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Numero do processo: 10166.725063/2012-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminando-os por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO.
A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA.
As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE
A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais.
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS.
O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUB-ROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE.
A empresa adquirente de produtos rurais fica sub-rogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária.
ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA.
Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado.
Numero da decisão: 2402-005.999
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de defesa em se tratando de auto de infração composto por documentos que descrevem, de forma clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento, discriminandoos por estabelecimento e por competência, bem assim quando são indicados os fundamentos jurídicos que tenham dado suporte à autuação. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE FRETES PAGOS A TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo das contribuições sociais incidente sobre fretes pagos a transportadores autônomos (contribuintes individuais) corresponde a 20% (vinte por cento) do valor do recebido a esse título. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA. As contribuições da empresa relativas a serviços prestados por transportares autônomos corresponde a 20% (vinte por cento) do frete ou carreto, na forma estabelecida em regulamento. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHADOR. RECOLHIMENTO. RESPONSABILIDADE A responsabilidade pelo recolhimento da contribuição devida pelos transportadores autônomos é da empresa contratante dos serviços prestados por essa espécie de contribuintes individuais. TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS. CONTRIBUIÇÕES A TERCEIROS. O recolhimento das contribuições devidas por transportadores autônomos ao SEST e ao SENAT incumbe à empresa contratante dos serviços. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 50 63 /2 01 2- 85 Fl. 720DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica subrogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidos na legislação previdenciária. ISENÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DO LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA. Tendo a Fazenda Pública demonstrado a ocorrência do fato gerador de exação tributária, a arguição quanto ao enquadramento do contribuinte em regra isentiva deve vir acompanhada elementos de prova aptos a comprovar o alegado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 721DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília – DRJ/BSB (677/691) em face de autos de infração de obrigação Principal – AIOP a seguir enumerados: DEBCAD 37.379.2387, no valor de R$ 1.037.506,44 (um milhão trinta e sete mil quinhentos e seis reais e quarenta e quatro centavos), relativo às contribuições previdenciárias devidas pela empresa à Seguridade Social e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, DEBCAD 37.379.2395 , no valor de R$ 49.349,23 (quarenta e nove mil trezentos e quarenta e nove reais e vinte e três centavos), relativa à contribuição do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; DEBCAD 37.379.24079, no valor de R$ 79.107,91 (setenta e nove mil cento e sete reais e noventa e um centavos) relativa à contribuição destinadas a Outras Entidades (SEST, SENAT e SENAR). As bases de cálculo dos AIOP referemse aos estabelecimentos da empresa que fizeram aquisição de produção rural com movimentação de trabalhadores no período fiscalizado. Quais sejam: Matriz: 72.600.190/000199, Filiais: 000431, 00512, 000601, 000784, 000946, 001160, 001403, 001675, 001918, 002051, 002132 e 002566. Por bem retratar o contexto em que se lavrou os Autos de Infração e as razões trazidas na impugnação (fls. 651/661), reproduzse os trechos correspondentes do Acórdão nº 0355.088, da 5ª Turma da DRJ/BSB: DOS AUTOS DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Da incidência de contribuições previdenciárias sobre fretes pagos a pessoa física e Prólabore Indireto (contribuintes individuais). De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 53/73, o crédito tributário objeto do presente lançamento fiscal se refere às contribuições previdenciárias incidentes sobre a aquisição de produção rural do produtor pessoa física e pagamento a contribuinte individual inclusive fretes pagos a transportador autônomo não declaradas em GFIP. a) Fretes pagos a autônomos A fiscalização constatou que o contribuinte não inclui em folha de pagamento nem em GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, tanto nos casos dos valores decorrentes de aquisição de produção rural, quanto em relação à categoria dos contribuintes individuais, conforme relação anexa, sem no entanto, identificar os descontos efetuados dos segurados. Registra ainda que além das contribuições devidas pela empresa, os referidos transportadores autônomos estão sujeitos ao pagamento da contribuição do segurado Fl. 722DF CARF MF 4 de 11% incidente sobre a referida base de cálculo dos fretes e contribuições devidas a outras entidades e fundos – no caso o SEST e SENAT. b) Prólabore Indireto Verificouse na contabilidade que o sócio Aroldo Silva Amorim Filho foi remunerado pela empresa de forma disfarçada, por meio de pagamento de despesas pessoais, tais como restaurantes em fins de semana, despesas diversas como de viagens, supermercado, combustível, etc, conforme relação contida no item 18 do Relatório Fiscal. Intimado, por meio de Termo de Intimação, a justificar a origem e natureza dos pagamentos efetuados o contribuinte não justificou de forma precisa as referidas despesas, especialmente as relacionadas aos sócios. Ademais não consta na folha de pagamento a rubrica prólabore em nenhum dos meses fiscalizados, embora o sócio Aroldo Silva Amorim Filho atue como gerente ou administrador. A justificativa verbal da contadora é a de que as despesas de restaurantes e de viagens deste são decorrentes de sua atividade de gerente. Mas de acordo com documentos fiscais e cartão de crédito apresentados (Anexo V), há clara evidência de que tais despesas estão mais vinculadas aos gastos pessoais, por se tratar de restaurantes de alto nível de Brasília, em finais de semana e próximos de sua residência, o que faz presumir que o não pagamento de prólabore regularmente e diretamente ao sócio atende o objetivo de reduzir o pagamento de tributos sobre os rendimentos tributáveis, tanto pela empresa como pelo próprio sócio, utilizandose de pagamentos indiretos por meio de suas despesas pessoais. Quanto aos pagamentos de fretes a transportadores autônomos e prólabore indireto pago ao sócio Aroldo Silva Amorim Filho, foram levados a tributação todos os valores pagos as pessoas e lançamentos contábeis identificados no Anexo III. Afirma que a integração à base de cálculo de contribuições previdenciárias dos valores pagos a sócios, ainda que por meio de utilidades, constitui remuneração a contribuinte individual, de acordo com o inciso III do art. 28, da Lei nº 8.212/91. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre a aquisição de produção rural de pessoa física, no período de 06/2008 a 12/2008. Verificouse ainda que a empresa Asa Alimentos Ltda infringiu a legislação previdenciária ao não recolher as contribuições incidentes sobre a aquisição de produção rural de origem animal, proveniente de produtor pessoa física, sob a alegação de que tais produtos não integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias, conforme informações prestadas em atendimento ao termo de Intimação nº 08, por meio de carta resposta de 24/05/2012, Anexo III, em desacordo, portanto, com a Lei nº 11.718, de 20/06/2008, tendo em vista a revogação do §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91. Informa o contribuinte: “Que a diferença de bases de cálculos é devido às compras de produto animal destinado á reprodução ou criação pecuária e granjeira, que conforme legislação vigente na época não integra a base de cálculo da contribuição à produção rural que são deles:20251 Matrizes Suínas, 40062 Pinto de 1 dia, 40063 Suíno vivo (leitão) e 40064 Ovos Férteis. Da incidência de contribuições previdenciárias sobre a aquisição de produção rural de pessoa física, no período de 06/2007 a 05/2008. Para o período de 06/2007 a 05/2008, o citado §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91, concedia isenção na aquisição de produção rural, de origem animal, desde que a empresa apresentasse as seguintes destinações ou finalidades: Reprodução ou Fl. 723DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 4 5 criação pecuária ou granjeira; ou utilização de animais como cobaias para fins de pesquisas cientificas. Instado, por meio do Termo de Intimação nº 09, de 06/06/2012, a identificar a correta destinação da produção rural de origem animal, da qual afirmava tratarse de produção isenta, o contribuinte não atendeu a solicitação nos exatos termos acima. E da análise dos documentos apresentados, tais como cartas respostas, Notas Fiscais, Livros de Entrada de Mercadorias e outros demonstrativos, não se verificou que a aquisição de produção rural de origem animal tenha a destinação ou finalidade enquadrada na isenção contida no §4º do art. 25, da Lei nº 8.212/91. Registra que ficou constatado que o contribuinte não inclui em folha de pagamento nem em GFIP todos os fatos geradores de contribuição previdenciárias, por esta razão foi solicitado por meio de termo de intimação que o contribuinte identificasse de forma individualizada todos os pagamentos efetuados à prestadores de serviço pessoa física, tendo sido considerado a base de cálculo, em relação a aquisição de produção rural, todos os valores constantes, mensalmente, das planilhas do Anexo IV , apresentado com a segregação temporal dos fatos geradores, em face da alteração do art. 25, § 4º da Lei nº 8.212/91, em dois demonstrativos: Demonstrativo Pr Produção Rural Adquirida De Pessoa Física, no período de 06/2007 a 05/2008 e Demonstrativo Pr –Produção Rural Adquirida De Pessoa Física, no período de 06/2008 a 12/2008. Destaca ainda a fiscalização que além das contribuições previdenciárias a que se refere o art. 25 da Lei nº 8.212/91, é devido pelo sujeito passivo a contribuição de 0,2% a outras entidades e fundos Terceiros SENAR, de acordo com o art. 6º da Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, com redação da Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001. DA MULTA APLICADA Esclarece o autuante que, em razão das alterações trazidas pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, e, tendo em vista o disposto no art. 106 do Código Tributário Nacional – CTN, a multa calculada na ação fiscal geradora destes autos foi a resultante do confronto entre a multa de ofício de 75% com as multas capituladas nos Códigos de Fundamentação Legal 68 (apresentar a empresa a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias), somada à multa de mora de 24%, prevista no art. 35 da Lei 8.212/91, sobre as contribuições devidas e não recolhidas, resultando como mais benéfica ao sujeito passivo, a multa de oficio de 75% sobre o valor devido, prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96, conforme tabela de fls. 66/67. DA REPRESENTAÇÃO FISCAL Dispõe que a situação acima descrita de redução de contribuição social mediante a não inclusão de segurados ou remunerações em folha de pagamento e/ou GFIP, em época própria, configuram, em tese, crime de sonegação de contribuição previdenciária, previsto no art. 337A do Código Penal, com redação dada pela Lei nº 9983, de 14/07/2000, e, portanto, será objeto de Representação Fiscal Para Fins Penais, com comunicação à autoridade competente para providências cabíveis. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 724DF CARF MF 6 Tempestivamente, a autuada apresentou a impugnação de fls. 650/ 661, para todos os autos de infração lavrados nesta ação fiscal, inclusive os decorrentes de descumprimento de obrigação acessórias, juntando a documentação de fls. 662/666, que comprovam a capacidade postulatória dos advogados que a assinam, com as seguintes alegações, em apertada síntese: DAS PRELIMINARES Do Cerceamento de Defesa Aduz em preliminares que após análise dos autos (Discriminativo do Débito DD e anexos) verificou que alguns lançamentos não foram realizados de maneira clara e precisa quanto à base de cálculo dos lançamentos, prejudicando assim o contraditório por parte do contribuinte. Afirma que o lançamento fiscal deve discriminar os fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, bem como suas bases de cálculo, sob pena de cerceamento de defesa. E que no caso do presente auto pode constatar que os lançamentos foram realizados sem a demonstração do montante que compõe as bases de cálculo pertinentes. DO MÉRITO Incidência de Contribuição Previdenciária sobre Fretes pagos à Pessoa Física (Autônomos). Relata que o Anexo III do Auto de Infração embora relacione os autônomos não visualizados na folha de pagamento nas competências 06/2007 a 12/2008, constatase que os valores ali informados não encontram correspondência com os valores apurados, pelo autuante, no Discriminativo do Débito – DD, assim requer a desconsideração da exigência fiscal. Incidência de Contribuição Previdenciária Aquisição de Produção Rural de Pessoa Física. Informa que conforme se depreende do esclarecimento prestado pela recorrente, a diferença das bases de cálculo sobre a aquisição de produção rural de pessoa física está relacionada com a isenção concedida pelo art. 25, §4º da Lei nº 8.212/91, revogado pelo art. 12 da Lei nº 11.718, de 23 de junho de 2008. Afirma que a empresa explora a atividade de pecuária, com engorda e abate de aves e suínos, iniciando o seu processo econômico com a reprodução do animal juvenil e sua engorda até o abate, que é realizado em estabelecimento de terceiros (integrado). Informa ainda que as aquisições de produtos animais são destinadas à reprodução e/ou criação pecuária ou granjeira, portanto, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. E que além disso não existe na legislação previdenciária qualquer disposição, no sentido de que o contribuinte tenha a obrigação de comprovar o disposto no texto legal, ou seja comprovar a destinação da aquisição do produto animal. Na sequência, aduz que tendo em vista que a publicação da Lei nº 11.718/08, ocorreu em 23/06/2008, em respeito ao princípio da anterioridade nonagenal (art. 195, §6º, CF/88) entende pela incidência da contribuição nas condições acima apenas a partir de 21/09/2008, sendo responsabilidade da Receita Federal do Brasil especificar a competência do fato gerador e a apuração da sua base de cálculo, de forma clara e precisa para fins do efetivo recolhimento previdenciário, de parcela relativa a período posterior, de 21/09/2008 a 31/12/2008, o que não foi realizado. Fl. 725DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 5 7 Das Obrigações Acessórias A impugnante insurgese contra os autos de infração nos códigos de Fundamentação Legal CFL 30, 34 e 35, afirmando que no decorrer da defesa e da ação fiscal pode demonstrar o cumprimento das obrigações a ela inerentes, inclusive forneceu todas as informações solicitadas. Entretanto, a autoridade fiscal entendeu que a falta de apresentação de documentação se deu por não ter a recorrente instruído a relação de documentos, sem a informação do desconto do segurado contribuinte individual – Transportador Autônomo, o que obrigou a fiscalização a aferir em 11% os descontos do segurado transportador pessoa física. Entende a recorrente que apresentou as informações cadastrais, financeiras e contábeis como requerido pela lei, e que não é obrigada pelos artigos 32 e 225 a efetuar os cálculos que pretende a autoridade fiscal, sendo, portanto, improcedente a autuação. Ante o exposto e considerando serem indevidos os lançamentos relativos a obrigação principal restam prejudicadas as obrigações acessórias, não havendo que se falar em penalidade. Requer então a total improcedência dos créditos previdenciários ora lançados. A DRJ/BSB considerou a impugnação improcedente, conforme se extrai da ementa da decisão fustigada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 AIOP DEBCAD nº 37.379.2387 (Empresa) 37.379.2395 (Segurado) 37.379.2409 (Terceiros) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. SUBROGAÇÃO DA EMPRESA ADQUIRENTE. A empresa adquirente de produtos rurais fica subrogada nas obrigações da pessoa física produtora rural pelo recolhimento da contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização de sua produção, nos termos e nas condições estabelecidas pela legislação previdenciária Decisão do STF com efeito inter partes, sem repercussão geral, não alcança os contribuintes que não são parte no processo. A autoridade administrativa, por força de sua vinculação ao texto da norma legal, e ao entendimento que a ele dá o Poder Executivo, devese limitar a aplicála, não tendo competência para declarar norma inconstitucional. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO DOS SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Fl. 726DF CARF MF 8 São devidas pela empresa e equiparados as contribuições sociais incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados e contribuintes individuais que lhes prestem serviços. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS. A empresa é obrigada a arrecadar, mediante desconto das remunerações, e recolher à Seguridade Social, as contribuições dos segurados a seu serviço, conforme previsto nas Leis nº 8.212/91 e nº 10.666/93. CONTRIBUIÇÕES DESTINADAS A TERCEIROS. RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a recolher as contribuições destinadas aos Terceiros, no mesmo prazo que a Lei 8.212/91 prescreve para as contribuições previdenciárias a seu cargo, bem como para as que, por imposição legal, devem ser arrecadadas dos segurados a seu serviço. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. INOCORRÊNCIA CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há cerceamento de defesa se estão devidamente discriminados, na Autuação e seus anexos, os fatos geradores, as contribuições apuradas, bem assim a indicação de onde os valores foram extraídos e os dispositivos legais que amparam o lançamento, informações essas que possibilitam ao impugnante identificar, com precisão, os valores apurados e permitem o exercício do pleno direito de defesa e do contraditório. IMPUGNAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. As alegações apresentadas na impugnação devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, sob risco de impedir sua apreciação pelo julgador administrativo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte apresentou recurso voluntário no qual repisa as mesmas razões trazidas na peça impugnatória. Por fim, reitera pedidos apresentados na impugnação. É o relatório. Fl. 727DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Questões Introdutórias Embora a contribuinte tenha apresentado contestação em relação ao descumprimento de obrigações acessórias no recurso objeto do presente processo (que trata exclusivamente de autuações decorrentes do anadimplemento de obrigações principais), os argumentos a esse respeito somente serão analisados no acórdão pertinente a essas obrigações acessórias, compreendido no Processo nº 10166.725182/201238. Preambularmente, cabe avaliar as seguintes asserções trazidas no apelo recursal: O auto de infração é um ato administrativo sempre regrado e vinculado (nunca discricionário ou arbitrário). Para merecer validade administrativa e eficácia jurídica deve preencher certos requisitos, tais como: 1º) Fundamentação fática, concreta e real, ocorrida e verificada, seja com a sua exteriorização, seja de sua materialização. Não cabe, portanto, o lançamento por mera diferença entre contas contábeis ou informes fiscais; 2º) Embasamento em motivos reais, idôneos e existentes, o que afasta qualquer obrigação tributária sem provas documentais e/ou periciais. Sobre o assunto, mesmo que a apelante não esclareça a finalidade de tais afirmações e não traga elementos que possam demonstrar quais os requisitos de validade lançamento teriam sido descumpridos, impende esclarecer que os documentos que integram os autos de infração: a) demonstram de forma clara e precisa os fundamentos jurídicos que levaram às autuações; e b) descrevem adequadamente a situação fática em que ocorreram as condutas infracionais. De mais a mais, os lançamentos encontramse devidamente motivados e estribados em elementos de prova aptos a lhes dar suporte. De todo modo, todas essas questões serão apreciadas no decorrer do presente voto, não cabendo aqui maiores digressões a seu respeito. Fl. 728DF CARF MF 10 Preliminar Cerceamento de Defesa Ao argumento de que o auto de infração deve discriminar os fatos geradores das contribuições previdenciárias de forma clara e precisa, bem como suas bases de cálculo, alega a recorrente que seu direito de defesa teria sido cerceado em vista de alguns lançamentos não terem observado tais requisitos (clareza e precisão). Aduz que o Discriminativo do Débito – DD não teria demonstrado adequadamente a composição do crédito tributário, impossibilitando seu entendimento e prejudicando o exercício do contraditório. Para o exame dessas alegações é preciso analisar outros documentos que integram os Autos de Infração, além do Discriminativo do Débito – DD. O Relatório Fiscal (fls. 53/69) esclarece que o “crédito tributário objeto do presente lançamento fiscal referese às Contribuições previdências incidentes sobre: Aquisição de Produção Rural do Produtor Pessoa Física, e Pagamentos a contribuinte individual, inclusive fretes pagos a transportador autônomo, não declaradas em GFIP”. Em seguida, apresenta quadro em que detalha a sistemática de cálculo das contribuições apuradas em cada Auto de Infração, indicando, inclusive a base de cálculo sobre a qual incidiram as contribuições. Vejamos: DEBCAD DESCRIÇÃO 37.379.2387 a) Contribuições da empresa, de 2% incidentes sobre aquisição de produção rural, proveniente de produtor pessoa física; b) Contribuição da empresa, de 0,1% para Financiamento Risco Ambientais (RAT), incidente sobre aquisição produção rural; c) Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos; d) Contribuições da empresa de 20% sobre pagamento de despesas dos sócios, pró labore Indireto. 37.379.2395 e) Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; 37.379.2409 f) Contribuições da empresa, de 0,2% destinadas aos terceiros ( SENAR) incidentes sobre aquisição de produção rural; g) Contribuições de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos Na sequência do relato fiscal, apresentase outro quadro em que consta a descrição do fatos geradores omitidos em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com a indicação das fontes de informação que deram suporte ao lançamento: Categoria segurados Fatos Geradores de contribuições previdenciárias Identificação C on tr ib ui nt e In di vi d ua l a) Fretes pagos ou devidos ao transportador autônomo, pessoa física; b) Pagamento PróLabore Indireto ao Sócio Aroldo Silva Amorim Filho, CPF 183.825.68149 Escrituração contábil meio digital, e planilha em meio digital elaborada pelo contribuinte Sub rogação Aquisição de produção rural proveniente de Pessoa Física (art. 30, III, cc art. 25, §3°, da Lei 8.212/91 Livro entradas mercadorias e escrituração contábil em meio digital fornecida pelo contribuinte Fl. 729DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 7 11 Há ainda no Relatório Fiscal um extenso relato sobre os procedimentos adotados para a apuração das bases de cálculos das contribuições, onde é apontado que os fatos geradores e as respectivas bases de cálculos de das contribuições foram identificados na escrituração contábil e fiscal do sujeito passivo, além de demonstrativos elaborados pela própria contribuinte. Esclarece ainda o Relatório que foram consideradas para a composição das bases de cálculo: a) com relação à aquisição de produção rural, todos os valores constantes mensalmente das planilhas do ANEXO IV (fls. 216/230), com a segregação temporal dos fatos geradores em face da alteração do art 25, § 4º, da Lei 8.212/1991, em dois demonstrativos daquele anexo: Demonstrativo PR Produção Rural adquirida de pessoa física, período de 06/2007 a 05/2008 (fls. 216/224); e Demonstrativo PF – Produção Rural adquirida de Pessoa Física, período de 06/2008 a 12/2008 (225/230). b) quanto aos pagamentos de fretes a transportadores autônomos (208/215) e pro labore indireto (fl. 207) pago ao sócio Aroldo Filho, os valores encontramse relacionados no Anexo III (fls. 207/215), sendo que: a planilha de fl. 207 detalha o pro labore indireto pago ao sócio; e a planilha de fls. 208/215 relaciona os fretes a transportadores autônomos, vinculandoos a cada prestador de serviços. Para concluir o tópico do Relatório Fiscal que descreve os procedimentos para apuração das bases de cálculos das contribuições, a autoridade autuante informa que “os lançamento fiscais que agregam os valores, por mês de competência, encontramse contidos no Discriminativo de Débito (DD), integrante do presente auto de infração, e são identificados pelos códigos de levantamentos, de acordo com a natureza das contribuições previdenciárias:” Código Desc. Levantamento FA Frete Transp. Autônomo Contribuição empresa RT Frete Transp. Autônomo Contribuição segurado/ret 11% PF Produção Rural período 06/2007 a 05/2008 PR Produção Rural período 06/2008 a 12/2008 PI PróLabore Indireto Todos esses apontamentos deixam patente que os autos de infração e os documentos que os compõem descrevem, de forma absolutamente clara e precisa, os fatos geradores e as bases de cálculo do lançamento. Somente quem não se tenha dado ao trabalho de examinar, mesmo que superficialmente, as peças processuais pode chegar a conclusão diversa. É preciso que a recorrente tenha a compreensão de que o Discriminativo do Débito – DD não é o único documento que integra um auto de infração. Desse modo, para que se possa preparar impugnação ou recurso minimamente consistentes, seu representante deve examinar as peças processuais em seu conjunto, o que inclui o Relatório Fiscal e os demais anexos que integram os autos, e não simplesmente apresentar alegação genérica sem qualquer respaldo na verdade dos autos. Vejase que o sujeito passivo apegase a um único documento no intuito de demonstrar a existência de vício em todo o feito fiscal sob o quimérico argumento de que “a Sociedade restou impossibilitada de entender alguns valores dos Autos de Infração”, o que impõe rejeitar a presente preliminar. Fl. 730DF CARF MF 12 Mérito Incidência de Contribuição Previdenciária sobre Fretes pagos à Pessoa Física (Autônomos) Sobre esse ponto, infere a recorrente que a exigência fiscal deve ser desconsiderada, pois os valores informados no Anexo III (que relaciona as remunerações pagas em virtude de serviços prestados por autônomos não inseridos em folha de pagamento nas competências 06/2007 a 12/2008) não encontram correspondência com aqueles especificados no Discriminativo do Débito – DD. Para que se tenha uma melhor compreensão sobre a forma de calcular as contribuições incidentes sobre os valores pagos a contribuintes individuais incidentes sobre serviços de frete ou carreto, cumpre visitar a legislação afeta as esses tributos. De acordo com o inciso III do art. 22 da Lei nº 8.212/1991, a empresa contribuirá para a Previdência Social com 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas a contribuintes individuais a seu serviço. Confirase: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: [...] III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; O art. 21 da mesma lei estabelece que a contribuição previdenciária do próprio contribuinte individual será de 20% sobre o seu saláriodecontribuição, sendo que o § 26 do art. 216 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999 define que a alíquota da contribuição dos contribuintes individuais é de 11% (onze por cento) e será descontada pelas empresas tomadoras de serviços dessa espécie de segurado e repassadas à Previdência Social: Lei nº 8.212/ 1991. Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo saláriodecontribuição. Regulamento da Previdência Social – RPS Art.216. A arrecadação e o recolhimento das contribuições e de outras importâncias devidas à seguridade social, observado o que a respeito dispuserem o Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita Federal, obedecem às seguintes normas gerais: [...] § 26. A alíquota de contribuição a ser descontada pela empresa da remuneração paga, devida ou creditada ao contribuinte individual a seu serviço, observado o limite máximo do salário decontribuição, é de onze por cento no caso das empresas em geral e de vinte por cento quando se tratar de entidade beneficente de assistência social isenta das contribuições sociais patronais.(Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 2003) Fl. 731DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 8 13 Com relação às contribuições para o Serviço Social do Transporte SEST, e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT, a combinação do inciso II do art. 7º da Lei nº 8.706/1993 com as alíneas “b” dos incisos I e II do art. 1º do Decreto nº 1.007/1993 é que dá o contorno dessas exações, prescrevendo que o somatório de suas alíquotas totaliza 2,5% sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos, definido pelo inciso II do art. 2º do referido Decreto como sendo a parcela do frete, carreto ou transporte correspondente à remuneração paga ou creditada a transportador autônomo, nos termos definidos em regulamento. Ainda sobre essas contribuições, a alínea do § 3º do art. 2º do Decreto nº 1.007/1993 atribui às empresas tomadoras de serviços de transporte de trabalhador autônomos a responsabilidade por seu recolhimento. Abaixo, a transcrição das disposições normativas referenciadas: Lei nº 8.706/1993. Art. 7º As rendas para manutenção do Sest e do Senat, a partir de 1º de janeiro de 1994, serão compostas: [...] II pela contribuição mensal compulsória dos transportadores autônomos equivalente a 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), e 1,0% (um inteiro por cento), respectivamente, do salário de contribuição previdenciária; [...] § 2º As contribuições a que se referem os incisos I e II deste artigo ficam sujeitas às mesmas condições, prazos, sanções e privilégios, inclusive no que se refere à cobrança judicial, aplicáveis às contribuições para a Seguridade Social arrecadadas pelo INSS. Decreto nº 1.007/1993 Art. 1° As contribuições compulsórias previstas nos incisos I e II do art. 7° da Lei n° 8.706, de 14 de setembro de 1993, são devidas a partir de 1° de janeiro de 1994 às entidades e nos percentuais abaixo indicados: [...] II pela contribuição mensal compulsória dos transportadores autônomos equivalente a 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), e 1,0% (um inteiro por cento), respectivamente, do salário de contribuição previdenciária; [...] b) 1,5% calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos; [...] II ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat): Fl. 732DF CARF MF 14 [...] b) 1,0 % calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos. [...] Art. 2° Para os fins do disposto no artigo anterior, considerase: [...] II salário de contribuição do transportador autônomo: a parcela do frete, carreto ou transporte correspondente à remuneração paga ou creditada a transportador autônomo, nos termos definidos no § 4° do art. 25 do Decreto n° 612, de 21 de julho de 1992. [...] §3° As contribuições devidas pelos transportadores autônomos serão recolhidas diretamente: a) pelas pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços; [...] Sobre a base de cálculo das contribuições de condutores autônomos, o § 4º do art. 201 do Regulamento da Previdência Social assinala que essa corresponde a 20% (vinte por cento) do valor relativo dos rendimentos resultantes desse tipo de serviço: Art.201. [...] [...] §4º A remuneração paga ou creditada a condutor autônomo de veículo rodoviário, ou ao auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei nº 6.094, de 30 de agosto de 1974, pelo frete, carreto ou transporte de passageiros, realizado por conta própria, corresponde a vinte por cento do rendimento bruto. Vale lembrar ainda que o art. 4º da Lei nº 10.666/2003 obriga as empresas a arrecadar as contribuições devidas pelos contribuintes individuais que lhe prestem serviços, aí incluídos, por óbvio, os transportadores autônomos. Além do mais, ao estabelecer que as contribuições ao SEST e ao SENAT gozam dos mesmos privilégios aplicáveis às contribuições previdenciárias, o § 2º do art. 7º da Lei nº 8.706/1993 estende essa obrigação (de recolher as contribuições previdenciárias dos condutores autônomos) às contribuições devidas ao SEST e ao SENAT. Retornando ao inconformismo trazido no recurso, e no intuito de facilitar a compreensão da recorrente acerca desse assunto, convém reproduzir o item 15 do Relatório Fiscal que, com base na legislação de regência, evidencia a base de cálculo da contribuição em relação a fretes e carretos: a) Fretes pago a Autônomos 15. De acordo com o art. 201, § 4°, do RPS, aprovado pelo decreto 3.048/99, o salário de contribuição do condutor autônomo de veículo rodoviário (inclusive taxista), operador de máquina, bem como do cooperado filiado a cooperativa de transportadores autônomos, corresponde a Fl. 733DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 9 15 20% (vinte por cento), sobre os totais pagos e esses prestadores de serviços, a titulo de fretes, carreto, transporte, não admitindo deduções de qualquer valor relativo as dispêndios com o veículo. Portanto, a base de cálculo das referidas contribuições será considerada o valor correspondente a 20% de todos os pagamentos de fretes, por mês de competência, constantes do ANEXO III. (Grifei) No mesmo intuito, reproduzse mais uma vez o quadro trazido no Relatório Fiscal (agora somente na parte relativa aos transportadores autônomos) que descreve como se deve calcular contribuição da empresa, do transportador autônomo (contribuinte individual) e a contribuição destinada a outras entidades ou fundos, denominados terceiros (SEST e SENAT): DEBCAD DESCRIÇÃO 37.379.2387 c) Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos; 37.379.2395 e) Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes; 37.379.2409 g) Contribuições de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos Vejase que não é preciso empreender grandes esforços para concluir que a base de cálculo das contribuições de transportadores autônomos é determinada pela multiplicação dos valores pagos a título de frete por 20% (base de cálculo da contribuição = Valor do frete x 20%). Para o cálculo contribuição propriamente dita, multiplicase a base de cálculo pela alíquota da contribuição, conforme segue: a) contribuição devida pela empresa (alíquota de 20%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í20%ý; b) contribuição devida pelo transportador (alíquota de 11%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í11%ý; c) contribuição devida pela empresa a terceiros SEST e SENAT (alíquota de 2,5%) Þ ívalor do frete x 20%ý x í2,5%ý. Base de Cálculo Base de Cálculo Base de Cálculo Alíquota Alíquota Alíquota Fl. 734DF CARF MF 16 De modo a exemplificar a sistemática de cálculo empreendida para todas as situações abordadas nas autuações, vejamos os valores apurados para a competência 06/2007 a título de frete, em relação ao estabelecimento de CNPJ nº 72.600.190/000431 (Anexo III – fl. 208): Considerandose que o valor apurado na competência 06/2007 foi de R$ 69.240,08, temos que o cálculo das contribuições será efetuado da seguinte forma: a) contribuição devida pela empresa (alíquota de 20%): Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í20%ý = 2.769,60; b) contribuição devida pelo transportador (alíquota de 11%): Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í11%ý = 1.523,28; c) contribuição devida pela empresa a terceiros SEST e SENAT (alíquota de 2,5%) Þ Þ í R$ 69.240,08 x 20%ý x í2,5%ý = 346,20. Desse modo, para sabermos se o argumento da recorrente (de que valores informados no Anexo III ao Auto de Infração não encontram correspondência com aqueles especificados no Discriminativo do Débito – DD) tem ou não fundamento, vejamos o que consta de referido discriminativo (coluna “TOTAL LÍQUIDO”) para cada um dos autos de infração, também em relação à competência 06/2007: Base de Cálculo Base de Cálculo Base de Cálculo Alíquota Alíquota Alíquota Valor da contribuição Valor da contribuição Valor da contribuição Fl. 735DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 10 17 a) Debcad 37.379.2387 Contribuições da empresa de 20% incidentes sobre a base de cálculo referente a fretes pagos a transportadores autônomos: b) Debcad 37.379.2395 Contribuições do segurado contribuinte individual de 11% sobre base de cálculo dos pagamentos de fretes: c) Debcad 37.379.2409 Contribuições da empresa de 2,5% destinadas aos terceiros (SEST e SENAT) incidentes sobre a base de cálculo dos valores pagos ou devidos a fretes de transportadores autônomos: Apercebase que os valores os valores informados no Discriminativo do Débito – DD para a competência 06/2007 equivale exatamente ao das contribuições calculadas na forma da legislação aplicável, o mesmo ocorrendo em relação às demais competências e Fl. 736DF CARF MF 18 estabelecimento. Carece, portanto, de razão as assertivas insertas na peça recursal quanto a esse ponto, o que impõe negarlhe de provimento, neste ponto. Incidência de Contribuição Previdenciária Aquisição de Produção Rural de Pessoa Física A respeito dessa matéria, o principal argumento da recorrente é no sentido de que a diferença das bases de cálculo sobre a aquisição de produção rural de pessoa física está relacionada com a isenção concedida pelo art. 25, § 4º da Lei nº 8.212/91, revogado pelo art. 12 da Lei nº 11.718, de 23 de junho de 2008. Segundo informa, explora a atividade de pecuária, com engorda e abate de aves e suínos, iniciando o seu processo econômico com a reprodução do animal juvenil e sua engorda até o abate, que é realizado em estabelecimento de terceiros. Os produtos animais que adquire, infere, destinamse à reprodução e ou criação de pecuária ou granjeira, portanto, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. Finaliza expressando entendimento no sentido de que tendo em vista que a publicação da Lei nº 11.718/08 ocorreu em 23/06/2008, em respeito ao princípio da anterioridade nonagesimal (art. 195, § 6º, CF/88) a incidência da contribuição somente seria válida a partir de 21/09/2008. De fato, à época dos fatos geradores objeto dos lançamentos, vigorou, até o advento da Lei nº 11.718/2008 o § 4º do art. 25 da Lei nº 8.212/1991, que isentava da contribuição do empregador rural pessoa física, incidente sobre a receita bruta da comercialização de produtos rurais, a produção animal destinada a reprodução ou criação pecuária ou granjeira. Por certo, como a lei que revogou do benefício fiscal foi publicada em 23/06/2008, à luz do § 6º do art. 195 da Constituição, que estabelece que as contribuições destinadas à Seguridade Social somente poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, a comercialização dos produtos rurais compreendidos no § 4º do art. 25 da Lei 8.212/1991 somente será submetida a tributação pela contribuição previdenciária substitutiva a partir de 22/09/2008. Ocorre que embora afirme que os produtos animais adquiridos de empregadores pessoas físicas destinamse à reprodução e ou criação de pecuária ou granjeira, a recorrente não trouxe qualquer indício de prova nesse sentido. A esse respeito, vejamos o que consta do relato fiscal: IX. Da Incidência de Contribuições sobre aquisição de produção rural de pessoa física período 06/2007 a 05/2008: 27. Nos meses fiscalizados de 06/2007 a 05/2008, o art 25, § 4o, da Lei 8.212/91, concede isenção na aquisição de produção rural, de origem animal, desde que a mesma apresente as seguintes destinações ou finalidade: a) Reprodução ou criação pecuária ou granjeira; b) Ou Utilização de animais como cobaias para fins de pesq uisas cientificas. 28 Dessa forma, por meio do termo de Intimação 09, de 06/06/2012, solicitou se o fiscalizado a correta identificação e destinação da produção rural de origem animal, no qual afirmava tratarse de produção que não integrava a base de cálculo: 1) Identificar a correta finalidade ou destinação da aquisição da produção rural de origem animal discriminados na planilha do ANEXO I. Essa Fl. 737DF CARF MF Processo nº 10166.725063/201285 Acórdão n.º 2402005.999 S2C4T2 Fl. 11 19 identificação deve ser individualizada para cada lançamento, no qual a empresa deverá assinalar a destinação ou finalidade da compra, com um dos enquadramentos a seguir: I) Reprodução/Criação ou Granjeira, no âmbito da própria empresa, inclusive em regime de parcerias devidamente comprovadas; ou II) Aquisição destinada à comercialização ou consumo 29. Decorrido o prazo assinalado acima, o sujeito passivo não atendeu a solicitação nos exatos termos acima. 30. Desse modo, a aquisição da produção rural, de origem animal, no período de 06/2007 a 12/2008, ANEXO IV Demonstrativo PF, será levada à tributação nos termos no art. 25, § 3o, da Lei 8.212/91, in verbis: Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de: (Redação dada pela Lei n° 10.256, de 2001) (...) § 3º Integram a produção, para os efeitos deste artigo, os produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização rudimentar, assim compreendidos, entre outros, os processos de lavagem, limpeza, descaroçamento, pilagem, descascamento, lenhamento, pasteurização, resfriamento, secagem, fermentação, embalagem, cristalização, fundição, carvoejamento, cozimento, destilação, moagem, torrefação, bem como os subprodutos e os resíduos obtidos através desses processos. (Parágrafo acrescentado pela Lei n 0 8.540, de 22.12.92) 30. Observase que a contribuição incide, também, quando a aquisição da produção rural for destinada para fins diversos daqueles que asseguram a isenção. Assim, diante de o fato que o contribuinte não comprovou mediante suporte documental que tais destinações estavam em consonância com as atividades isentas mencionadas no dispositivo legal, a aquisição de produção rural constante do ANEXO IV Demonstrativo PF, constitui base de incidência das contribuições. 31. A isenção ou não incidência decorre sempre de Lei, na qual se indica expressamente os produtos ou atividades, objeto da isenção, gozando do beneficio tributário, portanto, somente quando o contribuinte demonstrar de forma inequívoca que os produtos e/ou atividades econômicas estão incluídos nos rol das isenções, o que não foi comprovado pela empresa fiscalizada. Diante do que fora evidenciado no Relatório de Fiscalização, o sujeito passivo justificou a falta de apresentação de documentos que pudessem comprovar seu mencionado direito a isenção, tanto na impugnação quanto no recurso voluntário, com a inusitada assertiva de que, “da análise da Legislação Previdenciária, não há qualquer disposição no sentido de que o contribuinte tenha a obrigação o disposto no texto legal, ou seja, a destinação da aquisição do produto animal”. Extraise do art. 373 do novo Código de Processo Civil que: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 738DF CARF MF 20 II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. No caso concreto, a Fazenda Pública logrou comprovar que a recorrente adquiriu produtos rurais de empregadores pessoas físicas, o que lhe gera o direito de exigir desta as contribuições sociais decorrentes desse tipo de operação. Por outro lado, mesmo após as inúmeras oportunidades que lhe foram ofertadas, a recorrente não apresentou qualquer traço de prova que pudesse desconstituir ou modificar o lançamento. Ademais, sobre esse ponto, não se pode deixar de fazer referência ao inciso III e ao § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, norma que regula o processo administrativo fiscal em âmbito federal, e impõe ao recorrente a apresentação de provas aptas a comprovar as alegações recursais, ainda na fase impugnatória. In verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: [..] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Sem razão a recorrente também com relação à matéria ora analisada. Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 739DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.725220/2013-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
RECURSO VOLUNTÁRIO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. NÃO CONHECIMENTO.
A matéria não contestada na impugnação é insuscetível de conhecimento em grau recursal.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
1. Em sede de processo administrativo de constituição do crédito tributário não há que se cogitar na existência de prazo prescricional.
2. Nem é mesmo necessário aferir qual o critério legal para a aplicação do prazo de decadência (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I, do CTN), pois como o fato gerador mais pretérito ocorreu em janeiro de 2009, mesmo que a contagem se desse na forma do art. 150, ainda assim não teria transcorrido tempo superior a cinco anos.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CESSÃO DE MÃO-DE-OBRA. RETENÇÕES CONSIDERADAS PELA AUTORIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA DE APONTAMENTO DOS PONTOS DE DISCORDÂNCIA.
1. Ao contrário da autoridade fiscal, que detalhou e fundamentou, adequadamente, a exigência em tela, instruindo os dois lançamentos com todos os elementos probatórios necessários à verificação do fato gerador e à imputação da penalidade correspondente, o sujeito passivo fez meras alegações genéricas e não se desincumbiu de seu ônus probatório.
2. Conforme preleciona o inc. III do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, a impugnação deve mencionar os pontos de discordância e as razões que possuir.
Numero da decisão: 2402-005.903
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. NÃO CONHECIMENTO. A matéria não contestada na impugnação é insuscetível de conhecimento em grau recursal. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PRESCRIÇÃO OU DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. 1. Em sede de processo administrativo de constituição do crédito tributário não há que se cogitar na existência de prazo prescricional. 2. Nem é mesmo necessário aferir qual o critério legal para a aplicação do prazo de decadência (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I, do CTN), pois como o fato gerador mais pretérito ocorreu em janeiro de 2009, mesmo que a contagem se desse na forma do art. 150, ainda assim não teria transcorrido tempo superior a cinco anos. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CESSÃO DE MÃODEOBRA. RETENÇÕES CONSIDERADAS PELA AUTORIDADE FISCAL. INEXISTÊNCIA DE APONTAMENTO DOS PONTOS DE DISCORDÂNCIA. 1. Ao contrário da autoridade fiscal, que detalhou e fundamentou, adequadamente, a exigência em tela, instruindo os dois lançamentos com todos os elementos probatórios necessários à verificação do fato gerador e à imputação da penalidade correspondente, o sujeito passivo fez meras alegações genéricas e não se desincumbiu de seu ônus probatório. 2. Conforme preleciona o inc. III do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, a impugnação deve mencionar os pontos de discordância e as razões que possuir. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 72 52 20 /2 01 3- 00 Fl. 1028DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felicia Rothschild. Fl. 1029DF CARF MF Processo nº 18470.725220/201300 Acórdão n.º 2402005.903 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou em face do sujeito passivo os seguintes Autos de Infração: a) Auto de Infração DEBCAD 51.037.9303, para a cobrança das contribuições devidas à seguridade social, a cargo da empresa, inclusive a contribuição relativa ao GILRAT; e b) Auto de Infração DEBCAD 51.037.9311, para a cobrança das contribuições devidas à outras entidades ou fundos (FNDE, INCRA, SESC. SENAC e SEBRAE). Segundo se depreende do relatório fiscal e do relatório da decisão recorrida (fls. 981 e seguintes), que ora se reproduz, eis um resumo dos principais acontecimentos deste processo: Informa a Fiscalização que serviram de base para apuração e lançamento das contribuições constantes neste AI as folhas de pagamento e resumos, rescisões de contratos de trabalho, GFIP enviadas ao sistema GfipWeb antes do início do procedimento fiscal, contratos e notas fiscais de serviços de cessão de mãode obra, arquivos digitais do MANAD (contabilidade e folha de pagamento), Livro Diário referente a 2009, dentre outros. Informase ainda que os valores declarados em GFIP e recolhidos pela empresa – antes do início da fiscalização – foram deduzidos dos apurados; bem assim foram considerados, em favor do contribuinte, os créditos relativos às retenções de 11% sobre as notas fiscais de prestação de serviços emitidas pela empresa, consolidados nos documentos apresentados sob o código DNF. Tais créditos foram suficientes para quitar as contribuições relativas à parte dos segurados. Os valores referentes ao Saláriofamília e saláriomaternidade também foram considerados em favor da empresa. Foi ainda constatado que em todas as competências foram efetuadas compensações (em GFIP) cuja origem deixou de ser comprovada perante a fiscalização, e por isso deixaram de ser consideradas. De modo que somente as diferenças, isto é, os valores não informados em GFIP e/ou informados incorretamente e não recolhidos, foram apurados e lançados, conforme planilha demonstrativa (Anexo I) e respectivos fundamentos legais. Menciona a discriminação das remunerações apuradas conforme Discriminativo do Débito (DD), Relatório de Lançamentos (RL), RDA Relatório de Documentos Apresentados, RADA Relatório de Apropriação de Documentos Fl. 1030DF CARF MF 4 Apresentados, relatório de Fundamentos Legais do Débito (FLD), dentre outros. Anexados ainda contratos de cessão de mãodeobra, notas fiscais de serviços, resumos de folhas de pagamento, livros Diário e planilhas de valores retidos mensalmente. Foram feitas considerações sobre as multas legalmente previstas após a edição da Medida Provisória (MP) nº 449/2008 (DOU de 04/12/2008), convertida na lei n.º 11.941/2009, pelo que foi aplicada propriamente a multa de ofício de 75%, disposta na lei superveniente (art. 35A da Lei nº 8.212/91, por remissão ao art. 44 da lei nº 9.430/96), para as competências 12/2008 e posteriores. Menciona o quadro societário da empresa e a emissão de Representação Fiscal para Fins Penais (RFFP). A interessada foi cientificada do lançamento em 14/06/2013 e apresentou IMPUGNAÇÃO tempestiva (fls. 941/950), aduzindo, em síntese, o que se segue. Da autuação – da não consideração das GFIP que a fiscalização não levou em consideração as compensações informadas corretamente nas GFIP. que as planilhas de retenção de 01 a 12/2009 discriminam as retenções de 11% sofridas, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212/91 e 48 da Instrução Normativa RFB nº 900/2008 (DOU de 31/12/2008), as quais podem ser compensadas. que devem ser novamente apreciadas as folhas de pagamento, os valores declarados em GFIP, as notas fiscais apresentadas e consideradas todas as retenções de 11% a título de INSS, devidamente compensadas pela impugnante. Da multa aplicada que a partir da publicação da MP nº 449/2008, a multa pela falta de declaração ou declaração incorreta em GFIP passou a ser prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91, a R$ 20,00 para cada grupo de 10 informações incorretas ou omitidas. que é, portanto, inaplicável a multa imposta (75%), do art. 44 da Lei nº 9.430/96, de acordo com a norma da retroatividade benéfica (art. 106, II, “c” do CTN) e com as decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). [...] A DRJ julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: PREVIDENCIÁRIO. PARTE PATRONAL. SAT/RAT. TERCEIROS. REMUNERAÇÕES DE EMPREGADOS. APURAÇÃO COM BASE EM FOLHAS DE PAGAMENTO E CONTABILIDADE. Fl. 1031DF CARF MF Processo nº 18470.725220/201300 Acórdão n.º 2402005.903 S2C4T2 Fl. 4 5 A remuneração paga a segurados a serviço da empresa, verificada a partir de folhas de pagamento e demais documentos da empresa, constitui fato gerador das contribuições destinadas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa (patronal e SAT/RAT) e à parte devida às outras entidades e fundos (“Terceiros”). COMPENSAÇÕES EM GFIP. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. RETENÇÕES DE 11%. NOTAS FISCAIS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. GPS. APROPRIAÇÕES. Em que pesem as compensações feitas em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) terem sido desconsideradas pela fiscalização, em decorrência da falta de comprovação dos respectivos créditos, foram devidamente apropriados no presente lançamento em favor do sujeito passivo os valores retidos a título de INSS (11%) nas inúmeras notas fiscais de serviços relacionadas nos autos, bem como os recolhimentos normais feitos em Guias de Recolhimento da Previdência Social (GPS), de modo a abater parcialmente o débito apurado. MP n.º 449/2008. NOVA LEGISLAÇÃO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA DE 75% PREVISTA NO ART. 35A DA LEI N.º 8.212/91. CABIMENTO. INFRAÇÕES ISOLADAS. MULTA ISOLADA PREVISTA NO ART. 32A DA Lei nº 8.212/91. Com a edição da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na lei n.º 11.941/2009, a conduta de apresentar GFIP com omissões ou incorreções continua a ser tipificada como infração tributária, passando a ser prevista propriamente nos novos artigos 32A ou 35A da Lei nº 8.212/91, conforme a situação encontrada. Para os casos de lançamento de ofício de contribuições não declaradas nem recolhidas (concomitantemente), a penalidade a ser cominada é aquela expressamente prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, que remete à multa de ofício de 75% do art. 44 da Lei nº 9.430/96; restando a tipificação no art. 32A da Lei nº 8.212/91 para os casos de infrações (irregularidades nas GFIP) isoladamente consideradas, isto é, aquelas em que não haja crédito (relativo a obrigações principais) a constituir. RECOLHIMENTOS. INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. CTN. DECRETO N.º 70.235/72. PREVISÃO LEGAL. APROPRIAÇÃO. UNIDADE DE ORIGEM. SETOR DE COBRANÇA ADMINISTRATIVA. Os recolhimentos relativos ao objeto do lançamento tributário, efetuados após o início do procedimento fiscal, não são considerados quando da apuração dos créditos tributários, haja vista a exclusão da espontaneidade do sujeito passivo, disposta no art. 138 e § único do CTN e no art. 7º do Decreto nº 70.235/72; o que significa que devem ser mantidos, no julgamento administrativo, o tributo lançado e a multa de ofício imposta. Fl. 1032DF CARF MF 6 Tais valores recolhidos, a título de tributo e multa, devem ser apropriados pelo setor competente (cobrança administrativa) da Unidade de Origem circunscricionante do sujeito passivo, nos termos da legislação vigente. O sujeito passivo foi intimado da decisão em 22 de agosto de 2014 (fl. 1021) e interpôs recurso voluntário em 22 de setembro daquele mesmo ano (fls. 999 e seguintes), arvorandose, basicamente, nos seguintes argumentos: a) valores retidos em notas fiscais: pede nova apreciação quanto às folhas de pagamento e valores declarados em GFIP e que sejam consideradas todas as retenções de 11% a título de INSS; afirma, ainda, que o Anexo I não é esclarecedor; b) prescrição ou decadência: diz que o tributo está com sua constituição definitiva e é exigível de imediato; c) nulidade do lançamento: cita o princípio da legalidade, o art. 9º do Decreto 70235/72, o princípio da ampla defesa e postula a nulidade do lançamento; d) decadência: assevera que os meses de janeiro a setembro de 2009 estão tacitamente homologados; e) cancelamento do lançamento: afirma serem claros os fatos comissivos abusivos e ilegais praticados em seu prejuízo; f) multa confiscatória: entende que a multa de 75% é confiscatória, inconstitucional, ilegal e imoral; g) juros: desfecha a sua fundamentação sustentando a tese de que os juros não poderiam ser superiores a 1% ao mês. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 1033DF CARF MF Processo nº 18470.725220/201300 Acórdão n.º 2402005.903 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento Farseá a apreciação do recurso voluntário, visto que interposto no prazo legal, o que não significa que será totalmente conhecido. Isso porque, em sede de recurso voluntário, o sujeito passivo suscitou diversas teses que não foram ventiladas em sua impugnação, as quais, portanto, são insuscetíveis de conhecimento em grau recursal, a saber: nulidade do lançamento; cancelamento da autuação ante a existência de fatos comissivos praticados em seu prejuízo; multa confiscatória; e ilegalidade da taxa de juros. A impugnação da exigência, a qual deve ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, instaura a fase litigiosa do procedimento, considerandose não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo sujeito passivo. Somente a impugnação regular é capaz de atrair o poderdever do Estado de fazer a prestação jurisdicional, dirimindo a controvérsia iniciada com o lançamento fiscal mas efetivamente instaurada com a sua (da impugnação) apresentação. Vejase, nesse sentido, os seguintes dispositivos constantes do Decreto 70235/72: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: [...] Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Justamente em função da falta de impugnação, a DRJ não julgou a matéria ora suscitada, de forma o seu conhecimento aviltaria o princípio constitucional do duplo grau de jurisdição. Fl. 1034DF CARF MF 8 E mais, "as normas de preclusão são indispensáveis ao devido processo legal e, de modo algum, relevamse incompatíveis com o direito de ampla defesa"1 Destarte, não se conhece do recurso nessas matérias. 2 Da prescrição ou decadência Esse argumento também é inovador, uma vez que somente foi feito em grau recursal, mas como se constitui, sabidamente, em matéria de ordem pública, passível, inclusive, de conhecimento de ofício (art. 487, inc. II, do CPC), será analisado. Em sede de processo administrativo de constituição do crédito não há que se cogitar na existência de prazo prescricional. A prescrição é da ação de cobrança em juízo e pressupõe a constituição definitiva do crédito tributário (art. 174 do CTN), ao passo que o prazo de sua constituição é decadencial (art. 150, § 4º, ou art. 173, ambos do Código). Por outro lado, é assente que não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Vejase: Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Com efeito, estando suspensa a exigibilidade do crédito tributário, diante da apresentação de impugnação tempestiva, não se inicia o prazo prescricional para a sua cobrança. Afastase, portanto, a prescrição. Quanto à decadência, o sujeito passivo foi autuado em 10/06/2013 (v. fls. 92 e 105), ocasião em que o lustro decadencial não havia transcorrido integralmente, seja na forma do § 4º do art. 150 do CTN (homologação tácita e contagem do prazo a partir do fato gerador), seja na forma do inc. I do seu art. 173 (contagem a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). Expressandose de outra forma, nem é mesmo necessário aferir qual o critério legal para a aplicação do prazo de decadência (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I), pois como o fato gerador mais pretérito ocorreu em janeiro de 2009, mesmo que a contagem se desse na forma do art. 150, ainda assim não teria transcorrido tempo superior a cinco anos, rejeitando se, destarte, a preliminar. 3 Dos valores retidos A recorrente pede nova apreciação quanto às folhas de pagamento e valores declarados em GFIP e que sejam consideradas todas as retenções de 11% a título de INSS; afirma, ainda, que o Anexo I não é esclarecedor. Contudo, ao contrário da autoridade fiscal, que detalhou e fundamentou, adequadamente, a exigência em tela, instruindo os dois lançamentos com todos os elementos probatórios necessários à verificação do fato gerador e à imputação da penalidade 1 FERRAGUT, Maria Rita. As provas e o direito tributário: teoria e prática como instrumentos para a construção da verdade jurídica. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 61. Fl. 1035DF CARF MF Processo nº 18470.725220/201300 Acórdão n.º 2402005.903 S2C4T2 Fl. 6 9 correspondente, o sujeito passivo fez meras alegações genéricas e não se desincumbiu de seu ônus probatório. Se o agente autuante realmente não tivesse considerando determinadas retenções, caberia ao sujeito passivo demonstrar o equívoco, indicando, exemplificativamente, as notas fiscais que não teriam sido consideradas e/ou os erros nas planilhas demonstrativas utilizadas pela fiscalização, sobretudo do Anexo I. Lembrese que, na dicção do art. 15 do Decreto 70235/72, a impugnação deve estar instruída com os documentos em que se fundamentar. Ademais, e conforme preleciona o inc. III do seu art. 16, a impugnação deve mencionar os pontos de discordância e as razões que possuir. Em sendo assim, a decisão a quo é incensurável neste ponto, devendo ser negado provimento ao recurso. 4 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER PARCIALMENTE do recurso voluntário para, na parte conhecida, REJEITAR A PRELIMINAR e NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 1036DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10855.721318/2013-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. DECLARAÇÃO FALSA EM GFIP DE CIRCUNSTÂNCIA PESSOAL. SONEGAÇÃO.
1. O sujeito passivo prestou declaração falsa ao declarar-se optante do Simples Nacional, o que possibilitou a supressão das contribuições devidas à seguridade social devidas pela empresa, sendo cabível a qualificação da multa de ofício.
2. Ainda que não tivessem sido ocultados os fatos geradores (pagamento de remuneração a segurados), houve declaração falsa relativa à condição pessoal da recorrente (optante do Simples Nacional), suscetível de afetar a obrigação tributária em tela.
Numero da decisão: 2402-005.960
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ausente, justificadamente, a Conselheira Fernanda Melo Leal.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti e Jamed Abdul Nasser Feitoza.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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QUALIFICAÇÃO. DECLARAÇÃO FALSA EM GFIP DE CIRCUNSTÂNCIA PESSOAL. SONEGAÇÃO. 1. O sujeito passivo prestou declaração falsa ao declararse optante do Simples Nacional, o que possibilitou a supressão das contribuições devidas à seguridade social devidas pela empresa, sendo cabível a qualificação da multa de ofício. 2. Ainda que não tivessem sido ocultados os fatos geradores (pagamento de remuneração a segurados), houve declaração falsa relativa à condição pessoal da recorrente (optante do Simples Nacional), suscetível de afetar a obrigação tributária em tela. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 13 18 /2 01 3- 53 Fl. 226DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Ausente, justificadamente, a Conselheira Fernanda Melo Leal. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti e Jamed Abdul Nasser Feitoza. Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10855.721318/201353 Acórdão n.º 2402005.960 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou em face do sujeito passivo os seguintes Autos de Infração, para a cobrança das contribuições devidas à seguridade social e demais consectários legais: a) Auto de Infração 51.031.1784, relativo às contribuições correspondentes à parte da empresa e ao GILRAT, incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados e contribuintes individuais em folhas de pagamento, declaradas na GFIP e não recolhidas, em face da informação indevida de se tratar de empresa optante pelo Simples Nacional; b) Auto de Infração 51.031.1792, relativo às contribuições devidas a outras entidades ou fundos (terceiros), incidentes sobre a mesma base tratada no item anterior; c) Auto de Infração 51.033.6906, pelo descumprimento de obrigação acessória. De acordo com os relatórios fiscal e complementar (fls. 52 e seguintes e fls. 119 e seguintes), e com o relatório da decisão recorrida (fls. 164 e seguintes), que ora se reproduz, eis um resumo da acusação e dos demais acontecimentos deste processo: 2. [...] o interessado declarou indevidamente nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP a condição de optante pelo SIMPLES Nacional no período do lançamento, embora a empresa tenha sido excluída de ofício do aludido regime por ato administrativo da RFB, com efeitos a partir de 01/01/2009. 3. Destarte, ao consignar esta informação em GFIP, deixou de reconhecer como devidas e de recolher as contribuições previdenciárias previstas nos Incisos I, II e III do art. 22, da Lei nº 8.212/91, e as contribuições destinadas a Terceiros. E considerando que a conduta praticada, de forma reiterada em 26 competências, caracteriza sonegação, nos termos 71 da Lei nº 4.502/64, foi aplicada multa qualificada de 150%, prevista no art. 44, § 1º da Lei nº 9.430/96. 4. Segundo o autor do lançamento, constituem fatos geradores das contribuições previdenciárias e daquelas devidas a outras entidades as remunerações pagas aos segurados empregados e contribuintes individuais informadas nas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP. 5. Esclarece ainda que, embora regularmente intimada a apresentar informações sobre bens imóveis e veículos da empresa, através dos TIF nº 07 e 08, a empresa não se manifestou. Logo, por infração à obrigação acessória prevista Fl. 228DF CARF MF 4 no art. 32, III e §11 da Lei nº 8.212/91, foi lavrado o AI nº 51.033.6906. 6. Notificado dos lançamentos por via postal em 19/06/2013, o interessado apresentou impugnação parcial, protocolada em 19/07/2013, na qual insurgese exclusivamente contra a imposição da multa qualificada. 7. Neste passo, defende não ter agido intencionalmente, pois a informação do código da opção pelo Simples em GFIP decorreu de erro na elaboração do documento com base em parâmetros fixados anteriormente. E esclarece que a GFIP é feita pela própria empresa, ao passo que a DIPJ é feita por escritório de contabilidade contratado, o que explica a discrepância nas informações. 8. Considerando que a contribuição RAT fora exigida em percentual superior ao devido em parte do período de apuração, o AFRFB autuante elaborou Relatório Fiscal Complementar e reemitiu os AI nº 51.031.1784 e 51.031.1792, renovando ao interessado o prazo para aditar a impugnação já apresentada. 9. Embora intimado dos novos elementos em 13/08/2013, o interessado deixou transcorrer in albis o novo prazo assinalado. A DRJ delimitou a lide (discussão acerca da legitimidade da multa qualificada nos AI nº 51.031.1784 e 51.031.1792, razão pela qual não se instaurou a fase litigiosa em relação ao AI nº 51.033.6906) e julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: SIMPLES NACIONAL. EMPRESA NÃO OPTANTE. EFEITOS. Tratandose de empresa que não ostenta, no período de apuração, o status de optante pelo Simples Nacional, é aplicável o regime de tributação comum, sujeitandose a mesma ao recolhimento das contribuições que perfazem a cota patronal, assim como das contribuições destinadas a outras entidades e fundos paraestatais. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. Configura hipótese de qualificação da multa de ofício, por sonegação, a situação na qual o contribuinte informa, de forma reiterada, código de opção ao Simples Nacional na Guia de Recolhimento ao FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, embora ciente de ter sido excluído de ofício do regime de tributação especial, com o objetivo de inibir o cálculo das contribuições sociais devidas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AI nº 51.033.6906. A ausência de contestação expressa torna incontroversos os fatos narrados pelo Fisco, não instaurando a fase litigiosa relativamente à matéria não impugnada. A contribuinte foi intimada da decisão em 21/08/2014 (v. fls. 186 e 220) e interpôs recurso voluntário em 22/09/2014 (fls. 190 e seguintes), no qual basicamente reiterou Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10855.721318/201353 Acórdão n.º 2402005.960 S2C4T2 Fl. 4 5 os fatos e os fundamentos de sua impugnação, acrescentando pedido de produção de provas e protestando pelo direito de sustentação oral. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 230DF CARF MF 6 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da produção de provas e do pedido de sustentação oral De acordo com o art. 15 do Decreto 70235/72, a impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar. O § 4º do art. 16, por sua vez, estabelece que a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que (a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (b) refirase a fato ou a direito superveniente; (c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. No caso dos autos, a recorrente não demonstrou ter havido nenhuma das circunstâncias legalmente previstas para a juntada de documentos novos, tendo, a contrario sensu, feito mero protesto genérico, que, portanto, deve ser indeferido. Já o pedido de sustentação oral sequer deve ser conhecido, pois totalmente estranho e impertinente aos limites da lide (qualificação da multa de ofício), convindo apenas observar que, nos termos do Regimento Interno deste Conselho, é assegurado ao recorrente ou ao seu representante legal fazer sustentação oral por quinze minutos (art. 58, inc. II, do Anexo II). 3 Da qualificação da multa A presente controvérsia se restringe à qualificação da multa de ofício, que a recorrente, por equívoco, denominou de multa agravada. Nos dizeres da acusação fiscal, o sujeito passivo teria praticado sonegação, o que ensejaria a duplicação da multa de ofício. Vejase: 4.4. De acordo com a Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, temos que: Art. 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10855.721318/201353 Acórdão n.º 2402005.960 S2C4T2 Fl. 5 7 4.5. De acordo com a legislação especificada, cabe a aplicação da multa de ofício de 75% duplicada para 150% em todo o período de 01/2009 a 13/2010 em face da declaração indevida de ser optante do Simples Nacional, de forma reiterada em 26 competências (considerando o 13º salário), a partir da redação da MP nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941, de 27/05/2009. (destacouse) A esse respeito, assim se manifestou a DRJ: 17. Dessa maneira, com base no quadro fático e no conjunto probatório carreado aos autos pela fiscalização, verificase que o contribuinte prestou, de forma consciente e intencional, informações inverídicas em GFIP, quanto à sua situação perante o Simples Nacional, na exata medida em que tinha conhecimento prévio de sua exclusão de ofício do referido regime, tendo mantido a declaração na GFIP por tempo juridicamente relevante (26 competências) como optante, de maneira a impedir que o sistema SEFIP promovesse o cálculo das contribuições devidas. 18. Neste cenário, a alegação de mero erro quanto à digitação do código de optante não prospera, pois o contribuinte, embora excluído de ofício a partir de 01/01/2009, solicitou novamente o ingresso em 29/01/2009, com indeferimento em 25/03/2009, o que significa dizer que o mesmo tinha absoluta ciência, desde o início, que seu regime tributário havia se modificado para outro menos favorável, tendo inclusive adotado providências para reverter a situação, só logrando êxito em 2011. 19. Não fosse isto suficiente, reforça a certeza de que houve sonegação dolosa o fato de ter apresentado, para os anos calendário de 2009 e 2010, Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa JurídicaDIPJ manifestando expressa opção pela tributação pelo Lucro Presumido, conforme evidenciado nos autos. Pois bem. Examinandose o conjunto probatório dos autos, verificase que a acusação de sonegação fiscal se deve ao fato comprovado e admitido de que o sujeito passivo teria feito declaração indevida de ser optante do Simples Nacional, de forma reiterada. Tais declarações, tidas por falsas, teriam impedido que o sistema SEFIP promovesse o cálculo das contribuições devidas. Como sabido, inadimplemento e sonegação são conceitos diferentes, pois na sonegação ocorre o emprego da fraude, o que pode ocorrer por diversos meios. O art. 337A do Código Penal arrola entre os seus incisos diversas condutas que visam a suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório. Veja se: Art. 337A. [...] Fl. 232DF CARF MF 8 I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) O art. 1º da Lei 8137/90, da mesma forma, trata das condutas que visam a suprimir ou reduzir tributo em sentido genérico, e não apenas as contribuições devidas à seguridade social: Art. 1° [...] I omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecêla em desacordo com a legislação. Nessa toada, enquanto o inadimplemento implica a possibilidade de constituição do crédito tributário, via lançamento, consistente na exigência do tributo, juros e multas (de mora e/ou de ofício, conforme o caso), a sonegação importa a viabilidade da cobrança de todas essas rubricas, acrescida da qualificação da multa de ofício (o percentual da multa é duplicado). Como se vê, a lei penal e administrativa não punem o mero inadimplemento, mas sim as condutas utilizadas como instrumento para ocultar ao Fisco o conhecimento do fato gerador, sua natureza ou circunstâncias materiais, ou do montante do tributo devido, bem como as circunstâncias pessoais do contribuinte, que possam afetar a obrigação tributária. No caso in concreto, ainda que o sujeito passivo pudesse não ter omitido informações em folhas de pagamento e em GFIP, como alega em sua defesa e reitera em seu recurso, o fato de ter declarado ser optante do Simples Nacional, quando sabia que não o era, constituise em declaração falsa, que possibilitou a supressão das contribuições devidas à seguridade social. Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10855.721318/201353 Acórdão n.º 2402005.960 S2C4T2 Fl. 6 9 A reiteração de tal conduta, aliada ao descompasso das informações prestadas na DIPJ, fragiliza a alegação de simples erro. Noutro giro verbal, ainda que não tivessem sido ocultados os fatos geradores (pagamento de remuneração a segurados), houve declaração falsa relativa à condição pessoal da recorrente (optante do Simples Nacional), suscetível de afetar a obrigação tributária em tela, razão pela qual não há como censurar a acusação fiscal, negandose provimento ao recurso voluntário. A jurisprudência judicial vem tratando tais condutas como fraudulentas, a exemplo do seguinte precedente: DIREITO PENAL. SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA (ART. 337A, DO CP) E CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (ART. 1º, INCISO I DA LEI 8.137/90). CRIME ÚNICO. MATERIALIDADE. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. ATENUANTE. ARTIGO 66 DO CÓDIGO PENAL. 1. Ao declarar ser optante pelo Simples Nacional em GFIP, a pessoa jurídica presta declaração falsa à autoridade fazendária como instrumento para a supressão de contribuições previdenciárias, de forma que a conduta se subsume ao art. 1º, inciso I, da Lei 8.137/90. [...] (TRF4, ACR 505278840.2013.404.7100, OITAVA TURMA, Relator LEANDRO PAULSEN, juntado aos autos em 11/07/2017) (destacouse) 4 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 234DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.000753/2005-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001, 2002, 2003
GANHO DE CAPITAL
Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos, cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição.
Numero da decisão: 2402-005.922
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 GANHO DE CAPITAL Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos, cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 07 53 /2 00 5- 78 Fl. 339DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10665.000753/200578 Acórdão n.º 2402005.922 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: Contra o contribuinte precitado foi formalizada a exigência às fls. 2 a 9 e 20 a 23, relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2001 a 2003, anoscalendário 2000 a 2002„ consubstanciando imposto suplementar no valor de R$ 12.067,46, com multa de oficio e juros de mora calculados até maio de 2005, totalizando crédito tributário no montante de R$ 26.996,79. O lançamento decorre de: I omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos (Ex. 2001 a 2003) e II — falta de recolhimento de imposto sobre ganhos de capital (Ex. 2002 e 2003). Às fls. 10 a 19 consta relatório da ação fiscal e demonstração da exigência formalizada. Como enquadramento legal são citados, entre outros, os seguintes dispositivos:arts. 1° a 3° e §§ da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, arts. 10 e 2° da Lei n° 8.134, de 27 de dezembro de 1990 e arts. 70 e 21 da Lei n°8.981, de 20 de janeiro de 1995. Cientificada em 05/07/2005, fl. 146, a contribuinte apresenta, em 04/08/2005, a impugnação às fls. 147 a 152, acompanhada dos documentos às fls. 153 a 247, na qual alega, em síntese, o seguinte: • Os imóveis de que trata a autuação foram integralizados ao capital de Tangran Empreendimentos e Participações Ltda., consoante registrado na Jucemg em 10/07/1996, contudo não foi feita a averbação no registro de imóveis, o que motivou a inclusão dos referidos bens no inventário de Jaime Martins do Espírito Santo, de cujo espólio o contribuinte é herdeiro. As alienações foram efetuadas em datas posteriores, tendo como transmitente o de cujus, quando na verdade se tratavam de vendas realizadas pela Tangran Empreendimentos e Participações Ltda.; • Não houve insuficiência de recolhimento do imposto sobre ganho de capital,uma vez que os impostos foram calculados e quitados em conformidade com. as metragens e valores existentes nas escrituras dos imóveis. A inconsistência decorre de erro de digitação presente nas escrituras de alguns lotes, havendo apenas erro material quando da apresentação da Fl. 341DF CARF MF 4 Declaração de Ajuste Anual do espólio, erro esse que pode ser sanado a qualquer tempo; • Não foi efetuada a redução de 15% sobre o ganho de capital no caso do imóvel adquirido em 1986, o que viola o art. 18 da Lei n° 7.713, de 1988; • Nos documentos anexados, escrituras públicas de compra e venda, constam valores fiscais (utilizados para cálculo do ITBI) e valores reais (valores reais das operações) sendo que a base utilizada está incorreta; • Descabe a incidência de penalidades sobre os valores lançados. A decisão da autoridade de primeira instancia julgou em 17/07/2009 procedente em parte a impugnação da Recorrente, cuja acórdão encontrase as fls. 503 e segs. e ementa encontrase abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 Ementa: GANHO DE CAPITAL Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos, cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição. Lançamento Procedente em Parte A decisão mencionada reformou o lançamento de forma a reduzir o ganho de capital e a falta de recolhimento por ter a fiscalização utilizado base de calculo incorreta (valores fiscais ITBI x valores reais): "Acrescenta a interessada que nos documentos anexados, escrituras públicas de compra e venda, constam valores fiscais (utilizados para cálculo do ITBI) e valores reais (valores reais das operações) sendo que a base utilizada está incorreta. Pelo exame das escrituras às fls. 222 a 247, formase a convicção de que assiste razão à interessada quanto aos valores reais das operações de compra e venda dos imóveis cujas escrituras se encontram às fls. 224 a 230, 233 a 236 e 238 a 247. Como resultado, o imposto correspondente ao período de agosto de 2002 foi reduzido de R$ 10.946,33 para R$ 9.008,34." Ainda, a decisão acima mencionada excluiu da autuação os valores lançados nos meses de dezembro de 2000 (R$ 62,76), outubro de 2001 (R$ 130,28), dezembro de 2001 (R$ 151,77) e outubro de 2002 (R$ 100,77), por se enquadrem na isenção de que trata o artigo 18 da Instrução Normativa nº 118/00 (alienações com valor inferior a R$ 20 mil). 1 1 IN 118/00 Art. 18. Observado o disposto no artigo anterior, na determinação do ganho de capital sujeito à incidência do imposto, a isenção dos ganhos de capital decorrentes de operações de valor igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais): I no caso de operações financeiras, será considerada em relação ao total das liquidações ou resgates realizados no mês; Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10665.000753/200578 Acórdão n.º 2402005.922 S2C4T2 Fl. 4 5 Em resumo, o crédito tributário passou a ser o seguinte: Ademais, foi exonerada a multa de ofício incidente sobre o tributo alegadamente não pago, tendo como fundamentação o seguinte excerto: "Quanto à aplicação da multa de oficio, entendo que assiste razão à requerente, eis que a responsabilidade de sucessores restringese ao tributo devido pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão, do legado, da herança ou da meação." (fl. 510) Cientificado da decisão de primeira instancia em 10/09/2009, conforme comprovante às fls. 519, o contribuinte apresentou tempestivamente, fl. 527 e segs., em 02/10/2009, o recurso voluntário repisando, em linhas gerais, os argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Fl. 343DF CARF MF 6 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora O recurso voluntário é TEMPESTIVO, eis que intimado da decisão no dia 10/09/2009, o contribuinte interpôs o mesmo no dia 02/10/2009. Atendendo também às demais condições de admissibilidade, merece, portanto, ser CONHECIDO. A insurgência recursal cingese a discussão sobre se a alienação por incorporação ao capital da pessoa jurídica Tangran, naquela época efetuada pelo Sr. Jaime Martins do Espírito Santo, é válida em termos fiscais, com o instrumento de Alteração de Contrato Social devidamente registrado na Junta Comercial, ou somente a "validade fiscal" se dá apenas com a averbação no Cartório de Registro de Imóveis. Argumenta o recorrente que não pode apenas uma simples ausência de registro público de um documento ocultar e fazer desaparecer o Fato Gerador da obrigação tributária, uma vez que está devidamente provada a ocorrência anterior da alienação por documento societário e público (Registro na Junta Comercial), devidamente contabilizado no livro Diário da pessoa jurídica à época. Preliminarmente, vale analisar o pedido da recorrente de cancelamento dos valores residuais do auto de infração por suposto de erro de identificação do sujeito passivo, assim como erro na base de calculo e na identificação de datas. Em relação ao erro na identificação os valores e datas, vale destacar que o acórdão recorrido foi bastante claro no sentido de retificar o lançamento por ter reconhecido que a fiscalização incorrido em erro ao lançar ganhos de capital oriundos de operações cujo valor é inferior a R$ 20 mil, nos termos do art. 18 da Lei 7.813/98 e, ainda, retificar a base de cálculo quando identificou que os valores utilizados foram valores fiscais em detrimento do valor realmente praticado. Desta forma, carece de razão o recorrente. Ademais, quanto a erro na identificação do sujeito passivo, também carece de razão o recorrente, tendo em vista que todas as escrituras de compra e venda dos imóveis (fls. 355 e segs) constavam como vendedor o espolio do Sr. Jaime Martins do Espirito Santo e respectivos Darfs recolhidos também. Em referencia às matérias alegadamente não apreciadas pelo acórdão recorrido, quais sejam: ausência de recolhimento insuficiente de tributos e falta de redução de 15% sobre o Ganho de Capital, por tratarse de imóveis adquiridos em 1986, temos que novamente carece de razão a recorrente, tendo em vista que os anexos do próprio auto de infração, mais precisamente os de numero 1 e 2 constam expressamente que o ganho de capital foi deduzido em 15% por trataremse de imóveis adquiridos em 1986 e a imputação dos valores já pagos na planilha de cálculos. Desta forma, o pedido de redução dos valores dos ganhos pelas isenções, pagamentos a maior, e pelos valores das vendas informadas nas Escrituras já foi atendido pelo acórdão recorrido. Caso houvesse alguma outra isenção, pagamento a maior ou valor de venda inferior ao utilizado não considerado, deveria a recorrente têlos apontado individualmente, posto que a alegação genérica não lhe recorre neste momento. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10665.000753/200578 Acórdão n.º 2402005.922 S2C4T2 Fl. 5 7 No que diz respeito ao argumento apresentado pela recorrente de que a ausência e registro de imóveis não tem o condão de afastar a imputação do sujeito passivo como sendo da empresa cujos imóveis foram integralizados, entendo que andou bem a decisão de primeira instancia nos seus argumentos abaixo mencionados (fl. 510): Para combater o lançamento sustenta a interessada que os imóveis de que trata a autuação foram integralizados ao capital de Tangran Empreendimentos e Participações Ltda., consoante registrado na Jucemg em 10/07/1996, contudo não foi feita a averbação no registro de imóveis, o que motivou a inclusão dos referidos bens no inventário de Jaime Martins do Espírito Santo, de cujo espólio a contribuinte é herdeira. Aduz que as alienações foram efetuadas em datas posteriores, sendo que das escrituras consta como transmitente o de cujus, quando na verdade se tratavam de vendas realizadas pela Tangran Empreendimentos e Participações Ltda. Todavia, para que a transferência de propriedade dos imóveis para Tangran Empreendimentos e Participações Ltda. pudesse valer como elemento de prova oponível a terceiros, seria necessário que fosse lavrado o correspondente ato de averbação no Registro. de Imóveis. Isso, entretanto, conforme admite a requerente, não foi feito. Destarte, para todos os efeitos fiscais, o alienante foi o espólio de Jaime Martins do Espírito Santo, conforme consta das escrituras públicas de compra e venda colacionadas, e não a empresa Tangran Empreendimentos e Participações Ltda. Assim sendo, correto o lançamento neste particular. CONCLUSÃO Tendo em vista todo o acima, voto por CONHECER o Recurso Voluntário e NEGAR PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 345DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15563.000014/2007-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003
PEDIDO DE PERÍCIA. INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS LEGAIS. INDEFERIMENTO.
Nos termos da norma de regência, a impugnação deve mencionar as perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expondo os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito indicado pelo impugnante.
Considerar-se-á não formulado o pedido de perícia que deixar de atender aos requisitos previstos em lei.
CORREÇÃO DO VALOR DA AQUISIÇÃO PELA DESVALORIZAÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Carece de suporte legal o pedido para que o valor do imóvel objeto de alienação seja corrigido pela desvalorização monetária incorrida entre sua data de aquisição e de venda.
ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. GANHO DE CAPITAL. GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE A FAZENDA PÚBLICA EFETUAR O LANÇAMENTO.
O fato gerador do ganho de capital é a data de alienação do imóvel. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar o crédito tributário, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e benfeitorias realizadas no imóvel.
Numero da decisão: 2402-005.948
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS LEGAIS. INDEFERIMENTO. Nos termos da norma de regência, a impugnação deve mencionar as perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expondo os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito indicado pelo impugnante. Considerarseá não formulado o pedido de perícia que deixar de atender aos requisitos previstos em lei. CORREÇÃO DO VALOR DA AQUISIÇÃO PELA DESVALORIZAÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Carece de suporte legal o pedido para que o valor do imóvel objeto de alienação seja corrigido pela desvalorização monetária incorrida entre sua data de aquisição e de venda. ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. GANHO DE CAPITAL. GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE A FAZENDA PÚBLICA EFETUAR O LANÇAMENTO. O fato gerador do ganho de capital é a data de alienação do imóvel. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar o crédito tributário, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e benfeitorias realizadas no imóvel. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 56 3. 00 00 14 /2 00 7- 18 Fl. 104DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 15563.000014/200718 Acórdão n.º 2402005.948 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 88/96) interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro II – DRJ/RJ2 (fl 74/78), que julgou improcedente procedente impugnação (56/65) apresentada em face de Auto de Infração relativo a Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF (48/50). O lançamento foi motivado por omissão de ganho de capital decorrente da alienação de imóvel e resultou em crédito tributário no valor de R$ 18.805,50, que inclui: imposto, R$ 7.500,00; multa proporcional, R$ 5.625,00; e juros de mora, calculados até 29/12/2006, R$ 5.680,50. O contribuinte contestou a autuação por meio da impugnação de fls. 2/4, conforme alegações sintetizadas pela DRJ/RJ2, nos seguintes termos: 5. Regularmente cientificado, em 2 de fevereiro 2007, consoante AR acostado às fls. 46, o interessado apresentou impugnação (fls. 50/59), recepcionada na unidade local da SRFB em 2 de março de 2007, por intermédio de seu procurador, mandato às fls. 60. Seguem sumariadas as teses defensivas: a) alega ter descartado os documentos referentes à reforma do imóvel, em decorrência do "enorme" lapso temporal, cerca de 6 anos, entre a realização das obras e a solicitação de esclarecimentos que lhe fora dirigida pelo fisco; b) alega ter diligenciado junto à empresa fornecedora dos materiais de construção. Não obstante, a loja lhe informara não mais possuir os arquivos referentes às vendas efetuadas em nome do impugnante, posto que os documentos pertinentes teriam sido descartados após o prazo de 5 (cinco) anos; c) alega que o Imposto de Renda sujeitase ao prazo decadencial de 5 anos, contados da ocorrência do fato gerador, pertinente aos tributos lançados por homologação, nos termos do § 4º do art. 150 do CTN. Em conseqüência, alega que o prazo para que a fazenda pública solicitasse esclarecimentos sobre informações prestadas pelo contribuinte em sua DIRPF referente ao ano de 2000, teria expirado; d) aduz que as declarações entregues nunca teriam sido contestadas, já tendo se esgotado o prazo para tanto, o que configuraria as suas veracidades e correções, por homologação tácita. Alega que o entendimento diverso violaria os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, vez que o contribuinte encontra se impossibilitado de produzir a prova documental das benfeitorias efetuadas no imóvel. e) alega que a necessidade de guarda de documentos referentes a benfeitorias dos imóveis, por prazo indeterminado, violaria, ainda, o princípio da segurança jurídica. f) ao final, requer o reconhecimento da improcedência do lançamento impugnado, ressalvando, caso a autoridade julgadora entenda insuficiente a documentação existente, que seja deferido todos os demais meios de prova em direito admitidos, em especial, documental suplementar e pericial. Fl. 106DF CARF MF 4 A DRJ/RJ2 considerou o lançamento procedente, conforme se depreende da ementa da decisão recorrida: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF AnoCalendário: 2002 GANHO DE CAPITAL. CUSTO. Cabe ao contribuinte comprovar com documentação hábil e idônea os dispêndios incorridos para que o valor possa ser considerado custo de aquisição Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seu recurso voluntário o sujeito passivo alega, em síntese, que: a) nos idos de 2002, procedeu à alienação de imóvel de sua propriedade, localizado na Rua Leopoldo Miguez, 86, apartamento 702 por R$ 220.000,00; b) o imóvel fora adquirido pelo valor originário de R$ 170.000,00, e na sua declaração de bens e direitos, na DIRPF 2001, foi consignado por R$ 270.000,00, em virtude de obras de reforma a que havia procedido, em virtude do lastimável estado em que se encontrava o mesmo; c) o acréscimo, de R$ 100.000,00, foi, assim, incorporado ao custo de aquisição do imóvel, o qual na realidade veio a ser alienado por preço muito baixo, em virtude da premente necessidade de o recorrente dispor de numerário para atender a intervenção cirúrgica de gravidade e consequente tratamento, ou seja, a venda foi procedida por preço reduzido, menor que o de mercado; d) fora intimado a apresentar documentação original relativamente à reforma a que procedeu, com demonstração dos gastos efetivados, o que, lastimavelmente, a Fazenda fez a destempo; e) procurou por todos os meios, buscar os documentos que comprovariam a realização das obras e o respectivo dispêndio, trazendo declarações do mestre de obras e do principal fornecedor dos materiais de construção empregados, assim como declaração subscrita pelo síndico do Edifício Galathea, à época em que as obras teriam ocorrido, atestando que efetivamente foram realizadas as benfeitorias declaradas; f) a autoridade fiscal entendeu não ter sido hábil a defesa então apresentada, afirmando ter o recorrente deixado de comprovar, mediante documentação idônea e hábil, os custos incorridos com a reforma; g) as notas fiscais e recibos pertinentes à reforma do imóvel foram guardados pelo período legal de cinco anos, pelo recorrente. A exigência de comprovação da realização das obras e a solicitação de documentos excederam este prazo, certo que não haveria nenhuma exigência legal para que tais documentos fossem guardados por período superior ao legal; h) apesar da intempestividade da exigência, procedeu a diligências junto à fornecedora dos materiais de construção, sem sucesso, pois os documentos pertinentes teriam sido descartados após o prazo de cinco anos, o que foi esclarecido à autoridade fiscal; i) nos termos do art. 150, § 4º do CTN, teria expirado o prazo para que a autoridade fiscal solicitasse esclarecimentos sobre informações prestadas pelo contribuinte em sua DIRPF referente ao anobase 2000; Fl. 107DF CARF MF Processo nº 15563.000014/200718 Acórdão n.º 2402005.948 S2C4T2 Fl. 4 5 j) após os cinco anos legais, haveria que se admitir, por homologação tácita, a veracidade de suas informações, até mesmo tendo em conta a idoneidade que há de se presumir da conduta de qualquer pessoa de bem; k) o procedimento fiscal, de fato, viola frontalmente os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, tendo em vista a impossibilidade de produzir prova documental de benfeitorias, por já haver transcorrido o prazo para a mantença de registros contábeis em poder da empresa que fornecera o material de construção, e descartados os comprovantes em seu poder; l) o entendimento fiscal consubstanciado no julgado administrativo de que a guarda de documentos referentes a benfeitorias de imóveis hão que ser feitos por prazo indefinido é errôneo e contraria o princípio da segurança jurídica, eis que não tem lastro legal; m) não se volta contra o texto legal decreto 3000/99, que dispõe ser o custo dos bens ou direitos, adquiridos a partir de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995, o valor de aquisição, nos termos da lei 8.383/91, art. 96, § 4º e Lei 8.981/95, art. 22, I , na forma do seu artigo 128; n) contudo, há que se considerar que haverá que integrar o custo de aquisição de imóveis, conforme o § 7°, I do mesmo Decreto, os dispêndios com a construção, ampliação, reforma e pequenas obras, tais como pinturas, reparos em azulejos, encanamentos, o que é repetido na IN SRF n° 84 de 2001, em seu artigo 17, I, alínea “a”; o) os documentos relativos às benfeitorias remanesceram à disposição para quaisquer esclarecimentos solicitados, até o final de 2006, afigurandose evidente que, em tendo o crédito tributário ocorrido em 02 de fevereiro de 2007, só mesmo acidentalmente ainda estaria lançados na contabilidade de uma empresa de grande porte, como a Amoedo, de um empreiteiro autônomo, ou mesmo do recorrente, considerandose o grande afluxo de documentos e papéis com que se lida quotidianamente; p) alínea b, do inciso III, do art. 146 da Constituição, defere à lei complementar a atribuição de estabelecer normas gerais, em matéria de legislação tributária, especialmente, sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributárias. A disciplina da prescrição encontrase insculpida nos artigos 156, V, e 174 do CTN, concernente às modalidades de extinção do crédito tributário. q) o tratamento juridicamente conferido à prescrição, em âmbito tributário, equivale ao da caducidade do mesmo modo como ocorre na esfera penal (artigo 107, IV, do Código Penal) , motivo por que diverge, radicalmente, daquele destinado ao mesmo instituto jurídico, no plano civil. Neste, a prescrição liberatória está relacionada ao exclusivo interesse das partes, e apenas submete a eficácia da pretensão condenatória a uma condição resolutiva, a saber, a oferta da exceção, pelo interessado. Eis por que não pode o juiz reconhecêla de ofício, no âmbito civil; r) na seara tributária a prescrição é matéria de direito público e objeto de disciplina jurídica peculiar, com fundamento na autonomia do Direito Tributário, garantida pelo Código Tributário Nacional (arts. 109,110,118 e 126); Fl. 108DF CARF MF 6 s) recorre ao inciso V do art. 156 e ao art. 173 do CTN para afirmar que, assim como o lançamento (que reconhece a ocorrência do fato imponível) faz nascer a obrigação tributária, é possível afirmar, também, que outro fato imponível o decurso do tempo, in albis quer a título de decadência, quer a título de prescrição a faz desaparecer. Faz referência a doutrina e jurisprudência que, no seu entendimento, ampararia sua tese. Apresenta outras considerações acerca da prescrição e da decadência no âmbito tributário; t) questiona a decisão de primeira instância administrativa por ter indeferido o pedido de perícia técnica para a avaliação do valor das obras realizadas e a correção do valor da aquisição, pela desvalorização monetária. Requer, por fim, seja revisto o acórdão, para se julgar procedente a impugnação tempestivamente formulada, desconstituindose o crédito tributário. É o relatório. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 15563.000014/200718 Acórdão n.º 2402005.948 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. Pedido de Perícia Com relação ao pedido de perícia, de conformidade com o inciso IV do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, a impugnação deverá mencionar “as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito”. Examinandose a peça impugnatória, vêse o recorrente não obedeceu aos ditames estabelecidos em lei quanto ao requerimento de perícia, limitandose a prenunciar que, caso os julgadores da instância a quo “entendam insuficientes a documentação existente, que lhe seja deferido todos os demais meios de prova em direito admitidos, em especial, documental suplementar e pericial”. Observese que i) não foram expostos os motivos que pudessem justificar o requerimento de perícia; ii) não foram formulados os quesitos referentes aos exames desejados; iii) tampouco foram indicados, no referido pedido, o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito designado para levar a efeito o exame solicitado pelo sujeito passivo. Não se olvide que o § 1º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972 é taxativo no sentido de que “Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16”, ou seja, não há como se conhecer do pedido de perícia quando esse é formulado ignorandose por completo os requisitos estabelecidos na norma. Por outro lado, a teor do art. 18 do Decreto nº 70.235/1972: “A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis”. Assim, tendo em vista que a autuação foi motivada pela não apresentação de documentos que pudessem evidenciar as benfeitorias que o sujeito passivo afirma ter realizado no imóvel cujo ganho de capital decorrente da alienação serviu de base para o lançamento e considerando que a impugnação foi voltada para a desnecessidade de guarda desses documentos em virtude de propalada prescrição/decadência, mostrase prescindível a realização de perícia. Desse modo, não merece reparos o posicionamento consignado no acórdão recorrido, segundo o qual: 15. Com efeito, a legislação autoriza a realização de diligências ou perícias, seja a requerimento do impugnante, seja por iniciativa da autoridade julgadora. Em qualquer caso, cabe à Fl. 110DF CARF MF 8 autoridade julgadora efetuar o juízo acerca da necessidade desses procedimentos, indeferindo, pois, os que entender dispensáveis ou impraticáveis. No caso vertente, a matéria impugnada versa sobre a omissão do contribuinte em apresentar prova documental idônea e apta a comprovar despesas incorridas com reforma de imóvel. Considerandose que a diligência não se presta a suprir a omissão do contribuinte em apresentar a prova documental no momento oportuno, considerando ainda que o próprio contribuinte alega a impossibilidade de obtenção dos documentos em referência, com fundamento ainda no art. 28, in fine, do Decreto n° 70.235, de 1972, indeferese o pedido de realização de diligência ou perícia. (Grifos do Orginal) Afastase, pois, essa preliminar, eis que não houve por evidenciado o cerceamento de direito de defesa propugnado peça recursal. Correção do Valor da Aquisição pela Desvalorização Monetária Quanto à solicitação para que o valor do imóvel fosse corrigido pela “desvalorização monetária”, impossível atender a solicitação do reclamante, em vista da ausência de previsão legal nesse sentido no exercício a que se refere o lançamento. Prescrição/Decadência Aduz o recorrente que fora intimado a destempo pela Fazenda Nacional para apresentar a documentação relativamente à reforma que procedeu, pois, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, teria se expirado o prazo para que a autoridade fiscal solicitasse esclarecimentos sobre informações prestadas pelo contribuinte em sua DIRPF referente ao anobase 2000, havendo que se admitir, por homologação tácita, a veracidade das informações prestadas em referida declaração, tendo em vista o decurso do prazo de cinco anos. Segundo infere, teria se operado a prescrição e a decadência o que tornaria ilegítima a incidência tributária. Primeiramente, verificase necessário fazer a distinção entre os institutos da decadência e da prescrição sob a ótica do Direito Tributário, tendo em vista os argumentos contidos no recurso voluntário, os quais acabam por tratar tais institutos de forma ambígua e imprecisa. Preceitua o Código Tributário Nacional, em seu art. 174, que: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Da leitura do dispositivo acima transcrito, verificase que a prescrição diz respeito ao prazo de cinco anos deferido à Fazenda Pública para, após a constituição definitiva do crédito tributário (que pressupõe, além do lançamento, a conclusão da análise dos recursos interpostos pelo sujeito passivo), promover a cobrança do tributo lançado. De se notar que, não obstante os argumentos suscitados no recurso voluntário, aqui não há que se falar em prescrição, pois, embora se esteja a tratar de crédito tributário cujo lançamento já foi efetuado, o auto de infração ainda encontrase em discussão na via administrativa, restando, nos termos do art. 174 do CTN, impossibilitada a extinção do Fl. 111DF CARF MF Processo nº 15563.000014/200718 Acórdão n.º 2402005.948 S2C4T2 Fl. 6 9 crédito tributário pela via prescricional em virtude de ainda não haver sequer sua definitiva constituição. No que se refere à decadência, com relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, dispõe o § 4º e o caput do art. 150 Código Tributário: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. O inciso I do art. 173 do CTN, por seu turno, estabelece: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...] Asseverese que a norma tributária, ao tratar da decadência, estipula prazo para seu transcurso relacionadoo com a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o que, no caso que ora se analisa, iniciase com a alienação do bem imóvel e a respectiva apuração do ganho de capital. Referidos dispositivos não têm relação com a obrigatoriedade de guarda de documentos com vistas a comprovação de benfeitorias agregadas ao custo de imóveis. Assim, não vejo como conferir razão ao sujeito passivo quanto aos argumentos relacionados à pretensa prescrição ou decadência para a apresentação de documentos aptos a atestar o valor das benfeitorias adicionado ao custo do imóvel. Referidos instituto, relacionados no inciso V do art. 156 do CTN como hipóteses de extinção do crédito tributário, não têm pertinência com a obrigação de o contribuinte manter documentos sob sua guarda para atestar o incremento no valor de imóveis para fins de redução do ganho de capital decorrente de sua alienação. A respeito da composição do custo de imóveis para efeito de definição do ganho de capital decorrente de sua alienação, o inciso I do § 7º do art. 128 do Decreto nº 3.000/1999 estabelece: Art.128. O custo dos bens ou direitos adquiridos, a partir de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995, será o valor de Fl. 112DF CARF MF 10 aquisição (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, § 4º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 22, inciso I). [...] § 7º Podem integrar o custo de aquisição de imóveis, desde que comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na declaração de bens: I os dispêndios com a construção, ampliação, reforma e pequenas obras, tais como pintura, reparos em azulejos, encanamentos; [...] Nesse mesmo sentido são as alíneas “a” e “b” do art. 17 da Instrução Normativa SRF nº 84/2001: Art. 17. Podem integrar o custo de aquisição, quando comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na Declaração de Ajuste Anual, no caso de: I bens imóveis: a) os dispêndios com a construção, ampliação e reforma, desde que os projetos tenham sido aprovados pelos órgãos municipais competentes, e com pequenas obras, tais como pintura, reparos em azulejos, encanamentos, pisos, paredes; b) os dispêndios com a demolição de prédio construído no terreno, desde que seja condição para se efetivar a alienação; Por óbvio, para que os dispêndios com construção, reforma ou ampliação venham a integrar o custo do imóvel esses, nos termos do dispositivo regulamentar e da Instrução Normativa SRF nº 84/2001, precisam, além de constar da Declaração de Ajuste Anual do contribuinte, ser efetivamente comprovados. No caso concreto, não restam dúvidas de que o imóvel alienado foi adquirido por R$ 170.000,00 e vendido por R$ 220.000,00, o que motivou a apuração de ganho de capital equivalente a R$ 50.000,00. Outro fato impassível de contestação é que, embora tenha sido intimado para tal, o recorrente não logrou comprovar com documentos hábeis e idôneos as benfeitorias realizadas na edificação, apresentando para esse fim tãosomente declarações do mestre de obras, do pretenso fornecedor dos materiais de construção empregados na reforma e do síndico do edifício onde encontrase situado o imóvel. Referidas questões, além de terem sido demonstradas na autuação fiscal, foram admitidas pelo próprio contribuinte em sua peça recursal. Especificamente sobre notas fiscais e recibos de prestação de serviços, que comprovariam a realização de reforma no exato valor de R$ 100.000,00, o recorrente afirma textualmente que não dispõe de tais documentos. Senão vejamos: 10. As notas fiscais e recibos pertinentes à reforma do imóvel foram guardados pelo período legal de cinco anos, pelo recorrente. A exigência de comprovação da realização das obras e a solicitação de documentos excederam este prazo, certo que não haveria s.m.j., nenhuma exigência legal para que tais documentos fossem guardados por período superior ao legal. Fl. 113DF CARF MF Processo nº 15563.000014/200718 Acórdão n.º 2402005.948 S2C4T2 Fl. 7 11 [...] 16. Estes documentos foram mantidos por todo o exercício de 2001, vale dizer, de 1º de janeiro de 2001, e remanesceram à disposição para quaisquer esclarecimentos solicitados, até o final de 2006, isto é 31 de dezembro de 2006. [...] Pelo que se infere do recurso voluntário, instado a comprovar as benfeitorias efetuadas no imóvel, alegou o contribuinte que já havia descartado os documentos em virtude do prazo prescricional/decadencial para sua guarda. Contudo, conforme se demonstrou acima, os dispositivos suscitados pelo recorrente não tratam de prescrição ou decadência pertinentes à guarda de documentos. Estão, sim, relacionados a prazos para que a Fazenda possa efetuar o constituição ou cobrança do crédito tributário. Com relação aos documentos, esses devem ser conservados em poder do sujeito passivo até que se opere a decadência para o lançamento. Nesse sentido, a Solução de Consulta nº 17, de 13 de fevereiro de 2006, apresenta fundamentos que considero esclarecedores: Solução de Consulta nº 17, de 13 de fevereiro de 2006 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF GUARDA DE DOCUMENTOS GANHO DE CAPITAL. A guarda de documentos que tenham repercussão tributária deve ser mantida enquanto não se efetivar a caducidade do direito de a Fazenda Pública efetivar o lançamento. O fato gerador do imposto sobre o ganho de capital é a alienação do imóvel, somente começando o prazo decadencial de cinco anos para o lançamento partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado, assim considerado o primeiro dia do ano seguinte ao da entrega da DIRF em que se informa a alienação. Enquanto não decaído o direito de a Fazenda lançar, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e de alienação do imóvel, não se confundindo esse prazo com aquele da DIRPF na qual se informou a aquisição, alteração ou alienação do imóvel. DISPOSITIVOS LEGAIS: Art. 149, parágrafo único; Art. 150, §§ 1° e 4°; Art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional CTN; Art. 128, § 7°, inciso I, e § 9° do Decreto n° 3.000, de 26/03/1999, RIR e IN SRF n° 84, de 11/10/2001. Notese que entendimento semelhante ao consubstanciado na Solução de Consulta nº 17/2006 é o que tem prosperado no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme se pode extrair dos trechos das decisões que abaixo se reproduz: Acórdão nº 2201002.315 Pelo que se vê, os documentos que tenham repercussão tributária devem ser mantidos enquanto não se efetivar a caducidade do direito de a Fazenda Pública lançar o crédito tributário. E no caso do ganho de capital, o fato gerador é a data de alienação do imóvel. Assim, enquanto não decaído o Fl. 114DF CARF MF 12 direito da Fazenda constituir o lançamento, o alienante é obrigado a manter os documentos comprobatórios do custo de aquisição e de alienação do imóvel vendido inclusive das benfeitorias realizadas. [...] Acórdão nº 10246.142 INVESTIMENTOS EM BENFEITORIAS – DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA – DECADÊNCIA – A comprovação de investimentos em bem patrimonial não está sujeita ao prazo qüinqüenal de decadência, devendo ser apresentada sempre que sua existência deva ser comprovada. Asseverese que não se está aqui afirmando que, para o cálculo do ganho de capital, os valores despendidos com construção, ampliação ou reforma não podem integrar o custo do imóvel, mas que, para que isso ocorra, o contribuinte precisa comprovar esse fato com a apresentação de documentos hábeis e idôneos, os quais devem ser conservados até que se efetive a caducidade do direito de a Fazenda Pública efetuar o lançamento o crédito tributário. Por outro lado, tendo em vista que não restou demonstrado qualquer mácula no procedimento levado a efeito pela autoridade fiscal, carece de fundamento as asserções de que o auto de infração representaria violação a princípios como o do contraditório, da ampla defesa ou da segurança jurídica. Por fim, em vista da falta de comprovação do valor das benfeitorias realizadas, correto o procedimento fiscal que considerou a diferença entre custo de aquisição e venda do imóvel como ganho de capital omitido. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 115DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.000752/2005-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001, 2002, 2003
GANHO DE CAPITAL
Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos, cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição.
Numero da decisão: 2402-005.919
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho (Presidente), Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho (Presidente), Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 07 52 /2 00 5- 23 Fl. 332DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho (Presidente), Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10665.000752/200523 Acórdão n.º 2402005.919 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: Contra o contribuinte precitado foi formalizada a exigência às fls. 2 a 9 e 20 a 23, relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2001 a 2003, anoscalendário 2000 a 2002„ consubstanciando imposto suplementar no valor de R$ 12.067,46, com multa de oficio e juros de mora calculados até maio de 2005, totalizando crédito tributário no montante de R$ 26.996,79. O lançamento decorre de: I omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos (Ex. 2001 a 2003) e II — falta de recolhimento de imposto sobre ganhos de capital (Ex. 2002 e 2003). Às fls. 10 a 19 consta relatório da ação fiscal e demonstração da exigência formalizada. Como enquadramento legal são citados, entre outros, os seguintes dispositivos:arts. 1° a 3° e §§ da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, arts. 10 e 2° da Lei n° 8.134, de 27 de dezembro de 1990 e arts. 70 e 21 da Lei n°8.981, de 20 de janeiro de 1995. Cientificada em 05/07/2005, fl. 146, a contribuinte apresenta, em 04/08/2005, a impugnação às fls. 147 a 152, acompanhada dos documentos às fls. 153 a 247, na qual alega, em síntese, o seguinte: • Os imóveis de que trata a autuação foram integralizados ao capital de Tangran Empreendimentos e Participações Ltda., consoante registrado na Jucemg em 10/07/1996, contudo não foi feita a averbação no registro de imóveis, o que motivou a inclusão dos referidos bens no inventário de Jaime Martins do Espírito Santo, de cujo espólio o contribuinte é herdeiro. As alienações foram efetuadas em datas posteriores, tendo como transmitente o de cujus, quando na verdade se tratavam de vendas realizadas pela Tangran Empreendimentos e Participações Ltda.; • Não houve insuficiência de recolhimento do imposto sobre ganho de capital,uma vez que os impostos foram calculados e quitados em conformidade com. as metragens e valores existentes nas escrituras dos imóveis. A inconsistência decorre de erro de digitação presente nas escrituras de alguns lotes, havendo apenas erro material quando da apresentação da Fl. 334DF CARF MF 4 Declaração de Ajuste Anual do espólio, erro esse que pode ser sanado a qualquer tempo; • Não foi efetuada a redução de 15% sobre o ganho de capital no caso do imóvel adquirido em 1986, o que viola o art. 18 da Lei n° 7.713, de 1988; • Nos documentos anexados, escrituras públicas de compra e venda, constam valores fiscais (utilizados para cálculo do ITBI) e valores reais (valores reais das operações) sendo que a base utilizada está incorreta; • Descabe a incidência de penalidades sobre os valores lançados. A decisão da autoridade de primeira instancia julgou em 17/07/2009 procedente em parte a impugnação da Recorrente, cuja acórdão encontrase as fls. 503 e segs. e ementa encontrase abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 Ementa: GANHO DE CAPITAL Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos, cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição. Lançamento Procedente em Parte A decisão mencionada reformou o lançamento de forma a reduzir o ganho de capital e a falta de recolhimento por ter a fiscalização utilizado base de calculo incorreta (valores fiscais ITBI x valores reais): "Acrescenta a interessada que nos documentos anexados, escrituras públicas de compra e venda, constam valores fiscais (utilizados para cálculo do ITBI) e valores reais (valores reais das operações) sendo que a base utilizada está incorreta. Pelo exame das escrituras às fls. 222 a 247, formase a convicção de que assiste razão à interessada quanto aos valores reais das operações de compra e venda dos imóveis cujas escrituras se encontram às fls. 224 a 230, 233 a 236 e 238 a 247. Como resultado, o imposto correspondente ao período de agosto de 2002 foi reduzido de R$ 10.946,33 para R$ 9.008,34." Ainda, a decisão acima mencionada excluiu da autuação os valores lançados nos meses de dezembro de 2000 (R$ 62,76), outubro de 2001 (R$ 130,28), dezembro de 2001 (R$ 151,77) e outubro de 2002 (R$ 100,77), por se enquadrem na isenção de que trata o artigo 18 da Instrução Normativa nº 118/00 (alienações com valor inferior a R$ 20 mil). 1 1 IN 118/00 Art. 18. Observado o disposto no artigo anterior, na determinação do ganho de capital sujeito à incidência do imposto, a isenção dos ganhos de capital decorrentes de operações de valor igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais): I no caso de operações financeiras, será considerada em relação ao total das liquidações ou resgates realizados no mês; Fl. 335DF CARF MF Processo nº 10665.000752/200523 Acórdão n.º 2402005.919 S2C4T2 Fl. 4 5 Em resumo, o crédito tributário passou a ser o seguinte: Ademais, foi exonerada a multa de ofício incidente sobre o tributo alegadamente não pago, tendo como fundamentação o seguinte excerto: "Quanto à aplicação da multa de oficio, entendo que assiste razão à requerente, eis que a responsabilidade de sucessores restringese ao tributo devido pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão, do legado, da herança ou da meação." (fl. 510) Cientificado da decisão de primeira instancia em 10/09/2009, conforme comprovante às fls. 519, o contribuinte apresentou tempestivamente, fl. 527 e segs., em 02/10/2009, o recurso voluntário repisando, em linhas gerais, os argumentos apresentados em sede de impugnação. É o relatório. Fl. 336DF CARF MF 6 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora O recurso voluntário é TEMPESTIVO, eis que intimado da decisão no dia 10/09/2009, o contribuinte interpôs o mesmo no dia 02/10/2009. Atendendo também às demais condições de admissibilidade, merece, portanto, ser CONHECIDO. A insurgência recursal cingese a discussão sobre se a alienação por incorporação ao capital da pessoa jurídica Tangran, naquela época efetuada pelo Sr. Jaime Martins do Espírito Santo, é válida em termos fiscais, com o instrumento de Alteração de Contrato Social devidamente registrado na Junta Comercial, ou somente a "validade fiscal" se dá apenas com a averbação no Cartório de Registro de Imóveis. Argumenta a recorrente que não pode apenas uma simples ausência de registro público de um documento ocultar e fazer desaparecer o Fato Gerador da obrigação tributária, uma vez que está devidamente provada a ocorrência anterior da alienação por documento societário e público (Registro na Junta Comercial), devidamente contabilizado no livro Diário da pessoa jurídica à época. Preliminarmente, vale analisar o pedido da recorrente de cancelamento dos valores residuais do auto de infração por suposto de erro de identificação do sujeito passivo, assim como erro na base de calculo e na identificação de datas. Em relação ao erro na identificação os valores e datas, vale destacar que o acórdão recorrido foi bastante claro no sentido de retificar o lançamento por ter reconhecido que a fiscalização incorrido em erro ao lançar ganhos de capital oriundos de operações cujo valor é inferior a R$ 20 mil, nos termos do art. 18 da Lei 7.813/98 e, ainda, retificar a base de cálculo quando identificou que os valores utilizados foram valores fiscais em detrimento do valor realmente praticado. Desta forma, carece de razão a recorrente. Ademais, quanto a erro na identificação do sujeito passivo, também carece de razão a recorrente, tendo em vista que todas as escrituras de compra e venda dos imóveis (fls. 355 e segs) constavam como vendedor o espolio do Sr. Jaime Martins do Espirito Santo e respectivos Darfs recolhidos também. Em referencia às matérias alegadamente não apreciadas pelo acórdão recorrido, quais sejam: ausência de recolhimento insuficiente de tributos e falta de redução de 15% sobre o Ganho de Capital, por tratarse de imóveis adquiridos em 1986, temos que novamente carece de razão a recorrente, tendo em vista que os anexos do próprio auto de infração, mais precisamente os de numero 1 e 2 constam expressamente que o ganho de capital foi deduzido em 15% por trataremse de imóveis adquiridos em 1986 e a imputação dos valores já pagos na planilha de cálculos. Desta forma, o pedido de redução dos valores dos ganhos pelas isenções, pagamentos a maior, e pelos valores das vendas informadas nas Escrituras já foi atendido pelo acórdão recorrido. Caso houvesse alguma outra isenção, pagamento a maior ou valor de venda inferior ao utilizado não considerado, deveria a recorrente têlos apontado individualmente, posto que a alegação genérica não lhe recorre neste momento. Fl. 337DF CARF MF Processo nº 10665.000752/200523 Acórdão n.º 2402005.919 S2C4T2 Fl. 5 7 No que diz respeito ao argumento apresentado pela recorrente de que a ausência e registro de imóveis não tem o condão de afastar a imputação do sujeito passivo como sendo da empresa cujos imóveis foram integralizados, entendo que andou bem a decisão de primeira instancia nos seus argumentos abaixo mencionados (fl. 510): Para combater o lançamento sustenta a interessada que os imóveis de que trata a autuação foram integralizados ao capital de Tangran Empreendimentos e Participações Ltda., consoante registrado na Jucemg em 10/07/1996, contudo não foi feita a averbação no registro de imóveis, o que motivou a inclusão dos referidos bens no inventário de Jaime Martins do Espírito Santo, de cujo espólio a contribuinte é herdeira. Aduz que as alienações foram efetuadas em datas posteriores, sendo que das escrituras consta como transmitente o de cujus, quando na verdade se tratavam de vendas realizadas pela Tangran Empreendimentos e Participações Ltda. Todavia, para que a transferência de propriedade dos imóveis para Tangran Empreendimentos e Participações Ltda. pudesse valer como elemento de prova oponível a terceiros, seria necessário que fosse lavrado o correspondente ato de averbação no Registro. de Imóveis. Isso, entretanto, conforme admite a requerente, não foi feito. Destarte, para todos os efeitos fiscais, o alienante foi o espólio de Jaime Martins do Espírito Santo, conforme consta das escrituras públicas de compra e venda colacionadas, e não a empresa Tangran Empreendimentos e Participações Ltda. Assim sendo, correto o lançamento neste particular. CONCLUSÃO Tendo em vista todo o acima, voto por CONHECER o Recurso Voluntário e NEGAR PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 338DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.001392/2006-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. ACOLHIMENTO.
A existência de omissão em acórdão de recurso voluntário impõe o conhecimento dos embargos de declaração.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE VOTO VENCEDOR. COMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO.
Constatada a ocorrência de omissão pela falta de inclusão de voto vencedor no acórdão embargado, caberá ao colegiado responsável pelo julgamento fundamentar referida decisão, à luz dos argumentos trazidos na peça recursal e dos elementos de prova oportunamente apresentados pelo recorrente, sem conferir efeitos infringentes aos aclaratórios.
Numero da decisão: 2402-005.911
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, rerratificando a decisão com o fim suprir a omissão apontada, a partir da apresentação do voto vencedor, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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OMISSÃO. ACOLHIMENTO. A existência de omissão em acórdão de recurso voluntário impõe o conhecimento dos embargos de declaração. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE VOTO VENCEDOR. COMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO. Constatada a ocorrência de omissão pela falta de inclusão de voto vencedor no acórdão embargado, caberá ao colegiado responsável pelo julgamento fundamentar referida decisão, à luz dos argumentos trazidos na peça recursal e dos elementos de prova oportunamente apresentados pelo recorrente, sem conferir efeitos infringentes aos aclaratórios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 00 13 92 /2 00 6- 72 Fl. 1510DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, rerratificando a decisão com o fim suprir a omissão apontada, a partir da apresentação do voto vencedor, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1511DF CARF MF Processo nº 13116.001392/200672 Acórdão n.º 2402005.911 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de embargos declaratórios (fls. 1496/1497) opostos pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional – PGFN em virtude da não inclusão de voto vencedor no Acórdão 210100.480, da 1ª Turma Ordinária / 1ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento do CARF (fls. 1478/1492), julgado em 14/04/2010, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 IRPF DECADÊNCIA ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Devem ser apurados em base mensal e tributados anualmente, razão pela qual o fato gerador se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). FORMA DE APURAÇÃO TRIBUTAÇÃO MENSAL. A partir do anocalendário 1989, o acréscimo patrimonial não justificado deve ser apurado mensalmente, confrontandose os rendimentos do respectivo mês, com transporte para os períodos seguintes dos saldos positivos de recurso, conforme determina o artigo 2° da Lei n° 7.713, 1988. PROVAS. Não tendo o contribuinte logrado comprovar integralmente a origem dos recursos capazes de justificar o acréscimo patrimonial, através de rendimentos tributáveis, isentos ou tributáveis exclusivamente na fonte, é de se manter o lançamento de oficio. A decisão foi redigida nos seguintes termos: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso para reconhecer como origem de recursos os valores de R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, respectivamente em janeiro de 2002 e janeiro de 2003. Vencidas as Conselheiras Ana Neyle Olímpio Holanda (Relatora) e Amarylles Reinaldi e Henriques Resende que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka. (Grifos nossos) A despeito das informações contidas no decisum de que a relatora teria saído vencida e que teria sido designado redator para elaborar o voto vencedor, o acórdão foi Fl. 1512DF CARF MF 4 publicado somente com o voto vencido. Por essa razão, em seus aclaratórios, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN requer a juntada do teor do voto vencedor. Sobre o lançamento, o trecho a seguir, extraído do relatório do acórdão embargado, detalha aspectos referente à matéria objeto do auto de infração que deveria ter sido abordada no voto vencedor: vii) omissão de rendimentos, tendo em vista acréscimo patrimonial a descoberto, onde foi verificado excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados, referente aos anoscalendário 2001 a 2004, exercícios 2002 a 2005, sob o seguinte enquadramento legal: artigos 1° a 3° e §§ da Lei n° 7.713, de 22/12/1988, artigos 10 e 2° da Lei n° 8.134, de 27/12/1990, artigos 1° da Lei n° 9.887, de 07/12/1999, artigo 10 da Medida Provisória n° 22, de 08/01/2002, convertida na Lei n° 10.451, de 10/05/2002, e artigos 55, XIII, e parágrafo único, 806 e 807 do Decreto n° 3.000 de 26/03/1999, Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999. Relativamente às alegações do contribuinte quanto a origem dos recursos excluídos do lançamento por força da decisão atacada, consta do indigitado relatório: Anocalendário 2002 a) aos 26 de setembro, foi distribuída a seu então cônjuge o valor de R$ 50.000,00, a titulo de adiantamento de lucros da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C, e, aos 31 de dezembro, foi distribuída a quantia de R$ 247.000,00, que não foi compensada em sua conta bancária, ainda no anocalendário 2001, devendo ser considerado para o fluxo financeiro do ano calendário 2002; b) o recebimento desses valores foi registrado na declaração de ajuste anual, e a não discriminação da disponibilidade na declaração de bens foi um erro formal, que não afasta a realidade dos fatos; c) em fevereiro e abril devem ser acrescidos como recursos, respectivamente, os importes de R$ 13.650,00 e R$ 16.250,00, recebidos pelo então cônjuge, a titulo de adiantamento de lucros da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C; d) embora a distribuição total do lucro esteja escriturada aos 31 de dezembro, os valores foram efetivamente entregues em fevereiro e abril. Anocalendário 2003 a) aos 31 de dezembro, foram distribuídos ao cônjuge R$ 96.100,00, que não foram compensados naquele anocalendário mas que devem ser considerados como recursos no fluxo do ano calendário 2003; b) o recebimento desses valores foi registrado na declaração de ajuste anual, e a não discriminação da disponibilidade na declaração de bens foi um erro formal, que não afasta a realidade dos fatos; Fl. 1513DF CARF MF Processo nº 13116.001392/200672 Acórdão n.º 2402005.911 S2C4T2 Fl. 4 5 c) devem ser considerados como recursos os importes de R$ 15.000,00, R$ 18.000,00, R$ 20.000,00, R$ 20.000,00 e R$ 30.000,00, respectivamente, nos meses de fevereiro, abril, maio, agosto, setembro e novembro de 2003, recebidas do então cônjuge, a titulo de adiantamento de lucros da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C, conforme comprovam os recibos de fls. 330, 334, 337, 350, 352 e 354; d) embora a distribuição total do lucro esteja escriturada aos 31 de dezembro, os valores foram efetivamente entregues nos meses citados; e) devem ser incluídos como recursos os valores recebidos através de empréstimo da empresa BETCAPITAL LTDA, conforme cópia do contrato de mútuo e recibos e do Livro Diário da referida empresa, nos seguintes montantes: i) R$ 25.000,00 no mês de fevereiro; ii) R$ 100.000,00 no mês de março; iii) R$ 100.000,00 no mês de abril; iv) R$ 75.000,00 no mês de setembro, e v) R$ 50.000,00 no mês de novembro; I) os empréstimos foram devidamente declarados pelas partes; g) devem ser incluídos como recursos o valor de R$ 200.000,00, recebidos pelo recorrente da venda de quotas de capital da empresa BARNA CONSTRUTORA LTDA., conforme demonstra cópia de alteração contratual, em que está demonstrado que a transferência foi onerosa. (Grifos nossos) A despeito das alegações referenciada na peça recursal acerca da origem dos recursos que deram azo ao lançamento em virtude de acréscimo patrimonial a descoberto, extraise do voto vencido que o recorrente não foi capaz de justificar o acréscimo patrimonial aferido pelo Fisco. Vejamos: A norma legal prevê a presunção relativa de omissão de rendimentos por parte do sujeito passivo que, não tendo como justificar o aumento patrimonial, deverá submeter o acréscimo não justificado à tributação, considerandose por ocorrida a prática de um fato tributável ocultado. Este dispositivo legal não veda a produção de provas contrárias à origem não justificada do rendimento, e que também não confere ao agente fiscal liberdade para arbitrar aleatoriamente a base de cálculo, uma vez que estabelece ser o acréscimo — fato conhecido considerado tanto como indicio de receitas como a própria base de cálculo do tributo — passível de tributação. Assim, estando o lançamento por omissão de rendimentos fulcrado em acréscimo patrimonial a descoberto, embora importe em presunção, amparado em base legal, não há que se cogitar de sua nulidade, vez que demonstrado o aporte de patrimônio sem a devida comprovação da origem dos valores aptos a justificálo. Fl. 1514DF CARF MF 6 No caso vertente, entendemos que o recorrente não trouxe aos autos elementos capazes de invalidar o levantamento efetuado pela autoridade fiscal, no sentido de combater os dispêndios realizados para a aquisição de bens e direitos. Forte no exposto, e de tudo que dos autos consta, somos pelo não provimento do recurso voluntário apresentado. Não obstante, o Colegiado acolheu parte das alegações do sujeito passivo, reconhecendo, em relação a janeiro de 2002 e janeiro de 2003, origens de recursos em valores correspondentes a R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, respectivamente. Entretanto, o voto vencedor a esse respeito não foi inserido no acórdão. É o relatório. Fl. 1515DF CARF MF Processo nº 13116.001392/200672 Acórdão n.º 2402005.911 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator Os embargos são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade, portanto devem ser acolhidos. Primeiramente esclareço meu juízo de que, em razão de o acórdão embargado já contar com decisão de alcance claramente determinado, a este Colegiado cabe fundamentar referida decisão, à luz dos argumentos trazidos na peça recursal e dos elementos de prova oportunamente apresentados pelo recorrente. Assim, os fundamentos contidos neste voto não são necessariamente coincidentes com meu entendimento acerca da matéria em comento. Por outro lado, não restando dúvidas em relação à omissão apontada pela PGFN, voto no sentido de ACOLHER OS EMBARGOS, rerratificando a decisão com o fim suprir a omissão apontada, a partir da apresentação do voto vencedor a seguir, o qual deverá integrar o acórdão embargado: Voto Vencedor Da leitura da decisão contida no voto vencido, verificase que a r. Relatora negou provimento ao recurso voluntário por entender que o recorrente não trouxe aos autos elementos capazes de invalidar o levantamento efetuado pela autoridade fiscal, ou seja, não conseguiu justificar os acréscimos patrimoniais objeto da presente autuação. Ocorre que, conforme consta do recurso voluntário, no ano de 2001 foi distribuído a Andréia Aprígio de Souza Ramos, cônjuge do recorrente, pela empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C, o equivalente a R$ 297.000,00, a titulo de lucro, da seguinte forma: a) R$ 50.000,00 em 29/09/2001 (adiantamento de lucros); e b) R$ 247.000,00 em 31/12/2001. Para corroborar as informações contidas na peça recursal, o sujeito passivo apresentou i) comprovante de rendimentos do cônjuge, atestando o recebimento de rendimentos no valor de R$ 297.000,00 no anocalendário 2001 da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C (fl. 1069); ii) recibo de adiantamento de distribuição de lucros (fl. 1055); e iii) cópia do livro razão da empresa, exercício financeiro 2001 (fl. 1072/1076), no qual há registro, em fl. 1075, de “Transferência do Resultado do Período”, também no valor de R$ 297.000,00. De modo semelhante, em 2002 teria sido distribuído a Andréia Aprígio, pela mesma empresa, parceladamente, o equivalente a R$ 126.000,00, a título de lucro, conforme segue: a) R$ 29.900,00 nos meses de fevereiro e abril de 2002 (adiantamento de lucro); e b) R$ 96.100,00 em 31/12/2002. Fl. 1516DF CARF MF 8 Como forma de comprovar tais asserções foram carreados aos autos os seguintes documentos: i) comprovante de rendimentos do cônjuge, atestando o recebimento de rendimentos no valor de R$ 126.000,00 da Souza Ramos Advogados Associados S/C, ano calendário 2002 (fl. 1070); ii) recibos de adiantamentos de distribuição de lucros que somados totalizam R$ 29.900,00 (fls. 1057/1058); e iii) cópia do livro razão da empresa, exercício financeiro 2001 (fl. 1077/1081), no qual há registro, em fl. 1080, de “Transferência do Resultado do Período”, também no valor de R$ 126.000,00. Aduz o sujeito passivo que os valores pagos título de distribuição de lucro no ultimo dia dos anos de 2001 e 2002 a seu cônjuge, R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, por terem sido compensados em conta bancária da beneficiária somente nos anos subsequentes, deveriam ser considerados nos fluxos financeiros de 2002 e 2003, respectivamente. Conquanto tenha concordado com a r. Relatora no tange aos demais pontos contidos em seu voto, especificamente com relação tais valores, resolveu a Turma Julgadora por considerar as provas apresentadas no apelo recursal como suficientemente aptas a justificar a alegações do sujeito passivo, reconhecendoos como origem de recursos para os anos 2002 e 2003. Desse modo, a conclusão inserta no voto vencedor pode ser resumida nos seguintes termos: “Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso voluntário e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer como origem de recursos os valores de R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, respectivamente em janeiro de 2002 e janeiro de 2003.” (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 1517DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11853.001281/2007-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2001 a 31/07/2004
VINCULAÇÃO DOS PROCESSOS. REFLEXOS JÁ JULGADOS. VINCULAÇÃO INCABÍVEL.
Os processo reflexos já foram julgados e é incabível a vinculação dos autos para julgamento conjunto (§ 2º do art. 6º do Anexo II do RICARF).
NULIDADE DO LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AO DIREITO DE DEFESA.
1. Somente há nulidade quando o descumprimento de uma regra legal ou infra-legal cause prejuízo ao direito de defesa do contribuinte.
2. As eventuais formalidades constantes da legislação tributária não constituem um fim em si mesmas, mas sim representam um meio de assegurar o direito do devido processo legal.
3. O RDA relaciona, por estabelecimento e por competência, as parcelas que seriam deduzidas das contribuições apuradas, mas a própria contribuinte reconheceu não ter efetuado nenhum recolhimento das contribuições lançadas, nem mesmo quanto à prestação de serviços prestados por meio de cooperativa de trabalho.
4. Por outro lado, não houve o arrolamento de bens do sujeito passivo e, por consequência, não houve a emissão do TAB.
5. Quanto à não entrega dos relatórios em mídia digital, o sujeito passivo teve acesso a todos os relatórios integrantes da presente NFLD em meio impresso, o que viabilizou o seu direito de defesa.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CONFISCO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 2.
A cláusula de não confisco está prevista na Constituição Federal e, para se concluir pela existência de imposição confiscatória, seria necessário declarar a inconstitucionalidade da Lei 8212/91, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 2.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPETÊNCIA DO AUDITOR. EXISTÊNCIA.
1. De acordo com o § 2º do art. 229 do Regulamento da Previdência Social, o auditor fiscal poderá desconsiderar o vínculo negocial e efetuar o enquadramento como segurado empregado, caso constate que o segurado contratado, sob qualquer denominação, preenche as condições referidas no inc. I do caput do art. 9º.
2. De outro vértice, o art. 142 do CTN prevê que a autoridade administrativa tem competência privativa para constituir o crédito tributário pelo lançamento, constituição que demanda a verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES POR MEIO DE COOPERATIVA DE TRABALHO. DESCONSIDERAÇÃO DA COOPERATIVA. REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXISTÊNCIA. REALIDADE DOS FATOS.
1. O acervo probatório dos autos demonstra a existência inequívoca de não eventualidade, de subordinação e de remuneração, devendo ser mantida a autuação.
2. O que importa para o direito tributário é a realidade, e não a aparente verdade resultante do negócios jurídico celebrado pela parte.
JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF Nº 4. CABIMENTO.
1. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre os débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal, entre os quais se incluem as contribuições devidas à seguridade social e as contribuições devidas a terceiros (Lei 11457/07, arts. 2º e 3º), são calculáveis, no período de inadimplência, de acordo com a SELIC.
2. Súmula CARF nº 4.
Numero da decisão: 2402-005.961
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e negar provimento ao recurso voluntário. Ausente, justificadamente, a Conselheira Fernanda Melo Leal.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti e Jamed Abdul Nasser Feitoza.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS ATRAVÉS DE COOPERATIVA Recorrente INSTITUTO RUI BARBOSA DO BRASIL SS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2001 a 31/07/2004 VINCULAÇÃO DOS PROCESSOS. REFLEXOS JÁ JULGADOS. VINCULAÇÃO INCABÍVEL. Os processo reflexos já foram julgados e é incabível a vinculação dos autos para julgamento conjunto (§ 2º do art. 6º do Anexo II do RICARF). NULIDADE DO LANÇAMENTO. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AO DIREITO DE DEFESA. 1. Somente há nulidade quando o descumprimento de uma regra legal ou infralegal cause prejuízo ao direito de defesa do contribuinte. 2. As eventuais formalidades constantes da legislação tributária não constituem um fim em si mesmas, mas sim representam um meio de assegurar o direito do devido processo legal. 3. O RDA relaciona, por estabelecimento e por competência, as parcelas que seriam deduzidas das contribuições apuradas, mas a própria contribuinte reconheceu não ter efetuado nenhum recolhimento das contribuições lançadas, nem mesmo quanto à prestação de serviços prestados por meio de cooperativa de trabalho. 4. Por outro lado, não houve o arrolamento de bens do sujeito passivo e, por consequência, não houve a emissão do TAB. 5. Quanto à não entrega dos relatórios em mídia digital, o sujeito passivo teve acesso a todos os relatórios integrantes da presente NFLD em meio impresso, o que viabilizou o seu direito de defesa. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CONFISCO. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA Nº 2. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 85 3. 00 12 81 /2 00 7- 88 Fl. 1928DF CARF MF 2 A cláusula de não confisco está prevista na Constituição Federal e, para se concluir pela existência de imposição confiscatória, seria necessário declarar a inconstitucionalidade da Lei 8212/91, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 2. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPETÊNCIA DO AUDITOR. EXISTÊNCIA. 1. De acordo com o § 2º do art. 229 do Regulamento da Previdência Social, o auditor fiscal poderá desconsiderar o vínculo negocial e efetuar o enquadramento como segurado empregado, caso constate que o segurado contratado, sob qualquer denominação, preenche as condições referidas no inc. I do caput do art. 9º. 2. De outro vértice, o art. 142 do CTN prevê que a autoridade administrativa tem competência privativa para constituir o crédito tributário pelo lançamento, constituição que demanda a verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CONTRATAÇÃO DE TRABALHADORES POR MEIO DE COOPERATIVA DE TRABALHO. DESCONSIDERAÇÃO DA COOPERATIVA. REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXISTÊNCIA. REALIDADE DOS FATOS. 1. O acervo probatório dos autos demonstra a existência inequívoca de não eventualidade, de subordinação e de remuneração, devendo ser mantida a autuação. 2. O que importa para o direito tributário é a realidade, e não a aparente verdade resultante do negócios jurídico celebrado pela parte. JUROS MORATÓRIOS. SELIC. SÚMULA CARF Nº 4. CABIMENTO. 1. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre os débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal, entre os quais se incluem as contribuições devidas à seguridade social e as contribuições devidas a terceiros (Lei 11457/07, arts. 2º e 3º), são calculáveis, no período de inadimplência, de acordo com a SELIC. 2. Súmula CARF nº 4. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1929DF CARF MF Processo nº 11853.001281/200788 Acórdão n.º 2402005.961 S2C4T2 Fl. 3 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e negar provimento ao recurso voluntário. Ausente, justificadamente, a Conselheira Fernanda Melo Leal. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti e Jamed Abdul Nasser Feitoza. Fl. 1930DF CARF MF 4 Relatório A fiscalização lavrou em face do sujeito passivo a NFLD nº 35.852.7945, na qual constituiu as contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à: a) parte da empresa; b) adicional GILRAT; c) parte dos segurados; d) contribuições devidas a outras entidades ou fundos (terceiros). De acordo com o relatório fiscal (fls. 99 e seguintes), as contribuições foram constituídas em razão da desconsideração da contratação de cooperativa de trabalho e o consequente enquadramento dos profissionais, administrativos e professores, como segurados empregados. Em síntese, eis um resumo dos fatos apurados pela fiscalização: a) a contribuinte celebrou contrato de adesão para prestação de serviços profissionais com a Cooperativa de Serviços Técnico Empresariais COOPSEM; b) anteriormente à contratação da cooperativa, a contribuinte mantinha um quadro próprio com aproximadamente quarenta e sete empregados; c) a partir de julho/2001, a contribuinte iniciou um processo de esvaziamento desse contingente; d) segundo informações de pessoas que atenderam à fiscalização, a contratação da cooperativa tinha como principal objetivo reduzir os custos operacionais e proporcionar maior ganho financeiro ao profissional; e) a COOPSEM possui dois estabelecimentos: a sede, no Rio de Janeiro RJ, e o escritório na cidade de São Paulo SP; f) uma vez que os dois estabelecimentos estão situados em cidades distintas e longe do local de prestação dos serviços resta prejudicada a possibilidade de os associados participarem de suas reuniões e torna inviável o modelo de gestão das cooperativas baseado no princípio assemblear; g) no site da Associação Nacional de Cooperativas de Trabalho, a COOPSEM se apresenta como uma cooperativa focada no business informática, e não como cooperativa de professores, mestres e doutores; h) as atividades desenvolvidas pelos cooperados atendiam a necessidade permanente e estavam relacionadas à atividade principal da empresa; i) existia a subordinação direta entre os cooperados e a tomadora dos serviços, pois não havia autonomia na prestação dos serviços; Fl. 1931DF CARF MF Processo nº 11853.001281/200788 Acórdão n.º 2402005.961 S2C4T2 Fl. 4 5 j) quanto à pessoalidade, os serviços não podiam ser realizados por qualquer profissional que tivesse a mesma qualificação, mas por um profissional determinado pela contratada; k) quanto à remuneração, embora ela ocorre por intermédio da cooperativa, existia uma planilha de pagamento dos professores e administrativos, discriminando cada profissional e o valor de cada parcela que compunha a sua retribuição financeira; l) a contribuinte não informava em GFIP os valores envolvidos na contratação, não realizava qualquer recolhimento e não dava o tratamento tributário relativo ao pagamento de cooperativa de trabalho, o que culminou na lavratura de Auto de Infração; m) foi constatado o pagamento de parcelas que normalmente são feitas a segurados empregados, a exemplo de verbas de alimentação e transporte, além de pagamentos relativos ao atendimento a alunos/reuniões e pesquisa/produção científica; n) a contribuinte firmou Termo de Ajustamento de Conduta junto ao Ministério Público do Trabalho, reconhecendo que a contratação estava irregular, comprometendose a regularizála. A contribuinte apresentou sua impugnação tempestivamente (cujos fundamentos, conforme adiante se verá, são idênticos aos do seu recurso voluntário), a qual foi julgada improcedente pelo Ministério da Previdência Social, Secretaria da Receita Previdenciária, Delegacia no Distrito Federal, conforme decisão assim ementada: CUSTEIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RELATÓRIOS. RDA. TAB. MÍDIA DIGITAL. NÃO ENTREGA. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO COMPROVAÇÃO. COOPERATIVA DE TRABALHO. DESCONSIDERAÇÃO. ENQUADRAMENTO. SEGURADOS EMPREGADOS. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADEFIM. ILICITUDE. RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS. SÓCIOS SOLIDÁRIOS. NÃO NECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DO DOLO OU CULPA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. RELATÓRIOS. NÃO ENTREGA. A não entrega dos relatórios RDA e TAB, bem como a dos relatórios em mídia digital, não ocasionou prejuízo para a defesa do contribuinte, além de não afrontar normas procedimentais vigentes. COOPERATIVA DESCONSIDERAÇÃO. Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como cooperado preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. TERCEIRIZAÇÃO. ATIVIDADEFIM. ILICITUDE. É irregular a contratação de cooperativa para a prestação de serviços relacionados à atividadefim da empresa. Fl. 1932DF CARF MF 6 RELATÓRIO DE CORESPONSÁVEIS. Os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social, independentemente da comprovação do dolo ou culpa, nos termos do art. 13, caput, da Lei nº 8.620/93. TAXA SELIC. LEGALIDADE. É lícita a incidência de juros com base na Taxa SELIC, pois prevista na Lei nº 9.065/95 e consolidação prevista no artigo 34 da Lei nº 8.212/91. A contribuinte foi intimada da decisão em 24 de janeiro de 2007 (fl. 1752), através de aviso de recebimento, e interpôs recurso voluntário em 23 de fevereiro daquele ano (fls. 1759/1823 e fl. 1825), no qual reiterou os fatos e os fundamentos de sua impugnação, a saber: Preliminares a) pede a reunião dos lançamentos em um único processo, sobretudo porque os Autos de Infração decorrem da NFLD; b) pugna pela nulidade do feito por inobservância das normas procedimentais; No mérito c) afirma que o lançamento é confiscatório; d) assevera que o INSS não tem competência para declarar vínculo empregatício; e) tenta descredibilizar o trabalho da fiscalização; f) defende que a relação com a cooperativa era eminentemente contratual; g) reafirma que existe uma relação contratual juridicamente válida; h) pede o afastamento de qualquer possibilidade de vínculo empregatício; i) faz longas considerações sobre as "sociedades cooperativas", sobre a "sociedade sem fins lucrativos", sobre o conceito de cooperativa na visão de "organismos internacionais", sobre os atos cooperativos e não cooperativos, sua natureza jurídica, sobre a realidade da COOPSEM; j) reafirma a inexistência de requisitos da relação empregatícia; k) diz que o lançamento cria exigência tributária não prevista em lei; l) de acordo com a recorrente, ela assinou o TAC para afastar qualquer atrito com o Ministério Público do Trabalho MPT, acatando a orientação no sentido de não mais adotar o modelo de contratação de serviços por cooperativas de trabalho, ainda que legal e com amparo na lei; m) afirma que o MEC não fez qualquer restrição quanto à contratação de cooperativas; n) requer a exclusão da SELIC; Fl. 1933DF CARF MF Processo nº 11853.001281/200788 Acórdão n.º 2402005.961 S2C4T2 Fl. 5 7 o) diante da improcedência da NFLD, pede a improcedência dos Autos de Infração; p) assevera que, caso estivesse inadimplente, seria em relação às contribuições devidas pelos tomadores de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. Através de mandado de segurança, foi determinado o processamento do presente recurso independentemente do depósito recursal de 30% (fl. 1905/1907). Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 1934DF CARF MF 8 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Das preliminares 2.1 DA REUNIÃO DOS PROCESSOS A recorrente pede a reunião dos lançamentos em um único processo, sobretudo porque os Autos de Infração decorrem da NFLD. O Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, em seu Anexo II, art. 6º, prevê que os processos podem ser vinculados por conexão, decorrência ou reflexo. Contudo, os PAF reflexos nºs 11853.000979/200786 (AI 358527929) e 11853.000980/200719 (AI 358527937) já foram julgados neste Conselho, conforme verificado no sistema de "Acompanhamento Processual", no site http://idg.carf.fazenda.gov.br/. Logo, é inviável a vinculação dos autos para julgamento conjunto, afirmação esta corroborada pelo § 2º do citado art. 6º com destaques: Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: [...] § 2º Observada a competência da Seção, os processos poderão ser distribuídos ao conselheiro que primeiro recebeu o processo conexo, ou o principal, salvo se para esses já houver sido prolatada decisão. 2.2 DA NULIDADE DO LANÇAMENTO A contribuinte pugna pela nulidade do feito por inobservância das normas procedimentais, mais especificamente porque a autoridade fiscal não teria anexado aos autos o Relatório de Documentos Apresentados RDA e o Termo de Arrolamento de Bens e Direitos TAB, o que teria cerceado o seu direito de defesa. Além desses documentos, a recorrente ainda afirma que a fiscalização desatendeu ao disposto no art. 663 da Instrução Normativa SRP 14/05, segundo o qual os relatórios e documentos emitidos em procedimento fiscal serão entregues ao sujeito passivo em Fl. 1935DF CARF MF Processo nº 11853.001281/200788 Acórdão n.º 2402005.961 S2C4T2 Fl. 6 9 arquivos digitais autenticados pelo AuditorFiscal, devendo ser entregues também em meio impresso, com a assinatura do sujeito passivo. Diz que dos documentos que deveriam conter a sua assinatura, destacarse iam o RDA e o TAB. É amplamente sabido que somente há nulidade quando o descumprimento de uma regra legal ou infralegal cause prejuízo ao direito de defesa do contribuinte. Nessa toada, as eventuais formalidades constantes das instruções normativas emanadas da Receita Federal do Brasil ou da antiga Receita Previdenciária não constituem um fim em si mesmas, mas sim representam um meio de assegurar o direito do devido processo legal. O sujeito passivo tem todo o direito de saber os fatos contra si imputados e as provas nos quais ele se alicerçam. Todos os atos e termos devem ser lavrados por pessoa competente, e os despachos e as decisões devem ser devidamente fundamentados, e de forma alguma pode, por qualquer via, ser preterido o direito de defesa do administrado. Expressandose de outra forma, a apoiandose na inexcedível doutrina do professor Leandro Paulsen, "a nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente"1, já que as formalidades "não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa"2. Neste caso concreto, a recorrente fez alegações extremamente genéricas acerca do cerceamento do seu direito de defesa. Nem mesmo num patamar mínimo aceitável, ela precisou de que forma estaria caracterizado tal cerceamento. É óbvio que, a depender do grau de deficiência da instrução processual ou da decisão prolatada no bojo do processo administrativo, o sujeito passivo realmente não tem como fazer uma indicação mais precisa, mas não é isso que ocorre neste caso. Pelo contrário, e como bem decidido pela instância a quo, o RDA relaciona, por estabelecimento e por competência, as parcelas que seriam deduzidas das contribuições apuradas, mas a própria contribuinte reconheceu não ter efetuado nenhum recolhimento das contribuições lançadas, nem mesmo quanto à prestação de serviços prestados por meio de cooperativa de trabalho. Por outro lado, não houve o arrolamento de bens do sujeito passivo e, por consequência, não houve a emissão do TAB. Finalmente, e quanto à não entrega dos relatórios em mídia digital, a decisão recorrida foi igualmente incensurável ao afirmar que o sujeito passivo teve acesso a todos os relatórios integrantes da presente NFLD em meio impresso, o que viabilizou o seu direito de defesa. Noutro giro verbal, a ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; a Notificação de Lançamento foi devidamente motivada e foi concedido ao 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 133. 2 PAULSEN, Leandro. Obra citada, p. 133. Fl. 1936DF CARF MF 10 sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a Notificação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito passivo e da penalidade aplicável; não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório da recorrente, que puderam ser exercidos na forma e no prazo legal. Ou seja, a fiscalização transcorreu dentro da mais restrita legalidade e não houve qualquer inobservância ao direito de defesa da recorrente, rejeitandose, portanto, a preliminar de nulidade do lançamento. 3 No mérito 3.1 DO CONFISCO A recorrente afirma que o lançamento é confiscatório. Ora, a cláusula de não confisco está prevista na Constituição Federal e, para se concluir pela existência de imposição confiscatória, seria necessário declarar a inconstitucionalidade da Lei 8212/91. Como sabido, entretanto, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vejase, nesse sentido, a Súmula CARF 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Isto é, a verificação de que a norma implicaria infringência ao desenho constitucional da exação tributária exacerba a competência originária desta Corte administrativa, que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invade competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal, negandose provimento ao recurso neste particular. 3.2 DA COMPETÊNCIA DO AUDITOR A contribuinte assevera que o INSS não tem competência para declarar vínculo empregatício. Essa assertiva, todavia, está equivocada, pois, segundo o § 2º do art. 229 do Regulamento da Previdência Social, o auditor fiscal poderá desconsiderar o vínculo negocial e efetuar o enquadramento como segurado empregado, caso constate que o segurado contratado, sob qualquer denominação, preenche as condições referidas no inc. I do caput do art. 9º. Esse inc. I preleciona que empregado é que aquele que presta serviço em caráter não eventual, sob subordinação e mediante remuneração. Vejase: Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; Fl. 1937DF CARF MF Processo nº 11853.001281/200788 Acórdão n.º 2402005.961 S2C4T2 Fl. 7 11 ......................................................................................................... Art. 229. [...]: § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado.(Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) Como se vê, havendo demonstração (a) de não eventualidade; (b) de subordinação e (c) de remuneração, pode ser descaracterizado o vínculo pactuado, corroborandose a existência efetiva de vínculo empregatício, oculto sob a contração de contribuinte individual, de trabalhador avulso, ou de qualquer outra denominação, inclusive de cooperativas de trabalho. De outro vértice, o art. 142 do CTN prevê que a autoridade administrativa tem competência privativa para constituir o crédito tributário pelo lançamento, constituição que demanda a verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente. 3.3 DA DESCONSIDERAÇÃO DA CONTRATAÇÃO DE COOPERATIVA DE TRABALHO Sobre esse ponto, a recorrente defende que a relação com a cooperativa era eminentemente contratual, defendendo a inexistência de relação de emprego. Como já afirmado, havendo demonstração (a) de não eventualidade; (b) de subordinação e (c) de remuneração, pode ser descaracterizado o vínculo pactuado. O art. 3º da CLT preceitua que se considera "empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário". Segundo a doutrina do Direito do Trabalho, "na definição legal brasileira estão os seguintes requisitos da figura do empregado: a) pessoa física; b) subordinação compreendida de forma mais ampla que dependência; c) ineventualidade do trabalho; d) salário; e) pessoalidade da prestação de serviços, esta resultante não da definição de empregado, mas de empregador"3. Comprovada a existência efetiva do vínculo empregatício, mormente em função da demonstração dos requisitos acima, há repercussão jurídica nas esferas trabalhista e tributária. No âmbito trabalhista, o item I da Súmula 331/TST preleciona que "a contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário". Na esfera tributária, a combinação do disposto no § 2º do art. 229 do Regulamento da Previdência Social com o disposto no art. 142 do CTN viabiliza o lançamento 3 Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. Amauri Mascaro Nascimento. 10. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1992, p. 311. Fl. 1938DF CARF MF 12 das contribuições devidas à seguridade social e das contribuições devidas a outras entidades ou fundos. Verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Neste caso concreto, não pode passar despercebida a acusação constante do item 8 do relatório fiscal, segundo a qual a recorrente havia iniciado um processo de esvaziamento de seu contingente de empregados, para a contratação de profissionais diretamente ligados à sua atividadefim, por meio da cooperativa COOPSEM. Tal acusação não foi negada pelo sujeito passivo, tampouco, e por consequência, houve qualquer produção de prova que desmerecesse o trabalho da fiscalização. Outra assertiva incontroversa é a de que a COOPSEM teria funcionado irregularmente, uma vez que ela seria uma cooperativa focada em informática, conforme informações constantes do site da Associação Nacional de Cooperativas de Trabalho, e não uma cooperativa de professores, mestres e doutores. A par disso, a fiscalização ainda demonstrou o seguinte: 1. Os serviços contratados não poderiam ser prestados por qualquer cooperado que tivesse a mesma qualificação, mas por profissional específico, que era previamente submetido a um processo de seleção. 2. Os serviços contratados, prestados de forma não eventual pelos cooperados, administrativos e professores, atendiam à necessidade permanente e estavam relacionados à atividadefim da empresa, sendo indispensáveis à consecução dos seus objetivos e de suas finalidades sociais. 3. Embora o pagamento fosse feito por intermédio da COOPSEM, havia uma planilha de pagamento dos professores e administrativos, que discriminava cada profissional e o valor de cada parcela que compunha a sua retribuição financeira. 4. A empresa supervisionava e fiscalizava a prestação dos serviços, tal como comprovam os documentos anexados, por amostragem, que se referem à avaliação de desempenho, por coordenador e diretores acadêmicos. Não se desconhece, a propósito, que o contratante, no contrato típico de prestação de serviços, tem o direito de supervisionar e fiscalizar as atividades prestadas pelo contratado, mas o conjunto probatório dos autos (diante do que já se disse e diante do que ainda será acrescentado) demonstra, sem sombra de dúvidas, que houve mais do que mera contratação de serviços e que havia sim subordinação. Com efeito, observase que a contribuinte assinou o Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) n° 043/2004, por meio do qual se comprometeu a se abster de contratar trabalhadores por meio de cooperativas, para a prestação de serviços ligados às suas atividadesfim e meio, e também a regularizar a situação laboral de seus trabalhadores. Fl. 1939DF CARF MF Processo nº 11853.001281/200788 Acórdão n.º 2402005.961 S2C4T2 Fl. 8 13 Ou seja, ao contrário do que alega (que teria assinado o TAC para prevenir infrações futuras), a recorrente reconheceu, na esfera administrativa, e em documento que tem eficácia de título executivo (art. 5º, § 6º, da Lei 7347/854), a irregularidade de sua conduta e a nulidade absoluta de todos os atos praticados com o intuito de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação da lei trabalhista. Diante de tudo o que foi exposto, concluise que a contribuinte não tem razão quando tenta se arvorar na existência de um contrato juridicamente válido; e quando tece considerações sobre as cooperativas, seus princípios, sobre os atos cooperativas e sua natureza jurídica. O que importa para o direito tributário é a realidade, e não a aparente verdade resultante dos negócios jurídicos celebrados pela parte. É irrelevante a nomenclatura do instrumento negocial ou mesmo a eventual fatura, importando, sim, identificar a materialidade da hipótese de incidência e sua efetiva ocorrência no mundo real. O princípio da realidade sobrepõese ao aspecto formal, considerados os elementos tributários, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal5. O prof. Hugo de Brito Machado afirma, ainda, com precisão, que "ao Direito Tributário importa a realidade. Não a forma jurídica"6. Com base no acervo probatório dos autos, e aplicandose a legislação de regência, observase que deve ser mantida a autuação. Por fim, e a propósito, sobreleva ressaltar que as contribuições lançadas estão sim calcadas na lei. O relatório fiscal, nos itens 34 a 38, traz ampla fundamentação legal a respeito das contribuições devidas à seguridade social, parte da empresa e parte dos segurados, inclusive do adicional GILRAT, bem como das contribuições devidas a outras entidades ou fundos (terceiros), sendo a alegação da recorrente totalmente desprovida de razão. 3.4 DA SELIC A tese da recorrente, segundo a qual os juros moratórios não seriam devidos com base na SELIC, é rechaçada pela Súmula CARF nº 4. Isto é, desde 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre os débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal, entre os quais se incluem as 4 Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007) (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) [...] § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990) 5 STF, RE 346084 / PR. 6 MACHADO, Hugo de Brito. Comentários ao código tributário nacional, volume II. São Paulo: Atlas, 2004, p. 396. Fl. 1940DF CARF MF 14 contribuições devidas à seguridade social e as contribuições devidas a terceiros (Lei 11457/07, arts. 2º e 3º), são calculáveis, no período de inadimplência, de acordo com a SELIC: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. 4 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER do recurso voluntário, para REJEITAR as preliminares de nulidade do lançamento e NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 1941DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12268.000498/2008-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2004 a 31/07/2006
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. AUTUAÇÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA.
O Auto de Infração contém fundamentação legal, estando, inclusive, instruído com o anexo "FLD - Fundamentos Legais do Débito".
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CARTÕES DE INCENTIVO. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL.
Os pagamentos efetuados aos trabalhadores da empresa por meio de cartões de incentivo são, em verdade, remunerações sujeitas à incidência das contribuições devidas à seguridade social.
ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. RECUSA EM APRESENTAR DOCUMENTO.
O § 3º do art. 33 da Lei 8212/91 preleciona que ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida.
Numero da decisão: 2402-006.169
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
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INEXISTÊNCIA. AUTUAÇÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. O Auto de Infração contém fundamentação legal, estando, inclusive, instruído com o anexo "FLD Fundamentos Legais do Débito". CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. CARTÕES DE INCENTIVO. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. Os pagamentos efetuados aos trabalhadores da empresa por meio de cartões de incentivo são, em verdade, remunerações sujeitas à incidência das contribuições devidas à seguridade social. ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. RECUSA EM APRESENTAR DOCUMENTO. O § 3º do art. 33 da Lei 8212/91 preleciona que ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 8. 00 04 98 /2 00 8- 14 Fl. 119DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 120DF CARF MF Processo nº 12268.000498/200814 Acórdão n.º 2402006.169 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou os seguintes Autos de Infração (AI) em face do sujeito passivo: (a) AI DEBCAD 37.193.7485 PAF 12268.000480/200812, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte da empresa, inclusive a alíquota GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados; (b) AI DEBCAD 37.193.7493 PAF 12268.000479/200898, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social, correspondentes à parte dos segurados empregados, incidentes sobre as suas remunerações; (c) AI DEBCAD 37.193.7507 PAF 12268.000498/200814, para a constituição das contribuições devidas a outras entidades e fundos, incidentes sobre as remunerações pagas aos seus empregados; (d) AI DEBCAD 37.193.7558 PAF 12268.000481/200867, para a constituição de multa devida pelo descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa apresentado a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. De acordo com a acusação, a contribuinte teria remunerado empregados mediante crédito nas contas dos cartões a eles entregues, os quais podiam ser utilizados em lojas conveniadas ou através de saques em caixas eletrônicos. Os cartões teriam sido fornecidos por meio de contrato de prestacã̧o de serviço celebrado com a Salles, Adan & Associados Marketing de Incentivos S/C Ltda. A base de cálculo das contribuições foi arbitrada, uma vez que a contribuinte, intimada, não teria apresentado o citado contrato, tendo sido utilizadas as notas fiscais e/ou faturas de serviços atinentes ao negócio firmado com aquela empresa. Os fatos geradores não foram declarados em GFIP. O sujeito passivo apresentou impugnação tempestiva, a qual foi julgada improcedente, conforme decisão assim ementada: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA É devida a contribuicã̧o sobre as remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, a segurados empregados. AFERIÇÃO INDIRETA Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informacã̧o, ou sua apresentação deficiente, a auditoriafiscal da Fl. 121DF CARF MF 4 Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário.O momento para apresentação de provas é quando da impugnação, sob pena de assim não procedendo a Impugnante consumarse a preclusão temporal. Intimada da decisão em 06/03/2009, através de aviso de recebimento, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 06/04/2009, no qual, reafirmando os fundamentos de sua impugnação, suscitou o seguinte: (a) o Auto de Infração não contém fundamentação legal; (b) o fato gerador presumido pela fiscalização não se amolda à legislação; (c) as contribuições previdenciárias não incidem sobre a prestação de serviços entre pessoas jurídicas; (d) não houve prestação de serviços; (e) o caso não admite aferição indireta; (f) a contribuinte não está obrigada a apresentar documento inexistente e nem a fazer prova negativa; (g) não houve recusa ou sonegação de documentos ou informações. O PAF 12268.000481/200867 foi apensado aos demais por força de despacho/decisão de conexão devidamente chancelado pelo Presidente desta Seção. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 12268.000498/200814 Acórdão n.º 2402006.169 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Das razões de decidir O recurso voluntário deve ser desprovido. Ao contrário do que afirma a recorrente, o Auto de Infração contém fundamentação legal, estando, inclusive, instruído com o anexo "FLD – FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO". Por outro lado, a fiscalização constatou que a recorrente remunerou seus empregados através de cartões de incentivo, tendo analisado, segundo se observa no TEAF, as folhas de pagamentos e outros elementos, tais como as notas fiscais de serviços colacionadas aos autos. Essa discussão (remuneração paga por meio de cartões de incentivo ou de premiação) é recorrente neste Conselho, tendo se firmado o entendimento já pacificado, inclusive na Câmara Superior de Recursos Fiscais, pela incidência das contribuições devidas à seguridade social. Com efeito, no PAF 10803.720155/201216 se decidiu, por unanimidade, que os pagamentos efetuados por meio de cartões de premiação se constituem em remuneração tributável. Eis a ementa do decisum, no ponto em questão: [...] REMUNERAÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. Integram a base de cálculo de contribuições previdenciárias os valores pagos a título de prêmios de incentivo. Por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter de retribuição pelo serviço, ou seja, contraprestação de serviço prestado. [...] (PAF 10803.720155/201216, Relator Ronaldo de Lima Macedo, Acórdão 2402004.781, Sessão de 09/12/2015). Fl. 123DF CARF MF 6 Para evitar tautologia, devem ser adotados como razões de decidir os seguintes fundamentos: Considerando o Relatório Fiscal (fls. 35/42) e o contrato firmado entre a empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda e a Recorrente, constatase que era fornecido cartão de premiação aos segurados empregados, destinado a programa de estímulo ao aumento de produtividade e, portanto, relacionado ao alcance de metas de desempenho, conforme registro no contrato de prestação de serviço, que tem como objeto “Prestação de serviços de marketing de relacionamento, incentivo e fidelização e gerenciamento de premiação, mediante a utilização do cartão eletrônico denominado Exclusive Card”, no qual foi estabelecido: [...] Assim, os referidos “colaboradores” são escolhidos e indicados pela própria empresa contratante como beneficiários dos prêmios, pela razão mais óbvia possível, são subordinados à Recorrente. É importante esclarecer que os contratos firmados entre a Recorrente e a referida empresa Expertise Comunicação Total S/C Ltda não têm o condão de afastar a incidência da lei, pois, pouco importa que nestes contratos esteja previsto expressamente que os prêmios não configuram salários nem remunerações. Isso está em consonância com o art. 126 do Código Tributário Nacional (CTN) – Lei 5.172/1966 –, in verbis: [...] Os valores pagos por meio de cartão de incentivo são considerados prêmios e prêmio é um salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como a produção, a eficiência, dentre outros fatores de produção. Caracterizase pelo seu aspecto condicional; uma vez atingida a condição prevista por parte do trabalhador, este faz jus ao mesmo. Portanto, por depender do desempenho individual do trabalhador, o prêmio tem caráter retributivo, ou seja, contraprestação do serviço prestado e, por conseqüência, possui natureza jurídica salarial. [...] A meu ver, a habitualidade não fica caracterizada apenas pelo pagamento em tempo certo, de forma mensal, bimestral, semestral, ou anual, mas pela garantia do recebimento a cada implemento de condição por parte do trabalhador. [...] O pagamento de prêmios por cumprimento de condição leva tais valores a aderirem ao contrato de trabalho, cuja eventual supressão pode caracterizar alteração prejudicial do contrato de trabalho, o que é vedado pelo art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, que dispõe neste sentido: Por força do art. 126 retro mencionado, é desnecessária qualquer análise sobre a legalidade do contrato, bastando que se apure, como apurou a fiscalização, a existência do fato gerador das contribuições lançadas (art. 142). Fl. 124DF CARF MF Processo nº 12268.000498/200814 Acórdão n.º 2402006.169 S2C4T2 Fl. 5 7 Os argumentos acima são suficientes para rechaçar as alegações do sujeito passivo acerca (a) da existência de fato gerador presumido; (b) da incidência de contribuições sobre a prestação de serviços entre pessoas jurídicas; e (c) de que não teria havido prestação de serviços. A ação real verificada na análise dos documentos foi a de que a recorrente remunerou seus empregados através dos cartões fornecidos pela empresa contratada. Muito menos se pode acolher a afirmação, da contribuinte, sobre o livro de registro de empregados, já que a documentação analisada pela fiscalização demonstrou o pagamento indireto de salários por intermédio dos citados cartões. O que importa para o direito tributário é a realidade, e não a aparente verdade resultante dos negócios jurídicos celebrados pela recorrente. É irrelevante a nomenclatura do instrumento negocial ou mesmo a eventual fatura, importando, sim, identificar a materialidade da hipótese de incidência e sua efetiva ocorrência no mundo real. O princípio da realidade sobrepõese ao aspecto formal, considerados os elementos tributários, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal1. Lembrese que o inc. I do art. 118 do Código Tributário Nacional preleciona que a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose da validade jurídica dos atos praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Ao tratar da nulidade ou anulabilidade, em comentário ao citado preceito legal, o prof. Hugo de Brito Machado afirma, com precisão, que "ao Direito Tributário importa a realidade. Não a forma jurídica"2. Significa dizer que basta a existência do fato, e "não se há de indagar a respeito da validade do ato ou negócio jurídico"3. Acrescentese, ainda, que à autoridade administrativa compete verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, ex vi do art. 142 do Código, o qual, a propósito, não contém qualquer disposição atinente à licitude ou ilicitude do fato que consubstancia a hipótese de incidência. Apenas a título de argumentação, também vale lembrar que o lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa quando se comprove a existência de dolo, fraude ou simulação, o que demonstra a imprescindibilidade do fato, e não de sua qualificação ou exteriorização jurídica. É sabido que o contrato tem eficácia entre as partes, de tal maneira que as suas cláusulas não são necessariamente opostas ao Fisco e a terceiros. Exemplificativamente, e com viés fortemente interpretativo, o art. 123 do Código preceitua que as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública. 1 STF, RE 346084 / PR. 2 MACHADO, Hugo de Brito. Comentários ao código tributário nacional, volume II. São Paulo: Atlas, 2004, p. 396. 3 MACHADO, Hugo de Brito. Obra citada, p. 388. Fl. 125DF CARF MF 8 Dizse com viés interpretativo, porque tal dispositivo apenas enuncia o que o direito privado já enunciava: o contrato obriga as partes contratantes e, em regra, não pode prejudicar direito de terceiros. Ao tratar da jurisprudência administrativa deste Conselho, em tópico atinente à elisão e evasão tributárias, a prof. Maria Rita Ferragut menciona a existência de "negócios lícitos mas não oponíveis ao Fisco"4, corroborando a importância da substância do fato, em detrimento de sua forma de exteriorização. Por fim, o § 3º do art. 33 da Lei 8212/91 preleciona que ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Esse dispositivo está inspirado no art. 148 do Código Tributário Nacional, segundo o qual a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará a base de cálculo do tributo sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Neste caso concreto, e conforme se vê no relatório fiscal e está devidamente documentado, o sujeito passivo foi intimado a apresentar o contrato de prestação de serviços celebrado com a empresa antes referida, mas não o apresentou, o que resultou no arbitramento de valores, tomandose por base as notas fiscais de serviços. Ademais, a recorrente nem mesmo tentou apresentar qualquer avaliação contraditória, como faculta o Código Tributário Nacional. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER e NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci 4 FERRAGUT, Maria Rita. As provas e o direito tributário: teoria e prática como instrumentos para a construção da verdade jurídica. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 115. Fl. 126DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720671/2012-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
O acórdão embargado não foi omisso, de forma que os embargos de declaração devem ser rejeitados.
Numero da decisão: 2402-006.101
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. O acórdão embargado não foi omisso, de forma que os embargos de declaração devem ser rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 06 71 /2 01 2- 90 Fl. 740DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar os embargos. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 741DF CARF MF Processo nº 16327.720671/201290 Acórdão n.º 2402006.101 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Este Colegiado deu provimento ao recurso voluntário da contribuinte, fazendoo por meio do acórdão de fls. 713/726, cuja ementa é a seguinte: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA PARCIAL. SÚMULA CARF Nº 99. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. FINALIDADE INFORMATIVA. SÚMULA CARF Nº 88. O Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. A não incidência da contribuição social previdenciária está adstrita aos pagamentos realizados a título de participação nos lucros ou resultados da empresa pressupondo a observância requisitos mínimos estabelecidos pela Lei nº 10.101/2000. A norma do inciso XI, do artigo 7º da CF tem como objetivo proteger o trabalhador, para que sua participação nos lucros se efetive. Não há regras detalhadas na lei sobre os critérios e as características dos acordos a serem celebrados, o que importa é que o trabalhador saiba de que forma irá se beneficiar, sendo seus interesses protegidos pelos órgãos sindicais. A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. A prejudicial de mérito foi acolhida por unanimidade; e o mérito foi decidido por maioria, nos termos do voto do ilustre relator. Fl. 742DF CARF MF 4 Basicamente, entendeuse que estariam decaídas as contribuições anteriores a 04/2007 (inclusive), e que a contribuinte não teria infringido os pontos atinentes à data das assinaturas dos acordos e nem as regras legais da PLR. Intimada, a União Fazenda Nacional opôs embargos de declaração, ao argumento de que caberia a "apresentação de fundamentação específica sobre a utilização de fator de cálculo cuja aplicação não possui critérios claros e objetivos, constante do item 13 do Relatório Fiscal". No pedido, a Fazenda Nacional pediu o suprimento da alegada omissão, com os cabíveis efeitos modificativos do julgado. O então Presidente desta Turma admitiu os embargos para julgamento, conforme decisão de fls. 735/739. Considerando que o relator originário não integra mais este Colegiado, os autos foram sorteados a este Conselheiro. É o relatório. Fl. 743DF CARF MF Processo nº 16327.720671/201290 Acórdão n.º 2402006.101 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento No entender deste relator, o juízo positivo e prévio de conhecimento dos embargos de declaração, pelo Presidente da Turma, não é definitivo, uma vez que nem o Regimento Interno deste Conselho RICARF e nem o Código de Processo Civil contêm qualquer disposição nesse sentido. Em sendo assim, deve ser preservada a soberania da decisão colegiada, motivo pelo qual estão sendo novamente analisados os pressupostos de admissibilidade recursal. Observase, nesse contexto, que os embargos são tempestivos e que foi objetivamente apontado o ponto que, no entender da embargante, deveria ser clareado, razões pelas quais o recurso deve ser conhecido. 2 Da omissão Como relatado acima, os embargos visam à"apresentação de fundamentação específica sobre a utilização de fator de cálculo cuja aplicação não possui critérios claros e objetivos, constante do item 13 do Relatório Fiscal". É que a acusação afirmou que o trabalhador, mesmo já avaliado, estaria sujeito a novo critério de definição do valor a receber, pois haveria a incidência de um multiplicador mínimo e máximo, sem estipulação de qual multiplicador seria usado. Nesse tocante, o sujeito passivo asseverou que o multiplicador seria obtido com base na avaliação de desempenho de cada empregado. Vejase que o acórdão de recurso voluntário textualmente se reporta à alegação do sujeito passivo acerca do citado fator de multiplicação (vide parágrafo 34), para concluir que os documentos carreados aos autos demonstram que a empresa tinha, efetivamente, um programa de participação nos lucros e resultados. Concluiu, igualmente, ter havido base procedimental e que a não fixação de critérios numéricos não tem o condão de invalidar os planos. Por fim, o acórdão embargado entendeu que não há como ignorar toda a estrutura montada pela contribuinte. Expressandose de outra forma, ao se referir expressamente à argumentação da contribuinte acerca das avaliações de desempenho dos trabalhadores para efeito de definição do fator a ser aplicado e concluir pela inexistência de qualquer irregularidade, o Colegiado, por maioria, entendeu não ter havido infringência na utilização do multiplicador. Fl. 744DF CARF MF 6 Isto é, ainda que de forma telegráfica, houve enfrentamento do ponto suscitado no relatório fiscal e nos embargos de declaração, de forma que os embargos devem ser rejeitados, diante da inexistência de omissão. 3 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER e REJEITAR os embargos de declaração. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 745DF CARF MF
score : 1.0