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Numero do processo: 10580.727455/2009-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005, 2006, 2007
EMBARGOS. OMISSÃO.
Constatada a omissão apontada pelos embargos, deve-se promover sua imediata correção.
RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS.
São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis
Numero da decisão: 2201-003.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 18/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005, 2006, 2007 EMBARGOS. OMISSÃO. Constatada a omissão apontada pelos embargos, deve-se promover sua imediata correção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS. São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis
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OMISSÃO. Constatada a omissão apontada pelos embargos, devese promover sua imediata correção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. JUROS COMPENSATÓRIOS. São tributáveis os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e não acolher os embargos de declaração. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 18/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Marcelo Milton AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 74 55 /2 00 9- 92 Fl. 307DF CARF MF 2 da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente de Auto de Infração pelo qual a Autoridade Fiscal constituiu crédito tributário relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, IRPF, por ter apurado infrações à legislação tributária nos anos calendários de 2004 a 2006, exercícios de 2005 a 2007. Em síntese, lançamento decorre da constatação de que o sujeito passivo classificou indevidamente como Rendimentos Isentos e Não Tributáveis os rendimentos auferidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de "Valores Indenizatórios de URV", a partir de informações a ele fornecidas pela fonte pagadora. Tais rendimentos decorrem de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Com a apresentação de Recurso Voluntário em razão do inconformismo com a Decisão de 1ª Instância, que manteve integralmente a exigência, o mérito do lançamento foi objeto do Acórdão 2101002.443, da 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, de 20 de março de 2014, fl. 239/244. Ciente da Decisão do Colegiado em 13 de junho de 2014, fl. 282, o contribuinte apresentou, tempestivamente, os Embargos de fl. 255. Sustenta a embargante a omissão do Acórdão de 2ª Instância, que, supostamente, não teria tratado dos seguintes temas: Falta de legitimidade da União para cobrar imposto de renda que pertence, por determinação constitucional, ao Estado; Quebra do Princípio Constitucional da Isonomia; Não incidência do Imposto de Renda sobre juros de mora. No Despacho de fl. 293 a 295, houve análise da admissibilidade dos Embargos interpostos, os quais foram admitidos, exclusivamente por conta da conclusão de que o Acórdão Recorrido não tratou da não incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora recebidos incidentes sobre os valores recebidos acumuladamente e que integraram o montante considerado omitido. E o relatório necessário Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10580.727455/200992 Acórdão n.º 2201003.754 S2C2T1 Fl. 308 3 Inicialmente, expresso minha concordância com os pressupostos de admissibilidade contidos no despacho de fls. 293/295, razão pela qual limito a presente análise à omissão reconhecida. No Recurso Voluntário apresentado, fl. 143/230, o tema que teria sido omitido pelo Acórdão embargado consta de fl. 224, cujas razões passo a analisar: DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO NO CÁLCULO DA DIFERENÇA DE URV. Neste tópico, embora a peça recursal apresente alguma impropriedade por misturar seus argumentos com os do tema tratado anteriormente (EXCLUSÃO DA MULTA DE MULTA DE OFÍCIO E DOS JUROS DE MORA CONSTANTES DO AUTO DE INFRAÇÃO), fica evidente que a insurgência do contribuinte decorre do seu entendimento de que os valores recebidos que correspondam a juros e a atualização monetária sobre as diferenças da conversão da URV não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial. Embora não seja propriamente objeto dos Embargos ora sob análise, temos que a multa de ofício já foi afastada sob amparo da Súmula CARF nº 73, para a qual o erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Já em relação ao juros de mora incidente sobre o crédito lançado, tratase de exigência de natureza meramente compensatória, prevista no art. 63 da Lei 9.430/66. Com a ressalva de que tal acréscimo legal incide tanto para corrigir os débitos de contribuintes quanto os eventuais indébitos destes, exatamente com os mesmos índices (Selic acumulada até o mês anterior ao pagamento mais 1% no mês do pagamento). Embora oficial, o comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora não configura norma complementar de que trata o art. 100 da lei 5.172/66 (CTN). Da mesma forma, não tem tal natureza a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2006, tampouco precisaria ser declarada sua inconstitucionalidade, seja por se tratar de ato originário de ente incompetente pra legislar sobre Imposto sobre a Renda, seja por não ter, efetivamente, classificado o rendimento como isento, mas apenas fixando sua denominação de indenização, o que se mostra irrelevante, já que, nos termos do §1º do art. 43 da mesma Lei 5.172/66, a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento. Desta forma não há que se falar em aplicação do § único do art. 100 do CTN. No que se refere à tributação dos juros e correção monetária que incidiram sobre as diferenças da conversão da URV e os argumentos recursais de que não deveriam sofrer tributação, em razão de sua natureza indenizatória, não constituindo acréscimo patrimonial, estes sim objeto da omissão a ser tratada pela presente análise, não assiste razão ao recorrente. Nos termos do art. 144 do CTN, o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. A decisão de 1ª Instância assim se pronunciou, fl. 136: Fl. 309DF CARF MF 4 O art. 55, inciso XIV, do RIR/99 dispõe claramente que tanto os juros moratórios, quanto quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, estão sujeitos à tributação, a menos que correspondam a rendimentos isentos ou não tributáveis, conforme abaixo transcrito: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, §2º, inciso IV, e 70, §3º, inciso I): ... XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Portanto, no caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento, sobre o total dos rendimentos, inclusive juros e atualização monetária. Afinal como visto acima, os juros compensatórios ou moratórios seguem a sorte dos rendimentos que lhe deram causa. De modo que sendo estes tributáveis, aqueles terão a mesma natureza, tudo nos termos do inciso XIV do art. 55 do RIR/99. Conclusão: Desta forma, considerando as razões e fundamentos legais acima expostos, voto por conhecer e não acolher os embargos interpostos pelo contribuinte. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 310DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10952.000217/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
ALIENAÇÃO. IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE.
Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considera-se como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação.
Numero da decisão: 2201-003.817
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 31/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 ALIENAÇÃO. IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE. Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considera-se como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação.
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IMÓVEL RURAL. GANHO DE CAPITAL. APURAÇÃO. DIAT. INAPLICABILIDADE. Na apuração do ganho de capital decorrente da alienação de imóvel rural, caso o alienante não tenha apresentado o Diat relativamente ao ano de alienação, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 31/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 2. 00 02 17 /2 00 9- 61 Fl. 134DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 118/120) apresentado em face do Acórdão nº 1532.030, da 5º Turma da DRJ/SDR (fls. 105/114), que negou provimento à impugnação apresentada pelo sujeito passivo (fls. 87/92) ao auto de infração (fls. 2/8) pelo qual se exige dele crédito tributário consolidado de R$ 84.276,49, relativo a Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF incidente sobre ganho de capital obtido na alienação de imóvel rural. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 9/16), através de dados extraídos da Escritura Pública de Compra e Venda lavrada no Tabelionato de Notas e Protestos da Comarca de ItapeviBA sob o número de Ordem 3.088, Livro 065, fls. 38/40, terseia apurado a alienação, pelo contribuinte, de três imóveis contíguos que, a partir dessa escritura, passariam a ser identificados como Fazenda Barracão. De acordo com esse registro, a alienação foi realizada pelo valor de R$ 240.232,80. Em sua declaração de imposto de renda (DAA2005), o contribuinte teria informado o lucro apurado na alienação desse bem, R$ 226.232,80, como rendimento isento, por considerálo de pequeno valor ou único imóvel. Por outro lado, na declaração de bens e direitos da mesma DAA, teria informado o bem pelo valor de R$ 150.000,00. A fiscalização informa que os imóveis alienados foram identificados pelo contribuinte como Fazenda Esperança e Fazenda Boa Sorte. A primeira seria composta por duas áreas, uma titulada de 20 ha e outra não titulada de 86,07 ha, e teriam sido adquiridas pelo valor de R$ 1.500,00. A autoridade fiscal não teria tido acesso aos documentos de aquisição da segunda (Fazenda Boa Sorte), mas teria utilizado os dados consignados na escritura de alienação. O somatório da área das duas fazendas seria de 130,07 ha e a área alienada seria de 103,35 ha, de forma que teria remanescido em propriedade do contribuinte fiscalizado a área de 26,70 ha da primeira fazenda. O autuante transcreve artigos da Lei nº 6.015, de 1973, para justificar sua interpretação de que a cada imóvel corresponde uma matrícula no registro geral de imóveis. No caso tratado neste processo, pelas escrituras de aquisição e alienação, haveria três áreas de terra compondo dois imóveis distintos, registrados em matrículas autônomas. Pela pluralidade de imóveis, não haveria que se falar em alienação do único imóvel. Essa conclusão seria também reforçada pela existência de área remanescente, situação que se enquadraria no caso enfrentado pela pergunta nº 612, do Manual Perguntas e Respostas do Anocalendário 2008. A data de aquisição seria 14/08/2003 e a de alienação 08/07/2004. Para a apuração do custo de aquisição e de alienação, a autoridade fiscal adotou os valores constantes das respectivas escrituras de compra e venda, o que foi justificado Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 135 3 no fato de o contribuinte ter apresentado a DIAT do ano de aquisição (fls. 58/61), mas não a do ano de alienação (fls. 62/65), que foi entregue pela empresa que adquiriu os imóveis. Para a Fazenda Esperança, o custo de aquisição de R$ 1.500,00 foi distribuído entre a área total, segregandose a parcela que permaneceu em propriedade do contribuinte. Para a Fazenda Boa Sorte foi adotado o valor total do custo de aquisição de R$ 2.500,00. Para o valor de alienação, foi estabelecida a proporção entre os imóveis que compuseram a venda, de acordo com a área de cada um. Com isso, foi apurado um ganho de capital total de R$ 236.610,49, ao qual foi aplicada a alíquota de 15% para apuração do valor devido, mais multa de 75% e juros de mora. A impugnação ao lançamento (fls. 87/92) foi julgada improcedente pelo Acórdão nº 1532.030, da 5ª Turma da DRJ/SDR (fls. 105/114). Ciente dessa decisão em 14/09/2015 (fls. 116/117), o sujeito passivo apresentou tempestivamente seu recurso voluntário em 13/10 do mesmo ano (fls. 118/120). Em suas razões de recorrer, alega, em síntese, que: A autuação não deveria existir porque a situação se enquadra na isenção de imóvel de valor inferior a R$ 440.000,00; Não houve outra alienação nos cinco anos anteriores à alienação que deu origem ao lançamento; O recorrente é pessoa humilde que trabalha com agricultura familiar; Houve a unificação das duas áreas rurais em uma só matrícula denominada Fazenda Barracão; O auto é insubsistente porque menciona no item 4.2 a Fazenda Boa Vista, que não tem qualquer pertinência com o negócio realizado; O recorrente, pessoa "da roça", que sobrevive da cria de animais bovinos e da agricultura de subsistência, procedeu à alienação de apenas duas partes de suas pequenas áreas rurais, que são equivalentes a sítios rurais; Os fatos narrados estariam abarcados pelo espírito das normas isentivas; A decisão de piso não especificou qual o uso ou finalidade conferidos ao imóvel que justificaria afastar o direito à isenção; O imóvel alienado consistia em um condomínio de fato, pois se tratava de áreas contíguas que o recorrente tratou de unificar na matrícula; Fl. 136DF CARF MF 4 O ITR demonstra a limitação da propriedade, o que a enquadra na natureza de agricultura familiar, que seria isenta do tributo aqui cobrado; A área que remanesceu com o contribuinte é inferior aos 30 ha previstos na Lei nº 9.393, de 1996, art. 2º. Com base nesses argumentos, entende ter demonstrado a existência de preliminar que tornaria insubsistente o lançamento e, no mérito, a sua total improcedência, razões pelas quais ele deve ser cancelado. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Preliminar nulidade Entre os argumentos de defesa, identifico uma preliminar de nulidade ao se afirmar que o auto é insubsistente por mencionar no item 4.2 a Fazenda Boa Vista, que não tem qualquer pertinência com o negócio realizado. O regime das nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal federal está disciplinado pelos artigos que são a seguir transcrito, retirados do Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 136 5 Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Daí se extrai que será nulo o ato praticado por autoridade incompetente ou aquele proferido com preterição do direito de defesa. Neste caso, não se tratando de questão atinente à competência da autoridade fiscal, caberia ao recorrente demonstrar o prejuízo causado ao seu amplo direito de defesa. Não me parece que tenha logrado êxito neste sentido, sendo o vício apontado mais adequadamente classificado como uma incorreção que não teve aptidão para causar qualquer prejuízo ao fiscalizado. Nego provimento quanto à preliminar de nulidade. Mérito Segundo afirma o recorrente, a autuação não deveria existir porque a situação se enquadra na isenção de imóvel de valor inferior a R$ 440.000,00 e não houve outra alienação nos cinco anos anteriores à operação que deu origem ao lançamento. Com esses argumentos, busca que a situação descrita seja enquadrada no seguinte dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda RIR1999 (Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999): Art. 122. Está isento do imposto o ganho de capital auferido na alienação: (...) II do único imóvel que o titular possua, cujo valor de alienação seja de até quatrocentos e quarenta mil reais, desde que não tenha sido realizada qualquer outra alienação nos últimos cinco anos. (...) § 4º O limite a que se refere o inciso II será considerado em relação: I à parte de cada condômino, no caso de bens em condomínio; II ao imóvel havido em comunhão, no caso de sociedade conjugal. É intuitivo afirmar que, ao alienar o único imóvel que possua, seu titular resta sem a propriedade de qualquer imóvel. Ou seja, a alienação do único imóvel deve conduzir à situação em que o patrimônio de seu titular passe a não contar com qualquer imóvel. Por outro lado, compulsandose a Lei nº 6.015, de 1973, que dispõe sobre os registros públicos, podese destacar os seguintes dispositivos: Art. 176 O Livro nº 2 Registro Geral será destinado, à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3. Fl. 138DF CARF MF 6 § 1º A escrituração do Livro nº 2 obedecerá às seguintes normas: I cada imóvel terá matrícula própria, que será aberta por ocasião do primeiro registro a ser feito na vigência desta Lei; (...) § 3o Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do § 1o será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais. (...) Art. 227 Todo imóvel objeto de título a ser registrado deve estar matriculado no Livro nº 2 Registro Geral obedecido o disposto no art. 176. Art. 228 A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser lançado na vigência desta Lei, mediante os elementos constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado. (...) Art. 233 A matrícula será cancelada: I por decisão judicial; II quando em virtude de alienação parciais, o imóvel for inteiramente transferido a outros proprietários; III pela fusão, nos termos do artigo seguinte. Art. 234 Quando dois ou mais imóveis contíguos pertencentes ao mesmo proprietário, constarem de matrículas autônomas, pode ele requerer a fusão destas em uma só, de novo número, encerrandose as primitivas. Pela literalidade dos dispositivos transcritos, é possível afirmar que cada matrícula identifica um imóvel (art. 176, § 1º, I). Logo, se há mais de uma matrícula, há mais de um imóvel. Isso não impede que um imóvel seja desmembrado e dê origem a mais de uma matrícula, quando passaria a existir mais de um imóvel. No sentido inverso, os imóveis podem ser remembrados ou fusionados dando origem a um único imóvel, ao qual corresponderá uma única matrícula. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 137 7 As seguintes perguntas extraídas do manual de perguntas e respostas publicado anualmente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil na rede mundial de computadores orientamse pela racionalidade estabelecida nesses artigos: UNIFICAÇÃO DE TERRENOS CONTÍGUOS 638 — Contribuinte possuía dois terrenos contíguos, promoveu a unificação e sobre eles construiu uma residência, passando a ser proprietário desse único imóvel. Po de usufruir da exclusão do ganho de capital na alienação do único imóvel? Sim. O art. 23 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, faz referência à alienação do único imóvel que o titular possua (no mês da alienação). Conforme o disposto no art. 111, inciso I, do Código Tributário Nacional (CTN), e caso não tenha ocorrido alienação a qualquer título nos últimos 5 anos de outro imóvel, e considerando que a unificação de imóveis não caracteriza alienação, é cabível a exclusão do ganho de capital no caso de alienação, como um único imóvel e em um único instrumento, de imóvel resultante de unificação anterior de outros que o titular possuía, devidamente averbada em cartório de registro de imóveis (art. 234 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 Lei dos Registros Públicos). Este entendimento também é válido para a terra nua de imóveis rurais. ALIENAÇÃO DE PARTE DO IMÓVEL 639 — Contribuinte, proprietário de um único imóvel, que não alienou nenhum imóvel nos últimos 5 anos, aliena uma parte desse imóvel, permanecendo na propriedade da área remanescente. Tal contribuinte tem direito nessa operação à isenção de alienação de único imóvel? Não. Nesse caso, o contribuinte não alienou todo o imóvel, mas parte, permanecendo, na data, como proprietário de imóvel. Não faz jus, portanto, à isenção. (http://idg.receita.fazenda.gov.br/interface/cidadao/irpf/2017/per guntao/pirpf2017perguntaserespostasversao11 03032017.pdf) Na hipótese em questão, o contribuinte adquiriu três áreas de terras que estavam registradas em duas matrículas diversas. Possuía, portanto, mais de um imóvel. Ainda que tenha havido a unificação das duas áreas rurais em uma só matrícula denominada Fazenda Barracão, fato é que essa unificação não compreendeu a totalidade dos imóveis existentes. Tanto é assim que, após a alienação realizada, restou em propriedade do alienante parte do imóvel original e isso só seria possível pela realização de desmembramento. Por outro lado, o recorrente alega que se tratava de "condomínio de fato", caracterização que, por si mesma, não afetaria as conclusões aqui evidenciadas. Em que pese isso, não parece que seja esse o caso, já que o condomínio se caracteriza pela existências de "domínios" concorrentes sobre o mesmo bem, ou seja, mais de uma pessoa com propriedade Fl. 140DF CARF MF 8 sobre um mesmo bem, e a situação refletida nesse processo é de mais de um bem na propriedade de um único indivíduo. Em sendo assim, não é possível afirmar que o contribuinte alienou o único imóvel que possuía, de forma que é inaplicável a ele a isenção regulamentada pelo art. 122, II, do RIR/1999. O fato de o recorrente ser pessoa humilde e de que suas propriedades sejam classificadas como pequenos sítios são argumentos que podem inspirar simpatia no julgador, mas não lhe conferem amparo para dar ao texto legal, em especial ao de natureza isentiva, uma aplicação que fuja dos limites impostos pela investigação sintática. É isso o que determina o art. 111, II, do Código Tributário Nacional, comando que impede o intérprete e aplicador do direito de invocar critérios como "o espírito da norma" para dar ao texto legal um sentido mais amplo do que aquele que decorre de sua literalidade. Também não aproveitam ao contribuinte alegações que invoquem a aplicação da imunidade e isenção regulados pelos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.393, de 1996, uma vez que o âmbito de aplicação destes benefícios está restrito ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR. Assim, as exceções à tributação estabelecidas nesses dispositivos dizem respeito apenas a esse tributo, não gerando qualquer reflexo sobre o imposto de renda. Com efeito, nesta lei, o imposto de renda sofre influência apenas do que determina o seguinte artigo: Valores para Apuração de Ganho de Capital Art. 19. A partir do dia 1º de janeiro de 1997, para fins de apuração de ganho de capital, nos termos da legislação do imposto de renda, considerase custo de aquisição e valor da venda do imóvel rural o VTN declarado, na forma do art. 8º, observado o disposto no art. 14, respectivamente, nos anos da ocorrência de sua aquisição e de sua alienação. Parágrafo único. Na apuração de ganho de capital correspondente a imóvel rural adquirido anteriormente à data a que se refere este artigo, será considerado custo de aquisição o valor constante da escritura pública, observado o disposto no art. 17 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Esta regra foi assim regulamentada pela Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001: Imóvel rural Art. 9o Na apuração do ganho de capital de imóvel rural é considerado custo de aquisição o valor relativo à terra nua. § 1o Considerase valor da terra nua (VTN) o valor do imóvel rural, nele incluído o da respectiva mata nativa, não computados os custos das benfeitorias (construções, instalações e melhoramentos), das culturas permanentes e temporárias, das árvores e florestas plantadas e das pastagens cultivadas ou melhoradas. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10952.000217/200961 Acórdão n.º 2201003.817 S2C2T1 Fl. 138 9 § 2o Os custos a que se refere o § 1o, quando não tiverem sido deduzidos como despesa de custeio, na apuração do resultado da atividade rural, podem ser computados para efeito de apuração de ganho de capital. Art. 10. Tratandose de imóvel rural adquirido a partir de 1997, considerase custo de aquisição o valor da terra nua declarado pelo alienante, no Documento de Informação e Apuração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Diat) do ano da aquisição, observado o disposto nos arts. 8o e 14 da Lei No 9.393, de 1996. § 1o No caso de o contribuinte adquirir: I e vender o imóvel rural antes da entrega do Diat, o ganho de capital é igual à diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição; II o imóvel rural antes da entrega do Diat e alienálo, no mesmo ano, após sua entrega, não ocorre ganho de capital, por se tratar de VTN de aquisição e de alienação de mesmo valor. § 2o Caso não tenha sido apresentado o Diat relativamente ao ano de aquisição ou de alienação, ou a ambos, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. § 3o O disposto no § 2o aplicase também no caso de contribuinte sujeito à apresentação apenas do Documento de Informação e Atualização Cadastral (Diac). O caso concreto tratado neste processo se enquadra na descrição do § 2º acima transcrito, já que o contribuinte alienou o bem antes da entrega da DIAT do ano de alienação, situação em que a apuração do ganho de capital deve ser feita com base nos documentos de aquisição e de alienação. É de se registrar que esses documentos foram elaborados a partir de informações levadas a registro pelas partes do negócio e merecem fé pública. A despeito disso, não houve qualquer esforço do contribuinte em demonstrar que os valores ali declarados não correspondem à realidade do negócio entabulado. Questiona também o sujeito passivo o fato de a decisão de piso não ter especificado qual o uso ou finalidade conferidos ao imóvel justificariam afastar o direito à isenção. Com esse argumento, parece contestar o seguinte trecho da decisão recorrida: Além disso, o uso ou a finalidade conferidos ao imóvel pelo impugnante, antes da alienação, não afastam a incidência da norma que tributa o ganho de capital decorrente, não estando tal circunstância elencada entre as hipóteses de não incidência ou exclusão estabelecidas na lei tributária federal (Lei nº 7.713, de 1988, art. 22, parágrafo único, Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, arts. 120 a 122). Fl. 142DF CARF MF 10 Não identifico qualquer impropriedade nesse excerto, já que ele apenas evidencia que invocar a natureza da atividade desenvolvida na propriedade não traz benefício ao contribuinte, já que a isenção pleiteada não tem qualquer relação com esse critério. Por tudo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário apresentado. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, rejeitando a preliminar de nulidade, no mérito, negarlhe provimento. Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.725063/2012-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminando-os por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO.
A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA.
As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE
A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS.
O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE.
A empresa adquirente de produtos rurais fica sub-rogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária.
ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA.
Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado.
Numero da decisão: 2402-005.999
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminando-os por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA. As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS. O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica sub-rogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária. ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA. Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado.
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INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminandoos por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA. As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS. O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 50 63 /2 01 2- 85 Fl. 720DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica subrogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária. ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA. Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 721DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília – DRJ/BSB (677/691) em face de autos de infração de obrigação Principal – AIOP a seguir enumerados: DEBCAD 37.379.2387, no valor de R$ 1.037.506,44 (um milhão trinta e sete mil quinhentos e seis reais e quarenta e quatro centavos), relativo às contribuições previdenciárias devidas pela empresa à Seguridade Social e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, DEBCAD 37.379.2395 , no valor de R$ 49.349,23 (quarenta e nove mil trezentos e quarenta e nove reais e vinte e três centavos), relativa à contribuição do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; DEBCAD 37.379.24079, no valor de R$ 79.107,91 (setenta e nove mil cento e sete reais e noventa e um centavos) relativa à contribuição destinadas a Outras Entidades (SEST, SENAT e SENAR). As bases de cálculo dos AIOP referemse aos estabelecimentos da empresa que fizeram aquisição de produção rural com movimentação de trabalhadores no período fiscalizado. Quais sejam: Matriz: 72.600.190/000199, Filiais: 000431, 00512, 000601, 000784, 000946, 001160, 001403, 001675, 001918, 002051, 002132 e 002566. Por bem retratar o contexto em que se lavrou os Autos de Infração e as razões trazidas na impugnação (fls. 651/661), reproduzse os trechos correspondentes do Acórdão nº 0355.088, da 5ª Turma da DRJ/BSB: DOS AUTOS DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Da incidência de contribuições previdenciárias sobre fretes pagos a pessoa física e Prólabore Indireto (contribuintes individuais). De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 53/73, o crédito tributário objeto do presente lançamento fiscal se refere às contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição de produção rural do produtor pessoa física e pagamento a contribuinte individual inclusive fretes pagos a transportador autônomo não declaradas em GFIP. a) Fretes pagos a autônomos A fiscalização constatou que o contribuinte não inclui em folha de pagamento nem em GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, tanto nos casos dos valores decorrentes de aquisição de produção rural, quanto em relação à categoria dos contribuintes individuais, conforme relação anexa, sem no entanto, identificar os descontos efetuados dos segurados. Registra ainda que além das contribuições devidas pela empresa, os referidos transportadores autônomos estão sujeitos ao pagamento da contribuição do segurado Fl. 722DF CARF MF 4 de 11% incidente sobre a referida base de cálculo dos fretes e contribuições devidas a outras entidades e fundos – no caso o SEST e SENAT. b) Prólabore Indireto Verificouse na contabilidade que o sócio Aroldo Silva Amorim Filho foi remunerado pela empresa de forma disfarçada, por meio de pagamento de despesas pessoais, tais como restaurantes em fins de semana, despesas diversas como de viagens, supermercado, combustível, etc, conforme relação contida no item 18 do Relatório Fiscal. Intimado, por meio de Termo de Intimação, a justificar a origem e natureza dos pagamentos efetuados o contribuinte não justificou de forma precisa as referidas despesas, especialmente as relacionadas aos sócios. Ademais não consta na folha de pagamento a rubrica prólabore em nenhum dos meses fiscalizados, embora o sócio Aroldo Silva Amorim Filho atue como gerente ou administrador. A justificativa verbal da contadora é a de que as despesas de restaurantes e de viagens deste são decorrentes de sua atividade de gerente. Mas de acordo com documentos fiscais e cartão de crédito apresentados (Anexo V), há clara evidência de que tais despesas estão mais vinculadas aos gastos pessoais, por se tratar de restaurantes de alto nível de Brasília, em finais de semana e próximos de sua residência, o que faz presumir que o não pagamento de prólabore regularmente e diretamente ao sócio atende o objetivo de reduzir o pagamento de tributos sobre os rendimentos tributáveis, tanto pela empresa como pelo próprio sócio, utilizandose de pagamentos indiretos por meio de suas despesas pessoais. Quanto aos pagamentos de fretes a transportadores autônomos e prólabore indireto pago ao sócio Aroldo Silva Amorim Filho, foram levados a tributação todos os valores pagos as pessoas e lançamentos contábeis identificados no Anexo III. Afirma que a integração à base de cálculo de contribuições previdenciárias dos valores pagos a sócios, ainda que por meio de utilidades, constitui remuneração a contribuinte individual, de acordo com o inciso III do art. 28, da Lei nº 8.212/91. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre a aquisição de produção rural de pessoa física, no período de 06/2008 a 12/2008. Verificouse ainda que a empresa Asa Alimentos Ltda infringiu a legislação previdenciária ao não recolher as contribuições incidentes sobre a aquisição de produção rural de origem animal, proveniente de produtor pessoa física, sob a alegação de que tais produtos não integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias, conforme informações prestadas em atendimento ao termo de Intimação nº 08, por meio de carta resposta de 24/05/2012, Anexo III, em desacordo, portanto, com a Lei nº 11.718, de 20/06/2008, tendo em vista a revogação do §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91. Informa o contribuinte: “Que a diferença de bases de cálculos é devido às compras de produto animal destinado á reprodução ou criação pecuária e granjeira, que conforme legislação vigente na época não integra a base de cálculo da contribuição à produção rural que são deles:20251 Matrizes Suínas, 40062 Pinto de 1 dia, 40063 Suíno vivo (leitão) e 40064 Ovos Férteis. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre a aquisição de produção rural de pessoa física, no período de 06/2007 a 05/2008. Para o período de 06/2007 a 05/2008, o citado §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91, concedia isenção na aquisição de produção rural, de origem animal, desde que a empresa apresentasse as seguintes destinações ou finalidades: Reprodução ou Fl. 723DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 4 5 criação pecuária ou granjeira; ou utilização de animais como cobaias para fins de pesquisas cientificas. Instado, por meio do Termo de Intimação nº 09, de 06/06/2012, a identificar a correta destinação da produção rural de origem animal, da qual afirmava tratarse de produção isenta, o contribuinte não atendeu a solicitação nos exatos termos acima. E da análise dos documentos apresentados, tais como cartas respostas, Notas Fiscais, Livros de Entrada de Mercadorias e outros demonstrativos, não se verificou que a aquisição de produção rural de origem animal tenha a destinação ou finalidade enquadrada na isenção contida no §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91. Registra que ficou constatado que o contribuinte não inclui em folha de pagamento nem em GFIP todos os fatos geradores de contribuição previdenciárias, por esta razão foi solicitado por meio de termo de intimação que o contribuinte identificasse de forma individualizada todos os pagamentos efetuados à prestadores de serviço pessoa física, tendo sido considerado a base de cálculo, em relação a aquisição de produção rural, todos os valores constantes, mensalmente, das planilhas do Anexo IV , apresentado com a segregação temporal dos fatos geradores, em face da alteração do art. 25, § 4º da Lei nº 8.212/91, em dois demonstrativos: Demonstrativo Pr Produção Rural Adquirida De Pessoa Física, no período de 06/2007 a 05/2008 e Demonstrativo Pr –Produção Rural Adquirida De Pessoa Física, no período de 06/2008 a 12/2008. Destaca ainda a fiscalização que além das contribuições previdenciárias a que se refere o art. 25 da Lei nº 8.212/91, é devido pelo sujeito passivo a contribuição de 0,2% a outras entidades e fundos Terceiros SENAR, de acordo com o art. 6º da Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, com redação da Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001. DA MULTA APLICADA Esclarece o autuante que, em razão das alterações trazidas pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, e, tendo em vista o disposto no art. 106 do Código Tributário Nacional – CTN, a multa calculada na ação fiscal geradora destes autos foi a resultante do confronto entre a multa de ofício de 75% com as multas capituladas nos Códigos de Fundamentação Legal 68 (apresentar a empresa a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias), somada à multa de mora de 24%, prevista no art. 35 da Lei 8.212/91, sobre as contribuições devidas e não recolhidas, resultando como mais benéfica ao sujeito passivo, a multa de oficio de 75% sobre o valor devido, prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96, conforme tabela de fls. 66/67. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL Dispõe que a situação acima descrita de redução de contribuição social mediante a não inclusão de segurados ou remunerações em folha de pagamento e/ou GFIP, em época própria, configuram, em tese, crime de sonegação de contribuição previdenciária, previsto no art. 337A do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9983, de 14/07/2000, e, portanto, será objeto de Representação Fiscal Para Fins Penais, com comunicação à autoridade competente para providências cabíveis. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 724DF CARF MF 6 Tempestivamente, a autuada apresentou a impugnação de fls. 650/ 661, para todos os autos de infração lavrados nesta ação fiscal, inclusive os decorrentes de descumprimento de obrigação acessórias, juntando a documentação de fls. 662/666, que comprovam a capacidade postulatória dos advogados que a assinam, com as seguintes alegações, em apertada síntese: DAS PRELIMINARES Do Cerceamento de Defesa Aduz em preliminares que após análise dos autos (Discriminativo do Débito DD e anexos) verificou que alguns lançamentos não foram realizados de maneira clara e precisa quanto à base de cálculo dos lançamentos, prejudicando assim o contraditório por parte do contribuinte. Afirma que o lançamento fiscal deve discriminar os fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, bem como suas bases de cálculo, sob pena de cerceamento de defesa. E que no caso do presente auto pode constatar que os lançamentos foram realizados sem a demonstração do montante que compõe as bases de cálculo pertinentes. DO MÉRITO Incidência de Contribuição Previdenciária sobre Fretes pagos à Pessoa Física (Autônomos). Relata que o Anexo III do Auto de Infração embora relacione os autônomos não visualizados na folha de pagamento nas competências 06/2007 a 12/2008, constatase que os valores ali informados não encontram correspondência com os valores apurados, pelo autuante, no Discriminativo do Débito – DD, assim requer a desconsideração da exigência fiscal. Incidência de Contribuição Previdenciária Aquisição de Produção Rural de Pessoa Física. Informa que conforme se depreende do esclarecimento prestado pela recorrente, a diferença das bases de cálculo sobre a aquisição de produção rural de pessoa física está relacionada com a isenção concedida pelo art. 25, §4º da Lei nº 8.212/91, revogado pelo art. 12 da Lei nº 11.718, de 23 de junho de 2008. Afirma que a empresa explora a atividade de pecuária, com engorda e abate de aves e suínos, iniciando o seu processo econômico com a reprodução do animal juvenil e sua engorda até o abate, que é realizado em estabelecimento de terceiros (integrado). Informa ainda que as aquisições de produtos animais são destinadas à reprodução e/ou criação pecuária ou granjeira, portanto, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. E que além disso não existe na legislação previdenciária qualquer disposição, no sentido de que o contribuinte tenha a obrigação de comprovar o disposto no texto legal, ou seja comprovar a destinação da aquisição do produto animal. Na sequência, aduz que tendo em vista que a publicação da Lei nº 11.718/08, ocorreu em 23/06/2008, em respeito ao princípio da anterioridade nonagenal (art. 195, §6º, CF/88) entende pela incidência da contribuição nas condições acima apenas a partir de 21/09/2008, sendo responsabilidade da Receita Federal do Brasil especificar a competência do fato gerador e a apuração da sua base de cálculo, de forma clara e precisa para fins do efetivo recolhimento previdenciário, de parcela relativa a período posterior, de 21/09/2008 a 31/12/2008, o que não foi realizado. Fl. 725DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 5 7 Das Obrigações Acessórias A impugnante insurgese contra os autos de infração nos códigos de Fundamentação Legal CFL 30, 34 e 35, afirmando que no decorrer da defesa e da ação fiscal pode demonstrar o cumprimento das obrigações a ela inerentes, inclusive forneceu todas as informações solicitadas. Entretanto, a autoridade fiscal entendeu que a falta de apresentação de documentação se deu por não ter a recorrente instruído a relação de documentos, sem a informação do desconto do segurado contribuinte individual – Transportador Autônomo, o que obrigou a fiscalização a aferir em 11% os descontos do segurado transportador pessoa física. Entende a recorrente que apresentou as informações cadastrais, financeiras e contábeis como requerido pela lei, e que não é obrigada pelos artigos 32 e 225 a efetuar os cálculos que pretende a autoridade fiscal, sendo, portanto, improcedente a autuação. Ante o exposto e considerando serem indevidos os lançamentos relativos a obrigação principal restam prejudicadas as obrigações acessórias, não havendo que se falar em penalidade. Requer então a total improcedência dos créditos previdenciários ora lançados. A DRJ/BSB considerou a impugnação improcedente, conforme se extrai da ementa da decisão fustigada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 AIOP DEBCAD nº 37.379.2387 (Empresa) 37.379.2395 (Segurado) 37.379.2409 (Terceiros) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica subrogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidas pela legislação previdenciária Decisão do STF com efeito inter partes, sem repercussão geral, não alcança os contribuintes que não são parte no processo. A autoridade administrativa, por força de sua vinculação ao texto da norma legal, e ao entendimento que a ele dá o Poder Executivo, devese limitar a aplicála, não tendo competência para declarar norma inconstitucional. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Fl. 726DF CARF MF 8 São devidas pela empresa e equiparados as contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais que lhes prestem serviços. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS. A empresa é obrigada a arrecadar, mediante desconto das remunerações, e recolher à Seguridade Social, as contribuições dos segurados a seu serviço, conforme previsto nas Leis nº 8.212/91 e nº 10.666/93. CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A TERCEIROS. RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a recolher as contribuições destinadas aos Terceiros, no mesmo prazo que a Lei 8.212/91 prescreve para as contribuições previdenciárias a seu cargo, bem como para as que, por imposição legal, devem ser arrecadadas dos segurados a seu serviço. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há cerceamento de defesa se estão devidamente discriminados, na Autuação e seus anexos, os fatos geradores, as contribuições apuradas, bem assim a indicação de onde os valores foram extraídos e os dispositivos legais que amparam o lançamento, informações essas que possibilitam ao impugnante identificar, com precisão, os valores apurados e permitem o exercício do pleno direito de defesa e do contraditório. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntário no qual repisa as mesmas razões trazidas na peça impugnatória. Por fim, reitera pedidos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 727DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Questões Introdutórias Embora a contribuinte tenha apresentado contestação em relação ao descumprimento de obrigações acessórias no recurso objeto do presente processo (que trata exclusivamente de autuações decorrentes do anadimplemento de obrigações principais), os argumentos a esse respeito somente serão analisados no acórdão pertinente a essas obrigações acessórias, compreendido no Processo nº 10166.725182/201238. Preambularmente, cabe avaliar as seguintes asserções trazidas no apelo recursal: O auto de infração é um ato administrativo sempre regrado e vinculado (nunca discricionário ou arbitrário). Para merecer validade administrativa e eficácia jurídica deve preencher certos requisitos, tais como: 1º) Fundamentação fática, concreta e real, ocorrida e verificada, seja com a sua exteriorização, seja de sua materialização. Não cabe, portanto, o lançamento por mera diferença entre contas contábeis ou informes fiscais; 2º) Embasamento em motivos reais, idôneos e existentes, o que afasta qualquer obrigação tributária sem provas documentais e/ou periciais. Sobre o assunto, mesmo que a apelante não esclareça a finalidade de tais afirmações e não traga elementos que possam demonstrar quais os requisitos de validade lançamento teriam sido descumpridos, impende esclarecer que os documentos que integram os autos de infração: a) demonstram de forma clara e precisa os fundamentos jurídicos que levaram às autuações; e b) descrevem adequadamente a situação fática em que ocorreram as condutas infracionais. De mais a mais, os lançamentos encontramse devidamente motivados e estribados em elementos de prova aptos a lhes dar suporte. De todo modo, todas essas questões serão apreciadas no decorrer do presente voto, não cabendo aqui maiores digressões a seu respeito. Fl. 728DF CARF MF 10 Preliminar Cerceamento de Defesa Ao argumento de que o auto de infração deve discriminar os fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, bem como suas bases de cálculo, alega a recorrente que seu direito de defesa teria sido cerceado em vista de alguns lançamentos não terem observado tais requisitos (clareza e precisão). Aduz que o Discriminativo do Débito – DD não teria demonstrado adequadamente a composição do crédito tributário, impossibilitando seu entendimento e prejudicando o exercício do contraditório. Para o exame dessas alegações é preciso analisar outros documentos que integram os Autos de Infração, além do Discriminativo do Débito – DD. O Relatório Fiscal (fls. 53/69) esclarece que o “crédito tributário objeto do presente lançamento fiscal referese às Contribuições previdências incidentes sobre: Aquisição de Produção Rural do Produtor Pessoa Física, e Pagamentos a contribuinte individual, inclusive fretes pagos a transportador autônomo, não declaradas em GFIP”. Em seguida, apresenta quadro em que detalha a sistemática de cálculo das contribuições apuradas em cada Auto de Infração, indicando, inclusive a base de cálculo sobre a qual incidiram as contribuições. Vejamos: DEBCAD DESCRIÇÃO 37.379.2387 a) Contribuições da empresa, de 2% incidentes sobre aquisição de produção rural, proveniente de produtor pessoa física; b) Contribuição da empresa, de 0,1% para Financiamento Risco Ambientais (RAT), incidente sobre aquisição produção rural; c) Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos; d) Contribuições da empresa de 20% sobre pagamento de despesas dos sócios, pró labore Indireto. 37.379.2395 e) Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; 37.379.2409 f) Contribuições da empresa, de 0,2% destinadas aos terceiros ( SENAR) incidentes sobre aquisição de produção rural; g) Contribuições de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos Na sequência do relato fiscal, apresentase outro quadro em que consta a descrição do fatos geradores omitidos em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com a indicação das fontes de informação que deram suporte ao lançamento: Categoria segurados Fatos Geradores de contribuições previdenciárias Identificação C on tr ib ui nt e In di vi d ua l a) Fretes pagos ou devidos ao transportador autônomo, pessoa física; b) Pagamento PróLabore Indireto ao Sócio Aroldo Silva Amorim Filho, CPF 183.825.68149 Escrituração contábil meio digital, e planilha em meio digital elaborada pelo contribuinte Sub rogação Aquisição de produção rural proveniente de Pessoa Física (art. 30, III, cc art. 25, §3°, da Lei 8.212/91 Livro entradas mercadorias e escrituração contábil em meio digital fornecida pelo contribuinte Fl. 729DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 7 11 Há ainda no Relatório Fiscal um extenso relato sobre os procedimentos adotados para a apuração das bases de cálculos das contribuições, onde é apontado que os fatos geradores e as respectivas bases de cálculos de das contribuições foram identificados na escrituração contábil e fiscal do sujeito passivo, além de demonstrativos elaborados pela própria contribuinte. Esclarece ainda o Relatório que foram consideradas para a composição das bases de cálculo: a) com relação à aquisição de produção rural, todos os valores constantes mensalmente das planilhas do ANEXO IV (fls. 216/230), com a segregação temporal dos fatos geradores em face da alteração do art 25, § 4º, da Lei 8.212/1991, em dois demonstrativos daquele anexo: Demonstrativo PR Produção Rural adquirida de pessoa física, período de 06/2007 a 05/2008 (fls. 216/224); e Demonstrativo PF – Produção Rural adquirida de Pessoa Física, período de 06/2008 a 12/2008 (225/230). b) quanto aos pagamentos de fretes a transportadores autônomos (208/215) e pro labore indireto (fl. 207) pago ao sócio Aroldo Filho, os valores encontramse relacionados no Anexo III (fls. 207/215), sendo que: a planilha de fl. 207 detalha o pro labore indireto pago ao sócio; e a planilha de fls. 208/215 relaciona os fretes a transportadores autônomos, vinculandoos a cada prestador de serviços. Para concluir o tópico do Relatório Fiscal que descreve os procedimentos para apuração das bases de cálculos das contribuições, a autoridade autuante informa que “os lançamento fiscais que agregam os valores, por mês de competência, encontramse contidos no Discriminativo de Débito (DD), integrante do presente auto de infração, e são identificados pelos códigos de levantamentos, de acordo com a natureza das contribuições previdenciárias:” Código Desc. Levantamento FA Frete Transp. Autônomo Contribuição empresa RT Frete Transp. Autônomo Contribuição segurado/ret 11% PF Produção Rural período 06/2007 a 05/2008 PR Produção Rural período 06/2008 a 12/2008 PI PróLabore Indireto Todos esses apontamentos deixam patente que os autos de infração e os documentos que os compõem descrevem, de forma absolutamente clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento. Somente quem não se tenha dado ao trabalho de examinar, mesmo que superficialmente, as peças processuais pode chegar a conclusão diversa. É preciso que a recorrente tenha a compreensão de que o Discriminativo do Débito – DD não é o único documento que integra um auto de infração. Desse modo, para que se possa preparar impugnação ou recurso minimamente consistentes, seu representante deve examinar as peças processuais em seu conjunto, o que inclui o Relatório Fiscal e os demais anexos que integram os autos, e não simplesmente apresentar alegação genérica sem qualquer respaldo na verdade dos autos. Vejase que o sujeito passivo apegase a um único documento no intuito de demonstrar a existência de vício em todo o feito fiscal sob o quimérico argumento de que “a Sociedade restou impossibilitada de entender alguns valores dos Autos de Infração”, o que impõe rejeitar a presente preliminar. Fl. 730DF CARF MF 12 Mérito Incidência de Contribuição Previdenciária sobre Fretes pagos à Pessoa Física (Autônomos) Sobre esse ponto, infere a recorrente que a exigência fiscal deve ser desconsiderada, pois os valores informados no Anexo III (que relaciona as remunerações pagas em virtude de serviços prestados por autônomos não inseridos em folha de pagamento nas competências 06/2007 a 12/2008) não encontram correspondência com aqueles especificados no Discriminativo do Débito – DD. Para que se tenha uma melhor compreensão sobre a forma de calcular as contribuições incidentes sobre os valores pagos a contribuintes individuais incidentes sobre serviços de frete ou carreto, cumpre visitar a legislação afeta as esses tributos. De acordo com o inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, a empresa contribuirá para a Previdência Social com 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas a contribuintes individuais a seu serviço. Confirase: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: [...] III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; O art. 21 da mesma lei estabelece que a contribuição previdenciária do próprio contribuinte individual será de 20% sobre o seu saláriodecontribuição, sendo que o § 26 do art. 216 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999 define que a alíquota da contribuição dos contribuintes individuais é de 11% (onze por cento) e será descontada pelas empresas tomadoras de serviços dessa espécie de segurado e repassadas à Previdência Social: Lei nº 8.212/ 1991. Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo saláriodecontribuição. Regulamento da Previdência Social – RPS Art.216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: [...] § 26. A alíquota de contribuição a ser descontada pela empresa da remuneração paga, devida ou creditada ao contribuinte individual a seu serviço, observado o limite máximo do salário decontribuição, é de onze por cento no caso das empresas em geral e de vinte por cento quando se tratar de entidade beneficente de assistência social isenta das contribuições sociais patronais.(Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 2003) Fl. 731DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 8 13 Com relação às contribuições para o Serviço Social do Transporte SEST, e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT, a combinação do inciso II do art. 7º da Lei nº 8.706/1993 com as alíneas “b” dos incisos I e II do art. 1º do Decreto nº 1.007/1993 é que dá o contorno dessas exações, prescrevendo que o somatório de suas alíquotas totaliza 2,5% sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos, definido pelo inciso II do art. 2º do referido Decreto como sendo a parcela do frete, carreto ou transporte correspondente à remuneração paga ou creditada a transportador autônomo, nos termos definidos em regulamento. Ainda sobre essas contribuições, a alínea do § 3º do art. 2º do Decreto nº 1.007/1993 atribui às empresas tomadoras de serviços de transporte de trabalhador autônomos a responsabilidade por seu recolhimento. Abaixo, a transcrição das disposições normativas referenciadas: Lei nº 8.706/1993. Art. 7º As rendas para manutenção do Sest e do Senat, a partir de 1º de janeiro de 1994, serão compostas: [...] II pela contribuição mensal compulsória dos transportadores autônomos equivalente a 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), e 1,0% (um inteiro por cento), respectivamente, do salário de contribuição previdenciária; [...] § 2º As contribuições a que se referem os incisos I e II deste artigo ficam sujeitas às mesmas condições, prazos, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial, aplicáveis às contribuições para a Seguridade Social arrecadadas pelo INSS. Decreto nº 1.007/1993 Art. 1° As contribuições compulsórias previstas nos incisos I e II do art. 7° da Lei n° 8.706, de 14 de setembro de 1993, são devidas a partir de 1° de janeiro de 1994 às entidades e nos percentuais abaixo indicados: [...] II pela contribuição mensal compulsória dos transportadores autônomos equivalente a 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), e 1,0% (um inteiro por cento), respectivamente, do salário de contribuição previdenciária; [...] b) 1,5% calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos; [...] II ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat): Fl. 732DF CARF MF 14 [...] b) 1,0 % calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos. [...] Art. 2° Para os fins do disposto no artigo anterior, considerase: [...] II salário de contribuição do transportador autônomo: a parcela do frete, carreto ou transporte correspondente à remuneração paga ou creditada a transportador autônomo, nos termos definidos no § 4° do art. 25 do Decreto n° 612, de 21 de julho de 1992. [...] §3° As contribuições devidas pelos transportadores autônomos serão recolhidas diretamente: a) pelas pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços; [...] Sobre a base de cálculo das contribuições de condutores autônomos, o § 4º do art. 201 do Regulamento da Previdência Social assinala que essa corresponde a 20% (vinte por cento) do valor relativo dos rendimentos resultantes desse tipo de serviço: Art.201. [...] [...] §4º A remuneração paga ou creditada a condutor autônomo de veículo rodoviário, ou ao auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de 1974, pelo frete, carreto ou transporte de passageiros, realizado por conta própria, corresponde a vinte por cento do rendimento bruto. Vale lembrar ainda que o art. 4º da Lei nº 10.666/2003 obriga as empresas a arrecadar as contribuições devidas pelos contribuintes individuais que lhe prestem serviços, aí incluídos, por óbvio, os transportadores autônomos. Além do mais, ao estabelecer que as contribuições ao SEST e ao SENAT gozam dos mesmos privilégios aplicáveis às contribuições previdenciárias, o § 2º do art. 7º da Lei nº 8.706/1993 estende essa obrigação (de recolher as contribuições previdenciárias dos condutores autônomos) às contribuições devidas ao SEST e ao SENAT. Retornando ao inconformismo trazido no recurso, e no intuito de facilitar a compreensão da recorrente acerca desse assunto, convém reproduzir o item 15 do Relatório Fiscal que, com base na legislação de regência, evidencia a base de cálculo da contribuição em relação a fretes e carretos: a) Fretes pago a Autônomos 15. De acordo com o art. 201, § 4°, do RPS, aprovado pelo decreto 3.048/99, o salário de contribuição do condutor autônomo de veículo rodoviário (inclusive taxista), operador de máquina, bem como do cooperado filiado a cooperativa de transportadores autônomos, corresponde a Fl. 733DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 9 15 20% (vinte por cento), sobre os totais pagos e esses prestadores de serviços, a titulo de fretes, carreto, transporte, não admitindo deduções de qualquer valor relativo as dispêndios com o veículo. Portanto, a base de cálculo das referidas contribuições será considerada o valor correspondente a 20% de todos os pagamentos de fretes, por mês de competência, constantes do ANEXO III. (Grifei) No mesmo intuito, reproduzse mais uma vez o quadro trazido no Relatório Fiscal (agora somente na parte relativa aos transportadores autônomos) que descreve como se deve calcular contribuição da empresa, do transportador autônomo (contribuinte individual) e a contribuição destinada a outras entidades ou fundos, denominados terceiros (SEST e SENAT): DEBCAD DESCRIÇÃO 37.379.2387 c) Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos; 37.379.2395 e) Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; 37.379.2409 g) Contribuições de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos Vejase que não é preciso empreender grandes esforços para concluir que a base de cálculo das contribuições de transportadores autônomos é determinada pela multiplicação dos valores pagos a título de frete por 20% (base de cálculo da contribuição = Valor do frete x 20%). Para o cálculo contribuição propriamente dita, multiplicase a base de cálculo pela alíquota da contribuição, conforme segue: a) contribuição devida pela empresa (alíquota de 20%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í20%ý; b) contribuição devida pelo transportador (alíquota de 11%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í11%ý; c) contribuição devida pela empresa a terceiros SEST e SENAT (alíquota de 2,5%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í2,5%ý. Base de Cálculo Base de Cálculo Base de Cálculo Alíquota Alíquota Alíquota Fl. 734DF CARF MF 16 De modo a exemplificar a sistemática de cálculo empreendida para todas as situações abordadas nas autuações, vejamos os valores apurados para a competência 06/2007 a título de frete, em relação ao estabelecimento de CNPJ nº 72.600.190/000431 (Anexo III – fl. 208): Considerandose que o valor apurado na competência 06/2007 foi de R$ 69.240,08, temos que o cálculo das contribuições será efetuado da seguinte forma: a) contribuição devida pela empresa (alíquota de 20%): Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í20%ý = 2.769,60; b) contribuição devida pelo transportador (alíquota de 11%): Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í11%ý = 1.523,28; c) contribuição devida pela empresa a terceiros SEST e SENAT (alíquota de 2,5%) Þ Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í2,5%ý = 346,20. Desse modo, para sabermos se o argumento da recorrente (de que valores informados no Anexo III ao Auto de Infração não encontram correspondência com aqueles especificados no Discriminativo do Débito – DD) tem ou não fundamento, vejamos o que consta de referido discriminativo (coluna “TOTAL LÍQUIDO”) para cada um dos autos de infração, também em relação à competência 06/2007: Base de Cálculo Base de Cálculo Base de Cálculo Alíquota Alíquota Alíquota Valor da contribuição Valor da contribuição Valor da contribuição Fl. 735DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 10 17 a) Debcad 37.379.2387 Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos: b) Debcad 37.379.2395 Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes: c) Debcad 37.379.2409 Contribuições da empresa de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos: Apercebase que os valores os valores informados no Discriminativo do Débito – DD para a competência 06/2007 equivale exatamente ao das contribuições calculadas na forma da legislação aplicável, o mesmo ocorrendo em relação às demais competências e Fl. 736DF CARF MF 18 estabelecimento. Carece, portanto, de razão as assertivas insertas na peça recursal quanto a esse ponto, o que impõe negarlhe de provimento, neste ponto. Incidência de Contribuição Previdenciária Aquisição de Produção Rural de Pessoa Física A respeito dessa matéria, o principal argumento da recorrente é no sentido de que a diferença das bases de cálculo sobre a aquisição de produção rural de pessoa física está relacionada com a isenção concedida pelo art. 25, § 4º da Lei nº 8.212/91, revogado pelo art. 12 da Lei nº 11.718, de 23 de junho de 2008. Segundo informa, explora a atividade de pecuária, com engorda e abate de aves e suínos, iniciando o seu processo econômico com a reprodução do animal juvenil e sua engorda até o abate, que é realizado em estabelecimento de terceiros. Os produtos animais que adquire, infere, destinamse à reprodução e ou criação de pecuária ou granjeira, portanto, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. Finaliza expressando entendimento no sentido de que tendo em vista que a publicação da Lei nº 11.718/08 ocorreu em 23/06/2008, em respeito ao princípio da anterioridade nonagesimal (art. 195, § 6º, CF/88) a incidência da contribuição somente seria válida a partir de 21/09/2008. De fato, à época dos fatos geradores objeto dos lançamentos, vigorou, até o advento da Lei nº 11.718/2008 o § 4º do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, que isentava da contribuição do empregador rural pessoa física, incidente sobre a receita bruta da comercialização de produtos rurais, a produção animal destinada a reprodução ou criação pecuária ou granjeira. Por certo, como a lei que revogou do benefício fiscal foi publicada em 23/06/2008, à luz do § 6º do art. 195 da Constituição, que estabelece que as contribuições destinadas à Seguridade Social somente poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, a comercialização dos produtos rurais compreendidos no § 4º do art. 25 da Lei 8.212/1991 somente será submetida a tributação pela contribuição previdenciária substitutiva a partir de 22/09/2008. Ocorre que embora afirme que os produtos animais adquiridos de empregadores pessoas físicas destinamse à reprodução e ou criação de pecuária ou granjeira, a recorrente não trouxe qualquer indício de prova nesse sentido. A esse respeito, vejamos o que consta do relato fiscal: IX. Da Incidência de Contribuições sobre aquisição de produção rural de pessoa física período 06/2007 a 05/2008: 27. Nos meses fiscalizados de 06/2007 a 05/2008, o art 25, § 4o, da Lei 8.212/91, concede isenção na aquisição de produção rural, de origem animal, desde que a mesma apresente as seguintes destinações ou finalidade: a) Reprodução ou criação pecuária ou granjeira; b) Ou Utilização de animais como cobaias para fins de pesq uisas cientificas. 28 Dessa forma, por meio do termo de Intimação 09, de 06/06/2012, solicitou se o fiscalizado a correta identificação e destinação da produção rural de origem animal, no qual afirmava tratarse de produção que não integrava a base de cálculo: 1) Identificar a correta finalidade ou destinação da aquisição da produção rural de origem animal discriminados na planilha do ANEXO I. Essa Fl. 737DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 11 19 identificação deve ser individualizada para cada lançamento, no qual a empresa deverá assinalar a destinação ou finalidade da compra, com um dos enquadramentos a seguir: I) Reprodução/Criação ou Granjeira, no âmbito da própria empresa, inclusive em regime de parcerias devidamente comprovadas; ou II) Aquisição destinada à comercialização ou consumo 29. Decorrido o prazo assinalado acima, o sujeito passivo não atendeu a solicitação nos exatos termos acima. 30. Desse modo, a aquisição da produção rural, de origem animal, no período de 06/2007 a 12/2008, ANEXO IV Demonstrativo PF, será levada à tributação nos termos no art. 25, § 3o, da Lei 8.212/91, in verbis: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei n° 10.256, de 2001) (...) § 3º Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem, torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. (Parágrafo acrescentado pela Lei n 0 8.540, de 22.12.92) 30. Observase que a contribuição incide, também, quando a aquisição da produção rural for destinada para fins diversos daqueles que asseguram a isenção. Assim, diante de o fato que o contribuinte não comprovou mediante suporte documental que tais destinações estavam em consonância com as atividades isentas mencionadas no dispositivo legal, a aquisição de produção rural constante do ANEXO IV Demonstrativo PF, constitui base de incidência das contribuições. 31. A isenção ou não incidência decorre sempre de Lei, na qual se indica expressamente os produtos ou atividades, objeto da isenção, gozando do beneficio tributário, portanto, somente quando o contribuinte demonstrar de forma inequívoca que os produtos e/ou atividades econômicas estão incluídos nos rol das isenções, o que não foi comprovado pela empresa fiscalizada. Diante do que fora evidenciado no Relatório de Fiscalização, o sujeito passivo justificou a falta de apresentação de documentos que pudessem comprovar seu mencionado direito a isenção, tanto na impugnação quanto no recurso voluntário, com a inusitada assertiva de que, “da análise da Legislação Previdenciária, não há qualquer disposição no sentido de que o contribuinte tenha a obrigação o disposto no texto legal, ou seja, a destinação da aquisição do produto animal”. Extraise do art. 373 do novo Código de Processo Civil que: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 738DF CARF MF 20 II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. No caso concreto, a Fazenda Pública logrou comprovar que a recorrente adquiriu produtos rurais de empregadores pessoas físicas, o que lhe gera o direito de exigir desta as contribuições sociais decorrentes desse tipo de operação. Por outro lado, mesmo após as inúmeras oportunidades que lhe foram ofertadas, a recorrente não apresentou qualquer traço de prova que pudesse desconstituir ou modificar o lançamento. Ademais, sobre esse ponto, não se pode deixar de fazer referência ao inciso III e ao § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, norma que regula o processo administrativo fiscal em âmbito federal, e impõe ao recorrente a apresentação de provas aptas a comprovar as alegações recursais, ainda na fase impugnatória. In verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: [..] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Sem razão a recorrente também com relação à matéria ora analisada. Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 739DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15983.720335/2011-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008
PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO.
O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA.
Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida.
PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Tratando-se de ato não definitivamente julgado, deve-se atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa.
Numero da decisão: 2201-003.716
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
EDITADO EM: 20/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratando-se de ato não definitivamente julgado, deve-se atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa.
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SERVICOS EMPRESARIAIS LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 PRELIMINAR. PROVA PERICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de realização de perícia, provas documentais e testemunhais não caracterizam cerceamento do direito de defesa quando demonstrada a desnecessidade de produção de novas provas para formar a convicção do aplicador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADOS E A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e a contribuintes individuais, na forma e no prazo estabelecidos na lei vigente à época dos fatos geradores. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O dispositivo que tratava da contribuição previdenciária sobre valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho foi julgado inconstitucional pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, com repercussão geral reconhecida. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de ato não definitivamente julgado, devese atribuir efeitos retroativos à legislação tributária que comine penalidade menos severa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 72 03 35 /2 01 1- 60 Fl. 555DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguída e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. EDITADO EM: 20/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome trechos do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: Consoante Relatório Fiscal de fls. 27 a 38, o presente processo contempla créditos relativos às contribuições previdenciárias/sociais e ao descumprimento de obrigação acessória, apurados no período de 07/2007 a 12/2008. Acrescenta esse relatório que: i) serviram de base para o lançamento as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho (UNIMED); ii) foram lavrados os seguintes Autos de Infração: • nº 37.331.9029 Em face das contribuições empresarial (20 % incidente sobre as remunerações dos empregados e contribuintes individuais e 15 % sobre o valor dos serviços da cooperativa UNIMED) e das destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência da incapacidade laborativa decorrente dos Fl. 556DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 3 3 riscos ambientais do trabalho SAT/ RAT (1 % incidente sobre as remunerações dos empregados); Valor, consolidado em 26/09/2011, importa em R$ 195.987,15 (cento e noventa e cinco mil, novecentos e oitenta e sete reais e quinze centavos); já incluídos aí os juros e as multas de mora e de ofício incidentes sobre o débito originário. • nº 37.331.9002 Pelo descumprimento de obrigação acessória, prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, nas competências de 09/2008 a 11/2008; Aplicada a multa no valor de R$ 9.146,58 (nove mil, cento e quarenta e eis reais e cinquenta e oito centavos), em conformidade com o § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991. • nº 37.331.9010 Pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, nas competências de 09/2008 a 11/2008; Aplicada a multa no valor de R$ 457,32 (quatrocentos e cinquenta e sete reais e trinta e dois centavos), em conformidade com o § 6º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, por inexistir agravante. iii) a situação verificada constitui, em tese, crime de Sonegação de Contribuição Previdenciária, de acordo com o art. 337A, inciso I, do Código Penal, na redação dada pela Lei nº 9.983/2000, razão pela qual será emitida Representação Fiscal para Fins Penais. iv) em razão do advento da Medida Provisória – MP nº 449, de 04/12/2008, que alterou o valor da multa, efetuouse a comparação desta com a vigente à época da ocorrência dos fatos tributários, o que culminou na aplicação da multa vigente à época em face das competências de 09/2008 a 11/2008, e, inclusive, no que se refere ao descumprimento da obrigação acessória, e aplicouse a multa de ofício (MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009) para as competências de 07/2007 a 08/2008, em cumprimento do art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN (princípio da retroatividade mais benigna). Consta, ainda, do relatório fiscal que: 6.2. (...), conforme Primeira Alteração Contratual, ... em 31/05/2007 (Anexo IV), o objeto social passou a ser a exploração do ramo de atividade de prestação de serviços de reparação e manutenção de equipamentos de informática. A Segunda alteração Contratual, de 30/05/2007 (sic), ... tem como objeto social prestação de serviços de reparação e manutenção de serviços de informática e serviços na gestão empresarial, escrituração e digitação. Na Terceira alteração Contratual, de Fl. 557DF CARF MF 4 11/02/2009, ... o objeto social volta a ser a prestação de serviços complementares na gestão empresarial, escrituração e digitação e preparação de documentos e serviços de apoio administrativo. De acordo com Notas Fiscais de Serviços 139 a 157 (Anexo VII), (...), a empresa só prestou serviço à empresa Adição Contábil e Auditores Independentes S/S Ltda., ... Conforme GFIP ... de 07/2007 a 13/2008 a Adição Contábil operou com apenas três funcionários (Anexo VIII), ... Enquanto que a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, empresa optante do Simples Nacional que não precisava recolher a parte patronal (Anexo I), funcionava com os empregados que vieram a ser da Adição Contábil, o que se verifica na GFIP 05/2009 da J. A. Serviços Empresariais Ltda. (Anexo IX), em que os funcionários foram transferidos para sua única cliente a Adição Contábil, conforme GFIP 06/2009, ... A partir de 06/2009, a empresa J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME encontrase praticamente sem funcionários (Anexo XI), ou seja, prestou serviços com empregados do ramo de Contabilidade, em período que os escritórios de contabilidade recolhiam também a quota patronal sobre a folha de pagamento de salários. Embora o seu objeto social permitisse, a J. A. Serviços Empresariais Ltda. não empregou nenhum profissional na área da informática, ... 8. Cumpre esclarecer, que intimada a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, ... a apresentar o Contrato ... celebrado entre a J. A. e a Adição Contábil, a mesma esclareceu através de declaração, ..., que o contrato foi verbal e tinha por objeto a manutenção de equipamentos de informática sem fornecimentos de peças, preparação de documentos para remessa aos clientes, preparação e organização dos documentos para arquivamento, arquivamento em pastas suspensas, digitação, preenchimento de formulário e apoio administrativo. Para fins de reunir elementos de prova foi expedido o Mandado de Procedimento Fiscal de Diligência ..., na empresa Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. Intimada ... a mesma apresentou os Livros Caixa, anos calendários de 2007 e 2008... Intimada a empresa a apresentar os recibos de serviços executados por Rodrigo Braga e os documentos relativos às aquisições de peças, ..., a empresa não apresentou os recibos ... e alegou que os recibos de aquisições de peças de informática foram extraviados, ... Assim sendo, a empresa não comprovou através de contabilidade, registrada á época dos fatos, nem documentalmente a inequívoca convicção da efetiva prestação de serviços de manutenção de equipamentos de informática, pela J. A. Serviços Empresariais Ltda. ME, para a Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. Ou seja, só atuou no ramo de contabilidade. (...) 11. Diante do exposto ... a empresa J. A. Serviços Empresariais Ltda. ME, apesar de optante do Simples Nacional, tem que recolher a parte patronal, uma vez que prestou serviços de atividades de contabilidade, ... 12. Esclarecemos que em todo o período fiscalizado o valor integral da remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais (Levantamentos FP, CI e CT) foi Fl. 558DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 4 5 considerado como não declarado, pois, ... a autuada informou indevidamente ... que se tratava de empresa optante do Simples... A informação indevida implica alteração dos valores das contribuições devidas, tendo em vista que as empresas optantes pelo Simples devem proceder tão somente ao recolhimento da contribuição descontada dos segurados, pois tem as contribuições patronais substituídas. (...) 14. A origem das contribuições devidas é proveniente de importâncias constantes das Folhas de Pagamentos e . (...) 20. As guias de recolhimentos apresentadas à fiscalização ... foram consideradas após consulta. Notificado destes Autos no dia 30092011 (fls. 4), o sujeito passivo impugnouos em 31102011, na forma do expediente juntado às fls. 404 a 416, por meio do qual alega, em síntese, que: não poderia ter sido autuada com fundamento nos parágrafos 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 24/07/1991(...). É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) julgou improcedente a impugnação, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA LEI VIGENTE. REVOGAÇÃO. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. SIMPLES NACIONAL. EMPRESA DE SERVIÇOS CONTÁBEIS. REMUNERAÇÃO A SEGURADOS EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. PAGAMENTO POR SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RECOLHIMENTO. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. Empresa optante do Simples Nacional, que presta serviços contábeis, está obrigada ao recolhimento das contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregado e contribuinte individual, e incidentes sobre o valor dos serviços prestados por cooperativa, na forma e no prazo estabelecidos em lei. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NÃO RECOLHIMENTO. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Fl. 559DF CARF MF 6 Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas incidem juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC e multa de mora e/ou de ofício. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A lei nova aplicase a fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. INCORREÇÕES. AUTO DE INFRAÇÃO. A GFIP entregue, na rede bancária, com informações incorretas ou omissas está sujeita ao auto de infração. PERÍCIA. PRESCINDÍVEL. AUTORIDADE JULGADORA. INDEFERIMENTO. A autoridade julgadora de primeira instância indeferirá a perícia que considerar prescindível. DOCUMENTOS. APRESENTAÇÃO. Os documentos devem ser apresentados na impugnação, sob pena de preclusão. SUSTENTAÇÃO ORAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. INDEFERIMENTO. No existe, no âmbito administrativo de primeira instância, a previsão de defesa oral. Pedido nesse sentido é indeferido. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Posteriormente, foi interposto recurso voluntário, no qual o contribuinte reiterou os argumentos aduzidos em sede de impugnação e dispôs os seguintes argumentos: a) houve cerceamento do direito de defesa, tendo em vista o indeferimento do pedido de produção de prova testemunhal e pericial; b) no que se referem aos DEBCADs 37.331.9002 e 37.331.901 0, a decisão não foi acertada quanto à aplicação da multa de 100% e não de 75%; c) houve retroatividade na lei no tempo com a aplicação da sanção com base no parágrafo IV do artigo 32 da Lei 8.212/91, pois o mencionado inciso foi acrescido pela Lei 11.941/2009 e os fatos ocorreram nos anos de 2007/2008; d) foi aplicada sanção com base nos parágrafos 5º e 6º do artigo 32 e artigo 34 da Lei 8.212/91 que foram revogados pela medida provisória n.º 449/2008 convertida na Lei 11.941/2009; e) a decisão de primeira instância conformou, equivocadamente, sem nenhuma prova, que a recorrente exerceu atividade de contabilidade e não àquela constante do contrato social e a Fl. 560DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 5 7 efetivamente exercida, confirmando o auto de infração que considera as remunerações dos segurados contribuintes individuais, empregados e faturas da UNIMED não declarados na GFIP, aplicando multa; f) a auditora fiscal foi contraditórias nas informações do relatório, pois autuou a recorrente por não ter declarado as remunerações dos empregados e contribuintes individuais, porém, ao mesmo tempo, afirma que os erros contidos na GFIP não interferem no fato gerador da contribuição previdenciária; g) afirma que as GFIPs foram entregues corretamente e tempestivamente com todas as informações necessárias; h) a recorrente ingressou com recurso administrativo, sob o n.º 10845.002097/200791, obtendo êxito, conforme acórdão de n.º 0532.364, 1ª Turma da DRJ/CPS, em que foi reconhecido o direito de optar pelo SIMPLES; i) no período fiscalizado, a recorrente tinha como objeto social manutenção de equipamentos de informática sem fornecimento de peças. Preparação de documentos para remessa aos clientes; preparação e organização dos documentos para arquivamento; arquivamento dos documentos em pastas suspensas; digitação, preenchimento de formulários e apoio administrativo; j) os sócios, à época, não eram contadores, mas apenas empresários; k) inaplicabilidade da multa de ofício, considerando que, por estar enquadrada no simples, entregou GFIP de acordo com o estabelecido em Lei e recolheu as contribuições retidas; l) não houve dolo ou máfé da recorrente; m) pleiteia provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas, especialmente testemunhal, pericial, documental e juntada de novos documentos. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, pois se encontra tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da preliminar de cerceamento do direito de defesa A recorrente alega que houve cerceamento do direito de defesa, tendo em vista o indeferimento do pedido de produção de prova testemunhal e pericial. Fl. 561DF CARF MF 8 Apesar dos argumentos colacionados pela defesa, não se vislumbra a existência de cerceamento do direito de defesa, pois foi devidamente instaurado o contraditório e a ampla defesa, de modo que a fiscalizada teve a possibilidade de se defender e apresentar as provas aptas a demonstrar fatos extintivos ou modificativos do direito da Fazenda Nacional quanto ao tributo em questão. Ao julgador cabe avaliar a necessidade de conversão em diligência para a produção de provas que se fizerem necessárias ao seu convencimento. O art. 18 do Decreto 70.235/72 dispõe que a realização de diligências ou perícias é uma prerrogativa da autoridade julgadora, conforme abaixo transcrito: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. Portanto, o julgador é livre na apreciação e na solicitação de provas, de modo que não assiste razão a recorrente sob esse aspecto, pois as provas constantes dos autos são suficientes para a análise da controvérsia. 2. Do mérito 2.1. Da obrigatoriedade de recolhimento das contribuições previdenciárias de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991 Conforme narrado, os presentes autos são consequência do desenquadramento do Código de Descrição da Atividade Econômica Principal (CNAE) da atividade de preparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificado anteriormente (CNAE da atividade econômica principal 82.19999) para a atividade de contabilidade (CNAE 69.20601). Assim a empresa recorrente, apesar de ser optante pelo Simples Nacional, tem a obrigação de recolher a parte patronal, considerando a prestação de serviços de contabilidade, conforme itens 6 a 10 do Relatório Fiscal de fls. 27 e seguintes (fls. 3 e seguintes do arquivo digital denominado Documentos Comprobatórios 25 a 109), no período autuado (07/2007 a 12/2008). Durante a ação fiscal, constatou a fiscalização que a J.A prestou serviços somente à Adição Contábil; não houve comprovação da prestação de serviços de reparação e de manutenção de equipamentos de informática e a J.A. não contratou empregado para essa área; em diligência à tomadora de serviços, não se apurou que a autuada tenha prestado outro serviço, conforme item 8 do relato fiscal abaixo transcrito: 8. Cumpre esclarecer, que intimada a J. A. Serviços Empresariais Ltda. – ME, (...) a apresentar o Contrato (...) celebrado entre a J. A. e a Adição Contábil, a mesma esclareceu através de declaração, (...), que o contrato foi verbal e tinha por objeto a manutenção de equipamentos de informática sem fornecimentos de peças, preparação de documentos para remessa aos clientes, preparação e organização dos documentos para arquivamento, arquivamento em pastas suspensas, digitação, preenchimento de formulário e apoio administrativo. Para fins de reunir elementos de prova foi expedido o Mandado Fl. 562DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 6 9 de Procedimento Fiscal de Diligência (...), na empresa Adição Contábil & Auditores Independentes SS Ltda. ... Intimada a empresa a apresentar os recibos de serviços executados por Rodrigo Braga e os documentos relativos às aquisições de peças, (...), a empresa não apresentou os recibos (...) e alegou que os recibos de aquisições de peças de informática foram extraviados, (...) As contribuições exigidas, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991, incidentes sobre remunerações pagas a segurados e sobre valores pagos a cooperativa por escritório de serviços contábeis não foram contempladas pelo Simples Nacional, conforme dispõe o inciso V, do § 5º, do art. 18 (na redação vigente à época) da Lei Complementar nº 123/2006, como segue: Art. 18. (...) § 5º (...) V as atividades de prestação de serviços previstas nos incisos XIX a XXVIII do § 1º do art. 17 desta Lei Complementar serão tributadas na forma do Anexo V desta Lei Complementar, hipótese em que não estará incluída no Simples Nacional a contribuição prevista no inciso VI do caput do art. 13 desta Lei Complementar, devendo ela ser recolhida segundo a legislação prevista para os demais contribuintes ou responsáveis; (Redação dada pela Lei Complementar nº 127, de 2007) Desse modo, escritório de serviço contábil, ainda que optante do Simples Nacional está obrigado ao recolhimento das contribuições previdenciárias de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/1991. Como bem destacou a decisão recorrida, o relatório fiscal e seus anexos, correspondentes aos Autos de Infração em questão, foram suficientemente claros e precisos quantos aos fatos tributários que os representam – que constituem nas remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho, informados/declarados nas GFIP –, e quanto às contribuições, aos valores e períodos a que se referem. Portanto, a decisão vergastada não merece reparo, nesse ponto. 2.2. Da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a cooperativas de trabalho Compulsandose os autos, observase que serviram de base para o lançamento as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais e valores pagos por serviços prestados por cooperativa de trabalho (UNIMED). Acerca do tema, o art. 22, inciso IV, da Lei 8.212/91, com redação conferida pela Lei 9.876/99, assim tratava: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: 6 IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são Fl. 563DF CARF MF 10 prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).(Execução suspensa pela Resolução nº 10, de 2016). Entretanto, tal dispositivo foi julgado inconstitucional, por unanimidade de votos pelo Plenário do supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário n.º 595.838/SP, com repercussão geral reconhecida. Consoante o artigo 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF n.º 343/2015, de 09/06/2015, as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC devem ser reproduzidas pelos Conselheiros do CARF, no julgamento dos recursos. Assim, deve ser excluído do lançamento o levantamento relativo às cooperativas, inclusive sua repercussão nas obrigações acessórias. 2.3. Das obrigações acessórias No que concerne às obrigações acessórias, foi lavrado o DEBCAD 37.331.9002 CFL 68 (apresentar a empresa o documento que se refere o art. 32, inciso IV, da Lei n.º 8.212/91, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias) e o DEBCAD 37.331.9010 CFL 69 (apresentar a empresa o documento a que se refere o art. 32, inciso IV, da Lei 8.212/91, com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias). Aduz a recorrente que os parágrafos 5º e 6º do artigo 32 e o artigo 34, ambos da Lei 8212/91 forma revogados pela medida provisória 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Acerca da matéria, cumpre esclarecer que os artigos da Lei 8.212/91, com as alterações da Lei 9.528/97, que tratavam das penalidades por descumprimento de obrigações principais e acessórias tinham a seguinte redação: Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado Fl. 564DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 7 11 pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas aos valores previstos no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c) vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; O presente caso referese ao descumprimento das duas obrigações: principal e acessória. Fl. 565DF CARF MF 12 O entendimento adotado por esse Conselho é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei 8212/91 não contivessem a expressão lançamento de ofício, as penalidades aplicadas tinham natureza de multas de ofício. Fazse, portanto, relevante a aplicação da legislação mais benéfica ao contribuinte, consoante o disposto no art. 106, inciso II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei 11.941/2009, a fim de se aplicar a retroatividade benigna. A legislação atual traz os seguintes contornos: Art. 32. A empresa é também obrigada a: IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (Vide Lei nº 13.097, de 2015) (Vide Lei nº 13.097, de 2015) I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em Fl. 566DF CARF MF Processo nº 15983.720335/201160 Acórdão n.º 2201003.716 S2C2T1 Fl. 8 13 legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Observase que, com o advento da Lei n.º 11.941/2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP sujeita o contribuinte a uma única multa no percentual de 75% sobre a totalidade ou diferença da contribuição, previsão contida no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96. A interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei n.º 9.430/96. Diante desse contexto, as exigências em questão devem pautarse no comando contido no art. 106, inciso II, alínea "c", do Código Tributário Nacional, o órgão responsável pelo cumprimento deverá recalcular o valor da penalidade a fim de verificar qual critério seria mais benéfico ao contribuinte, a saber a soma das multas vigentes à época do fato gerador ou a multa de 75% prevista no inciso I do art. 44, da Lei 9.430/96. Assim, determino o recálculo da multa aplicada, consoante o art. 476A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 13 de novembro de 2009. 2.4. Dos pedidos de produção de provas Quanto aos pedidos finais da recorrente sobre apresentação de novas provas (periciais, testemunhais e documentais), aplico o mesmo entendimento exposto no item 1 desse voto, no qual restou consignado o posicionamento no sentido da discricionariedade do julgador para a apreciação e solicitação de provas. Dessa forma, tendo em vista que os presentes autos estão suficientemente instruídos para seu deslinde, considero prescindível a apresentação de novas provas. Fl. 567DF CARF MF 14 Diante do exposto, voto por conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe parcial provimento para: a) determinar o recálculo da multa aplicada, conforme o disposto no art. 476A da Instrução Normativa RFB n.º 971, de 13 de novembro de 2009; b) excluir do lançamento o levantamento relativo às cooperativas, inclusive sua repercussão nas obrigações acessórias. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 568DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001598/2003-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1997,1998, 2001
DECADÊNCIA. IRPF. AJUSTE ANUAL.
"O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário". (Súmula CARF nº 38)
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
"A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26)
Numero da decisão: 2202-004.089
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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IRPF. AJUSTE ANUAL. "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário". (Súmula CARF nº 38) OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. "A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 15 98 /2 00 3- 33 Fl. 246DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase de lançamento efetuado em razão de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários em relação aos quais o contribuinte, intimado, não comprovou por documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nas movimentações financeiras ocorridas nos anoscalendário 1997, 1998 e 2001, nos montantes de R$ 131.968,51, R$ 104.954,07 e R$ 101.211,04, respectivamente. O fundamento legal utilizado foi a presunção instituída pelo art. 42 da Lei nº 9.430/1996. O contribuinte apresentou Impugnação de fls. 168/181 (eprocesso) na qual alegou, resumidamente, o seguinte: a) Decadência dos lançamentos anteriores a 25/04/1998, uma vez que, por se tratar o imposto de renda de tributo sujeito ao lançamento por homologação deveria ser contada a partir de data do fato gerador nos termos do artigo 150, §4º do CTN; b) Nulidade do Auto de Infração, uma vez que os depósitos não foram analisados individualmente e nem observado o seu somatório dentro do anocalendário; c) No demonstrativo de apuração do auto os valores dos créditos bancários foram equivocadamente somados com os valores da Declaração de Renda de Ajuste Anual, quando deveriam ser reduzidos. d) O auto de Infração contém acusações lacônicas, sem narração detalhada dos fatos, sem carrear provas documentais e perícias contábeis que corroborem as informações feitas. e) Não é possível a tributação dos depósitos bancários como se fossem renda sem que o fisco faça a prova dos valores depositados com aplicação ou renda consumida; f) Ainda que tivesse ocorrido a omissão de receita, foi lavrado auto de infração sem conceder ao contribuinte o direito de provar a improcedência da presunção, caracterizando cerceamento do direito de defesa. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campo Grande (MS) deu parcial provimento a impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte (fls. 193/203 e processo): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1997,1998,2001 LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. O prazo de decadência do tributo lançado de ofício é de cinco anos a contar do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. CERCEAMENTO DE DEFESA. Fl. 247DF CARF MF Processo nº 19515.001598/200333 Acórdão n.º 2202004.089 S2C2T2 Fl. 247 3 Não é nulo auto de infração que descreve suficientemente a infração de molde a possibilitar a defesa do autuado. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. É defeso em sede administrativa discutir a constitucionalidade e ou legalidade das leis em vigor.. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Sujeitase ao imposto a omissão de rendimentos caracterizada pelos valores creditados em contas de depósito, não tendo o contribuinte comprovado a origem dos recursos utilizados nessas operações. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. A decisão recorrida excluiu da base de cálculo os depósito cujos valores individuais eram iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 e cujo somatório, dentro do ano calendário, não ultrapassasse o valor de R$ 80.000,00, conforme se verifica pelo trecho abaixo transcrito: Quanto ao anocalendário 1997, o montante de créditos é de R$ 131.968,51; no entanto, só dois depósitos estão acima de doze mil reais: R$ 20.000,00 + R$ 35.000,00 (fls. 107), no total de R$ 55.000,00. Os demais somam R$ 76.968,51 e estão abaixo do limite anual de R$ 80.000,00. Assim, é de se reduzir o valor tributável de R$ 131.968,51 para R$ 55.000,00. No anocalendário 1998 não houve nenhum depósito acima de doze mil reais e o somatório de todos os créditos resultou no montante tributável de R$ 104.954,07 (fls. 108/110), que é mantido sem nenhuma alteração. No anocalendário 2001, só um depósito de R$ 35.000,00 (fls. 112) é acima do limite individual. O total dos valores inferiores a doze mil reais é de R$ 66.211,04. Logo, o valor tributável passa de R$ 101.211,04 para R$ 35.000,00. Intimado da referida decisão (AR fls. 206) apresentou o Recurso Voluntário de fls. 208/231, no qual reitera as alegações suscitadas quando da Impugnação. É relatório. Voto Fl. 248DF CARF MF 4 Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço 1) PRELIMINAR DECADÊNCIA De acordo com o Recorrente, o imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação previsto no art. 150 do CTN. Assim, no caso específico da omissão de receitas, apuradas com fundamento no artigo 42, combinado com o disposto no art. 150. §4º do CTN, a contagem inicial do prazo decadencial de cinco anos para o lançamento do crédito deverá ser contado a partir do mês que se considerar recebidos os rendimentos omitidos. Incorretas as alegações do Recorrente quanto à decadência dos valores relativos ao anocalendário de 1997 até 04/1998, uma vez que a ciência do Auto de Infração ocorreu em 25/04/2003 (fls. 162 do eprocesso) . É entendimento pacífico no âmbito do CARF que "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário"(Súmula CARF nº 38) . Sendo assim, não há que se falar em decadência dos lançamentos relativos ao anocalendário de 1998. 2) MÉRITO 2.1) AUSÊNCIA DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL ART. 43 DO CTN. COMPROVAÇÃO DO CONSUMO DA RENDA. Alega do Recorrente que a fiscalização não se comprovou a ocorrência do fato gerador do imposto de renda o que só seria possível mediante a demonstração de sinais exteriores de riqueza ou do efetivo acréscimo patrimonial. É correta a afirmação do Recorrente no sentido de que o simples depósito em conta corrente não significa renda. No entanto, é pacífico que uso de presunções em matéria tributária é admitido, desde que tais presunções sejam relativas, como é o caso da presunção estabelecida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, o qual dispõe: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Fl. 249DF CARF MF Processo nº 19515.001598/200333 Acórdão n.º 2202004.089 S2C2T2 Fl. 248 5 § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). §4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. A exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar, individualizadamente, a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase,portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Ademais, a legitimidade da inversão do ônus da prova e a desnecessidade de comprovação do consumo da renda é matéria que já se encontra sumulada pela jurisprudência do CARF, conforme se constata pela Súmula nº 26 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada Em face do exposto, improcedentes as alegações suscitadas. 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 250DF CARF MF 6 (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 251DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.725355/2011-04
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. ART. 62, §2º DO ANEXO II AO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC/1973. Art. 62, §2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
Numero da decisão: 2202-004.028
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Relator), Rosy Adriane da Silva Dias e Denny Medeiros da Silveira, que deram provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Foi designado o Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. ART. 62, §2º DO ANEXO II AO REGIMENTO INTERNO DO CARF. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC/1973. Art. 62, §2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1999; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 58 1 57 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.725355/201104 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.028 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 4 de julho de 2017 Matéria IRPF Rendimentos Recebidos Acumuladamente Recorrente CONSUELO MAGALHÃES COUTINHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. ART. 62, §2º DO ANEXO II AO REGIMENTO INTERNO DO CARF. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitandose, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 B e 543 C do CPC/1973. Art. 62, §2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Relator), Rosy Adriane da Silva Dias e Denny Medeiros da Silveira, que deram provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Foi designado o Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 53 55 /2 01 1- 04 Fl. 58DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) – DRJ/RJ1, que descreveu os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Em procedimento de revisão interna de declaração de rendimentos correspondente ao anocalendário de 2008, foi lavrada a notificação de lançamento de fls. 6 a 10, em que foi apurada a infração de omissão de rendimentos proveniente de ação na justiça federal no valor de R$ 1.447.857,05, tendo sido compensado o imposto de renda retido na fonte (IRRF) de R$ 379.042,49 (fl. 8). Em virtude dessa infração, foi apurado o imposto de renda suplementar de R$ 12.532,26, acrescido de multa de ofício e juros de mora regulamentares, perfazendo o crédito total de R$ 24.168,45 (fl. 6). A descrição dos fatos e o devido enquadramento legal constam da notificação em pauta. Inconformado, o procurador da Inventariante do espólio da Interessada apresentou a impugnação de fls. 2 e 3, argumentando que os rendimentos recebidos referemse a precatório alimentar demandado ao Estado do Rio de Janeiro e assim sendo a omissão é decorrente de ação na Justiça Estadual. Alega a iniciativa do recolhimento do imposto de renda retido na fonte por parte do próprio espólio e junta à peça impugnatória os recibos do recolhimento do imposto, Inclui os honorários do escritório Gouveia Associados – GAA – CNPJ nº 39.419.767/000195 de R$ 600.000,00 (contrato de honorários). Por fim, pede o cancelamento do débito fiscal reclamado. A 18ª Turma de Julgamento da DRJ/RJ1 julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AÇÃO JUDICIAL TRABALHISTA. Os rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente por meio de precatório estão sujeitos à incidência do imposto de renda no mês do recebimento e na declaração de ajuste.. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 59 3 Cientificado da decisão em 11/11/2014 (fl. 38), o Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 47/53 em 12/12/2014, no qual afirma que foi pago no exercício de 2007 pelo estado do Rio de Janeiro a quantia de R$ 374.271,29 ao espólio e como honorários advocatícios o valor de R$ 260.483,59 à firma GAA GOUVEA ADVOGADOS ASSOCIADOS, conforme DIRPF 2008 Ano Base 2007. Requer, assim, a restituição do imposto de renda no valor de R$ 69.957,19. Anexa ao recurso a DIRPF do exercício 2008, anocalendário 2007 (fls. 49/52) e uma declaração do escritório de advocacia reconhecendo o recebimento de R$ 263.779,99 no ano de 2007, referente a honorários advocatícios (fl. 53). É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido. O Contribuinte informa que os rendimentos questionados são decorrentes de um precatório judicial do Estado do Rio de Janeiro, de natureza alimentar. Afirma, ainda, ter pago ao escritório GAA GOUVEA ADVOGADOS ASSOCIADOS o valor de R$ 260.483,59, de honorários advocatícios. As provas apresentadas pelo Contribuinte às fls. 49/53 referemse, na realidade, ao anocalendário 2007, quando o lançamento em análise diz respeito ao ano calendário 2008, conforme Notificação de Lançamento de fls. 6/10. Assim, não há como acolher as suas argumentações quanto ao pagamento dos honorários advocatícios por falta de provas. É regra geral no Direito que o ônus da prova é uma conseqüência do ônus de afirmar e, portanto, cabe a quem alega. Nesse caso, o Recorrente apenas alegou e nada provou e, segundo brocardo jurídico por demais conhecido, "alegar e não provar é o mesmo que não alegar". O artigo 373 do Novo Código de Processo Civil (NCPC) art. 333 do antigo CPC estabelece as regras gerais relativas ao ônus da prova, partindo da premissa básica de que cabe a quem alega provar a veracidade do fato. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. [...] Fl. 60DF CARF MF 4 No que se refere à natureza dos rendimentos recebidos acumuladamente, observase pelas provas apresentadas e pela Notificação de Lançamento (fl. 8) que se trata de verbas atrasadas recebidas de decisão da Justiça do Trabalho (código de receita 5936). Embora esse argumento não tenha sido suscitado pelo Recorrente em seu Recurso Voluntário, ele foi discutido no Acórdão da DRJ. Ademais, o comando imperativo assentado no § 2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, impõe aos Conselheiros, no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, a reprodução das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista nos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869/73 (antigo Código de Processo Civil), ou dos artigos 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil). A Fiscalização realizou o lançamento utilizando o regime de caixa, conforme regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988. Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em recurso repetitivo representativo da controvérsia, submetido ao regime do art. 543C do CPC, no REsp n° 1.118.429SP, decidiu: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008 (STJ, 1ª Seção, REsp 1.118.429/SP,rel. Min. Herman Benjamin, j., em 24.03.2010). (destaquei) Recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu sobre a matéria, no âmbito do RE 614.406/RS, com repercussão geral reconhecida, na sistemática do art. 543B, do CPC, quando acordou por manter a decisão do STJ sobre a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88, afastando o regime de caixa, mas adotando o regime de competência, ou seja, concordando com a incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor. Em nenhum momento se cogitou de eventual cancelamento integral de lançamentos efetuados em obediência ao art. 12 da Lei nº 7.713/88, o qual estava plenamente vigente à época do lançamento. Transcrevo a seguir excerto do voto vencedor do Ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, no Acórdão nº 9202003.695, da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais acerca desse tema. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 60 5 Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. O artigo 62, § 2º, do RICARF, determina que os Conselheiros deverão reproduzir as decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na sistemática prevista pelo artigo 543C do Código de Processo Civil (CPC). Art. 62 [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Dessa forma, deve ser aplicado o entendimento do STJ no sentido de que o Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido Fl. 62DF CARF MF 6 adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte, não sendo legítima a cobrança com base no montante global pago extemporaneamente. Seguem alguns julgados recentes da Câmara Superior nesse sentido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado considerando o regime de competência. Recurso especial conhecido e provido. (Acórdão nº 9202 004.518, de 26/10/2016 2ª Turma. Relator: Luiz Eduardo de Oliveira Santos). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 [...] IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose as tabelas e alíquotas do imposto vigentes a cada mês de referência (regime de competência). (Acórdão nº 9202003.695 2ª Turma de 27/01/2016. Relator originário: José Cheffe Rahal. Redator designado: Heitor de Souza Lima Junior). Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se cogitar de nulidade de lançamento, quando plenamente obedecidos pela autoridade lançadora os ditames do art. 142, do CTN e a lei tributária vigente. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de Fl. 63DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 61 7 competência. (Acórdão nº 9202004.182, de 21/06/2016 2ª Turma. Relator: Luiz Eduardo de Oliveira Santos). IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC (art. 62A do RICARF). (Acórdão nº 2202002.785, de 09/09/2014. Rel. Antonio Lopo Martinez). Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Voto Vencedor Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Redator designado. A despeito dos muito bem fundamentos argumentos apresentados no voto do i.Relator, peço vênia para divergir em relação às conclusões pelos motivos que a seguir passo a explanar. Em seu voto, o i.Relator anotou e concluiu que: "Recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu sobre a matéria, no âmbito do RE 614.406/RS, com repercussão geral reconhecida, na sistemática do art. 543B, do CPC, quando acordou por manter a decisão do STJ sobre a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88, afastando o regime de caixa, mas adotando o regime de competência, ou seja, concordando com a incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor. Em nenhum momento se cogitou de eventual cancelamento integral de lançamentos efetuados em obediência ao art. 12 da Lei nº 7.713/88, o qual estava plenamente vigente à época do lançamento. (...) "Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso, aplicando aos rendimentos pagos acumuladamente as tabelas e Fl. 64DF CARF MF 8 alíquotas do imposto de renda vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos." Efetivamente, não há dúvidas quanto à premissa: o STF reconheceu a inconstitucionalidade da aplicação do art. 12 da Lei nº 7.713/1988 para apurar o tributo pelo regime de caixa, entendendo que o correto é a apuração do Imposto de Renda, nos casos de Rendimentos Recebidos Acumuladamente, pelo regime de competência, entendimento esse que deve ser repetido nos termos do art. 62, §2º, do Anexo II ao RICARF, vez que foi proferido o acórdão em sede de repercussão geral. Acontece que, identificando erro na forma de apurar o tributo, entendo que há vício material no lançamento, vício esse que não pode ser convalidado sem sede de julgamento perante este e.CARF. A correta aplicação das normas de apuração do tributo é tão relevante quanto qualquer outro elemento material da imposição, tal como, por exemplo, a correta identificação do sujeito passivo. Não seria possível, nesse momento processual, constatando que o tributo foi lançado contra pessoa errada, simplesmente determinar a substituição do sujeito passivo para o verdadeiro contribuinte, mantendo o auto de infração. No mesmo sentido, não é possível manter um lançamento que identificou incorretamente a forma de apurar o tributo. Não se confunde o presente caso com aqueles nos quais há mera redução da base de cálculo. Por exemplo, quando o Contribuinte é capaz de comprovar durante o processo administrativo fiscal a origem de determinados depósitos bancários, o lançamento foi absolutamente correto; o Contribuinte é quem foi capaz de demonstrar que parte da base de cálculo já havia sido declarada ou que não era rendimentos. Ali, é possível reduzir a base de cálculo sem afetar a integralidade do lançamento, vez que todos os elementos essenciais do auto de infração são os mesmos: há constatação de depósitos bancários com origem não comprovada, há correta aplicação da Lei, há adequada identificação do sujeito passivo etc. Pelo contrário, constatandose que o lançamento se baseou em aplicação inconstitucional da Lei, atacase a própria essência do lançamento: houve incorreta subsunção do fato à norma. Este e.CARF tem diversos precedentes nesse caminho, pela impossibilidade de recalculo do lançamento: "INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA REFAZER O LANÇAMENTO. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. O lançamento adotou critério jurídico equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ, impactando a identificação da base de cálculo, das alíquotas vigentes e, consequentemente, o cálculo do tributo devido, o que caracteriza vício material. Não compete ao CARF refazer o lançamento com outros critérios jurídicos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso." (Acórdão CARF nº 2402005.316, de 14/06/2016) ... Fl. 65DF CARF MF Processo nº 12448.725355/201104 Acórdão n.º 2202004.028 S2C2T2 Fl. 62 9 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidá lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Os Conselheiros JACI DE ASSIS JÚNIOR e MARA EUGÊNIA BUONANNO CARAMICO acompanharam o Relator pelas conclusões. (Acórdão CARF nº 2802003.359, de 11/03/2015) Enfim, identificado o erro material no lançamento, deve este ser cancelado. Cabe ao Fisco, se ainda estiver no seu prazo decadencial, providenciar um novo lançamento, dessa vez apurando o tributo da forma adequada, tal qual se imporia um novo lançamento se se tratasse de erro material quanto à identificação do sujeito passivo nulidade não maior, mas sim igual à ora constatada. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, voto por dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal. (assinado digitalmente) Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Redator designado. Fl. 66DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.720648/2013-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Sep 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 30/09/2011
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1.
Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
Inexiste cerceamento de defesa por ter deixado a decisão de primeira instância de deferir pedido de perícia.
PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
A perícia se reserva à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170-A DO CTN.
Nos termos do art. 170-A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
Estabelece o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, que nos casos de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Nos termos da Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 28.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.120
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 30/09/2011 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa por ter deixado a decisão de primeira instância de deferir pedido de perícia. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A perícia se reserva à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170-A DO CTN. Nos termos do art. 170-A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Estabelece o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, que nos casos de lançamento de ofício, será aplicada multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Nos termos da Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 28. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Recurso Voluntário Negado
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AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. Estabelece a Súmula CARF nº 1 que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa por ter deixado a decisão de primeira instância de deferir pedido de perícia. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A perícia se reserva à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170A DO CTN. Nos termos do art. 170A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Estabelece o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, que nos casos de lançamento de ofício, será AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 06 48 /2 01 3- 55 Fl. 4100DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.101 2 aplicada multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Nos termos da Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 28. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Jose Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recursos Voluntários interpostos nos autos do processo nº 10320.722153/201375, em face do acórdão nº 0830.493, julgado pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE), na sessão de julgamento de 26 de setembro de 2013, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: LANÇAMENTO Fl. 4101DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.102 3 Os presentes autos versam sobre lançamentos de contribuições previdenciárias feitos pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil MARCIUS CRUZ DA PONTE SOUZA, por meio dos autos de infração a seguir descritos. · DEBCAD 51.037.3810 (CFL 38) – Multa prevista nos arts. 92 e 102 da Lei nº 8.212, de 1991, art. 283, inciso II, alínea “j” e art. 373 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, no valor de R$ 17.165,50, em razão de infração ao art. 33, §§ 2º e 3º da Lei nº 8.212, de 1991 (fl.240); · DEBCAD 51.021.8229 (CFL 38) – Multa prevista nos arts. 92 e 102 da Lei nº 8.212, de 1991, art. 283, inciso II, alínea “a” e art. 373 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, no valor de R$ 17.165,50, por infração ao art. 32, inciso II da Lei nº 8.212, de 1991 (fl.172); · DEBCAD 51.021.8237 (CFL 78) – Multa prevista no art. 32A, caput, inciso II e §§ 2º e 3º da Lei nº 8.212, de 1991, incluídos pela MP nº 449, de 2008, no valor de R$ 3.500,00, por infração ao art. 32, inciso IV da Lei nº 8.212, de 1991, conforme redação da MP nº 449, de 2008 (fl.171); · DEBCAD 51.037.3801 Contribuições previdenciárias patronais não declaradas em GFIP incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais, verificadas em face da divergência de valores de folha de pagamento, RAIS e DIRF em confronto com a GFIP, abrangendo as competências de 01/2009 a 13/2010, com valor total de R$ 745.140,70, consolidado em 23/01/2013 (fls.220 a 239); · DEBCAD 51.037.3771 Contribuições previdenciárias devidas pelos segurados empregados e contribuintes individuais, incidentes sobre remunerações pagas pela empresa, verificadas em face da divergência de valores de folha de pagamento, RAIS e DIRF em confronto com a GFIP. Tratase de valores não declarados em GFIP, referentes às competências 01/2009 a 13/2010, no valor de R$ 146.255,09, consolidado em 23/01/2013 (fls.173 a 190); · ∙DEBCAD N°. 51.037.3780 Contribuições sociais destinadas a outras entidades e fundos incidentes sobre remunerações pagas aos segurados empregados e não declaradas em GFIP, abrangendo as competências de 01/2009 a 13/2010, com valor total de R$ 263.568,56, consolidado em 23/01/2013 (fls.191 a 210); · DEBCAD N°. 51.037.3798 Autos de Infração por descumprimento de obrigação principal lavrados em decorrência de glosa de compensação efetuada antes do trânsito em julgado em desobediência de decisões judiciais exaradas nos autos dos Processos Judiciais nº 0004308 Fl. 4102DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.103 4 67.2011.4.05.8100, 0005342 48.2009.4.05.8100, 0006434 27.2010.4.05.8100 e 0012558 26.2010.4.05.8100, todos em trâmite no Tribunal Regional da 5ª Região e do disposto no art. 170A do Código Tributário Nacional. Durante ação fiscal, com valor total de R$ 2.552.147,60 consolidado em 23/01/2013. (fls.211 a 220). A autoridade lançadora narra os fatos constatados durante a fiscalização no relatório fiscal de fls.100 a 155. O sujeito passivo foi intimado pessoalmente dos autos de infração em 28/01/2013 (fls.171, 172, 173, 191, 220, 211, 240). INFORMAÇÃO DE PAGAMENTO DAS MULTAS REFERENTES AO DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS O sujeito passivo, por meio das petições de fls.3426, 3432 e 3438, informa que efetuou o pagamento das multas referentes aos DEBCAD 51.021.8229, 51.021.8237 e 51.037.3810 com redução de 50%, estando tais débitos extintos conforme extrato de processo de fl.3.923, não sendo eles, portanto, objeto das impugnações apresentadas. IMPUGNAÇÃO O sujeito passivo, em 15/02/2013, impugnou os lançamentos, aduzindo, em breve síntese, que: DEBCAD 51.037.3801, 51.037.3780 e 51.037.3771 (fls.3.444 a 3.453, 3.687 a 3.698 e 3.719 a 3.886 · A multa de ofício de 75% é injusta, indevida, excessiva, padecendo de vício de inconstitucionalidade, pois ofende os princípios da razoabilidade, proporcionalidade, vedação ao confisco, capacidade contributiva e segurança jurídica · Devese considerar o postulado constitucional da proporcionalidade, não para declarar inconstitucional o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, o que não se pede em respeito ao entendimento jurisprudencial segundo o qual o órgão de julgamento administrativo não teria competência para isso, mas para interpretar o referido dispositivo legal conforme a · Constituição, para se afastar a cobrança da multa isolada; · O correto seria aplicar a multa de mora de 20%; · Não praticou nenhuma ação fraudulenta, conforme informa o relatório fiscal, motivo pelo qual ela deve ser afastada; · Por tais razões formula pedido pela nulidade da multa de 75% aplicada nos autos de infração DEBCAD 51.037.3771, DEBCAD 51.037.3780, DEBCAD 51.037.3801. · DEBCAD 51.037.3798 (fls.3719 a 3766) Fl. 4103DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.104 5 · Ajuizou ações pleiteando a inexigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre os valores pagos a título de férias e seu adicional, auxílio doença e acidente, salário maternidade, horasextras, adicionais noturno, de insalubridade, de periculosidade e de transferência, aviso prévio indenizado, 13º salário, valetransporte em dinheiro, planos de saúde a empregados e trabalhadores avulsos; · Por ter recolhido indevidamente as contribuições previdenciárias incidentes sobre as várias rubricas discutidas judicialmente, faz jus à compensação desses valores, independentemente de autorização administrativa ou judicial, com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme o art. 66 da Lei nº 8.383, de 1991, combinado com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, direito este reconhecido pelo Poder Judiciário; · Houve claro equívoco na autuação, uma vez que foram proferidas decisões liminares, sentenças e acórdão que lhe foram favoráveis nos vários processos judiciais, o que por si só suspende a exigibilidade do crédito indevidamente exigido por meio do auto de infração, nos termos do art. 151 do CTN; · Assim, é infundada a decisão que não homologou qualquer suspensão ou compensação declarada pelo impugnante; · Em razão da jurisprudência dominante nos tribunais pátrios, não pode ser compelida ao pagamento de contribuição previdenciária patronal incidente sobre valores pagos a título de saláriomaternidade, férias gozadas, adicional de 1/3 de férias, horasextras, adicional noturno, de periculosidade, de insalubridade e de transferência, aviso prévio indenizado, 13º salário, vale transporte em dinheiro, plano de saúde; · Os procedimentos realizados e devidamente declarados ao Fisco foram lastreados em decisões dos Tribunais Superiores, cuja permissão legal à compensação dos valores recolhidos indevidamente continuam em vigor, não havendo razão para a não homologação das compensações feitas; · Por tais razões formula pedido pela total improcedência do auto de infração do DEBCAD 51.037.3798 A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE) entendeu por manter o crédito previdenciário lançado, determinando que a unidade preparadora adotasse todas as providências necessárias para cobrança imediata do crédito tributário não impugnado. Fl. 4104DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.105 6 Inconformado, o contribuinte apresentou quatro recursos voluntários às fls. 3959/4067, de modo que cada um referiuse a DEBCAD distinto. Os Recursos Voluntários de fls. 3959/3978 (DEBCAD N° 51.037.3771), o de fls. 3979/3998 (DEBCAD n° 51.037.3801) e o de fls.3999/4018 (DEBCAD n° 51.037.378 0) requerem que seja decretada a nulidade da Multa de 75% aplicada no Auto de Infração. O Recurso Voluntário de fl.4019/4067 (DEBCAD n° 51.037.3798) alega que em razão de terem sidas proferidas decisões liminares nos autos dos processos judiciais, não haveria exigibilidade do crédito do auto de infração. Dessa forma, requer que seja julgada improcedente a ação fiscal do DEBCAD n° 51.037.3798). É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Matéria Não Impugnada Por oportuno, importa transcrever que a lide se encontra delimitada desde a primeira instância. A DRJ assim havia delimitado a matéria: "O sujeito passivo insurgese somente contra a aplicação da multa de ofício de 75% aos débitos tratados nos DEBCAD 51.037.3801, 51.037.3780 e 51.037.3771. Dessa forma, o valor principal e juros dos créditos previdenciários referentes aos DEBCAD 51.037.3801, 51.037.3780 e 51.037.3771 correspondem à matéria impugnada, conforme prevê o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. Isso leva à consolidação administrativa do crédito tributário lançado pertinente a essa matéria, porque não fica instaurado o litígio, tornando precluso o recurso voluntário quanto à matéria não impugnada. A unidade preparadora deverá adotar as providências que se fizerem necessárias para a cobrança imediata do crédito tributário não impugnado." Representação fiscal para fins penais. Alegação de inexistência de fraude. Alega o sujeito passivo que não praticou nenhuma ação fraudulenta, conforme informa o relatório fiscal, motivo pelo qual ela deve ser afastada. A autoridade Fl. 4105DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.106 7 lançadora relatou que a conduta do sujeito passivo poderia configurar ilícito penal, motivo pelo qual foi lavrada representação fiscal para fins penais. O procedimento denominado “representação fiscal para fins penais” pelo art. 83 da Lei nº 9.430/1996 nada mais é do que a comunicação ao Ministério Público da prática de ato que, em tese, caracteriza ilícito penal, acompanhada de elementos de prova que dêem respaldo a esse juízo preliminar. Não compete, todavia, a este Conselho manifestarse quanto às constatações da autoridade lançadora que implicaram a lavratura da representação fiscal para fins penais. Isso, inclusive, é o que dispõe a Súmula 28 deste Conselho, vejamos: Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Desse modo, não conheço da matéria alegada. Preliminar de cerceamento de defesa. Pedido de perícia. Alega a contribuinte preliminar de cerceamento de defesa, alegando que a é nula a decisão recorrida, que teria indeferido a realização de prova pericial, o qual entende a contribuinte ser necessária ao correto deslinde do feito, sem ter apresentado motivação para tanto. No que concerne à produção de prova pericial é oportuno ressaltar que o art. 18 do Decreto n.° 70.235, de 1972, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748, de 1993, permite a autoridade julgadora indeferir a perícia eventualmente solicitada, quando entendêla prescindível, sem que se configure tal fato cerceamento do direito de defesa. Assim, não verifico que tenha ocorrido cerceamento de defesa da contribuinte, por ter deixado a DRJ de deferir o pedido da contribuinte. A perícia revestese das características de atividade de apoio ao julgamento e serve à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa. Reservase a perícia à elucidação de pontos duvidosos que requeiram conhecimentos especializados para o deslinde de questão controversa, não se justificando a sua realização quando o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. Desse modo, descabe o pedido de realização de prova pericial, uma vez que não há necessidade de conhecimentos específicos e os documentos contábeis necessários para demonstrar as alegações da defesa devem ser apresentados pela contribuinte Ademais, cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Logo, deveria o contribuinte, se assim entendesse, apresentar aos autos laudo pericial para análise, o que não o fez. Diante do exposto, rejeito a preliminar suscitada de cerceamento de defesa, bem como entendo pelo indeferimento da perícia. Multa de ofício. Fl. 4106DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.107 8 Os Recursos Voluntários de fls. 3959/3978 (DEBCAD N° 51.037.3771), o de fls. 3979/3998 (DEBCAD n° 51.037.3801) e o de fls.3999/4018 (DEBCAD n° 51.037.378 0) requerem que seja decretada a nulidade da multa de 75% aplicada no Auto de Infração. Em relação aos lançamentos dos referidos DEBCAD a contribuinte argumenta que: i) A multa de ofício de 75% é injusta, indevida, excessiva, padecendo de vício de inconstitucionalidade, pois ofende os princípios da razoabilidade, proporcionalidade, vedação ao confisco, capacidade contributiva e segurança jurídica; ii) Devese considerar o postulado constitucional da proporcionalidade, não para declarar inconstitucional o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, o que não se pede em respeito ao entendimento jurisprudencial segundo o qual o órgão de julgamento administrativo não teria competência para isso, mas para interpretar o referido dispositivo legal conforme a Constituição, para se afastar a cobrança da multa isolada; iii) O correto seria aplicar a multa de mora de 20%. No caso concreto, a autoridade lançadora informou quais são os preceitos legais determinantes da multa lançada, quais sejam, o art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, ambos com a redação dada pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Transcrevese a seguir esses dispositivos legais: Lei nº 8.212, de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Lei nº 9.430, de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) A redação desses dispositivos é bastante clara, podendose concluir que nos casos de lançamento de ofício das contribuições previdenciárias que não foram declaradas e pagas, devese aplicar a multa de ofício de 75%. È justamente o que ocorreu no caso em tela, em que se lançaram créditos tributários que não haviam sido declarados em GFIP e nem pagos pelo sujeito passivo. Tratamse de dispositivos legais cujo exercício de interpretação não vai além do que está expresso em seus próprios textos, motivo pelo qual não procede a alegação do sujeito passivo de que este órgão julgador deveria interpretar a lei conforme a Constituição. Por tais razões, não há como se afastar a incidência da multa de ofício de 75% nesta instância administrativa de julgamento. Ação Judicial. Renúncia à via administrativa. Fl. 4107DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.108 9 O sujeito passivo discorreu abundantemente acerca de seu alegado direito de não recolher contribuição previdenciária incidente sobre várias rubricas pagas a segurados, direito esse que deverá ser declarado pelo Poder Judiciário em razão das várias ações ajuizadas. Conforme se verifica dos autos, a contribuinte está discutindo judicialmente a incidência de contribuição previdenciária sobre algumas rubricas, dentre elas os valores pagos nos primeiros 15 dias de afastamento dos empregados doentes ou acidentados e, também, aqueles pagos a título de terço constitucional de férias. No entanto, a Súmula nº 01 deste Conselho assim dispõe: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Portanto, não conheço das alegações quanto a não incidência de contribuição previdenciária sobre as rubricas em questão, diante da renúncia à instância administrativa. Glosa por compensação indevida. Trata o Auto de Infração DEBCAD 51.037.3798 da glosa de compensação de contribuição previdenciária declarada em GFIP e escudadas em ações judiciais, processos nº 0004308 67.2011.4.05.8100, 0005342 48.2009.4.05.8100, 000643427.2010.4.05.8100 e 0012558 26.2010.4.05.8100, todos com trâmite no Tribunal Regional da 5ª Região. Ocorre que a contribuinte procedeu à compensação antes do trânsito em julgado das decisões judiciais, prática vedada pelo art. 170A do Código Tributário Nacional. Assim, o direito da contribuinte escudado pelas ações judiciais ainda não foi definitivamente julgado pela Justiça, sendo, portanto, indevida a compensação declarada em GFIP nas competências referidas. A compensação de valores discutidos judicialmente deve obedecer o que determina o CTN, no artigo 170A: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (grifouse) Observase que na época da realização das compensações o referido processo ainda não havia sido definitivamente julgado. Dessa feita, em que pese o fato de haver discussão judicial acerca da incidência de contribuições previdenciárias sobre algumas verbas pagas a empregados, temse que não há nos autos nenhuma decisão judicial que, contrariando a legislação tributária de regência, autorizasse o contribuinte a compensar valores decorrentes de discussão judicial ainda não transitada em julgado com contribuições apuradas, conforme realizou. Fl. 4108DF CARF MF Processo nº 10380.720648/201355 Acórdão n.º 2202004.120 S2C2T2 Fl. 4.109 10 Portanto, em conformidade com o dispositivo citado, e em respeito à decisão judicial referida pela recorrente, as compensações, objeto de glosa por meio da autuação tratada no presente processo, foram efetuadas sem que, na oportunidade de sua realização, existissem créditos que lhes amparassem, devendo tais glosas serem mantidas. Alegações de inconstitucionalidade. Em relação a alegação de caráter confiscatório da multa aplicada, deixo de apreciála, por força do disposto na Súmula CARF nº 2, que assim dispõe: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". Conclusão. Ante o exposto, voto por rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 4109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.721802/2011-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AÇÃO JUDICIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES. TABELA PROGRESSIVA.
Os rendimentos recebidos acumuladamente são tributáveis no mês de seu recebimento e na declaração de ajuste. Nos casos previstos no artigo 12-A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, disciplinado pelo disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.127, de 7 de fevereiro de 2011, esses rendimentos, a partir de 28 de julho de 2010, relativos a anos-calendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos.
Numero da decisão: 2401-004.967
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário. No mérito, por maioria, dar-lhe provimento parcial para determinar, em relação aos rendimentos de aposentadoria recebidos acumuladamente, relativos ao ano-calendário 2009, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto, que davam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AÇÃO JUDICIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES. TABELA PROGRESSIVA. Os rendimentos recebidos acumuladamente são tributáveis no mês de seu recebimento e na declaração de ajuste. Nos casos previstos no artigo 12-A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, disciplinado pelo disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.127, de 7 de fevereiro de 2011, esses rendimentos, a partir de 28 de julho de 2010, relativos a anos-calendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos.
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AÇÃO JUDICIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES. TABELA PROGRESSIVA. Os rendimentos recebidos acumuladamente são tributáveis no mês de seu recebimento e na declaração de ajuste. Nos casos previstos no artigo 12A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, disciplinado pelo disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.127, de 7 de fevereiro de 2011, esses rendimentos, a partir de 28 de julho de 2010, relativos a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 18 02 /2 01 1- 27 Fl. 38DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário. No mérito, por maioria, darlhe provimento parcial para determinar, em relação aos rendimentos de aposentadoria recebidos acumuladamente, relativos ao ano calendário 2009, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto, que davam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 39DF CARF MF Processo nº 10730.721802/201127 Acórdão n.º 2401004.967 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Cuidase os presentes autos de Notificação de Lançamento (fls. 4/7) lavrada em nome do sujeito passivo em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão da sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2009, anocalendário 2008, onde se constatou a Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica Decorrentes de Ação na Justiça Federal no valor de R$ 28.296,82. Na apuração do imposto devido não foi compensado o Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF sobre os rendimentos omitidos. De conformidade com a Descrição dos Fatos e enquadramento legal, fl. 5, a apuração teve como base informação da Caixa Econômica Federal. Após a revisão, foi apurado o imposto suplementar de R$ 730,38 em detrimento do imposto a restituir de R$ 848, 82, declarado pelo sujeito passivo. O contribuinte foi cientificado do lançamento por aviso de recebimento postal, em 18/05/2011 (fl. 14), e apresentou impugnação em 31/05/2011 (fl. 02), com as seguintes considerações: a) Expõe que no ano 2002 propôs uma ação na Justiça Federal para revisar o benefício de sua aposentadoria sendo efetivado o pagamento em 31/01/2008; b) Aponta que por se tratar de aposentadoria e ter mais de 65 anos, teria direito a parcela de isenção a ser diluída pelo período o que acarretaria diferença nos valores a serem cobrados; c) Apresenta planilha de conta de liquidação. A 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) julgou improcedente a impugnação (Acórdão 1251.584 – fls. 16/21), nos seguintes termos: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ¬ IRPF Exercício: 2009 RENDIMENTOS RECEBIDOS EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. Os rendimentos recebidos em decorrência de decisão judicial devem ser oferecidos à tributação cumulativamente com os outros rendimentos tributáveis informados na Declaração de Ajuste Anual, excluindo¬se as verbas de natureza indenizatória. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Fl. 40DF CARF MF 4 Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto Recurso Voluntário (fl. 29), nos seguintes termos: “I – Os fatos Em 17/02/2002 ingressou na Justiça Federal com ação de revisão de benefício da aposentadoria e que em 31/01/2008 foi efetivado esse pagamento. II.1 – Preliminar Por se tratar de diferença de aposentadoria e contribuinte com mais de 65 anos, a legislação permite valor a maior de isenção, como pode ser observado pela planilha em anexo os valores diluído o valor atribuído de imposto seria totalmente diferente do apresentado. II – Mérito Como pode ser observado na preliminar por se tratar de diferença de aposentadoria o mesmo teria que ser observado os limites de isenção para declarantes com mais de 65 anos, onde pode ser observado pela planilha de cálculo que foi objeto de sentença judicial em anexo. III – Conclusão À vista de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e a improcedência da ação fiscal, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado (...)” É o relatório. Fl. 41DF CARF MF Processo nº 10730.721802/201127 Acórdão n.º 2401004.967 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Pressupostos De Admissibilidade O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 21/01/2013, conforme fl. 25, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 04/02/2013 (fl.29). Do mérito DOS RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. O Recorrente foi notificado por omitir rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente em virtude de ação judicial federal que objetivou reajuste de benefícios previdenciários. Os rendimentos recebidos acumuladamente são tributáveis no mês de seu recebimento e na declaração de ajuste. Nos casos previstos no artigo 12A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, disciplinado pelo disposto na Instrução Normativa RFB nº 1.127, de 7 de fevereiro de 2011, esses rendimentos, a partir de 28 de julho de 2010, relativos a anos calendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. Nessa linha de entendimento, será utilizada “tabela progressiva resultante da multiplicação de quantidade de meses a que se refiram os rendimentos”, com o propósito de compatibilizar o regime ao entendimento pacificado pela Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 614. 406/RS. Confirase: Art. 12A. Os rendimentos recebidos acumuladamente e submetidos à incidência do imposto sobre a renda com base na tabela progressiva, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. (Redação dada pela Lei nº 13.149, de 2015) § 1o O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 2o Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao Fl. 42DF CARF MF 6 seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 3o A base de cálculo será determinada mediante a dedução das seguintes despesas relativas ao montante dos rendimentos tributáveis: (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) I – importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de separação ou divórcio consensual realizado por escritura pública; e (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) II – contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 4o Não se aplica ao disposto neste artigo o constante no art. 27 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, salvo o previsto nos seus §§ 1o e 3o. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 5o O total dos rendimentos de que trata o caput, observado o disposto no § 2o, poderá integrar a base de cálculo do Imposto sobre a Renda na Declaração de Ajuste Anual do anocalendário do recebimento, à opção irretratável do contribuinte. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 6o Na hipótese do § 5o, o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte será considerado antecipação do imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 7o Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1o de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória no 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 8o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 9o A Secretaria da Receita Federal do Brasil disciplinará o disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) Art. 12B. Os rendimentos recebidos acumuladamente, quando correspondentes ao anocalendário em curso, serão tributados, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Assim, por todo o exposto, e, em atenção a nova redação do artigo 12A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 , do Código Tributário Nacional, voto no sentido de, nesse específico particular, dar provimento ao Recurso Voluntário, para que o cálculo do tributo devido relativo aos rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente pelo Contribuinte seja realizado levandose em consideração as tabelas e alíquotas vigentes nas competências correspondentes a cada uma das parcelas integrantes do pagamento Fl. 43DF CARF MF Processo nº 10730.721802/201127 Acórdão n.º 2401004.967 S2C4T1 Fl. 5 7 recebido de forma acumulada pela Recorrente. Nesse sentido entendimentos proferidos por esse egrégio Conselho Administrativo: IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a exigência do imposto de renda com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. (Acórdão nº 2202003.193, Processo nº 11080.731461/201324 , rel. Conselheiro Martin da Silva Gesto, j. em 17/02/2016) 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 44DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002451/2008-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2003
RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
(Súmula Carf nº 103).
Numero da decisão: 2401-005.017
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2003 RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula Carf nº 103).
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula Carf nº 103). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 24 51 /2 00 8- 66 Fl. 1132DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.133 2 Relatório Cuidase de recurso de ofício interposto pela Presidente da 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), em face da decisão administrativa consubstanciada no Acórdão nº 1235.732, cujo dispositivo considerou a impugnação procedente em parte, mantendo parcialmente o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa desse Acórdão (fls. 1.084/1.100): Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2003 DECADÊNCIA.CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. PRAZO. Para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inciso I do CTN, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. REMESSA A DOMICILIADO NO EXTERIOR. NÃO COMPROVAÇÃO DA OPERAÇÃO. A aplicação da alíquota zero de IRRF sobre receitas de fretes, auferidos por empresa domiciliada no exterior, provenientes de fontes situadas no País, depende da comprovação da natureza e motivação dos valores remetidos. BASE DE CÁLCULO. ERRO NA APURAÇÃO. INGRESSOS COMPUTADOS COMO REMESSAS DE VALORES. Incabível a tributação de transferências recebidas do exterior como se fossem remessas de valores para o exterior. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte 2. Extraise do Auto de Infração, acostado às fls. 388/411, que o lançamento referese a crédito tributário apurado em decorrência da falta de recolhimento do Imposto sobre a Renda na Fonte, relativo a fatos geradores do anocalendário 2003, incidente sobre remessas de valores ao exterior. 3. A ciência da autuação se deu em 15/10/2008, por meio do procurador da pessoa jurídica, tendo o sujeito passivo apresentado impugnação no prazo legal (fls. 431/448). 4. O colegiado de primeira instância decidiu pela procedência parcial do lançamento fiscal, afastando a incidência da tributação sobre as transferências caracterizadas como recebidas pela pessoa jurídica, e não remetidas ao exterior. Fl. 1133DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.134 3 5. Em razão do valor exonerado ultrapassar o limite de alçada de que trata o art. 1º da Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, a autoridade competente de primeira instância interpôs o recurso de ofício. 6. A empresa autuada foi cientificada da decisão de piso por edital em 13/04/2012, tendo em conta que infrutífera a intimação via postal (fls. 1.106/1.114). 7. Com relação à parte mantida na decisão de primeira instância, não consta manifestação do sujeito passivo, tendo sido transferido o respectivo crédito tributário para o Processo nº 12448.734699/201287 (fls. 1.124) É o relatório. Fl. 1134DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.135 4 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 8. Diante da não apresentação de recurso voluntário, foi devolvido à apreciação deste órgão "ad quem" tão somente o recurso de ofício. 8.1 Formalizado na própria decisão, o recurso de ofício foi interposto pela autoridade de primeira instância em harmonia com as normas aplicáveis à matéria, dada que a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo do pagamento de crédito tributário em valor superior ao limite estabelecido pela Portaria MF nº 3, de 2008. 9. Recentemente, no entanto, a Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, publicada no Diário Oficial da União de 10/02/2017, estabeleceu novo limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. 9.1 Segundo o novel ato administrativo, o recurso de ofício deverá ocorrer sempre que a decisão de primeira instância exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). 10. Sobre a aplicação do limite de alçada no tempo, por tratarse de norma processual, consolidouse o entendimento no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) da sua aplicação imediata aos processos em curso, em detrimento ao regramento vigente à época da interposição do recurso de ofício. Tal posição consta do enunciado da Súmula nº 103: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. 11. Compulsando os autos, verifico a seguinte configuração para o tributo lançado mais a multa de ofício proporcional, no percentual de 75%: Crédito Tributário Valor Original (R$) (fls. 388) Valor Mantido (R$) (fls. 1.096/1.097) Valor Desonerado (R$) Imposto 2.949.794,17 1.668.358,96 1.281.435,21 Multa Proporcional 2.212.345,43 1.251.268,96 961.076,47 Total 5.152.094,60 2.909.582,92 2.242.511,68 Fl. 1135DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.136 5 12. Como se observa, o valor desonerado pela decisão de piso, para fins de avaliação do juízo de admissibilidade do recurso de ofício, foi inferior ao patamar mínimo de R$ 2.500.000,00. 13. Logo, não conheço do recurso de ofício, por falta de previsão legal, tendo em conta o limite de alçada estabelecido na Portaria MF nº 63, de 2017. Conclusão Ante o exposto, NÃO CONHEÇO do recurso de ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 1136DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14120.000174/2009-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2009
INFORMAÇÃO FISCAL PARA CANCELAMENTO DA ISENÇÃO. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Após as alterações legislativas impostas pela Lei nº 12.101/2009 e pelo Decreto nº 7.237/2010, tornou-se despicienda a lavratura de Informação Fiscal para cancelamento da isenção. Não deve ser conhecido o Recurso Voluntário por perda de objeto.
Numero da decisão: 2401-004.996
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Após as alterações legislativas impostas pela Lei nº 12.101/2009 e pelo Decreto nº 7.237/2010, tornouse despicienda a lavratura de Informação Fiscal para cancelamento da isenção. Não deve ser conhecido o Recurso Voluntário por perda de objeto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 01 74 /2 00 9- 67 Fl. 780DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 781DF CARF MF Processo nº 14120.000174/200967 Acórdão n.º 2401004.996 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do Despacho Decisório (fl. 680), exarado pela DRF/CGEMS, com a publicação do Ato Declaratório Executivo nº 44 de 2009 (fls.681 e 683), que decidiu pelo "Cancelamento de Isenção de Contribuições Sociais" de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei no 8.212/1991, concedida à Recorrente. No presente processo, conforme narrado na Informação Fiscal de fls.02 a 08, foi proposto o Cancelamento da Isenção de Contribuições Previdenciárias em virtude de a Recorrente não ter atendido ao disposto nos incisos III a V do artigo 55, da Lei n° 8.212/1991 e nem ao requisito do Decreto 2.536/98 (aplicação de 20% da receita bruta em gratuidade). Ato contínuo foi emitida uma Representação Administrativa RA para o CNAS Conselho Nacional de Assistência Social por descumprimento das condições e dos requisitos previstos nos artigos 2° e 3° do Decreto n° 2.536, de 06/04/1998, que dispunha sobre a concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, alterado pelo Decreto n° 3.504, de 13/06/2000 e, posteriormente, revogado pelo Decreto nº 7.237/2010. A Recorrente, cientificada em 07/07/2009 (fl. 143) da Informação Fiscal que propôs o cancelamento da isenção de contribuições previdenciárias, e em 22/07/2009 protocolou sua Impugnação de fls. 144 a 192 dirigida à DRF/CGEMS. A Seção de Fiscalização SAFIS da DRF/CGEMS emitiu Despacho Decisório (fl. 680) decidindo pelo "Cancelamento de Isenção de Contribuições Sociais", com publicação do Ato Declaratório Executivo nº 44/2009 (fl. 681) no Diário Oficial da União em 14/09/2009 (fl. 682). A Recorrente tomou ciência da Decisão em 22/09/2009 através do TERMO DE CIÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO enviado via Correio (AR fl. 684) e, em 21/10/2009 e, tempestivamente, apresentou seu Recurso Voluntário (fls. 685/749) dirigido ao CARF, onde se insurge contra o cancelamento da isenção e pleiteia a anulação do ato administrativo que culminou com o Ato Declaratório Executivo n° 44/2009. No CARF, o Relator proferiu despacho (fls.763/764) devolvendo o processo à origem para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção, conforme previsto no art. 45 do Decreto nº 7.237/2010. A Seção de Controle e Acompanhamento Tributário – SACAT da DRF/CGE MS recebeu os Autos e emitiu a Informação Fiscal nº 0234/2013 (fls.759/760), no sentido de que no âmbito da referida DRF todos os procedimentos pertinentes ao cumprimento do art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009, foram adotados. Os Autos foram encaminhados a DRJ/CGEMS para a continuidade do trâmite administrativo. Fl. 782DF CARF MF 4 Em 10/07/2014 a DRJ emitiu Despacho de Devolução (fls. 763/764) onde: diz que a matéria tratada nos presentes Autos foge à sua competência, uma vez que os trâmites seguem rito específico previsto no Decreto nº 3.048/1999, combinado com o art. 29, da Lei nº 11.457/2007; e sugeriu o retorno dos Autos à SACAT da DRF/CGEMS a fim de que este seja encaminhado ao presente ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. É o relatório. Fl. 783DF CARF MF Processo nº 14120.000174/200967 Acórdão n.º 2401004.996 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade A contribuinte apresentou Recurso Voluntário contra o Ato Declaratório Executivo n° 44/2009 que cancelou a isenção conforme publicação do Diário Oficial e Termo de Ciência (fls. 685/749). Conforme se destaca no Relatório, trata o presente processo de cancelamento de isenção de contribuições previdenciárias, de acordo com o narrado na informação fiscal de fls. 02 a 08. Após ciência da Informação Fiscal, o sujeito passivo protocolou impugnação (fls.144 a 192), tendo sido emitido despacho decisório pela DRF/CGEMS pelo cancelamento da isenção (fls.674/680), com a publicação do ADE nº 44/09 (fls.681 e 682). Por ocasião do despacho nº 2401030, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF (fls. 753/754), foi determinado o encaminhamento do presente processo à unidade de origem para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção. A Sacat da DRF/CGE recebeu os autos e emitiu a informação de fl.759, no sentido de que no âmbito da referida DRF todos os procedimentos pertinentes ao cumprimento do art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009, já teriam sido adotados, e remeteu os autos a esta DRJ para procedimentos da alçada desta. Em Despacho adunado às fls. 763/764, a DRJ/CGE entendeu que a matéria tratada nos presentes autos foge da competência da DRJ, tendo em vista o rito específico previsto no Decreto nº 3.048/1999. Após informação de fls. 766 o processo foi encaminhado ao CARF. Com efeito, a admissibilidade do Recurso Voluntário passa pela análise da mudança superveniente da legislação através de um breve levantamento cronológico dos fatos: · A Informação Fiscal IF propondo o cancelamento da isenção foi lavrada em 26/06/2009, sendo cientificada à Contribuinte em 07/07/2009 (fl. 143). · Foi apresentada impugnação à IF em 22/07/2009 (fls.144 a 192); · O cancelamento da isenção através do ADE nº 44/09 foi publicado no Diário Oficial em 14/09/2009; · O Recurso Voluntário foi protocolado em 21/10/2009; Fl. 784DF CARF MF 6 · Em 30/11/2009 foi publicada a Lei nº 12.101/2009, que revogou o art. 55 da Lei nº 8.212/1991, e estabeleceu o seguinte: Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. § 1o Considerarseá automaticamente suspenso o direito à isenção das contribuições referidas no art. 31 durante o período em que se constatar o descumprimento de requisito na forma deste artigo, devendo o lançamento correspondente ter como termo inicial a data da ocorrência da infração que lhe deu causa. § 2o O disposto neste artigo obedecerá ao rito do processo administrativo fiscal vigente. · Em 21/11/2010 foi publicado o Decreto nº 7.237/2010, que regulamentou a Lei nº 12.101/2009, e foi posteriormente revogado pelo Decreto nº 8.242/2014 que assim dispõe: Art. 47. O direito à isenção das contribuições sociais somente poderá ser exercido pela entidade a partir da data da publicação da concessão de sua certificação no Diário Oficial da União, desde que atendidos cumulativamente os requisitos previstos na Lei no 12.101, de 2009, e neste Decreto. Art. 48. Constatado o descumprimento de requisito estabelecido pelo art. 46, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará auto de infração relativo ao período correspondente, com o relato dos fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. § 1o Durante o período a que se refere o caput, a entidade não terá direito à isenção e o lançamento correspondente terá como termo inicial a data de ocorrência da infração que lhe deu causa. § 2o A entidade poderá impugnar o auto de infração no prazo de trinta dias, contado de sua intimação. § 3o O julgamento do auto de infração e a cobrança do crédito tributário seguirão o rito estabelecido pelo Decreto no 70.235, de 1972. (...) Art. 50. Os processos para cancelamento de isenção não definitivamente julgados em curso no âmbito do Ministério da Fazenda serão encaminhados a sua unidade competente para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção, na forma do rito estabelecido no art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009, aplicada a legislação vigente à época do fato gerador. Fl. 785DF CARF MF Processo nº 14120.000174/200967 Acórdão n.º 2401004.996 S2C4T1 Fl. 5 7 Juntamente com a Informação Fiscal a autoridade fiscalizadora ainda lavrou os autos de infração de números 35.193.1622, 35.193.1630, 35.193.1649, 35.193.1657, através dos quais estão sendo discutidos a efetiva existência dos créditos tributários. O processo ora sob julgamento versa sobre a Informação Fiscal relacionada ao cancelamento da isenção da Contribuinte. No entanto, conquanto sua lavratura tenha sido adequada à época, com a mudança da legislação, e tendo em vista a regra insculpida no art. 144, §1º, do CTN, tornouse despicienda a sua propositura, tendo em vista que todos os fatos que justificam a constituição do crédito tributário deverão ser discutidos no bojo dos Autos de Infração correspondentes à exigência dos respectivos créditos, com amplo direito à defesa. Assim, tendo em vista o acima exposto, entendo que a Informação Fiscal perdeu seu objeto, uma vez que a análise do cancelamento da isenção deve ser perfectibilizada nos autos dos Processos Administrativos relacionados aos Autos de Infração, o que tem como consequência a perda de objeto do Recurso Voluntário que busca combatêla. Conclusão Diante do exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Voluntário por perda do objeto. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 786DF CARF MF
score : 1.0