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Numero do processo: 11080.902467/2011-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI.
Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratar-se de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES.
OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI.
Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações.
Numero da decisão: 3402-003.705
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reverter todas glosas, mantendo-se apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,00 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz,Waldir Navarro Bezerra e Paulo Roberto Duarte Moreira.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI. Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratar-se de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI. Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações.
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Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratarse de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI. Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reverter todas glosas, mantendose apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,00 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 24 67 /2 01 1- 21 Fl. 269DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz,Waldir Navarro Bezerra e Paulo Roberto Duarte Moreira. Relatório Por razões de economia, recorrese ao relatório da DRJ: Tratase de manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório (Eletrônico) DDE de fl. 05, do Delegado da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre, emitido em 01 de abril de 2011, que deferiu parcialmente o ressarcimento de saldo credor de IPI relativo ao 3º trimestre de 2006, pleiteado através do PER/DCOMP nº 40345.02729.180509.1.5.011573 e homologou parcialmente as compensações a ele vinculadas. O montante solicitado corresponde a RS 138.180,68 e foi reconhecido o crédito de R$ 134.449,17. Os motivos para o deferimento parcial foram a ocorrência de glosas de créditos considerados indevidos e a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Foi apresentada manifestação de inconformidade parcial, tempestiva, de fls. 2 a 4, acompanhada de documentos, subscrita por representante legal da empresa, na qual o interessado concorda expressamente com a glosa de R$ 1.106,10, referente às Notas Fiscais nº 46689, 46690 e 325242 e contesta as demais glosas, conforme abaixo. R$ 218,10, pelo motivo 7 Empresa Emitente da Nota Fiscal Optante do SIMPLES referente às Notas Fiscais emitidas pela empresa inscrita no CNPJ sob nº 02.966.293/000191:alega que pesquisa realizada no site da RFB demonstra que não haveria opção pelo Simples Nacional pela referida empresa; R$ 2.407,31, também pelo motivo 7: tratase de remessa de produtos em garantia e teste, com destaque do IPI na saída do estabelecimento da interessada, bem como no retorno destas dos estabelecimentos de empresas optantes do Simples, anulandose a operação, sem prejuízo fiscal. A impugnação do contribuinte foi julgada improcedente em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI. Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratarse de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, Fl. 270DF CARF MF Processo nº 11080.902467/201121 Acórdão n.º 3402003.705 S3C4T2 Fl. 3 3 e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando as razões de sua impugnação, pelo que o Colegiado competente para a apreciação de tal recurso achou por bem converter o julgamento em diligência, através da Resolução nº 3403000.589, onde se determinou o seguinte: Voto, pois, pela conversão do julgamento em diligência, para que a Delegacia de Origem providencie o seguinte: 1. informar e apresentar os documentos que comprovam em qual período a empresa Advance e Goldtek Ltda encontravase submetida aos efeitos do Simples Nacional, indicando o momento em que tal empresa manifestou por não optar por este regime e esclarecendo a partir de qual momento começa a surtir os efeitos da saída do Simples Nacional, concluindo se na data da emissão das referidas Notas Fiscais o emissor estava sujeito ao IPI, ou ainda permanecia sob os efeitos do Simples Nacional; 2. verificar e confirmar a vinculação entre as notas fiscais apresentadas pelo contribuinte na planilha de fl. 180 e cópias de fls. 55/93, confirmando a confrontação de mesmo valor de IPI na entrada e saída de mesma mercadoria, bem como conferindo e confirmando se tanto os créditos na entrada como os débitos da saída foram escriturados no Livro de Apuração do IPI. Ao final deve a Delegacia de origem fazer relatório da diligência, intimando o contribuinte a se manifestar, se quiser, no prazo de 10 (dez) dias, devolvendo os autos a este Conselho para julgamento. Cumprida a diligência e intimado o contribuinte, retornam os autos a este relator em razão de novo sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Alvissareira a diligência fiscal sugerida pelo ilustre Conselheiro Ivan Allegretti, cujo relatório traz subsídios para que o feito seja seguramente decidido. Fl. 271DF CARF MF 4 Com efeito, a primeira parte da autuação se refere à vedação prevista no art. 166 do Decreto nº 4.544, de 26/12/2002 (RIPI/2002), cuja base legal é o § 5º do art. 5º, da Lei nº 9.317, de 1996, a seguir transcrito para maior clareza: “Art. 166. As aquisições de produtos de estabelecimentos optantes pelo SIMPLES, de que trata o art. 117, não ensejarão aos adquirentes direito a fruição de crédito de MP, PI e ME (Lei nº 9.317, de 1996, art. 5º, § 5º).”. A esse respeito, a diligência verificou o seguinte: 1) Em consulta ao sistema CNPJ, verificouse que a empresa Advance e Goldtek Produtos Eletrônicos Ltda foi optante do Simples Federal, instituído pela Lei nº 9.317 de 1996, no período de 01/01/2000 a 30/06/2007. 1.1) Portanto, as notas fiscais nº 5117 de 07/07/2006, nº 5168 de 19/07/2006, nº 5257 de 14/08/2006, nº 5290 de 22/08/2006 e nº 5337 de 06/09/2006 foram emitidas quando a referenciada empresa era optante do Simples Federal, o que veda a transferência de créditos relativos ao IPI, de acordo com o disposto no art. 5º, § 5º, da Lei 9.317 de 1996. 1.2) A pesquisa apresentada pelo contribuinte no recurso voluntário, às fls. 54, referese ao regime do Simples Nacional, estabelecido pela Lei Complementar nº 123 de 2006, com vigência a partir de 01/07/2007. Portanto, correta a glosa do crédito relativo às aquisições de empresa optante do SIMPLES. Quanto à remessa e retorno de produtos, a diligência demonstrou que os valores de entrada e saída, bem como o bem referido são idênticos, deixando claro tratarse efetivamente da operação descrita pelo Recorrente: 2) Em análise às notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180, anexadas às fls.55 a 93, é possível verificar que a descrição dos produtos entrados e saídos é idêntica. É de se salientar que não foi carreada aos autos a cópia da nota nº 5256, emitida pela Video Point Serviços, Comércio e Importação Ltda, CNPJ 66.964.545/000126, relativa a entrada ocorrida em 31/07/2006, cujo registro na escrita fiscal foi confirmada no Livro de Entradas n.º 00013. 2.1) Verificase, ainda, que a quantidade dos produtos saídos e entrados é a mesma nas notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180, com exceção da nota de saída nº 47441 (fls. 67) e de entrada nº 47629 (fls. 65), nas quais as quantidades são 3 (três) e 2 (dois), respectivamente. 2.2) Ademais, o montante do IPI destacado nas notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180 perfaz R$ 2.437,31 nas operações de saídas e R$ 2.407,31, nas entradas. A diferença, no valor de R$ 30,00, diz respeito às notas nº 47441 (fls. 67) e nº 47629 (fls. 65), mencionadas no item anterior, cujos valores dos impostos destacados são R$ 90,00 e R$ 60,00, respectivamente. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11080.902467/201121 Acórdão n.º 3402003.705 S3C4T2 Fl. 4 5 Desse modo, resta claro não ter havido qualquer crédito aproveitado indevidamente pelo contribuinte, visto que todo ele foi compensado pelo destaque do IPI nas saídas para devolução dos produtos. Frisese, inclusive, que todos os créditos de entrada e débitos de saída estão escriturados no Livro de Registro do IPI, como verificado pelo relatório de diligência. Assim, deve ser revertida a glosa do crédito no valor de R$ 2.407,31, relativo à remessa de produtos em garantia e teste, com destaque do IPI na saída do estabelecimento da interessada, bem como no retorno destas dos estabelecimentos de empresas optantes do Simples, anulandose a operação, sem prejuízo fiscal. Em conclusão, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário, mantendose apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,10 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 273DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.901201/2009-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2003
ESTIMATIVA RECOLHIDA A MAIOR. MULTA DE MORA. ESPONTANEIDADE.
Comprovado que houve recolhimento a maior de estimativa, reconhece-se o direito creditório correspondente.
Constatado ainda que o recolhimento da estimativa se deu em atraso, antes da confissão da dívida e também do início de qualquer procedimento fiscal, ou seja, de forma espontânea, não há que se falar em cobrança de multa moratória. Precedente do STJ no RESP Nº 1.149.022 - SP, julgado na forma do art. 543-C do CPC/1973.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 1402-002.235
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório adicional de R$ 30.348,61, homologando-se as compensações pleiteadas até esse limite, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2003 ESTIMATIVA RECOLHIDA A MAIOR. MULTA DE MORA. ESPONTANEIDADE. Comprovado que houve recolhimento a maior de estimativa, reconhece-se o direito creditório correspondente. Constatado ainda que o recolhimento da estimativa se deu em atraso, antes da confissão da dívida e também do início de qualquer procedimento fiscal, ou seja, de forma espontânea, não há que se falar em cobrança de multa moratória. Precedente do STJ no RESP Nº 1.149.022 - SP, julgado na forma do art. 543-C do CPC/1973. Recurso Voluntário Provido.
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MULTA DE MORA. ESPONTANEIDADE. Comprovado que houve recolhimento a maior de estimativa, reconhecese o direito creditório correspondente. Constatado ainda que o recolhimento da estimativa se deu em atraso, antes da confissão da dívida e também do início de qualquer procedimento fiscal, ou seja, de forma espontânea, não há que se falar em cobrança de multa moratória. Precedente do STJ no RESP Nº 1.149.022 SP, julgado na forma do art. 543C do CPC/1973. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório adicional de R$ 30.348,61, homologandose as compensações pleiteadas até esse limite, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 12 01 /2 00 9- 16 Fl. 168DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 169 2 Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 170 3 Relatório TI BRASIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA recorre a este Conselho, com fulcro nos §§ 10 e 11 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 e no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1537.706 da 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Salvador que julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade apresentada. Por bem representar o litígio até aquela fase processual, adoto excertos do relatório da decisão recorrida, complementandao ao final: A requerente, sujeita à apuração do IRPJ com base no lucro real anual, apresenta Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório Eletrônico de fl. 46 [...],que homologou parcialmente a compensação de débitos relativos à CSLL e ao IRPJ de outubro de 2005, objeto da Declaração de Compensação nº 07381.27211.301105.1.3.040593 (fls. 39/43), com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior que o devido de estimativa de CSLL do mês de novembro de 2003, sob a alegação de que o pagamento que deu origem ao crédito pleiteado foi parcialmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, restando saldo disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para a compensação do débito informado na referida Dcomp. Na Manifestação de Inconformidade, anexada às fls. 02/10, a interessada alega, em síntese, que: DOS FATOS: • a defendente, no anocalendário de 2003, optou pela apuração do lucro real anual e efetuou recolhimentos de antecipações mensais com base em balancetes intermediários, informando os valores considerados devidos em DCTF trimestrais e, no final do ano, também informou os valores na DIPJ do exercício; • já no anocalendário de 2005, a empresa decidiu realizar uma revisão de seus procedimentos fiscais, quando constatou que as bases de cálculo mensais do IRPJ e da CSLL, no anocalendário de 2003, haviam sido incorretamente apuradas, razão pela qual providenciou a retificação de sua DIPJ/2004. Tendo em vista que as correções efetuadas revelaram pagamentos indevidos e a maior que o devido dos citados tributos, tomou providências para recuperar esses valores excedentes, através da apresentação de Declarações de Compensação; • ao negar parcialmente a homologação da compensação declarada, baseouse em informações equivocadas, já retificadas, [...]; DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL: • o presente caso deve ser analisado sob a luz do princípio da verdade material, [..]; DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO DE IMPOSTO DE RENDA: • visando verificar a origem e o valor do crédito, as autoridades fiscais identificaram um DARF no valor total de R$ 234.652,98 e um débito informado em DCTF de R$ 205.282,12, concluindo que a defendente somente faria jus ao crédito correspondente à diferença, equivalente à R$ 29.370,86; Fl. 170DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 171 4 • entretanto, apesar de a defendente reconhecer que deixou de retificar sua DCTF, não se pode admitir que a DIPJ do período, que foi regularmente retificada pela empresa, bem como todos os documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, sejam desconsiderados para fins de verificação do crédito; • no presente caso, ao realizar a revisão de seus procedimentos fiscais, a empresa verificou que, dos R$205.282,12 originalmente declarados em DCTF, somente R$169.542,56 eram efetivamente devidos a título de estimativa de CSLL em novembro de 2003, o que foi declarado ao Fisco Federal na DIPJ retificadora em agosto de 2005 (Doc. 2); • a defendente, então, realizou um levantamento dos valores recolhidos, que foram efetuados através de dois DARF, nos valores totais de R$234.652,98 e R$826,02, respectivamente (Docs. 3 e 4). Considerando somente os valores do principal recolhidos, temse o recolhimento total, a título de estimativa de novembro de 2003, de R$230.088,07. Em confronto com o valor efetivamente devido, de R$169.542,56, a defendente apurou um valor a recuperar de R$60.545,61, que corresponde exatamente ao crédito pleiteado na Dcomp em análise; • com isso, concluise que os dados utilizados pela autoridade fiscal para analisar a Declaração de Compensação são incorretos, na medida em que eles foram retificados no curso do ano de 2005, antes mesmo da apresentação da referida Dcomp; DO PEDIDO: • em vista do exposto, a defendente, sob o enfoque da verdade material, requer seja reconhecido seu direito creditório e homologada a respectiva compensação, tendo em vista a comprovada existência do crédito de CSLL em seu favor. Analisando a manifestação de inconformidade apresentada, a turma julgadora de primeira instância consideroua parcialmente procedente, tendo o julgado recebido a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL Anocalendário: 2003 PAGAMENTO A MAIOR. COMPROVAÇÃO DE CRÉDITO. Deve ser homologada a compensação declarada, no limite do crédito reconhecido, uma vez comprovada a existência de crédito disponível, a título de pagamento a maior de estimativa de CSLL. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte O contribuinte foi cientificado da decisão em 15 de janeiro de 2015 (fls. 108 110), apresentando em 02 de fevereiro de 2015 (fl. 111) recurso voluntário de fls. 112119. Em resumo, a Recorrente argumenta que a decisão recorrida, embora tenha confirmado que houve o recolhimento de estimativas maior do que o valor devido, não reconheceu a totalidade do crédito em razão de suposta falta de recolhimento da multa de mora Fl. 171DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 172 5 quando do pagamento das referidas estimativas, o que implicou a imputação de parte do pagamento do principal para quitação proporcional da suposta multa de mora não recolhida. Aduz, contudo, que o recolhimento das estimativas se deu sob o abrigo do art. 138 do CTN, ou seja, de forma espontânea, o que implica a impossibilidade de cobrança de multa moratória. É o relatório. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 173 6 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade. Dele, portanto, conheço. Passo à sua análise. 2 MÉRITO Tratase de declaração de compensação atrelada a suposto crédito decorrente de pagamento a maior de estimativa de CSLL relativa ao mês de novembro de 2003 (R$ 60.545,51 – fl. 96). Em primeiro lugar, há de se ressaltar a plausibilidade jurídica do pleito da Recorrente, haja vista o tema ser alvo de súmula no âmbito desta Corte Administrativa, a saber: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. No caso concreto, a decisão recorrida confirmou que a Recorrente efetuou o pagamento de R$ 235.479,00 por meio de dois DARFs distintos. Relaciono abaixo cada um dos documentos de arrecadação, relembrando que o vencimento para recolhimento da estimativa de novembro de 2003 se deu em 30/12/2003: Data do Recolhimento Principal Multa Juros Total Fl. 27/02/2004 R$ 229.444,59 R$ 5.208,39 R$ 234.652,98 32 30/07/2004 R$ 643,48 R$ 128,69 R$ 53,85 R$ 826,02 34 TOTAL R$ 230.088,07 R$ 128,69 R$ 5.262,24 R$ 235.479,00 Concluiu ainda a decisão recorrida que o débito considerado pela unidade de origem foi o confessado em DCTF (fl. 89), no total de R$ 169.542,56. Ocorre que tanto a unidade de origem quanto a turma julgadora de primeira instância consideraram que incidia multa de mora no recolhimento realizado em 27/02/2004, uma vez que realizado após a data de vencimento (30/01/2004), devendo ser realizada imputação de pagamento para averiguar o crédito tributário efetivamente disponível após quitação da multa moratória devida. A esse respeito, assim consta na decisão recorrida: A requerente, em sua manifestação de inconformidade, alega que, ao realizar uma revisão de seus procedimentos fiscais, constatou que as bases de cálculo mensais do IRPJ e da CSLL, no anocalendário de 2003, haviam sido incorretamente apurados, razão pela qual providenciou a retificação de sua DIPJ/2004, antes mesmo da emissão do despacho decisório, mas, por um equívoco, deixou de retificar as DCTF correspondentes. Segundo a interessada, dos R$205.282,12 originalmente declarados em DCTF, somente R$169.542,56 eram Fl. 173DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 174 7 efetivamente devidos a título de estimativa de CSLL em novembro de 2003, o que foi declarado ao Fisco Federal na DIPJ retificadora em agosto de 2005 (fl. 30), gerando um saldo a recuperar de R$60.545,61, correspondente ao crédito pleiteado na Dcomp em análise. Entretanto, o valor originalmente confessado em DCTF, a título de estimativa de CSLL do mês de novembro de 2003, não foi de R$205.282,12, mas sim de R$169.542,56, não tendo sido objeto de questionamento por parte da autoridade fiscal no Despacho Decisório em questão. Como se observa do extrato do sistema informatizado da RFB que controla os pagamentos dos contribuintes, anexado à fl. 89, o que aconteceu foi que a interessada efetuou o recolhimento da estimativa de novembro de 2003 em atraso, apenas em 27/02/2004, mas sem a incidência da multa de mora, que seria de R$31.890,95. Diante disso, foi considerado como pagamento a maior a diferença entre o total recolhido (R$234.652,98) e o imposto devido com os acréscimos legais, multa de mora e juros de mora, no montante de R$205.282,12, ou seja, R$169.542,56+R$31.890,95+R$3.848,61. O despacho decisório, porém, considerou apenas o DARF no montante de R$234.652,98, recolhido em 27/02/2004 (fls. 32 e 89), deixando de observar o recolhimento efetuado através do DARF anexado à fl. 34, no montante de R$826,02, pago em 30/07/2004, confirmado no sistema informatizado da RFB (fl. 90). Alega a Recorrente, contudo, que seria indevida a cobrança de multa moratória no recolhimento realizado em 27/02/2004, uma vez que na DCTF original, transmitida em 12/12/2004, não houve qualquer confissão de dívida de IRPJ e de CSLL, tendo o débito de R$ 169.542,56 sido confessado somente em 01/12/2005, portanto, após o recolhimento da estimativa. Nesse cenário, o recolhimento teria sido espontâneo, uma vez que o débito em questão não havia sido confessado na data do recolhimento. Cita entendimento da própria RFB a respeito da impossibilidade de cobrança de multa moratória em situações como essa (Nota Cosit nº 1/2012). A respeito da incidência de multa moratória, convém destacar o decidido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.149.022, recurso representativo de controvérsia julgado na forma do art. 543C do CPC/1973, de aplicação obrigatória no âmbito do CARF: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Fl. 174DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 175 8 Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Resta analisar se no caso concreto os fatos enquadramse no entendimento firmado pelo STJ sobre o tema. À fl. 139 consta recibo de entrega da DCTF transmitida em 12/02/2004 no qual não constam débitos apurados de IRPJ e de CSLL em relação ao quarto trimestre de 2003. Já à fl. 140 consta recibo de entrega da DCTF Retificadora relativa ao quarto trimestre de 2003 transmitida em 01/12/2005, constando informações de débitos apurados de IRPJ e de CSLL (R$ 1.103.950,84 e R$ 401.293,24, respectivamente). Em relação a essa mesma declaração retificadora, consta à fl. 141 a discriminação do débito apurado de estimativa de CSLL referente ao mês de novembro de 2003 (R$ 169.542,56), o qual, por oportuno, reproduzo a seguir: Fl. 175DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 176 9 Conforme se observa, quando do recolhimento do DARF de R$ 229.444,59 (principal) em 27/02/2004, não havia qualquer confissão de dívida de CSLL referente à estimativa de novembro de 2003, uma vez que a DCTF transmitida em 12/02/2004, relativa ao quarto trimestre de 2003, não acusou qualquer débito de CSLL (fl. 139). Somente em 01/12/2005 o contribuinte transmitiu DCTF Retificadora fazendo constar o débito já recolhido em 27/02/2004. Logo, se à época do recolhimento o débito ainda não estava constituído, e inexiste nos autos qualquer indicação de procedimento fiscal iniciado antes desse recolhimento, o caso se amolda à perfeição ao decidido pelo STJ no REsp nº 1.149.022, mais precisamente ao entendimento exposto nos itens 2, 4 e 7 da ementa retrotranscrita, ou seja, não há que se falar em imputação do pagamento realizado para quitação de multa moratória. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 177 10 Esclareço que discordo do cálculo realizado pela decisão recorrida ao considerar também o valor dos juros e multa moratória pagos no DARF recolhido em 30/07/2004, já discriminado neste voto. Isso porque resta evidente que o pedido do contribuinte limitouse ao principal recolhido nos dois documentos de arrecadação em questão R$ 230.088,07 (conforme tabela à p. 5 deste voto), que, subtraído do débito confessado em DCTF R$ 169.542,56 – perfaz exatamente o direito creditório pleiteado pela Recorrente, no total de R$ 60.545,51, conforme declaração de compensação à fl. 96, a seguir reproduzida com os destaques insertos por este relator: Ressalto que há possibilidade de existirem outros pedidos de restituição/compensação atrelados à multa moratória recolhida indevidamente também em relação ao DARF pago em 30/07/2004 em razão de tal recolhimento também ter sido realizado espontaneamente, e, mais ainda, após já ter quitado completamente o débito com o recolhimento efetuado em 27/02/2004. Por essas razões, independentemente do ora decidido, não haveria como se utilizar tal recolhimento para adimplemento de quaisquer débitos atrelados a esses autos. É importante frisar que o mesmo critério já fora utilizado no despacho eletrônico que deu impulso inicial a este processo. Entendo que tal procedimento gera o risco de se reconhecer direito creditório maior que o pleiteado pelo contribuinte. Tal fato não ocorre nos presentes autos (mas poderia implicar problemas sérios em eventual pedido isolado de reconhecimento de crédito atrelado única e exclusivamente a multa e juros recolhidos indevidamente), pois não há pedido de restituição, somente declarações de compensação e limitadas ao principal recolhido. Nesse sentido, não haverá qualquer prejuízo ao Fisco, uma vez que, ao considerar devida a multa moratória no recolhimento efetuado em 27/02/2004, os acréscimos legais do DARF recolhido em 30/07/2004, ainda que parcialmente, foram utilizados para compensar a multa moratória. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 13884.901201/200916 Acórdão n.º 1402002.235 S1C4T2 Fl. 178 11 Portanto, constatado o recolhimento de R$ 230.088,07 de estimativa de CSLL referente a novembro de 2003 (valor do principal, conforme tabela à p. 5 deste voto), tendo sido confessado débito em DCTF no valor de R$ 169.542,56, resta demonstrado que a Recorrente faz jus à totalidade do indébito pleiteado, qual seja, R$ 60.545,51. Esclarecese ainda que os equívocos cometidos pela DRJ podem ser dirimidos nestes autos, bastandose excluir do total de indébito pleiteado os créditos já reconhecidos pela unidade de origem (R$ 29.370,88 – fls. 37 e 89) e pela decisão de primeira instância (R$ 826,02). Assim sendo, entendo que deva ser reconhecido crédito adicional de R$ 30.348,61. 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório adicional de R$ 30.348,61, homologandose as compensações pleiteadas até esse limite. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 178DF CARF MF Impresso em 12/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 12/08/2016 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 16682.721414/2013-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2402-000.571
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(Assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 66 82 .7 21 41 4/ 20 13 -1 5 Fl. 4961DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos e os fundamentos do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até então: Trata o processo de auto de infração, fls. 2416/2423, para cobrança do Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, relativo ao anocalendário de 2009, no valor de R$ 29.778.467,33, com multa de ofício e juros de mora, incidente sobre remessa de valores ao exterior. No Termo de Verificação Fiscal, fls. 2380/2415, consta: durante a ação fiscal, constataram fatos que configuram descumprimento à legislação que rege o IRRF e a CIDE, incidentes sobre as remessas efetuadas a empresas estrangeiras, haja vista o não cabimento da aplicação da alíquota zero do IRRF, prevista no artigo 2º da IN SRF 252/2002 (artigo 1º da Lei nº 8.481/97). a autuada firmou os seguintes contratos de afretamento de embarcação, que motivaram as remessas: (1) Contrato de Afretamento – Unidade de Perfuração Offshore Sovereign Explorer, firmado em 30/11/2007, com a empresa Transocean UK Limited (TUKL), situada na Escócia, Reino Unido e (2) Contrato de Afretamento – Unidade de Perfuração Offshore Stena Drillmax, firmado em 07/08/2009, com a empresa Stena Drillmax I (Hungary) KTF, com escritório registrado na Hungria, e endereço posta em Luxemburgo. a esses dois contratos estavam vinculados os contratos de prestação de serviços de perfuração, sondagem, exploração de poços de petróleo e serviços correlatos, firmados nas mesmas datas com: (1) Transocean Brasil LTDA, CNPJ. 40.278.681/000179, situada no município de Macaé, Rio de Janeiro, Brasil e (2) Stena Services Brazil LTDA, CNPJ. 03.713.668/000174, situada no município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. restou acordado que os serviços de perfuração, sondagem e exploração de poços de petróleo são prestados mediante a utilização das unidades de perfuração denominadas “Sovereign Explorer” e “Stena Drillmax”, fornecidas pelo próprio grupo econômico prestado dos ditos serviços, respectivamente, Transocean e Stena. a maior parte do preço pago em decorrência dos contratos é atribuído ao afretamento (78% para Transocean UK Limited e 95% para Stena Drillmax I), e destinada ao exterior sem retenção do IRRF e sem incidência da CIDE, enquanto a menor parte é atribuída à prestação de serviços. da análise dos contratos, e informações de domínio público coletadas nos sites dos referidos grupos econômicos, concluise que se tratam de contratações em que a prestação de serviços de sondagem, perfuração e exploração de poços foi artificialmente bipartida em dois contratos, um de afretamento e um de serviços, tendo como contratante a Fl. 4962DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 4 3 fiscalizada, e como contratadas, as empresas do mesmo grupo econômico, detentor do know how da prestação de serviços, que atuam em conjunto, de forma interdependente, em responsabilidade solidária. a realidade dos fatos demonstra que inexiste um afretamento autônomo, o fornecimento da unidade de perfuração e sondagem é apenas parte instrumental, integrante e indissociável dos serviços contratados; tratase de prestação de serviços de que faz parte o fornecimento da unidade de perfuração. a análise minuciosa das cláusulas contratuais, bem como demais documentos acerca dos recursos humanos utilizados, boletins de mensais de medição e dos atestados diários de perfuração, ratifica a conclusão de que a bipartição dos contratos é meramente formal; no desempenho dos contratos o fornecimento da unidade é parte integrante e indissociável dos serviços contratados. não restam dúvidas que as atividades eram desempenhadas indistintamente tanto por profissionais vinculados às empresas estrangeiras quanto às empresas nacionais, todas do mesmo grupo econômico, prestando os mesmos serviços de forma unida, harmônica e dependente umas das outras, dividindo receitas e custos segundo a sua conveniência, evidenciando que não existem duas atividades autônomas – afretamento e serviços – como fazem parecer os contratos. na realidade ambos os contratos são remunerados pelas mesmas operações que no caos se referem exclusivamente às operações de perfuração de poços de petróleo, portanto, inerentes ao objeto constante do contrato de prestação de serviço, o que evidencia que as atividades contratadas de fato se resumem a apenas prestação de serviços. os pagamentos efetuados em favor das empresas estrangeiras correspondem à remuneração de serviços prestados, sujeitos à incidência do IRRF e CIDE, pois a natureza destes pagamentos, requisito essencial a ser observado para a aplicação da alíquota zero, não é definida apenas pelas cláusulas contratuais de um contrato isolado, mas pela realidade prática produzidas no desempenho dos contratos vinculados e interdependentes. com base no Requerimento de Concessão do Regime de Admissão Temporária, no qual consta os valores de mercado dos bens afretados, é possível verificar que o montante pago pelo afretamento da unidade seria mais do que suficiente para a compra ou construção da mesma, o que demonstra inviabilidade do negócio pactuado caso fosse tão somente um afretamento. a desproporção dos valores vem a demonstrar que esses expressivos montantes despendidos a título de afretamento só se justificam economicamente caso o que estivesse sendo contratado e remunerado fossem efetivamente os serviços de perfuração de poço prestados pelos grupos econômicos através da utilização das referidas unidade de perfuração, haja vista a especificidade e complexidade desse tipo de serviço aliadas ao knowhow e a experiência do grupo contratado. Fl. 4963DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 5 4 quanto à legislação, não é possível ser aplicada a Lei nº 9.432/97, que regula as atividades de apoio marítimo e portuário, e estabelece que o afretamento de embarcação depende de autorização da ANTAQ. as unidades de perfuração não são as embarcações tratadas na Lei nº 9.432/97, pois as primeiras possuem o fim específico de prestação de serviços de pesquisa, perfuração, exploração de petróleo, e não atividades de apoio marítimo e portuário, tanto que a ANTAQ, em processo de autorização da unidade “Sovereign Explorer”, respondeu não ser sua atribuição autorizar “o afretamento deste tipo de embarcação”. a aplicação da alíquota zero, prevista no artigo 1º da Lei nº 9.481/97 requer que os pagamentos sejam decorrentes de fretes, afretamentos, aluguéis e arrendamentos, e, no caso de afretamento de embarcações, que tenham sido aprovadas pela autoridade competente. no presente caso, restou comprovado que as remessas correspondiam de fato à remuneração por serviços prestados, e assim como a necessária aprovação pela ANTAQ também não ocorreu. sendo incabível a possibilidade de atribuir às remessas a simples afretamento, uma vez que a verdadeira causa desses pagamentos era a prestação de serviços à fiscalizada, em que o fornecimento da unidade de perfuração e sondagem era apenas parte instrumental, integrante e indissociável dos serviços contratados, concluise pelo lançamento de ofício para exigência de IRRF e CIDE que deixaram de ser espontaneamente recolhidos. BASES DE CÁLCULO E ALÍQUOTAS APLICÁVEIS AO LANÇAMENTO DE OFÍCIO Considerando a legislação tributária em vigor, os valores das remessas efetuadas pela autuada aos dois beneficiários no exterior no decorrer do anocalendário de 2009, se sujeitam ao IRRF à alíquota de 15% e a CIDE à alíquota de 10%, haja vista se tratarem de pagamentos relativos à prestação de serviços técnicos. Para determinação do IRRF, foi observado o disposto no artigo 725 do RIR/99, e no artigo 20 da IN SRF nº 15/2001. [...] BASE LEGAL para lançamento do IRRF artigos 682, inciso I, 685, inciso II, alínea “a” e 708 do RIR/99 combinado com o artigo 3º da MP nº 2.15970, de 24/08/2001. [...] A ciência foi pessoal, e ocorreu em 02/01/2014. Inconformada, a autuada apresentou impugnação em 03/02/2014, fls. 2485/2568, com as seguintes alegações: alega a tempestividade da impugnação. Das preliminares – Nulidade Fl. 4964DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 6 5 preliminar de nulidade, já que não foi estabelecido qual vício levou a ser desconsiderados e requalificados os contratos de afretamento e de prestação de serviços, o que acarreta falta de fundamentação do lançamento, e prejuízo ao direito de defesa. ainda em preliminar, a autoridade fiscal fez constar fundamentação subsidiária – inaplicabilidade da alíquota zero do IRRF prevista no artigo 1º, inciso I da Lei nº 9.481/97, em razão da natureza da embarcação afretada – o que demonstra incerteza acerca das razões que justificariam o auto de infração, fulminando sua validade. Do mérito Validade dos negócios jurídicos. Subsistência dos contratos de afretamento em todos seus efeitos – Coligação de Contratos os contratos de afretamento e prestação de serviços são válidos, cabendo ao auditor fiscal demonstrar a existência de vício que maculasse a recepção destes negócios jurídicos pelo ordenamento legal, especialmente os artigos 104 e 107 da Lei nº 10.406/2002 Código Civil. nos termos do artigo 110 do CTN, a autoridade fiscal deveria ter sujeitado as remessas ao exterior a título de afretamento de embarcação ao tratamento que a lei tributária prevê – artigo 1º, inciso I da Lei nº 9.481/97. como não foi contestada a validade dos contratos de afretamento e de prestação de serviços, ou as manifestações de vontade neles expressadas, a autoridade fiscal não poderia ter ignorado o tratamento tributário próprio previsto pela legislação tributária. são inconsistentes dos indícios apontados pela autoridade fiscal para concluir pela existência de um único contrato de prestação de serviços firmado com pessoa jurídica estrangeira. a coligação entre empresas encontra amparo legal, o que não lhes desautoriza firmarem negócios jurídicos distintos e independentes entre si. a mera coligação entre pessoas jurídicas não seria suficiente para desconsiderar e requalificar diferentes negócios jurídicos, ensejando a confusão entre empresas estrangeiras e nacionais para justificar o lançamento. a coligação de negócios jurídicos já foi estudada pela doutrina civilista, a qual ensina que não é ilegal ou irregular, e sequer resulta na perda da individualidade. assim, a união com dependência recíproca voluntária, verificada pela autoridade fiscal a partir da análise dos contratos de afretamento e de prestação de serviços, não poderia resultar no entendimento de que são contratos mistos de prestação de serviços com fornecimento da unidade de perfuração. os contratos têm execução simultânea para fins de habilitação e concessão dos benefícios do REPETRO, nos termos da IN SRF nº 844/2008, alterada pela IN SRF nº 941/2009. Fl. 4965DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 7 6 contesta a afirmação da autoridade fiscal de que os valores pagos nos contratos de afretamento seriam superiores aos valores de mercado da unidades afretadas, o que reforçaria o entendimento de que os contratos seriam de prestação de serviços de perfuração de poços prestados pelos grupos econômicos. não há na legislação tributária qualquer método de avaliação e questionamento de preços pactuados entre pessoas jurídicas não vinculadas, sendo que este indício se funda somente no que a autoridade fiscal entenderia como o preço correto para um afretamento de embarcações. inúmeras locações de bens móveis por períodos tão extensos podem alcançar o valor de aquisição, o que não altera a natureza do contrato de locação de bens, e sequer autorizam à autoridade fiscal desconsiderar e requalificar os contratos de afretamento e de prestação de serviços. outro indício que contesta é quanto à atribuição dos encargos de manutenção e reparo das embarcações às empresas estrangeiras. é típico dos contratos de afretamento de embarcações que os custos de manutenção da embarcação sejam arcados pelo seu proprietário, sendo embutido no preço contratado, o que inclui também as análises e procedimentos necessários para que a embarcação possa estar apta a atender sua finalidade principal: a perfuração de poços de petróleo. o STJ já decidiu que presença de serviços de assistência técnica conexos à locação de um bem móvel não altera a natureza daquele contrato, não incidindo o ISS sobre os valores. quanto à diferença dos valores dos contratos de afretamento e de prestação de serviços, afirma que a autoridade fiscal não tem parâmetro ou knowhow para comparar e refutar os preços, sendo de conhecimento comum que as embarcações da espécie sonda de perfuração offshore possuem valor colossal. é impossível desconsiderar os contratos de afretamento e de prestação de serviços com base na simulação e ou no abuso de formas. não restou comprovado qualquer descumprimento das obrigações contratualmente previstas, o que afasta a simulação. não ocorreu abuso de formas, já que a verificação de prestação de serviços conexos ao afretamento de embarcações não leva a um tratamento tributário distinto daquele do afretamento a casco nu, devendo ainda ser aplicada a alíquota zero do IRRF, prevista no artigo 1º, inciso I da Lei nº 9.481/97, sem haver qualquer exigência sob a rubrica da CIDE. ademais, a regulamentação do artigo 116, § único do CTN não foi convertida em Lei, não sendo auto aplicável, o que torna impossível a desconsideração dos contratos de afretamento e de prestação de serviços. Fl. 4966DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 8 7 Reconhecimento da estrutura contratual adotada pela Receita Federal do Brasil – Regime Aduaneiro Especial do REPETRO a Receita Federal conhece a estrutura contratual adotada – contratação segregada e simultânea do afretamento de embarcações da espécie sonda de perfuração offshore e dos seus serviços conexos até estimulandoa ao regulamentar o REPETRO, com as IN SRF nº 844/2008, alterada pela IN SRF nº 941/2009. se o ordenamento jurídico vigente à época dos supostos fatos geradores contemplava normas jurídicas que disciplinavam e estimulavam a adoção da estrutura contratual, penalizar esta contribuinte por fazer uso desta é um contra senso que não deve ser admitido. os contratos já foram objeto de análise pela Receita Federal do Brasil quando da habilitação no REPETRO, sendo reconhecido a natureza dos negócios jurídicos como efetivos contratos de afretamento de embarcações e prestações de serviços, pois, do contrário, não seriam concedidas as devidas habilitações. o entendimento da autoridade fiscal vai de encontro ao resultado das avaliações anteriores, pois entende que os contratos de afretamento e de prestação de serviços seriam um único contrato de prestação de serviços de perfuração com fornecimento da unidade de perfuração, o qual teria sido acordado com aquelas empresas estrangeiras. essa divergência de posturas fere o princípio que consagra a boafé objetiva, de modo a impedir que autoridades administrativas venham a proferir decisões contraditórias, que fulminem a segurança jurídica. a impossibilidade de agir de forma contrária ao posicionamento adotado anteriormente está previsto no artigo 146 do CTN, citando ementa de Acórdão do CARF neste sentido. Da diferença entre o afretamento da sonda de perfuração e a prestação de serviços a distinção dos afretamentos de embarcações contratados para uma prestação de serviços é evidente, atraindo para si tratamento tributário distinto. os contratos de afretamento foram firmados pela modalidade de afretamento a casco nu, prevista no artigo 2º, inciso I da Lei nº 9.432/97, que comporta somente a locação das embarcações em si, não compreendendo outras atividades humanas auxiliares, o que se resume na obrigação da dar. a locação de bem móvel não pode ser entendida como um serviço, conclusão ratificada pela Súmula Vinculante nº 31 do STF. quanto ao afretamento a casco nu, o STJ aplica o mesmo entendimento do STF, não havendo incidência do ISS. ao firmar os contratos de afretamento de embarcações da espécie sonda de perfuração offshore a casco nu, a impugnante obteve esses bens, livres e desembaraçados, cabendo ao seu pessoal e demais Fl. 4967DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 9 8 prestadoras de serviços, executar as atividades própria da exploração e produção de campos de petróleo. entre esses prestadores de serviços encontrase aquele qualificado a operar a sonda de perfuração, cujo corpo técnico fica sob a gestão da equipe da impugnante, pois detém o knowhow e direito de explorar e produzir os campos de petróleo. foi opção da impugnante o afretamento das embarcações da espécie sonda de perfuração offshore, assim como as prestações de serviços foram contratados por várias pessoas jurídicas, cujo resultado final permite que a impugnante possa conduzir a exploração e produção de petróleo e gás natural. os contratos de afretamento e de prestação de serviços diferenciamse pelo seu objeto – afretamento X prestação de serviços; obrigação de dar X obrigação de fazer, e também pelas empresas contratadas. os contratos de afretamento a casco nu pactuados pela impugnante não comportam a prestação de serviços, o que afasta qualquer entendimento de que as remessas feita ao exterior poderiam sofrer exigência sob a rubrica da CIDE. Contrato de prestação de serviços com empresas nacionais – Retenção do IRRF à alíquota de 1,5% a autoridade fiscal desconsiderou e requalificou os contratos firmados, afirmando que estes consistiriam em um único contrato de prestação de serviços com fornecimento da unidade de perfuração, e ainda sugeriu que teriam sido celebrados unicamente com as empresas estrangeiras. no entanto, da leitura do TVF não se depreende nenhuma razão para que se entenda que esses hipotéticos contratos de prestação de serviços com fornecimento de unidade de perfuração tenham sido firmados com as empresas estrangeiras, e não com as empresas brasileiras, detentoras do knowhow de uma gama de serviços conexos ao afretamento das embarcações, de forma que não se poderá ignorálas ou descredencialas, sem qualquer justificativa. caso um contrato de prestação de serviços de perfuração com fornecimento de unidade de perfuração tivesse de ser firmado unicamente com algum dos grupos da empresa – estrangeiras ou nacionais , deverseia entendêlos como estabelecidos com as empresas nacionais, as quais firmaram contratos cuja natureza é de prestação de serviços, fato que geraria um tratamento tributário distinto daquele que aplicou o autoridade fiscal, que maximizou a tributação com cobrança da CIDE e IRRF. ao entender as remessas ao exterior como contraprestações de serviços prestados por empresas nacionais, somente seria possível exigir a retenção do “IRRF” à alíquota de 1,5 % (um e meio por cento), prevista no artigo 647, caput, do Decreto nº 3.000/99 (‘RIR”). Fl. 4968DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 10 9 Aplicabilidade do artigo 1º, inciso I da Lei nº 9.481/97 às remessas ao exterior – a natureza da sonda de perfuração como tipo de embarcação a Stena Drillmax é uma embarcação da espécie sonda de perfuração offshore raríssima, locomovendose de per si, apresentandose visualmente como embarcação, ao passo que a Sovereign Explorer, embora também seja uma espécie de sonda de perfuração offshore, não é dotada de tais qualidades, assemelhandose ao que se denomina plataforma. o artigo 1º da Lei nº 9.481/97 determina que as receitas de afretamento de embarcações estariam sujeitas à alíquota zero do IRRF, desde que tenham sido aprovadas por autoridades competentes, sem estabelecer qualquer ressalva quanto a que espécie de embarcação este dispositivo seria aplicado. a Lei nº 9.537/97, que regulamenta o tráfego aquaviário, conceitua embarcação como “qualquer construção, inclusive as plataformas flutuantes e, quando rebocadas, as fixas, sujeita a inscrição na autoridade marítima e suscetível de se locomover na água, por meios próprio ou não”, conforme consta no seu artigo 2º, inciso V. logo, as unidades Stena Drillmax e Sovereign Explorer enquadramse no conceito de embarcação, restando claro que a Lei nº 9.537/91 não restringe o conceito de embarcação àquelas construções marítimas voltadas para o transporte de pessoas ou cargas. o artigo 2º, inciso XIV da Lei nº 9.537/97, define plataforma como “instalação ou estrutura, fixa ou flutuante, destinada às atividades direta ou indiretamente relacionadas com a pesquisa, exploração e explotação dos recursos oriundos do leito das águas interiores e seu subsolo ou do mar, inclusive da plataforma continental e seu subsolo”, deixando claro que se incluem dentro do conceito de embarcação outras estruturas que não estão voltadas essencialmente para o transporte de pessoas ou cargas. traz ementa de Acórdão do TRF da 2º RF e do CARF ratificando este entendimento. a falta de autorização da ANTAQ também não é empecilho à aplicação do artigo 1º, inciso I da Lei nº 9.481/97, pois esta Autarquia regulamenta e supervisiona a prestação de serviços de transporte, que não é o caso das unidades em questão. a autoridade competente seria a Capitania dos Portos, restando preenchido este requisito, já que as embarcações estão devidamente inscritas. Aplicação da Convenção BRASILHUNGRIA às remessas feita em favor da STENA DRILLMAX I (HUNGARY) KTF a autoridade fiscal deixou de se pronunciar quanto à aplicação da Convenção para Evitar a Dupla tributação firmada entre Brasil e Hungria, promulgada pelo Decreto Executivo nº 53/91, sobretudo no Fl. 4969DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 11 10 que diz respeito aos efeitos do artigo 2º quanto à exigência da CIDE, inobservando o previsto no artigo 98 do CTN. a partir da Convenção BrasilHungria, não haveria que se falar na exigência do IRRF, fosse ou não embarcação da espécie sonda de perfuração offshore contratada junto à Stena Drillmax I (Hungary) KTF considerada uma embarcação para fins de aplicação da alíquota zero prevista no artigo 1º, inciso I da Lei nº 9.841/97. o artigo 8º da Convenção BrasilHungria prevê que a tributação sobre lucros provenientes da exploração de embarcações deverá ser feita pelo Estado onde estiver localizada a direção efetiva da empresa que auferilos, neste caso concreto, na Hungria, o que impede a cobrança do IRRF pelo Brasil; este entendimento é reforçado pelos artigos 9º e 10º da Convenção, ainda que existisse prestação de serviços prestado por pessoal mantido no outro Estado contratante. ainda que não se aplicasse o artigo 8º, caberia aplicação do artigo 7º, que determina que os rendimentos da empresa estrangeira só poderiam ser tributados no pais de residência da beneficiária, ou seja, na Hungria, ainda mais considerando tratarse de afretamento a casco nu, onde apenas há a obrigação de disponibilizar o bem. o STJ vem utilizando o artigo 98 do CTN para fazer prevalecer os tratados internacionais quando colocados em confronto com a legislação interna, motivo pelo qual deve ser cancelado o lançamento seja em função do artigo 8º ou do 7º da Convenção BrasilHungria. Impossibilidade de cobrança de juros de mora sobre valores exigidos a título de multa de ofício contesta a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício. o artigo 61 da Lei n° 9.430/96 determina a incidência dos juros somente sobre o valor dos tributos e contribuições, e não sobre o valor da multa de ofício. a Câmara Superior de Recursos Fiscais já se posicionou neste sentido. Em sessão realizada em agosto de 2014, a 5a Turma da DRJ/RJ1 julgou a impugnação procedente, conforme decisão assim ementada: PRELIMINAR. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em nulidade quando o lançamento observa todos os requisitos previstos no artigo 142 do CTN e no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72. CONTRATO DE AFRETAMENTO DE PLATAFORMA E CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NATUREZA DO PAGAMENTO PARA FINS TRIBUTÁRIOS Para fins tributários, é necessário verificar qual a natureza dos pagamentos, tendo em vista a realidade fática, e não a formalidade dos contratos. Dos fatos apontados nos autos, restou comprovado tratarse de um único contrato de prestação de serviços, embora formalmente Fl. 4970DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 12 11 sejam firmados dois acordos, um de afretamento e outro de prestação de serviços. CONTRATO DE AFRETAMENTO DE PLATAFORMA – RETENÇÃO DO IRRF ALÍQUOTA ZERO IMPOSSIBILIDADE. Para fins de usufruir a aplicação da alíquota zero na determinação do imposto de renda retido na fonte, é necessário que a finalidade seja o transporte de cargas e pessoas. Embora as plataformas se locomovam na água, a atividade para a qual foram concebidas é a pesquisa, exploração e prospecção de petróleo. RENÚNCIA FISCAL INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA Embora a Lei 9.481/97, Lei nº 9.532/97 e o art. 691, I do RIR/99, não tenham, de forma expressa, restringido o tipo de atividade explorada pela embarcação afretada, seja ela destinada ao transporte de passageiros/carga, à exploração de petróleo ou outras atividades marítimas, devese levar em conta que não é possível ampliar o sentido da norma, dando interpretação ampla ao termo embarcação, já que o artigo 111 do CTN dispõe: "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre a outorga de isenções”. PAÍSES SIGNATÁRIOS DE TRATADOS INTERNACIONAIS PARA EVITAR A DUPLA TRIBUTAÇÃO INAPLICABILIDADE PARA PAGAMENTOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS As remessas decorrentes de contratos de prestação de assistência técnica e de serviços técnicos sem transferência de tecnologia sujeitam se à tributação de acordo com o art.685, inciso II, alínea “a”, do Decreto nº 3.000, de 1999, bem como que nas Convenções para Eliminar a Dupla Tributação da Renda das quais o Brasil é signatário, esses rendimentos classificamse no artigo Rendimentos não Expressamente Mencionados. JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE MULTA DE OFÍCIO – BASE LEGAL CABIMENTO A multa de ofício integra a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, o crédito tributário, sendo legítima a incidência dos juros de mora calculados com base na Taxa Selic. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A recorrente foi intimada da decisão em 19 de agosto de 2014 (fl. 4589) e interpôs recurso voluntário em 15 de setembro de 2014 (fl. 4592 e seguintes), reiterando o que alegou na impugnação, acrescentando, ainda, que: a) em sede de preliminar, é possível aferir que as D. Autoridades Julgadoras da 5a Turma da “DRJ/RJ1” proferiram uma decisão contraditória. Ipso facto, na medida em que essas afirmaram que os contratos de afretamento e de prestação de serviços não foram desconsiderados ou requalificados, Fl. 4971DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 13 12 e, ao mesmo tempo, mantiveram a exigência do “IRRF” em face da RECORRENTE, há, na decisão de primeira instância, uma formulação ilógica, que leva à nulidade do Acórdão nº 1267.480; b) Argumenta que o artigo 111 do CTN não fixa uma técnica exegética para os casos previstos em seus incisos, tampouco equipara a interpretação literal à interpretação restritiva (que são coisas distintas). É dizer, não há autorização para a D. Autoridade Fiscal restringir o campo de aplicação de legislação que beneficie os contribuintes, sobretudo quando sua única fundamentação é o aumento da arrecadação, como está ocorrendo no presente caso; c) ainda, o presente caso trata de uma norma que prevê aplicação de alíquota zero, e não de norma isentiva, de suspensão ou exclusão do crédito tributário e, muito menos, da dispensa de cumprimento de obrigação acessória. Assim, não há que se cogitar, sequer, do uso da interpretação literal, pois a alíquota zero não se enquadraria em nenhum dos incisos do artigo 111 do CTN. A Procuradoria apresentou contrarrazões, alegando, em síntese, que: Da preliminar de nulidade. Indicação de fatos que ensejaram o lançamento a) o Termo de Verificação Fiscal deixou bastante claro que o que se fez foi tributar a operação real e não aparente, conforme apurado no procedimento fiscal. O CTN (art. 142) em momento algum exige a imputação de algum vício de natureza civil ao ato tributado pela Autoridade Fiscal. O que se exige é demonstrar que nos fatos apurados ocorreu fato gerador de tributo, conforme o caso; b) a imputação de vícios de validade de uma perspectiva civil não é pertinente à análise da Fiscalização. O que importa demonstrar são as razões para a ineficácia de tais declarações de vontade perante o Fisco; c) a recorrente demonstra ter plena compreensão dos fatos contra si imputados. Tanto é assim que teve a possibilidade de desenvolver ampla razões de defesa. Não se pode falar em nulidade ou cerceamento de defesa; Da preliminar de nulidade por uso de “fundamentação subsidiária” d) não há relação de exclusão entre os argumentos. A expressão “por lado...por outro” é formada por conectores com valor de adição ou enumeração (paralelismo sintático). Não existe em fenômenos de paralelismo sintático a relação de subsidiariedade, mas sim de equivalência ou adição. Tal conclusão, se reforça pelo uso do advérbio “também” no TVF; Fl. 4972DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 14 13 e) enquanto o primeiro argumento diz respeito à incidência da CIDE e do IRRF, o segundo diz respeito ao afastamento de alíquota zero do IRRF, não se confundindo a não incidência e a alíquota zero; f) na autuação, dizse que se deve incidir a CIDE e o IRRF em virtude da unidade dos contratos, com mais razão deve incidir o IRRF porque não se trata de hipótese de alíquota zero; Da preliminar de nulidade por suposta contradição interna g) considerando que não se pode confundir a validade e a eficácia do negócio jurídico, tornase claro que não existe contradição no v. acórdão recorrido ao afirmar que não se declarou nulidade dos negócios jurídicos firmados pela Recorrente. O que ocorreu foi a consideração de sua ineficácia perante o Fisco; h) não interessa nem compete ao Fisco declarar a nulidade ou efetivamente desconstituir negócios jurídicos entre partes privadas. O que se faz é analisar os fatos objetivamente ocorridos e aplicarlhes os devidos efeitos tributários (artigo 118 do CTN); Mérito. Unidade dos contratos de afretamento e prestação de serviços. Montagem jurídica. Planejamento fiscal. i) a recorrente busca desqualificar o trabalho fiscal na medida em que tenta “tipificar” o atípico; j) os contratos de afretamento deixam claro que cabe a elas (fretadoras) a operação do maquinário. Além de não se tratar de forma evidente de discussão pertinente a contrato de afretamento (como defende a Recorrente) também demonstra que a empresa estrangeira está assumindo responsabilidades próprias da empresa nacional, qual seja, a prestação de serviços de prospecção de petróleo. Inclusive, no contrato de prestação de serviços com a TRANSOCEAN BRASIL, não consta cláusula sobre a responsabilidade na própria prestação. Tal clausula se encontra tão somente no contrato de afretamento, pelo qual é responsável a empresa estrangeira; k) o contrato de afretamento da TRANSOCEAN UK (parágrafo 901) prevê que a mesma é responsável por danos anormais na prestação de serviços de prospecção; l) a remuneração do contrato de afretamento é proporcional e condicionada à produtividade da sonda, não ao tempo em que a mesma permanecerá à disposição da Recorrente. Daí dizerse que sequer de aluguel propriamente dito se trataria, ou sequer de frete, mas sim remuneração por serviços de prospecção prestados por terceiro; m) em momento algum duas empresas independentes firmariam contratos com terceiros responsabilizandose uma pela atividade da outra, de todas essas formas; Fl. 4973DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 15 14 n) inclusive, a Fiscalização apurou que os profissionais ocupantes de cargos chave no processo de prospecção de petróleo eram ocupados por empregados das empresas estrangeiras e não das nacionais prestadoras de serviços. Vêse, portanto, evidente confusão entre empregador prestadores de serviços dos grupos econômicos; o) os contratos de afretamento e de serviços preveem o mesmo prazo de vigência e duração, cedendo inclusive às mesmas hipóteses de suspensão e extinção; p) da redação literal dos dispositivos da IN RFB nº844/08 (já com a redação da IN 941/09) não há como sustentar o argumento da recorrente que a execução simultânea dos contratos se deve às suas exigências. A exigência de execução simultânea diz respeito a serviços e cessão de bens contratados ambos com a mesma pessoa jurídica, a saber, a prestadora de serviços. A IN regulamentadora do REPETRO em momento algum diz respeito à contratação separada de duas pessoas jurídicas; q) os sítios eletrônicos dos grupos TRANSOCEAN e STENA deixam claro e evidente que a atividade das empresas não é de formar algum afretamento de embarcações, mas sim a prestação de serviços de prospecção de petróleo; r) ainda há a questão das operações invertidas e deslocamento da base tributável para o exterior. O valor dispendido para o “afretamento” dos naviossonda era quase o mesmo e até superior, no caso da STENA, ao valor dos bens para aquisição. Tratase, à evidência, de uma operação inversa e de bipartição dos contratos apenas para finalidade de permitir o descolamento da base tributável no contexto do planejamento fiscal; Mérito. Da suposta alteração do critério jurídico do lançamento s) a recorrente faz interpretação deliberadamente equivocada dos termos do artigo 146 do CTN. O que é vedado é a alteração dos critérios jurídicos referentes a um lançamento já efetuado; t) outra coisa a destacar é que não houve revisão de critério jurídico, mas sim nova análise de fatos apurados posteriormente à qualificação no REPETRO (não alegados durante a qualificação do REPETRO); u) No caso concreto, o que foi apresentado no processo de admissão temporária foram os contratos de afretamento, mas nunca os de prestação de serviços. Jamais se chegaria a essa conclusão em mero procedimento de admissão temporária, seja porque a Recorrente apresentou apenas um contrato – o de “afretamento” – ou porque, de outro lado, no referido procedimento não cabe dilação probatória por parte da Fiscalização; v) Por outro lado, o fato de terem sido internalizados em regime de admissão temporária do REPETRO não importa concluir que a Receita concordou com o argumento de que seriam bens referentes a afretamento; Fl. 4974DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 16 15 Da aplicação da Convenção BrasilHungria w) a própria Convenção limita o conceito de “tráfego internacional”, excetuando dele a exploração dentro do território de um único Estado. Conforme se viu, a sonda STENNA DRILLMAX foi contratada para procedimentos de prospecção de petróleo na “Área Autorizada” (fl. 1.415), a saber, a área do bloco BMC33 localizada na Bacia de Campos, no Brasil. Ou seja, não havendo transposição de limites nacionais, não se configura o “tráfego internacional”, o que autorizaria a aplicação da norma isentiva do artigo VIII suscitada pelo contribuinte; x) por outro lado, também não é aplicável a isenção do artigo VIII, pois sequer pode falar de contrato de afretamento; y) a Convenção BrasilHungria não trata a remessa em razão da prestação de serviços técnicos e de assistência técnica como “lucros das empresas” a justificar a aplicação do artigo VII da Convenção. Da combinação do parágrafo 6 do Protocolo Anexo com o Artigo XII, parágrafo 3, da Convenção, notase que é equiparado o pagamento por serviços técnicos destinado à Hungria com o pagamento de royalties, ou seja, é autorizada a tributação entre 25% e 15% (Ato Declaratório Interpretativo nº 5, de 15 de junho de 2014 da RFB); Da alíquota de 1,5%. Prestação de serviços por empresa nacional. z) é incontroverso nos presentes autos que houve remessas ao exterior pelo pagamento de serviços prestados pelas empresas estrangeiras; aa) o art. 647 do RIR/99, suscitado pela contribuinte, diz respeito a pagamentos feitos a pessoas jurídicas nacionais, como é evidente. No caso de pagamentos feitos a pessoa jurídica residente no exterior, aplica se o art. 685, inciso I, do RIR/99, o qual prevê alíquota de 15%; Da alíquota zero. Inexistência de afretamento. Plataforma. bb) a contratação em exame não tem natureza de afretamento. Em primeiro lugar, o conceito de “afretamento” tem base legal nos incisos I a III do art. 2º da Lei nº 9.432/97 (o objeto da modalidade contratual “afretamento” é a “embarcação”). O direito positivo, por sua vez, traz conceito legal que distingue a “embarcação” da “plataforma” no artigo 2º da Lei nº 9.527/97 (embora se coloque plataformas como espécie de embarcações, tal classificação é condicionada à finalidade de transportar pessoas). Assim, a plataforma somente pode ser considerada como embarcação na hipótese em que tenha a finalidade de transporte; cc) o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias aloca as embarcações nos itens 89.01 a 89.04 e 89.06 e as chamadas estruturas flutuantes nas posições 89.05 e 89.07. Segundo as Notas Explicativas do Sistema, as plataformas de perfuração ou de exploração, Fl. 4975DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 17 16 flutuantes ou submersíveis são alocadas no item 89.05, de modo que não consistem em embarcações; Da incidência de juros sobre multa de ofício. dd) a tese da impossibilidade de incidência de juros sobre a multa de ofício já se encontra superada pela jurisprudência do CARF e do STJ no sentido de admitir a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício; ee) em análise do artigo 61 da Lei nº 9.430/96 juntamente com o CTN concluise que o crédito tributário não integralmente pago no vencimento engloba tanto o tributo quanto a multa; ff) o artigo 113, §1o do CTN preceitua que a obrigação principal tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade e conforme leciona Luciano Amaro, o critério utilizado pelo CTN para distinguir obrigação acessória de obrigação principal é o conteúdo pecuniário. Nesse passo, resta evidente que a multa tem natureza de obrigação principal, visto que incontestável o seu conteúdo pecuniário. Dessa forma, por ser a multa, indubitavelmente obrigação principal, não se pode chegar a outra conclusão se não a de que o crédito tributário engloba tributo e a multa. Às fls. 4852 e seguintes, a recorrente juntou parecer do professor Heleno Taveira Tôrres. É importante relator, por fim, que em manifestação protocolada em 19/04/2013 (fls. 138/142), o sujeito passivo registrou que: [...] o contribuinte possui duas ações judiciais para eximirse do pagamento do IRRF e da CIDE, todavia, ressalta que ainda não possui decisão judicial que lhe permita não efetuar tais recolhimentos. [...] Abaixo a relação: a) Número: 004623014.2012.4.02.5101 Objeto: Tratase do Mandado de Segurança que objetiva seja determinado ao Impetrado que se abstenha de exigir o IRRF sobre os valores remetidos ao exterior, oriundos de contratos de prestação de serviços firmados com empresas residentes em países que possuem Convenção com o Brasil para evitar a dupla tributação, bem como não impeça a compensação dos valores pagos a mais a esse título nos 5 anos que antecedem a ação. Fase judicial: Proferida sentença que denegou a segurança e foi interposto Recurso dos Embargos de Declaração. [...] É o relatório. Fl. 4976DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 18 17 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Da conversão do julgamento em diligência À fl. 4670 de seu recurso, o sujeito passivo defende a tese de que a Convenção BrasilHungria impediria a incidência do IRRF, mesmo que fosse adotada a tese da fiscalização, de que os pagamentos seriam atinentes à prestação de serviços, e não ao afretamento. Vejase: Não obstante essa abordagem acerca do artigo 8º da “Convenção Brasil Hungria”, a qual obstaculiza a incidência e retenção na fonte do “IRRF”, é possível verificar, ainda, que essa tributação restaria inviabilizada até mesmo se fosse adotada a construção feita pela D. Autoridade Fiscal, no sentido de que se estaria a tributar uma prestação de serviços com fornecimento da unidade de perfuração. Destarte, a recorrente concluiu que: Dessa forma, a conclusão a que se tem sobre as remessas feitas à empresa residente na Hungria, a partir da aplicação dos artigos da “Convenção BrasilHungria”, é a seguinte: caso se entenda que os rendimentos foram pagos a titulo da exploração de uma atividade conexa ao afretamento de embarcações da espécie sonda de perfuração offshore, aplicarseia seu artigo 8º; caso se entenda que se trata, efetivamente, de um afretamento a casco nu, e ainda que não se considere essas embarcações para fins de aplicação da alíquota zero já tratada ao longo deste Recurso Voluntário, aplicarseia o artigo 7º da mencionada Convenção. (vide fl. 4675) Ocorre que o sujeito passivo relatou ter impetrado mandado de segurança justamente para obstaculizar a incidência do IRRF "sobre os valores remetidos ao exterior, oriundos de contratos de prestação de serviços firmados com empresas residentes em países que possuem Convenção com o Brasil para evitar a dupla tributação" (vide fl. 140). Todavia, a recorrente não juntou as peças da ação judicial nestes autos, impedindo que se possa mensurar, com segurança, a identidade entre os objetos submetidos à análise das instâncias administrativa e judicial. Também não se pode afirmar se existem outros objetos em discussão na esfera judicial, ausente as peças necessárias para tanto. É sabido que o órgão de julgamento administrativo somente pode apreciar a matéria distinta daquela constante do processo judicial. É necessária, portanto, a conversão do julgamento em diligência, para que a recorrente traga aos autos as principais peças do mandado de segurança, em especial a sua petição inicial, a sentença, as eventuais peças recursais, bem como as decisões possivelmente proferidas em grau recursal. Fl. 4977DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 16682.721414/201315 Resolução nº 2402000.571 S2C4T2 Fl. 19 18 Tal providência tem como objetivo evitar a sobreposição de instâncias, em consonância com o enunciado constante do verbete sumular nº 1, deste Conselho. Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Vejase, a propósito, que a própria DRJ conheceu de matéria que, possivelmente, não deveria ter conhecido, mais especificamente aquela atinente às Convenções para evitar a dupla tributação (vide fls. 4579/4581). 2 Conclusão Diante do exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de determinar que sejam tomadas as providências necessárias para que a recorrente traga aos autos as peças do mandado de segurança sob o nº 0046230 14.2012.4.02.5101, em especial a sua petição inicial, a sentença, as eventuais peças recursais, bem como as decisões possivelmente proferidas em grau recursal., informando, ainda, se propôs qualquer outra ação cuja objeto possa coincidir com o objeto deste processo administrativo. (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 4978DF CARF MF Impresso em 28/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 2 0/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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Numero do processo: 10580.726976/2009-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. OMISSÃO INEXISTENTE.
Caracteriza-se omissão em um julgado,quando a decisão deixa de analisar pedido formulado com clareza pelo recorrente, devendo este pedido vir acompanhado de fundamentos fáticos e/ou jurídicos que lhe dêem suporte.
ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB.
É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração.
IRRF ANTECIPAÇÃO. LEGITIMIDADE.
"Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." (Súmula CARF nº 12).
DECLARAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL.
"Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício." (Súmula CARF nº 73)
JUROS. INAPLICABILIDADE DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN.
Quando a norma complementar alegada pelo sujeito passivo não se reveste das qualidades necessárias ao seu enquadramento no art. 100 do Código Tributário Nacional, é incabível a alegação de violação ao princípio da confiança legítima e da boa fé objetiva, e, consequentemente, não pode justificar o afastamento do juros de mora.
Numero da decisão: 2202-003.520
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa de ofício, por erro escusável, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio que deram provimento parcial em maior extensão para afastar também os juros de mora. Foi designado o Conselheiro Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor, na parte em foi vencido o Relator.
Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Marcio Pinho Teixeira, OAB/BA nº 2.394.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
(Assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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CERCEAMENTO DE DEFESA. OMISSÃO INEXISTENTE. Caracterizase omissão em um julgado,quando a decisão deixa de analisar pedido formulado com clareza pelo recorrente, devendo este pedido vir acompanhado de fundamentos fáticos e/ou jurídicos que lhe dêem suporte. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. IRRF ANTECIPAÇÃO. LEGITIMIDADE. "Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." (Súmula CARF nº 12). DECLARAÇÃO. ERRO ESCUSÁVEL. "Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício." (Súmula CARF nº 73) JUROS. INAPLICABILIDADE DO ART. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 69 76 /2 00 9- 22 Fl. 347DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 348 2 Quando a norma complementar alegada pelo sujeito passivo não se reveste das qualidades necessárias ao seu enquadramento no art. 100 do Código Tributário Nacional, é incabível a alegação de violação ao princípio da confiança legítima e da boa fé objetiva, e, consequentemente, não pode justificar o afastamento do juros de mora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio. No mérito, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa de ofício, por erro escusável, vencidos os Conselheiros Dílson Jatahy Fonseca Neto (Relator) e Junia Roberta Gouveia Sampaio que deram provimento parcial em maior extensão para afastar também os juros de mora. Foi designado o Conselheiro Martin da Silva Gesto para redigir o voto vencedor, na parte em foi vencido o Relator. Fez sustentação oral, pelo Contribuinte, o advogado Marcio Pinho Teixeira, OAB/BA nº 2.394. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. (Assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do contribuinte para requalificar rendimentos declarados como isentos. Intimado, o contribuinte impugnou o lançamento, porém a DRJ manteve integralmente o crédito tributário. Insatisfeito, o Contribuinte interpôs recurso voluntário que foi julgado procedente pelo e.CARF, para requalificar o rendimento como isento. Diante de Recurso Especial da Fazenda Nacional, a Fl. 348DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 349 3 CSRF reformou a decisão deste conselho, afastando a isenção dos rendimentos, e determinou o retorno dos autos para análise dos demais pontos recorridos. Feito o resumo da lide, passamos ao relatório pormenorizado dos autos. Em 06/11/2009 foi lavrado auto de infração (fls. 2/12) em desfavor do Contribuinte, ora recorrente, para reclassificar os rendimentos inseridos como isentos na DIRPF, constituindo imposto de renda no valor de R$ 65.538,39, além de juros e multa de 75%. Os valores foram recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia sob a rubrica "Valores Indenizatórios de URV". Intimado em 11/11/2009, o Contribuinte apresentou impugnação em 26/11/2009 (fls. 39/108 e docs. anexos fls. 109/142). Analisando a impugnação, a DRJ proferiu em 28/04/2010 o acórdão nº 1523.570 (fls. 144/151), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado da decisão de primeiro grau em 13/10/2010 (fl. 153), o Contribuinte interpôs recurso voluntário em 10/11/2010 (fls. 154/241), alegando, em síntese: · Que o Estado da Bahia atribuiu caráter indenizatório e portanto isento aos rendimentos; · Que a DRJ deixou de se pronunciar sobre a incompetência da Fazenda Nacional para cobrar IRPF constitucionalmente atribuído aos Estados, violando o art. 5º, LIV e LV, bem como o art. 93, IX da CF/1988, e que também deixou de analisar a quebra da capacidade contributiva do Recorrente, pedindo que sejam devolvidos os autos para a DRJ complementar sua decisão; · Que, nos termos do art. 157, I, da CF/1988, a titularidade dos recursos era do Estado da Bahia, não tendo a União competência constitucional para cobrálo; Fl. 349DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 350 4 · Que há quebra da capacidade contributiva, uma vez que o fisco busca obter como tributo, multa e juros valor superior àquele recebido pelo próprio Contribuinte; · Que o Contribuinte, ao declarar o rendimento em sua DIRPF, não reconheceu a validade da tributação, especialmente por têlo inserido como rendimento isento; · Que a parcela referente à diferença da URV não tem natureza salarial e sim de indenização, não podendo ser, portanto, tributada; · Que há quebra do princípio da isonomia em relação aos demais funcionários públicos, inclusive federais, que têm reconhecida a isenção de tais valores; · Que as alíquotas utilizadas estão equivocadas; · Que a autoridade lançadora não levou em consideração, quando do lançamento, as deduções que tinha direito o Contribuinte; · Que parte da base de cálculo é, em verdade, constituída de 13º salários e de férias indenizadas, rendimentos esses que são isentou ou sujeitos a tributação exclusiva, sendo incorreta a sua inclusão na base de cálculo do lançamento; · Que o Contribuinte não pode ser penalizado pela falha na atuação do Estado da Bahia, responsável legal pela retenção do imposto na fonte, devendo a administração fazendária se voltar contra este outro órgão público, e não contra o Contribuinte, nos termos dos arts. 842 e 844 do RIR/1999, entre outros, de sorte que pede a sua exclusão do polo passivo ou, ao menos, a inclusão do Estado da Bahia como responsável solidário; · Que deve ser afastada a multa de ofício, uma vez que o Contribuinte lançou em sua DIRPF as informações recebidas das fontes pagadores, havendo, portanto, boafé; · Que devem ser afastados os juros moratórios e a atualização monetária com base no art. 100, §único, do CTN, uma vez que a classificação do rendimento como isento se baseou na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003; · Que é confiscatória a imposição de IRPF sobre verbas indenizatórias, as quais visam tão somente reconstituir o patrimônio do indivíduo. Chegando ao CARF, foi proferido o acórdão nº 2102001.688 (fls. 254/262), de 30/11/2011, que deu provimento ao recurso voluntário, reconhecendo a isenção do IRPF em função da Resolução STF nº 245/2002. Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 264/273), alegando que a isenção não se estendia ao Contribuinte por não ser ele Fl. 350DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 351 5 membro da magistratura federal nem do ministério público federal. O Contribuinte, intimado, apresentou Contrarrazões (fls. 281/293). A CSRF, recebendo os autos, proferiu o acórdão nº 9202003.661 (fls. 333/339), que deu provimento ao Recurso Especial para reformar a decisão do CARF, afastando a isenção. Determinou, outrossim, o retorno dos autos ao CARF para análise das demais matérias tratadas no Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Por outro lado, registrase que a CSRF já superou a questão da isenção dos rendimentos, devendo esse julgamento se restringir aos demais pontos suscitados no recurso. Dos Pontos Controvertidos · Nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa (omissão no tocante à ilegitimidade ativa da União e da quebra da capacidade contributiva da recorrente); · Nulidade do lançamento por inconstitucionalidades: quebra da capacidade contributiva, quebra da isonomia, confisco, etc.; · Da ilegitimidade ativa a União, vez que o IRPF, nesse caso, era de titularidade do Estado da Bahia; · Da ilegitimidade do recorrente para figurar no polo passivo da obrigação tributária; · Das alíquotas utilizadas; · Das deduções da base de cálculo a que fazia direito o Contribuinte; · Da composição da base de cálculo inclusão de 13º salários e de férias indenizadas; · Da multa de ofício boafé do recorrente; · Dos juros moratórios e da atualização monetária art. 100, §único, do CTN; Fl. 351DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 352 6 Passamos, portanto, à análise do recurso voluntário propriamente dito. PRELIMINARES: Nulidade da decisão recorrida cerceamento do direito de defesa omissão: O Contribuinte afirmou que a decisão recorrida se omitiu sobre dois pontos relevantes de sua impugnação: a ilegitimidade da União para cobrar imposto que pertence ao Estado por determinação constitucional; e a quebra da capacidade contributiva do recorrente. Segundo argumenta, tal omissão gerou prejuízo ao contribuinte, porquanto suprimiu instância administrativa. Nesse sentido, pugna pela declaração da nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos para a DRJ. Ainda que de forma concisa, a DRJ tratou expressamente da questão da legitimidade da União, conforme se extrai da seguinte passagem: "Alem disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União." fl. 150. O mesmo não pode ser dito em relação à questão da quebra da capacidade contributiva. A verdade é que a DRJ anotou expressamente em seu relatório (fls. 146/147) a alegação do contribuinte de que a atuação do Estado gerou prejuízo para o sujeito passivo e, consequentemente, quebra da sua capacidade contributiva. Ainda assim, não tratou do tema em seu voto nem no acórdão recorrido deixou de versar sobre a questão. Efetivamente, analisando a impugnação, percebese que o Contribuinte discorreu sobre a questão ao longo de aproximadamente três laudas (fls. 48/51). Nestas, explicou que o próprio Estado deixou de pagar seus rendimentos ao longo de anos; posteriormente, quando do pagamento, deixou de reter o tributo; e que, enfim, veio a ser autuado para que o fisco recebesse o imposto somado a multa e juros. Concluiu, nesse contexto, que foi o Estado da Bahia quem agiu em desrespeito à Lei e que, portanto, não pode ele se beneficiar de sua própria atuação ilegal, qual seja, pelo auferimento da multa e dos juros. Concluiu também que o valor cobrado pela autoridade fazendário superava o valor recebido pelo Contribuinte. Assiste razão ao contribuinte, portanto: uma vez que o julgamento em primeira instância foi omisso, é necessário declara a sua nulidade, determinando o retorno dos autos para novo julgamento. É o que tem entendido o CARF: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NÃO CONHECIMENTO NA INSTÂNCIA A QUO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NULIDADE. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. Havendo pontos na impugnação não apreciados pela instância a quo, esta deve ser anulada, retornandose os autos para exame da matéria, sob pena de Fl. 352DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 353 7 supressão de instância. (acórdão CARF nº 2201002.472, de 12/08/2014) ACÓRDÃO RECORRIDO NULIDADE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. As normas que regem o processo administrativo fiscal concedem ao contribuinte o direito de ver apreciada toda a matéria litigiosa em duas instâncias é fato caracterizador do cerceamento do direito de defesa, devendo ser declarada nula a decisão maculada com vício dessa natureza. Já que impugnada a matéria referente à omissão de rendimentos caracterizados por valores recebidos de pessoas jurídicas sem a devida consideração pela DRJ, se faz necessário declara a nulidade da decisão proferida e determinar o retorno dos autos para prolação de nova decisão. (acórdão CARF nº 2202002.667, de 14/05/2014) NULIDADE DE ACÓRDÃO DA DRJ. A nulidade da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento, implica em retorno do processo administrativo para o órgão julgador, a fim de que novo provimento seja exarado, de modo a não ensejar supressão de instância. Recurso provido parcialmente para anular a decisão da DRJ, para novo provimento pela autoridade competente da instância a quo sobre o mérito da manifestação de inconformidade. (acórdão CARF nº 3301002.872, de 15/03/2016) Em suma, ante a omissão observada na decisão recorrida, impende determinar o retorno dos autos à DRJ para novo julgamento. Diante de tudo quanto exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para declarar a nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos à DRJ para novo julgamento. Tendo sido vencido, entretanto, em relação à preliminar de nulidade da decisão recorrida, sigo o julgamento. Da legitimidade ativa: Argumenta o Contribuinte que, nos termos do art. 157, I, da CF/1988, pertence aos Estados a arrecadação do IR incidente na fonte sobre os rendimentos pagos por eles a qualquer título. Desenvolve a sua tese argumentando que o valor do IR é direito dos Estados, mesmo que não seja adequadamente retido. Nesse sentido, conclui que os Estados podem, inclusive, dispor de tais recursos. Indica, inclusive, o REsp nº 989.419, julgado em sede de recurso repetitivo. Não assiste razão ao Contribuinte. Como já anotou a CSRF, no acórdão nº 9202003.661, proferido nesses autos, a competência legislativa relativa ao imposto sobre a renda foi constitucionalmente atribuída à União, conforme o art. 153, III, da CF/1988. O simples fato de que o art. 157, I, da Carta Magna atribui ao próprio estado o produto da arrecadação proveniente do rendimentos por ele pago não garante a esse outro ente federado o direito de legislar sobre o tributo. Cabe à União, isso sim, o dever de legislar sobre o IRPF. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 354 8 O CTN é expresso nesse sentido: Art. 6º. (...) Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. Outrossim, como bem estabeleceu o supracitado art. 7º, a competência para arrecadar e fiscalizar tributos pode ser delegada. Não significa que o ente delegante perca seu poder de fiscalizar e arrecadar, mas somente que outro ente também passa a poder fazêlo. Portanto, não há nulidade na atuação da autoridade fazendária nacional que fiscaliza tributo de sua competência. Por outro lado, como bem fundamentou a DRJ, o lançamento se refere ao IRPF, que é o valor apurado no ajuste final do ano, e não sobre o IRRF que deixou de ser retido pela autoridade estadual. Nesse contexto, não se aplica a Súmula nº 447 do STJ, nem o referido REsp nº 989.419, que versam sobre a legitimidade passiva nas ações de isenção ou de repetição de indébito tributário. Enfim, o CARF já julgou a matéria em outras oportunidades, concluindo que: ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. (acórdão CARF nº 2202 002.717, de 17/07/2014) ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157, I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. (acórdão CARF nº 2802003.365, de 12/03/2015) Fl. 354DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 355 9 Em suma, não é possível dar provimento à preliminar suscitada pelo Contribuinte. Da legitimidade passiva: Reclama o recorrente que atuou sempre com boafé, apresentando ao fisco todos os seus rendimentos, tal como informados pela fonte pagadora. Argumenta, portanto, que deve ser intimado a ocupar o posto de sujeito passivo da autuação o Estado da Bahia e o Ministério Público da Bahia, fontes pagadoras e responsáveis pela retenção na fonte e pela informação prestada ao Contribuinte e por este declarada à receita federal. Em suma, conclui que não pode ser responsabilizado pelo não recolhimento do tributo. A verdade é que o CARF já tem jurisprudência forte sobre o tema: IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. (acórdão CARF nº 2202002.717, de 17/07/2014) IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. RESPONSABILIDADE. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual, e, no caso de pessoa jurídica, na data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual. (acórdão CARF nº 2201003.056, de 12/04/2016) IRPF. REGIME DE ANTECIPAÇÃO. RESPONSABILIDADE. LIMITES. Quando a incidência na fonte tiver a natureza de antecipação do imposto a ser apurado pelo contribuinte, a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção e recolhimento do imposto extinguese, no caso de pessoa física, no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual. Diferentemente do regime no qual a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é "exclusiva" da fonte pagadora, no regime de retenção do imposto por antecipação, além da responsabilidade atribuída à fonte pagadora para a retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte, a legislação determina que a apuração definitiva do imposto de renda seja efetuada pelo contribuinte, pessoa física, na declaração de ajuste anual. (acórdão CARF nº 2202003.147, de 15/02/2016) Fl. 355DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 356 10 Em sentido similar, inclusive, já foi consolidada a Súmula CARF nº 12, segundo a qual: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. Ainda que o Contribuinte tenha declarado o rendimento, o fez sob a forma de rendimento isento. Logo, não o tributou em sua DIRPF, bem como não reteve o tributo a fonte pagadora. Nesse contexto, a cobrança do tributo deve ser feita diretamente do beneficiário do rendimento. Enfim, não é possível dar provimento à preliminar suscitada pelo Contribuinte. Da capacidade contributiva: Argumenta o Contribuinte que o lançamento, da forma como efetuado, quebra a sua capacidade contributiva, nos termos do art. 145, §1º, da CF/1988. Para sustentar seu desenvolvimento, cita doutrina que discorre sobre a capacidade contributiva em relação aos rendimentos recebidos de maneira acumulada, bem como o fato de que a suposta infração teria sido decorrente da atuação do Estado da Bahia, que deixou de pagar o rendimento no momento adequado e que tampouco reteve na fonte o tributo. Em que pese a argumentação desenvolvida pelo Contre, a verdade é que este órgão administrativo não pode se furtar à aplicação da Lei tributária com base em inconstitucionalidade (Súmula CARF nº 02) que, no caso, se resvala na aplicação de princípios para afastar a incidência do tributo. Efetivamente, o recorrente não apontou nesse tópico qual o motivo de direito que levaria ao afastamento da tributação, argumentando simplesmente que a tributação poderia alcançar valor superior àquele efetivamente recebido. Enfim, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte. MÉRITO: Uma vez que o acórdão CSRF nº 9202003.661 (fls. 333/339) afastou os argumentos de que os recursos seriam isentos, impende analisar os demais questionamentos de mérito feitos pelo Contribuinte. Das alíquotas aplicadas: Argumenta o recorrente, subsidiariamente, que as alíquotas aplicadas no lançamento diferem daquelas publicadas na tabela progressiva constante no site da Receita Federal em relação aos anoscalendário de 1994 a 1998. Aponta, por exemplo, que no auto de infração foi utilizada a alíquota de 26,6% para o anocalendário de 1994, mas que no site consta a alíquota de 25%. Segundo o site, também seria aplicável a alíquota de 25% para o anocalendário de 1998, porém a autoridade lançadora utilizou a alíquota de 27,5%. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 357 11 A informação contida no site é correta, porém equivocase o Contribuinte na sua interpretação. Conforme a tabela ali disponível e que, inclusive, foi copiada pelo recorrente no corpo de sua petição a referência aos anos é feita em relação ao exercício, e não anocalendário. Para fins de esclarecimento, explicamos que, para fins de IRPF, o exercício de 2016 se refere ao anocalendário de 2015. Portanto, se o recorrente busca identificar qual a alíquota aplicável para o anocalendário de 1994, deve fazêlo na coluna que indica o exercício de 1995. Conforme a Tabela Progressiva de IRPF disponível no site e copiada no recurso voluntário, para o ano calendário de 1994 / exercício de 1995 deve ser aplicada a alíquota de 26,6%, que foi efetivamente utilizada pela autoridade lançadora (fl. 12). No mesmo sentido, para o ano calendário de 1998 / exercício 1999 deve ser aplicada a alíquota de 27,5%, corretamente aplicada pela autoridade lançadora (fl. 12). Enfim, não é possível dar provimento ao pleito do Contribuinte. Das deduções aplicáveis na apuração do imposto: Alega o recorrente que a autoridade lançadora tributou os recursos provenientes de URV isoladamente, ao invés de fazêlo junto às demais rendas obtidas pelo Contribuinte, o que levou à não aplicação das deduções a que tinha direito. Por sua vez, analisando a questão a DRJ afirmou que: "nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas em tabela progressiva. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão." fl. 148. Remontando ao auto de infração, percebemos que a autoridade lançadora fundamentou bem seus cálculos em relação ao lançamento. Em primeiro lugar, calculou o imposto devido em conformidade com as regras do RRA, tributando os recursos com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época própria (abr/1994 a ago/2001), de forma mensal e não global (vide Auto de Infração fls. 2/9 e Demonstrativo fl. 12). Apurado o valor devido, este foi dividido pelo período de três anos (jan/2004 a dez/2006), o período em que as diferenças salariais foram efetivamente pagas. Em suma, irreformável a apuração feita pela autoridade fiscalizadora, razão pela qual não se pode dar provimento ao pleito do Contribuinte. Do 13º e das Férias Indenizadas: Alega o recorrente que foram incluídas na base de cálculo os valores referentes aos 13º salários e às férias indenizadas. Contesta, também, a conclusão da DRJ, afirmando que na declaração de rendimentos do Ministério Público da Bahia o valor recebido a título de indenização de URV foi incluído num único tópico, sem distinção da origem dos recursos. Fl. 357DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 358 12 A DRJ, por sua vez, havia negado provimento ao pleito, esclarecendo que, conforme a planilha de cálculos de diferença de URV elaborada pelo MP era possível identificar os respectivos valores e que eles não haviam sido considerados no lançamento. No mesmo sentido já havia afirmado a autoridade lançadora, no auto de infração: "Não foram considerados para apuração do imposto devido as diferenças salariais devidas que tinham como origem o 13º salário, por serem tributação e responsabilidade exclusiva da fonte pagadora, e as diferenças salariais com origem no abono de férias (conversão de férias), que apesar de tributáveis, não poderá ter o seu crédito tributário correspondente constituído por força do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, com redação dada pela Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, combinado com o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprova o Parecer PGFN / CPJ / Nº 2140/2006." fl. 6 Efetivamente, às fls. 16/18 dos autos constam planilhas de "Cálculo da Diferença de URV Abril 1994 a Agosto de 2001", as quais, inclusive, foram apresentadas pelo próprio recorrente. Dessas planilhas é possível identificar os valores da diferença de URV, a sua atualização e os juros, mensalmente, bem como a origem de cada recursos, se se trata de salário, de férias, de abonos ou ainda de 13º salários. A autoridade lançadora elaborou, por sua vez, "Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado" (fl. 12) no qual identificou e tributou individualmente cada valor. Pois bem. Na sua tabela de apuração do IRPF, a autoridade lançadora efetivamente não incluiu os valores referentes ao 13º salário (13ª linha de cada ano), tributando exclusivamente os valores referentes aos meses de janeiro a dezembro de cada ano. Outrossim, nos meses de fevereiro/2000 e janeiro/2001, nos quais o recorrente recebeu abonos, a autoridade lançadora excluiu tais valores da base de cálculo do lançamento, tributando apenas o restante. Enfim, não assiste razão ao pleito do Contribuinte. Da multa de ofício: Pugna o recorrente, ainda, pela exclusão da multa de ofício, argumentando que agiu de boafé, declarando em sua DIRPF os rendimentos, e qualificandoos como isentos em razão de informação prestada pela fonte pagadora, in casu, o Estado da Bahia, inclusive com amparo em Lei estadual. O CARF já tem Súmula consolidando a jurisprudência sobre a matéria: Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. Fl. 358DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 359 13 No mesmo sentido, diversos precedentes desse e.CARF, julgando casos idênticos ao presente (decorrentes de autuação pelo pagamento de indenização de URV pelo Estado da Bahia) chegaram à mesma conclusão. Por todos, transcrevemos a ementa do acórdão CARF nº 2202002.717, de 17/07/2014: MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. Súmula CARF nº 73: Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. A decisão foi fundamentada assim: Todavia, a existência de um dispositivo legal considera a verba não tributável foi decisiva para a conduta do requerente, que declarou o rendimento com a mesma natureza atribuída pela fonte pagadora, razão pela qual é cabível a exoneração, exclusivamente, da multa de oficio em decorrência de um erro escusável induzido pela interpretação errônea dada pela fonte pagadora, no mesmo sentido dos acórdãos 10616801, 10616360 e 19600065, cujos excertos são a seguir reproduzidos. (...) Ressaltese, por oportuno, que a exclusão da multa de ofício não implica na exigência substitutiva da multa de mora, eis que ambas possuem o caráter de penalidade, e neste voto se reconhece que o contribuinte agiu de boa fé, não podendo lhe ser imputado nenhum ilícito que merece tal imposição, na exata medida em que não se reconhece no crédito tributário natureza de pena. Em suma, assiste razão ao pleito do recorrente no sentido de ser excluída a multa de ofício do presente caso, uma vez que o Contribuinte declarou os recursos como isentos porquanto se baseava em Lei estadual. Dos juros de mora e da atualização da base de cálculo: Argumentase ainda, no recurso voluntário, pela exclusão dos juros de mora e da atualização monetária com base no art. 100, I e §único, do CTN, fiandose na tese de que Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003, é um ato normativo expedido por autoridade administrativa. Em sua fundamentação, entretanto, o recorrente parece desviarse para outro pedido, argumentando pela exclusão dos juros e da atualização monetária que ele próprio fez jus pela demora que o Estado da Bahia teve em pagar a sua diferença de URV, isso é, pugna pela exclusão de parte da base de cálculo. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 360 14 Não assiste razão ao pleito (em sentido estrito) feito pelo recorrente: a tributação deve incidir sobre a renda auferida. In casu, o Contribuinte auferiu os recursos provenientes da diferença de URV, propriamente dito, bem como os juros decorrentes da mora do Estado da Bahia. É o que estabelece expressamente a Lei nº 4.506/1964: Art. 16. Serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado tôdas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício dos empregos, cargos ou funções referidos no artigo 5º do Decretolei número 5.844, de 27 de setembro de 1943, e no art. 16 da Lei número 4.357, de 16 de julho de 1964, tais como: I Salários, ordenados, vencimentos, soldos, soldadas, vantagens, subsídios, honorários, diárias de comparecimento; (...) Parágrafo único. Serão também classificados como rendimentos de trabalho assalariado os juros de mora e quaisquer outras indenizações pelo atraso no pagamento das remunerações previstas neste artigo. Em suma, ante a previsão expressa da Lei, não pode esse julgador excluir da base de cálculo os valores referentes aos juros e à atualização monetária que incidiram sobre a diferença de URV e que compuseram o pagamento recebido pelo recorrente. Por outro lado, ainda que incidentalmente, o recorrente apontou a existência da regra insculpida no art. 100, I e §único, do CTN. Analisando a regra insculpida nesse artigo, MÁRCIO BEHRNDT esclarece que: "Finalmente, fazse necessário analisar o parágrafo único do art. 100 do Código Tributário Nacional, que trata das consequências e repercussões advindas de eventual observância pelos contribuintes das normas complementares expedidas pela Administração e que, porventura, venham a estar contrárias ao texto de uma norma superior. (...) Assim, na hipótese de o contribuinte seguir determinada orientação da administração contrária à determinada lei, resultado de uma equivocada interpretação do texto legal, há de prevalecer, obviamente, os termos deste último instrumento, em respeito ao princípio constitucional da legalidade, o que, por consequência, não elide o contribuinte da satisfação da obrigação principal. Contudo, não se pode negar o fato de que o contribuinte, nessas circunstâncias, foi induzido ao erro, seguindo orientação da própria Administração para a prática do seu ato. Exatamente por isso que o Código Tributário Nacional previu, no parágrafo único do art. 100, que o contribuinte, nessa situação, mostrase isento do pagamento de penalidades, cobrança de juros de mora Fl. 360DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 361 15 e da atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Não seria justo, assim, punir o contribuinte, tal como um verdadeiro inadimplente, com imposição de multas e juros de mora." 1 A doutrina transcrita amoldase perfeitamente ao caso concreto. Como já restou apontado acima em relação à multa, o recorrente apenas qualificou os rendimentos como isentos como consequência da Lei Complementar do Estado da Bahia, que declarou ter, esses recursos, natureza indenizatória. Convém transcrever a legislação citada: Art. 2º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei. O Contribuinte não pode ser penalizado por agir em conformidade com o entendimento da Administração Pública, in casu, o Estado da Bahia. Pior, entendimento esse inserido no ordenamento jurídico por meio de Lei, aprovada pela Assembléia Estadual e sancionada pelo Governador do Estado. Frisase que não houve mero erro na prestação de informações pela fonte pagadora, o que é suficiente para afastar a multa mas não os juros; houve a efetiva entrada, no ordenamento, de norma legal interpretativa, norma que buscou definir a natureza dos recursos que seriam pagos. O sentido do art. 100 do CTN é exatamente criar segurança jurídica em prol do Contribuinte, "blindandoo" contra imposição de penalidades por atos ou erros que não lhe são imputáveis. Nesse sentido os acórdãos que o aplicam: "Entretanto, tendo em vista a observância, por parte da recorrente, da classificação fiscal indicada pela Nota MF/SRF/Cosit nº331, de 31/07/1997 (cópias às fls. 262 a 263), afasto a imposição da multa de ofício lançada e dos juros moratórios, conforme determinado pelo art. 100, I, e parágrafo único do CTN" (excerto do voto do acórdão CARF nº 3101 001.671, de 22/07/2014) 1 BEHRNDT, Marco Antônio Gomes, COMENTÁRIO AO ART. 100: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL, Coord. Marcelo Magalhães Peixoto e Rodrigo Santos Masset Lacombe, 2ª ed., São Paulo, MP ed., 2008, p. 895896. Fl. 361DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 362 16 De maior valia, ainda, é o acórdão da CSRF nº 9303002.300, de 19/06/2013: Vêse que a divergência alcança o próprio conteúdo do dispositivo, o que nos obriga a transcrevêlo na íntegra aqui: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Dela resulta que não assiste razão ao relator do acórdão tomado como paradigmático ao afirmar que o dispositivo cuida também da observância de atos legais. Ora, por óbvio, se o sujeito passivo observar os atos legais que regem a exação não haverá exigência alguma, seja de principal, multa ou juros. Não é disso, pois, que trata o dispositivo. Com efeito, aí o que se pretendeu, me parece, foi disciplinar os efeitos da interpretação de tal legislação, matéria nem sempre fácil. Mais especificamente, o legislador previu – a meu ver, com pleno acerto – que aqueles que, nesse ato de interpretação, seguissem as orientações emanadas da própria administração tributária não seriam punidos nem estariam sujeitos a mora mesmo que o tributo se revelasse, a posteriori, devido. Esse acórdão faz a comparação entre duas possíveis interpretações para o art. 100, §único, do CTN: (i) a possibilidade de afastar as penalidades (multa, juros e atualização) inclui a Lei tributária; ou (ii) a possibilidade de afastar as penalidades estaria restrita aos casos em que se segue exclusivamente as interpretações e orientações emanadas da própria administração tributária. A CSRF afastou a hipótese (i) com base em argumento simples: se o Contribuinte segue a legislação tributária, "não haverá exigência alguma, seja de principal, multa ou juros". In casu, portanto, a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 não pode ser tida como Lei tributária: primeiro, porque não versa expressamente sobre tributos; segundo, não é hábil para afastar a tributação, como efetivamente não afastou no caso concreto. Frisamos: a referida Lei estadual teve como objetivo dar interpretação tributária. Efetivamente, tentou dar natureza de indenização ao rendimento, o que o tornaria Fl. 362DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 363 17 isento. Acontece que o rendimento não é indenizatório, de forma que houve exação com a imposição de penalidades em desfavor do Contribuinte que, exclusivamente, seguia o ordenamento vigente. Enfim, por todos esses argumentos, entendo ser necessário excluir da base de cálculo os juros e a atualização monetária impostos até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração, nos termos do art. 100, I e §único, do CTN. Dispositivo: Diante de tudo quanto exposto acima, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, dar provimento parcial tão somente para excluir a multa de ofício e os juros de mora e a atualização da base de cálculo até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração. (Assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Voto Vencedor Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator designado Data venia, venho divergir do Ilustre Relator no tocante a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa, pois teria ocorrido uma suposta omissão no acórdão da DRJ de origem, conforme razões abaixo no item "Nulidade Cerceamento do direito de defesa". Ainda, adentrando no mérito do recurso, venho também divergir quanto a afastar a multa de ofício e juros de mora, pois entendo que não seria caso de aplicação do disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN, conforme fundamentação exposta no item "Inaplicabilidade do parágrafo único do art. 100 do CTN". Nulidade Cerceamento do direito de defesa. Conforme narrado pelo relator, o contribuinte afirmou que a decisão recorrida se omitiu sobre dois pontos relevantes de sua impugnação: a ilegitimidade da União para cobrar imposto que pertence ao Estado por determinação constitucional; e a quebra da capacidade contributiva do recorrente. Ainda, argumentou o contribuinte que tal omissão gerou prejuízo ao contribuinte, porquanto suprimiu instância administrativa. Nesse sentido, pugna pela declaração da nulidade da decisão recorrida, determinando o retorno dos autos para a DRJ. O Conselheiro Relator entendeu que a DRJ tratou expressamente da questão da legitimidade da União, conforme se extrai da seguinte passagem: Fl. 363DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 364 18 "Alem disso, cabe observar que a exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União." fl. 150. No entanto, entendeu que o mesmo não poderia ser dito em relação à questão da quebra da capacidade contributiva. Nos termos do voto do Conselheiro Relator: "A verdade é que a DRJ anotou expressamente em seu relatório (fls. 146/147) a alegação do contribuinte de que a atuação do Estado gerou prejuízo para o sujeito passivo e, consequentemente, quebra da sua capacidade contributiva. Ainda assim, não tratou do tema em seu voto nem no acórdão recorrido deixou de versar sobre a questão. Efetivamente, analisando a impugnação, percebese que o Contribuinte discorreu sobre a questão ao longo de aproximadamente três laudas (fls. 48/51). Nestas, explicou que o próprio Estado deixou de pagar seus rendimentos ao longo de anos; posteriormente, quando do pagamento, deixou de reter o tributo; e que, enfim, veio a ser autuado para que o fisco recebesse o imposto somado a multa e juros. Concluiu, nesse contexto, que foi o Estado da Bahia quem agiu em desrespeito à Lei e que, portanto, não pode ele se beneficiar de sua própria atuação ilegal, qual seja, pelo auferimento da multa e dos juros. Concluiu também que o valor cobrado pela autoridade fazendário superava o valor recebido pelo Contribuinte." Data venia ao posicionamento do ilustre Relator, venho divergir deste, pois compreendo que a alegação de que houve "quebra" de sua capacidade de contribuir do contribuinte, nos termos alegados pelo contribuinte, não possui fundamento jurídico, sendo confuso compreender o que o contribuinte pretendeu argumentar e requerer com tal alegação. Assim, não havendo pedido claro, que venha acompanhado de uma linha de argumentação que sustente tal pedido, impossível vir a considerar que houve nulidade do acórdão da DRJ que não apreciou a matéria, pois não havia matéria a ser apreciada, ou ainda pedido a ela relativo. Para uma omissão ser caracterizada em um acórdão, necessário que tenha deixadose de ser analisado pedido formulado com clareza, devendo estar acompanhado de fundamentação fática e/ou jurídica. Não se trata, portanto, do presente caso, onde sequer houve pedido em relação ao argumento de "quebra da capacidade contributiva". Aliás, caso se compreendesse que a alegação seria de que houve violação ao princípio da capacidade contributiva, estaria tanto este Conselho, quanto as DRJs impedidas de analisar tais alegações, por se tratar de matéria constitucional. Destaco que âmbito do CARF, há a Súmula 02, a qual estabelece que o CARF não é competente para se manifestar sobre constitucionalidade de lei. Assim, não há que se falar de ocorrência de prejuízo do recorrente. Portanto, deve ser rejeitada a referida preliminar. Fl. 364DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10580.726976/200922 Acórdão n.º 2202003.520 S2C2T2 Fl. 365 19 Inaplicabilidade do parágrafo único do art. 100 do CTN Não deve prevalecer o argumento de que os que não incida juros de mora e a atualização da base de cálculo até a data da cientificação, ao Contribuinte, da lavratura do auto de infração, com base no parágrafo único do art. 100 do CTN, porque não se trata de obediência às normas complementares elencadas nos incisos I a IV desse artigo. Os quatro incisos cuidam dos atos normativos da administração tributária ou decisões administrativas com eficácia normativa, das práticas reiteradas da administração tributária e dos convênios entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Não há nos autos prova alguma de que a Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 possua o condão de afastar a imposição de imposto de renda, de competência da União. Aliás, pelo contrário, assim decidiu a 2a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais nestes próprios autos (acórdão nº 9202003.661): "A Lei Complementar n° 20, de 08/09/2003, do Estado da Bahia, consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, a competência legislativa relativa ao imposto de renda é da União, de acordo com o art. 153, inciso IV, da Carta Magna. Dessa forma, é imprescindível que se realize a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial." Assim, já estando julgado, nestes autos, esta matéria (competência legislativa da União em legislar sobre imposto de renda), não é possível a aplicação neste caso do disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN. Portanto, deve ser mantido os juros de mora, nos moldes do lançamento. Portanto, entendo que deve ser negado o recurso voluntário quanto a este pedido. (Assinado digitalmente) Conselheiro Martin da Silva Gesto Redator designado Fl. 365DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 13/10/201 6 por MARTIN DA SILVA GESTO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por DILSON JATAHY FONSECA NETO, Ass inado digitalmente em 17/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904909/2012-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.326
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado.
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DCOMP. Recorrente ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 49 09 /2 01 2- 64 Fl. 122DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904909/201264 Acórdão n.º 3201002.326 S3C2T1 Fl. 0 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF LIMEIRA emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que comercializa alguns produtos sujeitos à tributação monofásica (alíquota zero sobre as suas vendas), que foram indevidamente tributados, o que deu origem aos créditos informados no PER/Dcomp. Procurando demonstrar a existência do direito creditório junta ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 08026.237. A DRJ fundamentou que a simples retificação da DCTF não é suficiente para comprovar o pagamento indevido ou a maior que o devido, e que a contribuinte não trouxe aos autos elementos comprobatórios do direito creditório utilizado na compensação declarada. Em seu recurso voluntário a Recorrente traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório decorre da inclusão indevida, na base de cálculo da contribuição, de receitas oriundas da venda de produtos sujeitos à alíquota 0%, conforme anexo I da Lei nº 10.485/2002 (SILENCIOSO componente do sistema de escapamento NCM 87.08.92.00), que já teriam sofrido tributação obedecendo ao critério monofásico; b) afirma que procurou comprovar o direito creditório com a manifestação de inconformidade acompanhada da DCTF retificadora, mas que, agora, junta aos autos demonstrativo mais detalhado e minucioso (listagem de notas fiscais com indicação dos produtos vendidos com respectivas alíquotas aplicáveis, cópia do Registro de Saídas e da GIA correspondentes), servindo para o reconhecimento de seu direito de crédito ou, pelo menos, para justificar a realização de diligência (cita a Resolução nº 3803000.330 como precedente); c) caso o Colegiado decida pela realização de diligência, informa que todas as notas fiscais relacionadas nos demonstrativos estão sob sua guarda, à disposição do Fisco; Fl. 123DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904909/201264 Acórdão n.º 3201002.326 S3C2T1 Fl. 0 3 d) sustenta que a decisão recorrida negou seu direito atendose a aspecto meramente formal, sem observar o princípio da verdade material, que norteia o processo administrativo fiscal. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.316, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.316): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 70 a 78 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Fortaleza/3ª Turma, nº 0826.232, de 20 de agosto de 2013. No presente caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação da DCTF para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar o motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Agora, já no recurso voluntário, o interessado aporta aos autos novos documentos, que não haviam sido oferecidos à autoridade julgadora de primeira instância. A possibilidade de conhecimento desses novos documentos, não oferecidos à instância a quo, deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal. O PAF, assim dispõe, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 124DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904909/201264 Acórdão n.º 3201002.326 S3C2T1 Fl. 0 4 [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...]Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). O processo administrativo fiscal pode ser considerado como um método de composição dos litígios, empregado pelo Estado ao cumprir sua função jurisdicional, com o objetivo imediato de aplicar a lei ao caso concreto para a resolução da lide. Em razão de vários fatores, a forma como o processo se desenvolve assume feições diferentes. Humberto Theodoro Júnior em "Curso de Direito Processual Civil, vol. I" (ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303) assim diz: “enquanto processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.”. Ensina o renomado autor que “procedimento é, destarte, sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo”. Neste sentido, o procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Conforme os antes transcritos artigos 14 e 15 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal (PAF), é a impugnação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, que instaura a fase litigiosa do procedimento. (grifei) Por sua vez, o art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972, estabelece que as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. O sistema da oficialidade, adotado no processo administrativo, e a necessidade da marcha para frente, a fim de que o mesmo possa atingir seus objetivos de solução de conflitos e pacificação social, impõem que existam prazos e o estabelecimento da preclusão. Contudo, uma fria análise da norma pode vir a chocarse com os princípios da verdade material e da ampla defesa. Vejamos que a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo em geral, no art. 3º, possibilita a apresentação de alegações e documentos antes da decisão e, no art. 38, permite que documentos probatórios possam ser juntados até a tomada da decisão administrativa. Entretanto, conforme a melhor doutrina, deve ser aplicada ao caso a lei específica existente, Decreto nº 70.235/1972, que determina o rito do processo administrativo fiscal, em detrimento da lei geral. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904909/201264 Acórdão n.º 3201002.326 S3C2T1 Fl. 0 5 Neste ponto, sobre o momento da apresentação da prova no processo administrativo fiscal, cabe mencionar que de fato existe na jurisprudência uma tendência de atenuar os rigores da norma, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, que indicam trataremse daqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. Como se vê, as alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, porquanto, embora o ato seja instituído em seu favor, não sendo praticado no tempo certo, surgem para a parte conseqüências gravosas, dentre elas a perda do direito de fazêlo posteriormente, pois operase, nesta hipótese, o fenômeno da preclusão, isto porque, conforme já dito, o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. O § 4º do art. 16 do PAF estabelece que só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Especificamente no caso desses autos, o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904909/201264 Acórdão n.º 3201002.326 S3C2T1 Fl. 0 6 O recorrente tampouco comprovou a ocorrência de qualquer das hipóteses das alíneas “a” a “c” do § 4º do art. 16 do PAF, que justificasse a apresentação tão tardia dos referidos documentos. No caso, o acórdão da DRJ foi bastante claro ao fundamentar suas conclusões pela insuficiência da comprovação do direito creditório alegado quando afirmou: "a simples retificação da DCTF sem que o contribuinte tenha juntado aos autos documentos hábeis e idôneos que comprovem as alterações efetuadas não pode servir como justificativa de eventual erro no preenchimento da DCTF" (grifei). Ao final, a decisão recorrida novamente destaca: "a manifestação de inconformidade procura justificar o erro na declaração DCTF Original mediante retificação da DCTF, após a ciência do Despacho Decisório, sem apresentação de elementos comprobatórios do direito creditório pleiteado no citado PER/DCOMP. (grifei) A propósito dos documentos que instruem a peça recursal (demonstrativos do faturamento mensal, do cálculo dos créditos de PIS e Cofins e das compensações, bem como cópia do registro de saídas e da apuração do ICMS), verificase que o contribuinte anexou uma relação de Notas Fiscais de 7 (sete) páginas de extensão, fls. 79 a 85, afirmando que tal providência o dispensaria da anexação de todas estas notas emitidas no período, em face de seu "grande volume". Quanto à esta alegação, deve ser contraposto que o presente processo já foi instaurado na forma digital, o que em muito facilitaria a juntada da totalidade das referidas notas fiscais. Embora ressalte que todas estas Notas estariam sob sua guarda e poderiam ser imediatamente disponibilizadas na hipótese de realização de diligência, o interessado sequer procurou juntar algumas Notas como amostragem, o que ao menos denotaria um mínimo esforço no sentido de comprovar o efetivo teor das mesmas. Ainda, também não se preocupou em demonstrar a origem das mercadorias que teria revendido, mediante a apresentação das Notas Ficais de aquisição das mesmas, no sentido de comprovar que de fato o fabricante/fornecedor operava sob o regime da tributação monofásica. No caso, optou por reiterar suas alegações quanto à supremacia da verdade material sobre a verdade formal, quando deveria procurar demonstrar de maneira efetiva suas alegações juntando cópias de pelo menos parte de todas estas notas, para que o julgamento ocorresse com base em elementos concretos, capazes de comprovar a veracidade do alegado direito creditório. O recorrente invoca o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904909/201264 Acórdão n.º 3201002.326 S3C2T1 Fl. 0 7 Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem quaisquer provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Pelo exposto, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. Como se vê, a documentação juntada ao recurso voluntário não se revela suficiente para atestar liminarmente a liquidez e a certeza do crédito oposto na compensação declarada e demandaria a reabertura da dilação probatória, o que, de regra, como já visto, não se admite na fase recursal do processo, exceto em casos excepcionais. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação de documentos contábeis e fiscais que patenteassem que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não atingiu o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito). Como tal documentação não foi juntada no momento processual oportuno e nem mesmo agora em sede de recurso voluntário foi integralmente apresentada, quedou sem comprovação a certeza e liquidez dos créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, inclusive a citada Resolução nº 3803000.330, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904909/201264 Acórdão n.º 3201002.326 S3C2T1 Fl. 0 8 Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 129DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10580.721472/2009-16
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial.
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora.
Precedentes do STF e do STJ.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-004.063
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência. Recurso especial provido em parte.
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IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose o regime de competência. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 14 72 /2 00 9- 16 Fl. 311DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721472/200916 Acórdão n.º 9202004.063 CSRFT2 Fl. 23 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720254/200964. O presente Recurso Especial trata de pedido de Análise de Divergência motivado pelo Contribuinte, em face de Acórdão proferido em julgamento de recurso voluntário. Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios 2005, 2006 e 2007, anoscalendário 2004, 2005, e 2006, em razão de a autoridade fiscal ter classificado como rendimentos tributáveis, valores declarados como isentos ou não tributáveis tal como informado pela Fonte Pagadora Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas Fl. 312DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721472/200916 Acórdão n.º 9202004.063 CSRFT2 Fl. 24 3 quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Foi interposta impugnação foi indeferida em sede de julgamento de primeira instância. O Contribuinte interpôs Recurso, ao qual foi dado parcial provimento ao recurso para tão somente excluir a multa de ofício. O Contribuinte apresentou Recurso Especial ao qual foi dado parcial seguimento, para reapreciação apenas da matéria questão da natureza indenizatória, ou não. Em reexame, o exame de admissibilidade foi confirmado pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, vieram os autos conclusos. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.026, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720254/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.026): Em primeiro lugar, não conheço da preliminar de nulidade do lançamento, por vício material, suscitada de ofício pela Sra. Conselheira relatora. Com efeito, esta matéria não tendo sido admitida em sede de recurso especial, não está em discussão e, portanto, dela não conheço. Além disso, apenas para fins de esclarecimento, registrese que não vejo qualquer nulidade no lançamento da forma que ele foi realizado. Com efeito, o lançamento foi realizado com base em dispositivo vigente, cuja interpretação não havia sido considerada à época inconstitucional. Portanto, não há que se falar em nulidade. Entrando, agora, no mérito propriamente dito, entendo que a verba recebida tem caráter remuneratório e, assim, deve ser tributada. Questão dessa natureza já foi trazida, em 03/03/2015, Fl. 313DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721472/200916 Acórdão n.º 9202004.063 CSRFT2 Fl. 25 4 à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka, entendendo tratarse de verba de natureza remuneratória, e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim transcrevendoos: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde Fl. 314DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721472/200916 Acórdão n.º 9202004.063 CSRFT2 Fl. 26 5 se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Assim, com base na argumentação exposta, sendo verbas remuneratórias as diferenças de URV recebidas, sobre elas incide imposto de renda da pessoa física. Todavia, cumpre verificar o quantum devido. Entendo que o tributo devido deva ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que seriam devidas as diferenças recebidas. Sobre o tema, cabe referir a discussão travada no processo 11040.001165/200591, com voto vencedor da lavra do conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, cujos fundamentos, abaixo reproduzidos, acompanho. Fl. 315DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721472/200916 Acórdão n.º 9202004.063 CSRFT2 Fl. 27 6 Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Fl. 316DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.721472/200916 Acórdão n.º 9202004.063 CSRFT2 Fl. 28 7 Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do RE do contribuinte na matéria admitida, por darlhe provimento em parte, para determinar o cálculo do crédito tributário devido, considerando o regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de não conhecer da preliminar de nulidade por vício material suscitada, conheço do Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 317DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10980.911522/2010-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004
ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.406
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Alargamento da base de cálculo. Recorrente CONSTRUTORA TOMASI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 15 22 /2 01 0- 86 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Curitiba/PR que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório, que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. A não homologação se deveu a inexistência do crédito informado, vez que o mesmo havia sido integralmente utilizado. Em sua manifestação a interessada alega que o crédito decorre da declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do §1º do art. 3º da Lei nº9.718, de 1998, e que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Cita e transcreve jurisprudência administrativa e, ressaltando o contido no art. 165 do CTN, insiste no direito à restituição. Ao final, pede a homologação da compensação. Sobreveio então o Acórdão 06041.129, da DRJ/CTA/PR, julgando improcedente a manifestação de inconformidade da Contribuinte. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.399, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10980.911525/201010, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.399): "O recurso voluntário é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 3 A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 4 Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; conclui se pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento. 2 Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 5 Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, tornase imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 6 compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 7 ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerêla em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 8 Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 9 base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos valores recolhidos com amparo no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 (declarado inconstitucional pelo STF), devendo o montante do direito creditório ser apurado pela unidade de origem. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 68DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10715.002497/2010-88
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2006 a 30/12/2006
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. CARACTERIZAÇÃO. REQUISITOS.
O dissídio jurisprudencial apto a ensejar a abertura da via recursal extrema consiste na interpretação divergente da mesma norma aplicada a fatos iguais ou semelhantes, o que implica a adoção de posicionamento distinto para a mesma matéria versada em hipóteses semelhantes na configuração dos fatos embasadores da questão jurídica. A dessemelhança nas circunstâncias fáticas sobre as quais se debruçam os acórdãos paragonados impede o estabelecimento de base de comparação para fins de dedução da divergência arguida.
Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido
Numero da decisão: 9303-003.908
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial. Vencidas as Conselheiras Érika Costa Camargos Autran e Tatiana Midori Migiyama, que conheciam e davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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CARACTERIZAÇÃO. REQUISITOS. O dissídio jurisprudencial apto a ensejar a abertura da via recursal extrema consiste na interpretação divergente da mesma norma aplicada a fatos iguais ou semelhantes, o que implica a adoção de posicionamento distinto para a mesma matéria versada em hipóteses semelhantes na configuração dos fatos embasadores da questão jurídica. A dessemelhança nas circunstâncias fáticas sobre as quais se debruçam os acórdãos paragonados impede o estabelecimento de base de comparação para fins de dedução da divergência arguida. Recurso Especial do Contribuinte Não Conhecido Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial. Vencidas as Conselheiras Érika Costa Camargos Autran e Tatiana Midori Migiyama, que conheciam e davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 24 97 /2 01 0- 88 Fl. 269DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.002497/201088 Acórdão n.º 9303003.908 CSRF‐T3 Fl. 3 2 Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida negou provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3202000.992. Cientificada do acórdão mencionado o Contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350, de 2010. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.901, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10715.001384/201065, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.901): "A maioria do Colegiado, ao investigar o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade, entendeu não estarem todos presentes, fato que impossibilitou a análise do mérito. Compulsando o voto condutor da decisão recorrida, constatase que o Colegiado a quo entendeu não ser aplicável no presente caso o instituto da denúncia espontânea, uma vez que foi requerido pela recorrente quando da interposição do recurso. Na visão da turma julgadora essa não é uma matéria de ordem pública. No acórdão trazido a baila como paradigma, em momento algum foi decidido que a denuncia espontânea é matéria de ordem pública. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10715.002497/201088 Acórdão n.º 9303003.908 CSRF‐T3 Fl. 4 3 É de meridiana obviedade que não há similitude fática entre as lides propostas no acórdão vergastado e no paradigma apresentado. Em se tratando de espécies díspares nos fatos embasadores da questão jurídica, não há como se estabelecer comparação e deduzir divergência. Neste sentido, reportome ao Acórdão nº CSRF/010.956, de 27/11/89: “Caracterizase a divergência de julgados, e justificase o apelo extremo, quando o recorrente apresenta as circunstâncias que assemelhem ou identifiquem os casos confrontados. Se a circunstância, fundamental na apreciação da divergência a nível do juízo de admissibilidade do recurso, é “tudo que modifica um fato em seu conceito sem lhe alterar a essência” ou que se “agrega a um fato sem alterálo substancialmente” (Magalhães Noronha, in Direito Penal, Saraiva, 1o vol., 1973, p. 248), não se toma conhecimento de recurso de divergência, quando no núcleo, a base, o centro nevrálgico da questão, dos acórdãos paradigmas, são díspares. Não se pode ter como acórdão paradigma enunciado geral, que somente confirma a legislação de regência, e assente em fatos que não coincidem com os do acórdão inquinado.” Com essas considerações, não conheço do recurso especial do sujeito passivo por falta de comprovação da divergência jurisprudencial." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não se conhece do recurso interposto pelo contribuinte, por falta de comprovação da divergência jurisprudencial. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 271DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10830.917858/2011-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2005
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98.
A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006.
PER/DCOMP. DIREITO DEMONSTRADO. EFEITO
Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, demonstrou nos autos, em parte, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o reconhecimento do direito à restituição pleiteada.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-003.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº nº 161.891 (SP).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2005 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. PER/DCOMP. DIREITO DEMONSTRADO. EFEITO Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, demonstrou nos autos, em parte, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o reconhecimento do direito à restituição pleiteada. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 78 58 /2 01 1- 57 Fl. 3028DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº nº 161.891 (SP). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão nº 0947.712, da 2a Turma da DRJ de Juiz de Fora (MG), a qual, por unanimidade de votos, indeferiu a Manifestação de Inconformidade formalizada pela interessada em face da não homologação de compensação declarada em PER/DECOMP nº 06549.99796.100506.1.2.046691, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. A decisão de primeira instância, não reconheceu o direito creditório sob os argumentos sintetizados na Ementa do Acórdão abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI Não cabe ao julgador administrativo apreciar a matéria do ponto de vista constitucional. COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE DCTF ANTERIOR À TRANSMISSÃO DA DCOMP. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à Dcomp. PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF. CONTROLE DIFUSO. A decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito de recurso extraordinário, que reconheceu a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições, surte efeitos jurídicos apenas entre as partes envolvidas no processo, eis que proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade, não produzindo efeitos erga omnes, não podendo beneficiar ou prejudicar terceiros. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 3029DF CARF MF Processo nº 10830.917858/201157 Acórdão n.º 3402003.500 S3C4T2 Fl. 3.029 3 A ciência da decisão que indeferiu o pedido da Recorrente ocorreu em 03/12/2013 (fl. 78). Inconformada, apresentou em 17/12/2013, Recurso Voluntário (fls. 80/100), onde se insurge contra o indeferimento de seu pleito, argumentando, em síntese, que: a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Informa que a contribuição em tela foi apurada sobre a “receita bruta”, com base no dispositivo referenciado ainda em vigor. Com a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo acima, que promoveu o alargamento da base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS, houve por bem a recorrente efetuar uma revisão contábil interna, ocasião em que se constatou recolhimento a maior da contribuição no período mencionado; sustenta ainda que a decisão do STF deve ser reproduzida pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no artigo 62A, Regimento Interno (Portaria MF nº 256/09). Aduz a prescindibilidade da retificação da DCTF, apresentando, ao final, documentação contábil e fiscal, bem como demonstrativo do débito; informa que acosta aos autos os seguintes documentos: demonstrativo denominado “Planilha de Apuração da COFINS”, cópia do “Razão Contábil do Período” e cópia do “Comprovante de Arrecadação (DARF)”. Ao final, requer que seu recurso seja conhecido e provido, reformandose o acórdão recorrido e subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento deste colegiado, o retorno do autos a DRJ de origem para que, em instancia inicial, proceda a análise de toda documentação apresentada, pugnando pela juntada posterior de documentos, bem como, sendo necessária, a conversão do julgamento em diligência. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para serem analisados. Como se sabe, o §1º do art. 3º da Lei no 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que Fl. 3030DF CARF MF 4 ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF. T. Pleno. RE 346.084/PR. Rel.Min. ILMAR GALVÃO. Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO. DJ 01/09/2006). Esse entendimento foi reafirmado pela jurisprudência do STF no julgamento de questão de ordem no RE no 585.235/MG (questão constitucional versada nos RE nº 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG), decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B), no qual também foi deliberada a edição de súmula vinculante sobre a matéria: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS.COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (STF. RE 585235 RGQO. Rel. Min.CEZAR PELUSO. DJ 28/11/2008). Assim, apesar de ainda não editada a súmula vinculante, deve ser aplicado o disposto no §2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, o que implica o reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998. No entanto, o Colegiado entendeu que não seria possível, o exame das demais questões de mérito sem que as receitas especificadas nas contas juros recebidos, juros sobre aplicações, descontos obtidos, royalties, franquias e venda de sucata tenha sido efetivamente incluídas na base das contribuições do PIS/Pasep e da COFINS. Neste contexto, os membros da extinta 2ª Turma Especial, (Terceira Seção de julgamento), resolveram converter o julgamento em DILIGÊNCIA, conforme Resolução nº 3802000.185, de 27/05/2014, concluindo nos seguintes termos (fls. 127/129): "(...) Entendese, assim, que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a unidade de origem verifique se as receitas contabilizadas nas contas em questão foram efetivamente incluídas na base de cálculo da contribuição, intimando o contribuinte e a Fazenda Nacional para se manifestarem". Com efeito, a Turma decidiu pela realização de diligência para verificar a legitimidade dos créditos de PIS e da COFINS, sobre as “outras receitas”, pleiteados pela Recorrente para o período abrangendo o período do crédito objeto do PER controlado neste processo. Em cumprimento a solicitação do CARF, o Fisco emitiu o Termo de Intimação Fiscal nº 1275/2014 e 60/2015, o qual requereu planilhas demonstrativas da composição da base de cálculo das contribuições, acompanhadas da respectiva escrita contábil (Livro Razão, balanços/balancetes), e notas explicativas do conteúdo das rubricas utilizadas, assim como fundamentação acerca das receitas excluídas da base de cálculo das contribuições. Após a conclusão da Diligência a fiscalização formalizou suas conclusões constante na Informação Fiscal de fls. 2.927/2.928. Fl. 3031DF CARF MF Processo nº 10830.917858/201157 Acórdão n.º 3402003.500 S3C4T2 Fl. 3.030 5 Cientificada do resultado da Diligência, a Recorrente manifestouse, conforme documentos de fls. 2.933//2.936 e 2.963/2.964. Após o cumprimento do disposto na Resolução, o processo retornou a este CARF para prosseguimento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Da admissibilidade Por conter matéria de competência deste Colegiado e presentes os demais requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pela Recorrente. MÉRITO Tratase de recurso voluntário interposto, em face da não homologação de Compensação declarada em PER/DCOMP, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. Como já relatado, a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os autos foram convertidos em diligência para retorno a Unidade origem a fim de se verificar, se as receitas financeiras e outras receitas não operacionais compuseram a base de cálculo das contribuições, e, caso positivo, seu montante, a fim de que se determine o valor do indébito correspondente a essas receitas. O Fisco, então, após concluir a Diligência solicitada, prolatou a Informação Fiscal, concluindo o seguinte (fl. 2.928) grifei: "(...) Portanto, tendo em vista o prosseguimento do julgamento do documento de número 06549.99796.100506.1.2.046691, tratado pelo processo epigrafado, o qual requer R$ 6.866,44 referente a crédito de COFINS relativo ao período de apuração 11/2002, ao compararmos a base de cálculo declarada em DIPJ, no valor de R$ 7448999,38, com a calculada com base nos balancetes, no valor de R$ 7055229,13, concluise que integrou a base de cálculo o montante de R$ 146174,86 a título das receitas que se pretende excluir. Por conseguinte, temse que as receitas as quais alega inclusão indevida para o cálculo da COFINS totalizam R$ 146174,86. Assim, a parcela de COFINS relativa a essas receitas somam R$ 4.385,25. Após intimada desse relatório, a Recorrente, em sua manifestação de fl. 2.936, desta forma se pronunciou: Fl. 3032DF CARF MF 6 "(...) a Recorrente manifesta a sua concordância com o resultado da diligência e requer o reconhecimento de seu direito de crédito com base nas Informações Fiscais emitidas para os pedidos de restituição, bem como o posterior encaminhamento dos autos à DRF de origem para atualização e correção monetária dos valores que deverão restituídos a Recorrente, pois dados em valores históricos." Mais adiante, reitera o seu pedido, nos seguintes termos (fl. 2.965): "(...)Assim, vislumbrase que a própria Receita Federal do Brasil já reconheceu parcialmente os créditos ora discutidos, de forma que resta claro que a Recorrente possui o direito creditório da forma como apontado pelo órgão competente na diligência. Desse modo, considerando o resultado da diligência, requer o provimento do Recurso Voluntário para o devido reconhecimento do pleito restituitório, com base nas Informações Fiscais emitidas pela Receita Federal, para o pedido de restituição de COFINS relativo à competência de novembro de 2002, no valor de R$ 4.385,25, (original), com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial Selic, consoante os documentos anexos. Desta forma, conforme o resultado da apuração em diligência, restou comprovado que para os créditos pleiteados neste processo, a Recorrente possui o direito ao credito no valor de R$ 4.385,25, relativos a recolhimento indevido a título de COFINS. Conclusão Assim, voto para dar parcial provimento ao presente recurso, concernente a legitimidade da apuração do crédito em favor da recorrente, em vista da inconstitucionalidade do § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/98, reconhecendose, neste PAF, o valor de R$ 4.385,25, referente ao recolhimento indevido de COFINS, com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, conforme legislação vigente. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 3033DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15375.002253/2009-83
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN.
O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante - Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere-se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte.
Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, deve-se aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-004.573
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos votaram pelo provimento do recurso com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação do mérito.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. DECADÊNCIA ART. 173, I DO CTN. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN refere se ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte. Hipótese em que, não havendo nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, devese aplicar a decadência segundo a norma do art. 173, I do CTN. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 5. 00 22 53 /2 00 9- 83 Fl. 368DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 328 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da Silva, que lhe negou provimento. Os conselheiros Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Luiz Eduardo de Oliveira Santos votaram pelo provimento do recurso com retorno dos autos ao colegiado a quo, para apreciação do mérito. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de lançamento lavrado contra o Contribuinte para cobrança de contribuições previdenciárias pertinentes a parte do segurado, a cota patronal, bem como as designadas ao financiamento do SAT (até 06/1997) e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GILRAT (a partir de 07/1997), devidas pela empresa na qualidade de responsável solidário, conforme se infere do Relatório Fiscal às fls 52/62. O relatório narra, ainda, que o crédito em comento é oriundo da responsabilidade da ora recorrente devido aos serviços de assistência médicohospitalar prestados nas dependências da contratante mediante cessão de mãodeobra, tendo sido apurado o crédito através da verificação de notas fiscais/faturas devidamente lançadas na contabilidade. A NFLD compreende o período de 01/1996 à 12/1998. Contribuinte foi intimado em 06/05/2003 (fls. 02). Após o trâmite processual, foi apresentado Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Previdenciária que manteve o lançamento. Fl. 369DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 329 3 Por meio do acórdão nº 2301003.278, a 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária deu provimento parcial ao Recurso Voluntário e decidiu, entre outros pontos, pela fluência do prazo decadencial nos termos da Súmula Vinculante nº 8 do STF e do art. 150, §4º do CTN e pela retroatividade, caso mais benéfico, do art. 61 da Lei nº 9.430/96. O Acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998 DECADÊNCIA. PRAZO PREVISTO NO CTN. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Aplicase o art. 150, §4º do CTN quando verificado que o lançamento referese a descumprimento de obrigação tributária principal, houve pagamento parcial das contribuições previdenciárias no período fiscalizado e inexiste fraude, dolo ou simulação. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA COM O PRESTADOR DE SERVIÇOS. ART. 31 DA LEI 8.212/1991 COM A REDAÇÃO DA LEI 9.528/1997. O art. 31 da Lei nº 8.212/1991, na sua redação inicial, impunha ao tomador de serviços a obrigação solidária de recolher as contribuições devidas em razão dos serviços prestados, não comportando benefício de ordem. Não comprovado o recolhimento prévio pela prestadora de serviços, não pode ser elidida a responsabilidade do tomador dos serviços. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. Súmula do Segundo Conselho de Contribuintes diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic para títulos federais. RELATÓRIO DE CORRESPONSÁVEIS E VÍNCULOS. SUBSÍDIO PARA FUTURA AÇÃO EXECUTÓRIA. PREJUÍZO AOS DIRETORES. Os relatórios de Corresponsáveis e de Vínculos são partes integrantes dos processos de lançamento e autuação e servem de base para, a despeito do disposto no art. 135 do CTN, atribuir a sujeição passiva em futura ação executiva aos ali nominados. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 330 4 Esses relatórios são suficientes para se atribuir responsabilidade pessoal, conforme farta jurisprudência do STJ. A Súmula 88 do CARF dispõe que a Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. É flagrante o prejuízo aos diretores com a sua inclusão na relação de corresponsáveis, independentemente da prática de qualquer ato previsto no art.135 do CTN. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação tributária punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial para rediscussão de duas matérias: 1) Multa Retroatividade benigna: para se averiguar sobre a ocorrência da retroatividade benigna no caso concreto, a comparação entre normas deve ser feita entre o art. 35, da Lei nº 8.212/91 em sua redação antiga (revogada) e o art. 35A da LOPS. Inaplicável ao caso o art. 61 da Lei nº 9.430/96. 2) Decadência: tratase do lançamento de contribuições, devidas pelo interessado por força da substituição prevista no art. 31 da Lei n. 8.212/91 cujos fatos geradores não são reconhecidos como tal pelo sujeito passivo, restando claro que, com relação aos mesmos, o contribuinte não efetuou qualquer antecipação. Cumpre destacar que são distintas as situações em que o contribuinte deixa de recolher uma das diversas rubricas relacionadas a um mesmo fato gerador e a situação em que nenhuma das rubricas relativas a um fato gerador é paga. Devese aplicar o art. 173, I do CTN. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 331 5 Cita como paradigma o acórdão 380300.610 e ainda uma segunda decisão da antiga 5ª Câmara do 2º Conselho de Contribuinte. Diante da ausência de indicação do número deste último acórdão e do respectivo processo e não tendo sido juntado aos autos a cópia do inteiro teor, o paradigma foi desconsiderado pelo Juízo de Admissibilidade. Foram apresentadas contrarrazões. O contribuinte requer a manutenção do julgado. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Não há considerações a serem feitas acerca do despacho de admissibilidade, devendo o recurso ser conhecido. Decadência: No que tange ao reconhecimento da decadência, lembramos que o lançamento referese a cobrança de contribuições devidas à Seguridade Social em decorrência da contratação de serviços de terceiros mediante cessão de mão de obra. A NFLD compreende o período de 01/1996 à 12/1998 e o contribuinte foi intimado em 06/05/2003 (fls. 02). Ao contrário do alegado em sede de contrarrazões o Recurso da Fazenda requer a aplicação do art. 173, I do CTN haja vista a ausência de antecipação do tributo, não se pretende que seja avaliada a existência de dolo, fraude ou simulação. Discutese por meio do presente recurso se haveria nos autos comprovação de pagamento, ainda que parcial, do tributo cobrado. Tal discussão é relevante na medida em que, após exaustivo debate, a jurisprudência se posicionou no sentido de que para aqueles tributos classificados na modalidade de lançamento por homologação o prazo decadencial aplicável é o do art. 150, §4º do CTN, salvo nas hipóteses em que o contribuinte tenha agido com dolo, fraude ou simulação, ou se restar comprovado que não ocorreu a antecipação de pagamento. O Superior Tribunal de Justiça em decisão vinculante Resp nº 973.733/SC, firmou entendimento de que a homologação do art. 150, §4º do CTN referese ao pagamento antecipado realizado pelo contribuinte, nas palavras do Ministro Luiz Fux: "Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito". Referido julgado recebeu a seguinte ementa: Fl. 372DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 332 6 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) Fl. 373DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 333 7 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) A doutrina se manifestava neste mesmo sentido, valendo citar o posicionamento da Doutora Christiane Mendonça, no artigo intitulado "Decadência e Prescrição em Matéria Tributária", publicado livro Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho, editora Forense: Nos lançamentos por homologação o prazo de cinco anos é contado da data da ocorrência do fato gerador, art. 150, §4º. Ocorre que quando o contribuinte não cumpre o seu dever de produzir a norma individual e concreta e de pagar tributo, compete à autoridade administrativa, segundo art. 149, IV do CTN efetuar o lançamento de ofício. Dessa forma, consideramos apressada a afirmação genérica que sempre que for lançamento por homologação o prazo será contado a partir da ocorrência do fato gerador, pois não é sempre, dependerá se houve ou não pagamento antecipado. Caso não haja o pagamento antecipado, não há o que se homologar e, portanto, caberá ao Fisco promover o lançamento de ofício, submetendose ao prazo do art. 173, I do CTN. Nesse sentido, explica Sacha Colmon Navarro Coelho: "A solução do dia primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado aplicase ainda aos impostos sujeitos a homologação do pagamento na hipótese de não ter ocorrido pagamento antecipado... Se tal não houve, não há o que se homologar." Também a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no mesmo sentido de que na hipótese de ausência de pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para constituição do crédito tributário segue a regra do art. 173, I do CTN, contandose os cinco a anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em o lançamento poderia ter sido efetuado. Destacase que tendo o REsp nº 973.733/SC sido julgado sob a sistemática do Recurso Repetitivo deve este Conselho, por força do art. 62, §2º do seu Regimento Interno, reproduzir tal entendimento em seus julgados. Ocorre que, embora não haja mais dúvidas de que para se considerar a data do fato gerador como termo inicial da decadência é necessário verificar acerca da ocorrência de antecipação do pagamento do tributo, permanece sob debate qual seria a abrangência do termo 'pagamento' adotado por aquele Tribunal Superior. Em outras palavras, quais pagamentos realizados pelo contribuinte devem ser considerados para fins de aplicação do art. 150, §4º do CTN? No que tange as contribuições previdenciárias entendo que a resposta já foi construída por este Conselho quando da edição da Súmula CARF nº 99, que dispõe: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento Fl. 374DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 334 8 antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Embora a referida Súmula não seja aplicada ao caso pois a mesma contempla lançamento cujo objeto é cobrança da Contribuição Social incidente sobre pagamentos de salários tidos como indiretos o entendimento ali exposto é compatível com o caso em questão. Assim, a verificação da ocorrência de pagamento para fins de atração da regra o art. 150, §4º do CTN deve se dar pela análise de ter o contribuinte recolhido ao longo do período autuado contribuição previdenciária decorrente do mesmo fato gerador objeto do lançamento, ainda que os respectivos recolhimentos não se refiram propriamente aos fatos cujas hipóteses de incidência tenham sido questionadas pela fiscalização. Devese entender por 'mesmo fato gerador' as hipóteses de incidência que possuem identidade entre os critérios que compõem a respectiva regra matriz de incidência, ou seja, tributo previsto no mesmo dispositivo legal com coincidência de sujeito passivo e base de cálculo, ainda que esta última não tenha sido quantificada corretamente. Ora a contribuição previdenciária devida em razão da contratação de serviços mediante cessão de mão de obra é tributo recolhido na condição de substituto tributário (pagamento em favor de terceiros) e portanto possuiu fato gerador distinto da contribuição eventualmente devida e recolhida pelo Contribuinte em relação aos seus segurados com ou sem vínculo de emprego. Assim eventual adimplemento dessa última não seria suficiente para atrair a regra decadencial prevista pelo art. 150, §4º do CTN. Destacamos que se quer há nos autos provas suficientes de que os valores cobrados foram efetivamente ou parcialmente recolhidos pela empresa prestadora dos serviços, fato ao meu ver relevante e que justificaria a aplicação do art. 150, §4º do CTN. E neste aspecto as guias juntas às fls. 128 e seguintes não se prestam a esse fim pois impossível estabelecer qualquer vinculo entre os valores recolhidos e os serviços tomados pela autuada (fato constatado por meio de diligência fiscal). Assim, considerado que para o período apurado o Contribuinte não efetuou qualquer antecipação de pagamento de contribuições previdenciárias apto a atrair a aplicação do art. 150, §4º do CTN e considerando a data da ciência do lançamento (06/05/2003) devese concluir pela decadência em relação aos fatos geradores ocorridos até 11/1997, inclusive. Da multa: Em relação ao período não decaído, nos resta a discussão acerca do critério adotado pelo Colegiado a quo em relação a retroatividade das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 335 9 A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) Apesar de não ter sido o entendimento inicial desta relatora, após exaustivos debates sobre o tema, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº Fl. 376DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 336 10 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. Assim, é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Para ilustrar o entendimento cito, os fundamentos do voto proferido pela Ilustre Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, no acórdão nº 9202003.909, os quais adoto como razões de decidir: No presente caso, os fatos geradores ocorreram à luz de legislação posteriormente alterada, de sorte que a aferição acerca de eventual retroatividade benigna deve ser levada a cabo mediante comparação da redação da Lei nº 8.212, de 1991, à época dos fatos geradores, com a sua nova redação, conferida pela Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009: Redação da Lei nº 8.212, de 1991, à época dos fatos geradores “Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Fl. 377DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 337 11 Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo.(Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) (Revogado pela Lei nº11.941, de 2009) § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento.” (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 378DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 338 12 Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações da Medida Provisória nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009: “Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). (...) Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” Esclareçase que, independentemente da denominação que se dê à penalidade, há que se perquirir acerca do seu caráter material, e nesse sentido não há dúvida de que, mesmo na antiga redação do art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991, estavam ali descritas multas de mora e multas de ofício. As primeiras, cobradas com o tributo recolhido após o vencimento, porém espontaneamente. As últimas, cobradas quando do pagamento por força de ação fiscal, tal como ocorria com os demais tributos federais, nos lançamentos de ofício. Além disso, tanto os demais tributos como as contribuições previdenciárias têm seu regramento básico estabelecido pelo Código Tributário Nacional, que não só determina que a exigência tributária tem de ser formalizada por meio de lançamento, como também especifica as respectivas modalidades: lançamento por homologação, lançamento por declaração e lançamento de ofício. Cada uma dessas modalidades está ligada ao grau de colaboração verificado por parte do sujeito passivo. No caso dos tributos e contribuições federais, foi adotado de forma genérica o lançamento por homologação, que atribui ao sujeito passivo o dever de calcular o valor devido e efetuar o seu recolhimento, independentemente de prévia ação por parte da Autoridade Administrativa. Por outro lado, se o sujeito passivo deixa de cumprir com essas obrigações, o Fisco pode exigir o tributo por meio de lançamento de ofício. Nesta sistemática, qualquer que seja o tributo ou contribuição, e independentemente da denominação atribuída ao lançamento, claramente são visualizadas duas formas de recolhimento fora do prazo estabelecido: aquele efetuado espontaneamente, passível de aplicação de multa de mora; e aquele efetuado por força de ação fiscal, aplicável aí a multa de ofício, mais onerosa. Assim, embora a antiga redação do artigo 35, da Lei nº 8.212, de 1991, tenha utilizado apenas a expressão “multa de mora” para Fl. 379DF CARF MF Processo nº 15375.002253/200983 Acórdão n.º 9202004.573 CSRFT2 Fl. 339 13 as contribuições previdenciárias, não há dúvida de que os incisos componentes do dispositivo legal já continham a descrição das duas condutas tipificadas nos dispositivos legais que regulavam os demais tributos federais: pagamento espontâneo e pagamento efetuado por força de ação fiscal, conforme os ditames do CTN. Nesse sentido, para aplicação da retroatividade benigna com base no art. 106 do CTN, quando da execução do julgado deverá a autoridade preparadora comparar a multa do art. 35, II da Lei nº 8.212/91 (com a redação dada pela Lei nº 9.876/99) e a 'nova' multa prevista no art. 35A a qual nos remete ao art. 44 da Lei nº 9.430/96. Diante de todo o exposto dou provimento ao Recurso da Fazenda Nacional sem a necessidade de retorno dos autos ao Colegiado a quo haja vista já ter se exaurida toda a discussão de mérito do lançamento. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 380DF CARF MF
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