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Numero do processo: 10940.901895/2009-81
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
ESTIMATIVA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84).
Numero da decisão: 9101-002.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário.
[assinado digitalmente]
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. [assinado digitalmente] Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 180301.195, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte acerca da possibilidade de compensação de créditos de pagamentos de estimativas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 0. 90 18 95 /2 00 9- 81 Fl. 209DF CARF MF Processo nº 10940.901895/200981 Acórdão n.º 9101002.660 CSRFT1 Fl. 3 2 O Acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o argumento jurídico da não homologação, entendendo ser possível a compensação de créditos de pagamentos de estimativas. Em seguida, para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial de divergência, por entender que a decisão de reconhecer a possibilidade de compensação do valor indevidamente pago, ou pago a maior, de estimativa é fruto de interpretação da legislação tributária que conflita com a interpretação adotada no acórdão paradigma colacionado aos autos. O recurso foi admitido por meio do despacho do Presidente da Câmara. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9101002.610, de 16/03/2017, proferido no julgamento do processo 10280.900603/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9101002.610): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento, na forma como foi admitido. O contribuinte apresentou DCOMP apontando indébito oriundo de pagamento a maior de estimativa. Ao apreciar a referida declaração, a Receita Federal não homologou a compensação, sob o fundamento de que o pagamento de estimativa não é passível de compensação, devendo compor a apuração anual do tributo. A decisão recorrida foi no sentido oposto, reconhecendo o direito de o contribuinte compensar o indébito de estimativa, devolvendo os autos para a unidade de origem, para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário pleiteado, vez que essa matéria ainda não sofreu apreciação pela Administração Tributária. O recurso especial veio para que esta Câmara Superior reforme a decisão recorrida, restabelecendo a declaração de impossibilidade de o contribuinte compensar crédito de estimativa, nos termos da legislação infralegal então em vigor. Fl. 210DF CARF MF Processo nº 10940.901895/200981 Acórdão n.º 9101002.660 CSRFT1 Fl. 4 3 Todavia, a IN RFB nº 900, de 2008, retirou a referida proibição do ordenamento tributário e é pacífico na jurisprudência administrativa o entendimento de que seus efeitos devem retroagir para alcançar as compensações pendentes de decisão administrativa. Esse entendimento é adotado pela própria Administração Tributária, exteriorizado por meio da Solução de Consulta Interna Cosit n° 19, de 05/12/2011, assim ementada: ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. No âmbito deste Tribunal Administrativo, a matéria foi pacificada por meio da Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da Procuradoria, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, negolhe provimento, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. assinado digitalmente Fl. 211DF CARF MF Processo nº 10940.901895/200981 Acórdão n.º 9101002.660 CSRFT1 Fl. 5 4 Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 212DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.012209/2008-62
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E EMBARGOS INOMINADOS.
Acolhe-se os embargos da contribuinte para fins de sanar os vícios de obscuridade, omissão e contradição, e também para afastar o erro de execução ocasionado por esses vícios.
Numero da decisão: 9101-002.779
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte, re-ratificando o Acórdão nº 9101-002.266, de 03/03/2016, para sanar a omissão e a contradição apontadas e limitar o acórdão à matéria que foi conhecida pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, mantendo inalterado o resultado do julgamento, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte, re-ratificando o Acórdão nº 9101-002.266, de 03/03/2016, para sanar a omissão e a contradição apontadas e limitar o acórdão à matéria que foi conhecida pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, mantendo inalterado o resultado do julgamento, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E EMBARGOS INOMINADOS. Acolhese os embargos da contribuinte para fins de sanar os vícios de obscuridade, omissão e contradição, e também para afastar o erro de execução ocasionado por esses vícios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte, reratificando o Acórdão nº 9101002.266, de 03/03/2016, para sanar a omissão e a contradição apontadas e limitar o acórdão à matéria que foi conhecida pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, mantendo inalterado o resultado do julgamento, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 22 09 /2 00 8- 62 Fl. 3148DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de embargos de declaração e de embargos inominados interpostos pela contribuinte acima identificada, visando sanar alegados vícios de obscuridade, omissão e contradição, e também de inexatidão/erro que estariam presentes no Acórdão nº 9101002.266, proferido por este colegiado na sessão de 03/03/2016. Os embargos foram admitidos e encaminhados ao colegiado para exame de seu mérito, conforme o Despacho do Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais às e fls. 3139/3146. No presente processo, em sede de recurso especial, a contribuinte suscitou divergência de interpretação da legislação tributária quanto a duas matérias: arbitramento dos lucros e qualificação da multa de ofício. O acórdão embargado apresenta a ementa e a parte dispositiva abaixo transcritas: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 ARBITRAMENTO DOS LUCROS. RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. Quando os aspectos fáticos analisados pelo acórdão recorrido e pelos acórdãos paradigmas justificam as decisões distintas, fica inviabilizado o processamento do recurso especial de divergência. CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento principal, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. COMPROVAÇÃO. Havendo a omissão de receitas sido levada a efeito pelo sujeito passivo por diversos meses consecutivos (recorrência), em montantes significativos quando comparados com a receita declarada (relevância), e dadas as demais circunstâncias do caso, não há como se admitir que a infração tenha sido fruto de mero erro ou negligência contábil. Nessas circunstâncias provado está, para além de qualquer dúvida Fl. 3149DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 4 3 razoável, o evidente intuito do agente em fraudar o Erário Público, sendo portanto cabível a qualificação da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Decisão dos membros do colegiado: Recurso Especial da Fazenda Nacional não conhecido em relação a matéria do arbitramento, por unanimidade de votos, os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo e Luis Flávio Neto votaram pelas conclusões. Em relação à matéria da qualificação da multa, recurso conhecido por maioria de votos, vencida a Conselheira Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada) e a Conselheira Cristiane Silva Costa votou pelas conclusões. No mérito, dado provimento ao recurso, para restabelecer a multa qualificada de 150%, e, em decorrência disso, restabelecer também a exigência de PIS/COFINS para os fatos geradores ocorridos até novembro/2003 por maioria de votos. Vencidos os Conselheiros Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo e Carlos Alberto Freiras Barreto. Para o processamento dos embargos de declaração e dos embargos inominados, a contribuinte desenvolve os seguintes argumentos: DA OBSCURIDADE/CONTRADIÇÃO E LAPSO MANIFESTO NA EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO ARBITRAMENTO É MATÉRIA NÃO CONHECIDA E NÃO PODE SER RESTABELECIDO desde as contrarrazões apresentadas em face do recurso especial da Procuradoria, a ora Embargante chamava atenção para o fato de que o Acórdão n° 1201 000.845 adotou duas razões de decidir suficientes e autônomas para o cancelamento das exigências dos anos de 2003 a 2006, quais sejam (i) ilegalidade do arbitramento de optante pelo Lucro Presumido, e (ii) desrespeitos às regras do art. 42 da Lei n° 9.430/96 que macula os valores lançados para o anocalendário 2007; além de considerar inapropriado o arbitramento para cancelar o lançamento relativo aos anos de 2003 a 2006, a decisão trouxe mais outro fundamento suficiente e autônomo, qual seja o desrespeito às regras previstas no art. 42 da Lei n° 9.430/96 que implica na exclusão nos anoscalendário de 2003 a 2007 de todos os valores apontados no Anexo II que acompanha os Autos de Infração; o Acórdão ora embargado aponta o cancelamento integral de IRPJ e CSLL assim como a necessária exclusão do PIS e da COFINS em razão da exclusão do "Anexo II", deliberada pelo colegiado a quo; a matéria relativa ao Anexo II, cancelada pelo Acórdão n° 1201000.845, foi simplesmente ignorada pela Fazenda Nacional em seu recurso especial, que se limitou (i) a impugnar o arbitramento cancelado e (ii) a multa qualificada de 150%; como o recurso especial da PGFN só foi admitido para o tema da "multa qualificada", não houve deliberação sobre a matéria relacionada com o cancelamento integral das exigências no período de 2003 a 2006 em que a Embargante optou pelo lucro presumido. Portanto, essas exigências tiveram consumado o seu cancelamento definitivo nesses autos Fl. 3150DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 5 4 sendo completamente descabidas as exigências de PIS e COFINS constantes do Demonstrativo de Débitos Intimação n° SCAT 903/2016; nesse sentido, verificase que a conclusão do voto condutor do Acórdão embargado ao deliberar a restabelecer também a exigência de PIS/COFINS para os fatos geradores ocorridos até novembro de 2003 é contraditória com as afirmações iniciais do voto nas quais o relator expressamente consignou que o acórdão recorrido cancelou o arbitramento dos lucros nos anoscalendário de 2003 a 2006. O cancelamento foi integral, para IRPJ, CSLL, PIS e COFINS; o arbitramento é técnica que determina o conhecimento das receitas como base de cálculo tanto do IRPJ e da CSLL assim como dos seus reflexos PIS e COFINS. As contribuições exigidas como reflexos da acusação principal devem necessariamente trilhar o mesmo caminho. Assim, canceladas as exigências principais pelo erro na base de cálculo não há como sustentar a manutenção das exigências reflexas. Tanto é assim que o demonstrativo às fls. 2.932 e seguintes já excluía dos autos de infração todos os valores relativos aos anos calendário 2003 a 2006; essas exigências foram expressamente canceladas pelo Acórdão n° 1201 000.845, que se tornou definitivo em face do não conhecimento do recurso especial da PGFN sobre a matéria "arbitramento". Assim, se não houve reexame do mérito, deve prevalecer a decisão que cancelou tais exigências. É preciso pautarse pelo demonstrativo dos débitos às fls. 2.932 a 2.957 que aplicam a decisão contida no Acórdão n° 1201000.845, excluindo todos os valores a título de PIS, COFINS, IRPJ e CSLL; vale repisar, se esse mérito não foi conhecido no julgamento pela CSRF não há como admitir o restabelecimento de valores já definitivamente cancelados! DA OBSCURIDADE/OMISSÃO E LAPSO MANIFESTO NA EXECUÇÃO DO ACÓRDÃO INDEVIDA EXIGÊNCIA DE IRPJ/CSLL/PIS/COFINS SOBRE RECEITAS EXCLUÍDAS (ANEXO II) Anocalendário 2007 Lucro Real IRPJ/CSLL/PIS/COFINS para o ano calendário de 2007 (apuração pelo lucro real), como o recurso especial não refutou o entendimento do Acórdão n° 1201000.845 de que foi ilegal o critério utilizado pelo Fisco de computar a alegada "omissão de receita" em mês diferente daquele "em que for efetuado o crédito pela instituição, financeira", e este fundamento foi adotado como razão autônoma para o cancelamento da exigência nesta parte, o cancelamento das exigências sobre os valores relacionados no "Anexo II" tornouse definitivo, embora mantido o arbitramento das demais receitas do Anexo III; nesse sentido, reconhecendo não haver mais litígio sobre a exclusão dos valores do Anexo II, o voto condutor do Acórdão Embargado, ao manifestar sua discordância sobre o cancelamento do arbitramento, pode ter induzido a erro na fase de execução do acórdão, ainda que advertisse sobre a impossibilidade de examinar essa matéria no julgamento do recurso especial; não restam dúvidas de que foi reconhecida a definitividade da deliberação consumada pelo acórdão no sentido de cancelar as exigências relativas às receitas constantes do "Anexo II" tendo em vista que sequer houve recurso da PGFN versando sobre essa matéria. Fl. 3151DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 6 5 Nesse sentido as peremptórias determinações contidas ao final (fls. 33) do voto condutor do Acórdão Embargado (transcrição contida nos embargos); no entanto, não foi isso que ocorreu. Para surpresa da Embargante o Comunicado SECAT n° 903/2016 que noticiou a ciência do acórdão embargado veio acompanhado do Demonstrativo de Débitos Intimação n° SECAT 903/2016 exigindo integralmente os valores de PIS e COFINS dos períodos de jan/2003 dez/2007, ou seja, além de exigir valores expressamente cancelados pela imprestabilidade do arbitramento dos anos 2003 a 2006, contemplou inadvertidamente em sua base de cálculo todos os valores apontados no Anexo II já excluídos expressamente no primeiro julgamento no CARF; da mesma forma, há débitos listados de IRPJ e CSLL a partir do ano calendário de 2007 que representam exatamente os valores que compõem o indigitado "Anexo II" que acompanha os Autos de Infração que haviam sido excluídos no primeiro julgamento; ora, apesar do Acórdão embargado expressamente consignar que não haveria reapreciação do mérito dos autos de infração, a dúvida lançada no voto condutor do Acórdão fez com que esses valores, antes cancelados, fossem restabelecidos após o julgamento na CSRF, como se vê do demonstrativo de débitos constantes da Intimação n° SECAT 903/2016; o novo demonstrativo exige exatamente os valores cancelados no demonstrativo anterior. Como exemplo, no primeiro trimestre de 2007 exigese agora R$ 40.802,06 que corresponde exatamente à diferença entre o valor lançado, R$ 103.575,87 e R$ 62.773,80 (valor que restou mantido após o primeiro julgamento no CARF). Apesar do exemplo acima tratar apenas de IRPJ, é preciso registrar que a inclusão de valores já cancelados ocorreu também com a CSLL, PIS e COFINS do ano calendário de 2007; ou seja, a despeito do registro no acórdão embargado de que não houve a reapreciação dos valores excluídos em decisão anterior, a opinião contrária do relator fez com que a execução desse julgamento restabelecesse valores cancelados desde a prolação do Acórdão 1201000.845, o que justifica a oposição dos presentes embargos de declaração/inominados, com o objetivo de esclarecer a dúvida e sanar o equívoco na indevida inclusão de valores já definitivamente cancelados; AnosCalendário de 2003 a 2006 Lucro Presumido PIS/COFINS além de ter reinserido no rol de exigências fiscais o PIS e COFINS relativos aos anoscalendário de 2003 a 2006, períodos expressamente cancelados por decisão definitiva no Acórdão n° 1201000.845, os valores foram estabelecidos em sua íntegra, ou seja, sem o necessário expurgo das receitas da listadas no Anexo II dos Autos de Infração; tratase de duplo desrespeito ao que foi deliberado pelo Acórdão Embargado que (i) refutou o exame do arbitramento assim como (ii) consignou que a exclusão das receitas do Anexo II não estava em julgamento naquele momento. Todavia, apesar dessas premissas iniciais, a conclusão na parte dispositiva para restabelecer também a exigência de PIS/COFINS para os fatos geradores ocorridos até novembro de 2003 certamente induziu o executor do acórdão a restabelecer integralmente os valores sem fazer atenção para os limites da lide. O julgamento não envolvia o período do arbitramento pelo lucro presumido assim como a necessária exclusão da base de cálculo das receitas apontadas no Anexo II; Fl. 3152DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 7 6 aliás, o voto condutor do acórdão determinou expressamente que as receitas do anexo II do TV fossem excluídas da base de calculo do PIS e da COFINS (fls. 33/34 do Acórdão Embargado); no entanto, o questionamento prévio quanto aos equívocos no cancelamento do arbitramento e interpretação do Anexo II fizeram com que a execução do acórdão incorresse em lapso manifesto; compulsando os autos do processo, comparando para os anoscalendário de 2003 a 2006 o demonstrativo que acompanhou a notificação da DRF/Campinas (auto mantido integralmente) e o demonstrativo enviado em conjunto com a Decisão da 1ª Turma da CSRF, fica claro que os valores cobrados são exatamente iguais, ou seja, não foi implementada a redução da base de cálculo do PIS e da COFINS em razão do cancelamento integral da exigência nos anos de 2003 a 2006; os demonstrativos de débitos elaborados pela DRF/Campinas em valores iguais, antes e depois do julgamento que determinou a exclusão do Anexo II da base de cálculo do PIS e da COFINS, comprovam que há manifesto erro na execução do Acórdão embargado tendo em vista a obscuridade/omissão da decisão da CSRF que lançou dúvida e não apontou com a certeza necessária os valores mantidos segundo a decisão do colegiado; a título de exemplo, em janeiro de 2003 ambos demonstrativos, antes e após exclusão do Anexo II, apontam o valor a pagar de PIS no montante de R$ 15.056,33. Isso porque não houve a exclusão da base de cálculo das receitas apuradas pela Fiscalização no "Anexo II". Expurgada da base de cálculo o valor de janeiro de 2013 (R$ 1.070.917,05 fls. 146 dos autos) tal como excluída no primeiro julgamento do CARF nos termos do Acórdão n° 1201000.845, o valor a pagar corretamente apurado é de R$ 8.104,37; com efeito, o restabelecimento integral dos tributos na forma demonstrada evidencia que a decisão é obscura e omissa uma vez que a deliberação prévia de que o mérito do processo não seria examinado não se reflete na parte dispositiva do voto condutor que se limita a restabelecer também a exigência de PIS/COFINS para os fatos geradores ocorridos até novembro de 2003 (fls. 35 do Acórdão Embargado). É de se indagar sobre qual base de cálculo? esse comando lacunoso e obscuro levou a unidade de origem a incorrer em equivocado restabelecimento integral dos valores de PIS e C0FINS nos anos de 2003 a 2007 sem fazer atenção para os valores do Anexo II já expurgados em decisão anterior. Persistindo nesse erro, para o anocalendário de 2007 foram restabelecidos os valores de IRPJ e CSLL cancelados pelo mesmo motivo; com efeito, é dever desse colegiado sanar a obscuridade e o conseqüente erro na execução do julgado, preservando o conteúdo da decisão sob pena de restabelecer de forma indevida valores outrora cancelados. Em outras palavras, caso não seja proferida nova decisão, o Acórdão embargado estará sendo aplicado de forma a configurar decisão ultra petita tendo em vista que permitirá a exigência de valores sobre os quais sequer houve recurso da PGFN; DO ÂMBITO E DOS EFEITOS DA DECISÃO DA CSRF CONTRADIÇÃO ENTRE O LIMITE DA LIDE E O RESTABELECIMENTO DE EXIGÊNCIAS DE PIS E COFINS Fl. 3153DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 8 7 verificase que o Acórdão Embargado teve por objetivo enfrentar apenas a questão da "multa qualificada" sem adentrar nas demais questões de mérito contidas na primeira decisão do CARF, Acórdão nº 1201000.845; embora questionamentos sobre o acerto do que restou decidido no Acórdão 1201000.845 possam ter levado a erros na execução do julgado, é preciso que a nova decisão expurgue quaisquer dúvidas acerca do âmbito do julgamento restrito ao restabelecimento da multa de ofício; vale dizer, não pode haver restabelecimento de PIS/COFINS/IRPJ/CSLL cancelados anteriormente posto que o mérito (i) arbitramento para PIS e COFINS de 2003 a 2006 e (ii) exclusão das receitas do Anexo II em 2007 dessas exigências não foi levado a julgamento pela CSRF; com isso, o único resultado possível do julgamento seria a majoração do percentual de multa de ofício dos valores remanescentes após o julgamento do Acórdão 1201 000.845. Tais valores estão expressamente listados no demonstrativo de fls. 2.954 a 2.957; DO NECESSÁRIO CONHECIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO/INOMINADOS demonstrados os equívocos na execução do julgamento decorrentes da obscuridade, contradição e omissão do Acórdão Embargado, compete a esta turma de julgamento exarar nova decisão assegurando a sua fiel execução dentro dos limites da lide em julgamento, qual seja, restabelecimento da multa isolada, evitando a conotação de decisão ultra petita; a jurisprudência desse tribunal é pacífica no sentido de que a obscuridade assim como a inexatidão material que pode ocasionar modificação no resultado ou aplicação do julgamento, são passíveis de revisão via embargos de declaração/inominados; compete a este colegiado sanar os equívocos aqui apontados para afastar a obscuridade e, como decorrência, o lapso manifesto na execução do acórdão, para que a execução do julgamento reflita o seu resultado; ademais, é preciso registrar ainda que para essas situações nas quais há erro na aplicação do acórdão, a própria Secretaria da Receita Federal reconhece a necessidade de correção da execução do julgamento pelo Tribunal Administrativo (Solução de Consulta Interna n° 18 Cosit, de 3 de agosto de 2012); mutatis mutandi, no caso dos autos há manifesto erro na execução do acórdão tendo em vista que a administração exige valores já cancelados no primeiro julgamento pelo CARF no acórdão 1201000.845, que sequer foram objeto de julgamento pelo Acórdão Embargado; PEDIDO exposto isto, demonstrados que estão presentes os pressupostos de admissibilidade, requer sejam acolhidos os presentes Embargos de Declaração/Inominados para, suprindo as omissões, obscuridades e inexatidões materiais apontadas para reconhecer que os valores de PIS e COFINS do anocalendário de 2003 a 2006 já foram cancelados de Fl. 3154DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 9 8 forma definitiva e que os valores do Anexo II dos lançamento devem ser excluídos das bases de cálculo do PIS e da COFINS, IRPJ e CSLL. É o relatório. Fl. 3155DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 10 9 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Os embargos de declaração e os embargos inominados estão dotados dos pressupostos para a sua admissibilidade. Portanto, deles tomo conhecimento. Esta 1ª Turma da CSRF proferiu, então, o Acórdão nº 9101002.266 (objeto dos presentes embargos), para fins de: (i) não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional em relação ao arbitramento dos lucros; (ii) restabelecer a multa qualificada de 150%; e (iii), em decorrência disso, restabelecer também a exigência de PIS/COFINS para os fatos geradores ocorridos até novembro/2003 (que havia sido afastada em razão de decadência). Os demonstrativos apresentados pela contribuinte indicam que houve o equivocado restabelecimento de cobrança de tributo sobre as receitas constantes do referido Anexo II do TVF. Nesse passo, é preciso esclarecer que o acórdão que julgou o recurso especial da PGFN não restabeleceu nenhum lançamento sobre a receita omitida cujos valores constam do Anexo II do TVF, mesmo porque o recurso especial não tratou dessa matéria. Penso que já está bem evidenciado que os valores constantes do Anexo II do TVF não podem resultar em exigência de tributo. Tais valores realmente precisam ser excluídos dos lançamentos. Ademais, fazse necessário constatar que a Turma Ordinária do CARF, por meio do acórdão 1201000.845, afastou o arbitramento para os anoscalendário de 2003 a 2006, decisão que teve em tese teria repercussão apenas para os lançamentos de IRPJ e CSLL. Ocorre que se entendeu que também se estenderia para o PIS e a COFINS, tanto que, nos demonstrativos de débitos (efls. 2932/2957) da unidade preparadora encaminhados para a cobrança após a decisão da turma ordinária, foram excluídos todos os valores relativos aos anoscalendário de 2003 a 2006. A decisão não foi embargada, e o recurso especial da PGFN foi admitido apenas para devolver para apreciação a matéria "multa qualificada". Ou seja, não foi devolvida para o Colegiado a decisão que afastou a exação fiscal do IRPJ, CSLL, PIS e Cofins para os anoscalendário de 2003 a 2006 em razão do arbitramento, quando do julgamento do Acórdão nº 9101002.266. Temse aqui matéria definitivamente julgada, em razão de ausência de pretensão recursal, e, além disso, o Acórdão de Recurso Especial não se presta a corrigir error in judicando de matéria que deixou de ser recorrida (extensão indevida do afastamento do arbitramento do IRPJ e CSLL para a PIS e a Cofins). Portanto, voto por acolher os embargos, para reconhecer que não foi devolvida a matéria para os anoscalendário de 2003 a 2006, razão pela qual não podem ser objeto de cobrança. Nesse sentido, o Colegiado, ao deliberar sobre o restabelecimento da qualificação da multa na decisão embargada, atevese apenas aos tributos referentes ao ano Fl. 3156DF CARF MF Processo nº 10830.012209/200862 Acórdão n.º 9101002.779 CSRFT1 Fl. 11 10 calendário de 2007, que tiveram o lançamento mantido pela decisão da turma ordinária excluindose da base de cálculo os valores constantes do Anexo II. Ademais, fique claro que o Acórdão de Recurso Especial embargado (de nº 9101002.266) foi exatamente no sentido de manter os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins do anocalendário 2007, com a qualificação da multa, excluindose da base de cálculo dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS e Cofins) os valores relacionados no Anexo II. Desse modo, voto por conhecer e acolher os Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte, reratificando o Acórdão nº 9101002.266, de 03/03/2016, para sanar a omissão e a contradição apontadas e limitar o acórdão à matéria que foi conhecida pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, mantendo inalterado o resultado do julgamento, nos termos acima. E é como o colegiado votou unanimemente. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 3157DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11030.001321/2009-37
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 02 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2008
AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE.
DESCABIMENTO.
Só se pode cogitar de declaração de nulidade de auto de infração quando for, esse auto, lavrado por pessoa incompetente.
CSLL. PIS. COFINS. DECORRÊNCIA.
Não subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Exercício: 2008
OMISSÃO DE RECEITAS. SUPRIMENTOS DE CAIXA. CRÉDITOS BANCÁRIOS. ANTECIPAÇÕES DE VENDAS. DESCABIMENTO DA PRESUNÇÃO.
Não procede a autuação fundada na presunção legal de omissão de receitas por suprimentos de caixa sem origem comprovada, se os ditos suprimentos correspondem a créditos bancários e decorreram, segundo a própria fiscalização, em sua maior parte, de antecipações de vendas creditadas por empresa administradora de cartões de crédito.
Numero da decisão: 1803-000.997
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2008 AUTO DE INFRAÇÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Só se pode cogitar de declaração de nulidade de auto de infração quando for, esse auto, lavrado por pessoa incompetente. CSLL. PIS. COFINS. DECORRÊNCIA. Não subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2008 OMISSÃO DE RECEITAS. SUPRIMENTOS DE CAIXA. CRÉDITOS BANCÁRIOS. ANTECIPAÇÕES DE VENDAS. DESCABIMENTO DA PRESUNÇÃO. Não procede a autuação fundada na presunção legal de omissão de receitas por suprimentos de caixa sem origem comprovada, se os ditos suprimentos correspondem a créditos bancários e decorreram, segundo a própria fiscalização, em sua maior parte, de antecipações de vendas creditadas por empresa administradora de cartões de crédito. Fl. 359DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 338 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Meigan Sack Rodrigues, Walter Adolfo Maresch, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 360DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 339 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 298 a 301): Contra o interessado, antes qualificado, foram lavrados Autos de Infração, com anexos, para a exigência de créditos relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ, Contribuição para o PIS/PASEP, COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido — CSLL, referentes a fatos geradores ocorridos no ano calendário de 2007 (fls. 0229). Também foi exarado o Termo de Verificação Fiscal de fls. 3037. A infração descrita referese a omissão de receitas caracterizada pela não comprovação da origem nem da efetividade da entrega do numerário por sócios, tendo como contrapartida o lançamento contábil na conta “Bancos”, que assim está descrito no relatório fiscal (fl. 32): [...]. Na contabilidade, a Fiscalizada registrou D/Banco “Pg Depósito” ou “Transf. p/ Conta Devida” e C/Sócio Conta/Capital. No entanto, nos extratos bancários, não foi esta a operação ocorrida. A origem dos recursos no Banco que, contabilmente, diz a fiscalizada ser dos sócios, na realidade, em grande parte dos casos, se tratam de adiantamento feito pela Administradora de Cartões de Crédito, por conta de Vendas a prazo com Cartão, uma espécie de Empréstimo da Administradora, historiado nos extratos a Crédito como “Antecipação Visanet”. Com este expediente simulado da operação, a Conta Sócios C/Capital fica com saldo credor para justificar as devoluções dos “Suprimentos”, dando uma aparência correta e legal a transações que não envolveram, de maneira nenhuma, os Sócios da fiscalizada e, assim, consequentemente, possibilitando a retirada de Caixa. Intimada a apresentar documentos hábeis e idôneos dos valores entregues/depositados [...] a fiscalizada [...] apenas informa que “Os lançamentos efetuados na conta 241083 — Sócios C/Capital, ano de 2007, foram recursos pessoais dos sócios e devolvidos no próprio exercício”. A atitude da fiscalizada, em alterar os históricos dos extratos bancários, para encobrir as reais operações ocorridas, e não informando a totalidade das Receitas obtidas com as Vendas com cartões de crédito diversos, denota o intuito da fraude e justifica a aplicação da Multa de Ofício agravada (150 %). (Grifos do original) Os autuantes, sob o título “Da responsabilidade Solidária”, também relatam que o verdadeiro mentor da pessoa jurídica é o Sr. Algacir Vital Pólo, “acobertado por terceiras pessoas (‘laranjas’) que apenas emprestam o nome, sendo que este detém ampla procuração para gerir seus negócios e suas contas bancárias [...]”. Os valores lançados são os seguintes: Fl. 361DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 340 4 IRPJ: R$ 23.969,12 — Enquadramento legal: art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995; arts. 249, II, 251 e parágrafo único, 279, 282, e 288 do Decreto n° 3.000, de 1999 (RIR/99). PIS/PASEP: R$ 11.311,12 — Enquadramento legal: arts. 1º, 3º e 4º da Lei n° 10.637, de 2002. COFINS: R$ 52.099,97 — Enquadramento legal: arts. 1°, 3° e 5° da Lei n° 10.833, de 2003. CSLL: R$ 14.381,65 — Enquadramento legal: art. 2° e §§, da Lei n° 7.689, de 1988; art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995; art. 10 da Lei n° 9.316, de 1996; art. 28 da Lei n° 9.430, de 1996; art. 37 da Lei n° 10.637, de 2002. Os valores acima estão acrescidos da multa de ofício com o percentual de 150 % e dos juros de mora. Enquadramento legal da multa: arts. 44, inciso I e § 1º, da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488, de 2007 e MP 351/2007; art. 86, § 1°, da Lei n° 7.450, de 1985; art. 2° da Lei n° 7.683, de 1988; e art. 1º, Parágrafo Único, da LC nº 70, de 1991; dos juros de mora art. 6°, § 2°, e 61, § 3°, da Lei nº 9.430, de 1996. O total do crédito tributário do processo, até a data da autuação, é de R$ 274.676,88 (fl. 02). O autuado, por meio de seu advogado (procuração à fl. 281), impugnou os lançamentos (fls. 272276), alegando, em síntese, sob os seguintes títulos, o seguinte: Dos fatos Sob esse titulo resume o procedimento fiscal e o auto de infração, observando que merece reparos e correção. Impugnação ao auto de infração Com referência à propriedade das quotas da sociedade que, segundo o autuante, seriam de Algacir Vidal Pólo e que os sócios relacionados no contrato social seriam laranjas daquele, diz a defesa que a conclusão do autuante é incorreta, pelos seguintes motivos: o fato da sócia Maria Cristina Guterres da Silva ter sido empregada em várias empresas que não aquela que é sócia cotista não configura ilegalidade; acrescenta que funcionários públicos também podem ser sócios de pessoas jurídicas; não duvida do contato telefônico entre a sócia cotista e o autuante, mas questiona qual seria a reação do auditor se recebesse esse tipo de contato; também acrescenta que, depois de intimada, a referida sócia confirmou sua participação societária, tal qual demonstram os atos constitutivos da sociedade. Quanto à declaração de renda e da origem dos investimentos feitos pela sócia Maria Cristina Guterres da Silva, estes estão perfeitamente identificados e declarados ao fisco. Como esclarecimento, registra que a expressão Roal Máster é efetivamente usada pelo estabelecimento, mas que pertence a uma empresa que licencia sua marca. Fl. 362DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 341 5 A defesa também observa que merece reflexão a afirmação do autuante sobre os relatórios retidos por ocasião de sua visita, entendendo que ocorreram de forma ilegal. Cita o relatório de pagamento de despesas do Nono e da Nona, que se referem a aluguéis do imóvel que pertence a Algacir. Assim, entende que é normal que seja compensado o aluguel com despesas realizadas pelos pais do proprietário do imóvel. Diz a impugnante que também estranha a não aceitação do contrato de aluguel firmado entre a empresa impugnante e o proprietário do imóvel, senhor Algacir Pólo, pois não ha lei obrigando que os contratos de locação tenham as assinaturas reconhecidas por tabelião. Das infrações tributárias A defesa alega que os valores escriturados na “c/sócio conta capital” assim foram lançados por equívoco. A simples análise dos valores registrados como vendas e o volume de vendas com o cartão de crédito são compatíveis com os movimentos de vendas de supermercado do estado, ou seja “existe uma proporção bastante razoável entre o volume de vendas lançadas por cartão de crédito e o total das vendas do estabelecimento comercial impugnante. Acrescenta que não há e nem houve a intenção de fraude, pois todos os valores das vendas efetuadas nos períodos de operação do supermercado foram lançados. Não há omissão de receitas. Da responsabilidade solidária A defesa, referindose à existência de uma procuração em nome de Algacir e outros, e que os sócios do supermercado seriam “laranjas”, alega que não há lei que impeça ou proíba a outorga de poderes a quem quer que se queira para se fazer representar. E acrescenta: “... se esta ilação fosse correta, não há porque imputarmos tão somente a Algacir a propriedade do estabelecimento impugnante, mas sim a todos os outorgados na dita procuração”. Além disso, a afirmação de que os sócios da empresa impugnante são pessoas de poucas posses e baixa condição financeira e, por isso, não teriam como adquirir as cotas da empresa não condiz com a realidade, porque, primeiro, o supermercado apresenta prejuízos desde longa data e, segundo, as declarações do Imposto de Renda dos sócios dão conta da origem dos recursos que possibilitaram as compra desses ativos, sendo descabida a afirmação de que o verdadeiro proprietário do negócio seria Algacir Pólo. Ao final, a defesa requer a “anulação” de todo o conteúdo do auto de infração. Posteriormente, foi lavrado e juntado aos autos o Termo de Sujeição Passiva Solidária de Algacir Vital Pólo (fl. 286), onde consta que “Conforme Termo de Verificação Fiscal há indícios, todos convergentes, que demonstram que o nominado está envolvido no pólo passivo da relação obrigacional”. O interessado foi cientificado do referido termo (“AR” de fl. 287) e apresentou, por intermédio de seu advogado, a manifestação de inconformidade de fls. 288291. Inicialmente, alega que: o documento que trata da responsabilidade passiva, merece reparos; Fl. 363DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 342 6 no processo administrativo que visa à anulação do auto de infração questionado, todas as provas e todos os argumentos levam à conclusão da inexistência da responsabilidade solidária de Algacir Vital Pólo. Na sequência, repetemse os argumentos apresentados pela autuada sob o titulo “Impugnação ao Auto de Infração” (fls. 273274 e 289290), acima descritos. Ao final, requer a anulação de todo o conteúdo do “Termo de Ciência de Documentos”, de lavra dos auditoresfiscais da DRF/Passo Fundo/RS. 2. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 296 e 297): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Se o auto de infração possui todos os requisitos necessários à sua formalização, estabelecidos pelo art. 10 do Decreto n° 70.235, de 1972, e se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo decreto, não é nulo o lançamento de oficio, como também o Termo de Sujeição Passiva. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. A impugnação deve estar instruída com todos os documentos e provas que possam fundamentar as contestações de defesa. Meras alegações, sem a devida produção de provas, não são suficientes para infirmar a procedência do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 OMISSÃO DE RECEITAS. SUPRIMENTOS EM CONTA CORRENTE BANCÁRIA. O fato de constar na escrituração da autuada que houve suprimento de recursos financeiros por seu sócio, implica na obrigação de a mesma comprovar a efetiva entrega do numerário bem como sua origem, para que não fique caracterizada a omissão de receitas. A não comprovação por parte da interessada autoriza a presunção de que esses valores se originaram de recursos da pessoa jurídica, provenientes de receitas mantidas à margem da tributação. Tratase de presunção legal, em que cabe à autuada provar a improcedência da infração fiscal. MULTA DE OFÍCIO. CONDUTA DOLOSA. TIPIFICAÇÃO. O registro contábil de operações bancárias inexistentes para encobrir as reais operações ocorridas e a não escrituração da totalidade das receitas de vendas ao longo de todo o período fiscalizado resulta na falta de recolhimento dos tributos devidos, fatos que evidenciam prática fraudulenta e, por isso, cabe a imposição da multa agravada de 150 %. Lançamentos decorrentes. Contribuição para o PIS/PASEP, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL. Fl. 364DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 343 7 A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase aos lançamentos decorrentes, quando não houver fatos ou argumentos novos a ensejar decisão diversa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIO DE FATO. Está correta a responsabilização solidária do sócio de fato, nos termos do art. 124 do CTN, haja vista o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, pois os atos da sociedade são sempre praticados através da vontade de seus dirigentes formais ou informais, posto que todos ganham com o fato econômico. Sujeição Passiva Solidária Mantida. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. 3. Cientificada da referida decisão em 21/07/2010 (fls. 316), a tempo, em 13/08/2010 (fls. 317), apresenta a interessada Recurso de fls. 327 a 332, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos e aduzindo mais os seguintes: a) que, preliminarmente, a aplicação dos dispositivos legais que arrimam o lançamento tributário não traduz a realidade dos fatos, conforme Declaração de Voto do acórdão recorrido; b) que se vislumbra um flagrante erro na lavratura do auto de lançamento, que tem consequências no próprio mérito do Recurso; c) que, no mérito, o elemento que arrima o lançamento tributário é resultante de adiantamentos feitos aos sócios da empresa autuada (sic); d) que, no entanto, nos extratos dos cartões de crédito Visanet, os valores autuados são claramente identificados como antecipação Visanet, ou seja, são antecipações feitas pela administradora do cartão de crédito por vendas realizadas no estabelecimento comercial autuado; e) que não alterou os históricos dos extratos bancários, ao contrário do que afirma a fiscalização; f) que, no extrato bancário, continua a assertiva “antecipação Visanet”; g) que a fiscalização tributa uma antecipação de recursos (empréstimos), como se estes fossem faturamento não informado; h) que, sendo um financiamento, assim deve ser tratado, não se prestando, esse financiamento, como base para tributação; e i) que os valores adiantados pela administradora de cartões de crédito já foram tributados, pois pertencem ao faturamento da empresa, tendo sido Fl. 365DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 344 8 contabilizados e tributados quando da venda efetivada e registrada nos PDVs da Recorrente. Em mesa para julgamento. Fl. 366DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 345 9 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Preliminares de nulidade do auto de infração 4. Inicialmente, quanto ao tema de nulidade, convém reproduzir os arts. 59 a 61 do PAF (Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972): Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. 5. São, portanto, apenas duas as espécies de irregularidades, elencadas nos incisos do dispositivo retro transcrito, que possuem o condão de contaminar de nulidade as peças que compõem o processo administrativo. 6. Observese que a discordância quanto aos fatos e/ou capitulação legal de auto de infração não é causa de nulidade, senão matéria a ser dirimida no mérito. 7. Rejeito as preliminares de nulidade do auto de infração. Mérito 8. No mérito, procede a insurgência da Recorrente. 9. O auto de infração, objeto do presente processo é, a meu ver, de uma infelicidade lamentável. 10. Intenta enquadrar a suposta omissão de receita no art. 282 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999), de seguinte teor (fls. 5 e 32): Suprimentos de Caixa Art. 282. Provada a omissão de receita, por indícios na escrituração do contribuinte ou qualquer outro elemento de prova, a autoridade tributária poderá arbitrála com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem comprovadamente demonstradas (DecretoLei nº Fl. 367DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 346 10 1.598, de 1977, art. 12, § 3º, e DecretoLei nº 1.648, de 18 de dezembro de 1978, art. 1º, inciso II). 11. Sucede, porém, que: a) o suposto suprimento não foi feito à Caixa, mas sim a Bancos, correspondendo a créditos bancários; e b) o suposto suprimento, segundo a própria fiscalização, não teria sido feito pelos sócios, mas decorreria, em sua maior parte, de antecipações de vendas creditadas por empresa administradora de cartões de crédito. 12. Nesse sentido, consta do Termo de Verificação Fiscal (fls. 32 destaques do original): Omissão de Receitas Suprimentos Bancários à Conta de Sócios (arts. 276, 282 e 957, Inciso II, do RIR/99) Caracterizada pela não comprovação da origem nem da efetividade da entrega de numerário à empresa pelos Sócios, em contrapartida da conta Bancos. Na contabilidade, a fiscalizada registrou D/Banco “Pg. Depósito” ou “Transf. p/ Conta Devida” e C/Sócio Conta Capital. No entanto, nos extratos bancários, não foi esta [a] operação ocorrida. A origem dos recursos no Banco que, contabilmente, diz a fiscalizada ser dos Sócios, na realidade, em grande parte dos casos, se tratam de adiantamento feito pela Administradora de Cartões de Crédito, por conta de Vendas a prazo com Cartão, uma espécie de Empréstimo da Administradora, historiado nos extratos a Crédito como “Antecipação Visanet”. 13. Na realidade, a pretensa infração apontada pela fiscalização teria sido conforme ela mesma reconhece o crédito indevido à conta de Sócios e a possível posterior retirada de recursos do Caixa a esse título (fls. 32): Com este expediente simulado da operação, a Conta Sócios C/Capital fica com saldo credor para justificar as devoluções dos “Suprimentos”, dando uma aparência correta e legal de transações que não envolveram, de maneira nenhuma, os Sócios da fiscalizada e, assim, consequentemente, possibilitando a retirada de Caixa. 14. Nesse caso, porém, o procedimento fiscal adequado teria sido tributar a Recorrente exclusivamente na fonte pelo eventual pagamento aos sócios sem comprovação da operação ou a sua causa, já que inexistentes os pretensos créditos destes (art. 674, § 1º, do RIR/1999). 15. Concordo integralmente com o contido na Declaração de Voto do acórdão recorrido (fls. 310), de seguinte teor: Fl. 368DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 11030.001321/200937 Acórdão n.º 180300.997 S1TE03 Fl. 347 11 Portanto, a aplicação dos dispositivos legais na fundamentação do lançamento não condiz com a realidade dos fatos descritos, ou seja, se decorrente de adiantamento como consta do relatório, não se vislumbra a ocorrência do fato gerador do tributo, e não há o que se descrever como omissão de receita operacional; se foi decorrente de omissão de receita operacional motivada pela falta de tributação do valor recebido da administradora do cartão de crédito, o fato jurídico não pode ser qualificado como suprimento de caixa, como consta do auto de infração. 16. Nada mais é necessário ser dito sobre a improcedência da presente autuação. 17. Ficam, por conseguinte, prejudicadas as demais matérias dela decorrentes, em especial, a qualificação da multa de ofício e a imputação de responsabilidade solidária. Demais exigências 18. Não subsistindo o lançamento principal, igual sorte colhem os lançamentos que tenham sido formalizados por mera decorrência daquele, na medida que inexistem fatos ou argumentos novos a ensejarem conclusões diversas. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 369DF CARF MF Emitido em 09/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 05/08/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 09/08/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES
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Numero do processo: 10675.907656/2009-12
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
ESTIMATIVA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84).
Numero da decisão: 9101-002.638
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário.
[assinado digitalmente]
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. [assinado digitalmente] Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 180100.924, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte acerca da possibilidade de compensação de créditos de pagamentos de estimativas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 90 76 56 /2 00 9- 12 Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10675.907656/200912 Acórdão n.º 9101002.638 CSRFT1 Fl. 3 2 O Acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o argumento jurídico da não homologação, entendendo ser possível a compensação de créditos de pagamentos de estimativas. Em seguida, para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial de divergência, por entender que a decisão de reconhecer a possibilidade de compensação do valor indevidamente pago, ou pago a maior, de estimativa é fruto de interpretação da legislação tributária que conflita com a interpretação adotada no acórdão paradigma colacionado aos autos. O recurso foi admitido por meio do despacho do Presidente da Câmara. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9101002.610, de 16/03/2017, proferido no julgamento do processo 10280.900603/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9101002.610): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento, na forma como foi admitido. O contribuinte apresentou DCOMP apontando indébito oriundo de pagamento a maior de estimativa. Ao apreciar a referida declaração, a Receita Federal não homologou a compensação, sob o fundamento de que o pagamento de estimativa não é passível de compensação, devendo compor a apuração anual do tributo. A decisão recorrida foi no sentido oposto, reconhecendo o direito de o contribuinte compensar o indébito de estimativa, devolvendo os autos para a unidade de origem, para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário pleiteado, vez que essa matéria ainda não sofreu apreciação pela Administração Tributária. O recurso especial veio para que esta Câmara Superior reforme a decisão recorrida, restabelecendo a declaração de impossibilidade de o contribuinte compensar crédito de estimativa, nos termos da legislação infralegal então em vigor. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10675.907656/200912 Acórdão n.º 9101002.638 CSRFT1 Fl. 4 3 Todavia, a IN RFB nº 900, de 2008, retirou a referida proibição do ordenamento tributário e é pacífico na jurisprudência administrativa o entendimento de que seus efeitos devem retroagir para alcançar as compensações pendentes de decisão administrativa. Esse entendimento é adotado pela própria Administração Tributária, exteriorizado por meio da Solução de Consulta Interna Cosit n° 19, de 05/12/2011, assim ementada: ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. No âmbito deste Tribunal Administrativo, a matéria foi pacificada por meio da Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da Procuradoria, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, negolhe provimento, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. assinado digitalmente Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10675.907656/200912 Acórdão n.º 9101002.638 CSRFT1 Fl. 5 4 Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 124DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.906401/2009-82
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
ESTIMATIVA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84).
Numero da decisão: 9101-002.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário.
[assinado digitalmente]
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006 ESTIMATIVA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84).
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COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento, com retorno dos autos à Unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. [assinado digitalmente] Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 180100.868, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte acerca da possibilidade de compensação de créditos de pagamentos de estimativas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 64 01 /2 00 9- 82 Fl. 234DF CARF MF Processo nº 10166.906401/200982 Acórdão n.º 9101002.617 CSRFT1 Fl. 3 2 O Acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o argumento jurídico da não homologação, entendendo ser possível a compensação de créditos de pagamentos de estimativas. Em seguida, para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional interpôs o presente recurso especial de divergência, por entender que a decisão de reconhecer a possibilidade de compensação do valor indevidamente pago, ou pago a maior, de estimativa é fruto de interpretação da legislação tributária que conflita com a interpretação adotada no acórdão paradigma colacionado aos autos. O recurso foi admitido por meio do despacho do Presidente da Câmara. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9101002.610, de 16/03/2017, proferido no julgamento do processo 10280.900603/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9101002.610): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento, na forma como foi admitido. O contribuinte apresentou DCOMP apontando indébito oriundo de pagamento a maior de estimativa. Ao apreciar a referida declaração, a Receita Federal não homologou a compensação, sob o fundamento de que o pagamento de estimativa não é passível de compensação, devendo compor a apuração anual do tributo. A decisão recorrida foi no sentido oposto, reconhecendo o direito de o contribuinte compensar o indébito de estimativa, devolvendo os autos para a unidade de origem, para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário pleiteado, vez que essa matéria ainda não sofreu apreciação pela Administração Tributária. O recurso especial veio para que esta Câmara Superior reforme a decisão recorrida, restabelecendo a declaração de impossibilidade de o contribuinte compensar crédito de estimativa, nos termos da legislação infralegal então em vigor. Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10166.906401/200982 Acórdão n.º 9101002.617 CSRFT1 Fl. 4 3 Todavia, a IN RFB nº 900, de 2008, retirou a referida proibição do ordenamento tributário e é pacífico na jurisprudência administrativa o entendimento de que seus efeitos devem retroagir para alcançar as compensações pendentes de decisão administrativa. Esse entendimento é adotado pela própria Administração Tributária, exteriorizado por meio da Solução de Consulta Interna Cosit n° 19, de 05/12/2011, assim ementada: ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. No âmbito deste Tribunal Administrativo, a matéria foi pacificada por meio da Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da Procuradoria, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, negolhe provimento, com retorno dos autos à unidade de origem para verificação da certeza e liquidez do crédito tributário. assinado digitalmente Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10166.906401/200982 Acórdão n.º 9101002.617 CSRFT1 Fl. 5 4 Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 237DF CARF MF
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Numero do processo: 10903.720004/2012-30
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
O art. 65, caput, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), dispõe que cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma. Demonstrada a ocorrência da omissão, deve ser suprida, passando a integrar os fundamentos da decisão anteriormente proferida.
Numero da decisão: 9101-002.594
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente dos Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte em relação à omissão na apreciação do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 para a qualificação de multa de ofício e, acolhê-los parcialmente, re-ratificando o acórdão embargado, para sanar a omissão apontada, sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. O art. 65, caput, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), dispõe que cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma. Demonstrada a ocorrência da omissão, deve ser suprida, passando a integrar os fundamentos da decisão anteriormente proferida.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente dos Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte em relação à omissão na apreciação do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 para a qualificação de multa de ofício e, acolhê-los parcialmente, re-ratificando o acórdão embargado, para sanar a omissão apontada, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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OMISSÃO. O art. 65, caput, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), dispõe que cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Demonstrada a ocorrência da omissão, deve ser suprida, passando a integrar os fundamentos da decisão anteriormente proferida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente dos Embargos de Declaração opostos pelo contribuinte em relação à omissão na apreciação do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 para a qualificação de multa de ofício e, acolhêlos parcialmente, reratificando o acórdão embargado, para sanar a omissão apontada, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 3. 72 00 04 /2 01 2- 30 Fl. 1775DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.776 2 (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório São embargos de declaração (efls. 1762/1768) interpostos pela CENTER AUTOMÓVEIS LTDA, em face do Acórdão nº 9101002.301, de 06 de abril de 2016, proferido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que negou provimento ao recurso da Contribuinte e deu provimento ao recurso da PGFN. Resumo Processual A autuação fiscal (efls. 839/855) tratou de três infrações: (1) glosa de amortização do ágio; (2) multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais e (3) qualificação de multa de ofício. Na primeira instância (DRJ), a impugnação protestando sobre as três matérias foi julgada improcedente (Acórdão nº 0639.325, efls. 1190 e segs), ou seja, foram mantidas as três infrações. A segunda instância (Turma Ordinária do CARF), ao apreciar recurso voluntário do Contribuinte, decidiu afastar a infração (3), desqualificandose a multa de ofício, passando o percentual de 150% para 75% (Acórdão nº 1201000.968, efls. 1375 e segs). Tanto o Contribuinte (efls. 1451 e segs.) quanto a PGFN (efls. 1400 e segs.) apresentaram recursos especiais sobre as matérias no qual não tiveram satisfeitas as suas pretensões. Ambos os recursos foram admitidos por despachos de exame de admissibilidade. Portanto, foram devolvidas as três matérias para julgamento. A 1ª Turma da CSRF votou no sentido de dar provimento ao recurso da PGFN (para restabelecer a qualificação da multa de ofício) e negar provimento ao recurso da Contribuinte (para manter a autuação fiscal de glosa de despesa de amortização do ágio e as multas isoladas sobre insuficiência de estimativas mensais), conforme ementa do Acórdão nº 9101002.301 (efls. 1714/1744): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 PREMISSA. INSTITUTO JURÍDICOTRIBUTÁRIO. Fl. 1776DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.777 3 O conceito do ágio é disciplinado pelo art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 27/12/1977 e os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997, e tratase de instituto jurídicotributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. INVESTIDORA E INVESTIDA. EVENTOS. SEPARAÇÃO. UNIÃO. São dois os eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformam se em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). DESPESAS. AMORTIZAÇÃO. ÁGIO. A amortização, a qual se submete o ágio para o seu aproveitamento, constituise em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontrase submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99, submetendose aos testes de necessidade, usualidade e normalidade. DESPESAS. FATOS ESPONTÂNEOS. Não há norma de despesa que recepcione um situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Não há como estender os atributos de normalidade, ou usualidade, para despesas derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica. CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO. A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontramse atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. INVESTIDOR E INVESTIDA. MESMA UNIVERSALIDADE. Os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (1) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (2) pessoa jurídica investida. Devese consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento Fl. 1777DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.778 4 que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolidase cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia (ágio). Enfim, tomase o momento em que o Contribuinte aproveitase da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, para se aperfeiçoar o lançamento fiscal com base no regime de tributação aplicável ao caso e estabelecer o termo inicial para contagem do prazo decadencial. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. PLUS NA CONDUTA. DOLO. Operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia, implicam na presença dos elementos volitivo e cognitivo, caracterizando o dolo, o plus na conduta que ultrapassa o tipo objetivo da norma tributária e é apenado com a qualificação da multa de ofício. CSLL. DECORRÊNCIA. Aplicase à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável. A multa qualificada foi restabelecida pelo voto de qualidade: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, conhecer por unanimidade de votos o Recurso Especial do Contribuinte e Recurso Especial da Fazenda Nacional. No mérito do tema ágio, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, por unanimidade de votos. Os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez, votaram pelas conclusões. No mérito do tema multa isolada, negar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Luis Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Helio Eduardo de Paiva Araújo (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. Foram interpostos embargos de declaração pela Contribuinte, reclamando pela omissão e de erro material no voto, em relação à apreciação da qualificação da multa de ofício. Foram arguidos quatro pontos. Primeiro, discorre que, ao apreciar a qualificação da multa de ofício, omitiuse o acórdão recorrido ao não se pronunciar sobre a existência do art. Fl. 1778DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.779 5 36 da Lei nº 10.637, de 2002, em vigor á época dos fatos analisados. Segundo, protesta que não haveria prova de que houve ocorrência de dolo, fraude ou simulação na autuação, ponto que não teria sido enfrentado pelo voto. Terceiro, discorre sobre existência de doutrina e jurisprudência controvertidas sobre o tema. E, quarto, requer pela aplicação do art. 112 do CTN. O despacho de efls. 2394/2395 admitiu o seguimento dos embargos em relação ao primeiro ponto, de que a 1ª Turma da CSRF não teria se pronunciado sobre a existência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 ao se apreciar a qualificação da multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura Tratase de embargos de declaração interpostos pela Contribuinte em face do Acórdão nº 9101002.301, de 06 de abril de 2016, proferido pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aduzindo que, no enfrentamento da qualificação da multa de ofício, a decisão teria incorrido em erro material e omissão, em quatro pontos. Sobre a admissibilidade os embargos, foi dado seguimento apenas em relação a um ponto, de que teria incorrido em omissão o voto por não ter se pronunciado sobre a existência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, quando discorreu sobre a qualificação da multa de ofício. Em relação aos demais pontos, (2) não haveria prova de que houve ocorrência de dolo, fraude ou simulação na autuação, ponto que não teria sido enfrentado pelo voto, (3) existência de doutrina e jurisprudência controvertidas sobre o tema e (4) aplicação do art. 112 do CTN, adoto as razões do despacho de embargos (efls. 2394/2395) para negar seguimento. Para se falar sobre a qualificação da multa de ofício, vale relembrar os fatos que deram ensejo à autuação fiscal: 1º) conforme laudo de avaliação elaborado pela Deloitte, a empresa CENTER AUTOMÓVEIS, ora recorrente, foi avaliada economicamente em 31/08/2004 pelo montante de R$ 21.404.000,00, ante a um valor registrado contabilmente de R$ 3.500.000,00; 2º) em 30/09/2004 as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, então únicas sócias tanto da autuada CENTER AUTOMÓVEIS quanto de MARUMBI (empresa "casca"), resolveram aumentar o capital desta última e integralizálo mediante a transferência de suas participações em CENTER AUTOMÓVEIS, avaliadas economicamente. Com essa operação MARUMBI" tornouse a única sócia de CENTER AUTOMÓVEIS, tendo registrado um ágio de R$ 17.900.000,00 na aquisição de suas cotas; 3º) em 27/12/2004 MARUMBI decidiu promover cisão total, com incorporação de seu patrimônio pela ora recorrente CENTER AUTOMÓVEIS, então sua Fl. 1779DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.780 6 controlada, a qual passou a deduzir o ágio pela rentabilidade futura de si própria. Com a extinção de MARUMBI, suas únicas sócias, as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, novamente assumem o controle direto de CENTER AUTOMÓVEIS, tal como em 30/09/2004, mas agora com a participação societária reavaliada economicamente. Sobre a qualificação da multa, o voto recorrido valeuse dos fundamentos adotados pela DRJ, que transcrevo novamente: É inegável que, caso não houvesse criado artificialmente esse ágio desprovido de qualquer fundamento econômico, a impugnante teria recolhido tributos em montantes muito superiores ao que recolheu. Logo, quando contratou consultoria especializada e praticou todos esses atos de reorganização absolutamente desnecessários e sem qualquer propósito efetivo para, ao final, permanecer tudo do jeito que estava anteriormente, sendo o ágio a única alteração, é evidente que seu objetivo sempre foi aliviar ilicitamente a carga tributária. E se o propósito exclusivo foi obter esse ganho ilícito, o dolo é evidente, ainda que sem utilização dos artifícios grosseiros apontados pela impugnante às fls. 1.078: adulteração de comprovantes, adulteração de notas fiscais, conta bancária em nome fictício, falsidade ideológica, notas calçadas, notas frias, notas paralelas, etc. Aspecto apresentado pelo termo de verificação fiscal conclui de maneira contundente: O que se evidenciou de verdade, foi a inexistência do fator econômico da configuração do ágio na aquisição do investimento, ou seja, a ausência da efetiva transferência de numerários/recursos entre as partes, ocorreu em uma operação "não caixa", sem o sacrifício de ativos ou contra uma assunção de dívida, estes se originaram, pura e simplesmente, a partir de laudo de avaliação. (grifei) Ao final o voto recorrido concluiu que o caso em debate trata de operações empreendidas no universo de um mesmo grupo econômico, com transferência de ações com sobrepreço para integralizar o capital social de uma empresa de papel, sem sacrifício de ativos, sem pagamento pelo sobrepreço, que foi criado artificialmente e especificamente para consumar o aproveitamento de uma despesa fictícia. Enfatizou que estiveram presentes os elementos volitivo e cognitivo, consumandose a conduta dolosa. De fato, apesar de o assunto ter sido discutido durante a sessão de julgamento pelo Colegiado, o voto recorrido registrou argumentação a respeito da vigência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002. Contudo, foi aspecto que em nada alterou a cognição para aplicação da qualificação da multa. Vale transcrever o artigo em debate: Fl. 1780DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.781 7 Art. 36. Não será computada, na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da pessoa jurídica, a parcela correspondente à diferença entre o valor de integralização de capital, resultante da incorporação ao patrimônio de outra pessoa jurídica que efetuar a subscrição e integralização, e o valor dessa participação societária registrado na escrituração contábil desta mesma pessoa jurídica. (Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1º O valor da diferença apurada será controlado na parte B do Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur) e somente deverá ser computado na determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido: (Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) I na alienação, liquidação ou baixa, a qualquer título, da participação subscrita, proporcionalmente ao montante realizado;(Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) II proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a pessoa jurídica para a qual a participação societária tenha sido transferida realizar o valor dessa participação, por alienação, liquidação, conferência de capital em outra pessoa jurídica, ou baixa a qualquer título.(Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2º Não será considerada realização a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação, observadas as condições do § 1º.(Revogado pela Lei nº 11.196, de 2005) O suporte fático tratado pelo artigo trata do diferimento do ganho de capital sob determinadas condições. A empresa A é detentora de investimento, avaliado pelo MEP, na empresa B. De acordo com a regra geral, caso o investimento da empresa B seja reavaliado, a empresa A deveria tributar o ganho de capital auferido, conforme art. 438 do RIR/99 1. O dispositivo do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, trouxe uma exceção. A empresa A faz a reavaliação das ações que possui na empresa B, e integraliza o aumento de capital da empresa C utilizandose das ações reavaliadas da empresa B. Consolidase estrutura societária no qual a empresa A controla diretamente a empresa C, e a empresa C controla diretamente a empresa B. Autoriza o dispositivo em análise que o ganho de capital auferido na transação decorrente da reavaliação do investimento da empresa B seja diferido, até o momento em que o investimento seja realizado (§ 1º). E estabelece que não se considera realização do investimento a eventual transferência da participação societária incorporada ao patrimônio de outra pessoa jurídica, em decorrência de fusão, cisão ou incorporação (§ 2º). 1 Art. 438. Será computado na determinação do lucro real o aumento de valor resultante de reavaliação de participação societária que o contribuinte avaliar pelo valor de patrimônio líquido, ainda que a contrapartida do aumento do valor do investimento constitua reserva de reavaliação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 35, § 3º). Fl. 1781DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.782 8 Ou seja, se a empresa B e a empresa C foram objeto de evento de transformação societária, não seria hipótese de realização do investimento, e, por isso, permaneceria o diferimento do ganho de capital. Esclarecida a finalidade da norma, cabem certas considerações. Não restam dúvidas de que determinadas pessoas jurídicas entenderam que, o evento de transformação societária previsto no § 2º, envolvendo as empresas B e C, também teria repercussão na hipótese de incidência prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, o que permitiria a amortização do ágio decorrente da reavaliação do investimento. Ocorre que a pessoa jurídica investidora é a empresa A, que possui o investimento, a empresa B. Na vigência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, a empresa A tinha previsão legal para reavaliar o investimento sem a necessidade de oferecer à tributação ganho de capital, reavaliação que deu origem ao ágio. De qualquer forma, foi a empresa A que tomou a decisão de reavaliar seu investimento, promoveu os estudos necessários para fundamentar a reavaliação e por consequência o ágio apurado, e, portanto, em nenhum momento deixou de ser a pessoa jurídica investidora na acepção do art. 7º da Lei nº 9.532, de 1997. Por sua vez, a pessoa jurídica investida é a empresa B, que teve suas ações reavaliadas. Por sua vez, a transformação societária prevista no art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, envolve a empresa B e a empresa C. Ora, ausente no evento de incorporação, fusão ou cisão a empresa A (pessoa jurídica investidora), não se consuma a hipótese de incidência prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997 que autoriza a amortização da despesa do ágio. Nesse sentido, os eventos decorrentes de reestruturação societária sob a vigência do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, não tem nenhuma repercussão na hipótese de incidência prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997. Fato é que, na vigência da norma, foram engendradas várias operações, no sentido de construir o suporte fático previsto pelo caput do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, para reavaliar as ações da empresa B, integralizar aumento de capital da empresa C com as ações reavaliadas da empresa B, contabilizar o ágio decorrente da reavaliação do investimento, para, logo em seguida, promover a incorporação da empresa B pela empresa C, e promover a amortização da despesa do ágio. Tratase precisamente do contexto da presente autuação. Ocorre que a Contribuinte, buscando deliberadamente a subsunção à norma permissiva de despesa de amortização do ágio, valeuse de operações artificiais, com utilização de empresa "casca" e de reavaliação de ativos sem substância, visando unicamente a construção de um ágio que geraria uma despesa dedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Os argumentos da PGFN no recurso especial são esclarecedores: Como já destacado no item anterior, em que pese o grupo empresarial capitaneado por GRALHA/PINE/BORDIN Ltda. ter tentado dar uma aparência de legalidade aos negócios que originaram o ágio posteriormente amortizado, tais operações, na realidade, não eram aquilo que aparentavam. Fl. 1782DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.783 9 Embora a Contribuinte tenha declarado que o ágio por ele amortizado decorria de uma verdadeira reorganização societária e aquisição de investimento (pela MARUMBI) com base na rentabilidade futura da empresa adquirida (CENTER), o trabalho da Fiscalização evidenciou que tudo isso não passou de atos formais que não traduziam a realidade. O fato de a recorrente, ao final de uma breve, injustificável e injustificada série de atos societários, ter voltado exatamente ao mesmo status quo ante torna incontestável o intuito doloso da CENTER, juntamente com as demais empresas que pertencem/pertenciam ao seu grupo econômico, na criação de uma contabilidade artificial, que na realidade nunca existiu. De fato, a ausência de propósito negocial e de substrato econômico, da mesma forma que impede a existência material do ágio registrado na CENTER, atesta o evidente intuito de fraude do Contribuinte. Com a demonstração de que não houve nenhuma “aquisição” de investimento pela MARUMBI a justificar a existência do ágio, deixase claro que o único intuito dessa empresa quando da aquisição do investimento traduzido nas quotas da CENTER foi criar um modo de redução dos impostos a serem pagos após a versão do patrimônio decorrente da cisão da MARUMBI, em benefício indireto dos controladores comuns a ambas. Quando da criação do ágio decorrente da aquisição das quotas da CENTER, evidenciamse duas vontades do grupo empresarial capitaneado por GRALHA/PINE/BORDIN ltda: a) uma vontade declarada – aquisição pelo valor de mercado das quotas da CENTER pela MARUMBI, seguida da versão do patrimônio da MARUMBI pela CENTER; e b) uma vontade real – criação de um investimento artificial a fim de gerar um ágio que seria utilizado pela CENTER para reduzir a tributação a ser paga após a extinção da MARUMBI. (...) Sendo assim, pelos argumentos aqui expostos, demonstrase cabalmente que o ágio amortizado pelo recorrente foi registrado de forma simulada e com evidente intuito fraudulento. Por meio de uma aparente seqüência de operações societárias, na verdade, o que o recorrente procurou foi a redução indevida da sua carga tributária. A qualificação da multa de ofício, assim, é inevitável. (grifei) E a autuação fiscal, não obstante referirse a uma operação realizada no contexto do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002, revelou a conduta dolosa, quando se verifica que a Contribuinte procurou empreender, de maneira completamente artificiosa, mediante uma construção meramente formal, uma reorganização societária deliberada pra buscar a hipótese de incidência nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997. Fl. 1783DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.784 10 Vale repetir, o fato de o mencionado artigo 36 ter autorizado uma operação que permitiu uma "reavaliação" do investimento com diferimento de ganho de capital, tal permissão não implicou no desvirtuamento do instituto. Caso se buscasse efetivamente um diferimento no ganho de capital, conforme o cerne da norma, poderia a operação ter se consumado em dois passos: primeiro, em 31/08/2004, reavaliação da CENTER AUTOMÓVEIS, de R$ 3.500.000,00 para R$ 21.404.000,00; e segundo, em 30/09/2004, quando as empresas BORDIN, PINE e GRALHA AZUL, então únicas sócias tanto da autuada CENTER AUTOMÓVEIS quanto de MARUMBI (empresa "casca"), resolveram aumentar o capital desta última e integralizálo mediante a transferência de suas participações em CENTER AUTOMÓVEIS, avaliadas economicamente. Contudo, já em 27/12/2004, ao se promover a cisão total da MARUMBI, com incorporação de seu patrimônio pela CENTER AUTOMÓVEIS, restou claramente demonstrada a intenção deliberada de buscar um plus: não bastava o diferimento do ganho de capital, mas se acreditava que se poderia obter uma despesa dedutível construindose artificialmente um suporte fático que se amoldaria aos 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997. As operações realizadas em curtíssimo espaço de tempo não deixam dúvidas sobre a real intenção da Contribuinte. E não há que se falar que a liberdade negocial seria ilimitada. A Lei Maior, ao discorrer sobre a ordem econômica e financeira e dos princípios gerais da atividade econômica, dispõe no art. 170, parágrafo único, que é assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Contudo, a atuação deve ser norteada por princípios fundamentais, como os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, estabelecidos, não por acaso, já no art. 1º. De fato, a legislação tributária autoriza, a partir de parâmetros estabelecidos em lei, pela eleição, por parte do contribuinte, de regimes de tributação diferenciados. Por isso, a pessoa física é submetida a um regime próprio, e a pessoa jurídica, a outros, com opções mais favoráveis de reduções na base de cálculo tributável. Por que tem a pessoa jurídica tratamento mais favorável por parte do Estado? Porque se parte da premissa que a pessoa jurídica irá fomentar desenvolvimento, viabilizar empregos, exercendo papel social relevante e, por consequência, num ciclo virtuoso, auferir rendas e possibilitar uma maior arrecadação de tributos para o próprio Estado. Contudo, atitudes no sentido de se utilizar permissivo previsto na legislação, para, por exemplo, desvirtuar o instituto da pessoa jurídica para construir despesas artificiais, ou realizar segregação artificiosa de empresas visando buscar enquadramento em regimes de tributação com base menor, são condenáveis porque afrontam o sistema tributário e afrontam as premissas que autorizam tratamentos diferenciados para determinados contribuintes (como, por exemplo, as pessoas jurídicas). A livre organização encontra limites, a depender da lesão a impor na coletividade. O liberalismo, laisserfaire, que blindava integralmente o indivíduo contra a ação do Estado, visto como um odioso interventor nas liberdades individuais, é modelo relativizado. Há tempos exigese do Estado atuação mais presente, em maior ou menor grau, a depender da Fl. 1784DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.785 11 corrente econômica e/ou política, mas é incontestável que a cobrança de tributos é contraprestação necessária e indispensável para que o Estado possa desenvolver suas atividades. Nesse contexto, o formalismo das operações em análise não se opõe às premissas adotadas para a construção do sistema tributário, que concede uma tributação diferenciada para a pessoa jurídica exatamente porque a pessoa jurídica tem um efeito multiplicador na economia, gerando empregos e receitas tributáveis para o Estado. A partir do momento em que se desvirtua completamente o papel da pessoa jurídica, servindo meramente como um instrumento para fabricar uma despesa, ocorre gravíssima agressão ao sistema jurídico como um todo. Pessoa jurídica não é mera empresa de papel, é emprega que produz, proporciona emprego, e gera receitas. Pessoa jurídica deve prestar serviços e fabricar bens e produtos, e não fabricar despesas artificiais. No caso concreto, o plus na conduta é evidente, ultrapassando o tipo objetivo da norma tributária. Não se trata de mero descumprimento da norma. Verificase a presença dos elementos cognitivo e volitivo, consumandose o dolo, cuja definição é apresentada com clareza por CEZAR ROBERTO BITENCOURT2: O dolo, elemento essencial da ação final, compõe o tipo subjetivo. Pela sua definição, constatase que o dolo é constituído por dois elementos: um cognitivo, que é o conhecimento do fato constitutivo da ação típica; e um volitivo, que é a vontade de realizála. O primeiro elemento, o conhecimento, é pressuposto do segundo, a vontade, que não pode existir sem aquele. Sobre o elemento cognitivo, BITENCOURT 3 discorre com didática: Para a configuração do dolo exigese a consciência daquilo que esse pretende praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é, deve estar presente no momento da ação, quando ela está sendo realizada Sobre o elemento volitivo, são claros os ensinamentos 4: A vontade, incondicionada, deve abranger a ação ou omissão (conduta), o resultado e o nexo causal. A vontade pressupõe a previsão, isto é, a representação, na medida em que é impossível querer algo conscientemente senão aquilo que se previu ou representou na nossa mente, pelo menos, parcialmente. Não há reparos, portanto, a se fazer na decisão recorrida, devendose manter a qualificação da multa de ofício. 2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : parte geral, volume 1, 11ª ed. São Paulo : Saraiva, 2007, p. 267. 3 BITENCOURT, 2007, p. 269. 4 BITENCOURT, 2007, p. 269. Fl. 1785DF CARF MF Processo nº 10903.720004/201230 Acórdão n.º 9101002.594 CSRFT1 Fl. 1.786 12 Diante do exposto, voto no sentido de conhecer parcialmente os embargos, em relação a omissão na apreciação do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002 para a qualificação de multa de ofício, e dar provimento parcial, para suprir a omissão e rerratificar o acórdão embargado sem efeitos infringentes, nos termos do presente voto. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 1786DF CARF MF
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Numero do processo: 10120.009149/2010-21
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário:2007
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. VALOR INFORMADO NA DIPJ E NÃO ESPECIFICADO EM DCTF. NÃO É CABÍVEL O LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO.
Para efeitos da aplicação do artigo 47 da Lei 9.430/96, admitese
a utilização da DIPJ.
Numero da decisão: 1803-001.046
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Meigan Sack Rodrigues
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VALOR INFORMADO NA DIPJ E NÃO ESPECIFICADO EM DCTF. NÃO É CABÍVEL O LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO. Para efeitos da aplicação do artigo 47 da Lei 9.430/96, admitese a utilização da DIPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora. Fl. 117DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 110 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Sérgio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Meigan Sack Rodrigues e Victor Humberto da Silva Maizman. Relatório A fiscalização, através do cruzamento das informações prestadas pela recorrente, em sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, com as informações constantes da Declaração de Débitos e Créditos Federais DCTF e guias de recolhimento, todas referentes ao anocalendário de 2007, constatou que a empresa deixou de declarar em DCTF, e também de recolher, o valor de IRPJ e CSLL, apurados no último trimestre do ano em comento, o que motivou o lançamento de oficio dos tributos devidos. A contribuinte tendo tomado ciência do início da fiscalização e, em atendimento à intimação fiscal recebida, apresentou cartaresposta (fl. 5), em 29/10/2010, na qual admitiu a falta de pagamento dos referidos tributos e informou ao Fisco o recolhimento, em 26/10/2010, dos montantes devidos, tendo anexado os DARF correspondentes. Segundo a interessada, tal pagamento estaria respaldado na prerrogativa conferida pelo art. 47 da Lei n° 9.430/96. Alegou que, tendo em vista que o Termo de Intimação Fiscal n° 813/2010 foi recebido em 07/10/2010, teria o direito de proceder ao recolhimento do IRPJ e CSLL informados espontaneamente em DIPJ, com a multa de mora de 20%. Os argumentos ofertados pela recorrente não foram acolhidos pela Fiscalização, cujo entendimento foi no sentido de que não teria ocorrido a denúncia espontânea, pretendida pela empresa. Aplicou a multa de ofício de 75% sobre os valores apurados. Cientificada das exigências, a recorrente apresentou impugnação em tempo hábil, contrapondose ao feito. Menciona a recorrente a sua concordância com a falta de recolhimento dos respectivos tributos, cujos vencimentos ocorreram em 31 de janeiro de 2008; porém, rebate as assertivas da fiscalização, com fundamento no art. 47 da Lei n° 9.430/97, pugnando pela improcedência dos autos de infração, porquanto entender que a empresa se utilizou da possibilidade prevista em tal dispositivo, tendo efetuado o pagamento dos referidos tributos antes de decorrido vinte dias da data de ciência do termo de início de fiscalização correspondente. Ademais disso, assevera que o benefício se aplica aos tributos já declarados e que os valores objeto da autuação haviam sido informados, e portanto declarados, na DIPJ relativa ao anocalendário de 2007. A decisão proferida pela autoridade “a quo”, Delegacia de Julgamento, foi no sentido de manter a autuação. Isto porque o julgador observa que a lide restringese basicamente ao valor da multa exigida, posto não pairar divergência quanto aos valores devidos de principal. A discussão está no entendimento da recorrente de que esta tem o direito de recolher o montante devido com acréscimo de juros e multa de mora e o da Fiscalização de entender ser devida a multa de oficio de 75%, visto que o pagamento dos valores devidos de IRPJ e CSLL deramse após o início da ação fiscal. Fl. 118DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 111 3 Em suma, a autoridade julgadora a quo menciona a norma insculpida no art. 47 da Lei n° 9.430/96, que autoriza o contribuinte submetido à ação fiscal a pagar, até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início de fiscalização, os tributos já declarados, de que for sujeito passivo como contribuinte ou responsável, com os acréscimos legais aplicáveis nos casos de procedimento espontâneo. Contudo, afirma que essa norma, entretanto, não autoriza a adoção do mesmo procedimento em relação a débitos não declarados. Por sua vez, a recorrente alude que, embora os tributos não tenham sido declarados em DCTF, eles o foram na DIPJ correspondente. Frente a esse impasse, a autoridade julgadora a quo buscou evidenciar quais as características necessárias às obrigações acessórias para que os tributos nelas informados possam ser considerados declarados ou, em outras palavras, confessados pelo contribuinte, cita farta legislação. Aduz que mesmo frente à relevante diferença entre seus efeitos, é notória a necessidade de distinguir informação que constitui confissão de dívida das demais informações prestadas pelo sujeito passivo, nos diversos documentos analisados pelo Fisco. Isso porque, na primeira hipótese, como o saldo a pagar do crédito tributário é inscrito diretamente em divida ativa, contase prazo prescricional a partir da entrega da declaração que constitui o crédito tributário ou do vencimento do tributo, se aquela ocorrer primeiro. Não há multa de oficio em relação a este crédito, uma vez que é dispensável o lançamento de oficio. Já, na segunda hipótese, em relação às informações que não têm caráter de confissão de dívida, quanto à eventual identificação de tributo devido, refere que corre prazo decadencial, ensejando lançamento de ofício, com aplicação da multa de oficio de que trata o art. 44 da Lei n. 9.430/96 e alterações posteriores. Prossegue a autoridade aludindo que não pode o sujeito passivo insurgirse contra multa de oficio sobre eventual débito lançado de oficio, ao argumento de que o mesmo foi informado na DIPJ, quando podia e devia têlo declarado na DCTF. Por outro lado, não se mostra regular a inscrição de saldo a pagar, apurado apenas a partir de informação na DIPJ, diretamente em dívida ativa, sem precedência de lançamento de oficio e oportunidade de contraditório, já que não há ato normativo prevendo este procedimento. A DIPJ não se constitui em instrumento de confissão de dívida; por conseguinte, declarado o débito em DIPJ, mas não em DCTF, cabe lançamento de ofício. Já no que diz respeito ao artigo 47, da Lei 9.430/96, em que a recorrente fundamenta suas razões de impugnação, enfrenta a autoridade julgadora a quo¸ referindo que o artigo mencionado encontrase sem aplicação prática, haja vista que a administração tributária não mais procede à constituição de crédito tributário considerado como confissão de dívida. Todo e qualquer tributo declarado nos instrumentos considerados como confissão de dívida, em consonância com a legislação em vigor, são imediatamente inscritos em Dívida Ativa da União, sem necessidade de se oferecer o contraditório ao sujeito passivo. Fundamenta a sua posição no artigo 19 da Lei 3.470/58, no artigo 71 da Medida Provisória n. 2.15834/2001, em que a expressão "recolhimento do imposto devido" foi substituída por "recolhimento do crédito tributário constituído". Por fim, conclui ser improcedente a impugnação apresentada e determina que seja alocado o pagamento efetuado ao crédito tributário constituído por meio do lançamento constante deste processo, cobrandose o saldo devedor remanescente. Cientificado da decisão proferida e dentro do prazo legal de 30 dias, a recorrente apresenta as suas razões em Recurso Voluntário. Refere que, frente à documentação Fl. 119DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 112 4 acostada pela mesma, restou claro que recolheu espontaneamente os tributos apontados pelo Fiscal, quando do início da Fiscalização. Portanto, obedecendo o prazo legal esculpido no art. 47 da Lei 9.430/96, não faz jus à multa de ofício arbitrada no percentual de 75%, sob o pretexto de que a recorrente não declarou o débito, vez que houve sim a declaração do débito por parte da empresa na DIPJ – Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica anocalendário 2007. Prossegue dizendo que a mesma valeuse dos preceitos legais denominados de Denúncia Espontânea, conforme o artigo 138 do CTN, cumulado com o artigo 47, da Lei 9.430/96. Ainda, observa que apesar de ser um dever por parte da recorrente, na qualidade de contribuinte, cumprir com as obrigações tributárias, a Denúncia Espontânea foi inserida pelo legislador tributarista na criação do Código Tributário Nacional com a finalidade de incentivar o sujeito passivo, a facilitar a arrecadação, concedendolhe o benefício da exclusão da responsabilização por qualquer infração. Cita doutrina a respeito do tema e jurisprudência do CARF. Prossegue, referindo que ao fazer a exegese do artigo supra mencionado, que também está transcrito ipsi literis nos Atos Normativos: Decreto 3000 (Regulamento do Imposto de Renda), de 26/03/1999, Artigo 909; Decreto 4494, de 03/12/2002, Artigo 54 e no Decreto 4544, 26/12/2002, Artigo 468, temse que estando declarado ou lançado o débito e tendo iniciado a fiscalização, através do termo de fiscalização, os efeitos da denúncia espontânea se estendem até o vigésimo dia após o dia do termo início de fiscalização. Refere que o parágrafo único, do art. 138, do Código Tributário Nacional, dispõe que não considera espontânea a denúncia após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, enquanto a norma ordinária Lei 9.430/96 e os Regulamentos supra mencionados alongam este prazo até o vigésimo dia após a entrega do termo de início de fiscalização. Todos os dispositivos legais que alongam o prazo estão em vigor e a própria Receita Federal os reconhecem como válidos, de acordo com o Livro Perguntas e Respostas, ACRÉSCIMOS LEGAIS, pergunta 798, editado pela mesma, pág. 511. Conclui, a recorrente rebatendo as alegações da autoridade a quo, quando esta aduz que o valor objeto da presente autuação não foi declarado em DCTF e que portanto não operouse a confissão de dívida, no sentido de que a referendada assertiva não pode prosperar, vez que inexiste na legislação correlata situação definida em lei que imponha que o pagamento previsto no art. 47 da lei 9.430/96 seja precedido de apresentação do débito na DCTF, portanto há de se impor a confissão do débito. Fundamenta suas razões no princípio da verdade material, precursor do processo administrativo. É o relatório. Voto Conselheira Meigan Sack Rodrigues, Relatora Fl. 120DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 113 5 O recurso preenche os requisitos de sua admissibilidade e dele tomo conhecimento. A discussão no presente feito cingese tão somente à multa de ofício, no montante de 75%, incidente sobre o recolhimento com atraso dos tributos devidos, haja vista que os tributos lançados foram todos pagos, conforme se depreende dos DARFs carreados ao presente feito. Desse modo, temse que a discussão remanescente se perfaz tão somente a respeito da multa de 75%, incidente sobre o recolhimento com atraso dos tributos devidos. Isso porque a empresa recorrente entende ter direito de recolher o montante devido com acréscimo de juros e multa de mora e a fiscalização entende que o recolhimento deve ser feito com a multa de ofício, tomando em conta que o pagamento dos valores devidos de IRPJ e CSLL deramse após o início da ação fiscal, mas antes do vigésimo dia subseqüente. A fiscalização alega que os tributos não se encontravam declarados, já que constantes apenas da DIPJ da recorrente e não em DCTF, razão pela qual não faz jus à espontaneidade disposta na legislação pátria, qual seja o artigo 138 do CTN. A recorrente, por sua vez, refere que a norma que disciplina tal questão é a disposta no artigo 47 da Lei 9.430/96 e que essa aduz o direito de recolher os tributos com os acréscimos aplicáveis ao procedimento espontâneo, desde que efetuado até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo de início da fiscalização. Entendo que a empresa recorrente faz jus ao recolhimento dos tributos com os acréscimos legais cabíveis e aplicáveis à espontaneidade, tomando em conta o disciplinado na norma disposta no artigo 47 da Lei 9.730/96. Isso porque o referido dispositivo legal determina expressamente que o benefício da espontaneidade deverá ser aplicada quando os tributos forem recolhidos até o vigésimo dia subseqüente ao início da fiscalização e desde que estejam declarados. A norma não determina de forma detalha ou exige de forma explicativa por qual instrumento deveria ter o contribuinte declarado os seus tributos, se por DIPJ ou através da DCTF, antes a norma aduz tão somente que devem encontrarse declarados os tributos. Nesse caminho, mister que se atente para o fato de que, embora as Instruções Normativas da Receita definam a DCTF como um instrumento de confissão de dívida, na qual o contribuinte declara seus débitos e estes, uma vez não pagos, podem ser inscritos diretamente em dívida ativa, não determina que esse seja o único meio pelo qual o contribuinte possa fazer valer o direito à espontaneidade, qual seja de cumprir com a obrigação, recolhendo os tributos com os acréscimos legais, sem a multa de ofício. No mesmo caminho, não há uma norma ou mesmo uma Instrução Normativa que determina que o artigo 47 da Lei 9.430/96 só será aplicado nos casos em que o contribuinte declare seus débitos em DCTF. No caso presente, a norma em momento algum distingue ou determina que a DIPJ não é declaração hábil ou suficiente para isentar do benefício da denuncia espontânea, bem como em momento algum verifiquei a retirada da norma disciplinada no artigo 47 da Lei 9.430/96 do sistema jurídico brasileiro, portanto vigorando está e entendo ser instrumento hábil para constituição do crédito tributário, assim como a DCTF. Ademais, diferentemente da restrição estabelecido pela instância julgadora anterior, quando se fala em valor declarado, para o fim proposto pelo artigo em comento, entendo que se busca falar em valor informado em qualquer das obrigações acessórias e apenas Fl. 121DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES Processo nº 10120.009149/201021 Acórdão n.º 180301.046 S1TE03 Fl. 114 6 na DCTF. E neste caminho, amparo o meu entendimento nos julgados deste Egrégio Conselho, senão vejamos: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS. APLICAÇÃO DE ACRÉSCIMOS DE PROCEDIMENTO ESPONTÂNEO. ART. 47 DA LEI N° 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. DÉBITO DECLARADO. ALCANCE. INFORMAÇÃO PRESTADA EM DIPJ.POSSIBILIDADE. O beneficio concedida pelo legislador (pagamento com os acréscimos de procedimento espontâneo) aos contribuintes que recolherem seus débitos no prazo de vinte dias contados do inicio da ação fiscal alcança também os débitos declarados na DIPJ e não apenas na DCIT. Recurso Provido. (340100.558 — 4° Câmara/1Turma Ordinária) Diante do exposto, voto no sentido de Dar Provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) Meigan Sack Rodrigues Relatora Fl. 122DF CARF MF Emitido em 09/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES, Assinado digitalmente em 09/11/201 1 por SELENE FERREIRA DE MORAES, Assinado digitalmente em 19/10/2011 por MEIGAN SACK RODRIGUES
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Numero do processo: 10925.000364/2007-04
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004
CSLL. COOPERATIVAS. SÚMULA CARF Nº 83.
O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, mesmo antes da vigência do art. 39 da Lei nº 10.865, de 2004.
NÃO ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ESPECIAL.
Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso (RICARF, anexo II, art. 67, § 3º). Verificada a incidência da Súmula CARF nº 83 ao caso, o recurso especial não deve ser conhecido.
Numero da decisão: 9101-002.685
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(assinatura digital)
Carlos Alberto Freitas Barreto, Presidente.
(assinatura digital)
Luís Flávio Neto, Relator.
EDITADO EM: 12/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2002, 2003, 2004 CSLL. COOPERATIVAS. SÚMULA CARF Nº 83. O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, mesmo antes da vigência do art. 39 da Lei nº 10.865, de 2004. NÃO ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ESPECIAL. Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso (RICARF, anexo II, art. 67, § 3º). Verificada a incidência da Súmula CARF nº 83 ao caso, o recurso especial não deve ser conhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinatura digital) Carlos Alberto Freitas Barreto, Presidente. (assinatura digital) Luís Flávio Neto, Relator. EDITADO EM: 12/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1531; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 1.189 1 1.188 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10925.000364/200704 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9101002.685 – 1ª Turma Sessão de 16 de março de 2017 Matéria CSLL. Ato cooperado. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA DE CREDITO DE LIVRE ADMISSAO DE ASSOCIADOS AURIVERDE SICOOB CREDIAL/SC ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003, 2004 CSLL. COOPERATIVAS. SÚMULA CARF Nº 83. O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, mesmo antes da vigência do art. 39 da Lei nº 10.865, de 2004. NÃO ADMISSIBILIDADE DE RECURSO ESPECIAL. Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso (RICARF, anexo II, art. 67, § 3º). Verificada a incidência da Súmula CARF nº 83 ao caso, o recurso especial não deve ser conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinatura digital) Carlos Alberto Freitas Barreto, Presidente. (assinatura digital) Luís Flávio Neto, Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 03 64 /2 00 7- 04 Fl. 1189DF CARF MF 2 EDITADO EM: 12/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Conselheiro Luís Flávio Neto, Relator. Tratase, em brevíssima síntese, de recurso especial interposto pela PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL (doravante chamada de “PFN” ou “Recorrente”), em face do acórdão nº 140200.417 (doravante acórdão a quo ou acórdão recorrido), proferido pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara (doravante “Turma a quo”), o qual julgou procedente o recurso voluntário apresentado pela COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL AURIVERDE LTDA. (doravante “COOPERATIVA” ou “Recorrida”), no processo nº 10925.000364/200704. O caso trata da cobrança de CSLL supostamente apurada a menor, devido à não inclusão, em sua base de cálculo, de receitas decorrentes de ato cooperado, bem como de multa isolada, pelo recolhimento a menor das antecipações da referida contribuição. Em face da impugnação administrativa apresentada pelo contribuinte (efls. 1048 e seg.), a DRJ proferiu o acórdão n. 1216.954, assim ementado (efls. 1126 e seg.): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL Anocalendário: 2002, 2003 e 2004 ATOS COOPERADOS. INCIDÊNCIA. A CSLL incide sobre a totalidade do resultado apurado pela cooperativa no períodobase, o qual inclui as receitas decorrentes de atos cooperativos e não cooperativos. CF de 1988, artigo 195, I e parágrafo 7º, Lei nº 7.689, de 1988 com alterações da Lei nº 8.034, de 1990, artigo 2º, parágrafo 1º, letra “c” e artigo 4º; IN SRF nº 198/88, item 9; e Parecer CST nº 1.061, de 1995. ATOS COOPERADOS. ISENÇÃO. Somente a partir de 01012005, conforme artigo 39 e 48 da Lei nº 10.865, de 2004, é que ocorreu a isenção da CSLL relativamente aos atos cooperados. DOLO. INEXISTÊNCIA. Não há evidente intuito de fraude quando a controvérsia diz respeito, fundamentalmente, a questão jurídicas, de direito, de lei, de interpretação e ou aplicação de preceitos normativos. A cooperativa interpôs recurso voluntário (efls. 1.148 e seg.), em face do qual foi proferida a decisão ora recorrida, que restou assim ementada (efls. 1.162 e seg.): Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Anocalendário: 2002, 2003 e 2004 CSLL. COOPERATIVAS. OPERAÇÕES COM COOPERADOS. SOBRAS LÍQUIDAS. NÃO INCIDÊNCIA. Em relação aos atos cooperativos, os resultados positivos da sociedade cooperativa não tem natureza de lucros como definido na legislação tributária e comercial, Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 10925.000364/200704 Acórdão n.º 9101002.685 CSRFT1 Fl. 1.190 3 não se subsumindo a norma de incidência da contribuição social sobre o lucro. A PFN interpôs, então, recurso especial (efls. 1170 e seg.), o qual foi integralmente admitido por despacho (efls. 7 e seg.), no qual suscita a divergência jurisprudencial “quanto à possibilidade de os resultados positivos relacionados aos atos cooperados integrarem a base de cálculo da CSLL”. Notese ser incontroversa a natureza de “ato cooperativo” quanto às receitas obtidas pela cooperativa. Em apertada síntese, sustenta a recorrente que: A incidência de CSLL sobre as “sobras” das cooperativas encontra embasamento nas leis 7.689/88 (a qual institui o tributo) e 5.764/61 (a lei das cooperativas) que, de acordo com a recorrente, afastaria apenas a incidência do imposto sobre a renda auferida com atos cooperados; A “sobras líquida” seria equivalente ao lucros líquido, aspecto material do fato gerador da CSLL; A CSLL deveria ser pagar por sociedades cooperativas, independente dos atos que geraram as “sobras”, com fundamento no art. 10 da Lei 8.212/91, art. 4º da Lei 7.689/88 e IN SRF nº 198/88). A recorrida apresentou contrarrazões ao recurso especial (efls. 1.019 e seg.), arguindo, em apertada síntese, que: O art. 57 da Lei nº 8.981/95 afirma que se aplicam à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas; A não incidência do Imposto sobre a Renda Pessoa Jurídica em relação aos atos cooperativos encontra sua fundamentação no art. 182 e seguintes do Decreto 3.000/99, aplicandose o mesmo com relação à CSLL; As cooperativas objetivariam lucro por impedimento legal, assim, as “sobras” não poderiam ser chamadas de lucro. Destacase que a recorrida não se opôs, em suas contrarrazões, à admissibilidade do recurso especial interposto pelo contribuinte. Concluise, com isso, o relatório. Voto Conselheiro Luís Flávio Neto, relator. Fl. 1191DF CARF MF 4 O recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional é tempestivo, bem como a divergência de entendimento entre Turmas deste Tribunal foi adequadamente demonstrada. No entanto, o recurso não deve ser conhecido por força do artigo 67, § 3º, do anexo II do Regimento Interno do CARF: “Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso”. Ocorre que deve ser aplicado ao presente caso Súmula n. 83 do CARF: “Súmula CARF n. 83: O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus cooperados não integra a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, mesmo antes da vigência do art. 39 da Lei no 10.865, de 2004.” As súmulas do CARF assumem a feição de precedentes com “força necessária para servir como ratio decidendi para o juiz subsequente”1. Com a súmula, os fundamentos adotados nos acórdãos paradigmáticos que provocaram a sua enunciação passam a ser aplicados em todos os demais casos que vierem a ser submetidos ao CARF com a discussão de questões semelhantes. Portanto, a compreensão dos acórdãos paradigmas da Súmula n. 83 do CARF é fundamental para a correta aplicação desta. Entre estes, destacase o acórdão n. 910100.308, de 25 de agosto de 2009, assim ementado: CSLL. COOPERATIVAS. O resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas operações realizadas com seus associados, os chamados atos cooperados, não integram a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Recurso provido. Também merece destaque o acórdão n. 910100.207, de 27 de julho de 2009, assim ementado: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Exercício: 1992 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. COOPERATIVA DE CRÉDITO. A exigência da Contribuição Social sobre o Lucro das Cooperativas de Crédito só tem fundamento quando determinada sobre o resultado oriundo das operações realizadas com não cooperados, não podendo prosperar o lançamento que toma por base o resultado líquido apurado com atos cooperativos, conceituados como sobras, em virtude de não estar configurada a hipótese de incidência desta contribuição, pela inexistência de lucros. A circunstância de as cooperativas de crédito enquadraremse como instituições financeiras, segundo o artigo 22, § 1º, da Lei nº 8.212/91, não resulta em legitimar a tributação segundo o resultado dos atos cooperados. 1 À semelhança do que ocorre com os recursos repetitivos do STJ. A respeito destes, vide: MESQUITA, José Ignácio Botelho et al. A repercussão geral e os recursos repetitivos: economia, direito e política, In: Revista de Processo, São Paulo, v. 38, n. 220, p. 1332, jun. 2013, p. 29 Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 10925.000364/200704 Acórdão n.º 9101002.685 CSRFT1 Fl. 1.191 5 Verificase, portanto, que o presente caso é semelhante aos julgados que motivaram a edição Súmula n. 93, inserindose entre aqueles que reclamam a sua incidência. Nesse seguir, voto por NÃO CONHECER o recurso especial interposto. (assinatura digital) Luís Flávio Neto Fl. 1193DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.003044/2006-98
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2004
PROCESSUAL. MULTA ISOLADA DE INSUFICIÊNCIA DE ESTIMATIVA MENSAL FORMALIZADA EM AUTOS PROCESSUAIS DIFERENTES DA AUTUAÇÃO FISCAL PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE DECISÃO DE PROCESSO PRINCIPAL EM JULGAMENTO DE PROCESSO REFLEXO. AUSÊNCIA DE ÓBICE PARA APLICAÇÃO TÁCITA DA VINCULAÇÃO DE PROCESSOS REFLEXOS.
Situação no qual os processos reflexos, na instância a quo, não tiveram julgamento integrado, e a decisão já proferida no processo principal não havia transitado em julgado na esfera administrativa quando do julgamento do processo acessório. Não há óbice para que o julgamento de processo com matéria acessória, que trata de multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativa mensal, tome como base a decisão proferida anteriormente em julgamento de outro processo com matéria principal que teve como lançamento reflexo exatamente a multa isolada. Na realidade, apesar de formalmente os processos não terem tido julgamento em conjunto, a medida considerou a vinculação tácita entre os processos reflexos.
Numero da decisão: 9101-002.755
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencido o conselheiro José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), que não conheceu do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência momentânea da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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MULTA ISOLADA DE INSUFICIÊNCIA DE ESTIMATIVA MENSAL FORMALIZADA EM AUTOS PROCESSUAIS DIFERENTES DA AUTUAÇÃO FISCAL PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE DECISÃO DE PROCESSO PRINCIPAL EM JULGAMENTO DE PROCESSO REFLEXO. AUSÊNCIA DE ÓBICE PARA APLICAÇÃO TÁCITA DA VINCULAÇÃO DE PROCESSOS REFLEXOS. Situação no qual os processos reflexos, na instância a quo, não tiveram julgamento integrado, e a decisão já proferida no processo principal não havia transitado em julgado na esfera administrativa quando do julgamento do processo acessório. Não há óbice para que o julgamento de processo com matéria acessória, que trata de multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativa mensal, tome como base a decisão proferida anteriormente em julgamento de outro processo com matéria principal que teve como lançamento reflexo exatamente a multa isolada. Na realidade, apesar de formalmente os processos não terem tido julgamento em conjunto, a medida considerou a vinculação tácita entre os processos reflexos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencido o conselheiro José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), que não conheceu do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negarlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 00 30 44 /2 00 6- 98 Fl. 929DF CARF MF Processo nº 10855.003044/200698 Acórdão n.º 9101002.755 CSRFT1 Fl. 930 2 (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência momentânea da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (efls. 869/878) em face da decisão proferida no Acórdão nº 180200.466 (efls. 845/851), pela 2ª Turma Especial da Primeira Seção, na sessão de 18/05/2010, no qual foi dado provimento ao recurso voluntário. Resumo Processual Foi lavrado o auto de infração de CSLL, relativo a multa isolada por insuficiência no recolhimento de estimativas mensais. Em outros autos processuais (nº 10855.003043/200643), foi efetuada a autuação principal, relativa a presunção de omissão de receitas de pagamentos não escriturados e que deu origem aos lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins e multa isolada de IRPJ por insuficiência no recolhimento de estimativas mensais. Após apreciar a impugnação (efls. 188/196) apresentada pela Contribuinte, a primeira instância (DRJ) julgou o lançamento procedente (efls. 206/212). Foi interposto recurso voluntário pela Contribuinte (efls. 224/240). A turma ordinária do CARF deu provimento ao recurso voluntário (efls. 845/851). Foram opostos embargos pela PGFN (efls. 855/856) que foram rejeitados (efls. 858/864). A PGFN interpôs recurso especial (efls. 869/878) que foi admitido por despacho de exame de admissibilidade (efls. 880/882). A Contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 893/902). A seguir, maiores detalhes da fase contenciosa. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 10855.003044/200698 Acórdão n.º 9101002.755 CSRFT1 Fl. 931 3 Da Fase Contenciosa. A contribuinte apresentou impugnação (efls. 188 e segs.). O lançamento fiscal foi julgado procedente pela 1ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto, nos termos do Acórdão nº 1415.971, de 11/06/2007 (efls. 206 e segs.), conforme ementa a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 30/11/2004 PRESUNÇÃO PROVA MULTA QUALIFICADA MULTA ISOLADA. A prova do fato que constitui base de presunção legal de omissão de receitas basta para a lavratura do auto de infração. Cabe ao contribuinte produzir contraprovas. Meras alegações, desacompanhadas de provas, não bastam para infirmar os fatos. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativa de CSLL tem expressa previsão legal, sendo descabida a apreciação de sua invalidade na esfera administrativa. Foi interposto recurso voluntário pela Contribuinte (efls. 224/240), apreciado pela 2ª Turma Especial da Primeira Seção, na sessão de 18/05/2010, que, no Acórdão nº 180200.466 (efls. 845/856), decidiu dar provimento ao recurso voluntário, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 30/11/2004 MULTA ISOLADA POR FALTA DE PAGAMENTO DA CSLL ESTIMATIVA MENSAL. LANÇAMENTO REFLEXO. Julgada insubsistente a infração que deu causa ao lançamento principal em processo conexo, segue a mesma sorte o lançamento reflexo objeto dos presentes autos, uma vez que decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova daquele. Foram opostos embargos de declaração (efls. 855 e segs.) pela PGFN, que foram rejeitados pela 2ª Turma Especial da Primeira Seção, na sessão de 06/02/2013, no Acórdão nº 1802001.542, conforme ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 30/11/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Devem ser rejeitados os embargos quando não comprovada a existência de omissão/contradição/obscuridade no acórdão embargado. Fl. 931DF CARF MF Processo nº 10855.003044/200698 Acórdão n.º 9101002.755 CSRFT1 Fl. 932 4 A PGFN interpôs recurso especial (efls. 869/878), discorrendo que a decisão proferida no processo principal era provisória, ainda passível de reforma, e, por isso, não poderia ter sido levada em consideração na aplicação da decisão recorrida. Ou seja, não poderia a decisão proferida no processo principal, não transitada em julgado, ter sido aplicada para decidir processo decorrente. Assim, requer pela nulidade do acórdão recorrido (que julgou processo decorrente) e a suspensão do feito até que seja proferida decisão definitiva no processo principal. O recurso especial da PGFN foi admitido por despacho de exame de admissibilidade (efls. 869/878). A Contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 893/902). Sobre a admissibilidade, aduz que o recurso especial não pode ser conhecido, porque os paradigmas trataram de situações diferentes da presente nos autos. O primeiro julgado afirma que não subsiste a tributação reflexa quando a tributação principal é afastada por decisão administrativa definitiva, ou seja, há uma convergência com a decisão recorrida. O segundo paradigma tratou de intimação viciada, sem comunicação com o suporte fático dos presentes autos. No mérito, pugna pela manutenção do acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Sobre a admissibilidade, protesta a Contribuinte que os paradigmas apresentados pela PGFN não serviram para demonstrar a divergência da interpretação tributária prevista no art. 67, Anexo II do RICARF. A matéria devolvida ao Colegiado diz respeito à vinculação de processos, razão pela qual transcrevo o art. 6º do Anexo II do RICARF: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. Fl. 932DF CARF MF Processo nº 10855.003044/200698 Acórdão n.º 9101002.755 CSRFT1 Fl. 933 5 Faço a distinção, amparado no conceito empregado pelo RICARF, valendose de exemplos. Nos processos reflexos, há uma autuação fiscal principal, por exemplo, de IRPJ, acompanhada de reflexos de CSLL, PIS e Cofins, com base nos mesmos elementos de prova constituídos em um mesmo procedimento fiscal. No processo reflexo, a decisão do processo principal tem repercussão direta nos reflexos. A vinculação por decorrência ocorre quando há obrigatoriamente um processo principal e demais processos acessórios, que tiveram origem a partir do processo principal. Tanto que se o julgamento do processo principal afastar a autuação, automaticamente os processos acessórios perdem o objeto. Por exemplo: (1) processo principal trata de exclusão do SIMPLES, e o acessório de auto de infração lavrado em razão da exclusão da empresa do regime especial; (2) processo principal trata da suspensão ou perda de imunidade/isenção, e o acessório de auto de infração lavrado em razão da suspensão/perda do benefício; (3) processo principal trata de autuação fiscal que altera o ajuste anual do imposto, alterando a apuração de saldo negativo, e o acessório de declaração de compensação que se utilizou de saldo negativo que, em razão da autuação fiscal, teve seu valor diminuído ou extinto. Na decorrência, duas são as características principais: (1) não é prático (para não dizer que é impossível) fazer o julgamento do processo acessório antes do julgamento do processo principal e (2) o decidido no principal tem repercussão direta nos processos decorrentes. Qual a praticidade em julgar os autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins se tais lançamentos tiveram origem em uma suspensão de imunidade ainda pendente de julgamento? Na realidade, a vinculação por reflexão e decorrência tem muitas semelhanças, principalmente por disporem de um processo principal precisamente definido, e de processo(s) acessório(s) cujo julgamento tem uma estreita dependência com o principal. Enfim, a conexão ocorre quando se tem um suporte fático X e um enquadramento legal Y que é idêntico, ou para vários sujeitos passivos (A, B, C, D, E ...), ou para o mesmo sujeito passivo em anoscalendário diferentes (AC1, AC2, AC3...). Naturalmente, são formalizados vários processos, mas as autuações fiscais (suporte fático e enquadramento legal) são as mesmas, diferenciandose, em linhas gerais, o sujeito passivo e o anocalendário. Como exemplo, pode ser um auto de infração de glosa de despesas, com o mesmo suporte fático, de uma mesma empresa, com os mesmos fatos e elementos de prova, formalizado em processos diferentes, cada qual para um anocalendário (AC1, AC2, AC3 e AC4). Ou, o auto de infração de glosa de despesas, com o mesmo suporte fático, mas lavrado em face de empresas que desenvolvem a mesma atividade econômica e tiveram uma interpretação idêntica da legislação tributária, ou seja, processos com sujeitos passivos A, B, C, D e E. Ainda, processo de reconhecimento de direito creditório que se utilizou do crédito X para compensar débitos D1, D2, D3, D4 e D5, cada qual em um processo diferente. O que se observa nos processos por conexão é que não há um processo que pode ser classificado como o principal. O julgamento pode ser dar em qualquer um dos processos. Pode ser julgado o processo AC3, sem prejuízo nenhum para os demais. Ou o processo contra o sujeito passivo D, ou o processo tratando da compensação do débito D2. Na realidade, os processo por conexão são aqueles que podem ser reunidos para julgamento em Fl. 933DF CARF MF Processo nº 10855.003044/200698 Acórdão n.º 9101002.755 CSRFT1 Fl. 934 6 lotes, ou na sistemática dos repetitivos. Podese escolher qualquer um dos processos para julgamento, e aplicar a decisão para os demais. Tal procedimento, obviamente, não pode ser adotado para os reflexos ou decorrentes, tendo em vista a existência de um processo principal. Estabelecidas as premissas, passo ao exame. No caso concreto, a ementa faz menção de que o processo de multa isolada de CSLL guardaria conexão, por isso poderia seguir a mesma sorte do processo principal. Com a devida vênia, entendo que não se trata de conexão. Os presentes autos, de multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativa mensal, é acessório e formalizado com os mesmos elementos de prova do principal, o IRPJ cuja infração tributária é presunção legal de omissão de receitas. Entendo, portanto, que os presentes autos são reflexos do principal (processo nº 10855.003043/200643). Por sua vez, o primeiro paradigma apresentado pela PGFN é o Acórdão nº 10322.595, cuja ementa é a que segue: TRIBUTAÇÃO REFLEXA TRIBUTAÇÃO "PRINCIPAL" AFASTADA POR DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA INSUBSISTÊNCIA Não subsiste a tributação reflexa quando a tributação principal é afastada por decisão administrativa definitiva proferida em processo específico, ante a conexidade e a relação de causa e efeito existente entre elas. Recurso de oficio a que se nega provimento. Publicado no D.O.U. nº 193 de 06/10/06. Pelo que se pode observar, a decisão trata de tributação reflexa. De fato, existe um processo principal, a autuação de IPI, que teve lançamentos reflexos de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins. No caso, a decisão manteve o entendimento da DRJ, que aplicou para o processo de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins o que já havia sido decidido no processo de IPI. A princípio, a situação nas decisões paradigma e recorrida seria a mesma: aplicouse na decisão do processo acessório e decisão proferida anteriormente no processo principal. Contudo, há uma diferença: enquanto no paradigma a decisão administrativa era definitiva, nos presentes autos a decisão principal ainda poderia ser objeto de recurso. Reside, portanto, nesse ponto a divergência. Transcrevo excerto do recurso da PGFN: Ocorre que no processo principal a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial com o objetivo de reverter aquela decisão. O recurso se encontra pendente de julgamento, de maneira que a decisão recorrida ainda é passível de revisão. Portanto, a decisão administrativa proferida naquele processo, por não ser definitiva e não ter transitado em julgado, não poderia ser utilizada como fundamentação para o cancelamento da exigência. (...) Fl. 934DF CARF MF Processo nº 10855.003044/200698 Acórdão n.º 9101002.755 CSRFT1 Fl. 935 7 Há clara divergência jurisprudencial, eis que se trata da mesma situação, qual seja, motivação adotada em decisão proferida em processo principal. A e. Câmara a quo fundamentou sua decisão única e exclusivamente em decisão proferida em processo principal, desconsiderando o fato de que a referida deliberação não é definitiva e que pode vir a ser reformada. Por sua vez, o acórdão apontado como paradigma, de modo contrário, acolheu a tese de que a decisão proferida em processo principal somente poderia ser aplicada aos seus decorrentes após ter se tornado definitiva. A divergência entre acórdão paradigma e recorrido não se configura pelos tributos em apreço ou pelos atos normativos invocados em cada um deles, mas pela possibilidade ou não de se invocar decisão administrativa não transitada em julgado em processo decorrente. (grifos originais) Ou seja, no paradigma, a tese é de que apenas com decisão administrativa definitiva poderseia aplicar a decisão do processo principal para o processo reflexo. E nos presentes autos, o entendimento foi diverso, vez que se aplicou a decisão do processo principal não definitiva no contencioso administrativo para o processo reflexo. Demonstrada, portanto, a divergência jurisprudencial na decisão proferida pelo Acórdão nº 10322.595. Prescindível apreciar o outro acórdão paradigma. Passo ao exame do mérito. A matéria devolvida ao Colegiado resumese a pergunta: pode uma decisão de processo reflexo de multa isolada por insuficiência no recolhimento de estimativa mensal aplicar, para a sua solução, uma decisão já proferida no processo principal que ainda não transitou em julgado? Apreciando especificamente o caso concreto, não vejo óbice no procedimento adotado pela decisão recorrida. O acórdão recorrido, ao se deparar com a decisão do processo principal, que foi de afastar a autuação fiscal, entendeu que, por consequência, a multa isolada perdera o objeto. Podese, de fato, argumentar que a decisão principal não era definitiva, e passível de revisão. Contudo, entendo que, caso os presentes autos e o processo principal nº 10855.003043/200643 tivessem sido julgados em conjunto pela segunda instância, conforme a melhor prática processual, e inclusive conforme ocorreu na primeira instância administrativa (DRJ, Acórdãos nº 1415.970 e 1415.971, na sessão de 11/06/2007), o decidido no acessório levaria em consideração a decisão do principal. Ora, exatamente o que fez a decisão recorrida. Na realidade, o acórdão recorrido aplicou o instituto da vinculação processual previsto no art. 6º, Anexo II do RICARF, de maneira tácita. Apesar de os processos principal e acessório não estarem vinculados formalmente na segunda instância, a decisão recorrida entendeu que, como a autuação fiscal do processo principal foi afastada, a multa isolada do processo reflexo perdeu o objeto. Fl. 935DF CARF MF Processo nº 10855.003044/200698 Acórdão n.º 9101002.755 CSRFT1 Fl. 936 8 Devese manter, nesse sentido, a decisão recorrida. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso da PGFN. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 936DF CARF MF
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Numero do processo: 13653.720075/2013-09
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Mar 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2013
INTEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO. NÃO INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO.
A impugnação administrativa intempestiva não tem o condão de instaurar o contencioso administrativo. Observância das regras do Decreto n. 70.235/72.
Numero da decisão: 9101-002.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinatura digital)
Carlos Alberto Freitas Barreto, Presidente.
(assinatura digital)
Luís Flávio Neto, Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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NÃO INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO. A impugnação administrativa intempestiva não tem o condão de instaurar o contencioso administrativo. Observância das regras do Decreto n. 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. (assinatura digital) Carlos Alberto Freitas Barreto, Presidente. (assinatura digital) Luís Flávio Neto, Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 3. 72 00 75 /2 01 3- 09 Fl. 151DF CARF MF Processo nº 13653.720075/201309 Acórdão n.º 9101002.580 CSRFT1 Fl. 152 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrente”), em que é parte interessada LUIZ CARLOS RIBEIRO & IRMÃO LTDA ME (doravante “contribuinte” ou “recorrido”), em face do acórdão nº 1803002.641 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela então 3a Turma Especial desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). O processo trata da exclusão do contribuinte do Simples Nacional pelo Ato Declaratório Executivo DRF/BHE/MG nº 704.975, de 10.09.2012, com efeitos a partir de 01.01.2013, em virtude de débitos exigíveis perante a Fazenda Nacional, com fundamento no art. 17, V, da Lei Complementar nº 123/2006, e nos art. 73, II, “d” e art. 76, I, da Resolução CGSN nº 94/2011. Ao analisar a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte, a DRJ/RPO decidiu rejeitar a preliminar de tempestividade arguida e não conhecer as demais argumentações apresentadas pela impugnante (efls. 38 e seg.). A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PRELIMINAR DE TEMPESTIVIDADE. O prazo concedido pela legislação para se contestar o Ato Declaratório Executivo que excluiu empresa do Simples Nacional é de trinta dias, contados da sua ciência. Comprovado que a manifestação de inconformidade foi protocolizada depois de expirado tal prazo, rejeitase a preliminar de tempestividade suscitada e não se conhecem as demais alegações apresentadas. A alegada demora involuntária do encaminhamento da correspondência, regularmente recebida no domicílio fiscal da contribuinte, ao administrador da empresa não suspende o curso do prazo para interposição da manifestação de inconformidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs seu recurso voluntário (fls. 46 e seg. do eprocesso). Ao julgar o aludido recurso, a Turma a quo decidiu, por unanimidade de votos, em darlhe parcial provimento, nos seguintes termos: “Verificase no presente caso que a Recorrente foi cientificada em 09.10.2012, fl. 08, e apresentou a impugnação em 27.02.2013, fl. 02. A apresentaçaõ intempestiva da impugnação tem o efeito de tornar definitiva a exclusão do Simples Nacional pela não instauração do litígio no procedimento. Ademais, notificada em 23.01.2014, fl. 45, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 31.01.2014, fl. 46. Por essa razão, houve ausen̂cia de instauração de litígio no procedimento. Ainda assim, tendo em vista o princípio da verdade material, devese observar, de ofício, os procedimentos fiscais já adotados pela autoridade preparadora em relação a matéria. Verificase que a Recorrente parcelou os débitos que foram causa da exclusão, fls. 0924 no anocalendário de 2013. Por essa razão, a DRF que a jurisdiciona já deferiu o pedido de inclusão no Simples Nacional para o Fl. 152DF CARF MF Processo nº 13653.720075/201309 Acórdão n.º 9101002.580 CSRFT1 Fl. 153 3 anocalendário de 2014, em conformidade com o Termo de Deferimento de Opção pelo Simples Nacional a partir de 01.01.2014, fl. 51. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário para considerar como termo final dos efeitos da exclusão do Simples Nacional o anocalendário de 2013, em observância aos procedimentos já adotados pela autoridade preparadora.” O acórdão restou assim ementado (fls. 115 e seg. do eprocesso): ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Exercício: 2014 NÃO INSTAURAÇÃO DO LITÍGIO NO PROCEDIMENTO. A apresentação intempestiva da impugnação tem o efeito de tornar definitiva o ato de exclusão do Simples Nacional pela não instauração do litígio no procedimento. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL. Tendo em vista o princípio da verdade material, devese observar, de ofício, os procedimentos fiscais já adotados pela autoridade preparadora em relação a matéria. Ao tomar ciência da decisão, a PFN interpôs recurso especial, arguindo divergência de interpretação entre o acórdão recorrido e os acórdãos n. 0304.033 e 0105.127 (efls. 121 e seg.), o qual foi admitido por despacho (efls. 139 e segs.). O contribuinte apresentou contrarrazões, em que repisa os argumentos consignadas na sua manifestação de inconformidade, no sentido de que, por equívoco de seus funcionários, não tomou conhecimento da correspondência emitida, requerendo seja relevada a intempestividade em questão (efls. 146 e seg.). Concluise, com isso, o relatório. Voto Conselheiro Luís Flávio Neto, o relator. Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou o cumprimento dos requisitos para a interposição do recurso especial, razão pela qual não merece reparos. Quanto à questão de mérito, assim se pronunciou a Turma a quo: “Ainda assim, tendo em vista o princípio da verdade material, devese observar, de ofício, os procedimentos fiscais já adotados pela autoridade preparadora em relação a matéria. Verificase que a Recorrente parcelou os débitos que foram causa da exclusão, fls. 0924 no anocalendário de 2013. Por essa razão, a DRF que a jurisdiciona já deferiu o pedido de inclusão no Simples Nacional para o anocalendário de 2014, em conformidade com o Termo de Deferimento de Opção pelo Simples Nacional a partir de 01.01.2014, fl. 51.” Contudo, em seu recurso especial, a PFN alega que a impugnação apresentada fora do prazo leva à preclusão processual, de forma que a defesa administrativa do contribuinte não deveria ter sido conhecida, não havendo fundamento para a instauração da fase litigiosa. Fl. 153DF CARF MF Processo nº 13653.720075/201309 Acórdão n.º 9101002.580 CSRFT1 Fl. 154 4 O art. 23, inciso II, do Decreto n. 70.235/72, dispõe que a intimação poderá ser feita “por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo”, não sendo exigido que a entrega do documento seja feita ao seu procurador. Por sua vez, o art. 14 do Decreto n. 70.235/72 dispõe que “a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento”. Por sua vez, o art. 15 do mesmo diploma legal determina que “a impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência”. De fato, não há fase litigiosa sem a impugnação apresentada dentro do prazo determinado pela norma que regula os procedimentos tributários. Neste seguir, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso especial da PFN, de forma a reconhecer a intempestividade da impugnação apresentada pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Fl. 154DF CARF MF
score : 1.0