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Numero do processo: 16327.721384/2011-16
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Jun 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2006 a 30/08/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO
Devem ser acolhidos os embargos de declaração para sanar a omissão apontada, quando constatado ter o redator do voto vencedor se omitido sobre matéria a qual deveria ter se pronunciado.
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. LEGALIDADE
A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu inadimplemento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic.
Numero da decisão: 9202-006.728
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 9202.005-156, de 25/01/2017, consignar no voto e na ementa a tese vencedora relativamente aos juros sobre a multa, mantendo inalterado o resultado do julgamento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ACOLHIMENTO Devem ser acolhidos os embargos de declaração para sanar a omissão apontada, quando constatado ter o redator do voto vencedor se omitido sobre matéria a qual deveria ter se pronunciado. JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. LEGALIDADE A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu inadimplemento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 9202.005156, de 25/01/2017, consignar no voto e na ementa a tese vencedora relativamente aos juros sobre a multa, mantendo inalterado o resultado do julgamento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 13 84 /2 01 1- 16 Fl. 1375DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Embargos de Declaração, fl. 1.371/1.373, opostos pelo Contribuinte, com fulcro no art. 65 e seguintes do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, contra o Acórdão nº 9202005.156 (fls. 1.144/1.156), este julgado na sessão plenária de 25/01/2017, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 30/08/2008 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BÔNUS DE CONTRATAÇÃO (HIRING BÔNUS). PAGAMENTO VINCULADO A PERMANÊNCIA DO EMPREGADO NA EMPRESA E EM SUBSTITUIÇÃO DAS VANTAGENS SALARIAIS DEVIDAS DURANTE O PERÍODO DO LABOR. PARCELA DE NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA. Tendo em vista que o pagamento do bônus de contratação se deu de forma a retribuir os trabalhos prestados na empresa contratante, com expressa determinação contratual de que o mesmo substitui e engloba todas as vantagens que o empregado poderia auferir no exercício de suas funções junto ao contratante, além de exigirlhe tempo mínimo de permanência na empresa, é de se reconhecer a natureza salarial da verba, devendo compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas. O resultado encontrase assim espelhado: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Fábio Piovesan Bozza , que lhe deram provimento e, ainda, a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deu provimento parcial. Designada para redigir o Fl. 1376DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 364 3 voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. No intuito de contextualizar a apreciação dos presentes embargos por esse colegiado, transcrevo, na integra, o relatório do acórdão embargado de relatoria da Dra. Ana Paula Fernandes, e o voto vencedor da Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Complemento o relatório com os Embargos do Contribuinte (fls. 1.206/1.209), uma Petição também do Contribuinte (fls. 1.240/1.244) e as Informações em Embargos – exame de admissibilidade dos Embargos de Declaração opostos pelo Contribuinte analisados pela Presidência do CARF (fls. 1.371/1.373). Relatório da Dra. Ana Paula Fernandes (relatora): “O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pelo Contribuinte face ao acórdão 2401003.708, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 4ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de processo que agrupa os Autos de Infração (AI), compreendendo o período de 02/2006 a 08/2008, lavrados: a) para a cobrança de contribuições previdenciárias destinadas a terceiros incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados (AI 37.318.1116); b) para a cobrança de contribuições previdenciárias parte da empresa e as destinadas ao financiamento do GILRAT incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados (AI 37.318.1108); e c) para a cobrança de multa por ter a recorrente deixado de informar em GFIP os fatos geradores das contribuições previdenciárias indicadas nos autos de infração supra (AI 37.318.1094). O Contribuinte apresentou sua impugnação em 28/11/2011, conforme fls. 268/299. A 12ª Turma da DRJ de São PauloI, às fls. 306/335, manteve o lançamento do crédito tributário. Em sede de Recurso Voluntário, às fls. 339/382, alegou, em síntese, que a imunidade dos pagamentos de PLR, prevista no art. 7º, inciso XI, da Constituição Federal deve ser autoaplicável, pois se trata de norma constitucional de eficácia plena. Afirmou, por conseguinte, que as verbas pagas a título de PLR efetivamente possuem tal natureza, tendo em vista que efetivamente decorrem dos resultados obtidos pela recorrente naquele período, sendo que todas as exigências constantes na Lei 10.101/00 foram atendidas. Pugnou pela exclusão dos juros sobre a multa de ofício e o reconhecimento da decadência para as competências de 02/2006 e 08/2006. A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 865/887, DEU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, restando assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 30/08/2008 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N. 08 DO STF. Fl. 1377DF CARF MF 4 É de 05 (cinco) anos o prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário relativo a contribuições previdenciárias. Decadência reconhecida por qualquer das regras do Código Tributário Nacional. PLR PAGA A DIRETORES NÃO EMPREGADOS. IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. IDENTIDADE DE OBJETOS. CONCOMITÂNCIA. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Tendo em vista que a recorrente impetrou Mandado de Segurança e Ação Ordinária com o mesmo objeto do presente processo administrativo fiscal, pleiteando o reconhecimento da não incidência das contribuições sobre pagamentos creditados a diretores não empregados, é de se reconhecer a renúncia ao contencioso administrativo fiscal. Aplicação da Súmula CARF n. 01. PLR PAGA A SEGURADOS EMPREGADOS. NÃO APRESENTAÇÃO DE MEMÓRIAS DE CÁLCULO DOS VALORES PAGOS. DESCONSIDERAÇÃO DO ACORDO EFETUADO. LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A não apresentação das memórias de cálculo dos valores pagos a título de PLR autoriza que o lançamento das contribuições tidas por devidas seja realizado pela sistemática do arbitramento em conformidade com o art. 33 da Lei 8.212/91, o que não foi observado no presente caso, já que, pela não apresentação, houve a simples descaracterização do acordo levado a efeito pelas partes. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BÔNUS DE CONTRATAÇÃO (HIRING BÔNUS). PAGAMENTO VINCULADO A PERMANÊNCIA DO EMPREGADO NA EMPRESA E EM SUBSTITUIÇÃO DAS VANTAGENS SALARIAIS DEVIDAS DURANTE O PERÍODO DO LABOR. PARCELA DE NATUREZA SALARIAL. INCIDÊNCIA. Tendo em vista que o pagamento do bônus de contratação se deu de forma a retribuir os trabalhos prestados na empresa contratante, com expressa determinação contratual de que o mesmo substitui e engloba todas as vantagens que o empregado poderia auferir no exercício de suas funções junto ao contratante, além de exigirlhe tempo mínimo de permanência na empresa, é de se reconhecer a natureza salarial da verba, devendo compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. Incidem juros sobre a multa de ofício, a serem aplicados após a constituição do crédito. Fl. 1378DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 365 5 Recurso Voluntário Provido em Parte. Após manifestarse expressamente seu desinteresse em recorrer (fl. 891), às fls. 895/897, a Fazenda Nacional apresentou Embargos de Declaração, sob a alegação de obscuridade do voto, porém, os mesmos restaram negado pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 905/907, por serem intempestivos. Às fls. 917/928, o Contribuinte interpôs Recurso Especial, alegando divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e os paradigmas trazidos para analise, em relação a dois temas: bônus de contratação, pois enquanto a decisão recorrida entendeu que, mesmo não ocorrendo a prévia prestação de serviço por parte do segurado, o valor pago deve ser base de incidência da contribuição previdenciária, os paradigmas apontados são taxativos em dizer que é condição indispensável para que os valores sejam base da incidência contributiva previdenciária a efetiva prestação de serviço por parte do segurado, ou que a pessoa já tenha se colocado à disposição do empregador; e sobre juros sobre multa de ofício, verificase a divergência de entendimento nos acórdãos recorrido e paradigmas, tendo em vista que, enquanto a decisão recorrida entende que é legal a incidência dos juros sobre a multa de ofício, os paradigmas dizem que inexiste no ordenamento jurídico previsão para tal incidência. Às fls. 1123/1130, a 4ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, DANDO SEGUIMENTO ao recurso, uma vez vislumbrada a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigmas, configurando a divergência jurisprudencial apontada. Às fls. 1132/1142, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, adotando como suas contrarrazões, em síntese: em relação ao bônus de contratação, aduziu que tal parcela, também denominada hiring bonus, signon bonus, ou “luvas”, pode ser conceituado como a soma em dinheiro que a empresa oferece à profissional qualificado, normalmente com o perfil altamente especializado, como atrativo à respectiva contratação e consequente desvinculação do emprego anterior. Outrossim, tal montante traz ao futuro contratado o dever de permanência na empresa por determinado período. Tanto se está diante de uma remuneração pelo trabalho que, se deixar a empresa (se deixar de trabalhar), o empregado devolve o dinheiro antecipado na proporção dos meses que faltarem para completar o prazo abrangido pela antecipação. Nesse sentido, alega não ser uma verba indenizatória, pois entende que as verbas indenizatórias, em sua essência, são devidas por quem tenha de alguma maneira lesado o patrimônio ou um bem jurídico de outrem, sendo o seu escopo justamente o de recomposição desse patrimônio. Na hipótese dos bônus de contratação, data venia, não há que se falar em indenização no seu estrito sentido jurídico, pois o novo empregador não cometeu nenhum ato ilícito que ensejasse o dever legal de recomposição do patrimônio do empregado. Com relação aos juros de mora sobre multa de ofício, argumentou que a aplicação do art. 161 do Código Tributário Nacional decorre apenas de interpretação literal, porém, em uma análise sistemática do Código Tributário Nacional, concluirseá que o crédito tributário engloba tanto o tributo quanto a multa. O art. 113, § 1º do CTN preceitua que a obrigação principal tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária, donde se observa, conforme leciona Luciano Amaro2, que o critério utilizado pelo Código Tributário Nacional para distinguir obrigação acessória de obrigação principal é o conteúdo pecuniário. A obrigação acessória consiste em um fazer ou não fazer, enquanto que a obrigação principal implica em obrigação de dar dinheiro. Neste passo, resta evidente que a multa tem natureza de obrigação principal, visto que incontestável o seu conteúdo pecuniário. O conceito de crédito Fl. 1379DF CARF MF 6 tributário está esculpido no art. 139 do CTN: “Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” Desta forma, por ser a multa, indubitavelmente, obrigação principal, não se pode chegar a outra conclusão se não a de que o crédito tributário engloba o tributo e a multa. Logo, tanto sobre o tributo (principal) quanto sobre a multa deve incidir juros, como determina o § 1º do art. 161 do Código Tributário Nacional. Após, vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório.” Voto Vencedor da Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira: “Peço licença a ilustre conselheira Ana Paula Fernandes para divergir do seu entendimento quanto a exonerar o contribuinte de obrigação principal em relação a concessão de bônus de contratação HIRING BÔNUS. Recurso Especial do Contribuinte Em relação aos fundamentos que norteiam considerar o pagamento do bônus de contratação, como salário de contribuição, entendo que a questão foi devidamente fundamentada pelo acórdão recorrido, inclusive razão pela qual acompanhei o relator nessa parte. Dessa forma, transcrevo as partes pertinentes, adotandoo como razões de decidir. Senão vejamos: Do bônus de contratação. Relativamente a esta rubrica, assim fora justificado o lançamento pela fiscalização tributária: 45. não obstante a amplitude do conceito de salário de contribuição, o próprio artigo 28 em seu parágrafo 9º, prevê inúmeras situações especiais onde, mesmo havendo pagamento direto ao empregado, não haverá a incidência da contribuição previdenciária. Tais hipóteses consubstanciam isenções concedidas àqueles que têm o dever de contribuir com a Previdência Social, desonerandoos da exação. Por sua vez, a interpretação da norma isentiva não permite incluir nela situações que não estejam expressamente previstas no texto legal, em face da literalidade em que deve ser interpretada, conforme artigo 111, inciso II da Lei nº 5.172/66 – CTN. 46. Esta verba é paga no ato da contratação, negociada entre a empresa e o empregado, faz parte do pacote de remunerações para incentivar o empregado a ingressar nos quadros da empresa, denominada no mercado como "luvas", "hiring bônus" ou bônus de contratação, tem como natureza uma gratificação ajustada, não estando nas hipóteses de isenção previdenciária; 47. Da mesma forma é o entendimento da legislação trabalhista, conforme disposto no artigo 457, §1º da CLT; Fl. 1380DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 366 7 48. Nesse sentido, quando a lei define remuneração paga a qualquer título, o pagamento de "luvas", que tem natureza de gratificação ajustada, está contido na definição legal de remuneração, sendo parte integrante do salário de contribuição; 49. No caso, verificase através dos contratos firmados entre a empresa e os empregados contratados a natureza de remuneração em troca do trabalho, conforme transcrito a seguir: "Abono de contratação firmado entre Itaú Corretora de Valores S A e Ricardo Jorge Fernandez Fernandez: (...) 2. Em reciprocidade pelo recebimento da importância acima, que após as deduções legais resultará no valor líquido de R$ 99.852,80 (Noventa e nove mil, oitocentos e cinqüenta e dois reais e oitenta centavos), o colaborador assume expressamente o compromisso de permanecer trabalhando nesta empresa por um período de 24 (vinte e quatro) meses.". Aditivo ao contrato individual de trabalho entre Itaú Corretora de Valores S.A, empregador e Luiz Gustavo Cherman: (...) 1 O funcionário comprometese a manter a relação de emprego pelo prazo mínimo de 36 meses e a cumprir todas as metas previstas até 30 de abril de 2011.” Em contrapartida, argumenta a recorrente que se trata, em verdade, de verba desvinculada do salário, uma vez que fora paga aos beneficiários no ato da contratação, momento no qual ainda não se dava a prestação dos serviços, motivo pelo qual deve ser reconhecido sobre ela não incidirem as contribuições previdenciárias. Pois, bem, sobre o assunto, inicialmente cabe frisar que a CF/88, em seu art. 195, I, “a”, definiu que o financiamento da Seguridade Social se faria, em parte pelas contribuições do empregador e do empregado incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos provenientes do trabalho, senão vejamos: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das Fl. 1381DF CARF MF 8 seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Por sua vez, em face de referido comando constitucional, tais contribuições vieram a ser instituídas por meio da Lei 8.212/91, que em seu artigo 22, assim dispôs: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.(Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). E ao definir o conceito de salário de contribuição, no caso a base de cálculo das contribuições previdenciárias, a própria Lei n ° 8.212/91 definiu que, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição: Art.28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) grifo nosso. Resta claro portanto que a cobrança das contribuições sociais previdenciárias somente poderá ser levada a efeito sobre valores que vierem ser creditados a segurados empregados ou contribuintes individuais quando estes Fl. 1382DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 367 9 venham a auferir remuneração destinada a retribuir um trabalho por eles prestado ao seu empregador ou tomador de serviços, não sendo abarcados na hipótese de incidência eventuais ganhos que não possuam qualquer vinculação com a prestação de trabalho com ou sem vínculo empregatício. O pagamento de verbas a título de hiring bônus ou bônus de contratação é uma ferramenta utilizada pelas empresas, sobretudo com o intuito de angariar funcionários de alta performance de mercado, com vínculo empregatício ou não, para os quadros de colaboradores de determinada empresa, diante da atual escassez no mercado de trabalho de profissionais especializados em determinada expertise ou mesmo de profissionais de alta capacidade operacional que se destacam no exercício de suas funções no empresariado brasileiro. Tratase de uma forma encontrada, ainda, pelas empresas de adoçar a boca de executivos, para que os mesmos venham a auferir vantagens para que deixem os seus antigos postos de trabalho e venham a se filiar a uma nova empresa, pois, sem a concessão de melhores benefícios, certamente tais profissionais continuariam a exercer suas funções no antigo posto de trabalho não havendo para eles qualquer vantagem em transferir sua força de trabalho e conhecimentos a um novo empregador. Fato é que o pagamento do bônus de contratação não possui qualquer previsão legal acerca de sua obrigação ou não de pagamento, se traduzindo em nova prática de mercado, atualmente adotada por empresas brasileiras à exemplo da prática há muito já realizada no exterior, como forma das mesmas se manterem vivas e competitivas, certamente pela força de trabalho de profissionais mais especializados e mais respeitados em determinada área. Em se tratando de uma prática mais atual, também não houve qualquer previsão sobre tal pagamento nas hipóteses de isenção das contribuições previdenciárias previstas no §9o do art. 28 da Lei 8.212/91, de modo que o próprio legislador constituinte e o ordinário, ao definirem o salário contribuição, pela impossibilidade de previsão de todas as formas de remuneração que poderiam vir a ser criadas, determinou que todo o pagamento auferido em uma ou mais empresas que tiver como escopo a retribuição do trabalho prestado, deverá ser considerado como base de cálculo para fins de incidência da tributação pelas contribuições previdenciárias. Fl. 1383DF CARF MF 10 Assim, em face do silêncio da legislação relativamente ao pagamento de bônus de contratação, cabe ao julgador, diante do caso em concreto, apurar se o pagamento efetuado teve realmente ou não a finalidade de retribuição de trabalho prestado, não havendo que se falar, apenas na tributação da verba sobre o argumento de que ela não consta expressamente dentre as hipóteses de isenção previstas no art. §9o do Art. 28 da Lei 8.212/91. A meu ver, o primeiro elemento que deve considerado para definição ou não do caráter de retributividade da verba, o qual a meu ver é incontroverso no presente caso, pois não veio a ser questionado pela fiscalização ou mesmo pela própria recorrente, é o momento em que a verba veio a ser paga. Consta do relatório fiscal que a verba foi paga no ato da contratação, ou seja, em momento no qual o seu beneficiário sequer estava formalmente ligado ao quadro de colaboradores da recorrente ou mesmo tenha até iniciado a prestação dos serviços para o qual fora contratado. Logo, em não havendo a prévia prestação do serviço, a meu ver, considerandose tal elemento, por si só no caso em concreto, não há que se falar que o pagamento da verba ou remuneração destinouse a retribuir qualquer trabalho prestado, diante da clara impossibilidade de tal fato pudesse mesmo ocorrer. [...] Dessa forma não concordo com a conclusão da fiscalização no presente caso de que o bônus de contratação se trata, em todos os casos, de uma gratificação ajustada, de modo a atrair a incidência das contribuições com fundamento no art. 457 da CLT. A meu ver uma gratificação, qualquer que seja sua forma, caracterizase como um pagamento feito por liberalidade do empregador, como uma forma de agradecimento ou reconhecimento de algo, no caso, uma vez que creditada ao seu empregado, certamente busca gratificalo pelos serviços já prestados ou mesmo como recompensa pelo respectivo tempo de serviço na empresa ou performance na execução de determinado serviço. [...] Pois bem. Não obstante as ponderações acima, no presente caso, o fiscal trouxe aos autos interessante dado, no caso, a informação de que o bônus de contratação, fora pago no ato da contratação e fora condicionado ao um período de permanência dos seus beneficiários nos quadros funcionais da recorrente, por vezes por um período de 24 (vinte e quatro) meses, por vezes por um período de 36 (trinta e seis) meses. Fl. 1384DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 368 11 Transcrevo o que consta no contrato dos beneficiários da verba: “O funcionário comprometese a manter a relação de emprego pelo prazo mínimo de 36 (trinta e seis meses) e a cumprir todas as metas até 30 de abril de 2011” E não é só. O instrumento que regulou o pagamento do hiring bônus no presente caso, além de determinar um prazo mínimo no qual o empregado deve Manterse no seu emprego, prevê de forma expressa que: (i) o valor pago a título do bônus de contratação se caracteriza num adiantamento pelo compromisso firmado de permanecer no cargo pelo prazo de 36 meses; (ii) o recebimento de tal quantia quitará quaisquer vantagens que venha o empregado a adquirir até 30 de abril de 2011, excetuados os salários fixos e comissões de seu cargo; (iii) na hipótese de ocorrer abandono de emprego ou pedido de demissão antes de 36 meses, o empregado tem a obrigação de restituir o adiantamento na proporção de 1/36 por mês faltante para o cumprimento de referido prazo; E em face da presença de tais condições, indago se o fato da verba ter sido paga no ato da contratação, mesmo sem ter havido a efetiva prestação dos serviços, pode ensejar a conclusão de que o pagamento visou/teve como finalidade atrair tais empregados para uma nova empresa e está desvinculado, neste caso, do trabalho prestado. Creio que não. Ora, somente o fato de constar no acordo do pagamento do hiring bônus que tais valores são um adiantamento pelo período futuro em que o empregado deverá ficar vinculado à empresa, já demonstra forte indício de que existe uma vinculação do seu pagamento em razão da contraprestação do serviço no presente caso na forma de uma remuneração antecipada. Aliandose a tal condição, a obrigação de devolução dos valores em caso da quebra prematura do contrato de trabalho e a de que os valores constituem o pagamento de qualquer vantagem que o empregado venha ou possa adquirir em função do seu trabalho, realmente, não vejo como concluir pela desvinculação do pagamento em razão do trabalho a ser prestado como forma de atrativo ao empregado para compor os quadros de funcionários da recorrente. Fl. 1385DF CARF MF 12 A meu ver, a forma pactuada pelas partes para o pagamento do bônus de contratação, se mostra muito mais e claramente como uma forma de manter o empregado vinculado à recorrente, e não como forma de atraílo a vir a fazer parte de seu quadro de colaboradores. Assim, afasto as alegações da recorrente. Pela análise da legislação previdenciária, qualquer rendimento pago em retribuição ao trabalho, qualquer que seja a forma de pagamento, enquadrase como base de cálculo das contribuições previdenciárias. Todavia, tendose em conta a abrangência do conceito de salário de contribuição, o legislador achou por bem excluir determinadas parcelas da incidência previdenciária, enumerando em lista exaustiva as verbas que estariam fora deste campo de tributação. Essa relação encontrase presente no § 9.º do artigo acima citado. De pronto, afasto qualquer argumentação de que esses ganhos seriam eventuais e por isso estariam livres da tributação em razão da norma inserta no item 7 da alínea “e” do § 9.º do art. 28 da Lei n. 8.212/1991. Senão vejamos: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) e) as importâncias: (...) 7.recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (...) A interpretação do dispositivo acima não pode ser dissociada daquele inserto no “caput” do mesmo artigo, acima transcrito, mas que não custa apresentar mais uma vez: Entendo que somente os pagamentos que não guardam relação com o contrato de trabalho podem ser tidos por ganhos eventuais desvinculados, devendo decorrer de condições específicas de um trabalhador, como por exemplo destinação de valores em eventos de doença e outros sinistros fortuitos, sem relação direta ou indireta pela prestação de serviços. Não há dúvida de que o pagamento de bônus de contratação Hiring bônus, ou mesmo, gratificação em razão da admissão do empregado (utilizados por algumas empresas) tem relação direta com o vínculo contratual estabelecido entre as partes, e o seu principal objetivo é atrair profissionais para o quadro funcional da empresa, representando, a bem da verdade, um pagamento antecipado pela futura prestação de serviço do trabalhador. Assim sendo, observase que o referido bônus, nada mais é que um artifício para atrair trabalhadores valorizados em seu segmento profissional, funcionando como um diferencial em relação aos concorrentes. Por esse motivo, mesmo que a recorrente tente rotulála como mera liberalidade, a rubrica em questão ostenta, no seu âmago, uma ponta de contraprestação, posto que tem por desiderato oferecer um atrativo econômico ao obreiro para com este firmar o vínculo laboral. Conclusão Fl. 1386DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 369 13 Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial do Sujeito Passivo. É como voto.” Cientificado do Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial expedido pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, das Contrarrazões da Fazenda Nacional, do Acórdão 9202005.156 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, da Informação Fiscal, da Planilha de Cálculo e dos relatórios DADRs expedidos pela DICAT DEINF/SPO em 30/10/2017, o contribuinte apresentou, em 06/11/2017, tempestivamente (uma vez que dia 02/11/2017 foi feriado nacional), os Embargos de Declaração. Relata o embargante que, conforme despacho de admissibilidade (efls. 1.123 a 1.130) e o relatório e fundamentação do voto vencido do acórdão ora embargado, o Recurso Especial discutia duas matérias distintas, quais sejam, bônus de contratação e juros sobre a multa de ofício. Informa que, na sessão realizada no dia 25/01/2017, a Relatora do referido Acórdão, expressamente deu provimento ao recurso especial para afastar a tributação do bônus de contratação e, também, para reconhecer a ilegalidade dos juros sobre a multa de ofício. Salienta que a Conselheira designada Redatora do Voto Vencedor divergiu da Conselheira Relatora quanto à matéria "bônus de contratação" e, ao final, seu voto prevaleceu por qualidade nesse ponto, porém, não há fundamentação no voto vencedor sobre a outra matéria discutida no Recurso Especial, qual seja, a ilegalidade da incidência dos juros sobre a multa de ofício. Conclui que, o acórdão é omisso quanto à fundamentação da matéria juros sobre a multa de ofício e, obscuro quanto ao resultado final, na medida em que não restou consignado, de forma expressa, qual a discordância da Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Tais embargos foram acolhidos de acordo com o Despacho de Admissibilidade de Embargos, de 02/02/2018 (fls. 1.371/1.373). O contribuinte apresentou também, em 08/11/2017, uma Petição onde faz uma contextualização de todo o andamento do presente processo e ao final requer: “Nesse sentido, comprovado que a exigibilidade do crédito tributário pertinente à participação nos lucros para administradores, multa e juros (PLA) ainda controlados no presente processo administrativo encontramse integralmente suspensos, é a presente para requerer, nos termos do art. 151, IV do CTN, a alteração da situação do presente para “suspensa”, bem como, em observância à ordem judicial, a suspensão de qualquer procedimento tendente à cobrança do valor em questão. Ademais, além da incontroversa suspensão da exigibilidade do crédito tributário a ser, com o devido respeito e acatamento, reconhecida de plano em observância à ordem judicial vigente, é certo que nada justifica a manutenção e, ao final, a cobrança de multa ao lançamento de PLA, uma vez que o §2º do artigo 63 da Lei nº 9.430/96 determina que: Fl. 1387DF CARF MF 14 “Interposição de ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição”. No caso dos autos, a liminar que impediu a incidência de PLA em face da ora Peticionária foi deferida em 07/12/2004 (doc. 3.1) e conforme já fartamente demonstrado permanece vigente até hoje. Por outro lado, os autos de infração (DEBCADs 37.318.1094, 37.318.1108 e 37.318.1116) controlados no presente processo administrativo foram lavrados em 27/10/2011. Portanto, tendo em vista que no momento da lavratura dos autos de infração (27/10/2011) havia (e ainda há) decisão judicial determinando sua não incidência, concluise que, por mera aplicação do disposto no §2º do artigo 63 da Lei nº 9.430/96, que a multa só será devida na hipótese de a ora Peticionária não quitar ou depositar judicialmente tal valor nos 30 (trinta) dias subsequente à eventual decisão que vier a considerar tal tributo devido, o que, até o presente momento, não ocorreu. Assim, a multa do lançamento de PLA remanescente, em observância à lei e às decisões proferidas pelo Poder Judiciário, é indevida. Entretanto, caso assim não entenda, requerse o recebimento dessa petição como Recurso Hierárquico, nos termos dos artigos 56 e 59, ambos da Lei nº 9+784/99 para que a autoridade fiscal se manifeste acerca do quanto legado”. É o relatório. Fl. 1388DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 370 15 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos De Admissibilidade Os Embargos de Declaração opostos por esta Conselheira, inicialmente, atendem aos pressupostos de admissibilidade, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Embargos de Declaração a fls. 1371/1373. Assim, passar a apreciar a questão. Da Análise da admissibilidade dos Embargos Conforme consta no relatório deste voto, os embargos foram assim apresentados: Relata o embargante que, conforme despacho de admissibilidade (efls. 1.123 a 1.130) e o relatório e fundamentação do voto vencido do acórdão ora embargado, o Recurso Especial discutia duas matérias distintas, quais sejam, bônus de contratação e juros sobre a multa de ofício. Informa que, na sessão realizada no dia 25/01/2017, a Relatora do referido Acórdão, expressamente deu provimento ao recurso especial para afastar a tributação do bônus de contratação e, também, para reconhecer a ilegalidade dos juros sobre a multa de ofício. Salienta que a Conselheira designada Redatora do Voto Vencedor divergiu da Conselheira Relatora quanto à matéria "bônus de contratação" e, ao final, seu voto prevaleceu por qualidade nesse ponto, porém, não há fundamentação no voto vencedor sobre a outra matéria discutida no Recurso Especial, qual seja, a ilegalidade da incidência dos juros sobre a multa de ofício. Conclui que, o acórdão é omisso quanto à fundamentação da matéria juros sobre a multa de ofício e, obscuro quanto ao resultado final, na medida em que não restou consignado, de forma expressa, qual a discordância da Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Tais embargos foram acolhidos de acordo com o Despacho de Admissibilidade de Embargos, de 02/02/2018 (fls. 1.371/1.373) que assim descreve: No presente caso, recebo os Embargos de Declaração com base no art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Verificase que assiste razão ao embargante em suas alegações. Fl. 1389DF CARF MF 16 Constatase que a Conselheira designada redatora do voto vencedor não se manifestou com relação a matéria "juros sobre multa de ofício". Percebese ainda, que a ementa também restou omissa quanto ao assunto Conclusão Diante do exposto, com fundamento no art. 65, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, ACOLHO os Embargos de Declaração opostos pelo Sujeito Passivo. Dessa forma, considerando a omissão apontada nos embargos, em confronto com o voto proferido, entendo que pertinente o acolhimento dos presentes embargos, para que se complemente o acórdão embargado no ponto em que restou omisso. Do mérito Juros sobre multa de ofício Ao contrário do que encaminhou a ilustre relatora, a aplicação de juros sobre multa de ofício é devida, na medida em que a penalidade compõe o crédito apurado. De acordo com o art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN é autorizada a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício. Fazendo parte do crédito juntamente com o tributo, devem ser aplicados à multa, os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. Conforme mencionado acima o art. 161 do CTN, respalda a exigência de juros sobre multa na medida que a multa compõe o credito tributário, conforme transcrito abaixo: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” Dessa forma, após o lançamento fiscal, incide juros não apenas sobre o principal (tributo devido), como também sobre a multa aplicada, que em conjunto compõem o crédito tributário. Não há como imaginar que após o lançamento, não mais haveria qualquer espécie de ajuste nesse valor, o que acabaria por beneficiar os contribuintes em débito. Contudo, da leitura do §1º do referido dispositivo, outra dúvida passa a assolar os julgamentos. No caso, qual a o percentual da multa a ser aplicado: 1% ao mês, conforme entendeu o acórdão recorrido, ou a taxa SELIC? Entendo que a interpretação mais acertada, parte da leitura do próprio dispositivo, senão vejamos: "§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês." Fl. 1390DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 371 17 Ou seja, em existindo legislação especifica que disponha de forma diversa, não há de se aplicar o percentual de 1%. No caso, o dispositivo que respalda a aplicação da taxa SELIC é o art. 43 da Lei 9430/96, que assim dispõe: "Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento." (grifei) Sendo que o referido §3º do art. 5º, assim dispõe: "§ 3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento." Aliás, nesse sentido, já se manifestou esta CSRF, em diversas outras oportunidades, como no processo 10.768.010559/200119, Acordão 920201.806 de 24 de outubro de 2011, cuja ementa transcrevo a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Ano calendário:1997 JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE. O art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo Recurso especial negado. É legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região. Recurso Especial Negado. A matéria sob exame pode ser dividida em duas questões, que se completam. A primeira, diz respeito à própria possibilidade genérica da incidência de juros sobre a multa, e centrase na interpretação do artigo 161 do CTN; a segunda questão envolve a discussão sobre a existência ou não de previsão legal para a exigência de juros sobre a multa, cobrados com base na taxa Selic. Sobre a incidência de juros de mora o citado art. 161 do CTN prevê o seguinte: Fl. 1391DF CARF MF 18 “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” Inicialmente entendo que o art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. Ou seja, tanto a multa como o tributo compõem o crédito tributário, devendolhes ser aplicado os mesmos procedimentos e os mesmos critérios de cobrança, devendo, portanto, sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Ademais, não haveria porque o valor da multa permanecer congelado no tempo. Por seu turno o § 1.º do art. 161 do CTN, ao prever os juros moratórios incidentes sobre os créditos não satisfeitos no vencimento, estipula taxa de 1% ao mês, não dispondo a lei de modo diverso. Abriu, dessa forma, possibilidade ao legislador ordinário tratar da matéria, o que introduz a segunda questão: a da existência ou não de lei prevendo a incidência de juros sobre a multa de oficio com base na taxa Selic. O artigo 43 da Lei nº 9.430/96 traz previsão expressa da incidência de juros sobre a multa. Confirase in verbis: "Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento." (grifei) Esse entendimento se coaduna com a Súmula nº 45 do extinto Tribunal Federal de Recursos, que já previa a correção monetária da multa: "As multas fiscais, sejam moratórias ou punitivas, estão sujeitas à correção monetária." Considerando a natureza híbrida da taxa SELIC, representando tanto taxa de juros reais quanto de correção monetária, justificase a sua aplicação sobre a multa. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região: Fl. 1392DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 372 19 “TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. REPETIÇÃO. JUROS SOBRE A MULTA. POSSIBILIDADE. ART. 113, § 3º, CTN. LEI Nº 9.430/96. PREVISÃO LEGAL. 1. Por força do artigo 113, § 3º, do CTN, tanto à multa quanto ao tributo são aplicáveis os mesmos procedimentos e critérios de cobrança. E não poderia ser diferente, porquanto ambos compõe o crédito tributário e devem sofrer a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Não haveria porque o valor relativo à multa permanecer congelado no tempo. 2. O artigo 43 da Lei nº 9.430/96 traz previsão expressa da incidência de juros sobre a multa, que pode, inclusive, ser lançada isoladamente. 3. Segundo o Enunciado nº 45 da Súmula do extinto TFR "As multas fiscais, sejam moratórias ou punitivas, estão sujeitas à correção monetária." 4. Considerando a natureza híbrida da taxa SELIC, representando tanto taxa de juros reais quanto de correção monetária, justificase a sua aplicação sobre a multa.” (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005.72.01.0000311/ SC, Relator: Desembargador Federal Dirceu de Almeida Soares) “TRIBUTÁRIO. ART. 43 DA LEI 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a exigência fiscal consistente na incidência de juros moratórios sobre multa de ofício aplicada ao contribuinte. Inteligência do artigo 43 da Lei 9.430/96 c/c art. 113, § 3, do CTN. 2. Improvida a apelação.” (APELAÇÃO CÍVEL Nº 2004.70.00.0263869/ PR, Relator: Juiz Federal Décio José da Silva). Destarte, entendo que é legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Conforme descrito acima, os juros de mora sobre a multa são devidos em função do § 3º do art. 113 do CTN, pois tanto a multa quanto o tributo compõe o crédito tributário. Esse entendimento encontra precedentes da 2ª Turma da CSRF: Acórdão nº 920201.806 e Acórdão nº 920201.991. Destacase ainda que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu a legalidade dos juros de mora sobre a multa de oficio (AgRg no REsp 1.1335.688/PR; REsp 1.129.990PR; REsp 834.681MG). Entendo aplicável a incidência de juros sobre a multa de ofício, adotando os precedentes citados como fundamento para decidir, razão pela qual dou provimento ao Resp da Fazenda Nacional. Omissão quanto ao decisum. Fl. 1393DF CARF MF 20 Em que pese a competência desta relatora estar adstrita a parte do voto vencedor em que se omitiu, é fato, que o patrono do sujeito passivo apresentou outra omissão que deve ser apreciada por esse colegiado. Senão vejamos: Conclui que, o acórdão é omisso quanto à fundamentação da matéria juros sobre a multa de ofício e, obscuro quanto ao resultado final, na medida em que não restou consignado, de forma expressa, qual a discordância da Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Quanto a esta questão convém esclarecer que se em se tratando de voto vencido, não se exige a indicação no decisum, de quais seriam as conclusões da conselheiras, que deverá ser feita caso entenda necessário por meio de declaração de voto. Conclusão Face o exposto, voto por acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 9202.005156, de 25/01/2017, consignar no voto e na ementa a tese vencedora relativamente aos juros sobre a multa, mantendo inalterado o resultado do julgamento. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 1394DF CARF MF Processo nº 16327.721384/201116 Acórdão n.º 9202006.728 CSRFT2 Fl. 373 21 Declaração de Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. A presente declaração de voto tem o objetivo de aclarar minha manifestação pela procedência parcial do recurso interposto. Como manifestado na ocasião do julgamento, no que tange ao mérito onde se discute a incidência da Contribuição Previdenciária sobre verbas pagas a título de bônus de contratação (Hiring Bônus), adoto corrente diversa daquela defendida pela maioria do Colegiado, ou seja, por se tratarem de verbas não remuneratórias e considerando seu caráter eventual tais valores não compõem a base de cálculo do tributo previsto no art. 28 da Lei nº 8.212/91. Ocorre que, uma vez vencida quanto ao mérito do lançamento da verba principal, no que tange a discussão acerca da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício com razão a Recorrente isso porque o art. 113 do CTN nos traz a descrição de quais parcelas compõem o crédito relacionado à obrigação principal: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. §2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela prevista no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. §3º A obrigação acessória, pelo simples fato de sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Percebese que para o legislador o crédito tributário pode ser composto por três parcelas: I) o crédito decorrente da obrigação principal, II) o crédito gerado em razão de penalidade pecuniária decorrentes dessa obrigação principal e III) o crédito eventualmente decorrente do descumprimento de obrigação acessória. Citado por Leandro Paulsen, o Professor Eurico Marcos Diniz de Santi, assim esclarece: A obrigação principal, criação de expediente técnicojurídico, congrega em um só objeto, em uma só relação jurídica, mediante a operação de soma ou união de relações, os objetos das relações patrimoniais: relação jurídica tributária, relação jurídica da multa pelo nãopagamento, relação jurídica de mora e relação jurídica sancionadora instrumental, prática esta que, se, de um lado, facilita a integração e cobrança do débito fiscal, de outro, dificulta o discernimento das várias categorias e regimes jurídicos díspares que compõem a denominada obrigação tributária principal. Fl. 1395DF CARF MF 22 A redação do art. 161 do CTN prevê que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, ou seja a redação do dispositivo permite concluir que o Código Tributário Nacional autoriza a exigência de juros de mora sobre o crédito e ao se referir a crédito, evidentemente o dispositivo está tratando de crédito tributário, que conforme definido pelo citado art. 113, decorre da obrigação principal, na qual estão incluídos tanto o valor do tributo devido como a penalidade dele decorrente. No âmbito da regulamentação dada à matéria pelas legislação ordinária, devemos citar os dispositivos das leis nº 9.430/1996 e 10.522/2002, que disciplinaram o assunto: Lei nº 9.430/96: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” Lei nº 10.522/2002 Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1º de janeiro de 1997. (...). Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1º de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. Diante do exposto, considerando a abrangência do conceito de crédito tributário, forçoso concluir que há previsão legal para a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício aplicada em razão do não pagamento do tributo devido. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 1396DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.900983/2013-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
PRODUÇÃO DE PROVAS. DILAÇÃO.
No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na defesa, salvo quando comprovado fato superveniente. O pedido de dilação de prazo para a produção de provas no recurso voluntário não tem fundamento e deve ser indeferido.
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
A certeza e liquidez do indébito tributário são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação.
Numero da decisão: 1201-002.007
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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DILAÇÃO. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na defesa, salvo quando comprovado fato superveniente. O pedido de dilação de prazo para a produção de provas no recurso voluntário não tem fundamento e deve ser indeferido. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do indébito tributário são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, constitui fundamento legítimo para a não homologação da compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 90 09 83 /2 01 3- 08 Fl. 79DF CARF MF Processo nº 13502.900983/201308 Acórdão n.º 1201002.007 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório A Recorrente transmitiu declaração de compensação (DCOMP), objetivando compensar crédito de CSLL com débito tributário de sua responsabilidade. Por meio de Despacho Decisório, a compensação não foi homologada em razão da constatação de insuficiência de crédito, uma vez que o valor informado já teria sido alocado a débito confessado em DCTF. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que possui direito a compensação, tendo em vista que o crédito oriundo de pagamento a maior já havia sido desvinculado da DCTF do período que gerou o indébito. A manifestação em questão foi julgada improcedente pela DRJ, por entender que o contribuinte não comprovou a liquidez e certeza do alegado direito creditório. Cientificada da decisão, a empresa interpôs Recurso Voluntário, requerendo a prorrogação do prazo para apuração adequada do efetivo direito ao crédito, bem como a suspensão da exigibilidade do crédito tributário nos termos do artigo 151, III, do CTN. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201002.001, de 23.02.2018, proferido no julgamento do Processo nº 13502.900993/201335, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201002.001): "O recurso é tempestivo e cumpre os requisitos legais, razão pela qual dele tomo conhecimento. De acordo com o despacho decisório, e na linha do que decidiu a DRJ, o crédito pleiteado pela Recorrente não existiria, uma vez que teria sido utilizado para quitar débitos lançados em DCTF, não havendo, portanto, pagamento a maior ou indevido passível de compensação. Já a empresa sustenta na defesa que o referido crédito já estaria "desvinculado" da DCTF, mas não apresenta qualquer prova nesse sentido. No recurso voluntário, alega não ter certeza da Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13502.900983/201308 Acórdão n.º 1201002.007 S1C2T1 Fl. 4 3 origem do direito creditório, razão pela qual requer expressamente a dilação de prazo para fazer essa comprovação. Ora, em se tratando de compensação, a comprovação da liquidez e certeza do crédito constitui ônus da contribuinte, conforme interpretase do 170 do CTN, in verbis: “Artigo 170 A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.” Grifei. Nesse caso concreto, a própria Recorrente expressamente diz que não cumpriu com este ônus, razão pela qual é evidente a não comprovação do direito creditório analisado. Vale assinalar que a jurisprudência do CARF, conforme atestam as ementas dos julgados abaixo, admite a possibilidade de compensação de indébito, mas desde que haja comprovação cabal quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado, o que não ocorreu. “RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PROVA. ÔNUS. O ônus da prova do crédito tributário pleiteado no Per/Dcomp Pedido de Restituição é da contribuinte (artigo 333, I, do CPC). Não sendo produzida nos autos, indeferese o pedido e não homologase a compensação pretendida entre crédito e débito tributários.” (Ac. 1102000.890. Sessão de 14/08/2013). “DESPACHO DECISÓRIO E DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São válidos o despacho decisório e a decisão que apresentam todas as informações necessárias para o entendimento do contribuinte quanto aos motivos da nãohomologação da compensação declarada. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte”. (Ac. 3302 002.383.. Sessão de 02/11/2013). “PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação” (Ac. 3802002.076. Sessão de 14/08/2013). À falta, então, da demonstração cabal e comprovação do crédito informado na DCOMP analisada, correta a não homologação da compensação. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13502.900983/201308 Acórdão n.º 1201002.007 S1C2T1 Fl. 5 4 Cumpre observar, ainda, que no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, a produção de provas documentais deve ser feita, como regra, na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972, in verbis: “Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior”. A juntada de “novos documentos” aos autos é medida excepcional e permitida nas situações contempladas nos dispositivos citados, não havendo autorização legal que permita conceder pedido de dilação probatória tal como formulado. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 82DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001106/2005-71
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004
MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE. PREVISÃO LEGAL.
É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada DIF Papel Imune, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº. 2.158-35/2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001.
VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE.
Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da DIF Papel Imune deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.158-35/2001.
INEXISTÊNCIA DE OPERAÇÕES IMUNES NO PERÍODO. NECESSIDADE DE ENTREGA DA DIF.
A partir do momento da concessão do registro especial e a partir do momento em que realiza a primeira operação com papel imune, o contribuinte se sujeita ao controle do mesmo, devendo, obrigatoriamente, apresentar a declaração instituída para esse fim - DIF-Papel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004
RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO.
Por força da alínea c, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato.
Numero da decisão: 9303-004.952
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, reconhecendo a retroatividade benigna do inciso II do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, resultando na manutenção de multas para cada uma das DIFs PAPEL IMUNE não apresentadas no prazo legal, calculados conforme o referido dispositivo legal, cabendo à Unidade de Origem verificar os valores e a condição da empresa (Microempresa/ EPP/outros) para efeito de liquidação deste julgado.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada DIF Papel Imune, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº. 2.158-35/2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da DIF Papel Imune deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.158-35/2001. INEXISTÊNCIA DE OPERAÇÕES IMUNES NO PERÍODO. NECESSIDADE DE ENTREGA DA DIF. A partir do momento da concessão do registro especial e a partir do momento em que realiza a primeira operação com papel imune, o contribuinte se sujeita ao controle do mesmo, devendo, obrigatoriamente, apresentar a declaração instituída para esse fim - DIF-Papel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. Por força da alínea c, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, reconhecendo a retroatividade benigna do inciso II do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, resultando na manutenção de multas para cada uma das DIFs PAPEL IMUNE não apresentadas no prazo legal, calculados conforme o referido dispositivo legal, cabendo à Unidade de Origem verificar os valores e a condição da empresa (Microempresa/ EPP/outros) para efeito de liquidação deste julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº. 2.15835/2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/2001. INEXISTÊNCIA DE OPERAÇÕES IMUNES NO PERÍODO. NECESSIDADE DE ENTREGA DA DIF. A partir do momento da concessão do registro especial e a partir do momento em que realiza a primeira operação com papel imune, o contribuinte se sujeita ao controle do mesmo, devendo, obrigatoriamente, apresentar a declaração instituída para esse fim DIFPapel Imune, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 11 06 /2 00 5- 71 Fl. 382DF CARF MF Processo nº 19515.001106/200571 Acórdão n.º 9303004.952 CSRFT3 Fl. 383 2 Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento parcial, reconhecendo a retroatividade benigna do inciso II do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, resultando na manutenção de multas para cada uma das DIFs PAPEL IMUNE não apresentadas no prazo legal, calculados conforme o referido dispositivo legal, cabendo à Unidade de Origem verificar os valores e a condição da empresa (Microempresa/ EPP/outros) para efeito de liquidação deste julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recursos Especiais de Divergência, tempestivos, interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo, ao amparo do art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 340200.754, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, o qual deu parcial provimento ao Recurso da Contribuinte no sentido de reduzir a multa por falta ou atraso na entrega da DIF Papel Imune a uma incidência por declaração não entregue ou entregue fora do prazo. Transcrevo a ementa do referido acórdão: IPI – DIF PAPEL IMUNE MULTA REGULAMENTAR FALTA DE ENTREGA DE DECLARAÇÃO TRIMESTRAL MP N° 2.15835 (ART.57) – INFRAÇÃO CONTINUADA – CUMULAÇÃO E MULTIPLICAÇÃO DE PENALIDADES PELO NUMERO DE MESES EM QUE A AUTUADA PERMANECEU INADIMPLENTE INADMISSIBILIDADE – PRINCÍPIOS DA INFRAÇÃO CONTINUADA E DA RAZOABILIDADE. A multa de R$ 5.000,00 prevista para cada infração à obrigação formal (falta de declaração), não pode ser aplicada cumulativamente, multiplicada pelo número de meses em que a Recorrente permaneceu inadimplente nas informações trimestrais que deveria prestar, vez que as infrações apresentam Fl. 383DF CARF MF Processo nº 19515.001106/200571 Acórdão n.º 9303004.952 CSRFT3 Fl. 384 3 se de forma seqüencial, ferindo o mesmo objeto da tutela jurídica e guardando afinidade com igual fundamento fálico, o que as caracteriza como comportamento de feição continuada, sujeitandoas a uma única sanção por período trimestral em que foi verificada a falta. A seqüência de várias infrações apuradas em uma única autuação caracteriza a chamada infração de natureza continuada, com aplicação de uma única multa agravada fixada para trimestre especifico em que se constatou a falta de apresentação de Declaração. Precedentes do STJ. Recurso provido em parte. Irresignada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, sustentando que a multa pela falta da entrega da DIFPapel imune deveria ser calculada em função do número de meses de atraso de cada declaração, conforme determina o art. 57, inciso I da MP nº 2.15835/2001. O Recurso Especial foi integralmente admitido, conforme despacho de admissibilidade às fls. 315 e 316. O sujeito passivo também interpôs Recurso Especial alegando divergência jurisprudencial quanto ao cabimento da multa por falta de entrega da DIFPapel Imune, quando o contribuinte comprova que jamais operou com papel imune. Segundo suas alegações, “uma vez demonstrada a não obrigatoriedade da DIF Papel Imune pela Recorrente, porquanto nunca efetuara operações com papel imune, ou, quando menos, a inconstitucionalidade de referida obrigação acessória, ...” Requer, assim, a reforma parcial do acórdão, para determinar a anulação do auto de infração lavrado. O Recurso Especial do sujeito passivo foi também integralmente admitido, conforme despacho de admissibilidade às fls. 341/342. Contrarrazões da Fazenda Nacional às fls. 344/345. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O recurso interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, e foi admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF (despacho de admissibilidade às fls. 315 e 316). A recorrente alega divergência em relação à imposição da multa de ofício pelo atraso na entrega da declaração DIF Papel Imune, apresentando como paradigma o Acórdão 20218.446. Fl. 384DF CARF MF Processo nº 19515.001106/200571 Acórdão n.º 9303004.952 CSRFT3 Fl. 385 4 Enquanto o acórdão recorrido entendeu pela aplicação da multa pela falta da entrega da DIFPapel imune com incidência única sobre cada declaração omitida, no acórdão paradigma foi mantida a multa aplicada pela fiscalização no valor total correspondente ao número de meses por atraso na entrega de cada declaração, tal como regulamentado pela legislação pertinente. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendidos os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. O recurso interposto pelo sujeito passivo também é tempestivo e foi admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF (despacho de admissibilidade às fls. 341 e 342). A recorrente alega divergência em relação à imposição da multa de ofício pelo atraso na entrega da declaração DIFPapel Imune, apresentando como paradigma o Acórdão 20219.987, que exonerou a penalidade em comento. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendido os demais requisitos de admissibilidade, também conheço do recurso do sujeito passivo. Portanto, as matérias devolvidas ao Colegiado cingemse às questões: a) Recurso especial da Procuradoria: da quantificação da multa de ofício pelo atraso na entrega da declaração DIFPapel Imune; b) Recurso especial da Contribuinte: do (não) cabimento da multa de ofício pelo atraso na entrega da declaração DIFPapel Imune. No presente processo, o sujeito passivo foi autuado pelo descumprimento de obrigação acessória, correspondente à apresentação de DIFPapel Imune. Verificada a omissão, a fiscalização calculou a multa aplicável em função do número de meses de atraso de cada declaração, conforme determina o art. 57, inciso I, da MP nº 2.15835/2001 c/c art. 16 da Lei nº 9.779/99. A matéria já é bastante conhecida nesta E. Câmara Superior de Recursos Fiscais, inclusive com um voto de minha lavra (Acórdão nº 9303003.399), no sentido de aplicar o instituto da retroatividade benigna com redução da multa, nos moldes do art. 1º, § 4º, inciso II, da Lei nº 11.945/09. A presente controvérsia deve ser analisada sob o ponto da legalidade dos atos normativos e por consequência da multa aplicada. Transcrevese abaixo a fundamentação legal que ampara a autuação perpetrada: Lei nº 9.779, de 19/01/1999 Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável. Medida Provisória 2.15835/2001 Fl. 385DF CARF MF Processo nº 19515.001106/200571 Acórdão n.º 9303004.952 CSRFT3 Fl. 386 5 Art. 57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I R$5.000,00 (cinco mil reais) por mês calendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; II cinco por cento, não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. Parágrafo único. Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, os valores e o percentual referidos neste artigo serão reduzidos em setenta por cento. Instrução Normativa/SRF nº 71, de 24/08/2001 Art. 1° Os fabricantes, os distribuidores, os importadores, as empresas jornalísticas ou editoras e as gráficas que realizarem operações com papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos estão obrigados à inscrição no registro especial instituído pelo art. 1° do Decretolei n° 1.593, de 21 de dezembro de 1977, não podendo promover o despacho aduaneiro, a aquisição, a utilização ou a comercialização do referido papel sem prévia satisfação dessa exigência. (...) Art. 11. A DIF Papel Imune deverá ser apresentada até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores, em meio magnético, mediante a utilização de aplicativo a ser disponibilizado pela SRF. (...) Art. 12. A não apresentação da DIF Papel Imune, nos prazos estabelecidos no artigo anterior, enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 57 da Medida Provisória nº 2.158 34, de 27 de julho de 2001. Instrução Normativa/SRF nº 159, de 15/05/2002 Art. 2° A apresentação da DIF Papel Imune deverá ser realizada pelo estabelecimento matriz, contendo as informações referentes a todos os estabelecimentos da pessoa jurídica que operarem com papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos. Parágrafo único. A apresentação da DIFPqpel Imune é obrigatória, independente de ter havido ou não operação com papel imune no período. (grifei) Fl. 386DF CARF MF Processo nº 19515.001106/200571 Acórdão n.º 9303004.952 CSRFT3 Fl. 387 6 Portanto, se a contribuinte adquire e utiliza o papel imune, ela estaria obrigada a apresentar as informações solicitadas pela Receita ao amparo do disposto no art. 16 da Lei nº 9.779/99, acima transcrito. Descumprindo esta obrigatoriedade, estaria sujeita à aplicação da multa prevista no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. Confirmase, assim, que a multa aplicada possui todo um arcabouço legal a lhe dar fundamento de validade. Discussões a respeito de eventuais inconstitucionalidades dos dispositivos legais acima citados, como pede a contribuinte, não são permitidas a esta corte de julgamento, a teor do que dispõe a súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. No entanto, a Lei nº 11.945/2009 trouxe substancial alteração na legislação pertinente ao Registro Especial referente ao controle das operações realizadas com papel imune. Dispõe o seu art. 1º: Art. 1º Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: I exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II adquirir o papel a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. § 1º A comercialização do papel a detentores do Registro Especial de que trata o caput deste artigo faz prova da regularidade da sua destinação, sem prejuízo da responsabilidade, pelos tributos devidos, da pessoa jurídica que, tendo adquirido o papel beneficiado com imunidade, desviar sua finalidade constitucional. § 2º O disposto no § 1º deste artigo aplicase também para efeito do disposto no § 2º do art. 2º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, no § 2º do art. 2º e no § 15 do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e no § 10 do art. 8º da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004. § 3º Fica atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil competência para: I expedir normas complementares relativas ao Registro Especial e ao cumprimento das exigências a que estão sujeitas as pessoas jurídicas para sua concessão; II estabelecer a periodicidade e a forma de comprovação da correta destinação do papel beneficiado com imunidade, inclusive mediante a instituição de obrigação acessória destinada ao controle da sua comercialização e importação. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 19515.001106/200571 Acórdão n.º 9303004.952 CSRFT3 Fl. 388 7 § 4º O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3º deste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I 5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. § 5º Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4º deste artigo será reduzida à metade. A nova legislação alterou a sistemática de aplicação da penalidade, afastando a imposição da penalidade aplicada por mês calendário de atraso, como previa o art. 57 da MP nº 2.15835/2001, passando a cominar multa única no caso de falta de apresentação da DIF Papel Imune no prazo estabelecido. O art. 1º da Lei nº 11.945, de 4/6/2009, produziu efeitos a partir de 16/12/2008. No entanto, tendo em vista que o presente processo encontrase pendente de julgamento, há que se considerar a norma benigna prevista no art. 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 1966), que, ao tratar da aplicação da legislação tributária, dispõe, verbis: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.” No caso dos autos, discutese ainda a obrigatoriedade de apresentação da declaração pelo contribuinte em períodos que não houve movimentação (entrada e saída) de papel dessa natureza. O art. 2°, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 159, de 16 de maio de 2002, acima transcrito, esclarece a questão: a apresentação da DIFPapel Imune é obrigatória, independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. Com efeito, as empresas que operam com papel destinado a impressão de livros, jornais e periódicos (papel imune), ainda que não efetuem operações com esse papel em um dado período, permanecem obrigadas a apresentar a declaração em comento para esse período. Sendo assim, a partir do momento da concessão do registro especial e a partir do momento em que realiza a primeira operação com papel imune, a contribuinte se sujeita ao controle do mesmo, devendo, obrigatoriamente, apresentar a declaração instituída para esse fim Fl. 388DF CARF MF Processo nº 19515.001106/200571 Acórdão n.º 9303004.952 CSRFT3 Fl. 389 8 DIFPapel Imune , independentemente de ter havido ou não operação com papel imune no período. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Especial do sujeito passivo, reconhecendo a retroatividade benigna do inciso II do art. 1º da Lei 11.945/2009, resultando na manutenção de multas para cada uma das DIFs PAPEL IMUNE não apresentadas no prazo legal, calculados conforme o referido dispositivo legal, cabendo à unidade preparadora verificar os valores e a condição da empresa (Microempresa/ EPP/outros) para efeito de liquidação deste julgado. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 389DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.724777/2012-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2003 a 28/02/2008
PIS. BASE DE CÁLCULO. SEGURADORAS E ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA. RECEITAS OPERACIONAIS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. A base de cálculo do PIS das seguradoras e entidades de previdência complementar aberta, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas operacionais auferidas no conceito de faturamento, para fins de incidência do PIS, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998.
PIS. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entende-se por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social.
Recurso voluntário parcialmente provido.
Numero da decisão: 3301-004.390
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo do PIS, os valores das contas contábeis OUTRAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
José Henrique Mauri - Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2003 a 28/02/2008 PIS. BASE DE CÁLCULO. SEGURADORAS E ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA. RECEITAS OPERACIONAIS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. A base de cálculo do PIS das seguradoras e entidades de previdência complementar aberta, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas operacionais auferidas no conceito de faturamento, para fins de incidência do PIS, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998. PIS. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entende-se por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social. Recurso voluntário parcialmente provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo do PIS, os valores das contas contábeis OUTRAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri - Presidente. Semíramis de Oliveira Duro - Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 29; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2055; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 1.290 1 1.289 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.724777/201272 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301004.390 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 21 de março de 2018 Matéria Contribuição para o PIS/Pasep Recorrente HSBC Vida e Previdência (Brasil) S/A Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2003 a 28/02/2008 PIS. BASE DE CÁLCULO. SEGURADORAS E ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA. RECEITAS OPERACIONAIS. AUSÊNCIA DE INCLUSÃO NA DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. A base de cálculo do PIS das seguradoras e entidades de previdência complementar aberta, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas operacionais auferidas no conceito de faturamento, para fins de incidência do PIS, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998. PIS. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entendese por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social. Recurso voluntário parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo do PIS, os valores das contas contábeis OUTRAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 47 77 /2 01 2- 72 Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.291 2 Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 9ª Turma da DRJ/SPO, que manteve o entendimento de que a base de cálculo do PIS é a totalidade das atividades desenvolvidas em torno do objeto social da Recorrente: “prestação de serviços de seguros e resseguros do ramo vida, conforme definido em Lei, inclusive Acidentes Pessoais, em quaisquer de suas modalidades ou formas; bem como as receitas relacionadas à prestação de serviços de Previdência Complementar Aberta, concedendo benefícios de caráter previdenciário na forma de renda continuada ou pagamento único em quaisquer de suas modalidades ou formas, e receitas correlatas”. Insurgese a Recorrente contra a pretensão fiscal, por entender que a questão já fora dirimida nos autos do Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312, por meio do qual foi concedido provimento para afastar o recolhimento de PIS, nos termos do §1º do artigo 3º da Lei 9.718/98. A controvérsia está na seguinte questão: se as receitas provenientes da atividade estatutária da Recorrente sofrem incidência de PIS e COFINS. Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida, verbis: 4. Trata o presente processo de Pedidos de Restituição e Declarações de Compensação DCOMP fundadas em Crédito Oriundo de Ação Judicial (fls. 117 a 134), transmitidas pela empresa acima identificada conforme tabela de fl. 917. 5. Por meio do despacho decisório da EQARC/SEORT/DRF/CTA de fls. 915 a 946, as Declarações de Compensação foram homologadas parcialmente, em síntese, com base nos seguintes fundamentos: i) A decisão judicial do Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312 (PR), que embasa o crédito alegado e integralmente utilizado pelo contribuinte para compensar débitos tributários de sua obrigação, dispõe que fica concedida “parcialmente a segurança para, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98: a) declarar o direito das impetrantes de recolher a contribuição ao PIS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 07/70 e na Lei nº 9.715/98, e a COFINS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 70/91, enquanto não promovida alteração específica na legislação regulamentadora das contribuições, destacando, apenas, a inexistência de declaração na presente ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos; b) declarar o direito das impetrantes de, após o trânsito em julgado (art. 170A do CTN), compensar os valores recolhidos a maior desde janeiro de 2001, em face do direito ora reconhecido, com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/96, com a redação da Lei nº 10.637/02. Fl. 1291DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.292 3 Referidos valores deverão ser corrigidos monetariamente, a contar da data do recolhimento, apenas pela Taxa SELIC (art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95).”; ii) A fiscalizada HSBC VIDA E PREVIDENCIA (BRASIL) S.A. – CNPJ 05.607.427/000176, foi constituída em 18 de fevereiro de 2003, apresentando desde o início de suas atividades, e em todo o período objeto da presente fiscalização, o seguinte objeto social em seus Estatutos Sociais: “Art. 3º A Sociedade tem por objetivo: a) operar em seguros e resseguros do ramo Vida, conforme definido em Lei, inclusive Acidentes Pessoais, em quaisquer de suas modalidades ou formas; b) instituir e operar Planos de Previdência Complementar Aberta, concedendo benefícios de caráter previdenciário na forma de renda continuada ou pagamento único em quaisquer de suas modalidades ou formas”; iii) O contribuinte interpretou equivocadamente a decisão judicial obtida no âmbito do Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312 (PR), extrapolando frontalmente o comando jurisdicional, o qual reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e declarou o direito das impetrantes de recolher a contribuição ao PIS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 07/70 e na Lei nº 9.715/98, e a COFINS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 70/91, enquanto não promovida alteração específica na legislação regulamentadora das contribuições. O juízo destacou no dispositivo a inexistência de declaração na ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos; iv) O sujeito passivo excluiu do conceito de “faturamento” suas receitas de prêmios de seguros, receitas de rendas de contribuição relativas à previdência privada e receitas correlatas, bem como outras receitas operacionais, e por consequência as excluiu da base de cálculo do PIS, produzindo créditos indevidos, em desconformidade com a legislação tributária que rege o tributo, bem como em desacordo com o alcance do dispositivo judicial obtido no Mandado de Segurança em tela. O contribuinte calcula créditos de PIS, ao desconsiderálos como integrantes do seu faturamento, sobre receitas ligadas aos objetos sociais principais de suas atividades, ou seja, ligadas ao próprio objetivo de existência da companhia, segundo seus Estatutos vigentes ao longo do período fiscalizado; v) Depreendese, a partir do acima exposto e das planilhas de memória de cálculo do PIS, que o contribuinte interpretou a decisão judicial em foco equivocadamente, considerando que as receitas decorrentes de suas atividades de prestação de serviços de seguros e resseguros do ramo Vida, conforme definido em Lei, inclusive Acidentes Pessoais, em quaisquer de suas modalidades ou formas; bem como a prestação de serviços de Previdência Complementar Aberta, concedendo benefícios de caráter previdenciário na forma de renda continuada ou pagamento único em quaisquer de suas modalidades ou forma, não constituem receitas advindas da venda de mercadorias nem tampouco da prestação de serviços, ensejando indevida retirada destas receitas da apuração do faturamento dos anos calendário de 2003 a 2008 e, portanto, das bases de cálculo do PIS e da COFINS; vi) A questão reside, portanto, em se tratar as atividades de seguros e resseguros do ramo Vida, inclusive Acidentes Pessoais, e de Previdência Complementar Aberta, exercidas pelas instituições financeiras que apresentam tais atividades expressamente previstas como objetos sociais dos seus Estatutos, como efetiva prestação de serviços, ou seja, parte do faturamento, e por consequência, parte da base de cálculo do PIS e da COFINS; Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.293 4 vii) O Código de Defesa do Consumidor – CDC (Lei nº 8.078/1990), no §2º do art. 3º dispõe: “§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”. No mesmo sentido, o artigo 1º do Decreto nº 1.355, de 30/12/1994, afirma que a Ata Final que Incorpora os Resultados da Rodada Uruguai de Negociações Comerciais Multilaterais do GATT será executada e cumprida tão inteiramente como nele contém. Foi, dessa forma, aprovado o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços, cujo item 1 do Artigo I estabelece o alcance do Acordo, e a alínea b do item 3 do mesmo artigo dá a definição do termo “serviço”: “b) Serviços” inclui qualquer serviço em qualquer setor exceto aqueles prestados no exercício da autoridade governamental.”. O artigo XXIX do Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços estabelece que os Anexos a este Acordo formam parte integrante do mesmo. Entre esses Anexos encontrase o ANEXO SOBRE SERVIÇOS FINANCEIROS, o qual dispõe em seu item 5 acerca das definições de serviços financeiros, separandoos em três grupos: serviços de seguros, serviços bancários e demais serviços financeiros, discriminando as atividades relacionadas com cada elemento deste grupo. Conforme definido no item 5 são atividades da prestação de serviços de seguros: seguros de vida, outros seguros, resseguros e retrocessão, intermediação de seguros e serviços auxiliares a prestação dos serviços de seguros; viii) É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que o conceito de faturamento encontra seu leito natural na Constituição Federal, e portanto as bases de cálculo do PIS e da COFINS têm suas definições sedimentadas na própria Carta Magna e no entendimento do STF de que o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária do PIS e da COFINS envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais; ix) A jurisprudência do STF já se posicionou, em caso semelhante relativo a empresa de seguros, pela inclusão dos prêmios de seguros e receitas correlatas na base de cálculo do PIS e da COFINS (RE nº 400.479). O STJ já firmou decisão de que o mesmo entendimento do STF no âmbito do RE nº 400.479 deve ser aplicado às receitas de rendas de contribuição para os fundos de previdência privada complementar e receitas correlatas, no que concerne às empresas de previdência privada complementar (RESP 1.261.346); x) Diante do exposto, as contas contábeis que registram as receitas indevidamente retiradas pelo contribuinte do cômputo do faturamento da empresa foram reclassificadas na Auditoria como integrantes do faturamento e, portanto, das bases de cálculo do PIS e da COFINS. As receitas relacionadas às atividades de prestação de serviços de seguros e resseguros do ramo Vida, conforme definido em Lei, inclusive Acidentes Pessoais, em quaisquer de suas modalidades ou formas; bem como as receitas relacionadas à prestação de serviços de Previdência Complementar Aberta, concedendo benefícios de caráter previdenciário na forma de renda continuada ou pagamento único em quaisquer de suas modalidades ou formas, e receitas correlatas, em conjunto com as receitas operacionais da empresa, que não tenham sido computadas no faturamento e, portanto, nas bases de cálculo da COFINS, nos períodos de apuração de abril de 2003 a fevereiro de 2008, foram glosadas da base de cálculo dos créditos apurados pelo contribuinte, e reclassificadas do cômputo de “Outras Receitas” para “Faturamento”, conforme demonstrativos de fls. 941 a 943. As deduções ou exclusões admitidas pela legislação tributária foram igualmente reclassificadas para o cômputo do Fl. 1293DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.294 5 “Faturamento”, em conformidade com a Lei nº 9.701, de 17/11/1998, a Lei nº 9.718, de 27/11/1998, a Instrução Normativa SRF nº 047, de 28/04/1999, e a Instrução Normativa SRF nº 247, de 21/11/2002; xi) A partir das reclassificações das receitas acima detalhadas, foram produzidas as planilhas intituladas “Demonstrativo da Base de Cálculo do PIS – Fiscalização” para cada anocalendário entre 2003 e 2008, postas às fls. 885 a 890, contendo o cálculo detalhado do crédito deferido ao contribuinte, mês a mês; xii) Com base na apuração dos créditos de PIS e nos débitos confessados nos PER/Dcomp, foram imputados tais valores no Sistema de Apoio Operacional, sendo que o resultado, conforme cálculos do sistema detalhados nos documentos de fls. 891 a 909, demonstra que o crédito não foi suficiente para proporcionar a homologação integral das compensações dos débitos. 6. O contribuinte, inconformado com despacho decisório (ciência em 02.01.2013 – fl. 952), apresentou manifestação de inconformidade em 29.01.2013 (fls. 955 a 983), na qual argumenta, em síntese, que: 6.1 A partir de fevereiro de 1999, com a entrada em vigor da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, a base de cálculo do PIS e da COFINS passou a ser o faturamento, assim entendido como sendo a receita bruta da pessoa jurídica, esta considerada, para efeitos de tributação, como "a totalidade das receitas auferidas (...), sendo irrelevantes o tipo de atividade (...) exercida e a classificação contábil adotada para as receitas" (art. 3º, §1°); 6.2 Em razão de a incidência prevista na Lei 9.718/98 totalidade das receitas ser de grandeza distinta e economicamente muito superior ao faturamento, base tributável prevista na Constituição à época de sua edição, decidiu o STF (RE 346.084, 357.950, 358.273 e 390.840, julgados em 09/11/05) que o faturamento ou a receita bruta são receitas decorrentes exclusivamente da venda de bens e da prestação de serviços, motivo pelo qual está eivada de inconstitucionalidade a tributação, pretendida pela Lei 9.718/98, de todas as receitas auferidas pelas pessoas jurídicas. Nos RE 346.084, 357.950, 358.273 e 390.840, julgados em 09/11/05, diversos Ministros do STF estabeleceram expressamente que faturamento equivale a venda de mercadorias e prestação de serviços; 6.3 E, tendo sido reconhecida a inconstitucionalidade da Lei 9.718/98, deve ser aplicada a legislação imediatamente anterior, que se limitou a instituir a cobrança das contribuições em questão sobre o faturamento mensal, em que estão incluídas apenas as receitas decorrentes da venda de mercadorias ou da prestação de serviços; 6.4 Nem se alegue que, como equivocamente afirmou a Autoridade Fiscal no despacho recorrido, as receitas financeiras relacionadas à venda de Seguros de Vida e Previdência estariam enquadradas no conceito de faturamento para a Requerente, pois para que se determine a base de cálculo do PIS e da COFINS é irrelevante saber se as receitas são ou não operacionais: devese verificar se elas se incluem ou não no conceito de faturamento. Frisese que esse conceito é o mesmo para todas as empresas, independentemente da atividade por elas desenvolvida, nele não se incluindo outras receitas que não aquelas decorrentes da venda de mercadorias e/ou serviços. Importante ressaltar que os votos dos Ilustres Ministros Cezar Peluso e Carlos Brito, no sentido de que receita bruta seria "a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais", representam entendimentos isolados, que são a minoria no Supremo Tribunal Federal; 6.5 Ao contrário do que afirmou a Autoridade Fiscal, nos julgamentos já suscitados (leading cases RE nº 346.0846/PR, 357.950, 390.840 e 358.273), a Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.295 6 posição consolidada pelo C. Supremo Tribunal Federal foi no sentido de que a base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS é o faturamento, assim entendido como a receita bruta proveniente da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou de ambas, tal como dispõe o artigo 2° da Lei Complementar n° 70/91; 6.6 Dessa forma, tendo em vista que as receitas auferidas com a venda de seguros de vida e previdência não se incluem no conceito de faturamento e, assim, não compõem a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS; 6.7 A Requerente, sujeitandose às disposições da Lei n° 9.718/98, houve por bem impetrar em 13.02.2006 o Mandado de Segurança n° 2006.70.00.0040312, por meio do qual, demonstrando as inconstitucionalidades e ilegalidades na mencionada norma, requereu fosse reconhecido seu direito líquido e certo de sujeitarse à incidência da contribuição ao PIS e da COFINS tomando como base de cálculo o faturamento (e não a totalidade das receitas), assim entendido o produto decorrente, apenas, da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambas, tal como definido pela Lei Complementar n° 70/91; 6.8 A liminar requerida foi concedida em 23.02.2006: “... Diante do exposto, defiro o pedido de comando liminar, para o fim de determinar a suspensão da exigibilidade das parcelas vincendas das contribuições cobradas nos moldes do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98, a partir da competência de janeiro de 2006, cuja exigência deve observar a sistemática antecedente, preconizada nas Leis Complementares n° 07/70 e 71/91 e na Lei n° 9.715/98. Intimese.". Após, confirmandose a liminar inicialmente concedida, foi proferida sentença de parcial procedência, publicada no Diário Oficial de 11.10.2006: "(...) Ante o exposto, concedo parcialmente a segurança, para, reconhecendo a inconstitucionalidade do §1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98: a) declarar o direito das impetrantes de recolher a contribuição ao PIS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar n° 07/70 e na Lei n° 9.715/98, e a COFINS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar n° 70/91, enquanto não promovida alteração específica na legislação regulamentadora das contribuições.(...)". A União, inconformada, interpôs recurso de apelação ao Tribunal Regional Federal da Quarta Região, que proferiu Acórdão dando parcial provimento à remessa oficial e negar provimento ao agravo retido e ao apelo da União, conforme ementa abaixo transcrita: "PIS. COFINS. PRESCRIÇÃO. LC N° 118/2005. ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. O disposto no artigo 3º da LC n° 118/2005 se aplica tãosomente às ações ajuizadas a partir de 09 de junho de 2005, já que não pode ser considerado interpretativo, mas, ao contrário, vai de encontro à construção jurisprudencial pacífica sobre o tema da prescrição havida até a publicação desse normativo. Tendo a ação sido ajuizada em 13 de fevereiro de 2006, posteriormente à entrada em vigor da Lei Complementar n° 118/2005, restam prescritas as parcelas anteriores a 13 de fevereiro de 2001. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o § 1° do artigo 3° da Lei n° 9.718, alterando as Leis Complementares n°s 07 e 70, ampliou a base de cálculo das contribuições criando nova fonte de custeio da seguridade, o que somente pode ser feito por meio de lei complementar, nos termos do parágrafo 4° do artigo 195 do texto constitucional. O conceito de receita bruta ou faturamento deve ser entendido como o que decorrer da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços ou da venda de serviços.” Fl. 1295DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.296 7 6.9 Em face dessa decisão foram opostos embargos de declaração para fins de prequestionamento pela Requerente (e demais litisconsortes), após o que não foram interpostos quaisquer outros recursos, transitando em julgado a decisão judicial. Notese que na ocasião se declarou como já o fizera o STF a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS, confirmandose deverem incidir exclusivamente sobre receitas auferidas na venda de mercadorias, na prestação de serviços ou na conjunção de ambos; 6.10 Dessa forma, não há como negar que o provimento jurisdicional transitado em julgado em favor da Requerente, plenamente válido desde a propositura daquela ação judicial e baseado no entendimento sedimentado do Supremo Tribunal Federal, é no sentido de que a contribuição ao PIS e a COFINS tomam por base de cálculo tão somente as receitas auferidas em decorrência direta da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou de ambos e nenhuma outra; 6.11 A Requerente aduziu expressamente em sua causa de pedir no Processo n° 2006.70.00.0040312 que o afastamento da base de cálculo prevista pela Lei n° 9.718/98 implicaria a impossibilidade de incidência da COFINS e da contribuição ao PIS sobre receitas financeiras (e equiparadas). Nessa linha, portanto, o v. acórdão proferido pelo TRF/4ª Região assim definiu, quando do julgamento do recurso de apelação da União, decisão que em tudo substitui a r. sentença de primeira instância, citada pela Autoridade Fiscal: "O Supremo Tribunal Federal entendeu que o § 1º do artigo 3º da Lei n° 9.718, alterando as Leis Complementares n°s 07 e 70, ampliou a base de cálculo das contribuições criando nova fonte de custeio da seguridade, o que somente pode ser feito por meio de lei complementar, nos termos do parágrafo 4º do artigo 195 do texto constitucional. O conceito de receita bruta ou faturamento deve ser entendido como o que decorrer da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços ou da venda de serviços."; 6.12 No caso vertente não há dúvidas de que as receitas financeiras (e aquelas a elas equiparadas, como as securitárias) não integram e nunca poderiam integrar o conceito de prestação de serviços, já que (i) além de não constituírem serviços (conforme será abordado adiante), (ii) na ação proposta pela Requerente tal aspecto fez parte da causa de pedir, o que foi acolhido pelo Poder Judiciário; 6.13 A prolação de acórdãos pelos Tribunais Regionais tem o condão de processualmente substituir em sua integralidade as sentenças em face das quais foi interposto o recurso julgado. Esse é, sem dúvida, o caso presente, em que, substituindo as disposições da sentença de primeiro grau que faziam referência à Lei n° 9.715/98, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região foi expresso em determinar que a base de cálculo de PIS e COFINS abarca, única e exclusivamente, as receitas auferidas em decorrência da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da concomitância de ambos, não deixando margem para qualquer outra interpretação; 6.14 De acordo com a Autoridade Fiscal, o objeto social da Requerente qual seja, a exploração de operações de seguros e resseguros do ramo Vida bem como de Previdência Complementar , classificase dentre os "serviços financeiros" e os "serviços de seguros e os relacionados com seguros". E tal atividade, sendo securitária, seria equiparada a uma prestação de serviço, conforme conceituação presente no Anexo Sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio de Serviços, firmado pelo Estado Federativo do Brasil no âmbito do GATT/OMC. Dessa forma, para fins tributários, as receitas decorrentes sujeitarseiam à incidência da contribuição ao PIS e da COFINS. Tal entendimento, porém, merece Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.297 8 uma segunda reflexão, que deixará evidente a necessidade de reforma do despacho ora recorrido e de homologação integral das compensações objeto do presente processo; 6.15 Com relação ao conceito de serviço, o Supremo Tribunal Federal já se posicionou quando do julgamento do RE 116.121/SP, leading case sobre a incidência de ISS na locação de guindastes, no qual definiu que somente há uma prestação de serviço quando se verificar uma obrigação de fazer relacionada a um esforço humano, que gere uma utilidade material ou imaterial a terceiro, conforme a seguinte passagem do voto do Ministro Marco Aurélio, para quem "em síntese há de prevalecer a definição de cada instituto, e somente a prestação de serviços, envolvido na via direta do esforço humano, é fato gerador do tributo em comento."; 6.16 Embora a atividade da Requerente possa lembrar aquela prevista no item 18.01 da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar n° 116, o qual prevê "Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e avaliação de riscos para cobertura de contratos de seguros; prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres.", a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal acima citada foi contundente em afastar a tributação de atividades que pudessem extrapolar o conceito constitucional de serviço; 6.17 Mas ainda que se deixasse de lado a questão que envolve o conceito técnico de uma prestação de serviços, e ainda que por argumento se pudesse emprestar a este instituto jurídico a dimensão que lhe pretendeu impingir a D. Autoridade Fiscal o que se admite apenas por argumentação , fato é que jamais se poderia equiparar receitas tipicamente financeiras (as quais juridicamente se equiparam às receitas securitárias) a uma contraprestação de serviço (preço de serviço); 6.18 Nesse cenário, a causa jurídica da receita, para que possa fazer nascer a obrigação tributária relativa às contribuições em tela, deve ser uma prestação de serviços (ou uma venda de mercadoria), nenhuma outra; não é esta, porém, a causa jurídica das receitas auferidas pela Requerente, ou, em outras palavras, elas não decorrem de uma prestação de serviço, eis que não se prestam a remunerar qualquer espécie de esforço humano. 6.19 Além de restar claro que a atividade desenvolvida pela requerente não se equipara a uma prestação de serviço, importante esclarecer também a impossibilidade de se equiparar a operação de planos de previdência complementar aberta à atividade securitária; 6.20 E ainda que se pudesse equiparar as receitas de previdência privada complementar auferidas pela requerente a receitas securitárias, o que se alega a título argumentativo, ainda assim a contribuição ao PIS e COFINS não poderiam incidir sobre as receitas em questão; 6.21 A característica fundamental de um contrato de seguro reside no fato de que uma das partes se obriga perante a outra a indenizála do prejuízo resultante da ocorrência de riscos anteriormente previstos no contrato, mediante o recebimento do prêmio. Tal espécie contratual, portanto, é tipicamente aleatória, na medida em que uma das prestações é sempre incerta, dependente que é da ocorrência de evento futuro e imprevisível. Como se pode observar, não se está diante de uma prestação de serviços, mas sim de um contrato que tem em seu núcleo uma obrigação futura e incerta, marcado, assim, pelo caráter aleatório, mediante remuneração fixa mensal, paga independentemente da utilização das coberturas contratadas. De fato, os valores recebidos pelas seguradoras não se prestam a remunerar um serviço especificamente prestado a um de seus clientes (isoladamente considerado), pois Fl. 1297DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.298 9 que, como já dito, o cliente pode jamais necessitar/utilizar a cobertura por ele contratada. Fácil constatar, portanto, que a pretensão de equiparar receitas securitárias ("prêmio") a uma contraprestação por um serviço não se sustenta diante da absoluta e antagônica distinção entre o que tais institutos (preço de serviço e prêmio) visam a remunerar; 6.22 Fica fácil perceber que a Autoridade Fiscal, ao enquadrar as receitas securitárias da Requerente como oriundas/equiparadas de/a uma prestação de serviços, acabou por novamente alterar a definição de faturamento emprestada do Direito Privado, o que é vedado pelo art. 110 do CTN, restaurando por vias oblíquas a aplicabilidade do dispositivo legal já declarado inconstitucional e, inclusive, revogado pela novel legislação (Lei n° 11.941/09), assim como afrontando o mandamento judicial transitado em julgado que a Requerente tem em seu favor prolatado; 6.23 As receitas securitárias recebidas pela Requerente, não se prestando a remunerar qualquer serviço prestado, não podem compor a base de cálculo da COFINS, nos exatos termos da decisão judicial prolatada em seu favor; 6.24 Além dos argumentos já expostos, fato é que nem mesmo a qualificação do seguro como se serviço fosse pelo Anexo sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS), firmado pelo Estado Federativo do Brasil ao final da Rodada Uruguai da Organização Mundial do Comércio (OMC), permite a incidência tributária defendida pela D. Autoridade Fiscal; 6.25 Da simples leitura do Preâmbulo e da Parte I do GATS facilmente se constata o que, de fato, já era óbvio: o âmbito da assinatura e da aplicabilidade do GATS é no comércio INTERNACIONAL de serviços, entre Estados Membros; 6.26 Com efeito, tratados internacionais são firmados pelo Presidente da República na figura de Chefe de Estado, representando o Estado Federativo do Brasil, ente governamental competente para atuar no cenário internacional, observando e assumindo compromissos vinculados aos interesses nacionais em cenários específicos – no presente caso, comercial. E os objetivos a serem buscados, como ficou claro no preâmbulo do acordo em tela, eram a liberalização multilateral do comércio de serviços, assim como o desenvolvimento dos países membros e do comércio mundial. Questões relacionadas à tributação, por outro lado, referem se ao âmbito de atuação interna de cada ente federado União, Estados e Municípios, cuja competência existe, exclusivamente, no âmbito interno do Estado Brasileiro – em contraposição aos interesses dos contribuintes. Disso decorre logicamente a conclusão no sentido de que em momento algum o GATS pretendeu legislar ou regulamentar a prestação de serviços no âmbito interno brasileiro o que, digase, sequer poderia fazer, sob risco de violação à soberania estatal brasileira; 6.27 E se assim é, não pode o Fisco Federal (esfera de competência tributante da União) pretender utilizar conceitos próprios do GATS aplicáveis, como visto, no comércio internacional de serviços para fazer incidir tributos, menos ainda sobre valores auferidos em razão de atividades que a legislação e jurisprudência tributárias internas não classificam como tais; 6.28 Para melhor esclarecer a questão, tracese um paralelo com a previsão contida no Código de Defesa do Consumidor CDC: "...serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira e de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista." (§2°, art. 3º da Lei Federal n° 8.078 de 1.990, Código de Defesa do Consumidor.). Como se percebe, a despeito de o CDC trazer Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.299 10 a atividade securitária (dentre outras) como se serviço fosse, tal previsão não tem o condão de permitir a incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre as receitas correspondentes. Ao contrário, o que se pretendeu com a inserção de tal previsão no Código de Defesa do Consumidor foi tão somente utilizar o termo "serviço" com uma acepção diversa, mais ampla, definindoo como todas as atividades que reflitam uma relação de consumo, de forma a resguardar os direitos do consumidor, parte hipossuficiente em qualquer relação jurídica. Considerou, da mesma forma, que uma operação tipicamente bancária, como um empréstimo, seria um serviço para fins exclusivos de atribuir proteção especial ao cliente/consumidor, o que, porém, de modo algum poderia significar qualquer transferência da competência tributária privativamente reservada à União pela Carta Magna, aos Municípios. Ainda que o CDC defina o empréstimo bancário, assim como as atividades securitárias como serviço, com o intuito de assegurar garantias especiais ao consumidor, para fins tributários tais atividades permanecerão sendo operações sujeitas ao Imposto sobre Operações de Crédito (IOC) ou Financeiras (IOF), de competência da União, e não ao ISS; 6.29 Mesmo raciocínio se aplica ao presente caso. Regras inseridas em tratados internacionais de comércio (como o GATS), mesmo após internalizados, não são disposições legais aptas a fazerem nascer qualquer obrigação tributária relativa à contribuição ao PIS e à COFINS, justamente porque não têm o condão de modificar a natureza jurídica das atividades financeiras e equiparadas no caso, a securitária – para qualificálas como serviço, na acepção tributária do termo; 6.30 Mas isso não é tudo! Outras razões há que também levam à conclusão pela inaplicabilidade do GATS à conceituação tributária de serviços. A Constituição Federal prevê expressamente que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, desde que qualificadamente aprovados, serão recepcionados no ordenamento jurídico brasileiro como se emendas constitucionais fossem, a contrario sensu se conclui que tratados relativos a outros temas – como o comércio internacional de serviços – não terão essa hierarquia. No caso do GATS (e do GATT como um todo), foi ele recepcionado no ordenamento por meio de Decreto, o que desde logo afasta qualquer possibilidade de que os conceitos nele trazidos possam se sobrepor àqueles pressupostos pela Constituição Federal na definição dos aspectos materiais dos tributos de competência de cada ente tributante (ex.: faturamento, serviço) ou de leis complementares definidoras das respectivas regras matrizes de incidência tributária (ex.: LC 07/70, LC 70/91, CTN). Se nem a própria lei tributária pode "alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado" razão porque foi declarado inconstitucional pelo STF o §1° do art. 3º da Lei n° 9.718/98 , menos ainda o poderia um tratado internacional firmado (repisese, pelo Estado Nacional, e não por um ente federativo tributante específico) para fins exclusivos comerciais, que nenhuma linha trouxe relativa à definição/alteração dos aspectos material, pessoal, temporal, espacial ou quantitativo da regra matriz das contribuições ao PIS e da COFINS, ainda mais tendo sido internalizado com hierarquia de mero Decreto. E mesmo que se acate o entendimento da jurisprudência mais recente dos Tribunais Superiores, no sentido de que tratados internacionais sobre temas outros que não direitos humanos, após internalizados, têm caráter de lei ordinária, em nada se altera o raciocínio acima construído. Com efeito, não tem o GATS mesmo que sob a forma de lei ordinária o condão de fazer nascer qualquer obrigação tributária, porquanto não se perfaz no instrumento normativo hábil à alteração de conceitos tributários, não trazendo quaisquer dos aspectos formadores da regra matriz de Fl. 1299DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.300 11 incidência tributária, não tendo ainda força suficiente à revogação de disposições trazidas por leis complementares ou pela própria Constituição Federal. Assim, evidenciase que o pretenso conceito de serviço trazido pela Autoridade Fiscal, para os fins por ela pretendidos, não encontra amparo no ordenamento constitucional; 6.31 Requerse, caso não se entenda pela homologação integral das DCOMP, o que se alega a título meramente argumentativo, o sobrestamento do presente processo administrativo, em razão de a discussão sobre a incidência do PIS e da COFINS sobre as receitas financeiras auferidas pelas instituições financeiras estar pendente de julgamento definitivo pelo E. STF no Recurso Extraordinário n° 609.096/RS, ao qual foi conferida repercussão geral. Esclareçase que, muito embora a matéria em julgamento no E. STF trate da questão relativa às instituições financeiras e a Requerente seja uma empresa de seguros de Vida e Previdência, o sobrestamento se faz necessário em apreço à segurança jurídica, já que, no julgamento do RE n° 609.096/RS certamente serão abordadas questões que podem afetar substancialmente o objeto do presente processo administrativo. A 9ª Turma da DRJ/SPO, acórdão n° 1660.656, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, com decisão assim ementada: BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/98. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SEGURADORAS. As receitas operacionais decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros são classificadas como receitas de serviços para fins tributários, estando sujeitas à incidência do PIS na forma dos artigos 2º e 3º da Lei nº 9.718/98. A declaração de inconstitucionalidade, pelo Poder Judiciário, do §1º do art. 3º dessa Lei afasta a incidência da contribuição em relação às receitas não operacionais. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para o sobrestamento do julgamento de processo de exigência fiscal, dentro das normas reguladoras do Processo Administrativo Fiscal. A administração pública tem o dever de impulsionar o processo até sua decisão final (Princípio da Oficialidade). Em recurso voluntário, a empresa repisa os argumentos de sua impugnação nos tópicos: 1) perfil constitucional da COFINS e do PIS – panorama jurisprudencial; 2) impossibilidade de tributação de valores que não decorrem do conceito de faturamento definido pelo STF; 3) Mandado de Segurança n° 2006.70.00.0040312 – o caso da Recorrente; 4) impossibilidade de enquadramento das receitas de natureza securitária no conceito de contraprestação pela prestação de serviço; 5) impossibilidade de classificação das receitas securitárias como prestação de serviços fossem; 6) as atividades típicas da recorrente não abrangem as receitas financeiras; 7) inaplicabilidade do GATS para caracterização de serviços Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.301 12 e 8) sobrestamento do processo administrativo na pendência de análise da mesma matéria pelo STF. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro O recurso voluntário é tempestivo e reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Insurgese a Recorrente contra a incidência de PIS sobre as suas receitas, por não considerálas como “prestação de serviço”. Defende como irrelevante se aferir se as receitas são ou não operacionais, mas sim se se incluem ou não no conceito de faturamento. Para a Recorrente apenas a venda de mercadorias e/ou prestação de serviços compõem o faturamento, assim a tributação de suas receitas incorre em vinculação à coisa julgada no MS n° 2006.70.00.0040312. Aduz que a controvérsia atinente à submissão das receitas financeiras à incidência de PIS pertenceu à causa de pedir da referida ação judicial. Com isso as receitas financeiras e aquelas a elas equiparadas, como as securitárias, não integram o conceito de prestação de serviços. Alega que somente após o advento da MP n° 627/13 (Lei n° 12.973/2014) houve a pretensão de tributar todas as receitas provenientes da atividade principal das empresas. A despeito do sustentado pela Recorrente, entendo que a sua atividade está sim sujeita à incidência de PIS. A questão de não se tratar de prestação de serviço é inócua diante do item 10.01 da Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. E, as atividades de seguros e previdência complementar são equiparadas às instituições financeiras, por força do §1º, do art. 22 da Lei 8.212/91. Por isso, nenhum dos argumentos trazidos pela Recorrente têm o condão de afastar a incidência de PIS sobre as suas atividades. É o que explico a seguir. DELIMITAÇÃO DO OBJETO DO MANDADO DE SEGURANÇA A Recorrente buscou provimento judicial, no Mandado de Segurança nº 2006.70.00.0040312 (PR), para a: concessão da ordem para o fim de afastar o art. 3º, caput, e §1º, da Lei nº 9.718/98, reconhecendose o seu direito à incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre o faturamento, assim entendido como o produto da venda de mercadorias, da Fl. 1301DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.302 13 prestação de serviços ou da combinação de ambos (conforme definido pela Lei Complementar nº 70/91), em razão de vícios de inconstitucionalidade contidos na Lei nº 9.718/98, a partir da competência de janeiro de 2001. A liminar foi deferida para: a suspensão da exigibilidade das parcelas vincendas das contribuições cobradas nos moldes do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, a partir da competência de janeiro de 2006, mantendo se sua exigibilidade de acordo com a sistemática antecedente, preconizada nas Leis Complementares nº 07/70 e 71/91 e na Lei nº 9.715/98. Por sua vez, a sentença foi concedida parcialmente para: reconhecendo a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98: a) declarar o direito das impetrantes de recolher a contribuição ao PIS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 07/70 e na Lei nº 9.715/98, e a COFINS calculada sobre a base de cálculo prevista na Lei Complementar nº 70/91, enquanto não promovida alteração específica na legislação regulamentadora das contribuições, destacando, apenas, a inexistência de declaração na presente ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos; e b) declarar o direito das impetrantes de, após o trânsito em julgado (art. 170A do CTN), compensar os valores recolhidos a maior desde janeiro de 2001, em face do direito ora reconhecido, com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/96, com a redação da Lei nº 10.637/02. Referidos valores deverão ser corrigidos monetariamente, a contar da data do recolhimento, apenas pela Taxa SELIC (art. 39, §4º, da Lei nº 9.250/95). Em Embargos de Declaração interpostos contra a sentença, o juízo assim se manifestou: I Relatório Prolatada a sentença de fls. 1.460/1.466 que concedeu parcialmente a ordem de segurança , apresentam as impetrantes embargos de declaração (fls. 1.490/1.494), alegando, em suma, a necessidade de aclaramento do decisum objurgado, tendo em vista a ocorrência de contradições e omissão. Aduzem a ocorrência de contradição no tocante à conclusão lançada no decisum no sentido de que a procedência Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.303 14 do pedido não importou em "declaração na presente ação acerca da interpretação das referidas leis, ou seja, sobre quais receitas das impetrantes estão efetivamente inseridas nas bases de cálculo referidas, uma vez que não foi a questão objeto de pedido nos autos", ao passo que se firmou que o faturamento deveria ser adotado como base de cálculo das exações. Afirmam ter formulado pedido no sentido da incidência das contribuições exclusivamente sobre o produto da venda de mercadorias, da prestação de serviços ou da combinação de ambas, não sendo cabível a anotação lançada na sentença em sentido diverso. Invocam precedente, pugnando pela retificação da decisão, sanandose a contradição observada. Acrescentam a existência de outra contradição, tendo em vista a anotação do dispositivo no sentido de concessão parcial da segurança, mesmo diante da acolhida integral dos pedidos formulados. Frisam a ocorrência de omissão na sentença, na medida em que teria este juízo deixado de se pronunciar sobre o pleito formulado pela embargante HSBC Empresa de Capitalização S/A. sobre a abrangência dos valores por ela indevidamente pagos em relação à pessoa jurídica incorporada (HSBC Financial Capitalização (Brasil) S/A.). É, na essência, o relatório. II Fundamentação Do estudo deste caderno processual afigurase a inexistência do vício correspondente à contradição, apontado pelas embargantes, cumprindo reconhecer, outrossim, a ocorrência de omissão no tocante ao pedido relativo a empresa HSBC Financial Capitalização (Brasil) S/A, incorporada pela HSBC Empresa de Capitalização S/A. Com efeito, examinandose as arguições lançadas pelas embargantes, denominadas de contradições, denotase que reside a insurgência em discordância com as conclusões lançadas por este Juízo quando da prolatação da sentença, especificamente no tópico II.b da fundamentação, oportunidade em que foram apreciadas e definidas de forma fundamentada as questões trazidas à mesa, consoante elementos amealhados no feito, desfilando clara pretensão de obtenção de efeitos infringentes, com a alteração do posicionamento adotado na sentença, o que, como de sabença, é de todo incabível. De fato, não obstante sejam admitidos efeitos infringentes em embargos de declaração, não se deve olvidar que isto somente será possível, e excepcionalmente, quando a decisão se basear em premissas equivocadas, ou quando deixar de analisar aspecto capaz de modificar o provimento, o que não é o caso dos autos. Como visto, este juízo explicitou as razões pelas quais entendeu ser viável a acolhida, neste feito, da pretensão das impetrantes de ver reconhecido seu direito de se sujeitarem à incidência das exações debatidas tomando por base de cálculo o faturamento (e não a totalidade de suas receitas), conforme previsto na Lei Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.304 15 Complementar nº 07/70 e na Lei nº 9.715/98 para o PIS e na Lei Complementar nº 70/91 para a COFINS. Esclareceuse, ademais, que inexistia pedido específico de estudo da questão à luz de cada uma das receitas auferidas pelas demandantes, firmandose conclusão de que eventual controvérsia concernente ao enquadramento de referidas receitas nas leis acima declaradas somente poderá ser objeto de deliberação em sede de processo instaurado especificamente para este fim, no qual se possa debater amplamente acerca da natureza de cada uma das receitas auferidas pelas impetrantes, de modo a definir acerca de sua inclusão, ou não, à descrição da base de cálculo prevista para o recolhimento da contribuição ao PIS e da COFINS. Não bastasse o que acima se anotou, rememorese que no item II.c da sentença restou expressamente consignado que a declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e o reconhecimento de inaplicabilidade das Leis nº 10.833/03 e 10.627/02 enseja a observância pelas impetrantes das diretrizes antecedentes às normas afastadas, sendo absolutamente despropositado o intento de aplicação de norma pertinente à COFINS no que tange à contribuição ao PIS. Destarte, exatamente em decorrência das conclusões acima reafirmadas é que restou consignado no dispositivo ser parcial a concessão da segurança impetrada. Aliás, se tivessem sagrado vitoriosas em todos os pedidos, não estariam as impetrantes aduzindo a ocorrência de contradições ao fito de obter efeitos modificativos na sentença, tentando revolver questões totalmente abarcadas pelo exame de mérito concretizado quando da prolação da decisão. Neste diapasão, sobejando clara a intenção do embargante de rediscutir questões já decididas, em relação às contradições aduzidas, concluise que deverá manejar, para o mister almejado, o recurso cabível, qual seja, o recurso de apelação. Por outro lado, assiste razão às embargantes no que se reporta à omissão deste juízo sobre o pedido de reconhecimento do direito da HSBC Empresa de Capitalização S/A. no que concerne aos valores pagos indevidamente pela empresa incorporada, HSBC Financial Capitalização (Brasil) S/A. (vide documentos de fls. 21 e 26). Desta forma, a fim de suprir a omissão constatada, consignese que a procedência parcial do pedido alcança os importes indevidamente recolhidos pela HSBC Financial Capitalização (Brasil) S/A., incorporada pela HSBC Empresa de Capitalização S/A. III DISPOSITIVO Ante o exposto, conheço dos embargos de declaração e a eles dou parcial provimento, integralizando a sentença ao efeito tão somente de esclarecer que as determinações lançadas na decisão de fls.1.460/1.466 alcançam os importes indevidamente Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.305 16 recolhidos pela HSBC Financial Capitalização (Brasil) S/A., incorporada pela HSBC Empresa de Capitalização S/A. O TRF da 4ª Região, em sede de apelação negou provimento ao agravo retido, ao apelo da União e deu parcial provimento à remessa oficial para reconhecer a prescrição dos valores recolhidos antes de 13/02/2001. A ementa do julgado foi a seguinte: PIS. COFINS. PRESCRIÇÃO. LC Nº 118/2005. ALTERAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. O disposto no artigo 3º da LC nº 118/2005 se aplica tãosomente às ações ajuizadas a partir de 09 de junho de 2005, já que não pode ser considerado interpretativo, mas, ao contrário, vai de encontro à construção jurisprudencial pacífica sobre o tema da prescrição havida até a publicação desse normativo. Tendo a ação sido ajuizada em 13 de fevereiro de 2006, posteriormente à entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/2005, restam prescritas as parcelas anteriores a 13 de fevereiro de 2001. O Supremo Tribunal Federal entendeu que o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718, alterando as Leis Complementares nºs 07 e 70, ampliou a base de cálculo das contribuições criando nova fonte de custeio da seguridade, o que somente pode ser feito por meio de lei complementar, nos termos do parágrafo 4º do artigo 195 do texto constitucional. O conceito de receita bruta ou faturamento deve ser entendido como o que decorrer da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços ou da venda de serviços. A emenda constitucional nº 20 não convalidou a Lei nº 9.718/98, por vício de origem. Alega a Recorrente que a discussão sobre o afastamento das receitas financeiras (e aquelas a elas equiparadas, como as securitárias) da base de cálculo do PIS integra a causa de pedir do mandado de segurança, todavia, como apontado pela decisão de piso, na petição inicial, não são mencionadas expressamente as receitas decorrentes de sua atividade empresarial típica, mas tão só o argumento de que “A simples inclusão das receitas financeiras na base de cálculo introduzida pela Lei nº 9.718/98 é por si só suficiente para tornar inconciliáveis os conceitos, de um lado faturamento/receita bruta e, de outro lado, totalidade das receitas”. Logo, entendo da mesma forma que a decisão recorrida, no sentido de que a decisão judicial não discorreu sobre a natureza das receitas empresariais típicas da empresa. É de se concluir, que: (a) o provimento judicial obtido no caso concreto silenciou em relação à abrangência do que seriam receitas de prestação de serviços e venda de mercadorias da Recorrente para fins de tributação pelas contribuições; e (b) a discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.306 17 fins de incidência das contribuições não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF. BASE DE CÁLCULO DO PIS DAS SEGURADORAS E ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA Com efeito, a sentença e a liminar restringemse a afastar a incidência do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, com fundamento na ocorrência de vício de inconstitucionalidade, o que, todavia, não autoriza inferir a impossibilidade de as receitas típicas da Recorrente submeteremse à incidência de PIS, na linha do pronunciamento do STF. Consoante a dicção do caput do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, a base de cálculo das contribuições de PIS é o faturamento, equivalente à receita bruta, que corresponde à receita decorrente das atividades típicas, próprias da pessoa jurídica em cada ramo de atividade econômica, não se limitando à venda de mercadorias e prestação de serviços. A noção de faturamento está intrinsecamente relacionada ao resultado financeiro decorrente do exercício das atividades principais das empresas, ou seja, aquelas vinculadas ao seu objeto e que se referem, em regra, à maior parcela do ingresso de valores da pessoa jurídica, em respeito aos princípios da isonomia, capacidade contributiva e, também, aos princípios que regem a seguridade social: universalidade, solidariedade e equidade na forma de participação do custeio. No caso em comento, tendo em vista que as receitas de seguros e previdência complementar aberta resultam de operações desenvolvidas pela Recorrente no desempenho de sua atividade empresarial típica, de rigor a incidência do PIS sobre tais receitas. A homologação parcial das compensações da Recorrente não teve como fundamento o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas sim decorreu da tributação das receitas operacionais da Recorrente, de acordo com o objeto definido no seu estatuto social, as quais foram consideradas faturamento para fins de incidência das referidas contribuições. A declaração de inconstitucionalidade do §1° do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo pleno do STF nos RE 357.950, RE 390.840, RE 358.273 e RE 346.0841 não implica que as receitas “prestação de serviços de seguros e resseguros do ramo Vida, conforme definido 1 “CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada.” Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.307 18 em Lei, inclusive Acidentes Pessoais, em quaisquer de suas modalidades ou formas; bem como as receitas relacionadas à prestação de serviços de Previdência Complementar Aberta, concedendo benefícios de caráter previdenciário na forma de renda continuada ou pagamento único em quaisquer de suas modalidades ou formas, e receitas correlatas”, não estejam sujeitas ao PIS, devendo essas serem tributadas já que compreendidas no conceito de faturamento. Nesses termos: TRIBUTÁRIO. PIS. PREVIDÊNCIA PRIVADA E SEGUROS. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITAS DECORRENTES DE ATIVIDADES TÍPICAS. 1. O faturamento das impetrantes se compõem de todas as receitas decorrentes do exercício das atividades às quais se dedicam, englobando suas receitas financeiras, não se limitando às operações de venda de mercadorias e de prestação de serviços. 2. Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, o “conceito de receita bruta sujeita à exação tributária envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais." (RE 371.258 AgR, Relator Ministro CEZAR PELUSO). 3. Apelação e remessa oficial a que se dá provimento para denegar a segurança. (TRF 3ª Região, AMS 003502374.2007.4.03.6100, julg. 03/10/2013) PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL. ARTIGO 557, § 1º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEU PARCIAL PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA DAR PARCIAL PROVIMENTO A APELAÇÃO E À REMESSA OFICIAL. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: EXIGÊNCIA DE PIS E COFINS TENDO COMO BASE DE CÁLCULO AS "RECEITAS FINANCEIRAS". CABIMENTO. CONCEITO DE FATURAMENTO (RECEITA BRUTA OPERACIONAL). AGRAVO LEGAL IMPROVIDO. 1. A declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 não aproveita as instituições financeiras, pois recolhem as contribuições para o PIS e COFINS com supedâneo nos §§ 5º e 6º do mesmo artigo que permaneceram incólumes perante o STF tendo por base de cálculo a receita bruta operacional, assim entendido o resultado de suas atividades empresariais típicas. 2. Mesmo após a declaração de inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo ocorrida em recursos extraordinários (REs 357.950, 390.840, 358.273 e 346.084) que afastaram as receitas "não operacionais" do âmbito do faturamento, obviamente que sobejaram no entendimento da Suprema Corte, quanto a composição do faturamento, as demais realidades econômicas qualificadas como ingressos próprios da atividade empresária, que no caso das instituições financeiras e seguradoras obviamente açambarcam as receitas Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.308 19 financeiras; convém recordar que o STF declarou que as entidade financeiras são prestadoras de serviços (ADIN nº 2.591, Plenário, Rel. Min. Eros Grau, DJ de 04.05.2007); se efetivamente o são, resta evidente que os ingressos derivados da intermediação e aplicação de recursos são receitas operacionais (financeiras) que integram o faturamento singular das entidades e instituições financeiras (e seguradoras) e, portanto, base de cálculo de PIS/COFINS, restando salutar a recordação de que segundo o entendimento do STF, a receita bruta e o faturamento são termos equivalentes para fins jurídicos, sem embargo de haver distinções técnicas entre as referidas espécies apenas na seara contábil (por exemplo, ARE 643823 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 05/02/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe053 DIVULG 19032013 PUBLIC 20032013). Rememorese também que ainda para o STF o conceito constitucional de faturamento, inscrito no art. 195, I, da Constituição, equivale a receita bruta advinda tanto da venda de mercadorias quanto da prestação de serviços (por exemplo, RE 396514 AgRAgRsegundo, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 20/11/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe 241 DIVULG 07122012 PUBLIC 10122012 RDDT n. 210, 2013, p. 194 202) e sendo as instituições financeiras sociedades empresárias dedicadas a esse segundo segmento econômico, a receita da prestação dos serviços (exceto as "não operacionais") a que se dedica compõem o faturamento, 3. Para as instituições financeiras e seguradoras, a chamada receita financeira é da essência de suas finalidades e atividades como sociedades empresárias, é consequência das operações próprias de seus objetivos sociais. Nesse cenário econômico, repitase, as receitas financeiras compõem as receitas das atividades típicas dessa espécie empresarial, que evidentemente ostenta capacidade contributiva e deve, portanto, contribuir à vista da solidariedade a quem alude o caput do art. 195 da Constituição. 4. Agravo legal improvido. (TRF 3ª Região, APELREEX 001112418.2005.4.03.6100, julg. 26/09/2013) Quanto aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Pleno do STF (RE 357.950, RE 390.840, RE 358.273 e RE 346.084), em relação à base de cálculo do PIS, no que pertine às instituições financeiras, temse o seguinte: No julgamento do RE 390.840/MG, concluise do voto do Ministro Relator Marco Aurélio, que se considera receita bruta ou faturamento o que decorra quer da venda de mercadorias, quer da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. Por sua vez, no votovista do Ministro Cezar Peluso, depreendese que faturamento ou receita bruta é o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo das contribuições. Concluiu o Ministro em seu voto: Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.309 20 Por todo o exposto, julgo inconstitucional o §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para “toda e qualquer receita”... Quanto ao caput do art. 3º, julgo constitucional, para lhe dar interpretação conforme a Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE nº 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de ‘receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços’, adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. O Ministro Peluso, em esclarecimentos, enfatizou: Quando me referi ao conceito construído, sobretudo, no RE 150.755, sob a expressão “receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviço”, quis significar que tal conceito está ligado à ideia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de “receita bruta igual a faturamento”. Da análise do julgamento do STF, observase que restou, portanto, assentado que faturamento é o produto das atividades típicas, ou seja, os ingressos que decorram o objeto social da empresa. Ademais, o alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmouse a jurisprudência consolidada pelo STF nos leading cases: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o Fl. 1309DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.310 21 conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.... Restou pacificado que a declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 não afastou a tributação sobre as receitas oriundas do exercício das atividades empresariais típicas da base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais: PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. Recurso Especial do Contribuinte Negado. (Acórdão nº 9303002.934, julg. 03/06/2014). Ademais, a Recorrente se sujeita a regramento próprio, arts. 2º e 3º, caput e parágrafos 5º, 6º e 7°, da Lei nº 9.718/98, verbis: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. § 1º Entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. (...) Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.311 22 § 5º Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, serão admitidas, para os efeitos da COFINS, as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. § 6º Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5º, poderão excluir ou deduzir: (...) II no caso de empresas de seguros privados, o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos. III no caso de entidades de previdência privada, abertas e fechadas, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e de resgates; (...) § 7º As exclusões previstas nos incisos III e IV do § 6º restringemse aos rendimentos de aplicações financeiras proporcionados pelos ativos garantidores das provisões técnicas, limitados esses ativos ao montante das referidas provisões. Logo, para a Recorrente, a base de cálculo do PIS continuou sendo o faturamento (art. 2º), assim entendido como "a receita bruta da pessoa jurídica" (caput, art. 3º), com as exclusões contidas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Sobre este ponto, o Ministro Cezar Peluso, no julgamento do RE 400.479 AgR/RJ, aduziu: Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominadas prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e COFINS, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, (...), o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. E o STJ: Fl. 1311DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.312 23 RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO E PROCESSO CIVIL. PIS E COFINS. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1o. DO ART. 3o. DA LEI 9.718/98 QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE RECEITA BRUTA CONSIDERADO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. ALCANCE DA QUESTÃO ESTENDIDA À ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR POR MANDADO DE SEGURANÇA COM DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. DETERMINAÇÃO DO TRIBUNAL A QUO DE REVISÃO DA ORDEM DE LEVANTAMENTO DAS IMPORTÂNCIAS DEPOSITADAS EM JUÍZO A TÍTULO DE COFINS E PIS. OFENSA A COISA JULGADA CONFIGURADA. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO PARA, RECONHECENDO A OFENSA À COISA JULGADA, RESTABELECER O DECISUM DE PRIMEIRO GRAU QUE DETERMINOU O LEVANTAMENTO DAS IMPORTÂNCIAS DEPOSITADAS A TÍTULO DE COFINS E PISCALCULADAS SOBRE AS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS. 1. A sentença no Mandado de Segurança, adotando o entendimento proclamado pelo STF de inconstitucionalidade do § 1o. do art. 3o. da Lei 9.718/98 (RE 346.084/PR, Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO, DJU 01.09.2006), que ampliava o conceito de receita bruta considerado na base de cálculo do PIS e da COFINS, garantiu ao impetrante, entidade de previdência complementar, o direito de não se submeter à cobrança da COFINS e do PIS, nos moldes estipulados naquele dispositivo. 2. A despeito disso, após o trânsito em julgado da decisão do referido Mandado de Segurança e da ordem de primeiro grau determinando o levantamento das importâncias depositadas em juízo a título de COFINS e de PIS, calculadas sobre as receitas não operacionais, o egrégio Tribunal a quo determinou a revisão dessa liberação, sob o fundamento de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1o. do art. 3° da Lei 9.718/98 é irrelevante para as entidades privadas de previdência complementar, porquanto, equiparandose às instituições financeiras, submetemse a regramento próprio, recolhendo PIS/COFINS com base no caput e nos §§ 5° e 6° do art. 3° da Lei 9.718/98, ou seja, sobre a receita bruta operacional. 3. Assim, muito embora haja evidente equívoco na desobrigação da entidade de previdência complementar do recolhimento da COFINS e do PIS nos moldes do art. 3°, § 1° da Lei 9.718/98, o fato é que houve o trânsito em julgado dessa decisão, configurando ofensa à coisa julgada mandamental a sua revisão, nessa fase processual. 4. Recurso Especial parcialmente provido para, reconhecendo a ofensa à coisa julgada, restabelecer o decisum de primeiro grau que determinou o levantamento das importâncias depositadas a título de COFINS e de PIS calculadas sobre as receitas nãooperacionais, para não se quebrar o respeito à coisa julgada, em situação na qual a sua eficácia não foi impactada por nova orientação judicial dotada de força vinculante e aplicabilidade erga omnes. (RESP 201100006891, DJE 16/12/2011) Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.313 24 E o TRF 3ª Região: PIS E COFINS. LEI Nº 9.718/98. SEGURADORA. ARTIGO 22, § 1º, DA LEI Nº 8.212/91. BASE DE CÁLCULO. PRÊMIO. INCIDÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA. 1 Tratase de empresa de seguro privado, referida no § 1º do artigo 22 da Lei nº 8.212/91. O objeto social da impetrante é a operação de seguros de danos e de seguros de pessoas (art. 3º fl. 40). 2 Por se sujeitarem a regramento próprio (arts. 2º e 3º, caput e parágrafos 5º e 6º, da Lei nº 9.718/98), as seguradoras não se beneficiaram da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, pelo Supremo Tribunal Federal. 3 Para a base de cálculo do PIS e da COFINS continuou sendo o faturamento (art. 2º), assim entendido como "a receita bruta da pessoa jurídica" (caput, art. 3º), com as exclusões contidas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. 4 Cumpre observar que o critério definidor da base de incidência do PIS e da COFINS como o resultado econômico da atividade empresarial vinculada aos seus objetivos sociais não foi alterado com a declaração de inconstitucionalidade supracitada. 5 Quanto ao tema, o Ministro Cezar Peluso, no julgamento do RE 400.479AgR/RJ, de sua relatoria, assim se manifestou: Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominadas prêmios, o certo é que tal não implica na sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e COFINS, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, (...), o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. 6 Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 pelo Pleno do STF (RE 357.950), em relação à base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS no que tange às instituições financeiras e seguradoras também foi objeto do Parecer PGFN/CAT Nº 2773/2007, datado de 28 de março de 2007, que concluiu: (...) que a natureza das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros pode ser classificada como serviços para fins tributários, estando sujeita à incidência das contribuições em causa, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§ 5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao "plus" contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, considerado inconstitucional por meio do Recurso Extraordinário 357.9509/RS e dos demais recursos que foram julgados na mesma assentada. Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.314 25 7 Assim, porquanto decorrem do exercício do objeto social das seguradoras, constituindo sua receita bruta típica, as receitas de prêmios de seguros integram o seu faturamento e, consequentemente, a base de cálculo do PIS e da COFINS. 8 Apelação não provida. (TRF 3, Apel. 001988319.2015.4.03.6100/SP, julg. 06/10/2017). Portanto, as receitas decorrentes das atividades da Recorrente estão sujeitas à incidência das contribuições do PIS, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§ 5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, considerado inconstitucional pelo STF. Assim, o critério definidor da base de incidência do PIS e da COFINS como o resultado econômico da atividade empresarial vinculada aos seus objetivos sociais não foi alterado com a declaração de inconstitucionalidade reconhecida no mandamus. Por sua vez, a Lei nº 9.701, de 17/11/1998 dispõe acerca das exclusões ou deduções da receita bruta operacional auferida no mês, para fins de cômputo na base de cálculo do PIS: Art. 1º Para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, de que trata o inciso V do art. 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, as pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, poderão efetuar as seguintes exclusões ou deduções da receita bruta operacional auferida no mês: I reversões de provisões operacionais e recuperações de créditos baixados como prejuízo, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (...) IV no caso de empresas de seguros privados: a) cosseguro e resseguro cedidos; b) valores referentes a cancelamentos e restituições de prêmios que houverem sido computados como receitas; c) a parcela dos prêmios destinada à constituição de provisões ou reservas técnicas; V no caso de entidades de previdência privada abertas e fechadas, a parcela das contribuições destinada à constituição de provisões ou reservas técnicas; (...) Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.315 26 § 1º É vedada a dedução de qualquer despesa administrativa. A Instrução Normativa nº 247, de 21/11/2002, em seus arts. 28 e 29, e Anexo 2, aclarou as exclusões permitidas para as empresas de seguros privados e entidades de previdência complementar: Art. 28. As empresas de seguros privados, para efeito de apuração da base de cálculo das contribuições, podem excluir ou deduzir da receita bruta o valor: I – do coseguro e resseguro cedidos; II – referente a cancelamentos e restituições de prêmios que houverem sido computados como receitas; III – da parcela dos prêmios destinada à constituição de provisões ou reservas técnicas; e IV – referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pagos, deduzidos das importâncias recebidas a título de coseguros e resseguros, salvados e outros ressarcimentos. Parágrafo único. A dedução de que trata o inciso IV aplicase somente às indenizações referentes a seguros de ramos elementares e a seguros de vida sem cláusula de cobertura por sobrevivência. Art. 29. As entidades fechadas e abertas de previdência complementar, para efeito de apuração da base de cálculo das contribuições, podem excluir ou deduzir da receita bruta o valor: I – da parcela das contribuições destinada à constituição de provisões ou reservas técnicas; II – dos rendimentos auferidos nas aplicações financeiras de recursos destinados ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e de resgates; e III – do imposto de renda de que trata o art. 2º da Medida Provisória nº 2.222, de 4 de setembro de 2001. § 1º A dedução prevista no inciso II: I – restringese aos rendimentos de aplicações financeiras proporcionados pelos ativos garantidores das provisões técnicas, limitados esses ativos ao montante das referidas provisões; e II – aplicase também aos rendimentos dos ativos financeiros garantidores das provisões técnicas de empresas de seguros privados, destinadas exclusivamente a planos de benefícios de caráter previdenciário e a seguros de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência. § 2º Para efeito do § 1º, consideramse rendimentos de aplicações financeiras os auferidos em operações realizadas nos Fl. 1315DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.316 27 mercados de renda fixa e de renda variável, inclusive mútuos de recursos financeiros, e em outras operações tributadas pelo imposto de renda como operações de renda fixa. § 3º A exclusão prevista no inciso III do caput somente poderá ser efetuada se os rendimentos previstos no inciso II, também do caput, forem excluídos da mesma base de cálculo pelo seu valor líquido, deduzido do referido imposto. (...) § 5º Além das exclusões previstas no caput, as entidades fechadas de previdência complementar podem excluir os valores referentes: I – a rendimentos relativos a receitas de aluguel, destinados ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e resgates; II – à receita decorrente da venda de bens imóveis, destinada ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e resgates; e III – ao resultado positivo, auferido na reavaliação da carteira de investimentos imobiliários referida nos incisos I e II deste parágrafo. § 6º Aplicase o disposto: (...) II – no § 5º, a partir de 30 de agosto de 2002.” Em suma, compõe o faturamento, para fins de quantificação da base de cálculo do PIS, a soma das receitas decorrentes da atividade operacional típica relacionadas a “prestação de serviços de seguros e resseguros do ramo vida, conforme definido em Lei, inclusive Acidentes Pessoais, em quaisquer de suas modalidades ou formas; bem como as receitas relacionadas à prestação de serviços de Previdência Complementar Aberta, concedendo benefícios de caráter previdenciário na forma de renda continuada ou pagamento único em quaisquer de suas modalidades ou formas, e receitas correlatas”. RECLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS QUE INTEGRAM O CONCEITO DE FATURAMENTO DA RECORRENTE A Recorrente tem como objeto social, em seu Estatuto: Art. 3º A Sociedade tem por objetivo: a) operar em seguros e resseguros do ramo Vida, conforme definido em Lei, inclusive Acidentes Pessoais, em quaisquer de suas modalidades ou formas; Fl. 1316DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.317 28 b) instituir e operar Planos de Previdência Complementar Aberta, concedendo benefícios de caráter previdenciário na forma de renda continuada ou pagamento único em quaisquer de suas modalidades ou formas. Consta no despacho decisório e nas planilhas de efls. 885890 que as receitas que não foram computadas como faturamento e, portanto, nas bases de cálculo do PIS, nos períodos de apuração de abril de 2003 a fevereiro de 2008, foram glosadas da base de cálculo dos créditos apurados pelo contribuinte, e reclassificadas do cômputo de “Outras Receitas” para “Faturamento”. As deduções ou exclusões admitidas pela legislação tributária também foram reclassificadas para o cômputo do “Faturamento”. Assim, foram consideradas como componentes da base de cálculo do PIS, como faturamento, as seguintes contas: PREMIO EMITIDO (3111); PREMIOS DE CO SEGUROS ACEITO (3111121); OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS (341); OUTRAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS (3921); RENDAS DE CONTRIBUIÇÕES RETIDAS (41) e OUTRAS REC OPER PREVIDENCIA (451) SINISTROS EFETIVAMENTE PAGOS. Foram deduzidas as seguintes contas: PREMIO RESTITUIDO (3112); TRANSFERENCIAS CEDIDAS (3114); PREMIOS CANCELADOS (3115); RESGATES DE SEGURO DE VIDA INDIVIDUAL/VGBL (3118); VARIAÇÕES DAS PROVISÕES TECNICAS (312 e 313 e 42); DESPESAS COM BENEFICIOS E RESGATES (43); PREMIO DE RESSEGURO CEDIDO (31115); PREMIO DE COSEGUROS CEDIDOS (31114); PREMIO DE RESSEGURO CEDIDO (31115) e DESCONTO SOBRE PREMIO DE RESSEGURO (31118). E, como outras receitas, as 1 RECEITAS FINANCEIRAS (35), excluídas as referentes aos RENDIMENTOS FINANC GARANTIDORES PROV TÉCNICAS, 2 REVERSAO DE OUTRAS PROVISOES (36199815) e 3 RECUPERAÇÃO DE ENCARGOS E DESPESAS (36199819). Entendo que a reclassificação das receitas atendeu à Lei nº 9.701/1998, à Lei nº 9.718/1998 e à Instrução Normativa SRF nº 247, de 21/11/2002, inclusive quanto às exclusões, salvo no tocante às contas OUTRAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS. Revendo os cálculos da fiscalização, observei que tais contas compuseram a base de cálculo do PIS. Dessa forma, devem ser excluídas da base de cálculo as contas 3921, OUTRAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS, para atender ao comando do provimento judicial do contribuinte, o qual cingiu a incidência do PIS sobre as atividades típicas da Recorrente. Por fim, quanto ao argumento da Recorrente de que as atividades típicas não abrangem as receitas financeiras, tais como receitas percebidas pelos investimentos obrigatórios na formação de reservas técnicas, fundos e provisões; ressaltase que a fiscalização observou ao comando dos parágrafos 6° e 7° do art. 3 da Lei n° 9.718: § 6o Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: Fl. 1317DF CARF MF Processo nº 10980.724777/201272 Acórdão n.º 3301004.390 S3C3T1 Fl. 1.318 29 (...); III no caso de entidades de previdência privada, abertas e fechadas, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e de resgates; (...) § 7o As exclusões previstas nos incisos III e IV do § 6o restringemse aos rendimentos de aplicações financeiras proporcionados pelos ativos garantidores das provisões técnicas, limitados esses ativos ao montante das referidas provisões.) SOBRESTAMENTO RE 609.096/RS Requer a empresa o sobrestamento do presente processo até o julgamento definitivo pelo STF do RE n° 609.096/RS. Entretanto, tal pleito não encontra guarida no atual RICARF, devendo ser indeferido. CONCLUSÃO Por conseguinte, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do PIS, os valores das contas contábeis OUTRAS RECEITAS NÃO OPERACIONAIS. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 1318DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.721114/2014-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
Ementa:
VARIAÇÃO DE PERCENTUAL DA PARTICIPAÇÃO NA INVESTIDA. TRIBUTAÇÃO.
A variação do percentual de participação societária em decorrência de subscrição de aumento de capital por novos acionistas no IPO não representa disponibilidade jurídica ou econômica de renda, sendo uma mera variação contábil do investimento avaliado pelo MEP, de forma a não influenciar na apuração das bases de cálculo do IRPJ e CSLL.
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS DE CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES.
Tendo sido canceladas as autuações que acarretaram a compensação de ofício de saldos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas de CSLL de períodos anteriores, devem ser os mesmos restabelecidos, cancelando-se as autuações decorrentes de insuficiência de saldos.
Numero da decisão: 1301-002.856
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Ausente momentânea e justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Leonam Rocha de Medeiros
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, Milene de Araújo Macedo e José Eduardo Dornelas Souza. Ausente momentaneamente e justificadamente a Conselheira Bianca Felicia Rothschild. Participou do julgamento o Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado).
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010 Ementa: VARIAÇÃO DE PERCENTUAL DA PARTICIPAÇÃO NA INVESTIDA. TRIBUTAÇÃO. A variação do percentual de participação societária em decorrência de subscrição de aumento de capital por novos acionistas no IPO não representa disponibilidade jurídica ou econômica de renda, sendo uma mera variação contábil do investimento avaliado pelo MEP, de forma a não influenciar na apuração das bases de cálculo do IRPJ e CSLL. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS DE CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES. Tendo sido canceladas as autuações que acarretaram a compensação de ofício de saldos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas de CSLL de períodos anteriores, devem ser os mesmos restabelecidos, cancelando-se as autuações decorrentes de insuficiência de saldos.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 Ementa: VARIAÇÃO DE PERCENTUAL DA PARTICIPAÇÃO NA INVESTIDA. TRIBUTAÇÃO. A variação do percentual de participação societária em decorrência de subscrição de aumento de capital por novos acionistas no IPO não representa disponibilidade jurídica ou econômica de renda, sendo uma mera variação contábil do investimento avaliado pelo MEP, de forma a não influenciar na apuração das bases de cálculo do IRPJ e CSLL. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS DE CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES. Tendo sido canceladas as autuações que acarretaram a compensação de ofício de saldos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas de CSLL de períodos anteriores, devem ser os mesmos restabelecidos, cancelandose as autuações decorrentes de insuficiência de saldos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Ausente momentânea e justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Participou do julgamento o Conselheiro Suplente Leonam Rocha de Medeiros (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 11 14 /2 01 4- 29 Fl. 1194DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.195 2 (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Nelso Kichel, Milene de Araújo Macedo e José Eduardo Dornelas Souza. Ausente momentaneamente e justificadamente a Conselheira Bianca Felicia Rothschild. Participou do julgamento o Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). Relatório Por bem resumir a lide, adoto o relatório contido no Acórdão n° 1675.813 proferido pela 10ª Turma da DRJ/SPO (fls. 1161/116): 1. DA AUTUAÇÃO Este processo trata de autos de infração, lavrados em procedimento de fiscalização, para a constituição de créditos tributários de IRPJ e de CSLL do 4º trimestre de 2009 e do 3º e 4º trimestres de 2010. No Termo de Constatação Fiscal (fls. 866 a 898), a fiscalização relata que a contribuinte em epígrafe apurou o IRPJ e a CSLL nos anoscalendário de 2009 e 2010 pelo regime do lucro real trimestral. Acrescenta que a companhia tem por objeto social a participação em outras sociedades, sendo acionista controladora da pessoa jurídica Fleury S.A., CNPJ 60.840.055/000131. A fiscalização informa que a autuação se refere ao ganho decorrente da variação sofrida no patrimônio líquido da Fleury S.A., em razão de aumento de capital no valor de R$548.028.800,00, mediante a emissão de 34.251.800 ações ordinárias, as quais foram objeto de oferta pública de distribuição primária de ações (IPO – Initial Public Offering) em dezembro de 2009. A seguir, são sintetizadas as alegações apresentadas pela fiscalização no Termo de Constatação Fiscal (fls. 866 a 898). 1.1. Do aumento do capital social efetuado pela controlada Fleury S.A. e de sua contabilização pela controladora Integritas A fiscalização relata que, em reunião realizada em 15/12/2009, o Conselho de Administração da Fleury S.A. aprovou o aumento de capital social no montante de R$548.028.800,00, mediante a emissão de 34.251.800 novas ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal, ao preço unitário de R$16,00, com exclusão do direito de preferência dos acionistas da companhia na sua subscrição (fls. 341 a 344). Fl. 1195DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.196 3 “5. DELIBERAÇÕES: Os Conselheiros da Companhia deliberaram, por unanimidade de votos e sem quaisquer restrições, o seguinte: (i) aprovar o preço de emissão das Ações objeto da Oferta, o qual foi fixado em R$16,00 (dezesseis reais), após: (a) a efetivação dos pedidos de reserva; e (b) a apuração do resultado da coleta de intenções ("Procedimento de Coleta de Intenções de Investimento"), realizado pelas instituições intermediárias, em consonância com o disposto no artigo 170, §1º, inciso III, da Lei nº 6.404, datada de 15 de dezembro de 1976, conforme alterada ("Lei das Sociedades por Ações") e com o artigo 44 da Instrução da Comissão de Valores Mobiliários nº 400 ("ICVM 400"). sendo certo que a escolha do critério de determinação do preço por ação é justificada, pois não promoverá a diluição injustificada dos atuais acionistas da Companhia e as ações serão distribuídas por meio de distribuição pública primária, em que o valor de mercado das ações a serem vendidas foi determinado com a realização do Procedimento de Coleta de Intenções de Investimento, o qual reflete o valor pelo qual os Investidores Institucionais (conforme definidos no Prospecto Definitivo) apresentaram sua (sic) ordens firmes de compra no contexto da Oferta; Os Investidores Nãolnstitucionais (conforme definidos no Prospecto Definitivo) que aderiram à Oferta não participaram do Procedimento de Coleta de Intenções de Investimento e, portanto, do processo de fixação do preço por ação. (ii )aprovar o aumento de capital, dentro do limite do capital autorizado, que passará de R$224.609.040,00 (duzentos e vinte e quatro milhões, seiscentos e nove mil e quarenta reais), para R$772.637.840,00 (setecentos e setenta e dois milhões, seiscentos e trinta e sete mil e oitocentos e quarenta reais), um aumento, portanto, no montante de R$548.028.800,00 (quinhentos e quarenta e oito milhões, vinte e oito mil e oitocentos reais), mediante a emissão de 34.251.800 (trinta e quatro milhões, duzentas e cinqüenta e uma mil e oitocentas) ações ordinárias, todas nominativas, escriturais, sem valor nominal, ao preço de emissão de R$16,00 (dezesseis reais) por Ação, com exclusão do direito de preferência dos acionistas da Companhia na sua subscrição, em conformidade com o disposto no inciso I, do artigo 172, da Lei das Sociedades por Ações e nos termos do parágrafos Segundo e Terceiro do artigo 6º do Estatuto Social da Companhia.” A fiscalização informa que, antes do aumento, a empresa Fleury S.A. apresentava a seguinte composição do capital social: Relata que, após o aumento de capital, houve uma diluição da participação da fiscalizada (Integritas) na empresa controlada (Fleury), que passou de 97,3855101% para 70,9460016%. Fl. 1196DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.197 4 A fiscalização apresenta a demonstração do patrimônio líquido da Fleury S.A. antes e depois do aumento do capital social. Acrescenta que esses valores foram apurados de acordo com planilha apresentada pela fiscalizada (fls. 246): Fl. 1197DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.198 5 A fiscalização informa que esses valores de ganhos e de perdas em investimentos foram informados na ficha 07A da DIPJ 2010 (Demonstração do Resultado) relativa ao quarto trimestre de 2009, tendo sido o valor de R$514.603.504,49 informado na linha 37 (Outras Receitas Operacionais) e o montante de R$223.766.349,59 na linha 59 (Perdas de Capital p/ Variação Percent em Partic Societária Aval. P/ PL). Acrescenta que a fiscalizada efetuou a exclusão do valor de R$290.837.154,90 (=R$514.603.504,49 R$223.766.349,59) nas fichas 09A (Demonstração do Lucro Real) e 17 (Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) da DIPJ 2010 (4º trimestre) sob a rubrica Ganhos de Capital p/ Var Percentual de Partic Societária Aval. P/ PL (linha 49 da ficha 09A e linha 42 da ficha 17), com fundamento no art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77, correspondente ao art. 428 do RIR/99, abaixo reproduzido: “Art.428. Não será computado na determinação do lucro real o acréscimo ou a diminuição do valor de patrimônio líquido de investimento, decorrente de ganho ou perda de capital por variação na percentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 33, §2º, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso V).” A fiscalização contesta a exclusão efetuada pela fiscalizada na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL sob o argumento de que referido dispositivo legal não contempla a situação fática em análise. 1.2. Da abrangência do art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 428 do RIR/99) A fiscalização observa que a obrigatoriedade de avaliar os investimentos relevantes pelo método da equivalência patrimonial MEP foi estabelecida pelo art. 248 da Lei nº 6.404/76, abaixo reproduzido em sua redação original: “Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos relevantes (artigo 247, parágrafo único) em sociedades coligadas sobre cuja administração tenha influência, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital social, e em sociedades controladas, serão avaliados pelo valor de patrimônio líquido, de acordo com as seguintes normas: I o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas; Fl. 1198DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.199 6 II o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada; III a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício: a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários.” A fiscalização alega que o art. 248, III, “a” e “b”, da Lei nº 6.404/76 estabelece que o ajuste pela equivalência patrimonial será registrado como resultado do exercício somente se decorrer de lucro ou prejuízo ou de ganhos ou perdas efetivos apurados pela coligada ou controlada. Observa que, na legislação tributária, a matéria foi regulada pelos artigos 21 a 23 do DecretoLei nº 1.598/77, correspondentes aos artigos 387 a 389 do RIR/99, transcritos a seguir: “Art. 387. Em cada balanço, o contribuinte deverá avaliar o investimento pelo valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada, de acordo com o disposto no art. 248 da Lei nº 6.404, de 1976, e as seguintes normas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 21, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso III): I o valor de patrimônio líquido será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação da coligada ou controlada levantado na mesma data do balanço do contribuinte ou até dois meses, no máximo, antes dessa data, com observância da lei comercial, inclusive quanto à dedução das participações nos resultados e da provisão para o imposto de renda; II se os critérios contábeis adotados pela coligada ou controlada e pelo contribuinte não forem uniformes, o contribuinte deverá fazer no balanço ou balancete da coligada ou controlada os ajustes necessários para eliminar as diferenças relevantes decorrentes da diversidade de critérios; III o balanço ou balancete da coligada ou controlada levantado em data anterior à do balanço do contribuinte deverá ser ajustado para registrar os efeitos relevantes de fatos extraordinários ocorridos no período; IV o prazo de dois meses de que trata o inciso I aplicase aos balanços ou balancetes de verificação das sociedades de que a coligada ou controlada participe, direta ou indiretamente, com investimentos relevantes que devam ser avaliados pelo valor de patrimônio líquido para efeito de determinar o valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada; V o valor do investimento do contribuinte será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido ajustado de acordo com os incisos coligada ou controlada. Art. 388. O valor do investimento na data do balanço (art. 387, I), deverá ser ajustado ao valor de patrimônio líquido determinado de acordo com o disposto no Fl. 1199DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.200 7 artigo anterior, mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 22). §1º Os lucros ou dividendos distribuídos pela coligada ou controlada deverão ser registrados pelo contribuinte como diminuição do valor de patrimônio líquido do investimento, e não influenciarão as contas de resultado (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 22, parágrafo único). §2º Quando os rendimentos referidos no parágrafo anterior forem apurados em balanço da coligada ou controlada levantado em data posterior à da última avaliação a que se refere o artigo anterior, deverão ser creditados à conta de resultados da investidora e, ressalvado o disposto no §2º do art. 379, não serão computados na determinação do lucro real. §3º No caso do parágrafo anterior, se a avaliação subsequente for baseada em balanço ou balancete de data anterior à da distribuição, deverá o patrimônio líquido da coligada ou controlada ser ajustado, com a exclusão do valor total distribuído. Art. 389. A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 23, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso IV). §1º Não serão computadas na determinação do lucro real as contrapartidas de ajuste do valor do investimento ou da amortização do ágio ou deságio na aquisição de investimentos em sociedades estrangeiras coligadas ou controladas que não funcionem no País (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 23, parágrafo único, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso IV). §2º Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior pelo método da equivalência patrimonial continuarão a ter o tratamento previsto nesta Subseção, sem prejuízo do disposto no art. 394 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25, §6º).” A fiscalização ressalta que o MEP tem por objetivo registrar, pelo regime de competência, os lucros ou prejuízos na medida em que forem gerados na coligada ou controlada, fazendose os ajustes na conta de investimentos da investidora na proporção de sua participação na coligada ou controlada. Argumenta que os ajustes se referem apenas a lucros e prejuízos ou ganhos e perdas apurados pela coligada ou controlada e, portanto, já tributados ou deduzidos na sua origem, razão pela qual o art. 23 do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 389 do RIR/99) determina que não sejam computados na apuração do lucro real, evitando se assim a bitributação. A fiscalização alega que equivalência patrimonial não implica igualdade patrimonial, visto que a diferença de critérios contábeis empregados e os efeitos relevantes de fatos extraordinários devem ser considerados no valor do patrimônio líquido que servirá de base de cálculo na apuração da equivalência patrimonial. Sustenta que o MEP não deve ser aplicado de forma linear para todas as contas do patrimônio líquido, pois há fatos que interferem no procedimento de equivalência, entre eles a variação na porcentagem de participação no capital social da coligada ou controlada. Alega a fiscalização que o ajuste pela equivalência patrimonial e o ganho ou perda pela variação na participação são conceitos distintos, visto que o primeiro se destina ao ajuste em relação aos lucros ou prejuízos apurados no exercício pela Fl. 1200DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.201 8 coligada ou controlada e o segundo, ao ajuste em relação ao ganho ou perda sobre as reservas e lucros já existentes. Ressalta que o primeiro é uma receita ou despesa operacional e o segundo, uma receita ou despesa não operacional. A fiscalização sustenta que a regra prevista no art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 428 do RIR/99) tem alcance restrito, abrangendo somente as reservas e os lucros existentes na coligada ou controlada antes do aumento do capital. 1.3. Da análise do procedimento adotado pela fiscalizada e da apuração do valor do ganho ou da perda de capital por variação no porcentual de participação A fiscalização observa que a contribuinte fiscalizada registrou um ganho não tributável no montante de R$290.837.154,90, mesmo tendo ocorrido uma redução no seu porcentual de participação. Informa que no Anexo I ao Termo de Constatação Fiscal, denominado “Demonstrativo dos Ajustes Efetuados pelo Contribuinte na Conta Investimentos” (fls. 892), encontrase o detalhamento da apuração desse ganho de capital em relação a todas as contas do patrimônio líquido da Fleury S.A. Destaca que o cálculo da contribuinte incluiu indevidamente: (i) o ganho de R$329.419.408,50 obtido na sua participação no valor do novo capital social que não constitui reservas nem lucros anteriores e, portanto, não amparado pelo art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77; (ii) o valor da perda de R$15.762.331,27 relativo a sua participação pela equivalência patrimonial de 70,9460016% sobre os “gastos com emissão de ações” no valor de R$22.217.363,79 incorridos no mês de dezembro/2009 pela sua controlada, que não constitui reservas nem lucros (prejuízos) anteriores, não se aplicando o art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77; Adotando a premissa demonstrada no item anterior, de que o art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77 alcança somente as reservas e os lucros existentes antes do aumento de capital, a fiscalização alega que a redução de 26,4395085% no percentual de participação da fiscalizada na Fleury S.A. representou uma perda de capital de R$22.820.081,23, calculada em relação às reservas e aos lucros já existentes na controlada, no total de R$86.310.534,97, conforme demonstrado a seguir: A fiscalização alega que não pode prosperar o entendimento da fiscalizada de que o ganho de R$329.419.408,50 não seria tributável, pois, nesse caso, todo o excedente de R$338.262.842,88 pago pelos novos acionistas na formação do capital Fl. 1201DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.202 9 social, conforme demonstrado no quadro a seguir, deveria, de forma inversa, constituir uma perda não dedutível, o que não ocorre. Argumenta que todo o valor de R$548.028.800,00 (= R$209.765.957,12 (valor da participação no valor do capital social) + R$338.262.842,88 (valor pago a mais)) pago pelas novas ações constituirá custo de aquisição para os novos acionistas e deverá integrar o valor contábil do investimento para fins de apuração do ganho ou perda de capital na sua alienação ou liquidação, nos termos dos artigos 425 e 426 do RIR/99. Assim, conclui que esse custo dedutível não se confunde com a perda de capital não dedutível prevista no art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77. A fiscalização informa que, no Anexo IV – Demonstrativo dos Ajustes na Conta Investimentos – Apurados pela Fiscalização (fls. 895), encontrase o quadro de ajustes na conta investimentos apurados pela fiscalização e seu enquadramento legal e, no Anexo V – Ajustes na Conta Investimentos – Fiscalizada x Fiscalização (fls. 896), a comparação entre os ajustes efetuados pela fiscalizada e os efetuados pela fiscalização. 1.4. Do ganho de capital na venda parcial de participação societária A fiscalização observa que o aumento de capital na Fleury S.A. foi feito com a exclusão dos direitos de preferência dos antigos acionistas, com base no art. 172, I, da Lei nº 6.404/76 e no art. 6º, §§2º e 3º do Estatuto Social. Assim, na formação do novo capital social da Fleury S.A., a fiscalizada permaneceu com a mesma quantidade de 89.506.029 ações detidas anteriormente e participou com o mesmo valor de R$218.736.659,33 na formação do valor do novo capital social, tendo sido as 34.251.800 novas ações destinadas para subscrição de novos acionistas. Alega a fiscalização que houve uma diluição da participação porcentual na controlada, bem como uma redistribuição da participação no valor do novo capital social, conforme demonstrado no Anexo II – Demonstrativo da Formação do Novo Capital Social de Fleury S.A. e da Participação dos Acionistas (fls. 893), sintetizado no quadro abaixo: Fl. 1202DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.203 10 A fiscalização sustenta que a participação porcentual e a participação no valor do capital social são conceitos distintos e apurados de formas distintas. Alega que o primeiro representa, em forma porcentual, a quantidade de ações detidas em relação à quantidade de ações que compõem o capital social; o segundo representa a parcela do valor do capital social que pertence ao acionista de acordo com sua participação porcentual. A fiscalização ressalta que a fiscalizada participou com R$218.736.659,33 na constituição do novo capital social, mas passou a deter R$548.155.654,34 do seu valor em função da sua nova participação porcentual de 70,9460016%. Sustenta que a operação se assemelha a uma permuta de ações, na qual a fiscalizada teria dado ações de uma empresa no valor de R$218.736.659,33 recebendo em troca ações de outra no valor de R$548.155.654,34. Alega que a diferença entre o valor contábil da participação recebida (R$548.155.654,34) e o da participação transferida (R$218.736.659,33) constitui ganho tributável nos termos do art. 31 do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 418 do RIR/99). A fiscalização também alega que o ganho foi possível em razão da cessão dos direitos de subscrição feita pelos antigos acionistas para os novos acionistas. De acordo com o Anexo III – Demonstrativo dos Efeitos da Exclusão dos Direitos de Preferência na Subscrição das Ações (fls. 894), a exclusão dos direitos de preferência representou, na prática, uma cessão de 27,1493249% (R$209.765.957,48) do valor do capital social da Fleury S.A. (R$772.637.840,00), do qual 26,4395085% se refere a participação porcentual cedida pela fiscalizada, correspondente a R$204.281.647,39. Alega a fiscalização que todas as 34.251.800 novas ações foram subscritas e integralizadas por terceiros ao preço unitário de R$16,00, incluindo a parcela que caberia à fiscalizada (se houvesse direito de preferência) de 33.356.290 ações, correspondente a R$533.700.642,40. A fiscalização argumenta que as demonstrações financeiras elaboradas pela própria fiscalizada evidenciam a ocorrência de alienação parcial do investimento na Fleury S.A. Ressalta que, o item 8 das Notas Explicativas das demonstrações financeiras, partes integrantes do Relatório da Administração e da Ata da Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária da fiscalizada realizada em 26/05/2010 dispôs que “o lucro líquido do exercício de 2009 foi formado substancialmente pelo resultado de Fl. 1203DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.204 11 equivalência patrimonial de R$78.955 na Fleury S.A e pelo ganho de capital nesse investimento de R$290.998” Acrescenta que o Demonstrativo das Mutações do Patrimônio Líquido de 2009 da fiscalizada reporta o valor de 290.998 (em milhares de R$) como “ganhos de capital na venda parcial de partic controlada”. Alega a fiscalização que a reestruturação do capital social da Fleury S.A importou na venda de 27,1493249% da participação para os novos acionistas. Assim conclui que o montante de R$329.418.995,01 deve ser computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL nos termos dos artigos 425, 426 e 418 do RIR/99. Sustenta que esse acréscimo patrimonial representa uma aquisição econômica e jurídica de renda, decorrente da alienação parcial da controlada, estando sujeito ao imposto de renda, conforme previsão contida no art. 43, II, do CTN. Alega que, para a legislação tributária (artigos 116 e 118 do CTN), o que tem relevância é o resultado econômico do ato ou negócio jurídico praticado e não a forma pelo qual foi apresentado. A fiscalização informa que o total dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas da CSLL apurados em períodos anteriores e acumulados até o 3º trimestre de 2009, nos valores de R$6.474.861,86 e R$8.187.451,86 respectivamente, serão compensados de ofício na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL do 4º trimestre de 2009. 1.5. Da insuficiência de saldo de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas de CSLL compensados no 3º e no 4º trimestres de 2010 A fiscalização informa que a fiscalizada tributou seus resultados pelo lucro real trimestral no anocalendário de 2010. Acrescenta que no 3º e no 4º trimestres de 2010, a fiscalizada compensou o lucro real e a base de cálculo da CSLL apurados com prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL de períodos anteriores, conforme abaixo demonstrado: Ressalta que os saldos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas e CSLL acumulados até o 3º trimestre de 2009 foram utilizados de ofício para compensação as infrações apuradas neste processo, o que resultou em insuficiência de saldo para compensação no 3º e no 4º trimestres de 2010, como demonstrado a seguir: Fl. 1204DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.205 12 A fiscalização alega que as compensações que excederam os saldos disponíveis devem ser glosadas de ofício, sendo recalculados o lucro real e a base de cálculo da SLL desses períodos de apuração para incidência do IRPJ e da CSLL. 1.6. Dos autos de infração Ante o exposto, foram lavrados autos de infração para a constituição dos créditos tributários discriminados a seguir (fls. 839 a 865): Fl. 1205DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.206 13 2. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada das autuações em 10/10/2014 (fls. 900 e 901), a contribuinte apresentou, em 10/11/2014, a impugnação de fls. 916 a 993, acompanhada dos documentos de fls. 994 a 1108, na qual faz um breve resumo das autuações e apresenta as alegações sintetizadas a seguir. 2.1. Da existência de previsão legal expressa que afasta a tributação do suposto ganho – art. 23 do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 389 do RIR/99) A impugnante alega que o procedimento adotado pela fiscalização está em desacordo com as normas que conferem neutralidade fiscal aos reflexos do MEP. Destaca os artigos 21, 22 e 23 do DecretoLei nº 1.598/77: “Avaliação do Investimento no Balanço Art. 21 Em cada balanço o contribuinte deverá avaliar o investimento pelo valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada, de acordo com o disposto no artigo 248 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e as seguintes normas: I o valor de patrimônio líquido será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação da coligada ou controlada levantado na mesma data do balanço do contribuinte ou até 2 meses, no máximo, antes dessa data, com observância da lei comercial, inclusive quanto à dedução das participações nos resultados e da provisão para o imposto de renda. Fl. 1206DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.207 14 (...) V o valor do investimento do contribuinte será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido ajustado de acordo com os números anteriores, da porcentagem da participação do contribuinte na coligada ou controlada. Ajuste do valor do investimento e dividendos Art. 22 O valor do investimento na data do balanço (art. 20, I), depois de registrada a correção monetária do exercício (art. 39), deverá ser ajustado ao valor de patrimônio líquido determinado de acordo com o disposto no artigo 21, mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento. (...) Contrapartida do ajuste no valor do investimento Art. 23 A contrapartida do ajuste de que trata o artigo 22, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real. (Redação dada pelo Decretolei nº 1.648, de 1978)” Alega a impugnante que os dispositivos acima transcritos estabelecem que o valor do investimento na controlada está vinculado simplesmente à porcentagem de sua participação no capital social e o seu respectivo reflexo sobre o valor do patrimônio líquido, sem qualquer distinção sobre a origem dos valores que compõem tal valor. Argumenta que nenhum ajuste por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento deve ser computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Alega que as mutações no patrimônio líquido da investida podem decorrer de sua atividade operacional (lucros ou prejuízos ou ganhos ou perdas efetivos), mas também e outros eventos, como, no caso, da subscrição de capital por novos acionistas. Ressalta que o art. 248, III, “c”, da Lei nº 6.404/76 estabelece que as companhias abertas devem observar as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. No caso, o art. 16 da Instrução CVM nº 247/96, que assim dispõe: “Art. 16. A diferença verificada, ao final de cada período, no valor do investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial, deverá ser apropriada pela investidora como: I receita ou despesa operacional, quando corresponder a aumento ou diminuição do patrimônio líquido da coligada e controlada, em decorrência da apuração de lucro líquido ou prejuízo no período ou que corresponder a ganhos ou perdas efetivos em decorrência da existência de reservas de capital ou de ajustes de exercícios anteriores; II receita ou despesa não operacional, quando corresponder a eventos que resultem na variação da porcentagem de participação no capital social da coligada e controlada;” A impugnante alega que todos os efeitos no patrimônio líquido da investida, não importando a sua origem, devem ser reconhecidos na investidora pelo MEP e Fl. 1207DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.208 15 possuem neutralidade fiscal, tendo sido expressamente excluídos do cômputo do lucro real pelo art. 23 do DecretoLei nº 1.598/77. Sustenta que todos os atos praticados seguiram estritamente a sistemática imposta pelo MEP, conforme sintetizado a seguir: (i) O patrimônio líquido da Fleury foi impactado pelo aumento de capital, por meio de subscrição de novas ações, adquiridas em Bolsa, obrigando a aplicação do artigo 248, inciso III, alínea “c” da Lei n° 6.404/76, em conjunto com o artigo 16 da Instrução CVM nº 247/96, pela impugnante; (ii) No mesmo sentido, em respeito à regra prevista no artigo 21 do Decreto Lei nº 1.598/77, o investimento detido pela impugnante foi avaliado pelo valor do patrimônio líquido da sua controlada; (iii) O patrimônio líquido foi determinado com base em balanço patrimonial (artigo 21, inciso I, do DecretoLei nº 1.598/77); (iv) O valor do investimento da impugnante foi apurado mediante a aplicação, sobre o patrimônio líquido, da porcentagem da participação na sua controlada (artigo 21, inciso V, do DecretoLei nº 1.598/77); (v) O valor da diferença oriunda da variação do patrimônio líquido da investida foi registrado em conta de investimento (artigo 22 do DecretoLei nº 1.598/77); (vi) A diferença positiva apurada no item anterior em razão da variação na percentagem de participação da impugnante no capital social da controlada, foi excluída do lucro real (artigo 23 do DecretoLei nº 1.598/77). A impugnante alega que a tributação dos resultados decorrentes da aplicação do MEP constitui afronta ao ordenamento jurídico vigente, devendo ser canceladas as autuações. 2.2. Da impossibilidade de tributação do suposto ganho de capital antes da alienação do investimento – ausência de subsunção ao art. 31 do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 418 do RIR/99) A impugnante alega que, mesmo que se entenda pela não aplicação da norma contida no art. 23 do DecretoLei nº 1.598/77, o que admite apenas a título argumentativo, ainda assim a tributação seria indevida face à ausência de subsunção dos fatos aos artigos 31 e 33 do DecretoLei nº 1.598/77: “Art. 31 Serão classificados como ganhos ou perdas de capital, e computados na determinação do lucro real, os resultados na alienação, inclusive por desapropriação (§4º), na baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou exaustão, ou na liquidação de bens do ativo permanente. (...) Art. 33 O valor contábil, para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido (art. 20), será a soma algébrica dos seguintes valores:” Alega que, no caso, não houve alienação, por parte da impugnante, de seu investimento na Fleury S.A., tendo ela permanecido, após o IPO, com as mesmas Fl. 1208DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.209 16 89.506.029 ações detidas anteriormente. Ressalta que houve apenas uma mutação no patrimônio líquido da investida, registrada de acordo com a legislação que regula o MEP, como demonstrado no item anterior. Argumenta que o resultado positivo da equivalência patrimonial é um aumento potencial da maisvalia sobre o investimento, um simples reflexo do aumento do patrimônio da sociedade investida. Acrescenta que somente se poderá aferir o real acréscimo patrimonial pela investidora se e quando ocorrer a alienação do investimento, o que não se verificou no presente caso. Ressalta que esse acréscimo consiste em mera expectativa de renda e não renda consumada. Assim, tributálo implicaria tributar o patrimônio da investidora e não sua renda, o que contraria o disposto no art. 43 do CTN. A impugnante também contesta a alegação da fiscalização de que houve uma cessão de direitos de subscrição das novas ações emitidas pela controlada. Sustenta que não houve uma cessão de direitos de sua parte, mas uma exclusão dos direitos de preferência na subscrição nos termos do art. 172, I, da Lei nº 6.404/76. Argumenta que a exclusão do direito de preferência na subscrição de novas ações é uma prerrogativa da sociedade investida Fleury S.A., de acordo com seu estatuto, e não um direito da impugnante. Assim, não poderia ceder um direito inexistente. A impugnante alega que os lançamentos deve ser cancelados, pois não houve subsunção do fato à hipótese de incidência contida no caput do art. 33 do Decreto Lei nº 1.598/77, que fundamentou a autuação. 2.3. Da impossibilidade da utilização de analogia para justificar a tributação A impugnante contesta a alegação da fiscalização de que a operação em comento “assemelhase a uma operação de permuta de ações, na qual a fiscalizada teria dado ações de uma empresa no valor de R$218.736.659,33 recebendo em troca ações de outra no valor de R$548.155.654,34”. De início, ressalta que o art. 108 do CTN veda o uso de analogia para a exigência de tributo não previsto em lei. Alega que, no caso em análise, não houve nenhum ato de substituição de ações, pois a quantidade de ações da Fleury S.A. detidas pela impugnante permaneceram inalteradas, não tendo havido nenhuma troca de bens que pudesse ser caracterizada como permuta. Argumenta que o aumento de capital não teve o condão de transformar a investida em outra sociedade, mas apenas reforçou o seu capital social. Argumenta que não se pode confundir o procedimento de emissão de novas ações e sua venda em bolsa de valores com uma permuta, visto que se trata de situações societárias distintas. A impugnante sustenta que a operação de permuta de ações possui um regramento próprio, estabelecido pelos artigos 257 e 263 da Lei nº 6.404/76, que requer prévio registro e autorização pela CVM. Fl. 1209DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.210 17 Ad argumentandum, ainda que se considerasse a ocorrência de permuta no presente caso, alega a impugnante que seria indevida a tributação pelo IRPJ e pela CSLL, visto que não há ganho tributável nas operações de permuta sem torna. Argumenta que a permuta de ativos não dá ensejo à tributação de potenciais ganhos de capital, em especial porque, não havendo pagamento em dinheiro, qualquer exigência fiscal sobre o ativo recebido acabaria por tributar o patrimônio do contribuinte, violando princípios tributários. 2.4. Da previsão expressa para não tributação do ganho de capital por variação na percentagem de participação no capital social de coligada ou controlada – art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77 (art. 428 do RIR/99). Além dos argumentos apresentados anteriormente, a impugnante alega que existe previsão expressa para não tributação do ganho apurado pela variação na percentagem de participação no capital social de coligada ou controlada, conforme se verifica no art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77: “Art. 33. O valor contábil, para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio liquido (art. 20), será a soma algébrica do seguintes valores: (...) §2º Não será computado na determinação do lucro real o acréscimo ou a diminuição do valor de patrimônio líquido de investimento, decorrente de ganho ou perda de capital por variação na porcentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada.” (redação dada pelo DecretoLei nº 1.648/78) A impugnante ressalta que se trata de uma hipótese de não incidência, razão pela qual, mesmo se fosse considerado realizado o ganho de capital na operação que implicou a alteração da participação societária detida na Fleury S.A., esse valor não seria tributado. Alega que o entendimento da fiscalização de que esse dispositivo seria aplicável apenas aos lucros e reservas existentes até a data do aumento do capital representa uma restrição indevida, sem previsão legal, e que não retrata a finalidade da norma, que é afastar a tributação de valores oriundos do aumento ou diminuição do patrimônio líquido da investida. Sustenta que a redação original do §2º do art. 33 do DecretoLei nº 1.598/77 trazia a previsão de tributação desses valores. Entretanto, esse dispositivo foi alterado pelo DecretoLei nº 1.648/78, a fim de manter a neutralidade fiscal do MEP. Ressalta que a variação no porcentual de participação ocasionou um ganho não tributável, correspondente a um ágio pago pelos novos acionistas, que irá compor o custo de aquisição das ações. Alega que tal fato não infirma suas conclusões, visto que o registro do custo de aquisição pelos novos acionistas decorre de previsão legal expressa (art. 183 da Lei nº 6.404/76 e artigos 425 e 426 do RIR/99). Por sua vez, a não tributação do acréscimo do valor de patrimônio líquido de investimento Fl. 1210DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.211 18 decorrente de ganho ou perda de capital por variação na percentagem de participação no capital social da investida também decorre de expressa previsão legal (art. 33, §2º, do DecretoLei nº 1.598/77). A impugnante também contesta a afirmação da fiscalização de que “para a aplicação da legislação tributária não importa a forma e como o aumento do capital da sua controlada Fleury S.A. foi estruturado e implementado, mas apenas o resultado econômico por ele produzido, que, no caso concreto, foi um acréscimo patrimonial efetivo de R$329.418.995,01 para a fiscalizada.”. Alega que em nenhum momento a fiscalização alegou o emprego de atos artificiais ou a realização de um negócio indireto. Pelo contrário, constatou que o aumento de capital da Fleury S.A. ocorreu em termos de mercado, entre partes independentes e culminou na diluição da participação detida pelos antigos acionistas. Sustenta que a fiscalização não pode ignorar as normas legais aplicáveis ao caso, que afastam a tributação do suposto ganho, alegando que o resultado econômico estaria acima da forma como as operações foram realizadas. 2.5. Da jurisprudência do CARF que respalda a impossibilidade de tributação da operação em análise A impugnante alega que a jurisprudência do CARF considera tributáveis os fatos debatidos no presente processo apenas quando há prova de simulação. A impugnante analisa os acórdãos de números 1401000582 e 0106015, em que foi tributado o ganho de capital. Ressalta que, nesses casos, o ganho de capital não foi tributado em decorrência da variação da participação societária do antigo investidor (reflexo do MEP), mas pela desconsideração das operações. Argumenta que o aumento de capital da Fleury S.A. por meio da emissão de novas ações negociadas em Bolsa, adquiridas e subscritas por novos acionistas, não poderia ser equiparada a uma estrutura simulada e sem propósito negocial, hipótese que não foi sequer levantada pela fiscalização. Sustenta que o negócio jurídico praticado foi usual e normal, devendo emanar seus efeitos próprios, correspondente à ausência de ganho tributável por expressa determinação legal. 2.6. Da glosa indevida das compensações de prejuízo fiscal e de base negativa de CSLL A impugnante sustenta que as autuações relativas às glosas de compensações de prejuízo fiscal e de base negativa de CSLL no 3º e no 4º trimestres de 2010 decorreram diretamente da indevida tributação do ganho apurado na variação de porcentagem de participação da impugnante no capital social de sua controlada. Alega que, tendo sido demonstrada a improcedência da tributação do referido ganho, devem ser recompostos os saldos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL, não merecendo prosperar as referidas glosas. 2.7. Da ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa Caso se entenda pela manutenção das autuações, a impugnante alega que, ao menos, devem ser excluídos os juros incidentes sobre a multa de oficio. Fl. 1211DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.212 19 Sustenta que o art. 13 da Lei nº 9.065/95, que prevê a cobrança dos juros de mora com base na taxa Selic, remete ao art. 84 da Lei nº 8.981/95, que, por sua vez, estabelece a cobrança de tais acréscimos apenas sobre tributos e contribuições sociais. Assim, alega que não há previsão legal para a exigência de juros moratórios sobre a multa de ofício. A corroborar seu entendimento, cita o acórdão CSRF nº 02 03133. 2.8. Do pedido Por todo o exposto, a impugnante requer o recebimento, o conhecimento e o provimento da impugnação, com o conseqüente cancelamento integral dos autos de infração. 2.9. Dos documentos juntados à impugnação Foram juntadas à impugnação cópias de: Doc. 01 – procuração, documentos de identificação dos advogados que subscrevem a impugnação, atos societários; Doc. 02 – autos de infração; Doc. 03 termo de constatação fiscal; Doc. 04 – análise dos autos de infração pela consultoria Deloitte. A DRJ julgou a impugnação procedente, cancelando o crédito tributário exigido. Cientificado do acórdão prolatado pela DRJ, o contribuinte apresentou recurso voluntário para contestar a parte não provid na referida decisão. Subiram os autos a este Colegiado para apreciação do Recurso de Ofício. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso de Ofício atende os requisitos de admissibilidade, de acordo com a Portaria/MF nº 63/2017, portanto, dele conheço. Cuida o presente processo de autos de infrações, referentes aos anos calendário de 2009 e 2010, em que se exige o IRPJ e CSLL, no valor total de R$ 242.772.636,45, acrescidos da multa de ofício e juros de mora. A autuação decorre da infração cometida pela Recorrente, no sentido de não ter excluído da apuração do lucro real e da base de cálculo o ganho tributável no importe de R$ 329.418.995,01, o qual foi adicionado pela fiscalização. Fl. 1212DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.213 20 O referido ganho corresponde a variação sofrida no patrimônio líquido da Fleury SA, investida da Recorrente, em razão do aumento de capital de R$ 548.028.800,00, mediante a emissão de 34.251 ações ordinárias, as quais foram objeto de oferta pública de distribuição primeira de ações (IPO Initial Public Offering). Inferese que a Recorrente é acionista controladora da Fleury SA, de tal modo que seu investimento é avaliado pelo método de equivalência patrimonial, o que é obrigatório conforme o art. 248 da Lei nº 6.404/76. A matéria foi reproduzida pelos artigos 21 a 23 do DecretoLei nº 1.598/77 na legislação do IRPJ, correspondentes aos artigos 387 a 389 do RIR/99. Transcrevo abaixo o referido art 387. “Art. 387. Em cada balanço, o contribuinte deverá avaliar o investimento pelo valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada, de acordo com o disposto o art. 248 da Lei nº 6.404, de 1976, e as seguintes normas (DecretoLei nº .598, de 1977, art. 21, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso III): I o valor de patrimônio líquido será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação da coligada ou controlada levantado na mesma data do balanço do contribuinte ou até dois meses, no máximo, antes essa data, com observância da lei comercial, inclusive quanto à dedução das antecipações nos resultados e da provisão para o imposto de renda; (...) V o valor do investimento do contribuinte será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido ajustado de acordo com os incisos anteriores, da percentagem da participação do contribuinte no capital a coligada ou controlada.” (g.n.) Do dispositivo acima, entendese que o valor do investimento deve ser determinado mediante a aplicação sobre o valor do patrimônio líquido, da porcentagem de participação da investidora no capital da controlada. Nesse ponto, a decisão diverge da fiscalização, no sentido de que a legislação não restringe a aplicação do MEP a determinadas contas do patrimônio líquido. Concluiu que a metodologia de avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial tem por escopo demonstrar na sociedade investidora, a variação patrimonial da sociedade investida, seja em virtude de lucros, prejuízos ou qualquer acréscimo ou decréscimo em contas do patrimônio líquido. Sendo que, nos termos do “caput” art. 388, o valor do investimento na data do balanço deve ser ajustado mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento. A contrapartida do ajuste determinada nesse art. 388, “por aumento ou redução no valor do patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real” (art. 389, “caput”). Fl. 1213DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.214 21 Temse que a contrapartida, seja a débito ou a crédito, do lançamento em contas do resultado recebe tratamento diverso, conforme a natureza do ajuste a ser procedido. Confirase o art. 16 da CVM nº 247/96. “Art. 16. A diferença verificada, ao final de cada período, no valor do investimento avaliado pelo método da equivalência patrimonial, deverá ser apropriada pela investidora como: I receita ou despesa operacional, quando corresponder a aumento ou diminuição do patrimônio líquido da coligada e controlada, em decorrência da apuração de lucro líquido ou prejuízo no período ou que corresponder a ganhos ou perdas efetivos em decorrência da existência de reservas de capital ou de ajustes de exercícios anteriores; II receita ou despesa não operacional, quando corresponder a eventos que resultem na variação da porcentagem de participação no capital social da coligada e controlada;” A esse respeito a decisão da DRJ reproduziu as lições de Iudícibus et al (op cit, pp. 153156), in verbis: “11.4 CONTABILIZAÇÃO NO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Pelo já exposto, constatamos que no método da equivalência patrimonial a conta de Investimentos será igual ao valor do Patrimônio Líquido da coligada ou controlada, proporcional à participação em seu capital. Assim, se uma investidora tiver, digamos, 30% do capital de uma coligada, a conta de investimentos na investidora deverá ser, a cada encerramento de Balanço, igual a 30% do Patrimônio Líquido da coligada nas respectivas datas. Se o valor do patrimônio da coligada aumentar ou diminuir, haverá um aumento ou diminuição proporcional correspondente na conta de investimento da investidora. Essa situação somente não ocorre quando o Patrimônio Líquido da investida for negativo, fato que é comentado no item 11.12. Restanos verificar, agora, como contabilizar as contrapartidas desses lançamentos na conta de investimentos. O texto da Lei das Sociedades por Ações, em seu item III do art. 248, estabelece que a diferença entre o valor do investimento, pelo método da equivalência patrimonial, e o custo de aquisição somente será registrada como resultado do exercício: a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Fl. 1214DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.215 22 Comissão de Valores Mobiliários. A conclusão é que as variações no patrimônio da coligada ou controlada deverão ter o seguinte tratamento na investidora: 11.4.1 Lucro ou Prejuízo do Exercício O acréscimo na conta de Investimentos que corresponde proporcionalmente ao lucro do período da coligada ou controlada será registrado em contrapartida como receita do ano da investidora. Essa receita entra como Outras Receitas e Despesas Operacionais no subgrupo de Lucros e Prejuízos de Participações em Outras Sociedades na conta própria designada “Participação nos resultados de coligadas ou controladas pelo método da equivalência patrimonial” Veja modelo de Plano de Contas. (...) Por outro lado, se ao invés de lucro houver prejuízo na coligada ou controlada, também será registrado no próprio exercício, a crédito da conta de Investimentos e a débito da mesma conta “Participação nos resultados de coligadas ou controladas pelo método da equivalência patrimonial” (...) 11.4.4. Variação na Porcentagem de Participação No caso de aumentos de capital por subscrição, pode ocorrer que o valor do aumento na conta de investimento, que será o da subscrição integralizada, não corresponda ao valor proporcional do aumento de patrimônio da coligada, nos casos em que, por exemplo: a) a empresa investidora tiver subscrito um porcentual do aumento do capital maior que o porcentual anteriormente detido, ou seja, com diluição na participação dos outros acionistas, pelo fato de eles não terem exercido seu direito de preferência; b) houver situação inversa à da possibilidade anterior, pois a empresa investidora não terá exercido seu direito na totalidade. Nesse caso, ocorrerá, durante o exercício, uma alteração na porcentagem de participação da investidora no capital da coligada ou controlada. Situação similar pode ocorrer quando, entre as ações da coligada ou controlada, houver ações com direito somente a dividendo fixo e com limitações na participação de lucros e, até em outras vantagens patrimoniais, como aumentos de capital. Dessa situação decorre o aumento do porcentual de participação sobre o capital dos investidores que têm somente ações sem limites e restrições de participação. Nesses casos, o valor da equivalência patrimonial no final do exercício deverá ser computado pela porcentagem de sua nova participação. Fl. 1215DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.216 23 Todavia, há que se considerar que o aumento ou diminuição da porcentagem gerará um aumento ou diminuição do valor do investimento pela equivalência patrimonial, diferença essa que, na verdade, não é oriunda de lucros ou prejuízos contabilizados no exercício pela coligada ou controlada, mas representa, isto sim, um ganho ou perda na investidora pelo aumento ou diminuição e sua participação nas reservas e lucros anteriores. Essa diferença, portanto, não deve ser creditada na investidora como resultado operacional, mas como receita ou despesa não operacional. Esse aspecto e forma de tratamento são previstos no item II, do art. 16 da Instrução CVM nº 247/96, e constam também no art. 428 do RIR/99, que determina que tal valor não é tributável se ganho, nem dedutível se perda. Ver também o item 11.7.6 – Ágio na subscrição.” (negritos do original, sublinhados nossos) Concluiuse que não apenas os lucros ou prejuízos afetam o valor do investimento, mas também o aumento de capital pela subscrição de novas ações resulta na variação da porcentagem da participação da investidora no capital da investida e, conseqüentemente, deve ser considerado na equivalência patrimonial. Adiante, a decisão da DRJ ressaltou que o art. 389 do RIR/99 estabelece expressamente que a contrapartida do ajuste pela equivalência patrimonial não será computada na determinação do lucro real, in verbis: “Art. 389. A contrapartida do ajuste de que trata o art. 388, por aumento ou redução no valor de patrimônio líquido do investimento, não será computada na determinação do lucro real (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 23, e DecretoLei nº 1.648, de 1978, art. 1º, inciso IV).” Destacando que o dispositivo em comento se refere simplesmente à contrapartida do ajuste pela equivalência patrimonial, não diferenciando receitas/despesas operacionais ou não operacionais. Assim, todos os efeitos no patrimônio líquido da investida, não importando a sua origem, devem ser reconhecidos pelo MEP e possuem neutralidade fiscal. Da mesma forma, o art. 25, § 6o , da Lei n° 9.249/1995, teria determinado que os resultados decorrentes do MEP também deveriam ser neutros para efeitos fiscais. Igualmente entendo que as variações decorrentes da aplicação do MEP não devem ser computados na apuração do lucro real (art 23 do Decretolei n° 1.598/77), pois nada mais representam do que resultados gráficos, que variam de tempos em tempos, de acordo com inúmeras variáveis, tais como existência de lucros ou prejuízos, aumento e redução do capital, sem causar aumento ou diminuição do patrimônio da investidora. Nesse sentido, o § 9º do art. 394 do RIR/99, o qual o artigo 428 do mesmo diploma legal dispõe no sentido de que tais variações na porcentagem de participação do contribuinte no capital da controlada estrangeira não será computada na determinação do lucro real. Confirase: Art. 428. Não será computado na determinação do lucro real o acréscimo ou a diminuição do valor de patrimônio líquido de Fl. 1216DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.217 24 investimento, decorrente de ganho ou perda de capital por variação na percentagem de participação do contribuinte no capital social da coligada ou controlada (DecretoLei r£ 1.598, de 1977, art. 33, § 22, e DecretoLei ns 1.648, de 1978, art. 1º, inciso V). Parágrafo único. Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método da equivalência patrimonial, decorrentes da variação no percentual de participação, no capital da investida, terão o tratamento previsto no art. 394 (Lei 9.249, de 1995, art. 25, § 62). Art. 394. Os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior serão computados na determinação do lucro real das pessoas jurídicas correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro de cada ano (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25). § 9º Os resultados da avaliação dos investimentos no exterior, pelo método da equivalência patrimonial, continuarão a ter o tratamento previsto na legislação vigente, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º, 5º e 6º (Lei nº 9.249, de 1995, art. 25, § 6º). Ademais, sobre a questão da equivalência patrimonial, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 02, item 2, conceitua a equivalência patrimonial como um método de contabilização, por meio do qual “o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da participação atribuída ao investidor nas alterações dos ativos líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir a parte que lhe cabe nos resultados gerados pela investida”. Assim, a equivalência patrimonial consiste em atualizar o valor contábil ao valor equivalente à participação da investidora no patrimônio líquido da investida, bem como o reconhecimento dos seus efeitos na demonstração do resultado do exercício. O Superior Tribunal de Justiça já se manifestou por meio do Resp 1.211.882/RJ, a saber: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA IRPJ E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDOCSLL. EMPRESAS CONTROLADAS E COLIGADAS SITUADAS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO DO RESULTADO POSITIVO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. ILEGALIDADE DO ART. 7º, § 1º, DA IN/SRF N. 213/2002 “(...) 3. É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7.º, § 1.º, da IN SRF 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1.º, § 4.º, da IN SRF 213, de 07.10.2002. 4. Muito embora a tributação de todo o resultado positivo da equivalência patrimonial fosse em tese possível, ela foi vedada Fl. 1217DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.218 25 pelo disposto no art. 23, caput e parágrafo único, do Declei 1.598/1977, para o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, e pelo art. 2.º, § 1.º, c, 4, da Lei 7.689/1988, para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, mediante artifício contábil que elimina o impacto do resultado da equivalência patrimonial na determinação do lucro real (base de cálculo do IRPJ) e na apuração da base de cálculo da CSLL, não tendo essa legislação sido revogada pelo art. 25 da Lei 9.249/1995, nem pelo art. 1.º da MedProv 1.602/1997 (convertida na Lei 9.532/1997), nem pelo art. 21 da MedProv 1.8587, de 29.07.1999, nem pelo art. 35 da MedProv 1.99115, de 10.03.2000, ou pelo art. 74 da MedProv 2.15834/2001 (edições anteriores da atual MedProv 2.15835, de 24.08.2001). (...)” (REsp 1.211.882/RJ, 2.ª T., j. 05.04.2011, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 14.04.2011). “1. ‘É ilícita a tributação, a título de IRPJ e CSLL, pelo resultado positivo da equivalência patrimonial, registrado na contabilidade da empresa brasileira (empresa investidora), referente ao investimento existente em empresa controlada ou coligada no exterior (empresa investida), previsto no art. 7.º, § 1.º, da IN SRF 213/2002, somente no que exceder a proporção a que faz jus a empresa investidora no lucro auferido pela empresa investida, na forma do art. 1.º, § 4.º, da IN SRF 213, de 07.10.2002’.” (AgRg no REsp 1.307.054/RJ, 2.ª T., j. 28.05.2013, rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 04.06.2013). Portanto, o Tribunal Superior decidiu de modo a eliminar a incongruência (ilegalidade) gerada pela IN 213/2002 que, sob o pretexto de tributar lucros no exterior, tributava o resultado positivo da avaliação de investimentos por equivalência patrimonial. Nesse presente caso, não se trata de lucro, mas sim de variação do percentual de participação societária em decorrência de subscrição de aumento de capital. Isso porque não houve alienação da participação da Recorrente na Fleury SA que disparasse o ganho ou a perda de capital, a empresa permaneceu com as mesmas 89.506.029 ações antes e depois do IPO. A emissão de ações pela Fleury SA foram subscritas integralizadas por novos acionistas no IPO. Dessa forma, confirmo o quanto decidido pela decisão de primeira instância, de modo a afastar as pretensões fiscais referente ao lançamento do ganho tributável pela Recorrente decorrente do IPO, relativo ao 4º trimestre de 2009. Ao realizar essa desoneração, por derradeiro, ficam restabelecidos os saldos de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativas de CSLL compensados de ofício pela fiscalização, de modo que devem igualmente ser exonerados os lançamentos referentes ao 3º e 4º trismentre de 2010. Fl. 1218DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.219 26 CONCLUSÃO Ante todo o exposto, conheço do recurso de ofício para, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Fl. 1219DF CARF MF Processo nº 19515.721114/201429 Acórdão n.º 1301002.856 S1C3T1 Fl. 1.220 27 Fl. 1220DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.000020/2007-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103.
A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observando-se a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando-se o limite de alçada então vigente.
Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância".
In casu, aplica-se o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00.
Numero da decisão: 2401-005.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observandose a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando se o limite de alçada então vigente. Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". In casu, aplicase o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 00 20 /2 00 7- 61 Fl. 169DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 15504.000020/200761 Acórdão n.º 2401005.474 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS FHEMIG, contribuinte, pessoa jurídica, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrado Auto de Infração concernente às contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social relativas à parte patronal, inclusive a destinada ao financiamento da complementação das prestações por acidente do trabalho SAT (para competências até 06/1997) e financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa resultantes dos riscos ambientais do trabalho RAT (para competências a partir de 07/1997) e as contribuições dos segurados empregados incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos servidores a ela cedidos no período de 01/1996 a 12/1998. O crédito importa em R$ 4.930.026,47 (quatro milhões, novecentos e trinta mil, vinte e seis reais quarenta e sete centavos), conforme consolidação em 20/12/2006. A auditoria fiscal foi realizada nos termos do Mandado de Procedimento Fiscal— Fiscalização n° 09215217 e seus complementares 01 a 11, tendo os documentos pertinentes sido solicitados mediante Termos de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (fls. 28 a 42).A contribuinte, regularmente intimado, apresentou impugnação requerendo a decretação da improcedência do feito. Por sua vez, a 6ª Turma da DRJ em Belo Horizonte/MG entendeu por bem julgar improcedente o lançamento, exonerando o crédito tributário, por entender que alcançado pela decadência quiquenal, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 02 18.622/2008, de efls. 157/161, sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/1996 a 31/12/1998 DECADÊNCIA. PRAZO. NOVO ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. APLICAÇÃO DO CTN. RECONHECIMENTO EX OFFICIO. Em que pese não haver sido argüida pelo sujeito passivo, é de se reconhecer, de oficio, a decadência do direito de constituir parte do crédito lançado. É que o Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade do prazo decadencial de 10 (dez) anos, estabelecido na legislação previdenciária, sendo, em conseqüência, aplicável o prazo geral de 5 (cinco) anos determinado pelo CTN. Lançamento Improcedente Em observância ao disposto no artigo 34 do Decreto nº 70.235/72 e alterações introduzidas pelas Leis nºs 8.748/1993 e 9.532/97, c/c a Portaria MF nº 03/2008, a autoridade Fl. 171DF CARF MF 4 julgadora de primeira instância recorreu de ofício da decisão encimada, que declarou improcedente o lançamento fiscal. Após regular processamento, os autos fora distribuídos a este Conselheiro, para relato e inclusão em pauta, o que fazemos nesta assentada. É o relatório. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 15504.000020/200761 Acórdão n.º 2401005.474 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator RECURSO DE OFÍCIO Preliminar de Admissibilidade Á época da interposição do recurso vigia a Portaria MF nº 3/2008, que estabelecia o valor de alçada em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Entretanto, em 10 de fevereiro de 2017 foi publicada a Portaria MF nº 63 que alterou o valor limite para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), vejamos: Portaria MF nº 63/07 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). A verificação do "limite de alçada", em face de Decisão da DRJ favorável ao contribuinte, ocorre em dois momentos: primeiro na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ),para fins de interposição de Recurso de Ofício, no momento da prolação de decisão favorável ao contribuinte, observandose a legislação da época, e segundo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), para fins de conhecimento do Recurso de Ofício, quando da apreciação do recurso, em Preliminar de Admissibilidade, aplicandose o limite de alçada então vigente. É o que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103, assim ementada: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Portanto, depreendese que o limite de alçada a ser definitivamente considerado será aquele vigente no momento da apreciação, pelo Conselho, do respectivo Recurso de Ofício. vinculada pela Súmula Carf nº 103, encimada. Tendo em vista que o crédito tributário exonerado pela primeira instância monta a importância de R$ 1.838.931,98 e, portanto, não alcança o limite de alçada, hoje de R$ 2.500.000,00, não levado a efeito os juros. No presente caso, o montante de crédito Tributário exonerado foi abaixo do novo limite de alçada, vigente na data do presente julgamento, maio de 2017. Fl. 173DF CARF MF 6 Nesse diapasão, VOTO NO SENTIDO DE NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, em face de o montante de crédito Tributário exonerado situarse abaixo do limite de alçada vigente, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 174DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002220/2010-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/1996 a 31/05/1996
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.230
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/1996 a 31/05/1996 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 22 20 /2 01 0- 86 Fl. 127DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 128DF CARF MF Processo nº 19515.002220/201086 Acórdão n.º 2201004.230 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 129DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 19515.002220/201086 Acórdão n.º 2201004.230 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 131DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 132DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002178/2010-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/1998 a 31/03/1998
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.188
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1576; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.002178/201001 Recurso nº 1 De Ofício Acórdão nº 2201004.188 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de março de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CONTAXMOBITEL S.A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/1998 a 31/03/1998 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 21 78 /2 01 0- 01 Fl. 127DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 128DF CARF MF Processo nº 19515.002178/201001 Acórdão n.º 2201004.188 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 129DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 19515.002178/201001 Acórdão n.º 2201004.188 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 131DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 132DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002859/2004-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004
RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. COMPROVAÇÃO. ADMISSIBILIDADE.
Não se pode ter como paradigma acórdão que se assente em fatos que não coincidem com os do acórdão objurgado.
Recurso Especial do Procurador Não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-006.371
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Vencidos os Conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que conheceram do recurso.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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(GALLI CGN CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA.) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004 RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. COMPROVAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. Não se pode ter como paradigma acórdão que se assente em fatos que não coincidem com os do acórdão objurgado. Recurso Especial do Procurador Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Vencidos os Conselheiros Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos, que conheceram do recurso. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Fazenda Nacional contra o acórdão nº 3402001.777, de 23/05/2012, proferido pela 2ª Turma AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 28 59 /2 00 4- 13 Fl. 238DF CARF MF Processo nº 19515.002859/200413 Acórdão n.º 9303006.371 CSRFT3 Fl. 239 2 Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção do CARF, conforme ementa transcrita na parte que interessa ao presente litígio: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/1999 a 31/01/2004 COFINS. DECADÊNCIA. Salvo a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, é de cinco anos o prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo à Cofins e, tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação e constatada a existência de pagamento parcial, tal prazo iniciase na data da ocorrência do fato gerador. (...)" Irresignada com a decisão, a Fazenda Nacional apresentou embargos de declaração que foram conhecidos, mas rejeitados nos termos do Acórdão nº 3402002.060, às fls. 204e/206e. No recurso especial às fls. 208e/212e, a Fazenda Nacional questionou a contagem do prazo decadencial quinquenal, a partir dos respectivos fatos geradores até a data de constituição do crédito tributário, assim considerada a data em que o contribuinte foi intimado do lançamento. Segundo seu entendimento, a decadência, nos termos do § 4º do art. 150 do CTN, é contada do fato gerador, operandose a homologação tácita pela ausência de pronunciamento da Fazenda Pública. Dessa forma, na acepção do termo, segundo o referido dispositivo legal, qualquer manifestação do Fisco, como o início da ação fiscal, pela ciência do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) ao sujeito passivo, é suficiente para se evitar a homologação tácita. Nessa ordem de idéias, a decadência alcança somente os fatos geradores anteriores ao quinquênio contado a partir da data em que o contribuinte foi cientificado do MPF e não a partir dos fatos geradores ocorridos. No presente caso, como o contribuinte foi intimado do MPF em 18/11/2003, não se materializou a decadência para os fatos geradores ocorridos em 1999. Por meio do Despacho de Exame de Admissibilidade às fls. 214e/217e, o Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF deu seguimento àquele recurso especial. Intimado do acórdão, do recurso especial da Fazenda Nacional e do despacho de sua admissibilidade, o contribuinte não se manifestou a respeito. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisar o atendimento dos demais pressupostos de admissibilidade Fl. 239DF CARF MF Processo nº 19515.002859/200413 Acórdão n.º 9303006.371 CSRFT3 Fl. 240 3 constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. O acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte para reconhecer a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir a parte do crédito tributário correspondente às competências de fevereiro a outubro de 1999, nos termos do § 4º do art. 150 do CTN, levandose em conta as antecipações de pagamento por conta das parcelas mensais lançadas e exigidas para aquelas competências. A Fazenda Nacional discordou dessa decisão, suscitando divergência quanto à data de contagem do prazo decadencial quinquenal, alegando que o quinquênio deve ser contada levandose em conta a intimação do contribuinte do MPF, como o pronunciamento a que se refere o § 4º do art. 150 do CTN, e não a data do respectivo fato gerador. Com todo respeito ao então Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, que deu seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, nos termos do despacho às fls. 214e/217e, discordo de sua decisão. Ao contrário do seu entendimento, o acórdão paradigma apresentado não comprova a suscitada divergência. O colegiado da Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara reconheceu a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir a parte do crédito tributário correspondente às competências de fevereiro a outubro de 1999, com fundamento no § 4º do art. 150 do CTN, contandose o quinquênio decadencial a partir das datas dos respectivos fatos geradores, tendo em vista que houve antecipação de pagamentos por conta das parcelas lançadas e exigidas, conforme acórdão assim ementado: "COFINS. DECADÊNCIA. Salvo a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, é de cinco anos o prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo à Cofins e, tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação e constatada a existência de pagamento parcial, tal prazo iniciase na data da ocorrência do fato gerador." No recurso especial, a Fazenda Nacional suscitou divergência quanto à contagem do quinquênio decadencial, apresentando como paradigma a cópia do Acórdão nº 230101.568 que possui a seguinte ementa: "DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANO. DISCUSSÃO DO DIES A QUO DESNECESSÁRIA NO CASO CONCRETO. De acordo com a Súmula Vinculante IV 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei ri' 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN), O prazo decadencial, portanto, é de cinco anos. O dies a quo do referido prazo é, em regra, aquele estabelecido no art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), mas a regra estipulativa deste é deslocada para o art. 150, §4º do CTN (data do fato Fl. 240DF CARF MF Processo nº 19515.002859/200413 Acórdão n.º 9303006.371 CSRFT3 Fl. 241 4 gerador) para os casos de, lançamento por homologação. O pagamento antecipado realizado só desloca a aplicação da regra decadencial para o art. 150, §4º em relação aos fatos geradores considerados pelo contribuinte para efetuar o cálculo do montante a ser pago antecipadamente, independentemente de ter ocorrido ou não o pagamento. (destaque não original). Constatandose dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial é reenviada para o art. 173, inciso I do CTN.. No caso dos autos, temos omissões e dolo no não pagamento das contribuições previdenciárias retidas dos empregados, o que fixa a regra decadencial no art.. 173, inciso I do CTN.)" Ora, do exame da ementa do acórdão paradigma, verificase que, ao contrário do entendimento da Fazenda Nacional, ao invés de provar a suscitada divergência, a referida ementa comprova o mesmo entendimento do acórdão recorrido, conforme se verifica do excerto em destacado. Ante o exposto, voto pelo não conhecimento do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 241DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.905556/2012-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/06/2002
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-004.530
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
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PIS/COFINS. Recorrente IJB Câmbio e Turismo LtdaME Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/06/2002 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Recurso voluntário negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório A Recorrente transmitiu pedido de ressarcimento, visando à restituição do crédito nele informado em razão de pagamento indevido ou a maior de COFINS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 55 56 /2 01 2- 62 Fl. 34DF CARF MF Processo nº 10380.905556/201262 Acórdão n.º 3301004.530 S3C3T1 Fl. 3 2 A Delegacia de origem emitiu despacho decisório eletrônico no qual indeferiu o Pedido de Restituição pleiteado, diante da inexistência do crédito, nos termos do art. 165 do CTN. Em manifestação de inconformidade, aduziu o contribuinte que entre a data de transmissão do PER até a ciência do despacho decisório transcorreu prazo superior a cinco anos, o que implica na homologação tácita do ressarcimento, nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/1996 e do art. 29 da IN SRF nº 600/2005. Logo, requer a homologação tácita do pedido de ressarcimento. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, pois entendeu a 1ª Turma da DRJ/BHE, no acórdão n° 02052.321, que não há previsão legal para o pleito do contribuinte. Inconformada, a Recorrente, tempestivamente, protocolizou o recurso voluntário, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.528, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10380.905554/201273, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.528): "O recurso voluntário é tempestivo e reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. A Recorrente apresentou pedido de ressarcimento e não pedido de compensação, logo não há falarse de homologação tácita, por inexistência de previsão legal. Dispõe o §5º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996 que: “o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação”. Esse dispositivo legal trata de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Ressaltese que a Declaração de Compensação DCOMP e o Pedido de Restituição PER são declarações diferentes com efeitos Fl. 35DF CARF MF Processo nº 10380.905556/201262 Acórdão n.º 3301004.530 S3C3T1 Fl. 4 3 também diversos. Como bem apontado pela DRJ, não cabe aplicar ao Pedido de Restituição a homologação tácita prevista para a Declaração de Compensação, dado que a compensação se viabiliza por via de um regime declaratório (Declaração de Compensação), enquanto que a restituição se viabiliza por um regime de requerimento (Pedido de Restituição), sendo a compensação operada e satisfeita de imediato, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, ao passo que o valor da restituição pleiteada não é entregue imediatamente ao contribuinte, havendo a necessidade de uma decisão explícita e nunca tácita da Administração Tributária. Em suma, a previsão legal de homologação tácita referese tão somente ao pedido de compensação. Observese que neste processo não houve qualquer vinculação entre crédito e débito, apenas houve o pleito de ressarcimento. Assim, inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos, dessa forma, não há como se acolher o requerimento do contribuinte. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 36DF CARF MF
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