucro, acostados como doe. 14, e as operações são anteriores à IN SRF n° 634/06, aplicandose, em conseqüência, o disposto no artigo 417, 418 e 483 do Código Civil c/c artigo 313 do RIPI; o princípio da irretroatividade da norma penal tributária (Acórdãos DRJ no S 0719.952, de 21/05/2010 e 08 14514, de 28/11/2008), bem como o entendimento das Soluções de Consulta n° 45, de 05/02/1999 (item 244, acima) e 05/07/ 01/2010 (item 268, acima), e da exposição de motivos da MP n° Fl. 2277DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 7 6 267, convertida na Lei n° 11.281/06 (transcrita no item 245, acima); e) Sucessivamente ao pedido (d) supra, julgue IMPROCEDENTE o presente auto de infração, uma vez que a pena aplicável seria multa diversa (art. 33 da lei n° 11.488/2007), nos termos da Orientação COANA/COFIA/DIFIA (transcrita no item 292, acima) e consoante Acórdãos DRJ no S 17 25849, de 17/06/2008, e 1726798, de 13/08/2008 (item 295, acima); e, f) Sucessivamente ao pedido (e) supra, que baixe o feito em diligência solicitando esclarecimentos e/documentos à Impugnante para posterior análise desta impugnação, nos termos do artigo 16, § 4o do Decreto n° 70.235/72, considerando se em especial o cerceamento do direito de defesa e a impossibilidade de juntar os livros contábeis como prova documental, por estarem de posse do fiscal autuante (doe. 04). Pugnou, ainda, pela ulterior juntada de documentos, e solicitou que o resultado do julgamento dessa impugnação seja pessoalmente comunicado à Dra. liana Benjó, inscrita na OAB/RJ sob o n° 103.345, com escritório à Av. Rio Branco, n° 245, grupo 1401, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Por seu turno, a DISTRIVIX impugnou o lançamento alegando o abaixo, conforme trecho do relatório do acórdão recorrido: "1. Alega que os documentos apresentados (notas fiscais de compra e conhecimentos de transporte) demonstram que GEMAX adquiriu e importou as mercadorias por sua conta e risco. 2. Alega que os recursos transferidos para GEMAX foram para a quitação de negócios anteriores. 3. Alega que não possui poder de polícia para fiscalizar a capacidade financeira da empresa GEMAX da qual fez a compra dos produtos. 4. Tece comentários sobre o valor probante dos indícios. Alega que a fraude não pode ser presumida e deve ser provada. 5. Cita jurisprudência sobre interposição fraudulenta de terceiros. 6. Tece comentários sobre a aplicação do art. 33 da Lei nº 11.488/07 e da infração aplicada de fato no processo do art. 23, V, do DecretoLei nº 1.455/76. Fala em aplicação retroativa de normas. 7. Requer, por fim, que seja excluída do pólo passivo da autuação ou que seja decretada a nulidade do mesmo. Peticiona pelas produção de mais provas, inclusive pericial. Em 16/01/2012, foi lavrado Termo de Ocorrência, no qual restou consignado a tentativa de devolução integral dos documentos e livros contábeis e fiscais à Sra. Maria Emília de Almeida e Souza, sócia e responsável pela GEMAX, que recebeu pessoalmente o Sr. Fl. 2278DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 8 7 Renato Felz de Oliveira, motorista da Alfândega do Porto de Vitória/ES, mas se recusou a receber a documentação após contato telefônico com terceiro, ficando voluntariamente com uma via do Termo de Devolução. A Vigésima Quarta Turma da DRJ/SP1 em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1652.629, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 2005, 2006 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. A interposição fraudulenta na importação caracteriza crime contra a ordem tributária, sujeitando a importadora interposta a representação fiscal para fins penais além da penalidade previstas no art. 23, V, § 1° do Decretolei n°1.455/76. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada em 21/12/2013, a GEMAX interpôs recurso voluntário, tempestivamente, alegando: 1. Em preliminares, nulidade do auto de infração por negativa de acesso aos autos e obtenção de cópia, nulidade por irregularidade na emissão de MPF, decadência do lançamento relativo às DI´s registradas há mais de cinco anos da ciência da autuação, necessidade de reforma por ausência de descrição específica das irregularidades, impossibilidade de utilizar conclusões de outros processos administrativos; 2. No mérito, a existência de receitas financeiras FUNDAP, imóvel avaliado em R$ 2.374.000 e capital social de R$ 400.000, suficientes a afastar a presunção relativa de incapacidade financeira, que não houve adiantamentos, pois os depósitos ocorreram depois de nacionalizadas as mercadorias, o caráter confiscatório da multa aplicada, a aplicação da multa de dez por cento por cessão de nome de que trata o artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 Por sua vez, a DISTRIVIX, cientificada mediante edital, não apresentou recurso voluntário, conforme termo de perempção, efls. 2264. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Inicialmente, confirmase a não interposição de recurso voluntário pela DISTRIVIX, conforme termo de perempção lavrado após o transcurso do prazo recursal. Destacase que a recorrente foi intimada por AR, o qual foi devolvido por destinatário Fl. 2279DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 9 8 desconhecido, acarretando a afixação de edital, com ciência ocorrida em 28/12/2013, findando o prazo recursal de trinta dias, sem que qualquer recurso tenha sido interposto. Passando ao recurso interposto pela GEMAX, verifico que o mesmo atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente pugna pela decadência das infrações relativas às DI´s registradas há mais de cinco anos entre o registro da DI e a ciência do Auto de Infração. A decadência para constituição de crédito relativo a multa por infrações aduaneiras é dada pelos artigos 138 e 139 do Decretolei nº 37/1966: Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. O Decreto nº 4.543/2002 – RA/2002 reproduziu a mesma disposição do artigo 139 em seu artigo 669, sem qualquer ressalva: Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei no 37, de 1966, art. 139) A multa aplicada decorre da conversão da pena de perdimento por não ter sido a mercadoria localizada ou ter sido consumida, nos termos do §1º1 do artigo 618 do RA/2002, por ocultação do sujeito passivo a ser considerada ocorrida no registro da Declaração de Importação, documento onde são prestadas as informações pertinentes à identificação do adquirente das mercadorias importadas. Portanto, tendo a ciência do Auto de Infração ocorrida em 23/12/2010 (relativo à DISTRIVIX) e 30/12/2010 (relativo à GEMAX), os lançamentos referentes às infrações referentes às DI´s registradas até 25/11/2005 (data da última DI registrada em 2005) devem ser exonerados por decadência. Quanto ao pedido de anulação por vício formal na emissão do MPF, a GEMAX alega que foi emitido MPF com indicação de mesmo auditor fiscal responsável que teria sido indicado em MPF já extinto, infringindo o parágrafo único do artigo 15 da Portaria RFB nº 11.371/2007. 1 Art. 618. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decretolei no 37, de 1966, art. 105, e Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23 e § 1o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) [...] § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida (Decretolei no 1.455, de 1976, art. 23, § 3o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). (Redação dada pelo Decreto nº 4.765, de 24.6.2003) Fl. 2280DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 10 9 Ocorre que o primeiro MPF emitido 07.2.76.002007011890 teve validade até 23/03/2008, ao passo que o MPF 07.2.76.002008001481 foi emitido em 14/03/2008, portanto, antes da extinção do MPF anterior, não configurando a situação alegada pela recorrente. Ademais, salientase que o MPF é um instrumento administrativo, cujo descumprimento poderia acarretar efeitos administrativofuncionais, mas não é requisito essencial do lançamento, nem altera a competência do auditor fiscal para a lavratura do Auto de Infração, cuja atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do parágrafo único do artigo 142 do CTN. Destacase ainda que a Lei nº 10.593/2002, em seu artigo 6º, dispõe sobre a competência do auditor fiscal, estabelecendo que o Poder Executivo poderia regulamentar as atribuições, o que foi efetivado pelo Decreto nº 6.641/2008, que em seu artigo 2º2 dispôs sobre a competência para constituir o crédito tributário e praticar os atos relacionados ao controle aduaneiro etc. Já a Portaria RFB nº 11.371/2007, instituidora do MPF, disciplinou apenas a forma como seriam emitidos os procedimentos fiscais, não se imiscuindo na competência legal conferida ao auditor fiscal, nem configurando requisito essencial do lançamento, nos termos do artigo 10 do Decreto nº 70.935/1972. Neste sentido, citase Acórdão nº 9101001.798, proferido em 19/11/2013, pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, cuja ementa, parcialmente, transcrevese: NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração. Em outra vertente, a recorrente alega cerceamento de defesa por ausência de descrição específica das irregularidades supostamente praticadas. Neste ponto, a GEMAX se opõe ao lançamento pela falta de descrição específica da irregularidade cometida em cada DI, infringindo o inciso III do artigo 10 do Decreto nº 70.235/72. Entretanto, da análise dos autos, inferese que não foi o efetivamente ocorrido. O relatório fiscal descreveu todos os procedimentos efetuados desde a instauração de procedimento especial com base na IN SRF 206/2002, passando pela revisão de habilitação de que trata a IN SRF 650/2002, culminando na abertura de nova ação com base na IN SRF 228/2002. 2 Art. 2o São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições [...] c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, materiais, equipamentos e assemelhados; Fl. 2281DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 11 10 Em seguida, apontou os elementos que caracterizavam a falta de capacidade econômica e financeira, apresentando quadro com a evolução do capital social e do Patrimônio Líquido em comparação com o volume de importações, sobre a reavaliação de ativos para aumento do capital social, sobre a inexistência de empréstimos e financiamentos, exceto o FUNDAP. Passou então a descrever como seriam os adiantamentos feitos para cada DI, tendo em vista a falta de capacidade financeira para quitar as obrigações relativas às importações. Neste ponto, a fiscalização juntou quatro modelos de planilhas entregues pela recorrente em resposta às intimações, contendo as seguintes informações: Modelo 1: "Traz informações acerca das correspondentes Dls que estão relacionadas às "vendas" das mercadorias importadas da GEMAX para o real adquirente, tais como o n° da Dl e o n° das correspondentes Adições, a descrição das mercadorias, suas quantidades e seu posicionamento na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), nome do exportador e valores de tributos vinculados à importação"; Modelo 2: " Traz as informações acerca das liquidações cambiais das obrigações junto a exportadores, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° do contrato de câmbio, a data e o valor de liquidação do câmbio, o beneficiário do crédito das divisas no exterior e a /identificação do meio pelo qual a liquidação foi efetuada; Modelo 3: " Traz as informações acerca das "vendas" das mercadorias importadas no mercado interno, relacionadas a cada uma das Dls, tais como o n° e a data das correspondentes Notas Fiscais de "venda" de emissão da GEMAX, a descrição e quantidades das mercadorias, a identificação do destinatário (o adquirente), os valores de tributos e as condições de pagamento em foram celebradas as "vendas"; Modelo 4: "Traz as informações acerca dos valores recebidos em função das "vendas", tais como a identificação do autor dos pagamentos, o meio pelo qual este efetuou os pagamentos, junto com a correspondente identificação bancária, assim como as datas e respectivos valores recebidos." A fiscalização juntou ainda aos autos as notas fiscais de venda de emissão da GEMAX, o Livro Registro de Saídas das mercadorias importadas, o Livro Diário e os extratos bancários da GEMAX. A partir destes elementos, a fiscalização detalhou as operações realizadas concernentes a uma DI, não o fazendo para as demais DI´s. É este o ponto rebatido pela recorrente, que entende ser causa de nulidade a falta da demonstração específica para cada DI. Entretanto, a falta de demonstração pode ensejar mais esforço para a recorrente, mas não inviabiliza sua defesa, no sentido de rebater as informações produzidas nas planilhas Modelos 1 a 4, especialmente quanto às datas de liquidação de câmbio e as datas de recebimentos dos valores da DISTRIVIX , mesmo porque todas as informações foram obtidas da própria recorrente. O relatório fiscal mencionou a forma de se constatar o adiantamento: "Ou seja, este tipo de arranjo consistia numa "venda" previamente entabulada, pela qual a GEMAX era remunerada previamente a cada desembolso que necessitava efetuar. Essa constatação fica nítida ao se comparar as datas que a GEMAX liquidava os compromissos financeiros das importações Fl. 2282DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 12 11 (fechamento de câmbio para remessa de divisas ao exportador) com aquelas relacionadas aos recursos creditados a seu favor ("recebimentos das supostas vendas") pelos reais adquirentes." Ressaltase que a recorrente defendeu em toda sua impugnação a necessidade de devolução de prazo para exercer seu direito de defesa, em razão de os livros contábeis e fiscais não terem sido devolvidos, indicando não rebater a acusação de utilizarse de adiantamentos para quitar as obrigações relativas às importações devido à falta desta documentação, como alegado no excerto da impugnação: "28. É de se destacar, outrossim, que a indevida retenção de todos os livros e documentos fiscais da autuada impede que ela apresente todos os elementos probatórios necessários para comprovar, de maneira pormenorizada, a sua capacidade econômica e financeira para atuar no comércio exterior, assim como o lucro decorrente de suas operações. 29. Portanto, a não devolução dos livros e dos documentos utilizados pela autoridade nos procedimentos de fiscalização, impossibilita que a Impugnante se utilize de todo o material probatório que ela faz juz para refutar as alegações descabidas do Fisco." Estranhamente, em 16/01/2012, numa tentativa de devolução dos referidos documentos, a sócia da GEMAX decidiu recusar o recebimento de tal documentação, quando enfim poderia rebater a acusação de falta de capacidade financeira e econômica, uma vez que teria o lapso temporal de 23 meses para produzir tal defesa, já que o recurso voluntário fora protocolado em dezembro de 2013. Rejeito, portanto, a preliminar arguida. Ainda em preliminares, a recorrente defende a nulidade do Auto de Infração, em razão de ter a fiscalização utilizado de conclusões obtidas em outros procedimentos fiscais, sem fazer qualquer juízo crítico neste processo. Aparentemente, a recorrente está alegando que a ausência de capacidade financeira e econômica foi verificada em outro procedimento fiscal. Entretanto, o relatório fiscal expôs um histórico dos procedimentos realizados, a fundamentação jurídica quanto às modalidades de importação, o dano ao erário e a interposição fraudulenta, descreveu os efeitos que poderiam ser auferidos com a prática da interposição fraudulenta, analisou a capacidade financeira e econômica, com quadros de evolução patrimonial, no Tópico A) A CAPACIDADE FINANCEIRA E ECONÔMICA DA GEMAX É INCOMPATÍVEL COM O VOLUME DOS NEGÓCIOS, concluindo que o baixo capital social aportado, a inexistência de financiamentos e empréstimos e a baixa margem de lucro seriam insuficientes para fazer frente ao volume de importações. Em seguida, a partir desta conclusão, partiu para demonstrar que as operações somente foram possíveis de serem realizadas mediante a antecipação de recursos por parte dos clientes da GEMAX, especialmente a liquidação dos contratos de câmbio. Analisou, ainda, as informações prestadas em sua página na internet quanto ao modelo negocial desenvolvido pela GEMAX, e, terminou por expor o encadeamento de Fl. 2283DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 13 12 elementos de prova para se concluir pela inter posição fraudulenta. Ao final, discorreu sobre os enquadramentos legais relativos à interposição fraudulenta, à solidariedade e responsabilidade tributárias, o valor aduaneiro da mercadoria e a representação fiscal para fins penais. Enfim, depreendese que as conclusões foram produzidas no próprio procedimento e expostas no próprio relatório fiscal, possibilitando à recorrente o exercício do contraditório e da ampla defesa, não havendo que se falar em empréstimo de conclusões, nem em cerceamento de defesa, razões pelas quais, rejeito preliminar arguida. Ainda, em preliminares, a GEMAX alega reforma da decisão recorrida e nulidade do auto de infração, por negativa de acesso aos autos e obtenção de cópias. Entretanto, não localizei no acórdão atacada tal passagem, nem nos autos a situação descrita. Aparentemente, a matéria referese a outro processo, razão pela qual não a conheço. Ultrapassadas as preliminares, passase à análise do mérito relativo à interposição fraudulenta. A recorrente defende, em síntese, que possuía recursos próprios para a realização das operações de importação, pois auferiu receitas financeiras provenientes do FUNDAP de 5,8% da receita líquida, possuía terreno avaliado em R$ 2.734.000 e capital social de R$ 400.000,00, que seriam suficientes a demonstrar a saúde financeira da GEMAX, o que afastaria a presunção relativa de incapacidade financeira. Primeiramente, destacase que a legislação prevê três modalidades de importação: importação direta, importação por "conta e ordem" e importação por encomenda. Na importação direta, o destinatário da mercadoria é o próprio importador que a utilizará para consumo próprio ou para revenda, possuindo a característica de não haver um destinatário prédeterminado e atualmente normatizada pela IN SRF nº 680/2006. O excerto abaixo extraído do artigo publicado na obra “Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF” 3 esclarece: “I.1. Importação por conta própria A importação por conta própria é a tradicional modalidade de importação. É aquela modalidade de importação em que o importador adquire a mercadoria do exportador no exterior, fecha o câmbio em nome próprio, com recursos próprios, paga os tributos e a utiliza ou a venda no mercado interno para diversos compradores” Quanto às outras duas modalidades, o site da Receita Federal esclarece seus contornos4: Importação por conta e ordem: 3 Tributação Aduaneira: à luz da jurisprudência do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/Ana Clarissa M. dos Santos Araújo...[et al.]; coordenação Marcelo Magalhães Peixoto,Ângela Sartori, Luiz Roberto Domingo. 1º ed. São Paulo; MP Editora, 2013. Artigo: "Dano ao Erário pela Ocultação Mediante Fraude a Interposição Fraudulenta de Terceiros nas Operações de Comércio Exetrior", página 53. 4 http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despachodeimportacao/topicos1/importacao porcontaeordemeimportacaoporencomenda1/importacaoporcontaeordem/oqueeaimportacaopor contaeordem Fl. 2284DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 14 13 A importação por conta e ordem de terceiro é um serviço prestado por uma empresa a importadora , a qual promove, em seu nome, o Despacho Aduaneiro de Importação de mercadorias adquiridas por outra empresa a adquirente em razão de contrato previamente firmado, que pode compreender ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, como a realização de cotação de preços e a intermediação comercial (art. 1º da IN SRF nº 225/2002 e art. 12, § 1°, I, da IN SRF nº 247/2002). Assim, na importação por conta e ordem, embora a atuação da empresa importadora possa abranger desde a simples execução do despacho de importação até a intermediação da negociação no exterior, contratação do transporte, seguro, entre outros, o importador de fato é a adquirente, a mandante da importação, aquela que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, em razão da compra internacional; embora, nesse caso, o faça por via de interposta pessoa a importadora por conta e ordem , que é uma mera mandatária da adquirente. Dessa forma, mesmo que a importadora por conta e ordem efetue os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, antecipados ou não, não se caracteriza uma operação por sua conta própria, mas, sim, entre o exportador estrangeiro e a empresa adquirente, pois dela se originam os recursos financeiros. Importação por encomenda: A importação por encomenda é aquela em que uma empresa adquire mercadorias no exterior com recursos próprios e promove o seu despacho aduaneiro de importação, a fim de revendêlas, posteriormente, a uma empresa encomendante previamente determinada, em razão de contrato entre a importadora e a encomendante, cujo objeto deve compreender, pelo menos, o prazo ou as operações pactuadas (art. 2º, § 1º, II, da IN SRF nº 634/2006). Assim, como na importação por encomenda o importador adquire a mercadoria junto ao exportador no exterior, providencia sua nacionalização e a revende ao encomendante, tal operação tem, para o importador contratado, os mesmos efeitos fiscais de uma importação própria. Em última análise, em que pese à obrigação do importador de revender as mercadorias importadas ao encomendante predeterminado, é aquele e não este que pactua a compra internacional e deve dispor de capacidade econômica para o pagamento da importação, pela via cambial. Da mesma forma, o encomendante também deve ter capacidade econômica para adquirir, no mercado interno, as mercadorias revendidas pelo importador contratado. Outro efeito importante desse tipo de operação é que, conforme determina o artigo 14 da Lei nº 11.281/2006, aplicamse ao importador e ao encomendante as regras de preço de transferência de que tratam os artigos 18 a 24 da Lei nº Fl. 2285DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 15 14 9.430/1996. Em outras palavras, se o exportador estrangeiro, nos termos dos artigos 23 e 24 dessa lei, estiver domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida e/ou for vinculado com o importador ou o encomendante, as regras de “preço de transferência” para a apuração do imposto sobre a renda deverão ser observadas. Salientase, ainda, que a importação por conta e ordem foi regulamentada pela Receita Federal do Brasil mediante a edição da IN SRF 225/2002, conforme autorizado pelo art. 80 da MP nº 2.15835/20015 e impõe ao real adquirente conseqüências relevantes como a prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com seu capital social ou o patrimônio líquido; a sujeição ao procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002 (verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas); a responsabilidade solidária quanto ao imposto de importação; a responsabilidade conjunta ou isolada, quanto às infrações aduaneiras; a sujeição ao pagamento dos tributos relativos ao IPI de sua saída por contribuinte por equiparação; a sujeição aos pagamentos de PIS/Pasep e Cofins sob as normas de incidência sobre a receita bruta do importador. A acusação fiscal é de que a GEMAX teria simulado importação direta quando na realidade teria importado por conta e ordem da DISTRIVIX por presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, em razão de adiantamentos de recursos fornecidos pela DISTRIVIX para a liquidação dos contratos de câmbio, uma vez que a GEMAX não possuía capacidade financeira e econômica próprias para suportar os custos das importações: O artigo 27 da Lei nº 10.637/2002 dispõe que: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Por sua vez, os artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001 dispõem: Art. 77. O parágrafo único do art. 32 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. ................................................... ................................................... Parágrafo único. É responsável solidário: I o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada com isenção ou redução do imposto; II o representante, no País, do transportador estrangeiro; III o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no 5 Artigo 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Fl. 2286DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 16 15 caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 78. O art. 95 do DecretoLei nº 37, de 1966, passa a vigorar acrescido do inciso V, com a seguinte redação: " V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 79. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 80. A Secretaria da Receita Federal poderá: I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora por conta e ordem de terceiro; e I estabelecer requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora ou exportadora por conta e ordem de terceiro; e (Redação dada pela Lei nº 12.995, de 18 de junho de 2014) II exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do adquirente. Art. 81. Aplicamse à pessoa jurídica adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora, as normas de incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre a receita bruta do importador. Por outro lado, a partir da Lei nº 11.281/2006, foi disciplinada a figura da importação por encomenda, com regulamentação dada pela IN SRF nº 634/2006, nos seguintes termos: Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1o A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2o A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o Fl. 2287DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 17 16 deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. § 3o Considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 2007) Art. 12. Os arts. 32 e 95 do DecretoLei no 37, de 18 de novembro de 1966, passam a vigorar com a seguinte redação: "Art. 32. .............................................................................. .............................................................................. Parágrafo único. .............................................................................. .............................................................................. c) o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora; d) o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora." (NR) "Art. 95. .............................................................................. .............................................................................. VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora." (NR) Art. 13. Equiparamse a estabelecimento industrial os estabelecimentos, atacadistas ou varejistas, que adquirirem produtos de procedência estrangeira, importados por encomenda ou por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. Art. 14. Aplicamse ao importador e ao encomendante as regras de preço de transferência de que trata a Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nas importações de que trata o art. 11 desta Lei. IN SRF nº 634/2006: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL , no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 230 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 30, de 25 de fevereiro de 2005 , e tendo em vista o disposto no art. 16 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999 , e nos incisos I e II do § 1º do art. 11 e nos arts. 12 a 14 da Lei nº 11.281, de 20 de fevereiro de 2006, resolve: Fl. 2288DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 18 17 Art. 1º O controle aduaneiro relativo à atuação de pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado será exercido conforme o estabelecido nesta Instrução Normativa. Parágrafo único. Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente. Art. 2º O registro da Declaração de Importação (DI) fica condicionado à prévia vinculação do importador por encomenda ao encomendante, no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). § 1º Para fins da vinculação a que se refere o caput, o encomendante deverá apresentar à unidade da Secretaria da Receita Federal (SRF) de fiscalização aduaneira com jurisdição sobre o seu estabelecimento matriz, requerimento indicando: I nome empresarial e número de inscrição do importador no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); e II prazo ou operações para os quais o importador foi contratado. § 2º As modificações das informações referidas no § 1º deverão ser comunicadas pela mesma forma nele prevista. § 3º Para fins do disposto no caput, o encomendante deverá estar habilitado nos termos da IN SRF nº 455, de 5 de outubro de 2004 . Art. 3º O importador por encomenda, ao registrar DI, deverá informar, em campo próprio, o número de inscrição do encomendante no CNPJ. Parágrafo único. Enquanto não estiver disponível o campo próprio da DI a que se refere o caput, o importador por encomenda deverá utilizar o campo destinado à identificação do adquirente por conta e ordem da ficha "Importador" e indicar no campo "Informações Complementares" que se trata de importação por encomenda. Art. 4º O importador por encomenda e o encomendante são obrigados a manter em boa guarda e ordem, e a apresentar à fiscalização aduaneira, quando exigidos, os documentos e registros relativos às transações em que intervierem, pelo prazo decadencial. Art. 5º O importador por encomenda e o encomendante ficarão sujeitos à exigência de garantia para autorização da entrega ou desembaraço aduaneiro de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou patrimônio líquido do importador ou do encomendante. Parágrafo único. Os intervenientes referidos no caput estarão sujeitos a procedimento especial de fiscalização, nos termos da Fl. 2289DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 19 18 Instrução Normativa SRF nº 228, de 21 de outubro de 2002 , diante de indícios de incompatibilidade entre os volumes transacionados no comércio exterior e a capacidade econômica e financeira citada. Art. 6º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. A caracterização como encomendante predeterminado traz conseqüências relevantes como o cumprimento das obrigações acessórias previstas na IN SRF 634/2006; a sujeição ao procedimento especial previsto na IN SRF 228/2002 (verificação da origem dos recursos aplicados em operações de comércio exterior e combate à interposição fraudulenta de pessoas); a prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias, quando o valor das importações for incompatível com seu capital social ou o patrimônio líquido; a responsabilidade solidária quanto ao imposto de importação; a responsabilidade conjunta ou isolada, quanto às infrações aduaneiras; a sujeição ao pagamento dos tributos relativos ao IPI de sua saída por contribuinte por equiparação; a aplicação das regras de preços de transferência de que trata a Lei nº 9.430/96. A inobservância das condições e requisitos por parte da pessoa jurídica importadora previstos na IN SRF 634/2006 acarreta a presunção de que a operação tenha sido realizada por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos artigos 77 a 81 da MP nº 2.15835/2001, nos termos do §2º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006. Outro aspecto que deve ser frisado é que o disposto no §3º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006 “considerase promovida na forma do caput deste artigo a importação realizada com recursos próprios da pessoa jurídica importadora, participando ou não o encomendante das operações comerciais relativas à aquisição dos produtos no exterior” juntamente com a disposição do parágrafo único do artigo 1º da IN SRF nº 643/2006 "Não se considera importação por encomenda a operação realizada com recursos do encomendante, ainda que parcialmente" implicam a conclusão de que a figura da importação por encomenda não admite a antecipação dos recursos pelo encomendante, ainda que parcialmente. Em complemento, a antecipação dos recursos torna presumida a operação por conta e ordem, conforme disposto no artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Defluise que a operação por encomenda, na qual o importador realiza toda a transação comercial e revende a mercadoria a um adquirente predeterminado, e este não antecipa qualquer recurso, é sujeita a um controle aduaneiro específico e acarreta todos os efeitos já acima mencionados. Destacase que a antecipação de recursos por parte do encomendante retira a figura da importação por encomenda (parágrafo único do artigo 1º da IN SRF 634/2006 e §3º do artigo 11 da Lei nº 11.281/2006) e a desloca para a figura da importação por conta e ordem, por ficção jurídica, representada pelas presunções de que trata o §2º do artigo 11 da Lei 11.281/2006 e o artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Estabelecido este entendimento, retornamse às alegações. Relativamente à sua capacidade financeira, a GEMAX alega que a fiscalização desconsiderou que o financiamento do BANDES, decorrente das operações com o FUNDAP, teria gerado uma receita financeira em torno de R$ 3.740.000,00, o que, aliado à existência de imóvel e do montante do capital social, no valor de R$ 400.000,00, comprovaria a origem dos recursos. Fl. 2290DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 20 19 Constatase que o valor de R$ 400.000 decorreu de integralização de lucros acumulados, passando de R$ 50.000 para os referidos quatrocentos mil. Já o valor de R$ 2,374 milhões relativo a imóvel decorreu de reavaliação de custo de aquisição de R$ 45 mil. Estes montantes não refletem capacidade financeira a suportar o volume de importações. Na realidade, a fiscalização considerou como recursos financeiros, o lucro líquido acumulado de 2005 a 2007 no valor de 980.000,00 em sua análise da capacidade econômicofinanceira da GEMAX, o que incluiu as receitas financeiras auferidas. No quadro 05 do relatório fiscal, constam receitas financeiras consideradas da ordem de R$ 3.921.000 para 2005 e 2006, e R$ 5.160.000, incluindo 2007. A questão esquecida pela recorrente é de que existem despesas operacionais, financeiras e não operacionais contabilizadas, que, por certo, absorveram parte das receitas financeiras auferidas. O fato é que no período de 2005 a 2007, houve aporte financeiro mediante integralização de capital da ordem de R$ 50.000,00 e lucro líquido da ordem de R$ 853.923,00 (soma do lucro do exercício do quadro 05), consideradas todas as receitas e despesas contabilizadas, para um volume de importações da ordem de R$ 30.000.000,00. Os valores referemse a receitas auferidas e despesas incorridas por regime de competência, o que, não necessariamente, corresponde ao fluxo financeiro. Entretanto, para fazer frente aos pagamentos das liquidações de câmbio com recursos próprios seria necessária uma engenharia financeira na qual os recebimentos das vendas fossem utilizados em liquidações de outras aquisições a serem posteriormente revendidas, e isto deveria acontecer em volume de R$ 29.000.000,00 dos R$ 30.000.000, operados no período de 2005 a 2007. Tal engenharia não foi provada pela recorrente que se limitou a alegar que o FUNDAP comprovava a origem dos recursos. Ressaltase que a fiscalização intimou a GEMAX a apresentar o Demonstrativo Sumário das Origens e Aplicações de Recursos referentes aos anos de 2005, 2006 e 2007, de acordo com o modelo do Anexo IC do Ato Declaratório Executivo Coana nº 3/2006, o qual contém um fluxo de caixa sumário. A recorrente apresentou o quadro com informações inconsistentes com a movimentação financeira de caixa e bancos registrada nos livros contábeis, tendo sido consignado em Termo de Constatação e Reintimação, datado de 11/06/2008. Tal demonstrativo foi reintimado em termo datado de 12/08/2008, não tendo sido apresentado pela recorrente, conforme constatado no relatório fiscal. Embora reconheçase que o financiamento proveniente do FUNDAP possa servir como comprovação da origem de recursos para a realização da algumas importações, a recorrente não demonstrou quais importações teriam sido realizadas com tais recursos. Assim, considero que está devidamente provada a incapacidade financeira e econômica da GEMAX para suportar os custos da importação do volume de R$ 30 milhões entre 2005 e 2007. Porém, a acusação fiscal não foi de interposição fraudulenta presumida por incapacidade financeira, mas de interposição fraudulenta com identificação do real adquirente por terem sido os recursos adiantados, nos termos do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002. Quanto a estes adiantamentos, a recorrente alega que não ocorreram, pois os depósitos foram efetuados após a nacionalização das mercadorias. Por outro lado, a fiscalização acusou que os adiantamentos eram destinados a suportar as liquidações de câmbio e os pagamentos dos tributos devidos na importação. Nestes aspectos, a tabela seguinte Fl. 2291DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 21 20 demonstra os valores de liquidação e datas com os valores recebidos decorrentes das vendas aos clientes: DI Dt. registro Dt liq. câmbio Valor Dt. rec. vendas antec. Valor Nota Fiscal Valor Dt. emissão 06/0032873 10/1/06 1/2/06 35.886 17/1/06 11.000 731 11.898 13/1/06 19/1/06 30.000 732 69.218 13/1/06 20/1/06 3.400 31/1/06 36.040 06/0032942 10/1/06 1/2/06 50.732 31/1/06 50.372 730 80.401 13/1/06 20/1/06 a 15/3/06 demais pagamentos 06/0187726 15/2/06 * * 15/3/06 6.150 883 11.742 16/3/06 06/0187741 15/2/06 * * 15/3/06 5.254 884 11.587 16/3/06 06/0336878 23/3/06 23/5/06 23.004 30/3/06 a 29/5/06 905, 906, 907 11.462, 16.363, 8.531 30/3/06 06/0427585 13/4/06 11/7/06 9.312 20/4/06 a 11/7/06 955 15.801 19/4/06 06/0455785 20/4/06 30/5/06 42.868 26/4/06 a 29/5/06 966 59.289 27/4/06 * sem informação na planilha juntada aos autos. Verificase que, à exceção das DI´s 06/0187726 e 06/0187741, para todas as demais, os valores pagos pela recorrente foram posteriores ao registro da DI e a própria data de emissão das notas fiscais, bem como a liquidação do câmbio ocorreu em data posterior ao registro da DI e da emissão das notas fiscais de vendas, o que afasta a ocorrência de adiantamento de recurso para o custeio das importações. Mesmo em relação às DI´s 06/0187726 e 06/0187741, ainda que os pagamentos tenham ocorrido um dia antes da emissão das notas fiscais, não houve comprovação de que tais pagamentos foram utilizados para liquidar os contratos de câmbio, em razão da ausência das informações sobre as datas e valores referentes à liquidação. Fl. 2292DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 22 21 Embora a liquidação do câmbio tenha sido efetuada com tais recursos, os referidos consistem em recebimento do preço de venda das mercadorias e não antecipações, o que afasta a presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, de modo a caracterizar a DISTRIVIX como real adquirente das mercadorias, nos termos da importação por conta e ordem. Diante do exposto, voto para dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Voto Vencedor MÉRITO Interposição fraudulenta caracterizada É digno de realce que a divergência a seguir delineada prendese à fundamentação meritória quanto à caracterização pela fiscalização de interposição fraudulenta, por entender o i. Relator que pela cronologia dos fatos não estariam demonstrados para as DI elencadas no quadro demonstrativo de seu voto, os adiantamentos de recursos para as operações de importação respectivas, conforme excertos do voto: Verificase que, à exceção das DI´s 06/0187726 e 06/0187741, para todas as demais, os valores pagos pela recorrente foram posteriores ao registro da DI e a própria data de emissão das notas fiscais, bem como a liquidação do câmbio ocorreu em data posterior ao registro da DI e da emissão das notas fiscais de vendas, o que afasta a ocorrência de adiantamento de recurso para o custeio das importações. Mesmo em relação às DI´s 06/0187726 e 06/0187741, ainda que os pagamentos tenham ocorrido um dia antes da emissão das notas fiscais, não houve comprovação de que tais pagamentos foram utilizados para liquidar os contratos de câmbio, em razão da ausência das informações sobre as datas e valores referentes à liquidação. Embora a liquidação do câmbio tenha sido efetuada com tais recursos, os referidos consistem em recebimento do preço de venda das mercadorias e não antecipações, o que afasta a presunção do artigo 27 da Lei nº 10.637/2002, de modo a caracterizar a DISTRIVIX como real adquirente das mercadorias, nos termos da importação por conta e ordem. Discorrendo o voto do i. Relator de forma minudente sobre as modalidades de importação e as consequências fiscais na adoção de cada modelo, bem como estando demonstrado no referido voto que a questão dos autos não se enquadra como importação por encomenda, abordarseá a matéria em debate a partir da fundamentação da fiscalização quanto à situação fática demonstrada: Fl. 2293DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 23 22 No relatório do Auto de Infração, fls.1.070/1.140, consignou a fiscalização: Durante o avançar do referido procedimento fiscal, foram constatados elementos que apontavam para a falta de capacidade econômicofinanceira da GEMAX para promover as operações de comércio exterior por sua própria conta e risco, o que, portanto, reforçava a suspeição inicial da prática de interposição fraudulenta. Logo, como medida preliminar, foi dado início à revisão da sua habilitação para operar em comércio exterior, fundamentada no art. 21, V, da Instrução Normativa SRF n° 650, de 12 de maio de 2006. Ao final da revisão da habilitação, verificouse, dentre outras coisas, que o volume de operações de importação da GEMAX se mostrava incompatível com a sua capacidade econômico financeira evidenciada, agravado principalmente em razão de a empresa não ter demonstrado, quando dela exigido, a origem, a transferência e a disponibilidade dos recursos por ela utilizados naquelas operações, fato que originou a abertura de nova ação fiscal, desta vez para aplicação de procedimentos especiais de fiscalização sobre a empresa, e não mais sobre esta ou aquela importação, de acordo com as determinações da Instrução Normativa SRF n° 228, de 21 de outubro de 2002, abrangendo os anos de 2005,2006 e 2007.(grifei). Ao final da aplicação de procedimentos especiais de fiscalização, restou caracterizada a prática de OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE, MEDIANTE FRAUDE OU SIMULAÇÃO, INCLUSIVE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, infração punível com a PENA DE PERDIMENTO DAS MERCADORIAS, conforme fundamentação legal vista aqui na parte introdutória, referente às operações de importação amparadas pelas Declarações de Importação DIs relacionadas abaixo: Conforme será amplamente demonstrado ao longo do presente Auto de Infração, as importações representadas pelas DIs acima foram registradas como que promovidas por conta e ordem da GEMAX, na modalidade denominada "importação direta", e as mercadorias como que revendidas no mercado interno, como nacionalizadas, à DISTRIVIX, parte que pretendia se manter recôndita. Delineada a fundamentação da fiscalização para o caso em tela, verificarseá a seguir o suporte legal para a espécie. · DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, que assim dispunha à época das importações em causa: Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] Fl. 2294DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 24 23 V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002).(gn). · Lei nº 10.637, de 2002, art. 27: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Como muito bem ressaltado no voto do i. Relator quanto às modalidades de importação, inferese que diante das exigências e modus operandi estabelecidos na legislação quanto à importação indireta, precisamente quanto às disposições do artigo 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002, que são elementos essenciais para caracterizar a interposição fraudulenta: i) A identificação de um adquirente oculto; ii) A presença do importador interposto, importador ostensivo, que realiza os trâmites do despacho de importação com se estivesse importando por conta própria; No presente caso demonstrou a fiscalização através das peças instrutórias carreadas aos autos notadamente os documentos de fls. 1.149/1.786 a identificação dos elementos caracterizadores indicados nas alíneas "a" e "b" bem como constatou a falta de capacidade econômica e financeira do importador ostensivo aliada à comprovação do aporte financeiro pelo adquirente oculto ao importador. Notese que o núcleo infracional conforme caracterizou a fiscalização foi a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação cujos elementos que robustecem a conclusão em referência estão assim demonstrados no citado relatório da autuação: Fl. 2295DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 25 24 a) Importações registradas pela 6GEMAX como importadora e adquirente das mercadorias: A GEMAX registrou as Declarações de Importação DI, elencadas no Quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, entre estas, as DI´s nºs 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, em seu nome, tendo declarado tratarse de importações efetuadas por sua "própria conta e ordem", assim entendido aquelas em que a empresa negociou e pactuou a compra internacional, adquiriu as mercadorias no exterior com "recursos próprios" e promoveu o seu despacho aduaneiro de importação; b) Incompatibilidade entre o volume transacionado no comércio exterior e sua capacidade econômico financeira em decorrência das seguintes constatações: após intimação e sucessivas prorrogações de prazo a empresa NÃO cumpriu totalmente as exigências, mais especificamente no que se refere a apresentar os demonstrativos de origem e aplicação de seus recursos b.1) a GEMAX não possuía capacidade econômica e financeira, conforme quadro 04, fl.1.105 para movimentar, por sua própria conta e risco, o volume de cerca de R$ 30 MILHÕES (trinta milhões de reais) em importações, nos anos de 2005, 2006 e 2007, considerando o capital social da ordem de R$ 50.000,00 (aumentados para R$ 400.000,00 no quarto trimestre de 2006, decorrentes de lucros acumulados); Destaca ainda fiscalização: Em meio a esses R$ 30 MILHÕES, pelo menos R$ 1,3 MILHÃO representa o volume de importações da DISTRIVIX, a adquirente, para a qual a GEMAX simulou ter importado mercadorias com recursos próprios. Mais uma vez, isso só foi possível porque a GEMAX utilizava integralmente os recursos fornecidos pela DISTRIVIX, em forma de ADIANTAMENTOS, para efetuar os pagamentos ao fornecedor estrangeiro, recolher os tributos incidentes sobre as importações de mercadorias e arcar com os demais custos para nacionalização das mercadorias adquiridas. Dessa forma, acobertou as operações que eram realizadas por conta e ordem da DISTRIVIX, a real interessada na aquisição das mercadorias importadas, quem, na verdade, assumiu todos os custos e riscos da operação e, com base nesse artifício, acabava se esquivando de obrigações tributárias principais e acessórias. b.2) aumento de capital social por reavaliação de bens, adquiridos por R$ 45 mil e reavaliados para R$ 2,774 milhões, em datas próximas, não havendo qualquer aumento de disponibilidade financeira; 6 As mercadorias tiveram como importador a GEMAX, empresa com estabelecimento matriz no Espírito Santo, que opera no sistema FUNDAP pelo qual o Governo do Estado do Espírito Santo concede benefícios fiscais (diferimento do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS) e financeiros (empréstimo subsidiado) àquelas empresas que ali se estabelecem e processam seus despachos aduaneiros (as chamadas "fundapeanas" Fl. 2296DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 26 25 b.3) os resultados oriundos do giro dos negócios da empresa, o lucro líquido auferido e registrado contabilmente pela GEMAX, ao longo dos anos de nos anos de 2005, 2006 e 2007, em torno de R$ 980 mil (novecentos e oitenta mil reais), afigurase ínfimo e desproporcional entre sua capacidade econômica e financeira evidenciada e o montante das operações que efetuou em importações no mesmo período, sendo insuficiente para explicar a origem dos recursos aplicados em suas importações; b.4) Inexistência de quaisquer empréstimos e financiamentos tomadas de terceiros, conforme ratificado pela Recorrente, fl.1.148, item 11 da resposta à intimação, exceto as operações do FUNDAP em valores insuficientes, e em datas discrepantes aos das operações de importação; b.5) ausência da margem de lucro no preço de "venda" dos produtos ao cliente em decorrência do 7FUNDAP, uma vez que a empresa GEMAX repassava as mercadorias para a DISTRIVIX por um preço que equivale unicamente ao custo total de cada operação de importação. Vale ressaltar que sobre a ausência de margem de lucro, destaca a decisão de piso: Nele a impugnante praticamente reconhece que não é a real adquirente dos produtos importados visto que repassa os produtos adquiridos sem qualquer margem de lucro (situação inusitada para uma empresa que teoricamente realiza importações diretas para revenda ao mercado nacional). Além disso, a impugnante apresenta a quebra da cadeia do IPI (“menor alavancagem do IPI”) como uma “vantagem” a ser oferecida a seus clientes. Ora, essa “vantagem” não passa de uma prática fraudulenta na medida que reduz os tributos devidos na operação pela simulação de uma importação direta que de fato não ocorre. A análise da planilha de fl. 1124 reflete claramente essa situação com a constante apuração de prejuízo operacional pela impugnante GEMAX. Pontuados os elementos acima destacados, inferese da análise do Relatório Fiscal e das peças instrutórias carreadas aos autos pela fiscalização, documentos de fls. 1.149/1.786, referenciadas no corpo do relatório, que a autoridade lançadora de forma minudente, contextualizou os fatos envolvidos na presente autuação à luz da legislação de regência e demonstrou através de um conjunto probatório convergente e verossímil a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, em todas as DIs 7 Fundo para o Desenvolvimento das Atividades Portuárias benefício concedido às empresas de comércio exterior que estabelecem seu domicílio fiscal no Estado do Espírito Santo (ainda que a "matriz" no ES tenha 02 empregados e a "filial", no Rio de Janeiro, por exemplo, mais de 100) e que são autorizadas pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo BANDES a operar no sistema, dentro de certos limites operacionais. Essas empresas, denominadas "fundapeanas", obtêm, para os despachos de importação que promovem dentro do estado, diferimento (postergação do prazo) no pagamento do ICMS incidente nas importações e financiamento de longo prazo concedido pelo BANDES, no valor de cerca de 70% (setenta por cento) do ICMS recolhido, com juros fixos de 1% a.a. (um por cento ao ano), carência de 5 (cinco) anos e mais 20 (vinte) anos de prazo para sua amortização, com opção de recompra da dívida, em leilões realizados periodicamente por aquele banco, nos quais os contratos são liquidados por cerca de até 10% a 15% do saldo devedor. Fl. 2297DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 27 26 elencadas no Quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1072/1074, inclusive em relação às DI´s 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, objeto da presente fundamentação meritória. Da Natureza da Operação Da identificação das situações acima destacadas nas alíneas "a" e "b", colhidas do Relatório Fiscal, no qual estão referenciados os documentos de fls. 1.149/1.786, constatase que a movimentação do expressivo volume de cerca de R$ 30 Milhões (trinta milhões de reais) em importações, nos anos de 2005, 2006 e 2007, incluídas as operações de importação objeto do Auto de Infração que ora se examina, associada à comprovada inexistência de capacidade financeira e econômica da GEMAX para fazer face ao volume de importações por ela transacionado como acima ressaltado, inclusive pela constatada ausência de empréstimos e financiamentos, somente foi possível pelo aporte de recursos efetuados pelos reais interessados na aquisição das mercadorias importadas pela GEMAX, as empresas reais adquirentes, dentre as quais a DISTRIVIX, denominados de adiantamentos pela própria empresa GEMAX em sua contabilidade, modus operandi revelador do negócio efetivamente pactuado entre a importadora GEMAX e a empresa DISTRIVIX. Com efeito, da análise do fluxo do aporte de recursos efetuada pela fiscalização através dos documentos de fls. 1.176/1.317, com relação a cada declaração de importação, cuja relação comercial entre a importadora GEMAX e a real adquirente DISTRIVIX foi exemplificada pela fiscalização através da DI n° 05/05384315, constante do Quadro 01 do Relatório Fiscal, podese constatar que os pagamentos, via de regra ocorriam antes do fechamento do câmbio e que os valores recebidos se aproximavam dos custos da importação considerando o fechamento do câmbio e os tributos pagos. Notese que a demonstração pela contabilidade da empresa GEMAX da utilização de recursos de terceiro nas operações de comércio exterior referentes às DI discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, notadamente as DIs registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, objeto da presente análise meritória, demonstra não apenas a insuficiência da capacidade econômica e financeira da empresa GEMAX, mas sobretudo a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas, a empresa DISTRIVIX, uma vez que a empresa GEMAX em todas as DIs já referidas constou como importadora e adquirente ostensiva das mercadorias importadas. Destaca a fiscalização: "..., a formatação adotada para as operações em análise, apresentadas como "importação direta" da GEMAX, não corresponde à natureza de seus negócios e tampouco à verdadeira intenção negocial, pois, dos elementos probatórios coligidos no curso do procedimento especial de fiscalização, apurouse que a adquirente das mercadorias é a DISTRIVIX."(grifo do original). Destaca ainda a fiscalização sobre o aporte de recursos promovido pela empresa DISTRIVIX: Desta forma, certamente não tinha problemas em honrar compromissos financeiros (contratos de câmbio liquidados Fl. 2298DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 28 27 antecipadamente, impostos pagos no ato do registro da DI etc), configurando uma simples questão de "fluxo de caixa" para ela, pois os valores eram prontamente adiantados (ou, em alguns casos, prontamente retornados) pelos reais adquirentes. Esse mecanismo é tão evidente que a própria escrituração contábil da GEMAX não deixa dúvidas quanto à existência do esquema de ADIANTAMENTOS, pois assim denomina os recursos recebidos da DISTRIVIX, conforme registros efetuados em seus livros Diário e Razão Contábil, chegando as correspondentes movimentações das mercadorias estrangeiras em seus estoques a serem escrituradas em conta contábil denominada "Mercadoria p/ Cta. e Ordem". No caso em apreço das DIs em exame, a título exemplificativo verificase a escrituração no Razão Analítico, fl.1485, dos adiantamentos recebidos em relação à DI 06/0336878, demonstrando assim a procedência das constatações da fiscalização haja vista que fica evidente o recebimento de recursos da empresa DISTRIVIX antes do fechamento do câmbio. Cabe destacar sobre a matéria, excertos da decisão de piso: A análise permite concluir que os pagamentos ocorriam em geral imediatamente antes ou em data próxima do fechamento do câmbio e do registro da DI e do respectivo pagamento dos tributos. Observando o fluxo descrito nas fls. 1224 a 1227 e fls. 1113 a 1114, verificamos ainda que os recebimentos se aproximam dos custos da importação considerando o fechamento do câmbio e os tributos pagos (considerando também o ICMS). Não há margem de lucro. Esse comportamento se repete de forma sistemática nas demais importações analisadas nas fls. 1176 a 1261. [...] Também inaceitável a alegação de que os pagamentos antecipados pela DISTRIVIX COMERCIO E EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS LTDA eram sinal ou arras. Analisando essas antecipações (fls. 1176 a 1261) verificase que não raro elas coincidem exatamente com as datas e valores específicos para fechamento de câmbio e pagamento dos tributos no registro da DI. Essa não é a natureza do sinal ou arras que serve como garantia para o vendedor em relação ao cumprimento da obrigação de compra por parte do cliente. Assim, em geral, o vendedor estabelece um porcentual determinado para indenizarse no caso de desfazimento do negócio. Não é esse o caso que se emoldura neste processo no qual o valor do “sinal” equivale muitas vezes ao próprio custo de importação do bem. Assim, pelas provas acima cotejadas constatase que os recursos provieram da empresa DISTRIVIX, em antecipação ao câmbio como acerto de contas do negócio pactuado e não como pagamento resultado de uma compra e venda mercantil. Fl. 2299DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 29 28 Observese que de acordo com os contornos legais que regem a espécie dos autos, ainda que a GEMAX possuísse capacidade financeira e econômica compatível com o volume de importações no período, seria necessário que ela fosse a real adquirente das mercadorias, uma vez que registrou informações nas DIs respectivas como se fosse importação por conta própria, ou seja como se de fato promovesse a importação das mercadorias com seus próprios recursos, hipótese que não se configurou diante das provas colhidas pela fiscalização. Notese ainda que na dicção do artigo 27 da Lei nº 10.637, de 2002 a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro torna presumida a operação por conta e ordem, aplicandose ao caso o disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Nesse sentido, prevê a Instrução Normativa SRF nº 228, de 2002: Art. 13. A prestação de informação ou a apresentação de documentos que não traduzam a realidade das operações comerciais ou dos verdadeiros vínculos das pessoas com a empresa caracteriza simulação e falsidade ideológica ou material dos documentos de instrução das declarações aduaneiras, sujeitando os responsáveis às sanções penais cabíveis, nos termos do Código Penal (Decreto lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) ou da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, além da aplicação da pena de perdimento das mercadorias, nos termos do art. 105 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966.(grifei). Do cotejo dos dispositivos normativos já referenciados na presente fundamentação, notadamente o art. 23, inciso V, §§ 1o e 3o, do DecretoLei n° 1.455, de 7 de abril de 1976, com a redação dada pelo art. 59 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002 c/c o art. 27 da Lei nº 10.637, de 2002 e artigo 13 da IN SRF nº 228 de 21/10/2002, com a análise fática das operações de importação de que trata o presente voto, verificase que efetivamente o importador, empresa GEMAX, prestou informações na Declaração de Importação, documento base do despacho aduaneiro (art. 491 do Regulamento Aduaneiro/2002), que não correspondem à realidade dos fatos, visto que pela análise probatória ficou sobejamente demonstrado que o importador de fato, ou adquirente da mercadoria, aquele que efetivamente promoveu a operação de importação estava oculto na operação de importação respectiva, ficando assim caracterizada a interposição fraudulenta nas respectivas operações, visto que a GEMAX, além de importadora, uma vez que promoveu o despacho de importação, serviu de INTERPOSTA PESSOA ao verdadeiro responsável pela operação, a empresa DISTRIVIX, já que era a adquirente ostensiva nas DIs registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073. Os fatos assim demonstrados à luz da legislação de regência, configuram a ocorrência de fraude ou simulação uma vez que a operação de importação foi formal e ostensivamente declarada ao Fisco como sendo por conta própria, mas efetivamente foi realizada mediante interposição de uma pessoa jurídica, que promoveu a importação por conta e ordem de terceiro, com ocultação do verdadeiro adquirente. Em síntese, como bem destacou a fiscalização [Assim, no âmbito da terceirização das atividades de importação, a GEMAX está, de fato, agindo por conta e ordem da DISTRIVIX, sua cliente, a adquirente que contratou seus serviços.] Fl. 2300DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 30 29 Trazendose à colação as lições de 8De Plácido e Silva, entendese por simulação, uma declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. As partes criam um negócio com finalidade de encobrir outro negócio jurídico que produzirá efeitos proibidos na lei. Delineado o suporte fático dos autos, estando escorreitamente distinguido pelo i. Relator e pelo Relatório Fiscal as diferentes modalidades de importação e a legislação de regência, resumirseá a seguir os principais efeitos fiscais de uma operação por conta e ordem efetuada de forma regular: a) para que uma operação de importação por conta e ordem de terceiros seja realizada de forma regular, é necessário inicialmente que tanto a empresa ADQUIRENTE quanto a empresa IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM sejam HABILITADAS PARA OPERAR EM COMÉRCIO EXTERIOR junto à RFB; b) o fato de a IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM, na qualidade de mandatária da ADQUIRENTE, registrar a DI em seu nome, efetuar os pagamentos ao fornecedor estrangeiro e recolher os tributos incidentes sobre a importação de mercadorias (II, IPI, PIS/PASEP, COFINS e Cide), com os recursos fornecidos pela ADQUIRENTE, quer seja em forma de adiantamento, quer seja por acerto de contas, não caracteriza que a operação ocorreu por sua conta própria, mas, sim, por conta e ordem da ADQUIRENTE, a mandante da operação de importação, que efetivamente faz vir a mercadoria de outro país, e de quem se originam os recursos financeiros; c) a ADQUIRENTE tornase responsável solidária pelo recolhimento dos tributos, por previsão expressa de lei; d) a IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM deve registrar em sua escrituração contábil tanto as entradas das mercadorias importadas como os recursos financeiros recebidos da ADQUIRENTE (para fazer face às despesas com a importação ou, até mesmo, pagamentos efetuados aos fornecedores estrangeiros), observandose que esses lançamentos contábeis não devem e não podem ser computados como seus bens, direitos ou receitas, porque, diferentemente, são bens e direitos do ADQUIRENTE dessas mercadorias; e) a receita bruta da IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM corresponde ao valor dos serviços por ela prestados e, portanto, ela não pode descontar eventuais créditos gerados elo recolhimento das Contribuições para o PIS/PASEP, da COFINS e do IPI, por ocasião da importação realizada, uma vez que não caracteriza operação de compra e venda a emissão de nota fiscal de saída das mercadorias importadas do estabelecimento da IMPORTADORA POR CONTA E ORDEM para o da ADQUIRENTE; f) a ADQUIRENTE fica equiparada a estabelecimento industrial e, portanto, passa a ser contribuinte do IPI incidente sobre a venda interna das mercadorias importadas, podendo aproveitar o crédito de IPI originário da operação de importação; 8 De Plácido e Silva, em Vocabulário Jurídico, 11ª ed. Rio de Janeiro, Forense, 1991, pág.235 [..] Simulação no sentido jurídico, sem fugir ao sentido normal, é o ato jurídico aparentado enganosamente ou com fingimento, para esconder a real intenção ou para subversão da verdade. Na simulação, pois, visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuízo de terceiros. Fl. 2301DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 31 30 g) Quanto às Contribuições para o PIS/PASEP e à COFINS, a ADQUIRENTE deve aplicar, à sua receita bruta, as mesmas normas de incidência dessas contribuições aplicáveis à receita decorrente da venda de mercadorias de sua importação própria, podendo também aproveitar os créditos dessas contribuições, originários da operação da importação, para utilizar na determinação dessas mesmas contribuições incidentes sobre o seu faturamento mensal. Consequências do Modus Operandi Restando demonstrado que a empresa GEMAX, apesar de importadora configurouse como INTERPOSTA PESSOA ao verdadeiro responsável pela operação, a empresa DISTRIVIX, já que era a importadora e adquirente ostensiva em todas as DI discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, elencamse a seguir as constatações da fiscalização decorrentes desse modus operandi: a) Como era de se esperar de casos como este, consulta ao Sistema RADAR (ambiente para registro e rastreamento da atuação dos intervenientes aduaneiros) revelou que a real adquirente DISTRIVIX, até 25/11/2010 (data da lavratura do auto de infração e posterior à totalidade das importações em questão), NÃO POSSUÍA HABILITAÇÃO nos sistemas da RFB para atuar em comércio exterior; b) a relação negocial entre a GEMAX e a DISTRIVIX não tem a natureza de COMPRA E VENDA MERCANTIL, mas de PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE IMPORTAÇÃO, tratandose de uma TERCEIRIZAÇÃO, por parte da DISTRIVIX, de suas atividades de importação de mercadorias produzidas no exterior, por meio da qual eram transferidos a GEMAX a execução e gerenciamento de todos os aspectos operacionais, logísticos, burocráticos, financeiros e tributários de suas compras de mercadorias no exterior, para que pudesse se concentrar apenas no seu negócio principal; c) a GEMAX como prestadora de serviços de comércio exterior, oferecia em seu site as seguintes vantagens a seus clientes (reais adquirentes das mercadoria): Custo Operacional Reduzido Toda a estrutura especializada e desenvolvida pela Gemax, que será utilizada por V.Sas., não agregará custos aos produtos estando incidido sobre as importações somente as despesas geradas pela mesma, sem qualquer margem de lucro. Ausência da Margem de Lucro A Gemax faturará as mercadorias pelo seu valor de custo, sem agregar qualquer margem de lucro. Esta medida, propicia a redução da carga tributária a um menor preço de venda e competitividade do produto no mercado. ICMS Interestadual O recolhimento do ICMS será na saída das mercadorias, ou seja, sobre o valor total da Nota Fiscal. Sabendose que a alíquota de ICMS destacada será a interestadual, sendo 33,33% menor que a alíquota interna do estado de São Paulo. Teremos assim a menor alavancagem dos impostos subsequentes, como a redução do recolhimento dos impostos incidentes no faturamento (PIS, COFINS, ICMS). Fl. 2302DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 32 31 Menor Alavancagem do IPI Através do regulamento do IPI, fica definido que o estabelecimento importador será equiparado a indústria, sendo responsável único pelo recolhimento do valor total do IPI. Desta forma, o recolhimento do valor total do IPI será feito pela Gemax, incidindo apenas sobre o valor de custo da mercadoria e não sobre o preço de venda ao consumidor final, reduzindo assim o IPI total a ser recolhido. d) Pesquisa nos sistemas de arrecadação da RFB corrobora o êxito do modus operandi praticado pelas autuadas, haja vista a empresa DISTRIVIX, verdadeira adquirente das mercadorias importadas, NÃO VIR RECOLHENDO qualquer valor relativo ao IPI. Cabe pontuar excertos da decisão de piso sobre a natureza das operações demonstradas nos presentes autos: Dessa forma, tendo sido oportunizada à empresa a possibilidade de comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos utilizados em suas operações de comércio exterior, não logrou apresentar documentação que suportasse esse volume de importações. [...] A alegação de que os recursos financeiros transferidos pela DISTRIVIX à GEMAX eram relativos a negociações anteriores também não encontra respaldo nos controles contábeis da empresa GEMAX. Nas planilhas de fls. 1176 a 1261 estão expostas as relações de cada depósito com a respectiva operação de importação (apropriações). Essa vinculação encontrase explicitada nos controles contábeis da empresa GEMAX. Além disso a impugnante apresenta seu argumento sem qualquer indicação de quais negócios anteriores estariam relacionados com os pagamentos. Logo, inaceitável essa linha de argumentação. Também se afasta a argumentação de que desconhecia a capacidade financeira da empresa GEMAX. O simples fato de DISTRIVIX ter que fornecer os recursos para cada importação registrada em nome de GEMAX já demonstra que esta tinha absoluta ciência da falta de capacidade financeira daquela. Também sem sentido a alegação de que a fraude ainda deva ser provada no caso concreto. Primeiramente porque a fraude foi de fato provada no caso concreto. Grassam provas no auto de infração para essa tipificação. Além disso, a falta de capacidade financeira própria da empresa GEMAX gera a presunção legal da prática da interposição fraudulenta na importação do art. 23, V, § 2º do Decretolei nº 1.455/76, citado neste voto.(grifei). Da caracterização da responsabilidade A solidariedade está assentada na seguinte base legal: Fl. 2303DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 33 32 Código Tributário Nacional CTN: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Observese que com a ordem jurídica inaugurada pela Constituição de 1988, por força do artigo 237 verificase que a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior sob a competência do Ministério da Fazenda têm sido objeto de regramento específico, sobressaindose no ordenamento jurídico pátrio um arcabouço normativo destinado a disciplinar as operações de comércio exterior que pela natureza eminentemente regulatória, situase além do disciplinamento no âmbito do Direito Tributário para alcançar sobretudo o controle das operações de comércio exterior em seu aspecto multidisciplinar merecendo destaque a legislação aduaneira que trata das infrações aduaneiras e das penalidades a elas aplicáveis, no âmbito do controle aduaneiro. Com efeito, a lei aduaneira definiu as relações entre os coobrigados no caso de infrações conforme a seguir indicado: DecretoLei nº 37, de 1966: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...] a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001).(grifei). Verificase que o instituto da solidariedade não está afeto apenas à co responsabilidade quanto ao pagamento do tributo mas também com relação ao vínculo obrigacional entre os coobrigados responsáveis pela prestação pecuniária decorrente do cometimento de infrações, conforme definido em lei como acima exposto. Da multa por cessão de nome Fl. 2304DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 34 33 A recorrente protesta pela aplicação da multa prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007 e não a multa de 100% do valor aduaneiro resultante da conversão da pena de perdimento. Quanto às alegações da empresa GEMAX, resta esclarecer que a Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, introduziu a previsão de infração de prática de cessão de nome a terceiro, com penalidade pecuniária incidente diretamente sobre o agente da ação, ou seja, sobre aquele que fornece seu nome para acobertar operação de comércio exterior que, na realidade, tenha sido promovida por outra pessoa, física ou jurídica. Sobre essa matéria há precedentes nesse E. Conselho, conforme Acórdão nº 3102002.195, cujos fundamentos adoto como razão de decidir com fulcro no § 1º do art. 50 da Lei no 9.784/19999: Já quanto à possibilidade de aplicação do instituto da retroação benigna por força da multa instituída posteriormente pela Lei nº 11.488/2007, apresento, a seguir, as considerações que considero apropriadas. A multa de dez por cento do valor da operação, aplicável à pessoa jurídica que cede o nome não revogou a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias aplicada nos casos de infração por interposição fraudulenta. A Orientação Coana/Cofia/Difia s/n, datada de 11 de julho de 2007, que trata da aplicação de multa na cessão de nome a terceiro, em operações de comércio exterior, chega à seguinte conclusão. Em resumo, concluise que se aplicam as seguintes disposições legais, às hipóteses abaixo enumeradas: Interposição fraudulenta presumida pela não comprovação da origem dos recursos: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Proposição de inaptidão da inscrição do CNPJ da pessoa jurídica (art. 81, § 1º, da Lei nº 9.430/96, e art. 41, caput e parágrafo único, da IN RFB nº 748/2007); Interposição fraudulenta comprovada, seja pela identificação da origem do recurso de terceiro, seja pela constatação da ocultação por outros meios de prova: Pena de perdimento da mercadoria, com base no art. 23, inciso V do Decretolei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002; Multa de 10% do valor da operação acobertada, aplicada sobre o importador, conforme dispõe o art. 33 da Lei nº 11.488/2007. 9 § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 2305DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 35 34 De fato, não tenho qualquer dúvida de que jamais a intenção do legislador foi no sentido cominar penalidade mais branda nos casos de interposição fraudulenta de pessoas. Basta observar que em nenhum momento se disse que a multa decorrente da conversão da pena de perdimento, especificamente nos casos de interposição fraudulenta, deixaria de ser equivalente ao valor aduaneiro e passaria a ser de dez por cento do valor da operação. Seria de se perguntar por que razão o legislador teria destacado uma das ocorrências tipificadas como dano ao Erário, que sujeitam a mercadoria à pena de perdimento, para, em circunstâncias nas quais a mercadoria não pudesse ser apreendida, o perdimento fosse convertido não em valor compensatório, mas em inexpressivos dez por cento deste. Creio que, fosse essa a ideia, a primeira medida deveria ter sido no sentido de determinar a exclusão da infração do rol de situações compreendidas no conceito de dano ao Erário, já que a este deve ser necessariamente associado penalidade gravíssima de perdimento das mercadorias, ou, alternativamente, de multa no valor desta. Além do mais, as disposições legais a respeito são claras ao indicar, como consequência da aplicação da multa de dez por cento, a exclusão da hipótese de declaração de inaptidão, a teor do parágrafo único do artigo 33 da Lei nº 11.488/07. Dito dispositivo esclarece que, à hipótese prevista no caput (aplicação da multa de dez por cento pela cessão do nome) não se aplica o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (declaração de inaptidão). Também não creio que se esteja negligenciando o princípio que protege o apenado da aplicação de mais de uma penalidade à mesma conduta. Primeiro, devemos lembrar que é grande a quantidade de situações para as quais há previsão legal de aplicação de mais do que uma penalidade em vista de uma mesma ocorrência, bastando que as infrações decorrentes sejam de natureza distinta. Vejase o caso do erro de classificação. Ele sujeita o infrator à multa de um por cento do valor da operação, multa de setenta e cinco por cento da diferença de tributos e, muitas vezes, multa de trinta por cento do valor das mercadorias. E nem se fale dos casos de subfaturamento na importação. Segundo, é preciso compreender que, desde o começo, todas as disposições legais foram sendo concebidas à luz da interpretação jurídica dada às ocorrências identificadas no mundo real, a partir do que forjaramse instrumentos capazes de alcançar todas as pessoas envolvidas. Um dos pontos de partida deste empreendimento foi a interpretação de lavra da Procuradoria da Fazenda Nacional – Parecer PGFN CAT 1.316/01, por meio da qual ficou assentado que o contribuinte do imposto é sempre a pessoa cujo nome consta no conhecimento de carga, independentemente de quem estiver efetivamente interessado na aquisição das mercadorias Fl. 2306DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 36 35 ou fizer as negociações prévias. Como consequência, as autuações obrigatoriamente passaram a indicar como contribuinte do Imposto a pessoa informada nas declarações de importação como sendo o importador das mercadorias, restando incluir o adquirente no mercado interno como solidário na operação. Por isso, ao aplicar a multa compensatória nos casos de mercadorias sujeitas à pena de perdimento, forçosamente identificase como contribuinte a pessoa que registrou a declaração de importação, embora pretendase apenar o verdadeiro proprietário destas mercadorias, que figura como responsável solidário. Finalmente, cumpre destacar que o assunto está hoje claramente regulamentado no Regulamento Aduaneiro em vigor – Decreto 6.759/09. Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei no 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas. Assim, não se trata de abrandamento de uma penalidade para determinada infração, mas a introdução da aplicação de uma penalidade pecuniária diretamente sobre o agente da ação, não cabendo no caso, a retroatividade benigna aventada pela empresa GEMAX. Conclusão Assim, diante dos fatos acima analisados, restou demonstrado que a GEMAX submeteu a despacho aduaneiro as Declarações de Importação nºs 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, discriminadas no quadro 01 do Relatório Fiscal, fls.1.072/1.073, declarandose como adquirente das mercadorias, quando o efetivo adquirente, responsável pelo aporte de recursos financeiros foi a DISTRIVIX. Essas empresas, promoveram importações mediante INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, dissimulando o negócio jurídico verdadeiramente ocorrido, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, sendo substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadorias visto que estas foram consumidas, conforme ratifica a fiscalização. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário da GEMAX, com relação às DI´s nºs 06/0032873, 06/0032942, 06/0187726, 06/0187741, 06/0336878, 06/0427585, 06/0455785, registradas entre 10/01/2006 a 20/04/2006, restando assim mantida a exigência quanto à empresa GEMAX e responsável solidário empresa DISTRIVIX, visto que restou demonstrado nos autos a ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, infração punível com a Fl. 2307DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.062 S3C3T2 Fl. 37 36 pena de perdimento das mercadorias, sendo substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias uma vez que foram consumidas. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada Fl. 2308DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente e m 30/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO RO SA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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Numero do processo: 10380.003195/2007-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004, 01/04/2004 a 30/06/2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. CONFIGURAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM DCTF. RETIFICAÇÃO DE DCTF POSTERIOR OU CONCOMITANTE À QUITAÇÃO DA DIFERENÇA APURADA EM RELAÇÃO À DECLARAÇÃO ORIGINAL. RESP Nº 1.149.022-SP. RECURSO REPETITIVO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO ANEXO II DO RICARF.
O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, regularmente declarados e pagos a destempo, em que o recolhimento extemporâneo deu-se em data posterior à regular constituição do crédito tributário, verificada quando da transmissão da DCTF.
A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do crédito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retifica-a, antes de qualquer procedimento da Administração Tributária, noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 3302-003.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, foi dado provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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CONFIGURAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM DCTF. RETIFICAÇÃO DE DCTF POSTERIOR OU CONCOMITANTE À QUITAÇÃO DA DIFERENÇA APURADA EM RELAÇÃO À DECLARAÇÃO ORIGINAL. RESP Nº 1.149.022SP. RECURSO REPETITIVO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO ANEXO II DO RICARF. O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, regularmente declarados e pagos a destempo, em que o recolhimento extemporâneo deuse em data posterior à regular constituição do crédito tributário, verificada quando da transmissão da DCTF. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do crédito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa, antes de qualquer procedimento da Administração Tributária, noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, foi dado provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 31 95 /2 00 7- 51 Fl. 185DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 186 2 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Auto de Infração eletrônico de DCTF por falta de recolhimento de multa moratória, cientificado em 22/03/2007. Em impugnação, a recorrente alegou, em preliminares, a nulidade da autuação por não conter a hora da lavratura do Auto de Infração nem a indicação do cargo do auditor fiscal autuante, a nulidade pela falta de Mandado de Procedimento Fiscal – MPF e a nulidade pela falta de embasamento legal plausível, sem demonstrar a alegada infração. No mérito, propugnou pela aplicação da denúncia espontânea da infração, por ter efetuado os pagamentos do principal e juros de mora, antes de qualquer procedimento fiscalizatório e antes da entrega de qualquer declaração (DCTF, DACON, SIPJ etc). A Terceira Turma da DRJ em Fortaleza proferiu o Acórdão nº 0823.176, com a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 AUSÊNCIA DA HORA DA LAVRATURA E DO CARGO DA AUTORIDADE LANÇADORA. NULIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO DE PREJUÍZO À DEFESA. INOCORRÊNCIA. A ausência de indicação da hora de lavratura, assim como do cargo da autoridade lançadora, por si só, não determinam a nulidade do lançamento posto que não houve a demonstração nos autos de qualquer prejuízo à defesa, decorrente desse fato. AUSÊNCIA DE MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). NULIDADE. NÃO EXIGÊNCIA LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização relativo à revisão interna das declarações, inclusive para aplicação de penalidade pela falta ou atraso na sua apresentação, por expressa disposição legal. (art. 11, inc. IV Portaria RFB nº 4.328, de 2005) TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTO EM ATRASO, ANTES DA CONSTITUIÇÃO Fl. 186DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 187 3 DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE MORA EXIGIDA ISOLADAMENTE. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NOTA TÉCNICA COSIT Nº 01, DE 2012. POSSIBILIDADE. DECRETAÇÃO. Em sintonia com a conclusão expedida pela Nota Técnica Cosit nº 01, de 2012, mostrase descabida a incidência da multa moratória pela configuração da denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) visto que o recolhimento intempestivo do tributo, sujeito a lançamento por homologação, deuse em data anterior à constituição do crédito tributário, pela transmissão da DCTF, inexistindo procedimento fiscal em curso. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTO EM ATRASO, APÓS A CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE MORA EXIGIDA ISOLADAMENTE. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NOTA COSIT Nº 01, DE 2012. IMPOSSIBILIDADE. O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, regularmente declarados e pagos a destempo, em que o recolhimento extemporâneo deuse em data posterior à regular constituição do crédito tributário, verificada quando da transmissão da DCTF, situação observada em alguns dos fatos geradores objeto do lançamento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A recorrente interpôs recurso voluntário, tempestivamente, reprisando as alegações quanto às preliminares de nulidade da autuação pela falta da hora de lavratura, pela falta de indicação do cargo do autuante e pela falta de Mandado de Procedimento Fiscal. No mérito, aduziu que a DRJ cometeu erro de fato em relação às competências cujos créditos foram mantidos, pois teria realizado os pagamentos dos DARFs, primeiramente, e, em momento posterior, procedeu à entrega das retificadoras com a inclusão de tais débitos não declarados. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 188 4 A recorrente propugnou em preliminares pela nulidade do Auto de Infração em virtude da falta de aposição da hora de lavratura, da falta de indicação do cargo do autuante e da falta de Mandado de Procedimento Fiscal. Quanto à falta da hora de lavratura no Auto de Infração, descabem maiores considerações, em razão da publicação da Súmula CARF nº 7, de observância obrigatória pelos membros do CARF, nos termos do artigo 72 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho: Súmula CARF nº 7: A ausência da indicação da data e da hora de lavratura do auto de infração não invalida o lançamento de ofício quando suprida pela data da ciência. Ademais, a ausência de formalidades não essenciais não enseja a nulidade do Auto de Infração, se a recorrente não demonstra o efetivo prejuízo à sua defesa, o que não ocorreu no presente, uma vez que demonstrou total compreensão dos fatos imputados. Por sua vez, a alegação de falta de indicação de cargo não procede, pois o item 7 do Auto de Infração é claro ao dispor que o autuante é Auditor Fiscal da Receita Federal, cuja competência para a constituição do crédito tributário está expressa no artigo 6º da Lei nº 10.593/20021 e pacificada na Súmula CARF nº 8: Súmula CARF nº 8: O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. A recorrente alega ainda a falta de Mandado de Procedimento Fiscal – MPF como requisito cuja ausência demandaria a nulidade da autuação. Porém, a Portaria SRF nº 6.087/2005, vigente à época da lavratura do Auto de Infração, dispunha em seu artigo 11, inciso IV, que o MPF não seria emitido no caso de revisão interna de declarações: Art. 11. O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização: [...] IV relativo à revisão interna das declarações, inclusive para aplicação de penalidade pela falta ou atraso na sua apresentação (malhas fiscais). A autuação decorreu de auditoria interna de DCTF, conforme as IN SRF nº 45/98 e nº 77/98, sendo, portanto, hipótese prevista no inciso IV do artigo 11 acima transcrito, não havendo qualquer irregularidade no procedimento adotado. Destarte, não há qualquer reparo a fazer na decisão recorrida, estando afastadas as nulidades argüidas. 1 Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) [...] Fl. 188DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 189 5 No mérito, a recorrente aduz erro de fato cometido pelo colegiado a quo, quanto à consideração de que os recolhimentos teriam sido realizados após a entrega das DCTFs, o que afastaria a aplicação da denúncia espontânea. A aplicação do instituto da denúncia espontânea encontrase pacificada no STJ, com os julgamentos dos REsp nº 962.379 – RS, REsp nº 886.462 – RS e do REsp nº 1.149.022 SP, submetidos à sistemática prevista no artigo 543C do CPC (recursos repetitivos), cuja decisões definitivas devem ser reproduzidas nos julgamentos deste Conselho, por força da aplicação do artigo 62, §2º do Anexo II do RICARF. Transcrevemse as ementas: RECURSO ESPECIAL Nº 886.462 RS (2006/02031840) EMENTA TRIBUTÁRIO. ICMS. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E NÃO PAGO NO PRAZO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1 Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo" . É que a apresentação de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido . 2. Recurso especial parcialmente conhecido e, no ponto, improvido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. RECURSO ESPECIAL Nº 962.379 RS (2007/01428689) EMENTA TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO COM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo" . É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia Fl. 189DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 190 6 espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. 2. Recurso especial desprovido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022 SP (2009/01341424) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): Fl. 190DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 191 7 "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Assim, nos termos dos Acórdãos dos REsp nº 962.379 – RS e REsp nº 886.462, a prévia declaração e constituição do crédito tributário pelo contribuinte, mediante a entrega de declaração com natureza de confissão de dívida, afasta a aplicação do instituto da denúncia espontânea quanto ao recolhimentos extemporâneos, posteriores ao prazo de entrega da declaração, relativamente aos tributos previamente declarados. Por outro lado, o REsp nº 1.149.022 – SP decidiu que no caso de declaração parcial do débito, acompanhada do respectivo pagamento integral, aplicase a denúncia espontânea em relação à diferença a maior objeto de declaração retificadora, desde que o contribuinte efetue o pagamento desta diferença, concomitante à apresentação da declaração retificadora, antes de qualquer procedimento fiscalizatório. A DRJ manteve o crédito tributário relativo às competências fev/04, abr/04, mai/04 e jun/04, por considerar que os pagamentos efetuados foram posteriores à data de entrega das DCTFs, de acordo com o entendimento esposado nos REsp nº 962.379 – RS e REsp nº 886.462. Por sua vez, a recorrente alega que os pagamentos se referem às diferenças não declaradas nas DCTFs originais, posteriormente declaradas em retificadora, mas recolhidas anteriormente à retificação, invocando assim o entendimento trazido no REsp nº 1.149.022. A lide se restringe à matéria de fato, ou seja, às datas e valores dos débitos declarados e pagos. O quadro abaixo esclarece: Fl. 191DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 192 8 Os valores declarados originalmente foram extintos mediante DARFs ou compensações, conforme as DCTFs originais acostadas pela recorrente. Já as retificadoras mencionadas no quadro informam os novos valores de débitos, reproduzindo as extinções originais e acrescendo os DARFs objeto da auditoria interna que resultou neste lançamento. Verificase que as diferenças entre as declarações correspondem aos valores principais dos DARFs, os quais foram a base para o cálculo da multa moratória aqui lançada. Portanto, os pagamentos ocorridos em 29/10/2004 correspondem a diferenças de débitos não declarados anteriormente, mas incluídos em DCTF retificadoras, datadas de 21/06/2005 e 31/05/2006, ambas posteriores às datas de recolhimento. Deste modo, resta configurada a hipótese julgada no REsp nº 1.149.022 – SP, submetido à sistemática do artigo 543C do CPC (recursos repetitivos), cuja decisão definitiva deve ser reproduzida nos julgamentos deste Conselho, por força da aplicação do artigo 62, §2º do Anexo II do RICARF, razão pela qual deve ser reconhecida a aplicação do instituto da denúncia espontânea. Diante do exposto, voto pela rejeição das nulidades alegadas e, no mérito, para dar provimento ao recurso voluntário, exonerando o crédito tributário remanescente mantido na decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Período de Apuração Valor Originalmente Declarado Data DCTF Original Valor Declarado em Retificadora Data DCTF Retificadora Data do recolhimento Diferença entre as DCTF Originais e Retificadoras Fev/04 3.575.867,03 13/05/2004 3.978.958,52 21/06/2005; 31/05/2006 29/10/2004 403.091,49 Abr/04 4.400.248,13 11/08/2004 4.730.195,83 21/06/2005; 31/05/2006 29/10/2004 329.947,70 Mai/04 4.915.051,39 11/08/2004 5.358.639,41 21/06/2005; 31/05/2006 29/10/2004 443.588,02 Jun/04 5.091.591,96 11/08/2004 5.535.179,98 21/06/2005; 31/05/2006 29/10/2004 443.588,02 Fl. 192DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10380.003195/200751 Acórdão n.º 3302003.112 S3C3T2 Fl. 193 9 Fl. 193DF CARF MF Impresso em 04/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 22/03 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/04/2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 15165.001157/2009-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 12/11/2008
ÔNUS DA PROVA. MEIOS DE PROVA. QUADRO INDICIÁRIO. PRESUNÇÃO. FORÇA PROBANTE. FORMAÇÃO DE CONVICÇÃO.
Todos os meio de prova lícitos são aptos à comprovação dos fatos acusados pela Fiscalização Federal. Uma vez que seja apresentado um quadro indiciário suficientemente robusto, representado por relações de interdependência e confusão societária, é perfeitamente possível que o julgador se sinta convencido da ocorrência da fraude, do dolo, da simulação ou da má-fé do agente, ainda mais quando as sobejas evidências coligidas pela Fiscalização não são sequer arranhadas pelos argumentos de defesa.
Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 12/11/2008
TRIBUTOS ADUANEIROS. FRAUDE. SONEGAÇÃO. CONLUIO. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO. VALOR DA TRANSAÇÃO.
Constatada a fraude, a sonegação ou o conluio, a determinação da base de cálculo dos tributos aduaneiros obedece a legislação nacional, que prevê o arbitramento, ou o verdadeiro preço efetivamente praticado na importação.
IMPORTAÇÃO. DOLO. PREÇOS ARTIFICIALMENTE REDUZIDOS. PENALIDADES.
Nos casos em que for constatada a redução intencional dos preços declarados na operação de importação, aplica-se a multa de 100% (cem por cento) sobra diferença entre o preço efetivamente praticado ou arbitrado e o preço declarado e multa de 150% sobre a diferença entre o valor do imposto ou contribuição recolhidos e os efetivamente devidos.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3302-003.176
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator
EDITADO EM: 27/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 12/11/2008 ÔNUS DA PROVA. MEIOS DE PROVA. QUADRO INDICIÁRIO. PRESUNÇÃO. FORÇA PROBANTE. FORMAÇÃO DE CONVICÇÃO. Todos os meio de prova lícitos são aptos à comprovação dos fatos acusados pela Fiscalização Federal. Uma vez que seja apresentado um quadro indiciário suficientemente robusto, representado por relações de interdependência e confusão societária, é perfeitamente possível que o julgador se sinta convencido da ocorrência da fraude, do dolo, da simulação ou da má-fé do agente, ainda mais quando as sobejas evidências coligidas pela Fiscalização não são sequer arranhadas pelos argumentos de defesa. Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 12/11/2008 TRIBUTOS ADUANEIROS. FRAUDE. SONEGAÇÃO. CONLUIO. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO. VALOR DA TRANSAÇÃO. Constatada a fraude, a sonegação ou o conluio, a determinação da base de cálculo dos tributos aduaneiros obedece a legislação nacional, que prevê o arbitramento, ou o verdadeiro preço efetivamente praticado na importação. IMPORTAÇÃO. DOLO. PREÇOS ARTIFICIALMENTE REDUZIDOS. PENALIDADES. Nos casos em que for constatada a redução intencional dos preços declarados na operação de importação, aplica-se a multa de 100% (cem por cento) sobra diferença entre o preço efetivamente praticado ou arbitrado e o preço declarado e multa de 150% sobre a diferença entre o valor do imposto ou contribuição recolhidos e os efetivamente devidos. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator EDITADO EM: 27/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares Araújo e Walker Araújo.
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DE MAT. P/COMUNICAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 12/11/2008 ÔNUS DA PROVA. MEIOS DE PROVA. QUADRO INDICIÁRIO. PRESUNÇÃO. FORÇA PROBANTE. FORMAÇÃO DE CONVICÇÃO. Todos os meio de prova lícitos são aptos à comprovação dos fatos acusados pela Fiscalização Federal. Uma vez que seja apresentado um quadro indiciário suficientemente robusto, representado por relações de interdependência e confusão societária, é perfeitamente possível que o julgador se sinta convencido da ocorrência da fraude, do dolo, da simulação ou da máfé do agente, ainda mais quando as sobejas evidências coligidas pela Fiscalização não são sequer arranhadas pelos argumentos de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 12/11/2008 TRIBUTOS ADUANEIROS. FRAUDE. SONEGAÇÃO. CONLUIO. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO. VALOR DA TRANSAÇÃO. Constatada a fraude, a sonegação ou o conluio, a determinação da base de cálculo dos tributos aduaneiros obedece a legislação nacional, que prevê o arbitramento, ou o verdadeiro preço efetivamente praticado na importação. IMPORTAÇÃO. DOLO. PREÇOS ARTIFICIALMENTE REDUZIDOS. PENALIDADES. Nos casos em que for constatada a redução intencional dos preços declarados na operação de importação, aplicase a multa de 100% (cem por cento) sobra diferença entre o preço efetivamente praticado ou arbitrado e o preço declarado e multa de 150% sobre a diferença entre o valor do imposto ou contribuição recolhidos e os efetivamente devidos. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 00 11 57 /2 00 9- 93 Fl. 207DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e Voto que integram o presente julgado. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa – Presidente e Relator EDITADO EM: 27/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares Araújo e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Contra a empresa CASASIGN DO BRASIL COM. DE MAT. P/COMUNICAÇÃO LTDA, ora Impugnante, já devidamente qualificada nos autos, foi lavrado Auto de Infração (AI) por AFRFB em exercício na Inspetoria da Receita Federal em Curitiba PR, em procedimento de conferência aduaneira da declaração de importação nº 08/17976978 (fls. 33 a 37), tendo em vista indícios de subfaturamento no valor declarado à operação, através do qual restou apurado o arbitramento do valor aduaneiro, com cobrança da diferença de imposto apurada entre o preço declarado e o preço arbitrado acompanhada de seus consectários legais (II, IPI, PIS/PASEP e COFINS Juros Moratórios e Multa de Ofício de 150% exasperada em face do disposto no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/1996 c/c os arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964), da Multa de 100% sobre a diferença entre o preço declarado e o preço arbitrado (art. 88, parágrafo único, da Medida Provisória nº 2.15835/2001), num montante total do lançamento de R$ 304.328,94. Em síntese, alega a autoridade autuante: 1. Que, em diligência realizada no estabelecimento da Impugnante, encontrou a fatura proforma NF 80320, emitida por NEXFIL CO.,LTD (mesmo exportador da declaração de importação objeto da ação fiscal) para o importador Pelefilm Comércio de Películas de Controle Solar Ltda, “com preços dez (10) vezes maiores que os declarados na DI aqui analisada”; 2. Que existe “ligação entre as empresas Casasign do Brasil Com. de Mat. Para Comunicação Ltda, Casafilm do Brasil Ltda e Pelefilm Comércio de películas de Controle Solar Ltda, visto que o quadro societário das mesmas conta com pessoas com laços de parentesco, como é o caso de Otília Vieira Carneiro, sócia da última que é mãe de Rubens Vieira Carneiro e casada com Paulo César Rigotti, sócios da primeira. Sendo ainda de se notar que todos os que compõem os quadros societários da empresas aqui mencionadas possuem o sobrenome Carneiro, à exceção de Maria Auxiliadora Bezerra Alexandre, sócia da Casasign do Brasil”; Fl. 208DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15165.001157/200993 Acórdão n.º 3102003.176 S3C1T2 Fl. 3 3 3. Que “a mencionada fatura apresenta a mesma maneira de descrição dos produtos quando comparada à fatura que ampara o despacho aqui analisado. Com isso, quer dizer que o formato do documento é idêntico ao verificado nas duas faturas no que se refere à ordem das colunas e abreviações, somente se diferenciando no campo relativo ao preço unitário, quando então se percebe que o mesmo foi dividido por 10. Assim, um preço unitário que em uma apresentase como 90, noutra, para o mesmo produto, temse o registro de 9”; 4. Que da “análise dos fatos surge a presunção de que tais mercadorias são negociadas por valor maior do que os que se apresentam para o fisco, visando assim diminuir a carga tributária incidente nas operações”; 5. Que, em pesquisa efetuada nos sistemas da RFB, a fatura proforma acima citada “tem número que guarda relação com a Declaração de Importação registrada pela Pelefilm em Junho de 2008”, na qual a fatura informada “tem o número 80.3201 e apresenta como mercadorias despachadas as mesmas quantidades e descrições observadas na proforma, com uma única diferença: o preço unitário e por consequente o preço total”, dividido por dez, que “como se nota e se comprova pelo acima exposto, esse é o modo de ação da empresas envolvidas na importação das mercadorias subfaturadas (sic)”; 6. Que, considerando as disposições da MP 215835/01, “temos o que se segue como arbitramento do preço a ser obedecido no despacho aqui analisado”; 7. Que a fatura “proforma obtida no estabelecimento do importador considerada base no tocante ao arbitramento dos preços que compõem a importação”, muito embora “nem todos os itens (descritos na declaração de importação objeto desta ação fiscal) tenham sido encontrados na proforma que embasou a valoração aqui desenvolvida”, tendo sido considerado o arbitramento para tais itens a mesma “forma que a própria empresa utilizou para reduzir o valor”, ou seja, por dez vezes o valor declarado; 8. Que, tendo o Impugnante trilhado “pelos caminhos já percorridos anteriormente em suas declarações de importações, qual seja: modificar os valores efetivamente apontados pelo exportador e efetivamente praticados na operação, intentando nada mais que a redução dos valores a serem recolhidos a título de tributos”, claro “está que ao reiterar tal conduta: divisão dos valores reais por 10 (dez) enseja a aplicação do agravamento da multa, na forma do art. 44, §1° da Lei 9.430/66, combinado com os artigos 71,72 e 73 da Lei 4.502/64 (sic)”; 9. Por fim, esclarece “que recebeu e analisou resposta elaborada pela interessada à Intimação n° 322/2008, resultando ao final na desconsideração das alegações ali existentes em função de tudo que aqui já consta evidenciando o conluio com o exportador, somado ao fato de que existe significativa diferença entre a assinatura aposta na fatura apresentada na Declaração de importação e a que foi submetida a certificação notarial no país do fabricante (sic)”, conforme cópia 1 que destacou. De outra parte, contraditando o procedimento em causa, as contrarrazões apresentadas pela Impugnante são resumidamente as abaixo descritas (fls. 62 a 110). A) Que a empresa não admite nem tampouco reconhece ou aceita os valores arbitrariamente lançados no auto de infração; Fl. 209DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA 4 B) Que a autoridade autuante solicitou a realização de laudo técnico buscando identificar o custo da matéria prima e demais componentes do preço do produto para aferir sua compatibilidade com os valores declarados na fatura comercial, não tendo assim, porém, como configurar subfaturamento aos produtos, haja vista a vasta variedade de produtos similares no mercado, com características muito peculiares quanto a custo de produção, qualidade, durabilidade e modalidade de industrialização que direta ou indiretamente influenciam no preço final do produto; C) Que para descaracterizar o valor aduaneiro declarado pela Impugnante, a Autoridade Fiscal utilizouse de comparação com aqueles preços mencionados numa fatura proforma emitida pelo seu mesmo exportador, referida a possível negociação entre este e outra empresa, apenas localizada nas instalações da Impugnante, mas sem nenhum vínculo com despacho de importação da mesma; D) Que seriam estes os fatos que levaram a Autoridade Fiscal a concluir pela existência de conluio entre a Impugnante e o exportador, para fins de redução do valor aduaneiro na mesma proporção da relação de valores ali encontrados com aqueles declarados na declaração de importação objeto da ação fiscal; E) Que o cotejo analítico da situação leva a concluir pela ausência de pressuposto para fixação de novo valor aduaneiro pelo arbitramento, haja vista a inexistência de documento forjado ou adulterado (sic), mas de uma “constatação de uma diferença de preços em documentos distintos, que envolve empresas distintas cujos elementos indicativos dão conta da possibilidade de divergência entre os valores declarados”; F) Que para o arbitramento de novo valor aduaneiro assim como procedeu, fundado no art. 88, da MP 2.15835/2001, a Autoridade Fiscal deve, obrigatoriamente, provar a ocorrência do “conluio”, que por sua vez, não pode ser meramente presumido (sic); G) Que, antes do arbitramento do novo valor aduaneiro, fazse necessário obedecer rigorosamente os critérios sequencias dos métodos de apuração fixados no art. 88 da citada MP, sob pena de violação da forma prescrita em lei e prejuízos à ampla defesa e contraditório, maculando assim de completa nulidade o lançamento; H) Que o auto em questão não descreve qual das circunstâncias previstas no art. 88 foi violada para arbitramento do valor, e quais os critérios substitutivos e sequenciais foram descartados ou aplicados para alcançar o novo valor aduaneiro; I) Que a ocorrência de subfaturamento não pode ser presumida. Há de estar o fato satisfatório e concretamente comprovado, através da instauração do respectivo processo administrativo específico de valoração aduaneira; J) Que o arbitramento de novo valor aduaneiro deve ser precedido de motivação específica, decorrente da comprovação de fraude, sonegação, conluio ou descumprimento das condições previstas nas alíneas ‘a’ a ‘d’ do item 1, do art. 1º do Acordo de Valoração Aduaneira, pautado em dois procedimentos específicos: a descaracterização do valor de transação declarado pelo importador, mediante prova; e a determinação do correto valor aduaneiro, nos termos dos Decretos nº 92.930/86 e 1.355/94; K) Que eventual crédito tributário deve ser precedido da necessária instauração do EXAME CONCLUSIVO DO VALOR ADUANEIRO, condição “sine qua non” para a apuração de novo valor, procedimento não realizado no presente auto, tornando o lançamento de crédito insubsistente, por assim não atender a forma prescrita em lei; Fl. 210DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15165.001157/200993 Acórdão n.º 3102003.176 S3C1T2 Fl. 4 5 L) Que à motivação do arbitramento não é suficiente a simples comparação de preços praticados no mercado por outras empresas, na forma prevista na Opinião Consultiva 2.1 da IN 17/98, e que sua apuração deve respeitar os princípios constitucionais e legais vigentes, conforme doutrina que destaca; Ao final, requer que seja reconhecida a improcedência do lançamento pelos motivos destacados, protestando pela juntada posterior de documentos que julgar necessários para o melhor esclarecimento do presente processo. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 12/11/2008 PROVA INDICIÁRIA. JUÍZO DE INFERÊNCIA. Para que o juízo de inferência resulte em verdade convincente é necessário que a base indiciária, plenamente reconhecida mediante prova direta, seja constituída por uma pluralidade de indícios, interrelacionados, de modo a que se reforcem mutuamente, que não percam força creditória pela presença de outros possíveis contra indícios que neutralizem a sua eficácia probatória, e que a argumentação sobre que assente a conclusão probatória resulte inteiramente razoável em face de critérios lógicos do discernimento humano. VALORAÇÃO ADUANEIRA. SUBFATURAMENTO. VALOR DE TRANSAÇÃO PERFEITAMENTE IDENTIFICÁVEL Mesmo na constatação de uma das hipóteses previstas no caput do art. 88 da MP 2.15735/2001, encontrandose o valor da transação perfeitamente identificável por meios e provas próprios do processo, a metodologia de arbitramento prevista na citada disposição legal tornase dispensável, uma vez a possibilidade de exata apuração do valor real, na forma prevista em seu caput. IMPORTAÇÃO. SUBFATURAMENTO. MULTA ADMINISTRATIVA. Aplicase a multa de 100% sobre a diferença entre o preço declarado e o novo preço apurado, na ocorrência de infração administrativa ao controle das importações, nos termos do artigo 88, parágrafo único da MP nº 2.15835, de 2001. VALORAÇÃO ADUANEIRA EM CASO DE FRAUDE. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. No caso de constatação de fraude em despacho aduaneiro, o valor aduaneiro é determinado para fins de cálculo do imposto e multas com base no que dispõe a MP nº 215835/2001, artigo 88, e IN SRF nº 327/2003, artigo 38. A multa de ofício é agravada para 150% na hipótese prevista no artigo 72 da Lei nº 4.502, de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, nos termos do artigo 44, inciso I, combinado com § 1º, da Lei nº 9.430/1996, com a redação da Lei nº 11.488/2007. Insatisfeita com a decisão de primeira instância administrativa, o contribuinte apresenta Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, no qual, em linhas gerais, repisa os argumentos presentes na impugnação ao lançamento fiscal. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA 6 Acrescenta pedido de reconhecimento da prescrição intercorrente em face do tempo transcorrido até que fosse tomada a decisão de primeira instância. Também que o Acórdão recorrido "não se ateve ao disposto no art. 88 da MP nº 2.15835/2001, porque passou a considerar no caso em apreço que a 'infração de subfaturamento' restou caracterizada com base nas 'provas indiciárias', e desta feita, não haveria necessidade do arbitramento", razão pela qual, sempre segundo entende, o Acórdão defendeu a utilização da IN 327/03. Contudo, a IN 327/03 estabelece expressamente em quais circunstâncias deve o AuditorFiscal afastar o primeiro método de valoração, assim como define os critérios de emprego dos métodos substitutivos, o que não foi observado pela Fiscalização Federal no momento da autuação. É o Relatório. Voto Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. A instrução processual e os fatos narrados são de fácil assimilação. Tratase de acusação de subfaturamento1 do preço praticado na importação. A infração foi comprovada pela Fiscalização Federal com base em uma fatura proforma localizada no estabelecimento da autuada, mas emitida em nome de uma outra empresa, cujo quadro societário apresenta fortes vínculos familiares com o da Recorrente. A proforma continha estrutura e especificações muito semelhantes às da fatura que instruiu a declaração de importação revisada, só que com valores dez vezes superiores aos declarados. A defesa da Recorrente concentrase quase que exclusivamente na falta de observação do método preconizado na legislação de regência no caso de revisão do preço declarado pelo importador. O parágrafo que segue, último parágrafo do Recurso Voluntário antes do "Pedido", é elucidativo a respeito do ponto contra o qual a empresa se insurge. PORTANTO, no caso concreto, a "infração aduaneira" está sendo aplicada com base em presunção de que as mercadorias teriam sido negociadas junto ao Exportador, a preços superiores àqueles efetivamente praticados, porque teria sido encontrado uma ProForma, (sic), vinculada a uma outra empresa, cujos sócios teriam grau de parentesco com os sócios da empresa Recorrente, e desta feita, esta circunstância estaria amparando a aplicação direta da fixação do novo valor aduaneiro SEM QUE TAL PROCEDIMENTO FOSSE SUBMETIDO ÀS REGRAS DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. E, no que se refere às regras da legislação para o procedimento de revisão do valor declarado, afirma. 18 Ainda que a Autoridade Aduaneira entendesse por desconsiderar os valores declarados pela empresa Recorrente, deveria proceder com a análise SUBSTITUTIVA E SEQUENCIAL DE TODOS OS MÉTODOS previstos na legislação, apresentando relatório pormenorizado dos motivos que conduziram a 1 Utilizo a designação genérica de subfaturamento do preço, ainda que se saiba que a infração por declarar, na importação, dolosamente, preço inferior ao praticado, ganhou, a partir de um determinado momento, outra tipificação. O fato, contudo, não traz qualquer consequência à solução da vertente lide. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15165.001157/200993 Acórdão n.º 3102003.176 S3C1T2 Fl. 5 7 descartar um método pelo anterior, sob pena de restar violada a forma prescrita em LEI, maculando todo o lançamento fiscal. Devo dizer que a linha de defesa apresentada pela Recorrente até dispõe de uma relativa consistência técnica na abordagem do assunto Valoração Aduaneira; contudo, como adiante se verá, incorre em dois importantes equívocos. Primeiro, não me parece que seja caso de se falar em arbitramento do preço. Segundo se depreende das informações contidas nos autos, a Fiscalização considerou que os valores efetivamente praticados foram aqueles identificados na fatura encontrada nas dependências do contribuinte. Tratarseia, assim, de aplicação do primeiro método de valoração O Valor da Transação. Mas mesmo que assim não fosse, o arbitramento do preço, como se sabe, é possível quando comprovado o intuito doloso. Observese, uma vez mais, a base legal que dá amparo a esse procedimento MP 2.15835/01 (com grifos acrescidos). Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; b) de acordo com o método previsto no Artigo 7 do Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT/1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, observados os dados disponíveis e o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis. E que se diga que a legislação pátria está de acordo com o entendimento do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira, de que não será exigido dos EstadosMembro a aplicação do Acordo de Valoração Aduaneira nos casos em que se constate a ocorrência de fraude (lato sensu), conforme Opiniões Consultivas a seguir transcritas. OPINIÃO CONSULTIVA 10.1 TRATAMENTO APLICÁVEL AOS DOCUMENTOS FRAUDULENTOS 1. O Acordo obriga que as administrações aduaneiras levem em conta documentos fraudulentos? 2. O Comitê Técnico de Valoração Aduaneira emitiu a seguinte opinião: Fl. 213DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA 8 Segundo o Acordo, as mercadorias importadas devem ser valoradas com base nos elementos de fato reais. Portanto, qualquer documentação que proporcione informações inexatas sobre esses elementos estaria em contradição com as intenções do Acordo. Cabe observar, a este respeito, que o Artigo 17 do Acordo e O parágrafo 6 do Anexo III enfatizam o direito das administrações aduaneiras de comprovar a veracidade ou exatidão de qualquer informação, documento ou declaração apresentados para fins de valoração aduaneira. Conseqüentemente, não se pode exigir que uma administração leve em conta uma documentação fraudulenta. Ademais, quando uma documentação for comprovada fraudulenta, após a determinação do valor aduaneiro, a invalidação desse valor dependerá da legislação nacional. (grifo meus) OPINIÃO CONSULTIVA 18.1 IMPLICAÇÃO DO ARTIGO 13 DO ACORDO O Artigo 13 não tem o propósito de alcançar os casos de infração à legislação aduaneira ou de fraude; nessas situações, o desembaraço das mercadorias ou a prestação de garantia, relacionada com multas ou outras penalidades estariam sujeitos às disposições da legislação nacional de regência." A falha na abordagem ocorre precisamente porque o contribuinte reclama a aplicação sequencial dos métodos de valoração aduaneira, partindo da premissa de que não houve fraude, sonegação ou conluio, esquecendose, contudo, que o que se está discutindo nos autos é exatamente isso. Ou seja, a premissa tomada como absolutamente verdadeira pelo contribuinte é justamente a controvérsia central da lide, qual seja, a comprovação ou não de sua máfé nos atos que praticou. De fato, a reclamação acerca da aplicação dos métodos sequenciais de valoração aduaneira só seria pertinente se o Fisco, mesmo considerando não ter ocorrido fraude, sonegação ou conluio, tivesse arbitrado o preço. Aí sim, teria cometido um grave erro de aplicação da legislação de regência, mas não é o caso. Basta observar que a multa por declaração inexata/falta de pagamento foi agravada para o percentual de 150%, o que só se admite no caso de da ocorrência de circunstâncias agravantes e estas, como se sabe, tem o elemento volitivo como uma condição essencial à sua materialização. Os valores consignados no auto de infração retratam o agravamento da multa. Por exemplo, valor do Imposto de Importação é de R$ 23.280,48, o valor da multa correspondente é de R$ 34.920,72. Isto posto, necessário que se examinem as provas de subfaturamento coligidas aos autos. Pra começar, fazse uma breve introdução da questão atinente ao ônus da prova. A comprovação do fato, com se sabe, é ônus de quem alega. A Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código do Processo Civil, fixa nestes termos a responsabilidade pela instrução probatória. Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15165.001157/200993 Acórdão n.º 3102003.176 S3C1T2 Fl. 6 9 No entanto, entendo que a relação jurídica entre sujeito passivo e o Estado, não se amolda tão bem a essa máxima, pelo menos não para o efeito que, por vezes, parece que se lhe pretende atribuir. No campo do direito tributário, é do próprio administrado o dever registrar e guardar consigo os documentos e demais efeitos que testemunham a ocorrência dos eventos que se pretende provar. A guarda não constitui obrigação do Erário e não integra a natureza das relações fiscocontribuinte. De fato, nem mesmo se pode falar em constituição formal do fato constitutivo do direito. A comprovação do fato jurídico tributário, por isso, depende, em regra geral, de que o administrado apresente os documentos que a legislação contábil e fiscal o obriga a produzir e manter ou relate sua ocorrência em declaração prestada à autoridade fazendária. Por outro lado, a acusação de subfaturamento do preço não se confunde com os demais casos revisão do valor aduaneiro declarado, seja a revisão decorrente da rejeição do primeiro método, seja da recomposição da base de cálculo, com a inclusão de valores que, embora não integrem o preço, devem ser acrescentados à base de cálculo dos tributos aduaneiros. No subfaturamento, é preciso que seja provado que o preço ou valor praticado naquela operação não foi o informado pelo importador na declaração de importação. Ao contrário, a rejeição do primeiro método ou recomposição do valor requer apenas o enquadramento do fato nas condições definidas na legislação de regência como aptas a um desses dois procedimentos. No caso específico de subfaturamento, desnecessário dizer que a forma como está estruturada a relação fiscocontrbibuinte, no que se refere à obtenção de provas, não favorece a comprovação do ilícito. O contribuinte, por óbvio, não vai apresentar espontaneamente documentos que testemunhem negociação em valor superior ao informado. Também a contabilidade formal e os documentos correspondentes não conterão informações sobre a prática da irregularidade. Com efeito, será necessário que o Fisco obtenha as provas em procedimentos de exceção, tal como busca e apreensão no estabelecimento do contribuinte ou encontroos em situações peculiares, como durante a conferência física das mercadorias ou mesmo em diligência realizada nas dependências do contribuinte, que foi o que aconteceu no caso concreto. Contudo, não é sensato esperar que isso ocorra mais do que uma vez e nem mesmo que a Fiscalização localize sempre elementos exatos. No caso dos autos, a Fiscalização Federal, em procedimento de diligência realizada nas dependências da empresa autuada, encontrou uma fatura proforma com referência NF 80320, emitida por Nexfil CO. LTD, contra a empresa Pelefilm Comércio de Peliculas de Controle Solar Ltda, com preços dez vezes maiores que os declarados na Declaração de Importação em análise. Nexfil CO. LTD é o mesmo exportador das mercadorias objeto dos autos. Segundo consta no Relatório Fiscal, existem claros vínculos entre a autuada e a empresa Pelefilm. Transcrevo a seguir relato dos AuditoresFiscais responsáveis pelo procedimento a respeito do assunto. Existe ligação entre as empresas Casasign do Brasil Com. de Mat. Para Comunicação Ltda., Casafilm do Brasil Ltda e Pelefilm Comércio de películas de Controle Solar Ltda, visto que o quadro societário das mesmas conta com pessoas com laços de parentesco, como é o caso de Otilia Vieira Carneiro, sócia da última que é mãe de Rubens Vieira Carneiro e casada com Paulo César Rigotti, sócios da Fl. 215DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA 10 primeira. Sendo ainda de se notar que todos os que compõem os quadros societários das empresas aqui mencionadas possuem o sobrenome Carneiro à exceção de Maria Auxiliadora Bezerra Alexandre, sócia da Casasign do Brasil. Por outro lado, o Fisco esclarece que a fatura proforma possui a mesma forma de descrição dos produtos que a fatura que amparou a importação revisada. O formato do documento, a ordem das colunas e abreviações são idênticas folhas 47 e 48. Em pesquisa realizada nos Sistemas informatizados da Secretaria da Receita Federal, constatouse que, na Declaração de Importação 08/08459842, registrada pela Pelefilm no ano de 2008, foi informada a fatura nº 80.3201, quase idêntico ao número da Proforma 80320. A fatura da DI continha as mesmas mercadorias, nas mesmas quantidades e descrições da proforma, só que com o preço unitário dez vezes inferior. E, para concluir, os Auditores acrescentam que existe significativa diferença entre a assinatura aposta na fatura apresentada na Declaração de Importação e a que foi submetida a certificação notarial no pais do fabricante folha 43. É preciso que se diga que os fatos narrados pela Fiscalização são contundentes. Como dito alhures, dificilmente a infração por subfaturamento do preço na importação poderá ser comprovada com provas cabais e definitivas. Quase sempre, o que se coloca à disposição são elementos indiciários, que terminam por constituir um quadro que, quando observado, levanta a questão acerca da razão pela qual identifiquemse tão grande número de evidências, se não pelo exato motivo que é apontado pelo Fisco, qual seja, que as empresas de propriedade das pessoas arroladas tinham um modus operandi e praticavam deliberadamente o subfaturamento na importação. Fato é que, quando possível identificar determinada conduta do contribuinte, que, em sucessivas operações, revelase idêntica, não há como imaginar algo diferente, se não que a infração que ocorreu em outro momento, tornou a ocorrer neste, a menos que o acusado possa desconstituir essa lógica. A respeito das provas apresentadas pela Fiscalização, o Recurso Voluntário faz as seguintes considerações. 7 É importante mencionar, por oportuno, que o AuditorFiscal interrompeu o curso do despacho aduaneiro, solicitando a realização de LAUDO TÉCNICO buscando com isto, identificar o custo da matéria prima e demais componentes do produto para formar ou aferir o seu valor final, bem como, comparar a eventual compatibilidade ou não, com os valores declarados na Fatura Comercial. 8 Ocorre que, mesmo após o LAUDO TÉCNICO, não foi possível atribuir "subfaturamento" aos produtos importado, na medida em que há no mercado mundial uma vasta variedade de produtos similares, com características muito peculiares quanto ao custo de produção, qualidade, durabilidade e modalidades de industrialização, que direta ou indiretamente influenciam no preço final do produto. (...) 20 O cotejo analítico do v. Acórdão, nos leva a concluir pela ausência de pressuposto legal para prosperar a fixação do novo valor aduaneiro da forma como foi efetuado. Ressaltase, o Auto de Infração não está tratando, pois, de documento forjado ou adulterado, mas da 'constatação de uma diferença de preços em documentos distintos daqueles que envolve a empresa Recorrente, cujos Fl. 216DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 15165.001157/200993 Acórdão n.º 3102003.176 S3C1T2 Fl. 7 11 elementos indicativos dão conta da possibilidade concreta de divergência entre os diversos valores praticados no mercado, conforme apurou o LAUDO TÉCNICO. Primeiro, que se diga que a autuação não se baseou e o processo não está instruído com nenhum laudo técnico. Toda a argumentação da Recorrente baseado no suposto Laudo tornase imprestável à demonstração do que pretende, a uma, porque não desconstitui os elementos e prova carreados pela Fiscalização, a respeito dos quais a empresa deveria terse ocupado. A duas, se não há Laudo algum nos autos, não há como comprovar a veracidade das informações prestadas. Segundo, ao contrário do que assevera, pelo menos as assinaturas apostas as faturas dão conta, sim, de documento forjado. E, de fato, o que se extrai dos fragmentos do Recurso Voluntário, acima transcritos, os únicos que falam do assunto provas, em nada explicam por que os preços declarados em 2008 por uma empresa gerida por pessoas muito próximas eram dez vezes menores do que os preços identificados em uma fatura proforma, praticamente com a mesma numeração, mesmos materiais, quantidades etc e por que esses preços aviltantemente inferiores são os mesmos preços praticados na operação objeto desta lide. A contestação do valor probante da robustez do quadro indiciário apresentado pela Fiscalização Federal, requer uma demonstração veemente de cada um de seus elementos constitutivos. Os parcos argumentos apresentados pelo contribuinte não me convencem de que os preços não foram efetivamente subfaturados. Finalmente, no que se refere à prescrição intercorrente, que se diga que trata se de matéria sumulada no âmbito deste Conselho. Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. VOTO por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Relator Fl. 217DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 27/05/2016 p or RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 13971.005201/2009-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/01/2004
LIQUIDAÇÃO DE JULGADO. CRITÉRIO DE ALOCAÇÃO DE DÉBITO E CRÉDITO. OBEDIÊNCIA A ORDEM DETERMINADA NO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA ATÉ DATA DA COMPENSAÇÃO DO DÉBITO. POSSIBILIDADE.
1. Na liquidação do julgado, agiu com acerto a autoridade fiscal ao utilizar ordem de alocação de crédito e débito determinada pelo contribuinte no pedido de restituição.
2. No procedimento de compensação, o valor débito deve ser acrescido de multa de mora calculada até a data da efetivação da compensação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.217
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento,Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2004 a 31/01/2004 LIQUIDAÇÃO DE JULGADO. CRITÉRIO DE ALOCAÇÃO DE DÉBITO E CRÉDITO. OBEDIÊNCIA A ORDEM DETERMINADA NO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA ATÉ DATA DA COMPENSAÇÃO DO DÉBITO. POSSIBILIDADE. 1. Na liquidação do julgado, agiu com acerto a autoridade fiscal ao utilizar ordem de alocação de crédito e débito determinada pelo contribuinte no pedido de restituição. 2. No procedimento de compensação, o valor débito deve ser acrescido de multa de mora calculada até a data da efetivação da compensação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento,Maria do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 52 01 /2 00 9- 12 Fl. 728DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 2 Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o Relatório encartado na decisão de primeiro grau, que segue integralmente transcrito: Trata o presente processo de pedido de restituição, por meio do qual a contribuinte acima qualificada busca repetir valor a título de PIS/Pasep, conforme PER nº. 31535.96938.290109.1.2.04 9002 (cópia às fls. 03/05), nos quais a contribuinte pleiteia restituição no importe total de R$2.934.852,25, relativa ao período de apuração de janeiro/2004, cujo pagamento foi efetuado em 13/02/2004. Em análise do pleito, inicialmente, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC entendeu por não reconhecer o direito creditório pleiteado em sua totalidade (Parecer SAORT/DRF/Blumenau n.° 021/2010), decisão esta que foi objeto de manifestação de inconformidade por parte da contribuinte e, conseqüentemente, motivo de análise por parte desta Delegacia de Julgamento. Em sessão realizada no dia 26 de julho de 2011, a 4ª Turma da DRJ/Florianópolis, por meio do Acórdão nº 0725.737 (fls. 228/234), anulou o referido Despacho Decisório e determinou que um novo fosse formalizado. Conforme a decisão prolatada pela DRF/Blumenau, o processo foi encaminhado à Seção de Fiscalização – Safis, para a análise das operações geradoras de crédito registradas pela contribuinte. No decorrer da análise foram juntados os documentos de fls. 242/523 e, especialmente, o Relatório de Auditoria Fiscal de fls. 524/544. Em razão da análise fiscal empreendida no período, procederamse às glosas descritas nos itens seguintes. As glosas fiscais foram efetuadas sobre os valores de créditos declarados no Dacon identificado no item 7 do Relatório de Auditoria Fiscal. 1. Glosas de Complemento de Valor: Glosa relativa a aquisições para revenda, feitas de pessoas jurídicas, referentes às operações de compra de soja e outras commodities com “preço a fixar”. Disso decorre, com frequência, a ocorrência de complementação de valores. Se o preço final for superior aos praticados nas remessas, haverá uma complementação a ser paga pelo adquirente. Caso contrário, se o preço nas remessas resultar superior ao definitivo, ocorrerá devolução simbólica de certa quantidade do bem e acerto financeiro, ensejando o ajuste. As glosas se fundamentaram, em síntese, no fato de que o direito ao crédito do PIS/Pasep apurado na modalidade nãocumulativa foi regulado respeitando o regime de competência. Desta forma, Fl. 729DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005201/200912 Acórdão n.º 3302003.217 S3C3T2 Fl. 729 3 não foram consideradas as complementações dos valores ocorridas no regime nãocumulativo, em relação às remessas (aquisições) ocorridas no período da cumulatividade, bem como em relação aquelas que, no regime da nãocumulatividade, não geram direito aos créditos. Coube a glosa, da mesma forma, em relação aos créditos sem a devida comprovação das operações ou em relação à remessas não informadas para determinado contrato, implicando na impossibilidade de aferição da pertinência e do montante do crédito. 2. Glosas dos Fretes: Fretes em aquisições com fim específico de exportação; Fretes que não foram comprovados; Fretes nas vendas; 3. Demonstrativo das Glosas: encontramse relacionados os demonstrativos das glosas em cada item específico do relatório, bem com as suas totalizações nos itens 57/ss do Relatório Fiscal. Consta que a contribuição a pagar de PIS apurado no período de 01/2004 (após descontos de créditos) seria de R$ 4.130.424,19. Segundo Parecer Saort/DRF/Blumenau nº. 047/2012, em breve síntese, a contribuinte procedeu da seguinte forma, em relação ao pedido de restituição relativo a janeiro/2004: apurou e declarou em DCTF retificadora, relativa a 01/2004, o débito de R$ 2.566.071,04; alocou o valor de R$ 1.212.255,16, relativo ao pagamento de 13/01/2006; alocou os valores de R$ 24.138,27 e R$ 1.014.213,17 relativos às compensações formalizadas nas declarações de compensação nºs. 38235.99200.070404.1.3.015160 e nº 34022.63809.070404.1.3.010570, respectivamente. alocou R$ 315.464,44 do primeiro pagamento, efetuado em 13/02/2004 (R$ 3.250.316,69); e pleiteou a restituição de R$ 2.934.852,25 (somatório de todos os pagamentos/compensações alocadas menos o valor devido). Para calcular o valor que efetivamente foi pago a maior do que o devido, procedeu o fisco da mesma forma que a contribuinte, apenas substituindo o valor do débito declarado pelo valor do débito apurado (R$ 4.130.424,19). Quanto às compensações efetuadas nos PER/Dcomp acima mencionados, verificou o fisco que: Fl. 730DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 4 no PER/DCOMP nº. 38235.99200.070404.1.3.015160, transmitido em 07/04/2004, foi compensado o valor de R$ 24.712,76 (Principal) com os devidos juros de R$ 574,49 (2,38%), perfazendo o total de R$ 24.712,76, porém sem a multa de mora no valor de R$ 4.301,44; sendo que o valor da compensação (Principal) alocado ao débito foi de R$ 20.559,70 (valor original), o qual, acrescido da multa de 17,82%(R$ 3.663,74) e dos juros de 2,38% (R$ 489,32), corresponde ao total compensado neste PER/DCOMP, R$ 24.712,76; no PER/DCOMP nº 34022.63809.070404.1.3.010570, transmitido em 07/04/2004, foi compensado o valor de R$ 1.014.213,17 (principal) com os devidos juros de R$ 24.138,27 (2,38%), perfazendo o total de R$ 1.038.351,44, porém, sem a multa de mora (17,82%), sendo que o valor da compensação (Principal) a ser alocado ao débito é de R$ 863.853,11(valor original), o qual, acrescido da multa de 17,82%(R$ 153.938,62) e dos juros de 2,38% (R$ 20.559,70), corresponde ao total compensado neste PER/DCOMP, R$ 1.038.351,44; Desta forma, os valores alocados pelo fisco foram os seguintes: Pagamento efetuado em 13/02/2004 – R$ 2.033.756,22; Pagamento efetuado em 13/01/2006 – R$ 1.212.255,16; Compensação no PER/DCOMP 38235.99200.070404.1.3.01 5160 – R$ 20.559,70; Compensação no PER/DCOMP 34022.63809.070404.1.3.01 0570 – R$ 863.853,11; Como foram necessários R$ 2.033.756,22 do pagamento realizado no dia13/02/2004 para a total extinção do débito, o valor do pagamento a maior, passível de restituição, é a diferença entre esta importância e o valor pago, R$ 3.250.316,69. Em vista do Relatório de Auditoria Fiscal e do Parecer Saort/DRF/Blumenau nº. 047/2012, foi proferido o Despacho Decisório de fls. 561, onde foi reconhecido parcialmente o direito creditório no valor de R$ 1.216.560,47. Manifestação de Inconformidade 1. Questões preliminares de mérito: Inicialmente, sob o título “Dos antecedentes processuais” a contribuinte traça um histórico do desenrolar do processo desde as Soluções de Consulta formuladas e dos pedidos de restituição, o que a levou a retificar os respectivos Dacon desde 2004 até 2008. Observa que as primeiras alterações que geraram as restituições pleiteadas ocorreram a partir de 2005 e que, em face de tais circunstâncias, nem todas as alterações foram para reduzir tributo, na medida em que também ocorreram alterações para aumentar o tributo devido ou diminuir os saldos credores acumulados. Em seguida, desenvolve os seus argumentos sobre os fundamentos do procedimento fiscal, onde após longa exposição Fl. 731DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005201/200912 Acórdão n.º 3302003.217 S3C3T2 Fl. 730 5 de argumentos de caráter doutrinário, termina por afirmar que, procedendose à comparação do valor pago (em vários pagamentos parciais) com o valor devido, verificarseá a apuração do real e verdadeiro valor a ser restituído e segue com os seguintes títulos: 2. Da necessária reforma para atender aos fundamentos: Neste item de sua defesa, traz um histórico dos pagamentos/compensações efetuados e desdobrase em demonstrar, matematicamente, que, mesmo partindose do valor devido considerado pelo fisco, as compensações, os mesmos percentuais de acréscimos legais, e os valores efetivamente pagos, o valor a ser restituído é maior do que foi calculado pelo fisco. Em resumo, consta a seguinte planilha como as suas demonstrações: HISTÓRICO DATA VALORES VALOR DEVIDO CONFORME 13/02/2004 R$ 4.130.424,19 Recolhimento DARF 13/02/2004 13/02/2004 R$ 3.250.316,69 VALOR PAGO A MENOR 13/02/2004 R$ 880.107,50 Acréscimos legais até 07/04/2004 Juros 2,38% R$ 20.946,56 Multa 17,82% R$ 1.057.889,22 Compensação efetuada em 07/04/2004 R$ 19.537,78 Pagamento insuficiente 07/04/2004 R$ 19.537,78 Acréscimos legais até 13/01/2006 Juros 30,22% R$ 5.904,32 Multa de Mora 20,00% R$ 3.907,56 Valor Devido em 13/01/2006 13/01/2006 R$ 29.349,65 Valor recolhido em 13/01/2006 R$ 1.834.748,65 Valor recolhido a maior em 13/01/2006 R$ 1.805.398,54 Alega que as considerações feitas a respeito de multa e juros às fls. 557/558 na Decisão vinculada ao Parecer Saort nº. 047/2012 não podem ser levadas em conta por conflitar com os próprios fundamentos legais em que expressamente se baseia e nos motivos de fato e de direito que menciona como fundamento e razão de decidir, caracterizando o vício de forma, a ilegalidade do ato, a inexistência de motivos e o desvio de finalidade. Sustenta, por fim, que o valor a ser restituído é de R$ 1.805.398,54 e não apenas R$ 1.216.560,47, conforme Parecer Saort 047/2012. 3. Questão preliminar de cerceamento do direito de defesa e questão prejudicial de mérito: Fl. 732DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 6 Aborda, sob este item, as circunstâncias materiais de fato e repetese nos argumentos de que existe claro vício de forma, manifesta ilegalidade e inexistência de motivo, questões estas já colocadas na manifestação de inconformidade relativa à Decisão vinculada ao Parecer Saort nº. 021/2010. 4. Da necessária reforma parcial do despacho decisório, onde alega: À vista do exposto, cumpre reformar o despacho recorrido para constar ilegal e nula a expressão “consideraremos na apuração de eventual pagamento a maior” – uma vez que, por não haver transito em julgado a questão sob debate, o máximo que se pode admitir no caso concreto, e a bem do Direito é que seja considerada a glosa provisória para o exclusivo fim de autorização da restituição do valor assim apurado até o transito em julgado do processo do qual esta questão é decorrente. Deve ser expressamente explicitado que o que resultar decidido naquele processo original deverá resultar em direito da Contribuinte (ou da Fazenda) a ser respeitado neste processo – sem prejuízo do que vier a ser decidido neste Processo de Restituição. Assim, se no processo original for decidido a favor da Manifestante – então deverá fazer jus ao referido crédito na forma que lhe for oportuna: seja para requerer nova restituição, ou para tomar o crédito escritural no mês em que a decisão transitar em julgado. 5. Da alegação de decadência impossível de ser vista nos autos, em que alega que o fundamento do indeferimento nem de longe sustenta o feito em face da legalidade e das exigências previstas no art. 37 da Constituição Federal; e que, ao se recusar a examinar o que é de seu ofício, a autoridade fiscal remeteu o exame e fiscalização à DRJ, o que não pode ser feito, em face da incompatibilidade entre os trabalhos de exame da materialidade tributária (art. 142 do CTN) e a função de julgador no mesmo caso. Do que se pode efetivamente verificar dos autos: as retificações dos Dacon: O QUE ALI SE VERIFICA É CONTRÁRIO DO QUE O RELATÓRIO DE AUDITORIA AFIRMA: ou seja, verificase que o crédito do mês, a partir da primeira retificação (30 de janeiro de 2006) permanece constante em R$ 2.787.249,53, até a retificação de 2012, quando passa a ser de R$ 2.777.688,76. Por outro lado, o valor declarado na linha 36 na Dacon de 2012, apresenta o valor de R$ 2.944.413,02. Portanto, as alterações somente podem referirse a trocas de linhas no respectivo formulário – e não de alteração dos valores declarados. A reclassificação dos valores não implica em decadência, mas apenas uma qualificação dos valores já anteriormente e sempre declarados. Fl. 733DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005201/200912 Acórdão n.º 3302003.217 S3C3T2 Fl. 731 7 Além disso, a retificação da DACON em 2012 resultou em aumento da Contribuição devida, e somente ocorreu devido a entendimentos com os Auditores da Receita Federal, conforme fica evidenciado nos email anexos, ou seja, a retificação, como visto não apresentou retificações para acrescer créditos, ao contrário, apenas serviu e teve a função de atender à solicitação do Auditor Fiscal para manifestar sua concordância com a glosa relativa aos mesmos créditos que foram retificados, e eventuais trocas de linhas de créditos já computados como consta dos resumos. Portanto, as afirmações dos Auditores Fiscais não podem preosperar, nem serem levado em consideração na questão relativa a qualquer DECADÊNCIA dos direitos creditórios da Manifestante. Do pedido de reforma da Decisão Saort vinculada ao Parecer Saort nº. 047/2012, onde requer que seja reformada a Decisão Saort vinculada ao Parecer nº. 047/2012, determinandose que o valor correto a ser restituído, antes de qualquer consideração a respeito das glosas é de R$ 1.805.398,54. Requer, ainda, que seja assegurado o seu direito relativo à matéria decorrente (saldo do mês anterior), glosado em virtude de Processo Administrativo ainda pendente de julgamento. Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a juntada de novos documentos, bem como a realização de diligências e perícias. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 689/701), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO. Para fins de créditos na aquisição de insumos, a despesa é considerada incorrida quando ocorre o consumo do bem ou do serviço, de acordo com o regime de competência. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. SERVIÇOS. Para efeito da nãocumulatividade das contribuições, há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelando o à necessidade na fabricação do produto e na consecução de sua atividadefim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto em fabricação. Fl. 734DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 8 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. FRETES. A apropriação de créditos em relação às despesas de transporte é limitada ao frete na aquisição do produto, seja como insumo na produção, seja para revenda, neste último caso (revenda) apenas quando o bem é adquirido de pessoa jurídica, e em razão de que o custo se agrega ao produto adquirido (regra contábil/fiscal); ao frete como insumo utilizado na prestação de serviços de transportes, quando é esta a atividade produtiva da empresa, ou seja, quando tal frete é associado ao processo de venda de serviços; e ao frete na venda do produto. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. CRÉDITO PRESUMIDO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. Geram créditos os valores dos insumos adquiridos de pessoas físicas, desde que o produto final resultante da utilização desses bens ou serviços esteja relacionado no rol de produtos cujas classificações da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM relacionadas no art. 3º., §10 da Lei nº. 10.637/2002. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO RETIFICADORA. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. Admitida a retificação da Declaração de Compensação pela administração tributária, o marco inicial da contagem do prazo de cinco anos para homologação será a data da apresentação da declaração retificadora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 5/2/2014, a autuada foi cientificada da referida decisão (fl. 703). Inconformada, em 19/2/2014, postou o recurso voluntário de fls. 704/719, em que manifestou concordância com todas as glosas dos créditos realizadas pela autoridade fiscal e com o valor da Contribuição para PIS/Pasep a pagar do mês janeiro de 2004 de R$ 4.130.424,19, também apurado pela autoridade fiscal. A discordância da recorrente limitouse ao valor do direito creditório reconhecido, no valor de R$ 1.216.560,47, especificamente, no que tange ao cálculo do referido valor. Segundo a recorrente, a autoridade fiscal equivocouse no cálculo dos valores da Fl. 735DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005201/200912 Acórdão n.º 3302003.217 S3C3T2 Fl. 732 9 multa de mora e dos juros moratórios devidos por ocasião da liquidação do valor da contribuição devida no mês. De acordo com os cálculos apresentados pela recorrente, a multa moratória não podia superar o valor de R$ 239.114,39, correspondente a 20% de R$ 1.195.571,94, o maior valor do saldo remanescente do débito a pagar existente no mês de fevereiro de 2004, e a soma dos juros moratórios devidos seria de R$ 153.878,67. Com base nesses valores, a recorrente chegou a conclusão que fazia jus a restituição do valor originário de R$ 1.309.247,38, que representa um acréscimo de R$ 92.686,91 ao valor reconhecido pela autoridade fiscal (R$ 1.309.247,38 R$ 1.216.560,47), a ser atualizado a partir de janeiro de 2006. Porém, caso não fosse suprido esse o pedido, a recorrente pleiteou que o processo fosse “convertido em diligência para o exame, verificação e constatação de quaisquer elementos da situação normada.” A recorrente ainda pleiteou fosse explicitado o seu direito relativo à matéria decorrente (saldo do mês anterior) glosado no âmbito de procedimento fiscal encartado em processo administrativo ainda pendente de julgamento neste Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Previamente, cabe consignar que, no âmbito deste julgamento, não há como ser explicitado qualquer direito da recorrente sobre eventual resultado de julgamento a ser proferido em alegado processo principal, em que glosado saldo da Contribuição para o PIS/Pasep do mês anterior, ainda pendente de julgamento neste Conselho. A uma, porque a recorrente não se dignou a comprovar a suscitada decorrência, aliás, sequer mencionou o número do dito processo principal. A duas, porque este Colegiado somente pode se pronunciar acerca de questão controvertida suscitada no âmbito deste processo. Feito esse breve esclarecimento, passase a análise da lide objeto dos presentes autos, em que a recorrente pleiteou a restituição do pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de janeiro de 2004, no valor total de R$ 2.934.852,25. Desse valor, foilhe reconhecido, pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem, o valor de R$ 1.216.560,47 e indeferida a importância de R$ 1.718.291,85. Conforme delineado no relatório precedente, o litígio remanescente limitase apuração do valor a ser restituído, especificamente, em relação aos cálculos e deduções efetuados pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal, para fim de apuração do valor a restituir, referente ao mês de janeiro de 2004. Para a recorrente, não estavam corretos os valores da multa e dos juros moratórios calculados pela autoridade fiscal, calculados sobre parcelas da contribuição a pagar do mês de janeiro de 2004, compensadas/recolhidas após o prazo de vencimento. Fl. 736DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 10 Segundos os cálculos da recorrente, apresentados no presente recurso voluntário, ela fazia jus a restituição do valor originário de R$ 1.309.247,38, em vez do valor de R$ 1.216.560,47, apurado pela autoridade fiscal, o que resultou na apuração de uma diferença de R$ 92.686,91. De acordo com o demonstrativo de cálculo apresentado pela recorrente no recurso voluntário em apreço, o valor do pagamento a maior que o devido foi apurado da seguinte forma: a) ao valor devido de R$ 4.130.424,19, apurado pela fiscalização, foi alocado o recolhimento de R$ 2.934.852,25, realizado em 13/2/2004, remanescendo o valor de R$ 1.195.571,94, que acrescido de multa e juros moratórios, até o mês da realização das compensações, resultou no valor devido atualizado de R$ 1.463.140,94; e b) ao valor devido de R$ 1.463.140,94, foram alocados os valores das compensações efetuadas em 7/4/2004, no valor total de R$ 1.063.064,20, remanescendo um saldo devedor de R$ 400.076,74, que acrescido de juros moratórios até 13/1/2006, resultou no valor de R$ 525.500,80. Este valor deduzido do recolhimento realizado em 13/1/2006, no valor de R$ 1.834.748,19, remanesceu a parcela paga a maior a ser restituída no valor de R$ 1.309.247,38. Por sua vez, no demonstrativo de cálculo apresentado pela autoridade fiscal, o valor do pagamento a maior foi apurado da seguinte forma: a) ao valor devido de R$ 4.130.424,19, em primeiro lugar, foi alocado o valor integral do recolhimento realizado em 13/1/2006, no valor de R$ 1.212.255,16. Deste valor remanesceu o saldo de R$ 2.918.169,03; b) em seguida, ao saldo de R$ 2.918.169,03 foram alocados os valores das compensações realizadas em 7/4/2004, no valor total de R$ 884.412,81 (R$ 20.559,70 + R$ 863.853,11). Após, remanesceu o saldo de R$ R$ 2.033.756,22, c) enfim, ao saldo de R$ R$ 2.033.756,22, foi alocado o valor do pagamento efetuado em 13/2/2004, no valor total de R$ 3.250.316,69. Após, remanesceu a parcela paga maior a ser restituída no valor de R$ 1.216.560,47. Do cotejo entre os dois demonstrativos de cálculo, verificase que a primeira diferença está na forma de atualização dos valores a serem confrontados. Enquanto a recorrente realizou os cálculos com os valores de débitos e créditos (pagamentos e compensações) atualizados (acrescidos de multa e juros moratórios), a autoridade fiscal utilizou os valores de débitos e créditos originários. A segunda diferença está no critério de alocação dos valores dos pagamentos. Enquanto a recorrente, primeiramente alocou o valor integral do pagamento, realizado em 13/2/2004, no valor de R$ 3.250.316,69, e em seguida os valores compensados e, ao final, parte do pagamento realizado em 13/1/2006; a autoridade fiscal adotou critério inverso, ou seja, primeiro alocou o pagamento integral realizado em 13/1/2006, em seguida os valores compensados e, ao final, parte do pagamento realizado 13/2/2004, que foi a opção exercida pela recorrente no PER/DCOMP de fls. 3/5. Do cotejo entre as duas formas de encontro de contas, verificase que se utilizado os valores de débitos e créditos originários em ambos os demonstrativos, independentemente do critério de alocação adotado, o resultado será o mesmo, ou seja, o valor Fl. 737DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005201/200912 Acórdão n.º 3302003.217 S3C3T2 Fl. 733 11 da parcela paga a maior a ser restituída será de R$ 1.216.560,47, conforme cálculo realizado pela autoridade fiscal. Da análise de ambos os cálculos apresentados, chegase a conclusão que a diferença do valor apurado nos referidos demonstrativos foi resultado da não inclusão do valor da multa de mora nos valores dos déditos compensados, conforme demonstrado pela autoridade fiscal nos excertos que seguem transcritos: As compensações foram formalizadas nas declarações de compensação eletrônicas nº 38235.99200.070404.1.3.015160 e nº 34022.63809.070404.1.3.010570, ambas transmitidas no dia 07/04/2004. Nesta data, eram devidos juros de 2,38%, percentual este que corresponde à Selic do mês de março de 2004 mais 1% referente ao mês da compensação. Além disso, do primeiro dia subsequente ao do vencimento, ocorrido em 13/02/2004, até a data de transmissão dos PER/DCOMP, haviam transcorrido 54 dias. Sendo a multa de trinta e três centésimos por cento ao dia, era devida multa no percentual de 17,82%. No PER/DCOMP nº 38235.99200.070404.1.3.015160, conforme se vê à fl. 546, a contribuinte compensou, relativamente ao débito da Contribuição para o PIS/Pasep de janeiro/2004, o valor total de R$ 24.712,76, sendo R$ 24.138,27 a título de principal e R$ 574,49 de juros. Este valor efetivamente corresponde a 2,38% de R$ 24.138,27. Mas a contribuinte se esqueceu de calcular e compensar o valor da multa moratória no percentual de 17,82% que, se calculada sobre R$ 24.138,27, seria R$ 4.301,44. Assim, o valor desta compensação que a contribuinte pretendeu alocar ao débito não pode ser integralmente alocado, uma vez que o valor total compensado, R$ 24.712,76, deve comportar o principal, a multa e os juros. Consequentemente, o valor a ser alocado é o valor que, acrescido de multa de 17,82% e juros de 2,38%, totalize R$ 24.712,76. Assim, o valor desta compensação que pode ser alocado ao débito é R$ 20.559,70, por ser este o valor que, acrescido da multa de 17,82% (R$ 3.663,74) e dos juros de 2,38% (R$ 489,32), corresponde ao total compensado neste PER/DCOMP, R$ 24.712,76. Situação semelhante se verifica quanto à compensação formalizada no PER/DCOMP nº 34022.63809.070404.1.3.01 0570 (fl. 547), no qual a contribuinte compensou R$ 1.014.213,17 a título de principal e R$ 24.138,27 a título de juros, totalizando R$ 1.038.351,44. Também aqui os juros de 2,38% foram calculados corretamente sobre o suposto valor do principal, R$ 1.014.213,17. Mas também aqui a contribuinte se esqueceu da multa moratória no percentual de 17,82%. De igual modo, o valor que a contribuinte pretendeu alocar ao débito não pode ser integralmente alocado, posto que, dada a indispensabilidade da multa, o valor total compensado, R$ 1.038.351,44, deve comportar o principal, a multa e os juros. Fl. 738DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A 12 Assim, o valor desta compensação que pode ser alocado ao débito é R$ 863.853,11, por ser este o valor que, acrescido da multa de 17,82% (R$ 153.938,62) e dos juros de 2,38% (R$ 20.559,70), corresponde ao total compensado neste PER/DCOMP, R$ 1.038.351,44. No caso, como a recorrente utilizou os valores dos créditos compensados de R$ 24.712,76 e R$ 1.038.351,44 (total de R$ 1.063.064,20), sem excluir o valor da correspondente multa moratória devida até a data da realização da compensação e não computada nos valores dos referidos débitos compensados, o valor a ser restituído apurado pela recorrente resultou diferente e a maior do que o apurado pela autoridade fiscal. Assim, fica esclarecido que o motivo da diferença entre os valores pagos a maior apurados decorreu da não inclusão do valor da multa moratória na parcela do débito liquidada mediante compensação. Esclareçase ainda que, se adotado o critério da autoridade fiscal, a parcela paga a maior remanescente referese ao primeiro pagamento, realizado em 13/2/2004, a ser atualizada a partir de março de 2004, com base na variação da taxa Selic, nos termos do art. 39, § 4º, da Lei 9.250/1995. Aliás, essa foi a opção manifestada pela recorrente no pedido de restituição em apreço. De outro modo, se adotado o critério da recorrente, a parcela paga a maior remanescente referese à parte do valor das compensações (R$ 4.305,31) e ao valor integral do pagamento realizado no dia 13/1/2006 (R$ 1.212.255,16), a serem atualizados, respectivamente, a partir de maio de 2004 e fevereiro de 2006, com base na variação da taxa Selic, nos termos do art. 39, § 4º, da Lei 9.250/1995. Neste caso, o procedimento de cálculo adotado pela recorrente contraria a opção por ela manifestada no referido pedido de restituição. Dessa forma, fica demonstrado ser mais vantajoso para a recorrente o critério da autoridade fiscal, posto que lhe beneficia com um percentual maior de atualização pela taxa Selic, calculada a partir do mês de março de 2004. Com base nesses esclarecimentos, fica demonstrada a improcedência da alegação da recorrente de que o valor da multa moratória não podia superar o valor de R$ 239.114,39 e a soma dos juros moratórios devidos seria de R$ 153.878,67, uma vez que a autoridade fiscal utilizou apenas valores originários, diferente da recorrente que utilizou os valores atualizados, sem contudo, acrescentar o valor da multa de mora à parcela do débito compensado. Também fica demonstrada ser desnecessária a conversão do julgamento em diligência para o exame e verificação de meros procedimentos de cálculo, facilmente confirmados, sem necessidade de provas adicionais ou concurso de conhecimento especializado. Dessa forma, com respaldo nos arts. 18 e 29 do Decreto 70.235/1972, indefere se o pleito em questão. Enfim, por todas essas considerações, propugnase pela manutenção do valor do crédito reconhecido pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem, uma vez que calculado em conformidade com o pedido de restituição da recorrente e com estrita observância aos critérios legais de apuração, em especial, o disposto no art. 61 da Lei 9.430/1996. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido. Fl. 739DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13971.005201/200912 Acórdão n.º 3302003.217 S3C3T2 Fl. 734 13 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 740DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 11070.001541/2007-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon May 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO.
DECADÊNCIA.
O direito de pleitear ressarcimento do crédito presumido de IPI decai em cinco anos, contados do final do período de apuração a que se refere o benefício.
CÁLCULO. EXCLUSÃO. CRÉDITO. DECADÊNCIA.
Constatado a manutenção de crédito lançado após lapso temporal de cinco anos, impõe excluir do total apurado no período.
MULTA. REVOGAÇÃO DA LEGISLAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE.
O advento da Lei nº 11.488/2007 não revogou o art. 80 da Lei nº 4.502, que continuou vigendo com nova redação, mantendo a multa a ser aplicada nos casos de falta de lançamento do valor, total ou parcial, do Imposto sobre Produtos Industrializados de 75% do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-002.919
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. Fez sustentação oral: Dra. Camila Gonçalves de Oliveira - OAB 15791
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
Domingos de Sá Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Helcio Lafeta Reis, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. DECADÊNCIA. O direito de pleitear ressarcimento do crédito presumido de IPI decai em cinco anos, contados do final do período de apuração a que se refere o benefício. CÁLCULO. EXCLUSÃO. CRÉDITO. DECADÊNCIA. Constatado a manutenção de crédito lançado após lapso temporal de cinco anos, impõe excluir do total apurado no período. MULTA. REVOGAÇÃO DA LEGISLAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE. O advento da Lei nº 11.488/2007 não revogou o art. 80 da Lei nº 4.502, que continuou vigendo com nova redação, mantendo a multa a ser aplicada nos casos de falta de lançamento do valor, total ou parcial, do Imposto sobre Produtos Industrializados de 75% do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/1998 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. DECADÊNCIA. O direito de pleitear ressarcimento do crédito presumido de IPI decai em cinco anos, contados do final do período de apuração a que se refere o benefício. CÁLCULO. EXCLUSÃO. CRÉDITO. DECADÊNCIA. Constatado a manutenção de crédito lançado após lapso temporal de cinco anos, impõe excluir do total apurado no período. MULTA. REVOGAÇÃO DA LEGISLAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE. O advento da Lei nº 11.488/2007 não revogou o art. 80 da Lei nº 4.502, que continuou vigendo com nova redação, mantendo a multa a ser aplicada nos casos de falta de lançamento do valor, total ou parcial, do Imposto sobre Produtos Industrializados de 75% do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. Fez sustentação oral: Dra. Camila Gonçalves de Oliveira OAB 15791 – Ricardo Paulo Rosa Presidente. Domingos de Sá Filho Relator. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 07 0. 00 15 41 /2 00 7- 22 Fl. 284DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Helcio Lafeta Reis, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário interposto visando modificar a decisão de piso que manteve o lançamento referente crédito presumido de IPI do período de apuração de 01.01.1998 a 31.12.1998. A contenda se refere à prescrição do direito de apurar crédito presumido de IPI em consonância com a Lei nº 9.363/1996 do período de janeiro a julho de 1998 lançados extemporâneo no Livro de Apuração de IPI causando reflexo no montante final. Há acusação de que o Contribuinte apurou crédito de IPI de modo centralizado pela Matriz sem utilização de sistema de apuração de custos coordenada e integrado. Transcrevese o Relatório da Decisão recorrida por espelhar a realidade dos autos: “Relatório. Tratase de auto de infração lavrado pela fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santo Ângelo, para exigência do montante de R$ 1.996.321,02, à data da autuação, que corresponde ao IPI acrescido de juros de mora e da multa de ofício de 75% de que trata o art. 80, inc. I, da Lei n° 4.502, de 1964, com a redação dada pelo art. 45 da Lei n° 9.430, de 1996. Esse valor foi apurado em procedimento de auditoria com o objetivo de verificar a legitimidade do crédito presumido do IPI, autorizado pela Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, referente à Contribuição para o PIS/Pasep e ä Contribuição para a Seguridade Social (Cofins), incidentes nas aquisições de matériasprimas (MP), produtos intermediários (PI) e material de embalagem (ME), empregados na industrialização de produtos exportados. Referido benefício corresponde aos períodos de apuração entre janeiro e dezembro de 1998, como mencionado acima, e foi escriturado extemporaneamente pelo contribuinte no terceiro decêndio de agosto de 2003. Após examinar as planilhas e memórias de cálculo efetuados para apuração dos créditos, 0 Livro Registro de Apuração do IPI, e Demonstrativos de Crédito Presumido DCP correspondentes aos períodos auditados, a fiscalização constatou que o estabelecimento matriz apurou o crédito presumido de IPI de forma centralizada e sem a utilização de sistema de apuração de custos coordenada e integrado. Também foi verificado que os parte dos créditos (períodos de janeiro a julho de 1998) estavam prescritos por ocasião da escrituração, o que teve reflexos no montante final, como será Fl. 285DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11070.001541/200722 Acórdão n.º 3302002.919 S3C3T2 Fl. 8 3 detalhado a seguir, motivando a glosa integral do valor que foi aproveitado na escrita do estabelecimento matriz e filiais, mediante transferência. Consta no Termo de Verificação Fiscal de fls. 146 a 151 em síntese que: tendo em vista a aplicação do art. 1° do Decreto n° 20.910, de 1932, e o entendimento constante no Parecer Normativo CST n° 515, de 1971 e demais normas que tratam da matéria, a parcela de crédito presumido correspondente aos períodos entre janeiro e 2 de julho de 1998 se encontrava prescrita no momento de sua escrituração, por Já haver transcorrido cinco anos desde o encerramento dos respectivos períodos de apuração. o crédito presumido referente aos períodos prescritos (janeiro a julho de 1998) totalizou R$ 1.700.465,04; devido à exclusão da base de cálculo do crédito presumido do valor das matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem utilizados em produtos não acabados e/ou acabados mas não vendidos, existentes em 31/12/1998, consoante prevê a legislação, o valor do crédito presumido relativo a dezembro de 1998 resultou em negativos R$ 726.839,82, e 0 valor acumulado no ano de 1998 seria R$ 1.455.817,23, de acordo com o cálculo do contribuinte. Todavia, não haveria direito a esse valor, porque é menor que o apurado em relação ao período prescrito; a reconstituição da escrita, após a glosa do crédito presumido considerado indevidamente aproveitado resultou em saldo devedor do IPI, tanto para 0 estabelecimento matriz, que aproveitou parte do valor acumulado (R$ 860.260,72) para dedução do IPI devido nas saídas para o mercado interno do próprio estabelecimento, como para as filiais que receberam os restantes R$ 595.556,34, mediante notas de transferência de crédito, para dedução do imposto por elas devido. o presente processo tem por objeto a exigência da parcela que foi utilizada pelo estabelecimento matriz, enquanto os valores transferidos para as filiais de Ribeirão Preto (SP), CNPJ n° 89.674.782/000662 e Pato Branco, (PR), CNPJ n° 89.674.782/000824, no montante de R8 595.556,34, estão sendo exigidos nos autos de infração objeto dos processos administrativos 11070.01542/200777 e 11070.01543/200711, respectivamente. lrresignado, o contribuinte apresentou a impugnação tempestiva de fls 160/175, na qual sustenta, em síntese, com base na Portaria MF n° 129, de 1995, artigos 1" a 4°, que a apuração do crédito presumido seria anual, e assim, válida somente no final do exercício, independente da faculdade de apropriálo mensalmente, por antecipação, não havendo, por isso, que se falar em prescrição mensal. Entende que a utilização antecipada não modificaria a forma de apuração anual, pois segundo o art. 4° da citada norma, o exportador que tiver optado pela Fl. 286DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA 4 antecipação deverá confrontar os valores presumidos com o crédito apurado anualmente, recolhendo a diferença, se for 0 caso, até 31 de março do ano seguinte ao do encerramento do balanço. Sustenta que o cálculo do crédito presumido teria como fundamento a praticabilidade, usando a presunção como meio mais simples de atingir o objetivo da lei, não podendo o auditor modificalo, e que a escrituração poderia ser feita até 31/12/2003. Alega que o autuante também teria adotado a apuração anual, uma vez que teria subtraído os créditos de agosto a novembro do resultado negativo encontrado no final do ano 1998 0 que denotaria, no seu entendimento, a nulidade da glosa (e do auto de infração) seja pela incorreta interpretação dada á forma de apuração, seja pela dualidade de premissas. Segue argumentando que, sendo a apuração anual, a prescrição do direito a utilização do crédito teria por termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte ao do ano calendário da apuração. Transcreve ementas de Acórdãos proferidos pelo antigo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, bem como a ementa da Solução de Consulta n° 149, de 2001, exarada pela 6” Região Fiscal, que entende aplicáveis ao seu caso. Com relação à multa de ofício, argumenta que a base legal apontada no auto de infração (art. 45 da Lei n° 9.430, de 1996) foi revogado pelo art. 40 da Lei n° 11.488, de 2007, que transcreve. Cita decisões do CC que determinaram o cancelamento da exigência, baseadas no art. 106, inc. II, alínea ”c” do Código Tributário Nacional e, com base nisso, solicita a relevação da penalidade aplicada. Por fim, apenas a titulo de argumentação, sugere que, sendo mantida a posição de que os créditos são mensais, devese admitir o creditamento de RS 482.192,01, relativo aos períodos de agosto a novembro de 1998., para que se evite a utilização de dois pesos e duas medidas.”É o relatório. Regularmente notificado do acórdão de primeira instância em 13/12/2010, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 12/01/2011 no qual reprisou as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Domingos de Sá Filho, Relator. Fl. 287DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11070.001541/200722 Acórdão n.º 3302002.919 S3C3T2 Fl. 9 5 O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. A contenda gira em torno da intempestividade de apuração do crédito presumido de IPI do período de janeiro a julho de 1998. O entendimento trazido pelo Contribuinte é de que apuração do crédito presumido disciplinado pela Portaria nº 129/1995 do Ministério da Fazenda davase anualmente, isto é, no último mês do ano calendário, motivo pelo qual o seu direito estaria assegurado, em não prescrito. Sustentando o contrário, a Fazenda afirma que a apuração é mensal em consonância com a Portaria do Ministério da Fazenda de nº 38/1997, vigente a época em que ocorreram as exportações que deram origem ao crédito presumido, bem como, a Portaria nº 64, de 2003, vigente à época da escrituração extemporânea. Com evento da Portaria nº 38/1997 restou revogado a norma da Portaria do Ministério da Fazenda de nº 129/1995 por ser expressa nesse sentido, impondo a partir então que o crédito presumido fosse determinado pela regra traçada para apuração encerrada a partir de janeiro de 1997: “Art.. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, aplicandose em relação aos créditos presumidos correspondentes aos períodos de apuração encerrados a partir de janeiro de 1997.” A novel norma trazida pela Portaria nº 38/97 traçou apuração ao final de cada mês em que houver ocorrido exportação ou venda para empresa comercial exportadora: “Art. 3º O crédito presumido será apurado ao final de cada mês em que houver ocorrido exportação ou venda para empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § “1º Para efeito de determinação do crédito presumido correspondente a cada mês, a empresa ou o estabelecimento produtor e exportador deverá:” Assim, não assiste razão a argumentação de que apuração davase em harmonia com disciplinamento da Portaria MF de nº 129/95, haja vista ter sido revogada pela Portaria nº 38.. Constatado que a escrituração do crédito presumido deuse de forma extemporânea, no terceiro decêndio de agosto de 2003, verificase em relação aos créditos apurados do período de janeiro de 1998 a julho de 1998 que foram efetuados após o transcurso do quinquênio legal quando havia decaído o direito, o que impede o aproveitamento. Tratandose de crédito presumido de IPI, o prazo de cinco anos referido no art. 1º do Decreto nº 20.910/32 somente começa a fluir após o encerramento de cada trimestre calendário, que é o momento em que nasce o direito de pleitear o ressarcimento do crédito presumido. Portanto, certo o julgado recorrido, devendo ser mantido. DA GLOSA E O MÉTODO DE APURAÇÃO. Fl. 288DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA 6 Em relação ao demais período não alcançado pela decadência sustenta o contribuinte que apuração é anual e o agente Autuante errou na quantificação do crédito tributário, resultando em saldo negativo, que deveria ter sido apurado aplicando a sistemática de cálculo préestabelecida em lei, isso é, à luz do art. 2º da Lei nº 9.363/1996. A glosa procedida em relação aos créditos de agosto de 1998 a 31.12.1998 teria o agente apurado pela sistemática anual, o que no entendimento da Recorrente estaria convalidando a tese de que a sistemática de apuração é anual. “Devido ao ajuste previsto na legislação, ou seja, a exclusão da base de cálculo do crédito presumido do valor das matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem utilizados em produtos não acabados e/ou acabados, mas não vendidos existente em 31/12/1998, o valor do crédito presumido no último mês de apuração do ano resultou em negativo R$ 726.839,82 e o valor acumulado de todos os períodos de apuração do ano de 1998 ficou reduzido a R$ 1.455.817,23. Constatase, então, que o valor apurado, acumulado no ano, no montante de R$ 1.455.817,23, resultou menor que a apurado em relação ao período prescrito no montante de R$ 1.700.465,04. Em decorrência, inexiste ao contribuinte o direito ao crédito presumido de IPI no montante apurado de R$ 1.455.817,23." Ora, não assiste razão a Recorrente, o agente fiscal respeitou apuração do contribuinte, certo a decisão que manteve o lançamento, pois por simples cálculo aritmético constatase a inexistência de saldo credor ao final do período. Portanto, a Fiscalização não utilizou dois critérios distintos, apuração é mensal, aconteceu que, deduzido o montante do crédito apurado de janeiro/1998 a julho de 1998, considerado prescrito, no valor de R$ 1.700.465,04 do saldo encontrado em dezembro de 1998, de R$ 1.455.817,23, o saldo é negativo. O demonstrativo elaborado pela Fiscalização e reproduzido pela decisão recorrida é cristalino e não deixa dúvida de que o Contribuinte no final do ano de 1998 não possuía saldo credor. Por essa razão deve ser mantida a decisão pelos seus próprios contornos jurídicos. DA MULTA APLICADA DE 75%. Também não assiste razão a Recorrente. A penalidade aplicada encontra assentada no art. 80, inciso I, da lei nº 4.502/1964, vigente ao tempo dos fatos geradores. Bem explicitado na motivação da decisão recorrida que a Lei nº 11.488 de 2007 não revogou o art. 80 da Lei 4.502, apenas deu nova redação sem afastar aplicação da pena. Diante do exposto, nego provimento ao recurso. É como voto. Domingos de Sá Filho Fl. 289DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11070.001541/200722 Acórdão n.º 3302002.919 S3C3T2 Fl. 10 7 Fl. 290DF CARF MF Impresso em 09/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 12/04/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 11131.000844/2006-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3302-000.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
RELATÓRIO
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. RELATÓRIO Trata o presente de Autos de Infração lavrados para constituição de crédito tributário de Imposto de Importação – II – e Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, por ocasião de Declaração de Importação registrada em 22/01/2002. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 11 31 .0 00 84 4/ 20 06 -8 5 Fl. 232DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 3 2 Por bem retratar a realidade dos fatos, transcrevese relatório da decisão recorrida: “Trata o presente processo de auto de infração lançado para apuração da diferença de Imposto de Importação – II, e Imposto sobre produtos industrializados – IPI não recolhidos por ocasião do registro da Declaração de Importação DI, acrescidos de juros de mora e multa de mora, perfazendo o montante de R$ 85.867,72 (oitenta e cinco mil, oitocentos e sessenta e sete reais e setenta e dois centavos). O contribuinte registrou em 22/01/2002 a Declaração de Importação nº 02/00622484 com nove adições, pleiteando em todas elas o benefício de “Extarifário” mencionado na Portaria MF nº 202/98, cuja alíquota do Imposto de Importação para as NCMs correspondentes, era de 4%. Entretanto, conforme informação da fiscalização, a Resolução Camex nº 42/01 fixou em 14% a alíquota do Imposto de Importação para essas mercadorias a partir de 01/01/2002. A declaração da alíquota de 4% ao invés de 14% resultou no recolhimento menor que o devido, tanto de II quanto de IPI além dos encargos legais decorrentes. Informa a fiscalização que “O crédito tributário lançado através do presente Auto de Infração está com a exigibilidade suspensa por força de Medida Liminar concedida nos autos do processo nº 2002.81.00.0016784 da 2ª Vara Federal do Ceará (art. 151, incisos II e IV do CTN).” E adverte que “Afastada a suspensão da exigibilidade, seja por falta ou insuficiência do depósito, caducidade ou cassação desfavorável ao sujeito passivo, este deverá (conforme teor e extensão do julgado) recolher total ou parcialmente o crédito lançado, com os acréscimos legais cabíveis, sob pena de inscrição da dívida ativa, compensados, se for o caso, eventuais depósitos judiciais efetuados e a serem convertidos em renda da União.” O contribuinte, conforme aviso de recebimento (fls 48 e 49) teve ciência do auto de infração em 08/08/2006 e apresentou impugnação (fls. 56 a 76) com as razões a seguir, resumidamente explanadas. • Que já havia recolhido o s tributos incidentes na operação de importação à alíquota de 4% e que, por entender ser ilegal o ato praticado pela fiscalização, “impetrou mandado de segurança (processo nº 2002.81.00.0016784) para ter os bens liberados, bem como os documentos relativos a operação, ressaltando que não há nenhum prejuízo a Fazenda Pública, posto que em ato continuo (em contracautela) efetuou depósito judicial das diferenças exigidas, qual ainda está pendente de julgamento final.” • Que houve o depósito judicial integral dos valores em discussão (fls. 91 e 92), fato que foi reconhecido pela autoridade coatora e acarretou na liberação das mercadorias apreendidas, além da suspensão da exigibilidade do crédito tributário mencionado. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 4 3 • Que o auto de infração é nulo uma vez que não atendeu os requisitos previstos no Decreto nº 70.235/72, quando deixou de informar a base de cálculo da multa cominada e que tal falha torna nula a autuação, “por não possibilitar ao contribuinte, ora impugnante correta identificação dos valores exigidos, acarretando, inclusive cerceamento do direito de defesa, o qual é garantido pela Constituição Federal.” • Que o auto é nulo porque a fiscalização cometeu grave e frontal ofensa à Constituição Federal, art. 150, incisos IV e V, que vedam a utilização de tributo com efeito de confisco e o estabelecimento de limitações ao tráfego de bens ou pessoas por meio de tributos. Que a atuação da fiscalização foi ilegal ao reter as mercadorias importadas. • Que a Constituição Federal veda, também, em seu art. 150 incisos I e III, exigir tributo sem lei que o estabeleça e cobrar tributo no mesmo exercício financeiro que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. • Que por ser o auto de infração um ato administrativo vinculado ao principio da reserva legal, a falta de clareza quanto à descrição dos fatos nulifica todo o procedimento, não podendo tal equívoco ser posteriormente suprido por qualquer outra autoridade, porque fora de sua competência legal. • Que a imprecisão contida no Auto de Infração fere, também, o disposto no artigo 37, caput da Constituição Federal de 1988 e o artigo 142 e seu parágrafo único, do CTN, porque afasta o ato vinculado da lei, a qual não pode ser omitida em hipótese alguma na peça inicial do processo administrativo, o que significa a cobrança de tributo ou penalidade tributária sem lei, ferindo, novamente, a Constituição Federal em seu artigo 150, inciso I. • Que as Licenças de Importação já haviam sido providenciadas e as máquinas já estavam a caminho do país quando a alíquota foi majorada de 4% para 14%, ferindo os princípios constitucionais do direito adquirido e do ato jurídico perfeito. • Que tem direito a ter aplicada a alíquota de 4% de Imposto de Importação tendo em vista “que não foram observados os princípios constitucionais da anterioridade e legalidade quando da majoração da alíquota. Portanto, inconstitucional a aplicação da alíquota de 14% (quatorze por cento) sobre a operação que deu origem ao Auto de Infração ora impugnado.” • Que o parágrafo 1º, art. 160 do CTN limita o juros a 1% ao mês e que os juros cobrados pela fiscalização superou essa taxa linear mensal e que existe jurisprudência nas cortes superiores a respeito da inaplicabilidade da taxa SELIC para correção dos valores devidos à Fazenda Pública. Ao fim, requer a procedência da impugnação, com a conseqüente desconstituição do Auto de Infração atacado. Fl. 234DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 5 4 Em 02/10/2008 (fls. 138), a autuada pede baixa do processo, suspenso por medida judicial, para que a empresa possa solicitar uma Certidão Negativa de Débitos uma vez que “Conforme Certidão Narrativa do Processo emitida em 15/07/2008(anexo), pelo STF Supremo Tribunal Federal, que o Sr. Ministro Joaquim Barbosa negou seguimento por decisão publicada no DJ de 01/08/2006, contra esta empresa e que foi interposto agravo regimental, pendente de julgamento.” Em 23/10/2008 (fls. 141), a autuada vem “apresentar cópia autenticada das principais peças do processo em que discute o débito contra si imposto, bem como a certidão narrativa dos autos e o extrato atualizado que comprova que os valores depositados em juízo não foram levantados, tudo para fins de obtenção da certidão negativa em nome da mesma.” A Quinta Turma da DRJ em Fortaleza proferiu o Acórdão nº 0825.548, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 22/01/2002 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA PARCIAL ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. OCORRÊNCIA. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 22/01/2002 JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA Os tributos arrecadados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, não pagos até a data de vencimento, estão sujeitos à incidência de juros de mora calculados com base na taxa SELIC, seja qual for o motivo determinante da falta. Tratase de expressa determinação legal, em pleno vigor. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INOCORRÊNCIA. O pagamento dos impostos voluntariamente, não equivale à denuncia espontânea da infração cometida, caso o recolhimento tenha sido menor que o devido e exista legislação específica que considere tal fato como delituoso. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: 1. Que não há débitos remanescentes do lançamento, uma vez que os depósitos foram efetuados no montante integral e convertidos em renda, por aplicação do artigo 156, inciso VI do CTN; 2. Que não houve renúncia à discussão na esfera administrativa, pois não havia auto lavrado que exigisse uma opção ou outra; Fl. 235DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 6 5 3. Que o lançamento violou o disposto no artigo 63 e parágrafos da Lei nº 9.430/1996; 4. Que os atos praticados pela recorrente estiveram sempre ao abrigo dos artigos 151, inciso II e V do CTN e que o fato de o despacho aduaneiro dar início à ação fiscal em nada prejudicou tais atos e que no momento em que realizados os depósitos, não havia crédito tributário constituído; 5. Não há que se falar em juros remanescentes quando se realiza depósito do montante integral. A recorrente informou, ainda, que o Mandado de Segurança nº 2002.81.00.0016784 transitou em julgado favoravelmente à União em 01/09/2010, com retorno à origem para que os depósitos fossem convertidos em renda. Por fim, pede a desconstituição do lançamento. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. VOTO Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Inicialmente, destacase que a recorrente não contesta que o objeto da autuação no que diz respeito à diferença de alíquotas de 4% para 14% em razão da superveniência da Resolução CAMEX nº 42/2001, vigente a partir de 1º/01/2002, está contido no objeto do Mandado de Segurança nº 2002.81.00.0016784, conforme bem delineado na decisão recorrida, cujos argumentos adotamse neste voto. Por outro lado, a recorrente alega a inexistência de renúncia, pelo fato de que na época da propositura da ação judicial não havia ocorrido o lançamento de ofício (ciência em 08/08/2006) e, portanto, não haveria renúncia pois que opção por uma ou outra esfera não havia. Ocorre que o argumento não procede, uma vez que a propositura de ação judicial com o mesmo objeto do processo administrativo importa em renúncia à discussão administrativa, seja antes ou após o lançamento de ofício, a teor da Súmula CARF nº 01: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Em relação às alegações sobre a inaplicabilidade de juros de mora e multa de mora no lançamento, todas se resumem na verificação da existência de depósitos judiciais em seu montante integral, o que implicaria a lavratura de Auto de Infração com exigibilidade Fl. 236DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 7 6 suspensa e sem multa de ofício, de acordo com o Parecer Cosit nº 2/19991 e sem juros de mora, a teor da Súmula CARF nº 052. O lançamento de ofício foi efetuado com exigibilidade suspensa e cientificado em 08/08/2006, conforme descrição de efls. 2: “O crédito tributário lançado através do presente Auto de Infração está com a exigibilidade suspensa por torça de Medida Liminar concedida nos autos do processo n°2002.81.00.0016784 da 2a Vara Federal do Ceará (art. 151, incisos II e IV do CTN).” O lançamento referiuse a Declaração de Importação registrada em 22/01/2002, cujo desembaraço aduaneiro ocorreu em 08/11/2002. O lançamento foi efetuado com multa de 20%, por aplicação do ADN Cosit nº 10/97, com constituição de valores de R$ 41.544,86 relativos a Imposto de Importação e R$ 2.077,23 para Imposto sobre Produtos Industrializados, em valores originais, acrescidos ainda de juros de mora. No dia seguinte após o registro da DI, em 23/01/2002, a recorrente ajuizou o referido mandado de segurança com o objetivo de ver liberadas, imediatamente, as mercadorias retidas, obtendo decisão liminar em 12/03/2002, no sentido de que fosse oficiada a autoridade impetrada para que efetuasse a pronta liberação da mercadoria, caso o depósito efetivado nos autos fosse em seu montante integral, devendo ser o juízo informado do contrário. Conforme efls. 37, a recorrente depositou em juízo R$ 41.544,76 em 07/03/2002, R$ 2.077,24 em 18/03/2002, R$ 934,76 e R$ 6.032,30 em 03/04/2002, juntando estes últimos aos autos em 05/11/2002. Em 22/05/2003, a sentença proferida no Mandado de Segurança decidiu desfavoravelmente à recorrente quanto ao mérito da majoração da alíquota de 4% para 14%, informando ainda que a autoridade impetrada afirmara que os depósitos efetuados haviam sido no montante integral do débito, fato este que, provavelmente, culminou no desembaraço aduaneiro em 08/11/2002. A apelação interposta pela recorrente foi desprovida, conforme acórdão de efls. 174, bem como do recurso extraordinário interposto, resultando ao final em trânsito em julgado desfavorável à recorrente, como por ela própria afirmado. Registrese que não há nos autos a informação judicial ou da Receita Federal sobre a conversão em renda dos depósitos efetuados, embora tenha a recorrente assim afirmado. Depreendese, inicialmente, que os depósitos judiciais foram efetuados durante o despacho aduaneiro, ou seja, após o registro da DI e antes de efetuado o desembaraço aduaneiro, estando, pois, a recorrente sob procedimento fiscal, de acordo com os artigos 411, 413 e 450, §1º do Decreto nº 91.030/85 e artigo 7º, inciso III do Decreto nº 70.235/72. O fato, por si só, afastaria o instituto da denúncia espontânea. Entretanto, verificase que a autuação somente ocorreu em 08/08/2006, portanto, decorridos mais de três anos do encerramento do procedimento fiscal com o desembaraço aduaneiro em 08/11/2002. 1 SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. INAPLICÁVEL MULTA DE OFÍCIO. É incabível o lançamento de multa de ofício na constituição, para prevenir a decadência, de crédito tributário cuja exigibilidade esteja suspensa, inclusive na hipótese de depósito do seu montante integral. 2 Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 8 7 Não há nos autos indicação que entre 09/11/2002 e 08/08/2006, a recorrente tenha sido intimada da continuidade do procedimento fiscal, como preconizado pelos §§1º e 2º do artigo 7º do Decreto 70.235/723. Assim, a recorrente readquiriu sua espontaneidade, devendo no caso incidir a Súmula CARF nº 75, ou seja, os atos praticados passam a sofrer os efeitos da espontaneidade de forma ex tunc, ou seja, desde o início da ação fiscal. Súmula CARF nº 75: A recuperação da espontaneidade do sujeito passivo em razão da inoperância da autoridade fiscal por prazo superior a sessenta dias aplicase retroativamente, alcançando os atos por ele praticados no decurso desse prazo. Este posicionamento foi reconhecido nos paradigmas que lastrearam a súmula, como se constata a partir dos excertos abaixo: Acórdão nº 910100.020: "No entanto, no curso dos sessenta dias contados do dia 21/11/00, o fisco não praticou qualquer ato escrito que indicasse o prosseguimento dos trabalhos, quando, esgotado o prazo, o contribuinte readquiriu a espontaneidade e, com ela, o seu ingresso no REFIS tornouse legítimo. A adesão tanto poderia ser após os sessenta dias como antes dele, se, ao termo do prazo sexagesimal, o fisco se mostrasse inerte. A fiscalização somente praticou o primeiro ato escrito em 05/02/01." Acórdão nº 201123.983: "Estando a espontaneidade restabelecida, caso não tenha sido praticado nenhum ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, não terá havido prorrogação do prazo inicialmente previsto de sessenta dias e, em conseqüência, fica descaracterizado o início do procedimento fiscal. Uma vez restabelecida a espontaneidade, os atos praticados pelo sujeito passivo são considerados espontâneos, com efeitos ex tunc. O pagamento do tributo porventura devido deverá ser acompanhado apenas dos acréscimos moratórios previstos na legislação (multa ejuros de mora), ficando excluída a aplicação da multa de oficio." Acórdão nº 10249.425: Estando a espontaneidade restabelecida, caso não tenha sido praticado nenhum ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, não terá havido prorrogação do prazo inicialmente previsto de sessenta 3 Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) [...] III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 9 8 dias e, em conseqüência, fica descaracterizado o início do procedimento fiscal. Restabelecida a espontaneidade, os atos praticados pelo sujeito passivo são considerados espontâneos, com efeitos ex tunc. O pagamento do tributo porventura devido deverá ser acompanhado apenas dos acréscimos moratórios previstos na legislação (multa e juros de mora), ficando excluída a aplicação da multa de oficio. Embora, os depósitos judiciais possam ser considerados espontâneos, não se lhes aplica o instituto da denúncia espontânea. A matéria foi submetida a julgamento de recurso especial sob a sistemática de recursos repetitivos nos REsp. 1.102.577, 962.379, 886.462 e 1.149.022, decidindo, em síntese, que a denúncia espontânea não resta configurada para os tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo, ou dizendo de outro modo, a denúncia resta configurada nos casos de a quitação do tributo ser anterior ou concomitante à sua declaração. No REsp 1.102.577 decidiuse que ao parcelamento não se aplica o instituto da denúncia espontânea, fazendo referência a voto proferido no REsp 284.189, cujo ementa, parcialmente, transcrevese para melhor elucidar: "O instituto da denúncia espontânea da infração constituise num favor legal, uma forma de estímulo ao contribuinte, para que regularize sua situação perante o fisco, procedendo, quando for o caso, ao pagamento do tributo, antes do procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração. " Observase que a aplicação da denúncia espontânea representa um estímulo no sentido de o contribuinte regularizar sua situação perante o Fisco, reconhecendo a obrigação tributária e a quitando, antes de iniciado qualquer procedimento tendente à apuração do tributo devido. No caso de depósito judicial, não ocorre a intenção de regularizar a situação tributária, mediante uma confissão da dívida, mas, pelo contrário, o contribuinte pretende se ver desonerado da incidência tributária, com a qual não concorda, e realiza o depósito apenas como uma garantia destinada a impedir a exigibilidade da exação, bem como a fluência da atualização monetária e juros do débito. No dizer de Leandro Paulsen4: Escopo. O objetivo da norma é estimular o contribuinte infrator a colocarse em situação de regularidade, resgatando as pendências deixadas e ainda desconhecidas por parte do Fisco, com o que este recebe o que lhe deveria ter sido pago e cuja satisfação, não fosse a iniciativa do contribuinte, talvez jamais ocorresse. A previsão legal é absolutamente consentânea com uma estrutura tributária incapaz de proceder à fiscalização efetiva de todos os contribuintes e que precisa, demais, estimular o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias, seja tempestivamente, seja tardiamente. Na medida em que a responsabilidade por infrações resta afastada apenas com o reconhecimento e cumprimento da obrigação, preservase a higidez do sistema, não se podendo ver nela nenhum estimulo à inadimplência. 4 Paulsen, Leandro. Direito Tributário Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 14ª ed., 2012, p. 994. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 10 9 Neste sentido citamse acórdãos do STJ e deste Conselho: RECURSO ESPECIAL Nº 1.131.090 RJ (2009/00582710): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. DEPÓSITO JUDICIAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA (ART. 138 DO CTN). NÃO CONFIGURAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA DO PAGAMENTO INTEGRAL. 1. Recurso especial no qual se discute se a realização do depósito judicial integral do débito tributário eventualmente devido, antes de qualquer procedimento do Fisco tendente à sua exigência, configura denúncia espontânea, em face do que dispõe a Lei 9.703/98, que vincula os valores depositados à Conta Única do Tesouro Nacional. 2. A jurisprudência desta Corte já se pacificou no sentido de que apenas o pagamento integral do débito que segue à sua confissão é apto a dar ensejo à denúncia espontânea. Precedentes: REsp 895.961/MS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 20/09/2010; AgRg no AREsp 13.884/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 08/09/2011; AgRg nos EDcl no REsp 1167745/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 24/05/2011. 3. É pressuposto da denúncia espontânea a consolidação definitiva da relação jurídica tributária mediante confissão do contribuinte e imediato pagamento de sua dívida fiscal. Em face disso, não é possível conceder os mesmos benefícios da denúncia espontânea ao débito garantido por depósito judicial, pois, por meio dele subsiste a controvérsia sobre a obrigação tributária, retirando, dessa forma, o efeito desejado pela norma de mitigar as discussões administrativas ou judiciais a esse respeito. 4. Recurso especial não provido. RECURSO ESPECIAL Nº 895.961 MS (2006/02320374) : PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF, POR ANALOGIA. DEPÓSITO JUDICIAL. DESTINO. COISA JULGADA. VIOLAÇÃO AO ART. 610 DO CPC. INEXISTÊNCIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA (ART. 138 DO CTN). AUSÊNCIA DE PAGAMENTO INTEGRAL. 1. Não se depreende do acórdão recorrido o necessário prequestionamento dos dispositivos legais supostamente violados (art. 142 e segs. do CTN), tampouco da tese jurídica aventada nas razões recursais. Apesar disso, a parte também não logrou opor embargos declaratórios a fim de provocar a indispensável manifestação da Corte de origem, deixando de atender ao comando constitucional que exige a presença de causa decidida como requisito para a interposição do apelo nobre (art. 105, inc. III, da CR/88). Nestes casos, é de se aplicar o entendimento consolidado nas Súmulas n. 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal (STF), por analogia. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 11 10 2. Não se depreende dos autos a violação ao art. 610 do CPC, na medida em que, conforme asseverou a Corte de origem, em nenhum momento na decisão transitada em julgado ficou decidido o destino do depósito judicial. Tal definição se deu posteriormente. 3. É necessário o pagamento integral do débito para que o contribuinte possa se valer do benefício da denúncia espontânea. Precedentes. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. Acórdão nº 1402001.515: DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL APÓS DATA DE VENCIMENTO DO TRIBUTO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DE MULTA MORATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO DE DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Não resta configurado o depósito do montante integral se o valor recolhido após a data de vencimento do tributo não contempla a multa moratória. Precedente do STJ no REsp nº 1.131.090RJ. Acórdão nº 1402001.515: DEPÓSITOS JUDICIAIS DENÚNCIA ESPONTÂNEA INOCORRÉNCIA. Para caracterização do instituto da denúncia espontânea se exige que o contribuinte reconheça como infracional sua conduta, até então desconhecida do Fisco, e deseje regularizála. Não se trata da hipótese de ingresso em juízo para discussão de tributo, situação em que o contribuinte tem sua conduta por correta. Adicionalmente, deve haver o pagamento do tributo devido, o que não se confunde, em qualquer caso, com o depósito judicial do montante questionado para fins de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Assim, o depósito realizado após o vencimento da obrigação deve ocorrer em seu montante integral, nele incluindo os encargos moratórios, como previsto no artigo 4º do Decretolei nº 1.737/19795, no artigo 1º da Lei nº 9.703/986 e no artigo 1º do Decreto nº 2.850, o qual regulamentou esta última: Art 1º Os depósitos judiciais e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a tributos e contribuições federais, inclusive seus acessórios, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, serão efetuados na Caixa Econômica Federal, mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais DARF, específico para essa finalidade, conforme modelo a ser estabelecido por aquela 5 Art 4º O depósito, nos casos dos incisos I, II, III e IV do artigo 1º, será feito pelo valor monetariamente atualizado do débito, neste incluída a multa de mora, acrescido dos juros de mora cabíveis e, se for o caso, do encargo previsto no artigo 1º do Decretolei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, combinado com o artigo 3º do Decretolei nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978. 6 Art. 1o Os depósitos judiciais e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a tributos e contribuições federais, inclusive seus acessórios, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, serão efetuados na Caixa Econômica Federal, mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais DARF, específico para essa finalidade. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 11131.000844/200685 Resolução nº 3302000.518 S3C3T2 Fl. 12 11 Secretaria e confeccionado e distribuído pela Caixa Econômica Federal. Ultrapassada a questão da denúncia espontânea, resta analisar o argumento da extinção dos créditos tributários lançados mediante a conversão em renda dos depósitos efetuados. A recorrente noticia que o Mandado de Segurança nº 2002.81.00.0016784 transitou em julgado favoravelmente à Fazenda Nacional em 01/09/2010, com conversão dos depósitos efetuados em renda da União, ocorrendo sua baixa definitiva em 23/10/2012. A conversão em renda dos depósitos judiciais é causa extintiva do crédito tributário nos termos do artigo 156, inciso VI7 do CTN. Embora a recorrente tenha noticiado sua ocorrência, não foi possível identificar a partir dos documentos acostados aos autos a confirmação da conversão. Assim, converto o julgamento em diligência, para que a unidade administrativa de origem certifique a conversão em renda dos depósitos judiciais efetuados no Mandado de Segurança 2002.81.00.0016784, no montante de R$ 41.544,76 em 07/03/2002, R$ 934,76 e R$ 6.032,30 em 03/04/2002 relativos ao débito de Imposto de Importação – II e de R$ 2.077,24 relativo ao IPI, conforme documentos de efls. 216 a 218, ou quaisquer outros porventura efetuados, devendo, ao final, elaborar relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre seu resultado, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède 7 Art. 156. Extinguem o crédito tributário: [...] VI a conversão de depósito em renda; Fl. 242DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/05/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 15/05 /2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 24/05/2016 por RICARDO PAULO ROSA
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