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Numero do processo: 19991.000119/2009-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2007
COMPENSAÇÃO DE DÉBITO TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Uma vez comprovado nos autos, que não existe o direito creditório utilizado pela contribuinte no procedimento compensatório, mantém-se a decisão não homologatório da compensação declarada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.725
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2007 COMPENSAÇÃO DE DÉBITO TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez comprovado nos autos, que não existe o direito creditório utilizado pela contribuinte no procedimento compensatório, mantém-se a decisão não homologatório da compensação declarada. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2007 COMPENSAÇÃO DE DÉBITO TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Uma vez comprovado nos autos, que não existe o direito creditório utilizado pela contribuinte no procedimento compensatório, mantémse a decisão não homologatório da compensação declarada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 99 1. 00 01 19 /2 00 9- 31 Fl. 125DF CARF MF 2 Tratase de Declaração de Compensação (DComp) de fls. 2/5, transmitida em 18/4/2008, em que informada a compensação do crédito de pagamento indevido da Contribuição para o PIS/Pasep, pleiteado no processo nº 13603.001731/200891, no valor de R$ 14.165,88, com débito da Cofins do mês de março de 2008. Sob o argumento de que não existia o crédito informado, por intermédio do Despacho Decisório de fl. 9, a compensação não foi homologada. Segundo o Despacho Decisório de fls. 6/8, proferido no âmbito do referido processo de restituição, o direito creditório pleiteado foi integralmente indeferido, porque a interessado não atendeu as reiteradas intimações para juntada das cópias dos DARF aos autos. Em sede de manifestação de inconformidade, a contribuinte alegou que o presente procedimento compensatória teria que aguardar o desfecho final dos autos do citado processo de restituição, logo, toda a argumentação ofertada naquele processo deveria ser levada em consideração neste processo. No final, solicitou a juntada deste processo ao mencionado processo de restituição. Sobreveio o acórdão da 1ª Turma de Julgamento da DRJ – Juiz de Fora/MG, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade e manteve a não homologação da compensação, com base no argumento de que não existia o crédito informado, uma vez que fora mantido o indeferimento integral do crédito pleiteado no processo nº 13603.001731/200891, por meio do Acórdão nº 28.748, de 24/3/2010, prolatado pela 2ª Turma de Julgamento daquela DRJ. Por falta de previsão legal, também foi indeferido o pedido de apensamento dos citados processos. Em 3/2/2012, a Recorrente foi cientificada da decisão primeira instância. Em 22/2/2012, protocolou o recurso voluntário de fls. 40/56, em que reafirmou o argumento aduzido na manifestação de inconformidade, concernente à dependência do julgamento deste processo em relação ao que decido nos autos do processo de restituição. Em aditamento, alegou que o direito creditório pleiteado no citado processo consistia nos valores da contribuição pagos sobre outras receitas que não pertenciam ao conceito de faturamento. Na Sessão de 28 de fevereiro de 2013, por meio da Resolução nº 3802 000.090, os membros da extinta 2ª Turma Especial desta Terceira Seção de Julgamento, converteu o julgamento em diligência, para que a unidade da Receita Federal de origem (i) informasse o resultado da decisão definitiva, de que trata o art. 42 do Decreto nº 70.235, de 1972, a ser prolatada no processo nº 13603.001731/200891; (ii) juntasse a cópia do respectivo julgado; e (iii) informasse o valor do crédito reconhecido, se fosse o caso, passível de utilização na compensação em questão. Em 12/11/2013, por meio do Parecer Fiscal de fls. 117/118, a autoridade fiscal informou que fora proferida a decisão administrativa definitiva no âmbito do processo nº 13603.001731/200891, em que o crédito pleiteado pela recorrente fora integralmente indeferido. Para corroborar a referida, foram colacionados aos autos (fls. 70/116), os documentos representativos das correspondentes decisões denegatórios dos recursos interpostos pela recorrente. Regularmente cientificado da conclusão da referida diligência, a recorrente não se manifestou a respeito. É o relatório. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 19991.000119/200931 Acórdão n.º 3302003.725 S3C3T2 Fl. 126 3 Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator O recurso é tempestivo, preenche os demais requisitos de admissibilidade e trata de matéria da competência deste Colegiado, portanto, dele tomase conhecimento. O cerne da presente controvérsia resumese à questão de fato, atinente à ausência de comprovação da existência dos requisitos de certeza e liquidez do crédito utilizado na compensação do débito da Cofins do mês de março de 2008, informado na DComp colacionada aos autos. Com efeito, na referida DComp foi informado a compensação do citado débito, com crédito proveniente de pagamento indevido da Contribuição para o PIS/Pasep, pleiteado no âmbito do processo nº 13603.001731/200891. A documentação coligida aos autos (fls. 70/116), por meio de diligência fiscal, ratifica a informação prestada pela autoridade fiscal da unidade da Receita Federal de origem, Parecer Fiscal de fls. 117/118, que o citado pedido de restituição fora indeferido e esse indeferimento fora confirmado por decisão administrativa definitiva, prolatada no âmbito do citado processo. Dessa forma, uma vez demonstrada a inexistência do valor crédito utilizado no procedimento compensatório em apreço, mantémse a decisão de não homologatória da compensação proferida pelo titular da unidade da Receita Federal de origem. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter na íntegra a decisão recorrida. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 127DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15540.720383/2011-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. VALE-TRANSPORTE EM DINHEIRO. NÃO INCIDÊNCIA.
Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos em dinheiro a título de vale-transporte.
ABONO. PAGAMENTO MENSAL E NÃO EVENTUAL. NATUREZA DA RUBRICA. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. PRINCÍPIO DA REALIDADE. PREPONDERÂNCIA SOBRE O ASPECTO FORMAL.
1. A constância dos pagamentos realizados a título de abono e a inexistência de qualquer razão plausível para tanto afasta o caráter não eventual da verba, integrando-a ao conceito de remuneração, por se tratar de rendimentos destinados a retribuir o trabalho.
2. O traço não eventual dá ao valor pago a feição de remuneração, integrativa, pois, do salário-de-contribuição, inexistindo, ainda, as demais hipóteses de exclusão referidas no § 9º supra mencionado.
3. Não importa a nomenclatura que se dê ao pagamento, mas sim a sua natureza, pois o princípio da realidade sobrepõe-se ao aspecto formal, considerados os elementos tributários.
GILRAT. ALÍQUOTA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM GERAL. 2%. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 02.
1. A alegação de inconstitucionalidade do Decreto 6.042/2007 não pode ser provida, pois este Conselho não tem competência para declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
2. Súmula CARF nº 02: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
3. O art. 62 do RICARF também veda aos membros do CARF afastar a aplicação de lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.
4. Em consonância com o Decreto 6.042/2007, para os órgãos públicos, a correspondente alíquota do SAT/GILRAT foi alterada de 1% (risco leve) para 2% (risco médio), a partir da competência 06/2007.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2402-005.572
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial, para excluir do lançamento os valores pagos em dinheiro a título de vale-transporte.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento parcial, para excluir do lançamento os valores pagos em dinheiro a título de vale-transporte. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
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VALE TRANSPORTE. ABONO E ALÍQUOTA GILRAT Recorrente MUNICÍPIO DE NOVA FRIBURGO (PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA FRIBURGO) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. VALE TRANSPORTE EM DINHEIRO. NÃO INCIDÊNCIA. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos em dinheiro a título de valetransporte. ABONO. PAGAMENTO MENSAL E NÃO EVENTUAL. NATUREZA DA RUBRICA. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. PRINCÍPIO DA REALIDADE. PREPONDERÂNCIA SOBRE O ASPECTO FORMAL. 1. A constância dos pagamentos realizados a título de abono e a inexistência de qualquer razão plausível para tanto afasta o caráter não eventual da verba, integrandoa ao conceito de remuneração, por se tratar de rendimentos destinados a retribuir o trabalho. 2. O traço não eventual dá ao valor pago a feição de remuneração, integrativa, pois, do saláriodecontribuição, inexistindo, ainda, as demais hipóteses de exclusão referidas no § 9º supra mencionado. 3. Não importa a nomenclatura que se dê ao pagamento, mas sim a sua natureza, pois o princípio da realidade sobrepõese ao aspecto formal, considerados os elementos tributários. GILRAT. ALÍQUOTA. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM GERAL. 2%. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 02. 1. A alegação de inconstitucionalidade do Decreto 6.042/2007 não pode ser provida, pois este Conselho não tem competência para declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 54 0. 72 03 83 /2 01 1- 67 Fl. 891DF CARF MF 2 2. Súmula CARF nº 02: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 3. O art. 62 do RICARF também veda aos membros do CARF afastar a aplicação de lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. 4. Em consonância com o Decreto 6.042/2007, para os órgãos públicos, a correspondente alíquota do SAT/GILRAT foi alterada de 1% (risco leve) para 2% (risco médio), a partir da competência 06/2007. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe provimento parcial, para excluir do lançamento os valores pagos em dinheiro a título de valetransporte. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 892DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 12ª Turma da DRJ/RJ1, cuja ementa e resultado são os seguintes: CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Constando dos autos do processo todos os anexos e documentos necessários ao esclarecimento do lançamento do débito para o contribuinte, além da fundamentação legal do mesmo, não há que se falar em nulidade por cerceamento do direito de defesa. ABONO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RGPS. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. A isenção, como forma de exclusão do crédito tributário só pode ser criada pelo ente federativo competente para instituir o tributo, sob pena de invasão da competência tributária, da violação do princípio federativo e, consequentemente, da autonomia entre os entes políticos. VALE TRANSPORTE. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Os valores despendidos pela empresa com transporte de seus empregados, quando pagos em desacordo com a lei, constituem fatos geradores da contribuição previdenciária. RAT. GRAU DE RISCO. CNAE. O enquadramento da empresa no respectivo grau de risco é efetuado pela própria empresa, com base nas informações constantes Relação de Atividades Preponderantes e correspondentes graus de risco, de acordo com a CNAE da mesma, cabendo à fiscalização rever o enquadramento a qualquer tempo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Assim, foi mantida integralmente a exigência do crédito tributário constituído através de Auto de Infração nº 37.239.3870, no valor total de R$ 6.120.054,07 (obrigação principal) e Auto de Infração nº 37.239.3888, no valor total de R$1.173.811,10 (obrigação acessória), decorrentes das seguintes acusações: a) AI nº 37.239.3870: o contribuinte deixou de informar em GFIP valores que são integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias a cargo da empresa (auxílio transporte e abono); Fl. 893DF CARF MF 4 b) AI nº 37.239.3888: o contribuinte informou em GFIP dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 36/43), verificase os seguintes fundamentos: c) na análise da Folha de Pagamento dos servidores da Prefeitura vinculados ao Regime Geral de Previdência Social RGPS, verificouse que ela pagava mensalmente aos seus funcionários valores em espécie denominados Auxílio Transporte e Abono. No entanto, tais valores são integrantes do salário de contribuição, sendo assim fatos geradores de contribuições previdenciárias; d) na análise conjunta da folha de pagamento e da GFIP, constatouse também que a Prefeitura recolheu 1% (um por cento) referente à alíquota mensal para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT), sendo que o valor correto da alíquota do RAT a partir de 06/2007 é 2 %, ao invés do 1% utilizado pela Prefeitura; e) para a aplicação alternativamente da multa de ofício e da multa de mora no AI DEBCAD 37.239.3870, pelo descumprimento da obrigação principal, foram comparados, mês a mês, os dispositivos da Lei 8.212/91 à época dos fatos geradores e os dispositivos da mesma Lei 8.212/91 após as alterações introduzidas pela Lei 11.941/2009, prevalecendo sempre a forma mais benéfica ao contribuinte, conforme ampla explanação no documento anexo a este relatório denominado "COMPARATIVO ALTERAÇÕES DA LEI 11.941/2009". Para julgar improcedente a impugnação, a decisão a quo se sustentou nas seguintes premissas: f) não restou caracterizado o suposto cerceamento de defesa do contribuinte, tendo em vista a existência nos autos de diversos anexos, tais como o Discriminativo de Débito, o Relatório de Lançamentos, o Relatório Fiscal, além dos Fundamentos Legais do Débito FLD, os quais permitem ao contribuinte ter pleno conhecimento dos valores de contribuição previdenciária que lhe estão sendo imputados, até mesmo porque, a base de cálculo do débito apurado foi extraída de documentos confeccionados pela própria empresa, quais sejam, a folha de pagamento e a GFIP; g) não há que se falar em duplicidade na aplicação da multa, posto que a multa de ofício, que tem caráter punitivo, só foi aplicada nas competências em que a multa pelo descumprimento da obrigação acessória, que também tem caráter punitivo, não foi aplicada, e vice versa, restando evidenciada nos autos que foi aplicada a multa mais benéfica para o contribuinte, não tendo sido configurado nos autos de infração qualquer das situações legais que ensejam a declaração de nulidade; h) no que tange ao pagamento de valetransporte em pecúnia e pela leitura do que dispõe a Lei nº 7.418/1985 e o Decreto nº 95.247/1987, é Fl. 894DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 4 5 inequívoco concluirse que o valetransporte, quando concedido nas condições e limites definidos na legislação, possui natureza indenizatória, não se incorporando à remuneração para quaisquer efeitos; i) dessa forma, tendo a entidade autuada efetuado o pagamento do vale transporte dos seus empregados em desconformidade com a legislação própria, visto que pagou em espécie, sem a comprovação da ocorrência de alguma das situações excepcionais previstas no parágrafo único, do art. 5º, do Decreto 95.247/87, tais valores são considerados como salário de contribuição para fins previdenciários, posto que não se enquadram na exclusão prevista no art. 28, § 9º, “f”, da Lei nº 8.212/91; j) no que tange aos valores pagos a título de abono, a impugnante argumenta que o abono FUNDEF foi instituído de forma desvinculada do salário, por meio de Decreto, não sendo possível que um ato posterior a ele passe a exigir lei em sentido formal para a sua criação, o que significa que seria uma rubrica isenta da contribuição previdenciária; k) notese que a isenção, como forma de exclusão do crédito tributário, nos termos do art. 150, § 6º, da CF/88, só pode ser criada pelo ente federativo competente para instituir o tributo, sob pena de invasão da competência tributária, de violação do princípio federativo e, consequentemente, da autonomia entre os entes políticos; l) ainda, conforme o artigo 149 da CF, compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais e, mesmo para as contribuições vinculadas aos Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS, pertencentes aos Estados e Municípios, é necessária a observância de normas gerais editadas pela União, nos termos do § 1º do artigo 24 da CF; m) dessa forma, como o abono FUNDEF concedido pelo Município aos empregados vinculados ao RGPS não foi considerado isento da contribuição previdenciária por lei federal, ele integra a base de cálculo da contribuição previdenciária, nos termos do inciso I do artigo 195 da CF, e do artigo 22 da Lei nº 8.212/01; n) quanto à alíquota RAT, ela foi majorada pelo Decreto nº 6.042/07, que alterou o anexo V do Decreto 3.048/99, sendo efetivada por norma válida e editada em consonância com o sistema normativo vigente, cabendo à Administração a observância de tal norma; o) no caso da entidade autuada, que se enquadra no CNAE Fiscal – 84116 00 – Administração Pública em Geral, constatase alíquota 2% a título de RAT; p) não cabe à entidade, por achar que a sua atividade preponderante é de risco leve, se enquadrar na alíquota que entende devida, mas, ao contrário, deve observar o correto enquadramento disponível no Anexo V do Decreto nº 3.048/99, informando na GFIP a alíquota correspondente; Fl. 895DF CARF MF 6 q) por outro lado, o artigo 202A do mesmo Decreto prevê uma possibilidade de redução na alíquota do RAT, mediante verificação do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade. Assim, não tendo o contribuinte apresentado prova que pudesse elidir ou mesmo alterar o lançamento fiscal, temse que a autuação foi lavrada na estrita observância das determinações legais vigentes, na data do lançamento, tendo sido efetuada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto; O contribuinte tomou ciência da decisão em 15/05/2012 (fl. 859) e interpôs recurso voluntário em 12/06/2013 (fl. 859), alegando em síntese que: Valetransporte r) o desconto efetuado pelo empregador no salário do empregado com o fim de custear o transporte realizado pela empresa equiparase à hipótese em que o empregador proporciona o deslocamento integral e gratuito de seus funcionários, afastando a incidência da contribuição previdenciária; s) a questão já é pacificada no STF (RE nº 478.410/SP), sendo ofensiva ao princípio da legalidade tributária (artigo 150, inciso I, CF) a interpretação que chancela a incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos em pecúnia a título de valetransporte sem lei complementar que o permita, notadamente à luz do art. 195, I, ‘a’, e § 4º, da CF; t) a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de valetransporte, afronta a Constituição. Destarte, o valetransporte, tanto em tíquete, como em dinheiro, tem natureza indenizatória e sobre o mesmo não há qualquer reflexo trabalhista ou fiscal. Portanto, o beneficio não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos. Não se constitui base para incidência da contribuição previdenciária, FGTS e não se configura como rendimento tributável do trabalhador para fins de renda; u) ainda, o valetransporte tem natureza indenizatória, tanto que não se converte em beneficio ao trabalhador por ocasião de sua aposentadoria, nem em pensão pós morte para seus dependentes; v) a Advocacia Geral da União, conforme verbete sumular nº 60, de 08.12.2011, transcreveu: “não há incidência de contribuição previdenciária sobre o vale transporte pago em pecúnia, considerando o caráter indenizatório da verba”; Abono w) o abono FUNDEF foi instituído no âmbito da Administração Municipal, por meio do Decreto nº 100, de 15.04.1998, que expressamente o desvinculou do salário, em seu artigo 2º; x) observese que a Lei Federal nº 8.212/91 expressamente exclui a incidência de contribuição previdenciária em relação aos abonos desvinculados do salário (artigo 28, § 9º, alínea “e”, número 7); Fl. 896DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 5 7 y) o Decreto Federal 3.048/99 (posterior ao Decreto Municipal nº 100/98) passou a exigir, exacerbando sua natureza regulamentar e invadindo a seara restrita à lei em sentido formal, que a desvinculação ao salário ocorresse “por força de lei” (art. 214, § 9º, inciso V, alínea “j”); z) ora, considerando que o Abono FUNDEF fora instituído no âmbito da Administração Municipal, por meio do Decreto nº 100, que expressamente o desvinculou do salário de contribuição, obviamente que o Decreto Federal nº 3.048/99, por ser posterior, não pode retroagir sua eficácia ao ponto de atingir o Abono FUNDEF, criado anteriormente (o nosso ordenamento jurídico não admite a figura da inconstitucionalidade formal superveniente); aa) esse novel normativo não pode ter efeitos retroativos, mormente porque o ato de criação do Abono FUNDEF de forma desvinculada do salário afigurou inconteste ato jurídico perfeito; RAT bb) o RAT possui natureza jurídica tributária, inserida na espécie “contribuições sociais”, estando sujeito ao princípio da legalidade tributária, entendendose que é proibido exigir ou aumentar um tributo sem “lei” que o estabeleça; cc) os decretos, de acordo com o art. 99 do CTN, têm a finalidade de explicar o modo e a forma de execução da lei, ou de regulamentar situações não disciplinadas em lei. A lei, ao criar determinado tributo, deve prever todos os elementos essenciais à regra matriz de incidência respectiva, não sendo permitido a ela relegar ao Poder Executivo a disciplina de qualquer elementos essenciais ao fato imponível; dd) à autoridade administrativa não pode ser conferido o poder de decidir o quanto é devido. A definição do valor exato do tributo (alíquota RAT), embora encontre demarcação máxima e mínima na Lei nº 10.666/09 (art. 10), se sujeita à manifestação do alvedrio do Executivo, o que viola o princípio da estrita legalidade tributária e reserva legal; ee) mesmo assim, o contribuinte tem o direito de verificar se a fixação da alíquota foi realizada de forma correta pela administração. A Previdência Social deve apresentar todos os elementos utilizados no cálculo, a fim de permitir a conferência pelo contribuinte, o que, in casu, não ocorreu; ff) a forma como foi estruturada o FAP impossibilita o contribuinte de checar se o cálculo feito está correto. O FAP previsto no art. 10 da Lei 10.666/2003 define a alíquota de contribuição, podendo ser reduzida pela metade ou dobrada, conforme o desempenho econômico da empresa. gg) o critério para apuração do desempenho econômico bem como as formas de mensuração deste foram regulamentadas por normas infralegais Fl. 897DF CARF MF 8 (Decretos 3.048/99 e 6.957/2009) e não por lei ordinária, infringindo o princípio da legalidade tributária (art. 150, inc. I, da CF e art. 97 do CTN); hh) a Lei 10.666/2003 não fixou parâmetros e critérios a serem utilizados para efeito de aplicação do mecanismo, relegando expressamente ao ‘regulamento’ tal atividade, com ofensa ao primado maior da legalidade tributária, restando inconstitucional a aplicação do FAP sobre o valor calculado do RAT; ii) a Súmula nº 351 do STF apregoa que a alíquota SAT é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quanto houver apenas um registro. O enquadramento das atividades desenvolvidas pelos servidores municipais, com a elevação da alíquota de 1% para 2%, sob a justificativa de ter havido incremento do risco de acidente do trabalho nas atividades por eles desempenhadas, após a edição do Decreto 6.042/2007, não pode prosperar; jj) o Município não pode ser enquadrado em grau médio, porque as atividades desenvolvidas pelos servidores são preponderantemente burocráticas e de ensino, e, portanto, de baixo grau de risco. kk) postula ao final, a antecipação dos efeitos da tutela em favor do Município, determinando que a CEF se abstenha de realizar suspensão de repasses de recursos à Municipalidade em razão da inscrição junto ao CAUC/SIAFI, sob pena do cometimento do crime de desobediência. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 898DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Do ValeTransporte A recorrente argumenta que o valetransporte, tanto em tíquete, como em dinheiro, tem natureza indenizatória e não pode sofrer a incidência das contribuições devidas à seguridade social. A autoridade autuante, em contrapartida, afirmara que a legislação "veda o pagamento do Vale Transporte em dinheiro" (fl. 38). Nesse tocante, mantémse o entendimento já esposado por este Colegiado, por unanimidade, em sessão de julgamento realizada em janeiro de 2016, acórdão nº 2402 004.859, Relator Ronaldo de Lima Macedo, integrandose ao presente voto as seguintes razões de decidir: Com relação ao ValeTransporte pago em dinheiro, devese observar o entendimento da jurisprudência dos tribunais de superposição (STF e STJ) no sentido de que os valores pagos a título de valetransporte em dinheiro não integram o salário de contribuição, eis que os atos normativos que o disciplinam afrontam a Constituição Federal. Por meio da Lei 7.418/1985, foi instituído o valetransporte como direito do trabalhador a cargo do empregador, pessoa física ou jurídica, a fim de cobrir despesas efetivas de deslocamento da residência para o trabalho e viceversa. A saber: Art. 1º. Fica instituído o ValeTransporte, que o empregador, pessoa física ou jurídica, poderá antecipar ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência trabalho e viceversa, mediante celebração de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho e, na forma que vier a ser regulamentada pelo Poder Executivo, nos contratos individuais de trabalho. Posteriormente, o Decreto 95.247/1987 veio proibir a concessão de tal benefício mediante pagamento em dinheiro, nos termos do seu art. 5o, in verbis: Fl. 899DF CARF MF 10 Art. 5°. É vedado ao empregador substituir o ValeTransporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. No caso de falta ou insuficiência de estoque de ValeTransporte, necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema, o beneficiário será ressarcido pelo empregador, na folha de pagamento imediata, da parcela correspondente, quando tiver efetuado, por conta própria, a despesa para seu deslocamento. A Constituição Federal expressamente consignou que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. (g.n.) Já o Código Tributário Nacional (CTN), complementando a matéria, estabelece que: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. ........................................................................................................ Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringemse aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. (g.n.) Diante do arcabouço jurídicotributário acima delineado, percebese que o debate acerca deste tema esbarra em questões e postulados jurídicos, o que impede a perpetuação da divergência. Como destacou o Ministro Eros Grau, relator do Recurso Extraordinário (RE) no 478410, em seu voto: “a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago em dinheiro a título de valetransporte – que efetivamente não integra o salário – seguramente afronta a Constituição em sua totalidade normativa”. Fl. 900DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 7 11 Transcrevo abaixo trechos das decisões dos tribunais de superposição: “Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALETRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em valetransporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do benefício. 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da moeda nacional. 3. A funcionalidade do conceito de moeda revelase em sua utilização no plano das relações jurídicas. O instrumento monetário válido é padrão de valor, enquanto instrumento de pagamento sendo dotado de poder liberatório: sua entrega ao credor libera o devedor. Poder liberatório é qualidade, da moeda enquanto instrumento de pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano jurídico: somente ela permite essa liberação indiscriminada, a todo sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial. 4. A aptidão da moeda para o cumprimento dessas funções decorre da circunstância de ser ela tocada pelos atributos do curso legal e do curso forçado. 5. A exclusividade de circulação da moeda está relacionada ao curso legal, que respeita ao instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do curso forçado, dado que este atinge o instrumento monetário enquanto valor e a sua instituição [do curso forçado] importa apenas em que não possa ser exigida do poder emissor sua conversão em outro valor. 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de valestransporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Extraordinário a que se dá provimento.” (RE 478410/SP, Rel.: Min. EROS GRAU, j.10/03/2010, Dje 13.05.2010, Despacho de publicação no 94 de 12/05/2011) ......................................................................................................... “Ementa: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. AUXÍLIOCRECHE. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AUXÍLIOTRANSPORTE PAGO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. ENTENDIMENTO DO STF. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, Fl. 901DF CARF MF 12 não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 2. O acórdão de origem consignou que a parte não comprovou os gastos com o auxíliocreche nem a idade dos beneficiários. Rever tal entendimento demanda reexame da matéria fáticoprobatória, vedado em Recurso Especial (Súmula 7/STJ). 3. Em razão do pronunciamento do Plenário do STF, declarando a inconstitucionalidade da incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas referentes a auxíliotransporte, mesmo que pagas em pecúnia, fazse necessária a revisão da jurisprudência do STJ para alinharse à posição do Pretório Excelso. 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, em parte, provido.” (REsp 1194788/RJ, de 19.08.2010) (g.n.) ......................................................................................................... “EMENTA: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. REVISÃO. NECESSIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em caso análogo (RE 478.410/SP, Rel. Min. Eros Grau), concluiu que é inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, já que, qualquer que seja a forma de pagamento, detém o benefício natureza indenizatória. Informativo 578 do Supremo Tribunal Federal. 2. Assim, deve ser revista a orientação desta Corte que reconhecia a incidência da contribuição previdenciária na hipótese quando o benefício é pago em pecúnia, já que o art. 5º do Decreto 95.247/87 expressamente proibira o empregador de efetuar o pagamento em dinheiro. 3. Embargos de divergência providos.” (Embargos de Divergência em REsp nº 816.829 – RJ, 2008/02249664) No mesmo caminho da jurisprudência dos tribunais de superposição, a AdvocaciaGeral da União (AGU) publicou no dia 08/12/2011 a Súmula no 60, em que seu enunciado estabelece que: “não há incidência de contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, considerando seu caráter indenizatório da verba”. Com isso, como a questão é eminentemente jurídica, inclinome diante da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para considerar que o valetransporte pago em pecúnia (dinheiro) não integra a base de cálculo das contribuições sociais. Cumpre observar que o lançamento foi efetuado apenas porque a legislação, em tese, vedaria o pagamento do valetransporte em dinheiro, e não porque teria havido qualquer fraude ou simulação por parte do sujeito passivo. Fl. 902DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 8 13 Em sendo assim, e demonstrado que a legislação não veda o pagamento em pecúnia, dáse provimento ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os valores pagos em dinheiro a título de valetransporte. 3 Do Abono No entender da recorrente, a Lei 8.212/91 exclui a incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos desvinculados do salário. Em observância à referida lei, o Decreto Municipal 100 teria desvinculado o "Abono FUNDEF" das parcelas salariais. A administração fazendária, em contraponto, procedera ao lançamento, ao argumento de que "o abono em questão, denominado Abono Fundef, foi constituído pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, previsto no at. 60, par. 7o., do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, pela Emenda Constitucional n. 14, de 1996, e regulamentado pela Lei n. 9.424, de 1996, que, no seu artigo 6o. [...] determinava que a União complementaria os recursos do Fundo sempre que, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, seu valor não alcançasse o mínimo definido nacionalmente. A Lei 9.424 de 1996, porém, não estabeleceu nenhuma isenção para este abono". Afirmouse, igualmente, que "na análise das folhas de pagamentos, porém, constatouse que a Prefeitura vem pagando mensalmente, de forma não eventual, tal abono". O inc. I do art. 28 da Lei 8.212/1991 explicita que o saláriodecontribuição constitui uma remuneração destinada a retribuir o trabalho. Em consonância com o art. 195, inc I, alínea a, da CF, tal norma estabelece que as contribuições devidas à seguridade social incidem sobre a remuneração paga ao trabalhador, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. Significar dizer que a base de cálculo da contribuição somente é composta de valores destinados à remuneração pelo trabalho prestado ou colocado à disposição do empregador ou tomador de serviços. O art. 22, inc. I, da Lei 8.212/1991, igualmente preleciona o total das remunerações como base imponível das contribuições. Quanto às importâncias recebidas a título de ganhos eventuais e de abonos expressamente desvinculados do salário, o § 9º do art. 28 expressamente estabelece que não integram o saláriodecontribuição. Vejase: Art. 28. [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) Fl. 903DF CARF MF 14 e) as importâncias: (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário;(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). No caso concreto, contudo, vislumbrase que o Município vinha pagando o "Abono FUNDEF" mensalmente, o fazendo em todas as competências sob exame, o que afasta a alegação de que tais rubricas estariam desvinculadas do salário. A constância dos pagamentos e a inexistência de qualquer razão plausível para tanto afasta o caráter não eventual da verba, integrandoa ao conceito de remuneração, por se tratar de rendimentos destinados a retribuir o trabalho. O traço não eventual dá ao valor pago a feição de remuneração, integrativa, pois, do saláriodecontribuição, inexistindo, ainda, as demais hipóteses de exclusão referidas no § 9º supra mencionado. Tratando da previdência social e também do seu custeio, o § 11 do art. 201 da CF expressamente prevê que os "ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios". Segundo a doutrina especializada, "este dispositivo tem grande alcance, na medida em que expõe a relevância da habitualidade dos pagamentos, como requisito suficiente para sua inclusão na base de cálculo da contribuição previdenciária"1. A Súmula/STF 241 já dispunha que "a contribuição previdenciária incide sôbre o abono incorporado ao salário". Mutatis mutandis, o C. STJ vem entendendo que o pagamento de abono em parcela única configura a existência de ganho eventual, atraindo a aplicação da norma de exclusão prevista no item 7 da alínea "e" do § 9º do art. 28 encimado. Vejase: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO COBRADA PELO SENAI. ABONO PREVISTO EM ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. PAGAMENTO EM PARCELA ÚNICA. EVENTUALIDADE. NÃOINCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO EM QUESTÃO. 1. De acordo com o § 9º, alínea e, item 7, do art. 28 da Lei nº 8.212/91, não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente para os fins desta Lei, as importâncias "recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário" (grifouse). 2. Tendo em vista que a Lei nº 8.212/91 aplicase, no que couber, à contribuição social devida ao SENAI, contribuição que, aliás, tem a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga ou creditada a segurados, então no caso deve ser observada a jurisprudência do STJ, que se firmou no sentido de que não incide contribuição previdenciária sobre o abono previsto em acordo coletivo de trabalho e recebido em parcela única 1 Curso de direito previdenciário/ Fábio Zambitte lbrahim. 20. ed. Rio de janeiro: Impetus, 2015, p. 120. Fl. 904DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 9 15 durante o ano (ou seja, importância recebida a título de ganho eventual). [...] (AgRg no REsp 1386395/SE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/09/2013, DJe 27/09/2013) ......................................................................................................... E não importa a nomenclatura que se dê ao pagamento, ainda que por ato infralegal, mas sim a sua natureza, pois o princípio da realidade sobrepõese ao aspecto formal, considerados os elementos tributários2. Isto é, “a lei atribui a certos fatos a virtude, a potencialidade, a força bastante para determinar o nascimento da obrigação tributária” 3. Logo, “o vínculo obrigacional que corresponde ao conceito de tributo nasce, por força da lei, da ocorrência do fato imponível” 4. Deve ser analisada, portanto, a essência do fato, pois nem mesmo importa a sua forma de exteriorização (princípio negocial ou Geschäfsprinzip), observadas as exceções estabelecidas na própria legislação. Expressandose de outra forma, basta que o fato configure rigorosamente a previsão hipotética da lei, como no caso concreto. Nessa toada, as alegações da recorrente, acerca da irretroatividade e do ato jurídico perfeito não a socorrem, pois a autoridade autuante dignouse de demonstrar que os abonos pagos constituemse em verdadeiras remunerações pagas. Neste colegiado, essa questão já foi solucionada da seguinte forma: [...] SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARCELA PAGA SEGURADOS A TÍTULO DE ABONO SALARIAL. CARÁTER HABITUAL. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Incide contribuição previdenciária sobre as parcelas pagas aos segurados, constantes em folhas de pagamento, intitulada de abono salarial”, concedidas de forma habitual. [...] Recurso Voluntário Negado. (Acórdão 2402004.774, Rel. Ronaldo de Lima Macedo, julgado em 09/12/2015, por unanimidade) ......................................................................................................... Em sendo assim, negase provimento ao recurso nesse particular. 2 STF, RE 346084 / PR. 3 ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 3 ed. São Paulo : Ed. Revista dos Tribunais, 1984, p. 29. 4 ATALIBA, Gerado. Obra citada, p. 65. Fl. 905DF CARF MF 16 4 Da Alíquota GILRAT A recorrente alega que a alíquota GILRAT deveria ser de 1%, visto que o enquadramento seria de risco mínimo. Como base de sua tese, argumenta que o Decreto que elevou a alíquota seria inconstitucional, por ferir o princípio da legalidade. Assevera, ademais, que a metodologia do FAP impossibilita a aferição do cálculo feito pela Previdência; e que o Município não deve ser enquadrado em grau médio, porque as atividades desenvolvidas pelos seus servidores são predominantemente burocráticas e de baixo risco. A autoridade autuante, diferentemente, entendeu que a alíquota aplicável é de 2% a partir de 06/2007, visto que o Decreto 6.042/2007 alterou a alíquota da administração pública em geral para 2% (fls 39/40). Segundo o § 5º do art. 202 do Regulamento da Previdência Social, compete à pessoa jurídica realizar o enquadramento na atividade preponderante, cabendo à Secretaria da Receita Previdenciária revêlo a qualquer tempo. O § 6º do citado artigo igualmente estabelece que o erro no autoenquadramento viabiliza a notificação dos valores devidos. Vejase: Art.202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: I um por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II dois por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado médio; ou III três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. [...] §5o É de responsabilidade da empresa realizar o enquadramento na atividade preponderante, cabendo à Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social revêlo a qualquer tempo. (Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007) 6o Verificado erro no autoenquadramento, a Secretaria da Receita Previdenciária adotará as medidas necessárias à sua correção, orientará o responsável pela empresa em caso de recolhimento indevido e procederá à notificação dos valores devidos.(Redação dada pelo Decreto nº 6.042, de 2007). A possibilidade de revisão do valor "autolançado" a título de alíquota GILRAT, pois, é permitida pelo Decreto regulamentar. Fl. 906DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 10 17 No caso concreto, a autoridade administrativa, diante da elevação da alíquota aplicável à administração pública em geral (de 1% para 2%), procedeu à revisão do valor auto enquadrado pelo Município e lançou a diferença devida, cobrando o remanescente de 1%. A alegação da recorrente, acerca da inconstitucionalidade do Decreto 6.042/2007 não a socorre, pois, como sabido, este Conselho não tem competência para declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. Vejase, nesse sentido, a Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Isto é, a verificação de que a norma implicaria infringência ao princípio da legalidade exacerba a competência originária desta Corte administrativa, que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invade competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal. O art. 62 do RICARF também veda aos membros do CARF afastar a aplicação de lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas nos § § 1º e 2 º, não aplicáveis ao caso sob exame. Vejase: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e Fl. 907DF CARF MF 18 e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Quanto ao FAP, tratase de multiplicador que, segundo o art. 202A do Regulamento da Previdência, permite a redução, em até cinquenta por cento, ou a elevação, em até cem por cento, das alíquotas constantes nos incs. I a III do art. 202. Verbis: Art.202A. As alíquotas constantes nos incisos I a III do art. 202 serão reduzidas em até cinqüenta por cento ou aumentadas em até cem por cento, em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentário de PrevençãoFAP. (Incluído pelo Decreto nº 6.042, de 2007). No caso concreto, a fiscalização lançou a alíquota básica prevista no inc. II, sem majorála ou reduzila, razão pela qual nem mesmo se vislumbra interesse processual na alegação da recorrente. De todo modo, seja em relação ao FAP, seja em relação à afirmação de que o Município não deve ser enquadrado em grau médio, porque as atividades desenvolvidas pelos seus servidores são predominantemente burocráticas e de baixo risco, vêse que o sujeito passivo não trouxe, na impugnação, nenhuma prova que ampare as suas alegações, convindo lembrar que a impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar (art. 15 do Decreto 70.235/1972). Por fim, integrase ao presente voto as seguintes razões de decidir, constantes do acórdão nº 2402004.767, Rel. Ronaldo de Lima Macedo, julgado por unanimidade neste Colegiado, em sessão realizada em 09/12/2015: Constatase que o Decreto 6.042, de 12/02/2007, publicado no Diário Oficial da União de 13/02/2007, com base na experiência estatística de acidentes do trabalho das diversas atividades econômicas exercidas pelas empresas no país, reviu e alterou a relação de atividades econômicas e os seus correspondentes graus de risco, modificando o mencionado Anexo V do Decreto 3.048/1999, alterando para mais ou para menos o grau de risco de inúmeras atividades e determinou que os novos graus de risco e alíquotas entrariam em vigor no 4º mês seguinte ao da sua publicação, ou seja, em junho de 2007. Em consonância com o Decreto 6.042/2007, para os órgãos públicos, Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 84116/00, a correspondente alíquota do SAT/GILRAT foi alterada de 1% (risco leve) para 2% (risco médio), a partir da competência 06/2007. Decreto 3.048/1999 (Regulamento da Previdência Social RPS) Fl. 908DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 11 19 ANEXO V – Relação de Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus de Risco (Conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – Redação dada pelo Decreto nº 6.042/2007) CNAEDESCRIÇÃO% NOVO 84116/00Administração Pública em Geral2% Com isso, a partir de junho/2007, inclusive, a Recorrente era obrigada a observar a alíquota de 2% para a contribuição destinada ao SAT/GILRAT, conforme o novo grau de risco definido para sua atividade, contudo, continuou realizando os recolhimentos com base na alíquota anterior (1%). Nesse sentido, se antes a atividade da autuada integrava o grau de risco leve (1%), é porque assim as estatísticas indicavam. E se após 06/2007 o grau de risco deve ser médio (2%), evidentemente assim o é pois as estatísticas indicaram a majoração na quantidade de acidentes de trabalho neste ramo de atividade, justificandose a alteração. Dessa forma, a elevação da alíquota de 1% para 2% não é desprovida de legalidade, nem foi fixada de forma aleatória, discricionária ou com objetivo de enriquecimento ilícito, como quer a Recorrente, eis que a nova alíquota de 2% encontra seu fundamento no art. 22, inciso II e § 3o, da Lei 8.212/1991, in verbis: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei n° 9 732, dei1.12.98) a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. (...) § 3º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular investimentos em prevenção de acidentes. Fl. 909DF CARF MF 20 §4º A atividade econômica preponderante da empresa e os respectivos riscos de acidentes do trabalho compõem a Relação de Atividades Preponderantes e correspondentes Graus de Risco, prevista no Anexo V. Com efeito, o dispositivo legal susomencionado estabelece que a alíquota do SAT/GILRAT a ser aplicada no cálculo contributivo é definida em relação à atividade preponderante exercida pelos segurados da empresa e o grau de risco (leve, médio e grave) presente no ambiente de trabalho. Ressaltarse que considera atividade preponderante a que ocupa, levandose em conta todos os estabelecimentos da empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos, nos termos do art. 202, § 3°, do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048/1999, transcrito abaixo: Art. 202 (...) § 3o Considerase preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. (g.n.) Acrescentase que, à luz do anexo V do Regulamento da Previdência Social (RPS), é possível identificar qual o grau de risco atribuído à empresa, de acordo com o tipo de atividade laboral. Assim, considerando que a atividade desenvolvida pela Recorrente é de Administração Pública em Geral, foi correta a aplicação da alíquota de 2% (grau de risco médio) para a contribuição destinada ao SAT/GILRAT. Cumpre esclarecer que essa alíquota de 2%, aplicável para os órgãos públicos, foi mantida na redação do Anexo V do Decreto 3.048/1999 (Regulamento de Previdência Social RPS), dada pelo Decreto 6.957, de 09/09/2009. Dessa forma, a alegação da Recorrente de que deveria usar alíquota de 1% (grau de risco leve) para o recolhimento do SAT/GILRAT não será acatada, eis que o arcabouço jurídico previdenciário não permite tal procedimento. Dentro desse contexto jurídico, resta destacar que o Decreto 6.042/2007, além de dar nova redação ao Anexo V do Regulamento da Previdência Social, alterando as alíquotas de RAT para determinadas atividades econômicas, também acrescentou a ele o artigo 202A, disciplinando a aplicação, acompanhamento e avaliação do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), que assim dispõe: Decreto 3.048/1999 (Regulamento da Previdência Social RPS) Art. 202A. As alíquotas constantes nos incisos I a III do art. 202 serão reduzidas em até cinqüenta por cento ou aumentadas em até cem por cento, em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentário de PrevençãoFAP .(Incluído pelo Decreto n° 6.042, de 2007). Fl. 910DF CARF MF Processo nº 15540.720383/201167 Acórdão n.º 2402005.572 S2C4T2 Fl. 12 21 § 1o O FAP consiste num multiplicador variável num intervalo contínuo de cinco décimos (0,5000) a dois inteiros (2,0000), aplicado com quatro casas decimais, considerado o critério de arredondamento na quarta casa decimal, a ser aplicado à respectiva alíquota. (Redação dada pelo Decreto n° 6.957, de 2009) § 2o Para fins da redução ou majoração a que se refere o caput, procederseá à discriminação do desempenho da empresa, dentro da respectiva atividade econômica, a partir da criação de um índice composto pelos índices de gravidade, de frequência e de custo que pondera os respectivos percentis com pesos de cinquenta por cento, de trinta cinco por cento e de quinze por cento, respectivamente. (Redação dada pelo Decreto n° 6.957, de 2009) (...) § 5o O Ministério da Previdência Social publicará anualmente, sempre no mesmo mês, no Diário Oficial da União, os róis dos percentis de frequência, gravidade e custo por Subclasse da Classificação Nacional de Atividades Econôinicas – CNAE e divulgará na rede mundial de computadores o FAP de cada empresa, com as respectivas ordens de freqüência, gravidade, custo e demais elementos que possibilitem a esta verificar o respectivo desempenho dentro da sua CNAESubclasse. (Redação dada pelo Decreto n° 6.957, de 2009) § 6o O FAP produzirá efeitos tributários a partir do primeiro dia do quarto mês subseqüente ao de sua divulgação. (Incluído pelo Decreto n"6.042, de 2007). § 7o Para o cálculo anual do FAP, serão utilizados os dados de janeiro a dezembro de cada ano, até completar o período de dois anos, a partir do qual os dados do ano inicial serão substituídos pelos novos dados anuais incorporados. (Redação dada pelo Decreto n° 6.957, de 2009) § 8o Para a empresa constituída após janeiro de 2007, o FAP será calculado a partir de 1o de janeiro do ano seguinte ao que completar dois anos de constituição. (Redação dada pelo Decreto n° 6.957, de 2009) § 9o Excepcionalmente, no primeiro processamento do FAP serão utilizados os dados de abril de 2007 a dezembro de 2008. (Redação dada pelo Decreto no 6.957, de 2009) § 10. A metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social indicará a sistemática de cálculo e a forma de aplicação de Índices e critérios acessórios à composição do índice composto do FAP. (Incluído pelo Decreto no 6.957, de 2009) Ocorreu a divulgação do FAP em setembro de 2009, sendo que os seus efeitos tributários de redução, manutenção ou agravamento das alíquotas 1%, 2% ou 3% aplicamse a partir Fl. 911DF CARF MF 22 da competência janeiro de 2010, em obediência o que prescreve o § 6o do art. 202A do Regulamento da Previdência Social (RPS). A metodologia de cálculo do FAP foi aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), mediante Resolução MPS/CNPS n° 1.308, de 27 de maio de 2009, publicada no Diário Oficial da União DOU N° 106, Seção 1, do dia 5 de junho de 2009, e complementada pela Resolução MPS/CNPS n° 1.309, de 24 de junho de 2009, publicada no DOU N° 127, Seção 1, de 7 de julho de 2009. Conforme previsto na metodologia, o cálculo do FAP é realizado para a empresa, de forma concentrada, assim todos os estabelecimentos de uma empresa adotarão o mesmo FAP calculado para o CNPJ Raiz. O Decreto 6.957 de 09/09/2009, em seu Anexo V, promoveu a revisão de enquadramento de risco das alíquotas RAT, com aplicabilidade a partir da competência 01/2010, sendo, também a partir desta competência obrigatória a declaração do percentual ajustado na GFIP. As regras para o enquadramento no grau de risco estão na IN RFB N° 971/2009, art. 72, § 1o, e a alíquota RAT no ANEXO V do Decreto 6.957/2009. Logo, negase provimento ao recurso nesse tocante. 5 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para excluir do lançamento os valores pagos em dinheiro a título de valetransporte. (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 912DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.900016/2012-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 06 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-000.990
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Robson José Bayerl - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO. Recorrente RODOBENS CAMINHÕES PERNAMBUCO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER que pretende obter reconhecimento de direito creditório das contribuições por suposto pagamento a maior. O sistema informatizado da Receita Federal emitiu o Despacho Decisório em processamento automatizado indeferindo o pedido, afirmando que o valor do DARF de onde viria o crédito já estava totalmente comprometido em quitação de débito constante de declaração prestada pelo contribuinte ao Fisco. A contribuinte manifestou inconformidade, explicando que: 1. A autoridade de administração e a autoridade fiscal não tomaram conhecimento das razões da contribuinte para seu direito, nem se aprofundaram em sua análise, nem buscaram investigar os fatos; a contribuinte não foi intimada a explicar os fundamento do seu pedido antes do despacho decisório; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .9 00 01 6/ 20 12 -6 4 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10480.900016/201264 Resolução nº 3401000.990 S3C4T1 Fl. 3 2 2. seu direito repousa no fato de que ela indevidamente tinha incluído na base de cálculo do tributo receitas (tais como receitas financeiras, e outras), face a declaração de inconstitucionalidade pelo STF para o § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/1998; pois a base de tributação deve se cingir às receitas de faturamento pela venda de mercadorias e da prestação de serviços. 3. Pede a reunião dos vários processos administrativos que tratam da mesma matéria/tributo, mudando apenas os períodos de apuração, para serem julgados na mesma ocasião. Os Julgadores de 1º piso não acolheram o pedido de reunião dos vários processos. Eles também consideraram improcedente o recurso da contribuinte, entendendo pela insuficiência de provas pelo alegado. Seria da contribuinte o ônus de provar o direito objeto do seu pedido, no momento da interposição da Manifestação de Inconformidade, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legalmente previstas, nos termos do art. 16, caput, III e §4°, do Decreto 70.235/72, conforme consta do voto da decisão recorrida. Concluíram, os Julgadores a quo, pelo não reconhecimento do direito creditório, nos termos do Acórdão 11041.014. Inconformada, a contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual repisou as alegações apresentadas na manifestação de inconformidade, e acrescentou as seguintes: ● não é verdade que houve insuficiência de provas, pois apresentou planilha, balancete e livro obrigatório da contabilidade da contribuinte; ● a autoridade fiscal não questionou a efetividade dos pagamentos em discussão; ● não pode prevalecer o entendimento esposados pelos julgadores de 1º piso de que houve preclusão para a juntada de provas; isso fere o disposto na letra "c" do § 4º do artigo 16 do Decreto n. 70.235, de 1972 (apresentar provas que se destine a contrapor fatos e razões posteriormente trazidas aos autos). Cita doutrina, acórdãos e jurisprudências; ● a falta de retificação da DCTF não deve servir de justificativa para não se analisar e se deferir o direito da contribuinte; ● Não procede o entendimento dos Julgadores a quo de que a declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei n. 9.718/1998 proferida pelo STF não seja de observação obrigatória no processo administrativo fiscal; ● a Verdade Material deve prevalecer, e a autoridade deve realizar um exame completo dos fatos. É o relatório Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10480.900016/201264 Resolução nº 3401000.990 S3C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3401000.984, de 25 de janeiro de 2017, proferida no julgamento do processo 10480.900040/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela Resolução (3401000.984): "Tempestivo o Recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Temos diante de nós mais um caso de despacho decisório processado automaticamente, sem que haja qualquer intervenção humana para rever o seu teor e a eventual existência de razões para questionar sua conclusão. É freqüente, nessas situações, que a contribuinte somente compreenda totalmente a situação quando recebe a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento mantendo o indeferimento eletrônico inicial, geralmente por falta de provas ou de contra argumentações por parte da contribuinte. Nessa toada, há os que se escudam no instituto da preclusão probatória para justificar a impossibilidade de reverter as negativas até então impostas à contribuinte. Coerente com minhas propostas de votação anteriores em situações semelhantes, baseado no argumento de que o princípio da verdade material deve prevalecer, relativizando as formalidades e os institutos preclusivos e assemelhados, e no argumento de que não é do interesse público maior praticar a injustiça fiscal qual seja, a manutenção no Tesouro do pagamento indevido , é que proponho que se tome providências para garantir substantivamente o contraditório (e não apenas formalmente) e para se verificar a verdade do alegado pelas partes. As teses que esposo divergem das postas no acórdão de 1º piso: (a) para uma visão absoluta do ônus probatório e do instituto da preclusão probatória, argumento em favor de que prevaleça a Verdade Material, e que os julgadores do processo administrativo possam agir e determinar providências nessa direção, aliás como expus em outros votos quando fiz alusão aos modelos trazidos pelo novo CPC; (b) que a negativa em pedidos de restituição e/ou compensações motivada pela inexistência de créditos líquidos e certos passe a considerar que a liquidez e certeza possam ser demonstradas ao longo do processo administrativo, não se limitando ao que o instruiu antes de sua chegada à instância de julgamento. Ressalto que a contribuinte, segundo que foi relatado, em sua primeira contestação havia juntado balancetes e planilhas, o que poderia ser no mínimo considerado princípio de prova. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10480.900016/201264 Resolução nº 3401000.990 S3C4T1 Fl. 5 4 Por isso, tendo em vista que a administração tributária de jurisdição não apreciou as razões do suposto direito creditório, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, converto o julgamento deste processo em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. (assinado digitalmente) Robson José Bayerl Fl. 192DF CARF MF
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Numero do processo: 15954.000137/2007-47
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/12/2004
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.979
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 4. 00 01 37 /2 00 7- 47 Fl. 386DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 387DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 388DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 389DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 390DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 391DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 392DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 393DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 15954.000137/200747 Acórdão n.º 9202004.979 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 395DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.002153/2005-67
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 28 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário: 2004
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA. EXCLUSÃO DO SIMPLES.
Não é cabível a aplicação de multa por atraso na entrega da Declaração Simplificada quando já estava a empresa definitivamente excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) antes do prazo final de sua entrega.
Numero da decisão: 1803-000.940
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPJ - multa por atraso na entrega da DIPJ
Nome do relator: Sérgio Luiz Bezerra Presta
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EXCLUSÃO DO SIMPLES. Não é cabível a aplicação de multa por atraso na entrega da Declaração Simplificada quando já estava a empresa definitivamente excluída do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) antes do prazo final de sua entrega. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Sergio Luiz Bezerra Presta (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Relator Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Marcelo de Assis Guerra, Sergio Luiz Bezerra Presta, Victor Humberto da Silva Maizman, Sergio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch Fl. 77DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES 2 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Em decorrência de procedimento de revisão interna, foi lavrado, em 10/06/2005, auto de infração de multa por atraso na entrega da Declaração Simplificada 2004 — Simples (fl. 05), no valor de R$ 200,00, com fundamento no art. 88 da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 27 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 70 da Lei n° 10.426, de 24 de abril de 2002, IN SRF n° 166, de 1999, e art. 106, II, "c" da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). 2. Regularmente intimada, com ciência do lançamento por via postal (AR recebido em 29/06/2005, A fl. 31), a interessada apresentou, em 06/07/2005, a tempestiva impugnação de fls. 0104, cujo teor é sintetizado a seguir. 2.1. Alega que tentou enviar, via internet, a declaração simplificada do exercício de 2004 no dia 31/05/2004, mas a mesma foi recusada em face de a contribuinte não constar dos cadastros na SRF como optante do Simples; que no mesmo dia dirigiuse A. CAC da DRF/Londrina e comunicou o ocorrido, mas não obteve qualquer resposta; que, no dia 03/06/2004 apresentou pedido A DRF/Londrina para recebimento dessa declaração simplificada sem aplicação de multa por atraso na sua entrega (fls. 0708); que, em 20/08/2004 recebeu a Intimação Sacat n° 506/2004, para apresentação de documentos (fls. 1112); que, em 08/09/2004, a DRF/Londrina proferiu decisão cancelando a exclusão do Simples, bem como determinando a retificação do código CNAE, mas indeferiu o pedido de recepção da Declaração Simplificada 2004 — Simples sem a aplicação da multa por atraso na sua entrega (fl. 15). 2.2. Aduz que, em 21/09/2004, apresentou recurso a esta DRJ (fls. 1720), o qual foi recusado pela DRF/Londrina em face de não configurar recurso, pois somente o lançamento da multa por atraso na entrega de declaração pode ser objeto de impugnação (fl. 22); que, em 05/10/2004, apresentou pedido de reconsiderando do despacho (fl. 2425), mas a DRF/Londrina manteve a decisão proferida de nãoprosseguimento do recurso (fl. 27); que, em 28/06/2005 recebeu o auto de infração em litígio. 2.3. Argúi que estava excluída da Simples desde a emissão do ADE 441.365, de 07/08/2003, apesar de ter apresentado manifestação de inconformidade; que, até o trânsito em julgado do processo não poderia ter sido procedida alteração cadastral no CNPJ para excluíla do Simples; que, foi privada do direito de cumprir sua obrigação acessória de entregar a declaração simplificada do exercício de 2004 por ato arbitrário da SRF, além de ser punida com multa por ato não praticado por ela; que apresentou a Declaração Simplificada 2004 — Simples em 21/09/2004, pois não poderia esperar o trâmite final do processo de revisão de exclusão do Simples em face da necessidade de certidão negativa e de atualização de cadastro em instituições financeiras. 2.4. Ao final, requer seja dado provimento ao recurso, eximindoa do pagamento da multa por atraso na entrega da Declaração Simplificada 2004 — Simples. 3. A fl. 45 consta despacho desta DRJ, solicitando ao Sacat da DRF'/Londrina para confirmar se a interessada apresentou manifestação de inconformidade contra o ADE DRF/LON N°441.365, de 07/08/2003”. Fl. 78DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES Processo nº 10930.002153/200567 Acórdão n.º 180300.940 S1TE03 Fl. 78 3 A 2ª TURMA – DRJ – CURITIBA– PR, em sessão de 27 de junho de 2008, ao analisar a peça impugnatória apresentada, proferiu o acórdão n° 0618.479 onde julgou “procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido.”, sob argumentos assim ementados: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004 DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA. APRESENTAÇÃO EM ATRASO. DEFERIMENTO DO PEDIDO DE REVISÃO DA EXCLUSÃO DO SIMPLES. Tendo a exclusão do Simples sido revista de oficio após o prazo regulamentar para apresentação da declaração simplificada, deveria a interessada ter cumprido a obrigação acessória do exercício mediante tempestiva apresentação de DIPJ com base no lucro real ou no lucro presumido, situação em que a declaração simplificada em análise assumiria a condição de sua retificadora; não havendo declaração de informações anterior, fica caracterizado o atraso na entrega da declaração simplificada em tela. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA. Confirmado o atraso na entrega da declaração simplificada, mantémse a correspondente multa por atraso.” Cientificado da decisão em 31/07/2008, interpôs o contribuinte, em 07/08/2008 Recurso Voluntário a este Conselho, por meio manteve os argumentos da peça impugnatória apresentada. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Sérgio Luiz Bezerra Presta, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Dele conheço. A questão passa pela possibilidade de a Recorrente entregar a declaração simplificada no exercício de 2004, quando esta não estava mais incluída no sistema. Tal posição é relatada pela 2ª TURMA – DRJ – CURITIBA– PR: “(...) 2.1. Alega que tentou enviar, via internet, a declaração simplificada do exercício de 2004 no dia 31/05/2004, mas a mesma foi recusada em face de a contribuinte não constar dos cadastros na SRF como optante do Simples; que no mesmo dia dirigiuse A. CAC da DRF/Londrina e comunicou o Fl. 79DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES 4 ocorrido, mas não obteve qualquer resposta; que, no dia 03/06/2004 apresentou pedido A DRF/Londrina para recebimento dessa declaração simplificada sem aplicação de multa por atraso na sua entrega (fls. 0708); que, em 20/08/2004 recebeu a Intimação Sacat n° 506/2004, para apresentação de documentos (fls. 1112); que, em 08/09/2004, a DRF/Londrina proferiu decisão cancelando a exclusão do Simples, bem como determinando a retificação do código CNAE, mas indeferiu o pedido de recepção da Declaração Simplificada 2004 — Simples sem a aplicação da multa por atraso na sua entrega (fl. 15)”. Como visto nas palavras da 2ª TURMA – DRJ – CURITIBA– PR a não apresentação da Declaração Simplificada 2004 — Simples não se originou por inércia ou desídia da Recorrente, mas pela sua exclusão de ofício do regime de tributação (passando do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições para a apuração pelo Lucro Presumido). Contudo, somente em “em 08/09/2004, a DRF/Londrina proferiu decisão cancelando a exclusão do Simples”. Diante dessa realidade pergunto: Como poderia a Recorrente em 31/05/2004, 100 (cem) dias antes da decisão de cancelamento da exclusão do Simples Nacional efetivar a entrega da Declaração Simplificada? A resposta é bem simples: Não Poderia! Por conta dessa impossibilidade, a Recorrente também não pode ser apenada com multa que só foi aconteceu pela indisponibilidade do sistema da RFB em receber a Declaração Simplificada 2004 por conta de uma exclusão quem foi posteriormente revertida. Isso porque, desde 07/08/2003 a Recorrente estava excluída do Simples; ou seja, 398 dias antes do prazo final de entrega da Declaração Simplificada 2004 — Simples a Recorrente tinha sido expurgada do sistema, com todos os efeitos daí decorrentes; e, entre estes não estava mais a obrigatoriedade de entrega da Declaração Simplificada. Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO, para excluir a Recorrente do pagamento da multa pelo atraso na entrega da Declaração Simplificada 2004. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta Fl. 80DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES
score : 1.0
Numero do processo: 10580.723550/2013-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2010 a 30/12/2012
MATÉRIA SUB JUDICE. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RENÚNCIA.
Em razão da decisão judicial se sobrepor à decisão administrativa, a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, antes ou depois do lançamento, implica renúncia ao contencioso administrativo fiscal relativamente à matéria submetida ao Poder Judiciário.
MULTA ISOLADA. FALSIDADE NA DECLARAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA.
A aplicação de multa isolada nas glosas de compensação indevida exige a comprovação da falsidade da declaração, que se caracteriza quando o contribuinte conhece a improcedência de seu crédito.
CO-RESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS.
Com a revogação do artigo 13 da Lei no 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII da Lei n° 11.941/09, a Relação de Vínculos passou a ter a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuir-lhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído.
GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
Caracteriza-se grupo econômico quando duas ou mais empresas estão sob a direção, o controle ou a administração de outra, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, ainda que cada uma delas tenha personalidade jurídica própria.
Recurso de Ofício e Voluntário Negados
Numero da decisão: 2301-004.895
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: I) por unanimidade de votos em a) conhecer do recurso de ofício, negando-lhe provimento; e b) conhecer parcialmente do recurso voluntário, por concomitância de ação judicial; e II) por maioria de votos, na parte conhecida, negar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Fábio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto, que votaram por excluir a responsabilidade por formação do grupo econômico.
Andrea Brose Adolfo - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RENÚNCIA. Em razão da decisão judicial se sobrepor à decisão administrativa, a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, antes ou depois do lançamento, implica renúncia ao contencioso administrativo fiscal relativamente à matéria submetida ao Poder Judiciário. MULTA ISOLADA. FALSIDADE NA DECLARAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA. A aplicação de multa isolada nas glosas de compensação indevida exige a comprovação da falsidade da declaração, que se caracteriza quando o contribuinte conhece a improcedência de seu crédito. CORESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS. Com a revogação do artigo 13 da Lei no 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII da Lei n° 11.941/09, a “Relação de Vínculos” passou a ter a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído. GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Caracterizase grupo econômico quando duas ou mais empresas estão sob a direção, o controle ou a administração de outra, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, ainda que cada uma delas tenha personalidade jurídica própria. Recurso de Ofício e Voluntário Negados AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 35 50 /2 01 3- 01 Fl. 5087DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: I) por unanimidade de votos em a) conhecer do recurso de ofício, negandolhe provimento; e b) conhecer parcialmente do recurso voluntário, por concomitância de ação judicial; e II) por maioria de votos, na parte conhecida, negarlhe provimento. Vencidos os conselheiros Fábio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto, que votaram por excluir a responsabilidade por formação do grupo econômico. Andrea Brose Adolfo Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS. Fl. 5088DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.063 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte o lançamento fiscal com ciência em 27/08/2013 em razão da glosa de compensações com supostos créditos de contribuições previdenciárias recolhidas sobre parcelas consideradas pelo recorrente como de natureza indenizatória e objeto de mandados de segurança com pedidos pela suspensão da exigibilidade e direito à compensação do que fora até então recolhido. Também foi aplicada multa isolada por falsidade de declaração. A decisão recorrida excluiu a multa isolada e a responsabilidade pessoal dos representantes legais Roberto Zitelmann de Oliveira, Clovis Mendes Duarte, Matheus Oliva Marcílio Souza e Roberto Zitelmann de Oliveira Junior. Seguem transcrições da ementa e trechos do relatório/voto que compõem o acórdão recorrido: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2010 a 30/12/2012 LANÇAMENTO. NULIDADE. DESCRIÇÃO DOS FATOS. SUFICIÊNCIA. Não configura hipótese de nulidade a descrição sucinta dos fatos, cabendo o juízo de valor quanto à procedência ou não do lançamento ao julgamento de mérito. TRIBUTO OBJETO DE DISCUSSÃO JUDICIAL. RECOLHIMENTO. INEXISTÊNCIA DE DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, não havendo crédito definitivamente reconhecido. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. DELEGACIA DE JULGAMENTO. COMPETÊNCIA. EXAURIMENTO DA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. DELITO FORMAL. DESNECESSIDADE. Carece de competência a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento quanto à análise do cabimento ou não da Representação Fiscal Para Fins Penais RFFP, consistindo tal procedimento em dever de ofício da fiscalização. O exaurimento da instância administrativa não é condição essencial a que a Representação Fiscal Para Fins Penais RFFP seja encaminhada ao Ministério Público, quando se refere a mesma à ocorrência de delito formal que independa da exigência tributária delito de falso. Fl. 5089DF CARF MF 4 AUTO DE INFRAÇÃO. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. LANÇAMENTO COM FALSIDADE NA GFIP. INOCORRÊNCIA. O cabimento da multa isolada, no caso de compensação indevida na GFIP, depende da comprovação, pelo Fisco, da falsidade da declaração, não constituindo falsidade o exercício do direito de compensação de “créditos” ainda não definitivos, abrangidos por sentenças judiciais sem trânsito em julgado. À fiscalização incumbe o dever de proceder ao lançamento do crédito tributário quando não oferecido à tributação os fatos geradores pelo contribuinte ou quando efetuada compensação indevida. LANÇAMENTO. DISCUSSÃO DE MATÉRIAS EM JUÍZO. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO. A discussão em juízo pelo contribuinte, ou por terceiro legitimado em seu favor, das contribuições previdenciárias cuja glosa de compensação se operou implica renúncia ao contencioso administrativo. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI FEDERAL. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Descabe às autoridades que atuam no contencioso administrativo proclamar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal em vigor, posto que tal mister incumbe tão somente aos órgãos do Poder Judiciário. LANÇAMENTO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIOS E DIRETORES. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. INADIMPLEMENTO TRIBUTÁRIO. EXCESSO DE PODERES, VIOLAÇÃO À LEI, CONTRATO OU ESTATUTO. INOCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA AFASTADA. Não configura hipótese de excesso de poderes, violação à lei, ao contrato ou estatuto social, a informação de compensação indevida na GFIP, reduzindose a contribuição devida pelos fatos geradores declarados, configurando mero inadimplemento. A responsabilidade solidária deve ser afastada quando não configurada situação concreta de excesso de poderes, violação à lei, ao contrato ou estatuto social LANÇAMENTO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EMPRESAS INTEGRANTES DE GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA MANTIDA. Respondem solidariamente entre si, pelos débitos relativos a contribuições previdenciárias, as empresas integrantes de grupo econômico. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 5090DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.064 5 ... 1) Manter integralmente o crédito tributário constituído por meio do Auto de Infração DEBCAD nº 51.026.4220; 2) Exonerar o crédito tributário constituído por meio do Auto de Infração DEBCAD nº 51.026.4239, na forma do voto do relator; e, 3) Excluir a responsabilidade solidária dos contribuintes Roberto Zitelmann de Oliveira, Clovis Mendes Duarte, Matheus Oliva Marcílio Souza e Roberto Zitelmann de Oliveira Junior. Acordam, ainda, em submeter o presente Acórdão ao reexame necessário perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, com base no inciso II do art. 25 e no inciso I do art. 34 do Decreto nº 70.235, de 631972, c/c o inciso I do art. 366 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 651999. ... O contribuinte ingressou com diversas medidas judiciais visando obter a não tributação e respectiva compensação das contribuições previdenciárias incidentes sobre diversas rubricas, conforme segue: 1. APELACÃO 2103326.2010.4.01.3300 MANDADO DE SEG. INDIVIDUAL: a) A Impetrante requereu a concessão de liminar suspendendo a exigibilidade da contribuição previdenciária sobre férias, do valor do adicional de 1/3 (um terço) de férias, do salário maternidade, dos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do empregado doente ou acidentado, aviso prévio indenizado e 13º salário proporcional ao aviso prévio, em virtude de não existir prestação de serviço nestas circunstâncias; b) O Juiz Federal da 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 1a Região, em acórdão proferido em 17/06/11, rejeitou o pedido da Impetrante, em relação às rubricas férias e salário maternidade, dando parcial provimento aos valores relativos aos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do empregado doente ou acidentado, adicional de 1/3 de férias, aviso prévio indenizado e 13º salário proporcional ao aviso prévio; c) O acórdão condicionou a compensação ao julgamento em definitivo da lide, nos termos do disposto no art. 170A do CTN. 2. PROCESSO 359805.2011.4.01.3300 MANDADO DE SEGURANÇA: a) A Impetrante requereu a concessão de medida liminar suspendendo a exigibilidade da contribuição previdenciária sobre os adicionais de horas extras, noturno, de insalubridade, de periculosidade e de transferência, bem como, aviso prévio indenizado e respectiva parcela de 13º indenizado; Fl. 5091DF CARF MF 6 b) A Juíza Federal da 1ª Vara/SJBA, em decisão proferida em 16/02/11, indeferiu a liminar e em 31/08/12 denegou a segurança através de sentença tipo “A”, ou seja, todas as rubricas pleiteadas foram negadas duas vezes pela Justiça, conforme cópias da decisão e da sentença apresentadas pela Impetrante; 3. PROCESSO 3531195.2011.4.01.3300 MANDADO DE SEG. INDIVIDUAL: a) A Impetrante requereu a concessão de medida liminar suspendendo a exigibilidade da contribuição previdenciária sobre vale transporte convertido em pecúnia e 13º salário; b) A Juíza Federal Substituta da 11ª Vara Cível do Tribunal Regional Federal da 1º Região, em decisão de 21/10/11, rejeitou o pedido da Impetrante, em relação à rubrica 13º salário (gratificação natalina), julgando parcialmente procedente o pedido de ilegalidade de contribuição previdenciária relativa à rubrica vale transporte convertido em pecúnia; c) A Juíza Federal Substituta em auxílio na 14ª Vara, na titularidade da 11ª Vara do Tribunal Regional Federal da 1a Região, confirmou a liminar concedida em 21/10/11, concedendo, em 01/02/12, parcialmente a segurança, à rubrica vale transporte convertido em pecúnia e rejeitando o pedido da Impetrante, em relação à rubrica 13º salário (gratificação natalina), condicionando a compensação ao julgamento em definitivo da lide, nos termos do disposto no art. 170A do CTN. ... Aduz a fiscalização os seguintes motivos à glosa das compensações efetuadas pelo contribuinte: a) inobservância do comando contido no artigo 170A do Código Tributário Nacional – CTN, não se respeitando o trânsito em julgado dos processos nos quais houve o reconhecimento do direito ao contribuinte em relação às seguintes rubricas: primeiros 15 (quinze) dias de afastamento do empregado doente ou acidentado; adicional constitucional de férias (1/3); aviso prévio indenizado; e parcela de 13º salário indenizado. b) o contribuinte não respeitou mandamento judicial que denegou o pedido de suspender a exigibilidade de créditos tributários inexistentes, uma vez que considerou o pagamento das seguintes rubricas passíveis de incidência da contribuição previdenciária como recolhimento indevido: férias; salário maternidade; 13º salário (gratificação natalina) e adicionais: noturno, de horas extras, de insalubridade e de periculosidade. Em relação a tais rubricas, apesar de provimento jurisdicional desfavorável ao contribuinte, ainda assim, o mesmo compensou os valores correspondentes a essas rubricas, sem o respectivo suporte legal ou jurídico. Em relação ao adicional de transferência, também foi negado pela Justiça, consta o nome dessa rubrica nas planilhas apresentadas, porém não consta valor. Fl. 5092DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.065 7 À vista do exposto, o lançamento se consubstancia no levantamento “GC”– Glosa de Compensação Indevida Incluída na GFIP – corresponde ao lançamento que agrega as compensações de contribuições previdenciárias, declaradas em GFIP, glosadas pela RFB, sujeito à multa de mora de 20% (vinte por cento) e juro SELIC. (Auto de Infração DEBCAD nº 51.026.4220 – glosa de compensações, no valor de R$ 5.684.088,47) Já em relação ao Auto de Infração DEBCAD nº 51.026.4239, relativo à imposição de multa isolada pela falsidade de declaração levada a efeito na GFIP – artigo 89, § 10 da Lei nº 8.212/91, no valor de R$ 6.247.796,13, a lavratura fiscal abrange os valores referentes à aplicação da multa isolada de 150% incidente sobre os valores indevidamente compensados declarados em GFIP referente ao período de 07/2010 a 09/2012. Sustenta, a fiscalização que “as compensações feitas pelo contribuinte de forma indevida caracterizam, em tese, falsidade de documento público, no caso, a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP. Em conseqüência, o sujeito passivo está sendo penalizado com a multa isolada de 150% (cento e cinquenta por cento) sobre o valor compensado indevidamente.” Esta lavratura fiscal abrange o Levantamento “MI” – Multa isolada de 150% sobre o valor original da compensação indevida e falsidade na declaração da GFIP. Houve a elaboração de Representação Fiscal Para Fins Penais – RFFP, pela ocorrência, em tese, do delito de falsificação de documento público, capitulado no art. 297, parágrafo 3º, III, do Código Penal. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde reitera as alegações trazidas na impugnação relativas à parte mantida pela primeira instância: III DOS FATOS 15) As compensações são originárias de créditos reconhecidos nos autos dos mandados de segurança n°s 21033 26.2010.4.01.3300, 359805.2011.4.01.3300 e 35311 95.2011.4.01.3300. Referidos mandados de segurança foram impetrados com intuito do contribuinte não ser compelido ao recolhimento da contribuição social previdenciária incidente sobre os valores pagos nos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do funcionário doente ou acidentado, bem como, a título de saláriomaternidade, férias gozadas e adicional de férias de 1/3 (um terço), aviso prévio indenizado, vale transporte pago em pecúnia, e adicionais noturno, de hora extra, insalubridade, periculosidade e de transferência. O autuado obteve êxito parcial na suas ações, tendo seu direito de não mais pagar sobre parcela das verbas discutidas, bem como compensar os créditos apurados decorrentes dos pagamentos indevidos. ... Fl. 5093DF CARF MF 8 V DA LEGALIDADE DA COMPENSAÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 66 DA LEI N° 8.383/91 21) O artigo 66 da Lei n° 8.383/91 faculta ao contribuinte a possibilidade de utilizar os créditos com a Fazenda Pública, relativos a tributos pagos a maior ou indevidamente, o direito de compensar aludidos valores com débitos vincendos, independentemente de autorização da Administração Pública. Nesta hipótese, os valores a compensar são apurados e registrados pelo próprio contribuinte, em seus livros contábeis e fiscais, e a compensação efetivase independentemente de prévia autorização do ente tributário, cuja participação na operação, cingese a posterior revisão dos atos praticados pelo contribuinte, sua possível homologação, ou ao lançamento por discordância parcial ou total com a compensação realizada. 22) A Lei n° 8.383/91, em seu art. 66, trata de uma modalidade de compensação passível de ser realizada pelo contribuinte no âmbito do lançamento por homologação, sujeita a posterior fiscalização. O art. 170 do Código Tributário e seu apêndice, o artigo 170A cuidam de outra modalidade de compensação, realizada diretamente pelos agentes fiscais a pedido do contribuinte, e que extingue o crédito tributário (já constituído, portanto), nos termos do art. 156, II, do CTN. Cita doutrina e julgados judiciais. Ademais, ainda que se admita, sob hipótese, que as compensação somente poderiam ter sido lançadas após o trânsito em julgado, os Autos de Infração deveriam ter sido lançados com exigibilidade suspensa quanto aos valores que foram objeto de compensação com créditos de contribuição previdenciária. ... Além de todas estas razões, fartamente reproduzidas nos demais instrumentos de impugnação, os responsáveis solidários assim formulam seus específicos argumentos: Sagarana Participações Ltda (fls. 914/1.001) e Taizé Participações Ltda (fls. 4.092/4.179): II – DA IMPOSSIBILIDADE DE ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA À IMPUGNANTE 1) Invocam o preceito contido no artigo 146, inciso III, “a” da Constituição Federal de 1988, bem assim o artigo 124 do Código Tributário Nacional – CTN, para concluírem que a responsabilidade solidária, em razão do “interesse comum”, segundo jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça, somente pode ser atribuída àqueles que têm vinculação com a ocorrência do fato gerador, não sendo suficiente o simples fato de pertencerem ao mesmo grupo econômico. Cita julgados. 2) Aduzem que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que a responsabilidade atribuída por lei está limitada às pessoas vinculadas ao fato gerador, porque deve ser observado o artigo 128 do CTN. Cita julgado. 3) Cada sociedade integrante de um mesmo grupo econômico é dotada de personalidade jurídica própria, possuindo o seu Fl. 5094DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.066 9 próprio patrimônio (direitos e obrigações). A lei societária brasileira não atribui responsabilidade solidária (ou subsidiária) a sociedades ligadas, como também não atribui personalidade jurídica ao grupo de sociedades, seja ele de fato ou de direito. Cita doutrina. O inciso IX do artigo 30 da Lei nº 8.212/91 é ilegal e inconstitucional, porque extrapolou sua competência, na medida em que pretende atribuir responsabilidade solidária a qualquer integrante de grupo econômico, independente de sua vinculação ao fato gerador, em oposição ao que é exigido em lei complementar (artigos 124, inciso I e II c.c. artigo 128, todos do CTN). 4) Não foi demonstrado o suposto interesse comum no fato gerador das contribuições previdenciárias em questão, como forma a caracterizar a responsabilidade solidária. 5) Finalizam, em síntese, afirmando que não deve prevalecer a responsabilidade solidária pois: (i) não restou demonstrado o interesse comum no fato gerador das contribuições previdenciárias; e, (ii) o artigo 30, inciso IX da Lei nº 8.212/91 ofende o artigo 146, inciso III, “a” da Constituição Federal e os artigos 124, I e II, e 128 do CTN. ... É o Relatório. Fl. 5095DF CARF MF 10 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Comprovado nos autos o cumprimento dos pressupostos de admissibilidade do recurso, passo ao exame. Recurso de ofício Multa Isolada Além da glosa realizada, a fiscalização aplicou multa isolada agravada sob o fundamento de suposta falsidade de declaração, artigo 89, §10º da Lei nº 8.212/91: Artigo 89 (...) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). A declaração a que se refere a fiscalização seria a GFIP e a falsidade decorreria de a recorrente conhecer a inexistência de crédito a compensar. Acontece que todas as parcelas que originaram os créditos alegados pelo recorrente foram objeto de demandas judiciais do próprio recorrente, algumas das quais em outras ações foram apreciadas pelo STJ e se encontram aguardando julgamento definitivo no STF: RECURSO ESPECIAL Nº 1.230.957 RS (2011/00096836) (...) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS; SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIODOENÇA. 1. Recurso especial de HIDRO JET EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS LTDA. 1.1 Prescrição. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar o RE 566.621/RS, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe de 11.10.2011), no regime dos arts. 543A e 543B do CPC (repercussão geral), pacificou entendimento no sentido de que, "reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão Fl. 5096DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.067 11 somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005". No âmbito desta Corte, a questão em comento foi apreciada no REsp 1.269.570/MG (1ª Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 4.6.2012), submetido ao regime do art. 543C do CPC, ficando consignado que, "para as ações ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplicase o art. 3º, da Lei Complementar n. 118/2005, contandose o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, § 1º, do CTN". 1.2 Terço constitucional de férias. No que se refere ao adicional de férias relativo às férias indenizadas, a não incidência de contribuição previdenciária decorre de expressa previsão legal (art. 28, § 9º, "d", da Lei 8.212/91 redação dada pela Lei 9.528/97). Em relação ao adicional de férias concernente às férias gozadas, tal importância possui natureza indenizatória/compensatória, e não constitui ganho habitual do empregado, razão pela qual sobre ela não é possível a incidência de contribuição previdenciária (a cargo da empresa). A Primeira Seção/STJ, no julgamento do AgRg nos EREsp 957.719/SC (Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 16.11.2010), ratificando entendimento das Turmas de Direito Público deste Tribunal, adotou a seguinte orientação: "Jurisprudência das Turmas que compõem a Primeira Seção (...) RE 593068 RG / SC SANTA CATARINA REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA Ementa EMENTA: CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL. TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. REGIME PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. BASE DE CÁLCULO. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. GRATIFICAÇÃO NATALINA (DÉCIMOTERCEIRO SALÁRIO). HORAS EXTRAS. OUTROS PAGAMENTOS DE CARÁTER TRANSITÓRIO. LEIS 9.783/1999 E 10.887/2004. CARACTERIZAÇÃO DOS VALORES COMO REMUNERAÇÃO (BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO). ACÓRDÃO QUE CONCLUI PELA PRESENÇA DE PROPÓSITO ATUARIAL NA INCLUSÃO DOS VALORES NA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO (SOLIDARIEDADE DO SISTEMA DE CUSTEIO). 1. Recurso extraordinário em que se discute a exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre adicionais e gratificações temporárias, tais como 'terço de férias', 'serviços extraordinários', 'adicional noturno', e 'adicional de insalubridade'. Discussão sobre a caracterização dos valores como remuneração, e, portanto, insertos ou não na base de Fl. 5097DF CARF MF 12 cálculo do tributo. Alegada impossibilidade de criação de fonte de custeio sem contrapartida de benefício direto ao contribuinte. Alcance do sistema previdenciário solidário e submetido ao equilíbrio atuarial e financeiro (arts. 40, 150, IV e 195, § 5º da Constituição). 2. Encaminhamento da questão pela existência de repercussão geral da matéria constitucional controvertida. Em razão de toda a controvérsia jurisprudencial acerca da incidência ou não da contribuição previdenciária sobre essas parcelas não me parece razoável considerar que teria havido falsidade por parte do recorrente ao declarar os recolhimentos incidentes sobre essas parcelas créditos sujeitos à compensação. Nesse sentido, merece transcrição trecho da decisão recorrida: Se o contribuinte tivesse aproveitado o contexto para incluir fatos geradores diversos, ou apurar valores distorcidos, ou, ainda, tivesse contra si decisão judicial de improcedência com trânsito em julgado em ação que visasse reconhecer a não incidência de tais verbas, e, não obstante isto, fizesse a compensação, talvez fosse o caso da configuração da falsidade, pois, nestes casos, o contribuinte estaria distorcendo os fatos para iludir o Fisco. No caso do presente Auto de Infração, o contribuinte procedeu à compensação baseado em teses jurídicas que, ainda que o Fisco não as aceite por força do princípio da vinculação ao lançamento e da legalidade, são realidades no cenário jurisprudencial. Quanto ao artigo 170A do CTN, de fato o recorrente deixou de observálo. A antecipação da compensação antes do trânsito em julgado contraria norma expressa de lei. Assim procedendo, a compensação já se torna indevida, mas por si só não se caracteriza como uma conduta de falsificação. Do contrário, os conceitos de compensação indevida e falsidade na declaração sempre coincidiriam. As compensações devem ser obrigatoriamente declaradas em GFIP e quando consideradas indevidas o são justamente porque contrariam algum dispositivo legal, já que todas as regras decorrem de lei. Assim, contrário senso, toda compensação contrária à lei também seria em última instância uma falsidade. O que me parece um alargamento insustentável do conceito e, conseqüentemente, do redimensionamento dos casos de aplicação da multa isolada: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Por essas razões, entendo inaplicável ao caso a multa isolada por falsidade. Responsabilidade solidária de representantes legais No exame da responsabilidade solidária em relação aos representantes legais Roberto Zitelmann de Oliveira, Clovis Mendes Duarte, Matheus Oliva Marcílio Souza e Roberto Zitelmann de Oliveira Junior, a fiscalização entendeu que seria o caso de aplicação do artigo 124 do CTN em razão da caracterização da hipótese no artigo 135, III: 46. De acordo com o inciso III, do artigo 135 do Código Tributário Nacional, Lei no 5172 de 25.10.66, são pessoalmente Fl. 5098DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.068 13 responsáveis pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. 47. Conforme constatamos na verificação dos processos judiciais apresentados pela empresa, a mesma não respeitou o disposto no Art. 170A do CTN, ou seja, as compensações só poderiam ser feitas após o trânsito em julgado das sentenças em relação às rubricas deferidas pela Justiça, o que, efetivamente, não havia ocorrido na época das compensações (ver item 8.1). 48. A empresa também efetuou a compensação de créditos tributários inexistentes, uma vez que considerou o pagamento de diversas rubricas incidentes de contribuição previdenciária como recolhimento indevido (ver item 8.2). 49. Por esta razão, seus representantes legais respondem solidariamente pelo crédito previdenciário devido neste processo. Ou seja, como se entendeu se tratar de falsidade da declaração, imputouse responsabilidade solidária; contudo, uma vez que considero a inexistência de falsidade pelas razões acima, conseqüentemente chego à mesma conclusão da decisão recorrida de que não teria havido excesso de poderes ou infração a lei: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. No entanto, cabe ressaltar que a exclusão da responsabilidade solidária dos representantes legais não significa que na fase de execução o "Relatório de Vínculos" não possa se prestar para que a Procuradoria da Fazenda Nacional PFN, em outras hipóteses legais, venha a cobrar o crédito dos representantes legais. No momento, apenas se chega à conclusão de que ainda não há elementos suficientes para a responsabilização solidária na hipótese indicada pela fiscalização. Assim, nego provimento ao recurso de ofício. Recurso voluntário Concomitância com ação judicial De fato, na ação judicial promovida pela recorrente discutese a procedência ou não do crédito tributário sobre as mesmas parcelas objeto das ações judiciais, inclusive com pedido pela procedência do direito de compensação, o que caracteriza a concomitância nessa Fl. 5099DF CARF MF 14 parte e, conseqüentemente, implica o reconhecimento da renúncia de se discutir a mesma questão no processo administrativo, ainda que a propositura da ação seja anterior à autuação fiscal que glosou as compensações: Lei nº 6.830/80 Art. 38 (...) Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. Lei n.º 8.213, de 24/07/91: Art.126 (...) §3º A propositura, pelo beneficiário ou contribuinte, de ação que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto. Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Assim, por concomitância com o objeto na ação judicial, não se conhecerá da matéria relativa ao direito à compensação. Contudo, em relação a matéria concomitante deve ser observado o artigo 86, §2º do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011: Art. 86. (...) § 2o O lançamento para prevenir a decadência deve seguir seu curso normal, com a prática dos atos administrativos que lhe são próprios, exceto quanto aos atos executórios, que aguardarão a sentença judicial, ou, se for o caso, a perda da eficácia da medida liminar concedida. Passo a examinar as demais questões. Responsabilidade por formação de grupo econômico de fato A fiscalização demonstrou que o quadro societário da recorrente é formado pelas duas empresas Sagarana Participações Ltda e Taizé Participações Ltda, adicionando que ocupam as mesmas instalações e estão sob a mesma direção dos representantes legais da recorrente Srs. Roberto Zitelmann de Oliva e Roberto Zitelmann de Oliva Junior: 38. Insta ressaltar que, após análise das alterações e consolidações contratuais nos 34, 35 e 36 da Intermarítima Terminais Ltda (DOC 13 a 15), registradas na JUCEB em 12.05.10 12.03.12 e 09.05.12, respectivamente, ficou constatada que a empresa era administrada pelos Srs. Roberto Zitelmann de Oliva e Roberto Zitelmann de Oliva Junior e que seu quadro societário é formado pelas empresas Sagarana Participações Fl. 5100DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.069 15 Ltda e Taizé Participações Ltda, ambas administradas pelo Sr. Roberto Zitelmann de Oliva, ressaltando que as três empresas estão localizadas no mesmo endereço com atividades relacionadas à armazenamento, depósito de cargas, transporte marítimo e operação portuária de um modo geral. 39. Em 13.07.12, foi registrada na JUCEB a 37a alteração contratual/Ata da Assembléia Geral Extraordinária (DOC 16), realizada em 04.07.12, para transformação da Intermarítima Terminais Ltda em Sociedade Anônima sob a denominação de Intermarítima Portos e Logística S/A, em que foram eleitos como membros do Conselho de Administração os Srs. Roberto Zitelmann de Oliva (Presidente), Roberto Zitelmann de Oliva Junior e Ricardo Zitelmann Santos de Oliva. 40. Posteriormente, em 08.08.12, foi registrada na JUCEB a Ata de Reunião do Conselho de Administração (DOC 17), realizada no dia 27.07.12, que elegeu como diretores os Srs. Roberto Zitelmann de Oliva Junior (Presidente), Matheus Oliva Marcílio de Souza e Clóvis Mendes Duarte. 41. Durante o período fiscalizado de 01/2010 a 12/2012, a empresa era uma sociedade limitada até 13.07.12 e a partir dessa data passou a ser uma Sociedade Anônima S/A. 41.1. No 1o período, a empresa teve como sócias as empresas Sagarana Participações Ltda e Taizé Participações Ltda, sendo o Sr. Roberto Zitelmann de Oliva administrador comum das três sociedades e o Sr. Roberto Zitelmann de Oliva Junior, administrador da Intermarítima Terminais Ltda; e 41.2. No 2o período, as empresas sócias passaram a ser acionistas, tendo o Sr.Roberto Zitelmann de Oliva como administrador de ambas e presidente do conselho de Administração da Intermarítima Portos e Logística S/A cujo diretorpresidente é o Sr. Roberto Zitelmann de Oliva Junior. 42. Sendo assim, fica caracterizada a existência de GRUPO ECONÔMICO formado pelas três empresas, pois, existe uma coordenação geral entre elas, uma vez que estão sob a direção, controle ou administração das mesmas pessoas, os Srs. Roberto Zitelmann de Oliva e Roberto Zitelmann de Oliva Junior. 43. De acordo com o art. 2o, § 2o, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), temos o conceito legal de grupo econômico: 43.1. “Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para efeitos da relação de emprego, solidariamente responsável a empresa principal e cada uma das subordinadas.” 44. O artigo 494 da Instrução Normativa – IN RFB no 971, de 13/11/2009, conceitua grupo econômico, assim: Fl. 5101DF CARF MF 16 44.1. “Caracterizase grupo econômico quando 2 (duas) ou mais empresas estiverem sob a direção, o controle ou a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica”. 45. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações previdenciárias, conforme disposto no inciso IX do art. 30 da Lei no 8.212, de 1991 e art. 222 do RPS – Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 06.05.99 (com a redação dada pelo Decreto no 4.032, de 26.11.01). O recorrente, através de jurisprudência de nossos tribunais, sustenta que deveria a fiscalização demonstrar que as empresas teriam interesse comum na situação que constitui os fatos geradores em questão. Contudo, a responsabilidade pelas contribuições previdenciárias tem regra especial no artigo 30, IX da Lei nº 8.212/91, segundo o qual bastaria a formação do grupo econômico para que todos as empresas que dele participem respondam individual e conjuntamente sobre as contribuições devidas por qualquer uma delas, independentemente da participação ou não nos atos que constituam fatos geradores ou infração. A responsabilidade, assim, é objetiva: Art. 30 (...) IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; O conceito de grupo econômico ou societário tem previsão tanto na Lei nº 6.404/76 como também, para fins de proteção do trabalhador, na CLT. Em ambas, a característica essencial é o controle de uma ou mais empresas sobre as demais. Esse controle é exercido pela prevalência nas deliberações, o que decorre da participação no capital social, o que ficou plenamente demonstrado pela fiscalização. Por tudo, voto por conhecer do recurso de ofício e parcialmente do recurso voluntário para, na parte conhecida, negarlhes provimento. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 5102DF CARF MF Processo nº 10580.723550/201301 Acórdão n.º 2301004.895 S2C3T1 Fl. 5.070 17 Fl. 5103DF CARF MF
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Numero do processo: 11128.730402/2013-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 09/10/2008
MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE.
A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 09/10/2008
MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração.
2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração.
AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE.
O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 09/10/2008
INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.022
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 09/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 09/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 09/10/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 09/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 09/10/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 73 04 02 /2 01 3- 45 Fl. 147DF CARF MF 2 responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 09/10/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o relatório encartado no acórdão recorrido, que segue transcrito: Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O lançamento, que totalizou R$ 5.000,00 à época de sua formalização, foi contestado pela empresa autuada. Da Autuação De acordo com a descrição dos fatos constante no Auto de Infração, a autuada concluiu a destempo a desconsolidação das cargas relativas ao conhecimento eletrônico (CE) genérico ali identificado (MasterHouse Bill of LadingMHBL), em razão de Fl. 148DF CARF MF Processo nº 11128.730402/201345 Acórdão n.º 3302004.022 S3C3T2 Fl. 101 3 ter informado com atraso o CE agregado (House Bill of Lading HBL) especificado. Para demonstrar a irregularidade apurada, a autoridade lançadora também apresentou dados referentes à embarcação, viagem, escala, data da atracação, manifesto eletrônico relativos à carga cujo atraso na informação deu ensejo ao lançamento. Na sequência a fiscalização discorreu sobre o Siscomex Carga e sua norma regente, a IN RFB nº 800/2007, destacando a abrangência do termo transportador nela utilizado, e os prazos estabelecidos para prestar as informações exigidas (arts. 22 e 50 da referida IN, e art. 64 do ADE Corep nº 3/2008). Em seguida, falou da responsabilidade legal do transportador e da penalidade aplicável em caso de descumprimento da obrigação em foco (arts. 37 e 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966), enfatizando a natureza objetiva dessa responsabilidade, que independe da intenção do agente ou responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 94 do DL 37/1966). A autoridade lançadora prosseguiu seu relato explanando acerca da motivação da obrigação imposta, destacando sua importância na definição prévia de procedimentos a serem aplicados, objetivando proporcionar maior segurança e racionalidade ao controle aduaneiro de cargas. Foi descrita a nova sistemática de controle implementada a partir de 2002, quando a fiscalização aduaneira passou a ter foco mais abrangente, de forma a alcançar não apenas os importadores e exportadores, mas todos os intervenientes envolvidos nas operações de comércio exterior. Dando seguimento, a fiscalização comentou sobre a interpretação da norma que prescreve a multa imposta. Foi considerado que, com base no art. 112 do CTN, deve ser considerada a conclusão veiculada na Solução de Consulta Interna Cosit nº 8/2008, relativamente à quantidade de multas a serem aplicadas. No tópico seguinte, intitulado “DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA”, foi feita detalhada abordagem a respeito da denúncia espontânea e chegada à conclusão que, apesar de sua aplicabilidade ter sido estendida às penalidades de natureza administrativa (Lei nº 12.350/2010), não foram atendidos os requisitos próprios desse instituto. Para reforçar seu entendimento, a autoridade lançadora recorreu à doutrina e também à jurisprudência administrativa e judicial. Na sequência a fiscalização falou sobre a materialidade da infração, que considerou devidamente caracterizada, e sobre os intervenientes aduaneiros designados pela legislação, tendo em vista o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003 e nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. Concluiu que, com base na documentação juntada aos autos, era a autuada, na condição de Fl. 149DF CARF MF 4 consignatária do citado CE genérico, a responsável por prestar as informações relativas aos correspondentes CEs agregados incluídos com atraso. Diante dos fatos apurados a autoridade lançadora considerou ser dever de ofício exigir a penalidade formalizada no Auto de Infração em debate. Da Impugnação O sujeito passivo foi cientificado da exação em 13/9/2013 e, em 7/10/2013, apresentou impugnação (fls. 6069) na qual aduz os seguintes argumentos. a) Ilegitimidade passiva. O prazo estabelecido pela IN RFB n° 800/2007 não se aplica à impugnante, que na condição de agente de carga, não se confunde com a atividade do transportador, que é o sujeito das obrigações instituídas pela referida Norma. A classificação da impugnante como tal distorce conceito de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria impugnante, antes do início de fiscalização. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. c) Inaplicabilidade de multa no período de contingência do Siscomex Carga. As operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores. Dessa forma, evidenciado que a impugnante não poderia agir de outra forma, a aplicação de multa no presente caso afronta, além do princípio da inexigibilidade de conduta diversa, o da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. Ao final a impugnante pede que seja cancelado o lançamento. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 90/103), em que, por unanimidade de votos, os integrantes do Colegiado de primeiro grau rejeitaram a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, julgaram a impugnação improcedente e mantiveram integralmente a exigência fiscal, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 09/10/2008 Fl. 150DF CARF MF Processo nº 11128.730402/201345 Acórdão n.º 3302004.022 S3C3T2 Fl. 102 5 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO SISTEMA PARA REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi decorrente de problema no sistema próprio para registro dos dados exigidos pelo Fisco, desacompanhada de evidência desse fato e do atendimento às regras de contingência estabelecidas para esses casos, não afasta a aplicação da multa cominada para a citada irregularidade, eis que o ônus da prova é de quem dela se aproveita. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 09/10/2008 AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE. O agente de carga submetese às regras da IN RFB nº 800/2007, pois, além de a lei responsabilizálo pela prestação das informações a seu encargo regulamentadas por essa norma, está expressamente incluído entre as espécies de transportador ali definidas, devendo o significado desse termo ser compreendido considerandose o contexto em que ele foi empregado. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 09/10/2008 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. DESCABIMENTO. A prestação de informação sobre veículo, operação ou carga é obrigação acessória autônoma de natureza formal vinculada a prazo certo, cujo atraso já consuma a infração, causando dano irreversível, razão pela qual não se aplica ao caso a denúncia espontânea, mormente quando a comunicação da irregularidade, além de ineficaz, também é intempestiva, diante da prévia atracação do veículo transportador e do bloqueio realizado no Siscomex Carga no ato do registro intempestivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em 15/6/2015 (fls. 108/109), a autuada foi cientificada da decisão de primeira instância. Em 8/7/2015, protocolou o recurso voluntário de fls. 111/129, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Em aditamento, alegou que o Fl. 151DF CARF MF 6 acórdão recorrido não dera aos fatos em análise a correta interpretação, aplicando equivocadamente a legislação vigente; e que os argumentos expostos na impugnação foram refutados por simples negativa, sem que se levantassem razões jurídicas hábeis a infirmálos. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O litígio cingese aos seguintes pontos: a) ilegitimidade passiva da recorrente; b) impossibilidade de aplicação da multa durante o período de contingência do Siscomex Carga; e c) excludente de responsabilidade por denúncia espontânea da infração. Previamente a análise controvérsia, cabe destacar que a aplicação da penalidade em apreço foi motivada pela prática da infração tipificada, genericamente, na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; (...) E em relação à prestação de “informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute” no Siscomex Carga, para conferir efetividade a referida norma penal em branco, foi editada a Instrução Normativa RFB 800/2007, que estabeleceu a forma e o prazo para a prestação das referidas informações. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que integra o presente Auto de Infração (fls. 01/05), a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos ao conhecimento eletrônico (HBL) CE 150805190343826, vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL) CE 150805184751721, conforme explicitado no trecho que segue transcrito: O Agente de Carga CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.229.138/000406, concluiu a desconsolidação relativa ao Conhecimento Eletrônico Sub Master (MHBL) CE 150805184751721 a destempo às 09h52min do dia 09/10/2008, segundo o prazo previamente estabelecido Fl. 152DF CARF MF Processo nº 11128.730402/201345 Acórdão n.º 3302004.022 S3C3T2 Fl. 103 7 pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, para o seu conhecimento eletrônico agregado (HBL) CE 150805190343826. A carga objeto da desconsolidação em comento foi trazida ao Porto de Santos acondicionada nos Containers NYKU7940080, NYKU7104578 e NYKU7149079, pelo Navio M/V CAPE CHARLES, em sua viagem 101W, no dia 07/10/2008, com atracação registrada às 18h26min. Os documentos eletrônicos de transporte que ampararam a chegada da embarcação para a carga são Escala 08000222050, Manifesto Eletrônico 1508501842589, Conhecimento Eletrônico Master MBL 150805183878000, Conhecimento Eletrônico SubMaster MHBL 150805184751721 e Conhecimento Eletrônico Agregado HBL 150805190343826. Especificamente, no que tange à prestação de informação sobre a conclusão da operação de desconsolidação, os prazos permanentes e temporários foram estabelecidos, respectivamente, no art. 22, “d”, III, e art. 50, parágrafo único, da Instrução Normativa RFB 800/2007, que seguem transcritos. Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: [...] III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. [...] Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. (grifos não originais) No caso, como as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreu antes de 1º de abril de 2009, a recorrente estava obrigada a cumprir o prazo estabelecido no norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 destacado. Os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, as informações foram prestadas somente às 09h52min do dia 9/10/2008 (data/hora da inclusão no Siscomex Carga do Fl. 153DF CARF MF 8 conhecimento eletrônico agregado HBL 150805190343826), portanto, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ocorrida no dia 07/10/2008, às 18h26min. Logo, fica claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Além disso, não resta qualquer dúvida que a conduta praticada pela recorrente subsumese perfeitamente à hipótese da infração descrita nos referidos preceitos legal e normativo. Aliás, em relação à materialidade da mencionada infração inexiste controvérsia nos autos. Apresentadas essas breves considerações, passase a analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente. Da ilegitimidade passiva A recorrente alegou que, na condição de agente de carga, no período compreendido entre a data da vigência da Instrução Normativa RFB 800/2007 até 1º de abril de 2009, ela não estava obrigada a respeitar o prazo estabelecido no art. 22 da citada IN, nem o prazo estabelecido no inciso II do parágrafo único do art. 50 do citado ato, sob o argumento de que este último preceito normativo aplicavase apenas ao transportador. A alegação da recorrente não procede, porque, embora o disposto no parágrafo único do art. 50 da referida IN tenha se referido apenas ao transportador, não se pode olvidar que, para fins de cumprimento de obrigação acessória perante o Siscomex Carga, o termo transportador compreende o agente de carga e demais pessoas jurídicas que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga, discriminadas no inciso IV do § 1º do art. 2º da Instrução Normativa RFB 800/2007, a seguir transcrito: Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: [...] V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; [...] § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: [...] IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíneas “a” e “b”, responsável pela desconsolidação da carga no destino; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) Fl. 154DF CARF MF Processo nº 11128.730402/201345 Acórdão n.º 3302004.022 S3C3T2 Fl. 104 9 e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; [...] Além disso, há expressa menção na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, que o agente de carga responde pela referida penalidade, se prestar informação sobre a carga fora do prazo estabelecido. No caso em tela, é fato incontroverso que, em relação às operações de desconsolidação que executou, a recorrente atuou como representante do transportador estrangeiro, no País. Logo, dada essa condição, era dela a responsabilidade de proceder o registro tempestivo, no Siscomex Carga, dos dados sobre as operações que executou em nome da empresa de navegação representada. Dessa forma, tratandose de infração à legislação aduaneira e tendo em vista que a recorrente concorreu para a prática da questionada infração, induvidosamente, ela deve responder pela correspondente penalidade aplicada, conforme dispõe o inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir transcrito: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. Assim, na condição de agente e, portanto, mandatário do transportador estrangeiro, a recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex Carga sobre a carga transportada pelo seu representado. Em decorrência dessa atribuição e por ter cumprido a destempo a dita obrigação, a autuada foi quem cometeu a infração capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, por conseguinte, deve responder pela infração em apreço. Por fim, cabe ainda ressaltar que, os termos do caput do art. 94 do Decretolei 37/1966, no âmbito da legislação aduaneira, constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que “importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decretolei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos”. Com base nessas consideração, resta demonstrado que a recorrente deve ser mantida polo passivo da autuação, porque há expressa previsão legal que nesse sentido. Da inaplicabilidade da multa na fase de contingência do Siscomex Carga. Em relação a esse ponto, a recorrente alegou que não havia que se falar em aplicação ou descumprimento dos prazos estabelecidos pela “IN RFB 800/2007, vez que ao operador não restava qualquer alternativa para a imputação das informações no sistema”. Segundo a recorrente, a exigência do cumprimento de uma obrigação sem que lhe fosse oferecidos os meios indispensáveis para tanto feriria o princípio da razoabilidade e o instituto da inexigibilidade de conduta diversa. Fl. 155DF CARF MF 10 Este Relator está de pleno acordo com a recorrente de que imputar infração ao usuário do Sistema por descumprimento de obrigação que ele não cumpriu ou não poderia cumprir por falhas operacionais ou ausência de meios necessários, revelase, nitidamente, irrazoável e desproporcional, conforme alegado. Porém, como se trata de alegação que envolve situação de natureza fática, a recorrente tinha o dever de comprovála, o que não ocorreu no caso em tela. E na distribuição do ônus prova, prevista o art. 373, II, da Lei 13.105/2015, que instituiu o vigente Código de Processo Civil (CPC), que corresponde ao art. 333, II, do CPC anterior, por ser fato relevante para isentar a recorrente da exigência, não era suficiente a simples alegação de que não havia meios para prestar informações sobre a carga. Dada a alegada impossibilidade, cabia a recorrente o dever provála, o que não ocorreu. Neste sentido, prevendo a possibilidade de falhas de funcionamento, na fase inicial de implantação do sistema, foram fixados os procedimentos a serem adotados pelos usuários, nos termos dos arts. 1º, 2º e 4º, III da IN RFB 835/2008, a seguir transcritos: Art. 1º Na impossibilidade de acesso ao Siscomex Carga, por mais de duas horas consecutivas, em virtude de problemas de ordem técnica do sistema, ou na ocorrência de fatores operacionais que prejudiquem o fluxo de comércio exterior, as operações relativas ao controle de embarcações e cargas em portos alfandegados, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, observarão os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Art. 2º Compete ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no âmbito de sua jurisdição, reconhecer a impossibilidade de acesso ao sistema, por razões de ordem técnica, e autorizar a adoção dos procedimentos de contingência. Parágrafo único. A data e a hora da restauração do acesso ao sistema deverá ser registrada nos documentos de autorização, para fins de auditoria e controle. Art. 4º Na hipótese do art. 2º, restaurado o acesso ao sistema: [...] III relativamente à informação dos manifestos, conhecimento eletrônico (CE) e itens, o transportador deverá informar todos os manifestos, CE e itens no sistema, relacionálos e solicitar à RFB a baixa dos bloqueios decorrentes da informação após o prazo estabelecido. [...] (grifos não originais) Assim, como a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento de prova, em que demonstrado a impossibilidade de acesso ao Sistema, conforme procedimentos disciplinados nos referidos preceitos normativos, a alegação suscitada não tem qualquer relevância. A recorrente alegou ainda que era descabida a exigência de prova da indisponibilidade do Sistema, porque a própria edição da IN RFB 835/2008 já constituía prova de que o Sistema não funcionava adequadamente. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 11128.730402/201345 Acórdão n.º 3302004.022 S3C3T2 Fl. 105 11 Essa alegação também não procede, porque não é verdade que a referida IN reconheceu a impossibilidade de funcionamento do Sistema, mas, na possibilidade dessa situação vir a ocorrer e, caso ocorresse, o usuário deveria adotar os procedimentos nela estabelecidos com vistas a resguardálo da imposição de qualquer sanção. Da denúncia espontânea da infração. A recorrente alegou a denúncia espontânea da infração cometida, para excluir a multa que lhe fora aplicada, sob o argumento de que as informações foram prestadas antes de qualquer ato da fiscalização, portanto, em conformidade com o previsto no art. 102, § 2º, do Decretolei 37/1966, com redação dada pela Lei 12.350/2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração, no caso em tela, não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), no caso em tela, as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos não originais) Porém, ainda que tal restrição não se aplicasse à infração em apreço, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não teria a recorrente, porque a infração em apreço, inequivocamente, não é passível de denúncia espontânea, pela razões aduzidas no voto da lavra deste Conselheiro que serviu de fundamento da decisão consignada no Acórdão nº 3102002.187, de 26 março de 2014, cujos excertos relevantes, que aqui adotase como fundamento de decidir, seguem transcritos: Da denúncia espontânea da infração. Alegou a recorrente que, no caso em tela, era incabível a aplicação de qualquer penalidade, porque às informações sobre a carga transportada fora feita a tempo e antes de qualquer intimação ou de qualquer outra notificação porventura expedida pela fiscalização aduaneira, o que configurava denúncia Fl. 157DF CARF MF 12 espontânea da infração, nos termos do art. 138 do CTN e do art. 102 do Decretolei nº 37, de 1966. Não procede a alegação da recorrente, pois, no caso em comento, não se aplica o instituto da denúncia espontânea da infração previsto no art. 138 do CTN e tampouco o específico da infração a legislação aduaneira estabelecido no art. 102 do Decretolei n° 37, de 1966, com as novas redações dadas pelo Decretolei nº 2.472, de 01 de setembro de 1988 e pela Lei nº 12.350, de 20 dezembro de 2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) (grifos não originais) O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração Fl. 158DF CARF MF Processo nº 11128.730402/201345 Acórdão n.º 3302004.022 S3C3T2 Fl. 106 13 cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citado a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Fl. 159DF CARF MF 14 Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. [...].1 (destaques do original) No mesmo sentido, o entendimento manifestado pela 3ª Turma da CSRF, por meio do Acórdão nº 9303003.552, cujo enunciado da ementa segue reproduzido: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/06/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. 2 No âmbito dos Tribunais Regionais Federais (TRF), o entendimento tem sido o mesmo. A título de exemplo, citase trechos do enunciado da ementa e do voto condutor do do TRF da 4ª Região, proferido no julgamento da Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC, que seguem parcialmente transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIAESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966.2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas.3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...] Voto. 1 BRASIL. CARF, 3ª Seção, 1ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Ac. 3102002.187, de 26/03/2014, rel. José Fernandes do Nascimento. 2 BRASIL. CARF, CSRF, 3ª Turma, Ac. 9303003.552, de26/04/2016, rel. Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 11128.730402/201345 Acórdão n.º 3302004.022 S3C3T2 Fl. 107 15 [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...]3. Também com base no mesmo entendimento, a questão tem sido decidida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme confirma, a título de exemplo, o recente acórdão proferido no julgamento do REsp 1613696/SC, cujo enunciado da ementa segue transcrito: O art. 107 do Decretolei 37, de 1966, por sua vez, estabelece a penalidade de multa, no caso de descumprimento da obrigação acima mencionada. Oportuno anotar, ainda, que a declaração do embarque das mercadorias é obrigação acessória e sua apresentação intempestiva caracteriza infração formal, cuja penalidade não é passível de ser afastada pela denúncia espontânea.”. 4 Com base nessas considerações, afastase a alegada excludente de responsabilidade por denúncia espontânea, suscitada pela recorrente. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 3 BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013. 4 BRASIL. STJ. REsp 1613696/SC. Rel. Min. Herman Benjamim. Decisão Monocrática de 2/9/2016. Fl. 161DF CARF MF 16 Fl. 162DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.015787/00-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2005 a 31/08/2005
DÚVIDA SUSCITADA PELA AUTORIDADE RESPONSÁVEL PELO EXECUÇÃO DO JULGADO.
Analisando-se o teor da decisão recorrida, a dúvida suscitada pela autoridade responsável pela execução do julgado deverá ser esclarecida no sentido de que, ao cumprir o acórdão embargado, a restituição/compensação do indébito objeto do presente julgado deverá ser realizada com base na legislação que rege o PASEP.
Embargos acolhidos.
Numero da decisão: 3301-003.207
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente).
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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Analisandose o teor da decisão recorrida, a dúvida suscitada pela autoridade responsável pela execução do julgado deverá ser esclarecida no sentido de que, ao cumprir o acórdão embargado, a restituição/compensação do indébito objeto do presente julgado deverá ser realizada com base na legislação que rege o PASEP. Embargos acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 57 87 /0 0- 69 Fl. 438DF CARF MF 2 Tratamse de embargos declaratórios apresentados pelo Titular da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro Demac/RJO em face de Acórdão nº 330101.434 (fls. 332/336), proferido em sessão realizada em 25/04/2012, cuja ementa resta transcrita a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/1989 a 15/09/1995 INDÉBITO FISCAL. RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. Em se tratando de pagamento indevido ou maior que o devido, nos termos do art. 165, I, c/c art. 168, I, do CTN, cujos pedidos de restituição ou compensação tenham sido efetuados antes da entrada em vigor da Lei Complementar nº LC 118/05 (09.06.2005), relativamente aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, aplicase o prazo previsto na legislação anterior, no caso, a tese dos 5+5 consagrada pelo E. STJ. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1995 a 15/03/1996 BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. Súmula CARF nº 15: “A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária.” DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO Reconhecidos créditos financeiros a favor do contribuinte, cabe à autoridade administrativa competente homologar a compensação dos débitos fiscais, efetuada por ele, mediante entrega de Pedido de Restituição/ Declaração de Compensação (Per/Dcomp), até o limite do montante dos créditos financeiros apurados. Recurso Parcialmente Provido. Os Embargos opostos apontam a existência de dúvida quanto ao cumprimento do referido acórdão. Considerando que a decisão determinou a restituição/compensação do PIS com base na LC 7/70, e que há no processo decisões e pagamentos que se referem ao indébito do Pasep (que se baseia na LC nº 8/70), questiona se ao cumprir o acórdão a restituição/compensação deverá ser realizada com base na alíquota e normativos do PIS ou na alíquota e normativos do Pasep. Tendo em vista a legitimidade do Recorrente quanto à oposição dos embargos declaratórios, nos termos do inciso V, parágrafo 1º do art. 65 do Regimento Interno do CARF, bem como a tempestividade do recurso interposto, foi proposto o seu conhecimento. Os autos, então, vieramse conclusos para fins de análise dos referidos Embargos. É o breve relatório. Fl. 439DF CARF MF Processo nº 10380.015787/0069 Acórdão n.º 3301003.207 S3C3T1 Fl. 439 3 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: Os Embargos Declaratórios opostos são tempestivos e reúnem os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deles conheço. Consoante acima narrado, os Embargos foram opostos no intuito de se esclarecer dúvida quanto ao cumprimento do acórdão embargado. Considerando que a decisão determinou a restituição/compensação do PIS com base na LC 7/70, e que há no processo decisões e pagamentos que se referem ao indébito do Pasep (que se baseia na LC nº 8/70), questiona se ao cumprir o acórdão a restituição/compensação deverá ser realizada com base na alíquota e normativos do PIS ou na alíquota e normativos do Pasep. Para que se analise o pleito do Embargante, importante que sejam analisadas as decisões proferidas nos autos até aqui, para que se possa melhor compreender a sua extensão e aplicabilidade. A seguir, transcrevese a ementa da decisão da DRJ: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/1989 a 15/09/1995 Ementa:RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. A decadência do direito de pleitear restituição de indébito fiscal ocorre em cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário pelo pagamento, inclusive, na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. INCONSTITUCIONALIDADE. ESFERA ADMINISTRATIVA. As arguições de inconstitucionalidade, que visam afastar a aplicação de norma legal inserta no ordenamento jurídico, não são oponíveis na esfera administrativa, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1995 a 15/03/1996 SEMESTRALIDADE PASEP. Inexiste ato normativo administrativo versando expressamente no sentido de que o art. 14 do Decreto n° 71.618/72 trata de base de cálculo e não de prazo de recolhimento da contribuição para o PASEP. RESTITUIÇÃO PASEP. Fl. 440DF CARF MF 4 Não se reconhece direito creditório quando restar evidenciado que os recolhimentos foram efetuados em montante menor que o devido. Solicitação Indeferida. Ao tratar sobre o tema objeto dos Embargos, o Relator da DRJ assim dispôs: Alega, ainda, a contribuinte que o despacho decisório não considerou a semestralidade quando o cálculo para apuração do pagamento indevido do PASEP. A contribuinte é uma sociedade de economia mista e os recolhimentos por ela efetuados, se referem à contribuição para o PASEP. O posicionamento adotado pela Receita Federal do Brasil, inclusive pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, era o de refutar qualquer entendimento que propugnasse pela existência de um lapso de tempo entre o fato gerador e a base de cálculo da contribuição. Assim, para que fosse aplicada posição diversa necessário seria a publicação de ato normativo administrativo versando expressamente no sentido de que o art. 14 do Decreto nº 71.618/72 trata de base de cálculo e não de prazo de recolhimento, assim como ocorreu na contribuição para o PIS, com a publicação do Parecer PGFN/CRJ/nº 2143/2006 e do Ato Declaratório PGFN nº 8 de 20.11.2006. Consequentemente, como tal fato não ocorreu, a Administração fica obrigada a exigir a contribuição para o PASEP nos termos do diploma legal citado. Desta forma, cabe ressaltar que a autoridade administrativa ao efetuar os cálculos relativos à contribuição correspondente aos períodos de setembro/95 a fevereiro/96, utilizou valores de base de cálculo informados pela própria contribuinte em sua DIPJ/1996, segundo o extrato de consulta de fls. 177 a 179. A maioria dos valores declarados da contribuição do PASEP a pagar foram calculados com a utilização da alíquota de 0,65%, quando no referido período, com a suspensão dos decretoslei 2445/88 e 2449/88, deveria ter sido aplicada a alíquota de 0,8%, da contribuição para o PASEP), em conformidade com o art. 3º da LC 8/70 c/c inc. III do art. 8º do Decreto nº 71.618/72, abaixo transcritos. Por tal motivo, quando da comparação com os valores efetivamente recolhidos não foi encontrado valor a restituir, pois restou evidenciado recolhimento a menor do que o devido. LC 08/70: "Art. 3º As antarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações, da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal e dos Territórios contribuirão para o Programa com 0,4% (quatro décimos por cento) da receita orçamentária, inclusive transferências e receita operacional, o partir de 1º de julho de 1971: 0,6% (seis décimos por cento) em 1972 e 0,8% (oito décimos por cento) no ano de 1973 e subsequentes" Decreto nº 71.618/72 "Art. 8º A contribuição das empresas públicas e sociedades de economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios corresponderá à aplicação sobre suas receitas operacionais e transferências recebidas através dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios dos seguintes percentuais: 1 0,4% (quatro décimos por cento), nas contribuições devidas de 1 de julho de 1971 a 31 de dezembro do mesmo ono: II 0,6% (seis décimos por cento), nas contribuições devidas no ano de 1972, Fl. 441DF CARF MF Processo nº 10380.015787/0069 Acórdão n.º 3301003.207 S3C3T1 Fl. 440 5 III 0,8% (oito décimos por cento), nas contribuições devidas no ano de 1973 e nos subsequentes." Face o exposto, voto no sentido de que seja indeferida a solicitação contida na Manifestação de Inconformidade, de fls, 205 a 224. (Grifos apostos). Ao analisar o Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, este Conselho entendeu, por unanimidade de votos, em reconhecer a semestralidade da base de cálculo do PIS e, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso para reconhecer ao contribuinte o direito de repetir/compensar os indébitos decorrentes de pagamentos a maior do PIS/Pasep, efetuados com base nos inconstitucionais Decretosleis nº 2.445/88 e nº 2.449/88 e da MP nº 1.212/95, em relação aos valores devidos nos termos das LCs nº 7, de 1970 e nº 17, de 1973, para o período de competência de setembro de 1990 a fevereiro de 1996. A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/1989 a 15/09/1995 INDÉBITO FISCAL. RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. Em se tratando de pagamento indevido ou maior que o devido, nos termos do art. 165, I, c/c art. 168, I, do CTN, cujos pedidos de restituição ou compensação tenham sido efetuados antes da entrada em vigor da Lei Complementar nº LC 118/05 (09.06.2005), relativamente aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, aplicase o prazo previsto na legislação anterior, no caso, a tese dos 5+5 consagrada pelo E. STJ. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1995 a 15/03/1996 BASE DE CÁLCULO. SEMESTRALIDADE. Súmula CARF nº 15: “A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária.” DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO Reconhecidos créditos financeiros a favor do contribuinte, cabe à autoridade administrativa competente homologar a compensação dos débitos fiscais, efetuada por ele, mediante entrega de Pedido de Restituição/ Declaração de Compensação (Per/Dcomp), até o limite do montante dos créditos financeiros apurados. Recurso Parcialmente Provido. Transcrevese a seguir passagem do voto do relator que tratou sobre o assunto (vide fl. 336 dos autos): Igualmente, temse por equivocada a decisão recorrida, quanto ao direito da Contribuinte adotar como base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep, para os fatos geradores ocorridos nos períodos de apuração de 09/90 a 02/96, considerando a Fl. 442DF CARF MF 6 semestralidade da base de cálculo da referida contribuição, em conformidade com a Súmula 15, deste E. CARF, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 15: A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. Assim sendo, deve ser assegurado o direito à Recorrente, quanto ao indébito decorrente da aplicação da sistemática da semestralidade da base de cálculo do PIS/PASEP, relativamente aos fatos geradores ocorridos no período de apuração de 09/90 a 02/96, sem correção monetária. Em face do exposto, voto pela procedência parcial do pedido de restituição/compensação, a fim de que a Autoridade Administrativa competente, adotada a semestralidade da base de cálculo do PIS, apure os valores pagos indevidamente pela requerente, a título dessa contribuição, para o período de competência de setembro de 1990 a fevereiro de 1996, levando em consideração a semestralidade da base de cálculo do PIS, prevista no art. 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, efetuandose, posteriormente, a homologação da compensação do débito fiscal declarado até o limite do montante dos créditos apurados. Os valores do indébito devem ser corrigidos monetariamente, até 31/12/1995, com base na tabela anexa à Norma de Execução Conjunta SRF/Cosit/Cosar nº 08, de 27/06/97, e, a partir de 1º/01/96, sobre os indébitos passam a incidir exclusivamente juros equivalentes à Taxa SELIC, acumulada mensalmente, até o mês anterior em que houver a restituição/compensação, acrescida de 1% relativamente ao mês da ocorrência da restituição ou compensação, por força do disposto no art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95. Da leitura da decisão supra transcrita, extraio ter o CARF naquela oportunidade concluído que o direito de repetir/compensar os indébitos decorrentes de pagamentos a maior do PIS/Pasep, para o período de competência de setembro de 1990 a fevereiro de 1996, deveria ser calculados com base na LCs nº 7, de 1970 e nº 17, de 1973. Entendo, contudo, que, naquela oportunidade, houve erro material na indicação da legislação aplicável. Isso porque, consoante se extrai das passagens acima transcritas, quando do julgamento realizado, este Conselho estava ciente que a contribuinte em questão tratavase de uma sociedade de economia mista, cujos recolhimentos por ela efetuados referiamse à contribuição para o PASEP, tendo esta informação constado de forma expressa da decisão da DRJ. Dessa forma, ao reconhecer o direito de repetir/compensar os indébitos decorrentes de PASEP, deveria ter indicado a legislação relativa ao PASEP, e não relativa ao PIS. Notese que os recolhimentos acostados aos autos pelo contribuinte são de PASEP. Logo, cabe a este órgão julgador sanar o vício ali indicado, esclarecendo que, quando da execução do presente julgado, deverá ser levado em consideração a legislação atinente ao PASEP, que se baseia na LC 8/70. Da Conclusão. Diante do acima exposto, entendo por acolher os Embargos Declaratórios opostos pelo Titular da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro Demac/RJO, para fins de esclarecer a dúvida suscitada, no sentido de que, ao cumprir o acórdão embargado, a restituição/compensação do indébito objeto do presente julgado deverá ser realizada com base na legislação do PASEP. Fl. 443DF CARF MF Processo nº 10380.015787/0069 Acórdão n.º 3301003.207 S3C3T1 Fl. 441 7 É como voto. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 444DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.721242/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REGRA.
A interpretação simultânea do artigo 195, I e 201, § 4º, ambos da Constituição Federal, leva à conclusão de que a folha de salários abrange o quantum total efetivamente pago ao empregado. Portanto, se a intenção do constituinte fosse que a contribuição incidisse apenas sobre o salário em sentido estrito, não se teria valido, também do vocábulo folha.
PARTICIPAÇÃO LUCROS OU RESULTADOS EMPREGADOS.
A Lei nº 10.101/2000 regulamentou o pagamento de PLR. Assim, a isenção tributária sobre os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados deve observar os limites da lei regulamentadora. Cumpre esclarecer que caso ocorra o pagamento da PLR em desacordo com a citada lei, esta integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social, conforme artigo 214, § 10, o Regulamento da Previdência Social.
A parcela relativa à Participação nos Lucros/Resultados não integre o salário de contribuição, deve a empresa cumprir as exigências da legislação específica, que no caso, é a Medida Provisória 794/94, e as que se lhe seguiram reeditando a matéria, finalmente convertidas na Lei n.º 10.101, de 19/12/2000, ao se constatar que houve três pagamentos de PLR nos anos de 2009 e 2010 ao mesmo funcionário, não resta a menor dúvida que houve o descumprimento da citada norma legal.
PARTICIPAÇÃO LUCROS ADMINISTRATIVOS.
A norma legal citada pela Recorrente que afastaria a incidência de contribuições previdenciárias devidas se o pagamento de PLR tivesse sido eventual, não se aplica ao seu caso, uma vez que os Administradores não empregados são enquadrados como segurados contribuintes individuais perante a legislação previdenciária e a norma citada se aplica a segurados empregados e trabalhadores avulsos.
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
A multa de ofício integra o crédito tributário, logo está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do mês subsequente ao do vencimento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.549
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito: a) quanto à PLR paga a segurados empregados, por maioria, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira; b) quanto à PLR paga a contribuintes individuais, por maioria, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto; e c) quanto aos juros sobre a multa de ofício, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos a relatora e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Andréa Viana Arrais Egypto, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Maria Cleci Coti Martins, Miriam Denise Xavier Lazarini e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REGRA. A interpretação simultânea do artigo 195, I e 201, § 4º, ambos da Constituição Federal, leva à conclusão de que a folha de salários abrange o quantum total efetivamente pago ao empregado. Portanto, se a intenção do constituinte fosse que a contribuição incidisse apenas sobre o salário em sentido estrito, não se teria valido, também do vocábulo folha. PARTICIPAÇÃO LUCROS OU RESULTADOS EMPREGADOS. A Lei nº 10.101/2000 regulamentou o pagamento de PLR. Assim, a isenção tributária sobre os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados deve observar os limites da lei regulamentadora. Cumpre esclarecer que caso ocorra o pagamento da PLR em desacordo com a citada lei, esta integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social, conforme artigo 214, § 10, o Regulamento da Previdência Social. A parcela relativa à Participação nos Lucros/Resultados não integre o salário de contribuição, deve a empresa cumprir as exigências da legislação específica, que no caso, é a Medida Provisória 794/94, e as que se lhe seguiram reeditando a matéria, finalmente convertidas na Lei n.º 10.101, de 19/12/2000, ao se constatar que houve três pagamentos de PLR nos anos de 2009 e 2010 ao mesmo funcionário, não resta a menor dúvida que houve o descumprimento da citada norma legal. PARTICIPAÇÃO LUCROS ADMINISTRATIVOS. A norma legal citada pela Recorrente que afastaria a incidência de contribuições previdenciárias devidas se o pagamento de PLR tivesse sido eventual, não se aplica ao seu caso, uma vez que os Administradores não empregados são enquadrados como segurados contribuintes individuais perante a legislação previdenciária e a norma citada se aplica a segurados empregados e trabalhadores avulsos. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício integra o crédito tributário, logo está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do mês subsequente ao do vencimento. Recurso Voluntário Negado.
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REGRA. A interpretação simultânea do artigo 195, I e 201, § 4º, ambos da Constituição Federal, leva à conclusão de que a folha de salários abrange o quantum total efetivamente pago ao empregado. Portanto, se a intenção do constituinte fosse que a contribuição incidisse apenas sobre o salário em sentido estrito, não se teria valido, também do vocábulo “folha”. PARTICIPAÇÃO LUCROS OU RESULTADOS EMPREGADOS. A Lei nº 10.101/2000 regulamentou o pagamento de PLR. Assim, a isenção tributária sobre os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados deve observar os limites da lei regulamentadora. Cumpre esclarecer que caso ocorra o pagamento da PLR em desacordo com a citada lei, esta integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social, conforme artigo 214, § 10, o Regulamento da Previdência Social. A parcela relativa à Participação nos Lucros/Resultados não integre o salário de contribuição, deve a empresa cumprir as exigências da legislação específica, que no caso, é a Medida Provisória 794/94, e as que se lhe seguiram reeditando a matéria, finalmente convertidas na Lei n.º 10.101, de 19/12/2000, ao se constatar que houve três pagamentos de PLR nos anos de 2009 e 2010 ao mesmo funcionário, não resta a menor dúvida que houve o descumprimento da citada norma legal. PARTICIPAÇÃO LUCROS ADMINISTRATIVOS. A norma legal citada pela Recorrente que afastaria a incidência de contribuições previdenciárias devidas se o pagamento de PLR tivesse sido eventual, não se aplica ao seu caso, uma vez que os Administradores não empregados são enquadrados como segurados contribuintes individuais AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 12 42 /2 01 3- 11 Fl. 501DF CARF MF 2 perante a legislação previdenciária e a norma citada se aplica a segurados empregados e trabalhadores avulsos. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. A multa de ofício integra o crédito tributário, logo está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do mês subsequente ao do vencimento. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito: a) quanto à PLR paga a segurados empregados, por maioria, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira; b) quanto à PLR paga a contribuintes individuais, por maioria, negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto; e c) quanto aos juros sobre a multa de ofício, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos a relatora e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Andréa Viana Arrais Egypto. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Andréa Viana Arrais Egypto, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Maria Cleci Coti Martins, Miriam Denise Xavier Lazarini e Rayd Santana Ferreira. Fl. 502DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 502 3 Relatório Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 Tratase de crédito tributário, lançado através dos Autos De Infração: • AI DEBCAD n.º 51.032.8938, No montante de R$ 26.257.590,94, consolidado em 05/11/2013, referente a contribuições destinadas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa e do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados e contribuintes individuais, não declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e não recolhidas, relativas a competências de 02/2009 a 08/2010; • AI DEBCAD n.º 51.032.8946, No montante de R$ 266.871,47, consolidado em 05/11/2013, referente a contribuições destinadas a terceiros – salário educação e INCRA incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados, não declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e não recolhidas, relativas a competências de 02/2009 a 08/2010; Citado, o sujeito passivo apresentou impugnação às fls. 150/193, alegando questões formais e materiais. Primeiramente a Improcedência da Autuação sobre as Verbas de Participação nos Lucros e Resultados Pagas aos Empregados. A Impossibilidade de Descaracterização do Montante Total da PPR e PLR paga nos anos de 2009 e 2010. A Improcedência da Autuação sobre a Participação nos Lucros e Resultados Paga a Administradores não Empregados. E por fim afirma ser indevida aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Curitiba (PR) lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0646.123 – 7ª Turma da DRJ/CTA, às fls. 335/358, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Recordese: “PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS. PAGAMENTOS EM DESACORDO COM LEI ESPECÍFICA. Integra a base de cálculo de contribuições previdenciárias a segurados empregados a parcela recebida a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, Quando paga ou creditada em desacordo com lei específica. PARTICIPAÇÃO ESTATUTÁRIA DE ADMINISTRADORES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Fl. 503DF CARF MF 4 A participação dos diretores não empregados nos lucros e resultados da Companhia sofre a incidência de contribuições previdenciárias, por caracterizar contraprestação aos serviços prestados. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, porquanto parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento.” O Recorrente foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 01/01/2014, conforme AR juntado às fls. 365. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário às fls. 367/436, ratificando suas alegações anteriormente expendidas e ao final requer o acatamento do recurso de modo a alterar a decisão recorrido. Aduz a Improcedência da Autuação sobre as Verbas de Participação nos Lucros e Resultados Pagas aos Empregados. Ressalta a suposta correta Periodicidade dos pagamentos de participações nos Lucros e Resultados no Período Autuado. A Improcedência da Autuação sobre a Participação nos Lucros e Resultados Paga a Administradores não Empregados. E afirma que a previsão de pagamento da participação nos lucros e resultados aos administradores estatutários está expressamente contida na Lei nº 6.404/76. Subsidiariamente, caso não seja cancelado o crédito tributário consubstanciado no presente processo, bem como a multa aplicada, devese, excluir a cobrança de juros de mora sobre as multas de ofício. Nesse sentido, a Delegacia de Controle e Acompanhamento de crédito tributário, apresentou Dossiê informando a desistência parcial do recurso e o desmembramento do processo. Recordese: “O contribuinte protocolou em 09/09/2014 DESISTÊNCIA PARCIAL (fls. 445)em relação aos débitos apurados sobre verbas pagas aos 2 consultores de empresa, Sr. Nelson Peixoto e Sr. Luiz Paulo Horta Siqueira, constantes do levantamento “PC – Participação dos Consultores”, item 7 do Termo de Verificação Fiscal – TVF a fim de gozar dos benefícios concedidos através do Art. 2 da Lei nº 12.996, de 18/06/2014, c/c Art. 1º e seguintes da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 13, de 30/07/2014. Verificamos que foi juntado sob fls. 454, planilha de cálculo elaborada pelo contribuinte demonstrando o cálculo das 5 parcelas de antecipação de 10%, previstas no inciso II do § 2º do Art. 2º da Lei 12.996/2014 e o cálculo do valor de pagamento de 30% do saldo e o valor a ser quitado com utilização de prejuízo fiscal previsto nos incisos I e II do § 4º do Art. 4º da Portaria Conj. PGFN/RFB nº 15/2014 e às fls. 455 Recibo de Pedido de Parcelamento da Lei nº 12.996, de 18/06/2014, emitido via internet do dia 19/08/2014 às 10:46:23 (horário de Brasília). O CARF em despacho de fls. 460 e 461 determinou o encaminhamento dos autos à autoridade preparadora para controle dos débitos do processo, objeto de desistência parcial por parte do sujeito passivo e quanto aos débitos remanescente a serem discutidos nos presentes autos, o retorno do processo a este CARF, para prosseguimento. Fl. 504DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 503 5 6. Lembramos que para os parcelamentos da Lei nº 12.996/2014, pela falta de consolidação, não existe o parcelamento formal nos sistemas, consequentemente não estão sendo verificados os valores das parcelas, sendo verificado apenas se as parcelas foram pagas em dia. Como neste caso houve a quitação do parcelamento com base na MP nº 651/2014 (RQA) foi verificado apenas o atendimento dos requisitos formais conforme Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 15, de 22/08/2014. Sugerimos portanto que o presente processo seja encaminhado à EAC1/DICAT para que se formalize o desmembramento do levantamento “PC – Participação dos Consultores” nos AI nº 51.032.8938 (PATRONAL) e AI nº 51.032.8946 (TERCEIROS) e se faça o controle do parcelamento e posteriormente se devolva ao CARF os débitos remanescentes a serem discutidos no presente auto, conforme determina o despacho de fls. 460 e 461. Após o desmembramento e transferência para outro processo parte do crédito incluído no Parcelamento Especial Lei nº 12.996 de 18/06/2014 o processo retornou ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para apreciação do saldo remanescente. É o relatório. Fl. 505DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 01/07/2014 conforme AR juntado às fls. 365, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 30/07/2014, razão pela qual CONHEÇO DOS RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. MÉRITO São integrantes do presente processo os seguintes Autos de Infração (AI’s) lavrados, pela fiscalização, contra a empresa acima identificada: • AI DEBCAD n.º 51.032.8938, no montante de R$ 26.257.590,94, consolidado em 05/11/2013, referente a contribuições destinadas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa e do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados e contribuintes individuais, não declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e não recolhidas, relativas a competências de 02/2009 a 08/2010; • AI DEBCAD n.º 51.032.8946, no montante de R$ 266.871,47, consolidado em 05/11/2013, referente a contribuições destinadas a terceiros – salário educação e incra incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados, não declaradas em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e não recolhidas, relativas a competências de 02/2009 a 08/2010; Consta do Termo de Verificação Fiscal que foram apurados os seguintes fatos geradores: 4.1Os fatos geradores das contribuições previdenciárias que fazem, parte deste Processo : tiveram origem nas participações nos lucros atribuídos aos', administradores conforme disposto no Estatuto social da CIA , sem a devida incidência de contribuições previdenciárias contido no levantamento PA. Participações dos Administradores;(item 5 deste Termo). No item 6 deste Termo levantamento PE PLR Empregados o crédito previdenciário referese a pagamentos.de Participações nos Lucros ou Resultados atribuídos a uma parcela de empregado em desacordo com a Lei 10.101/2000. O levantamento/PC Participação dos Consultores está contido no item 7 deste TVF e referese as Participações de dois consultores da empresa (empregados) estando, ausentes os requisitos da Lei 10.101/2000 para não incidência de contribuição previdenciária. Fl. 506DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 504 7 Após o parcelamento e pagamento parcial do debito foi realizado o desmembramento do levantamento “PC – Participação dos Consultores” nos AI nº 51.032.893 8 (PATRONAL) e AI nº 51.032.8946 (TERCEIROS). Por conseguinte, mantevese em discussão os débitos constantes do “Levantamento PA – Participação Lucros Administradores” e do “Levantamento PL – Participação Lucros ou Resultados Empregados”, itens 5 e 6 do TVF. a) Levantamento PL – Participação Lucros ou Resultados Empregados Primeiramente, cabe analisa as diretrizes da Lei nº 8.212/91, que instituiu o Plano de Custeio da Previdência Social, que regulou o disposto na Carta Magna, determinando a base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de salários, em seu artigo 22, inciso I e artigo 28, in verbis: “Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Vide Lei nº 13.189, de 2015) Vigência (...) Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) II para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por Fl. 507DF CARF MF 8 conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5o; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). IV para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5o. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado ocorrer no curso do mês, o saláriodecontribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo, na forma estabelecida em regulamento. § 2º O saláriomaternidade é considerado saláriode contribuição. § 3º O limite mínimo do saláriodecontribuição corresponde ao piso salarial, legal ou normativo, da categoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) § 4º O limite mínimo do saláriodecontribuição do menor aprendiz corresponde à sua remuneração mínima definida em lei. § 5º O limite máximo do saláriodecontribuição é de Cr$ 170.000,00 (cento e setenta mil cruzeiros), reajustado a partir da data da entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. 12 § 6º No prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data de publicação desta Lei, o Poder Executivo encaminhará ao Congresso Nacional projeto de lei estabelecendo a previdência complementar, pública e privada, em especial para os que possam contribuir acima do limite máximo estipulado no parágrafo anterior deste artigo. § 7º O décimoterceiro salário (gratificação natalina) integra o saláriodecontribuição, exceto para o cálculo de benefício, na forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei n° 8.870, de 15.4.94) § 8º Integram o saláriodecontribuição pelo seu valor total: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Vide Lei nº 13.189, de 2015) Vigência a) o total das diárias pagas, quando excedente a cinqüenta por cento da remuneração mensal; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) b) (VETADO) (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Fl. 508DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 505 9 b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do TrabalhoCLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)”. Nesse sentido, a interpretação simultânea do artigo 195, I e 201, § 4º, ambos da Constituição Federal, leva à conclusão de que a folha de salários abrange o quantum total efetivamente pago ao empregado. Portanto, se a intenção do constituinte fosse que a contribuição incidisse apenas sobre o salário em sentido estrito, não se teria valido, também do vocábulo “folha”. A Constituição Federal determina em seu artigo 201, § 4ª c/c artigo 195, inciso I: “Art. 195 A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Alterado pela EC- 20- 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; [...] Art. 201 .(...) § 4o Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.” Da Leitura dos artigos supracitados, observase que a regra geral em matéria previdenciária é de que a totalidade dos valores recebidos pelo empregado constitui a base de cálculo da contribuição. As exceções estão taxativamente previstas no artigo 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91. Confirase: “Art. 28 [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Fl. 509DF CARF MF 10 b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do TrabalhoCLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). e) as importâncias: (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de ServiçoFGTS; 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. recebidas a título de incentivo à demissão; 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 8. recebidas a título de licençaprêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). f) a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal; i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; Fl. 510DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 506 11 j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; l) o abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) Fl. 511DF CARF MF 12 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do saláriodecontribuição, o que for maior; (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) y) o valor correspondente ao valecultura. (Incluído pela Lei nº 12.761, de 2012)” O legislador intencionalmente quis evitar a qualquer possibilidade de lucubrações por parte da administração e dos administrados, a respeito da incidência ou não da contribuição previdenciária sobre determinada verba paga. Temse no artigo 28, § 9º, “e”, item 7, nitidamente, uma regra excepcional que afasta a contribuição previdenciária. Nesse interregno, o Código Tributário Nacional em seu artigo 111 determina que a legislação que prevê a isenção deve ser interpretada de forma literal, ou seja, veda qualquer interpretação extensiva. Recordese: “Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: [...] II outorga de isenção; Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.” Portanto, a isenção em análise abrange as verbas pagas a título de “ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário”, características que devem estar presentes para não gerar a obrigação tributária das contribuições previdenciárias. A Constituição Federal de 1988 estabelece em seu artigo 7º, XI, o direito dos trabalhadores urbanos e rurais à participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração, conforme definido em lei. A Lei nº 10.101/2000 regulamentou o pagamento de PLR. Assim, a isenção tributária sobre os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados deve observar os limites da lei regulamentadora. Cumpre esclarecer que caso ocorra o pagamento da PLR em Fl. 512DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 507 13 desacordo com a citada lei, esta integra o conceito de remuneração para os fins de incidência da contribuição social, conforme artigo 214, § 10, o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, in verbis: “ Art. 214 (...) “X – a participação do empregado nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; ( A participação nos lucros está disciplinada na Lei nº 10.101/00, originária da MP 794/94). (...) "§ 10º As parcelas referidas no parágrafo anterior, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, integram o salário de contribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis." (grifei) Neste sentido, este é o cenário contido na Lei de Custeio da Previdência Social, nº 8.212/1991. O artigo 28, § 9º, "j", condiciona a fruição do benefício fiscal em questão à observância da legislação específica. Confirase: “Art. 28. Entendese por salário de contribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa;(...) § 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:(...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (destacouse)” A Lei 10.101/2000 apenas restringe a incidência de contribuições previdenciárias sobre os pagamentos feitos a título de PLR, quando atendidas todas as condições ali dispostas. Assim, qualquer tipo de contraprestação paga pelo empregador, que não se encontrem explicitamente excepcionadas por Lei, ao empregado faz parte da "folha de salários", que nos termos da Carta Política de 1988, é a base de incidência da contribuição social devida pelos empregadores. Ademais, para que não restassem dúvidas sobre a amplitude da base de incidência da contribuição social em questão, o dispositivo constitucional art. 195, I alínea “a”, que acrescentou "...e demais rendimentos do trabalho". Nesse sentido, não basta a existência de acordo ou convenção coletiva disciplinando a participação nos lucros ou resultados. Um e outro são instrumentos de Fl. 513DF CARF MF 14 negociação e previsão de direitos, mas nunca podem alterar a disciplina que a lei, imperativamente, estabelece em relação a um determinado instituto. Portanto, para que a parcela relativa à Participação nos Lucros/Resultados não integre o salário de contribuição, deve a empresa cumprir as exigências da legislação específica, que no caso, é a Medida Provisória 794/94, e as que se lhe seguiram reeditando a matéria, finalmente convertidas na Lei n.º 10.101, de 19/12/2000, a seguir parcialmente transcrita. “Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.” (...) “Art. 3.º (...) (...) § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil.” Entre os requisitos para que o empregador conceda a participação de seus empregados no resultado da empresa sem a incidência de encargos sociais e fiscais, consta que é vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, conforme §2º do art. 3º da lei 10.101/00. No entanto, consta do relatório fiscal: Fl. 514DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 508 15 “6.8 – Através da planilha citada e das folhas de pagamento constatouse que, para uma parcela de empregados, o contribuinte pagou a título de antecipação ou distribuição, nas rubricas referentes a Participações nos Lucros ou Resultados, em três parcelas, nos anos calendários 2009 e 2010, contrariando o disposto no parágrafo 2 do artigo 3º da Lei 10101/2000 descrito acima, que veda pagamentos em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no ano civil.” Nesse interregno, ao se constatar que houve três pagamentos de PLR nos anos de 2009 e 2010 ao mesmo funcionário, não resta a menor dúvida que houve o descumprimento da citada norma legal. No que se refere ao argumento de que os pagamentos foram realizados em conformidade com os acordos e convenções coletivas de trabalho, é importante esclarecer que não é a previsão em Acordo Coletivo de Trabalho referente ao pagamento de verbas a título de participação nos lucros que irá lhe retirar o seu caráter remuneratório. Para se afastar a incidência tributária sobre essas parcelas, é imprescindível a observância à legislação de regência. O acordo coletivo não dispõe de força normativa capaz de alterar a definição de institutos próprios do direito previdenciário. Assim, para que as verbas pagas a título de PLR não tenham caráter remuneratório, estas devem estar em consonância com a legislação específica regulamentadora. b) Levantamento PA – Participação Lucros Administradores A participação prevista no parágrafo 1º, do artigo 152 da Lei nº 6.404/1976, é restrita aos administradores das sociedades anônimas, enquanto que a participação prevista na Lei nº 10.101/2000 e no artigo 7º, inciso XI, da Constituição Federal, é devida pelas empresas a todos os seus empregados. Notese que as previsões são em diplomas distintos. Portanto, no tocante à alegação de que a verba autuada foi paga aos administradores uma única vez em 2009 e em 2010 e, que tal fato demonstraria a falta de habitualidade do pagamento, afastandoa da composição do salário de contribuição por tratar se de ganho eventual, nos termos § 9º, alínea “e” 7, da Lei nº 8.212/91, não procede. Nesse sentido, o parágrafo 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/91, elenca exaustivamente, as hipóteses de verbas pagas aos empregados excluídas de contribuições previdenciárias. Ressaltese que as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais não integram o salário de contribuição quando expressamente desvinculados do salário por força de lei, conforme determina o artigo 28, parágrafo 9º, alínea "e" item “7”, da Lei n° 8.212/1991. Recordese: “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (..) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) Fl. 515DF CARF MF 16 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário;” Assim, a norma legal citada pela Recorrente que afastaria a incidência de contribuições previdenciárias devido o pagamento de PLR ter sido eventual, não se aplica ao seu caso, uma vez que os Administradores não empregados são enquadrados como segurados contribuintes individuais perante a legislação previdenciária e a norma citada se aplica a segurados empregados e trabalhadores avulsos. A discussão sobre a natureza jurídica da verba de PLR, paga em desacordo com a legislação, seria um ganho eventual não tem relevância para o caso por não se amoldar ao fundamento legal apresentado pela Recorrente. Por fim, o Ato Declaratório nº 16/2011 emitido pela Procuradora Geral da Fazenda Nacional que trata do abono único pago sem habitualidade, não se aplicaria ao presente caso. Tal ato versa sobre a não incidência de contribuições previdenciárias sobre o abono único pago aos segurados empregados e não para segurados contribuintes individuais. c) Da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício A Recorrente pleiteia a exclusão da incidência dos juros de mora (TAXA SELIC) sobre o montante devido a título de “multa de ofício”. Com razão. Com a devida vênia aos que divergem, filiome ao entendimento de que não há previsão legal que albergue a incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício. O art. 113, § 3º, do CTN expressamente refere: "A obrigação acessória, pelo simples fato de sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária". Todavia, o dispositivo legal deve ser interpretado com ressalvas, pois o simples inadimplemento de obrigação acessória não a converte em obrigação principal. A alegada "conversão" estabelecida pelo parágrafo acima transcrito, cingese aos mecanismos de cobrança da obrigação acessória, o que significa que a exigência da sanção pelo descumprimento da obrigação acessória deve se dar nos mesmos moldes do tributo (obrigação principal) para fins de constituição, inscrição em dívida ativa, execução, decadência e prescrição. Isso porque, na hipótese de adimplemento do principal, se restar infringida alguma norma de procedimento acessório, ensejadora da penalidade pecuniária de multa, esta pode ser lançada autonomamente e executada da mesma forma que a obrigação principal. Esta é a leitura a ser realizada do regramento insculpido no art. 113, § 3º, do CTN. Na norma não há qualquer referência sobre a possibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa. Além do mais, o DecretoLei nº 1.736/79 traz o seguinte regramento: Art. 2º – Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional serão acrescidos, na via administrativa ou judicial, de juros de mora, contados do dia seguinte ao do vencimento e à razão de 1% (um por cento) ao mês calendário, ou fração, e calculados sobre o valor originário. Fl. 516DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 509 17 Parágrafo único. Os juros de mora não são passíveis de correção monetária e não incidem sobre o valor da multa de mora de que trata o artigo 1º. Ainda que o acima referido diploma legal estabeleça que os juros de mora não têm incidência apenas sobre a multa de mora, tenho que os mesmos também não incidem sobre a multa de ofício (artigo 44, da Lei nº 9.430/96), pois ambas possuem caráter punitivo/sancionatório, ainda que a multa moratória seja aplicada em face do não pagamento de tributo em época própria, ao contrário da punitiva, a qual se impõe diante do cometimento de infração e legislação tributária. De outra banda, ao caso não se pode aplicar o parágrafo 3º do artigo 61 da Lei 9.430/96. Referido dispositivo prevê que sobre os débitos incidirão juros de mora. Confirase: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Entendo que a palavra débitos diz respeito ao valor principal da dívida, ao passo que a multa de ofício não decorre de tributos ou contribuições, mas sim do descumprimento do dever legal de declarálo e/ou pagálo. Desse modo, não há que se falar em incidência de juros sobre a multa de ofício, na medida em que, por definição, se os juros remuneram o credor pela privação do uso de seu capital, eles devem incidir somente sobre o que deveria ter sido recolhido no prazo legal, e não foi. Forte nesse entendimento, voto para que seja dado provimento ao recurso no sentido de afastar a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, posto que não há fundamento legal apto a permitir tal incidência. Fl. 517DF CARF MF 18 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário do recorrente para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 16327.721242/201311 Acórdão n.º 2401004.549 S2C4T1 Fl. 510 19 Voto Vencedor Conselheiro Denny Medeiros da Silveira Redator Designado. Acompanho a Relatora quanto à PLR Empregados e quanto à PLR Administradores, porém, divirjo quanto à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Para melhor análise da questão, vejamos, primeiramente, o que dispõe a Lei nº 5.172, de 25/10/1966 (Código Tributário Nacional CTN), a esse respeito: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. [...] Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. [...] Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (Grifo nosso) Conforme se observa nos dispositivos transcritos acima, a multa lançada de ofício (penalidade pecuniária) constitui uma obrigação principal da qual decorre o crédito tributário, estando este sujeito a juros de mora quando não pago no vencimento. Logo, não há como se afastar a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Em outras palavras, como a multa de ofício integra o crédito tributário e este está sujeito a juros de mora por inadimplência, obviamente, a multa de ofício também está sujeita a juros de mora. Nesse sentido é a Solução de Consulta nº 47 da Cosit, de 04/05/2016: Fl. 519DF CARF MF 20 Os juros de mora incidem sobre a totalidade do crédito tributário, do qual faz parte a multa lançada de ofício. Cabe destacar, ainda, que os dispositivos do DecretoLei nº 1.736, de 20/12/1979, e da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, citados pela Relatora, tratam da multa de mora e não da multa de ofício, além do que, em que pese ambas terem caráter “punitivo/sancionatório”, tal fato não autoriza que se aplique a não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício sem previsão expressa, pois, como visto, o CTN é claro quanto à incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Redator Designado Fl. 520DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.929129/2009-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.511
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 91 29 /2 00 9- 11 Fl. 877DF CARF MF Processo nº 11080.929129/200911 Acórdão n.º 9303004.511 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.956, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex Fl. 878DF CARF MF Processo nº 11080.929129/200911 Acórdão n.º 9303004.511 CSRFT3 Fl. 4 3 membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Fl. 879DF CARF MF Processo nº 11080.929129/200911 Acórdão n.º 9303004.511 CSRFT3 Fl. 5 4 Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 880DF CARF MF Processo nº 11080.929129/200911 Acórdão n.º 9303004.511 CSRFT3 Fl. 6 5 empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 881DF CARF MF Processo nº 11080.929129/200911 Acórdão n.º 9303004.511 CSRFT3 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 882DF CARF MF
score : 1.0