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Numero do processo: 13811.001746/99-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1995, 1996, 1998
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITOS DE TERCEIROS. INEXISTÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO TÁCITA.
Os pedidos de compensação de créditos do com débitos de terceiros protocolizados anteriormente a 01/10/2002 não foram automaticamente convertidos em Declarações de Compensação e, portanto, não estão sujeitos à homologação tácita prevista no § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 1301-002.545
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Amélia Wakako Morishita Yamamoto , Bianca Felicia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior.
Nome do relator: MILENE DE ARAUJO MACEDO
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DÉBITOS DE TERCEIROS. INEXISTÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Os pedidos de compensação de créditos do com débitos de terceiros protocolizados anteriormente a 01/10/2002 não foram automaticamente convertidos em Declarações de Compensação e, portanto, não estão sujeitos à homologação tácita prevista no § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Amélia Wakako Morishita Yamamoto , Bianca Felicia Rothschild, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 17 46 /9 9- 13 Fl. 1101DF CARF MF Processo nº 13811.001746/9913 Acórdão n.º 1301002.545 S1C3T1 Fl. 1.102 2 Relatório Por bem relatar o ocorrido, valhome do relatório elaborado pelo órgão julgador a quo, complementandoo ao final: "BULL SOUTH AMERICA LTDA, antiga ALGAR BULL COMPUTERS & COMMUNICATIONS S/A., manifesta inconformidade com Despacho Decisório, proferido pela Divisão de Orientação e Análise Tributária/EQPIR, da Delegacia de Administração Tributária em São Paulo DERAT (fls. 451 a 455), que deferiu parcialmente o pleito da contribuinte, formalizado às fls. 01, 02, 03 e 04 do presente processo, e processos apensos n° 13807.002780/2004 21.002176/9960 e n° 13807.004691/200419. 2 A contribuinte pleiteou a restituição dos saldos credores de Imposto de Renda Pessoa Jurídica dos anoscalendário de 1995, 1996 e 1998. 3 Após análise detalhada dos documentos apresentados e manifestação da contribuinte (fls. 122 a 364 e 380 a 448), ante as intimações feitas (fls.117, 118 e 378), a Auditora Fiscal que proferiu o despacho que a contribuinte detinha o direito de crédito de R$ 33.440,04 relativo ao saldo credor de IRPJ apurado no anocalendário de 1995 e R$ 39.525,00, relativo ao saldo credor de IRPJ apurado no anocalendário de 1998, que foram compensados com parte dos pedidos de compensação formulados (fls. 461 a 463), restando ainda débitos em aberto. 4 Inconformada com a decisão, apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 467 a 472), expondo seus argumentos, em síntese, a seguir: 4.1 Alega que já transcorreu o prazo para homologação tácita dos pedidos de compensação apresentados em 1999 e só apreciados pelo Fisco em 2007, pelo disposto no art. 74 e parágrafos 4 e 5 da Lei n° 9.430/1996, com as alterações das Leis n° 10.637/2002 , n° 10.833/2003 e n° 11.051/2004 , bem como pelos arts. 64 e 73 da Instrução Normativa SRF n° 460/2004, citando ainda decisão e acórdão proferidos pela SRFB. 4.2 Alega que não houve falta de contabilização dos valores a restituir e apresenta explicação as fls. 470/471 de como estariam contabilizados os valores de IRPJ a restituir em sua contabilidade e nas DIPJ apresentadas. 4.3 Alega que mesmo que assim não fosse, não teria importância pois repete que já transcorreu o prazo decadencial, nada mais sendo devido pela manifestante ao Fisco Federal. 4.4 Requer, por fim, que seja declarada a decadência do direito do Fisco exigir o tributo e, conseqüentemente, dar como válido o crédito informado, bem como a homologação integral das compensações realizadas com a utilização do referido crédito, bem como reavaliada a documentação apresentada pela contribuinte, onde se confirmaria a correta contabilização de todos os valores informados. Fl. 1102DF CARF MF Processo nº 13811.001746/9913 Acórdão n.º 1301002.545 S1C3T1 Fl. 1.103 3 5 É o relatório." Ao apreciar a Manifestação de Inconformidade, na sessão realizada em 24/06/2008, a 5ª Turma da DRJ/SPOI indeferiu a restituição pleiteada e não homologou tacitamente os pedidos de compensação formulados às fls. 2 e 3, que não se converteram em DCOMP por se tratar de pedidos de compensação com créditos de terceiros, conforme acórdão nº 1617.574, assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1995, 1996, 1998 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. DÉBITOS DE TERCEIROS. Pedido de compensação de crédito da contribuinte com débitos de terceiros, não se transformam em Declaração de Compensação DCOMP, devido ao disposto no artigo 74 da Lei n° 9.430/1996. Por conseguinte, não são homologados tacitamente. Rest/Ress. Indeferido Comp. não homologada" Cientificada do Acórdão DRJ/SPOI nº 1617.574 em 25/08/2008, conforme AR às fls. 1.016, a recorrente apresentou, tempestivamente, em 22/09/2008, recurso voluntário (fls. 1.017 a 1.033) alegando em síntese: Preliminarmente, o crédito está em sua totalidade tacitamente homologado, em virtude do esgotamento do prazo decadencial, ocorrido em 31/12/2000, para o ano calendário de 1995, 31/12/2001 para o anocalendário de 1996 e 31/12/2003 para o ano calendário de 1998. Objetivando comprovar suas alegações transcreve ementas de acórdãos do CARF corroborando o entendimento de que o prazo decadencial para constituição do crédito tributário é de cinco anos contados a partir da ocorrência do fato gerador, bem assim, decisões do STJ; Contesta a alegação do acórdão recorrido de que a parte das compensações de débitos realizadas com crédito de terceiro não são passíveis de homologação tácita. Defende que no anocalendário de 1999, em que foram protocolizados os pedidos de compensação, o procedimento de compensação de débitos com créditos de terceiros era permitido pelo art. 74 da Lei nº 9.430/96, o qual somente foi alterado a partir de 2000. Entende que o transcurso do prazo de 5 anos entre a data dos pedidos de compensação e a data da ciência do despacho decisório enseja a decadência; Ressalta que a alínea "a" do inciso II do § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 não pode ser aplicado ao caso concreto porque a lei tributária não retroage. No caso concreto, em que a compensação de débitos com crédito de terceiro foi efetivada de acordo com as normas legais vigentes à época caracteriza um ato jurídico perfeito, não sendo aplicável a disposição contida em ordenamento posterior; Alega que, independentemente da certeza do crédito informado, ocorreu a homologação tácita das compensações até o limite do crédito informado. Afirma ser este o entendimento da administração e do Conselho de Contribuintes e transcreve ementa de despacho decisório e acórdão por eles proferido; Fl. 1103DF CARF MF Processo nº 13811.001746/9913 Acórdão n.º 1301002.545 S1C3T1 Fl. 1.104 4 Ao final pede a declaração da decadência do direito do Fisco de exigir os tributos, a validade do crédito informado e consequentemente, a homologação integral das compensações realizadas até o limite do crédito informado. É o relatório. Voto Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora A recorrente inicia sua defesa afirmando que o crédito está em sua totalidade tacitamente homologado, não tendo o Fisco direito a questionar os créditos, visto que o prazo decadencial para a DIPJ relativa ao anocalendário de 1995 teve seu prazo decadencial findo em 31/12/2000, e assim sucessivamente, se completando em 31/12/2001, para a DIPJ relativa ao anocalendário de 1996 e 31/12/2003 para a DIPJ relativa ao anocalendário de 1998. De início, vale ressaltar que o pedido de compensação objeto do presente processo tratase de pedido de compensação de crédito com débito de terceiro, protocolizado no anocalendário de 1999, relativo a saldos negativos de IRPJ apurados nos anoscalendário de 1995, 1996 e 1998. Veja o que o art. 74 da Lei nº 9.430/96, à época da protocolização do pedido de compensação, não fazia restrição à compensação de créditos próprios com débitos de terceiros: Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. Em virtude das alterações efetuadas ao art. 74 da Lei nº 9.430/96 pela Lei nº 10.637/02, o caput do artigo 74 excluiu a possibilidade de compensação de créditos próprios com débitos de terceiros: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. [...] § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 1104DF CARF MF Processo nº 13811.001746/9913 Acórdão n.º 1301002.545 S1C3T1 Fl. 1.105 5 [...] § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) a) seja de terceiros; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] Da leitura do § 4º acima transcrito e levandose em consideração o disposto no caput do art. 74, verificase que os pedidos de compensação pendentes de apreciação, na data da alteração da Lei, foram considerados declarações de compensação, desde a data do protocolo, apenas nos casos em que créditos e débitos se refiram a um mesmo sujeito passivo. De igual forma, o prazo de cinco anos para homologação estabelecido no § 5º alcança apenas as compensações declaradas, ou seja, estão expressamente excluídas em virtude do disposto no § 12, inciso II, alínea "a", as compensações que envolvam créditos de terceiros. Aliás, este também foi o entendimento esposado no Parecer PGFN/CDA/CAT nº 1.499/05, no sentido de não se admitir que o disposto nos parágrafos 4ª e 5º do referido artigo possa ser interpretado sem levar em conta o que dispõe o caput do art. 74, da Lei nº 9.430/96. Veja as conclusões do referido parecer acerca da matéria: "c.1) os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa só podem ser considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, se observadas todas as demais condições estabelecidas na Lei nº 9.430/96 e legislação correlata; c.2) assim, os pedidos administrativos de compensação, fundados em créditos de terceiro, pendentes de análise pela RFB, protocolados antes das inovações legislativas acerca da matéria (Leis nºs 10.637/02e 10.833/03), não são alcançados pela nova sistemática da declaração de compensação. Ou seja, não se aplicam a conversão do "pedido de compensação" em "declaração de compensação" (com a extinção automática do crédito tributário), e nem mesmo, por conseqüência, o prazo previsto no § 5º, do art. 74, da lei nº 9.430/96 para homologação da compensação (cinco anos);" Dessa forma, diversamente do alegado pela recorrente, os pedidos de compensação de créditos com débitos de terceiros não estão sujeitos à homologação tácita prevista no § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96. Com relação à alegação de que a alínea "a" do inciso II do § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 não pode ser aplicado ao caso concreto porque a lei tributária não retroage, de igual sorte não assiste razão à recorrente. Não se trata de retroagir, o que fez referido dispositivo legal foi apenas excluir, expressamente, da transformação em declaração de compensação, a partir da alteração legislativa, os pedidos de compensação relativos a créditos de terceiros pendentes de análise, bem assim, eventuais declarações de compensação, apresentadas após a alteração, porém efetuadas com créditos de terceiros. A recorrente menciona em sua peça recursal, despacho decisório e acórdão do CARF corroborando seu entendimento de que, independentemente da certeza do crédito Fl. 1105DF CARF MF Processo nº 13811.001746/9913 Acórdão n.º 1301002.545 S1C3T1 Fl. 1.106 6 informado, ocorre a homologação tácita das compensações até o limite do crédito informado. Entretanto, tal entendimento não é pacífico e filiome à corrente que não admite a homologação tácita de compensações realizadas com créditos de terceiros. Nesse sentido, os seguintes acórdãos do CARF: COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. CRÉDITOS DE TERCEIRO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Ao dispor que o sujeito passivo que apurar crédito, passível de restituição ou ressarcimento, pode utilizálo na compensação de débitos próprios, o caput do artigo 74 da Lei nº 9.430/96, na redação que lhe foi dada pela Lei nº 10.637, de 2002, excluiu do regramento estatuído, bem como do que foi introduzido pelas normas que lhe foram supervenientes, a compensação com créditos de terceiros, eis que quem apura o crédito não é outro senão aquele que detém a titularidade do direito. Inadmissível, no caso, a interpretação das disposições dos parágrafos 4º e 5º do artigo em referência dissociada do estabelecido pelo seu caput. (Acórdão nº 1301002.001, sessão de 03/05/2016) ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2000 Pedido de Compensação Convertido em Declaração de Compensação. Homologação Tácita. Os pedidos de compensação, pendentes de apreciação pela autoridade administrativa, em 1º/10/2002, e que não dizem respeito a crédito de terceiros, foram automaticamente convertidos em Declaração de Compensação, com efeitos retroativos à data de seus respectivos protocolos. Um desses efeitos é a homologação tácita do pleito, no prazo de 5 (cinco) anos a contar, também, do protocolo do pedido. Passado esse prazo, sem apreciação do pleito pela autoridade administrativa, (Acórdão nº 9101002.515, sessão de13/12/2016) Conclusão Em conclusão, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Fl. 1106DF CARF MF Processo nº 13811.001746/9913 Acórdão n.º 1301002.545 S1C3T1 Fl. 1.107 7 Fl. 1107DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.911570/2010-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002
ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.537
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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PIS/COFINS. INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. Recorrente SANPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002 ICMS. BASE DE CÁLCULO. PIS/COFINS. COMPOSIÇÃO. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrante, portanto, do conceito de receita bruta. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Lenisa Prado, Charles Pereira Nunes e José Renato Pereira de Deus. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição/Declaração de Compensação (PERDCOMP) eletrônico por meio da qual a contribuinte objetivava quitar débitos tributários/solicitar restituição de valor utilizandose de créditos de COFINS, que teria sido indevidamente recolhido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 15 70 /2 01 0- 74 Fl. 44DF CARF MF Processo nº 10980.911570/201074 Acórdão n.º 3302004.537 S3C3T2 Fl. 3 2 A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação/indeferir o pedido de restituição foi que o DARF discriminado na PERDCOMP havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que o pedido de compensação/restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela instância de origem, nos termos do Acórdão 06040.426. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.500, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.900996/201183, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.500) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente que os créditos são decorrentes de pagamentos a maior da Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação dos RE´s 240.7852/MS e 574.706. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e, afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto e adoto como fundamento as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302004.158): 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. Fl. 45DF CARF MF Processo nº 10980.911570/201074 Acórdão n.º 3302004.537 S3C3T2 Fl. 4 3 A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, Fl. 46DF CARF MF Processo nº 10980.911570/201074 Acórdão n.º 3302004.537 S3C3T2 Fl. 5 4 salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10980.911570/201074 Acórdão n.º 3302004.537 S3C3T2 Fl. 6 5 base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS inclui se na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.158 35, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.911570/201074 Acórdão n.º 3302004.537 S3C3T2 Fl. 7 6 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.911570/201074 Acórdão n.º 3302004.537 S3C3T2 Fl. 8 7 observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 50DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.902493/2008-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação.
Numero da decisão: 1201-001.873
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, por insuficiência de crédito.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, por insuficiência de crédito. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida - Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
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REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, por insuficiência de crédito. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 24 93 /2 00 8- 41 Fl. 138DF CARF MF 2 A Recorrente transmitiu DCOMP, por meio do qual compensou o pleiteado crédito a título de estimativa de IRPJ relativa ao mês de dezembro de 1999, de R$ 4.846,84, com débitos tributários de sua responsabilidade, no montante de R$ 5.035,87 (cf. fls. 80/84). O Despacho Decisório (fl.54) não homologou o pleito do contribuinte, sob a alegação de que, embora localizado o Darf de pagamento indicado na DCOMP, o crédito já teria sido integralmente utilizado para quitação de outro débito, não restando crédito disponível. Irresignada com a exigência, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 1/3). Sustenta que sua DIPJ (fls. 5/51) indica que houve recolhimentos de IRPJ apurados no 2º trimestre de R$ 1.649,81, e no 4º trimestre, de R$1.111,91. Aduz que recolheu R$ 60.932,36 no ano de 1999, sendo R$ 58.170,64 indevidos. Em sessão de 30 de maio de 2011, a 2ª Turma da DRJ/BSB, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade por meio do Acórdão nº 03 43.546 (fls. 88/92), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo: ESTIMATIVA. IRRETRATABILIDADE DA OPÇÃO DE PAGAMENTO DO IRPJ OU DA CSLL POR ESTIMATIVA. SALDO DE IMPOSTO A PAGAR OU A COMPENSAR. A forma de pagamento do IRPJ ou da CSLL por estimativa será irretratável para todo o anocalendário. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Intimada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 96/99). Sustenta existir tremenda contradição da DRJ, uma vez que a mesma 2ª Turma já teria reconhecido o direito creditório em outro processo que indica e que o crédito é líquido e certo. Após encaminhamento dos autos ao E. CARF, o julgamento do recurso voluntário foi convertido em diligência por meio da Resolução nº 1801000.083 (fls. 106/109), a qual determinou o retorno dos autos à unidade de jurisdição da Recorrente para que seja analisado o mérito do pedido, ou seja, a origem e a procedência do crédito pleiteado, em face da sua contabilidade, registros no Sapli, outros pedidos de restituição/compensação com origem no mesmo crédito, vinculação a outros processos administrativos fiscais, formação do saldo negativo no final do ano calendário etc. Em atendimento à diligência, a autoridade fiscal responsável emitiu termo de Informação Fiscal (fls. 118/121), manifestandose pela insuficiência do crédito solicitado pelo contribuinte. Já o contribuinte apresentou Contestação (fls. 132/135). Afirma que a autoridade administrativa, na verdade, julgou a lide; que ela se esqueceu de que, no julgamento anterior, o pagamento da CSLL por estimativa foi considerado erro de fato e que o crédito referente a 1/3 da Cofins pode ser aproveitado também em outra competência. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10166.902493/200841 Acórdão n.º 1201001.873 S1C2T1 Fl. 3 3 É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli O recurso é tempestivo e cumpre os requisitos legais, razão pela qual dele tomo conhecimento. De acordo com o despacho decisório, o crédito pleiteado pela Recorrente não existiria, uma vez que teria sido utilizado para quitar débitos lançados em DCTF no mesmo montante, não havendo pagamento a maior ou indevido passível de compensação. Após a diligência requerida, a autoridade fiscal responsável ratificou a insuficiência do crédito, conforme atestam as seguintes passagens de suas conclusões: 10. Nessa linha, o valor do débito de IRPJ para o 4° Trimestre/1999, num total de R$ 18.003,14, apurado em tabela 02 abaixo, são os valores declarados em DCTF (fl.111), que é documento de confissão de dívida e instrumento hábil para a exigência do crédito, consoante preconiza o art. 5° e §§ do DecretoLei n° 2.124/84, diferentemente da DIPJ, que é declaração de natureza informativa à administração tributária. Código Receita Período de Apuração Vencimento Valor (reais) 2362 10/1999 30/11/1999 4.464,76 2362 11/1999 30/12/1999 6.814,11 2362 12/1999 31/01/2001 6.724,27 Total: 18.003,14 TABELA 02 11. A partir dos dados extraídos dos sistemas para o 4° Trimestre/1999, que são pagamentos em DARF no valor de R$ 19.534,14 e débitos de IRPJ no valor de R$ 18.003,14, constata se que a contribuinte possui um saldo credor de R$ 1.531,00, passível de compensação, e não R$ 58.170,64 como alegado pela contribuinte em sua manifestação de inconformidade. 12. Ainda de acordo com o sistema Sief, dos nove pagamentos listados em tabela 01 acima, três pagamentos, números 03, 05, e 07, foram utilizados em DCOMPs, conforme tabela 03 abaixo. Assim, o saldo credor de R$ 1.531,00 será vinculado a DCOMP 42367.44215.191104.1.3.049844, e as demais DCOMPs, referentes aos pagamentos 05 e 06, não possuem crédito passível de compensação. Pagamento Período de Apuração Data de Arrecadação Valor (reais) DCOMP Processo 04 11/1999 30/12/1999 4.734,34 42367.44215.191104.1.3.049844 10166.902484/200850 05 11/1999 30/12/1999 1.373,72 18816.22686.191104.1.3.042116 10166.902466/200878 07 12/1999 31/01/2000 4.846,84 06570.13640.191104.1.3.040651 10166.902493/200841 TABELA 03 Fl. 140DF CARF MF 4 Observase, assim, que após minucioso trabalho investigativo, a autoridade fiscal demonstrou que realmente o alegado direito creditório não procede. Isso porque o crédito que a contribuinte possui já foi alocado para outras compensações, não possuindo saldo suficiente para liquidar o débito ora exigido. E da leitura do relatório da diligência, percebese que o fisco de fato procedeu com uma apuração rigorosa e explicou no detalhe os motivos quanto à insuficiência do crédito. Considerou corretamente os valores declarados em DCTF (instrumento de confissão de dívida) e, a partir daí, evidenciou todo o passo a passo dos créditos e débitos compensados, indicando as respectivas fontes de análise. Já a contribuinte, no seu recurso voluntário, faz menção apenas a alguns argumentos genéricos, sem identificar precisamente sua vinculação direta com a metodologia que foi adotada e sem explicar as razões concretas de onde e como o fiscal teria se equivocado. Ora, alegações genéricas sobre a origem do direito creditório, desacompanhadas de documentos hábeis e idôneos acerca de sua natureza e efetiva origem, são incapazes de fazer prova acerca da liquidez e certeza do crédito. Cabe, aqui, lembrar do velho brocardo latino: "alegar e não provar é quase não alegar" (allegatio et non probatio quasi non allegatio) ou "alegar e não provar o alegado importa nada alegar" (niagara ilia et allegatum nom probare paria sunt). Em se tratando de compensação, a comprovação da liquidez e certeza do crédito constitui ônus da contribuinte, conforme interpretase do 170 do CTN, in verbis: “Artigo 170 A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.” Grifei. Reportome, ainda, ao artigo 36 da Lei n 9.784/1999, dispositivo este que estabelece que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 deste Lei. Nesse caso concreto, a Recorrente não apresentou sua escrituração contábil, apurações fiscais, relatório de auditoria independente, planilhas demonstrativas ou qualquer outra documentação pertinente a fazer prova efetiva do crédito que pleiteia. Pelo contrário, as alegações e documentos trazidos aos autos não são capazes de provar o direito creditório que o contribuinte busca ser reconhecido. Também por ocasião do recurso e da Contestação, nenhum ponto é questionado de forma direta e precisa, sendo os argumentos centrais apresentados sem a correspondente demonstração documental. O que se tem no caso, pois, é uma compensação cujo crédito não restou efetivamente comprovado, prejudicando o direito correlato. Vale assinalar que a jurisprudência do CARF, conforme atestam as ementas dos julgados abaixo, admite a possibilidade de compensação de indébito, mas desde que haja comprovação cabal quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado, o que não ocorreu. “RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PROVA. ÔNUS. O ônus da prova do crédito tributário pleiteado no Per/Dcomp Pedido de Restituição é da contribuinte (artigo 333, I, do CPC). Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10166.902493/200841 Acórdão n.º 1201001.873 S1C2T1 Fl. 4 5 Não sendo produzida nos autos, indeferese o pedido e não homologase a compensação pretendida entre crédito e débito tributários.” (Ac. 1102000.890. Sessão de 14/08/2013). “DESPACHO DECISÓRIO E DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São válidos o despacho decisório e a decisão que apresentam todas as informações necessárias para o entendimento do contribuinte quanto aos motivos da nãohomologação da compensação declarada. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte”. (Ac. 3302 002.383.. Sessão de 02/11/2013). “PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação” (Ac. 3802002.076. Sessão de 14/08/2013). À falta, então, da demonstração cabal e comprovação do crédito informado na DCOMP analisada, o direito alegado milita contra a Recorrente. Nesse sentido, e em face do que foi exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para NEGARLHE provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 142DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.001519/2006-31
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
CONSULTA. EFICÁCIA. LEGISLAÇÃO REVOGADA. ATIVIDADE RURAL.
A solução de consulta perde a eficácia quando há revogação das normas que a fundamentam.
ATIVIDADE RURAL. DESCARACTERIZAÇÃO. LEI 8.023/1990, ART. 2º, INCISOS IV E V. ABATE. VINICULTURA. SUINOCULTURA. TRANSFORMAÇÃO NA ÁREA RURAL EXPLORADA.
O abate de aves e suínos descaracteriza a atividade rural, por não se tipificar como avicultura e suinocultura, regidas pelo inciso IV, do artigo 2º, da Lei nº 8.023/1990
Nos termos do inciso V, do artigo 2º, da Lei nº 8.023/1990, a transformação de produtos agrícolas e pecuários apenas se ajusta ao conceito de atividade rural se a produção ocorrer na área rural explorada. É irrelevante a utilização de equipamentos de alta tecnologia.
Numero da decisão: 9101-003.012
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. No mérito, (i) por unanimidade de votos, acordam em negar provimento ao recurso quanto ao tema efeitos de consulta; e (ii) por maioria de votos, em negar-lhe provimento quanto ao tema descaracterização da atividade rural, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Neste tema, votou pelas conclusões a conselheira Adriana Gomes Rego. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto não votou quanto ao conhecimento do recurso, nem quanto ao mérito no tema efeitos de consulta, por se tratar de questões já votadas pelo conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão na sessão anterior. Julgamento iniciado na reunião de 07/2017 e concluído em 09/08/2017,
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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EFICÁCIA. LEGISLAÇÃO REVOGADA. ATIVIDADE RURAL. A solução de consulta perde a eficácia quando há revogação das normas que a fundamentam. ATIVIDADE RURAL. DESCARACTERIZAÇÃO. LEI 8.023/1990, ART. 2º, INCISOS IV E V. ABATE. VINICULTURA. SUINOCULTURA. TRANSFORMAÇÃO NA ÁREA RURAL EXPLORADA. O abate de aves e suínos descaracteriza a atividade rural, por não se tipificar como avicultura e suinocultura, regidas pelo inciso IV, do artigo 2º, da Lei nº 8.023/1990 Nos termos do inciso V, do artigo 2º, da Lei nº 8.023/1990, a transformação de produtos agrícolas e pecuários apenas se ajusta ao conceito de atividade rural se a produção ocorrer na área rural explorada. É irrelevante a utilização de equipamentos de alta tecnologia. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial. No mérito, (i) por unanimidade de votos, acordam em negar provimento ao recurso quanto ao tema efeitos de consulta; e (ii) por maioria de votos, em negarlhe provimento quanto ao tema descaracterização da atividade rural, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Neste tema, votou pelas conclusões a conselheira Adriana Gomes Rego. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto não votou quanto ao conhecimento do recurso, nem quanto ao mérito no tema efeitos de consulta, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 15 19 /2 00 6- 31 Fl. 1866DF CARF MF 2 por se tratar de questões já votadas pelo conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão na sessão anterior. Julgamento iniciado na reunião de 07/2017 e concluído em 09/08/2017, (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de processo originado por Autos de Infração de IRPJ e CSLL quanto ao anocalendário de 2001, por indevidas (i) exclusões do lucro líquido (JCP), (ii) exclusões a título de depreciação incentivada de "bens não empregados na atividade rural", (iii) adições de juros recebido em razão de mútuo com pessoa jurídica vinculada no exterior, com a imposição de multa de ofício de 75% (FLS. 7/21). Consta no Relatório de Atividade Fiscal (fls. 22/49). Regularmente intimada através da intimação n° 333, de 05/08/2005 (fls. 221 a 257), a empresa fiscalizada descreveu a cadeia produtiva das aves e suínos desde sua origem até a saída dos produtos de seus estabelecimentos. A cadeia produtiva iniciase com aquisição de produtos agrícolas, sendo basicamente soja e milho que são transformados em ração em fábricas próprias (fls. 226 a 236). Ração esta que serve de alimento para aves e suínos desde o início até a faze de terminação (apronte para o abate). A criação de aves é feita através de parcerias firmadas com produtores rurais os quais participam com a infraestrutura, ou seja, instalações, água, mãodeobra, energia elétrica, aquecimento e serviço, e a empresa participa com o fornecimento dos pintos de um dia, rações, medicamentos, vacinas, transporte, demais insumos necessários à criação, e assistência técnica (fls. 240). O fornecimento dos insumos pela empresa fiscalizada é feito através de transferências (não representa operação de compra e venda) de seus estabelecimentos para os produtores rurais. Quando o lote está pronto para abate a parte das aves que cabe à empresa fiscalizada é transferida (não representa operação de compra e Fl. 1867DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.867 3 venda) do produtor rural para os estabelecimentos industriais da empresa fiscalizada. A parte que cabe ao produtor rural (na parceria, parte do resultado cabe à empresa e parte ao parceiro) é comprada pela empresa fiscalizada (fls. 240 a 241). A criação de suínos também é feita através de parcerias onde produtores rurais participam com a infraestrutura (instalações e serviço) e a empresa participa com o fornecimento dos leitões, ração e demais insumos necessários à criação (fls. 249 a 250). Para criação de suínos a empresa fiscalizada utilizase ainda da modalidade de integração, que consiste na venda pela empresa fiscalizada das matrizes e reprodutores, ração e demais insumos para produtores rurais que produzem leitões para recria (fls. 248 e 249) que posteriormente são comprados pela empresa fiscalizada e alojados em propriedades de outros produtores rurais no sistema de parceria, que farão a recria (engorda) até atingirem o peso ideal para o abate. De acordo com documentos apresentados em atendimento às diversas intimações, a empresa fiscalizada demonstra que a receita que aufere é essencialmente decorrente da venda no mercado interno e exportação de produtos que tem origem no fulcro de sua atividade, que consiste no abate de animais de pequeno porte (aves e suínos), realizada através de procedimentos industriais, utilizandose de maquinaria atípica em relação àquela usualmente utilizável na atividade rural. Conforme documentos às folhas 221 a 257, apresentados em resposta à intimação n° 333 constatase que a empresa fiscalizada dá saída de seus estabelecimentos de diversos produtos industrializados dentre eles frango e peru embalados e congelados, cortes de frango e peru embalados e congelados, perus e frangos temperados e cortes de suínos (fls. 245, 246, 256 e 257). Além dos produtos relacionados, a empresa fiscalizada produz e vende uma gama de produtos mais elaborados tais como salsichas, mortadelas, salames, presuntos, pizzas, margarinas dentre outros (fls. 364, 373, 382, 391, 402 e 411 DIPJ Ficha 28). A empresa fiscalizada considera da atividade rural as receitas decorrentes da venda no mercado interno e exportação dos produtos in natura, aves e cortes de aves e suínos e cortes de suínos congelados ou resfriados mesmo temperados (fls. 245 e 256). Para a tipificação legal da atividade rural inicialmente importa reproduzir o artigo 58 do vigente Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) (...) Da inteligência do dispositivo legal retro citado constatase de pronto que são consideradas como rurais, pela legislação tributária, aquelas atividades tipicamente primárias, encontrandose nelas inseridas a transformação dos produtos delas decorrentes, única e exclusivamente sem que sejam alteradas a composição e as características do produto natural e quando feita pelo próprio agricultor ou criador, com Fl. 1868DF CARF MF 4 equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais. Com o advento da Lei n° 8.023/90, houve a eliminação de incentivos anteriormente concedidos àqueles que se utilizaram de procedimentos não artesanais, mas industriais. (...) A empresa fiscalizada utiliza os sistemas de parceria e integração, conceitos estes já relatados por esta fiscalização em parágrafos anteriores, com aplicação intensiva de capital em sistemas e equipamentos não usuais ao produtor rural, conforme observase nas fotografias ás folhas 246 e 257 e resposta à intimação n° 320 ás folhas 192 a 220. As fotos revelam a utilização de máquinas e equipamentos tipicamente industriais e os documentos de folhas 196 a 220 representam os comprovantes de aquisição e instalação de algumas das referidas máquinas e equipamentos. (...) A criação de animais que levam o sufixo "cultura" não implicam, necessariamente o abate destes. Logo a exploração da avicultura e suinocultura, termos estes constantes das atividades consideradas rurais, conforme inciso IV do artigo 2° da Lei 8.023/90, não pressupõe abate pelo criador, muito menos em escala industrial. Os termos avicultura e suinocultura não são sinônimos de abate. (...) A utilização de equipamentos e utensílios não usualmente empregados pelos produtores rurais, contraria o disposto no inciso V do artigo 2° da Lei n° 8.023/90 com redação do artigo 17 da Lei n° 9.250/95. No presente caso a atividade rural é desenvolvida pelos integrados e parceiros da empresa fiscalizada. Estes sim possuem atividade rural ao explorar a avicultura e suinocultura obtendo sua receita da comercialização da parte da produção que lhes cabe. Porém, esta fiscalização constatou através das respostas às intimações (fls. 226 a 257) que a receita da empresa fiscalizada que deriva da atividade rural resumese ás vendas das matrizes e dos reprodutores suínos aos produtores integrados, pois, estes animais são oriundos de granjas de propriedade da empresa fiscalizada e sua criação está inserida no conceito de suinocultura, atividade esta considerada rural conforme disposto no inciso IV do art. 58 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto n° 3.000/99. Desta forma, com exceção da suinocultura praticada em relação às matrizes e reprodutores suínos que são vendidos aos produtores integrados, a atividade desempenhada pela empresa fiscalizada não se subsume no inciso IV do artigo 2° da Lei n° 8.023/90 uma vez que esta atividade não pode ter cunho industrial, o que se reforça com o disposto no inciso V do mesmo artigo ao tratar dos utensílios usualmente empregados nas atividades rurais. Em relação à matériaprima, esta fiscalização observou que também não ocorre a situação descrita no inciso V do artigo 2° da Lei n° 8.023/90, vez que o abate ocorre em local diverso da área rural de onde se produz a matériaprima, que são as aves e suínos vivos, os quais são transportados até os complexos Fl. 1869DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.868 5 industriais da empresa, geralmente instalados em centros urbanos. (...) Verificase que a empresa fiscalizada teve como objeto social deste o ano de 1995 até o encerramento do período fiscalizado a exploração da atividade de abate de animais (aves e suínos) e preparação de carnes. Destarte os complementos ao objeto social, realizados no ano de 2000, a maioria dos ramos acrescidos não representa operações de exploração da atividade rural. Constatase que até o anocalendário 2000 a empresa não se declarou exploradora da atividade rural, passando a se declarar exploradora da atividade rural a partir do ano de 2001, período posterior à incorporação da empresa Sadia S/A (CNPJ 03.906.591/000159), conforme consulta às declarações do imposto de renda pessoa jurídica (DIPJ) às folhas 327. O contribuinte apresentou impugnação administrativa (fls. 565/593), que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis (fls. 616/643, volume 3): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 ATIVIDADE RURAL. DESCARACTERIZAÇÃO. O uso de equipamentos e utensílios que contrastam com aqueles usualmente empregados nas atividades rurais descaracteriza a atividade de transformação de produtos decorrentes da atividade rural, para efeitos do imposto de renda pessoa jurídica, inclusive depreciação, devendo o registro das receitas correspondentes constar como da atividade geral. MÚTUO COM PESSOA VINCULADA NO EXTERIOR. RECEBIMENTO DE JUROS. A pessoa jurídica mutuante domiciliada no Brasil deverá reconhecer como receita financeira correspondente à operação relativa ao recebimento de juros de pessoa vinculada, quando decorrentes de contrato não registrado no Banco Central do Brasil, no mínimo o valor calculado com base na taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. TRIBUTAÇÃO. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real, beneficiária de juros sobre o capital próprio, deverá computar esse valor no resultado tributável, como receita auferida, podendo deduzir o imposto de renda retido na fonte, que sobre ele incidiu. Fl. 1870DF CARF MF 6 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001 SOLUÇÃO DE CONSULTA. EFEITOS. A solução de consulta, certa ou errada, vincula a Administração em relação à consulente. Entretanto, se a legislação que amparou a solução de consulta é supervenientemente alterada ou revogada, a orientação administrativa perde sua eficácia, mormente quando são estabelecidas novas definições pela legislação de regência. TRIBUTAÇÃO REFLEXA Sempre que o fato se enquadrar ao mesmo tempo na hipótese de incidência de mais de um tributo ou contribuição, as conclusões quanto a ele aplicarseão igualmente no julgamento de todas as exações. Lançamento procedente. O contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 649/685 pdf 242, volume 3), ao qual foi negado provimento 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Primeira Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (fls. 1.505/1.537, volume 3), em acórdão assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001 Ementa: ATIVIDADE RURAL. DESCARACTERIZAÇÃO.O uso de equipamentos e utensílios que contrastam com aqueles usualmente empregados nas atividades rurais descaracteriza a atividade de transformação de produtos decorrentes da atividade rural, para efeitos do imposto de renda pessoa jurídica, inclusive depreciação, devendo o registro das receitas correspondentes constar como da atividade geral. REMUNERAÇÃO RECEBIDA À TÍTULO DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO A pessoa jurídica, beneficiária de juros sobre o capital próprio, deverá computar o valor recebido à titulo de juros sobre capital próprio na sua determinação do lucro real. JUROS RECEBIDOS RELATIVOS A EMPRÉSTIMOS COM CONTROLADAS NO EXTERIOR. A pessoa jurídica mutuante domiciliada no Brasil deverá reconhecer como receita de juros correspondente à contrato de mútuo celebrado com pessoa vinculada, residente no exterior, e não registrado no Banco Central do Brasil, no mínimo o valor calculado com base na taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento, por ano, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros. Fl. 1871DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.869 7 CSLL TRIBUTAÇÃO REFLEXA Aplicase à exigência da CSLL, por estar expresso na legislação a sua aplicação a ela também. SOLUÇÃO DE CONSULTA. EFEITOS.A solução de consulta, certa ou errada, vincula a Administração em relação consulente. Entretanto, se a legislação que amparou a solução de consulta é supervenientemente alterada ou revogada, a orientação administrativa perde sua eficácia, mormente quando são estabelecidas novas definições pela legislação de regência. O contribuinte foi intimado em 31/01/2012 (fls. 1.537, volume 3), interpondo recurso especial em 14/02/2012, alegando, em síntese, alegando divergência na interpretação da lei tributária a respeito dos seguintes temas (fls. 1554/1606): (i) efeito vinculativo da Solução de Consulta Fiscal (processo 13983.00036/8932), apontando como paradigma os acórdãos (i.1) nº 101 94.191 (Processo Administrativo nº 11065.001117/0091), no qual se decidiu que: "a resposta à consulta, certa ou errada, vincula a administração até que seja alterada"; (i.2) nº 20303.174, constando desta decisão que "é nulo o Auto de Infração que exige crédito tributário contrariando decisão definitiva de processo de consulta formulado pela autuada, se que tenha havido prévia revogação dessa decisão pela autoridade administrativa competente". O Recorrente ainda identifica como paradigmas os acórdãos 10193.302, 3101 00415 e CSRF 03/03.333. (ii) Juros Sobre Capital Próprio serem dedutíveis, indicando como paradigmas os acórdãos (ii.1) 1401000.401, do qual se extrai: "Os dividendos, juros sobre capital próprio, juros pagos a terceiros, nada mais são que recursos utilizados para remuneração dos investidores, sendo que ambos possuem a mesma natureza contraprestação do investimento realizado seja o investimento em passivo exigível ou em patrimônio líquido da empresa investida." e (ii.2) CSRF / 01.015, no qual se decidiu: "São indedutíveis da base de cálculo da CSL os juros sobre o capital próprio durante todo ano calendário de 1996". (iii) comprovação da atividade rural, mencionando como acórdãos paradigmas os acórdãos (iii.1) 140200.271, do qual se extrai: "A lei prevê como condição para caracterizar a atividade como rural, a transformação de produtos, feita pelo próprio produtor, sem que haja alteração da composição e das características do produto in natura, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. O emprego de equipamentos de alta tecnologia, não é vedado pela lei 8.023/1990" e (iii.2) 10179.258, no qual consta que "Empresa rural, avicultora, com abate, resfriamento e embalagens de aves de sua produção, para colocação do produto "in natura" no mercado goza do direito à tributação por alíquota reduzida e quando, além dessas atividades rurais, explora outras de natureza diversa, se sujeita, quanto aos resultados das atividades diversificadas, à tributação normal". Fl. 1872DF CARF MF 8 (iv) O benefício da depreciação acelerada, indicandose como paradigma o acórdão 10194.191, do qual se destaca: "afastada a descaracterização da atividade rural, legítima a depreciação acelerada incentivada" (v) O reconhecimento como receita de juros recebidos quanto a empréstimos para controlada no exterior, matéria tratada no seguinte acórdão identificado como paradigma: 101.97.072. O recurso especial foi parcialmente admitido pelo Presidente da 2ª Câmara da Primeira Seção deste Conselho (Conselheiro Rafael Vidal de Araújo), conforme razões a seguir reproduzidas (fls. 1.214/1.221): Para os efeitos de solução de consulta, a recorrente alega que, ao deixar de aplicar entendimento dado em solução de consulta formulada por sua incorporada, além de contrariar entendimento dado pelo Supremo Tribunal Federal, a decisão divergiu de entendimentos dados no Acórdão no 10194.191 do (extinto) Primeiro Conselho de Contribuintes (fls. 742/759), no Acórdão no 20303.174 da Terceira Câmara do (extinto) Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 767/779), no Acórdão no 10193.302 da Primeira Câmara do (extinto) Primeiro Conselho de Contribuintes (fls. 780/793); no Acórdão n° 3101 00.415 da 1a Câmara/ 1a Turma Ordinária (fls. 794/803); e no Acórdão CSRF/0303.333 (fls. 760/766; fls. 805/821). Considerando que a recorrente mencionou mais de dois acórdãos que poderiam servir de paradigma para essa matéria sem indicar ordem de preferência, impõese analisar os requisitos para a demonstração de divergência apenas para os dois primeiros citados, ou seja, o Acórdão no 10194.191 do (extinto) Primeiro Conselho de Contribuintes e o Acórdão no 20303.174 da Terceira Câmara do (extinto) Segundo Conselho de Contribuintes (art. 67, §§4o e 5o , do Anexo II do RICARF). (...) Ao confrontar esses trechos com a ementa do recorrido, verificouse que em ambos entendeuse que a solução de consulta, certa ou errada, vincula a administração até que seja alterada. No caso da recorrente, ressalvouse que se a legislação que amparou a solução de consulta é supervenientemente alterada ou revogada, a orientação administrativa perde sua eficácia, mormente quando são estabelecidas novas definições pela legislação de regência. Já no paradigma, apontase a inexistência de alteração legal que justificasse o desenquadramento de atividades como sendo atividades rurais para fins de tributação (...) Concluise, portanto, que o ponto central da controvérsia, qual seja, se o conceito de atividade rural deveria ser o de solução de consulta dada antes da Lei n° 8.023/90, foi decidido de forma antagônica: no paradigma, considerouse que a conceituação de atividade legal dada por essa lei era menos restritiva; no recorrido, considerouse que essa lei teria trazido uma qualificação legal de atividades em relação ao conceito de "transformação", e que não poderia ser considerada menos restritiva. Fl. 1873DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.870 9 Para o segundo acórdão mencionado (Acórdão no 20303.174), a recorrente reproduziu parte da ementa e juntou cópia extraída de publicação não identificada, o que impede sua adoção como paradigma (art. 67, §§7o a 9o do Anexo II do RICARF). Uma vez que a recorrente demonstrou a divergência de entendimentos entre recorrido e um dos paradigmas para a matéria relativa aos efeitos da consulta sobre conceito de atividade rural, consideramse satisfeitos os requisitos para sua admissibilidade no que tange a essa matéria. Para a inclusão no lucro real de remuneração recebida a título de JCP, a recorrente alega que esses valores não poderiam ser adicionados ao lucro líquido para apuração da CSLL e muito menos para efeito de apuração do lucro real (IRPJ) porque sua natureza decorre da existência de lucros e lucros não podem gerar pagamentos de lucros, apenas dividendos. (...) Para demonstrar a divergência de entendimentos para essa matéria, foram indicados o Acórdão no 1401000.401, do qual foi reproduzida integralmente a ementa e apresentada sua cópia extraída do Diário Oficial da União divulgada pela internet (fl. 823), e o Acórdão CSRF/01 05.015, do qual foram juntadas cópias obtidas de fontes não identificáveis (fls. 812/812 e 829/840), reproduzido o inteiro teor da ementa e apresentada cópia obtida em consulta a site do Carf na internet (fl. 842) (art. 67, §§ 7º a 9º , do Anexo II do RICARF). (...) Examinando a ementa do Acórdão no 1401000.401, verificase que o entendimento manifestado não foi o defendido pela recorrente, uma vez que considera que os JCP recebidos devem ser computados na base de cálculo do IRPJ pelo lucro presumido. (...) No caso do segundo paradigma, o Acórdão CSRF/01 05.015, constatouse que foi interpretada regra aplicável ao tratamento a ser dado para a CSLL em relação a JCP pagos por pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e não a regra que versava sobre tratamento a ser dado a JCP recebidos por pessoa jurídica que adota o lucro real, como foi o caso da recorrente. Assim sendo, concluise que a recorrente não demonstrou a divergência de entendimentos alegada para essa matéria por meio dos dois paradigmas que indicou. Para a matéria relativa à descaracterização do exercício de atividade rural; a recorrente defende que suas atividades, de avicultura e suinocultura, não deixam de estar abrangidas no conceito de atividade rural pelo fato de usar de equipamentos e maquinários de alta tecnologia nas fases de abate, congelamento, resfriamento, embalagem e tempero. Para ela, a decisão recorrida teria criado critério não previsto no art. 2º, V, da Lei n° 8.023/90, restringindo indevidamente o conceito de atividade rural, impedindoa de usufruir dos benefícios previstos para essas atividades. Além disso, a condição desse art. 2o , V, da Lei n° 8.023/90, de que a transformação sofrida pelo produto Fl. 1874DF CARF MF 10 não pode descaracterizar sua condição in natura, seria atendida por ela, pois seus produtos (aves e suínos) não sofrem qualquer alteração de sua condição in natura durante o processo de abate, resfriamento, congelamento, tempero ou embalagem. (...) O entendimento de que seus processos não desvirtuam a natureza de sua atividade e que esse tipo de restrição não está contemplada na Lei no 8.023/90 seria divergente daquele adotado no Acórdão no 140200.271, do qual reproduziu inteiro teor de sua ementa e apresentou cópia de seu inteiro teor (fls. 850/859) (...) Como no paradigma entendeuse que o uso de equipamentos e máquinas de alta tecnologia não é fator impeditivo ao enquadramento da atividade agropecuária no conceito de atividade rural do art. 2o, V, da Lei n° 8.023/90, concluise que a divergência de entendimentos foi demonstrada para esse ponto por meio desse paradigma. Para essa matéria foi mencionado o Acórdão no 10179.258, com vistas a demonstrar divergência de entendimentos quanto à inclusão dos produtos da recorrente no campo de incidência do IPI pelo art. 14 da Lei n.° 9.493/97. Entretanto, esse acórdão não pode ser analisado para fins de demonstração de divergência pois sua ementa foi reproduzida parcialmente e não foi juntada cópia de inteiro teor do acórdão ou da ementa (art. 67, §§ 7o a 9o , do Anexo II do RICARF). Ao iniciar sua exposição sobre a possibilidade de utilização da depreciação acelerada incentivada, a recorrente voltou a mencionar o paradigma da matéria relativa ao efeito de solução de consulta, o Acórdão no 10194.191, do qual reproduziu pequeno trecho da ementa(...) Concluiuse que a menção a esse acórdão não teve o intuito de indicálo para servir de paradigma para o tema tratado no tópico em que discursa sobre a possibilidade de utilização do benefício da depreciação acelerada e à inobservância subsidiária da depreciação normal, pois não há qualquer vinculação entre essa ementa e a exposição desses temas. Não tendo sido citado nenhum outro acórdão, concluise que não há demonstração de divergência para esses pontos (art. 67, §§4o e 6o , do Anexo II do RICARF). Para o reconhecimento como receita de juros recebidos relativos a empréstimos para controlada no exterior, a recorrente argumenta, em síntese, que o art. 22 da Lei n° 9.430, de1996, seria aplicável quando há dúvidas sobre a operação de mútuo, uma vez que serviria de limitador, para evitar evasão disfarçada de divisas e eventual sonegação fiscal. Esse não seria o seu caso, pois teria demonstrado, atestado e justificado as razões de ter contratado mútuo com coligada no exterior a taxa de juros menor do que a prevista nesse dispositivo de lei. Na sua opinião, ela não poderia ser penalizada por tal pratica, pois teria otimizado o resultado das coligadas, trazendo benefícios para as partes envolvidas, mas também para o Fisco, por meio de aumento de arrecadação. Fl. 1875DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.871 11 Encerrada sua argumentação sem que tenha citado acórdão para servir de paradigma, a recorrente reproduziu ementa do Acórdão no 10197.072, porém deixou de indicar ponto (tampouco foi possível identificar) em que teria sido manifestado entendimento divergente do aplicado no seu caso. Por não ter feito menção a acórdão que serviria de paradigma tampouco indicado ponto na ementa que reproduziu que fosse divergente de ponto específico no acórdão recorrido, concluise que a contribuinte não demonstrou divergência de entendimentos para essa matéria (art. 67, §3o, do Anexo II do RICARF). Temse, em síntese, foram demonstradas divergências de entendimentos para as matérias correlatas ao efeito de solução de consulta que tratou de conceituação de atividade rural e à descaracterização do exercício de atividade rural, mas não para as matérias correlatas à inclusão no lucro real de remuneração recebida a título de juros sobre capital próprio (JCP), à possibilidade de utilização do benefício da depreciação acelerada e à inobservância subsidiária da depreciação normal, à necessidade de reconhecer como receita juros recebidos relativos a empréstimos para controlada no exterior. (...) Atendidos os pressupostos de tempestividade e legitimidade, e tendo a recorrente comprovado a divergência jurisprudencial para parte de suas teses, quais sejam, as relativas ao efeito de solução de consulta que tratou de conceituação de atividade rural e à descaracterização do exercício de atividade rural, DOU SEGUIMENTO PARCIAL ao recurso especial (arts. 67 e 68 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, RICARF). O Presidente da CSRF confirmou a decisão da Presidente de Câmara, negando seguimento parcialmente ao recurso especial, conforme decisão proferida em 01/07/2015 (fls. 1.832/1.833). O contribuinte foi intimado em 30/03/2016 quanto às decisões que não conheceram, em parte, do seu recurso especial. A Procuradoria foi intimada para contrarrazões em 02/06/2016 (fls. 1.225), apresentando suas razões em 28/004/2016 (fls. 1860/1864), em síntese, alegando: (i) ausência de similitude fática quanto aos efeitos da solução de consulta, eis que o paradigma menciona que "a solução de consulta deve ser observada até que seja alterada, com a ressalva expressa de que não tenha 'havido alteração legal que justifique o desenquadramento'" (trecho do recurso especial); (ii) no mérito, sustenta que a solução de consulta perdeu eficácia com a legislação posterior (Lei nº 8.023/1990 e Lei nº 9.493, de 1997). Além disso, que a consulta trataria de processamento de aves, não abrangendo, assim, a produção de cortes suínos; (iii) a Lei nº 9.493/1997, em seu artigo 14, definiria que carnes e suínos seriam produtos industrializados e, assim, a atividade desenvolvida pelo contribuinte não seria rural. Acrescenta que a alta tecnologia empregada Fl. 1876DF CARF MF 12 impede se vislumbre natureza rural na atividade desenvolvida pelo Recorrente. É o relatório. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora O recurso especial do contribuinte é tempestivo e foi admitido pelo Presidente da Câmara quanto a dois temas: (i) efeitos de solução de consulta, matéria que foi admitida quanto ao primeiro acórdão paradigma indicado: nº 10194.191. O segundo paradigma deste tema (20303.174) não foi admitido porque pelo Presidente da Câmara “a recorrente reproduziu parte da ementa e juntou cópia extraída de publicação não identificada”; (ii) descaracterização do exercício de atividade rural, com relação ao primeiro paradigma do recurso especial (140200.271), não sendo admitido o segundo paradigma 10179.258, por falta de reprodução integral da ementa ou cópia do inteiro teor do acórdão. Passo à análise da divergência na interpretação da lei tributária com relação às matérias acima citadas, notadamente considerando que a Procuradoria alega ausência de similitude fática quanto ao primeiro paradigma admitido. Conhecimento: similitude fática 1) Efeitos da solução de consulta: Consta da ementa do acórdão recorrido a respeito do efeito de solução de consulta: SOLUÇÃO DE CONSULTA. EFEITOS.A solução de consulta, certa ou errada, vincula a Administração em relação consulente. Entretanto, se a legislação que amparou a solução de consulta é supervenientemente alterada ou revogada, a orientação administrativa perde sua eficácia, mormente quando são estabelecidas novas definições pela legislação de regência. Destaco trecho do voto vencido da exConselheira Nereida de Miranda Finamore Horta, ao julgar o tema trazido ao Colegiado: Em preliminar, requer a recorrente que seja reformado o Acórdão da DRJ e considerado nulo o lançamento de oficio, tendo em vista há uma solução de consulta expedida em 1989 que embasa o seu procedimento para apuração do cálculo do IRPJ e da CSLL. Concordo com o esclarecimento feito pela DRJ, que o exame dessa questão requer a apreciação dos efeitos da Fl. 1877DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.872 13 consulta, portanto, mister verificar se ha alteração legislativa e se, considerando a alteração, ainda abarca os fatos descritos pela autoridade fiscalizadora. Na análise desse item, temos que a solução da consulta foi expedida em 1989, quando a tributação das atividades rurais era tratada pelos Decretosleis n° 902/69 e n° 1.382/74, que dispunham: (...) Também temos o Parecer Normativo CST no 860/1986 que dispõe sobre a matéria, como cita a solução de consulta, que referendou a Decisão n° 77/86 da DIVTRI 9a R.F., o qual conclui que o simples abate de aves de sua produção própria ou em parceria, para venda, não configura transformação de seus produtbs ou subprodutos. A nova legislação, que é a Lei n° 8023/1990, com nova redação dada pela Lei no 9.250, de 1995 (transcrito no artigo 58 do RIR/99), em seu artigo 2° (transcrito no artigo 58 do RIR/99), considera como atividade rural, in verbis: (...) No caso concreto, temos que: na Solução de Consulta da recorrente, a administração pública esclarece, de inicio, que o processo da consulente tem o resfriamento, congelamento, despostejamento, corte e embalagem das aves abatidas. Conclui a administração que: "a atividade de abate de aves de sua produção, seu resfriamento e embalagem, objetivando a colocação do produto 'in natura' no mercado, pagará o imposto de renda A. aliquota de 6% sobre os lucros decorrentes desta atividade rural, cabendo o destaque contábil das operações quando, paralelamente, o contribuinte executa outras atividades não beneficiadas com a aliquota reduzida, devendo demonstrar no LALUR (Livro de Apuração do LucroReal), separadamente por aliquota de tributação..." a Instrução Normativa do SRF no 2/1997, foi revogada, e a atual Instrução Normativa do SRF n° 740/2007, dispõe da mesma forma a mesma orientação em seu artigo 14, § 6'; a relação de parceria da recorrente com os seus integrados, abarca o conceito de sua produção ou produção própria, tendo em vista que o integrado segue e tem que seguir todo o processo estipulado por ela (recorrente), mas realizado com seus integrados ou parceiros. Dessa forma, como a lei anterior era mais restrita e a atual mais abrangente, nos mesmos termos da transcrição do voto feita anteriormente, a Solução de Consulta da recorrente também foi acolhida pela nova legislação, que é mais abrangente. (...) Em face do exposto, dou provimento em parte ao Recurso Voluntário, considerando a Solução de Consulta eficaz à recorrente, bem como considerando como sendo de atividade rural as atividades da recorrente relacionadas As aves e aos suínos, as quais fazem jus ao beneficio de depreciação acelerada incentivada, segundo dispõe o artigo 314 do RIR/99. O voto vencedor, neste ponto, foi elaborado pelo exConselheiro Flavio Vilela Campos, verbis: Fl. 1878DF CARF MF 14 Há que se asseverar, de plano, que a consulta formulada só produz efeitos sobre o consulente, bem como sobre os fatos e objeto detalhadamente descritos e com a indicação de todas as informações e dispositivos necessários à elucidação da matéria. Na situação sobre análise, a consulta fiscal foi apresentada pela sucedida por incorporação (Sadia S/A Indústria e Comércio), formalizada em 26/04/1989, sob a descrição de que desenvolvia o "abate exclusivamente das aves produzidas em suas granjas e em parceria, ou seja, totalmente de produção própria" e o "resfriamento, congelamento, despojamento, corte e embalagem das aves abatidas". A legislação em que se embasou a solução expedida em 1989, DecretosLeis n° 902/69 e 1.382/74 foram posteriormente revogados, passando o conceito da atividade rural para fins de incidência do Imposto de Renda a ser disciplinado quando do fato gerador objeto do lançamento pela Lei 8.023/90. Da mesma forma, em 1997 a Lei 9.493 introduziu as carnes em geral, frescas, refrigeradas ou congeladas no campo de incidência do IPI, o que deixou claro passar referidos produtos por processo de industrialização, modificando os fundamentos da solução de consulta apresentada. Além disso, a consulta foi feita em relação ao processamento de aves, ou seja, não alcança a produção de cortes de suínos que também é objeto da atividade da recorrente e do presente lançamento. Desse modo, a solução de consulta invocada pela impugnante perdeu sua eficácia, por ter sido produzida anteriormente a esse novo ordenamento legal, que modificou a qualificação das atividades beneficiadas pelo incentivo fiscal e prescrevendo várias condicionantes para o enquadramento na atividade rural. O acórdão paradigma sobre este tema (nº 10194.191) trata do seguinte contexto fático, reproduzindo alegações da então Impugnante: Tempestivamente, a empresa impugnou a exigência alegando, em síntese: Quanto à descaraterização da atividade rural: Esclarece que formulou consulta pelo Processo 13053.000034/8728, cuja resposta (Decisão 078, de 15/07/1987) foi no sentido de que sua atividade é rural, e não industrial. Afirma que prossegue nas mesmas atividades, que as alterações legislativas havidas após a decisão mencionada não modificaram o conteúdo e o alcance dos institutos, conceitos e formas de direito privado. Acrescenta que o conceito de avicultura, modernamente, abrangeria inclusive a criação de aves para obtenção de carne, através do abate, justamente a atividade por ela exercida, estando alcançada pelo inciso IV do art. 2° da Lei n° 8.023/90, e não poderia ser afastada da atividade rural por falta de subsunção ao inciso V do mesmo art. 2°, que só alcança as atividades agrícolas e pecuárias. Diz ser absurda a posição dos fiscais, inspirados na IN 17/96, no sentido de que somente o abate em pequena escala e de forma artesanal, Fl. 1879DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.873 15 sem utilização de máquinas, equipamentos e utensílios industriais de elevado nível tecnológico poderia estar compreendido nas atividades rurais. Analisando este contexto fático, decidiu a Turma Julgadora no acórdão paradigma (10194.191): O exame dessa questão reclama, como preliminar, a apreciação dos efeitos da consulta formulada pela empresa no Processo 13053.00003418728, cuja solução (Decisão 078, de 15/07/1987), foi no sentido de que sua atividade é rural, e não industrial. Para isso é necessário averiguar se houve alteração legislativa de maneira a que a decisão não mais abrigasse a nova situação de direito. No ano da consulta (1987) a tributação das atividades rurais era regida pelos Decretosleis n° 902/69 e n° 1.382/74, que dispunham(...) A partir de 1990, a tributação das empresas de atividade rural passou a regerse pela Lei n°8.023, de 12 de abril de 1990, que dispõe (...) Necessário, pois, verificar se houve alteração na lei, quanto à caracterização de empresas de atividade rural, para efeito de tributação. Da leitura dos dispositivos legais supra transcritos vêse que, na vigência dos Decretosleis n° 902/69 e 1.382/74, poderiam gozar do regime tributário favorecido as empresas constituídas para exploração agrícola ou pastoril e das indústrias extrativas vegetal e animal, com exclusão das de transformação de seus produtos e subprodutos. Ou seja, as leis em vigor excluíam expressamente do conceito de atividade rural, para efeito do regime tributário diferenciado, a transformação dos seus produtos e subprodutos. Com a Lei n° 8.032/90 essa restrição foi limitada, pois, expressamente, passou a ser considerada atividade rural a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura e não configure procedimento Industrial, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. Assim, se na vigência das leis que vedavam a transformação de seus produtos e subprodutos para enquadramento no regime favorecido específico para atividades rurais, a empresa, em processo formal de consulta, obteve solução da administração no sentido de que a atividade de "abate de aves de sua produção, seu resfriamento e embalagem, objetivando a colocação do produto 'in natura' no mercado, pagará o imposto de renda à alíquota de 6% sobre os lucros decorrentes desta atividade rural, cabendo o destaque contábil das operações quando, Fl. 1880DF CARF MF 16 paralelamente, o contribuinte executa outras atividades não beneficiadas com a alíquota reduzida, devendo demonstrar no LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real), separadamente por alíquota de tributação, o lucro líquido e o lucro real dessas atividades (beneficiadas e não beneficiadas)..”, não se pode admitir que, tendo a lei se tomado menos restritiva, a resposta à consulta deixou de acobertála. Tal interpretação fere um dos argumentos lógicos da interpretação racional, o argumento a fortiori. A resposta à consulta, certa ou errada, vincula a administração até que seja alterada. Assim, tendo orientado o contribuinte no sentido de que determinadas atividades por ele praticadas se enquadravam como atividades rurais para efeitos de tributação, e não tendo havido alteração legal que justifique o desenquadramento, não pode, a Administração Pública, negar validade a procedimento do contribuinte que esteja em conformidade com a orientação recebida. Anoto: ambos os casos (paradigma e recorrido) tratam de pessoas jurídicas que, à luz da legislação anterior (Decretosleis n° 902/69 e 1.382/74) obtiveram resposta à consulta formal concluindo a Receita Federal que as consulentes se dedicariam à atividade rural. Com a alteração da legislação a respeito do conceito de atividade rural (notadamente pela Lei n° 8.023/90), discutese em ambos os acórdãos se haveria revogação da resposta à consulta anterior. Diante disso, rejeito a preliminar de não conhecimento do recurso especial. Assim, adotando as razões do Presidente de Turma e o complemento acima, conheço do recurso especial quanto aos efeitos de solução de consulta reconhecendo a existência de similitude fática com o acórdão paradigma nº 10194.191. Assim, conheço o recurso especial nesse ponto. 2) Descaracterização da Atividade Rural Sobre o segundo tema, decidiu a Turma Julgadora no acórdão recorrido, conforme voto vencedor: Quanto à consideração da Atividade Rural, a controvérsia principal do presente processo é se a atividade da autuada, proveniente do abate de aves e suínos, resfriamento, congelamento, despojamento, corte e embalagem das aves e suínos abatidos pode ser conceituada como "atividade rural", nos termos do disposto no inciso V, art. 20 da Lei n° 8.023, de 1990, e, consequentemente, se a recorrente poderia se utilizar do beneficio da depreciação acelerada incentivada de que trata o artigo 314 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR199). Por ter detida e claramente abordado a matéria a partir da análise da legislação aplicável e da natureza da atividade desenvolvida pela impugnante, bem como não ter a recorrente trazido novos argumentos em seu recurso voluntário, reproduzo a seguir os fundamentos da decisão recorrida, que adoto como meus: Por sua vez, os Decretosleis n° 902/69 e n° 1.382/74, que fundamentaram a solução de consulta, foram expressamente Fl. 1881DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.874 17 revogados pela Lei n° 8.023/90, resultante da conversão em lei da Medida Provisória n°167, de 16/03/1990, que dispôs em seu art. 2° sobre as atividades consideradas rurais, com a seguinte redação: "Art. 2° Considerase atividade rural: (...) IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transforma cão de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura e não configure procedimento industrial feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada " Para explicitar o alcance da expressão "transformação de produtos decorrentes da atividade rural" foi editada a Instrução Normativa SRF n° 17/1996, que relacionou algumas atividades incluídas nesse conceito (grifei) (...) Da leitura do texto acima, constatase que a "transformação" de que se fala abrange o acondicionamento em embalagem de apresentação, de produtos zootécnicos como o mel, ou agrícolas como o suco de laranja. Deste modo, essas atividades não estão inseridas nas atividades de exploração da apicultura ou de vegetais, previstas nos incisos IV e III, respectivamente, do art. 2°, da Lei n°8.023/90, mas foram alocadas no inciso V desta lei, no âmbito da transformação de produtos decorrentes da atividade rural. A IN SRF n° 17/1996 ao elencar casos de "transformação" referese a casos de beneficiamento de arroz, moagem de trigo e de milho ou transformação de grilos em farinha, processos bem mais simples que o de abate de animais e processamento de suas carnes. Concluise, assim, que, nesta nova configuração da legislação, o abate de aves e suínos com o processamento de suas carnes e obtenção de cones frescos, resfriados ou congelados, típica da atividade zootécnica desenvolvida pela impugnante, não se insere no inciso IV da lei, nas atividades de avicultura ou suinocultura, como sustenta a impugnante, mas sim no inciso V. se forem observadas as condições previstas neste inciso. Tais condições serão analisadas no item seguinte. (...) Por outro lado, o inciso V do art. 2°, da Lei n° 8.023/90, prescreveu várias condicionantes para enquadramento na atividade rural. Na análise dessas condicionantes, releva avaliar a caracterização das instalações da empresa feita pela fiscalização (f. 29/30): (..) Fl. 1882DF CARF MF 18 No presente caso a atividade rural é desenvolvida pelos integrados e parceiros da empresa fiscalizada. Estes sim possuem atividade rural ao explorar a avicultura e suinocultura obtendo sua receita da comercialização da parte da produção que lhes cabe. (...) Em relação et matériaprima, esta fiscalização observou que também não ocorre a situação descrita no inciso V do artigo 2° da Lei n° 8.023/90, vez que o abate ocorre em local diverso da área rural de onde se produz a matériaprima, que são as aves e suínos vivos, os quais são transportados até os complexos industriais da empresa, geralmente instalados em centros urbanos ".(...) Além disso, a fiscalização verificou que a transformação dos produtos não é feita na área rural explorada, mas nos complexos industriais da empresa geralmente localizados em centros urbanos, contrariando mais uma das condicionantes previstas no inciso V do art. 2°, da Lei n°8.023/90. (...) Destarte, a atividade da recorrente não se enquadra no conceito de "atividade rural" para fins de apuração do IRPJ. A Recorrente indicou como paradigma o acórdão 140200.271, que tratou dos fatos descritos em seu relatório: 2) Durante a ação fiscal, constataramse divergências entre o que a lei conceitua como produtos de atividade rural e os produtos comercializados pela autuada. 3) Para eximir qualquer dúvida acerca da atividade da interessada, a fiscalização visitou o estabelecimento, e descreveu no Termo de Verificação Fiscal os procedimentos adotados, concluindo que são comercializados produtos industrializados com alta tecnologia, não se enquadrando, portanto, no conceito de Atividade Rural expresso no artigo 58 do RIR/99, cuja matriz legal é o artigo 2o da Lei n° 8.023/90. (...) 6) A atividade da autuada não se enquadra no novo conceito de atividade rural, definido no artigo 2º da Lei n° 8.023/90, uma vez que esta atividade não pode ter cunho industrial, o que se reforça com o disposto no inciso "V" do mesmo artigo ao tratar dos utensílios usualmente empregados nas atividades rurais. Diante disso, julgou a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara do CARF no acórdão paradigma (140200.271): Pois bem. Conquanto a utilização de equipamentos de alta tecnologia essa matéria já foi por algumas vezes enfrentada neste Conselho que firmou entendimentos diversos, a exemplo dos acórdãos 10513579, de 21/08/2001, já citado na decisão da DRJ, e o acórdão nº 10709548, proferido na assentada de 12/11/2008, este último assim ementado: ATIVIDADE RURAL – COMPATIBILIDADE COM EQUIPAMENTOS USUALMENTE EMPREGADOS NA ATIVIDADE – EQUIPAMENTOS DE ALTA TECNOLOGIA A lei prevê como condicio juris para a caracterização da atividade como rural, a transformação de produtos, como os Fl. 1883DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.875 19 da exploração de avicultura, feita pelo próprio criador, sem que haja alteração da composição e das características do produto in natura, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. Não caracteriza emprego de equipamentos inusuais, o fato de se usarem equipamentos de alta tecnologia, que implicam ganho de produção em escala. A utilização de equipamentos de elevada tecnologia, pelo criador de aves, na atividade de transformação, sem que haja alteração na composição e nas características do produto in natura, não tem o condão de desvirtuar o pressuposto legal para configuração de atividade rural. Tal exegese se extrai da interpretação finalística e funcional do preceito, bem como de interpretação históricoevolutiva. (grifei) A meu ver, o entendimento adotado no acórdão nº 10709548 não merece reparos, isso porque inexiste contradição entre evolução tecnológica e produção agropecuária, pelo contrário, somente esse desenvolvimento pode garantir alimentos em quantidade e qualidade para toda a população. A Lei não determina o uso de equipamentos rudimentares no beneficiamento da produção agropecuária, e sim utensílios usualmente empregados na atividade. Ora, hoje temos máquinas de alta tecnologia utilizadas desde o plantio, colheita e preparo de grãos (a exemplo de colheitadeiras com GPS e computador de bordo). Na retirada do leite das vacas temos ordenhadeiras totalmente automatizadas, e assim por diante. Entendo que com relação ao tema também há similitude fática, eis que amos os acórdãos tratam de desenvolvimento de atividades que o contribuinte alega rurais, mas com emprego de a equipamentos de alta tecnologia, em interpretação ao artigo .2º, incisos IV e V, da Lei nº 8.023/1990 Diante disso, conheço do recurso especial também quanto ao segundo tema. Mérito Tema 1: Efeitos de Consulta Destaco trecho do recurso especial, para elucidar a alegação da Recorrente, que destaca trecho de resposta à consulta e, assim, pleitea: Na resposta à consulta nº 13983.000036/8932, formulada pela empresa, a Divisão de Tributos da Superintendência Regional da Receita Federal na 9ª Região Fiscal, pronuncioiuse no sentido de que a ora Recorrente, por realizar como atividade final a venda de aves in natura, estaria sujeita à alíquota de 6% (seis por cento) prevista no artigo 06, do RIR/80, ei que não há transformação ou industrialização de produtos, conforme passa se a destacar: Fl. 1884DF CARF MF 20 '(...) Esclarece ainda que, no decorrer do processo, não ocorre qualquer preparo especial como cozimento, enchouriçamento, defumação, salgamento, embutimento ou qualquer outro tipo de preparo além do simples resfriamento, congelamento e conservação em câmara frigorífica, e que não compra aves de terceiros. Trazendo cópia do Parecer CST n.° 1.499/87, que examinou matéria análoga, dez entender que as operações acima descritas não configuram alteração ou transformação do produto pelo que a sua venda final é de aves "in natura", julgadose, por isso, com direito à tributação especial de 6% (seis por cento). O Parecer n° 1.499/87, cuja cópia a consulente juntou à consulta, tratando de matéria análoga, esclarece que, segundo entendimento expresso no Parecer CST n.° 2.181/80, o incentivo fiscal da tributação reduzida das empresas rurais está condicionado à exploração das atividades agropecuárias e das indústrias extrativas vegetal e mineral, desde que não haja transformação de seus produtos. (...)' (...) Vejase que, em situação análoga o Supremo Tribunal Federal já decidiu que deve ser mantido o posicionamento da Consulta Fiscal quando a contribuinte demonstrando confiança na autoridade fiscal e, portanto, adotando postura de inegável boa fé, como fora lançado, fezlhe uma consulta e, partir da orientação recebida, toma como base o seu conteúdo e procede perante o fisco com a certeza de estar realizando o que é correto Com efeito, a resposta à consulta foi dada ao contribuinte, sob contexto legislativo que será a seguir mencionado. O Decreto Lei nº 902/1969 tratava da forma de tributação dos rendimentos da exploração agrícola ou pastoril, definido em seu artigo 1º a pessoa física exploradora destas atividades: Art 1º Para os efeitos de incidência do impôsto de renda, o rendimento líquido auferido pelas pessoas físicas oriundo de exploração agrícola ou pastoril e das industrias extrativas vegetal e animal da transformação dos produtos agrícolas e pecuários, quando feita pelo próprio agricultor ou criador com matériaprima da propriedade explorada e os da exploração de apicultura, sericultura e piscicultura será apurado de acôrdo com as normas constantes dêste Decretolei. O mesmo DecretoLei nº 902/1969, em seu artigo 7º, trata das pessoas jurídicas que se dedicam à atividade similar, da forma que segue: Art 7º As emprêsas constituídas nos próximos dez anos para a exploração das atividades referidas no artigo 1º dêste Decreto lei, excetuadas as de transformação de seus produtos e subprodutos, gozarão, a contar de suas constituição, dos seguintes incentivos, respeitadas as condições e os limites máximos abaixo indicados: I isenção do impôsto de renda no primeiro biênio; II 50% (cinqüenta por cento) de redução do impôsto de renda devido no terceiro ano; Fl. 1885DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.876 21 III 25% (vinte e cinco por cento) de redução do impôsto de renda devido no quarto ano. Parágrafo único. Fica o Poder Executivo autorizado a conceder deduções dos lucros das emprêsas rurais, em função dos investimentos realizados no anobase, na forma do artigo 4º. Estes dispositivos legais foram reproduzidos no RIR/1980 (Decreto nº 85.840/1980), conforme artigo 278 e 406: Art. 278. A pessoa jurídica que tenha por objeto a exploração das atividades agrícolas ou pastoris, da apicultura, avicultura, sericicultura, piscicultura e outras, de pequenos animais, e das indústrias extrativas vegetal e animal, excetuadas as de transformação de seus produtos e subprodutos, pagará o imposto à alíquota especial de que trata o art. 406 (DecretoLei n° 1.382/74, art. 1°). § 1º O regime tributário previsto neste artigo aplicase exclusivamente aos lucros decorrentes da exploração das atividades especificadas no caput deste artigo (DecretoLei n° 1.382/74, art. 3°). § 2º Excetuadas as provenientes da venda de imóveis, poderão incluirse no regime do caput deste artigo receitas diversas decorrentes do giro normal da pessoa jurídica, desde que não ultrapassem o limite de 5% (cinco por cento) das receitas geradas pelas atividades próprias definidas neste artigo (DecretoLei n° 1.382/74, art. 3°, § único). § 3º A imputação, na receita da pessoa jurídica de que trata este artigo, de rendimento auferidos em outras atividades, com o objetivo de desfrutar indevidamente de tributação mais favorecida configura, para efeito de aplicação de penalidade, evidente intuito de fraude (DecretoLei n° 1.382/74, art. 5°). § 4º Na determinação do lucro real da pessoa jurídica beneficiada pelo regime previsto neste artigo, aplicase, no que couber, o disposto no art. 56, obedecidas as condições estipuladas nos artigos 57 e 58 (DecretoLei n° 902/69, art. 7, § único, e DecretoLei n° 1.382/74, art. 1°). § 5º Compete ao Ministro da Fazenda baixar normas quanto aos custos e despesas operacionais admissíveis para a pessoa jurídica que tenha por objeto a exploração agrícola ou pastoril, e das indústrias extrativas vegetal e animal, de transformação dos produtos agrícolas e pecuários, com matériaprima da propriedade explorada, e os da exploração da apicultura, avicultura, sericicultura, piscicultura e outras, de pequenos animais (DecretoLei n° 902/69, art. 7°, § único). Art. 406. A pessoa jurídica de que trata o art. 278 pagará o imposto à alíquota de 6% (seis por cento), observado o disposto no inciso I do art. 511 (DecretoLei n° 1.382/74, artigos 1° e 4°). Fl. 1886DF CARF MF 22 Parágrafo único. A determinação da base de cálculo, para efeito de aplicação da alíquota prevista neste artigo, será feita de acordo com o art. 278. É relevante observar que este artigo 7º exclui as empresas de transformação de seus produtos e subprodutos dos benefícios tratados pelas alíneas destes artigo. Pois bem. Sob este contexto legislativo, a Receita Federal do Brasil respondeu consulta do contribuinte (Processo Administrativo nº 13983.000036/8932), concluindo que 2.1. Entendo que sendo a empresa organizada,também,para desenvolver a criação e multiplicação de aves e posterior abate para entrega "in natura" ao mercado, enquadrase plenamente no dispositivo legal (artigo 406 do RIR/80, combinado com o artigo 278 do mesmo Regulamento), isso porque, não ocorre transfomação ou industrialização, conforme nos orienta. o Parecer Normativo CST no 880/71 (D.O.U. 25.10.71) que trata. de matéria correlata: "Abate de gado para extraçao de carne. A desossagem e conservaçao por refrigeraçao ou congelamento, sem que se modIfique a condição de "in natura", não caracterizam industrialização". 2.2 O Parecer CST n o 860/86, que referendou a Decisão n 2 77/86 da DIVTRI/9a. R.F., conclui que o simples abate de aves de sua produção própria ou em parceria, para venda, não configura transformação de seus produtos ou subprodutos. 3. Assim:, sendo, face ao entendimento exposto nos parece res antes indicados e legislação pertinente, proponho que se informe a consulente de que a atividade de abate de aves de sua produçao, seu resfriamento e embalagem, objetivando a colocação do produto "in natura" no mercado, pagara .o imposto de renda à a/iquota de 6% sobre . os lucros decorrentes desta atividade rural, cabendo O destaque contábil das operações quando, paralelamente, o contribuinte executa outras atividades não beneficiadas com a aliquota reduzida, devendo demonstrar rio LALUR^(Livro de Apuração do Lucro Real), separadamente por alíquota de tributação, o lucro líquido e o lucro real dessas atividades (beneficiadas e não beneficiadas na forma da Instrução Normativa SRF 059, de 23.04.87 DOU 24.04.87) (fls. 600 volume 3, pdf 194) A decisão foi objeto de recurso de ofício à Coordenação do Sistema de Tributação (fls. 603), que a confirmou. A resposta à consulta, assim, concluiu pela aplicação dos regimes do artigo 278 e 406, do RIR 1980 à consulente. Ocorre que este panorama legislativo foi substancialmente modificado pela Lei nº 8.023/1990, que em sua redação original, redefiniu o que seriam atividades rurais, nos seguintes termos: Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; Fl. 1887DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.877 23 II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura e não configure procedimento industrial feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. Posteriormente, este artigo 2º, da Lei nº 8.023/1990 sofreu alteração pela Lei nº 9.250/1995, que também inseriu parágrafo único para assim dispor: Art. 2º Considerase atividade rural: (...) V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas. (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) Esta disposição foi reproduzida no Decreto nº 3.000/1999, Regulamento do Imposto de Renda, em seu artigo 58. É importante anotar que o DecretoLei nº 902/1969 e artigo 1º do Decreto Lei nº 1.382/1974, que são as matrizes legais dos artigos 278 e 406 do antigo RIR/1980, foram revogados expressamente pela Lei nº 8.023/1990, conforme seu artigo 23: Art. 23. Revogamse os DecretosLeis nºs 902, de 30 de setembro de 1969, 1.074, de 20 de janeiro de 1970, os arts. 1º, 4º e 5º do DecretoLei nº 1.382, de 26 de dezembro de 1974 e demais disposições em contrário. Nesse contexto, pareceme irretocável o voto condutor do acórdão recorrido, proferido pelo exConselheiro Flávio Vilela Campos: Em que pese o brilhantismo externado no Voto proferido pela ilustre relatora, Sra. Nereida de Miranda Finamore Horta, manifesto, entretanto, discordância em relação A parte do voto em que se propõe dar eficácia A solução de consulta Fl. 1888DF CARF MF 24 apresentada pela sucedida da recorrente, bem como em restar caracterizada a atividade rural da recorrente. Destaco que a divergência existente restringese tãosomente à questão reportada no parágrafo anterior, restando a total concordância em relação a todas as demais abordagens e conclusões trazidas pelo Voto ao final Vencido, os quais são expressamente ratificados nesta ocasião. Há que se asseverar, de plano, que a consulta formulada s6 produz efeitos sobre o consulente, bem como sobre os fatos e objeto detalhadamente descritos e com a indicação de todas as informações e dispositivos necessários A. elucidação da matéria. Na situação sobre análise, a consulta fiscal foi apresentada pela sucedida por incorporação (Sadia S/A Indústria e Comércio), formalizada em 26/04/1989, sob a descrição de que desenvolvia o "abate exclusivamente das aves produzidas em suas granjas e em parceria, ou seja, totalmente de produção própria" e o "resfriamento, congelamento, despojamento, corte e embalagem das aves abatidas". A legislação em que se embasou a solução expedida em 1989, DecretosLei n° 902/69 e 1.382/74 foram posteriormente revogados, passando o conceito da atividade rural para fins de incidência do Imposto de Renda a ser disciplinado quando do fato gerador objeto do lançamento pela Lei 8.023/90. Da mesma forma, em 1997 a Lei 9.493 introduziu as carnes em geral, frescas, refrigeradas ou congeladas no campo de incidência do IPI, o que deixou claro passar referidos produtos por processo de industrialização, modificando os fundamentos da solução de consulta apresentada. Além disso, a consulta foi feita em relação ao processamento de aves, ou seja, não alcança a produção de cortes de suínos que também é objeto da atividade da recorrente e do presente lançamento. Desse modo, a solução de consulta invocada pela impugnante perdeu sua eficácia, por ter sido produzida anteriormente a esse novo ordenamento legal, que modificou a qualificação das atividades beneficiadas pelo incentivo fiscal e prescrevendo várias condicionantes para o enquadramento na atividade rural. A solução de consulta analisa claramente a legislação revogada e que teve substancial alteração pelo novo regramento. Ressalto, ainda, que a Lei nº 9.430/1996 trata de solução de consulta, constando do §12, do artigo 48: Art. 48 (...) § 12. Se, após a resposta à consulta, a administração alterar o entendimento nela expresso, a nova orientação atingirá, apenas, os fatos geradores que ocorram após dado ciência ao consulente ou após a sua publicação pela imprensa oficial. Fl. 1889DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.878 25 Se a mera alteração de entendimento pela Administração Pública torna ineficaz a partir de então implica na perda da eficácia de consulta anterior, com mais razão, a alteração legislativa impede o prosseguimento dos efeitos da Solução de Consulta Diante disso, voto por negar provimento ao recurso especial da contribuinte a respeito do primeiro tema. Tema 2: Descaracterização da Atividade Rural Nos presentes autos, discutese a depreciação acelerada incentivada, na forma autorizada pela Medida Provisória nº 2.159/2001, que em seu artigo 6º prevê: Art. 6º Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano da aquisição. O benefício, portanto, depende dos seguintes requisitos: (a) pessoa jurídica exploradora de atividade rural; (b) sejam bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, sujeitos à depreciação. O recurso especial ora analisado trata do primeiro destes requisitos, qual seja, a definição do que seja pessoa jurídica exploradora de atividade rural, para gozo deste benefício. Destaco trecho do Relatório Fiscal que acompanha o auto de infração, para elucidar a matéria em debate: Regularmente intimada através da intimação n° 333, de 05/08/2005 (fls. 221 a 257), a empresa fiscalizada descreveu a cadeia produtiva das aves e suínos desde sua origem até a saída dos produtos de seus estabelecimentos. A cadeia produtiva iniciase com aquisição de produtos agrícolas, sendo basicamente soja e milho que são transformados em ração em fábricas próprias (fls. 226 a 236). Ração esta que serve de alimento para aves e suínos desde o início até a faze de terminação (apronte para o abate). A criação de aves é feita através de parcerias firmadas com produtores rurais os quais participam com a infraestrutura, ou seja, instalações, água, mãodeobra, energia elétrica, aquecimento e serviço, e a empresa participa com o fornecimento dos pintos de um dia, rações, medicamentos, vacinas, transporte, demais insumos necessários à criação, e assistência técnica (fls. 240). O fornecimento dos insumos pela empresa fiscalizada é feito através de transferências (não representa operação de compra e venda) de seus estabelecimentos para os produtores rurais. Quando o lote está pronto para abate a parte das aves que cabe à empresa fiscalizada é transferida (não representa operação de compra e venda) do produtor rural para os estabelecimentos industriais da empresa fiscalizada. A parte que cabe ao produtor rural (na Fl. 1890DF CARF MF 26 parceria, parte do resultado cabe à empresa e parte ao parceiro) é comprada pela empresa fiscalizada (fls. 240 a 241). A criação de suínos também é feita através de parcerias onde produtores rurais participam com a infraestrutura (instalações e serviço) e a empresa participa com o fornecimento dos leitões, ração e demais insumos necessários à criação (fls. 249 a 250). Para criação de suínos a empresa fiscalizada utilizase ainda da modalidade de integração, que consiste na venda pela empresa fiscalizada das matrizes e reprodutores, ração e demais insumos para produtores rurais que produzem leitões para recria (fls. 248 e 249) que posteriormente são comprados pela empresa fiscalizada e alojados em propriedades de outros produtores rurais no sistema de parceria, que farão a recria (engorda) até atingirem o peso ideal para o abate. De acordo com documentos apresentados em atendimento às diversas intimações, a empresa fiscalizada demonstra que a receita que aufere é essencialmente decorrente da venda no mercado interno e exportação de produtos que tem origem no fulcro de sua atividade, que consiste no abate de animais de pequeno porte (aves e suínos), realizada através de procedimentos industriais, utilizandose de maquinaria atípica em relação àquela usualmente utilizável na atividade rural. Conforme documentos às folhas 221 a 257, apresentados em resposta à intimação n° 333 constatase que a empresa fiscalizada dá saída de seus estabelecimentos de diversos produtos industrializados dentre eles frango e peru embalados e congelados, cortes de frango e peru embalados e congelados, perus e frangos temperados e cortes de suínos (fls. 245, 246, 256 e 257). Além dos produtos relacionados, a empresa fiscalizada produz e vende uma gama de produtos mais elaborados tais como salsichas, mortadelas, salames, presuntos, pizzas, margarinas dentre outros (fls. 364, 373, 382, 391, 402 e 411 DIPJ Ficha 28). A empresa fiscalizada considera da atividade rural as receitas decorrentes da venda no mercado interno e exportação dos produtos in natura, aves e cortes de aves e suínos e cortes de suínos congelados ou resfriados mesmo temperados (fls. 245 e 256). Para a tipificação legal da atividade rural inicialmente importa reproduzir o artigo 58 do vigente Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99) (...) Da inteligência do dispositivo legal retro citado constatase de pronto que são consideradas como rurais, pela legislação tributária, aquelas atividades tipicamente primárias, encontrandose nelas inseridas a transformação dos produtos delas decorrentes, única e exclusivamente sem que sejam alteradas a composição e as características do produto natural e quando feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais. Fl. 1891DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.879 27 Com o advento da Lei n° 8.023/90, houve a eliminação de incentivos anteriormente concedidos àqueles que se utilizaram de procedimentos não artesanais, mas industriais. (...) A empresa fiscalizada utiliza os sistemas de parceria e integração, conceitos estes já relatados por esta fiscalização em parágrafos anteriores, com aplicação intensiva de capital em sistemas e equipamentos não usuais ao produtor rural, conforme observase nas fotografias ás folhas 246 e 257 e resposta à intimação n° 320 ás folhas 192 a 220. As fotos revelam a utilização de máquinas e equipamentos tipicamente industriais e os documentos de folhas 196 a 220 representam os comprovantes de aquisição e instalação de algumas das referidas máquinas e equipamentos. (...) A criação de animais que levam o sufixo "cultura" não implicam, necessariamente o abate destes. Logo a exploração da avicultura e suinocultura, termos estes constantes das atividades consideradas rurais, conforme inciso IV do artigo 2° da Lei 8.023/90, não pressupõe abate pelo criador, muito menos em escala industrial. Os termos avicultura e suinocultura não são sinônimos de abate. (...) A utilização de equipamentos e utensílios não usualmente empregados pelos produtores rurais, contraria o disposto no inciso V do artigo 2° da Lei n° 8.023/90 com redação do artigo 17 da Lei n° 9.250/95. No presente caso a atividade rural é desenvolvida pelos integrados e parceiros da empresa fiscalizada. Estes sim possuem atividade rural ao explorar a avicultura e suinocultura obtendo sua receita da comercialização da parte da produção que lhes cabe. Porém, esta fiscalização constatou através das respostas às intimações (fls. 226 a 257) que a receita da empresa fiscalizada que deriva da atividade rural resumese ás vendas das matrizes e dos reprodutores suínos aos produtores integrados, pois, estes animais são oriundos de granjas de propriedade da empresa fiscalizada e sua criação está inserida no conceito de suinocultura, atividade esta considerada rural conforme disposto no inciso IV do art. 58 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto n° 3.000/99. Desta forma, com exceção da suinocultura praticada em relação às matrizes e reprodutores suínos que são vendidos aos produtores integrados, a atividade desempenhada pela empresa fiscalizada não se subsume no inciso IV do artigo 2° da Lei n° 8.023/90 uma vez que esta atividade não pode ter cunho industrial, o que se reforça com o disposto no inciso V do mesmo artigo ao tratar dos utensílios usualmente empregados nas atividades rurais. Em relação à matériaprima, esta fiscalização observou que também não ocorre a situação descrita no inciso V do artigo 2° da Lei n° 8.023/90, vez que o abate ocorre em local diverso da área rural de onde se produz a matériaprima, que são as aves e suínos vivos, os quais são transportados até os complexos Fl. 1892DF CARF MF 28 industriais da empresa, geralmente instalados em centros urbanos. (...) Verificase que a empresa fiscalizada teve como objeto social deste o ano de 1995 até o encerramento do período fiscalizado a exploração da atividade de abate de animais (aves e suínos) e preparação de carnes. Destarte os complementos ao objeto social, realizados no ano de 2000, a maioria dos ramos acrescidos não representa operações de exploração da atividade rural. Constatase que até o anocalendário 2000 a empresa não se declarou exploradora da atividade rural, passando a se declarar exploradora da atividade rural a partir do ano de 2001, período posterior à incorporação da empresa Sadia S/A (CNPJ 03.906.591/000159), conforme consulta às declarações do imposto de renda pessoa jurídica (DIPJ) às folhas 327. A Lei nº 8.023/1995 trata da definição da atividade rural, destacandose os incisos IV e V tratados no Relatório que acompanha o auto de infração: Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas. (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) Tal dispositivo foi reproduzido no RIR/1999 alterou a disposição apenas para mencionar o seu artigo 58, que prevê: Art. 58. Considerase atividade rural (Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, art. 2º, Lei nº 9.250, de 1995, art.17, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 59): I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; Fl. 1893DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.880 29 IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação; VI o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas (Lei nº 8.023, de 1990, art. 2º, parágrafo único, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 17). Lembro que o conceito amplo de atividade rural prestigiado pela Lei nº 8.023/1990 contempla a "exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais" (inciso IV, do art. 2º). Ocorre que, como consta do Relatório Fiscal, o abate descaracteriza a avicultura e suinocultura. Ressalto que a avicultura é prevista no código de atividades do IBGE dentro da Seção A, Divisão 01, Grupo 015, Classe 01555, Subitem 01555/01: Seção A Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura Divisão 01 Agricultura, Pecuária e serviços relacionados Grupo 015 Pecuária Classe 0155 Criação de aves Subclasse 01555/01 Criação de frangos para corte Notas Explicativas: Esta subclasse compreende: a criação de frangos para corte Esta subclasse não compreende: a produção de pintos de 1 dia (01555/02) a criação de outros galináceos, exceto para corte (01555/03) a produção de ovos de galinha (01555/05) o abate de aves (10121/01) a preparação de produtos de carne (10139/01) a preparação de subprodutos do abate (10139/02) (grifo nosso) A suinocultura é prevista no código de atividades do IBGE dentro da Seção A, Divisão 01, Grupo 015, Classe 01547, Subitem 01547/00: Fl. 1894DF CARF MF 30 Seção A Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura Divisão 01 Agricultura, Pecuária e serviços relacionados Grupo 015 Pecuária Classe 0154 Criação de suínos Subclasse 01547/00 Criação de suínos Notas Explicativas: Esta subclasse compreende: a criação de suínos para carne e banha Esta subclasse compreende também: a produção de sêmen de suínos Esta subclasse não compreende: o abate de suínos em frigoríficos (10121/03) o abate de suínos em matadouros (10121/04) a preparação de produtos de carne, banha e salsicharia (1013 9/01) a preparação de subprodutos do abate (10139/02) o curtimento e outras preparações do couro (15106/00) (grifo nosso) As atividades do contribuinte, portanto, não se amoldam à atividade de avicultura e suinocultura, como definidos pelo IBGE e pelo inciso IV, do artigo 2º, da Lei nº 8.023/1995. O contribuinte ainda não se amolda à previsão do artigo V, do artigo 2º, da Lei nº 8.023/1990, que prevê Art. 2º Considerase atividade rural: (...) V a transformação de produtos agrícolas ou pecuários, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura e não configure procedimento industrial feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. Não entendo que seja determinante a utilização de equipamentos de alta tecnologia, como também expresso no acórdão paradigma (140200.271): Pois bem. Conquanto a utilização de equipamentos de alta tecnologia essa matéria já foi por algumas vezes enfrentada neste Conselho que firmou entendimentos diversos, a exemplo dos acórdãos 10513579, de 21/08/2001, já citado na decisão da DRJ, e o acórdão nº 10709548, proferido na assentada de 12/11/2008, este último assim ementado: Fl. 1895DF CARF MF Processo nº 10925.001519/200631 Acórdão n.º 9101003.012 CSRFT1 Fl. 1.881 31 ATIVIDADE RURAL – COMPATIBILIDADE COM EQUIPAMENTOS USUALMENTE EMPREGADOS NA ATIVIDADE – EQUIPAMENTOS DE ALTA TECNOLOGIA A lei prevê como condicio juris para a caracterização da atividade como rural, a transformação de produtos, como os da exploração de avicultura, feita pelo próprio criador, sem que haja alteração da composição e das características do produto in natura, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada. Não caracteriza emprego de equipamentos inusuais, o fato de se usarem equipamentos de alta tecnologia, que implicam ganho de produção em escala. A utilização de equipamentos de elevada tecnologia, pelo criador de aves, na atividade de transformação, sem que haja alteração na composição e nas características do produto in natura, não tem o condão de desvirtuar o pressuposto legal para configuração de atividade rural. Tal exegese se extrai da interpretação finalística e funcional do preceito, bem como de interpretação históricoevolutiva. (grifei) A meu ver, o entendimento adotado no acórdão nº 10709548 não merece reparos, isso porque inexiste contradição entre evolução tecnológica e produção agropecuária, pelo contrário, somente esse desenvolvimento pode garantir alimentos em quantidade e qualidade para toda a população. A Lei não determina o uso de equipamentos rudimentares no beneficiamento da produção agropecuária, e sim utensílios usualmente empregados na atividade. Ora, hoje temos máquinas de alta tecnologia utilizadas desde o plantio, colheita e preparo de grãos (a exemplo de colheitadeiras com GPS e computador de bordo). Na retirada do leite das vacas temos ordenhadeiras totalmente automatizadas, e assim por diante. De toda sorte, o inciso V exige para caracterização de atividade como rural com transformação de produtos agrícolas ou pecuários, que seja utilizada matéria prima produzida na área rural explorada. Definitivamente não é o caso do contribuinte, como explicita o Relatório Fiscal: A criação de aves é feita através de parcerias firmadas com produtores rurais os quais participam com a infraestrutura, ou seja, instalações, água, mãodeobra, energia elétrica, aquecimento e serviço, e a empresa participa com o fornecimento dos pintos de um dia, rações, medicamentos, vacinas, transporte, demais insumos necessários à criação, e assistência técnica (fls. 240). O fornecimento dos insumos pela empresa fiscalizada é feito através de transferências (não representa operação de compra e venda) de seus estabelecimentos para os produtores rurais. Quando o lote está pronto para abate a parte das aves que cabe à empresa fiscalizada é transferida (não representa operação de compra e venda) do produtor rural para os estabelecimentos industriais da empresa fiscalizada. A parte que cabe ao produtor rural (na Fl. 1896DF CARF MF 32 parceria, parte do resultado cabe à empresa e parte ao parceiro) é comprada pela empresa fiscalizada (fls. 240 a 241). A criação de suínos também é feita através de parcerias onde produtores rurais participam com a infraestrutura (instalações e serviço) e a empresa participa com o fornecimento dos leitões, ração e demais insumos necessários à criação (fls. 249 a 250). Para criação de suínos a empresa fiscalizada utilizase ainda da modalidade de integração, que consiste na venda pela empresa fiscalizada das matrizes e reprodutores, ração e demais insumos para produtores rurais que produzem leitões para recria (fls. 248 e 249) que posteriormente são comprados pela empresa fiscalizada e alojados em propriedades de outros produtores rurais no sistema de parceria, que farão a recria (engorda) até atingirem o peso ideal para o abate. (...) Em relação à matériaprima, esta fiscalização observou que também não ocorre a situação descrita no inciso V do artigo 2° da Lei n° 8.023/90, vez que o abate ocorre em local diverso da área rural de onde se produz a matériaprima, que são as aves e suínos vivos, os quais são transportados até os complexos industriais da empresa, geralmente instalados em centros urbanos. (...) Diante disso, voto por conhecer e negar provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 1897DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000482/2007-16
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/1998 a 30/09/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o pré-questionamento da matéria recorrida.
Numero da decisão: 9202-005.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que conheceu do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Redator designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o préquestionamento da matéria recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que conheceu do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 04 82 /2 00 7- 16 Fl. 567DF CARF MF 2 Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Cuidase de Recurso Especial do Contribuinte interposto contra o Acórdão nº 2302003.162, que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/1998 a 30/09/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 150, §4º DO CTN. ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência da norma tributária prevista no art. 150, §4º do CTN. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no §4° do art. 150 do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Súmula CARF nº 99. Encontrase finado pela homologação tácita parte do direito do Fisco de constituir o crédito tributário decorrente dos fatos geradores objeto da presente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PAGA EM DESACORDO COM A LEI. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Os valores auferidos por segurados obrigatórios do RGPS a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário de Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social. Recurso Voluntário Negado Recurso de Ofício Negado Na origem, tratase de impugnação (efls. 209/230) contra o Auto de Infração nº 37.048.1089, lavrado em 05/07/2007, que tem por contribuições previdenciárias destinadas A Seguridade Social, 41 correspondentes A parte da empresa, financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência laborativa decorrentes dos riscos ambientais do Fl. 568DF CARF MF Processo nº 15586.000482/200716 Acórdão n.º 9202005.480 CSRFT2 Fl. 568 3 trabalho, e As destinadas a Outras Entidades e Fundos (Terceiros), incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados, abrangendo o período de 08/1998 a 09/2006, no valor de R$ 2.812.485,70 (dois milhões, oitocentos e doze mil e quatrocentos e oitenta e cinco reais e setenta centavos). O acórdão n° 1320.822 da DRJ julgou procedente em parte o lançamento, por acolher a prejudicial de mérito de decadência arguida, mas com fundamento na súmula vinculante n° 8 do STF, e observada a regra do art. 173, I, do CTN (efls. 346/363). Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (efls. 384/402) arguindo que operou a decadência do direito de lançar contribuições referentes ao período anterior a julho de 2002 na presente NFLD, bem como que, no mérito, restou demonstrada a insubsistência da autuação, uma vez que busca que a empresa pague valores que são devidos, de forma que é cabal e irrefutável a insustentabilidade jurídica da notificação fiscal de lançamento de débito ora questionada, razão pela qual se requer seja reformado o acórdão ora combatido, para que seja a presente notificação fiscal de lançamento de débito declarada nula/anulada. O acórdão n° 230102.809 julgou nula a decisão da DRJ impugnada pelo contribuinte, pois a autoridade julgadora de primeira instância não tem competência para exonerar, do débito, sem recorrer de ofício ao CARF, valores superiores ao estabelecido nos normativos legais que tratam da matéria (efls. 410/415). Diante disso, a DRJ proferiu novo acórdão no qual julgouse procedente em parte a impugnação, mantendose parcialmente o crédito tributário (efls. 425/435). Permanecendo inconformada a contribuinte apresentou novo recurso voluntário às efls. 441/453. Em virtude do valor exonerado houve também a interposição de recurso de ofício. Tanto o recurso de ofício como o recurso voluntário forem improvidos, nos termos do acórdão n° 2302003.162 (efls. 463/490). Contra a referida decisão, a contribuinte interpôs Recurso Especial alegando que o acórdão contrariou precedentes deste Conselho (efls. 498/509), apontando como paradigma os Acórdãos nº 280300.151 e n° 240300.203. Ao final, requer a reforma do julgado para que seja determinada a retroatividade benigna da nova sistemática de multas das contribuições previdenciárias e determinandose, ainda, que a comparação para apuração da penalidade menos severa limitese à multa de mora, afastandose qualquer aplicação e multa de ofício. Em sede de exame de admissibilidade foi dado seguimento ao recurso para ser discutida a aplicação de forma retroativa da nova sistemática de aplicação de multas trazida pela Lei nº 11.941/2009, sendo considerado apenas o acórdão n° 280300.151 como paradigma, na medida em que o acórdão de n° 240300.203 também indicado não teve o inteiro teor juntado, bem como foi reformado pelo acórdão n° 9202003.183 (efls. 549/552). Nas contrarrazões recursais, a Fazenda Nacional requer preliminarmente a rejeição do recurso por entender que não foi a matéria prequestionada, e caso não acolhida a preliminar que seja negado seguimento ao recurso, mantendose o acórdão anterior (efls. 554/565). Fl. 569DF CARF MF 4 É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Na interposição do presente recurso, foram observados os pressupostos gerais de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Com relação à preliminar suscitada pela Fazenda Nacional, entendo que não deve ser acolhida visto que a matéria tanto foi trazida pelo contribuinte no momento oportuno, como foi objeto da decisão recorrida de forma expressa, razão pela qual é cabível a impugnação pelo contribuinte. Assim, superada a preliminar, passo à análise do mérito recursal. A lide tem como objeto a multa a ser aplicada no descumprimento de obrigações principais e obrigações acessórias previdenciárias, cujos fatos geradores ocorreram antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008. Antes de analisar o debate em questão, importante tecer algumas considerações sobre a sistemática da Lei nº 8.212/91 no tocante à penalidade pelo descumprimento das obrigações (principais e acessórias) sob a ótica do princípio da retroatividade benigna. Como se sabe, a MP nº 449/2008 trouxe relevantes alterações na sistemática das multas aplicáveis. Antes de sua entrada em vigor, o descumprimento das obrigações principais era penalizado da seguinte forma: As obrigações declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, eram sancionadas com multa variável entre 8% a 20%, de acordo com o art. 35, I, da Lei nº 8.212/91 (redação anterior à MP nº 449/2008); As obrigações que não tinham sequer sido lançadas em GFIP, cujos lançamentos se deram de ofício pela autoridade fiscal, eram punidas com a multa variável entre 24% a 50%, nos termos do art. 35, II, da mesma Lei. Caso os créditos fossem incluídos em dívida ativa, a multa aplicável era de 60% a 100%, conforme o inciso III. Em que pese ambas as multas serem denominadas de “multa de mora”, os percentuais diferenciavamse pela existência de uma prévia declaração do tributo ou pelo lançamento de ofício. A nova sistemática trazida pela MP nº 449/2008 estabeleceu uma distinção mais visível entre as multas, denominando de multa de mora a multa incidente sobre as obrigações já declaradas em GFIP, mas pagas em atraso, e de multa de ofício as obrigações lançadas de ofício pela autoridade fiscal, objetivando abrandar a multa de mora e aplicar uma penalidade mais severa às obrigações lançadas de ofício. Desta forma, a multa pelo pagamento em atraso das obrigações já declaradas (anteriormente prevista no art. 35, I) passou a ser de 0,33% ao dia, limitada a 20%, nos termos do atual art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, que faz remissão ao art. 61, da Lei nº 9.430/96. Já para as obrigações lançadas de ofício, a multa (antes prevista no art. 35, II) passou a ser fixa, de 75%, nos termos do art. 35A, da mesma Lei, que faz remissão ao art. 44, I, da Lei nº 9.430/96. Fl. 570DF CARF MF Processo nº 15586.000482/200716 Acórdão n.º 9202005.480 CSRFT2 Fl. 569 5 Quanto às obrigações acessórias, o descumprimento das obrigações era penalizado com as multas previstas no art. 32, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei nº 8.212/91. A MP nº 449/2009 revogou os referidos dispositivos, instituindo a multa do art. 32A, da mesma Lei, que é de “R$ 20,00 (vinte reais) para o grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas” e “de 2% ao mês calendário ou fração incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento)”. Como se observa, em determinados pontos a nova sistemática foi mais benéfica ao contribuinte, mas em outros estabeleceu multa mais severa. Assim, para o cálculo das multas incidentes sobre fatos geradores ocorridos antes da entrada em vigor da MP nº 449/2008, mas realizado após 12/2008, devese levar em conta o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, do CTN. Assim, sob a ótica do referido princípio, as multas de fatos geradores ocorridos antes de 03/12/2008, mas aplicadas posteriormente a essa data, devem ser calculadas comparando a legislação anterior com a atual, isto porque a Lei nº 8.212/91 é clara ao estabelecer penalidades distintas para o descumprimento das obrigações principais declaradas e pagas em atraso (multa de mora do art. 35, caput), para as obrigações principais lançadas de ofício (multa de ofício do art. 35A) e para o descumprimento de obrigações acessórias ( multa do art. 32A). Todavia, a Receita Federal vem adotando posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por entender ser a sistemática mais favorável ao contribuinte, em virtude da proibição do bis in idem. Desta forma, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações previdenciárias, o Fisco vem adotando a seguinte sistemática, de acordo com o art. 476A, da Instrução Normativa RFB 971/2009, vejamos: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores:(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Fl. 571DF CARF MF 6 b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Observase, portanto, que ao instituir uma multa única, deixase de estipular qualquer comparação entre os dispositivos anteriores e atuais da Lei nº 8.212/91, considerando se viável a aplicação da multa de ofício de forma generalizada. Em julgados anteriores, vinha adotando o posicionamento de que, em respeito ao art. 106, do CTN, na execução do julgado a autoridade fiscal deverá verificar a situação mais benéfica ao contribuinte a partir da comparação entre as multas anteriormente previstas nos arts. 35, I e II, e 32, com as multas atuais dos arts. 35, caput, 35A e 32A, de acordo com a natureza da infração cometida. Isto porque, entendo que não é possível admitir que a penalidade por descumprimento de obrigação acessória seja estabelecida de uma forma quando aplicada de forma isolada e de forma distinta quando cumulada com multa referente à obrigação principal, pois não há previsão legal nesse sentido. À Receita Federal cabe implementar meios para recalcular os débitos de forma a aplicar a penalidade mais benéfica ao contribuinte, comparando os dispositivos da lei anterior ao atual, e não criar condições prejudiciais aos contribuintes. Ressalvada minha tese sobre a questão, constatase que o meu posicionamento diverge da posição deste colegiado, que em outros julgados tem se manifestado quase à unanimidade, não fosse o voto divergente da ora relatora, no sentido de dar provimento ao recurso especial da Fazenda, razão pela qual modifico o meu posicionamento para me adequar à jurisprudência deste Conselho. Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e no mérito NEGO provimento, para que seja mantido o acórdão recorrido na parte em que determinou a aplicação da multa prevista no art. 35 com redação original da Lei n° 8.212/91, permitindo que a Fazenda Nacional realize a aferição acerca da opção mais benéfica, nos moldes requeridos pela Recorrente, a saber: a soma das duas multas, aplicadas nos Autos de Infração de descumprimento de obrigações principais e acessórias; ou a multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Fl. 572DF CARF MF Processo nº 15586.000482/200716 Acórdão n.º 9202005.480 CSRFT2 Fl. 570 7 Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o Recurso atende a estes requisitos de admissibilidade quanto à matéria admitida. Todavia, quanto ao requisito de préquestionamento, previsto no art. 67, §5o. do Anexo II ao Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015, com a devida vênia ao despacho de admissibilidade de efls. 549 a 552, creio que o referido deva sofrer nova análise. Explico. Entendo, em linha com a Súmula STJ no. 211, baseada na legislação processual vigente à época da interposição do Recurso (CPC/1973), restar o referido requisito cumprido somente quando a questão jurídica (ou, mais propriamente, a categoria jurídica) que se elege como matéria recorrida tenha sido objeto de análise pela decisão recorrida, seja quando da decisão originalmente prolatada, seja, ainda, quando da eventual posterior decisão integrativa proferida em sede de embargos declaratórios, ressalvandose aqui, ainda que não admitidos ou rejeitados, conforme entende a maioria deste Colegiado, a partir da edição do art. 1.025 do novo CPC e de sua aplicação subsidiária ao Processo Administrativo Fiscal. A propósito: REsp 1.390.617/SC RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE, FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO DE VULNERÁVEL, AMEAÇA, COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO E CONTRAVENÇÃO PENAL DE FORNECER BEBIDAS ALCOÓLICAS A MENOR DE IDADE. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA FINS DE PREQUESTIONAMENTO. SUPOSTA VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO CPP. INEXISTÊNCIA. PROVAS OBTIDAS NA FASE INQUISITORIAL, LACRADAS E EXCLUÍDAS EM DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DA RCL 12.484/DF. INSUBSISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A DENÚNCIA E SUBSEQUENTE CONDENAÇÃO DELA DECORRENTE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL RECONHECIDO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO, PREJUDICADAS AS DEMAIS QUESTÕES. Fl. 573DF CARF MF 8 1. Entendese como prequestionada a matéria que foi objeto de análise e decisão do acórdão recorrido, sendo despicienda a referência expressa a dispositivo de lei federal (prequestionamento explícito), bastando que a questão jurídica tenha sido efetivamente decidida na instância a quo (prequestionamento implícito). (...) REsp 1283930/SC PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO RECORRIDA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DO CPC/1973. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211/STJ. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICOPROBATÓRIO DOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. A simples indicação do dispositivo legal tido por violado, sem que o tema tenha sido enfrentado pelo acórdão recorrido, mesmo após a oposição de embargos declaratórios, obsta o conhecimento do recurso especial, por falta de prequestionamento. Incidência da Súmula n. 211/STJ. (grifei) 2. O conhecimento do recurso especial, interposto com fundamento na alínea "c" do permissivo constitucional, exige a indicação do dispositivo legal objeto de interpretação divergente e a demonstração do dissídio, mediante a verificação das circunstâncias que assemelhem ou identifiquem os casos confrontados e a realização do cotejo analítico entre elas, nos moldes exigidos pelos arts. 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ e 541, parágrafo único, do CPC/1973. 3. O recurso especial não comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos, a teor do que dispõe a Súmula n. 7 do STJ. (...)" Súmula STJ 211 Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo. Do teor do Acórdão Recorrido de efls. 463 a 490, verifico que, naquela decisão, em nenhum momento o teor do voto condutorvencedor faz menção à sistemática de aplicação de multas, donde se concluir ter ali se rejeitado a hipótese de se tratar de matéria de ordem pública, visto que também, notese, não constante em qualquer parte do Recurso Voluntário de Contribuinte de efls. 441 a 453. De se notar, por fim, que, uma vez tendo sido o contribuinte cientificado do Acórdão de impugnação em 02/09/13 (efl. 439), muito posteriormente à edição da Medida Provisória no. 449, de 03/12/2008, nenhuma óbice haveria a que tivesse tecido argumentação acerca da matéria em seu Recurso Voluntário, o que, repitase, não foi feito, nem mesmo posteriormente em sede de embargos. Fl. 574DF CARF MF Processo nº 15586.000482/200716 Acórdão n.º 9202005.480 CSRFT2 Fl. 571 9 Tal tese. no sentido de não se tratar a retroatividade de matéria de ordem pública, se alinha perfeitamente com o posicionamento deste Colegiado expresso no âmbito do Acórdão 9.202005.282, de 28/03/2017, verbis: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2003 a 31/05/2006 PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. RETROATIVIDADE BENÉFICA NÃO ALEGADA. Em não tendo sido arguída pelo autuado a necessidade de aplicação de legislação mais benéfica ao contribuinte, superveniente ao lançamento, em sede de penalidade, operouse a preclusão administrativa. Não se está, neste caso, diante de matéria de ordem pública, mas sim, em seara de direitos patrimoniais disponíveis. Assim, uma vez não tendo sido a matéria da retroatividade benigna de multas, propugnada pela Medida Provisória no. 449, de 03 de dezembro de 2008, abordada pelo Recurso Voluntário da autuada, nem pela decisão oriunda da instância a quo e sem que tenha havido a interposição de embargos pela recorrente, não conheço do recurso por se tratar a matéria objeto de recurso em matéria não préquestionada. Conclusão: Diante do exposto, voto por não conhecer do Recurso Especial da Contribuinte, por ausente o requisito do préquestionamento. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 575DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.720665/2014-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
NULIDADE DECISÃO DRJ. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. OCORRÊNCIA.
A Administração possui o dever proceder a ciência de todos os autuados, inclusive do coobrigado, das diligências realizadas. Verificada a ausência de notificação do coobrigado do Termo de Rerratificação, impõe-se em anular os atos processuais praticados a partir desse fato, para que o coobrigado manifeste-se exclusivamente sobre o teor de tal termo, encaminhando-se, a seguir, os autos à DRJ para que profira nova decisão.
Numero da decisão: 1301-002.525
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em anular os atos processuais a partir da decisão de primeira instância, incluindo a própria decisão, determinando que seja dada ciência ao coobrigado do Termo de Rerratificação de fls. 1553-1595, abrindo-lhe prazo de 30 dias para manifestação exclusivamente sobre o teor de tal termo, encaminhando-se, a seguir, os autos à DRJ para que profira nova decisão.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild. e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 NULIDADE DECISÃO DRJ. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. OCORRÊNCIA. A Administração possui o dever proceder a ciência de todos os autuados, inclusive do coobrigado, das diligências realizadas. Verificada a ausência de notificação do coobrigado do Termo de Rerratificação, impõese em anular os atos processuais praticados a partir desse fato, para que o coobrigado manifestese exclusivamente sobre o teor de tal termo, encaminhandose, a seguir, os autos à DRJ para que profira nova decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em anular os atos processuais a partir da decisão de primeira instância, incluindo a própria decisão, determinando que seja dada ciência ao coobrigado do Termo de Rerratificação de fls. 1553 1595, abrindolhe prazo de 30 dias para manifestação exclusivamente sobre o teor de tal termo, encaminhandose, a seguir, os autos à DRJ para que profira nova decisão. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 06 65 /2 01 4- 75 Fl. 2166DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.167 2 Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild. e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Tratase de Recurso de Ofício e Voluntário contra o acórdão nº 1461.224, proferido pela 3ª Turma da DRJ/RPO, na sessão de 09 de junho de 2016, que, por unanimidade de votos, entendeu julgar procedente em parte a impugnação para: 1) manter o IRPJ no valor de R$ 6.921.663,83, a CSLL no valor de R$ 1.882.627,88, o PIS no valor de R$ 241.940,02 e a Cofins no valor de R$ 1.204.592,47. 2) Manter a multa de ofício de 225% sobre os tributos calculados com base nas receitas omitidas, conforme demonstrativo no voto; 3) Reduzir a multa de ofício para 112,5% a ser exigida sobre os tributos calculados com base nas receitas declaradas, conforme demonstrativo no voto; 4) Manter a responsabilidade solidária atribuída ao sócio administrador Wagner Martins. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela empresa acima citada, foi constatada, no anocalendário (AC) de 2009, omissão de receita da atividade caracterizada pela falta de emissão de notas fiscais de serviços prestados. Foi arbitrado o lucro com fundamento no art. 530, II e III do RIR/1999, tendo em vista a falta de apresentação da documentação solicitada para a verificação da real receita de serviços havida, mormente as notas fiscais, assim como a constatação de que os valores de receita declarados na DIPJ e na contabilidade revelavam evidentes indícios de sonegação que a tornavam imprestável para determinar o lucro real, uma vez que englobavam apenas parte da receita. O crédito tributário exigido neste processo está composto dos seguintes montantes: O enquadramento legal para o lançamento dos tributos encontrase descrito nos autos de infração. Consta no processo que a contribuinte apresentou DIPJ/2010 tendo como forma de tributação o lucro real anual. Fl. 2167DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.168 3 A contribuinte apresentou Receita de Prestação de Serviços no Mercado Interno de R$ 56.990.981,35 na linha 05 da Ficha 06 A (Demonstração do Resultado PJ em Geral) da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ 2010, referente ao anocalendário 2009, relativa à prestação de serviços para tomadores. Com relação ao mesmo ano calendário de 2009, segundo apurado com base nas Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte Dirf de terceiros apresentadas à Receita Federal do Brasil por empresas tomadoras de seus serviços, nas quais a contribuinte aparece como beneficiária, verificouse que estas declararam pagamentos em montante bastante superior às receitas informadas pelo contribuinte na DIPJ, ou seja, R$ 75.000.000,00. Foi intimada e reintimada a apresentar os livros Diário, Razão, plano de contas, arquivos digitais contendo dados da DIPJ, Dirf, Gfip e da contabilidade, o comprovante anual de retenção fornecido pelos tomadores de serviços, e apresentou apenas a DIPJ/2010, a última alteração contratual e um CD contendo uma planilha na qual constavam apenas a relação das notas fiscais emitidas em 2009, seu valor e o valor da retenção de 11%, sem qualquer indicação da data de emissão, do tomador e do serviço prestado. Diante do fato de a contribuinte não haver apresentado qualquer outro documento, a fiscalização procedeu à coleta e análise das informações existentes sobre a mesma nos arquivos da Receita Federal do Brasil (RFB), especificamente nas Dirf de terceiros, na contabilidade constante no Sped, nas Dacon, DCTF, nas GPS, bem assim nas Gfip enviadas. Analisando as informações constantes em tais documentos, verificouse que o montante das notas fiscais apresentadas por meio do CD conferia com os dados das receitas informadas na DIPJ, na contabilidade e nas Dacon, mas divergia das informações constantes em Dirf de terceiros e nas Gfip. Especificamente nas Dirf constavam ao menos 450 tomadores de serviços, enquanto que na DIPJ foram relacionados 380 tomadores na ficha 57. Essa divergência assumia maiores dimensões, uma vez que se constatou que boa parte dos tomadores relacionados na DIPJ e considerados nas Dacon e na contabilidade se referia a serviços prestados para vários estabelecimentos do mesmo tomador ou relativos a serviços com valor inferior a R$ 5.000,00, os quais não constavam nas Dirf. O número de tomadores informados nas Dirf e omitidos na DIPJ era superior a cem. Havia também inúmeras divergências, entre os valores de receita informados na DIPJ como recebidos pela contribuinte de um tomador com os informados pelo tomador como pagos para a contribuinte nas Dirf de terceiros. Por outro lado, por meio da análise das GFIP apresentadas, verificouse que a contribuinte informara nas mesmas a prestação de serviços para inúmeros tomadores que omitira na DIPJ. Ressaltese que as informações constantes nas GFIP mensais relativas a esses tomadores para os quais não tinham sido informadas receitas na DIPJ, eram, na maioria das vezes, compatíveis com as informadas mensalmente nas respectivas Dirf de terceiros. Por fim, quanto aos registros contábeis constantes no SPED, verificouse que a contribuinte lançava o montante da receita de serviços em um único lançamento mensal na conta 3.1.1.02.0000, sem discriminar as datas, os tomadores ou os serviços envolvidos, o que dificultava a análise por tomador ou comparativa com Fl. 2168DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.169 4 outras fontes de dados. Por outro lado, não discriminava em qualquer conta da contabilidade os valores das retenções de 11% incidentes sobre as notas fiscais de serviços emitidas. Em 06/11/2013, a contribuinte foi intimada por meio de Termo de Intimação Fiscal nº 01, enviado pelo correio por meio de AR recebido em 08/11/2013, a apresentar no prazo de 10 (dez) dias corridos os arquivos digitais de Entrada e de Saída de Mercadorias; Cópia das Notas Fiscais de Serviços emitidas para todos os tomadores nos meses de fevereiro/2009, de julho/2009 e de dezembro/2009; a Memória, de cálculo das compensações efetuadas nas GPS e relacionadas nas GFIP; os Comprovantes anuais de retenção fornecidos pelos tomadores; Cópia dos pedidos ou de ações judiciais impetrados pela empresa para compensação de débitos tributários; e a Relação de imóveis e de veículos integrantes do Ativo Imobilizado. A contribuinte não atendeu à intimação, nem prestou qualquer esclarecimento e, sendo reintimada, apresentou apenas um novo CD contendo a mesma relação de notas fiscais que apresentara anteriormente. A fiscalização, então, enviou ofício para a Prefeitura de São Paulo, solicitando os arquivos de notas fiscais emitidas pela contribuinte no ano de 2009 e obteve relação contendo informações das notas fiscais. Constatou o fisco que tal relação apresentada pela prefeitura continha as mesmas notas fiscais informadas pela contribuinte, isto é, omitia as notas fiscais emitidas para mais de 100 tomadores para os quais constavam dados nas Gfip e nas Dirf. Diante desse fato, foi feita circularização junto aos tomadores de serviços com o objetivo de confirmar os dados coletados e arbitrar as bases de cálculo. Dos aproximadamente 200 (duzentos) tomadores para os quais havia divergência entre as informações constantes na DIPJ em confronto com as das Dirf e/ou das GFIP, em 15/02/2014 foi selecionada uma amostra de 55 (cinquenta e cinco) tomadores para os quais foram solicitadas através de intimação fiscal, cópias das NF recebidas do contribuinte com relação a competências de ano de 2009, dos comprovantes de pagamentos efetuados e das GPS recolhidas por conta das retenções, dos quais 47 (quarenta e sete) responderam. Salientese que para a amostra ser representativa, na seleção consideraramse questões tais como o tipo de atividade exercida e a localização do tomador, o valor do serviço e/ou da retenção de 11% informada, o fato de não constarem informações na DIPJ ou de haver grande divergência entre os valores desta com os da Dirf de terceiros informada, bem como constar informação de prestação de serviço nas Gfip e não na DIPJ. Fruto da análise da informações recebidas dos tomadores de serviços em confronto com as informações existentes, concluiuse inicialmente que as receitas mensais informadas nas Dirf representavam a realidade, uma vez que, em 46 dos 47 tomadores que atenderam à intimação, os valores mensais informados na Dirf foram confirmados. No outro, o valor dos serviços prestados era superior ao informado na Dirf, uma vez que nesta última o tomador não havia considerado uma nota fiscal. Por outro lado constatouse que a relação de notas fiscais informada pela contribuinte à Receita Federal do Brasil e à Prefeitura Municipal de São Paulo, se referia apenas às notas fiscais eletrônicas emitidas. Uma infinidade de outras notas fiscais, ditas manuais, haviam sido emitidas pela contribuinte para inúmeros tomadores de serviços e não consideradas na contabilidade, nas Dacon e na DIPJ apresentadas, o que configura omissão de receita. Fl. 2169DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.170 5 Posteriormente, em 07/05/2014, foi lavrado Termo de Constatação e Intimação Fiscal enviado pelo correio através de AR recebido em 08/05/2014, no qual eram apresentadas para contestação da contribuinte as diferenças encontradas entre os valores informados como pagos pelos tomadores nas Dirf de terceiros e os informados como recebidos pela contribuinte na DIPJ AC 2009, assim como os valores de retenção e compensação informados. Através desse Termo, mais uma vez se intimava a contribuinte a apresentar as cópias das notas fiscais que não haviam sido informadas por ela anteriormente, a documentação comprobatória das retenções declaradas, a memória de cálculo das compensações efetuadas e a relação dos bens integrantes do Ativo Imobilizado, bem como a esclarecer a razão de ter omitido na DIPJ/2010 as receitas auferidas pela prestação de serviços para inúmeros tomadores. No Termo também se alertava a contribuinte de que o prazo concedido de 20 dias corridos da data do recebimento para atendimento seria improrrogável, bem como que na eventualidade da não prestação de informações seriam efetuados lançamentos de ofício com a multa agravada. Foi feito o lançamento de ofício dessas diferenças apuradas como receitas omitidas, sendo arbitrado o lucro com base nessas receitas e naquelas declaradas pela contribuinte, com fundamento no art. 530, II e III, do RIR/1999, tendo em vista a falta de apresentação da documentação solicitada para a verificação da real receita de serviços havida, mormente as notas fiscais, assim como a constatação de que os valores de receita declarados na DIPJ e na contabilidade revelavam evidentes indícios de sonegação que a tornavam imprestável para determinar o lucro real, uma vez que englobavam apenas parte da receita. Foi aplicada a multa de 225% pela falta de apresentação de esclarecimentos, livros e documentos e de escrituração de parte das receitas auferidas no ano calendário. Foi atribuída responsabilidade solidária ao sócio e administrador da contribuinte Wagner Martins, com fundamento nos arts. 124, I, e 135 do CTN. Sendo notificada da autuação, a contribuinte representada pelo procurador Roberto Trevisan, ingressou com a impugnação de fls. 1260 a 1297, na qual alegou: - Tratase de auto de infração lavrado ao fundamento de que a Impugnante deixou de apresentar os LIVROS E DOCUMENTOS DA SUA ESCRITURAÇÃO solicitados pela autoridade tributária, o que teria, em tese, impossibilitado a verificação dos lançamentos contábeis para apuração do LUCRO REAL no ano calendário de 2009. O arbitramento; do IRPJ e apuração reflexa da CSLL, da COFINS e do PIS foi realizado em sua grande maioria, sobre as receitas que foram declaradas ao longo do ano de 2009 via DIPJ, Dacon e Sped, os quais foram tempestiva e regularmente entregues pela Impugnante (receita declarada de R$ 56.990.981,35), dados extraídos da linha 05 da Ficha 06A DIPJ, conforme citado pelo nobre auditor no item 3 Cruzamento de Informações" do presente auto de infração. Ocorre que, além do arbitramento sobre as receitas declaradas, a autoridade tributária ainda presumiu a ocorrência de uma suposta omissão de receitas (suposta omissão no valor de R$ 21.507.927,41), resultante da diferença entre os valores declarados pela impugnante em DIPJ e Dacon e as informações utilizadas e Fl. 2170DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.171 6 VALIDADAS POR AMOSTRAGEM pelo auditor, partindo dos valores listados na base 1708 IRRF da Dirf. Ressaltamos que o próprio auditor, ao descrever a metodologia do seu trabalho, menciona haver 200 (duzentos) tomadores de serviços com informações divergentes (DIPJ x Dirf). Nesse sentido, o presente auto de infração teve por base a circularização (seleção por amostragem) de 55 destes tomadores de serviços, o que representa um universo correspondente a 27,50% do total de supostos clientes com diferenças de valores informados. Prosseguindo nesse mesmo raciocínio, os tomadores de serviços circularizados se abstiveram de atender ao Termo de Intimação. Sendo assim, apenas 23,50% das supostas divergências foram confirmadas pelo auditor, equivalente a 47 (quarenta e sete) tomadores de serviços que responderam positivamente no processo de circularização. Podemos verificar que o presente auto de infração, embora tenha apurado e constituído os créditos fazendários pela sua integralidade, apresentou a confirmação e validação de apenas 23,50% das supostas divergências apontadas pela Dirf. Desta forma, a possibilidade de o auditor ter incorrido em erro, dada a expressiva margem de informações não confirmadas nos demais tomadores de serviços (um universo superior a 153 clientes, correspondente a 76,50% do total mencionado pelo próprio auditor). Também se infere da análise do Auto de Infração que a autoridade tributária não considerou o valor das retenções de IRRF, CSLL, PIS e COFINS e, ainda, aplicou multa de ofício no percentual de 150%, agravada em 50%, sobre o crédito tributário constituído (multa total agravada para 225%). Não satisfeita, a autoridade tributária ainda finalizou a ação fiscal com a responsabilização solidária do sócio e administrador da empresa Impugnante, bem como arrolamento dos bens de ambos os responsáveis nomeados (Impugnante; sócio administrador). - Ocorreu a decadência para constituição dos créditos tributários referentes aos fatos geradores compreendidos entre janeiro/2009 a maio/2009. O prazo decadencial deve ser contado conforme o previsto no art. 150, § 4º do CTN, uma vez que o arbitramento foi feito com base nas receitas declaradas em DIPJ, Dacon, DCTF e na contabilidade, não podendo se falar em dolo, fraude. Mesmo sobre a receita omitida o prazo decadencial deve ser contado da ocorrência do fato gerador, uma vez que não houve comprovação da ocorrência do dolo e houve pagamento antecipado declarado via DCTF. - NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO EM VIRTUDE DE ERRO NA CONSTRUÇÃO DO LANÇAMENTO EM VIRTUDE DA OPÇÃO POR REGIME DE APURAÇÃO DIVERSO DAQUELE AO QUAL ESTAVA SUBMETIDA A IMPUGNANTE. O fisco utilizou para calcular o IRPJ a forma de apuração trimestral, enquanto a contribuinte fez a opção pelo regime de tributação do lucro real anual. Esse fato ofende o disposto na Lei nº 9.249, de 1995, art. 24 e o RIR, de 1999, art.288, e agravou o lançamento do crédito tributário. Nem se alegue que o fisco não teria como apurar o lucro anual, haja vista que o próprio agente fiscal expressamente Fl. 2171DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.172 7 afirma que o arbitramento dos lucros foi feito com base no Dacon, DIPJ, Sped e contabilidade da empresa. No auto de infração, os fatos geradores foram discriminados mensalmente, conforme se vê no Anexo 9. O fisco fez a apuração trimestral, baseandose na soma das receitas mensais, ou seja, poderia e deveria ter apurado o IRPJ e CSLL pelo regime anual de tributação. Além de não respeitar os ditames da Lei nº 9.249/95 e Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/99), a fiscalização desrespeitou a regra disposta no artigo 142, do CTN. - A exigência da multa de 150% sobre as receitas declaradas é improcedente: Embora o argumento do fisco autorize a aplicação da multa qualificada somente sobre a receita omitida, referida multa também foi aplicada equivocadamente sobre a receita declarada. - Nulidade do agravamento da multa (art. 957, II, do RIR/1999) sobre as receitas omitidas: o fisco concluiu que a soma dos valores das notas fiscais informadas pelas prefeituras era maior que os valores declarados pela contribuinte e lavrou o auto de infração sem intimar a fiscalizada a explicar as diferenças constatadas. O autuante não quantificou a sonegação, uma vez que não apontou quais as notas fiscais específicas teriam sido não declaradas, sendo imprescindível a intimação formal para que a empresa pudesse demonstrar a incorreção dos valores apontados (cinqüenta por cento). - Nulidade do lançamento do PIS e Cofins: o fisco tributou novamente as receitas já declaradas e constituídas, em DCTF, pela contribuinte a título de PIS e Cofins, o que constitui bis in idem. Essa conduta violou os arts. 145, §§ 1º e 2º, 154, I, 150, IV, da Constituição Federal (CF), e o CTN, arts. 150, § 4º, e 174. - NULIDADE DA AUTUAÇÃO EM VIRTUDE DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO, AMPLA DEFESA, DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DA LEGALIDADE. O auto de infração tomou como base suposta omissão de receita encontrada através do confronto entre DIPJ, Dacon, Sped, GFIP e etc. e os valores declarados pelos tomadores de serviços (via Dirf). Segundo o auditor foi constatada divergência em aproximadamente 200 (duzentos) tomadores de serviços, dos quais selecionou, por amostragem 55, onde apenas 47 responderam sua solicitação. Com base nas informações fornecidas pelos tomadores (47), o auditor entendeu que os valores informados via Dirf estavam corretos e que 100% das supostas diferenças deveriam ser lançadas como receitas omitidas. Tal fato enseja nulidade integral do auto de infração, tendo em vista que a fiscalização não disponibilizou as Dirf que foram utilizadas como base para constatar a suposta omissão de receita, bem como não apontou a legislação que lhe permitiu utilizar o montante presumido por amostragem, em total ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, bem como da legalidade, todos insculpidos no artigo 5º, II, LV, da Constituição Federal, bem como artigo 97, do CTN. Fl. 2172DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.173 8 A Impugnante tem o direito de verificar e confrontar os valores informados por todos os tomadores através da Dirf, uma vez que não é obrigada a se conformar com os valores digitados pela fiscalização através de planilhas e etc. Como se não bastasse não ter disponibilizado as Dirf tomadas como base para montar a suposta omissão de receita, a fiscalização também só analisou 23,5% das supostas divergências apontadas, pois dos 200 tomadores de serviços apontados apenas 47 foram verificados. Também não é possível entender que 100% das divergências apontadas estão corretas, uma vez que foram analisadas somente 23,5% da totalidade. Entretanto, se essa amostragem for considerada válida pelos julgadores, os valores apurados somente podem ser exigidos com aplicação da multa de ofício não qualificada (75%) e ainda a ser submetida a explicação pelo contribuinte. E ainda, na hipótese da autuação ser mantida, a suposta omissão de receita deve ser reduzida ao valor supostamente confirmado pela fiscalização (23,5%), pois o restante é mera conjectura. - IMPROCEDÊNCIA DO ARBITRAMENTO DOS LUCROS COM BASE NO INCISO III DO ARTIGO 530 DO RIR/99. É necessário esclarecer que inexistiu a suposta recusa da Impugnante em entregar os documentos solicitados pela fiscalização. Entregou, embora parcialmente, os documentos solicitados pela fiscalização, conforme reconheceu o próprio auditor e, quando não era possível atender a intimação por completo e de forma satisfatória, a impugnante formulava pedido de dilação de prazo para que pudesse reunir o restante dos documentos solicitados, conforme se infere dos pedidos de dilações protocolados e deferidos, inclusive pelo fato dos arquivos estarem sob guarda de empresa terceirizada (DOC. 05). Posto isto, considerando a grande quantidade de empregados e notas emitidas mensalmente, a Impugnante precisava de prazo razoável para que fosse possível reunir todas as informações solicitadas pelo agente fiscal (a confirmação das retenções declaradas demanda a reunião de todas as notas emitidas ao longo do ano de 2009, o que comprova a dificuldade para se atender rapidamente esta solicitação, quer em razão, da quantidade de anos passados que estes documentos foram emitidos, quer em razão do volume de documentos). De outro lado, NÃO É TOTALMENTE VERDADEIRA A PREMISSA DE QUE A NÃO APRESENTAÇÃO DE NOTAS FISCAIS E FOLHAS DE PAGAMENTO IMPEDIU A CORRETA APURAÇÃO DO LUCRO REAL (AS FOLHAS DE PAGAMENTO JÁ HAVIAM SIDO ENTREGUES ELETRONICAMENTE JUNTAMENTE COM A RELAÇÃO DE NOTAS FISCAIS E DEMAIS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS DIPJ, DACON, DCTF E SPED CONTÁBIL). O agente fiscal tinha em suas mãos toda documentação suficiente para confirmar o lucro declarado pela Impugnante. Por esta razão, não há como aceitar que o arbitramento dos lucros tenha ocorrido com base na redação disposta no inciso III do artigo 530 do RIR//99. Os documentos já estavam em posse do agente fiscal. Tanto é assim que ele afirma que o arbitramento dos lucros foi realizado com base na Dacon, DIPJ, Sped Fl. 2173DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.174 9 (arquivos digitais da Contabilidade) da empresa, os quais, na prática, não foram desconsiderados. Desta forma, desde logo, fica evidente o desconhecimento do Auditor das normas tributárias vigentes, que apontamos ao longo desta Impugnação Administrativa. Nesse contexto, rogamos sua atenção para os erros básicos cometidos pelo agente fiscal, que certamente serão retificados pela douta equipe revisora a que nos recorremos. Especificamente no que se refere ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) vale lembrar que ele consiste em instrumento que unificou as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração CONTÁBIL e FISCAL da pessoa jurídica. Dessa forma, não é licito o arbitramento dos lucros tal qual realizado pela autoridade tributária, sem nem ao menos ter apresentado e comprovado integralmente todos os elementos que possam configurar a imprestabilidade da contabilidade da Impugnante. Além do inciso III do artigo 530 do RIR/99 não se aplicar à hipótese destes autos (já que o próprio agente fiscal confirma que teve acesso aos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal através do Sped e demais documentos entregues ou baixados diretamente), não houve, em momento algum, a demonstração de que a contabilidade da Impugnante era imprestável. - IMPROCEDÊNCIA DA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Não houve comprovação de ação dolosa para a qualificação da multa, que se deu exclusivamente em virtude de ter sido constatada omissão de receitas. Tais receitas omitidas foram obtidas por meio de relação de notas fiscais emitidas pela própria impugnante, o que comprova que não há prova de dolo. Não houve, em momento algum, qualquer tentativa do agente fiscal de comprovar uma ação ou omissão com evidente intuito doloso no que se refere à conduta atribuída à Impugnante já que a qualificação damulta se deu exclusivamente, em virtude de ter sido constatada uma suposta omissão de receitas presumida. - ILEGALIDADE DO AGRAVAMENTO DA MULTA DE 150% PARA 225%. a falta de apresentação de livros e documentos foi utilizada como fundamento para o arbitramento do lucro e para o agravamento da multa de ofício, o que é ilegal. - As multas aplicadas são desproporcionais, excessivas e confiscatórias. - A fiscalização efetuou o lançamento de ofício dos valores supostamente pagos pelos tomadores de serviços, porém, deixou de abater os valores recolhidos a favor da Impugnante via DARF. De acordo com o art. 36 da Lei nº 10.833, de 2003, devem ser abatidas dos valores lançados de ofício as quantias retidas nas notas fiscais de prestação de serviços. - Impossibilidade de manutenção do Termo de Arrolamento. No caso de provimento da presente impugnação, o arrolamento deve ser revisto. Wagner Martins apontado pela fiscalização como responsável tributário apresentou a impugnação de fls.1213 a 1235, na qual alega: Fl. 2174DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.175 10 - Nulidade do termo de sujeição passiva solidária formalizado sem a instauração de mandado de procedimento fiscal (MPF). Segundo os arts. 2º e 3º da Portaria RFB nº 3.014/2011, todo ato ou procedimento deve ser precedido de MPF. - A atribuição de responsabilidade foi fundamentada nos arts. 121, § único, 124, II, 128, I, e 135, III, todos do CTN. Ocorre que o art. 135, III, do CTN, ao afirmar que são pessoalmente responsáveis, determina que a pessoa jurídica fica desobrigada, o que tem o mesmo sentido empregado no art. 137 daquele código. - A redação do art. 135 revela que a norma foi criada para aplicação privativa nos casos em que os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado agem de forma contrária aos interesses da sociedade (e a sua revelia) e desta atitude surge uma obrigação tributária, acarretando a responsabilidade exclusiva do sócio administrador. Tratase de responsabilidade pessoal e não responsabilidade solidária, devendo os bens do impugnante serem exonerados. - A fiscalização deve comprovar a infração à lei ou estatuto, o que não ocorreu no presente processo. - Impossibilidade de imputação de sujeição passiva solidária sem a comprovação de dolo específico ou infração à lei. Não há provas de que o impugnante agiu com dolo, tendo em vista que emitiu notas fiscais, mas o setor contábil incorreu em erro e não repassou tais informações para a DIPJ. Independentemente desse erro contábil, os valores glosados inclusive os centavos, tomaram como base as informações das notas fiscais devidamente emitidas pela Empresa Brasileira de Serviços Gerais para DIPJ, fato que descaracteriza qualquer intuito doloso ou infração à lei. - Se não há provas de que tenha praticado dolosamente infração à lei, não há possibilidade de ser responsabilizado solidariamente por supostos débitos da empresa. - Impossibilidade de formalização de termo de sujeição passiva do sócio, em face de incompetência do auditor fiscal. A formalização do referido termo fere o princípio da legalidade (art. 5º, II, e 150, I, da Constituição Federal – CF). Entende o Impugnante que a competência para imputar solidariedade é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos da Lei nº 6.830/80: - Inexistência de crédito definitivamente constituído para que pudesse impor aplicação dos arts. 124 e 135 do CTN. Somente poderá ser formalizado o termo de sujeição passiva solidária depois da decisão final administrativa comprovando cabalmente a infração à lei e, se eventualmente o sujeito passivo não honrar com os supostos débitos imputados. O termo de sujeição passiva é medida excepcional, que não pode ser decretada com apoio exclusivo em supostos débitos da pessoa jurídica, até porque a insuficiência de bens necessários à satisfação das dívidas contraídas consiste, a rigor, em pressuposto para a decretação da falência e desconsideração da personalidade jurídica, o que não ocorreu. - Há necessidade de desconsideração da personalidade jurídica para imputar sujeição passiva solidária e, consequentemente, termo de arrolamento de bens para o Fl. 2175DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.176 11 Impugnante pela total inexistência de solidariedade, prova de dolo especifico ou infração a lei, previsão legal, por ausência do crédito tributário definitivamente constituído e desconsideração da personalidade jurídica devendo tal ato ser cancelado, tendo em vista que restou comprovada sua completa nulidade. Não existem os requisitos constantes do art. 50 do Código Civil, quais sejam: a) abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade; b) confusão patrimonial, aptos a ensejar o redirecionamento do pleito executivo. Diante das alegações apresentadas na impugnação, o processo foi encaminhado para diligência, conforme Resolução de fls.1540 a 1544. Como resultado da diligência efetuada, foram anexados ao processo os documentos de fls. 1551 a 1864, dentre os quais o Termo de Verificação Fiscal Rerratificado, tendo sido apresentada nova impugnação de fls.1868 a 1905. Nela a contribuinte ratificou as alegações já apresentadas e acrescentou as que seguem: - Nos termos do art. 150, § 4º do CTN, ocorreu a decadência do direito de constituir o crédito tributário relativo aos fatos geradores ocorridos no período de janeiro a dezembro de 2009, uma vez que se trata de lançamento complementar, em que houve o pagamento antecipado declarado via DCTF e não houve a comprovação do intuito doloso por parte da impugnante. - Operouse a decadência para constituição de crédito de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS no que se refere aos fatos geradores compreendidos entre janeiro a dezembro de 2009, tendo em vista que o prazo decadencial contase da data em que a impugnante foi intimada do auto de infração rerratificado (01/09/2015). - De acordo com o relatório da diligência, mais especificamente no item 3 (cruzamento das informações), que inclusive é idêntico ao item 3 do Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização informa claramente que os documentos utilizados para comprovar o suposto ilícito aqui debatido foram as Dirf dos tomadores de serviços. Ocorre que, de acordo com o artigo 9º do Decreto n.9 70.235/72, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, o auto de infração deve estar instruído com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. No mesmo sentido, o artigo 25 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União, no Capítulo V (DAS PROVAS), determina que o auto de infração deve estar instruído com prova indispensável à comprovação do ilícito. Ora, se o único documento utilizado (Dirf dos tomadores) para comprovar o suposto ilícito aqui debatido (omissão de receitas) não foi carreado quando da imposição do auto de infração, a juntada posterior não é permitida, fato que impõe a nulidade integral do auto de infração, nos termos do artigo 53, da Lei n.a 9.784, de 29 de janeiro de 1999. - De acordo com a legislação, o agente fiscal é obrigado a efetivar o lançamento de acordo com o regime de tributação ao qual o contribuinte estava submetido no período de apuração lançado. Entretanto, podemos verificar que o "Demonstrativo de Apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica Lucro Arbitrado", parte integrante do presente AIIM ora impugnado, revela que a forma de tributação utilizada pela autoridade tributária para calcular o IRPJ foi a apuração TRIMESTRAL (p. ex: "Período de Apuração do Fl. 2176DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.177 12 Tributo: 01/01/2009 a 31/03/2009"), enquanto que a Impugnante fez a opção pelo regime de tributação do Lucro Real ANUAL, conforme DIPJ entregue eletronicamente (DOC. 04). Ou seja, no período fiscalizado a Impugnante era tributada com base no lucro real ANUAL. No entanto, a construção do lançamento foi realizada pelo REGIME DE APURAÇÃO TRIMESTRAL e, portanto, diverso DO REGIME ANUAL ao qual a Impugnante estava sujeita no período fiscalizado. Ao proceder da maneira acima relatada, a autoridade tributária eivou de nulidade o AIIM impugnado haja vista que a fiscalização não respeitou o regime de apuração ao qual a Impugnante estava submetido na época do período fiscalizado (jan/09 a dez/09). - Nulidade da multa de ofício e respectivo agravamento aplicado sobre receitas declaradas. Foi aplicada a multa de ofício de 225% sobre a somatória das receitas declaradas com as receitas presumidamente omitidas. Entretanto, o fundamento adotado no auto de infração para a aplicação da referida multa somente possibilita a sua incidência sobre as receitas presumidamente omitidas. - Nulidade do lançamento do PIS e Cofins (bis in idem). De igual maneira como procedeu com relação ao cálculo da multa de ofício, o agente fiscal equivocadamente entendeu por realizar lançamento reflexo para as contribuições ao PIS e COFINS sobre a totalidade das receitas apuradas, inclusive àquelas que já haviam sido declaradas pela impugnante. Portanto, está gritantemente configurada a nulidade do lançamento na forma que foi realizada pelo agente fiscal, que simplesmente não observou que o crédito sobre as receitas declaradas já havia sido constituído pelo próprio contribuinte, mediante entrega tempestiva da respectiva DCTF. A conduta praticada viola frontalmente a redação disposta no artigo 150, § 42 e artigo 174 do Código Tributário Nacional, bem como a redação disposta nos artigos 145, §§ lº e 2º, 154, I e 150, IV da Constituição Federal, por se tratar o bis in idem de fenômeno com presunção absoluta de cobrança de tributo com efeito de confisco e que viola o princípio constitucional da capacidade contributiva. Em vista do acima exposto, resta comprovado que o lançamento de PIS e COFINS possui nulidade manifesta insanável que enseja a anulação do auto de infração neste tocante já que o lançamento do crédito foi construído de maneira indevida pela autoridade tributária. - Nulidade do auto de infração, tendo em vista que a fiscalização não disponibilizou as Dirf que utilizou para constatar a suposta omissão de receita, bem como não apontou a legislação que lhe permite utilizar o montante presumido por amostragem, em total ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, bem como da legalidade, todos insculpidos no art. 5º, II, LV, da Constituição Federal, bem como art. 97, do CTN. Como se não bastasse não ter disponibilizado as Dirf as quais tomou como base para montar a suposta omissão de receita, a fiscalização também só analisou Fl. 2177DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.178 13 23,5% das supostas divergências apontadas, pois dos 200 tomadores de serviços apontados, apenas 47 foram verificados. Logo, também não é possível entender que 100% das divergências apontadas estão corretas, uma vez que foram analisadas somente 23,5% da totalidade. Nem se alegue que as Dirf foram carreadas em momento posterior, pois segundo artigo 9º do Decreto 70.235/72, os documentos que comprovam o suposto ilícito devem ser carreados na data da formalização do auto de infração em debate. E ainda que assim não fosse, não existe legislação que possibilite a fiscalização utilizar o montante presumido por amostragem, tudo em total ofensa ao princípio constitucional da legalidade. - Improcedência do arbitramento do lucro com base no inciso III, do art. 530 do RIR/1999. Inexistiu recusa para entregar dos documentos solicitados, os quais estavam sendo providenciados. Isto justifica as dilações de prazo que foram requeridas. Nesse sentido, analisando o primeiro pedido de dilação, a Impugnante já informava que os documentos estavam na posse de empresa terceirizada e que teria dificuldade em obtêlos, pois a quantidade de documentos solicitados pela fiscalização era muito grande (DOC. 06). De outro lado, NÃO É TOTALMENTE VERDADEIRA A PREMISSA ADOTADA NO AIIM PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO, QUANDO SE ALEGA QUE A NÃO APRESENTAÇÃO DE NOTAS FISCAIS E FOLHAS DE PAGAMENTO IMPEDIU A CORRETA APURAÇÃO DO LUCRO REAL (AS FOLHAS DE PAGAMENTO JÁ HAVIAM SIDO ENTREGUES ELETRONICAMENTE, JUNTAMENTE COM A RELAÇÃO DE NOTAS FISCAIS E DEMAIS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS (DIPJ, DACON, DCTF E SPED CONTÁBIL). O agente fiscal detinha em suas mãos toda documentação suficiente para confirmar o lucro declarado pela Impugnante. Por esta razão, não há como aceitar que o arbitramento dos lucros tenha ocorrido com base na redação disposta no inciso III do artigo 530 do RIR/1999. Os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal já estavam em posse do agente fiscal. Tanto é assim que o mesmo afirma no auto de infração impugnado que o arbitramento dos lucros foi realizado com base na DACON, DIPJ, SPED (arquivos digitais da Contabilidade) da empresa, os quais, na prática, não foram desconsiderados. Especificamente no que se refere ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), vale lembrar que este consiste em Instrumento que unificou as atividades de recepção, validação, armazenamento e autenticação de LIVROS e documentos que integram a escrituração CONTÁBIL e FISCAL da pessoa jurídica. Isto posto, não se revela lícito o arbitramento dos lucros tal qual realizado pela autoridade tributária, sem nem ao menos ter apresentado e comprovada integralmente todos os elementos que possam configurara imprestabilidade da contabilidade da Impugnante. Logo, estamos diante de situação em que é manifesta a improcedência e nulidade do auto de infração impugnado. Fl. 2178DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.179 14 - Improcedência da aplicação da multa de ofício qualificada. Na hipótese dos autos, não há qualquer indício de que as receitas presumidamente omitidas tenham deixado de serem declaradas em decorrência de uma ação ou omissão que tenha sido praticada dolosamente pela Impugnante. Pelo contrário, as receitas presumidamente omitidas e incorretamente apuradas, como vimos, foram obtidas através da relação de notas fiscais emitidas pelo próprio Impugnante, o que comprova que não há, na hipótese dos autos, nenhuma evidência de que o mesmo tenha agido com dolo. - Ilegalidade do agravamento da multa de 150% para 225%. Depreendese da leitura do auto de infração impugnado, que a multa de ofício de 150% foi agravada pelo agente fiscal para 225% ao fundamento de que a Impugnante não teria prestado os esclarecimentos solicitados pela autoridade tributária. Ocorre que, ainda que seja admitido que a Impugnante não apresentou os documentos exigidos pela autoridade tributária, o que se admite apenas a título de argumentação, ainda assim não seria possível, com base neste fato, agravar a multa de ofício aplicada em 150%. Isto porque a suposta falta de apresentação de livros e documentos à autoridade tributária foi utilizada como fundamento para arbitramento dos lucros auferidos pela Impugnante no ano calendário de 2009 e demais lançamentos arbitrados reflexamente. Com efeito, a mesma conduta atribuída ao Impugnante está sendo utilizada como fundamento para aplicação de duas penalidades. A primeira consistente no arbitramento dos lucros e, a segunda, no agravamento da multa de ofício pelo mesmo motivo. Sendo assim, considerando que a falta de entrega de documentos já havia sido utilizada como fundamento pelo agente fiscal para arbitramento dos lucros auferidos pelo Impugnante no ano calendário de 2009, o agente fiscal jamais poderia utilizar esta mesma conduta como fundamento para agravar a multa de ofício de 150% para 225%. - A multa de ofício e respectivo agravamento, caso não seja anulada com base nos demais argumentos anteriormente suscitados, deve ser reduzida ao limite máximo de 100% em homenagem ao princípio constitucional que veda a cobrança de tributos com efeito de confisco. - Na remota possibilidade de não ser anulado o lançamento ora impugnado, os valores retidos, pagos e informados pelos tomadores dos serviços através da Dirf devem ser abatidos do montante imputado. O abatimento dos valores retidos em notas fiscais de prestação de serviço é obrigatório, conforme preceitua o artigo 36, da Lei nº 10.833/03 e artigos 647 e 650 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/99). - Salientese que NÃO houve comprovação e, consequentemente, validação das informações do universo representativo de 76,50% do total da base de consulta da Dirf, a qual foi utilizada para apuração da receita omitida e constituição do crédito tributário do presente auto de infração. Fl. 2179DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.180 15 Sendo assim, fica comprovado que o trabalho realizado pelo agente fiscal para apontar as receitas presumidamente omitidas não foi realizado adequadamente. Por esta razão, o lançamento sobre as receitas omitidas deve ser cancelado a fim de que o auto seja refeito pelo agente fiscal. Na hipótese de a autuação em debate seja mentida, a suposta omissão de receita deve ser reduzida ao valor supostamente confirmado pela fiscalização (23,5%), pois o restante é mera conjectura. - Em virtude da comprovação de que todos os créditos lançados são indevidos, não resta nenhuma possibilidade de manutenção dos termos de arrolamentos formalizados em nome da Impugnante e em nome do seu responsável legal, Sr. Wagner Martins. Isto porque, ainda que se considere a remota possibilidade de que parte dos débitos ora debatidos seja mantida, certamente o patrimônio do Impugnante seria maior que 30% dos débitos lançados pelo agente fiscal. Em virtude das alegações apresentadas na impugnação, o processo foi encaminhado em diligência, tendo retornado com o Termo de Verificação Rerratificado (fls.1553 a 1567), ao qual foram anexados os documentos solicitados. Ciente do Termo de Verificação Rerratificado efetuado em atendimento à diligência solicitada por esta turma de julgamento, a contribuinte ingressou com a impugnação de fls.1868 a 1905, na qual manteve os mesmos argumentos preliminares e de mérito encampados na primeira impugnação e alegou o que segue: - Decadência: Nos termos do art. 150, do Código Tributário Nacional (CTN), ocorreu a decadência do direito de constituir o crédito tributário relativo aos fatos geradores compreendidos entre janeiro/2009 a dezembro/2009, uma vez que, segundo alega, tomou ciência do auto de infração rerratificado em 01/09/2015. Afirma que houve pagamento antecipado declarado via DCTF e não foi comprovado o intuito doloso por parte da impugnante. Ressalta que, caso seja considerada a data em que a Impugnante foi autuada (17/06/2014) como marco inicial para contagem do prazo decadencial, os fatos geradores de janeiro a maio de 2009 foram atingidos pela decadência. - Nulidade integral do auto de infração, em virtude da impossibilidade de juntada posterior de documentos para comprovar suposto ilícito (omissão de receita). De acordo com o artigo 9º do Decreto nº 70.235/72, o auto de infração deve estar instruído com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Ora, se o único documento utilizado (Dirf dos tomadores) para comprovar o suposto ilícito aqui debatido (omissão de receitas) não foi carreado quando da imposição do auto de infração, a juntada posterior não é permitida, fato que impõe a nulidade integral do auto de infração, nos termos do artigo 53, da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. - Nulidade do auto de infração, em virtude de erro na construção do lançamento em virtude da opção por regime de apuração diverso daquele ao qual estava submetida a impugnante. Fl. 2180DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.181 16 A autoridade tributária desconsiderou a regra disposta no art. 24 da Lei nº 9.249/95 e art. 288 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), uma vez que era tributada com base no lucro real anual e o lançamento foi feito pelo regime de apuração trimestral, diverso do regime anual ao qual a impugnante estava sujeita no período fiscalizado. O erro na construção do lançamento do IRPJ revela vício insanável no lançamento constituído irregularmente, que se estende aos demais tributos (CSLL, PIS e COFINS) constituídos reflexamente pela autoridade tributária. Ao adotar o regime de apuração TRIMESTRAL, diverso daquele ao qual estava sujeita a Impugnante durante o período fiscalizado (apuração ANUAL), a autoridade tributária agravou o lançamento do crédito constituído haja vista que os prazos de vencimento da obrigação tributária são diversos em ambos os regimes de apuração. Nem se alegue em favor da autoridade tributária que esta não teria como apurar o lucro pelo regime de apuração anual, pois o próprio agente fiscal expressamente afirma que o arbitramento dos lucros foi realizado com base na DACON, DIPJ, SPED (arquivos digitais da Contabilidade) da Impugnante. Ademais, na elaboração do Auto de Infração, o agente fiscal incluiu os fatos geradores discriminandoos mensalmente, conforme verificase nos demonstrativos de apuração integrantes do presente processo. Assim, apesar de apurar o IRPJ pelo regime trimestral de apuração, o fez baseandose na soma das receitas mensais, ou seja, deveria ter apurado o IRPJ e a CSLL pelo regime anual de tributação. - Nulidade da multa de ofício e respectivo agravamento aplicado sobre receitas declaradas. A leitura dos argumentos adotados pelo agente fiscal no auto de infração impugnado, revela que a aplicação da multa de ofício de 150% está fundamentada na omissão de receitas que foi presumida pela autoridade tributária. Entretanto, muito embora o argumento utilizado autorize a aplicação da multa de ofício agravada somente sobre o lançamento realizado com base nas receitas presumidamente omitidas (R$ 21.507.927,41), a autoridade tributária, de maneira equivocada, também aplicou a citada multa sobre o lançamento realizado com base nas receitas declaradas pelo Impugnante (R$ 56.990.981,35). - Nulidade do lançamento do PIS e Cofins (bis in idem): De igual maneira como procedeu com relação ao cálculo da multa de ofício, o agente fiscal equivocadamente entendeu por realizar lançamento reflexo para as contribuições ao PIS e COFINS sobre a totalidade das receitas apuradas, inclusive àquelas que já haviam sido declaradas pela impugnante. Portanto, está gritantemente configurada a nulidade do lançamento na forma que foi realizada pelo agente fiscal, que simplesmente não observou que o crédito sobre as receitas declaradas já havia sido constituído pelo próprio contribuinte, mediante entrega tempestiva da respectiva DCTF. Ao assim proceder, resta evidente que o agente fiscal está tributando novamente os mesmos valores que já haviam sido declarados e constituídos pela própria impugnante a título das contribuições ao PIS e à COFINS, o que representa verdadeiro bis in idem. Fl. 2181DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.182 17 - Nulidade do auto de infração em virtude de ofensa aos princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa, do devido processo legal e da legalidade. O auto de infração em debate tomou como base suposta omissão de receita encontrada através do confronto entre obrigações acessórias apresentadas pela Impugnante (via DIPJ, DACON, SPED, GFIP e etc.) e os valores declarados pelos tomadores de serviços (via Dirf). Segundo o nobre auditor, foi constatada divergência em aproximadamente 200 (duzentos) tomadores de serviços, dos quais selecionou, por amostragem, 55 (cinquenta e cinco), onde apenas 47 (quarenta e sete) responderam sua solicitação. Com base nas informações fornecidas pelos tomadores (47), o nobre auditor entendeu que os valores informados via Dirf estavam corretos e que 100% das supostas diferenças deveriam ser lançadas como receitas omitidas. Tal fato enseja nulidade integral da autuação em debate, tendo em vista que a fiscalização não disponibilizou as Dirf das quais utilizou como base para constatar a suposta omissão de receita, bem como não apontou a legislação que lhe permita utilizar o montante presumido por amostragem, em total ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, bem como da legalidade, todos insculpidos no artigo 5e, II, LV, da Constituição Federal, bem como artigo 97, do CTN. Como se não bastasse não ter disponibilizado as Dirf das quais tomou como base para montar a suposta omissão de receita, a fiscalização também só analisou 23,5% das supostas divergências apontadas, pois dos 200 tomadores de serviços apontados, apenas 47 foram verificados. Logo, também não é possível entender que 100% das divergências apontadas estão corretas, uma vez que foram analisadas somente 23,5% da totalidade. Nem se alegue que as Dirf foram carreadas em momento posterior, pois segundo artigo 9º do Decreto 70.235/72, os documentos que comprovam o suposto ilícito devem ser carreados na data da formalização do auto de infração em debate. E ainda que assim não fosse, não existe legislação que possibilite a fiscalização utilizar o montante presumido por amostragem, tudo em total ofensa ao princípio constitucional da legalidade. ● Mérito. Improcedência do arbitramento dos lucros com base no inciso III do art. 530 do RIR/1999. É necessário esclarecer que inexistiu a suposta recusa da Impugnante em entregar os documentos solicitados pela fiscalização. A este respeito, é bom que fique claro que a Impugnante entregou, embora parcialmente, os documentos solicitados pela fiscalização. Na impossibilidade de atender a intimação por completo e de forma satisfatória, o Impugnante formulava pedido de dilação de prazo para que pudesse reunir o restante dos documentos solicitados, conforme se infere dos pedidos de dilações protocolados e deferidos, inclusive pelo fato dos arquivos estarem sob guarda de empresa terceirizada (DOC. 05). Fl. 2182DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.183 18 Nesse sentido, analisando o primeiro pedido de dilação, a Impugnante já informava que os documentos estavam na posse de empresa terceirizada e que teria dificuldade em obtêlos, pois a quantidade de documentos solicitados pela fiscalização era muito grande (DOC. 06). Posto isto, considerando a grande quantidade de empregados e notas emitidas mensalmente, a Impugnante precisava de prazo razoável para que fosse possível reunir todas as informações solicitadas pelo agente fiscal (a confirmação das retenções declaradas demanda a reunião de todas as notas emitidas ao longo do ano de 2009, o que comprova a dificuldade para se atender rapidamente esta solicitação, quer em razão da quantidade de anos passados que estes documentos foram emitidos, quer em razão do volume de documentos). Diferentemente do que afirma o fiscal, inexistiu recusa para entregar dos documentos solicitados, os quais estavam sendo providenciados. Isto justifica as dilações de prazo que foram requeridas. De outro lado, não totalmente verdadeira a premissa adotada na autuação, quando se alega que a não apresentação de notas fiscais e folhas de pagamento impediu a correta apuração do lucro real (as folhas de pagamento já haviam sido entregues eletronicamente, juntamente com a relação de notas fiscais e demais obrigações acessórias – DIPJ, Dacon, DCTF e Sped contábil). O agente fiscal detinha em suas mãos toda documentação suficiente para confirmar o lucro declarado pela Impugnante. Por esta razão, não há como aceitar que o arbitramento dos lucros tenha ocorrido com base na redação disposta no inciso III do artigo 530 do RIR/1999. Analisando o dispositivo legal antes mencionado, fica claro que o arbitramento de lucros nesta hipótese SOMENTE pode ocorrer caso o contribuinte deixe de apresentar à autoridade tributária "os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa". Ocorre que, estes documentos já estavam em posse do agente fiscal. Tanto é assim que o mesmo afirma no auto de infração impugnado que o arbitramento dos lucros foi realizado com base na Dacon, DIPJ, Sped (arquivos digitais da Contabilidade) da empresa, os quais, na prática, não foram desconsiderados. Mesmo em posse das informações contábeis declaradas no Sped, o auditor intimou a empresa a apresentar os Livros que denominou "livros diário e razão em meio digital". O fisco utilizou todos os documentos apresentados em papel e eletronicamente para elaborar o auto de infração e não houve nenhum trabalho tendente a demonstrar que escrituração contábil do Impugnante era imprestável. Portanto, o lançamento na modalidade arbitrada tal e qual realizado pela autoridade tributária deve ser anulado em usa integridade, o que enseja, por consequência, a nulidade dos demais tributos lançados reflexamente. Improcedência da aplicação da multa de ofício qualificada. As receitas presumidamente omitidas e incorretamente apuradas, como vimos, foram obtidas através da relação de notas fiscais emitidas pelo próprio Impugnante, o que comprova que não há, na hipótese dos autos, nenhuma evidência de que o mesmo tenha agido com dolo. Fl. 2183DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.184 19 Ilegalidade do agravamento da multa de 150% para 225%. Na hipótese dos autos, ainda que seja admitido que a Impugnante não apresentou os documentos exigidos pela autoridade tributária, o que se admite apenas a título de argumentação, ainda assim não seria possível, com base neste fato, agravar a multa de ofício aplicada em 150%. Isso porque a suposta falta de apresentação de livros e documentos à autoridade tributária foi utilizada como fundamento para arbitramento dos lucros auferidos pela Impugnante no ano calendário de 2009 e demais lançamentos arbitrados reflexamente. Efeito confiscatório da multa de ofício aplicada em valor superior ao do tributo principal. O Supremo Tribunal Federal entende que a cobrança de multa que supere 100% do valor principal do crédito tributário possui manifesto caráter confiscatório que deve ser reprimido. Desta feita, em consideração ao posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria, a multa de ofício e respectivo agravamento, caso não seja anulada com base nos demais argumentos anteriormente suscitados, deve ser reduzida ao limite máximo de 100% em homenagem ao princípio constitucional que veda a cobrança de tributos com efeito de confisco. Obrigatoriedade de abatimento dos valores antecipados a título de retenções devidamente comprovadas. Na remota possibilidade de não ser anulado o lançamento ora impugnado, os valores retidos, pagos e informados pelos tomadores dos serviços através da Dirf devem ser abatidos do montante imputado. O abatimento dos valores retidos em notas fiscais de prestação de serviço é obrigatório, conforme preceitua o artigo 36, da Lei n.9 10.833/03 e artigos 647 e 650 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/99): Validação parcial dos valores supostamente omitidos: Somente 23,50% das informações e, consequentemente, supostas omissões de receitas, foram confirmadas e validadas documentalmente. Sendo assim, fica comprovado que o trabalho realizado pelo agente fiscal para apontar as receitas presumidamente omitidas não foi realizado adequadamente. Por esta razão, o lançamento sobre as receitas omitidas deve ser cancelado a fim de que o auto seja refeito pelo agente fiscal. Alternativamente, se a autuação for mantida, a suposta omissão de receita deve ser reduzida ao valor supostamente confirmado pela fiscalização (23,5%), pois o restante é mera conjectura. Impossibilidade de manutenção do termo de arrolamento. Em virtude da comprovação de que todos os créditos lançados são indevidos, não resta nenhuma possibilidade de manutenção dos termos de arrolamentos formalizados em nome da Impugnante e em nome do seu responsável legal, Sr. Wagner Martins. É o relatório. Na seqüência, foi proferido o Acórdão nº 1461.224, pela 3ª Turma da DRJ/RPO, julgando procedente em parte a impugnação apresentada, com o seguinte ementário: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 2184DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.185 20 Anocalendário: 2009 ARBITRAMENTO DO LUCRO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. Constituem hipóteses de arbitramento do lucro da pessoa jurídica a falta de apresentação à autoridade tributária de documentos comprobatórios de lançamentos contábeis, bem assim, os registros contábeis feitos de forma global, sem apoio em assentamentos pormenorizados em livros devidamente autenticados. RETENÇÕES NA FONTE. DEDUÇÃO. Na apuração dos tributos devidos, admitese a dedução das retenções na fonte correspondentes a rendimentos comprovadamente tributados. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DECADÊNCIA. DOLO COMPROVADO. IRPJ. CSLL. PIS. COFINS. O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação em que o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, extinguese no prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGÜIÇÃO. Às instâncias administrativas não compete apreciar vícios de ilegalidade ou de inconstitucionalidade das normas tributárias, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa de ofício de 150% sobre a receita omitida na escrituração e nas declarações. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. Mantémse a multa de ofício agravada, quando se encontram materializados nos autos os pressupostos previstos na legislação tributária para sua majoração. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM. Fl. 2185DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.186 21 É cabível a atribuição de responsabilidade solidária àquele que tiver interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária apurada. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIOGERENTE. É solidária a responsabilidade do sóciogerente pelos créditos decorrentes de obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração à lei. ARROLAMENTO DE BENS. Impertinente a apresentação, em sede de impugnação a lançamento, de questionamentos acerca de arrolamentos de bens, por se tratar de matéria que não se insere no âmbito de competência deste colegiado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009 PIS. VALORES RETIDOS. DEDUÇÃO. Admitese a dedução dos valores do PIS retidos na fonte quando devidamente comprovados. PIS. VALORES CONFESSADOS. DEDUÇÃO. Deduzse dos tributos exigidos no auto de infração os valores do PIS confessados, antes do início do procedimento fiscal, em declaração de compensação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009 COFINS. VALORES CONFESSADOS. DEDUÇÃO. Deduzse dos tributos exigidos no auto de infração os valores da Cofins confessados, antes do início do procedimento fiscal, em declaração de compensação. COFINS. VALORES RETIDOS. DEDUÇÃO. Admitese a dedução dos valores da Cofins retida na fonte quando devidamente comprovados. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 CSLL. VALORES RETIDOS. DEDUÇÃO. Admitese a dedução dos valores da CSLL retida na fonte quando devidamente comprovados. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 2186DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.187 22 Após ciência do acórdão recorrido, tanto o sujeito passivo com o responsável solidário apresentam, tempestivamente, Recurso Voluntário, pugnando por provimento, onde apresentam argumentos que serão a seguir analisados. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. Os recursos voluntários apresentados são tempestivos e reúnem os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, deles conheço. Antes de adentrar ao mérito da questão, devem ser examinadas as preliminares alegadas pela recorrente, em especial a sustentada da tribuna pelo patrono do coobrigado Wagner Martins. Passo a analisála. Aduz a recorrente que ao ser elaborado o Termo de Verificação Rerratificado, o Sr. Agente Fiscal juntou aos autos elementos essenciais do lançamento, além do que recalculou o montante do tributo devido, descontando os valores efetivamente retidos no anobase, porém, quando da intimação do referido termo, apenas deuse ciência à devedora principal, olvidandose de dar ciência ao coobrigado. Apesar de não concordar com a recorrente que a redução do valor reclamado possua o condão de inovar ou alterar o fundamento legal da exigência tributária, equiparando se a um novo lançamento, reconheço que, de fato, deveria a Administração proceder a notificação do Termo de Rerratificação de todos os autuados, inclusive do coobrigado. Salientese que muito embora a diligência realizada tenha lhe sido favorável, devido à redução do crédito tributário apontado pela fiscalização, ainda assim, é dever da Administração Tributária proceder a notificação dos referidos autuados, de forma que, em particular, não seja violada à garantia constitucional do devido processo legal, e por conseqüência, não haja cerceado o direito de defesa do interessado na condição de responsável solidário pelo crédito ora discutido. Este vício deve ser sanado imediatamente sob pena de comprometer todo o processo administrativo fiscal, que prestigia os princípios constitucionais e processuais antes mencionados. É o que determina, entre outros, a Portaria RFB nº 2284/2010: Art. 8º Na hipótese de diligência ou de perícia, de que trata o art. 18 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, todos os autuados que impugnaram ou recorreram do crédito tributário serão cientificados do resultado, sendolhes concedido para manifestação. Assim, verificada a ausência de notificação do coobrigado do Termo de Rerratificação, impõese em anular os atos processuais praticados a partir desse fato, para que o coobrigado manifestese exclusivamente sobre o teor de tal termo. CONCLUSÃO Fl. 2187DF CARF MF Processo nº 19515.720665/201475 Acórdão n.º 1301002.525 S1C3T1 Fl. 2.188 23 Assim, diante do exposto, voto no sentido de anular os atos processuais a partir da decisão de primeira instância, incluindo a própria decisão, determinando que seja dada ciência ao coobrigado do Termo de Rerratificação de fls. 15531595, abrindolhe prazo de 30 dias para manifestação exclusivamente sobre o teor de tal termo, encaminhandose, a seguir, os autos à DRJ para que profira nova decisão. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 2188DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.100700/2006-69
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.366
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado RITZEL COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 07 00 /2 00 6- 69 Fl. 392DF CARF MF Processo nº 11065.100700/200669 Acórdão n.º 9303005.366 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380302.445. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte não apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 393DF CARF MF Processo nº 11065.100700/200669 Acórdão n.º 9303005.366 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 11065.100700/200669 Acórdão n.º 9303005.366 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 395DF CARF MF Processo nº 11065.100700/200669 Acórdão n.º 9303005.366 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 396DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.721125/2014-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
DECADÊNCIA - DIREITO DE VERIFICAR VALORES
Os prazos de caducidade, como a decadência, visam consolidar situações jurídicas em benefício de uma pessoa em face da inércia de outra. Ora, se inexiste conduta a ser exigida da Fazenda Pública para que esta conteste operações societárias enquanto não repercutirem em fatos geradores tributários, não há que perecer o direito de verificação dessas ocorrências. A decadência pune a omissão. Se o Fisco não foi omisso, não há razão para o estabelecimento de prazos extintivos dos seus direitos. Por isso só consta, no Código Tributário Nacional, exclusivamente a decadência do direito de lançar, uma vez que não é imposto à Fazenda Pública o dever de acompanhar cada um dos itens patrimoniais capazes de refletir no valor futuro da tributação.
ÁGIO INTERNO - SUBSTRATO ECONÔMICO
Fundamentada a autuação em ágio interno e ausência de substrato econômico, uma vez infirmadas estas acusações, deve ser afastada a exigência.
AMORTIZAÇÃO FISCAL DE ÁGIO JÁ AMORTIZADO CONTABILMENTE NA SUCEDIDA
A amortização do ágio contábil corresponde à recuperação do investimento (por equivalência patrimonial ou pelo recebimento de dividendos) e, portanto, não pode ser distribuído aos sócios a título de lucro. Amortiza-se o ágio contabilmente na mesma proporção do aumento do investimento por equivalência ou também pelo recebimento direto de dividendos. Tal amortização tem o propósito de neutralizar o resultado comercial para impedir a distribuição, via dividendos, de valor que não corresponde a um lucro efetivo. Só depois de integralmente amortizado é que o aumento do investimento tem como contrapartida um acréscimo no lucro e aí sim terá repercussão no resultado comercial e, dessa forma, na distribuição de resultado aos sócios. Ainda sim, esse aumento do resultado comercial, seja pela equivalência patrimonial, seja pelo recebimento de dividendos, é excluído do lucro real. Com a amortização do ágio contabilmente ou sem essa amortização, a equivalência patrimonial e a distribuição de dividendos não são tributados da mesma forma. Logo, a amortização contábil do ágio (e do deságio) não produz qualquer efeito fiscal.
DUPLICIDADE DE APROVEITAMENTO DA AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO
Uma aquisição posterior de sociedade em cujo patrimônio há registro de ágio originado em operação de aquisição de uma terceira sociedade pode gerar um segundo ágio com valor composto pelo primeiro ágio; nada obstante, é o segundo e não o primeiro que não poderá ser amortizado na medida da duplicidade.
Numero da decisão: 1401-001.901
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a alegação de decadência; por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Luiz Augusto de Souza Gonçalves.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012 DECADÊNCIA - DIREITO DE VERIFICAR VALORES Os prazos de caducidade, como a decadência, visam consolidar situações jurídicas em benefício de uma pessoa em face da inércia de outra. Ora, se inexiste conduta a ser exigida da Fazenda Pública para que esta conteste operações societárias enquanto não repercutirem em fatos geradores tributários, não há que perecer o direito de verificação dessas ocorrências. A decadência pune a omissão. Se o Fisco não foi omisso, não há razão para o estabelecimento de prazos extintivos dos seus direitos. Por isso só consta, no Código Tributário Nacional, exclusivamente a decadência do direito de lançar, uma vez que não é imposto à Fazenda Pública o dever de acompanhar cada um dos itens patrimoniais capazes de refletir no valor futuro da tributação. ÁGIO INTERNO - SUBSTRATO ECONÔMICO Fundamentada a autuação em ágio interno e ausência de substrato econômico, uma vez infirmadas estas acusações, deve ser afastada a exigência. AMORTIZAÇÃO FISCAL DE ÁGIO JÁ AMORTIZADO CONTABILMENTE NA SUCEDIDA A amortização do ágio contábil corresponde à recuperação do investimento (por equivalência patrimonial ou pelo recebimento de dividendos) e, portanto, não pode ser distribuído aos sócios a título de lucro. Amortiza-se o ágio contabilmente na mesma proporção do aumento do investimento por equivalência ou também pelo recebimento direto de dividendos. Tal amortização tem o propósito de neutralizar o resultado comercial para impedir a distribuição, via dividendos, de valor que não corresponde a um lucro efetivo. Só depois de integralmente amortizado é que o aumento do investimento tem como contrapartida um acréscimo no lucro e aí sim terá repercussão no resultado comercial e, dessa forma, na distribuição de resultado aos sócios. Ainda sim, esse aumento do resultado comercial, seja pela equivalência patrimonial, seja pelo recebimento de dividendos, é excluído do lucro real. Com a amortização do ágio contabilmente ou sem essa amortização, a equivalência patrimonial e a distribuição de dividendos não são tributados da mesma forma. Logo, a amortização contábil do ágio (e do deságio) não produz qualquer efeito fiscal. DUPLICIDADE DE APROVEITAMENTO DA AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO Uma aquisição posterior de sociedade em cujo patrimônio há registro de ágio originado em operação de aquisição de uma terceira sociedade pode gerar um segundo ágio com valor composto pelo primeiro ágio; nada obstante, é o segundo e não o primeiro que não poderá ser amortizado na medida da duplicidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a alegação de decadência; por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 DECADÊNCIA DIREITO DE VERIFICAR VALORES Os prazos de caducidade, como a decadência, visam consolidar situações jurídicas em benefício de uma pessoa em face da inércia de outra. Ora, se inexiste conduta a ser exigida da Fazenda Pública para que esta conteste operações societárias enquanto não repercutirem em fatos geradores tributários, não há que perecer o direito de verificação dessas ocorrências. A decadência pune a omissão. Se o Fisco não foi omisso, não há razão para o estabelecimento de prazos extintivos dos seus direitos. Por isso só consta, no Código Tributário Nacional, exclusivamente a decadência do direito de lançar, uma vez que não é imposto à Fazenda Pública o dever de acompanhar cada um dos itens patrimoniais capazes de refletir no valor futuro da tributação. ÁGIO INTERNO SUBSTRATO ECONÔMICO Fundamentada a autuação em ágio interno e ausência de substrato econômico, uma vez infirmadas estas acusações, deve ser afastada a exigência. AMORTIZAÇÃO FISCAL DE ÁGIO JÁ AMORTIZADO CONTABILMENTE NA SUCEDIDA A amortização do ágio contábil corresponde à recuperação do investimento (por equivalência patrimonial ou pelo recebimento de dividendos) e, portanto, não pode ser distribuído aos sócios a título de lucro. Amortizase o ágio contabilmente na mesma proporção do aumento do investimento por equivalência ou também pelo recebimento direto de dividendos. Tal amortização tem o propósito de neutralizar o resultado comercial para impedir a distribuição, via dividendos, de valor que não corresponde a um lucro efetivo. Só depois de integralmente amortizado é que o aumento do investimento tem como contrapartida um acréscimo no lucro e aí sim terá AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 11 25 /2 01 4- 38 Fl. 15581DF CARF MF 2 repercussão no resultado comercial e, dessa forma, na distribuição de resultado aos sócios. Ainda sim, esse aumento do resultado comercial, seja pela equivalência patrimonial, seja pelo recebimento de dividendos, é excluído do lucro real. Com a amortização do ágio contabilmente ou sem essa amortização, a equivalência patrimonial e a distribuição de dividendos não são tributados da mesma forma. Logo, a amortização contábil do ágio (e do deságio) não produz qualquer efeito fiscal. DUPLICIDADE DE APROVEITAMENTO DA AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO Uma aquisição posterior de sociedade em cujo patrimônio há registro de ágio originado em operação de aquisição de uma terceira sociedade pode gerar um segundo ágio com valor composto pelo primeiro ágio; nada obstante, é o segundo e não o primeiro que não poderá ser amortizado na medida da duplicidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a alegação de decadência; por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia de Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Em relação às peças iniciais de acusação e defesa, sirvome do relatório da autoridade a quo: Tratase de autos de infração do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 14.745 a 14.757) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 14.763 a 17.773), lavrados para formalização e exigência de crédito tributário no Fl. 15582DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.582 3 montante de R$ 242.552.132,39 (valores principais, multas e juros). 2. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 14.689 a 14.743), o lançamento decorreu de exclusão indevida de amortização de ágio na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. 3. Foram constatadas, em resumo, as seguintes irregularidades: a) as operações societárias das quais se originaram os “ágios” não tiveram substância econômica ou motivação extra tributária, tratandose com efeito de ágio interno; b) o “ágio” não se lastreou em laudo de avaliação válido; c) houve intersecção de laudos quando da aquisição da totalidade das ações do Banco ABN pelo Banco Santander; d) não houve participação do Santander nas operações societárias que geraram o “ágio” na Bri Par Dois; e e) excluiuse da apuração do lucro real o ágio já amortizado contabilmente. 4. Apresentouse impugnação, às fls. 14.785 a 14.879, contrapondose, em síntese, que: 4.1 – Não se poderia ter questionado a legalidade dos atos que originaram o direito de aproveitamento do ágio, porquanto teria decorrido “o prazo decadencial (preclusão) entre o fato que o ensejou (subscrições e integralizações de capital na Bri Par Dois e aquisição de ações de minoritários em 2006 e 2007) e a ciência da lavratura dos autos de infração (26/11/2014). 4.2 – O ágio que se registrou não se trataria de ágio interno e seria “totalmente legítimo do ponto de vista econômico e também da Ciência Contábil”. Teria havido propósito negocial nas operações que o originou e as partes envolvidas seriam independentes; não relacionadas. 4.3 – Haveria respaldo legal para o ágio interno; seja pela legislação societária, seja pela legislação tributária. O “agente fiscal” não teria trazido qualquer “fundamentação jurídica expressa, com base na legislação societária, capaz de embasar o seu entendimento de que o ágio gerado entre partes relacionadas, intragrupo, é inaceitável societariamente”. 4.4 – Não obstante existir certo “desconforto” com relação à validade do ágio interno “no que se refere às normas de Contabililidade”, não se poderia afirmar ele não seria válido para fins contábeis. Apenas o ágio gerado “internamente à entidade individualmente considerada” seria inaceitável pela “Ciência Contábil”. 4.5 – A Lei nº 12.973, de 2004, confirmaria a desnecessidade de “pagamento em dinheiro para a Amortização Fiscal do Ágio”. 4.6 – Inexistiria vedação ao aproveitamento do ágio amortizado contabilmente antes da incorporação. Fl. 15583DF CARF MF 4 4.7 – Não teria havido aproveitamento em duplicidade do benefício fiscal de amortização de ágio (interseção entre os laudos de avaliação). 4.8 – Por falta de previsão legal, as despesas de amortização de ágio não comporiam a base de cálculo da CSLL. 4.9 – O lançamento seria nulo, porquanto não preencheria “os requisitos de certeza e liquidez em conformidade com o artigo 142 do CTN”. Deverseia sobrestar o presente julgamento até o desfecho dos processos relacionados no quadro da fl. 14.875. 4.10 – A cobrança de juros sobre a multa seria ilegal. Da decisão de primeiro grau A decisão recorrida (fls. 15.304 a 15.334) manteve a exigência, conforme razões abaixo relatadas. Quanto à alegação de decadência do direito de o fisco questionar atos societários que deram origem ao ágio, a autoridade entendeu que esse lapso extintivo tem seu termo de início com o fato gerador e diz respeito apenas à constituição do crédito tributário. Ademais, a impossibilidade de analisar tais atos só ocorreria se não houvesse crédito a ser lançado, conforme dispõe o art. 37 da Lei nº 9.430/96 e o artigo 264 do RIR/99. Com relação à apreciação da questão do aproveitamento da amortização do ágio, os seguintes trechos apresentam as razões para o considerar interno e, desse modo, indedutível: 20. Não há acordar com a defesa. Não obstante a perfeição formal do enredo do copioso “filme”, em que se tenta atrelar as subscrições do capital na Bri Par Dois à recompra das ações do ABN Amro Real da Banca Intesa, o certo é que elas se deram de forma independente dos processos anteriores. Ou seja, a referida recompra não induzia de forma necessária o aumento de capital da Bri Par Dois por meio da conferência das ações recompradas; o aumento se deu porque o grupo ABN Amro assim o quis. 21. Inelutável é que o ágio em questão tratase de ágio interno, de uma ficção contábil, porquanto além de envolver empresas do mesmo grupo econômico, não houve com efeito aquisição de investimento, mas sim meras transferências de ações: subscrição de capital da Bri Par Dois, mediante conferência de ações de emissão do Banco ABN Amro Real, com ágio, pelo ABN Amro Bank N.V. e posterior incorporação da Bri Par Dois pelo Banco ABN Amro real, com o retorno das ações ao próprio subscritor baldada assim a afirmação de que a Lei nº 12.973, de 2014, confirmaria a desnecessidade de “pagamento em dinheiro para a Amortização Fiscal do Ágio”. Na sequência, discorre acerca do não amparo legal à amortização de ágio interno, com referências legais e jurisprudenciais. Fl. 15584DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.583 5 Também sustenta a posição de que o ágio já amortizado contabilmente na empresa sucedida não poderia ser amortizado para fins fiscais. Para tal, dentre outros argumentos, faz referência a decisões do CARF no mesmo sentido. Afastou ainda a razão apresentada pela defesa quanto à aplicação do art. 22, da Lei 12.973/2014, por se tratar de ágio já amortizado. Pelas mesmas razões, afastou a alegação de isonomia. No tocante ao aproveitamento do ágio gerado na operação de 2006, a DRJ assim fundamentou a sua decisão: 59. Não há acordar com a defesa. Não obstante o intricado jogo de argumentos, onde se repisa terseia direito à amortização do ágio, gerado em 2006, à conta de sucessão (Lei das S.A) e de que, hipoteticamente, terseia malferido o princípio da isonomia, assuntos já apreciados, e de que não se teria amortizado ágio em duplicidade, o certo é que não se trouxe nenhum argumento a infirmar as evidências levantadas pela fiscalização de aquele ágio com efeito está inserido no ágio apurado pelo Banco Santander em virtude da compra do Banco ABN Amro, em 2009. (...) 61. Nesse passo, o ágio de 2006 com efeito deveria ter sido baixado da contabilidade, sem aproveitamento fiscal, ou absorvido pelo de 2008, como dito pela fiscalização; não implicando a atitude em ofensa ao princípio da legalidade, mas sim em procedimento adequado à não fruição de benefício fiscal em duplicidade. 62. A dedução indevida se aplica tanto ao ágio gerado internamente como ao ágio originado na aquisição de ações do Banco ABN Amro Real, pela Bri Par Dois, detidas por acionistas minoritários, em 2006 (ágio no valor de R$ 31.617,88) e em 2007 (ágio no valor de R$ 172.655.093,86). Com relação à contribuição social sobre o lucro, a DRJ aduziu que aplicam se as mesmas regras de apuração do IRPJ, conforme art. 28 da Lei 9.430/96 e artigos 38, 44 e 75 da IN SRF 390/2004. Quanto aos juros sobre multa, a DRJ aduziu que o questionamento é extemporâneo. De todo modo, apresentou razões para a incidência desse ônus com base no art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96. Por fim, no tocante à alegação de falta de liquidez da exigência e ao pedido de sobrestamento do feito em razão de a autoridade fiscal não ter aproveitado prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas compensados de ofício noutros processos administrativos de lançamento, asseverou que não haveria previsão legal para tanto. Do recurso voluntário Fl. 15585DF CARF MF 6 O sujeito passivo apresentou recurso voluntário, às fls. 15.342 a 15.446, por meio do qual reiterou as razões já apresentadas na impugnação (aliás, na sua maioria, de forma literal) e pediu: (i) o cancelamento integral da exigência e, subsidiariamente, (ii) o cancelamento da autuação de CSLL por falta de previsão legal, (iii) o cancelamento da multa por causa da dúvida e (iv) o cancelamento dos juros sobre a multa. Das contrarazões A Procuradoria da Fazenda Nacional, às fls. 15.52015.575, apresentou contrarazões ao recurso voluntário nos termos que se seguem. Discorre sobre a não aplicação do prazo extintivo da decadência para fins de aferição dos atos societários que deram origem ao ágio. Quanto à indedutibilidade do ágio, discorre sobre as operações societárias ocorridas no grupo, tece considerações teóricas sobre a possibilidade de amortização do ágio, prevista nos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997, e 385 e 386 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 – RIR/99. Nessa parte, defende a indedutibilidade do chamado "ágio interno", como na passagem abaixo reproduzida: O ágio ou deságio, dessa forma, deve sempre decorrer da efetiva aquisição de um investimento oriundo de um negócio comutativo, onde as partes contratantes, independentes entre si e ocupando posições opostas, tenham interesse em assumir direitos e deveres correspondentes e proporcionais. Afirma ainda que o ágio, cuja amortização reduziu as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, não cumpriu os requisitos do art. 386 do RIR, uma vez que "não houve nenhuma aquisição das ações do BANCO ABN com ágio pela ABN HOLDING; e o ágio decorrente da aquisição do BANCO ABN pela BRI não possui propósito negocial e substrato econômico". Faz referência também ao acórdão nº 1301001.474, em que se julgaram indevidas as amortizações promovidas nos anoscalendário de 2005 a 2009, em relação ao mesmo ágio. Contesta a possibilidade de amortização do ágio relativamente à parte já amortizada contabilmente por ocasião da incorporação. Nas sua palavras: Assim, quando da incorporação do Banco ABN pelo recorrente, o saldo de ágio registrado na parte B do LALUR no valor de R$ 182 milhões não poderia ter sido absorvido para posterior aproveitamento fiscal, devendo ter sido baixado. Por óbvio, não se pode deduzir na contabilidade um ágio já amortizado anteriormente ao evento, e não há nenhuma autorização para que, na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, possa ser “excluído” esse ágio já amortizado, por absoluta falta de dispositivo legal autorizativo. Ademais, cita acórdãos do CARF que corroboram a sua posição. Fl. 15586DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.584 7 Repisa ainda as considerações da autoridade fiscal e da julgadora de primeiro grau relativamente a intersecção "do Laudo de Avaliação do Banco ABN Amro Real, apresentado para justificar o registro contábil do ágio, em 2006, na Bri Par Dois, e o Laudo de Avaliação relativo à aquisição do Banco ABN Amro Real pelo Santander, em 2008, o que implicaria aproveitamento em duplicidade do primeiro ágio". Apresenta razões contra o postulado pelo contribuinte relativamente ao não aproveitamento de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas, já compensadas em procedimentos de ofício. Com base no art. 33 do DL nº 1598/77, combinado com o art. 57 da Lei nº 8.981/95, aduz que as regras aplicáveis ao IRPJ são as mesmas que definem a tributação da CSLL relativamente ao ágio em razão das normas aplicáveis que determinam a neutralidade da amortização do ágio para fins tributários. Por fim, assevera a incidência de juros sobre a multa de ofício com base no art. 161 do CTN e artigos 43 e 61 da Lei nº 9.430/96. É o relatório. Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator Decadência A alegação de decadência do direito de a autoridade fiscal questionar operações ocorridas há mais de cinco anos da data do lançamento não merece prosperar. Em primeiro lugar, não há qualquer previsão legal nesse sentido. Os prazos de decadência no direito tributário são matéria reservada à lei complementar por força do art. 146, III, "b" da Constituição Federal: Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; (nosso destaque) Tais prazos estão estabelecidos no Código Tributário Nacional nos art. 150, § 4º, e art. 173, o qual possui o status de lei complementar, e se referem ao direito de o Fisco constituir o crédito relativamente ao fato gerador. É esse direito demarcado pelo fato gerador, seja nos lançamentos por homologação, seja nas demais modalidades, que pode perecer. Não há um outro prazo extintivo. Não há um exercício "parcial" do direito de lançar, nem uma decadência parcial dessa atividade administrativa, ou seja, inexistem hipóteses em que a Fl. 15587DF CARF MF 8 autoridade fiscal poderia lançar, mas não questionar os fatos e valores a que se referem esse lançamento. E isso é evidente. Os prazos de caducidade visam consolidar situações jurídicas em benefício de uma pessoa em face da inércia de outra. Ora, se inexiste conduta a ser exigida da Fazenda Pública para que esta conteste operações societárias, enquanto não repercutirem em fatos geradores tributários, não há que perecer o direito de verificação dessas ocorrências. A decadência pune a inércia. Se não há inércia do Fisco, não há razão para o estabelecimento de prazos extintivos dos seus direitos. É por isso que nada consta no Código Tributário Nacional nesse sentido. Ademais, para espancar qualquer dúvida, o Decreto 3000/99, regulamento do imposto de renda, assim estabelece: Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) § 3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. 37). Não, pois, que se acolher a preliminar de decadência suscitada. Ágio já amortizado contabilmente na sucedida e duplicidade de aproveitamento No mérito, inicio pelas razões de autuação relativas à alegada duplicidade de aproveitamento e à impossibilidade do aproveitamento de ágio já amortizado contabilmente na sucedida. Tratei desse tema, aliás para o mesmo contribuinte, nos autos do processo administrativo nº 16327.721168/201413. Lá teci a seguinte análise: Passamos a analisar a questão do duplo aproveitamento, também denominada pela autoridade fiscal por "intersecção de laudos". Não concordo com o argumento apresentado pela autoridade fiscal, ratificado pela Delegacia de Julgamento e nas contrarazões da PFN, de que na rentabilidade futura que justifica o ágio relativo à aquisição do Banco Real pelo Banco Santander está embutida a rentabilidade futura atinente à aquisição do Banco Sudameris pelo Banco Real e que tal fato enseja o duplo aproveitamento de ágio. Fl. 15588DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.585 9 Em primeiro lugar, uma vez que as rentabilidades futuras são aferidas em momentos distintos (aliás, bem distintos pois decorridos cinco anos entre eles), as condições do mercado e da própria empresa (ela pode ter expandido seu negócio, por exemplo) podem se alterar substancialmente. Ademais, como o valor da rentabilidade futura é trazido a valor presente, este valor se altera pelo simples fato de se modificar a data de aferição. Em segundo lugar, como tratar o caso do ágio já fiscalmente amortizado por ocasião da aquisição? Deveria ser glosado retroativamente só porque houve uma aquisição posterior? O ágio dessa aquisição posterior deveria ser considerado desconsiderandose o ágio já amortizado na empresa adquirida? Sim, essa comparação é relevante, porque, se o critério para identificar um duplo aproveitamento é o mesmo fluxo de caixa, o período de amortização do ágio não permite a distinção entre as duas situações, as quais, portanto, devem ter tratamentos tributários iguais. Todavia, há sim uma distinção entre os dois casos e por uma razão diversa da identidade entre rentabilidades futuras. Quando o ágio já foi amortizado fiscalmente, o valor pago na operação posterior não decorre de um ganho tributário vindouro. Todavia, quando tal ágio ainda não foi amortizado fiscalmente, no preço a ser pago pelo adquirente estará embutido o valor do ágio; evidentemente, não o seu valor integral, mas sim o do benefício tributário dele decorrente e trazido a valor presente. Ademais, se esse ágio já foi integralmente baixado na contabilidade, seu valor não estará refletido no patrimônio líquido da sociedade adquirida e, portanto, se refletirá no ágio pago pela adquirente. Esse direito a uma amortização futura é, para a adquirente, um ativo que ela valora por ocasião do oferecimento do preço, ativo que não está registrado na contabilidade comercial da adquirida e, portanto, não produz reflexos no seu patrimônio líquido. Assim, irá refletir no novo ágio o ampliando. Daí, sim, podemos falar da possibilidade de um duplo aproveitamento. Nada obstante, esse duplo aproveitamento será parcial, pois não corresponderá ao valor do próprio ágio, mas sim da redução tributária que ele proporcionará e trazia a valor presente. Por essa razão, deveria ser, ao menos em parte, reconhecido o direito de amortização do ágio, pois ele não aumenta no mesmo montante o ágio pela aquisição posterior. Nada obstante, cremos que esta não seja a solução adequada para a lide. O problema, ou seja, a possível indedutibilidade está em parcela do ágio posterior e não no ágio original, cuja dedutibilidade não pode ser afetada por evento que lhe é posterior. Fl. 15589DF CARF MF 10 A despeito de posicionamentos do CARF a respeito da vedação de amortizar fiscalmente o ágio que já foi amortizado contabilmente, com a devida vênia àqueles que o adotam, não posso concordar também. Afinal, e se fosse o contrário? Se fosse deságio? Bastaria ao contribuinte amortizar contabilmente o deságio, antes de promover a incorporação, para se livrar do dever de oferecer o valor à tributação, nos termos do art. 386, IV? Vejamos a redação do dispositivo: Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): (...) IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no mínimo, para cada mês do período de apuração. Afinal de contas, o que vale para o ágio, num raciocínio a contrario sensu, reconhecido pela própria legislação, vale também para o deságio. Eles seguem lógicas equivalentes. No caso, a amortização do ágio contábil, nada mais é do que a recuperação do investimento (por equivalência patrimonial ou pelo recebimento de dividendos), que não pode ser distribuído aos sócios a título de lucro. Amortizase o ágio contabilmente na mesma proporção do aumento do investimento por equivalência ou também pelo recebimento direto de dividendos. Tal amortização tem o propósito de neutralizar o resultado comercial para impedir a distribuição, via dividendos, de valor que não corresponde a um lucro efetivo. Só depois de integralmente amortizado é que o aumento do investimento tem como contrapartida um acréscimo no lucro e aí sim terá repercussão no resultado comercial e, dessa forma, na distribuição de resultado aos sócios. Ainda sim, esse aumento do resultado comercial, seja pela equivalência patrimonial, seja pelo recebimento de dividendos, é excluído do lucro real. Ou seja, com amortização do ágio contabilmente ou sem essa amortização, a equivalência patrimonial e a distribuição de dividendos não são tributados da mesma forma. Logo, a amortização contábil do ágio (e do deságio) não produz qualquer efeito fiscal. Fl. 15590DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.586 11 Por essas razões, divirjo da jurisprudência apresentada pela autoridade fiscal, pela autoridade julgadora de primeiro grau e pela D. Procuradoria sobre esse tema. A jurisprudência apontada se refere aos acórdãos nº 1102000873, 1101 000.968, 1102001.018 e 1102001.104, em relação aos quais reitero a minha divergência. Há ainda mais uma razão acusatória suficiente para a manutenção da exigência, isto é, a de que se trata de ágio interno inoponível ao Fisco. Passamos a tratar desse tema. Ágio interno Como bem afirmou a D. Procuradoria, a mesma amortização de ágio aqui digladiada foi tratada no AC nº 1301001.474, relativamente aos anoscalendário de 2005 a 2009. Lá, foi mantida a indedutibilidade da amortização do ágio, mas a votação foi empatada. Prevaleceu, assim, o voto de qualidade. Julgo relevante verificarmos as principais razões do voto do conselheiro relator que dava provimento e do conselheiro redator que elaborou o voto vencedor. Começamos pelo relator que dava provimento. Do seu voto, valem ser destacados os seguintes trechos: Superados estes fundamentos, a despeito de considerálos suficientes à reforma deste tópico da decisão recorrida, conveniente o enfretamento das razões da recorrente de que na espécie não houve geração de ágio intragrupo, tratandose, contrário disso, de operação realizada entre partes absolutamente independentes (Grupo ABN e Intesa). Com efeito, em 13/06/2003, o Grupo ABN adquiriu o Banco Sudameris, realizando o “pagamento” da seguinte forma: i) 1ª Parcela paga em dinheiro, ii) 2ª Parcela paga temporariamente mediante 11,58% das ações do Banco ABN AMRO Real S/A, de sorte que a Intesa passou a ser detentora de 11,58% das ações do ABN Real, quando em 2005 e 2006, os 11,58% das ações do ABN Real foram recompradas pelo Grupo ABN, com ágio de 1,82 vezes o valor do seu patrimônio líquido, de sorte que esta operação se deu por meio de: i) entrega de ações do ABN Holding Holanda (dação em pagamento) e ii) de pagamento em dinheiro. Portanto, mesmo que se supere o fundamento que aduzi acima em relação ao ágio interno, pareceme acertado o pleito da contribuinte ao estabelecer que de fato houve justificado fundamento para a reaquisição das ações do ABN Real, lastreado na sua expectativa de rentabilidade futura, ratificado i) por Laudo de Avaliação EconômicoFinanceira do Banco Sudameris, que deu suporte para a definição do múltiplo de 1,82 previsto no Contrato de Compra e Venda e pago à Intesa e ii) por Laudos de Avaliação do Banco ABN AMRO Real S/A, de sorte que, como aduz a contribuinte, um relato simplificado da sequência de fatos ocorridos no presente caso, dáse conta verificase que o conjunto de operações demonstra que houve uma “Compra e Venda” entre partes independentes, Grupo ABN (comprador Fl. 15591DF CARF MF 12 Holanda) e o Grupo Intesa (vendedor Itália), que teve como objeto as ações do Banco ABN Real recebidas pelo Grupo Intesa quando da venda do Banco Sudameris, não havendo falar, portanto, em ágio interno. No que toca ao fundamento do ágio glosado, entendo que equivocouse a decisão recorrida ao estabelecer que o ágio aqui discutido não disporia de fundamento lastreado em expectativa de rentabilidade futura, com efeito, a retrospectiva dos eventos sucedidos, dão conta de que a definição do preço das ações do Banco ABN Real foi definido a partir da sua expectativa de rentabilidade futura, por ocasião do contrato firmado entre a Intesa e o Grupo ABN, ratificado por Laudo de Avaliação apresentado no ato de integralização de ações na Bri Par Dois. Para tal conclusão, a exemplo do que fez a contribuinte em sua peça recursal, de bom alvitre segregar as partes envolvidas nas negociações que redundaram na formulação da despesa com ágio, confirase: (...) Separadas as partes envolvidas, tal como evidenciou a contribuinte, em 13/06/2003 a ABN Brasil Participações Financeiras celebrou contrato de Compra e Venda de Ações com a Banca Intesa para adquirir 94,57% do Banco Sudameris, ao valor de R$ 2.292.965,000,00, sendo que nos termos do Acordo sobre o Ajuste de Preço, firmado em 22/09/2003, reduziuse o valor para R$ 2.189.665.000,00, sendo pagos R$ 526.754.900,00 em dinheiro e R$ 1.662.910.100,00 em ações do Banco ABN AMRO Real S.A., que representavam 11,58% do seu capital social, sendo que o valor de patrimônio líquido das ações do Banco ABN AMRO Real S.A. dadas como forma de pagamento, multiplicado por 1,82, equivalia ao valor de R$ 1.662.910.100,00, que como explicou a recorrente foi o preço de referência ao ágio gerado no caso em apreço. Ainda na esteira da recapitulação dos eventos sucedidos, que a meu ver demonstram o fundamento do ágio, relembrou a recorrente que em 24/10/2003, a ABN Holding e a Intesa firmaram Contrato de Opção de Permuta, disciplinadose a forma pela qual a Intesa poderia exercer seu direito permutar as ações do ABN Real pelas ações da ABN Holding Holanda, sendo que o preço das ações do ABN Real para os fins da citada permuta foi avençado como 1,82 vezes o valor do seu patrimônio líquido contábil, valor a ser pago com ações da ABN Holding Holanda, mensurados pelo seu preço de mercado médio ponderado na Bolsa de Valores de Amsterdã Euronext vigente no fechamento dos últimos 5 dias úteis anteriores à data de aviso da opção de permuta, estando o valor atribuído às ações do ABN Real fundamentado na expectativa de rentabilidade futura atestada por laudos de avaliação econômicofinaceira. Em 27/05/2005 foram realizadas alterações no Contrato de Opção de Permuta, permitindo que a ABN Holding Holanda oferecesse dinheiro em troca da aquisição das ações do ABN Real detidas pela Intesa, caso ela exercesse a opção de permuta, o que ocorreu, pela primeira vez, em 06/06/2005, em relação a um terço das ações que detinha no ABN Real (70.638.889 de ações), recebendo em troca ações da ABN Holding Holanda, havendo nesta operação, pagamento de ágio pela aquisição das ações do ABN Real, porquanto o preço de troca era 1,82 Fl. 15592DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.587 13 vezes maior que o seu valor patrimonial, ágio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura apoiado em laudo de avaliação econômicofinanceira. Posteriormente, em 20/06/2005, a ABN Holding Holanda vendeu as ações do ABN Real para o ABN Bank Holanda, ao valor coincidente ao da permuta feita com a Intesa (EUR 202.037.953,50). A segunda opção de permuta foi exercida pela Intesa em 19/06/2006, sendo que a ABN Holding Holanda pagou em dinheiro o 2º terço das ações do ABN Real detidas pela Intesa (70.638.889 ações), pagando novamente o ágio proporcional a 1,82 vezes o valor patrimonial (EUR 223.964.568,51), outra vez apoiado no laudo de avaliação que estatuia a expectativa de rentabilidade futura, ocorrendo que a ABN Holding Holanda novamente vendeu as tais ações para o ABN Bank Holanda pelo mesmo valor pago em dinheiro à Intesa. Na continuidade dos eventos narrados nestes autos, temse que a Bri Par Dois, em 28/06/2006, aumentou seu capital social no valor de R$ 1.192.790.021,00, passando de R$ 91.895.366,00 para 1.284.685.388,00, com a emissão de 112.983.504 novas ações, subscritas e integralizadas, na sua totalidade, pelo ABN Bank Holanda, mediante a conferência de 141.277.778 ações ordinárias, de sua propriedade, de emissão do ABN Amro Real, correspondente a 7,72% de seu capital social, tendo a contribuinte justificado desde a impugnação, que para definição do valor de R$ $ 1.192.790.021,00 que foi integralizada ao capital social da Bri Par Dois, adotouse como referência o valor pago em Euros pelo ABN Holding Holanda quando da aquisição das ações que pertenciam à Intesa. Diante disso, assiste razão à recorrente ao afirmar que no momento da aquisição de ações do ABN Real pela Bri Par Dois estava presente o ágio baseado em expectativa de rentabilidade futura equivalente ao valor objeto de negociação entre os Grupos ABN e Intesa, tal como demonstrado no laudo de avaliação econ ômicofinanceira. Ainda na sequência dos atos, a ABN Dois Participações reduziu seu capital social em R$ 759.358.858,00, correspondente à participação detida na Bri Par Dois, as quais foram entregues ao ABN Bank Holanda, permitindo assim a consolidação da participação estrangeira indireta no capital do ABN Real na sociedade Bri Par Dois e na ABN Participações Financeiras. Temse ainda, que em 20/09/2006 o ABN Holding Holanda exerceu sua opção de compra e pagou em dinheiro o valor correspondente às 70.638.8 90 ações restantes do ABN Real que remanesciam na titularidade da Intesa, tornando a pagar ágio proporcional a 1,82 vezes o valor patrimonial e novamente fundamentado no laudo de avaliação econômicofinanceira, sendo que na referida data a ABN Holding Holanda vendeu as ações do ABN AMRO Real adquiridas na terceira parcela para o ABN Bank Holanda, pelo mesmo valor pago em dinheiro à Intesa. Já em 28/09/2006, a Bri Par Dois aumentou seu capital social no va lor de R$ 650.033.801,00, emitindo 61.924.798 ações ordinárias, subscritas e integralizadas pelo ABN Bank Holanda, mediante Fl. 15593DF CARF MF 14 a conferência de 70.639.890 ações ordinárias do ABN real que lhe pertenciam, sendo certo que para definição do valor de R$ 650.033.801,00, adotouse como referência o valor pago em Euros pelo ABN Holding Holanda quando da aquisição das mencionadas ações da Intesa, como também o valor pago pelo ABN Bank Holanda foi equivalente ao pago pela ABN Holding. Ocorreu, portanto, nova aquisição de ações do ABN Real pela Bri Par Doi s, com ágio baseado em expectativa de rentabilidade futura correspondente ao valor que negociaram os grupos ABN e Intesa. Devese considerar ainda, que em 28/12/2006, foi celebrado instrumento Particular de Transação com sócios minoritários do Banco Sudameris, e Instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda de Ações, ficando estabelecido que haveria a incorporação de ações do Banco Sudameris pelo ABN Real e que a Bri Par Dois compraria todas as ações do ABN Real atribuídas aos minoritários, de sorte que a aquisição de ações com ágio pela Bri Par Dois foi que viabilizou a consolidação societária das empresas após a aquisição o Banco Sudameris. Por fim, em 31/08/2007 aprovouse a incorporação da ABN Brasil Participações Financeiras e da Bri Par Dois pelo ABN Real, passando este a amortizar o valor das despesas com ágio gerado na aquisição de suas ações e o Banco Sudameris foi incorporado pelo ABN Real, consolidando se os investimentos no ABN Real. Torno a dizer, portanto, que equivocouse a decisão recorrida ao estabelecer que o ágio aqui discutido não disporia de fundamento lastreado em expectativa de rentabilidade futura, com efeito, a retrospectiva dos eventos sucedidos, dão co nta de que a definição do preço das ações do Banco ABN Real foi definido a partir da sua expectativa de rentabilidade futura, por ocasião do contrato firmado entre a Intesa e o Grupo ABN, ratificado por Laudo de Avaliação apresentado no ato de integralização de ações na Bri Par Dois. Verificados estes fundamentos, que torno a dizer, já encerram a i mpertinência da autuação e necessidade de reforma da decisão recorrida, a questão também não subsiste ao argumento de que se teria amortização de “ágio de si mesmo”, como a certa altura aduza a decisão recorrida. Muito embora a Fiscalização não tenha apresentado qualquer fundamento semelhante, versando apenas glosa ao denominado “ágio intern o”, figuras que sabidamente não se confundem, nos termos do artigo 8º da Lei nº 9.532/97, admitese a amortização fiscal do ágio fundamentado na expectativa de rentabilidade futura nas hipóteses de incorporação, fusão ou cisão, mesmo quando a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. Tornando a verificar a operação, minudentemente descrita acima, temse que a integralização de capital de Bri Par Dois, pelo ABN Holanda, com ações do ABN Real é típico e inequívoco caso de “transferência” do ágio, irrefutável do ponto de vista da permissão da dedutibilidade do ágio, fundamentado na expectativa de rentabilidade futura, nas hipóteses de cisão, fusão e incorporação, nada mais é do que o reconhecimento de que o ágio deverá, sempre, acompanhar o investimento que lhe é subjacente – o qual justificou seu pagamento. Fl. 15594DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.588 15 Portanto, se verificado por esta vertente, tenho a “transferência” do ágio tratase de uma exigência lógica e necessária do próprio conceito de ágio e registro que a chamada “transferência do ágio” tem sido admitida, como fez ver a recorrente nos seguintes precedentes exemplificativos: Acórdão nº 140200.802); Acórdão nº 120100.689; Acórdão nº 1101 00.354; Acórdão n° 10516.774; Acórdão nº 1402 00.993; Acórdão nº 1301000.711). Com estas ponderações, merece reforma este tópico da decisão recorrida, tanto para a autuação relativa ao IRPJ como o corolário óbvio da CSLL, ficando prejudicado o argumento secundário da contribuinte no que toca especificamente à CSLL. Desse modo, a avaliação dos mesmos fatos que ensejaram a presente autuação para os anos subseqüentes proferida pelo voto vencido, concluiu que o ágio foi gerado por operações entre partes independentes e, portanto, não se caracteriza como ágio interno. Ademais, apensar de considerar que a acusação fiscal se resume a isso, ou seja, ágio interno, não deixou de enfrentar também um outro fundamento: o da ausência de fundamento econômico para o valor e, de igual sorte, concluiu que o montante encontra amparo na rentabilidade futura fixada por laudos econômicos. Já o voto vencedor concordou com o relator de que o ágio não foi gerado por operações internas a um mesmo grupo econômico. Nada obstante, manteve a autuação por considerar a ausência de fundamento econômico para o valor. Vejamos as passagens relativas a esses pontos: Do exame das operações realizadas, entendo que não ficou comprovada a fundamentação econômica do ágio, baseada na rentabilidade futura do Banco ABN Real. Importante mencionar, desde logo, que embora a fiscalização tenha focado na existência de ágio interno, face à transferência do ágio pago para uma empresa controlada, com posterior incorporação reversa, esta questionou expressamente a falta de fundamentação econômica do ágio com base na rentabilidade futura, como se extrai do seguinte trecho TVF (fls. 688): (...) No presente caso a operação que teria dado ensejo ao ágio decorreu inicialmente da recompra de ações do Banco ABN AMRO Real por parte de empresas do grupo ABN, que anteriormente haviam sido cedidas à Banca Intesa como parte de pagamento da aquisição do controle societário do Banco Sudameris. De acordo com as informações e documentos apresentados pela recorrente, a ABN Brasil Participações Financeiras adquiriu, em 13/06/2003, 94,57% das ações do Banco Sudameris junto à Banca Intesa, pelo valor de R$ 2.292.965.000,00, tendo pago R$ 526.754.900,00 em dinheiro e R$ 1.662.910.100,00 em ações do Fl. 15595DF CARF MF 16 Banco ABN Real S/A, representativas de 11.58% do seu capital social. De acordo com o Contrato de Compra e Venda das Ações (Stock Purchase Agreement), o valor patrimonial das ações foi multiplicado pelo índice de 1,82 de forma a corresponder ao valor de R$ 1.662.910.100,00. Em 24/10/2003, a ABN Holding Holanda e a Intesa celebraram um contrato de Opção de Permuta (Swap Option Agreement), em aditamento ao Contrato de Compra e Venda das Ações, pelo qual a Banca Intesa poderia exercer o seu direito de permuta de ações do Banco ABN Real por ações da ABN Holding Holanda, nos anos de 2005, 2006 e 2007, mantendose, para fins de permuta, o valor estipulado para o preço das ações do Banco ABN Real equivalente ao valor patrimonial das ações multiplicado pelo índice de 1,82, aplicado por ocasião da entrega das ações em pagamento do controle do Banco Sudameris. O preço das ações do ABVN Holding Holanda seria mensurado pelo preço médio ponderado negociado na Bolsa de Valores de Amsterdã nos últimos cinco dias antes da permuta. Em 27/05/2005 foram feitos novas alterações no Contrato de Opção de Permuta para que o ABN Holding Holanda pudesse pagar em dinheiro pela troca das ações do Banco ABN Real, caso a Intesa exercesse a opção de permuta. Em 06/06/2005 a Banca Intesa exerceu a sua primeira opção de permuta, entregando 70.638.889 ações do Banco ABN Real em troca de ações da ABN Holding Holanda, pelo valor de EUR 202.037.953,40, que correspondiam ao valor patrimonial das ações, multiplicado pelo coeficiente 1,82 previsto no contrato. Em 20/06/2005, a ABN Holding Holanda vendeu estas ações do Banco ABN Real para o ABN Bank Holanda, pelo mesmo valor da permuta feita com a Intesa. Em 19/06/2006 a Banca Intesa exerceu a sua segunda opção de permuta, só que desta feita entregou 70.638.889 ações do Banco ABN Real e ao invés de receber em troca de ações da ABN Holding Holanda, recebeu o pagamento em dinheiro no valor de EUR 223.964.568,51 que correspondiam ao valor patrimonial das ações, multiplicado pelo coeficiente 1,82 previsto no contrato. Na mesma data, a ABN Holding Holanda vendeu estas ações do Banco ABN Real para o ABN Bank Holanda, pelo mesmo valor da compra pago a Intesa. Em 28/06/2006 o ABN Bank Holanda aumentou o capital da empresa Bri Par Dois mediante a conferência das 141.277.778 ações do Banco ABN Real adquiridas nas operações acima relatadas, pelo mesmo valor pago. Nesta operação a Bri Par Dois registrou um ágio na aquisição das ações do ABN Real, baseado em laudo de expectativa de rentabilidade futura, limitado ao valor objeto de negociação fixado no Contrato de Compra e Venda (do Banco Sudameris) e de Opção de Permuta, celebrado entre as empresas do Grupo ABN e Grupo Intesa. Fl. 15596DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.589 17 A recorrente apresentou um laudo de avaliação elaborado em 28/09/2006 da consultoria Deloitte (fls. 960) na qual a participação acionária no Banco ABN Real S/A, detida pelo ABN Bank Holanda, equivalente a 141.277.778 ações (7,72% do capital total), equivaleriam em 31/05/2006 ao valor de R$ 1.447,77 milhões, com base na sua estimativa de mercado baseada em expectativa de rentabilidade futura. No entanto, para fins de integralização do capital na Bri Par Dois adotouse o valor de R$ 1.192.790.121,00, equivalente ao valor pago em Euros, pelo ABN Bank Holanda, convertido à taxa de câmbio vigente em 26/06/2006, conforme Ata da AGE, realizada em 28/06/2006 (fls. 954/957). Em 20/09/2006 a Banca Intesa exerceu a sua terceira opção de permuta, entregando 70.638.889 ações do Banco ABN Real e, novamente, ao invés de receber em troca de ações da ABN Holding Holanda, recebeu o pagamento em dinheiro no valor de EUR 232.975.334,06, que correspondiam ao valor patrimonial das ações, multiplicado pelo coeficiente 1,82 previsto no contrato. Na mesma data, a ABN Holding Holanda vendeu estas ações do Banco ABN Real para o ABN Bank Holanda, pelo mesmo valor da compra pago a Intesa. Em 28/09/2006 o ABN Bank Holanda aumentou o capital da empresa Bri Par Dois mediante a conferência das 70.638.889 ações do Banco ABN Real adquiridas nesta última operação, pelo mesmo valor pago. Nesta operação a Bri Par Dois registrou um ágio na aquisição das ações do ABN Real, baseado em laudo de expectativa de rentabilidade futura, limitado ao valor objeto de negociação fixado no Contrato de Compra e Venda (do Banco Sudameris) e de Opção de Permuta, celebrado entre as empresas do Grupo ABN e Grupo Intesa. A recorrente apresentou um laudo de avaliação elaborado em 28/09/2006 da consultoria Deloitte (fls. 1029) na qual a participação acionária no Banco ABN Real S/A, detida pelo ABN Bank Holanda, equivalente a 70.639.890 ações (3,86% do capital total), equivaleriam em 31/08/2006 ao valor de R$ 727,35 milhões, com base na sua estimativa de mercado baseada em expectativa de rentabilidade futura. No entanto, para fins de integralização do capital na Bri Par Dois adotouse o valor de R$ 650.033.801,00, equivalente ao valor pago em Euros, pelo ABN Bank Holanda, convertido à taxa de câmbio vigente em 26/09/2006, conforme Ata da AGE, realizada em 28/09/2006 (fls. 1023/1026). Em 31/08/2007, foi aprovada a incorporação da Bri Par Dois pelo ABN Real, passando este a amortizar o valor do ágio gerado na recompra de suas próprias ações. Analisando o conjunto de operações realizadas, iniciadas em 24/10/2003 com a aquisição do controle do Banco Sudameris pelo Grupo ABN, verificase que o ágio efetivamente pago Fl. 15597DF CARF MF 18 (equivalente a 0,82 do valor patrimonial das ações) pela recompra das ações do Banco ABN Real SA não foi determinado com base na expectativa de rentabilidade futura daquela empresa do grupo ABN, mas sim foi determinado em face das avenças realizadas com a Banca Intesa no processo de aquisição do Sudameris. (nosso destaque) Desde o início das operações contratadas restou fixado o índice de 1,82 (por convenção entre as partes) a ser aplicado sobre o valor patrimonial das ações do ABN Real, inicialmente como parte do pagamento pela aquisição do Sudameris, depois na possibilidade de permuta das ações do ABN Real por ações da ABN Holding, na sequência para fins de substituição da permuta por pagamento em dinheiro pela ABN Holding e na venda das ações ao ABN Bank Holanda e, finalmente, no aumento e integralização do capital da empresa Bri Par Dois. O que a recorrente buscou, por meio de laudos de avaliação elaborados quase três anos após a fixação do índice de precificação das ações do ABN Real no negócio original, foi validar o ágio como se tivesse sido pago com base na expectativa de rentabilidade futura, o que não se pode admitir. De fato, o negócio relativo à recompra das ações foi realizado entre partes livres e independentes, que estipularam desde logo um preço pelas ações do Banco ABN Real que norteou toda a negociação posterior. (nosso destaque) Porém, em nenhum momento da negociação, realizada entre esta partes independentes, aflorou a informação relativa à fundamentação econômica que determinou a estipulação do valor das ações do Banco ABN Real com base no seu valor patrimonial, multiplicado pelo fator de 1,82. Somente por ocasião da entrega dessas ações, para a capitalização da empresa Bri Par Dois, operação interna ao grupo, é que nasceu a discussão sobre a natureza do ágio pago. Notese que, ainda assim, o ágio ficou limitado ao mesmo valor estipulado nos negócios anteriores. A recorrente sustenta toda a sua tese no sentido de que o ágio foi efetivamente pago e que, portanto, é suscetível de transferência e aproveitamento nas operações posteriores. Como afirmei anteriormente, havendo a justificação econômica para o ágio originalmente pago não existe óbice para sua dedutibilidade. Ocorre que, no presente caso, não restou demonstrado e comprovado o fundamento econômico que justificou a formação do ágio em sua origem, o que inviabiliza o seu aproveitamento posterior. Os laudos apresentados reportamse a momento posterior à formação do ágio, assim, não podem, à toda evidência, fundamentar um valor fixado em negócio que começou a realizarse cerca de três anos antes de sua elaboração. Fl. 15598DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.590 19 Não é descabido relembrar que as ações não foram entregues pelo valor apurado nos laudos de avaliação elaborados por ocasião da capitalização da empresa Bri Par Dois, mais sim pelo valor pago nas negociações anteriores nas quais não há qualquer documento a comprovar o fundamento econômico que determinou a fixação do preço das ações do Banco ABN Real equivalente a 1,82 vezes o seu valor patrimonial. Ora, se a própria recorrente sustenta que o ágio foi efetivamente pago e o valor fixado entre partes independentes incumbialhe demonstrar o fundamento econômico do ágio no seu nascimento e não por ocasião de sua transferência na capitalização da empresa Bri Par Dois. É inconteste que o ágio não decorreu de operações realizadas internamente a um grupo econômico como asseveraram os dois votos a que fiz referência. Não se trata, pois, de ágio interno. No presente feito, considero que também houve a acusação subsidiária de ausência de substrato econômico para o ágio de forma independente à acusação de ágio interno. Logo, passo a analisála. Concordo com a parte inicial do voto vencedor do AC nº 1301001.474. De fato, o valor das participações no Banco Real negociadas se originam na aquisição do Banco Sudameris em 2003 e que, na época, não foi apresentado laudo de rentabilidade futura do Banco Real. Todavia, tal fato, ao revés de infirmar a substância do valor, afirmao. É que o negócio foi realizado entre partes independentes e a participação no Sudameris estava assentada em laudo. Nos autos do processo nº 16327.721168/201413, que trata da glosa da amortização do ágio relativo à participação no Banco Sudameris relativamente à mesma operação, tive a oportunidade de enfrentar essa questão. Abaixo, transcrevo o trecho pertinente: Assim, a entrega das ações do Banco Real para fins de pagamento pela aquisição das ações do Banco Sudameris, por si só, não impede o reconhecimento do ágio e não há também óbices a se aceitar a relação de troca, pois realizada entre partes independentes. A Banca Intesa aceitou receber por 2.794.400.228 ações do Banco Sudameris (2.739.987.839 ações ordinárias e 54.412.389 ações preferenciais), correspondentes a 71,82% do seu capital social, o montante de 211.916.668 ações novas de emissão do Banco Real. Aqui, reiteramos, não há que se questionar essa relação de troca, pois foi realizada entre partes independentes. De um lado, o Grupo ABN aceitou receber 71,82% da participação no Banco Sudameris e entregar 11,58% de participação no Banco Real para a Banca Intesa; de outro lado, a Banca Intesa aceitou receber 11,58% de participação no Banco Real em troca de 71,82% da participação no Banco Sudameris. Esses montantes Fl. 15599DF CARF MF 20 advieram do equilíbrio de vontades opostas: a da Banca Intensa de receber mais participações do Banco Real ou de ceder menos participações no Banco Sudameris e a do Grupo ABN de entregar menos participações no Banco Real ou de receber mais participações do Banco Sudameris. Essas forças opostas indicam montantes equitativos na relação de troca. A única questão que merece ser perscrutada é o valor em moeda desses ativos, uma vez que não foram liquidados financeiramente. Para tal, porém, uma vez que a relação de troca foi estabelecida em condições concorrenciais, por partes com interesses opostos, basta aferir o valor de uma das participações envolvidas, pois a outra representará também este mesmo valor. Desse modo, apesar de não constar um laudo de avaliação da participação no Banco Real, há a avaliação da participação no Banco Sudameris por ocasião da celebração do negócio, avaliação esta atestada pela própria autoridade fiscal no seu termo de verificação, em que faz referência ao laudo confeccionado pela Deloitte Touche Tohmatsu Consultores Ltda, que avaliou 100% das ações do Banco Sudameris no intervalo entre R$ 2,27 a R$ 2,43 bilhões. Assim, a atribuição do valor de R$ 1.662.910.100,00 para 71,82% de participação no Banco Sudameris respeita esse intervalo (esse valor representa R$ 2,31 bilhões para a participação total de 100%). Também não podemos perder de vista que o Grupo ABN pago em dinheiro o montante de R$ 526.754.900,00 pela aquisição de 22,75%. Isso correspondeu a R$ 23.154.061,54 para cada 1% de participação. Esse valor é praticamente o mesmo que foi atribuído às participações objeto de permuta, pois o valor de R$ 1.662.910.100,00 por 71,82% corresponde a R$ 23.153.858,25 para cada 1% de participação. Desse modo, considero que está comprovado o curso de aquisição do investimento e a integralidade do ágio. Em resumo, o valor da participação no Banco Real foi comprovada por duas formas diferentes: (i) pagamento em dinheiro que permite aferir o preço de mercado de participações no Banco Real e (ii) pagamento em participações do Banco Sudameris precificadas por laudo de avaliação. Exigir um laudo de avaliação específico das participações no Banco Real na data da operação inicial (2003), quando dois outros negócios nos permite fazer essa avaliação é formalidade que consideramos estrema e indevida, pois nenhuma prova pode ser sacramental, exceto quando expressamente a lei assim estabeleça. Com essas razões, deve ser dado provimento ao recurso voluntário, ficando prejudicadas as demais alegações da defesa. Conclusão Fl. 15600DF CARF MF Processo nº 16327.721125/201438 Acórdão n.º 1401001.901 S1C4T1 Fl. 15.591 21 Voto por rejeitar a preliminar de decadência suscitada para, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 15601DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.720532/2009-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2004 a 31/12/2006
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.232
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2004 a 31/12/2006 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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score : 1.0
Numero do processo: 13830.903150/2012-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.423
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/08/2009 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado.
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INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 50 /2 01 2- 98 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de PIS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.686, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903150/201298 Acórdão n.º 3402004.423 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 63DF CARF MF
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