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Numero do processo: 10166.901436/2009-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1201-000.220
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, novamente converter o julgamento em diligência para que a DRF de Brasília/DF atenda ao solicitado na Resolução nº 1201-000.200 (fls.205/208), nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José Carlos de Assis Guimarães, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, novamente converter o julgamento em diligência para que a DRF de Brasília/DF atenda ao solicitado na Resolução nº 1201000.200 (fls.205/208), nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José Carlos de Assis Guimarães, Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum. Relatório. Os fatos que deram origem ao presente processo estão assim descritos no relatório da decisão recorrida, Acórdão nº 0347.485, de 16 de março de 2012, da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .9 01 43 6/ 20 09 -2 5 Fl. 226DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/ 09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10166.901436/200925 Resolução nº 1201000.220 S1C2T1 Fl. 3 2 Tratase da análise da Declaração de Compensação transmitida pelo PER/DCOMP nº 05956.36147.280405.1.3.04.6157, em 28/04/2005, que se utilizou de pretenso crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de CSLL referente ao P.A. 31/12/2004, no montante principal de R$42.016,18, visando compensar débitos tributários de CSLL referentes ao primeiro trimestre do ano calendário de 2005. No Despacho Decisório de fl. 30 emitido em 18/02/2009, a autoridade tributária não homologou a compensação declarada, sob a alegação de que a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ou seja, o pagamento por meio de DARF de CSLL no montante principal de R$80.643,48, do qual informou a contribuinte ser a origem do crédito, já teria sido integralmente utilizado para extinguir o débito do mesmo tributo de F.G. 31/12/2004. Cientificada da decisão proferida pela DRF/Brasília, em 06/03/2009 (fl.44), a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 03/07, em 03/04/2009 (carimbo de recepção à fl. 03). Discorre a defesa que a requerente, para o ano calendário de 2004, sendo optante do lucro real anual, ao calcular o tributo a pagar a título de estimativa para o mês de dezembro, apurou a CSLL a pagar de R$38.866,70, valor que consta na DIPJ do período. Por sua vez, efetuou um pagamento por meio de DARF no montante principal de R$80.643,48, idêntico valor declarado em DCTF. Nesse sentido, pretende a retificação da DCTF para alterar o valor confessado para o montante de R$38.866,70, e por consequência requer o reconhecimento do direito creditório, além de protestar provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, especialmente provas documentais que se fizerem necessárias. A 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, conforme decisão proferida no mencionado Acórdão nº 0347.485, de 16 de março de 2012, fls.46/50, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2004 DÉBITOS CONFESSADOS. RETIFICAÇÃO. NECESSIDADE DE ESCRITA FISCAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Eventual retificação dos valores confessados em DCTF devem ter por fundamento os dados da escrita fiscal do contribuinte. PROTESTO PELA JUNTADA DE TODAS AS PROVAS ADMITIDAS EM DIREITO. As provas documentais devem ser apresentadas por ocasião da impugnação, sob pena de preclusão processual, exceto nas situações previstas no art. 16, § 4º do PAF. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/ 09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10166.901436/200925 Resolução nº 1201000.220 S1C2T1 Fl. 4 3 O contribuinte cientificado da mencionada decisão em 04/5/2012, conforme o Aviso de Recebimento AR, fl.54, interpôs o Recurso Voluntário (fls.55/58) ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, protocolizado em 31/5/2012 . As razões aduzidas na peça recursal são, no essencial, as mesmas apresentadas na manifestação de inconformidade, acima relatadas, portanto, desnecessário repetilas. Finalmente a Recorrente requer: ...seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado, considerando a empresa não devedora da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido apurada no 1o Trimestre de 2005, no valor de R$ 43.768,25 (quarenta e três mil, setecentos e sessenta e oito reais e vinte e cinco centavos), apontado no referido Despacho Decisório e permitindo seja feito os ajustes necessários para regularização das informações na DCTF do mês de dezembro de 2004. Na sessão realizada em 03/03/2016, esta 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF proferiu a Resolução nº 1201000.200 (fls.205/208), solicitando realização de diligência à DRF/Brasília/DF, para onde os autos foram encaminhados. O Processo foi devolvido ao CARF com a Informação Fiscal de fls. 210/213. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Ester Marques Lins de Sousa Conforme mencionado, o julgamento do presente recurso voluntário foi iniciado na sessão de 03/03/2016, quando esta 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF proferiu a Resolução nº 1201000.200 (fls.205/208), convertendo o julgamento pela realização de diligência à DRF/Brasília/DF, nos termos do voto desta Relatora que a seguir transcrevo: O presente processo tem origem no PER/DCOMP nº 05956.36147 280405.1.3.046157, transmitido em 28/04/2005, (fls.26/31), por meio do qual o contribuinte pretende compensar débitos de CSLL referentes ao primeiro trimestre do ano calendário de 2005, com crédito de pagamento indevido ou a maior de CSLL estimativa, no valor de R$ 42.016,18 decorrente do DARF (código de receita: 2484, Período de Apuração: 31/12/2004, Data de Arrecadação: 31/01/2005, Valor: R$ 80.643,48). Mediante o despacho de fl.25, emitido eletronicamente, a Delegacia da Receita Federal / DRF de Brasília identificou o pagamento no valor de R$ 80.643,48 para quitação de débito de CSLL, do período de apuração de 31/12/2004, em face do que não homologou a compensação declarada. A Recorrente alega que a existência do pagamento a maior de CSLL é constatada pela verificação do valor informado na DIPJ/2005 Fl. 228DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/ 09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10166.901436/200925 Resolução nº 1201000.220 S1C2T1 Fl. 5 4 apresentada pela empresa em confronto com o DARF pago em 31/01/2005, referente ao período de apuração de 31/12/2004, no valor original de R$ 80.643,46, visto que para tal período de apuração, o valor da CSLL devida é de R$ 38.866,70. A interessada desde a manifestação de inconformidade, alega que sua Declaração de Informações DIPJ/ 2005 demonstra que a CSLL de 31/12/2004 é R$ 38.866,70 (fl.34), apenas a DCTF não fora retificada, como pretende, para alterar o valor confessado para o montante devido de R$ 38.866,70 em consonância com a DIPJ/2005. A Recorrente requer a retificação da DCTF, a fim de que conste, tanto na DCTF quanto na DIPJ, que o valor da CSLL de 31/12/2004 é R$ 38.866,70. Do despacho decisório da autoridade administrativa da DRF de Brasília não consta qualquer análise acerca das informações prestadas na DIPJ relativa ao ano calendário de 2004 para que se verifique a estimativa mensal de dezembro de 2004 e o real saldo a pagar da CSLL em 31/12/2004. A recorrente juntou aos autos cópia da DIPJ/2005 na qual consta à fl.34, o saldo da CSLL a pagar no valor de R$ 38.866,70 referente ao mês de dezembro de 2004. Portanto, confrontandose o valor apurado demonstrado na DIPJ/2005, fl.34, com o valor recolhido por meio de DARF, temse aparentemente o direito da Recorrente ao crédito do recolhimento a maior de IRPJ no valor de R$ 41.776,76. Diante do exposto, voto no sentido de que sejam os autos encaminhados à DRF de Brasília/DF, para confrontar a DIPJ/2005 com a escrituração contábil/fiscal, documentação que lhe deu lastro e informar qual a CSLL a pagar relativa ao mês de dezembro 2004, bem como verificar se na apuração do saldo do ajuste anual o contribuinte deduziu a título de estimativa o valor das estimativas confessadas na DCTF, inferindose o aproveitamento de pagamento a maior. Realizada a diligência, deve ser elaborado relatório circunstanciado, do qual deve ser dada ciência ao Contribuinte para sua manifestação, se do seu interesse, no prazo de 30 (trinta dias). Apresentada a manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. Em resposta à diligência que lhe foi demandada pelo CARF, a DRF/Brasília/DF prestou a Informação Fiscal de fls. 210/213, da qual extraio os seguintes excertos: 7. Repassados os principais fatos ocorridos no presente processo, passase à Informação Fiscal. 8. Inicialmente, fazse necessário ressaltar que todo o contexto do processo trata de um débito confessado em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais). Débito confessado pelo próprio Contribuinte em declaração específica de confissão de débito. Não se está aqui a tratar de um simples pagamento realizado a maior, cujo valor o Impetrante objetiva restituição. Não. Em síntese, o Fl. 229DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/ 09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10166.901436/200925 Resolução nº 1201000.220 S1C2T1 Fl. 6 5 Impetrante objetiva que se realize uma retificação nos débitos confessados por este em DCTF, para que “sobre” valor disponível para confirmar uma compensação realizada. 9. Pois bem, de pronto fazse necessário adentrar na súmula 436 do Superior Tribunal de Justiça –STJ. E conforme a citada Súmula, a entrega da declaração pelo Contribuinte reconhecendo o débito fiscal constitui definitivamente o crédito tributário. Destacase, que a declaração a que se refere a Súmula é a DCTF. 10. Ademais, a Súmula reforça que a responsabilidade pelas informações da confissão do débito é do declarante, e acrescenta que tal ato dispensa qualquer outra providência por parte do fisco. E acertadamente o faz, pois os termos da Súmula 436 aplicamse aos tributos lançamentos por homologação, o qual atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Súmula 436STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. 11. Do contexto da Súmula, concluise que os débitos confessados em DCTF pelo Contribuinte terão dois caminhos opostos a seguir. Ou serão homologados tacitamente pelo decurso do prazo decadencial, no prazo estabelecido pelo art. 150, §4º da Lei nº 5.172/1966. Admitindo se, assim, como verdadeiros e finais os valores confessados em DCTF. Materializandose, desta forma, a essência plasmada na Súmula 436 do STJ. Ou serão alterados mediante Procedimento de Fiscalização, realizado dentro do citado prazo decadencial. 12. No caso em tela, verificase que o prazo decadencial, contados em 5 (cinco) anos da ocorrência do fato gerador, já se exauriu. Pois, a confissão do débito do Impetrante ocorrera no ano de 2005, referente a fato geradores de 2004. E teve, o Impetrante, a partir daquela data, 5 (cinco) anos para eventuais correções em suas confissões, sob o risco de preclusão deste direito, com a consequente definitividade dos fatos previamente informados ao fisco, pelo Contribuinte. 13. Deste modo, homologada tacitamente a declaração do Contribuinte, constituiuse definitivamente o credito tributário. Não havendo ao fisco mais margem para eventual alteração nos valores confessados pelo Contribuinte. Desta forma, e puramente por se tratar de débito confessado em DCTF, não cabe ao E. CARF requerer que a unidade lançadora aprecie a escrita contábil do Impetrante para eventual alteração nos valores confessados em DCTF, sob o risco de jogar por terra o instituto do lançamento por homologação. ... 20. Portanto, concluise a presente Informação Fiscal que o Impetrante apurou tributo sujeito a lançamento por homologação, confessou o discutido débito em DCTF, e realizou o respectivo pagamento em Fl. 230DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/ 09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10166.901436/200925 Resolução nº 1201000.220 S1C2T1 Fl. 7 6 montante igual ao valor confessado, não havendo portanto, pagamento maior que o devido. Acrescentase ao presente contexto a ocorrência da homologação tácita do lançamento por homologação, nos moldes confessados pelo contribuinte em DCTF. Constituindo definitivamente o crédito tributário confessado pelo Impetrante. Não restando ao fisco qualquer margem para alterar os valores confessados pelo Contribuinte, homologados tacitamente. 21. Nestes termos, retornese ao CARF para julgamento. (GRIFEI) A Resolução proferida pelo Colegiado desta 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF apresenta motivação adequada e suficiente. Quanto à solicitação de diligência, é oportuno relembrar que “na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias”, e que quando “determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusar se de cumprilas”, conforme artigos 29 e 37 do Decreto 70.235/1972 (PAF), e artigo 36, § 3º, do Decreto 7.574/2011. Ao proferir a referida Resolução nº 1201000.200 (fls.205/208) o Colegiado esclareceu as razões pelas quais verificou o aparente direito da Recorrente ao crédito do recolhimento a maior de CSLL no valor de R$ 41.776,76, notadamente no seguinte trecho: Do despacho decisório da autoridade administrativa da DRF de Brasília não consta qualquer análise acerca das informações prestadas na DIPJ relativa ao ano calendário de 2004 para que se verifique a estimativa mensal de dezembro de 2004 e o real saldo a pagar da CSLL em 31/12/2004. A recorrente juntou aos autos cópia da DIPJ/2005 na qual consta à fl.34, o saldo da CSLL a pagar no valor de R$ 38.866,70 referente ao mês de dezembro de 2004. Portanto, confrontandose o valor apurado demonstrado na DIPJ/2005, fl.34, com o valor recolhido por meio de DARF, temse aparentemente o direito da Recorrente ao crédito do recolhimento a maior de CSLL no valor de R$ 41.776,76. Diante do exposto, voto no sentido de que sejam os autos encaminhados à DRF de Brasília/DF, para confrontar a DIPJ/2005 com a escrituração contábil/fiscal, documentação que lhe deu lastro e informar qual a CSLL a pagar relativa ao mês de dezembro 2004, bem como verificar se na apuração do saldo do ajuste anual o contribuinte deduziu a título de estimativa o valor das estimativas confessadas na DCTF, inferindose o aproveitamento de pagamento a maior. Realizada a diligência, deve ser elaborado relatório circunstanciado, do qual deve ser dada ciência ao Contribuinte para sua manifestação, se do seu interesse, no prazo de 30 (trinta dias). Apresentada a Fl. 231DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/ 09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10166.901436/200925 Resolução nº 1201000.220 S1C2T1 Fl. 8 7 manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. Não é possível negar validade a outras informações constantes no banco de dados da Receita Federal no momento da decisão – a exemplo da DIPJ ignorada. O fato de a contribuinte não ter retificado a DCTF para reduzir o tributo ali originalmente informado não pode obstar a utilização, em compensação, de indébito demonstrado em DIPJ apresentada antes da edição do despacho decisório X DARF, especialmente porque a própria autoridade administrativa reputou desnecessária uma análise mais aprofundada da compensação, submetendoa ao processamento eletrônico de informações disponíveis nos bancos de dados da Receita Federal. Portanto, a Fiscalização não poderia ter limitado sua análise apenas às informações prestadas em DCTF, já que havia informações provenientes de outras declarações nos bancos de dados da Receita que permitiam a análise quanto ao crédito pleiteado. Isto é, caberia à Fiscalização, ao menos, questionar a divergência existente entre as declarações (DIPJ e DCTF) e verificar a verdade material dos fatos, salvo se o contribuinte intimado a apresentar a documentação necessária não de desincumba do seu mister. O simples fato de haver divergências entre as informações constantes em DCTF e DIPJ, por si só, já obrigava a Fiscalização a aprofundar as suas investigações, de modo a dar força à convicção do julgador sobre os fatos e direito. Deste modo, voto no sentido de novamente converter o julgamento em diligência para que a DRF de Brasília/DF atenda ao solicitado na mencionada Resolução nº 1201000.200 (fls.205/208). (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 26/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/ 09/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
score : 1.0
Numero do processo: 11020.005231/2007-72
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.682
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 52 31 /2 00 7- 72 Fl. 479DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 480DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 481DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 482DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 483DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 484DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 485DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 486DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 487DF CARF MF Processo nº 11020.005231/200772 Acórdão n.º 9202004.682 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 488DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.725198/2009-54
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL
Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente.
Numero da decisão: 9202-004.149
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 18/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 51 98 /2 00 9- 54 Fl. 388DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 18/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720843/200942. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.124): Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Ministério Público da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar nº 20/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada procedente em parte, para excluir da base de cálculo do imposto valores recebidos a título de URV sobre férias indenizadas e 13º salário. Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, onde, por unanimidade de votos, foi dado provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Fl. 389DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725198/200954 Acórdão n.º 9202004.149 CSRFT2 Fl. 416 3 Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Os rendimentos previstos na Lei Complementar 20/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; b) É nítida a natureza remuneratória das diferenças de URV, na medida em que representam ressarcimento pelo erro de cálculo da remuneração; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que fosse reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que fosse rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 390DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.124, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720843/200942, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e visa rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. A matéria não é nova neste Colegiado. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. As verbas ora analisadas constituem diferenças salariais verificadas na conversão da remuneração do servidor público, quando da implantação do Plano Real, portanto tais valores referemse a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos. Nesse passo, o objetivo da ação judicial e/ou da lei do estado da Bahia foi simplesmente pagar à Contribuinte aquilo que antes deixou de ser pago, que nada mais é que salário, portanto de natureza tributável. Assim, o recebimento da verba ora tratada configura acréscimo patrimonial e, consequentemente, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, consoante dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: Fl. 391DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725198/200954 Acórdão n.º 9202004.149 CSRFT2 Fl. 417 5 I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. O dispositivo legal acima não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação do Imposto de Renda, abarcando qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada ao ganho. Seguindo esta linha, a Lei nº 7.713, de 1988, assim dispõe: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (...) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...)” (grifei) Quanto à alegação de violação ao princípio da isonomia, a Contribuinte traz à baila o fato de que o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, atribuiu natureza indenizatória ao Abono Variável concedido aos membros da Magistratura da União pela Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN nº 529, de 2003, manifestou entendimento no sentido de que a verba em tela não estaria sujeita à tributação. Fl. 392DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Entretanto, a Resolução nº 245, do STF, bem como o Parecer da PGFN, se referem especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União pela Lei nº 10.474, de 2002; e o que se discute no presente processo é se tal entendimento deve ser aplicado à verba recebida pelos membros da Ministério Público do Estado da Bahia. Primeiramente, verificase que a posição do Supremo Tribunal Federal – STF sobre a natureza do Abono Variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, assim, não se trata de uma decisão judicial, cujos efeitos são bem distintos dos de uma resolução administrativa. Destarte, obviamente que a Resolução do STF nunca vinculou a Administração Tributária da União. Com o advento do Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, portanto com força vinculante em relação aos Órgãos da Administração Tributária, concluiuse que o Abono Variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teria natureza indenizatória. Entretanto, dito parecer é claro quanto aos limites desse entendimento, conforme será demonstrado na seqüência. O parecer destaca que o Superior Tribunal de Justiça – STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do Imposto de Renda. Após, faz a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direito, ele tem natureza indenizatória. Ainda segundo o parecer da PGFN, seria este o entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de 2002, relativamente ao abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Assim, claro está que o Parecer da PGFN somente reconheceu a natureza indenizatória do Abono Variável, previsto nas Leis nºs 9.655, de 1998, e 10.474, de 2002, acolhendo entendimento do STF, no sentido de que tal verba destinarseia a reparar direito. Destarte, a Resolução nº 245, do STF, não possui efeitos de decisão judicial, e o Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, apenas reconhece a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF quanto à natureza reparatória, especificamente para esse abono. Portanto, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a Resolução nº 245, do STF, excluiu do abono a verba referente à diferença de URV, o que evidencia que esta não tem natureza indenizatória, mas sim de recomposição salarial. Confirase a manifestação Superior Tribunal de Justiça, por meio de voto da Ministra Eliana Calmon, reconhecendo a falta e identidade entre o abono salarial tratado na Resolução e as diferenças de URV: Fl. 393DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725198/200954 Acórdão n.º 9202004.149 CSRFT2 Fl. 418 7 “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E também o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão no Recurso Extraordinário n.º 471.115: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Assim, não há como estenderse o alcance dos atos legais acima referidos para verbas distintas, concedidas para outro grupo de servidores, por meio de ato específico, diverso daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Com efeito, a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II, do art. 111, do CTN. Ademais, o mesmo código veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação supostamente semelhante, o que implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º, do art. 150, da Constituição Federal, e o art. 176, do CTN. Destarte, a verba em exame deve ser efetivamente tributada. Quanto à alegada inexigibilidade de Imposto de Renda incidente sobre a verba recebida pela contribuinte a título de juros de mora, a decisão do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C, do CPC, é no sentido de que estaria restrita aos casos de pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713, de 1988. Confirase: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543 C DO CPC. Fl. 394DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidouse o entendimento no sentido de que 'não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla.' Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que 'os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei'. 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, verificase que são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Assim, não sendo as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, o imposto de renda deve incidir também sobre os juros de mora. Ressaltese que as verbas ora analisadas já foram objeto de julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, oportunidade em que se deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por meio do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, assim ementado: Fl. 395DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725198/200954 Acórdão n.º 9202004.149 CSRFT2 Fl. 419 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." Assentada a natureza tributável dos rendimentos objeto da autuação, resta esclarecer que o tributo devido deve ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Saliente se que a questão já foi decidida pelo STF, no RE 614.406/RS, com trânsito em julgado em 11/12/2014, e repercussão geral previamente reconhecida, em 20/10/2010, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil. Destarte, os Conselheiros do CARF devem reproduzir o entendimento do citado julgado, prolatado pelo STF em 23/10/2014, conforme determina o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Nesse passo, a decisão vinculante é no sentido de aplicarse o regime de competência, vedada a aplicação do regime de caixa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento parcial, para que o cálculo do Imposto de Renda seja efetuado com base no regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 396DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Fl. 397DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10580.725867/2009-98
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL
Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente.
Numero da decisão: 9202-004.159
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 18/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 58 67 /2 00 9- 98 Fl. 452DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 18/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720843/200942. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.124): Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Ministério Público da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar nº 20/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada procedente em parte, para excluir da base de cálculo do imposto valores recebidos a título de URV sobre férias indenizadas e 13º salário. Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, onde, por unanimidade de votos, foi dado provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Fl. 453DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725867/200998 Acórdão n.º 9202004.159 CSRFT2 Fl. 416 3 Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Os rendimentos previstos na Lei Complementar 20/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; b) É nítida a natureza remuneratória das diferenças de URV, na medida em que representam ressarcimento pelo erro de cálculo da remuneração; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que fosse reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que fosse rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 454DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.124, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720843/200942, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e visa rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. A matéria não é nova neste Colegiado. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. As verbas ora analisadas constituem diferenças salariais verificadas na conversão da remuneração do servidor público, quando da implantação do Plano Real, portanto tais valores referemse a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos. Nesse passo, o objetivo da ação judicial e/ou da lei do estado da Bahia foi simplesmente pagar à Contribuinte aquilo que antes deixou de ser pago, que nada mais é que salário, portanto de natureza tributável. Assim, o recebimento da verba ora tratada configura acréscimo patrimonial e, consequentemente, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, consoante dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: Fl. 455DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725867/200998 Acórdão n.º 9202004.159 CSRFT2 Fl. 417 5 I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. O dispositivo legal acima não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação do Imposto de Renda, abarcando qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada ao ganho. Seguindo esta linha, a Lei nº 7.713, de 1988, assim dispõe: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (...) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...)” (grifei) Quanto à alegação de violação ao princípio da isonomia, a Contribuinte traz à baila o fato de que o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, atribuiu natureza indenizatória ao Abono Variável concedido aos membros da Magistratura da União pela Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN nº 529, de 2003, manifestou entendimento no sentido de que a verba em tela não estaria sujeita à tributação. Fl. 456DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Entretanto, a Resolução nº 245, do STF, bem como o Parecer da PGFN, se referem especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União pela Lei nº 10.474, de 2002; e o que se discute no presente processo é se tal entendimento deve ser aplicado à verba recebida pelos membros da Ministério Público do Estado da Bahia. Primeiramente, verificase que a posição do Supremo Tribunal Federal – STF sobre a natureza do Abono Variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, assim, não se trata de uma decisão judicial, cujos efeitos são bem distintos dos de uma resolução administrativa. Destarte, obviamente que a Resolução do STF nunca vinculou a Administração Tributária da União. Com o advento do Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, portanto com força vinculante em relação aos Órgãos da Administração Tributária, concluiuse que o Abono Variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teria natureza indenizatória. Entretanto, dito parecer é claro quanto aos limites desse entendimento, conforme será demonstrado na seqüência. O parecer destaca que o Superior Tribunal de Justiça – STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do Imposto de Renda. Após, faz a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direito, ele tem natureza indenizatória. Ainda segundo o parecer da PGFN, seria este o entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de 2002, relativamente ao abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Assim, claro está que o Parecer da PGFN somente reconheceu a natureza indenizatória do Abono Variável, previsto nas Leis nºs 9.655, de 1998, e 10.474, de 2002, acolhendo entendimento do STF, no sentido de que tal verba destinarseia a reparar direito. Destarte, a Resolução nº 245, do STF, não possui efeitos de decisão judicial, e o Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, apenas reconhece a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF quanto à natureza reparatória, especificamente para esse abono. Portanto, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a Resolução nº 245, do STF, excluiu do abono a verba referente à diferença de URV, o que evidencia que esta não tem natureza indenizatória, mas sim de recomposição salarial. Confirase a manifestação Superior Tribunal de Justiça, por meio de voto da Ministra Eliana Calmon, reconhecendo a falta e identidade entre o abono salarial tratado na Resolução e as diferenças de URV: Fl. 457DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725867/200998 Acórdão n.º 9202004.159 CSRFT2 Fl. 418 7 “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E também o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão no Recurso Extraordinário n.º 471.115: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Assim, não há como estenderse o alcance dos atos legais acima referidos para verbas distintas, concedidas para outro grupo de servidores, por meio de ato específico, diverso daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Com efeito, a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II, do art. 111, do CTN. Ademais, o mesmo código veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação supostamente semelhante, o que implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º, do art. 150, da Constituição Federal, e o art. 176, do CTN. Destarte, a verba em exame deve ser efetivamente tributada. Quanto à alegada inexigibilidade de Imposto de Renda incidente sobre a verba recebida pela contribuinte a título de juros de mora, a decisão do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C, do CPC, é no sentido de que estaria restrita aos casos de pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713, de 1988. Confirase: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543 C DO CPC. Fl. 458DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidouse o entendimento no sentido de que 'não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla.' Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que 'os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei'. 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, verificase que são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Assim, não sendo as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, o imposto de renda deve incidir também sobre os juros de mora. Ressaltese que as verbas ora analisadas já foram objeto de julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, oportunidade em que se deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por meio do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, assim ementado: Fl. 459DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.725867/200998 Acórdão n.º 9202004.159 CSRFT2 Fl. 419 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." Assentada a natureza tributável dos rendimentos objeto da autuação, resta esclarecer que o tributo devido deve ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Saliente se que a questão já foi decidida pelo STF, no RE 614.406/RS, com trânsito em julgado em 11/12/2014, e repercussão geral previamente reconhecida, em 20/10/2010, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil. Destarte, os Conselheiros do CARF devem reproduzir o entendimento do citado julgado, prolatado pelo STF em 23/10/2014, conforme determina o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Nesse passo, a decisão vinculante é no sentido de aplicarse o regime de competência, vedada a aplicação do regime de caixa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento parcial, para que o cálculo do Imposto de Renda seja efetuado com base no regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 460DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Fl. 461DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10835.002469/2004-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1995
NULIDADE DO LANÇAMENTO.
Não padece de nulidade a Notificação de Lançamento que seja lavrada por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 11 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece a matéria fática e legal e exerceu, com lógica razoável e nos prazos devidos, o seu direito de defesa.
DECADÊNCIA. ARTIGO 173, II, CTN. INOCORRÊNCIA.
Declarado nulo o lançamento anteriormente efetuado, por vício formal, o Fisco dispõe de cinco anos "da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado" para efetuar um novo lançamento. É o que diz o inciso II do artigo 173, do Código Tributário.
PRESCRIÇÃO. DIES A QUO. INOCORRÊNCIA.
De acordo com o artigo 174 do Códex Tributário, "a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos contados da data de sua constituição definitiva". Ocorrendo o lançamento pela autoridade fiscal, o prazo prescricional terá como termo inicial a decisão administrativa definitiva. Cientificado do lançamento, o contribuinte impugnou e recorreu. Assim, no curso do processo administrativo de exigência fiscal, ainda não se deu a constituição definitiva do crédito.
ITR/1995. TRIBUTAÇÃO COM BASE NO VTN MÍNIMO ESTABELECIDO PELA RECEITA FEDERAL.
O VTNm/ha para o exercício de 1995 foi determinado pela Instrução Normativa SRF nº 42/96, tendo sido esse valor fixado em atendimento aos preceitos contidos no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.847/94 e no art. 1º da Portaria Interministerial MEFP/MARA nº 1.275/91, que tratou das formalidades e da metodologia de apuração dos preços mínimos da terra nua. Naquele ano, a legislação do ITR previa a tributação com base no VTN mínimo, quando declarado valor inferior, o qual poderia ser contestado pelo contribuinte com base em laudo técnico de avaliação, onde deveriam constar requisitos mínimos, de maneira a tornar inequívoca a avaliação efetuada. Não contendo o laudo técnico as fontes de pesquisa e os dados e documentos que levaram a expressar os valores apontados, como previsto na NBR 8.799/85 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, deve prevalecer o valor lançado.
CONTRIBUIÇÕES CNA/CONTAG/SENAR. INCOMPETÊNCIA DA RECEITA FEDERAL PARA LANÇAR E COBRAR APÓS 31/12/1996.
Após 31/12/1996, a Secretaria da Receita Federal do Brasil não é mais competente para lançar e cobrar as contribuições para o CNA, CONTAG e SENAR, conforme foi previsto na Lei nº 8.847/1994, artigo 24.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2202-003.496
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da tributação as parcelas relativas aos valores da CNA e CONTAG.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da tributação as parcelas relativas aos valores da CNA e CONTAG. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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Não padece de nulidade a Notificação de Lançamento que seja lavrada por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 11 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece a matéria fática e legal e exerceu, com lógica razoável e nos prazos devidos, o seu direito de defesa. DECADÊNCIA. ARTIGO 173, II, CTN. INOCORRÊNCIA. Declarado nulo o lançamento anteriormente efetuado, por vício formal, o Fisco dispõe de cinco anos "da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado" para efetuar um novo lançamento. É o que diz o inciso II do artigo 173, do Código Tributário. PRESCRIÇÃO. DIES A QUO. INOCORRÊNCIA. De acordo com o artigo 174 do Códex Tributário, "a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos contados da data de sua constituição definitiva". Ocorrendo o lançamento pela autoridade fiscal, o prazo prescricional terá como termo inicial a decisão administrativa definitiva. Cientificado do lançamento, o contribuinte impugnou e recorreu. Assim, no curso do processo administrativo de exigência fiscal, ainda não se deu a constituição definitiva do crédito. ITR/1995. TRIBUTAÇÃO COM BASE NO VTN MÍNIMO ESTABELECIDO PELA RECEITA FEDERAL. O VTNm/ha para o exercício de 1995 foi determinado pela Instrução Normativa SRF nº 42/96, tendo sido esse valor fixado em atendimento aos preceitos contidos no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.847/94 e no art. 1º da Portaria AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 00 24 69 /2 00 4- 56 Fl. 89DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 90 2 Interministerial MEFP/MARA nº 1.275/91, que tratou das formalidades e da metodologia de apuração dos preços mínimos da terra nua. Naquele ano, a legislação do ITR previa a tributação com base no VTN mínimo, quando declarado valor inferior, o qual poderia ser contestado pelo contribuinte com base em laudo técnico de avaliação, onde deveriam constar requisitos mínimos, de maneira a tornar inequívoca a avaliação efetuada. Não contendo o laudo técnico as fontes de pesquisa e os dados e documentos que levaram a expressar os valores apontados, como previsto na NBR 8.799/85 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, deve prevalecer o valor lançado. CONTRIBUIÇÕES CNA/CONTAG/SENAR. INCOMPETÊNCIA DA RECEITA FEDERAL PARA LANÇAR E COBRAR APÓS 31/12/1996. Após 31/12/1996, a Secretaria da Receita Federal do Brasil não é mais competente para lançar e cobrar as contribuições para o CNA, CONTAG e SENAR, conforme foi previsto na Lei nº 8.847/1994, artigo 24. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da tributação as parcelas relativas aos valores da CNA e CONTAG. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado pela Autoridade Julgadora de 1ª instância (fl. 15), complementandoo ao final: Com base na Lei n° 8.847, de 28 de janeiro de 1994 e na Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal — IN/SRF n° 42, de 19 de julho de 1996, exigese, do interessado, o pagamento do crédito tributário lançado relativo ao Imposto Territorial Rural — ITR, contribuição sindical do empregador e contribuição sindical do trabalhador rural, do exercício de 1995, no valor total de R$ 797,26 referente ao imóvel rural "Fazenda Fl. 90DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 91 3 Nossa Senhora do Carmo", com área total de 367,8 ha, Número do Imóvel na Receita Federal — NIRF 3.444.8209, localizado no município de Presidente Bernardes / SP, conforme notificação de lançamento de fl. 02. 2. O interessado apresentou impugnação tempestiva, fl. 01, na qual, em síntese, requer o cancelamento dos débitos do imposto e a anulação e arquivamento do lançamento; afirma ter havido omissão de formalidade essencial, levanta dúvidas quanto ao procedimento fiscal, afirma que o lançamento está prescrito e nulo, o esgotamento do prazo decadencial, e a impossibilidade de revisão da atividade homologada fictamente. 3. Aos presentes autos foram juntados, por apensação, os autos dos processos n° 10835.000970/9699 e 10835.002976/9646. Originalmente, foi realizado, em relação ao imóvel rural acima identificado, lançamento consubstanciado por Notificação de Lançamento onde faltava a identificação da Autoridade Fiscal autuante, no bojo do processo 10835.002976/9646. O Acórdão nº 30235510, do extinto Terceiro Conselho de Contribuintes, de 15 de abril de 2003, decidiu pela nulidade da Notificação, por estar em desacordo com as disposições do art. 11, inciso IV, do Decreto nº 70.235, de 1972. Em 02/08/2004 foi emitida nova Notificação, cuja cópia consta da folha 05, onde então se observa o nome, matrícula e assinatura da Autoridade Fiscal. O contribuinte apresentou impugnação a essa nova Notificação, que foi considerada tempestiva pelo Julgador a quo e teve suas razões e seu mérito analisados pelo Acórdão de fl. 15 que, em suma, disse que não havia decadência do direito de lançar; era incabível falar de prescrição; não se encontrava nenhuma razão para nulidade por omissão de formalidade no feito, que não fora apontada especificamente pelo impugnante, e que não houve homologação ficta por parte da autoridade fiscal. Assim, considerouse procedente o lançamento em discussão. Cientificado dessa decisão em 13/09/2007 (AR na folha 20), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 11/10/2007 (protocolo na folha 25). Em sede de recurso voluntário, em resumo, apresenta as seguintes razões: 1 requer que haja distribuição de seu recurso, por prevenção, ao mesmo conselheiro que anteriormente havia sido o relator do Acórdão 30235510 que decidira pela nulidade da Notificação anterior; 2 alega que existe nulidade do lançamento porque não consta da Notificação o prazo para recolhimento ou impugnação; 3 levanta "sérias dúvidas" em relação ao procedimento fiscal porque a nova Notificação foi emitida no mesmo dia em que a repartição recebeu o Acórdão 30235510, que decidira a seu favor; 4 fala em lançamento "nulo e prescrito"; fala em decadência; Fl. 91DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 92 4 5 em relação às contribuições sindicais para a CNA e CONTAG diz que a partir de 31 de dezembro de 1996 a Receita federal deixou de ser competente para arrecadálas e cobrálas; 6 em relação ao VTNmínimo arbitrado pela Receita Federal, requer que seja apreciado o Laudo Técnico que fez constar dos processos que continham o lançamento anteriormente anulado, para que seja aceito o VTN lá encontrado. O processo 10835.000970/9699 foi copiado dentro deste e a cópia de tal laudo consta da folha 58 e seguintes. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. Conheço do recurso, já que tempestivo, conforme relatado, e com condições de admissibilidade. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a existente após a digitalização do processo, transformado em arquivo eletrônico (formato .pdf). PRELIMINARES Ainda a título de esclarecimento, importante transcrever parte do Voto do julgamento recorrido (fl. 15/6): O lançamento original do ITR, incidente sobre o imóvel, se deu através de notificação de lançamento datada de 02/01/96, no valor original de R$ 1.405,70, impugnada pelo sujeito passivo na data de 19/03/96, no processo n° 10835.000970/9699. Porém, foi expedida nova notificação, datada de 19/07/96, no valor de R$ 797,26, impugnada em 30/09/96, no processo n° 10835.002976/9646, vindo ser declarada sua nulidade, em caráter definitivo, com o acórdão n° 30235.510, de 15/03/2004, do Terceiro Conselho de Contribuintes. (destaquei) Registro, então, que entre a Notificação anteriormente anulada e esta que aqui se discute não houve modificação em relação ao imposto exigido. O objeto é o mesmo e a importância em exigência, a título de ITR, também, qual seja R$ 797,26, não se verificando alteração entre as duas Notificações. Digo isso em face de meu entendimento de que a reabertura do prazo para a feitura de um novo lançamento destinase apenas a permitir que seja sanada a nulidade do lançamento anterior, mas não autoriza um lançamento diverso, abrangente do que não estava abrangido no anterior. Assim, o novo lançamento, de caráter substitutivo, que se faz em decorrência do lançamento anterior, anulado por vício formal, não pode trazer inovações materiais, mas apenas corrigir o vício apontado, conforme expresso no Acórdão 2202003.127, de 28 de janeiro de 2016. DISTRIBUIÇÃO DO RECURSO. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 93 5 Na época da interposição do recurso (2007) estava em vigor outro regimento interno, do extinto Conselho de Contribuintes, que em 2009 foi transformado em Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, com nova estrutura. Além disso, em 09 de junho de 2015 foi publicada a Portaria MF nº 343, que aprovou o regimento interno em vigor hoje. O recorrente apresentou requerimento para que seu recurso fosse distribuído ao conselheiro que havia julgado o recurso anterior. Além de não existir mais a Turma/Câmara a que se refere, o artigo 47 do regimento em vigor determina distribuição por sorteio eletrônico, o que foi feito conforme despacho da folha 87. Destaco que aqui não se trata de embargos ou retorno de diligência, o que excepcionaria a questão do sorteio (art. 49), mas de um novo lançamento, formalizado em processo distinto. Assim, o processo está regularmente a cargo deste relator. NULIDADE DA AUTUAÇÃO O contribuinte diz ser nula a autuação porque não contém a Notificação o prazo para impugnação. Primeiro, observo que o mesmo, ao receber a Notificação, exerceu seu direito de impugnar dentro do prazo devido. Ou seja, não existe nenhuma razão plausível para pedir nulidade baseada na suposta falta dessa informação. Colho do Acórdão recorrido (fl. 15): A impugnação apresentada é tempestiva e atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235/72. Assim sendo, dela tomo conhecimento. É querer que a forma se sobreponha à substância, à realidade. Citese, a título ilustrativo: “Enquanto a ciência da Matemática Pura estabelece conceitos de relatividade em sistemas complexos, a ciência jurídica ainda permanece exprimindo a inerrância da lei. Enquanto a Física Quântica abrese para novas formas cada vez mais sutis e indetermináveis de energia, o Direito continua refratário à subjetividade. Enquanto o mundo se volta para a substância, esta ciência se entrincheira na forma. Tudo em nome da afirmação de um modelo de sustentação de precedentes, epistemologicamente fundado em assertivas autoritárias dogmáticas.” (CRUZ FERREIRA. Luis Alexandre e Alexandre Mendes, Consenso e resistência como horizontes hermenêuticos da participação cidadã no direito. Hermenêutica, Cidadania e Direito, Campinas/SP, Millenium Editora: 2005, p. 86/7) Portanto, é preciso evoluir, na interpretação e aplicação das normas. Não bastante, vejamos o ensinamento de Leandro Paulsen, sobre a instrumentalidade das formas: “Não há requisitos de forma que impliquem nulidade de modo automático e objetivo. A nulidade não decorre propriamente do descumprimento do requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente ao contribuinte já por força do art. 5º, LV, da Constituição Federal. Isso porque as formalidades se Fl. 93DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 94 6 justificam como garantidoras da defesa do contribuinte; não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa. Alegada eventual irregularidade, cabe, à autoridade administrativa ou judicial, verificar, pois, se tal implicou efetivo prejuízo à defesa do contribuinte. Daí falar se do princípio da informalidade do processo administrativo.” (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1197) A despeito disso, porém, observo que a Notificação, folha 05, contém a data da emissão (02/08/2004) e a data de vencimento (30/09/2004). Na folha 06, constam "esclarecimentos gerais", que integram a Notificação, e na alínea C a informação de que "caso não haja concordância com os dados de lançamento constantes da Notificação, as impugnações deverão ser dirigidas á autoridade da Receita Federal que jurisdiciona o domicílio tributário, até trinta dias contados do recebimento da Notificação." (destaquei) Em relação à seguinte afirmação do recurso (fl. 28): Com efeito, tais lançamentos são nulos, deixando evidenciada a presença de omissão de formalidade essencial, trazendo em seu bojo, sérias duvidas em relação ao procedimento fiscal adotado, de vez que emitido no mesmo dia em que a Repartição teve em suas mãos Parecer Favorável ao Contribuinte, por meio do v. Acórdão de n o 302 35.510, prolatado pela Egrégia Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes do Superior de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda...(sublinhei) Não se esclarece qual seria a "formalidade essencial", além da já acima tratada e rebatida, nem quais são as "sérias dúvidas", que não se justificam pela presteza com que a Autoridade Fiscal, no interesse da Fazenda Pública, ao ser cientificada que o lançamento anterior havia sido anulado por não conter a assinatura, nome e matrícula do Delegado, prontamente sanou o vício emitindo nova notificação. Enfim, a afirmação é vaga e não traz qualquer nulidade ao procedimento, não nos restando muito a acrescentar, além do que já foi dito pela DRJ, com o que concordamos inteiramente (fl. 17): Sobre a afirmação de ter havido omissão de formalidade essencial, não esclareceu o interessado qual a formalidade estaria ausente. Diz ainda haver dúvidas quanto ao procedimento fiscal, mas não expõe quais são essas dúvidas. Como visto neste voto, a notificação impugnada foi expedida justamente face à declaração, em caráter definitivo da nulidade da anterior, o que foi feito de acordo com a legislação pertinente, não havendo, assim, motivo para dúvidas, nesse pormenor. Quanto à homologação ficta, esta não ocorreu, pois não houve inércia da autoridade fiscal, que atuou através dos lançamentos examinados neste autos e nos dos processos apensados. Enfim, não padece de nulidade a Notificação de Lançamento que seja lavrada por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 11 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte Fl. 94DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 95 7 o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. DECADÊNCIA e PRESCRIÇÃO Decadência é o instituto que recai sobre o direito material do Fisco de constituir o crédito tributário pelo lançamento. A decadência é a extinção do direito pelo decurso do prazo para seu exercício. O artigo 173 do CTN cuida do prazo para constituição do crédito tributário. Declarado nulo o lançamento anteriormente efetuado, por vício formal, o Fisco dispõe de cinco anos "da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado" para efetuar um novo lançamento. É o que diz o inciso II do artigo 173, do Código Tributário. Ora, se a decisão que anulou o lançamento anteriormente efetuado deuse em 15 de abril de 2003 (nem importa saber, no caso, a data em que "se tornou definitiva", por óbvio posterior a essa) e já em 02 de agosto de 2004 a Fisco emitia nova Notificação, da qual o contribuinte foi cientificado em 17 de agosto de 2004, não existe razão para se falar em decadência. Copio (fl. 34): SESSÃO DE : 15 de abril de 2003 ACÓRDÃO N° : 30235.510 RECURSO N° : 122.254 RECORRENTE : EURICO CÉSAR NEVES BAPTISTA RECORRIDA : DRJ/R1BEIRÃO PRETO/SP PROCESSUAL — LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO — NULIDADE. É nula, por vício formal, a Notificação de Lançamento emitida sem assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado a emitila e a indicação de seu cargo ou função e do número de matrícula, em descumprimento às disposições do art. 11, inciso IV, do Decreto n° 70.235/72. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais.(destaquei) Prescrição referese ao direito de ação. De acordo com o artigo 174 do Códex, "a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos contados da data de sua constituição definitiva". Ora, cientificado do lançamento, o contribuinte impugnou. Cientificado do Acórdão que analisou sua impugnação, recorreu. Assim, no curso do processo administrativo de exigência fiscal, ainda em discussão, não se deu a "constituição definitiva". Ocorrendo o lançamento pela autoridade, o prazo prescricional terá como termo inicial a decisão administrativa definitiva, que ainda não ocorreu. Assim sendo, não há que se falar em "prescrição do lançamento". MÉRITO Fl. 95DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 96 8 DO ARBITRAMENTO DO VTN (mínimo) pela IN SRF 42/1996. LAUDO TÉCNICO. Apesar dessa questão do VTN mínimo não ter sido levantada em sede de impugnação, lá se prendendo o contribuinte exclusivamente à questão formal, como se pode observar na folha 02, em observância aos princípios da verdade material e da ampla defesa, far seá a análise desse tópico, declinado no recurso, mesmo porque o Laudo não é novo e já havia sido apreciado pela DRJ, por ocasião do lançamento anterior, anulado por vício formal pelo Conselho de Contribuintes. Súmula CARF nº 23, vejamos: “Súmula CARF nº 23: A autoridade administrativa pode rever o Valor da Terra Nua mínimo (VTNm) que vier a ser questionado pelo contribuinte do imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR) relativo aos exercícios de 1994 a 1996, mediante a apresentação de laudo técnico de avaliação do imóvel, emitido por entidade de reconhecida capacidade técnica ou por profissional devidamente habilitado, que se reporte à época do fato gerador e demonstre, de forma inequívoca, a legitimidade da alteração pretendida, inclusive com a indicação das fontes pesquisadas.(sublinhei) Assim, o que se verifica logo de plano é que a jurisprudência administrativa admite o estabelecimento do VTN mínimo pela Receita Federal, para os exercícios de 1994 a 1996, ressalvando que o mesmo possa ser revisto mediante a apresentação de laudo técnico. Existe ainda o dizer do Superior Tribunal de Justiça STJ, em relatoria da eminente Ministra Eliana Calmon, no RESP nº 547.609/AL para não nos atermos apenas aos atos administrativos: PROCESSUAL CIVIL TRIBUTÁRIO ITR BASE DE CÁLCULO VALOR DA TERRA NUA MÍNIMO/VTNM POR HECTARE FIXAÇÃO PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL LEI 8.847/94 IN 42/96/SRF LEGALIDADE. 1. Não se conhece do recurso especial quanto às alegações cujo exame demandaria revolvimento de matéria fáticoprobatória. Incidência da Súmula 7/STJ. 2. Sob a vigência da Lei 8.847/94, a base de cálculo do ITR correspondia ao Valor da Terra Nua apurado até 31 de dezembro do exercício anterior. Essa Lei autorizou que o Valor da Terra Nua mínimo VTNm por hectare fosse fixado pela Secretaria da Receita Federal (art. 3º, § 2º). 3. A Instrução Normativa 42/96, da SRF, apenas deu cumprimento ao referido preceito legal, de modo que não houve afronta ao princípio da legalidade. Precedente.(grifei) 4. Recurso especial improvido. Aproveito, ainda, para anexar a seguinte decisão judicial, do TRF 3ª Região, para ilustrar o caso que aqui se discute: Fl. 96DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 97 9 REOMS 74686 SP 1999.03.99.0746865 Relator(a): JUIZ CONVOCADO EM AUXÍLIO MIGUEL DI PIERRÔ Julgamento: 19/09/2007 SEXTA TURMA MANDADO DE SEGURANÇA TRIBUTÁRIO ITR IN/ SRF 42/96 CONSTITUCIONALIDADE DEFINIÇÃO DO VALOR DA TERRA NUA MÍNIMO VTNm AUTORIZAÇÃO LEGAL LEI 8.847/94 VIGÊNCIA IMEDIATA IMPUGNAÇÃO DO VTN MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE LAUDO TÉCNICO CONTRIBUIÇÕES AO CNA E AO CONTAG NATUREZA TRIBUTÁRIA ART. 149, CF/88 FILIAÇÃO OU ASSOCIAÇÃO SINDICAL DESNECESSIDADE LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA DECRETO LEI 1.166/71 RECEPÇÃO AFRONTA AO ARTIGO 7º, IV, CF/88 INEXISTÊNCIA. 1. A Instrução Normativa/SRF nº 42/96, tanto quanto a anterior Instrução Normativa/SRF nº 16/95, não afronta o princípio da reserva legal, porquanto editada no intuito de complementar a disciplina normativa do ITR, regulando as disposições da Lei nº 8.847/94, que, no artigo 3º, traçou as linhas diretivas para a especificação da base de cálculo por meio de ato infralegal. 2. Ao texto da IN/SRF nº 42/96 coube apenas identificar o valor mínimo da terra nua (VTNm) e, assim, dar efetividade às disposições legais então vigentes, tornando concreto o aspecto dimensível da hipótese de incidência tributária, para efeito de apuração do valor devido a título de ITR. 3. Vigência da IN/SRF nº 42/96 a partir do exercício de 1996 por não haver alterado ou majorado tributo. 4. Ao disciplinar o procedimento exigido para impugnação ao VTNm arbitrado, a Lei nº 8.847/94 impunha a instrução do requerimento com "laudo técnico emitido por entidade de reconhecida capacitação técnica ou profissional devidamente habilitado" (art. 3º, § 4º). 5. (...) Assim, o VTN mínimo estabelecido em ato normativo da Receita Federal é legal e poderia ser questionado e revisto, mediante a apresentação de Laudo Técnico que observasse determinadas exigências, sobretudo de deixar inequívocos os métodos de pesquisa utilizados, os critérios empregados e as particularidades do imóvel. Na decisão da DRJ RIBEIRÃO PRETO, primeira a analisar o Laudo, no processo nº 10825.002976/9646, consta: ITR — 1995. VALOR DA TERRA NUA MÍNIMO (VTIVm). O V7'N declarado pelo contribuinte será rejeitado pela Secretaria da Receita Federal quando inferior ao VINm/há, fixado para o município de localização do imóvel rural. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 98 10 V7'Nm. REVISÃO. A autoridade julgadora poderá rever o V'TNm, à vista de perícia ou laudo técnico elaborado por profissional habilitado ou entidade especializada, obedecidos aos requisitos da ABNT e com ART registrada no CREA. LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO. PROVA INSUFICIENTE.(destaquei) LANÇAMENTO PROCEDENTE. Com o devido respeito que merece o profissional que o emitiu, o Laudo que consta desta longa controvérsia não pode ser admitido para que se reconheça que o imóvel em questão, em 1995, possuía valor do hectare de terra nua inferior à pauta de valores que foi estabelecida pela Receita Federal. A pesquisa de preços é de fundamental importância para se formar convicção quanto ao valor atribuído à terra nua. A NBR n.° 8.799 prescreve que em uma pesquisa de valores, mesmo em se utilizando uma avaliação de precisão normal, a confiabilidade do conjunto de elementos deve ser assegurada por homogeneidade dos elementos entre si, contemporaneidade e número de dados de mesma natureza, efetivamente utilizados, maior ou igual a cinco. No laudo destes autos nada disto foi apresentado. Analisandose o referido laudo, verificase que o mesmo foi elaborado por profissional habilitado, engenheiro agrônomo, está acompanhado da respectiva ART e fornece diversas informações sobre o imóvel, desde sua localização até sua utilização, porém, não está acompanhado de comprovantes da origem dos preços atribuídos às benfeitorias e às culturas, e o valor do imóvel apresentouse da seguinte forma (fl. 69 e ss.): a) utilizado o método comparativo ou direto, que "é baseado no mercado imobiliário da região". b) para tal foram pesquisadas as "fontes idôneas, como por exemplo": Prefeitura Municipal, Bancos (quais?), Imobiliárias (quais?), Corretores autônomos (quais?) Cartórios (quais escrituras/certidões?), anúncios de jornais (onde estão? de que datas?). Enfim, ele cita mas não se encontra nestes autos um documento, uma fonte identificada, um valor efetivamente apontado, nada! c) o valor médio encontrado incluía as benfeitorias existentes na propriedade, tornandose necessário calcular os valores das benfeitorias da área, para que fosse possível encontrar o VTN. Mas, como se disse, não existe nenhuma referência ou documento que demonstre como calculou o valor das benfeitorias. Apenas é a opinião do emitente. d) utilizando o método de pesquisa citado, obtevese valores entre R$ 2.100,00 e R$ 2.310,00 por hectare, para o valor total do imóvel. Adotou o menor, citando uma Portaria Interministerial (fl. 69). Mas onde estão listados os dados que levaram a essa média? Deveriam estar discriminados e identificados no laudo ou em anexo, com a devida fonte. Enfim, chegou a um VTN de R$ 142.863,23 (fl. 75), quando o mínimo estabelecido pelo ato normativo da Receita Federal foi de R$ 372.521,44. Posto isso, considerando que não estão identificadas no Laudo as fontes de pesquisa e os dados e documentos que levaram a expressar os valores apontados e considerando a NBR 8.799/85 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, o Fl. 98DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 99 11 documento não contempla todos os requisitos exigidos por essa Norma Técnica e entendo que não seja mesmo suficiente para alterar o VTN mínimo estabelecido pela Receita Federal. DA CNA e CONTAG. Especificamente na hipótese dos contribuintes Rurais, por força do Art. 10, inciso II, § 2º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, c/c o Art. 1º da Lei nº 8.022, de 12.04.90, competia à Secretaria da Receita Federal S. R.F. a administração e a arrecadação das contribuições sindicais, então efetuadas juntamente com o I.T.R. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Assim, até 1996, havia o documento “Notificação de Lançamento do ITR”, onde, além desse imposto, também eram lançadas a Contribuição Sindical do Trabalhador (CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), a Contribuição Sindical do Empregador (CNA Confederação Nacional da Agricultura) e a contribuição destinada ao SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. A partir de janeiro de 1997, a Contribuição Sindical Rural passou a ser cobrada diretamente pelas Confederações (pela CNA, se patronal, e pela CONTAG, se trabalhista), tendo como base o Cadastro fornecido pela Secretaria da Receita Federal SRF, e não mais em conjunto com o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR (Art. 24 da Lei nº 8.847/94 e Art. 17 da Lei nº 9.393/96). Os procedimentos de fornecimento de dados cadastrais e econômicofiscais da SRF a órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta que detêm competência para cobrar e fiscalizar impostos, taxas e contribuições instituídas pelo Poder Público foram disciplinados pela Instrução Normativa SRF nº 20, de 17.02.98 (D.O.U. de 25.02.98). Com base nessa Instrução Normativa, foi firmado, por intermédio da SRF, convênio entre a União e a CNA, conforme “extrato de convênio” publicado no DOU de 21.05.98, Seção 3. Quanto à legalidade da cobrança das contribuições destinadas à CNA e à CONTAG, o E. TRF da 3ª Região já decidiu no sentido de que: "As contribuições devidas à CNA e CONTAG, introduzidas no ordenamento jurídico pelo Decretolei nº. 1.166, de 15 de abril de 1971, foram recepcionadas pela Constituição Federal de 1988, e as contribuições em discussão foram previstas em normas que não ofendem os princípios constitucionais e são exigíveis ainda que os impetrantes não sejam filiados. 1.166 Constituição Federal2. Apelação Improvida. (35092 SP 2002.03.99.0350922, Relator: JUIZ CONVOCADO WILSON ZAUHY, Data de Julgamento: 30/03/2011, JUDICIÁRIO EM DIA TURMA C) Existe também manifestação da 2ª Turma da Corte Suprema, no RE nº 565365/SP, de relatoria da Ministra Ellen Gracie: “PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PRETENSÃO DE REFORMA DO JULGADO: IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO EMBARGADA QUE APLICOU A JURISPRUDÊNCIA DA SUPREMA CORTE. 1. Os embargos de declaração não constituem meio processual cabível para reforma do julgado, não sendo possível atribuir lhes efeitos infringentes, salvo em situações excepcionais. 2. A jurisprudência da Suprema Corte é pela legitimidade da Fl. 99DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 100 12 Contribuição Sindical Rural, instituída pelo DecretoLei 1.166/1971, porque em conformidade com a Constituição Federal. Precedentes. 3. Inexistência de omissão, contradição ou obscuridade a sanar. O embargante repisa argumentos já devidamente apreciados por esta Turma. 4. Embargos de declaração rejeitados”.(sublinhei) Um excelente Voto, discorrendo sobre a legalidade e constitucionalidade dessas contribuições, encontramos no Acórdão 30131.089, da Primeira Câmara do antigo Terceiro Conselho de Contribuintes, assim ementado: CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS RURAIS CNA CONTAG As normas legais que tratam da exigibilidade das contribuições sindicais e, em especial, das contribuições sindicais rurais, foram recepcionadas pela Constituição Federal de 1988. II A exigibilidade das contribuições sindicais rurais do empregador rural é suportada pela hipótese normativa prevista no art. I do Decretolei nº 1.166, de 15 de abril de 1971, combinada com os artigos 545, parte final, e 579 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto lei n°5.542, de I° de maio de 1943. Citamos também o Voto do Acórdão 30129.690 (Terceiro Conselho de Contribuintes/Primeira Câmara), da lavra do Conselheiro LUIZ SÉRGIO FONSECA SOARES: “Discutese, no presente caso, a constitucionalidade das contribuições sindicais para a CNA e para a CONTAG, lançadas com o ITR,matéria sobre a qual este Conselho e esta Câmara têm se pronunciado no sentido da manutenção da exigência fiscal, o que ocorreu, por exemplo, nos Recursos 122.045, 122.093, 122.196 e 122.268, dos quais fui o relator.” “A existência de projetos de lei extinguindo a obrigatoriedade dessas contribuições, para cuja aprovação trabalha, com o meu apoio, o Sindicato a que pertenço, comprova a recepção das mesmas pela nova ordem constitucional. Isso é reafirmado pela manifestação da recorrente pela necessidade de ampla reformulação legislativa.” Entretanto, quanto a essas contribuições, para o CNA e CONTAG, de fato, entendo que a Secretaria da Receita Federal, ao efetuar um novo lançamento, considerando que o anterior fora declarado nulo, não mais era competente para lançar e cobrar. É o que reza o art. 24 da Lei nº 8.847, de 1994: Art . 24 A competência de administração das seguintes receitas, atualmente arrecadadas pela Secretaria da Receita Federal por força do art. 1º, da Lei 8022, de 12 de abril de 1990, cessará em 31 de dezembro de 1996: 1 Contribuição Sindical Rural, devido à Confederação Nacional da Agricultura CNA e à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura CONTAG, de acordo com o art . Fl. 100DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 10835.002469/200456 Acórdão n.º 2202003.496 S2C2T2 Fl. 101 13 4D do Dec.lei 1.166, de 15 de abril de 1971, e art . 580 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT: II Contribuição ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), prevista no item VII do art. 3º da Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de 1991. Portanto, desde 1º de janeiro de 1997, a Secretaria da Receita Federal não mais poderia lançar e cobrar tais contribuições. Em princípio, alegarseá que o artigo 144 do CTN determina que o lançamento reportese à data de ocorrência do fato gerador e rejase pela legislação então vigente. No caso, o fato gerador aqui em discussão ocorreu em 1º de janeiro de 1995. Contudo, o artigo 142 do Código Tributário define lançamento como o procedimento administrativo onde a “autoridade administrativa competente” verifica a ocorrência do fato gerador, determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e propõe, sendo o caso, a aplicação de penalidade cabível. A esses aspectos do lançamento (matéria tributável, apuração, contribuinte, penalidade) sim, é de serem aplicados os ditames legais vigentes á época do fato gerador. Mas o novo lançamento, efetuado em 2004, deveria ter sido procedido pelas autoridade então competentes para tal, no que diz respeito às contribuições para CNA e CONTAG, por critérios não apenas jurídicolegais, mas também de ordem técnicoprática, para seu processamento, arrecadação e cobrança. Assim, devese excluir a exigência relativamente a estas contribuições em razão da incompetência da autoridade administrativa (SRF) para exigila, considerandose o novo lançamento efetuado em 2004. CONCLUSÃO Desta feita, VOTO no sentido de dar provimento parcial ao recurso do contribuinte, para exclusão das parcelas relativas aos valores da CNA e CONTAG, constantes da Notificação de Lançamento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 101DF CARF MF Impresso em 04/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10805.722001/2012-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
AJUSTE DE SALDO DE PREJUÍZO FISCAL EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DISTINTO. OBSCURIDADE. INOCORRÊNCIA.
Não há obscuridade no acórdão que se manifesta acerca de todos os elementos presentes no processo administrativo. Eventuais ajustes em saldo de prejuízo fiscal efetuados pelo auditor fiscal em decorrência de decisão proferida em outro processo administrativo deve ser discutido nos autos próprios.
Numero da decisão: 1201-001.461
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não acolher os Embargos de Declaração.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
EDITADO EM: 18/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los, Ronaldo Apelbaum
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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OBSCURIDADE. INOCORRÊNCIA. Não há obscuridade no acórdão que se manifesta acerca de todos os elementos presentes no processo administrativo. Eventuais ajustes em saldo de prejuízo fiscal efetuados pelo auditor fiscal em decorrência de decisão proferida em outro processo administrativo deve ser discutido nos autos próprios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não acolher os Embargos de Declaração. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. EDITADO EM: 18/08/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 20 01 /2 01 2- 49 Fl. 1719DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 19/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los, Ronaldo Apelbaum Relatório Tratase de Embargos de Declaração opostos pela Fazenda Nacional em face do acórdão n. 1201001.185 desta Turma que por unanimidade de votos deu provimento ao Recurso do Contribuinte. Segundo a PGFN, existe obscuridade na decisão. Em suma, esta turma decidiu por afastar a glosa perpetrada pelo fisco, vez que válida a dedução de débitos pagos pelo Contribuinte por ocasião de Programa de Anistia Fiscal (Refis), débitos esses que eram adicionados no cálculo do Lucro Real e Base de Cálculo da CSLL quando possuíam natureza de mera provisão para contingência, conforme ementa abaixo: "ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 TRIBUTO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA E POSTERIORMENTE INCLUÍDO EM PROGRAMA DE PARCELAMENTO. REFIS. DEDUTIBILIDADE NO EXERCÍCIO DA CONFISSÃO IRRETRATÁVEL E IRREVOGÁVEL DO PROGRAMA. O tributo quando em discussão judicial e com exigibilidade suspensa, não é certo e líquido, pois, sujeita a evento futuro incerto, não representando uma despesa real e, menos ainda, necessária. No momento em que o contribuinte confessa de forma irretratável e irrevogável seus débitos, a despesa passa a ser líquida e certa, possibilitandose a sua dedução pelo regime de competência, no períodobase do reconhecimento da dívida." Contudo, segundo a ora Embargante, a fiscalização não se fundamentou apenas na indedutibilidade de tributos incluídos no REFIS para efetivar mencionada glosa, pois, fora também motivada por alterações determinadas pela DRJ no processo administrativo nº 10805.900681/2006 08, conforme trecho abaixo do TVF: “Tais alterações se deram por força do atendimento à demanda da DRJ/Campinas, contida no processo n° 10805.900681/2006 08, o qual trata de compensação de base e cálculo negativa de CSLL com estimativas do A/C 2001. Há despacho decisório nesse processo, cuja decisão foi desfavorável à contribuinte, e em razão da decisão, foram recalculados os supostos prejuízo e base de cálculo negativa da CSLL. Transcrevemos abaixo excerto do processo n° 10805.900681/200608, onde demonstrase a recomposição do cálculo do Lucro Real: (...) Fl. 1720DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 19/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 10805.722001/201249 Acórdão n.º 1201001.461 S1C2T1 Fl. 3 3 Assim, dando prosseguimento, elaboramos planilhas demonstrativas, também partes integrantes deste Termo, recompondose o saldo de prejuízo compensável e da base de cálculo negativa da CSLL, a partir do anocalendário de 2000, onde fica demonstrado o total esgotamento dos respectivos saldos compensáveis, da CSLL, já no anocalendário de 2004, e do prejuízo, no anocalendário de 2006.” Desta forma, conclui a Embargante haver obscuridade no acórdão, pois, afasta a glosa procedida pela fiscalização, por reputar correta a dedução dos débitos confessados em razão de adesão ao REFIS, como se este fosse o único fundamento da autuação. Os Embargos foram admitidos por este Relator. É o Relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de admissibilidade, passo diretamente à análise do vício apontado. Da Obscuridade Alega a Embargante que o acórdão é obscuro ao abordar apenas a questão da dedutibilidade dos valores dos débitos incluídos no REFIS e, silenciarse quanto às alterações determinadas no processo n. 10805.900681/200608. O processo n. 10805.900681/200608 também foi julgado por esta turma, através de cisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. Nos exatos termos do art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430/96, a homologação tácita da compensação declarada pelo interessado ocorre somente quando ultrapassado o prazo decadencial de 5 anos contado da data da apresentação da DCOMP, ainda que o indébito refirase a períodos de apuração anteriores. Inaplicável à espécie o disposto no art. 150, § 4º, do CTN, que trata expressamente do prazo decadencial de 5 anos para homologação tácita do “autolançamento”. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2003 Fl. 1721DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 19/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 4 CSLL. COMPENSAÇÃO COM 1/3 DA COFINS. Inadmissível a compensação da CSLL com 1/3 da Cofins se esta contribuição não houver sido efetivamente paga. TRIBUTO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA E POSTERIORMENTE INCLUÍDO EM PROGRAMA DE PARCELAMENTO. REFIS. DEDUTIBILIDADE NO EXERCÍCIO DA CONFISSÃO IRRETRATÁVEL E IRREVOGÁVEL DO PROGRAMA. O tributo quando em discussão judicial e com exigibilidade suspensa, não é certo e líquido, pois, sujeita a evento futuro incerto, não representando uma despesa real e, menos ainda, necessária. No momento em que o contribuinte confessa de forma irretratável e irrevogável seus débitos, a despesa passa a ser líquida e certa, possibilitandose a sua dedução pelo regime de competência, no períodobase do reconhecimento da dívida." Assim, temos que a matéria discutida no processo administrativo n. 10805.900681/200608 é a mesma do presente processo, qual seja, a possibilidade de dedução dos tributos confessados e incluídos em programa de anistia fiscal. Cabe ressaltar, ambas tiveram a mesma conclusão, pela possibilidade de dedução dos valores por ocasião de seu reconhecimento no programa de anistia fiscal, momento em que passa a ser uma despesa líquida e certa. Desta forma, tendo o agente fiscal promovido ajustes no prejuízo fiscal da embargada em razão de determinação da decisão da DRJ nos autos n. 10805.900681/200608, temos que indevidos tais ajustes, pois, decorrentes de matéria não julgada de forma definitiva naquele outro processo, cabendo ressaltar que, na realidade, a decisão desta turma no processo n. 10805.900681/200608 é, atualmente, favorável à contribuinte neste ponto, não havendo que se falar em qualquer ajuste. De qualquer forma, entendo que se trata de matéria que deva ser discutida nos autos do processo n. 10805.900681/200608 e não no presente processo. Caso a decisão no processo n. 10805.900681/200608 seja, ao final, desfavorável ao contribuinte, neste momento, e somente neste momento, os valores compensados pela ora Embargada se tornariam devidos ao Fisco que teria os instrumentos necessários para a cobrança do saldo indevidamente compensado, fato este que não se confunde com o mérito debatido no presente processo. Daí, concluo que inexiste qualquer omissão no acórdão embargado. Conclusão Diante do exposto, NÃO ACOLHO os Embargos de Declaração apresentados, devendo ser integralmente mantida a conclusão da decisão embargada. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 1722DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 19/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 10805.722001/201249 Acórdão n.º 1201001.461 S1C2T1 Fl. 4 5 Fl. 1723DF CARF MF Impresso em 19/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 19/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
score : 1.0
Numero do processo: 10469.904161/2009-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006
COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. PROVA.
Na apuração de COFINS não-cumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado na PER/DCOMP incumbe ao contribuinte.
COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.076
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006 COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. PROVA. Na apuração de COFINS não-cumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado na PER/DCOMP incumbe ao contribuinte. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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Compensação. Comprovação do direito creditório. Recorrente G J DE MEDEIROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/2006 a 28/02/2006 COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. PROVA. Na apuração de COFINS nãocumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado na PER/DCOMP incumbe ao contribuinte. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de indeferimento de seu pedido. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Valcir Gassen, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Giovani Vieira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 41 61 /2 00 9- 77 Fl. 1096DF CARF MF Processo nº 10469.904161/200977 Acórdão n.º 3301003.076 S3C3T1 Fl. 3 2 Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 4ª Turma da DRJ Recife, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório oriundo de suposto recolhimento à maior da Cofins. Em consequência, foi mantida a nãohomologação da compensação declarada. A autoridade competente da DRF/Natal não homologou a compensação, fundamentandose no fato de o DARF informado no PER/DCOMP já ter sido utilizado integralmente para quitar débitos declarados da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP objeto do presente processo. Segundo a Contribuinte, a explicação para a existência do crédito é o fato de haver apurado e recolhido a COFINS sobre seu faturamento total. No entanto, considerando que a maior parte dos produtos vendidos eram tributados à alíquota 0% (frutas e verduras no mercado interno art. 28 da Lei 10.865/2004), o valor devido seria bem menor do que o que foi declarado/pago. Quando ciente deste erro, ocorrido em 2005 e 2006, procedeu à reapuração dos valores devidos da Cofins, apurando créditos utilizados nas compensações declaradas (PER/DECMPs), mas não retificou as DCTFs. A retificação das DCTFs só foi efetuada após a ciência dos Despachos Decisórios emitidos pela DRF/Natal. A 4ª Turma da DRJ/REC, por intermédio do Acórdão nº 1133.623, julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender que não foram comprovadas a liquidez e a certeza do suposto crédito informado na compensação declarada. Transcrevese a parte da ementa de interesse: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO (...) DCOMP. ERRO DE FATO EM DCTF. NÃO COMPROVAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Não comprovado o erro de fato no preenchimento da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, com base em documentos hábeis e idôneos, não há que se acatar a retificadora para fins de comprovar a liquidez e certeza do crédito oferecido para a compensação com os débitos indicados na PER/DCOMP eletrônica. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (...) PROVAS. As provas devem ser apresentadas na forma e no tempo previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Fl. 1097DF CARF MF Processo nº 10469.904161/200977 Acórdão n.º 3301003.076 S3C3T1 Fl. 4 3 Em seu recurso voluntário, a Recorrente reitera seu direito creditório, justificando que nessa oportunidade apresenta as cópias das notas fiscais do período a que se refere a compensação, cópia do livro de registro de notas fiscais de saída, o relatório de vendas feitas no período, por produto, e o balancete do mês. Estes autos vieram ao CARF para apreciação do recurso voluntário, tendo o feito sido convertido em diligência, Resolução nº 3802000.023, da 2ª Turma Especial, nos termos do voto do relator Francisco José Barroso Rios, para que a unidade preparadora: · examinasse a fidedignidade da documentação acostada ao recurso voluntário, isso, frente a eventuais demonstrativos e documentação outra a ser requerida da interessada, porventura necessários à apuração da contribuição efetivamente devida; · diante dos elementos constantes dos autos, frente à documentação anexada ao processo e demais documentos e esclarecimentos que julgar necessários indagar à suplicante, se manifestasse sobre o valor da COFINS efetivamente devida. A empresa foi intimada pela fiscalização (Termo de Intimação Fiscal Número 001), tendo apresentado mais alguns elementos comprobatórios de seu alegado direito. Conforme consta do Relatório de Diligência Fiscal (anexado como Despacho de Diligência), as informações prestadas foram satisfatórias para a comprovação dos créditos de outros processos (outros períodos de apuração), mas não para o período de apuração analisado no presente. Por esse motivo foi emitida uma segunda intimação (Termo de Intimação Fiscal Número 002), exigindo da contribuinte o detalhamento dos créditos utilizados, relativos a nãocumulatividade do tributo. Todavia, não houve resposta à intimação nº 2. Por isso o Auditor Fiscal concluiu que o valor devido da Cofins foi o originalmente apurado/pago pela contribuinte, que não logrou êxito em comprovar o suposto recolhimento à maior. Por fim, o despacho de encaminhamento da unidade de origem atesta que, observado o prazo regulamentar, não houve manifestação da contribuinte quanto ao resultado da diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.092, de 27 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10469.903724/200918, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.092): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Fl. 1098DF CARF MF Processo nº 10469.904161/200977 Acórdão n.º 3301003.076 S3C3T1 Fl. 5 4 A não homologação do PER/DCOMP se deu pelo fato de que à época da análise eletrônica da compensação declarada, a interessada ainda não havia entregue a DCTF retificadora e o dito pagamento estava, assim, totalmente apropriado ao débito originalmente declarado. Como relatado, no Recurso Voluntário, a Recorrente informa que o faturamento total de fevereiro/2006 foi de R$ 683.020,04 e que o faturamento sujeito à tributação da COFINS era somente de R$ 27.625,15. Dessa forma, a COFINS nãocumulativa informada e pleiteada pela Recorrente seria de R$ 476,68, calculada sob a alíquota de 7,6%, portanto, a base de cálculo utilizada teria sido a de R$ 6.272,10. Por isso, a Recorrente foi intimada para apresentar e comprovar os créditos subtraídos do faturamento tributável (R$ 27.625,15) para chegar à base de cálculo efetiva, de R$ 6.272,10. Foi comprovada nos autos a ciência dessa intimação, em 29/12/2015, mas o contribuinte não procedeu a essa demonstração. A prova a cargo do contribuinte tem como função especificar quais os produtos vendidos hortifrutigranjeiros (se classificados Capítulos 7 e 8 da TIPI), com seus valores e quantidades e sua destinação ao mercado interno, para que pudesse estar sujeita ao disposto no art. 28, da Lei 10.865/2004: Lei 10.865/2004 Art. 28. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COF1NS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda, no mercado interno, de: (Vide Lei n° 11.727, de 2008) (...) III produtos hortícolas e frutas, classificados nos Capítulos 7 e 8, e ovos, classificados na posição 04.07, todos da TIPI; e Na apuração de COFINS nãocumulativa, a prova da existência do direito de crédito indicado incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração por parte do contribuinte, deve a Fiscalização não efetuar a homologação da compensação. Em regra geral, considerase que o ônus de provar recai sobre quem alega o fato ou o direito: CPC/1973 Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 1099DF CARF MF Processo nº 10469.904161/200977 Acórdão n.º 3301003.076 S3C3T1 Fl. 6 5 CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor É do próprio contribuinte o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Nesse sentido a lição de Fabiana Del Padre Tomé (A Prova no Direito Tributário. 3ª ed. São Paulo: Noeses, 2011, p. 264): A prova compete a quem tem interesse em fazer prevalecer o fato afirmado. Por outro lado, se o autor apresenta provas do fato que alega, incumbe ao demandado fazer a contraprova, demonstrando fato oposto. Em processo tributário, por exemplo, se o Fisco afirma que houve determinado fato jurídico, apresentando documento comprobatório, ao contribuinte cabe provar a inocorrência do alegado fato, apresentando outro documento, pois a negativa se resolve em uma ou mais afirmativas. A empresa foi intimada a apresentar os documentos comprobatórios, o que não foi exercido. Sem o atendimento à diligência determinada pelo CARF, não há como comprovar os créditos da nãocumulatividade, porque não foram colocados à disposição para verificação. No caso presente, devese ainda acrescentar que tratase um pedido de iniciativa do próprio contribuinte (ressarcimento), para o qual, necessariamente, o mesmo deve possuir e apresentar as provas correspondentes. Isso porque a compensação tributária somente é possível, se demonstrada a liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública, conforme a prescrição do art. 170 do Código Tributário Nacional CTN: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Fl. 1100DF CARF MF Processo nº 10469.904161/200977 Acórdão n.º 3301003.076 S3C3T1 Fl. 7 6 Enfim, estáse diante da ausência de liquidez e certeza quanto ao suposto crédito contra a Fazenda Nacional, não cabendo a homologação do PER/DCOMP a ele vinculado. Conclusão Em vista disso, a Recorrente não logrou êxito em comprovar o crédito alegado, consequentemente a COFINS devida referente ao mês de fevereiro de 2006 permanece no valor originalmente pago e declarado, de R$ 18.404,01. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a empresa foi intimada a comprovar os valores que deveriam ser subtraídos da base de cálculo originalmente apurada (vendas sujeitas à alíquota zero), além da comprovação dos créditos descontados (apuração não cumulativa), para chegar à base de cálculo que, supostamente, seria a efetiva. Contudo, apesar das oportunidades que lhe foram dadas, a contribuinte não conseguiu apresentar a demonstração/comprovação necessária para que o Fisco atestasse a certeza e liquidez do direito creditório utilizado na compensação declarada nestes autos. Permanece como devido, portanto, o valor da Cofins de R$18.404,01, referente ao mês de fevereiro de 2006, valor esse originalmente declarado e recolhido pela contribuinte. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 1101DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.903685/2012-42
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 13/03/2006
COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
COFINS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do Fato Gerador: 13/03/2006 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1761; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10930.903685/201242 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402003.652 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de dezembro de 2016 Matéria COFINS PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Recorrente WYNY DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE COUROS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 13/03/2006 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 36 85 /2 01 2- 42 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903685/201242 Acórdão n.º 3402003.652 S3C4T2 Fl. 3 2 Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de COFINS IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06046.025, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903685/201242 Acórdão n.º 3402003.652 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903685/201242 Acórdão n.º 3402003.652 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903685/201242 Acórdão n.º 3402003.652 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903685/201242 Acórdão n.º 3402003.652 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.722627/2013-29
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Nov 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL.
É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar no. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial.
SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO LEGAL.
Desde 1º de janeiro de 1997, caracteriza-se como omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta bancária, cujo titular, regularmente intimado, não comprove, com documentos hábeis e idôneos, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
IRPF. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA RENDA CONSUMIDA. DESNECESSIDADE.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26).
ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS - COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA - ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96.
Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos na em sua conta corrente, identificando-os como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96.
DECADÊNCIA.
Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador. Com a qualificação da multa, a contagem do prazo decadencial desloca-se para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Inteligência dos artigos 173, I e 150, § 4°, do CTN.
MULTA QUALIFICADA. PRATICA REITERADA. SÚMULA CARF N. 25.
A omissão de rendimentos em valores elevados ou a conduta reiterada não caracteriza ou tipifica a imposição da multa qualificada pelo dolo dos arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1964, pela falta de previsão legal.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2201-002.674
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente.
(assinado digitalmente)
German Alejandro San Martín Fernández - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira, Eduardo Tadeu Farah e Nathalia Mesquita Ceia.
Nome do relator: German Alejandro San Martín Fernández
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É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar no. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO LEGAL. Desde 1º de janeiro de 1997, caracterizase como omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta bancária, cujo titular, regularmente intimado, não comprove, com documentos hábeis e idôneos, a origem dos recursos utilizados nessas operações. IRPF. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA RENDA CONSUMIDA. DESNECESSIDADE. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 26 27 /2 01 3- 29 Fl. 420DF CARF MF 2 ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96. Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos na em sua conta corrente, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. DECADÊNCIA. Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratandose de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador. Com a qualificação da multa, a contagem do prazo decadencial deslocase para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Inteligência dos artigos 173, I e 150, § 4°, do CTN. MULTA QUALIFICADA. PRATICA REITERADA. SÚMULA CARF N. 25. A omissão de rendimentos em valores elevados ou a conduta reiterada não caracteriza ou tipifica a imposição da multa qualificada pelo dolo dos arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1964, pela falta de previsão legal. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para desqualificar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), German Alejandro San Martín Fernández, Gustavo Lian Haddad, Francisco Marconi de Oliveira, Eduardo Tadeu Farah e Nathalia Mesquita Ceia. Relatório Fl. 421DF CARF MF Processo nº 10830.722627/201329 Acórdão n.º 2201002.674 S2C2T1 Fl. 120 3 O recorrente impugna Auto de Infração referente aos anoscalendário 2007, 2008 e 2009, no qual foram tributados rendimentos correspondentes a depósitos bancários de origem não comprovada. De acordo com o relatório fiscal, o contribuinte, intimado, não apresentou os extratos das suas contas bancárias. Os documentos foram requisitados diretamente aos bancos, mediante Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF). As contas no Banco Safra e Itaú tinham como cotitular Elisabeth Polycena Rodrigues de Carvalho. Por este motivo, somente 50% dos valores depositados nestas contas foram atribuídos ao autuado. A outra metade foi objeto de ação fiscal contra a cotitular. Com base no artigo 42 da Lei 9.430, de 1996, o autuante considerou rendimentos omitidos os depósitos para os quais o contribuinte, regularmente intimado, não apresentou provas da sua origem. Foram excluídos os depósitos provenientes de contas do próprio titular, os estornos, as reduções de saldo devedor, e resgates de aplicações financeiras. Foram ainda abatidos do total dos depósitos de origem não comprovada os rendimentos informados pelo contribuinte em suas declarações de ajuste anual. O imposto lançado foi de R$ 705.788,27, com multa qualificada de 150%, pela prática reiterada de omissão de rendimentos em diversos anos. Com os juros de mora e a multa, a exigência fiscal total se elevou a R$ 2.023.729,55. Os argumentos do recorrente são, em síntese, os seguintes: 1. Inconstitucional a quebra do sigilo bancário sem ordem judicial, o que já foi inclusive reconhecido em decisão do Pleno do Supremo Tribunal Federal. 2. Não houve despacho fundamentado justificando a necessidade da RMF, como requer Decreto nº 3.724/2001, art. 4º, §§5º e 6º. 3. Tratandose de lançamento por homologação, o prazo decadencial de cinco anos se conta a partir da data do fato gerador. Já havia, portanto, decaído em 10/05/2013, data da notificação, o direito ao lançamento relativamente ao anocalendário 2007. 4. A base tributável não pode ser estabelecida de forma arbitrária, ao arrepio do art. 142 do Código Tributário Nacional. 5. Para a aplicação da presunção legal estabelecida pelo art. 42 da Lei 9.430/1996 deve ser obedecido o limite da proporcionalidade e razoabilidade na exigência das provas, do contrário se atribui ao sujeito passivo um onus probandi que supera a sua capacidade de produzir tais provas. 6. Incabível a multa qualificada, de 150%. Como o lançamento se baseou em presunção legal, não restou comprovada a prática de fraude, condição indispensável para a qualificação da multa. A DRFBJ afastou as preliminares argüidas e julgou procedente em parte a impugnação, com redução da multa para 75% (fls. 362). Inconformado, o recorrente interpôs Voluntário (fls. 370/392) com vistas a obter a reforma do julgado, reafirmando os argumentos já trazidos por ocasião da Impugnação. Fl. 422DF CARF MF 4 Era o de essencial a ser relatado. Passo a decidir. Voto Conselheiro German Alejandro San Martín Fernández, Relator. Por tempestivo e pela presença dos pressupostos recursais exigidos pela legislação, conheço do recurso. Preliminar. Não cumprimento das Condições Necessárias para a Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira Alega o recorrente que os pressupostos para solicitação administrativa de Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira não foram respeitados (fls. 375/378). Entretanto ha comprovação, por parte da DRF Campinas – SP, a respeito da motivação da solicitação de RMF (fls. 11/12). Levandose em consideração a não entrega dos extratos bancários por parte do Recorrente, que reiteradas vezes apresentou Termo de Prorrogação de Prazo para o cumprimento solicitação da DRF, esta por sua vez emitiu RMF em busca de maior celeridade processual, inerente à sua função administrativa. Assim, não há que se falar em descumprimento de condições necessárias, estabelecidas pela SRF pela Portaria 108/2001, para a solicitação de RMF. Preliminar de nulidade. Quebra de Sigilo Bancário RMF Os dados bancários que sustentam o presente lançamento foram obtidos mediante a expedição de Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF). De início, faço a ressalva de meu entendimento pessoal sobre a inconstitucionalidade da quebra de sigilo bancário sem prévia ordem judicial, em face da decisão do Pleno do STF no RE n. 389.808/PR. Entretanto, esta C. Turma tem decidido reiteradamente pela possibilidade do acesso a dados bancários sem prévia ordem judicial, de acordo com os seguintes fundamentos. As decisões do STF em controle difuso de constitucionalidade proferidas fora da sistemática do art. 543B do CPC (art. 62A do Regimento Interno do CARF) não vinculam os membros do CARF. De outro giro, a interpretação sistemática do Regimento Interno do CARF é no sentido de que a possibilidade de o CARF afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade é medida excepcional e que, na matéria sob apreciação, não se pode tomar como declaração de inconstitucionalidade por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal (inciso I, do parágrafo único do art. 62 do RICARF) a decisão proferida no RE n. 389.808/PR, uma vez que o Recurso Extraordinário designado como paradigma e ainda pendente de julgamento é o de n. 601314; este sim, uma vez julgado e com trânsito em julgado, será de reprodução obrigatória. Fl. 423DF CARF MF Processo nº 10830.722627/201329 Acórdão n.º 2201002.674 S2C2T1 Fl. 121 5 Logo, rejeito a preliminar de nulidade em face da quebra de sigilo bancário ter ocorrido à revelia de ordem expedida pelo Poder Judiciário. Preliminar. Nulidade decorrente da não observância do artigo 142 do CTN A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, nos termos da Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Preliminar. Decadência. Alega o recorrente a caducidade dos créditos tributários relativos ao ano calendário de 2007, ao sustentar que o fato gerador, ocorrido em 31/12/2007, teria sido atingido pela decadência em 10/05/2013, nos termos do §4º do artigo 150 do CTN. Nesse sentido, a Primeira Seção, quando do julgamento do REsp 973.733/SC, representativo da controvérsia, nos termos do artigo 543C, do CPC, reafirmou o entendimento de que o dies a quo do prazo qüinqüenal do direito de lançar em que não há pagamento antecipado ou se verifica fraude, dolo ou simulação, regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN. Ademais, a Súmula CARF nº 38 é expressa: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. O lançamento relativo aos rendimentos de pessoas físicas do anocalendário 2007 somente poderia ser efetuado de ofício em 2008. Logo, o prazo decadencial se inicia no ano seguinte, ou seja, em janeiro de 2009, com término em janeiro de 2014. Assim, é tempestivo o lançamento tributário notificado ao recorrente em 10/05/2013. Rejeito, portanto, a alegação de decadência. Rejeitadas as preliminares arguídas pelo recorrente, passo à análise do mérito do recurso. Impossibilidade de tributação por presunção e de prova quanto à renda consumida. Rejeito a alegação dada a legalidade da presunção relativa prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96, de sorte a permitir, identificada a origem do depósito bancário, a sujeição às normas específicas de tributação, previstas na legislação vigente à época em que o rendimento foi auferido ou recebido. Fl. 424DF CARF MF 6 Improcedentes as alegações quanto à eventual necessidade de prova pela fiscalização quanto à renda consumida, para a constituição do crédito tributário do IRPF, em especial após a entrada em vigor do artigo 42 da Lei n. 9.430/96. A presunção de omissão de rendimentos e da imputação proporcional a cada um dos cotitulares da conta corrente, decorre de disposição legal expressa e se encontra fundada em farta jurisprudência, inclusive sumulada, deste E. Sodalício. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO LEGAL. Desde 1º de janeiro de 1997, caracterizase como omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta bancária, cujo titular, regularmente intimado, não comprove, com documentos hábeis e idôneos, a origem dos recursos utilizados nessas operações. IRPF. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA RENDA CONSUMIDA. DESNECESSIDADE. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada (Súmula CARF nº 26). Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido. (Acórdão: 2201002.061, 2a. Seção. 2a Câmara/ 1a Turma Ordinária). Aliás, desde a fase de fiscalização foi dado ao contribuinte a possibilidade de justificar a natureza dos rendimentos omitidos, sendo dever da autoridade fiscal conferir aos depósitos identificados o correto tratamento tributário. Nesse sentido: OMISSÃO DE RENDIMENTOS PRESUNÇÃO LEGAL DEPÓSITOS BANCÁRIOS FATO GERADOR DO IMPOSTO DE RENDA. Conforme art. 42 da Lei n. 9.430/96, será presumida a omissão de rendimentos toda a vez que o contribuinte, titular da conta bancária, após regular intimação, não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em suas contas de depósito ou de investimento. Em tal técnica de apuração o fato conhecido é a existência de depósitos bancários, que denotam, a priori, acréscimo patrimonial. ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA ART. 42, § 3º, LEI Nº 9.430/96. Deve o contribuinte comprovar individualizadamente a origem dos depósitos bancários feitos na em sua conta corrente, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis, conforme previsão do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Acórdão: 2202002.596. Afasto a qualificação da multa, com fulcro na Súmula CARF nº 25: A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. No caso em julgamento a qualificação da multa se deu apenas em razão da constatação de “prática reiterada” do contribuinte, dada a constatação de omissão de rendimentos nos anoscalendários 2007,2008 e 2009, o que por si só, desacompanhado de qualquer outra prova contundente, não é suficiente para concluir pelo evidente intuito de fraude exigido pela legislação. Fl. 425DF CARF MF Processo nº 10830.722627/201329 Acórdão n.º 2201002.674 S2C2T1 Fl. 122 7 Nesse sentido já decididiu esta C. Turma na sessão de abril de 2014: MULTA QUALIFICADA. PRATICA REITERADA. A omissão de rendimentos em valores elevados ou a conduta reiterada não caracteriza ou tipifica a imposição da multa qualificada pelo dolo dos arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1964, pela falta de previsão legal. Acórdão: 2201002.365. Pelo exposto, conheço e dou provimento parcial ao recurso voluntário, apenas para excluir a qualificação da multa de ofício. É o meu voto. (assinado digitalmente) German Alejandro San Martín Fernández Fl. 426DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.723055/2013-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
GLOSA DE DESPESAS. LUCRO REAL. LUCRO ARBITRADO.
Incabível a preservação da tributação pelo lucro real quando a autoridade fiscal procede à glosa da quase totalidade das despesas operacionais lançadas; nesse caso, deve o Fisco arbitrar o lucro da pessoa jurídica, pois a tributação pelo lucro real pressupõe a existência de escrituração regular, assim entendida aquela que tem seus lançamentos lastreados por documentos hábeis e idôneos, registrados em livros comerciais e fiscais.
Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2009
PAGAMENTOS SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO.
Procede a exigência relativa a pagamentos efetuados, comprovadamente sem causa ou a beneficiários não identificados.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. ART. 124, I DO CTN.
Cabe a responsabilização solidária tributária de sócio-administrador nos termos do art. 124, I do CTN, devido à realização comum ou conjunta da situação que constitui o fato gerador, pois é solidária a pessoa que realiza conjuntamente com outra, ou outras pessoas, a situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras, esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio que dá origem à tributação.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. ART. 135, III, DO CTN.
Cabe a responsabilização solidária de sócio-administrador nos termos do art. 135, III do CTN, pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração ao art. 71 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964.
Numero da decisão: 1201-001.508
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em: a) manter a autuação do IRFonte e respectiva qualificação da multa, vencido o Conselheiro Ronaldo Apelbaum, que afastava a qualificação; b) cancelar as exigências de IRPJ e CSLL, vencidos os Conselheiros Roberto Caparroz e José Carlos, que as mantinham, reduzindo, apenas, a qualificação da multa em relação à depreciação e a exclusão do valor exigido em duplicidade; c) manter a responsabilidade de todos os solidários, vencido o Conselheiro Ronaldo, que afastava a responsabilidade dos Srs. Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira. Fez sustentação oral o Dr. Airton Ferreira, OAB 156.464/SP. Designada para redigir o voto vencedor acerca da qualificação do IRFonte e responsabilidade solidária a Conselheira Eva Maria Los.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ronaldo Apelbaum Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Roberto Caparroz de Almeida, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Fabiano Alves Penteado e Ronaldo Apelbaum.
Nome do relator: RONALDO APELBAUM
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009 GLOSA DE DESPESAS. LUCRO REAL. LUCRO ARBITRADO. Incabível a preservação da tributação pelo lucro real quando a autoridade fiscal procede à glosa da quase totalidade das despesas operacionais lançadas; nesse caso, deve o Fisco arbitrar o lucro da pessoa jurídica, pois a tributação pelo lucro real pressupõe a existência de escrituração regular, assim entendida aquela que tem seus lançamentos lastreados por documentos hábeis e idôneos, registrados em livros comerciais e fiscais. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2009 PAGAMENTOS SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. Procede a exigência relativa a pagamentos efetuados, comprovadamente sem causa ou a beneficiários não identificados. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2009 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. ART. 124, I DO CTN. Cabe a responsabilização solidária tributária de sócio-administrador nos termos do art. 124, I do CTN, devido à realização comum ou conjunta da situação que constitui o fato gerador, pois é solidária a pessoa que realiza conjuntamente com outra, ou outras pessoas, a situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras, esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio que dá origem à tributação. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. ART. 135, III, DO CTN. Cabe a responsabilização solidária de sócio-administrador nos termos do art. 135, III do CTN, pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração ao art. 71 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 GLOSA DE DESPESAS. LUCRO REAL. LUCRO ARBITRADO. Incabível a preservação da tributação pelo lucro real quando a autoridade fiscal procede à glosa da quase totalidade das despesas operacionais lançadas; nesse caso, deve o Fisco arbitrar o lucro da pessoa jurídica, pois a tributação pelo lucro real pressupõe a existência de escrituração regular, assim entendida aquela que tem seus lançamentos lastreados por documentos hábeis e idôneos, registrados em livros comerciais e fiscais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2009 PAGAMENTOS SEM CAUSA OU A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. Procede a exigência relativa a pagamentos efetuados, comprovadamente sem causa ou a beneficiários não identificados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. ART. 124, I DO CTN. Cabe a responsabilização solidária tributária de sócioadministrador nos termos do art. 124, I do CTN, devido à realização comum ou conjunta da situação que constitui o fato gerador, pois é solidária a pessoa que realiza conjuntamente com outra, ou outras pessoas, a situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras, esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio que dá origem à tributação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 30 55 /2 01 3- 42 Fl. 10017DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.017 2 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. ART. 135, III, DO CTN. Cabe a responsabilização solidária de sócioadministrador nos termos do art. 135, III do CTN, pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com infração ao art. 71 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em: a) manter a autuação do IRFonte e respectiva qualificação da multa, vencido o Conselheiro Ronaldo Apelbaum, que afastava a qualificação; b) cancelar as exigências de IRPJ e CSLL, vencidos os Conselheiros Roberto Caparroz e José Carlos, que as mantinham, reduzindo, apenas, a qualificação da multa em relação à depreciação e a exclusão do valor exigido em duplicidade; c) manter a responsabilidade de todos os solidários, vencido o Conselheiro Ronaldo, que afastava a responsabilidade dos Srs. Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira. Fez sustentação oral o Dr. Airton Ferreira, OAB 156.464/SP. Designada para redigir o voto vencedor acerca da qualificação do IRFonte e responsabilidade solidária a Conselheira Eva Maria Los. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Presidente (documento assinado digitalmente) Ronaldo Apelbaum – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Roberto Caparroz de Almeida, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Fabiano Alves Penteado e Ronaldo Apelbaum. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 1667.148, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo, que julgou procedente o lançamento, mantendo a cobrança integral do crédito tributário. Por descrever os fatos com a riqueza de detalhes necessária para a compreensão da controvérsia, adoto e transcrevo o relatório elaborado pela DRJ: 1. Tratase de autos de infração a trazer exigências de IRPJ, CSLL (esses sob a sistemática do Lucro Real e regime de apuração trimestral), IRRF, bem que de multa isolada por falta de retenção dessa última espécie tributária, tudo, enfim, Fl. 10018DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.018 3 respeitante ao anocalendário de 2009. O crédito tributário apurado montou R$ 107.119.961,42 entre principal, multa de ofício proporcional (75% e 150%) e juros de mora (calculados até janeiro/2014). Discriminadamente, por rubrica exigida, as infrações imputadas são as elencadas no Quadro 01 a seguir (com referência às folhas do que resultou do processo de digitalização a que submetido os correntes autos, e assim por diante, vide fls. 04, 5803/5872): Quadro 01 Exigências tributárias e seus substratos. 2. A Fiscalização se justificou conforme a letra do Termo de Verificação e Constatação Fiscal – IRPJ/CSLL/IRRF de fls. 5738/5800, datado de 20/01/2014. 3. Sobreveio, na seqüência, a lavratura de Termo de Responsabilidade Tributária (fls. 5875/5882) em nome do Sr. Valdir Soares de Mello, inscrito no CPF sob o nº 921.341.148 00, do Sr. Francisco Esteves de Araújo, inscrito no CPF sob o nº 057.103.24868, e do Sr. José Domingos Ferreira, inscrito no CPF sob o nº 892.637.07804, todos na condição de sócios administradores da pessoa jurídica ora autuada. 4. A ciência/intimação, seja da pessoa jurídica em tela, seja dos sócios qualificados como Responsáveis Tributários, veio a 27/01/2014 (fls. 5883/5886) – já se deixe anotado que, a se considerar o parâmetro posto pelos arts. 5º, 15 e 23, inciso II, c/c seu § 2º, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de Fl. 10019DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.019 4 1972, o termo final para apresentação de eventual insurgência deuse em 26/02/2014. 5. A pessoa jurídica autuada, de seu turno, tornou aos autos (fls. 5887/5888) para ponderar que “o CD, validado pelo SVA – Hash Code nº 0a0395c83f36a0db9fae3c061aca8d3f, encaminhados à autuada, não possuem dados gravados no mesmo”. Solicitava, então, “uma nova gravação, com todo conteúdo apresentado no ‘Recibo de Entrega de Arquivos Digitais’, gerado na data de 21/01/2014 às 10:13:02”. No dito Recibo constam referência a arquivos em formato Excel, assim nomeados: “Infrações Apuradas por Conta Contábil PIS_COFINS.xls”, “Infrações Apuradas por Conta Contábil INSS.xls” e “Infrações Apuradas por Conta Contábil IRPJ.xls” (fl. 5889). 6. À vista do ocorrido, a Fiscalização procedeu à entrega de mídia substitutiva (CD/DVD) em 06/02/2014 (fl. 5890), assim recebida pelo Sr. Marcelo Rode Magnani, advogado inscrito na OAB sob o nº 324.948, e no CPF sob o nº 313.368.64885, na oportunidade qualificado preposto da pessoa jurídica autuada. 7. Observese que o Sr. Marcelo Rode Magnani, conforme documentos de fls. 6015, 6600, 7065 e 7476 é, entre outros patronos, outorgado procurador tanto da pessoa jurídica em referência, quanto das pessoas físicas tipificadas como Responsáveis Tributários, isso para efeito de atos praticados nos correntes autos. 8. Na sequência, em 20/02/2014, vieram as impugnações da pessoa jurídica (de ora em diante também referida por Contribuinte) e das três pessoas físicas reputadas Responsáveis Tributários, isto é, o Sr. Valdir Soares de Mello, o Sr. Francisco Esteves de Araújo e o Sr. José Domingos Ferreira (5895/5995, 6601/6652, 7004/7055, 7416/7467). No conjunto, Contribuinte e Responsáveis Tributários também serão nomeados interessados no corrente Acórdão. 9. O Sr. Valdir Soares de Mello (fls. 5895/5995) alegou o seguinte (traz reclamo próprio e da pessoa jurídica autuada): 9.1. A autuação deixara de discriminar os elementos que seriam conducentes a evidenciar a circunstância da culpa e/ou do dolo que teriam animado a “prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei ou ao estatuto social” por conta do “SR. VALDIR SOARES DE MELLO, sócio com poder de gestão [...]” (destaques do original). Demais disso, suficiente documentação pertinente à escrita contábilfiscal da pessoa jurídica autuada fora juntada aos autos, conduta essa que evidenciaria o exato oposto da imputação referida no art. 135, inciso III, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional – CTN. Ainda nesse ponto, considera que o fato de a Fiscalização ter criticado itens de despesa da pessoa jurídica autuada “já aniquila a possibilidade de os sócios da Empresa terem agido com o intuito de fraude, uma vez a fraude e a simulação são institutos que se caracterizam na omissão de receita, [...]” Fl. 10020DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.020 5 (destaques do original). Também, que seria irrelevante sobre qual rubrica se daria a “retirada dos sócios [...] como distribuição de lucro ou como prólabore” (destaques do original), desde que tudo fosse contabilizado, exatamente como ocorrera. O mesmo para o registro de eventos tais “pagamento de despesas pessoais aos sócios, aos seus filhos (funcionários da Empresa)” (destaques do original): certo que tudo estaria evidenciado na contabilidade, ainda que não sob a rubrica prestigiada pela Fiscalização, isto é, “como prólabore”, tal circunstância afastaria as hipóteses de “fraude, simulação ou mesmo sonegação, restando evidente com isso, que não houve qualquer espécie de prática de excesso de poder que justifique a despersonalização da pessoa jurídica, com o intuito de se alcançar o patrimônio da pessoa física”. 9.2. De toda forma, pontua que o Supremo Tribunal Federal – STF já houvera de decidir pela “inconstitucionalidade do art. 13 da Lei 8.620/93 na parte em que determinou que os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada responderiam solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à Seguridade Social”. 9.3. Enfrentara cerceamento no seu direito de defesa, certo que “nenhum dos referidos AI’s [referese aos autos sob nº 19515.723055/201342, 19515.723056/201397 e 19515.723057/201331] estão disponíveis eletronicamente, conforme se depreende da documentação juntada ao Anexo V” (destaques do original). Diziase: Referida documentação, extraída do próprio ambiente ECAC, na data de 19 de fevereiro de 20131 [sic], demonstra o número do Auto de Infração, além da relação de documentos constantes para este Auto. Contudo, na coluna “download realizado”, Vossa Senhoria pode perceber que não há nenhuma menção a quantidade de download, justamente porque não é possível efetivar referido download. Tanto isso é verdade que, ao se clicar no download, aparece uma tela de confirmação, cujas páginas iniciais e finais são exatamente as mesmas (1). (destacado no original). Com isso, o Impugnante tem em mãos somente o Auto de Infração encaminhado pelo Sr. Auditor Fiscal à Empresa e aos seus sócios. Até mesmo o CD encaminhado junto com o AIIM e que contém planilhas de cálculo e de documentos não tinha conteúdo algum, estava vazio. Isso é facilmente demonstrado pela petição protocolizada no dia 06 de fevereiro de 2014, aos cuidados do Sr. Fiscal, informando acerca da falta de conteúdo do respectivo CD, sendo que somente nesta data a Empresa Autuada teve acesso a referidas informações constantes no CD, conforme documento do Anexo VI. (destaque do original). 9.4. Faltaria clareza (e, portanto, motivação) à própria autuação, no passo em que “o Ilustre Auditor Fiscal, em momento algum explicou, de forma pormenorizada, o raciocínio desenvolvido na autuação” (destaque do original). E segue a Fl. 10021DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.021 6 afirmar que, bem por isso (ausência de clareza), “caso sejam julgados [referese aos três autos antes citados] por pessoas diferentes, podem resultar em conflito de decisões, hipótese bastante prejudicial ao Contribuinte”. Com pretensão de exemplificar, anota: A falta de clareza do AI é tamanha que ao tomarmos por base o Auto de Infração de PIS/COFINS, houve a reapuração das suas bases, ao passo que no presente AI, pertinente ao IRPJ/CSLL/IRRF, tal reapuração não ocorreu, restando evidente a falta de clareza no critério adotado pelo Agente Fiscal. [...] [...] em momento algum, o Ilustre Fiscal explica a forma pela qual chegou nos números mencionados em cada conta contábil. [...] Do mesmo modo, também não explica o reflexo da autuação de um tributo em outro tributo ou de um item para o outro [...] (destaque do original). [...] Um exemplo latente desta falta de clareza é a divergência entre o estoque inicial considerado para PIS/COFINS e aquele considerado para IRPJ. O valor do estoque inicial considerado para a apuração de PIS/COFINS é diferente do valor de estoque inicial considerado para o IRPJ/CSLL. No caso do PIS/COFINS referido valor é de 2 milhões e em se tratando de IRPJ/CSLL o mesmo estoque é de 4 milhões (Anexo VII). (destaque do original). [...] Além disso, vale mencionar novamente que, na presente defesa, a Impugnante tem a dificuldade de que ora o Sr. Auditor Fiscal classifica as infrações por conta contábil (item 2.2) e ora as classifica por glosa de despesa (item 2.3), sem proferir qualquer explicação para tanto. [...] Ressaltase, ainda, que ao analisar as respostas apresentadas pela Empresa referente aos períodos de 08/08/13 e 10/10/13, em face das intimações para apresentação de documentação hábil e idôneas que comprovasse os valores de saldos iniciais das contas 1.10.40.10 – Estoques de MatériasPrimas, 1.20.70.10 – Bens em operação, 1.20.70.20 – Depreciação Acumulada, 2.20.60.10 – Provisão para Contingências, 2.30.10.10 – Capital Social e 2.30.40.10 – Reservas de Lucros, que compuseram o Balanço de Abertura da empresa, o Sr. Auditor Fiscal alega simplesmente que a documentação apresentada não foi satisfatória, ou seja, não há exposição dos motivos pelos quais o Fl. 10022DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.022 7 mesmo deduziu que a documentação era insatisfatória, cerceando, deste modo e mais uma vez, o direito de defesa da Impugnante, matéria já defendida acima. (destaques do original). 9.5. Ainda na linha da ausência de clareza/motivação, pondera que a Fiscalização, no seu Termo de Verificação, ao se referir a montantes globais de despesas/custos ora glosados, ora havidos por justificados, lhe prejudicaria a defesa no passo em que, sem a especificação/individualização lançamento a lançamento em cada conta contábil auditada e então criticada, não teria como contraditar a imputação. E acresce: E mesmo que esta composição TALVEZ esteja nos documentos a que o Contribuinte não teve acesso, o corpo do Auto de Infração deve trazer a menção a respectiva planilha ou Anexo, o que não ocorre no caso em tela. (destaque do original). 9.6. Reclama o direito de juntar aos autos, assim que lhe for possível, laudo que evidenciaria “o quanto mencionado, e que os números imputados pelos Autos de Infração são surreais”. 9.7. AuditorFiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB que, enfim, levou a cabo todo o procedimento de fiscalização e finalizou seu trabalhado com a formalização dos três autos antes mencionados, justamente porque lotado na Delegacia Especial de Fiscalização da RFB sediada em São Paulo/SP – DEFIS/SP, não teria jurisdição territorial por sobre o Contribuinte (pessoa jurídica autuada), essa situada em Vinhedo/SP. Assim conclui com fundamento no art. 6º, § 5º, da Portaria RFB nº 3.014, de 29 de junho de 2011. Paralelo a isso, pondera que não bastaria “fiscalizar o estabelecimento centralizador, este sim localização em São Paulo e que se trata de um escritório meramente administrativo” sem, ao mesmo tempo, “conhecerde perto [...] o processo produtivo da empresa fiscalizada” (destaque do original), a ter lugar em Vinhedo/SP. 9.8. Decadência do próprio direito à formalização de exigência tributária ao argumento seguinte: 9.9. A pessoa jurídica autuada não optara pela apuração trimestral no que importa ao cômputo do que devido a título de IRPJ/CSLL, como faz crer a Fiscalização. Pondera: “Assim, com base no LALUR é possível verificar que a apuração do IRPJ e da CSLL sempre se deu anualmente, com recolhimento mensal”. 9.10. Sobre os “documentos não apresentados, vale à pena mencionar que os mesmos encontramse contabilizados [...] tendo, portanto, presunção de veracidade”, circunstância essa suficiente a conferir o caráter da dedutibilidade das despesas ou dos custos a eles atrelados. Para desfazer tal relação Fl. 10023DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.023 8 consequencial, como já dito, deveria a Fiscalização conferir in loco “o processo produtivo da Empresa Fiscalizada para saber se se tratam de despesas dedutíveis para o IRPJ/CSLL ou não, sendo certo que EM MOMENTO ALGUM isso ocorreu” (destaques do original). 9.11. Sobre os “documentos tidos como não hábeis, vale ressaltar que foram apresentados diversos documentos [...]” que comprovariam a necessidade e efetividade dos questionados gastos. A propósito, “por diversas vezes, o Ilustre Auditor Fiscal menciona que ‘foram apresentados boletos, foram apresentados cheques, foram apresentados notas, foram apresentados recibos’ “, não obstante têlos reputados, sem suficiente justificativa, por insuficientes. 9.12. Sobre os importes de R$ 2.941.366,60 (conta 3.30.10.50.12 Carretos) e R$ 123.909,00 (conta 3.30.10.60.01 Fretes), despesas/custos glosados pela Fiscalização sob a hipótese de não comprovação dos ditos dispêndios mesmo à vista da documentação juntada pelo Contribuinte, pondera, “ainda que as notas fiscais não tenham sido apresentadas, tratamse de valores incorporados ao custo de produto vendido para a apuração dos resultados operacionais”. Demais disso, seria evidente, de per si, face ao produto final de mercancia (papelão), a pessoa jurídica incorrer em despesas/custos de tais naturezas. Ainda, mesmo na circunstância em que, para tais rubricas (carretos e fretes), tivesse o Contribuinte deixado de apresentar quaisquer documentos justificativos (referese à glosa dos importes de R$ 225.217,85 e R$ 182.491,74, despesas/custos criticados pela Fiscalização à razão de não comprovação, agora por absoluta falta de documentação, a título de carretos e fretes, respectivamente), haverseia de reconhecer a dedutibilidade das rubricas em atenção da natureza do gasto. 9.13. Sobre o importe de R$ 442.385,59 (conta 3.30.10.60.01 – Fretes), despesa/custo glosado pela Fiscalização sob a hipótese de pagamento a beneficiário não identificado (pessoas físicas) e, também, autuado sob a rubrica de IRRF com base de cálculo reajustada e à alíquota de 35%, com multa de ofício qualificada (150%), pondera que “a alíquota de 35% [...] é completamente descabida, sendo a alíquota máxima incidente sobre o Imposto de Renda para Pessoas Físicas, de 27,5%, [...]”. Demais disso, se pagamento houve e não se discute, não caberia a glosa de despesa/custo. 9.14. Sobre os importes de R$ 318.232,19 (conta 3.30.10.50.06 – Consultoria; serviço em tese prestado por São Jorge Consultoria, Empreendimentos e Participações Ltda. – ME.) e R$ 345.928,08 (também conta 3.30.10.50.06 – Consultoria; serviço em tese prestado por WalPal Consultoria Empresarial Ltda.), compreendidos pela Fiscalização como remuneração indireta paga a sócios/administradores, a ensejar a exigência de multa isolada por falta de retenção de IRRF, também qualificada (150%), pondera que “não há nada na Lei que proíba uma pessoa de ser sócia de diversas pessoas jurídicas ao mesmo Fl. 10024DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.024 9 tempo [referese ao fato de o Sr. Valdir Soares de Mello ser também sócio na pessoa jurídica São Jorge Consultoria, Empreendimentos e Participações Ltda. – ME., bem que à circunstância de o Sr. Waldir Gulineli Paladino ser diretor industrial na pessoa jurídica autuada e, ao mesmo tempo, sócio na pessoa jurídica WalPal Consultoria Empresarial Ltda.], donde a inadequação de se concluir pela existência de quaisquer fraude e/ou simulação. Demais disso, reafirma que os serviços então contratados foram prestados. 9.15. Sobre os importes de R$ 444.915,46 (conta 3.30.10.50.06 – Consultoria; serviço em tese prestado por Ara Consultoria Empresarial Ltda. – ME.), R$ 1.046.914,21 (conta 3.30.10.50.06 – Consultoria; serviço em tese prestado por Ara Consultoria Empresarial Ltda. – ME e/ou Lima Consultoria Empresarial Ltda. e/ou Lim Serviços de Cobrança Ltda. EPP), R$ 23.769,61 (conta 3.30.10.50.06 – Consultoria; serviço em tese prestado por AHC Sistemas de Gestão e Consultoria Ltda. – ME.) e R$ 1.430,00 (conta 3.30.10.50.06 – Consultoria; serviço em tese prestado por A. Lapenna – Consultoria), despesas/custos glosados pela Fiscalização sob o fundamento de não comprovação dos ditos dispêndios mesmo à vista da documentação juntada pelo Contribuinte, reafirma que “as notas fiscais são documentos idôneos e suficientes para comprovar a prestação de serviços, [...]”. 9.16. Sobre o importe de R$ 210.000,00 (conta 3.30.10.50.06 – Consultoria; serviço em tese prestado por Lima e Buhler Sociedade de Advogados), despesa/custo glosado pela Fiscalização à razão de ausência de comprovação do dito dispêndio mesmo à vista da documentação juntada pelo Contribuinte, registra que sociedades de advogados “não estão obrigados à emissão de notas fiscais”, além do que, no particular, Lima e Buhler Sociedade de Advogados é que veio de atender a Fiscalização durante todo o curso do procedimento, bem que e ainda, “redige [...] a presente Impugnação, sendo desnecessária qualquer outra prova de que efetivamente tal Sociedade de Advogados presta serviço para a Impugnante, [...]” (destaques do original). 9.17. Sobre o importe de R$ 747.518,04 (conta 3.30.10.50.07 – Contabilidade; serviço prestado em tese por Escritório Vitória Serviços Contábeis S/S Ltda.), despesa/custo glosado pela Fiscalização à razão de ausência de comprovação do dito dispêndio mesmo à vista da documentação juntada pelo Contribuinte, torna a registrar que sociedade de contadores, tal qual a de advogados, “não está obrigada à emissão de Notas Fiscais [...]”. Entende que tais despesas/custos “foram devidamente comprovadas por meio de recibos apresentados [...]”. Registra ainda que “a diferença existente entre a mensalidade prevista no ‘Contrato de Prestação de Serviço’ e o montante pago mensalmente ocorreu em função de que referido Contrato [...] é de 2008, sendo que o regime de tributação da Impugnante foi alterado entre os anos de 2008 e 2009 [...]. Fl. 10025DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.025 10 Conseqüentemente, os valores cobrados pela contabilidade sofreram alterações”. 9.18. Sobre o importe de R$ 100.000,00 (conta 3.30.10.50.07 – Contabilidade; serviço prestado em tese por Escritório Vitória Serviços Contábeis S/S Ltda.), despesa/custo glosado pela Fiscalização sob a hipótese de pagamento a beneficiário não identificado (por meio de cheque “nominal a Antônio Luiz Napolitano, que não é funcionário da empresa” – Termo de Verificação Fiscal, fl. 5770) e, também, autuado sob a rubrica de IRRF com base de cálculo reajustada e à alíquota de 35%, com multa de ofício qualificada (150%), pergunta como teria a aquela Fiscalização chegado à conclusão de que o Sr. Antônio Luiz Napolitano “não faz parte do quadro de funcionários do Escritório Vitória Contabilidade” sem ter “acesso a qualquer documentação deste Escritório?” 9.19. Sobre o que a Fiscalização nomeia “bens de natureza permanente deduzidos como custo ou despesa” – e, daí, a respectiva glosa de despesa/custo assim contabilizado –, anota que, justamente porque referida Fiscalização não se dispusera a conhecer in loco o processo produtivo da pessoa jurídica autuada, deixara ela (Fiscalização) de se aperceber que itens tais “ ‘polia’, suportes de discos, plataformas, acoplamento de válvulas etc., são elementos que se consomem rapidamente durante a produção, levando menos de 1 ano para que seja necessária a reposição desses bens.” Disso, cabível seria registrar “como despesa operacional o custo de aquisição” de referidos “bens do ativo permanente”. 9.20. Sobre o importe de R$ 3.084.262,00 (conta 3.30.20.10.01 – Comissões de Vendas), despesa/custo glosado pela Fiscalização sob a hipótese de pagamento a beneficiário não identificado (pessoas físicas) e, também, autuado sob a rubrica de IRRF com base de cálculo reajustada e à alíquota de 35%, com multa de ofício qualificada (150%), pondera, mais uma vez, que “a alíquota de 35% [...] é completamente descabida, sendo a alíquota máxima incidente sobre o Imposto de Renda para Pessoas Físicas, de 27,5%, [...]”. Demais disso, se pagamento houve e não se discute, não caberia a glosa de despesa/custo. 9.21. Sobre o importe de R$ 100.000,00 (conta 3.30.10.50.05 – Jurídico), despesa/custo glosado pela Fiscalização sob a hipótese de pagamento a beneficiário não identificado (a nome de “Roberto Francisco Fett Júnior, mas não houve a sua identificação”, Termo de Verificação Fiscal, fl. 5774) e, também, autuado sob a rubrica de IRRF com base de cálculo reajustada e à alíquota de 35%, com multa de ofício qualificada (150%), registra que tal gasto corresponderia à soma de “10 cheques ao Sócio do Escritório [Bortolin e Fett Advogados Associados], Dr. Roberto Francisco Fett Júnior [...] sendo o recibo o documento fiscal hábil a comprovar o pagamento de despesa jurídica [...]”. 9.22. Sobre o importe de R$ 414.925,28 (conta 3.30.10.50.10 – Assistência Técnica), despesa/custo glosado pela Fiscalização Fl. 10026DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.026 11 sob a hipótese de pagamento sem causa e, também, autuado sob a rubrica de IRRF com base de cálculo reajustada e à alíquota de 35%, com multa de ofício qualificada (150%), considera que o serviço ali compreendido referese a “clicheria, serviço este essencial para atividade mercantil da Impugnante”. 9.23. Tudo que pertine à defesa da dedutibilidade das rubricas de despesa/custo acima referidas, tanto quanto se refletirem em exigência de IRRF vai, aos mesmos fundamentos, impugnado. 9.24. Sobre o importe de R$ 1.292.646,84 (conta 2.30.60.10.03 – Distribuição de Lucros), compreendidos pela Fiscalização como remuneração indireta paga a sócios/administradores, a ensejar a exigência de multa isolada por falta de retenção de IRRF, também qualificada (150%), reclama que a espécie não poderia ser titulada como prolabore, mas senão sob as hostes do que sugerido pela própria conta contábil – 2.30.60.10.03 – i. é, distribuição de lucros. Nesse sentir, incompreensível dizerse de quaisquer incidências de IRRF. Isso é o que se concluiria a partir da documentação juntada aos autos: “Arquivos magnéticos validados pelo SVA, o Balanço Patrimonial, os Balancetes de Verificação Mensais, a Demonstração do Lucro Real e o Imposto Devido e a Demonstração de Contribuição Social, LALUR, folha de pagamento e etc.” 9.25. Sobre a importância de R$ 7.500,00 (conta 2.30.60.10.03 – Distribuição de Lucros), despesa/custo glosado pela Fiscalização sob a hipótese de pagamento sem causa e, também, autuado sob a rubrica de IRRF com base de cálculo reajustada e à alíquota de 35%, com multa de ofício qualificada (150%), considera que reportase tal quantia, somada à do parágrafo acima (R$ 1.300.146,84 = R$ 1.292.646,84 + R$ 7.500,00), ao tanto distribuído a título de lucros. Conclui, pelas mesmas razões imediatamente acima esposadas, pela improcedência de exigências de IRRF. 9.26. Pelo que se veio de até aqui argumentar, incabível seria a imposição de multa de ofício qualificada, certo que inexistentes “a intenção da Autuada em sonegar ou fraudar o Fisco.” (destaques do original). Acresce que “a simples falta de recolhimento do tributo, por si só, não é o suficiente para caracterizar o dolo, não sendo lícita, portanto, a aplicação da multa de ofício qualificada.” (destaques do original). 9.27. Sobre a glosa de despesa/custo a título de depreciação lançada no curso do ano de 2009 (conta 3.30.10.80 – Depreciação Acumulada), no importe de R$ 18.929.616,00 (segundo a Fiscalização, não teria a pessoa jurídica autuada evidenciado a documentação de suporte que dera ensejo ao tanto registrado como Imobilizado no Balanço de Abertura, bem como ao que lançado, no curso de 2009, como aquisição de móveis e utensílios, donde glosa da depreciação pertinente), considera que isso seria equivalente a admitir que a “Empresa Autuada não exerceu qualquer atividade no ano de 2009 que desgastasse Fl. 10027DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.027 12 o seu maquinário/ativo imobilizado” (destaques do original). Ainda e de toda forma, “a Empresa Autuada não tem a obrigação de manter toda a sua documentação fiscal e contábil desde a sua abertura, existindo a obrigação, somente, para os últimos 5 anos”. Acresce, também, que procedimento fiscal pregresso (havido no ano de 2008 e com foco sobre o ano calendário de 2004) teria corroborado documentação da pessoa jurídica autuada, “inclusive aquela pertinente ao ativo imobilizado”. Enfim, finaliza o ponto a dizer estar “tomando as medidas cabíveis para providenciar um laudo que demonstrará a depreciação dos referidos bens, tudo para que não pairem dúvidas sobre o direito ao crédito/dedutibilidade de despesas desses bens, sendo certo que protesta pela posterior juntada destes aos autos”. 9.28. Reputa ilegal o patamar em que fixado o percentual das multas presentemente impostas, isso por ofensa aos “princípios do não confisco, da capacidade contributiva, da razoabilidade e da proporcionalidade”. 10. Os Senhores Francisco Esteves de Araújo (fls. 6601/6652) e José Domingos Ferreira (fls. 7004/7055) acrescem ao que já alegado pelo Sr. Valdir Soares de Mello a circunstância de que não teriam poder de gestão/administração sobre os negócios da pessoa jurídica em questão, certo que sócios minoritários. 11. De sua vez, a pessoa jurídica autuada (fls. 7416/7467) torna repetir toda a argumentação retro. 12. À conta do que alegado e comprovado nos autos sobre o que exposto no parágrafo 9.5 acima, converteuse o presente julgamento em Diligência nos termos do Despacho de fls. 7856/7858. Reproduzse parte: “4. A ciência/intimação, seja da pessoa jurídica em tela, seja dos sóciosadministradores qualificados como responsáveis tributários, veio a 27/01/2014 (fls. 5883/5886) – já se deixe anotado que, a se considerar o parâmetro posto pelos arts. 5º, 15 e 23, inciso II, c/c seu § 2º, inciso II, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, o termo final para apresentação de eventual insurgência deuse em 26/02/2014. 5. A pessoa jurídica autuada, de seu turno, tornou aos autos (fls. 5887/5888) para ponderar que “o CD, validado pelo SVA – Hash Code nº 0a0395c83f36a0db 9fae3c061aca8d3f, encaminhados à autuada, não possuem dados gravados no mesmo”. Solicitava, então, “uma nova gravação, com todo conteúdo apresentado no ‘Recibo de Entrega de Arquivos Digitais’, gerado na data de 21/01/2014 às 10:13:02”. No dito Recibo constam referência a arquivos em formato Excell, assim nomeados: “Infrações Apuradas por Conta Contábil PIS_COFINS.xls”, “Infrações Apuradas por Conta Contábil INSS.xls” e “Infrações Apuradas por Conta Contábil IRPJ.xls” (fl. 5889). Fl. 10028DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.028 13 6. À vista do ocorrido, a Fiscalização procedeu à entrega de mídia substitutiva (CD/DVD) em 06/02/2014 (fl. 5890), assim recebida pelo Sr. Marcelo Rode Magnani, advogado inscrito na OAB sob o nº 324.948, e no CPF sob o nº 313.368.64885, na oportunidade qualificado preposto da pessoa jurídica autuada. 7. Observese que o Sr. Marcelo Rode Magnani, conforme documentos de fls. 6015, 6600, 7065 e 7476 é, entre outros patronos, outorgado procurador tanto da pessoa jurídica em referência, quanto das pessoas físicas tipificadas como responsáveis tributários, isso para efeito de atos praticados nos correntes autos. 8. Na sequência, em 20/02/2014, vieram as impugnações da pessoa jurídica e das três pessoas físicas reputadas responsáveis (5895/5995, 6601/6652, 7004/7055, 7416/7467). 9. Bem, Sr. Presidente, um argumento comum a todas as peças de insurgência é que a Fiscalização, ao se referir, no seu Termo de Verificação, a montantes globais de despesas/custos ora glosados, ora havidos por justificados, prejudicaria o exercício do direito de defesa dos Interessados no passo em que, sem a especificação/individualização lançamento a lançamento em cada conta contábil auditada e então criticada, não teria como contraditar a imputação. E se acresce: E mesmo que esta composição TALVEZ esteja nos documentos a que o Contribuinte não teve acesso, o corpo do Auto de Infração deve trazer a menção a respectiva planilha ou Anexo, o que não ocorre no caso em tela. (destaque do original). 10. Pois então. A mencionada especificação/individualização dos lançamentos contábeis criticados pela Fiscalização, exatamente como reclamada pelos Interessados, está na planilha nomeada “Infrações Apuradas por Conta Contábil INSS.xls” e “Infrações Apuradas por Conta Contábil IRPJ.xls”. Diga se, também, que por mais de vez dita planilha é referida no Termo de Verificação Fiscal. 11. Como já adiantado e reconhecido pela própria Fiscalização, a respectiva mídia primeira entregue aos Interessados apresentava problemas. Tanto que outra mídia – e nessa, outro equivalente arquivo a “Infrações Apuradas por Conta Contábil INSS.xls” e “Infrações Apuradas por Conta Contábil IRPJ.xls” – foi fornecida ao já citado patrono comum dos nomeados responsáveis tributários e da pessoa jurídica autuada. Ocorre que assim se deu em 06/02/2014, quando já em curso o prazo para apresentação de eventuais insurgências – prazo esse aberto a 27/01/2014 e a findar em 26/02/2014. 12. Quer isso significar que, salvo melhor juízo, os Interessados não tiveram à sua disposição todos os elementos constitutivos/fundantes da corrente autuação pelo prazo total que lhes é garantido: 30 (trinta) dias. 13. Isto posto, Sr. Presidente, é de se tornar os autos à unidade de origem para que se reabra o prazo de 30 (trinta), por inteiro, Fl. 10029DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.029 14 isso para efeito de se oportunizar à pessoa jurídica Vip Indústria e Comércio de Caixas de Papelão Ondulado Ltda. e aos qualificados responsáveis tributários, os Srs. Valdir Soares de Mello, Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira, acrescer o que de interesse for de cada qual. Após, tornemse os autos para prosseguimento do julgamento. 13. E assim se deu. 14. O Sr. Marcelo Rode Magnani, advogado inscrito na OAB sob o nº 324.948, e no CPF sob o nº 313.368.64885, na oportunidade, como já dito, patrono da pessoa jurídica autuada, bem que dos qualificados Responsáveis Tributários, tomou ciência pessoal do despacho em referência (fls. 7856/7858) em 09/10/2014 (fls. 7859/7862, 7870). Paralelo a isso e pouco antes, digase, em 06/10/2014, via Correios, Contribuinte e Responsáveis Tributários tomavam ciência de igual procedimento (fls. 7876/7879). Mais até, o Sr. Marcelo Rode Magnani, tomou a si “cópia integral do processo” em meio físico (CD/DVD) na referida data de 09/10/2014 (fl. 7874). 15. Disso então, tornam aos autos Contribuinte e Responsáveis Tributários em 31/10/2014 (7880/7881). 16. O Sr. Valdir Soares de Mello (fls. 8337/8488) alegou o seguinte (traz reclamo próprio e da pessoa jurídica autuada): 16.1. Os Srs. Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira) não seriam sócios administradores, com o quê restaria maculado todo o Termo de Responsabilidade Tributária de fls. 5875/5882. A Fiscalização deveria cuidar em discernir as imputações de fraude, simulação, sonegação e específica modalidade de crime contra a ordem tributária, com atribuição precisa de qual conduta caberia em qual figurino. Demais disso, particularmente no que lhe toca – justamente por admitir ser sócio administrador da pessoa jurídica autuada , repisa equivalente argumentação já exposta no parágrafo 9.1 e tudo, enfim, para concluir ter atuado com transparência em face do Fisco, a tanto que a exigência fiscal acabou por materializarse com suporte no que exatamente escriturado pela pessoa jurídica. 16.2. Reclama o cancelamento do expediente de arrolamento de bens formalizado em seu nome. 16.3. Sobre o resultado da Diligência antes referida (Despacho de fls. 7856/7858, produzido nesta Delegacia de Julgamento), pondera que: [...] o acesso integral aos autos, por parte do Impugnante, somente ocorreu na data de 09/10/2014, conforme Anexo V – Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, por expressa determinação do Ilustre Julgador que juntamente com a Intimação 2.360/2014 encaminhou documento permitindo a vista do processo ao Impugnante, com agendamento, o que ocorreu imediatamente após o recebimento da referida Intimação, Aviso Fl. 10030DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.030 15 de Recebimento em 06.10.2015, Anexo IV. (fl. 8354; destaques do original). Porém, ainda assim, diz cerceado seu direito de defesa por falta de clareza (e, portanto, motivação) da própria autuação (em parelho ao já alegado no parágrafo 9.4 acima), e agora com mais especificidade sobre – como alega – a falta de explicitação de metodologia/procedimento utilizados pela Fiscalização na configuração final da autuação (principalmente quando, como assevera, não se encontraria conexão entre a planilha Infrações Apuradas por Conta Contábil IRPJ.xls, antes referida, e a documentação colacionada aos autos). A seu sentir, assim se daria em razão de: “(i) ausência de demonstração da composição das despesas validadas e não validadas; e (ii) a planilha elaborada pelo Agente Fiscal, e que dá suporte a autuação, não traz todas as informações necessárias à caracterização da infração” (fl. 8355). Nesse passo, exemplifica, ao tomar várias contas contábeis coligidas na dita planilha Infrações Apuradas por Conta Contábil IRPJ.xls, que não conseguira “apresentar a respectiva documentação fiscal, comprovando o binômio nota fiscal/operação” (fl. 8390), justamente porque lhe seria impossível apreender a vinculação entre os lançamentos criticados na referida planilha e sua própria documentação. 16.4. Repisa a argumentação exposta no parágrafo 9.7. 16.5. Teria a Fiscalização extrapolado os limites do correspondente Mandado de Procedimento Fiscal MPF, isso ao alcançar documentos de terceiros (lembra que o dito MPF é direcionado contra a pessoa jurídica enfim autuada), guarnecidos por sigilo legal, e/ou correspondentes a período temporal anterior àquele que foi o foco da investigação, isto é, o anocalendário de 2009. Assim acontecera com o acesso, por parte da Fiscalização: (1) de extratos de RENAVAM referentes a veículos de funcionários (parentes dos sócios, ou não) da pessoa jurídica autuada; (2) de DIRPF/2010 dos sócios; (3) de informação pertinente à distribuição de lucros havida entre 1998 a 2008. 16.6. A determinação da Diligência acima referida (não só nesses autos, bem que nos autos de exigência de Contribuição ao PIS e Cofins, como assentado em manifestação da 6ª Turma da Delegacia de Julgamento em São Paulo) seria, de per si, evidência de “vício material contido neste Auto de Infração” (fl. 8379; destaque do original). Como “a intimação do lançamento realizado pela fiscalização deve vir acompanhada de todos os elementos de prova que fundamentam a exigência” (fl. 8379), certo que isso, de primeira vez, em 27/01/2014, não ocorrera, circunstância apenas solucionada em 09/10/2014 (como resultado da Diligência supra), veriase, aí, o transcurso do prazo decadencial sobre parte (01/01/2009 a 08/10/2009) do período autuado, isso com fundamento no art. 150, § 4º, do CTN. Fl. 10031DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.031 16 16.7. A Fiscalização deveria refazer toda a apuração de IRPJ/CSLL/IRRF, conforme os documentos que lhe foram entregues, e não apenas se limitar ao “Livro Razão Contábil da Empresa Autuada” (fl. 8382) para finalizar seus trabalhos. 16.8. A glosa da quase totalidade de custos/despesas da autuada levaria à assunção d’uma margem de lucro irreal. Igual ausência de razoabilidade encontrarseia na “glosa de 100% da depreciação acumulada” (fl. 8394), a significar que a “Empresa Autuada não exerceu qualquer atividade no ano de 2009 que desgastasse o seu maquinário imobilizado” (fl. 8394; destaques do original), circunstância que, de per si, conflitaria com a própria atribuição da citada margem de lucro. 16.9. Repisa a argumentação exposta no parágrafo 9.9. 16.10. As imputações de fraude, simulação e sonegação seriam incompatíveis com a acusação de não entrega da “documentação exigida” (fl. 8396). Demais disso, como já adiantado, tais institutos não se confundem, a merecer, portanto, a descrição da exata conduta que é vinculada – na ótica da Fiscalização – a que preciso tipo infracional. Mais, haverseia, de todo modo, de demonstrar o elemento doloso, inato a tais enquadramentos, circunstância essa não presente nos autos. À margem, observa que “simulação” não vem tipificada nos artigos 71/73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, como prestigiados no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (citado pela Fiscalização). 16.11. Teria demonstrado os saldos iniciais das contas contábeis questionadas pela Fiscalização, isso conforme Balancete de Verificação já juntado aos autos. Demais disso, a guarda de documentário fiscal tendente a justificar a aquisição de ativos, já idos mais de 5 (cinco) anos, não poderia ser exigida da pessoa jurídica autuada. Diziase: “[...] o balancete entregue ao Agente Fiscal e constante dos presentes autos possui sim os saldos iniciais do móveis, utensílios e ativos fixos da Empresa Autuada [...]” (fl. 8396). Ainda nessa linha, pondera que fiscalização pregressa já dera por boa a documentação então apresentada e pertinente ao ano de 2004. Encerra e menciona a juntada de Laudo de Avaliação “que demonstra a composição dos bens de seu Ativo”. 16.12. No que tange à multa qualificada, enxerga inconsistência no fato de se assinalar para os presentes autos o patamar de 150%, enquanto nos autos que carregam as exigências de Contribuição ao PIS e à Cofins igual rubricar vir fixada em 75% (não qualificada, portanto). 16.13. Sobre as contas contábeis criticadas, pondera o seguinte: (a) seria de se exigir da Fiscalização, quando acusa que “cópias de cheques, boletos bancários e depósitos bancários” (fl. 8405) não seriam meios hábeis a comprovar despesas/custos (assim glosados), a justa indicação/especificação de quais seriam tais cheques, boletos e depósitos bancários não servíveis para tal desiderato; (b) desfia a mesma argumentação para os Fl. 10032DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.032 17 documentos que a Fiscalização reputou como insuficientes por ausência de “individualização/discriminação” (fl. 8410); (c) crê, também, injustificável a exigência de apresentação de “contrato de prestação de serviço” (fl. 8412), isso para efeito de demonstração de custo/despesa incorrida a esse preciso título (refere a serviços de consultoria, auditoria e de advocacia); (d) na mesma linha, o que a Fiscalização glosa a “título de IRRF e Contribuições Sociais” (fl. 8419), vinculado aos referidos serviços, também seria imprópria – inclusive, reclama (1) ou compensação de tais pagamentos com o que isoladamente lançado como exigência de IRRF, ou (2) exclusão de responsabilidade da pessoa jurídica autuada (quanto à exigência de IRRF), porque já ultrapassado, no momento da autuação, o encerramento do respectivo período de apuração (cita o Parecer Normativo nº 1, de 24 de setembro de 2002); (e) particularmente em relação aos serviços de contabilidade, mesmo apresentando o respectivo contrato prestacional (entre a pessoa jurídica autuada e o Escritório Vitória Serviços Contábeis S/S Ltda.), deuo a Fiscalização por insuficiente, circunstância essa que revelaria ausência de critério do procedimento levado a cabo; (f) de mais a mais, ainda com vistas a esse último contrato de prestação de serviços contábeis, cláusula regulatória sua previa o pagamento de “serviços extraordinários”, o que justificaria o descompasso acusado pela Fiscalização entre o originalmente acordado pelas as partes e o que efetivamente ocorrido (pagamentos extraordinários da pessoa jurídica autuada a favor do dito escritório de contabilidade); (g) impróprio o raciocínio da Fiscalização sobre itens de despesa/custo que, em sua ótica, deveriam ser ativados (daí a respectiva glosa de despesa/custo), pois referentes a bens materiais de vida útil inferior a um ano (eis, a propósito e como já adiantado, a necessidade da presença in loco da Fiscalização nas dependências industriais da pessoa jurídica autuada, coisa que não acontecera); (h) questiona como a Fiscalização saberia que o Sr. Antônio Luiz Napolitano, beneficiário de um dos cheques de R$ 100.000,00, à contrapartida de serviços contábeis ainda prestados por Escritório Vitória Serviços Contábeis S/S Ltda, não seria um funcionário desse prestador, de ordem a, assim, justificar a glosa de despesa; (i) ainda sobre esse último item, alega que nem seria o caso de se cogitar de pagamento a beneficiário não identificado, pois que identificado está; (j) o mesmo para os depósitos bancários a nome de Roberto Francisco Fett Júnior – o beneficiário de dito pagamento estaria obviamente identificado; (k) o mesmo para os pagamentos lastreados em recibos de entrega de dinheiro/cheque e/ou depósitos bancários que, sob as contas contábeis “comissões de venda”, “frete”, “viagens e estadias” e “manutenções diversas”, teriam, sim, precisa identificação de seus beneficiários; (l) sobre a alíquota pertinente à exigência de IRRF (35%), bem que de sua base reajustada, torna a reclamar o respeito à “tabela progressiva do IR” (fl. 8441), que prevê alíquota máxima de 27,5%; (m) os elementos de despesa/custo glosados porque reputados pagamentos sem causa encontrariam sua razão “devidamente registrado nos Livros Registros Fiscais do Impugnante” (8449); Fl. 10033DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.033 18 (n) Haveria inconsistência de bases de cálculo entre a “Planilha de composição de IRRF com majoração da base e valor devido” e a “Planilha de composição da Multa Isolada em que há o recálculo do IR fonte para aplicar a Multa Isolada” (fl. 8455), isso sem dizer da impossibilidade de defesa frente a dados meramente resumidos em ditas planilhas, bem que da possibilidade de exigência tributária em duplicidade ali perfilada; (o) nesse mesmo item, ainda reclama de dúvida sobre o acerto da Fiscalização sobre a correta aplicação da “ ‘Tabela Progressiva do Imposto de Renda’, em especial em relação à aplicação da alíquota adequada e a parcela a deduzir do imposto naquele mês” (fl. 8458); (p) a Fiscalização deixara de indicar o montante que, originalmente direcionado a São Jorge Consultoria Empreendimentos e Participações Ltda., fora requalificado na presente autuação como remuneração indireta paga aos administradores/diretores, gerentes e seus assessores; (q) e, sobre esse último ponto, afirma que “tais custos/despesas são dedutíveis” (fl. 8460); (r) a referência a parentes (cônjuges e filhos dos sócios na pessoa jurídica autuada), por eventualmente terem obrigações suas quitadas pelo Contribuinte, não serve de índice para acusação de fraude, sonegação ou simulação, mesmo porque, todos, empregados regulares na pessoa jurídica em epígrafe; (s) presentemente, “haveria acúmulo entre a multa de ofício e a multa isolada por falta de recolhimento das antecipações mensais” (fl. 8470); (t) sem explicação que fosse por parte da Fiscalização para explicitar a distinção, registra que “(i) nos itens que abordam a remuneração indireta a administradores (2.3.6.1) e a funcionários (2.3.6.2), este raciocínio [digase, do uso da tabela progressiva do IRPF] não foi utilizado, tendo ocorrido a glosa do montante deduzido para fins de IRPJ, bem como a cobrança de IRRF; (ii) neste item (transportadores autônomos) a Tabela de IR foi utilizada, ao passo que para os itens 2.36.1 e 2.3.6.2 não” (fl. 8475); (u) afirma desconhecer de onde “extraídos (qual documento)” (fl. 8479) os montantes tratados pela Fiscalização sob as contas contábeis Distribuição de Lucros e Dividendos a Pagar; (v) com respeito aos importes manejados em tais contas, reclama que seus sócios, corretamente, daí auferiram a retirada de lucros isentos, não cabendo a requalificação defendida pela Fiscalização, sejam sob as hostes de remuneração (pro labore ou indireta), seja sob a de pagamento a beneficiário não identificado e/ou sem causa; (x) enfim, e por tudo, além da já anunciada falta de clareza/motivação da autuação – “além de ser bastante confuso, por vezes também é muito contraditório” (fl. 8449), dizia –, defende a suficiência probatória da documentação até aqui juntada aos autos. 16.14. Finaliza e reclama o caráter confiscatório das multas de ofício impostas. 17. Como na primeira oportunidade de manifestação, os Senhores Francisco Esteves de Araújo (fls. 8184/8336) e José Domingos Ferreira (fls. 8031/8183) acrescem ao que já alegado pelo Sr. Valdir Soares de Mello a circunstância de que não Fl. 10034DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.034 19 teriam poder de gestão/administração sobre os negócios da pessoa jurídica em questão, certo que sócios minoritários. 18. De sua vez, a pessoa jurídica autuada (fls. 7882/8030) torna repetir toda a argumentação retro. Em julgamento pela DRJ/SP, foram mantidas as exigências fiscais e a responsabilidade dos administradores, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/03/2009, 30/06/2009, 30/09/2009, 31/12/2009 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não é de se reconhecer qualquer espécie de prejuízo à defesa se é providenciado ao Contribuinte e Responsáveis Tributários (Interessados, em conjunto) suficiente texto explicativo da matéria autuada (termo de verificação fiscal), esse secundado por inúmeras planilhas cuja dinâmicamanipulativa permite a precisa individualização/especificação de cada lançamento contábil (presente na escrita do Contribuinte) então criticado pela Fiscalização, ainda mais se, justamente para sanar qualquer dúvida a tal respeito, tenhase, antes do julgamento, por devolvido o prazo integral de defesa ao Interessados. DECADÊNCIA. DOLO. MULTA QUALIFICADA (150%). ATO ILÍCITO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SÓCIOADMINISTRADOR. Evidenciado um conjunto consistente de atos tendentes a impedir, retardar, excluir ou modificar o preciso conhecimento, a correta formação da matéria tributável, com prejuízo à Fazenda Pública, tal é exemplar de conduta dolosa a que se reporta o art. 150, § 4º do CTN, bem que densifica a prática de ato ilícito prestigiado no art. 135, inciso III, do CTN. Nessa ordem de ideias, o cômputo do prazo decadencial é dado pelo art. 173, inciso I, do CTN, bem que cabe a responsabilização solidária do sócioadministrador que, consciente e voluntariamente, dá cabo de referida conduta, tudo ainda sem prejuízo da qualificação da multa de ofício (150%), dada a especificidade do dolo. Também caber reconhecer a responsabilidade solidária do sócioadministrador, sob a figura do excesso de poder, se sob suas hostes vão identificados múltiplos pagamentos, em múltiplas contas contábeis, a beneficiário não identificado e/ou sem causa, a configurar desvio de recurso societário com óbvio prejuízo à sobrevida da pessoa jurídica. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS SÓCIOS. INTERESSE COMUM. Sócios que, profusamente, em várias contas contábeis de despesa e durante todo o anocalendário, recebem pagamentos da pessoa jurídica que não atribuído à sua normal remuneração e/ou retirada de lucros, concorrem em interesse comum (remuneração indireta) na situação que constitui/modifica fato gerador de obrigação tributária tirada contra a pessoa jurídica (redução de base de cálculo de IRPJ/CSLL pela anotação da mencionada despesa). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/03/2009, 30/06/2009, 30/09/2009, 31/12/2009 Fl. 10035DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.035 20 EXECUÇÃO DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. COMPETÊNCIA DO AGENTE. LIMITES. O quadro funcional de Auditores da Delegacia Especial da Receita Federal de Fiscalização DEFIS/SP, tem jurisdição sobre Contribuintes sediados na cidade de São Paulo. Certo ainda que, não obstante a existência de filiais (planta industrial) em outras cercanias municipais, o fato é que o auto de infração pode ser lavrado no local de verificação da falta (repartição pública), quando mais se verifica a suficiência de elemento documental papelburocrático e/ou arquivo magnético para efeito de formação de convicção da Autoridade Lançadora. FATOS PASSADOS. DECADÊNCIA TRIBUTÁRIA. REPERCUSSÃO EM EXERCÍCIOS FUTUROS. O contribuinte está sujeito à fiscalização de fatos ocorridos em períodos passados, ainda que não seja mais possível efetuar exigência tributária, em face da decadência, quando eles repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, devendo conservar os documentos de sua escrituração, até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2009, 30/06/2009, 30/09/2009, 31/12/2009 CUSTOS. DESPESAS. COMPROVAÇÃO. Merece ser glosado o registro contábil que anota custos/despesas em relação aos quais, intimado o Contribuinte: (a) não apresenta documentação alguma de suporte; (b) quando sim, a pretensa documentação serviente a justificá los (b.1) não traz em seu corpo suficiente discriminação de seu objeto de ordem que fica obstado qualquer juízo à respeito da necessidade dos referidos custos/despesas à manutenção da fonte produtora, ou ainda, (b.2) percebese o imperativo de sua ativação. PAGAMENTOS A BENEFICIÁRIOS NÃO IDENTIFICADOS E/OU SEM CAUSA. Exigência de IRPJ (CSLL, como reflexo) e de IRRF. O art.61 Lei nº 8.981, de 1995, impõe conseqüências à fonte pagadora de rendimentos que não se desincumbe de seu dever de identificar o beneficiário e a causa do pagamento, de modo a permitir a confirmação da regular tributação de eventual rendimento auferido por aquele beneficiário. No caso, lhe sobrevirá a exigência do respectivo imposto de renda que deixou de ser retido, ajustada sua base de cálculo e à alíquota de 35%. Também, referido pagamento, quando contabilizado como despesa, merece ser glosado na apuração do resultado (bases de cálculo do IRPJ e da CSLL) da pessoa jurídica sob atenção. MULTA POR FALTA DE RETENÇÃO DE IMPOSTO OU CONTRIBUIÇÃO. Identificados pagamentos que se traduziram em (a) remuneração indireta de sócios/funcionários, (b) remuneração de profissionais autônomos pela prestação de serviços de transporte e (c) remuneração de pessoas jurídicaspela prestação de serviços de natureza profissional, todos enfim, desacompanhados da devida retenção de imposto de renda e contribuições (CSLL, Cofins e Contribuição ao PIS), cabe a imposição de multa à fonte pagadora pelo justo descumprimento desse dever. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003 Fl. 10036DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.036 21 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida em relação aos fatos que levaram à manutenção do IRPJ impõese também à CSLL, naquilo que for cabível, uma vez que ambos os lançamentos estão assentados nos mesmos elementos de prova. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em sede de Recurso Voluntário, o contribuinte reiterou o pedido na Impugnação. Além disso, requereu seja nulo Auto de Infração, uma vez que o Fisco deveria arbitrar o lucro, dado a imprestabilidade da escrituração contábil, expressamente reconhecida no Termo de Verificação Fiscal e não o fez. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação e julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Ronaldo Apelbaum, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Assim, dele conheço. Tratase de Auto de Infração a trazer exigências de IRPJ, CSLL, IRRF, bem como de multa isolada por falta de retenção dessa última espécie tributária, todas sobre o ano calendário de 2009. DA NECESSÁRIA DETERMINAÇÃO DO LUCRO REAL COM BASE NA SISTEMÁTICA MENSAL REDUÇÃO/SUSPENSÃO Em primeiro lugar, entendo que a documentação trazida aos autos (balancetes de verificação) não poderiam, per si, exigir que a fiscalização agisse de forma diferente. É regra a apuração a trimestralidade da determinação da base. As informações disponíveis ao FISCO em DIPJs e outras obrigações acessórias apresentadas a posteriori não apresentam cálculo de IRPJ e CSLL e também não apresentam informações contábeis, o que não pode obrigar a fiscalização a deduzir que a Recorrente calculava seus tributos com base em estimativas mensais. A questão não se limita à necessidade de recolhimento, nos termos do art. 222 do RIR/99. A ausência de pagamento, com elementos suficientes para a conclusão de que estava na sistemática de apuração mensal, não se consumou no presente caso. É razoável que se aplique aqui a regra geral e não excepcionar a partir dos dados coletados ao longo da fiscalização. Caso as informações estivessem apresentadas para justificar a ausência de recolhimento efetivo, por ausência de base de cálculo, poderseia concluir que a aplicação do Fl. 10037DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.037 22 regime trimestral não seria automática. Mas, no presente caso, não é possível seguir por esse caminho. Nesse ponto, portanto, afasto a argumentação de que a fiscalização deveria ter calculado o IRPJ e CSLL em sistemática diversa da adotada no Auto de Infração. DA GLOSA DE DESPESAS NULIDADE Como se depreende dos autos, o Agente Fiscal, durante o processo fiscalizatório, glosou praticamente o total dos custos/despesas, diretos e indiretos, necessários para a fabricação dos produtos da Recorrente. Ou seja, de acordo com o Balancete de Verificação (fl. 115) o Contribuinte obteve um total de R$100.663.805,20 de custo e R$63.877.449,79 de despesas, totalizando R$164.541.255,99. Desse total, R$94.569.728,59 foi glosado pela Autoridade Fiscal. Como muito bem explicou o exconselheiro Alexandre Antônio Alkmin Teixeira na Resolução nº 1401000.136, publicado em 08/05/2012, quando fazia parte desse Conselho: “O arbitramento nada mais é do que uma das formas de apuração do lucro tributável, quando da impossibilidade de utilização ou opção pelo Lucro Real ou Presumido, não tendo efeito de penalidade. Inclusive, é interessante destacar que, embora o arbitramento seja uma modalidade mais gravosa de apuração do lucro, o que se pretende, na verdade, é identificar com razoabilidade o lucro tributável, sobre o qual irá incidir o IRPJ e a CSLL”. Fazse necessário, portanto, realizar os testes necessários para se decidir entre o arbitramento do lucro e seu cálculo na modalidade escolhida ou imposta ao contribuinte. Esse teste deve ser realizado confrontando a renda tributável apurada pelo lucro real (opção do Contribuinte) com a renda tributável apurada pela sistemática do arbitramento (determinação legal). Caso o resultado desse confronto demonstre que a renda tributável arbitrada é superior àquela encontrada pelo lucro real, deve prevalecer a opção de tributação feita pelo Contribuinte, ou seja, o lucro real. No entanto, caso o valor da renda apurada pelo lucro real superar a do lucro arbitrado, a Autoridade Fiscal ficará obrigada a apurar o lucro tributável pelo arbitramento. Dessa forma, o procedimento ideal que o Agente Fiscal deveria ter feito ficaria assim esquematizado: Fl. 10038DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.038 23 Seguindo a sistemática, o Agente Fiscal deveria ter procedido ao lançamento pelo lucro arbitrado, o que não ocorreu. Ao analisar os presentes autos, percebese que o lucro contábil declarado pelo contribuinte no balancete de verificação (fl. 117) foi de R$1.490.903,75 e o lucro real apurado no LALUR, conforme planilha elaborada pela fiscalização (fl. 5790), foi de R$1.040.852,36. Contudo, como depreende do Auto de Infração/IRPJ foram adicionadas glosas ao lucro real do contribuinte no montante de R$94.569.728,59. A situação, então, ficou a seguinte: LUCRO CONTÁBIL LUCRO REAL ADIÇÕES FEITAS PELO FISCO Fl. 10039DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.039 24 R$1.490.903,75 R$1.040.852,36 R$94.569.728,59 Ao glosar um montante de R$94.569.728,59, o fiscal desconsiderou, de forma indireta, a contabilidade do contribuinte. Considerar a glosa de todas essas despesas/custos implica a total desconsideração da escrituração contábil da contribuinte, uma vez que ficou evidenciado que a contabilidade do contribuinte é imprestável para demonstrar a realidade dos fatos e fornecer informações seguras para a presente fiscalização. Assim entendeu o Relator Nelson Lósso Filho, no acórdão nº 10808.184: IRPJ GLOSA DE DESPESAS PRESERVAÇÃO DA APURAÇÃO PELO LUCRO REAL Incabível a preservação da tributação pelo lucro real quando a autoridade fiscal procede à glosa da quase totalidade das despesas operacionais lançadas. Nesse caso, deve o Fisco arbitrar o lucro da pessoa jurídica, pois a tributação pelo lucro real pressupõe a existência de escrituração regular, assim entendida aquela que tem seus lançamentos lastreados por documentos hábeis e idôneos, registrados em livros comerciais e fiscais, tendo como ponto de partida o lucro líquido, que é a soma algébrica de receitas, custos e despesas. (Acórdão nº: 10808.184) Nesse cenário, então, a única saída juridicamente aceita seria o arbitramento do lucro da Recorrente. Embora o Fisco tenha atestado a imprestabilidade da escrituração contábil no TVF, contraditoriamente, manteve a tributação pelo lucro real, opção que pressupõe escrituração regular, assim entendida como aquela que tem seus lançamentos lastreados por documentos hábeis e idôneos, tendo como base o lucro líquido, que vem a ser a soma algébrica de receitas, custos e despesas. Depreendese do Termo de Verificação Fiscal situações nas quais o próprio Fisco admite a falta de documentação capaz de determinar o lucro real do Contribuinte, dentre as quais cito as seguintes: 1. Na conta de Estoque de MatériasPrimas o montante inicial indicado foi de R$9.847.897,12 e, nas palavras do ilustre Agente Fiscal, “a empresa não apresentou sequer o livro inventário (apesar de regularmente intimada – Termos nº 22 e nº 25), quanto mais a documentação que embasa tais lançamentos”. [Página 5752 do TVF, alínea “a”]; 2. Afirmou, também, que a conta “Bens em Operação” (do Imobilizado) apresentou um saldo inicial de R$ 215.391.765,64 e também não houve apresentação pelo Recorrente de nenhum comprovante. [Página 5752 do TVF, alínea “b”]; 3. A conta de depreciação acumulada, com saldo inicial de R$85.059.486,57 também não foi comprovada. [Página 5752 do TVF, alínea “c”]. Fl. 10040DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.040 25 Por fim, fica claro o reconhecimento pelo Agente Fiscal de que a Recorrente não apresentou documentos hábeis a determinar o seu lucro real, razão pela qual deveria o ilustre Autuante proceder ao arbitramento do lucro. Vejase: De fato, o posicionamento tomado pela Recorrente de não entregar os documentos requeridos pelo Agente Fiscal é injustificável, no entanto, não há dúvidas que no caso em exame a tributação pelo lucro real não poderia prevalecer, restando, pois, o arbitramento do lucro. O art. 530 do RIR/99 é claro ao regular sobre as hipóteses de arbitramento do lucro, in verbis: Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; IV o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; V o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior (art. 398); Fl. 10041DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.041 26 VI o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. Esta matéria também já foi levada ao exame da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que considerou insubsistente a exigência fiscal, conforme ementa do acórdão a seguir: "Acórdão n ° CSRF/0102.554 1RPJ — GLOSA DE CUSTOS E DESPESAS — Incabível a preservação da tributação pelo real, quando a autoridade fiscal procede á glosa de 100% dos custos e 99,97% das despesas operacionais da pessoa jurídica, em razão da não apresentação dos documentos comprobatórios reiteradamente solicitados. Nesse caso, deve o Fisco arbitrar o lucro da pessoa jurídica, pois a tributação pelo lucro real pressupõe escrituração regular, assim entendida, aquela que tem seus lançamentos lastreados em documentos hábeis e idóneos. Recurso voluntário provido." (grifos acrescidos) Dessa forma, entendo que a exigência fiscal não merece prosperar, em virtude de incorreção na determinação do quantum debeatur, por ter a fiscalização utilizado procedimento inaplicável ao caso, uma vez que preservou a tributação pelo lucro real mesmo quando deveria, obrigatoriamente, arbitrar o lucro. Feitas essas considerações, voto pelo cancelamento dos Autos de Infração de IRPJ e CSLL, pois deveria ter sido aplicada a sistemática do arbitramento do lucro a fim de evitar distorções na apuração da base de cálculo dos tributos, sendo o método mais apropriado e realista para a determinação da correta base de cálculo do IRPJ e da CSLL. DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – Pagamento sem causa e/ou a beneficiário não identificado. Como se depreende dos autos, foi lavrado Auto de Infração de IRRF visando a cobrança do crédito tributário no montante de R$20.513.368,87 relativo a pagamentos sem causa e/ou beneficiário não identificado. O entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais está pacificado no sentido de que a aplicação do art. 61 da Lei n° 8.981/95 somente deve ser tolerada se a mesma hipótese não caracterizar tributação pelo IRPJ e CSLL por glosa de despesas. Acórdão assim ementado: IRFONTE PAGAMENTO SEM CAUSA ART. 61 DA LEI N°8.981, DE 1995 LUCRO REAL REDUÇÃO DE LUCRO LIQUIDO – MESMA BASE DE CÁLCULO INCOMPATIBILIDADE. Fl. 10042DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.042 27 A aplicação do art. 61 da Lei n° 8.981, de 1995, está reservada para aquelas situações em que o Fisco prova a existência de um pagamento sem causa ou a beneficiário não identificado, desde que a mesma hipótese não enseje tributação por redução do lucro líquido, tipicamente caracterizada por omissão de receita ou glosa de custos/despesas, situações próprias da tributação do IRPJ pelo lucro real. Precedente da CSRF. Acórdão n° CSRF/0401 094. Jul. 03/11/2008 Rel. Conselheira Ivete Malaquias Pessoa Monteiro. (CSRF. Acórdão nº 920200.686, em 14 de maio de 2010. Sem destaques no original) O Contribuinte foi tributado pelo IRRF, com fundamento no art. 61 da Lei nº 8.981/95, pelo fato de existir pagamento sem causa e/ou a beneficiário não identificado, sendo que parte desses valores constantes do Auto de Infração também foi glosada (R$4.284.449,45) pela Autoridade Fiscal, como consta do Termo de Verificação Fiscal, bem como da planilha “Infrações apurados por conta contábil IRPJ”. No presente caso, considerando que o lançamento principal deve ser considerado nulo, por inexistência do arbitramento de lucros, não há que se falar em duplicidade de incidência pelo IRRF e também pelo IRPJ, por sua indedutibilidade. Por essa razão e, considerando que os pagamentos a beneficiários sem causa estão devidamente comprovados nos Autos, entendo que deverseia manter em sua integralidade o auto de infração do IRRF, uma vez que estão de acordo com a legislação vigente e não houve nenhuma falha por parte da Autoridade Fiscal. Essa exigência encontrase baseada em 3 fatos distintos: (a) com base em pagamento entendido como remuneração indireta percebida por sócios e funcionários da pessoa jurídica autuada; (b) com base em pagamento a transportador autônomo, pessoa física, isso pela prestação de serviços de carretos/fretes; (c) com base em pagamentos ao Escritório Vitória Contábil Serviços Contábeis S/S Ltda., sem que houvesse as devidas retenções de imposto de renda e contribuições. Em relação ao item (a), alega a Recorrente que deveriam ser considerados como distribuição de lucros acumulados e que constavam em conta de Lucros Acumulados, em cifra superior a R$ 140 milhões. Apesar da Fiscalização não ter efetuado análise dessa conta contábil e, por conseguinte, não desconsiderála, entendo que não se pode aceitar tal argumentação. De fato, embora não caiba a esse Eg. Conselho simplesmente desconsiderar balanços patrimoniais, não vislumbro nos autos prova cabal de que as alegações de pagamento a beneficiário nãoidentificado pela Fiscalização não sejam razoáveis. Os pagamentos realizados para cobertura de despesas familiares, pessoais e sem comprovação elencadas no TVF justificam que não se considere, de plano, tais pagamentos como simples distribuição de lucros. Além de causar espanto o fato do montante de lucros acumulados não ter sido devidamente distribuído aos sócios e utilizado para pagamento de despesas pessoais. Em relação ao item (b), não houve cumprimento de obrigações fiscais referentes ao pagamento de fretes e carretos, não permitindo dessa forma, nas formalidades contábeis e fiscais, a identificação dos beneficiários. No caso do item (c), o pagamento foi Fl. 10043DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.043 28 realizado à pessoa sem qualquer vínculo comprovado com a empresa contábil, razão pela qual foi desconsiderado e imputado a pessoa não identificada. A alegação da Recorrente de que os beneficiários efetivos forma apontados não é suficiente para afastar a cobrança, se não corretamente identificados em documentos formais exigíveis. DA MULTA POR FALTA DE RETENÇÃO DO IRRF Assim como explicitado acima e na decisão da DRJ, a multa por falta de retenção de imposto e contribuições teve três cenários: 1. O primeiro foi com base em pagamento entendido pela fiscalização como remuneração indireta a sócios e funcionários da Recorrente (aplicada multa de 150%); 2. O segundo levou em consideração pagamentos a transportador autônomo, pela prestação de serviços de carretos/frete (aplicada multa de 75%); 3. O terceiro cenário foi com base em pagamentos ao escritório de contabilidade (aplicada multa de 75%). Não vejo nos autos comprovação significativa que a Recorrente agiu com dolo nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502/64. A multa qualificada somente pode ser exigida na hipótese em que for evidente o dolo, uma vez que não é possível presumilo, conforme será melhor detalhado no item abaixo. Conforme determina o art. 44 da Lei 9.430 será devida a multa qualificada no caso de sonegação dolosa, fraude ou conluio, como se vê: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. No caso em exame não há nos autos prova material de que o Recorrente tenha dolosamente tentado impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fiscal ou apresentado informações nitidamente falsas para distorcer a razão dos pagamentos. Explico meu racional. Embora entenda que não se pode simplesmente considerar que houve distribuição de lucros, não há nos autos provas suficientes para dizer que essa rubrica é falsa. Fl. 10044DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.044 29 Repito, a exigência de multa qualificada somente é tolerada na hipótese em que o Contribuinte tenha procedido com manifesto intuito de fraude. E mais. Tal intuito de fraude deve estar cuidadosamente comprovado nos autos, o que ficou longe de ocorrer. Desqualificar a rubrica utilizada para pagamentos não é suficiente para atrair a aplicação dos artigos 71 a 73 da Lei 4.502. Dessa forma, as multas de ofício aplicadas devem ser reduzidas de 150% para 75%. DA RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES Os 3 sócios/administradores da Recorrente (Valdir Soares de Melo, Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira) foram considerados responsáveis por conta das acusações impostas nos Autos de Infração. Tanto pela dedução de custos e despesas não comprovadas, quanto pelo pagamento a beneficiário não identificado. Os artigos mencionados no Termo de Responsabilidade foram os arts. 124, I e 135, III do Código Tributário Nacional. Quando do julgamento pela DRJ/SPO, o tema da responsabilidade rendeu 2 votos apartados, além daquele exarado pelo Relator. Em um deles, um dos sóciosgerentes da companhia, José Domingos Ferreira, teve a responsabilidade excluída. A argumentação se deu pelo fato de que não houve comprovação de que haveria interesse comum com a pessoa jurídica na prática das infrações. Já os votos vencedores ressaltam a existência de benefícios indiretos a todos os sócios, o que confirmaria a aplicação dos arts. 124, I e 135, III do CTN. Contudo, considero que ambas as posições devem ser revistas. Em relação ao art. 135, IIII do CTN, entendo ser exigível do responsável a prática dos atos com excesso de poderes ou infração à lei. E para o art. 124, I, "pessoas que tenham interesse comum na situação". Se mantida autuação em sua completude, entendo que o sócio Valdir Soares de Melo deve ser considerado responsável nas exatas condições do Termo de Responsabilidade Solidária. Já os demais sócios, não praticantes dos atos de gestão caracterizadores de infração à lei ou excesso de poderes, não devem ser considerados responsáveis pela totalidade dos lançamentos. Há, de fato, pagamentos que beneficiam os demais sócios, Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira), o que demonstraria interesse comum desses sócios administradores em parte da infração. Como a responsabilidade se dá por conta do crédito tributário, e considerando que os dois sócios mencionados foram efetivamente beneficiados apenas em parcela menor dos pagamento, entendo que ambos devem ser excluídos do Termo de Responsabilidade Solidária. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por DARLHE PARCIAL provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Ronaldo Apelbaum Relator Fl. 10045DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.045 30 Voto Vencedor Redator Eva Maria Los Voto vencedor relativo à manutenção da Multa Qualificada de 150% em relação à exigência mantida de IRRF e à manutenção da responsabilização solidária de todos 3 (três) sócios/administradores da Recorrente, Valdir Soares de Melo, Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira. Foi considerada procedente, por unanimidade, a autuação relativa ao IRRF não recolhido sobre os pagamentos a beneficiários não identificados e/ou sem causa, identificados nos autos. 1 Multa qualificada. O Conselheiro Relator votou que descabia a qualificação da multa incidente sobre a exação pois entendeu não há nos autos prova material de que o Recorrente tenha dolosamente tentado impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fiscal ou apresentado informações nitidamente falsas para distorcer a razão dos pagamentos. Contudo não foi este o entendimento da maioria da Turma. Os pagamentos sem causa ou a beneficiário não identificado ou operação não comprovada estão descritos no Termo de Constatação e Verificação Fiscal; citemse algumas dessas descrições: pág. 5.754: Os sócios administradores da empresa Valdir Soares de Mello, Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira, utilizaram vários expedientes para retirar valores da empresa sem incluílos nos prólabores, ou seja, sem oferecer à tributação os valores pagos a título de remuneração dos sócios administradores e consequentemente, sem reter e pagar os tributos pertinentes. Essa prática se deu com o pagamento de despesas pessoais dos sócios e seus parentes de 1º grau, com depósitos nas contas correntes dos mesmos, com a criação de valores de Reservas de Lucros (juntamente com os do Imobilizado não comprovados) para distribuição de lucros isentos, e com a suposta contratação de serviços que também não foram comprovados. Também efetuaram vários pagamentos a funcionários (alguns deles filhos dos sócios da empresa) sem incluílos nas folhas de pagamento, bem como a pessoas físicas e jurídicas não vinculadas e não identificadas (sem recibos e/ou Notas Fiscais) e/ou sem apresentar a causa de tais pagamentos. pág. 5.755: os sócios administradores e seus parentes de 1o grau, bem como alguns funcionários, os filhos desses sócios utilizavam veículos luxuosos (Mercedes, BMW, Volvo. Chrysler, etc), que deveriam fazer parte dos respectivos salários e prólabores, enquanto que os carros realmente utilizados nas atividades da empresa eram simples (Uno e Montana). Os extratos do RENAVAM indicam os veículos que eram da empresa (inclusive os utilizados como benefícios indiretos) e os que eram dos demais. pág. 5.755 e pág. 5.775: Simulação com a criação de valores de reservas de Lucros para Distribuição de Lucros isentos e com a suposta Contratação de Serviços também não comprovados. Fl. 10046DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.046 31 pág. 5.761: R$1.177.782,89, pagamentos de IPTU, boletos, DARF, cartões de crédito e depósitos bancários dos sócios administradores e seus parentes em 1º grau pág. 5.767: pagamentos de despesas da São Jorge Consultoria Empreendimentos e Participações Ltda de propriedade do sócio Valdir Soares de Melo e família; pagamentos "por fora" a funcionários; pagamentos a WalPal Consultoria Empresarial; pagamentos a Ara Consultoria Empresarial Ltda e outras, sem comprovação da efetiva prestação pág. 5.770 R$747.518,04, pagamentos em relação aos quais não houve comprovação de que tais valores se referem a serviços efetivamente prestados; R$100.000,00 referentes a recibo de Prestação de Serviços fev/09 da empresa Escritório Vitória Serviços Contábeis S/C Ltda, CNPJ 59.838.276/000196, porém o pagamento efetuado por cheque nominal a Antonio Luiz Napolitano, que não é funcionário da empresa. pág. 5.771 R$414.925,28 de depósitos bancários que a Recorrente efetuou a terceiros, não identificados, e não justificou a causa desses pagamentos; R$1.309,00 referentes a nota que não especificava que serviços foram prestados; R$225.217,85 que a Recorrente contabilizou como carretos, porém não apresentou documentação que comprovasse os beneficiários, nem a prestação dos serviços; R$10.000,00, depósito bancário ao sócio José Domingos Ferreira. pág. 5.772: R$442.385,59 depósitos bancários a pessoas físicas não identificadas, apesar de a Recorrentes ter sido intimada e reintimada pág. 5.773: R$2.743.774,00 de despesas de manutenções referentes aos pagamentos de boletos e depósitos bancários dos sócios administradores e seus parentes em 1º grau; R$3.168.738,00 depósitos bancários em nome de funcionários, não incluídos na folha de pagamento; R$3.084.262,00 recibos de entrega em dinheiro/cheque e/ou depósitos bancários realizados pela Recorrente a pessoas físicas não identificadas pág. 5.774; R$100.000,00 de depósitos bancários no nome de Roberto Francisco Frett Junior, porém sem que tenha sido devidamente identificado pág. 5.775/5.776: valores distribuídos aos sócios Os fatos citados evidenciam que a contabilidade examinada estava eivada de registros que não correspondiam aos fatos reais, caracterizandose a intenção dolosa de sonegar os tributos devidos; a simulação é evidente, caracterizandose o art. 71 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, o que resulta na manutenção da multa de ofício qualificada de 150%: Art 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Fl. 10047DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.047 32 2 Responsabilidade solidária sócios administradores. Foram lavrados Termos de Responsabilidade Solidária relativos aos sócios administradores Valdir Soares de Mello, Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira, com base legal no art. 124, I e 135, III do CTN. Como descrito em relação as causas da qualificação da multa de ofício, justificase a responsabilização dos sócios administradores, com escopo no art. 135, III do CTN, por infração à lei, art. 71 descrito. E é aplicável a responsabilização com base no art. 124, I do CTN, por estar caracterizado o interesse comum, ou seja, o interesse jurídico, dado que coube aos sócios administradores tomar as decisões que resultaram nas infrações autuadas, em outras palavras, realizaram em conjunto a situação que constitui o fato gerador: 2. Citese julgado do TRF da 4ª Região: TRIBUTÁRIO. INVESTIMENTO RELEVANTE EM SOCIEDADE COLIGADA. SOLIDARIEDADE NO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DESTA. INEXISTÊNCIA. 1. São solidariamente obrigadas pelo crédito tributário as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, segundo prevê o art. 124, I, do CTN. O interesse comum das pessoas não é revelado pelo interesse econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas pelo interesse jurídico, que diz respeito à realização comum ou conjunta da situação que constitui o fato gerador. É solidária a pessoa que realiza conjuntamente com outra, ou outras pessoas, a situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras, esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio que dá origem à tributação; por outras palavras, (...) pessoa que tira uma vantagem econômica do ato, fato ou negócio tributado (Rubens Gomes de Sousa, Compêndio de Legislação Tributária, 3ª ed., Rio de Janeiro, Edições Financeiras, 1964, p. 67). 2. A sociedade que participa do capital de outra, ainda que de forma relevante, não é solidariamente obrigada pela dívida tributária referente ao imposto de renda desta última, pois, embora tenha interesse econômico no lucro, não tem o necessário interesse comum, na acepção que lhe dá o art. 124 do CTN, que pressupõe a participação comum na realização do lucro. Na configuração da solidariedade é relevante que haja a participação comum na realização do lucro, e não a mera participação nos resultados representados pelo lucro. 3. Apelação a que se dá provimento, para a exclusão do nome da apelante do rol dos devedores solidários. (TRF 4ª Região. 2ª Turma, AMS 94.04.550469, Relator Zuudi Sakakihara, DJ 27/10/1999). (Grifouse,) TRF5 AG Agravo de Instrumento AG 158214820124050000 (TRF5) Data de publicação: 03/10/2013 Fl. 10048DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS Processo nº 19515.723055/201342 Acórdão n.º 1201001.508 S1C2T1 Fl. 10.048 33 Ementa: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA. DÉBITO FISCAL. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO SUSPENSA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. NÃO OCORRÊNCIA. ARTIGO 124 , I , DO CTN . 1. Consoante o art. 124 , inciso I , do CTN , são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. 2. Dessa forma, para caracterizar a responsabilidade solidária em matéria tributária é imprescindível que as pessoas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, o que não ocorreu no presente caso. 3. No caso, a conduta isolada atribuída ao agravado não enseja sua responsabilidade solidária pelo valor total do débito fiscal, vez que não restou demonstrada a participação do agravado nos demais ganhos da empresa autuada. 4. Agravo de instrumento não provido. À vista desses fatos, cabe considerar procedentes os Termos de Responsabilidade Solidária relativos aos sóciosadministradores Valdir Soares de Mello, Francisco Esteves de Araújo e José Domingos Ferreira, com base legal no art. 124, I e 135, III do CTN. (documento assinado digitalmente)] Redatora do Voto vencedor Eva Maria Los Fl. 10049DF CARF MF Impresso em 22/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 21/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 22/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado dig italmente em 21/09/2016 por EVA MARIA LOS
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