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Numero do processo: 13607.000188/2006-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Exercício: 2003
DECADÊNCIA. ART. 150§ 4º CTN. NÃO OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO APLICAÇÃO AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Mesmo com a contagem do prazo na forma do art. 150§ 4º do CTN, verifica-se que o lançamento se deu dentro do lustro decadencial.
A matéria de prescrição arguida como se fosse decadência, não é aplicável ao processo administrativo fiscal a teor da Súmula CARF nº 11.
MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO.
A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle.
INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONOS DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO. SÚMULA CARF 110.
A norma que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal não traz previsão da possibilidade da intimação dar-se na pessoa dos advogados do recorrente, tampouco o Regulamento do CARF apresenta regramento nesse sentido, sendo incabível a intimação dirigida ao endereço de advogado do sujeito passivo.
Numero da decisão: 2201-005.267
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Débora Fófano dos Santos, Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente)
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ART. 150§ 4º CTN. NÃO OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO APLICAÇÃO AO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Mesmo com a contagem do prazo na forma do art. 150§ 4º do CTN, verifica-se que o lançamento se deu dentro do lustro decadencial. A matéria de prescrição arguida como se fosse decadência, não é aplicável ao processo administrativo fiscal a teor da Súmula CARF nº 11. MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO. A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. INTIMAÇÃO PESSOAL DE PATRONOS DO CONTRIBUINTE. DESCABIMENTO. SÚMULA CARF 110. A norma que regula o Processo Administrativo Fiscal Federal não traz previsão da possibilidade da intimação dar-se na pessoa dos advogados do recorrente, tampouco o Regulamento do CARF apresenta regramento nesse sentido, sendo incabível a intimação dirigida ao endereço de advogado do sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente (documento assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso - Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 7. 00 01 88 /2 00 6- 11 Fl. 61DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2201-005.267 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13607.000188/2006-11 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Débora Fófano dos Santos, Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente) Relatório 1- Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (e-fls. 40/42) por sua precisão e as folhas dos documentos indicados no presente são referentes ao e-fls (documentos digitalizados). Contra Vitautas Dzenkauskas, CPF 001.871.436-68, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 4 a 10, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2002, ano-calendário 2003, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 1.605,96, acrescido de multa de oficio e juros de mora calculados até 02/2005. Conforme consta do Auto de Infração, o lançamento reporta-se aos dados informados na declaração de ajuste anual do interessado, fls. 19 a 22, entre os quais foram alterados os seguintes valores: rendimentos tributáveis de R$6.018,00 para R$ 48.826,10, desconto simplificado de R$ 1.203,60 para R$ 8.000,00. Ocorrida a ciência em 07/03/2006 (AR - Aviso de recebimento à fl. 16), em 27/03/2006, o contribuinte apresenta a impugnação de fl. 1, instruída com os documentos de fls. 2 e 3, argumentando, em síntese, que seus proventos de reforma são isentos por ser portador de moléstia grave listada em lei. Posteriormente, volta a comparecer aos autos, apresentando os documentos às fls. 26 a 32. 02- A impugnação do contribuinte foi julgada improcedente de acordo com decisão da DRJ assim ementada: ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA- IRPF Exercício: 2003 MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO. A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Lançamento Procedente Fl. 62DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2201-005.267 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13607.000188/2006-11 03 – Houve a interposição de recurso voluntário pelo contribuinte às e-fls. 47/55, através de procurador, sendo o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso, Relator. 04 – Recebo o recurso por estarem presentes as condições de admissibilidade. 05 – O lançamento do crédito tributário tem por motivação o seguinte, de acordo com o e-fls 7/9 identificado abaixo: 06 – A DRJ por sua vez entendeu pela procedência do lançamento, justificando a decisão conforme segue: Cumpre destacar que a partir de 1° de janeiro de 1996, para a concessão da isenção pleiteada, a moléstia enumerada no art. 6°, inc. XIV da Lei n° 7.713, de 1988 e Fl. 63DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2201-005.267 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13607.000188/2006-11 alterações deve ser comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No laudo médico emitido pelo Instituto Nacional do Seguro Social consta que o contribuinte é portador de cardiopatia isquêmica desde 05/05/1992, não fazendo menção à gravidade da doença (fl. 31). A Junta Superior de Saúde do Comando da Aeronáutica, no parecer à fl. 26, datado de 13/03/2007, reconhece ser o interessado portador de cardiopatia grave, esclarecendo que o parecer retroage à data da inspeção de saúde realizada em 08/02/2006. No processo n° 13607.000305/2005-57, de interesse do contribuinte, a Junta Médica do Ministério da Fazenda emitiu o Parecer n°0389-06, de 6 de setembro de 2006, ratificado pelo Parecer n° 0551-06, de 16 de novembro de 2006 (cópias às fls. 35 e 36), no qual consta que: “A Junta Médica do Ministério da Fazenda em Minas Gerais, após apreciação da documentação médica solicitada, conclui que o requerente preenche os critérios para o benefício pleiteada, definitivamente a partir de 12/08/2005. " Assim, considerando que na apreciação da prova a autoridade julgadora formará livremente a sua convicção, acata-se como data de início da isenção dos proventos de reforma 12/08/2005. Ante o exposto, voto por considerar procedente o lançamento. 07 - O contribuinte, por sua vez, apresenta a sua irresignação alegando o seguinte em suas razões recursais a preliminar de “prescrição” e mantêm o questionamento sobre a possibilidade da isenção dos rendimentos do contribuinte por ser portador de cardiopatia grave. 08 – Quanto a preliminar de “prescrição” alegada de forma equivocada na peça recursal, posto tratar-se de tecnicamente de decadência, a recebo, por mais que não tenha sido oposta em matéria de defesa, entendo que no caso por ser matéria de ordem pública pode ser analisada nessa instância recursal e até mesmo de ofício. 09 – Contudo, afasto a preliminar aduzida, uma vez tratar-se de crédito tributário do ano-calendário de 2001, com imposto de renda na fonte, mesmo aplicando os termos do art. 150§ 4º do CTN, com a contagem do prazo decadencial a partir de 2002 verificamos que o lançamento se deu com a ciência do contribuinte em 07/03/2006 de acordo com fls. 19 dos autos, aquém do lustro decadencial. 10 – Mesmo que o contribuinte esteja se referindo a prescrição intercorrente, apesar da fundamentação tratar-se da decadência, cabe a aplicação dos termos da Súmula nº 11 do CARF abaixo reproduzida e portanto afasto a preliminar aventada: Fl. 64DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2201-005.267 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13607.000188/2006-11 Súmula CARF nº 11 Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). 11 – No presente caso analisando as provas entendo que não cabe razão ao contribuinte, devendo ser mantida a decisão de piso por seus próprios fundamentos. 12 – É fato incontroverso que os rendimentos do contribuinte são provenientes de reforma do Comando da Aeronáutica de acordo com documento de fls. 30. 13 – Existe um relatório médico de fls. 4, da Prefeitura de Lagoa Santa de Hospital do SUS, datado de 23/05/05 contudo indicando que o contribuinte possui cardiopatia isquêmica, da mesma forma que a declaração do INSS de fls. 5 datado de 13/01/2006 e portanto não podem ser considerados para a isenção pleiteada uma vez que não há o diagnóstico de Cardiopatia Grave de acordo com o que consta na legislação. 14 – Mais além, existe informações do parecer da Junta Superior do Comando da Aeronáutica datado de 13/03/2007 de fls. 29/30 dos autos, a fim de analisar o parecer médico de 1988, abaixo reproduzido que constatou não ser cardiopatia grave, quando da reforma do contribuinte, naquela época tendo constatado que o contribuinte não tinha cardiopatia grave de acordo com fls. 30. 15 – Posteriormente há, às fls. 35 parecer da Junta Superior do Comando da Aeronáutica datado de 13/03/2007 informando a existência de cardiopatia grave dizendo que retroage o parecer sobre o diagnóstico em 08/02/2006. 16 – Posteriormente há as fls. 38/39 parecer da Junta Médica do Ministério da Fazenda datado de 06/09/2006 destacando que o contribuinte tem direito ao benefício a partir de 12/08/2005, ratificados às fls. 38. 17 – Portanto, deve ser mantida a decisão recorrida que considerou como data de isenção a data de 12/08/2005, bem posterior ao do exercício a que o contribuinte pretende que seja considerada a isenção. Fl. 65DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2201-005.267 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13607.000188/2006-11 18 – Por derradeiro em relação a questão da intimação em nome dos procuradores do contribuinte, aplicável ao caso os termos da Súmula CARF nº 110 verbis: No processo administrativo fiscal, é incabível a intimação dirigida ao endereço de advogado do sujeito passivo. (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129 de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). Conclusão 19 - Diante do exposto, conheço do recurso para no mérito NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da fundamentação. (documento assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.911022/2009-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
RECURSO NÃO CONHECIDO.
Não se conhece de recurso, tendo em vista tratar-se de manifestação de inconformidade apresentada contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal, e não apreciada pela DRJ.
Numero da decisão: 1301-003.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso de fl. 78 e determinar o envio dos autos à DRJ para julgamento da manifestação de inconformidade de fl.78, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, inclusive, se for o caso, quanto à abertura de prazo para apresentação de novo recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel que votou por conhecer do recurso e converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem verificasse as atividades efetivamente desenvolvidas pelo contribuinte e, se fosse o caso, apurasse a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Giovana Pereira de Paiva Leite - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: Relator
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso de fl. 78 e determinar o envio dos autos à DRJ para julgamento da manifestação de inconformidade de fl.78, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, inclusive, se for o caso, quanto à abertura de prazo para apresentação de novo recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel que votou por conhecer do recurso e converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem verificasse as atividades efetivamente desenvolvidas pelo contribuinte e, se fosse o caso, apurasse a liquidez e certeza do crédito pleiteado. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite - Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro José Roberto Adelino da Silva.
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Não se conhece de recurso, tendo em vista tratarse de manifestação de inconformidade apresentada contra decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal, e não apreciada pela DRJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso de fl. 78 e determinar o envio dos autos à DRJ para julgamento da manifestação de inconformidade de fl.78, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, inclusive, se for o caso, quanto à abertura de prazo para apresentação de novo recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. Vencido o Conselheiro Nelso Kichel que votou por conhecer do recurso e converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem verificasse as atividades efetivamente desenvolvidas pelo contribuinte e, se fosse o caso, apurasse a liquidez e certeza do crédito pleiteado. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 10 22 /2 00 9- 17 Fl. 113DF CARF MF Processo nº 11080.911022/200917 Acórdão n.º 1301003.917 S1C3T1 Fl. 105 2 Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild, substituída pelo Conselheiro José Roberto Adelino da Silva. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação Eletrônico DCOMP, que pleiteia compensação de crédito de pagamento indevido ou a maior. O pedido foi indeferido por Despacho Decisório Eletrônico, visto que o pagamento encontravase integralmente utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na DCOMP. A empresa apresentou impugnação ao Despacho Decisório, onde alegou que havia apurado indevidamente o tributo e que constatado o erro, apresentou a DCOMP. A DRJ proferiu acórdão, através do qual não reconheceu a manifestação de inconformidade do contribuinte sob o fundamento de que não lhe caberia analisar apenas questões expressamente apreciadas no despacho decisório, que questões não apreciadas na origem transbordam sua competência e deveriam ser analisadas pelo titular da Delegacia de Origem. Inconformado com a decisão da DRJ, a empresa apresentou Recurso Voluntário, no qual relata erro de apuração do IRPJ e da CSLL, uma vez que sendo optante pelo lucro presumido e dedicada à atividade gráfica, estaria submetida ao percentual de presunção de 8% e 12%, respectivamente, ao invés do percentual de 32%. Informa que constatado o erro apresentou DCOMP e retificou as DCTF e DIPJ. Anexou cópia das DCTF original e retificadora, bem como DIPJ original e retificadora. Ao final, requereu que fosse reconhecido o direito creditório e homologada a compensação. Em seguida, consta do processo cópia de sentença, datada de 05/10/2012, proferida em sede de mandado de segurança impetrado pelo contribuinte. Transcrevese o teor da sentença: (...) Saliento que, com relação ao quantum a compensar apontado pela empresa, incumbe à Fazenda Nacional conferir a regularidade, de forma que não se está aqui reconhecendo os créditos nos valores informados aliás, isso sequer foi requerido. Em decorrência disso, deve ser suspensa a exigibilidade do crédito tributário decorrente da não homologação da compensação até nova análise do pedido, nos termos desta decisão. A consequência é que não pode ser obstada, com base nesses créditos especificamente, a expedição de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa. Após a análise da declaração de compensação, e confirmado no âmbito administrativo o crédito ali declarado, fica garantida a restituição dos valores que excederem o débito compensado. Ressalto que, conforme já referi, incumbe à autoridade administrativa reconhecer a validade e regularidade dos créditos declarados. Eventual divergência nesse particular não faz parte do objeto desta demanda. III Dispositivo Fl. 114DF CARF MF Processo nº 11080.911022/200917 Acórdão n.º 1301003.917 S1C3T1 Fl. 106 3 Ante o exposto, julgo procedente o pedido e concedo a segurança, nos termos da fundamentação.(grifei) De acordo com a determinação da sentença, os pedidos de compensação foram revisados pela Delegacia de Origem e foi emitida Informação Fiscal (fl.75), em 11/01/2013, que concluiu que a atividade preponderante da Recorrente era a prestação de serviços gráficos e que o contribuinte não estava sujeito a alíquotas diferenciadas para o IRPJ e a CSLL, e por conseguinte não havia erro de apuração na base de cálculo. Em fevereiro de 2013, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade à Informação Fiscal, onde defende que sua atividade está sujeita aos percentuais de presunção de 8% e 12% por ser atividade industrial nos termos do art. 4º do RIPI/2002, e não prestadora de serviços, como entendeu a Auditora. Acrescenta que os créditos apresentados são efetivos e devidos à Recorrente, considerando que os pagamentos foram efetuados a maior com base nos valores das DCTF retificadoras. Ao final, o contribuinte requereu o cancelamento da Informação Fiscal e a homologação da DCOMP, e subsidiariamente, requereu a determinação do Delegado para que fosse informado à Fazenda Nacional sobre a regularidade do procedimento da Litigante, de modo a possibilitar a essa Procuradoria pedido de arquivamento do processo judicial n° 506291083.2011.404.7100/RS, em tramitação no TRF/ 4a Região. Alternativamente, requereu o encaminhamento da manifestação à DRJ em Porto Alegra para seguimento, nos termos do PAF. A Unidade de Origem enviou questionamento à Procuradoria da Fazenda para dirimir dúvida acerca do fluxo recursal, pois havia pedido do contribuinte para que o processo fosse remetido à DRJ/POA e decisão judicial concedendo a segurança, nos termos da fundamentação. A Procuradoria opinou que a interpretação a ser dada ao caso, em estrita obediência e fidelidade ao comando judicial encartado no writ, é a de que os recursos voluntários fossem remetidos ao CARF para julgamento. Seguindo a opinião da PFN, os autos foram remetidos ao CARF para julgamento do recurso apresentado pela interessada constante de folha 78. É o relatório. Voto Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, Relatora. Primeiramente, cumpre fazer uma breve síntese das etapas deste processo: 1 Apresentação da DCOMP; Fl. 115DF CARF MF Processo nº 11080.911022/200917 Acórdão n.º 1301003.917 S1C3T1 Fl. 107 4 2 Despacho decisório eletrônico indeferiu pedido de compensação pagamento já alocado; 3 Manifestação de Inconformidade alega erro na apuração, pois o contribuinte estaria submetido aos percentuias de presunção de 8% e 12%, informa que houve retificação das declarações; 4 Acórdão da DRJ não conhece da manifestação de Inconformidade; 5 Recurso Voluntário: insiste no erro da apuração, informa retificação das declarações; 6 Decisão judicial em MS, concedendo a segurança; 7 Processo devolvido para DRF, emitida Informação Fiscal que não reconhece o crédito sob o fundamento de que a atividade do contribuinte é de prestação de serviços e não de indústria, logo, não houve erro na apuração; 8 Segunda manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, contra a informação fiscal que indeferiu o crédito; 9 Após consulta à PFN, processo é enviado ao CARF para análise do recurso voluntário. 10 Processo é encaminhado ao CARF para análise do recurso de folha 78, qual seja, a segunda manifestação de inconformidade. Diante desses fatos, em face da opinião da PFN, que sugeriu o envio dos recursos voluntáirios ao CARF, a Delegacia de Origem encaminhou o processo para este Órgão para análise do recurso constante de folha 78, denominado Manifestação de Inconformidade: Considerando o Recurso apresentado pela interessada (fl. 78), protocolado no CAC/POA em 01/02/2013, em relação à Informação Fiscal DRF/POA nº 033, do qual o contribuinte tomou ciência em 23/01/2003 e com base no PARECER da PGFN folhas 98/102, proponho o encaminhamento deste processo ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Ressaltase ainda a existência de recurso voluntário não julgado (fls. 3540). Pois bem. Por força da decisão judicial, após o acórdão da DRJ que não conheceu da manifestação de inconformidade, o processo foi enviado à DRF/POA que, superando o motivo inicial para indeferimento, procedeu à nova análise de mérito dos pedidos de compensação. A Auditora elaborou documento intitulado de Informação Fiscal, o qual se debruçou sobre a alegação do contribuinte de apuração incorreta dos tributos, e concluiu que a atividade empresarial era a prestação de serviços, não estando o contribuinte sujeito á alíquota diferenciada para a CSLL e IRPJ e tendo efetuado corretamente a apuração de sua base de cálculo. Apesar da denominação de "Informação Fiscal", este documento se consubstancia em novo Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação por fundamento distinto daquele esposado no primeiro depacho decisório. Deste segundo Fl. 116DF CARF MF Processo nº 11080.911022/200917 Acórdão n.º 1301003.917 S1C3T1 Fl. 108 5 Despacho Decisório/Informação Fiscal, o contribuinte interpôs nova manifestação de inconformidade de folha 78, a qual foi enviada ao CARF para análise. Entendo que o recurso de fl.78 (manifestação de inconformidade) não pode ser conhecido por esta Turma Julgadora, posto que se trata de recurso interposto em face de Despacho Decisório/Informação Fiscal (fl.75 e ss), o qual deverá ser analisado pela DRJ, sob pena de supressão de instância. Em relação ao recurso voluntário (fls. 3540), considero que este perdeu seu objeto, uma vez que interposto contra acórdão da DRJ que não conheceu da manifestação de inconformidade do contribuinte, que versava sob o primeiro despacho decisório (eletrônico), o qual foi substituído pelo Despacho/Informação Fiscal de fl.75. A partir do momento em que a Unidade de Origem proferiu novo despacho decisório, consubstanciado na Informação Fiscal de fl.75, há de se retomar o rito processual de praxe, sem que haja supressão de instância. Neste diapasão, voto por não conhecer do recurso de fl. 78 e determinar o envio dos autos à DRJ para julgamento da Manifestação de Inconformidade de fl.78, com abertura de prazo, após o acórdão da DRJ, para que o contribuinte apresente novo recurso voluntário, prosseguindose assim, o processo de praxe, em cumprimento à decisão judicial que concedeu a segurança e anulou as decisões que não homologaram as compensações em exame. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.720658/2018-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jun 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014
BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998.
A base de cálculo da COFINS em relação às instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL.
Entende-se por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo da COFINS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2013
BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998.
A base de cálculo do PIS/PASEP em relação às instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência do PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF.
FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL.
Entende-se por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS/PASEP, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3301-006.053
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo os valores referentes às contas COSIF nº 7.3.9.90.00-6 e COSIF nº 7.3.1.50.00.4.1.02.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014 BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. A base de cálculo da COFINS em relação às instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entende-se por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo da COFINS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2013 BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. A base de cálculo do PIS/PASEP em relação às instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência do PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entende-se por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS/PASEP, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. A base de cálculo da COFINS em relação às instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência da COFINS, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entendese por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo da COFINS, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2013 BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DISCUSSÃO SOBRE A CONSTITUCIONALIDADE DO §1º DO ART. 3º DA LEI Nº 9.718/1998. A base de cálculo do PIS/PASEP em relação às instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2º e 3º, caput, da Lei nº 9.718/1998, consideradas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5º e 6º do referido art. 3º. A discussão sobre a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 06 58 /2 01 8- 75 Fl. 863DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 864 2 inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência do PIS/PASEP, não se confunde com o debate envolvendo a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF. FATURAMENTO. RECEITA OPERACIONAL. Entendese por faturamento, para fins de identificação da base de cálculo do PIS/PASEP, o somatório das receitas oriundas da atividade operacional da pessoa jurídica, ou seja, aquelas decorrentes da prática das operações típicas previstas no seu objeto social. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo os valores referentes às contas COSIF nº 7.3.9.90.006 e COSIF nº 7.3.1.50.00.4.1.02. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Por economia processual, adoto o relatório da decisão recorrida: Tratase de impugnação aos autos de infração de fls. 2/15, relativos à Contribuição para o Pis e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), nos respectivos montantes de R$ 18.389.486,00 e R$ 113.166.068,33, incluídos multa proporcional e juros de mora. Em ambos, o período de apuração contemplado estendese de janeiro a dezembro de 2014. Relata a autoridade fiscal que ao contribuinte, com amparo em decisões judiciais havidas no âmbito do Mandado de Segurança n. 2000.38.000040950 e da Ação Ordinária n. 2005.38.000459615, o §1o do art. 3o da Lei n. 9.718, de 1998, não se aplicaria às bases de cálculo das contribuições respectivas. Ressalta, porém, que permaneceria em vigor a equivalência entre faturamento e receita bruta estabelecida pelo caput do art. 3o da Lei n. 9.718, de 1998. Fl. 864DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 865 3 Consigna que a única conta contábil integrante da base de cálculo correspondente às contribuições em voga teria sido a de n. 7.1.7.00.00.9.0.00.00 – “Renda de Prestação de Serviços”, uma das diversas contas que compõem as possíveis receitas operacionais das instituições financeiras. Diversamente, no entendimento do contribuinte, a base tributável das contribuições seria composta apenas de receitas oriundas de taxas cobradas por fornecimento de folhas de cheques, cartões magnéticos, microfilmes e microfichas, emissão de extratos, DOC(s), ordens de pagamentos etc. Afirma a autoridade fiscal, contudo, que a atividade bancária seria caracterizada pelos serviços disponibilizados aos clientes das respectivas instituições, dos quais não escaparia a intermediação financeira, cujas receitas, na medida em que de prestação de serviços, integrariam o faturamento. Inconformado, em 19 de março de 2018, apresenta o contribuinte impugnação (fls. 620/645), por meio da qual, em síntese: Assevera, no que pertine ao Mandado de Segurança n. 2000.38.000040950, que decisão proferida pelo STF, em sede de recurso extraordinário, teria definido a base de cálculo da Contribuição para o Pis como a receita bruta decorrente da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços, e de serviços de qualquer natureza, conferindose interpretação conforme a Constituição ao caput do art. 3o da Lei n. 9.718, de 1998, a par da declaração de inconstitucionalidade do §1o do precitado artigo. Na mesma toada, aduz, quanto à Ação Ordinária n. 2005.38.000459615, que a coisa julgada material formada não apenas afastaria a aplicação do §1o do art. 3o da Lei n. 9.718, de 1998, mas também teria definido a base de cálculo como a receita proveniente da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços, e de serviços de qualquer natureza. Digase, para fins de incidência das contribuições, a receita bruta haveria de ser entendida como a decorrente da venda de mercadorias e de serviços, e não a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, ainda que decorrentes de sua atividade principal ou operacional. Argumenta que faturamento, para as instituições financeiras e assemelhadas, corresponderia a conceito que não abrangeria as receitas financeiras (spread) decorrentes das operações bancárias, na medida em que não constituiriam receitas de serviços. Colaciona julgados e pareceres, de modo a convencer os julgadores da procedência de seus argumentos, especialmente no sentido de que receitas financeiras não compõem o conceito de faturamento. O conceito de faturamento seria uno, não variando conforme a pessoa que o aufere. Defende que receita de prestação de serviços a configurar faturamento das instituições financeiras abrangeria somente serviços bancários remunerados por taxas, tarifas e comissões, registradas em conta contábil específica, qual seja, a de n. 7.1.7.00.00.9.0.00.00 – “Renda de Prestação de Serviços”. Suscita que o novo conceito de receita bruta trazido pela MP n. 627, de 2013, convertida na Lei n. 12.973, de 2014, seria prova de que a expressão receita bruta jamais teria equivalido às receitas operacionais das pessoas jurídicas. Se o conceito de receita bruta pudesse Fl. 865DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 866 4 ser equiparado ao de receita operacional desde a edição da Lei n. 9.718, de 1998 – ou da edição do DecretoLei n. 1.598, de 1977 –, não haveria necessidade de alteração dos referidos diplomas legais. Pontua que a Instrução Normativa SRF n. 247, de 2002, determinaria que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, inclusive as associações de poupança e empréstimo, deveriam apurar as contribuições em voga de acordo com a planilha de cálculo constante do Anexo I. Neste, o grupo de contas 7.1.7, referente às rendas de prestação de serviços, não contemplaria rendas de operações de créditos, rendas de aplicações interfinanceiras de liquidez e rendas de títulos e valores mobiliários, espécies de contas destinadas a registrar a receita operacional do impugnante. Quando menos, argui o impugnante, significaria drástica alteração da forma com que a administração tributária veria a matéria, inviabilizando a exigência de quaisquer consectários, nos termos do art. 100 do Código Tributário Nacional. Esgrima, ademais, que teria sido tributado em relação a receitas operacionais que não decorreriam da atividade de intermediação financeira, além de receitas financeiras atinentes à aplicação de recursos próprios. Tal iria de encontro, inclusive, ao Parecer PGFN/CAT n. 2.773, de 2007, fundamento de validade as autuações. Ao final, requer o cancelamento dos autos de infração; bem assim, alternativamente, o cancelamento parcial, decotandose a multa de ofício e os juros de mora incidentes. A 3ª Turma da DRJ/BEL, negou provimento à impugnação, acórdão que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014 PIS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A chamadas operações de intermediação financeira promovidas pelas instituições financeiras ensejam receitas que correspondem ao faturamento ou receita bruta a que aludem os arts. 2° e 3°, caput, da Lei 9.718, de 1998, restando tal realidade inabalada pela declaração de inconstitucionalidade do §1o ao art. 3o da Lei n. 9.718, de 1998. É a conclusão veiculada por intermédio do Parecer PGFN/CAT n. 2.773, de 2007. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A chamadas operações de intermediação financeira promovidas pelas instituições financeiras ensejam receitas que correspondem ao faturamento ou receita bruta a que aludem os arts. 2° e 3°, caput, da Lei 9.718, de 1998, restando tal realidade inabalada pela declaração de inconstitucionalidade do §1o ao art. 3o da Lei n. 9.718, de 1998. É a conclusão veiculada por intermédio do Parecer PGFN/CAT n. 2.773, de 2007. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 866DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 867 5 Período de apuração: 01/01/2014 a 31/12/2014 DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO. Nos termos do art. 16, III, do Decreto n. 70.235, de 1972, deve a impugnação ser veículo dos motivos de fato e de direito em que se fundamenta, dos pontos de discordância e das razões e provas que possuir o impugnante. Já consoante o §4o do mesmo art. 16 do Decreto n. 70.235, de 1972, a prova ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refirase a fato ou a direito superveniente; ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. No recurso voluntário, a Recorrente discorre sobre o objeto litigioso do Mandado de Segurança e da Ação Ordinária, por entender que a questão central da autuação está assentada na interpretação e abrangência das decisões proferidas. Para a Recorrente, o Judiciário ao afastar a aplicação do §1º do art. 3º da Lei n° 9.718/98, para declarar que o conceito de faturamento equivaleria ao de receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza, não autoriza, em momento algum, a possibilidade de incidência das contribuições sociais sobre a receita operacional da Recorrente ou a decorrente de seu objeto social, ou seja, as receitas financeiras. Em síntese, é possível elencar os seguintes elementos principais em discussão: limites da coisa julgada das ações movidas pelo contribuinte; conceito constitucional de faturamento; novo conceito de receita bruta inserido no ordenamento pela MP 627/13 (a prova cabal de que a expressão receita bruta jamais equivaleu às receitas operacionais das pessoas jurídicas); incongruência entre a autuação e o disposto na IN SRF n° 247/02 e exclusão da base de cálculo dos valores referentes a conta COSIF estranhas à intermediação financeira. Ao final, requer o cancelamento dos autos de infração diante da coisa julgada formada em suas ações judiciais ou, alternativamente, que se exclua as parcelas de multa e juros. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, Relatora O recurso voluntário é tempestivo e reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da DRJ/BEL, que julgou procedente o lançamento de PIS e COFINS da instituição financeira, lavrado em decorrência de insuficiência de recolhimento. Fl. 867DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 868 6 Insurgese a Recorrente contra a pretensão fiscal, por entender que a questão já fora dirimida nos autos do Mandado de Segurança nº 2000.38.00.0040950 e da Ação Ordinária n° 2005.38.000459615, ações nas quais foi determinado o não recolhimento das contribuições do PIS e da COFINS, nos termos do §1º do art. 3º da Lei n° 9.718/98. A fiscalização aponta que, no período autuado, a Recorrente recolheu o PIS e a COFINS somente sobre as receitas de prestação de serviços escrituradas na conta Cosif 7.1.7.00.00.9, motivo pelo qual lançou de ofício os créditos tributários relativos às demais receitas excluídas da base de cálculo. Sustentando entendimento contrário ao do fisco, garante a Recorrente que as receitas provenientes da atividade financeira não se classificam como receitas a fazer incidir as contribuições sociais, em virtude da declaração de inconstitucionalidade da expansão da base de cálculo prevista pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Quanto aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Pleno do STF (RE n° 357.950, RE n° 390.840, RE n° 358.273 e RE n° 346.084), em relação à base de cálculo das contribuições PIS e COFINS, no que pertine às instituições financeiras, temse o quadro a seguir traçado. No julgamento do RE n° 390.840/MG, concluise do voto do Ministro Relator Marco Aurélio, que se considera receita bruta ou faturamento o que decorra quer da venda de mercadorias, quer da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. Por sua vez, no votovista do Ministro Cezar Peluso, depreendese que faturamento ou receita bruta é o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo das contribuições. Concluiu o Ministro em seu voto: Por todo o exposto, julgo inconstitucional o §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, por ampliar o conceito de receita bruta para “toda e qualquer receita” (...) Quanto ao caput do art. 3º, julgo constitucional, para lhe dar interpretação conforme a Constituição, nos termos do julgamento proferido no RE nº 150.755/PE, que tomou a locução receita bruta como sinônimo de faturamento, ou seja, no significado de ‘receita bruta de venda de mercadoria e de prestação de serviços’, adotado pela legislação anterior, e que, a meu juízo, se traduz na soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais. O Ministro Peluso, em esclarecimentos, enfatizou: Quando me referi ao conceito construído, sobretudo, no RE 150.755, sob a expressão “receita bruta de venda de mercadorias e prestação de serviço”, quis significar que tal conceito está ligado à ideia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das Fl. 868DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 869 7 receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de “receita bruta igual a faturamento”. Da análise do julgamento do STF, observase que restou, portanto, assentado que faturamento é o produto das atividades típicas, ou seja, os ingressos que decorram da razão social da empresa. Ademais, o alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE n° 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e reafirmouse a jurisprudência consolidada pelo STF nos leading cases: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (...) Restou pacificado que a declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 não afastou a tributação sobre as receitas oriundas do exercício das atividades empresariais típicas da base de cálculo do PIS e da COFINS. Nesse sentido, a jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2004 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo Fl. 869DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 870 8 contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. Recurso Especial do Contribuinte Negado. (Acórdão nº 9303002.934, Redator designado: Ricardo Paulo Rosa, sessão de 03/06/2014). Descabida, em vista disso, a alegação da Recorrente que objetivou afastar a exigência do PIS e da COFINS sobre a totalidade das suas receitas (tal como estatuído no inconstitucional 1º do art. 3º de Lei 9.718/98), e, com isso, recolher tais contribuições apenas sobre o seu faturamento, assim definido pelo STF1 como sendo a receita bruta advinda exclusivamente da venda de mercadorias e/ou prestação de serviço. Isso porque, as receitas decorrentes das atividades do setor financeiro estão sujeitas à incidência das contribuições do PIS e da COFINS, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§ 5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, considerado inconstitucional pelo STF. DELIMITAÇÃO DOS OBJETOS DO MANDADO DE SEGURANÇA N° 2000.38.00.0040950 E DA AÇÃO ORDINÁRIA N° 2005.38.000459615 Na ação ordinária n° 2005.38.000459615, o Banco pleiteou a declaração de inexistência de relação jurídicotributária decorrente do art. 3º, §1°, da Lei n° 9.718/98. Em 07/01/2008, em acolhimento à tese de coisa julgada, o processo foi declarado extinto sem julgamento de mérito. O Banco Mercantil apelou da decisão e o TRF deu provimento à apelação, afastando a preliminar de coisa julgada e deu provimento parcial ao pleito, admitindo tão somente que seja afastada a ampliação da base de cálculo da COFINS nos termos do artigo 3º, §1°, da Lei 9.718/98, até a eficácia das alterações promovidas pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei n° 10.833/03: [...] pacificada no âmbito do eg. Supremo Tribunal Federal, depois de muita discussão, a questão da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, prevalece o disposto no art. 2º da Lei Complementar 70/91 para a determinação da base de cálculo da COFINS. [...] A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. (destacase) 1 No julgamento dos Res n. 346.084/PR; n. 357.950/PR; n. 358.273/RS e n. 390.840/MG. Fl. 870DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 871 9 A União interpôs Embargos de Declaração que foram rejeitados: “a decisão embargada encontrase em perfeita sintonia com a jurisprudência deste Tribunal. Se a embargante discorda de tal análise, não há omissão/contradição, mas sim divergência de interpretação. Logo, o caminho a ser trilhado deve ser outro”. A decisão transitou em julgado em 01/12/2009. Já no Mandado de Segurança n° 2000.38.00.0040950, foi negado provimento à apelação do contribuinte pela Quarta Turma do TRF da 1ª Região, em face da improcedência dos pedidos e consequente denegação da segurança. Após, interposto RE, no voto do Ministro Gilmar Mendes consta: Tratase de recurso extraordinário interposto com fundamento no art. 102, III, “a”, da Constituição Federal, contra acórdão no qual ficou assentada a constitucionalidade do §1° do artigo 3° da Lei nº 9.718, de 1998, em face do disposto no art. 195, I, da carta Magna, com a redação anterior à Emenda Constitucional nº 20, de 16 de dezembro de 1998. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 357.950, Rel. Marco Aurélio, sessão de 09 de novembro de 2005, decidiu em sentido contrário. Assim, conheço e dou provimento ao recurso (art. 557, §1oA, do CPC), para afastar a aplicação do §1° do artigo 3° da Lei nº 9.718, de 1998. Sem honorários (Súmula nº 512/STF). Logo, ao contrário do alegado, a Recorrente não questionou explicitamente no mencionado Mandado de Segurança quais das suas receitas decorrentes de sua atividade típica comporiam, ou não, o conceito de faturamento para a base de cálculo das contribuições. O pedido formulado no mandado de segurança foi: "direito de recolherem a contribuição ao PIS a partir de 01/01/2000 à alíquota de 0,65% (art. 1° da Medida Provisória n° 1.99114) sobre o efetivo faturamento das Impetrantes (art. 195, I, da Constituição tal como redigido à época da promulgação da Lei n° 9.718/98), que engloba a receita decorrente de prestação de serviços a seus clientes, reconhecendo incidentalmente a inconstitucionalidade do art. 3° da Lei n° 9.718/98 (instituição de nova contribuição social ao arrepio da regulamentação constitucional do exercício da competência residual da União), aplicandose tal diploma no que tange ao restante de suas disposições.” Assim, observase que o STF apenas apreciou a questão da constitucionalidade do §1º do artigo 3º da Lei 9.718/98, não entrando no mérito da composição da base de cálculo, ou seja, tal como na ação rescisória, a decisão transitada em julgado apenas afastou o alargamento da base de cálculo do PIS, não tratando especificamente de quais receitas compõem o conceito de receita bruta/faturamento previsto no caput do mesmo artigo, para as instituições financeiras. Por outro lado, a autuação se deu por motivos diversos, conforme se depreende do Termo de Verificação Fiscal. Com efeito, as decisões restringiramse a afastar a incidência do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98, com fundamento na ocorrência de vício de inconstitucionalidade, o que, Fl. 871DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 872 10 todavia, não autoriza inferir a impossibilidade de as receitas financeiras da Recorrente submeteremse à incidência de PIS e COFINS, na linha do pronunciamento do STF. Consoante a dicção do caput do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, a base de cálculo das contribuições de PIS e COFINS é o faturamento, equivalente à receita bruta, que corresponde à receita decorrente das atividades típicas, próprias da pessoa jurídica em cada ramo de atividade econômica, não se limitando à venda de mercadorias e prestação de serviços. A noção de faturamento está intrinsecamente relacionada ao resultado financeiro decorrente do exercício das atividades principais das empresas, ou seja, aquelas vinculadas ao seu objeto e que se referem, em regra, à maior parcela do ingresso de valores da pessoa jurídica, em respeito aos princípios da isonomia, capacidade contributiva e, também, aos princípios que regem a seguridade social: universalidade, solidariedade e equidade na forma de participação do custeio. No caso em comento, tendo em vista que as receitas financeiras resultam de operações desenvolvidas pela Recorrente em sua atividade empresarial típica, de rigor a incidência do PIS e da COFINS sobre tais receitas. A autuação fiscal não teve como fundamento o §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, mas sim decorre da tributação das receitas operacionais da Recorrente, de acordo com o objeto definido no seu estatuto social, as quais foram consideradas faturamento para fins de incidência das referidas contribuições. A declaração de inconstitucionalidade do §1° do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo pleno do STF nos RE n° 357.950, RE n° 390.840, RE n° 358.273 e RE n° 346.0842 não implica que as receitas financeiras, bem como as rendas de operações de crédito com empréstimos, financiamentos e de aplicação de depósitos interfinanceiros das instituições financeiras não estejam sujeitas ao PIS e à COFINS, devendo essas serem tributadas já que compreendidas no conceito de faturamento. Por conseguinte, entendo que as ações judiciais não têm o mesmo objeto do presente processo administrativo. É de se concluir, que, não houve afronta à coisa julgada: (a) os provimentos judiciais obtidos silenciaram em relação à abrangência do que seriam receitas de prestação de 2 “CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada.” Fl. 872DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 873 11 serviços e venda de mercadorias das instituições financeiras (e, por exclusão, do que seriam “receitas financeiras” de instituições financeiras) para fins de tributação pelas contribuições; e (b) a discussão sobre a inclusão das receitas auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento, para fins de incidência das contribuições não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, como já reconheceu o STF. Quanto ao argumento de que apenas a partir do advento da Lei nº 12.973/2014 é que se tem normativamente incluído no conceito de receita bruta "as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica, não compreendidas nos inciso I e III", sustenta o Banco que a inclusão de forma expressa deste inciso indica que antes não havia a possibilidade de tributação das receitas financeiras pelo PIS e pela COFINS. Discordo do inconformismo, já que a incidência do PIS e da COFINS sobre o “faturamento” tem previsão legal anterior a entrada em vigor da Lei nº 12.973/2014. Inclusive, o próprio STF interpretou o conceito de faturamento antes da edição dessa lei. Em suma, comandos judiciais não foram violados pela lavratura do auto de infração, portanto, a questão da inclusão ou não das receitas decorrentes da atividade empresarial típica da instituição financeira no conceito de faturamento não foi objeto de pronunciamento judicial. Mais uma vez, o lançamento não teve como fundamento o §1º do art. 3º da Lei n° 9.718/1998. E, as receitas decorrentes das atividades do setor financeiro estão sujeitas à incidência das contribuições do PIS e da COFINS, na forma dos arts. 2º, 3º, caput e nos §§ 5º e 6º do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao disposto no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, considerado inconstitucional pelo STF. Natureza das Contas COSIF autuadas A Recorrente é pessoa jurídica de direito privado, constituída sob a forma de sociedade por ações e autorizada pela CartaPatente nº 94, de 17/08/1960, do Banco Central do Brasil, a funcionar como instituição financeira – sociedade de crédito, financiamento e investimento. Como órgão regulador, o Banco Central, por meio da Circular n° 1273, criou o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional – COSIF de observância obrigatória. O COSIF prescreve os critérios e procedimentos contábeis a serem observados pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central, bem como a estrutura de contas e modelos de documentos. Tem como objetivo, uniformizar os procedimentos de registro e elaboração de demonstrações financeiras, com vistas a facilitar o acompanhamento, análise, avaliação do desempenho e controle das instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional. A individualização das receitas, provenientes das diversas atividades promovidas pelas instituições financeiras nas contas COSIF, atendem à determinação do Conselho Monetário Nacional. Fl. 873DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 874 12 Ressalto que o procedimento de fiscalização teve como base a escrituração COSIF do Banco. Assim, as informações disponibilizadas foram analisadas pela fiscalização, que autuou as contas, com base na escrituração disponibilizada pelo próprio Banco. Para a autoridade fiscal, o contribuinte deixou de oferecer à tributação contas que integrariam a base de cálculo do PIS e da COFINS. Transcrevo o trecho do Relatório Fiscal: DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO No item 6 do Termo nº 1 (Termo de Início de Procedimento Fiscal), foi solicitado ao Banco Mercantil que apresentasse as planilhas de cálculo do PIS e da COFINS elaboradas conforme o Anexo I da IN nº 247/2002 para o período fiscalizado. O contribuinte apresentou o que lhe foi solicitado, (ver item “Resp.1 – Planilhas IN 247” do processo). Nas referidas planilhas foram inseridas diversas contas representativas das receitas operacionais obtidas pelo Banco Mercantil na sua atuação no mercado. Estas planilhas foram confrontadas com os balancetes gerados com base na contabilidade extraída do ambiente Sped, e os valores são convergentes. As planilhas apresentadas pelo contribuinte foram ajustadas chegandose a novas planilhas. Estas novas planilhas podem ser visualizadas no item “Bases Tributáveis” do PIS/COFINS do processo. Os ajustes efetuados para se chegar às bases tributáveis giraram em torno dos seguintes procedimentos: 1 Foram desconsideradas da apuração das bases tributáveis todas as contas representativas das receitas não operacionais, registradas no grupo de contas COSIF nº 7.3.0.00.006 – Receitas Não Operacionais, e COSIF nº 7.3.9.00.003 – Outras Receitas Não Operacionais. 2 Foram glosadas as exclusões referentes ao grupo de contas COSIF nº 7.3.9.90.006 – Reversão de Provisões Não Operacionais, e conta COSIF nº 7.3.1.50.00.4.1.02 – Lucros na Alienação de Bens do Ativo Permanente, uma vez que as receitas desses grupos não compuseram as bases tributáveis. Após os ajustes citados, chegouse às bases tributáveis mensais das contribuições. Na Planilha denominada “Consolidação” foram sintetizadas as receitas, exclusões e deduções admitidas e previstas em lei, e efetuado o cálculo do PIS e da COFINS devidos no anocalendário de 2014 (ver planilhas no item “Consolidação” do processo). Nestes cálculos foram abatidos os tributos retidos na fonte por entidades públicas e privadas, bem como os débitos já declarados em DCTF pelo Banco Mercantil. Após os referidos abatimentos chegouse às contribuições devidas no ano calendário que estão sendo constituídas por meio de Auto de Infração, formalizado no processo nº 15504.720658/201875. Fl. 874DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 875 13 Ocorre que duas contas autuadas são identificadas no COSIF como NÃO OPERACIONAIS – 7.3: 7.3 – RECEITAS NÃO OPERACIONAIS COSIF nº 7.3.9.90.006 – Reversão de Provisões Não Operacionais: “Registrar as reversões de provisões não operacionais, constituídas em exercícios ou semestres anteriores. Esta conta não é adequada para registrar as reversões de provisões constituídas para atender a apropriação mensal de despesas, cujos acertos se fazem por estornos da despesa correspondente ou complemento da provisão, se for o caso.” COSIF nº 7.3.1.50.00.4.1.02 – Lucros na Alienação de Bens do Ativo Permanente: “Registrar os lucros na alienação de bens móveis, imóveis e outros valores que constituam receita efetiva da instituição, no período.” O Plano COSIF, no item 17 do capítulo 1, dispõe sobre a escrituração de receitas e despesas da seguinte forma: 1 Para fins de registros contábeis e elaboração das demonstrações financeiras, as receitas e despesas se classificam em Operacionais e Não Operacionais. 2 As receitas, em sentido amplo, englobam as rendas, os ganhos e os lucros, enquanto as despesas correspondem às despesas propriamente ditas, as perdas e os prejuízos. 3 As rendas operacionais representam remunerações obtidas pela instituição em suas operações ativas e de prestação de serviços, ou seja, aquelas que se referem a atividades típicas, regulares e habituais. 4 As despesas operacionais decorrem de gastos relacionados às atividades típicas e habituais da instituição. 5 As receitas não operacionais provêm de remunerações eventuais, não relacionadas com as operações típicas da instituição. 6 Os gastos não relacionados às atividades típicas e habituais da instituição constituem despesas não operacionais. 7 Os ganhos e perdas de capital correspondem a eventos que independem de atos de gestão patrimonial. 8 As gratificações pagas a empregados e administradores e as contribuições para instituições de assistência ou previdência de empregados contabilizamse como despesas operacionais, quando concedidas por valor fixo, verba ou percentual da folha de pagamento ou critérios assemelhados, independentemente da existência de lucros. 9 Classificamse como participações estatutárias nos lucros somente aquelas participações, gratificações e contribuições que legal, estatutária ou contratualmente devam ser apuradas por Fl. 875DF CARF MF Processo nº 15504.720658/201875 Acórdão n.º 3301006.053 S3C3T1 Fl. 876 14 uma porcentagem do lucro ou, pelo menos, subordinemse à sua existência. 10 Em relação aos títulos genéricos de receitas e despesas, tais como OUTRAS RENDAS OPERACIONAIS, OUTRAS DESPESAS ADMINISTRATIVAS e OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS, a instituição deve adotar subtítulos de uso interno para identificar a natureza dos lançamentos efetivados. A escrituração contábil faz prova contra as pessoas a que pertencem, bem como em seu favor, nos termos do art. 226 do Código Civil; DecretoLei nº 1.598/1977 e Lei n° 6.404/76. Não houve a produção de prova de que essas duas contas não tinham a natureza de sua própria escrituração, uma vez que não fora suscitado pela Fiscalização erro de classificação. De fato, é de se concluir que a tributação das contribuições tendo como base de cálculo tão somente as receitas de serviços constantes da conta COSIF nº 7.1.7.00.00.9, como quer a Recorrente, é equivocada. Contudo essas duas contas autuadas não decorrem de receitas de intermediação financeira. Logo, devem ser excluídas do lançamento as receitas das contas COSIF nº 7.3.9.90.006 e COSIF nº 7.3.1.50.00.4.1.02. Por conseguinte, as demais contas relacionadas às atividades operacionais da Recorrente foram corretamente autuadas. Por fim, incide a multa e os juros correspondentes sobre as contribuições não recolhidas, por expressa previsão legal. CONCLUSÃO Do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir da base de cálculo os valores referentes às contas COSIF nº 7.3.9.90.006 e COSIF nº 7.3.1.50.00.4.1.02. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 876DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16403.000027/2007-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1999
RESTITUIÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. TERMO INICIAL.
O prazo para pleitear a restituição de indébitos tributários reconhecidos por ação judicial inicia-se a partir do trânsito em julgado da decisão.
RESTITUIÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. PRESCRIÇÃO
Prescreve em cinco anos o direito de pleitear a restituição de indébitos decorrentes de pagamento indevido ou a maior, contados do trânsito em julgado da ação que reconheceu o crédito.
Numero da decisão: 3302-007.046
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto).
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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AUSÊNCIA DE PROVA. Recorrente COMÉRCIO DE CARNES LAGOA DOURADA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1999 RESTITUIÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. TERMO INICIAL. O prazo para pleitear a restituição de indébitos tributários reconhecidos por ação judicial iniciase a partir do trânsito em julgado da decisão. RESTITUIÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. PRESCRIÇÃO Prescreve em cinco anos o direito de pleitear a restituição de indébitos decorrentes de pagamento indevido ou a maior, contados do trânsito em julgado da ação que reconheceu o crédito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Denise Madalena Green e Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente Substituto). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 40 3. 00 00 27 /2 00 7- 84 Fl. 111DF CARF MF 2 Relatório Aproveitase o Relatório do Acórdão de Manifestação de Inconformidade. Trata o processo de Pedidos de Restituição/Declarações de Compensação (Pcr/Dcomp n°s 19200.57918.310105.1.3.57 2700, 06047.12720.140205.1.3.577034, 4300, 09841.04290.031204.1.3.570652 e 02354.92899.110105.9060), transmitidas entre 03/12/2004 e 14/02/2005, onde se pretende compensar débitos de PIS, Cofins, 1RPJ e CSLL, no montante de R$ 34.177,15, com crédito de PIS oriundo de ação judicial n° ‘‘9800068805", transitada em julgado, relativa ao reconhecimento da inconstitucionalidade dos Decretosleis n° 2.445/88 e 2.449/88. A DRF em Ponta Grossa, ao analisar o pedido da interessada, por meio dos Despachos Decisórios n°s 374/2007 e 381/2007(fls. 52/57), destacou que na Ação Judicial n° 98.00068805, na qual a interessada é parte, o Juiz federal da 7a Vara Federal em Curitiba reconheceu as inconstitucionalidades dos Decretosleis n° 2.445 e 2.449, ambos de 1988, e declarou o direito à compensação do que foi recolhido a maior com a própria contribuição ao PIS, sendo que o TRF negou provimento à remessa oficial e ao apelo da União. Entretanto, a autoridade administrativa de origem não homologou as compensações pleiteadas, uma vez que a declaração de compensação foi transmitida pela contribuinte há mais de cinco anos da data do trânsito em julgado da ação. Inconformada com as decisões proferidas, das quais foi cientificada cm 02/08/2007 e 08/08/2007 (fls. 58/59), a interessada interpôs, em 16/08/2007, Manifestação de Inconformidade (fls. 60/65), argumentando, cm síntese, que o início da contagem do prazo de cinco anos dáse da data em que teve conhecimento do trânsito em julgado da ação, ocorrido com a publicação do Acórdão em 04/02/2000. Cita a Súmula 150 do STF, na qual “prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação", para argumentar que “o termo a quo do prazo prescricional deve ser o da data da intimação do futuro exequente para que se manifeste quanto às providências do seu interesse." Por outro lado, diz que o PIS indevidamente recolhido segue as regras dos tributos sujeitos à homologação, portanto, a extinção do direito de pleitear a restituição só ocorreria após o transcurso do prazo de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, acrescidos de mais cinco anos, contados daquela data em que se deu a homologação tácita, conforme doutrina e jurisprudência que cita. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 16403.000027/200784 Acórdão n.º 3302007.046 S3C3T2 Fl. 3 3 Em 29 de março de 2010, através do Acórdão n° 0625.976, a 3ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Curitiba/PR, por unanimidade de votos, indeferiu a Manifestação de Inconformidade. Entendeu a Turma que: Ora, no caso, a decisão judicial de reconhecimento da inconstitucionalidade dos Decretosleis n"s 2.445 e 2.449, de 1988, bem como a declaração da existência de credito em relação à União, relativo aos valores recolhidos a maior a título de contribuição ao PIS, permitindo inclusive a compensação deste crédito com valores vincendos da contribuição do próprio PIS, foi garantido com o trânsito em julgado da ação, momento, como se sabe, define a coisa julgada e tem início os efeitos da sentença. Na Certidão do Tribunal Regional da 4a Região (11. 48), consta que acórdão de fl. 624 foi incluído no Boletim de Acórdãos n° 150/99. publicado no Diário da Justiça da União. Seção 2, de 13/10/99 e o Ministério Público, intimado, na pessoa de seu representante legal, conforme determina o art. 236, parágrafo 2". do Código de Processo Civil, em 13/10/99. CERTIFICO, ainda, que o supracitado acórdão transitou em julgado em 16/11/99" Assim, o reconhecimento do crédito à interessada para que pudesse pleitear a compensação junto à Receita Federal com tributos de mesma espécie teve início com o trânsito em julgado da ação, ou seja, cm 16/11/1999. Com isso, nas datas da transmissão dos Per/Dcomp, ou seja, entre 03/12/2004 e 14/02/2005, havia decorrido mais de cinco anos da data do ato que originou o seu credito. Vcjasc que a própria interessada informa nas declarações de compensação transmitidas a data do trânsito em julgado como ocorrida em 19/11/1999. Por fim, não procede a argumentação trazida pela interessada quanto à tese do prazo decadencial de 10 anos (5 anos + 5 anos), por se tratar de contribuição sujeita ao lançamento por homologação, para se pleitear a restituição de pagamento indevido ou a maior que o devido; seja porque a fixação do termo inicial para a contagem do prazo decadencial, no caso de ação judicial, como visto, é a data do trânsito em julgado, c não a data dos recolhimentos indevidos; seja porque, ao contrário do que afirma, não ocorreu a homologação tácita, já que houve a análise pela unidade de origem do Pcr/Dcomp, com decisão no sentido da nãohomologação da compensação pleiteada, nos termos do art. 74, §§ 5o e 7°, da Lei n° 9.430, de 1996, com as alterações introduzidas pela Lei n° 10.833, de 2003, cuja ciência se deu em 02 e 08 de agosto de 2007, isso, dentro do prazo de cinco anos das transmissões dos Per/Dcomp, ocorridas entre 03/12/2004 c 14/02/2005, e que oportunizou à interessada a apresentação da manifestação de inconformidade ora analisada. Fl. 113DF CARF MF 4 A empresa COMÉRCIO DE CARNES LAGOA DOURADA LTDA foi intimada do Acórdão de Impugnação, pessoalmente, em 10 de maio de 2010, às efolhas 98. A empresa COMÉRCIO DE CARNES LAGOA DOURADA LTDA ingressou com Recurso Voluntário, em 24 de maio de 2010, de efolhas 101 à 108. Foi alegado: A Recorrente, entre os dias 15/12/2004 a 14/02/2005, transmitiu Declaração de Compensação (PER/DCOMP), aonde informou que compensou os tributos ali declarados, com crédito oriundo do pagamento a maior do PIS, conforme decisão judicial transitada em julgado. O Auditor Fiscal, no entanto, ao julgar o pedido de compensação, o indeferiu sob o argumento de que a transmissão do pedido de compensação se deu após cinco anos do trânsito da decisão judicial, motivo pelo qual o direito da Manifestante teria sido atingido pela prescrição, conforme disposto no artigo 51, parágrafo 2o, IV, da IN SRF n. 600/05, artigo 1 do Decreto n. 20.910/32 e artigo 168 da Lei n° 5.172/66 (CTN), e, em consequência, não homologou a compensação realizada. Primeiramente, cabe alegar que não existe controvérsia sobre o crédito compensado, esta reside apenas no fato da decadência, ou seja, se esta tem seu inicio com a certidão do transito em julgado, ou da intimação da parte que a sentença transitou em julgado. O direito ao crédito da recorrente não foi alcançado pela decadência, pois 0 INÍCIO DA CONTAGEM DO PRAZO DE CINCO ANOS DÁSE DA DATA DA PUBLICAÇÃO DE QUE 0 ACÓRDÃO TRANSITOU EM JULGADO, E ESTA SOMENTE OCORREU EM FEVEREIRO DE 2000 (DOC. ANEXO AO PROCESSO). A Recorrente só teve conhecimento do trânsito em julgado da decisão da ação ordinária no dia 04/02/2000, conforme documento em anexo, iniciando ai o prazo prescricional do seu direito de compensar o indébito. O prazo para o ajuizamento da execução é o mesmo para o ajuizamento da ação de conhecimento, nos termos da Súmula 150 do STF. Assim o termo a quo do prazo prescricional deve ser o da data da intimação do futuro exeqüente para que se manifeste quanto às providências do seu interesse. No presente caso, da intimação do trânsito em julgado e para que a Recorrente se pronunciasse acerca das providências de seu interesse não se deu o transcurso do prazo prescricional. Assim, o contribuinte, que pagou tributos indevidos e que achase inserido no art. 165, I e II do CTN, tem direito de pleitear o que pagou a mais, até o prazo de cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário. Perguntase: Quando extinguese o crédito tributário sujeito a homologação. A resposta encontrase explicita no art. 150, pgf. 4, do CTN. O PIS, objeto da ação utilizada como parâmetro para a compensação, estava sujeito a homologação por parte da Receita Federal, como não ocorreu a homologação expressa, a extinção do direito de pleitear a restituição só ocorrerá após o transcurso do prazo de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, acrescidos de mais cinco anos, contados daquela data em que se deu a homologação tácita. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 16403.000027/200784 Acórdão n.º 3302007.046 S3C3T2 Fl. 4 5 O Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria ao decidir que quando se tratar de tributos sujeitos a homologação, seu prazo decadencial só inicia se quando decorridos cinco anos da ocorrência do fato gerador, acrescidos de cinco anos, a contarse da homologação tácita do lançamento. Considerando que o direito da pleitear o indébito da Recorrente é de dez anos contados do pagamento, e considerando que a Súmula 150 do STF prescreve que o direito de executar a sentença é o mesmo prazo estipulado para a propositura da ação, à toda evidência a Recorrente teria o direito de compensar o indébito oriundo da ação até o limite de dez anos do seu trânsito em julgado, ou seja até 2010 poderia efetuar a compensação. Para as ações ajuizadas até o término da vacatio legis da LC n° 118/05, permanece inalterado o já sedimentado entendimento jurisprudencial no sentido de que, na hipótese de tributo sujeito a lançamento por homologação, caso esta não ocorra de modo expresso, o prazo para haver sua restituição é de cinco anos contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos da data da homologação tácita, operandose a prescrição do direito de requerer a restituição/compensação no prazo de dez anos, a contar do fato gerador. Assim, não há que se falar em prescrição do direito da Recorrente, eis que o lapso prescricional ainda não foi atingido, quer porque não transcorreu cinco anos da publicação do trânsito em julgado do acórdão, quer porque o prazo para executar a sentença é o mesmo da ação, e, em sendo de dez anos o prazo para propor a ação, o mesmo tempo poderá ser utilizado para uma futura execução/compensação. Como vimos, não procede o argumento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de julgamentos em Curitiba PR de que o direito a compensação da Recorrente restou atingido pela decadência, eis que a referida compensação ocorreu dentro do lapso temporal permitido por lei e sumulado pelo STF. DO PEDIDO Pelo exposto, requer que essa Colenda Câmara desse Egrégio Conselho de Contribuintes se digne de conhecer e dar integral provimento ao presente Recurso Voluntário, para o fim reformar a decisão hostilizada e determinar a homologação da compensação realizada. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a recorrente teve ciência da decisão de primeira instância, pessoalmente, em 10 de maio de 2010, às efolhas 98. Fl. 115DF CARF MF 6 A empresa COMÉRCIO DE CARNES LAGOA DOURADA LTDA ingressou com Recurso Voluntário, em 24 de maio de 2010, de efolhas 101. O Recurso Voluntário é tempestivo. Da controvérsia. · A impossibilidade de extinção do direito da Requerente fundado em decisão transitada em julgado, por conta da aplicação da prescrição. Passase à análise. Antes de analisarmos o caso concreto, cabe fazer algumas breves considerações a respeito dos prazos para execução do débito reconhecido judicialmente. O Contribuinte possui o prazo de 5 (cinco) anos para promover a execução do seu direito creditório reconhecido judicialmente, seja na modalidade judicial ou administrativa, com fundamento no art. 1o do Decreto n° 20.910/1932, bem como do inciso IV, §4°, do art. 71 da IN RFB n° 900, de 2008. No caso de direito creditório discutido judicialmente, a legislação tributária estabelece como termo inicial para a contagem do prazo prescricional do direito creditório a data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do título judicial, como ocorreu no caso concreto. A seguir reproduzido o art. 71 da IN n°900/08 que dispôs sobre a matéria: Art. 71. Na hipótese de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a Declaração de Compensação, o pedido de restituição, o pedido de ressarcimento e o pedido de reembolso somente serão recepcionados pela RFB após prévia habilitação do crédito pela DRF, Derat ou Deinf com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. § 1° A habilitação de que trata o caput será obtida mediante pedido do sujeito passivo, formalizado em processo administrativo instruído com: i. o formulário Pedido de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado, constante do Anexo VIII, devidamente preenchido; ii. certidão de inteiro teor do processo, expedida pela Justiça Federal; iii. na hipótese de ação de repetição de indébito, bem como nas demais hipóteses em que o crédito esteja amparado em título judicial passível de execução, cópia da decisão que homologou a desistência da execução do título judicial e a assunção de todas as custas e honorários advocatícios referentes ao processo de execução ou cópia da petição de renúncia à execução do título judicial protocolada na Justiça Federal; iv. cópia do contrato social ou do estatuto da pessoa jurídica acompanhada, conforme o caso, da última alteração contratual em que houve mudança da administração ou da ata da assembléia que elegeu a diretoria; v. cópia dos atos correspondentes aos eventos de cisão, incorporação ou fusão, se for o caso; vi. cópia do documento comprobatório de identidade do outorgado, na hipótese de pedido de habilitação formulado por mandatário do sujeito passivo. § 2° Constatada irregularidade ou insuficiência de informações nos documentos a que se referem os incisos I a VII do § 1°, o requerente será intimado a regularizar as pendências no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data de ciência da intimação. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 16403.000027/200784 Acórdão n.º 3302007.046 S3C3T2 Fl. 5 7 § 3° No prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da protocolização do pedido ou da regularização de pendências de que trata o § 2°, será proferido despacho decisório sobre o pedido de habilitação do crédito. § 4° O pedido de habilitação do crédito será deferido pelo titular da DRF, Derat ou Deinf, mediante a confirmação de que: i. I o sujeito passivo figura no pólo ativo da ação; ii. a ação tem por objeto o reconhecimento de crédito relativo a tributo administrado pela RFB; iii. houve reconhecimento do crédito por decisão judicial transitada em julgado; iv. o pedido foi formalizado no prazo de 5 (cinco) anos da data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do título judicial; e v. na hipótese de ação de repetição de indébito, bem como nas demais hipóteses de crédito amparado em título judicial passível de execução, houve a homologação pelo Poder Judiciário da desistência da execução do título judicial ou a comprovação da renúncia à sua execução, e a assunção de todas as custas e dos honorários advocatícios referentes ao processo de execução. vi. § 5° Será indeferido o pedido de habilitação do crédito nas seguintes hipóteses: vii. as pendências a que se refere o § 2° não forem regularizadas no prazo nele previsto; ou viii. não forem atendidos os requisitos constantes do § 4°. § 6° O deferimento do pedido de habilitação do crédito não implica homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, de ressarcimento ou de reembolso nem alteração do prazo prescricional qüinqüenal do título judicial referido no inciso IV do § 4°. A Receita Federal também expôs mais detalhadamente a questão no Parecer Normativo n°11 de 19 de dezembro de 2014, in verbis: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário. COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. PRAZO PARA APRESENTAR DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE HABILITAÇÃO PRÉVIA. SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. O crédito tributário decorrente de ação judicial pode ser executado na própria ação judicial para pagamento via precatório ou requisição de pequeno valor ou, por opção do sujeito passivo, ser objeto de compensação com débitos tributários próprios na via administrativa. Ao fazer a opção pela compensação na via administrativa, o sujeito passivo sujeitase ao disciplinamento da matéria feito pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, especificamente a Instrução Normativa n° 1.300, de 2012, conforme § 14 do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, e às demais limitações legais. Para a apresentação da Declaração de Compensação, o sujeito passivo deverá ter o pedido de habilitação prévia deferido. A habilitação prévia do crédito decorrente de ação judicial é medida que tem por objetivo analisar os requisitos preliminares acerca da existência do crédito, a par do que ocorre com a ação de execução contra a Fazenda Nacional, quais sejam, legitimidade do Fl. 117DF CARF MF 8 requerente, existência de sentença transitada em332 julgado e inexistência de execução judicial, em respeito ao princípio da indisponibilidade do interesse público. O prazo para a compensação mediante apresentação de Declaração de Compensação de crédito tributário decorrente de ação judicial é de cinco anos, contados do trânsito em julgado da sentença que reconheceu o crédito ou da homologação da desistência de sua execução. No período entre o pedido de habilitação do crédito decorrente de ação judicial e a ciência do seu deferimento definitivo no âmbito administrativo, o prazo prescricional para apresentação da Declaração de Compensação fica suspenso. O crédito habilitado pode comportar mais de uma Declaração de Compensação, todas sujeitas ao prazo prescricional de cinco anos do trânsito em julgado da sentença ou da extinção da execução, não havendo interrupção da prescrição em relação ao saldo. Eventual mudança de interpretação sobre a matéria será aplicável somente a partir de sua introdução na legislação tributária. Dispositivos Legais. Constituição Federal, arts. 37 e 100; Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, arts. 100, 170 e 170A; Decreto n° 20.910, Lei n° 9.430, de 1996, art. 74; Lei n° 9.779, art. 16; Lei n° 9.784, de 1999, art. 2°; Portaria MF n° 203, de 2012, art. 1°, III, e art. 280, III e XXVI; IN RFB n° 1.300, de 2012, arts. 81 e 82 eprocesso 10880.724252/201346. Adotase a ratio decidendi do Acórdão de Manifestação de Inconformidade: No caso em comento, a decisão judicial de reconhecimento da inconstitucionalidade dos Decretosleis n"s 2.445 e 2.449, de 1988, bem como a declaração da existência de credito em relação à União, relativo aos valores recolhidos a maior a título de contribuição ao PIS, permitindo inclusive a compensação deste crédito com valores vincendos da contribuição do próprio PIS, foi garantido com o trânsito em julgado da ação, momento, como se sabe, define a coisa julgada e tem início os efeitos da sentença. Na Certidão do Tribunal Regional da 4a Região (11. 48), consta que “o acórdão de fl. 624 foi incluído no Boletim de Acórdãos n° 150/99. publicado no Diário da Justiça da União. Seção 2, de 13/10/99 e o Ministério Público, intimado, na pessoa de seu representante legal, conforme determina o art. 236, parágrafo 2". do Código de Processo Civil, em 13/10/99. CERTIFICO, ainda, que o supracitado acórdão transitou em julgado em 16/11/99". Assim, o reconhecimento do crédito à interessada para que pudesse pleitear a compensação junto à Receita Federal com tributos de mesma espécie teve início com o trânsito em julgado da ação, ou seja, cm 16/11/1999. Com isso, nas datas da transmissão dos Per/Dcomp, ou seja, entre 03/12/2004 e 14/02/2005, havia decorrido mais de cinco anos da data do ato que originou o seu credito. Nesse sentido já se posicionou o CARF, conforme atestam as ementas dos julgados abaixo: “RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO — CONTAGEM DO PRAZO DE DECADÊNCIA — INTELIGÊNCIA DO ART. 168 DO CTN O prazo para pleitear a restituição ou compensação de tributos pagos indevidamente é sempre de 5 (cinco) anos, distinguindose o início de sua contagem em razão da forma em que se exterioriza o indébito. Se o indébito exsurge da iniciativa unilateral do sujeito passivo, calcado em situação fática Fl. 118DF CARF MF Processo nº 16403.000027/200784 Acórdão n.º 3302007.046 S3C3T2 Fl. 6 9 não litigiosa, o prazo para pleitear a restituição ou a compensação tem início a partir da data do pagamento que se considera indevido (extinção do crédito tributário). Todavia, se o indébito se exterioriza no contexto de solução jurídica conflituosa, o prazo para desconstituir a indevida incidência só pode ter início com a decisão definitiva da controvérsia, como acontece nas soluções jurídicas ordenadas com eficácia erga omnes, pela edição de resolução do Senado Federal para expurgar do sistema norma declarada inconstitucional, ou na situação em que é editada Medida Provisória ou mesmo ato administrativo para reconhecer a impertinência de exação tributária anteriormente exigida. (Acórdão 10323.503, Sessão de 26/06/2008). Grifei RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO — CONTAGEM DO PRAZO DE DECADÊNCIA — INTELIGÊNCIA DO ART. 168 DO CTN O prazo para pleitear a restituição ou compensação de tributos pagos indevidamente é sempre de 5 (cinco) anos, distinguindose o início de sua contagem em razão da forma em que se exterioriza o indébito. Se o indébito exsurge da iniciativa unilateral do sujeito passivo, calcado em situação fática não litigiosa, o prazo para pleitear a restituição ou a compensação tem início a partir da data do pagamento que se considera indevido (extinção do crédito tributário). Todavia, se o indébito se exterioriza no contexto de solução jurídica conflituosa, o prazo para desconstituir a indevida incidência só pode ter início com a decisão definitiva da controvérsia, como acontece nas soluções jurídicas ordenadas com eficácia erga omnes, pela edição de resolução do Senado Federal para expurgar do sistema norma declarada inconstitucional, ou na situação em que é editada Medida Provisória ou mesmo ato administrativo para reconhecer a impertinência de exação tributária anteriormente exigida”. (Acórdão n° 10805.791, Sessão de 19/07/1999). Diante de tudo que foi exposto, conheço do RECURSO VOLUNTÁRIO e voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso do Contribuinte. É como voto. Jorge Lima Abud Relator. Fl. 119DF CARF MF 10 Fl. 120DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.720775/2016-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/10/2012
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS.
A participação nos lucros e resultados, realizada nos termos do inciso XI do artigo 7° da CF, constituindo instrumento de integração entre o capital e o trabalho, para incentivar a produtividade, está sujeita aos requisitos constantes da Lei 10.101/2000, dentre os quais a prévia formalização de acordo, do qual devem constar regras claras e objetivas.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR). AJUSTE PRÉVIO. ASSINATURA DO ACORDO DURANTE O PERÍODO DE APURAÇÃO. POSSIBILIDADE. ANÁLISE DO CASO CONCRETO
Não há, na Lei nº 10.101/00, determinação sobre quão prévio deve ser o ajuste de PLR. Tal regra demanda, necessariamente, a avaliação do caso concreto o ajuste entre as partes deve ser firmado antes do pagamento da primeira parcela da PLR, com a antecedência que demonstre que os trabalhadores tinham ciência dos resultados a serem alcançados e que permita que se infira que o ajuste entre as partes foi construído com a devida discussão e busca dos interesses comuns que culminaram no acordo coletivo firmado.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. VIABILIDADE LEGAL.
A incidência de juros de mora sobre a multa de oficio, na hipótese de não pagamento do crédito tributário no devido prazo legal, é perfeitamente viável, em face das pertinentes disposições legais.
Numero da decisão: 2201-005.158
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a tributação incidente sobre os valores de PLR pagos a partir da Convenção Coletiva de Trabalho, vencido o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra, relator, que negou provimento ao recurso voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
(documento assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Débora Fófano Dos Santos, Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2012 a 31/10/2012 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. A participação nos lucros e resultados, realizada nos termos do inciso XI do artigo 7° da CF, constituindo instrumento de integração entre o capital e o trabalho, para incentivar a produtividade, está sujeita aos requisitos constantes da Lei 10.101/2000, dentre os quais a prévia formalização de acordo, do qual devem constar regras claras e objetivas. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR). AJUSTE PRÉVIO. ASSINATURA DO ACORDO DURANTE O PERÍODO DE APURAÇÃO. POSSIBILIDADE. ANÁLISE DO CASO CONCRETO Não há, na Lei nº 10.101/00, determinação sobre quão prévio deve ser o ajuste de PLR. Tal regra demanda, necessariamente, a avaliação do caso concreto o ajuste entre as partes deve ser firmado antes do pagamento da primeira parcela da PLR, com a antecedência que demonstre que os trabalhadores tinham ciência dos resultados a serem alcançados e que permita que se infira que o ajuste entre as partes foi construído com a devida discussão e busca dos interesses comuns que culminaram no acordo coletivo firmado. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. VIABILIDADE LEGAL. A incidência de juros de mora sobre a multa de oficio, na hipótese de não pagamento do crédito tributário no devido prazo legal, é perfeitamente viável, em face das pertinentes disposições legais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar a tributação incidente sobre os valores de PLR pagos a partir da Convenção Coletiva de Trabalho, vencido o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra, relator, que negou provimento ao recurso voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 07 75 /2 01 6- 28 Fl. 697DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente (documento assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator (documento assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Francisco Nogueira Guarita, Douglas Kakazu Kushiyama, Débora Fófano Dos Santos, Sávio Salomão de Almeida Nóbrega, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo contra o acórdão nº 14-65.406 - 12ª Turma da DRJ/RPO, que julgou improcedente a sua impugnação. Adoto, em parte, o relatório do acórdão recorrido por sua completude e capacidade de elucidação dos fatos: Relatório Fiscal - fundamentos do lançamento fiscal. A Fiscalização em Relatório Fiscal e-fls. 161/2251 informa, em síntese: Este Relatório é parte integrante dos Autos de Infração lavrados, correspondendo a diferenças de contribuições sociais apuradas pela fiscalização, abaixo relacionadas, e correspondentes respectivamente: Contribuição Previdenciária da Empresa ou do Empregador: à parte patronal e àquela destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT sobre Participação nos Lucros dos Empregados; e Contribuição para Outras Entidades e Fundos: à parte destinada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE (Salário Educação) e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA sobre Participação nos Lucros dos Empregados. As razões específicas que deram ensejo ao lançamento fiscal e os documentos, com base nos quais foi realizado o lançamento fiscal foram assim descritos: Constituem fatos geradores das contribuições ora lançadas as remunerações aos segurados empregados a título de Participação nos Lucros dos Empregados, pagas em desacordo com a legislação específica, sobre as quais não foram recolhidas as devidas Contribuições Previdenciárias. Foram examinados durante a auditoria fiscal documentos tais como Livros Diário e Razão, Folhas de Pagamento, Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social - GFIP, Guias da Previdência Social - Fl. 698DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 GPS, Convenções, Acordos Coletivos e Programas Próprios de Participações nos Lucros, Declarações de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica - DIPJ e Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte - DIRF. Após fixar a legislação de regência (a Lei n° 10.101/2000, cujos dispositivos transcreve), a Fiscalização ressalva que suas constatações baseiam-se nos seguintes documentos: Diante do exposto, resta clara a necessidade de serem analisadas as condições em que a verba em comento é ajustada e paga para que se possa concluir se a mesma corresponde ou não à disciplina da Lei n° 10.101, de 19 de dezembro de 2000, excluída da tributação por força constitucional, bem como da legislação previdenciária. Para tanto vejamos a situação concreta em apreço. A Participação nos Lucros ou Resultados do Banco de Investimentos Credit Suisse, cujos pagamentos ocorreram durante o exercício de 2012, é regida por diferentes instrumentos, quais sejam: (i) Acordos de Participação em Lucros ou Resultados em 2011 e 2012; e (ii) Convenções Coletivas de Trabalho sobre Participação dos Empregados nos Lucros ou Resultados dos Bancos em 2011 e 2012. (...). 5.16 Iniciaremos nossa análise pelos Acordos de Participação em Lucros ou Resultados vigentes para os pagamentos realizados no exercício de 2012. São eles: Acordo de Participação em Lucros ou Resultados em 2011, celebrado em 22 de julho de 2011, entre, de um lado, o Banco de Investimentos Credit Suisse (Brasil) S.A., e de outro lado, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo, com vigência retroativa a 01 de janeiro de 2011 e término em 31 de dezembro de 2011; e Acordo de Participação em Lucros ou Resultados em 2012, celebrado em 30 de julho de 2012, entre, de um lado, o Banco de Investimentos Credit Suisse (Brasil) S.A., e de outro lado, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo, com vigência retroativa a 01 de janeiro de 2012 e término em 31 de dezembro de 2012. Transcreve, a seguir, estipulações dos Acordos Coletivos de Participação nos Lucros e Resultados em 2011 e 2012 e de seus respectivos anexos, não sem antes ressalvar que: 5.17 Preliminarmente, faz-se necessário verificar se dos instrumentos decorrentes da negociação constam regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. Fixação de parcela mínima, desvinculada do lucro ou resultado. Em face das transcritas estipulações, faz a seguinte ressalva, quanto ao pagamento de “parcela mínima obrigatória Iniciando nossa análise pelo corpo dos Acordos Coletivos de PLR em 2011 e 2012, observamos que o Parágrafo Quinto da Cláusula Terceira dos Acordos Coletivos institui certo montante como um valor mínimo a ser pago através de tais planos, valor esse que será acrescido à participação definida na Convenção Coletiva de PLR dos Bancos. Observa-se que tal parcela mínima possui caráter obrigatório, sendo igual para todos os empregados, não havendo qualquer relação entre o seu pagamento com cumprimento de metas, produtividade ou lucro. Claro resta que tais valores adicionais não dependem do atingimento de quaisquer metas pré-estabelecidas pelos instrumentos de negociação da PLR. Ora, independentemente do esforço individual, os empregados receberão uma parcela fixa adicional garantida a título de participação, a qual será paga ainda na hipótese de prejuízo contábil no exercício. Sem embargo, a existência de valores fixos pagos a título de PLR fere a legislação vigente, ainda mais quando são pagos mesmo na eventualidade de prejuízo no exercício, Fl. 699DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 posto que representam uma espécie de “prêmio”, com montantes pré-determinados a todos, recebidos independentemente do atingimento de qualquer meta ou resultado e ainda que não haja lucro, em desacordo com o art. I o , e o § I o do art. 2° ambos da Lei n° 10.101/00. Menciona o Acórdão n° 2803-003.935 da 3 a . Turma Especial da 2 a . Seção de Julgamento, de 04/12/2014, do qual consta: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E FUNCIONÁRIOS. PORCENTAGEM FIXA DESVINCULADA A LUCRO OU RESULTADO. CRITÉRIOS. Para fins de não incidência sobre as verbas pagas a empregados a título de PLR, é necessário que os critérios sejam vinculados à resultado e lucro, com metas bem definidas. (...) No caso em questão, efetivamente, a pactuação de porcentagens fixas (20%) sobre o próprio salário do funcionário e limitadas a valores fixos pagos a outros funcionários (motoristas), desnatura a finalidade da legislação, que vincula tais pagamentos aos resultados e lucros da empresa. Observe-se que tanto o disposto no art. 7°, XI, da Constituição Federal, regulado pelo art. 2°, da Lei n. 10.101/2000, e art. 28, § 9°,j, da Lei n. 8.212/1991, que são claros a determinar que os valores pagos a título de PLR devem ser vinculados dos valores aos lucros ou ao resultado da empresa. A estipulação de porcentagens fixas simplesmente incidentes sobre o salário, sem apresentar o aumento de produção ou rentabilidade das atividades da empresa, demonstram apenas um aumento de salário, não a transformação do trabalhador em participante do sucesso ou fracasso da empregadora, o que é a finalidade das empresas: elemento de integração de capital e trabalho. Assim, o caso presente demonstra uma tentativa de mascaramento de remuneração pelos serviços em lucro. Ou seja, conforme o art. 28, I, da Lei n. 8.212/1991, demonstra-se a ocorrência da hipótese de incidência das contribuições previdenciárias em questão. (...) Fixação de critérios de fixação do PLR - clareza e objetividade. Passa, então, a Fiscalização a tratar dos critérios de avaliação dos eventuais beneficiários, considerando a data em que foram fixados tais critérios e os correspondentes períodos de avaliação: Consoante a Cláusula Terceira do Anexo I, anualmente será efetuada uma Avaliação de Desempenho de cada empregado, avaliação esta estruturada em duas ou três fases: (a) estabelecimento de metas no primeiro trimestre, (b) revisão intermediária, se necessário, e (c) avaliação final em dezembro. A princípio faz-se necessário questionar o momento de estabelecimento das regras para recebimento da PLR, já que no caso concreto questiona-se como poderá tal processo efetivar-se nas fases anteriormente descritas, uma vez que os Acordos Coletivos de PLR do banco em apreço foram celebrados em julho de 2011 e em julho de 2012 e os anexos determinam que o estabelecimento de metas será realizado no primeiro trimestre do ano calendário. Ora, como poderiam ser estabelecidas metas relacionadas a acordos que nem sequer foram celebrados? De pronto, denota-se a impossibilidade de comprovação do estabelecimento, de acordo com a legislação pertinente, de objetivos ou metas a serem atingidos pelos beneficiários da participação em questão, uma vez que deveriam ser realizados antes mesmo da celebração dos acordos que lhes dariam origem. Além do mais, constatando que os instrumentos de negociação não expunham objetivamente as metas a serem cumpridas, a Fiscalização requisitou informações complementares: Diante da impossibilidade de conhecimento das metas a serem cumpridas para o recebimento da PLR diretamente nos seus instrumentos de negociação, durante a auditoria foi solicitada a apresentação do Sistema Interno de Metas e Avaliações, denominado My Performance, constante da Cláusula Terceira do Anexo I. Segundo tal anexo, esse sistema, que envolve todos os funcionários em cargos de negócio, Fl. 700DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 gerenciais e não-gerenciais, contém as avaliações em função das quais os ratings individuais para pagamento da PLR são estabelecidos. Prestadas as informações pelo Contribuinte e tendo analisado-as, assim as avaliou a Fiscalização (ressalvando a falta de constatação de interveniência do sindicato da categoria): Pois bem, nenhuma das correspondências apresentadas comprova o estabelecimento prévio de metas individuais pelos Acordos de PLR. Os e-mails exibidos durante a auditoria demonstram inclusive que os objetivos são definidos pelos próprios empregados, os quais posteriormente os discutirão com seus gestores, e que tais procedimentos ocorreram anteriormente às assinaturas dos respectivos Acordos Coletivos de PLR, não constando dos mesmos e sem que da negociação tenha participado um representante do sindicato da categoria, como previsto em lei. Além disso, para o ano calendário de 2012, vemos inclusive que a Revisão Semestral deu-se, ela também, antes da celebração do acordo coletivo que a rege. Ressalva e reitera a falta de fixação dos “objetivos que deverão ser atingidos para que o empregado se torne beneficiário da participação. Conclui, assim, que não estaria atendido o requisito legal que exige o prévio estabelecimento de “regras claras e objetivas. Os instrumentos de negociação em apreço não apontam em momento algum os objetivos que deverão ser atingidos para que o empregado se tome beneficiário da participação. Fala-se sim reiteradamente em cumprimento de metas e resultados, em avaliação de desempenho, mas não se apresentam em nenhum momento as regras que permeiam esses conceitos, sendo impossível de se conhecer qual o esforço que será necessário o empregado empreender para receber a verba aqui estipulada, bem como a forma como será avaliado para tanto. Diante do exposto, não há como se falar em regras claras e objetivas, ou seja, de metas pré-estabelecidas pelos acordos que regulam o pagamento da Participação nos Lucros no caso presente. Constata-se que é o próprio empregado que define, antes mesmo da celebração dos acordos de PLR, os objetivos que farão parte de seu instrumento de avaliação, afrontando de modo viral a legislação específica sobre a matéria, a qual especifica claramente que as metas devem fazer parte de instrumentos de negociação, entre empregados e empresa, celebrados previamente e com a participação de um representante do sindicato da categoria, as quais visem incentivar a produtividade!! Nestas circunstâncias, a Fiscalização avalia, então, os procedimentos do Contribuinte, em face das pertinentes exigências legais: Sabemos que a legislação específica estabelece que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante comissão escolhida pelas partes e integrada por representante do sindicato ou por convenção/acordo coletivo, ou seja, não é possível que metas sejam definidas a posteriori, pelo empregado, ou mesmo entre empregado e gestor, ou que, devido a fatos supervenientes, valores, critérios e formas de distribuir a participação sejam posteriormente regulamentados fora do instrumento original de negociação entre as partes e sem a participação sindical. Passa, então, a abordar a existência de estipulações que se referem a “metas individuais, de área e globais”, questionando e concluindo: A mesma Cláusula Terceira do Anexo I estabelece que anualmente será realizada uma Avaliação de Desempenho, a qual levará em conta aspectos de performance, dentre os quais o cumprimento de metas individuais, de área e globais. Ora, os Acordos de PLR em tela resumem-se à simples citação da existência de metas individuais, metas de área e metas globais. Podemos, conquanto, nos perguntar: Quais as metas individuais a serem atingidas? Quais os critérios de avaliação a serem utilizados? Quais os mecanismos de aferição do cumprimento de tais metas? Ou ainda: Quais são as áreas de atuação? Quais são as metas a serem atendidas em cada área? Quais as metas globais a serem atingidas? Quais os mecanismos de aferição quantitativos e qualitativos das metas globais e de área? Quais os critérios de avaliação Fl. 701DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 do cumprimento das metas? Pois bem, os acordos aqui tratados não respondem a nenhuma das nossas indagações. Eles não apontam as informações necessárias para que o empregado conheça os objetivos a serem atingidos, os critérios de avaliação e os mecanismos de aferição que possibilitaram o recebimento do benefício. A Fiscalização buscou, então, analisar o que seriam as “Avaliações de Desempenho Individual”, requisitando, para tanto, as informações e documentos pertinentes. Recebidas os documentos correspondentes, a Fiscalização assim avaliou a situação: Tendo sido intimado a apresentar uma amostragem das Avaliações de Desempenho Individual que deram origem aos pagamentos de PLR realizados durante o exercício de 2012, citadas no referido Anexo I, o banco exibiu os originais e respectivas traduções juramentadas das Avaliações Finais de 2011 e 2012 dos empregados cujos nomes iniciam-se pelas letras “A ”, “N” e “S”. Na parte inicial das Avaliações de Desempenho exibidas encontra-se o nome do empregado, o nome do gerente principal, a fase da avaliação (final de ano 2011 ou final de ano 2012), a situação do documento (se o gerente “completou” e “declarou final”) e a data final declarada. Em seguida são dispostos os objetivos individuais, divididos em Objetivos de Contribuição e Objetivos de Competência. A seção Objetivos de Contribuição inicia-se com uma nota de avaliação do gerente (Contribuição Total Avaliação do Gerente) e uma nota de autoavaliação pelo empregado (Contribuição Total Autoavaliação). A seguir aparecem os comentários do gerente (Comentário Geral do Gerente) e do funcionário (Comentário da Contribuição Geral do Funcionário), quando existentes. No caso de haver ainda um gerente avaliador adicional, seu nome e comentário será aqui realizado (Gerente Avaliador Adicional - Comentário sobre a Contribuição). Lembramos que tais objetivos de contribuição e de competência não são citados nos Acordos de PLR e seus anexos. Para cada um dos Objetivos de Contribuição são apontados os subitens seguintes: Objetivo, Medição, Atividade/Autoavaliação (nem sempre presente), Situação, Prioridade e Data-alvo. O número de objetivos por empregado é bastante variável, não sendo possível compreender a razão de alguns possuírem uma dezena deles e outros um ou até nenhum. A seção seguinte, Objetivos de Competência, inicia-se com uma nota de avaliação do gerente (Competência Geral Avaliação do Gerente) e uma nota de autoavaliação pelo empregado (Competência Geral Autoavaliação). A seguir aparecem os comentários do gerente (Comentário Geral do Gerente) e do funcionário (Comentário da Contribuição Geral do Funcionário), quando existentes. No caso de haver ainda um gerente avaliador adicional, seu nome e comentário será aqui apontado (Gerente Avaliador Adicional - Comentário sobre a Competência). Em continuação aparecem os subitens: Abordagem Proativa, Comportamento com Princípios, Parceria, Liderança de Pessoal e Habilidades Profissionais. No início de cada um desses subitens temos a nota recebida do gerente (Avaliação do Gerente) e do próprio empregado (Autoavaliação). Salientamos que não é possível conhecer a natureza de tais subitens e que os mesmos não são mencionados nos Acordos de PLR e seus Anexos. Cada subitem apresenta ainda colunas com os critérios de avaliação utilizados para as cinco possíveis notas a serem obtidas, a saber: C - Insatisfatório, B - Precisa Desenvolver, A - Forte, AA - Excelente e AAA - Excepcional. Ao término dos subitens dos Objetivos de Competência aparece a nota final percebida: Desempenho Global Avaliação e Desempenho Global Autoavaliação, esta última por vezes em branco. Lembramos que tais critérios de avaliação e suas descrições não são encontrados nos Acordos de PLR, nem de seus Anexos. Analisando o procedimento de avaliação apresentado, a Fiscalização assim o avaliou: Não puderam ser localizadas, em nenhum local das Avaliações de Desempenho, as assinaturas dos avaliados e dos avaliadores, nem as datas em que os objetivos foram Fl. 702DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 propostos, as datas das avaliações ou as datas de conhecimento da avaliação pelos avaliados. Existe somente no início do formulário a ‘Data Final Declarada ”, que supomos ser a data de encerramento da avaliação. Ademais, não são esclarecidas as naturezas dos Objetivos de Contribuição e dos Objetivos de Competência, os quais não se encontram citados nos Acordos Coletivos de PLR, nem de seus Anexos. Outrossim, não nos foi possível conhecer pelos formulários os mecanismos de aferição dos Objetivos de Competência. De igual forma, não são apontados os critérios de avaliação dos Objetivos de Contribuição. Por sua vez, os mecanismos de aferição dos Objetivos de Contribuição e os critérios de avaliação dos Objetivos de Competência, constantes dos formulários exibidos, não se encontram consignados nos Acordos Coletivos de PLR e seus Anexos. Além de tudo, as Avaliações de Desempenho Individual de 2011 e 2012, apresentadas durante a auditoria, não evocam em nenhum momento a existência e correspondente avaliação de metas das áreas e/ou metas globais, como consta explicitamente dos Acordos Coletivos de PLR. Em contrapartida, das avaliações apresentadas consta o componente da Autoavaliação, sobre o qual não há referência nos Acordos de PLR, não sendo possível desta forma saber de sua possível influência no cálculo da participação em questão. Observa-se pela descrição dos Objetivos de Contribuição, constantes das referidas Avaliações de Desempenho, como os transcritos a seguir, que estes são definidos pelos próprios empregados, sendo que muitas vezes são compostos de frases escritas em primeira pessoa. Ademais, diversas das metas apontadas são de caráter eminentemente subjetivo. Vejamos: (...). Então, a Fiscalização passa a analisar a formalização da avaliação que teria sido realizada em caso. Novamente registra a ocorrência da formalização de critérios claros e objetivos: Salienta-se que não foram observadas mudanças qualitativas ou quantitativas de relevo nas metas encontradas nas Avaliações de Desempenho, relativas aos anos-base 2011 e 2012, apresentadas à auditoria. Na maioria dos casos os objetivos para cada empregado continuaram os mesmos com o passar do tempo. Verifica-se que, na documentação acima descrita, não há comprovação das datas de fixação e de conhecimento das metas ou objetivos por parte dos beneficiários da PLR. Além disso, não existe a confirmação da data de conhecimento do resultado da avaliação pelo avaliado. Não constam, igualmente, o cálculo da PLR, nem o valor da PLR a ser recebida. Verifica-se a existência de locais destinados a comentários do gerente e do colaborador, mas que, muitas vezes, encontram-se em branco. Não são encontradas igualmente as assinaturas do avaliado e do avaliador. Invoca, então, a Fiscalização, nova decisão do CARF (Acórdão 2202- 003.438, 2 a Turma Ordinária da 2 a Câmara, de 14/06/2016), do qual transcreve: De fato, o sistema empregado para pagamento da PLR através de “programas próprios ” envolvia a fixação de metas, negociadas entre empregados e gestores, usando um sistema eletrônico interno de comunicação. Essa negociação ocorria no início de cada ano e os empregados conheciam suas metas, isso é corroborado pelas três testemunhas, mas parece-me cristalino que não havia qualquer participação de representante sindical, mesmo evidenciada pelo método empregado na negociação. Essa negociação, a meu ver, estaria ferindo o disposto no inciso I, do art. 2° da Lei n° 10.101, de 2000 e também vai contra a tese do recorrente de que não pagava qualquer PLR na forma de tal dispositivo, encontrando-se seus “dois planos” incluídos no inciso II. Se, comprovadamente, havia uma negociação individual, que era registrada em sistema próprio, acompanhada ao longo do ano por empregado e gestor, como dizer que a mesma era resultado de convenção coletiva ou acordo coletivo, se para cada empregado, de cada setor, havia regras distintas, como atestaram as testemunhas. Onde está o “coletivo ”? Onde está a participação sindical? (gn) Fl. 703DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Cite-se: Acórdão n° 2301-004.053 - 3a Câmara / la Turma Ordinária, Sessão de 14/05/2014 PLR SEM PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO. INDEVIDO. O PLR que não conta com participação do sindicato da categoria não se encontra na regularidade. Ainda que o sindicato manifeste formalmente a sua discordância na votação dos membros que comporão a representatividade da categoria, ele é obrigado a participar das reuniões e de todas as formalidades. Caso ocorra recusa há como ser compelido a pronunciar, seja pelo Ministério Público do Trabalho ou pelo Judiciário, (gn) Contribuinte que não esgota todos os viés para compelir o sindicato a participar formalmente do PLR possui culpa, razão pela qual não deverá ter seu plano considerado como regular. Só posso concluir que esses pagamentos eram um bônus de eficiência, um prêmio ao funcionário que atingia meta a ele estabelecida. Nada tinha a ver com acordo coletivo, nada tinha a ver com a categoria dos bancários. Não vejo aqui um “instrumento de integração entre o capital e o trabalho” previsto no caput do artigo 1° da Lei n° 10.101/2000. Complementando, ressalva a falta de clareza e critérios na demonstração da “medição” dos “Objetivos de Contribuição” (seguem algumas anotações registradas no respectivo documento, para evidenciar a falta de clareza): 5.51 Em relação aos mecanismos de aferição das metas estabelecidas, os formulários apresentados possuem o campo medição para os Objetivos de Contribuição, o qual normalmente encontra-se preenchido com frases nas quais é impossível de se identificar o real mecanismo de aferição. Em alguns casos tais campos exibem mecanismos subjetivos ou ainda inexistentes. No caso dos Objetivos de Competência não são apontados os mecanismos de aferição dos mesmos. Vejamos a seguir alguns dos mecanismos de aferição apontados nos Objetivos de Contribuição: Chego ao local dos eventos antes da administração, banqueiros e convidados, para supervisionar a disposição das mesas, a mesa de recepção, os equipamentos de áudio e vídeo, e para testar o CD de apresentação antecipadamente. Tem surtido bons resultados. A equipe tem tomado decisões importantes em suas tarefas. Feedback da equipe via 360 e outros canais. Estarei de posse das exigências/normas de qualidade claramente definidas e documentadas (de acordo com as Dimensões de Qualidade) entre eu mesmo/minha equipe e meus/nossos fornecedores e recebedores. Políticas e Procedimentos criados e atualizados no sharepoint e divulgados para os envolvidos. (...) Para corroborar seu entendimento, faz referência e transcreve mais outra decisão do CARF (Acórdão n° 9202-004.307, 2 a Turma, 20/07/2016). A seguir, acrescenta novas ressalvas aos critérios determinantes das “Avaliações de Desempenho” (seguem, também, alguns exemplos do que a Fiscalização considera “encargos regulares, rotineiros e ordinários dos empregados, ou seja, tarefas decorrentes do contrato de trabalho”): De mais a mais, nas Avaliações de Desempenho para cada objetivo traçado existe a indicação de “prioridade ”, sendo que em nenhum momento dos Acordos Coletivos e seus Anexos se explica o que vem a ser essa “prioridade ”, quais seus graus e como é utilizada. Fl. 704DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Indispensável salientar que os objetivos ou metas apontados, nas referidas Avaliações de Desempenho, na maior parte das vezes, nada mais são do que encargos regulares, rotineiros e ordinários dos empregados, ou seja, tarefas decorrentes do contrato de trabalho, tais como as abaixo destacadas: Reuniões normais individuais com subordinados diretos sobre Aprendizado, Desenvolvimento de Carreira e todos os objetivos acordados. Reuniões normais de equipe para distribuir informações de forma tempestiva. Discussões para definição de objetivos significativos com os subordinados diretos. Supervisionar os eventos externos, como almoços de apresentação da Administração no Rio e São Paulo. Acompanhar a troca da tubulação de ferro (deteriorada) por tubulação de PVC do sistema de sprinklers dos 4 andares do CS. Orientar e acompanhar as atividades dos aprendizes na manutenção. (...) Complementa, assim, o que se poderia considerar falta de fixação de critérios objetivos na determinação do direito ao PLR: De mais a mais, o próprio Parágrafo Primeiro da Cláusula Terceira do Anexo I aos Acordos Coletivos de PLR de 2011 e 2012 estabelece que são considerados elementos relevantes na avaliação dos empregados aspectos como cumprimento de normas regulamentares e procedimentos internos, senioridade, assiduidade, compromisso com objetivos departamentais e globais da empresa, os quais são meros encargos habituais dos trabalhadores da empresa. A Fiscalização expõe, então, quais seriam os fundamentos lógicos, capazes de distinguir remuneração de participação nos lucros e resultados, justificando a isenção de contribuições previdenciárias sobre a parcela paga a tal título: Como visto anteriormente, a Participação nos Lucros ou Resultados visa o alinhamento das estratégias organizacionais com atitudes e desempenho dos empregados, permitindo uma maior participação e empenho dos trabalhadores na produtividade da empresa, participação esta que deve ser além do seu esforço ordinário decorrente do contrato de trabalho, proporcionando, consequentemente, atração, retenção, motivação e comprometimento dos colaboradores na busca de melhores resultados empresariais. Sendo um instrumento de integração entre capital e trabalho, bem como de estímulo à produtividade das empresas, busca-se por meio da regra isentiva proporcionar vantagens competitivas às empresas que regularmente implementem mecanismos efetivos de integração e participação de seus empregados, sem que com isso haja substituição da remuneração devida. Decorre daí a norma de desvinculação do pagamento da PLR da remuneração em geral. Tal incentivo à produtividade dá-se mediante o pagamento de um valor adicional à remuneração do empregado, além do salário e demais benefícios regulamente recebidos por este, como uma forma de estimulá-lo a um desempenho acima do ordinário e inerente ao contrato laborai. Desta feita, faz- se necessário que a PLR retrate um objetivo extraordinário a ser atingido pelo trabalhador. Ora, o desempenho regular, rotineiro e ordinário do empregado, o qual é decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário, enquanto que o desempenho extraordinário, visando atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa e que excedam aos resultados históricos, é remunerado por intermédio da PLR, em valores anteriormente fixados nas negociações coletivas. Observa-se, outrossim, que a Nota 2 ao Parágrafo Segundo da Cláusula Terceira do Anexo I determina que a apuração dos pontos será realizada por área, dividindo-se o montante total da PLR destinado àquela área pela soma dos pontos atribuídos aos Fl. 705DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 funcionários lotados nela. Ademais, a Cláusula Quarta do Anexo I estabelece que o valor total de PLR a ser distribuído será definido pela Diretoria dos Bancos, levando em conta o comportamento do mercado no período e o desempenho do conglomerado financeiro. Contudo, em nenhum momento os Acordos de PLR e seus anexos apontam a forma como será realizada a divisão do montante total pelas diferentes áreas, impossibilitando, dessa forma o cálculo pelo empregado de quanto irá ganhar. Diante de tais circunstâncias, expõe seu entendimento acerca das práticas e critérios adotados pelo Contribuinte: Diante do exposto, não encontramos nos Acordos de PLR ora tratados a fixação das regras claras e objetivas, isto é, dos objetivos a serem atingidos pelos empregados para a percepção do benefício, nem a fixação dos mecanismos de aferição e critérios de avaliação do cumprimento destes. A única referência que se faz a tais objetivos, ainda que sem a comprovação da data de conhecimento destes pelos empregados, encontra-se nas Avaliações de Desempenho, feitas a posteriori dos acordos com metas definidas pelos próprios beneficiários e sem a participação de um representante sindical, sendo que tais objetivos, ainda, restam adstritos a encargos habituais dos trabalhadores, ou seja, sem que haja a recompensa dos colaboradores pela superação e performance aplicada na busca dos resultados organizacionais. Patente que o direito ao recebimento da verba em questão dependia, tão somente, do empenho ordinário, usual e cotidiano do empregado, decorrente diretamente do contrato de trabalho comum, inexistindo nos acordos de PLR qualquer viés de incentivo à produtividade que justificasse a Participação dos empregados nos Lucros ou Resultados da empresa, nas circunstâncias encantadoras da Lei n° 10.101/00. Resta manifesto que o sistema acima descrito, e empregado pelo banco no pagamento da PLR, nada mais é do que uma avaliação que servirá mecanismo gerencial e como referência para o pagamento de remuneração variável em geral. Estamos diante, portanto, de um sistema de avaliação para pagamento de remuneração variável e não de um conjunto de regras estabelecidas de acordo com a legislação específica para a PLR. Não há, portanto, como se falar em regras claras e objetivas, em metas pré- estabelecidas pelos acordos que gere o pagamento da Participação nos Lucros no presente caso, afrontando de modo virai a legislação específica sobre a matéria, a qual especifica claramente que as metas devem fazer parte de instrumentos de negociação, entre empregados e empresa, celebrados previamente com a participação sindical!! Vale-se de outra decisão do CARF (Acórdão n° 2401-004.036, 4 a Câmara da I a Turma Ordinária, 26/01/2016). Ainda se referindo à “Avaliação de Desempenho ” destaca o que considera fora do “mundo dos objetos ” e “nitidamente abstratos Em prosseguimento à análise, já foi anteriormente ressaltado que, em muitos casos, as metas ou objetivos, apontados a posteriori por intermédio das Avaliações de Desempenho, não se referem ao mundo dos objetos, sendo nitidamente abstratos, contrariando a exposição precedente sobre as exigências legais nesse aspecto. O mesmo pode se dizer de alguns dos critérios de aferição apontados nessas avaliações, os quais demonstram-se manifestamente subjetivos, além de carecerem de clareza na determinação, como os seguintes: Tem pouco interesse em novas ideias, problemas ou experiências. Mostra ímpeto, paixão e atitude de “posso fazer” de fora consistente. Desafia o status quo e contribui de forma consistente para a mudança. Geralmente tem integridade pessoal mas, às vezes, pode não demonstrar o melhor julgamento sobre como suas ações são percebidas ou quais riscos poderiam representar. E autêntico(a) e cândido(a) em tudo que faz: não tem medo de falar abertamente, cuida muito bem da reputação do banco. (...). Fl. 706DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Transcreve, a seguir, doutrina a respeito: Da pena de Sérgio Pinto Martins retiramos valioso comentário a respeito da subjetividade dos critérios, ipsis verbis Os critérios da participação nos resultados não poderão ficar sujeitos apenas a condições subjetivas, mas objetivas, determinadas, para que todos as possam conhecer e para que não haja dúvida posteriormente sobre se o empregado atingiu o resultado almejado pela empresa. (Participação dos Empregados nos Lucros das Empresas, São Paulo: Atlas, 1999, p. 150). Retoma a discussão dos requisitos legais da caracterização do PLR, acentuando a exigência de prévio estabelecimento de critérios claros e objetivos, assim como a interveniência de representante da classe trabalhadora, concluindo acerca do que considera falta de cumprimento dos requisitos legais: Sabemos que a legislação específica demarca que a Participação nos Lucros ou Resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante comissão escolhida pelas partes e integrada por representante do sindicato ou por convenção/acordo coletivo, ou seja, não é possível que, metas sejam definidas a posteriori, entre empregado e gestor, ou que, devido a fatos supervenientes, valores, critérios e formas de distribuir a participação sejam posteriormente regulamentados fora do instrumento original de negociação entre as partes. Da leitura dos acordos, que aprovam o Programa de Participação nos Lucros ou Resultados em apreço, é impossível a qualquer empregado conhecer de antemão não só as metas individuais necessárias ao recebimento da PLR, bem como os critérios de sua avaliação individual, os mecanismos de aferição ou os valores a que terá direito, tamanha a carga discricionária prevista no processo. Os trabalhadores poderão se questionar. Quais são as metas globais necessárias para o recebimento do benefício? Quais as metas da minha área de atuação que deverão ser alcançadas? Quais as minhas metas individuais para obter o direito à PLR? De que forma serei objetivamente avaliado? Como o resultado da avaliação de desempenho terá impacto na PLR a receber? Quanto de PLR vou receber? Diante da inexistência de respostas às indagações acima, denota-se, a impossibilidade de identificar, nos instrumentos decorrentes da negociação, as citadas regras pertinentes à fixação e cumprimento do acordado. A falta de todas essas informações inviabiliza o conhecimento prévio do empregado do esforço que deverá dispender para receber a PLR, em confronto com as determinações legais. Isto posto, não se pode falar aqui da existência de regras claras e objetivas, nem de conhecimento prévio das metas a serem atingidas e dos critérios objetivos de avaliação e mecanismos de aferição que deverão ser utilizados. Salienta-se, ainda, que a existência de uma Avaliação de Desempenho apenas demonstra que foram estabelecidas metas entre os empregados e seus gestores e que foram realizadas avaliações individuais, mas não que os critérios mensurados foram negociados e pactuados previamente com os empregados, com a devida participação de um representante sindical. Ademais, ainda que houvessem sido fruto de negociação prévia, os objetivos expressos nas avaliações apresentadas demonstraram-se desadequados ao enquadramento dos acordos aos fundamentos legais, eis que restritos ao cumprimento de quesitos ordinários da relação laborai, além de compreenderem certos critérios de natureza claramente subjetiva. Ante o exposto, vemos que do Plano de PLR em apreço não consta a determinação detalhada das metas a serem atingidas e os respectivos critérios objetivos de avaliação e mecanismos de aferição. Não se sabe nem como o alcance dos objetivos impactará o cálculo da participação. Tal quadro inviabiliza o conhecimento prévio do empregado do esforço que deverá dispender para receber a PLR, em confronto com as determinações legais. Por conseguinte, não se pode falar aqui da existência de regras claras e objetivas, nem de conhecimento prévio das metas a serem atingidas e seus critérios de avaliação. Fl. 707DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Vale-se novamente de manifestações doutrinárias, destacando a exigência de critérios claros e objetivos e a natureza do instituto legal (integração do trabalho e do capital). Então, faz seu balanço das constatações: 5.83 Isto posto, verifica-se que o banco remunerou seus empregados a título de Participação nos Lucros e Resultados em desacordo com a lei específica, posto que os acordos utilizados não incentivam a produtividade, vez que não preveem regras claras e objetivas para o pagamento da participação, as metas a serem atingidas pelos beneficiários, nem seus mecanismos de aferição e critérios de avaliação, além de estabelecerem a existência de uma parcela mínima obrigatória de PLR de igual valor para todos os empregados e sem relação com qualquer plano de metas. Os objetivos são definidos diretamente pelos próprios empregados nas Avaliações de Desempenho, sem a participação do representante sindical, sem reproduzir metas previamente estabelecidas no corpo dos Acordos de PLR, e sendo, em geral, compostos de encargos regulares decorrentes dos contratos de trabalho, não contendo a especificação de qualquer fim extraordinário a exigir o esforço adicional dos trabalhadores, sendo ainda de caráter subjetivo em alguns casos. Ademais, os mecanismos de aferição e critérios de avaliação, encontrados somente nas Avaliações de Desempenho e não nos Acordos de PLR, apresentam caráter eminentemente subjetivo. Transcreve novos Acórdãos do CARF. Passa, então, a tratar do denomina “problemas gerais” dos documentos que formalizaram o PLR. Fixação de critérios de determinação do PLR - aspecto temporal. Ressalva a exigência legal de que a negociação deve ser estabelecida e concluída previamente em relação ao período de aquisição do respectivo direito: Primeiramente merece atenção a celebração dos instrumentos de negociação. Observa- se que os Acordos Coletivos de PLR em 2011 e 2012, bem como as Convenções Coletivas de PLR dos Bancos em 2011 e 2012, em análise, foram todos assinados retroativamente ao início de seus anos base e um dos pontos importantes a ser tratado aqui é exatamente o da vigência de tais acordos, haja vista que o dispositivo legal determina que a participação será objeto de negociação prévia e que suas regras serão previstas no instrumento decorrente dessa negociação. Extrai-se da legislação pertinente que o pagamento de Participação nos Lucros ou Resultados tem como essência uma retribuição pela colaboração do empregado na obtenção de um lucro ou realização de um resultado previamente pactuado. Logo, uma negociação entre empresa e seus empregados faz-se necessária para que haja harmonia com o objetivo legal de contribuir para uma melhoria das relações entre capital e trabalho. Ressalvando que ambos os acordos (relativos aos anos de 2011 e 2012) foram assinados apenas em julho dos respectivos anos e destaca, inclusive, que a CLT, nos termos dos artigos 614 e 615 determina, quanto à vigência dos acordos e convenções coletivas: Art. 614 - Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do mesmo, para fins de registro e arquivo, no Departamento Nacional do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e Previdência Social, nos demais casos. (Redação dada pelo Decreto-lei n° 229, de 28.01.1967) § 1° As Convenções e os Acordos entrarão em vigor 3 (três) dias após a data da entrega dos mesmos no órgão referido neste artigo. (Redação dada pelo Decreto- lei n° 229, de 28.01.1967) (..). Art. 615 (...) Fl. 708DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 § 1° O instrumento de prorrogação, revisão, denúncia ou revogação de Convenção ou Acordo será depositado para fins de registro e arquivamento, na repartição em que o mesmo originariamente foi depositado observado o disposto no art. 614. (Incluído pelo Decreto-lei n° 229, de 28.01.1967) § 2° As modificações introduzidas em Convenção ou Acordo, por farsa de revisão ou de revogação parcial de suas cláusulas passarão a vigorar 3 (três) dias após a realização de depósito previsto no § 1°. (Incluído pelo Decreto-lei n° 229, de (gn) E assim, conjugando as exigências legais, até então abordadas, resume: 5.97 Desta feita, os instrumentos decorrentes das negociações devem ser formalizados antes do ano base, devendo deles constar, de forma clara e objetiva, as metas, os resultados, prazos, critérios e condições que, se implementados, darão aos empregados o direito de receber a verba desvinculada da remuneração. Afinal, se assim não fosse, indagar-se-ia sobre a utilidade e eficácia das regras contidas na legislação, não bastando, tão somente, a existência de um acordo. Ressalva (e transcreve) a existência de decisões da Justiça do Trabalho manifestando-se contra a retroatividade de condições estabelecidas em acordos e convenções coletivas de trabalho e do CARF, acerca da exigência da prévia formalização dos documentos, em relação ao respectivo período a que se refere à PLR. Concomitância de pagamentos a título de PLR. A Fiscalização discute, também, a prática de pagamentos de PLR com mais de um fundamento, como convenção ou acordo coletivo e acordo próprio, destacando as distorções, abusos e simulações que podem eventualmente ser praticadas: 5.107 Durante a auditoria, o banco foi intimado a esclarecer se, na prática, ocorreu a compensação entre a Participação nos Lucros ou Resultados relativa aos Acordos Coletivos de PLR em 2011 e 2012 com aquela decorrente das Convenções Coletivas em 2011 e 2012, tendo respondido, por intermédio de Carta-Protocolo, de 21 de junho de 2016: Não houve compensação entre Planos de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) no período sob análise. (..). Ora, a Lei n° 10.101/00 não deixa margem a dúvidas e o pagamento de PLR com base em dois acordos concomitantemente encontra-se em desacordo com seus preceitos, devendo incidir, desta feita, Contribuição Previdenciária sobre a totalidade dos pagamentos realizados. Em continuidade ao expendido, lembramos que um dos dispositivos legais mais importantes nesse tema é aquele que determina que a Participação nos Lucros ou Resultados não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado. Essa disposição legal demonstra claramente a preocupação do legislador em não permitir que a PLR fosse utilizada em substituição de parcela salarial. No caso dos acordos ora questionados, foram apontados, por amostragem, no Demonstrativo PLR x Salário Anual 2012, dados através dos quais é possível notar a existência de diferentes “castas” de empregados no que tange ao recebimento da PLR devido a uma grande diferença de valores recebidos. Em relação aos pagamentos ocorridos durante o ano de 2012, verifica-se que a porcentagem de PLR em relação ao salário anual vai de 3,13% a 128,32%. Há que se observar ainda o montante altíssimo pago a determinados beneficiários. Tais valores apontam a mais de 120% de seus salários anuais, apesar de já termos visto que a PLR não deve substituir ou complementar a remuneração dos empregados. Nítidos aqui o caráter retributivo e a substituição salarial. Ademais, atenta-se que muitos empregados recebem valores muito altos em relação à sua remuneração anual, na forma de PLR, sem a incidência de Contribuições Previdenciárias. E evidente que tais pessoas não estão prestando serviço por conta do salário “oficial” que recebem e sim pelos valores exorbitantes disfarçados de Participação nos Lucros ou Resultados. Fl. 709DF CARF MF Fl. 14 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 E constata, em relação à prática de valores a título de PLR em valores até mesmo superiores ao salário nominal: E consenso que os profissionais do mercado financeiro são remunerados pelo sucesso nas operações que realizam. Nesse sentido, muitas vezes a remuneração variável passa a ser muito mais relevante do que o salário contratual. Ocorre que, quando a suposta Participação nos Lucros ou Resultados paga pela empresa aos seus funcionários sobrepuja e é tão ou mais relevante do que o próprio salário contratado com a empresa, resta evidenciada a existência de substituição de parcela salarial. Disparidades de valores pagos a título de PLR. Ataca, também, a disparidade de valores pagos a empregados de uma mesma empresa: Diante de um quadro como o apresentado e das disposições legais sobre o tema, algumas questões ficam no ar. Qual a justificativa da empresa para o pagamento de Participação nos Lucros ou Resultados de forma bastante desigual entre seus colaboradores? Um pagamento dispare como esse pode ter por fim de integração entre o capital e o trabalho e incentivo à produtividade? O que os empregados que pouco recebem acham dos valores recebidos pelos outros colegas? Sentem-se eles devidamente incentivados conhecendo da existência de um fosso entre os empregados da mesma empresa? Seriam tais valores realmente participação nos lucros ou uma forma de complemento salarial? Ora, o fundamento da PLR é a contribuição direta que de um lado os empregados e de outro a empresa possam ter para o desenvolvimento desta última, por intermédio de obtenção de lucros ou resultados que passam a ser almejados por ambas as partes. Tal entendimento fica claro na redação do artigo 218, §4° da Constituição Federal de 1988, a qual preconiza que . . .a lei apoiará e estimulará as empresas (...) que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. Desta feita, não se evidencia aqui base legal que justifique uma distribuição de forma tão desigual entre os empregados ou a distribuição de valores tão signiflcantes. A PLR não admite critérios subjetivos de distribuição, haja vista que visa o incentivo da produtividade e não premiar determinados colaboradores em detrimento de outros, a não ser por critérios objetivos de aferição. Menciona decisões judiciais e administrativas que abonam esta tese. Resume as premissas de que valeu para descaracterizar os correspondentes pagamentos como PLR: Em resumo, o pagamento da Participação nos Lucros ou Resultados em apreço não observou o conjunto das regras estabelecidas pela Lei n° 10.101/00, tendo sido verificado pela auditoria: Ausência de Incentivo à Produtividade (garantia de parcela mínima fixa; não pactuação prévia de metas, mecanismos de aferição e critérios de avaliação; objetivos definidos a posteriori pelos próprios empregados, sem a participação sindical, constituídos de encargos ordinários decorrentes do contrato de trabalho, e com critérios de avaliação de caráter subjetivo; distribuição altamente desigual entre beneficiários); Retroatividade dos Instrumentos de Negociação (não pactuação prévia das metas, mecanismos de aferição e critérios de avaliação diretamente pelos acordos de participação; definição das metas a posteriori pelos próprios empregados sem participação sindical); Ausência de Regras Claras e Objetivas (não estipulação de metas, mecanismos de aferição e critérios de avaliação diretamente pelos acordos de participação; definição das metas a posteriori pelos próprios empregados sem participação sindical; utilização de objetivos rotineiros e ordinários na definição de metas; presença de critérios subjetivos de avaliação; garantia de parcela mínima fixa); Fl. 710DF CARF MF Fl. 15 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Substituição ou Complementação dos Salários (distribuição de participação em valores relevantes em relação à remuneração dos trabalhadores, chegando mesmo a sobrepujá- la); Pagamento por Múltiplos Instrumentos (utilização de diversos instrumentos de negociação sem que haja compensação). Esclarece os critérios determinantes dos valores considerados: 5.125 Isto posto, sendo a Participação nos Lucros ou Resultados um conceito único e tendo os problemas acima expostos atingido os diferentes instrumentos de negociação, quais sejam Acordos Próprios e Convenções Coletivas, todos os pagamentos baseados nesses instrumentos encontram-se em desacordo com a legislação específica e foram incluídos no presente lançamento. (...). No caso em tela, os valores pagos aos segurados empregados a título de Participação nos Lucros ou Resultados não foram declarados em GFIP e sobre eles não foram recolhidas as devidas Contribuições Previdenciárias, caracterizando-se, dessa forma, o descumprimento da legislação pertinente. Os montantes discriminados individualmente são apontados no Demonstrativo de Pagamentos de Participação nos Lucros ou Resultados por Beneficiário 2012, tendo sido obtidos a partir de informações constantes em planilhas fornecidas pela empresa ora notificada. As rubricas de pagamento das participações e as contas contábeis nas quais encontram-se escrituradas são apresentadas no Demonstrativo PLR Empregados: Rubricas da Folha de Pagamento x Contas Contábeis. Tais dados foram extraídos e confirmados através das folhas de pagamento e da contabilidade do sujeito passivo, entregues no formato de arquivos digitais. Os valores lançados encontram-se demonstrados nos campos próprios do Demonstrativo de Apuração. A Fiscalização conclui, prestando outras informações gerais, acerca da auditoria fiscal, inclusive sobre existência de anexos e demonstrativos; sobre documentos e elementos que serviram de base e demais informações acerca do encerramento dos trabalhos e formalização da notificação ao Contribuinte. A decisão de primeira instância restou ementada nos termos abaixo (fls. 524/568): PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. A participação nos lucros e resultados, realizada nos termos do inciso XI do artigo 7° da CF, constituindo instrumento de integração entre o capital e o trabalho, para incentivar a produtividade, está sujeita aos requisitos constantes da Lei 10.101/2000, dentre os quais a prévia formalização de acordo, do qual devem constar regras claras e objetivas. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. VIABILIDADE LEGAL. A incidência de juros de mora sobre a multa de oficio, na hipótese de não pagamento do crédito tributário no devido prazo legal, é perfeitamente viável, em face das pertinentes disposições legais. Em face da referida decisão, da qual foi cientificada em 08/06/2017 (fl.573), a contribuinte manejou Recurso Voluntário (fls. 576/661) em 06/07/2017, alegando, em síntese, que: 1) Não obstante o Acordo Coletivo de Trabalho ter sido assinado em 22/07/2011, suas cláusulas já eram do conhecimento dos empregados, uma vez que se repetiam ao longo dos anos, não tendo descumprido o requisito legal de regras claras e objetivas ajustadas previamente. Não há nenhuma exigência na lei que Fl. 711DF CARF MF Fl. 16 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 estabeleça que o ajuste tem de ser prévio ao ano-base a que se refiram. Há inúmeros precedentes do CARF nesse sentido. 2) A Fiscalização considerou que a PLR foi paga com base em mais de um instrumento de negociação coletiva (CCT e ACT), o que supostamente contrariaria a Lei n. 10.101/2000, irregularidade afastada pela decisão recorrida. 3) A DRJ manteve a autuação pela falta de ajuste prévio, da inexistência de regras claras e objetivas e de participação do sindicato no programa interno denominado my performace. Em que pese ter mantido a autuação, a referida decisão somente abordou aspectos do acordo de 2011, não sendo objeto de análise as CCT/2011 e CCT/2012. 4) A CCT/2011 não analisada pela decisão recorrida, que lastreou o pagamento de janeiro/2012 previa a mera existência de lucro como incentivo à produtividade, fato de se repetiu para a CCT/2012, que lastrou o pagamento de outubro/2012. 5) Da possibilidade de PLR com base em instrumentos distintos e desnecessidade de compensação. 6) Da existência de regras clara e objetivas no Acordo de 2011 e da utilização do programa/sistema my performace. 7) Não houve disparidade na relação PLR x salário, sendo que de 165 empregados, um montante de 115 receberam PLR que não ultrapassaram 3 salários mensais. 8) A contribuição ao INCRA é indevida, como já reconheceu a Procuradora Geral da República em RE com repercussão geral reconhecida pelo STF. É o relato do necessário. Voto Vencido Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Do Mérito Da Participação nos Lucros e Resultados Considerando a matéria sob julgamento, temos a observar, preliminarmente, que a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa é um direito social de matriz constitucional, e regulada no plano infraconstitucional pela Lei n° 10.101/2000, como segue: Constituição Federal - 1988 Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: Fl. 712DF CARF MF Fl. 17 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 (...) XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) (grifos nossos) Lei n° 10.101/2000 (Texto vigente à época do Período de Apuração) Art. 1 o Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7 o , inciso XI, da Constituição. Art. 2 o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I - comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II- convenção ou acordo coletivo. § 1 o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I - índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II - programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2 o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. (...) Art. 3 o A participação de que trata o art. 2 o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) (grifos nossos) Embora a CF/88 assegure o direito dos empregados à participação nos lucros ou resultados das empresas, tal comando é de eficácia limitada, ou seja, depende de lei ordinária federal para sua aplicação plena. O legislador constituinte, ao estabelecer aquele direito social, desvinculado da remuneração, remeteu à lei ordinária o poder de disciplinar o acesso dos empregados àquele direito, definindo o modo e os limites de sua participação, bem como o caráter jurídico desse benefício para fins tributários, seja quanto à incidência do imposto de renda, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária. Assim, somente com a superveniência da Medida Provisória n° 794/1994, sucessivamente reeditada e com numeração variada até a MP 1.982-77, de 23 de novembro de 2000, convertida na Lei n° 10.101/2000, é que foram implementadas as condições indispensáveis ao exercício do direito dos trabalhadores àquela participação, desvinculada da remuneração. A Lei n° 10.101/2000, d eixa explícito que a PLR tem como um dos seus objetivos incentivar a produtividade, e o § 1° do artigo 2° determina que as regras para o pagamento da PLR devem constar do documento que fixa os termos da negociação. Ora, a concessão da PLR sem a exigência de meta a ser atingida não cumpre o objetivo de incentivar a produtividade. Fl. 713DF CARF MF Fl. 18 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Do instrumento de negociação firmado entre as partes devem constar regras claras e objetivas das condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para que ocorra o pagamento ou crédito da parcela correspondente à participação nos lucros ou resultados (direito substantivo), conforme disposto no § 1° do art. 2° da Lei n° 10.101/2000. Nesse contexto, logicamente, os trabalhadores precisam saber previamente dos critérios e condições acordados com a empresa, constantes daquele instrumento de negociação, tais como metas, resultados, índices de produtividade ou lucratividade, dentre outros, de forma que possam, de forma periódica, acompanhar e avaliar a evolução dos indicadores vinculados ao pagamento da PLR. Desta forma, na hipótese de haver outro documento detalhando as regras, ele fará parte integrante do primeiro instrumento e, da mesma forma que este, aquele também deve ser celebrado antes do início do cumprimento das condições para a PLR. Do exame dos dispositivos contidos na Lei n° 10.101/2000, temos que, afora os parâmetros nela estabelecidos, não constam regras detalhadas sobre as características dos acordos a serem celebrados, de forma que os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do art. 2°, tem liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. As disposições contidas na Lei n° 10.101/2000, nos permitem inferir, portanto, que o objeto do acordo não pode se limitar à simples concessão da parcela atinente à PLR, independentemente de fixação dos objetivos a serem alcançados. Os exemplos reportados na Lei em comento indicam que algum lucro ou resultado deve ser perseguido, de forma que a natureza jurídica específica de tal verba seja preservada. Assim, o pagamento da PLR não se constitui em mera gratificação legalmente prevista, mas em verdadeiro mecanismo de integração entre o capital e o trabalho, pois, atingidas as metas estabelecidas no acordo ou convenção coletiva, tanto os trabalhadores como os empregadores sairão beneficiados. Com as considerações acima, passa-se à análise da matéria sob o enfoque da legislação previdenciária, notadamente quanto à integração ou não da referida verba no conceito de salário de contribuição para fins de determinação da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse contexto, a Lei n° 8.212/1991, que instituiu o Plano de Custeio da Previdência Social, assim trata do conceito de salário de contribuição bem como das hipóteses de não-incidência tributária, conforme segue: Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 10.12.97) (...) § 9° Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 10.12.97) (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (...) (grifos nossos). Art.214. Entende-se por salário-de-contribuição: Fl. 714DF CARF MF Fl. 19 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 (...) § 9°Não integram o salário-de-contribuição, exclusivamente: (...) X - a participação do empregado nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (...) § 10. As parcelas referidas no parágrafo anterior, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, integram o salário-de-contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. (...) (grifos nossos) Os Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho - CCT são instrumentos de negociação e previsão de direitos reconhecidos pela Constituição Federal, mas nunca podem alterar a disciplina que a lei, previamente, traz em relação a um determinado instituto. O conhecimento da lei, inescusável que é, contorna a atividade tanto do empregador quanto dos trabalhadores, de modo que se os mesmos quiserem estipular a participação, não tributável, nos lucros e/ou resultados da empresa (PLR), devem estabelecer condições que se afinem aos postulados da norma regulamentadora, no caso, a Lei n° 10.101/2000. A Lei n° 10.101/2000 permite a livre negociação entre as partes, desde que com regras claras e objetivas quanto aos direitos substantivos (necessidade de o programa estar vinculado ao alcance do lucro ou dos resultados), e quanto às regras adjetivas (possibilidade de se aferir o cumprimento das metas da empresa, como um todo). É, portanto, um acordo prévio quanto aos direitos e quanto às obrigações. O Acórdão CARF n° 2401-00.545, de 19/08/2009, é nesse sentido: Como é sabido, o grande objetivo do pagamento de participação nos lucros e resultados é a participação do empregado no capital da empresa, de forma que esse se sinta estimulado a trabalhar em prol do empreendimento, tendo em vista que o seu engajamento resultará em sua participação (na forma de distribuição dos lucros alcançados). Assim, como falar em engajamento do empregado na empresa, se o mesmo não tem conhecimento prévio do quanto a sua dedicação irá refletir em termos de participação. É nesse sentido, que entendo que a lei exigiu não apenas o acordo prévio ao trabalho do empregado, ou seja, no início do exercício, bem como o conhecimento por parte do trabalhador de quais as regras (ou mesmo metas) que deverá alcançar para fazer jus ao pagamento. Com essas considerações, pode-se perceber que o objetivo do legislador é a integração do trabalhador na empresa, não de forma aleatória, mas efetiva, de modo que uma melhor produtividade, melhor eficiência, ou melhores índices alcançados pelo empreendimento resultem na participação dos empregados no capital social. Para tanto, a Lei 10.101/2000, pressupõe a existência de regras, as quais, efetivamente, devem ser cumpridas pelas partes. As partes acordantes são os empregados e o empregador, mas sempre com a participação do Sindicato dos trabalhadores, seja através de um representante indicado pela entidade (inciso I do artigo 2° da Lei n° 10.101, de 2000), seja por instrumento de Convenção ou Acordo Coletivo de trabalho (inciso II do referido artigo 2°). A decisão de piso afastou duas questões ventiladas no recurso e que não serão objeto de nossa abordagem, porquanto eventual entendimento diverso desse julgador não poderia alterar a decisão recorrida para prejudicar a recorrente. São elas: a possibilidade de Fl. 715DF CARF MF Fl. 20 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 concomitância de pagamentos a título de PLR lastreados em instrumentos coletivos distintos (ACT e CCT) e o recebimento de parcela fixa na ocorrência de lucro. Nesse último ponto, a decisão de piso ressaltou que a irregularidade consistiu apenas na ausência de pactuação prévia. Em relação à concomitância dos pagamentos a título de PLR, a recorrente sustenta que a decisão recorrida não se manifestou acerca dos pagamentos que tiveram como supedâneo a CCT. Em verdade, referida decisão não acolheu o entendimento da Fiscalização nesse tocante, admitindo a possibilidade de haver mais de um pagamento lastreado em instrumentos distintos, respeitando-se a compensação prevista na legislação de regência. Houve um parcial provimento da impugnação nesse aspecto, sem alteração prática no lançamento do crédito tributário, uma vez que este se manteve por outros motivos que não guardaram pertinência com os ditames estabelecidos pela Lei n. 10.101/2000. Dessa forma, entendo que a decisão de piso analisou os pagamentos efetuados pela recorrida a título de PLR, independentemente de seu instrumento, seja CCT ou ACT. Resta, pois, verificar, para as demais situações apresentada nos autos, se foram perseguidos nos acordos celebrados os ditames estabelecidos pela legislação de regência. - Participação de representante sindical nas negociações. - Existência de regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e quanto aos mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. - Os pagamentos efetuados a título de PLR excederiam “várias vezes” o salário base dos empregados, o que denotaria o caráter retributivo de tais verbas, pelo que deveriam integrar a remuneração. - Pactuação prévia. Da Participação da entidade sindical Consoante relatado, os pagamentos efetuados com base nas Convenções Coletivas de Trabalho (CCT) e Acordos Coletivos de Trabalho (ACT) apresentaram algumas irregularidades. Contudo, o principal instrumento de pagamento do PLR da recorrente, o plano próprio intitulado de My Performace, teve a participação sindical questionada pela Fiscalização, isso porque o ACT de apenas ratificar os termos do programa de My Performace. A situação descrita acima se repete para todos os instrumentos de negociação coletiva. As principais metas estipuladas e critérios de aferição estabelecidos para o pagamento do PLR constaram apenas do My Performace, sendo certo que o ACT reconhece e ratifica um modelo que não é do seu conhecimento. Resta evidente, portanto, que tal reconhecimento e ratificação não tem o condão de demonstrar que os programas próprios observaram o disposto no artigo 2°, inciso I, e §1°, incisos I e II, da Lei n° 10.101/2000: Art. 2°A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I - comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II- convenção ou acordo coletivo. Fl. 716DF CARF MF Fl. 21 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Assim, entendo que, de fato, não há participação sindical para a formação da PLR da recorrente, carecendo de um dos requisitos estabelecido em lei para sua plena regularidade. Da fixação de regras claras e objetivas Quanto a este aspecto, cumpre ressaltar que assiste razão à Fiscalização quando afirma que o ACT 2011 não previa a existência de metas. Cabia ao programa My Peformace a estipulação dos critérios para pagamento da PLR: São considerados elementos relevantes na avaliação dos empregados os seguintes aspectos, variando conforme aposição dos empregados: contribuição para os resultados da empresa, cumprimento de normas regulamentares e procedimentos internos, senioridade, assiduidade, compromisso com objetivos departamentais e globais da empresa. A ausência de participação do sindicato na criação do programa My Performace será objeto de abordagem em tópico específico. Verificou-se que, em alguns casos, que as metas eram definidas pelos próprios empregados, os quais posteriormente os discutiam com seus gestores. Não se pode confirmar o momento em que as metas eram estipuladas e quando foi dado conhecimento aos empregados dos resultados das avaliações. Da mesma forma, depreende-se da análise do referido programa que o mesmo não previa de forma clara os critérios de avaliação e os mecanismos de aferição dos resultados. E ainda, as metas eram subjetivas e dependiam de condutas e esforços relacionados ao mero cumprimento do contrato de trabalho, tais como o cumprimento de normas regulamentares e procedimentos internos, senioridade, assiduidade, compromisso com objetivos departamentais e globais da empresa. É forçoso reconhecer, portanto, que não existiram metas claras e objetivas no plano de PLR da recorrente. Tudo dependia do critério subjetivo do avaliador. A forma encontrada pela empresa para avaliar o alcance das metas institucionais não poderia ser mensurada pelo empregado, sendo obtidas através de notas individuais dentro de um intervalo previamente conhecido, não guardando as notas aplicadas nenhum parâmetro estabelecido. Destarte, entendo que não existia regras claras e objetivas um plano de PLR que dependa da avaliação subjetiva do chefe dos empregados Aspecto temporal da assinatura do acordo de PLR São abalizadas as teses que se formaram neste Conselho acerca do momento da assinatura da PLR. Alguns firmaram entendimento no sentido de que a formalização do plano deve ser anterior ao exercício a que corresponde; outros entendem que essa formalização pode ocorrer mesmo após o início do período de apuração dos critérios pertinentes ao programa de PLR. É sabido que a assinatura do plano representa apenas o encerramento formal de todo um ciclo de negociações, muitas vezes pautadas por inúmeras reuniões para se chegar a um acordo final de PLR, que atenda aos objetivos traçados pela legislação de regência. Assiste razão ao recorrente quando assevera que a Lei n° 10.101/2000 não delimita um marco temporal para assinatura do acordo. Todavia, mesmo não me filiando ao entendimento dos que pensam que a assinatura do programa deve ser obrigatoriamente anterior ao exercício a que se refere, entendo que a formalização da PLR deverá se dar anteriormente ao pagamento de suas parcelas e, ao menos, no decorrer do exercício a que faça referência. Fl. 717DF CARF MF Fl. 22 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Em relação a data da assinatura do plano, assim dispõe o art. 2° da Lei nº10.101/2000: Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I- comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei n° 12.832, de 2013) (Produção de efeito) II- convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I- índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II- programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. No caso dos autos, os pagamentos só ocorreram em data posterior à formalização do ACT assinado em 22/07/2011, contudo, uma questão se revela essencial ao deslinde do feito, o fato de que o programa My Performace previa avaliações trimestrais. Assim, não seria possível fazer as duas primeiras avaliações, já que o ACT só foi assinado após o fim do segundo trimestre. Diante da peculiaridade do caso concreto, entendo que o mesmo não atende ao aspecto temporal em relação à prévia pactuação das regras e metas a serem alcançadas. Da PLR como substituição da remuneração É certo que a lei não limita os pagamentos de PLR ao empregado, mas a mesma é taxativa ao prevê que tais pagamentos não podem substituir ou complementar a remuneração do empregados. A Lei nº 10.101/2000 em seu art. 3º veda expressamente que a PLR substitua ou complemente a remuneração do obreiro. Cabe ao intérprete analisar caso a caso, a tentativa de burla à lei. Em seu recurso, a contribuinte tenta demonstrar que a maior parte dos seus empregados (115 de 165) não recebiam PLR superior a 3 salários mensais. Contudo, admite que três empregados recebiam de PLR montantes que correspondiam a até 9 salários mensais. Não é razoável que um empregado receba a título de PLR quase o mesmo montante de salário anual, sem que essa verba venha a ser considerada como substituta da remuneração. Nesses caso, não interessa se são 3 ou 115 empregados, a meu ver, bastaria um obreiro para descaracterizar todo o programa. Destarte, é imperioso reconhecer que os pagamentos efetuados sob o manto da imunidade, devem ser considerados como integrantes do salário de contribuição, eis que pagos em desacordo com os ditames estabelecidos pela Lei nº 10.101/2000. Fl. 718DF CARF MF Fl. 23 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Da contribuição ao INCRA Insurge-se a recorrente quanto ao não cabimento da contribuição ao INCRA. Essa discussão, hoje, é alvo de repercussão geral. Serão apreciadas pelo Supremo os REs 603.624/SC e 630.898/RS, em que será analisada a possibilidade de exigência das contribuições devidas ao Incra e ao Sebrae sob o regime introduzido pela referida emenda. Entretanto, até a presente data não há decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca do tema. Assim, não podem ser apreciados os argumentos baseados em inconstitucionalidade de tratado, acordo internacional, lei ou decreto pelas razões que a seguir serão expostas. A competência para decidir sobre a constitucionalidade de normas foi atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal no Capítulo III do Título IV. Em tais dispositivos, o constituinte teve especial cuidado ao definir quem poderia exercer o controle constitucional das normas jurídicas. Decidiu que caberia exclusivamente ao Poder Judiciário exercê-la, especialmente ao Supremo Tribunal Federal. Por seu turno, a Lei n° 11.941/2009 incluiu o art. 26-A no Decreto 70.235/72 prescrevendo explicitamente a proibição dos órgãos de julgamento no âmbito do processo administrativo fiscal acatarem argumentos de inconstitucionalidade, in verbis: “Art. 26-A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” Entretanto, a argumentação do recorrente não escapa de uma necessidade de aferição de constitucionalidade da legislação tributária que estabeleceu o patamar das penalidades fiscais, o que é vedado ao CARF, conforme os dizeres de sua Súmula n. 2, in verbis: Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assim sendo, deixo de conhecer as alegações afetas à constitucionalidade de normas, como é o caso da contribuição destinada ao INCRA. Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício Ao contrário da tese defendida pela recorrente, a aplicação de juros sobre a multa de ofício é plenamente regular, na medida em que este faz parte do crédito tributário correspondente apurado. O art. 161 do Código Tributário Nacional (CTN) autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o crédito tributário junto com o tributo. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1° Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Fl. 719DF CARF MF https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI276113,21048-Contribuicao+ao+Sebrae+e+ao+Incra+nao+pode+incidir+sobre+folha+de https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI276113,21048-Contribuicao+ao+Sebrae+e+ao+Incra+nao+pode+incidir+sobre+folha+de Fl. 24 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 § 2° O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito A redação deste dispositivo permite concluir que o Código Tributário Nacional autoriza a exigência de juros de mora sobre 'crédito'não integralmente recolhido no vencimento. Ao se referir ao crédito, evidentemente, o dispositivo está tratando do crédito tributário e de acordo com o CTN esse decorre da obrigação principal, na qual estão incluídos tanto o valor do tributo devido como a penalidade dele decorrente. O § 3° do artigo 61 da Lei n° 9.430/1996, por sua vez, preconiza: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto n° 7.212, de 2010) § 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei n° 9.716, de 1998) Mais especificamente, objetiva-se descortinar se, nos débitos a que se refere o § 3° do artigo 61 da Lei n° 9.430/1996, estão incluídos o tributo suprimido ao Erário e a multa proporcional aplicada mediante lançamento de ofício, ou somente o valor do tributo suprimido. Do preceito acima invocado, destaca-se a incidência de juros de mora sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Facilmente se infere que as vertentes multas só nascem porque há tributo devido a ser exigido de ofício. Não houvesse tributo sonegado, não haveria multa proporcional a ser lançada de ofício. Tal deve ser a linha de raciocínio para a exegese do que se pode entender no âmbito da expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições.” Pelas razões acima referidas, entendo que as multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3° do artigo 61 da Lei n° 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic. A matéria não comporta mais discussão em sede administrativa, a teor da Súmula Vinculante CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Nesses termos, sem razão a recorrente. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Fl. 720DF CARF MF Fl. 25 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Daniel Melo Mendes Bezerra Voto Vencedor Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Redator Designado Em que pese o costumas acerto bem como os lógicos argumentos expostos pelo Relator em seu voto, com a devida vênia, ouso dele discordar apenas em relação aos valores pagos em decorrência das Convenções Coletivas de Trabalho – CCTs 2011 e 2012. De acordo com a RECORRENTE, o pagamento da PLR em janeiro/2012 foi parte oriundo do Acordo Próprio 2011 (rubrica “PLR PPR”) e parte oriundo da CCT 2011 (rubricas “PLR CCT” e “ADIC PLR CCT”). Por sua vez, o pagamento realizado em outubro de 2012 foi totalmente oriundo da CCT 2012 (rubricas “ANT PLR CCT” e “ANT ADIC PLR CCT”). De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 161 e ss), os pagamentos realizados a título de PLR pela RECORRENTE foram descaracterizados por: - ausência de regras claras e objetivas; - ausência de incentivo à produtividade; - substituição dos salários (disparidade dos valores pagos); - pagamento por múltiplos instrumentos; e - retroatividade dos instrumentos de negociação. No entanto, no que diz respeito aos CCTs, nem a fiscalização nem o acórdão da DRJ apontam que tais instrumentos (CCTs) descumpriram o requisito das regras claras e objetivas, ou que eles não incentivo à produtividade. No entender deste Conselheiro, esses dois pontos foram voltados exclusivamente para o ACORDO PRÓPRIO firmado pela RECORRENTE. Quando tratou do tema envolvendo o incentivo à produtividade e as regras claras e objetivas no Relatório Fiscal, a autoridade lançadora mencionou apenas o ACORDO PRÓPRIO firmado pela RECORRENTE, embasando suas constatações no Sistema Interno de Metas e Avaliações (denominado My Performance) e nas Avaliações de Desempenho Individual, instrumentos que estão ligados somente ao ACORDO PRÓPRIO (itens 5.15 a 5.86 – fls. 165/203). Tanto que a autoridade fiscal somente passa a discorrer sobre as CCTs a partir do item 5.87, quando tratou dos problemas gerais. Neste ponto, discorreu sobre: (i) a celebração retroativa dos instrumentos de negociação (5.88 a 5.103); (ii) o pagamento por múltiplos instrumentos (itens 5.104 a 5.112); e (iii) a PLR como substituição dos salários (itens 5.113 a 5.124). Contudo, verifica-se que a questão envolvendo a alegação de pagamento de PLR como substituição dos salários (disparidade dos valores pagos) não envolve as CCTs, já que o pagamento delas decorrente era um valor que poderia ficar entre 90% e 220% do salário mensal de cada empregado (ver Cláusula 1ª, item I, das CCTs – fls. 77 e 85). Ou seja, os pagamentos de PLR que representaram a variação de 3,13% a 128,32% do salário anual (item 5.115 do Relatório Fiscal) ou os “valores equivalentes a 15, 20 salários mensais” (conforme decisão da Fl. 721DF CARF MF Fl. 26 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 DRJ – fl. 563) certamente não tiveram origem nas CCTs, mas sim nos ACORDOS PRÓPRIOS, pois, como visto, as CCTs estabeleciam limites que faziam com que os pagamentos fossem inferiores a esta disparidade apontada pela fiscalização. A título de exemplo, pode-se constatar que 220% do salário mensal corresponde a 18,33% do salário anual. Este percentual não chega perto da PLR paga a alguns beneficiários, correspondente a mais de 120% dos seus salários anuais, conforme apontou a autoridade fiscal no item 5.115. Portanto, pode-se entender que os pagamentos realizados em decorrência das CCTs foram descaracterizados em razão: (i) da celebração retroativa dos instrumentos de negociação (itens 5.88 a 5.103 do Relatório Fiscal); e (ii) do pagamento realizado por múltiplos instrumentos (itens 5.104 a 5.112 do Relatório Fiscal). Feitos esses esclarecimentos, passo a discorrer sobre a questão pela qual entendo devem ser afastados do lançamento os valores pagos em decorrência das CCTs. Conforme exposto pelo Ilustre Conselheiro Relator em seu voto, a DRJ entendeu estarem superadas duas questões objeto de recurso: a possibilidade de concomitância de pagamentos a título de PLR lastreados em instrumentos coletivos distintos (ACT e CCT), conforme fl. 562; e a possibilidade de pagamento da PLR em valores fixos condicionado a um resultado previamente estabelecido, conforme fl. 562. Transcrevo abaixo trecho do voto do Relator: “A decisão de piso afastou duas questões ventiladas no recurso e que não serão objeto de nossa abordagem, porquanto eventual entendimento diverso desse julgador não poderia alterar a decisão recorrida para prejudicar a recorrente. São elas: a possibilidade de concomitância de pagamentos a título de PLR lastreados em instrumentos coletivos distintos (ACT e CCT) e o recebimento de parcela fixa na ocorrência de lucro. Nesse último ponto, a decisão de piso ressaltou que a irregularidade consistiu apenas na ausência de pactuação prévia. Em relação à concomitância dos pagamentos a título de PLR, a recorrente sustenta que a decisão recorrida não se manifestou acerca dos pagamentos que tiveram como supedâneo a CCT. Em verdade, referida decisão não acolheu o entendimento da Fiscalização nesse tocante, admitindo a possibilidade de haver mais de um pagamento lastreado em instrumentos distintos, respeitando-se a compensação prevista na legislação de regência. Houve um parcial provimento da impugnação nesse aspecto, sem alteração prática no lançamento do crédito tributário, uma vez que este se manteve por outros motivos que não guardaram pertinência com os ditames estabelecidos pela Lei n. 10.101/2000. Dessa forma, entendo que a decisão de piso analisou os pagamentos efetuados pela recorrida a título de PLR, independentemente de seu instrumento, seja CCT ou ACT. Resta, pois, verificar, para as demais situações apresentada nos autos, se foram perseguidos nos acordos celebrados os ditames estabelecidos pela legislação de regência. - Participação de representante sindical nas negociações. - Existência de regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e quanto aos mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. Fl. 722DF CARF MF Fl. 27 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 - Os pagamentos efetuados a título de PLR excederiam “várias vezes” o salário base dos empregados, o que denotaria o caráter retributivo de tais verbas, pelo que deveriam integrar a remuneração. - Pactuação prévia. (...) Aspecto temporal da assinatura do acordo de PLR São abalizadas as teses que se formaram neste Conselho acerca do momento da assinatura da PLR. Alguns firmaram entendimento no sentido de que a formalização do plano deve ser anterior ao exercício a que corresponde; outros entendem que essa formalização pode ocorrer mesmo após o início do período de apuração dos critérios pertinentes ao programa de PLR. É sabido que a assinatura do plano representa apenas o encerramento formal de todo um ciclo de negociações, muitas vezes pautadas por inúmeras reuniões para se chegar a um acordo final de PLR, que atenda aos objetivos traçados pela legislação de regência. Assiste razão ao recorrente quando assevera que a Lei n° 10.101/2000 não delimita um marco temporal para assinatura do acordo. Todavia, mesmo não me filiando ao entendimento dos que pensam que a assinatura do programa deve ser obrigatoriamente anterior ao exercício a que se refere, entendo que a formalização da PLR deverá se dar anteriormente ao pagamento de suas parcelas e, ao menos, no decorrer do exercício a que faça referência. Em relação a data da assinatura do plano, assim dispõe o art. 2° da Lei nº10.101/2000: Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I- comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei n° 12.832, de 2013) (Produção de efeito) II- convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I- índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II- programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. No caso dos autos, os pagamentos só ocorreram em data posterior à formalização do ACT assinado em 22/07/2011, contudo, uma questão se revela essencial ao deslinde do feito, o fato de que o programa My Performace previa avaliações trimestrais. Assim, não seria possível fazer as duas primeiras avaliações, já que o ACT só foi assinado após o fim do segundo trimestre. Diante da peculiaridade do caso concreto, entendo que o mesmo não atende ao aspecto temporal em relação à prévia pactuação das regras e metas a serem alcançadas.” Ou seja, conforme entende o próprio Conselheiro Relator, já se encontra superada a questão envolvendo a possibilidade de concomitância de pagamentos a título de PLR mediante CCT e ACORDO PRÓPRIO, bem como a legitimidade de PLR paga em valores fixos condicionado a um resultado previamente estabelecido (no caso das CCTs, o lucro), já que a DRJ não acolheu o entendimento da Fiscalização nesse tocante. Fl. 723DF CARF MF Fl. 28 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Portanto, no presente caso, o único requisito que esbarraria o reconhecimento das CCTs como instrumento legítimo de PLR seria a suposta celebração retroativa dos instrumentos de negociação (itens 5.88 a 5.103 do Relatório Fiscal) Contudo, ao contrário do que entendeu o ilustre Relator, verifico que as CCTs não foram celebradas de forma retroativa, uma vez que foram assinadas apenas 1 mês após o período da respectiva vigência. Sobre o tema, peço vênia para fazer uma breve introdução com trechos extraídos de voto proferido pelo Ilustre Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, no acórdão nº 2201- 003.723, cujas lições utilizo como razões de decidir: “Falta de ajuste prévio. (...) Quanto ao ponto, não se pode concordar com a posição adotada pelo Agente Fiscal. Não há determinação na Lei 10.101/00 sobre quão prévio deve ser o ajuste e principalmente, prévio a quê. Tal lacuna deve ser preenchida pelo intérprete, segundo critérios de hermenêutica constitucional acima expostos. Com o fito de dar maior concretude ao direito constitucionalmente garantido da participação do empregado nos resultados da empresa, entendo que o ajuste entre as partes deve ser firmado antes do pagamento da primeira parcela da PLR, com a antecedência que demonstre que os trabalhadores tinham ciência dos resultados a serem alcançados e que permita que se infira que o ajuste entre as partes foi construído com a devida discussão e busca dos interesses comuns que culminaram no acordo coletivo firmado. Ressalto que não há na Lei da PLR nenhuma determinação que tal ajuste deva ser realizado no ano anterior àquele em que se vai buscar as metas pactuadas, posto que tal exigência, por óbvio inimaginável em empresas dinâmicas e de atividades complexas, não consta da Lei nº 10.101/00, nem permite tal inferência ao intérprete em norma de caráter isentivo, onde, bem se sabe, é vedada a interpretação analógica. Questiono, em que norma garantidora de direito social se encontra uma disposição literal, ou interpretação com o mínimo de razoabilidade, de que um ajuste prévio é aquele realizado no ano anterior? (...) Nesse sentido, entendo cumpridos os ditames da Lei nº 10.101/00 quanto à existência de ajuste prévio.” No caso concreto, a CCT 2011 foi assinada em outubro/2011, porém, conforme sua Cláusula 5ª, o seu período de vigência foi de 01/09/2011 a 31/08/2012 (fl. 79). O mesmo fato pode ser observado em relação à CCT 2012, cuja vigência foi de 01/09/2012 a 31/08/2013 (fl. 87), sendo a mesma assinada em outubro/2012. Ora, ambas as CCTs foram assinadas no mês posterior ao início da respectiva vigência. Portanto, entendo que, no caso concreto, não há que se falar em celebração retroativa ou ausência de pactuação prévia, uma vez que os instrumentos foram celebrados no início do período de vigência. Sendo este o único argumento nesta fase recursal que impedia o reconhecimento das CCTs como instrumento de PLR, estando superada a questão, entendo que os pagamentos de PLR decorrentes das CCTs 2011 e 2012 devem ser afastados da base de cálculo do presente lançamento. Fl. 724DF CARF MF Fl. 29 do Acórdão n.º 2201-005.158 - 2ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16327.720775/2016-28 Assim, deve ser excluído da base de cálculo da competência de 01/2012 a parte do pagamento de PLR oriunda da CCT 2011 (rubricas “PLR CCT” e “ADIC PLR CCT”) assim como deve ser excluído da base de cálculo da competência de 10/2012 os pagamentos oriundo da CCT 2012 (rubricas “ANT PLR CCT” e “ANT ADIC PLR CCT”). Quanto às demais questões envolvendo o ACORDO PRÓPRIO (ACT), acompanho as razões expostas pelo ilustre Conselheiro Relator em seu voto. Conclusão Pelo acima exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, a fim de afastar a tributação incidente sobre os valores de PLR pagos a partir das Convenções Coletivas de Trabalho – CCTs 2011 e 2012. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Redator designado Fl. 725DF CARF MF
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Numero do processo: 11610.006903/2003-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSLL)
Ano-calendário: 1989
RESTITUIÇÃO. ANTERIOR À LC 118, DE 2005. PRAZO DE DEZ ANOS.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 09 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador (súmula vinculante para toda a administração tributária federal, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018).
DECADÊNCIA. PRAZO. DIES A QUO. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO DO SENADO. INALTERABILIDADE. CONTAGEM DA EXTINÇÃO DO CRÉDITO POR PAGAMENTO.
O prazo decadencial do direito ao pleito da restituição de indébito tributário, anterior à LC 118/2005, ocorre em dez anos contados da extinção do crédito tributário pelo pagamento (artigo 165, inciso I, c/c artigo 168, inciso I, c/c artigo 156, inciso I do CTN), inclusive, na hipótese de o indébito ter origem em declaração de inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal e com a sua execução suspensa por Resolução do Senado Federal, atribuindo efeito erga omnes ao julgamento.
Numero da decisão: 1401-003.554
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Cláudio de Andrade Camerano - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: CLAUDIO DE ANDRADE CAMERANO
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ANTERIOR À LC 118, DE 2005. PRAZO DE DEZ ANOS. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 09 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador (súmula vinculante para toda a administração tributária federal, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). DECADÊNCIA. PRAZO. DIES A QUO. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUÇÃO DO SENADO. INALTERABILIDADE. CONTAGEM DA EXTINÇÃO DO CRÉDITO POR PAGAMENTO. O prazo decadencial do direito ao pleito da restituição de indébito tributário, anterior à LC 118/2005, ocorre em dez anos contados da extinção do crédito tributário pelo pagamento (artigo 165, inciso I, c/c artigo 168, inciso I, c/c artigo 156, inciso I do CTN), inclusive, na hipótese de o indébito ter origem em declaração de inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal e com a sua execução suspensa por Resolução do Senado Federal, atribuindo efeito erga omnes ao julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano - Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 69 03 /2 00 3- 93 Fl. 134DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Carlos André Soares Nogueira, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Por bem relatoriar o ocorrido, transcrevo o voto condutor da DRJ, por meio do Acórdão nº 16-20.124, da 2ª Turma da DRJ/SPOI, em sessão de 16/01/2009: Assunto: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Ano-calendário: 1989 RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. O prazo para o contribuinte pleitear a restituição de tributo pago com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal extingue-se após 0 decurso de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário. Solicitação Indeferida Relatório Trata o presente processo de Pedido de Restituição (fl. 01) de supostos créditos de CSLL, do período de abril a setembro de 1989, a que a manifestante alega ter direito pelo fato do artigo 8° da Lei n° 7.689/1988 ter sido declarado inconstitucional pelo STF e, em conseqüência, o Senado Federal ter suspendido os seus efeitos mediante a Resolução n° 11 de 1995. 2. Por meio de Despacho Decisório (fls. 27 a 31) a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo indeferiu o Pedido de Restituição (fl. 01) em virtude de ter decaído o direito da contribuinte de pleitear a restituição. 3. Cientificada do Despacho Decisório por via postal em 31/08/2007 (AR à fl. 32 -verso) e pessoalmente em 20/09/2007, a contribuinte apresentou, em 22/10/2007, por seus procuradores, manifestação de inconformidade (fls. 36 a 49), alegando, em síntese, o seguinte: 3.1 que o prazo para pleitear a restituição de tributo declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal com edição de Resolução do Senado desloca-se para a data de publicação da Resolução que, nos termos do art. 52, X, da CF/88, suspendeu a execução da lei declarada inconstitucional; 3.2 que somente após a publicação da Resolução do Senado, que confere efeito erga omnes e ex tunc à declaração de inconstitucionalidade, é que se pode aplicar o prazo de cinco anos para ingressar com o pedido de restituição, conforme jurisprudência pacífica da E.Câmara Superior de Recursos Fiscais, e, portanto, é inaplicável in casu o art. 168 do CTN; Fl. 135DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 3.3 que o artigo 8° da Lei n° 7.689/88 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e, em conseqüência, o Senado Federal por meio da Resolução n° 11, de 1995, suspendeu os efeitos do referido artigo, momento que, em tese, começaria a contagem do prazo decadencial para a efetivação do pedido de restituição; 3.4 que, contudo, o direito de requerer a restituição encontrou óbices, inicialmente criados pelo art. 17, § 2°, da Medida Provisória n° 1.244 (DOU de 15/ 1-2/95) e, após sucessivas reedições, mantido pelo art. 18, § 2°, da Medida Provisória n° 1621, até sua versão de n° 35 (de 13/05/1998); 3.5 Referido óbice legal ao direito de restituição do recorrente somente foi afastado pelo legislador, quando da edição da mesma MP 1621 em sua versão de n° 36, de 12/06/98; 3.6 que, ainda que a Resolução n° 11/95, do Senado Federal previsse o direito à restituição, a MP 1621-35 afastava a possibilidade de restituição de quantias pagas a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido referente ao ano de 1998, impedindo, assim, qualquer transcurso de prazo decadencial/prescricional; 3.7 que deve ser considerado como marco inicial para a contagem do prazo decadencial a data de publicação da MP 1621-36, mesmo porque, anteriormente a esta data, devido a este óbice legal, não havia a possibilidade de ingressar com o pedido de restituição. Daí, a impossibilidade de se considerar como data de início para a contagem do prazo decadencial a data da publicação da Resolução n°11/95; 3.8 que, desta forma, o prazo de 05 (cinco) anos extinguir-se-á somente em 12/06/2003, motivo pelo qual resta claro ser totalmente tempestiva a pretensão da recorrente, uma vez que o pedido foi protocolizado em 13/05/2003; 3.9 que não deve ter aplicação in casu o Ato Declaratório da SRF n° 96/99, isto porque, a recorrente só adquiriu o direito de pleitear a restituição dos valores recolhidos a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, declarado inconstitucional, no momento em que parou de viger a MP 1.621-35, ou seja, em 11/06/98; 3.10 que somente a partir do momento que há a lesão ao direito é que podemos considerar o iniciar da contagem do prazo prescricional. Impossível considerar a data do pagamento, porque à época este era devido; tão pouco considerar a data da publicação da Resolução do Senado n° 11/95, pois a sua edição apenas retirou a vigência do art. 8°, da Lei n°7.689/88, mas não concedeu o direito à restituição. 4. Em 04/12/2007, mediante Comunicado n° 3682 (fl. 95), a contribuinte teve notícia de que sua manifestação de inconformidade, protocolizada em 22/10/2007, estava intempestiva, uma vez que tomou ciência do Despacho Decisório, via postal, em 31/08/2007. 5. Em 10/12/2007, a contribuinte apresentou nova manifestação de inconformidade (fls. 98 a 102) suscitando a tempestividade como preliminar, alegando, basicamente, que foi induzida a erro ao tomar ciência pessoal em 20/09/2007. Fl. 136DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 Voto 6. Preliminarmente, quanto a questão da tempestividade da manifestação de inconformidade, verifica-se que, realmente, a contribuinte teve ciência via postal na data de 31/08/2007 (fl. 32 - verso), de modo que, a rigor, a manifestação de inconformidade, apresentada em 22/10/2007, estaria intempestiva. 7. A Intimação de n° 4371/2007 (fl. 32), acompanhada de cópia do Despacho Decisório por si só seria suficiente para cientificar a contribuinte e dar inicio à contagem do prazo de trinta dias, determinado pelo artigo 15 do Decreto 70.235/ 1972, para apresentação de manifestação de inconformidade. 8. Ocorre que o texto da referida intimação, a seguir reproduzido, induz quem o lê a acreditar ser necessário comparecer ao órgão da SRF para tomar ciência pessoal do Despacho Decisório, vejamos: “Por este instrumento, fica o contribuinte intimado a TOMAR CIÊNCIA da decisão em anexo. ATENÇÃO: O atendimento a esta intimação poderá ser feito pessoalmente e/ou via correio, no seguinte endereço: (..)” 9. Ao comparecer à repartição para tomar ciência pessoal do Despacho Decisório, em 20/09/2007, a contribuinte, a meu ver, foi levada a concluir que o prazo para se insurgir contra o Despacho Decisório contaria a partir daquela data. 10. Portanto, tendo em vista ser escusável o entendimento da contribuinte de que o prazo para apresentar manifestação de inconformidade era da ciência pessoal e, também, para evitar o cerceamento de defesa, tomo como tempestiva a manifestação de inconformidade apresentada na data de 22/10/2007. 11. Apenas para ilustrar, situação semelhante já foi abordada pelo E. Conselho de Contribuintes, mediante o Acórdão 101-96772, assim ementado: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CIÊNCIA PESSOAL E POSTAL. IMPUGNAÇÃO. TEMPESTIVIDADE. Havendo duplicidade de intimação, o prazo para impugnação deve ser contado da data da última intimação efetuada, em observância aos princípios da ampla defesa, do contraditório, da verdade material e da revisibilidade. Por conseqüência, é tempestiva a impugnação apresentada pela autuada. ” 12. Com relação ao mérito, os artigos. 165 e 168 do Código Tributário Nacional (CTN), a seguir transcritos, tratam do direito de a contribuinte pleitear a restituição de indébito: Lei 5.1 72, de 1966 (CTN: “Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4 do artigo 162, nos seguintes casos: Fl. 137DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; 111- (..)” “Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; II - (...)" 13. Quanto à determinação do termo de início para a contagem do prazo decadencial para a restituição/compensação de tributos pagos indevidamente ou a maior, a questão está uniformizada no âmbito da administração tributária, haja vista o Ato Declaratório SRF n° 96, de 26 de novembro de 1999, que diz: “O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o teor do Parecer PGFN/CAT/N” 1.538, de 1999, declara: 1 - O prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extingue-se após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário - arts. 165, 1, e 168, I, da Lei n°5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). 11- (..)" 14. E aos julgadores desta instância administrativa cabe observar o entendimento da Secretaria da Receita Federal expresso em atos tributários e aduaneiros, conforme expressamente prevê o art. 7° da Portaria MF n° 258, de 24 de agosto de 2001, in verbis: “Art 7° O julgador deve observar o disposto no art. 116, 111, da Lei n°8.112, de 11 de dezembro de 1990, bem assim o entendimento da Secretaria da Receita Federal (SRF) expresso em atos tributários e aduaneiros." 15. No caso concreto, o crédito objeto do pedido de restituição, protocolizado em 13/05/2003 (fl. 01), refere-se a recolhimentos de CSLL efetuados entre abril e setembro de 1989, pelo que já estava, inequivocamente, decaído o direito de o contribuinte solicitar a restituição pleiteada. 16. Quanto aos acórdãos do Conselho de Contribuintes citados pela defesa, cumpre observar que as decisões daquele colegiado não constituem normas complementares da legislação tributária, porquanto não existe lei que lhes confira efetividade de caráter normativo (Parecer Normativo CST n° 390, publicado no DOU de 04 de agosto de 1971). Fl. 138DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 17. Do exposto, voto pelo indeferimento do Pedido de Restituição de fl. 01. Cientificada do decisório, a Contribuinte apresentou recurso voluntário, onde basicamente repete seus argumentos trazidos na Impugnação. Voto Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano Preenchidos os requisitos de admissibilidade do recurso apresentado, dele conheço. Relembrando o Voto condutor do Acórdão, que transcrevo: 13. Quanto à determinação do termo de início para a contagem do prazo decadencial para a restituição/compensação de tributos pagos indevidamente ou a maior, a questão está uniformizada no âmbito da administração tributária, haja vista o Ato Declaratório SRF n° 96, de 26 de novembro de 1999, que diz: “O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o teor do Parecer PGFN/CAT/N” 1.538, de 1999, declara: 1 - O prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extingue-se após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário - arts. 165, 1, e 168, I, da Lei n°5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). 11- (..)" 15. No caso concreto, o crédito objeto do pedido de restituição, protocolizado em 13/05/2003 (fl. 01), refere-se a recolhimentos de CSLL efetuados entre abril e setembro de 1989, pelo que já estava, inequivocamente, decaído o direito de o contribuinte solicitar a restituição pleiteada. Portanto, no caso em questão, a Administração Tributária já havia firmado seu entendimento nos termos do Ato Declaratório SRF n° 96, de 26 de novembro de 1999, supra citado. Cumpre esclarecer que o pedido de restituição, protocolizado em 13/05/2003, relativo a fatos geradores ocorridos em 1989, apesar de haver passado mais de cinco anos dos Fl. 139DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 pagamentos supostamente indevidos (entre abril e setembro de 1989), o referido pedido foi protocolizado antes de 09/06/2005, de forma que, mesmo se considerarmos o disposto na Sumula Carf 091 (súmula vinculante para toda a administração tributária federal, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018), já estaria decaído o direito do pedido em questão, pois se passaram mais de dez anos do fato gerador: Sumula CARF 091 Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 09 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contados do fato gerador (vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018) Assim, restou decaído o pedido de restituição da Recorrente. Trago, por ser um decisório deste Colegiado que bem tratou a matéria e semelhante ao caso ora apresentado nos autos, excertos do ACÓRDÃO nº 1301-003.907, em sessão de 16 de maio de 2019, da lavra do Conselheiro Relator Carlos Daniel Neto, que adoto como razão de decidir naquilo que aplicável aos autos: [...] Pois bem. Fazendo a ressalva de que a decisão recorrida é exemplar na análise dos argumentos do contribuinte e demonstra esforço de justificação digno de nota, entendo que a premissa assumida para a contagem do prazo está equivocada. Essa matéria é conhecida deste colegiado, e, por se tratar de tributo sujeito ao lançamento por homologação, se sujeita ao precedente vinculante do STF, no RE nº566.621/RS, verbis: "DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de Fl. 140DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.(RE 566621, Relator(a): Min.ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe195 DIVULG 10-10-2011 PUBLIC 11-10-2011 EMENT VOL- 02605-02 PP-00273 RTJ VOL-00223-01 PP-00540)" Essa matéria, inclusive, foi objeto da Súmula CARF nº 91, cujo teor também é expresso: "Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. (Vinculante, conforme Portaria MF nº277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018)." Desse modo, o contribuinte dispunha do prazo de dez anos para pleitear a sua restituição, contados da data do pagamento considerado indevido. Entretanto, compulsando os DARFs de fls. 17, verificamos que os pagamentos foram realizados nos dias 30/04/90 e 30/04/91, ao passo que o pedido foi apresentado apenas em 16/11/2001, mais de dez anos após os pagamentos. Assim, mesmo com a contagem de prazo ampliada, decenal, o pedido do contribuinte foi apresentado fora do prazo. No que tange à argumentação do contribuinte de que a Resolução do Senado deveria ser o dies a quo do prazo decadencial, entendo não proceder. Para tanto, valho-me das precisas lições da Ilustre Conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz, notável estudiosa desse tema, que assim aduziu, no julgamento do Acórdão CARF nº 3402004.918, oportunidade na qual acompanhei seu voto: "A Resolução do Senado foi positivada no artigo 52, inciso X da atual Constituição, nos seguintes termos: “compete privativamente ao Senado Federal: […]suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.” Fl. 141DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 Tal instrumento está presente no direito brasileiro desde a promulgação da Constituição de 1934. Trata-se, paralelamente à “súmula vinculante” e à “repercussão geral”, de forma a dar eficácia ampla às decisões proferidas em grau de recurso com caráter definitivo pelo controle de constitucionalidade incidental (difuso e concreto) do STF. Assim, os efeitos que eram somente inter partes passam a ser erga omnes, depois de editada a resolução do Senado. 3 Nesse sentido, a resolução do Senado constitui meio de reconhecimento do indébito tributário, como decorrência da declaração de inconstitucionalidade da lei que institui o tributo, com efeito erga omnes e, por isso, já foi tida pela jurisprudência, tanto judicial (REsp 553.887/RJ; Agravo Regimental no REsp 267.718/DF; REsp 509.897/DF) como administrativa (Acórdão 10246584, Acórdão 201.78172), como marco inicial para a contagem do prazo de do direito à restituição de indébito decorrente da declaração de inconstitucionalidade de lei, nos moldes do artigo 168 do CTN. Contudo, aqui mais uma vez o entendimento das Corte Superiores e do CARF foi alterado. Com efeito, conforme os EmbDiv no Resp 435.835 e Resp 617.536, o STJ passou a entender que a decisão de inconstitucionalidade não tem o condão de renovar prazos extintivos, haja vista que tal efeito geraria enorme insegurança jurídica, contrariando, inclusive, a lógica da própria existência desses tipos de prazo (decadência e prescrição), bem como a literalidade do artigo 168, inciso I do CTN, que fala da "data da extinção do crédito tributário", a qual é justamente o pagamento do tributo (artigo 156, inciso I) e não a sua declaração de inconstitucionalidade. Veja-se: RECURSO ESPECIAL. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. CINCO ANOS DO FATO GERADOR MAIS CINCO ANOS DA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. NÃO APLICAÇÃO DO ART. 3ºDA LC N. 118/2005 ÀS AÇÕES AJUIZADAS ANTERIORMENTE AO INÍCIO DA VIGÊNCIA DA MENCIONADA LEI COMPLEMENTAR.ENTENDIMENTO DA COLENDA PRIMEIRA SEÇÃO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. COMPENSAÇÃO COM TRIBUTOS DIVERSOS SOMENTE APÓS O ADVENTO DA LEI N. 10.637/2002. COMPENSAÇÃO COM PARCELAS VENCIDAS E VINCENDAS. CABIMENTO. No entender deste Relator, nas hipóteses de restituição ou compensação de tributos declarados inconstitucionais pelo Excelso Supremo Tribunal Federal, o termo a quo do prazo prescricional é a data do trânsito em julgado da declaração de inconstitucionalidade, em controle concentrado de constitucionalidade, ou a publicação da Resolução do Senado Federal, caso a declaração de inconstitucionalidade tenha-se dado em controle difuso de constitucionalidade (veja-se, a esse respeito, o REsp 534.986/SC, Relator p/acórdão este Magistrado, DJ 15.3.2004, entre outros). A egrégia Primeira Seção deste colendo Superior Tribunal de Justiça, porém, na assentada de 24 de março de 2004, houve por bem afastar, por maioria, a tese acima esposada, para adotar o entendimento segundo o qual, para as hipóteses de devolução de tributos sujeitos à homologação declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, a prescrição do direito de pleitear a restituição Fl. 142DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 1401-003.554 - 1ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 11610.006903/2003-93 se dá após expirado o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita (EREsp 435.835/SC, Rel. p/acórdão Min. José Delgado – cf. Informativo de Jurisprudência do STJ 203, de 22 a 26 de março de 2004). Saliente-se, outrossim, que é inaplicável à espécie a previsão do artigo 3º da Lei Complementar n. 118, de 9 de fevereiro de 2005, uma vez que a douta Seção de Direito Público deste Sodalício, na sessão de 27.4.2005, sedimentou o posicionamento segundo o qual o mencionado dispositivo legal se aplica apenas às ações ajuizadas posteriormente ao prazo de cento e vinte dias (vacatio legis) da publicação da referida Lei Complementar (...)" O CARF também passou a proferir decisões segundo as quais “o direito à restituição de tributos pagos a maior ou indevidamente, seja qual for o motivo (inconstitucionalidade de lei tributária, pagamento indevido por erro do sujeito passivo, etc.) extingue-se o prazo de cinco anos contados da extinção do crédito tributário pelo pagamento, a teor do artigo 168, I do CTN.” (Acórdão 20401422). Nestes termos, rejeito os argumentos do contribuinte e voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. CONCLUSÃO É o voto, para negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.908040/2008-96
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Período de apuração: 01/12/2001 a 31/12/2001
CRÉDITO FUNDAMENTADO EM INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE.
Pelo teor da Súmula CARF n. 2 as turmas do CARF não têm competência para manifestar-se sobre constitucionalidade de lei tributária.
ISENÇÃO DA LC 70/1991 REVOGADA PELA LEI 9.430/1996. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STF.
O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a revogação da isenção do recolhimento da Cofins concedida pela Lei Complementar n. 70/91 por lei ordinária não afronta o princípio da hierarquia das leis (RE 412.748).
Numero da decisão: 3003-000.331
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Marcos Antônio Borges - Presidente.
(assinado digitalmente)
Müller Nonato Cavalcanti Silva - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges(presidente da turma), Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Müller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: MULLER NONATO CAVALCANTI SILVA
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IMPOSSIBILIDADE. Pelo teor da Súmula CARF n. 2 as turmas do CARF não têm competência para manifestar-se sobre constitucionalidade de lei tributária. ISENÇÃO DA LC 70/1991 REVOGADA PELA LEI 9.430/1996. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STF. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a revogação da isenção do recolhimento da Cofins concedida pela Lei Complementar n. 70/91 por lei ordinária não afronta o princípio da hierarquia das leis (RE 412.748). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Marcos Antônio Borges - Presidente. (assinado digitalmente) Müller Nonato Cavalcanti Silva - Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antônio Borges(presidente da turma), Vinícius Guimarães, Márcio Robson Costa e Müller Nonato Cavalcanti Silva. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 80 40 /2 00 8- 96 Fl. 136DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3003-000.331 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.908040/2008-96 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ do Rio de Janeiro – DRJ/RJ2, que indeferiu a manifestação de inconformidade apresentada no bojo do processo de compensação. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão decorrida: Trata-se de litígio administrativo instaurado com a manifestação de inconformidade de ZALCBERG ADVOGADOS ASSOCIADOS (fls. 11-19) ao despacho decisório emitido pela DERAT/RIO, não homologando o pedido de compensação (fl. 09). O PER/DCOMP n° 42741.39676.280504.1.3.04-1250 foi transmitido em 12-02-2004, com o objetivo de compensar suposto crédito havido em função de pagamento a maior, no valor de R$ 5.568,25, a titulo de Cofins (fl. 03). A decisão de não homologar o PER/DCOMP n° 42741.39676.280504.1.3.04-1250 tem por fundamento que "foram localizados um ou mais pagamentos relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP" (fl. 09). Inconformado com a decisão citada, o sujeito passivo apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que (fl. 11-19): - A cobrança realizada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em face da Requerente referente à Cofins está tramitando em processo administrativo autônomo, de n° 18471.000995/2008-93. Por este motivo, em observância aos princípios constitucionais que servem de diretrizes para a administração pública, requer, desde já, o apensamento do presente àquele processo acima mencionado. - Foi recolhido inadvertidamente pela Manifestante em 15-01-2002, o valor de R$ 5.568,25, a titulo de Cofins (código da receita 2172), referente ao período de apuração de 31-12-2001. - Posteriormente, foi realizado o pedido de compensação através do PER/DCOMP no 42741.39676.280504.1.3.04-1250, para que o montante recolhido fosse utilizado para o pagamento de CSLL-PJ (código da receita 2372), com vencimento em 30.01.2004, período de apuração 01-2004, no valor de R$ 3.872,74, o qual não foi homologado. - Instituída a Lei Complementar n° 70/91, destinada As despesas com atividades-fim das áreas de saúde, previdência e assistência social, que isentava a Manifestante, nos termos do inciso II, do art. 6° da referida Lei, posteriormente foi editada a Lei 9.430, de 27/12/1996, cujo art. 56 revogou a referida isenção, determinando que a contribuição passasse a incidir sobre as receitas auferidas. - Questionada a ilegalidade e inconstitucionalidade do art. 56 da Lei 9.430/96, considerando a alegação de que Lei Ordinária não poderia revogar preceito constante de Lei Complementar, entre outros temas, restou, pelo Superior Tribunal de Justiça, editada em 02/06/2003 a SÚMULA N° 276, tendo em vista alguns precedentes (entre outros: Resp's 260960-RS, 227939-SC, 221710-RJ, e AgRg no Resp 226386, 297461, 422342 e 422741): - Desta forma, alguns contribuintes passaram a compensar, ou a simplesmente não mais pagar e outros ainda a repetir a contribuição social. - Entretanto, em 30/06/2006, foi publicada a decisão da P Turma do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário n° 419.629-8 - DF, interposto contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça em Recurso Especial (REsp 437842-DF) que houvera declarado que Lei Ordinária não tem força para revogar dispositivo de Lei Complementar, dando provimento ao RE da Unido Federal para anular o acórdão do STJ por usurpação da competência do Supremo Tribunal, decisão essa não transitada em julgado, o que, notoriamente, veio a tentativa de justificar pelo fisco a negativa da Fl. 137DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3003-000.331 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.908040/2008-96 pretensão compensatória, mais pela possibilidade de prescrição futura de eventual crédito dele do que a questão jurídica em si. - Quando da compensação, havia segurança jurídica de que as sociedades civis de prestação de serviços profissionais eram isentas da Cofins desde a edição da Lei Complementar n° 70/91, passando por decisões do Superior Tribunal de Justiça, especialmente da Súmula n° 276, até que veio a decisão parcial e não definitiva no Recurso Extraordinário n° 419.629-8-DF (decorrente do Resp n° 437842-DF), publicada no DJ em 30/06/2006, no sentido de anular aquele acórdão do Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhecia a manutenção da isenção. - Até agora, em 2008, perdura no STF a discussão jurídica que tem como tema a possibilidade, ou não, do art. 56 da Lei Ordinária 9.430/96 poder revogar a isenção das sociedades civis de prestação de serviços profissionais, prevista na Lei Complementar n° 70/91, como se pode observar pela leitura do processamento dos Recursos Extraordinários nos 381964-MG e 377457-PR. - Já no STJ a questão, sob o enfoque infraconstitucional, se encontra decidida a favor da isenção das sociedades civis de prestação de serviços profissionais, nos termos dos recursos especiais acima informados e da Súmula n° 276. -O art. 146 do Código Tributário Nacional, que está inserido no Capitulo II - Constituição do Crédito Tributário -, informa que a "modificação introduzida, de oficio ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto ao fato gerador ocorrido posteriormente A. sua introdução." - Já observando o tema sob a ótica do STF (Constitucionalidade), a decisão parcial e não definitiva da P Turma do STF no Recurso Extraordinário n° 419.629-8 - DF, publicada em 30/06/2006, interposto contra acórdão do STJ em Recurso Especial (Resp 437842- DF), dando, até agora, parcial provimento (8x1) e não definitivo ao RE da União Federal (419.629-8 - DF) para anular o acórdão do STJ (Resp 437842-DF) por alegada usurpação da competência do Supremo Tribunal, não é definitiva sobre o prisma da constitucionalidade do art. 56 da Lei Ordinária 9.430/96. - Destarte, segundo decisões do Superior Tribunal de Justiça, o art. 56 da Lei Ordinária n° 9.430/96 viola normas infraconstitucionais, como citadas nos julgamentos dos recursos especiais, não podendo revogar a isenção concedida pelo art. 6°, II da LC 70/91. Já no STF, sob o enfoque da constitucionalidade, o tema ainda não está resolvido definitivamente. - Assim, nos termos do art. 146 do código Tributário Nacional, é evidente que, mesmo que a decisão a ser exarada nos recursos extraordinários, sob exame na Excelsa Corte, declare a constitucionalidade do art. 56 da Lei Ordinária n° 9.430/96 (a qual não muda o posicionamento do STJ), e transite em julgado a referida decisão sem que seja apreciada a sua modulação, a compensação do crédito em questão somente poderia deixar de ser homologada relativamente a período e evento posterior à 30.06.2006, quando efetivamente teria acontecido, em tese, a modificação e introdução de novos critérios jurídicos na apreciação da questão jurídica constitucional que se encontra consolidada sob o ângulo infraconstitucional até mesmo por Súmula do Superior Tribunal de Justiça. No entanto, não há decisão no STF definitiva e sequer transitada em julgado. - Na realidade, até a presente data não se pode pensar na não homologação de compensação de créditos, nem mesmo após 30.06.2006, porquanto o Supremo Tribunal Federal, repita-se, ainda não decidiu definitivamente o mérito da questão e, por via de conseqüência, a modulação da decisão, pois se encontra apreciando os recursos extraordinários n's 377457-PR e 381964-MG, como dito acima, cujos processamentos estão suspensos, porquanto o Ministro Marco Aurélio pediu vista. - Logo, nos termos das decisões do STJ não há Cofins a ser paga, portanto, plenamente devida a compensação do tributo realizada ante o pagamento equivocado da Cofins, como anteriormente informada. Já pela ótica do STF ainda não ha decisão transitada em Fl. 138DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3003-000.331 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.908040/2008-96 julgado declarando a constitucionalidade do art. 56 da Lei Ordinária n° 9.430/96, com a modulação temporal para a cobrança da Cofins. - É mister ressaltar, ainda, que a mudança de critério jurídico adotado pelo Fisco tendo em vista possível decisão do tema no STF não autoriza sequer a revisão de lançamento e, por motivos óbvios, não autoriza também a negativa de homologação da compensação. - A mudança de critério jurídico adotado pelo Fisco não autoriza a revisão de lançamento (Simula 227 do extinto Tribunal Federal de Recursos) . -É clara a ofensa do art. 56 da Lei n° 9.430/96 ao principio da especialidade instituído pelo art. 2°, §§ 10 e 2° da Lei de Introdução ao Código Civil. - A Cofins foi instituída pela Lei Complementar n° 70/1991, que reza que são isentas da contribuição as sociedades civis de que trata o art. lo do Decreto-Lei n° 2.397, de 21 de dezembro de 1987. - Posteriormente, a Lei Ordinária n° 9430/96 revogou a isenção. - Como se vê, em violação ao principio da hierarquia das leis, o legislador ordinário alterou a lei complementar revogando a isenção concedida. - É forçoso reconhecer que esse procedimento legislativo é totalmente inconstitucional, visto que pelo principio da hierarquia das normas jurídicas, uma Lei Complementar somente poderá ser revogada por outra Lei Complementar. A isenção somente poderia ser revogada por Lei Complementar, conforme determina o art. 146, inciso III, alíneas "a" e "b", da Constituição Federal: - Assim sendo, como a Constituição Federal só permitia a incidência de contribuição à seguridade social incidente sobre o faturamento, qualquer outra contribuição que tivesse outra base de cálculo recairia no que dispõe o § 4°, do art. 195 da Constituição Federal, ou seja, a competência residual da União, o que é plenamente permitido, sendo que, nesse caso, imprescindível seria a adoção de Lei Complementar, o que também não foi respeitado. - É mister ressaltar, ainda, quanto ao tema, que pouco importa se o conteúdo da lei complementar envolve competência de lei ordinária. - O fato relevante da questão é que o legislador entendeu por bem separar as matérias que seriam aprovadas por Lei Complementar e as que seriam por Lei Ordinária, tanto que estabeleceu critérios distintos para a votação de cada uma delas. - Anote-se que para a Lei Complementar ele estabeleceu para aprovação a maioria absoluta dos congressistas, enquanto que para a Lei Ordinária a maioria simples. - Logo, uma Lei Ordinária não pode pretender alterar uma Lei Complementar (art. 59 da Constituição Federal). Em Recurso Voluntário a Recorrente reitera os termos apostos na Manifestação de Inconformidade e requer o provimento do recurso para que o direito creditório seja conhecido. São os fatos. Voto Conselheiro Müller Nonato Cavalcanti Silva – Relator O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos formais de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 139DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3003-000.331 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.908040/2008-96 DA CONEXÃO A Recorrente pugna em suas razões recursais pela reunião do processo em julgamento com o de n. 18471.000995/2008-93. Conforme aduz o artigo 6º, §1º inciso I do Anexo II do Regimento deste Tribunal Administrativo – RICARF, a vinculação de processos por conexão pode acontecer quando ambos tratarem de exigência fundada em fato idêntico. Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observando-se a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I - conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; No caso em espeque o processos em julgamento, cuja origem é uma declaração de compensação e objetiva o reconhecimento do direito creditório não se identifica com. a discussão sobre o lançamento feito pela Fazenda nos autos do processo de n. 18471.000995/2008-93. Não há, desta forma, identidade de objetos nos processos que autorizaria sua conexão. Ademais, a tramitação apartada não apresenta qualquer risco à segurança jurídica e a nenhuma garantia processual. Por tratar-se de demandas autônomas cujos méritos apontam para decisões naturalmente diferentes, indefiro o requerimento de conexão. DO DIREITO CREDITÓRIO Conforme descrito no relatório, a Recorrente alega que recolheu indevidamente a quantia de R$ 5.568,25 (cinco mil quinhentos e sessenta e oito reais e vinte e cinco centavos), a titulo de Cofins (código de receita 2172), referente ao período de apuração dezembro/2001. Com este entendimento transmitiu a Dcomp objeto do litígio. Em sua defesa alega que a ela não deve ser aplicado o artigo 56 da Lei 9.430/1996: Art.56.As sociedades civis de prestação de serviços de profissão legalmente regulamentada passam a contribuir para a seguridade social com base na receita bruta da prestação de serviços, observadas as normas da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991. Argumenta que a obrigação instituída pela Lei 9.430/1996 é inconstitucional, pois somente Lei Complementar poderia fazê-lo. Esta Corte tem entendimento sumulado sobre a impossibilidade de que seus conselheiros e suas turmas manifestem-se sobre constitucionalidade de Lei: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Pelo teor da Súmula CARF n. 2 este Conselheiro não tem competência para apreciar o pleito formulado em Recurso Voluntário pela Recorrente. Conduto, é pertinente a mera transcrição do entendimento do STF sobre a matéria, que também vincula esta Corte Administrativa: EMENTA: TRIBUTÁRIO. SOCIEDADE CIVIL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS. CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS. REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO POR LEI ORDINÁRIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento no sentido de que a Fl. 140DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3003-000.331 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 15374.908040/2008-96 revogação da isenção do recolhimento da Cofins concedida pela Lei Complementar n. 70/91 por lei ordinária não afronta o princípio da hierarquia das leis” (RE 412.748-AgR, Min. Rel. Carmem Lúcia, Primeira Turma, DJ 26.6.2007) Sobre as demais alegações de violação ao princípio de hierarquia das Leis e violação ao princípio da segurança jurídica, por força da já mencionada Súmula n. 2 do CARF e, da mesma forma, artigo 62 do Anexo II do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Trata o mérito recursal de apreciação de constitucionalidade de lei, furto-me de apreciar a matéria por não deter competência para fazê-lo, em acordo com a fundamentação supra. Por fim, sobre suposta violação ao art. 146 do CTN, não deve prosperar a tese formulada pela Recorrente. Não houve alteração de critério jurídico que ensejaria violação ao artigo 146 do CTN. A atividade de revogação de isenção por lei, respeitado o rito constitucional, é função típica do Poder Legislativo. Violação a critério jurídico ocorre quando o órgão de execução altera os fundamentos ou interpretação de norma que lastreia tributação, fato que não ocorreu. Deste modo, rejeito o pleito da Recorrente para que o crédito pretendido seja homologado por mudança de critério jurídico. Por todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para no mérito negar-lhe provimento. É como voto. Müller Nonato Cavalcanti Silva – Relator. (assinado digitalmente) Fl. 141DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.002480/2003-85
Turma: Primeira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Fri Jun 05 00:00:00 UTC 2009
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA - CPMF
Data do fato gerador: 04/08/1999, 11/08/1999, 18/08/1999, 04/07/2001
CPMF. INFORMAÇÃO DE NÃO RETENÇÃO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA.
A informação prestada pela instituição bancária de falta de retenção e recolhimento da contribuição não constitui quebra de sigilo bancário.
Ademais, o princípio da proteção do sigilo bancário diz respeito a assuntos inerentes aos seres humanos e não às pessoa jurídicas, obrigadas a efetuar os lançamentos em sua contabilidade, colocando-os a disposição dos órgãos fiscalizadores, para o exercício de suas competências constituicionais.
CPMF. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA. FALTA DE RETENÇÃO.
Por expressa determinação legal, a supletividade existirá no caso de não ocorrer a retenção por parte da entidade financeira, cabendo ao contribuinte original o dever de recolher a contribuição.
APRESENTAÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL.
A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, salvo nos casos expressamente admitidos em lei.
INTIMAÇÕES ESCRITÓRIO PROCURADOR. IMPOSSIBILIDADE.
As intimações, no processo administrativo fiscal, devem obedecer às disposições do Decreto n2 70.235/72, devendo ser endereçadas ao domicílio fiscal do sujeito passivo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2102-000.207
Decisão: ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: CPMF - ação fiscal- (insuf. na puração e recolhimento)
Nome do relator: MAURICIO TAVEIRA E SILVA
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INFORMAÇÃO DE NÃO RETENÇÃO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. A informação prestada pela instituição bancária de falta de retenção e recolhimento da contribuição não constitui quebra de sigilo bancário. Ademais, o princípio da proteção do sigilo bancário diz respeito a assuntos inerentes aos seres humanos e não às pessoa jurídicas, obrigadas a efetuar os lançamentos em sua contabilidade, colocando-os a disposição dos órgãos fiscalizadores, para o exercício de suas competências constituicionais. CPMF. RESPONSABILIDADE SUPLETIVA. FALTA DE RETENÇÃO. Por expressa determinação legal, a supletividade existirá no caso de não ocorrer a retenção por parte da entidade financeira, cabendo ao contribuinte original o dever de recolher a contribuição. APRESENTAÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL. A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, salvo nos casos expressamente admitidos em lei. INTIMAÇÕES ESCRITÓRIO PROCURADOR. IMPOSSIBILIDADE. As intimações, no processo administrativo fiscal, devem obedecer às disposições do Decreto n2 70.235/72, devendo ser endereçadas ao domicílio fiscal do sujeito passivo. Recurso Voluntário Negado Vistos relatados e discutidos os presentes autos.( 1 Processo n° 10830.002480/2003-85 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.207 Fl. 103 ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da PRIMEIRA CÂMARA da SEGUNDA SEÇÃO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. 4 , oMopchi,a, „slubotur-e SEF \, MARIA COELHO MARQUES Presidente ip- MAURÍCIO TAVE ' • E SILVA Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva, Fabiola Cassiano Keramidas, Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça, José Antonio Francisco, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório • MEDLEY S/A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA, devidamente qualificada nos autos, recorre a este Colegiado, através do recurso de fls. 84/94, contra o Acórdão n° 05- 14.730, de 27/09/2006, prolatado pela 3 a Turma de Julgamento da DRJ em Campinas-SP, fls. 69/80, que julgou procedente o auto de infração de fls. 02/06, pela falta de recolhimento da CPMF, referente a fatos geradores ocorridos em agosto de 1999 e julho de 2001, cuja ciência ocorreu em 12/05/2003 (fl. 13). Conforme Descrição dos Fatos (fls. 03/05) a autuação refere-se à CPMF não retida e não recolhida por força de medida judicial posteriormente revogada. A contribuição foi apurada com base em demonstrativos elaborados por instituições financeiras junto às quais a contribuinte foi titular de conta corrente, em cumprimento ao disposto no inciso IV do art. 45 da MP n° 2.113-25 de 21/12/2000 e reedições. Irresignada, em 10/06/2003, a contribuinte apresentou impugnação de fls. 14/29, com as seguintes alegações: 1. o lançamento é indevido, pois a contribuinte já teve retido o valor da CPMF em sua conta corrente, conforme extrato bancário do Banco Banespa (fls. 62/63), o qual consigna dois lançamentos no dia 05/07/2001 (um débito e um crédito) e, em 28/07/2001, ai sim, reteve o valor da CPMF só que, surpreendentemente, sob a descrição de "transferência de saldo" cujo código talvez não confira com aqueles reconhecidos pelo fisco como referentes ao recolhimento da CPMF; 2. o auto de infração é nulo em face da insuficiência de elementos para determinar, com segurança, a infração, vez que o fisco só levou em conta os códigos "8536" e 2 Processo n° 10830.002480/2003-85 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.207 Fl. 104 "5890", faltando a verificação do código n° "7512". Ademais, ao apresentar uma tela impressa de seu próprio sistema sem qualquer legenda ou esclarecimento que o torne um documento passível da compreensão e cognição mediana, estaria ocorrendo manifesto cerceamento de defesa; 3. a responsabilidade pela retenção e recolhimento da CPMF é exclusiva das instituições financeiras, ainda que a exigibilidade do crédito tributário tenha ficado temporariamente suspensa por força de medida judicial posteriormente revogada; 4. em face da incompatibilidade normativa que ora dispõe que a CPMF deveria ser objeto de atividade administrativa e ora atribui esta às instituições financeiras, deveria ser aplicado o art. 112 do CTN impondo-se legislação mais favorável à contribuinte; 5. houve desrespeito ao art. 142 do CTN na apuração do crédito tributário, vez que os elementos necessários ao lançamento seguiram por conta da instituição financeira da qual a impugnante é correntista; 6. o lançamento contrariou o sigilo bancário da contribuinte, vez que a legislação atribuiu às instituições financeiras os procedimentos necessários ao recolhimento e, ao fisco só é dado o direito de saber o valor total arrecadado pelo banco e não a correlação com o nome do cliente-contribuinte. Por fim, requer o cancelamento do auto de infração ou a aplicação do art. 112 do CTN, tendo em vista a evidente retenção da exação por parte da instituição financeira. Requer, ainda, que as intimações sejam dirigidas ao escritório do advogado. A DRJ em Campinas julgou procedente o lançamento cujo acordão restou assim ementado: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira— CPMF Data do fato gerador: 04/08/1999, 11/08/1999, 18/08/1999, 04/07/2001 Ementa: NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não é nulo o auto de infração ou o - procedimento fiscal que lhe deu origem quando em sua elaboração a autoridade tributária competente observa todas as formalidades legais e descreve suficientemente os fatos que levaram à autuação. Tendo sido regularmente oferecida à autuada a oportunidade de defesa, resta descaracterizado o cerceamento desse direito. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. INFORMAÇÕES FORNECIDAS POR INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. FALTA DE RECOLHI- MENTO. NÃO RETENÇÃO. RESPONSABILIDADE SUPLE- TIVA. Informada à Administração Tributária a falta de retenção/recolhimento da contribuição, está correta a formalização da exigência, com os acréscimos legais, contra o sujeito passivo na sua qualidade de responsável supletivo pela obrigação. 01_ (co. 3 Processo n° 10830.002480/2003-85 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.207 Fl. 105 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à autoridade lançadora provar a ocorrência do fato constitutivo do direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar, cabe ao sujeito passivo alegar fatos impeditivos, modificativos ou extintivos e, além de alegá-los, comprová-los efetivamente, nos termos do Código de Processo Civil, que estabelece as regras de distribuição do ônus da prova aplicáveis ao PAF, subsidiariamente. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. O controle de constitucionalidade da legislação que fundamenta o lançamento é de competência exclusiva do Poder Judiciário e, no sistema difuso, centrado em última instância revisional no STF. Lançamento Procedente Inconformada, a contribuinte apresentou tempestivamente, em 16/02/2007, recurso voluntário de fls. 84/94, argumentando que a responsabilidade pela retenção e recolhimento da CPMF é da instituição financeira, sendo inafastável o sigilo bancário e, portanto, inviabilizado o lançamento. Sua responsabilidade supletiva sorp.ente pode ser invocada se o responsável pela retenção e recolhimento da contribuição não puder cumprir seu dever legal. Por fim, requer seja julgado insubsistente o auto de infração; produção de provas; realização de sustentação oral de defesa e que as intimações sejam dirigidas ao escritório do advogado. É o Relatório. Voto Conselheiro MAURICIO TAVEIRA E SILVA, Relator O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual, dele se conhece. A contribuinte menciona que o sigilo fiscal é inafastável inviabilizado, assim o lançamento. Não assiste razão a recorrente. Sobre o tema oportuno trazer à colação as considerações do ilustre tributarista Roberto Quiroga Mosqueral. A temática do sigilo bancário está atrelada à temática dos '- direitos fundamentais do cidadão. Dentre eles, o direito à privacidade desponta como regra basilar de fundamental W"'L 1 . . m "Direito Monetário e Tributação da Moeda" Ed. Dialética, São Paulo, 2006, p. 265/277 / 4 Processo n° 10830.002480/2003-85 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.207 Fl. 106 importância e de estreito relacionamento com o princípio do sigilo bancário. [.-.1 Quanto ao princípio do sigilo bancário, entendemos que o mesmo raciocínio se aplica. Exemplificativamente, não há sigilo bancário para a autoridade judiciária. Segredo bancário e - independência da jurisdição, como princípios, compatibilizam- se. Da mesma forma, para o pleno exercício da competência tributária outorgada pelo Texto Constitucional às pessoas jurídicas de Direito Público, a Administração Tributária tem o direito, em determinadas circunstâncias, de ter acesso às informações bancárias dos contribuintes. Não se trata de burlar o princípio do sigilo bancário - direito do cidadão -, trata-se, sim, de dar efetividade à norma constitucional de outorga de competência tributária aos entes políticos - direito do Estado. {---] Ora, o princípio da proteção do sigilo bancário não pode servir de antídoto à prática de atos ilícitos. O seu exercício não pode servir de manto protetor dos infratores das normas legais. O ato de confrontar normas e princípios constitucionais e o de aplicar corretamente o comando normativo que disciplina o sigilo bancário nada têm de ilegal ou inconstitucional. [...] Portanto, o sigilo bancário, em determinadas situações que vere- mos adiante, pode ser quebrado com a conseqüente revelação de informações antes ocultadas. Tais situações é que atribuem ao princípio referido a característica da relatividade e, a nosso ver, não ferem qualquer dispositivo constitucional. [-..] Além da referida norma, temos o dispositivo especifico da lei instituidora da CPMF, antes reproduzido, que permite a remessa à Secretaria da Receita Federal de dados dos contribuintes afetados pela tributação da mencionada contribuição. [--] Assim, no tocante à CPMF parece-nos que os dados recebidos pela Administração Tributária devem ser guardados em sigilo e utilizados para o exercício de suas competências legalmente previstas. No mesmo sentido, o disposto no parágrafo 10 do artigo 11, da Lei n° 9.311/96, ao autorizar a Secretaria da Receita Federal a requisitar ou proceder a exame de documentos, livros e registros e estabelecer obrigações acessórias, está de acordo com os ditames legais que regem a matéria. Da mesma forma, a norma que prevê a prestação de informações necessárias à identificação dos contribuintes e indicação dos valores globais das respectivas operações 5 Processo n° 10830.002480/2003-85 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.207 Fl. 107 - por parte das instituições financeiras à Secretaria da Receita Federal (parágrafo 2° do aludido artigo 11). parece-nos absolu- tamente adequada aos ditames previstos em Texto Constitucional. Como dissemos, são normas que viabilizam o pleno exercício das competências tributárias atribuídas pela Carta Suprema. Por fim, o ilustre autor arremata suas considerações do seguinte modo: No tocante à segunda questão entendemos não existir ofensa na remessa de dados pelos responsáveis tributários à Administração Tributária, uma vez que o princípio da proteção do sigilo bancário não pode mitigar o princípio do exercício de competências constitucionalmente atribuídas. Portanto, conforme se depreende, é improcedente a alegação da contribuinte quanto a ocorrência de afronta ao sigilo bancário, de modo a inviabilizar o lançamento. Ademais, o sigilo bancário decorre do direito à privacidade insculpido no art. 5 0, incisos X e XII da CRFB/88, visando resguardar o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada e de dados do cidadão. Portanto, diz respeito a assuntos inerentes aos seres humanos e não às pessoa jurídicas, obrigadas a efetuar os lançamentos em sua contabilidade, colocando-os a disposição dos órgãos fiscalizadores, no exercício de competências constitucionais. Quanto à alegação de que a responsabilidade pela retenção e recolhimento da CPMF é da instituição financeira e sua responsabilidade supletiva somente pode ser invocada se o responsável pela retenção e recolhimento da contribuição não puder cumprir seu dever legal, também não assiste razão a recorrente, conforme se demonstrará. Assim dispõe o art. 5 0, § 30 da Lei n° 9.311/96: Art. 5° É atribuída a responsabilidade pela retenção e recolhimento da contribuição: § 3° Na falta de retenção da contribuição, fica mantida, em caráter supletivo, a responsabilidade do contribuinte pelo Seu pagamento. De se registrar que a responsabilidade supletiva da contribuinte não se encontra condicionada, não cabendo analisar razões fáticas que acarretaram a falta de retenção da contribuição pela instituição financeira. Novamente se mostra oportuno apresentar os ensinamentos do mestre Roberto Quiroga Mosquera2, nos seguintes termos: Determinou a lei, outrossim, no parágrafo 3°, do artigo acima aludido, que, na falta de retenção da contribuição por parte da instituição financeira, fica mantida, em caráter supletivo, a "responsabilidade" do contribuinte pelo seu pagamento. Ora, • não se trata propriamente de um caso de "responsabilidade" 2 Op. Cit., p. 195/196 ktk„..„ ) 6 Processo n° 10830.002480/2003-85 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.207 Fl. 108 do contribuinte, como dá a entender a norma referida. Trata-se de uma impropriedade do mencionado comando normativo. A hipótese neste item comentada somente é possível quando não houver retenção do valor da CPMF por parte do responsável tributário. Nesse caso, por expressa determinação da lei, o contribuinte original deverá recolher o tributo de forma espontânea, portanto, o contribuinte fará um auto- recolhimento da CPMF. Porém, havendo a retenção, esta- remos diante de uma hipótese de substituição tributária, na qual o contribuinte não assumirá qualquer outra responsabilidade. A supletividade mencionada somente existirá no caso de não ocorrer a retenção por parte da entidade financeira. Ademais a interessada não comprovou a ocorrência de retenção por instituição financeira. Assim, correto o procedimento do fisco em efetuar o lançamento em consonância com a TN SRF n° 89/00, a qual dispõe sobre a cobrança da CPMF não recolhida por força de decisão judicial posteriormente revogada. A referida instrução normativa estabeleceu os procedimentos a serem adotados pelas instituições financeiras nos casos em que os contribuintes haviam encerrado suas respectivas contas correntes, ou haviam se manifestado contrariamente à retenção ou, ainda, não apresentavam suficiência de disponibilidade de fundos na data da retenção. No caso da responsabilidade supletiva do contribuinte pela CPMF não retida pela instituição bancária, deve o fisco efetuar o lançamento, acrescido de multa de oficio de juros de mora, contra o próprio contribuinte, conforme prevê a referida IN, no seu art. 3° e parágrafo único, que assim dispõe: Art. 3° A não retenção da contribuição, nas hipóteses estabelecidos nesta Instrução Normativa sujeita o contribuinte a lançamento de oficio. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a contribuição será acrescida de: I — juros de mora, determinados de conformidade com o inciso I do 55' 2° do art. 2°;II — multa de lançamento de oficio, de 75% a 225%, conforme o caso. Portanto, tendo em vista que o atuante efetuou o lançamento em conformidade com os elementos fornecidos pelos bancos sem que fosse demonstrada qualquer irregularidade, correto o procedimento do fisco não havendo reparos a fazer na decisão recorrida. Em relação ao pedido de produção de provas, de se registrar que o momento de apresentação de provas é junto com a impugnação precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, consoante art. 16, § 4° do Decreto 70.235/72. Quanto à sustentação oral pleiteada, sendo do interesse da recorrente apresentá-la, deverá estar presente na respectiva sessão na qual este processo conste da pauta, conforme publicação no DOU. Por fim, há que se indeferir o pleito do procurador no sentido de que as intimações sejam endereçadas ao seu escritório, pois o art. 23, II, do Decreto 11 2 70.235/72, estabelece que as intimações devem ser endereçadas para o domicílio fiscal do sujeito passivo, 7 Processo n° 10830.002480/2003-85 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.207 Fl. 109 enquanto que o § 42 do mesmo artigo define como domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo aquele por ele indicado nos cadastros da Secretaria da Receita Federal. Sendo essas as considerações que reputo suficientes e necessárias à resolução da lide, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 05 de junho de 2009. MAURreVIO TAVEIfESILVA 8
score : 1.0
Numero do processo: 10380.007333/2005-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004, 2005
ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 02.
No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos Órgãos de Julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 02).
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005
NÃOCUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS MONOFÁSICOS PARA REVENDA. CRÉDITOS. GLOSA.
Por expressa determinação legal, é proibida apuração de créditos relativos à aquisição de produtos sujeitos à tributação monofásica destinados à revenda com alíquota zero. É permitida somente a manutenção dos créditos decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às vendas com alíquota zero, quando devidamente comprovados.
PIS/COFINS. PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, DE TOUCADOR OU DE HIGIENE PESSOAL. CREDITAMENTO. VEDAÇÃO LEGAL.
Nos termos do art. 3º, I, "b" e do art. 2º, §1º, II das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, é vedado o creditamento das contribuições de PIS/Cofins dos bens adquiridos para revenda no caso de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal especificados no inciso I do art. 1º da Lei no 10.147/2000.
O art. 17 da Lei nº 11.033/2004, que possibilita a manutenção do crédito das operações vinculadas a vendas desoneradas das contribuições, não tem o condão de derrogar as vedações de creditamento já existentes em outras leis. Tal dispositivo possibilita apenas a manutenção do crédito já existente para aquela operação, ou seja, previsto na legislação para determinado bem naquela situação fática específica, mas que foi aplicado em produto cuja receita de venda não é tributada (suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência).
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-006.670
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cynthia Elena de Campos - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: CYNTHIA ELENA DE CAMPOS
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SÚMULA CARF Nº 02. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos Órgãos de Julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 02). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005 NÃOCUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS MONOFÁSICOS PARA REVENDA. CRÉDITOS. GLOSA. Por expressa determinação legal, é proibida apuração de créditos relativos à aquisição de produtos sujeitos à tributação monofásica destinados à revenda com alíquota zero. É permitida somente a manutenção dos créditos decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às vendas com alíquota zero, quando devidamente comprovados. PIS/COFINS. PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, DE TOUCADOR OU DE HIGIENE PESSOAL. CREDITAMENTO. VEDAÇÃO LEGAL. Nos termos do art. 3º, I, "b" e do art. 2º, §1º, II das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, é vedado o creditamento das contribuições de PIS/Cofins dos bens adquiridos para revenda no caso de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal especificados no inciso I do art. 1º da Lei no 10.147/2000. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 73 33 /2 00 5- 17 Fl. 193DF CARF MF 2 O art. 17 da Lei nº 11.033/2004, que possibilita a manutenção do crédito das operações vinculadas a vendas desoneradas das contribuições, não tem o condão de derrogar as vedações de creditamento já existentes em outras leis. Tal dispositivo possibilita apenas a manutenção do crédito já existente para aquela operação, ou seja, previsto na legislação para determinado bem naquela situação fática específica, mas que foi aplicado em produto cuja receita de venda não é tributada (suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência). Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Cynthia Elena de Campos Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão nº 08.24.984, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE, que por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, não reconhecendo o direito creditório da contribuinte, conforme Ementa abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005 DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas e judiciais operam efeitos somente entre as respectivas partes, não tendo o condão de vincular terceiros, estranhos à relação jurídicoprocessual. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10380.007333/200517 Acórdão n.º 3402006.670 S3C4T2 Fl. 194 3 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário:2004, 2005 NÃOCUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS MONOFÁSICOS PARA REVENDA. CRÉDITOS. GLOSA. Por expressa determinação legal, é proibida apuração de créditos relativos à aquisição de produtos sujeitos à tributação monofásica destinados à revenda com alíquota zero. É permitida somente a manutenção dos créditos decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às vendas com alíquota zero, quando devidamente comprovados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Por bem descrever os fatos ocorridos até aquele momento, reproduzo na íntegra o relatório da decisão recorrida: Destaquese inicialmente que o presente processo foi digitalizado, de forma que há uma pequena diferença entre a numeração original das folhas e a nova numeração atribuída automaticamente pelo sistema eprocesso, que será adotada no presente voto. Tratam os autos de manifestação de inconformidade apresentada em 22.7.2010, às fls. 94 a 109, contra o despacho decisório proferido pela DRF Fortaleza (fls. 79/82, ciência em 23.06.2010, fls. 93), por meio do qual foram: a) indeferidos os Pedidos de Ressarcimento de Créditos de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins NãoCumulativa, no montante de R$ 488.457,47, referentes aos 3º e 4º trimestres de 2004, e 1º e 2º trimestres de 2005 (fls. 23/26); b) não homologada a compensação dos débitos elencados na Declaração de Compensação (DCOMP) anexada às fls. 27/28. No referido despacho decisório, a autoridade fazendária define como cerne da questão verificar “se há previsão legal para constituição e apuração de créditos da Cofins nas aquisições para revenda dos produtos especificados no art. 1º da Lei nº 10.147, de 2000”. Prossegue transcrevendo excertos dos arts. 2º e 3º da Lei nº 10.833, de 2003, para, ao final, cravar o fundamento da decisão, nestes termos: Destarte, embora o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004 fruto da conversão da MP 206, de 2004, com vigência a partir de 09/08/2004 , tenha de fato permitido a manutenção pelo vendedor de créditos vinculados a vendas efetuadas com alíquota zero, como é o caso da revenda por comerciante atacadista dos produtos elencados no inciso I, do art. 1º, da Lei nº 10.147, de 21 de dezembro de 2000, não teve o condão de desfazer a vedação expressa contida no art. 3º, inciso i, alínea “b” da Lei nº 10.833, de 2003, Fl. 195DF CARF MF 4 quanto ao aproveitamento de créditos relativamente aos produtos ditos monofásicos ali elencados. Assim, no presente caso, a aplicação do art. 17 acima referido não alcança as mercadorias adquiridas para revenda sujeitas à tributação monofásica. Manifestação de Inconformidade Na peça de defesa, a manifestante afirma que em decorrência das atividades de comércio atacadista de produtos farmacêuticos de uso humano, está submetida às normas constantes da Lei nº 10.147, de 21 de dezembro de 2000, alterada pela Lei nº 10.548, de 13 de novembro de 2002, instituidora da tributação monofásica para medicamentos, perfumes, etc, na industrialização ou importação. Nesse contexto, entende que se sujeita à incidência da contribuição sob a modalidade não cumulativa, podendo descontar, do valor apurado, os créditos previstos na legislação. Afirma ter havido um equívoco na motivação do despacho, amparado em suposta vedação para o gozo dos créditos. Transcreve, em defesa de sua tese, a ementa da Solução de Consulta nº 321, de 8 de setembro de 2008, proferida na 8ª Região Fiscal, para assegurar que esse entendimento já foi reconhecido pela RFB. Prossegue a defesa resumidamente nos seguintes termos. Créditos do Regime Monofásico Sede Constitucional do Regime NãoCumulativo o § 12 do art. 195 da Constituição Federal autorizou o legislador a definir os setores de atividade econômica a serem submetidos à incidência das contribuições sobre a receita e o faturamento de forma nãocumulativa; nesse sentido, a inclusão do setor de medicamentos (tributados de forma monofásica) no regime nãocumulativo deve observar o objetivo constitucional de neutralizar a incidência em cascata do tributo, permitindo o desconto dos créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda, cujo custo de aquisição já contém o valor da contribuição majorada na primeira etapa da cadeia econômica (importadores e fabricantes) e repassada para os comerciantes atacadistas e varejistas, resultando em excessiva tributação ao longo da cadeia, até o consumidor final; assim, não se pode negar o direito ao desconto dos créditos calculados em relação a esses bens adquiridos dos comerciantes atacadistas e varejistas para revenda, sob pena de contrariar o desiderato constitucional, sobretudo se essa vedação decorrer de norma infraconstitucional; Tributação Monofásica – Inclusão no Regime NãoCumulativo de acordo com a modificação introduzida pela Lei nº 10.865, de 2004 (com efeitos a partir de 1º de agosto de 2004) nos incisos IV, § 3º, arts. 1º, das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003, o texto original desses dispositivos (que excluía da base de cálculo da contribuição, sob a modalidade nãocumulativa, quaisquer vendas submetidas à incidência monofásica) passou a excetuar da incidência nãocumulativa apenas a venda de álcool para fins carburantes; com isso, os produtos submetidos à tributação monofásica não estariam mais alcançados pelo art. 8º, inciso VII, da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 10, inciso VII, da Lei nº 10.833, de 2003, que preveem a permanência de receitas tributadas sob o regime cumulativo; desse modo, a partir de 1º de agosto de 2004, os produtos submetidos à tributação monofásica estariam incluídos na incidência nãocumulativa, possibilitando o desconto dos créditos em relação aos bens adquiridos para revenda; assim, as vendas de produtos sujeitos à incidência monofásica incluídas no regime de tributação não cumulativa possibilitaram o desconto de créditos Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10380.007333/200517 Acórdão n.º 3402006.670 S3C4T2 Fl. 195 5 calculados em relação aos bens adquiridos para revenda a partir de 9 de agosto de 2004; Interpretação Equivocada a norma contida no art. 3º, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 10.637, de 2002, bem como no art. 3º, inciso I, alínea “b”, da Lei nº 10.833, de 2003, segundo os quais não poderiam ser descontados créditos com relação aos bens adquiridos para revenda previstos no § 1º do art. 2º das referidas Leis, é destinada somente a produtores ou importadores, não se aplicando aos comerciantes distribuidores, atacadistas e varejistas, de sorte que a suposta vedação alegada pela autoridade Coatora não se aplica à Impetrante; dizse isso porque o art. 3º, inciso I, alínea “b”, em ambas as Leis mencionadas, não permite o desconto de créditos calculados sobre bens adquiridos para revenda referidos no § 1º do art. 2º das mesmas Leis, os quais se reportam à receita bruta auferida pelos produtores ou importadores; como a norma que vedaria a manutenção do crédito trata apenas da receita bruta auferida por produtores e importadores, não pode ser dada interpretação extensiva para alcançar os comerciantes atacadistas e varejistas, nem distribuidores, como é o caso da impetrante; Revogação do art. 3º, inciso I, alínea “b” das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003 amparase em artigo doutrinário e decisão emanada nos autos do Recurso de Agravo de Instrumento nº 2007.03.00.0961053, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, para defender que a suposta vedação estabelecida pelo art. 3º, inciso I, alínea “b”, das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, deixou de existir com a autorização prevista no art. 16 da Medida Provisória nº 206, de 6 de agosto de 2004, convertida na Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004 (artigo 17), ao contrário do que expôs o Auditor Fiscal; de acordo com o art. 2º da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), pelo critério segundo o qual lei posterior revoga a anterior com ela incompatível, a primeira norma (art. 3º, inciso I, alínea “b”, das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003) teria sido revogada pela norma posterior (art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004), a qual concede, sem restrições, a todo e qualquer contribuinte que tem saídas tributadas com alíquota zero o direito ao crédito pelas suas entradas; não faria qualquer sentido o legislador inovar colocando o setor no regime nãocumulativo, e, por outro lado, estabelecendo que seus integrantes não teriam direito ao crédito pelas suas entradas; assim, desde agosto de 2004, a impetrante possui pleno direito ao desconto de créditos quando da aquisição de bens para revenda, dentro da sistemática da nãocumulatividade, direito concedido pelo art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004; Lei nº 11.116/2005 – Saldo Credor Decorrente da Lei nº 11.033/2004 a confirmação de que passou a vigorar o novo regime de creditamento veio com a edição da Lei nº 11.116, de 18 de maio de 2005, que disciplinou, no art. 16, o modo de aproveitamento do saldo credor decorrente da Lei nº 11.033, de 2004; IN SRF 594/2005 – Violação da Legalidade e Hierarquia das Normas Fl. 197DF CARF MF 6 a Instrução Normativa SRF nº 594, de 26 de dezembro de 2005 (em cujo art. 26, § 5º, estabeleceu que não gera direito a créditos o valor da aquisição no mercado interno, para revenda, dos produtos relacionados no art. 1º) trouxe uma restrição não contida na legislação pertinente, em ofensa ao princípio da legalidade, insculpido no inciso II, do art. 5º, e no inciso I, do art. 150, da Constituição Federal de 1988, bem como ao princípio da hierarquia de normas, uma vez que os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas prestamse para complementar as leis, não podendo ir de encontro a elas, nos termos do art. 100 do CTN – de modo que não pode ser óbice ao direito à manutenção de créditos pela Impetrante; MP nº 413, de 2008, Convertida na Lei nº 11.727, de 2008 a introdução do § 14 ao art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e do § 22 ao art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, por meio dos arts. 14 e 15 da Medida Provisória nº 413, de 3 de janeiro de 2008, com vigência a partir de 1º de maio de 2008, determinando que aos distribuidores e aos comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos com incidência monofásica, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas, não se aplicaria a manutenção de créditos de que trata o art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, reafirmam que até essa data (1.5.2008) era plenamente possível a tomada de créditos pelos distribuidores e comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos sujeitos à tributação monofásica, posto que antes da edição da MP, vigorava o entendimento manifestado pelo art. 16 da MP 206/2004, convertido no art. 17 da lei nº 11.033/2004, segundo o qual as vendas com alíquota zero não impediam a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações; essa vedação expressa pela introdução dos parágrafos 14 (art. 3º da Lei nº 10.637/2002) e 22 (art. 3º, da Lei nº 10.833/2003) foi suprimida por ocasião da conversão da MP 413/2008 na Lei nº 11.727, de 23 de 23 de junho de 2008, tornando inócua a alteração; a inovação no plano jurídico, impondo vedação que antes inexistia, não pode ser aplicada retroativamente, no sentido de impedir a tomada de crédito no caso em comento, por obediência ao princípio da irretroatividade das Leis (art. 6º da LICC e art. 5º, inciso XXXVI c/c art. 150 inciso III da CF); Demais Créditos – Ausência de Análise o pedido de ressarcimento abrange créditos de COFINS calculados sobre todos os bens adquiridos para revenda, despesas com fretes, aluguéis, arrendamento mercantil, e custos com energia, além de outros listados no DACON; na decisão proferida, a RFB atevese apenas a analisar a (im)possibilidade de descontos dos créditos calculados sobre os bens adquiridos para revenda sujeitos à tributação monofásica da COFINS, olvidando a análise dos demais créditos, os quais devem ser reconhecidos na forma do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003; assim, requer a apreciação dos outros itens apresentados, com a homologação do pedido de ressarcimento quanto aos créditos de COFINS calculados sobre os demais itens adquiridos para revenda, despesas com fretes sobre vendas, despesas de aluguéis pagas a pessoas jurídicas, despesas com arrendamento mercantil, despesas e custos com energia, além de outros discriminados no DACON; Aproveitamento dos Créditos com relação ao modo de aproveitamento dos créditos, afirma que os valores calculados serão utilizados para reduzir o montante a pagar da contribuição, havendo saldo credor remanescente para os casos em que o valor dos créditos supere o valor a pagar da contribuição, resta demonstrada a possibilidade de aproveitamento sob a Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10380.007333/200517 Acórdão n.º 3402006.670 S3C4T2 Fl. 196 7 forma de compensação ou restituição, a teor do que disciplina o art. 16 da Lei nº 11.116/2005; Do Pedido Pelo exposto requerse, com a presente Manifestação de Inconformidade, reforma do despacho decisório, para reconhecer o direito ao ressarcimento dos valores a título de COFINS, referentes aos 3º e 4º trimestres de 2004, e 1º e 2º trimestres de 2005 e, por consequencia, homologar as compensações pleiteadas, objeto do processo administrativo em epígrafe, por ser medida de inteira JUSTIÇA. Por fim, pugna a Requerente pelas retificações necessárias, objetivando o reconhecimento do crédito que ora se pretende compensar, nos termos da legislação de regência. Diligência O julgamento do feito foi convertido em diligência, nos termos da Resolução nº 2.086, de 18 de fevereiro de 2011 (fls. 132/138). O procedimento de diligência foi consolidado às fls. 149/150 e cientificado à interessada em 11.04.2012 (fls. 151). A Contribuinte foi intimada por via postal em data de 14/05/2013, conforme Aviso de Recebimento de fls. 174. O Recurso Voluntário de fls. 176 a 189 foi interposto em data de 12/06/2013 (protocolo físico), pelo qual pede a reforma da decisão recorrida para que seja reconhecido o direito ao ressarcimento dos valores a título de COFINS pleiteados e, por consequencia, que sejam homologadas as respectivas compensações, uma vez que a amplitude constitucional da nãocumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS, a edição da Lei nº 10.865/2004 e a prevalência do artigo 17 da Lei nº 11.033/04, concede o direito ao desconto de créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda, indepedentemente de suas saídas estarem submetidas à alíquota zero. A Contribuinte sustenta suas alegações da seguinte forma: i) Em decorrência de suas atividades no comércio atacadista de produtos farmacêuticos, está submetida às normas constantes da Lei nº 10.147/2000, que instituiu a tributação monofásica dos produtos elencados em seu artigo 1º (medicamentos, perfumes, etc...), a partir da industrialização ou importação, com alíquotas de 2,2% para PIS e 10,3% para a COFINS; ii) Com isso, está sujeita à tributação das contribuições sob a modalidade nãocumulativa, através da qual, do valor apurado, poderá descontar créditos calculados em relação a custos e despesas inerentes à sua atividade, nos termos da legislação em regência; iii) Os Pedidos de Ressarcimento de créditos da COFINS não cumulativos referemse aos 3º e 4º trimestres de 2004, e 1º e 2º trimestres de 2005; iv) Cumulativamente, requereu compensações destes créditos com os débitos elencados em Declaração de Compensação; Fl. 199DF CARF MF 8 v) O litígio versa sobre o reconhecimento do direito aos descontos de créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda, por contribuintes varejistas e atacadistas que comercializam produtos sujeitos à tributação monofásica da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS; vi) Por disposição do artigo 17 da Lei nº 11.033/04, ainda que a venda esteja submetida à alíquota zero, mantém regularmente os créditos calculados pelas aquisições dos mesmos; vii) Desde 1º de maio de 2001, as pessoas físicas e jurídicas, fabricantes e importadoras de medicamentos estão sujeitos à incidência monofásica e, portanto, as receitas de vendas de produtos sujeitos à incidência das contribuições passam a integrar a base de cálculo, no regime nãocumulativo, do PIS/PASEP e da COFINS; viii) A nãocumulatividade da Contribuição para o PIS /PASEP e COFINS tem sede constitucional (artigo 195, § 12 da CF) e, portanto, não pode ser negado o direito ao desconto de créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda aos comerciantes atacadistas e varejistas. É o relatório. Voto Conselheira Cynthia Elena de Campos, Relatora 1. Pressupostos legais de admissibilidade Nos termos do relatório, verificase a tempestividade do Recurso Voluntário, bem como o preenchimento dos requisitos de admissibilidade, resultando em seu conhecimento. 2. Mérito. 2.1. Créditos Oriundos do Regime Monofásico A Recorrente argumenta sobre a matriz constitucional da não cumulatividade, alegando que a fiscalização interpretou de forma equivocada a inclusão no regime nãocumulativo da tributação monofásica das contribuições, aduzindo também o entendimento sobre a revogação do artigo 3º, I, “b” das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Em síntese, o argumento em análise versa sobre a inconstitucionalidade do artigo 3º, I, “b” da Lei nº 10.833/2003. Está correta a decisão recorrida ao observar que o controle da constitucionalidade das leis não é da alçada dos órgãos administrativos. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10380.007333/200517 Acórdão n.º 3402006.670 S3C4T2 Fl. 197 9 Aplicase a Súmula CARF nº 2, a qual prevê que este Tribunal Administrativo não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 2.2. Tributação Monofásica – Inclusão no Regime NãoCumulativo. Alega a Recorrente que as vendas de produtos sujeitos à incidência monofásica, a partir da modificação introduzida pelo artigo 1º, § 3º, inciso IV da Lei nº 10.865/2004 (01082004), restaram incluídas no regime nãocumulativo de apuração da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, possibilitando o desconto de créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda a partir de 09/08/2004. Argumentou que tal modificação substituiu o texto original quando tratou de produtos monofásicos, para abordar apenas sobre a venda de álcool para fins carburantes, não havendo previsão quanto à exclusão das receitas decorrentes dos produtos das referidas Contribuições Sociais. Com isso, as vendas de produtos sujeitos à incidência monofásica restaram, a partir daquela data, incluídas no regime nãocumulativo de apuração da Contribuição para o PIS e COFINS, o que possibilitou o desconto de créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda. Prossegue fundamentando que a restrição aos descontos de créditos com relação aos bens adquiridos para revenda previstos no parágrafo 1º do artigo 2º da Lei nº 10.6372002 e da Lei nº 10.8332003, é destinada somente a produtores ou importadores, não se aplicando aos comerciantes distribuidores, atacadistas e varejistas e, por consequência, não se aplica ao presente caso. Com relação a este argumento da defesa, para demonstrar o equívoco na interpretação apontada pela Recorrente, peço vênia para reproduzir os fundamentos apontados pelo Ilustre Julgador de 1ª Instância: Com efeito, a Lei nº 10.865, de 2004, alterou a redação do supracitado inciso IV, do § 3º do art. 1º das duas Leis, o qual passou a contar com a seguinte redação: IV – de venda de álcool para fins carburantes; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Revogado pela Lei nº 11.727, de 2008) Referidos dispositivos foram posteriormente revogados pelo art. 42 da Lei nº 11.727, de 2008: Art. 42. Ficam revogados: III – a partir do primeiro dia do quarto mês subsequente ao da publicação desta Lei: ... c) o inciso IV do § 3º do art. 1º e a alínea a do inciso VII do art. 8º da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002; d) o inciso IV do § 3º do art. 1º e a alínea a do inciso VII do caput do art. 10 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003; Do quanto apreciado até este momento, restou evidente que até julho de 2004, todas as vendas submetidas à incidência monofásica das contribuições permaneceram tributadas sob as regras anteriores (sistemática cumulativa). Porque a Lei nº 10.865, de 2004, modificou o inciso IV, do § 3º do art. 1º das Leis nº 10.637/2002 e Fl. 201DF CARF MF 10 nº 10.833/2003, de modo que essa regra da sistemática cumulativa ficou limitada à venda de álcool para fins carburantes, a partir de agosto de 2004. Porém, isso não significa que, a partir de agosto de 2004 – pelo fato de passarem a se submeter à incidência cumulativa das contribuições – todas as aquisições de produtos sujeitos à incidência monofásica (inclusive aqueles comercializados pela impugnante, tributados à alíquota zero no momento da revenda) geram direito à apuração e desconto de créditos. O sistema de regramento para o desconto de créditos das contribuições (PIS/Pasep e COFINS) é bastante complexo e contém diversas exceções, exigindo do intérprete muita cautela na aplicação dos comandos legais pertinentes, como se verá em seguida. Concluindo o raciocínio, a impugnante entende que o fisco vedou o aproveitamento dos créditos, alegando, equivocadamente, o impedimento previsto no art. 3º, inciso I, alínea “b” das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03 (redação alterada pela Lei n° 10.865/2004), todavia a norma contida nos dispositivos mencionados é destinada somente a produtores ou importadores, não se aplicando aos comerciantes distribuidores, atacadistas e varejistas, tendo em vista que o § 1º do art. 2º das mencionadas Leis referemse à "receita bruta auferida pelos produtores ou importadores", não podendo ser dada interpretação extensiva para alcançar os comerciantes atacadistas e varejistas, nem distribuidores, como é o caso da impetrante. Neste momento, chegouse, a meu ver, ao cerne da questão. O problema reside exatamente em saber quais os destinatários do comando estabelecido na alínea “b”, inciso I, art. 3º, das duas Leis diversas vezes mencionadas. Tratase de uma exceção, como tantas outras que ornamentam a legislação vigente para o PIS/Pasep e para a COFINS. Devese então estudar as regras específicas criadas pelo legislador para regular a matéria tratada nos autos. Para compreender melhor o assunto, vale frisar que a redação do art. 3º, inciso I, alínea “b” das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.388/2003, foi introduzida pela Lei nº 10.865/2004, nos seguintes termos (com grifos deste relator): Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I – bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Em seguida a redação da alínea “b” foi alterada pela Lei nº 11.787/2008, apenas para incluir o § 1ºA: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I – bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) b) nos §§ 1º e 1º A do art. 2º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Tratase de uma exceção aplicada à sistemática da incidência nãocumulativa das contribuições, restando configurado que não é o simples fato de se encontrar incluído nessa modalidade de incidência que dará direito amplo e irrestrito ao desconto de créditos. Como se vê no dispositivo legal supratranscrito, a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação aos bens adquiridos para Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10380.007333/200517 Acórdão n.º 3402006.670 S3C4T2 Fl. 198 11 revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos no § 1º do art. 2º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003: Art. 2º Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarse á, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1º, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). § 1º Excetuase do disposto no caput a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I no inciso I do art. 1º da Lei nº 10.147, de 21 de dezembro de 2000, e alterações posteriores, no caso de venda de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, nele relacionados; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Observando as normas abordadas, verificase que a defesa enganase quando pretende aplicar a exceção, para o desconto dos créditos, apenas aos produtores e importadores. Isto porque o comando do art. 3º, inciso I, alínea “b” das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.388/2003, veda o desconto de créditos não para as pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 2º das citadas Leis. A leitura cuidadosa do dispositivo legal permite constatar que, na verdade, é proibido descontar créditos em relação às mercadorias e aos produtos referidos no § 1º do art. 2º. E neste dispositivo, como se vê na transcrição, encontramse os produtos farmacêuticos comercializados pela interessada, em relação aos quais a unidade de origem não admitiu o aproveitamento dos créditos expressamente vedados pela legislação. Assim sendo, não há como acolher o argumento de que a autoridade fazendária interpretou equivocadamente as normas relativas à matéria. (SEM DESTAQUE NO TEXTO ORIGINAL) Portanto, deve ser mantida a decisão recorrida por seus próprios fundamentos. 2.3. Revogação do art. 3º, I, “b” das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Lei nº 11.116/05 – Aproveitamento do Crédito. IN SRF 594/2005 – Violação da Legalidade e Hierarquia das Normas. A Recorrente alega que qualquer vedação imposta pelo art. 3º, inciso I, alínea “b” das Leis n° 10.637/02 e nº 10.833/03 deixou de existir com a autorização prevista no art. 16 da MP n° 206/2004, convertido no art. 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, norma que deve prevalecer, por ter sido editada posteriormente, de acordo com o § 1° do art. 2° da LICC (Lei de Introdução ao Código Civil). Afirma que, até 01.05.2008 era plenamente possível a tomada dos créditos, posto que antes da edição da Medida Provisória, vigorava a disciplina do art. 17 da Lei nº 11.033/2004, segundo o qual as vendas com alíquota zero não impediam a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. No entender da manifestante, esses dispositivos legais teriam reafirmado que até essa data (01.05.2008) era plenamente possível a tomada dos créditos, Fl. 203DF CARF MF 12 posto que antes da edição da MP, vigorava a disciplina do art. 17 da Lei nº 11.033/2004, segundo o qual as vendas com alíquota zero não impediam a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Inicialmente, esclareço que a Contribuinte enquadrase na condição de atacadistavarejista e aplica a alíquota zero das Contribuições para o PIS e COFINS nas vendas auferidas pela comercialização de produtos farmacêuticos. Observo, ainda, que a norma estabelecida no artigo 17 da Lei nº 11.033, de 2004, aplicase aos créditos não proibidos por norma específica. Considerando que tais argumentos foram tratados em peça de impugnação e bem enfretando pelo Ilustre julgador a quo, reproduzo como fundamentação parte do r. voto condutor do acórdão a quo: “No entender da manifestante, esses dispositivos legais teriam reafirmado que até essa data (01.05.2008) era plenamente possível a tomada dos créditos, posto que antes da edição da MP, vigorava a disciplina do art. 17 da Lei nº 11.033/2004, segundo o qual as vendas com alíquota zero não impediam a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Eis a redação do § 14 do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 e do § 22 do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, introduzida pelos arts. 14 e 15 da MP nº 413/2008, que tiveram vigência efêmera: Excetuamse do disposto neste artigo os distribuidores e os comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos referidos no § 1º do art. 2º desta Lei, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas, não se aplicando a manutenção de créditos de que trata o art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004.” (NR) Para compreender melhor o assunto, é preciso observar que o dispositivo acima transcrito tratou somente dos créditos referentes aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos submetidos à incidência monofásica (previstos no § 1º do art. 2º das Leis nºs 10.637/2002 e nº 10.833/2003). Sabendose que não havia norma especial proibindo a apuração desses créditos (alusivos a custos, despesas e encargos), a regra inserida pela citada MP (acima transcrita) constituiuse numa tentativa de vedar a manutenção dos créditos que havia sido concedida pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Todavia, como o texto dos arts. 14 e 15 da MP nº 413/2008 foi desprezado por ocasião da conversão da mencionada MP na Lei nº 11.727/2008, conclui se que permaneceu o consentimento para a manutenção desses créditos. Inclusive, esse entendimento está expresso na ementa da Solução de Consulta nº 321, de 8 de setembro de 2008, proferida pela Superintendência da Receita Federal na 8ª Regição Fiscal, transcrita pela manifestante em sua defesa (convém destacar que o texto referese a crédito presumido): ... PRODUTOS FAMACÉUTICOS. CRÉDITO PRESUMIDO. Somente os créditos decorrentes de custos despesas e encargos vinculados às operações de exportação e às vendas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidências que não puderem ser utilizados na dedução de débitos da Cofins podem ser utilizados na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10380.007333/200517 Acórdão n.º 3402006.670 S3C4T2 Fl. 199 13 administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ou objeto de pedido de ressarcimento. Contudo, aquisição de produtos farmacêuticos (de incidência monofásica) para revenda constitui exceção à regra geral da não cumulatividade, não gerando créditos por força da vedação expressa contida no art. 3o, I, alínea “b”, das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, dispositivos legais que permaneceram incólumes, não sofreram qualquer atentado. Repitase, portanto, que a norma estabelecida no art 17 da Lei nº 11.033, de 2004, aplicase aos créditos, cuja apuração não tenha sido proibida por norma específica. Aplicase aos créditos permitidos pela legislação, como é o caso daqueles decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos submetidos à incidência monofásica. Sem (destaque no texto original) Impera ainda observar que a redação do art. 3º, inciso I, alínea "b" da Lei nº. 10.833/2003 não conflita com a norma do art. 17 da Lei nº. 11.033/2004, uma vez que referido dispositivo atinge o sujeito passivo da relação e não o critério quantitativo do tributo, qual seja, a alíquota, razão pela qual permanece vigente. Com isso, não há que se falar em revogação tácita, permanecendo a exceção ao creditamento no caso em análise. Portanto, verificase a exceção ao direito de crédito para aqueles que exerçam atividade de revenda de produtos farmacêuticos e de toucador. Neste sentido, colaciono as seguintes Soluções de Consulta: SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 237 de 07 de Dezembro de 2007 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. VENDAS EFETUADAS COM ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. COMERCIANTES VAREJISTAS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS, PRODUTOS DE PERFUMARIA, DE TOUCADOR OU DE HIGIENE PESSOAL. INEXISTÊNCIA DE DIREITO DE CRÉDITO. Em razão da técnica legalmente implementada de tributação concentrada aos industriais e importadores de produtos farmacêuticos, produtos de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, as receitas auferidas pelos comerciantes varejistas com a venda desses produtos são submetidas à alíquota zero da Cofins, sendo expressamente vedado, de outra parte, o aproveitamento de créditos em relação às aquisições desses bens. (sem destaque no texto original) SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 111 de 08 de Agosto de 2006 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. VENDAS EFETUADAS COM ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. COMERCIANTES Fl. 205DF CARF MF 14 ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, TOUCADOR E HIGIENE PESSOAL. INEXISTÊNCIA DE DIREITO DE CRÉDITO. Em razão da técnica legalmente implementada de tributação concentrada nos industriais e importadores de produtos farmacêuticos, de perfumaria, toucador e higiene pessoal, as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas e varejistas com a sua venda são submetidas à alíquota zero da Cofins, sendo expressamente vedado, de outra parte, o aproveitamento de créditos em relação às aquisições dos aludidos bens. (sem destaque no texto original) SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 87 de 17 de Julho de 2006 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. VENDAS EFETUADAS COM ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DO CRÉDITO. COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, TOUCADOR E HIGIENE PESSOAL. INEXISTÊNCIA DE DIREITO DE CRÉDITO. A partir de 1º de agosto de 2004 as receitas relativas à venda de produtos farmacêuticos, de perfumaria, toucador e higiene pessoal passaram a sujeitarse à incidência nãocumulativa da Cofins. Em razão da técnica legalmente implementada de tributação concentrada nos industriais e importadores desses produtos, as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas e varejistas com a sua venda são submetidas à alíquota zero dessa contribuição social, sendo expressamente vedado, de outra p arte, o aproveitamento de créditos em relação às aquisições dos aludidos bens. (sem destaque no texto original) Por sua vez, este Colegiado já abordou o tema no mesmo sentido, a exemplo do v. Acórdão nº 3402006.223, de relatoria da eminente Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, a seguir transcrito: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 PIS/COFINS. PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, DE TOUCADOR OU DE HIGIENE PESSOAL. CREDITAMENTO. VEDAÇÃO LEGAL. Nos termos do art. 3º, I, "b" e do art. 2º, §1º, II das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, é vedado o creditamento das contribuições de PIS/Cofins dos bens adquiridos para revenda no caso de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal especificados no inciso I do art. 1º da Lei no 10.147/2000. O art. 17 da Lei nº 11.033/2004, que possibilita a manutenção do crédito das operações vinculadas a vendas desoneradas das contribuições, não tem o condão de derrogar as vedações de creditamento já existentes em outras leis. Tal dispositivo possibilita apenas a manutenção do crédito já existente para aquela operação, ou seja, previsto na legislação para determinado bem naquela situação fática específica, mas que Fl. 206DF CARF MF Processo nº 10380.007333/200517 Acórdão n.º 3402006.670 S3C4T2 Fl. 200 15 foi aplicado em produto cuja receita de venda não é tributada (suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência). PIS/COFINS. STJ. CONCEITO ABSTRATO. INSUMO. ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. PROCESSO PRODUTIVO. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.221.170/PR, decidiu pelo rito dos Recursos Repetitivos no sentido de que o conceito abstrato de insumo para fins de creditamento das contribuições sociais não cumulativas (arts. 3º, II das Leis nºs 10.833/2003 e 10.637/2002) deve ser aferido segundo os critérios de essencialidade ou de relevância para o processo produtivo da contribuinte, os quais estão delimitados no Voto da Ministra Regina Helena Costa. PIS/COFINS. TRANSFERÊNCIA ENTRE FILIAIS. COMERCIALIZAÇÃO. FRETE. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O transporte de bens destinados a venda entre os estabelecimentos da recorrente, sem vinculação com o processo produtivo em si, que não se refere também ao deslocamento do produto vendido entre o estabelecimento do produtor e o do adquirente, não se enquadra nas hipóteses permissivas de creditamento de frete na operação de venda (arts. 3o, inciso IX e 15 da Lei 10.833/2003) ou de serviço utilizado como insumo no processo produtivo (incisos II dos arts. 3º das Leis nos 10.833/2003 e 10.637/2002). Os critérios de essencialidade ou de relevância (REsp nº 1.221.170/PR) devem ser avaliados em relação ao processo produtivo em si, do qual origina o produto final ou atinente à execução do serviço prestado a terceiros. Os incisos II dos arts. 3o das Leis nos 10.833/2003 e 10.637/2002 não contemplam o creditamento sobre bens ou de serviços utilizados na atividade de comercialização de mercadorias, mas tão somente sobre os insumos utilizados na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens. PIS/COFINS. DEPRECIAÇÃO. ATIVO IMOBILIZADO. ATIVIDADE COMERCIAL. IMPOSSIBILIDADE. A possibilidade de creditamento com base nos incisos VI e §1º, III dos artigos 3º das Leis nº 10.833/2003 e 10.637/2002 está restrita aos encargos de depreciação dos bens incorporados ao ativo imobilizado destinados para locação a terceiros, produção de bens destinados à venda ou prestação de serviços; não sendo cabível na hipótese de máquinas ou equipamentos utilizados na atividade comercial da empresa. DECISÃO RECORRIDA. ELEMENTOS MODIFICATIVOS OU Fl. 207DF CARF MF 16 EXTINTIVOS. Incumbe à interessada, por ocasião do recurso voluntário, apresentar elementos modificativos ou extintivos da decisão recorrida, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 e do art. 36 da Lei nº 9.784/99, inclusive, a prova documental que se destine a contrapor razões ou fatos aduzidos pelo julgador a quo (art. 16, §4º, "c" do Decreto nº 70.235/72). Não é tarefa do julgador do recurso voluntário diligenciar para buscar a prova faltante do direito creditório da contribuinte mencionada na decisão recorrida quando a própria recorrente sequer contestou os fundamentos dessa decisão nesta parte. PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRODUÇÃO DE PROVAS. O processo administrativo tem um rito diferenciado do procedimento adotado no âmbito do Código de Processo Civil, o qual, no seu art. 1046, §2º expressamente preservou a vigência das disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, aos quais se aplica as normas do CPC apenas em caráter supletivo. Em que pese a possibilidade excepcional de apresentação de provas após a manifestação de inconformidade/impugnação, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, no processo administrativo fiscal não há qualquer previsão de autorização para posterior produção de prova pela interessada fora das hipóteses de diligências ou perícias autorizadas pelo julgador. Recurso Voluntário negado Direito Creditório não reconhecido (sem destaque no texto original) Portanto, está correta a conclusão apontada pelo Ilustre Julgador de 1ª Instância, devendo ser mantida a decisão recorrida. 3. Dispositivo Ante o exposto, conheço e nego provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Cynthia Elena de Campos Fl. 208DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.900564/2014-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE (IRRF)
Data do fato gerador: 31/12/2012
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE.
Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam todos os requisitos exigidos nas normas legais pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade.
DESPACHO DECISÓRIO. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA.
Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO.
Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados.
Numero da decisão: 2401-006.288
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.900539/2014-60, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(documento assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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NULIDADE. Estando demonstrados os cálculos e a apuração efetuada e possuindo o despacho decisório todos os requisitos necessários à sua formalização, sendo proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam todos os requisitos exigidos nas normas legais pertinentes ao processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade. DESPACHO DECISÓRIO. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. Na medida em que o despacho decisório que indeferiu a restituição requerida teve como fundamento fático a verificação dos valores objeto de declarações do próprio sujeito passivo, não há que se falar em cerceamento de defesa. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.900539/2014-60, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (documento assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 05 64 /2 01 4- 43 Fl. 69DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2401-006.288 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.900564/2014-43 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2401-006.258, de 08 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10880.900539/2014-60, paradigma deste julgamento. “Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra ato da autoridade administrativa que não homologou a compensação declarada por meio eletrônico (PER/DCOMP), relativamente a crédito de IRRF que teria sido recolhido a maior no período de apuração constante dos autos. Como bem relatado pela instância a quo , o Despacho Decisório não homologou o pedido de compensação em debate, sob o fundamento de que, embora localizado o pagamento que deu origem ao suposto crédito original de pagamento indevido ou a maior, o mesmo estava à época do encontro de contas integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados. Notificada da decisão a Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: 1. Sem qualquer fundamento legal ou maiores explicações, a autoridade administrativa não homologou a compensação realizada pela empresa, através do despacho decisório proferido nos presentes autos. 2. A alegação de que não existe crédito disponível não pode ser entendida como fundamento do despacho decisório, sem constar o porquê dessa inexistência. 3. A autoridade administrativa não se deu ao trabalho de motivar sua decisão, a teor do art. 50 da Lei n° 9.784, de 1999. 4. A não homologação dessa compensação ocorreu por sistema informatizado, porque o crédito sequer foi apreciado. Limitou-se a autoridade administrativa em fazer uma verificação prévia se o pagamento realizado indevidamente ou a maior estava disponível em seus sistemas. Ainda inconformada, a Recorrente apresenta Recurso Voluntário, repisando parte de suas razões apresentadas em sede de Impugnação que são, em síntese, as seguintes: a) o V. Acórdão merece reforma, basicamente, porque firmou entendimento equivocado, o ato administrativo que não reconheceu o direito creditório do contribuinte é vinculado, devendo conter os pressupostos de fato e de direito, em obediência ao princípio da legalidade; b) Na mesma esteira de entendimento, o ato administrativo deve ser motivado para se mostrar eficaz, razão pela qual não deve prosperar o acórdão ora guerreado; c) o crédito que se fundou o direito subjetivo do contribuinte foi protocolado por meio de compensação, todavia, sem qualquer fundamentação a autoridade não homologou a compensação realizada pela Recorrente, através de Despacho Decisório Fl. 70DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2401-006.288 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.900564/2014-43 eletrônico, onde se questiona a falta de elementos do ato administrativo, ou seja, falta de fundamentação e nulidades; d) Todavia entenderam os Nobres Julgadores que o Despacho Decisório foi devidamente fundamentado, cabendo ao Recorrente o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária, julgando improcedente a Impugnação; e) Reitera a necessidade de motivação, a teoria dos motivos determinantes e o cerceamento de defesa como institutos jurídicos a embasarem sua pretensão de reforma do ato administrativo ora em debate ; f) Defende a tese de que a Fazenda Nacional deve rever seus próprios atos, seja para revogá-los (quando inconvenientes) seja para anulá-los (quando ilegais) Cita a Súmula 473 do STF, os arts. 1º e 5º inciso LVI da CF/88., como normas de conteúdo vedatório para obtenção de provas pelo Poder Público que derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional; g) Ao final requer a reforma do v. Acórdão, eis que a controvérsia posta é identificar se o ato administrativo é vinculado ou discricionário. É o Relatório.” Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 2401-006.258, de 08 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10880.900539/2014-60, paradigma deste julgamento. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2401-006.258, de 08 de maio de 2019 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2401-006.258 - 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária “1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSO VOLUNTÁRIO O presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, razão pela qual dele CONHEÇO, já que presentes os requisitos de sua admissibilidade 2. DA PRELIMINAR a) nulidade A alegação de nulidade do Despacho Decisório não merece prosperar posto que o mesmo foi realizado dentro dos ditames delineados em lei, apresentando de forma clara e objetiva o motivo da não homologação da compensação, qual seja, a Fl. 71DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2401-006.288 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.900564/2014-43 inexistência de crédito disponível para a compensação dos débitos informados na declaração de compensação - DCOMP. Nesse diapasão, não há cerceamento de defesa em nenhuma fase do curso processual capaz de produzir qualquer tipo de nulidade ou óbice para que se avance na análise de mérito no presente feito. 3. DO MÉRITO Em seu Recurso Voluntário o contribuinte, em síntese, se restringe a alegar que o ato administrativo, que não reconheceu o seu direito creditório, é vinculado , devendo conter os pressupostos de fato e de direito que o motivaram, sob pena de cerceamento do seu direito de defesa e desobediência ao princípio da legalidade. O que se observa é que assim, as alegações preliminares acabam se confundindo com as de mérito. Todavia, razão não assiste à Recorrente, senão vejamos: Conforme esclarecido pela instância de piso e verificado pela análise dos autos, as próprias declarações e documentos produzidos pela Recorrente fundamentaram os motivos da não-homologação do Despacho Decisório in casu, caracterizando assim a prova e a motivação do ato administrativo, sendo de pleno conhecimento do Recorrente já que por ele produzidos. Após análise detalhada, não foi identificado por esta Relatora qualquer erro na decisão de indeferimento da compensação, nem tampouco a Recorrente apontou eventual divergência, capaz de maculá-lo. A causa da não homologação é clara e objetiva, e se deve ao fato de que, nos sistemas da Receita Federal, embora localizado o DARF do pagamento apontado na DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente foi totalmente utilizado e alocado aos débitos informados em DCTF, não restando dele o saldo apontado na DCOMP como crédito. Logo, não padece de nulidade o despacho decisório proferido por autoridade competente, contra o qual o Recorrente pôde exercer o contraditório e a ampla defesa e onde constam todos os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Conforme se verifica, o débito declarado e pago encontra-se em conformidade com a correspondente DCTF, a qual tem seus efeitos determinados pelo § 1º do artigo 5º do Decreto lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, entre eles o da confissão da dívida e o condão de constituir o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. Como ja esclarecido acima, quando da transmissão e da análise do PER/DCOMP em tela, o crédito efetivamente não existia, pois o pagamento efetuado estava integralmente alocado ao débito declarado pela própria contribuinte em sua DCTF. Dessa forma, a recorrente, na data da transmissão do PER/ DCOMP não era detentora de crédito líquido e certo, condição sem a qual não há direito à restituição ou compensação. E não tendo trazido elementos hábeis a desconstituir a confissão do débito que fez na DCTF, inexiste razão para se reconhecer o pleiteado direito Fl. 72DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2401-006.288 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.900564/2014-43 creditório relativo a pagamento pretensamente maior do que o devido, referente ao período de apuração. Ou seja, de maneira diametralmente oposta às suas alegações recursais, o ato administrativo foi motivado e fundamentado, todavia não foi homologado por absoluta falta de amparo legal para sua concessão. Da análise da DCTF retificadora ativa da Requerente (juntada por imagem no Acórdão de Manifestação de Inconformidade, referente ao tributo e período em análise, verificou-se que ela declarou um débito de IRRF referente ao fato gerador daquela data e vinculou um pagamento de igual valor. Já no quadro reproduzido no voto, podemos verificar que o DARF, pago em atraso com multa de mora e juros de mora, foi integralmente alocado para o saldo a pagar do débito declarado, cujos valores são idênticos. A Requerente pagou em atraso o tributo e corretamente adicionou a multa de mora e os juros de mora, valor que ele agora indevidamente reclama de volta para compensação. Conforme informado pela DRJ , além do DARF constante dos presentes autos, ter sido alocado ao débito normal do período, regularmente declarado em DCTF, a Recorrente solicita sobre esse valor, a homologação de 152 pedidos de compensação que, somados, resultam em um valor de R$ 1.974.130,39, conforme relação dos processos de PER/DCOMP para o mesmo DARF, transcritas no voto do Acórdão ora recorrido. E este fato indica que a Recorrente se movimenta no sentido de efetuar compensação administrativa, não amparada na legislação, para liquidar débitos com créditos inexistentes. Todavia, utiliza-se do expediente de prestação de informação falsa, pois no PER/DCOMP há um campo onde é perguntado se aquele crédito proveniente de pagamento indevido ou a maior já foi informado em outro PER/DCOMP, ao que a Recorrente respondeu “Não” em todos os PER/DCOMP, em infração que ensejaria a aplicação da Lei n° 10.833, de 2003, art. 18, §2º, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, voto para CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto. É como voto.” Pelos motivos expendidos, voto para CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto. (documento assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 73DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2401-006.288 - 2ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10880.900564/2014-43 Fl. 74DF CARF MF
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