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Numero do processo: 10880.722182/2014-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATO GERADOR. ÔNUS DA PROVA. SUMULA CARF Nº 38
A presunção legal de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte aclarar a origem de tais valores mediante a comprovação de fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito de crédito constituído pelo Fisco.
Comprovada a origem dos valores depositados em conta bancária, não tendo estes sido levados ao ajuste anual, devem ser submetidos às normas de tributação específica, não mais havendo que se falar da presunção legal de omissão de rendimentos capitulada no art. 42 da lei 9.430/96.
MULTA QUALIFICADA. ELEMENTO VOLITIVO NA CONDUTA DO AGENTE.
A falta de identificação do elemento volitivo na conduta que revela infração à legislação tributária praticada pelo contribuinte afasta a imposição da penalidade de ofício qualificada.
JUROS DE MORA. SELIC.
Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 2201-004.700
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tributo lançado o valor de R$ 14.083.922,81 e para afastar a qualificação da penalidade de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATO GERADOR. ÔNUS DA PROVA. SUMULA CARF Nº 38 A presunção legal de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte aclarar a origem de tais valores mediante a comprovação de fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito de crédito constituído pelo Fisco. Comprovada a origem dos valores depositados em conta bancária, não tendo estes sido levados ao ajuste anual, devem ser submetidos às normas de tributação específica, não mais havendo que se falar da presunção legal de omissão de rendimentos capitulada no art. 42 da lei 9.430/96. MULTA QUALIFICADA. ELEMENTO VOLITIVO NA CONDUTA DO AGENTE. A falta de identificação do elemento volitivo na conduta que revela infração à legislação tributária praticada pelo contribuinte afasta a imposição da penalidade de ofício qualificada. JUROS DE MORA. SELIC. Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATO GERADOR. ÔNUS DA PROVA. SUMULA CARF Nº 38 A presunção legal de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte aclarar a origem de tais valores mediante a comprovação de fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito de crédito constituído pelo Fisco. Comprovada a origem dos valores depositados em conta bancária, não tendo estes sido levados ao ajuste anual, devem ser submetidos às normas de tributação específica, não mais havendo que se falar da presunção legal de omissão de rendimentos capitulada no art. 42 da lei 9.430/96. MULTA QUALIFICADA. ELEMENTO VOLITIVO NA CONDUTA DO AGENTE. A falta de identificação do elemento volitivo na conduta que revela infração à legislação tributária praticada pelo contribuinte afasta a imposição da penalidade de ofício qualificada. JUROS DE MORA. SELIC. 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Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Relatório Trata o presente de recurso voluntário formalizado em face do Acórdão nº 0958.181, de 21 de agosto de 2015, exarado pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG, fl. 21062 a 21078, que assim relatou a lide administrativa: O auto de infração de fls. 3472/3478, lavrado em 18/03/2015, exige do sujeito passivo, já qualificado no presente processo, o recolhimento do crédito tributário equivalente a R$ 21.631.255,21, assim discriminado: R$ 7.830.167,91 de imposto, R$ 2.042.107,79 de juros de mora (calculados até 03/2015), R$ 11.745.251,87 de multa proporcional (passível de redução) e R$ 13.727,64 de multa exigida isoladamente (passível de redução). Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela contribuinte, apuraramse as seguintes infrações, todas atinentes ao exercício financeiro 2012, ano calendário 2011: 1 à fl. 3473, a omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoa física, sujeitos ao recolhimento mensal obrigatório, na monta de R$ 102.469,90; 2 às fls. 3473/3474, a omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta(s) de depósito ou de investimento, mantida em instituição(ões) financeira(s), em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, observandose valores tributáveis em todos os meses do anocalendário 2011; 3 à fl. 3474, a falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão, o que ensejou a aplicação da multa isolada de 50% sobre a base de cálculo apurada de R$ 27.455,27. O Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 3458/3471 minudencia os passos adotados pela Fiscalização, os desdobramentos das pesquisas e diligências desenvolvidas. No tocante às infrações narradas, destacamse daquele relato, em síntese, que, após ampla auditoria sobre os depósitos bancários Fl. 21171DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.172 3 realizados nas contas bancárias de titularidade do sujeito passivo mantidas no Banco Bradesco (Agência 3130, contas 35.4821 e 7.678.5866) e Banco Safra (Agência 9700, conta 022.3137), chegouse à conclusão da existência, no decorrer do anocalendário 2011, de um valor total de R$ 28.817.112,67 de depósitos bancários sem origem comprovada, conforme operações constantes das planilhas de fls. 78/83. Desse valor, considerandose as justificativas e documentação oferecida, houve o estorno de transferência e resgates de aplicações financeiras, na monta de R$ 209.714,13, bem como os rendimentos recebidos a título de aluguel de R$ 204.939,87, restando sem esclarecimento hábil e, por isso, submetida à tributação nesse tipo de infração o importe de R$ 28.402.458,67. Quanto aos aluguéis recebidos de pessoas físicas, verificouse que, mesmo após estabelecida a divisão dessa renda entre a contribuinte e seu cônjuge, na proporção de cinquenta por cento, apurouse a omissão, por parte da fiscalizada, de R$ 102.469,90. Entendeu a Fiscalização por presentes fortes indícios de que a contribuinte consciente e reiteradamente adotou conduta visando a supressão do pagamento de tributo, por meio de declaração de informações inverídicas, omitindo rendimentos. A autoridade lançadora sedimentou a necessidade de aplicar a multa qualificada de 150% em razão da seguinte situação descrita às fls. 3468/3469: "42. De fato, discutível seria o caso se estivéssemos diante de uma operação isolada, envolvendo valor de pequena monta, e relativo a apenas um único exercício (não reincidente). Neste caso, poderseia concluir pela ocorrência de um erro eventual, de ordem meramente material, passível de tributação sem a caracterização de qualquer intuito fraudulento. Mas não é o caso, posto que, a fiscalizada, bem como seu cônjuge, em mais de um exercício, omitiram rendimentos da Fazenda Pública de forma sistemática e reiterada, inclusive após o citado cônjuge da mesma ter sido previamente autuado com base em conduta análoga à verificada na presente ação fiscal, conforme consta dos autos do processo n. 10437.720466/201462, sendo que passouse após a autuação a utilizarse então das contas bancárias da fiscalizada, com o claro intuito de dar continuidade ao modus operandi antes estabelecido em conluio. 43. Assim, como não se pode admitir que tal fato, de forma reincidente, seja decorrente, de mero erro, então, claramente, não se vislumbra possível a descaracterização da conduta dolosa do sujeito passivo. Concluise, portanto, que a fiscalizada omitiu, de forma intencional, renda auferida e verificada mediante depósitos bancários, no anocalendário de 2011, como intuito de se evadir do pagamento dos gravames tributários sob ela incidentes bem como a fraudar bloqueios e penhoras online, existentes e futuros, relativamente a processos e execuções judiciais trabalhistas e fiscais em nome de terceiros, seus parentes e outorgantes de procurações de movimentação financeira irrestrita em nome da fiscalizada. ..." Fl. 21172DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.173 4 Em face dos ilícitos apontados, coube a elaboração de Representação Fiscal para Fins Penais, sob abrigo no processo n. 10880.722064/201545. Observase ainda a formalização de processo de arrolamento de bens sob n. 10880.722110/201544. Por intermédio de procuradores habilitados (instrumento de fl. 3517), a autuada ofereceu a impugnação de fls. 3494/3514, contendo, em síntese, as aduções adiante, separadas pelas intitulações dadas na peça de defesa: "1. Dos Fatos. 1.1. (...) 1.2. Das respostas da Impugnante às intimações fiscais" (fls. 3495/3497) Demonstrou a interessada que a parcela de depósitos correspondente a R$ 13.811.897,81 consistiu em receita de terceiros por ela administrada, oriunda da atividade rural (pecuária) exercida por seu pai, Antenor Duarte do Valle, e por seu tio (irmão de Antenor), Theodoro Duarte do Valle. "1.3. Da administração da atividade rural de Antenor e Theodoro" (fls. 3497/3499) Como prova inequívoca da origem e procedência desses valores, a impugnante ofereceu à Fiscalização todas as notas fiscais das vendas de gado realizadas por Antenor e Theodoro no ano de 2011 (fls. 291/361 e 365/403), cujos valores constam em planilhas vinculandoos a depósitos realizados (fls. 288/290 e 363/364), bem como apresentou cópias das DAA/2012 de Antenor e Theodoro (fls. 518/520 e 566/567), que comprovam a tributação das importâncias transferidas à impugnante pelos titulares dos rendimentos. "1.4. Da administração da atividade rural da avó da Impugnante" (fls. 3499/3500) A autuada recebeu de sua avó um único depósito de R$ 272.025,00, em 29/06/2011, como devolução de parte do pagamento à vista de dois tratores agrícolas, em face da existência de um linha de crédito do BNDES mais favorável para a aquisição desses, sendo que a operação de compra foi devidamente consignada no Anexo da Atividade Rural da DAA/2012 da avó (fls. 545/546). "1.5. Da restituição do empréstimo de oito milhões de reais" (fls. 3500/3501) A impugnante concedeu empréstimo a Braulino Basílio Maia Filho, em 2010, no total de R$ 8.000.000,00, em quatro depósitos: em 18/10/2010, de R$ 3.000.000,00 e R$ 1.000.000,00; e em 29/11/2010, de R$ 2.500.000,00 e R$ 1.500.000,00. Os três primeiros originaramse da conta da impugnante; ao passo que o último da conta de sua sogra, Therezinha de Jesus Berna Papst, em adimplemento de empréstimo anterior por esta tomado à impugnante. Fl. 21173DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.174 5 A restituição do empréstimo concedido a Braulino se daria em cinco parcelas mensais e sucessivas a contar de 31 de janeiro de 2011, no valor estimado de R$ 1.500.000,00 (as três primeiras) e R$ 2.000.000,00 (as duas últimas), contudo as devoluções envolveram uma série de operações, sendo partícipes Therezinha e Osvaldo, mas que não configuraram acréscimo patrimonial da impugnante. "2. Do Direito. 2.1. Da proibição de lavratura de lançamento de ofício com base em dados de movimentação bancária obtidos através de RMFs" (fls. 3502/3504) A ação fiscal fundamentouse exclusivamente em informações bancárias (sigilosas) prestadas pelos Bancos Bradesco e Safra em cumprimento a RMF, a despeito de haver impugnante demonstrado requisição formal a essas instituições financeiras visando à obtenção de extratos detalhados das contas. Os dados utilizados como base para a lavratura do lançamento foram obtidos sem autorização judicial. Ocorre que a quebra do sigilo bancário da contribuinte por autoridade administrativa é manifestamente inconstitucional, conforme reconhecido pelo STF no julgamento do RE 389.808. Nesse mister, pretendese que o órgão administrativo de julgamento afaste a aplicação da legislação tributária definitivamente declarada inconstitucional pela Suprema Corte, nos termos do art. 26A, § 6º, I, do Decreto n. 70.235/1972. "2.2. Da tributação do resultado da atividade rural de pessoa física" (fls. 3504/3505) Se em determinado momento a ação fiscal demonstra desprezo pelo material apresentado pela impugnante, em outro o autor do feito aparenta estar convencido de que os depósitos sobre os quais recaiu a presunção de omissão de receita (art. 42 da Lei nº 9.430/1996) não são rendimentos próprios da contribuinte. Em uma análise adequada, constatase haver prova incontroversa de que os depósitos em questão são frutos da atividade rural de Antenor e Theodoro, independentemente da transferência realizada à impugnante para gestão das atividades, porquanto os rendimentos foram devidamente submetidos à tributação do DAA/2012 dos respectivos titulares, conforme planilhas que acompanham a impugnação. Ademais, se a Fiscalização estava convencida de que os recursos transferidos à contribuinte advinham de pagamentos da venda de gado in natura, deveria a ação fiscal realizar a apuração do IRPF autuado nos termos do art. 5º da Lei n. 8.023/1991, com base em vinte por cento da receita bruta do anobase. "2.3. Da inaplicabilidade da multa qualificada de 150%" (fls. 3505/3509) A autoridade lançadora desprezou todos os documentos e informações apresentados no decorrer da fiscalização, acusando Fl. 21174DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.175 6 a contribuinte de forma vazia e desprovida de fundamentos fáticos de fraudulentamente suprimir o pagamento de tributos mediante omissão de rendimentos. O fato de a ação fiscal não enfrentar os esclarecimentos prestados pela impugnante corrobora o entendimento inequívoco das acusações que embasaram o lançamento. Não há como a Fiscalização vincular suposto dolo da contribuinte às operações anteriores realizadas pelo cônjuge, Norman Augusto Berna Papst, porquanto a fiscalização realizada sobre este somente se iniciou em 19/03/2012; logo, não haveria como estabelecer liame com as movimentações financeiras, objeto do presente processo, atinentes ao ano calendário 2011. A aplicação da multa qualificada de 150% requer a prova inequívoca da prática dos tipos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502/1964, o que não se vislumbra nos autos. Nesta seara, a jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais mantém firme entendimento de que a simples conduta reiterada não supre a falta da prova de algum dos tipos estabelecidos na legislação para a adoção da multa em tela. "2.3. Da impossibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício" (fls. 3509/3513) A impugnante requer o reconhecimento da inaplicabilidade de juros moratórios sobre o crédito atinente à multa de ofício, ante a inexistência de permissão legal; ou, quando menos, que esses encargos apenas sejam computados a partir do esgotamento do prazo de 30 (trinta) dias após a decisão administrativa que mantiver o lançamento impugnado, conforme entendimento do STJ e do artigo 21 do Decreto n. 70.235/1972. "3. Do Pedido" (fl. 3514) Neste tomo, a impugnante resume as suas pretensões, conforme a seguir transcrito: "i) seja recebida e processada a presente Impugnação, suspendendose a exigibilidade do crédito tributário em comento nos termos do inciso III do artigo 151 do Código Tributário Nacional; ii) no mérito, ilidida a presunção de omissão de receita (Lei 9.430/96, art. 42) com a comprovação da origem e da procedência dos depósitos, seja julgada procedente a presente impugnação para cancelar integralmente o lançamento de ofício lavrado neste Auto de Infração; iii) subsidiariamente ao pedido (ii), seja afastada a multa qualificada de 150% aplicada contra a Impugnante, reduzindo a multa de ofício ao percentual de 75% sobre o valor do imposto eventualmente subsistente; Fl. 21175DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.176 7 iv) subsidiariamente ao pedido (ii) e cumulativamente ao pedido (iii), seja realizada a recomposição da base de cálculo do IRPF autuado nos termos do art. 5º da Lei n. 8.023/91, considerando como renda (alvo da materialidade do Imposto sobre a Renda) vinte por cento da receita bruta do anobase. Por fim, caso esta D. Delegacia entenda necessária a realização de diligência para análise das provas ora apresentadas, protesta a Impugnante desde já pelo direito de indicar seu perito e formular quesitos, nos termos do art. 18 do Decreto 70.235/72." Acompanham a impugnação os documentos de fls. 3515/21057. Debruçada sobre os termos da impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro exarou o Acórdão ora recorrido. em que considerou improcedente a impugnação, lastreada nas conclusões que podem ser assim resumidas: Lançamento de ofício com base em dados de movimentação bancária obtidos por via de Requisições de Movimentação Financeira RMF, alegação de nulidade (...) Não se aplica a hipótese estampada no art. 26A, § 6º, I, porquanto inexistente decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal sobre as normas que tratam da matéria em exame, não compreendendo a administração a solução dada ao julgamento do RE 389.808/PR como tal. Em assim sendo, não há como reconhecer a nulidade do lançamento suscitada pela impugnante. Omissão de Rendimentos Caracterizados por Depósitos Bancários de Origem não Comprovada As aduções da interessada acerca de exercer em nome de "Antenor" e "Theodoro", em razão de questão do estado de saúde desses, as respectivas atividades rurais, não as exime de poder justificar e demonstrar os depósitos/créditos ocorridos em suas contas bancárias. (...) Em continuidade, a interessada também alegou que administrou a atividade rural em nome de sua avó, Dinah Duarte Vilela do Valle, relatando a devolução de importância correspondente à aquisição de dois tratores, equivalente a R$ 272.025,00, mas isso não se comprova no mero exame do Anexo da Atividade Rural, às fls. 545/546, tão pouco que o crédito havido na conta corrente da autuada efetivamente a isso se refira. O suposto empréstimo de R$ 8.000.000,00 concedido pela autuada a Braulino Basílio Maia Filho, CPF 013.162.73849, em quatro depósitos em 2010 (2 em 18/10 e 2 em 29/11/2010), não se encontra espelhado nas DAA de ambos os envolvidos; seja no tocante à sua concessão, ao término de 2010, ou a de seu adimplemento no decorrer do anocalendário 2011. Nesse sentido, toda a história delineada na impugnação, às fls. Fl. 21176DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.177 8 3500/3501, que também arrolou os nomes de Therezinha de Jesus Berna Papst e Osvaldo Marcelino de Mendonça Filho, não nutre a verossimilhança necessária, mesmo porque ausentes as necessárias provas das origens desses recursos. (...) Do fragmento retro, depreendese equívoco da impugnante, uma vez que não se denota qualquer afirmativa na ação fiscal por meio do TVF, de que se deu o convencimento dos créditos observados na movimentação financeira vincularemse à atividade rural, ou de acordo com o alegado à venda de gado in natura. Em assim sendo, cabe a manutenção da forma de tributação encerrada no lançamento sobre a base de cálculo apurada em face da omissão de rendimentos com fulcro no art. 42 da Lei n. 9.430/1996. (...) Multa de 150% (...) O volume de recursos que circularam por suas contas correntes, as operações que realizou, bem como o rol de bens e direitos constantes em sua DAA/2012 (fls. 3400/3409), são, sem sombra de dúvida, incompatíveis com os rendimentos que declarou, no caso: R$ 0,00 de rendimentos tributáveis; R$ 1.639,87 de rendimentos isentos e nãotributáveis (rendimentos de cadernetas de poupança e letras hipotecárias); e R$ 162.183,62 de rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva (rendimentos de aplicações financeiras). Na espécie, agora de igual tom ao compreendido pela Fiscalização, a contribuinte, consciente e dolosamente, omitiu a ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária principal, durante, pelo menos, todo o decorrer do anocalendário 2011, incidindo, pois, no tipo previsto no art. 71 da Lei n. 4.502/1964: (...) Não desconhece este relator o entendimento emanado do CARF sobre o tema, conforme os precedentes trazidos pelo sujeito passivo, às fls. 3508/3509, mas o caso em concreto não se comporta como mera omissão ou simples reiteração de conduta, já que de maneira acintosa a contribuinte omitiu valores que sabidamente se constituiriam em objeto de tributação. Da Incidência de Juros sobre a Multa de Ofício (...) Da leitura dos dispositivos transcritos, inferese que a multa, apesar de não ser um tributo, faz parte do crédito tributário, devendo receber, no que couber, o tratamento dispensado ao crédito tributário pelo Código Tributário Nacional. Indicação de perito e formulação de quesitos (...) Quanto à menção da impugnante, à fl. 3514, no propósito de indicar perito e formular quesitos, caso se entendesse necessária para a presente análise a realização de diligência ou perícia, cabe esclarecer que este relator não encontrou questões Fl. 21177DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.178 9 que demandassem tais ações, nos termos que estabelece o art. 18 do Decreto n. 70.235/1972. Destarte, o registro da interessada nesse sentido resta desprovido de qualquer efeito prático. Em atenção a decisão judicial (fl. 21102 a 21104) que determinou nova ciência à contribuinte da do Acórdão de 1ª Instância, foi exarada nova intimação, que foi recebida em 20 de abril de 2016, conforme AR de fl. 21.117, após o quê foi formalizado o recurso voluntário de fl. 21119 a 21141, em que reitera os argumentos apresentados na impugnação, os quais serão melhor detalhados no curso do voto a seguir. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por atender às demais condições de admissibilidade, conheço do recurso voluntário. Após breve síntese da autuação, o recorrente passa a abordar, separadamente, os fundamentos fáticos e jurídicos que amparam a defesa, os quais serão a seguir tratados na mesma sequência em que se apresentam na peça recursal. Do exercício da atividade rural de Antenor e Theodoro Afirma o recorrente que está comprovado nos autos que quase metade do valor total dos depósitos fiscalizados, precisamente o montante de R$ 13.811.897,81, corresponde a receitas de terceiros administrada pela Recorrente, as quais foram devidamente tributadas na pessoa de seus titulares, já que no período em tela, 2011, administrou a atividade rural exercida por seu pai, Sr. Antenor Duarte do Valle e por seu tio, Sr. Theodoro Duarte do Valle, tudo em razão de problemas de saúde de ambos, os quais detalha. Alega que os recebimentos de Antenor e Theodoro pelas vendas de gados realizadas durante o anocalendário de 2011, que foram devidamente formalizadas nas notas fiscais apresentadas pela Recorrente à Fiscalização, coincidem numérica e cronologicamente com os valores depositados nas contas da Recorrente, tudo conforme planilhas apresentadas, fl. 288 a 290 e 363 a 364), mas ressalta que 25% do total das notas eram depositados em juízo em razão de decisão liminar proferida nos autos de processo judicial. Ademais, que tais valores foram devidamente tributados nas declarações de rendimentos de Antenor e Theodoro.. Manifesta seu entendimento de que restou devidamente comprovado que exerce a administração da atividade rural de terceiros, tudo em razão dos comprovantes apresentados relacionados a gastos realizados, bem assim planilha demonstrativa de fluxo de caixa em proveito da atividade rural do seu pai e do seu tio, o que evidenciaria, inequivocamente, que parte considerável dos depósitos autuados, cuja soma totaliza R$ 13.811.897,81, apenas transitaram em suas contas bancárias. Após citar excerto da decisão recorrida, em que o Julgador de 1ª Instância afirma inexistir elos efetivos entre os rendimentos declarados por Antenor e Theodoro e Fl. 21178DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.179 10 aqueles que transitaram em suas contas bancárias, o recorrente afirma que o Acórdão não enfrentou efetivamente as provas que instruíram a impugnação, limitandose a defender as acusações fiscais, o que importaria, pelo menos, a nulidade da Decisão recorrida. Resumidos neste tema os argumentos da defesa, oportuno trazermos à balha as constatações da Autoridade lançadora quando do lançamento, as quais constam de fl. 3458 a 3471: (...) 9. Com os extratos bancários disponibilizados por intermédio das Requisições de Movimentação Financeira – RMF(s) supra mencionadas, foi procedida à conciliação dos extratos bancários. Nessa esteira, emitiuse o Termo de Intimação Fiscal Nº 04 (fls. 74 a 77) instando o Contribuinte a apresentar justificativa acerca da origem dos depósitos bancários constantes nos extratos. Referida intimação também foi dirigida ao seu procurador constituído, sendo que a mesma, nessa oportunidade, manifestouse nos autos em duas ocasiões, com respostas protocolizadas nas datas de 08/12/2014 e 10/12/2014, por meio de seu procurador. (...) 12. Nessa esteira, para comprovar a origem dos depósitos creditados em contas bancárias de sua titularidade ou co titularidade, o sujeito passivo deveria comprovar para as transferências de numerário entre remetente e destinatário, de forma inequívoca, a procedência, ou seja de quem e de onde veio o recurso (Vide Termo de Intimação nº 06) bem como demonstrar o motivo por qual estes recursos ingressaram em seu patrimônio pessoal, respaldando tais justificativas por meio de documentação hábil e idônea. Destarte, tão somente adimplindo a tais indagações restaria comprovada a origem dos recursos creditados em suas contas bancárias.(...) 16. Nas respostas encaminhadas pelo sujeito passivo (fls. 485 a 689) podese verificar que a maioria das alegações sobre origens dos depósitos bancários limitaramse à tentativa de justificar que as mesmas decorreriam de valores recebidos por conta e ordem de terceiros, seus parentes (pai, tio, avó etc), provenientes de receitas de atividade rural, em tese, pertencentes a outorgantes de procuração ad negotia à fiscalizada para gerir irrestritamente seus patrimônios, vinculando inúmeros depósitos ao repasse dos créditos feitos nas contas desses terceiros à suas contas bancárias. 17. Ainda, para os demais casos apurados, limitouse a descrever genericamente essas alegações juntando inúmeros recibos e supostos documentos contábeis e fiscais dessas atividades rurais, sem proceder à imputação de quais depósitos estariam vinculados a tais documentos apresentados, apenas os referenciou quanto à sua suposta origem por meio de declarações subscritas por um funcionário do Banco, logo restouse verificado trataremse de alegações desprovidas de embasamento documental probatório. 18. Ressaltese, ainda, que intimado a apresentar os comprovantes bancários das transações elencadas nas suas Fl. 21179DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.180 11 cartas resposta (transferências e depósitos), realizadas sobretudo entre o sujeito passivo e ANTENOR DUARTE DO VALLE, CPF 026.608.30800 e THEODORO DUARTE DO VALLE, CPF 043.632.80891, de forma que em tais documentos bancários constassem inequivocamente os dados do remetente e do destinatário dos valores, apresentou declarações de funcionário da agência afirmando que as mesmas ocorreram, todavia não apresentou os comprovantes emitidos pela Instituição Financeira que trazem características técnicas próprias para registro da operação e outros parâmetros para sua confirmação pela Rede Arrecadadora, sendo que mesmo na hipótese acima, ainda restaria prejudicado o motivo pelo qual tais valores ingressaram em suas contas, como adiante irá se discorrer. (...) 22. Segundo as alegações apresentadas após o Termo de Intimação Fiscal nº 06 protocolizadas em 02/03/2015, o contribuinte seria procurador dos supostos produtores rurais a seguir relacionados, e realizava em suas próprias contas bancárias, a movimentação financeira das atividades rurais destes: a) ANTENOR DUARTE DO VALLE, CPF nº 026.608.30800; b) THEODORO DUARTE DO VALLE, CPF nº 043.632.80891. 23. Nos docs. apresentados na resposta supra a fls. 3326 a 3338, a fiscalizada alegadamente possuía procurações gerais e irrestritas para, dentre outros, ipsis litteris: “abrir e movimentar contas correntes de titularidade do outorgante”, carece, portanto, de fundamento as alegações de movimentações financeiras oriundas das atividades rurais dos outorgantes, nas contas bancárias pessoais da outorgadafiscalizada. 24. Verificase, portanto, indícios de que tal movimentação financeira decorreria, dentre outros motivos, do uso de tais procurações de movimentação financeira de seus parentes, para transferência dos pagamentos da venda de gado in natura para as contas da fiscalizada, na tentativa de burlar mandados judiciais de bloqueio/penhora conforme consulta ao sistema Bacenjud, fraudando execuções de inúmeros processos judiciais, trabalhistas e fiscais, estes últimos relativos, sobretudo, a vultuosos débitos de ITR Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. (Vide Certidões Processos TRT2ª. Região fls 3419 a 3421). 25. Constatouse que a par da existência de tais ações e de execuções judiciais, consta um total de R$ 23.469.534,83 (atualizados até Março de 2015) em débitos consolidados inscritos em Dívida Ativa da União – DAU, sobretudo relativo a tributos federais em desfavor de um dos outorgantes ANTENOR DUARTE DO VALLE, CPF nº 026.608.30800, que é o pai da fiscalizada. (Vide Relatório fls 3422 a 3457). 26. Nesse sentido, segundo a maioria das alegações apresentadas, o sujeito passivo sustenta que os depósitos Fl. 21180DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.181 12 fiscalizados, ocorridos em suas contas bancárias decorreriam de valores repassados por terceiros, que seriam receitas financeiras oriundas das atividades rurais dos outorgantes supramencionados e outros, constituindo, dessa forma, uma situação de confusão patrimonial, em que as suas contas bancárias seriam um espécie de “caixa dois” dessas atividades, conforme podese depreender dos documentos e esclarecimentos apresentados em 08/12/2014 e 10/12/2014, os quais portanto, não constituem documentação hábil e idônea para comprovação do binômio procedênciamotivo dos depósitos bancários analisados na presente ação fiscal. Por sua vez, a decisão recorrida assim se avaliou a questão: (...) Os elementos carreados pela fiscalizada sobre parentes, vizinhos e amigos, calcados em declarações de funcionárias de bancos (Safra e Bradesco), sem as cópias dos documentos bancários que lastrearam as supostas operações, revelaramse improfícuos para esclarecer os depósitos/créditos havidos (...) As aduções da interessada acerca de exercer em nome de "Antenor" e "Theodoro", em razão de questão do estado de saúde desses, as respectivas atividades rurais, não as exime de poder justificar e demonstrar os depósitos/créditos ocorridos em suas contas bancárias. Não se compreende o porquê da autuada, mesmo possuindo procuração dos indigitados senhores para, de forma geral e irrestrita, entre outras atividades, abrir e movimentar contas correntes de titularidades dos outorgantes, utilizar conta bancária em nome pessoal.(...) Não houve desprezo por parte da Fiscalização do material colacionado pela contribuinte, mas apenas a falta de efetiva comprovação nos termos que a legislação demanda. (...) A Lei n. 9.430/1996 estabeleceu que não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos da contribuinte. Há a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais – o contribuinte é quem deve demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável. Essa presunção da Lei 9.430/1996 está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome da fiscalizada, em instituições financeiras. À impugnante cabe, portanto, refutar a presunção contida no referido diploma, pois a previsão legal em favor do Fisco transfere à contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem de seus créditos bancários. Tratase, afinal, de presunções relativas, passíveis de prova Fl. 21181DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.182 13 em contrário. De Plácido e Silva assim definiu a presunção juris tantum, em seu “Vocabulário Jurídico" (...) Portanto, como se vê nas conclusões das Autoridades lançadora e julgadora acima destacadas, o contribuinte não teria comprovado suas alegações sobre a origem dos valores que transitaram em sua conta bancária, com a ressalva do entendimento expresso no TVF de que o termo "origem" estaria relacionado à procedência e ao motivo do crédito. Neste ponto, convêm relembrar o teor do art. 42 da Lei 9.430/96, expressamente contido no Acórdão adotado pela Relatora: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Grifouse. Da análise do preceito acima, constatase que a procedência e o motivo do crédito de valores em conta bancária são inegavelmente importantes para a atividade de lançamento, mas não exatamente para se configurar a presunção de omissão de rendimentos de que trata o caput do art. 42, a qual, s.m.j., já resta superada com a comprovação de onde veio o numerário, sendo ainda necessário identificar o motivo ou a natureza do crédito para fins de tributação, exclusivamente para que eventuais valores não computados na base de cálculo do tributo sejam submetidos às normas de tributação específicas. Não compartilho do entendimento de que a palavra "origem" constante do caput do art. 42 apresente significado mais abrangente do que efetivamente tem. Origem é o lugar de onde provém alguém ou alguma coisa, é a fonte, é a procedência. Parece evidente que o espírito da norma é evitar que o titular da movimentação financeira, que é quem teria a maior facilidade de indicar a fonte dos recursos, deixasse para o fisco toda a tarefa de identificar a origem dos créditos em suas contas bancárias. Assim, a lei inverteu o ônus da prova, atribuindo ao titular da conta bancária o dever de aclarar a origem dos valores. Feito isto, não há mais que se falar em presunção legal de omissão de rendimentos, devendo a tributação considerar as normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Feitas tais considerações, passase à análise dos elementos de prova apresentados pelo contribuinte durante o procedimento fiscal e reiterados no curso do contencioso administrativo. Fl. 21182DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.183 14 Em fls. 288 a 290, o contribuinte, em resposta à intimação, apresenta planilha em que aponta a origem de 19 créditos em sua conta bancária que montam o valor de R$ 8.691.146,24. Em tal planilha, há a indicação de notas fiscais de comercialização entre o produtor rural Sr. Antenor Duarte do Valle e as empresas Rodopa Ind. Com. de Alimentos Ltda e a JBS/SA. A título de exemplo, vejamos o primeiro crédito registrado em tal planilha: As novas fiscais indicadas acima, na coluna "origens", constam de fl. 291, 292, 293, 294 e 295. No extrato de fls. 296, constam os créditos, em 21/01/2011, em conta bancária de titularidade do Sr. Antenor, mantida na agência 1701 do Bradesco, nos exatos valores contidos na planilha acima, na coluna "Recurso Recebido Bradesco". No mesmo documento, consta um débito, em 26/01/2011 de R$ 1.030.843,94 indicado como "pgto autorizado Dep conta". Em fl. 297, consta informação da funcionária do Banco Bradesco, Sra. Maria Ap. Lopes, dando conta de que, dentre outros, o valor de R$ 1.030.843,94 teria sido transferido da conta mantida pelo Sr. Antenor para a conta da ora recorrente, no dia 26/01/2011, com a ressalva de que este é um crédito que foi identificado pelo Agente Fiscal na citada instituição bancária. A análise do total das operações representadas pelas notas fiscais indicadas na planilha acima, em cotejo com os valores efetivamente creditados na conta bancária do Sr. Antenor, evidencia uma diferença que não passou despercebida pela Autoridade Fiscal, que intimou o contribuinte apresentar a necessária justificativa (fl. 3323), tendo sido protocolada a resposta de fl. 3326, em que o fiscalizado informou que a divergência se justifica pela decisão judicial exarada nos autos do processo nº 012418359.2008.8.26.0100, que determinou que em qualquer venda de gado efetuada por Antenor Duarte do Valle e Theodoro Duarte do Valle, os compradores deveriam reservar 25%, que deveriam ser depositados em juízo, tudo conforme cópia da decisão e notificação aos compradores juntadas às fl. 3334 a 3338. A efetivação da reserva citada no parágrafo precedente, bem assim o depósito em conta judicial constam de fl. 3569 a 3572. Ora, diante de tais documentos, cuidadosamente organizados, não se consegue compreender o que mais poderia fazer o contribuinte para demonstrar a origem dos créditos em tela. Aparentemente, parte da descrição dos fatos da autuação não guarda relação com a documentação disponível nos autos, pois, ao contrário do que afirmou a autoridade lançadora, foram sim apresentados documentos emitidos por instituições com características técnicas próprias para registro de operações dessa natureza. Fl. 21183DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.184 15 Por outro lado, não se identifica amparo fático e lógico no argumento fiscal de que a movimentação financeira na conta da autuada teria decorrido da tentativa de burlar mandados judiciais de bloqueio/penhora, afinal, pelo menos no exemplo acima analisado, os valores transitaram pela conta do Sr. Antenor e lá permaneceram por alguns dias, tempo que seria suficiente para que, se fosse o caso, restassem bloqueados, Neste sentido, claramente comprovada a origem dos recursos, diante de tudo que conta nos autos, e considerando, ainda, a alegação da autuada de que a movimentação financeira identificada seria decorrente de sua atuação na administração das atividades rurais do grupo familiar, quisesse a fiscalização averiguar melhor a natureza de tais valores, deveria ter avançado um pouco mais para avaliar se débitos nas mesmas contas auditadas estariam efetivamente relacionados aos gastos com a atividade rural amplamente comprovados nos autos. Objetivando comprovar a origem de créditos que montam R$ 6.563.001,57, exatamente da mesma forma como fez com os rendimentos oriundos do Sr. Antenor, em fl. 363 e ss, a fiscalizada juntou planilha explicativa dos rendimentos oriundos do Sr. Theodoro Duarte do Valle, acompanhada de extratos bancários do próprio Theodoro, corroborados por declarações de funcionários da instituição bancária, notas fiscais da JBS, Guaporé Carnes, Rodopa Ind e Com de Alimentos, bem assim comprovação de liberação de Custeio Agropecuária. Para tais documentos valem as mesmas observações expressas para os créditos oriundos do Sr. Antenor. Por fim, embora haja verossimilhança na alegação de que os rendimentos recebidos pelos Srs. Antenor e Theodoro foram devidamente tributados em suas respectivas declarações de rendimento, entendo que tal fato é irrelevante para o que se discute nos autos. Assim, neste tema, limitando o objeto do recurso ao que foi pleiteado pelo contribuinte, dou provimento ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tributo lançado o valor de R$ 13.811.897,81, cuja origem restou plenamente comprovada pelo autuado. Há de se ressaltar que, da tribuna, o representante do contribuinte expressou alguma medida de descontentamento com o resultado alcançado neste tema, manifestando seu entendimento de que este Relator deveria ter avançado para análise de demais provas juntadas aos autos, ainda que sobre operações não tratadas pelo recurso voluntário. Ora, não tem razão a defesa. Cotejando a conclusão deste relator com o que foi pleiteado no recurso, notase que o valor integral questionado neste tópico foi provido. Não cabe ao Colegiado de 2ª Instância uma revisão integral dos autos, mas tão só julgar o recurso voluntário e de ofício contra a decisão de 1ª Instância Administrativa. Aquilo que não tenha sido deferido pela Delegacia de Julgamento e que não tenha sido questionado pelo recurso voluntário assume feição de definitividade no âmbito administrativo, encontrandose fora do contencioso fiscal e, portanto, excluído da competência legal deste Conselho. Da administração da atividade rural da avó da Recorrente Afirma a defesa que, assim como fez com os Srs. Antenor e Theodoro, em 2011, administrou a atividade rural de sua avó, Sra. Dinah Duarte Vilela do Valle, de quem Fl. 21184DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.185 16 recebeu um único depósito no valor de R$ 272.025,00, em 29/06/2011, valor que teria sido recebido pela sua avó em razão da devolução de parte do pagamento à vista de dois tratores agrícolas., no valor de R$ 155.000,00 cada um. Em fl. 404, a fiscalizada apresenta os elementos de prova que entende suficientes para comprovar a origem dos valores em tela. Em fl. 405/406, foi juntada duas Notas Fiscais emitidas por Colorado Com. Maq. Agri. Ltda, que registrou a aquisição, pela Sra. Dinah Duarte Villela, de dois tratores, cujo pagamento foi efetuado, em 10/01/2011, conforme comprovante de fl. 407, que identifica como depositante a ora recorrente. Ocorre que, após identificar linha de crédito que tornaria a aquisição dos tratores mais vantajosa, parte dos valores foram devolvidos mediante crédito em conta da Sra. Dinah Duarte, que teria transferido o valor à recorrente. O contrato de financiamento consta de fl. 408 a 423 e o crédito do estorno e a transferência para a conta da autuada constam do extrato da Sra. Dinah Duarte, inserido nos autos em fl. 424. Além de tudo, foi juntado documento subscrito por funcionária do Bradesco informando a transferência entre as contas da Dinah avó para a Dinah neta, fl. 425. Sobre o tema, assim se manifestou a Decisão recorrida: Em continuidade, a interessada também alegou que administrou a atividade rural em nome de sua avó, Dinah Duarte Vilela do Valle, relatando a devolução de importância correspondente à aquisição de dois tratores, equivalente a R$ 272.025,00, mas isso não se comprova no mero exame do Anexo da Atividade Rural, às fls. 545/546, tão pouco que o crédito havido na conta corrente da autuada efetivamente a isso se refira. Não tem razão o Julgador de 1ª Instância. Não estamos tratando nos autos da regularidade da tributação dos rendimentos decorrentes da atividade rural da autuada. Estamos sim diante de um lançamento lastreado presunção legal de omissão de rendimentos decorrentes de créditos bancários de origem não comprovada. A análise do documento de fl. 25 evidencia que os equipamentos adquiridos foram devida e precisamente indicados na relação de bens da atividade rural. Por outro lado, os documentos apresentados pela autuada demonstram, inequivocamente, a origem e a natureza dos crédito em ora sob análise. Assim, neste tema, dou provimento ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tributo lançado o valor de R$ 272.025,00, cuja origem restou plenamente comprovada pelo autuado. Da restituição do empréstimo de oito milhões de reais Alega a recorrente que, em 2010, concedeu empréstimo ao Sr. Braulino Basílio Maia Filho, amigo e parceiro de negócios, no montante de R$ 8.000,000,00, em quatro parcelas. As duas primeiras em 18/10/2010, no valor de R$ 3.000.000,00 e R$ 1.000.000,00, e as duas últimas em 29/11/2010, no valor de R$ 2.500.000,00 e R$ 1.500.000,00. Os três primeiros valores foram transferidos diretamente da conta da recorrente. Já o último, teria sido transferido ao Sr. Braulino pala Sra. Therezinha de Jesus Berna Papst, sua sogra, de quem era credora de quantia equivalente. Fl. 21185DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.186 17 Afirma que ficou acertado que o Sr. Braulino comprometeuse a efetuar o pagamento do empréstimo em cinco parcelas mensais, a partir de 31/01/2011, sendo as três primeiras no valor de R$ 1.500.000,00 e as duas últimas no valor de R$ 2.000.000,00. Que a primeira parcela foi paga diretamente à sra. Therezinha, a fim de restabelecer o empréstimo (crédito) que a recorrente tinha anteriormente com a sua sogra (primeiro mútuo), que, por sua vez, quitou sua obrigação mediante oito depósitos, no valor de R$ 300.000,00, R$ 40.000,00, R$ 40.000,00, R$ 200.000,00, R$ 200.000,00, R$ 10.000,00, R$ 500.000,00, R$ 40.000,00 e R$ 40.000,00. As três parcelas subsequentes foram depositadas, em 2011, por Braulino diretamente em favor de Osvaldo, nos seguintes valores: R$ 1.470.120,00, R$ 1.454.654,01 e R$ 2.088.000,00. Osvaldo, por sua vez, devolveu os recursos recebidos à recorrente, em seis parcelas, nos seguintes valores: quatro de R$ 842.000,00, dois de R$ 440.000,00, outro de 402.000,00 e mais dois de 641.649,14. A última parcela que seria devida de Braulino, foi concluída apenas em agosto, através de quatro depósitos, dois de R$ 500.000,00, um de R$ 595.000,00 e outro de R$ 600.000,00. Neste tema, ao contrário dos anteriores, a operação descrita, como bem pontuou o julgador de 2ª Instância, não se mostra verossímil, já que os documentos contidos a partir de fl. 605 não evidenciam com a clareza necessária a origem ou a natureza dos valores envolvidos, estando, basicamente, amparados em declarações de funcionário de instituição bancária. Ademais, ainda que essa profusão de empréstimos, pagamentos e repasses envolvendo quatro pessoas distintas estivesse melhor documentada, a falta de zelo no registro de operações envolvendo valores tão significativos contribui para a dificuldade de se comprovar a sua regularidade. Desta forma, nego provimento ao recurso neste tema. Da inaplicabilidade da multa qualificada Alega a defesa que a Decisão recorrida não foi capaz de atribuir à já refutada omissão de rendimentos o fundamento para manter a multa qualificada. Atesta que, não havendo sequer fundamentos para manter a obrigação tributária principal, menos ainda a multa qualificada, que exige prova inequívoca da prática de crimes previstos no art. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64. Cita precedentes desta Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e conclui pleiteando a redução da multa de ofício ao patamar de 75%. Na análise da matéria, assim se manifestou a Decisão recorrida: Destacou a impugnante, no tocante às razões que levaram a autoridade lançadora a aplicar a multa de ofício de 150%, os seguintes trechos (fls. 3506/3507): "... no presente caso, há fortes indícios de que o contribuinte conscientemente e de forma reiterada, adotou conduta onde Fl. 21186DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.187 18 visava suprimir o pagamento de tributo mediante omissão de rendimentos. (...)" "..., a fiscalizada, bem como seu cônjuge, em mais de um exercício, omitiram rendimentos da Fazenda Pública de forma sistemática e reiterada, inclusive após o citado cônjuge da mesma ter sido previamente autuado com base em conduta análoga à verificada na presente ação fiscal, conforme consta nos autos do Processo n. 10437.720466/201462, sendo que passouse após tal autuação a utilizarse então das contas bancárias da fiscalizada, com o claro intuito de dar continuidade ao modus operandi antes estabelecido em conluio." "... a fraudar bloqueios e penhoras on line, existentes e futuros, relativamente a processos e execuções judiciais trabalhistas e fiscais em nome de terceiros,..." Entende este relator que não haveria como a autoridade lançadora vincular alguma alteração de procedimento do casal formado pela autuada e Norman Augusto Berna Papst, em face do processo administrativo em nome deste cônjuge, sob n. 10437.720466/201462, porquanto a ação fiscal que o gerou se iniciou em momento posterior aos fatos geradores atinentes ao anocalendário 2011. De igual sorte, não se compreende devida a aplicação da multa qualificada para as questões atinentes a fraudes e bloqueios de penhora alusivos a processos e execuções judiciais trabalhistas e fiscais em nome de terceiros, uma vez que os ilícitos sugeridos gerariam tipos distintos ao previsto na legislação em espécie. Por outro lado, o simples cotejo dos registros constantes na DAA/2012 com toda a movimentação financeira realizada pela contribuinte, sem que esta trouxesse provas cabais de sua origem, ultrapassa a simples apuração de omissão de rendimentos. O volume de recursos que circularam por suas contas correntes, as operações que realizou, bem como o rol de bens e direitos constantes em sua DAA/2012 (fls. 3400/3409), são, sem sombra de dúvida, incompatíveis com os rendimentos que declarou, no caso: R$ 0,00 de rendimentos tributáveis; R$ 1.639,87 de rendimentos isentos e nãotributáveis (rendimentos de cadernetas de poupança e letras hipotecárias); e R$ 162.183,62 de rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva (rendimentos de aplicações financeiras). Na espécie, agora de igual tom ao compreendido pela Fiscalização, a contribuinte, consciente e dolosamente, omitiu a ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária principal, durante, pelo menos, todo o decorrer do anocalendário 2011, incidindo, pois, no tipo previsto no art. 71 da Lei n. 4.502/1964: (...) Não desconhece este relator o entendimento emanado do CARF sobre o tema, conforme os precedentes trazidos pelo sujeito passivo, às fls. 3508/3509, mas o caso em concreto não se comporta como mera omissão ou simples reiteração de conduta, já que de maneira acintosa a contribuinte omitiu valores que sabidamente se constituiriam em objeto de tributação. Fl. 21187DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.188 19 O inciso II do art. 44, da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, prevê que, no caso de evidente intuito de fraude, definido nos art. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. Por sua vez a Lei 4.502/64 prescreve: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: (...) Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Como se vê, a qualificação da penalidade de ofício exige a evidenciação da existência do elemento volitivo na conduta do agente, sendo a demonstração deste um ônus do Agente Fiscal, que, neste caso, amparou a qualificação da multa de ofício em três esteios principais, dos quais o julgador de primeira instância discordou, no sentir deste Relator, acertadamente, de dois, mantendo a qualificação da penalidade exclusivamente em razão de entender que a contribuinte, consciente e dolosamente, omitiu a ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária principal, durante, pelo menos, todo o decorrer do ano calendário 2011, incidindo, pois, no tipo previsto no art. 71 da Lei n. 4.502/1964. Notese, ainda que a conclusão que levou a Autoridade recorrida a manter a qualificação da penalidade de ofício se mostra ligeiramente diferente do terceiro esteio para qualificação da multa contido no Relatório Fiscal, segundo o qual, há fortes indícios de que o contribuinte conscientemente e de forma reiterada, adotou conduta onde visava suprimir o pagamento de tributo mediante omissão de rendimentos. Por tudo que já foi tratado no curso do presente voto, o cenário desenhado pelo Relatório Fiscal que lastreou o lançamento não se mostra integralmente compatível com os elementos dos autos. Boa parte dos rendimentos considerados omitidos no lançamento tinha sua origem devidamente comprovada nos autos. Assim, onde estão os tais fortes indícios? Não os identifico. Não vejo nas razões fiscais nenhuma evidência inequívoca de que o contribuinte agiu dolosamente para alcançar os fins previstos nos citados art. 71, 72 e 73. A regra para penalizar uma infração à legislação tributária é a aplicação da multa de ofício regular, no percentual de 75%, constituindose a qualificação de tal penalidade uma medida de exceção, que deve ser aplicada em casos específicos, que ultrapassa a mera punição do erro, para punir e desestimular a má conduta. Desta forma, dou provimento ao recurso voluntário neste tema para afastar a qualificação da penalidade de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. Da impossibilidade de incidência de juros de mora (Selic) sobre a multa de ofício Fl. 21188DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.189 20 Sustenta que é indevida a exigência de juros de mova à taxa Selic incidente sobre a multa de ofício, tema no qual teve o pleito indeferido pela Decisão recorrida, que entendeu que as multas proporcionais são débitos decorrentes de tributos e contribuições e que, portanto, constituem débitos de qualquer natureza de que trata os art. 29 e 30 da Lei 10.522/2002. Afirma que o Código Tributário Nacional, em seu art. 161 autoriza a cobrança de apenas juros moratórios sobre a obrigação principal não paga integralmente no vencimento. O citado art. 161 prevê que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. O mesmo Código Tributário Nacional prevê, ainda: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Por sua vez, como bem pontuou a Decisão recorrida, assim prevê o art. 29 da lei 10.522/2002: Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1o de janeiro de 1997. § 1o A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2o Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3o Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei Fl. 21189DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.190 21 no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – Ufir, instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. Vejamos, ainda, a lei 9.430/96 sobre o tema: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” Notase, pelos textos acima, que o não pagamento do crédito tributário no prazo de seu vencimento dá ensejo à incidência de multa de mora e juros de mora, este calculado em valores equivalentes à variação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC. A multa de ofício corresponde a uma penalidade pecuniária e, portanto, compreendida no conceito de obrigação principal, constituindose em um débito de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, sobre o qual deve incidir juros de mora calculados em valores equivalentes à Selic. Desta forma, neste tema, nego provimento ao recurso voluntário. Da tributação do resultado da atividade rural de pessoa física Após, mais uma vez, contestar as conclusões da Autoridade Fiscal sobre a omissão de rendimentos, afirma que, em última hipótese, estando convencida de que os recursos transferidos para a Recorrente advinham de pagamentos da venda de gado in natura (isto é, resultado da atividade rural), deveria a ação fiscal, no mínimo, fazer a recomposição da base de cálculo do IRPF autuado nos termos do art. 50 da Lei 8.023/913, considerando como renda (alvo da materialidade do Imposto sobre a Renda) vinte por cento da receita bruta do anobase. Como se viu no curso da manifestação deste Relator, apenas os rendimentos contestados que estiveram relacionados às operações de empréstimos entre amigos e familiares foram mantidos na base de cálculo do tributo lançado. Naturalmente outros que não foram Fl. 21190DF CARF MF Processo nº 10880.722182/201472 Acórdão n.º 2201004.700 S2C2T1 Fl. 21.191 22 contestados expressamente também devem ser mantidos, já que em relação à este não se instaurou o litigioso. Ora, nesta parte do lançamento que restou mantida, é certo que tal manutenção decorre do fato de que não foi comprovada a origem dos rendimentos. Sendo assim, a tributação de tais valores deve seguir a regra geral, já que a tributação nos termos pleiteados pelo contribuinte somente seria possível se, no curso do procedimento fiscal, ficasse evidente que os valores omitidos estavam relacionados à atividade rural e, portanto, aplicável as normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos, tudo nos termos do § 2º do art. 42 da Lei 9.430/96. Assim, nada a prover neste tema. Por fim, em relação ao pleito recursal de suspensão da exigibilidade do crédito tributário até o julgamento final do presente recurso, deixo de tecer maiores considerações, já que tal providência é uma consequência do curso regular da presente lide administrativa, nos termos do art. 150, inciso III do CTN. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais que integram o presente, dou provimento parcial ao recurso voluntário para: (i) excluir da base de cálculo do tributo lançado o valor de R$ 14.083.922,81 (R$ 13.811.897,81 + R$ 272.025,00), cuja origem restou plenamente comprovada pelo autuado; (ii) afastar a qualificação da penalidade de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 21191DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.000922/2009-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/10/2008
EMBARGOS. ERROS MATERIAIS.
Verificados erros materiais na referência à base legal de parte das infrações, cabe sua retificação via embargos.
Numero da decisão: 2202-004.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração como Embargos Inominados, acolhendo-os para fins de que se procedam as modificações no Acórdão nº 2803-003.057 propostas na conclusão do voto do relator, rerratificando-se o julgado quanto aos demais aspectos.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ERROS MATERIAIS. Verificados erros materiais na referência à base legal de parte das infrações, cabe sua retificação via embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração como Embargos Inominados, acolhendoos para fins de que se procedam as modificações no Acórdão nº 2803003.057 propostas na conclusão do voto do relator, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto. Relatório A 3ª Turma Especial da 2ª Seção exarou o Acórdão nº 2803003.057 (efls. 169/177), dando parcial provimento ao recurso voluntário, conforme ementa a seguir transcrita: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 09 22 /2 00 9- 28 Fl. 232DF CARF MF 2 ASSUNTO : CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração : 01/03/2004 a 31/10/2008 AUXÍLIO EDUCAÇÃO. NATUREZA INDENIZATÓRIA. O auxílio ou bolsa educação direcionada aos funcionários da empresa, vinculada a sua atividade, não caracterizam remuneração, logo não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. ALUGUÉIS. SALÁRIO IN NATURA. HABITUALIDADE. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Havendo habitualidade no recebimento de ajuda de custo para aluguel, essa parcela deve integrar o salário de contribuição, com a devida incidência de contribuição previdenciária. Precedentes do Conselho de Contribuintes e Superior Tribunal de Justiça. LANÇAMENTO. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Cumpridos os artigos 33 e 37, da Lei n. 8.212/1991, e 142 do CTN, em que o lançamento de crédito tributário contém todos os motivos fáticos e legais, descrição e cálculo do crédito, bem como descrição precisa dos fatos ocorridos e suas fontes para sua apuração, não há vícios no mesmo. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Apenas cabe aplicação retroativa de multa ou penalidade quando a mesma for realmente mais benéfica. O contribuinte interpôs embargos de declaração (efls. 207/210) trazendo diversas razões que a seu ver lhes dariam respaldo, porém foi admitida como apta para tanto somente a alegação de erro material na determinação da aplicação da multa até o limite de 75%, de acordo com o respectivo Despacho de Admissibilidade (efls. 226/231). É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Dado que o contribuinte foi cientificado do acórdão de recurso voluntário em 09/12/2016 (efl. 224), constatase a tempestividade dos embargos, nos termos do RICARF, Anexo II, art. 65, § 1º, haja vista terem sido apresentados em 16/12/2016 (efl. 211). Não bastasse serem tempestivos nos termos do referido artigo, deve ser anotado que eles foram recebidos para fins de correção de erro material, atraindo a incidência do art. 66 do RICARF, o que corrobora a sua tempestividade, sob ambos os prismas. Como relatado, os embargos do sujeito passivo foram parcialmente admitidos, para apreciação da seguinte assertiva: (...) Fl. 233DF CARF MF Processo nº 13971.000922/200928 Acórdão n.º 2202004.766 S2C2T2 Fl. 233 3 3. Em primeiro lugar, porque o Acórdão apresenta erro material ao determinar a aplicação da multa “até o limite de 75% que está estabelecido no art. 35A da Lei n. 8.212/1991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.430/1996”. Isso porque, como facilmente se verifica pela argumentação constante no próprio Acórdão, este pretendia se referir ao inciso I (único a prever multa de 75%), mas acabou indicando o inciso II, em decorrência de erro material (possivelmente de digitação). Sem dúvida tem razão o embargante, conforme a transcrição dos dispositivos focados revela: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: Vale, por oportuno, corrigir as demais referências equivocadas feita ao inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430/96, constantes ao final do tópico V da fundamentação, bem como na conclusão do voto do relator, as quais, versando sobre a mesma infração, tratamse também de evidentes erros materiais. Conclusão Portanto, voto no sentido de conhecer dos Embargos de Declaração como Embargos Inominados, acolhendoos para fins de que se proceda as seguintes modificações no Acórdão nº 2803003.057, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos: Seja substituído o excerto do acórdão do Colegiado onde consta redigido "b) a multa a ser aplicada aos créditos tributários constituídos seja a estabelecida no art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, conforme a fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art.. 35A da Lei n. 8.21211991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996, desde que mais favorável ao contribuinte", pelo seguinte trecho: b) a multa a ser aplicada aos créditos tributários constituídos seja a estabelecida no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, conforme a fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art.. 35A da Lei n. 8.21211991 (atual redação) combinado com o art. 44, I, da Lei n. 9.430/1996, desde que mais favorável ao contribuinte. Seja substituído o parágrafo do tópico V da fundamentação onde consta redigido "Dessa forma, entendo que deve ser aplicado ao caso as penalidades estabelecidas no art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, até o limite de 75% (art.. 35A da Lei n. 8.212/1991 combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996), conforme estabelecido pela redação posterior a da comentada alteração", pelo seguinte parágrafo: Fl. 234DF CARF MF 4 Dessa forma, entendo que deve ser aplicado ao caso as penalidades estabelecidas no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, até o limite de 75% (art. 35A da Lei n. 8.212/1991 combinado com o art. 44, I, da Lei n. 9.430/1996), conforme estabelecido pela redação posterior a da comentada alteração. Seja substituído o parágrafo do tópico VI da fundamentação onde consta redigido "b) a multa a ser aplicada aos créditos tributários constituídos seja a estabelecida no art. 35, da Lei n. 8.2121991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, conforme a fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art. 35A da Lei n. 8.2121991 (atual redação) combinado com o art. 44, II, da Lei n. 9.4301996, desde que mais favorável ao contribuinte" , pelo seguinte parágrafo: b) a multa a ser aplicada aos créditos tributários constituídos seja a estabelecida no art. 35, da Lei n. 8.212/1991, com redação anterior à MP n 449, de 04.12.2008, conforme a fase processual, até o limite de 75% que está estabelecido art. 35A da Lei n. 8.212/1991 (atual redação) combinado com o art. 44, I, da Lei n. 9.430/1996, desde que mais favorável ao contribuinte. É o voto. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 235DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.722956/2015-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
ÁGIO. DEMONSTRAÇÃO DE EXISTÊNCIA E DE EFETIVO PAGAMENTO. REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS. AMORTIZAÇÃO DEVIDA
A amortização do ágio é permitida, quando demonstrada a rentabilidade futura do investimento, o efetivo pagamento na aquisição, e se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica.
Atendida a obrigatoriedade quanto à confusão de patrimônio entre investidora e investida, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deram causa passam a se comunicar diretamente.
Numero da decisão: 1302-003.005
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator, vencidos os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lucia Miceli. Manifestou intenção de declaração de voto os conselheiros Gustavo Guimarães da Fonseca e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente)
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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INEXISTÊNCIA. ATIVOS INTANGÍVEIS NÃO CONSIDERADOS NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. EMPRESA EM RECUERAÇÃO JUDICIAL. VARIG Recorrente GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 ÁGIO. DEMONSTRAÇÃO DE EXISTÊNCIA E DE EFETIVO PAGAMENTO. REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS. AMORTIZAÇÃO DEVIDA A amortização do ágio é permitida, quando demonstrada a rentabilidade futura do investimento, o efetivo pagamento na aquisição, e se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. Atendida a obrigatoriedade quanto à confusão de patrimônio entre investidora e investida, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deram causa passam a se comunicar diretamente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator, vencidos os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Paulo Henrique Silva Figueiredo e Maria Lucia Miceli. Manifestou intenção de declaração de voto os conselheiros Gustavo Guimarães da Fonseca e Luiz Tadeu Matosinho Machado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 29 56 /2 01 5- 69 Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 3 2 Rogério Aparecido Gil Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente) Relatório Tratase de recurso voluntário interposto face ao Acórdão nº 0269.453, de 25/07/2016, da 10ª Turma da DRJ em Belo Horizonte (MG) que, por unanimidade de votos julgou improcedente a impugnação, registrandose a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 Tratamento Tributário do Ágio. Incorporação, Fusão ou Cisão. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o da rentabilidade futura da coligada ou controlada, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. Para a amortização fiscal do ágio são necessários três requisitos fundamentais: (a) que exista investimento realizado pela investidora na investida (coligada ou controlada) com ágio devidamente contabilizado nos termos da lei; (b) que o seu fundamento econômico seja o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; e (c) que posteriormente a empresa investidora absorva o patrimônio da investida por incorporação, fusão ou cisão (ou vice versa, no caso de incorporação às avessas). Os artigos 7° e 8° da Lei n° 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (i) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (ii) pessoa jurídica investida. Devese consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deram causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolidase cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia. Tributação Reflexa. CSLL. O mesmo procedimento adotado em relação ao lançamento principal do IRPJ, repercute também na CSLL. Multa Proporcional e Exigida Isoladamente. Fl. 1531DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 4 3 Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento abrangerá a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; e o imposto apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício. A lei estabelece que, nos lançamentos de ofício, será aplicada multa exigida isoladamente, no percentual de 50%, sobre os valores devidos, e não recolhidos, a título das estimativas mensais, estando o contribuinte sujeito à apuração do lucro real anual, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL, no anocalendário correspondente. Juros de Mora. Sobre todos os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, incidirão juros de mora calculados à taxa a Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Conforme expressa previsão legal, incidem juros de mora sobre todos os débitos tributários de competência da União relativos aos impostos, contribuições e multas, calculados pela Taxa Selic. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A fiscalização não concordou com a dedução de despesas de amortização de ágio gerado na aquisição do controle acionário da VRG Linhas Aéreas S.A. (VRG) pela empresa Gol Transportes Inteligentes S.A. (GTI) que passou a ser amortizado após a incorporação da GTI pela VRG. Considerou a amortização indedutível pelas seguintes razões: a) inexistência de efetivo pagamento para aquisição do controle acionário da VRG, já que a transferência de ações da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. (GLAI), realizada pela GTI aos antigos controladores da VRG, como dação em pagamento do preço de aquisição, não poderia ser considerada como custo de aquisição; b) mesmo que tivesse havido o efetivo pagamento quando da aquisição do investimento na VRG, a real adquirente seria a GLAI e não a GTI, de modo que não teria havido a incorporação da GLAI pela VRG, ou vice versa, requisito legal para a amortização do ágio; e c) inexistência de ágio na aquisição do investimento na VRG pela GTI, uma vez que haveria inconsistências na apuração do patrimônio líquido base para a aquisição da VRG, decorrente do suposto registro equivocado dos ativos decorrentes da aquisição da UPV pela VRG, quando o correto seria a existência de um patrimônio líquido positivo, em valor superior ao custo de aquisição pago pela GTI (apurouse PL negativo, quando em realidade era positivo, resultante da não consideração de ativos Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 5 4 intangíveis valiosos, como os slots em aeroportos, concessões de linhas aéreas etc.). Assim, a fiscalização concluiu que a recorrente teria cometido as seguintes infrações: a) falta de adição, na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de despesas consideradas indedutíveis relativas à amortização de ágio, no anocalendário de 2009; e b) falta de pagamento do IRPJ e da CSLL mensal por estimativa, no ano calendário de 2009, em decorrência da falta de adição acima mencionada nos respectivos meses. Com esse entendimento, houve o recálculo do IRPJ e da CSLL devidos pela recorrente no ano calendário de 2009, adicionandose as despesas com amortização do ágio ao lucro real e à base de cálculo da CSLL, de modo a reduzir o montante de R$ 75.093.761,52 de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL apurados no anocalendário de 2009. Também houve o lançamento de multa isolada no percentual de 50%, pelo não recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL, no valor total de R$ 16.525.919,06. Nesse contexto, destacamse os seguintes pontos do Termo de Verificação Fiscal (TVF), também destacados no relatório do acórdão recorrido: O presente processo trata de autos de infração (fls. 535 a 547) de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL do anocalendário de 2009, referentes à dedução indevida de despesas de amortização de ágio. No Termo de Verificação Fiscal TVF (fls. 504 a 532), a fiscalização esclarece que as operações que resultaram na amortização do ágio foram realizadas no contexto da recuperação judicial da Varig. Inicialmente, identifica as empresas envolvidas nas operações: Viação Aérea Riograndense S/A VARIG, CNPJ 92.772.821/000164 Varig Logística S/A VARIG LOG, CNPJ 04.066.143/000157 Volo do Brasil VOLO, CNPJ 07.574.036/000128 VRG Linhas Aéreas S/A VRG, CNPJ 07.575.651/000159 (antes Aéreo Transportes Aéreos S/A) Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A GLAI, CNPJ 06.164.253/000187 Gol Transportes Inteligentes S/A GTI, CNPJ 06.984.282/000195 (antes Tyrrel Participações S/A) A fiscalização também informa que o plano de recuperação judicial da VARIG previa a constituição da Unidade Produtiva da Varig UPV, formada por um conjunto de ativos intangíveis e obrigações, originariamente parte do patrimônio da VARIG, e que foram posteriormente adquiridos pela VRG em leilão judicial. Fl. 1533DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 6 5 As operações relevantes encontramse abaixo sintetizadas em ordem cronológica: a) Constituição da GTI constituída em 27/07/2004 sob a denominação de Tyrrel Participações S/A, com capital social de R$100,00, tendo como acionistas e diretores André Alicke de Vivo e Renato Chiodaro, sócios do escritório de advocacia DVWCG Devivo, Whitaker, Castro, Gonçalves Advogados, que prestou assessoria ao grupo Gol na aquisição da VRG e na subsequente reorganização societária. constituída apenas para servir de intermediária na aquisição da VRG, sendo parte de uma operação mais ampla, que teve por objetivo a criação de um ágio artificial na aquisição de ativos da antiga VARIG. b) Aumento de capital da GTI, mediante emissão de ações subscritas pela GLAI em 26/10/2004 (três meses depois de constituída), a GTI aumentou seu capital de R$100,00 para R$800.000.000,00, emitindo 799.999.900 ações que foram subscritas pela GLAI a R$1,00 por ação, com prazo para integralização de 24 meses a contar dessa data, ou seja, até 26/10/2006. não houve a integralização das ações subscritas nesse prazo, tendo sido o mesmo estendido por mais dois anos em assembleia geral extraordinária da GTI realizada em 01/03/2007. a integralização ocorreu somente em 2007, por ocasião (e com a finalidade) da compra da VRG pela GTI. c) Constituição da VRG constituída em 25/08/2005, com capital social de R$1.000,00, sob a denominação de Aéreo Participações S/A. em 14/07/2006, a empresa mudou sua denominação para Aéreo Transportes Aéreos S/A, incluiu em seu objeto social a exploração comercial de transportes aéreos e aumentou seu capital social para R$44.000.000,00, sendo seus acionistas a VARIG LOG (99%) e a VOLO (1%). d) Aquisição de parte dos ativos e passivos da VARIG pela VRG em 20/07/2006, a VRG (então denominada Aéreo Transportes Aéreos S/A) atuou no processo de recuperação judicial da VARIG, arrematando em leilão um conjunto de ativos e passivos, denominado Unidade Produtiva da VARIG UPV. Logo em seguida, a Aéreo mudou sua denominação para VRG Linhas Aéreas S/A. A fiscalização informa que os ativos da UPV totalizavam R$279.369.831,00, divididos entre: Contas a receber transportes executar Contas a receber smiles Brasil Reserva manutenção reembolsável RM Depósito garantia leasing CP Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 7 6 Depósito em garantia exterior Material de estoque consumíveis e ser. bordo Pagamentos antecipados dep. caução aeronaves Depos. garantia arrend. eq. vôo e ativo imobilizado Acrescenta que, ao final do ano de 2006, apenas o valor lançado a título de Depósito garantia leasing CP, no valor de R$38.640.771,00, incrementou o ativo da VRG, pois, para cada um dos outros ativos, foi constituída uma provisão para perda de igual valor. o fato de a VRG ter registrado em sua contabilidade apenas as obrigações assumidas (passivo), alguns poucos ativos de menor relevância e provisões para perdas para quase todos os ativos contabilizados, deixando de registrar, na época, os ativos de maior valor, teve como consequência o nascimento de um patrimônio líquido falsamente negativo em 2006, que gerou um ágio artificial quando da compra da VRG pela GTI, ocorrida em 2007. e) Compra da totalidade das ações da VRG pela GTI em 28/03/2007, foi celebrado um contrato de compra e venda entre a compradora GTI e as vendedoras VARIG LOG e VOLO, tendo por objeto as ações representativas da totalidade do capital social da VRG pelo preço estabelecido inicialmente de US$275.000.000,00, equivalente a R$568.263.339,85, composto pelas seguintes parcelas: valor equivalente a US$30.000.000,00 em moeda nacional na data da assinatura do contrato; valor equivalente a US$68.000.000,00 em moeda nacional após outorga da autorização prévia pela ANAC; parcela equivalente a US$177.000.000,00 a ser paga em ações preferenciais emitidas pela GLAI, após outorga da autorização prévia pela ANAC. antes de 28/03/2007, a GTI não teria condição nenhuma de pagar o preço de aquisição da VRG, visto que o aumento de capital subscrito em 26/10/2004 não havia sido integralizado até então. em 28/03/2007, data da compra da VRG pela GTI, a GLAI integralizou parte das ações subscritas em 26/10/2004, fazendo aporte de capital de R$62.148.000,00, equivalentes exatamente a US$30.000.000,00, pagos à VARIG LOG e à VOLO. em 09/04/2007, a GLAI aumentou seu capital em R$518.099.923,00, mediante a emissão de 8.519.979 novas ações preferenciais. Em seguida, em 11/04/2007, a GLAI transferiu recursos financeiros para a GTI, que os utilizou para subscrever e integralizar ações emitidas pela GLAI. Nesse momento, alega a fiscalização, a GTI (controlada) passou a ter participação na sua controladora GLAI (participação recíproca), o que é vedado pelo art. 244 da Lei das SA. em seguida, as ações emitidas pela GLAI e subscritas pela GTI foram transferidas para a VARIG LOG como pagamento pela compra da VRG. em 12/04/2007, a GLAI integralizou mais 138.264.400 ações da GTI subscritas em 26/10/2004, no valor de R$138.264.400,00, equivalentes a US$68.000.000,00, tendo Fl. 1535DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 8 7 sido os recursos financeiros utilizados para pagamento pela aquisição das ações da VRG. os aportes de capital da GLAI para a GTI foram utilizados por esta última para pagamento, à VARIG LOG e à VOLO, dos US$98.000.000,00 devidos em moeda nacional pela aquisição das ações da VRG. o preço de aquisição das ações da VRG foi posteriormente reduzido para R$375.468.808,43 mediante celebração de termo de ajuste em junho de 2007, tendo por fundamento auditoria que revelou elementos que não haviam sido considerados antes. Esse termo de ajuste também previa que a diferença de R$192.794.531,43 (equivalentes a US$98.000.000,00) deveria ser restituída à GTI no prazo de três dias úteis. Das operações acima relatadas, a fiscalização ressalta que: o valor de aquisição das ações da VRG era de R$568.263.339,86, sendo posteriormente reduzido para R$375.468.808,43; a diferença de R$192.794.531,43 (equivalentes a US$98.000.000,00), devolvida pelas alienantes (VARIG LOG e VOLO) à adquirente (GTI), corresponde justamente à parcela paga em dinheiro na aquisição; o valor pago em dinheiro (e depois devolvido) era proveniente da GLAI, controladora da GTI; o valor de R$375.468.808,43 corresponde à parcela de US$177.000.000,00 paga em ações emitidas pela GLAI. concluiu a fiscalização que não houve pagamento em dinheiro na aquisição da VRG. embora o contrato de aquisição de ações da VRG tenha sido celebrado com a GTI, a verdadeira adquirente é a GLAI, controladora desta última, que de fato arcou com toda a operação. Acrescenta que a própria GLAI reconhece essa realidade nas notas explicativas de suas demonstrações financeiras: "Em 9 de abril de 2007, a Companhia adquiriu a VRG, uma companhia aérea de baixo custo e baixa tarifa que opera vôos domésticos e internacionais com as marcas GOL e VARIG oferecendo serviços de transporte aéreo regular e nãoregular entre os principais destinos no Brasil, América do Sul e no Caribe." f) Incorporação da GTI pela VRG (incorporação às avessas) em setembro de 2008, a VRG incorporou sua controladora GTI, passando a amortizar o ágio gerado artificialmente nas operações acima descritas. 1.2. Da infração apurada A fiscalização sustenta que as premissas básicas para amortização de ágio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura, de acordo com o disposto nos artigos 7°, III, e 8° da Lei n° 9.532/97, são: efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; realização das operações originais entre partes não ligadas; e Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 9 8 lisura na avaliação da empresa adquirida e da expectativa de rentabilidade futura. a primeira premissa não foi cumprida na aquisição das ações da VRG pela GTI, pois não houve pagamento, mas apenas uma permuta de ativos, consistente na entrega, pela GTI, de ações emitidas pela GLAI como pagamento pelas ações da VRG. Acrescenta que os valores pagos em dinheiro foram devolvidos pelas alienantes pouco tempo depois, com a justificativa de que uma auditoria teria revelado elementos que não haviam sido considerados antes. a GTI subscreveu e integralizou as ações de sua controladora GLAI, ocorrendo a chamada participação recíproca, vedada pelo art. 244 da Lei das SA. Acrescenta que a integralização foi efetuada mediante a utilização de linha de crédito disponibilizada pela própria GLAI, conforme acordo sobre a integralização das ações da GTI: "5. Disponibilidade de Fundos. A GLAI, neste ato, abre à GTI uma disponibilidade de fundos no valor de R$507.000.000,00 (quinhentos e sete milhões de reais), para uso imediato, a ser empregado na forma descrita abaixo: i) (...) ii) o valor de R$183.925.439,52 (cento e oitenta e três milhões, novecentos e vinte e cinco mil, quatrocentos e trinta e nove reais e cinquenta e dois centavos) deve ser usado para pagamento imediato da obrigação de integralização das ações de emissão da GLAI subscritas pela GTI nesta data." a GTI entregou essas ações à VARIG LOG em troca do controle acionário da VRG. o ágio foi calculado considerandose que a VRG teria patrimônio líquido negativo. No entanto, o suposto patrimônio líquido negativo teria resultado de contabilização indevida e incompleta na aquisição da UPV. com base em informações prestadas pela fiscalizada, registra que os ativos intangíveis adquiridos (slots no aeroporto de Congonhas, marca Varig, entre outros) foram contabilizados somente em 2010, em atendimento ao IFRS n° 3 e ao CPC n° 15. Em 2010, atribuise o valor de R$63.109.000,00 à marca Varig e de R$560.842.100,00 aos slots no aeroporto de Congonhas. se a contabilização tivesse sido efetuada corretamente, o ativo da VRG deveria registrar, pelo menos, ativos no valor de R$623.951.100,00 (R$63.109.000,00 + R$560.842.100,00), não havendo patrimônio líquido negativo. os slots no aeroporto de Congonhas e a marca Varig não eram os únicos ativos da UPV, havendo também contratos de concessão de uso de áreas aeroportuárias, contratos e direitos referentes a áreas em aeroportos no exterior, rotas nacionais e internacionais, certificado de homologação de empresa de transporte aéreo da Varig, hotrans (autorizações de vôo) nacionais e internacionais, slots em aeroportos no exterior. além dos direitos listados acima, alega a fiscalização que também constavam da UPV todos os direitos de propriedade relativos ao programa Smiles. Sustenta que não se pode imaginar que tais direitos tivessem valor irrelevante, tanto que foi criada, em 06/2012, a empresa Smiles S/A, que captou R$1.132.173.890,40 em sua oferta pública inicial de ações (IPO) realizada em 04/2013. Fl. 1537DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 10 9 o laudo de avaliação da VRG elaborado pela empresa Vergent Partners Assessoria Econômica e Financeira Ltda (fls. 426 a 459) indica que parte substancial do valor econômico da VRG decorre dos direitos acima listados, os quais não foram contabilizados pela VRG na ocasião da aquisição da UPV e tampouco foram considerados na avaliação do patrimônio líquido da VRG quando de sua aquisição pela GTI. caso fossem considerados os ativos não contabilizados, a conclusão seria a de que não houve ágio na aquisição da VRG pela GTI, já que o valor de aquisição não seria superior ao real patrimônio líquido da empresa adquirida. o patrimônio negativo da VRG não tem sustentação, visto que decorre de uma contabilização incompleta. as demonstrações contábeis de 2006 da VRG revelam um patrimônio líquido negativo em R$236 milhões, gerado única e exclusivamente em função de um prejuízo de R$544 milhões, constituído de provisões para a redução de praticamente todos os ativos advindos da UPV, no valor de R$532 milhões. se tivessem sido contabilizados os ativos intangíveis constantes da UPV, o patrimônio líquido da VRG seria positivo em R$296 milhões. há inconsistências no suposto patrimônio líquido da VRG, pois o patrimônio líquido em 31/12/2006 constante das demonstrações contábeis era de R$236 milhões. O mesmo passou a ser de R$412 milhões negativo no laudo de avaliação elaborado pela Vergent em 09/04/2007 e, nessa mesma data, passou a ser de R$604 milhões negativos. a empresa TAM havia feito à VARIG LOG uma oferta inicial de US$1,2 bilhão, posteriormente reduzida para US$738 milhões, para aquisição da VRG, o que reforça a ideia de que os ativos intangíveis não contabilizados na VRG eram bastante significativos. o laudo elaborado pela Vergent concluiu que 100% do capital acionário da VRG estaria avaliado entre US$1.196 milhões e US$1.532 milhões. a aquisição, por US$275 milhões, de uma empresa avaliada pelo valor mínimo de US$1.196 milhões não poderia gerar qualquer tipo de ágio. ainda que se admita a existência de ágio na operação, alega a fiscalização que o ágio teria sido pago pela GLAI, controladora da GTI, que arcou com toda a operação. Sustenta que a GTI foi constituída apenas para participar da operação de aquisição de ativos da VARIG. em setembro/2008, a VRG incorporou sua controladora GTI (incorporação às avessas), passando a registrar em sua contabilidade, no ativo diferido, o ágio antes registrado no ativo da GTI, gerado na própria operação em que a GTI assumiu o controle acionário da VRG. o ágio registrado na aquisição da VRG pela GTI foi de R$980.223.070,26, apurado da seguinte forma, de acordo com informações prestadas pela fiscalizada: Patrimônio Líquido em 08/04/2007 antes da incorporação (a) (412.317.363,61) Ajuste do preço de compra conforme "Termo de Ajuste" (b) (192.436.898,02) Patrimônio Líquido após ajuste (a+b) (604.754.261,83) Pagamento efetuado pela GTI na compra da VRG (c) (568.263.339,06) Desoneração de pagamento da mútuo pela GTI (d) 192.794.531,43 Fl. 1538DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 11 10 Total do ágio (a+b)+(c)i(d) 1.980.223.070,26 a fiscalização também informa, com base em resposta da fiscalizada, que o ágio seria composto por duas parcelas: R$604.754.261,83 = ágio sobre o patrimônio líquido negativo da VRG e R$375.468.808,43 = ágio sobre investimento na VRG a parcela de R$375.468.808,43 corresponde ao valor das ações da GLAI transferidas para as vendedoras, que equivale à diferença entre o preço inicial previsto no contrato (R$568.263.339,86) e a parcela devolvida em função do Termo de Ajuste (R$192.794.531,43). a partir de janeiro/2009, a VRG (fiscalizada) passou a amortizar o ágio na razão de 1/60 por mês. a parcela correspondente ao ágio sobre o patrimônio líquido negativo da VRG vem sendo adicionado ao lucro líquido na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. a fiscalização concluiu que não há suporte para a dedução do ágio sobre investimento na VRG, escriturado na conta 3120128016 "Amortização do Ágio da VRG", que corresponde a despesa mensal de R$6.257.813,46. assim, em relação ao anocalendário de 2009, conclui a fiscalização pela redução de ofício do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL no montante de R$75.093.761,52 (= 12 x R$6.257.813,46). 1.3. Da multa isolada falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL sujeita a contribuinte à aplicação de multa isolada correspondente a 50% da estimativa que deixou de ser recolhida, face ao previsto no art. 44, II, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007, ainda que seja apurado prejuízo fiscal ou base negativa de CSLL ao final do período de apuração. nas planilhas de fls. 533 e 534, estão demonstrados os cálculos das multas isoladas, que totalizaram R$11.038.632,66 em relação ao IRPJ e R$5.487.286,40 em relação à CSLL. 1.4. Dos autos de infração lavraramse os autos de infração (fls. 535 a 547) para redução do montante de R$75.093.761,52 nos valores de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL do anocalendário de 2009, além da exigência de multas isoladas pela falta de recolhimento de estimativas mensais obrigatórias de IRPJ e de CSLL, nos valores de R$11.038.632,66 e R$5.487.286,40, respectivamente. Recurso Voluntário Diante da improcedência de sua Impugnação, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, tempestivamente, cujas razões, em síntese são as seguintes: a. todos os requisitos legais para o registro do ágio e sua amortização fiscal encontramse devidamente presentes no caso vertente, sendo certo que, diversamente do entendimento consignado pela decisão recorrida: Fl. 1539DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 12 11 a.1 a aquisição da VRG foi efetivamente realizada pela GTI, que foi a "real adquirente" das ações da VRG, havendo claro propósito negocial para a estrutura de aquisição e inexistindo qualquer irregularidade na operação visando a criação de um ágio artificial; e a.2 mesmo que a GTI fosse uma empresa intermediária na estrutura de aquisição da VRG pelo Grupo GOL, o que se admite apenas para fins de argumentação, o disposto nos artigos 7º e 8º, da Lei nº 9.532/97 apenas condiciona a amortização fiscal do ágio fundamentado na expectativa de rentabilidade futura à reunião dos patrimônios da empresa que detém a participação societária adquirida com ágio e da investida, em consonância com os preceitos do regime de competência e em razão, precipuamente, do emparelhamento das receitas e despesas. Inexiste na Lei qualquer existência de que haja incorporação/fusão da investida com a "real investidora", conforme pretendido na decisão recorrida. b. inaplicabilidade da multa isolada de 50% imposta em razão do não pagamento de estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, após o término do anocalendário a que se refere, visto que as estimativas mensais são meras antecipações do IRPJ e da CSLL, cujo fato gerador restará configurado apenas no dia 31 de dezembro do ano calendário. Ademais, no caso concreto, a Recorrente apurou prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL ao final do anocalendário de 2009, o que torna absurda a exigência de multa isolada pelo não recolhimento de estimativa de tributos cujos fatos geradores nem sequer foram concretizados. Em suas razões, a recorrente registra que devem ser consideradas em sua defesa pontos específicos detalhados em sua Impugnação, os quais são sintetizados a seguir: Da efetiva aquisição do investimento na VRG pela GTI. Propósito negocial da GTI na época da aquisição da VRG, a GLAI era a sociedade holding que detinha participação em duas subsidiárias: (i) a GTI e (ii) a GTA, que já prestava serviços de transporte aéreo regular e não regular com o uso da marca Gol. a GTI foi a empresa do grupo Gol utilizada para viabilizar a aquisição do investimento, não tendo a sua utilização importado na criação de qualquer vantagem fiscal. Argumenta que qualquer sociedade que adquirisse o investimento na VRG poderia registrar o ágio pago nessa operação e, posteriormente, tendo havido a sua incorporação pela VRG, ou viceversa, faria jus à amortização do ágio. a escolha da GTI para ser a adquirente da VRG decorreu de aspectos negociais e da viabilidade jurídica de realizar o pagamento do preço com ações da GLAI. a GLAI não poderia ser a adquirente, pois é uma companhia aberta com ações negociadas em bolsa de valores e, provavelmente, a Agência Nacional de Aviação Civil ANAC não autorizaria a operação face ao risco de violação ao disposto no art. 181, II, da Lei n° 7.565/86 (Código Brasileiro de Aeronáutica), que estabelece que a concessão para exploração de serviço aéreo público será dada a pessoa jurídica brasileira que comprovar, entre outros requisitos, que pelo menos 4/5 do capital com direito a voto pertence a brasileiros. a opção pela GLAI seria inviável também por outro aspecto. Argumenta que, via de regra, a incorporação importa no aumento de capital da sociedade incorporadora, com a consequente emissão de ações a serem entregues aos novos sócios, com versão do acervo da sociedade incorporada, representado pelo patrimônio líquido. Fl. 1540DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 13 12 Entretanto, sendo o patrimônio líquido da VRG negativo, isso não seria possível no presente caso. a incorporação do patrimônio líquido negativo da VRG à GLAI importaria em redução do patrimônio desta última, o que resultaria em prejuízos contábeis e financeiros. haveria dificuldades na aquisição da VRG pela GTA. Ressalta que, na época, a GTA já operava na prestação de serviços públicos de transporte aéreo de passageiros e cargas, com a utilização da marca Gol, estando sujeita à regulação da ANAC. para que a GTA adquirisse a VRG, seria necessário o aumento de capital pela GLAI e a aquisição, pela GTA, de ações emitidas pela GLAI para posterior pagamento aos vendedores da VRG. Alega que essas operações dependeriam de aprovação prévia pela ANAC, o que poderia inviabilizar a operação, visto que a lei não institui prazo para análise por parte do órgão regulador. o edital de alienação judicial da UPV estabelecia que, tanto a empresa arrematante da UPV quanto seus eventuais futuros adquirentes deveriam adimplir diversas obrigações, entre elas: (a) abstenção de praticar atos que implicassem redução do potencial da UPV; (b) preservação da marca Varig; (c) manutenção do programa de fidelidade e milhagem Smiles; (d) preservação dos postos de trabalho e do potencial de expansão das operações da Varig; (e) preferência na contratação de funcionários das empresas em recuperação judicial quando da expansão das operações da Varig. a junção das atividades de transporte aéreo já desenvolvidas pela GTA (com a utilização da marca Gol) com aquelas vinculadas à UPV poderia importar em violação de algumas das obrigações acima discriminadas, visto que haveria dificuldades na manutenção em separado das marcas Gol e Varig em uma mesma empresa. a aquisição da VRG pela GTA poderia importar em contaminação das atividades da GTA, que era uma empresa lucrativa, enquanto a VRG era uma empresa que acumulava prejuízos desde o início das operações da UPV, sendo incerto o tamanho do passivo que poderia ser gerado com a assunção das obrigações e operações da UPV. a melhor opção para o grupo Gol seria a aquisição da VRG pela GTI. Ressalta que a GTI possuía as certidões negativas necessárias e também tinha capacidade jurídica e financeira para a aquisição da VRG. a GLAI tinha uma obrigação de integralizar capital da GTI, conforme AGE de 26/10/2004, sendo razoável que ocorresse a integralização para que a GTI pudesse adquirir o investimento na VRG. a GTI efetivamente subscreveu ações da GLAI e em seguida as transferiu para a VARIG LOG em cumprimento ao contrato de compra e venda do controle acionário da VRG. Acrescenta que, nesse breve momento, verificouse a participação recíproca entre a GLAI e a GTI, como observado pela fiscalização. a operação está em conformidade com o disposto nos artigos 30 e 244 da Lei das S.A. e na Instrução CVM n° 10/80. Argumenta que é possível a aquisição por uma companhia de ações emitidas por sua controladora (participação recíproca), desde que tal aquisição tenha como limite o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e não cause diminuição do capital social; ou tal aquisição decorra de doação. Fl. 1541DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 14 13 na ocasião da aquisição de ações da GLAI pela GTI, esta dispunha de reserva de capital no valor de R$399.999.950,00. Considerandose que a aquisição das ações ocorreu pelo valor de R$367.850.939,85, não houve irregularidade na operação. conclui que a GTI foi indispensável no contexto da operação, sendo inegável seu propósito negocial. ainda que a GTI não tivesse propósito negocial, alega a recorrente que não haveria qualquer irregularidade na aquisição do investimento na VRG, uma vez que a jurisprudência do CARF reconhece que, diante de dois ou mais caminhos lícitos existentes para a aquisição de um investimento, ao contribuinte é permitido escolher aquele que melhor lhe convier, seja do ponto de vista econômico, societário ou tributário. contesta a alegação da fiscalização de que a GLAI seria a verdadeira adquirente da VRG. Alega que os documentos relativos à operação comprovam que a adquirente foi a GTI: (i) no contrato de compra e venda do controle acionário da VRG consta claramente que a adquirente é a GTI; (ii) o custo de aquisição foi devidamente registrado na GTI; (iii) o pagamento do investimento foi efetuado pela GTI, por meio de desembolso de caixa e cessão de ações à VARIG LOG; (iv) os documentos de aquisição de ações da GLAI pela GTI também comprovam que as ações da GLAI entregues à VARIG LOG em contrapartida à aquisição do investimento na VRG eram de propriedade da GTI. que a fiscalização apresentou meras alegações, sem apresentar qualquer prova que as fundamentasse e sem questionar a documentação que deu suporte à operação. Do pagamento do preço de aquisição do investimento mediante a entrega de ações a recorrente contesta a alegação da fiscalização de que não houve pagamento na operação de aquisição do controle acionário da VRG pela GTI. a legislação não restringe o conceito de aquisição somente às hipóteses em que há desembolso de dinheiro. Argumenta que se configuram como aquisição os atos ou negócios que resultem na transferência de titularidade de uma participação societária. Acrescenta que o registro do ágio independe da forma como a investidora adquiriu o investimento, quer tenha sido por subscrição de capital com recursos financeiros ou mediante a conferência de bens ou participações societárias. que o pagamento pelo controle acionário da VRG pela GTI não pode ser desconsiderado pelo simples fato de ter sido realizado mediante a cessão de ações. que tal cessão significou um sacrifício econômico valioso para a GTI, que teve que dispender recursos para a aquisição das ações da GLAI almejadas pela VARIG LOG. que as ações preferenciais da GLAI (GOLL4) negociadas em bolsa de valores tinham alta liquidez, podendo ser rapidamente vendidas sem perda significativa de valor. Fl. 1542DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 15 14 que a entrega de ações equivale a efetivo pagamento para aquisição do controle acionário da VRG, conclui a recorrente que não resta dúvida de que foram atendidos todos os requisitos legais para a amortização do ágio pago na aquisição do investimento. Da correta contabilização pela VRG dos direitos e obrigações da UPV. Do real custo de aquisição do investimento pela GTI. Da indevida desconsideração do patrimônio líquido negativo da VRG. a VRG alega que possuía patrimônio líquido negativo quando da aquisição de suas ações pela GTI, tendo registrado a totalidade do custo de aquisição do investimento (R$375.468.808,43) como ágio fundamentado em expectativa de rentabilidade futura da empresa investida. que é equivocada a alegação da fiscalização de que seu patrimônio líquido não seria negativo, visto que esse entendimento (a) está pautado em premissas equivocadas, (b) leva em consideração informação contábil que foi registrada apenas no anocalendário de 2010 e (c) decorre da indevida e infundada desconsideração de sua contabilidade. que a VARIG LOG e a VOLO adquiriram participação em uma empresa, cuja denominação foi alterada para VRG, para fins de participação no leilão judicial da UPV. que, tendo a VRG saído vencedora do leilão, suas acionistas a capitalizaram a fim de viabilizar o pagamento do preço de aquisição da UPV, no montante de R$421.618.226,73, da seguinte forma: Assunta Valor em Reais Cessão Crédito Logística a receber da Varig 43.559.010,00 Cessão Credito VOLO a receber da VARIG 364,990,00 Aportes para Operação UPV 207.211.004,34 Operação Mútuo 10 VRG x LOG (VARIG) 70483222,39 Emissão de Debentures 100.000.0(10,00 Valor para aquisição UPV 42LÓ18.22Ó.73 que o conjunto de direitos e obrigações que compunham a UPV tinham valor total líquido de R$130.302.797,00, conforme discriminado abaixo, tendo sido constituída uma provisão para perda contra conta de resultado no valor de R$291.315 mil (= R$421.618 mil R$130.303 mil). Fl. 1543DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 16 15 que, no exercício de suas atividades 31/12/2006 até 08/04/2007 (antes de sua aquisição pela GTI), a VRG ainda acumulou prejuízos, resultando na apuração do patrimônio líquido negativo no valor de R$412.318 mil. discorda da análise feita pela fiscalização pautada na contabilização de ativos intangíveis no anocalendário de 2010. que as ações de sua controladora, GLAI, eram negociadas em bolsa de valores nos Estados Unidos, devendo suas demonstrações financeiras observar as normas internacionais de contabilidade vigentes, especialmente o IFRS n° 3, que determinava o reconhecimento, em separado, do ágio por expectativa de rentabilidade futura, dos ativos identificáveis adquiridos, dos passivos assumidos e de quaisquer participações de não controladores na adquirida. que, desde 2008, a GLAI apresentava, perante a U. S. Securities and Exchance Commission SEC, suas demonstrações financeiras consolidadas com a observância da referida regra, efetuando a alocação do ágio para o valor justo dos ativos e passivos. que, em 2010, com o advento do Pronunciamento Técnico CPC n° 15, a GLAI segregou a alocação do ágio pago na aquisição do investimento na VRG pela GTI também nas demonstrações financeiras apresentadas no Brasil, como já vinha fazendo nas demonstrações financeiras para a SEC. que a adoção desse procedimento não justifica a conclusão da fiscalização de que estaria corrigindo um equívoco referente a não contabilização de ativos intangíveis quando da aquisição da UPV. que uma coisa é a contabilização do investimento UPV na VRG, que resultou na apuração de patrimônio líquido negativo, e outra coisa é o desdobramento do ágio pago pela GTI na aquisição da VRG em goodwill (expectativa de rentabilidade futura) e ativos intangíveis. Argumenta que, mesmo que se considerem os critérios do CPC n° 15, ainda assim faria jus a um ágio no valor de R$542.302.000,00, conforme demonstrativo de fls. 177. conclui que não pode prosperar a desconsideração do seu patrimônio líquido negativo antes de sua aquisição pela GTI sem qualquer prova de sua inveracidade. Fl. 1544DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 17 16 considera correta a apuração de ágio de R$375.469 mil fundamentado na expectativa de rentabilidade futura, não havendo razão para a glosa das despesas de amortização desse ágio. Da inaplicabilidade da multa isolada que caso se mantenha a glosa das despesas relativas à amortização do ágio, a contribuinte alega que não merecem prosperar as exigências de multas isoladas relativas a estimativas não pagas de IRPJ e de CSLL. que as estimativas são meras antecipações do tributo a ser apurado no ajuste anual. Assim, eventual multa pelo não recolhimento somente pode ser exigida se a infração for apurada pela fiscalização até o encerramento do exercício, pois, a partir daí, são devidos apenas os valores de IRPJ e de CSLL apurados no ajuste anual. que apurou prejuízo fiscal e base negativa de CSLL no período autuado (2009), sendo absurda a obrigação de antecipar aquilo que não é devido. requer, ao menos, o cancelamento das exigências relativas às multas isoladas. Do pedido requer sejam julgados improcedentes os lançamentos. requer ao menos seja reconhecida a impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator O recurso voluntário é tempestivo e a recorrente está devidamente representada. Conheço do recurso. Na forma relatada, a autuação se refere à amortização de ágio apurado na aquisição da VRG pela GTI. A GTI registrou ágio (R$980.223.070,26), conforme demonstrado na tabela abaixo (fls. 529), que foi contabilizado como sendo decorrente de expectativa de rentabilidade futura, com base no laudo de avaliação de fls. 426 a 459. Patrimônio Líquido em 08/04/2007 antes da incorporação (a) (412.317.363,81) Ajuste do preço de compra contorrne "Termo de Ajuste" (b) (193.436.898,02) Patrimônio Líquido após ajuste (a+b) (604.754.261,83) Pagamento efetuado pela GTI na compra da VRG (c) (568.263.339,06) i Desoneração de pagamento do mútuo pela GTI (d) 192.794.531,43 Total do ágio (a+b)+(c)+(d) (980.223.070,26) O ágio foi segregado em duas parcelas, a saber: a) R$604.754.261,83 = ágio sobre o patrimônio líquido negativo da VRG; e b) R$375.468.808,43 = ágio sobre investimento na VRG. Fl. 1545DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 18 17 A VRG incorporou sua controladora GTI, em 30/07/2008, e a partir de 2009, passou a deduzir as despesas de amortização do ágio. As despesas de amortização do ágio sobre o patrimônio líquido negativo da VRG foram deduzidas contabilmente, mas foram adicionadas na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Dessa forma, não foi objeto da autuação em questão, como registrou o Acórdão recorrido. As despesas de amortização do ágio sobre o investimento (R$375.468.808,43) foram deduzidas na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL à razão de 1/60 ao mês. A fiscalização considerou indedutível essa despesa pelas razões a seguir examinadas. Esse valor corresponde à totalidade do preço de aquisição das ações da VRG estabelecido no "Termo de ajuste" firmado em 13/06/2007 (fls. 324 a 326). Registrese que, inicialmente, o preço de aquisição acordado era de US$275.000.000,00, equivalentes a R$568.263.339,85, conforme previsto no "Contrato de compra e venda do controle acionário da VRG Linhas Aéreas S/A e outras avenças" (fls. 292 a 323), a ser pago da seguinte maneira: (i) valor em moeda nacional equivalente a US$98.000.000,00 e (ii) quantia equivalente a US$177.000.000,00 em ações preferenciais emitidas pela GLAI. Conforme consignado no termo de ajuste, o valor pago em moeda nacional foi restituído à GTI. Com isso, o pagamento do preço de aquisição da VRG foi efetuado em ações preferenciais emitidas pela GLAI (código Bovespa GOLL4). O preço das ações foi estipulado nos termos da Cláusula 4.2 do "Contrato de compra e venda do controle acionário da VRG Linhas Aéreas S/A e outras avenças": "Cláusula 4.2. O Preço de Aquisição será pago pela GTI à VarigLog e à Volo, da seguinte maneira, sempre observada a média da Taxa de Conversão PTAX800, opção 5, divulgada pelo Banco Central do Brasil, referente ao dia anterior de cada um dos eventos abaixo: (...) A quantia equivalente a US$177,000,000.00 (cento e setenta e sete milhões de dólares norteamericanos) será paga pela GTI à VarigLog em ações preferenciais de emissão da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A ("Ações GOLL4"). Para fins de definição do valor das ações, observarseá o valor equivalente a 108% (cento e oito por cento) da cotação unitária média diária ponderada pela quantidade de ações negociadas na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo BOVESPA nos 30 (trinta) dias corridos que antecederam a assinatura deste, ou seja observarseá a fórmula abaixo: [cotação unitária média diária ponderada pela quantidade de ações negociadas na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo BOVESPA nos 30 Fl. 1546DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 19 18 (trinta) dias corridos que antecederam a assinatura deste] x 1,08 = [Preço da ação para fins de definição da quantidade de ações] " (g.n.) O Acórdão recorrente registrou que, o valor das ações GOLL4 entregues à VARIG LOG em pagamento pelas ações da VRG foi calculado com a utilização de parâmetros de mercado, não havendo artificialidade na fixação do mesmo. Destacou, ainda, que o negócio jurídico se deu entre partes independentes. A DRJ destacou, ainda, que o fato de o pagamento do custo de aquisição ter sido efetuado mediante a entrega de ações não impede a apuração do ágio, visto que a lei não exige que o pagamento seja feito em dinheiro. Citou a Solução de Consulta Cosit n° 3/2016: "33. A lei impõe o requisito da certeza para o preço, significando que deve ser determinado, ou ao menos determinável por terceiro, por taxa de mercado, índices, parâmetros e outros critérios de fixação. Casos há em que o preço não é conhecido desde logo, sendo determinável a posteriori, pelos critérios avençados pelos contraentes [Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil. São Paulo, Saraiva, 1995, v. 3, p. 134]. É fundamental, contudo, a entrega efetiva e material do valor que consubstancia o preço acordado pelas partes. 34. Não é obrigatório o desencaixe direto de recursos financeiros pelo investidor. Com efeito, a aquisição acionária pode ser feita através de outras formas de integralização, como o oferecimento de bens ou ações, a assunção de passivos e emissão e entrega de instrumentos de capital ou o conjunto combinado de mais de um dos tipos de contraprestação [Iudícibus, Sérgio. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo, Atlas, 2013, 2a edição, p. 484]. Entretanto, deve haver efetiva contribuição do investidor em qualquer espécie de bem suscetível de avaliação em dinheiro, já que só pode haver o registro do valor pago na escrituração contábil se houver segurança em sua mensuração. 36. Importante desde já destacar que a norma fiscal que trata da aquisição de participações societárias, aplicável ao caso da Consulente, determina que o custo de aquisição deve ser desdobrado em duas parcelas, (i) o valor do patrimônio líquido, e (ii) o valor do ágio na transação. Em outras palavras, o ágio integra o custo de aquisição, o que reforça a importância do efetivo pagamento do preço acordado entre as partes." Não obstante, a fiscalização concluiu que não há ágio, nesse ponto, sob o argumento de que o patrimônio líquido da VRG na data da aquisição não seria negativo; pelo contrário, seria positivo em montante superior ao preço de aquisição. O patrimônio líquido da VRG informado na DIPJ 2007 foi de (R$236.320.070,87) em 31/12/2006, em decorrência basicamente do prejuízo no período, no valor de R$544.041.151,31, que por sua vez foi gerado por provisões para perdas no valor de R$532.044.489,73, constituídas em razão da aquisição da UPV, de acordo com demonstrativo apresentado pela contribuinte (fls. 35 e 291): Fl. 1547DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 20 19 A recorrente salientou que, de 31/12/2006 a 08/04/2007, também foram apurados prejuízos, de forma que seu patrimônio líquido em 08/04/2007 era negativo em R$412.317.363,81, conforme balanço de fls. 1107 e 1108, abaixo reproduzido. Fl. 1548DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 21 20 Depois da compra da VRG, a GTI verificou que havia a necessidade de realização de alguns ajustes no balanço patrimonial da empresa investida no montante de R$192.436.897,93, o que importou na apuração de patrimônio líquido negativo de R$604.754.261,74 (fls. 168): Fl. 1549DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 22 21 A fiscalização concluiu que seria equivocada a apuração de patrimônio líquido negativo, visto que vários ativos intangíveis não foram contabilizados quando da aquisição da UPV. Sustenta que, entre os ativos não contabilizados em 2006, estão os slots no aeroporto de Congonhas e a marca Varig. Argumenta que esses ativos foram escriturados em 2010, em atendimento ao IFRS n° 03 e ao Pronunciamento CPC 15, tendo sido capitalizados a valor justo na data da aquisição nos montantes de R$560.842.100,00 e R$63.109.000,00, respectivamente (fls. 177). Assim, no seu entendimento, a VRG deveria registrar, no mínimo, ativos no valor de R$623.951.100,00 (= R$560.842.100,00 + R$63.109.000,00). A DRJ concluiu de forma diversa e registrou as seguintes razões de decidir no Acórdão recorrido: caberia lembrar que o leilão da UPV, bem como a aquisição da VRG, ocorreram anteriormente à vigência da Lei n° 11.638/2007. Por outro lado, os ajustes contábeis efetuados em 2010 tiveram ‘por base o CPC n° 15 e o IFRS n° 3. tratamse de critérios contábeis diferentes. O CPC n° 15 estabelece que os ativos devem ser mensurados pelo seu valor justo, ou seja, o valor pelo qual o ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. Anteriormente, a regra era a contabilização do ativo pelo seu valor histórico contábil. os valores de R$560.842.100,00 e R$63.109.000,00 atribuídos aos slots no aeroporto de Congonhas e à marca Varig, respectivamente, correspondem ao valor justo na data da aquisição e não ao seu valor histórico contábil. Logo, não se poderia supor que esses mesmos valores deveriam ter sido contabilizados pela VRG quando da aquisição da UPV, visto que não havia à época previsão para contabilização de ativos pelo valor justo. Por outro lado, não consta dos autos nenhum documento que indique qual seria o valor contábil desses ativos. a fiscalização alega que também não foram contabilizados outros ativos intangíveis, tais como marca Smiles, slots em aeroportos no exterior, contratos de concessão de uso de áreas aeroportuárias, etc., não tendo, todavia, apontado qual seria o valor desses ativos. sustenta que o patrimônio líquido da VRG seria positivo em aproximadamente R$296 milhões, caso os ativos intangíveis (slots, marcas Varig e Smiles, etc) tivessem sido contabilizados. entretanto, a DRJ verificou que essa conclusão não se encontra comprovada pelos documentos constantes do processo. ao analisar os autos, concluiu que que o único documento que discrimina os ativos e passivos componentes da UPV seria uma planilha apresentada pela contribuinte em resposta a intimação (fls. 34 e 290), abaixo reproduzida, na qual consta o valor de R$130.302.797,00 como saldo líquido (ativos passivos), vários ativos intangíveis que faziam parte da UPV, entre eles as marcas Varig e Smiles, os slots em aeroportos, as concessões de áreas aeroportuárias, etc. Fl. 1550DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 23 22 Entretanto, não há elementos nos autos para se apurar quais seriam os valores contábeis desses intangíveis, não havendo comprovação de que a contabilização dos ativos intangíveis da UPV levaria à apuração de patrimônio líquido positivo superior a R$375.468.808,43, "zerando" o ágio. Dessa forma, a DRJ concluiu que, a fiscalização não comprovou que o ágio seria inexistente. Com essa conclusão, a DRJ analisou o caso à luz da legislação, doutrina e jurisprudência que colacionou, indicando serem aplicáveis à operação em questão e consolidou seu entendimento nos seguintes termos: A GTI foi constituída em 27/07/2004 (quando já eram amplamente divulgadas pela imprensa as dificuldades financeiras da Varig), sob a denominação de Tyrrel Participações S/A, com capital social de R$100,00, tendo como acionistas e diretores dois sócios do escritório de advocacia que prestava assessoria à GLAI. Três meses depois, em 26/10/2004, a GTI aumentou seu capital para R$800.000.000,00, mediante a emissão de 799.999.900 ações (a R$1,00 por ação), que foram subscritas pela GLAI, mas não integralizadas naquele momento. As ações foram integralizadas parcialmente somente em 27/03/2007, data em que foi celebrado o "Contrato de compra e venda do controle acionário da VRG Linhas Aéreas S/A e outras avenças" (fls. 1019 a 1072), tendo a VARIG LOG e a VOLO como vendedoras, a GTI como compradora e a GLAI como interveniente anuente garantidora. As cláusulas 4.1 e 4.2 estabelecem o preço de aquisição: "Cláusula 4.1. O preço certo e ajustado entre as partes para a compra e venda das ações objeto do presente ("Preço de Aquisição ") é o equivalente em moeda nacional ao valor de US$275,000,000.00 (duzentos e setenta e cinco milhões de dólares norteamericanos), o qual é composto da seguinte maneira: à VarigLog será pago em moeda corrente nacional o valor equivalente a US$272,250,000.00 (duzentos e setenta e dois milhões, duzentos e cinquenta mil dólares norteamericanos); e à Volo será pago em moeda corrente nacional o valor equivalente a US$2,750,000.00 (dois milhões e setecentos e cinquenta mil dólares norteamericanos), observado o disposto na Cláusula 4.2., infra. Fl. 1551DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 24 23 Cláusula 4.2. O Preço de Aquisição será pago pela GTI à VarigLog e à Volo, da seguinte maneira, sempre observada a média da Taxa de Conversão PTAX800, opção 5, divulgada pelo Banco Central do Brasil, referente ao dia anterior de cada um dos eventos abaixo: (a) O equivalente em moeda corrente nacional a US$30,000,000.00 (trinta milhões de dólares norteamericanos), no momento da assinatura deste Instrumento, sendo US$27,250,000.00 (vinte e sete milhões e duzentos e cinquenta mil dólares norte americanos) devidos à VarigLog e US$2,750,000.00 (dois milhões, setecentos e cinquenta mil dólares norteamericanos), correspondente à totalidade do valor previsto na Cláusula 4.1 (b) devidos à Volo, ficando estabelecido que ambos os pagamentos serão realizados mediante transferência bancária em conta específica das Vendedoras a ser indicada por escrito à época do pagamento; (b) O equivalente em moeda corrente nacional a US$245,000,000.00 (duzentos e quarenta e cinco milhões de dólares norteamericanos) serão devidos à VarigLog em até 3 (três) dias úteis após a publicação no Diário Oficial da União da ata da Reunião de Diretoria Colegiada da ANAC que aprovar a outorga da Autorização Prévia para a perfeita transferência do Objeto do presente Contrato, conforme previsto na Cláusula 9.2.1 abaixo, da seguinte maneira: (i) A quantia equivalente a US$177,000,000.00 (cento e setenta e sete milhões de dólares norteamericanos) será paga pela GTI à VarigLog em ações preferenciais de emissão da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A ("Ações GOLL4"). Para fins de definição do valor das ações, observarseá o valor equivalente a 108% (cento e oito por cento) da cotação unitária média diária ponderada pela quantidade de ações negociadas na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo BOVESPA nos 30 (trinta) dias corridos que antecederam a assinatura deste, ou seja, observarseá a fórmula abaixo: [cotação unitária média diária ponderada pela quantidade de ações negociadas na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo BOVESPA nos 30 (trinta) dias corridos que antecederam a assinatura deste] x 1,08 = [Preço da ação para fins de definição da quantidade de ações] (ii) A quantia equivalente em moeda corrente nacional a US$68,000,000.00 (sessenta e oito milhões de dólares norteamericanos) será paga mediante transferência bancária em conta específica da VarigLog a ser indicada por escrito à época do pagamento." Nessa data (27/03/2007), a GLAI integralizou 62.148.000 ações, aportando na GTI R$62.148.000,00, equivalentes exatamente aos US$30.000.000,00 previstos na Cláusula 4.2 (a) acima transcrita, tendo sido esse montante pago pela GLAI, por conta e ordem da GTI, à VARIGLOG e à VOLO, conforme descrito no "Acordo sobre a integralização das ações da GTI S.A.", firmado em 11/04/2007 (fls. 1079 a 1081): "2. Parcela Integralizada do Capital Social da GTI. Até o momento anterior a esta reunião, do total do Aumento de Capital, foi integralizado, em 28 de março de 2007, o valor de R$62.148.000,00 (sessenta e dois milhões, cento e quarenta e oito mil reais), em virtude do pagamento, pela GLAI, por conta e ordem da GTI, de obrigações da GTI estabelecidas pelo Contrato de Compra e Venda do Controle Acionário da VRG Linhas Aéreas S.A., celebrado em 28 de março de 2007 ("Contrato"), sendo que: (a) R$56.451.100,00 (cinquenta e seis milhões, quatrocentos e cinquenta e um mil e cem reais) foram pagos à Varig Logística S.A. Fl. 1552DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 25 24 ("VarigLog"); e (b) R$5.696.900,00 (cinco milhões, seiscentos e noventa e seis mil e novecentos reais) foram pagos à Volo do Brasil S.A." Nesse mesmo acordo, foram disponibilizados recursos financeiras pela GLAI em favor da GTI para pagamento das outras parcelas relativas à aquisição da VRG: "4. Criação da Reserva de Capital. Em Assembleia Geral Extraordinária da GTI, realizada em 10 de abril de 2007, foi aprovada repactuação do preço de emissão das ações objeto do Aumento de Capital, que passou a R$1,50 (um real e cinquenta centavos) por ação, sendo que R$0,50 (cinquenta centavos) a serem pagos por cada ação irão para reserva da capital da GTI, no valor total de R$399.999.950,00 (trezentos e noventa e nove milhões, novecentos e noventa e nove mil, novecentos e cinquenta reais) ("Reserva"). (...) 5. Disponibilidade de Fundos. A GLAI, neste ato, abre à GTI uma disponibilidade de fundos no valor de R$507.000,000,00 (quinhentos e sete milhões de reais), para uso imediato, a ser empregado na forma descrita abaixo: i) o valor de R$138.264.400,00 (cento e trinta e oito milhões, duzentos e sessenta e quatro mil e quatrocentos reais) deve ser transferido nesta data à VarigLog pela GLAI, por conta e ordem da GTI, em pagamento de obrigações da GTI estabelecidas pelo Contrato. Este valor, conforme o disposto no item 4 acima, deve ser considerado realização parcial do valor destinado à Reserva; e ii) o valor de R$183.925.439,52 (cento e oitenta e três milhões, novecentos e vinte e cinco mil, quatrocentos e trinta e nove reais e cinquenta e dois centavos) deve ser usado para pagamento imediato da obrigação de integralização das ações de emissão da GLAI subscritas pela GTI nesta data. Este valor, conforme o disposto no item 4 acima, deve ser considerado realização parcial da Reserva. O remanescente, no valor de R$184.810.100,48 (cento e oitenta e quatro milhões, oitocentos e dez mil, cento e sessenta reais e quarenta e oito centavos), deve ser considerado como realização da Reserva, até o seu limite, sendo o que excedêla usado para integralizar o capital social da GTI subscrito pela GLAI." A fim de viabilizar o adimplemento do contrato, a GLAI, em 09/04/2007, aumentou seu capital em R$518.099.923,00, mediante a emissão de 8.519.979 ações preferenciais nominativas, ao preço de emissão de R$60,81 por ação, fixado com base na cotação média das ações na Bovespa nos últimos 90 dias (fls. 1074 e 1075). Em 11 e 12 de abril de 2007, a GTI utilizou a parcela de R$367.850.939,85 dos recursos disponibilizados pela GLAI para subscrever e integralizar 6.049.185 ações preferenciais nominativas emitidas pela própria GLAI (fls. 1087 a 1092). A respeito da ocorrência de participação recíproca entre a GLAI e a GTI, vedada pelo caput do art. 244 da Lei n° 6.404/76, cabe observar que, em AGE realizada em 10/04/2007, a GTI constituiu reserva de capital, a fim de se enquadrar na exceção prevista no §1° do mesmo art. 244 da Lei n° 6.404/76. Em 12/04/2007, as ações GOLL4 foram transferidas para a VARIG LOG (fls. 1094 a 1097). Em 13/06/2007, foi firmado "Termo de ajuste" (fls. 1099 a 1102), que reduziu o preço de aquisição da VRG de R$568.263.39,85 para R$375.468.808,42, devendo a diferença de R$192.794.532,43 ser restituída à GTI. Fl. 1553DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 26 25 No presente caso, constatase que a GTI serviu apenas de instrumento para que a GLAI adquirisse a VRG, tendo sido criada com essa finalidade e extinta ao final do conjunto de operações, tendo sido incorporada pela VRG. A criação de empresa (GTI) sem nenhuma substância e sua capitalização para adquirir investimento com ágio não lhe confere a condição de pessoa jurídica investidora. Tratase de construção artificial empreendida com a finalidade de se enquadrar na hipótese de incidência permissiva de aproveitamento do ágio. Verificase que a adquirente de fato da VRG é a GLAI, visto que foi ela quem efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura e desembolsou os recursos para a aquisição. Assim, a amortização do ágio seria permitida caso: (1) a GLAI alienasse o investimento na VRG ou (2) houvesse confusão patrimonial entre a GLAI e a VRG, mediante incorporação ou fusão. No caso, não ocorreu nenhuma dessas hipóteses, sendo indevida a amortização do ágio. Além do acórdão CSRF 9101002312, cuja ementa se transcreve abaixo, citamse outras decisões proferidas pela CSRF e pelo CARF: "PREMISSA. INSTITUTO JURÍDICOTRIBUTÁRIO. O conceito do ágio é disciplinado pelo art. 20 do DecretoLei n° 1.598, de 27/12/1977 e os arts. 7° e 8° da Lei n° 9.532, de 10/12/1997, e tratase de instituto jurídicotributário, premissa para a sua análise sob uma perspectiva histórica e sistêmica. APROVEITAMENTO DO ÁGIO. INVESTIDORA E INVESTIDA. EVENTOS. SEPARAÇÃO. UNIÃO. São dois os eventos em que a investidora pode se aproveitar do ágio contabilizado: (1) a investidora deixa de ser a detentora do investimento, ao alienar a participação da pessoa jurídica adquirida com ágio; (2) a investidora e a investida transformamse em uma só universalidade (em eventos de cisão, transformação e fusão). DESPESAS. AMORTIZAÇÃO. ÁGIO. A amortização, a qual se submete o ágio para o seu aproveitamento, constituise em espécie de gênero despesa, e, naturalmente, encontrase submetida ao regramento geral das despesas disposto no art. 299 do RIR/99, submetendose aos testes de necessidade, usualidade e normalidade. DESPESAS. FATOS ESPONTÂNEOS. Não há norma de despesa que recepcione uma situação criada artificialmente. As despesas devem decorrer de operações necessárias, normais, usuais da pessoa jurídica. Não há como estender os atributos de normalidade, ou usualidade, para despesas derivadas de operações atípicas, não consentâneas com uma regular operação econômica e financeira da pessoa jurídica. CONDIÇÕES PARA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. TESTES DE VERIFICAÇÃO. A cognição para verificar se a amortização do ágio passa por verificar, primeiro, se os fatos se amoldam à hipótese de incidência dos arts. 385 e 386 do RIR/99, segundo, se requisitos de ordem formal estabelecidos encontramse atendidos, como arquivamento da demonstração de rentabilidade futura do investimento e Fl. 1554DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 27 26 efetivo pagamento na aquisição, e, terceiro, se as condições do negócio atenderam os padrões normais de mercado, com atuação de agentes independentes e reorganizações societárias com substância econômica. AMORTIZAÇÃO DO AGIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. INVESTIDOR E INVESTIDA. MESMA UNIVERSALIDADE. Os arts. 7° e 8° da Lei n° 9.532, de 10/12/1997 se dirigem às pessoas jurídicas (1) real sociedade investidora, aquela que efetivamente acreditou na mais valia do investimento, fez os estudos de rentabilidade futura, decidiu pela aquisição e desembolsou originariamente os recursos, e (2) pessoa jurídica investida. Devese consumar a confusão de patrimônio entre essas duas pessoas jurídicas, ou seja, o lucro e o investimento que lhe deu causa passam a se comunicar diretamente. Compartilhando do mesmo patrimônio a controladora e a controlada ou coligada, consolidase cenário no qual os lucros auferidos pelo investimento passam a ser tributados precisamente pela pessoa jurídica que adquiriu o ativo com mais valia (ágio). Enfim, tomase o momento em que o contribuinte aproveitase da amortização do ágio, mediante ajustes na escrituração contábil e no LALUR, para se aperfeiçoar o lançamento fiscal com base no regime de tributação aplicável ao caso e estabelecer o termo inicial para contagem do prazo decadencial. CSLL. DECORRÊNCIA. Aplicase à CSLL o decidido no IRPJ, vez que compartilham o mesmo suporte fático e matéria tributável." (CSRF, 1a Turma, acórdão 9101002312, sessão de 03/05/2016) "TRANSFERÊNCIA DE AGIO. IMPOSSIBILIDADE. A subsunção aos artigos 7° e 8° da Lei n° 9.532/1997, assim como aos artigos 385 e 386 do RIR/99, exige a satisfação dos aspectos temporal, pessoal e material. Exclusivamente no caso em que a investida adquire a investidora original (ou adquire diretamente a investidora de fato) é que haverá o atendimento a esses aspectos, tendo em vista a ausência de normatização própria que amplie os aspectos pessoal e material a outras pessoas jurídicas ou que preveja a possibilidade de intermediação ou de interposição por meio de outras pessoas jurídicas. Não há previsão legal, no contexto dos artigos 7° e 8° da Lei n° 9.532/1997 e dos artigos 385 e 386 do RIR/99, para transferência de ágio por meio de interposta pessoa jurídica da pessoa jurídica que pagou o ágio para a pessoa jurídica que o amortizar, que foi o caso dos autos, sendo indevida a amortização do ágio pela recorrida." (CSRF, 1a Turma, acórdão 9101002188, sessão de 20/01/2016) "AMORTIZAÇÃO DO AGIO. UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO SEM PROPÓSITO NEGOCIAL. ANTECIPAÇÃO DE EXCLUSÕES DO LUCRO REAL E DA BASE DE CALCULO DA CSLL. IMPOSSIBILIDADE. A utilização de sociedade veículo, de curta duração, colimando atingir posição legal privilegiada, quando ausente o propósito negocial, constitui prova da artificialidade daquela sociedade e das operações nas quais ela tomou parte, notadamente a antecipação de exclusões do lucro real e da base de cálculo da Fl. 1555DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 28 27 CSLL. A operação levada a termo nesses moldes deve ser desconsiderada para fins tributários." (CARF, 1a Seção, 4a Câmara, 2a Turma Ordinária, acórdão 1402001404, sessão de 09/07/2013) Portanto, deve ser mantida a glosa das despesas de amortização de ágio objeto da autuação ora em análise. 3. DO LANÇAMENTO RELATIVO À CSLL No que tange ao lançamento de CSLL, há que se ressaltar que a decisão quanto à ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados, ou seja, o lançamento de CSLL decorrente da autuação do IRPJ deve seguir o decidido no lançamento principal. Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. A título de exemplo, citamse as seguintes ementas: "CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL DECORRÊNCIA CSLL Aplicase ao lançamento reflexo o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da relação de causa e de efeito que os vincula." (CARF, 1a Seção, 4a Câmara, 2a Turma Ordinária, acórdão 1402¬001273, sessão de 04/12/2012) "LANÇAMENTO REFLEXO CONTRIBUIÇÃO SOCIAL CSLL. Decorrendo a exigência da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada a mesma decisão proferida para o imposto de renda, na medida em que não há fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa." (CARF, 1a Seção, 2a Turma Especial, acórdão 1802001502, sessão de 05/12/2012) Portanto, não merece reparo o auto de infração relativo à CSLL. Conclusões Houve efetivo pagamento pela aquisição da VRG, sendo parte em dinheiro e parte em ações da GLAI. É certo que, a GTI recebeu recursos da GLAI para adquirir ações da própria GLAI. Mas, os valores recebidos pela GTI faziam parte da subscrição de ações no valor de R$800.000.000,00, havida em 2004. A GTI pagou às empresas proprietárias da VRG, que eram a VARIG LOG e a VOLO, valores em dinheiro e por meio de ações da GLAI. Não há dúvida quanto ao efetivo pagamento, portanto. Dessa forma, foi correto o registro de ágio pela GTI, pois o patrimônio líquido da VRG era negativo. Sendo assim, o valor integral pago à VARIG LOG e a VOLO constituise em ágio para a GTI, com base em estudo de rentabilidade futura efetuado quando do leilão judicial da Unidade Produtiva da Varig (UPV). Com a incorporação da GTI pela VRG, o ágio registrado pela GTI passou a ser de direito da VRG e, assim, pode passar a ser amortizado pela VRG. Fl. 1556DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 29 28 Concluise, portanto, que estão atendidas as disposições dos arts. 385 e 386 do RIR/99, eis que a operação se deu entre partes independentes, mediante efetivo pagamento, com posterior incorporação, que resultou em confusão patrimonial. O fato de a GLAI adquirir a GTI (antiga Tyrrel, pertencentes aos advogados da Gol, inicialmente constituída com o capital de R$100,00) para capitalizála com o intuito de utilizála como empresa veículo visando a compra da VRG Linhas Aéreas S.A. (constituída por ativos e passivos da Varig, denominados UPV para fins de leilão judicial no processo de falência da Varig), não pode ser considerado como uma operação que inviabilize, ao final, a amortização do ágio efetivamente pago por meio de dinheiro e ações. O pagamento tornou a VARIG LOG e a VOLO sócias detentoras de ações preferenciais da GLAI. Nada mais justo que o investimento realizado pela GTI (100% da GLAI) constitua ágio passível de amortizado, quando da incorporação da GTI pela VRG. Afinal, as receitas tributáveis auferidas pela VRG foram devidamente tributadas. Em contrapartida, cabe a respectiva amortização do ágio inicialmente registrado pela investidora GTI. Cabe ainda registrar que, como o próprio acórdão recorrido registrou, a fiscalização não exigiu da recorrente que efetuasse as retificações contábeis que entendia necessárias, com relação aos citados ativos intangíveis que não teriam sido considerados na atribuição do valor a ser pago pela GTI pela aquisição da VRG. Do ponto de vista contábil, a própria DRJ verificou que não caberiam os registros de tais ativos intangíveis, em atendimento às regras contábeis aplicáveis à época. Com base em tais fundamentos e acolhendo as razões da recorrente, concluo que cabe a reforma do Acórdão recorrido. O mesmo entendimento, estendo à amortização do ágio nas bases da CSLL. Com essa conclusão, afastamse as multas isoladas e os respectivos juros, pois não há falta de pagamento mensal por estimativa de IRPJ e CSLL. Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Declaração de Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 1557DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 30 29 Acompanhei o bem fundamentado voto, do i. conselheiro relator, no sentido de que, desta feita, se está diante de uma operação de aquisição de participação societária em que foi gerado um ágio que atende aos requisitos de amortização como despesas, nos termos da legislação fiscal, pelas razões que passo a expor. A acusação fiscal, no presente caso, está centrada nos seguintes pontos: a) ausência de efetivo pagamento do custo total de aquisição das ações da VRG pela GTI, pois não houve pagamento, mas apenas uma permuta de ativos, consistente na entrega, pela GTI, de ações emitidas pela GLAI como pagamento pelas ações da VRG; b) inconsistência do patrimônio líquido da VRG em face da não contabilização de intangíveis da empresa UPV quando de sua aquisição pela VRG, o que evidenciaria um patrimônio líquido positivo, superior ao preço pago pela GTI na aquisição do investimento, sendo, portanto, inexistente o ágio; e c) que, ainda que seja admitida a existência de ágio este teria sido suportado pela GLAI, controladora da GTI, utilizada como empresa veículo para a aquisição da participação societária, o que desatenderia os requisitos legais de dedução do ágio. O próprio acórdão recorrido refutou os dois primeiros fundamentos da autuação, conforme bem reportou o relator em seu relatório e voto. Assim, deixo de fazer quaisquer considerações a respeito, pois entendo que a questão foi bem analisada sob este prisma. Resta, portanto, analisar a acusação fiscal da utilização da empresa GTI, como mero veículo para a aquisição do investimento pela GLAI, fundamento pelo qual a DRJ manteve a autuação. A recorrente, por sua vez, defende a dedutibilidade do ágio, na medida em que a aquisição ocorreu entre partes não relacionadas; que houve efetivo pagamento; que foram apresentados os estudos quanto à rentabilidade futura que deu ensejo ao pagamento do ágio; que o ágio é efetivamente existente, conforme reconheceu o acórdão recorrido; que existiram propósitos negociais na aquisição e que ao final houve a incorporação da investidora (GTI) pela investida (VRG), configurandose ao atendimento aos requisitos legais. Com relação ao fundamento da autuação, concernente à utilização de empresa veículo como forma de viabilizar a posterior amortização do ágio pago, entendo que estando devidamente comprovado nos autos que houve o efetivo pagamento (sacrifício patrimonial) para a aquisição do investimento por parte da empresa adquirente e tendo a própria lei reguladora permitido a incorporação reversa para fins de amortização da despesa, a forma utilizada pela recorrente para a realização do negócio encontrase dentro dos limites da liberdade de organização de seus negócios, não lhe sendo vedado utilizar aquela que lhe propicie, dentro do ordenamento legal, o menor custo tributário (maior vantagem tributária, em verdade). É oportuno registrar que não estou entre aqueles que defendem que os contribuintes podem fazer tudo que a lei não veda. Entendo que os negócios jurídicos realizados devem respeitar os princípios da boafé e a função social da empresa. Assim, não se admitem negócios puramente formais, Fl. 1558DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 31 30 sem qualquer substância, que visam unicamente a obtenção de benefícios fiscais, como os observados na criação de ágio em operações internas ao grupo econômico. No presente caso, entendo que a operação se amolda à previsão legal que autoriza a amortização do ágio. Existe um valor efetivamente pago que supera o valor patrimonial, amparado na expectativa de rentabilidade futura. Por outro lado, a adquirente foi absorvida por incorporação pela adquirida, verificandose a confusão patrimonial exigida por lei para viabilizar a amortização da despesa. Neste passo, com a devida vênia do entendimento fiscal e do adotado pela decisão recorrida, o meu entendimento é o de que a utilização da empresa chamada "veículo" para a aquisição do investimento encontra respaldo no ordenamento societário e fiscal e, efetivamente, encontrase dentro da esfera de liberdade que a empresa tem para conduzir os seus negócios, inclusive de modo a lhe propiciar o menor custo ou a maior vantagem tributária. Notese que o negócio de compra e venda é real. O que se discute é se o contribuinte poderia adotar a estrutura societária que utilizou para a sua concretização. Ora, ao par dos motivos apresentados pela recorrente quanto a utilização da empresa GTI, que teriam sim fundamento econômico diante da estrutura do grupo empresarial e das normas que regulam o setor áereo, o objetivo de aproveitar o benefício fiscal do ágio, previsto nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 (arts. 385 e 386 do RIR/1999), me parece legítimo neste caso e é parte da própria estruturação do negócio realizado, levando em conta o ordenamento societário e fiscal. De se notar ainda, que não faz parte da acusação fiscal a existência de simulação no negócio praticado, tanto que não se imputou multa qualificada. Entendo que a lei fiscal deve ser interpretada, especialmente aquelas que tratam de renúncia fiscal, em consonância com seus objetivos, não se limitando à sua literalidade. Daí meu entendimento no sentido de afastar a sua aplicação em operações internas, realizadas entre partes dependentes, sem qualquer sacrifício patrimonial e justificativa econômica. No entanto, não se pode buscar um sentido à lei que a afaste dos institutos que ela pretende regular ou a eles se refira. No presente caso, a possibilidade legal de aproveitamento do ágio (uma vez que este tenha ocorrido e sido demonstrado legitimamente) decorre da absorção do patrimônio de um pessoa jurídica pela outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio apurado na forma do § 2º. Inc II do art. 385 do RIR/1999, inclusive quando a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a participação. Assim dispõe o art. 386 do RIR/1999: Art. 386. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no artigo anterior (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, e Lei nº 9.718, de 1998, art. 10): Fl. 1559DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 32 31 I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso I do § 2º do artigo anterior, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso III do § 2º do artigo anterior, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração; IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata o inciso II do § 2º do artigo anterior, nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados durante os cinco anoscalendário subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 1º). § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 2º): I o ágio em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; II o deságio em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 3º): I será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; II poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. § 4º Na hipótese do inciso II do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos ou contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos Fl. 1560DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 33 32 de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 4º). § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito (Lei nº 9.532, de 1997, art. 7º, § 5º). § 6º O disposto neste artigo aplicase, inclusive, quando (Lei nº 9.532, de 1997, art. 8º): I o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor do patrimônio líquido; II a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. § 7º Sem prejuízo do disposto nos incisos III e IV, a pessoa jurídica sucessora poderá classificar, no patrimônio líquido, alternativamente ao disposto no § 2º deste artigo, a conta que registrar o ágio ou deságio nele mencionado (Lei nº 9.718, de 1998, art. 11). Analisando o dispositivo acima, verificase que a confusão patrimonial decorre da absorção do patrimônio de uma pessoa jurídica pela outra. É este o requisito que, uma vez atendido, permite a utilização do benefício de amortização antecipada do ágio pago. E, no caso, concreto, a pessoa jurídica que detinha o investimento era, indubitavelmente, a empresa GTI que foi a responsável pela aquisição da participação societária, ainda que os recursos tenham vindo, inequivocamente, da empresa GLAI. Portanto, a detentora indireta do investimento, no caso, é, sem dúvida, empresa GLAI, mas ao contrário do que sustenta a fiscalização e acórdão recorrido, a lei não estabelece a confusão patrimonial entre investidora (de fato) e investida, mas, sim e expressamente, entre a "pessoa jurídica" que detém a participação societária na outra "pessoa jurídica" adquirida com ágio com esta última, ou viceversa, por meio de processos de incorporação, fusão ou cisão. A figura da companhia holding encontrase prevista no art. 2º, § 3º da Lei nº 6.404/1976 (Lei das S/A), verbis: Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é Fl. 1561DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 34 33 facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiarse de incentivos fiscais. Da mesma forma os institutos da incorporação, fusão e cisão, estão previstos em diversos dispositivos da Lei nº 6.404/1976, em especial os seguintes: Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. [...] Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. [...] Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindose a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindose o seu capital, se parcial a versão. Com efeito, todos estes institutos estão expressamente previstos na lei comercial, não podendo ter a sua definição, conteúdo e alcance serem interpretados de forma diversa para definição de seus efeitos tributários, nos termos dos art. 109 e 110 do CTN1. A referência às companhias e sociedades pela Lei das S/A, que detém participações em outras companhias e às operações societárias (incorporação, fusão e cisão), acima descritas, remetem à relação imediata de umas com as outras sociedades, independente do seu controle direto ou indireto por outras pessoas jurídicas. Dito de outro modo. A lei regula, por meio dos dispositivos citados, institutos que disciplinam o objeto das sociedades mercantis e suas transformações em caráter individual, como entidades autônomas, não importando sua condição dentro de um grupo econômico ou quem detenha o seu controle. Ora, a lei tributária, nos casos os arts. 385 e 386 do RIR/1999 (amparados nos arts. 7ª e 8º da Lei nº 9.532/1997), simplesmente remete a estes institutos previstos na lei comercial para fins de definição do benefício fiscal de amortização antecipada do ágio, não existindo espaço para interpretálos de forma diversa. 1 CTN: Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Fl. 1562DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 35 34 Decorre daí, também, o meu entendimento já manifestado em outros julgamentos, quanto a impossibilidade de transferência do ágio pago por uma empresa para outra criada unicamente para permitir o aproveitamento fiscal do ágio. Embora considere que a previsão legal que autoriza a amortização antecipada do investimento como despesa, conflite com princípios de justiça fiscal em face dos demais contribuintes, e, ainda, que não se justifica tal incentivo tanto do ponto de vista da política fiscal quanto do ponto de vista econômico, entendo que enquanto vigente a lei, nos casos que nela se enquadrem, tal dedução deve ser respeitada pelo Fisco. Diante desses pressupostos, estando, ao meu ver, atendidos os requisitos para a dedutibilidade do ágio no presente caso, a glosa efetuada pela fiscalização deve ser cancelada. Ante ao exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário . (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Declaração de voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator Não discordo, em absoluto, do brilhante e bem fundamentado voto proferido pelo D. Conselheiro Relator. Todas as premissas de suas decisão se conformam com o meu entendimento sobre o aproveitamento de ágio em operações societárias, mais ainda, em casos em que tais operações se concretização entre partes absolutamente independentes, lastreada em laudos técnicos e em atos e etapas reais e efetivas (com efeitos concretos efetivamente percebidos pelas partes contratantes opondose, pois, a qualquer pretensão de tipificação de eventual ato simulatório com espeque nos preceitos do art. 167, § 1º, do Código Civil). O motivos, exclusivo, em que merece um aclaramento, dado que, sobre semelhante discussão, já me posicionei em caso análogo (e, digase, com conclusões diametralmente opostas à que adoto agora) , diz respeito, tão só, a alegada falta de registro de ativos intangíveis. E, aqui, chamo particular atenção aos seguintes argumentos deduzidos pela DRJ em oposição (retirados do corpo do voto do Relator), especificamente, quanto ao tema em análise: caberia lembrar que o leilão da UPV, bem como a aquisição da VRG, ocorreram anteriormente à vigência da Lei n° 11.638/2007. Por outro lado, os ajustes contábeis efetuados em 2010 tiveram ‘por base o CPC n° 15 e o IFRS n° 3. tratamse de critérios contábeis diferentes. O CPC n° 15 estabelece que os ativos devem ser mensurados pelo seu valor justo, ou seja, o valor pelo qual o ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. Anteriormente, a regra era a contabilização do ativo pelo seu valor histórico contábil. Fl. 1563DF CARF MF Processo nº 16682.722956/201569 Acórdão n.º 1302003.005 S1C3T2 Fl. 36 35 os valores de R$560.842.100,00 e R$63.109.000,00 atribuídos aos slots no aeroporto de Congonhas e à marca Varig, respectivamente, correspondem ao valor justo na data da aquisição e não ao seu valor histórico contábil. Logo, não se poderia supor que esses mesmos valores deveriam ter sido contabilizados pela VRG quando da aquisição da UPV, visto que não havia à época previsão para contabilização de ativos pelo valor justo. Por outro lado, não consta dos autos nenhum documento que indique qual seria o valor contábil desses ativos. Eis, aqui, o ponto de discrimen entre o caso presente o processo em que fui relator, de nº 15563.720356/201398 (acórdão de nº 1302002.694) e que entendi, então, haver uma conduta fraudulenta da parte do contribuinte ao registrar os ativos intangíveis por valor irrisório a despeito de, antes de concretizada a operação que resultara no ágio cuja amortização seria dedutível, saber que tais ativos deteriam, efetiva e concretamente, valor muito superior ao registrado (valor comprovado pelo próprio laudo utilizado ali para justificar a maisvalia). O problema no caso paradigma, portanto, cingia a fato de que, a despeito não ser obrigada a registrar os ativos, o contribuinte o fez e não por valor justo... mas, isto sim, por valor "falseado" de sorte a garantir a percepção do ágio no ato de concretização das operações societárias lá analisadas. A questão ganhou importância porque os únicos bens que constituíam o patrimônio líquido da empresa incorporada eram, justamente, tais ativos intangíveis. Aqui, diferentemente, não houve registro dos ativos intangíveis por valores irrisórios ou pretensamente falseados. Este não foi o pressuposto da autuação, que se limitou a afirmar, como vício contábil, da falta de registro dos preditos ativos que, como dito e apontado pela DRJ, não eram, à época impositivos. Assim, e exclusivamente para me posicionar sobre este ponto específico, fica claro a lisura de todo o procedimento, sendo inegável, por conseguinte, a improcedência da autuação, mormente a partir de todos os demais fundamentos tão bem deduzidos no voto condutor. E, concordando com todos os pontos aventados pelo D. Relator, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 1564DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.008194/2008-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 10/09/2008
CONCOMITÂNCIA NÃO CONFIGURADA. MEDIDA JUDICIAL RECONHECENDO SUA INEXISTÊNCIA.
Havendo decisão judicial devidamente transitada em julgado que atesta a inexistência de concomitância entre o processo administrativo e mandado de segurança impetrado com o objetivo de promover o desembaraço aduaneiro da mercadoria, faz-se necessária a anulação de acórdão proferido pela DRJ que negou seguimento à impugnação do contribuinte e, consequentemente, imperioso que se proceda a análise de suas razões.
Numero da decisão: 3302-006.009
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância para que se profira nova decisão com apreciação das razões de impugnação, em vista da certidão de trânsito em julgado de decisão no Mandado de Segurança nº 2014.61.05.013.603-3/SP, reconhecendo a inexistência de concomitância entre este processo administrativo e o Mandando de Segurança nº 2008.61.04.010174-5.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Deroulede - Presidente
(assinado digitalmente)
José Renato Pereira de Deus - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
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MEDIDA JUDICIAL RECONHECENDO SUA INEXISTÊNCIA. Havendo decisão judicial devidamente transitada em julgado que atesta a inexistência de concomitância entre o processo administrativo e mandado de segurança impetrado com o objetivo de promover o desembaraço aduaneiro da mercadoria, fazse necessária a anulação de acórdão proferido pela DRJ que negou seguimento à impugnação do contribuinte e, consequentemente, imperioso que se proceda a análise de suas razões. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância para que se profira nova decisão com apreciação das razões de impugnação, em vista da certidão de trânsito em julgado de decisão no Mandado de Segurança nº 2014.61.05.013.6033/SP, reconhecendo a inexistência de concomitância entre este processo administrativo e o Mandando de Segurança nº 2008.61.04.0101745. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Presidente (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 81 94 /2 00 8- 37 Fl. 607DF CARF MF Processo nº 11128.008194/200837 Acórdão n.º 3302006.009 S3C3T2 Fl. 3 2 Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad. Relatório O objeto do presente processo versa sobre auto de infração lavrado em face de erro na classificação de equipamento importado, cometido pela contribuinte, quando do preenchimento de declarações de importações. Por bem descrever os fatos, transcrevo e adoto o relatório do acórdão nº 16 59.888, da 24ª Turma da DRJ/SPO, proferido na sessão de 30 de julho de 2014: A impugnante promoveu o registro da declaração de importação DI n° 08/14182741 em 10/09/08 oferecendo a despacho aduaneiro as mercadorias ali descritas. Na adição 005 a impugnante descreveu o bem importado como sendo “GUINDASTES AUTOPROPULSADOS SOBRE ESTEIRAS, COM MOTOR A DIESEL DE 36 HP, COM CAPACIDADE DE ELEVAÇÃO DE 4100 LIBRAS, COM LANÇA PRINCIPAL COM CAPACIDADE DE 12,49 M, PROPRIOS PARA ATIVIDADES DE OBRAS E MANUTENÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELETRICA”, classificando na NCM 8426.41.90 EX007, com alíquota do II de 2%. Segundo a fiscalização, a classificação fiscal adotada pela impugnante na adição 005 estaria incorreta, sendo que o bem importado deveria ser classificado na NCM 8430.41.20, com alíquota de II de 14%. Baseouse a fiscalização no Laudo de Assistência Técnica de fls. 66 e seguintes e nas disposições das NESH. Com base em decisão judicial em Agravo de Instrumento no Mandado de Segurança nº 2008.61.04.0101745 da 1ª Vara da Justiça Federal de Santos, a impugnante obteve o direito de efetuar o desembaraço de mercadorias importadas. Sendo assim, a fiscalização lavrou o presente auto de infração para a constituição dos créditos tributários relativos aos valores não recolhidos de II, PIS, Cofins, juros e multa de ofício além das multas por falta de licenciamento e por erro na classificação fiscal. A autuação totalizou o valor de R$ 221.584,91. Intimada do Auto de Infração em 11/11/2008 (fl. 115), a interessada apresentou impugnação e documentos em 10/12/2008, juntados às fls. 130 e seguintes, alegando em síntese: 1. Alega a tempestividade da impugnação. 2. Alega que pleiteou o EX tarifário à CAMEX para importação do equipamento em questão, fl. 168 e seguintes, e o mesmo foi Fl. 608DF CARF MF Processo nº 11128.008194/200837 Acórdão n.º 3302006.009 S3C3T2 Fl. 4 3 incluído na NCM 8426.41.90 através da Resolução CAMEX n° 45 de 04/07/2008. 3. Alega que a fiscalização não fundamentou as conclusões relativas à reclassificação fiscal. Cita o art. 142 do CTN. Alega que o auto foi baseado em suposições sem uma correta investigação dos fatos. Cita doutrina e jurisprudência administrativa sobre o tema. 4. Afirma que a função primordial do equipamento é a sua utilização como guindaste tanto no manuseio de postes, quanto de transformadores. Anexa laudo técnico descritivo do produto e manual do equipamento. 5. Tece comentários sobre a classificação fiscal do bem na TEC. Cita a Resolução CAMEX n° 45/08. 6. Alega que a classificação fiscal indicada pelo fisco estaria incorreta. Alega que a fiscalização não justifica o porquê de considerar a função de perfuração do solo como a função principal da máquina. Alega que a posição indicada pela fiscalização exige um motor de 420 HP enquanto seu equipamento possui motor de 36 HP (SIC). Cita Processo de Consulta sobre Classificação Fiscal de bem classificado na NCM adotada pela fiscalização. Alega que a empresa tem como objeto social o estudo, planejamento, projeto, construção e operação de sistemas de produção, transformação, distribuição e comércio de energia. Alega que não é objeto da empresa a extração de terra, minerais ou minérios. 7. Cita jurisprudência administrativa sobre classificação fiscal de produtos importados. Cita o art. 112 do CTN. 8. Alega que houve cumulação de penalidades para uma mesma conduta. Cita jurisprudência administrativa sobre o tema. 9. Protesta pela realização de laudo pericial complementar e indica quesitos. 10. Requer, por fim, que seja julgado improcedente o presente auto de infração. É o relatório.. No acórdão do qual foi retirado o relatório acima, por unanimidade de votos, foi julgada improcedente a impugnação realizada pela contribuinte, mantendose o crédito tributário apurado, sendo traduzido na seguinte emenda: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 10/09/2008 CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. Fl. 609DF CARF MF Processo nº 11128.008194/200837 Acórdão n.º 3302006.009 S3C3T2 Fl. 5 4 Mandado de Segurança. Não se toma conhecimento da impugnação no tocante à matéria objeto de ação judicial. ADN Cosit nº 3/96. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a r. decisão acima transcrita a contribuinte interpôs recurso voluntário onde, repete de forma idêntica todos os argumentos trazidos na impugnação, requerendo ao final, novamente, a total procedência de seu apelo. Após a interposição do recurso voluntário foram juntados aos autos diversos documentos dos quais merecem destaque os de efls 483 Acórdão da 3ª Turma, do E. TRF da 3ª Região, relacionado ao processo 2008.61.04.010145 , de efl 485 ofício do Grupo de Acompanhamento de Processo Judiciais GPAJ, endereçado ao chefe da DICAT, onde se indica que não há concomitância entre as matérias discutidas no processo administrativo e judicial. Ressaltase que, conforme se observa de documentos carreados aos autos, a recorrente inconformada com a decisão da DRJ que identificou a suposta concomitância entre os objetos discutidos na esfera administrativa e judicial, impetrou novo mandado de segurança (processo nº 001360351.2014.403.6105), que teve por objeto a anulação de referido acórdão, onde obteve êxito, transitando em julgado a sentença em 31/08/2018, conforme faz prova a certidão de efl 606. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus Relator O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Podemos observar do relatório acima transcrito que a questão do presente processo cingise na possibilidade de haver concomitância entre as ações judiciais promovidas pela recorrente e o processo que aqui se propõe a discutir. Segundo o entendimento da DRJ haveria identidade de objeto entre a medida judicial, mandado de segurança, utilizada pela contribuinte para conseguir o desembaraço da mercadoria objeto de importação e aquele discutido no processo administrativo que a princípio tratava da incorreção da classificação fiscal lançada na declaração de importação. Pois bem. A princípio os documentos trazidos pela recorrente, notadamente a inicial do mandado de segurança utilizado para determinar o desembaraço da mercadoria, a demanda cindiriase apenas na suposta retenção ilegal da mercadoria, ato esse que teria o mote de impor pagamento de tributo eventualmente devido. Esse entendimento em que pese contrário àquele esposado pela DRJ, foi expressamente trazido pelo acórdão proferido pela 3ª Turma, do E. TRF da 3ª Região, em sede Fl. 610DF CARF MF Processo nº 11128.008194/200837 Acórdão n.º 3302006.009 S3C3T2 Fl. 6 5 de apelação no processo nº 2008.61.04.0101745, vale dizer, não há identidade de objetos entre as discussões travadas no processo administrativo e judicial. Tal fato foi devidamente observado pelo do Grupo de Acompanhamento de Processo Judiciais GPAJ, em ofício endereçado ao chefe da DICAT (efls 485), observese: Sr. Chefe da DICAT, Há acórdão prolatado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, dando provimento, por maioria, à apelação da empresa, no bojo do Mandado de Segurança nº 2008.61.04.0101745, distribuído à 1ª Vara Federal em Santos e acompanhado pelo Processo de Acompanhamento Judicial nº 11128.007927/2008 16 (fls. 483). Do teor da ementa juntada às fls. 483, resta claro que o objeto da ação restringese ao prosseguimento do despacho aduaneiro e liberação das mercadorias importadas por meio da DI nº 08/14182741. Transcrevemos excerto do provimento judicial elucidativo da questão: “...a impetrante não pretende seja julgado o correto enquadramento na NCM por ela feita ou a retificação pela Administração, mas a consequência danosa dele advindo, levandose em conta as peculiaridades postas com a retenção do bem, enquanto não for dada a continuidade ao despacho aduaneiro.” ( fls. 483). Pois bem. Passando os olhos rapidamente pelos documentos acima mencionados podemos afirmar com convicção que não há a concomitância alegada pela DRJ, motivo pelo qual já levaria à anulação da decisão de piso. Entretanto, robustecendo ainda mais a tese, em novo mandado de segurança impetrado pela recorrente, restou decidido que a discussão na via administrativa é diversa daquela discutida na via judicial, observese a ementa da decisão do TRF3: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL E DO DELEGADO DA RECEITA FEDERAL EM CAMPINAS. REJEIÇÃO. PRECEDENTES DO STJ. CONCOMITÂNCIA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL A JUSTIFICAR O IMPEDIMENTO DO REGULAR TRÂMITE DO RECURSO ADMINISTRATIVO INTERPOSTO. INEXISTÊNCIA. APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL DESPROVIDAS. 1. O mandado de segurança é ação de cunho constitucional e tem por objeto a proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado ,de lesão, por ato ou omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 2. In casu, pretende a impetrante afastar a decisão que negou seguimento ao Recurso Voluntário interposto pela Impetrante com o consequente cancelamento da exigência objeto da Carta de Cobrança nO 445/2004 e o regular seguimento do processo Fl. 611DF CARF MF Processo nº 11128.008194/200837 Acórdão n.º 3302006.009 S3C3T2 Fl. 7 6 administrativo nos termos do Decreto nO 70.235/72, mediante a remessa do Recurso Voluntário ao E. CARF e, consequentemente, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário objeto do PA nº 11128.008194/200837. 3. A bem lançada sentença merece ser mantida em sua integralidade. De fato, a questão principal que se discute na presente impetração (regularidade do procedimento administrativo que tramitou pela Inspetoria do Porto de Santos e seu regular desfecho) envolve procedimentos de cada uma das autoridades indicadas como coatoras, na medida em que delas é possível exigir providências (atos vinculados). Encontrase, ademais, em consonância com a jurisprudência do STJ, no sentido de que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional tem legitimidade para figurar no polo passivo da demanda em virtude da sua competência para a inscrição em dívida ativa do débito que se busca afastar. 4. No caso concreto, realmente não houve a análise do mérito no processo administrativo nº 11128008.194/200837, tanto do objeto da impugnação de fls. 150/176, quanto do Recurso Voluntário interposto (fls. 187/216), uma vez que o fundamento das decisões administrativas tem como ponto em comum o fato de que a matéria que estaria sendo discutida no processo administrativo é também no Mandado de Segurança nO 2008.61.04.0101745. 5. Contudo, notase da leitura dos documentos apresentados pela parte impetrante que o objeto do processo administrativo é o lançamento tributário em questão e o Mandado de Segurança interposto em face do InspetorChefe da Alfândega em Santos, sob nº 2008.61.04.0101745, tem por objeto tão somente o imediato desembaraço aduaneiro da mercadoria que havia sido apreendida, constante da Declaração de Importação nº 08/14182741, em cujo processo o impetrante obteve liminar em sede de agravo de instrumento (fls. 68/70), tendo sido acolhido a apelação da ora empresa impetrante, conforme v. acórdão de fls. 92/98, estando atualmente aguardando o referido processo julgamento de recurso especial interposto pela União Federal (fls. 99/110, 132/133). É certo que têm o mesmo objeto fático (a mercadoria importada), porém pedido e causa de pedir diferentes, não se verificando a hipótese mencionada na decisão quanto à renúncia tácita à defesa administrativa com seus reflexos na exigibilidade do crédito, por tratarse esta, de direito subjetivo do contribuinte. 6. Apelação e remessa oficial a que se nega provimento. Como se vê de todo o acima exposto, que é corroborado pelos documentos que fazem parte do presente processo, não há que se falar em concomitância entre a esfera administrativa e a judicial, havendo a necessidade de se anular a decisão proferida pela DRJ, acórdão nº 1659.888, da 24ª Turma da DRJ/SPO, proferido na sessão de 30 de julho de 2014, devendo o processo retornar para a análise das razões da impugnação ao auto de infração protocolada pela recorrente. Fl. 612DF CARF MF Processo nº 11128.008194/200837 Acórdão n.º 3302006.009 S3C3T2 Fl. 8 7 Desta forma, voto por anular a decisão de primeira instância para que se profira nova decisão com apreciação das razões de impugnação, em vista da certidão de trânsito em julgado de decisão no Mandado de Segurança nº 2014.61.05.013.6033/SP, reconhecendo a inexistência de concomitância entre este processo administrativo e o Mandando de Segurança nº 2008.61.04.0101745. É como voto. (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator Fl. 613DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.934891/2009-31
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.133
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que esta aprecie os documentos juntados em sede de recurso voluntário, em especial, comprovante de escrituração de saldo credor do período anterior (Livro RAPi- janeiro); comprovante de ajuste do saldo credor decorrente da transmissão.
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Renato Vieira de Avila
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Presidente), Renato Vieira de Avila, Marcos Roberto da Silva e Francisco Martins Leite Cavalcante.
Nome do relator: RENATO VIEIRA DE AVILA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que esta aprecie os documentos juntados em sede de recurso voluntário, em especial, comprovante de escrituração de saldo credor do período anterior (Livro RAPi- janeiro); comprovante de ajuste do saldo credor decorrente da transmissão. Orlando Rutigliani Berri - Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Presidente), Renato Vieira de Avila, Marcos Roberto da Silva e Francisco Martins Leite Cavalcante.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que esta aprecie os documentos juntados em sede de recurso voluntário, em especial, comprovante de escrituração de saldo credor do período anterior (Livro RAPi janeiro); comprovante de ajuste do saldo credor decorrente da transmissão. Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri (Presidente), Renato Vieira de Avila, Marcos Roberto da Silva e Francisco Martins Leite Cavalcante. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 34 89 1/ 20 09 -3 1 Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 405 2 Despacho Decisório O despacho decisório em questão tratou de julgar o Per/Dcomp 29557.22982.230205.1.3.016413, cujo período de Apuração foi relativo ao 1.º Trimestre de 2004, e o tema tratado foi o Ressarcimento de IPI. O Valor do crédito solicitado/utilizado totalizou R$ 31.099,90, sendo o valor do crédito reconhecido no montante de R$ 0,00. O motivo do indeferimento foi a constatação de utilização integral ou parcial, na escrita fiscal, do saldo credor passivel de ressarcimento em períodos subseqüentes ao trimestre em referência, até a data da apresentação do PER/DCOMP. Portanto, foi considerado NAO HOMOLOGADA a compensação declarada nos seguintes PER/DCOMP: 40153.32845.240106.1.3.019794, 18755.69201.150206.1.3.012945, 41168.18993.210306.1.3.018480, 20713.63349.250406.1.3.014230, 29557.22982.230205.1.3.016413. O valor do crédito tributário em exigência perfaz o montante principal de R$ 27.042,06, Multa de R$ 5.408,39 e Juros de R$ 13.166,81. Manifestação de Inconformidade Apresentada a Manifestação de Inconformidade, afirmou ser legítiva a compensação sob os argumentos expostos a seguir. Insumos compras para industrialização Afirmou ser Recorrente, credora do montante correspondente a R$ 33.083,39, relativo a compras para industrialização que lhe asseguram crédito ressarcivel de IPI, atinentes ao primeiro trimestre de 2004. Tendo em vista seu direito creditório, ingressou com pedido de compensação desses valores (PER/DCOMP n's 29557.22982.230205.1.3.016413; 40153.32845.240106.1.3.019794; 18755.69201.150206.1.3.012945; 41168.18993.210306.1.3.018480; 20713.63349.250406.1.3.014230) Ainda, concluiu que procedeu à compensação dos créditos de IPI devidamente apurados, tal como previsto nos artigos 170 do CTN e 74, §1°, da Lei n° 9.430/96, relativos a compras para industrialização, a teor do disposto no art. 164 4 do RIPI (DECRETO N° 4.544/2002) DRJ/JFA A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e recebeu a seguinte ementa: Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 406 3 Acórdão 0957.922 3ª Turma da DRJ/JFA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 PERDCOMP. LIVRO APÓS. CRÉDITO PARCIALMENTE UTILIZADO NA ESCRITA FISCAL ANTES DA TRANSMISSÃO DA PERDCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO DAS COMPENSAÇÕES DECLARADAS. Se o saldo credor ressarcível apurado ao final do trimestre calendário foi utilizado integralmente para amortizar débitos de períodos de apuração subsequentes, nada remanescendo para lastrear as compensações objetos de PERDCOMP transmitida posteriormente, cabe não homologar as compensações declaradas. Ficou registrado que na “Análise de Crédito” que acompanha e integra o despacho decisório notase, no “Demonstrativo de Créditos e Débitos”, a inexistência de glosa de créditos, de reclassificação de créditos ou de apuração de débitos em procedimento fiscal, ou seja, tais valores (de débitos e créditos) refletem exatamente as informações prestadas pelo contribuinte no PERDCOMP. Diante dos valores declarados, o SCC – Sistema de Controle de Créditos e Compensação – foi calculado o direito creditório do contribuinte ao final do 1º trimestre de 2004 no montante de R$ 33.083,39, conforme “Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível” à fl. 97, exatamente o valor informado pelo contribuinte na peça impugnatória, conforme planilha abaixo: Conforme determinado no Acórdão, como a PERDCOMP nº 29557.22982.230205.1.3.016413, do 1º trimestre de 2004, restou transmitida apenas em 23/02/2005, os créditos ressarcíveis foram integralmente consumidos no abatimento de débitos de IPI em trimestres posteriores, fl. 98 – “Demonstrativo de Apuração após o Período do Ressarcimento”, informados pelo próprio contribuinte nas PERDCOMP indicadas, reduzindo totalmente o saldo credor disponível. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 407 4 Da análise realizada pelo Relato do “Demonstrativo de Apuração após o Período do Ressarcimento”, que acompanha e integra o despacho decisório, notouse que o Sistema de Controle de Créditos e Compensação – SCC considerou R$ 0,00 como o “Menor Saldo Credor” para o 1º trimestre de 2004, cuja legenda (g) informa que esta coluna “Corresponde ao menor saldo credor apurado desde o último PA do trimestre de referência até o período de apuração imediatamente anterior” ao trimestre de transmissão da PERDCOMP. Assim, como dito, segundo o SCC, os créditos ressarcíveis referentes ao 1º trimestre de 2004 pleiteados pelo contribuinte foram integralmente consumidos no abatimento de débitos de IPI em trimestres posteriores, conforme planilha abaixo: Em conclusão, o Acórdão emanado pela DRJ, determinou que o saldo credor ressarcível apurado ao fim do 1º trimestre de 2004 [PERDCOMP nº Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 408 5 29557.22982.230205.1.3.016413] foi integralmente utilizado no abatimento de débitos de IPI em períodos subseqüentes, em especial nos meses de novembro e dezembro de 2004, não restando valores disponíveis para ressarcimento, como informado no Despacho Decisório ora impugnado. Ainda na esteira do Acórdão, em relação aos elevados débitos informados nos meses de novembro e dezembro de 2004, foram declarados no campo "Outros Débitos" no PGD [PERDCOMP nº 29557.22982.230205.1.3.016413] e, diante do relevante montante, o julgador buscou, sem êxito, avaliar se tratavamse de eventuais Declarações de Compensação ou Pedidos de Ressarcimento formalizadas pelo contribuinte àqueles períodos. Ausência de Motivação Segundo o Relator, foi invocada nulidade absoluta do despacho decisório sob a alegação de inexistência de motivação para a não homologação das declarações de compensação, apontando afronta à ampla defesa e ao contraditório. Em resposta, o Acórdão determinou que a redução do saldo credor apurado pelo SCC decorreu de débitos informados pelo próprio contribuinte na PERDCOMP nº 29557.22982.230205.1.3.016413, razão pela qual não merecem prosperar os argumentos apontados pela defesa, uma vez que o indeferimento do pleito decorreu, como visto, da utilização integral "na escrita fiscal, do saldo credor passível de ressarcimento em períodos subseqüentes ao trimestre em referência, até a data da apresentação do PER/DCOMP" como literalmente informado e demonstrado no Despacho Decisório de fls. 94/99. Por fim, foi alegada a redução do saldo credor do período anterior de R$ 140.053,60 para R$ 27.304,43 sem que fosse "demonstrada a origem desse reduzido valor considerado pelo Fisco". De se esclarecer, por oportuno, que o texto de legenda das colunas que compõem a planilha do Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível explicita que: Saldo Credor de Período Anterior: Coluna (b): Para o primeiro período de apuração, será igual ao Saldo Credor apurado ao final do trimestre calendário anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERDCOMP de trimestres anteriores. Esse saldo (saldo credor inicial) não é passível de ressarcimento. Neste ponto, mencionou o julgador que o contribuinte não promoveu os ajustes adequados do saldo credor de períodos anteriores, razão da divergência do montante informado no PGD (R$140.053,60) e do considerado pelo SCC (R$27.304,43). Ou seja, o contribuinte não promove os adequados ajustes do saldo credor de períodos anteriores, razão pela qual devese ratificar o montante apurado pelo Sistema de Controle de Créditos e Compensação SCC. Da Conversão do Julgamento em Diligência Juntada do correto Recurso Voluntário Fl. 408DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 409 6 Ao compulsar os autos, em atividade de Relatoria, deparouse com a juntada equivocada de contribuinte diverso, motivo pelo qual este colegiado encaminhou para a devida correção do erro material, mediante a resolução n.º 3001000.002. Devidamente cientificada, a requerente supriu a deficiência material, razão esta, deve manterse o regular seguimento processual. Recurso Voluntário Segundo consta em sinopse dos fatos, a recorrente , intimada da decisão prolatada pela autoridade de primeira instância, insurgese em face da confirmação da não homologação da compensação de saldo credor ressarcível de imposto sobre produtos industrializados Origem do Saldo Credor RAIPI O cerne da questão envolve a discussão sobre a origem do saldo de crédito utilizado, em especial, a desconsideração do valor apontado no RAIPI. Combate a negativa de seu direito ao saldo de IPi, e a consequente presunção de existência de saldo credor de período anterior no valor de apenas R$ 27,304,43, em detrimento do saldo credor de R$ 140.053,60 que está devidamente registrado em seu Livro Registro de Apuração do IPI RAIPI. Seguese dos argumentos expostos no Recurso Voluntário: Defende a regularidade dos procedimentos adotados narrando que sua compensação foi precisamente informada em sua DCOMP. Ajuste do saldo credor desconsiderar o saldo credor apurado e escriturado pela Recorrente em seus livros fiscais, bem como declarado no PER/DCOMP o único fundamento apresentado pela Decisão DRJ foi de que não teria sido promovido os devidos ajustes de seu saldo credor quando da apresentação de pedidos de ressarcimento anteriores Do pedido de Nulidade da Decisão de Primeira Instância Cerceamento de defesa A requerente solicitou a nulidade da decisão de primeira instância sob o argumento da ausência de fundamentação e motivação, vez que ausentes, em seu entender, as razões da decisão, pecando pela transparência no raciocínio empreendido para a negativa do crédito. Assim, como o despacho decisório, omitiuse sobre a origem do suposto saldo credor de R$ 27.304,43 em detrimento do valor de R$ 140.053,60, o qual está devidamente embasado em seu Livro RAIPI e nas informações declaradas juntamente com o PER/DCOMP no 29557.22982.230205.1.3.016413. Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 410 7 É o relatório. Voto Conselheiro Renato Vieira de Avila Relator Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão que denegou o direito à compensação por ausência de saldo suficiente para extinguir o crédito tributário apontado como débito do contribuinte, em razão de ter sido alocados para quitação de outros tributos. Admissibilidade do Recurso Ao analisar o fiel cumprimento da diligência posta em marcha mediante a resolução n.º 3001000.002 e, constatado a devida correção do erro material, tendo sido juntado aos autos o Recurso Voluntário relativo aos autos em questão, fazse viável a análise dos requisitos de sua admissibilidade. Tempestividade De acordo com o termo de ciência por abertura de mensagem, acostado a estes autos, a data de ciência do destinatário da caixa postal da contribuinte, considerada seu domicílio eletrônico, foi em 22 de setembro de 2015. Sendo que, o protocolo de seu recurso voluntário se deu em 22 de outubro de 2015. O recurso é, portanto, tempestivo e dele tomo conhecimento. Argumentos de Defesa no Recurso Voluntário Em breve síntese, foram apresentados, em sede de recurso, os seguintes argumentos. Origem do Saldo Credor RAIPI, ajuste do saldo PRELIMINARES O relevante tema tratado neste item, diz respeito à comprovação de saldo credor, objeto de pedido de compensação, cujo resultado denegou a legitimidade do crédito tomado por ausência de saldo suficiente para a quitação do débito informado na Dcomp. Os argumentos expostos na defesa, merecem ser transcritos, exatamente por delimitar o entorno da discussão, qual seja, definir qual saldo credor de IPI do período anterior ao 1.º trimestre de 2004, fulcrando sua pretensão em ver reconhecido o direito a utilizarse do saldo constante no RAIPI. Seguese: a Recorrente efetuou compensações, por meio de procedimento eletrônico (PER/DCOMP), tendo informado regularmente o saldo credor do período anterior ao 1o trimestre de 2004 no valor de R$ 140.053,60, no PER/DCOMP n" 29557.22982.230205.1.3.016413, com base nos registros de seu Livro RAIPI. 18. Ao contrário da Decisão DRJ que reconheceu apenas o valor de R$ 27.304,43, a Recorrente comprovou que o saldo credor do período Fl. 410DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 411 8 anterior ao 10 trimestre de 2004 era de R$ 140.053,60, mediante a apresentação de seu Livro Registro de Apuração de IPI ("RAIPI" Doc. 04), o qual é o documento hábil para comprovação do saldo credor ora controvertido. os valores do Livro RAIPI são devidamente refletidos noPER/DCOMP n" 29557.22982.230205.1.3.016413, art. 399 do Decreto n" 4.544/023 (Regulamento do IPI vigente à época), o Livro Registro de Apuração do IPI é o documento idôneo e hábil para comprovâção, perante as Autoridades Fiscais, das operações de entradas e saídas, bem como da existência de créditos do imposto e saldo credor Por fim, importa salientar a transcrição de trecho do voto condutor que traz a importância da documentação anexada aos autos. Registrou que o RAIPI da empresa não se encontra disponível nos autos, impossibilitando a avaliação de tais documentos, principalmente em relação às informações dos débitos dos meses informados acima. Da mesma forma, a recorrente menciona que Pelo acima exposto, inclusive com respaldo nos arts.2" e 53 da Lei no 9.784199e,bem como na Súmula STF no 47310, a Recorrente está certa que as compensações ora discutidas seriam homologadas caso os fatos e os documentos acostados ao presente feito tivessem sido investigados. Especificamente, o tema adentra aos casos relacionados com os Despachos Decisórios Eletrônicos. Esta modalidade de compensação caracterizase pelo cruzamento automatizado de dados eletronicamente inseridos no ambiente virtual da Receita Federal. Com a lida rotineira nos processos administrativos com tal temática, percebese que se gerou, em torno do assunto, a seguinte celeuma. Muitos contribuintes, ao constatarem seus pagamentos indevidos, procedem à compensação na forma regrada pela Receita, mas acaba por não finalizar seus procedimentos de compensação com as necessárias retificações nas informações enviadas anteriormente. Neste ponto, os despachos decisórios, por basearemse nas informações prestadas pelo próprio contribuinte, acabam por declarar como não homologadas as compensações, haja vista os valores indicados como créditos a compensar terem sido alocados em débitos, também informados pelo contribuinte, e não retificados a tempo de permitir a compensação. Nestes casos, se segue à manifestação de inconformidade, na qual o contribuinte relata seu procedimento, e, na maioria das vezes, a fim de comprovar a existência do crédito, indicou, apenas, as proprias Dcomps, suas obrigações acessórias, como o meio apto para a comprovação da existência do saldo credor de IPI. Ocorre que é pacífico o entendimento esposado pelas Delegacias de Julgamento, no sentido de: exigir, como meio de prova, mais que as declarações acessórias, como a DComp., mas os elementos contábeis que lhe deram suporte. Ainda, que tais documentos sejam acostados aos autos ainda em sede de Manifestação de Inconformidade, dando azo ao prazo previsto nos artigos 14 e 16 do Decreto n.º 70.235/72. Fl. 411DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 412 9 Diante deste breve cenário, o CARF, vem permitindo, a fim de prestigiar o princípio da verdade material, a juntada de documentos após a fase da manifestação de inconformidade, ou seja, em sede de recurso voluntário. Posicionamentos Possíveis Decorre, então, três posicionamentos: Aqueles que não aceitam a juntada de documentos fora do prazo da manifestação de inconformidade; Aqueles que aceitam a juntada de documentos, desde que haja uma demonstração inicial sobre a formação de prova, como alguma documento contábil que extrapole as declarações retificadas; e, Aqueles, que, como eu, permite a juntada a destempo de documentação, e, mais ainda, sugere proposta de diligência, a fim de viabilizar o concreto entendimento sobre a existência, ou não, de crédito hábil para a compensação declarada anteriormente. Isto porque diante de compensações submetidas ao controle eletrônico e decididas via Despacho Decisório Eletrônico, cujo teor das decisões das Delegacias de Julgamento cravam como momento oportuno para a apresentação das provas, o protocolo da manifestação de inconformidade, impossibilitando, assim, a juntada em sede de recurso voluntário, visualiza que, justamente por força desta decisão de primeira instância administrativa, se vê impedido de juntar demais documentação, diante de decisão que determinou preclusa essa oportunização. Meios de prova Os meios necessários e a forma adequada de comprovação dos créditos de IPI perfazse matéria recorrente nesta Turma. A fim de facilitar a exposição dos fundamentos deste voto, iniciase com o importante o respaldo no direito da recorrente ver analisado o tema pela instância inferior sob a ótica dos documentos acostados aos autos em sede de recurso voluntário são: comprovante de escrituração de saldo credor do período anterior (Livro RAPi janeiro); comprovante de ajusta do saldo credor decorrente da transmissão Per/Dcomp do 1.o .ao 4.º trimestre de 2003 (Livro Raipi novembro / 04 e dezembro /04), Livro RAIPI referente ao período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2005. Isto porque, o tema de instrução probatória, em especial, a Dcomp, o momento da apresentação da documentação para comprovação dos eventos ocorridos, é assunto controverso, com critérios não definidos, atentando, assim, à necessária segurança jurídica que deve tornear a relação fisco contribuinte. Ocorre que, em havendo desconexão entre os critérios interpretativos, e, em momento processual administrativo recursal, é possível, como se tem entendido aqui, abrir a possibilidade de o contribuinte, corretamente e de acordo com os critérios aceitos pela autoridade fazendária, comprovar a existência do pagamento indevido, e, por consequência, da existência do crédito. Da Controvérsia Acerca do Tema O tema abordado que se traduz no cerne da questão tratada nos autos, diz respeito ao creditamentO do IPI e sua efetiva forma de comprovação. A fim de corrigir o rumo do referido processo, e enfrentar o que regimentalmente encontrase obrigado, verifico a Fl. 412DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 413 10 necessidade de evidenciação da materialidade das provas acostadas em sede de recurso voluntário, em especial os LIVROS RAIPI.. Os meios necessários e a forma adequada de comprovação de pagamento devido perfazse matéria recorrente nesta Turma. A fim de facilitar a exposição dos fundamentos deste voto, iniciase com o importante o respaldo no acórdão 3401.003.952, que trata de tema igual, ou seja, o dever de verificar a ocorrência do pagamento indevido. Vejase a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Ano calendário: 2007 COFINS. DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. TRATAMENTO MASSIVO x ANÁLISE HUMANA. AUSÊNCIA/EXISTÊNCIA DE RETIFICAÇÃO DE DCTF. VERDADE MATERIAL. Nos processos referentes a despachos decisórios eletrônicos, deve o julgador (elemento humano) ir além do simples cotejamento efetuado pela máquina, na análise massiva, em nome da verdade material, tendo o dever de verificar se houve realmente um recolhimento indevido/a maior, à margem da existência/ausência de retificação da DCTF. Este, contudo, como expresso em votos anteriores, foi entendimento do qual comunguei, mas, hoje, em decorrência da dinâmica de julgamento do tema na presente 1ª TEX, revejo e passo a adotar posição diversa. Isto porque, o tema de instrução probatória, em especial, a Dcomp, o momento da apresentação da documentação para comprovação dos eventos ocorridos, é assunto controverso, com critérios não definidos, atentando, assim, à necessária segurança jurídica que deve tornear a relação fisco contribuinte. Ocorre que, em havendo desconexão entre os critérios interpretativos, e, em momento processual administrativo recursal, é possível, como se tem entendido aqui, abrir a possibilidade de o contribuinte, corretamente e de acordo com os critérios aceitos pela autoridade fazendária, comprovar a existência do pagamento indevido, e, por consequência, da existência do crédito. Em sendo assim, deve o Estado aceitar esta complementação da prova, a fim de satisfazer aos seus próprios critérios. Vejase, não há oportunização para apresentação de prova; mas sim, oportunização para complementação de prova, haja vista, pela percepção do contribuinte, ter havido entendido que, com a disponibilização dos documentos conforme o fez, estaria sanada a exigência. A práxis processual administrativa considerada como apta à comprovação da existência do crédito tributário, vem sofrendo, conforme se demonstrou, diverso tratamento ao longo do tema, variando desde posições mais formalistas, na qual não há a possibilidade de apreciação de documentos após o protocolo da manifestação de inconformidade, da qual, repitase, este conselheiro já fora adepto. Em evolução, demonstrouse que, além de polêmico, o tema vem se alterando para a aceitação de documentos após o Recurso Voluntário, até o entendimento atual, cuja compreensão se encontra na Resolução 3001000.020, que converteu o julgamento do caso em diligência nos seguintes termos: Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 414 11 O recorrente apresentou DCTF e Dacon retificadora, informando este fato quando da apresentação da manifestação de inconformidade. No seu entender, com a apresentação dessas declarações retificadora estaria sanada a irregularidade apontada no despacho decisório. Portanto, em síntese, o fundamento da decisão recorrida foi a falta de apresentação de documentação probante satisfatória (escrituração contábilfiscal) que corroborasse as informações apresentadas, notadamente, na DCTF retificadora. O interessado, quando da apresentação do recurso voluntário, afirma, com suas próprias palavras, que houve erro quando do preenchimento da DCTF, razão pela qual apresentou a retificadora da DCTF, juntamente com a Dacon, e, no seu entender, seria suficiente para a solução do litígio uma vez que o fundamento do despacho decisório seria apenas a inexistência de débito. Assim, tem se encaminhado, nestes casos, oportunizar, ao recorrente, a apresentação dos documentos necessários à demonstração da origem do crédito, pois, conforme descrito na resolução de conversão em diligência: Pois bem. Entendo que há razoável dúvida quanto à certeza e liquidez dos alegados direitos ao crédito que o recorrente pretende compensar. É certo que é condição indispensável à compensação de tributos a liquidez e certeza do crédito, nos termos do que dispõe o art. 170A da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN). Necessário, neste sentido, a comprovação cabal da existência desses supostos créditos, o que pode ser demonstrados com base na análise da documentação contábil fiscal do contribuinte. Deste modo, visando propiciar a ampla oportunidade para o recorrente esclarecer e comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, concluo que o presente julgamento deve ser convertido em diligência. Desta forma, por entender que a mencionada retificação (DCTF e Dacon) levada a efeito pelo recorrente, sinaliza com a possibilidade de acerto quanto ao correto valor do indébito de Cofins, e, com isto, o reconhecimento da extinção do débito tributário objeto da compensação, nos termos do inciso II do artigo 156 do CTN.. Do Parcial Provimento Na esteira do até aqui exposto, a fim de fundamentar novo posicionamento, e firmar ponto de vista sobre a jurisprudência do tema, há que se mencionar precedente, , nesta primeira turma Extraordinária, de lavra do brilhante Conselheiro Cássio Schappo, o qual demonstra claramente a possibilidade de enfrentamento da questão, através do parcial provimento remetendo à nova apreciação por parte da autoridade de julgamento de primeira instância. Seguese: Valhome aqui de julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante confirmaram decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar parcial Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 415 12 provimento ao recurso voluntário, sendo entendimento daquele colegiado, Oportuno destacar, também, parte do voto da Conselheira Relatora Vanessa Marini Cecconello (CSRF – T3), pelos seus comentários e associados ao Parecer Cosit nº 02/2015, nos orienta a dar o devido seguimento nesse julgado, “verbis”: O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior. Portanto, a apresentação da DCTF retificadora não é requisito indispensável à homologação da compensação, mas a certeza e liquidez do indébito tributário devem restar comprovadas por outros meios nos autos do processo administrativo. Nesse sentido, é o Parecer Cosit nº 02/2015, de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora– que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. Vêse que a administração tributária em questão normativa, preocupada com o assunto, já havia se posicionado sobre o tema que diz respeito à possibilidade de ocorrer DCTF retificadora para demonstrar a existência de crédito passível de compensação. Fl. 415DF CARF MF Processo nº 10880.934891/200931 Resolução nº 3001000.133 S3C0T1 Fl. 416 13 Como antes dito, a liquidez e certeza do crédito tributário não se encerra com a simples DCTF retificadora, há outros indicativos a serem seguidos, sendo um deles a DIPJ da recorrente, que de acordo com as razões recursais foi um dos parâmetros utilizados para atestar o erro de declaração cometido. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: "Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. CONCLUSÃO Diante do exposto, conheço do recurso para converter o recurso voluntário em diligência, para que a unidade de origem aprecie os documentos juntados em sede de recurso voluntário, em especial, comprovante de escrituração de saldo credor do período anterior (Livro RAPi janeiro); comprovante de ajusta do saldo credor decorrente da transmissão Per/Dcomp do 1.o .ao 4.º trimestre de 2003 (Livro Raipi novembro / 04 e dezembro /04), Livro RAIPI referente ao período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2005. (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Fl. 416DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.005944/2009-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005
RECURSO DE OFÍCIO. VALOR DE ALÇADA INFERIOR AO ESTABELECIDO EM PORTARIA DO MINISTRO DA FAZENDA. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de recurso de ofício cujo crédito exonerado, incluindo-se valor principal e de multa, é inferior ao estabelecido em ato editado pelo Ministro da Fazenda.
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VIGÊNCIA. DATA DE APRECIAÇÃO.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Numero da decisão: 2402-006.413
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mario Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 RECURSO DE OFÍCIO. VALOR DE ALÇADA INFERIOR AO ESTABELECIDO EM PORTARIA DO MINISTRO DA FAZENDA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de recurso de ofício cujo crédito exonerado, incluindo-se valor principal e de multa, é inferior ao estabelecido em ato editado pelo Ministro da Fazenda. RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VIGÊNCIA. DATA DE APRECIAÇÃO. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mario Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 RECURSO DE OFÍCIO. VALOR DE ALÇADA INFERIOR AO ESTABELECIDO EM PORTARIA DO MINISTRO DA FAZENDA. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de recurso de ofício cujo crédito exonerado, incluindose valor principal e de multa, é inferior ao estabelecido em ato editado pelo Ministro da Fazenda. RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VIGÊNCIA. DATA DE APRECIAÇÃO. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mario Pereira de Pinho Filho, Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silva, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 59 44 /2 00 9- 48 Fl. 3475DF CARF MF Processo nº 19515.005944/200948 Acórdão n.º 2402006.413 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2402006.333 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 03 de julho de 2018, proferido no âmbito do processo n° 19515.722966/201271, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2402006.333 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de Recurso de Oficio manejado, por força de reexame necessário, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, tendo em vista que o crédito exonerado, principal e encargos de multa, relativos a contribuições previdenciárias de custeio, beneficio, terceiros e sanções pecuniárias, superava a época o valor de alçada estipulado no art. 1º da Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008. O valor objeto de exoneração é inferior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), vindo a julgamento apenas o Recurso de Oficio. É o relatório." Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2402006.333 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 03 de julho de 2018, proferido no âmbito do processo n° 19515.722966/201271, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelo Conselheiro Jamed Abdul Nasser Feitoza, digno relator da susodita decisão paradigma, reprisese, Acórdão nº 2402006.333 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 03 de julho de 2018: Acórdão nº 2402006.333 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária “Antes de adentrar a análise do caso concreto, importa observar que o presente julgamento terá efeitos sobre lote repetitivo, eis que o caso em foco foi eleito como paradigma e terá seu resultado aplicado ao lote a que esta relacionado, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 – RICARF. Fl. 3476DF CARF MF Processo nº 19515.005944/200948 Acórdão n.º 2402006.413 S2C4T2 Fl. 4 3 Admissibilidade. Tratase de Recurso de Oficio manejado, por força de reexame necessário, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, tendo em vista que, à época em que foi proferida a decisão de primeira instância administrativa, o crédito exonerado superava o valor de alçada estipulado estabelecido em ato próprio. De acordo com o I do art. 34 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) II deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens cominada à infração denunciada na formalização da exigência. § 1º O recurso será interposto mediante declaração na própria decisão. § 2° Não sendo interposto o recurso, o servidor que verificar o fato representará à autoridade julgadora, por intermédio de seu chefe imediato, no sentido de que seja observada aquela formalidade. (Grifouse) O colegiado a quo proferiu decisão em que julgou parcialmente procedente a impugnação, exonerando créditos relativos ao principal e encargos de multas em valor inferior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil de reais) Cabe ao colegiado julgar a admissibilidade do Recurso de Oficio e, constatandose que o crédito exonerado é inferior àquele que levaria o caso a um reexame necessário na atualidade, não conhecer de referido recurso. O limite referido está posto na Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. Fl. 3477DF CARF MF Processo nº 19515.005944/200948 Acórdão n.º 2402006.413 S2C4T2 Fl. 5 4 § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União. Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. Ainda que à época do julgamento de primeira instância tal valor permitisse a interposição do Recurso de Oficio ora julgado, ao caso deve ser aplicado o limite de dispensa atualmente vigente, conforme entendimento consolidado neste Conselho, nos termos da Súmula CARF 103: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Conclusão Ante ao exposto voto por não conhecer do Recurso de Oficio em razão de o crédito exonerado ser inferior ao limite estabelecido no art. 1º a Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, aplicável ao caso conforme Súmula CARF 103. (assinado digitalmente) Jamed Abdul Nasser Feitoza” Conclusão Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 3478DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.003588/2010-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/05/2005 a 31/05/2005
MOTIVAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO. PROVAS ILÍCITAS. VÍCIO MATERIAL
É nulo, por vício material, o lançamento fundamentado em provas obtidas por meios ilícitos.
Assim, devem ser rejeitados os embargos de declaração, cujo objetivo era o de fazer constar na decisão que o vício que a motivou a afastar do polo passivo os responsáveis solidários e cancelar as multas regulamentares era formal, quando, na verdade, era material.
Numero da decisão: 3301-004.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Antônio Cavalcanti da Costa Filho e não participou do julgamento
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/05/2005 a 31/05/2005 MOTIVAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO. PROVAS ILÍCITAS. VÍCIO MATERIAL É nulo, por vício material, o lançamento fundamentado em provas obtidas por meios ilícitos. Assim, devem ser rejeitados os embargos de declaração, cujo objetivo era o de fazer constar na decisão que o vício que a motivou a afastar do polo passivo os responsáveis solidários e cancelar as multas regulamentares era formal, quando, na verdade, era material.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Antônio Cavalcanti da Costa Filho e não participou do julgamento (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
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PROVAS ILÍCITAS. VÍCIO MATERIAL É nulo, por vício material, o lançamento fundamentado em provas obtidas por meios ilícitos. Assim, devem ser rejeitados os embargos de declaração, cujo objetivo era o de fazer constar na decisão que o vício que a motivou a afastar do polo passivo os responsáveis solidários e cancelar as multas regulamentares era formal, quando, na verdade, era material. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Declarouse impedido de participar do julgamento o conselheiro Antônio Cavalcanti da Costa Filho e não participou do julgamento (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Salvador Candido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 64 7. 00 35 88 /2 01 0- 66 Fl. 1173DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.174 2 Relatório Adoto o relatório da decisão embargada: "O processo em comento já foi analisado pelo CARF. A 2° Turma ordinária da 1° Câmara da 3° Seção, decidiu converter o processo em diligência, nos termos doa Resolução n° 3102000.284. Nos parágrafos seguintes, transcrevo o relatório e o voto vencedor. 'Tratase de Recurso de Ofício em face da decisão da DRJ em Recife que julgou a impugnação procedente em parte, para: (i) manter o Crédito Tributário, no sujeito passivo Borgtec Indústria e Comércio Ltda. CNPJ 05429757/0000119, por configurar nos autos do presente processo como Importadora, mantendose a multa qualificada e excluindose do Crédito Tributário as demais multas, por ocorrência de bis in idem; (ii) exonerar da responsabilidade solidária e da sujeição passiva os demais contribuintes arrolados, CIL Comércio de Informática Ltda, as pessoas físicas Marco Antônio Mansur, Marco Antônio Mansur Filho, Antonio Carlos Barbeito Mendes, e Alessandra Salewski; e (iii) exonerar o correspondente a R$ 2.583.709,80 (Dois milhões, quinhentos e oitenta e três mil, setecentos e nove reais e oitenta centavos) referente as seguintes multas: à multa aduaneira sobre o Imposto de Importação no valor de R$ 859.221,88 (Oitocentos e cinqüenta e nove mil, duzentos e vinte e um reais e oitenta e oito centavos) e multa aduaneira sobre o IPI Imposto sobre o Produto Industrializado no valor de R$ 1.724.488,00 (Um milhão, setecentos e vinte e quatro mil e quatrocentos e oitenta e oito reais) em razão da exclusão dos sujeitos passivos solidários do pólo passivo da autuação. Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados com riqueza de detalhes, adoto o relatório da decisão recorrida, transcrevendoo abaixo na íntegra: 'Em desfavor dos contribuintes Cil Comércio de Informática Ltda – CNPJ 24073694/000155 Borgtec Indústria e Comércio Ltda – CNPJ – 05429757/0000119, Marco Antônio Mansur – CPF – 36515345968, Marco Antônio Mansur Filho – CPF – 25674726817, Antônio Carlos Barbeito Mendes – CPF – 02093845733, Alessandra Salewski – CPF 10311292860 – foi lavrado Auto de Infração relativo ao Imposto sobre produtos Industrializados, Imposto de Importação, multa e juros sobre o Imposto de Importação, Programa de Integral Social – PIS, Contribuição para financiamento da Contribuição Social – COFINS Descrição dos fatos e enquadramento legal – Imposto de Importação; Conforme consta às fls. 006 a 031 do presente processo, que: “Em fiscalização realizada para apurar a prática de fraudes no comércio exterior pelo contribuinte denominado CIL Comércio de Informática Ltda – CNPJ – 24.073.694/000155 em conluio com a empresa Borgtec Indústria e Comércio Ltda – CNPJ – 05429757/0000119, em decorrência de investigações realizadas, em conjunto, pela Receita Federal e pela Policia Federal, sob a denominação Operação Dilúvio, foram apuradas as infrações abaixo descritas, aos dispositivos legais mencionados. 001 – Declaração inexata do valor da mercadoria (valor de transação incorreto). Fl. 1174DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.175 3 O importador (Borgtec), em conluio com o real adquirente (CIL), por meio da DI abaixo discriminada, submeteu a despacho aduaneiro de importação mercadorias com valor declarado abaixo do valor real de transação. Conforme restou comprovado no Relatório de Fiscalização, as autuadas praticaram ação dolosa tendente a modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária principal, alterando indevidamente, para menor, a base de cálculo dos direitos aduaneiros, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim, é lançada a diferença entre o crédito tributário devido e o recolhimento a menor efetuado, juntamente com os seus devidos acréscimos legais. 002 – Diferença apurada entre o prego declarado e o preço efetivamente praticado ou o prego declarado e o preço arbitrado. O importador (Borgtec), em conluio com o real adquirente (Cil), por meio da DI abaixo discriminada, submeteu a despacho aduaneiro de importação mercadorias com valor declarado abaixo do valor real de transação. Conforme restou comprovado no Relatório de Fiscalização, as autuadas praticaram ação dolosa tendente a modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária principal, alterando indevidamente, para menor, a base de cálculo dos direitos aduaneiros, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim, é devida a multa por infração administrativa ao controle aduaneiro das importações correspondente a 100% da diferença apurada entre os valores declarados e os efetivamente praticados ou entre aqueles e os valores arbitrados, de acordo com os fatos circunstanciados no Relatório de Fiscalização. Descrição dos fatos e enquadramento legal – Imposto sobre produtos Industrializado; 'Em fiscalização realizada para apurar a prática de fraudes no comércio exterior pelo contribuinte denominado CIL Comércio de Informática Ltda – CNPJ – 24.073.694/000155 em conluio com a empresa Borgtec Indústria e Comércio ltda – CNPJ – 05429757/0000119, em decorrência de investigações realizadas, em conjunto, pela Receita Federal e pela Policia Federal, sob a denominação “Operação Dilúvio”, foram apuradas as infrações abaixo descritas, aos dispositivos legais mencionados. 001 – Declaração inexata do valor da mercadoria O importador (Borgtec), em conluio com o real adquirente (CIL), por meio da DI abaixo discriminada, submeteu a despacho aduaneiro de importação mercadorias Fl. 1175DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.176 4 com valor declarado abaixo do valor real de transação. Conforme restou comprovado no Relatório de Fiscalização, as autuadas praticaram ação dolosa tendente a modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária principal, alterando indevidamente, para menor, a base de calculo dos direitos aduaneiros, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim é lançada a diferença entre o credito tributário devido e o recolhimento a menor efetuado, juntamente com os seus devidos acréscimos legais. 002 – Produto estrangeiro em situação irregular – consumo ou entrega a consumo. A empresa Borgtec Indústria e Comércio Ltda, CNPJ – 05.429.757/000119, realizou operação de importação mediante cometimento de fraudes e irregularidades, em conluio com a empresa CIL Comércio de Informática Lltda. – CNPJ – 24073694/000153, conforme ficou comprovado no Relatório de Fiscalização que integra o presente Auto. Os produtos importados irregular e fraudulentamente foram todos entregues ao real adquirente, a CIL, que permaneceu oculta durante toda a transação. Esta, por sua vez, efetuou o consumo ou a entrega para tal das mercadorias que sabia serem importadas irregularmente, pois tivera participação de toda a simulação praticada desde o início. Descrição dos fatos e enquadramento legal – COFINS –Importação. 'Em fiscalização realizada para apurar a prática de fraudes no comércio exterior pelo contribuinte denominado CIL Comércio de Informática Ltda – CNPJ – 24.073.694/000155 em conluio com a empresa Borgtec Indústria e Comércio ltda – CNPJ – 05429757/0000119, em decorrência de investigações realizadas, em conjunto, pela Receita Federal e pela Policia Federal, sob a denominação OPERAÇÃO DILÚVIO, foram apuradas as infrações abaixo descritas, aos dispositivos legais mencionados. 001 – Falta/insuficiência de recolhimento da COFINS Importação DI O importador (BORGTEC), em conluio com o real adquirente (CIL), por meio da DI abaixo discriminada, submeteu a despacho aduaneiro de importação mercadorias com valor declarado abaixo do valor real de transação. Conforme restou comprovado no Relatório de Fiscalização, as autuadas praticaram ação dolosa tendente a modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação Fl. 1176DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.177 5 tributária principal, alterando indevidamente, para menor, a base de cálculo dos direitos aduaneiros, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim, é lançada a diferença entre o crédito devido e o recolhimento a menor efetuado, juntamente com os seus devidos acréscimos legais. Descrição dos fatos e enquadramento(S) legal(S) – PIS/PASEP – Importação. 'Em fiscalização realizada para apurar a prática de fraudes no comércio exterior pelo contribuinte denominado CIL Comércio de Informática Ltda – CNPJ – 24.073.694/000155 em conluio com a empresa Borgtec Indústria e Comércio ltda – CNPJ – 05429757/0000119, em decorrência de investigações realizadas, em conjunto, pela Receita Federal e pela Policia Federal, sob a denominação “Operação Dilúvio”, foram apuradas as infrações abaixo descritas, aos dispositivos legais mencionados. 001 – Falta/insuficiência de recolhimento do PIS/PASEP – Importação DI O importador (BORGTEC), em conluio com o real adquirente (CIL), por meio da DI abaixo discriminada, submeteu a despacho aduaneiro de importação mercadorias com valor declarado abaixo do valor real de transação. Conforme restou comprovado no Relatório de Fiscalização, as autuadas praticaram ação dolosa tendente a modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária principal, alterando indevidamente, para menor, a base de cálculo dos direitos aduaneiros, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim, é lançada a diferença entre o crédito tributário devido e o recolhimento a menor efetuado, juntamente com os seus devidos acréscimos legais. Termo de encerramento; Da referida ação fiscal foi apurado o Crédito tributário abaixo descrito. Fl. 1177DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.178 6 Consta no presente processo às fls. 33 a 107 o Relatório de Auditoria que entre outros temas, trata da operação Dilúvio, do Grupo MAM, do esquema fraudulento, do modus operandi, da sujeição passiva, do valor aduaneiro dos contribuintes envolvidos na suposta organização criminosa objeto da investigação em apreço. Passaremos a transcrever resumidamente os principais trechos do referido Relatório: 'A investigação realizada pela Receita Federal, em conjunto com a Policia Federal, de uma organização controlada por Marco Antônio Mansur – CPF 365.153.45968, doravante nomeada Grupo MAM, que se dedicava a prática de diversas fraudes, muitas delas em operações do comércio exterior, resultou na constatação do envolvimento de várias empresas que, mesmo não fazendo parte da referida organização, participavam da prática das infrações e beneficiavamse dos produtos dos crimes realizados.” Da Operação Dilúvio – fls. 042 – consiste em conjunto de procedimentos adotados pela Policia Federal e pela Receita Federal, devidamente amparados por autorizações judiciais, com vistas a identificar as pessoas e empresas envolvidas na prática de fraudes aduaneiras e tributárias cometidas pelo grupo MAM.” (...) Dentre as apreensões realizadas nos estabelecimentos da CIL Comércio de Informática Ltda., verificase a existência de meios probantes do envolvimento desta em fraudes de comércio exterior praticas em conluio com a Borgtec Indústria e Comércio Ltda CNPJ 05.429.757/000119 e com outras empresas fortemente vinculadas ao Grupo MAM, que tinham sido alvo das investigações. Os elementos apreendidos durante a Operação foram todos remetidos a Curitiba/PR, tendo sido imediatamente disponibilizados à Receita Federal, pela Justiça Federal daquela cidade, para fins de procedimentos fiscais. A equipe Especial de Análise e Preparo de Ação Fiscal, constituída para esta especifica finalidade, procedeu à triagem e seleção dos documentos e arquivos magnéticos de interesse fiscal, assim como a formalização de dossiê para serem remetidos às unidades de fiscalização através de Representações Fiscais. Foi deste trabalho que resultou a representação aludida na introdução deste Relatório, acarretando o inicio dos procedimentos fiscais levados a efeito nas fiscalizadas.” Fl. 1178DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.179 7 1.1.5 Do grupo MAM – fls.043; Podese caracterizar o Grupo MAM como sendo uma organização empresarial, engendrada por Marco Antônio Mansur, constituída por empresas importadoras, exportadoras, distribuidoras e financeiras/patrimoniais que atuavam em todas as etapas do fluxo operacional e logístico das importações realizadas por conta e ordem de empresas adquirentes de mercadorias estrangeiras, beneficiandose do cometimento de fraudes aduaneiras e tributárias. Para esse fim, o Grupo dispunha de várias empresas que operavam sob o controle centralizado, como se fossem departamentos de uma única empresa. Havia, portanto, as empresas constituídas no exterior para atuar como se fossem agentes de carga e exportadores, as empresas importadoras (denominadas tradings) e as empresas distribuidoras (adquirentes fictícios). Os controladores desta organização, ou seja, Marco Antônio Mansur – CPF – 365.153.45968, Marco Antônio Mansur Filho ( Marquito) – CPF – 256.747.26817, Antônio Carlos Barbeito Mendes (Tony), CPF – 020.938.45733 e Alessandra Salewski, CPF – 103.112.92860 e seus gerentes operacionais determinavam todos os procedimentos, tais como: a forma de embarque das mercadorias; como os documentos deveriam ser emitidos (quando não eram eles mesmos que os emitiam); como seria elaborada a Declaração de Importação; como seriam emitidas as notas fiscais de entrada e de saída por todas as empresas utilizada no fluxo, até que a mercadoria fosse colocada à disposição do seu cliente. Proporcionavam, assim, amplo suporte documental, cambial, logístico e jurídico aos clientes da organização.” Às fls. 044 a 048 a Fiscalização descreve a suposta engenharia da organização e em seguida se esclarece como se dava o fluxo das mercadorias e o fluxo financeiro. Às fls. 054 a 061 a Fiscalização faz um resumo das principais empresas envolvidas no suposto esquema de fraude fiscal. São elas: 2.3.2.1 A Exportadora: Feca Internacional Corporation – CNPJ 07038833/000190 – durante as investigações efetuadas quando da OPERAÇÃO DILÚVIO, constatouse que o principal exportador utilizado pelo Grupo MAM era a Feca Internacional Corporation Constituída em 04/10/2001 com capital inicial equivalente à módica quantia de US $ 50,00 (cinquenta dólares) e sediada na 6124 NW 74 th Avenue, em Miami, Flórida – EUA tinha como presidente o brasileiro Adilson Tadeu Soares – CPF045.344.99809 – que informava possuir o mesmo endereço da empresa no exterior. (...) 2.3.2.2 A Importadora: Borgtec Indústria e Comércio Ltda. CNPJ 05429757/000119 – A Borgtec foi constituída em 05/12/2002 e está sediada na Av. Presidente Vargas, n° 387, no bairro do Pontal em Ilhéus/BA. Está em situada ativa no CNPJ e possui uma filial na cidade do Rio de Janeiro. 2.3.2.3 A Distribuidora (suposta adquirente): Ghats Comércio Exterior Ltda. CNPJ – 68758218/000143. (...) Desde 08/07/2004 tem seu quadro societário constituído pela empresa CEMDA – Consultoria Empresarial Ltda, CNPJ – 05122933/000175, com 95% de participação e Mauro Lima – CPF – 099.423.27720, com 5%. Este sóciogerente da Fl. 1179DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.180 8 Chats é contador e possui participações societárias em outras empresas vinculadas ao Grupo MAM, apresentandose, inclusive, como diretor de algumas delas, como a importadora HiTech do Brasil Ltda S/A, sediada m Ilhéus/BA. Reside em Nova Iguaçu também, à Rua Madressilva, nº. 63, no Bairro Margarida. 2.3.2.4 – A Distribuidora: Control Comércio Exterior Ltda.CNPJ – 02.069.249/000189. (...) Possui endereço cadastral na Rua Madressilva, n°. 19, Margarida, em Nova Iguaçu/RJ, com filiais sediadas n Rua Guilherme Maxwell, n°. 250, Conjunto 202, Bonsucesso, Rio de Janeiro/RJ e na Av. Brasil nº. 19.001, Pavilhão 42, Box 22, Irajá, também no Rio de Janeiro/RJ. (...) 2.3.2.5 A empresa responsável pela assessoria e controle das operações: Interlogistic Consultoria Empresarial Ltda – CNPJ – 06974682/000110. A empresa Interlogistic Consultoria Empresarial Ltda – CNPJ – 06974682/000110, sediada na Rua Buenos Aires, nº 68, 11º andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ, foi constituída em 03/09/2004 e está registrada com CNAE 7119799 (Atividades Técnicas Relacionas à Arquitetura). Também segundo a Fiscalização, em relatório às fls. 061, em seu item 2.3.2.6, consta como empresa responsável pela logística das operações, nos EUA a InTime Shipping Logística Ltda. – CNPJ – 05767921/000106. Às fls. 061 a 066 a Fiscalização descreve o suposto esquema fraudulento e às fls. 066 a 077 a Fiscalização justifica a Sujeição Passiva dos contribuintes e/ou responsáveis tributários na figura de: Já às fls. 077 a 087 a Fiscalização tece sua opinião sobre o valor aduaneiro e alguns métodos de Valoração. Continuando sua explanação a Fiscalização as fls. 087 à 094 justifica a aplicabilidade das multas de oficio, subfaturamento, etc. Da conclusão – fls. 105 a 107. Por fim, a Fiscalização conclui que: “Concluise diante de todo o exposto que a CIL Comércio de informática Ltda. atuou como verdadeiro comprador na operação comercial analisada por essa fiscalização, sem nem sequer ser habilitada para operar Fl. 1180DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.181 9 no comércio exterior. A empresa agiu em conluio com o denominado Grupo MAM, num esquema de simulação em que este, através de suas várias empresas, sob o comando de Marco Antônio Mansur, Marco Antônio Mansur Filho, Antônio Carlos Barbeito Mendes e Alessandra Salewski, atuava como exportador, importador, transportador, distribuidor, etc, ocultando os reais personagens da operação de comércio exterior. Não bastasse a ocultação, as infratoras ainda promoveram o subfaturamento na importação. (...) A Fiscalização concluiu pela responsabilidade solidária dos supostos envolvidos e pela Representação Fiscal para fins Penais em consonância com o § 4º do Art. 1° da Portaria RFB nº 665, de 24 de Abril de 2008. Às fls. 108 a 131, consta cópia da Denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, em 04 de Julho de 2007, nos autos do processo n°. 2007.70.00.00111062, para os supostos envolvidos nos crimes em tese: Halim Nagem Neto – CPF – 233.112.90453, Carlos André Gomes Nagem – CPF 834.153.35453, Valdir Nagem Junior – CPF 427.422.69487, na condição de sócios e efetivos administradores da empresa CIL Comércio de Informática Ltda, nome de fantasia Nagem Informática, José Eduardo de Azevedo Martins – CPF – 682.331.83849, Karina Andrea Parraquez Bustamante – CPF – 301.522.66810, Cristiane Maria Miguel de Sousa – CPF782.481.83491, Marco Antônio Mansur CPF 365.153.45968, Marco Antônio Mansur Filho – CPF – 256.747.26817, Antônio Carlos Barbeito Mendes – CPF – 020.938.45733, Alessandra Salewski – CPF – 103.112.92860. Foi lavrado o auto de infração de fls. 003 a 031, para lançamento do Crédito Tributário referente ao Imposto de Importação – II Juros de mora sobre o II, multa proporcional sobre o Imposto de Importação, Multa do Controle Administrativo – Subfaturamento, Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, Juros de Mora sobre o IPI, multa proporcional sobre o IPI, Multa Regulamentar do IPI – Consumo ou Entrega a Consumo – COFINS – Importação, Juros de mora sobre COFINS Importação, Multa proporcional sobre a COFINS – Importação, PIS – Importação, Juros de Mora sobre o PIS – Importação, Multa proporcional sobre o PIS Importação, no valor total de R$ 3.427.118,46 – Três milhões, quatrocentos e vinte e sete mil, cento e dezoito reais e quarenta e seis centavos – descritos As fls. 106 do Relatório de Auditoria.' Cientificada do lançamento em 28 de Abril de 2010, conforme documento às fls.382, a CIL Comércio e Informática Ltda protocolou tempestivamente, em 26.05.2010, a impugnação cujo inteiro teor se encontra àss fls.391 a 417, de onde se extraem, em resumo, os seguintes argumentos de defesa: Alega a impugnante que os supostos fatos geradores relativos a importações foram realizadas pela Borgtec, cujos bens importados foram adquiridos no mercado interno pela empresa ora impugnante, por meio de operações pautadas na legislação pertinente. Alega que ao longo de 75 laudas, os AuditoresFiscais, autores do lançamento, argumentaram de todas as formas tendentes a imprimir um caráter criminoso, fraudulento, a conduta e ao histórico da ora defendente. (...) Passa a expor que: I Principio do contraditório e da ampla defesa, condenação prévia e sumária. Alega a impugnante que hão de ser desconsideradas, por absoluta impertinência ao que foi apurado durante a fiscalização, as alegações de que as relações comerciais havidas entre a CIL e as indigitadas empresas do grupo MAM serviriam para “...fabricação de débitos tributários em ‘empresas de fachada’ interpostas, incapazes de promoverem os respectivos recolhimentos...’(fls. 39), ou de Fl. 1181DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.182 10 que a suposta ocultação “...normalmente vem atrelada ou desencadeia a prática de outros crimes, direta ou indiretamente, tais como remessa ilegal de divisas, a ocultação de receita, a lavagem de dinheiro, etc.”(fls. 39). Afirmações desse cariz não encontram ressonância nos elementos coligidos aos presentes autos, e não passam de conjecturas absurdas e maldosas, dissociadas por completo dos fatos. Merece relevo o fato de que nenhuma falha foi apurada na contabilidade e nos registros fiscais da empresa. As receitas todas foram devidamente escrituradas e tributadas. Nesse sentido vale remeter às possíveis razões que justificariam (em tese) buscarse a ocultação do real importador, segundo apontam os Auditores que subscrevem os autos impugnados: “impossibilidade de comprovar a procedência legal dos recursos empregados”: todas as compras foram devidamente contabilizadas, assim como os recursos utilizados, como, aliás, apurouse na fiscalização; “falta de habilitação dos interessados perante a Receita Federal do Brasil pra operar no comércio exterior”: nem a empresa, e tampouco seus sócios, contam com óbice de qualquer natureza para o cadastramento nos sistemas de comércio exterior. Simplesmente não era e continua não sendo, o objeto social da pessoa jurídica. E, principalmente, porque a quase totalidade das aquisições dos produtos para a distribuição são feitas junto às próprias fabricantes instalas no território nacional, como se explicará seguir; “pelo ‘afastamento’ da responsabilidade pelas operações realizadas”.0 “Relatório de Auditoria” invoca elementos vindos de outras fiscalizações, em que um “laranja” é interposto, sendo que a importadora, in casu, Borgtec, tem estrutura econômica para responsabilizarse pelas operações de importação que promove como inclusive é relatado no que tange ao capital social devidamente registrado; “quebra da cadeia tributária do IPI”: como será demonstrado, não procede a imputação de subfaturamento que, inexistente, remete à irrelevância a cadeia do IPI, que já foi pago pela importadora; "SIMPLES": a argumentação dos i. Fiscais em nada se relaciona com os autos, pois a impugnante não é empresa participante do SIMPLES, e tampouco a importadora não o é também. II – Das Nulidades: is fls 397 a 406. II1.1 – Da Ausência de indicação de todos os Sujeitos Passivos; A impugnante invoca o § único do artigo 142 do CTN, o artigo 53, da Lei no 9.784/94, e o artigo 10º, incisos I, III, IV e V, do Decreto nº. 70.235/72 para enfatizar que: “Consoante se depreende dos mencionados autos de infração, as atuações ora vergastadas foram formalizadas apenas contara a ora impugnante ( CIL – Comércio de Informática Ltda.) a BORGTEC Indústria e Comércio Ltda, bem como contra as seguintes pessoas naturais:Marco Antônio Mansur, Marco Antônio Mansur Filho e Alessandra Salewski. No entanto, estranhamente, foram excluídas da autuação as empresas Ghats Comércio Exterior Ltda., Control Comércio Exterior Ltda., e Interlogistic Consultoria Empresarial Ltda. Fl. 1182DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.183 11 Vêse, portanto, que, assim como a ora Impugnante foi indevidamente alçada à condição de responsável solidário, com fundamento nas alíneas ‘c’ e ‘d’, do § único, do artigo 32 do Decreto nº 37/66, razão alguma justifica a exclusão antecipada das empresas Ghats, Control e Interlogistic, haja vista que também figuraram como adquirentes de mercadorias de procedência estrangeira. A atuação não poderia, de forma temporã, excluir a sujeição passiva de empresa que, segundo se apurou, “...praticou atos de comércio internacional, comprando no exterior as mercadorias estrangeiras.” II. 1.2. – Da ausência de autorização judicial para o compartilhamento de documentos e informações sob sigilo – fls. 401: Consta do Relatório de Auditoria que: (i) “...os elementos utilizados nesta fiscalização são decorrentes, em sua maior parte, de documentos e arquivos apreendidos em 16 de Agosto de 2006 pela Policia Federal em cumprimento de diversos Mandados de Buscas e Apreensões (MBA) emitidos pela Justiça Federal em Paranaguci/PR...” (fl.36 – destacouse) ; (ii) “A Operação Dilúvio consiste em um conjunto de procedimentos dotados pela Policia Federal e pela Receita Federal, devidamente amparados por autorizações judiciais, com vistas a identificar as pessoas e empresas envolvidas na prática de fraudes aduaneiras e tributárias cometidas pelo Grupo MAM” (fl. 42 – destaque no original); e (iii) “Os elementos apreendidos durante a operacão foram todos remetidos a Curitiba/PR, tendo sido imediatamente disponibilizados à Receita Federal, pela Justiça Federal daquela cidade, para fins de procedimentos fiscais. A Equipe Especial de Análise e Preparo de Ação Fiscal, constituída para esta finalidade, procedeu à triagem e seleção de documentos e arquivos magnéticos de interesse fiscal, assim como à formalização de dossiês para serem remetidos às unidades de fiscalização através de Representações Fiscais. Foi deste trabalho que resultou a Representação Fiscal aludida na introdução deste Relatório, acarretando o inicio dos procedimentos fiscais levados a efeito nas fiscalizadas” (fl. 42/43 negrito e grifos acrescidos). A impugnante alega As fls. 402 a 403 que: “Todavia, antes de se manifestar sobre cada um dos elementos de prova constantes dos autos, é de se perguntar, num primeiro momento, pelos indigitados mandados de busca e apreensão emitidos pela Justiça Federal da Subseção Judiciária de Paranaguá/PR, os quais serviram de lastro legal para coleta licita dos documentos e arquivos apreendidos pela Policia Federal. Indagase, ainda, pelos relatórios produzidos depois de realizadas as aludidas operações de busca e apreensão, nos quais devem constar a lista de documentos e arquivos colhidos em cumprimento a cada um dos mandados emitidos pela Justiça Federal. Sem tais peças não há como se averiguar se, de fato, as ordens judiciais de busca e apreensão foram fielmente cumpridas pelo órgão estatal executor das medidas deferidas pelo Poder Judiciário. Não basta evocar a existência de mandados judiciais autorizando a realização de busca e apreensão nos domicílios, sedes e filiais das pessoas físicas ou jurídicas, é necessário, ainda que se proceda ao controle do resultado obtido em tais diligências, para que se examine se houve ou não excessos ou desmandos nos atos executórios. Fl. 1183DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.184 12 Como, afinal, saber se os elementos “elementos utilizados nesta fiscalização” têm como fonte as ordens judiciais da Justiça Federal da Subseção Judiciária de Paranaguá/PR, se tais peças não existem nos presentes autos. Tal ausência inviabiliza o crivo sobre a licitude das referidas ações policiais de busca e apreensão. À mingua de elementos concretos para a realização da sindicabilidade dos procedimentos realizados no bojo da propalada “Operação Dilúvio”, os quais a ora impugnante desconhece por completo, não há como proceder ao exame da licitude do conjunto probatório coligido aos autos, quando perscrutado à luz dos direitos individuais consagrados nos inciso X, XI e XII, do artigo 5° da Constituição Federal. A impossibilidade de se averiguar se os elementos de prova produzidos pela “Operação Dilúvio” são compatíveis com o texto constitucional gera como conseqüência direta a inadmissibilidade de sua utilização no presente procedimento fiscal. Por outro lado, admitindose, por hipótese, que as requisições de busca e apreensão foram adequadamente requeridas a órgão competente do Poder Judiciário, e que este as deferiu na exata extensão horizontal e vertical em que solicitadas; ou, admitindose, em tese, que as diligencias realizadas para cumprimento dos mandados foram executadas em total respeito às ordens judiciais, e que o material levantado em tais procedimentos são os mesmos que foram compartilhados com a Receita Federal, mesmo assim resta uma questão a ser analisada: em qual ato formal foi materializada a requisição feita pela Receita Federal à Justiça Federal da Subseção judiciária de Paranaguá, com vistas a obter o compartilhamento do acervo documental e arquivos colhidos pela Policia Federal no curso da “Operação Dilúvio”. E mais, qual ato judicial autorizou esse compartilhamento para fins de procedimentos fiscais. Em verdade, tais atos não existem, ou, se existentes, não constam nos presentes autos. É dizer, tanto a requisição quanto a autorização judicial dada pela autoridade judiciária competente são atos pressupostos para o compartilhamento legitimo dos documentos e arquivos apreendidos pela Policia Federal durante a “Operação Dilúvio”. A inexistência desses atos tem como conseqüência a inadmissibilidade de sua utilização como elementos de prova no presente procedimento fiscal. São, portanto, provas obtidas ou compartilhadas ilicitamente, sem prévio e imprescindível controle e autorização judiciais. Se a ordem constitucional vigente exige, para superação pontual e legítima das inviolabilidades asseguradas pelos incisos X, XI e XII do artigo 5°, prévia determinação judicial nesse sentido, a fortiori, também os elementos colhidos em decorrência de ordem judicial, com relativização das supramencionas inviolabilidades constitucionais, somente poderão ser compartilhados a outro órgão do aparato estatal se houver requisição formal do órgão interessado e prévia autorização judicial franqueando sua utilização para o fim ao qual foi solicitada. Transcreve a posição do Eg. STF no HC n°. 93.050/RJ, 2° Turma, Relator: Ministro Celso de Mello, publicado no DJ de 01.08.2008; III – Alega a aplicação cumulativa da multa, que não houve subfaturamento. Por fim, requer seja apreciada com vistas a que seja julgada improcedente a ação fiscal, declarandose insubsistentes os lançamentos. Defesa de Alessandra Salewski – fls. 430 a 456; Resumidamente, a alegação da impugnante retro, é de que não tem nenhum vínculo com a suposta importadora Borgtec Indústria e Comércio Ltda, que houve Fl. 1184DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.185 13 violação da Lei de interceptação telefônica em consonância com HC – Habeas Corpus n°. 142045 PR, no qual figura os pacientes Marco Antônio Mansur e Marco Antônio Mansur Filho, pois os Ministros do C. STJ houveram por bem conceder a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade das provas obtidas por meio das interceptações telefônicas e meios telemáticos e a mesma é beneficiária deste HC. Por fim requer a impugnante que a presente impugnação seja julgada procedente, para o fim de reconhecer a inexistência de sua responsabilidade solidária e determinar a sua exclusão do rol de responsáveis solidários que constou no Auto de Infração e, por conseqüência, não sejam exigidos quaisquer valores relativos ao auto de infração. Defesa de Marco Antônio Mansur – fls. 497 a 538. Resumidamente, a alegação do impugnante retro, é de que não tem nenhum vínculo com a suposta importadora Borgtec Indústria e Comércio Ltda, que houve violação da Lei de interceptação telefônica em consonância com HC – Habeas Corpus – nº.142045 PR, no qual figura como paciente e Marco Antônio Mansur Filho, pois os Ministros do C.STJ houveram por bem conceder a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade das provas obtidas por meio das interceptações telefônicas e meios telemáticos. Por fim requer o impugnante que a presente impugnação seja julgada procedente, para o fim de reconhecer a inexistência de sua responsabilidade solidária e determinar a sua exclusão do rol de responsáveis solidários que constou no Auto de Infração e, por conseqüência, não sejam exigidos quaisquer valores relativos ao auto de infração. Defesa de Marco Antônio Mansur Filho fls. 550 a 592; Resumidamente, a alegação do impugnante retro, é de que não tem nenhum vínculo com a suposta importadora Borgtec Indústria e Comércio Ltda, que houve violação da Lei de interceptação telefônica em consonância com HC – Habeas Corpus n º.142045 PR, no qual figura como paciente e Marco Antônio Mansur, pois os Ministros do C.STJ houveram por bem conceder a ordem de habeas corpus para declarar a nulidade das provas obtidas por meio das interceptações telefônicas e meios telemáticos. Por fim requer o impugnante que a presente impugnação seja julgada procedente, para o fim de reconhecer a inexistência de sua responsabilidade solidária e determinar a sua exclusão do rol de responsáveis solidários que constou no Auto de Infração e, por conseqüência, não sejam exigidos quaisquer valores relativos ao auto de infração. Defesa de Antônio Carlos Barbeito Mendes – fls. 604 a 611. Resumidamente, a alegação do impugnante retro, é de que não tem nenhum vinculo com a suposta importadora Borgtec Indústria e Comércio Ltda, que as acusações são genéricas e improcedentes, que não há nenhuma prova consistente que demonstre quaisquer relações com as empresas supostamente envolvidas no Auto de Infração em apreço. Por fim requer o impugnante que a presente impugnação seja julgada procedente, para o fim de reconhecer a inexistência de sua responsabilidade solidária e determinar a sua exclusão do rol de responsáveis solidários que constou no Auto Fl. 1185DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.186 14 de Infração e, por conseqüência, não sejam exigidos quaisquer valores relativos ao auto de infração. Do contribuinte Borgtec; A empresa Borgetec foi citada por Edital às fls. 383 e não se pronunciou. É o relatório.' A DRJ em Recife votou no sentido de conhecer das impugnação interpostas pelas pessoas arroladas como responsáveis solidários. Não restou provado nos autos, com provas lícitas, o interesse comum dos supostos envolvidos, determinando, de outra sorte, que o Crédito Tributário Apurado no presente Auto de Infração, seja diminuído do valor das demais multas, permanecendo apenas a de 150%, (R$ 3.427.118,46 – R$ 2.583.709,80 = R$ 843.408,66) e imediatamente encaminhado para a cobrança no sujeito passivo Borgtec Indústria e Comércio Ltda. CNPJ 05429757/0000119. Impugnação Procedente em parte, manter o Crédito Tributário em parte, no sujeito passivo Borgtec Indústria e Comércio Ltda – CNPJ – 05429757/0000119, por configurar nos autos do presente processo como Importadora, mantendose a multa qualificada e excluindose do Crédito Tributário as demais multas, por ocorrência de bis in idem. Exonerar da responsabilidade solidária e da sujeição passiva os demais contribuintes arrolados, são eles: CIL Comércio de Informática Ltda, as pessoas físicas Marco Antônio Mansur, Marco Antônio Mansur Filho, Antonio Carlos Barbeito Mendes, e Alessandra Salewski. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 05/2005. 11 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. SUBFATURAMENTO.VALORAÇÃO ADUANEIRA. Restou evidenciado que nas DI's paradigmas explicitadas nestes autos se identificam importações de mercadorias com indicação de valor de transação significativamente menor. A resposta à diligência determinada especificou com maior clareza as informações identificadoras do subfaturamento no preço de transação declarado. IPI —IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS. Os produtos importados irregularmente com sua base de cálculo reduzida, para menor, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim, é lançada a diferença entre o crédito tributário devido e o recolhimento a menor efetuado, juntamente com os seus devidos acréscimos legais. COFINS –IMPORTAÇÃO. A importadora alterou indevidamente, para menor, a base de cálculo dos direitos aduaneiros, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim, é lançada a diferença entre o crédito tributário devido e o recolhimento a menor efetuado, juntamente com os seus devidos acréscimos legais. PIS – IMPORTAÇÃO. Fl. 1186DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.187 15 A importadora alterou indevidamente, para menor, a base de cálculo dos direitos aduaneiros, de modo a reduzir o montante dos tributos devidos. Sendo assim, é lançada a diferença entre o crédito tributário devido e o recolhimento a menor efetuado, juntamente com os seus devidos acréscimos legais. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. COMPETÊNCIA DA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO PARA SE PRONUNCIAR. Nos casos de impugnação a auto de infração, as Delegacias da Receita Federal de Julgamento são competentes para julgar tudo aquilo que for relativo à matéria atinente às infrações apuradas. Inclusive, sobre sujeição passiva solidária quando ficar demonstrado com provas licitas o interesse comum de terceiros envolvidos. INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A autuada praticou ação dolosa tendente a modificar as características essenciais do fato gerador. A fraude consiste em declarar valores a menor, resultando no subfaturamento. Tendo em vista a exoneração correspondente a R$ 2.583.709,80 (dois milhões, quinhentos e oitenta e três mil, setecentos e nove reais e oitenta centavos) e a exclusão do pólo passivo do lançamento da empresa CIL Comércio de Informática Ltda. e das pessoas físicas Marco Antônio Mansur, Marco Antônio Mansur Filho, Antonio Carlos Barbeito Mendes, e Alessandra Salewski, a DRJ em Recife recorreu de ofício, nos termos do art. 34 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e Portaria MF n° 3, de 3 de janeiro de 2008. Não foi interposto recurso voluntário relativamente à parte mantida pela DRJ em Recife. É o relatório. " VOTO VENCEDOR Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Redator Designado. Penso, que o presente processo não se encontra em condições de ser julgado. De fato, em primeiro lugar, há que se considerar que, na esteira da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a decisão proferida em sede habeas corpus não surte efeitos exclusivamente com relação ao paciente. Confirase ementa acórdão proferido nos autos do HC 80479 / RJ1. EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. CRIMES HEDIONDOS. REGIME DE CUMPRIMENTO DE PENA. EXTENSÃO DA DECISÃO AO CORÉU. Os crimes capitulados nos arts. 213 e 214 do CP, para serem considerados como crimes hediondos, devem resultar em lesão corporal de natureza grave ou morte. Precedente. No caso, Fl. 1187DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.188 16 resultaram apenas lesões leves. O paciente deve cumprir a pena em regime inicialmente fechado. Na hipótese de concurso de agentes, o CPP contempla a possibilidade de um dos réus aproveitar a decisão proferida em recurso de outro, desde que os motivos não se fundem em caráter exclusivamente pessoal (CPP, art. 580). A decisão que o paciente pretende ver estendida não se fundamentou em aspectos de ordem exclusivamente pessoal. Habeas deferido. Ou seja, há, com efeito, que se perquirir acerca do efeito da decisão que anulou parte das escutas telefônicas, proferida nos autos do habeas corpus. Nessa esteira, com vistas à compreensão do alcance da decisão que decretou a nulidade parcial das provas, este Relator consultou o sítio do Tribunal Regional Federal da 4ªRegião e obteve cópia da sentença proferida nos autos da Ação Penal nº 2007.70.00.0111062/ PR. Da referida decisão extraise o seguinte excerto: "A despeito de este juízo ter considerado inicialmente válidas as interceptações telefônicas realizadas nos primeiros sessenta dias da medida, o parquet apontou a impossibilidade de separação das provas colhidas, nos moldes pretendidos. Isso porque foram os elementos colhidos em todo o período em que perduraram as interceptações,analisados em conjunto, que deram suporte às medidas de busca e apreensão posteriormente deferidas que, por sua vez, deram ensejo à colheita de elementos representativos da materialidade do crime de descaminho e de falsidade ideológica, tais como notas fiscais e dados armazenados em computadores." A esse respeito, colhese da manifestação ministerial: 'Sem as provas conseguidas através da interceptação, não seria possível a obtenção dos mandados de busca e apreensão; sem as provas carreadas aos autos com o cumprimento destes, não seria possível a apreensão,para dizer o mínimo, de centenas de milhares de notas fiscais/computadores contendo os verdadeiros preços das mercadorias descaminhadas; sem a análise destes, pela Receita Federal, em conjunto com os inúmeros emails interceptados, os laudos que acompanham as denúncias não teriam sido produzidos. Insistindo; a pretendida separação é impossível.' Dessa forma, temse que até mesmo naqueles casos em que houve constituição do crédito tributário, esta se deu com suporte em prova eivada pelo vício da ilicitude, não podendo subsistir, ante a aplicação da "teoria dos frutos da árvore envenenada" (art. 157, §1°,CPP)." Em face de tal decisão, em que pese a independência entre as esferas judicial (criminal) e administrativa (tributária), a nulidade decretada pelo acórdão proferido nos autos do habeas corpus poderá produzir efeitos no presente processo, pois há norma concreta (sentença transitada em julgado) que impossibilitaria a utilização de provas colhidas no juízo criminal e compartilhadas com as autoridades fiscais. Não vejo, entretanto, fundamento para, com base na decisão proferida na Ação Penal nº 2007.70.00.0111062/ PR, decretar a insubsistência da exigência fiscal. Até porque a impossibilidade de segregar as provas contaminadas faz parte Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.189 17 dos motivos de decidir (e não da decisão) e, como tal, não se encontra albergada pela coisa julgada, nos termos do art. 469, I do Código de Processo Civil. Reforça essa convicção a decisão proferida nos autos do Habeas Corpus 2007.70.00.0160267/ PR, onde o Poder Judiciário rejeitou a proposta de extensão dos efeitos da decisão proferida nos autos do Habeas Corpus que decidiu pela absolvição. Desnecessário, ademais, tecer maior comentários acerca independência das esferas administrativa e judicial e dos poderes de instrução do Fisco. Ou seja, a autoridade fiscal não se sujeita às conclusões do Ministério Público Federal. Por outro lado, tratandose de prova colhida na esfera criminal, é preciso ter em mente o que diz o art. 157, caput e §§ do Código de Processo Penal, segundo a redação fornecida pela Lei 11.690/2008, que, relembrese, possui a seguinte redação: 'Art.157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo,as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. §1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. §2o Considerase fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.' Assim, nos mesmos moldes adotados pelo magistrado que presidiu o processo criminal, entendo prudente que seja conferida oportunidade para que as autoridades que assumem posição análoga à do autor daquela ação, ou seja, os autuantes, analisem as provas colacionadas aos autos e segreguem, além das interceptações em si, os elementos que na sua opinião, não possuam nexo de causalidade com as interceptações ou, ainda que possuam, poderiam ser enquadradas como fonte independente daquela declarada nula, nos termos do que dispõe o § 1º acima transcrito. Deverá ser elaborado parecer conclusivo elencando os elementos de prova que a autoridade considera não maculados e a razão pela qual os considera regularmente produzidos, sendo ponto de partida para tanto as interceptações realizadas no período de 60 dias, consideradas válidas pelo Poder Judiciário. Assim, se requer que a Fiscalização responda, em parecer fundamentado, às seguintes questões: 1) Identifique e relacione os documentos obtidos a partir de fonte independente, ou seja, independentemente da autorização consubstanciada no Mandado de Busca e Apreensão e dos documentos e arquivos magnéticos apreendidos em seu cumprimento. 2) Especifique a relação entre os documentos elencados no item 1 e a acusação que recai sobre os devedores, principal e solidários. Fl. 1189DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.190 18 Concluído tal parecer, deverá ser franqueado o prazo de 30 dias para que as pessoas físicas e jurídicas apontadas como devedoras principal e solidárias teçam suas considerações. Concluído tal prazo, com ou sem a apresentação de manifestação, devem os autos retornar a este Colegiado para prosseguimento do julgamento. É como Voto. (Assinatura digital) Luis Marcelo Guerra de Castro A diligência foi realizada e o "Relatório de Diligência Fiscal" encontrase nas fls. 924 a 929. Em síntese, o citado relatório apresenta uma lista de "documentos apreendidos", constantes dos autos, que "seriam produzidos em qualquer procedimento fiscal, independentemente da existência de escuta telefônica ou interceptação de dados". `A lista, adiciona documentos "suficientes para a caracterização da ocultação promovida, que foram apreendidos em Miami, Estados Unidos" (. . .) em decorrência de apoio recebido daquele Estado estrangeiro, sendo assim admitidos como de legítima obtenção". A Cil Comércio de Informática Ltda., Sr. Marco Antonio Mansur e Sra. Alessandra Salewski manifestaramse sobre o "Relatório de Diligência Fiscal. Em suma, aduziram o seguinte: CIL Comércio de Informática Ltda. A autuação está lastreada unicamente em documentos apreendidos na "Operação Dilúvio" (DI, notasfiscais, ordens de compra e venda de produtos, invoice, proforma invoice, comprovantes de transferências bancárias etc.), os quais estão direta e indissociavelmente derivados das ilícitas interceptações telefônicas. Por conta disto, "a ilicitude da provamatriz (interceptações telefônicas tida, aqui, como árvore envenenada) contaminou com idêntico vício insanável as provas dela derivadas (seus frutos), razão pela qual não devem ser admitidas no presente processo fiscal, por serem ostensivamente ilícitas." Nesta linha conclui que "sem tais provas, é inconteste o esvaziamento dos elementos indicativos da materialidade dos fatos geradores e da sujeição passiva (. . .) nada restando a fazer senão o completo afastamento da autuação lavrada contra a impugnante." Marco Antonio Mansur Não é aplicável a teoria da fonte independente (§ 1° do art. 157 do Código Processo Penal), pois todas as provas são decorrentes das interceptações telefônicas e dos consequentes Mandados de Busca e Apreensão, não tendo o Relatório de Diligência Fiscal trazido prova não maculada pela operação Dilúvio. As conclusões finais do citado relatório apenas confirmam a impossibilidade de segregação das provas que teriam sido produzidas nos sessenta primeiros dias de interceptação telefônica. Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.191 19 A diligência listou documentos, mas "não foi capaz de demonstrar a independência das provas, tampouco a ausência de nexo com as provas ilícitas da Operação Dilúvio". "Além disso, destacase que, mesmo se aceitasse a argumentação do Relatório de Diligência, não há qualquer menção ao ora Requerente, muito menos a relação do documento com sua responsabilização. Portanto, ao menos em relação ao ora requerente, fica sem resposta a determinação da Resolução do CARF." Alega que foram desconsideradas as personalidades jurídicas da importadora e adquirentes e ignorou os seus sócios. Para tanto, contudo, a doutrina e jurisprudência do CARF são pacíficas no sentido de considerar necessária prévia decisão judicial. Cita precedentes do STJ e CARF. Por fim, aduz ser absurda a manutenção de multa qualificada, em razão da inexistência de fraude. "Se não houve réu, em processo judicial, imputação de responsabilidade penal, não há que se falar em responsabilização penal tributária." Alessandra Salewski A ilegalidade das provas foi reconhecida pelo E. Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos autos do HC n° 142.045/PR. Assim, não há que se falar em aproveitamento de qualquer documento constante dos autos. O relatório está calcado na equivocada premissa de que os elementos probatórios relacionados seriam produzidos em qualquer procedimento fiscal, independentemente de escuta telefônica. Ocorre que não se pode conferir validade aos documentos, com base em hipóteses que não ocorreram. Nas ações penais 2006.70.00.0257520/PR, 2006.70.00.0303839/PR e 2007.70.00.0111.013/PR, o Poder Judiciário, amparado em parecer do Ministério Público Federal, reconheceu ser impossível fragmentar os elementos probatórios voltados à constituição de suposto crédito tributário e à materialização de supostos crimes, haja vista a contaminação decorrente da ilegalidade praticada na operação Dilúvio. Encerra, protestando pelo cumprimento das decisões proferidas no HC n° 142.045/PR e nas referidas ações penais, pois não se pode afastar os efeitos da coisa julgada. É o relatório." Em 24/08/16, esta turma negou provimento ao recurso de ofício e o Acórdão n° 3301003.060 foi assim ementado: "Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/05/2005 a 31/05/2005 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CÁLCULO DAS MULTAS REGULAMENTARES. PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITOS. Os meios utilizados para obtenção das provas contidas nos autos foram considerados como ilícitos pelo Poder Judiciário. Assim, as provas carreadas aos autos são imprestáveis, não restando comprovado o interesse comum das pessoas jurídica e físicas às quais foi atribuída responsabilidade solidária. Fl. 1191DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.192 20 Do mesmo modo, há de se exonerar as multas regulamentares, em razão de terem sido calculadas com base em documentos ilícitos. Recurso de Ofício Negado" A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) opôs embargos de declaração, assim sintetizados no Despacho de Admissibilidade DA (fls. 1.127 a 1.131): "1 Contradição Recorrendo ao exemplo de outros julgados do Conselho, alega a Fazenda Nacional que o acórdão atacado incide em contradição, na medida em que o argumento ligado à violação do art. 142 por questões relacionadas à falha na descrição e na comprovação dos fatos geradores enseja a nulidade por vício formal do lançamento, e não o seu cancelamento por vício material. Comenta ser indispensável o saneamento dessa questão, para que não haja prejuízo ao disposto no art. 173 [inciso II] do Código Tributário Nacional, a seguir transcrito: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: ................................... II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. (. . .) 2 Omissão A segunda contestação da Fazenda Nacional diz respeito ao argumento de que pode ser aproveitada a prova que, mesmo circunstancialmente ilícita, seria conseguida de qualquer maneira, por atos de investigação válidos. Em seu entendimento, portanto, o acórdão teria sido omisso ao ignorar a possibilidade de exclusão da ilicitude em razão da descoberta inevitável, seguindo a doutrina e a jurisprudência do STF. (. . .)" Por meio do DA datado de 14/09/17, o então Presidente desta turma acolheu parcialmente os embargos, determinando a apreciação das alegações concernentes à suposta contradição. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira Cuida o presente feito de embargos de declaração opostos pela PGFN, em face do Acórdão n° 3301003.060. Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.193 21 Transcrevo trecho do Despacho de Admissibilidade DA (fls. 1.127 a 1.131), em que se encontram a síntese dos argumentos da PGFN e a conclusão do então Presidente desta turma, no sentido de acolher os embargos de declaração, no que concerne à alegada contradição: "1 Contradição Recorrendo ao exemplo de outros julgados do Conselho, alega a Fazenda Nacional que o acórdão atacado incide em contradição, na medida em que o argumento ligado à violação do art. 142 por questões relacionadas à falha na descrição e na comprovação dos fatos geradores enseja a nulidade por vício formal do lançamento, e não o seu cancelamento por vício material. Comenta ser indispensável o saneamento dessa questão, para que não haja prejuízo ao disposto no art. 173 [inciso II] do Código Tributário Nacional, a seguir transcrito: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: ................................... II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Com efeito, apresentase uma possível contradição, lastreada em argumentação específica e suficiente para a admissibilidade dos embargos, cujo mérito deve ser oportunamente apreciado pelo Colegiado. Em relação a este primeiro quesito, convém notar que o presente despacho não determina se, efetivamente, ocorreu o vício apontado. Nesse sentido, o exame de admissibilidade não se confunde com a apreciação do mérito dos embargos, que é tarefa a ser empreendida subsequentemente pelo Colegiado." Faço breve relato da decisão embargada. A fiscalização lavrou auto de infração, para cobrança de tributos e multas regulamentares, em razão de supostamente ter desbaratado esquema fraudulento, que ocultava reais adquirentes e promovia subfaturamento de importações. Foram incluídas as pessoas físicas e jurídicas que teriam atuado em conluio para cometimento das citadas infrações. Por meio do Acórdão n° 33.060, a DRJ decidiu pela: I) exclusão da responsabilidade tributária e sujeição passiva de CIL Comércio de Informática Ltda. (CIL), Sr. Marco Antonio Mansur, Sr. Marco Antonio Mansur Filho, Sr. Antonio Carlos Barbeito Mendes e Sra. Alessandra Salewski, em razão de as provas carreadas aos autos terem sido obtidas por meios ilícitos, nos termos de decisão judicial; e II) exclusão das multas regulamentares de 100% da diferença entre o valor declarado na DI e o apurado pela fiscalização e de 100% do valor comercial, pela ocorrência de bis in idem. Com efeito, o restante do crédito tributário lançado de ofício, composto por Imposto de Importação (II), Imposto sobre produtos Industrializados (IPI), PIS e COFINS Importação, multas de ofício agravadas (150%) e juros Selic, foi considerado como definitivo e em desfavor do real importador, Borgtec Indústria e Comércio Ltda (Borgtec), que não compareceu aos autos em momento processual algum. Esta turma, por sua vez, negou provimento ao recurso de ofício e o Acórdão ora embargado foi assim ementado: Fl. 1193DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.194 22 "Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/05/2005 a 31/05/2005 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CÁLCULO DAS MULTAS REGULAMENTARES. PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITOS. Os meios utilizados para obtenção das provas contidas nos autos foram considerados como ilícitos pelo Poder Judiciário. Assim, as provas carreadas aos autos são imprestáveis, não restando comprovado o interesse comum das pessoas jurídica e físicas às quais foi atribuída responsabilidade solidária. Do mesmo modo, há de se exonerar as multas regulamentares, em razão de terem sido calculadas com base em documentos ilícitos. Recurso de Ofício Negado" Verificase que o recurso de ofício foi negado, pelo fato de as provas juntadas aos autos terem sido consideradas ilícitas pelo Poder Judiciário, pois obtidas por meios ilícitos. Em seus embargos, a PGFN alega que a decisão incide em contradição, na medida em que o argumento ligado à violação do art. 142 do CTN, por questões relacionadas à falha na descrição e na comprovação dos fatos geradores, enseja a nulidade por vício formal do lançamento, e não o seu cancelamento por vício material. Não assiste razão à embargante. Este colegiado proferiu tal decisão, com fundamento no inciso LVI do art. 5° da Constituição Federal e art. 30 da Lei n° 9.784/99, que vedam a utilização de provas ilícitas no processo. E as provas contidas nos presentes autos foram consideradas ilícitas por decisão judicial. Nos termos caput do art. 50 da Lei n° 9.784/89, "Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos:(. . .)." E provas que não são válidas para a comprovação dos fatos nos quais o ato administrativo se baseou, não se prestam para motiválo. E o tornam nulo. E, no meu sentir, por vício material. De forma mais objetiva, o judiciário considerou ilícitas as provas carreadas aos autos, adotadas para a formação do conjunto probatório que levou a fiscalização a concluir terem sido cometidas as infrações de ocultação dos reais importadores e subfaturamento. E a constatação desta infração, por sua vez, redundou no lançamento de tributos e multas regulamentares e responsabilização tributária das pessoas físicas e jurídica acima mencionadas. E entendo que tal falha na motivação do lançamento configurase como um vício material. Neste sentido, colaciono excerto da obra de Marcus Vinicius Neder e Maria Tereza Martínez Lópes ("Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado", 3° Ed. São Paulo: Dialética, 2010, página 566): "Para Eurico de Santi, se o lançamento objeto de invalidação apresentar vício em seu processo de produção, é caso de anulação; se o vício estiver instalado em seu produto, é caso de nulidade. Vincula, portanto, a anulação aos problemas que se referem ao processo de produção do lançamento (vícios formais) e a nulidade aos problemas inerentes ao conteúdo do ato (vícios materiais). Num ato de lançamento, o resultado pretendido é a Fl. 1194DF CARF MF Processo nº 19647.003588/201066 Acórdão n.º 3301004.870 S3C3T1 Fl. 1.195 23 constituição do crédito tributário, pois é condição para que a Fazenda possa exercer o seu direito ao tributo. Assim, se a invalidade do lançamento decorre de problemas nos pressupostos de constituição do ato, ou seja, na aplicação da regramatriz de incidência e na comprovação da ocorrência do fato (direito material), dizse que o vício é material. Se a anulação decorre de vício de forma ou de formalização do ato, o vício é formal e se aplica o art. 173, inciso II, para reinício da contagem do prazo decadencial." (g.n.) Isto posto, rejeito os embargos de declaração interpostos pela PGFN, que tinham como objetivo o de fazer constar na decisão que o vício que a motivou a afastar do polo passivo os responsáveis solidários e cancelar as multas regulamentares era formal, quando, na verdade, era material. (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 1195DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.674258/2011-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/08/2002
PIS. BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO.
O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços (ICMS) não compõe a base de incidência do PIS e da Cofins.
O Supremo Tribunal Federal (STF), por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da Cofins, o que afasta, de imediato, o anterior entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Resp 1.144.469/PR, no regime de recursos repetitivos.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-004.135
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso. Vencidos os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza, que lhe negavam provimento.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/08/2002 PIS. BASE DE CÁLCULO. ICMS. EXCLUSÃO. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços (ICMS) não compõe a base de incidência do PIS e da Cofins. O Supremo Tribunal Federal (STF), por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da Cofins, o que afasta, de imediato, o anterior entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no Resp 1.144.469/PR, no regime de recursos repetitivos. Recurso Voluntário Provido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso. Vencidos os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza, que lhe negavam provimento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 42 58 /2 01 1- 01 Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferir o Pedido de Restituição de créditos da contribuição para o PIS, decisão essa lastreada na ausência de direito creditório disponível, uma vez que os pagamentos declarados já haviam sido integralmente utilizados na quitação de débitos do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte havia alegado que o crédito pleiteado decorrera da inclusão indevida do ICMS na base de cálculo da contribuição, uma vez que referido imposto não se consubstancia em receita própria, tratandose de valor alheio aos limites constitucionais da incidência da contribuição, já tendo o Supremo Tribunal Federal (STF) sinalizado exatamente nesse sentido, conforme se verifica no julgamento do RE 240.7852/MG. Solicitou, ainda, a realização de perícia capaz de atestar que os valores devidos a título de ICMS compuseram indevidamente a base de cálculo das contribuições, bem como a exatidão do montante a ser restituído. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 06051.828, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, por ser, segundo ela, incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo da contribuição, valor esse integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados. Em seu Recurso Voluntário, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito creditório, arguindo o seguinte: (i) a base de cálculo da contribuição é a receita bruta, sendo que apenas os valores correspondentes ao resultado das atividades devem integrála, não alcançando, portanto, o ICMS; (ii) nem sempre o ingresso de capitais ou recursos financeiros na sociedade representa a entrada de receitas, mormente quando apartadas da aquisição do direito patrimonial sobre eles, como ocorre no caso do ICMS, haja vista sua absoluta incapacidade de alterar o patrimônio líquido da sociedade, dado constituirse de um direito do Estado; (iii) o conceito de receita, qualquer que seja a sua fonte de origem (de venda de bens ou serviços, financeiras, etc.), decorre sempre e necessariamente do exercício da atividade empresarial, representando, também, sempre e necessariamente, riqueza nova ingressando ao patrimônio da sociedade empresarial; (iv) o ICMS destacado nas notas fiscais de venda de mercadorias pela Recorrente não consubstancia receita própria, razão pela qual se trata de valor alheio aos Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 4 3 limites constitucionais da incidência da Contribuição ao PIS e da Cofins, seja de seu critério material, seja de seu critério subjetivo; (v) o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário nº 240.7852/MG, decidiu que o ICMS não integra a base de cálculo da Cofins; (vi) ao caso se aplica o contido no art. 26A do Decreto 70.235/1972; (vii) a inconstitucionalidade arguida pode ser enfrentada em âmbito administrativo, em razão da decisão definitiva plenária proferida pelo Supremo Tribunal Federal; (viii) cita jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais em seu favor; (ix) a Lei 9.718/1998 e as que lhe sucederam jamais determinaram a inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins; (x) uma vez demonstrado ser indevida a inclusão dos valores do ICMS na base de cálculo da Contribuição ao PIS e da Cofins, temse o direito de pleitear a restituição do quantum recolhido indevidamente a este título, respeitado o prazo de 5 (cinco) anos; (xi) necessidade de realização de prova pericial. É o relatório. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão 3201004.124, de 25/07/2018, proferido no julgamento do processo nº 10880.674237/201188, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.124): Assiste razão à Recorrente. O Supremo Tribunal Federal STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. Referida decisão possui a seguinte ementa: "RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Inviável a apuração do ICMS tomandose cada mercadoria ou serviço e a correspondente cadeia, adotase o sistema de apuração contábil. O montante de ICMS a recolher é apurado mês a mês, considerandose o total de créditos decorrentes de aquisições e o total de débitos gerados nas saídas de mercadorias ou serviços: análise contábil ou escritural do ICMS. 2. A análise jurídica do princípio da não cumulatividade aplicado ao ICMS há de atentar ao disposto no art. 155, § 2º, inc. I, da Constituição da República, cumprindose o princípio da não cumulatividade a cada operação. 3. O regime da não cumulatividade impõe concluir, conquanto se tenha a escrituração da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal. O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da COFINS. 3. Se o art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998 excluiu da base de cálculo daquelas contribuições sociais o ICMS transferido integralmente para os Estados, deve ser enfatizado que não há como se excluir a transferência parcial decorrente do regime de não cumulatividade em determinado momento da dinâmica das operações. 4. Recurso provido para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. (RE 574706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe223 DIVULG 29092017 PUBLIC 02102017) O Supremo Tribunal Federal STF já está a aplicar o entendimento firmado em outros processos, conforme se depreende do julgado adiante colacionado: Fl. 153DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 6 5 "COFINS E PIS – BASE DE CÁLCULO – ICMS – EXCLUSÃO. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços – ICMS não compõe a base de incidência do PIS e da COFINS. Precedentes: recurso extraordinário nº 240.785/MG, relator ministro Marco Aurélio, Pleno, acórdão publicado no Diário da Justiça de 8 de outubro de 2014 e recurso extraordinário nº 574.706/PR, julgado sob o ângulo da repercussão geral, relatora ministra Cármen Lúcia, Pleno, acórdão veiculado no Diário da Justiça de 2 de outubro de 2017. REPERCUSSÃO GERAL – ACÓRDÃO – PUBLICAÇÃO – EFEITOS – ARTIGO 1.040 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. A sistemática prevista no artigo 1.040 do Código de Processo Civil sinaliza, a partir da publicação do acórdão paradigma, a observância do entendimento do Plenário, formalizado sob o ângulo da repercussão geral. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Descabe a fixação dos honorários recursais previstos no artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015, quando se tratar de recurso formalizado em processo cujo rito os exclua. AGRAVO – MULTA – ARTIGO 1.021, § 4º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. Se o agravo é manifestamente inadmissível ou improcedente, impõese a aplicação da multa prevista no § 4º do artigo 1.021 do Código de Processo Civil de 2015, arcando a parte com o ônus decorrente da litigância protelatória."(RE 440787 AgRsegundo, Relator(a):Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 03/04/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe098 DIVULG 18052018 PUBLIC 21052018) Com a decisão proferida pela Corte Suprema, não mais prevalece o contido no REsp 1.144.469/PR do Superior Tribunal de Justiça STJ. O entendimento ora esposado encontra amparo no fato de o próprio Superior Tribunal de Justiça STJ não mais estar aplicando o seu antigo posicionamento. A Corte Superior de Justiça, de modo reiterado, está decidindo de acordo com o julgado no RE 574.706. A título ilustrativo, colacionase recentes decisões em tal sentido, verbis: "PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 1.040, II, DO CPC/2015. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. RECENTE POSICIONAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL (RE 574.706/PR). 1. O recurso especial foi interposto na vigência do CPC/1973. Dessa forma, sujeitamse aos requisitos de admissibilidade nele previstos, conforme diretriz contida no Enunciado Administrativo n. 2 do Plenário do STJ. 2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 574.706/PR, em repercussão geral, Relatora Ministra Cármen Lúcia, entendeu que o valor arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do contribuinte e, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo dessas contribuições, que são destinadas ao financiamento da Seguridade Social. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para realizar a adequação prevista no art. 1.030, II do CPC/2015." (EDcl no AgRg no REsp 1276424/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/05/2018, DJe 21/05/2018) "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. JULGAMENTO DO TEMA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM REPERCUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO PELO PRÓPRIO STJ. ADEQUAÇÃO AO DECIDIDO PELO STF. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 7 6 1. A Jurisprudência pacífica desta Corte de Justiça possuía o entendimento de considerar legal a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, nos termos das Súmulas 68 e 94 do STJ. Posicionamento este ratificado pela Primeira Seção do STJ no julgamento do Resp 1.144.469/PR, processado e julgado como representativo de controvérsia. 2. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, por ocasião da apreciação do RE 574.706RG/PR, com repercussão geral reconhecida, firmou tese contrária à fixada pela Primeira Seção do STJ. 3. Juízo de retratação exercido nestes autos (art. 1.040, II, do CPC/2015), para negar provimento ao apelo nobre da Fazenda Nacional." (REsp 1496603/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/04/2018, DJe 25/04/2018) "TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUTIVA, PREVISTA NA LEI 12.546/2011. JULGAMENTO PELO STF, EM REGIME DE REPERCUSSÃO GERAL. RE 574.706/PR. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. ART. 1.040, II, DO CPC/2015. AGRAVO INTERNO PROVIDO, EM JUÍZO DE RETRATAÇÃO, PARA NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, QUANTO AO TEMA OBJETO DA REPERCUSSÃO GERAL. I. Agravo interno aviado contra decisão que deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, contra acórdão que, negando provimento à Apelação e à Remessa Oficial, havia mantido a sentença que concedera o Mandado de Segurança. II. A Segunda Turma do STJ, considerando a jurisprudência pacífica da Corte, quando do julgamento do Recurso Especial interposto, no sentido da incidência do ICMS na base de cálculo da contribuição previdenciária substitutiva, prevista na Lei 12.546/2011, negou provimento ao Agravo interno do contribuinte. III. Entretanto, posteriormente, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 574.706/PR, sob o regime da repercussão geral, firmou a tese de que "o ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS" (STF, RE 574.706/PR, Rel. Ministra CÁRMEN LÚCIA, TRIBUNAL PLENO, DJe de 02/10/2017), porquanto o valor arrecadado, a título de ICMS, não se incorpora ao patrimônio do contribuinte, e, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo do PIS e da COFINS, contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social. Diante da nova orientação da Suprema Corte, o STJ realinhou o seu posicionamento (STJ, REsp 1.100.739/DF, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 08/03/2018; AgInt no AgInt no AgRg no AREsp 392.924/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 06/03/2018). Mutatis mutandis, a mesma lógica deve ser aplicada para a contribuição previdenciária substitutiva, prevista nos arts. 7º e 8º da Lei 12.546/2011, em razão da identidade do fato gerador (receita bruta). Com efeito, "os valores relativos ao ICMS não integram a base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta CPRB, prevista na Lei n. 12.546/11, porquanto não se incorporam ao patrimônio do contribuinte, é dizer, não caracterizam receita bruta, em observância à axiologia das razões de decidir do RE n. 574.706/PR, julgado em repercussão geral pelo STF, no qual foi proclamada a inconstitucionalidade do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS" Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 8 7 (STJ, REsp 1.568.493/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 23/03/2018). Em igual sentido: STJ, REsp 1.694.357/CE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 01/12/2017. IV. Nesse contexto, retornaram os autos por determinação da Vice Presidência do STJ, para fins do disposto no art. 1.040, II, do CPC/2015 , em face do aludido julgado do Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral. V. Agravo interno provido, para, em juízo de retratação, previsto no art. 1.040, II, do CPC/2015, negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional." (AgInt no REsp 1592338/SC, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe 23/04/2018) Neste contexto, não há como negar plena efetividade ao decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, já que o próprio Superior Tribunal de Justiça STJ não mais aplica o entendimento firmado no REsp 1.144.469/PR. O mesmo posicionamento tem sido adotado pelos Tribunais Regionais Federais. Neste sentido: "EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS. ENTENDIMENTO DO STF. RE 574.706/PR, SOB O RITO DA REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 69 STF. Conforme estabelecido pelo STF, no Tema 69, "O ICMS não compõe a base de cálculo para fins de incidência do PIS e da Cofins" (Recurso Extraordinário com repercussão geral nº 574.706)." (TRF4, AC 5004059 55.2015.4.04.7215, SEGUNDA TURMA, Relatora LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH, juntado aos autos em 09/07/2018) "TRIBUTÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. RETRATAÇÃO. BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS. ENTENDIMENTO DO STF. RE 574706/PR. TEMA 69 STF. Conforme estabelecido pelo STF, no Tema 69, "O ICMS não compõe a base de cálculo para fins de incidência do PIS e da Cofins" (Recurso Extraordinário com repercussão geral nº 574.706)." (TRF4, EINF 2006.70.00.0284961, PRIMEIRA SEÇÃO, Relator ROGER RAUPP RIOS, D.E. 10/07/2018) "TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO. ICMS. EXCLUSÃO BASE CÁLCULO. PIS E COFINS. SUSPENSÃO. RE 574.706. VINCULAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO. No caso, foram abordadas todas as questões debatidas pela Agravante, tendo sido apreciada a tese de repercussão geral, julgada em definitivo pelo Plenário do STF, que decidiu que "O ICMS não compõe a base de cálculo para fins de incidência do PIS e da COFINS". Cabe destacar que foi reconhecida a repercussão geral do RE 574.706/PR, e julgado o mérito do recurso pelo Plenário do STF, devendo os tribunais decidir no mesmo sentido do entendimento adotado, nos termos do art. 1.040, II do CPC, e incumbindo ao Relator decidir de forma monocrática, como prevê o art. 932 do CPC. Anotese que a diretriz jurisprudencial firmada deve ser observada pelos demais Tribunais, como tem reiteradamente decidido o próprio STF, que, inclusive, tem aplicado a orientação firmada a casos similares. Precedentes. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 9 8 Quanto à alegação de que o feito deve ser sobrestado até a publicação do acordão, resultante do julgamento dos embargos de declaração a serem opostos pela Fazenda Nacional, cabe salientar o que restou consignado na r. decisão combatida de que a decisão proferida pelo STF no RE 574.706, independentemente da pendência de julgamento dos aclaratórios, já tem o condão de refletir sobre as demais ações com fundamento na mesma controvérsia, como no presente caso, devendo, portanto, prevalecer a orientação firmada pela Suprema Corte. Ademais, quanto à eventual insurgência relativa à possibilidade de modulação dos efeitos do julgado, ressaltase não ser possível, nesta fase processual, interromper o curso do feito apenas com base numa expectativa que até o momento não deu sinais de confirmação, dada a longevidade da ação e os efeitos impactantes que o paradigma ocasiona. A regra geral relativa aos recursos extraordinários, julgados com repercussão geral, é a de vinculação dos demais casos ao julgado, sendo que a inobservância da regra deve ser pautada em razões concretas. A tese de repercussão geral fixada foi a de que "O ICMS não compõe a base de cálculo para fins de incidência do PIS e da COFINS". A motivação dos embargos de declaração, embora não tenha sido acolhida, não permite a conclusão de que foram opostos em litigância de máfé ou com manifesto caráter protelatório. As razões recursais não contrapõem os fundamentos do r. decisum a ponto de demonstrar qualquer desacerto, limitandose a reproduzir argumentos os quais visam à rediscussão da matéria nele contida. Negado provimento ao agravo interno." (TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, Ap APELAÇÃO CÍVEL 369987 000198616.2017.4.03.6000, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL MÔNICA NOBRE, julgado em 04/07/2018, eDJF3 Judicial 1 DATA:20/07/2018 ) "CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA COFINS E DO PIS. ILEGALIDADE. STF. RE 574.706/PR. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 069. COMPENSAÇÃO. SÚMULA Nº 213 DO STJ. SUFICIÊNCIA DA PROVA DA CONDIÇÃO DE CREDORA TRIBUTÁRIA. 1. Ao apreciar o tema no âmbito do RE 574.706/PRRG (Rel. Min. Cármen Lúcia), o E. STF firmou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da COFINS." 2. Quanto à análise da compensação tributária em sede mandamental, o próprio C. STJ tem reiterado a aplicação do seu Enunciado 213, limitando, in casu, a prova à simples condição de credora tributária, por não se confundir com os fundamentos adotados no REsp 1.111.164/BA. 3. Apelação a que se dá parcial provimento, concedendose a segurança para determinar a exclusão, relativa à base de cálculo da COFINS e do PIS, da parcela relativa ao ICMS, autorizando a respectiva compensação, observado, contudo, o lustro prescricional (RE 566.621/RS, Rel. Min. Ellen Gracie), na forma da legislação de regência, notadamente com respeito ao disposto no artigo 74 da Lei nº 9.430/96, com a redação que lhe conferiu a Lei nº 10.637/02, artigo 170A do CTN e correção monetária com a incidência da Taxa SELIC, considerando que a presente ação mandamental foi ajuizada em 08/07/2008. 4. Acresçase, por oportuno, que a pendência de análise de modulação dos efeitos, pelo eventual acolhimento dos aclaratórios opostos no referido RE Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 10 9 574.706/PR, não tem o condão de atrair o efeito suspensivo aqui perseguido, não merecendo, nesse viés, prosperar o argumento alinhavado pela União Federal nesse exato sentido, AC 2015.61.10.0085860/SP, Relator Desembargador Federal ANDRÉ NABARRETE, decisão de 08/03/2018, D.E. 23/03/2018; EDcl na AMS 2007.61.12.0077639/SP, Relator Desembargador Federal MARCELO SARAIVA, decisão de 26/03/2018, D.E. 05/04/2018, e AMS 2014.61.05.0105413/SP, Relatora Desembargadora Federal MÔNICA NOBRE, Quarta Turma, j. 21/02/2018, D.E. 22/03/2018. 5. Matéria reapreciada, em sede de juízo de retratação, por força do artigo 543B, § 3º, do CPC/73, aplicável à espécie." (TRF 3ª Região, QUARTA TURMA, Ap APELAÇÃO CÍVEL 333152 001626088.2008.4.03.6100, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL MARLI FERREIRA, julgado em 20/06/2018, eDJF3 Judicial 1 DATA:20/07/2018 ) Pertinentes são as palavras da Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, em voto proferido no processo 10580.721226/200701 (Acórdão 3301004.355): "Venho sustentando que, para fins de interpretação do § 2° do art. 62 do RICARF, negar a aplicação da decisão do RE n° 574.706 RG, com base no REsp n° 1.144.469/PR (julgado como recurso repetitivo e já transitado em julgado), é uma falácia. É uma falácia, porquanto o próprio STJ já alterou seu posicionamento para reconhecer que o ICMS não integra a base de cálculo da contribuição para o PIS e COFINS, afastando a aplicação do REsp 1.144.469/PR, em virtude da decisão do STF, como se observa nas decisões citadas abaixo: (...) Por conseguinte, estando o acórdão do RE n° 574.706 RG desprovido de causa suspensiva, deve ser imediatamente aplicado. Defendo que tal situação se coaduna com a condição de “decisão definitiva de mérito”, para fins de aplicação do art. 62, § 2° do RICARF." Cito, ainda: "Os órgãos do Estado são entes sem vida, sem inteligência e sem sentimento; são dirigidos por gestores que assumem o compromisso constitucional de respeitar os princípios democráticos, dentre os quais o efetivo cumprimento das decisões judiciais. De outra forma, não faz sentido o próprio governo, integrante do sistema, desrespeitar as leis. A Fazenda Pública e os órgãos públicos de maneira geral, por não terem vida, não se sensibilizam com os fatos que ocorrem em seu derredor, diferentemente do que acontece com seus agentes políticos ou administrativos." (CARDOSO, Antonio Pessoa. Cumprimento das leis Estado deve ser referência de valores do Direito. Revista Consultor Jurídico, 25 de junho de 2011, 7h41) Um órgão administrativo de julgamento não aplicar o decidido em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal STF quando até mesmo o Superior Tribunal de Justiça STJ já não mais aplica o seu entendimento em sentido diverso é verdadeira afronta ao julgado pela mais Alta Corte do país. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 11 10 Sobre a inteira e imediata aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, o Superior Tribunal de Justiça STJ assim decidiu: "TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DO ICMS. RECENTE POSICIONAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL (RE 574.706/PR). AGRAVO INTERNO DA FAZENDA NACIONAL DESPROVIDO. 1. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 574.706/PR, em repercussão geral, Relatora Ministra CÁRMEN LÚCIA, entendeu que o valor arrecadado a título de ICMS não se incorpora ao patrimônio do Contribuinte e, dessa forma, não pode integrar a base de cálculo dessas contribuições, que são destinadas ao financiamento da Seguridade Social. 2. A existência de precedente firmado sob o regime de repercussão geral pelo Plenário do STF autoriza o imediato julgamento dos processos com o mesmo objeto, independentemente do trânsito em julgado do paradigma. Precedentes: RE 1.006.958 AgREDED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Dje 18.9/2017; ARE 909.527/RSAgR, Rel Min. LUIZ FUX, DJe de 30.5.2016. 3. Agravo Interno da Fazenda Nacional desprovido." (AgInt no AREsp 282.685/CE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/02/2018, DJe 27/02/2018) (nosso destaque) Do voto, destaco: "3. No mais, o Supremo Tribunal Federal fixou entendimento de que a existência de precedente sob o regime de repercussão geral firmado pelo Plenário daquela Corte autoriza o imediato julgamento dos processos com o mesmo objeto, independentemente do trânsito em julgado do paradigma (RE 1.006.958 AgREDED, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Dje 18.9/2017; ARE 909.527/RSAgR, Rel Min. LUIZ FUX, DJe de 30.5.2016.)" Por fim, ressalto que esta Turma, em sua atual composição, decidiu por maioria de votos, em dar provimento a recurso do contribuinte, em processo no qual este relator foi designado para redigir o voto vencedor. Aludida decisão apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 28/02/2005, 01/06/2005 a 30/11/2005, 01/03/2006 a 30/11/2006 MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. Rejeitase a preliminar de nulidade quando nos autos está comprovado que a fiscalização cumpriu todos os requisitos legais pertinentes ao MPF, não tendo o contribuinte demonstrado nenhuma irregularidade capaz de invalidar o lançamento. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração. APROPRIAÇÃO INDEVIDA DE CRÉDITOS. GLOSA. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 12 11 Correta a glosa de valores indevidamente incluídos no cômputo da base de cálculo dos créditos da nãocumulatividade, ressalvandose os valores glosados não comprovados pela fiscalização e os lançados com evidente lapso material. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. OPÇÃO A apropriação de crédito das contribuições mediante despesas com depreciação de bens calculadas de forma acelerada, na razão 1/48, nos termos do § 14, art. 3º da Lei 10.637/02 é opcional, o que significava impossibilidade de apropriação concomitante à regra do inciso III, do § 1ª do indigitado artigo. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. LEI Nº 11.051/2004 Imprescindível a comprovação do atendimento aos requisitos legais para o benefício fiscal da apuração da depreciação acelerada de que trata da Lei nº 11.051/2004. COFINS E PIS BASE DE CÁLCULO ICMS EXCLUSÃO. O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços ICMS não compõe a base de incidência do PIS e da COFINS. O Supremo Tribunal Federal STF por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário autuado sob o nº 574.706, em sede de repercussão geral, decidiu pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS, o que afasta, de imediato, o anterior entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça STJ no Resp 1.144.469/PR, no regime de recursos repetitivos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 2 COFINS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplicase ao lançamento da Contribuição para a Cofins o decidido em relação ao PIS lançado a partir da mesma matéria fática." (Processo nº 10530.004513/200811; Acórdão nº 3201003.725; Relator Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira; sessão de 24/05/2018) Cito, ainda, decisão proferida por voto de desempate, que acolheu o pedido de restituição formulado pelo contribuinte: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2010 a 31/08/2010 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. DEFINIÇÃO DE FATURAMENTO. APURAÇÃO ESCRITURAL DO ICMS E REGIME DE NÃO CUMULATIVIDADE. Comprovado tratarse de crédito tributário restrito ao PIS/Pasep apurado e recolhido sobre base de cálculo sem a exclusão do ICMS é de se reconhecer o direito à restituição do crédito pleiteado." (Processo nº Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10880.674258/201101 Acórdão n.º 3201004.135 S3C2T1 Fl. 13 12 10935.906300/201259; Acórdão nº 3001000.113; Relator Conselheiro Cássio Schappo; sessão de 24/01/2018) Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário para excluir o ICMS da base de cálculo do PIS, em plena consonância ao decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, no Recurso Extraordinário nº 574.706 e em conformidade com o que tem adotado o Superior Tribunal de Justiça STJ, devendo a unidade de origem verificar a correção dos valores apresentados pela Recorrente em seus pedidos. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu dar provimento ao Recurso Voluntário para excluir o ICMS da base de cálculo da contribuição para o PIS, em plena consonância ao decidido pelo Supremo Tribunal Federal STF, no Recurso Extraordinário nº 574.706, e em conformidade com o que tem adotado o Superior Tribunal de Justiça STJ, devendo a unidade de origem verificar a correção dos valores apresentados pela Recorrente em seus pedidos. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 161DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.003268/2007-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 2002
GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. SALDOS INSUFICIENTES. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA.
RESTAURAÇÃO DE SALDO.
Cancela-se o lançamento decorrente de glosa de compensação de prejuízos por insuficiência de saldos, se decisão administrativa definitiva veio a tornar suficientes aqueles saldos.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Ano-calendário: 2002
GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. SALDOS INSUFICIENTES. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA. RESTAURAÇÃO DE SALDO.
Cancela-se o lançamento decorrente de glosa de compensação de base de cálculo negativa por insuficiência de saldos, se decisão administrativa definitiva veio a tornar suficientes aqueles saldos.
Numero da decisão: 1302-000.426
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício.
Matéria: IRPJ - glosa de compensação de prejuízos fiscais
Nome do relator: MARCOS RODRIGUES DE MELLO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. SALDOS INSUFICIENTES. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA. RESTAURAÇÃO DE SALDO. Cancelase o lançamento decorrente de glosa de compensação de prejuízos por insuficiência de saldos, se decisão administrativa definitiva veio a tornar suficientes aqueles saldos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2002 GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. SALDOS INSUFICIENTES. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA. RESTAURAÇÃO DE SALDO. Cancelase o lançamento decorrente de glosa de compensação de base de cálculo negativa por insuficiência de saldos, se decisão administrativa definitiva veio a tornar suficientes aqueles saldos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. (documento assinado digitalmente) MARCOS RODRIGUES DE MELLO Presidente. e relator . Fl. 357DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10730.003268/200797 Acórdão n.º 130200.426 S1C3T2 Fl. 309 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Fernandes Guimarães, Daniel Salgueiro da Silva, Lavinia Moraes de Almeida N. Junqueira, Eduardo de Andrade , Irineu Bianchi e Marcos Rodrigues de Mello Relatório Tratam os autos de recurso de ofício em relação ao acórdão DRJ que deu provimento ao recurso voluntário no processo de Autos de Infração e do Termo de Constatação Fiscal correspondente (fls.6/15), lavrados pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Niterói, em 17.05.2007, relativamente a fatos geradores do anocalendário de 2002, no valor total de R$ 5.847.397,80, aí incluídos juros de mora (calculados até 30.04.2007) e multa de ofício (75%), a saber: Quadro I – Auto de Infração I Tributo Principal Juros Multa Total Imposto de Renda Pessoa JurídicaIRPJ 1.755.199,44 1.227.937,52 1.316.399,57 4.299.536,53 Contribuição Social sobre o Lucro LíquidoCSLL 631.883,28 442.065,54 473.912,45 1.547.861,27 No Auto de Infração de IRPJ, a infração consta descrita assim (fls.7): Glosa de Prejuízos Compensados Indevidamente Saldo de Prejuízos Insuficientes Compensação indevida de prejuízos fiscais, apurados por insuficiência de saldo de prejuízos fiscais, tendo em vista a reversão do prejuízo após o lançamento das infrações constatadas no períodobase de 2000. A descrição detalhada dos fatos está descrita no Termo de Constatação Fiscal, que é parte integrante deste Auto de Infração. (grifos nossos) No Auto de Infração de CSLL, a infração consta descrita assim (fls.9): Base de Cálculo Negativa de Períodos Anteriores Fl. 358DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10730.003268/200797 Acórdão n.º 130200.426 S1C3T2 Fl. 310 3 Compensação Indevida de Base de Cálculo Negativa de Períodos Anteriores Compensação indevida da base de cálculo negativa de contribuição social apurada por insuficiência de saldo de saldo de base de cálculo negativa de CSLL, tendo em vista a reversão do prejuízo após o lançamento das infrações constatadas no períodobase de 2000. A descrição detalhada dos fatos está descrita no Termo de Constatação Fiscal, que é parte integrante deste Auto de Infração. (grifos nossos) Segundo o Termo de Constatação Fiscal (fls.10/11), em decorrência de autuação concernente ao anocalendário de 2000, foram feitos ajustes na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, que terminaram por reduzir os saldos acumulados de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL, respectivamente, em R$ 7.020.797,78 e R$ 7.020.925,47, valores que foram, então, glosados pelo autuante. A Ação Fiscal, iniciada em 11.05.2007, veio instruída com os documentos de fls.1/163, tendo sido encerrada em 17.05.2007. Em impugnação às fls.168/179, recebida em 18.06.2007, o interessado diz, preliminarmente, que o Auto de Infração é nulo porque as normas que o embasam não guardam pertinência com o objeto da autuação; não discriminam, com precisão, item a item, as supostas irregularidades apregoadas; e desconsideram os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, indispensáveis à constituição do crédito tributário, obstandolhe a ampla defesa. Diz que a autuação do anocalendário de 2000, capeada sob o processo 10730.006711/200510, que deu base a esta exigência, não está definitivamente julgada na via administrativa. Alega, ainda, relativamente ao mérito do processo referido no item anterior, que: a) em face do capital social ser de R$ 2.000,00, a autoridade fiscal concluiu que o seu estatuto social “teria sido feito de forma fraudulenta, tratandose, na realidade, tal afirmativa, de meras elucubrações da autoridade fiscalizante...”, porque, “na verdade, a Lei 6404 e o órgão fiscalizador, que é a CVM, não dispõem sobre a especificidade da forma quanto aos valores...”; b) houve total desrespeito à questão do ônus da prova, porque a autoridade fiscal autuante não provou qualquer fraude capaz de fundamentar a autuação; c) não houve omissão de receitas, e os empréstimos vindos do exterior respeitaram a legislação em vigor. Relativamente ao mérito deste processo, alega que “a autoridade fiscal fez meras suposições ou mesmo meras presunções de algo que considerou definitivo (...)”. Fl. 359DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10730.003268/200797 Acórdão n.º 130200.426 S1C3T2 Fl. 311 4 Protesta pela “derrocada das penalidades pecuniárias incidentes sobre a pretensão fiscal, já que inexistente, frente à nulidade do auto”. Pede sejam “cancelados os lançamentos em discussão, anulando o auto emitido, por absoluta ausência de motivos fáticos e jurídicos que lhe sustente (...)”. Nesta Turma, foram acostadas as consultas e os documentos de fls.194/288. Os documentos de fls.194/201 e 245/288 foram extraídos, por cópia, dos autos do processo nº 10730.006711/200510, em nome do mesmo interessado. Decidiu a DRJ: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Rejeitamse as alegações de nulidade se não provada violação às disposições de lei que regem a formalização do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. SALDOS INSUFICIENTES. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA. RESTAURAÇÃO DE SALDO. Cancelase o lançamento decorrente de glosa de compensação de prejuízos por insuficiência de saldos, se decisão administrativa definitiva veio a tornar suficientes aqueles saldos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2002 GLOSA DE COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA. SALDOS INSUFICIENTES. DECISÃO ADMINISTRATIVA DEFINITIVA. RESTAURAÇÃO DE SALDO. Cancelase o lançamento decorrente de glosa de compensação de base de cálculo negativa por insuficiência de saldos, se decisão administrativa definitiva veio a tornar suficientes aqueles saldos. Destacase no voto condutor do acórdão recorrido: Vejamos, agora, se, no mérito propriamente dito, colhe razão ao interessado. a) Prejuízos Fiscais (IRPJ) Fl. 360DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10730.003268/200797 Acórdão n.º 130200.426 S1C3T2 Fl. 312 5 Segundo o Sapli, no anocalendário de 1999, o interessado possuía saldo de prejuízos acumulados no valor de R$ 4.208.376,32 (fls.208). Tendo apurado, no anocalendário de 2000, prejuízos fiscais de R$ 7.020.797,78 (fls.236), ficou com saldo acumulado de R$ 11.229.174,10, dos quais, no ano calendário de 2002, compensou R$ 9.457.620,26 (fls.44). Todavia, de acordo com o Auto de Infração de IRPJ (fls.273/280), lavrado contra o interessado em 20.12.2005, relativamente ao anocalendário de 2000 (processo 10730.006711/200510), o valor da infração que lhe foi imputada absorveu o total do sobredito prejuízo fiscal de R$ 7.020.797,78 (fls.280). Assim, ao glosar o prejuízo compensado em 2002 que, em face do advento da sobredita autuação, referente ao anocalendário de 2000, se revelara insuficiente – esta ação fiscal, a princípio, não mereceria reparos. Entretanto, nos autos do já citado processo nº 10730.006711/200510, o recurso voluntário, que pugnou pela nulidade da autuação, interposto ao Acórdão DRJRJ1 nº 11.434, de 17.08.2006, às fls.194/201 (que julgara procedente o lançamento), foi provido por unanimidade de votos, conforme se lê no Acórdão nº 10196.930, de 18.09.2007, do Primeiro Conselho de Contribuintes (fls.245/262). Seguiuse, conforme cópias também extraídas do sobredito processo: a ciência do Procurador da Fazenda Nacional, em 03.02.2009 (fls.264); a ciência ao interessado, em 06.03.2009, de que o débito fora totalmente extinto através da referida decisão de segunda instância (fls.268/269); o registro, no SincorProfisc, de encerramento do processo, com total extinção dos débitos referentes, “por julgamento do recurso voluntário” (fls.270/272); e, o envio, em 30.03.2009, dos autos ao arquivo, pelo prazo de 5 (cinco) anos (fls.272). Tornada, então, definitiva, a sobredita decisão administrativa, que reconheceu a inexistência das infrações apuradas, o prejuízo fiscal que fora apurado no mesmo anocalendário de 2000 (R$ 7.020.797,78) foi restaurado, tornando, por via de consequência, indevida a glosa de que trata este processo. Dessa forma, deve ser cancelado o lançamento do IRPJ, bem como, restaurado, no Sapli, o prejuízo que fora declarado no anocalendário de 2000. b) Base de cálculo negativa (CSLL) Segundo o Sapli, no anocalendário de 1999, o interessado possuía saldo de base de cálculo negativa acumulada no valor de R$ 4.208.376,32 (fls.219). Tendo apurado, no anocalendário de 2000, base de cálculo negativa no valor de R$ 7.020.925,47 (fls.230), o saldo acumulado passou a R$ 11.229.301,79, dos quais, no ano Fl. 361DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10730.003268/200797 Acórdão n.º 130200.426 S1C3T2 Fl. 313 6 calendário de 2002, o interessado compensou R$ 9.457.747,95 (fls.54). Todavia, de acordo com o Auto de Infração de CSLL (fls.281/288), lavrado contra o interessado em 20.12.2005, relativamente ao anocalendário de 2000 (processo 10730.006711/200510), o valor da infração imputada ao interessado absorveu o total da sobredita base de cálculo negativa, de R$ 7.020.925,47 (fls.288). Assim, ao glosar a base de cálculo negativa que fora compensada em 2002 – porque, em face do advento da sobredita autuação, referente ao anocalendário de 2000, se revelara insuficiente – esta ação fiscal, a princípio, não mereceria reparos. Todavia, conforme já visto no julgamento do IRPJ, da decisão administrativa definitiva proferida nos autos do processo 10730.006711/200510, que reconheceu a inexistência das infrações apuradas, decorreu a restauração da base de cálculo negativa apurada em 2000 (R$ 7.020.925,47), tornando, por via de consequência, indevida a glosa de que trata este processo. Dessa forma, deve ser cancelado o lançamento da CSLL, e restaurado, no Sapli a base de cálculo negativa declarada no anocalendário de 2000. Conclusão Posto isso, em face da decisão definitiva proferida nos autos do processo 10730.006711/200510, devese acolher a impugnação do interessado, determinandose o cancelamento dos lançamentos de IRPJ e de CSLL de que trata este processo, cujos valores já foram especificados em nosso item 1. Voto Conselheiro MARCOS RODRIGUES DE MELLO O valor exonerado pelo acórdão DRJ é superior a R$ 1.000.000,00 e deve ser conhecido. Não merece reparos a decisão recorrida. Repito abaixo parte do acórdão recorrido com o qual concordo, sem qualquer objeção: a) Prejuízos Fiscais (IRPJ) Segundo o Sapli, no anocalendário de 1999, o interessado possuía saldo de prejuízos acumulados no valor de R$ 4.208.376,32 (fls.208). Tendo apurado, no anocalendário de Fl. 362DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10730.003268/200797 Acórdão n.º 130200.426 S1C3T2 Fl. 314 7 2000, prejuízos fiscais de R$ 7.020.797,78 (fls.236), ficou com saldo acumulado de R$ 11.229.174,10, dos quais, no ano calendário de 2002, compensou R$ 9.457.620,26 (fls.44). Todavia, de acordo com o Auto de Infração de IRPJ (fls.273/280), lavrado contra o interessado em 20.12.2005, relativamente ao anocalendário de 2000 (processo 10730.006711/200510), o valor da infração que lhe foi imputada absorveu o total do sobredito prejuízo fiscal de R$ 7.020.797,78 (fls.280). Assim, ao glosar o prejuízo compensado em 2002 que, em face do advento da sobredita autuação, referente ao anocalendário de 2000, se revelara insuficiente – esta ação fiscal, a princípio, não mereceria reparos. Entretanto, nos autos do já citado processo nº 10730.006711/200510, o recurso voluntário, que pugnou pela nulidade da autuação, interposto ao Acórdão DRJRJ1 nº 11.434, de 17.08.2006, às fls.194/201 (que julgara procedente o lançamento), foi provido por unanimidade de votos, conforme se lê no Acórdão nº 10196.930, de 18.09.2007, do Primeiro Conselho de Contribuintes (fls.245/262). Seguiuse, conforme cópias também extraídas do sobredito processo: a ciência do Procurador da Fazenda Nacional, em 03.02.2009 (fls.264); a ciência ao interessado, em 06.03.2009, de que o débito fora totalmente extinto através da referida decisão de segunda instância (fls.268/269); o registro, no SincorProfisc, de encerramento do processo, com total extinção dos débitos referentes, “por julgamento do recurso voluntário” (fls.270/272); e, o envio, em 30.03.2009, dos autos ao arquivo, pelo prazo de 5 (cinco) anos (fls.272). Tornada, então, definitiva, a sobredita decisão administrativa, que reconheceu a inexistência das infrações apuradas, o prejuízo fiscal que fora apurado no mesmo anocalendário de 2000 (R$ 7.020.797,78) foi restaurado, tornando, por via de consequência, indevida a glosa de que trata este processo. Dessa forma, deve ser cancelado o lançamento do IRPJ, bem como, restaurado, no Sapli, o prejuízo que fora declarado no anocalendário de 2000. b) Base de cálculo negativa (CSLL) Segundo o Sapli, no anocalendário de 1999, o interessado possuía saldo de base de cálculo negativa acumulada no valor de R$ 4.208.376,32 (fls.219). Tendo apurado, no anocalendário de 2000, base de cálculo negativa no valor de R$ 7.020.925,47 (fls.230), o saldo acumulado passou a R$ 11.229.301,79, dos quais, no ano calendário de 2002, o interessado compensou R$ 9.457.747,95 (fls.54). Fl. 363DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 10730.003268/200797 Acórdão n.º 130200.426 S1C3T2 Fl. 315 8 Todavia, de acordo com o Auto de Infração de CSLL (fls.281/288), lavrado contra o interessado em 20.12.2005, relativamente ao anocalendário de 2000 (processo 10730.006711/200510), o valor da infração imputada ao interessado absorveu o total da sobredita base de cálculo negativa, de R$ 7.020.925,47 (fls.288). Assim, ao glosar a base de cálculo negativa que fora compensada em 2002 – porque, em face do advento da sobredita autuação, referente ao anocalendário de 2000, se revelara insuficiente – esta ação fiscal, a princípio, não mereceria reparos. Todavia, conforme já visto no julgamento do IRPJ, da decisão administrativa definitiva proferida nos autos do processo 10730.006711/200510, que reconheceu a inexistência das infrações apuradas, decorreu a restauração da base de cálculo negativa apurada em 2000 (R$ 7.020.925,47), tornando, por via de consequência, indevida a glosa de que trata este processo. Dessa forma, deve ser cancelado o lançamento da CSLL, e restaurado, no Sapli a base de cálculo negativa declarada no anocalendário de 2000. Conclusão Posto isso, em face da decisão definitiva proferida nos autos do processo 10730.006711/200510, devese acolher a impugnação do interessado, determinandose o cancelamento dos lançamentos de IRPJ e de CSLL de que trata este processo, cujos valores já foram especificados em nosso item 1. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício (documento assinado digitalmente) MARCOS RODRIGUES DE MELLO Relator Fl. 364DF CARF MF Emitido em 23/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Assinado digitalmente em 23/03/2011 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO
score : 1.0
Numero do processo: 13878.000223/2003-51
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1998
IRPJ. ESTIMATIVA MENSAL. DESCABIMENTO DE EXIGÊNCIA EM AUTO DE INFRAÇÃO. PROCEDIMENTO INDEVIDO.
Incabível a exigência de ofício da estimativa não paga ou não compensada, tendo em vista que, na hipótese de falta de pagamento ou de compensação não declarada, o valor da estimativa deve ser glosado na apuração do IRPJ ou CSLL e exigida de ofício eventual diferença desses tributos, bem como aplicada a multa isolada sobre a estimativa não paga.
Numero da decisão: 1003-000.183
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: SERGIO ABELSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1998 IRPJ. ESTIMATIVA MENSAL. DESCABIMENTO DE EXIGÊNCIA EM AUTO DE INFRAÇÃO. PROCEDIMENTO INDEVIDO. Incabível a exigência de ofício da estimativa não paga ou não compensada, tendo em vista que, na hipótese de falta de pagamento ou de compensação não declarada, o valor da estimativa deve ser glosado na apuração do IRPJ ou CSLL e exigida de ofício eventual diferença desses tributos, bem como aplicada a multa isolada sobre a estimativa não paga.
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ESTIMATIVA MENSAL. DESCABIMENTO DE EXIGÊNCIA EM AUTO DE INFRAÇÃO. PROCEDIMENTO INDEVIDO. Incabível a exigência de ofício da estimativa não paga ou não compensada, tendo em vista que, na hipótese de falta de pagamento ou de compensação não declarada, o valor da estimativa deve ser glosado na apuração do IRPJ ou CSLL e exigida de ofício eventual diferença desses tributos, bem como aplicada a multa isolada sobre a estimativa não paga. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 87 8. 00 02 23 /2 00 3- 51 Fl. 410DF CARF MF Processo nº 13878.000223/200351 Acórdão n.º 1003000.183 S1C0T3 Fl. 411 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão de primeira instância (folhas 362/364) que julgou improcedente a impugnação contra o lançamento efetuado mediante o Auto de Infração às folhas 19/20, com anexos às folhas 21/25, relativo a falta de recolhimento de valores informados nas DCTF correspondentes ao terceiro trimestre de 1998, de débito de código de receita 5993, IRPJoptantes apuração c/ base no Lucro RealEstimativa Mensal, acrescido de multa de ofício e juros de mora, no valor total de R$ 4.418,07. Na impugnação, a contribuinte alegou que efetuou pagamento indevido ou a maior relativo à estimativa de janeiro, tendo efetuado compensação deste valor para amortizar o débito lançado. No Recurso Voluntário, a recorrente apresenta DIPJ 1999 retificadora na qual reconhece o débito de estimativa de janeiro e recalcula os débitos subseqüentes para demonstrar que o débito lançado foi declarado por erro de fato. É o relatório. Voto Conselheiro Sérgio Abelson, Relator O Recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. O lançamento tributário foi efetuado na vigência do art. 90 da MP nº 2.158 35/ 2001, o qual previa a exigência de ofício das diferenças apuradas em declaração do sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos administrados pela SRF. A teor do que dispõe o art. 144 do CTN, “o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”. No entanto, tratase de lançamento de débito de estimativa mensal de IRPJ Lucro Real, código de receita 5993. São valores estimados e, portanto, sujeitos ao ajuste anual por ocasião do encerramento do exercício, razão pela qual sempre tiveram tratamento pela legislação no sentido de que seu não pagamento não enseja sua cobrança, mas sim aplicação de multa isolada penalizando a falta de pagamento. A IN SRF nº 93/1997, vigente à época, em seu art. 16, estabelecia: Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: Fl. 411DF CARF MF Processo nº 13878.000223/200351 Acórdão n.º 1003000.183 S1C0T3 Fl. 412 3 I a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. A Solução de Consulta Interna COSIT nº 18/2006, por sua vez, discorreu sobre o assunto o que segue: EMENTA: Os débitos de estimativas declaradas em DCTF devem ser utilizados para fins de cálculo e cobrança da multa isolada pela falta de pagamento e não devem ser encaminhados para inscrição em Dívida Ativa da União; Na hipótese de falta de pagamento ou de compensação considerada não declarada, os valores dessas estimativas devem ser glosados quando da apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ, devendo ser exigida eventual diferença do IRPJ ou da CSLL a pagar mediante lançamento de ofício, cabendo a aplicação de multa isolada pela falta de pagamento de estimativa. (...) 9. Por sua vez, o art. 2º da Lei nº 9.430, de 1996, dispõe sobre o pagamento por estimativa das pessoas jurídicas sujeitas à tributação com base no lucro real, enquanto o inciso IV do § 1º do art. 44 da mesma Lei (atualmente alínea “b” do inciso II do caput, em face da nova redação dada a este artigo pelo art. 18 da Medida Provisória nº 303, de 29 de junho de 2006) determina a aplicação de multa isolada no caso da pessoa jurídica que, sujeita ao pagamento por estimativa, deixa de fazêlo. (...) 13. Por sua vez, no que diz respeito à compensação considerada não declarada, nos termos do § 12, do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, primeiramente, é mister observar que deverá ser aplicada multa isolada de acordo com o disposto no art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003. 13.1 Outrossim, considerando o disposto no art. 74, § 13 da Lei nº 9.430, de 1996, no sentido de que a compensação considerada não declarada não extingue o crédito tributário, deve ser aplicado ao caso o tratamento dado às estimativas não pagas, ou seja, na apuração do ajuste anual do Imposto sobre a Renda, as estimativas porventura deduzidas devem ser glosadas. 13.2 Assim sendo, e para efeitos de apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ, após a glosa das estimativas, havendo: Fl. 412DF CARF MF Processo nº 13878.000223/200351 Acórdão n.º 1003000.183 S1C0T3 Fl. 413 4 13.2.1 IRPJ a pagar, devese efetuar o lançamento do imposto com a multa de ofício prevista no art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996; 13.2.2 redução do saldo negativo, esse valor pode ser restituído ou compensado; 13.3 Neste caso, deve ser aplicada multa isolada pela falta do pagamento de estimativa. 14. No que respeita ao tratamento relativamente à Dívida Ativa da União (DAU) dos débitos de estimativas IRPJ e de CSLL declarados em DCTF, cumpre observar as disposições do art. 11, parágrafo único, da Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, [Art. 11. Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. Parágrafo único. Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem como os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União, com os acréscimos moratórios devidos.] no que concerne ao procedimento de auditoria interna antes do envio para inscrição em DAU. 15. Ressaltese, entretanto, que se tratando de valores estimados e, portanto, sujeitos ao ajuste anual por ocasião do encerramento do exercício, a auditoria interna nas DCTF apresentadas durante o anocalendário deve ser efetuada considerandose também as informações da DCTF referentes à apuração anual do IRPJ e da CSLL em confronto ainda com a respectiva Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), e havendo eventuais diferenças a pagar, deve ser observado o disposto no item 14 acima. 16. Por todo o exposto, no que diz respeito ao tratamento da estimativa não paga ou não compensada, cabe concluir que: 16.1 os débitos de estimativas declaradas em DCTF devem ser utilizados para fins de cálculo e cobrança da multa isolada pela falta de pagamento e não devem ser encaminhados para inscrição em Dívida Ativa da União; 16.2 na hipótese de falta de pagamento ou de compensação considerada não declarada, os valores dessas estimativas devem ser glosados quando da apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ, devendo ser exigida eventual diferença do IRPJ ou da CSLL a pagar mediante lançamento de ofício, cabendo a aplicação de multa isolada pela falta de pagamento de estimativa; Fl. 413DF CARF MF Processo nº 13878.000223/200351 Acórdão n.º 1003000.183 S1C0T3 Fl. 414 5 (...) Observase, portanto, que o lançamento cujo crédito tributário exigido corresponde ao débito de estimativa mensal de IRPJ declarada e não paga não encontra amparo legal e regulamentar. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Fl. 414DF CARF MF
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