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Numero do processo: 11052.000578/2010-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
Ementa:
OMISSÃO. DISPOSITIVO DO ACÓRDÃO. LEITURA DO VOTO.
É necessário sanear a omissão constante no dispositivo do acórdão, sendo possível fazê-lo pela leitura dos termos dos votos. O voto "vencido" só o é na parte em que há divergência, sendo integralizado pelo voto vencedor. Ali onde o voto vencedor não se pronuncia diferentemente, é válido o voto "vencido".
Numero da decisão: 2202-004.533
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para que, sanando a obscuridade apontada, o dispositivo do acórdão embargado passe a ter a redação proposta nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ronnie Sores Anderson - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 Ementa: OMISSÃO. DISPOSITIVO DO ACÓRDÃO. LEITURA DO VOTO. É necessário sanear a omissão constante no dispositivo do acórdão, sendo possível fazêlo pela leitura dos termos dos votos. O voto "vencido" só o é na parte em que há divergência, sendo integralizado pelo voto vencedor. Ali onde o voto vencedor não se pronuncia diferentemente, é válido o voto "vencido". Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para que, sanando a obscuridade apontada, o dispositivo do acórdão embargado passe a ter a redação proposta nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ronnie Sores Anderson Presidente. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 05 78 /2 01 0- 57 Fl. 4192DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.193 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor da Contribuinte para constituir crédito tributário referente a Contribuições Sociais Previdenciárias. Tendo a Contribuinte impugnado, a DRJ manteve integralmente o lançamento. Inconformada, a Contribuinte interpôs recurso voluntário, que foi julgado parcialmente procedente. Retornam os autos diante da oposição de embargos de declaração, pelo Contribuinte, no qual se alega omissão e obscuridade. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Em 30/08/2010 foi lavrado o AI DEBCAD nº 37.285.9505 (fls. 2/35) para constituir crédito tributário referente a Contribuições Sociais Previdenciárias. Conforme o relatório fiscal (fls. 59/69 e docs. anexos fls. 70/644), "6. Com fulcro nas folhas de pagamento, Guias de Recolhimento do FGTS e Informações a Previdencia Social GFIP , e escrituração contábil, os fatos geradores das contribuições lançadas neste AI ocorreram com os pagamentos de remunerações, destinadas a retribuir o trabalho, efetuados pela autuada a empregados, que lhe prestaram serviços, não oferecidas à tributação previdenciária, e não declaradas em GFIP V DAS UTILIDADES PAGAS EM PECÚNIA. 7. Conforme dispõe a Lei 8.212/91, entendese como remuneração de empregados, e, portanto, na esfera de incidência das contribuições sociais, a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, pagos a qualquer título. Ou seja, independente do nome atribuído ao rendimento (rubrica), este incorpora à remuneração se sua natureza for remuneratória, não podendo o contribuinte eximirse das contribuições sociais incidentes. 8. A existência de institutos que disciplinam algumas conquistas sociais, tais como a Instituição do ValeTransporte e o Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, não descaracteriza a natureza remuneratória de rubricas pagas em pecúnia sob o título de transporte ou alimentação. Ou seja, estes institutos não transfiguram suas naturezas remuneratórias em indenizatórias, e, por conseguinte, não as afastam da incidência das contribuições sociais. 9. Prova disso é qe as utilidades Transporte e Alimentação só deixam de incorporar à remuneração, e, portanto, não constituem base de incidência das contribuições sociais, se forem concedidos nas condições definidas nas respectivas leis que as disciplinam. Fl. 4193DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.194 3 10. Neste procedimento fiscal, verificamos que os pagamentos em pecúnia efetuados pela autuada a seus empregados, a título de transporte e alimentação não se enquadram nestas condições, como veremos adiante." fl. 60 (grifos no original); Intimada, a Contribuinte protocolou impugnação (fls. 653/718 e docs. anexos fls. 719/4.011). A DRJ então proferiu o acórdão nº 1236.469, de 31/03/2011 (fls. 4.018/4.032), que manteve integralmente o lançamento. Cientificada do resultado em 27/09/2011 (fl. 4.035), a Contribuinte protocolou recurso voluntário em 26/10/2011 (fls. 4.036/4.082). Chegando ao CARF, foi proferido o acórdão nº 2302003.619, de 10/02/2015 (fls. 4.098/4.115), que deu provimento parcial ao recurso, e restou assim ementado e acordado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 CO RESPONSÁVEIS Os relatórios de co responsáveis e de vínculos são partes integrantes dos processos de Auto de Infração e tem por finalidade esclarecer a composição societária da empresa no período do débito e subsidiar a Procuradoria por ocasião do ajuizamento das futuras ações executivas. VALE TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA E TICKET. Em relação ao montante gasto pela empresa como despesa do vale transporte quer seja mediante cartão ou dinheiro, o montante não será base de cálculo das contribuições previdenciárias por força da aplicação da Súmula nº 60, publicada no DOU em 09/12/2011, pág.32, da Advocacia Geral da União AGU. ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA. A não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação restringe se à distribuição in natura ou, no caso de fornecimento em ticket, à hipótese de inscrição no PAT. A “alimentação” fornecida em pecúnia ou em ticket sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência da contribuição previdenciária. Inteligência do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011. MULTA DE OFÍCIO. ART. 35A DA LEI Nº 8.212/91. As multas previstas anteriormente no artigo 35 da Lei n° 8.212/91 ostentavam natureza mista, punindo a mora e a necessidade de atuação de ofício do aparato estatal (multa de ofício), de sorte que aqueles percentuais devem ser comparados com as disposições hoje contidas no artigo 35A da Lei n° 8.212/91, para fins de apuração da multa mais benéfica (art. 106, II, c do CTN). Para fatos geradores ocorridos antes da alteração legislativa, aplicam se as multas então estipuladas no artigo 35 da Lei n° 8.212/91, observado o limite máximo de 75%. Fl. 4194DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.195 4 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para excluir do lançamento as contribuições previdenciárias incidentes sobre os valores pagos a título de valetransporte, nos termos da Súmula n.º 60 da AGU e para excluir do lançamento as contribuições previdenciárias sobre os valores de alimentação fornecida in natura/tickets, frente à comprovação de que o recorrente estava inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, devendo, ainda, nos lançamentos remanescentes, ser recalculada a multa aplicada, considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº. 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449 de 2008, ou seja, até a competência 11/2008. Vencidos na votação a Conselheira Relatora e os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral e Leonardo Henrique Pires Lopes por entenderem que os valores pagos a titulo de alimentação em pecúnia não integram o salário de contribuição, votando pelo provimento do Recurso. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor. Intimada da decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial (fls. 4.117/4.128). A Contribuinte, intimada em 07/06/2016 (fls. 4.137/4.138), por sua vez solicitou em 13/06/2016 (fl. 4.139) a juntada de Embargos de Declaração (fls. 4.140/4.145, além de arquivos não pagináveis, e repetido às fls. 4.149/4.154), argumentando, em síntese: "Pela leitura do v. Acórdão ora embargado, se verifica que o provimento parcial do Recurso Voluntário teve como conclusão (em sua parte dispositiva, proferida pelo voto vencedor) a manutenção da exigência das contribuições previdenciárias devidas pela ora Embargante apenas sobre os valores pagos em pecúnia aos trabalhadores a título de “alimentação”. Contudo, nesse ponto, incorreu o v. acórdão em obscuridade/omissão, na medida em que, na parte dispositiva do voto vencedor, não discriminou/reconheceu o quantum em pecúnia que foi efetivamente pago pela Embargante aos seus trabalhadores a título de alimentação." fl. 4.141; (...) "Outrossim, o v. acórdão embargado concluiu pela necessidade de redução da multa de ofício aplicada a título de descumprimento de obrigação principal quando da lavratura do Auto de Infração, para reconhecer que a multa mais benéfica à Embargante é a aplicável sob a égide da legislação anterior, cuja redação era conferida pela Lei nº 9.876/99 à Lei nº 8.212/91 (art. 35), ou seja, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449/2008, no que tange à competência de até nov/2008." fl. 4.142; "No entanto, em que pese o v. acórdão ter reconhecido que a Fiscalização não comparou isoladamente, a (i) multa de mora antiga com a multa de ofício atual; e as (ii) multas por Fl. 4195DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.196 5 descumprimento de obrigações acessórias hoje vigentes e àquelas válidas à época do fato gerador, e que, na verdade, causou um verdadeiro “mix” errôneo na aplicação da legislação anterior e atual com a soma das multas de natureza distintas, previstas na legislação anterior (para acessório e principal), comparandoas com aquelas atualmente vigentes nas duas situações, cumpre ressaltar que, neste ponto, também restou em obscuridade/omissão o voto vencedor, na medida em que não restou claro quais os percentuais que devem ser aplicados na imposição das multas/penalidades ora reconhecidas, por descumprimento de obrigação principal." fl. 4.143. Solicitou também, em 21/06/2016 (fl. 4.158), a juntada de contrarrazões ao recurso especial da fazenda (fls. 4.159/4.178). Os embargos foram admitidos pela presidência da 2ª SEJUL (fls. 4.184/4.190) ante a extinção da turma e do mandato do conselheiro de origem. Admitiuo nos seguintes termos: (a) Das omissões e obscuridades quanto ao valor a ser excluído da base de cálculo de incidência da Contribuição Previdenciária a título de alimentação Segundo o embargante, pela leitura do Acórdão ora embargado, se verifica que o provimento parcial do Recurso Voluntário teve como conclusão (em sua parte dispositiva, proferida pelo voto vencedor) a manutenção da exigência das contribuições previdenciárias devidas apenas sobre os valores pagos em pecúnia aos trabalhadores a título de “alimentação”. (grifos do embargante) em pecúnia que foi efetivamente pago pela Embargante aos seus trabalhadores a título de alimentação. (grifos do embargante) (...) Conclui que, merece reparo o acórdão embargado, a fim de sanar a omissão/obscuridade no que concerne à parte dispositiva do mesmo, proferida em sede de voto vencedor, de modo que passe a constar o quantum que deverá ser mantido a título de base de cálculo de contribuição previdenciária devida, ou seja, o valor de R$ 85.298,97 – realmente pago – em pecúnia a título de “alimentação” pela Embargante. (b) Das omissões e obscuridades quanto ao cálculo das multas aplicáveis com base no princípio da retroatividade benigna Neste ponto, o embargante alega que não restou claro quais os percentuais que devem ser aplicados na imposição das multas/penalidades, por descumprimento de obrigação principal. (...) Fl. 4196DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.197 6 Com relação a omissão/obscuridade apontada no item (a), de fato assiste razão à Embargante. Em que pese a decisão ter sido clara ao determinar que fossem excluídas da base de cálculo os valores pagos a título de alimentação na forma de ticketrefeição, uma vez que o contribuinte comprovou a sua inscrição no PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador), os valores pagos em Pecúnia não foram quantificados no voto vencedor, na ementa e nem no dispositivo que registrou a decisão. E essa quantificação é primordial para o entendimento do que foi decidido pelo colegiado, tendo em vista que o quantitativo em espécie que foi pago aos empregados do contribuinte é motivo de discussão desde a fase impugnatória em sede de 1ª instância. Enquanto o contribuinte afirma que o valor pago em pecúnia é de R$ 85.298,97, a fiscalização concluiu que este valor seria de R$ 575.203,11, Portanto, é necessário suprir a omissão/obscuridade, que restou constatada, mediante a prolatação de novo Acórdão. Já, referente a 2ª omissão/obscuridade alegada, não assiste razão ao embargante. (...) Diante do exposto, devese acolher parcialmente os Embargos de Declaração e, conseqüentemente, submeter os autos novamente à apreciação do Colegiado, com vistas a sanar o vício apontado pelo Embargante no item (a). É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Os Embargos de Declaração são tempestivos e preenchem os demais requisitos de admissibilidade, portanto deles conheço. Observase, outrossim, que a presidência da 2ª SEJUL admitiu os Embargos apenas parcialmente. Nos termos do art. 65, § 3º, do Anexo II ao RICARF, a rejeição é definitiva, razão pela qual não retorna para julgamento os argumentos levantados pela Contribuinte em relação à multa. A lide limitase, portanto, à definição do montantes pago em pecúnia a título de alimentos. Do valor dos alimentos pagos em pecúnia Como bem anotou a Contribuinte, o acórdão embargado excluiu da base de cálculo os valores pagos a título de valetransporte e, em relação aos valores pagos a título de Fl. 4197DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.198 7 alimentos, excluiu especificamente o montante fornecido in natura ou em tickets. Manteve, entretanto, os valores de alimentos pagos em pecúnia. É o que se extrai do dispositivo do acórdão, que merece ser transcrito novamente: "Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para excluir do lançamento as contribuições previdenciárias incidentes sobre os valores pagos a título de valetransporte, nos termos da Súmula n.º 60 da AGU e para excluir do lançamento as contribuições previdenciárias sobre os valores de alimentação fornecida in natura/tickets, frente à comprovação de que o recorrente estava inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, devendo, ainda, nos lançamentos remanescentes, ser recalculada a multa aplicada, considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº. 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449 de 2008, ou seja, até a competência 11/2008. Vencidos na votação a Conselheira Relatora e os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral e Leonardo Henrique Pires Lopes por entenderem que os valores pagos a titulo de alimentação em pecúnia não integram o salário de contribuição, votando pelo provimento do Recurso. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor." fl. 4.099. Em linha direta, foi o quanto concluiu o voto condutor, conforme o seu dispositivo: "Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL para que sejam mantidos, exclusivamente, os valores pagos em pecúnia aos trabalhadores a título de “alimentação”. Quanto à multa pelo descumprimento de obrigação principal, devem ser aplicadas as disposições do art. 35, II, da Lei nº. 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n. 449 de 2008, ou seja, até a competência 11/2008, inclusive." fl. 4.115. Conforme a Contribuinte, ficou omissa ou, ao menos, obscura, a questão da definição do quantum desse valor de alimentos pagos em pecúnia. Efetivamente, a fiscalização afirmou que havia sido no valor de R$ 575.203,11 (fl. 484), mas tanto na sua impugnação (fl. 694/701) quanto em seu recurso voluntário (fl. 4.062/4.076), a Contribuinte afirmou que o valor de alimentos pagos em pecúnia foi no montante de R$ 85.298,97. Pois bem. Uma vez que a Contribuinte expressamente suscitou tal questão no seu Recurso Voluntário, a matéria realmente foi objeto de litígio. Outrossim, observase que no dispositivo do acórdão efetivamente não consta qual a solução alcançada pela turma no acórdão embargado. Fl. 4198DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.199 8 Retornando aos votos que compõem o acórdão, percebese que o voto vencido atestava: "Desse modo, do montante realmente concedido pela Recorrente a seus empregados a título de alimentação, no ano de 2006 (R$ 2.298821,43), menos de 4% foi realmente pago em pecúnia (R$ 85.298,97). Não existiu fornecimento de auxílioalimentação em pecúnia no patamar de R$ 575.203,11." fl. 4.110. Já o voto vencedor não discorda da análise dos fatos, mas apenas da conclusão de direito. Entende que, a despeito do montante do valor pago em pecúnia, o simples fato de ser pago em pecúnia é suficiente para enquadrálo no conceito de saláriode contribuição. É o que se extrai do seguinte trecho: "A discordância quanto ao entendimento da ilustre Relatora restringe se à parte do lançamento referente à 'alimentação' fornecida em pecúnia. Levando se em conta o campo de incidência das contribuições previdenciárias, que se extrai da conjugação do artigo 195, I, a, com os artigos 11, 22 e 28 da Lei nº 8.212/91, depreende se que os pagamento a título de fornecimento de alimentação são fatos geradores de contribuição previdenciária. No entanto, a norma inscrita no art. 28, § 9º, alínea 'c' estabelece que não integra o salário de contribuição 'a parcela in natura recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976'. (...) (...) Assim, a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação restringe se à distribuição in natura ou, no caso de fornecimento em ticket, à hipótese de inscrição no PAT. A 'alimentação' fornecida em pecúnia ou em ticket sem a devida inscrição no PAT sobre a incidência da contribuição previdenciária. No caso sob exame, portanto, a despeito de sua inscrição no PAT (fls. 3.899), entendo que o lançamento deve ser mantido quanto aos valores pagos em pecúnia aos trabalhadores a título de 'alimentação'." fls. 4.112/4.113. Portanto, entendo que o voto vencedor apenas divergiu do voto vencido quanto à questão de direito, mas não quanto à análise dos fatos. Em consequência, entendo que não houve verdadeira omissão que seja saneada, mas mera obscuridade. A turma efetivamente decidiu sobre a questão do montante de alimentos pagos em espécie, tal como também decidiu sobre a questão do valetransporte. Tendo o voto vencedor divergido tão somente quanto à questão de direito em relação aos alimentos, o voto "vencido" o é apenas nessa questão. É valido em relação ao restante. Tanto assim que o voto vencedor não se pronunciou sobre a questão do vale transporte, vez que o voto "vencido" já havia se pronunciado sobre esse ponto. Igualmente, não Fl. 4199DF CARF MF Processo nº 11052.000578/201057 Acórdão n.º 2202004.533 S2C2T2 Fl. 4.200 9 se pronunciou sobre o montante dos valores de alimentos pagos em pecúnia, vez que o voto "vencido" já havia se pronunciado sobre esse ponto. Ainda assim, para que não surjam dúvidas no momento da execução da decisão, é conveniente retificar o referido dispositivo, para que conste a solução. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, voto por conhecer dos Embargos de Declaração para que, sanando a obscuridade apontada, o dispositivo do acórdão embargado passe a ter a seguinte redação: "Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para excluir do lançamento as contribuições previdenciárias incidentes sobre os valores pagos a título de valetransporte, nos termos da Súmula n.º 60 da AGU e para excluir do lançamento as contribuições previdenciárias sobre os valores de alimentação fornecida in natura/tickets, frente à comprovação de que o recorrente estava inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, mantendo a incidência sobre o valor de alimentos pago em espécie no montante de R$ 85.298,97 devendo, ainda, nos lançamentos remanescentes, ser recalculada a multa aplicada, considerando as disposições do art. 35, II, da Lei nº. 8.212/91, na redação dada pela Lei n.º 9.876/99, para o período anterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº 449 de 2008, ou seja, até a competência 11/2008. Vencidos na votação a Conselheira Relatora e os Conselheiros Leo Meirelles do Amaral e Leonardo Henrique Pires Lopes por entenderem que os valores pagos a titulo de alimentação em pecúnia não integram o salário de contribuição, votando pelo provimento do Recurso. O Conselheiro André Luís Mársico Lombardi fará o voto divergente vencedor." (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 4200DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.732846/2011-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
MANIFESTAÇÃO DA UNIÃO EM SEDE JUDICIAL. CONCORDÂNCIA. CÁLCULOS DO CONTRIBUINTE. RENOVAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE.
Assentindo a União, após intimação do juízo competente, quanto aos cálculos efetuados pelo contribuinte relativamente à direito postulado e obtido em definitivo no curso de processo judicial, não cabe, por via transversa, ser renovado seu questionamento em sede administrativa.
Numero da decisão: 2202-004.503
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Waltir de Carvalho, Martin da Silva Gesto, Reginaldo Paixão Emos, Júnia Roberta Gouveia e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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RENDA VARIÁVEL. Recorrente FERNANDO FABRÍCIO DE FARIA CORREA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 MANIFESTAÇÃO DA UNIÃO EM SEDE JUDICIAL. CONCORDÂNCIA. CÁLCULOS DO CONTRIBUINTE. RENOVAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. Assentindo a União, após intimação do juízo competente, quanto aos cálculos efetuados pelo contribuinte relativamente à direito postulado e obtido em definitivo no curso de processo judicial, não cabe, por via transversa, ser renovado seu questionamento em sede administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Waltir de Carvalho, Martin da Silva Gesto, Reginaldo Paixão Emos, Júnia Roberta Gouveia e Dilson Jatahy Fonseca Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 28 46 /2 01 1- 47 Fl. 645DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte (MG) DRJ/BHE, que julgou procedente lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo ao exercício 2008 (fls. 494/522), face à apuração de omissão de ganhos líquidos em renda variável, auferido na alienação de ações da Refinaria de Petróleo Ipiranga (RPI), da Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga (DPPI) e da Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CBPI), para a sociedade Ultrapar Participações S/A, conforme contrato de compra e venda de ações de fls. 163/201 celebrado em 18/03/2007, não abrangidas pela ação em Mandado de Segurança (MS) nº 2007.71.00.0214850/RS. O Gcap (Ganho de capital) apurado pela fiscalização, decorrente da alienação dessas ações, não abrangidas pelo citado mandamus, foi de R$ 8.287.427,67. No entanto, o contribuinte, ao apurar o Gcap referente a essas ações, declarou o valor de R$ 8.279.825,67. Desse modo, a auditoria concluiu que o fiscalizado fez uma apuração a menor do Gcap no valor de R$ 7.602,00 e efetuou o lançamento de ofício do imposto de renda no valor de R$ 1.140,30, acrescido de multa de ofício de 75% e juros. No Termo de Verificação Fiscal (fls. 505/515), a auditoria apresenta a motivação do lançamento. O autuado impetrou o MS em 31/05/2007, perante a 1ª Vara Federal Tributária de Porto Alegre, sob o argumento de que o DecretoLei nº 1.510/76, art. 4º, alínea 'd', estabeleceu a não incidência do imposto de renda sobre os ganhos obtidos em alienações de participações societárias após decorrido o período de cinco anos da data de subscrição, aquisição ou recebimento de bonificações, relativamente àquelas adquiridas até 12/1983. A segurança foi concedida em primeira instância, reconhecendo o direito à isenção do imposto de renda sobre o Gcap apurado na alienação de ações, incluídas as bonificações (filhotes), relativamente àquelas adquiridas até 12/1983 e mantidas em seu patrimônio até a data da revogação da isenção pela Lei nº 7.713/88, em decisão confirmada pelo TRF da 4ª Região. O contribuinte foi selecionado pela administração tributária para que se verificasse se a apuração do imposto de renda relativo ao Gcap tributável estava correto e, se fosse o caso, se efetuasse lançamento suplementar, além de se efetuar o lançamento do imposto de renda sobre o Gcap objeto da ação judicial, visando a prevenir a decadência. Foram alienadas 207.420 ações, das quais 94.344 foram submetidas à apuração de ganho de capital no Demonstrativo declarado pelo autuado, sendo que em 30/05/2007 ele recolheu o imposto de renda no valor de R$ 1.241.970,90, baseado nessa apuração. Quanto à parte que considerava isenta, fez o recolhimento, em 31/05/2007, no valor de R$ 1.563.592,83, no código 7416, via depósito judicial (fls. 321), e impetrou, como litisconsorte ativo, a ação em MS nº 2007.71.00.0214850/RS Não obstante, a fiscalização considerou haver diferenças quanto à quantidade de ações abrangidas por dito MS, pois verificou que ao determinar a quantidade de ações denominadas isentas, objeto do MS, o contribuinte limitouse a apurar a quantidade de ações havidas em 31/12/1983 e os seus desdobramentos. Ele considerou, como sendo do tipo “tributadas”, as 340 ações PN da RPI que saíram do Livro de Registro de Ações para serem depositadas em custódia e vendidas em 2005 na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Fl. 646DF CARF MF Processo nº 11080.732846/201147 Acórdão n.º 2202004.503 S2C2T2 Fl. 645 3 Conforme resumido pela instância recorrida (fls. 615/616), com base em passagens do Relatório Fiscal (fls. 510/513): Apesar de o fiscalizado ter informado que fez a movimentação dessas 340 ações PN para a custódia com o objetivo de vender na bolsa e que o custo das ações “isentas” influenciaram o custo de venda dessas ações, no caso de uma possível apuração de imposto de renda, uma vez que foi utilizado o custo médio ponderado, ele está considerando que as ações depositadas em custódia são do tipo “tributáveis”. A fiscalização entende que, ao dar baixa no Livro para fazer o depósito em custódia, o fiscalizado está utilizando o método UEPS (“últimas a entrar, primeiras a sair”), metodologia não admitida pela legislação do imposto de renda, já que nesse caso há uma tendência de subavaliação dos estoques. O art. 5º do DecretoLei nº 1.510/1976 estabeleceu a presunção de que as alienações se referiam às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente. No entanto, esse art. foi revogado pela Lei nº 7.713/1988, com vigência a partir de 01/01/1989. O art. 16 dessa mesma lei dispõe que o custo de aquisição de título e valores imobiliários a ser considerado no momento da alienação é a média ponderada dos custos unitários. Nesse mesmo sentido dispôs o art. 72 da Lei nº 8.981/1995, o art. 16 da IN RFB 84/2001 e o art. 47 da IN RFB 1.022/2010. No método UEPS, o custo das ações alienadas é representado pelas últimas ações adquiridas, sendo o estoque final representados pelo valor das ações mais antigas. No método da média ponderada, o custo das ações que foram depositadas em custódia corresponde à média aritmética dos custos de aquisição das ações existentes em estoque, sendo consideradas todas as ações existentes no Livro. Quando há depósito em custódia (), há uma saída proporcional de ações tributáveis e isentas. Desse modo, a determinação do quantitativo de ações isentas e tributáveis, nessa situação, deve ser feita de acordo com a proporção existente dessas ações, na data da saída, no Livro de Registro de Ações. Assim, com base nos demonstrativos encaminhados pela Ultrapar e no disposto nos itens 19 a 33 do Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização obteve o quantitativo de ações tributáveis e isentas por empresa e por espécie, que se encontra demonstrado nos anexos 1 a 6, que são parte integrante do Termo de Verificação Fiscal (fls. 516/521). Quanto às 1.000 ações DPPI ON retiradas de custódia (+), concluiu que essas ações, conforme também informado pelo fiscalizado, são tributáveis, pois se referem às 500 ações adquiridas em 29/03/2005 e a seus desdobramentos. (...) Desse modo, apurouse ganho de capital, decorrente da alienação das ações DPPI, RPI e CBPI à Ultrapar Participações, não abrangidas pela ação em MS nº 2007.71.00.0214850/RS, no montante de R$ 8.287.427,67 (Anexo 7, fls. 522). Tendo o fiscalizado informado um ganho de capital no valor de R$ 8.279.825,67, constatouse que houve uma apuração a menor de R$ 7.602,00, o que implicou em lançamento de ofício de imposto de renda no valor de R$ 1.140,30, acrescido de multa de 75% e juros. Este Auto de Infração restringese ao lançamento do imposto de renda suplementar decorrente da apuração a menor do ganho de capital que não foi objeto da ação em MS nº 2007.71.00.0214850/RS. O imposto de renda sobre o ganho de Fl. 647DF CARF MF 4 capital objeto da ação judicial foi lançado em outro Auto de Infração, de modo a prevenir a decadência, e está com a exigibilidade suspensa. Apesar de impugnada (fls. 532/608), a exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 611/624), ensejando a interposição de recurso voluntário em 08/01/2013 (fls. 630/641), no qual é alegado, em síntese, que: há nulidade da infração por ter sido efetuado depósito integral e em dinheiro nos autos do MS nº 2007.71.00.0214850; referida ação já havia reconhecido serem isentas de pagamento de imposto de renda todas as ações adquiridas sob a égide do DecretoLei nº 1.510/76; a petição da União manifestandose pelo levantamento do depósito judicial indica que não há divergência quanto à quantidade de ações abrangida pelo MS, não competindo ao Conselho descumprir a coisa julgada. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme relatado, a defesa tem seu âmago na narrativa de que teria havido violação à coisa julgada na atuação da autoridade lançadora. A despeito de ter sido cogitada como nulidade, na espécie revelase o argumento como matéria de mérito, sendo assim doravante analisada. A segurança concedida no MS nº 2007.71.00.0214850 foi vertida nos seguintes termos: CONCEDO A SEGURANÇA para reconhecer o direito à isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital apurado na alienação de ações das empresas Refinaria de Petróleo Ipiranga S/A, Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S/A e Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga S/A, relativamente às ações adquiridas até dezembro de 1983, e mantidas em seus patrimônios até a data da revogação da isenção, pela Lei nº. 7.713/88. (destaque do original) Temse, nesse passo, que o contribuinte recolheu R$ 1.241.970,90 de imposto de renda sobre parte das alienações realizadas em 2007, que entendeu não estarem abarcadas por tal julgado, e efetuou o depósito judicial, vinculado ao citado MS, no valor de Fl. 648DF CARF MF Processo nº 11080.732846/201147 Acórdão n.º 2202004.503 S2C2T2 Fl. 646 5 R$ 1.563.592,83, pertinente ao ganho de capital auferido com o restante das ações vendidas, as quais já teriam incorporado o direito à isenção. Confirmada a decisão em tela nas instâncias superiores, foram as partes intimadas em 29/06/2012 a "requerer o que entenderem de direito, inclusive em relação a eventuais depósitos judiciais realizados". No dia 27/08/2012, o juízo competente despachou: (...) 2. Comprovados os depósitos, dêse vista à União do pedido de levantamento integral, a ser analisado em cotejo com a documentação acostada à inicial, visto que os valores depositados que eventualmente se refiram ao IR incidente sobre alienação de ações adquiridas após dezembro de 1983, nos termos da decisão transitada em julgado, são devidos e, portanto, devem ser transformados em pagamento definitivo, liberandose aos impetrantes apenas aqueles abrangidos pela coisa julgada no presente feito. Prazo de 15(quinze) dias. E, em 27/11/2012, foi exarado o seguinte Despacho/Decisão do magistrado1: Diante da concordância expressamente manifestada pela União Federal à fl. 994 e, em especial, levando em conta as informações prestadas pela Receita Federal do Brasil nas fls. 988989 e 995, expeçamse em favor das impetrantes, excetuando se a impetrante Eneida Maria Ormazabal Sastre, os devidos alvarás de levantamento, referentes à integralidade dos depósitos vinculados ao feito. Expedidos, intimemse para retirada dos alvarás. Pois bem, lembrese que a ação fiscal concluiu que o montante tributável, associado às alienações de ações efetuadas em 2007, seria na realidade ligeiramente maior (implicando acréscimo no imposto devido na cifra de R$ 1.140,30), pois àquela ocasião parte das ações que existiam em 1983 já haviam sido vendidas em 2005. Ora, a partir dessa conclusão, a consequência lógica é que os valores depositados em juízo estariam proporcionalmente subestimados, implicando que o contribuinte não pudesse levantar toda quantia vinculada ao mandamus. Ou seja, parte dessa quantia deveria ficar retida em benefício da União para o pagamento da mencionada diferença. Mister ressaltar, porém, que a Fazenda Pública manifestou expressamente perante o juízo concordância com o levantamento integral dos depósitos vinculados ao feito, inclusive valendose de informações da própria RFB, conforme asseverado no Despacho mais acima reportado. Naquela oportunidade aquiesceu, portanto, com os cálculos efetuados pelo contribuinte, quanto ao montante tributável decorrente das operações de alienação de ações à sociedade Ultrapar Participações S/A., efetuadas em 2007. 1 Os documentos mencionados neste Voto, relativos ao MS nº 2007.71.00.0214850, estão todos disponíveis para consulta pública no site do TRF da 4ª Região, www.trf4.jus.br (acesso em 26/10/2017). Fl. 649DF CARF MF 6 Assim sendo, prevalece essa manifestação, realizada em sede judicial e com caráter definitivo, sobre eventuais ponderações de âmbito administrativo acerca da situação em apreço, as quais restam preclusas e ineficazes. Improcedente, assim, a autuação fiscal. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 650DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35570.005723/2006-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2003 a 31/08/2003
PRELIMINAR. INCLUSÃO DOS DIREITOS NA RELAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEIS - CORESP
A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88).
APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05. RETROATIVIDADE. INOCORRÊNCIA
Os documentos constantes dos incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Não ocorre, portanto, a alegada retroatividade.
NULIDADE. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO
Correto o arbitramento quando demonstrado que a empresa não cumpriu a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços.
COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA
Dentre as atribuições dos auditores fiscais previstas na Lei nº 10.593/2002 está a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados.
CONTRIBUIÇÃO AO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. ADICIONAL
Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis
Numero da decisão: 2202-004.363
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2003 a 31/08/2003 PRELIMINAR. INCLUSÃO DOS DIREITOS NA RELAÇÃO DE CO-RESPONSÁVEIS - CORESP A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88). APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05. RETROATIVIDADE. INOCORRÊNCIA Os documentos constantes dos incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Não ocorre, portanto, a alegada retroatividade. NULIDADE. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO Correto o arbitramento quando demonstrado que a empresa não cumpriu a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA Dentre as atribuições dos auditores fiscais previstas na Lei nº 10.593/2002 está a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados. CONTRIBUIÇÃO AO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. ADICIONAL Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis
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INCLUSÃO DOS DIREITOS NA RELAÇÃO DE CO RESPONSÁVEIS CORESP A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. (Súmula CARF nº 88). APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05. RETROATIVIDADE. INOCORRÊNCIA Os documentos constantes dos incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Não ocorre, portanto, a alegada retroatividade. NULIDADE. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO Correto o arbitramento quando demonstrado que a empresa não cumpriu a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA Dentre as atribuições dos auditores fiscais previstas na Lei nº 10.593/2002 está a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 57 0. 00 57 23 /2 00 6- 19 Fl. 515DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO AO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO SAT. ADICIONAL Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil, Ronnie Soares Anderson. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Decisão/Notificação elaborado pela Delegacia da Receita Previdenciária RJ Duque de Caxias (fls. 456/458 numeração do eprocesso): DA NOTIFICAÇAO Tratase de crédito previdenciário no montante de R$ 206.813,90 (duzentos e seis mil oitocentos e treze reais e noventa centavos), consolidado em 13/12/2005, que, de acordo com o Relatório Fiscal de folhas 64/76, referese ao adicional à retenção de 11% aplicada ao valor bruto de notas fiscais e faturas de serviço emitidas por empresas prestadoras de serviços em cessão de mãodeobra, a teor do art. 6 ° da Lei 10.666/2003, exigível a partir de 04/2003. 2. No caso em questão, o referido adicional está previsto em 2%, para financiamento concessão da de aposentadoria especial após vinte e cinco anos de contribuição e exercício contínuo de atividades laborais em condições especiais nocivas à saúde/ integridade física do trabalhador, por exposiçao a agentes químicos, físicos e biológicos, ou sua associaçao, os quais, nos termos do art. 58 da Lei 8.213/91, estão relacionados no Anexo Fl. 516DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 516 3 IV do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99 . 3. O crédito previdenciário foi constituído tendo em vista que a fiscalização constatou que a empresa não faz o eficaz gerenciamento do ambiente de trabalho, deixando de controlar os riscos ocupacionais existentes e, por fim, por ter ficado evidenciada a presença de agentes nocivos, os quais estão trazendo prejuízos à saúde ou à integridade física dos trabalhadores terceirizados, que prestam à CSN, nos termos dos contratos com a empresa ABB LTDA, respectivamente nos CNPJ 61.074.829/007136 e 000123: S10295388, com vigência de 01/02/2003 a 15/02/20030, de serviços de “reparo geral no Iaminador de tiras a quente"; e S10202543, vigendo de 03/06/2002 a 02/06/2005, de serviços de “manutenção mecânica, elétrica e hidráulica, montagem de tubulação, caldeiraria, lubrificação, instrumentação e reparos gerais, paradas preventivas e serviços gerais nos equipamentos como da laminação e revestidos, bem a operação das oficinas de usinagem" 4. Foi solicitada da empresa notificada, CSN, atraves de TIAD, os seguintes documentos referentes à empresa prestadora dos serviços: contrato de serviços, PPRA/PGR/PCMAT, PCMSO e LTCAT. Dos documentos solicitados, apenas os contratos de serviços, o PPRA de 2002 e o PCMSO de 2002 forarn apresentados à fiscalização. 5. Tendo em vista que restou claro que a CSN não participou na elaboração e implementação do PCMSO e PPRA da contratada (os dados do PPRA da CSN não coincidem com os da contratada, as deficiências apresentadas no PPRA e no PCMSO da contratada para o exercício de 2002 conduzem à constatação de que existem trabalhadores cuja exposição a agentes nocivos geram a concessão de aposentadoria especial e, principalmente, não foram apresentados os PPRA e PCMSO da contratada para o exercício de 2003; nem LTCAT da contratada), ficou clara a obrigação da CSN pelo acréscimo da retenção, sendo assim constituído o credito previdenciário. 6. Consta no item 2 do relatório fiscal que, como não houve retenção pela empresa contratante das contribuições consideradas nesta NFLD, não ficou configurado o tipo penal previsto no art. 168A, §1°, inciso l do Código Penal, introduzido pela Lei 9.983/2000. 7. O lançamento foi efetuado em periodo acobertado pelo competente Mandado de Procedimento Fiscal MPF, com recebimento pela empresa às fls. 18/23, e emissão de TlAD e TEAF, fls. 24/54. DA IMPUGNAÇÃO 8. Tempestivamente, a empresa apresentou defesa as fls. 412/441, juntando prova da capacidade postulatória dos signatários. Em síntese, apresenta como razões: Fl. 517DF CARF MF 4 Das Preliminares 8.1. Protesta pela nulidade do lançamento, em decorrência de terem sido incluídos seus diretores no relatório de co responsáveis, sem que fosse apresentada a capitulação legal para tal procedimento, entendendo por isso que lhes foi cerceado o direito à ampla defesa, garantido pelo art. 5 °, LV da Constituição Federal. Apresenta excerto doutrinário. 8.2. Invoca o art. 689 da Instrução Normativa 100/2003, para protestar contra a falta de clareza e precisão do relatório fiscal, por faltar na NFLD a identificação dos trabalhadores que seriam beneficiados futuramente com a aposentadoria especial e o periodo em que teriam exercido suas atividades sob as condições nocivas à sua saúde/ integridade física. 8.3. Alega que a apresentação dos documentos solicitados pela fiscalização impede a aplicação do arbitramento, que é instrumento de caráter excepcional, aplicável apenas caso o sujeito passivo não mantenha escrituração contábil e fiscal regulares ou se não houver documentos avaliadores dos riscos ambientais do trabalho, que não seria o caso, uma vez que foram apresentados o PPRA e o PCMSO, discriminando as tarefas exercidas e os agentes nocivos, bem como a utilização de equipamento de proteção individual e coletiva, que mitigariam o prejuízo à saúde e à integridade físicado trabalhador. 8.4. Protesta que os AuditoresFiscais não têm competência técnica para desconsiderar os programas apresentados pela empresa (PPRA e PCl\/ISO), que são privativos de profissão regulamentada por lei federal. Além disso, a informação constante do relatório de que há divergências entre os documentos apresentados, sem as relacionar, impossibilitaria sua analise. 8.5. Defende a tese de afronta ao Princípio da Irretroatividadeda Lei, uma vez que foi aplicada como fundamentação legal do lançamento a Instrução Normativa SRP 03/2005, que só entrou em vigência em 01/08/2005, enquanto o periodo lançado vai de 04/2003 a 04/2005. Do Mérito 8.6. Entende que os valores lançados estão em desacordo com a efetiva prestação dos serviços, sendo errado o emprego do valor bruto das notas fiscais, sem que sejam individualizados os segurados envolvidos na prestação dos serviços. Alem disso, o lançamento não teria qualquer repercussão no bem a ser protegido, que é a saúde/integridade fisica do trabalhador, com a concessão de aposentadoria com tempo de contribuição diminuído. A Delegacia da Receita Previdenciária RJ Duque de Caxias negou provimento à impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte (fls. fls 456 eprocesso): CONTRIBUIÇAO PREVIDENCIÁRIA. ACRÉSCIMO DE ALÍQUOTA NA RETENÇÃO PARA FINANCIAMENTO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 517 5 A partir de 04/2003, por determinação do art. 6 ° da Lei 10.666/2003, o percentual previsto no art. 31 da Lei 8.212/91 (redação alterada pela Lei 9.711/98), a cargo da contratante, de retenção do valor bruto da nota fiscal de prestação de serviços mediante cessão de mãodeobra, é acrescido de 2 pontos percentuais, relativamente aos serviços prestados por segurado em atividade que permita a concessão de aposentadoria especial após 25 anos de contribuição. PEÇAS QUE INSTRUEM O PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL PREVIDENCIÁRIO. RELAÇÃO DE CO RESPONSÁVEIS. A relação de coresponsáveis é anexo obrigatoriamente integrante da Notificação Fiscal de Débito NFLD, e apenas lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e periodo de atuação, conforme artigo 660, inciso X da Instrução Normativa SRP nº 03/2005 A Companhia Siderúrgica Nacional foi cientificada (AR fls. 467) em 13/10/2006 .Em 09/11/2006 apresentou o recurso de fls. 469/485 no qual reitera as alegações já suscitadas quando da impugnação. É o relatório Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. 1.) PRELIMINARES 1.1) DA INDEVIDA INCLUSÃO DOS DIRETORES COMO CORESPONSÁVEIS Alega a Recorrente, preliminarmente, que seria indevida a inclusão dos diretores como coresponsáveis pelas pretensas infrações da empresa, uma vez que para que tal responsabilidade se efetivasse, seria indispensável a menção ao preceito legal que, no entendimento das autoridades fiscais, sustenta a referida inclusão. De acordo com a Recorrente não foi feita a exposição pormenorizada dos atos de gestão que comprovasse a conduta acarretaria a infração apontada no lançamento. Quanto à exclusão dos coresponsáveis, cabe esclarecer que as pessoas constantes da Relação de CoResponsáveis – CORESP não foram arroladas como sujeitos passivos da NFLD, servindo o documento apenas como subsídio à Procuradoria da Fazenda Nacional, caso haja a necessidade de execução judicial do crédito previdenciário, após a Fl. 519DF CARF MF 6 conclusão do contencioso administrativo. É o que dispõe a Súmula CARF nº 88, de observância obrigatória pelos conselheiros deste órgão administrativo: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Em face do exposto, rejeito a preliminar suscitada. 1.2) AFRONTA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS NORMAS INDEVIDA APLICAÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRP Nº 03/05 Alega também a Recorrente nulidade do lançamento, uma vez que a autoridade fiscal utilizou como fundamentação legal da autuação a Instrução Normativa SRP nº 03, de 14 de julho de 2005, a qual somente entrou em vigor em 1º de agosto de 2005. Diante desse fato, a autoridade fiscal não poderia retroceder a aplicação da referida IN, uma vez que o período fiscalizado corresponde aos meses de abril a agosto de 2003. Incorretas as alegações do Recorrente. Como bem apontado pela decisão recorrida, não foi feita qualquer exigência a empresa que não constasse da legislação vigente à época dos fatos geradores. Não há que se falar em ofensa ao princípio da irretroatividade, uma vez que as obrigações já existiam. Como esclarece a decisão recorrida: "Assim, quando, por exemplo, no item 9 do relatório fiscal, os Auditores informam que emitiram TIAD solicitando PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO e LTCAT, de acordo com os incisos I a V do art. 381 da IN SRP 03/2005, constatase que tais documentos também já haviam sido previstos igualmente nos incisos I a V do art. 404 da IN INSS/DC 100/2003, e, ainda, nos incisos IX e VIII do art. 234 da IN INSS/DC 70/2002. Em outro exemplo, vemos que o mesmo ocorre quando os notificantes citam o art. 749 da IN SRP 03/2005, ao se referirem a cientificação das empresas componentes do grupo econômico, uma vez que o mesmo procedimento é determinado no art. 779 da IN INSS/DC 100/2003 e, ainda, no art. 175 da IN INSS/DC 70/2002. Em face do exposto, rejeito a preliminar. 1.3) NULIDADE DO LANÇAMENTO EM VIRTUDE DA IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO UTILIZADA. Alega a Recorrente que o Auto de Infração é nulo, uma vez que os requisitos de clareza e liquidez, previstos no art. 689 da Instrução Normativa 100 de 18 de dezembro de 2003, não foram alcançados. Isso porque não foram identificados os trabalhadores que exercem atividade em condições especiais. Quanto ao requisito da liquidez, alega a Recorrente que não existe nos autos a comprovação da remuneração individualizada e apurada mensalmente. Finalmente, alega a Recorrente que o arbitramento adotado pelas autoridades fiscais é instrumento que só deve ser utilizado nas hipóteses em que o sujeito passivo não mantenha escrituração contábil e fiscal regulares e pela inexistência de documentos que possibilitem a avaliação dos riscos ambientais do trabalho. Fl. 520DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 518 7 Incorretas as alegações do Recorrente. Isso porque, o arbitramento se deu em razão de não ter a empresa cumprido a sua obrigação de fornecer a documentação necessária à elaboração e implementação do PCMSO da contratada, relativamente aos locais de prestação de serviços. Tal fato evidencia a responsabilidade da CSN, uma vez que, conforme disposto no subitem 7.1.3 da NR 07 "caberá à empresa contratante de mão de obra prestadora de serviços informar a empresa contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do PCMSO os locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados" Sendo assim, como não foram apresentados pela Recorrente os documentos regularmente solicitados no TIAD emitidos na ação fiscal e tendo em vista o fato de que a fiscalização concluiu que todos os segurados cedidos nos termos dos contratos S10295388 e S10202543 submetiamse aos riscos ocupacionais, correto o procedimento utilizado do lançamento. Dessa forma, não há que se falar em falta de clareza ou liquidez do lançamento, uma vez que da NFLD consta, de forma clara, o fundamento legal e a indicação dos valores apontados, possibilitando à Recorrente entender o procedimento utilizado para apuração do quantum devido. Os fatos geradores foram devidamente identificados e motivados, não havendo que se falar em nulidade por falta de clareza e certeza. 1.4) DA FALTA DE COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL PARA DESCONSIDERAR OS PROGRAMAS APRESENTADOS PELA EMPRESA CONTRATADA. Por fim, alega a Recorrente que a autoridade fiscal não tem competência para desconsiderar os programas apresentados pela empresa contratada, uma vez que tais documentos são privativos de profissionais de profissão regulamentada por lei federal. Quanto à falta de demonstração da capacitação profissional da fiscalização para dissertar sobre questões relacionadas à segurança do trabalho, é preciso considerar que as atribuições para o exercício do cargo público são fixadas por lei, em especial a que cria o cargo público. As valorações acerca do grau de especialização para exercício das funções são feitas. pelo legislador e não pela Administração Pública ou pelos agentes públicos ou privados. No caso dos auditores fiscais, suas atribuições constam da Lei nº 10.593/2002, merecendo destacar a execução de auditoria e de fiscalização, objetivando o cumprimento da legislação da Previdência Social relativa às contribuições administradas pelo INSS, lançamento e constituição dos correspondentes créditos apurados. Eventual assistência de outros profissionais (médicos e engenheiros do trabalho) para subsidiar eficazmente as conclusões do auditor fiscal é possível, embora não seja obrigatória, em virtude das prerrogativas asseguradas e das funções atribuídas legalmente Em face do exposto, rejeito a preliminar. 2) MÉRITO Quanto ao mérito, a Recorrente reitera as alegações no sentido de que apuração da base de cálculo, ao eleger como critério o valor bruto das notas fiscais, sem individualizar os segurados apresenta grande distorção, motivo pelo qual, requer diligência fiscal. A discussão sobre os critérios adotados pela autoridade fiscal para determinar a base de cálculo já foram detalhadas no item 1.3 da presente decisão. Fl. 521DF CARF MF 8 Quanto ao pedido de conversão do julgamento em diligência para realização de prova pericial, não há dúvida de que o ordenamento jurídico brasileiro, a começar pela Constituição Federal de 1988, consagra o respeito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, aos litigantes em processo judicial ou administrativo. Isso não significa, entretanto, que toda e qualquer diligência requerida pela parte deva ser deferida pelo julgador. Nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72, a possibilidade de realização de diligências para apuração dos fatos é uma faculdade do julgador, devendo ser exercida quando houver dúvida acerca dos aspectos fáticos constantes nos autos, sem violação de qualquer direito constitucionalmente assegurado. É importante enfatizar que a cobrança do adicional ao SAT está associada ao desempenho de atividades que exponham segurados a riscos ambientais do trabalho, os quais produzem prejuízos presumidos à higidez física e mental do trabalhador. Isso significa que, para a cobrança do adicional ao SAT, a exposição ao agente nocivo acima dos limites regulamentares deve ser contínua e efetiva, embora os prejuízos ao empregado sejam presumidos. Ou seja, o fato de o empregado eventualmente não obter a concessão de aposentadoria especial (por exemplo, porque o tempo de exposição ao agente nocivo foi inferior ao patamar legal) não exime a empresa de contribuir com o adicional ao SAT. Os art. 57 e 58 da Lei nº 8.213/91 constituem o fundamento legal do adicional ao SAT (grifos nossos): Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do saláriodebenefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49. § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo Fl. 522DF CARF MF Processo nº 35570.005723/200619 Acórdão n.º 2202004.363 S2C2T2 Fl. 519 9 critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995) § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 8º Aplicase o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) § 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) § 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo Fl. 523DF CARF MF 10 trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) Estando provada a presença de agentes nocivos no ambiente de trabalho, a incidência do adicional ao SAT somente será elidida se a empresa demonstrar que o fornecimento de tecnologia de proteção coletiva ou individual aos empregados é eficaz na eliminação ou na redução da intensidade do agente nocivo a patamares legalmente aceitáveis. Tratase de ônus imposto à empresa. Por isso, a pertinência do art. 410 da Instrução Normativa INSS/DC nº 100/2003, que nada mais faz do que esclarecer e regulamentar o papel do laudo técnico mencionado nos parágrafos 1º e 2º do art. 58 da Lei nº 8.213/91: Art. 410. Em procedimento fiscal que for constatada a falta do PPRA, PGR, PCMAT, PCMSO, LTCAT ou PPP, quando exigíveis ou a incompatibilidade entre esses documentos, o AFPS fará, sem prejuízo das autuações cabíveis, o lançamento arbitrado da contribuição adicional, com fundamento legal previsto no § 3º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o art. 233 do RPS, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário O art. 410, acima transcrito, prescreve o arbitramento do adicional ao SAT aos casos de falta ou incompatibilidade entre as demonstrações ambientais, como é a hipótese dos autos. 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 524DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.015361/2009-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. DEPÓSITO BANCÁRIO. MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.
Cabível embargos declaratórios para sanar omissão do acórdão recorrido. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38 - Vinculante).
Numero da decisão: 2202-004.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a omissão apontada, mantendo inalterado o resultado do julgamento sem efeitos infringentes.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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OMISSÃO. DEPÓSITO BANCÁRIO. MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Cabível embargos declaratórios para sanar omissão do acórdão recorrido. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. (Súmula CARF nº 38 Vinculante). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, para sanar a omissão apontada, mantendo inalterado o resultado do julgamento sem efeitos infringentes. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Reginaldo Paixão Emos e Ronnie Soares Anderson AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 53 61 /2 00 9- 88 Fl. 296DF CARF MF 2 Relatório Tratase de embargos de declaração em face do Acórdão nº 220201.908, da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, julgado na sessão plenária de 11 de julho de 2012, cuja ementa abaixo se transcreve ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Fl. 297DF CARF MF Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 2202004.530 S2C2T2 Fl. 297 3 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. VALOR INDIVIDUAL IGUAL OUINFERIOR A R$ 12.000,00. LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). O Contribuinte foi cientificado do Acórdão nº 220201.908, proferido em 11/07/2012, em 22/09/2016 (AR – fl. 248) e opôs, em 27/09/2016, portanto, tempestivamente, os Embargos de Declaração de fls. 251/259, com base no art. 65 da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF). Em seus Embargos alega o suplicante que o aresto proferido incorre em omissão/contradição, a saber: 4. OMISSÃO FALTA DE ENFRENTAMENTO DO ITEM 2.2 DO RECURSO VOLUNTÁRIO DO ERRO NA DETERMINAÇÃO DO MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR [...] 5. CONTRADIÇÃO FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO [...] 6. CONTRADIÇÃO DA FALTA DE EXCLUSÃO DOS RENDIMENTOS DECLARADOS Em 10 de março de 2017 o então presidente desta turma Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa admitiu parcialmente os embargos, de acordo com os fundamentos abaixo transcritos: Pois bem, quanto ao item “4” dos embargos, verificase que o acórdão embargado não se manifestou sobre a questão do momento de ocorrência do fato gerador, no caso de omissão de rendimentos caracterizado por depósitos bancários de origem não comprovada, embora conste do Recurso Voluntário alegações sobre essa matéria. Fl. 298DF CARF MF 4 Dessa forma, entendo que cabe razão ao Embargante nesse ponto, pois de fato existe uma omissão no julgado, que deve ser reparado com a prolação de um novo acórdão, para que a turma julgadora se posicione sobre o momento de ocorrência do fato gerador, em relação aos lançamentos efetuados pelo Fisco No que tange ao item "5", não se constata a alegada contradição. Analisando detidamente o voto condutor, verificase que o Relator rechaçou a alegação do Contribuinte quando identificou nos autos a relação individualizada dos depósitos bancários às fls. 74 a 77, conforme excerto do voto do Relator, abaixo: (...) No que toca ao item "6", também não assiste razão ao Embargante. Relativamente à alegação da exclusão de todos os valores tributados na DIRPF, o voto condutor no título "Dos Rendimentos Declarados" à fl. 183 concordou com o procedimento da fiscalização e rechaçou o argumento do Recorrente, consoante trecho do voto condutor transcrito abaixo. (...) Ante a todo o exposto, verificase que o Embargante demonstrou apenas o vício relativo ao item “4” dos embargos. Quanto aos itens "5" e "6", existe somente a intenção do Recorrente, por esta via processual, de rediscutir as mesmas questões aduzidas no Recurso Voluntário. Dessa forma, acolho parcialmente os Embargos Declaratórios opostos pelo Contribuinte, para que seja sanada a omissão e o Colegiado se pronuncie apenas sobre a questão do momento de ocorrência do fato gerador É o relatório Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço Como exposto no relatório os presentes embargos foram admitidos, exclusivamente, para sanar a omissão do acórdão recorrido quanto à questão do momento da ocorrência do fato gerador na tributação dos depósitos bancários de origem não comprovada. Em seu recurso voluntário a embargante se insurgiu quanto ao momento da ocorrência do fato gerador que, segundo ele seria mensal, uma vez que: Fl. 299DF CARF MF Processo nº 10830.015361/200988 Acórdão n.º 2202004.530 S2C2T2 Fl. 298 5 "No entanto, o §1º, do art. 42, da Lei nº 9.430/96, reproduzido pelo art. 849 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, apontado como fundamento legal do Auto de Infração, é claro ao determinar que os valores tidos como receita ou rendimentos auferidos e omititos pelo Contribuinte deverão ser apurados mensalmente. (...) Deveras, paralelamente à descrição dos supostos valores omitidos duranto os meses dos anos autuados, a fiscalização fincou, para fins de tributação, um único fato gerador para cada ano, em 31 de dezembro, tendo por vencimento da obrigação a data prevista para entrega da Declaração de Ajuste Anual do Contribuinte, ou sjea, 28/04/2006 (Auto de Infração Demonstrativo de Multa e Juros de Mora) (...) Estabelecer um único fato gerador para o ano fiscalizado denota a existência de confusção quanto à distinção entre o fato gerador e apuração, ou entre fato gerador e ajuste legal. A discussão sobre o momento da ocorrência do fato gerador no caso da tributação dos depósitos bancários de origem não comprovada já se encontra pacificada no âmbito do CARF, conforme se observa pelo teor da Súmula nº 38 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 38 (VINCULANTE): O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano calendário. Em face de todo o exposto, acolho os embargos opostos pelo Contribuitne para sanar a omissão apontada sem, contudo, atribuirlhes efeitos infringentes (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 300DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720011/2015-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2010
INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL.
A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro.
AUSÊNCIA DE RETENÇÃO. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE.
Não tendo a fonte pagadora efetuado a retenção que lhe cabia realizar, presume-se que assumiu o ônus do IRRF, hipótese em que a base de cálculo deve ser reajustada para considerar o valor efetivamente transferido ao beneficiário como líquido.
ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS.
As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência tributária.
INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE.
Após o lançamento, incidem juros sobre a multa de ofício, pois, esta integra o crédito tributário lançado, não havendo que se fazer distinção em relação à aplicação da regra contida no artigo 161 do Código Tributário Nacional - CTN.
Numero da decisão: 2202-004.360
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora) e Martin da Silva Gesto, que deram provimento integral ao recurso, e o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deu provimento parcial para admitir a imputação de pagamento efetuado posteriormente. Foi designada a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias para redigir o voto vencedor.
(Assinado digitalmente)
Waltir de Carvalho- Presidente Substituto.
(Assinado digitalmente)
Junia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
(Assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2010 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL. A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro. AUSÊNCIA DE RETENÇÃO. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE. Não tendo a fonte pagadora efetuado a retenção que lhe cabia realizar, presume-se que assumiu o ônus do IRRF, hipótese em que a base de cálculo deve ser reajustada para considerar o valor efetivamente transferido ao beneficiário como líquido. ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS. As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência tributária. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Após o lançamento, incidem juros sobre a multa de ofício, pois, esta integra o crédito tributário lançado, não havendo que se fazer distinção em relação à aplicação da regra contida no artigo 161 do Código Tributário Nacional - CTN.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora) e Martin da Silva Gesto, que deram provimento integral ao recurso, e o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deu provimento parcial para admitir a imputação de pagamento efetuado posteriormente. Foi designada a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias para redigir o voto vencedor. (Assinado digitalmente) Waltir de Carvalho- Presidente Substituto. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. (Assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2010 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL. A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro. AUSÊNCIA DE RETENÇÃO. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE. Não tendo a fonte pagadora efetuado a retenção que lhe cabia realizar, presumese que assumiu o ônus do IRRF, hipótese em que a base de cálculo deve ser reajustada para considerar o valor efetivamente transferido ao beneficiário como líquido. ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS. As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência tributária. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Após o lançamento, incidem juros sobre a multa de ofício, pois, esta integra o crédito tributário lançado, não havendo que se fazer distinção em relação à aplicação da regra contida no artigo 161 do Código Tributário Nacional CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 11 /2 01 5- 89 Fl. 764DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora) e Martin da Silva Gesto, que deram provimento integral ao recurso, e o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deu provimento parcial para admitir a imputação de pagamento efetuado posteriormente. Foi designada a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias para redigir o voto vencedor. (Assinado digitalmente) Waltir de Carvalho Presidente Substituto. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. (Assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase de autuação por não ter o Recorrente realizado a retenção do Imposto de renda e proventos de qualquer natureza de residentes ou domiciliados no exterior em razão de operação de incorporação de ações ocorrida em 29/10/2009. Aponta a fiscalização como enquadramento legal os artigos 674, 675, 682, 683, 684 e 685 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 Regulamento do Imposto de Renda RIR 1999. Foi lançado o montante de total de R$ 32.893.704,39, com juros de mora e multa de ofício aplicada no percentual de 75%. Em 23/12/2010, a BRASIL ECODIESEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BIOCOMBUSTÍVEIS E ÓLEOS VEGETAIS S.A. (“ECODIESEL”), nome que então designava a fiscalizada VANGUARDA AGRO S.A. (“VAGRO”), incorporou as ações da MAEDA S.A. AGROINDUSTRIAL (“MAEDA”) na forma prevista no artigo 252 da lei 6.404/76 – Lei das SA. Conforme registra o Protocolo e Justificação, a Relação de Substituição foi estabelecida em 1 ação ordinária de emissão da ECODIESEL para cada 3,6395 ações ordinárias de emissão da MAEDA (doc.202D, cláusula 1.1). O Capital Social da ECODIESEL foi aumentado em R$ 320.139.973,78, com a emissão de 358.941.555 ações da ECODIESEL “integralizadas com as ações de emissão da MAEDA e atribuídas aos acionistas da MAEDA, de acordo com a Relação de Substituição mencionada na Cláusula 1.1. 4. Como resultado da incorporação de ações, a MAEDA tornouse subsidiária integral da ECODIESEL e os antigos acionistas daquela tornaramse acionistas desta. Em razão da incorporação de ações, foram emitidos pela ECODIESEL em favor de KILINACO INVESTMENTS LIMITED (“KILINACO”) e MAHI INVESTMENT LIMITED (“MAHI”). Fl. 765DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 765 3 As participações de KILINACO e MAHI foram adquiridas ao custo de R$ 15.245.432,64 e R$ 6.250.917,84, respectivamente. É o que consta nos Contratos de Câmbio apresentados pela MAEDA, pelos quais foram integralizadas nesta as participações daquelas. A fiscalização entendeu que as referidas empresas obtiveram ganho de capital ao confrontar os mencionados custos com os valores das subscrições na ECODIESEL. De acordo com o impugnante, ora Recorrente, a incorporação de ações não importa em ganho de capital, pelos seguintes motivos: a) o negócio se realiza entre a pessoa jurídica incorporada e a incorporadora, sem manifestação de vontade de seus acionistas; b) a troca de uma participação acionária pela outra dela decorrente se enquadra como subrogação real; c) a caracterização do fato gerador do imposto de renda sobre ganho de capital requer a realização financeira do acréscimo de valor auferido pelo bem negociado; d) Impossibilidade de incidência do imposto de renda, pois, segundo o regime de caixa, aplicável às contribuintes por força do art. 18 da Lei nº 9.249, de 1995, apenas haveria ocorrência de fato gerador no momento da realização da renda. O ganho de capital não ocorreria com a simples troca das ações por valor superior ao custo da aquisição, mas apenas quando elas fossem alienadas no mercado; e) o fato gerador do IRRF e o respectivo ganho de capital só teria ocorrido quando da alienação das ações da ECODIESEL pelas empresa KILINACO e MAHI f) o IRRF não poderia ter sido exigido da autuada, visto que ela, em virtude de o negócio não ter gerado fluxo financeiro, não teria como efetuar retenção e se ressarcir do eventual custo com o recolhimento do tributo. g) Teria havido dupla tributação sobre o ganho de capital: a primeira sobre a alienação EDODIESEL da ações da MAEDA, e a segunda pela alienação das ações da ECODIESEL as referidas sociedades estrangeiras haviam recebido em substituição às ações da MAEDA sendo que, em relação à segunda alienação, teria sido devidamente recolhido o imposto de renda sobre o ganho de capital; Além do exposto a Impugnante alegou nulidade da ação fiscal uma vez que não lhe foi dada a oportunidade de se manifestar sobre os documentos apresentados pela TM CACHOEIRA, uma das sócias da MAEDA, os quais foram utilizados pela fiscalização para lavratura do auto de infração. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto DRJ julgou improcedente a impugnação conforme se constata pela ementa abaixo transcrita (fls. 624/669): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 23/12/2010 NULIDADE. Fl. 766DF CARF MF 4 Somente são nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente, bem como os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 23/12/2010 ÔNUS DA PROVA. REDUÇÃO INDEVIDA. Compete ao contribuinte comprovar as afirmações que importem redução, exclusão, suspensão ou extinção do crédito tributário. GANHO DE CAPITAL. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracterizase como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização a preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerouse um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital. GANHO DE CAPITAL. PESSOA JURÍDICA RESIDENTE NO EXTERIOR. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO Os ganhos de capital auferidos por pessoas jurídicas sediadas no exterior, nas alienações de bens e direitos localizados no Brasil, estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, devido pela adquirente, na qualidade de responsável ou substituto tributário. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO Considerase que a pessoa jurídica obrigada ao pagamento assumiu o ônus do imposto e o rendimento será considerado líquido, cabendo à fonte pagadora reajustar o rendimento, nos termos do art. 725 do Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999 RIR/1999, para fins de recolhimento do imposto Irresignado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 679/729, no qual reitera os argumentos utilizados quando da Impugnação, requerendo, preliminarmente, a nulidade do procedimento de fiscalização ou, caso assim não se entenda, o cancelamento integral do Auto de Infração ou, subsidiariamente, (I) impossibilidade de reajustarse a base de cálculo do IRRF da forma como pretendida pela fiscalização (II) a necessidade de apuração da referida base em moeda estrangeira e extinção da multa e dos juros aplicados. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarazões ao Recurso Voluntário (fls. 901/929), na qual alega reitera as razões já expostas na decisão recorrida. É o relatório. Fl. 767DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 766 5 Voto Vencido Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. A discussão central do presente processo é complexa e gira em torno da operação denominada incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei nº 6.404/76, nos seguintes termos: Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital social ao patrimônio de outra companhia brasileira, para convertêla em subsidiária integral, será submetida à deliberação da assembléiageral das duas companhias mediante protocolo e justificação, nos termos dos artigos 224 e 225. § 1º. A assembléiageral da companhia incorporadora, se aprovar a operação, deverá autorizar o aumento do capital, a ser realizado com as ações a serem incorporadas e nomear os peritos que as avaliarão; os acionistas não terão direito de preferência para subscrever o aumento de capital, mas os dissidentes poderão retirarse da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230. § 2º. A assembléiageral da companhia cujas ações houverem de ser incorporadas somente poderá aprovar a operação pelo voto de metade, no mínimo, das ações com direito a voto, e se a aprovar, autorizará a diretoria a subscrever o aumento do capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas; os dissidentes da deliberação terão direito de retirarse da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230. § 3º. Aprovado o laudo de avaliação pela assembléiageral da incorporadora, efetivarseá a incorporação e os titulares das ações incorporadas receberão diretamente da incorporadora as ações que lhes couberem.(grifamos) Foram citados como enquadramentos legais da infração os artigos 684 e 685 do RIR/99, o artigo 18 da Lei nº 9.249/95, e 26 e 47 da Lei nº 10.833/03 abaixo transcritos: Art.684.Os residentes ou domiciliados no exterior sujeitamse às mesmas normas de tributação previstas para os residentes ou domiciliados no País, em relação aos: I rendimentos decorrentes de aplicações financeiras de renda fixa; II ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas; Fl. 768DF CARF MF 6 III rendimentos obtidos em aplicações em fundos de renda fixa e de renda variável e em clubes de investimento. Parágrafo único.Sujeitamse à tributação, nos termos dos arts 782 e 783 os rendimentos e ganhos de capital decorrentes de aplicações financeiras, auferidos por fundos, sociedades de investimento e carteiras de valores mobiliários de que participem, exclusivamente, pessoas físicas ou jurídicas, fundos ou outras entidades de investimento coletivo, residentes, domiciliados ou com sede no exterior. Art.685.Os rendimentos, ganhos de capital e demais proventos pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, por fonte situada no País, a pessoa física ou jurídica residente no exterior, estão sujeitos à incidência na fonte: Ià alíquota de quinze por cento, quando não tiverem tributação específica neste Capítulo, inclusive: a)os ganhos de capital relativos a investimentos em moeda estrangeira; b)os ganhos de capital auferidos na alienação de bens ou direitos; c)as pensões alimentícias e os pecúlios; d)os prêmios conquistados em concursos ou competições; IIà alíquota de vinte e cinco por cento: a)os rendimentos do trabalho, com ou sem vínculo empregatício, e os da prestação de serviços; b) ressalvadas as hipóteses a que se referem os incisos V, VIII, IX, X, e XI do art. 691, os rendimentos decorrentes de qualquer operação, em que o beneficiário seja residente ou domiciliado em país que não tribute a renda ou que a tribute à alíquota máxima inferior a vinte por cento, a que se refere o art. 245 §1º Prevalecerá a alíquota incidente sobre rendimentos e ganhos de capital auferidos pelos residentes ou domiciliados no País, quando superior a quinze por cento. §2º No caso do inciso II, a retenção na fonte sobre o ganho de capital deve ser efetuada no momento da alienação do bem ou direito, sendo responsável o adquirente ou o procurador, se este não der conhecimento, ao adquirente, de que o alienante é residente ou domiciliado no exterior. §3º O ganho de capital auferido por residente ou domiciliado no exterior será apurado e tributado de acordo com as regras aplicáveis aos residentes no País Lei 9.249/95 Art. 18. O ganho de capital auferido por residente ou domiciliado no exterior será apurado e tributado de acordo com as regras aplicáveis aos residentes no País Fl. 769DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 767 7 Lei nº 10.833/03 Art. 26. O adquirente, pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no Brasil, ou o procurador, quando o adquirente for residente ou domiciliado no exterior, fica responsável pela retenção e recolhimento do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital a que se refere o art.18 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, auferido por pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior que alienar bens localizados no Brasil (...) Art. 47. Sem prejuízo do disposto no art.10 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e no art. 7º da Lei nº 9.959, de 27 de janeiro de 2000, o ganho de capital decorrente de operação, em que o beneficiário seja residente ou domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida, a que se refere o art. 24 da Lei nº 9.430 de 27 de dezembro de 1996, sujeitase à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento). Para solução da controvérsia posta nos autos, entendo fundamental a análise das seguintes questões: a) A incorporação de ações pode ser definida como espécie de alienação prevista no artigo 3º, §3º da Lei 7.713/88? b) O recebimento das ações da empresa incorporadora pelos sócios da incorporada caracteriza integralização de capital com bens? c) a tributação do ganho apurado na incorporação das ações pode ser tributada pelo Imposto de Renda Pessoa Física, mesmo não tendo havido qualquer recebimento ou fluxo de recursos? 1) PRELIMINARES O Recorrente alega que o lançamento em questão é nulo em razão dos seguintes fatos: a) não lhe foi dada a oportunidade de se manifestar sobre os documentos apresentados pela TM CACHOEIRA, uma das sócias da MAEDA, os quais foram utilizados pela fiscalização para lavratura do auto de infração; b) a autuação estaria exigindo crédito tributário já pagos por terceiros. Quanto a primeira alegação, não há que se falar em ofensa ao princípio do contraditório, uma vez que o procedimento de fiscalização é de natureza inquisitorial. Como esclarece JAMES MARINS: Na etapa fiscalizatória, não há porém, processo, exceto quando já se chegou à etapa litigiosa, após o ato de lançamento ou de imposição de penalidades e sua respectiva impugnação. Nesse caso, por já estar configurada a litigiosidade diante da pretensão estatal (tributária ou sancionatória) poderá haver fiscalização com o objetivo de carrear provas ao Processo Administrativo. A fiscalização levada a efeito como etapa preparatória do ato de lançamento tem caráter meramente procedimental. Disso decorre que as discussões que trazem à etapa anterior ao lançamento questões concernentes a Fl. 770DF CARF MF 8 elementos tipicamente processuais, em especial as garantias do due process of law, confundem momentos logicamente distintos. Primeiramente, não há processo, há procedimento que atende a interesses da Administração. O escopo de tal procedimento é justamente fundamentar um ato de lançamento e, em certos casos, instruir um eventual processo futuro. “O procedimento administrativo fiscalizador interessa apenas ao Fisco e tem finalidade instrutória, estando fora da possibilidade, ao menos enquanto mera fiscalização, dos questionamentos processuais do contribuinte. É justamente a presença, ou não, de uma pretensão deduzida ante ao contribuinte, que separa o procedimento, atinente exclusivamente ao interesse do Estado, do processo, que vincula, além dos Estado, o contribuinte.” A característica inquisitorial do lançamento é reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se observa pela ementa abaixo transcrita: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. REVISÃO. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7∕STJ. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou, com base na prova dos autos, que "o procedimento administrativo tributário, antes da consumação do lançamento fiscal, é eminentemente inquisitório, já que o contribuinte deve apenas suportar os poderes de investigação do fisco e colaborar com a prestação de informações e documentos, justamente para que a verdade material seja alcançada. Após a notificação do contribuinte acerca do lançamento, abrese a possibilidade de contraditório e de ampla defesa, o que de fato foi oportunizado à empresa embargante. Conquanto esse momento seja próprio para que o contribuinte apresente as provas e os documentos hábeis a refutar os vícios e as falhas na contabilidade que ensejaram o arbitramento, a empresa, na via administrativa, não cumpriu com o seu ônus a contento. Tentou suprir a falha na via judicial, juntando a este processo balancetes mensais e GRPS, contudo, não é possível, pelo simples exame desses elementos de prova, constatar que a desconsideração da contabilidade da empresa resulta da simples escrituração errônea de alguns fatos contábeis" (fl. 627, eSTJ). 2. A revisão desse entendimento implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7∕STJ. 3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.445.477 – S, Relator: Ministro Herman Benjamin, DJ 24/06/2014) Em relação a nulidade relativa ao valor do lançamento que teria deixado de considerar os valores posteriormente recolhidos entendo se confundem com o mérito e, por isso, será juntamente com ele analisada. Em face do exposto, rejeito as preliminares. Fl. 771DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 768 9 2) DA NATUREZA JURÍDICA DA INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. Conforme ressaltado pela Procuradoria da Fazenda, existe grande controvérsia quanto a natureza jurídica do instituto da Incorporação de Ações. Os pontos comuns em todas as manifestações (fiscalização, recorrente, procuradoria da fazenda) é o de que a incorporação de ações é uma modalidade de concentração empresarial em que se mantém a personalidade jurídica da companhia cujas ações são incorporadas, passando, assim, a ter um só acionista (subsidiária integral). Ao buscar subsídio da jurisprudência deste Conselho, verificase que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao analisar a questão no Acórdão 9202003.579, na sessão de 03 de março de 2015, adotou o posicionamento da corrente que entende que a Incorporação de Ações se caracteriza como permuta não havendo, portanto, ganho de capital a ser tributado pelo Imposto de Renda Pessoa Física. O Acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 IRPF OPERAÇÃO DE INCORPORAÇÃO DE AÇÕES INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL. A figura da incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei n° 6.404/76, difere da incorporação de sociedades e da subscrição de capital em bens. Com a incorporação de ações, ocorre a transmissão da totalidade das ações (e não do patrimônio) e a incorporada passa a ser subsidiária integral da incorporadora, sem ser extinta, ou seja, permanecendo com direitos e obrigações. Neste caso, se dá a substituição no patrimônio do sócio, por idêntico valor, das ações da empresa incorporada pelas ações da empresa incorporadora, sem sua participação, pois quem delibera são as pessoas jurídicas envolvidas na operação. Os sócios, pessoas físicas, independentemente de terem ou não aprovado a operação na assembléia de acionistas que a aprovou, devem, apenas, promover tal alteração em suas declarações de ajuste anual. Ademais, nos termos do artigo 38, § único, do RIR/99, a tributação do imposto sobre a renda para as pessoas físicas está sujeita ao regime de caixa, sendo que, no caso, o contribuinte não recebeu nenhum numerário em razão da operação autuada. Não se aplicam à incorporação de ações o artigo 3°, § 3°, da Lei n° 7.713/88, nem tampouco o artigo 23 da Lei n° 9.249/95. Inexistência de fundamento legal que autorize a exigência de imposto de renda pessoa física por ganho de capital na incorporação de ações em apreço.Recurso especial negado. (grifamos) Fl. 772DF CARF MF 10 Ao elaborar o voto vencedor, o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, após mencionar a divergência nas decisões do CARF sobre o tema, assim expões suas razões: Sob minha ótica, “incorporação de ações” não se confunde com “incorporação de sociedades” nem tampouco com “subscrição de capital em bens” e, portanto, inexiste fundamento legal que dê sustentação ao lançamento. Na incorporação de empresas, ocorre a transmissão do patrimônio da incorporada para a incorporadora, com a extinção daquela. Já a integralização de capital consiste na subscrição de capital, quando uma sociedade comercial é constituída, ou seja, os sócios assinam um termo prometendo injetar valores na empresa, quer sob a forma de dinheiro ou de bens e direitos A integralização do capital é o cumprimento da promessa, quando do sócio efetivamente entrega os valores ou bens para a empresa. O artigo 23 da Lei n° 9.249/95 trata de operações de transferência de bens e direitos a título de integralização de capital, sendo, pois, inaplicável ao caso, segundo penso, na medida em que incorporação de ações não representa subscrição de capital em bens. Pela não ocorrência de alienação, mas de mera substituição, de participação societária, entendo que não pode dar sustentação à exigência o artigo 3°, § 3°, da Lei n° 7.713/88. Já pela figura da incorporação de ações, transmitese a totalidade das ações (e não do patrimônio), sendo que a incorporada passa a ser subsidiária integral da incorporadora, sem, obviamente, ser extinta, ou seja, permanecendo com direitos e obrigações. Neste caso, se dá a substituição no patrimônio do sócio, por idêntico valor, das ações da empresa incorporada pelas ações da empresa incorporadora, sem sua participação, pois quem delibera são as pessoas jurídicas envolvidas na operação. Os sócios, pessoas físicas, independentemente de terem ou não aprovado a operação na assembléia de acionistas que a aprovou, deverão, apenas, promover a alteração acima referida em suas declarações de ajuste anual. (...) No mesmo sentido, leciona NELSON EIZIRIK [Incorporação de ações: aspectos polêmicos. São Paulo: Editora Quartier Latin do Brasil, 2009, p. 7899]: A incorporação de ações constitui a operação pela qual uma sociedade anônima é convertida em subsidiária integral de outra companhia brasileira, estando expressamente prevista no artigo 252 da Lei n. 6.404/1976. A incorporação de ações para o fim de constituição de subsidiária integral constitui manifestamente um instituto Fl. 773DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 769 11 jurídico decorrente do processo crescente de concentração empresarial. O moderno capitalismo caracterizase, conforme pode ser observado na prática de negócios, por um alto grau de concentração econômica , o qual decorre de três fatores essenciais: a) da existência de economias de escala que a concentração possibilita, quer ao nível da unidade técnica de produção, quer ao nível da gestão empresarial, dado que os empresários buscam sempre minimizar seus custos de produção e de distribuição dos produtos; b) o impacto dos avanços tecnológicos na produção econômica; como a inovação tecnológica constitui uma das principais fontes de lucros das empresas e dada a maior dificuldade de seu desenvolvimento em unidade isoladas de produção, há uma tendência crescente para a concentração; c) da necessidade de diversificação na produção e distribuição dos produtos, com a consequente diminuição dos riscos inerentes a uma atividade monoprodutora. É inegável que uma das funções básicas do moderno direito societário é a de prover os instrumentos jurídicos adequados à instrumentalização e disciplina legal do processo de concentração empresarial. Nesse sentido, podemos verificar, conceitualmente, a existência de dois grandes grupos de instrumentos jurídicos societários aptos a instrumentalizarem a concentração empresarial: a dois institutos que permitem a conjugação de atividades, porém mantida a personalidade jurídica das empresas, como ocorre com os grupos de sociedades; e a dois institutos que instrumentalizam a concentração por integração ou interpretação societária, como ocorre nas fusões e incorporações , em que desaparece a personalidade jurídica de uma das empresas envolvidas. Além dos institutos clássicos acima referidos, a disciplina jurídicosocietária prevê determinados institutos híbridos, como é o caso da incorporação de ações para constituição de subsidiária integral, na qual procedese a uma modalidade de concentração empresarial em que se mantém a personalidade jurídica da companhia cujas ações são incorporadas, passando ela, porém a ter apenas um acionista. [...] Tratase, portanto, de típica operação de integração empresarial, que não se confunde com a operação de aumento de capital, embora traga, como uma de suas consequências, por força da incorporação das ações da incorporada ao capital da incorporadora, o aumento de capital desta última. [...]A subscrição constitui o ato pelo qual alguém transfere a título de propriedade bens ou direitos de seu patrimônio para Fl. 774DF CARF MF 12 o patrimônio da sociedade, passando tais bens ou direitos a integrar o fundo comum ou social. Em contrapartida à conferência dos bens para a integralização do capital social, são atribuídas ao subscritor, que passará a gozar, a partir de então, do ‘status socii’. A subscrição de capital em bens, está prevista nos artigos 7º a 10 da Lei das S.A, encerra um contrato entre a sociedade e o novo acionista. Na incorporação de ações, por outro lado, é estabelecida uma relação entre duas sociedades – a incorporadora e aquela cujas ações serão incorporadas. Verificase, assim, a convergência de vontades entre as duas companhias, cujas assembleias aprovam a operação de incorporação de ações pode ser deliberada por maioria, não exigindo a unanimidade. [...] Uma outra diferença entre a subscrição e a incorporação de ações centrase no elemento vontade. Com efeito, na subscrição, o subscritor manifesta sua vontade de se tornar sócio da companhia. Tratase de ato unilateral e voluntário, pelo qual a pessoa que deseja se tornar acionista da sociedade manifesta a sua vontade de contribuir para o capital social, obrigandose por determinado número de ações. Na incorporação de ações, ao contrário, prescindese da vontade do acionista da companhia cujas ações serão incorporadas. A operação é aprovada por maioria e independentemente da vontade do acionista minoritário, cabendolhe, apenas no caso de dissidência, o exercício do direito de recesso. Na incorporação de ações, assim, haverá subscrição, independentemente da vontade do acionista minoritário, de ações da sociedade incorporadora com a totalidade das ações do capital social da companhia cujas ações serão incorporadas. [...] Na incorporação de ações, assim como ocorre na incorporação de sociedades, os acionistas da companhia incorporada perdem a titularidade das ações de sua propriedade e, em contrapartida, recebem ações de emissão da incorporadora. Contudo, a operação de incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei Societária, não se confunde com a incorporação de sociedades. Nos termos do artigo 227 da Lei Societária, a incorporação de sociedade constitui operação mediante a qual uma das sociedades é absorvida por outra, que lhe sucede em todos os direitos e obrigações. Assim, em decorrência da incorporação, a sociedade incorporada desaparece e o seu patrimônio é incorporado à sociedade incorporadora, que realiza um aumento de capital a ser subscrito com a versão do patrimônio da incorporadora. Fl. 775DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 770 13 Os acionistas da incorporadora perdem os direitos que tinham em relação ao patrimônio da sociedade extinta e passam a ser acionistas da sociedade incorporadora, recebendo, em substituição às suas antigas ações, ações de emissão da sociedade incorporadora. A Lei n. 6.404/76 especificou, nos três parágrafos do artigo 227, o procedimento a ser observado tanto pela companhia incorporadora quanto pela incorporada. Por sua vez, a incorporação de ações, como antes referido, constitui operação pela qual uma sociedade anônima é convertida em subsidiária integral de outra companhia brasileira, estando expressamente prevista no artigo 252 da Lei n. 6.404/76. Não há, na hipótese prevista no artigo 252 da Lei das SA, embora a norma mencione “incorporação” de ações, incorporação de uma sociedade por outra. (...) [...]A incorporação de ações disciplinada no artigo 252 da Lei das S.A constitui negócio plurilateral, cujo objeto é a integração de participação societária, mediante a agregação de todas as ações da incorporadora ao patrimônio da incorporadora, mantida a personalidade jurídica da incorporada. Ou seja, não há, na incorporação de ações, a extinção da sociedade, cujas ações foram “incorporadas”, muito menos a sucessão em seus direitos e obrigações. (... ) Uma das principais características da operação de incorporação de ações é a compulsoriedade da transferência das ações dos acionistas, independentemente de seu consentimento. Isto é, verificase a total ausência do elemento volitivo para a efetivação e concretização deste tipo de operação. (grifos no original) (...) A partir dessa conclusão, surgem algumas indagações: a) o contribuinte que consta da autuação pessoa fisica percebeu/recebeu algo em operação? Entendo que não, pois não houve a venda de ações. Não houve realização monetária neste momento; b) Ocorreu integralização de capital por pessoa física, sujeita a tributação pela Lei 9.249? Entendo que não, pois houve incorporação de ações, entre pessoas jurídicas, instituto jurídico definido em lei, diverso da integralização de ações Fl. 776DF CARF MF 14 c) Há hipótese de incidência do IRPF nessa operação, sobre a pessoa física? Entendo que haverá quando a pessoa física vender suas ações. Aliás, é bom destacar que a Declaração de Rendimentos da Pessoa Física do contribuinte, sujeito passivo da relação jurídicotributária, não foi alterada, persistindo com o mesmo valor, mesmo após a incorporação de ações, haja vista que não houve alteração do patrimônio. Não se deve esquecer as lições do Professor Alberto Xavier que leciona: "A tributação sobre eventual ganho de capital apenas ocorrerá caso de alienação futura das ações da companhia incorporadora, sendo então tal ganho a diferença entre o preço de alienação e o custo originário constante da declaração de bens"; d) Por derradeiro, questionase: sendo o contribuinte acionista com poder de decisão na assembleia geral e, por conseguinte, definido a incorporação, não seria a hipótese de se tributar pela existência de elemento de vontade? Entendo que não, pois, conforme lições do Professor NELSON EIZIRIK, na incorporação de ações é estabelecida uma relação entre duas sociedades – a incorporadora e aquela cujas ações serão incorporadas. Verificase, assim, a convergência de vontades entre as duas companhias, cujas assembléias aprovam a operação de incorporação de ações pode ser deliberada por maioria, não exigindo a unanimidade. Ademais, na incorporação de ações, ao contrário, prescindese da vontade do acionista da companhia cujas ações serão incorporadas. A operação é aprovada por maioria e independentemente da vontade do acionista minoritário, cabendolhe, apenas no caso de dissidência, o exercício do direito de recesso. (grifamos) Assim como precedente supra mencionado, entendo que a incorporação de ações não configura alienação e, por esse motivo, não poderia se sujeitar ao imposto de renda sobre ganho de capital. Ademais, conforme será demonstrado a seguir, ainda que se considere que a natureza jurídica da operação configure alienação, ausente o aspecto temporal da realização da renda, uma vez que à operação analisada aplicase o regime jurídico próprio das pessoas físicas. 2) DA REALIZAÇÃO DA RENDA NO IMPOSTO DE RENDA SOBRE GANHO DE CAPITAL NAS PESSOAS FÍSICAS. O artigo 18 da Lei nº 9.249/95 determina que os investidores não residentes, sendo eles pessoas físicas ou jurídicas, estão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para as pessoas físicas no que diz respeito aos ganhos de capital: "Art. 18 O ganho de capital auferido por residente ou domiciliado no exterior será apurado e tributado de acordo com as regras aplicáveis aos residentes no país. O artigo 26 da Instrução Normativa nº 208/2002 corrobora essa conclusão ao determinar que: "Art. 26 a alienação de bens e direitos situados no Brasil realizada por nãoresidente está sujeita à tributação definitiva Fl. 777DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 771 15 sob a forma de ganho de capital, segundo as normas aplicáveis às pessoas físicas residentes no Brasil. Dessa forma, o regime jurídico aplicável à operação autuada é aquele previsto para as pessoas físicas, motivo pelo qual, as conclusões do precedente acima transcrito são aplicáveis ao caso em questão. O código tributário nacional, ao definir o conceito de renda, não tratou da chamada realização da renda. Menciona apenas, em seu artigo 43, a confusa e controversa expressão "disponibilidade jurídica e econômica": "Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Independente da natureza jurídica atribuída a operação de incorporação de ações, entendo que a solução da controvérsia requer também a resposta à seguinte questão: de acordo com a nossa legislação, quando se dá a realização da renda no caso do imposto de renda pessoa física? Para responder a essa pergunta é imprescindível lembrar que os conceitos utilizados na definição de renda das pessoas físicas e pessoas jurídicas são distintos. O conceito de renda no caso das pessoas físicas é tratado pela legislação como "fluxo" e nas pessoas jurídicas como acréscimo. O artigo 43 do CTN deu conta dos diversos regimes jurídicos utilizados para tributação, respectivamente, da renda das pessoas jurídicas e físicas. Conforme esclarece Misabel Derzi: "É preciso registrar nos países ocidentais, separa os contribuintes em pessoas físicas e jurídicas e submeteos a tratamento jurídico distintos. Podemos falar em dois conceitos de renda diferenciados: o primeiro é utilizado pela lei para apurar a renda da pessoa física e o outro é empregado na determinação da renda da pessoa jurídica. Deriva daí o conceito ambíguo e complexo do Código Tributário Nacional, que procurou abranger, de forma mais ampla possível, ambos os tratamentos jurídicos. Do ponto de vista econômico fiscal, classicamente, também são duas as principais corrente que buscam apreender o conceito de renda: 1 como excedente, ou acréscimo de riqueza, considerando o fluxo de satisfações e serviços consumidos (Irving Fischer) ou meramente disponíveis (Hewett), representados por seu valor monetário, fluxo que engloba as entradas e saídas em um período determinado de tempo. É conceito que melhor se ajusta àquele empregado pelo legislador na apuração da renda da pessoa física. Fl. 778DF CARF MF 16 (...) 2como acréscimo de valor ou de poder econômico ao patrimônio, apurada a renda pela comparação dos balanços de abertura e de encerramento de determinado período. É o conceito utilizado na apuração da renda da pessoa jurídica, especialmente as sociedades comerciais. (...) Explica K. Tipke (Steurrecht. Ein sytmaticher Grundriss. 9. Köl, 1983, p. 213) que o dualismo tem longa tradição,pois ainda no século XIX, a lei cedeu às exigências dos empresários do comércio e da indústria, que insistiram em identificar o lucro com o resultado da contabilidade comercial. A diferença de tratamento legal, dispensado à pessoa física e à pessoa jurídica, ainda hoje, está assentada nos seguintes argumentos: 1. do risco do empreendimento, sendo a atividade empresarial muito mais sensível às oscilações da economia; 2. da necessidade de afetação de um patrimônio às atividades empresariais. Portanto, esse patrimônio, destinado à atividade produtiva, capaz de gerar renda, é cercado de cuidado especial. É renda apenas o que dele deriva, o que dele se cria ou se acresce. Para a pessoa jurídica empresarial, o resultado negativo, ou prejuízo, é perda de capital próprio, perda decorrente de trocas externas que são fluxos financeiros, que saem do patrimônio da sociedade em valor superior ao dos que entram. Mas, além disso, o prejuízo pode decorrer também da perda de valor dos bens do patrimônio, causada pela ocorrência dos riscos a que estão sujeitos, independentemente da saída de fluxo financeiro. (Ver Bulhões Pedreira, Finanças e Demonstrações Financeiras da Companhia, Rio de Janeiro, Ed. Forense, 1989, p. 454.) Ou seja, ainda que o fluxo de receita e despesa, relativo à atividade comercial e produtiva da empresa, se mantenha no mesmo nível, o prejuízo pode advir da perda de bem do ativo por ação da natureza, baixa por se ter tornado inservível, ou venda abaixo do preço de custo. Enfim, o patrimônio da pessoa empresarial, afetado a suas atividades, está sujeito a outros riscos, que podem desgastálo, reduzirlhe a utilidade econômica, ou tornálo obsoleto. Esses decréscimos de valor não são e não podem ser ignorados pelo legislador, permitinhdolhes a dedução, a fim de que possa ser reposto, recomposto e mantido o patrimônio empresarial, do qual depende a sobrevivência do empreendimento econômico. (BALEEIRO, Aliomar Direito Tributário Brasileiro 10ª edição , 1999, Ed.Forense, p. 289/290, atualizado por Misabel Abreu Machado Derzi)(grifamos) A legislação, por sua vez, ao tratar do imposto de renda pessoa física deu conta desses conceitos diferenciados. Em se tratando de IRPF, o elemento fundamental é o fluxo de recursos financeiros, conforme se verifica pelo disposto no artigo 38 do Regulamento do Imposto de Renda: "Art. 38. A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição Fl. 779DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 772 17 jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Parágrafo único. Os rendimentos serão tributados no mês em que forem recebidos, considerado tal o da entrega de recursos pela fonte pagadora, mesmo mediante depósito em instituição financeira a favor do beneficiário. (grifamos) Em razão dos diferentes conceitos de renda acima expostos, entendo que a resolução da controvérsia dos autos não se limita à resposta sobre a natureza jurídica da operação de incorporação de ações. É imprescindível também que se responda a seguinte questão: em que momento ocorre a realização da renda no imposto de renda pessoa física tendo em vista o conceito de renda como fluxo? Como demonstrado acima, a alienação de bens e direitos situados no Brasil realizada por nãoresidente está sujeita à tributação definitiva sob a forma de ganho de capital, segundo as normas aplicáveis às pessoas físicas residentes no Brasil. Sendo assim, é fundamental que se esclareça quando ocorre a realização da renda no imposto de renda pessoa física. Como esclarece Brandão Machado ao tratar do conceito de renda: XXXIII Em parecer emitido em 1970, Rubens Gomes de Souza explicou que a expressão disponibilidade econômica corresponde a rendimento ou provento realizado, isto é, em dinheiro, e disponibilidade jurídica corresponde a rendimento ou provento adquirido, mas ainda não realizado. A disponibilidade econômica inclui a jurídica. Em outro parecer do mesmo ano, o tributarista voltou a tratar do tema, quando, então, afirmou que a aquisição da disponibilidade econômica significa realização da renda. Por realização, Rubens Gomes de Souza entendia a manifestação, pela fonte produtora, de um acréscimo de valor patrimonial a que o titular do rendimento tem direito adquirido (ou virá a ter) em razão de título jurídico atual ou futuro; e disponibilidade jurídica vem a ser o que os financistas chamam separação da renda, que é o fato de o lucro de uma empresa, por exemplo, ser efetivamente distribuído como dividendo (...) (MACHADO, Brandão Breve exame crítico do art. 43 do CTN, in " Estudos sobre o Imposto de Renda em memória de Henry Tilbery, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Resenha Tributária Ltda, São Paulo, Julho /94, p. 122) Em outro artigo, ao tratar da não incidência do imposto de renda sobre ganho de capital na promessa de venda de ações, o mencionado autor destaca que, embora presente na tributação da pessoa jurídica, é na tributação das pessoas físicas que a realização da renda se torna mais imperativa: XVI Na sistemática da tributação da renda, é fundamental, como hoje universalmente se reconhece, o princípio da realização, por vezes não observado pelo legislador tributário de muitos Estados e descurado da doutrina brasileira. (...) Fl. 780DF CARF MF 18 O princípio da realização está presente na tributação da renda da pessoa física ou jurídica, mas é precisamente na tributação da pessoa física que a aplicação do princípio se torna mais imperativa. (...) . O débito legítimo do imposto de renda pessoa física pressupõe, em regra, disponibilidade financeira obtida no mesmo período em que auferiu a renda (...) De qualquer modo, o que sobreleva é o fato de receber o contribuinte a receita para atender à obrigação de pagar o imposto. Isso é fundamental. (grifamos) (MACHADO, Brandão Imposto de renda. Ganhos de Capital. Promessa de Venda de Ações. DecretoLei nº 1.510, de 1976, in Revista de Direito Tributário Atual, vol 11/12 Editora: Resenha Tributária/IBDT 1992, p.1032) (grifamos) Quanto a esse ponto (realização da renda no imposto de renda pessoa física) a Câmara Superior de Recursos Fiscais, na sessão de 16 de fevereiro de 2016, Acórdão 9202 003.770, firmou o entendimento de que o ganho de capital, nas hipóteses de venda a prazo, se dá no momento do efetivo recebimento dos valores por parte da pessoa física: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA OMISSÃO DE RENDIMENTOS GANHO DE CAPITAL. Ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural o fato gerador se dá no momento do efetivo ganho de capital. Em sendo o pagamento parcelado o fato gerador também será tomado a cada parcela separadamente. Nesse sentido, merece transcrição o voto da Conselheira Relatora Ana Paula Fernandes: Ora, estamos tratando de ganho de capital, desse modo, por uma questão de interpretação lógica e respeitando a interpretação sistemática do conjunto de normas que compõem o arcabouço legal aplicável ao caso, não resta dúvida, se o pagamento ocorre a prazo o ganho de capital também ocorre a prazo e conseqüentemente o fato gerador se "renova" a cada parcela, observese os arts. 2 e 21, § 2 da Lei 7.713/88. LEI Nº 7.713, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1988. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º (...) § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes Fl. 781DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 773 19 de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. ......... Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. Não há dúvidas de que a tributação do IRPF segue o regime de caixa – o fato gerador ocorre na medida do recebimento de rendimentos. De modo que assiste razão a fazenda nacional quando alega que a ocorrência do fato gerador ou fato imponível faz nascer a obrigação tributária. A alienação de bens, por si só, não faz nascer a obrigação de pagar tributo, portanto, somente a alienação não constitui fato gerador. É fato gerador o recebimento de rendimentos decorrentes de ganho de capital produzido na alienação. Portanto, o fato gerador não ocorre na data de alienação, mas sim, quando do recebimento das parcelas que representam o ganho de capital (grifamos) Conforme se vê pela decisão acima transcrita, para a Câmara Superior o aspecto temporal do imposto de renda pessoa física ocorre com o recebimento dos rendimentos decorrentes do ganho de capital. Em outras palavras, a decisão acima transcrita afirma, textualmente, que, em se tratando de imposto de renda pessoa física, a "alienação de bens, por si só, não faz nascer a obrigação de pagar tributo, portanto, somente a alienação não constitui fato gerador. É fato gerador o recebimento de rendimentos decorrentes de ganho de capital produzido na alienação" Diante do exposto, a realização da renda só ocorreu no momento em que as sociedades de KILINACO e MAHI alienaram as ações da ECODIESEL que receberam na operação de incorporação ora discutida. 4) CONCLUSÃO Em face de todo exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, dou provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Voto Vencedor Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias Redatora Designada. Fl. 782DF CARF MF 20 Congratulo a i. Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio, pelo brilhantismo com que fundamentou seu voto. Entretanto, peço vênia para divergir de seu posicionamento, no que toca ao mérito. A principal controvérsia do processo está no questionamento se a incorporação de ações é considerada alienação ou não. Verificando todos os argumentos trazidos pela Relatora, e os julgados já existentes relativos à matéria, filiome à corrente que considera tal operação como alienação, cuja diferença positiva enseja ganho de capital passível de tributação. Tal assertiva foi brilhantemente exposta na declaração de voto da Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, no Acórdão nº 9202003.579, de 03/03/2015, em que foi abordada matéria e fatos semelhantes aos discutidos nos presentes autos. Por concordar com a tese construída com farta fundamentação legislativa e doutrinária, peço vênia para transcrever trechos do acórdão, adotandoos como razões de decidir: Com efeito, não existe regramatriz de incidência de Imposto de Renda que contemple, especifica e literalmente, o ganho eventualmente obtido na operação de incorporação de ações. Entretanto, isso não significa que a operação se encontre a salvo da tributação, já que também não existe norma legal excluindo ou isentando da tributação tal operação. Assim, resta perquirir se, na esteira da Lei Complementar, bem como do § 4o, do art. 2o, da Lei nº 7.713, de 1988, acima transcrito, o ganho obtido na operação de incorporação de ações, na sua essência e materialidade, estaria contemplado em regramatriz de incidência do Imposto de Renda. Para tanto, é necessário que se abstraia a denominação "incorporação de ações", constante do artigo 252 da Lei nº 6.404, de 1976, cuja impropriedade foi inclusive remarcada pela doutrina, aqui representada por Fran Martins, cujo texto foi colacionado na peça de autuação: "(...) apesar de falar a lei em incorporação (que na realidade não é), permanece existindo a sociedade que se converte em subsidiária integral, pois na verdade as suas ações são transferidas pelos acionistas para a sociedade controladora, recebendo esses acionistas, da primeira sociedade, em troca de suas ações, ações da controladora." (Martins, Fran. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas, 4a edição, revista e atualizada por Roberto Papini. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 1.040) [...] Destarte, verificase que o negocio jurídico tipificado no art, 252 da Lei nº 6.404, de 1976, embora seja denominado "incorporação de ações", tratase, na sua essência, de uma modalidade de alienação, materializada pela transferência de ações, dos sócios daquela que passará a ser subsidiária integral, para a empresa incorporadora, a título de subscrição de capital não com dinheiro, mas sim com bens. Em contrapartida a incorporadora, ao invés de numerário, paga o respectivo preço também em ações. Assim, ocorrendo alienação, a qualquer título, independentemente da denominação que seja atribuída à operação, é cabível a incidência do Imposto de Renda, no caso de eventual ganho, conforme os dispositivos legais já Fl. 783DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 774 21 colacionados, constantes da Lei Complementar e da Lei nº 7.713, de 1988. Mesma linha de raciocínio foi desenvolvido pelo Conselheiro Antonio Bezerra Neto, no acórdão nº 1401001.682, de 09/08/2016, e pelo conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, no Acórdão nº 9202005.618, de 25/07/2017, cujas ementas transcrevo abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. NATUREZA JURÍDICA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO. A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracterizase como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização a preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerouse um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ACIONISTA. DIREITO DE RECESSO. A incorporação de ações seguirá os ditames das deliberações das assembleias gerais das companhias incorporadora e incorporada. Os acionistas da incorporada, que não concordarem com o evento de incorporação de ações, tem a opção de se retirar da sociedade, podendo se reembolsar do valor de suas ações. [...] (acórdão nº 1401001.682) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Data do fato gerador: 08/07/2009, 18/08/2009 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL. A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão 9202005.618). Diante dessas considerações, entendo que, quando da incorporação das ações da MAEDA pela VANGUARDA AGRO S.A, elas foram reavaliadas a um valor de mercado, Fl. 784DF CARF MF 22 superior ao seu custo, e o resultado da avaliação foi utilizado para integralizar o aumento de capital efetuado pela VANGUARDA AGRO S.A. Quanto ao argumento da não ocorrência da realização da renda, utilizo a seguinte situação hipotética, a fim de demonstrar que a renda se realiza no momento da incorporação de ações. Caso hipotético: as ações das empresas abaixo apresentam os seguintes custos de aquisição: VANGUARDA AGRO S.A.: R$ 10.000,00 MAEDA: R$ 1.000,00 Suponhamos que a VANGUARDA AGRO S.A. esteja interessada em tornar a MAEDA sua subsidiária integral, para isso, ela teria duas alternativas: 1) adquirir ações desta empresa pagando aos acionistas desta em espécie (moeda corrente) ou em bens mensuráveis em espécie, excluindoos da sociedade; 2) pagar essa aquisição com suas próprias ações, mantendo os acionistas na sociedade, situação em que ocorreria uma incorporação de ações da MAEDA. Para isso, a VANGUARDA AGRO S.A teria que saber o valor das ações da MAEDA, a fim de calcular quantas das suas ações seriam necessárias para pagar pelas ações desta empresa. Após a avaliação pelo valor de mercado, por meio de laudo, concluiu que as ações da MAEDA estavam valoradas em R$ 5.000,00. Com isso, a VANGUARDA AGRO S.A resolve aumentar o capital social emitindo ações no valor de R$ 5.000,00, a fim de que os sócios da MAEDA permaneçam na sociedade, subscrevendo essas ações. Veja que pelo § 1º do art. 252 da Lei nº 6.404/76 não há direito de preferência dos acionistas da VANGUARDA AGRO S.A para a subscrição do aumento de capital, como forma de permitir a incorporação das ações, pois, caso eles tivessem direito de preferência, os sócios da MAEDA não conseguiriam subscrever todas as novas ações emitidas pela VANGUARDA AGRO S.A, o que impediria que aquela empresa se tornasse subsidiária integral. De acordo com a situação hipotética, podemos concluir que, para a incorporação de ações houve a necessidade de valorar as ações da MAEDA, o que demonstra a efetiva realização da renda. Na operação foram utilizadas todas as ações valoradas em R$ 5.000,00 para subscrever o aumento de capital da VANGUARDA AGRO S.A. Perceba que a emissão de novas ações pela VANGUARDA AGRO S.A só foi possível após conhecimento do valor das ações da MAEDA. A partir do momento da subscrição das ações, os acionistas da MAEDA têm direito a todos os benefícios decorrentes das ações, tais como, distribuição de lucros, bonificações, dividendos, etc; ou seja, adquirem a efetiva titularidade delas. Isso demonstra dois ganhos que podem ser obtidos quando da subscrição das ações da VANGUARDA AGRO S.A, pelos sócios da MAEDA, suas antigas ações nesta empresa quando valoradas ao valor de mercado, proporcionam um ganho de capital de R$ 4.000,00. Por outro lado, suas ações avaliadas proporcionaram investimento que poderiam lhe render benefícios decorrentes das ações subscritas. Essa hipótese demonstra que a realização da renda se efetiva no momento da incorporação de ações. É certo que, o ganho de capital se dá no momento do efetivo recebimento dos valores por parte da pessoa física, como entende a i. Relatora. Contudo, no caso sob análise, o efetivo recebimento ocorreu no momento da aquisição/incorporação das ações, pois, o Fl. 785DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 775 23 pagamento pela aquisição pode se dar de várias formas, com dinheiro, imóveis, jóias, obras de arte, e também com ações societárias, no caso, as novas ações da VANGUARDA AGRO S.A. Quanto ao argumento da recorrente de que teria ocorrido dupla tributação, com enriquecimento ilícito do Fisco, uma vez que as empresas KILINACO e MAHI alienaram posteriormente suas participações obtendo ganho de capital, e provavelmente tenha sido feita a retenção do imposto de renda, entendo não lhe assistir razão. Ora, a defesa alega a cobrança de tributo em duplicidade sem trazer aos autos qualquer comprovante de recolhimento que suporte tal alegação. O fato de as empresas KILINACO e MAHI terem alienado posteriormente suas participações societárias, obtendo ganho de capital, não tem qualquer relação com a operação da recorrente, por se referirem a fatos geradores diversos, e terem ocorrido em diferentes momentos. Portanto, não encontro motivo para acolher tal alegação. Com relação ao reajustamento da base de cálculo, considero ter sido efetuado corretamente, em função de o art. 26 da Lei nº 10.833/2003 estabelecer a responsabilidade da fonte situada no Brasil pela retenção e recolhimento quando se tratar de pagamento a residente ou domiciliado no exterior, assim, quando a recorrente deixa de efetuar a retenção, assume para si o ônus do imposto que seria devido pelo beneficiário, não exigindo a Lei nº 4.154/62 o acordo entre as partes, porque a assunção do ônus é estabelecida pela própria Lei. Nesse sentido, cabe transcrever trecho do acórdão nº 2201003.745, de 05/07/2017, cujos fundamentos adoto como razões de decidir: Reajustamento da base de cálculo Quanto ao reajustamento da base de cálculo, afirma a recorrente que tal prática ofenderia o princípio da legalidade, uma vez que não haveria previsão legal. Ocorre, entretanto, que a Lei nº 4.154, de 28 de novembro de 1962, expressamente prevê que: Art. 5o Ressalvados os casos previstos nos artigos 100 e 101 do Regulamento mencionado no artigo 1o, quando a fonte pagadora assumir o ônus do imposto devido pelo beneficiado, a importância paga, creditada, empregada, remetida ou entregue, será considerada como líquida, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o tributo. Esta é uma medida de isonomia, já que garante ao mesmo benefício percebido a mesma tributação, de forma que haverá idêntica incidência tributária quando dois contribuintes tiverem recebido de suas fontes pagadoras idêntico valor. É também uma medida de controle fiscal, já que impede a manipulação do valor que serve como base de cálculo, impedindo que a fonte considere apenas a parcela efetivamente transferida ao beneficiário (líquido) e não o rendimento efetivo (bruto). Acrescento que, a assunção do ônus se presume não por declaração de vontade, mas pelo comportamento adotado pela fonte pagadora ao fazer a transferência do Fl. 786DF CARF MF 24 valor integral ao beneficiário do rendimento, quando cabia a ela proceder à retenção de parte dele. A recorrente alega a incorreção na apuração da base de cálculo, pois no seu entendimento deveria ter sido efetuada integralmente em moeda estrangeira. Tal alegação já foi rebatida com precisão pelo acórdão recorrido, motivo pelo qual adota os seguintes trechos como razões de decidir: [...] com relação à apuração do ganho de capital, aplicamse as orientações contidas no art. 26 da Instrução Normativa SRF nº 208, de 27 de setembro de 2002, que assim esclarece: "Art. 26. A alienação de bens e direitos situados no Brasil realizada por nãoresidente está sujeita à tributação definitiva sob a forma de ganho de capital, segundo as normas aplicáveis às pessoas físicas residentes no Brasil. § 1o O ganho de capital é determinado pela diferença positiva entre o valor de alienação e o custo de aquisição do bem ou direito. § 2o O custo de aquisição dos bens ou direitos adquiridos: I até 1995 pode ser atualizado com base nos índices constantes no Anexo I; II a partir de 1996 não está sujeito a atualização. § 3o O valor de aquisição do bem ou direito para fins do disposto neste artigo deve ser comprovado com documentação hábil e idônea. § 4o Na impossibilidade de comprovação, o custo de aquisição é: I apurado com base no capital registrado no Banco Central do Brasil, vinculado à compra do bem ou direito; II igual a zero, nos demais casos. § 5º Na apuração do ganho de capital de nãoresidente não se isenções e reduções previstas para o residente no Brasil " (grifou se) Analisando o disposto no art. 18 c/c o art. 17 da Lei n° 9.249, de 1995, no § 3o do art. 685 do Decreto n° 3.000, de 1999, bem como as orientações contidas no art. 26 da Instrução Normativa SRF n° 208, de 2002, é de se concluir que o ganho de capital auferido por nãoresidente no País é determinado pela diferença positiva entre o valor de alienação (em Reais) e o custo de aquisição (em Reais) do bem, este podendo ser atualizado monetariamente até 31 de dezembro de 1995, sendo que, na impossibilidade de comprovação com documentação hábil e idônea, o custo de aquisição deve ser apurado com base no capital registrado no Banco Central do Brasil (vinculado à compra do bem ou direito) ou ser igual a zero. Neste ponto, registrese que o custo de aquisição apurado pela fiscalização fora aquele informado em reais em contratos de Fl. 787DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 776 25 câmbio apresentados pela própria contribuinte como comprovantes dos pagamentos efetuados pelas empresas KILINACO e MAHI quando da integralização do capital da empresa MAEDA. Estes valores, inclusive, são comprovados (observadas as alterações cambiais, como bem destaca a contribuinte) pelas atas de assembléia extraordinária, colacionadas pela impugnante, onde determinadas as operações de integralização de capital. Reprisese: as operações foram todas realizadas em moeda nacional, havendo documento hábil a comprovar tais valores, tornando desnecessária qualquer conversão em dólar para posterior conversão em reais. (Grifos no original). Diante do acima exposto, entendo não caber qualquer alteração na base de cálculo. Juros sobre multa de ofício Cabe destacar que, ao contrário do que entende a impugnante, a legislação autoriza a cobrança de juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Registrese, que, a teor das disposições contidas nos artigos 113, § 1º, e 139 do Código Tributário Nacional (CTN), verificase que a penalidade pecuniária, a despeito de não ser tributo, faz parte do crédito tributário. Por conseguinte, temse que a cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pela legislação ao crédito tributário. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. [...] Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. (Grifouse) Ressaltese que a fundamentação para a futura cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício é sustentada no art. 161 do CTN, quando dispõe acerca da incidência de juros de mora sobre o crédito tributário não pago no vencimento, que são devidos seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo das penalidades cabíveis: Código Tributário Nacional (CTN): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. O art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, dispõe sobre a incidência dos juros de mora sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados Fl. 788DF CARF MF 26 pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica. Essa mesma lei, em seu art. 43, estabelece expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. O caput do artigo se refere à formalização de exigência de crédito tributário correspondente, exclusivamente, a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Lei n.º 9.430/96: Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. [...] Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) [...] § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998). (Grifouse) Dessa forma, o CTN admite a incidência de juros de mora sobre as multas lançadas de ofício. Ademais, a Lei nº 10.522/02, por meio de seu art. 17, incluiu o § 8º no art. 84 da Lei nº 8.981/95, que dispõe, de forma geral, que os juros de mora se aplicam aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional. Assim, ainda que se interprete que a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, após seu vencimento, não está incluída no art. 61 da Lei nº 9.430/96, prospera a interpretação de que os juros são devidos sobre a multa de ofício, considerandose o disposto no § 8º do art. 84 da Lei nº 8.981/95. Cabe reiterar, no caso, que o conceito de crédito tributário abrange a multa de ofício, de forma que, não efetuado o pagamento no prazo legal, o contribuinte se caracteriza em débito para com a União, incidindo juros de mora sobre o principal e a multa de ofício. Conclusão Fl. 789DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 777 27 Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, rejeitar as preliminares e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Redatora Designada. Fl. 790DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19311.000019/2010-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Inexiste cerceamento de defesa quando os valores lançados são obtidos em documentos elaborados pela própria empresa, e os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO
Não se cogita da aplicação do art. 138 do CTN quando não há pagamento.
MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
JUROS À TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO.
A isenção prevista no artigo 4º do Decreto-Lei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico.
INTIMAÇÃO NO ENDEREÇO DO ADVOGADO.
O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal, fornecido pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais, ou o eletrônico por ele autorizado. Inexiste previsão legal para encaminhamento das intimações ao endereço dos procuradores.
Numero da decisão: 2202-004.351
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para reduzir o crédito tributário nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento integral ao recurso.
(assinado digitalmente)
Waltir de Carvalho - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS
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FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando os valores lançados são obtidos em documentos elaborados pela própria empresa, e os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO Não se cogita da aplicação do art. 138 do CTN quando não há pagamento. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). JUROS À TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 00 00 19 /2 01 0- 51 Fl. 1271DF CARF MF 2 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no artigo 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. INTIMAÇÃO NO ENDEREÇO DO ADVOGADO. O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal, fornecido pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais, ou o eletrônico por ele autorizado. Inexiste previsão legal para encaminhamento das intimações ao endereço dos procuradores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para reduzir o crédito tributário nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento integral ao recurso. (assinado digitalmente) Waltir de Carvalho Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0264.314, proferido pela 9a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), que julgou procedente o lançamento, mantendo a cobrança do crédito tributário. Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.272 3 Foi lançado o Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, decorrente de omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos, relativo ao ano calendário 2008, no montante de R$ 5.590.559,02 (cinco milhões, quinhentos e noventa mil, quinhentos e cinquenta e nove reais e dois centavos), incluídos multa de ofício e juros de mora. Pela clareza, reproduzo o relatório do acórdão recorrido, na parte relativa ao procedimento fiscal: Do Procedimento Fiscal De acordo com o TVF a ação fiscal teve origem depois de analisada a Declaração de Ajuste Anual do exercício 2009, na qual a contribuinte informou ter recebido no anocalendário 2008 como rendimentos isentos e não tributáveis a importância de R$22.336.290,71. Procedeuse então à intimação da contribuinte em 28/10/2009, por meio do Termo de Início do Procedimento Fiscal, fls. 442 e 443, para apresentar diversos documentos relacionados aos rendimentos declarados. Em 16/11/2009 o fiscalizado protocolou na DRF/Jundiaí o documento de fl. 445 a 459 no qual esclarece que os rendimentos declarados como isentos na DAA/2009 são originários da venda de participações societárias nas sociedades Comercial Guilherme Mamprim Ltda (posteriormente denominada Comercial Frango Assado), Centro de Serviços Frango Assado Norte Ltda, Centro de Serviços Frango Assado Suleste Ltda, Centro de Serviços Frango Assado Sudoeste Ltda e Carvalho Pinto Automotivos e Conveniências Ltda. Para fins de melhor entendimento as referidas empresas serão aqui tratadas respectivamente como: "COMERCIAL", "FRANGO ASSADO NORTE", "FRANGO ASSADO SUDOESTE", "FRANGO ASSADO SULESTE" e "CARVALHO PINTO". Na resposta discorreu sobre o histórico da participação na COMERCIAL e sua cisão parcial, com reversão de parte do capital social para criação da Frango Assado Empreendimentos e Participações S/A (FASPAR), do ingresso nas outras quatro sociedades e da alienação das participações nas empresas. Juntou contratos, alterações contratuais e asseverou que o ganho de capital obtido na alienação está protegido pelo manto da isenção prevista no artigo 4o, alínea "d" do DecretoLei 1510/76 e nem mesmo com a revogação do dispositivo pela Lei 7.713/88 ele teria perdido o direito alegado. No item 3.2 e subitens do TVF a autoridade lançadora tece considerações acerca da inexistência de direito adquirido e conclui que o ganho de capital auferido corresponde a rendimento que deveria ter sido oferecido à tributação. Informa a fiscalização que buscou identificar qual parcela e quantidade do montante total de cotas possuía a contribuinte no momento da alienação e que havia cumprido a condição do Fl. 1273DF CARF MF 4 artigo 4o, alínea d, do DecretoLei 1.510/76, durante sua vigência. Esta apuração consta da Tabela 1 Evolução do Capital Social da COMERCIAL, fl. 977. Da análise dos dados examinados conclui que a grande maioria do capital social da COMERCIAL é composta por quotas que não compunham o patrimônio da fiscalizada na vigência do citado dispositivo legal, uma vez que foram subscritas e integralizadas posteriormente à revogação daquele normativo. As sociedades FRANGO ASSADO NORTE, FRANGO ASSADO SULESTE e FRANGO ASSADO SUDOESTE foram constituídas em 09/10/1998, com capital vertido da COMERCIAL (conforme 32a alteração contratual da COMERCIAL, de 09/10/1998, e contratos sociais de constituição das pessoas jurídicas). A CARVALHO PINTO foi constituída em 01/02/1999, conforme contrato social de constituição da pessoa jurídica. Os sócios fundadores da pessoa jurídica são Gabriel Álfio Tomaselli, CPF 365.992.55868, e Márcia Galucci Tomaselli, CPF 258.301.718 26, e seu capital social, de RS 12.000,00, foi integralizado em moeda corrente por tais sócios. Apenas em 29/11/2005 a empresa foi adquirida pela FASPAR. A autoridade lançadora refutou a tese apresentada, segundo a qual, apesar de constituídas após a revogação do DecretoLei 1.510/76, as participações nas empresas mencionadas anteriormente também estariam abrangidas pela isenção daquele dispositivo legal, uma vez que a FASPAR originouse de cisão parcial da COMERCIAL e que as outras sociedades empresárias possuíam como sócio principal a FASPAR, tendo sido mantida a mesma proporção de participação de cada sócio. A não aceitação desse argumento reside no fato de que no universo de cotas da COMERCIAL, somente pequena parcela enquadravase no dispositivo citado, pois de acordo com a Tabela 1, as cotas cindidas para a formação do capital social da FASPAR não gozavam da isenção. Ressalta a autoridade fiscal que do total de cotas alienadas, 15.770.000, apenas 436 cumpriam o prazo de cinco anos descrito no citado DecretoLei. Ainda que o contribuinte possuísse as ações por mais de 5 (cinco) anos no inicio da vigência da Lei 7.713, de 1988, se ele não alienou a participação societária até esse momento, não ocorreu o fato gerador do IRPF. Conforme documentação apresentada pela fiscalizada verificou a autoridade autuante que a planilha de fl. 455 contém a correta apuração do ganho de capital obtido por ele na operação objeto do procedimento fiscal com base no Contrato de Compra e Venda de Quotas e outras Avenças, firmado em 23 de setembro de 2008 entre a contribuinte e os demais sócios, de um lado, e Yami Comércio de Alimentos Ltda, CNPJ 07.757.091/000153, de outro, onde constam os valores da operação, a corretagem paga pela intermediação do negócio e o montante recebido pelo fiscalizada, na proporção de sua participação societária. Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.273 5 Sociedade Empresária Preço de Alienação (RS) Custo de Aquisição (RS) Comissão (RS) Ganho de Capital (RS) Comercial Frango Assado 17.417.500,00 1.913.748,00 297.869,00 15.205.883,00 Frango Assado Norte 1.491.250,00 20.870,00 26.234,00 1.444.146,00 Frango Assado Sudoeste 1.465.000,00 14.874,00 26.302,00 1.423.824,00 Frango Assado Suleste 856.250,00 20.248,00 11.892,00 824.110,00 Carvalho Pinto 1.082.500,00 1.500,00 18.828,00 1.062.172,00 Total 22.312.500,00 1.971.240,00 381.125,00 19.960.135,00 Cientificada da autuação, Ana Thomé Mamprin apresentou impugnação (fls. 989/1154), que foi julgada improcedente pela DRJ/BHE, cuja decisão teve a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2009 PRELIMINAR. NULIDADE. Uma vez que o auto de infração foi lavrado com estrita observância das normas reguladoras da atividade de lançamento, não há que se cogitar de nulidade. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NECESSIDADE DE SER ACOMPANHADA DE PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO. O instituto da denúncia espontânea está previsto no artigo 138 do Código Tributário Nacional e exige que esta seja acompanhada, se for o caso, do pagamento devido e dos juros de mora. Na ausência do pagamento do tributo devido fica descaracterizada a denúncia espontânea. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ALIENAÇÃO. ISENÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, nos termos do art. 178 do Código Tributário Nacional, pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, sem que gere direito adquirido ao contribuinte. As vendas de ações efetuadas por pessoas físicas após 1º de janeiro de 1989 estão sujeitas ao imposto de renda sobre o lucro auferido, ainda que, na data da alienação, a participação societária já conte com mais de cinco anos no domínio do alienante. Inaplicável a isenção contida no artigo. 4o do Decreto lei nº 1.510, de 1976, por se encontrar revogada no momento da ocorrência do fato gerador. Fl. 1275DF CARF MF 6 MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. APLICAÇÃO DE LEI VIGENTE. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. CUSTO DE AQUISIÇÃO. QUOTAS RECEBIDAS EM BONIFICAÇÃO. No caso de quotas distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio. MULTA DE OFÍCIO. PREVISÃO LEGAL. REDUÇÃO IMPOSSIBILIDADE. Nos lançamentos de ofício, a aplicação da multa de 75% sobre o tributo não pago no vencimento ou pagamento a menor, foi estabelecida por lei, cuja validade não pode ser contestada na via administrativa. A redução da multa de ofício somente é concedida se cumpridos os requisitos previstos na legislação tributária. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL. Os juros de mora incidem sobre o imposto apurado no lançamento fiscal por expressa disposição legal. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade de leis. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em 19/03/2015, foi emitida a Intimação SECAT 212/15LFAC (fls. 1178), a fim de dar ciência à contribuinte da decisão da DRJ/BHE. A data de recebimento da Intimação foi 30/03/2015 (fls. 1180). Em 10/04/2015, o espólio de Ana Thomé Mamprin apresentou Recurso Voluntário (fls.1179/1228), repisando os argumentos da impugnação apresentada por Ana Thomé Mamprin, que são por aquele resumidos nos seguintes trechos: 2.1. A nulidade "ab initio" do Auto de Infração, via acolhimento das seguintes preliminares arguidas: a) Cerceamento do direito de defesa em face da impossibilidade de compreensão e entendimento da metodologia e critérios técnicos utilizados na elaboração da Tabela 1 anexa ao Termo de Verificação Fiscal, intitulada "Evolução do Capital Social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda", devendo o Auto de Infração ser cancelado em sua totalidade pela cominação de nulidade; b) Ilegitimidade da aplicação das multas moratórias e das multas punitivas, correspondentes à multa de ofício de 75% e aos juros de mora em percentual equivalente à taxa SELIC, Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.274 7 mormente por estarem presentes os pressupostos necessários para acionamento do benefício fiscal emergente do instituto jurídico da denúncia espontânea, devendo o Auto de Infração ser cancelado ou refeito, para exclusão de tais valores do crédito tributário reclamado no referido Auto de Infração; c) Anulação integral do lançamento fiscal em caso de reconhecimento do "direito adquirido" ao não pagamento do IRPF, restando (i) afastada qualquer possibilidade de nulidade parcial do lançamento; e (íi) prejudicada qualquer análise do questionamento relativo à forma de apuração dos valores lançados. 2.2. Caso não seja esse o entendimento dos E. Julgadores, o que nos afigura improvável "vénia máxima rogata", quanto ao mérito, via acolhimento das razões de reforma articuladas, requer seja decretada a nulidade ou a extinção do Auto de Infração ora inquinado, com o conseqüente cancelamento do débito fiscal reclamado. 2.3. Com base no instituto jurídico da preclusão, requer seja reconhecida a perda do direito da Fazenda Nacional em realizar qualquer exame ou questionamento quanto (i) à eventual existência de novas subscrições ou aquisições ocorridas a partir de 25/09/1996 e suas respectivas bonificações, tratandose de período não considerado no Auto de Infração ora inquinado;(ii) à qualquer outro ato, evento ou operação ocorrido a partir de 25/09/1996, que implique na eventual descaracterização dos requisitos exigidos para enquadramento na condição insculpida no art. 4o, alínea "d", do DecretoLei nº 1.510/76, ensejando a perda do benefício fiscal previsto naquele diploma legal. Em relação ao mérito, em apertada síntese, os argumentos do recorrente foram desenvolvidos nos seguintes tópicos: · Do direito adquirido à isenção (ou não pagamento) do imposto de renda sobre o ganho de capital auferido na alienação das "participações societárias" · Da aplicação do disposto no art. 178 do CTN, visto tratarse "in casu" de isenção onerosa. concedida por prazo certo e em função de determinadas condições · Das bonificações e filhotes adquiridas a custo zero. e que se referem às aquisições e subscrições originariamente havidas em agosto de 1983 · Da preclusão quanto ao direito da fazenda nacional examinar e/ou questionar as aquisições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 · Dos aumentos de capital e das aquisições e subscrições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 Fl. 1277DF CARF MF 8 · Das mutações ocorridas no quinhão societário do contribuinte no período de 08/08/1983 a 25/09/1996 · Das bonificações adquiridas a custo zero e que são decorrentes das mesmas aquisições e subscrições ordinariamente havidas em agosto de 1983. Dos pedidos O recorrente requer reforma da decisão recorrida; nulidade do auto de infração e cancelamento do débito fiscal; caso prevaleça o lançamento, que seja refeito o cálculo para incluir o valor de R$ 2.128.926,12, corrigido e atualizado até 09/2008, no custo de aquisição das quotas alienadas; intimação no endereço do advogado; consideração dos argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo, e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Preliminares. Nulidade. Inocorrência Cerceamento do direito de defesa. Preterição do direito de defesa Aduz o recorrente que a decisão da DRJ/BHE concordou que a Tabela 01 “Evolução do Capital Social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda.” foi elaborada de forma equivocada. Diz que nem o julgador conseguiu entender e explicar a metodologia e os critérios técnicos utilizados pelo Auditor Fiscal na elaboração da Planilha, e mesmo assim faz ilações para disfarçar sua incompreensão, ignorando que essa confusa e inexplicável tabela impossibilitou seu direito de defesa e contraditório. Acrescenta que ficou sem saber como o autuante chegou à conclusão de que apenas 436 quotas estavam enquadradas nas regras de isenção, e que o valor do capital inicial considerado em um período não coincide com o valor do capital social final do período anterior, mesmo após a conversão da moeda, havendo dificuldade em reconstituir os quantitativos de quotas, inclusive para apurar a ocorrência de novas subscrições ou aquisições. Assevera que o Auditor Fiscal utilizou critério subjetivo inservível como elemento de prova. Infirma que se uma quota cumpriu os requisitos de isenção, por lógica todas cumpriram. Aduz que aparentemente o autuante dividiu quantitativos de quotas por índices de conversão da moeda vigente no país, o que é inadmissível, e que não sabe porque ele utilizou como fator de redução o índice de 2,75, para chegar às 436 quotas, que nada mais é que um fator de conversão da moeda, decorrente dos diversos planos econômicos. Faz algumas indagações: Fl. 1278DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.275 9 Porque adotou como ponto de partida o capital social vigente em 01/10/1993, e não o capital social existente em 1983, quando originariamente as quotas foram havidas pelo Contribuinte? Porque não aplicou este fator sobre o capital social de CR$ 300.000.000,00, existente em 1983? Ou então, porque não retroagiu à data de aquisição ou subscrição das quotas para fins de demonstrar fundamentadamente a evolução do capital social e as mutações patrimoniais ocorridas nas quotas detidas pelo Contribuinte? Qual o embasamento técnicojurídico e legal para se aplicar índices de conversão da moeda sobre quantidades de quotas? Como pôde afirmar, com tão mínima e ilegítima fundamentação, que as restantes 3.839.564 quotas (considerando o montante de 3.840.000 quotas existente em 25/09/1996) não estariam legalmente referenciadas às quotas havidas originariamente pelo Contribuinte em agosto de 1983? Afirma que a quantidade de quotas foi obtida, pelo Auditor Fiscal, por simples cálculo matemático, e que a tentativa para apurar o enquadramento das quotas na condição prevista no art. 4º, alínea “b”, do Decretolei nº 1.510/76 deveria levar em conta a data em que as quotas foram originariamente adquiridas ou subscritas (08/08/1983), para verificar a sua permanência no patrimônio do contribuinte pelo período condicional de 5 (cinco) anos. Ressalta que o desconhecimento do contribuinte sobre a razão de as únicas quotas por ele subscritas ou adquiridas de 08/1983 a 09/2008 não estarem enquadradas na condição de isenção do imposto de renda, pela forma de elaboração da tabela, prejudicou seu exercício ao contraditório e ampla defesa, sendo nulo Auto de Infração por ter sido lavrado sem clareza a matéria fática que o ensejou. Nesse sentido cita jurisprudência do Conselho de Contribuintes. Sem razão o recorrente. Percebese que o cerceamento de defesa alegado por ele, está baseado na tabela 1 (fls. 977), ao afirmar que esta é incompreensível, não demonstrando de onde o Auditor Fiscal tirou os valores, para fins de lançamento fiscal. Pois bem, então vamos à análise da tabela, motivo de insatisfação do recorrente. Analisando os documentos apresentados por Ana Thomé Mamprin durante a fiscalização, às fls. 461/958, percebese que a tabela a que o recorrente se refere apenas resume as alterações contratuais desses documentos, com os exatos números e valores das quotas pertencentes aos sócios da empresa, de acordo com cada mutação contratual, pois a primeira parte da tabela repete os valores constantes às fls. 461/465: SITUAÇÃO EM 08/08/1983 COMERCIAL GUILHERME MAMPRIM LTDA. COTAS VALOR (CR$) PARTICIPAÇÃO CAPITAL TOTAL 30.000.000 300.000.000,00 ANA THOMÉ MAMPRIM 3.750.000 37.500.000,00 12,50% ARNALDO MAMPRIM 7.500.000 75.000.000,00 25,00% JOSE CESAR TRIVELATO 5.000.000 50.000.000,00 16,67% SIMONE ROSA TRIVELATO 2.500.000 25.000.000,00 8,33% ANTONIO ROMILDO ROVERE 1.500.000 15.000.000,00 5,00% Fl. 1279DF CARF MF 10 IVONE ROVERE 1.500.000 15.000.000,00 5,00% IVETE ROVERE CHIQUETTO 1.500.000 15.000.000,00 5,00% IZILDINHA ROVERE CHIQUETTO 1.500.000 15.000.000,00 5,00% IVANA ROSA ROVERE ZILLETI 1.500.000 15.000.000,00 5,00% EDNA MARIA MAMPRIM BRUNELLO 937.500 9.375.000,00 3,13% ELINOR CELIA MAMPRIM MARINI 937.500 9.375.000,00 3,13% MARLENE MAMPRIM FORATO 937.500 9.375.000,00 3,13% VALMIK ANTONIO MAMPRIM 937.500 9.375.000,00 EUNICE ROSA MAMPRIM MIRIAM THIVELATO VALOR UNITÁRIO DA COTA CR$ 10,00 A tabela discrimina por sócio, a quantidade de quotas, o valor delas e o percentual de cada sócio no patrimônio da sociedade. Além disso, o Auditor Fiscal esclarece na própria tabela que essa era a situação em 08/08/1983. Assim, para a determinação do custo de aquisição o autuante considerou as quotas desde a aquisição (08/08/1983), ao contrário do que afirma o recorrente. A tabela é bem didática, pois separa as quotas que Ana Thomé Mamprin tinha antes da revogação do Decretolei, e na sequência as compara de acordo com os aumentos de capital ocorridos em 01/10/1993 e 25/09/1996. Pela tabela vêse que o capital social da empresa Comercial Guilherme Mamprim Ltda, em 08/08/1983 era constituído por 30 (trinta) milhões de quotas, no valor de 10,00 cada uma. Continuemos a análise pela segunda parte da tabela: AUMENTO DE CAPITAL OCORRIDO EM 01/10/1993 AUMENTO DO CAPITAL CAPITAL APOS AUMENTO VALOR ORIGINAL EM CRUZEIROS VL. CONVERTIDO P/ CRUZEIRO REAL COTAS ORIGINAIS ISENTAS VALOR COTAS VALOR COTAS PART. 1.200.000.000,00 1.200.000,00 120.000 46.800.000,00 4.680.000 48.000.000,00 4.800.000 150.000.000,00 150.000,00 15.000 5.850.000,00 585.000 6.000.000,00 600.000 12,50% 300.000.000,00 300.000,00 30.000 5.700.000,00 570.000 6.000.000,00 600.000 12,50% 200.000.000,00 200.000,00 20.000 3.800.000,00 380.000 4.000.000,00 400.000 8,33% 100.000.000,00 100.000,00 10.000 3.900.000,00 390.000 4.000.000,00 400.000 8,33% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 6.000.000,00 600.000 6.000.000,00 600.000 12,50% 4.000.000,00 400.000 4.000.000,00 400.000 8,33% CR$ 10,00 Neste ponto, cabe abrir um parêntese para observar que na primeira parte da tabela o capital social era de Cr$ 300.000.000,00, e na segunda parte da tabela, aparece no valor de Cr$ 1.200.000.000,00. Isso ocorreu em função da alteração contratual de 06/10/1992 (fls. 370), na qual o capital social foi elevado a esse patamar. Fl. 1280DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.276 11 Aliás, às fls. 438/441, é possível ver os aumentos de capital social, desde 08/06/1970, partindo de NCr$ 280.000,00, em sequência 5.600.000,00 (18/03/1976), 14.000.000 (13/04/78), 41.400.000,00 (28/09/79), 60.000.000,00 (23/10/80), 76.000.000,00 (02/10/81), 150.000.000,00 (01/09/1982), 300.000.000,00 (06/06/1983), 600.000.000,00 (30/07/1984), 1.200.000.000 (20/06/1985), NCZ$ 480.000,00 (15/08/1989), CR$ 120.000.000,00 (24/09/91). Essa informação é importante porque o recorrente alega que o Auditor Fiscal deveria levar em conta a data em que as quotas foram originariamente adquiridas ou subscritas (08/08/1983). E o pequeno histórico demonstra que isso foi considerado pela fiscalização. A segunda parte da tabela resume o aumento do capital social (fls. 473) de Cr$ 1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de cruzeiros) para CR$ 48.000.000 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais), decorrente do aproveitamento das cotas de lucros acumulados representadas por 4.800.000 cotas ao valor de 10,00, conforme trecho abaixo, fls. 473/483: 1) O capital social inteiramente realizado fica aumentado de Cr$ 1.200.000,000,00 (hum bilhão e duzentos milhões de cruzeiros) para CR$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais) com aproveitamento das cotas de lucros acumulados representadas por 4.800.000 de cotas no valor de CR$ 10,00 cada uma, distribuídas na proporção de suas cotas a saber: Como se vê, o Auditor Fiscal converteu as quotas antigas que valiam Cr$ 1.200.000,000,00 (um bilhão e duzentos milhões de cruzeiros) para cruzeiros reais (CR$) que resultou no valor de CR$ 1.200.000,00 (um milhão de duzentos cruzeiros reais), conforme consta na tabela. Veja que o Auditor é didático ao apresentar que 1.200.000.000,00 cruzeiros era o valor original, e na coluna ao lado ele coloca esse mesmo valor só que convertido para 1.200.000,00 cruzeiros reais, ou seja, para que não reste dúvidas: Cr$ 1.200.000.000,00 = CR$ 1.200.000,00. Na coluna seguinte ele conclui que o número de quotas isentas era 120.000, POR QUE? Porque a empresa estipulou, conforme trecho acima transcrito, que o valor de cada quota era CR$ 10,00, e para que não reste dúvidas 1.200.000,00/10,00 = 120.000. Assim, se CR$ 1.200.000,00 era o valor das quotas antigas, então 120.000 era o número de quotas antigas, existentes ANTES do aumento de capital social para CR$ 48.000.000,00, proveniente dos lucros acumulados. Fl. 1281DF CARF MF 12 Veja que se a empresa tem CR$ 1.200.000,00 de capital social e o aumenta para CR$ 48.000.000,00, o valor acrescido ao capital existente é CR$ 48.000.000,00 1.200.000,00 = 46.800.000,00, conforme demonstrado na tabela. Aliás o Auditor Fiscal separa muito bem esses valores, ao apresentar na tabela o VALOR DO AUMENTO DO CAPITAL e o VALOR DO CAPITAL APÓS O AUMENTO: E dessa forma ele discrimina as QUOTAS ISENTAS, que correspondiam aos CR$ 1.200.000,00 existentes antes da capitalização, e QUOTAS NÃO ISENTAS, decorrentes da capitalização de 46.800.000,00, que somadas dá o valor do capital social da empresa em 01/10/1993: 48.000.000,00. E, por que o Auditor Fiscal chamou de isentas as 120.000 quotas? Porque elas representavam os Cr$ 1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de reais) existentes antes de 01/10/1993. Veja que o DecretoLei nº 1.510/76 foi revogado em 22/12/1988, então se a empresa tinha as quotas desde 08/08/1983 ela permaneceu com elas por mais de 5 anos que era a condição para a isenção. Como o aumento decorreu de lucros acumulados é certo que houve aumento do valor de quotas. Se antes existiam 120.000 quotas, depois da distribuição de lucros acumulados passou a existir 4.800.000, dentro das quais 4.680.000 foram consideradas pela fiscalização como quotas não isentas, porque emitidas após a revogação do DecretoLei de isenção. Agora vamos para a terceira parte da Tabela: AUMENTO DO CAPITAL OCORRIDO EM 25/09/1996 COMERCIAL GUILHERME MAMPRIM LTDA. VALOR CONVER TIDO PARA REAL AUMENTO DE CAPITAL CAPITAL TOTAL VALOR COTAS ISENTA S VALOR DEMAIS COTAS COTAS ISENT AS DEMAIS COTAS CAPITAL TOTAL 17.454,55 3.822.545,45 3.840.000,00 436,36 3.839.563,63 436 3.839.564 ANA THOMÉ MAMPRIM 2.181,82 477.818,18 480.000,00 54,55 479.945,45 55 479.945 ARNALDO MAMPRIM 2.181,82 477.818,18 480.000,00 109,09 479.890,91 109 479.891 JOSE CESAR TRIVELATO 1.454,55 318.545,45 320.000,00 72,73 319.927,27 73 319.927 SIMONE ROSA TRIVELATO 1.454,55 318.545,45 320.000,00 36,36 319.963,64 36 319.964 ANTONIO ROMILDO ROVERE 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 IVONE ROVERE 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 IVETE ROVERE CHIQUETTO 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 ZILDINHA ROVERE CHIQUETTO 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 IVANA ROSA ROVERE ZILLETI 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 EDNA MARIA MAMPRIM BRUNELLO 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 ELINOR CELIA MAMPRIM MARINI 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 MARLENE MAMPRIM FORATO 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 VALMIK ANTONIO MAMPRIM 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 EUNICE ROSA MAMPRIM 2.181,82 477.818,18 480.000,00 0,00 480.000,00 0 480.000 MIRIAM THIVELATO 1.454,55 318.545,45 320.000,00 0,00 320.000,00 0 320.000 VALOR UNITÁRIO DA COTA 1,00 Fl. 1282DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.277 13 Veja que ela apresenta o aumento de capital ocorrido em 25/09/1996. Lembro que a unidade monetária dessa época era o Real. Por consequência, os CR$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais) quando convertidos para reais, resultaram em R$ 17.454,55 (dezessete mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos), que é o mesmo valor que aparece na tabela, e consta na 26ª alteração contratual (fls. 489): "CLÁUSULA PRIMEIRA" DO AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL (I) Resolvem os atuais sóciosquotistas, por unanimidade, aumentar o Capital Social da Sociedade, que é atualmente de R$ 17.454,55 (dezessete mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos) para R$ 3.840.000,00 (três milhões, oitocentos e quarenta mil reais), ou seja, um aumento de R$3.822.545,45 (três milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e quarenta e cinco reais e quarenta e cinco centavos) totalmente integralizado neste ato mediante o aproveitamento e capitalização dos recursos e reservas abaixo identificados, apurados de conformidade com o Balanço Patrimonial e demais Demonstrações Financeiras encerrado em 31/08/96, a saber: (a) R$ 1.693.619,33 (um milhão, seiscentos e noventa e três mil, seiscentos e dezenove reais e trinta e três centavos) do saldo existente na conta de "Reservas de Capital C. Monetária do Capital Social". (b) R$ 352,10 (trezentos e cinquenta e dois reais e dez centavos) do saldo existente na conta de "Lucros Acumulados" de exercícios anteriores a 1989; e (c) R$ 2.128.574,02 (dois milhões, cento e vinte e oito mil, quinhentos e setenta e quatro reais e dois centavos) de parte do saldo existente na conta de "Lucros Acumulados" de exercícios posteriores a 1.989. (grifei) Pelo trecho acima transcrito, a própria empresa converteu o valor de CR$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais) para R$ 17.454,55 (dezessete mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos). Portanto, O Auditor Fiscal procedeu da mesma forma que a empresa, converteu os valores de cruzeiros reais para reais, mantendo o custo originário, tanto é que o valor das quotas isentas que era de CR$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil cruzeiros de reais) virou R$ 436,36 (quatrocentos e trinta e seis reais, e trinta e seis centavos), que é o valor que o recorrente diz não saber de onde veio. Veja ainda que, o aumento de capital ocorrido em 25/09/1996, no valor de R$ 3.822.545,45 (três milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e quarenta e cinco reais e quarenta e cinco centavos) foi posterior à revogação do Decretolei de isenção, por isso, o Auditor Fiscal não considerou que as quotas emitidas em decorrência desse aumento estavam amparadas pela isenção, razão pela qual as QUOTAS ISENTAS aparecem separadas das DEMAIS QUOTAS (quotas não isentas), cujo somatório resulta no valor do capital total da empresa. Fl. 1283DF CARF MF 14 Portanto, como se vê a tabela que o recorrente diz ser incompreensível, só contém valores constantes, nos próprios arquivos societários da empresa Comercial Guilherme Mamprim Ltda. Reproduzindo os exatos termos do Contrato e Alterações Contratuais. Além disso, a metodologia utilizada pela fiscalização para determinação do custo de aquisição das quotas, foi o mesmo utilizado pela empresa, qual seja, converteu o valor do capital social à unidade monetária vigente à época dos aumentos de capital. E mais, o recorrente diz não saber de onde o autuante tirou o índice de 2,75, para chegar às 436 quotas. Ora, a resposta está contida na própria 26ª Alteração do Contrato Social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda, fls. 490: (II) Em face do aumento do Capital Social efetivado na forma do TÍTULO (I) desta "CLÁUSULA PRIMEIRA", e, considerandose ainda as alterações havidas na política econômicamonetária do país, a qual Implementou o "Programa de Estabilização Econômica" alterandose a Unidade do Sistema Monetário Nacional, a qual passou a denominarse o "REAL R$" a partir de 1º de Julho de 1.994, observada a paridade de CR$ 2.750,00 (dois mil, setecentos e cinquenta cruzeiros reais) para cada "UM REAL" (ou) para cada uma URV), o Capital Social de RS 3.840.000,00 (três milhões, oitocentos e quarenta mil reais), totalmente integralizado, representado por 3.840.000 (três milhões, oitocentas e quarenta mil) quotas, no valor nominal de R$ 1,00 (um real) cada uma, fica distribuído e detido pela própria Sociedade (quotas mantidas em tesouraria) e pelos atuais SÓCIOSOUOTISTAS componentes de cada "GRUPO FAMILIAR", da seguinte forma: (Grifei). Aqui, retomando os questionamentos do recorrente no início deste tópico, entendo que a fiscalização adotou como ponto de partida o capital vigente em 1983. Verificase do histórico de aumentos de capital que a própria empresa já aplicava o fator de conversão das moedas a cada alteração contratual, até chegar ao valor de Cr$ 1.200.000.000,00 (06/10/1992) apresentado na tabela, e utilizado pelo Auditor Fiscal para demonstração das parcelas que estavam inclusas na isenção. Não foi utilizado o índice de conversão sobre o número de quotas, mas sobre o valor das quotas, e a partir dele, encontrado o número de quotas pela divisão do valor total delas, pelo valor unitário atribuído pela própria empresa. Por fim, a demonstração de que as 3.839.564 quotas, que o Auditor Fiscal entendeu não estarem abrangidas pela isenção, está apresentada na tabela, conforme exposto ao longo deste tópico. Ademais, o direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório, disposto no inciso LV do art. 5º, da Constituição Federal de 1988, tem por finalidade possibilitar aos litigantes, seja em processo judicial ou administrativo, o direito à reação contra atos desfavoráveis, momento esse em que a parte interessada exerce o direito à ampla defesa e ao contraditório. Dessa forma, quando a Administração, antes de decidir o mérito de uma questão administrativa, dá à parte contrária oportunidade de impugnar da forma mais ampla que entender, em hipótese alguma, pode ser acusada de negar ao contribuinte o exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório. Fl. 1284DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.278 15 Logo, concluise que não houve qualquer tipo de cerceamento do direito de defesa, pois os Autos de Infração foram lavrados em obediência ao princípio da estrita legalidade, expondo com objetividade e clareza a origem do lançamento de crédito, sua composição, bem como os dispositivos legais e os documentos que o fundamentaram, atendendo a todos os dispositivos normativos sobre a matéria, permitindo assim, o exercício do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa do contribuinte. Anulação integral do lançamento fiscal em face do reconhecimento do "direito adquirido" ao não pagamento do IRPF. O recorrente pugna pela nulidade total do lançamento, e diz que o Auditor Fiscal se limitou a: [...] analisar a evolução do capital social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda, apenas no período de 08/08/1983 a 25/09/1996, deixando de examinar e/ou de questionar as alterações contratuais e/ou as mutações patrimoniais ocorridas nas participações societárias do Contribuinte posteriormente à 25/09/1996, ou seja, desde 25/09/1996 até setembro de 2008 (data de alienação das quotas). Portanto, está precluso o direito da Fazenda Nacional questionar eventual descumprimento da condição prevista no art. 4º. alínea "d", do DecretoLei 1.510/76, em relação às mutações patrimoniais ocorridas nas participações societárias a partir de 25/09/1996, isto é, a partir do quantitativo equivalente a 3.840.000 quotas. Acrescenta que se reconhecido o direito adquirido ao não pagamento de IRPF, fica prejudicado o questionamento sobre existência de novas subscrições, aquisições ou eventos ocorridos a partir de 25/09/1996, que levem à perda do benefício fiscal da isenção. Cita jurisprudência do STJ sobre a impossibilidade de nulidade parcial quando o vício compromete todo o lançamento, e diz que se reconhecido direito adquirido nulo estará todo o lançamento. Requer sejam considerados os argumento constantes no item 3.1, subitem 3.1.1 da impugnação (3.1.1. DA CONFUSA E FANTASIOSA TABELA 1 ANEXA AO TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL:), fls. 1018/1020. Ora, a alegação do recorrente não tem qualquer fundamento, dado que o Auditor Fiscal apresentou a evolução do capital da Comercial Guilherme Mamprim Ltda, para demonstrar quais quotas entendia estarem albergadas pela isenção e quais as que não estavam. E, a partir dela efetuou o lançamento de acordo com o custo de aquisição declarado por Ana Thomé Mamprin. Ademais, qualquer análise posterior para verificação da isenção arguida pelo recorrente, não pode deixar de considerar o histórico de evolução das quotas da empresa, a fim de apurar o custo de aquisição das cotas e do respectivo ganho de capital na alienação delas. Ressalto que, o processo administrativofiscal de exigência de crédito tributário referente às contribuições previdenciárias é regido pelo Decreto nº 70.235/72, que dispõe sobre a nulidade dos atos nos seguintes termos: Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 1285DF CARF MF 16 II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Nesse aspecto, o Auto de Infração contém todos os elementos e requisitos necessários de formação válida, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, observado o art. 142 e seu parágrafo único, da Lei nº 5.172/66, não havendo, portanto, que se falar de nulidade do lançamento. A questão do direito adquirido, por se referir ao próprio mérito, será analisada, em momento oportuno. Denúncia espontânea. Multa de ofício. Juros à taxa Selic O recorrente arrazoa que, antes do início do procedimento fiscal, Ana Thomé Mamprin declarou expressamente a alienação da totalidade das quotas e participações societárias que detinha nas sociedades do Grupo “Frango Assado”, e a comissão paga à “IGC Partners”, tendo apurado e informado corretamente o ganho de capital decorrente da operação, que foi lançado como rendimentos isentos e não tributáveis, conforme Declaração de Ajuste Anual do AnoCalendário de 2008, e não agiu com máfé, por entender que tinha direito adquirido à isenção do imposto de renda, nos termos do art. 4º, alínea “d”, do Decretolei nº 1.510, de 27/12/1976, e ainda com a existência de decisões administrativas e judiciais reconhecendo seu direito adquirido ao benefício fiscal decorrente desse dispositivo legal, não podendo ser penalizada com aplicação de multas confiscatórias e juros de mora. Cita o art. 138 do CTN, e interpreta que não há obrigatoriedade de pagar o tributo declarado para que reste caracterizada a denúncia espontânea, e a expressão "se for o caso", não tem o significado dado pelo julgador a quo, nem concorda com a afirmação deste de que teria efetuado a classificação indevida de rendimentos, e diz não se aplicar ao caso a norma do art. 841 do RIR, porque não fez declaração inexata, nem omitiu qualquer elemento sobre a alienação de quotas e participações societárias, e deixou de efetuar o recolhimento porque baseado em dispositivo legal, doutrina e jurisprudência. Cita jurisprudência e doutrina sobre denúncia espontânea e inexigibilidade de multa punitiva, e sobre o entendimento de que a multa moratória tem natureza punitiva. Arrazoa ser ilegítima a aplicação da multa de ofício de 75% e aos juros de mora em percentual equivalente à taxa SELIC. Não assiste razão à defendente, a perda da espontaneidade se deu em 28/10/2009, data em que o recorrente tomou ciência do Termo de Início do Procedimento Fiscal, nos termos do parágrafo único do art. 138 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN) e do art. 7º do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972: Código Tributário Nacional Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. (Grifouse) Decreto nº 70.235/72 Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.279 17 Art. 7º O procedimento fiscal tem início com:(Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. (Grifouse) Portanto, conforme dispositivos acima transcritos, enquanto estiver abrigado sob o manto da espontaneidade, o sujeito passivo poderá confessar débitos não declarados, retificar declarações e formular consultas, ficando a salvo da imposição de multa de ofício desde que efetue o recolhimento dos tributos devidos com os acréscimos moratórios cabíveis. Excluída, por outro lado, a espontaneidade do interessado, ele ficará sujeito à imposição de multa de ofício, ainda que reconheça a procedência do lançamento. Da mesma forma, não serão acolhidas como eficazes as declarações entregues após o início da ação fiscal, conforme art. 147, § 1º do CTN: “A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento”. Portanto, o início do procedimento de fiscalização, mediante termo próprio ou qualquer outro ato escrito que o caracterize, retira do sujeito passivo a espontaneidade em denunciar irregularidades para os fins de declarar e retificar declarações referentes aos tributos objeto do procedimento fiscal a que está submetido. Ana Thomé Mamprin, ao informar em sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), como isento rendimento que não estava alcançado pelo instituto da isenção, deixou de oferecêlo à tributação, e, consequentemente, não houve o recolhimento do imposto devido, portanto, não se trata de caso de denúncia espontânea. Esclarecese ainda à impugnante que, a responsabilidade por infrações fiscais independe da intenção do agente, conforme art. 136 do Código Tributário Nacional: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Em relação ao argumento do recorrente de que é ilegal a multa de ofício, lembro que a este Conselho não é dado se pronunciar sobre ilegalidade e inconstitucionalidade de Lei em plena vigência, ou deixar de aplicála, nos termos do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 2: Fl. 1287DF CARF MF 18 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Quanto à alegação sobre juros à taxa Selic, a questão se encontra pacificada neste Conselho, sendo objeto da Súmula CARF nº 4: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Do mérito Da aplicação do disposto no art. 178 do CTN, visto tratarse "in casu" de isenção onerosa, concedida por prazo certo e em função de determinadas condições O recorrente argumenta que quando da publicação da Lei nº 7.713/88, Ana Thomé Mamprin já possuía as participações societárias por mais de 5 anos, tendo direito adquirido ao benefício fiscal conferido pelo Decretolei nº 1.510/76, independente da data de alienação das participações societárias. Assevera que se implementada a condição à isenção antes da revogação da lei, a isenção se mantém mesmo se a alienação ocorrer na vigência da lei revogadora, pois no caso se trata de isenção concedida sob condição onerosa. Cita Súmula nº 544/STF, e diz que o caso se amolda a ela, sendo vedada a revogação dessa isenção, acrescenta jurisprudência do STJ sobre cumulação dos requisitos previstos no art. 178 do CTN para se considerar a isenção irrevogável, e julgados do CSRF sobre direito adquirido à isenção em decorrência do Decreto Lei nº 1.510/76 (102134080, CSRF/0400.215, CSRF/0103.266, CSRF/0102.973, CSRF/01 02.974, CSRF/01 03.349 e CSRF/0103.725). Discorre sobre o caráter de onerosidade da isenção pleiteada, acrescentando julgados do Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, e CARF (acórdãos 2102002.966, 2102002.967, 2202002.468, 9202003.542, 9202002.805). A controvérsia cingese à extensão da isenção concedida pelo Decretolei nº 1.510/76, revogada pela Lei nº 7.713/88, quanto às quotas alienadas em períodos em que vigia a lei revogadora, sendo esse o objeto do lançamento fiscal. Então vamos analisar essa isenção: Art 1º O lucro auferido por pessoas físicas na alienação de quaisquer participações societárias está sujeito à incidência do imposto de renda, na cédula "H" da declaração de rendimentos. Art 2º O rendimento tributável de acordo com o artigo anterior será determinado pela diferença entre o valor da alienação e o custo de subscrição ou aquisição da participação societária, corrigido monetariamente segundo a variação das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.(Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) [...] Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.280 19 Art 4º Não incidirá o imposto de que trata o artigo 1º: (Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) [...] d) nas alienações efetivadas após decorrido o período de cinco anos da data da subscrição ou aquisição da participação. A Lei nº 7.713/88 revogou expressamente os dispositivos acima transcritos: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. [...] § 5º Ficam revogados todos os dispositivos legais concessivos de isenção ou exclusão, da base de cálculo do imposto de renda das pessoas físicas, de rendimentos e proventos de qualquer natureza, bem como os que autorizam redução do imposto por investimento de interesse econômico ou social. [...] Art. 58. Revogamse o art. 50 da Lei nº 4.862, de 29 de novembro de 1965, os arts. 1º a 9º do DecretoLei nº 1.510, de 27 de dezembro de 1976, os arts. 65e66 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, os arts. 1º a 4º do DecretoLei nº 1.641, de 7 de dezembro de 1978, os arts. 12e13 do DecretoLei nº 1.950, de 14 de julho de 1982, os arts. 15e100 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, o art. 18 do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, o item IV e o parágrafo único do art. 12 do DecretoLei nº 2.292, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 2º do DecretoLei nº 2.301, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 7º do DecretoLei nº 2.394, de 21 de dezembro de 1987, e demais disposições em contrário. O art. 178 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), dispõe sobre a possibilidade da revogação da isenção nos seguintes termos: Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.(Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 1975) Como o recorrente se firma no direito adquirido à isenção, entendo que o art. 178 do CTN claramente derruba essa tese, à exceção de a isenção ter sido por prazo certo E sob determinadas condições. Em função da exceção disposta no CTN, é oportuno analisar se a isenção de que tratava a alínea "d" do art. 4º do Decretolei nº 1.510/76 atendia aos requisitos para que essa isenção não fosse revogada a qualquer tempo. Ora, não vejo no trecho do Decretolei qualquer dispositivo que diga por quanto tempo essa isenção se estenderá, o que diz o Decreto lei é que as quotas tinham que ficar em poder dos sócios por 5 anos, para que Fl. 1289DF CARF MF 20 tivessem direito à isenção, mas não diz, por exemplo, que a isenção albergada em função desse dispositivo vigorará por 5, 10 ou 20 anos, assim, não havia um tempo estimado para que a pessoa física gozasse dela. De outro lado, vejo apenas presente o segundo trecho do CTN, sob "determinadas condições", sendo esse, de caráter oneroso, porque, se quisesse gozar da isenção, a pessoa física ficaria impedida de alienar as participações por um determinado prazo, ou seja, ela não teria as participações disponíveis para venda. Assim, não estando presentes todos os elementos para impedir que a isenção pudesse ser revogada ou modificada a qualquer tempo, entendo que não há direito adquirido a essa isenção. Aliás esse foi o entendimento dos acórdãos 9202004.507 e 9202004.506, ambos de 25/10/2016: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2004 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no artigo 4o do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei n° 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1o de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. Recurso Especial Negado. Acrescento que, a lei vigente à data da alienação das participações societárias era a Lei nº 7.713/88, e, portanto, nos termos do art. 144 do CTN, era ela que deveria ser aplicada. Em relação à Súmula nº 544/STF, citada pelo recorrente, ela foi aprovada na Sessão Plenária de 03/12/1969, portanto, anterior à nova redação do art. 178 do CTN, dada pela Lei Complementar nº 24, de 07 de janeiro de 1975. Dessa forma, só pode ser interpretada diante do novo texto, pois Súmula do STF não pode vir em contrariedade à Lei. Aliás, uma simples leitura ao art. 178 do CTN antes e depois da Lei Complementar 24/75 já demonstra a nova interpretação que deve ser feita à Súmula citada pelo recorrente: Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo ou em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do artigo 104. (Ressaltei) Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 1975) (Ressaltei) Neste ponto, esclareço que a auditoria considerou que as quotas isentas, conforme demonstrado nas tabelas acima, por terem sido alienadas após a revogação da Lei de isenção não gozavam do instituto do direito adquirido. Portanto, o lançamento fiscal se refere ao imposto sobre ganho de capital na alienação das participações societárias adquiridas: 1) após a revogação da Lei de isenção, 2) antes da revogação da Lei de isenção; nos dois casos alienadas após essa revogação, pois como visto acima é perfeitamente possível a revogação de Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.281 21 isenção que não seja concedida por prazo certo E sob determinadas condições. Portanto, não cabe a aplicação da referida Súmula ao presente caso. Das bonificações e filhotes adquiridos a custo zero, e que se referem às aquisições e subscrições originariamente havidas em agosto de 1983 O recorrente arrazoa não proceder o argumento do julgador a quo "que as disposições do Parecer Normativo CST nº 68/77 não se aplicam às bonificações emergentes das aquisições e subscrições originariamente havidas em 1983, mesmo que se tratem de bonificações decorrentes de aumento de capital ocorrido após a vigência da Lei revogadora, ou seja, após a vigência da Lei nº 7.713/88". Diz que o parecer teve por objetivo esclarecer as questões sobre as bonificações decorrentes das participações societárias enquadradas na isenção aqui discutida, acrescentando que o parecer: é absolutamente claro quanto à definição para efeitos da tributação do Art. 1º do referido DecretoLei, que as bonificações são adquiridas a custo zero nas datas das subscrições ou aquisições a que correspondem, estendendose tal definição para todas e quaisquer bonificações emergentes das participações societárias originariamente havidas a partir de 1983, mesmo aquelas havidas após a sua revogação, mas originárias das participações societárias mantidas pelo Contribuinte desde 1983. Com efeito, se o recebimento das bonificações relativas às aquisições e subscrições originariamente havidas em 1983 está isento do imposto nada mais racional tenha o DecretoLei nº 1.510/76 disposto que elas só podem ser computadas a custo zero, ou seja, tais bonificações não podem ser consideradas nova aquisição ou nova subscrição de quotas. Por sua vez, não se aplica ao presente caso, a alegação do D. Julgador "a quo" de que, em face do disposto no parágrafo único, do Art. 10 da Lei nº 9.249/95, no caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Sem, razão o recorrente. A meu ver correto o entendimento do julgador a quo, o Parecer Normativo CST nº 68/77, que tinha caráter interpretativo, considerou as regras vigentes à época de sua emissão. Não se pode esquecer que a cada alteração da legislação há necessidade de nova interpretação à luz dos dispositivos então vigentes. E nesse aspecto, estou de acordo com os argumentos esboçados no acórdão recorrido, por isso, adotoos como razões de decidir: Verificase que a autuada considerou que as bonificações, mesmo que distribuídas posteriormente a 31/12/1983, estariam isentas por terem origem daquelas que supostamente gozavam de isenção. De fato, o artigo 5o do Decretolei nº 1.510/1976 trazia regramento para apuração do ganho de capital, especialmente Fl. 1291DF CARF MF 22 sobre o rateio das bonificações, tanto que remetia ao artigo 1o, ambos revogados pela Lei nº 7.713/1988. Já o Parecer Normativo CST nº 68/1977, ato normativo de caráter interpretativo, tinha o propósito de esclarecer o tratamento a ser dado às bonificações recebidas e a forma de cômputo delas na apuração de eventuais ganhos de capital. Referido artigo definia que para efeitos da tributação do artigo 1o do mesmo DecretoLei, as bonificações são adquiridas a custo zero nas datas das subscrições ou aquisições a que correspondem, mas a validade do dispositivo perdurou até a vigência da lei revogadora, Lei nº 7.713/1988. Portanto, desde 1º de janeiro de 1989 o tratamento tributário a ser considerado em relação às bonificações possui regramento nos §§ 3o e 4o do artigo 16 da Lei nº 7.713/1988: Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso: (...) § 3o No caso de participação societária resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, que tenham sido tributados na forma do art. 36 desta Lei, o custo de aquisição é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista beneficiário. § 4o O custo é considerado igual a zero no caso das participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, no caso de partes beneficiárias adquiridas gratuitamente, assim como de qualquer bem cujo valor não possa ser determinado nos termos previsto neste artigo. Por sua vez, o parágrafo único do artigo 10 da Lei nº 9.249/1995 estabelecia a forma de cálculo do custo de aquisição das ações distribuídas em decorrência do aumento do capital por incorporação do lucro e de reservas, como segue: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Disto depreendese que não há qualquer razão legal para ratear as bonificações adquiridas posteriormente a 31/12/1983 na forma estabelecida pelo Decretolei nº 1.510/1976 visto que no regramento tributário atual as bonificações/quotas distribuídas pela empresa mediante incorporação de lucros ou reservas são Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.282 23 consideradas ações novas cujo custo de aquisição é dado em função da origem das reservas que resultaram na distribuição das ações a titulo de bonificação. (grifei) Acrescento que, se compararmos os trechos do revogado art. 5º do Decreto lei nº 1.510/76, e os parágrafos 3º e 4º do art. 16 da Lei nº 7.713/1988, iremos ver que a troca da palavra "bonificações" por "participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação", nos dará a certeza de que esses aumentos de capital originam novas participações, e não são filhotes, como entende o recorrente. Decretolei nº 1.510/76 Lei nº 7.713/1988 Art 5º Para os efeitos da tributação prevista no artigo 1º deste Decretolei, presumese que as alienações se referem às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente e que as bonificações são adquiridas, a custo zero, às datas de subscrição ou aquisição das participações a que corresponderem. (Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) Art. 16 [...] § 3o No caso de participação societária resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, que tenham sido tributados na forma do art. 36 desta Lei, o custo de aquisição é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista beneficiário. § 4o O custo é considerado igual a zero no caso das participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, no caso de partes beneficiárias adquiridas gratuitamente, assim como de qualquer bem cujo valor não possa ser determinado nos termos previsto neste artigo. O argumento do recorrente, de que as bonificações emergentes das participações societárias originariamente havidas a partir de 1983, eram computadas a custo zero, e que isso se estenderia às bonificações decorrentes daquelas participações, mesmo após a revogação do DecretoLei de isenção, fazme relembrar o histórico da legislação sobre a tributação dos lucros distribuídos, brilhantemente narrado pelo ilustre conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, relator do Processo 12448.736152/201135, Acórdão nº 9202 003.700, julgado em 27 de janeiro de 2016, e que aqui é trazido para esclarecer ao recorrente da razão de àquela época as bonificações serem computadas a custo zero, e porque, posteriormente, passaram a compor o custo das participações pelo valor da capitalização decorrente dos lucros acumulados: Para fins de contextualização histórica da questão, cumpre referir que, nos termos da legislação anteriormente vigente, a capitalização de lucros, assim como a distribuição de ações bonificadas, não tinha qualquer efeito na determinação do custo de aquisição da participação societária dos proprietários da pessoa jurídica. Com efeito, naquele período: o lucro distribuído era passível de tributação; e consequentemente, o custo de aquisição das participações societárias não era alterado quando da capitalização de lucros pela pessoa jurídica, inclusive no caso de distribuição de ações bonificadas, cujo valor de aquisição devia ser considerado como igual a zero. Nesse sentido, cabe referência aos arts. 727 e 810 do Decreto 1.041, de 1994. (a) Art. 727 — lucros distribuídos até 1988 eram tributados: Fl. 1293DF CARF MF 24 Art. 727. Os dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses, apurados em balanço de periodobase encerrado até 31 de dezembro de 1988, pagos por pessoa jurídica, inclusive sociedade em conta de participação, a pessoa física residente ou domiciliada no Pais, estão sujeitos à incidência de imposto exclusivamente na fonte, à alíquota de (DecretosLeis n°s 1.790/80, art. 1o, 2.065/83, art. 1o, 1, a, e 2.303/86, art. 7oparágrafo único): ... (b) Art. 810 — o custo de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucro era igual a zero: Art. 810. O custo de aquisição de títulos e valores mobiliários, de quotas de capital... § 2o O custo é considerado igual a zero (Lei n° 7.713/88, art. 16, §4e): a) no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas, apurados até 31 de dezembro de 1988; Reparase aqui a coerência dos dispositivos acima referidos. Como, na época, a distribuição de lucros era tributada, a capitalização do lucro não alterava o custo de aquisição da participação societária. Assim, quando a participação societária fosse alienada, o valor do lucro capitalizado seria alcançado pelo ganho de capital. Ora, a partir de 1996, temos uma clara mudança de tratamento na distribuição de lucro, que passou a não ser tributada, nem na fonte, nem na declaração de ajuste, nos termos do disposto no art. 10, da Lei nº 9.249, de 1995. Assim: o lucro distribuído deixou de ser tributado; e consequentemente, o custo de aquisição das participações societárias passou a ser alterado quando da capitalização de lucros distribuíveis pela pessoa jurídica, inclusive no caso de distribuição de ações bonificadas, cujo valor de aquisição devia ser considerado igual ao desse lucro capitalizado. A seguir, encontrase reproduzido o caput do art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, e seu respectivo parágrafo. [...] Reparase. da mesma forma que no sistema vigente anteriormente, a coerência dos dispositivos acima referidos. Como a distribuição de lucros deixou de ser tributada, a capitalização do lucro distribuível passou a alterar o custo de aquisição da participação societária. Assim, quando a participação societária fosse alienada, o valor do lucro (distribuível isento e capitalizado) não seria alcançado pelo ganho de capital. Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.283 25 Como se percebe, as bonificações tinham um motivo para serem computadas a custo zero, que era permitir a tributação dos lucros quando as participações societárias fossem alienadas; posteriormente quando o lucro distribuído passou a ser isento, o custo de aquisição das participações decorrentes dos aumentos de capital por incorporação de lucros passou a ser a parcela do lucro capitalizado, ou seja elas deixaram de ser computadas a custo zero. Essa disposição também constava nos revogados arts. 1º e 5º do DecretoLei nº 1.510/76: Art 1º O lucro auferido por pessoas físicas na alienação de quaisquer participações societárias está sujeito à incidência do imposto de renda, na cédula "H" da declaração de rendimentos.(Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) [...] Art 5º Para os efeitos da tributação prevista no artigo 1º deste Decretolei, presumese que as alienações se referem às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente e que as bonificações são adquiridas, a custo zero, às datas de subscrição ou aquisição das participações a que corresponderem.(Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) Veja que, o custo zero a que se refere o art. 5º é aplicável para os efeitos do art. 1º, que tratava da tributação do lucro auferido pelas pessoas físicas, e não à alínea "d" do art. 4º desse Decretolei. Portanto, não vejo fundamento na afirmação do recorrente de que o DecretoLei tenha estabelecido que as bonificações decorrentes de aquisições e subscrições originariamente havidas em 1983 devem ser computadas com custo zero e por isso não poderiam ser consideradas nova aquisição ou nova subscrição de quotas. O que entendo é que, a lei revogadora trouxe uma nova sistemática para a apuração do custo de aquisição das participações societárias e respectivo ganho de capital quando da alienação dessas participações, e foi justamente a legislação vigente à época dos fatos geradores que o Auditor Fiscal corretamente aplicou, qual seja, o § 3º do Art. 16 da Lei nº 7.713/1988, que também está disposto no parágrafo único do Art. 10 da Lei nº 9.249/95. Da preclusão quanto ao direito da Fazenda Nacional examinar e/ou questionar as aquisições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 O recorrente arrazoa que, como o Auditor Fiscal se limitou a analisar a evolução do capital social do período de 08/08/1983 a 25/09/1996, estaria precluso o direito de o julgador a quo realizar qualquer exame quanto às eventuais novas subscrições ou aquisições a partir de 25/09/1996, que implicasse em descaracterizar os requisitos para gozo da isenção do art. 4º, alínea "d", do Decretolei nº 1.510/76. Sem razão o recorrente, conforme debatido quando da análise das preliminares, o Auditor Fiscal apenas discriminou na tabela 1, a evolução do capital social, de acordo com as alterações contratuais, como forma de demonstrar as quotas que estavam amparadas pela isenção pleiteada pelo recorrente, não estabelecendo qualquer limite ao julgador a quo, para analisar se as quotas adquiridas após 25/09/1996 estavam ou não isentas, e o custo de aquisição considerado pela fiscalização, de acordo com o que estabelece a legislação vigente a respeito. Aliás, insta lembrar que o lançamento teve como partida, o custo de aquisição informado pelo próprio sujeito passivo, e constante nos arquivos societários da Comercial Guilherme Mamprim Ltda. Fl. 1295DF CARF MF 26 Dos aumentos de capital e das aquisições e subscrições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 O recorrente aduz que Ana Thomé Mamprin se retirou da Comercial Guilherme Mamprim Ltda. em 30/12/1996, e a partir dessa data ela não recebeu bonificação nos aumentos de capital dessa empresa, não fez subscrição, aquisição de novas quotas, aporte ou injeção de recursos, e não possui créditos ou adiantamento para aumento de capital nessa empresa, e considera que os eventos ocorridos a partir dessa data são de exclusiva titularidade da controladora FASCAR, que não se confundem com as mutações ocorridas no patrimônio de Ana Thomé Mamprin. Acrescenta que: [...] no período de 25/09/1996 a 11/08/2008, as únicas quotas recebidas em bonificação pelo Contribuinte, oriundas da capitalização de lucros acumulados, foram decorrentes do aumento de capital social da COMERCIAL GUILHERME MAMPRIM ocorrido conforme 26a. Alteração Contratual, firmada aos 25/09/1996, o que nos leva à inevitável conclusão de que: • O valor de R$ 2.128.926,12, oriundo da capitalização de lucros acumulados não representa, em hipótese alguma, quaisquer outras subscrições ou aquisições de novas quotas, tratandose "in casu" de filhotes ou bonificações adquiridas a custo zero. • As referidas quotas recebidas em bonificação, em virtude da capitalização de lucros, adquiridas a custo zero, são decorrentes de aumento de capital, não por subscrição pública ou particular de quotas, mas por força de simples capitalização de lucros e/ou reservas, com aumento ou ajuste nos quantitativos de quotas, as quais foram atribuídas ao Contribuinte sem a necessidade de aportes de capital e na mesma proporção do número de quotas que possuía (art. 169 da Lei das Sociedades Anônimas). Assevera que se o valor de R$ 2.128.926,12 for considerado como subscrição e aquisição de novas quotas, ele deverá ser computado no custo de aquisição das participações/quotas alienadas e deduzido do ganho de capital auferido pelo contribuinte. Sem razão o recorrente, observase que, o lançamento fiscal foi efetuado com as informações prestadas pelo próprio sujeito passivo durante a ação fiscal, onde ele apontou qual o valor do ganho de capital obtido com a alienação de suas participações societárias, conforme fls. 976. O aumento de capital de R$ 2.128.926,12 já está incluso no custo de aquisição apurado por Ana Thomé Mamprin, pois, conforme se verifica às fls. 485, pela 26ª Alteração Contratual da Comercial Guilherme (25/09/1996), houve um aumento no capital social para R$ 3.840.000,00. Ocorre que, em 11/08/2008 houve outro aumento de capital de 14.740.000,00 para 15.310.000,00 (fls. 761), sendo que desse valor, R$ 1.913.748,00 é o valor das quotas de Ana Thomé Mamprin, que foi utilizado por ela para apuração do custo de aquisição, e também da fiscalização (fls. 976). Portanto, nenhum recálculo tem que ser feito no lançamento fiscal, visto que o custo de aquisição está de acordo com o declarado pelo sujeito passivo e de acordo com os contratos sociais e alterações contratuais. Demais argumentos: Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.284 27 · Das mutações ocorridas no quinhão societário do contribuinte no período de 08/08/1983 a 25/09/1996: Aduz que em relação aos 12,5% de participação societária que tinha no Grupo Frango Assado, em 08/08/1983, equivalente às 3.750.000 quotas, entre essa data e 25/09/1996 não ocorreram quaisquer atos ou eventos que implicassem na mutação desse percentual, sendo que as havidas decorreram de adequação do capital social à unidade monetário vigente no país e/ou são filhotes ou bonificações adquiridas a custo zero, face a capitalização de lucros e ou reservas. Todas as participações societárias alienadas em 2008 (1.971.240) já faziam parte de seu patrimônio em 08/1983, e eram isentas pelo Decretolei nº 1.510/76, e referemse às mesmas 480.000 quotas que ele detinha em 25/09/1996, que por sua vez são as 3.750.000 quotas que tinha em 08/1983. · Das bonificações adquiridas a custo zero, e que são decorrentes das mesmas aquisições e subscrições originariamente havidas em agosto de 1983: Cita Parecer Normativo CST nº 68. de 23/09/1977 e Parecer Normativo CST n° 39, de 19/10/1981, e diz que eles deixam claro que as bonificações decorrentes de aumento de capital por incorporação de lucros apurados ou reservas constituídas com esses lucros não são consideradas nova aquisição ou subscrição de quotas, para que fossem deveria haver dupla transferência, das reservas da sociedade para os sócios, a título de dividendos e destes para a sociedade a título de novos aportes. Os aumentos de capital corridos na Comercial Guilherme decorreram de incorporação de Reserva de Correção Monetária do Capital Social e de Reservas de Lucros. Cita art. 2º da Lei nº 9.064/95, que alterou a Lei nº 8.849/94. Requer consideração do item 3.1, subitem 3.1.2 da Impugnação (3.1.2. DAS BONIFICAÇÕES E FILHORES ADQUIRIDAS A CUSTO ZERO, E QUE SE REFEREM ÀS AQUISIÇÕES E SUBSCRIÇÕES ORIGINALMENTE HAVIDAS EM AGOSTO DE 1983:), fls. 1028/1033. Os argumentos já foram analisados ao longo deste voto, de onde se conclui que a isenção pleiteada pelo recorrente não se aplica à alienação de participações societárias adquiridas após a revogação da alínea "d" do art. 4º do Decretolei nº 1.510/76. Da apuração da base de cálculo Como vimos, o Auditor Fiscal apurou o imposto devido com base nos dados informados pela fiscalizada, conforme tabela abaixo (fls. 976): Fl. 1297DF CARF MF 28 Entretanto, observei que, ao lançar o valor tributável (fls. 964), o Auditor Fiscal digitou R$ 19.969.135,00 ao invés de R$ 19.960.135,00. Ou seja, um erro de digitação, que deve ser corrigido neste Colegiado. Diante disso, o valor tributável deve ser reduzido de R$ 19.969.135,00 para R$ 19.960.135,00, resultando na redução do imposto devido de R$ 2.995.370,25 para R$ 2.994.020,25, e na redução da multa para R$ 2.245.515,19. Intimação no endereço do advogado Por fim, o recorrente requereu que todas as intimações atinentes ao recurso voluntário fossem realizadas em nome de seu advogado no endereço lá constante. O artigo 23 do Decreto nº 70.235/72 disciplina integralmente a matéria. Seus incisos I, II e III configuram as modalidades de intimação, atribuindo ao Fisco a discricionariedade de escolher qualquer uma delas. Nesse sentido, o § 3º estipula que os meios de intimação previstos nos incisos do caput do artigo 23 não estão sujeitos a ordem de preferência. O inciso II considera que a intimação via postal deve acontecer no domicílio tributário apenas do sujeito passivo. Já o § 4º dispõe que, para fins de intimação, o domicílio tributário do contribuinte pode ser apenas em dois locais: no endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; ou no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. De tais regras, concluise pela inexistência de intimação postal na figura do procurador do sujeito passivo. Assim, a intimação via postal, no endereço dos procuradores, não acarretaria qualquer efeito jurídico de intimação, pois estaria em desconformidade com o artigo 23, inciso II e §§ 3º e 4º, do Decreto n° 70.235/72. Sendo assim, é de indeferir o pleito do recorrente. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, rejeitar as preliminares, e no mérito, darlhe parcial provimento para reduzir o crédito tributário nos seguintes termos: Imposto (R$) Multa de ofício (R$) EXIGIDO 2.995.370,25 2.246.527,69 EXONERADO 1.350,00 1.012,50 MANTIDO 2.994.020,25 2.245.515,19 Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 19311.000019/201051 Acórdão n.º 2202004.351 S2C2T2 Fl. 1.285 29 (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora Fl. 1299DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35011.001095/2007-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 22/12/2006
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65.
Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
Numero da decisão: 2202-004.350
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Waltir de Carvalho - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Waltir de Carvalho - Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto
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score : 1.0
Numero do processo: 12897.000264/2009-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006
AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei.
GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA.
A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta.
MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Numero da decisão: 2202-004.427
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel na reunião anterior.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel na reunião anterior. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
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FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em rejeitar as preliminares, e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Fábia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel na reunião anterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 7. 00 02 64 /2 00 9- 41 Fl. 218DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 1255.181, proferido pela 7a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), que julgou procedente o lançamento, mantendo a cobrança do crédito tributário. Consta no Termo de Verificação Fiscal: Como resultado da análise das informações e documentos apresentados, verificamos: Verificação 1 A aquisição de 630 quotas de TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA, de Eugênio Pacelli Marques Almeida Holanda, por R$ 630,00 conforme esclarecimentos de 08/12/2008, fls. e apresentados em atendimento à intimação de fls. : [...] Segundo ainda a documentação apresentada, a formalização do ingresso na sociedade é contemplada na 6a alteração contratual de 04/ago/2006 (fls. ), que denota, entretanto, o valor nominal das 630 quotas em R$ 6.784.413,30, sendo a mesma importância objeto de mútuo, conforme contrato de 08/ago/2006, estando o contribuinte na condição de mutuário. A 7a alteração contratual de 13/nov/2006 (fls. ) registra redução do capital social da TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA com a devolução da participação no capital, efetuadas com ativos representados por créditos da Sociedade contra o contribuinte em R$ 6.784.413,30. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 219 3 Em sua DIRPF (fls. ), o contribuinte classifica a diferença entre o valor de aquisição e o valor da devolução de capital, R$ 6.783.783,30, como nãotributáveis, sem observar o fato que suas quotas não sofreram nenhuma valorização no capital da TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA, haja vista o valor contábil das quotas no ingresso do contribuinte na sociedade (vide acima), ser o mesmo da devolução de capital, denotando que a devolução de capital se deu por valor contábil (não onerando a pessoa jurídica do ganho de capital previsto no § único do art. 419 do RIR/99). O contribuinte não observou ainda a norma contida na Instrução Normativa SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996: [...] Em suma, o contribuinte obteve ganho de capital tributável ao adquirir quotas por R$ 630,00, e no mesmo ano receber em devolução, direitos no valor de R$ 6.784.413,30, sobre os quais o próprio foi o beneficiário da importância, anteriormente recebida a título de mútuo e cometeu o erro de classificar, em sua declaração de rendimentos, a diferença como não tributável. Verificação 2 Depósito bancário sem comprovação da natureza ou origem, na forma solicitada nas intimações de fls. , . , e , da importância de R$ 21.000.00, em 23/06/2004, junto ao Banco Sudameris, conforme extrato bancário de fls. , apresentado em atendimento às intimações de fls. Após cientificado do Auto de Infração, o recorrente apresentou impugnação (fls. 81/100), que foi julgada improcedente pela DRJ/RJ1, de cujo acórdão se extrai a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2006 DEPÓSITO BANCÁRIO DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Consolidase administrativamente o crédito tributário relativo à matéria não impugnada. DEVOLUÇÃO DO CAPITAL SOCIAL. GANHO DE CAPITAL. EXCLUSÃO. CONDICIONANTES LEGAIS NÃO COMPROVADOS. Não comprovado que a devolução de capital se deu de acordo com as exigências legais, impossível transferir a responsabilidade para a pessoa jurídica. GANHO DE CAPITAL. DEVOLUÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. A pessoa física que receber bens ou direitos em devolução de participação societária, adquirida por valor inferior ao patrimonial, deverá tributar como ganho de capital a diferença Fl. 220DF CARF MF 4 entre o valor recebido e o valor declarado da participação extinta. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com a decisão da DRJ/RJ1, cuja ciência se deu em 03/07/2013, o recorrente apresentou Recurso Voluntário, em 02/08/2013, repisando os argumentos da impugnação, que em síntese foram por ela assim resumidos: (i) Não se pode cogitar de ganho de capital em operações de devolução de participação no capital social; (ii) no período compreendido entre o ingresso e a saída do ora RECORRENTE, da TETTO, não houve variação positiva do valor de sua participação societária; e, principalmente (iii) os valores percebidos por pessoa física a título de devolução de participação no capital social pelo valor de mercado estão isentos de IRPF, por força do art. 22. § 4º, da Lei nº 9.249/95; ou Acrescentou que, a multa aplicada é desproporcional à gravidade da conduta do recorrente, e possui cunho confiscatório. Dos pedidos O recorrente requer o provimento do Recurso para anular o auto de infração, e se não provido nesse requisito, que seja afastada a multa de ofício. É o relatório Voto Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo, e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço Preliminar. Nulidade Antes de entrar no mérito, o recorrente observa que não arguiu preliminar de nulidade, como afirmou a relatora no acórdão recorrido, diz ter alegado que a aplicação da teoria da motivação consiste em que a subsistência do lançamento depende da procedência da afirmação do Auditor Fiscal de que houve ganho de capital declarado e não pago. Diante dessa alegação, lembro que, nos termos do art. 31 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, o julgador deve referirse a todas as razões de defesa alegadas pelo Recorrente. Assim sendo, agiu bem o julgador de primeira instância, uma vez que o recorrente naquela ocasião referiuse à obrigatoriedade de motivação do ato administrativo de lançamento, citando o art. 10 do referido Decreto, incluindo destaques para os incisos III e IV, Fl. 221DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 220 5 que tratam da "descrição do fato", e "disposição legal infringida e a penalidade aplicável", respectivamente. Além disso, no item 24 da impugnação assevera: 24. Como, in casu o ilmo. Sr. Fiscal motivou a lavratura do Auto de Infração, [...] alegando ganho de capital supostamente registrado e não declarado pelo IMPUGNANTE, a aplicação da Teoria em questão faz com que a subsistência do lançamento, após o controle da legalidade a ser exercido nos autos do presente processo, dependa diretamente da procedência daquele argumento. Entendo que, em referido trecho, o recorrente diz que se não for reconhecido que ocorreu ganho de capital, o auto de infração não teria validade, porque não estaria motivado. Isso é ainda visto no seguinte trecho da impugnação: "23. Seja como for, uma vez motivado, a validade do ato administrativo estará vinculada à existência, à veracidade e à pertinência dos motivos apontados como fundamento para a sua prática, pela consagrada Teoria dos Motivos Determinantes.". Outra razão que teria levado a autoridade julgadora a citar o conteúdo do art. 59 do Decreto nº 70.235/72 em seu voto, foi o fato de o Recorrente ao final da impugnação pedir a nulidade do Auto de Infração. Dessa forma, o julgador agiu corretamente ao conversar textualmente com o recorrente, apresentando a este os casos em que caberia a nulidade do lançamento: I) os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; e II) os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Situações estas que, assim como o julgador a quo, considero não estarem presentes no lançamento a ponto de leválo à nulidade. Como os mesmos argumentos apresentados na impugnação foram trazidos ao recurso voluntário, com os mesmos trechos sobre a teoria dos motivos determinantes, e ao final, nos pedidos, também pugna pela nulidade do Auto de Infração, ratifico meu entendimento de que o Auto de Infração contém todos os elementos e requisitos necessários de formação válida, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, art. 10 do Decreto nº 70.235/72, observado o art. 142 e seu parágrafo único, da Lei nº 5.172, de 26 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), não havendo, portanto, que se falar de nulidade do lançamento. Do mérito A impossibilidade de caracterização de ganho de capital na operação de devolução de participação societária Alega o recorrente ser pressuposto para o ganho de capital a alienação de bens e direitos, sendo que a figura da devolução de capital social, não está entre as espécies de alienação previstas no rol numerus clausus do art. 3º, § 3º, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988. Acrescenta que, o recebimento de valores na qualidade de mutuário da TETTO SPE 1 GESTÃO DE RECEBÍVEIS LTDA (TETTO) não gerou acréscimo patrimonial, que ensejasse incidência de IRPF, e quanto à devolução das participações societárias, as quotas não sofreram variação positiva durante o período que lhe pertencia, e não houve alienação como disse o autuante, porque com a redução do capital social promovida pela 7ª Alteração Contratual da TETTO, as quotas de sua titularidade deixaram de existir. Fl. 222DF CARF MF 6 Arrazoa que, a analogia feita pela DRJ/RJ1, entre as operações de devolução de participação societária e o resgate de ações pelas sociedades anônimas é descabida, porque busca justificar incidência tributária por meio de analogia, que se presta a resolver lacuna do sistema jurídico, sendo a tributação com base nela rechaçada pelo § 1º do art. 108 do CTN. Cita jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) nesse sentido. Entende que as operações no caso dos autos têm como regramento específico o art. 1.031, caput e § 1º, da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Transcreve acórdão do Carf que afastou a equiparação de devolução de capital social com respectiva redução à alienação acionária e à distribuição de lucros para fins de incidência do Imposto de Renda. Não vejo razão nos argumentos do recorrente. Neste ponto, são importantes alguns conceitos básicos para a solução da controvérsia. Então vamos a eles: Alienação: ato ou efeito de alienar, cessão de bens (Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004). Alienação: É forma voluntária de perda da propriedade. É o ato pelo qual o titular transfere sua propriedade a outro interessado. Dáse a alienação de forma voluntária ou compulsória, sendo exemplo de alienação voluntária a dação em pagamento, e de alienação compulsória a arrematação. Ela ainda pode ser a título oneroso ou gratuito, configurandose alienação a título oneroso a compra e venda, e a título gratuito a doação. Cumpre ressaltar que a transferência do bem alienado só poderá ocorrer por meio de contrato, isto é, por meio de negócio jurídico bilateral que expresse a transmissão do bem a outra pessoa. (http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/869/Alienacao). Sinônimos de alienação: cessão, transmissão, transferência, passagem, cedência, doação, venda. (https://www.sinonimos.com.br/alienacao/); Devolução: [...] S.f. 1. ato ou efeito de devolver. 2. Aquisição de propriedade por transferência. 3. Restituição ao primeiro possuidor. 4. Com. Retorno (6). [Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004] Devolver: [...] 7. Transferir (a outrem, um direito ou propriedade); Reenviar, recambiar. 9. Entregar; dar, conceder. 10. Transferir; transmitir. [...]. [Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da Língua portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004]. Pelos conceitos acima expostos, percebese que a alienação é um termo genérico, onde se enquadram várias espécies, tais como cessão, doação e venda; que carregam entre si o termo "transferência". Analisando o conceito de "devolução", em que também ocorre transferência, entendo que ela é uma espécie de alienação, que se processa de forma reversa, ou seja, no primeiro momento, um bem é transferido para a propriedade do Indivíduo X, e no segundo momento, o Indivíduo X transfere o mesmo bem a seu possuidor anterior. Nesse sentido, pode ser que o Indivíduo X tenha comprado esse bem por R$ 1.000,00, mas quando resolva devolvê Fl. 223DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 221 7 lo, este esteja valendo no mercado R$ 1.500,00. Nesse caso, o Indivíduo X pode vender (trocar) o bem pelo mesmo valor de compra, ou a valor de mercado; depende do que ele acordar com o interessado. Outra situação, é que o bem tenha valor patrimonial de R$ 1.000,00, mas o Indivíduo X o tenha adquirido por R$ 500,00, e decida devolvêlo apenas pelo valor patrimonial. Pergunto: qual seria o ganho de capital, em cada operação? Para a estipulação desse ganho precisamos analisar mais dois conceitos trazidos pela legislação: custo de aquisição, e valor da alienação (valor da transmissão). Lei. nº 7.713, de 1988 Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso: [...] Art. 19. Valor da transmissão é o preço efetivo de operação de venda ou da cessão de direitos, ressalvado o disposto no art. 20 desta Lei. Esses conceitos estão expressos da mesma forma no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR): Art.123.Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): Io preço efetivo da operação, nos termos do §4º do art. 117; [...] Art.128.O custo dos bens ou direitos adquiridos, a partir de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995, será o valor de aquisição (Lei nº 8.383, de 1991, art. 96, §4º, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 22, inciso I). [...] Art.131. Não será atribuída qualquer atualização monetária ao custo dos bens e direitos adquiridos após 31 de dezembro de 1995 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 17, inciso II). (Grifei) Então, valor da alienação é o preço efetivo da operação de venda ou da cessão de direitos, e custo de aquisição o preço efetivamente pago. Em uma primeira análise parece haver uma convergência nos conceitos. Para quem vende o custo de alienação será o valor recebido, e para quem compra o custo de aquisição será o valor pago. Entretanto, depende de quem está na posição de vendedor e comprador, em relação a despesas com impostos, corretagem, etc. Diante dos dispositivos legais e entendimento dos conceitos, voltemos aos exemplos acima: · Hipótese 1: Comprou por R$ 1.000,00; vendeu por R$ 1.500,00 (ganho de capital = R$ 500,00). Fl. 224DF CARF MF 8 · Hipótese 2: Comprou a R$ 500,00; o valor patrimonial do bem era R$ 1.000,00; devolveu o bem pelo valor patrimonial (ganho de capital = R$ 500,00). Por que na segunda hipótese o ganho de capital não foi igual a zero, se o bem foi devolvido pelo seu valor patrimonial? Em função do que dispõem os artigos 16 e 19 da Lei. 7.713/88: o valor da alienação é o valor efetivo da operação de venda, e o valor da aquisição o preço pago. Esse entendimento já foi exarado em acórdão do antigo Conselho de Contribuintes: ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA – VALOR DE ALIENAÇÃO – Para efeito de apuração de eventual ganho de capital na alienação de participação societária constitui valor de alienação aquele da operação e não o valor patrimonial da participação alienada. (1º Conselho de Contribuintes/4ª Câmara/ACÓRDÃO 10418.701 em 18.04.2002. Publicado no DOU em: 03.09.2002.). Agora, vamos entender o que ocorreu no caso dos autos: Data Evento Valor Pago Valor Nominal Valor emprestado Capital antes Capital depois Documento fls. 04/08/2006 Transferência das quotas de Eugênio para Olimpio (recorrente) 6.784.413,30 6ª Alteração contratual da TETTO 39 04/08/2006 Pagamento a Eugênio pelas quotas recebidas deste 630,00 6.784.413,30 Recibo 28 08/08/2006 TETTO empresta dinheiro para Olimpio 6.784.413,30 Contrato de mútuo 37 13/11/2006 Redução do capital social da TETTO 53.844.550,00 31.789.822,32 7ª alteração contratual 36 O fato importante é que, o recorrente supostamente devia à TETTO R$ 6.784.413,30, por meio de contrato de mútuo, e quando devolveu as participações societárias (13/11/2006), recebeu a quitação da suposta dívida, que iria vencer em 14/11/2006. Entendo que, no caso, a devolução das quotas à sociedade TETTO é alienação, cuja forma de pagamento foi a extinção da suposta dívida no valor de R$ 6.784.413,30, e o custo de aquisição das quotas foi o valor de R$ 630,00 efetivamente pago por Olímpio a Eugênio. A alegação do recorrente de que não houve alienação porque as quotas deixaram de existir com a redução de capital efetuada pela TETTO, não se sustenta, principalmente, porque a transmissão das quotas se deu em 13/11/2006, pela 7ª alteração contratual, com a quitação da suposta dívida. Em sequência aos argumentos do recorrente, entendo que não houve utilização de analogia pelo julgador a quo, para atribuir tributação; pois, no Termo de Verificação Fiscal, os fatos estão bem delineados e fundamentados com os dispositivos normativos que disciplinam a apuração do ganho de capital, para fins de tributação. A meu ver Fl. 225DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 222 9 o julgador de primeira instância, com o termo analogia, quis apenas mostrar ao recorrente, que a redução de capital, com a compra de quotas/ações dos sócios/acionistas pelas sociedades, pode se dar tanto em sociedades limitadas quanto em sociedades anônimas. Ora, a redução de capital pode ocorrer em qualquer sociedade, quanto a isso não há dúvidas, a questão é saber se nessa operação houve ou não ganho de capital. Se a redução do capital se deu no mesmo valor nominal das quotas/ações, e pelo mesmo custo de aquisição, não haverá, pois não ocorreu acréscimo patrimonial do sócio retirante. Outra situação em que não haveria ganho de capital seria quando a investidora devolve o bem da investida, em caso de controladas, onde ocorre a equiparação patrimonial, e onde o patrimônio da investida é reflexo da investidora, pois se trata apenas de uma devolução do bem, pelo mesmo valor que estava refletido na investida. E parece ser esse o caso enfrentado pelo acórdão nº 110300.207, transcrito pelo recorrente. No caso dos autos ocorreu efetiva alienação, com a devolução das participações societárias pelo recorrente, e sobre a diferença entre o valor dessa alienação e o custo de aquisição delas há incidência de imposto de renda. A isenção de IRPF na operação de devolução do capital social pelo valor de mercado das quotas O recorrente aduz que a operação de devolução do capital social pelo valor de mercado é isenta, conforme § 4º do art. 22 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Infirma que pelo §1º desse artigo, o imposto sobre a variação positiva entre o valor devolvido ao sócio baseado em avaliação de mercado e o valor contábil registrado no Contrato Social da empresa é de responsabilidade desta, e o § 4º diz que a diferença positiva entre o valor de mercado e o valor das quotas que consta na Declaração de bens não entra na base do cálculo do IRPF. Nesse sentido, transcreve inciso XLVI do art 39 do RIR, e § 5º do art. 60 da Instrução Normativa SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996 (IN SRF nº 11/96), e jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes (Acórdão nº 10615.131). Entende ser equivocada a autuação com base no art. 61 dessa Instrução Normativa, porque esse artigo se refere à devolução de participação societária pelo valor contábil. Para compreender o que alega o recorrente vamos transcrever os dispositivos legais citados por ele: Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 Art. 22. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. § 1º No caso de a devolução realizarse pelo valor de mercado, a diferença entre este e o valor contábil dos bens ou direitos entregues será considerada ganho de capital, que será computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base no lucro real ou na base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido devidos pela pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. Fl. 226DF CARF MF 10 § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa jurídica, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica que esteja devolvendo capital. § 3º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa física, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão informados, na declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do respectivo anobase, pelo valor contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica. § 4º A diferença entre o valor de mercado e o valor constante da declaração de bens, no caso de pessoa física, ou o valor contábil, no caso de pessoa jurídica, não será computada, pelo titular, sócio ou acionista, na base de cálculo do imposto de renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido. (Grifei) Decreto nº 3.000, de 16 de março de 1999 Art.39.Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: [...] XLVI a diferença a maior entre o valor de mercado de bens e direitos, recebidos em devolução do capital social e o valor destes constantes da declaração de bens do titular, sócio ou acionista, quando a devolução for realizada pelo valor de mercado (Lei nº 9.249, de 1995, art. 22, §4º); IN SRF nº 11, de 21 de fevereiro de 1996 Art. 60. Os bens ou direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista, a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. § 1º No caso de a devolução realizarse pelo valor de mercado, a diferença entre este e o valor contábil dos bens ou direitos entregues será considerada ganho de capital, que será computado nos resultados da pessoa jurídica tributada com base no lucro real ou na base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro devidos pela pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado. § 2º Para o titular, sócio ou acionista, pessoa jurídica, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital serão registrados pelo valor contábil da participação ou pelo valor de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica que esteja devolvendo capital. [...] § 4ºPara o titular, sócio ou acionista, pessoa física, os bens ou direitos recebidos em devolução de sua participação no capital Fl. 227DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 223 11 serão informados, na declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do respectivo anobase, pelo valor contábil ou de mercado, conforme avaliado pela pessoa jurídica. § 5ºA diferença entre o valor de mercado e o valor constante da declaração de bens não será computada na base de cálculo do imposto de renda devido pela pessoa física, sendo considerada rendimento isento. Art. 61. No caso de participação societária adquirida por valor inferior ao patrimonial, em que a pessoa jurídica que estiver devolvendo capital tenha optado pela avaliação a valor contábil, a pessoa física ou jurídica que estiver recebendo os bens ou direitos deverá proceder da seguinte forma: I se pessoa física, à sua opção: a) incluir, em sua declaração de bens, os bens ou direitos pelo valor pelo qual houverem sido recebidos, tributando como ganho de capital a diferença entre este e o valor declarado da participação extinta; ou b) incluir, em sua declaração de bens, os bens e direitos pelo mesmo valor da participação extinta. II se pessoa jurídica, registrar os bens ou direitos pelo valor pelo qual houverem sido recebidos, reconhecendo, como ganho de capital, sujeito à incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, a diferença entre este e o valor contábil da participação extinta. Diante desses dispositivos, vamos fazer algumas considerações sobre o caso em análise: 1. as participações societárias foram adquiridas de outro sócio pessoa física por valor inferior ao valor contábil. 2. a devolução das quotas se deu para a pessoa jurídica e pelo valor contábil/nominal. 3. na DIRPF 2007, anocalendário 2006, fls. 11, as participações societárias estavam declaradas na Declaração de Bens e Direitos, da seguinte forma: [...] Fl. 228DF CARF MF 12 Com essas observações, interpreto que a responsabilidade da pessoa jurídica pela tributação, conforme disposto no § 1º do art. 22, ocorre porque é como se ela tivesse “alienando” os bens e direitos à pessoa física. Por isso que, se esses bens forem “alienados” a valor de mercado e houver diferença entre este e o valor contábil, essa diferença é considerada como ganho de capital da pessoa jurídica. Por exemplo, se os bens que ela "alienou" estavam avaliados a valor de mercado por R$ 1.000,00, e registrados contabilmente por R$ 700,00, é como se ela os tivesse "vendendo" por R$ 1.000,00, obtendo um ganho de R$ 300,00. Por outro lado, quando a pessoa física devolve as participações societárias, é como se ela as tivesse "alienando", e para apurar se houve ou não ganho de capital, será imprescindível determinar qual o custo de aquisição delas, que nem sempre será o mesmo valor registrado na contabilidade da pessoa jurídica à época da aquisição. No presente caso, ao que tudo indica, o valor das participações societárias que pertenciam a Eugênio estavam registradas ao valor contábil de R$ 6.784.413,30, conforme se observa no trecho da 6ª Alteração Contratual da TETTO abaixo transcrito (fls. 39), mas foram adquiridas pelo recorrente a um valor bem inferior (R$ 630,00), ou seja, custo de aquisição das quotas para o recorrente foi de R$ 630,00: (b) Eugênio, neste ato, cede e transfere 1.767 (mil setecentas e sessenta e sete) quotas sociais, totalmente subscritas e integralizadas, para Fernando, José e Olímpio, acima qualificados, nas seguintes proporções: (i) Fernando, que ora ingressa na Sociedade, recebe 570 (quinhentas e setenta) quotas, no valor nominal total de R$6.138.278,70 (seis milhões cento e trinta e oito mil duzentos e setenta e oito reais e setenta centavos); (ii) José, que ora ingressa na Sociedade, recebe 567 (quinhentas e sessenta e sete) quotas, no valor nominal total de R$6.105.971,97 (seis milhões cento e cinco mil novecentos e setenta e um reais e noventa e sete centavos); e (iii) Olímpio, que ora ingressa na Sociedade, recebe 630 (seiscentas e trinta) quotas, no valor nominal total de R$6.784.413,30 (seis milhões setecentos e oitenta e quatro mil quatrocentos e treze reais e trinta centavos). Os demais quotistas da Sociedade, presentes a tudo, neste ato declaram expressamente sua concordância com a cessão e transferência de quotas ora aprovada, bem como renunciam a qualquer direito de preferência que poderiam ter na aquisição das mesmas. (Grifei) Quando o recorrente as devolveu à Sociedade TETTO, e recebeu bens e direitos (liquidação de contrato de mútuo de R$ 6.784.413,30), não houve qualquer ganho de capital para a pessoa jurídica que pudesse ser computado como resultado, pois a devolução das participações se deu pelo mesmo valor que já constava em contrato social (valor nominal), conforme se observa às fls. 30, comparada ao trecho transcrito acima: I. Consoante deliberação da Reunião de Sócios ocorrida em 08.08.06, cuja ata compõe o Anexo I ao presente Instrumento, neste ato reduzse o capital social da Sociedade em R$22.054.727,68 (vinte e dois milhões cinqüenta e quatro mil setecentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos), mediante a transferência aos quotistas Fernando Salles Teixeira de Mello, Olímpio Uchoa Vianna, José de Vasconcellos e Silva e Eugênio Pacelli Marques de Almeida Holanda, a título de devolução de sua participação no capital social, nos termos do artigo 22 da Lei nº 9.249/95, de ativos representados por créditos da Sociedade contra esses mesmos quotistas, avaliados pelo seu valor de mercado conforme laudo de avaliação anexo à Fl. 229DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 224 13 ata da mencionada Reunião de Sócios, com o consequente resgate de 2.048 (duas mil e quarenta e oito) quotas no valor nominal de R$ 10.768,91 (dez mil, setecentos e sessenta e oito reais e noventa e um centavos), representativas do capital da Sociedade, pelo preço de resgate total de R$22.054.727,66 (vinte e dois milhões cinquenta e quatro mil setecentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos), com a correspondente redução do capital social. (Grifei) Por seu turno, o recorrente afirma que os bens e direitos foram devolvidos a valor de mercado, conforme laudo. Entretanto, o laudo de avaliação é de 08/08/2006 (fls. 130), mesma data em que foi efetuado o empréstimo ao recorrente. Por lógica, se o laudo foi efetuado na data em que firmado o contrato de mútuo, o resultado do laudo só poderia coincidir com o valor constante nesse contrato. Ocorre que, a devolução das participações societárias se deu três meses depois desse laudo. Além disso, ele apresenta algumas peculiaridades, pois antes da assinatura do contrato de mútuo (08/08/2017), o laudo já avaliava o crédito da empresa contra o recorrente no mesmo valor desse contrato, em 07/08/2017 (fls. 131), ou seja, o crédito foi avaliado antes de sua existência: 3. Após examinarmos os contratos de direitos de crédito, suas cláusulas e condições, bem como os livros contábeis da Sociedade, concluímos que os ativos a serem devolvidos aos seus quotistas montam, em 7 de agosto de 2006, a R$22.054.727,68 (vinte e dois milhões cinqüenta e quatro mil setecentos e vinte e sete reais e sessenta e oito centavos), sendo: [...] 3.2. Ativos a serem devolvidos ao quotista Olímpio Uchôa Vianna em devolução de sua participação no capital social, avaliados pelo seu valor de mercado em R$6.784.413,30 (seis milhões setecentos e oitenta e quatro mil quatrocentos e treze reais e trinta centavos), representados por créditos do mesmo valor detidos pela Sociedade contra o próprio quotista; (Grifei). Acrescentese que no laudo é informado apenas o valor do ativo da empresa, e menciona que os livros contábeis estão organizados e de forma ordenada (fls. 131): 2. Na sede da Sociedade nos foram apresentados para exame os seus livros e documentos contábeis. 2.1. Verificamos que os critérios contábeis adotados para registro dos créditos da Sociedade observaram os requisitos legais e os princípios de contabilidade geralmente aceitos, e que a documentação da Sociedade, como diários e demais livros auxiliares, inclusive toda a escrituração fiscal, está organizada e mantida de forma ordenada. 2.2. Nosso exame indicou não serem necessários ajustes aos registros contábeis dos créditos da Sociedade. Além dessas peculiaridades, falta ao laudo elementos que suportem a avaliação, muito menos é mencionado o critério de avaliação utilizado, ou qualquer outro aspecto que se aproxime do que está disposto no inciso I, alínea "b", do art. 183, e seu § 1º, Fl. 230DF CARF MF 14 alínea "d" da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, modificada pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007: Critérios de Avaliação do Ativo Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo:(Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) [...] b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito;(Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007) [...] § 1o Para efeitos do disposto neste artigo, considerase valor justo:(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro:(Incluída pela Lei nº 11.638,de 2007) 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares;(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) 3) o valor obtido por meio de modelos matemáticoestatísticos de precificação de instrumentos financeiros.(Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) (Grifei) A Lei nº 6.404/76 também estabelece algumas formalidades que o laudo de avaliação de bens deve apresentar: Avaliação Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembléiageral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalandose em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. Fl. 231DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 225 15 § 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembléia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas. (Grifei) O Decreto nº 3.000/99 ao dispor sobre laudo de reavaliação também remete às formalidades do laudo nos termos do art. 8º da Lei nº 6.404, de 1976: Decreto nº 3.000/99 Art.434.A contrapartida do aumento de valor de bens do ativo permanente, em virtude de nova avaliação baseada em laudo nos termos do art. 8º da Lei nº 6.404, de 1976, não será computada no lucro real enquanto mantida em conta de reserva de reavaliação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 35, e Decreto Lei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso VI). Cabe ainda mencionar que o § 4º do art. 60 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e os §§ 1º, 2º e 3º do art. 465 do Decreto nº 3.000/99 tratam do valor de mercado da seguinte forma: Decretolei nº 1.598/77 Art. 60 [...] § 4º Valor de mercado é a importância em dinheiro que o vendedor pode obter mediante negociação do bem no mercado. (Grifei). Decreto nº 3.000/99 Art.465.[...] §1º Valor de mercado é a importância em dinheiro que o vendedor pode obter mediante negociação do bem no mercado (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, §4º). §2º O valor do bem negociado freqüentemente no mercado, ou em bolsa, é o preço das vendas efetuadas em condições normais de mercado, que tenham por objeto bens em quantidade e em qualidade semelhantes (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 60, §5º). §3º O valor dos bens para os quais não haja mercado ativo poderá ser determinado com base em negociações anteriores e recentes do mesmo bem, ou em negociações contemporâneas de bens semelhantes, entre pessoas não compelidas a comprar ou vender e que tenham conhecimento das circunstâncias que influam de modo relevante na determinação do preço (Decreto Lei nº 1.598, de 1977, art. 60, §6º). (Grifei). Como se percebe a determinação do valor de mercado de bens ou direitos, segue alguns critérios, a depender da característica de cada um. Além disso, é importante ressaltar que antes de dispor sobre o valor de mercado em seus parágrafos, o art. 465 trata de Fl. 232DF CARF MF 16 definir o que seriam pessoas ligadas, em uma perfeita sinergia, ao deixar claro que o valor de mercado deve ser determinado de acordo a negociação do bem no mercado, e não entre pessoas ligadas, cujos interesses outros poderiam desvirtuar esse valor. Ocorre que, no caso, o "crédito a receber" que estaria registrado no ativo da TETTO (em função do contrato de mútuo) foi entregue ao recorrente, em contrapartida da devolução de suas participações societárias, sendo que esse crédito era uma obrigação a pagar do próprio recorrente para com a TETTO. Em realidade, a TETTO desembolsou em favor do recorrente R$ 6.784.413,30 (por meio do contrato de mútuo), tendo este desembolsado R$ 630,00 na compra das participações societárias, cuja devolução ensejou a liquidação daquele contrato de mútuo. Assim, entendo correto o julgamento de primeira instância no sentido de que a avaliação se deu a preço contábil, pois o recorrente não trouxe aos autos provas suficientes para suportar sua alegação de que a avaliação se deu a preço de mercado. Com a observação de que os direitos foram devolvidos ao mesmo valor constante no contrato de mútuo firmado entre o recorrente e a TETTO; e, apesar de constar nesse contrato de mútuo a incidência de juros mensal de 1% (um por cento), a dívida do recorrente com a TETTO foi liquidada pelo valor original do contrato, sem menção a qualquer pagamento de juros. Ressalto que, pelo § 3º do art. 22 da Lei nº 9.249/95, o recorrente teria que declarar os bens e direitos recebidos da pessoa jurídica em devolução de sua participação societária, a valor de mercado ou contábil, conforme avaliado por aquela. Entretanto, conforme se vê na DIRPF do recorrente (fls. 11), ele não declarou os bens recebidos pelo valor contábil (ou conforme diz o recorrente, pelo valor de mercado), apenas descreveu as participações adquiridas de Eugênio pelo valor pago a este, assim como, não consta qualquer informação sobre a dívida contraída com a Sociedade TETTO (fls. 12). De acordo com o § 3º do art. 22 da Lei nº 9.249/95, em um primeiro momento temse o valor da participação declarada na DIRPF da pessoa física. Quando esta recebe em devolução bens e direitos, estes são registrados em sua DIRPF pelo mesmo valor que foi avaliado pela pessoa jurídica (a valor de mercado ou contábil), ocasião em que a participação é baixada da DIRPF da pessoa física. Pois bem, na hipótese de uma participação societária ter sido adquirida de terceiros por uma pessoa física a R$ 600,00, esse é o efetivo custo daquela para a pessoa física, pois foi esse o valor que esta desembolsou, independente de a pessoa jurídica ter registrado em sua contabilidade essa participação por R$ 6.000.000,00. Caso a pessoa jurídica devolvesse bens no valor R$ 6.000.000,00 em troca da participação da pessoa física, como esse fato seria registrado DIRPF desta? Os bens recebidos seriam informados em DIRPF por R$ 6.000.000,00, e a participação seria baixada de sua DIRPF pelo valor de R$ 600,00. E como a pessoa jurídica registraria essa operação? Ela daria baixa nos bens devolvidos no valor de R$ 6.000.000,00, e registraria a participação em tesouraria (por exemplo) também no valor de R$ 6.000.000,00. Qual o ganho de capital da Pessoa Jurídica? Nenhum. Nessa operação, houve ganho de capital para a pessoa física, porque adquiriu um bem por R$ 600,00 e recebeu em troca dele direitos no valor de R$ 6.000.000,00. Para se Fl. 233DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 226 17 concluir que ocorreu ganho de capital, aplicouse o conceito de custo de aquisição do art. 16 da Lei nº 7.713/88. O recorrente invoca em sua defesa o art. 22 da Lei nº 9.249/95. Contudo, esse dispositivo veio para evitar que a entrega de bens a sócios em devolução de capital, a valor inferior ao de mercado, fosse considerada distribuição disfarçada de lucros, nos termos do art. 60 do DecretoLei nº 1.598/77: Art 60 Presumese distribuição disfarçada de lucros no negócio pelo qual a pessoa jurídica:(Vigência) I aliena, por valor notoriamente inferior ao de mercado, bem do seu ativo a pessoa ligada; II adquire, por valor notoriamente superior ao de mercado, bem de pessoa ligada; III perde, em decorrência do não exercício de direito à aquisição de bem e em benefício de pessoa ligada, sinal, depósito em garantia ou importância paga para obter opção de aquisição; IV a parte das variações monetárias ativas (art.18) que exceder as variações monetárias passivas (art. 18, parágrafo único).(Redação dada pelo Decretolei nº 2.064, de 1983) V empresta dinheiro a pessoa ligada se, na data do empréstimo, possui lucros acumulados ou reservas de lucros; VI paga a pessoa ligada aluguéis, royaltiesou assistência técnica em montante que excede notoriamente do valor de mercado. VII realiza com pessoa ligada qualquer outro negócio em condições de favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no mercado ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros;(Redação dada pelo Decretolei nº 2.065, de 1983) Por isso que, nos casos de devolução de bens, em que há diferença positiva entre o valor de mercado e contábil, a Lei atribui que a tributação seja na pessoa jurídica: Portanto, o art. 22 da Lei nº 9.249/95 teve uma finalidade. Pois bem, diante dessa informação, pensemos na hipótese em que o próprio Sr. Eugênio recebesse bens da empresa, pela devolução de suas participações societárias. É certo que, pelo citado art. 22 não haveria ganho de capital, pois os bens seriam devolvidos a valor contábil, pelo mesmo valor das participações societárias declaradas na DIRPF (isso seria o esperado, porque o valor nominal que constaria nas alterações contratuais corresponderia ao mesmo valor do bem devolvido). Do contrário, se esses bens fossem devolvidos a valor de mercado, a diferença positiva entre este e aquele, seria ganho de capital, cuja responsabilidade pelo recolhimento do imposto seria da pessoa jurídica. Esse é o sentido da norma, a pessoa jurídica avaliou a valor de mercado, criando o ganho de capital, tornandose responsável pela tributação. Fl. 234DF CARF MF 18 Ocorre que, no caso dos autos, a diferença positiva entre o custo de aquisição das participações societárias e o valor dos bens recebidos em função da devolução destas, não foi criada pela pessoa jurídica, entre um negócio dela com o Sr. Eugênio; mas pelos Srs. Eugênio e Olímpio, que estipularam um negócio em que foram vendidas participações societárias a um valor abaixo do valor nominal. A meu ver, mesmo que os bens tivessem sido entregues a valor de mercado, persistiria a questão do custo de aquisição para determinação do ganho de capital do Sr. Olímpio, pois conforme § 4º do citado art. 22, a responsabilidade do imposto sobre o ganho de capital só será da pessoa jurídica, quando ocorrer diferença positiva entre o valor de mercado e o valor contábil dos bens. No caso dos autos essa diferença se processaria entre o valor de mercado e o valor de aquisição do bem. Portanto, aplicando o citado parágrafo, a pessoa jurídica seria responsável pelo recolhimento do imposto sobre a diferença positiva entre o valor de mercado e o valor contábil, e a pessoa física entre o valor de contábil e o efetivo preço de aquisição das participações societárias. Portanto, vejo que agiu corretamente a fiscalização, porque não resta qualquer dúvida que o recorrente teve um ganho de capital na devolução dessas participações, e um acréscimo patrimonial, nos termos do §1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88. O recorrente colaciona jurisprudência sobre a prevalência do valor de marcado, nos casos em que há coincidência entre este e o valor contábil (Acórdão nº 106 15.131). Ocorre que tal jurisprudência não se aplica aos autos; primeiro, porque o recorrente não comprovou que os bens estavam avaliados a valor de mercado; segundo, porque a responsabilidade do recolhimento do imposto só será sobre a diferença positiva que se firmar entre o valor de mercado e o valor contábil, se a pessoa jurídica avaliar a valor de mercado. Ocorre que, como vimos, a diferença se processou entre o valor contábil (ou de mercado como pensa a recorrente) e o valor de aquisição das participações societárias. Nesse sentido, ouso discordar dos argumentos do acórdão colacionado pelo recorrente, para sustentar sua tese de prevalência do valor de mercado. Ora, a atribuição à pessoa jurídica pela responsabilidade do recolhimento do imposto sobre a diferença entre o valor de mercado e o contábil, quando os bens ou direitos são devolvidos a valor de mercado, é coerente, porque houve um ganho de capital foi criado na empresa, então o imposto recairia sobre ela, e não sobre a pessoa física. Agora, se há coincidência entre valor contábil e valor de mercado, nenhum ganho de capital foi criado nela, aplicandose a regra geral do ganho de capital, e o imposto incide nos termos do caput e § 1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88, ou seja, tributase aquele que obteve o acréscimo patrimonial. É certo que a Administração Pública pautase por vários princípios, expressos no art. 2º da Lei nº 9.784/99, de 29 de janeiro de 1999, conforme citado no acórdão colacionado. Quanto a isso, em uma primeira análise, poderseia dizer que pelo princípio da razoabilidade, ampla defesa e contraditório, não se poderia invocar regra geral do ganho de capital, por ser mais gravosa ao contribuinte. Entretanto, especificamente no caso dos autos, a regra geral se aplica, porque foge à finalidade do art. 22 da Lei nº 9.249/95, qual seja, tributar o ganho de capital criado na pessoa jurídica, evitando que a operação seja caracterizada como distribuição disfarçada de lucro. O recorrente afirma que os fatos não estão enquadrados no art. 61 da IN SRF nº 11/96. Entretanto, a concomitância desse dispositivo com o §1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88, fazme entender de forma diversa, pois as participações foram adquiridas de um terceiro por valor inferior ao patrimonial (contábil/nominal), e foram alienadas pelo valor patrimonial, que, Fl. 235DF CARF MF Processo nº 12897.000264/200941 Acórdão n.º 2202004.427 S2C2T2 Fl. 227 19 por coincidência, era o valor de mercado (pelo menos de acordo com um laudo que não atende às formalidades do art. 8º da Lei nº 6.404/76). Nesse aspecto, pelo princípio da razoabilidade, do interesse público, e da proporcionalidade, a tributação sobre o ganho de capital é daquele que teve acréscimo patrimonial, nos termos do § 1º do art. 3º da Lei nº 7.713/88. Então, seria razoável, proporcional e legal, que diante da existência de um ganho de capital tributável ninguém pagasse imposto sobre ele? Os argumentos do recorrente desejam uma resposta positiva a esse questionamento, porque se alegar que a avaliação se deu a valor de mercado, a responsabilidade pelo imposto é da pessoa jurídica; entretanto, esta nada pagaria porque não houve ganho de capital para ela, uma vez que o valor de mercado coincidiu com o valor contábil dos bens devolvidos. De seu lado, o recorrente também nada pagaria, pois a avaliação se daria a valor de mercado. Ou seja, ninguém pagaria tributo sobre o ganho de capital auferido pelo recorrente. Ocorre que, a intenção do art. §§ 1º e 4º do art. 22 da Lei nº 9.249/95, conforme visto neste voto, não foi eximir ambas as pessoas do pagamento do imposto, mas atribuir a um ou a outro esse pagamento. Assim, a Lei atribuiu à pessoa jurídica a responsabilidade pelo pagamento do imposto (§ 1º), retirandoa da pessoa física (§ 4º). Ou seja, a intenção da lei, não foi deixar o Fisco sem a tributação, como quer o recorrente, mas evitar que ambas as pessoas acabem pagando o mesmo imposto. Por essa mesma razão, não se sustenta a alegação do recorrente de que ao caso se aplica o inciso XLVI do art. 39 do Decreto nº 3.000/99, em que no cômputo do rendimento bruto não entra "a diferença a maior entre o valor de mercado de bens e direitos recebidos em devolução do capital social e o valor destes" (bens e direitos); porque parte de uma leitura isolada do dispositivo, que deve guardar consonância com todos os dispositivos legais sobre ganho de capital discutidos ao longo deste voto. Por todo o exposto, entendo que a fiscalização agiu corretamente, ao considerar como ganho de capital a diferença entre o valor efetivamente pago pelo recorrente pelas participações societárias adquiridas do Sr. Eugênio, e o valor recebido em bens e direitos da Sociedade TETTO, em forma de contrato de mútuo, cuja devolução das participações societárias do recorrente no capital social, provocou a liquidação da dívida assumida por meio desse contrato. Assim, não vejo razão para reforma do acórdão recorrido. Da multa de ofício O recorrente assevera que a multa aplicada é desproporcional à gravidade da conduta do recorrente, e possui cunho confiscatório. Ocorre que, a multa foi aplicada por exigência do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e a este Conselho não é dado se pronunciar sobre ilegalidade e inconstitucionalidade de Lei em plena vigência, ou deixar de aplicála, nos termos do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 2: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar Fl. 236DF CARF MF 20 de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, rejeitar a preliminar, e no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Fl. 237DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000299/2008-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
Ementa:
LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA
"É valido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo." (Súmula CARF nº 27)
Numero da decisão: 2202-004.345
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 2403-002.382, de 21/01/2014, manter a decisão original, sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
WALTIR DE CARVALHO - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA "É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo." (Súmula CARF nº 27) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 2403002.382, de 21/01/2014, manter a decisão original, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) WALTIR DE CARVALHO Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 02 99 /2 00 8- 00 Fl. 320DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 321 2 Relatório Tratase, em breves linhas, de Embargos de Declaração opostos pela Contribuinte visando sanear omissão na decisão proferida no Acórdão CARF nº 2403002.382, de 21/01/2014 (fls. 216/221). O recurso foi admitido pelo presidente da 2ª SEJUL (fl. 317/319), que determinou a redistribuição dos autos no âmbito da Seção ante à extinção desse colegiado e do fim do mandato do Cons. Relator original. Feito o breve resumo da lide, passo ao relatório pormenorizado dos autos. Tratase de lançamento de ofício do AI DEBCAD nº 37.157.0077 (fls. 2/6) referente à CFL 68. O relatório fiscal consta às fls. 12/13 e docs. anexos fls. 14/17). Intimada do lançamento, a Contribuinte apresentou impugnação (fls. 44/55). A DRJ proferiu então o acórdão nº 1224.811, de 29/06/2009 (fls. 149/168), no qual manteve o lançamento. Intimada e ainda inconformada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 172/183) no qual argumentou, em síntese: · Que o lançamento é nulo ante a incompetência da autoridade lançadora; · Que o lançamento se refere a multa pelo descumprimento de obrigação acessória e que, portanto, está vinculada aos processos administrativos nº 15586.000298/200857 e 15586.000296/200868; · Que o PLR não é fato gerador da Contribuição Previdenciária e, portanto, derrubando o auto de infração principal, deve ser afastada a multa acessória; · Que não pode ser considerada base de cálculo o valor integral dos planos de saúde já que a empresa arcava apenas com parte deles e, derrubando o crédito principal, deve ser afastada a multa acessória; e · Que deve ser aplicada a norma do art. 32A da Lei nº 8.212/1991, em conformidade com a retroatividade da norma mais benigna. Chegando a este e.CARF, foi então proferido o acórdão nº 2403002.382, de 21/01/2014 (fls. 216/221), que não conheceu do recurso e restou assim ementado e acordado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PREVIDENCIÁRIO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. PRINCÍPIO DAS RETROATIVIDADE BENIGNA. MULTA MAIS BENÉFICA. A apresentação de GFIP sem o registro de todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias constitui infração à Legislação Previdenciária. Fl. 321DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 322 3 O artigo 106, “c” , do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna O contribuinte autuado na forma da infração à Lei n.° 8.212, de 24 de julho de 1991, artigo 32, inciso IV, parágrafo 5°, combinado com o Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, artigo 225, inciso IV e parágrafo 4°, não tendo sido constatada ocorrência de circunstâncias agravantes previstas no mesmo Regulamento, artigo 290, se mais benéfico, cabe o recálculo da multa de acordo com a redação do artigo 32A da Lei 8.212/91, dada pela Lei 11.941/2009. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando o recalculo do valor da multa, se mais benéfico ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 32A da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009. Intimada a PFN, esta apresentou REsp (fls. 223/240). A Contribuinte foi então intimada em 22/04/2016 (fl. 251) da decisão do CARF e do REsp interposto pela PFN. Protocolou, por sua vez, Embargos de Declaração em 27/04/2016 (fls. 253/256), apontando omissão no acórdão recorrido quanto à alegação de incompetência da DRF de Vitória para fiscalizar e constituir crédito tributário contra ela. Protocolou também Contrarrazões ao REsp. (fls. 303/307) Os embargos foram admitidos pela presidência da 2ª SEJUL em 24/08/2017 (fls. 317/319) nos seguintes termos: De fato, assiste razão ao embargante. O acórdão embargado não apreciou a questão suscitada pelo sujeito passivo em seu recurso voluntário relativa à incompetência da DRF de Vitória ES para praticar quaisquer atos de fiscalização do Contribuinte. Assim, faz se necessário suprir a referida omissão, mediante a prolação de novo Acórdão. Diante do exposto, devese acolher os Embargos de Declaração e, consequentemente, submeter os autos novamente à apreciação do Colegiado, com vistas a sanar a omissão em tela. Considerando que o colegiado que proferiu a decisão embargada foi extinto e que o conselheiro relator não mais pertence a colegiados na 2a Seção do CARF, encaminhese o processo para novo sorteio, no âmbito dos colegiados da 2a Seção do CARF, para relatoria e futura inclusão em pauta de julgamento. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 323 4 É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Os embargos são tempestivos e preenchem os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Conforme o despacho de admissibilidade, a lide se limita à análise da omissão tocante à suscitada nulidade no lançamento por incompetência da autoridade lançadora. Segundo esclarece a Contribuinte, ao tempo do lançamento a DRF de Vitória não detinha competência para fiscalizála e muito menos para lançar o tributo. Tal argumento não pode prevalecer. A verdade é que a distribuição de competências dentro da receita federal tem o objetivo tão somente de dar maior eficiência aos trabalhos de fiscalização, aumentando a produtividade dos servidores públicos. Contudo, a atribuição por Portaria a uma determinada Delegacia não tem o condão de retirar a competência legalmente atribuída aos auditores fiscais para autuar os Contribuintes sempre que forem identificadas infrações à legislação tributária. Efetivamente, é o art. 142 do CTN que atribui à autoridade administrativa a competência para constituir o crédito tributário, acrescentando, em seu parágrafo único, tratar se de atividade vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Acrescentase que o art. 6º da Lei nº 10.593/2002, com alterações posteriores, atribui ao auditor fiscal a competência para constituir o crédito tributário. Ainda, que o art. 9º, § 2º, do Decreto nº 70235/1972 ratifica a validade dos lançamentos mesmo quando formalizados por servidores de jurisdição diversa daquela do domicílio do sujeito passivo. Nesse contexto, o CARF já consolidou inclusive a Súmula sobre a matéria: Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. Portanto, não assiste razão à Contribuinte nesse ponto. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, voto por acolher os Embargos de Declaração para, sanando a omissão apontada no Acórdão nº 2403002.382, de 21/01/2014, manter a decisão original, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 323DF CARF MF Processo nº 15586.000299/200800 Acórdão n.º 2202004.345 S2C2T2 Fl. 324 5 Fl. 324DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.721026/2013-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE CONCESSÃO TARDIA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. FONTE PAGADORA INSS. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62 § 2º.
No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial ou administrativa, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos como direito. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 - B e 543 - C do CPC. Art. 62 § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.354
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente convocada), que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente convocada), que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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FONTE PAGADORA INSS. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. REGIMENTO INTERNO DO CARF. ART. 62 § 2º. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial ou administrativa, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitandose, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos como direito. Jurisprudência do STJ e do STF, com aplicação da sistemática dos Arts. 543 B e 543 C do CPC. Art. 62 § 2º do RICARF determinando a reprodução do entendimento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio de Lacerda Martins (Suplente convocado) e Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente convocada), que deram provimento parcial ao recurso para que sejam aplicadas aos rendimentos recebidos acumuladamente as tabelas progressivas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 10 26 /2 01 3- 45 Fl. 41DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 42 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (Suplente Convocada), José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Autoridade Julgadora de 1ª instância (fl. 21), complementandoo ao final: O processo referese à Notificação de Lançamento de fls. 06 e seguintes (folhas do processo digitalizado), com o lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar, relativo ao ano calendário de 2008, no valor originário de R$ 11.812,80, mais a correspondente multa de ofício de 75% e juros de mora. Conforme relatado pela fiscalização na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (às fls. 07), o imposto suplementar lançado por meio da Notificação de Lançamento em tela tem por base alterações nos valores informados na Declaração de Ajuste Anual do ano calendário em questão, decorrentes de omissão de rendimentos do trabalho com e/ou sem vínculo empregatício, pagos por pessoa jurídica. DA IMPUGNAÇÃO O contribuinte apresentou impugnação em 22/04/2013, anexa às fls. 02 e seguintes, cujo protocolo foi considerado tempestivo, conforme consta em despacho emitido pela unidade de origem, às fls. 18. O notificado requer a anulação do lançamento tributário em tela, alegando que o lançamento é indevido posto que os rendimentos apontados pela fiscalização como omitidos, correspondem a diferenças de cálculo de aposentadoria, apurados mês a mês e referentes aos anos calendário de 2003 a 2007. Ao analisar a impugnação, fixou a DRJ em São Paulo I/SP, em resumo, que: a) Verificase nos documentos de fls. 11 e 12 e na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – DIRF emitida pela fonte pagadora (às fls. 20), que parte dos rendimentos oriundos de benefício previdenciário, referemse a valores apurados no período de Fl. 42DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 43 3 07/1994 a 03/2003 e que foram recebidos acumuladamente no ano calendário de 2008. Verificase por meio dos documentos de fls. 11, 12 e 20, que o pagamento dos valores a título de revisão de benefício pago pela Previdência Social ocorreu durante o ano calendário 2008. b) Em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente antes de 01/01/2010, aplicase a regra do artigo 12 da Lei no 7.713/1988, vigente à época em que ocorreu o fato gerador, que determina que "No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização". Assim, decidiu a instância recorrida pela improcedência da impugnação. Cientificado dessa decisão em 08 de outubro de 2013 (AR na folha 30), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 07 de novembro de 2013 (protocolo na folha 32), onde repisa que recebeu, em 2008, montante que se referia a aposentadorias mensais não pagas em períodos anteriores, pelo INSS. Diz que "está sendo penalizado a recolher imposto, decorrente da somatória de valores que lhe eram devidos mensalmente e cujo pagamento em atraso pela previdência já lhe custou caro para manter a si e seus compromissos financeiros." Acrescenta ainda que o próprio "governo" já reconheceu a injustiça dessa forma de tributação ao implementar o artigo 12A na Lei nº 7.713, de 1988. PEDE o acolhimento de seu recurso cancelandose o débito fiscal reclamado. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Verifico a partir da análise destes autos, especialmente da "Carta de Concessão/Memória de Cálculo" que consta das folha 12, e que já constava do processo desde a impugnação, e do detalhamento da DIRF (fl. 20) que o INSS pagou ao contribuinte, em 03/2008, R$ 68.810,66, montante que se refere à revisão do benefício previdenciário no período de 08/1994 a 03/2003. Afora o mês de março, conforme o detalhamento mensal, observo que a aposentadoria do contribuinte, em 2008, era de R$ 1.435,77 (janeiro e fevereiro) e R$ 1.507,55 (demais meses). Depreendese, então, pela Notificação de Lançamento e conforme tratado pelo Acórdão recorrido, que a tributação deuse na forma do artigo 12 da Lei nº 7.713/1988, Fl. 43DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 44 4 que determina que, nesses casos, o imposto incide sobre o total dos rendimentos, no mês do recebimento do valor, diminuído das despesas com a ação judicial necessárias ao recebimento. Ocorre, entretanto, que a constitucionalidade da regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, sobre a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente no mês do recebimento do crédito, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil (CPC), em decisão assim ementada: “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Em 23/10/2014, a Suprema Corte assim decidiu, em relação à matéria: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em negar provimento ao recurso extraordinário, por maioria, vencida a relatora, Ministra Ellen Gracie, em sessão presidida pelo Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. Fl. 44DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 45 5 Voto. Ministra Ellen Gracie Relatora: O Acórdão recorrido considerou inconstitucional o art. 12 da Lei 7.713/88, que determinou a incidência do imposto por ocasião do recebimento dos valores, sobre a sua totalidade. Entendeu violados os princípios da isonomia, da capacidade contributiva e da proporcionalidade, nos termos do que restou sintetizado na ementa do acórdão relativo à argüição de inconstitucionalidade julgada pela Corte Especial daquele Tribunal Regional Federal da 4ª Região: (...) Voto Ministro Marco Aurélio Redator do Acórdão: Não passa pela minha cabeça que o sistema possa apenar o contribuinte duas vezes. Explico melhor: o contribuinte não recebe as parcelas na época devida. É compelido a ingressar em Juízo para ver declarado o direito a essas parcelas e, recebendo as posteriormente, há a junção para efeito de incidência do Imposto de Renda, surgindo, de início, a problemática da alíquota, norteada pelo valor recebido. (...) Qual é a consequência de se entender de modo diverso do que assentado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região? Haverá, como ressaltado pela doutrina, principalmente a partir de 2003, transgressão ao princípio da isonomia. Aqueles que receberam os valores nas épocas próprias ficaram sujeitos a certa alíquota. O contribuinte que viu resistida a satisfação do direito e teve que ingressar em Juízo será apenado, alfim, mediante a incidência de alíquota maior. Mais do que isso, tem se o envolvimento da capacidade contributiva... (...) Ou seja, o fato de o direito haver sido resistido e de se ter que acionar garantia inerente à cidadania, que é a do ingresso em Juízo, implicaria a majoração da alíquota. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) também já havia se manifestado sobre a matéria, como lembraramse os Ministros do STF, inclusive atribuindo aos recursos a sistemática dos “repetitivos”, sobre a interpretação a ser dada ao dispositivo da Lei nº 7.713/1988, em comento. Vejamos: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido Fl. 45DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 46 6 adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. (grifei) 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008.(grifei) (REsp 1.118.429 / SP RECURSO ESPECIAL 2009/00557226. Ministro HERMAN BENJAMIN (1132). DJe 14/05/2010) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. (...). ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ QUANTO AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DE PARCELAS PAGAS ACUMULADAMENTE EM CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. TEMAS JÁ JULGADOS PELA SISTEMÁTICA INSTITUÍDA PELO ART. 543C DO CPC. 1.... 2. Em relação ao ponto do recurso especial em que a Procuradoria da Fazenda Nacional alega contrariedade ao art. 12 da Lei n. 7.713/88 e impugna o capítulo do acórdão do Tribunal de origem sob a rubrica "Da incidência mês a mês do imposto de renda", consta da decisão ora agravada que o mencionado recurso não procede porque a decisão proferida pelo Tribunal de origem está em consonância com a orientação firmada pela Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do recurso repetitivo REsp 1.118.429/SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), cuja ementa assim enuncia: "O imposto de renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente." 3. Ao dispor sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, o art. 12 da Lei 7.713/88 disciplina o momento da incidência do imposto de renda, porém nada diz a respeito das alíquotas aplicáveis a tais rendimentos. Assim, no julgamento do recurso especial, não ocorreu violação do art. 97 da Constituição da República, tampouco contrariedade à Súmula Vinculante n. 10/STF. Como já proclamou a Quinta Turma, ao julgar os EDcl no REsp 622.724/SC (Rel. Min. Felix Fischer, REVJMG, vol. 174, p. 385), "não há que se falar em violação ao princípio constitucional da reserva de plenário (art. 97 da Lex Fundamentalis) se, nem ao menos implicitamente, foi declarada a inconstitucionalidade de qualquer lei".(sublinhei) 4. Agravo regimental não provido. Fl. 46DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 47 7 (AgRg no AgRg no REsp 1332443 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES 2012/0138520 DJe 08/02/2013) Outrossim, diz ALEXANDRE DE MORAES que “assim como podemos afirmar que o STF é o guardião da Constituição, também podemos fazêlo no sentido de ser o STJ o guardião do ordenamento jurídico federal” . Continuando, o autor diz que em relação ao recurso especial, ensinanos o Ministro do STJ Sálvio de Figueiredo Teixeira, tratarse: “de modalidade de recurso extraordinário latu sensu, destinado, por previsão constitucional, a preservar a unidade e autoridade do direito federal, sob inspiração de que nele o interesse público, refletido na correta interpretação da lei, deve prevalecer sobre os interesses das partes...”(MORAES. Alexandre, Direito Constitucional, 15ª ed., São Paulo : Atlas, 2004, p. 496 e 498)(sublinhei) Para REGINA HELENA COSTA, “a aplicação reiterada das normas jurídicas por órgãos do Poder Judiciário constrói pensamento hábil a orientar a conduta dos jurisdicionados, bem como influenciar a atuação dos legisladores e administradores na busca de aperfeiçoamentos e modificações que o ordenamento jurídico requer.”(sublinhei) Assim, conclui a Ministra do STJ e livredocente em Direito Tributário, que: “Nos dias atuais, inegável o papel da jurisprudência como fonte do direito. Conquanto não ostente a mesma importância que apresenta nos países que adotam o sistema da common law, a jurisprudência tem ganho cada vez mais visibilidade, especialmente no campo tributário, à vista do elevado grau de litigiosidade existente nessa seara.” (COSTA. Regina Helena, Curso de Direito Tributário, 2ª ed. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 47)(destaquei) O que os Tribunais Superiores ratificam, na minha modesta leitura, seguindo aliás a melhor doutrina, é que existem, dentre outros, dois aspectos distintos do fato gerador: Aspecto quantitativo do Fato Gerador: neste aspecto, destacam se a base de cálculo e a alíquota. Na operação de lançamento tributário, após a verificação da ocorrência do fato gerador, da identificação do sujeito passivo e da determinação da matéria tributável, há que se calcular o montante do tributo devido aplicandose a alíquota sobre a base de cálculo. Esta é, pois, uma ordem de grandeza própria do aspecto quantitativo do fato gerador. Aspecto temporal do Fato Gerador: é de fundamental importância esse aspecto para definição da lei aplicável, segundo o princípio tempus regit actum. Esse aspecto diz respeito ao momento da consumação ou da ocorrência do fato gerador, ....(HARADA. Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário, 23ª ed, Atlas : São Paulo, 2014, p. 544/545) Observo assim a aplicação do artigo 62 § 2º do Regimento Interno do CARF: Fl. 47DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 48 8 Artigo 62, § 2º. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Considerando que a jurisprudência do STJ já havia se posicionado pela forma como deveria ser interpretado o art. 12 da Lei nº 7.713/1988 e, mais recentemente, o STF entendeu pela sua inconstitucionalidade do dispositivo, verifico então que existe erro de cunho material na apuração do montante devido, por aplicação incorreta da fórmula para apuração do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) e observo a determinação contida no Art. 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, como fundamento para decidir. Vinhamse verificando, na jurisprudência deste CARF, decisões no seguinte sentido, no tocante a esta matéria: Acórdão 2201002.387 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de abril de 2014 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para aplicar aos rendimentos recebidos acumuladamente a tabela progressiva vigente à época em que os valores deveriam ter sido pagos ao Contribuinte, nos termos do voto do relator. Transcrevo e destaco daquele Voto: Releva tratarse de rendimento recebido acumuladamente para incidir na regra do art. 62A, do Regimento Interno deste Conselho, pouco importando a espécie ou a natureza do rendimento recebido, se trabalhista, previdenciário ou outro, importa ser rendimento acumulado tributado. Pois bem, a autuação levou em consideração o rendimento total recebido, de forma acumulada, sem separar o período de cada competência. Por essa razão é necessário provimento parcial ao recurso para o recalculo da autuação. Pois bem, como se observa aqui, neste Voto, concordo em parte com o entendimento lá proferido pela Colenda Turma Ordinária, contudo, peço vênia para divergir em relação à parte que entende ser cabível devolver à Receita Federal os autos, para que se faça novo cálculo do tributo devido, aplicando as tabelas progressivas vigentes à época de cada competência (mês) dos rendimentos recebidos. Isso porque o artigo 142 do CTN dispõe que o ato de lançamento constituise na atividade atinente à autoridade administrativa para: verificar a ocorrência do fato gerador e determinar a matéria tributável (antecedentes), calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo (consequentes). Portanto, esses elementos constituemse em aspectos da hipótese de incidência tributária. Fl. 48DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 49 9 Socorrendome mais uma vez na doutrina de REGINA HELENA COSTA: Os aspectos pessoal e quantitativo compõem o chamado "consequente" da hipótese de incidência tributária, isto é, descrita a materialidade e indicadas as coordenadas espacial e temporal do fato no antecedente da norma, exsurge uma relação jurídica mediante a qual um sujeito possui o direito de exigir o tributo e outro sujeito o dever de pagálo (aspecto subjetivo), apontandose o valor da prestação correspondente (aspecto quantitativo).(Op. Cit. p. 205) Ora, se houve equívoco reconhecido na apuração do montante devido (aspecto quantitativo da hipótese de incidência) o lançamento encontrase viciado e, para sanar o problema, necessário ser feito um novo lançamento. Não é possível, data maxima venia, "corrigir" ou "emendar" um lançamento onde se reconhece que houve erro na apuração do tributo, por aplicação equivocada de alíquotas indevidas sobre bases de cálculo acumuladas. Não entendo que se trate de mero erro de forma, de inobservância de aspectos formais, mas que esteve ferida a própria substância do lançamento, na aferição do montante devido. Porque, observando o processo tributário, forma é aquilo que existe para garantir às partes o exercício de seus direitos, como, por exemplo, a ampla defesa e o livre acesso ao judiciário. Cito: "... porque as formalidades se justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) E, em ordem prática, suponhase que efetuada nova apuração e encaminhada a cobrança o sujeito passivo dela discorde. Como se darão a impugnação e recurso, nos termos das normas reguladoras do processo administrativo fiscal? Recomeça a fase litigiosa do procedimento? De forma análoga, se o Fisco identifica incorretamente o sujeito passivo, cobrando de Tício quando o contribuinte ou responsável é Mélvio, não se pode simplesmente alterar a ficha de identificação do Auto de Infração e exigir o tributo, agora corretamente, encaminhando a notificação de cobrança, após o julgamento de recurso daquele, a esse. É necessário um novo lançamento, porque se feriram aspectos substanciais da hipótese de incidência tributária. Nesses casos, o novo lançamento só seria possível enquanto não decaído o direito da Fazenda Pública e observadas todas as normas pertinentes, na legislação tributária. CONCLUSÃO. Pelo exposto, VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, consubstanciada na Notificação de Lançamento. Assinado digitalmente Fl. 49DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13819.721026/201345 Acórdão n.º 2202003.354 S2C2T2 Fl. 50 10 Marcio Henrique Sales Parada Fl. 50DF CARF MF Impresso em 19/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 11 /05/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 17/05/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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